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ESTUDO DE TURFAS EM LABORATÓRIO COMO BARREIRA REATIVA NA
REMEDIAÇÃO DE AQÜÍFEROS
Francisco Crescêncio Júnior
TESE SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DA COORDENAÇÃO DOS
PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE
FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS
NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE DOUTOR EM CIÊNCIAS
EM ENGENHARIA CIVIL.
Aprovada por:
________________________________________________
Prof. Cláudio Fernando Mahler, Dsc
_______________________________________________
Prof. Francisco José Casanova de Oliveira e Castro, D.Sc.
________________________________________________
Prof
a
Helena Polivanov, D.Sc.
________________________________________________
Prof. Manoel Maia Nobre, Ph.D
________________________________________________
Prof. Maurício Erhlich, Ph.D
RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL
MAIO DE 2008
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CRESCÊNCIO JÚNIOR, FRANCISCO
Estudo de Turfas em Laboratório como
Barreira Reativa na Remediação de
Aqüíferos [Rio de Janeiro] 2008
X, 196 p. 29,7 cm (COPPE/UFRJ, D.Sc.,
Engenharia Civil, 2008)
Tese - Universidade Federal do Rio de
Janeiro, COPPE
1. Remediação de Aqüíferos
2. Barreiras Reativas
3. Turfa
4. Adsorção Física
I. COPPE/UFRJ II. Título (série)
ii
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Este trabalho é dedicado a meus
pais, Francisco e Dagmar e à
memória do grande geólogo, amigo
e conselheiro Otávio Ferreira.
iii
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus, princípio e fim de todas as coisas.
A meus pais, minha irmã e familiares pelo apoio incondicional e irrestrito.
Meus sinceros agradecimentos ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil da
COPPE – UFRJ por ter me acolhido e contribuído para o meu desenvolvimento
profissional.
Ao meu Orientador Prof. Cláudio Fernando Mahler pela paciência e dedicação.
À Maria da Glória e a Maiara do Laboratório de Química pela extrema atenção e
dedicação aos meus ensaios.
À Prof
a
. Francisca França e ao Eng. Leonardo Jordão do Laboratório de Microbiologia
da Escola de Engenharia Química da UFRJ pela atenção dispensada e dedicação na
caracterização microbiológica das amostras de turfa.
À Prof
a.
Regina Fátima, Glória Peruch e Gean pelo auxílio e apoio nos ensaios
realizados no Laboratório de Meio Ambiente (LEMA) da Escola de Engenharia
Química da UFSC, Florianópolis (SC).
À Márcia Benzi do LAPIN-UFRJ pelas análises no Infravermelho.
Ao Prof. Alexandre Rosado, Raquel e Ricardo do Laboratório de Ecologia Microbiana
pela atenção dispensada e pelos ensaios.
Aos amigos Adriana Schueler, Abdoul, Carlos André (China), Antônio Calle, Sílvio,
Kátia, Mário Riccio por tantos anos de convivência. A Ana Paula, Raquel e Vitor pela
ótima convivência em nossa sala. Aos companheiros de jornada Juliana, Ronaldo Izzo,
Cristian, Cescyle e Gustavo pela amizade e incursões pela noite carioca!
iv
Ao amigo e colega Vitor Hugo pelos ensaios e informações compartilhadas.
À Ivete por solucionar todos os problemas!
Aos funcionários Luizão, Eduardo, Salviano, Carlinhos, Serginho, Mauro e Telmo pelo
suporte técnico em vários momentos. E também a Beth, Jairo e Rita pela atenção.
À Empresa JR Fertilizante por ceder as amostras de turfa de Mogi Guaçu e a Secretaria
de Obras de Resende (RJ) por permitir a coleta de turfa no bairro Cidade Alegria.
À Innolab do Brasil pelo apoio nas análises de BTEX.
À colega e Prof
a
Helena Polivanov que há tanto anos acompanha minha trajetória
acadêmica e profissional.
Ao Prof. Francisco Casanova por dicas e sugestões, principalmente durante os ensaios.
Ao Professores Mauricio Erhlich e Maria Cláudia pelas sugestões e atenção.
Ao Prof. Manoel Maia Nobre por ter aceitado prontamente a participação na banca e por
tantas sugestões pertinentes.
Ao Prof. Jim Baker (Universidade de Waterloo), Grete Rasmussen (Depto. de Defesa da
Noruega), à amiga e colega Sayonara Reckborn (Universidade de Tubingen) e Marilda
Fernandes (UFSC) por terem respondido sempre prontamente aos meus insistentes
emails.
Ao CNPQ pelo apoio financeiro através da bolsa de doutorado.
v
Resumo da Tese apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos necessários
para a obtenção do grau de Doutor em Ciências (D. Sc.)
ESTUDO DE TURFAS EM LABORATÓRIO COMO BARREIRA REATIVA NA
REMEDIAÇÃO DE AQÜÍFEROS
Francisco Crescêncio Júnior
Maio/2008
Orientador: Cláudio Fernando Mahler
Programa: Engenharia Civil
A presente tese estudou a potencialidade do uso de turfa in natura em barreiras
reativas permeáveis para a remediação de aqüíferos contaminados por compostos
inorgânicos, como cobre e cádmio e orgânicos como, benzeno, tolueno, etilbenzeno e
xilenos (BTEX) principais compostos contaminantes presentes na gasolina. Foram
comparados os desempenhos de dois tipos de turfa, um mais fibrosa oriunda de Mogi
Guaçu-SP e outra mais argilosa vinda de Resende-RJ. Ambas foram submetidas
preliminarmente, a uma caracterização física e química e avaliadas quanto a sua
capacidade de adsorção física de cobre e cádmio, com auxílio de ensaios de equilíbrio
em lote e leito fixo. A turfa de Mogi Guaçu apresentou, previamente, maior potencial de
adsorção de BTEX e foi submetida a um estudo microbiológico clássico e genético e
posteriormente, também aos ensaios de equilíbrio em lote e coluna com uso de gasolina
como contaminante. Os resultados obtidos mostraram o potencial limitado do uso de
turfa in natura em barreiras reativas para os contaminantes cobre e cádmio. Em
contrapartida, a presença de microrganismos com capacidade de auxiliar na degradação
do BTEX na turfa de Mogi Guaçu descortina a possibilidade do uso deste material
como barreira reativa permeável de natureza física e biológica.
vi
Abstract of Thesis presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the
requirements for the degree of Doctor of Science (D.Sc.)
A STUDY IN LAB OF PEATS AS A REACTIVE BARRIER FOR REMEDIATION
OF AQUIFERS
Francisco Crescêncio Júnior
May/2008
Advisor: Claudio Fernando Mahler
Department: Civil Engineering
The present thesis has studied the potential of application of natural peat to
permeable reactive barriers in order to remediate aquifers that have been contaminated
with inorganic compounds such as copper and cadmium, and organic compounds such
as benzene, toluene, etylbenzene e xilenes (BTEX), the main contaminating compounds
found in gasoline. The work consisted of the comparison between performances in two
kinds of peat, one more fibrous from Mogi Guaçu, Sao Paulo State and, the more
argillaceous one, from Resende, Rio de Janeiro State. Both underwent, primarily, a
physical and chemical characterization and were evaluated according to their ability of
physical adsorption of copper and cadmium, by means of batch equilibrium and column
essays. The peat from Mogi Guaçu had shown, previously, a greater potential of
adsorption for BTEX, and underwent a classical and genetic microbiologic study and,
afterwards, batch equilibrium and column experiments using gasoline as a contaminant.
The results have shown the limited potential of the use of natural peat in reactive
barriers against contaminants such as cooper and cadmium. In contrast, the presence of
microorganisms able to help in the BTEX degradation in the peat from Mogi Guaçu
opens up the possibility of using this material in permeable reactive barriers with
physical and biological origins.
vii
ÍNDICE
1. INTRODUÇÃO...........................................................................................................1
1.1 Histórico................................................................................................................. 1
1.2 Objetivos.................................................................................................................2
1.3 Fluxograma da tese.................................................................................................3
1.4 Organização da tese ...............................................................................................4
2. REMEDIAÇÃO DE AÍFEROS CONTAMINADOS POR METAIS
PESADOS (Cu e Cd) E BTEX....................................................................................5
2.1 Considerações gerais..............................................................................................5
2.2 Contaminações de aqüíferos por metais pesados (Cu e Cd)..................................5
2.2.1 Cobre.............................................................................................................6
2.2.2 Cádmio..........................................................................................................9
2.3 Contaminação de aqüíferos por BTEX..................................................................12
2.3.1 Características sico-químicas da gasolina e dos componentes BTEX.....12
2.3.2 Mecanismos de contaminação de aqüíferos devido a vazamento de
SASC’S...............................................................................................................16
2.4 Principais técnicas de remediação para aqüíferos contaminados por metais
pesados e BTEX..................................................................................................20
2.4.1 Considerações Gerais................................................................................20
2.4.2 Técnicas de Remediação de Aqüíferos contaminados por metais
Pesados....................................................................................................23
2.5 Barreiras Reativas Permeáveis...............................................................................31
2.5.1 Histórico e Conceito...................................................................................33
2.5.2 Configuração de uma Barreira Reativa.......................................................36
2.5.3 Limitações da Técnica................................................................................38
2.5.4 Aspectos de Projeto....................................................................................39
viii
2.6 A Turfa e seu Uso em Barreiras Reativas
......................................................51
2.6.1 Definição e Ocorrências no Brasil..............................................................51
2.6.2 Classificação de Turfas...............................................................................53
2.6.3 Sorção.........................................................................................................55
2.6.4 O uso da turfa como material adsorvente...................................................57
3. CARACTERIZAÇÃO FÍSICA E QUÍMICA DA TURFA ..................................58
3.1 Considerações iniciais
.......................................................................
58
3.2 Análise tátil-visual das turfas (segundo método de Van Post)
.......................
60
3.3 Parâmetros físicos e químicos
..............................................................
61
3.4 Ensaios de Permeabilidade
.................................................................
72
4. ENSAIOS DE EQUILÍBRIO EM LOTE...............................................................76
4.1 Considerações iniciais
.......................................................................
76
4.2 Ensaio de equilíbrio em lote com solução contaminante de cobre e cádmio
.... 77
4.3 A questão do uso de solução tampão no ensaio de equibrio em lote com solução
contaminante de cobre e cádmio
................................................................
92
4.4 Ensaio de equibrio em lote com gasolina
..............................................
95
5. ENSAIO DE COLUNA COM OS CONTAMINANTES COBRE E CÁDMIO E
BTEX.........................................................................................................................108
5.1 Ensaio em Coluna com percolação de solução contaminante de cobre
..........
111
5.2 Ensaio de Coluna com percolação de solução contaminante de cádmio
........
115
5.3 Ensaios de Dessorção
.......................................................................
119
5.4 Ensaio de coluna com solução mista de cobre e cádmio
............................
122
5.4.1 Análise de amostras de turfa de Mogi Guu na espectrometria da
Região do Infravermelho........................................................................126
5.5 Ensaio de coluna com gasolina
..........................................................130
ix
6. AVALIAÇÃO MICROBIOLÓGICA DA TURFA DE MOGI GUAÇU...........137
6.1 Avaliação da degradação do BTEX pelos microrganismos presentes na turfa de
Mogi Guaçu
....................................................................................
137
6.2 Análise de DNA da turfa de Mogi Guaçu
..............................................14
3
7. ANÁLISE, DISCUSSÃO DOS DADOS E CONCLUSÃO .................................150
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................159
ANEXOS.......................................................................................................................174
x
1. INTRODUÇÃO
1.1 – HISTÓRICO
Os dados sobre o número de áreas contaminadas por metais pesados e BTEX
(benzeno, tolueno, etilbenzeno e xilenos), no Brasil, não são precisos. Dentre todas as
agências estaduais do meio ambiente, somente a agência de São Paulo (CETESB,
2007), apresenta um cadastro atualizado de áreas contaminadas. Atualmente, existem,
no Estado de São Paulo, 2272 áreas contaminadas. Deste total, cerca de 12 % (276)
estão contaminadas por metais pesados e 64% (1455) por combustíveis derivados de
petróleo que contêm BTEX. (CETESB, 2007)
O número de áreas contaminadas por combustíveis derivados de petróleo, é
maior, se comparado com o número de áreas contaminadas por metais pesados. Isto se
deve ao processo de licenciamento ambiental para atividades que envolvem sistema de
SASC’s (Sistema de Armazenamento Subterrâneo de Combustíveis), implementado
pelas agências ambientais, a partir da Resolução 273 do CONAMA, de 29/09/2000.
Deve-se considerar também, que no Brasil há 25 mil postos de combustíveis e calcula-
se que 70% destes empreendimentos apresentem os tanques enterrados no limite da vida
útil e, portanto sujeitos a vazamentos (CORSEUIL et al,1997).
Apesar da falta de exatidão dos números, calcula-se que existam em todo o
território brasileiro milhares de áreas contaminadas por metais pesados e BTEX. Este
quadro constitui-se num desafio ambiental para empresas privadas e para pesquisas
desenvolvidas no meio acadêmico, na busca de sistemas de remediação eficazes e de
baixo custo para aqüíferos afetados pelos contaminantes em questão.
A principal técnica de remediação utilizada no Brasil para tratamento de
aqüíferos contaminados tanto por metais pesados quanto por BTEX, é o bombeamento-
e-tratamento (pump-and-treat) (CETESB, 2006). Esta técnica tem suas limitações e não
raro apresenta um custo elevado (EPA, 2005). No Brasil, existem inúmeras tecnologias
emergentes para tratamento de aqüíferos contaminados, como processos oxidativos,
fitorremediação e barreiras reativas, entre outras. Dentre estas técnicas, aquela
envolvendo as barreiras reativas permeáveis se mostra muito promissora. Esta técnica
tomou importância a partir das pesquisas desenvolvidas na Universidade de Waterloo,
Canadá, no final da década de 1980. Lá se pesquisou principalmente, a utilização do
1
ferro de valência zero para tratamento de aqüíferos contaminados por organoclorados.
(GILLHAM & O’HANNESIN, 1994)
A partir daí, a técnica se difundiu por toda a América do Norte, Europa e Ásia,
com a instalação de dezenas de barreiras reativas para tratar os mais diversos
contaminantes, na maioria dos casos, com boa eficácia (EPA, 1998).
Apesar de ser uma técnica eficaz, o uso de materiais, como ferro metálico e
carvão ativado tornam sua implantação onerosa. Este estudo se enquadra no âmbito da
pesquisa de materiais de baixo custo que possam ser utilizados na técnica das barreiras
reativas permeáveis.
1.2- OBJETIVOS
O principal objetivo desta pesquisa é investigar a potencialidade do uso de turfa
como material adsortivo em barreiras reativas permeáveis na remediação de água
subterrânea contaminada por metais pesados e BTEX. Para tal foram implementados
estudos laboratoriais, tendo em vista a falta de possibilidade para desenvolvimento de
um estudo de caso.
2
1.3 – FLUXOGRAMA DA TESE:
Ensaio em Coluna com turfa
de Mogi Guaçu para BTEX
Com solução
contaminante de
cádmio e cobre
associados, a 100
ppm cada.
Análise com
auxílio de
Espectrometria
no Infravermelho
Análise
Microbiológica
Clássica e
Genética
Caracterização Física e
Químicas das turfas e Ensaio
de Permeabilidade
Ensaio de Equilíbrio em
Lote com as turfas de
Mogi Guaçu e Resende
com cobre e cádmio
Ensaio de Equilíbrio em
Lote com turfa de Mogi
Guaçu por apresentar melhor
manuseio para uso em
Barreiras Reativas
Amostras de Turfa de Mogi (SP) e
Resende (RJ)
Com solução
contaminantes de
cádmio e cobre
separadamente a
100 ppm
Ensaio em coluna com as
turfas de Mogi Guaçu e
Resende
3
1.4 – ORGANIZAÇÃO DA TESE:
No Capitulo 2 é apresentada uma revisão bibliográfica englobando o tema
contaminação e remediação de aqüíferos com ênfase na contaminação de aqüíferos por
metais pesados, especificamente, cobre e cádmio e os compostos orgânicos derivados
da gasolina, como benzeno, tolueno, etilbenzeno e xilenos (BTEX). Este capítulo
também contém uma descrição sucinta das principais técnicas de remedição de
aqüíferos com ênfase para barreiras reativas e uma revisão bibliográfica sobre turfa e
seu uso como material adsortivo, inclusive em barreiras reativas.
O Capítulo 3 refere-se à caracterização física e química das turfas estudadas
nesta pesquisa, principalmente ressaltando as características relevantes para o processo
de adsorção.
Os ensaios de equilíbrio em lote tanto com solução contaminante de cobre e
cádmio e gasolina são relatados no Capítulo 4, enquanto que os ensaios de coluna
envolvendo as mesmas soluções contaminantes utilizadas nos ensaios de equilíbrio em
lote são descritos no Capítulo 5.
O Capítulo 6 descreve os ensaios microbiológicos realizados com a turfa de
Mogi Guaçu (SP) dado que esta se mostrou com características físicas melhores que a
turfa de Resende (RJ) para uso em barreiras reativas.
A discussão e a análise dos dados ocupam o Capítulo 7, ao passo que o capitulo
8 trata das conclusões e sugestões para pesquisas futuras.
4
2. REMEDIAÇÃO DE AQÜÍFEROS CONTAMINADOS
POR METAIS PESADOS (Cu e Cd) E BTEX
2.1 - CONSIDERAÇÕES GERAIS
A remediação de aqüíferos contaminados é um assunto de grande abrangência.
Isto se deve ao fato dos projetos de remediação estarem, intrinsecamente, ligados às
características físico-químicas específicas de cada tipo de contaminante e seu
comportamento hidrogeoquímico no aqüífero. O presente estudo restringiu-se a
abordagem do tema a seu foco de interesse, à remediação de aqüíferos contaminados
por metais pesados (cobre e cádmio) e BTEX.
Dentre os elementos químicos considerados metais pesados (Tabela 1) foram
escolhidos o cobre e o cádmio para serem abordados neste trabalho. Isto se justifica pelo
fato destes elementos já terem sido alvos de pesquisas anteriores nos Laboratório de
Geotecnia da COPPE e no Laboratório de Solos do Departamento de Geologia da
UFRJ, o que facilitaria os procedimentos analíticos.
Em relação aos combustíveis derivados de petróleo, sabe-se que estão presentes
nestas substâncias inúmeros contaminantes, como os Hicrocarbonetos Policíclicos
Aromáticos (HPA) representados pelo antraceno, benzoantraceno, benzofluoranteno,
fenantreno e naftaleno, entre outros. A escolha do benzeno, tolueno, etilbenzeno e
xilenos (BTEX) foi devida ao predomínio destes compostos em casos de contaminação
de aqüíferos por combustíveis derivados de petróleo, especialmente a gasolina e a
elevada toxicidade apresentada por estas substâncias, especialmente o benzeno em
relação aos outros contaminantes.
2.2 - CONTAMINAÇÕES DE AQÜÍFEROS POR METAIS
PESADOS (Cu E Cd)
O cobre (Cu) e o cádmio (Cd) pertencem ao grupo Ib e IIb da Tabela Periódica,
respectivamente. São metais de transição e considerados metais pesados. Esta
terminologia não tem rigor científico, apenas se refere a um grupo de metais com
densidade específica acima de 7 (Tabela 1). São denominados “metais pesados,” se
comparados com os metais alcalinos e alcalinos terrosos que apresentam densidade
5
específica inferior, como Na (0,47); Mg (1,74); K (0,86); Ca (1,55) e Al (2,7).
(SUTHERSAN & PAYNE, 2005).
Tabela 1 – Os Metais Pesados e suas respectivas densidades específicas.
Metal Pesado Densidade
Especifica
Cromo(Cr) 7,19
Cobalto 8,9
Níquel 8,9
Cobre 8,96
Zinco 7,13
Prata 10,5
Cádmio 8,65
Mercúrio 13,6
Titânio 11,9
Chumbo 11,4
2.2.1 - O Cobre:
O cobre é um metal presente na crosta terrestre sob a concentração de 70 ppm.
Considera-se que as rochas ígneas contenham, em média 55 ppm e as rochas
sedimentares apresentem, em média, 50 ppm (HSDB, 2000). Este metal também é
encontrado nas águas do mar sob a concentração média de 0,001 a 0,02 ppm. (HSDB,
2000).
Este metal é encontrado nestas litologias na forma de minerais, como: malaquita
(Cu
2
CO
3
.Cu(OH)
2
, azurita (2CuCO
3
.Cu(OH)
2
, cuprita (Cu
2
O), calcocita (Cu
2
S),
calcopirita (CuFeS
2
), covalita (CuS) e bornita (FeSCu
2
S.CuS), entre outros.
Como o cobre é comum na crosta terrestre, pode ser liberado no meio ambiente
em decorrência do intemperismo das rochas ricas neste metal. Este material quando
intemperizado é transportado em forma de poeira por processos eólicos, configurando a
principal fonte natural de contaminação por cobre (NRIAGU & PACYNA, 1988).
No entanto, as fontes antropogênicas são aquelas que causam maior impacto aos
recursos hídricos e a principal fonte de contaminação desta natureza está ligada às
atividades de mineração e metalurgia relacionadas a este elemento químico
(KEDZIOREK, 2003). (Tabela 2)
6
Tabela 2 - Principais Fontes de Contaminação por Cobre
Fontes Naturais Fontes Antropogênicas
Poeiras transportadas pelo vento
(NRIAGU & PACYNA, 1988)
Minerações de cobre, onde pode haver a
ocorrência de drenagens ácidas (KEDZIOREK,
2003).
Atividades vulcânicas e Incêndio
Florestais (NRIAGU & PACYNA,
1988)
Uso de fungicidas, chamados CCA
(Cromoarseniato de Cobre), em madeireiras,
principalmente nos Estados Unidos. (ZAGURY
et al., 2001)
Processos biogênicos e Névoas de
Águas do mar (NRIAGU & PACYNA
1988)
No Brasil, há casos de solos de áreas de
vinícolas no Rio Grande do Sul, com
concentração de Cu em torno de 3200mg/Kg,
com grande possibilidade de contaminarem a
água subterrânea ( MIRLEAN et al, 2007).
No Estado de São Paulo segundo valores orientadores para solo e água da
CETESB (2005) são passíveis de remediação os aqüíferos que apresentam concentração
de cobre acima 2000µg/L ou 2ppm.
Em geral, nos casos de contaminação de água subterrânea por cobre, este se
encontra associado a outros metais pesados e não há informações na literatura nacional
de casos de contaminação de água subterrânea envolvendo exclusivamente tal elemento
químico.
Em alguns estudos de investigações ambientais para detecção da presença de metais
pesados em locais onde se encontram indústrias de galvanoplastia no Estado de São
Paulo, o cobre encontra-se abaixo dos valores de intervenção adotados pela CETESB
(GUNTHER, 1998).
Em relação aos aspectos químicos e hidrogeoquímicos do cobre, deve-se ressaltar
que este elemento químico apresenta-se na natureza, principalmente, sob três estados de
valência: metálico (Cu
0
), íon cúprico (Cu
-2
) e íon trivalente (Cu
-3
).
7
O cobre ocorre em solução sob a forma Cu
+2
e raramente sob a forma Cu
1+
,
considerada muito instável. Tanto em água de superfície quanto na água subterrânea,
prevalece o estado bivalente (HEM, 1981).
O íon cúprico liga-se preferencialmente a ligantes inorgânicos tais, como H
2
O, OH
-,
CO
3
-2
e SO4
-2
e minerais de argila (MULLIGAN et al., 2001). Em ambientes com pH
acima de 7, a forma Cu(OH)
3
-
predomina (HEM,1981). O par de íons CuCO3(aq)
parece ser, provavelmente, a forma predominante em águas aeradas contendo espécies
de CO
2
dissolvidas. Os hidroxicarbonatos de cobre são fracamente solúveis e podem
manter a concentração de cobre abaixo de 10 µg/L, mas a adsorção ou co-precipitação
com oxi-hidróxidos férricos pode diminuir os limites de solubilidade destas espécies
(HEM, 1981).
O Cu
-2
também se liga e a compostos orgânicos através dos grupos fenólicos e
carboxílicos. Os compostos cúpricos e complexos são geralmente solúveis em água e de
coloração azul ou verde. (WHO, 1998, ATSDR, 1990).
Fig. 1 - Diagrama pH x Eh das espécies do cobre (Geol. Serv. J, 2005)
8
2. 2. 2 – O Cádmio:
O cádmio encontrado na natureza é relativamente raro. Em geral, encontra-se
concentrado em depósitos argilosos, na forma dos minerais greenockita (CdS) ou
otavita (CdCO
3
) e é usualmente associado a mineralizações de Zn-Pb na forma de
sulfetos. (CAMERON, 1992)
O cádmio pode ser introduzido em sistemas aqüíferos principalmente, através de
vazamentos de aterros sanitários e industriais, uso de fertilizantes fosfatados e efluentes
industriais. (Tabela 3)
Tabela. 3- Principais Fontes de Contaminação por Cádmio
Fontes Naturais Fontes Antropogênicas
Rochas sedimentares e fosfatos de
origem marinha que freqüentemente,
contém cerca de 15mg/kg (WHO,
1992).
Áreas de mineração Zn-Pb, onde o Cd
aparece como subproduto
(CHRISTENSON, 1995) e fundições que
operam metais como zinco, chumbo e
cobre. (BAIRD, 2002)
Depósitos de rochas metamórficas ricas
em matéria orgânica em algumas
regiões da Grã-Bretanha e nos EUA
que contém elevadas concentrações de
cádmio. (WHO, 1992)
Depósitos de resíduos sólidos urbanos ou
industriais onde a presença de baterias
recarregáveis usadas em aparelhos
eletrônicos, plásticos, resíduos de tintas
podem liberar Cd. (WHO, 1992)
As atividades vulcânicas lançam cerca
de 820 ton/ano de cádmio na atmosfera.
(OECD, 1994).
Incêndios florestais
Combustão de carvão e incineração de
materiais residuais. (BAIRD, 2002).
Indústrias de eletrodeposição, na
composição de diversas ligas anti-
corrosivas, produção de baterias,
plásticos e pneus, cerâmica vítrea,
biocidas, pigmentos de tintas e na
produção. (OYAMADA et al.,1981)
Modificado de CARDOSO & CHASIN (2001)
Segundo Portaria n. 518 do Ministério da Saúde os aqüíferos que apresentam
concentração de Cd acima de 0,5 ppb são passíveis de remediação.
9
Sabe-se que o cádmio, na forma de elemento livre condensado, não é
particularmente tóxico. Ele representa perigo para o ser humano quando se apresenta na
forma catiônica ou ligado a cadeias curtas de átomos de carbono. (BAIRD, 2002)
A toxicidade do cádmio é muito mais elevada se comparada com o cobre e em doses
acima de 1g pode ser letal. Há evidências de que a exposição crônica ao cádmio leva ao
aumento na probabilidade de surgirem doenças renais. Trata-se de um elemento
bioacumulativo por não ser rapidamente eliminado do organismo (BAIRD, 2002).
Dentre os casos internacionais relacionados à contaminação de água subterrânea por
cádmio, encontra-se o acidente ocorrido na Espanha, na Mina de Aznaliollar em Sevilha
quando o rompimento de uma barragem de rejeito de fundição de minério Zn-Pb,
contaminou inúmeros poços artesianos. (SIERRA, 2000)
No Brasil, um dos casos importantes de contaminação do solo e água por metais
pesados está relacionado com os rejeitos da Companhia Mercantil e Industrial Ingá que
produzia zinco e sulfato de zinco. Os rejeitos desta empresa provocaram contaminação
da água subterrânea e do solo na região portuária da Baía de Sepetiba, no Rio de
Janeiro. Dentre os principais contaminantes estão o zinco e o cádmio. Também foi
registrada alta concentração de cobre (PEDROZO & DE LIMA, 2001).
Há também o caso da empresa Plumbum Mineração e Metalurgia Ltda. em Santo
Amaro da Purificação, na Bahia, em que ocorreu contaminação do solo e da água
subterrânea por chumbo e cádmio (MACHADO et al. 2004)
Existem situações, em que há possibilidade de aqüíferos serem contaminados,
concomitantemente por cádmio e cobre: é o caso de aqüíferos rasos situados em
complexos petroquímicos (SADIQ & ALAM, 1997).
Em relação aos aspectos químicos e hidrogeoquímicos do cádmio, sabe-se que este
elemento apresenta várias propriedades físicas e químicas semelhantes ao zinco e em
geral ocorrem associadas.
Os níveis naturais de concentração de cádmio em água doce é 0,1µg (ATSDR,
1997). Este elemento apresenta boa mobilidade em águas subterrâneas, principalmente
na faixa de pH entre 4,5 e 5,5. Com pH acima de 7,5 apresenta mobilidade muito
reduzida. Segundo CALLAHAM et al. (1979) como o cádmio só existe em água no
estado de oxidação divalente, ele não sofre grande influência em relação à sua
solubilidade em larga gama de pH e condições de potencial de oxirredução da água.
Apesar de apresentar alta solubilidade em água, o cádmio pode precipitar na presença
do íon sulfeto em condições redutoras ( DEBUSK ET AL., 1996; BAIRD, 2002).
10
Para MULLIGAN et al. (2001) o cádmio, quando presente em águas doces, pode
ocorrer sob a forma de Cd
+2
, hidróxido e complexos de carbonato. Apesar de
apresentar-se solúvel na forma divalente, pode formar complexos com orgânicos e
óxidos.
Alguns compostos de cádmio, como sulfito, carbonato e óxido, são praticamente
insolúveis em água e só podem ser transformados em sais solúveis em água por
interação com ácidos ou luz e oxigênio (IARC 1993, ATSDR, 1997).
A precipitação e adsorção do cádmio na superfície de componentes minerais,
óxidos, hidróxidos metálicos e matéria orgânica são os processos mais importantes de
remoção do cádmio pelos sedimentos.
Os ácidos húmicos são os principais componentes responsáveis pela adsorção do
cádmio. Sabe-se que o processo adsortivo se intensifica à medida que aumenta a
elevação do pH em águas superficiais ( CALLAHAM et al.,1979).
Fig. 2 - Diagrama pH x Eh das espécies do cádmio (Geol.Serv. J., 2005)
11
2. 3 – CONTAMINAÇÃO DE AQÜÍFEROS POR BTEX
2.3.1 - Características Físico-Químicas da Gasolina e dos Componentes
BTEX
A sigla BTEX serve para designar as substâncias benzeno, tolueno, etilbenzeno
e xilenos (orto, meta e para). Estes compostos, juntamente com MTBE, são os
principais contaminantes em toxicidade, presentes em combustíveis, em especial, a
gasolina (HUDAK & UNGVARY, 1978; CHEREMISINOFF, 1979 e MALTONI et
al.,1985)
A contaminação de aqüíferos por BTEX está relacionada a acidentes e
vazamentos em dutos para transporte de óleo cru e principalmente, SASC’s (Sistema de
Armazenamento Subterrâneo de Combustíveis) em postos de combustíveis.
(DOWD,1994).
Dentre os combustíveis utilizados no Brasil, a gasolina é o que apresenta maior
preocupação quanto à contaminação da água subterrânea por apresentar maior
concentração de BTEX. (CORSEUIL et al, 1996).
A gasolina é uma mistura complexa de várias centenas de compostos líquidos e
voláteis derivados do petróleo. Os hidrocarbonetos que compõem a gasolina são
formados por moléculas de cadeia carbônica variando entre 4 e 12 átomos de carbono
(Fig. 3), com ponto de ebulição variando de 30 a 225 ºC. Os compostos aromáticos
(BTEX e alquibenzenos) perfazem cerca de 10% a 59% da gasolina (massa/massa),
enquanto que os hidrocarbonetos alifáticos (alcanos e alcenos) compreendem 41% a
62%. A gasolina também apresenta algumas substâncias, em menor concentração, como
enxofre, nitrogênio e metais. (LILIAN et al., 2004)
12
Figura 3 – Cromatograma representando a composição química dos combustíveis
derivados de petróleo. (LILIAN et al, 2004)
Os compostos do grupo BTEX são os componentes mais solúveis, móveis e
degradáveis da fração da gasolina no sistema solo-água. As características físico-
químicas destes componentes podem ser observadas na Tabela 4.
13
Tabela 4: Propriedades físico-químicas dos principais constituintes da gasolina. Fonte:
Day et al. (2001)
Propriedade Unidade Benzeno Tolueno Etilbenzeno Xileno Etanol
Vol.% em
gasolina
Vol% 1 5 <1 8 24±1
Peso
Molecular
g/mol 76 92 106 106 46
Densidade
adimensional 0,88 0,87 0,87 0,87 0,79
Pressão de
Vapor
mmHg 95 28 9 8 50
Pressão
Parcial
(Gasolina)
mmHg 1 1,4 0,1 0,6 5
Constante de
Henry
adimensional 0,22 0,24 0,35 0,00024 0,00011
Log Koc
(adsorção)
adimensional 1,9 2,0 2,5 2,6 0,7
Solubilidade
em água
(puro)
Mg/l 1780 535 161 146 miscível
Solubilidade
em água
(gasolina)
Mg/l 18 27 <2 12 miscível
Limite para
odor
ppm 1,5-4,7 8 6 0,08-3,7 49
Limite para
gosto
ppm 0,5-4,5 0,04-1 ND 0,53-1,8 ND
Taxa de
Biodegradação
%/dia 0,1-1,0 0,1-1,0 0,1-1,0 0,1-1,0 0,3
Todos os componentes do grupo BTEX são depressores do sistema nervoso
central e apresentam toxicidade crônica, mesmo em pequenas concentrações (da ordem
de μg.L
-1
). O benzeno é mais tóxico do grupo. Trata-se de uma substância carcinogênica
e em exposição aguda (altas concentrações e curtos períodos) pode provocar a morte.
14
No Brasil, o valor de intervenção para o benzeno é 5 ppb e sua concentração
dissolvida na água em contato com a gasolina pode chegar a 3.10
4
ppb (TIBURTIUS et
al., 2004). Os valores de intervenção do tolueno, etilbenzeno, xilenos e são,
respectivamente, 700, 300 e 500 ppb.
A gasolina brasileira pode ser classificada em tipo A e tipo C. A gasolina “A” é
pura, derivada diretamente da refinaria. A gasolina tipo C trata-se da gasolina pura com
adição de 24% ± 1 de etanol (% v/v)
3
, conforme o decreto-lei n
o
2607 de 1998. Como a
gasolina comercializada no Brasil apresenta esta peculiaridade, deve-se ressaltar
algumas características físico-químicas desta mistura, segundo Niven (2005):
Características elétricas:
Enquanto a gasolina pura é um isolante elétrico, a gasolina enriquecida em etanol torna-
se é um condutor elétrico.
Mudança da tensão interfacial:
O etanol reduz a tensão interfacial da gasolina com relação à água. Este
parâmetro declina de 71 para 40 m.N.m
-1
em misturas com 20% de etanol. Desta forma
diminui as forças capilares exercidas sobre o NAPL na zona não-saturada e
conseqüentemente altera as curvas de retenção. Isso facilita a infiltração do NAPL em
direção a zona saturada.
Desidratação das argilas:
Os álcoois podem causar desidratação de argilas expansivas ou não expansivas e
produzir microfraturamentos com aumento da permeabilidade da argila.
