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MARCIO VIVAN CARDOSO
ESTUDO DA INFLUÊNCIA DE INSTRUMENTOS E TÉCNICAS
ALTERNATIVAS DE PREPARO CAVITÁRIO NA RESISTÊNCIA DE
UNIÃO DE SISTEMAS ADESIVOS À DENTINA
São Paulo
2006
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Marcio Vivan Cardoso
Estudo da influência de instrumentos e técnicas alternativas de
preparo cavitário na resistência de união de sistemas adesivos à
dentina
Tese apresentada à Faculdade de
Odontologia da Universidade de São
Paulo, para obter o título de Doutor pelo
Programa de Pós-Graduação em
Odontologia.
Área de Concentração: Dentística
Orientador: Prof. Dr. Rubens Côrte Real
de Carvalho
São Paulo
2006
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FOLHA DE APROVAÇÃO
Cardoso MV. Estudo da influência de instrumentos e técnicas alternativas de preparo
cavitário na resistência de união de sistemas adesivos à dentina [Tese de
Doutorado]. São Paulo: Faculdade de Odontologia da USP; 2006.
São Paulo,09/01/2007
Banca Examinadora
1) Prof(a). Dr(a).____________________________________________________
Titulação: _________________________________________________________
Julgamento: __________________ Assinatura: __________________________
2) Prof(a). Dr(a).____________________________________________________
Titulação: _________________________________________________________
Julgamento: __________________ Assinatura: __________________________
3) Prof(a). Dr(a).____________________________________________________
Titulação: _________________________________________________________
Julgamento: __________________ Assinatura: __________________________
4) Prof(a). Dr(a).____________________________________________________
Titulação: _________________________________________________________
Julgamento: __________________ Assinatura: __________________________
5) Prof(a). Dr(a).____________________________________________________
Titulação: _________________________________________________________
Julgamento: __________________ Assinatura: __________________________
DEDICATÓRIA
Aos meus amigos mais sinceros e verdadeiros, com todas as suas
imperfeições e limitações. Aos amigos indispensáveis para o bom
funcionamento de minha memória e para a integridade de minha
personalidade. Aos amigos que são as testemunhas do meu passado e a
garantia de meu futuro, e que são o espelho através do qual posso me
olhar. À amizade que representa a aliança contra a adversidade, sem a
qual me encontraria completamente desarmado. Aos amigos novos e
antigos, aos que me fazem sentir uma pessoa especial e aos que apontam
meus erros com severidade. Aos meus amigos mais presentes e aqueles
que o tempo deixou guardado em um lugar muito especial.
E como não ressaltar os amigos mais que amigos? Meu pai-exemplo,
minha mãe-sempre-presente e meus queridos irmãos Sergio e Silvana,
que a mim dedicam seus amores incondicionais e a quem devo meu mais
sincero obrigado.
A vocês, com todo o meu verdadeiro amor, dedico este trabalho.
AGRADECIMENTOS
Ao meu orientador, Prof. Dr. Rubens Côrte Real de Carvalho, pelos anos de apoio,
incentivo e dedicação. São poucos os meios pelos quais podemos atingir a
imortalidade. Acredito que o mais nobre deles seja a capacidade de transmitir
nossos conhecimentos para a formação de pessoas melhores. Não me refiro à
formação de profissionais mais habilidosos, mas de seres humanos mais críticos,
capazes aplicar os ensinamentos que lhes foram apresentados de forma segura e
inteligente. Agradeço por ter tido a oportunidade de ser um de seus discípulos e de
poder, a partir de mais uma etapa concluída, transmitir aos meus alunos
o que aprendi estando sob sua orientação.
Ao meu co-orientador, Prof. Dr. Bart Van Meerbeek, e a toda a equipe do Biomat
Research Cluster da Catholic University of Leuven pela forma amigável com que me
receberam, pelos ensinamentos indispensáveis para a elaboração deste trabalho e
pela certeza de que a minha relação com Leuven terá sempre um sabor especial.
Obrigado Eduardo Coutinho, Dominique Crombez, Jan De Munck, André Poitevin,
Kirsten Van Landuyt, Prof. Marlen Peumans, Prof. Paul Lambrechts, Elke Debois,
Daniela Mattar, Aline Neves e Banu Ermis.
À minha sempre orientadora, Profa. Dra. Eliza Maria Agueda Russo, exemplo de
dedicação e profissionalismo. Agradeço pela confiança que em mim sempre
depositou, desde o inicio de minha carreira no âmbito da docência e pesquisa.
Aos mestres, com carinho. Àqueles que se dedicam e se comprometem com o
saber, que não se deixam corromper pela política negativa e que lutam com
honestidade e clareza pelo que acreditam ser o bem comum.
Às minhas amigas Alessandra Andrade e Ângela Shimaoka, dupla infalível e
implacável. Poucas vezes testemunhei o talento e a inteligência trabalhando numa
sintonia tão precisa. Saibam o quanto as respeito e admiro.
Àos meus amigos Adri Fruges, Ale Pagliucca, Bel Critis, Lumi Hioki, Si Moretto,
Titânia Tononi e Vi De Luccas pelos momentos de bom humor e pela energia
positiva que recarrega minhas baterias. Obrigado por torcerem tão sinceramente
pelo meu sucesso.
Aos meus colegas de pós-graduação da “turma dedicação exclusiva” (tenho a
certeza de que valeu a pena!): Ana Cecília, Ana Del Carmen, Patrícia Freitas, Fabio
Robles, Vinicius Martins, Patrícia Lloret, Kátia Rode, Ricardo Archila, Alex, Ninoshka
Gomez, Beatriz Tholt, Alessandra Andrade, Washington Steagal, Thais Thomé,
Sheila Braga, Manoel Roberto e Arlene Tachibana.
À CAPES pela bolsa de doutorado e pela bolsa de Estágio de Doutorando no
Exterior.
Aos funcionários do Departamento de Dentística, da Secretaria de Pós-Graduação e
do Serviço de Documentação Odontológica (SDO) da FOUSP pela disponibilidade e
profissionalismo.
Cardoso MV. Estudo da influência de instrumentos e técnicas alternativas de preparo
cavitário na resistência de união de sistemas adesivos à dentina [Tese de
Doutorado]. São Paulo: Faculdade de Odontologia da USP; 2006.
RESUMO
A atual tendência ao desenvolvimento de uma odontologia minimamente invasiva
tem sido responsável pela introdução de instrumentos e técnicas alternativas de
preparo cavitário. Porém, tais tecnologias deveriam não somente preencher os
requisitos de uma odontologia conservadora, mas também preparar as paredes da
cavidade para o tratamento restaurador adesivo subseqüente. Assim, o objetivo
deste estudo foi testar a hipótese nula de que: 1) tanto técnicas convencionais
quanto técnicas alternativas de preparo cavitário são capazes de produzir um
substrato dentinário receptivo à adesão de sistemas autocondicionantes; e 2) A
efetividade adesiva de sistemas autocondicionantes não é influenciada pela
interposição da camada de esfregaço. Cem molares humanos íntegros foram
aleatoriamente divididos em 20 grupos de acordo com o adesivo e a técnica ou
instrumento utilizado. Superfícies planas de dentina média oclusal foram preparadas
com instrumento rotatório diamantado convencional (IR); fratura; instrumento
rotatório CVD (IRCVD); instrumento ultra-sônico CVD (IUCVD); e laser de
Er,Cr:YSGG .Um adesivo condicione-e-lave (Optibond FL/OB) e três
autocondicionantes (Adper Prompt L-Pop/AP, Clearfil SE Bond/SE e Clearfil S
3
Bond/S3) foram empregados. Os espécimes foram construídos com o compósito
Z100/3M ESPE. A resist6encia adesiva foi determinada por meio de teste de
microtração após 24 h de estocagem em água a 37
o
C. Amostras adicionais foram
processadas para análise em MEV quanto às características morfológicas
apresentas após o preparo das superfícies dentinárias em cada caso. O teste de
Kruskal-Wallis (p<0,05) determinou que os grupos preparados com IRCVD, IUCVD e
laser apresentaram menores valores de resistência adesiva quando comparados aos
grupos controle (IR e fratura). Além disso, os adesivos de menor acidez (SE e S3)
foram mais eficientes quando aplicados em dentina fraturada. Concluiu-se que o uso
de instrumentos e técnicas alternativas de preparo cavitário comprometeu a adesão
à dentina e que a camada de esfregaço influencia de forma negativa a adesão de
sistemas autocondicionantes suaves.
Palavras-Chave: Adesivos; Camada de esfregaço; Lasers; Microscopia eletrônica de
varredura; Resistência à tração; Ultra-som
Cardoso MV. Study of the influence of alternative tools and techniques for cavity
preparation on the bond strength of adhesive systems to dentin [Tese de Doutorado].
São Paulo: Faculdade de Odontologia da USP; 2006.
ABSTRACT
The current trend toward minimal invasive dentistry has introduced alternative cavity
preparation techniques. However, these technologies should not only fulfill the
requirements of a conservative philosophy, but also prepare the cavity walls for the
subsequent bonding restoration. The purpose of this study was to assess the null
hypotheses that: (1) both conventional and alternative cavity preparation techniques
are equally receptive to adhesion; and (2) bonding effectiveness of mild adhesives is
not influenced by smear layer (SL) interposition. Eighty sound human molars were
divided into 20 groups according to adhesive and cavity preparation technique. Flat
mid-occlusal dentin surfaces were prepared with regular diamond bur (DB), scalpel
blade (SB), CVDentus bur in high speed turbine (CB), CVDentus tip in ultrasound
(CT), and Er,Cr:YSGG laser (L). One etch-and-rinse (Optibond FL (OB)) and three
self-etch systems (Adper Prompt L-Pop (AP), Clearfil SE Bond (SE) and Clearfil S
3
Bond (3S)) were employed. Specimens were built up with Z100/3M ESPE composite.
The microtensile bond strength was determined after 24h of storage in water at 37
o
C.
Additional samples were processed for SEM analysis on morphological aspects in
each situation. Kruskal-Wallis test (p<0,05) determined that groups prepared with
CB, CT and L presented lower µTBS values than the control groups (DB and SB),
and that adhesives with lower acidity (SE and 3S) were more effective when applied
on fractured surfaces (SB). It was concluded that the use of alternative techniques for
cavity preparation caused damages to dentin surface, compromising the adhesion to
this substrate. Moreover, the bonding effectiveness of mild adhesives was improved
by SL absence.
Keyworks: Adhesives; Lasers; Scanning electron microscopy; Smear layer; Tensile
strength; Ultrasonics
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 4.1 - Aparelho formador de microespécimes .................................................59
Figura 4.2 - Máquina de ensaios universais LRX/Lloyd............................................59
Figura 4.3 - Método de preparo das amostras para teste de microtração.................61
Figura 5.1 - Fotomicrografias em MEV: características estruturais das pontas
diamantadas obtidas pela técnica convencional e CVD ........................68
Figura 5.2 - Fotomicrografias em MEV: características morfológicas de superfícies
dentinárias preparadas com diferentes instrumentos e técnicas ...........69
Figura 5.3 - Fotomicrografias em MEV: secções transversais das amostras de
dentina preparadas com diferentes instrumentos e técnicas.................70
Figura 5.4 - Fotomicrografias em MEV: secções transversais das amostras de
dentina preparadas com laser de Er,Cr:YSGG......................................71
Figura 5.5 - Fotomicrografia em MEV: secção transversal de amostra preparada com
instrumento rotatório CVD (aumento de 10000x) ..................................71
Figura 5.6 - Fotomicrografias em MEV: Optibond FL; falha coesiva em dentina em
amostra preparada por meio de fratura (lado da dentina)......................79
Figura 5.7 - Fotomicrografias em MEV: Clerafil SE Bond; falhas mistas em amostras
preparadas por meio de fratura (a, b) ou instrumento rotatório CVD (c,
d)............................................................................................................80
Figura 5.8 - Fotomicrografias em MEV: Adper Prompt L-Pop; falha mista em amostra
preparada com instrumento rotatório (a, b) e falha coesiva em resina
(camada de adesivo) em amostra preparada por meio de fratura (c,
d)............................................................................................................81
Figura 5.9 - Fotomicrografias em MEV: Clerafil S
3
Bond; falha mista em amostra
preparada com instrumento rotatório (a, b) e falha adesiva em amostra
preparada por meio de fratura (c, d)......................................................82
Figura 5.10 - Fotomicrografias em MEV: Clearfil S
3
Bond; falha adesiva em amostra
preparada com instrumento rotatório CVD..........................................83
Gráfico 5.1 - Resultados do teste de resistência adesiva à microtração .................74
Gráfico 5.2 - Análise do padrão de fratura das amostras teste de microtração.......76
Quadro 4.1 - Grupos experimentais e grupos-controle ............................................53
Quadro 4.2 - Composição química, origem, lote e validade dos sistemas adesivos
testados ..............................................................................................54
LISTA DE TABELAS
Tabela 5.1 - Média e desvio-padrão da espesssura da camada de esfregaço
produzida por cada instrumento e técnica de preparo .........................67
Tabela 5.2 - Teste de aderência à curva normal: valores originais..........................72
Tabela 5.3 - Resultados do teste de Kruskal-Wallis.................................................72
Tabela 5.4 - Média dos postos das amostras...........................................................73
Tabela 5.5 - Resultados do teste de microtração por grupo: médias (MPa); desvios
padrões; número de falhas pré-teste e número total de amostras.......73
LISTA DE ABREVIATURA E SIGLAS
10-MDP 10-metacriloiloxidecil diidrogeno fosfato
A Falha adesiva
Bis-GMA Bisfenol glicidil metacrilato
Cd Falha coesiva em dentina
CEP-FOUSP Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Odontologia da
Universidade de São Paulo
CONEP Comissão Nacional de Ética em Pesquisa
Cr Falha coesiva em resina
CVD Chemical Vapor Deposition
DP Desvio padrão
Er,Cr:YSGG Érbio, Cromo (Ítrio, Escândio, Gálio, Granada)
Er:YAG Érbio (Ítrio, Alumínio, Granada)
GPDM Dimetacrilato do ácido glicerofosfórico
HEMA 2-hidroxietil metacrilato
IR Instrumento rotatório
IRCVD Instrumento rotatório CVD
IUCVD Instrumento ultra-sônico CVD
LP Adper Prompt L-Pop
M Falha mista
MET Microscópio eletrônico de transmissão
MEV Microscópio eletrônico de varredura
OB Optibond FL
PAMM Mono 2-metacriloxietil ftalato
Ptf Falhas pré-teste
S3 Clearfil S
3
Bond
SE Clearfil SE Bond
TEGDMA Trietilenoglicol dimetacrilato
UDMA Uretano dimetacrilato
LISTA DE SÍMBOLOS
n número total de espécimes
SUMÁRIO
p.
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................17
2 REVISÃO DA LITERATURA ..............................................................
19
2.1 Adesão às estruturas dentais ..........................................................................19
2.2 O uso do ultra-som para preparo cavitário.....................................................37
2.3 O uso do laser para preparo cavitário.............................................................42
3 PROPOSIÇÃO ....................................................................................51
4 MATERIAL E MÉTODOS....................................................................
52
4.1 Grupos-controle e experimentais ....................................................................52
4.2 Preparo das amostras.......................................................................................54
4.3 Teste de resistência adesiva à microtração....................................................58
4.4 Testes estatísticos ............................................................................................62
4.5 Microscopia Eletrônica de Varredura..............................................................62
5 RESULTADOS.....................................................................................65
5.1 Avaliação morfológica em MEV .......................................................................65
5.2 Teste de resistência adesiva............................................................................72
6 DISCUSSÃO .......................................................................................84
7 CONCLUSÕES ..................................................................................
103
REFERÊNCIAS.....................................................................................
104
APÊNDICES..........................................................................................
116
ANEXOS................................................................................................
126
17
1 INTRODUÇÃO
Avanços importantes na odontologia adesiva e um maior conhecimento sobre
o desenvolvimento do processo de cárie têm influenciado de forma significante
diversos conceitos em dentística restauradora. Atualmente, uma odontologia
minimamente invasiva tem sido preconizada a fim de prevenir a remoção
desnecessária de tecido dental sadio durante o ato operatório. Porém, o uso
convencional de pontas diamantadas em alta-rotação está freqüentemente
relacionado à obtenção de cavidades cuja amplitude vai além da extensão do tecido
cariado. Atendendo às necessidades de uma tendência menos invasiva, novas
tecnologias para preparo cavitário têm sido apresentadas com resultados
promissores, tais como pontas diamantadas especialmente produzidas para uso em
ultra-som e irradiação com lasers de Érbio.
Por outro lado, instrumentos e técnicas alternativas de preparo cavitário
deveriam não somente atender aos princípios de uma odontologia mais
conservadora, mas também deveria preparar as paredes da cavidade a fim de torná-
las receptivas ao procedimento adesivo subseqüente. Tendo em vista que técnicas
tradicionais e alternativas são baseadas em diferentes procedimentos para preparo
cavitário, superfícies dentais com características morfológicas distintas podem ser
esperadas. Variações no padrão topográfico, formação de camada de esfregaço e
até mesmo diferenças na composição da estrutura dental podem ser um resultado
provável dependendo do tipo de interação que o instrumento utilizado mantém com
os tecidos dentais. A forma como tais diferenças podem interferir na adesão às
estruturas dentais ainda merece maiores esclarecimentos, principalmente
18
considerando-se a influência da camada de esfregaço na interação de adesivos
autocondicionantes ao substrato dental. Tais adesivos eliminam a necessidade de
remoção da camada de esfregaço, incorporando-a à camada híbrida e interagindo
com a dentina subjacente de diferentes maneiras, dependendo principalmente de
seu potencial acídico.
O uso de testes de resistência adesiva à microtração tem se mostrado
bastante efetivo na avaliação da eficiência de união de sistemas adesivos aos
tecidos duros dentais, principalmente quando associado a uma análise criteriosa do
padrão de fratura apresentado pelas amostras após o teste. Não menos importante
é o estudo morfológico da superfície aderente a fim de que os resultados do teste de
resistência adesiva possam ser mais profundamente compreendidos. Nesse
contexto, o Microscópio Eletrônico de Varredura (MEV) tem sido amplamente
utilizado, auxiliando de forma confiável a análise dos resultados obtidos.
Este estudo justifica-se tendo em vista que instrumentos e técnicas
alternativas de preparo cavitário representam atualmente uma opção real ao
tratamento restaurador. Torna-se necessário, portanto, que maiores esclarecimentos
sejam obtidos quanto à influência que tais técnicas exercem em relação à qualidade
da adesão à dentina e, conseqüentemente, ao tratamento restaurador como um
todo.
19
2 REVISÃO DA LITERATURA
O conceito de uma odontologia minimamente invasiva estabeleceu-se com o
desenvolvimento de materiais que possuem como principal característica a
possilbilidade de adesão às estruturas dentais. Com isso, técnicas e instrumentos
inovadores surgiram a fim de que preparos cavitários cada vez mais conservadores
pudessem ser realizados, preservando assim a estrutura dental sadia. Tyas et al.
(2000) descreveram algumas técnicas e instrumentos empregados para tais fins.
A fim de um melhor entendimento dos temas abordados neste estudo, a
revisão de literatura apresentada a seguir será dividida em três tópicos. O primeiro
trata da adesão às estruturas dentais, considerando-se principalmente a dentina
como substrato aderente. Em seguida, a revisão será conduzida com o objetivo de
esclarecer a evolução e as características do uso dos aparelhos ultra-sônicos no
contexto da odontologia restauradora. Por fim, o último tópico abordará o uso do
laser como técnica de preparo cavitário, descrevendo os conceitos e resultados
apresentados pela literatura em relação à adesão à dentina irradiada.
2.1 Adesão às estruturas dentais
Muitas conquistas vêm sendo alcançadas pela odontologia adesiva desde que
Buonocore (1955) sugeriu o condicionamento ácido do esmalte dental. Um aumento
significante da adesão pode ser observado pelo autor nessa época, quando as
20
resinas acrílicas ainda eram utilizadas como material restaurador estético. Sua
hipótese foi baseada no corriqueiro emprego do ácido fosfórico no setor industrial
com o objetivo de melhorar a adesão de tintas e materiais acrílicos em superfícies
metálicas. Um ano depois, Brudevold, Buonocore e Wileman (1956) tentaram
estender a técnica de condicionamento à dentina, utilizando para tanto uma solução
de ácido clorídrico a 7% por 60 segundos. Porém, tendo em vista a característica
hidrofóbica dos adesivos até então desenvolvidos, os resultados de resistência
adesiva obtidos foram frustrantes.
