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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO REGIONAL –
MESTRADO E DOUTORADO
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO REGIONAL
Ana Cristina Bianchi
AVALIAÇÃO DE PROPOSTAS PÚBLICAS MUNICIPAIS E REGIONAIS NO
ÂMBITO DO PLANEJAMENTO INTEGRADO DO TURISMO SUSTENTÁVEL NA
QUARTA COLÔNIA, RS, BRASIL
Santa Cruz do Sul, dezembro de 2007
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2
Ana Cristina Bianchi
AVALIAÇÃO DE PROPOSTAS PÚBLICAS MUNICIPAIS E REGIONAIS NO
ÂMBITO DO PLANEJAMENTO INTEGRADO DO TURISMO SUSTENTÁVEL NA
QUARTA COLÔNIA, RS, BRASIL
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Desenvolvimento Regional - Mestrado
e Doutorado, Área de Concentração em
Desenvolvimento Regional, Universidade de Santa
Cruz do Sul - UNISC, como requisito parcial para
obtenção do título de Mestre em Desenvolvimento
Regional.
Orientador: Prof. Dr. Mário Riedl
Santa Cruz do Sul, dezembro de 2007
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Ana Cristina Bianchi
AVALIAÇÃO DE PROPOSTAS PÚBLICAS MUNICIPAIS E REGIONAIS NO
ÂMBITO DO PLANEJAMENTO INTEGRADO DO TURISMO SUSTENTÁVEL NA
QUARTA COLÔNIA, RS, BRASIL
Esta Dissertação foi submetida ao Programa de Pós-
Graduação em Desenvolvimento Regional - Mestrado
e Doutorado, Área de Concentração em
Desenvolvimento Regional, Universidade de Santa
Cruz do Sul - UNISC, como requisito parcial para
obtenção do título de Mestre em Desenvolvimento
Regional.
Dr. Mario Riedl
Professor Orientador
Dr. Inácio Helfer
Dr. Leandro Lemos
4
RESUMO
O turismo é essencial à realização dos ambiciosos objetivos do Brasil, os quais
sejam, a promoção do cidadão brasileiro, o desenvolvimento e a geração de
empregos, o desenvolvimento regional, a gestão do patrimônio cultural e natural,
bem como o reforço da identidade nacional. A atividade turística é um fenômeno
coletivo e individual em diferentes etapas e perspectivas. O objetivo desta pesquisa
é ampliar o debate sobre várias questões pertinentes aos processos de
desenvolvimento da atividade na Quarta Colônia, situada na região central do estado
do Rio Grande do Sul, região que merece uma atenção particular pela atuação do
Consórcio de Desenvolvimento Sustentável. Analisa as ações que visam ao
desenvolvimento regional orientadas para valorizar o capital natural, físico, humano
e social, determinantes do desenvolvimento e não concebidas somente como
possibilidade de crescimento econômico. Relata a trajetória das ações em prol da
atividade turística, participação e integração das pessoas e instituições. O Plano
Nacional de Turismo busca melhores horizontes para o desenvolvimento harmônico
e integrado com vistas a uma melhor qualidade de vida para todos. Pretende-se
ainda, discutir metodologias e conceitos presentes nas teorias do Turismo a partir
das entrevistas realizadas com os atores-chave.
Palavras-chave:Turismo. Desenvolvimento regional. Quarta Colônia
5
ABSTRACT
TOURIST ACTIVITY IN QUARTA COLONIA (RS): A PERSPECTIVE FOR THE
INTEGRATED DEVELOPMENT IN SMALL COUNTIES
Tourism is essential to Brazil’s ambitious goals achievement, which are the
promotion of Brazilian citizens, development and employment generation, regional
development, management of the cultural and environmental heritages, as well as
the reinforcement of the national identity. The tourist activity is a collective and
individual phenomenon in different stages and perspectives. The objective of this
research is to broaden the debate towards issues related to development processes
of tourist activities in the Quarta Colonia region, situated in the central area of Rio
Grande do Sul State, a region that deserves a particular attention due to the
performance of the Sustainable Development Consortium. It analyses the actions
which aim at the regional development oriented to enhance the environmental
preservation, as well as the physical, human and social capital oriented to the
development process and not only as a possibility of economic growth. It describes
the actions on behalf of the tourist activity and the participation of citizens and
institutions. The National Tourism Plan which aims to improve people’s future,
contributes to the improvement of the population’s quality of life. The study intends
also to discuss methodologies and concepts present in the theories of tourism from
the perspective of interviews with key actors.
Key-words: Tourism. Regional Development. Quarta Colonia
6
LISTA DE FIGURAS
01 - Reconhecimento das ações ....................................................................... 18
02 - Instâncias de Governança Regionais ........................................................ 60
03 - Ações inter-relacionadas e atividades turísticas ........................................ 62
04 - Uma estrutura conceitual para o desenvolvimento ..................................... 64
05 - Mesorregião Metade Sul do Rio Grande do Sul ........................................ 65
7
LISTA DE TABELAS
1 Características físicas e turísticas dos municípios da Quarta Colônia ........ 079
2 – Características físicas e turísticas dos municípios da Quarta Colônia ......... 081
3 – Características físicas e turísticas dos municípios da Quarta Colônia ......... 083
4 – Efetivo dos rebanhos do município de Agudo ............................................ 113
5 – Produtos da lavoura permanente do município de Agudo – RS .................. 114
6 – Produtos da lavoura temporária do município de Agudo – RS .................... 115
7 – Oferta de serviços e estrutura de atendimento ao turista do município de
Agudo ...................................................................................................... 116
8 – Efetivos dos rebanhos do município de Dona Francisca (2003) ................ 120
9 – Produtos da lavoura permanente do município de Dona Francisca ............ 120
10 – Produtos da lavoura temporária do município de Dona Francisca .............. 121
11 – Efetivos dos rebanhos do município de Faxinal do Soturno (2003) ........... 125
12 – Produtos da lavoura permanente do município de Faxinal do Soturno ...... 125
13 – Produtos da lavoura temporária do município de Faxinal do Soturno ........ 126
14 - Efetivos dos rebanhos do município de Ivorá (2003) ................................ 128
15– Produtos da lavoura permanente do município de Ivorá – RS ................... 129
16– Produtos da lavoura temporária do município de Ivorá – RS ..................... 129
17 – Efetivos dos rebanhos do município de Nova Palma (2003) .................... 133
18 – Produtos da lavoura permanente do município de Nova Palma – RS ....... 133
19 – Produtos da lavoura temporária do município de Nova Palma – RS ......... 134
20 – Efetivos dos rebanhos do município de Pinhal Grande (2003) ................. 137
21 – Produtos da lavoura permanente do município de Pinhal Grande ............. 137
22 – Produtos da lavoura temporária do município de Pinhal Grande ............... 138
23 – Efetivos dos rebanhos do município de Restinga Seca (2003) ................ 139
8
24 – Produtos da lavoura permanente do município de Restinga Seca ............. 141
25 – Produtos da lavoura temporária do município de Restinga Seca ............... 141
26 – Efetivos dos rebanhos do município de São João do Polêsine (2003) ...... 143
27 – Produtos da lavoura permanente do município de São João do Polêsine .. 144
28 – Produtos da lavoura temporária do município de São João do Polêsine .... 144
29 – Efetivos dos rebanhos do município de Silveira Martins (2003) ................ 147
30 – Produtos da lavoura permanente do município de Silveira Martins............. 147
31 – Produtos da lavoura temporária do município de Silveira Martins .............. 147
9
LISTA DE MAPAS
01 Localização da Quarta Colônia – Rio Grande do Sul ..................................... 28
02 Mapas Político da Quarta Colônia – Rio Grande do Sul ................................. 29
10
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
ACI Associação Comercial e Industrial
COREDE Central Conselho Regional de Desenvolvimento da Região Central – RS
CONDESUS Consórcio de desenvolvimento Sustentável da Quarta Colônia
EMBRATUR Empresa Brasileira de Turismo
EMATER Empresa Sul Rio Grandense de Assistência Técnica e Extensão
Rural
FAMURS Federação das Associações dos Municípios do Rio Grande do
Sul
FEPAM Fundação Estadual de Proteção Ambiental
FUNDESUS Fundo Rotativo de Desenvolvimento Sustentável da Quarta
Colônia
IPHAN Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
METROPLAN Fundação de Planejamento Metropolitano e Regional
SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
SESC Serviço Social do Comércio
OCERGS Sindicato e Organização das Cooperativas do Estado do RS
PED Projeto de Execução Descentralizada
PNMA Programa Nacional da Mata Atlântica
PRODESUS Programa de Desenvolvimento Sustentável da Quarta Colônia
UGP Unidade de Gerenciamento do Projeto
UNIFRA Universidade Franciscana Santa Maria – RS
UFSM Universidade Federal de Santa Maria
11
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .................................................................................................... 013
1 FUNDAMENTOS E REFLEXÕES TEÓRICAS SOBRE TURISMO ................. 030
1.1 História do Turismo no Brasil ........................................................................ 030
1.2 Turismo na Constituição Federal de 1988 ..................................................... 037
1.3 Turismo no Rio Grande do Sul ...................................................................... 042
1.4 Turismo e Atualidade .................................................................................... 047
1.4.1 O atual Plano Nacional de Turismo – PNT 2007/2010 ............................... 049
1.4.2 O Ministério do Turismo do Brasil em 2007................................................. 050
1.4.3 Embasamento teórico ................................................................................ 051
1.5 Ações específicas na área do Turismo no Rio Grande do Sul –
Fórum Regional de Turismo ..................................................................... 054
1.6 O Papel do Fórum Estadual do Rio Grande do Sul na Gestão Descentralizada
do Plano Nacional de Turismo .................................................................. 055
1.7 Estratégias de Gestão do Programa de Regionalização do Turismo ............ 059
2 PLANEJAMENTO TURÍSTICO E DESENVOLVIMENTO REGIONAL ........... 067
2.1 Planejamento e Gestão: Uma Questão Emergente ...................................... 067
2.2 A dinâmica da metodologia para o desenvolvimento do turismo na
Quarta Colônia .......................................................................................... 073
2.3 Os principais tipos de Turismo na região da Quarta Colônia – RS ............... 075
2.4 O papel do Turismo no desenvolvimento da Quarta Colônia ....................... 085
2.5 A atividade turística e o desenvolvimento regional ........................................ 092
3 PREDISPOSIÇÃO ECONÔMICA E POTENCIALIDADES TURÍSTICAS DOS
MUNICÍPIOS DA QUARTA COLÔNIA ................................................................ 111
3.1 A influência da Quarta Colônia no Rio Grande do Sul .................................. 111
3.2 Análise do município de Agudo ..................................................................... 112
3.3 Análise do município de Dona Francisca ...................................................... 118
3.4 Análise do município de Faxinal do Soturno .................................................. 123
12
3.5 Análise do município de Ivorá ....................................................................... 127
3.6 Análise do município de Nova Palma ........................................................... 131
3.7 Análise do município de Pinhal Grande ........................................................ 135
3.8 Análise do município de Restinga Seca ........................................................ 139
3.9 Análise do município de São João do Polêsine ............................................ 142
3.10 Análise do município de Silveira Martins .................................................... 145
CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................... 149
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFIAS ....................................................................... 152
ANEXO: Roteiro de entrevistas ........................................................................... 161
13
INTRODUÇÃO
O presente trabalho representa a etapa final obrigatória à conclusão do
programa de pós-graduação em Desenvolvimento Regional - Mestrado, da
Universidade de Santa Cruz do Sul - UNISC, para obtenção do título de mestre em
Desenvolvimento Regional.
Tema de pesquisa
O turismo planejado constitui-se em uma importante opção para o
desenvolvimento sustentável de uma região. As atividades turísticas organizadas em
consonância com o respeito ao meio ambiente natural e cultural geram empregos e
receitas e, conseqüentemente melhoram a qualidade de vida da comunidade.
(RUSCHMANN, p. 3 2004).
No Rio Grande do Sul, Brasil, as colônias italianas e alemãs da Serra
Gaúcha, destacam-se pelo elevado grau de especialização da atividade turística.
Desenvolvendo amplo programa de incentivo aos roteiros de turismo rural e
patrimônio da imigração italiana, coordenando ações comuns entre vários
municípios, visando ao desenvolvimento econômico e social. Esse sucesso deve-se
rande parte ao processo de planejamento da referida atividade, evidenciando a sua
importância seguida de um estudo prévio e da inserção da comunidade em todas as
etapas de desenvolvimento do turismo, tanto o urbano como o rural.
O planejamento dos empreendimentos de turismo, segundo Campanhola &
da Silva e Roberto Boullón afirmam que deve respeitar certos passos. O primeiro,
seria um zoneamento econômico e ecológico do espaço seguido de uma descrição
dos principais produtos turísticos e análise de sua demanda atual e potencial, do
ordenamento territorial das atividades produtivas, do cadastramento dos atores
envolvidos. Após esta análise, segundo os autores, será possível avaliar a
viabilidade de implantar-se um empreendimento turístico no local, com posterior
delineação de um plano de desenvolvimento integrado às demais atividades do
município, contando com a participação da comunidade, devidamente organizada,
14
em todas as etapas de implantação e evolução do projeto turístico.
Na região da Metade Sul do Estado do Rio Grande do Sul, Brasil, encontra-se
a Quarta Colônia, ex-Quarta Colônia de Imigração Italiana, que conta com um alto
potencial turístico e poderá ser uma região promissora para o turismo gaúcho
1
. Sua
área compreende os municípios de São João do Polêsine, Faxinal do Soturno,
Silveira Martins, Nova Palma, Ivorá, Pinhal Grande, Dona Francisca, Agudo e
Restinga Seca sendo estes três últimos com a maioria de colonização alemã e que
antecedem a vinda dos primeiros imigrantes italianos à região. Com uma população
de aproximadamente 63.135 mil habitantes, conforme dados do IBGE (2000), tendo
a agropecuária como principal fonte econômica.
Em uma primeira análise comparativa a respeito do desenvolvimento das
colônias de imigração italiana no estado do Rio Grande do Sul, colônias de Caxias
do Sul, Bento Gonçalves, Garibaldi e Silveira Martins (Quarta Colônia), deve-se ao
fato de que as três primeiras localizam-se perto de rios navegáveis, próximas de
centros consumidores e de pequenas indústrias nascentes, como ferreiros,
marceneiros, fundidores e principalmente comerciantes dos excedentes da
agricultura de subsistência.
A partir destas diferenças entre as colônias de imigração italiana chegou-se
ao tema em estudo que é a análise da Atividade Turística na Quarta Colônia (RS),
Brasil: como uma perspectiva para o desenvolvimento integrado em pequenos
municípios.
A Quarta Colônia de Imigração Italiana é historicamente conhecida como “a
prima pobre” entre as colônias italianas ou a “emigração esquecida” (SANTIN,
1986). Ela foi criada em 1877 na região centro-oeste do Estado, entre os municípios
de Santa Maria e Cachoeira do Sul, a fim de receber as primeiras 70 famílias de
imigrantes vindos do norte da Itália para o núcleo colonial de Silveira Martins. Com a
1
Na realização, em agosto de 2004 em Porto Alegre, o Salão Gaúcho do Turismo, promovido pela Secretaria
Estadual de Turismo, Esporte e lazer e pelo SEBRAE/RS, com apoio do Ministério do Turismo, houve a
participação de 22 regiões turísticas do Estado, dentre elas a Quarta Colônia. Conforme representantes do
evento, foi constatado que a região possui potencialidades para tornar-se um grande pólo promissor de Turismo
para o Estado do Rio Grande do Sul.
15
vinda de outras famílias, foram sendo demarcados os lotes e novos núcleos criados,
sendo alguns locais já habitados por colonizadores alemães e poloneses.
Novos povoados foram se formando como: Vale Vêneto (1878), Arroio
Grande (1879), São Marcos (1879), Ribeirão (1880), Val Veronês (1880-1885),
Soturno (Nova Palma – 1883), Núcleo Norte (Ivorá – 1883), Geringonça (Novo
Treviso 1884) e outros menores. Faxinal do Soturno, Dona Francisca e São João
do Polêsine seriam fundados mais tarde (ISAIA, 1990).
Em 1884, o Cônsul Italiano Pascoale Corte descrevia assim a Quarta Colônia
de Imigração Italiana:
[...] a colônia emancipada está dividida em doze linhas com uma população
de 5.008 habitantes, dos quais 4.300 são italianos, os austríacos são do
Tirol Italiano, e os brasileiros também são de origem italiana. Todos os 991
lotes estão ocupados e contêm seiscentas casas de material e 160 casas
de pedra e tijolos, as da sede são quase todas de material. (COSTA E
BATTISTEL, 1982)
Das áreas não desmatadas o pesquisador comenta: “[...] Taes Valles, estufas
em escala grande para matas virgens, são o Val Veneta e Val de Serra em Silveira
Martins e Paraíso em Santo Ângelo, que podem ser contados entre sítios florestais
mais pitorescos e mais maravilhosos do Brasil inteiro” (LINDMANN E FERRI, 1974).
Lindman comenta o contraste entre áreas com culturas e as cobertas pela
mata:
[...] Se nos próprios distritos coloniais entramos n’uma nesga de matta
virgem que ficou entre roça de milho, batatas, caapuêra queimada e suja
de carvão, a transição para a matta é tão brusca como quando se entra
pela porta n’uma casa. A limitação da mata para o terrreno livre é uma
verdadeira matta de folhas unidas que descem até o chão e, por detrás
delas, reina uma sombra eterna. (LINDMANN E FERRI,1974).
De 1857 ao início do século XX, as encostas da serra da Quarta Colônia de
Imigração Italiana e de Santo Ângelo foram áreas para o cultivo de trigo, feijão,
milho, batata, cana-de-açúcar, fumo, videira, entre outros. As áreas eram cultivadas
por um período de 2 anos seguidos, depois abandonadas para sua “recuperação
natural” por um período de seis a oito anos. Lavradores da região usavam esse
sistema. De acordo com Farinatti:
[...] De fato a derrubada e queimada de um trecho da floresta, sua
utilização por alguns anos e seu posterior abandono, para que ali se
16
recompusesse naturalmente a vegetação, foi a técnica preponderante em
todo o Brasil colonial e imperial, com variações em relação a tipos
diferentes de relevo, solos ou culturas. De origem indígena, esse sistema
não cessou de ser criticado tanto por autoridades e viajantes
contemporâneos quanto por intelectuais do séc. XX, que viam nele um
símbolo de atraso dos plantadores brasileiros. (FARINATTI, 1999)
A mata primitiva era cortada, transformada em áreas de cultivo. A madeira
retirada era vendida ou utilizada na propriedade, grande parte era queimada.
Nas áreas de Várzea do Rio Jacuí, adquiridas pelos alemães e italianos,
utilizava-se a cultura de arroz irrigado.
Após a grande Guerra, com o acesso à mecanização e às novas
tecnologias difundidas pela “Revolução Verde” é que essa realidade mudou.
As florestas precisavam ser preservadas, ou seja, o que ainda restava delas.
O Código Florestal Brasileiro foi aprovado em 1965, restringiu e normatizou a ação
do agricultor. Áreas coloniais desgastadas pelo uso intenso de práticas tradicionais
de cultivo, pioneiras na produção de grãos, frutas, verduras e produtos alimentares,
da região e do estado passaram a ser vigiadas e multadas pela fiscalização
ambiental. Muitas famílias migraram para as cidades, em busca de novas fronteiras
agrícolas dentro e fora do Estado.
A perda da biodiversidade regional, estadual e nacional foi uma conseqüência
lógica de um processo ocupacional impulsionado por um Estado omisso, ineficiente,
em relação às políticas preservacionistas quanto à promoção do desenvolvimento.
Os municípios da Quarta Colônia de Imigração Italiana começaram a
emancipar-se no final da década de 50. Faxinal do Soturno em 1959, Nova Palma
em 1960, Dona Francisca em 1964, Silveira Martins e Ivorá em 1988, São João do
Polêsine e Pinhal Grande em 1993. Todos queriam melhor qualidade de vida,
direitos básicos como educação, saúde, geração de empregos, melhores vias de
acesso.
Com a emancipação de Silveira Martins em 1988, criou-se um conjunto de
ações, animação sociocultural que foram articuladas, em todos os níveis,
17
formalizando o Projeto Identidade, assumido pela prefeitura de Silveira Martins, e,
também pela Secretária de Cultura – Turismo e Desporto.
Para mediar as relações dos grupos e moradores foi criado O rum de Cultura,
atividade de reflexão proposta pelo Núcleo de Cultura da prefeitura.
As regiões envolveram-se e formaram a Quarta Colônia, sendo necessário
incluir Ivorá (antigo Núcleo Norte), Faxinal do Soturno (neste momento São João do
Polêsine e Vale Vêneto eram distritos de Faxinal do Soturno), Nova Palma, Dona
Francisca.
Dentre as ações catalisadoras desenvolvidas pelo Projeto Identidade (grupos
comunitários de Animação e Resgate da História Oral, Filós Culturais, palestras,
debates, Inventário do Patrimônio Histórico, etc.). O 1º Fórum de Cultura da Quarta
Colônia reuniu a comunidade para discutir criticamente sua própria história, tendo a
participação de outros municípios como Restinga Seca, Júlio de Castilhos,
Cachoeira do Sul, São Pedro do Sul, São Vicente, Santa Maria, Mata, Jaguarí.
O município de Silveira Martins, berço da imigração italiana na Região
Central, passou a ser o palco da cultura endógena e nele foram debatidos temas
como: “A Quarta Colônia no Contexto da Imigração Italiana no Estado”.
o Fórum de Cultura da Quarta Colônia desenvolveu temas sobre:
Educação, socialização primária e secundária. Em decorrência destes Fóruns foram
desenvolvidos projetos como: Projeto Piloto de Museologia Popular Projeto
Regional de Educação Patrimonial, integrando sete secretarias municipais. Temas
abordados: “A casa, espaços e mobiliários”, “Documentos familiares”, “Instrumentos
de Trabalho e Técnicas de Uso”, Cultivos e alimentação”, “Flora Nativa da Quarta
Colônia”, “Fauna Nativa da Quarta Colônia”, Água I ,II.
Silveira Martins integrou o processo de organização e promoção, com o apoio
da Fundação Estadual de Proteção Ambiental (FEPAM), realizou o II Curso de
manejo Sustentável na Mata Atlântica, seminário que reuniu diversos órgãos
governamentais dos Estados. Durante o Fórum, Silveira Martins foi convidada a
18
ser uma das áreas Piloto da Reserva da Biosfersa no Estado, deveria ser ampliada e
integrada a outros municípios membros da Quarta Colônia.
Em 1994 no 3 º Fórum de Cultura, foi aprovado que a Quarta Colônia fosse
Área Piloto e Posto Avançado da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica do Rio
Grande do Sul.
Em 1995, o Governo do Estado por meio da Secretaria da Saúde e Meio
Ambiente, coordenado pela FEPAM, e o Ministério do Meio Ambiente, elaboraram o
Projeto de Execução Descentralizada PED, integrante do programa nacional do
Ministério do Meio Ambiente/PNMA. A Quarta Colônia foi indicada para desenvolvê-
lo. Foi criado o Projeto de Desenvolvimento Sustentável da Quarta Colônia
PRODESUS embasado nos seguintes princípios: Gerenciamento Integrado dos
Recursos Naturais, Desenvolvimento de uma Agricultura Ecológica Sustentável,
Ações integradas de Turismo Ecológico, Rural e Cultural e Educação Ambiental.
Reconhecimento das Ações
Criação da Área Piloto - 1995 Participação no PRODESUS/Quarta Colônia
Programa Nacional do Ministério do Meio Ambiente – PNMA
Programa de Execução Descentralizada – PED/RS
PRODESUS
CONDESUS/ Quarta Colônia
Ações compartilhadas
Ações complementares
Figura 01 - Reconhecimento das ações
Fonte: Esquema elaborado pela autora, 2006.
Com a elaboração deste projeto integraram-se à ex-Quarta Colônia de
Imigração Italiana os municípios de Agudo e Restinga Seca, devido as suas
características geográficas e, portanto inseridas na Mata Atlântica, sendo oficializada
a logomarca “Quarta Colônia”.
No que tange ao desenvolvimento econômico, a Quarta Colônia diferencia-se
das demais colônias italianas principalmente porque não houve desenvolvimento
industrial. Sempre predominou a agricultura familiar e o comércio de alguns
excedentes. No passado, a região foi um pólo de educação e cultura religiosa, além
disso, encontram-se muitas riquezas naturais, as quais devem ser preservadas,
valorizadas. Em cada região a história mantém-se viva e presente, bem como a
19
cultura dos descendentes italianos.
Atualmente, conforme dados do IBGE 2007, na Quarta Colônia, em uma área
de 2.500 km², vivem vários representantes dos principais contingentes étnicos do
Brasil. Entre eles alemães, portugueses, africanos, índios, mas com uma forte
predominância de italianos, dos quais 74,4% da população residem no meio rural,
onde demonstraram prosperidade na área econômica oportunizada pelo trabalho
árduo nas férteis terras adquiridas.
Em se tratando de economia, é essencialmente agropecuária.
Aproximadamente 70 mil hectares são ocupados por plantações de milho, feijão,
fumo, batata, soja e arroz, predominando unidades familiares de produção na média
de 20 ha, sendo a topografia bastante acidentada na maior parte da área.
As referências de base trazidas pelos primeiros imigrantes italianos fazem
parte do cotidiano das localidades que compõem a Quarta Colônia. São as festas
religiosas: A participação civil do Imigrante Italiano no Rio Grande do Sul tinha uma
conotação comunitário-religiosa e como ponto de referência, a italianidade nas suas
expressões históricas, folclóricas, artísticas e culturais” (BRAMBATTI, 2002, p.145).
Cechin (2002, p.2) também concorda ao afirmar que: “Os imigrantes italianos,
em maioria, depois de assentados nesta terra estranha, agiram rapidamente.
Conseguiram suplantar, com muita perseverança no trabalho e apoiados na religião,
todo tipo de obstáculos” oportuno é acrescentar as pestes, como tifo, que
dizimaram milhares.
Destaca-se também a música, cantos, sobrados construídos em pedra e
tijolos, erguidos no final do século passado e início deste, a gastronomia, o
artesanato e os dialetos trazidos da região Vêneto, norte da Itália são referências
culturais que balizam esse processo de 120 anos de colonização italiana da região
central do Estado.
Em relação à natureza, a mata assegurou a sobrevivência dos imigrantes que
ali se instalaram. No início do século, as árvores eram cortadas para várias
20
finalidades: servir de lenha tanto para cozinhar como para alimentar grandes fornos
da estufa de secagem do fumo; dar lugar a plantações o “fumo de galpão”, por
exemplo. Somente depois do primeiro plantio de tabaco, a terra era aproveitada para
outras culturas, como milho, feijão, trigo e batata inglesa; as madeiras mais nobres,
como a grápia (Apuleia leiocarpa), o angico (Parapiptadenia rigida) e a cabriúva
(Myrocarpus frondosus) eram usadas para fazer dormentes da viação férrea.
Até os anos 50 e 60, essa região de minifúndios mantinha uma exploração
intensiva baseada em sistemas de produção tradicionais. Utilizando a boa fertilidade
natural do solo, as sucessivas roçadas e queimadas foram exaurindo a sua
capacidade produtiva, enquanto as florestas foram se empobrecendo de modo
acelerado. A partir daí, com o advento da “modernização da agricultura” fomentada
pela política oficial do governo, que abrangia pesquisa, ensino, assistência técnica e
crédito rural houve uma mudança radical na base técnica da agricultura. Dentre elas,
o uso massivo de insumos modernos, adubos policompostos de hidrocarbonetos,
agrotóxicos, sementes melhoradas e a mecanização agrícola.
Dessa forma, avançou o processo de degradação ambiental. As águas foram
contaminadas, a erosão acelerada, o solo empobrecido, os rios e arroios assoreados
e a mata ciliar e das encostas, devastadas. Paralelo a isso, aumentou o êxodo rural
até porque o lote dado começou a ficar pequeno para as numerosas famílias, as
monoculturas começaram a proliferar diminuindo a mão-de-obra e a população rural
envelheceu. Nos últimos anos, com a crise na agricultura, formaram faixas contínuas
de vegetação nas encostas da serra em diferentes estágios de crescimento. Esses
ambientes quase sempre estão situados entre vales de mata fechada cortados por
córregos e arroios com dezenas de cascatas. Essas, na sua maioria, encontram-se
em zonas de difícil acesso e em propriedades de colonos empobrecidos, os quais
não podem desmatar para sequer exercer atividades agrícolas de subsistência. Uma
das alternativas para melhorar a economia dos municípios, foi a emancipação
política iniciada na década de 80.
A cultura de base tão combatida, principalmente na época da Segunda
Guerra Mundial, quando os italianos e alemães do Rio Grande do Sul foram
extremamente perseguidos, começa a ser entendida como um universo de
21
referências fundamentais para o processo de desenvolvimento local e regional.
Nesse sentido, a região vem trabalhando na qualificação de sua infra-
estrutura rural e urbana. Em 1989, o Rio Grande do Sul passou a integrar o
Consórcio Mata Atlântica, através da FEPAM, que está desenvolvendo desde 1990
o Programa Mata Atlântica. Motivo pelo qual a Quarta Colônia começa a
desenvolver ações compartilhadas e complementares com vistas também ao
fomento da atividade turística.
Sendo que o Ministério de Integração Nacional com o intuito de fortalecer o
pacto federativo promove ações de desenvolvimento regional com o objetivo de
diminuir as disparidades regionais e promover a integração nacional. Dentre elas,
neste trabalho em particular, destaca-se o CONDESUS (Consórcio de
Desenvolvimento Sustentável da Quarta Colônia) como instância responsável para o
estabelecimento e articulação de ações e políticas de desenvolvimento local e
regional.
Neste contexto, propõem-se analisar as possibilidades de um turismo
integrado
2
na Quarta Colônia apresentando um planejamento estratégico emergente
da política pública na área.
A promoção de um arranjo turístico é uma alternativa para a diversificação da
economia da Quarta Colônia evitando a dependência da agropecuária, que a torna
bastante vulnerável para o processo de desenvolvimento local e regional.
Os municípios formadores da Quarta Colônia trabalham muitos aspectos de
forma conjunta, adotando como sistemática reuniões mensais onde cada um dos
responsáveis pela pasta de turismo, juntamente com o CONDESUS, encontram-se
para planejar, discutir o andamento das ações desenvolvidas.
2
Entende-se por turismo integrado acordos de cooperação comuns nas diversas atividades turísticas, formações
de associações entre municípios, com o objetivo de estimular o crescimento do turismo. Os municípios deverão
estabelecer os mesmos objetivos com respeito à integração, difusão e promoção dos seus produtos turísticos
potenciais, desenvolvendo sempre um trabalho em conjunto.
22
O CONDESUS é um consórcio, uma entidade jurídica, que tem o papel de
articular as relações entre os municípios em função do desenvolvimento local e
regional, onde o turismo é um dos setores envolvidos.
O turismo integrado e a idéia de formação de arranjos regionais estão
intimamente ligados, pois através de um planejamento estratégico podem ser
estabelecidas normas e diretrizes para relacionamento destes setores junto com o
seu entorno. Assim, a exploração dos recursos ambientais naturais, a preservação
dos recursos histórico-culturais, a preocupação com o reaproveitamento e o novo
significado dos recursos temáticos artificiais em conjunto com a administração,
consigam os objetivos a serem atingidos em longo prazo na execução de programas
e roteiros turísticos integrados.
As relações de cooperação devem ser cultivadas por todos e estimuladas
pelas instituições que dão sustentação ao setor, como as associações de
produtores, sindicatos de empregados, prefeituras, partidos políticos, universidades,
empresas e indivíduos sob forma de Parcerias Público-Privadas ou não, que
promovam a base necessária, a implementação de ações compartilhadas e
complementares, as quais fornecem suporte ao turismo integrado e sub-atividades
relacionadas.
Objetivos
O Objetivo geral da pesquisa consiste em investigar os projetos públicos
municipais e regionais, com vistas ao planejamento integrado na área do turismo da
Quarta Colônia como a promoção de ações, implementação da Rota Paleontológica,
sinalização turística, criação de roteiros integrados, capacitação dos atores
envolvidos e educação patrimonial.
Os principais objetivos específicos são: analisar a maneira como os agentes e
atores sociais percebem o desenvolvimento do turismo na região;
23
Analisar a forma como os agentes sociais realizam o planejamento na área do
turismo buscando o compartilhamento e complementaridade das atividades
desenvolvidas;
Avaliar a forma de como está acontecendo a complementaridade e o
compartilhamento da Rota Paleontológica, como também a sinalização turística, os
roteiros integrados, capacitação dos atores envolvidos e educação patrimonial, de
modo a desenvolver o turismo integrado na Quarta Colônia;
Investigar os possíveis obstáculos que podem estar impedindo a
consolidação do produto turístico.
Apresenta-se como justificativa o fato de que A Quarta Colônia situada na
mesorregião
4
da Metade Sul do Rio Grande do Sul, está em processo de integração
propícia ao desenvolvimento do turismo ecológico e rural, (MI, 2002, p.06). Além
disso, é área piloto da reserva da Mata Atlântica, inserida na região central do
Estado do RS, possuindo um grande potencial turístico com comunidades
organizadas, pequenas e diversificadas produções familiares como o artesanato,
produtos gastronômicos e festas típicas de comunidades italianas e alemãs.
A partir das ações de desenvolvimento integrado na Quarta Colônia, sobre as
políticas públicas abrangentes do Ministério de Integração Nacional e em nível mais
restrito representado pelo CONDESUS destaca-se que:
[...] é através de um processo de planejamento integral que será possível
abranger os problemas regionais em sua totalidade e conseguir, dessa
forma, um desenvolvimento harmônico, no qual se deve tratar de evitar, ou
pelo menos minimizar, as diferenças que se apresentam entre as diferentes
zonas ou regiões que constituem o território de um país. (ACERENZA,
2002, p.174).
4
Segundo o Programa de Desenvolvimento Integrado e Sustentável da Mesorreregião da Metade Sul do Rio
Grande do Sul do Ministério de Integração Nacional MI(2002, p.06) a proposta para contribuir com a
melhoria da qualidade de vida da sua população com base em um modelo de gestão compartilhada para o
desenvolvimento, no fortalecimento da base socioeconômica local e mesorregional, com base em ações para a
inclusão social, para o estímulo à participação e à organização social, e à capacitação dos agentes envolvidos no
processo de desenvolvimento com sustentabilidade ambiental, isto é, com manejo dos recursos naturais.
24
Relevância da pesquisa
O presente estudo visa, a princípio, contribuir com a discussão do tema
turismo e desenvolvimento integrado de pequenos municípios a partir das políticas
mais amplas do Ministério de Integração nacional para a Metade Sul do Rio Grande
do Sul. Desenvolvimento integrado entende-se pela integração de diversos setores
da economia, ou seja transportes, logística, infra-estrutura, políticas públicas,
gestão, etc.. A compreensão do processo de complementação e compartilhamento
das ações turísticas nesta região certamente contribuirá como fonte de informação
para prefeituras e órgãos responsáveis pelo planejamento da atividade turística.
A pesquisa adquire especial relevância, pois são poucos os estudos
científicos, disponíveis que permitam oferecer materiais e instrumentos,
interpretativos das potencialidades na área do turismo dos municípios formadores
da Quarta Colônia. Sendo que esta pesquisa vai ser importante para a sociedade
obter maiores esclarecimentos referente ao tema e servir de subsídios levando às
ações desenvolvimentistas.
O problema de pesquisa
A sustentabilidade de uma região ocorre através da organização das
estruturas locais, abrangendo a economia, meio ambiente, políticas sociais,
economia e administração pública em conjunto com a iniciativa privada, sendo a
escala regional essencial a fim de que as gestões municipais consigam se articular
para a formulação de políticas integradas na área de turismo, que permitam a
integração, ou pelo menos, o delineamento das bases à organização de um projeto
contínuo de desenvolvimento turístico para a Quarta Colônia.