Cosolvência:
Os BTEX são miscíveis nos álcoois primários, como o etanol, que são altamente
solúveis em água. Quando a mistura gasolina-etanol entra em contato com a água, o
etanol passa para a fase aquosa aumentando a solubilidade dos BTEX. Este fenômeno
denomina-se cosolvência e se caracteriza pela capacidade de um determinado solvente
em aumentar a solubilidade de um soluto em outro solvente.
Estudos indicam que uma mistura com 10% de etanol aumenta a solubilidade
dos componentes BTEX de 30 a 210%. Este efeito é limitado a estágios iniciais do
vazamento, antes do fracionamento do etanol na fase aquosa e mesmo assim, pode
produzir aumento significante no BTEX dissolvido. (CORSEUIL & FERNANDES,
1999)
15
Segundo estudos de CORSEUIL & FERNANDES (1999) frações de etanol na
faixa de 10% aumentam em 30% a massa dos componentes BTEX. O efeito foi mais
observado para os xilenos, em seguida no tolueno e benzeno, respectivamente.
Influência nos processos de biodegradação:
Para a biodegradação dos hidrocarbonetos é essencial uma reação redox, em que
o hidrocarboneto é oxidado (doa elétrons) e um aceptor de elétron é reduzido (perde
elétrons). Na biodegradação aeróbica o aceptor é o O
2
. Nos processos anaeróbicos as
bactérias usam outros compostos NO
3
, óxidos de Fe III, SO
4
-4
e CO
2
. (SOLANO-
SERENA, 1999)
No caso da presença do etanol, este tende a inibir a biodegradação dos
contaminantes derivados do petróleo, especialmente dos BTEX. A presença do álcool
faz com que os receptores de elétron e nutrientes sejam consumidos, provocando
mudanças nas populações microbianas a favor dos degradadores de etanol. Isto pode
proporcionar um ambiente com condições mais redutoras, tornando-o anaeróbico ou
mesmo metanogênico. Estes efeitos inibem o processo de atenuação natural e podem
aumentar a extensão da pluma dissolvida de gasolina, principalmente do benzeno. O
aumento da pluma de benzeno na presença de uma mistura com 10% de etanol é de 7 a
150% num período de 20 anos. Estes números resultaram de comparações feitas entre
plumas detectadas no estado americano de Iowa e Kansas que apresentam combustíveis
sem adição de etanol e com adição de 10% , respectivamente.
A concentração de etanol é maior do que a dos BTEX em águas subterrâneas
contaminadas pela mistura gasolina-etanol. Quando o etanol está presente em altas
concentrações, os BTEX podem se deslocarem mais rapidamente que os compostos
solúveis que têm menor poder de sorção.
2.3.2 - Mecanismos de Contaminação de Aqüíferos devido a vazamento de
SASC’S
Os tanques de combustíveis enterrados, em geral, encontram-se de 2 a 4 metros
de profundidade e podem se encontrar tanto na zona não-saturada quanto na zona
saturada, dependendo da geologia do local e da variação sazonal do nível do N.A. (nível
d’água subterrâneo).
Segundo DAY et al. (2001) quando ocorre vazamento na zona não-saturada, o
combustível migrará por gravidade para base do aterro que condiciona o tanque. Este
aterro, na maioria dos casos é constituído por areia e apresenta uma permeabilidade
16
mais elevada em relação ao solo original do entorno. Ao encontrar o solo original, à
medida que migra, o combustível tenderá a se espalhar lateral e verticalmente, sob uma
taxa que dependerá das condições faciológicas das camadas do solo e sua
permeabilidade. Ao alcançar a água subterrânea, uma parte do combustível, no caso a
gasolina, por ser um LNAPL (Composto de Fase Líquida Leve Não Aquosa), tenderá a
flutuar e espalhar pelo topo da zona saturada devido a sua densidade menor, formando
uma fase livre. Outra parte, em contato com a água subterrânea, sofrerá dissolução. Este
fenômeno é afetado pela solubilidade do contaminante, velocidade de fluxo do aqüífero,
arranjo e tamanho dos poros, composição da mistura de fluidos. (SCHWILLE, 1988)
(Figura 2)
Ao longo desta trajetória, desde vazamento até alcançar a água subterrânea, os
componentes presentes nos combustíveis, como os BTEX (benzeno, tolueno,
etilbenzeno e xilenos) podem ser convertidos por processos físicos, químicos e
biológicos, abaixo apresentados.
Fig. 4 – Pluma de Contaminação de um LNAPL (Modificado de DAY et al, 2001)
a) Processos físicos:
Volatilização:
Neste processo, a fase líquida se converte para a fase de vapor, forçada por um
gradiente de concentração. Este processo predomina na zona não-saturada. Após um
17
determinado tempo, o equilíbrio pode ser estabelecido entre as concentrações de um
composto presente no estado de vapor e no combustível liberado nos poros da zona não-
saturada. Os combustíveis oriundos de petróleo, como a gasolina, são constituídos por
inúmeros compostos e cada qual apresenta diferente grau de volatilidade. Entretanto, o
grau de partição para fase gasosa que cada composto será submetido, é controlado pela
pressão de vapor e pela Lei de Henry. (EPA, 1991)
A pressão de vapor do componente é a medida de sua tendência à partição para
fase gasosa. Quanto maior a pressão de vapor, mais rapidamente o composto passa para
fase gasosa. (EPA, 1991)
A constante da Lei de Henry é uma medida da tendência de um composto de
sofrer partição entre fase aquosa e fase gasosa. (YONG et al., 1992)
Os compostos com maior tendência de existirem na fase vapor têm uma
constante da lei de Henry maior do que 1, compostos com uma maior tendência para
existir na água subterrânea tem uma constante de Henry menor que 1 (Tabela 5). Os
alcanos (butano, hexano), também encontrados na gasolina têm valor de constante de
Henry duas ordens de grandeza maior que os aromáticos (benzeno, tolueno). A
tendência de evaporação será maior entre os alcanos e os aromáticos tenderão a
permanecer na água.
Tabela 5: Pressão de Vapor e Constante de Henry para alguns componentes da
gasolina.
Composto Pressão de
vapor(mmHg)
Constante da
Lei de Henry
Benzeno 76 0,215
Tolueno 22 0,262
Etilbenzeno 7 0,322
Xilenos 6 0,304
N-butano 1560 25,22
Metil t-butil eter 245 0,018
N-hexano 121 36,61
Naftaleno 0,5 0,018
18
Além do coeficiente de partição, a permeabilidade é um fator
preponderante na migração de gases na zona não-saturada. Este fator está diretamente
relacionado com umidade e o tamanho dos grãos. Assim, solos arenosos apresentam
tendência a serem mais propícios para migração de gases do que solos argilosos. O
transporte da fase volátil dos compostos presentes nos combustíveis no solo se dá
através de difusão e advecção tanto no aterro que envolve o tanque quanto na zona não-
saturada. A perda de massa dos compostos da gasolina para a atmosfera pode ocorrer na
interface da superfície do terreno. (DAY et al.,2001)
b) Processos Químicos e Biológicos
Dissolução:
No processo de dissolução, o composto presente no combustível se dissolve na fase
aquosa. A dissolução dos componentes do combustível pode ocorrer, de forma
incipiente na zona não-saturada, mas predomina na zona saturada.
A água que se infiltra no solo após um evento de vazamento, passa através da zona
não-saturada afetada pela presença de combustíveis e tende a dissolver os voláteis,
presentes nos combustíveis residuais persistentes no solo.
A solubilidade da água é a propriedade química mais importante que afeta a
partição dos componentes orgânicos entre gasolina e água. A solubilidade de fase pura
de um composto orgânico é reduzida em relação a sua fração molar na mistura (CLINE
et al.,1991)
A solubilidade também influencia à partição de compostos orgânicos entre água
e sólidos presentes na subsuperfície. Muitos compostos orgânicos exibem solubilidade
abaixo de ppm e ppb. Em geral, esta baixa solubilidade indica uma forte partição para o
carbono orgânico associado com os sólidos presentes na subsuperfície. A tendência para
um composto ser sorvido por uma fase do solo é representada pelo coeficiente de
partição orgânico. (CLINE et al.,1991)
Partes dos compostos presentes na gasolina se dissolvem na água e migrarão a
uma taxa que depende de sua tendência à adsorção na matriz do aqüífero. A relação
entre velocidade da água subterrânea e a velocidade na qual o composto é transportado
é, freqüentemente, referida como fator de retardamento, R. Os valores atuais de R para
um composto particular depende do coeficiente de partição orgânica do composto e das
propriedades do aqüífero, tais como porosidade, densidade e conteúdo de matéria
orgânica. Os compostos BTEX têm valores de R que variam de 1,1 a 2 (DAY, 2001).
19
A velocidade de fluxo da água subterrânea pode variar dependendo de inúmeros
fatores incluindo, tensor de permeabilidade, porosidade e gradientes hidráulicos do meio
poroso.
Degradação:
A degradação de um composto orgânico refere-se à sua transformação por reações
abióticas e/ou bióticas. Esta transformação resulta na formação de compostos derivados
do composto primário. Em geral, com cadeias de carbono mais simples podem ser
formados, derivados deste processo de degradação. A completa degradação aeróbica de
um composto orgânico resulta em dióxido de carbono (CO
2
) e água e está quase sempre
associada à intensa atividade microbiana. (SOLANO-SERENA et al.,1999)
As transformações de natureza biológica podem envolver muitas reações, o que
pode requerer um longo período de tempo para serem completadas.
A biodegradação da fase gasosa pode ocorrer particularmente se a troca atmosférica
permite a introdução de oxigênio para promover respiração aeróbica. As variações de
temperatura e pressão associada com flutuações climáticas podem produzir troca de
gases entre a atmosfera e vapores da zona não-saturada. A biodegradação da fase vapor
é mais rápida do que da fase aquosa (DAY et al., 2001). Na água subterrânea, por
apresentar baixa concentração de oxigênio dissolvido, predomina biodegradação
anaeróbica. Neste processo as bactérias utilizam-se de nitrato, Fe (OH)
3
etc., como
aceptores de elétrons (BORDEN et al,1997).
2.4 - PRINCIPAIS TÉCNICAS DE REMEDIAÇÃO PARA
AQÜÍFEROS CONTAMINADOS POR METAIS PESADOS E BTEX
2.4.1 - Considerações Gerais
A escolha de uma técnica de remediação de aqüíferos está ligada, principalmente
a determinadas características da área contaminada:
Características geológicas, como aspectos estratigráficos, estruturais e
litológicos da rocha/ou sedimentos que formam o aqüífero. (EPA, 1991)
Características hidrogeológicas do aqüífero, como relação água de
superfície/água subterrânea, definição do tipo de aqüífero, propriedades
hidráulica (condutividade hidráulica, porosidade, transmissividade e
20
interconexões com outros aqüíferos) direção de fluxo da água
subterrânea. (EPA, 1991, CETESB, 2007)
Características físico-químicas do contaminante e da pluma de
contaminação. (EPA, 1991, CETESB, 2007)
Atualmente, existem inúmeras técnicas para remediação de aqüíferos
contaminados que podem ser divididas em dois grandes grupos, conforme o local de
execução do tratamento. Nos tratamentos in situ, a remediação se dá no próprio aqüífero
contaminado, enquanto que os tratamentos ex situ estão relacionados com processos de
remediação realizados na superfície do terreno. As principais técnicas de remediação in
situ e ex situ estão listadas abaixo (Tabela 6 ):
Tabela 6: Técnicas de Remediação de Aqüíferos Contaminados. (FRTR, 2002)
TÉCNICAS IN SITU
Tratamento biológico in situ
Tecnologia Estágio de
desenvolvimento
Freqüência
de
utilização
Aplicabilidade Tempo de
Tratamento
Função da
Tecnologia
Biodegradação
Intensificada
Completo Limitada x x Destruição
Atenuação Natural Completo Limitada x x Destruição
Fitorremediação Completo Limitada Regular Elevado Extração
Tratamento físico/químico in situ
Aspersão de ar Completo Limitada Regular Bom Extração
Bioslurping Completo Limitada Regular Bom Destruição
Oxidação Química Completo Limitada Regular Elevado Destruição
Poços Direcionais Completo Limitada x x Ext./Destruição
Extração de Fase Dupla Completo Limitada Boa Regular Extração
Tratamento Térmico completo Limitada Boa Baixo x
Hidrofraturamento Completo Limitada x Elevado Extração
Air stripping em poços Completo Limitada Regular Elevado Destruição
Barreiras Passivas Completo Limitada Regular Elevado Destruição
TÉCNICAS EX SITU
Tratamento Biológico (considerando bombeamento)
Tecnologia Estágio de
desenvolvimento
Freqüência
de utilização
Aplicabilidade Tempo de
Tratamento
Função da
Tecnologia
Bioreatores Completo Limitada Boa Elevado Destruição
21
Constructed Wetlands Completo Limitada Regular Elevado Imobilização/
Destruição
Tratamento Físico/Químico
Absorção/Adsorção Completo Larga escala Regular Elevado Extração
Processos de
Oxidativos avançados
Completo Larga escala Boa Elevado Extração
Air Stripping Completo Limitada Boa Elevado Extração
Carvão Ativado Completo Limitada Boa Elevado Extração
Bombeamento Completo Limitada Regular Elevado Extração
Troca Iônica Completo Limitada Ruim Elevado Extração
Precip./Coag./Floc. Completo Limitada Ruim Elevado Extração
Separação Completo Limitada Boa Baixo Extração
Sprinkler Irrigation Completo Larga escala Boa Regular Destruição
(Cont. Tab. 6) Tratamento por Contenção
Barreiras Físicas Completo Limitada Boa Elevado Imobilização
Injeção em poços
profundos
Completo Larga escala Regular Nada consta Imobilização
x : variável
Atualmente tem-se intensificado a pesquisa de técnicas in situ em detrimento das
ex-situ, devido a algumas limitações que estas técnicas apresentam, conforme aponta
KHAN et al. (2004):
Dificuldade de se tratar à água subterrânea fora do seu meio original
tanto por questões ambientais, como: risco de contaminação de meios
não-contaminados.
Custo: projetos de bombeamento-e-tratamento, por exemplo, tendem a
ser onerosos, principalmente, devido ao tempo de tratamento, pode ser
longo (ex. 5 anos, ou mais) para que se atinjam as metas de diminuição
de concentração de determinado contaminante.
Limitações quanto à remediação: em muitos casos os padrões de
potabilidade não são alcançados e a técnica se mostra pouco efetiva na
remoção de contaminantes adsorvidos na matriz do aqüífero.
22
2.4.2 - Técnicas de Remediação de Aqüíferos Contaminados por Metais
Pesados
Segundo SUTHERSAN & PAYNE (2005) os mecanismos que podem ser
usados para reduzir a concentração dos metais pesados dissolvidos na água subterrânea
estão, principalmente ligados, tanto a processos abióticos: oxidação/redução, hidratação,
sorção e precipitação, quanto bióticos.
Como neste estudo, o foco de interesse está relacionado a processos físicos,
principalmente, à sorção, não serão abordados processos bióticos.
No Brasil, principalmente no Estado de São Paulo as principais técnicas
utilizadas para remediação de aqüíferos contaminados por metais pesados estão ligadas
principalmente a mecanismos de remoção do material contaminado, bombeamento e
tratamento, processos de imobilização; como: barreira hidráulica ou física, cobertura
dos resíduos contaminados e encapsulamento. Em alguns casos são utilizados
mecanismos de oxidação/redução química. (CETESB, 2007)
Existe uma larga gama de técnicas de remediação existentes para aqüíferos
contaminados por metais pesados (Tabela 7).
Algumas técnicas promissoras ainda têm uso incipiente no Brasil, como
eletrocinética (GURACHO et al., 2004), fitorremediação e barreiras reativas permeáveis
(CETESB, 2007)
23
Tab. 7 - Técnicas de remediação de água subterrânea contaminada por metais pesados.
(MULLIGAN et al., 2001)
Técnicas Definição da Técnica Observações
Isolamento/
Contenção:
Uso de barreiras físicas impermeáveis com aço, cimento, bentonita e
grout para capeamento vertical, horizontal. Barreiras verticais reduzem o
movimento de água contaminada ou não contaminada em determinada
área contaminada. A barreira deve se estender até uma camada de argila
ou ao bedrock de baixa permeabilidade
Tratamento
Químico:
Técnica que utiliza mecanismos de natureza química para reduzir a
mobilidade de contaminantes metálicos na água subterrânea com auxílio
da injeção em aqüíferos de substâncias químicas oxidativas (hipoclorito,
peróxido de hidrogênio, permanganato de potássio,etc.) ou redutoras
(sódio, dióxido de enxofre, etc.) ou neutralizadoras (calcário, etc) no
aqüífero.
Barreiras
Permeáveis:
Técnica em que se intercepta o fluxo da água subterrânea com o auxílio
de uma barreira composta por um meio reativo permeável de natureza
física, química ou biológica. Em barreiras físicas têm sido testados
materiais como zeólitas, hidróxi-apatita, ferro zero valente e calcário.
Eletrocinética:
A técnica consiste a na passagem de corrente elétrica de intensidade
baixa entre um catodo e um anodo no aqüífero. Os íons dissolvidos na
água movem para os pólos compatíveis. Cria-se um gradiente elétrico
que gera movimento por eletromigração (movimento de cargas
químicas), eletro-osmose(movimento de fluido), eletroforese(movimento
d e partículas carregadas e eletrólise (reação química devido ao campo
elétrico).Os metais podem ser removidos por eletrogalvanização ou
precipitação/co-precipitação nos eletrodos, usando resinas de troca iônica
ou recuperação de metais por bombeamento.
Esta tecnologia
é usada na
Europa para
Cu, Zn, Pb, As,
Cr, Cd e Ni
Fitorremediação:
Uso de plantas, como Thlapsi, Urtica, Chenopodium, Polygonum
Sachalase e Alyssim que tem capacidade de acumular Cd, Cu, Pb, Ni e
Zn. Especificamente, a técnica de Rizofiltração (adsorção por biomassa
de plantas) pode ser usada para remedição de aqüíferos contaminados por
metais pesados.
Limita-se a
profundidades
rasas
24
2.4.3 - Remediação de Aqüíferos Contaminados por BTEX
No Brasil, as principais técnicas utilizadas para remediação de aqüíferos
contaminados por BTEX são: bombeamento-e-tratamento, extração de vapores,
extração multifásica, aspersão de ar, atenuação natural, biorremediação e bioaspersão.
(CETESB, 2007). Abaixo, descrevemos, sucintamente, cada uma destas técnicas:
a) Bombeamento-e-tratamento:
Esta técnica consiste na retirada da água contaminada do aqüífero através de
poços de extração. Os poços, em geral, são alocados no ponto de maior concentração do
contaminante e nas bordas a pluma para evitar a dispersão. A água é tratada na
superfície, por meio de uma planta de tratamento semelhante às utilizadas para
tratamento de efluentes de superfície. Uma vez tratada a água é re-injetada no aqüífero
ou descarregada em um corpo de água, como um lago ou rio ou mesmo no esgoto
municipal. (EPA, 1996)
Apesar destas limitações, o bombeamento-e-tratamento pode ser útil em áreas
com altamente contaminadas ou para conter o espalhamento de plumas de
contaminação. (EPA, 2005)
b) Extração Multifásica (MPE)
No sistema de extração multifásica são instalados tubos com sistemas duplos de
extração, um para a fase livre e outro para fase dissolvida e gases. Este sistema funciona
com auxílio da aplicação de elevada carga de vácuo. Quando os níveis de LNAPL
declinam suavemente, como resposta ao bombeamento, o tubo passa a extrair vapores.
Os líquidos removidos do tubo são enviados para separadores de água e óleo e os
vapores para separados de líquido/vapor. A extração de vapores promove aeração da
zona não-saturada e aumenta a presença de O
2
, e conseqüentemente a taxa de
biodegradação aeróbica. (PLACE et al., 2001)
Segundo MILLER (1996) as principais vantagens e as limitações desta técnica são:
Eficácia na remediação das fases dissolvida, vapor, residual e adsorvida
da contaminação.
Pode ser utilizada em áreas que apresentam alta permeabilidade /
condutividade hidráulica.
O tempo de remediação reduzido quando comparado aos sistemas
convencionais.
25
Pode ser aplicada tanto em aqüíferos rasos quanto em aqüíferos acima de
30 metros.
É o método mais rápido para recuperar parte da fase livre.
Intensifica a biorremediação in situ de solos na zona não-saturada.
É ineficiente em aqüíferos com baixa permeabilidade.
Para temperaturas baixas a remediação é lenta.
Se comparado com outras técnicas de remediação de LNPL’s apresenta
bom custo-benefício. A redução na quantidade de água subterrânea
extraída e a habilidade para extrair gás acima das concentrações impostas
pelos limites regulatórios minimizam o armazenamento, tratamento e
assim reduz os custos.
d) Injeção de ar:
Esta técnica tem sido usada pelo menos há 15 anos para remediação de água
subterrânea contaminada por COV´s, adsorvidos na matriz do aqüífero. A técnica
envolve injeção de ar atmosférico sob pressão na zona saturada para volatilizar os
contaminantes presentes na água subterrânea e proporcionar uma biodegradação pelo
crescimento das concentrações de oxigênio (O
2
) na subsuperfície. (MILLER, 1996)
O ar injetado volatiliza os contaminantes nos canais de fluxo e transporta-os para
zona não saturada onde eles são biodegradados ou removidos através de um sistema de
extração de vapor.
A aspersão de ar oferece um meio de remediação de solo e águas subterrânea
contaminada sem a necessidade de bombeamento ativo da água subterrânea. Esta
tecnologia serve a uma larga gama de contaminantes voláteis e semi-voláteis, como:
gasolina e outros componentes de combustíveis e solventes clorados
Conforme aponta MILLER (1996), as condições locais para aplicação da técnica,
são:
Solos com boa permeabilidade.
Solos homogêneos: condições geológicas heterogêneas em que camadas
menos permeáveis sobrepõem camadas mais permeáveis comprometem a
eficácia da técnica.
Esta tecnologia é ineficiente em caso de contaminantes não-voláteis e
não-biodegradáveis.
26
Se espessura da zona saturada é pequena e a profundidade do nível
d’água também, o número de poço requerido para adequar a cobertura
torna o processo muito caro.
d) Atenuação Natural Monitorada:
A atenuação natural consiste na degradação do contaminante através de
processos fisicos, químicos e biológicos, sem ação antrópica direta. Esta técnica de
remediação abrange dois mecanismos físicos: diluição simples ou dispersão e adsorção
e um mecanismo biológico: biodegradação (BAKER et al.,1997).
Diluição ou Dispersão:
No mecanismo de diluição/dispersão os contaminantes se espalham no solo e
na água subterrânea e ao longo do tempo suas concentrações são reduzidas. Estes
mecanismos não destroem os contaminantes (BAKER et al.,1997).
Adsorção:
Neste processo os contaminantes são adsorvidos as partículas do solo. Os
hidrocarbonetos presentes na gasolina, como os BTEX, são hidrofóbicos, isto é, com
baixa afinidade com o meio aquoso e passíveis de sofrer adsorção pela matéria orgânica
e minerais de argila. Este mecanismo auxilia na retenção da pluma de contaminantes.
Biodegradação ou Biorrremediação:
Trata-se de um processo que ocorre naturalmente no meio contaminado por
meio da ação de microorganismos (fungos, bactérias) que rompem e degradam
substâncias perigosas para substâncias menos tóxicas e não-tóxicas. Muitos
contaminantes orgânicos tais como, componentes de petróleo podem ser biodegradados
por microorganismos em ambientes de subsuperfície. As bactérias, naturalmente,
encontradas na água subterrânea usarão os hidrocarbonetos, como fonte primária de
energia, biodegradando os contaminantes durante o processo. Há três processos pelos
quais os microorganismos ajudam a quebrar os hidrocarbonetos: fermentação,
respiração aeróbica e respiração anaeróbica. (WIEDEMEIER et al, 1995; SINKE & Le
HECHO,1999)
Durante a fermentação, as ligações de carbono, que são as fontes de energia,
são quebradas por uma série de reações enzimáticas. Neste processo, os compostos
orgânicos podem agir como, doadores ou receptores de elétron.
27
Na respiração aeróbica, o carbono, fonte de energia, é quebrado por uma
série de reações mediadas por enzimas nas quais, o O
2
serve com receptor externo de
elétrons.
As condições anaeróbicas sustentam a atividade microbiana sem oxigênio
presente, então os microorganismos quebram os componentes químicos no solo para
liberar a energia necessária. Na respiração anaeróbica, o processo é semelhante da
respiração aeróbica, só diferencia desta, porque, neste caso, os receptores de elétron são
os nitratos, sulfatos, dióxido de carbono e outros componentes oxidados. Segundo
CAUWENBERGHE & ROOTE (1998) existem algumas vantagens e limitações no
processo de biorremediação:
Tecnologias envolvendo biorremediação são aplicáveis a um grande
número de compostos orgânicos, dentre eles, gasolina, diesel, solventes
não-clorados, resíduos de tratamento de madeira, alguns compostos
aromáticos clorados e alguns compostos alifáticos clorados.
A tecnologia é simples se comparada com outros métodos de remediação
Podem ser realizados com pouca ou nenhuma perturbação no local
Freqüentemente requer mais tempo para realizar as metas de
descontaminação que os métodos de remediação tradicionais.
Requerem um programa de monitoramento por longo prazo.
Se a taxa de degradação for muito baixa, a pluma poderá migrar.
É difícil predizer com alta confiabilidade o desempenho da atenuação
natural.
Os locais devem apresentar baixo risco para saúde humana e meio
ambiente.
A água contaminada deve estar a uma distância adequada dos potenciais
receptores.
Deve-se ter evidências de que a atenuação natural está atualmente
ocorrendo no local.
A atenuação natural funciona melhor em locais com permeabilidade
intermediária.
É uma tecnologia de bom custo-benefício. O custo primário está
relacionado aos custos da avaliação do local e monitoramento.
28
f) Outras Técnicas:
Entre outras tecnologias de remediação de aqüíferos contaminados relevantes,
podem-se destacar os processos oxidativos avançados (POA’s). (BARICH, 1990;
CHRISTMAN & COLLINS, 1990)
Os processos oxidativos avançados são, por definição, aqueles em que radical
hidroxila (
.
OH) participa como principal agente oxidante. Trata-se de uma espécie de
elevado poder oxidante (E
o
= 2,8 V), que permite à completa mineralização de inúmeras
espécies químicas de caráter contaminante, em tempos relativamente curtos.
Dentre as várias técnicas de aplicação dos POA’s, destacam-se aquelas que
utilizam raio ultravioleta como fotocatalizador. Estes sistemas, geralmente, usam um
oxidante à base de oxigênio, como o ozônio e o peróxido de hidrogênio em conjunção
com raio ultravioleta. Neste processo os bulbos de UV são localizados em um reator
onde o oxidante é colocado em contato com os contaminantes na água subterrânea.
Segundo, Christman & Collins (1990) a técnica apresenta duas formas básicas:
a) Sistemas UV-peróxido: os raios ultravioleta de alta intensidade, catalisam a
formação de radicais hidroxila do peróxido de hidrogênio. Sob condições controladas,
os radicais de hidroxila reagem com o contaminante e oxidam os compostos para
substâncias menos perigosas. Esta reação pode ser auxiliada pela capacidade dos raios
ultravioleta de enfraquecerem, algumas das ligações de contaminantes orgânicos e
tornarem sua destruição mais fácil. Com exposição suficiente aos raios e à oxidação, o
produto final poderá ser água, dióxido de carbono e sais inorgânicos.
Esta tecnologia é aplicável a todos os tipos de produtos de petróleo, como
COV’s (Compostos Orgânicos Voláteis), SemiCOV’s (Compostos Orgânicos
Semi-Voláteis) , compostos aromáticos, álcoois, cetonas, alddos, fenóis, éters,
ftalatos, glicóis, pesticidas, dioxinas, PCB’s, PAH´s, COD, BOD, COT e várias
outras formas de compostos orgânicos.
A seguir, algumas vantagens e limitações da técnica:
Os compostos utilizados são não poluentes
Esta técnica tem conseguido eliminar os ferricianetos, enquanto outros
métodos têm falhado neste aspecto.
Quando se usa peróxido de oxigênio o processo só é eficiente sob baixos
comprimentos de onda.
29
Há necessidade de baixa turbidez e poucos sólidos em suspensão para
uma boa transmissão dos raios ultravioleta.
A estocagem e manuseio dos oxidantes podem requerer especial
precaução.
b) Sistemas UV-Ozônio:
Utilizam as fortes propriedades oxidantes de do UV e ozônio. Os raios UV e o
ozônio agem sinergeticamente para oxidar contaminantes. Este sistema apresenta
vantagens e limitações semelhantes ao método anterior, no entanto alguns fatores
podem interferir no custo deste tipo de sistema de tratamento, como: o grau de
destruição dos contaminantes requerido, a taxa de fluxo do aqüífero, o tipo de
concentração dos contaminantes e a necessidade de pré e pós-tratamento.
30
2. 5 - BARREIRAS REATIVAS PERMEÁVEIS
2.5.1- Histórico e Conceito
A remediação de aqüíferos contaminados utilizando Barreiras Reativas
Permeáveis surgiu com a utilização de ferro de valência zero para degradação de
organoclorados. Isto se deu na Universidade de Waterloo-Canadá, no início da década
de 90. (REYNOLDS et. al, 1990; GILLHAM & O’HANNESIN,1994). No entanto, o
trabalho de SWEENY & FISCHER (1972) é o primeiro registro do uso de metais na
degradação de compostos organoclorados.
A técnica se consolidou na universidade canadense, a partir da descoberta casual
de que poços com revestimento de ferro degradavam água contaminada por compostos
orgânicos clorados. (GILLHAM & O’HANNESIN,1992). A partir daí, a universidade
registrou várias patentes no Canadá, Estados Unidos e Comunidade Européia e criou a
empresa Envirometal Technologies Inc. para gerir os negócios relacionados à nova
tecnologia. (GILLHAM, 1993). Tal empresa foi responsável pela instalação comercial
da primeira barreira reativa, em Sunnyvale, Califórnia - EUA em 1995. Estima-se que
até abril de 2005 haviam sido instaladas mais de 120 barreiras reativas nos EUA,
Europa, Japão e Austrália, considerando somente aquelas que usam ferro de valência
zero. (ITRC, 2005).
No Brasil foi instalada uma barreira reativa para tratamento de uma pluma de
mercúrio, subjacente as instalações da Braskem, no Pólo Petroquímico de Camaçari na
Bahia. ( MAIA NOBRE, 2007)
Dentre as inúmeras técnicas de remediação in situ para água subterrânea, as
barreiras reativas permeáveis, têm sido uma das mais pesquisadas, por apresentarem
algumas vantagens, como:
Menor custo de instalação, operação e manutenção.
Ausência de transtornos operacionais como bombeamento, remoção e
tratamento de material contaminado fora do local de origem (DAY et al.
1999).
Outras técnicas podem ser associadas a ela, como por ex:
biorremediação.
A técnica consiste em interceptar a pluma de contaminação perpendicularmente
ao seu fluxo e fazê-la atravessar um meio reativo permeável (reator). À medida que a
31
água percola passivamente através do reator, os contaminantes vão sendo degradados ou
adsorvidos. (Figura 3)
Fig.5: Ilustração esquemática de uma barreira reativa (GILLHAM & O’ HANNESIN,
1994).
Esta tecnologia pode remediar aqüíferos contaminados por compostos orgânicos
e inorgânicos, incluindo solventes clorados, hidrocarbonetos de petróleo, pesticidas,
cromo e outros metais pesados, nitrato, fosfato e drenagens ácidas. Cada tipo de reator
está relacionado a um mecanismo de remoção de contaminantes. (Tabela 8) O principal
reator é o ferro de valência zero utilizado em mais de 50% das barreiras instaladas.
32
Tabela 8: Reatores mais comuns utilizados em Barreiras Reativas
Meio Reativo Mecanismos de
remoção
Contaminantes removidos
Ferro com valência zero Redução química Alifáticos clorados, DDT, DDD, DDE,
nitroaromáticos e alguns pesticidas, Cr e
U.
Ferro bimetálico Redução química Alifáticos clorados, PCB´s
Magnésio, estanho e zinco Redução química Alifáticos clorados
Minérios de ferro
(óxidos,hidróxidos e
sulfetos)
Redução química Nitroaromáticos e alifáticos clorados,
Cr,U, As, Tc, Pb, Cd, Mo, Hg, P, Se e
Ni.
Compostos que liberam
oxigênio ou nitrogênio
Degradação
microbiana
BTEX
Solos modificados com
surfactantes
sorção Orgânicos não-polares
Argilas modificadas por
surfactantes
sorção Orgânicos não-polares
Zeólitas modificadas por
surfactantes
sorção Orgânicos não polares
Carvão ativado, carvão e
turfa
sorção Benzeno,Sr-90,Hg,U,Mo,Tc-99
Fonte: ITRC, 2005/SCHERER et al. 2000
Estes mecanismos podem ser de natureza química, biológica e física, conforme
se observa abaixo:
a) Barreiras de Tratamento Químico:
As barreiras reativas que envolvem reações químicas transformam os
contaminantes em compostos químicos diferentes. O objetivo é produzir compostos
menos tóxicos ou menos móveis que os originais. Estas transformações envolvem
reações de oxirredução na qual o contaminante é reduzido e o meio reativo é oxidado. A
transferência de elétrons do meio reativo para o contaminante necessita de condições
termodinâmicas e cinéticas favoráveis. O meio reativo mais utilizado neste tipo de
barreira são os metais de valência nula. (BLOWES et al., 2000)
33
Os metais mais utilizados são o ferro, o estanho e o zinco que são agentes
capazes de reduzirem muitos contaminantes encontrados no meio ambiente. Destes
metais, o Fe
o
, é o mais pesquisado e a maioria das barreiras reativas instaladas
apresentam este material como meio reativo principalmente para remediação de
compostos clorados alifáticos, como dicloretano, tricloetileno, e também nitratos e
pesticidas. (BLOWES et. al., 2000)
b) Barreiras Biológicas ou Biobarreiras:
As biobarreiras utilizam a biodegradação para tratamento de água subterrânea
contaminada. Os processos biodegradativos estão ligados ao mecanismo de respiração
dos microrganismos. Sob condições aeróbicas os microrganismos respiram O
2
e
reduzem o contaminante. Em ambientes anaeróbios os microrganismos respiram o
contaminante e reduzem nitrato, sulfato, óxido férrico e dióxido de carbono,
dependendo da substância que predominar em determinado ambiente. (WIEDEMEIER
et al. 1995)
Algumas barreiras reativas são utilizados compostos que liberam oxigênio para
estimular a biodegradação aeróbica de hidrocarbonetos monoaromáticos, com benzeno,
tolueno, etilbenzeno e xilenos (BTEX). Em contrapartida, a liberação de oxigênio pode
promover a precipitação de óxidos metálicos e reduzir a permeabilidade da barreira.