Gwinnett e Matsui (1967) mostraram a formação de prolongamentos de resina
(resin tags) na superfície do esmalte condicionado, atribuindo a essas estruturas o
principal mecanismo de união da resina ao esmalte. Segundo os autores, o
condicionamento ácido foi capaz de promover na superfície do esmalte uma
estrutura porosa cuja profundidade poderia variar de 5 a 50 µm. Quando uma resina
de baixa viscosidade foi aplicada sobre essa superfície, ela prontamente penetrou
nas porosidades obtidas garantindo, após sua polimerização, uma retenção
micromecânica com o esmalte.
Desde o início, a união ao esmalte apresentou-se bastante eficiente e
previsível, contrastando com a adesão ao substrato dentinário, que tem
representado um desafio constante ao sucesso da odontologia adesiva. Nesse
contexto está inserida a importância de um profundo conhecimento da dentina
devido, principalmente, à sua composição e complexidade estrutural.
Como descrito por Marshal Junior (1993), a dentina é composta por uma
estrutura 50% mineral e 30% orgânica, sendo os 20% restantes representados pelo
fluido dentinário. Nesse complexo, os túbulos dentinários, repletos de fluido, são
circundados por uma dentina peritubular altamente mineralizada e inserida numa
21
estrutura de dentina intertubular. Além da composição inorgânica, está presente uma
intensa rede de fibras colágenas do tipo I, sustentada pela estrutura mineral e
distribuída por toda a dentina.
A complexidade dessa estrutura explicaria por si só as adversidades impostas
à adesão, não fosse a variabilidade morfológica da dentina em suas diferentes
localidades. A quantidade de túbulos dentinários varia à medida que a proximidade
da polpa é alcançada, chegando a representar 28 % do volume total da dentina em
regiões profundas, onde são mais numerosos (45.000/mm
2
) e calibrosos (2,5 μm de
diâmetro) (GARBEROGLIO; BRÄNNSTRÖM, 1976). Essa variabilidade estrutural
implica em diferentes graus de permeabilidade dentinária dependendo da região e
da proximidade em relação à polpa (PASHLEY et al., 1987).
Além disso, outra característica importante a ser considerada é a presença da
camada de esfregaço que se forma na superfície da dentina instrumentada, ocluindo
a entrada dos túbulos dentinários e diminuindo sua permeabilidade em até 86%
(PASHLEY; LIVINGSTONE; GREENHIL, 1978). A camada de esfregaço constitui-se
de restos de matéria orgânica e inorgânica produzidos pela instrumentação da
estrutura dental, sendo que sua morfologia e espessura dependem do tipo de
instrumento ou técnica de instrumentação utilizada (GWINNETT, 1984; TANI;
FINGER, 2002).
Ainda acreditando na viabilidade do condicionamento ácido da dentina,
Fusayama et al. (1979) insistiam na técnica de condicionamento total, ou seja, de
esmalte e dentina simultaneamente. A técnica consistia em um condicionamento
total da cavidade com gel de ácido fosfórico a 40%, o que promovia um acréscimo
nos resultados de adesão ao esmalte e à dentina. Porém, a resistência adesiva à
dentina era prejudicada pela ocorrência de um sobrecondicionamento e o posterior
22
ressecamento da superfície com jato de ar. Sabe-se atualmente que essa secagem
causa o colapso das fibras colágenas previamente expostas pelo condicionamento
ácido da dentina, impedindo a adequada penetração do adesivo (GWINNETT,
1994).
Mais tarde, Nakabayashi, Kojima e Masuhara (1982) relataram a existência de
uma zona de interdifusão entre a camada de adesivo e a dentina desmineralizada
subjacente, denominando-a camada híbrida. Segundo os autores, a técnica de
condicionamento ácido da dentina promovia nesse substrato uma desmineralização
superficial, expondo uma trama de fibras colágenas que era posteriormente
penetrada pelo adesivo. O método de condicionamento ácido exigia a utilização de
uma solução de ácido cítrico a 10% e cloreto férrico a 3% (10:3) previamente à
utilização de um adesivo hidrófobo que, por sua vez, era aplicado sobre a dentina
seca pelo uso de jato de ar.
A descoberta de que primers à base de HEMA poderiam melhorar
substancialmente a adesão à dentina levou Kanca III (1992) a introduzir o conceito
de adesão à superfície úmida (wet bonding technique). Até então, os fabricantes de
sistemas adesivos ressaltavam a necessidade de obtenção de uma dentina seca
para que seus produtos pudessem agir adequadamente. Em seu estudo, Kanca III
(1992) declarou as vantagens de um adesivo que pudesse interagir com a superfície
dentinária intrinsecamente úmida, baseando-se nas características hidrofílicas da
então recente versão do adesivo All Bond (Bisco Dental). Segundo o autor, para o
adesivo testado, que apresentava um primer hidrofílico à base de acetona, a
umidade presente na superfície da dentina condicionada deixava de ser um
inconveniente e passava a ser um requisito para que uma ótima adesão fosse
alcançada.
23
Todavia, apesar de tornar-se uma prática comum no Japão desde o início da
década de 80, a técnica de condicionamento total só passou a ser aceita nos
Estados Unidos uma década depois, quando se sedimentou a idéia do
condicionamento da dentina para a formação da camada híbrida. A partir desse
momento, o conceito de hibridização da dentina passou a representar um importante
mecanismo de adesão a esse substrato (SWIFT JUNIOR; PERDIGÃO; HEYMANN,
1995).
Os sistemas adesivos desenvolvidos a partir de então apresentavam um
protocolo de três passos durante o procedimento adesivo, incluindo: o
condicionamento da dentina com um ácido que é sempre lavado após sua ação em
um determinado período; o uso de primers constituídos por uma solução de
monômeros bifuncionais (hidrofílicos e hidrofóbicos) dissolvidos em álcool, acetona
e/ou água; e finalmente o uso de uma resina fluida, com ou sem carga, contendo
monômeros hidrófobos como o Bis-GMA, o TEG DMA e o UDMA (BARATIERI et al.,
2001).
Apesar da extensa variedade de condicionadores, primers e adesivos
utilizados, o mecanismo de ação dos adesivos de condicionamento total disponíveis
era e continua sendo bastante semelhante. O condicionamento ácido remove a
camada de esfregaço da superfície dentinária, abrindo a entrada dos túbulos e
desmineralizando a dentina intertubular e peritubular. Tal desmineralização promove
a exposição de uma trama de fibras colágenas que pode encolher e colapsar devido
à perda do suporte inorgânico. Após a remoção do agente condicionador por meio
de lavagem, um primer contendo monômeros bifuncionais (hidrofílicos e
hidrofóbicos) é aplicado, sendo capaz de devolver à trama de fibras colágenas sua
disposição original. O primer também é capaz de aumentar a energia de superfície
24
da dentina, elevando sua molhabilidade. O adesivo é então aplicado sobre a dentina
preparada e penetra pelas fibras colágenas onde copolimeriza com o primer,
formando uma zona de interdifusão entre a resina e a dentina (VAN MEERBEEK et
al., 1992).
Considerando-se o processo de hibridização da dentina, uma importante
questão foi posicionada por Nakabayashi, Nakamura e Yasuda (1991). Nesse
estudo, os autores mostraram que ácidos muito agressivos exporiam a trama
colágena tão profundamente que o adesivo empregado não seria capaz de penetrá-
la completamente. Com isso, uma parte da trama de fibras colágenas permaneceria
sem o suporte da hidroxiapatita ou do adesivo, tornando-se a porção mais fraca da
interface adesiva e mais susceptível à degradação ao longo do tempo.
Utilizando diversos adesivos e diferentes agentes condicionadores, Van
Meerbeek et al. (1992) mostraram que a profundidade de desmineralização da
dentina depende do tipo e do tempo de aplicação do agente condicionador
empregado. Através de análise em MEV, os autores também mostraram que alguns
adesivos não foram capazes de penetrar completamente na trama de fibras
colágenas exposta pelo processo de desmineralização da dentina. Poucos anos
depois, Sano et al. (1995) publicaram um estudo clássico no qual, através de MEV e
microscópio eletrônico de transmissão (MET), comprovaram a difusão de traços de
nitrato de prata no interior da camada híbrida. Esse fenômeno, que ocorre mesmo na
ausência de fendas na interface adesiva, foi denominado nanoinfiltração. A hidrólise
das fibras colágenas e a degradação dos monômeros resinosos na camada híbrida,
segundo os autores, seriam inevitáveis.
Outro problema relacionado aos adesivos de condicionamento total foi
ressaltado por Tay et al. (1996a, 1996b, 1996c) em uma série de estudos sem que o
25
tema fosse, até os dias de hoje, completamente esclarecido: quão úmida deve estar
a dentina durante o procedimento adesivo? Embora a presença de água na
superfície dentinária seja essencial para que uma ótima adesão seja alcançada, a
ocorrência de um fenômeno de superumedecimento traria prejuízos ao procedimento
adesivo. Segundo os autores, as situações de ressecamento e superumedecimento
da superfície dentinária desmineralizada representariam os extremos de um
espectro que reflete a influência antagônica da umidade na interação entre o adesivo
e o substrato. Dentro desse espectro, espera-se encontrar um grau de umidade ideal
para que uma adequada hibridização dentinária seja alcançada. Enquanto a
permeabilidade intertubular parece ser mais afetada que a intratubular numa
situação de ressecamento da superfície dentinária desmineralizada (TAY et al.,
1996c), o inverso acontece quando os túbulos dentinários e a trama colágena
intertububular estão saturados com água (TAY et al., 1996b). Glóbulos resinosos
resultantes da separação de fases dos componentes do primer e espaços bolhosos
previamente ocupados por água foram encontrados ao longo da camada híbrida
quando um adesivo a base de acetona e álcool foi aplicado em dentina
superumedecida (TAY et al., 1996b). Os autores concluíram que a janela de
oportunidade para uma ótima hibridização da dentina pode ser atingida mantendo-se
a trama colágena úmida durante o procedimento adesivo evitando, no entanto, um
excesso de água na superfície dentinária (TAY et al., 1996a). Existe uma forte
evidencia de que a quantidade ideal de água necessária para uma ótima adesão
esteja relacionada com o solvente do qual o sistema adesivo é composto, ou seja,
acetona, álcool e/ou água (TAY et al, 1996a; VAN MEERBEEK et al., 1998).
Muitas das adversidades relacionadas pelos adesivos de condicionamento
total foram superadas pelo desenvolvimento de primers autocondicionantes que não
26
exigem a remoção da camada de esfregaço. Nesses sistemas, a ocorrência de
discrepâncias entre a profundidade de desmineralização e a profundidade de
penetração do adesivo é consideravelmente minimizada, tendo em vista que ambos
os processos acontecem simultaneamente (WATANABE; NAKABAYASHI;
PASHLEY, 1994). Os primers autocondicionantes eliminam a necessidade de
condicionamento, lavagem e secagem da superfície dentinária, diminuindo o número
de passos a serem executados, tornando a técnica menos sensível e diminuindo a
possibilidade de erros durante o procedimento adesivo. Watanabe, Nakabayashi e
Pashley (1994) mostraram através de MEV e MET que altas concentrações de
monômenos acídicos (Phenil-P a 20% a 30%) tornavam os primers
autocondicionantes capazes de dissolver a camada de esfregaço produzida por lixa
de granulação 600 ou 180, atingindo e desmineralizando parcialmente a dentina
intacta subjacente. Como resultado, os autores observaram a formação de uma
camada híbrida de pequena espessura que continha a camada de esfregaço original
incorporada em sua estrutura.
Ao afirmarem que a camada híbrida representa o principal mecanismo de
união dos sistemas adesivos à dentina, Arrais e Giannini (2002) avaliaram a
espessura dessa estrutura através de análise em MEV. Os resultados obtidos
mostraram que uma camada híbrida de espessura significativamente menor foi
observada para os adesivos autocondicionantes. Porém, a espessura da camada
híbrida parece não estar diretamente relacionada à efetividade do sistema adesivo
empregado. Toledano et al. (2001) mostraram a superioridade do adesivo
autocondicionante Clearfil SE Bond (Kuraray) sobre o adesivo de condicionamento
total Scotchbond Multi Purpose (3M) em termos de eficiência adesiva. Segundo os
autores, apesar de apresentarem menor molhabilidade quando comparados aos
27
adesivos de condicionamento total, os sistemas autocondicionantes tendem a
prevenir discrepâncias entre a profundidade de desmineralização e penetração do
adesivo, resultando em uma camada híbrida de melhor qualidade.
Numa tentativa de tornar a técnica adesiva ainda mais simples, os fabricantes
introduziram recentemente os adesivos autocondicionantes de passo único, também
chamados adesivos tudo-em-um, que combinam a aplicação do condicionador,
primer e adesivo em um único passo. Apesar de sugerirem as mesmas vantagens
de seus antecessores autocondicionantes de dois passos, os adesivos tudo-em-um
têm apresentado menores valores de resistência adesiva aos tecidos duros dentais.
Inoue et al. (2001) compararam em seu estudo a resistência adesiva de onze
sistemas adesivos à dentina através de teste de microtração. Entre os adesivos
testados, constavam três sistemas autocondicionantes de passo único, quatro
autocondicionantes de dois passos, três sistemas de condicionamento total de dois
passos e um sistema de condicionamento total de três passos. Os autores
observaram que os adesivos tudo-em-um tendem a apresentar uma menor
efetividade adesiva, sendo que a maior média de resistência adesiva foi alcançada
pelo adesivo de condicionamento total de três passos Optibond FL (Kerr).
Considerando-se as comparações de uma forma generalizada, concluiu-se que
qualquer tentativa de simplificação, seja ela relacionada aos adesivos de
condicionamento prévio ou não, resulta em uma queda em termos de efetividade
adesiva.
Com uma proposta bastante semelhante àquela apresentada por Inoue et al.
(2001), De Munck et al. (2003) avaliaram a resistência adesiva de diferentes
categorias de adesivos ao esmalte e à dentina preparados com ponta diamantada
convencional. Concordando com os resultados apresentados pelo grupo anterior, De
28
Munck et al. concluíram que os adesivos autocondicionantes de passo único não
apresentaram resultados confiáveis em termos de adesão aos tecidos duros dentais
quando comparados aos autocondicionantes de dois passos e aos adesivos de
condicionamento total. Além disso, um grande número de falhas pré-teste foi
verificado nos grupos onde os adesivos tudo-em-um foram empregados. Tendo em
vista que uma camada de esfregaço espessa e clinicamente relevante foi produzida
pela ação do instrumento rotatório diamantado, os autores sugeriram que os
adesivos autocondicionantes de passo único não foram capazes de hibridizar a
dentina subjacente de forma adequada.
O pobre desempenho dos adesivos autocondicionantes de passo único
também foi relatado por Shirai et al. (2005). Tais adesivos apresentaram baixos
valores de resistência imediata à microtração, além de mostrarem-se
significantemente mais sensíveis aos efeitos da armazenagem em água por longos
períodos (um ano) e a mudanças na configuração da cavidade (fator C). O adesivo
de condicionamento total de três passos Optibond FL apresentou os melhores
valores de resistência adesiva, parecendo insensível ao tempo de armazenamento e
às tensões geradas pela contração de polimerização do compósito em cavidades de
Classe I. O adesivo autocondicionante de dois passos comportou-se de forma
semelhante, apresentando apenas algum sinal de degradação após 1 ano de
estocagem em água.
O fato de que os adesivos autocondicionantes de passo único podem agir
como membranas permeáveis após sua polimerização tem sido relatado como uma
possível causa da baixa eficiência adesiva por eles apresentada. Tay et al. (2004b)
mostraram uma queda significante na resistência adesiva de sete
autocondicionantes de passo único aplicados sobre a dentina úmida quando a
29
fotopolimerização do compósito foi retardada em 20 minutos. Segundo os autores,
esse baixo desempenho aconteceu devido à penetração de água através da camada
de adesivo polimerizada afetando a interface entre o adesivo e o compósito. Os
espaços circulares observados nas interfaces fraturadas foram considerados as
impressões negativas das gotículas de água que atravessaram a camada de
adesivo, depositando-se sobre ela. No caso dos adesivos autocondicionantes de
passo único, o movimento de água através da camada de adesivo polimerizada
pode acontecer devido à presença de uma diferença osmótica entre uma região de
baixa concentração de soluto (nesse caso representada pela dentina hidratada) para
outra região de alta concentração de soluto (representada pela camada inibida na
superfície do adesivo). Isto resulta no acúmulo de microscópicas gotículas de água
entre o adesivo polimerizado e o compósito. Segundo os autores, apesar da
facilidade de técnica apresentada pelos adesivos autocondicionantes de passo
único, sua permeabilidade aumenta a ocorrência de absorção de água, elevando a
possibilidade de degradação da adesão entre a resina e o substrato dentinário.
A presença de canais microscópicos no interior da camada de adesivo
formada por autocondicionantes de passo único explica sua característica
permeável. Tay et al. (2004a) comprovaram através de imagens em MET a
existência de canalículos preenchidos por água que determinam a permeabilidade
de adesivos autocondicionantes de passo único aplicados em dentina hidratada.
Esses espaços internos, chamados pelos autores de árvores de água, agem como
sítios iniciadores do processo de degradação da adesão entre a resina e a dentina
ao longo do tempo.
Além de serem classificados de acordo com a estratégia utilizada durante o
procedimento adesivo, os sistemas autocondicionantes também podem ser
30
diferenciados pela sua acidez. Basicamente, dois tipos de adesivos
autocondicionantes podem ser citados quando tal critério é utilizado: os fortes e os
suaves (DE MUNCK et al., 2005a). Os autocondicionantes fortes apresentam uma
grande capacidade acídica (pH<1), o que resulta na formação de um padrão de
condicionamento semelhante àquele apresentado pelos adesivos de
condicionamento total. Como conseqüência, semelhanças na ultra-estrutura da
camada híbrida formada por esses dois sistemas adesivos também podem ser
encontradas. Já os autocondicionantes suaves (pH~2) não são capazes de dissolver
a dentina de uma forma completa, fazendo com que uma certa quantidade de
cristais de hidroxiapatita permaneçam no interior da camada híbrida formada (DE
MUNCK et al., 2005a).
Ainda considerando os adesivos suaves, frequentemente representados pelo
Clearfil SE Bond (Kuraray), De Munck et al. (2005b) relataram a formação de
prolongamentos de resina muito curtos no interior dos túbulos dentinários, muitas
vezes obstruídos pelos smear plugs. Apesar das diferenças morfológicas
evidenciadas por cada tipo de adesivo autocondicionante, nenhuma relação existe
entre a agressividade e a eficiência adesiva apresentada em cada caso (DE MUNCK
et al., 2005b). Assim, apesar de apresentar uma dissolução completa da dentina, o
autocondicionante forte Adper Prompt L-Pop tem apresentado baixos valores de
resistência adesiva (DE MUNCK et al., 2005b, SHIRAI et al., 2005; VAN MEERBEEK
et al., 2003a).
Em um estudo recente, Peumans et al. (2006) sugeriram uma nova
classificação ao estudarem o adesivo autocondicionante Clearfil S
3
Bond (Kuraray),
que apresenta um pH semelhante a 2,7. Tal adesivo foi denominado ultra-suave e
sua interação com uma camada de esfregaço espessa impediu a formação de uma
31
camada híbrida autêntica. Após análise em MEV e MET, os autores concluíram que
o adesivo não foi capaz de atingir a dentina, promovendo apenas uma hibridização
do esfregaço. Mesmo na ausência de esfregaço, tal adesivo interagiu minimamente
com a dentina, formando o que os autores denominaram camada nano-híbrida.