Existem trabalhos com objetivo de desenvolver atividades turísticas nos
diferentes municípios pertencentes à Quarta Colônia, como a Rota paleontológica,
sinalização turística, educação patrimonial, roteiros integrados elaborados pelos
agentes sociais, prefeitos, secretários de turismo, na promoção e formação das
diversas atividades turísticas integradas. Estes fatos nos remetem a seguintes
25
questões Estarão surtindo efeitos práticos tais medidas na opinião da comunidade
local e na satisfação dos turistas? E se as ações fossem integradas, os resultados
não apresentariam valores sinérgicos expressivos, aumentando o número de
visitação nos municípios formadores da Quarta Colônia? As iniciativas realizadas na
área do turismo são instrumentos capazes de promover o desenvolvimento regional?
Estrutura da pesquisa
No capítulo I, apresentam-se fundamentos e reflexões teóricas sobre o
turismo. A História do Turismo no Brasil; O turismo na Constituição Federal de 1988;
Turismo no Rio Grande do Sul, Turismo e Atualidade; O atual Plano Nacional de
Turismo PNT 2007/2010; O Ministério do Turismo do Brasil em 2007; As Ações
específicas na área do Turismo no Rio Grande do Sul - Fórum Regional de Turismo;
O Papel do Fórum Estadual do Rio Grande do Sul na Gestão Descentralizada do
Plano Nacional de Turismo e as Estratégias de Gestão do Programa de
Regionalização do Turismo.
No capítulo II, relacionou-se a atividade turística e o desenvolvimento regional
analisando-se as relações entre os componentes da pesquisa, turismo na
atualidade, desenvolvimento regional, sua interdependência, sendo que a pesquisa
deve ser vista e tratada como um processo contínuo de aproximações sucessivas,
condicionadas e condicionantes entre si. Neste contexto, demonstra-se que para a
promoção do desenvolvimento regional exige-se dos agentes diretamente
envolvidos no processo e da sociedade como um todo, ações comprometidas com a
humanização, solidariedade, inclusão, cooperação e lucro entre outros valores e
benefícios.
O papel do turismo no desenvolvimento da Quarta Colônia e a sua
importância deve-se dá combinação de vários fatores: envolve o movimento de
revalorização e reabilitação dos centros históricos das cidades, do alargamento e a
diversificação das práticas culturais, do interesse dos visitantes pelo patrimônio
assim como a animação e oportunidades de adquirir produtos locais.
26
No Capítulo III, são apresentados dados referentes à Quarta Colônia,
localizada na região central do estado do Rio Grande do Sul, aos seus aspectos
físico-geográficos buscando informar sobre sua localização e diversidades
geográficas. Como fatores importantes a serem destacados identificam-se também a
base econômica dos municípios envolvidos focados nos setores primário e terciário
e as potencialidades turísticas existentes.
Concluindo, serão tecidas algumas considerações finais e aspectos sociais
relevantes deste contexto como forma de sugerir alternativas para o
desenvolvimento da atividade turística. Sendo que o turismo na Quarta Colônia
aparece como uma região promissora para o desenvolvimento de uma política de
ordenamento territorial que necessariamente, tem de propor uma oferta competitiva
que ao encontro das necessidades e expectativas dos visitantes e,
simultaneamente de forma positiva ao desenvolvimento regional.
Como procedimentos para desenvolver tal estudo e organização, utilizou-se
como metodologia a pesquisa documental e a pesquisa de campo, além da
observação com a participação em todas as etapas do programa.
Num primeiro momento, foram compiladas as bibliografias sobre a
caracterização da Região, as ações desenvolvidas para o crescimento da atividade
turística a fim de definir um referencial teórico e preciso para a análise do Consórcio
de Desenvolvimento Sustentável na região.
Num segundo momento, analisou-se o Programa do Ministério do Turismo e a
legislação que fomenta a atividade do turismo. E, finalmente, para avaliação da
situação dos municípios envolvidos realizou-se uma pesquisa direta com entrevista
semi-estruturada. O roteiro dela consiste de quinze perguntas que foram aplicadas
com prévio agendamento com as lideranças municipais, entidades comunitárias e
representativas, como SEBRAE, SESC, UNIFRA, UFSM, CONDESUS. No poder
público, Secretarias de Cultura e Turismo, diretamente aos responsáveis pelo
desenvolvimento das ações, entrevistas gravadas dos diferentes agentes sociais.
Nas entrevistas, foram coletadas informações referentes aos trabalhos realizados no
27
setor turístico, entre eles a hotelaria, restaurantes, artesanato, eventos da região e a
importância da integração, a colaboração com fornecedores (Universidades) e
prestadores de serviços, mão-de-obra local, que apresentam potencialidades de
integração e complementaridade para o setor turístico, que posteriormente foram
transcritas e submetidas à análise de conteúdo.
Fontes que ofereceram meios para definir e entender a situação existente,
permitindo um reforço paralelo na análise da pesquisa ou na manipulação de suas
informações. Dessa forma, foram escolhidos sete dos nove municípios da região da
Quarta Colônia: Agudo, Dona Francisca, Faxinal do Soturno, Nova Palma, Restinga
Seca, Silveira Martins, São João do Polêsine, respectivamente tomando em
consideração que no momento da pesquisa, eram os municípios com melhor infra-
estrutura turística.
Além das entrevistas com os setores públicos e privados utilizaram-se
informações dos dados estatísticos secundários obtidos no Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE), no censo de 2000 e no Anuário Estatístico da
Fundação de Economia e Estatística do Rio Grande do Sul (2005). Os dados
coletados constituem informações sobre características da população; distribuição
da população: - habitat rural e urbano, densidade demográfica; fatores econômicos:
mão-de-obra economicamente ativa, distribuição dos trabalhadores pelo setor
primário e terciário da economia, número de empresas relacionadas com a atividade
turística, renda per capita, produto interno bruto, infra-estrutura básica.
A região da Quarta Colônia foi selecionada para a realização da pesquisa por
uma série de razões, dentre as quais destacam-se:
1. Por estar localizada na região central do Rio Grande do Sul, com razoável
potencial turístico e aproveitando o existente Consórcio de Desenvolvimento
Sustentável – CONDESUS que é um dos pioneiros no Estado;
2. Pela economia estar centrada no setor primário e apresentando sinais de
atividades exauridas, deixando evidente oportunidade para o desenvolvimento da
28
atividade turística, ecologicamente correto e economicamente viável,
proporcionando retornos imediatos a comunidade local;
3. Pela proximidade de Santa Maria, facilitando o acesso e os contatos
necessários;
4. Pela receptividade das lideranças locais e regionais, com interesse no
desenvolvimento da pesquisa voltada ao turismo;
5. Pelos poucos ou raros estudos dirigidos ao desenvolvimento turístico e
atividades correlacionadas na região, tornando-os válidos e com potencial para tal;
Pelas razões acima descritas, a presente pesquisa sustenta a idéia de que é
possível conceber o turismo como uma contribuição positiva para o desenvolvimento
da região na sua totalidade.
Mapa 01 - Localização da Quarta Colônia – Rio Grande do Sul
Fonte: IBGE, 2002.
29
Mapa 02: Mapa Político da Quarta Colônia – Rio Grande do Sul
Fonte: IBGE, 2002.
30
1 FUNDAMENTOS E REFLEXÕES TEÓRICAS SOBRE A ATIVIDADE TURÍSTICA
1.1 História do Turismo no Brasil
Para melhor entender o turismo, no Brasil e sua história, buscou-se Hilda
Agnes Flores (1993) de onde foram considerados alguns dos tópicos mais
importantes da história do turismo. O desenvolvimento deste, no Brasil, não é um
fenômeno recente. A atividade tem evoluído, acompanhando as mudanças
econômicas, sociais, culturais e os avanços tecnológicos.
A partir do século XVII, existia turismo no Brasil. Neste período, as viagens
ocorriam em função da expansão para novos territórios em busca de riquezas e
gêneros de primeira necessidade.
Quando a corte chegou ao Brasil, em 1808, não havia qualquer estrutura de
hospedagem o que provocou profundas transformações no cotidiano, no
comportamento, na economia e na infra-estrutura do Rio de Janeiro. Uma mudança
significante foi o uso da água do mar como propriedade terapêutica, denominado
talassoterapia.
A partir de 1870, começaram a surgir em São Paulo e Rio de Janeiro meios
de hospedagem que se entendiam por hotel.
O Rio de Janeiro, por ser capital federal, tornou-se a cidade mais conhecida
do Brasil, como destino dos roteiros das viagens e das expedições científicas do
século XIX. Na época começam a ser escritos os primeiros registros da história do
país e os estudos sobre a fauna e flora, além das primeiras obras de engenharia.
No Brasil, desde 1900 a 1920, percebem-se novos padrões de consumo,
estimulados pela publicidade, expansão do mercado fotográfico, atividades
esportivas e popularização do cinema. Neste momento, também, houve o
desenvolvimento de chácaras de lazer ao redor dos centros urbanos e litorais, onde
os palacetes serviam como residências de férias.
31
Em 1922, o Copacabana Palace é construído no Rio de Janeiro,
extremamente luxuoso e sofisticado, diferente do que era usual na hotelaria da
época. Inclusive, neste momento, começa a organização dos proprietários dos
hotéis, restaurantes, bares, cafeterias de São Paulo.
No período de 1936 e 1946, foram construídos imensos hotéis-cassinos, dos
quais se destacam o Quitandinha em Petrópolis e o Atlântico em Santos. Este
impulso, na hotelaria, estimulou alguns empresários a implantar complexos
turísticos.
Em 1946, o Presidente Dutra assinou um decreto proibindo os jogos de azar
no país, com isso os cassinos foram fechados e os empreendimentos tiveram
grandes prejuízos, as localidades que possuíam outros atrativos continuaram a
receber turistas, embora com um fluxo menor e acabaram entrando em decadência.
Na década de 20 e 30, começam a ser criadas as primeiras companhias
aéreas nacionais, Varig em 1927, Panair em 1930, Vasp em 1933 e, em 1945,
intensificaram-se os vôos regionais e internacionais.
A grande novidade do período foi a utilização do automóvel como veículo de
passeio, o qual ainda era acessível a poucas pessoas e operava em situação
calamitosa.
Em 1923, os motorista organizam-se e criam a Sociedade Brasileira do
Turismo, que, em 1926, passa a denominar-se Touring Club do Brasil.
Em 1932, foi realizado o primeiro cruzeiro marítimo pela costa brasileira,
fazendo o percurso entre o Rio de Janeiro e o estado do Amazonas.
No ano de 1936, encontravam-se, no Brasil, algumas agências de viagens
que ofereciam produtos nacionais e internacionais.
Na década de 30, o turismo não era prioridade do governo federal, sendo
tratado por diferentes setores da administração. A primeira experiência foi em 1934
com a criação da Comissão Permanente de Exposições e Feiras cinco anos depois,
em 1939, foi fundada a Divisão do Turismo, setor do Departamento de Imprensa e
32
Propaganda, e, em 1940 realizou-se a primeira regulamentação das atividades das
empresas e agências de viagens e turismo.
Na esfera privada, acontecia a organização no setor hoteleiro. Em 1936, foi
instituído a Associação Brasileira da Indústria Hoteleira - ABIH, no Rio de Janeiro,
durante o I congresso Nacional Hoteleiro.
Neste período, a atividade turística era destinada à elite, só no final da década
de 1940, é que a população começa a ter acesso ao lazer e ao turismo. Destacando
a construção da primeira colônia de férias pelo Serviço Social do Comércio - SESC,
em Bertioga litoral do Estado de São Paulo.
Na década de 1950, a hotelaria nacional concentrava-se nas principais
capitais do país e, é também neste momento, que começam a surgir várias
expressões da atividade turística, junto ao desenvolvimento da infra-estrutura.
As companhias aéreas aumentavam suas frotas adquirindo os DC-3 e os DC-
46, expandindo as linhas regulares e atendendo, em 1958, cerca de 333 localidades
e com isso, o desenvolvimento do transporte rodoviário foi alterado, houve um
aumento no movimento nas estradas.
Também, na década de 1950, as agências de viagens brasileiras começaram
a se organizar, criando associações regionais e participando de eventos
internacionais. Em 1953, um grupo de 14 agências fundou a Associação Brasileira
de Agência de Viagens ABAV, buscando consolidar e incentivar o turismo
nacional.
Neste mesmo período, o governo federal criou a comissão Brasileira de
Turismo com o objetivo de coordenar as atividades destinadas ao desenvolvimento
do turismo interno e ao fluxo de estrangeiros, estudar e supervisionar as medidas
relacionadas à movimentação de turistas. Esta comissão foi extinta em 1961 e no
seu lugar criou-se, em 1962, a Divisão do Turismo e Certames do Ministério da
Indústria e Comércio, com a finalidade de promover, organizar e fiscalizar
exposições, feiras e certames no território nacional. Essa divisão lançou a base do
turismo nacional, por meio de muitas atividades.
33
Em 1966, é criada a EMBRATUR e o CNTUR e começou a ser discutida a
necessidade de traçar diretrizes para uma política nacional de turismo.
À EMBRATUR Empresa Brasileira de Turismo, caberia estudar e propor ao
CNTUR Conselho Nacional de Turismo, atos normativos necessários à promoção
da política nacional do turismo. Enquanto que ao CNTUR caberia formular as
diretrizes para uma política nacional do turismo.
Em 1967, por meio de um decreto, é criado o Sistema Nacional de Turismo,
constituído pela EMBRATUR, pelo CNTUR e pelo Ministério das Relações
Exteriores, imprimindo mudanças substanciais na condução das políticas federais de
turismo.
O crescimento do turismo foi percebido de fato no período de 1950 a 1969,
pois, ocorreu uma conjugação de diversos fatores como: melhoria de equipamentos
e no sistema de transportes, ampliação no sistema de comunicação, urbanização e
crescimento das cidades e o aumento de uma classe média propensa a viajar.
No período de 1970 a 1989, o turismo assumiu proporções mundiais, os
fluxos turísticos aumentaram continuamente, foram realizados grandes
investimentos na ampliação da infra-estrutura turística e de pólos turísticos.
O Brasil atraia muitos investimentos estrangeiros, com baixa inflação, a classe
média e os empresários estavam eufóricos em relação aos negócios e à economia,
mas também, enfrentavam repressão, censura e violência caracterizados pelo
governo militar. Neste cenário, o turismo aparecia como atividade econômica do
futuro, responsável pelo desenvolvimento do país.
Os anos 70 foram bastante produtivos para a hotelaria nacional, visto que
ampliou o número de leitos, melhorou a qualidade dos serviços e diversificou os
meios de hospedagem. Nesta época a EMBRATUR estabeleceu, como um de seus
objetivos, ampliar a infra-estrutura hoteleira do país, criando em 1971, o Fundo de
Gerenciamento ao Turismo FUNGETUR para financiar a construção, ampliação
ou reforma de hotéis, obras e serviços específicos de finalidade turística, além de
34
incentivos fiscais destinados a empreendimentos no setor turístico.
Em 1975, instalou-se em São Paulo, a primeira Cadeia Internacional de
Hotel, a Hilton, com 400 apartamentos e uma nova filosofia em hotelaria. Ao longo
da década, vieram outros. Ao mesmo tempo em que se implantavam vários hotéis
luxuosos no país, surgiam meios de hospedagem alternativos com o camping,
residências secundárias e albergues da juventude, estas modalidades tornaram-se
acessíveis a muitos destinos brasileiros que, ainda, não tinham nenhuma infra-
estrutura turística.
Em 1978, a EMBRATUR elabora e amplia o regulamento geral para a
classificação dos meios de hospedagens brasileiras.
Neste momento, o setor privado expandia e consolidava suas associações,
havendo um incremento nos negócios turísticos e a abertura de um novo mercado
de trabalho.
Na década de 70, iniciaram-se os primeiros eventos científicos da área,
surgiram os cursos superiores da área, também, nesta época, foi realizado o
Congresso Brasileiro de Turismo - CONTUR, para discutir as necessidades do setor
e o mercado de trabalho.
Nos anos 80, com a crise do petróleo e as sucessivas crises econômicas,
pelas quais passava o país, o turismo estagnou-se e a única área, que continuava a
crescer era o transporte aéreo. Em 1985, é inaugurado o Aeroporto de Cumbica, em
São Paulo. O grande fluxo de turistas e o crescimento no número de aeronaves
estimularam a criação do Código Brasileiro Aeronáutico em 1986, e a coleta de
dados sobre a venda de passagens aéreas nacionais.
Também, no período de 1970 a 1980, começam a surgir os primeiros mega
projetos turísticos do Nordeste, influenciados pelas experiências européias da
década de 60. As empresas estavam se organizando em associações, o poder
público começou a perceber que a atividade turística era muito mais do que
investir na hotelaria, o turismo começou a ser visto como uma atividade séria e
35
profissional, que não traz soluções imediatas para problemas estruturais e
principalmente econômicos.
Na década de 90, o turismo mundial cresce continuamente. No Brasil, os
primeiros anos da década foram de muitas mudanças políticas, novo governo e,
entre as prioridades, aparecia o turismo.
A EMBRATUR de empresa pública transforma-se em autarquia especial,
passando, em 1991, para Instituto Brasileiro de Turismo com a finalidade de
“formular, coordenar e fazer executar a Política Nacional do Turismo”.
Em 1992, foram estabelecidas diretrizes para a política nacional do turismo e
criado o instrumento para operacionalizar essas políticas, o PLANTUR . Nesta
época, foram implementados vários programas de desenvolvimento turístico como o
Programa de Desenvolvimento de Turismo - PRODETUR. Neste programa, os
Estados possuíam autonomia para elaborar projetos através de agências de
desenvolvimento.
Em 1994, a EMBRATUR criou o PNMT Plano Nacional de Municipalização
do Turismo, com o objetivo de descentralizar o desenvolvimento turístico na
identificação dos municípios com potencial turístico e fornecer orientação técnica,
para que as próprias comunidades realizassem seus planejamentos e
desenvolvimento do turismo sustentável.
Em 1996, é que foi lançado um documento instituindo a Política Nacional do
Turismo para o triênio de 1996 – 1999, caracterizado por inúmeros programas,
destacando-se os de infra-estrutura básica e turística.
A definição de uma política para o turismo e os investimentos foram fatores
fundamentais para alcançar um crescimento do fluxo internacional de turistas,
inclusive pela percepção dos novos mercados com o Mercosul.
Neste momento, verificam-se novas tendências: o resgate do patrimônio
cultural brasileiro, estimulado para atender novas demandas turísticas e também
pelo tombamento de muitas cidades brasileiras como patrimônio histórico da
36
humanidade pela Organização das Nações Unidas para Educação a Ciência e a
Cultura - UNESCO. Também, as empresas turísticas começam a atuar em diversos
segmentos do mercado, além dos tradicionais, destacando-se eventos, negócios,
ecoturismo, aventura, entre outros.
O transporte marítimo ganhou grande destaque neste período, em razão da
Lei de Cabotagem (Emenda constitucional nº 7 de 16/08/1995), que permitiu a
navios estrangeiros levar turistas pela costa brasileira, propiciando assim o
crescimento deste mercado.
Na hotelaria foram feitos muitos investimentos, desde os grandes mega
projetos como a Costa do Sauípe, a construção de hotéis econômicos nos grandes
centros urbanos do país, ao mesmo tempo verificava-se a vinda de inúmeras
cadeias hoteleiras internacionais como a Choice Atlântica (EUA), Posadas (México),
entre outras.
As empresas de entretenimento começam a aumentar com o surgimento de
parques temáticos ou aquáticos. Em 1998, existiam no Brasil, 35 parques
nacionais estruturados comercialmente.
Para atender ao desenvolvimento e diversificação dos empreendimentos e
serviços turísticos da década de 1990 tornou-se necessário capacitar recursos
humanos. Houve uma explosão de cursos superiores, de especialização para
profissionais a fim de que pudessem atuar no mercado. Algumas empresas criaram
políticas de treinamento e cursos para atender a suas próprias necessidades.
O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – SEBRAE, em
todo o país, organiza-se para orientar os empresários do setor e, também, capacitá-
los à gerenciar negócios turísticos, considerando os vários segmentos do mercado.
O SENAC tem se destacado pelos cursos livres, principalmente para as áreas
básicas inclusive, atuando na formação de tecnólogos.
O turismo, na década de 1990, demonstra um impulso e um crescimento
acelerado, num movimento contínuo.
37
Num primeiro momento, a precariedade dos equipamentos, serviços e
transporte dificultaram a realização de viagens e contribuíram para que uma
parcela da população pudesse se deslocar, principalmente, quando se tratava de
descanso e lazer.
Em um segundo momento, a criação de novos equipamentos de hospedagem
e os investimentos na infra-estrutura de transporte possibilitaram que outras classes
sociais começassem a desfrutar do prazer das viagens, ainda que com
características menos sofisticadas.
Enfim, a diversificação dos equipamentos e serviços turísticos, a segurança,
rapidez nos transportes, os preços diferenciados fazem com que o Brasil esteja em
completa expansão na área turística, além de estar bastante presente nos projetos
de crescimento para o país.
1.2 Turismo na Constituição Federal de 1988
Ao tratar, em seu título VII, da ordem econômica e financeira, a Constituição
Federal de 1988 estabelece, no capítulo I, os Princípios Gerais da Atividade
Econômica. Onde o turismo, pela primeira vez na história das constituições
brasileiras, está expressamente contemplado, no art. 180, que dispõe o seguinte: “A
União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios promoverão e incentivarão o
turismo como fator de desenvolvimento social e econômico”.
Ferraz (1992, p. 21) comenta que o turismo está constitucionalmente
enquadrado como um setor relevante da atividade econômica. E que para
impulsionar e incentivar o turismo necessita de um tratamento interpretativo, pois
são vocábulos que não se autodefinem caracterizam-se. Para tanto, a promoção
pode ser a de estruturar a produção de serviços turísticos por meio da divulgação do
país ou das regiões como destinos turísticos, ou ambos. Assim, a norma contida no
art. 180 depende da complementação legal e regulamentar que a torne operacional;
a qual podeser editada, em seu âmbito de atuação, indistintamente por União,
Estados, ou municípios.
38
O exercício da atividade econômica turística no Brasil independe de
autorização de órgão público desde a edição do Decreto-Lei 2.294 de 21 de
novembro de 1986. Dentre os princípios da atividade turística estão “o da função
social da propriedade, o da livre concorrência, o da defesa do consumidor, o da
defesa do meio ambiente e o da redução das desigualdades regionais e sociais
(FERRAZ, 1992, p.22)”.
Na constatação das entrevistas a respeito da Lei Orgânica Municipal,
20/03/1992, Município de São João do Polêsine/RS, inciso referente ao Turismo.
[...] Observa-se que: Apenas um município da região pesquisada institui em
sua Lei Orgânica o Programa de Desenvolvimento Econômico, e dispõe
sobre a política de incentivos ao Desenvolvimento Econômico. São João do
Polêsine através do PROMUDE, que tem como objetivo apoiar, via
incentivos materiais e financeiros, os projetos de empresas e pessoas
físicas que tenham por objetivo o desenvolvimento econômico do
Município, mediante investimentos, dos quais resultem a implantação ou
expansão de unidades industriais, agroindústrias, comerciais, de
prestação de serviços, de atividades turísticas e de produção
agropecuária. Da política de incentivos, o município poderá conceder,
mediante prévia demonstração do interesse público, nos termos desta Lei,
incentivos sob as diversas formas nela previstos, às empresas industriais,
comerciais, de prestação de serviços, de atividades tusticas,
agroindustriais e produtores agropecuários, levando em conta a função
social decorrente da crião de empregos e renda e a importância para a
economia do Município. Dos incentivos às indústrias para fins de instalação
ou ampliação de indústrias, considerando a função social e a expressão
econômica do empreendimento, os incentivos industriais podeo
consistir em: Dos incentivos aos setores do comércio e serviços; Aos
empreendimentos comerciais e de prestão de serviços que se
instalarem no Município, que venham gerar valor adicionado do ICMS e
arrecadação do ISSQN. Dos incentivos à agroindústria e produtores rurais
para as agroindústrias instaladas ou, que se instalarem no
Município, poderão ser concedidos, no que couberem, os mesmos
incentivos previstos nesta Lei para as empresas em geral,
aplicando-se-lhes, igualmente, os critérios e condições
estabelecidos em relação aos empreendimentos industriais.
O turismo, quando é enfocado, quase sempre se restringe à geração de
emprego e renda, não contemplando, assim, as discussões nas diferentes áreas de
abrangência tais como o social, cultural, política, ambiental, geração de riquezas.., o
que dificulta o estabelecimento de ações específicas. Isso contribui para impedir o
entendimento do turismo como objeto de estudo, campo de ação profissional e como
esfera de atuação do poder blico. Portanto, o âmbito municipal é apenas uma das
atuações que deve ser considerada, na esfera da Administração Pública, é
39
fundamental que se diferencie das demais iniciativas, desde políticas nacionais até
as espontâneas.
Faz-se necessário ampliar o leque de discussões sobre o papel da
Administração Pública com relação à formulação de políticas de turismo, o qual vem
se manifestando na maioria das cidades brasileiras, pelos “Calendários de eventos”,
ou “pacotes de visitação turística”.
Aqui, Administração Pública é identificada essencialmente como “uma função,
ou como uma atividade fim (condicionada a um objetivo), e com organização, isto
é, como uma atividade voltada para assegurar a distribuição e coordenação do
trabalho dentro de um escopo coletivo” (BOBBIO, 1986, p.11).
Indica-se que a discussão passe pelo entendimento amplo da atividade
turística, em termos de conteúdo, observando as interfaces com os demais órgãos
municipais ou estaduais, onde esteja centralizada a ação relativa à política de
turismo; transpor as barreiras sócioculturais verificadas, como preconceitos,
estereótipos, inclusive nos meios acadêmicos, e por outro lado, pelos limites da
Administração Municipal, significa levar em conta que o turismo pode ser
entendido na totalidade da ação humana, abrangendo questões que transcendem os
gestores municipais, como resgate cultural, ocupação do solo, por exemplo, o que
requer da governança, incentivar e participar das discussões as quais envolvam a
questão de modo articulado, junto às entidades e outros setores constituídos da
sociedade civil, principalmente se a questão envolve liberação de recursos, e a
necessidade de fixação de prioridades a partir da análise de situação.
No que se refere aos dados econômicos e financeiros, envolvendo montante
de recursos repassados e aplicados em investimentos na área do Turismo, na região
pesquisada: Os gestores não souberam informar sobre a quantia de recursos
públicos destinados à promoção e fomento para a atividade turística em suas
respectivas regiões, deixando transparecer problemas básicos de gestão e,
desconhecimento da vocação turística de cada município.
Assim, se por um lado é preciso considerar que a questão do turismo não
pode ser enfrentada de modo isolado da questão sociocultural, é preciso que estes
40
gestores também considerem as possibilidades de ações específicas na área, que
levem em conta o turismo na totalidade das relações sociais e, dos limites e
possibilidades de políticas públicas setoriais.
Para que a atividade desenvolva-se é necessário, por parte da administração
do espaço urbano e rural, um conhecimento detalhado do ordenamento territorial e
de suas possibilidades.
Sensibilizar as comunidades e gestores da importância da atividade turística
não é tarefa fácil. Criar oportunidades, na sociedade contemporânea,
predominantemente industrial e urbana, para que filhos de agricultores e
trabalhadores rurais e/ou urbanos alcancem melhores condições de vida do que
seus pais, sem terem que abandonar a terra ou antigas tarefas é um desafio ainda
maior. Todo o conjunto de políticas públicas de turismo colocada em prática nos
últimos anos está voltado para este fim, isto é, na realização de uma particular
política em favor do desenvolvimento da atividade para a contribuição que lhe pode
derivar para o desenvolvimento de uma região.
Quanto ao Capital social: Foi perguntado como o entrevistado vê o preparo do
elemento humano para atividade turística?
[...] Nossa comunidade é organizada, na maioria das vezes a partir das
festas religiosas, onde todos participam, cada um ajudando um pouco nas
tarefas domésticas. Quando ocorrem os eventos, vem muita gente de fora
prá cá. O turismo está melhorando a nossa comunidade. O SEBRAE
também está ajudando na formatação e implantação de novos
empreendimentos como exemplo: a construção de hotéis, serviços e lazer;
A clínica oftalmológica conveniada com 39 municípios que movimenta
hotéis, restaurantes, lancherias; A culinária vem gerando empregos diretos
e indiretos bem como o turismo vêm desenvolvendo atividades ligadas à
agroindústria e artesanato. Ocupando mão de obra local e melhorando a
economia do município. Historicamente, a região foi sempre bem receptiva,
com aquilo que vem de fora pela sua larga experiência da atividade de
cunho religioso. As festas dos municípios são festas onde se compartilha
com os outros. São festas hospitaleiras e, no turismo articula-se esta
relação, não conflitando a vida da comunidade local’.
Além disso, segundo o Secretário executivo do CONDESUS,
[...] O Programa de Regionalização de Educação Patrimonial desenvolvido
durante quatro anos, de modo planejado e sistemático, nos nove
municípios integrantes da Quarta Colônia, experiência que envolveu 290
professores, 120 escolas, 2985 alunos, os pais e membros da comunidade,
41
foi um processo que, no seu desenvolvimento, possibilitou a articulação e a
criação de parcerias para o fortalecimento do sentido de regionalização.
Através da educação, como apropriação e transformação da cultura, a
região começou a reconhecer-se como tal e a projetar-se como Quarta
Colônia, tendo como objetivo a valorização do indivíduo e de sua trajetória
histórico-social, a descoberta de seu contexto cultural e de suas raízes.
Houve iniciativas como a divulgação na rádio local e na revista da Quarta
Colônia, a formatação do calendário de eventos, fazem com que as
comunidades fiquem a par dos principais acontecimentos da região, que se
intensifica com a criação do Comitê do Turismo formado pelos atores
sociais, co-responsáveis pelo desenvolvimento da atividade turística.
Entretanto, a ausência de políticas integrais e de soluções que encarem o
turismo numa perspectiva totalizadora, na dificuldade de chegar a um acordo e de
tratar a atividade de forma conjunta coloca o turismo de forma fragmentada em um
grande número de organismos que superpõem suas atribuições em alguns campos
e em outros deixam a desejar.
Boullón (1995, p.135) afirma que
[...] hay que agregar en algunos países, la fórmula jurídica del fideicomiso
turístico y los bancos de fomento al turismo, que funcionan como fondos,
guiados por su propia política, elaborada ésta con desconocimiento de los
planes nacionales de turismo y recreación, que fueron realizados por el
organismo central, y que al momento de aplicarse, no tiene como hacerlo
porque dichos organismos comprueban que su poder és teórico, dado que
todo el espacio turístico, en la prática, es gubernado (o desgubernado) por
otros poderes.
Há, evidentemente, toda uma gama de serviços e produtos no campo do
turismo regidos pela mesma lógica, promoção do desenvolvimento local e regional.
É verdade que, até agora, o setor de atividades turísticas tem se mostrado menos
importante, no contexto mais amplo da reprodução das condições de
operacionalidade, do que setores mais tradicionais.
A este respeito Boullón (1995, p.135) diz que:
[...] El trazado de una política que defina la posición de los gobiernos frente
al turismo y la recreación, no es una tarefa fácil, porque el sector está
administrado oficialmente en la mayor parte de los países por funcionários
que posiblemente dominem la administración pública, pero no las
características técnicas del sector que aceptaron conducir. Es frecuente que
los cargos políticos del sector se otorguen sin exigir a sus titulares una
trajetória comprobada en alguna de las ramas del turismo, ni un
conocimiento fundamentado de los matices funcionales de la administración
del tiempo libre. Esto que es tan comúm en turismo, sería poco aceptable,
por ejemplo, en salud pública, en educación o en vivienda.
42
Tal fato requer a atenção das autoridades e dos cidadãos, porque o resultado
é que gestores de turismo passam grande parte de seu tempo resolvendo problemas
circunstanciais que na maioria dos casos o se referem às necessidades daqueles
a quem deve servir, uma vez que a gestão diz respeito diretamente aos interesses
coletivos, não apenas dos agentes envolvidos.
1.3 Turismo no Rio Grande do Sul
Para Goidanich (1993, p.17), no Rio Grande do Sul, é possível falar do
turismo desde a década de 1920, porque se viajava de Porto Alegre para Pelotas
e Rio Grande em navios que levavam uma noite inteira para percorrer a Lagoa dos
Patos.
Em 1920, foram inauguradas novas instalações do cais do porto as quais
deram a Porto Alegre uma entrada monumental, que até hoje impressiona por sua
beleza.
Nesta época, os serviços ferroviários foram ampliados, a administração de
Borges de Medeiros criou a Viação Férrea do Rio Grande do Sul e construiu a
tradicional Estação do Caminho Novo, em 1922, o trem buscava rotas na serra
chegando a Taquara, Gramado e Canela.
Em 27 de maio de 1927, a Varig (Viação Aérea Riograndense) foi fundada e
logo começou a operar os vôos regulares entre Porto Alegre, Pelotas e Rio Grande.
Todavia, a partir de 1935, é que se iniciou realmente um trabalho ordenado
capaz de despertar o povo e o governo para as possibilidades e os benefícios que a
exploração turística poderia trazer ao desenvolvimento e ao bem-estar social do
Estado.
Em 21 de março de 1935, nasceu o Touring Club do Rio Grande do Sul, o
qual deu a partida à conscientização da importância do turismo para o Estado. Ele
passou a agir junto aos meios oficiais e privados como única entidade de turismo
existente no Estado. Levantaram-se questões relacionadas ao turismo, ampliou-se
43
o quadro social, expandiram-se, através de delegacias, as áreas vocacionadas para
o turismo no interior. Criou-se a primeira revista de publicação turística que circulou
regularmente até 1945, ano traumático para o turismo em conseqüência da II guerra
mundial.
No dia 21 de setembro de 1935, Porto Alegre promove um grande evento, a
Exposição do Centenário Farroupilha que abriu seus portões, deixando deslumbrada
a população gaúcha e numerosos visitantes do país e do exterior.
Na década de 30 e 40, o turismo praticamente inexistiu como preocupação
governamental, assim de 1935 a 1950 o Touring conduziu sozinho o turismo no
Estado.Tinha um endereço permanente no bureau” do portão central da exposição,
onde o turista podia buscar assistência e orientação gratuita, e inclusive levava os
turistas para conhecerem a serra gaúcha utilizando carro ou trem.
A primeira meta turística, fora de Porto Alegre, foi Caxias do Sul, onde o
vinho, as malhas e a metalurgia eram as atrações, com destaque para a Festa da
Uva realizada desde 1931.
Foi no fim do ano de 1940 que houve, pela primeira vez, uma manifestação
oficial a favor do turismo no Rio Grande do Sul. Foi apresentado ao congresso de
prefeitos da região de Caxias do Sul e à Diretoria das Prefeituras Municipais (DPM)
um documento enfatizando o papel que os municípios tinham a desempenhar nas
atrações turísticas.
Em 1941, publicou-se o primeiro Guia de Turismo do Estado, com cerca de
duzentas páginas, de textos informativos, além de mapas e plantas, ilustrações,
horários de trens e aviões e das primeiras linhas inter municipais de ônibus a
circularem no Estado. Também, neste ano, foi inaugurada a primeira Estação
Rodoviária de Porto Alegre na Av. Júlio de Castilhos, passo importante para o
Departamento Autônomo de Estrada e Rodagem - DAER que semeava estações
rodoviárias nos municípios.
44
Outra medida significativa para o turismo no Estado foi o intercâmbio turístico
firmado entre Brasil e Argentina, pelo qual foi abolido o passaporte, facilitando a
entrada nos dois países apenas com a carteira de identidade.
Em 1947, os constituintes consagraram um dispositivo na Carta Magna, artigo
27, onde dizia que o Poder Executivo enviaria à Assembléia Legislativa projetos de
lei que visem fomentar o turismo no Estado, propiciando condições de acesso,
higiene e conforto às estações balneárias, hidrominerais, climáticas e de repouso.
O Rio Grande do Sul foi o primeiro Estado da federação a legislar sobre o
turismo. Já a cada de 1950 tornou-se histórica para o turismo gaúcho, pois em 23
de janeiro o governador Walter Jobim promulgou a lei 997, criando o Conselho
Estadual de Turismo, CET, e o Serviço Estadual de Turismo, SETUR assegurando
ao Rio Grande do Sul a condição de pioneiro no turismo, oficializado no Brasil em
nível estadual.
O Conselho Estadual de Turismo logo tomou duas importantes medidas: a
criação da taxa de turismo, para obter recursos financeiros e desenvolver os planos
de fomento e estruturação; e um plano de ação, norteando as primeiras medidas a
serem tomadas pelo CET.