(BIANCHI-MOSQUERA et al.,1994)
Também têm sido testados, em barreiras reativas, compostos que liberam nitrato
para intensificar a oxidação microbiana de tolueno e xileno sob condições
denitrificantes. (KAO & BORDEN, 1997)
Algumas barreiras contendo equivalentes redutores, por ex. matéria orgânica tem
sido usadas para interceptar e estimular biodegradação anaeróbica de tais contaminantes
sensíveis as reações de oxirredução. (FRUCHTER et al.,1996)
c) Barreiras de Tratamento Físico:
As principais barreiras de tratamento físico são as barreiras de sorção. Os
contaminantes são removidos da pluma por meio da partição da fase dissolvida no meio
sólido, no caso o reator. Os mecanismos de sorção são classificados com adsorção,
absorção e reações de precipitação. Segundo SCHERER ET AL. (2000), destes
mecanismos, a adsorção tem recebido mais atenção como um mecanismo viável para
remoção de contaminantes em barreiras permeáveis reativas. A adsorção combina três
mecanismos possíveis:
34
Expulsão hidrofóbica
Atração eletrostática
Reações de coordenação de superfície (hidrólise, complexação metálica,
e ponte de hidrogênio)
A expulsão hidrofóbica é o mecanismo dominante para muitos compostos
orgânicos não-polares (ex. solventes clorados). A partição na matéria orgânica presente
na matriz do aqüífero deve ser vista como um processo de absorção, uma vez que o
contaminante orgânico se dissolve na matéria orgânica. Assim, o grau de partição está
fortemente ligado ao coeficiente octanol-água, K
ow
e a fração de matéria orgânica
presente no material sólido, f
oc
. (KAMPBELL et al.,1996)
Os compostos polares, tais como metais e nutrientes inorgânicos, tendem a ser
sorvido através de atração eletrostática e reações de complexação de superfície.
O uso de materiais de remoção física de contaminantes em barreiras reativas tem
a vantagem de não introduzir qualquer composto químico na água. Em contrapartida,
apresentam a desvantagem de sua eficiência estar intrinsecamente relacionada com a
geoquímica da água subterrânea (ex. pH, ânions e cátions maiores) (SCHERER et al.
2000).
Os materiais mais usados em barreiras de sorção são: zeólitas, óxidos, agentes
precipitantes e material húmico.
As zeólitas são aluminossilicatos hidratados formados por uma rede
tridimensional de tetraedros de AlO
4
e Si0
4
ligados entre si por átomos de oxigênio. Os
átomos de Al e Si ocupam o centro do tetraedro. Quando um átomo de Al substitui um
átomo de Si na estrutura destes minerais, as cargas negativas geradas pela substituição
de Si
+4
por Al
+3
são compensadas por cátions alcalinos. Estes cátions podem ser
substituídos por outros cátions por troca iônica, configurando assim o alto podem
adsortivo das zeólitas. (BOHN et al.,1985)
A modificação de argilas e zeólitas com surfactantes sorvidos altera
substancialmente a afinidade destes materiais por ânions e compostos orgânicos não-
polares. A vasta capacidade de sorção de zeólitas modificadas por surfactantes torna-se
este material promissor para o tratamento de contaminantes orgânicos não polares.
Como os zeólitas apresentam boa permeabilidade podem ser usados em barreiras
reativas. Estudos de Bowman et al (1995) têm mostrado uma boa eficiência das zeólitas
para remediação de BTEX e solventes clorados.
35
Os óxidos por apresentarem boa capacidade de sorção e troca iônica,
principalmente, o óxido férrico amorfo, goethita, hematita, magnetita e óxido de titânio,
têm sido pesquisados para uso em barreiras reativas. Algumas pesquisas têm sido
desenvolvidas para determinar a possibilidade do uso de óxidos para tratar U (VI), Mo
(II) e Cr (VI). As pesquisas têm mostrado que a sorção destes metais é muito
influenciada pelo pH. Os ânions como, molibdenato e cromato, tendem a sofrer sorção a
valores baixos de pH, enquanto o urânio requer meio com pH maior do que 4. A
remoção de ânions e cátions, com auxílio de óxidos, exige um cuidadoso controle de pH
na barreira. (SCHERER et al. 2000)
A imobilização de contaminantes por meio de precipitação é um mecanismo
significativamente, diferente da adsorção. A precipitação de uma mineral ou óxido
ocorre quando o limite de a solubilidade excede na solução. A fase precipitada tem uma
estrutura em três dimensões que não é influenciada pela superfície do meio sólido. As
barreiras reativas que são baseadas em mecanismos de precipitação, tipicamente
envolvem soluções corretivas que manipulam o limite de solubilidade. Os métodos mais
comuns de manipular os limites de solubilidade são: aumentar o pH com adição de uma
base, tal como cal hidratada Ca (OH)
2
ou adicionar excesso de íons para formar um
mineral insolúvel. (BOWMAN et al, 1985)
A imobilização por precipitação apresenta a vantagem em relação às reações de
adsorção por ser menos dependente das condições da água subterrânea. Os agentes de
precipitação, como calcário e minerais de apatita, freqüentemente fornecem algum
controle de pH. As reações de sorção podem ser altamente dependentes do pH. A
desvantagem das reações de precipitação é que podem degradar a qualidade da água
subterrânea. Por exemplo, a adição de calcário, pode elevar a dureza da água.
(
BOWMAN et al, 1985).
2.5.2- Configurações de uma Barreira Reativa Permeável:
Os tipos mais comuns de configuração de barreiras reativas permeáveis são: de
paredes contínuas e funnel-and-gate (funil-e-portão) (STARR & CHERRY, 1994; DAY
et al., 1999).
A barreira de parede contínua se estende perpendicularmente ao fluxo do
contaminante de acordo com a largura e a profundidade da pluma. É recomendada para
aqüíferos rasos, onde a pluma de contaminação é estreita e o tratamento barato. Esta
36
técnica apresenta a vantagem de minimizar a velocidade de fluxo através do reator e
maximizar o contato entre os grãos do reagente com o contaminante.
A configuração do tipo funil-e-portão é formada por uma seção impermeável
(funil) que tem a finalidade de direcionar o contaminante para a seção permeável
(portão) onde se encontra o material reativo. (Fig.4)
Figura 6: Configuração de uma barreira reativa tipo funil-e-portão. (Day et
al.,1999)
A barreira tipo funil-e-portão permite o controle da zona de tratamento. Para
sistemas que requerem remoção ou substituição do reator depois de um determinado
período de tempo, esta configuração fornece a possibilidade de localização da zona de
tratamento com maior facilidade e viabiliza assim, a utilização de "cassetes". (SMYTH,
1998)
A desvantagem desta técnica é que aumenta a velocidade de fluxo dentro do
reator. Isto diminui o tempo de residência do contaminante na zona reativa. Se o
tratamento necessitar de velocidades menores, pode-se aumentar o comprimento do
reator na direção paralela ao fluxo.
37
2.5 3 - As Limitações da Técnica
MACKENZIE et al (1999) ressaltam que os principais problemas que afetam o
desempenho e a vida útil das barreiras reativas são: o efeito de colmatação e a
precipitação de minerais no reator, resultante tanto de processos químicos quanto
biológicos, dependendo da natureza do meio reativo.
a) Efeitos causados pelos processos químicos:
Estudos envolvendo a longevidade e eficiências das barreiras reativas têm sido
comuns, para casos que se utiliza ferro de valência zero como material reativo.
As barreiras reativas que utilizam Fe
0
apresentam corrosão e precipitação de
minerais que alteram a superfície de composição do metal. Alguns estudos pilotos
mostram que as mudanças composicionais podem diminuir a reatividade do ferro e a
precipitação de minerais diminui o fluxo através da barreira. (MACKENZIE et al.,
1999)
Em Borden, por exemplo, removeu-se 86-90% do PCE e TCE (SCHERER et
al., 2000). Neste local, após um ano de operação as amostras de água têm demonstrado
que não há desenvolvimento de material biológico, precipitação de minerais ou
alteração do ferro.
Em outras localidades nos EUA, têm-se detectado precipitação, como em SGL
Printed Circuits em Nova Jersey, Lowry AFB, Colorado e Y-12 no Tennesse. Em
Lowry AFB a precipitação de carbonato de ferro e cálcio fez a porosidade reduzir de
14% em poucos meses. (ROEHL et al., 2005)
O efeito de colmatação consiste na precipitação de minerais no sistema de
entrada da barreira devido à presença de oxigênio dissolvido no fluxo influente. A perda
de porosidade em barreiras com reatores de ferro de valência nula, em curto prazo
parece estar relacionada com precipitação de Fe(OH)
2
e possível trapeamento causado
por filmes de hidrogênio gasoso na superfície dos grãos de ferro. Casos, a longo prazo,
podem estar ligados a precipitação de Fe(OH)
2
e FeCO
3
em águas pobres em carbonato.
Para águas ricas em carbonato além das duas substâncias citadas acima, precipita
CaCO
3
. Em condições anaeróbicas o ferro do reator é reduzido pela água. Isto leva a
um aumento do pH que pode propiciar a precipitação de hidróxido ferroso. Em meio
aquoso rico em carbonato a elevação de pH favorecerá a precipitação de siderita
(carbonato de ferro) e carbonato de cálcio. (MACKENZIE et al, 1999)
Deve-se ressaltar que o efeito de colmatação só estará presente em aqüíferos
com altas taxas de oxigênio dissolvido. Nestes casos, para se minimizar a perda de
38
porosidade, usa-se partículas de ferro de granulometria maior e mistura-se areia de
granulometria semelhante aos grânulos de ferro. (MACKENZIE et al.,1999)
Em barreiras instaladas, faz-se um monitoramento do reator com coletas de
amostras do material reativo com auxílio de furos de sondagem, para que sejam
submetidos a análises visuais do desenvolvimento de minerais precipitados, através do
MEV (Microscópio Eletrônico de Varredura) e análises químicas com auxílio do EDX
para observar o processo de corrosão dos grãos de ferro. (MACKENZIE et al.,1999)
b) Efeitos causados pelos processos biológicos:
A atuação de microorganismos, também pode interferir diretamente na vida útil de
uma barreira reativa. Os processos resultantes da ação microbiana podem dificultar ou
intensificar o desempenho hidráulico da barreira. Dependendo da geoquímica do
aqüífero, os microorganismos podem reduzir a porosidade, induzindo a colmatação,
através dos seguintes processos:
Formação de biofilme
Contribuição para a precipitação de minerais
Formação de bolhas de gás
A formação de biofilme e precipitados afeta a reatividade da barreira e sua
eficiência no tratamento da água contaminada. Em contrapartida, podem ocorrer
circunstâncias em que os microorganismos podem favorecer a permeabilidade da
barreira, ou contribuindo na dissolução de minerais ou consumindo as bolhas de gases
produzidas por processos abióticos. (KAMPBELL et al.,1996)
Na revisão bibliográfica realizada, não se encontrou nenhuma publicação sobre os
estudos sobre a influência da ação microbiana de longevidade e eficiência de barreiras
reativas que utilizam turfa.
2.5.4 - Aspectos de projeto de uma Barreira Reativa:
Em linhas gerais, o projeto de uma barreira reativa envolve várias etapas. A
etapa inicial constitui na caracterização da área contaminada sob os aspectos geológicos,
hidrogeológicos e geotécnicos. À luz dos dados coletados nesta fase anterior, se
estabelece a escolha e avaliação alguns materiais que podem potencialmente serem
utilizados na célula reativa que irá constituir a barreira. Esta avaliação é feita por meio
dos Ensaios de Equilíbrio em Lote e Coluna. Em algumas situações são realizados
ensaios em escala piloto (CSOVÁRI et al, 2005). Após esta etapa são dimensionados os
39
aspectos hidráulicos, geoquímicos e geotécnicos para definição do projeto final da
barreira reativa permeável.
a) Caracterização da Área Contaminada:
O projeto de uma barreira reativa, assim como qualquer projeto de remediação
deve dispor das informações existentes em relatórios anteriores, realizados nas etapas
antecedentes, tais como: caracterização geológica e hidrogeológica do local, fotos
aéreas, mapas do local, perfis dos poços, relatórios de monitoramentos e descrição de
feições presentes na superfície e subsuperfície que posam inviabilizar a instalação da
barreira (EPA, 1998)
Caso estas informações não sejam subsídios satisfatórios para o projeto da
barreira reativa, estes dados devem ser complementados pelas informações, conforme as
listadas abaixo (Tabela 9):
40
Tabela 9 – Caracterização da área contaminada para projeto de barreira reativa
permeável. (GUSMÃO, 1999).
Dados Necessários Características
Contaminante
Tipos e concentrações
Características de degradação na
presença do reator a ser utilizado
Taxas de degradação
Tamanho e forma da pluma de contaminação
Largura
Profundidade
Características do aquitarde
Profundidade
Espessura
Descontinuidades
Considerações geológicas e geotécnicas
Estratigrafia
Heterogeneidades
Permeabilidade e porosidade das
camadas
Presença de sedimentos consolidados,
pedregulhos, blocos de rochas.
Características hidrológicas do aqüífero
Profundidade do nível freático
Velocidade da água subterrânea
Gradientes hidráulicos e suas variações
sazonais.
Padrão de fluxo.
Composição da água subterrânea
Tipos de contaminantes e suas
concentrações
pH, potencial redox e DBO
Presença de íons dissolvidos na água
(Ca, Mg, Fe, bicarbonato, cloreto, etc)
A identificação do tipo e da concentração dos contaminantes é fundamental para
se investigar sua susceptibilidade de degradação ou sorção diante de um determinado
tipo de material utilizado na célula do reator. (GAVASKAR, 1999). A capacidade de
reatividade do contaminante é, fortemente, influenciada pelo tempo de residência do
contaminante no reator.
41
As dimensões da pluma devem ser conhecidas, pois é um fator que pode
inviabilizar o projeto de uma barreira reativa. A maior pluma tratada por BPR, até 1990
era a instalada na área do Denver Federal Center, que apresentava, aproximadamente,
305 m. de largura e de 12 a 15 m. de profundidade (ROEHL et al, 2005).
Se existem dados disponíveis suficientes, a largura da pluma do contaminante
pode ser determinada com auxílio de mapa de isoconcentrações. Estes mapas podem
também revelar a fonte dos contaminantes, a existência de caminhos preferenciais para
sua migração. O mapa de plumas pode também ser usado para identificar, uma locação
e o desenho da barreira permeável. Em muitos casos, a barreira é instalada próxima ao
fim da pluma. O desenho da BRP é controlado, parcialmente pela distribuição do
contaminante. Em muitos casos, a barreira deveria ser instalada para captura da pluma
inteira. Isto pode ser feito ou pela instalação da BRP através da largura inteira ou
instalando uma pequena célula reativa flanqueada por paredes impermeáveis.
(BLOWES et al., 2000; ROEHL et al., 2005)
É importante conhecer a distribuição espacial em três dimensões do
contaminante para que possa ser projetado um sistema eficaz de captura. Isto inclui
identificação da profundidade e largura do aqüífero contaminado, a concentração média
e máxima e a taxa de movimentação da pluma. Também é importante caracterizar os
processos significativos que afetam o espalhamento da contaminação em subsuperfície.
(ROEHL et al., 2005)
Estes processos podem incluir os efeitos de reações de adsorção/retardamento,
reações químicas, dispersão e movimento vertical da pluma devido aos efeitos da
densidade do fluido. (EPA, 1998)
Em muitos casos, alguns dos dados necessários já estariam disponíveis em
outras etapas. Os dados adicionais podem incluir novas campanhas de amostragem e
refinamento de amostragem em áreas de particular interesse. (EPA, 1998)
A caracterização do sistema de fluxo inclui estudos geológicos e
hidrogeológicos. Em alguns casos, estes dados podem estar disponíveis de etapas
anteriores e em outras vezes, é necessário complementá-los. As principais
características a serem conhecidas neste item são: estratigrafia, tipo de solo,
profundidade do NA, direção de fluxo da águas subterrânea, velocidade da água
subterrânea, condutividade hidráulica (K), porosidade, profundidade da camada
confinante e da pluma. (EPA, 1998)
42
Outro parâmetro importante é a velocidade de fluxo da água subterrânea. Este
parâmetro está diretamente relacionado com a cinética das reações. Enquanto
velocidades baixas tornam a passagem do contaminante muito lenta pelo reator,
configurando um tempo de residência excessivamente longo, altas velocidades, ao
contrário, proporcionam pouco tempo para que as reações ocorram (baixo tempo de
residência). Isto exigirá uma barreira com reator muito espesso para que haja um tempo
necessário para que as reações ocorrem. A velocidade intermediária seria a ideal para
um projeto de BPR. (GAVASKAR et al., 1998)
Conhecer algumas características geológico-geotécnicas do local é importante
para que se tenha bom acesso à pluma. A presença de sedimentos muito consolidados,
estruturas enterradas e edificações podem dificultar este objetivo.
É fundamental para a locação da barreira um bom conhecimento das
características hidroestratigráficas e hidrogeológicas do aqüífero, incluindo dados sobre
variação da profundidade, espessura e níveis d’água de diferentes unidades
hidroestratigráficas. Isto pode ser feito com auxílio de perfurações e amostragens.
Algumas técnicas têm auxiliado nestas avaliações, como CPT e Geoprobe. (EPA, 2002)
Os parâmetros hidrogeológicos, como: nível d’água, condutividade hidráulica,
porosidade, gradiente hidráulico e velocidade e direção de fluxo da água são
importantes para projetos de barreira reativa, assim como parâmetros físico-químicos
como, temperatura, pH, Eh e oxigênio dissolvido a ser medidos em poços de
monitoramento. (ROEHL et al.,2005)
A amostragem fornece informação essencial sobre movimento da água, níveis de
contaminante e química inorgânica e geoquímica necessária para entender o modelo e o
desempenho da célula reativa. (EPA, 1998)
O monitoramento dos compostos inorgânicos fornece informações
indispensáveis sobre as demandas do meio reativo. Parâmetros, tais como pH, Eh (redox
potencial) e oxigênio dissolvido são importantes para determinar se as condições do
local favorecem a formação de precipitados inorgânicos. Estes três parâmetros de
campo podem ser monitorados pelo menos por 1 ano para avaliação das flutuações
sazonais, assim como, espécies químicas que podem reagir com o material do reator
como, Ca, Fe, Mg, Mn, Al, Ba, Cl ,F, SO4 e HCO
3
(alcalinidade) e elementos
significativa ação redutora, incluindo Fe, C, S e N. (EPA, 2002)
43
Estas informações vão auxiliar nos estudos de viabilidade (Ensaio de Equilíbrio
em Lote e Ensaio de Coluna), locação da célula reativa, desenho, desenvolvimento e
performance de monitoramento. (ROEHL et al, 2005)
b) Escolha do Material Reativo
A seleção do material a ser utilizado na célula reativa de uma barreira permeável
deve obedecer alguns critérios básicos, conforme GAVASKAR et al.(1998):
O material deve ser reativo o suficiente para que as reações químicas
degradem o contaminante durante um tempo de residência economicamente
viável.
O material deve ser capaz de manter sua reatividade sob as condições
geoquímicas específicas do aqüífero por um tempo que seja também
economicamente viável.
O tamanho das partículas do meio reativo deve ser suficiente para gerar uma
porosidade que permita a captura da pluma de contaminação.
Capacidade de manter a condutividade hidráulica do meio ao longo do
tempo, evitando a formação de precipitados e uma conseqüente colmatação
do reator.
Os produtos gerados pelas reações químicas entre o material do reator e o
contaminante devem ser ambientalmente compatíveis.
O material reativo deve ser disponível em larga escala por um preço viável.
Nesta seleção podem-se escolher dois ou três tipos de material que serão submetidos
aos chamados Ensaios de Viabilidade. Estes ensaios são realizados em duas etapas: na
primeira etapa são realizados os ensaios de equilíbrio em lote ou batelada e
posteriormente, ensaios de coluna (GAVASKAR et al., 1998).
c) Ensaio de equilíbrio em Lote:
Neste ensaio é testada a capacidade de degradação ou sorção (no caso de
barreiras de sorção) do material reativo em relação ao contaminante. Estas informações
auxiliam na determinação da espessura da barreira e na avaliação da sua vida útil.
(GAVASKAR et al.,1998)
44
Existem normas técnicas para execução destes ensaios editadas pela Agência
Ambiental Americana (EPA) e pela Comunidade Européia.
Este ensaio consiste, basicamente, em colocar em contato o material reativo e a
solução contaminante.
Em geral, para este fim, utiliza-se frasco de vidro, no caso de contaminantes
orgânicos ou de polipropileno, para contaminantes inorgânicos, com capacidade de 120
a 250 ml, com tampa apresentando septo de teflon, para facilitar a amostragem,
dependendo do volume de material reativo a ser ensaiado.
É comum, variar a concentração do contaminante para um determinado volume
de material reativo. Coletam-se amostras para análise química em tempos diferentes,
variando de 0 a 72 horas. No caso, do contaminante tratar-se de um composto volátil,
são necessários frascos de branco (controle). As amostras são coletadas com auxilio de
seringas. Os compostos orgânicos são analisados por cromatografia gasosa e os
inorgânicos com auxílio da absorção atômica. Em caso de contaminantes orgânicos, são
avaliados parâmetros de qualidade da água, como pH, Eh, condutividade elétrica e
alcalinidade. Além destes parâmetros, em se tratando de compostos inorgânicos, podem
ser analisados, também, teor de ferro, cloretos, entre outros, dependendo da natureza do
material reativo e do contaminante.
Os dados são analisados com auxílio de isotermas de adsorção que são a
representação gráfica da concentração de soluto adsorvido por determinado adsorvente
em função da concentração de equilíbrio do soluto. Existem inúmeras isotermas,
relacionadas às mais variadas aplicações no âmbito dos estudos de processos adsortivos.
As isotermas mais utilizadas, são as de Langmuir, Freundlich e Linear.
A isoterma de Langmuir corresponde a um tipo de adsorção idealizada, em que
são admitidas as seguintes hipóteses:
As moléculas são adsorvidas em sítios discretos da superfície, os
chamados sítios de adsorção.
A energia de uma espécie adsorvida é a mesma em qualquer ponto da
superfície e é independente da presença ou ausência de moléculas
adsorvidas na vizinhança, isto é, a superfície é completamente uniforme
sob o ponto de vista energético.
A quantidade máxima possível de adsorção é aquela que corresponde à
monocamada.
45
A adsorção é localizada e ocorre por colisão de moléculas com sítios
vazios.
Esta isoterma poder ser representada pela equação:
+
=
KaC
KaC
SS
1
max
onde: S(em massa): é a concentração do contaminante no solo,
Smax (em massa): é a concentração máxima de contaminante no solo.
K: é a constante de adsorção de Langmuir
C: é a concentração de contaminante na água subterrânea.
A isoterma de Freundlich isoterma é representada pela equação:
KCS =
a
onde: K é constante de adsorção e a é o parâmetro positivo.
A forma da isoterma de Freundlich depende do valor de a. Se a é maior do que
1,a isoterma torna-se mais inclinada com aumento de concentração na água subterrânea.
Se a é menor do que 1, a isoterma torna-se mais inclinada a baixas
concentrações.(GAVASKAR et al.,1998)
A isoterma linear é um caso especial da isoterma de Freundlich cujo parâmetro a
é igual à unidade. A isoterma linear tem particular interesse porque muitos compostos
não-polares hidrofóbicos orgânicos tendem a seguir um comportamento linear para uma
larga gama de condições. Além disso, a aplicação da isoterma linear simplifica o
modelo matemático usado para simular a taxa de contaminante que se move na
subsuperfície e reduz o número de parâmetros necessários de serem obtidos durante a
caracterização. (GAVASKAR et al.,1998)
Os ensaios de equilíbrio em lote têm sido realizados para estudo da turfa como
material adsortivo, principalmente, metais pesados, como cobre bivalente (HO &
MACKAY, 2004), chumbo, cobre e cádmio (QIN et al., 2006), cromo hexavalente
46
(SHARMA & FORSTER, 1995). Ressalta-se que nenhuma destas pesquisas está
relacionada com o uso da turfa, especificamente, para barreiras reativas.
Na maioria destes estudos o fenômeno da adsorção dos metais pesados pela turfa
se ajustou bem ao modelo de Langmuir.
Em relação à adsorção da gasolina, principalmente os componentes BTEX, por
turfa, alguns estudos relacionados a ensaios de equilíbrio em lote, tem sido
desenvolvidos pelo grupo do Prof. Arthur Cohen, da Universidade da Carolina do Sul.
(COHEN et al.,1991; ELTAYEB et al.1998).
d) Ensaio de Coluna:
Segundo GAVASKAR et al., (1998), o principal objetivo do ensaio de coluna é
estimar a meia-vida da reação de degradação. Esta informação é importante para
definição da espessura da célula reativa.
O ensaio consiste, basicamente, em passar a solução contaminante, através de
uma coluna contendo sólidos adsorventes. Se a percolação desta solução é contínua
através do material que preenche a coluna, inicialmente livre de soluto, e se for
monitorada a concentração do soluto na saída da coluna, em função do tempo ou
volume, obtém-se uma curva denominada de curva de passagem.
O material contido na coluna, paulatinamente, vai adsorvendo o soluto, de baixo
para cima ou de cima para baixo, dependendo do sentido de fluxo estabelecido no
ensaio. Com o tempo, ocorre a adsorção gradativa do soluto pelo material adsorvente e
este se torna saturado e não consegue adsorver o soluto com tanta eficiência. As
concentrações do soluto no efluente passam a ser diferentes de zero e aumentam
sensivelmente, iniciando o processo descrito como curva de passagem. Com o
prosseguimento da percolação da coluna pouca adsorção ocorrerá, estabelecendo um
equilíbrio entre o adsorvente e a solução percolante. (RUTHVEN, 1984, FOGLER,
1992)
A forma da curva de passagem depende do mecanismo do processo de adsorção,
da natureza do equilíbrio de adsorção, da velocidade de fluxo, da concentração de soluto
na solução percolante e a altura do material contido na coluna. O tempo de passagem
diminui com o decréscimo do volume de adsorvente, o aumento do tamanho das
partículas, da velocidade do fluido através da coluna e com aumento da concentração
inicial do soluto na solução contaminante.
47
Alguns autores desenvolveram ensaios de coluna, para estudo da adsorção do
cromo (SHARMA & FOSTER, 1995), zinco e cádmio (PETRONI et al., 2000) em
solução aquosa pela turfa. Também, FRANCHI (2004) realizou ensaios de coluna para
avaliar a capacidade de sorção de turfa por metais pesados em solução aquosa.
Outros autores como KO et al (2003) estudaram a capacidade de adsorção de
cobre e cádmio pela turfa através de ensaio de coluna, no entanto, sem considerar o uso
da turfa em barreira reativa.
Nos estudos desenvolvidos por MAIA (2002), foi realizada a percolação de
gasolina através de colunas para comparar a eficiência de adsorção entre a turfa e um
produto adsortivo comercial.
e) Dimensionamento Hidráulico:
O dimensionamento hidráulico é uma etapa do projeto de barreiras reativas que pode
ser executada com auxílio de modelagem numérica, segundo GUPTA & FOX (1999).
Além destes aspectos iniciais o modelo é também utilizado para:
Determinar a locação para a barreira com relação à distribuição da pluma e o
sítio hidrogeológico.
Determinar a configuração da barreira (contínua ou funil-e-portão).
Determinar as dimensões na célula reativa
Avaliar os fluxos através do aqüífero.
Incorporar os efeitos de flutuação na velocidade da água subterrânea e a direção
desta dentro da barreira.
Auxiliar na seleção do tamanho da partícula e condutividade hidráulica do meio
reativo em relação à condutividade hidráulica do aqüífero.
Avaliar cenários para futuros problemas de fluxo (desvio) devido à redução da
porosidade do meio resultante da formação de precipitados.
Auxiliar na locação de poços de monitoramento e estabelecer a freqüência do
monitoramento.
Ainda não existem pacotes computacionais específicos para modelagem de
BRP. Comumente, se utiliza uma combinação de técnicas de modelagem de fluxo
subterrâneo e rastreamento de partículas para avaliar o efeito da condutividade
hidráulica do aqüífero e do meio reativo, sobre os parâmetros-chave do arranjo de uma
48
barreira reativa, como: largura de zona de captura, tempo de residência, velocidade de
fluxo e descarga.
Para a simulação de advecção, dispersão, difusão e algumas reações químicas
básicas, tais como sorção e decaimento de primeira ordem, alguns pesquisadores usam o
modelo MT3D. Este programa é usado para simulações de transporte de massa para
plumas de contaminantes. É um modelo designado para uso em conjunção com um
modelo de fluxo centrado em diferenças finitas como o Modflow. Este programa
assume que as mudanças no campo de concentração não afetarão mensuravelmente o
campo de fluxo.
GUPTA & FOX (1999) simularam o transporte de contaminantes incorporando
processos de transporte físicos e reações de adsorção química para o etilbenzeno e
xilenos. Após instalação da cortina de vedação (funil) o modelo foi calibrado em fluxo
constante, com adição de células secas, que foram atribuídas a montante da cortina para
simular a trincheira.
Os parâmetros utilizados para modelagem foram: densidade do material do
aqüífero, porosidade efetiva, Kd para adsorção linear, ausência de derrames futuros,
concentração dos n-alcanos, média de concentração de xileno, dessorção do solo
contaminado e sem fase livre.
Segundo GUPTA & FOX (1999) os requisitos específicos e recomendações para
modelos de simulação de barreiras reativas incluem:
Modelos 2D e 3D podem ser usados para simular os sistemas de fluxo
considerados. A modelagem em 3D é recomendada para que a possibilidade de
desvios e interações com aqüíferos adjacentes possa ser examinada para a
barreira reativa e suas circunvizinhanças. Velocidades de fluxos verticais e
tempo de caminhamento serão importantes no desenho de sistemas em locais
com significantes gradientes de fluxo vertical ou em casos em que as barreiras
não são isoladas por uma camada confinante subjacente.
Os códigos devem ser capazes de simular grandes contrastes de permeabilidade
nas barreiras e nas interfaces dos aqüíferos. Muitas barreiras apresentam
desenho de reator com permeabilidade mais elevada do que os aqüíferos,
enquanto as paredes do funil apresentam permeabilidade baixa.
49
f) Modelagem Geoquímica:
Também deve ser avaliado o impacto das barreiras reativas no aspecto
hidrogeoquímico da área contaminada. Alguns parâmetros como oxigênio dissolvido,
pH, concentração de nitrato e sulfatos podem ser alterados, além da possível dissolução
do material do aqüífero e precipitações de compostos insolúveis. Conforme
GAVASKAR et al. (1998), os modelos geoquímicos ajudam na:
Determinação do tempo de residência com base na taxa de fluxo da água
subterrânea.
Volume de material reativo a ser utilizado com base na estimativa do fluxo do
contaminante e expectativa de vida útil da barreira.
Localização e a massa de material produzido por precipitação.
Avaliação da perda de porosidade.
Quantidade de produtos secundários produzidos no reator e produtos
consumidos por outras espécies presentes na água subterrânea.
A influência das mudanças no pH e condições de oxirredução devido a
concentração dos contaminantes.
Avaliar o efeito de diferentes processos ou mudanças nas condições
geoquímicas na concentração de íons (precipitação ou dissolução de minerais)
na água subterrânea.
Para determinar se as mudanças observadas na água subterrânea podem ser
explicadas. (GAVASKAR et al, 2000).
50
2.6 - A TURFA E SEU USO EM BARREIRAS REATIVAS
2.6.1 - Definição e ocorrências no Brasil
A turfa trata-se de um sedimento orgânico recente, em geral de idade holocênica,
formada a partir da decomposição de matéria orgânica vegetal em ambiente anóxico,
úmido e ácido. Corresponde ao estágio inicial do processo de transformação natural de
restos de vegetais em carvão mineral (KYZIOL, 2002).
Sob o ponto de vista físico-químico, é um material poroso, altamente polar, com
elevada capacidade de adsorção, principalmente para metais de transição e moléculas
orgânicas polares (COUILLARD, 1994).
No Brasil, a turfa é um recurso mineral encontrado em todo o território
brasileiro. O Projeto Turfa realizado pela Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais
(CPRM) em 1980, localizou importantes reservas de turfa na faixa litorânea país.
No
litoral do Sudeste, destacam-se as turfeiras localizadas nas extensas planícies costeiras
dos estados de São Paulo, Espírito Santo e do Rio de Janeiro. Na região Nordeste, o
litoral dos estados do Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e
Bahia apresentam boas reservas. Nas regiões consideradas interiores, importantes
depósitos de turfa foram localizados no Vale do Paraíba do Sul (São Paulo - Rio de
Janeiro); no estado de Minas Gerais, no sudoeste baiano e nas vizinhanças do Distrito.
Segundo, o cadastro mineiro do Departamento Nacional de Produção Mineral
(DNPM) estão cadastradas 1.149 áreas para a produção de turfa no Brasil. O estado de
São Paulo possui o maior número de áreas (441) que corresponde a 38,38% do total de
áreas cadastradas no Brasil. A Região Sudeste é assim a maior detentora de áreas para
explotação de turfeiras, seguida pela Região Sul, com 32% das áreas cadastradas. As
outras regiões possuem um número de áreas que juntas somam 13% das áreas de todo o
território brasileiro.
51
1%
6%
6%
55%
32%
Norte
Nordeste
Centro-Oeste
Sudeste
Sul
Gráfico 1 : Porcentagem por região das áreas requeridas para turfa cadastradas
no DNPM (2007).
As áreas de turfa do estado de São Paulo produziam segundo dados de DNPM
(2000) cerca de 30 mil t/ano.
A maioria das áreas no estado de São Paulo se localiza no Vale do Ribeira,
região de Iguape, Registro e Vale do Paraíba. Nas reservas do Vale do Paraíba,
considerando a porção entre Jacareí, São José dos Campos, Taubaté e
Pindamonhangaba ocorrem um grande número de turfeiras geradas ao longo da planície
de inundação do Rio Paraíba do Sul. Segundo pesquisa realizada considerando a turfa
como um recurso energético, a CESP avaliou em 260 milhões de m
3
de turfa as reservas
encontradas nesta região, com um poder calorífico médio da ordem de 3.300 Kcal/kg de
turfa seca.
As principais turfeiras do estado de São Paulo são de idade holocênica e se
associam à regiões paludais costeiras e a várzeas de planícies de inundação (CABRAL
JR. et al, 2001).
No ambiente costeiro, as principais ocorrências estão relacionadas a áreas baixas
situadas entre os cordões arenosos da Formação Cananéia, concentrando-se na Planície
Iguape-Cananéia. Esta região concentra grande arte das áreas cadastradas no DNPM e
representa 100 milhões de toneladas de turfa. Estas turfeiras são capeadas por densa
vegetação arbórea da Mata Atlântica. Segundo CABRAL JR, et al (2001) estas turfeiras
situadas no litoral constituem estratos de turfa hêmica a sáprica, marrom-escura a preta,
com intercalações de material lenhoso menos decomposto e possuem espessura entre
0,5 a 2,5 metros de espessura, podendo alcançar 4 m em alguns pontos. O conteúdo
52
inorgânico (teor de cinzas) é geralmente inferior a 20%. No ambiente fluvial, a turfa
ocorre na planície de inundação dos Rios Paraíba do Sul, Mogi Guaçu e Jacaré-Pepira.
Estas turfeiras apresentam de 20 a 2000 de hectares e espessuras que variam de 1 a 3
metros de profundidade, chegando a 8 metros em depocentros de algumas bacias e
meandros abandonados. Estas turfas, em geral, são fibrosas a hêmicas, com teor de
cinza superior a 20%. Nas áreas situadas mais distantes dos rios, com inundações menos
freqüentes, como em alguns depósitos de São José dos Campos, o conteúdo de cinzas é
mais baixo (OLIVEIRA, 2002).