Outra classificação foi sugerida por Tay e Pashley (2001) ao estudarem a
capacidade de três adesivos autocondicionantes em hibridizar a dentina recoberta
por diferentes espessuras de esfregaço. Os adesivos Clearfil Mega Bond (Kuraray),
NRC/Prime&Bond NT (Dentsply) e Prompt L-Pop (ESPE) foram classificados como
autocondicionantes suaves, moderados e agressivos, respectivamente, de acordo
com a capacidade de penetração através da camada de esfregaço e profundidade
de desmineralização da dentina subjacente. A avaliação em MET mostrou que o
adesivo Prompt L-Pop promoveu uma completa dissolução da camada de esfregaço,
independente de sua espessura. Nesse caso, foi observada a formação de uma
camada híbrida autêntica, cuja espessura variou de 4 a 5 µm. Além disso, os
espaços intratubulares foram preenchidos pelo adesivo, formando prolongamentos
de resina afunilados e relativamente calibrosos. Segundo os autores, tais
características aproximam-se daquelas apresentadas pela hibridização da dentina
condicionada com ácido fosfórico quando adesivos de condicionamento total são
empregados. Já o adesivo Clearfil Mega Bond, quando aplicado em dentina
preparada com lixa 60, apresentou uma dissolução incompleta da camada de
esfregaço, cujos remanescentes permaneceram presentes no complexo hibridizado.
A dentina abaixo da camada de esfregaço foi hibridizada em cerca de 0,5 µm e os
túbulos dentinários permaneceram obliterados pela presença de smear plugs.
Supondo que diferenças na interação com o substrato dentinário poderiam
influenciar a efetividade dos sistemas autocondicionantes, muitos autores passaram
32
a se preocupar com o tipo de instrumento utilizado durante o preparo das amostras
para teste de resistência adesiva. Ogata et al. (2001) avaliaram a resistência à
microtração de adesivos autocondicionantes da linha Clearfil (Kuraray) aplicados
sobre a dentina preparada com diferentes instrumentos: ponta diamantada em
turbina; instrumento rotatório de aço em micromotor; e lixa 600). Nesse estudo, os
menores valores de resistência adesiva foram encontrados nos grupos onde o
substrato foi preparado com ponta diamantada, produzindo camadas de esfregaço
mais espessas. O adesivo cuja eficiência foi mais afetada pela espessura da
camada de esfregaço foi o Clearfil Liner 2V, que apresentava o maior pH entre os
sistemas autocondicionantes estudados. Os autores ressaltaram que a resistência
adesiva de sistemas autocondicionantes pode ser afetada não só pela quantidade
(espessura) do esfregaço, mas também pela sua qualidade.
Por outro lado, Tani e Finger (2002) não encontraram diferenças
estatisticamente significantes ao compararem a resistência adesiva de sistemas
autocondicionantes de diferentes potenciais acídicos quando os mesmos foram
aplicados em dentina preparada por lixas ou pontas diamantadas de granulações
variadas. No entanto, os autores ressaltaram que o uso convencional de lixas 600
em estudos in vitro deveria ser substituído pelo uso de lixas de maior granulação a
fim de simular o emprego de pontas diamantadas de granulação média ou grossa,
comumente utilizadas para a confecção de preparos cavitários.
Segundo Oliveira et al. (2003), o esfregaço pode variar em termos de
rugosidade, densidade e grau de união com a estrutura dental subjacente de acordo
com o tipo de preparo realizado. Nesse estudo, além dos testes de resistência
adesiva, os autores avaliaram as características da camada de esfregaço produzidas
por diferentes instrumentos de desgaste da superfície dentinária, sendo eles: pasta
33
de alumina com 0,05 µm; lixas de granulação 240, 320 e 600; ponta carbide; e
pontas diamantadas de granulação fina e grossa. As características observadas
foram a rugosidade produzida pelo instrumento, a espessura do esfregaço formado
e a taxa de túbulos dentinários abertos após interação do primer acídico com a
dentina preparada. Empregando o adesivo Clearfil SE Bond, os autores encontraram
uma resistência adesiva significantemente maior à dentina abrasionada com lixa 600
que àquela preparada com ponta diamantada de granulação grossa. Tal resultado
foi atribuído à menor espessura do esfregaço criado pela lixa 600, aumentando a
capacidade do primer em desbloquear a entrada dos túbulos dentinários e
permitindo uma maior interação do adesivo com a dentina.
Seguindo essa mesma linha de pesquisa, Dias, Pereira e Swift Junior (2004),
avaliaram a eficiência adesiva de cinco sistemas adesivos, sendo um de
condicionamento total, três autocondicionantes de dois passos e um
autocondicionante de um passo quando aplicados em dentina preparada por ponta
diamantada, ponta carbide ou lixa 600. Maiores valores de resistência adesiva foram
atingidos com o uso da ponta carbide, sendo que o adesivo autocondicionante de
dois passos Clearfil SE Bond (Kuraray) apresentou o melhor desempenho adesivo
quando comparado aos demais sistemas. Hosoya et al. (2004) confirmaram a maior
eficiência do adesivo Clearfil SE Bond (Kuraray) quando comparado ao sistema de
condicionamento total Single Bond (3M). Os autores também indicaram que o uso de
uma ponta diamantada extrafina resulta em melhores valores de resistência adesiva
que o uso de lixa 600 e que, portanto, tal instrumento rotatório deveria ser utilizado
para o acabamento de cavidades onde o adesivo autocondicionante fosse utilizado.
Apesar do tradicional uso de pontas diamantadas e carbide para a confecção
de preparos cavitários, Setien et al. (2001) alertaram para o fato de que diferentes
34
técnicas de remoção dos tecidos duros dentais foram introduzidas no mercado
odontológico. Considerando que tais técnicas resultam em superfícies dentais com
características específicas, os autores estudaram a influência de métodos
alternativos de preparo cavitário na microinfiltração de um adesivo de
condicionamento total (Single Bond/3M). Além das técnicas convencionais, os
seguintes métodos foram testados: abrasão a ar; vibração sônica; e laser de
Er:YAG. As cavidades preparadas pelos diferentes instrumentos e técnicas
apresentaram características específicas, de acordo com o modo de interação com o
substrato. Porém, as superfícies de esmalte foram adequadamente seladas,
independente da técnica utilizada. No caso do preparo com laser, os autores
sugeriram que a eliminação do condicionamento ácido da superfície tende a diminuir
a possibilidade de microinfiltração.
Técnicas semelhantes de preparo cavitário foram testadas por Van Meerbeek
et al. (2003b) ao fazerem referência às novas metodologias utilizadas para a
obtenção de um preparo mais conservador, à luz de uma odontologia minimamente
invasiva. Nesse estudo, os adesivos Clearfil SE Bond (Kuraray) e Optibond FL (Kerr)
foram testados em termos de resistência adesiva ao esmalte e à dentina, sendo o
último adesivo citado aplicado em substrato condicionado ou não condicionado com
ácido fosfórico a 37,5%. Além das técnicas convencionais de preparo do substrato
(lixa 600 e ponta diamantada de granulação média), os seguintes métodos de
remoção dos tecidos duros dentais foram empregados: abrasão a ar; sono-abrasão
(Sonicsys); e laser de Er:YAG (120 mJ e 10 Hz para esmalte e 80 mJ e 10 Hz para
dentina). Os resultados mostraram que a forma de preparo do substrato influenciou a
efetividade adesiva dos materiais estudados. Considerando-se o adesivo
condicione-e-lave, o uso do condicionamento prévio da dentina mostrou-se
35
obrigatório para as superfícies tratadas com abrasão a ar, laser ou ponta
diamantada. Segundo os autores, a característica acídica do adesivo Optibond FL
conferiu-lhe bons resultados em superfícies tratadas com lixa 600 ou sono-abrasão,
mesmo na ausência de condicionamento ácido, já que uma camada de esfregaço
delgada foi produzida em cada caso. Os menores valores de resistência adesiva
foram obtidos nos grupos cujas amostras foram preparadas com laser, onde a
presença de microfissuras foi observada. O adesivo Clearfil SE Bond apresentou
menor efetividade na adesão à dentina preparada com ponta diamantada quando
comparado ao Optibond FL. Porém, os valores de resistência adesiva apresentados
por ambos os sistemas aproximaram-se quando a dentina foi abrasionada por lixa
600.
Atualmente, muitos pesquisadores têm adotado o teste de microtração como
a melhor opção para o estudo da resistência adesiva em odontologia. Sano et al.
(1994) propuseram o teste de microtração confeccionando, a partir de um só dente,
múltiplas amostras muito pequenas, em forma de ampulheta e com seção
transversal de cerca de 1 mm
2
. Os autores alegaram que a metodologia proposta
garantia melhor distribuição de tensões na interface adesiva, culminando com a
obtenção de resultados mais confiáveis. Ressaltaram também que o teste permite a
mensuração de altos valores de resistência adesiva sem a ocorrência de falhas
coesivas em dentina.
Os resultados de resistência adesiva obtidos com esse teste são bem maiores
que nos testes de tração já que, com a diminuição das amostras, ocorre uma
redução no número e tamanho dos possíveis defeitos existentes, onde as tensões
seriam concentradas (SUDSANGIAM; VAN NOORT, 1999).
36
Phrukkanon, Burrow e Tyas (1998) mostraram uma melhor distribuição de
tensões na interface de amostras com áreas menores que naquelas com áreas
maiores. De acordo com o mecanismo de fratura descrito por Gdoutos (1993),
durante o teste de resistência adesiva, a área de maior concentração de tensões é
aquela onde se inicia a formação do defeito (trinca) que então se propaga pela
amostra até que a fratura completa aconteça. Assim, a melhor distribuição de
tensões em amostras menores faz com que a interface adesiva resista melhor ao
teste, já que a ocorrência da trinca inicial é postergada. Segundo Phrukkanon,
Burrow e Tyas (1998), isso ajuda a explicar porque amostras com áreas menores
tendem a falhar com tensões maiores quando comparadas às amostras
confeccionadas para o teste convencional de tração.
Considerando-se espécimes preparados para o teste de microtração, também
tem sido relatado que uma melhor distribuição de tensões pode ser obtida em
amostras cuja interface adesiva apresenta-se arredondada. Enquanto amostras de
secção retangular tendem a apresentar maior concentração de tensões nos cantos
da interface adesiva, aquelas de secção circular têm as tensões distribuídas por toda
a periferia da interface. Apesar do formato da amostra não influenciar de forma
significativa os valores de resistência adesiva, ele parece exercer um papel
importante na análise das falhas ocorridas, tornando tal avaliação mais confiável. No
caso das amostras cilíndricas, a falha deve ocorrer mais especificamente na região
mais frágil da área de teste, seja ela a camada de adesivo, a zona de interdifusão
resina-dentina, ou a própria estrutura do substrato no caso de uma falha coesiva
(PHRUKKANON; BURROW; TYAS, 1998). Já no caso das amostras retangulares, a
falha provavelmente ocorrerá na área de maior concentração de tensões, que não
necessariamente representa a área de maior fragilidade da interface a ser testada.
37
2.2 O uso do ultra-som para preparo cavitário
O ultra-som pode ser definido como uma vibração sonora que opera em
freqüências superiores a 16 kHz e que, portanto, são imperceptíveis ao ouvido
humano. Invariavelmente, o ultra-som é produzido por transdutores que convertem
energia elétrica em ondas ultra-sônicas por meio de magneto-estricção ou
piezoeletricidade. O ultra-som magneto-estrictivo opera com freqüências que variam
de 20 kHz a 30 kHz, induzindo um movimento em forma de 8 alongado à ponta ativa
do instrumento. Já os aparelhos piezoelétricos vibram linearmente entre 20 kHz e 35
kHz, representando o princípio mais utilizado na produção de aparelhos ultra-sônicos
para odontologia (LAIRD; WALMSLEY, 1991).
A idéia do uso do ultra-som para preparos cavitários em odontologia vem
sendo divulgada desde a década de 50, como uma alternativa ao uso de
instrumentos rotatórios (CATUNA, 1953). A fim de promover corte e desgaste nos
tecidos duros dentais, os instrumentos ultra-sônicos eram utilizados com o auxílio de
pastas abrasivas de óxido de alumínio, operando a uma freqüência de 29 KHz
(POSTLE, 1958).
Postle (1958) foi um dos primeiros autores a relatar as vantagens
relacionadas ao uso do ultra-som para preparos cavitários, atribuindo a essa técnica
uma adequada eficiência de corte, precisão na confecção da cavidade e menor
desconforto ao paciente, o qual suportaria o tratamento operatório sem a
necessidade de uso de anestesia local (Balamuth, 1963). Além disso, o autor
também descreveu o método com o qual o ultra-som deveria ser utilizado, alegando
que seus resultados seriam frustrantes caso o mesmo fosse empregado como os
38
instrumentos rotatórios. Assim, para a remoção de tecido dental, o ultra-som deveria
ser utilizado com pressão leve, capaz de guiar o movimento do instrumento sem
comprimi-lo contra o substrato. Além disso, o uso de refrigeração durante o ato
operatório mostrou-se suficientemente eficiente para que injurias à polpa fossem
evitadas (Street, 1959).
Apesar das expectativas promissoras quanto ao uso do ultra-som para
preparos cavitários, poucos avanços foram observados nesse sentido, tendo em
vista a superioridade dos instrumentos rotatórios em termos de eficiência de corte
(LAIRD; WALMSLEY 1991). Assim, nas últimas décadas, o uso do ultra-som
restringiu-se principalmente à remoção de cálculo dental, sendo uma alternativa
eficiente à raspagem com instrumentos manuais (BALAMUTH, 1963).
Mais tarde, com o desenvolvimento de uma filosofia minimamente invasiva
(TYAS et al., 2000), instrumentos diamantados oscilatórios foram novamente
indicados para a confecção de preparos cavitários conservadores, graças à sua
capacidade de trabalhar em ângulos bastante inclinados, não acessíveis aos
instrumentos rotatórios convencionais (HUGO; STASSINAKIS, 1998). Tais
instrumentos, comercialmente conhecidos como Sonicsys Micro (Kavo Dental,
Biberach, Alemanha), existem em diferentes formatos e angulações, permitindo
acesso oclusal ou proximal à lesão de cárie através de sono-abrasão (VAN
MEERBEEK et al., 2003b). As pontas Sonicsys são acopladas em peças de mão de
aparelhos sônicos que, diferentemente dos aparelhos ultra-sônicos, operam sob ar
comprimido com freqüência audível de 6 kHz (BANERJEE; KIDD; WATSON, 2000).
Porém, sendo aglutinados à ponta metálica do instrumento pela técnica
convencional, os diamantes das pontas Sonicsys não resistem às vibrações
produzidas durante o ato operatório e soltam-se com relativa facilidade da matriz de
39
níquel que as agrega à ponta metálica (BORGES et al., 1999). Tal limitação diminui
substancialmente a vida útil do instrumento assim produzido, além de impossibilitar
seu uso em aparelhos de vibração ultra-sônica, onde as vibrações e impactos seriam
ainda maiores que no caso da vibração sônica (CONRADO et al., 2006).
Durante a produção de pontas diamantadas convencionais, partículas de
diamantes minerais ou industriais são agregadas à superfície de uma ponta de aço
inoxidável por meio de um processo galvânico (BORGES et al., 1999). Os
instrumentos assim confeccionados apresentam grande heterogeneidade no formato
dos grãos de diamante, dificuldade na automação do processo de fabricação, rápida
queda na efetividade de corte, baixa resistência ao impacto e, portanto, baixa
longevidade (ARCURI et al., 1993).
Além disso, os instrumentos diamantados convencionalmente obtidos também
apresentam baixa resistência à esterilização, já que tal processo pode afetar a matriz
de níquel que agrega as partículas de diamante à ponta metálica, levando a uma
perda precoce das mesmas (BORGES et al., 1999).
Porém, um novo método de obtenção de pontas diamantadas para alta
rotação e ultra-som foi recentemente desenvolvido, mudando as perspectivas do uso
dos aparelhos ultra-sônicos em preparos cavitários. O processo de fabricação desse
novo material envolve uma tecnologia bastante inovadora, originalmente conhecida
como Chemical Vapor Deposition – CVD (PFENDER et al., 1992), e resulta em uma
eficiente aderência entre a fina camada de diamantes e a haste metálica do
instrumento (TRAVA-AIROLDI et al., 2002; Sein et al., 2003).
A ponta diamantada por esse método obtida apresenta uma cobertura
completa e homogênea de cristais de diamantes muito pequenos e coalescidos,
40
resultando em uma estrutura única que cobre toda a ponta metálica (TRAVA-
AIROLDI et al., 2002).
Valera et al. (1996) avaliaram a efetividade de corte de pontas diamantadas
CVD em alta-rotação quando comparadas às pontas diamantadas obtidas pela
técnica convencional. Após efetuarem 50 perfurações em uma placa de vidro,
observaram que a efetividade de corte da ponta diamantada convencional
apresentou uma queda de 10 vezes. Por outro lado, a ponta de diamante CVD
manteve seu desempenho inalterado.
Dessa forma, as pontas diamantadas CVD têm sido apresentadas como um
material de maior resistência aos impactos do ato operatório e aos desafios dos
processos de esterilização, resultando em um material de maior eficiência e
durabilidade (BORGES et al., 1999). Além disso, quando utilizadas em aparelhos de
ultra-som, as pontas diamantadas CVD eliminam o desconforto do ruído da turbina
de alta rotação, reduzem a dor durante o ato operatório, promovem maior precisão
de corte e evitam injúrias aos tecidos moles com conseqüentes sangramentos
(CONRADO et al., 2006).
Ainda versando sobre as vantagens dos instrumentos diamantados CVD,
BORGES et al. (1999) mostraram em seu estudo que um filme contínuo de diamante
é produzido pela técnica CVD sem a presença de uma matriz metálica entre os
cristais depositados. Segundo os autores, tal estrutura é capaz de prevenir uma
possível contaminação do substrato dental com íons que, no caso das pontas
convencionais, podem ser liberados da matriz de níquel que se encontra exposta
entre as partículas de diamante.
Em um estudo recente, Lea, Landini e Walmsley (2004) avaliaram as
alterações de temperatura causada por um instrumento ultra-sônico na superfície
41
dental e no próprio instrumento, utilizando para tanto um sistema de imagens
térmicas. Os autores concluíram que a geração de calor pode ser minimizada
quando potências baixas ou médias e contatos com cargas mais leves são
utilizados. Também alertaram que o emprego de uma irrigação ineficiente pode levar
a um aquecimento excessivo da superfície instrumentada. Além disso, constataram
um aumento de temperatura de 25
o
C quando cargas maiores, potencias mais altas e
um pobre fluxo de água foram empregados simultaneamente.
Enquanto os autores citados acima estudaram as variações de temperatura
no instrumento e na superfície dental ao simularem um tratamento periodontal,
Araújo (2005) avaliou esse mesmo fenômeno na câmara pulpar utilizando pontas de
diamante CVD acopladas em ultra-som para fins de preparo cavitário. Nesse
experimento, o autor utilizou um termopar acoplado à câmara pulpar e concluiu que
a sono-abrasão constitui um método seguro quanto à elevação da temperatura
pulpar desde que uma irrigação adequada seja utilizada.
A ultra-estrutura do diamante CVD associada a movimentos ultra-sônicos vem
demonstrando um padrão de desgaste específico dos tecidos dentais, tanto no que
se refere à camada de esfregaço quanto à rugosidade da superfície resultante. Tais
características diferem daquelas comumente observadas quando pontas
diamantadas comuns são empregadas em turbinas de alta rotação, como
demonstrado por Araújo (2005).
Ao realizar um estudo morfológico em MEV, Araújo (2005) observou que a
abrasão ultra-sônica da dentina com pontas CVD levou à formação de uma
superfície ondulada e coberta por uma camada de esfregaço cada vez mais fina
conforme o fluxo de água era aumentado. Com o uso de fluxos de água de 48
42
ml/min e 57 ml/min, o autor observou a presença de túbulos dentinários parcial ou
totalmente abertos.
Por outro lado, Van Meerbeek et al. (2003b) observaram em MEV uma
superfície dentinária completamente coberta por uma camada de esfregaço após ter
sido preparada com a ponta diamantada Sonicsys Micro em aparelho sônico. Após
teste de microtração, os autores relataram que a superfície dentinária preparada por
sonoabrasão apresentou-se tão receptiva aos procedimentos adesivos quanto
àquela preparada com ponta diamantada em alta-rotação. Nesse estudo, o adesivo
condicione-e-lave de três passos Optibond FL e o autocondicionante suave de dois
passos Clearfil SE Bond foram empregados.