No mesmo ano, Leonel Brizola, que na época era Secretário de Obras,
conseguiu significados recursos para a desapropriação de áreas de excepcional
interesse turístico; para a construção e aparelhamento de estâncias hidrominerais de
Irai; e a realização de obras e serviços diversos, inclusive sob regime de cooperação
com entidades que visassem ao fomento do turismo ou para festividades regionais
com interesse turístico.
O ano de 1950, foi bastante significativo, porque foram inaugurados dois
novos hotéis em Porto Alegre, o City hotel e o Umbu hotel. Em 23 de novembro, foi
criada a OSPA (Orquestra Sinfônica de Porto Alegre). Já, no início do ano seguinte,
Porto Alegre ganhou o moderno e bem aparelhado Aeroporto Salgado Filho. Em
1953, a Varig tornou-se internacional com seus vôos para Buenos Aires, ganhando
vínculo aéreo direto com o Prata e, em 1957, inaugurava a rota Porto Alegre - New
45
York – Porto Alegre, com seus jatos Caravelle.
No final da década de 50, e início de 60, o SETUR muito trabalhou para
afirmação do turismo divulgando-o no Estado todo, como também em grandes
centros do país e pelo vizinho do Prata, revelando o potencial turístico e o progresso
do Estado. Para tanto, organizou roteiros de familiarização com agentes de viagens
do Uruguai e Argentina, difundindo o Estado em feiras pelo país todo. Colaborou
com a COMBRATUR no zoneamento turístico do extremo sul e na elaboração do
primeiro mapa turístico do Brasil. Atuou no sentido de que todas as cidades com
vocação para o turismo constituíssem seus conselhos municipais. Através do
SETUR, as agências de viagens tiveram assento no Conselho Estadual do Turismo,
adquiriram consciência de classe e tornaram-se elementos significativos na luta pelo
turismo, dando sua cooperação ao órgão estadual. Com isso, em 1961, fundou-se a
ABAV/RS.
Em 1967, aconteceu a primeira Festa Nacional do Vinho, a Fenavinho, evento
que se tornou clássico, movimentando o turismo da serra mais tarde veio juntar-se a
ela, a Festa Nacional do Champagne. O tradicional roteiro da Região das Hortênsias
ganhou competidores.
Em 17 de agosto de 1967, foi criada no Estado uma comissão parlamentar
especial para examinar os problemas afetos à atividade turística, com prazo
indeterminado, cujo relatório foi entregue em janeiro de 1970.
Como nesta época, o Estado era o segundo principal portão de acesso de
turistas no Brasil, a EMBRATUR propôs à Superintendência de Desenvolvimento da
Região Sul (SUDESUL) um convênio pelo qual assumiria os encargos de
desenvolver o Plano Regional de Turismo. Este convênio foi celebrado em 15 de
agosto de 1969.
Em 14 de janeiro de 1970, em sessão solene, para inaugurar a grande sala
de audiências do Palácio Farroupilha, a comissão especial entregou o relatório final
de seus trabalhos. A primeira idéia era de criar-se a Secretaria de Estado para o
46
Turismo, os demais sessenta itens constituíam uma plataforma de ação para esta
secretaria e abordavam, de forma objetiva, os problemas do turismo a merecerem
atenção imediata e soluções a curto e médio prazo.
Em 1971, o SETUR foi extinto e a 23 de julho foi criada a Secretaria de
Turismo do Rio Grande do Sul. Outro grande passo foi em 1972 quando foi criada a
EPATUR Empresa Porto-alegrense de Turismo, capaz de assegurar a presença
oficial no incentivo, desenvolvimento e apoio às atividades turísticas da capital do
Estado. Assim sendo, aos poucos o COMTUR foi extinto.
De 1975 a 1979, a professora Norma Martine Moesch destacou-se como
coordenadora da CITUR e posteriormente da EPATUR. Exerceu, também, a
Diretoria de Turismo da Secretaria de Cultura, Desporto e Turismo.
Em 1978, o governador José Augusto Amaral de Souza, em sua
administração, tomou uma iniciativa equivocada, transformou a Secretaria de
Turismo em Secretaria de Cultura, Desportos e Turismo. Este colocado em último
lugar perdeu o status que havia conquistado entre as preocupações maiores do
Estado.
O resultado dessa híbrida composição reuniu numa mesma Secretaria de
Estado atividades completamente díspares o que gerou dificuldades naturais de uma
estrutura administrativa inadequada. Em 1980, com a saída do Secretário Pereira
Guimarães para assumir a Diretoria de Planejamento da EMBRATUR, agravou-se o
problema.
No ano de 1980, em 22 de abril, foi criada a Associação Riograndense dos
Guias de Turismo reunindo os profissionais desta área do atendimento turístico.
No ano de 1981, em 20 de agosto, Nova Petrópolis foi reconhecida como pólo
cultural da Região dos Vales. Como no município havia uma pré-disposição do
órgão municipal no sentido de desenvolver o turismo cultural e, em harmonia com
Gramado e Canela, contribuiu para a projeção nacional da região.
47
Por sua vez, em 1981, é fundada a Associação dos Jornalistas de Turismo
(AJOTUR) a qual se transformou em 1985 na seção gaúcha da ABRAJET
(Associação Brasileira dos Jornalistas de Turismo).
Em 1986, é inaugurado o Centro de Convenções do Hotel Serrano na Região
das Hortênsias. E, em 1990, a ampliação do Hotel Serra Azul elevou o hotel à
categoria cinco estrelas pela EMBRATUR, a serviço do turismo gaúcho,
completando o aparelhamento da região.
Em 2003, houve a criação, pela primeira vez na história, de um Ministério do
turismo uma atividade multidisciplinar capaz de mobilizar dezenas de setores
produtivos, de movimentar contingentes de pessoas pelos territórios, de transformar
os lugares. Assim, o turismo mostra que não é um tema passível de ser tratado
apenas por um organismo da gestão pública.
1.4 Turismo e Atualidade
A importância econômica do turismo tem sido cada vez mais reconhecida nos
últimos anos pelo governo Brasileiro, que aponta o setor como possível redentor das
desigualdades sociais e regionais do país.
Assim, o governo respalda as comunidades turísticas, estimulando-as com a
criação de um Ministério do Turismo, propiciando novas expectativas de gerar mais
empregos, alavancar o desenvolvimento econômico e gerar riquezas em virtude das
atividades nos diversos segmentos do turismo.
Embora este reconheça a contribuição econômica dada pelo turismo, também
se preocupa com o fato de que uma abordagem equilibrada deve ser adotada para o
crescimento do turismo. A fim de alcançar esse objetivo, foi preparado em 2003-
2007 o Plano Nacional do Turismo. A política de desenvolvimento do turismo oficial
do país, conforme apresentada no PNT, pode ser sintetizada como:
48
O objetivo sico do desenvolvimento do turismo será o de desenvolver o
produto turístico brasileiro com qualidade, contemplando as diversidades regionais,
culturais, naturais. Estimular e facilitar o consumo do produto turístico brasileiro nos
mercados nacional e internacional
3
.
.
Entre as metas para o turismo para o ano de 2003 a 2007, citado pelo
Governo, destaca-se: a criação de condições para gerar 1.200.000 novos empregos
e ocupações; aumentar para 9 milhões o número de turistas estrangeiros no Brasil;
gerar 8 bilhões de dólares por ano em divisas; aumentar para 65 milhões a chegada
de passageiros nos vôos domésticos; ampliar a oferta turística brasileira,
desenvolvendo no mínimo três produtos de qualidade em cada Estado da Federação
e Distrito Federal.
Estas metas serão realidade se o Brasil investir de forma efetiva no
turismo, entendendo-o não como mais um item secundário e complementar ao
planejamento do estado, mas sim, possuir uma visão holística, percebendo que a
noção de hospitalidade move o planejamento de um local, região, pois o mesmo
deve estar junto a qualquer política pública, a qual seja pensada e executada para o
povo brasileiro.
Portanto, esse novo status adquirido pelo turismo na administração pública
federal nada mais é do que um reflexo da reconhecida e crescente importância que
tem esta atividade hoje, sobretudo no plano econômico, por sua capacidade de
dinamizar diversos setores produtivos, gerar riqueza, renda e empregos. Em tempos
de globalização, de desemprego, de crescimento da pobreza, o setor serviços e,
inserido nele, o turismo, tem representado um papel cada vez mais importante para
a sociedade brasileira.
Pesquisas realizadas pela Organização Mundial do Turismo mostram que um
em cada nove empregos é gerado pelo turismo por meio de micros, pequenas e
médias empresas estabelecidas em áreas onde os níveis de desocupação são
bastante elevados. Cabendo a atividade turística captar apreciável quantidade de
3
Citado pelo Governo Brasileiro, no Plano Nacional de Turismo em 29-04-2003.
49
divisas fortes para os países em desenvolvimento que se empenham em explorá-lo
de forma conveniente.
1.4.1 O atual Plano Nacional de Turismo – PNT 2007/2010
O turismo, hoje, é o quinto principal produto na geração de divisas em
moeda estrangeira para o Brasil, disputando a quarta posição com a exportação de
automóveis. Os resultados até agora permitem vislumbrar um futuro promissor: no
ano passado, as 80 principais empresas do setor registraram um faturamento de R$
29,6 bilhões, com crescimento de 29% em relação a 2005. (PNT 2007/2010).
O PNT 2007 2010 pre investimentos com recursos provenientes do
Orçamento Geral da União em promoção, interna e externa, da ordem de R$ 983, 4
milhões, além de R$ 5,63 bilhões em infra-estrutura turística. Esses valores não
incluem os investimentos em infra-estrutura delineados pelos Programas Regionais
de Desenvolvimento do Turismo PRODETUR e PROECOTUR, com
financiamentos do Banco Interamericano de Desenvolvimento BID e contrapartida
estadual e federal. (PNT 2007/2010).
Além das estratégias definidas nos macroprogramas do Plano Nacional de
Turismo - PNT 2007/2010, delineiam-se metas para que o turismo passo a passo
ocupando posições que todos sempre aguardaram desse setor. São esperados para
os próximos quatro anos uma melhoria na infra-estrutura do turismo nacional,
definindo e preparando 65 destinos turísticos, distribuídos pelo território nacional,
dentro dos padrões mundiais de qualidade. Espera-se que o país alcance uma
marca histórica de 217 milhões de viagens no mercado interno. Isso tudo pode gerar
1,7 milhões de empregos e trazer US$ 7,7 bilhões em divisas para o Brasil se forem
levados a cabo dentro de bons parâmetros de gestão. O mesmo plano contempla
para o turismo brasileiro a ampliação da oferta de produtos tanto para consumidores
de baixa renda, como para a classe média e para o turista de renda alta.
50
1.4.2 O Ministério do Turismo do Brasil em 2007
Segundo declaração da atual Ministra Marta Suplicy, o Ministério do Turismo
4
(MTur) tem como missão "desenvolver o turismo como uma atividade econômica
sustentável, com papel relevante na geração de empregos e divisas, proporcionando
a inclusão social, prevendo um orçamento de R$ 1,78 bilhões (2007)”. Até
princípios de outubro de 2007, somente 234 milhões foram liberados. Argumentam
burocratas do MTur que isto ocorreu por falta de projetos.
O Ministério é composto pela Secretaria Nacional de Políticas do Turismo,
Secretaria Nacional de Programas de Desenvolvimento do Turismo e pela
EMBRATUR - Instituto Brasileiro de Turismo antiga Empresa Brasileira de Turismo.
Hoje o Instituto “concentra-se na promoção, no marketing e apoio à comercialização
dos produtos, serviços e destinos turísticos”, levando a marca e as imagens do
Brasil para o exterior.
A Secretaria Nacional de Políticas do Turismo (SNPT-MTur) tem como função
tratar da política nacional relativa ao setor em consonância com as determinações
do Conselho Nacional do Turismo. É também responsável por criar políticas para
fomentar a atividade.
a Secretaria Nacional de Programas de Desenvolvimento do Turismo
(SNPDT-MTur) tem como principal atividade tratar da ampliação da infra-estrutura
em localidades turísticas ou com forte potencial turístico, além de trabalhar para a
melhoria da qualidade dos serviços prestados por empresas do setor turístico.
O Ministério do Turismo trabalha para a atividade turística cadastrando as
empresas do setor tais como as agências de viagens e turismo, as Operadoras de
Turismo, as transportadoras turísticas e os profissionais como os turismólogos, os
agentes de viagens além de produzir o planejamento do setor e fomentar a
atividade.
4
Fonte disponível em http://www.mtur.gov.br - via link
<pt.wikipedia.org/wiki/Ministério_do_Turismo_(Brasil) acessado em 20 de maio de 2007
51
1.4.3 Embasamento teórico
Como se o Brasil através das políticas blicas está colocando na pauta
do dia a urgente necessidade de expandir aqueles setores mais empregadores de
mão-de-obra. O turismo é um deles, que, além dos empregos diretos, estimula a
criação de empregos indiretos, através da indispensável melhoria da infra-estrutura
urbana, dos transportes, das estradas etc. Nesse caso, aumentam as necessidades
coletivas em matéria de habitação, de transportes, de serviços, eleva-se a renda,
surgem empreendedores, trabalhadores qualificados, formam-se quadros de alto
nível, esses empregos surgem com novos hotéis, motéis, campings, linhas aéreas,
aluguel de carros, ônibus de turismo, restaurantes, agências de viagens, empresas
de tours, lembranças, souvenirs, entretenimentos, museus, artesanato e toda uma
enorme e variada gama de outras atividades.
Realmente, o turismo tornou-se fato social e econômico reconhecido a
demandar atenção de amplos segmentos sociais e econômicos. Neste sentido, pode
ser visto também como uma ferramenta ímpar numa perspectiva econômica de
desenvolvimento para as comunidades e países em desenvolvimento.
Nesse caminho entende Oliveira (2002, p.59), que o turismo está inserido
cada vez mais num cenário globalizado, constituindo um dos segmentos essenciais
de uma estratégia bem sucedida de desenvolvimento, produzindo efeitos positivos
sobre a economia, por apresentar um potencial de geração de emprego e renda, o
que se torna mais relevante para as regiões mais pobres; pelo benefício na balança
de pagamentos, à medida que gera ingresso de divisas trazidas pelos turistas
estrangeiros e, principalmente, pelos investimentos externos, no setor de construção
de hotéis e parques temáticos e na infra-estrutura de recepção e por último deve-se
considerar o turismo como um espaço privilegiado de marketing para o país e de
seus produtos. É oportuno salientar que o turismo de estrangeiros ao país tem a
singularidade de exportar inclusive impostos e contribuições sociais diretas ou
indiretas, o que seria impensável para a competitividade dos outros bens e serviços
constantes da nossa pauta de exportações.
52
De acordo com Kotler (1991, p. 37), “o marketing tem como função identificar
necessidades e desejos não satisfeitos, definir e medir sua magnitude, determinar a
que mercados alvo a organização pode atender melhor, lançar produtos, serviços e
programas apropriados para atender à estes mercados, e treinar talentos nas
empresas para que pensem de forma criativa objetivando cada vez melhores
serviços aos clientes”.
Nesta mesma linha de pensamento Dias (2002, p.171) comenta que, “O
turismo, por meio da difusão cultural promovida pelos meios de comunicação, realiza
o papel de interação social, fundamental no processo de socialização do qual
depende o ser humano para a construção de suas identidades individuais e
coletivas.
Enfim, o turismo é capaz de movimentar mais de cinqüenta setores da
economia, uma entre inúmeras formas de lazer, tem uma questionável competência
no sentido de promover o desenvolvimento. Daí o crescente interesse dos
planejadores territoriais (poderes públicos, principalmente municipais) pelo
desenvolvimento do turismo em seus territórios. (CRUZ, 2001, p.24),
Ruschmann (1995, p 13), também afirma que
[...] A expansão do turismo moderno está ligada de forma indubitável ao
progresso econômico, à concentração urbana, às facilidades de circulação e
ao desenvolvimento dos transportes, contribuindo para o
redimensionamento do fenômeno, que passou a ser objeto de atenção dos
governos diante de sua importância.
É dentro deste contexto que a atividade turística transforma-se num dos
setores mais importantes da economia, é uma combinação complexa de inter-
relacionamentos entre indústria e comércio, que está intimamente ligada ao setor
terciário ou de serviços, e com participação marcante no Produto Interno Brasileiro
do país.
Neste contexto, o turismo torna-se uma importante forma de desenvolvimento
“limpo” de regiões, quando bem planejado, demonstrando que pode fomentar,
53
aumentar a renda, gerar divisas e beneficiar as localidades envolvidas, como
emissoras e receptoras desse fenômeno, envolvendo o movimento de pessoas.
É uma atividade que congrega condições de obter resultado no
desenvolvimento e planejamento regional ou territorial. O efeito da oferta turística
(alojamentos, estabelecimentos de alimentação, indústrias complementares e
outros), eleva a demanda de emprego, repercutindo no desemprego das regiões
(CASTELLI, 1994).
Na região da Quarta Colônia, como localidade receptora, o turismo se
desenvolve de forma gradual. Tem proporcionado um expressivo fluxo de turistas,
de várias cidades do Rio Grande do Sul, assim como de outros estados brasileiros e,
também, do exterior como Itália, Alemanha e da região do Rio da Prata. Para os
objetivos dessa pesquisa, entende-se turismo como sendo, conforme (DE LA
TORRE, 1994) cita:
[...] um fenômeno social, que consiste no deslocamento voluntário e
temporário de indivíduos ou grupo de pessoas que, fundamentalmente por
motivos de recreação, descanso, cultura e saúde, saem do seu local de
residência habitual para outro, no qual não exercem nenhuma atividade
lucrativa nem remunerada, gerando múltiplas inter-relações de importância
social, econômica e cultural.
Mais simples e esclarecedora define a Organização Mundial de Turismo em
1963:
[...] tempo fora do domicílio superior a 24 horas e no máximo 90 dias para
haver pernoites e registros, ausência de lucro, por isso devem ser viagens
sem interesse econômico ou sem execução de trabalho remunerado no
lugar visitado; e que as relações decorrentes das viagens tais como resolver
negócios, tenham previsão de retorno e sejam sem propósito de migração
definitiva. (OMT, 2002, p.18)
Estas características geram necessidades de organização de produtos
turísticos que contenham uma base cultural ecologicamente correta, onde através
de uma estrutura atenda e proporcione hospitalidade, acomodações, boa culinária e
informações qualificadas, além de segurança aos indivíduos visitantes.
Para De Masi (1999, p.12), tendo em vista que um número sempre maior de
pessoas irá usufruir dos bens e serviços sem envolver-se em sua produção, serão
54
necessárias novas maneiras de bem-estar (wellfare), para suprir às necessidades
daqueles que não trabalham, e novas formas de gratificação, para atender às
necessidades daqueles que trabalham.
1.5 Ações específicas na área do Turismo no Rio Grande do Sul - Fórum
Regional de Turismo
O governo do Estado do Rio Grande do Sul (POA, 09/11/2004), através da
Secretaria da Coordenação e Planejamento, do Departamento de Desenvolvimento
Regional e Urbano e do Departamento de Planejamento Estratégico, em plenária
regional de diretrizes, definiu o perfil de cada região do estado. Nesta pesquisa, será
dado destaque à região central do Estado.
O governo elaborou o plano plurianual de investimentos/RS para os anos de
2004 a 2007, destacando a região da Quarta Colônia e o turismo dentre as
prioridades setoriais em análise.
Foram encontradas dificuldades para a transformação desses elementos
potenciais em produtos turísticos, decorrentes da: ausência de políticas que
promovam o desenvolvimento local e regional de forma integrada, buscando a
construção de alternativas sociais e econômicas a partir do reconhecimento e
valorização das potencialidades materiais e imateriais da natureza e da cultura local
e regional; falta de visão sobre o turismo, principalmente em comunidades de
produção primária, como um processo qualificador das condições de vida do homem
rural e de valorização e preservação das suas referências culturais assim como de
conservação do patrimônio natural; carência de políticas culturais e de inventários
técnicos para a valorização do patrimônio natural e cultural, base para o
planejamento turístico; falta de inventário e diagnóstico turístico (local e regional);
ausência de linhas de financiamento para o material de divulgação dos elementos
culturais e turísticos regionais; falta de apoio para a conservação de elementos da
cultura material e imaterial de interesse turístico no meio rural e urbano; ausência de
programas permanentes de capacitação e qualificação de agentes para atuar na
55
atividade turística e a ampliação dos programas de Educação Patrimonial e
Ambiental como vinha sendo desenvolvido na Quarta Colônia.
Assim, o governo do estado propõe diretrizes a serem tomadas, tais como: a
busca de investimentos públicos na área do turismo melhorando as rodovias de
acesso aos produtos turísticos; sensibilização das comunidades para valorizar seu
potencial turístico e transformá-los em produtos; incentivo à capacitação e
qualificação dos recursos humanos do setor; realização do inventário técnico dos
potenciais turísticos da região; planejamento do turismo na região; disponibilização
de recursos para o financiamento de atividades turísticas; e continuação às obras de
asfaltamento da RS 384, ligando a BR 158 à RST 287, à RS 377, à RS 392 e
ligações municipais; e por fim o incentivo ao desenvolvimento e à qualificação do
artesanato.
Essas diretrizes são justificadas na medida em que se articulam a programas
de Turismo Rural, buscando a viabilidade da pequena propriedade através de
formas associadas para o fortalecimento do desenvolvimento regional. Estudos
apontam que “O turismo rural tem possibilidades de tornar-se na principal atividade
responsável pela reversão do processo acelerado de esvaziamento e inviabilização
da atividade econômica familiar no meio rural” (RIEDL, 2002, p.7).
Neste processo, é papel do Estado, por meio da destinação de recursos,
prover a região da infra-estrutura necessária.
1.6 O Papel do Fórum Estadual do Rio Grande do Sul na Gestão
Descentralizada do Plano Nacional de Turismo
O Fórum Estadual do Rio Grande do Sul na Gestão Descentralizada do Plano
Nacional de Turismo tem papel de suma relevância, na medida em que o Turismo é
uma atividade estruturada sobre uma base de planejamento sistêmico com visão de
longo prazo e envolve as mais diversas dimensões: econômica, social, física,
política, cultural e ambiental. As finalidades do turismo são sociais, patrimoniais,
econômicas, territoriais e culturais.
56
Sendo que o produto turismo possui algumas características, ou
especificidades, tais como: intangibilidade, que pode ser observado e testado no
momento de seu consumo; produção no mesmo local em que é consumido; não
armazenamento, que é um espaço não ocupado e não pode ser aproveitado
posteriormente.
Assim, a atividade turística requer que a área (municípios/regiões), possua
recursos naturais e culturais estruturados e organizados, além de equipamentos e
serviços, capazes de atrair não residentes, isto é, excursionistas e turistas e que
este conjunto seja posto num sistema ou numa rede de comercialização e
distribuição de viagens. Ou seja, “ganha mais quem cuidar mais do seu município”.
De acordo com o Fórum, o turismo é uma competência pública e privada ao
mesmo tempo. Ao setor público, compete o planejamento, estruturação, fomento e
promoção dos destinos turísticos; ao setor privado, o planejamento, implementação,
gestão e comercialização dos produtos turísticos.
Da mesma forma, o produto turismo tem como vetores a redução da
desigualdade social, distribuição de renda, a criação de postos de trabalho e o
equilíbrio da balança de pagamentos. Tem como pressupostos a ética e a
sustentabilidade (social, ambiental, econômica, cultural e política).
É sabido que o turismo está organizado no Brasil a partir do Ministério do
Turismo e do Conselho Nacional de Turismo, que operacionaliza em seus órgãos
(Secretaria de Programa de Desenvolvimento de Turismo, Secretaria de Política de
Turismo e Embratur), em conjunto com os organismos estaduais e as Câmaras
Temáticas, toda a política de turismo brasileira. Seus macroprogramas incluem a
gestão e relações internacionais, fomento, infra-estrutura, estruturação e
diversificação da oferta turística, qualidade do produto, promoção e apoio à
comercialização e informações turísticas. Suas metas são ambiciosas, pois
envolvem a criação de 1.200.000 novos empregos e ocupações, o crescimento do
número de turistas no Brasil, o aumento do turismo interno e a ampliação da
qualidade do produto turístico.
57
No contraponto entre a política estadual e a política nacional de turismo, cabe
ao estado a promoção do turismo em conjunto com os municípios e também o
desenvolvimento de políticas integradas com os países do Mercosul. A missão do
planejamento estratégico gaúcho é gerar emprego e renda, desenvolver produtos
turísticos em regiões menos desenvolvidas, qualificar a mão-de-obra em regiões
com produtos turísticos incipientes, oferecer logística e meios para divulgação e
venda de produtos turísticos qualificados, investindo em captação de recursos,
infra-estrutura, qualificação e marketing.
De outra maneira, o Plano Nacional de Turismo tem como objetivos gerais
desenvolver o produto turístico brasileiro com qualidade, contemplando as
diversidades regionais, culturais e naturais; estimular e facilitar o consumo do
produto turístico brasileiro nos mercados nacional e internacional; e como objetivos
específicos, dar qualidade ao produto turístico; diversificar a oferta turística;
estruturar os destinos turísticos; ampliar e qualificar o mercado de trabalho;
aumentar a inserção competitiva do produto turístico no mercado nacional; ampliar o
consumo do produto turístico no mercado nacional e aumentar a taxa de
permanência e gasto médio do turista.
O plano de ação do Estado envolve rum Estadual de Turismo (Ação do
Governo Federal), através da criação, instalação e acompanhamento das Câmaras
Temáticas. monitoramento e avaliação do desempenho do Conselho Estadual; o
Conselho Estadual de Turismo; a Bolsa de Negócios, ou seja, construir um
orçamento compartilhado do turismo com outras áreas do governo e iniciativa
privada, ONG’s e financiamento internacional; as pesquisas (de percepção, do perfil
do cliente e da demanda realizada pela Cadeia Produtiva do Turismo), com o
objetivo de disseminar os estudos e pesquisas sobre o turismo que subsidiem as
ações, tanto da área pública quanto privada.
O plano também envolve apoio ao PRODETUR SUL, recomenda o
conhecimento da experiência do PRODETUR/NE; Convênios com Governo Federal,
para capacitação de técnicos na secretaria para gestionar os mesmos; a utilização
do Sistema Financeiro do Estado (Agência de Fomento, Banco Regional para o
58
Desenvolvimento do Extremo Sul - BRDE, Banco do Estado do Rio Grande do Sul
(BANRISUL), para a adequação das linhas de crédito e financiamento à realidade de
cada segmento, atendendo principalmente à pequena e média empresa; a utilização
do sistema financeiro federal (Banco do Brasil - BB, Caixa Econômica Federal,
Banco Nacional do Desenvolvimento Social - BNDES), também com o objetivo de
adequar linhas de crédito e financiamento à realidade específica de cada segmento,
como o anterior, priorizando à pequena e média empresa.
Outras ações do Plano são a Empresa Aérea Regional, que criará estímulos à
acessibilidade aérea e melhorar a qualidade do produto para o turista; a
informatização dos postos de informações turísticas; a implementação, em regiões
turísticas, de centros de informações para divulgar o turismo local e regional; o
Portal de Turismo Receptivo, que irá se integrar ao Portal Mtur; a sinalização de
roteiros prioritários, cujo objetivo é padronizar a sinalização turística e apoiar a
implementação de projetos de sinalização nos roteiros turísticos selecionados; os
Centros de Eventos e Feiras (incentivos à criação e modernização); que visam
adequar a gestão e ação dos segmentos e feira do Mtur entre outros.
Alguns aspectos considerados importantes no plano são: a oferta de
equipamentos tecnologicamente atualizados para melhorar pontos turísticos
estruturadores de atividades (centro de convenções, praças, parques, entre outros; o
investimento no setor receptivo (preparo da cadeia receptiva), na qualificação e
certificação de trabalhadores ligados, diretos ou indiretamente ao turismo, bem como
a sensibilização da comunidade; a preocupação com a segurança do turista,
implantar a facilidade de acesso; o setor de informações turísticas, com a realização
e disseminação de estudos e pesquisas para a formatação de um banco de dados
que subsidiem ações, tanto públicas quanto privadas, bem como o inventário da
oferta turística, disseminação e disponibilização de dados; o cadastro (da oferta,
conforme convênio com a União), adotando a metodologia do Mtur para inventariar a
oferta turística, segmentação, avaliação e hierarquização de informações de
interesse turístico.
O Plano de ação gaúcho prevê ainda uma Campanha Nacional de
Merchandising, com a divulgação de produtos – mediante mídia, multimídia, e outros
59
com base em estudos e projetos que apontem viabilidade e potencial do produto e
a identificação da ação mercadológica mais apropriada para agregar valor ao
turismo; de focar mercados, com ações com mídias segmentadas (gastronomia,
aventura), agregando diferencial e valor ao produto; a organização de eventos para
fortalecer a integração dos estados da região sul, integrar a política do Mtur e da
EMBRATUR e articular programas públicos, privados e Organizações Não
Governamentais - ONG’s visando marketing integrado; a promoção no Salão
Gaúcho de Turismo, enfim, desenvolvendo, qualificando e promovendo os produtos
novos e os já existentes.
O Plano Nacional de Turismo pressupõe uma regionalização das atividades,
criando 219 zonas e roteiros em 3213 municípios. No Rio Grande do Sul estão
previstas as seguintes zonas: Zona Central, Zonas Hidrominerais, Zona do Pampa,
Zona do Sul, Zona da Serra, Porto Alegre e Metropolitana, Zona das Missões, Zona
Litoral Norte e Zona dos Vales.
1.7 Estratégias de Gestão do Programa de Regionalização do Turismo
Como se verificou o turismo é, por essência, uma atividade plural, transversal
e coletiva, apolítica e apartidária, que avança e gera resultados, se garantidas as
gestões pública e privada, ultrapassando os mandatos dos governos políticos.
Mesmo porque segundo pesquisadores, os países em desenvolvimento
devem adaptar, a curto prazo, suas políticas públicas de turismo às recomendações
do comércio exterior se quiserem oferecer destinações e produtos turísticos em
condições paritárias e competitivas.
O êxito dos objetivos propostos no Programa de Regionalização do Turismo
(2004), assim como a co-responsabilidade pela tomada de decisões ao longo de sua
concepção, planejamento, implementação, monitoria e avaliação está estreitamente
vinculada ao estabelecimento de uma gestão coordenada e compartilhada das
ações.
60
A estruturação do Programa como uma unidade de comando nacional visa a
favorecer a interlocução política e institucional dos envolvidos e apóia-se em
instrumentos metodológicos, como meios para garantir a eficiência da coordenação
das ações descentralizadas.
Sendo assim, a descentralização promove o desenvolvimento sustentável das
regiões turísticas, tendo como estratégia a constituição de redes de parcerias e
cooperação em todos os níveis de atuação. Com isso garante a troca permanente
de informações nos processos de planejamento e tomada de decisão.
Em âmbito nacional, o Programa é coordenado pelo Ministério do Turismo,
com apoio do Conselho Nacional de Turismo, por meio da Câmara Temática de
Regionalização. O Ministério também estabelece canais de interlocução com as
Unidades Federadas por meio dos Órgãos Oficiais de Turismo das UFs, apoiados
pelos Fóruns Estaduais de Turismo e pelas Câmaras Temáticas de Regionalização
Estaduais - que fazem parte dos Fóruns - onde estas tenham sido criadas. Os
Órgãos Oficiais de Turismo das UFs, por sua vez, relacionam-se com as regiões
turísticas através das Instâncias de Governança Regionais, instaladas ou em fase de
instalação e com os Municípios, mediante os Órgãos Municipais de Turismo e seus
colegiados locais, que, em alguns casos, são os já criados Conselhos Municipais de
Turismo. (conforme figura a seguir).
Coordenação
Nacional
MINISTÉRIO DO TURISMO Conselho Nacional de Turismo
Câmara Temática de Regionalização
Coordenação
Estadual
ÓRGÃO OFICIAL DE TURISMO DA UF Fórum Estadual do turismo
Coordenação
Regional
INSTÂNCIA DE GOVERNANÇA REGIONAL - MUNICÍPIOS INTEGRADOS
(A ser criada/validada durante a implementação do programa.
Ex. Fórum, Conselho, Comitê etc.)
Coordenação
Municipal
ORGÃO MUNICIPAL DE TURISMO
Cole
Colegiado Local Conselho Fórum, etc.
Figura 02 - Instâncias de Governança Regionais
Fonte: Adaptação da autora a partir do Portal Brasileiro de Turismo, 2007.
http://www.mt.gov.br/portalturismo
61
As atribuições da Coordenação Nacional do Programa de Regionalização do
Turismo são: definir diretrizes estratégicas; planejar e coordenar as ações, em
âmbito nacional; articular, negociar e estabelecer parcerias com as diversas esferas
de governo, iniciativa privada e organismos não-governamentais nacionais e
internacionais e a formação de parcerias, envolvendo os setores público e privado, a
sociedade civil e o terceiro setor.
Entende-se por parceria o processo pelo qual dois ou mais atores trabalham
em sinergia para alcançar objetivos comuns, que muitas vezes não poderiam atingir
a esperada eficácia se contassem apenas com seus próprios meios, recursos e
conhecimentos. Os parceiros têm um papel importante em todo o processo,
podendo contribuir efetivamente na conquista dos resultados esperados.
Entre os parceiros inseridos na operacionalização do Programa destacam-se
o Sistema "S" (SESC,SEBRAE,SENAC,SINE) as ONGs; instituições financeiras;
dirigentes de classe; representantes da sociedade civil organizada; órgãos públicos
das instâncias federal, estadual e municipal; associações locais e cooperativas;
órgãos multilaterais e instituições públicas e privadas de ensino técnico e superior
especialmente da área de turismo.
Falar em uma política de turismo significa falar não de uma política de
atrativos que na maioria das vezes acabam por se constituir produtos isolados, mas
também numa política de reordenação do território, que abranja os espaços e
equipamentos de hospedagem, incluindo as residências e seus entornos, e,
finalmente, numa política de formação de quadros profissionais, para trabalharem de
forma eficiente e atualizada.
Como sugere o pesquisador Boullón (1995, p139), as políticas de turismo
devem atuar como paliativo para diminuir de alguma forma as pressões e tensões
que assolam a maioria de ricos e pobres. Porém para que isto ocorra são
necessárias ações enérgicas capazes de vencer o imobilismo aparente das
estruturas atuais. Gestores adotando um comportamento inovador e responsável
para que tenham êxito em suas ações em prol do desenvolvimento da atividade
turística em sua região.
62
No caso do turismo, o principal papel para o seu desenvolvimento cabe à
iniciativa privada. O Estado deve propor políticas de controle de preços, de controle
da qualidade de serviços, de impostos, de créditos e de fomento, pois sem
organização e coordenação das ões de cada entidade responsável pela atividade
turística, é difícil que uma região venha tornar-se um pólo turístico de sucesso.
Agentes políticos estaduais e municipais em conjunto com a Diretoria de
Planejamento e Avaliação do Turismo elaboraram um quadro (figura 03), exposto
durante o Fórum Estadual na Gestão Descentralizada do PNT que reflete a
importância da integração e finalidades da atividade turística.
FINALIDADES DO TURISMO
Figura 03 - Ações inter-relacionadas e atividades turísticas
Fonte:adaptado CD Palestra: O Papel do Fórum Estadual na Gestão Descentralizada do PNT
Reunião do Fórum Estadual do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, 2004.
Observa-se através da figura que as ações referentes às atividades turísticas
estão inter-relacionadas, sendo impossível analisar a atividade isoladamente.
Geralmente, atividades econômicas dinamizam áreas de condições de
atração locacional com infra-estrutura, recursos humanos qualificados, qualidade de
vida da população, com adequação de empreendimentos modernos, gerando
maiores lucros. O estímulo à adoção de novas posturas favoráveis ao
desenvolvimento das atividades produtivas faz com que se alterem paisagens,
culturas, modos de vida, estruturas, relações sociais em várias localidades, áreas
excluídas tendem a permanecer à margem dos fluxos econômicos principais.