2.6.2 - Classificação das Turfas
Foram criadas inúmeras classificações para turfa, baseadas em características
topográficas e geomorfológicas, na vegetação de superfície, em propriedades químicas,
origem botânica, processo genético e características químicas. (FAO, 2007) As
classificações mais relevantes para a pesquisa em questão levam em consideração as
características físicas e químicas da turfa por enfocar sua potencialidade como material
adsorvente.
A primeira classificação física das turfas foi proposta por Van Post em 1938
(FUCHSMAN, 1980) que desenvolveu um método de campo para indicar estágios de
decomposição. As principais críticas feitas a esta classificação estão ligadas à
subjetividade imposta pela natureza do método e o grande número de categorias
advindas da metodologia.
Apesar de suas limitações é uma classificação ainda muito usada que considera
os estágios: fibroso, hêmico e sáprico. Estes tipos são definidos pela análise do
conteúdo e tamanho das fibras. (Tabela 10)
Fibras são definidas como fragmentos de planta, excluindo raízes vivas, com
dimensão suficiente para ficar retida na peneira de 100 mesh (abertura de 0,15 mm de
diâmetro). Estes materiais devem manter estruturas celulares reconhecíveis da planta
original (FAO, 2007).
Segundo procedimento proposto pela FAO, o peneiramento deve ser feito após
dispersão com hexametafosfato de sódio. Fragmentos maiores que 2 cm no perfil do
solo ou em suas dimensões menores são chamados de fibras, somente se eles são
decompostos o suficiente para serem esmagados e fatiados com os dedos. Isto exclui
pedaços de madeira maiores que 2 cm os quais são considerados como fragmentos
grosseiros comparáveis a cascalho em solos minerais.
53
Tab.10 - Características do material orgânico de acordo com o grau de decomposição
Fibrosa Hêmica Sáprica
Densidade volumétrica
úmida
<0,1 0,07-0,18 >0,2
Conteúdo de fibra 2/3 vol. antes da fricção
¾ % vol. depois da
fricção.
1/3 -2/3 % vol. antes da
fricção.
Conteúdo de saturação
em água como
porcentagem de
material seco à estufa.
850->3000
450- >850
<450
Cor Marrom amarelado
suave a marrom
avermelhado
Marrom acinzentado
escuro e marrom
avermelhado escuro
Verde muito escuro a
preto
Estrutura da turfa Esponjosa a fibrosa,
ocasionalmente
compacta
Fibrosa a torrões
amorfos, fibras finas
visíveis em húmus,
turfa quase elástica
depois da extração da
água. Grandes
fragmentos
remanescentes feitos
gravetos ou madeira,
esmagados entre os
dedos de uma massa
amorfa
Estruturas amorfas:
massa escura
homogênea,
esporadicamente
intercalada com plantas
remanescentes mais
grosseiras
Presença de húmus Nenhum ou pouco
húmus disperso em
massa escura saturada
Húmus fluindo com
água ou entre os dedos
e formando menos de
1/3 da massa da turfa.
Húmus fluindo entre os
dedos, compreendendo
ao menos metade da
turfa.
Conteúdo de água Grande quantidade de
água, escorre
facilmente apresentando
coloração quase clara
ou somente suavemente
marrom, podendo
conter partículas escuras
de húmus
Em locais secos a água
é suavemente colorida
por húmus e pode não
ser usada para
determinar o grau de
decomposição
Água não pode ser
extraída da turfa, ao
contrário da fração de
húmus
Adaptado de Okruszko, H., (1994).
54
2.6.3- Sorção
O termo sorção foi introduzido por J.W. McBain em 1909 para descrever a
transferência seletiva para a superfície e/ou interior de um sólido ou líquido. É um
termo usado quando acontece adsorção e absorção simultaneamente.
Segundo YONG et al. (1992) o termo também é usado quando não se consegue
distinguir inteiramente os mecanismos de adsorção física, química e precipitação.
Nestes casos, o termo indica um processo no qual o soluto (íons, moléculas e
compostos) é particionado entre a fase líquida e a interface da partícula do solo.
A absorção, apesar de ser um termo muito confundido com a adsorção, apresenta
um conceito físico-químico bem distinto. A absorção é um processo em que há
interpenetração de moléculas ou átomos de duas fases distintas.
Segundo ATKINS & DE PAULA (2002) a adsorção é a ligação de partículas a
uma determinada superfície. A substância adsorvida passa a se chama adsorvato e o
material sobre o qual ocorre a adsorção é o adsorvente. A adsorção pode ocorrer sobre
uma superfície ou na interface líquido-líquido, gás-líquido, gás-sólido ou líquido-sólido.
Este é o caso que ocorre nos aqüíferos e em sistemas de barreiras reativas de sorção.
A adsorção se divide em adsorção física e química:
a) Adsorção Física:
Ocorre devido à interação de natureza eletrostática entre as partículas
(adsorvato) e os átomos superficiais do sólido (adsorvente). Estas interações são
estabelecidas pelas forças de atração de Van der Waals (dispersão-repulsão) e interações
eletrostáticas, compreendendo polarização, dipolo e interações quadrupolo.
(RUTHEVEN, 1984). Estas interações têm um longo alcance, porém são fracas, sem
alterações dos orbitais atômicos ou moleculares das espécies em interação. A energia
produzida quando uma partícula é fisicamente adsorvida é da mesma ordem da entalpia
de condensação. Este tipo de adsorção é sempre exotérmico e reversível. O equilíbrio é
estabelecido rapidamente, a menos que ocorra a difusão através da estrutura porosa
(DROGUETT, 1983) (Fig.7).
55
Adsorção pela Transporte de
su
p
erfície sólida
p
oro
Microporo
Mesoporo
Figura 7: Representação esquemática de adsorção por sólidos porosos.
b) Adsorção Química ou Quimiosorção:
A quimiossorção corresponde a uma interação do tipo químico, na qual há um
reordenamento entre os elétrons de interação entre as moléculas e o sólido, enquanto os
orbitais respectivos mudam de modo similar a uma reação química. Nem sempre a
alteração eletrônica é completa nas interações químicas covalentes ou iônicas, pode
ocorrer somente uma modificação ou deformação parcial dos orbitais. A entalpia da
adsorção química é muito maior que a da adsorção física, com exceção de alguns casos,
a adsorção química é endotérmica e irreversível.
TABELA 11 : Comparação entre os Tipos de Processos de Adsorção
Adsorção Física
Fisiossorção
Adsorção Química
(Quimiossorção)
Baixo calor de adsorção (< 2 ou 3 vezes o
calor latente de evaporação
Alto calor de adsorção (> 2 ou 3 vezes o
calor latente de adsorção)
Não especifico Altamente específico
Monocamada de multicamadas Somente monocamada
Nenhuma dissociação de espécies
adsorvidas
Pode envolver dissociação
Significativa a baixas temperaturas Possível sobre uma larga gama de
variação de temperatura
Rápida, não-ativado, reversível. Pode ser lenta, ativada, irreversível.
Sem transferência de elétron, embora
possa ocorrer polarização.
Transferência de elétron para a formação
de ligação química entre adsorvato e
adsorvente
Fonte: (Rutheven,1984)
56
2.6.4– O Uso da Turfa como Material Adsorvente
A turfa tem sido largamente pesquisada para aplicação no tratamento de
efluentes DISSANAYAKE & WEERASOORIYA, (1981), PATTERSON et al. (2001),
SANTOS et al. (2001), GUSTAFSON et al.(2002), CLAUDINO (2003), (ALMEIDA et
al., 2004), devido à sua alta capacidade de adsorção. Também tem sido utilizada em
projetos de remediação de áreas degradadas (PETRONI, 2000) e para remediação de
locais contaminados por metais pesados (FRANCHI, 2004).
No Brasil, existem alguns estudos que consideram o potencial da turfa para
remediação de água de superfície e solo. (LAMIN t al., 2001)
A turfa também tem sido investigada como material adsortivo para BTEX.
Segundo estudos considerando 12 tipos diferentes de turfa, ELTAYEB et al (1998),
concluíram que o mecanismo de adsorção varia de um tipo para outro de turfa e
também em relação aos compostos do grupo BTEX que são mais bem adsorvidos.
COHEN et al. (1991) ressaltam que as turfas com maior teor de cinza tendem a
adsorver melhor os compostos do grupo BTEX.
Há autores que usaram a turfa em barreiras reativas para tratar água subterrânea
contaminada por creosoto (RASMUSSEN et al.,1997) e BTEX (MCGOVERN et al.,
2002).
57
3. CARACTERIZAÇÃO FÍSICA E QUÍMICA DA TURFA
3.1 - CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Neste trabalho foram caracterizados dois tipos de turfa. Uma oriunda de Mogi
das Guaçu (SP) de natureza fibrosa, em estado de decomposição incipiente e outra,
menos fibrosa, mais argilosa, em avançado estado de decomposição, coletada no
município de Resende (RJ) (Fotos 1a e 1 b).
A turfa proviniente do município paulista é explorada comercialmente in natura
pela empresa JR Fertilizantes de Jacareí-SP. Esta empresa não permitiu acesso à área da
turfeira para que fosse realizada uma descrição do contexto geológico da jazida. No
entanto, sabe-se que as turfeiras de Mogi Guaçu-SP estão relacionadas, geneticamente,
com processos sedimentares fluviais ligados à planície de inundação do rio homônimo
ao longo do período holocênico. (CABRAL JR, et al.,2001)
A turfa de Resende foi coletada a partir de um depósito encontrado às margens
de um canal no Bairro Cidade Alegria. O canal drena toda a região do bairro em questão
e deságua no Rio Paraíba do Sul (Foto 2).
O material coletado em Resende é um material argiloso que forma camadas
quase sempre contínuas com espessura média de 1m. As camadas mais superficiais são
mais ricas em matéria orgânica decomposta, enquanto as camadas mais profundas,
mostram-se pobres em restos vegetais.
O objetivo da caracterização física e química destas turfas se deve às seguintes
questões:
Relacionar as características físicas e químicas com a potencialidade do
material para adsorção de metais pesados e BTEX.
Avaliar a influência destas características na utilização da turfa como
reator de uma barreira permeável.
58
Foto 1 - Aspecto físico da turfa de Mogi Guaçu-SP (acima) e Resende-RJ (abaixo).
59
Foto 2 – Depósito de turfa - Bairro Cidade Alegria - Resende (RJ).
3. 2 - ANÁLISE TÁTIL-VISUAL DAS TURFAS (SEGUNDO
MÉTODO DE VAN POST)
As turfas foram analisadas, em relação a seu grau de humificação, segundo a
metodologia de Van Post (Tabela 12). Esta metodologia consiste em manter a turfa sob
pressão manual e observar as seguintes características:
Material que flui entre os dedos
Material que resta na mão
Coloração da água extraída
Estas observações são anotadas na tabela abaixo (Tabela 12) e assim pode-se classificar
o material turfoso. Segundo a metodologia apresentada, a turfa entre H1 e H3 é
considerada fibrosa, de H4 a H6, hêmica e de H7 a H10 é classificada como sáprica.
60
Tabela 12 – Metodologia de Caracterização de turfas de Van Post
Resta na mão Grau de
Humificação
Características Cor da
água que
flui entre os
dedos
Fração da
turfa que
flui entre os
dedos
Forma Estrutura
vegetal
H1 Sem
decomposição
Incolor
H2 Muito pouco
decomposta
Ligeiramente
castanha
H3 Fracamente
decomposta
Castanha fraca
Não tem
aspecto
gelatinoso
H4 Decomposta
fracamente
Muito castanha
Não passam
sólidos entre os
dedos
Estrutura
vegetal
nitidamente
reconhecível
H5 Decomposta Poucos sólidos
fluem
H6 Bem decomposta Passa 1/3 do
volume
Ainda poucos
restos vegetais
reconhecíveis
H7 Fortemente
decomposta
Passa metade
do volume
Apresenta
aspecto
gelatinoso
Restos vegetais
muito pouco
reconhecíveis
H8 Muito fortemente
decomposta
Passa 3/5 do
volume
H9 Quase
integralmente
decomposta
Passa quase
tudo
Ficam na mão resíduos de
fibras, raízes,etc.
H10 Completamente
decomposta
Líquido bem
escuro
Flui
integralmente
entre os dedos
Sobra muito pouco ou quase
nada nas mãos
OBS. Cor vermelha: turfa de Mogi Guaçu; Cor azul: turfa de Resende
Conforme esta metodologia a turfa de Mogi Guaçu(SP) foi classificada como H2 e a
turfa de Resende-RJ com o grau H8.
3.3 - PARÂMETROS FÍSICOS E QUÍMICOS
Além da caracterização tátil visual foram determinados os seguintes parâmetros
físicos, como: análise granulométrica, área superficial, volume e tamanho dos poros
densidade das turfas e parâmetros químicos como: pH, porcentagem de carbono
orgânico e matéria orgânica, teor de cinza e capacidade catiônica (CTC).
a) Análise Granulométrica
:
Também foram realizadas as análises granulométricas dos dois tipos de turfa
(Fig. 8 e 9 ) no Laboratório de Caracterização da Geotecnia da COPPE-UFRJ, segundo
a NBR 7181 da ABNT.
Em virtude das dificuldades encontradas com o processo de sedimentação dado a
natureza do material turfoso, não foi possível realizar a análise de silte e argila na turfa
de Mogi Guaçu.
61
Figura 8 – Curva granulométrica da turfa de Mogi Guaçu (SP).
Curva Granulométrica
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0,001 0,01 0,1 1 10 100
Diâmetro dos Grãos (mm)
Porcentagem que Passa
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Porcentagem Retida
PEDREGULHO
A
REI
A
ARGILA
SILTE
GROSSOMÉDIOFINO GROSSAMÉDIAFINA
ABNT
PENEIRAS:
200 100 60 40 2030 10 8 4 3/8 3/4 1 1 1/2
Bloco - 01
Phi
3
8
4201-1
Figura 9 – Curva granulométrica da turfa de Resende.
62
b) Análise de área superficial da turfa de Mogi das Cruzes e Rezende:
O fenômeno da adsorção está intrinsecamente ligado às forças de atração que
são as mesmas responsáveis pela tensão superficial. Na adsorção física predominam as
Forças de Van der Waals que estão relacionadas à tensão superficial. Como estas forças
são fracas, as moléculas adsorvidas por elas estão sujeitas a dessorção. Não existe um
método para medir diretamente a tensão superficial em sólidos, esta medida é feita
indiretamente com o auxilio das medidas de área superficial (RUTHEVEN, 1984)
Os ensaios para avaliação da área superficial foram realizados segundo os
métodos BET (Fig.10 e 13) BJH, HK, Método T e D, o volume de poros pelos métodos
BJH, HK, T, K e F e os tamanho dos poros pelos métodos BJH (Fig.13 e 14), HK
(Fig.12 e 15), R,A, K e F para as turfas de Mogi Guaçu e Resende. Estes ensaios foram
realizados no Laboratório de Engenharia Química da UFSC, em Florianópolis (SC),
com o auxílio do aparelho Autosorb AS1 Chemisorb da Marca Quantachrome
Instruments. Foi usado como adsorvato o nitrogênio gasoso.
Deve-se destacar que o modelo BJH trata-se de um modelo de sorção, em geral
usado para gases, sendo considerado o modelo de fisiosorção mais utilizado para
cálculos de distribuição de tamanho de mesoporos para faixa de aplicação entre 1-
400nm. Este modelo assume que todos os poros são de forma cilíndrica e fornece
distribuições de volume de poros e/ou área dos poros.
O modelo HK produz estimativas sobre as distribuições de tamanho de micro-
poros considerando-se interações eletroacústicas de atração e repulsão de moléculas
absorvidas entre si e átomos na superfície de poros tipo fenda. É muito utilizado para
caracterização de carvão ativado.
Os dados obtidos a partir destas análises são apresentados na Tabela 13.
63
Tabela 13 - Resultados dos ensaios de área superficial, volume e tamanho de poros das
turfas de Mogi Guaçu e Resende.
Dados de Área Superficial (m
2
/g) Turfa de Mogi Guaçu Turfa de Rezende
BET 1,618. 10
0
2,089.10
1
Área superficial 2,216.10
0
2,872.10
1
Área superficial de adsorção (BJH) 3,962.10
0
4,840. 10
1
Área superficial de dessorção (BJH) 1,670.10
0
2,354.10
1
Área superficial de adsorção(HK) 4,060.10
0
4,931.10
1
Área superficial de dessorção(HK) 1,756.10
0
2,426.10
1
Área superficial externa 1,618.10
0
2,089.10
1
Área superficial (microporo)-Método T 0,000.00 0,000.00
Área superficial (microporo)
Método DR
1,450.10
0
1,77.10
1
Dados de Volume de Poros (cc/g)
Volume de poro total com diâmetro menor
que 3694,4 Å
5,691. 10
-3
1,464.10
-1
Volume de poro de adsorção (BJH) 6,298.10
-3
1,540.10
-1
Volume de poro de dessorção(BJH) 5,674.10
-3
1,47110
-1
Volume de poro de adsorção (HK) 6,163.10
-3
1,50310
-1
Volume de poro de dessorção(HK) 5,579.10
-3
1,438 10
-1
Volume de microporo (método T) 0,000.00 0,00010
-1
Volume de microporo (método T) 5,152.10
-4
6,29610
-3
Volume de poro Método K 6,134.10
-4
7,93610
-3
Volume de poro Método F 6,313.10
-4
8,16610
-3
Dados de tamanho de poro (Å)
Média de diâmetro de poro 1,407.10
2
2,804.10
2
Diâmetro de poro de adsorção(BJH) 8,762.10
0
8,753.10
0
Diâmetro de poro de dessorção(BJH) 1,802.10
1
1,808.10
1
Diâmetro de poro de adsorção (HK) 8,762.10
0
1,042.10
1
Diâmetro de poro de dessorção(HK) 1,802.10
1
1,808.10
1
Largura de microporo (Método R) 8,944.10
1
8,912.10
1
Diâmetro de poro (Método A) 1,840.10
1
1,880.10
1
Diâmetro de poro (Método K) 7,725.10
0
8,125.10
0
Diâmetro de poro(Método F) 1,384.10
1
1,449.10
1
64
Figura 10- Isotermas de adsorção e dessorção de nitrogênio à 77K para a turfa de
Mogi Guaçu.
Figura 11- Distribuição do tamanho dos poros pelo método BJH para turfa de Mogi
Guaçu
65
Figura 12-Distribuição do tamanho de poros pelo método HK para turfa de Mogi
Guaçu.
Figura 13- Isotermas de adsorção e dessorção de nitrogênio à 77K para a turfa de
Resende.
66
Figura 14 - Distribuição do tamanho dos poros pelo método BJH para turfa de
Resende.
Figura 15 - Distribuição do tamanho dos poros pelo método HK para turfa de Resende.
67
Como as análises apresentadas acima, baseiam-se em tamanho de poros, vale
ressaltar que são considerados: microporos (abertura de 0 a 20 Å), mesoporos (20 a 500
Å) e macroporos (˂500Å). (STOECKLI, 1993)
Os dados de área superficial obtidos com o auxílio do método BET, são mais
confiáveis. Isto se deve ao fato do método ter sido desenvolvido com o objetivo de
relacionar valores obtidos a partir de isotermas de adsorção com a área específica de um
sólido. No entanto, deve-se observar que há coerência entre os valores de poros
encontrados pelo método BET e outros métodos. Entretanto os métodos T e DR são
específicos para microporos. (STOECKLI, 1993)
A turfa de Resende apresenta maior área superficial, em torno de 10 vezes maior
em relação à turfa de Mogi Guaçu. Observa-se que a primeira apresenta mais
microporos (17,7m2/g) em relação a segunda (1,45 m2/g). Estes valores são
confirmados pelo parâmetro volume de microporos avaliados pelo método T (Tab. 13)
Apesar de ser um volume muito pequeno, observa-se que a turfa de Resende
apresenta mais macroporos (0,1464 cc/g) em relação a turfa de Mogi Guaçu
(0,005691cc/g). Já em relação à média do diâmetro dos poros os valores são próximos
comparando as duas turfas para todos os métodos utilizados.
Ainda relação à característica de poros das turfas em questão, se nota que as
Figuras 10 e 13 mostram o efeito de histerese, observado quando a curva de adsorção
não coincide coma curva de dessorção devido a fenômenos capilares. Este tipo
específico de histerese encontrados neste ensaio representa a presença de mesoporos em
forma cônica ou de cunha (JUHOLA & WING, 1949).
As distribuições do tamanho dos poros pelo método BJH mostram que a maioria
dos poros da turfa de Mogi Guaçu está entre 7 e 100 Å, enquanto a distribuição da turfa
de Resende se situa entre 7 e 50 Å. As distribuições do microporos descritas pelo
Método HK são muito parecidas conforme pode se observar na curva do gráfico das
Figuras 12 e 15.
c) Densidade das turfas:
Para o cálculo da densidade foi utilizado o método do picnômetro que consiste
na pesagem inicial de um picnômetro com 1g de amostra de turfa na presença de
metanol e uma pesagem final deste sistema após cessar a variação do volume de
metanol que pode ser de até 5 dias. O cálculo da densidade foi realizado com auxílio da
fórmula:
68
()()
+++++
=
olme
MamostrafolMmeMamostraMpiciolMmeMamostraMpic
Mamostra
cmg
partícula
tan
tantan
/,
3
ρ
ρ
O valor da densidade resultou da média de duas amostras de cada tipo de turfa.
Os valores encontrados foram: 0,98 para turfa de Mogi Guaçu-SP e 0,91 para turfa de
Resende-RJ.
Provavelmente, a turfa de Resende é menos densa por apresentar maior teor de
argila.
d) pH:
O pH das turfas foi avaliado considerando duas metodologias. Uma em que
adição de cloreto de cálcio e outra com água. Os resultados são apresentados na Tabela
14.
e) Porcentagem de carbono orgânico (Koc)
A determinação da porcentagem de carbono foi feita por titulação do excesso de
solução de dicromato de potássio empregada na oxidação dos compostos orgânicos da
turfa, com solução de sulfato ferroso amoniacal. (Tab. 14)
f) Porcentagem de matéria orgânica (foc)
A porcentagem de matéria orgânica foi obtida multiplicando-se a porcentagem
de carbono orgânico por 1,725 (fator de Van Bemmlen). (PETRONI et al. 2000).
(Tab.14)
g) Teor de cinza
O teor de cinza foi determinado por análise gravimétrica, com queima da
amostra a 1100
o
C por 2 horas. O resultado é dado em relação ao peso seco da amostra
seca a 40
o
C (Tabela 14).
69
h) Análise de troca catiônica
A análise de capacidade de troca catiônica (CTC) foi feita segundo o método
adaptado pelo IPEN (USP) de GILLMAN (1979) que utiliza BaCl
2
como solução-
tampão (Tabela 14).
Tabela 14 : Caracterização Química das Turfas de Mogi Guaçu e Resende
Parâmetros
Analisados
Turfa de Mogi Guaçu Turfa de Resende
Densidade 0,98 0,91
pH (em CaCl
2
) 5,1 3,67
pH (em H
2
O) 4,35 4,36
Carbono Orgânico 43,7% 18,9%
Matéria Orgânica
(foc)
68,2% 32,5%
Cinzas
(1100
o
C/2h)
25,4% 42,5%
CTC (meq/100g) 71 67
Em relação aos parâmetros químicos acima deve se destacar que a turfa de Mogi
Guaçu apresenta maior teor de carbono orgânico e matéria orgânica tenderá a ter maior
capacidade de absorção tanto para metais pesados quanto para orgânicos (BTEX). Já os
valores de capacidade de troca catiônica são muito próximos.
i) Análise química das turfas:
Foram realizadas análises químicas nas amostras de Mogi Guaçu e Resende,
com rastreamento de 32 elementos químicos com auxílio da técnica do ICP, no
Laboratório Innolab, Rio de Janeiro (RJ). (Tabela 15)
70
Tabela 15- Análise Química através de ICP para Turfa de Mogi e Resende
Concentração dos Elementos em ppm. Elemento
Químico
Turfa de Mogi Turfa de Resende
Ag 12 <3
Al 1,1 >10
As <10 <10
Ba 79 106
Be <3 <3
Bi <20 <20
Ca 0,4 0,13
Cd <3 <3
Co <8 14
Cr 15 43
Cu 21 42
Fe 1,2 1,4
K 0,55 0,21
La <20 53
Li <3 20
Mg 0,26 0,07
Mn 0,02 <0,01
Mo <3 <3
Na 0,05 0,15
Ni 7 22
P 0,05 0,03
Pb <8 26
Sb <10 <10
Sc <5 14
Sn <20 <20
Sr 53 24
Ti 0,14 0,37
V 19 93
W <20 <20
Y 4 16
Zn 165 35
Zr 144 72
71
Nos ensaios de subseqüentes de equilíbrio em lote e coluna com solução
contaminante de cobre e cádmio foram utilizadas a turfas de Mogi Guaçu e Resende
para efeito comparativo.
Em relação aos ensaios com solução contaminante de gasolina foi escolhida
somente a turfa de Mogi Guaçu. Esta escolha foi baseada no critério ligado à facilidade
de manuseio. Observou-se que o material mais fibroso (Mogi Guaçu) mostra-se mais
fácil de ser manipulado. A turfa mais argilosa (Resende) e com pouca fibra, após a
secagem, forma pelotas argilosas altamente resistentes à trituração e assim dificulta sua
redução a uma granulometria adequada para os ensaios e também para uma possível
utilização no reator de uma barreira permeável.
3.4- ENSAIOS DE PERMEABILIDADE
Para os ensaios de permeabilidade foi utilizada somente a turfa de Mogi Guaçu
conforme os critérios supracitados.
O objetivo destes ensaios foi avaliar a permeabilidade da turfa e de algumas
misturas de material turfoso com areia para que se obter a razão Kreator/Kmeio˃ 10
necessária para o projeto de uma barreira reativa.
Também foi investigado o comportamento da turfa sem mistura e misturada com
50 e 20% de areia, em relação contínua a um período longo de percolação de água. Este
tipo de ensaio visa avaliar a possível perda de permeabilidade do material e determinar
suas causas como, colmatação, e segregação de finos.
a) Ensaios de Permeabilidade Tradicionais:
Foi realizado um ensaio preliminar para observar a permeabilidade da turfa in
natura, sem secagem e sem peneiramento. Este ensaio foi executado à carga variável
com permeâmetro de parede rígida em acrílico e conexões em aço inox (Foto 3). Entre o
cilindro e o corpo de prova foi utilizado bidim. Para o ensaio foi utilizado um
permeâmetro com 7,68 cm de diâmetro interno, com altura de 18,52 cm.
As medidas das cargas foram realizadas com auxílio de uma escala com precisão
de 1 mm. Neste caso, como a turfa mostrava-se muito heterogênea, o cilindro foi
preenchido com duas camadas de turfa. Cada camada continha aproximadamente 300g e
era nivelada com auxílio uma mão de pilão com ponta de louça, com aproximadamente
duas pancadas em 4 sentidos diferentes.
72
As medidas de carga foram feitas num intervalo de aproximadamente 60 s. A
permeabilidade encontrada para turfa foi de 6,5. 10
-4
cm/s.
Posteriormente,
foram realizados três ensaios de permeabilidade a carga
constante, com carga hidráulica de 164,5 cm., com as seguintes composições:
100% turfa in natura de Mogi Guaçu
50% de turfa e 50% de areia quartzosa #18/30
20% de turfa e 80% de areia quartzosa #18/30
Para estes ensaios a turfa foi submetida à secagem numa estufa de ventilação
forçada a 40
o
C e em seguida passada numa peneira de 2mm. O material acima desta
granulometria foi descartado.
O preenchimento do permeâmetro foi feito com três camadas de material com
aproximadamente 100g cada, compactadas por uma mão de pilão com ponta de louça.
Foto 3 - Aparato para Ensaio de Permeabilidade – Lab. Geotecnia-UFRJ.
73
Para o cálculo da permeabilidade foi utilizada a lei de Darcy:
K= V.L/A.t.h
Onde:
V= volume de água percolada num tempo t
L=altura do corpo de prova
A=área ocupada pelo corpo de prova
h = carga hidráulica.
O resultado dos ensaios é apresentado na tabela 16.
Tabela 16 – Ensaios de Permeabilidade para várias proporções areia/turfa
Proporção da Mistura
Areia/Turfa em peso
Valores de Permeabilidade
Encontrados
100% areia
1,3. 10
-2
cm/s.
6,5. 10
-4
cm/s.
100% turfa sem secagem e sem
peneiramento
100% turfa in natura com
secagem e corte de 2mm.
5,4. 10
-4
cm/s.
50% de areia/ 50% de turfa
2,2. 10
-3
cm/s
20% de areia/80% de turfa
2,0. 10
-3
cm/s
Os valores de permeabilidade apresentados para corpos de prova formados com
100% de turfa sem adição areia mostram-se baixos, considerando que a permeabilidade
média de um aqüífero é ˃ que 10
-3
cm/s. Os valores de permeabilidade para mistura de
50% de areia/50% turfa e 20% areia/80% turfa estão dentro da faixa de permeabilidade
média dos aqüíferos e não 10 vezes maior. De qualquer forma a adição de areia tende a
aumentar a permeabilidade do meio reativo constituído por turfa.
b) Ensaios com longo período de duração:
Após a execução dos ensaios tradicionais, os permeâmetros contendo o corpo de
prova com turfa in natura sem mistura e aqueles que apresentavam 50% e 20% de areia
em mistura coma turfa foram percolados continuamente, nas mesmas condições iniciais
74
do ensaio tradicional, por períodos de até 465 horas. Periodicamente, os volumes
percolados neste permeâmetros eram anotados (Tabela 17) e observados o aspectos
físicos do corpo de prova.
Em todos os corpos de prova observou-se a ocorrência de segregação de finos.
Em especial, no corpo de prova contendo 20% de areia /80% de turfa, que foi percolado
por período mais longo, constatou-se a formação de uma substância gelatinosa no tubo
de entrada do permeâmetro e no topo do corpo de prova, além da formação de uma
mancha amarelada por quase toda massa de turfa e a redução em 3 cm em relação a
altura inicial do corpo de prova.
Tabela 17 – Volumes percolados nos ensaios de permeabilidade de longa duração
Composição dos Corpos de Prova
100% turfa in natura 50% de areia/
50% de turfa
20% de areia/
80% de turfa
Tempo de
percolação
(hs)
Volume
Percolado
(cm
3
/min)
Tempo de
percolação
(hs)
Volume
Percolado
(cm
3
/min)
Tempo de
percolação
(hs)
Volume
percolado
(cm
3
/min)
24 50 48 170 24 126
65 40 96 110 48 92
72 38 240 48 72 68
75 40 264 42 96 52
87 40 288 34 264 20
96 41 408 20 456 12
O volume percolado de 50 cm
3
/min durante 24 hs corresponderia a 137 volumes
de vazios da amostra.
Se considerarmos, os respectivos tempos de percolação praticados nos ensaios
de longa duração, 96 hs, 408 hs e 456 hs para o cálculo da permeabilidade, observamos
uma forte diminuição da permeabilidade dos corpos de prova. O corpo de prova com
100% de turfa apresentaria, ao final do ensaio valor de permeabilidade de 9,3. 10
-7
cm/s,
enquanto que os corpos de prova com 50 e 20% de areia apresentariam respectivamente,
os valores de 1.10
-8
cm/s e 5,8. 10
-8
cm/s.
75
4. ENSAIOS DE EQUILÍBRIO EM LOTE
4.1- CONSIDERAÇÕES INICIAIS
O ensaio de equilíbrio em lote ou batelada é uma das etapas dos chamados
Ensaio de Viabilidade em projetos de Barreira Reativa. Neste estudo, foram executados
dois ensaios distintos. O primeiro usando solução contaminante sintética de cobre e
cádmio e o outro, com utilização de gasolina comercial brasileira. Em ambos os ensaios,
o objetivo era para avaliar a capacidade de adsorção pela turfa dos contaminantes em
questão.
A solução contaminante de cobre e cádmio foi conseguida a partir da dissolução
dos respectivos sais de sulfato de cádmio (CdSO
4
8/3H
2
O) P.A e sulfato cúprico
pentahidratado (CuSO
4
.5H
2
O) em água deionizada nas concentrações desejadas
segundo cada etapa do ensaio.
As análises químicas para cobre e cádmio foram realizadas no Laboratório de
Geotecnia da COPPE-UFRJ com auxílio de um aparelho de absorção atômica da marca
Varian.
O ensaio com metais pesados foi realizado segundo a norma EPA/530/SW-
87/006-F da Agência de Proteção Ambiental Americana (EPA), enquanto o ensaio com
gasolina (BTEX) seguiu as diretrizes do OECD TG 106 Determination of Soil
Adsorption/Desorption, using a Batch Equilibrium Method (2000).
76
4.2 - ENSAIO DE EQUILÍBRIO EM LOTE COM SOLUÇÃO
CONTAMINANTE DE COBRE E CÁDMIO:
O ensaio de equilíbrio em lote envolvendo os metais pesados cobre e cádmio foi
executado em três etapas:
a)
Seleção da proporção solo/solução
b)
Determinação do tempo de equilíbrio
c) Equilíbrio em lote propriamente dito.
a) Seleção da proporção solo/solução:
Para a escolha da melhor proporção solo/solução foi feita à correção da massa de
turfa a ser utilizada no ensaio. Tal correção foi feita através do cálculo da massa úmida
descontada da umidade higroscópica.
Para o cálculo da umidade higroscópica as amostras de turfa foram previamente
secas em estufa de ventilação forçada a 40
o
C. Utilizou-se para o ensaio a porção de
material passante na peneira de 2 mm.
Após a correção da massa de turfa a ser utilizada no ensaio, as amostras foram
devidamente pesadas. Neste ensaio foram usados frascos de polipropileno de 80 ml,
com o uso de 70% da sua capacidade (56 ml). Foram estabelecidas as seguintes
proporções de turfa/solução: 1:4, 1:10, 1:20, 1:50; 1:100; 1:200; 1:500 massa/ml.
Segundo orientações da EPA (1992) a proporção considerada ideal é aquela que
apresentar taxa de adsorção entre 10 e 30% de adsorção. Esta faixa de adsorção é
definida por dados empíricos.
No caso da turfa de Mogi Guaçu para a solução de cobre os valores ideais de
adsorção não foram atingidos, nem mesmo na proporção 1:500. Assim, optou-se por
testar o comportamento do material na proporção 1:600, atingindo a adsorção de
26,97% (Tabela 18). Quanto à turfa de Resende, a faixa de adsorção ideal em relação à
solução de cobre foi atingida na proporção 1:500. (Tabela 18)
Quanto às proporções definidas considerando a solução de cádmio, novamente a
turfa de Mogi Guaçu só atingiu valores de adsorção compatíveis com a orientação da
EPA (1992) em proporção abaixo de 1:500. Neste caso, o valor de adsorção mais
próximo do ideal foi atingido na proporção 1:700 com 38,25% (Tabela 19). A turfa de
Resende atingiu taxa de adsorção de 23,85% dentro da faixa exigida, com a proporção
77
de 1:500. (Tabela 19). Estas proporções citadas foram usadas para calcular o tempo de
equilíbrio.