2.3 O uso do laser para preparo cavitário
A utilização do laser em função do tratamento odontológico vem sendo
abordada desde a década de 60, concomitantemente ao desenvolvimento do laser
de rubi (MAIMAN, 1960). Stern e Sognnaes (1964) publicaram um dos primeiros
estudos sobre a aplicação do laser nos tecidos duros dentais e observaram a
ocorrência de alterações significativas em esmalte, incluindo a presença de uma
estrutura fusionada de aspecto vítreo. Em dentina, crateras mais definidas foram
verificadas com áreas evidentes de carbonização. Nesse mesmo estudo, os autores
sugeriram uma relação direta dos parâmetros empregados com o tipo de interação
do laser com os tecidos duros dentais. Densidade de energia, tempo de exposição,
43
área do feixe e o tipo de fibra ótica empregada foram os parâmetros citados como
sendo responsáveis pela ação do laser no tecido alvo.
Nesse mesmo período, outros autores prontamente avaliaram os efeitos da
irradiação sobre os tecidos duros dentais e materiais restauradores, obtendo
resultados aparentemente pouco promissores (GOLDMAN et al., 1964; KINERSLY
et al., 1965). Mais tarde, Adrian, Bernier e Sprague (1971) estudaram as alterações
pulpares decorrentes a ação do laser no esmalte de dentes de cães in vivo. Os
autores mostraram que a densidade de energia necessária para promover
alterações no esmalte foi também responsável por alterações pulpares irreversíveis,
inviabilizando assim o uso do laser para a realização de preparos cavitários.
Dessa forma, outros tipos de lasers foram sugeridos para a remoção do tecido
cariado e preparo de cavidades, tais como o laser de CO
2
(10,6 μm) e de Nd:YAG
(1,064 μm). Porém, elevadas temperaturas também foram observadas nas
superfícies dentais irradiadas com o laser de CO
2
, levando à formação de áreas
carbonizadas e repletas de trincas em dentina (WIGDOR et al., 1993), além de um
esmalte fusionado e esbranquiçado (LOBENE; BHUSSRY; FINE, 1968).
Danos térmicos também foram observados em dentina irradiada com laser de
Nd:YAG, dentre os quais ressaltam-se o derretimento da dentina intertubular e a
presença de trincas na superfície afetada (WIGDOR et al., 1993).
Por outro lado, os lasers de érbio têm se mostrado como uma promissora
opção na remoção do tecido cariado e confecção de preparos cavitários,
apresentando mínimos efeitos colaterais às estruturas dentais e adjacentes
envolvidas (CEBALLOS et al., 2002; HOSSAIN et al., 1999b, 2001; LEE et al., 2006,
STRAßL et al., 2004).
44
Os primeiros estudos envolvendo a ação do laser de Er;YAG nos tecidos
dentais foram publicados por Hibst e Keller (1989) no final da década de 80. Desde o
início, o processo de ablação promovido pelo laser de Er:YAG tem sido associado a
uma promissora eficiência na remoção do esmalte, dentina e tecido cariado
(WIGDOR et al. 1993), apresentando ainda uma limitada difusão térmica pelos
tecidos duros dentais e tecidos adjacentes (HIBST; KELLER, 1989).
Wigdor et al. (1993) estabeleceram que o laser de Er:YAG apresentava-se
como a melhor opção para confecção de preparos cavitários, mostrando uma
adequada eficiência na ablação de esmalte e dentina. Os autores também avaliaram
cortes histológicos de polpas de cães cujos tecidos duros dentais (esmalte e dentina
superficial) foram submetidos à irradiação com diferentes tipos de lasers. Nenhuma
alteração pulpar foi observada com o uso do laser de Er:YAG, diferentemente dos
lasers de CO
2
e Nd:YAG que induziram danos não só à polpa como também aos
tecidos adjacentes.
Os benefícios relacionados ao uso do laser de Er:YAG permitiram que ele
fosse indicado como uma técnica alternativa de preparo cavitário, obedecendo aos
requisitos de uma odontologia minimamente invasiva (TYAS et al., 2000), além de
promover menor desconforto ao paciente durante o ato operatório.
Keller et al. (1998) avaliaram in vivo o grau de sensibilidade provocado pelo
laser de Er:YAG quando comparado ao uso de instrumentos rotatórios
convencionais. Após a realização de 206 preparos em 103 pacientes, os autores
consideraram o laser como uma técnica segura em relação à vitalidade pulpar e
mais confortável ao paciente, sendo que a necessidade de uso de anestésico local
foi significativamente reduzida. Nesse estudo, 80% dos pacientes relataram preferir
o laser de Er:YAG aos instrumentos rotatórios para tratamentos futuros.
45
A efetividade do laser quanto à realização de preparos cavitários depende de
sua interação com o tecido irradiado, que pode variar de acordo com o coeficiente
de absorção do tecido alvo em relação ao comprimento de onda do laser empregado
(ARMENGOL et al., 1999). O comprimento de onda do laser de Er:YAG (2,94 μm)
coincide com os picos de absorção da água e da hidroxiapatita, levando a uma
ablação eficiente dos tecidos duros dentais e mínimos efeitos adversos à polpa e
tecidos adjacentes (ARMENGOL et al., 1999; HIBST; KELLER, 1989). Durante o
processo de ablação, a irradiação incidente é altamente absorvida pelas moléculas
de água do tecido alvo, causando-lhes um repentino aquecimento e evaporação. A
pressão de vaporização resultante leva à ocorrência de sucessivas micro-explosões
com a conseqüente ejeção do tecido dental irradiado (HIBST; KELLER, 1989;
KELLER; HIBST, 1989).
O uso de um spray de água durante a irradiação dos tecidos dentais tem sido
estudado por alguns autores (BURKES JUNIOR et al., 1992; HOKE et al., 1990),
sendo que sua importância parece não estar relacionada apenas ao fato de deflagrar
o processo de ablação (HOSSAIN et al., 1999a). Burkes Junior et al. (1992) e Hoke
et al. (1990) mostraram que, quando a irradiação com laser de Er:YAG é
acompanhada pela ação de um spray de água, não só a eficiência de ablação pode
ser aumentada como também a temperatura resultante pode ser diminuída. Segundo
Burkes Junior et al. (1992), quando a irradiação foi realizada sem refrigeração, um
aumento de temperatura intrapulpar de cerca de 27
o
C foi observado, o que está
muito acima da temperatura considerada segura para o estado de vitalidade pulpar.
Por outro lado, a ação conjunta de um spray de água durante a irradiação induziu
um aumento de temperatura pulpar de apenas 2,2
o
C (HOKE et al., 1990). Tal
resultado confere segurança ao uso do laser de Er:YAG uma vez que a elevação de
46
temperatura na câmara pulpar não atingiu valores superiores a 5,5
o
C. Estudos em
modelos animais mostraram que elevações térmicas acima de 5,5
o
C são suficientes
para que danos pulpares imediatos ou mediatos sejam observados (ZACH; COHEN,
1965).
Uma vez que a irradiação com laser de Er:YAG é realizada sob refrigeração,
uma superfície dentinária livre de derretimento e carbonização é geralmente
observada. O laser de Er:YAG confere à superfície irradiada uma aparência de
escamas, com a formação de irregularidades acentuadas e de crateras bem
definidas. Avaliações em MEV mostram uma superfície livre de esfregaço, com
túbulos dentinários evidentes e protruídos já que a ablação acontece mais
efetivamente na dentina intertubular que na peritubular (AOKI et al., 1998; ARAÚJO,
2005; DE MUNCK et al., 2002). A presença de microfissuras e microfragmentos
parcialmente unidos à superfície afetada pela irradiação também tem sido relatada
(DE MUNCK et al., 2002; AOKI et al., 1998).
Assim como o laser de Er:YAG, o laser de Er,Cr:YSGG também tem sido
indicado para utilização em tecidos duros dentais graças à sua eficiência na ablação
de esmalte, dentina e tecido cariado com mínima penetração térmica nas estruturas
envolvidas (HADLEY et al., 2000; HOSSAIN et al., 1999b; MATSUMOTO et al.,
2002). O laser de Er,Cr:YSGG baseia a eficiência de sua ablação na interação da
energia laser com a água presente na interface do tecido alvo e, portanto, tem sido
considerado um sistema hidrocinético (HADLEY et al., 2000). A utilização clínica
desse sistema em preparos cavitários e remoção do tecido cariado foi antecedida
por um estudo em modelo animal que avaliou os danos causados à polpa e ao
periodonto de coelhos e cães após a irradiação dos tecidos duros dentais. Nesse
estudo, os autores utilizaram potencias que variaram de 2 a 6 W e concluíram que o
47
laser de Er,Cr:YSGG não causou danos à polpa ou estruturas adjacentes
(EVERSOLE; RIZOIU; KIMMEL, 1997). Hossain et al. (1999b) relataram que,
durante a irradiação dos tecidos duros dentais com laser de Er,Cr:YSGG, o uso de
spray de água direcionado ao tecido alvo aumentou a eficiência de ablação. Além
disso, o uso de refrigeração impediu a ocorrência de derretimento e carbonização na
superfície do tecido irradiado, independente da potência utilizada, que variou de 3 a
5 W para dentina e de 3 a 6 W para esmalte.
Seguindo a mesma linha de pesquisa, Araújo (2005) avaliou o aumento de
temperatura na câmara pulpar de dentes bovinos submetidos à irradiação com laser
de Er,Cr:YSGG com potências de 6 W para esmalte e 4,5 W para dentina e
densidades de energia de 67,9 J/cm
2
e 50,9 J/cm
2
respectivamente. O fator de
variação empregado nesse estudo foi a taxa de irrigação, que foi determinada em
30%, 50% e 70% do fluxo máximo fornecido pelo aparelho. O autor concluiu que o
acréscimo de temperatura não ultrapassou o limite de 5
o
C, apesar de aumentar na
medida em que a taxa de irrigação diminuía. Nesse mesmo estudo, Araújo (2005)
descreveu a superfície dentinária irradiada com laser de Er,Cr:YSGG com
características morfológicas bastante similares àquelas relatadas por estudos
anteriores que utilizaram o laser de Er:YAG, como descrito acima (AOKI et al., 1998;
DE MUNCK et al., 2002; HOKE et al., 1990). Tais achados concordam com os
resultados de estudos anteriores envolvendo o laser de Er,Cr:YSGG (HOSSAIN et
al., 2003).
Apesar das semelhanças morfológicas produzidas pelos lasers de érbio em
dentina, Harashima et al. (2005) mostraram que a superfície dentinária resultante da
irradiação com o laser de Er,Cr:YSGG apresenta-se mais rugosa que aquela obtida
com o laser de Er:YAG. Os autores alegaram que tal diferença deve-se ao fato de
48
que as superfícies irradiadas com o primeiro laser são mais afetadas termicamente
que aquelas irradiadas com o segundo. Conforme relatado em um estudo anterior,
enquanto o laser de Er:YAG inicia o processo de ablação a temperaturas de cerca
de 300
o
C, o laser de Er,Cr:YSGG o faz a 800
o
C (FRIED et al., 1996).
As características morfológicas e topográficas da superfície dentinária
irradiada com lasers de érbio levou alguns autores a acreditarem em uma situação
aparentemente favorável aos procedimentos adesivos. O padrão micro-retentivo
resultante do processo de ablação e a ausência da camada de esfregaço foram
inicialmente considerados fatores importantes para que uma adequada resistência
adesiva fosse obtida (AOKI et al., 1998; DE MUNCK et al., 2002; VAN MEERBEEK
et al., 2003b).
Comprovando essa suposição, Visuri et al. (1996) mostraram que a dentina
irradiada com laser de Er:YAG (350 mJ/pulso e 6 Hz) foi mais receptiva à adesão
que a dentina convencionalmente preparada com instrumento rotatório e
condicionada com ácido fosfórico. Os autores concluíram então que o uso do laser
poderia ser um substituto ao condicionamento ácido no preparo da dentina para o
procedimento adesivo.
Bertrand et al. (2006), simulando parâmetros para preparo cavitário
(densidade de energia de 44 J/cm
2
), testaram a resistência de união do adesivo
Prime & Bond NT à dentina preparada com laser de Er:YAG. Além disso, os autores
relacionaram os resultados do teste de cisalhamento com aqueles obtidos no teste
de microinfiltração. As superfícies de teste foram preparadas com instrumento
rotatório carbide + condicionamento ácido, laser de Er:YAG ou laser de Er:YAG +
condicionamento ácido. Os resultados de resistência adesiva mostraram que a
dentina irradiada foi tão receptiva à adesão quanto a dentina preparada com a ponta
49
carbide, independente do uso do condicionamento ácido. Porém, os autores
sugeriram que o uso do laser fosse associado ao condicionamento ácido da dentina
uma vez que tal procedimento resultou em uma microinfiltração menos expressiva.
Por outro lado, Ceballos et al. (2002) mostraram que as alterações causadas
pelo laser de Er:YAG na superfície dentinária comprometeram a interação do
adesivo com o substrato, diminuindo os valores de resistência adesiva à dentina
irradiada. Nesse estudo, a irradiação foi realizada sob refrigeração, em modo não-
contato (20 mm distante do tecido alvo) e com os seguintes parâmetros: duração do
pulso de 250 μseg; energia de 180 mJ; taxa de repetição de 2 Hz ; e spot size de
1mm de diâmetro. Segundo a análise realizada em MET, a dentina afetada pela
irradiação apresentou fibras colágenas derretidas e vaporizadas. Ao longo da base
da camada de dentina superficialmente modificada, os autores observaram fibras
colágenas fusionadas e pobremente ligadas ao substrato dentinário subjacente.
As alterações térmicas causadas nos tecidos duros dentais pela ação do laser
também foram relatadas por Bachmann et al. (2005) ao estudarem as mudanças
químicas e estruturais causadas pelo laser de Er:YAG na superfície dentinária.
Alterações importantes foram observadas na superfície irradiada, tais como a
degradação da matriz orgânica, perda de água e aumento de íons OH
-
. Segundo os
autores, qualquer outro tipo de laser poderia causar tais alterações à medida que os
efeitos térmicos são uma conseqüência da energia emitida pelo laser e absorvida
pelos componentes químicos do tecido alvo, sendo então convertida em energia
térmica. Os autores ainda relatam que a extensão e a intensidade dos efeitos
térmicos dependem dos parâmetros utilizados, tais como freqüência, fluência e
comprimento de onda, bem como das características ópticas e térmicas do tecido
alvo. Outros importantes parâmetros, além daqueles que podem ser controlados
50
pelo operador, também têm sido descritos como responsáveis pela qualidade da
interação entre o laser e o tecido alvo, tal como o sistema de entrega utilizado,
impedindo que comparações adequadas sejam realizadas quando diferentes
aparelhos são empregados (STRAßL et al., 2004).
Em um estudo recente, Lee et al. (2006) avaliaram a resistência de união de
um adesivo de condicionamento total à dentina preparada com laser de Er,Cr:YSGG
associado ou não ao emprego de condicionamento ácido. A irradiação foi realizada
de acordo com os seguintes parâmetros: 3,5 W de potência, 20 Hz de freqüência,
pressão de ar em 80%, e fluxo de água em 100% da capacidade máxima. Foi
utilizado o modo não-contato focado, com fibra de 0,6 mm de diâmetro. Os autores
concluíram que o laser influenciou negativamente a adesão à dentina, mas que o
emprego de um condicionamento ácido após a irradiação do substrato resultou em
uma superfície tão receptiva quanto aquela preparada pela técnica convencional.
Outros estudos utilizaram o laser de Er:YAG com o objetivo de promover um
condicionamento da dentina previamente preparada de forma convencional. Para
tanto, a irradiação era realizada com parâmetros que determinavam menores valores
de densidade de energia (entre 24 e 25 J/cm
2
). Diferentes metodologias e sistemas
adesivos foram empregados nesses estudos, mas todos eles concordaram com o
fato de que a utilização do laser comprometeu a interação do adesivo com o
substrato, resultando em menores valores de resistência adesiva (DE MUNCK et al.,
2002; GONÇALVES et al., 2005; RAMOS et al., 2004).
51
3 PROPOSIÇÃO
Os objetivos deste estudo foram:
1. Analisar as características morfológicas da dentina preparada com ponta
diamantada CVD em alta-rotação, ponta diamantada CVD em ultra-som e
laser de Er,Cr:YSGG, considerando-se principalmente as características
topográficas e a formação de camada de esfregaço em cada caso;
2. Avaliar a resistência adesiva de diferentes agentes de união
autocondicionantes à dentina preparada com instrumentos e técnicas
alternativas de preparo cavitário.
3. Avaliar o efeito da interposição da camada de esfregaço na resistência de
união de adesivos autocondicionantes à dentina.
52
4 MATERIAL E MÉTODOS
Cem terceiros molares humanos íntegros foram obtidos de pacientes jovens,
de acordo com o disposto na Resolução no 196/96 do Conselho Nacional de Saúde,
que versa sobre pesquisas envolvendo seres humanos. O projeto do presente
estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Odontologia
da Universidade de São Paulo (CEP-FOUSP) e pela Comissão Nacional de Ética em
Pesquisa (CONEP), através dos Pareceres n
o
10/05 (Anexo A) e n
o
715/2005
(Anexo B), respectivamente. Os dentes foram estocados a 4
o
C em solução de
cloramina a 0,5% e utilizados num prazo máximo de 3 meses após a extração.
4.1 Grupos-controle e experimentais
Os 100 dentes foram aleatoriamente distribuídos em 20 grupos com 5
amostras cada um. Os grupos foram determinados variando-se a técnica de preparo
cavitário e o adesivo utilizado. Os adesivos empregados neste estudo foram
selecionados considerando-se sua classificação e potencial acídico (forte, suave e
ultra-suave), como especificado a seguir: um adesivo condicione e lave de três
passos (Optibond FL; Kerr, Orange, CA, EUA); um adesivo autocondicionante suave
de dois passos (Clearfil SE Bond; Kuraray, Osaka, Japão); um adesivo
autocondicionante forte de passo único (Adper Prompt L-Pop; 3M ESPE, Seefeld,
Alemanha); e um adesivo autocondicionante ultra-suave de passo único (Clearfil S
3
53
Bond; Kuraray, Osaka, Japão). As técnicas de preparo cavitário utilizadas foram
determinadas pelo uso de instrumento rotatório diamantado convencional em alta-
rotação (IR), fratura por clivagem (fratura), instrumento rotatório de diamante CVD
em alta-rotação (IR CVD), instrumento ultra-sônico diamantado CVDentus (IU CVD)
e laser de Er,Cr:YSGG (Laser). A primeira técnica mencionada foi considerada o
grupo de controle negativo, com presença de camada de esfregaço clinicamente
significante. Já os grupos cujas amostras foram obtidas por fratura foram
considerados os grupos de controle positivo, onde nenhum tipo de esfregaço foi
produzido. O Quadro 4.1 mostra os grupos-controle e experimentais determinados
para este estudo.
Grupos-controle
Grupos experimentais
IR Fratura IR CVD IU CVD Laser
Optibond FL
Grupo 1
Grupo 5
Grupo 9
Grupo 13
Grupo 17
Clearfil SE Bond
Grupo 2 Grupo 6 Grupo 10 Grupo 14 Grupo 18
Adper Prompt LPop
Grupo 3 Grupo 7 Grupo 11 Grupo 15 Grupo 19
Clearfil S
3
Bond
Grupo 4 Grupo 8 Grupo 12 Grupo 16 Grupo 20
Quadro 4.1 – Grupos experimentais e grupos-controle
O Quadro 4.2 mostra maiores detalhes sobre os adesivos utilizados, tais
como fabricante, composição, número de série e validade.
54
Adesivo (origem)
Composição (lote; validade)
OptiBond FL
(Kerr, Orange, CA, EUA)
Condicionador: ácido fosfórico a 37%, sílica (410643;
07/2007);
Primer: HEMA, GPDM, PAMM, etanol, água, fotoiniciador
(417174; 07/2006);
Adesivo: TEGDMA, UDMA, GPDM, HEMA, Bis-GMA,
partículas de carga, fotoiniciador (421941; 08/2006).
Clearfil SE Bond
(Kuraray, Osaka, Japão)
Primer: 10-MDP, HEMA, dimetacrilato hidrófilo,
canforquinona, N,N-dietanol-p-toluidina, água (00480A;
04/2006)
Adesivo: 10-MDP, Bis-GMA, HEMA, dimetacrilato hidrófobo,
canforquinona, N,N-dietanol-p-toluidina, sílica coloidal
silanizada (00666A; 04/2006).