Entretanto, hoje, estas áreas, requerem o esforço de talentos capazes de
desenvolver estas regiões através de projetos específicos, elaborados com base em
contatos diretos com a população, empresas e entidades públicas. Presume-se
PATRIMONIAL
SOCIAL
ECONÔMICA CULTURAL
TERRITORIAL
63
quanto à eleição de ferramentas para tais empreitadas: - As Organizações Não
Governamentais (ONGs) e às Parcerias Público Privadas (PPP) . A agilidade que a
legislação brasileira deu as ONGs colocou-as em papel de destaque no
desenvolvimento regional, possibilitando que exerçam tanto o gerenciamento como
a gestão destes projetos e, mais ainda, fiscalizador destes planos, metas e figuras
econômicas. Também contam com a vantagem de poder receber fundos de
qualquer origem, seja ela blica, de empresas privadas e da pessoa do cidadão;
Quanto às PPPs, ainda que sua regulamentação não seja tão clara como os entes
privados desejariam, especialmente no que tange à avaliação dos valores de cada
parte societária, da parcela pública e o da privada, pode chegar a sub-valorização do
bem público. Todavia, se administradas com absoluta transparência desde o
embrião das negociações entre o público e o privado certamente será uma
ferramenta muito importante para a atração de investimentos e conseqüente capital
social. Portanto, quanto mais clara for a regulamentação das PPPs, mais aumentará
o número de regiões beneficiadas.
Posto que o Capital Social é de grande relevância para o desenvolvimento
regional e, que este tem características cumulativas capazes de alterar o curso de
projetos de desenvolvimento, pois segundo RIEDL e VOGT, “O capital social é uma
forma de capital que exige investimentos para que seu estoque seja aumentado. Se
ele pode ser acumulado, o reverso da moeda também deve ser encarado como
sendo verdadeiro”. (RIEDL e VOGT 2003, p.2005).
Para Boisier (2002, p.56), o processo de desenvolvimento endógeno está
diretamente dependente da auto confiança coletiva e da capacidade para “inventar’
recursos, mobilizar os existentes e atuar de forma cooperativa e solidária no
próprio território, gerando uma pró alimentação de compensação (cf. figura 04)
64
Figura 04 – Um estrutura conceitual para o desenvolvimento
Fonte: BOISIER, Sergio. Capital Sinergético, Desenvolvimento Territorial Endógeno Desenvolvimento
local-regional, vol 2 p.56, 2002
Para tanto, segundo Boisier (2002, p.56), a capacidade e a criatividade de
organização coletiva das populações pode explorar brechas para a inclusão social e
econômica, reencontrar então nichos de inserção sustentada nos mercados.
O desenvolvimento endógeno reside na oportunidade de que se articulem
iniciativas de cunho territorial, visando ampliar os níveis de coesão e integração das
estruturas sócioeconômicas espacialmente distribuídas. Então assim, será possível
reduzir as desigualdades e exploração de potenciais de desenvolvimento das
regiões. É neste contexto que se destaca a mesorregião da metade sul do Rio
Grande do Sul.
Quando questionados a respeito das Políticas da Mesorregião da Metade Sul
do Rio Grande do Sul e sobre as políticas referentes ao Ministério de Turismo,
Embratur, Programa de Regionalização do Turismo, Fundo Geral do Turismo as
respostas foram: A maioria dos gestores dos municípios pertencentes à Quarta
Colônia, pouco conhecem sobre estas políticas.
Fato inegável, comprovado pelo Ministério do Turismo, é que existem
recursos de diferentes fundos destinados ao turismo que não são dirigidos aos
municípios pela “simples” falta de planos, políticas e projetos. Eles deveriam ser,
65
senão apresentados, pelo mínimo, orientados por equipes destes municípios, que
afinal representam a grande maioria dos indivíduos. Faz-se imperioso exigir mais
atividade especializada nas secretarias municipais de turismo.
É possível conceber que as regiões mais pobres, no caso a Mesorregião
5
da
Metade Sul do Rio Grande do Sul (Figura 5), abrangendo um número considerável
de 99 municípios, dos quais necessitam urgentemente alternativas de
desenvolvimento, venham alcançar a prosperidade e estabilidade econômica que
necessitam para assegurar meios de vida seguros e condições de vida dignas para
suas populações, assim como o fortalecimento da competência e responsabilidade
das lideranças municipais.
Baseado no modelo da “acumulação flexível” Harvey (1992) que corresponde
um estado mínimo, que necessita retirar seus tentáculos do setor produtivo para
abrir novas demandas ao setor privado e mesmo encolher sua atuação em áreas
sociais.
Nesse contexto, flexibilização passou a ser prioridade aos governos que
necessitariam reduzir gastos e aprimorarem modelos de gestão, repassando
atividades que eram consideradas atribuições do Estado (ofertadas de forma
sistêmica, ancoradas no princípio da igualdade) para a responsabilidade social da
comunidade, a partir de iniciativas voluntárias individuais, comunitárias ou
empresariais, que conseguem manter a oferta daquelas atividades por um montante
menor de recurso financeiro.
5
Entende-se por mesorregião uma área individualizada em uma Unidade da Federação, que apresente formas
de organização do espaço definidas pelas seguintes dimensões: o processo social, como determinante, o quadro
natural, como condicionante e, a rede de comunicação e de lugares, como elemento de articulação espacial.
Estas três dimensões deverão possibilitar que o espaço delimitado como mesorregião tenha uma identidade
regional. Esta identidade é uma realidade construída ao longo do tempo pela sociedade que aí se formou. (IBGE,
1989, p.02)
66
Figura 05 - Mesorregião Metade Sul do Rio Grande do Sul
Fonte: Ministério da Integração Nacional – Secretaria de Programas Regionais Integrados, 2000
O mapa acima (figura 05) demonstra claramente a região menos favorecida
do estado do Rio Grande do Sul, no que tange ao desenvolvimento de indústrias e
de investimentos, caracteriza-se por ser uma zona de fronteira com outros países da
América do Sul por apresentar grande vastidão de campos é conhecida como a
campanha gaúcha, onde a principal atividade é a pecuária extensiva.
Por fim, este capítulo delineou algumas fundamentações e reflexões teóricas
sobre o turismo no Brasil e no Rio Grande do Sul e neste último destacando o Fórum
Regional do Turismo à partir do ano 2004. Além disso, não devem ser esquecidas as
vantagens inerentes que têm ou podem ter as regiões quando se combinam
planejamento da atividade turística com condições de vida de alta qualidade e
geração de emprego e renda.
No próximo capítulo serão abordados temas específicos referentes ao
planejamento turístico no contexto do desenvolvimento regional.
67
2 PLANEJAMENTO TURÍSTICO E DESENVOLVIMENTO REGIONAL
2.1 - Planejamento e Gestão: Uma Questão Emergente
O estudo estratégico é fundamental nas atividades turísticas, pois planejar é
requisito obrigatório. Na região em estudo constataram-se ações absurdas
referentes ao turismo; como sinalização turística de hospitais e bancos como
atrativos, apesar de elaboradas por agentes credenciados. O sucesso da atividade
está na concentração dos elementos relevantes para o trabalho: determinação de
objetivos; inventário de todos os recursos turísticos naturais e culturais do município
ou região, com destaque para seus respectivos diferenciais; análise e síntese da
situação encontrada; formulação da política e do plano de turismo e também de
recomendações de viabilidade; implementação e controle de gestão do processo
total.
Segundo Molina e Rodrigues (1997, p.10):
[...] O turismo é resultado de uma cultura universal, mas também
transcende as culturas locais nas quais se manifesta. Esta dualidade
estrutural do turismo é fundamental para qualquer planejamento que
pretenda promover um autêntico processo de desenvolvimento, seja da
própria atividade, das empresas ou das comunidades locais que se
relacionam de maneira direta ou indireta com a atividade.
Portanto, planejar significa encontrar por meio de estudos, a maneira pela
qual se possa atingir objetivos de forma clara e segura, não um tempo
determinado, pois é uma atividade a longo prazo. Esta prática deve fazer parte de
toda a gestão municipal. Planejar com o objetivo de definir decisões que articulem as
políticas turísticas dos municípios, estabelecendo diretrizes, orientando para o
desenvolvimento também do turismo. O acompanhamento das ações orienta os
investidores, evitando desvios de objetivos e otimizando os mesmos. O
planejamento deve equilibrar o crescimento da oferta em relação à procura,
acompanhando as necessidades dos visitantes.
A Quarta Colônia necessita muito de estratégias mais responsáveis, por parte
dos gestores em relação à atividade turística. Fato este que pôde ser observado no
68
depoimento dos entrevistados em relação aos projetos que estão em andamento na
área de turismo, onde entre outras, obteve-se a seguinte reposta:
[...] Bá! Olha só!Temos vários projetos em andamento, tudo começou com
o projeto integrado da quarta colônia, projeto feito pelo SEBRAE e pelo
CONDESUS. Faz tempo que o SEBRAE, vem desenvolvendo projeto aqui
na região. Eles dão cursos de capacitação, ensinam as pessoas a fazerem
o artesanato. Orientam como melhorar a qualidade dos produtos que o
ser comercializados nas cantinas, aqueles produtos coloniais. Ah! Até foi
criado logomarca “Quarta Colônia”, que identifica os produtos da nossa
região. O ano passado levamos nossos produtos para o Salão de Turismo
em Porto Alegre.Outra coisa importante foi a sinalização turística. Sempre
quando as pessoas vinham aqui se queixavam que não tinha nenhuma
indicação, de onde ir e como ir. Acho que agora ficou melhor, mas o
SEBRAE deveria escutar mais o colono.Teve também o curso de
Educação Patrimonial se não me engano foi por 1994. Tem também o
incentivo às agroindústrias, estão ensinando o pessoal, aqueles
agricultores que tem uma experiência em fazer, vinho, salame. Comida
típica italiana, mesmo. As donas de casa que fazem bolos, cucas, ensinam
a armazenar em compotas. Tu viu? Agora tem toda a Rota Paleontológica.
Foi colocado as placas de sinalização turística. Ah! Não posso me
esquecer da construção da casa de comercialização de produtos turísticos.
Bom tu sabe onde fica, ? Aquele lugar chama localidade de Santuário,
junto a RST 287, Tu teve lá?... É mais ou menos isso que eu me lembro
agora.
As entidades responsáveis pela atividade turística foram unânimes nas
respostas, concordam a grande maioria que há projetos e que o turismo constitui-se
numa perspectiva de crescimento da Quarta Colônia, onde o grau de integração dos
municípios para o desenvolvimento das atividades é considerado muito forte. Os
entrevistados acreditam na solidificação de parcerias entre as entidades
representativas. Entretanto, observa-se que o nível de comprometimento das
comunidades e o desenvolvimento turístico é incipiente, existe pouca participação
ativa restringindo a um atendimento meramente comercial e eventual, com notória
falta de interação dos órgãos como SEBRAE e algumas secretarias municipais, fatos
estes que não favorecem a uma vantagem competitiva para a região, uma vez que a
assistência tecnológica (extensão) resume-se a reuniões nas quais a presença dos
assistidos cada vez se reduz mais. Sendo assim, mesmo o destino mais atrativo não
terá qualquer resultado a menos que a região possa negociar acordos que
possibilitarão a empreendedores, bancos, transportes, funcionários relacionados
com a atividade, prestarem serviços continuados de assistência técnica, que trarão
os turistas para à região.
Constatou-se que as políticas públicas, a ação municipal e órgãos relativos
69
em termos de planejamento estratégico, necessitam ser mais diretos e objetivos,
que interessa ao poder local manter a integridade dos espaços e garantir a
qualidade mínima dos serviços ao contribuinte. Contudo, muitas vezes, projetos
incompletos, amadorismo, desatenção administrativa, desperdício de verbas,
posturas incorretas colaboram para a baixa qualidade dos atrativos turísticos e,
muitas vezes, para a sua derrocada parcial, demandando uma resignificação ou até
mesmo destruição total.
Além disso, verificou-se da necessidade de planejamento do destino em nível
local e regional elaborado para a região abrange instalações adequadas, atrativos,
infra-estrutura e mão-de-obra suficientes para atrair visitantes.
Conforme se afirmou na introdução desta pesquisa, o objetivo geral consiste
em investigar se projetos públicos municipais e regionais com vistas ao
planejamento integrado na área do turismo da Quarta Colônia, como a promoção de
ações como a implementação da Rota Paleontológica, sinalização turística,
elaboração de roteiros integrados, capacitação dos atores envolvidos e educação
patrimonial. A partir daí se formou as questões a agentes e atores entrevistados:
Perguntou-se a estes sobre a maneira como percebem as iniciativas tanto
propostas como em fase de implantação levadas a cabo pelos órgãos públicos e
privados e a comunidade?
As respostas, em sua grande maioria, relatam uma séria incompreensão
sobre como estas mudanças; sobre sinalizações e até mesmo a rota paleontológica
poderiam trazer-lhes benefícios diretos. Cabe observar que alguns deles foram
muito diretos ao responder, mesmo depois de explicar em detalhes a pergunta
acima:
[...] e o que nós, a comunidade vai ganhar com isto? Parecem mais
benefícios para alguns poucos privilegiados...
Em seguida, perguntou-se como a legislação prevê o planejamento na área
do turismo com vistas ao compartilhamento e complementaridade das atividades
desenvolvidas. De que forma?
70
Invariavelmente esta pergunta foi respondida com outras perguntas como:
[...] Como vão planejar alguma coisa se a maioria das belezas naturais se
encontra dentro de propriedades privadas?
Ou ainda:
[...] Deveriam usar o dinheiro de impostos para tapar buracos nas estradas,
ou melhorar os serviços de saúde e o gastar em placas de sinalização.
Para quê sinalizar buracos?
Então quandos e perguntou: De que forma poderia estar acontecendo esta
complementaridade e compartilhamento da Rota Paleontológica, a sinalização
turística, os roteiros integrados, a capacitação dos atores envolvidos e educação
patrimonial, de modo a desenvolver o turismo integrado na Quarta Colônia? As
respostas foram mais surpreendentes ainda:
[...] Essa coisa toda é pura desculpa para gastar dinheiro dos impostos,
endividarem o município e encher de turistas tão pobres quanto nós.
Podemos vender salames e queijos da Colônia sem ter tantos estranhos
por aqui.
De outro membro da comunidade ouvimos:
[...] vai servir para trazer criminosos das cidades maiores. Aqui não tem
bandido, mas com o turismo, certamente muitos virão.
Um pequeno grupo chegou afirmar que:
[...] Nós nunca ouvimos falar destes projetos de odontológico (entenda-se
paleontológico). Dizem que no Faxinal tem gente descobrindo uns osso de
bicho pelo arrozal afora. Eu não sei qual é o truque de fazer dinheiro de
osso velho. Até o gastando dinheiro da Prefeitura prá comprá terra de
gente que não precisa vender. Isso não me cheira bem.
Em outra visão, posto que o estudo estratégico do turismo constitua
mecanismo que permite efetivar uma ação coerente no seu verdadeiro sentido.
Permitindo que, através da racionalidade de uma ação planificada tenha-se um
comportamento coerente com o desenvolvimento de ações centralizadas e
coordenadas. Sendo possível assim a tomada de decisões de forma unificada,
seguindo determinada ordem e com ponderação proporcional às atividades,
71
tornando os esforços convergentes de acordo com os objetivos que se pretende
obter, além da óbvia vantagem sinérgica.
Segundo Itaqui (2002, p. 30),
[...] a carência de publicações científicas que estudem de forma específica
à região, e a ignorância sobre a Quarta Colônia são um dos resultados
conseqüentes do descaso político, fundamentado pela ausência de
programas regionais de desenvolvimento nos quais a pesquisa deveria
estar caminhando na frente, ou estando sempre presente. E, quando são
desenvolvidas, ficam fechadas em quatro paredes dos laboratórios, nas
gavetas, reduzidas ao pragmatismo da burocracia que abafa a produção
científica.
É desta união pesquisa e planejamento em turismo que haverá condições de
responder a dinâmica das necessidades turísticas, com a participação e
engajamento em projetos que permitam a comunidade receptiva conhecer e
desenvolver seu potencial natural e cultural como produto turístico.
A planificação é uma ferramenta de orientação no comportamento de
profissionais que atuam na área de turismo. Principalmente onde existe a
necessidade de previsões, de fixar metas ou de uma coordenação maior,
significando uma importante garantia dos investimentos. Não bastam ações
pontuais, como a criação de roteiros, ou a simples sinalização turística, palestras de
conscientização. É fundamental que as ações representem uma integração com
todos os agentes e os atores da sociedade. Entre outras respostas, entrevistados
opinaram sobre quais são os atores envolvidos no processo de planejamento da
atividade turística e afirmaram:
[...] Ah! Aqui quem atua é a parceria que nós temos com o SEBRAE, ele
promove cursos de capacitação e treinamento. Orientando para uma
direção, para que os agricultores disponham de autonomia e competências
e ajuda os agentes do setor privado, aqueles que lidam com a alimentação
e com os hotéis e (gastronomia, hotelaria) e a população local. Olha! Os
incentivos vão desde a fase de definição do projeto até o acompanhamento,
onde há uma intervenção de parceria baseada na colaboração. Ele cria
condições para uma operação de somatório, em que cada agricultor tenha
mais um valor agregado, tanto na zona rural como na cidade. Claro, tem
também a Universidade Federal de Santa Maria - UFSM, que participa de
forma sempre presente em vários projetos. Não me lembro de todos, mas
eles tem o projeto de extensão que são implantados aqui na Quarta
Colônia. Me parece que a Unifra, também tem um pessoal trabalhando aqui,
as alunas estão fazendo um inventário de todos os pontos turísticos.vem
também um pessoal de Santa Maria dar curso de monitores de trilhas, curso
72
de formão de guia de turismo.
Observa-se que CONDESUS em parceria com o SEBRAE vêm atuando nas
diversas áreas de abrangência turística desde 1997. O Instituto de planejamento e
desenvolvimento regional, criado com verbas do Ministério da Integração Nacional,
permitiu atingir um conjunto de Instituições na Quarta Colônia e região central do
estado, mobilizando recursos multidisciplinares da Universidade Federal de Santa
Maria.
Todavia essas iniciativas não são refletidas nas ações dos gestores
municipais, pois a planificação surge como uma intervenção intencional, como
atividade capaz de permitir a utilização de normas de forma consciente, onde seus
princípios passam a normas de execução, que somente com sua aplicação é
possível o desenvolvimento da criação de projetos que levem aos resultados
almejados. Conforme a organização mundial do Turismo, a planificação de um
destino geralmente deve incluir a análise das seguintes áreas: demanda e oferta
turística, impactos, questões econômicas e financeiras e o plano de ação. (OMT,
2002, p.219)
Portanto, o planejamento passa a ser imprescindível e tem como objetivo
representar o fim a que se deseja alcançar, o qual inclui a formação social com o
objetivo estabelecido em função dos interesses da comunidade em geral.
Atualmente, segundo Pearce (1989, p. 11), o planejamento turístico sofreu
adaptações e expansões, passando a ter preocupações ambientais e sócio-culturais
e a necessidade de promover o desenvolvimento econômico em nível local, regional
e nacional.
E para Swarbrooke (2000, p. 73), o turismo sustentável deveria levar em
consideração três dimensões: o meio ambiente tanto natural como construído; a vida
econômica de comunidades e empresas; os aspectos sociais do turismo, em termos
de seus impactos sobre culturas locais e turistas; o modo como são tratados os que
trabalham no turismo. Satisfazendo hoje as necessidades dos turistas, da atividade
73
turística e das comunidades locais, sem comprometer a capacidade das futuras
gerações de saciarem suas próprias carências. Para o autor a atividade “somente
pode ser administrada com êxito se as inter-relações entre as três dimensões
citadas forem completamente identificadas”.
Estes conceitos integram os elementos ambientais, sociais, e econômicos do
sistema de turismo. O estudo estratégico deste deve estar sempre em contato com a
população e elaborar com ela o plano de desenvolvimento local, isto facom que
haja distribuição dos benefícios econômicos que virão com o turismo, elevando o
nível econômico da população e a qualidade de vida, tornando-os mais receptivos. O
desenvolvimento integrado do turismo traz vantagens para os turistas, que
conhecem os costumes da região, por meio de um contato mais pessoal,
respeitando a cultura e a história da comunidade local. É importante que esta
comunidade planeje a trajetória de como se tornar um pólo turístico, aprendendo a
adaptar-se à sua evolução e influindo sobre a mesma. Isto levaria com certeza à
obtenção de resultados qualitativamente melhores, não apenas participando como
mão-de-obra que trabalha para o funcionamento dos sistemas turísticos.
2.2 A dinâmica da metodologia para o desenvolvimento do turismo na Quarta
Colônia
Para o desenvolvimento do turismo na Quarta Colônia, que se estabelecer
mecanismos de fiscalização e gestão racional do uso do território e dos recursos
naturais. Desenvolvendo uma metodologia dinâmica que proporcione o uso
planejado da ocupação territorial, da exploração dos recursos naturais, das
potencialidades econômicas, de forma participativa, é o desafio na busca do
desenvolvimento sustentável. Para isso é necessário planejar as ações. Neste
contexto, três ações básicas são importantes, conforme Swarbrooke (2000).
- o zoneamento ecológico, que identifique as condições de uso dos
municípios em questão;
- inventário, identificando os recursos naturais, da infra-estrutura básica e
turística, da cultura, arte e folclore e das atividades potenciais do espaço;
74
- a discussão do uso do espaço e dos recursos com a sociedade,
planejamento participativo. Estas ações representam as ferramentas para
um planejamento que busca um desenvolvimento sustentável.
A partir destas ações, o estudo do turismo deve ser direcionado para o
desenvolvimento sustentável, conceito essencial para alcançar metas de
desenvolvimento sem esgotar os recursos naturais e culturais nem deteriorar o meio
ambiente. Entende-se que a proteção deste e o êxito do desenvolvimento turístico
são inseparáveis. Ansarah (2001, p. 30)
No entanto, para que haja um planejamento turístico integrado e sustentável,
é necessário um monitoramento participativo, estudo do impacto de visitação e de
capacidade de carga turística nos principais pontos de atração, visando à
sustentabilidade em relação ao meio ambiente, à cultura local e aos impactos
socioeconômicos. Isto ocorre através de uma análise da realidade, no caso a Quarta
Colônia, estabelecendo meios que irão permitir transformá-la de acordo com o
interesse das comunidades e suas aspirações. Mesmo porque, impactos
econômicos socioculturais e ambientais indesejáveis o inerentes ao turismo,
necessitando técnicos e pesquisadores na busca de alternativas para planejamento
e gestão que possam minimizá-los, preveni-los ou mesmo resolvê-los. Maximizar os
aspectos positivos do turismo é o grande desafio para aqueles que desejam a
sustentabilidade integral das áreas receptoras. Para que isto aconteça, o
planejamento será uma ferramenta essencial na obtenção de mudanças por meio de
negociação, pois irá ajudar na transformação de maneira positiva com base nos
interesses próprios da comunidade e da região.
Entretanto, como afirma Ruschmann (2001, p. 73):
[...] Prevenir os impactos ambientais do turismo, a degradação dos
recursos e a restrição do seu ciclo necessitam de concentração de esforços
em um desenvolvimento sustentável, não apenas do patrimônio natural,
mas também dos produtos que se estruturam sobre todos os atrativos e
equipamentos turísticos. Assim, o turismo de qualidade pode tornar-se
economicamente viável, desde que associado à proteção dos espaços
naturais e à excelência dos serviços e equipamentos oferecidos aos
clientes.
Atualmente na Quarta Colônia, para garantir a integração deve–se refletir a
vontade da população local em seu efetivo envolvimento e participação nas
75
atividades de planejamento e desenvolvimento econômico, turístico e social e sua
relação com o ambiente, que resultará em um convívio equilibrado e sustentável.
Conforme Beni (2000), o desenvolvimento sustentável não é um objetivo que
seja possível atingir em curto prazo, porém um passo importantíssimo num
tremendo esforço de longo prazo para salvaguardar o ambiente e a qualidade de
vida na comunidade regional.
2.3 Os principais tipos de turismo na região da Quarta Colônia - RS
A Quarta Colônia atende a uma demanda diversificada de turistas, mas o
perfil da região aponta algumas características específicas, que são priorizadas
em termos de públicos turísticos:
* O Turismo de lazer é praticado por pessoas que viajam por prazer sem
muitas pretensões, consolidando uma nova prática de excursionismo com
permanência média de até três horas entre a origem do deslocamento até
equipamentos receptivos e estabelecimentos comerciais, beneficiando produtos
exóticos e unindo pequenos grupos homogêneos e com afinidades específicas.
* O Turismo de Incentivos para Hoeller (2001, p. 47), refere-se ao setor de
eventos que é um dos que mais tem crescido no Brasil nos últimos anos. Com a
estabilidade da moeda, o desenvolvimento da indústria nacional, a abertura de
mercado e a posição estratégica no Mercosul, empresas e instituições, associações
de praticamente todos os setores reúnem-se para apresentar seus produtos,
resultados de pesquisas e estudos em eventos especializados.
* O Turismo de eventos praticado por quem deseja participar de
acontecimentos promovidos com o objetivo de discutir assuntos de interesses
comuns. A tendência na região de estudo é que haja cada vez mais acontecimentos
de pequeno porte, para pequenos públicos, como exposições, festas religiosas que
utilizam da estrutura existente, embora ainda não exista um centro de eventos para
os encontros.
76
Entretanto, em se tratando de eventos, conforme Ruschmann (1995b, p.29), é
preciso que a autenticidade e a privacidade das populações visitadas sejam
preservadas e não se transformem numshow vulgarizado”, destruídas pelo turismo.
* O Turismo desportivo e de aventuras, ocorre com maior participação de
grupos organizados que podem realizar manifestações durante a realização das
atividades programadas para esses segmentos turísticos, como por exemplo,
maratonas urbanas e rurais, enduros, motocross, bike cross, hipismo, off-road,
rafting, bóia cross, abertura de campeonatos de esportes radicais, levando-se em
conta a sustentabilidade da área envolvida para tais práticas esportivas.
* O Turismo religioso, Andrade (1991, p.77) define como “o conjunto de
atividades com utilização parcial ou total de equipamentos e a realização de visitas a
lugares ou regiões que despertam sentimentos místicos ou suscitam a fé, a
esperança e a caridade nos fiéis de qualquer tipo ou em pessoas vinculadas à
religião”, de grande expressão na região da Quarta Colônia devido à forte
religiosidade da cultura italiana, e de seus descendentes. É praticado por pessoas
interessadas em visitar locais sagrados, igrejas, capitéis, peregrinações e festas
religiosas, trata-se de um movimento turístico de enorme potencial, merecendo a
atenção dos órgãos públicos e da iniciativa privada.
* O Turismo social, praticado por pessoas de baixa e média renda, acontece
geralmente em finais de semana, em locais que sofrem sazonalidade;
* O Turismo para single, uma segmentação em crescimento, Moraes (2001,
p.159) afirma que existe uma demanda potencial pois várias empresas estão
investindo em produtos ou serviços para pessoas que viajam sozinhas.
* Quanto aos atrativos culturais, a Quarta Colônia ainda preserva seu
patrimônio histórico, com seus casarões da época colonial, acervos históricos e
documentações expostas em diversos museus da região, Silberbereg (1995, p. 361),
define Turismo cultural como
77
[...] visitas de pessoas fora da comunidade receptora motivadas
completamente ou em parte por interesses na oferta histórica, artística,
científica ou no estilo de vida, tradições da comunidade, religião, grupo ou
instituição.
Dessa definição depreende-se que boa porcentagem das visitas na região
são praticadas por professores, técnicos, pesquisadores, arqueólogos, cientistas e
estudantes em busca de novos conhecimentos e aspectos relacionados ao interesse
cultural.
* O Ecoturismo praticado em florestas, montanhas, rios, cachoeiras, ou seja,
nos espaços naturais com o objetivo específico de admirar, estudar, desfrutar das
paisagens, sua fauna e flora ou reviver aspectos culturais, o que implica numa
atitude científica ou filosófica de quem o pratica. A beleza natural das comunidades
da Quarta Colônia constitui seu principal atrativo turístico, estudos apontam que as
atrações naturais são capazes por si só de mobilizar fluxos migratórios.
* O Turismo gastronômico, após levantamento realizado pelos alunos do
curso de turismo da Universidade Franciscana de Santa Maria constatou-se rica
oferta de produtos alimentares, criando-se a rota gastronômica, evento que ocorre
em muitas cidades da Quarta Colônia, aos quais são conhecidas e atraentes pelos
produtos que oferecem à mesa. Azambuja (1999, p. 91) comenta
[...] Inúmeras cidades e regiões aproveitam-se de suas raízes, tradições e
expressão cultural traduzidas na culinária, ofertando um produto
diferenciado, muito além do simples souvenir. Esta possibilidade permite a
criação de roteiros gastronômicos, o aproveitamento de recursos locais, a
interação e aumento da percepção do turista em relação a uma localidade
ou região.
A partir do comentário de Azambuja, a gastronomia propicia o
desenvolvimento de atividades relacionadas ao ramo da alimentação, produtos
coloniais, à criação de restaurantes, bares, hosterias, gerando trabalho, renda e
melhorando a qualidade de vida das comunidades.
* O Turismo da melhor idade, atualmente às pessoas estão alcançando
idades cada vez mais avançadas e buscando locais seguros, com belas paisagens e
que não exigem muito esforço físico. Os promotores de turismo estão incluindo em
78
seus pacotes programas voltados exclusivamente para esse segmento de mercado.
Inquestionavelmente, o turismo da terceira Idade constitui, tanto ao nível interno
como internacional, um expressivo fator de desenvolvimento do tráfego turístico e
das destinações de viagens.
* O Turismo rural, pode ser uma forma de desenvolver o espaço rural da
Quarta Colônia, por que atualmente a terra encontra-se exaurida pela monocultura,
e conforme dados do IBGE está ocorrendo um aumento gradativo do êxodo rural.
Esta segmentação da atividade turística ocorre quando há uma valorização de ações
de conservação e de criação dos recursos tusticos, com ofertas de alojamento e de
atividades ao ar livre, estímulo à comunidade local e do seu modo de vida, dos seus
costumes, dos seus valores em perfeita harmonia com a população urbana.
Conceitos similares sobre turismo rural são encontrados também em
Ruschmann (2000); Zimmermann (2000); Lima (1999); Soldatelli (1999); Beni (1999)
e Blós (1999)
6
.
* O Turismo de pesquisa é o segmento do turismo que trata de viagens e
expedições para reconhecimento e/ou estudo, desenvolvido por instituições ou
profissionais interessados em temas específicos.
* O Turismo de saúde, com oferta renovada do termalismo e com as estações
balneárias apresentando atributos como: qualidade do ar, exercícios físicos, dietética
é praticado por pessoas que necessitam realizar tratamentos de saúde e por isto
procuram locais onde existam clínicas e serviços médicos especializados, como
exemplo típico é o município de Faxinal do Soturno;
* O Turismo de pesca, praticado por pescadores amadores em períodos
liberados para a prática da pesca. Atualmente, vários projetos para o maior
aproveitamento das margens dos rios, como forma de lazer e de atração de novos
visitantes em alguns municípios da Quarta Colônia e por fim, turismo científico,
6
Os autores citados que abordam a questão do turismo rural constam da revisão bibliográfica de Carla de
Andrade Novaes dos Santos Dissertação de Mestrado em Turismo e Hotelaria Análise do Turismo em
espaço rural em Camboriú –SC, Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALE, 2001.
79
visitação, pesquisas, estudos ao patrimônio paleontológico e arqueológico.
Conforme citados acima, existem variadas formas turísticas que se bem
planejadas, podem proporcionar à região o desenvolvimento humano, econômico e
social, preservando a cultura e a história da região. Dados estes que podem ser
verificados nas tabelas 01, 02 e 03 onde demonstram as características físicas e
turísticas dos municípios da Quarta Colônia.
Tabela 01 - Características físicas e turísticas dos municípios da Quarta Colônia.
Municípios
Atividades
São João do Polêsine –RS Faxinal do Soturno-RS Dona Francisca - RS
Classificação
turística
Município de potencial turístico Município de potencial turístico Município de potencial turístico
Distância de Porto
Alegre
280 km
270 km
274 km
Área
86 km
2
166 km
2
105 km
2
Ano de fundação
1893 1887 1883
População total –
IBGE 2005
2.742 habitantes 6.830 habitantes 4.000 habitantes
População urbana
IBGE 2005
1.058 habitantes
4.089 habitantes
2.000 habitantes
População rural –
IBGE 2005
1.684 habitantes 2.741 habitantes 2.000 habitantes
Altitude Média
52m 53m 64m acima do nível do mar
Temperatura média
18 a 20ºC 18 a 20ºC 18 a 20ºC
Vegetação
Planícies e coxilhas Planícies e coxilhas Planícies e coxilhas
Hidrografia
Localizado no Vale do Jacuí Centro Rio Soturno Margem direita do rio Jacuí
Relevo
Localizada no Vale do JacCentro,
semelhança com as planícies do Rio
do Pó, norte da Itália.
Privilegiado formado por montes e vales
recortados por rios e grutas
Banhada pelo rio Jacuí.
Clima
Temperado úmido Temperado úmido Temperado úmido
Economia
Prevalece a atividade primária:
basicamente agrícola pecuária e
comercialização de produtos
naturais.
Basicamente agrícola, cultiva-se o arroz
irrigado de alta produtividade. Nas partes
mais altas do município cultiva-se soja, milho,
feijão e fumo. Destaque para a pecuária e o
comércio.
Prevalece a atividade primária: basicamente
agrícola, com destaque arroz, milho e fumo.
Comércio e indústria pouco desenvolvidos.
Atrativos/Recursos
naturais
Mirante das Pedras Brancas e
reserva ecológica, Moinho Brondani,
Gruta N. Srª de Lourdes.
Mirante do Cerro Comprido, Gruta de Nossa
Senhora de Lourdes, Ponte Metálica sobre o
rio soturno.
Morro da Cruz, Gruta do Morcego e Cascata do
Trombudo,
Cascata da Família Segatto
Atrativos culturais
Monumento N Srª. Salete,
Complexo Turístico Diácono
Pozzobon, Museu do Imigrante Padre
João Iop, Monumento Eucarístico e
Via Sacra, Igreja Matriz São João
Batista, Igreja Matriz Corpus Christi.
Igreja matriz de São Roque, Museu Histórico
em Novo Treviso, Museu fotográfico de
Faxinal do Soturno, Monumento do
Imigrante Italiano, Santuário Mãe Três
Vezes Admirável,
Capela São João Bosco, Guarda –Mor.
Parque Histórico Obaldino Benjamin Téssele,
Monumento a N. S. dos Navegantes, Museu
Municipal,
Igreja Matriz São José,
Casa da Família Secretti - Trombudo, Casa da
Família Friedrich,
80
Praça do Imigrante,
Praça José Iop, Tobogã e Teleférico.
Recursos culturais
Seminário Palotino
Artesanato Dª. Evanilde Pauletto,
Angelita Artigianato
Festa Regional do Arroz, Festa do
Padroeiro, Festival Internacional de
Inverno da UFSM, Festa N. S. Salete,
Coral Voci Polesane, Semana
Cultural Italiana.
Festival do Vinho e do Queijo, Feira
Colonial, EXPOFAX, Semana do Município,
Natal Som e Luz, Festa de São Roque,
Torneio Interseleções de Futebol, Concurso
Garota Verão, Festival do Peixe.
Festa de São Vicentti Pallotti,
Festa de Nossa senhora dos Navegantes, Festa da
Colheita,
Semana do Município,
Festa de N. S, da Saúde, Festa de N. S. da
Conceição, Serenatas Natalinas,Artesanato em
Madeira,Artesanato variado.
Meios de
hospedagem
Hotel Pousada Veneta, Pousada
Recanto, Colégio das Irmãs do
Imaculado Coração de Maria, Hotel
Recanto do Maestro, Seminário
Palotino.
Hotel Zanon,
Hotel Gema,
Hotel Havaí
Pousada Monte Santo
Camping Parque Histórico Municipal
Alimentação
Cantina Bepi, Agroindústria
Giacomini, Restaurante do Clube
SACE Polesinense, Pizzaria Rambo,
Restaurante Piatto Bello.
Restaurante Moby Dick, Restaurante do
Clube Cruzeiro, Café Colonial do
Restaurante da AABB.
Restaurante Chelotti, Restaurante Barichello,
Quiosque, Pizzaria Dona Chica.
Infra-estrutura
turística
Adequada, conforme as condições do
município.
Adequada conforme as condições do
município.
Adequada conforme as condições do município.