Tabela 18 – Seleção da proporção turfa/solução contaminante de cobre
Turfa de Mogi Guaçu-SP Turfa de Resende-RJ
Proporção Sol. Inicial
(ppm)
Sol. Final
(ppm)
Adsorção (%) Sol.Inicial
(ppm)
Sol. Final
(ppm)
Adsorção(%)
1:4 101,2 0,54 99,47 101,2 0,85 99,20
1:10 101,2 0,78 99,23 101,2 2,36 97,67
1:20 101,2 1,21 98,80 101,2 6,9 93,18
1:50 101,2 2,52 97,51 101,2 28,6 71,74
1:100 101,2 9,88 90,24 101,2 53,9 46,74
1:200 101,2 27,1 73,22 101,2 68,4 32,41
1:500 101,2 63,5 37,25 101,2 82,4 18,58
1:600 101,2 73,9 26,97 101,2
1:700 101,2 79,5 19,45 101,2
Tabela 19 – Seleção da proporção turfa/solução contaminante de cádmio
Turfa de Mogi Guaçu-SP Turfa de Resende-RJ
Proporção Sol. Inicial
ppm
Sol. Final
(ppm)
Adsorção
(%)
Sol. Inicial
ppm
Sol. Final
(ppm)
Adsorção
(%)
1:4 117,4 5,21 95,56 117,4 5,27 95,51
1:10 117,4 5,36 95,43 117,4 10,5 91,06
1:20 117,4 5,89 94,98 117,4 24,2 79,39
1:50 117,4 9,07 92,27 117,4 44,4 62,18
1:100 117,4 27,9 76,24 117,4 60,7 48,30
1:200 117,4 43,0 63,37 117,4 75,6 35,60
1:500 117,4 68,0 42,08 117,4 89,4 23,85
1:600 117,4 72,4 38,33 117,4
1:700 117,4 72,5 38,25 117,4
78
Através dos valores observados nas tabelas 18 e 19, observa-se que a turfa de
Mogi Guaçu apresenta maior potencial de absorção em relação à turfa de Resende tanto
para contaminante cobre quanto o contaminante cádmio. Com menos massa de turfa
absorveu porcentagem maior dos contaminantes em questão.
b) Tempo de equilíbrio:
Para avaliação do tempo de equilíbrio colocou-se para agitação em frasco de 80
mL, um volume de 56 mL de solução contaminante e turfa na proporção definida
anteriormente. Foram escolhidos os tempos de 1h, 4hs, 8hs, 24 e 72 hs. Após o período
de agitação os frascos foram filtrados em papel-filtro de filtragem rápida e as amostras
que apresentaram maior turbidez foram filtradas a vácuo. Após a filtragem, foi realizada
as leituras das concentrações com auxílio do aparelho de absorção atômica.
O tempo de equilíbrio é definido como o mínimo tempo necessário para
estabelecer uma mudança na taxa de concentração da solução igual ou menor que 5%
para um intervalo de 24hs. (EPA, 1992).
Tabela 20 - Determinação do Tempo de Equilíbrio para solução de cobre
Mogi Resende
Tempo
(h)
Conc.
Sol.
Final
Conc.Sol.
Inicial
(ppm)
Conc. Sol.
Final
(ppm)
%
Adsorvida
Sol.Inicial
(ppm)
(ppm)
%
Adsorvida
1 97,5 70,2 27,3 101,2 86,3 14,9
4 97,5 69,7 27,8 101,2 82,5 18,7
8 97,5 68,9 28,6 101,2 80,9 20,3
24
97,5
68,6
28,9 101,2 77,0
24,2
48 97,5 66,3 31,2 101,2 74,8 26,4
72 97,5 66,0 31,5 101,2 73,4 27,8
79
Tabela 21– Determinação do Tempo de Equilíbrio para solução de cádmio
Tempo
(h)
Mogi Resende
Conc.sol.
Inicial
(ppm)
Conc.
sol. Final
(ppm)
%
Adsorvida
Conc.sol
Inicial
(ppm)
Conc.sol
Final
(ppm)
%
Adsorvida
1 100,5 73,8 26,7 117,4 89,4 23,6
4 100,5 70,8 29,7 117,4 86,1 3,69
8
100,5 70,7 29,8 117,4 83,9
2,56
24
100,5 73,7
26,8
117,4 85,9 -2,38
48 100,5 75,7 24,8 117,4 86,5 -0,70
72 100,5 76,1 24,4 117,4 87,0 -0,58
Em relação ao tempo de equilíbrio deve-se ressaltar que o tempo de equilíbrio
mínimo segundo a norma da (EPA, 1995) é de 24 horas. Este intervalo de tempo foi
observado no ensaio envolvendo a solução de cobre para ambas as turfas. No entanto,
para o cádmio o intervalo foi de 8 hs porque a partir deste tempo passou a ocorrer
valores negativos para porcentagem de adsorção, demonstrando a ocorrência de
dessorção. Este fenômeno já mostra que a natureza das ligações entre adsorvente e
adsorvato com fracas e a reversão da adsorção, neste caso, se dá num intervalo de tempo
muito curto (8hs).
c) Ensaio de equilíbrio em lote:
Definido o tempo de equilíbrio, foi realizado o ensaio de equilíbrio em lote
propriamente dito. Este consistiu em colocar sob agitação (Foto 4) durante o tempo de
equilíbrio pré-definido, concentrações diferentes de solução contaminante de cobre e
cádmio. Foram definidas oito concentrações diferentes, 1ppm, 5ppm,10ppm, 20ppm,
40ppm, 60ppm, 80 ppm e 100ppm. Após serem submetidas à agitação as amostras
foram devidamente filtradas e analisadas na adsorção atômica. Foi coletada uma
alíquota de cada amostra para ser analisada para os parâmetros, pH, condutividade
elétrica e Eh. O resultado das análises é apresentado nas tabelas abaixo. (Tabelas 22 e
23).
80
Foto 4 – Agitador usado no ensaio de equilíbrio em lote
Tabela 22 - Equilíbrio em lote com solução de cobre e parâmetros físico-químicos
Turfa de Mogi Turfa de Resende
Conc.
(ppm)
Conc.
Inicial
Conc
frasco
pH
CEE
(µS/cm)
Eh
(mV)
Conc.
Inicial
Conc
frasco
pH
CEE
(µS/cm)
Eh
(mV)
1 0,642 0,054 4,75 78,1 290 0,642 0,053 4,85 55,7 259
5 4,34 0,125 4,52 89,6 315 4,34 0,757 4,40 66,5 316
10 9,24 0,393 4,56 97,5 320 9,24 4,03 3,97 104 335
20 18,7 4,79 3,86 162 353 18,7 10,4 3,94 135 336
40 41,8 18,5 3,70 284 358 41,8 30,1 3,94 185 336
60 61,2 34,9 3,76 335 360 61,2 48,4 3,76 316 339
80 80,7 54,2 3,71 411 362 80,7 65,5 3,58 402 340
100 97,5 73,8 3,67 469 367 97,5 86,3 3,67 438 343
81
Tabela 23 - Equilíbrio em lote com solução de cádmio e parâmetros físico-químicos
Turfa de Mogi Turfa de Resende
Conc.
(ppm)
Conc.
Inicial
Conc.
Final
pH
CEE
(µS/cm)
Eh
(mV)
Conc.
Inicial
Conc.
Final
pH
CEE
(µS/cm)
Eh
(mV)
1 0,948 0,106 5,22 67,4 244 0,948 0,041 5,29 52,5 255
5 4,55 0,425 4,3 75,7 268 4,55 0,903 4,72 59,7 283
10 9,97 1,30 1,67 5.130 476 9,97 5,78 4,12 88,4 314
20 19,2 5,97 2,46 1272 488 19,2 11,1 4,25 93,2 315
40 39,4 23,0 4,49 148 303 39,4 28,7 4,12 140 324
60 60,3 38,1 4,46 178 311 60,3 46,8 4,18 166 328
80 80,1 57,8 4,44 266 314 80,1 61,5 4,21 254 328
100 99,7 75,3 4,22 307 328 99,7 86,6 4,00 303 331
Observa-se que tanto na Tabela 22 e 23 ocorre uma acidificação do meio à
medida que aumenta a concentração de contaminante. Concomitantemente se nota um
aumento nos valores de condutividade elétrica, mostrando maior concentração de íons
dissolvidos na água e também uma elevação dos valores de Eh, corroborando para
evidenciar a maior presença de íons no meio aquoso.
Os valores da Tabela 23 correspondentes as amostras com concentração de 10
ppm e 20 ppm para pH, CEE e Eh são anômalos e certamente, resultantes de erro
analítico.
A partir dos dados obtidos nas tabelas supracitadas, construíram-se as isotermas
de adsorção de Freundlich e Langmuir plotando-se a quantidade de cobre e cádmio
adsorvidos pelas turfas no eixo das ordenadas e a concentração na solução de equilíbrio,
nas abcissas. (linha escura). A cada isoterma está associada à equação da curva e uma
curva teórica traçada (em rosa) a partir dos dados de coeficiente linear e angulares
obtidos através das linearizações das isotermas. (Figuras 16a e b; 17a e b; 18a e b; 19a e
b; 20a e b, 21a e b, 22a e b, 23a e b)
Os coeficientes de determinação R
2
avaliam quão ajustados os dados estão a
determinada linha regressão (EPA, 1992) Assim, pode-se se definir se aos dados se
ajustaram melhor a isoterma Freundlich ou Langmuir.
82
Figura 16a e 16b – Isotermas de Freundlich e Langmuir para Turfa de Mogi
Guaçu com solução contaminante de cobre a 25
o
C. (linha escura: dados/linha rosa:
teórica)
Curva de Langmuir-Turfa de Mogi Guaçu
y = 2,0076Ln(x) + 6,3958
R
2
= 0,964
-1500
-1000
-500
0
500
020406080100
Concentração Cu no Equilibrio
Q-Cu adsorvido
Curva de Freundlich-Turfa de Mogi Guaçu
y = 3,3777x
0,4121
R
2
= 0,8078
0
5
10
15
20
25
0 20406080100
Concentração Cu no Equilibrio
Q-Cu adsorvido
83
Figuras 17a e 17b - Linearização das isotermas de Freundlich e Langmuir para
turfa de Mogi Guaçu com solução contaminante de cobre a 25
o
C.
Linearizão de Langmuir-Turfa de Mogi Guaçu
y = 0,1465x - 0,0333
R
2
= 0,9034
-0,5
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
0 5 10 15 20
Concentração Cu no Equilibrio
Q-Cu adsorvido
Linearização de Freundlich-Turfa de Mogi Guaçu
y = 0,4121x + 0,5286
R
2
= 0,8078
-1
-0,5
0
0,5
1
1,5
-1,5 -1 -0,5 0 0,5 1 1,5 2 2,5
Concentração Cu no Equilibrio
Q-Cu adsorvido
84
Curva de Langmuir-Turfa de Resende
y = 0,8733Ln(x) + 2,2392
R
2
= 0,894
-1
0
1
2
3
4
5
6
7
8
0 20 40 60 80 100
Concentração Cu no Equilibrio
Q-Cu adsorvido
Curva de Freundlich-Turfa de Resende
y = 1,2809x
0,4044
R
2
= 0,9426
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
0 204060801
Concentração Cu no Equilibrio
Q-Cu adsorvido
00
Figuras 18a e 18b – Isotermas de Freundlich e Langmuir para Turfa de Resende
com solução contaminante de cobre a 25
o
C. (linha escura: dados/linha rosa: teórica)
85
Linearização de Langmuir-Turfa de Resende
y = 0,1796x + 0,2300
R
2
= 0,9948
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
4
0 5 10 15 20
Concentração Cu no Equilibrio
Q-Cu adsorvido
Linearizão de Freundlich-Turfa de Resende
y = 0,4044x + 0,1075
R
2
= 0,9426
-0,8
-0,6
-0,4
-0,2
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
-1,5 -1 -0,5 0 0,5 1 1,5 2 2,5
Concentração Cu no Equilibrio
Q-Cu adsorvido
Figuras 19a e 19b – Isotermas de Freundlich e Langmuir para Turfa de Resende
com solução contaminante de cobre a 25
o
C.
86
Figuras 20a e 20b – Isotermas de Freundlich e Langmuir para Turfa de Mogi
Guaçu com solução contaminante de cádmio a 25
o
C. (linha escura: dados/linha rosa:
teórica)
Curva de Langmuir-Turfa de Mogi Guaçu
y = 2,4922Ln(x) + 5,421
R
2
= 0,9774
-5
0
5
10
15
20
25
0 204060801
Concentração Cd no Equilibrio
Q-Cd adsorvido
00
Curva de Freundlich-Turfa de Mogi Guaçu
y = 3,1152x
0,4425
R
2
= 0,8905
0
5
10
15
20
25
0204060801
Concentração Cd no Equilibrio
Q-Cd adsorvido
00
87
Linearizão de Langmuir-Turfa de Mogi Guaçu
y = 0,1719x + 0,0482
R
2
= 0,9934
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
1,4
1,6
1,8
02468
Concentração Cd no Equilibrio
Q-Cd adsorvido
10
Linearização de Freundlich-Turfa de Mogi Guaçu
y = 0,4425x + 0,4935
R
2
= 0,8905
-0,4
-0,2
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
1,4
1,6
-1,5 -1 -0,5 0 0,5 1 1,5 2 2,5
Concentração Cd no Equilibrio
Q-Cd adsorvido
Figuras 21a e 21b – Isotermas de Freundlich e Langmuir para Turfa de Mogi
Guaçu com solução contaminante de cádmio a 25
o
C.
88
Figuras 22a e 22b – Isotermas de Freundlich e Langmuir para Turfa de Resende
com solução contaminante de cádmio a 25
o
C. (linha escura: dados/linha rosa: teórica)
Curva de Langmuir-Turfa de Resende
y = 0,9447Ln(x) + 2,3131
R
2
= 0,7631
-2
0
2
4
6
8
10
0 204060801
Concentração Cd no Equilibrio
Q-Cd adsorvido
00
Curva de Freundlich-Turfa de Resende
y = 1,45x
0,3716
R
2
= 0,9581
0
2
4
6
8
10
0204060801
Concentração Cd no Equilibrio
Q-Cd adsorvido
00
89
Linearização de Langmuir-Turfa de Resende
y = 0,0857x + 0,2641
R
2
= 0,9611
0
0,5
1
1,5
2
2,5
0 5 10 15 20 25 30
Concentração Cd no Equilibrio
Q-Cd adsorvido
Linearizão de Freundlich-Turfa de Resende
y = 0,3716x + 0,1614
R
2
= 0,9581
-0,6
-0,4
-0,2
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
-2 -1,5 -1 -0,5 0 0,5 1 1,5 2 2,5
Concentração Cd no Equilibrio
Q-Cd adsorvido
Figuras 23a e 23b – Isotermas de Freundlich e Langmuir para Turfa de Resende
com solução contaminante de cádmio a 25
o
C.
90
As isotermas de Langmuir têm sido usadas em Agronomia para descrever,
principalmente, a adsorção do fósforo pelo solo. Uma das vantagens desta isoterma em
relação às outras é que por intermédio dela pode-se calcular a capacidade máxima de
adsorção de determinado elemento químico (CMA), a constante relacionada com a
energia de adsorção (EA) e fator de capacidade máxima (FCmáx.). Estes valores podem
ser relacionados com várias propriedades do solo. ( FALCÃO E SILVA, 2004)
Segundo a equação de Langmuir x/m é a quantidade de cobre e cádmio
adsorvida a turfa em mg, b é a CMA do solo em mg/g de Cu ou Cd na turfa; C é a
concentração de Cu ou Cd na solução de equilíbrio em mg/L e a é a constante
relacionada com a energia de adsorção da turfa em mg/L. Para o cálculo das constantes
a e b, a equação hiperbólica de Langmuir foi linearizada:
C/(x/m)=1/(ab) +(1/b)C
A CMA foi determinada pelo valor inverso da declividade da reta, a constante de
energia de adsorção (a) pela relação entre a declividade da reta e a intersecção da
mesma com o eixo das ordenadas e o Fator de Capacidade máxima (FCmáx.) pelo
produto entre a CMA e a energia de adsorção (EA). Os valores encontrados estão
relacionados na tabela abaixo. (Tab.24)
Tabela 24 – Valores de CMA, EA e FC máx
Turfa de Mogi
Guaçu
Turfa de Resende
Parâmetros
Calculados a partir da
Isoterma de
Langmuir linearizada
Cobre Cádmio Cobre Cádmio
CMA (mg/g)
6,8 5,82 5,57 11,67
EA(L/mg)
4,39 3,57 0,78 0,32
FCmáx.(mL/mg)
29,92 20,76 4,35 3,79
91
4.3 – A QUESTÃO DO USO DE SOLUÇÃO TAMPÃO NO ENSAIO
DE EQUILÍBRIO EM LOTE COM SOLUÇÃO CONTAMINANTE
DE COBRE E CÁDMIO.
A fenômeno da adsorção é muito susceptível à variação de pH. Neste estudo, os
ensaios anteriormente descritos foram realizados para simular uma situação natural, sem
controle de pH.
No entanto, como o pH das águas subterrâneas, pode variar de 5,5 a 8,5
(FEITOSA E MANOEL FILHO, 1997), seria importante elucidar a uma faixa de pH
ótima para adsorção da turfa.
Alguns estudos de adsorção em material turfoso (FRANCHI, 2004; QIN et al.,
2006) fizeram o controle de pH pela adição no sistema de um ácido e/ou base
correspondente ao sal utilizado na solução de ensaio. Como neste trabalho a solução foi
feita a partir de sais de sulfato, não se pode realizar o mesmo procedimento dos
trabalhos supracitados, dado que o ácido sulfúrico trata-se de um ácido forte,
inadequado ao tamponamento. Optou-se pelo uso de solução de acetato de cálcio que
apresenta pouca interferência no sistema e mantém o pH constante a 5,5.
a) Ensaio Prévio
Foi realizado um ensaio prévio somente com a turfa de Mogi Guaçu, com a
finalidade de testar se o sistema composto por solução de cobre e cádmio a 100 ppm na
presença da turfa se mantinha tamponado por acetato de cálcio.
Este ensaio inicial foi realizado em triplicata, com frascos de 80 ml contendo em
todos a proporção de 1:500 massa de turfa/solução tampão de acetato de cálcio com pH
de 5,5. Os frascos foram submetidos à agitação por 24 horas e de 2 em 2 horas era feita
a leitura do pH com auxílio do papel indicador. Ao final do ensaio foi medido o pH dos
frascos com auxílio do pHâmetro de bancada. As concentrações de cobre e cádmio
foram medidas com auxílio da absorção atômica. (Tabela. 25)
92
Tabela 25- Avaliação do tamponamento por acetato de cálcio em sistemas
turfa/soluções de Cu e Cd a 100 ppm.
COBRE CÁDMIO
AMOSTRA
Conc. (ppm) pH Conc. (ppm) pH
Sol. Inicial 87,1 5,40 106 5,40
1 80,6 5,38 107 5,39
2 79,8 5,39 108 5,39
3 80,2 5,39 107 5,39
Apesar de se verificar que o sistema se mantinha tamponado, observou-se que a
proporção 1:500 de relação massa de turfa/solução contaminante com tampão mostrou-
se insuficiente para que ocorresse adsorção, principalmente em relação a solução
contendo cádmio, mas também em relação à solução com cobre. Assim, foi realizado
um ensaio considerando diferentes proporções turfa/solução contaminante com tampão.
b) Ensaio para escolha da melhor proporção turfa/solução contaminante com
tampão
Foram utilizados os mesmos frascos de 80 mL que foram preenchidos com as
seguintes proporções de turfa/concentração de contaminante: 1:600, 1:500, 1:200, 1:
100, 1:50, 1:20, 1:10 e 1:4. A solução contaminante foi feita com a diluição dos
respectivos sais de sulfato de cobre e cádmio, em 1 litro de solução tampão de acetato
de amônia.
Os frascos foram agitados por 24 hs, e ao final deste tempo, o conteúdo foi
filtrado e uma alíquota de cada amostra foi coletada para ser analisada por Absorção
Atômica em Chama.
Por meio deste ensaio pode-se estabelecer que as proporções mais propícias para
realização do ensaio de equilíbrio em lote com tampão de acetato de amônia seriam
1:500 quando o contaminante fosse o cobre e 1:200 quando fosse solução contaminante
de cádmio. (Tabela 26)
93
Tabela 26 – Melhor proporção solução contaminante/turfa com solução tampão de
acetato de amônia.
Cobre
Cádmio
Conc.(ppm)
pH Conc.(ppm)
pH
Sol.Inicial 81,9 5,39 105 5,40
Proporção
turfa/solução
Conc.(mg/L)
%A
pH Conc.(mg/L)
%A
pH
1:600 - - - 99,8 5,0 5,40
1:500 72,2 11,8 5,39 97,5 7,1 5,40
1:200 57,0 30,4 5,39 91,8 12,6 5,40
1:100 42,8 47,7 5,39 102 2,9 5,40
1:50 21,9 73,3 5,39 96,5 8,1 5,39
1:20 8,28 89,9 5,36 82,1 21,8 5,36
1:10 3,16 96,1 5,34 70,0 33,3 5,36
1:4 1,83 97,8 5,26 56,2 46,5 5,30
O ensaio prévio mostra que a solução-tampão foi eficiente no meio. Observa-se
na Tabela 25 que não há variação de pH.
Com o meio tamponado, o ensaio mostra que a porcentagem de adsorção da
turfa de Mogi Guaçu relacionada ao contaminante cobre quase não se altera em relação
ao mesmo ensaio feito, anteriormente, sem tamponamento (vide Tabela 18). No entanto,
para o contaminante cádmio ocorre uma redução na porcentagem de contaminante
adsorvida. Isto ocorre, provavelmente devido à susceptibilidade do cádmio à influência
da solução-tampão.
Apesar da eficiência do uso da solução-tampão de acetato de amônia, o ensaio
não prosseguiu por falta de tempo hábil para sua execução.
Em relação à determinação dos valores de pH ideal para adsorção de cobre e
cádmio pela turfa, deve considerar também que estas faixas de pH foram definidas por
FRANCHI (2004) entre 2 a 6,5 para cobre, com a melhora da adsorção com aumento de
pH. A faixa de pH ótima para adsorção de cádmio pela turfa foi estabelecida entre 4 a 6
(FRANCHI, 2004). Estes dados são confirmados por QIN et al. (2006) para o qual a
faixa pH de 4 a 6 é considerada ótima para adsorção de cobre e cádmio mesmo quando
associados.
94
4.4 - ENSAIO DE EQUILÍBRIO EM LOTE COM GASOLINA
Para o ensaio de equilíbrio em lote com gasolina foi utilizada a Norma da
Comunidade Européia OECD TG 106 e observadas etapas semelhantes em relação ao
procedimento realizado no ensaio com cobre e cádmio. As etapas são descritas abaixo:
a) Escolha da melhor proporção turfa/solução contaminante:
A definição da melhor proporção foi realizada teoricamente, considerando um
procedimento contido na Norma que relaciona taxa de solo/solução e distribuição do
coeficiente para adsorção Kd. O valor de Kd foi calculado a partir do valor teórico de
Koc( coeficiente de adsorção de carbono orgânico normalizado) para cada componente
do grupo BTEX e a porcentagem de carbono orgânico (CO) presente na turfa de Mogi
Guaçu, com auxílio da fórmula:
Koc= Kd.100/%CO
Onde: Kd = foc.Koc e Koc= f(Kow)
Através da definição de Kd para benzeno, etilbenzeno, tolueno e xilenos, foi
estabelecida uma razão turfa/ solução contaminante (gasolina + água) entre 1/5, 1/25 e
1/50.
b) Definição do Tempo de Equilíbrio:
O tempo de equilíbrio foi definido com auxílio de um ensaio que consistiu em
colocar em contato uma fração de gasolina diluída em água durante determinado
período de tempo, até que atingisse o equilíbrio. As amostras não foram submetidas à
agitação ou centrifugação, privilegiando o processo de difusão.
Para este ensaio foram usados 11 frascos de vidro com capacidade para 95 ml,
com septo de silicone e teflon. Estes frascos foram previamente lavados com acetona e
água deionizada e submetidos em estufa a uma temperatura de 250
o
C para que fossem
completamente esterilizados. Nestes frascos foram adicionados 4 mL de gasolina e o
volume dos frascos foi completado com água deionizada, deixando um espaço vazio
(headspace) de cerca de 5% .
95
Conforme análise química realizada na gasolina utilizada no ensaio, esta
apresentava: 0,97 % de benzeno; 5,64% de tolueno; 1,39% de etilbenzeno; 5,49% de m,
p-xilenos; 2,4% de o-xileno e 24% de etanol.
Os frascos foram lacrados com tapa de rosca vedada com fita de teflon tanto na
parte interna quanto externa para evitar perda de massa por volatilização da gasolina. Os
frascos não foram agitados, nem centrifugados para que se pudesse compreender o
processo de transferência de massa para o meio aquoso mais próximo possível da
realidade em campo.
Foram coletadas amostras com volume de 20 mL no tempo zero e após 2 hs, 4hs,
8hs,12hs, 24 hs, 48 hs, 72 hs, 96 hs, 120 hs e 144 hs., com auxílio de uma seringa de
vidro com capacidade de volume de 60 ml com agulha de aço inox de 10 cm de
comprimento. As amostras eram então transferidas para frascos tipo headspace,
armazenadas sob refrigeração para serem, posteriormente enviadas para análise
cromatográfica para BTEX. As amostras foram analisadas por Cromatografia Gasosa,
segundo método US EPA 8021B pela Innolab do Brasil.(Tab.27)
As frações da amostra remanescentes nos frascos foram submetidas à análise de
pH e condutividade elétrica com auxílio de um pHâmetro e condutivímetro de bancada.
96
Tab. 27- Resultados do ensaio para determinação do tempo de equilíbrio em lote
com gasolina.
Tempo
(hs)
Frascos Benzeno
(ppm)
Tolueno
(ppm)
Etilbenzeno
(ppm)
Xilenos
(ppm)
pH CEE
(µS/cm)
H
2
O 5,84 4,91
0 FCB-01 6,70 7,08 0,84 5,15 5,83 6,41
2 FCB-02 6,78 6,85 0,68 4,14 5,64 3,79
4 FCB-03 8,70 9,96 1,47 9,06 5,81 3,14
8 FCB-04 9,43 9,98 0,87 5,36 5,88 5,11
12 FCB-05 5,15 6,32 0,69 4,49 5,25 11,41
24 FCB-06 16,50 17,51 2,69 15,17 5,78 3,31
48 FCB-07 13,57 12,35 0,93 5,76 5,78 4,48
72 FCB-08 15,80 14,98 1,12 7,15 3,01 478
96 FCB-09 14,80 15,49 1,64 10,11 4,30 23,2
120 FCB-10 12,02 14,44 1,15 7,43 5,16 5,11
144 FCB-11 14,86 15,82 1,19 7,79 5,69 4,48
O ensaio mostra um tempo de equilíbrio diferente para cada composto do grupo
BTEX. O benzeno atingi o equilíbrio em torno de 24 hs, assim como o tolueno. O
etilbenzeno em torno de 48 hs e em torno de 72 hs. Estes tempos estão em acordo com
medidas de tempos de equilíbrio realizadas em outros estudos como Corseuil &
Fernandes, (1999) e Ferreira (2000).
97
c) Ensaio de equilíbrio em lote propriamente dito:
Este ensaio consistiu em colocar em contato a turfa e gasolina diluída em água
deionizada em proporções variadas, em frascos de vidro âmbar de 95 ml e realizadas
amostragens do líquido residual em intervalos de tempo pré-determinados.
A turfa foi previamente seca em estufa com ventilação forçada a 40
o
C,
peneirada, sendo que se utilizou a fração granulométrica abaixo de 2mm. A gasolina
utilizada para o ensaio é a comercial brasileira devidamente armazenada no Laboratório
de Geotecnia. Trata-se da mesma gasolina utilizada no ensaio anterior.
Os frascos utilizados no ensaio foram previamente lavados com acetona e água
destilada e secos em estufa a 300
o
C. Foram considerados 4 tipos diferentes proporções
de turfa/gasolina em massa/volume. Nos frascos “A” e “B” foram utilizados 2 g de
turfa, sendo os frascos “A” menos concentrados (1 mL de gasolina diluída em 89 mL de
água deionizada) e os frascos “B” mais concentrados (10 mL de gasolina diluída em 80
mL de água deionizada). Nos frascos “C” e “D” foram utilizados com 8 g de turfa,
com frascos “C” menos concentrados (1mL de gasolina e 80 mL de água deionizada) e
os frascos “D” mais concentrados (10 mL de gasolina diluída em 70 mL de água
deionizada). (Tabela 28)
Após o preenchimento estes frascos foram devidamente lacrados com fita de
teflon e em posição invertida forma levados ao agitador. Foram submetidos à agitação
por 24 hs, tempo necessário para que o benzeno, tolueno, etilbenzeno e xilenos
atingissem o equilíbrio quando diluídos em água.
Recomenda-se que após a agitação os frascos, ainda invertido, sejam submetidos
à centrifugação. Em virtude das dificuldades encontradas com os equipamentos do
laboratório, não foi possível que as amostras fossem centrifugadas.
Terminado o processo de agitação os frascos foram dispostos na posição
invertida (Foto 5) e amostrados, no intervalo de 1h, 2hs, 4hs, 8hs, 12 hs e 24 hs,
respectivamente. Foi retirada uma alíquota de 20 mL para ser analisada por
cromatografia, com o auxílio de uma seringa de vidro de ml. Posteriormente, o líquido
residual de cada frasco foi analisado para pH, Eh e condutividade elétrica. Neste ensaio
foram usados 4 tipos de amostras com proporções diferentes de turfa/gasolina. Os
frascos tinham capacidade 95 mL foram confeccionados em vidro âmbar, com tampa
com septo de teflon.
98
Foto 5 – Disposição dos frascos para ensaio de Equilíbrio em Lote com gasolina
99
Tabela 28: Proporção solução contaminante de gasolina/turfa e amostragem do Ensaio
de Equilíbrio em Lote
Amostras
Frascos
(Duplicata)
Proporção
turfa/gasolina diluída em
H
2
O em (massa/vol.)
1h 2hs 4hs 8hs 12hs 24hs
A A1 A2 A3 A4 A5 A6
A’
2g/1ml em 89 mL de H
2
O
A’1 A’2 A’3 A’4 A’5 A’6
A’’(Branco) 1ml em 89 mL de H
2
O A’’1 A’’2 A’’3 A’’4 A’’5 A’’6
B B1 B2 B3 B4 B5 B6
B’
2g/10 ml em 89 mL de H
2
O
B’1 B’2 B’3 B’4 B’5 B’6
B’’(Branco) 10 ml em 89 mL de H
2
O B’’ B’’ B’’ B’’ B’’ B’’
C C1 C2 C3 C4 C5 C6
C’
10g/1ml em 80 mL de H
2
O
C’1 C’2 C’3 C’4 C’5 C’6
C’’(Branco) 10g/1ml em 80 mL de H
2
O C’’1 C’’2 C’’3 C’’4 C’’5 C’’6
D D1 D2 D3 D4 D5 D6
D’
10g/10ml em 70 mL de H
2
O
D’1 D’2 D’3 D’4 D’5 D’6
D’’(Branco) 10ml em 70 mL de H
2
O D’’1 D’’2 D’’3 D’’4 D’’5 D’’6
A coleta das amostras se mostrou difícil, em virtude de problemas como
entupimento da agulha da seringa devido à presença de turfa nos frascos, quebra de
agulha nos septos de teflon e borbulhamento nos frascos. Com isso muitas amostras
coletadas dos frascos C e D não puderam ser analisadas, porque além das dificuldades já
citadas apresentavam especialmente, grande volume de gasolina nos frascos. O
resultado das análises para BTEX são apresentados nas tabelas 29, 30, 31 e 32.
100
Tabela 29 - Resultados de BTEX dos frascos “A”
(Mistura dos Frascos “A”: 1ml de gasolina,89 ml de água e 2g de turfa)
Compostos 1h 2hs 4hs 8hs 12hs 24hs
A1 A2 A3 A4 A5 A6
Benzeno
6504 4985 6772 6493
5452
5418
Tolueno
9084 9327 9315 9325
9687
8734
Etilbenzeno
1526 1619 1536 1540 1647 1641
m.p xilenos
5555 5784 5542 5525 5763 5795
o-xileno
2476 2615 2524 2517 2607 2622
A’1 A’2 A’3 A’4 A’5 A’6
Benzeno
12067 4742 3926 9488 10004 11836
Tolueno
15548 6291 5412 11777 12397 15875
Etilbenzeno
1726 633 510 1073 1062 1950
m.p xilenos
6721 2505 2070 4274 4239 7485
o-xileno
2941 1070 894 1894 1900 3312
A’’1 A’’2 A’’3 A’’4 A’’5 A’’6
Benzeno
12798 9583 6985 6422 5391 5579
Tolueno
18982 12636 9204 9498 9932 9764
Etilbenzeno
4016 1206 1834 1663 1744 1650
m.p xilenos
13977 4803 6399 5956 6194 5839
o-xileno
6343 2102 2922 2712 2862 2650
101
Tab 30 - Resultados de BTEX dos frascos “B”
(Mistura dos Frascos “B”: 10 ml de gasolina,80 ml de água e 2g de turfa)
Compostos 1h 2hs 4hs 8hs 12hs 24hs
B1 B2 B3 B4 B5 B6
Benzeno 13037 4448 6845 8051 8702 7509
Tolueno 14407 4430 8796 9607 9482 8826
Etilbenzeno
1502 325 1610 1535 1986 1156
m.p xilenos
6025 1266 5818 5527 6961 4257
o-xileno
2575 555 2618 2332 3152 1878
B’1 B’2 B’3 B’4 B’5 B’6
Benzeno
13148 12556 12880 6705 7601 7654
Tolueno
14085 14008 13110 8196 9039 9021
Etilbenzeno
1361 1401 1148 1162 1284 1375
m.p xilenos
5463 5734 4587 4371 4687 5008
o-xileno
2398 2510 2028 1876 1979 2155
B’’1 B’’2 B’’3 B’’4 B’’5 B’’6
Benzeno
15252 12764 13018 5140 8557 7523
Tolueno
16391 13522 1398 9514 9139 8548
Etilbenzeno
1734 1226 1370 1369 1627 1029
m.p xilenos
6788 4840 5492 4947 5817 3850
o-xileno
3029 2125 2420 2142 2683 1653
102
Tab. 31- Resultados de BTEX dos frascos “C”
(Mistura dos Frascos “C”: 1ml de gasolina, 80 ml de água e 8g de turfa)
Compostos 1h 2hs 4hs 8hs 12hs 24hs
C1 C2 C3 C4 C5 C6
Benzeno *
5697 6621 5871 7141 5902
Tolueno *
8214 9250 7809 8837 7531
Etilbenzeno *
910 1103 771 952 756
m.p xilenos *
3492 4104 2870 3572 2933
o-xileno *
1582 1828 1355 1592 1406
C’1
C’2 C’3 C’4 C’5 C’6
Benzeno *
6314 4956 4231 6017 6407
Tolueno *
8750 6293 6139 7667 8204
Etilbenzeno *
965 605 612 782 937
m.p xilenos *
3691 2257 2368 2994 3530
o-xileno *
1671 1038 1177 1384 1480
C’’1
C’’2 C’’3 C’’4 C’’5 C’’6
Benzeno * * * * *
7406
Tolueno * * * * *
9336
Etilbenzeno * * * * *
1005
m.p xilenos * * * * *
3729
o-xileno * * * * *
1717
103
Tab. 32 - Resultados de BTEX dos frascos “D”
(Mistura dos Frascos “D”: 10 ml de gasolina, 70 ml de água e 8g de turfa)
Compostos 1h 2hs 4hs 8hs 12hs 24hs
D1 D2 D3 D4 D5 D6
Benzeno * *
7115 7002 10901 10395
Tolueno * *
7823 7536 12137 11171
Etilbenzeno * *
812 754 1717 1833
m.p xilenos * *
3000 2798 5948 6614
o-xileno * *
1386 1329 2628 2935
D’1 D’2 D’3 D’4 D’5 D’6
Benzeno *
9830 8872 10678
*
11154
Tolueno *
11447 10544 11718
*
12507
Etilbenzeno *
1503 1345 1541
*
1926
m.p xilenos *
5470 4930 5396
*
6884
o-xileno *
2488 2311 2442
*
3088
D’’1 D’’2 D’’3 D’’4 D’’5 D’’6
Benzeno * * * * *
11565
Tolueno * * * * *
11837
Etilbenzeno * * * * *
2262
m.p xilenos * * * * *
7802
o-xileno * * *
3222
* *
* - frascos eliminados devido a problemas na coleta de amostra.