Clearfil S
3
Bond
(Kuraray, Osaka, Japão)
10-MDP, Bis-GMA, HEMA, dimetacrilato hidrófobo,
canforquinona, álcool, água, sílica coloidal silanizada
(00001A; 12/2006).
Adper Prompt L-Pop
(3M ESPE, Seefeld, Alemanha)
Líquido 1: mono e di-hema fosfatos, dimetacrilato, Bis-GMA,
canforquinona, estabilizadores;
Líquido 2: Água, HEMA, ácido polialquenóico,
estabilizadores (199474; 11/2006).
Quadro 4.2 – Composição química, origem, lote e validade dos sistemas adesivos testados
4.2 Preparo das amostras
Inicialmente, cada molar teve sua porção radicular incluída em um bloco de
gesso a fim de facilitar sua manipulação e garantir o paralelismo dos cortes
subseqüentes. Cada dente teve sua porção oclusal removido utilizando-se um disco
de diamante acoplado em máquina Isomet 1000 (Buehler, Lake Bluff, IL, EUA), a fim
de que uma superfície dentinária plana, média e livre de esmalte fosse obtida. Como
uma exceção, as superfícies dentinárias fraturadas foram obtidas por clivagem.
Todas as superfícies obtidas foram observadas em lupa estereoscópica (Wild M5A,
55
Heerbrugg, Suíça) a fim de garantir a ausência de esmalte ou de exposição dos
cornos pulpares.
A técnica de preparo de superfície em cada grupo, bem como os parâmetros
utilizados, estão descritos a seguir:
Pontas diamantadas convencionais em alta rotação (grupos de controle
negativo 1, 2, 3 e 4): as superfícies dentinárias foram preparadas com pontas
diamantadas cilindricas convencionais de granulação média (100 μm), modelo 812
(Komet, Lemgo, Alemanha), em turbina de alta-rotação (Kavo, Biberach, Alemanha)
sob irrigação contínua por 20 s. Tanto o dente quanto a turbina foram acopladas em
aparelho formador de micro-espécimes (MicroSpecimen Former; University of Iowa,
IA, EUA), a fim de garantir o paralelismo e a padronização do desgaste.
Fratura (grupos de controle positivo 5, 6, 7 e 8): Uma fenda foi efetuada com
disco de diamante em máquina Isomet circundando a periferia de esmalte do dente
em um plano paralelo ao oclusal, abaixo do limite amelo-dentinário. A amostra foi
então presa em uma morsa e clivada com o auxílio de um martelo e um cinzel que,
posicionado na fenda previamente confeccionada, foi capaz de guiar o sentido da
clivagem e, conseqüentemente, o plano da superfície assim obtida. Nesse grupo, em
particular, mais de 5 dentes foram preparados, uma vez que qualquer amostra cuja
clivagem não resultasse em uma superfície plana era descartada.
Pontas diamantadas CVDentus em alta-rotação (grupos experimentais 9, 10,
11 e 12): as superfícies dentinárias foram preparadas com ponta de diamante CVD
cilíndrica (Clorovale, São José dos Campos, Brasil) em alta-rotação como descrito
acima para os grupos 1, 2, 3 e 4.
Pontas diamantadas CVDentus em ultra-som (grupos 13, 14, 15 e 16):
Nesses grupos, as superfícies dentinárias foram preparadas com ponta de diamante
56
CVD tronco-cônica, modelo 8.1117 (Clorovale, São José dos Campos, Brasil),
acoplada em aparelho de ultra-som piezoelétrico Suprasson P-Max (Satelec,
Merignac, França), operando de acordo com os parâmetros recomendados pelo
fabricante da ponta diamantada: freqüência de ~ 30 kHz; potência elétrica de 8 W;
Consumo de potência elétrica de 55 VA; fluxo de água de 120 ml/min; e 70% de sua
potência de vibração máxima. A abrasão ultra-sônica foi realizada manualmente no
modo impacto, com pressão leve e o mais uniforme possível, mantendo a parte
anterior da ponta sempre em contato com a superfície dentinária. O treinamento do
operador foi realizado nos laboratórios da Clorovale, sendo o mesmo instruído no
sentido de usar uma carga especialmente leve durante o preparo a fim de garantir
uma ótima performance do instrumento. O uso de cargas maiores inibiria a vibração
ultra-sônica da ponta.
Laser de Er,Cr:YSGG (grupos 17, 18. 19 e 20): A irradiação da superfície
dentinária foi realizada com o aparelho Waterlase YSGG (Biolase Technology, Inc.,
San Clemente, CA, EUA) que apresenta os seguintes parâmetros fixos: comprimento
de onda de 2,78 μm; freqüência de pulso de 20 Hz; e duração do pulso de 140 μsec.
Os parâmetros ajustáveis foram determinados de acordo com as recomendações do
fabricante: potência de 4,0 W; 65% da pressão máxima de ar; and 55% da pressão
máxima de água. A irradiação foi realizada no modo focado, com ponta de safira de
600 μm em diâmetro posicionada perpendicularmente ao tecido-alvo e distante 1
mm do mesmo.
As superfícies dentinárias preparadas receberam os sistemas adesivos de
acordo com as recomendações dos fabricantes, como descrito a seguir:
Optibond FL: A superfície dentinária foi condicionada com ácido fosfórico a
37% por 15 s, lavada pelo mesmo tempo e gentilmente seca com jato de ar por 5 s.
57
O primer foi aplicado e esfregado por 15 s sobre a dentina levemente umedecida e o
adesivo foi então aplicado em uma fina camada, que foi homogeneizada com leve
jato de ar e fotopolimerizada por 30 s;
Clearfil SE Bond: O primer foi aplicado sobre a superfície dentinária, onde
agiu por 20 s antes de receber um leve jato de ar para a evaporação de seus
componentes voláteis. A superfície preparada recebeu então o adesivo, que foi
homogeneizado com leve jato de ar e fotopolimerizado por 10 s;
Adper Prompt L-Pop: Os dois casulos foram ativados a fim de que o conteúdo
dos mesmos fosse misturado e a solução resultante foi então aplicada ativamente
sobre a dentina por 15 s. Um leve jato de ar foi direcionado à superfície assim
preparada e uma segunda camada de adesivo foi passivamente aplicada e
homogeneizada com leve jato de ar. O adesivo foi então fotopolimerizado por 10 s.
Clearfil S
3
Bond: O adesivo foi aplicado sobre a dentina onde permaneceu por
20 s sem ser perturbado. A camada resultante recebeu então um jato de ar em alta-
pressão por 5 s, sendo fotopolimerizada em seguida por 10 s.
Após os procedimentos adesivos, a resina composta Z-100 (3M ESPE, St
Paul, MN, EUA) foi aplicada em incrementos de cerca de 2 mm até que um bloco de
5 a 6 mm de altura fosse construído sobre a superfície dentinária. Cada incremento
foi fotopolimerizado por 40 s usando uma unidade fotopolimerizadora Optilux 500
(Demetron/Keer, Danbury, CT, EUA) com intensidade de luz de no mínimo 550
mW/cm
2
. Todas as amostras foram estocadas em água destilada a 37
o
C durante 24
h antes de serem preparadas para o teste de microtração.
58
4.3 Teste de resistência adesiva à microtração
Após o período de estocagem, as amostras foram levadas à maquina de
cortes Isomet, onde receberam cortes seriados longitudinais tanto no sentido mesio-
distal quanto no sentido vestíbulo-lingual, utilizando-se um disco de alta
concentração de diamantes (HC; Buehler, Lake Bluff, IL, EUA) sob irrigação
contínua. Os cortes seriados distanciaram-se entre si de forma padronizada,
resultando em fatias com cerca de 2 mm de espessura. Os palitos resultantes eram
então removidos da base radicular com um corte transversal, obtendo-se palitos com
altura de 8 a 9 mm e base quadrada com 2 mm de lado. Apenas as amostras
provenientes da região central da superfície dentinária foram utilizadas a fim de que
não houvesse a interferência de variações regionais do substrato nos resultados de
microtração (PHRUKKANON; BURROW; TYAS, 1999).
Previamente ao teste de microtração, todos os palitos foram levados
individualmente à máquina formadora de microespécimes (Figura 4.1), onde tiveram
suas interfaces adesivas desgastadas até que uma secção transversal circular de
cerca de 1,1 mm de diâmetro fosse obtida nessa região. Nesse aparelho, os palitos
são acoplados à garra de um motor que permite que a amostra gire em torno de seu
próprio eixo. Enquanto a amostra gira, uma ponta diamantada cilíndrica de
granulação fina (30 μm; modelo 5835K; Komet, Lemgo, Alemanha) em alta-rotação
toca a interface adesiva da amostra sob irrigação contínua, desgastando-a até a
formação de uma interface circular. A turbina de alta-rotação encontra-se acoplada a
um braço móvel do aparelho formador de micro-espécimes, cujos movimentos são
limitados de acordo com parâmetros previamente estabelecidos pelo operador.
59
Figura 4.1 – Aparelho formador de microespécimes
Os espécimes assim obtidos foram então posicionados individualmente em
dispositivos de Ciucchi, tendo suas extremidades fixadas a ele com o uso de uma
cola de cianoacrolato em gel (Model Repair II Blue; Dentsply-Sankin, Ohtawara,
Japão). Uma vez posicionadas, as amostras foram então levadas a uma máquina de
testes universais (LRX; Lloyd, Hampshire, UK; Figura 4.2), onde foram tracionadas a
uma velocidade de 1 mm/min e sob uma célula de carga de 100 N.
Figura 4.2 – Máquina de ensaios universais LRX / Lloyd
60
Os valores de resistência adesiva foram emitidos em N e transformados em
MPa dividindo-se a força atingida no momento da fratura (N) pela área da interface
adesiva (mm
2
). Para o cálculo da área, o diâmetro da interface adesiva foi medido
previamente ao teste de microtração com o auxílio de uma lupa estereoscópica cujos
movimentos da plataforma são micrometricamente controlados nos eixos x e y. As
ocorrências de fraturas durante o processamento das amostras, ou seja, antes do
teste de microtração, foram consideradas falhas pré-teste. Tais falhas foram
anotadas e incluídas como 0 MPa na análise estatística do grupo ao qual
pertenciam.
A seqüência de preparo das amostras está resumida a seguir, de acordo com
o desenho esquemático que pode ser observado na Figura 4.3.
61
24 h
armazenagem
em água
F
C
o
m
p
ó
s
i
t
o
D
e
n
t
i
n
a
Esmalte
Dentina
Tratamento
de supercie
Adesivo
MicroSpecimen former
C
o
m
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
Z-100
Figura 4.3 – Método de preparo das amostras para teste de microtração
Após o teste de microtração, o padrão de fratura de cada amostra foi
determinado com o auxílio de lupa estereoscópica Wild M5A, com aumento de 50x.
As fraturas foram classificadas como adesivas (falha interfacial entre substrato e
adesivo), coesivas em dentina, coesivas em resina (incluindo falhas na resina
composta ou na camada de adesivo) e mista (envolvendo mais de um dos tipos
citados).
62
4.4 Testes estatísticos
Os dados foram primeiramente avaliados quanto à normalidade na
distribuição dos erros amostrais e quanto à homogeneidade das variâncias através
de teste de aderência à curva normal e teste de Bartlet, respectivamente. Tendo em
vista que a distribuição amostral testada não foi normal, utilizou-se o teste estatístico
não paramétrico de Kruskal-Wallis e o teste de comparações múltiplas para que
possíveis diferenças estatisticamente significantes fossem encontradas entre os
grupos testados, considerando-se um nível de significância de 5% (p<0,05). A
análise estatística foi realizada para cada grupo de adesivos separadamente, a fim
de que as técnicas de preparo cavitário fossem comparadas entre si. Além disso, os
adesivos também foram comparados entre si numa segunda etapa da análise
estatística. Toda a análise estatística foi realizada em programa GMC, versões 8.1 e
2002, que foi desenvolvido e gentilmente cedido pelo Prof. Dr. Geraldo Maia
Campos, da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo – Campus de
Ribeirão Preto.
4.5 Microscopia Eletrônica de Varredura
Além da análise do padrão de fratura das amostras ter sido realizada em
microscópio estereoscópico, duas amostras representativas de cada grupo foram
processadas para análise em Microscópio Eletrônico de Varredura (MEV; Philips
63
XL30, Eindhoven, Holanda) a fim de proporcionar um entendimento mais profundo
das falhas ocorridas. Tais amostras foram selecionadas considerando-se o padrão
de fratura mais representativo em cada grupo. A superfície fraturada foi observada
tanto no fragmento de resina composta (lado do compósito), quanto no fragmento de
dentina (lado da dentina). Procedimentos usuais foram utilizados para o
processamento das amostras para microscopia eletrônica de varredura, conforme
descrito por Perdigão et al. (1995), incluindo: fixação em solução de glutaraldeído
tamponada com cacodilato de sódio a 0,1 M / pH=7,4 a 4
o
C por 7 dias; lavagem em
solução de cacodilato de sódio a 0,1 M / pH=7,4 por 1 h, intervalo no qual a solução
foi trocada 3 vezes; lavagem em água destilada por 1 min; desidratação com
concentrações ascendentes de álcool (25% por 20 min, 50% por 20 min, 75% por 20
min, 95% por 30 min e 100% por 60 min); secagem química com HMDS (hexametil
disiloxano) por 10 min; secagem à temperatura ambiente sobre papel absorvente em
recipiente de vidro fechado deixado em capela por 12 h; posicionamento em bases
de alumínio com cimento de carbono e cobertura com ouro em aparelho apropriado
(Sputtering Device 07 120, Balzers Union, Liechtenstein, Alemanha).
Doze terceiros molares adicionais foram seccionadoa transversalmente em
máquina de cortes Isomet a fim de que fossem obtidos discos de dentina
circundados por esmalte. Uma fenda rasa foi realizada na face pulpar dos discos
utilizando-se uma ponta diamantada de ponta afilada em alta-rotação. Já a
superfície oclusal das amostras foi preparada com cada uma das técnicas
empregadas neste estudo, seguindo-se a mesma metodologia e os mesmos
parâmetros utilizados para o preparo da amostras para teste de microtração (n=3):
ponta diamantada convencional em alta-rotação; fratura; ponta de diamante CVD em
alta-rotação; ponta CVDentus em ultra-som; e laser de Er,Cr:YSGG. As amostras
64
assim preparadas foram processadas para análise em MEV, como descrito acima.
Exatamente entre os processos de fixação e desidratação das amostras, as mesmas
foram fraturadas em dois fragmentos utilizando-se um martelo e um cinzel
posicionado na fenda previamente confeccionada na superfície pulpar do disco.
A superfície dentinária do primeiro segmento foi utilizada para uma análise
morfológica da superfície preparada com as diferentes técnicas empregadas,
enquanto que a secção transversal do segundo segmento foi utilizada para uma
análise da espessura da camada de esfregaço produzida em cada caso. Tal
espessura foi medida em sete pontos eqüidistantes ao longo da secção transversal
de cada amostra com o auxílio do programa de medidas digitais do microscópio com
aumento de 5000X.
Duas pontas diamantadas convencionais de granulação média (100 μm),
modelo 812 (Komet, Lemgo, Alemanha), e duas pontas CVDentus tronco-cônicas,
modelo 8.1117 (Clorovale, São José dos Campos, Brasil), foram posicionadas em
bases de alumínio e levadas ao MEV. As imagens obtidas foram utilizadas para que
as características estruturais dos instrumentos diamantados fossem avaliadas a fim
de gerar informações que fossem úteis para a discussão doa padrões de desgaste
apresentados em cada caso.
65
5 RESULTADOS
5.1 Avaliação morfológica em MEV
As Figuras 5.1a e 5.1b mostram a estrutura microscópica de uma ponta
diamantada obtida pela técnica convencional, enquanto as Figuras 5.1c, 5.1d e 5.1e
mostram uma ponta diamantada obtida pela tecnologia CVD. A estrutura do
instrumento convencional apresenta pequenas partículas de diamante
irregularmente distribuídas pela ponta metálica e a ela agregadas por meio de uma
matriz de níquel. Num maior aumento pode-se observar que tais partículas possuem
um formato irregular e bastante angulado e que a matriz de níquel apresenta-se
exposta entre os grãos de diamante. Já a ponta CVDentus tem sua parte ativa
completamente coberta por cristais de diamante, formando uma pedra única. Num
maior aumento, pode-se observar o aspecto globular e arredondado do diamante
obtido pela tecnologia CVD.
As técnicas de preparo cavitário empregadas neste estudo resultaram em
diferentes padrões morfológicos quando utilizadas em dentina, como mostra a Figura
5.2. O instrumento rotatório convencional produziu uma superfície completamente
coberta por uma camada de esfregaço e repleta de ranhuras pouco profundas. A
entrada dos túbulos dentinários pode ser localizada, apesar de estar obliterada pela
presença de smear plugs (Figura 5.2a). As superfícies obtidas por fratura, ou seja,
aquelas não instrumentadas, apresentaram-se livres de esfregaço e com as
estruturas de dentina claramente visíveis (Figura 5.2b). O instrumento rotatório CVD
66
também criou uma superfície coberta por uma camada de esfregaço, apesar de
apresentar uma topografia mais irregular, com regiões de vales e topos bem
definidos. Embora sempre obliteradas, as entradas dos túbulos dentinários podem
ser identificadas na região de vale, mas não nas áreas de topo, onde a camada de
esfregaço apresentou-se mais espessa (Figura 5.2c). As pontas CVDentus para
ultra-som produziram uma superfície dentinária mais regular, com a presença de
uma camada de esfregaço fina e até mesmo ausente em determinadas áreas,
apresentando túbulos dentinários abertos, fechados ou parcialmente fechados
(Figura 5.2d). As superfícies irradiadas com laser de Er,Cr:YSGG apresentaram uma
superfície dentinária bastante irregular e rugosa, com uma aparência escamosa,
ausência total de camada de esfregaço e túbulos dentinários abertos e claramente
visíveis. A dentina peritubular apresentou-se mais proeminente que a intertubular e
nenhum sinal de carbonização ou derretimento foi observado (Figuras 5.2e).
Diferenças na espessura da camada de esfregaço também foram observadas
dependendo da técnica de preparo utilizada (Figura 5.3). Enquanto a dentina
fraturada e aquela ablacionada pelo laser não apresentaram a formação de
esfregaço, o instrumento ultra-sônico e os instrumentos rotatórios convencional e
CVD resultaram em camadas de esfregaço de diferentes espessuras, como mostra a
Tabela 5.1.
67
Tabela 5.1 – Média e desvio-padrão da espessura da camada de esfregaço produzida por cada
instrumento e técnica de preparo (µm)
IR Fratura IR CVD IU CVD Laser
Esfregaço (µm)
4,8 ± 1.1 ausente 4,6 ± 2,4 1,6 ± 0,7 ausente
A Figura 5.4 mostra a característica bastante irregular da dentina ablacionada
quando vista em um corte transversal em diferentes aumentos (Figuras 5.4a e 5.4b).
Além disso, trincas superficiais foram observadas na dentina preparada com
ponta diamantada CVD para alta-rotação, ponta CVDentus para ultra-som e laser.
Embora essas fissuras não possam ser observadas quando da análise da superfície
das amostras, que em alguns casos está coberta pela camada de esfregaço, elas
são claramente visíveis quando a secção transversal da amostra é analisada.
Regiões mais profundas não apresentaram tais danos, que se limitaram às regiões
mais superficiais das amostras, onde a dentina foi tocada pelo instrumento (Figura
5.5). Nenhum tipo de fratura foi observado nas amostras preparadas com ponta
diamantada convencional ou por meio de fratura (grupos-controle).