Demanda turística
Inexistência de qualquer controle de
demanda
Inexistência de qualquer controle de
demanda
Inexistência de qualquer controle de demanda
Pesquisa de
opinião com a
comunidade
É favorável à atividade turística no
município, esperando que o turismo
traga mais renda à pop; considera
que a demanda é baixa em relação
ao potencial do município, faltam
placas de identificação dos atrativos,
agência de turismo receptiva, material
de divulgação: mapas.
É favorável à atividade turística no
município; faltam equipamentos turísticos;
banco de dados, agências de viagens e
turismo, guias turísticos, incentivos para o
turismo.
É favorável à atividade turística no município; faltam
equipamentos turísticos; restaurantes agências de
viagens e turismo, guias turísticos, incentivos para o
turismo, possui Pórtico de entrada, faltam mais
incentivo para eventos locais.
Fonte: Dados elaborados pelo autor com base na investigação de campo, 2007
81
Tabela 02 - Características físicas e turísticas dos municípios da Quarta Colônia.
Municípios
Atividades
Nova Palma – RS Ivorá – RS Pinhal Grande - RS
Classificação
turística
Município de potencial turístico Município de potencial turístico Município de potencial turístico
Distância de Porto
Alegre
250 km 290 km 320 km
Área
352 km
2
132 km
2
477 km
2
Ano de fundação
1882 1883 1917
População total –
IBGE 2005
6.305 habitantes 2.495 habitantes 4.350 habitantes
População urbana
IBGE 2005
2.659 habitantes 698 habitantes 1.740 habitantes
População rural –
IBGE 2005
3.646 habitantes 1.797 habitantes 2.610 habitantes
Altitude Média
117 m 200 m acima do nível do mar 558 m a cima do nível do mar
Temperatura média
18 a 20ºC 18 a 20ºC 18 a 20ºC
Vegetação
Predomínio de gramíneas.
Predomínio de gramíneas.
Predomínio de gramíneas mata nativa e
principalmente pinheiros ou pinhais.
Hidrografia
Balneário do Rio Soturno
Rio Jacuí juntamente com a unidade de
relevo depressão Periférica da bacia do
Paraná.
Rio Jacuí, importante pelas quedas d’água onde se
localizam diversas hidroelétricas, destacando-se a
Hidroelétrica de Itaúba.
Clima
Temperado úmido Temperado úmido Subtropical úmido
Economia
Tem sua economia baseada na
agricultura, com destaque para o cultivo
de feijão, fumo e milho.
Alicerçada na agricultura. Os produtos
mais cultivados são a soja, o milho, feijão
e fumo.As industrias de maior expressão
são as de carpintaria, marcenaria e
beneficiamento de arroz.
Esta relacionada à agricultura e a pecuária. A
piscicultura é outro setor em desenvolvimento.
Destaca-se o vinho alcançando por safra cerca de
80.000 garrafas, o município produz também
cachaça.
Atrativos/Recursos
naturais
Balneário de Nova Palma, Usina
CELETRO, Cascata do Pingo, Cascata
das pedras brancas,
Gruta N. S. de Lourdes, Caverna N.
Sra. de Fátima, Gruta Indígena do
Caemborá, Túnel verde no centro da
cidade.
Balneário Recanto do Moinho, Balneário do
Pé Seguro,Cascatas da Queda livre,
Cascata da Pedra Preta,Cascata dos
Degraus, Cascata do Pocinho,
Cascata cara de Índio, Abrigo Indígena do
Barreiro, Monte Grapa,
Cruzeiro luminoso
Oferece aos seus visitantes caminhados pela
mata e passeios por áreas rurais, ecológicas,
com sua fauna destacando-se espécies raras
como a gralha azul, o pica-pau do mato entre
outros.
Cascata do Arroio Ferreira e a Cascata do
Lageado da Várzea, Hidroelétrica de Itaúba.
Igreja Santíssima Trindade,
Casarão da família Tomazi, Pe. Luiz
Igreja matriz de Santo Cristo, Igreja Matriz
São José, Mosteiro da Cartuxa, Casa onde
Igreja Matriz de São José, Capela Santo André
Avelino, Capela São João Vianei,
82
Atrativos culturais
Sponchiado. nasceu Senador Alberto Pasqualini,
Casa da família Sarzi
Cantina de Domingo Uliana.
Recursos culturais
CPG Centro de Pesquisas
Genealógicas, Rodeio Crioulo
Intermunicipal, Torneio Atlântica Vôlei,
Garota Verão, Festa do Milho, Note
Ítalo-Brasiliana, Olimpíada Rural, Feira
do Mel, Natal da Praça, Festa da Gruta
N. S. de Lourdes, Festa na Caverna N.
S de Fátima.
Fazenda do Senhor Jesus,
Mosteiro dos Monges Cartuxos, Fazenda
Terapêutica do Senhor Jesus, Semana do
Município, Semana da Cultura,
Semana Farroupilha,
Semana do Livro,
Feira do Produtor.
Semana do Município,
Baile do Fumo,
Festa da Soja,
Festa do Padroeiro da Igreja, Festa da
Imaculada Conceição, Festa do Padroeiro da
Paróquia São José,
Festa do Chopp,
Rodeio Crioulo.
Meios de
hospedagem
Hotel Nova Palma Faltam hotéis e pousadas Carente de hotel e pousada.
Alimentação
Restaurante Barracão, Ponto Bar,
Pizzaria Pança Piena, Cabanas e
restaurante do Dutra –veraneio.
Ponto 73, Restaurante Trevisan,
Salão Paroquial.
Restaurante Da Terra
Restaurante Bom Apetite
Restaurante Do Mauro
Infra-estrutura
turística
Adequada conforme as condições do
município.
Precária Precária
Demanda turística
Inexistência de qualquer controle de
demanda
Inexistência de qualquer controle de
demanda
Inexistência de qualquer controle de demanda
Pesquisa de
opinião com a
comunidade
É favorável à atividade turística no
município; faltam equipamentos
turísticos, falta de divulgação do
potencial do município; preços
praticados pelo setor são adequados.
É favorável à atividade turística no município;
faltam equipamentos turísticos, falta de
divulgação do potencial do município; preços
praticados pelo setor são adequados.
Necessita de pórtico de entrada, difícil
acesso ao município.
É favorável à atividade turística no município;
faltam equipamentos turísticos, falta de
divulgação do potencial do município; preços
praticados pelo setor são adequados.
Fonte: Dados elaborados pelo autor com base na investigação de campo, 2007
83
Tabela 03 - Características físicas e turísticas dos municípios da Quarta Colônia.
Municípios
Atividades
Silveira Martins – RS
Restinga Seca - RS
Agudo - RS
Classificação
turística
Município de potencial turístico Município de potencial turístico Município de potencial turístico
Distância de Porto
Alegre
280 km 277 km 250 km
Área
123 km
2
959 km
2
533 km
2
Ano de fundação
1893 1817 Em meados de 1800
População total
IBGE 2005
2.566 habitantes 16.403 habitantes 17.444 habitantes
População urbana
IBGE 2005
1.006 habitantes 8.194 habitantes 5.655 habitantes
População rural –
IBGE 2005
1.560 habitantes 8.209 habitantes 11.789 habitantes
Altitude Média
500 m sobre o nível do mar 44 m acima do nível do mar 90 m acima do nível do mar
Temperatura média
18 a 20ºC 18 a 20ºC 18 a 20ºC
Hidrografia
Rio principal: Jacuí
Banhada pelos rios Jacuí Vacacaí-
Grande e Vacacaí Mirim
Rio principal: Jacuí
Arroios: Corupá e Grande
Relevo
Localizada na região do vale do Jaguari Planície do Rio Jacuí. Planície do Rio Jacuí.
Clima
Temperado úmido Temperado Subtropical Temperado com verões muito quentes
Economia
Grande produtora de batatinha na região,
produção de milho, feijão uva como
pontos fortes da agricultura.
É representado principalmente pela
agricultura, destaque para o arroz numa
área produzida de 16.800 há.
Destaque para a agropecuária, indústria e comércio.
Atrativos/Recursos
naturais
Vales, casas antigas, capelas rurais,
trilhas por matas nativas, Cascatas do
Mezzomo e do Rosa Balneário Val
Feltrina, Trilha dos Imigrantes,
Localidade de Val de Buia.
Balneário da Tunas, Cabanha campo
Novo Fazenda Modelo, opção de
turismo rural, Quilombo de São Miguel
Velho, Gruta de Santa Teresinha.
Cascata Raddatz,Cascata Friedrich,
Travessia no Rio Jacuí em barca,
Balneário Drews, Gruta do Índio,Rampa de Asa Delta
e Paraglaider,Usina Hidroelétrica Dona Francisca,
Morro do Agudo,Morro da Figueira,Barragem Dona
Francisca.
Atrativos culturais
Moinho colonial da Família Moro, Capela
Santo Ancelmo, Capela Bom Conselho,
Santuário N. S. Saúde, Festival do Jogo
de Mora, Fórum de Cultura Italiana,
Festa de Santo Antônio, Festa de N.S.
Estação Ferroviária,
Buraco fundo, Igreja Matriz Sagrado
Coração de Jesus, Máquina a vapor,
Cruz Jubilar Luminosa, Monumento ao
Imigrante Alemão, Caixa d’água.
Monumento ao Imigrante – Cerro Chato,
Museu Instituto Cultural Brasileiro Alemão, Igreja
Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, Igreja
Matriz São Bonifácio.
Monumento do Sol, Praça Giuseppe
Festa dos navegantes, Aniversário do
Ein Volksfest,
Festa do Povo de Agudo,
84
Recursos culturais
Garibaldi, Biblioteca Pública Municipal,
Igreja matriz S. A. Pádua, Conjunto
Histórico da Pompéia, Antigo Hotel
Silverópolis, Sobrado dos Aita, Museu da
Família Guerra, Conjunto histórico da
Pompéia.
Município, FEICOM (Feira da Indústria
e do Comércio), Festa do Colono e do
Motorista, maratona de canoagem do
mercosul, Volta de restinga Seca, Dia
nacional da Consciência negra,
Candeeiro da Canção Nativa.
Festa do Moranguinho e da Cuca,
Semana do Município,
Rodeio Crioulo, Garota Verão,
Olimpíada Estudantil,
Rainha dos Balneários,
Dia do Vizinho,
Natal de Luz,
Meios de
hospedagem
Casa da Nona, Chácara Santa Eulália. Camping Balneário Passo das Tunas. Hotel Bel Recanto, Hotel dos Viajantes, Hotel
Barragem de Dona Francisca.
Alimentação
Restaurante La Sorella, Churrascaria e
galeteria Quarta Colônia, Café Colonial
Fundo de Quintal, Ristorante e Cantina
Val de Buia, Fábrica de massas da
Família Bianchi.
Fuzer Churrascaria e lancheria
Restaurante E Churrascaria
Restinguense
Chepep's Restaurante
Bier Haus,
Restaurante e Churrascaria Ivo Kiefer,
Churrascaria Schüller,
Pastel Cia,
Churrascaria do Gordo,
Prato Cheio.
Infra-estrutura
turística
Adequada conforme as condições do
município.
Adequada conforme as condições do
município.
Adequada conforme as condições do
município.Possui Pórtico de entrada, rodovia do
imigrante.
Demanda turística
Inexistência de qualquer controle de
demanda
Inexistência de qualquer controle de
demanda
Inexistência de qualquer controle de demanda
Pesquisa de
opinião com a
comunidade
É favorável à atividade turística no
município; faltam equipamentos
turísticos, falta de divulgação do
potencial do município; preços praticados
pelo setor são adequados.
É favorável à atividade turística no
município; faltam equipamentos
turísticos, falta de divulgação do
potencial do município; preços
praticados pelo setor são adequados.
É favorável à atividade turística no município; faltam
equipamentos turísticos, falta de divulgação do
potencial do município; preços praticados pelo setor
são adequados.
Fonte: Dados elaborados pelo autor com base na investigação de campo, 2007
2.4 O papel do Turismo no desenvolvimento da Quarta Colônia
Estudos apontam que o turismo desempenha papel importante nas
estratégias de desenvolvimento das regiões menos favorecidas, tendo as funções de
gerador de empregos, renda e indutor de desenvolvimento de infra-estruturas, mas
para que isso ocorra é necessário que ele seja inserido nas políticas públicas.
Quando se perguntou aos entrevistados: Como é vista a integração da
atividade turística com outros municípios pertencentes à Quarta Colônia, com o
objetivo de favorecer o desenvolvimento regional?
[...] Aqui nós temos uma divergência partidária, quando um município toma
uma iniciativa, outros municípios que são formados por partidos diferentes,
raras vezes vão nos eventos. vão quando vem gente grande, de fora.
todo mundo vai. Acho que o turismo vai trazer a integração, sim. Pelo menos
no que se trata em divulgação, estamos avançando bastante.
Houve divergências nas respostas obtidas entre os atores envolvidos com a
atividade turística, como se pode observar no próximo relato:
[...] Aqui, nós participamos constantemente no estudo e levantamento das
efetivas prioridades regionais, com objetivo claro de dar oportunidade a
todos os municípios de crescerem e se desenvolverem: incentivando,
qualificando os setores, divulgando as ões desenvolvidas e a buscando
parcerias entre o CONDESUS, SEBRAE e empreendedores locais.
Proporcionamos toda a infra-estrutura necessária para a implantação dos
serviços, no que compete ao poder público. Acompanhamos e
colaboramos com o projeto, como representante do município. Apoio, fonte
de informações sobre o município e região, recepção, viabilização através
do SEBRAE nos cursos de atualização no que se refere ao atendimento. E
tem mais: a maioria das prefeituras está organizando o turismo através do
departamento de cultura, juntamente com os parceiros. O departamento de
cultura e o turismo tem hoje o papel de mobilizar a população para
participar do projeto de turismo fazendo com que o mesmo seja uma
alternativa para a economia do município. Aqui os municípios trabalham
muitos aspectos de forma conjunta, adotando uma nova sistemática de
reuniões mensais onde cada um dos responsáveis pela pasta de turismo
da Quarta Colônia, juntamente com o CONDESUS, encontramos para
planejar e discutir o andamento das ações desenvolvidas e acompanhar o
desenvolvimento dos projetos de cada município.“Aqui a comunidade es
organizada com a produção primária e que tem alguns serviços, mas é
preciso começar a costurar essas relações, de uma forma bem mais
integrada. O turismo tem um papel importante e nós temos que especializar
e qualificar esses setores, pois ele é também integrador das referências
culturais e dos elementos naturais da região. O turismo hoje tem o papel de
costura desses segmentos, com uma idéia mais integrada de
desenvolvimento. “O COMUDE (Conselho Municipal de Desenvolvimento)
tem o papel de articular esses projetos.
86
Observa-se pelas respostas que é inegável o crescente interesse dos
planejadores municipais pelo desenvolvimento do turismo em sua cidade. Na Quarta
Colônia, ele tem contribuído para a revitalização econômica e social dos municípios.
Tendo como referência países desenvolvidos observa-se que as políticas
públicas de turismo, quando construídas coletivamente, a partir dos interesses e
necessidades da população, possibilitam o acesso aos atrativos turísticos que
considerem e preservem a sua identidade cultural.
Outro aspecto importante em se tratando de redução das desigualdades
regionais é o Programa de Desenvolvimento Integrado e Sustentável da
Mesorregião da Metade Sul do Rio Grande do Sul Do Ministério de Integração
Nacional MI (2002, p.06) existe a proposta para contribuir com a melhoria da
qualidade de vida da sua população fundamentada em um modelo de gestão
compartilhada ao desenvolvimento, no fortalecimento da base socioeconômica local
e mesorregional, alicaerçada em ações para a inclusão social, para o estímulo à
participação e à organização social, e à capacitação dos agentes envolvidos no
processo de desenvolvimento com sustentabilidade ambiental.
Na Quarta Colônia inserida na mesorregião que está em processo de
integração, o turismo pode tornar-se importante como atividade complementar. Mas
a pouca participação ativa do capital nacional na captação de recursos para o
turismo receptivo, dificulta o exercício desta atividade. Ela irá proporcionar a geração
de novas empresas e produtos que intervenham nos municípios de maneira direta e
que capitalizem, para as comunidades, maior variedade de negócios turísticos,
satisfazendo as necessidades dos turistas, que se fundamentam no exercício e
desfruto do lazer e de uma qualidade de vida melhor. Portanto, é preciso que o
planejamento encontre apoio nas questões sociais físicos e econômicas, os quais
são os agentes, e não os atores de campo.
Segundo Acerenza (2002, p.174), é através de um processo de planejamento
integral que será possível abranger os problemas regionais em sua totalidade e
conseguir, dessa forma, um desenvolvimento harmônico, no qual se deve tratar de
87
evitar, ou pelo menos minimizar, as diferenças que se apresentam entre as
diferentes zonas ou regiões que constituem o território de um país.
Por isso, o turismo como atividade complementar pode auxiliar no
desenvolvimento regional contribuindo para o bem estar da população, adotando
uma política de desenvolvimento para as zonas de emigração rural ou de
estancamento econômico.
De fato, desde o período colonial a Quarta Colônia ficou atrasada no seu
desenvolvimento em relação a outras colônias italianas no Rio Grande do Sul. Em
se tratando do setor turístico é notável a diferença de investimentos e consciência
das comunidades italianas em prol da conservação de seu patrimônio histórico e
cultural.
Atualmente percebe-se, na Quarta Colônia, que o setor vem recebendo
tratamento especial, notadamente através de ações conjuntas promovidas por
órgãos oficiais do governo, em parceria com entidades privadas do setor,
preocupadas com a diversidade social e o multiculturalismo, no sentido de assegurar
a diversidade e a pluralidade de grupos e tradições. Entenda-se por
multiculturalismo (ou pluralismo cultural) um termo que descreve a existência de
diferentes culturas numa localidade, cidade ou país, sem que uma delas predomine,
porém separadas geograficamente e a convivialmente no que se convencionou
chamar de “mosaico cultural”. Assim como a Quarta Colônia, o Canadá e a Austrália
são exemplos de multiculturalismo; Todavia não se deve confundir Multiculturalismo
com “uma política multiculturalista” que alguns países europeus advogam
discretamente.
Enquanto o multiculturalismo opõe-se ao que ele julga ser uma forma de
etnocentrismo (visão de mundo da sociedade majoritária dominante a qual se toma
por mais importante que as demais, que no caso seriam os imigrantes polacos,
alemães e italianos, especificamente na Quarta Colônia), a política multiculturalista
visa resistir à homogeneidade cultural, principalmente quando esta homogeneidade
é considerada única e legítima, submetendo outras culturas a particularismos e
dependência que as farão desaparecer através de processos de “assimilação da
88
nova cultura” que é majoritária ou simplesmente ocupa o espaço geográfico mais
tempo.
O fato brasileiro é bem mais complexo, porque aqui se desenvolveu um
processo colonizador cuja característica fundamental foi a mestiçagem cultural, no
qual se refere à Quarta Colônia boa parte destas culturas foram preservadas, daí se
pode entender um pouco mais os potenciais do produto cultural que esta região tem
para oferecer ao turista.
Fato amplamente conhecido é que os primeiros colonizadores desta região
foram imigrantes poloneses seguidos pelos imigrantes alemães e o processo de
ocupação somente culminou com a chegada dos imigrantes italianos. Hoje as
marcas deste multiculturalismo estão na culinária, na forma de construir casas e
fabricar utensílios e ferramentas e até nos próprios dialetos italianos e alemães que
vão distantes de suas origens maternas. Esse raciocínio simples e tangível até os
dias atuais, ao contrário de outras sociedades multiculturais, não apresenta
distanciamentos significativos entre os pares de diferentes origens. Não é a lógica
da diferença, onde o significado de identidade de cada grupo relaciona-se com todos
os demais conceitos e, ou critérios deixam evidente uma integração natural entre as
etnias que se miscigenaram inclusive em uniões familiares entre diferentes pares
culturais, e mesmo assim manteve, na maioria dos casos, parte significativa da
cultura de seus antecessores. Não dependem do estabelecimento de limites de
forma alguma. Daí então toda esta bagagem multicultural encerrar um enorme
potencial “plus como mais um atrativo ao turismo na Quarta Colônia, pois sua
singularidade multiculturalista representa um raro exemplo de etnias diferentes, que
mantendo grande parte de sua identidade original, adaptou-se bem, não somente ao
“novo” país que os receberam, mas principalmente entre eles próprios, os diferentes
grupos de imigrantes.
Os problemas que o multiculturalismo gerou e gera em outras sociedades
como a Alemanha ou Inglaterra moderna simplesmente não existem na Quarta
Colônia. Também é sabido que uma identidade cultural não pode ser definida
apenas por sua presença positiva e até conteúdo, onde os termos da identidade
cultural passam pelo estabelecimento de limites. Na Quarta Colônia o há e nunca
89
houve a necessidade de definir os que “são” em relação aos que “não são”. O
“homos imigrantis” da Quarta Colônia conseguiu opor o universalismo de baixo para
cima, criando uma sinergia social democrata natural e sem pré-conceitos,
simplesmente como conseqüência da necessidade de sobreviver em áreas onde
não existia qualquer tipo de infra estrutura, ou seja um ambiente hostil em que os
“potenciais inimigos” não eram pessoas que vinham de outros países e falavam
outras línguas, porém os insetos que disseminavam os imigrantes; as enfermidades
que algumas vezes chegaram aos níveis epidêmicos; a falta de teto e tecnologia
para produção de alimentos aos primeiros imigrantes, os transformou em seres
solidários independente de suas próprias culturas. Alguns tentam hoje explicar estes
fenômenos sociais como uma simples união para somar esforços voltados à
sobrevivência pura e simples. Definitivamente não se trata disto, pois os diferentes
grupos étnicos jamais perderam completamente suas identidades culturais, ao
contrário, as mantiveram e fizeram delas uma forma primária e natural de “turismo”.
Italianos iam e ainda vão a bailes e outros eventos dos alemães e vice versa. E isto
acontecia já no final do século XIX, portanto mais de quatro gerações. Ainda, na
Quarta Colônia, ao contrário da maioria dos grupos migrantes do mundo pela
história afora, puderam definir sua identidade cultural particular pela sua simples
presença e conteúdo cultural. Ninguém estabeleceu limites ou foram precisos
políticos e até instrumentos policialescos para estabelecer estes limites, como nos
exemplos citados da Alemanha e Inglaterra modernas. Como se precisassem definir
o que eram com relação ao que não eram. Seus descendentes são testemunhas
deste multiculturalismo singular que fez com que cada identidade bastasse para que
o outro grupo étnico, ou grupos, fossem ao mesmo tempo universal nas áreas
comuns e, individual na célula familiar. Provavelmente este fenômeno
multiculturalista seja o produto turístico mais precioso da Quarta Colônia para uma
política de desenvolvimento desta região de minifúndios.
Entretanto, formatá-lo demandará talentos capazes de interpretá-lo
adequadamente para que possa ser oferecido ao turista e gere benefícios tangíveis
aos residentes desta região. Faz-se importante lembrar que a política de
desenvolvimento na região está baseada em um estudo das diferentes realidades
locais, onde o poder blico planeja os espaços na forma de consórcio
intermunicipal e orienta as atividades de forma integrada atendendo os desejos das
90
comunidades e dos turistas, a fim de propor uma política de desenvolvimento
economicamente viável, socialmente justa e ambientalmente correta ajustadas à
realidade regional, e que até o presente momento faltam projetos ao ponto de
sobrarem verbas destinadas a financiá-los.
Para Beni (1999, p.97) Ao comentar o sistema institucional integrado de
turismo e ação administrativa intersetorial, afirma que
[...] Em vistas de seus importantes efeitos econômicos, sociais, ambientais,
políticos e culturais, o Turismo, organizado e planejado, é poderoso
instrumento de aceleração ou complementação do processo de
desenvolvimento. No entanto, ao estabelecer a hierarquia de prioridades no
planejamento da economia, os órgãos governamentais não têm considerado
a atividade, na medida desejada e potencialmente possível, entre as
principais alternativas da política de desenvolvimento regional ou nacional.
Através da pesquisa, constatou-se que a comunidade se apresenta
parcialmente sensibilizada e mobilizada para o planejamento e gestão sustentável
de seus patrimônios naturais e pelo fato de apresentar iniciativas no que se refere à
proteção de seus bens naturais. Apesar de não haver um controle de demanda
turística, os municípios apresentam número considerável em termos de visitação
turística, principalmente, nos finais de semana e feriados, necessitando
urgentemente de planejamento para a atividade. Além dos crescentes benefícios
econômicos, o turismo traz benefícios sociais, ampliando o mercado de trabalho e
melhorando a infra-estrutura de lazer. Por este último, são beneficiadas crescentes
faixas da sociedade brasileira que participam do turismo, como também os
moradores das regiões turísticas.
Conforme Urry (1996, p.63) “As pessoas procuram o extraordinário, de modo
que serão extremamente críticas em relação aos serviços proporcionados que
pareçam solapar essa qualidade”. Portanto, o turismo pode causar dificuldades para
os produtores de tais serviços. Estes não podem ser proporcionados em qualquer
lugar. Devem possuir um diferencial, pois se o lugar não transmite significado
cultural apropriado, a qualidade do serviço específico ficará comprometida.
91
Verificou-se que investimentos feitos, muitas vezes, por falta de uma
consultoria eficaz, refletem uma descaracterização da identidade da região,
demonstrando a falta de associação entre as “raízes” e o objeto turismo.
Segundo Wendler (2004), Diretor de Relações Internacionais do Ministério de
Turismo, em palestra sobre a Ambientação do Processo de Integração do
MERCOSUL no FRONTUR, 2004, Seminário Internacional de Turismo de
Fronteiras, realizado na cidade de Santa Maria - RS, uma nova dinâmica no que
se refere ao turismo, um novo perfil do turista, são novos consumidores que buscam
experiências emocionais, interagindo com a comunidade em busca dos contadores
de histórias, a autenticidade da população local, buscando por locais seguros e sem
conflitos, seria o mercado das viagens de curta duração.
Característica ideal para se levar rumo à Quarta Colônia, onde o turismo de
aprendizagem permite a redescoberta de identidades culturais, integrando os nove
municípios formadores, mas para que isto ocorra é necessário que se elabore um
programa de integração turística: sensibilizando a comunidade para o turismo,
valorização dos aspectos regionais e locais, e resgate da cultura, transpondo as
disputas entre os municípios e suas vaidades, trabalhar o turismo de forma contígua,
com formulação de políticas públicas e de um planejamento turístico integrado
tornando a microrregião central competitiva e com forte atração social, assim o
estímulo de uma visita estimulará a visita de outra, e adicionem-se a isto a poderosa
arma do marketing “boca-a-boca” onde relatos das visitas de turistas atraem novos
visitantes e assim por diante formando uma progressão geométrica na qual os
custos de marketing chegam a custos quase zero e sem deixar duvidas sobre sua
eficácia para o aumento do número de visitantes ao destino “Quarta Colônia”.
É óbvio que destas divergências aflora o aprendizado, que ao contrário da
concordância que não traz lições ao desenvolvimento, esses interesses começam a
divergir a partir de várias razões onde as ideologias, os interesses privados, tanto de
indivíduos ou grupos, ou ainda os interesses públicos, sejam eles dos cidadãos ou
instituições e, até mesmo raízes históricas nos levam a crer que o espaço social da
dinâmica do desenvolvimento, homens se encontram com suas necessidades,
92
desejos, interesses, conhecimentos, razões, emoções, limitações e contradições, e
deles fazem a base para as políticas e as práticas de desenvolvimento de suas
regiões.
2.5 A atividade turística e o desenvolvimento regional
Segundo Bassan e Siedenberg (2003, p.138), desenvolvimento econômico
seria um momento de transição, uma passagem da condição de país de terceiro
mundo, subdesenvolvido, pobre, para a de um país desenvolvido, rico; de uma
economia tradicional rural, de subsistência, para uma economia sofisticada,
modernizada e industrializada. Assim, essa definição traz incorporada não apenas a
idéia da melhor condição econômica, mas também a de maior dignidade humana,
mais segurança, justiça e igualdade.
Os autores entendem que o desenvolvimento não é apenas responsável por
uma mudança no sistema econômico, mas também responde por uma mudança no
comportamento dos homens, associado a uma transformação nas instituições
públicas e privadas.
[...] Pode-se, então, conceituar região, a partir dessas concepções
relacionadas por Lobato (1997), como sendo uma classe de área, isto é, um
conjunto de unidades de área, como, por exemplo, um grupo de municípios,
que apresenta grande uniformidade interna e grande diferença em face de
outros conjuntos (BASSAN e SIEDENBERG, 2003, p. 141).
Milton Santos apud Bassan e Siedenberg (2003, p. 141) entende a região
como o locus de determinadas funções da sociedade total em um momento dado, ou
seja, a cada momento histórico a região, ou subespaço do espaço nacional total,
aparece como o melhor lugar para a realização de certo número e atividades a fim
de atender às necessidades de sua população, delimitando uma identidade regional
própria.
Logo, dizem os autores acima, a análise da dinâmica regional vem associada
a diversos fatores que, de maneira direta ou indireta, fazem com que cada região
tenha seu estilo próprio de desenvolvimento.
93
[...] Uma região inicialmente, é representada por sua formação
geomorfológica (relevo, vegetação); em segundo lugar, apresenta-se a
formação histórico-cultural, ou seja, os primeiros habitantes (colonizadores)
que enraizaram sua cultura e tradições e passaram-nas às gerações
futuras; em terceiro lugar, a formação econômico-social, a distribuição
espacial da população, a origem do processo produtivo, a base econômica
que identifica a região; em quarto lugar, o aspecto político e administrativo.
Estes fatores são os responsáveis pelo processo diferenciado de
desenvolvimento de cada região. É através destes fatores que aparece a
identidade regional (BASSAN e SIEDENBERG, 2003, p. 142).
Entendem os pesquisadores que se faz necessário um aumento nos
processos de autonomias regionais especialmente quanto às decisões que definirão
o desenvolvimento mais apropriado para cada uma região e, que estas capacidades
criem mecanismos regionais para que os excedentes econômicos sejam investidos
na própria região a fim de diversificar suas economias aproximando-as cada vez
mais do ideal de sustentabilidade, tanto a médio como a longo prazo.
Vale a pena entender a visão de Bassan e Siedenberg (2003, p. 159) sobre o
mundo dividido entre aqueles que produzem o conhecimento e aqueles que apenas
o copiam e, que é impossível manter um projeto próprio de desenvolvimento sem o
manejo adequado do conhecimento. “Esta é a nova face da pobreza, em que o mal
maior não será a fome, mas a ignorância, ou seja, a condição de massa de manobra
ou incapacidade de gerar as próprias oportunidades”.
[...] Portanto, o desenvolvimento contemporâneo, a partir desta nova visão
de regionalização da economia, poderá aproveitar melhor a capacidade
individual e específica de cada região e fazer com que essa volte sua
economia para o mercado e participe desse processo global de
desenvolvimento, tornando-se mais competitiva e buscando atrair
investimentos, para que possa melhorar a qualidade de vida de sua
população (BASSAN e SIEDENBERG,2003, p. 150).
Além do exposto acima, fatores como cultura, tradição, crenças, arranjos
organizacionais, liberdade, capital social e associativismo, quando integrados,
tendem a potencializar a região. (Wittmann, Dotto e Boff ,2003, p. 321)
[...] Esses fatores inserem-se em contextos amplos e interdependentes, ou
seja, desde macrocontextos globais a microcontextos locais. Estes
contextos relacionais entre local, regional e global estimulam a formação de
estratégias competitivas integradas, que, em cadeia, compactuam-se com
respectivas realidades. Essas estratégias definem práticas e relações
94
sociais que, interdependentes entre si, associam-se a estruturas, que, além
permitirem o desenvolvimento regional, permitem o equilíbrio entre seus
membros (WITTMANN, DOTTO e BOFF, 2003, p. 319).
Wittmann, Dotto e Boff (2003, p. 322 - 327) explicam que, com o objetivo de
potencializar o desenvolvimento e de integrar governos com empresas,
contextualizam-se ambientes e criam-se mecanismos de gerenciamento a partir de
estratégias, de forma a associar-se ao capital social. Demandando a criação de
estratégias que direcionem o desenvolvimento em uma perspectiva complexa e
integrada
A prosperidade de uma localidade como a Quarta Colônia depende da
produtividade associada a estratégias nela atuantes. Entretanto, a escolha da
natureza do ambiente de negócios numa localidade é algo desafiador. Infere-se, que
é preciso que a competição evolua da imitação para a inovação e, de investimentos
não apenas em ativos físicos, mas principalmente em intangíveis como habilidades e
tecnologias.
Assim, a existência de uma sociedade informacional proporcionará o aumento
de interações entre organizações e indivíduos da Quarta Colônia. Estratégias
colaborativas e de crescimento por integração horizontal e vertical, não mais
restritas a uma empresa contudo a um conjunto de empresas, as quais o
implementadas e, embora possuam sua autonomia organizacional mantêm elos de
interdependência em estruturas organizacionais em rede. “A existência de novos
paradigmas tecnológicos de processo e de produtos aflora a mudança de valores e
padrões culturais, os quais se identificam em novas práticas sociais” (WITTMANN,
DOTTO e BOOF, 2004, p, 19).
A partir deste contexto, pode-se identificar o conceito de desenvolvimento
endógeno:
[...] É nesse entorno de transformações econômicas, organizacionais,
tecnológicas, políticas e institucionais que surge o conceito de
desenvolvimento endógeno. Este encara o desenvolvimento econômico
como sendo resultante da aplicação do conhecimento aos processos
produtivos e da utilização das economias externas geradas nos sistemas
produtivos e nas cidades, o que resulta em rendimentos crescentes e,
portanto, em crescimento econômico. (...) São as iniciativas e o controle
95
exercidos pelos atores locais e a sociedade civil, através de suas respostas
estratégicas, que contribuem para os processos de transformação de
cidades regiões (BARQUERO apud WITTMANN, DOTTO e Boof, 2004, p.
21)
Em relação às empresas, Wittmann, Dotto e Boof (2004, p. 25) constatam que
estas atuam num ambiente que se caracteriza pela maior complexidade e
diversidade das operações realizadas relativas à competitividade, a restrições legais
e governamentais, o ambiente empresarial e financeiro conturbado, a consumidores
instáveis, entre outros elementos incontroláveis, o que as impulsiona para a busca
de alternativas como a do associativismo.
Ferraz et aI apud Wittmann, Dotto e Boof (2004, p. 30) realçam também a
necessidade de associação em redes de pequenas e médias empresas, em setores
de menor intensidade de capital em redes cooperativas horizontais através do
compartilhamento, a disponibilização de recursos produtivos essenciais para a
operação em condições competitivas, aos quais as empresas isoladamente não
poderiam ter acesso.
Castells apud Wittmann, Dotto e Boof (2004, p. 11) entende que essas
empresas para serem organizações bem-sucedidas precisam ser capazes de gerar
conhecimentos e processar informações com eficiência; serem flexíveis o suficiente
para transformar seus meios tão rapidamente quanto mudam os objetivos; e inovar,
já que esta se torna a principal arma competitiva.
Vive-se numa sociedade com muitas diversidades, e duas formas distintas de
ver o mundo, onde se fundamentam propostas, ações políticas diferenciadas,
interesse do mercado, acumulação de capital, a defesa da vida. As políticas públicas
e privadas de turismo e lazer devem levar em conta que têm como propósito o
desenvolvimento sustentável. Estas não devem ser concebidas apenas como
possibilidade de crescimento econômico, mas também obrigatoriamente
acompanhadas de distribuição equitativa dos resultados ativos; uma política de
desenvolvimento sustentável por meio do turismo ligado a mediações que dizem
respeito às potencialidades e aos limites do ambiente, na promoção da atividade; a
um mercado orientado para universalização do acesso aos serviços que
acompanham o turismo e não à hierarquização desse acesso; possibilidades de
96
empregos para comunidades autóctones e relações de trabalhadores das quais
decorrem maior apropriação dos resultados das atividades econômicas, melhores
condições de trabalho e influenciar decisões públicas de turismo e participar de
atividades que afetam o desenvolvimento econômico, ambiental, social e qualidade
de vida.
Mas aqui, instiga-se a refletir uma vez mais sobre o significado
“Desenvolvimento Regional”.