104
d) Ação do etanol sobre a turfa:
Os resultados do ensaio de equilíbrio em lote se mostraram díspares. Isto ocorreu
devido a problemas supracitados com a coleta de amostras e também, em razão do
longo período transcorrido até para que as amostras fossem analisadas, visto que foi
utilizado um laboratório comercial. Apesar dos resultados não se mostrarem úteis para
confecção de isotermas de adsorção e conseqüente avaliação da capacidade de adsorção
dos BTEX pela turfa, pode-se observar em algumas amostras um aumento na
concentração de benzeno na água.
A partir desta observação, aventou-se a possibilidade de fenômeno estar
relacionado com a interação etanol/turfa (Mogi Guaçu). Para certificar-se de tal
fenômeno, foi realizado em ensaio no qual foram utilizados frascos de 95 ml. Estes
frascos foram preenchidos em duplicata com turfa e água e com turfa e 25% de etanol.
Os frascos contendo turfa e água foram preenchidos com 70 mL de água deionizada e
10g de turfa e os frascos com etanol foram preenchidos com uma mistura de água e
etanol a 25%, com 17,5 % de etanol em 70 mL de água deionizada. Os frascos foram
submetidos à agitação por 12 horas e se coletou alíquotas de 20 mL para serem
analisadas para BTEX.
Nas amostras com água não houve detecção de nenhum componente do grupo
BTEX. Em contrapartida, nas amostras contendo etanol houve, em uma delas, liberação
de benzeno (12µg/L) mais de 2 vezes superior aos valores orientadores definidos pelo
Padrão de Potabilidade que é de 5 µg/L (Portaria n.518, Ministério da Saúde) Os outros
componentes tolueno, etilbenzeno e m,p xile
nos e orto-xilenos foram liberados em
concentrações abaixo dos valores orientadores.(Tabela 33)
105
Tabela 33– Componentes liberados a partir da turfa de Mogi Guaçu na presença do
etanol a 25%
Parâmetro Turfa com
solução a
25% de
etanol)- 1
(µg/l)
Turfa com
solução a
25% de
etanol) -2
(µg/l)
Turfa e
água
(µg/l)-1
Turfa e
água
(µg/l)-2
Branco Limite
de
Detecção
(µg/l)
Benzeno nd 12 nd nd nd 1
Tolueno 15 12 nd nd nd 1
Etilbenzeno 8 6 nd nd nd 1
m,p xilenos 10 8 nd nd nd 1
o-xileno 4 3 nd nd nd 1
À luz destes dados foram realizados novos ensaios para verificar se este
fenômeno era comum a outros tipos de turfa. Foram testadas a turfa de Mogi Guaçu, a
turfa de Resende e uma turfa comercial canadense. As duas primeiras turfas foram secas
em ventilação forçada a 40º C e posteriormente peneiradas, utilizado somente o material
abaixo de 2mm. A turfa canadense não foi submetida a nenhum processamento. Para o
ensaio foram utilizados frascos de 95 ml, em duplicata. Como a turfa de Mogi Guaçu já
havia sido analisada, somente uma amostra foi utilizada nesta etapa. A turfa canadense é
menos densa em relação às outras. Assim, os frascos contendo este material foi
preenchido com 5 g de turfa e adicionados 80 mL de solução de água deionizada e 25%
de etanol. Os frascos com turfa de Resende e Mogi Guaçu foram preenchidos com 10 g
de material e 80 mL de solução de água deionizada com 25% de etanol. Observou-se
que ao se acrescentar a solução de água deionizada com etanol a turfa ocorre uma
reação exotérmica. Os frascos foram submetidos à agitação por 12hs e coletadas
alíquotas de 20 mL para serem analisadas para BTEX.
Observou-se que todas as turfas liberam benzeno acima do padrão de
potabilidade de 5
µg/l (Portaria n.518 - Ministério da Saúde) (Tabela 34).
106
Tabela 34 – Parâmetros liberados pelas turfas de Mogi Guaçu, Resende e Comercial
Canadense na presença de etanol a 25%.
Parâmetro ResendeRJ
(µg/l)-1
Resende-
RJ
(µg/l)-2
Canadense
(µg/l)-1
Canadense
(µg/l)-2
Mogi
Guaçu-
SP
(µg/l)
Branco LD
(µg/l)
Benzeno 15 14 14 13 14 nd 1
Tolueno 60 55 52 50 51 nd 1
Etilbenzeno 17 18 12 12 14 nd 1
m,p-xilenos 56 57 38 37 43 nd 1
o-xileno 19 20 13 12 15 nd 1
LD –Limite de Detecção
107
5. ENSAIO DE COLUNA COM OS CONTAMINANTES
COBRE E CÁDMIO E BTEX.
O ensaio de coluna é muito utilizado em Geotecnia Ambiental para estudos de
transporte de contaminantes em meios porosos. Também é utilizado em outros campos
da Engenharia que estudam o transporte contínuo de partículas sólidas envolvendo
processos em estado estacionário. Tais situações se aplicam a projetos de reatores na
indústria química, farmacêutica, entre outras, para processos envolvendo adsorção para
remoção de cor, odor e na purificação de águas, óleos vegetais e minerais e efluentes.
Trata-se um ensaio simples, de fácil amostragem, e propicia o contato efetivo entre
catalítico e reagente, além de baixo custo e fácil construção. (FOGLER, 1992).
Neste estudo utilizou-se uma coluna em acrílico com altura de 47 cm e 4 cm de
diâmetro interno (Foto 6). A coluna foi preenchida na base com pérolas de vidro e sobre
elas uma camada de esferas de vidro de 2,5 cm de espessura, uma camada de turfa com
33,5 cm de espessura e uma camada de pérolas de vidro de 10,5 cm de espessura. (Foto
6). O corpo de prova foi moldado com o auxílio de um funil e compactado quando
atingiu a altura 20 cm, com auxílio de um nivelador para que os materiais se
espalhassem uniformemente pela coluna. O cálculo da porosidade de 0,6 foi feito por
gravimetria,
A solução contaminante foi armazenada num reservatório de 50 L e percolada
através da coluna com auxílio de uma bomba peristáltica com uma vazão de saída de 25
mL/min.
A princípio, a turfa foi percolada por água deionizada para que se
caracterizassem as substâncias liberadas no contato da turfa com o meio aquoso. Foram
coletadas amostras para serem analisadas para Al, Ca, Cd, Cu, Fe, K, Mg, Na, Zn,
carbonato, nitrato, fosfato, sulfato e sulfeto, DQO, DBO, OD, COT (Carbono Orgânico
Total), turbidez, pH, Eh, condutividade elétrica (CEE) e turbidez (Tabela 35).
108
Tabela 35– Análise Química do percolado através da coluna composta pela turfa
de Mogi Guaçu e Resende.
Parâmetros Químicos Concentração no percolado
da turfa de Mogi Guaçu
(ppm)
Concentração no percolado
da turfa de Resende (ppm)
Al (ppm 0,46 1,23
Ca (ppm) 44,37 21,3
Cd(ppm) 0,132 0,026
Cu(ppm) 0,054 0,052
Fe(ppm) 0,76 1,06
K(ppm) 91,17 10,36
Mg(ppm) 37,10 5,85
Na(ppm) 32,1 11,1
Zn(ppm) 0,271 0,028
Carbonatos(ppm) 39 6
Fosfato(ppm) 0,14 0,10
Nitrato(ppm) 18,99 3,467
Sulfato(ppm) nd 104
Sulfeto(ppm) nd nd
DQO (ppm) 502,0 77,0
DBO ((ppm) 78,2 13,7
OD ((ppm) 5,3 6,5
COT ((ppm) 144 40
pH 4,65 4,41
Eh (mV) 226 269
CEE (µS/cm) 1508 367
Turbidez (FTU) 0,33 0,57
109
Foto 6 – Aparato utilizado no Ensaio de Coluna.
Deve-se ressaltar que antes da percolação da coluna com os contaminantes, as
turfas foram percoladas por água deionizada e o efluente resultante deste processo foi
analisado, a fim de caracterizar as fases solúveis presentes na turfa. Pode-se observar
que a turfa de Mogi Guaçu liberou Ca, K, Mg e Na, além de carbonatos e nitratos. A
dissolução destes elementos a partir da turfa é confirmada pelo elevado valor de
condutividade elétrica (1508μS/cm). Esta lixiviação, em parte, favorece a liberação dos
sítios de adsorção e podem influenciar num melhor desempenho no processo de
adsorção de cobre e cádmio. Também se deve destacar a elevada DQO (502,0 mg/L)
liberada pelo percolado da turfa de Mogi Guaçu.
A turfa de Resende liberou também Ca, K, Mg e Na em concentrações inferiores
às observadas na turfa de Mogi. Ressalta-se a alta concentração de sulfato solúvel
presente nesta turfa (104 ppm).
110
5.1 - ENSAIO DE COLUNA COM PERCOLAÇÃO DE SOLUÇÃO
CONTAMINANTE DE COBRE
Neste ensaio foi utilizada solução contaminante idêntica à utilizada no ensaio de
equilíbrio em lote com concentração de 100 ppm de cobre. A turfa foi previamente seca
em estufa com ventilação forçada a 40
o
C e foi utilizado para o ensaio somente o
material passante na peneira de 2mm. Após a montagem da coluna, esta foi percolada
com água deionizada por 1,5 hs. Após a saturação da coluna com água deionizada,
iniciou-se a percolação com a solução contaminante. A percolação durou o tempo
necessário para que se atingisse a saturação da turfa em cobre.
Foram coletadas amostras do efluente da coluna com intervalos de 0,5 h nas
primeiras 4 hs, seguidos de intervalo de 1h. Após 8 horas de ensaio e intervalos de 2hs
até o final do ensaio. Os valores de concentração de cobre nos efluentes de percolação
das colunas confeccionadas com a turfa de Mogi Guaçu e Resende podem ser
observados, na Tabela 36 e 37, respectivamente.
111
Tabela 36 – Sorção de Cobre-Turfa de Mogi Guaçu
AMOSTRA CONC.
(ppm)
Eh(mV) pH CEE(uS)
Sol.Inicial 1 95,7 332 5,00 381
0,5 h <L.D. - - -
1,0 h <L.D. - - -
1,5 h <L.D. - - -
2,0 h <L.D. - - -
2,5 h <L.D. - - -
3,0 h <L.D. 232 5,53 444
3,5 h <L.D. - - -
4,0 h <L.D. - - -
5,0 h <L.D. - - -
6,0 h <L.D. 265 5,54 400
7,0 h <L.D. - - -
8,0 h <L.D. - - -
10 h <L.D. - - -
12 h <L.D. - - -
14 h <L.D. - - -
16 h <L.D. 293 5,38 405
18 h 8,6 370 4,53 436
20 h 19,5 374 4,14 437
22 h 27,0 380 3,99 432
24 h 35,4 392 3,92 434
26,5 h 42,2 - - -
28 h 75,6 - - -
30 h 116 - - -
32 h 93,8 - - -
34 h 92,4 - - -
36 h 90,2 408 3,51 523
L.D. : limite de detecção
CEE : condutividade (uS/cm)
112
Tabela 37 – Sorção de cobre –Turfa de Resende
AMOSTRA CONC.
(ppm)
Eh(mV) pH CEE(uS)
Sol.Inicial 1 98,4 308 5,58 446
0,5 h 0,05 180 4,95 107
1,0 h 0,06 - - -
2,0 h 0,06 292 4,18 414
3,0 h 0,05 - - -
4,0 h 0,04 - - -
5,0 h 0,04 290 4,51 433
6,0 h 0,04 - - -
7,0 h 0,04 - - -
8,0 h 0,03 296 4,38 441
10 h 0,10 301 4,18 452
12 h 1,99 309 3,96 477
14 h 5,61 314 3,80 505
16 h 10,5 322 3,69 537
18 h 20,3 341 3,06 528
20 h 29,0 341 3,35 550
22 h 49,5 332 3,56 561
24 h 49,5 - - -
26 h 54,5 334 3,57 565
28 h 56,3 - - -
30 h 56,1 - - -
31 h 55,6 - - -
32 h 56,8 - - -
33 h 56,5 - - -
34 h 58,4 332 3,78 546
36 h 60,3 335 3,78 561
38 h 60,6 - - -
40 h 61,6 - - -
42 h 63,0 333 3,83 555
44 h 65,6 - - -
46 h 70,9 332 3,84 556
48 h 69,1 - - -
50 h 68,0 335 3,85 557
52 h 69,8 - - -
55 h 69,9 - - -
56 h 69,2 337 3,85 559
58 h 67,9 - - -
60 h 67,9 341 3,88 556
62 h 69,4 - - -
64 h 69,5 - - -
66 h 70,1 338 3,90 551
A partir destes valores apresentados foram confeccionadas curvas de passagem,
representadas pela plotagem do tempo em horas pela concentração relativa do cobre
encontrada no efluente (Figura 24 e 25).
113
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
0 5 10 15 20 25 30 35 40
Tempo (hs)
1-C/Co
Fig. 24 -Curva de passagem da percolação de cobre em coluna composta por turfa de
Mogi Guaçu.
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
0 10203040506070
Tempo (hs)
1-C/Co
Fig. 25- Curva de passagem da percolação de cobre em coluna composta por turfa de
Resende.
A área sob a curva de passagem representa a capacidade de adsorção da coluna
(Qe). Desta forma, foi calculada a integral de cada curva, com o auxílio do programa
Origin, para que fosse encontrado o valor de Qrem (Capacidade de remoção da coluna)
(Tabela 38).
114
Tabela 38 – Parâmetro de Desempenho da Coluna
Parâmetros de
adsorção em coluna
para contaminante
cobre
Turfa de Mogi
Guaçu
Turfa de
Resende
Qrem 9,3mg/g 9,4mg/g
5.2 - ENSAIO DE COLUNA COM PERCOLAÇÃO DE SOLUÇÃO
CONTAMINANTE DE CÁDMIO
O ensaio de coluna com percolação do contaminante de cádmio foi idêntico ao
ensaio descrito acima. As condições de preenchimento e hidráulicas da coluna tamm
foram similares. A massa de turfa para preenchimento da coluna foi de 384g e a
velocidade de saída do efluente na coluna era de 28 mL/min.
115
Tabela 39- Sorção de Cádmio -Turfa de Mogi
AMOSTRA CONC.
(ppm)
Eh(mV) pH CEE(uS)
Sol.Inicial 1 103,6 258 4,34 182
0,5 h <L.D. 232 5,56 101
1,0 h <L.D. 248 5,53 467
1,5 h <L.D. - - -
2,0 h <L.D. 239 5,45 446
2,5 h <L.D. - - -
3,0 h <L.D. - - -
3,5 h <L.D. - - -
4,0 h <L.D. 270 5,32 355
5,0 h <L.D. - - -
6,0 h <L.D. 267 5,28 332
7,0 h <L.D. - - -
8,0 h <L.D. 270 4,84 329
10 h <L.D. 276 4,80 324
12 h <L.D. - - -
14 h <L.D. - - -
16 h <L.D. - - -
19 h <L.D. 296 4,71 186
20 h 3,69 226 6,12 185
24 h 8,71 - - -
26 h 16,7 250 6,10 182
28 h 23,1 - - -
30 h 29,4 287 4,84 187
32 h 35,5 - - -
34 h 40,0 322 4,85 189
36 h 47,7 - - -
38 h 54,6 334 4,73 190
40 h 59,9 - - -
42 h 66,9 344 4,68 192
44 h 73,4 - - -
50 h 78,3 355 4,54 194
52 h 84,3 361 4,53 195
63 h 93,7 - - -
66 h 93,3 362 4,51 195
116
Tabela 40- Sorção de Cádmio -Turfa de Resende
AMOSTRA CONC
(ppm)
Eh(mV) pH CEE(uS)
Sol.Inicial 1 107
259 5,54 328
sol.Inicial 2 108
268 5,38 329
10 h 14,5
295 4,07 357
11 h 18,3 287 4,04 360
12 h 23,0
- - -
13 h 27,9
288 3,50 352
14 h 26,0 - - -
15 h 35,4
292 3,59 359
16 h 43,6
- - -
17 h 46,5 301 3,69 372
18 h 49,1
- - -
19 h 53,5
268 3,72 368
20 h 56,8 - - -
22 h 63,5
300 3,68 368
24 h 68,9
- - -
26 h 72,3 306 3,66 374
28 h 77,3
- - -
30 h 80,4
310 3,72 371
32 h 81,9 - - -
34 h 80,7
- - -
36 h 86,0
327 3,65 383
38 h 87,1 - - -
40 h 86,0
- - -
42 h 88,3
325 3,65 380
44 h 84,9 - - -
46 h 86,0
- - -
48 h 87,8 322 3,63 380
49 h 88,5
- - -
50 h 89,5
- - -
A partir destes valores apresentados foram confeccionadas curvas de passagem,
representadas pela plotagem do tempo em horas pela concentração relativa do cádmio
encontrada no efluente. (Figuras 26 e 27)
117
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
0 10203040506070
Tempo (hs)
1-C/Co
Figura 26 - Curva de passagem resultante da percolação de cádmio na coluna composta
por turfa de Mogi Guaçu.
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
0 10 20 30 40 50 60
Tempo (hs)
1-C/Co
Figura 27 - Curva de passagem resultante da percolação de cádmio na coluna composta
por turfa de Resende.
Após os cálculos idênticos aos descritos acima foram encontrados os valores da
capacidade de remoção da coluna (Qrem) percolada com contaminante de cádmio
segundo a Tabela 41.
118
Tabela 41 – Parâmetro do Desempenho da Coluna
Parâmetros de
adsorção na coluna
para contaminante
cádmio
Turfa de Mogi
Guaçu
Turfa de
Resende
Qrem 14,53 mg/g 8,2 mg/g
5. 3 - ENSAIOS DE DESSORÇÃO
Após a conclusão do ensaio de sorção em coluna, com meio saturado em cobre e
cádmio, respectivamente, as turfas de Mogi Guaçu e Resende, foram submetidas à
percolação com água deionizada.
Neste ensaio mantiveram-se as mesmas condições hidráulicas observadas na
percolação de solução contaminante. As amostras do efluente eram coletadas em
intervalos de tempo mais curtos no início do ensaio e com períodos mais longos ao
final. O tempo de percolação era determinado pela redução acentuada (próxima de zero)
da concentração do contaminante do líquido efluente.
O objetivo destes ensaios era avaliar a capacidade de retenção de cobre e cádmio
nos sítios de adsorção das turfas. A dessorção tem papel importante na determinação das
limitações do uso da turfa em barreira reativas.
5.3.1 - Ensaios de Dessorção com colunas saturadas em cobre:
Os valores encontrados para o ensaio de dessorção com colunas saturadas em
cobre para turfa de Mogi Guaçu e Resende são apresentados abaixo (Tabela 42 e 43).
119
Tabela 42 - Dessorção de Cobre - Turfa de Mogi
AMOST CONC.
(ppm)
Eh(mV) pH CEE(uS)
0,5 h 65,2 317 3,75 391
1,0 h 14,5 300 4,25 93,8
1,5 h 3,88 287 5,03 40,7
2,0 h 1,95 265 5,10 35,6
2,5 h 1,27 - - -
3,0 h 0,97 - - -
3,5 h 0,82 - - -
4,0 h 0,73 266 5,12 32,8
5,0 h 0,63 - - -
6,0 h 0,58 - - -
7,0 h 0,55 - - -
8,0 h 0,53 283 5,13 34,3
10 h 0,50 - - -
12 h 0,48 - - -
14 h 0,44 - - -
16 h 0,40 183 5,20 31,2
18 h 0,37 - - -
20 h 0,34 - - -
22 h 0,32 - - -
24 h 0,31 186 5,23 33,5
Tabela 43 - Dessorção de cobre –Turfa de Resende
AMOST CONC.
(ppm)
Eh(mV) pH CEE(uS)
0,5 h 67,9 353 3,01 524
1,0 h 32,3 349 3,14 365
1,15 h 18,6 351 3,23 182
1,5 h 8,84 344 3,36 130
1,45 h 6,76 332 3,33 109
2 h 5,20 345 3,56 101
2,15 h 4,12 342 3,71 94,2
2,5 h 3,42 338 3,80 87,0
3 h 2,21 330 3,87 73,3
3,5 h 2,13 - - -
4 h 2,58 - - -
5 h 1,54 - - -
6 h 1,24 301 4,03 59,2
8 h 0,99 - - -
10 h 0,85 291 4,17 52,8
12 h 0,74 - - -
16 h 0,73 271 4,3 50,6
20 h 0,91 - - -
24 h 0,58 264 4,47 47,1
28 h 0,97 - - -
120
5.3.2 - Ensaios de Dessorção com leitos saturados em cádmio
Os valores encontrados para o ensaio de dessorção com colunas saturadas em
cádmio para turfa de Mogi Guaçu e Resende são apresentados abaixo.
Tabela 44- Dessorção de cádmio – Turfa de Mogi
AMOST CONC.
(ppm)
Eh(mV) pH CEE(uS)
15 min 79,7 190 4,98 161
30 min 41,0 180 5,08 118
45 min 28,1 180 5,05 78,6
1,0 h 15,4 192 4,78 57,7
2,0 h 3,16 203 4,8 31,4
2,5 h 2,48 - - -
3,0 h 2,34 220 5,2 26,6
3,5 h 2,05 - - -
4,0 h 1,76 231 5,55 25,3
5,0 h 1,49 - - -
6,0 h 1,33 235 5,33 24,1
7,0 h 1,28 - - -
8,0 h 1,21 257 5,56 23,0
10 h 1,09 - - -
12 h 1,01 243 5,45 22,5
16 h 0,92 - - -
20 h 0,84 256 5,61 19,9
24 h 0,77 - - -
28 h 0,78 263 5,26 22,7
32 h 0,92 - - -
46 h 0,64 272 5,52 22,7
Tabela 45 -Dessorção de cádmio – Turfa de Resende
AMOST CONC.
(ppm)
Eh(mV) pH CEE(uS)
30 min 42,8 311 3,24 173
45 min 17,7 296 3,49 108
1,0 h 11,4 291 3,83 87,6
1,15 h 9,21 281 4,05 71,3
1,5 h 7,66 289 4,07 63,7
2,0 h 6,68 293 4,10 59,2
2,5 h 5,42 275 4,06 55,2
3,0 h 4,39 271 4,12 50,2
3,5 h 4,12 - - -
4,0 h 3,84 280 4,18 44,8
5 h 2,94 267 4,19 41,6
6 h 2,05 - - -
7 h 2,10 266 4,19 39,9
8,5 h 2,09 - - -
11 h 1,85 - - -
14 h 1,63 261 4,31 36,0
18 h 1,34 - - -
22 h 1,16 - - -
24 h 1,17 217 5,10 35,4
121
5.4 - ENSAIO DE COLUNA COM SOLUÇÃO MISTA DE COBRE E
CÁDMIO
O estudo do fenômeno de adsorção de metais pesados em superfícies sólidas
como a turfa, deve considerar a competição entre os elementos, no caso, cobre e cádmio
pelos sítios de adsorção. Esta competitividade interfere diretamente na capacidade de
adsorção de um determinado cátion metálico em detrimento de outro. Além disso, as
características químicas de cada elemento definem uma maior ou menor tendência à
adsorção por um determinado material.
Para elucidar a adsorção competitiva entre os íons de cobre e cádmio na turfa,
foi realizado um ensaio de coluna com a percolação de uma solução contendo cobre e
cádmio, associados. Esta solução foi confeccionada a partir dos mesmos sais utilizados
nos ensaios anteriores e o procedimento adotado neste ensaio foi o mesmo descrito no
item 6.1.
Foram coletadas amostras do efluente da coluna, com intervalo de 2 hs, para
serem analisadas para cobre e cádmio, com o auxílio de equipamento de absorção
atômica em chama. Similarmente, aos outros ensaios de coluna, as soluções efluentes
foram analisadas para pH, Eh e condutividade elétrica.
Os resultados envolvendo as concentrações de cobre indicaram um
comportamento dentro do esperado. No entanto, aquelas referentes ao cádmio ficaram
muito acima dos valores esperados, inclusive ultrapassando em muito a concentração da
solução inicial.
Deve-se ressaltar que as análises das soluções iniciais não apresentaram
anomalias, somente as soluções coletadas durante o ensaio, após passarem pela turfa.
122
Tabela 46 – Concentração de cobre e cádmio em soluções com os dois metais
associados.
AMOSTRA
Concentração
de Cu (ppm)
Concentração
de Cd (ppm)
Concentração
Inicial (Co) 99,6 104
11 h <L.D 33,3
11,5 h <L.D 40,4
12 h <L.D 47,0
12,5 h 0,04 54,1
13 h 0,17 60,1
13,5 h 0,56 70,8
14 h 1,07 75,6
14,5 h 1,80 84,2
15 h 2,72 91,8
15,5 h 4,05 101
16 h 4,76 106
17 h 7,73 174
18 h 10,8 212
18,5 h 12,1 217
19 h 14,1 249
20 h 17,0 296
20,5 h 18,4 330
21 h 20,5 334
23 h 28,4 413
Diante de tais valores anômalos, foram adotados alguns procedimentos
analíticos nas amostras de cádmio no sentido de eliminar possíveis interferências na
leitura do aparelho de Absorção Atômica em Chama.Tais procedimentos estão descritos
a seguir:
123
a) Mudança do espectro de leitura:
Como a curva para cádmio alto 1,623=λ é relativamente próxima da curva do
cobre 8,423=λ foi adotada a curva de cádmio baixo 8,822=λ para solucionar a
interferência. Este procedimento não alterou o resultado das concentrações de cádmio
observadas na Tabela 46.
b) Configuração de uma nova curva de calibração:
Foi estabelecida uma curva de calibração para o cádmio utilizando os padrões de
cobre e cádmio juntos. As amostras de cádmio foram submetidas a novas leituras a
partir desta nova curva de calibração. Pode-se observar uma atenuação da interferência
nas leituras de concentração de cádmio (Tabela 47).
Tabela 47 – Concentração de cádmio com curva de calibração de Cd e Cu associada
Tempo Concentração de Cd com curva de
calibração estabelecida com padrão
de cádmio (ppm)
Concentração de Cd com curva de
calibração estabelecida com
padrão de cádmio e cobre
associados (ppm)
(hs)
11 33 20
15,5 101 88
17 174 107
23 413 163
c) Acréscimo do padrão de ácido sulfúrico à curva de calibração com padrão de
cádmio e cobre associados:
No ensaio de coluna, quando a solução de sulfato de cobre e cádmio percola a
turfa ocorre a formação de H
2
SO
4
, já que os cátions (Cu
2+
e Cd
2+
) ficam retidos no
material turfoso e o íon sulfato permanece na solução. Especificamente, neste ensaio,
em que o objetivo era avaliar a competitividade entre cobre e cádmio, a solução
contaminante, por conter os dois metais simultaneamente, passou a ter o dobro da
quantidade de sulfato estabelecida nos ensaios em que foram utilizados os elementos
separadamente. Desta forma, aumentou, significativamente, a presença de H
2
SO
4
na
solução efluente.
124
Conforme MOSTAFA (1996), soluções ricas H
2
SO
4,
podem causar interferência
na leitura de cádmio, provocando aumento da concentração real deste elemento.
Considerando esta possibilidade, foi acrescentado padrão de H
2
SO
4
na curva de
calibração com padrão cádmio e cobre associados estabelecida acima (item b), em
quantidade proporcional ao valor de sulfato da amostra (utilizou-se o valor de sulfato
da amostra 23h = 255 mg/L) (Tabela 47), porém os resultados se mantiveram próximos
àqueles encontrados no item b (Tabela 48).
Tabela 48 - Concentração de Cádmio com curva de calibração de Cd e Cu associada e
ácido sulfúrico.
Tempo
Concentração de Cd com curva de
calibração estabelecida com padrão de
cádmio (ppm)
Concentração de Cd com curva de
calibração estabelecida com
padrão de ácido sulfúrico (ppm)
(hs)
11 33 25,9
15,5 101 89,9
17 174 107
23 413 165
d) Comparação com leituras realizadas por outra técnica:
Determinadas interferências podem estar limitadas à técnica de Absorção
Atômica em Chama e estas podem ser eliminadas com a utilização de outras técnicas,
como forno de grafite, ICP, entre outras. Assim, algumas amostras de cádmio tiveram
suas concentrações determinadas com auxílio da técnica de ICP (Plasma Indutivamente
Acoplado). Nesta técnica, as interferências podem ser minimizadas pela alta
temperatura utilizada na absorção das amostras. Estas análises foram realizadas no
Laboratório do Instituto de Química – UFRJ (LADA). Os resultados a partir desta
técnica foram similares aos valores conseguidos no item b. (Tabela 49)
125
Tabela 49 – Comparação das leituras feitas com padrão de cádmio e ICP.
Tempo Concentração de Cd com curva de
calibração estabelecida com padrão
de cádmio (ppm)
Leitura do ICP
(hs)
11 33 19,3
15,5 101 86,3
17 174 105
23 413 167
5.4.1 - Análise de Amostras de Turfa de Mogi Guaçu na Espectrometria da Região
do Infravermelho
A chamada radiação infravermelha corresponde à parte do espectro
eletromagnético situada entre as regiões do visível e das microondas. A porção mais útil
para fins analíticos está situada entre 4000 e 400 cm
-1
(SILVERSTEIN & WEBSTER,
1998).
Nesta faixa a radiação infravermelha quando adsorvida, converte-se em energia
de vibração molecular. Esta energia é expressa em bandas, dado que cada mudança de
nível de energia vibracional corresponde a uma série de mudanças de nível de energia
rotacional. A freqüência ou o comprimento de onda de uma absorção depende das
massas relativas dos átomos, das constantes de força das ligações e da geometria dos
átomos. Desta forma, cada grupo funcional apresenta um comprimento de onda
característico. Isto auxilia na identificação de tais grupos e do tipo de ligações que os
constituem (SILVERSTEIN & WEBSTER, 1998).
Alguns estudos de adsorção por metais pesados por materiais, como: madeira
(RODRIGUES et al, 2006), ácidos húmicos extraídos de resíduos sólidos orgânicos
(CANELLAS et al., 1999) têm utilizado a técnica de espectrometria na região do
infravermelho como ferramenta importante para compreensão da formação de
complexos, natureza e intensidade das ligações químicas resultantes do processo de
adsorção.
126
O objetivo inicial da análise da turfa de Mogi Guaçu por Infravermelho foi
buscar informações que pudessem ajudar a elucidar a causa da interferência na leitura
de cádmio no efluente da coluna percolada pela solução de cobre e cádmio associados.
A técnica poderia auxiliar a identificar a uma formação de um complexo de
cobre em detrimento do cádmio ou mesmo outro tipo de complexação ou fenômeno que
pudesse interferir no sistema.
Desta forma, foram coletadas amostras da turfa de Mogi Guaçu e Resende. Além
de três amostras de turfa da coluna percolada com solução mista de cobre e cádmio, foi
coletada uma corresponde à porção basal, outra a porção média e outra, da porção
superior, para serem submetidas à espectrometria por infravermelho. Estas análises
foram realizadas no Laboratório de Apoio Instrumental (LAPIN) do Instituto de
Macromoléculas da UFRJ.
Para as análises todas as amostras de turfa foram previamente liofilizadas.
Usaram-se pastilhas com 1 mg de turfa em 100 mg de KBr num aparelho Perkin Elmer
1420.
Os resultados são apresentados em forma de gráficos de absorbância versus
comprimento de onda. (Figuras 28, 29, 30 a, b e c)
Turfa - Mogi Guaçu in natura
0
5
10
15
20
25
30
35
050010001500200025003000350040004500
Número de Ondas (cm
-1
)
% de transmitância
Figura 28 – Espectros de Infravermelho da turfa de Mogi Guaçu.
127
Turfa - Resende in natura
0
10
20
30
40
50
60
050010001500200025003000350040004500
Número de ondas (cm
-1
)
% de transmitância
Figura 29 – Espectros de Infravermelho da turfa de Resende
Turfa - base da coluna
0
20
40
60
80
100
120
050010001500200025003000350040004500
Número de ondas (cm
-1
)
% de transmitância
Turfa- meio da coluna
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
050010001500200025003000350040004500
mero de Ondas (cm
-1
)
% transmitância
128
Turfa - topo da coluna
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
050010001500200025003000350040004500
Número de ondas (cm
-1
)
% de transmitância
Figura 30 – Espectro de Infravermelho das porções basais, intermediárias e superiores
da Turfa de Mogi percolada por solução contaminante composta por cobre e cádmio.
5.5 - ENSAIO DE COLUNA COM GASOLINA
O ensaio de coluna foi realizado com o objetivo de avaliar a capacidade de
sorção do BTEX pela turfa em condições dinâmicas e foi realizado no Laboratório de
Energia e Meio Ambiente (LEMA) do Programa de Pós-Graduação da Engenharia
Química da UFSC, em Florianópolis.
O ensaio consistiu na percolação de uma coluna de vidro de 20 cm de
comprimento e 3,5 cm de diâmetro contendo turfa in natura, por meio de líquido
composto por gasolina diluída em água destilada (Foto 7). A coluna foi preparada com
turfa saturada com água e completada com pérolas de vidro para manter a coluna. A
altura da coluna era de 15,5 cm. Foram utilizadas 50 g de turfa, com densidade de 0,9
g/cm
3
, apresentando um volume de turfa de 71,4 cm
3
. O volume da coluna é de 149,1
cm
3
A coluna foi percolada com água por 48 horas até completo ajuste do leito. Antes
de ser percolada pelo líquido contaminante foi percolada por 1 hora com água destilada.
A solução contaminante foi preparada com adição de 700 mL de gasolina em 15
litros de água destilada, numa proporção de aproximada de 1:20. A solução foi
acondicionada em um tonel de PVC na impossibilidade de um recipiente quimicamente
mais compatível e submetida à agitação por 24 hs para que se atingisse o equilíbrio
entre os compostos BTEX presentes na gasolina e água. Este tempo de equilíbrio foi
confirmado por análise no espectrofotômetro de UV.