68
a
b
cd
e
Figura 5.1 Fotomicrografias em MEV: características estruturais das pontas diamantadas
obtidas pela técnica convencional e CVD. (a) IR (aumento de 50x); (b) IR (aumento
de 500x); (c) IUCVD (aumento de 50x); (d) IUCVD (aumento de 500x); (e) IUCVD
(aumento de 100x)
69
Figura 5.2 Fotomicrografias em MEV: características morfológicas de superfícies dentinárias
preparadas com diferentes instrumentos e técnicas. (a) instrumento rotatório
convencional (aumento de 2500x); (b) fratura (aumento de 2500x); (c) instrumento
rotatório CVD (aumento de 2500x). As setas indicam áreas de topo, entre as quais
observa-se uma área de vale; (d) instrumento ultra-sônico CVD (aumento de 2500x);
(e) laser de Er,Cr:YSGG (aumento de 2500x)
a
b
cd
e
70
a
b
c
d
e
Figura 5.3 Fotomicrografias em MEV: secções transversais das amostras de dentina preparadas
com diferentes instrumentos e técnicas. (a) instrumento rotatório convencional
(aumento de 5000x); (b) fratura (aumento de 5000x); (c) instrumento rotatório CVD
(aumento de 5000x). A seta indica a presença de smear plug na entrada do túbulo
dentinário; (d) instrumento ultra-sônico CVD (aumento de 5000x). A seta indica a
presença de smear plug na entrada do túbulo dentinário; (e) laser de Er,Cr:YSGG
(aumento de 5000x)
71
a
b
Figura 5.4 Fotomicrografias em MEV: secções transversais das amostras de dentina preparadas
com laser de Er,Cr:YSGG. (a) aumento de 70x; (b) aumento de 100x
Figura 5.5 Fotomicrografia em MEV: secção transversal de amostra preparada com instrumento
rotatório CVD (aumento de 10000x). As setas indicam a presença de microfissuras na
superfície que foi tocada pelo instrumento. Observe que as regiões mais profundas
permaneceram intactas
72
5.2 Teste de resistência adesiva
Os resultados do teste de aderência à curva normal e do teste de Kruskal-
Wallis estão dispostos nas Tabelas 5.2 e 5.3, respectivamente. As médias dos
postos calculadas durante o teste de Kruskal-Wallis foram utilizadas para a
execução do teste de comparações múltiplas e estão apresentadas por grupo na
Tabela 5.4.
Tabela 5.2 - Teste de aderência à curva normal: valores originais
A. Freqüência por intervalos de classe:
Intervalos de classe: M-3s M-2s M-1s Med. M+1s M+2s M+3s
Curva normal: 0.44 5.40 24.20 39.89 24.20 5.40 0.44
Curva experimental: 0.00 0.00 34.55 36.21 20.27 8.31 0.66
B. Cálculo do Qui quadrado:
Interpretação
Graus de liberdade: 4
Valor do Qui quadrado: 12.37 A distribuição amostral testada
Probabilidade de Ho: 1.4800% não é normal
Tabela 5.3 – Resultados do teste de Kruskal-Wallis
Valor (H) de Kruskal-Wallis calculado: 234.4879
Valor de X
2
para 19 graus de liberdade: 234.49
Probabilidade de Ho para esse valor: 0.00%
73
Tabela 5.4 – Média dos postos das amostras
Sistemas Adesivos IR Fratura IR CVD IU CVD Laser
Optibond FL
283,4 274,8 225,8 209,1 205,4
Clearfil SE Bond
226,2 272,1 149,3 145,9 131,8
Adper Prompt L-Pop
121,3 96,7 60,0 66,0 24,2
Clearfil S
3
Bond
138,6 182,7 79,4 63,7 97,9
Os resultados do teste de resistência adesiva estão dispostos por grupo na
Tabela 5.5, incluindo médias de resistência adesiva (em MPa), desvios padrões,
número total de espécimes (n), número de falhas pré-teste (fpt) e resultados do teste
estatístico de comparações múltiplas. O Gráfico 5.1 mostra uma representação
esquemático dos resultados obtidos no teste de resistência adesiva à microtração.
Tabela 5.5 – Resultados do teste de microtração por grupo: médias (MPa); desvios padrões;
número de falhas pré-teste; e número total de amostras
Sistemas Adesivos IR Fratura IR CVD IU CVD Laser
Média (DP)
fpt/n
Média (DP)
fpt/n
Média (DP)
fpt/n
Média (DP)
fpt/n
Média (DP)
fpt/n
Optibond FL
63.0 (7.1)
A
0/14
59.6 (11.2)
A
0/14
40.7 (8.9)
B
0/18
37.9 (14.0)
B
0/16
34.8 (9.3)
B
0/15
Clearfil SE Bond
41.5 (10.4)
A
0/19
58.9 (11.9)
B
0/12
22.8 (6.6)
C
0/13
21.6 (4.0)
C
0/16
20.8 (5.8)
C
0/16
Adper Prompt L-Pop
17.9 (11.0)
a
3/16
15.2 (10.9)
a
3/16
8.1 (8.8)
b
7/14
9.6 (8.6)
b
5/12
1.2 (2.6)
c
14/19
Clearfil S
3
Bond
21.4 (7.5)
a
0/12
30.5 (11.2)
b
0/12
12.0 (7.0)
c,d
1/18
10.6 (4.7)
c
1/13
15.2 (6.7)
d
1/16
IR: instrumento rotatório convencional; Fratura: fratura por clivagem; IR CVD: instrumento rotatório
CVD; IU CVD: instrumento ultra-sônico CVD; Laser: laser de Er,Cr:YSGG; DP: desvio padrão; ftp:
falha pré-teste; n: número de espécimes
74
Gráfico 5.1 – Resultados do teste de resistência adesiva à microtração
Considerando-se os efeitos da técnica de preparo cavitário na adesão, a
análise estatística mostrou que todos os grupos experimentais apresentaram
menores valores de resistência adesiva quando comparados aos seus respectivos
grupos-controle (p<0,05), preparados com ponta diamantada convencional ou por
meio de fratura. Por outro lado, nenhuma diferença estatisticamente significante foi
observada entre os grupos preparados com instrumento rotatório de diamante CVD
ou com instrumento ultra-sônico de diamante CVD (p>0,05), independente do
adesivo utilizado.
Ainda considerando-se a influência do tipo de preparo empregado, observou-
se que o sistema autocondicionante suave Clearfil SE Bond e o sistema
autocondicionante ultra-suave Clearfil S
3
Bond apresentaram maior efetividade
adesiva quando aplicados em dentina fraturada (livre de esfregaço), do que quando
aplicados em dentina preparada pela técnica convencional (esfregaço clinicamente
relevante). Por outro lado, nenhuma diferença estatisticamente significante foi
encontrada para o adesivo condicione & lave Optibond FL e para o
0
10
20
30
40
50
60
70
80
Optibond FL Adper Prompt L-Pop Clearfil SE Bond Clearfil 3S Bond
Sistemas Adesivos
µTBS (MPa)
IR
Fratura
IR CVD
IU CVD
Laser
75
autocondicionante forte Adper Prompt L-Pop quando aplicados em dentina fraturada
ou em dentina instrumentada com ponta diamantada em alta-rotação.
Comparando-se os sistemas adesivos entre si, observou-se que o adesivo
Optibond FL apresentou os melhores resultados de resistência adesiva,
idependentemente do tipo de preparo realizado em dentina. A única exceção feita a
essa regra reside no fato de que os adesivos Optibond FL e Clearfil SE Bond não
apresentaram diferença estatisticamente significante entre si quando aplicados em
dentina fraturada, ou seja, livre de esfregaço. Com o mesmo critério de
comparação, observou-se que o adesivo autocondicionante de dois passos Clearfil
SE Bond atingiu valores de adesão significantemente mais altos que aqueles
apresentados pelos adesivos Adper Prompt L-Pop e Clearfil S
3
Bond, ambos
autocondicionantes de passo único. Nenhuma diferença estatisticamente significante
foi observada entre os adesivos Adper Prompt L-Pop e Clearfil S
3
Bond,
independente do substrato em que os mesmos foram aplicados. Porém, como uma
exceção, observou-se que o adesivo Clearfil S
3
Bond atingiu maiores valores de
resistência adesiva que o Adper Prompt L-Pop quando aplicado em dentina irradiada
com laser.
Nenhuma falha pré-teste ocorreu nos grupos onde os adesivos Optibond FL
ou Clearfil SE Bond foram aplicados. Contudo, todos os grupos preparados com o
sistema Adper Prompt L-Pop apresentaram amostras que fraturaram antes do teste
de microtração, especialmente o grupo onde o adesivo foi aplicado em dentina
irradiada por laser (14 fpt em um total de 19 amostras).
Os resultados da análise do padrão de fratura das amostras em cada grupo
estão graficamente representados no Gráfico 5.2. Nesse gráfico, os adesivos
76
Optibond FL, Adper Prompt L-Pop, Clearfil SE Bond e Clearfil S
3
Bond estão
representados pelas siglas OB, LP, SE e S3, respectivamente.
0% 20% 40% 60% 80% 100%
OB+IR
OB+fratura
OB+IRCVD
OB+IUCVD
OB+laser
LP+IR
LP+fratura
LP+IRCVD
LP+IUCVD
LP+laser
SE+IR
SE+fratura
SE+IRCVD
SE+IUCVD
SE+laser
S3+IR
S3+fratura
S3+IRCVD
S3+IUCVD
S3+laser
Sistema Adesivo + Tratamento de suerfície
Incidência (%)
Adesiva Mista Coesiva em dentina Coesiva em resina
Gráfico 5.2 – Análise do padrão de fratura das amostras após teste de microtração
77
O grupo onde o adesivo Optibond FL foi empregado em dentina preparada
com instrumento rotatório convencional e com fratura apresentaram as maiores
porcentagens de falhas coesivas em dentina quando comparados aos demais
grupos testados (Figura 5.6).
Uma maior incidência de falhas mistas foi observada nos grupos onde Clearfil
SE Bond foi empregado (Figura 5.7a e 5.7b), com exceção do grupo onde o adesivo
foi aplicado em dentina preparada com ultra-som, onde apenas falhas adesivas
foram encontradas. Porém, a análise das amostras desse grupo em MEV mostrou a
presença de pequenas áreas com estrutura dentinária ainda presa à porção de
resina composta (lado do compósito), o que caracteriza uma falha mista do ponto de
vista microscópico. Essa mesma característica foi observada no grupo onde tal
adesivo foi aplicado em superfície preparada com instrumento rotatório CVD (Figura
5.7 a e 5.7b)
As falhas mistas observadas nas amostras onde o adesivo Adper Prompt L-
Pop foi empregado apresentam um componente adesivo que mostra, em pontos
isolados da fratura, evidencias de uma camada híbrida autêntica,sem a presença de
detritos provenientes de uma camada de esfregaço possivelmente não dissolvida
(Figuras 5.8 a e 5.8b). Porém, a maior parte das amostras preparadas com Adper
Prompt L-Pop falhou coesivamente em resina, mais especificamente na camada de
adesivo, independente da técnica de preparo utilizada (Figuras 5.8c e 5.8d). O grupo
onde esse adesivo foi aplicado em dentina irradiada com laser foi uma exceção,
apresentando um maior número de falhas mistas. Porém, fraturas coesivas na
camada de adesivo continuaram sendo um dos principais componentes das falhas
mistas ocorridas nesse grupo (LP+laser).
78
Para o Clearfil S
3
Bond, a maioria das falhas ocorreu adesivamente entre a
camada de adesivo e o substrato (Figuras 5.9a e 5.9b). A penetração do adesivo no
interior dos túbulos dentinários só foi observada quando o Clearfil S
3
Bond foi
aplicado em dentina fraturada, ou seja, sem esfregaço (Figuras 5.9c e 5.9d). Nos
grupos onde a camada de esfregaço foi mais evidentemente observada (IR e
IRCVD), as falhas adesivas aconteceram em uma estrutura amorfa entre a camada
de adesivo e o substrato (Figuras 5.10a, 5.10b e 5.10c).
79
ab
Figura 5.6 Fotomicrografias em MEV: Optibond FL; falha coesiva em dentina em amostra
preparada por meio de fratura (lado da dentina). (a) aumento de 70x; (b) aumento de
2000x
80
Cr*
Cr
A
a
b
c
d
Cr
A
Figura 5.7 Fotomicrografias em MEV: Clerafil SE Bond; falhas mistas em amostras preparadas
por meio de fratura (a, b) ou instrumento rotatório CVD (c, d). (a) lado da dentina
(aumento de 70x); (b) aumento de 2000x da área de falha adesiva em (a); (c) lado do
compósito (aumento de 70x); (d) aumento de 500x; (e) aumento de 2000x da área de
falha adesiva em (c). A: falha adesiva; Cr: falha coesiva em resina (camada de
adesivo); Cr*: falha coesiva em resina (compósito). Observe a presença de estrutura
dentinária arrancada do substrato e aderida à porção do compósito após a fratura da
amostra
81
ab
Cr*
A
cd
A+Cr
Cr*
Cr
Cr
Cr
Figura 5.8 - Fotomicrografias em MEV: Adper Prompt L-Pop; falha mista em amostra preparada
com instrumento rotatório (a, b) e falha coesiva em resina (camada de adesivo) em
amostra preparada por meio de fratura (c, d). (a) lado do compósito (aumento de
70x); (b) aumento de 2000x; (c) lado da dentina (aumento de 70x); (d) aumento de
2000x. A: falha adesiva; Cr: falha coesiva em resina (camada de adesivo); Cr*: falha
coesiva em resina (compósito)
82
ab
Cr*
c
d
Cr
A
Figura 5.9 Fotomicrografias em MEV: Clerafil S
3
Bond; falha mista em amostra preparada com
instrumento rotatório (a, b) e falha adesiva em amostra preparada por meio de fratura
(c, d). (a) lado da dentina (aumento de 70x); (b) aumento de 5000x. Observe os
túbulos dentinários ocluídos por smear plugs; (c) lado da dentina (aumento de 70x);
(d) aumento de 5000x. Observe os túbulos dentinários penetrados pelos
prolongamentos de resina (resin tags). A: falha adesiva; Cr: falha coesiva em resina
(camada de adesivo); Cr*: falha coesiva em resina (compósito)
83
ab c
Figura 5.10 – Fotomicrografias em MEV: Clearfil S
3
Bond; falha adesiva em amostra preparada com
instrumento rotatório CVD. (a) lado do compósito (aumento de 70x); (b) aumento de
500x. Observe que a fratura aconteceu em uma estrutura amorfa reconhecida como o
esfregaço hibridizado; (c) aumento de 2000x
84
6 DISCUSSÃO
A odontologia moderna tem fundamentado seus princípios em uma filosofia
mais preventiva e conservadora em contraste ao antigo conceito de extensão para
prevenção preconizado por Black (1917). Atualmente, o tratamento restaurador
requer apenas a remoção do tecido cariado a fim de promover acesso à lesão,
eliminá-la e preparar as paredes da cavidade para o procedimento adesivo (SETIEN
et al., 2001). Apesar de a prevenção ser o principal objetivo da odontologia moderna,
há situações onde o tratamento restaurador é inevitável. Mesmo nesses casos, uma
filosofia de mínima intervenção ainda pode ser adotada a fim de evitar a remoção
desnecessária de estrutura dental sadia (TYAS et al., 2000). À luz de uma
odontologia minimamente invasiva, novas tecnologias para preparo cavitário têm
sido desenvolvidas como mais uma opção ao tratamento restaurador (PETERS;
MCLEAN, 2001). Porém, apesar de permitem a produção de um preparo cavitário
mais conservador, tais tecnologias objetivam também preparar as paredes da
cavidade de forma que as mesmas sejam suficientemente receptivas ao
procedimento adesivo.
No presente estudo, instrumentos e técnicas alternativas de preparo cavitário
resultaram em diferentes padrões de desgaste da superfície dentinária, bem como
diferentes características em termos de produção de camada de esfregaço. A
importância da análise dessas diferenças reside no fato de que tanto a rugosidade
de superfície do substrato quanto a qualidade e espessura da camada de esfregaço
podem influenciar a interação dos adesivos autocondicionantes com o substrato e,
85
conseqüentemente, a eficiência adesiva apresentada por cada um deles (OGATA et
al., 2001).
Enquanto uma superfície com ranhuras uniformemente profundas foi
produzida pelo instrumento rotatório convencional, a dentina preparada com a ponta
CVD em alta-rotação apresentou uma superfície mais irregular. Nesse último caso,
pode-se observar que a camada de esfregaço apresentou-se mais fina nas regiões
de vale e mais espessa nas regiões de topo, o que explica o maior desvio-padrão
determinado para a espessura da camada de esfregaço nesse grupo (4.6 ± 2.4 μm)
quando comparado ao anterior (4.8 ± 1.1 μm). Esse padrão irregular de rugosidade
está de acordo com as características topográficas da ponta diamantada CVD, que
apresenta aglomerados de diamante mais proeminentes que no caso das pontas
diamantadas convencionais.
Tanto as pontas diamantadas CVD para alta-rotação, quanto aquelas
confeccionadas para ultra-som são produzidas através da mesma tecnologia,
resultando em uma estrutura topográfica bastante similar. Porém, o padrão de
desgaste da dentina abrasionada por ultra-som foi diferente daquele obtido pelo
instrumento rotatório CVD, apresentando uma superfície dentinária mais regular e
com menos ranhuras. Concordando com o estudo previamente realizado por Araújo
(2005), o instrumento ultra-sônico CVD produziu uma camada fina de esfregaço,
apresentando túbulos dentinários parcial ou totalmente abertos em áreas
específicas. Embora outros estudos tenham mostrado uma superfície coberta por
esfregaço após desgaste por sono abrasão (BANERJEE; KIDD; WATSON, 2000;
VAN MEERBEEK et al., 2003b), deve-se considerar que tais investigações fizeram
uso de pontas diamantadas convencionais acopladas em aparelhos sônicos que,
86
diferentemente dos aparelhos ultra-sônicos, são incapazes de promover a limpeza
da superfície preparada.
A remoção da camada de esfregaço durante um preparo com ultra-som está
relacionada ao fenômeno de cavitação inerente ao processo quando vibrações ultra-
sônicas com mais de 20 kHz são produzidas em líquidos (BALAMUTH, 1963;
PAYNE JUNIOR, 1994; WILLIAMS; CHATER 1980). Nesse fenômeno, os
movimentos ultra-sônicos induzem o crescimento e o colapso de microbolhas que,
por sua vez, produzem uma intensa turbulência do fluido no interior da cavidade e a
conseqüente remoção da camada de esfregaço produzida durante a abrasão ultra-
sônica da dentina.
Assim como a superfície dentinária obtida por fratura, a superfície irradiada
por laser mostrou ausência total da camada de esfregaço, com todas as estruturas
dentinárias claramente visíveis. No caso da dentina preparada com laser, sua
superfície apresentou um aspecto como o de escamas de peixe, com a dentina
peritubular mais proeminente que a intertubular. Além disso, nenhum indício de
carbonização ou derretimento do tecido foi observado uma vez que adequados
parâmetros de irrigação (ar e água) foram utilizados durante a irradiação. Além de
exercer uma importante função como iniciador do fenômeno de ablação, a água
presente durante a irradiação também ajuda a diminuir a temperatura induzida em
dentina, prevenindo a possibilidade de danos térmicos (HOSSAIN et al., 1999b).
As características morfológicas encontradas neste estudo estão de acordo
com pesquisas recentes que evidenciaram características semelhantes ao irradiarem
a dentina com laser de Er,Cr:YSGG (ARAÚJO, 2005; HARASHIMA et al., 2005;
HOSSAIN et al., 2003) ou com laser de Er:YAG (AOKI et al., 1998; DE MUNCK et
al., 2002; HOKE et al., 1990). Apesar de apresentarem comprimentos de onda
87
bastante semelhantes, o laser de Er,Cr:YSGG é discretamente mais absorvido pela
hidroxiapatita que o laser de Er:YAG. Além disso, outros parâmetros distinguem
significantemente esses dois tipos de lasers. Enquanto o laser de Er:YAG é utilizado
com taxa de repetição de cerca de 2 a 4 Hz (CEBALLOS et al., 2002; CHIMELO-
SOUSA et al. 2006; MANHÃES et al., 2005; WANDERLEY et al., 2005), o sistema
hidrocinético Er,Cr:YSGG utilizado neste estudo apresenta valor fixo de 20 Hz, que
não pode ser alterado pelo operador. Tais diferenças poderiam influenciar
significativamente a interação do laser com a dentina (ARAÚJO, 2005; STRAßL et
al., 2004). No entanto, as características morfológicas da dentina irradiada com laser
de Er,Cr:YSGG aproximam-se daquelas apresentadas pelo laser de Er:YAG em
estudos anteriores (AOKI et al., 1998; DE MUNCK et al., 2002; HOKE et al., 1990).