[...] O desenvolvimento regional, ou seja, a intervenção explícita de um
mercado econômico visa a uma distribuição racional dos investimentos
pelas várias regiões de um país. (FRIEDMANN, 1968). Com objetivo de
eliminar fatores que respondem pelas desigualdades regionais, bem como
reduzir disparidades regionais, corrigir desníveis, combater desequilíbrio
geoeconômico e geopolítico, estimular estas regiões menos desenvolvidas
para que cresçam mais que a média do país
.
Nesse “novo contexto”, o padrão mínimo de desenvolvimento,
inevitavelmente, passa por uma interferência no problema da desigualdade social
por intermédio de políticas redistributivas que busquem o equilíbrio entre o
econômico e o social desenvolvidos pelo poder público.
A partir da abordagem de desenvolvimento que toma como referência, a
classificação do Banco Mundial (2002), onde este sustenta formas de capital
determinantes no desenvolvimento da nação ou seja, capital natural, físico, humano
e social, é que se parte para outra reflexão. Através destes determinantes
evidenciam-se traços culturais que levam os membros de uma comunidade a serem
propensos a colaborar na solução de problemas de interesse comum, relações
interpessoais e o sentimento de confiança mútuo. Instâncias associativas
intermediárias favoreceriam este sentimento pelo incremento das relações mais
horizontais e menos hierárquicas.
Na Quarta Colônia, o Grupo Intermunicipal formado por representantes da
iniciativa privada e da sociedade civil ressaltam a necessidade de um planejamento
integrado e articulado em vários níveis; definindo prioridades para a atividade
turística, gerenciamento dos atrativos; da infra-estrutura; a regulamentação das
atividades, incentivos financeiros e fiscais para a educação ambiental,
97
desenvolvimento das comunidades locais visando ao desenvolvimento regional e à
distribuição de renda voltada ao turismo.
“Turismo se faz de forma regional”. Foi dessa maneira que o Secretario
Executivo do CONDESUS, explicou as ações que vêm sendo tomadas para
promover e desenvolver a área do turismo na Quarta Colônia. Ele comentou o
lançamento, em abril do ano passado, do programa de regionalização de turismo
“Roteiros do Brasil”, pelo governo atual. Segundo entrevistado, a questão vinha
sendo trabalhada dessa forma na região.
Além disso, a Quarta Colônia, por ser área Piloto da reserva da Biosfera, é
contemplada com projetos de preservação ambiental, gerando benefícios
econômicos aos níveis local e regional.
Desta forma, o turismo traz vantagens que extrapolam a geração de renda
proveniente da venda de serviços; possibilita a integração das regiões de
conservação ambiental com comunidades locais. Divulga por meio de programas
educativos e visitação, sensibiliza a população, e esta fiscaliza o cumprimento das
orientações e leis ambientais, entre outros benefícios.
Baseado no que foi exposto, observa-se a necessidade da sociedade civil,
junto com os formuladores de políticas ambientais de turismo, buscar estratégias
que conciliem a conservação do ambiente natural e a atividade turística de acordo
com a perspectiva de desenvolvimento regional.
Para Beni, o turismo é um fenômeno dinâmico, real, postulado no cotidiano de
milhões de sujeitos consumidores e produtores deste fenômeno . Requerendo um
novo campo de investigação teórica, integrando os conhecimentos num sentido
único, na complexidade do fenômeno estudado. Não será no isolamento disciplinar
cartesiano que se construirá um sistema teórico comum. Para o autor a edificação
do conhecimento turístico não está apenas nas ciências físicas e econômicas, pois
estas surgem em uma história da sociedade humana, como prática social (BENI,
2002).
98
Opinião convergente pode ser observada abaixo
[...] O turismo é resultado de uma cultura universal, mas também
transcende as culturas locais nas quais se manifesta. Esta dualidade
estrutural do turismo é fundamental para qualquer planejamento que
pretenda promover um autêntico processo de desenvolvimento, seja da
própria atividade, das empresas ou das comunidades locais que se
relacionam de maneira direta ou indireta com a atividade. (MOLINA, 1997.
p. 10)
O turismo também é um processo de transformação do espaço urbano e rural,
de novas possibilidades de fomento a estratégias adaptativas de revalorização de
zonas estagnadas, através do resgate de valores identitários diversificando o meio
de vida tanto nas cidades como no campo, incluindo os pequenos e médios
proprietários a uma alternativa de desenvolvimento local através da inovação destes
territórios, inserindo a atividade turística como forma de promoção do
desenvolvimento sustentável da região.
Estes valores identitários tanto influenciam como são influenciados pela
interação do novo momento global.
[...] A experiência global da modernidade está interligada - e influencia,
sendo por ela influenciada à penetração das instituições modernas nos
acontecimentos da vida cotidiana. Não apenas a comunidade local, mas as
características íntimas da vida pessoal e do eu tornaram-se interligadas a
relações de indefinida extensão no tempo e espaço. (GIDDENS, 1997, p.
77)
O turismo faz com que as comunidades resgatem, preservem e valorizem
todas as formas de culturas locais e regionais, a revitalização do artesanato, o
comércio, a culinária típica que poderão ser utilizadas como atrativos turísticos,
promovendo o desenvolvimento sustentável por meio da inclusão social e
conseqüentemente a manutenção das famílias no seu habitat natural. “O ideal seria
um mundo em harmonia, sendo cada parte um centro que não vive a expensas do
outro, mas de acordo com a natureza e solidário para com as gerações futuras”
(KRIPPENDORF, 2001. p. 173).
5
5
UNEP/UNCTAD, Die Erklärung von Cocoyoc (The Cocoyoc Declaration). Em: Handbuch für
internationale Zusammenarbeit, Vereiningung für Entwicklungs zusammenarbeit, Editora, (Baden -
Baden: Nemos Verlag,1975), p. 7-8.
99
Neste sentido, o turismo instiga o diferencial e tem muito a ver com um modo
diferente daquele ao qual o turista está acostumado e por essa razão passa também
pela valorização cultural e pela autenticidade, a humanização, na área da viagem e
no intercâmbio com a comunidade local.
Segundo Krippendorf (2001. p. 152),a implantação de instalações turísticas
é oportuna nos locais onde os empregos assim gerados possam ser assumidos,
antes de tudo, pela população local e regional.” Busca-se a autonomia do
desenvolvimento através de talentos locais como os violeiros, as bordadeiras, as
doceiras, os alambiqueiros, os artesãos que não podem ser esquecidos, mas para
tanto é necessário capacitá-los a receber os visitantes, como também a conferir
autenticidade ao que está sendo oferecido à venda.
Desta maneira, ocorre a sustentabilidade econômica do turismo na sua
capacidade de gerar novas atrações, descobrir novas paisagens, exaltar qualidades
ambientais, seja dos mesmos lugares, através da construção de artefatos diversos,
ou pela exploração de lugares turisticamente “virgens”, nos empreendimentos
pioneiros. Todavia, deve-se levar em conta também a sustentabilidade
socioambiental e cultural das sociedades, permitindo assim a busca e a construção
social de contextos de sustentabilidade a longo prazo, cabendo ao turismo um
importante papel neste processo, desde que pertença a um sistema integrado de
gestão.
Segundo Oliveira (2004. p. 286),
[...] os princípios de um sistema integrado de gestão (SIG) mostram uma
via ética para o desenvolvimento das organizações e, por que não dizer, de
regiões e nações. Por seu compromisso social e ambiental, a gestão
integrada talvez seja uma das poucas alternativas viáveis para se combinar
competitividade com desenvolvimento sustentável.
Ainda, conforme trabalho realizado pela equipe de Planejamento do Porto
Alegre Turismo Escritório Municipal 2001 (Política e Planejamento, Notas para
Reflexão)
[...] A formatação de uma gestão compartilhada entre o público e o privado –
a exemplo do que ocorre em Barcelona diz respeito à ênfase econômica
100
que o campo do turismo abarca, sobretudo na pós modernidade quando as
categorias do tempo e do espaço (tão caras ao turismo) foram maculadas
nas suas proposições de limites tirando os muros físicos das fronteiras e
com isso os mercados passam a ter novos movimentos e o turismo, com
certeza, tem e terá uma parcela bem grande de responsabilidade no jogo do
poder
.
Desta forma, O CONDESUS confirma esta solidariedade, articulando e
promovendo a gestão compartilhada junto ao trade turístico na direção de um
fortalecimento regional não excludente, abrindo espaço de participação dos atores e
agentes envolvidos nos novos moldes de gestão que representam as democracias
participativas.
“A organização dos pequenos municípios em consórcios passou a ser vista
como uma possibilidade legal e política para defender os interesses locais, como
também criar alternativas de desenvolvimento integrado”. (ITAQUI, 2007)
7
Assim, de uma forma gradual o desenvolvimento é um processo integral que
inclui dimensões culturais, políticas, sociais e econômicas de um território. Segundo
Swarbrooke (2000, p. 75-92) alguns pontos fundamentam o “Turismo Sustentável”:
“significa que é economicamente viável, mas não destrói os recursos dos quais o
turismo do futuro dependerá, principalmente o meio ambiente físico e o tecido social
da comunidade local.” O respeito ao meio ambiente, que significa também um
programa permanente de educação ambiental; organização da comunidade de
forma a fazê-la compreender e perceber os benefícios do turismo; capacitação
empresarial e de mão-de-obra para receber bem, ou seja, o aproveitamento dos
recursos e potencialidades endógenas
6
.
Segundo Bandeira (1999, p. 10), no seu artigo Participação, articulação de
atores sociais e desenvolvimento regional vários argumentos que destacam a
importância da participação da sociedade civil e dos diversos atores sociais em prol
do desenvolvimento. Estes são:
7
Informe Comercial Caderno Quarta Colônia Nº 29 – 16 de fevereiro de 2007. Diário de Santa Maria.
6
Desenvolvimento endógeno caracteriza-se pelo uso de recursos internos dos municípios, pela mobilização das
forças locais ao invés de esperar que os recursos venham de forças externas, como por exemplo do governo
estadual ou federal. Identificado pela dimensão econômica, onde a sociedade empresarial local utiliza sua
capacidade local para organizar, os fatores produtivos da região, e pela dimensão sócio-cultural, onde os valores
e as instituições locais servem de base para o desenvolvimento da região.(VÁZQUEZ BARQUERO, 1988)
101
A necessidade de consulta dos diversos segmentos comunitários a respeito
da concepção, elaboração, implementação e avaliação de projetos /programas de
desenvolvimento para assegurar a sua eficiência;
A importância da vitalidade de uma sociedade civil atuante na vida pública
para a boa governança e para o desenvolvimento (mecanismo que controla a
transparência administrativa);
A acumulação de capital social no sentido de incrementar a colaboração e as
ações coletivas;
A relação entre os mecanismos participativos e o fortalecimento da
competitividade de uma região;
O papel da participação na construção/consolidação das identidades
regionais que facilitam a construção dos consensos básicos essenciais ao
desenvolvimento.
O contato entre a sociedade civil e a administração pública por intermédio da
participação da comunidade na formulação, implementação e avaliação de ações
governamentais deve ser visto como um instrumento importante para a consolidação
das relações de confiança entre os vários atores sociais, públicos e privados,
contribuindo com a acumulação de capital social.
A identidade regional pode ser definida como um sentimento compartilhado
de pertinência a uma comunidade territorialmente localizada.
Na Quarta Colônia, o que determinou a sua unidade, teve início a partir do
momento em que começou a ser vista como o apenas constituindo uma realidade
102
objetiva, mas sim o contrário: - Ela foi concebida como uma construção mental,
individual e submetida à subjetividade coletiva de um grupo social que passou a
considerá-la como um produto da história e da cultura de seus habitantes.
A existência dessa identidade é fundamental para que um determinado
território possa ser denominado de forma significativa como uma região.
A identidade territorial é construída historicamente e é fundamental para o
desenvolvimento da competitividade porque favorece a construção de consensos
básicos, sendo a participação um processo de articulação de atores sociais,
fortalecimento da coesão comunitária; melhoria da qualidade das decisões;
credibilidade; estabelecendo relações de confiança entre atores sociais e político e
acumulação de capital social.
Observando as disparidades espaciais no níveis sócioeconômico e a
crescente dificuldade em distribuir espacialmente o crescimento, constata-se que a
questão fundamental para o desenvolvimento regional não é mais a das
capacidades das regiões para atrair novos projetos de desenvolvimento, e passa a
ser a forma com que as regiões geram internamente as condições de transformação
das suas estruturas produtivas, na inclusão da população e na sua capacidade de
organizar-se enquanto comunidade.
Para Brose (2001)
[...] As ações desenvolvidas no âmbito do conceito do desenvolvimento
regional dizem respeito a estudos sobre a infra-estrutura na região e os
seus principais gargalos, os principais eixos estruturantes da região, a
competitividade sistêmica em relação a outras regiões e meios para
fortalecê-la, a análise da disponibilidade de recursos naturais e formas para
utilizá-los de forma sustentável
.
A questão central passou a ser novamente o desenvolvimento endógeno, a
promoção de uma rede de laços de trabalho e atividades econômicas, sociais e
políticas em favor das potencialidades da região, do aproveitamento dos recursos
(naturais, culturais, ético-morais), que pressupõe a forte presença do capital social,
103
visando ao aumento de eficiência de todos, com suas estratégias baseando-se na
utilização de pequenas e médias empresas, as quais surgem por iniciativas dos
agentes locais, de modo que possibilite a retenção dos valores econômicos, sociais
na própria matriz territorial.
Silva (2004), afirma que a teoria do desenvolvimento de base territorial
endógena procurou responder ao paradigma funcional até então dominante, cujos
pressupostos eram: a subalternização dos aspectos estruturais do desenvolvimento,
como os políticos, sociais e ambientais; uma visão economicista do
desenvolvimento, assentada em processos de acumulação de capital. o novo
paradigma conceitual do desenvolvimento regional, de base territorialista e
endógena, pressupõem que o desenvolvimento sealcançado pela mobilização
integral dos recursos das diferentes regiões para a satisfação prioritária das
necessidades das respectivas populações.
Segundo Bandeira (1999), ao descrever as macro-regiões Norte e Nordeste
do RS, as quais apresentam várias semelhanças com a Quarta Colônia, por serem
formadas por pequenas propriedades rurais e de imigração européia têm maior
potencial associativo o que vem a reforçar a hipótese, de Putnam, de que o capital
social é maior onde o civismo é mais intenso.
Essas regiões foram agrupadas como conseqüência das suas características
sociais, econômicas e culturais em relação à ocupação original e formação de
estâncias de criação de gado, imigração e colonização européia, expansão das
áreas coloniais, industrialização e metropolização, respectivamente. Bandeira (2003,
p.27), afirma que: “Existem diferenças significativas entre as regiões gaúchas no que
se refere aos indicadores de capital social em padrões bastante consistentes e que
se repetem na maior parte das variáveis estudadas”.
Santos (1996, p.206), também concorda de que os lugares podem se unir
horizontalmente, reconstruindo a base de vida comum, susceptível de criar normas
locais, normas regionais.. Identificando e fomentando as reais potencialidades da
região, como ocorre no CONDESUS onde os municípios integrantes conseguem se
104
articular para a formulação de políticas integradas na área de Turismo e afins, que
permitem a organização de arranjos produtivos, criando formas de representação da
vontade popular, identificada a partir da participação e necessidade de todos,
permitindo que uma nova forma de gestão do território seja criada, sendo que:
[...] Os estoques de capital social, como confiança, normas e sistemas de
participação, tendem a ser cumulativos e a reforçar-se mutuamente. Os
círculos virtuosos redundam em equilíbrios sociais com elevados níveis de
cooperação, reciprocidade, civismo e bem-estar coletivo.(PUTNAM, 2000,
p.186).
Os sistemas de participação cívica representam fortes interações horizontais,
revelando-se uma forma essencial de capital social, e quanto mais desenvolvidos
forem em uma comunidade, maior sea probabilidade de que seus cidadãos sejam
capazes de cooperar em benefício mútuo.
Apesar dos esforços na busca da diversificação da base econômica e
alternativa para o desenvolvimento local e regional, esbarram na falta de experiência
dos atores públicos, privados e institucionais locais, que retarda a solução de
problemas operacionais na remoção de entraves. Exemplo disso é o caso do
turismo, identificado por muitos como uma das potencialidades a serem exploradas
na região. Para que o turismo possa tornar-se uma atividade significativa, seria
necessário superar dificuldades, como a falta de tradição, reforço da identidade local
a infra-estrutura de serviços para esta atividade, a carência de mão-de-obra
qualificada, o desconhecimento dos produtos turísticos, a falta de inventários e de
material de divulgação, bem como a ausência de empreendimentos locais e a
inexistência de sinalização e acessos pavimentados em alguns atrativos turísticos.
Nessa perspectiva Beni (2000) comenta que: “O turismo promove a difusão
da informação sobre uma determinada região ou localidade, seus valores naturais,
culturais e sociais; abrem novas perspectivas sociais como resultado do
desenvolvimento econômico e cultural da região, integra socialmente”.
Assim como Beni, outros pesquisadores também corroboram que enquanto
estes entraves supracitados não forem equacionados o desenvolvimento turístico da
região estará comprometido.
105
Para que isso aconteça de maneira profunda e sustentável é necessário
maior integração desses destinos turísticos, localizados na região, com a elaboração
de um produto turístico único, que possa ser divulgado e vendido para outras
regiões do Estado, do País e também para fora do Brasil, como uma opção regional
de visitação, com possibilidades de conhecimentos de variadas atrações.
Conforme estudos de Petrocchi (1998, p.16), “Investir no turismo é estar
respaldado em uma tendência histórica mundial de crescimento firme e regular. O
turismo cresce com o aumento da renda per capita e da população”.
Não se trata simplesmente de integrar de forma positiva os conhecimentos,
referentes ao turismo, nos sistemas cognitivos e de agir de forma solidária, mas de
estabelecer relação de cooperação e negociação do potencial a fim de que os
atrativos e sua exploração sejam inseridos no sistema de representações para que
constituam parte da identidade local e social, exige, portanto, gestão,
regulamentações dos diferentes níveis de governo e competência administrativa.
O crescimento da atividade turística e o desenvolvimento regional não serão,
pois, obtidos a não ser pelo planejamento consciente do meio de propagação dos
efeitos do turismo, a partir do momento em que se torna uma ferramenta de análise
rigorosa e instrumento de uma política.
Em termos amplos, a participação, concertação é atualmente condição
elementar quando se trata de planejamento, sobretudo no turismo onde a atividade
apresenta alto valor agregado.
Por fim, observa-se que a economia dependente da Quarta Colônia vem se
constituindo em campo adequado para o turismo, e as políticas regionais (mesmo
que não se encontrem explicitadas em documentos oficiais) buscam tirar proveito
em face da sua capacidade de contribuir decisivamente para um processo de
desenvolvimento apesar da falta de percepção das administrações no que se refere
a expansão do turismo.
106
Em 2002, depois de muitas negociações com a Secretaria de Turismo do
Estado, foi realizada a licitação da sinalização da Rota paleontológica na região
central, uma das atividades previstas no projeto apresentado ao Governo do Estado
em 1999. Essa sinalização ainda se encontra em processo de confecção e tem
cronograma para o ano em curso.
Esse projeto turístico visou à integração regional para a criação de
instrumentos técnicos e científicos e a infra-estrutura necessária para a valorização
e preservação do patrimônio paleontológico dos municípios pertencentes à região
central do Estado do Rio Grande do Sul.
Segundo Itaqui (2005),
[...] “A grande quantidade de municípios que constituem a Rota
Paleontológica, o desconhecimento desse patrimônio natural, as
dificuldades de articulação com as instituições acadêmicas e científicas, o
forte corporativismo entre os especialistas e universidades foram fatores
que dificultaram a construção dos instrumentos organizacionais, técnicos e
jurídicos necessários para a articulação e implantação de programas
integrados de curto, médio e longo prazo
”.
A sinalização turística e a criação da Rota Paleontológia, busca propor o
desenvolvimento do turismo científico associado aos demais tipos de turismo, como
alternativa de renda e integração dos demais roteiros existentes na região e a
preservação do patrimônio histórico natural.
Como resposta aos problemas encontrados, e motivados pelas constantes
descobertas realizadas nos municípios da Região da Quarta Colônia, foi elaborado o
Projeto Parques Integrados da Quarta Colônia. Desta forma, com propostas
concretas, articuladas e conduzidas pelo CONDESUS/Quarta Colônia propondo
retomar a discussão em busca de somar esforços locais, estaduais e federais para a
criação da infra-estrutura necessária a fim de que o patrimônio paleontológico e
arqueológico seja estudado, valorizado e protegido, integrando-se concretamente
como patrimônio fundamental para o desenvolvimento sustentável da Quarta
Colônia.
107
A elaboração de projetos turísticos é de vital importância ao desenvolvimento
da atividade, sendo necessária a realização de levantamentos criteriosos da oferta,
pesquisa e análise da demanda potencial.
Ao mesmo tempo, requerem-se políticas públicas de controle e de
preservação ambiental em regiões mais pobres, necessitadas.
Bacelar (2003, p. 3) comenta que geralmente atividades econômicas
dinamizam-se áreas de condições de atração locacional com infra-estrutura,
recursos humanos qualificados, qualidade de vida da população, com adequação de
empreendimentos modernos, gerando maiores lucros. O estímulo à adoção de
novas posturas favoráveis ao desenvolvimento das atividades produtivas faz com
que se alterem paisagens, culturas, modos de vida, estruturas, relações sociais em
várias localidades, áreas excluídas tendem a permanecer à margem dos fluxos
econômicos principais assim como a Quarta Colônia.
Entretanto, hoje, estas áreas constituem um grande espaço potencial para
promoção da sua prosperidade. Requerem o esforço de talentos capazes de
desenvolver estas regiões através de projetos específicos, elaborados com base em
contatos diretos com a população, empresas e entidades públicas. Não dúvidas
quanto à eleição de ferramentas para tais empreitadas: - As Organizações Não
Governamentais (ONGs) e as Parcerias Público Privadas (PPP) . A agilidade que a
legislação brasileira deu às ONGs colocou-as em papel de destaque no
desenvolvimento regional, possibilitando que exerçam tanto o gerenciamento bem
como a gestão destes projetos e, mais ainda, fiscalizador destes planos, metas e
figuras econômicas. Também contam com a vantagem de poder receber fundos de
qualquer origem, seja ela blica, de empresas privadas e da pessoa do cidadão;
Quanto as PPPs, ainda que sua regulamentação não seja tão clara como os entes
privados desejariam, especialmente no que tange à avaliação dos valores de cada
parte societária, o quanto vale a parcela pública e quanto vale a privada, pode
chegar à subvalorização do bem público. Todavia, se administradas com absoluta
transparência desde o embrião das negociações entre o público e o privado
certamente esta é uma ferramenta muito importante para a atração de investimentos
108
e conseqüente capital social. Portanto quanto mais clara for a regulamentação das
PPPs, mais aumentará o número de regiões beneficiadas, especialmente as com
menos infra-estrutura, que tem um excelente potencial para atrair investimentos na
infra-estrutura necessária para que o capital social possa prosperar através de seus
próprios empreendimentos, alavancando um desenvolvimento regional sustentável e
com distribuição de renda mais equitativa.
No que diz respeito às atividades pontuais, estudos mostram que o
desenvolvimento do turismo em uma região não implica apenas questões
econômicas, mas sim uma série de fatores que demonstra suas diversas dimensões,
sejam elas sociais, políticas, culturais ou psicológicas. O turismo movimenta mais de
cinqüenta setores da economia, sendo uma das inúmeras formas de lazer, e tem a
competência no sentido de promover o desenvolvimento local e regional. Por isso, o
crescente interesse dos planejadores municipais pelo desenvolvimento do turismo
em sua cidade. Na região em estudo, Quarta Colônia, pertencente à Mesorregião da
Metade Sul do Rio Grande do Sul, ele surge como alternativa para a revitalização
econômica e social dos municípios.
Testemunhos declararam: - Quais os projetos, programas realizados nos
municípios, na área do turismo e cultura e a forma como eles se relacionam com as
políticas públicas da Metade Sul do Rio Grande do Sul e o CONDESUS/ Quarta
Colônia?
[...] Bom, prá começar,né? tu tem que gravar as entrevistas? Porque eu não
me lembro de todos os projetos que foram feitos aqui. Eu entrei prá
trabalhar na prefeitura municipal, e fui indicado prá compor o secretariado
da chapa do atual prefeito. Eu era bancário, e não tenho muita experiência
com o turismo, mas eu conheço muito bem a região,né? Sei que o Itaqui
anos vem trabalhando, desde a época quando era secretario em Silveira
Martins. Ele fez, junto com a Maria Angélica, o projeto de educação
patrimonial, e que na época, teve grande resultado. A partir daí que
começou a se pensar em turismo na Quarta Colônia. E logo depois veio os
roteiros integrados. Ah! também teve a Semana de cultura italiana em Vale
Vêneto, onde vêm muita gente de todos os lugares. Até a universidade faz
parte da programação cultural. Aqui, temos vários eventos, como as festas
do município, que também atrai muita gente, os restaurantes ficam tudo
cheio, faltam hotéis e geralmente o pessoal volta prá Santa Maria. Agora,
com a sinalização da rota paleontológica e a construção dos museus, muito
mais gente vai vir aqui visitar a região,né?Temos também, a clínica
oftalmológica,que vem gente de tudo que é lugar pra consultar, é ônibus
cheio que chega aqui. Claro, que essas pessoas acabam gastando o
dinheiro, em lojas, farmácias e lanchonetes. Até, teve um caso, que os
109
clientes de um restaurante reclamou,quando chegam os turistas, a gente
não tem lugar nem prá comer,fica tudo cheio, é um nojo.
Olha! Prá te falar a verdade, ouvi alguma coisa sobre as política de
desenvolvimento, mas política é política, né? E a metade sul, sempre
reclamando, mas não sei se vai dar em alguma coisa. Se ela se relaciona
com o turismo, eu não sei te dizer. Acho que qualquer incentivo é bem
vindo, tu não vê a serra gaúcha, todo mundo vai lá visitar, e aqui nós
também temos lugares lindíssimo. E agora mais ainda com a paleontologia,
e com a construção dos museus, tu sabe, né? Foi aprovado pelo ministério
e tão até desapropriando a área. Acredito que o retorno vai ser muito
grande pro município. O que precisa da população é uma cultura turística,
as pessoas não entendem que tratar bem as pessoas que chegam aqui,
trás retorno pra cidade.
O turismo começou a se desenvolver no início do culo (década de 20),
quando turistas vinham veranear em Silveira Martins. Na época, a cidade
tinha três hotéis e na Quarta Colônia, efetivamente, o turismo passou a ser
desenvolvido com o início do projeto Turístico Integrado, em 2002. No ano
de 1994, iniciou com o projeto de educação patrimonial onde foram feitos
roteiros integrados. No ano de 2002, quando através do CONDESUS
houve movimento dos prefeitos e se uniram para assinarem com o
SEBRAE projeto para desenvolver o turismo na região.
A partir disso, começou-se a pensar o turismo de forma integrada,
contribuindo para as ações em desenvolvimento na região. Acreditando
que essa visão integrada fortalecerá o desenvolvimento e dará sustentação
para a que a região se transforme em um destino turístico.
Atualmente, tem-se a situação do turismo um pouco mais complexa, exigem-
se melhores condições de estradas, melhores condições de atendimento, as
pessoas não vêm especificamente para a região, a grande maioria exige dos
serviços uma atenção especializada, são pessoas de certo poder econômico e
formação cultural, bem mais exigentes do que o sistema tradicional que está sendo
organizado, então a tendência é qualificar. Passa a se pensar o turismo de forma
integrada, no conjunto da região, começa a aparecer o conceito da Quarta Colônia
como elemento de integração da microrregião. Entretanto, no que se referem às
políticas públicas da Metade Sul do Rio Grande do Sul e o CONDESUS/ Quarta
Colônia há um desconhecimento geral por parte dos entrevistados.
Ao serem interrogados sobre “de que maneira as políticas públicas podem
estar impedindo a consolidação do produto turístico?”
As respostas obtidas foram de que não existe impedimento para a
consolidação do turismo na região.
Quanto às perspectivas referentes
a políticas públicas para os agentes que
110
participam da atividade turística?
[...] As respostas obtidas estão na participação da UNIFRA e do SESC no
desenvolvimento turístico da Quarta Colônia. Existe um protocolo de
intenções entre o Centro Universitário Franciscano e o Consórcio da
Quarta Colônia. A cada trabalho a ser iniciado em um determinado
município é fechado um convênio em especial.
Os convênios abrangem os nove municípios: Dona Francisca, Silveira
Martins, Faxinal do Soturno, o João do Polêsine, Ivorá, Nova Palma,
Pinhal Grande, Agudo e Restinga Seca. Os objetivos destes são conjugar
esforços no sentido de realizar ões conjuntas que visem mapear,
classificar, hierarquizar, organizar e disponibilizar a potencialidade turística
do território geográfico pertinente ao Condesus para valorizar a oferta e o
produto turístico regional, buscando fortalecer a dimensão socioeconômica
do turismo, enquanto atividade humana geradora de novos postos de
trabalho, produção, renda e lazer.
Verifica-se que além dos convênios e ações do Condesus, pode-se observar
resultados mais significativos caso os secretários de turismo desenvolvessem mais
propostas e conseqüentes projetos para seus respectivos municípios,
descentralizando parte do já sobrecarregado Condesus. Recursos existem em vários
portais, tanto públicos como privados, brasileiros e até europeus. Coordenar estes
projetos de forma independente e ao mesmo com assistência conjunta vai
determinar o sucesso das políticas municipais da Quarta Colônia.
No próximo capítulo buscar-se-á descrever o potencial turístico da Região da
Quarta Colônia, a participação da região na economia do estado, bem como
descrever seus principais pontos turísticos e fazer uma análise das ações
desenvolvidas nos últimos dez anos no setor. Conforme trabalho realizado pela
equipe de Planejamento do Porto Alegre Turismo – Escritório Municipal 2001.
111
3 PREDISPOSIÇÃO ECONÔMICA E POTENCIALIDADES TURÍSTICAS DOS
MUNICÍPIOS DA QUARTA COLÔNIA
3.1 A influência da Quarta Colônia no Rio Grande do Sul
A Colônia de Silveira Martins, Núcleo de Colonização Italiana organizada
pelo império para receber imigrantes vindos do norte da Itália, em conjunto com as
outras três colônias da região nordeste do Estado, hoje os municípios de Garibaldi,
Bento Gonçalves e Caxias do sul, merece destaque nesta pesquisa, pelo fato de
apresentarem potencialidades semelhantes, mas que com o passar do tempo foram
sendo diferenciadas , pelo modo de produção , pelo investimento , pela elaboração
de profissionais capacitados e desta construção as parcerias com entidades e
convênios com agentes exteriores, cita-se o caso da elaboração do roteiro turístico
rural. Rota da Uva e do Vinho.
Com o advento das administrações municipais da gestão 1993/1996, os
prefeitos, reuniram-se para, em conjunto, estudarem ações políticas, administrativas
e econômicas que viabilizassem um desenvolvimento sustentável da região.
Em leitura do jornal Diário de Santa Maria (23/12/2003), segundo o Ministro
da Secretaria Especial do Conselho do Desenvolvimento Econômico e Social, Tarso
Genro, afirmou que a Quarta Colônia é um exemplo de sociedade organizada, e que
se posiciona em torno do desenvolvimento. Nesta reunião foi assinado um
protocolo de intenção, pelos representantes do governo e pelo anterior ministro do
Turismo Milton Zuanazzi, com um investimento de R$ 3,6 milhões para a criação de
uma rota paleontológica e a construção de 4 parques e museus paleontológicos em
Faxinal do Soturno, São João do Polêsine, Agudo e Dona Francisca, unificando num
único pacote publicitário a marca Quarta Colônia, apresentando a rota às agências
nacionais e internacionais. A concretização dessa meta irá proporcionar que o
turismo e o patrimônio cultural sejam os principais beneficiários, consolidando a
Quarta Colônia como sendo ela realmente um produto turístico viável, e
profissionalizando a atividade na região.
112
Portanto, este capítulo tem como objetivo realizar a análise da economia
vigente e das potencialidades econômicas de cada um dos municípios da região da
Quarta Colônia. A partir dos dados econômicos e demográficos apontados, será
possível realizar inferências sobre o aproveitamento dos recursos da região em
relação às atividades turísticas.
3.2 Análise do município de Agudo
O município de Agudo está localizado na margem esquerda do rio Jacuí,
encostas da Serra Geral, abrangendo uma área de 524,70 km
2
. O município
pertence à Mesorregião Centro Ocidental Rio-grandense e Microrregião de Restinga
Seca. Sua distância da capital do Estado (Porto Alegre) é de 250 km (ITAQUI, 2002,
p. 35).
Segundo o Condesus (2007)
8
, Agudo aparece pela primeira vez num mapa
organizado, no ano de 1800. O Governo Provincial cria na região, a Colônia Santo
Ângelo, nome dado em homenagem ao então Presidente da Província, Ângelo
Muniz Ferraz. Apenas emde novembro de 1857, os primeiros imigrantes alemães
chegam a Cerro Chato, a margem esquerda do Rio Jacuí. O território, na década de
1820, passa a fazer parte do município de Cachoeira do Sul. Antes de tornar-se uma
cidade, o lugarejo foi denominado posteriormente, distrito e vila. Somente em 1957,
com o movimento emancipacionista, passou à condição de município
desmembrando-se dos municípios de Cachoeira do Sul e Sobradinho. Atualmente, o
município comemora 43 anos de emancipação político-administrativa, com uma
população de 17.000 habitantes, sendo a grande maioria descendente de imigrantes
alemães. Segundo o site oficial do Município
9
, o nome Agudo originou-se de um
morro localizado a oeste do município, com 429 metros de altura. No território que
compreende o atual município, foram encontrados vestígios arqueológicos das
tradições Humaitá, Vieira e Tupi-guarani. Esses índios foram aldeados nos culos
XVII e XVIII.
8
CONSÓRCIO DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO SUSTENTÁVEL DA QUARTA COLÔNIA
(CONDESUS). Quarta Colônia de Imigração Italiana do RS. CD-ROM, 2002.
9
Disponível em: <http://www.agudo.rs.gov.br/portal1/municipio/historia.asp?iIdMun=100143002.> Acesso em
11.fev.2007.
113
A população do município em 2005, segundo a FEE
10
, constava de 17.981
habitantes, estando a maioria estabelecida no meio rural (11.214) em relação ao
meio urbano (6.767), obtendo uma densidade demográfica de 33,5 habitantes por
km
2
. A expectativa de vida é de cerca de 73,24 anos.
Dados fornecidos pelo IBGE
11
mostram a situação do município no que diz
respeito à saúde e educação. A cidade possui 11 estabelecimentos de saúde, sendo
que 6 são blicos e 5 privados, oferecendo um total de 65 leitos à população. Além
disso, tem 2.554 alunos matriculados no ensino fundamental (2004) e 485 alunos
matriculados no ensino médio (2004), distribuídos entre escolas públicas e privadas,
contendo 181 docentes no ensino fundamental e 52 docentes no ensino médio.
Com relação à questão econômica, é relativamente estável com a
agropecuária atingindo maior percentual, a indústria em segundo lugar, seguidos do
comércio e da prestação de serviços. Destaca-se na agricultura comercial a
produção de arroz, de fumo, comercializado in natura, e, ainda, a produção de
morangos, de milho e feijão.
Outra atividade de relevância é a pecuária do município, diversificada,
conforme pode-se ver na tabela abaixo, a qual mostra como se distribui a criação de
animais por espécie:
Tabela 4 Efetivo dos Rebanhos do Município de Agudo (2003) por ordem de
importância.
Tipo de Rebanho Quantidade (cabeças)
Frangos
Suínos
Bovinos
Ovinos
Eqüinos
70.698
18.012
16.159
1.159
715
Fonte: www.ibge.gov. br, 2007. Acesso em 11.fev.2007. Fundação Instituto Brasileiro de Economia e
Estatística (IBGE). Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/cidadesat/default.php.
10
FUNDAÇÃO DE ECONOMIA E ESTATÍSTICA (FEE). Disponível em:
<http://www.fee.rs.gov.br/sitefee/pt/content/estatisticas/pg_populacao_tabela_03.php?ano=2005&letra=A&nome=
Agudo>. Acesso em 11.fev.2007.