129
Durante o processo de agitação, o recipiente contendo a solução contaminante
foi mantido sob refrigeração para minimizar as perdas por volatilização. Após atingir o
equilíbrio, o recipiente foi conectado a uma bomba peristáltica que auxiliou no processo
de percolação através da coluna. A vazão da bomba peristáltica foi regulada para 1,9
mL/min e a vazão do experimento foi de 15 mL/min, com tempo de residência de 5
min.
Foram coletadas amostras para análise com auxílio do espectrofotômetro de
ultra-violeta e para cromatografia de 5 em 5 minutos até o tempo de 30 min de ensaio e
de 10 em 10 min até 60 min e de 20 em 20 até 660 min.
Os frascos para espectrofotometria de UV eram de vidro com 10 ml de volume e
foram analisados imediatamente após a coleta. Para análise cromatográfica utilizou-se
frascos tipo headspace com 20 mL lacrados com tampas de teflon com recobertas com
silicone. O material foi enviado em 24 hs, por via aérea, devidamente acondicionado em
caixa de isopor com temperatura em torno de 4º C para serem analisadas no Laboratório
Innolab do Brasil no Rio de Janeiro. Ao final do ensaio também foi coletada uma
amostra de turfa da porção intermediária da coluna para ser analisada para BTEX.
a) Análises a partir do espectrofômetro de UV.
A análise da solução por espectrofotometria de UV considerou a identificação de
dois picos, um de 256 nm com absorbância de 0,441 e outro, menos intenso a 261 nm
com 0,417 de absorbância (Figura 31). Dada a complexidade da composição química da
gasolina, não se pode ter certeza se o pico identificado corresponde a determinado
composto orgânico. O composto que mais se aproxima dos picos identificados é o
benzeno que apresenta pico de absorção intenso em 184 nm, uma banda mais fraca
chamada banda E2 em 204 nm e um pico mais fraco chamado banda B, em 256nm. As
bandas em comprimentos de onda, no entanto, podem sofrer interferência devido à
superposição de transições vibracionais com transições eletrônicas básicas.
Todavia, estes picos serviram como orientadores para as análises em questão.
A partir das análises espectrofotométricas efetuadas de tempos em tempos, foi
possível estabelecer uma curva de remoção a partir do componente “identificado”
(Tabela 49, Figura 32)
130
Foto 7 – Aparato utilizado no Ensaio de Coluna com BTEX
Figura 31 – Identificação de picos de comprimento de onda por
espectrofotometria por UV na solução contaminante de gasolina.
131
Foto 8 – Espectofotômetro de UV do LEMA – UFSC.
132
Tabela 49 – Porcentagem de remoção a partir de valores de absorbância
obtidos na solução efluente da coluna.
Tempo % Remoção Abs(269) Absi (269)
15 93,16 0,077 1,126
20 93,87 0,069
25 93,69 0,071
30 91,3 0,098
40 80,55 0,219
50 68,74 0,352
60 60,12 0,449
80 51,78 0,543 1,09
100 47,6 0,59
120 45,38 0,615
150 43,34 0,638
180 41,47 0,659
210 40,05 0,675
240 39,52 0,681
270 38,45 0,693
300 36,41 0,716 1,162
330 37,39 0,705
360 36,94 0,71
390 36,32 0,717
420 36,68 0,713
450 36,23 0,718
480 36,06 0,72
510 35,17 0,73
540 36,59 0,714
570 36,59 0,714
600 35,79 0,723
630 35,61 0,725
660 35,52 0,726 1,09
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0 100 200 300 400 500 600 700
Tempo (min)
% de Remoção
Figura 32 – Capacidade de Remoção da turfa de Mogi Guaçu a partir de dados
de absorbância.
133
b) Análises a partir dos dados cromatográficos:
As análises de BTEX foram efetuadas no Laboratório Innolab no Rio de Janeiro.
Apesar de observar que a coluna foi eficiente na remoção dos componentes do BTEX
(Tabela 50), principalmente nos primeiros 20 minutos, não foi possível estabelecer uma
curva de passagem para o ensaio, dado que a concentração dos contaminantes na
solução inicial difere da concentração final. Portanto, a coluna pode não ter chegado a
sua saturação ou também pode ter havido perda de massa de contaminante durante o
ensaio, apesar das precauções tomadas. Com dados de cromatografia foi possível
estabelecer uma curva de remoção de BTEX pela turfa de Mogi Guaçu (Figura 33).
Tabela 50 - Resultados das análises cromatográficas para BTEX no Ensaio de Coluna
Concentrações dos componentes BTEX em (ppm) na solução efluente
Amostra Benzeno Tolueno Etilbenzeno m,p
xileno
o-xileno
Solução Inicial
4,90 3,07 0,11 0,484 360
FCJ-LEMA 5 nd 0,001 nd 0,002 nd
FCJ-LEMA 10 nd 0,003 nd 0,004 0,002
FCJ-LEMA 15 nd 0,003 nd 0,002 nd
FCJ-LEMA 20 nd 0,004 nd 0,003 0,002
FCJ-LEMA 25 0,002 0,005 nd 0,002 nd
FCJ-LEMA 30 0,160 0,034 nd 0,002 0,001
FCJ-LEMA 40 0,430 0, 018 0,03 0,008 0,006
FCJ-LEMA 50 0,630 0, 270 0,05 0,019 0,014
FCJ-LEMA 60 1,060 0,580 0,14 0,056 0,039
FCJ-LEMA 80 1,580 1,120 0,39 0,169 0,089
FCJ-LEMA 100 1,410 1,090 0,46 0,198 0,106
FCJ-LEMA 120 1,745 1,282 0,053 0,228 0,126
134
FCJ-LEMA 150 1,762 1,330 0,058 0,250 0,134
FCJ-LEMA 180 0,615 0,159 0,003 0,004 0,008
FCJ-LEMA 210 0,909 0,377 0,010 0,032 0,030
FCJ-LEMA 240 0,439 0,124 0,002 0,002 0,008
FCJ-LEMA 270 0,648 0,192 0,004 0,008 0,012
FCJ-LEMA 300 0,517 0,136 0,003 0,002 0,007
FCJ-LEMA 330 0,615 0,187 0,004 0,006 0,001
FCJ-LEMA 360 0,519 0,136 0,002 nd 0,006
FCJ-LEMA 390 0,533 0,129 0,002 nd 0,005
FCJ-LEMA 420 0,644 0,163 0,003 0,004 0,009
FCJ-LEMA 450 0,534 0,182 0,004 0,001 0,015
FCJ-LEMA 480 0,682 0,184 0,003 0,005 0,011
FCJ-LEMA 510 0,761 0,215 0,004 0,001 0,015
FCJ-LEMA 540 0,645 0,192 0,003 0,005 0,001
FCJ-LEMA 570 0,667 0,185 0,003 0,005 0,001
FCJ-LEMA 600 0,857 0,227 0,004 0,006 0,009
FCJ-LEMA 630 0,609 0,138 0,003 nd 0,006
FCJ-LEMA 660 0,743 0,214 0,004 0,009 0,001
Soluçao Final
2,837 2,152 0,160 0,810 0,555
TURFA (ppm)
4,731 6,675 0,683 3,373 1,542
135
0
20
40
60
80
100
120
0 200 400 600 800
Tempo (min)
Remoção (%)
Benzeno Tolueno Etilbenzeno m,p xilenos orto-xileno
Figura 33 – Capacidade de remoção de BTEX pela turfa de Mogi Guaçu.
136
6. AVALIAÇÃO MICROBIOLÓGICA DA TURFA DE
MOGI GUAÇU
6.1–AVALIAÇÃO DA DEGRADAÇÃO DO BTEX PELOS
MICRORGANISMOS PRESENTES NA TURFA DE MOGI GUAÇU
a) Amostragem:
Para avaliação microbiológica da turfa foram coletadas duas amostras
diretamente da jazida da empresa em Mogi da Guaçu-SP. As amostras foram
acondicionadas em frascos tipo Enlermeyer de 500 mL a 4 ± 1
o
C, previamente
esterilizados, com massa de aproximadamente 300mg, transportadas para o Rio de
Janeiro e analisadas no período de 24 hs.
O estudo se dividiu em duas etapas: a primeira tinha como objetivo identificar a
presença de microrganismos na turfa e a segunda etapa consistiu em determinar os se
microrganismos presentes seriam degradadores de BTEX.
b) Verificação do crescimento de microrganismos:
Foi feita uma suspensão utilizando-se 5g de turfa em 100 mL de água destilada e
esterilizada. Posteriormente, realizaram-se exames em microscopia ótica utilizando a
técnica de coloração de Gram para observação dos microrganismos.
A suspensão foi inoculada em 10 mL de meio de cultura, à base de tiglicolato de
sódio da marca Merck 1.08191.
Foi feita contagem de bactérias anaeróbicas pela técnica do Número Mais
Provável (NMP). Constatou-se a presença de 9x10
3
células por grama de turfa.
c) Efeito do pH no crescimento de microrganismos anaeróbicos.
O interesse principal neste estudo foram as bactérias anaeróbicas, pois estas
predominam em águas subterrâneas que apresentam baixa taxa de oxigênio dissolvido
(inferior a 1mg/L).
Para o experimento, usou-se o meio de cultura, conforme mostra a tabela 51,
com glicose e valores de pH= 5,1 e 7,0, purgado com N
2
. A esterilização foi feita a
110
o
C/30min. Foi adicionado, ao meio, 1 ml de gasolina e inoculado com 1 mL do
137
inóculo (Foto 9). Este inóculo consistia de uma suspensão de turfa em água destilada e
esterilizada sob a concentração de 0,05g/ml
Paralelamente, usou-se meio de cultura sem glicose, para se verificar o
crescimento das bactérias usando a gasolina como única fonte de carbono. (Tabela 52)
Tabela 51- Meio de Cultura para Bactérias Anaeróbicas
Componentes Concentração
Glicose 5 g/L
Petona 4g/L
Extrato de Levedura 1g/L
Resarzurina(0,025% p/v) 4 ml/L
Após 21 dias, a 33 ± 1
o
C pode-se observar o crescimento de bactérias
anaeróbicas em 3 frascos do Meio 2 (pH=5,1) com glicose, enquanto no Meio 1 sem
glicose só foi observado o crescimento em 1 frasco, mostrando que o meio com pH=5,1
com glicose como fonte de carbono foi o meio mais propício ao crescimento das
bactérias (Foto 9 e 10 e 10a). A contagem das bactérias formadas neste meio, com
auxílio da técnica do NMP (Número Mais Provável) revelou 150 células/ml.
Tabela 52: Condições adotadas nos experimentos
Meio Condição da
Amostra
Condição do Teste
Controle 1
Condição do
Teste Controle 2
Sem glicose Meio 1
(pH= 7)
Com glicose
Sem glicose Meio 2
(pH=5,1)
Com glicose
9 ml de meio
anaeróbico
1 ml de gasolina
1 ml de suspensão
a 1:200
9 ml de meio
anaeróbico
1 ml de gasolina
9 ml de meio
anaeróbico
1 ml de suspensão
138
Foto 9 - Preparação do inoculo com introdução de gasolina no meio.
Foto 10 - Frascos contendo os respectivos meios de cultura de bactérias
anaeróbicas provenientes da turfa na presença de gasolina.
139
Foto 10a - Frascos com crescimento de bactéria anaeróbica (incolor) e sem
crescimento (rosa)
Foram coletadas alíquotas dos experimentos para serem submetidas à
cromatografia gasosa com a finalidade de comprovar a degradação de alguns
componentes BTEX presentes na gasolina. (Tabela 53)
Tabela 53 – Biodegradação do BTEX
85,6
88,7
86,1
762
601
737
5304
351 93,5
91,3464
o-xileno
m,p xilenos 5359 469 91,2
243 92,9
185 94,6
Etilbenzeno
3413
246 92,8
1380 85,6
904 90,6
Tolueno 9576 1040 89,1
885 84,2
500 91
Benzeno
5603
535 90,5
Concentração em μg/l
Componentes
Inicial
Final Consumo em %
d) Efeito da variação da concentração de gasolina:
O objetivo deste experimento foi observar a degradação do BTEX por
microrganismos presentes na turfa em meio anaeróbio sob diferente concentração de
gasolina acima da que foi utilizada no experimento anterior. Assim foi testada a
concentração de 0,5 ml.(Tabela 54)
140
Tabela 54 – Condições do Experimento A
Condições do
Experimento A
Condições do
Teste Controle A
9 mL de meio
anaeróbico
0,5 mL de gasolina
1 mL de suspensão da
turfa a 1:200
9 mL de meio
anaeróbico
0,5 mL de gasolina
1 mL de água
destilada
Foram preparados 3 frascos de meio anaeróbio com capacidade de 10 mL de
cada experimento e seu respectivo teste controle. As amostras foram preparadas sob
fluxo laminar e permaneceram 21 dias na câmara quente sob uma temperatura de (30º
±1 C). Todos os frascos mostram crescimento. Dois frascos de cada experimento e de
cada branco foram analisados para BTEX com auxílio de cromatografia gasosa pela
técnica do Headspace, pelo Laboratório Innolab do Rio de Janeiro. (Tabela 55)
Tab. 55 - Efeitos de concentração de BTEX por meios anaeróbios
5341
1298
1255
2293
2332
258
279
1069
1212
Concentração em μg/l
Consumo em %Componentes
7228
4021
1991
15245
1991
8332
Benzeno
Tolueno
Etilbenzeno
m,p xilenos
o-xileno
Inicial
Final
2612
3109
8949
93,58
85,99
92,99
86,82
50,31
59,06
74,38
67,36
91,43
85,39
714
780
e) A ação do etanol sob a turfa também em meio anaeróbio
Os ensaios de equilíbrio em lote realizados com gasolina comercial brasileira (com 25%
de etanol) mostraram que a ação do etanol na turfa pode liberar componentes do BTEX.
Desta forma, foi realizado o experimento para observar se o mesmo efeito se repetia nas
suspensões de turfa em meio anaeróbio (Tabela 56). Os resultados são apresentados na
Tabela 57.
141
Tabela 56 – Condições do Experimento C
Condições do Experimento
C
Condições do Teste Controle
C
7 ml de água destilada
1 ml de suspensão da turfa
9 ml de água destilada
2 ml de etanol (95%)
1 ml de suspensão da turfa
Tabela 57 – Ação do etanol sobre a turfa
nd 9
o-xileno nd 8
nd 17
m,p xilenos
3
17
nd 8
Etilbenzeno nd 5
nd 108
Tolueno
nd
30
nd 4
Benzeno
nd
4
Concentração em μg/l
Componentes
Inicial
Final
f) Comportamento dos microrganismos em mistura de turfa e carvão ativado
Também decorrente da constatação de que a ação do etanol sobre a turfa pode
liberar, componentes do grupo BTEX, principalmente benzeno, acima dos valores
orientadores estabelecidos para intervenção para água subterrânea pela CETESB (2005)
(5µg/L), foi realizado um teste para observar a possibilidade de crescimento de
microorganismos, em um meio onde a turfa estivesse consorciada com outro material
biologicamente inerte. No caso, foi testada uma mistura turfa e carvão ativado em pó
(GAC). Esta mistura era composta por 10% de suspensão de turfa em relação à massa
de carvão ativado utilizada. (Tabela 58)
142
Tab. 58 – Condições do Experimento E
Condições do Experimento
E
Condições do Teste Controle
E
50 ml de água destilada
0,25 g de suspensão da turfa
2,25 g de carvão ativado em
50 ml de água destilada
1 mL de gasolina
1 ml de suspensão da turfa
O teste foi também foi reproduzido em 3 amostras em meio anaeróbio em
frascos de 10 ml. Nestes frascos foram acrescentadas 0,2 mL de gasolina mantendo-se a
proporção observada nos frascos de 50 ml. Os frascos que apresentaram crescimento
foram posteriormente, analisados para BTEX por cromatografia. (Tabela 59)
Tab. 59 - Crescimento de microrganismos em meio anaeróbio com turfa e
carvão ativado
o-xileno 765 995
m,p xilenos
1427
2000
Etilbenzeno 318 525
Tolueno
2809
6312
Benzeno
1335
2840
Concentração em μg/l
Componentes
Frasco 1
Frasco 2
6.2 - ANÁLISE DE DNA DA TURFA DE MOGI GUAÇU
Atualmente, o emprego de técnicas de extração do DNA de solos e/ou água
aliada a amplificação e análise do material genético, tornou-se uma ferramenta poderosa
para estudos microbiológicos ambientais. Principalmente, considerando a etapa de
análise do DNA, o uso da técnica da Eletroforese em Gel com Gradiente Desnaturante
(EGGD ou DGGE, em inglês), possibilita a análise de várias amostras de solo
simultaneamente, sendo bastante úteis para fins de monitoramento e compreensão de
variações temporais e espaciais de comunidades microbianas (ABOIM et al., 2004)
143
Nesta tese, com auxílio do estudo microbiológico clássico, descrito
anteriormente, foi detectada, na turfa de Mogi Guaçu, a presença de bactérias
anaeróbias que auxiliam na degradação do BTEX. Na tentativa de uma caracterização
mais apurada dos microorganismos, parte desta turfa foi submetida à extração de DNA,
com posterior amplificação do material através do PCR (Reação de Polimerização em
Cadeia) e análise genética com auxílio da técnica do DGGE. Esta análise foi realizada
no Laboratório de Ecologia Microbiana Molecular do Instituto de Microbiologia Paulo
Góes da UFRJ.
Os procedimentos para extração de material genético, amplificação e análise
genética seguiram um protocolo estabelecido em ABOIM et al. (2004):
a) Etapa de Extração:
Na etapa de extração do DNA, 500 µg de solo foi adicionado ao tubo Lysing
Matrix E. Em seguida foram adicionadas soluções tampões de fosfato de sódio e tampão
tipo MT para manter o pH próximo de 8 e preservar o material genético. A seguir, nos
tubos do kit de extração, a amostra foi agitada e centrifugada. O sobrenadante foi
transferido para um tubo de 1,5 ml e foi adicionado o reagente PPS que faz a lise
química do material. O conteúdo do microtubo foi agitado manualmente, e
posteriormente centrifugado em alta rotação para formar o pellet. O sobrenadante foi
transferido para um tubo de 15 ml. Adicionou-se 1 mL da suspensão da matriz de
ligação ao sobrenadante e agitou-se manualmente para permitir a ligação do DNA à
matriz. Removeu-se 500μl do sobrenadante evitando transferir a Matriz de Ligação e
descartou-se o sobrenadante.
O resíduo de sobrenadante que permaneceu no tubo foi transferido num volume
de 600µL para o tubo de Filtro spin e foi centrifugado em alta rotação por 1 minuto. Em
seguida adicionou-se 500 μL da solução de SEW-M para o filtro tipo spin e centrifugou-
se em alta rotação por 1 minuto. Depois foi removido o filtro e colocado em um tubo
tipo “catch” limpo e se deixou secar por 5 minutos à temperatura ambiente. Foi
adicionado 50 µL de água ultra pura e este material foi manipulado cuidadosamente
com uma microponteira com extremo cuidado para não perfurar o filtro. Este material
foi submetido a uma centrifugação final de 14 mil giros/min. O material presente no
tubo representou o produto da extração do DNA da turfa.
Este material final foi analisado por meio de gel de agarose a 0,8% para
averiguar a pureza e eficiência da extração com auxílio de um corante a base de
brometo de etídeo para eletroforese do DNA. O produto foi preservado a -20
o
C.
144
b) Etapa de Amplificação:
Na etapa de amplificação do DNA utilizou-se a técnica da Reação de
Polimerização em Cadeia (PCR) que utilizou pares de iniciadores de acordo com a
região-alvo a ser amplificada. No caso, foram utilizados PCR 16s com os iniciadores U-
968-GC e L-1401.
Esta etapa foi realizada numa capela de PCR utilizando reagentes do 16S rDNA
em quantidade também ligada a estes iniciadores.
O DNA foi adicionado a um microtubo com os reagentes e colocado no
equipamento termociclador seguindo um programa para 16S r DNA, gravado
previamente.
Ao término da reação de PCR a amplificação foi avaliada por meio de uma
eletroforese em gel de agarose a 1,2% para verificação de que o PCR foi bem sucedido
se deu pela forma de bandas alinhadas ao tamanho esperado do fragmento amplificado
de 433Kb.
c) Etapa de Visualização:
A técnica do DGGE possibilita a separação dos produtos derivados do PCR de
acordo com as seqüências pares de bases. Isto significa que, teoricamente, cada banda
no gel representa uma espécie ou um grupo de espécies de bactérias e a imagem final no
gel representa o registro referente à comunidade bacteriana dos solos estudados.
(ABOIM, 2004). Esta técnica é usada para “comparar” entre diferentes amostras do
local sob influência de diferentes fatores. Desta forma, esta técnica pode auxiliar na
avaliação do impacto sobre estes microrganismos na presença de contaminante no meio
ou mesmo na avaliação da eficiência de um sistema de tratamento.
As etapas do experimento com DGGE :
Montagem das placas:
Foram utilizadas duas placas de vidro para a montagem do gel (uma maior e
outra menor). As placas foram devidamente limpas com álcool. Os espaçadores foram
colocados entre as placas e a pressão ajustada com auxílio de molde de gel em cartão.
Após a montagem do “sanduíche” com as placas, ele foi colocado no suporte para ser
feita a confecção do gel (Figura 34). O meio foi vedado com auxílio de uma solução a
fim de evitar vazamentos no momento da confecção do gel.
145
Fig. 34 - Placas de vidro formando sanduíche. (ABOIM et al.,2004)
Confecção do gel:
As soluções do gel foram colocadas em uma seringa. Cada solução foi preparada
num Erlenmeyer de 25 mL e com o auxílio de uma mangueira foram introduzidas nas
seringas, evitando a formação de bolhas. Posteriormente, as seringas foram acopladas ao
aparelho para formação do gradiente desnaturante ao longo do gel. Ao final, a coloração
do gel apresentou um gradiente de cor azul mais claro a mais escuro, correspondente ao
gradiente desnaturante de uréia e formamida (Figura 35). As seringas foram lavadas
imediatamente com água destilada após o uso, para evitar que ocorresse polimerização
do restante das soluções na mangueira.
146
Figura 35 – Gel Desnaturante exibindo coloração azulada.
Preparo da solução dos “ slots
Por fim foi feita a solução que completa o gel, onde o pente foi acoplado. Após a
polimerização da solução, o pente foi retirado, com conseqüente formação dos “
slots”.
Montagem do sistema Dcode
Em seguida, as placas e os grampos contendo os géis foram acoplados ao
sistema de corrente e submetido ao processo de eletroforese dentro de uma cuba com
um tampão a 60
o
C (Figura 36). Ao término da corrida, o sistema Dcode foi desmontado
e os géis foram retirados sem que fossem danificados. Foi feita uma coloração com
brometo de etídeo por 15 minutos para auxiliar na visualização dos géis no
transiluminador de UV.
147
Figura 36 : Montagem do sistema Dcode exibindo o encaixe do gel no
suporte . (ABOIM et at, 2004)
Teoricamente, cada uma das "linhas" observadas na Figura 37 representa uma
espécie ou grupo de diferentes bactérias. Provavelmente, muitas delas não são
cultiváveis.
O
lane do DNA extraído da amostra de turfa de Mogi Guaçi, como se refere
somente a uma amostra, não foi possível comparar com outras amostras do mesmo local
em virtude da proibição por parte do proprietário da área da coletas de novas amostras.
148
Fig. 37 -Lane do Gel de DGGE 16s da amostra de turfa de Mogi Guaçu-SP
149
7. ANÁLISE, DISCUSSÃO DOS DADOS E CONCLUSÕES
O estudo das turfas para uso em barreiras reativas levou em consideração tantos
os aspectos físicos e químicos quanto os microbiológicos. Foram utilizadas técnicas
para auxiliarem na elucidação das questões que se apresentaram, como
espectrofotometria de UV, espectrometria no infravermelho e análise genética por
DNA. Estas técnicas aliadas a outros ensaios visaram auxiliar no entendimento dos
mecanismos atuantes na adsorção de cádmio, cobre e BTEX pela turfa.
a) Características Físicas e Químicas da Turfa:
Em relação às características físicas, a turfa de Mogi Guaçu é classificada
segundo Van Post, como fibrosa, principalmente por se apresentar pouco decomposta e
com acentuada presença de material vegetal. A turfa proveniente de Resende, conforme
a mesma metodologia é classificada como sáprica. Esta se apresenta fortemente
decomposta e com pouco material vegetal. Em relação à área superficial, tamanho e
volume de poros, as turfas são parecidas. No entanto a turfa de Resende apresenta
maior área superficial, o que se deve, provavelmente, a seu maior teor de argila.
Os gráficos de isoterma de nitrogênio, pelo formato da histerese comprovam o
predomínio de mesoporos em ambas as turfas, além dos gráficos do modelo BJH e HK.
A predominância de macroporos em ambas as turfas favorece a fissiosorção.
Quanto às características químicas o que mais se destaca, é a elevada
porcentagem de carbono orgânico e matéria orgânica presentes na turfa de Mogi Guaçu,
mais que o dobro da porcentagem apresentada pela turfa de Resende. No entanto, os
valores de CTC são bem parecidos (71 e 67meq/100g), respectivamente, para Mogi
Guaçu e Resende. Estes valores são compatíveis com o valor de 76 meq/100g,
encontrado para turfa oriunda do Vale do Paraíba, São José dos Campos - SP por
FRANCHI (2000).
O fato da turfa de Resende apresentar-se mais argilosa e com menor CTC, está
ligado
à presença de maior números de compostos orgânicos altamente polares na turfa
de Mogi Guaçu. Isto é confirmado pela análise de infravermelho realizada nas turfas
Os ensaios de permeabilidade mostram que a turfa in natura 100% pura não
apresenta boa permeabilidade para uma Barreira Reativa. Segundo Gavaskar et al,
(1998). A permeabilidade do reator tem que ser 10 vezes mais elevada que a
permeabilidade do meio. A permeabilidade da ordem de 10
-3
cm/s apresentada pela
150
turfa in natura é insuficiente, dado que os aqüíferos apresentam este mesmo valor como
permeabilidade média. A mistura com areia favorece uma permeabilidade mais alta,
mas as proporções testadas nesta tese ainda não foram consideradas ideais. Talvez uma
relação de 20% de turfa/ 80% areia favorecesse uma maior permeabilidade do reator.
Em contrapartida um volume menor de turfa determinaria uma capacidade de adsorção
mais limitada.
Além disso, ao longo do tempo, o processo de segregação de material fino
favorece um processo de colmatação que comprometeria a permeabilidade da barreira.
A mistura da turfa com areia na proporção de 50% e 20%, parece não alterar o processo
de perda da permeabilidade a longo prazo.
O resultado das análises químicas para elementos traços mostrou 21 e 42 ppm de
cobre, respectivamente, para turfa de Mogi Guaçu e Resende, pela técnica do ICP. Os
valores de cádmio para ambas as turfas são muito baixos, portanto irrelevantes. As
análises químicas dos percolados produzidos antes dos ensaios de coluna para ambas as
turfas, mostram que a porção solúvel tanto de cobre quanto cádmio, são muito baixas,
0,054 ppm para cobre e 0,132 ppm para cádmio relacionado à turfa de Mogi Guaçu e
0,052 para cobre e 0,026 para cádmio em relação a turfa de Resende. Não há
interferência da presença de cobre e cádmio solúveis nos ensaios.
b) Ensaio de Equilíbrio em Lote:
Metais Pesados (Cobre e Cádmio):
Observa-se que quando o Cu e o Cd em solução percolam a turfa, a troca de
cátions metálicos com H+ induz a um significativo decréscimo no pH. Isto foi
observado por Ko et al. (2003). Como o cobre apresenta capacidade de sorção mais
elevada que o cádmio, isso resulta em uma maior variação de pH para este elemento.
Com auxilio da linearização das isotermas de Langmuir e Freundlich pode-se
observar que:
Turfa de Mogi Guaçu Turfa de Resende
Parâmetros
Cobre Cádmio Cobre Cádmio
Constante de Langmuir 0,9034 0,9934 0,9948 0,9611
Constante de Freudlich 0,8078 0,8905 0,9426 0,9581
151
Tanto a turfa de Mogi Guaçu quanto a de Resende mostraram tanto na
percolação por cobre quanto por cádmio melhor ajuste para Langmuir em relação à
Freundlich.
Os valores de Capacidade Máxima de Adsorção (CMA) mostram que as turfas
apresentam afinidades de adsorção semelhantes para cobre. Isto evidencia que não há
uma relação entre teores de matéria orgânica e argila para adsorção do cobre.
Em relação ao cádmio que apresentou valor de 11,67 mg.g
-1
, a alta afinidade de
adsorção para turfa de Resende mostra que o teor de argila é mais importante que
matéria orgânica na adsorção deste cátion.
Segundo MCBRIDE (1994) a retenção de cádmio ocorre, na sua maior parte, por
meio de forças eletrostáticas das partículas negativamente carregadas, o que torna
altamente dependente da CTC do material adsorvente.
Estudos de DONG et al., (2000), mostram que para adsorção do cádmio a
presença de óxido de ferro é mais importante que os óxidos de alumínio, manganês e
matéria orgânica. As análises químicas revelam que a presença de ferro na turfa de
Resende é um pouco mais elevada que na turfa de Mogi.
Os valores encontrados neste trabalho são superiores se comparados com
latossolos vermelho-amarelo húmico da região de Viçosa-MG, de 2,08
(NASCIMENTO & FONTES, 2004). Os valores de energia de ligação (EA) tanto para
cobre quanto para cádmio para turfa de Mogi são maiores que aqueles apresentados para
turfa de Resende. Isto mostra a tendência de formação de complexos mais estáveis a
partir dos ácidos húmicos e fúlvicos presentes na turfa de Mogi Guaçu.
BTEX:
Os valores para o tempo de equilíbrio são coerentes com os valores encontrados
em trabalhos anteriores como FERNANDES (1999) e FERREIRA (2000). O ensaio em
si, mostrou limitações, principalmente devido à dificuldade na coleta de amostras nos
frascos. Como não havia cromatógrafo disponível para os ensaios, as amostras foram
enviadas a um laboratório externo, o que acarretou grande dificuldade para ajuste dos
procedimentos e eliminação de possíveis erros apresentados, inclusive na coleta de
amostras. Qualquer gotícula de gasolina que penetrasse na seringa alterava
substancialmente a concentração de BTEX.
O procedimento de manter os frascos invertidos foi importante. No entanto,
segundo a literatura e especialistas consultados, o ensaio nunca tinha se realizado desta
152
forma. Talvez o uso de padrões isolados de benzeno, tolueno, etilbenzeno e xilenos
fosse o melhor caminho ou a confecção de uma solução de gasolina. A presença no
sistema de gasolina-turfa-água gerou uma dificuldade a mais para coleta de amostras.
Nos ensaios de equilíbrio em lote foi possível mostrar que o etanol presente na
gasolina comercial brasileira pode favorecer a extração de BTEX, principalmente
benzeno, em concentrações acima dos valores permitidos pela Portaria n. 518 do
Ministério da Saúde, em turfas in natura como de Mogi Guaçu e Resende ou
processadas, com a turfa oriunda do Canadá.
Estudos que buscam avaliar a adsorção/dessorção de BTEX pela turfa como
ZYTNER, (1994) não levaram em consideração a gasolina com 25% de álcool. Há
estudos mostrando que a turfa quando solubilizada por metanol libera benzeno, fenol,
furanos e ácidos carboxílicos entre outros (MACINTYRE et al, 2002). Desta forma, o
etanol tem uma ação semelhante à do metanol solubilizando a turfa de Mogi Guaçu e
gerando benzeno.
c) Ensaio de coluna com Cu e Cd:
Nos ensaios de coluna, antes da percolação do contaminante, a coluna era
percolada com água deionizada. Este percolado foi analisado com auxílio de ICP e
mostrou que houve lixiviação, principalmente a partir da turfa de Mogi Guaçu de Ca
(44,37 ppm), K (91,17ppm), Mg (37,10 ppm), Na (32,1 ppm) e carbonatos (39 ppm).
Na turfa de Resende se destaca a lixiviação de sulfato (104 ppm) (Tabela 35).
A análise química feita por ICP para caracterização química da turfa (Tabela 15)
apresenta concentração inferior de Ca (0,4ppm) K (0,55 ppm), Mg (0,26 ppm), Na (0,05
ppm). Assim os dados apresentados pelo percolado não correspondem a concentração
dos elementos na fase sólida. Talvez isto se deva ao volume de alíquota utilizadas na
análise em estado sólido ou mesmo por se tratar de outro lote de ambas as turfas, haja
uma variação química acentuada.
Além disso, o percolado apresenta alta turbidez, DBO e DQO no caso da turfa
de Mogi Guaçu. A elevada DQO aponta que no início do processo de percolação há
intensa lixiviação de matéria orgânica. Isto confirma os dados químicos apresentados na
Tabela 14, na qual a porcentagem de matéria orgânica na turfa de Mogi Guaçu é duas
vezes maior que a encontrada na turfa de Resende.
A cada ensaio de coluna realizado eram medidos o Eh, pH e condutividade
elétrica (CEE). Em todos os ensaios, conforme apontam as Tabelas 36, 37, 39 e 40
153
ocorre uma acidificação do meio aquoso à medida que a turfa se satura no determinado
metal contaminante. Tamm se observa que a condutividade elétrica aumenta,
acompanhando a maior concentração de íons dissolvidos no percolado.
Os ensaios de coluna mostraram que os valores de capacidade de remoção de
cobre pela turfa de Mogi Guaçu e Resende são semelhantes (Tabela 38). Isto confirma a
tendência, observada no ensaio de equilíbrio em lote que apresenta valores próximos de
capacidade de adsorção máxima (CMA) de 6,8 mg/g e 5,57mg/g, respectivamente para
turfa de Mogi Guaçu e Resende. Os valores de capacidade de remoção para o cádmio
são elevados para turfa de Mogi Guaçu (14,53 mg/g) e relativamente inferiores para
turfa de Resende (8,2 mg/g). Estes valores são discordantes do ensaio de equilíbrio em
lote, em que a turfa do interior fluminense apresentou maior capacidade máxima de
adsorção. Isto deve estar ligado ao fato do ensaio de coluna ser dinâmico e impedir uma
adsorção mais acentuada do cádmio pela turfa de Resende devido às ligações
estabelecidas entre o cádmio e as partículas negativamente carregadas presentes nesta
turfa serem de natureza eletrostática, portanto, fracas.
Isto pode ser confirmado pelos ensaios de dessorção onde a extração quase total
do cádmio presente na turfa de Resende se dá em 24 hs o que está plenamente em
concordância com o tempo observado para reversibilidade do cádmio em solo por
Weerasooriya et al. (2002).
O ensaio de dessorção também mostra que o cobre é totalmente reversível em
ambas as turfas em 24 horas. Apesar da turfa de Mogi Guaçu apresentar maiores valores
de EA (Energia de Adsorção) (Tabela 24). As ligações que se estabelecem entre as
substâncias presentes neste material e o cobre são fracas, possivelmente de natureza
eletrostática.