A presença de irregularidades acentuadas e a ausência de esfregaço sobre a
dentina irradiada estão relacionadas com o fenômeno de ablação que acontece em
decorrência da interação do laser com as moléculas de água do tecido alvo. Tal
interação é explicada pela teoria hidrocinética, onde as moléculas de água presentes
na superfície dentinária absorvem a radiação incidente, causando um aquecimento
repentino no local. Com isso, uma grande pressão de vapor é induzida pelas
moléculas de água, resultando na ocorrência de violentas, porém controladas, micro-
explosões que, por sua vez, são responsáveis pela ejeção das partículas do tecido
duro dental (HOSSAIN et al., 1999a; RIZOIU et al., 1998). Como conseqüência
desse processo de ablação, uma superfície repleta de microcrateras é obtida
(CHIMELLO-SOUSA et al., 2006), cujas irregularidades podem ser observadas
mesmo quando baixos aumentos são empregados em microscópio estereoscópico.
Considerando-se o exposto acima, tornam-se evidentes as dissimilaridades
morfológicas que podem ocorrer em dentina quando técnicas de preparo cavitário
88
distintas são empregadas. Todas essas diferenças, principalmente quando avaliadas
isoladamente, sugerem diferentes tipos de interação dos adesivos com a dentina e,
conseqüentemente, diferentes comportamentos em termos de eficiência adesiva.
Relatos anteriores mostraram que maiores valores de resistência adesiva podem ser
obtidos à medida que a rugosidade da superfície dentinária aumenta, uma vez que a
área total da superfície aderente também aumenta (JUNG; WEHLEN; KLIMEK,
1999). Além disso, a espessura e a densidade da camada de esfregaço também
parecem exercer uma função importante na efetividade adesiva de sistemas
autocondicionantes à dentina (HOSOYA et al., 2004; KOIBUCHI; YASUDA;
NAKABAYASHI, 2001; OLIVEIRA et al., 2003). Embora adesivos autocondicionantes
fortes apresentem uma alta concentração de monômeros ácidos em suas
composições e, assim, uma grande capacidade de desmineralização e hibridização
da dentina (TAY; PASHLEY, 2001), os chamados adesivos autocondicionantes
suaves são menos efetivos nesse sentido (DE MUNCK et al., 2005b; HOSOYA et al.,
2004; TAY et al., 2000; VAN MEERBEEK et al., 2003a). Os adesivos
autoconcicionates suaves, com pH em torno de 1,9, podem ter sua capacidade
acídica tamponada pelos componentes minerais do esfregaço, resultando em uma
menor interação com a dentina subjacente, principalmente quando aplicados sobre
camadas de esfregaço espessas e compactas (DE MUNCK et al., 2003; KOIBUCHI;
YASUDA; NAKABAYASHI, 2001). Sistemas adesivos autocondicionantes de
diferentes pH foram selecionados para este estudo a fim de que a efetividade
adesiva dos mesmos fosse avaliada quando aplicados em superfícies preparadas
com diferentes técnicas e, assim, cobertas por camadas de esfregaço com
diferentes características.
89
Considerando-se a maior rugosidade de superfície promovida pelo
instrumento rotatório CVD, a menor camada de esfregaço criada pelo instrumento
ultra-sônico CVDentus e, ainda, considerando-se o padrão irregular e livre de
esfregaço da dentina ablacionada por laser, uma maior resistência adesiva a esses
substratos poderia ser esperada. Porém, apesar de todas essas evidências, o teste
de resistência adesiva mostrou que todas as técnicas alternativas de preparo
cavitário usadas neste estudo influenciaram de forma negativa a adesão à dentina.
Assim, as características favoráveis produzidas por tais técnicas quanto à
rugosidade e à camada de esfregaço parecem não ter exercido um papel
determinante na adesão à dentina. Nesses casos, a menor efetividade adesiva
parece estar relacionada com alterações estruturais e composicionais produzidas na
dentina como conseqüência da ação das técnicas alternativas de preparo cavitário
empregadas neste estudo.
A análise morfológica das secções transversais dos discos de dentina
mostrou a presença de microfissuras nas superfícies dentinárias preparadas com
instrumento rotatório CVD, instrumento ultra-sônico CVDentus e laser (grupos
experimentais). Imagens em altas magnitudes confirmaram a presença de tais danos
localizando-os exclusivamente na porção mais superficial das secções transversais,
imediatamente abaixo do local onde os instrumentos ou o laser foram aplicados. As
porções mais profundas das secções transversais, por sua vez, permaneceram
intactas, reforçando a possível relação da técnica de preparo utilizada com a
ocorrência de microfissuras. Tais danos resultaram em uma superfície dentinária
fragilizada, o que pode explicar a presença de microscópicas porções de dentina
fraturada anexadas ao lado do compósito das amostras após teste de microtração
(DE MUNCK et al., 2002). A presença de microfissuras também foi observada por
90
Banerjee, Kidd e Watson (2000) ao examinarem em MEV a superfície dentinária
previamente preparada com ponta diamantada em aparelho sônico.
A ação agressiva dos impactos ultra-sônicos poderia ser considerada uma
possível causa para a ocorrência de microfissuras na superfície dentinária. Contudo,
uma vez que tais danos também foram encontrados nas amostras preparadas com o
instrumento rotatório CVD, a causa parece estar mais relacionada à ultra-estrutura
do diamante CVD que aos impactos ultra-sônicos isoladamente. Alguns estudos têm
afirmado que a tecnologia CVD promove uma maior eficiência de corte ao
instrumento uma vez que uma pedra única de diamante cobre a totalidade da ponta
metálica (BORGES et al., 1999; SEIN et al., 2003). Por outro lado, a análise
microscópica da ponta CVDentus mostrou que a tecnologia CVD produz
aglomerados de cristais de diamante com formato arredondado, ao passo que os
grãos de diamante aglutinados à ponta convencional apresentam ângulos
pronunciadamente agudos. Assim, apesar de sua maior eficiência de corte, pontas
produzidas pela tecnologia CVD parecem provocar uma maior indução de tensões
durante sua ação na superfície dental.
As características morfológicas da dentina irradiada por laser sugerem um
padrão de embricamento mecânico bastante favorável à adesão (DE MUNCK et al.,
2002). Somam-se a essa vantagem a ausência de camada de esfregaço e a
presença de túbulos dentinários abertos em toda a superfície ablacionada
(HOSSAIN et al., 2003). Contudo, apesar desse aspecto micro-retentivo, a superfície
dentinária irradiada com laser não foi receptiva à adesão, resultando em baixos
valores de resistência adesiva. Mesmo sendo uma opção promissora à odontologia
minimamente invasiva, a influencia dos lasers de Érbio na resistência adesiva à
dentina ainda é controversa (BERTRAND et al., 2006; DE MUNCK et al., 2002;
91
DUNN; DAVIS; BUSH, 2005; LIN et al., 1999; MANHÃES et al., 2005; SUNG et al.,
2005). O emprego de diferentes aparelhos e parâmetros constitui uma explicação
plausível para essa controvérsia, uma vez que tais diferenças são altamente
responsáveis pela qualidade da interação entre o laser e o substrato (STRAßL et al.,
2004). Concordando com os resultados do presente estudo, outros autores
encontraram maiores valores de resistência adesiva à dentina preparada com ponta
diamantada que à dentina irradiada com laser de Er:YAG com parâmetros para
preparo cavitário (DUNN; DAVIS; BUSH, 2005; MANHÃES et al., 2005). Por outro
lado, Bertrand et al. (2006) sugeriram que tanto a dentina preparada com ponta
diamantada quanto aquela irradiada foram igualmente receptivas à adesão. Os
autores, contudo, empregaram densidades de energia consideravelmente mais
baixas que as usada no presente estudo, tornando inviável qualquer comparação.
Apesar de produzir um efeito menos danoso à estrutura dental, o uso de densidades
de energia mais baixas levam a uma queda significante na eficiência de corte do
laser (HOSSAIN et al., 1999b).
A falta de estudos que empreguem o laser de Er,Cr:YSGG com parâmetros
para preparo cavitário impede que maiores comparações sejam estabelecidas
quanto aos resultados de resistência adesiva aqui apresentados. Apesar disso, um
estudo bastante recente realizado por Lee, Landini e Walmsley (2004) empregou o
laser de Er,Cr:YSGG com potência de 3,5 W e densidade de energia próxima àquela
utilizada no presente estudo. Porém, discordando dos resultados aqui obtidos, os
autores do estudo em questão concluíram que a efetividade do adesivo condicione-
e-lave empregado não foi afetada pelo uso do laser associado ao condicionamento
ácido da dentina.
92
Apesar desse resultado isolado, diversos autores têm observado alterações
importantes na composição e estrutura da dentina submetida ao processo de
ablação, prejudicando a adesão ao substrato assim preparado (CEBALLOS et al.,
2002; BACHMANN et al., 2005; DE MUNCK et al., 2002). De acordo com Bachmann
et al. (2005), tanto o laser de Er:YAG quanto o de Er,Cr:YSGG são responsáveis por
mudanças na composição e na conformação da matriz orgânica da dentina por eles
irradiada, resultando em uma degradação parcial das fibras colágenas. Devido à
fusão das fibras colágenas denaturadas, a difusão do adesivo pelo espaço
interfibrilar é dificultada, comprometendo assim sua efetividade adesiva (CEBALLOS
et al., 2002). Além disso, a presença de microfissuras na superfície irradiada
confirma os resultados de estudos anteriores, que também relataram a ocorrência
desse tipo de dano como uma conseqüência da ablação dos tecidos duros dentais
(DE MUNCK et al., 2002; KATAUMI et al., 1998). Embora esses estudos tenham
investigado a ação de um laser de Er:YAG, seus resultados podem ser comparados
àqueles obtidos na presente pesquisa. Os lasers de Er:YAG e de Er,Cr:YSGG
apresentam comprimentos de onda bastante similares e seus efeitos sobre os
tecidos duros dentais parecem ser bastante semelhantes (APEL; SCHÄFER;
GUTKNECHT, 2003; HARASHIMA et al., 2005). As violentas microexplosões que
ocorrem durante a irradiação do substrato dental não só promovem a ejeção do
tecido ablacionado, mas também afetam o substrato remanescente, constituindo a
principal causa das microfissuras encontradas em dentina. Tais trincas poderiam ser
seladas pelos adesivos utilizados, mas parecem atingir profundidades que vão além
da capacidade de penetração dos adesivos no substrato dentinário. Como
conseqüência, uma estrutura enfraquecida é mantida abaixo da camada híbrida
formada, favorecendo a fratura das amostras durante o teste de tração.
93
Nenhum tipo de dano foi observado em dentina preparada pela técnica
convencional ou naquela obtida por fratura (grupos-controle). Esse achado elimina a
possibilidade de que as microfissuras observadas nos grupos experimentais tenham
sido causadas pelo processamento das amostras para análise em MEV. Caso essa
suposição fosse verdadeira, não só os grupos experimentais, mas também os
grupos-controle apresentariam tais danos.
A metodologia utilizada para o desenvolvimento do teste de microtração
buscou uma padronização máxima para a confecção dos espécimes, eliminando
variações que pudessem interferir nos resultados obtidos. Apenas os palitos
resultantes da região central da superfície dentinária foram utilizados a fim de
minimizar os efeitos de variações regionais nos resultados de resistência adesiva
(PHRUKKANON; BURROW; TYAS, 1999; YOSHIYAMA et al., 1998). Para o preparo
das amostras, utilizou-se o aparelho formador de microespécimes (MicroSpecimen
Former), desenvolvido pela Universidade de Iowa (ARMSTRONG; KELLER;
BOYER, 2001). Esse aparelho minimiza a sensibilidade de técnica no preparo das
amostras uma vez que elimina a manipulação das mesmas (DE MUNCK et al.,
2003), permitindo a padronização da camada de esfregaço quando da utilização de
instrumentos rotatórios. Tal aparelho também foi utilizado para desgastar a interface
adesiva dos palitos a fim de torná-las cilíndricas, formato que garante uma melhor
distribuição de tensões durante o teste e uma maior confiabilidade à análise do
padrão de fratura ocorrido em cada caso (PHRUKKANON; BURROW; TYAS, 1998).
Tendo em vista que a dentina preparada apenas com laser não permitiria a
obtenção de uma superfície plana, a mesma foi conseguida expondo-se a dentina
primeiramente com o uso de um disco de diamante em aparelho Isomet.
Posteriormente, uma fina camada dessa superfície foi removida com o uso do laser,
94
impedindo que irregularidades maiores resultassem em um aumento da área de
adesão e, conseqüentemente, um falso aumento na resistência adesiva nesses
grupos (DE MUNCK et al., 2002; JUNG; WEHLEN; KLIMEK, 1999).
A superioridade do adesivo Optibond FL sobre o Clearfil SE Bond em termos
de efetividade adesiva à dentina instrumentada foi claramente observada neste
estudo. Porém, alguns autores discordam desse resultado, mostrando que os
adesivos autocondicionantes suaves de dois passos podem atingir valores de
resistência adesiva tão altos ou até maiores que aqueles obtidos pelos adesivos de
condicionamento prévio (DE MUNCK et al., 2005b; DIAS; PEREIRA; SWIFT
JUNIOR, 2004; HOSOYA et al., 2004; OLIVEIRA et al., 2003; TOLEDANO et al.,
2001).
Os sistemas autocondicionantes representam uma geração de adesivos de
fácil manipulação e menor sensibilidade de técnica. A incorporação de monômeros
ácidos em sua composição permite que eles desmineralizem e penetrem a dentina
simultaneamente, prevenindo a ocorrência de uma infiltração incompleta do adesivo
na trama de fibras colágenas expostas (WATANABE; NAKABAYASHI; PASHLEY,
1994). Uma vez que passos importantes da técnica adesiva são eliminados, como o
condicionamento, lavagem e secagem da dentina, o procedimento torna-se mais
rápido e menos sensível a possíveis erros de técnica, particularmente quanto à
manutenção de uma superfície adequadamente umedecida durante o procedimento
adesivo (DE MUNCK et al., 2003).
Além disso, o Clearfil SE Bond dissolve a dentina apenas parcialmente,
fazendo com que cristais de hidroxiapatita remanescentes sejam incorporados à
camada híbrida (DE MUNCK et al., 2005a, 2005b). Tal estrutura permite que
monômeros funcionais fosfatados incorporados à composição do adesivo (MDP)
95
interajam quimicamente com essa hidroxiapatita residual, promovendo mais um
importante mecanismo de adesão ao substrato dentinário (YOSHIDA et al., 2000,
2004).
Apesar de contribuírem para uma técnica menos sensível e para resultados
mais confiáveis, os adesivos autocondicionantes devem ser capazes de dissolver e
incorporar a camada de esfregaço a fim de poder interagir com a dentina subjacente
(TAY; PASHLEY, 2001). Contudo, os adesivos autocondicionantes suaves podem
ter sua acidez tamponada pelos componentes minerais de uma camada de
esfregaço mais espessa (CAMPS; PASHLEY, 2000), o que comprometeria a
hibridização da dentina e, conseqüentemente, sua efetividade adesiva (KOIBUSHI;
YASUDA; NAKABAYASHI, 2001; OGATA et al., 2001; OLIVEIRA et al., 2003; VAN
MEERBEEK et al., 2003b).
Considerando-se a importância das características da camada de esfregaço
na interação do adesivo com a dentina, há a necessidade de padronizar-se o
preparo do substrato a fim de garantir resultados mais confiáveis e que possam ser
comparados com estudos já publicados. Assim, o uso de lixas de papel de
granulação 600 posicionadas em máquinas de desgaste tem sido uma opção
comum entre os pesquisadores (HOSOYA et al., 2004; MONTES; GOES;
SINHORETI, 2005; OGATA et al., 2001; OLIVEIRA et al., 2003). Contudo, tal
procedimento leva à formação de uma superfície pouco rugosa e coberta por uma
fina camada de esfregaço, não simulando de forma precisa uma situação clínica
convencional, onde uma ponta diamantada de maior granulação é utilizada (DE
MUNCK et al., 2003; TAY et al., 2000; VAN MEERBEEK et al., 2003b).
No presente estudo, o uso de uma ponta diamantada convencional em alta-
rotação acoplada em aparelho formador de microespécimes garantiu a formação de
96
uma camada de esfregaço não só devidamente padronizada como também
clinicamente relevante (VAN MEERBEEK et al., 2003b). Uma vez que as pontas
diamantadas convencionais criaram um esfregaço mais espesso, a interação do
adesivo Clearfil SE Bond com a dentina foi provavelmente prejudicada. Tal hipótese
sugere uma explicação bastante razoável para a menor resistência adesiva
apresentada pelo sistema Clearfil SE Bond em relação ao adesivo Optibond FL
quando aplicados em dentina preparada com instrumento rotatório convencional. Por
outro lado, quando aplicado em dentina fraturada, o adesivo Clearfil SE Bond
apresentou um aumento significante em termos de eficiência adesiva, atingindo
valores semelhantes àqueles obtidos pelo adesivo Optibond FL. Tais evidências
comprovam a influência negativa que a camada de esfregaço impõe à adesão de
adesivos autocondicionantes suaves à dentina. Concordando com o presente
estudo, alguns autores têm demonstrado que a incorporação do esfregaço na
interface adesiva pode afetar negativamente a resistência de união de adesivos
autocondicionantes (KOIBUCHI; YASUDA; NAKABAYASHI, 2001; OGATA et al.,
2001; OLIVEIRA et al. 2003; TAY; PASHLEY, 2001; VAN MEERBEEK et al., 2003b).
O fato de não haver relação entre a camada de esfregaço e a efetividade adesiva do
sistema Optibond FL é facilmente explicado pelo uso prévio de um condicionamento
ácido que remove os detritos superficiais provenientes do preparo antes que o
adesivo seja aplicado.
A fim de simplificar o procedimento adesivo autocondicionante, um novo tipo
de sistema foi introduzido no mercado odontológico, combinando o primer acidulado
e o adesivo numa única aplicação. Assim, surgiram os adesivos autocondicionantes
de passo único, ou os chamados “tudo-em-um” (INOUE et al., 2001), tais como o
Adper Prompt L-Pop e o Clearfil S
3
Bond, ambos empregados no presente estudo.
97
Pode-se dizer que os sistemas autocondicionantes de passo único
apresentam versões muito recentes e que, portanto, ainda carecem de maiores
pesquisas clínicas e laboratoriais. Porém, concordando com os resultados obtidos no
presente estudo, o suporte científico atual tem mostrado que os sistemas
autocondicionantes suaves de dois passos são os adesivos de maior efetividade e
estabilidade adesiva em sua categoria, sendo os adesivos tudo-em-um os que
apresentam os resultados mais pobres em termos de adesão às estruturas dentais
(DE MUNCK et al., 2003, 2005b; INOUE et al., 2001; SHIRAI et al., 2005).
A fim de garantir a eficiência dos adesivos tudo-em-um, os mesmos têm se
tornado cada vez mais acídicos e hidrofílicos (VAN MEERBEEK, 2003a). Porém,
uma desvantagem dos sistemas muito hidrofílicos está relacionada à sua grande
capacidade de atrair e absorver água, difundindo-a pela camada de adesivo.
Conforme relatado em estudos anteriores, a água inibe a polimerização da resina
(JACOBSEN; SODERHOLM, 1995), além de plastificar os polímeros já formados
(BASTIOLI; ROMANO; MIGLIARESI, 1990), diminuindo assim as propriedades
mecânicas da camada do adesivo. Adicionalmente, os monômeros hidrofílicos
tendem a se agrupar antes da polimerização do adesivo, formando domínios
hidrofílicos em forma de bolhas ou glóbulos (SPENCER; WANG, 2002). A
hidrofilicidade dos adesivos tudo-em-um também leva à formação de canais
microscópicos preenchidos por água (water-trees) no interior da camada de adesivo,
resultantes da umidade absorvida da dentina normalmente hidratada ou do
aprisionamento da água contida na própria composição do adesivo e que é
dificilmente removida antes da sua polimerização (TAY; PASHLEY; YOSHIYAMA,
2002). Assim, tem sido relatado que polímeros altamente hidrofílicos funcionam
98
como membranas permeáveis que permitem o movimento de água através de sua
espessura, mesmo após sua polimerização (TAY et al., 2004a, 2004b).