11
FUNDAÇÃO INSTITUTO BRASILEIRO DE ECONOMIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Disponível em:
<http://www.ibge.gov.br/cidadesat/default.php.> Acesso em 11. fev.2007.
114
A criação de outras espécies também aparece nas estatísticas, porém em
menor destaque. Os produtos originários da pecuária são a carne, o leite, ovos e lã.
Esses dados indicam que a produção de carne e seus derivados (só em leite foram
produzidos 4.466 litros) garantem o fornecimento de uma alimentação adequada ao
turista, principalmente se vinculada às tradições culturais da região. A exemplo disto,
tem-se o frango, cuja criação é destaque no município, como elemento principal do
cardápio. Outro exemplo é o queijo, derivado do leite, e também, o salame, sub-
produto da carne suína que pode ser comercializado nos estabelecimentos do
município. A da ovelha pode ser utilizada na confecção de vestuário e decoração;
o mesmo acontecendo com o couro bovino. Este aproveitamento da pecuária
existe, no município, mas pode melhorar se estiver voltado para a atividade turística,
aumentando seu valor de revenda e proporcionando maior renda ao produtor rural.
Em relação à agricultura, verifica-se a ocorrência, no município, de dois tipos
de lavouras, a permanente e a temporária, conforme classificação do IBGE. A
lavoura permanente é constituída de frutas e verduras. Na Tabela 5, observa-se os
principais produtos de lavoura permanente do município.
Tabela 5 Produtos da lavoura permanente do município de Agudo RS (2003) por
ordem de importância
.
Produtos Quantidade (toneladas)
Laranja
Pêra
Pêssego
Tangerina
Limão
Uva
Banana
Goiaba
Caqui
Figo
Mamão
977
207
110
96
70
50
48
30
18
15
11
Fonte: www.ibge.gov. br, 2007. Acesso em 11.fev.2007. Fundação Instituto Brasileiro de Economia e
Estatística (IBGE). Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/cidadesat/default.php.
A análise destes indicadores mostra que existe uma produção em grande
quantidade de frutas que podem ser canalizadas para a indústria turística. As frutas,
dentro do cardápio alemão, misturam o sabor salgado ao doce, constituindo
oportunidade de criação de diversos produtos como compotas; cucas; doces em
geral; frutas cristalizadas e desidratadas; balas; sucos embalados; vinho (de laranja
e de uva), polpas e geléias. As frutas também podem ser o atrativo de festas, muito
115
comum no Estado. Além disso, estas frutas podem fazer parte do cardápio oferecido
ao visitante nos cafés coloniais e nos restaurantes de comidas típicas, de forma
isolada ou em saladas de frutas. O sorvete delas também pode se tornar uma
importante fonte de comercialização.
A lavoura temporária, ainda seguindo a classificação do IBGE, constitui-se
nas plantações com safra. A seguir, ver-se-á os principais produtos deste tipo de
plantação do município de agudo.
Tabela 6 Produtos da lavoura temporária do município de Agudo RS (2003)
por
ordem de importância.
Produtos Quantidade (toneladas)
Arroz
Milho
Fumo
Mandioca
Batata-doce
Cana-de-açúcar
Tomate
Cebola
Feijão
Melão
36.673
14.400
9.000
7.500
6.900
6.200
300
180
58
9
Fonte: www.ibge.gov. br, 2007. Acesso em 12.fev.2007. Fundação Instituto Brasileiro de Economia e
Estatística (IBGE). Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/cidadesat/default.php.
Analisando os produtos da lavoura temporária do município de Agudo,
verifica-se que o arroz e o milho ocupam posição de destaque, sendo que um dos
motivos da grande plantação de milho é a alimentação animal. Porém, o milho ainda
serve como alimento em muitos pratos típicos, além de um derivado do produto, a
farinha de milho, que pode ser utilizada na preparação de pães e bolos. O mesmo
acontece com a farinha de mandioca, que é muito apreciada como
acompanhamento no tradicional churrasco gaúcho. A partir da cana-de-açúcar é
produzido o melado, ingrediente de inúmeros tipos de rapaduras, que podem ser
vendidos aos turistas. O tomate, a cebola e o feijão servem como alimentos e/ou
condimentos importantes na alimentação do visitante.
As principais indústrias do município estão no meio calçadista, beneficiamento
de cereais e madeiras, confecções, alimentos, artefatos de cimento, e couro, além
das metalúrgicas e olarias.
116
Em relação à oferta de serviços e recepção ao cliente, com base nos
indicadores do IBGE e do site oficial do município, construiu-se a tabela 6, que
permite visualizar este segmento no município de Agudo.
Tabela 7 Oferta de Serviços Estrutura de Atendimento ao turista do município de
Agudo – RS
(2003)
Produtos Quantidade
Hotéis
Pousadas
Camping
Restaurantes e afins
Agências Bancárias
Empresas comerciais
Atividades Imobiliárias
Serviços de transporte, armazenagem e comunicações
01
02
01
11
04
324
17
38
Fonte: www.ibge.gov. br, 2007. Acesso em 11.fev.2007. Fundação Instituto Brasileiro de Economia e
Estatística (IBGE). Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/cidadesat/default.php.
Verifica-se, pela tabela acima, que o número de estabelecimentos destinados
a receber visitantes (alimentar e hospedar) é pequeno, tendo em vista a própria
demanda. Da mesma forma, serviços de assistência ao visitante o reduzidos, o
que torna o município, atualmente, despreparado para recebê-los em grande
número. No comércio, o destaque fica em conta dos móveis, eletrodomésticos,
construções civis, alimentos e confecções. Em relação à situação do transporte,
verifica-se o acesso somente por rodovias. Além disso, os pontos turísticos
encontrados nos município situam-se, em sua maioria, em áreas particulares, não
havendo uma estrutura de recepção aos visitantes.
O Balneário Drews fica localizado na Linha Boêmia, a 14 Km da cidade de
Agudo e próximo à Usina Hidrelétrica de Dona Francisca. O balneário oferece área
de banho nas águas do Arroio Corupá com trampolim para mergulho, área com
churrasqueira, campo de futebol e vôlei na areia, cancha de bocha e pracinha,
cabana e quartos para locar, venda de produtos coloniais, além de uma gruta com a
imagem do Santo Expedito.
Cascata Raddtatz: Em meio a uma natureza exuberante, cercada de mata
nativa com uma rica flora de plantas, como bromélias e orquídeas, fontes de águas
límpidas, encontra-se uma belíssima cascata com 32 metros de queda d’água e
escadaria de acesso com 132 degraus. Localizada em Linha Nova, interior do
117
município, a cascata é um dos pontos turísticos mais visitados em Agudo. Nos 12
Km do caminho em estrada de chão, passa-se por locais interessantes, como a
Linha Branca, paredões de rocha basáltica, propriedades de pequenos agricultores e
algumas casas típicas da região da colonização alemã.
No caminho para a Usina Hidrelétrica Dona Francisca, muitos açudes,
cemitérios de famílias locais, casas de Pedra e plantações de arroz. Passa-se
também pelo Morro da Igreja e pelo Rio Jacuí que faz margem com a estrada ao
longo do percurso. A Usina está situada a 28 Km da sede do município na localidade
de Nova Boêmia. Esta Usina foi construída em 1999 e inaugurada em 2001. Ela é o
primeiro empreendimento hidrelétrico do Estado do RS a ser construído de acordo
com a moderna legislação ambiental brasileira, com capacidade de geração de 125
MW. Localizada na Nova Boêmia, entre os municípios de Nova Palma e Agudo, é o
quinto pólo de aproveitamento energético do Rio Jacuí.
O Morro Agudo que serviu de inspiração para o nome do município está
localizado a oeste da cidade, com 429 metros de altura. A trilha do Morro Agudo é
caracterizada pela diversidade ambiental e pela paisagem rural composta por
agricultores que trabalham nas suas lavouras, campos, matas secundárias,
formações de rochas entre outras belezas naturais e representações da cultura
local. A vegetação que prevalece no morro é típica de áreas pedregosas e áridas,
com cactos e bromélias em seu ponto mais alto. Do pico do morro pode-se visualizar
quatro municípios da região: Agudo, Dona Francisca, São João do Polêsine,
Restinga Seca, e ainda o Rio Jacuí que serpenteia toda região.
O Monumento Imigrante onde se encontra osrestos mortais de 18 imigrantes,
foi construído em 1907 em comemoração ao Cinqüentenário da Imigração Alemã no
Estado. Hoje, o Monumento simboliza a sua chegada dos alemães e toda força e
garra utilizadas para reconstrução de uma nova morada.
A Gruta do Índio, de arenito, com uma entrada de aproximadamente 15m de
largura por 8m de altura, onde, segundo a comunidade local habitaram povos
indígenas. As características da gruta e seu mistério fazem com que ela se
transforme em um ponto de interesse para visitação.
118
O Instituto Cultural Brasileiro Alemão de Agudo (ICBAA) é um brilhante legado
do Pastor Richard Rudolf Brauer, líder comunitário e religioso de Agudo. Fundado
em 1982, por um grupo de colaboradores, o ICBAA abriga, em sua ampla sede,
edificada em estilo enxaimel e sombreada por mata nativa, um centro cultural com
museu (Museu Histórico Pastor Rudolf Brauer), auditório (Auditório João Gerdau),
biblioteca alemã, salas de vídeo e de oficinas culturais.
O Balneário e Cascata Friedrich localiza-se a 1200 metros da RST 287 e a 11
Km da cidade de Agudo. Durante a temporada de verão, de dezembro a março,
oferece os seguintes atrativos: área de camping, esportes e lazer; churrasqueiras,
luz elétrica; banheiros equipados; instalação de água natural; cancha de bocha,
trilhas auto guiadas; cascata natural; piscina; amplo estacionamento; produtos
coloniais; artesanato; bar, pavilhões para festa e eventos, além de muita sombra e
belezas naturais.
3.3 Análise do município de Dona Francisca
Dona Francisca é a antiga colônia de Santo Ângelo, criada em 1855, situada
à margem direita do Rio Jacuí, pertencente à Cachoeira do Sul. Sua sede era a
Fazenda Santo Antônio, de propriedade de José Gomes Leal. Por volta de 1880, a
fazenda foi vendida para a família Mostardeiro, e o nome da cidade foi uma
homenagem à esposa do novo proprietário, pois a primeira linha demarcatória da
vila foi denominada Dona Francisca. A partir de 1883, foram estabelecidas as bases
para colonização das terras por imigrantes alemães e italianos.
Os colonos alemães fixaram-se em Linha Ávila e, os italianos, oriundos de
Vêneto e Treviso, onde hoje é Linha Grande, Linha do Moinho e Linha do Soturno. O
rápido desenvolvimento econômico, fruto do trabalho dos imigrantes, fez com que
Cachoeira do Sul, no primeiro quarto deste século, instalasse em Dona Francisca a
sede do 5º distrito. Este constituído pelas localidades de Dona Francisca, Faxinal do
Soturno, Linha Ávila, Santos Anjos, São João do Polêsine e Vale Vêneto. Em 1934,
chegaram da Itália as Irmãs Palotinas, criando a primeira Congregação da Ordem na
119
América Latina, e fundando a Escola São Carlos. em 1959, Dona Francisca
solicitou emancipação.
Dona Francisca, situada entre a Serra de São Martinho e as várzeas do Rio
Jacuí, situação privilegiada que lhe confere características ambientais únicas. A
partir de então, foram estabelecidas as bases para a colonização por imigrantes
italianos e alemães, principalmente na localidade de Trombudo. O município
emancipou-se em 1965, desmembrando-se de Faxinal do Soturno (17/7/1965 - Lei
nº. 4993).
Decretada a emancipação, foi realizado um plebiscito para escolher a sede do
município entre Dona Francisca e Faxinal do Soturno, povoado do mesmo distrito,
onde este foi vencedor. Em 1965, Dona Francisca consegue sua autonomia, pela Lei
nº 4993, de 17 de julho de 1965, desvinculando-se de Faxinal do Soturno.
O Rio Jacuí é o principal patrimônio de Dona Francisca. O cais do porto tem
hoje um grande valor histórico por ter servido como principal escoadouro da
produção agrícola da região. Atualmente, é também um espaço para diversão,
recreação e lazer. Neste sentido, são incentivadas atividades como a canoagem, a
pesca esportiva e passeios a barco.
O município ocupa uma área de 114,35 km
2
. Sua população em 2005,
segundo o IBGE, constava de 3.822 habitantes, sendo que 2.215 habitantes moram
no meio urnbano e 1,607 habitantes residem no meio rural, com uma densidade
demográfica de 34,8 habitantes por km
2
. A expectativa de vida é de cerca de 69
anos.
Dados fornecidos pelo IBGE
12
mostram a situação do município no que diz
respeito à saúde e à educação. A cidade possui três estabelecimentos de saúde
sendo que dois são públicos e um privado, oferecendo um total de 27 leitos à
população. No que diz respeito à educação, possui 665 alunos matriculados no
12
FUNDAÇÃO INSTITUTO BRASILEIRO DE ECONOMIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Disponível em:
<http://www.ibge.gov.br/cidadesat/default.php.> Acesso em 11.fev.2007.
120
ensino fundamental (2004) e 147 alunos matriculados no ensino médio (2004),além
de 39 docentes no ensino fundamental e 15 docentes no ensino médio.
A pecuária do município é diversificada como nos outros municípios da
Quarta Colônia, conforme pode-se ver na tabela a seguir:
Tabela 8 Efetivos dos Rebanhos do Município de Dona Francisca (2003) por
ordem de importância.
Tipo de Rebanho Quantidade (cabeças)
Frangos
Bovinos
Suínos
Ovinos
Coelhos
Eqüinos
15.112
3156
4580
1.159
320
75
Fonte: www.ibge.gov. br, 2007. Acesso em 14.fev.2007. Fundação Instituto Brasileiro de Economia e
Estatística (IBGE). Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/cidadesat/default.php.
Semelhante ao Município de Agudo, Dona Francisca apresenta destaque na
produção de frangos e seus subprodutos. Porém, aqui, os bovinos apresentam um
número maior de cabeças. um destaque relevante para os coelhos, criados nas
propriedades familiares. Além disso, constatou-se a expressiva produção de mel de
abelhas (2,2.64 kg), que é um importante produto para a economia local. Também,
como no município anterior, podem ser evidenciados subprodutos, como o queijo e o
salame; produtos comercializados em grande escala para turistas.
A seguir, verifica-se como está a situação do Município de Dona Francisca em
relação à Lavoura Permanente.
Tabela 9 Produtos da lavoura permanente do município de Dona Francisca RS
(2003)
por ordem de importância.
Produtos Quantidade (toneladas)
Laranja
Tangerina
Pêra
Uva
Caqui
Pêssego
Limão
80
30
19
18
16
9
6
Fonte: www.ibge.gov. br, 2007. Acesso em 14.fev.2007. Fundação Instituto Brasileiro de Economia e
Estatística (IBGE). Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/cidadesat/default.php.
121
Observa-se que, em Dona Francisca, há uma grande produção de frutas
cítricas, o que pode gerar a produção de sucos naturais. O vinho, resultante tanto da
uva como do pêssego, também pode ter a sua produção incrementada. Pêssego e
pêra podem ser utilizados na produção de geléias, doces em geral e compotas.
Vê-se, a seguir, os principais produtos de lavoura temporária do município de
Dona Francisca.
Tabela 10 Produtos da lavoura temporária do município de Dona Francisca RS
(2003) por ordem de importância.
Produtos Quantidade (toneladas)
Arroz
Cana-de-açúcar
Milho
Feijão
Mandioca
Soja
Fumo
Batata-doce
Melancia
Trigo
Amendoim
13.507
5.200
1890
1.656
646
216
176
90
45
40
8
Fonte: www.ibge.gov. br, 2007. Acesso em 14.fev.2007. Fundação Instituto Brasileiro de Economia e
Estatística (IBGE). Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/cidadesat/default.php.
Analisando-se a tabela acima, verifica-se uma grande produção de arroz,
cana-de-açúcar, milho e feijão, utilizados na alimentação diária. Estes produtos
podem ser a base da alimentação do turista, juntamente com as carnes produzidas
no município.
Com relação à oferta de serviços e recepção ao cliente, tendo como base nos
indicadores do IBGE e do site oficial do município, originou a tabela 7, que permite
visualizar este segmento no município de Dona Francisca. Quanto à estrutura de
atendimento ao turista só existem dados do número de bares e restaurante, que são
10 estabelecimentos.
Assim como no município de Agudo, o número de estabelecimentos
destinados a receber visitantes (alimentação e hospedagem) é pequeno, tendo em
122
vista a própria demanda. Da mesma forma, serviços de assistência ao visitante são
reduzidos. Isso torna o município, atualmente, despreparado para receber turistas
em grande número.
Atrativos Turísticos existem vários. Dentre eles destaca-se: o Rio Jacuí, que é
o principal patrimônio de Dona Francisca, cujo porto tem hoje um grande valor
histórico, por ter servido com principal escoadouro da produção agrícola da região.
Uma das formas de valorizar a sua importância é transformá-lo, também, em espaço
para diversão, recreação e lazer. Neste sentido, são incentivadas atividades como a
canoagem, a pesca esportiva e os passeios de barco.
A praça Padre José Iop é o principal ponto de referência, devido a sua
localização estratégica oportuniza um visual amplo: ao Norte, o imponente morro
Santo Antônio e ao Sul, o Rio Jacuí com suas produtivas várzeas.
A Igreja Matriz São José, construída em 1942, em estilo romano, considerada
uma das mais belas igrejas do estado. As figuras internas foram pintadas pelo artista
italiano Ângelo Lazarini.
O Parque Histórico Municipal, Obaldino Benjamin Téssele, inaugurado em
1986, tornou-se um complexo turístico próximo ao rio Jacuí, homenageando as
origens do município. Com casas típicas italianas e alemãs mobiliadas com objetos
autênticos da época da colonização são usadas para exposições e festividades.
O imponente Morro Santo Antônio, com 382,5 metros de altura, é beleza
natural de destaque do Município de Dona Francisca, onde em seu cume pode-se
visualizar uma cruz a qual foi a primeira a ser colocada no local, data de 22 de
novembro de 1959, por pessoas da comunidade lideradas pelo Padre Luizinho
Vendrusculo, com o objetivo de proteger o Município. Na oportunidade foi recebido
um telegrama do Papa João XXIII, concedendo à Paróquia de Dona Francisca uma
Benção Apostólica. A segunda cruz foi posta em 1985 por um grupo de jovens
franciscanos liderados por Alexandre Cassol Rampelotto, em função da primeira ter
sido destruída pelo fogo.
123
No Monumento à Nossa Senhora dos Navegantes, às margens do Rio Jacuí,
no Parque Histórico Obaldino Benjamin Tessele, encontra-se a padroeira do
Município.
A Panorâmica do Tobogã e Teleférico: privilegia ao visitante deleitar-se num
jogo de cores sempre novas e desfrutar de paisagens únicas que se estendem ao
infinito. Além de poderem utilizar um escorregador gigante e um teleférico.
Outros pontos para o desfrute dessa paisagem marcada pela cultura alemã e
italiana encontram-se na localidade do Trombudo. O primeiro ponto é a casa da
Família Friedrich, construída em 1920; o outro é o sobrado da Família Secretti,
construído em 1910. São prédios rústicos, exemplares únicos da arquitetura colonial
alemã e italiana, no Rio Grande do Sul. Percorrer seus ambientes é voltar no tempo.
As madeiras falquejadas, as paredes de tijolos feitos pelos próprios imigrantes e a
distribuição dos espaços, dão a sensação de viver-se numa casa medieval. Estes
prédios são relíquias que devem ser visitados. Na localidade do Trombudo, também
pode ser visitada a Furna do Morcego; uma obra da natureza esculpida na pedra.
Não muito longe se encontra a Cascata da Família Segatto. No local, pode-se
encontrar uma importante diversidade de espécies florestais, que fazem o entorno
da cascata. O passeio a estes lugares pode ser feito em uma caminhada
emocionante. Com isso os visitantes podem desfrutar do contato com a natureza e
aproveitar o ar puro.
3.4 Análise do município de Faxinal do Soturno
O local onde hoje se encontra o município de Faxinal do Soturno pertenceu
ao município de Rio Pardo, sendo iniciado o povoamento da sede por volta de 1884.
É destacável o fato de a sede nunca ter sido "vila", tendo passado à categoria de
cidade com a emancipação do município.
Tanto para as antigas denominações quanto para o nome atual, o existe
documentos que determinem sua origem. Sobre o nome Faxinal do Soturno, sabe-
se que foi motivado pelos pantanais ribeirinhos que, nos primeiros tempos,
124
apresentavam-se cobertos de mato cerrado e escuro, lugar soturno e perigoso,
principalmente no inverno. O nome foi aplicado por uma equipe da Carta Geográfica
que percorreu o rio Jacuí estudando as possibilidades de navegação.
Junto ao rio Soturno havia grandes extensões de faxinal, campo coberto de
mato curto. Então se uniram os dois nomes formando Faxinal do Soturno. A origem
do seu nome Faxinal vem da denominação dada à vegetação que cobria esta
região, na época da colonização. A riqueza do solo trabalhado pelos braços
abnegados dos colonos, os recursos de industrialistas, o trabalho dos operários, o
desenvolvimento do comércio, tudo isso, aliado à tradição da fé cristã, contribuiu
para o crescimento de Faxinal do Soturno. Com o progresso econômico-social,
começou-se a pensar no aspecto político-administrativo.
A População total do município é de 6.978 habitantes. De acordo com o IBGE
(2003), 60% de sua população vive na área urbana e 40% na área rural. Seu
território é de 169,95 km². O município possui 5 estabelecimentos de saúde, 2
públicos e 3 privados, oferecendo um total de 35 leitos para a população. A rede
escolar abriga 995 alunos no ensino fundamental e 224 alunos no ensino médio,
sendo atendidos por 79 docentes no ensino fundamental e 22 no ensino médio,
respectivamente (IBGE, 2003).
O sustentáculo da economia é a agropecuária, seguida do comércio, da
indústria e prestação de serviços. Esta base econômica faz de Faxinal do Soturno
não o centro geográfico da Quarta Colônia, como também um grande centro
comercial. Aliado a isso, ocorrem grandes eventos durante o ano, conferindo a esta
bela cidade um forte elemento de atrativo turístico.
A pecuária do município é diversificada, conforme se pode ver na tabela a
seguir, a qual mostra como se distribui a criação de animais por espécie:
125
Tabela 11– Efetivos dos Rebanhos do Município de Faxinal do Soturno (2003) por
ordem de importância.
Tipo de Rebanho Quantidade (cabeças)
Frangos
Bovino
Suínos
Ovinos
Codornas
Eqüinos
13.645
7.651
3.718
822
330
210
Fonte: www.ibge.gov. br, 2007. Acesso em 14.fev.2007. Fundação Instituto Brasileiro de Economia e
Estatística (IBGE). Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/cidadesat/default.php.
Em comparação aos demais municípios estudados, Faxinal do Soturno
apresenta percentuais semelhantes na produção pecuária, com destaque para os
frangos, bovinos e suínos, gerando assim os mesmos subprodutos para
comercialização ao turista. A produção de codornas, aparece como diferencial dos
municípios anteriores cujo ovo é muito apreciado e o mel de abelha também
importante na região.
A tabela a seguir mostra-nos os números encontrados para a Lavoura
Permanente em Faxinal de Soturno. Três produtos destacam-se: laranja, uva e
banana, sendo que os três podem ser utilizados na confecção de sucos, doces,
compotas e subprodutos.
Tabela 12 Produtos da lavoura permanente do município de Faxinal do Soturno
RS (2003) por ordem de importância.
Produtos Quantidade (toneladas)
Laranja
Uva
Banana
Tangerina
Caqui
Limão
Figo
Pêssego
450
208
198
22
17
6
5
5
Fonte: www.ibge.gov. br, 2007. Acesso em 14.fev.2007. Fundação Instituto Brasileiro de Economia e
Estatística (IBGE). Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/cidadesat/default.php
.
Observando-se a tabela a seguir, verifica-se que a lavoura permanente tem
destaque para arroz, cana-de-açúcar, milho, soja e mandioca. Destes produtos,
além da alimentação do visitante, a cana-de-açúcar pode ser útil para fabricação de
126
produtos à base de melado, combinados ou não com amendoim.
Tabela 13 Produtos da lavoura temporária do município de Faxinal do Soturno
RS (2003) por ordem de importância.
Produtos Quantidade (toneladas)
Arroz
Cana-de-açúcar
Milho
Fumo
Soja
Mandioca
Batata-Inglesa
Feijão
Batata-doce
Cebola
Trigo
Amendoim
Melancia
10.860
10.000
3.150
2.552
1.440
1.440
275
220
180
140
140
59
16
Fonte: www.ibge.gov. br, 2007. Acesso em 14.fev.2007. Fundação Instituto Brasileiro de Economia e
Estatística (IBGE). Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/cidadesat/default.php.
Em relação à oferta de serviços e recepção ao cliente, com base nos
indicadores do IBGE e do site oficial do município, verificou-se que existe apenas 03
hotéis e 02 restaurantes no município.
A Igreja Matriz foi construída em estilo moderno com 02 séries de janelas
duplas romanas, seus belos afrescos datam de 1956 e foram executados por Angelo
Lazzarini, obra em estilo barroco que foi concluída em 1937, e sua pintura interna
retrata cenas do Antigo e do Novo Testamento.
O Cerro Comprido possui pista de paraglider e altitude de 528m,
apresentando 270º de contrastes paisagísticos. Localiza-se na saída para Novo
Treviso.
A Linha Nova Palma possui o percurso que acompanha a sinuosidade do Rio
Soturno, conferindo-lhe ímpar beleza.
127
A Gruta de Sítio Alto é um templo de construído pela natureza. Segundo
moradores locais, a gruta é tão profunda que ainda não se conseguiu alcançar seu
término. Localiza-se em Sítio Alto, a 15km da sede do município.
O Santuário Mãe Três Vezes Admirável está localizado num bosque bem no
centro da cidade, é um local de paz e orações.
3.5 Análise do município de Ivorá
Em 25 de setembro de 1883 foram distribuídos lotes coloniais e assentadas
as primeiras famílias de imigrantes italianos. Inicialmente, esses lotes foram
chamados de Núcleo Norte, em referência à Colônia de Silveira Martins, núcleo da
colonização. Mais tarde, foi denominada Nova Udine em homenagem a Udine, na
Itália. Primeiramente surgiu a Capela construída pela comunidade, e depois a vila à
qual o Instituto Histórico e Geográfico do estado deu nome de Ivorá, uma
denominação indígena que significa "Rio da Praia Formosa".
A quarta leva de imigrantes a estabelecer-se no Rio Grande do Sul, chegou
em 1876 e instalou-se no então denominado Núcleo Colonial Italiano de Silveira
Martins. O Núcleo Norte (Ivorá), a primeira denominação do atual município de Ivorá,
foi fundado em 25 de setembro de 1883, onde se estabeleceram famílias oriundas
de Udine, Friuli e de Vêneto.
A denominação de Núcleo Norte deu-se devido à localização ao norte de
Silveira Martins, sede da colonização. Em de jan eiro de 1939, o Núcleo Norte
passou à categoria de Vila com o nome de Ivorá, porque durante a Segunda Guerra
Mundial, sugeriu-se que cidades e vilas cujos nomes eram de procedência italiana,
fossem substituídos por topônimos em língua portuguesa. Este então é o motivo
pelo qual Nova Udine passou a chamar-se Ivorá.
128
A população do município em 2003, segundo o IBGE
13
, constava de 2.495
pessoas, estando a maioria estabelecida no meio rural (1.797) em relação ao meio
urbano (698 habitantes). A expectativa de vida destes moradores era de 72,75 anos
em 2005.
Segundo o IBGE
14
, o município possui 2 estabelecimentos de saúde, sendo
que 1 é público e outro é privado, oferecendo um total de 22 leitos à população. Em
relação à escolaridade, possui 306 alunos matriculados no ensino fundamental
(2004) e 132 alunos matriculados no ensino médio (2004) distribuídos entre escolas
públicas e privadas, contando com 31 docentes no ensino fundamental e 14
docentes no ensino médio.
Na tabela a seguir, verifica-se como se distribui a criação de animais por
espécie. Observa-se que os frangos são os animais predominantes, seguidos de
bovinos e suínos. Um dado importante em Ivorá é o número de Caprinos, que foge
um pouco do padrão da região. Nota-se, assim, que muitos dos produtos ou
subprodutos originários podem ser oferecidos aos turistas, semelhante a outros
municípios já descritos acima.
Tabela 14 Efetivos dos Rebanhos do Município de Ivorá (2003) por ordem de
importância.
Tipo de Rebanho Quantidade (cabeças)
Frangos
Bovinos
Suínos
Caprinos
Ovinos
Eqüinos
Coelhos
7.876
5.158
1.365
199
175
118
58
Fonte: www.ibge.gov. br, 2007. Acesso em 14.fev.2007. Fundação Instituto Brasileiro de Economia e
Estatística (IBGE). Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/cidadesat/default.php.
Em relação à lavoura permanente, observa-se que as frutas tricas dominam
o cenário, sendo que estes produtos podem ser transformados em sucos, compotas
13
FUNDAÇÃO DE ECONOMIA E ESTATÍSTICA (FEE). Disponível em:
<http://www.fee.rs.gov.br/sitefee/pt/content/estatisticas/pg_populacao_tabela_03.php?ano=2005&letra=A&nom
e=Agudo>. Acesso em 11.fev.2007.
14
FUNDAÇÃO INSTITUTO BRASILEIRO DE ECONOMIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Disponível em:
<http://www.ibge.gov.br/cidadesat/default.php.> Acesso em 11.fev.2007.
129
e doces em geral. Ivorá apresenta um bom índice de produção de erva-mate, que é
um símbolo gaúcho, muito adequado à venda para visitantes.
Tabela 15 Produtos da lavoura permanente do município de Ivorá RS (2003) por
ordem de importância.
Produtos Quantidade (toneladas)
Laranja
Uva
Tangerina
Erva-mate
Pêra
Pêssego
Limão
Caqui
Figo
896
410
57
20
19
18
14
18
7
Fonte: www.ibge.gov. br, 2007. Acesso em 16.fev.2007. Fundação Instituto Brasileiro de Economia e
Estatística (IBGE). Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/cidadesat/default.php.
A lavoura temporária, apresenta destaque para cana-de-açúcar, milho, batata-
inglesa, mandioca, soja e feijão. Todos apresentando produção acima de 1.000
toneladas. É uma produção bastante diversificada, que tanto pode servir para
consumo, como para venda a outros mercados ou atendimento a turistas.
Tabela 16 Produtos da lavoura temporária do município de Ivorá RS (2003) por
ordem de importância.
Produtos Quantidade (toneladas)
Cana-de-açúcar
Milho
Batata-Inglesa
Mandioca
Soja
Feijão
Fumo
Cebola
Arroz
Trigo
Tomate
Batata-doce
Amendoim
Melancia
Alho
4.460
3.780
2.400
1.200
1.560
1.188
864
455
193
264
320
270
56
33
16
Fonte: www.ibge.gov. br, 2007. Acesso em 16.fev.2007. Fundação Instituto Brasileiro de Economia e
Estatística (IBGE). Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/cidadesat/default.php.
Com base em dados da FAMURS, visualiza- se o potencial de atendimento
do município ao visitante, que se constitui somente de 03 restaurantes.
130
Em relação à economia, o município possui 4 indústrias de transformação, 30
empresas do comércio varejista e 4 empresas do comércio atacadista.
Os pontos turísticos para quem está em busca de convívio com a natureza,
Ivorá oferece várias alternativas. Uma delas é uma visita ao balneário Recanto do
Moinho, a cinco quilômetros da cidade. Nele há quadra de vôlei, infra-estrutura para
receber visitantes e uma roda de moinho.
Além do balneário, existem vários outros locais de interesse aos turistas,
como cascatas espalhadas por todo o município.
O Monte Grapa, com altitude de 520m, recebeu esta denominação por
recordar o famoso monte de mesmo nome na Itália. Escalá-lo ou realizar uma
caminhada noturna nele, que dispõe de iluminação, são opções possíveis. No
percurso, além das belezas naturais, uma "Via Sacra" composta por 15 capitéis,
culminando numa capela em homenagem à Nossa Senhora Della Guardia trazida da
Itália em 1943. Também foi construído um Santuário no cume do monte. Este é
poeticamente denominado de "Esfinge de Ivorá" pelos mistérios os quais esconde ou
talvez pelos laços nostálgicos que estabelece com a Pátria abandonada pelos
imigrantes. O Monte é um ícone no município.
O Mosteiro dos Monges Cartuxos, denominado Cartuxa Nossa Senhora
Medianeira, único na América Latina onde abriga 20 monges, onde apenas um dos
monges faz contato com o exterior, os demais levam uma vida de oração e silêncio.
Localiza-se a dez quilômetros de Ivorá, nas escarpas da serra de o Martinho, e é
um dos lugares bonitos de Ivorá.
131
3.6 Análise do município de Nova Palma
A instalação do município de Nova Palma ocorreu em 28 de janeiro de 1961.
Ele situa-se na Zona Central do Rio Grande do Sul e está integrado ao conjunto da
serra de São Martinho e hidrográfico da bacia do Jacuí.
O município, que possui uma área de 342,40 Km² e cobertura florestal de
141,86 Km², está dividido em três distritos: Nova Palma, e dos distritos de Caemborá
e Vila Cruz, possuindo ainda cerca de 1000 Km de extensão em estradas
municipais.
Antes de 1.110 anos a.C. o território nova-palmense era habitado por grupos
indígenas transitórios, caçadores e coletores, conforme atestam os "petróglifos"
freqüentes na região.Vinte culos depois desta primeira ocupação, com o
desenvolvimento da Quarta Colônia Imperial de colonização italiana, no Rio Grande
do Sul, Silveira Martins, a partir de 1882, com a imigração espontânea, deu origem a
vários cleos interioranos, dentre eles o de "BARRACÃO", cujo nome é oriundo da
construção do rústico barraco que abrigava os agrimensores e também os primeiros
colonizadores, na margem direita do Rio Portella, hoje bairro da cidade.
Em abril de 1883, o engenheiro-chefe da Comissão de medição de lotes, Dr.
Manuel da Siqueira Couto traçou o Plano Diretor da área de terras devolutas
disponíveis na região.
Nos anos seguintes até o fim de 1889 foram sucessivamente ocupados:
Geringonza, Linha Cinco, Linha Sete, Linha Onze e baixadas do Jacuí. Com a vinda
do Regime Republicano interrompeu-se praticamente o fluxo imigratório.
Inicialmente o território fazia parte do município de Rio Pardo, depois
Cachoeira do Sul, seguida de São Martinho e finalmente em 14 de setembro de
1891 passa a pertencer a Vila Rica (hoje Júlio de Castilhos), como seu quinto
distrito.
Em 08 de abril de 1913, o Decreto Intendencial número 02, de Júlio de
132
Castilhos, torna oficial o nome "Nova Palma", denominação sugerida aos líderes
locais pela quantidade de coqueiros e palmeiras que existiam.
Em 29 de julho de 1960, a Lei Estadual 3.933 cria o município de Nova Palma
após plebiscito vitorioso.
A população do município em 2005, segundo a FEE
15
, constava de 6.347
pessoas., sendo que a expectativa de vida era de cerca de 73,16 anos.
Através do IBGE
16
constatou-se que o município possui 6 estabelecimentos de
saúde sendo que 3 são públicos e 3 privados, oferecendo um total de 43 leitos à
população. Além disso, possui 1.035 alunos matriculados no ensino fundamental
(2004) e 249 alunos matriculados no ensino médio (2004) distribuídos entre escolas
públicas e privadas. O município possui 98 docentes no ensino fundamental, e 18
docentes, no ensino médio.
A economia de Nova Palma está alicerçada na agropecuária, desenvolvida
em minifúndios, onde se destaca o plantio de soja, milho, feijão e fumo. A pecuária
leiteira é a segunda fonte de renda do município. A indústria e o comércio
representam um percentual considerável na economia municipal gerando muitos
empregos.
A tabela a seguir mostra o desenvolvimento da pecuária no município.
Verifica-se que Nova Palma não foge ao conjunto de produção da Quarta Colônia,
tendo a produção de frangos como destaque, seguido de gado bovino, suínos e
ovelhas. Novamente, vê-se aqui a importância de produtos derivados para
atendimento ao visitante.