O adesivo Adper Prompt L-Pop é um dos autocondicionantes de maior acidez
dentre os atualmente encontrados no mercado odontológico, o que o classifica como
um adesivo autocondicionante forte (pH<1). Sua grande capacidade acídica permite
a completa dissolução da camada de esfregaço e a formação de uma camada
híbrida autêntica, muito semelhante àquela produzida pelos adesivos de
condicionamento prévio (TAY; PASHLEY, 2001; DE MUNCK et al., 2005b). Isso
explica o motivo pelo qual esse adesivo não teve sua efetividade adesiva
influenciada pela presença da camada de esfregaço.
Dessa forma, seria razoável sugerir que tal adesivo apresenta as vantagens
dos adesivos autocondicionantes, uma vez que elimina os inconvenientes de um
condicionamento ácido prévio, ao mesmo tempo em que promove uma completa
hibridização do substrato dentinário, como no caso dos adesivos condicione-e-lave.
Porém, apesar dessa promissora expectativa, Adper Prompt L-Pop apresentou
baixos valores de resistência adesiva, independente da técnica de preparo cavitário
utilizada.
Felizmente, a análise das falhas ocorridas durante o teste de microtração
pode trazer explicações plausíveis para essa controvérsia. No caso do adesivo
Adper Prompt L-Pop, a avaliação do padrão de fratura das amostras revelou uma
forte prevalência de falhas coesivas na camada de adesivo sugerindo que, apesar
da efetiva hibridização da dentina, o adesivo propriamente dito não foi capaz de
resistir às tensões geradas durante o processamento da amostra ou durante o teste
propriamente dito. Como descrito anteriormente, as baixas propriedades mecânicas
desse adesivo está provavelmente relacionada à alta hidrofilicidade do material que,
99
ao atrair a água do substrato dental, difunde-a pela camada de adesivo,
prejudicando a polimerização do mesmo. Adicionalmente, a água normalmente
incorporada à composição desse adesivo é dificilmente evaporada após sua
aplicação, contribuindo para a permeabilidade e as baixas propriedades mecânicas
da camada adesiva (TAY et al., 2004a, 2004b).
Tais evidências explicam a notável ocorrência de falhas pré-teste nos grupos
onde o adesivo Adper Prompt L-Pop foi utilizado. Esse resultado concorda com
estudos anteriores onde a degradação da adesão foi tão significativa que a maioria
das amostras foi perdida antes mesmo de serem testadas, mais especificamente
durante o seu processamento para o teste (ARMSTRONG et al., 2003; SHIRAI et al.,
2005).
Por outro lado, o adesivo Clearfil S
3
Bond é considerado um adesivo
autocondicionante ultra-suave, apresentando uma baixa capacidade de
desmineralização do substrato dental. Segundo Peumans et al. (2006), tal adesivo
apresenta uma capacidade desmineralizadora tão reduzida que se torna incapaz de
atingir o substrato dental quando o mesmo encontra-se coberto por uma camada de
esfregaço clinicamente relevante. Nesse caso, após avaliação da interface adesiva
do Clerafil S
3
Bond através de Microscopia Eletrônica de Transmissão, os autores
relatam que apenas a camada de esfregaço foi hibridizada pelo adesivo, sem a
formação de camada híbrida na dentina subjacente. No presente estudo, o
esfregaço hibridizado pode ser observado durante a análise dos padrões de fratura
dos grupos onde o Clearfil S
3
Bond foi aplicado em superfície preparada com
Instrumento rotatório convencional ou instrumento rotatório de diamante CVD.
Nesses grupos, as falhas adesivas aconteceram justamente na zona de interação
entre o adesivo e o esfregaço, que se apresentou como uma estrutura amorfa sobre
100
as superfícies fraturadas. Resultados semelhantes foram encontrados por Oliveira et
al. (2003) ao analisarem as falhas ocorridas quando o adesivo Clearfil SE Bond era
aplicado em dentina coberta por camadas de esfregaço de maior espessura.
Por outro lado, o adesivo Clearfil S
3
Bond tende a interagir com a dentina na
ausência de esfregaço, formando uma zona de interdifusão muito fina, de espessura
inferior a 1 μm, sendo considerada por Peumans et al. (2006) como uma camada
nano-híbrida. Independente da espessura da camada híbrida formada, um aumento
da resistência adesiva pode ser observado quando o adesivo em questão foi
aplicado em dentina fraturada, ou seja, sem a interposição de uma camada de
esfregaço. Dessa forma, assim como o adesivo autocondicionante suave Clearfil SE
Bond, o autocondicionante ultra-suave também teve sua efetividade adesiva
diminuída pela presença do esfregaço, comprovando mais uma vez a influência da
acidez do sistema adesivo autocondicionante na determinação de uma interação
efetiva com o substrato instrumentado.
Além disso, assim como no caso do Clearfil SE Bond, o adesivo Clearfil S
3
Bond é capaz de estabelecer uma interação química com a dentina uma vez que
conta com a presença do monômero MDP em sua composição.
Sendo comparados entre si, os adesivos autocondicionantes de passo único
(Adper Prompt L-Pop e Clearfil S
3
Bond) apresentaram resultados de resistência
adesiva semelhantes quando aplicados em dentina instrumentada (IR, IR CVD e IU
CVD). Porém, melhores valores de adesão foram atingidos pelo Clearfil S
3
Bond nos
grupos em que o esfregaço encontrava-se ausente (Fratura e Laser). Maior atenção
merece ser dispensada aos casos específicos onde tais adesivos foram aplicados
em dentina irradiada com laser. Nesse caso, o comportamento frustrante do adesivo
Adper Prompt L-Pop parece ser facilmente explicado pela dependência que sua
101
efetividade adesiva apresenta em relação à formação de uma camada híbrida. Se
considerarmos os efeitos deletérios causados pelo laser às fibras colágenas da
superfície dentinária (BACHMANN et al., 2005; CEBALLOS et al., 2002), como já
descrito anteriormente, torna-se evidente a dificuldade do adesivo em atingir uma
adequada hibridização do substrato e, conseqüentemente, uma adesão efetiva a ele.
A maior adesão apresentada pelo Clerafil S
3
Bond à dentina irradiada pode
estar relacionada não só à ausência da camada de esfregaço, como já discutido
acima. Tal resultado parece associar-se também ao fato desse material ter sua
efetividade adesiva voltada a uma interação química com o substrato, o que parece
ser até mais importante que a formação de uma camada híbrida propriamente dita.
Se, por um lado, a dentina irradiada teria uma hibridização prejudicada pela
degradação das fibras colágenas, por outro sua receptividade a uma adesão
química estaria favorecida pela maior quantidade de Ca disponível (HOSSAIN et al.,
2003). A estrutura molecular do monômero MDP presente no adesivo Clearfil S
3
Bond permite que ele descalcifique a dentina e penetre-a, aderindo quimicamente ao
Cálcio remanescente. Pode-se sugerir que a interação química desse adesivo com o
substrato irradiado seja melhorada pela maior quantidade de íons Cálcio disponíveis
no substrato assim preparado.
Finalmente, os danos causados à dentina pelo uso de instrumentos e técnicas
alternativas de preparo cavitário parecem ter sido responsáveis por uma queda na
resistência de união dos adesivos empregados neste estudo. Porém, aspectos
morfológicos interessantes à adesão também foram observados com o uso dessas
técnicas, tais como o padrão retentivo e a ausência de esfregaço da dentina
irradiada com laser e a remoção parcial do esfregaço no caso da dentina preparada
com instrumento ultra-sônico. Além disso, deve-se considerar o importante papel
102
que essas técnicas de preparo exercem na promoção de uma odontologia
minimamente invasiva, entre outras vantagens por elas oferecidas. Assim, pesquisas
futuras deveriam focar seus esforços no sentido de encontrar parâmetros seguros
que permitam o uso do laser e do ultra-som em preparos cavitários, sendo capaz de
gerar uma estrutura dentinária receptiva ao procedimento adesivo. Outra linha de
pesquisa interessante poderia ser criada no sentido da produção de um sistema
adesivo que fosse capaz de interagir de forma satisfatória com o substrato irradiado
por laser ou abrasionado por ultra-som.
103
7 CONCLUSÕES
Os resultados obtidos permitiram-nos concluir que:
7.1 As técnicas e instrumentos alternativos de preparo cavitário empregadas
neste estudo resultaram em superfícies dentinárias com diferentes
características morfológicas quando comparadas à técnica convencional, na
qual instrumentos rotatórios diamantados são utilizados em turbina de alta-
rotação. Tais diferenças baseiam-se principalmente em características
topográficas e na espessura, ou mesmo na ausência, da camada de
esfregaço formada em cada caso.
7.2 A irradiação com laser de Er,Cr:YSGG promoveu uma superfície dentinária
livre de esfregaço. Já os instrumentos rotatórios de diamante convencional ou
diamante CVD levaram à formação de uma camada de esfregaço espessa e
bastante diferente daquela produzida pela ponta CVD em ultra-som, que se
apresentou delgada e até mesmo ausente em pontos isolados.
7.3 Técnicas alternativas de preparo cavitário resultaram em menores valores de
resistência adesiva, independente do sistema adesivo empregado.
7.4 A interposição da camada de esfregaço produzida pelo instrumento rotatório
diamantado convencional não afetou a adesão do sistema condicione-e-lave
ou do autocondicionante forte, mas influenciou negativamente a adesão dos
sistemas autocondicionantes de menor potencial acídico, ou seja, os
considerados suave e ultra-suave.
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116
APÊNDICE A Dados fornecidos pelo teste de microtração incluindo: resistência adesiva (MPa);
desvio padrão (DP); tipo de falha; incidência das falhas (%). OB: Optibond FL; SE:
Clearfil SE Bond; LP: Adper Prompt L-Pop; S3: Clearfil S3 Bond; IR: Instrumento
rotatório convencional; IRCVD: Instrumento rotatório CVD; IUCVD: Instrumento ultra-
sônico CVD; A: falha adesiva; Cd: falha coesiva em dentina; Cr: falha coesiva em
resina (compósito ou adeivo); M: falha mista
OB + IR
amostra Falha MPa
1 Cd 70,5
2 Cr 63,2
3 M 68,4
4 Cr 67,2
5 M 71,5
6 Cd 73,7
7 A 55,4
8 Cd 50,9
9 Cr 57,3
10 Cr 69,8
11 Cd 58
12 Cr 59,3
13 M 56,5
14 M 59,7
Média 63,0
DP 7,1
Falha quantidade %
A 1 7,1
M 4 28,6
Cr 5 35,7
Cd 4 28,6
Total
14 100
LP + IR
amostra Falha MPa
1 Cr 20,4
2 Cr 22,3
3 Cr 18
4 Cr 26,3
5 Cr 35,5
6 Cr 31
7 M 18,5
8 Cr 25,1
9 Cr 25,2
10 Cr 6
11 Cr 24,3
12 A 0
13 Cr 0
14 Cr 16,7
15 Cr 0
16 Cr 16,8
Média 17,9
DP 11,0
Falha quantidade %
A 1 6,3
M 1 6,3
Cr 14 87,5
Cd 0 0,0
Total
16 100,0
117
SE + IR
amostra Falha MPa
1 M 53,9
2 M 54,8
3 M 45,2
4 M 32,2
5 M 19,1
6 M 61,6
7 M 43,8
8 M 43,8
9 M 45,9
10 M 47,1
11 M 19,4
12 M 37,4
13 Cr 45,5
14 M 39,5
15 M 40,4
16 M 37,3
17 M 40,2
18 M 40,9
19 Cd 40
20 M 46,2
21 M 42,2
22 M 49
23 Cr 52,6
24 M 49,5
25 M 46,5
26 Cr 54,1
Mean 43,4
SD 9,6
Falha quantidade %
A 0 0,0
M 22 84,6
Cr 3 11,5
Cd 1 3,8
Total
26 100,0
S3 + IR
amostra Falha MPa
1 A 14,6
2 M 25,1
3 A 21,8
4 M 27,1
5 A 23,7
6 A 18,7
7 M 11,8
8 M 22,6
9 A 40,3
10 A 18,6
11 M 18,1
12 A 14,2
Média 21,4
DP 7,5
Falha quantidade %
A 7 58,3
M 5 41,7
Cr 0 0,0
Cd 0 0,0
Total
12 100,0
118
OB + Fratura
amostra Falha MPa
1 Cd 66,8
2 M 55,3
3 M 49,3
4 Cd 47,4
5 Cd 69,9
6 Cd 65,4
7 M 71,3
8 Cd 47,5
9 Cd 58,2
10 Cd 79,1
11 M 73,9
12 Cd 47,7
13 M 53,9
14 Cd 48,4
Média 59,6
DP 11,2
Falha quantidade %
A 0 0,0
M 5 35,7
Cr 0 0,0
Cd 9 64,3
Total
14 100,0
LP + Fratura
amostra Falha MPa
1 Cr 20,7
2 M 44,6
3 A 0
4 M 0
5 M 20,5
6 M 18,2
7 Cr 21,8
8 Cr 15,2
9 Cr 13,2
10 Cr 13,6
11 M 16,8
12 Cr 20,3
13 Cr 17,9
14 Cr 11
15 Cr 8,8
16 Cr 0
Média 15,2
DP 10,9
Falha quantidade %
A 1 6,3
M 5 31,3
Cr 10 62,5
Cd 0 0,0
Total
16 100,0
119
SE + Fratura
amostra Falha MPa
1 M 47,6
2 Cr 62,2
3 M 71,1
4 Cr 70,7
5 M 55,7
6 M 53,2
7 M 53,8
8 Cd 43,8
9 M 48,4
10 M 84,9
11 Cd 61,9
12 M 53,3
Média 58,9
DP 11,9
Falha quantidade %
A 0 0,0
M 8 66,7
Cr 2 16,7
Cd 2 16,7
Total
12 100,0
S3 + Fratura
amostra Falha MPa
1 A 27,3
2 A 17,5
3 A 18,7
4 M 34,2
5 A 39,5
6 A 23,2
7 A 25,4
8 M 33,7
9 M 15,2
10 A 35,8
11 A 50,6
12 M 45,1
Média 30,5
DP 11,2
Falha quantidade %
A 8 66,7
M 4 33,3
Cr 0 0,0
Cd 0 0,0
Total
12 100,0
120
OB + IRCVD
amostra Falha MPa
1 M 32,4
2 A 40,3
3 A 46,3
4 M 42,3
5 M 37,9
6 A 47,7
7 M 36,5
8 Cd 31,2
9 Cd 45
10 M 32,2
11 M 44
12 M 47,4
13 M 37,8
14 A 19,4
15 M 50
16 M 34,3
17 Cd 54,1
18 Cd 53,6
Média 40,7
DP 8,9
Falha quantidade %
A 4 22,2
M 10 55,6
Cr 0 0,0
Cd 4 22,2
Total
18 100,0
LP + IRCVD
amostra Falha MPa
1 A 0
2 Cr 0
3 Cr 0
4 Cr 0
5 Cr 17,9
6 Cr 0
7 Cr 18,4
8 Cr 18,2
9 Cr 15,9
10 M 17,5
11 M 0
12 M 0
13 Cr 8,6
14 Cr 18
Média 8,2
DP 8,8
Falha quantidade %
A 1 7,1
M 3 21,4
Cr 10 71,4
Cd 0 0,0
Total
14 100,0
121
SE + IRCVD
amostra Falha MPa
1 Cr 14,7
2 M 29,5
3 M 13,7
4 M 32,6
5 A 12,5
6 M 18,3
7 Cd 23,9
8 M 30,2
9 M 29,9
10 M 22,5
11 M 23,4
12 M 21
13 Cr 25,1
Média 22,9
DP 6,7
Falha quantidade %
A 1 7,7
M 9 69,2
Cr 2 15,4
Cd 1 7,7
Total
13 100,0
S3 + IRCVD
amostra Falha MPa
1 A 11,6
2 A 19,1
3 A 14,1
4 M 9,2
5 A 24,7
6 A 5,3
7 A 0
8 A 9,7
9 A 5,5
10 A 6,8
11 A 5,3
12 A 20,8
13 A 9
14 A 11,4
15 A 21,5
16 A 7,1
17 A 22,3
18 A 12,1
Média 12,0
DP 7,0
Falha quantidade %
A 17 94,4
M 1 5,6
Cr 0 0,0
Cd 0 0,0
Total
18 100,0
122
OB + IUCVD
amostra Falha MPa
1 A 15,8
2 A 16,3
3 A 33,9
4 A 32,1
5 A 40,9
6 M 27,9
7 M 55,9
8 M 52,9
9 Cr 57,8
10 M 58,5
11 M 35,8
12 Cr 42,6
13 A 19,5
14 A 45
15 A 39,9
16 A 32,4
Média 38,0
DP 14,0
Falha quantidade %
A 9 56,3
M 5 31,3
Cr 2 12,5
Cd 0 0,0
Total
16 100,0
LP + IUCVD
amostra Falha MPa
1 M 16,8
2 Cr 19,5
3 M 0
4 M 0
5 Cr 19,1
6 Cr 16,4
7 Cr 14
8 Cr 0
9 Cr 0
10 Cr 0
11 M 15,7
12 M 13,2
Média 9,6
DP 8,6
Falha quantidade %
A 0 0,0
M 5 41,7
Cr 7 58,3
Cd 0 0,0
Total
12 100,0
123
SE + IUCVD
amostra Falha MPa
1 A 17,9
2 A 20,5
3 A 17,3
4 A 23,4
5 A 18,4
6 A 19,5
7 A 23,5
8 A 27,8
9 A 32,6
10 A 19,9
11 A 20,6
12 A 20,7
13 A 24,9
14 A 21
15 A 19,5
16 A 18,5
Média 21,6
DP 4,0
Falha quantidade %
A 16 100,0
M 0 0,0
Cr 0 0,0
Cd 0 0,0
Total
16 100,0
S3 + IUCVD
amostra Falha MPa
1 A 13,3
2 A 6,4
3 A 0
4 A 8,3
5 A 16,7
6 A 8,5
7 A 6,9
8 A 9,7
9 A 11
10 A 14,3
11 A 16,5
12 A 11,7
13 A 14,6
Média 10,6
DP 4,7
Falha quantidade %
A 13 100,0
M 0 0,0
Cr 0 0,0
Cd 0 0,0
Total
13 100,0
124
OB + Laser
amostra Falha MPa
1 M 35,1
2 A 37
3 A 18,8
4 A 28,4
5 M 30,2
6 A 36,7
7 M 34,7
8 M 26,9
9 M 34,8
10 M 54,6
11 M 45,7
12 M 32,1
13 M 46,4
14 M 38,5
15 M 22,2
Média 34,8
DP 9,3
Falha quantidade %
A 4 26,7
M 11 73,3
Cr 0 0,0
Cd 0 0,0
Total
15 100,0
LP + Laser
amostra Falha MPa
1 M 0
2 M 0
3 M 0
4 M 0
5 M 0
6 M 0
7 M 0
8 M 0
9 M 0
10 M 4,2
11 A 0
12 M 5
13 M 0,3
14 M 0
15 M 3,3
16 Cr 0
17 M 10
18 M 0
19 Cr 0
Média 1,2
DP 2,6
Falha quantidade %
A 1 5,3
M 16 84,2
Cr 2 10,5
Cd 0 0,0
Total
19 100,0
125
SE + Laser
amostra Falha MPa
1 M 14,2
2 M 26,8
3 A 15,2
4 A 15,2
5 A 18
6 M 14,1
7 M 18,8
8 A 16,6
9 M 29,6
10 M 27,7
11 M 21
12 M 14,1
13 M 22,2
14 M 23,2
15 M 28,4
16 A 28,5
Média 20,9
DP 5,8
Falha quantidade %
A 5 31,3
M 11 68,8
Cr 0 0,0
Cd 0 0,0
Total
16 100,0
S3 + Laser
amostra Falha MPa
1 A 17,3
2 A 11,9
3 A 21,5
4 A 23,6
5 A 23,3
6 A 11,3
7 A 0
8 A 7,5
9 A 13,3
10 A 13,9
11 A 8,8
12 A 16,7
13 A 14,6
14 A 14,1
15 A 21,1
16 A 24,4
Média 15,2
DP 6,7
Falha quantidade %
A 16 100,0
M 0 0,0
Cr 0 0,0
Cd 0 0,0
Total
16 100,0
126
ANEXO A – Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa da FOUSP
127
ANEXO B – Parecer da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa
128
Livros Grátis
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