15
FUNDAÇÃO DE ECONOMIA E ESTATÍSTICA (FEE). Disponível em:
<http://www.fee.rs.gov.br/sitefee/pt/content/estatisticas/pg_populacao_tabela_03.php?ano=2005&letra=A&nome=
Agudo>. Acesso em 11.fev.2007.
16
FUNDAÇÃO INSTITUTO BRASILEIRO DE ECONOMIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Disponível em:
<http://www.ibge.gov.br/cidadesat/default.php.> Acesso em 11.fev.2007.
133
Tabela 17 Efetivos dos Rebanhos do Município de Nova Palma (2003) por ordem
de importância.
Tipo de Rebanho Quantidade (cabeças)
Frangos
Bovino
Suíno
Ovino
26.055
22.020
7.870
3.620
Fonte: www.ibge.gov. br, 2007. Acesso em 18.fev.2007. Fundação Instituto Brasileiro de Economia e
Estatística (IBGE). Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/cidadesat/default.php.
A seguir, pesquisou-se a lavoura permanente de Nova Palma. As frutas são
um grande trunfo do município, principalmente a laranja e uva, com as quais se pode
fazer sucos, doces, compota, criando um atrativo a mais para o visitante.
Tabela 18 Produtos da lavoura permanente do município de Nova Palma RS
(2003) por ordem de importância.
Produtos Quantidade (toneladas)
Laranja
Uva
Banana
Tangerina
Pêra
Pêssego
Figo
Caqui
Limão
Goiaba
1.027
432
90
60
38
30
21
17
15
6
Fonte: www.ibge.gov. br, 2007. Acesso em 16.fev.2007. Fundação Instituto Brasileiro de Economia e
Estatística (IBGE). Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/cidadesat/default.php.
Na lavoura temporária de Nova Palma, os destaques ficam por conta da cana-
de-açúcar, soja, mandioca, milho, feijão, fumo e arroz, ou seja, as grandes lavouras
que são complementadas por outras de menor porte, para alimentação das famílias
do município. Todos estes produtos e seus derivados podem ser utilizados para
atender os turistas, quer como alimentação quer como comercialização.
134
Tabela 19 Produtos da lavoura temporária do município de Nova Palma RS
(2003) por ordem de importância.
Produtos Quantidade (toneladas)
Cana-de-açúcar
Soja
Mandioca
Milho
Feijão
Fumo
Arroz
Batata-doce
Cebola
Batata-Inglesa
Melancia
Tomate
Melão
Amendoim
Alho
9.500
6.750
4.800
3.200
2.264
1.386
1.315
185
180
167
75
60
20
15
5
Fonte: www.ibge.gov. br, 2007. Acesso em 18.fev.2007. Fundação Instituto Brasileiro de Economia e
Estatística (IBGE). Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/cidadesat/default.php
.
Principais pontos turísticos
O setor turístico também está experimentando um desenvolvimento
satisfatório, principalmente através do balneário Nova Palma e área de camping
junto ao rio Soturno, sendo considerado um dos melhores lugares para veraneio da
Quarta Colônia.
Nas margens do Rio Soturno e a menos de 500 metros do centro da cidade, o
balneário de Nova Palma é a principal atração durante o verão, pois dispõe de
bares, restaurante, cancha de bocha, quadra de vôlei e de futebol sete e um
camping com toda a infra-estrutura necessária para 150 barracas. Anexo ao
balneário está também o Centro de Informações Turísticas, onde se pode comprar
peças de artesanato da região e produtos coloniais, além, é claro, de obter-se
informações sobre os pontos turísticos do município.
Próximo da cidade, a cerca de três quilômetros, está a cascata do Pingo, com
uma queda de cerca de 30 metros de altura e de fácil acesso.
Outro ponto turístico, a dois quilômetros da sede do município, é a Usina da
Celetro, no Rio Soturno. Os atrativos o o lago da usina e as quedas de água e
piscinas naturais que ficam logo abaixo das quedas.
135
No caminho para a usina é possível fazer uma pausa no Sítio do Binotto, uma
propriedade particular que oferece passeios a cavalo e onde se pode fazer um
lanche.
Se o visitante preferir conhecer uma caverna, deverá ir até a localidade de
Pinhalzinho, a 14 quilômetros da sede. Na base do morro, em cujo topo está a
imagem de Nossa Senhora de Fátima, há uma caverna que pode ser visitada. No
caminho para Pinhalzinho, o turista irá passar por várias pequenas localidades do
interior, conhecendo as paisagens típicas da região.
Outra opção para o turista é a Gruta Nossa Senhora de Lourdes, localizada
na estrada que liga Nova Palma a lio de Castilhos, a 1 Km da cidade. As placas
que são colocadas sobre as pedras da gruta expressam a devoção dos fiéis e as
graças alcançadas.
3.7 Análise do município de Pinhal Grande
O município de Pinhal Grande inicialmente chamava-se "São José dos
Pinhais". Ele recebeu este nome porque existia na região abundância de mata
nativa, especialmente a mata de Pinhais (araucárias). A história registra que
diversas tribos indígenas viveram nesta região, entre elas, os tapes.
Os jesuítas foram os primeiros homens brancos a chegar nesta localidade,
vinham catequizar os índios e atuar na criação de gado utilizando a mão-de-obra
indígena. O domínio português intensificou a exploração destas terras. Atualmente o
município é composto por descendentes italianos, portugueses e espanhóis.
Pelo território de Pinhal Grande além de arroios, passa o rio Jacuí, rio
importante pelas quedas d’água onde se localizam diversas hidroelétricas,
merecendo destaque a Hidroelétrica de Itaúba, a maior do Estado, situada às
margens do rio. Esta tem 385 m de comprimento e 97m de altura, possuindo 3
136
comportas de 15 m de vão e 18,2 m de altura, com capacidade de escoar até
8.000m de água por segundo, com uma produção estimada de 500 MW.
Localizada na Região do planalto, caracterizado por terrenos planos, porém
altos, com solos profundos e bem drenados, cultiva-se uma agricultura modernizada
com exploração principalmente de soja e criação de gado. Sendo a piscicultura um
setor em desenvolvimento com criação de carpas chinesas e jundiás.
Na agricultura, destaca-se a cultura de feijão, fumo, milho e soja. O setor
industrial, incipiente na região, possui fábrica de embutidos, de esquadrias e móveis.
Destaca-se a indústria de laticínios Parlacto, que produz queijos diversos, ricotas e
manteigas. Outro aspecto importante é a produção de vinho, 80.000 garrafas por
safra. Os principais tipos de vinho produzidos são; Niágara, branco, rosé e tinto. O
município também produz cachaça, fabricada com fermento de pão e garapa da
cana-de-açúcar.
Segundo a FAMURS, a população do município era de 4.725 habitantes, com
predominância no meio rural (3.219) em relação à urbana (1.506 habitantes). A
expectativa de vida dos habitantes é de 73,16 anos.
Consultando o IBGE
17
, verificou-se que o município possui 4
estabelecimentos de saúde. Sendo que 3 são públicos e 1 privado, oferecendo um
total de 24 leitos à população. Em relação à educação, 805 alunos matriculados
no ensino fundamental (2004) e 165 alunos matriculados no ensino médio (2004),
distribuídos entre escolas públicas e privadas, para um total de 62 docentes no
ensino fundamental e 15 docentes no ensino médio, respectivamente.
A pecuária de Pinhal está em conformidade com o restante da Quarta
Colônia, conforme se pode ver na tabela a seguir, apresentando destaque para
bovinos e galinhas, com rebanhos acima de dez mil cabeças.
17
FUNDAÇÃO INSTITUTO BRASILEIRO DE ECONOMIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Disponível em:
<http://www.ibge.gov.br/cidadesat/default.php.> Acesso em 11.fev.2007.
137
Tabela 20 – Efetivos dos Rebanhos do Município de Pinhal Grande (2003) por
ordem de importância.
Tipo de Rebanho Quantidade (cabeças)
Bovino
Frangos
Suíno
Ovino
Eqüino
Codornas
21.050
11.980
5.648
4.980
1.230
230
Fonte: www.ibge.gov. br, 2007. Acesso em 18.fev.2007. Fundação Instituto Brasileiro de Economia e
Estatística (IBGE). Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/cidadesat/default.php.
A análise da lavoura permanente mostra o que foi dito acima. A grande
produção de uvas acaba gerando intensa fabricação de vinhos, o que pode ser
usado para atrair os turistas.
Tabela 21 Produtos da lavoura permanente do município de Pinhal Grande RS
(2003) por ordem de importância.
Produtos Quantidade (toneladas)
Uva
Laranja
Tangerina
Pêra
Limão
Pêssego
Figo
Caqui
Goiaba
Abacate
900
630
180
38
30
30
28
17
13
14
Fonte: www.ibge.gov. br, 2007. Acesso em 18.fev.2007. Fundação Instituto Brasileiro de Economia e
Estatística (IBGE). Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/cidadesat/default.php.
A análise dos produtos da lavoura temporária de Pinhal Grande mostra que o
maior investimento está nas grandes lavouras como soja e milho. Mas em segundo
lugar vem a agricultura de subsistência, típico de pequenas propriedades.
138
Tabela 22 Produtos da lavoura temporária do município de Pinhal Grande RS
(2003) por ordem de importância.
Produtos Quantidade (toneladas)
Soja
Trigo
Feijão
Milho
Mandioca
Fumo
Cana-de-açúcar
Arroz
Batata Inglesa
Batata-doce
Cebola
Tomate
Melancia
Amendoim
20.020
3.360
1.812
1.440
1.400
1.288
1.050
790
450
204
120
60
60
30
Fonte: www.ibge.gov. br, 2007. Acesso em 18.fev.2007. Fundação Instituto Brasileiro de Economia e
Estatística (IBGE). Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/cidadesat/default.php.
A oferta de serviços e estrutura de Atendimento ao turista do município de
Pinhal Grande – RS
,
é precária, constando apenas de 04 restaurantes.
Principais Pontos Turísticos
Em Pinhal Grande localiza-se a Barragem de Itaúba, uma das principais
atrações turísticas da Quarta Colônia. Ao seu lado, a CEEE mantém uma reserva
ecológica que pode ser visitada.
Contudo, a barragem não é o único local que merece ser visitado. A cascata
da Toca do Tigre, a onze quilômetros da cidade e o Lajeado da rzea também a
onze quilômetros, são dois locais interessantes. Na cidade, a Igreja Matriz, em estilo
gótico, símbolo da religiosidade dos imigrantes italianos.
A Cascata do Lageado da rzea possui águas limpas e suas cachoeiras
completam as lindas paisagens de Pinhal Grande.
139
3.8 Análise do município de Restinga Seca
Restinga Seca surgiu como parte do município de Cachoeira do Sul em 1899.
no ano de 1892, por Ato Municipal, passou a quarto Distrito de Cachoeira. O
município teve origem com a doação de sesmarias e com a construção da estrada
de ferro Porto Alegre-Uruguaiana em 1885. Devido a sua situação geográfica,
recebeu o nome de Restinga (orla de bosque ou mato em baixadas, à margem do
arroio ou sangas) Seca (origina de uma sanga denominada Passo da Parteira, que
em algumas épocas do ano, ficava com pouca água e cortava o curso).
O Município está localizado na região central do Estado, distante 277
quilômetros de Porto Alegre, por via rodoviária. Seu acesso principal situa-se no Km
208 da rodovia estadual RST-287 e, deste ponto, a zona urbana dista 13 quilômetros
pela RST 149 .
Limita-se ao norte com os municípios de São João do Polêsine, Dona
Francisca, e a leste com Agudo, Paraíso do Sul e Cachoeira do Sul , ao sul com São
Sepé e a oeste com Santa Maria e Silveira Martins. Caracterizada por terrenos
planos situados na depressão central com predomínio de solos de várzea, onde se
exploram a cultura do arroz e pecuária. Sendo que a formação étnica do município
tem suas características nos lusos, alemães, italianos e negros.
A base econômica de Restinga Seca é representada pela agricultura,
especialmente o arroz. Lavouras transplantadas indicam o grau de tecnologia, com
uma área produzida de 16.800 hectares. O arroz beneficiado é o segmento mais
importante e sua comercialização atinge 77.910 toneladas por ano. Além disso,
destaca-se o fumo com área cultivada de 680 hectares. O milho e a soja também
são expressivos na produção agrícola. a pecuária é um setor que ocupa 51,8%
da área do município, sendo a genética e a alimentação seus pontos altos.
A indústria de transformação é o setor que está em pleno desenvolvimento,
sendo a moveleira um importante pólo, ocupando a posição no ranking nacional
de exportação.
140
Segundo a FAMURS (com dados de 2004 do IBGE), a população do
município era de 16.400 habitantes, dividida entre o meio rural (8.213 habitantes) e o
urbano (8.187 habitantes). A expectativa de vida dos habitantes é de 69 anos.
Por meio do IBGE
18
, verificou-se que o município possui 11 estabelecimentos
de saúde. Dentre eles 7 são públicos e 4 privados, oferecendo um total de 56 leitos
à população. As escolas possuem 2.561 alunos matriculados no ensino fundamental
(2004) e 568 alunos matriculados no ensino médio (2004) distribuídos entre escolas
públicas e privadas, para um total de 173 docentes no ensino fundamental e 42
docentes no ensino médio, respectivamente.
Tendo como base os dados relativos à pecuária de Restinga Seca, nota-se
que o número de cabeças é muito grande em relação aos demais municípios da
Quarta Colônia. Com destaque aos bovinos e frangos, que chegam juntos a quase
cem mil cabeças.
Tabela 23 Efetivos dos Rebanhos do Município de Restinga Seca (2003) por
ordem de importância.
Tipo de Rebanho Quantidade (cabeças)
Frangos
Bovinos
Suínos
Eqüinos
Ovino
48.590
45.225
7.275
1.750
3.429
Fonte: www.ibge.gov. br, 2007. Acesso em 20.fev.2007. Fundação Instituto Brasileiro de Economia e
Estatística (IBGE). Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/cidadesat/default.php.
As frutas dominam a lavoura temporária em Restinga Seca, evidenciando a
laranja e a uva, que geram bons subprodutos para os visitantes, como sucos e
vinhos.
18
FUNDAÇÃO INSTITUTO BRASILEIRO DE ECONOMIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Disponível em:
<http://www.ibge.gov.br/cidadesat/default.php.> Acesso em 11.fev.2007.
141
Tabela 24 Produtos da lavoura permanente do município de Restinga Seca RS
(2003) por ordem de importância.
Produtos Quantidade (toneladas)
Laranja
Uva
Pêssego
Banana
Caqui
Tangerina
Limão
Pêra
Figo
Goiaba
1.204
128
59
50
36
30
26
24
22
12
Fonte: www.ibge.gov. br, 2007. Acesso em 20.fev.2007. Fundação Instituto Brasileiro de Economia e
Estatística (IBGE). Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/cidadesat/default.php.
Verificando-se os dados da tabela a seguir, causa surpresa a grande
diferença entre produção de arroz e de outros produtos da lavoura temporária,
propiciada pela boa irrigação do município.
Tabela 25 Produtos da lavoura temporária do município de Restinga Seca RS
(2003) por ordem de importância.
Produtos Quantidade (toneladas)
Arroz
Soja
Mandioca
Batata-doce
Fumo
Cana-de-açúcar
Milho
Batata-doce
Cebola
Feijão
100.443
15.120
5.100
2.700
1.683
1.500
624
115
80
60
Fonte: www.ibge.gov. br, 2007. Acesso em 20.fev.2007. Fundação Instituto Brasileiro de Economia e
Estatística (IBGE). Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/cidadesat/default.php.
Com relação às ofertas de serviços ao turista do município de Restinga Seca
RS observa-se que este oferece 02 hotéis e 05 restaurantes.
Localizado no Rio Vacacaí, o Passo das Tunas distante 12 Km do centro da
cidade de Restinga Seca, por ligação asfáltica, na divisa com o Município de
Formigueiro, é um dos mais belos e visitados balneários da região central do Estado.
Dispõe de uma boa infra-estrutura com banheiros públicos; chuveiros ao ar livre;
142
posto de atendimento da Brigada Militar; salva-vidas; atendimento ambulatorial, além
de mercados; lancherias; bares; restaurantes; sorveterias; diversas lojas de
variedades; canha de bocha; áreas para futebol de areia e vôlei, etc. Em sua vasta
área verde localiza-se o camping, com área total de 32.895m2, com capacidade
para 400 barracas, contando com abastecimento de água potável. Fora da área de
camping 225 residências. Durante a temporada de veraneio, existe uma intensa
programação de eventos, como shows, concursos de beleza; campeonatos de
esporte; como vôlei; futebol, canoagem, etc. A extensa faixa de areia à beira d’água
permite aos turistas aproveitarem ao ximo o sol, intercalando com os banhos,
protegidos por salva-vidas.
Além disso, a cidade conta com mais um atrativo: o Buraco Fundo, formação
geológica proveniente de erosão, localizado a 6 Km da cidade.
3.9 Análise do município de São João do Polêsine
O município apresenta a maioria de seus habitantes de descendência italiana,
e até hoje cultivam a tradição e a cultura. Situada na parte central do Vale do Jacuí,
está a 45 km de Santa Maria. São João do Polêsine nasceu da união da
religiosidade com a saudade da velha terra. Recebeu este nome como uma forma
de agradecer ao Padroeiro São João Batista a boa acolhida na terra nova e manter
viva a lembrança à Polêsine das planícies do Rio Pó, no norte da Itália.
Caracterizada por terrenos planos situados na depressão central com
predomínio de solos de várzea, onde se exploram a cultura do arroz e pecuária. São
João do Polêsine é um município em franco desenvolvimento. Seus habitantes têm
vocação para trabalhar a terra o que fica visível ao visitante, pois as plantações de
arroz circundam a cidade e demonstram a alta tecnologia empregada para o cultivo
desta cultura.
143
O município tem uma grande relação com a natureza e isto fez com que os
recursos naturais fossem preservados. Por isso, programar-se para um passeio
pelos vales e morros de o João do Polêsine é uma opção inigualável para ir com
a família e amigos.
Segundo a FAMURS (com dados do IBGE de 2004), a população do
município era de 2.745 habitantes, com predominância no meio rural (8.213) em
relação ao urbano (1.061) habitantes. A expectativa de vida dos habitantes era de
71,4 anos.
Através do IBGE
19
verificou-se que o município possui 3 estabelecimentos de
saúde. Sendo que 2 são públicos e 1 é privado O total de matriculados no ensino
fundamental em 2004 era de 441 alunos, e os matriculados no ensino dio, no
mesmo período, eram de 195 alunos, distribuídos entre escolas públicas e privadas,
para um total de 41 docentes no ensino fundamental e 28 docentes no ensino
médio, respectivamente.
A pecuária do município apresenta um destaque para os frangos, cujo número
de cabeças é mais do que o triplo do segundo colocado (bovinos) e superior à soma
de todos os outros.
Tabela 26 Efetivos dos Rebanhos do Município de São João do Polêsine (2003)
por ordem de importância.
Tipo de Rebanho Quantidade (cabeças)
Frangos
Bovinos
Suínos
Ovinos
18.680
5.620
2.140
180
Fonte: www.ibge.gov. br, 2007. Acesso em 22.fev.2007. Fundação Instituto Brasileiro de Economia e
Estatística (IBGE). Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/cidadesat/default.php.
O destaque da lavoura permanente em São João do Polêsine vai para dois
tipos de frutas, a banana e a laranja. As outras frutas (uva, tangerina e pêssego)
apresentam um percentual inferior de produção.
19
FUNDAÇÃO INSTITUTO BRASILEIRO DE ECONOMIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Disponível em:
<http://www.ibge.gov.br/cidadesat/default.php.> Acesso em 11.fev.2007.
144
Tabela 27 Produtos da lavoura permanente do município de São João do Polêsine
– RS (2003) por ordem de importância.
Produtos Quantidade (toneladas)
Banana
Laranja
Uva
Tangerina
Pêssego
Caqui
420
340
55
55
36
25
Fonte: www.ibge.gov. br, 2007. Acesso em 22.fev.2007. Fundação Instituto Brasileiro de Economia e
Estatística (IBGE). Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/cidadesat/default.php.
A análise da lavoura temporária mostra um destaque inusitado para a
mandioca, que é um diferencial de São José do Polêsine com relação aos outros
municípios da Quarta Colônia.
Tabela 28 – Produtos da lavoura temporária do município de São João do Polêsine –
RS (2003) por ordem de importância.
Produtos Quantidade (toneladas)
Arroz
Cana-de-açúcar
Mandioca
Milho
Soja
Feijão
Fumo
Cebola
Batata-doce
Batata Inglesa
12.200
2.400
9.600
630
375
147
68
60
108
164
Fonte: www.ibge.gov. br, 2007. Acesso em 22.fev.2007. Fundação Instituto Brasileiro de Economia e
Estatística (IBGE). Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/cidadesat/default.php.
Observa-se que a oferta de Serviços no município de São João do Polêsine
RS constitui-se de 03 restaurantes.
Dentre os principais pontos turísticos destaca-se, no distrito de Vale Vêneto, a
14 km da sede, o museu do Imigrante, fundado em 1975 e conta com
aproximadamente três mil peças distribuídas em oito salas. Outra grande atração
turística é o Calvário, onde do alto pode-se contemplar as belezas naturais da região
e a Gruta de Nossa Senhora de Lourdes, entre a mata nativa. O distrito ainda possui
os dois primeiros internatos do Estado: o seminário palotino e o Colégio Nossa
145
Senhora de Lourdes, hoje Casa de Retiro. Destaca-se também o maior evento de
música erudita do Conesul, o Festival de Inverno e paralelamente a Semana Cultural
Italiana.
A Igreja Corpus Christi localizada em Vale Vêneto, foi inaugurada em 1907, a
única consagrada a Corpus Christi no mundo.
O Moinho Brondani é propriedade da Família Aníbal Brondani. Nele prevalece
uma forte identidade cultural caracterizada pela língua (dialeto italiano). A roda
d’água, o alambique e pelos hábitos alimentares, destaca-se a fabricação da
cachaça, vinho, açúcar de cana de modo artesanal e a maravilhosa paisagem; lugar
ideal para a prática do rapel.
3.10 Análise do município de Silveira Martins
O nome do município é uma homenagem ao grande tribuno, "Sansão dos
Pampas", Gaspar Silveira Martins, que era muito admirado pelos italianos e, na
época da imigração, era Senador da República. Foi assim, reconstruindo em terras
brasileiras monumentos do Velho Continente, que Silveira Martins homenageou o
país de onde procedia boa parte de seus habitantes.
No século XIX, o Governo Imperial requereu as terras devolutas existentes na
região de Santa Maria da Boca do Monte e nelas implantou o Quarto Núcleo de
Colonização do Rio Grande do Sul.
Em 1877, chegavam as primeiras famílias de imigrantes italianos ao barracão
de Val de Buia, em Silveira Martins, onde hoje se encontra a grande cruz do
Monumento do Imigrante. Organizada em levas, começavam a ocupar o território da
Quarta Colônia Imperial a partir de Silveira Martins.
146
Em 1987, através da Lei Estadual 8.481, Silveira Martins conseguiu a sua
emancipação político-administrativa do município de Santa Maria.
Silveira Martins com geografia de exuberantes paisagens e com um clima
muito agradável, é um dos locais mais procurados na região para veraneio. A cidade
trabalha arduamente para a construção do seu desenvolvimento socioeconômico,
que tem como base a agricultura, a preservação e a valorização do seu patrimônio
cultural.
Caracterizada por terrenos planos situados na depressão central com
predomínio de solos de várzea, onde se exploram a cultura do arroz e pecuária.
A cidade colonizada por Italianos, possui uma cultura muito rica e oferece
variadas especialidades gastronômicas.
Segundo a FAMURS (2007, com dados do IBGE 2004), a população do
município era de 2.571 habitantes, com predominância no meio rural 1.527
habitantes em relação ao urbano, 1.044 habitantes. A expectativa de vida dos
habitantes era de 73,11 anos.
O site do IBGE
20
informa que o município possui 1 estabelecimento de saúde
sendo este público, oferecendo à população 7 leitos. um total de 319 alunos
matriculados no ensino fundamental em 2004 e 115 alunos matriculados no ensino
médio distribuídos entre escolas públicas e privadas, para um total de 35 docentes
no ensino fundamental e 14 docentes no ensino médio, respectivamente.
Com relação à pecuária permanente, observa-se que o município de Silveira
Martins possui a pecuária tradicional, com destaque para a criação de frangos.
20
FUNDAÇÃO INSTITUTO BRASILEIRO DE ECONOMIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Disponível em:
<http://www.ibge.gov.br/cidadesat/default.php.> Acesso em 11.fev.2007.
147
Tabela 29 Efetivos dos Rebanhos do Município de Silveira Martins (2003) por
ordem de importância.
Tipo de Rebanho Quantidade (cabeças)
Frangos
Bovinos
Suínos
Ovinos
Eqüinos
8.765
3.793
2.370
230
220
Fonte: www.ibge.gov. br, 2007. Acesso em 24.fev.2007. Fundação Instituto Brasileiro de Economia e
Estatística (IBGE). Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/cidadesat/default.php.
A laranja constitui o destaque do município em termos de lavoura temporária,
como mostra a tabela abaixo. Este produto pode gerar muitos subprodutos, como
vinho e geléias.
Tabela 30 Produtos da lavoura permanente do município de Silveira Martins- RS
(2003) por ordem de importância.
Produtos Quantidade (toneladas)
Laranja
Uva
Tangerina
Pêssego
Caqui
Banana
Limão
Figo
795
503
80
28
18
15
14
6
Fonte: www.ibge.gov. br, 2007. Acesso em 24.fev.2007. Fundação Instituto Brasileiro de Economia e
Estatística (IBGE). Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/cidadesat/default.php.
No que diz respeito à lavoura permanente, Silveira Martins apresenta um
destaque muito grande para a cana-de-açúcar e a batata-inglesa. Estes produtos
podem ser vendidos para a alimentação do turista.
Tabela 31 Produtos da lavoura temporária do município de Silveira Martins RS
(2003) por ordem de importância.
Produtos Quantidade (toneladas)
Cana-de-açúcar
Batata Inglesa
Cebola
Batata-doce
Aveia
Amendoim
Alho
5.400
4.650
150
132
24
6
4
Fonte: www.ibge.gov. br, 2007. Acesso em 24.fev.2007. Fundação Instituto Brasileiro de Economia e
Estatística (IBGE). Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/cidadesat/default.php.
148
Para a oferta de serviços ao turista no município, observa-se que existem
apenas 03 restaurantes.
Principais Pontos Turísticos:
O Monumento ao Imigrante é uma homenagem aos 120 anos da Imigração
italiana no Estado e dos 118 anos da colonização na Quarta Colônia, identifica o
local onde chegaram os imigrantes italianos no ano de 1877. No Monumento
localiza-se a coluna no estilo romano que significa o imigrante europeu; o pássaro
simboliza a grande imigração no Estado; as paredes de alvenaria simbolizam os
morros de Silveira Martins; a lista branca identifica a estrada do imigrante que
conduz até o alto da serra. A cidade de Silveira Martins é sempre iluminada pelo sol,
por isso, ele também aparece representado no monumento.
O Moinho Colonial da Família Moro é o local adequado para degustação de
cachaça produzida artesanalmente, além de licores caseiros e a farinha de milho
feita no moinho.
Outros pontos turísticos são a Cascata do Mezzomo, a Cascata do Escariotti,
a Cascata do Rosa, além da Trilha do Imigrante.
149
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A pesquisa teve como objetivo analisar as ações da administração pública, da
iniciativa privada e do Consórcio de Desenvolvimento Sustentável da Quarta
Colônia, relacionadas a promoção do turismo na região. O principal objetivo foi
identificar as causas políticas, institucionais e estruturais consideradas como
essenciais na elaboração de uma política de desenvolvimento regional na área do
turismo, evidenciando as principais dificuldades e obstáculos à ação integrada e
intersetorial dos agentes e atores envolvidos nestes processos.
Concluiu-se que o turismo na região ainda não é considerado pelos
representantes políticos como atividade econômica e social prioritária, e que tenha
participação efetiva no desenvolvimento regional do estado.
Fato inegável é que existem recursos de diferentes fundos destinados ao
turismo que não são dirigidos aos municípios pela “simples” falta de planos, políticas
e projetos, que deveriam ser, senão apresentados, pelo mínimo, orientados por
equipes destes municípios, que afinal representam a grande maioria dos indivíduos.
Faz-se imperioso exigir mais atividade especializada nas secretarias municipais de
turismo.
O Turismo ainda não constitui atividade destacada e indutora do crescimento
da economia regional, mas poderá vir a ser em virtude de algumas iniciativas do
Consórcio e da iniciativa privada.
As prioridades e dotações orçamentárias dos órgãos públicos contemplam o
setor de Turismo apenas marginal e subsidiariamente, e o aplicadas na maior
parte em material de divulgação.
Um aspecto positivo consiste no fato de que os projetos existentes na área do
turismo são realizados de maneira integrada pelos nove municípios pertencentes à
região da Quarta Colônia.
150
Procedida a análise das entrevistas realizadas, verificou-se que a maior
dificuldade ao desempenho operacional do CONDESUS, na ordenação e na
promoção do Turismo, é a indefinição de uma política regional de Turismo que
normatize o sistema de gestão para o setor, isto nos órgãos de administração direta,
Outra limitação reside na carência de mão-de-obra qualificada e especializada,
apesar da atuação do SEBRAE; e com igual freqüência, a falta de integração e
coordenação entre os órgãos oficiais de Turismo em todos os níveis.
As entidades pesquisadas da administração indireta apontaram, também, a
inexistência de uma ação intersetorial no desenvolvimento do turismo.
Cabe salientar que na Quarta Colônia consciência da necessidade
imperiosa de investir no turismo. Não se trata de pesados investimentos em hotelaria
ou oferta complementar, mas em qualidade e competitividade.
Levantamento realizado junto às Secretarias Municipais de Turismo apontou
que os principais entraves ao desenvolvimento do setor estão relacionados à falta de
cultura turística e à dificuldade de acesso em alguns municípios, e de forma mais
localizada, listam-se os seguintes problemas: falta de profissionalização; falta de
infra-estrutura, e como fator relevante da pesquisa, observou-se que para garantir a
integração deve–se refletir a vontade da população local em seu efetivo
envolvimento e participação nas atividades de planejamento e desenvolvimento
econômico, turístico e social e sua relação com o ambiente, que resultará em um
convívio equilibrado e sustentável.
O turismo é, atualmente, a atividade econômica que apresenta os mais
elevados índices de crescimento no contexto da economia mundial.
Assim, é fundamental adotar estratégias de fomento que ordenem a ação do
setor público e estimulem a iniciativa e participação articuladas do setor privado.
Cabe também ao Poder Público o papel de fiscalizador das ofertas turísticas, de
regulador e/ou provedor de serviços blicos indispensáveis ao turismo. Serviços
esses que estão interligados à própria dinâmica dos espaços urbanos e às
comunidades, aos sistemas viários e de comunicações e à proteção ao meio
151
ambiente. Os municípios devem promover os regulamentos de uso do solo, que são
fundamentais para o desenvolvimento do turismo. Outro papel intransferível do
poder público refere-se à educação e conscientização da população. Compete-lhe a
função de cuidar do meio ambiente em acordo com a FEPAM, impedindo agressões
a este meio, inclusive monitorando a demanda dos fluxos de turistas, para que não
alcancem proporções incontroláveis e passem a prejudicar a atividade turística
através do meio.
O acompanhamento do grau de satisfação por parte do usuário do turismo é
outro fator importante, pois permite ao administrador corrigir anomalias e
deficiências do núcleo receptor. Além da necessária ação coordenadora regional,
pois o turismo é altamente sinérgico.
Como se afirmou na Introdução desta pesquisa, o trabalho de qualificação da
infra-estrutura rural e urbana, que teoricamente começou em 1989, quando o Rio
Grande do Sul passou a integrar o Consórcio Mata Atlântica através da FEPAM ,
não tem demonstrado a agilidade e presteza que originalmente se propunha. As
ações compartilhadas são tímidas e as complementares, como o fomento ao
turismo, deixam muito a desejar.
Constatou-se também a falta de agências receptivas e guias locais
qualificados que conheçam as origens de sua própria gente.
Estudos feitos nesta pesquisa apontam que a cada geração aumenta o
desconhecimento da própria cultura, pelos habitantes locais, refletindo uma
diminuição da auto-estima e o começo da negação da própria identidade. Por isto
faz-se urgente uma sensibilização da comunidade. Ao contrário da consciência
coletiva que se encontra nas Primeiras Colônias Italianas, onde cada um tem
orgulho de suas origens, na Quarta Colônia isto cada vez menos existe. Refere-se
ao “orgulho de ser descendente de colono italiano ou alemão”. Entretanto uma
vantagem competitiva que se deve levar em conta, especialmente do ponto de vista
do turismólogo que é a autenticidade natural preservada na Quarta Colônia quase
que acidentalmente como produto de sua própria história.
152
Finalmente se aponta a necessidade de um inventário técnico, uma pesquisa
de opinião, um bom portal na web, um banco de dados, o estudo da demanda,
capacidade de carga tanto da região urbana como da rural, identificando seus
atrativos. Além disto é fundamental a identificação destes atrativos com placas
interpretativas nas quais o turista saiba o que está vivendo e observando. Estes
trabalhos adicionados à criatividade e conseqüente inovação dos atrativos para que
o efeito fidelização do visitante e turista, certamente poderá alavancar o crescimento
do turismo e o desenvolvimento da Quarta Colônia.
153
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______. Marketing Turístico. Um enfoque promocional. 2. ed. Campinas, SP:
Papirus,1995b.
______. Turismo e planejamento sustentável. A proteção do meio ambiente.
Campinas: Papirus, 2004.
______. Turismo e planejamento sustentável. A proteção do meio ambiente.
Campinas: Papirus, 2001.
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160
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Comunicação-Doutorado, USP 2004.
STEINBERGER, Marília. Território, ambiente políticas blicas espaciais. In:
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Paralelo 15 e LGE Editora, 2006.
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Studio Nobel SESC, São Paulo, 1996.
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______; DOTTO, Dalva Maria Righi; BOFF, Antônio Boff. Desenvolvimento regional:
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Dinizar F.; WITTMANN, Milton Luiz (orgs.) Desenvolvimento Regional: abordagens
interdisciplinares. Santa Cruz do Sul: Edunisc, 2003. p. 319-339.
161
ANEXO
ROTEIRO DE ENTREVISTAS
1. Identificar os projetos, programas realizados nos municípios, na área do
turismo e cultura e a forma como eles se relacionam com as políticas públicas da
Metade Sul do Rio Grande do Sul e o CONDESUS.
2. Quais os projetos que estão em andamento na área de turismo?
3. Quais os que efetivamente foram desenvolvidos?
4. Como é vista a integração da atividade turística com outros municípios,
pertencentes à Quarta Colônia?
5. Existe algum tipo de fomento à iniciativa privada, como hotelaria,
gastronomia, artesanato? Caso responda sim, descreva o programa.
6. Quais os incentivos que existem dentro do contexto legal das políticas
públicas para que a iniciativa privada ou o poder público municipal e regional
permitam as ações turísticas e sua complementaridade e compartilhamento?
7. De que maneira as políticas públicas podem estar impedindo a consolidação
do produto turístico?
8. Foi elaborado programa de capacitação para o desenvolvimento turístico
(buscando parcerias com as entidades, como: IPHAN, SENAC, SEBRAE,
EMBRATUR, COREDE CENTRAL, CONDESUS)? Caso responda sim, descreva o
programa.
9. Quais as ações previstas com o objetivo de expandir o turismo integrado com
vistas ao desenvolvimento regional?
10. Quais as perspectivas referentes a políticas públicas para os agentes que
participam da atividade turística?
11. Identifique três razões que dificultam (obstáculos)o exercício de uma
administração profissional na secretaria.
12. Cite dados econômicos e financeiros, envolvendo montante de recursos
repassados e aplicados em investimentos na área do Turismo.
13. Há Lei Orgânica municipal referente ao Turismo?
14. Comente a respeito das Políticas da mesorregião da metade Sul do Rio
Grande do Sul e as políticas referentes ao Ministério de Turismo, Embratur,
Programa de Regionalização do Turismo, Fundo Geral do Turismo
15. Como o entrevistado vê o preparo do elemento humano para atividade turística?
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