Em relação ao ensaio de dessorção podemos afirmar que cerca de 90% da massa
dos contaminantes é lixiviada em 2hs. Esta tendência já era evidente nos ensaios de
equilíbrio em lote quando o tempo de equilíbrio do Cd para turfa de Resende mostrou
indícios de dessorção.
O ensaio para avaliação da competitividade do Cu e Cd levou a uma
interferência da leitura dos valores de Cd o que não pode ser resolvido no âmbito desta
tese, apesar dos inúmeros procedimentos adotados para ultrapassar esta dificuldade.
A análise das turfas com auxílio do infravermelho poderia dar alguma
informação a respeito da formação de novos compostos, como humatos de cobre e
cádmio que de alguma forma evidenciassem o comportamento da adsorção no ensaio.
154
Isto não ocorreu, mostrando que as ligações de interação entre o adsorvente (turfa) e
adsorvato (Cu e Cd) são realmente fracas, ligadas a fissiosorção, principalmente em
mesoporos.
A curva de transmitância de infravermelho da turfa de Mogi Guaçu (Figura 28)
mostra uma larga banda centrada em 3300 cm
-1
. Esta banda é atribuída vibrações de
υ(0-H) dos grupos carboxílicos e álcoois. A banda 2850 cm
-1
apresenta-se pouco
acentuada e estão relacionadas a deformações assimétricas e simétricas dos grupos
alifáticos. A banda 1600 cm
-1
também pouco acentuada corresponde a deformações de
aromáticos C=C e vibrações assimétricas COO-, os comprimentos de onda relativos a
1515 cm
-1
corresponde a vibrações de anéis aromáticos e vibrações no plano de
vibrações de δ(NH) e a 1459 cm
-1
atribuído a vibrações de δ(CH2) e δ(CH3) do grupo
alifático.
A configuração da curva da turfa de Mogi Guaçu é muito semelhante à Kysiol
(2002) e difere da turfa de Resende (Figura 27), principalmente pela ausência nesta
turfa da larga banda representando grupos carboxílicos e álcoois.
Em contrapartida, ambas as turfas apresentam bandas fortes na região de 900 a
650 cm
-1
. Isto indica que a estrutura em questão contém anéis aromáticos.
(SILVERSTEIN & WEBSTER, 2000).
Em relação às curvas de transmitância versus número de ondas das amostras de
turfa da base, porção intermediária e topo da coluna percolada por cobre e cádmio
associados, pode-se observar que são muito semelhantes. Isto pode evidenciar que
ocorreu um processo de adsorção homogêneo. Não foi possível identificar picos
relacionados à formação de humatos de cobre e/ou cádmio nestas amostras.
d) Ensaio de coluna com gasolina:
O ensaio de coluna com gasolina foi realizado fora das condições ideais. Deveria
ser realizado com uma solução de gasolina e água deionizada o que facilitaria os
fenômenos a serem avaliados e a própria amostragem. A formação de uma fase livre nos
frascos dificultou a coleta de amostra, apesar da adoção dos vidros invertidos. O
processo de agitação, apesar do cuidado com a vedação dos frascos, também levou em
alguns casos a perda de massa do contaminante. O sistema formado por água, gasolina e
turfa devido à diferença de densidade dos componentes envolvidos gerou também
dificuldade de amostragem porque a turfa flutuava no fundo do frasco em contato com a
fase livre e outras partículas de turfa flutuavam no frasco. Apesar das dificuldades e
155
limitações encontradas no procedimento do ensaio e análise química pode-se observar
que a turfa tem potencial para reter o grupo BTEX, porém a dessorção, ocorre
rapidamente a partir de 20 min. No entanto, deve-se considerar que as dimensões da
coluna e dificuldade de evitar o processo de vaporização da gasolina acarretaram
problemas ao ensaio. Também se pode observar que a curva de remoção por tempo
tanto para absorbância quanto BTEX mostram que o esgotamento da coluna não foi
atingido. Além do que a concentração de BTEX ao final da solução menor que a
solução inicial está em desacordo com o que se espera de um ensaio de coluna, porque
houve perda de massa durante o processo e a coluna não atingiu a ruptura. Mesmo
assim o ensaio mostra uma forte tendência da turfa de adsorver BTEX, confirmando os
estudos de COHEN et al. (1991) e MAIA (2000).
O espectrofotômetro de UV foi utilizado nesta tese, tentativamente, como um
método auxiliar no ensaio de coluna para turfa com gasolina. Neste caso, este método
seria mais qualitativo que quantitativo. Os resultados das análises realizadas com esta
técnica, mostrou certa coerência com as concentrações obtidas por cromatografia. O
espectrofotômetro conseguiu identificar um pico relativo ao comprimento de onda
256nm. Sabe-se que a detecção de grupos funcionais por espectrofotometria por UV
oferece uma identificação ambígua de um composto orgânico, mas pode ser útil na
detecção de grupos funcionais específicos. Por exemplo, uma banda de absorção fraca
ao redor de 260nm com indicações de estrutura fina vibracional constitui-se uma
evidência da presença de um anel aromático. (SKOOG et al, 2002).
Sabe-se que o benzeno tem transparência mínima aproximada de 280 nm. Com a
gasolina é um composto complexo e no Brasil apresenta 25% de etanol, há inúmeras
substâncias potencialmente interferentes no sistema estudado.
e) Análise Microbiológica:
Os ensaios de microbiologia clássica mostram que há na turfa de Mogi Guaçu
microorganismos anaeróbios com capacidade para auxiliar na degradação do BTEX. É
possível a extração de DNA a partir da turfa com possibilidade de serem estudados por
meio da técnica do DGGE.
156
f) Destinação da turfa saturada em cobre, cádmio e BTEX:
Os ensaios desenvolvidos neste estudo apontam que a utilização da turfa in
natura como célula reativa em barreiras permeáveis está sujeito a um intenso processo
de dessorção. Isto inviabiliza a possibilidade de inertização in situ do material, havendo
necessidade de substituição periódica da célula. A turfa retirada de uma possível
barreira reativa estará saturada pelos contaminantes cobre, cádmio e/ou BTEX. Segundo
a NBR14001 um resíduo é considerado perigoso por apresentar periculosidade,
inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade e/ou patogenicidade. Os resíduos
que apresentam, ao menos, uma destas características são classificados como Resíduos
Perigosos Classe I. A presença de cádmio na turfa em concentrações muito acima de
5ppb e tendo em vista seu caráter tóxico e tamm a presença de benzeno, em
concentrações acima de 5ppm, em caso de utilização da turfa pra tratar BTEX, elevaria
a turfa a ser utilizada no reator a classificação de resíduo perigoso classe 1. Neste caso,
a turfa contaminada deveria receber um tratamento adequado e seguro. Alguns
possíveis tratamentos para turfa como tratamento eletrolítico, incineração dedicada, co-
incineração em cimenteiras e deposição em aterros de resíduos industriais. (vide Anexo
2).
g) Conclusões e Sugestões para Pesquisas Futuras:
Em relação a pesquisa desenvolvida podemos concluir:
As turfas de Mogi Guaçu-SP e Resende-RJ a despeito de suas diferenças de
natureza física, química apresentam boa capacidade de adsorção física.
Ambas as turfas apresentam ótimo desempenho na adsorção de metais
pesados e a turfa de Mogi Guaçu também para BTEX.
Apesar de ser um excelente material adsortivo, o uso destas turfas em
barreiras reativas, apresenta uma forte limitação devido à dessorção tanto
para metais pesados quanto para BTEX. A dessorção faz com que o uso
exclusivo da turfa in natura seja inviável para uma barreira permeável devido
à necessidade de troca de material por um período de tempo muito curto.
Caso o material permaneça em contato com a água pode re-contaminar o
aqüífero.
Outra desvantagem apresentada pela turfa diz respeito ao descarte a após a
saturação em contaminantes. Esta deveria sofrer um tratamento,
157
provavelmente por incineração ou co-incineração. Assim para ser descartada
ela elevaria o custo do tratamento, ou invés de barateá-lo.
. Um próximo passo relacionado a esta tese, seria estudo potencialidade
microbiológica da turfa de Mogi Guaçu através da identificação dessas bactérias
encontradas na turfa com auxílio do processo de extração de DNA do gel e posterior
seqüenciamento de DNA e anelamento no
blast para verificar a similaridade no banco
de dados 16s.
Em relação a pesquisas futuras, este trabalho representa um primeiro passo na
busca de materiais de baixo custo para barreiras reativas. Apesar das limitações da turfa
como material, ela pode se mostrar propícias em algumas situações. Assim, algumas
linhas pesquisas futuras podem ser seguidas, como:
Uso da turfa consorciado com um material de maior capacidade de
quimiossorção, como argilas, solos lateríticos e carvão ativado.
Dado potencial microbiológico para degradação de BTEX da turfa de
Mogi Guaçu, seria interessante a pesquisa do potencial microbiológico
de outras turfas, com estudos para aproveitamento deste material como
biobarreiras. A turfa funcionaria como um meio estruturante para
formação de biofilmes, associando um método físico (adsorção) a um
método biológico (biorremediação). Logicamente, esta possibilidade
deveria envolver estudos de avaliação da colmatação da biobarreira e a
degradação dos componentes BTEX poderia ser monitorada pela técnica
do DGGE.
Também seria interessante a pesquisa de um processo simples de
ativação das turfas ou mesmo sua transformação em carvão ativado,
conforme aponta Claudino (2003). Estes procedimentos melhorariam a
desempenho deste material em barreiras reativas.
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173
ANEXOS
ANEXO 1
I - LAUDO DO ENSAIO PARA CARACTERIZAÇÃO DAS TURFAS
DE MOGI DAS CRUZES-SP E REZENDE-RJ.
Equipamento: Autosorb AS 1 Chemisorb
Fabricante: Quantachrome Instruments
Date: 12/08/2006
Quantachrome Corporation
Quantachrome Autosorb Automated Gas Sorption System Report
Autosorb for Windows® Version 1.24
a) Análise da Turfa de Mogi Guaçu-SP
Sample ID TURFA - A/C Francisco Crescêncio Jr.
Description Mogi das Cruzes -SP
Comments
Sample Weight 1.0990 g
Adsorbate NITROGEN Outgas Temp 110 °C Operator Correia
Cross-Sec Area 16.2 Ų/molec Outgas Time 2.0 hrs Analysis
Time 246.0 min
NonIdeality 6.580E-05 P/Po Toler 0 End of Run 12/05/2006
09:30
Molecular Wt 28.0134 g/mol Equil Time 3 File Name
COPPE1.RAW
Station # 1 Bath Temp. 77.35
AREA-VOLUME-PORE SIZE SUMMARY
SURFACE AREA DATA
Multipoint BET............................. 1.618E+00 m²/g
Langmuir Surface Area...................... 2.216E+00 m²/g
BJH Method Cumulative Adsorption Surface Area..962E+00 m²/g
BJH Method Cumulative Desorption Surface Area.1.670E+00
m²/g
DH Method Cumulative Adsorption Surface Area.4.060E+00 m²/g
DH Method Cumulative Desorption Surface Area.1.756E+00 m²/g
t-Method External Surface Area.............. 1.618E+00 m²/g
t-Method Micro Pore Surface Area............ 0.000E+00 m²/g
DR Method Micro Pore Area................... 1.450E+00 m²/g
PORE VOLUME DATA
Total Pore Volume for pores with Diameter
less than 4041.0 Å at P/Po = 0.99524........ 5.691E-03 cc/g
BJH Method Cumulative Adsorption Pore Volume.6.298E-03 cc/g
BJH Method Cumulative Desorption Pore Volume.5.674E-03 cc/g
DH Method Cumulative Adsorption Pore Volume..6.163E-03 cc/g
DH Method Cumulative Desorption Pore Volume..5.579E-03 cc/g
t-Method Micro Pore Volume.................. 0.000E+00 cc/g
DR Method Micro Pore Volume................. 5.152E-04 cc/g
HK Method Cumulative Pore Volume............ 6.134E-04 cc/g
SF Method Cumulative Pore Volume............ 6.313E-04 cc/g
PORE SIZE DATA
Average Pore Diameter.......................... 1.407E+02 Å
BJH Method Adsorption Pore Diameter (Mode)..... 8.762E+00 Å
BJH Method Desorption Pore Diameter (Mode)..... 1.802E+01 Å
DH Method Adsorption Pore Diameter (Mode)...... 8.762E+00 Å
DH Method Desorption Pore Diameter (Mode)...... 1.802E+01 Å
DR Method Micro Pore Width .................... 8.944E+01 Å
DA Method Pore Diameter (Mode)................. 1.840E+01 Å
HK Method Pore Width (Mode).................... 7.725E+00 Å
SF Method Pore Diameter (Mode)................. 1.384E+01 Å
DATA REDUCTION PARAMETERS
Thermal Transpiration : OFF
Last Po Acquired 776.30 mm Hg
Additional Initialization Information Not Recorded.
BJH/DH Moving Average Size : 1
Interaction Constant (K) 2.9600 nm^3 x kJ/mol
Sample ID TURFA - Mogi das Cruzes –SP File Name COPPE1.RAW
Isotherm
P/Po Volume P/Po Volume P/Po Volume
[cc/g] STP [cc/g] STP [cc/g] STP
1.0050e-03 0.0728 1.7717e-01 0.4154 9.0203e-01 1.2941
3.0268e-03 0.1130 2.0220e-01 0.4300 9.9524e-01 3.6794
5.0899e-03 0.1345 2.2725e-01 0.4457 8.9809e-01 1.4637
7.5661e-03 0.1546 2.5221e-01 0.4598 7.9843e-01 1.0388
1.2200e-02 0.1813 2.7657e-01 0.4896 6.9987e-01 0.8495
3.1446e-02 0.2402 3.0199e-01 0.5084 5.9919e-01 0.7351
5.1874e-02 0.2810 3.9967e-01 0.5650 4.9847e-01 0.6617
7.6957e-02 0.3138 5.0238e-01 0.6273 3.9824e-01 0.5868
1.0193e-01 0.3459 6.0240e-01 0.6884 2.9818e-01 0.5209
1.2694e-01 0.3742 7.0050e-01 0.8087 1.9804e-01 0.4497
1.5220e-01 0.3965 8.0107e-01 0.9627 9.7945e-02 0.3627
Sample ID TURFA - Mogi das Cruzes –SP File Name COPPE1.RAW
MULTIPOINT BET
P/Po Volume 1/(W((Po/P)-1))
[cc/g] STP
5.1874e-02 0.2810 1.558E+02
7.6957e-02 0.3138 2.126E+02
1.0193e-01 0.3459 2.625E+02
1.2694e-01 0.3742 3.109E+02
1.5220e-01 0.3965 3.623E+02
1.7717e-01 0.4154 4.147E+02
2.0220e-01 0.4300 4.715E+02
2.2725e-01 0.4457 5.279E+02
2.5221e-01 0.4598 5.870E+02
2.7657e-01 0.4896 6.248E+02
3.0199e-01 0.5084 6.809E+02
Area = 1.618E+00 m²/g
Slope = 2.105E+03
Y - Intercept = 4.646E+01
Correlation Coefficient = 0.999692
C = 4.632E+01
Sample ID TURFA - Mogi das Cruzes –SP File Name COPPE1.RAW
BJH ADSORPTION PORE SIZE DISTRIBUTION
Diameter Pore Vol Pore Surf Area Dv(d) Ds(d) Dv(log d) Ds(log d)
Å [cc/g] [m²/g] [cc/Å/g] [m²/Å/g] [cc/g] [m²/g]
7.52 7.358E-05 3.915E-01 8.073E-05 4.296E-01 1.396E-03 7.427E+00
8.25 1.113E-04 5.742E-01 6.903E-05 3.348E-01 1.310E-03 6.356E+00
8.76 1.614E-04 8.033E-01 1.033E-04 4.716E-01 2.084E-03 9.513E+00
9.35 2.294E-04 1.094E+00 9.876E-05 4.225E-01 2.125E-03 9.092E+00
10.62 3.585E-04 1.580E+00 6.940E-05 2.613E-01 1.693E-03 6.375E+00
12.26 4.614E-04 1.916E+00 7.286E-05 2.377E-01 2.054E-03 6.703E+00
13.70 5.266E-04 2.106E+00 4.459E-05 1.302E-01 1.405E-03 4.103E+00
15.09 6.112E-04 2.331E+00 6.409E-05 1.699E-01 2.225E-03 5.899E+00
16.38 6.871E-04 2.516E+00 6.033E-05 1.473E-01 2.274E-03 5.554E+00
17.63 7.383E-04 2.632E+00 4.123E-05 9.356E-02 1.673E-03 3.796E+00
18.86 7.777E-04 2.716E+00 3.220E-05 6.830E-02 1.398E-03 2.965E+00
20.09 7.985E-04 2.757E+00 1.674E-05 3.333E-02 7.741E-04 1.541E+00
21.34 8.256E-04 2.808E+00 2.146E-05 4.022E-02 1.054E-03 1.976E+00
22.62 8.467E-04 2.845E+00 1.628E-05 2.880E-02 8.480E-04 1.499E+00
23.92 9.385E-04 2.999E+00 7.027E-05 1.175E-01 3.870E-03 6.471E+00
25.29 9.832E-04 3.070E+00 3.147E-05 4.978E-02 1.832E-03 2.898E+00
29.10 1.089E-03 3.215E+00 1.708E-05 2.348E-02 1.140E-03 1.567E+00
36.45 1.203E-03 3.340E+00 1.341E-05 1.472E-02 1.120E-03 1.229E+00
46.60 1.301E-03 3.424E+00 8.262E-06 7.091E-03 8.819E-04 7.569E-01
61.69 1.555E-03 3.589E+00 1.385E-05 8.980E-03 1.953E-03 1.266E+00
88.83 1.864E-03 3.728E+00 8.597E-06 3.871E-03 1.734E-03 7.809E-01
159.31 2.514E-03 3.891E+00 6.188E-06 1.554E-03 2.185E-03 5.487E-01
2126.39 6.298E-03 3.962E+00 9.882E-07 1.859E-05 2.955E-03 5.559E-02
Sample ID TURFA - Mogi das Cruzes –SP File Name COPPE1.RAW
HK Method Pore Size Distribution
Pore Width Dv(w) Pore Width Dv(w) Pore Width Dv(w)
[Å] [cc/Å/g] [Å] [cc/Å/g] [Å] [cc/Å/g]
3.1250 0.00000 8.5750 0.00006 14.0250 0.00003
3.1750 0.00000 8.6250 0.00006 14.0750 0.00003
3.2250 0.00000 8.6750 0.00006 14.1250 0.00003
3.2750 0.00000 8.7250 0.00006 14.1750 0.00003
3.3250 0.00000 8.7750 0.00006 14.2250 0.00003
3.3750 0.00000 8.8250 0.00006 14.2750 0.00003
3.4250 0.00000 8.8750 0.00006 14.3250 0.00003
3.4750 0.00000 8.9250 0.00006 14.3750 0.00003
3.5250 0.00000 8.9750 0.00006 14.4250 0.00003
3.5750 0.00000 9.0250 0.00006 14.4750 0.00003
3.6250 0.00000 9.0750 0.00006 14.5250 0.00003
3.6750 0.00000 9.1250 0.00006 14.5750 0.00003
3.7250 0.00000 9.1750 0.00006 14.6250 0.00003
3.7750 0.00000 9.2250 0.00006 14.6750 0.00003
3.8250 0.00000 9.2750 0.00006 14.7250 0.00003
3.8750 0.00000 9.3250 0.00006 14.7750 0.00003
3.9250 0.00000 9.3750 0.00006 14.8250 0.00003
3.9750 0.00000 9.4250 0.00006 14.8750 0.00003
4.0250 0.00000 9.4750 0.00006 14.9250 0.00003
4.0750 0.00000 9.5250 0.00006 14.9750 0.00003
4.1250 0.00000 9.5750 0.00006 15.0250 0.00003
4.1750 0.00000 9.6250 0.00005 15.0750 0.00003
4.2250 0.00000 9.6750 0.00005 15.1250 0.00003
4.2750 0.00000 9.7250 0.00005 15.1750 0.00003
4.3250 0.00000 9.7750 0.00005 15.2250 0.00003
4.3750 0.00000 9.8250 0.00005 15.2750 0.00003
4.4250 0.00000 9.8750 0.00005 15.3250 0.00003
Sample ID TURFA - Mogi das Cruzes –SP File Name COPPE1.RAW
HK Method Pore Size Distribution
Pore Width Dv(w) Pore Width Dv(w) Pore Width Dv(w)
[Å] [cc/Å/g] [Å] [cc/Å/g] [Å] [cc/Å/g]
4.4750 0.00000 9.9250 0.00005 15.3750 0.00003
4.5250 0.00000 9.9750 0.00005 15.4250 0.00003
4.5750 0.00000 10.0250 0.00005 15.4750 0.00003
4.6250 0.00000 10.0750 0.00005 15.5250 0.00003
4.6750 0.00000 10.1250 0.00005 15.5750 0.00003
4.7250 0.00000 10.1750 0.00005 15.6250 0.00003
4.7750 0.00000 10.2250 0.00005 15.6750 0.00003
4.8250 0.00000 10.2750 0.00005 15.7250 0.00003
4.8750 0.00000 10.3250 0.00005 15.7750 0.00003
4.9250 0.00000 10.3750 0.00005 15.8250 0.00003
4.9750 0.00000 10.4250 0.00005 15.8750 0.00003
5.0250 0.00000 10.4750 0.00005 15.9250 0.00003
5.0750 0.00000 10.5250 0.00005 15.9750 0.00003
5.1250 0.00000 10.5750 0.00005 16.0250 0.00003
5.1750 0.00000 10.6250 0.00005 16.0750 0.00003
5.2250 0.00000 10.6750 0.00005 16.1250 0.00003
5.2750 0.00000 10.7250 0.00005 16.1750 0.00003
5.3250 0.00000 10.7750 0.00005 16.2250 0.00003
5.3750 0.00000 10.8250 0.00004 16.2750 0.00003
5.4250 0.00000 10.8750 0.00004 16.3250 0.00003
5.4750 0.00001 10.9250 0.00004 16.3750 0.00003
5.5250 0.00001 10.9750 0.00004 16.4250 0.00003
5.5750 0.00001 11.0250 0.00004 16.4750 0.00003
5.6250 0.00001 11.0750 0.00004 16.5250 0.00003
5.6750 0.00001 11.1250 0.00004 16.5750 0.00003
5.7250 0.00001 11.1750 0.00004 16.6250 0.00003
5.7750 0.00001 11.2250 0.00004 16.6750 0.00003
5.8250 0.00001 11.2750 0.00004 16.7250 0.00003
5.8750 0.00001 11.3250 0.00004 16.7750 0.00003
5.9250 0.00001 11.3750 0.00004 16.8250 0.00003
5.9750 0.00001 11.4250 0.00004 16.8750 0.00003
6.0250 0.00001 11.4750 0.00004 16.9250 0.00003
6.0750 0.00002 11.5250 0.00004 16.9750 0.00003
6.1250 0.00002 11.5750 0.00004 17.0250 0.00003
6.1750 0.00002 11.6250 0.00004 17.0750 0.00003
6.2250 0.00002 11.6750 0.00004 17.1250 0.00003
6.2750 0.00002 11.7250 0.00004 17.1750 0.00003
6.3250 0.00002 11.7750 0.00004 17.2250 0.00003
6.3750 0.00002 11.8250 0.00004 17.2750 0.00003
6.4250 0.00003 11.8750 0.00004 17.3250 0.00003
6.4750 0.00003 11.9250 0.00004 17.3750 0.00003
6.5250 0.00003 11.9750 0.00004 17.4250 0.00003
6.5750 0.00003 12.0250 0.00004 17.4750 0.00003
6.6250 0.00003 12.0750 0.00004 17.5250 0.00003
6.6750 0.00003 12.1250 0.00004 17.5750 0.00003
6.7250 0.00004 12.1750 0.00004 17.6250 0.00003
6.7750 0.00004 12.2250 0.00004 17.6750 0.00003
6.8250 0.00004 12.2750 0.00004 17.7250 0.00003
6.8750 0.00004 12.3250 0.00004 17.7750 0.00003
6.9250 0.00004 12.3750 0.00004 17.8250 0.00003
6.9750 0.00005 12.4250 0.00004 17.8750 0.00003
7.0250 0.00005 12.4750 0.00004 17.9250 0.00003
7.0750 0.00005 12.5250 0.00004 17.9750 0.00003
7.1250 0.00005 12.5750 0.00004 18.0250 0.00003
7.1750 0.00006 12.6250 0.00004 18.0750 0.00003
7.2250 0.00006 12.6750 0.00004 18.1250 0.00003
7.2750 0.00006 12.7250 0.00004 18.1750 0.00003
7.3250 0.00006 12.7750 0.00004 18.2250 0.00002
7.3750 0.00006 12.8250 0.00004 18.2750 0.00002
7.4250 0.00006 12.8750 0.00004 18.3250 0.00002
7.4750 0.00006 12.9250 0.00004 18.3750 0.00002
7.5250 0.00006 12.9750 0.00004 18.4250 0.00002
7.5750 0.00007 13.0250 0.00004 18.4750 0.00002
7.6250 0.00007 13.0750 0.00004 18.5250 0.00002
7.6750 0.00007 13.1250 0.00004 18.5750 0.00002
Sample ID TURFA - Mogi das Cruzes –SP File Name COPPE1.RAW
HK Method Pore Size Distribution
Pore Width Dv(w) Pore Width Dv(w) Pore Width Dv(w)
[Å] [cc/Å/g] [Å] [cc/Å/g] [Å] [cc/Å/g]
7.7250 0.00007 13.1750 0.00004 18.6250 0.00002
7.7750 0.00007 13.2250 0.00004 18.6750 0.00002
7.8250 0.00007 13.2750 0.00004 18.7250 0.00002
7.8750 0.00007 13.3250 0.00004 18.7750 0.00002
7.9250 0.00007 13.3750 0.00004 18.8250 0.00002
7.9750 0.00007 13.4250 0.00004 18.8750 0.00002
8.0250 0.00007 13.4750 0.00003 18.9250 0.00002
8.0750 0.00007 13.5250 0.00003 18.9750 0.00002
8.1250 0.00006 13.5750 0.00003 19.0250 0.00002
8.1750 0.00006 13.6250 0.00003 19.0750 0.00002
8.2250 0.00006 13.6750 0.00003 19.1250 0.00002
8.2750 0.00006 13.7250 0.00003 19.1750 0.00002
8.3250 0.00006 13.7750 0.00003 19.2250 0.00002
8.3750 0.00006 13.8250 0.00003 19.2750 0.00002
8.4250 0.00006 13.8750 0.00003 19.3250 0.00002
8.4750 0.00006 13.9250 0.00003
8.5250 0.00006 13.9750 0.00003
b) Análise da Turfa de Resende-RJ:
Date: 12/08/2006
Quantachrome Corporation
Quantachrome Autosorb Automated Gas Sorption System Report
Autosorb for Windows® Version 1.24
Sample ID TURFA - A/C Francisco Crescêncio Jr.
Description Resende - RJ
Comments
Sample Weight 2.0570 g
Adsorbate NITROGEN Outgas Temp 110 °C Operator Correia
Cross-Sec Area 16.2 Ų/molec Outgas Time 2.0 hrs Analysis
Time 785.3 min
NonIdeality 6.580E-05 P/Po Toler 0 End of Run 12/06/2006
09:14
Molecular Wt 28.0134 g/mol Equil Time 3 File Name
COPPE2.RAW
Station # 1 Bath Temp. 77.35
AREA-VOLUME-PORE SIZE SUMMARY
SURFACE AREA DATA
Multipoint BET............................... 2.089E+01m²/g
Langmuir Surface Area........................ 2.872E+01m²/g
BJH Method Cumulative Adsorption Surface Area 4.840E+01m²/g
BJH Method Cumulative Desorption Surface Area.2.354E+01m²/g
DH Method Cumulative Adsorption Surface Area..4.931E+01m²/g
DH Method Cumulative Desorption Surface Area..2.426E+01m²/g
t-Method External Surface Area.............. 2.089E+01 m²/g
t-Method Micro Pore Surface Area............ 0.000E+00 m²/g
DR Method Micro Pore Area................... 1.772E+01 m²/g
PORE VOLUME DATA
Total Pore Volume for pores with Diameter
less than 3694.4 Å at P/Po = 0.99479......... 1.464E-01cc/g
BJH Method Cumulative Adsorption Pore Volume..1.540E-01cc/g
BJH Method Cumulative Desorption Pore Volume..1.471E-01cc/g
DH Method Cumulative Adsorption Pore Volume… 1.503E-01 cc/g
DH Method Cumulative Desorption Pore Volume..1.438E-01 cc/g
t-Method Micro Pore Volume.................. 0.000E+00 cc/g
DR Method Micro Pore Volume................. 6.296E-03 cc/g
HK Method Cumulative Pore Volume............ 7.936E-03 cc/g
SF Method Cumulative Pore Volume............ 8.166E-03 cc/g
PORE SIZE DATA
Average Pore Diameter.......................... 2.804E+02 Å
BJH Method Adsorption Pore Diameter (Mode)..... 8.753E+00 Å
BJH Method Desorption Pore Diameter (Mode)..... 1.808E+01 Å
DH Method Adsorption Pore Diameter (Mode)..... 1.042E+01 Å
DH Method Desorption Pore Diameter (Mode)...... 1.808E+01 Å
DR Method Micro Pore Width .................... 8.912E+01 Å
DA Method Pore Diameter (Mode)................. 1.880E+01 Å
HK Method Pore Width (Mode).................... 8.125E+00 Å
SF Method Pore Diameter (Mode)................. 1.449E+01 Å
DATA REDUCTION PARAMETERS
Thermal Transpiration: OFF
Last Po Acquired 775.93 mm Hg
Additional Initialization Information Not Recorded.
BJH/DH Moving Average Size : 1
Interaction Constant (K) 2.9600 nm^3 x kJ/mol
Sample ID TURFA - Resende - RJ File Name COPPE2.RAW
Isotherm
P/Po Volume P/Po Volume P/Po Volume
[cc/g] STP [cc/g] STP [cc/g] STP
9.6324e-04 0.8896 1.7420e-01 5.3501 8.9923e-01 23.4963
3.0311e-03 1.3651 2.0118e-01 5.6064 9.9479e-01 94.6714
5.0272e-03 1.6478 2.2619e-01 5.8494 9.0043e-01 29.1685
7.5463e-03 1.9165 2.4931e-01 6.0538 7.9989e-01 16.4159
9.6061e-03 2.0852 2.7629e-01 6.2884 7.0048e-01 12.4735
3.0883e-02 3.0823 2.9988e-01 6.4887 5.9915e-01 10.3891
5.1409e-02 3.6564 4.0124e-01 7.4458 4.9998e-01 8.9499
7.4229e-02 4.1024 5.0031e-01 8.4950 3.9976e-01 7.7364
9.9961e-02 4.4927 6.0103e-01 9.8534 2.9861e-01 6.7648
1.2484e-01 4.8243 7.0200e-01 11.7265 1.9932e-01 5.8677
1.5087e-01 5.1157 7.9976e-01 14.9581 9.8986e-02 4.7489
Sample ID TURFA - Resende - RJ File Name COPPE2.RAW
MULTIPOINT BET
P/Po Volume 1/(W((Po/P)-1))
[cc/g] STP
5.1409e-02 3.6564 1.186E+01
7.4229e-02 4.1024 1.564E+01
9.9961e-02 4.4927 1.978E+01
1.2484e-01 4.8243 2.366E+01
1.5087e-01 5.1157 2.779E+01
1.7420e-01 5.3501 3.155E+01
2.0118e-01 5.6064 3.594E+01
2.2619e-01 5.8494 3.998E+01
2.4931e-01 6.0538 4.389E+01
2.7629e-01 6.2884 4.857E+01
2.9988e-01 6.4887 5.282E+01
Area = 2.089E+01 m²/g
Slope = 1.634E+02
Y - Intercept = 3.305E+00
Correlation Coefficient = 0.999837
C = 5.044E+01
Sample ID TURFA - Resende - RJ File Name COPPE2.RAW
BJH ADSORPTION PORE SIZE DISTRIBUTION
Diameter Pore Vol Pore Surf Area Dv(d) Ds(d) Dv(log d)
Ds(log d)
Å [cc/g] [m²/g] [cc/Å/g] [m²/Å/g] [cc/g] [m²/g]
7.50 2.754E-04 1.468E+00 2.921E-04 1.557E+00 5.041E-03 2.687E+01
8.24 7.419E-04 3.733E+00 8.799E-04 4.271E+00 1.669E-02 8.101E+01
8.75 1.323E-03 6.390E+00 1.172E-03 5.354E+00 2.361E-02 1.079E+02
9.17 1.675E-03 7.925E+00 1.062E-03 4.632E+00 2.241E-02 9.777E+01
10.42 3.879E-03 1.638E+01 1.012E-03 3.885E+00 2.420E-02 9.289E+01
12.22 5.266E-03 2.092E+01 9.722E-04 3.182E+00 2.733E-02 8.945E+01
13.61 6.204E-03 2.368E+01 6.996E-04 2.057E+00 2.190E-02 6.438E+01
14.96 6.926E-03 2.561E+01 5.269E-04 1.409E+00 1.814E-02 4.850E+01
16.27 7.539E-03 2.712E+01 4.890E-04 1.202E+00 1.832E-02 4.502E+01
17.54 7.989E-03 2.814E+01 3.513E-04 8.010E-01 1.418E-02 3.234E+01
18.75 8.311E-03 2.883E+01 2.817E-04 6.007E-01 1.216E-02 2.593E+01
19.99 8.650E-03 2.951E+01 2.541E-04 5.084E-01 1.169E-02 2.340E+01
21.29 9.014E-03 3.019E+01 2.882E-04 5.415E-01 1.412E-02 2.654E+01
22.52 9.271E-03 3.065E+01 2.151E-04 3.821E-01 1.115E-02 1.981E+01
23.84 9.561E-03 3.113E+01 2.008E-04 3.369E-01 1.102E-02 1.849E+01
25.22 9.795E-03 3.151E+01 1.783E-04 2.828E-01 1.035E-02 1.642E+01
29.09 1.114E-02 3.336E+01 2.094E-04 2.879E-01 1.397E-02 1.921E+01
36.40 1.268E-02 3.505E+01 1.883E-04 2.069E-01 1.572E-02 1.727E+01
46.41 1.489E-02 3.695E+01 1.865E-04 1.607E-01 1.982E-02 1.708E+01
61.77 1.812E-02 3.904E+01 1.707E-04 1.105E-01 2.408E-02 1.559E+01
88.67 2.424E-02 4.181E+01 1.756E-04 7.919E-02 3.538E-02 1.596E+01
156.15 4.091E-02 4.608E+01 1.666E-04 4.267E-02 5.778E-02 1.480E+01
1950.30 1.540E-01 4.840E+01 3.243E-05 6.652E-04 9.027E-02 1.851E+00
Sample ID TURFA - Resende - RJ File Name COPPE2.RAW
HK Method Pore Size Distribution
Pore Width Dv(w) Pore Width Dv(w) Pore Width Dv(w)
[Å] [cc/Å/g] [Å] [cc/Å/g] [Å] [cc/Å/g]
3.1250 0.00000 8.5750 0.00080 14.0250 0.00046
3.1750 0.00000 8.6250 0.00079 14.0750 0.00045
3.2250 0.00000 8.6750 0.00079 14.1250 0.00045
3.2750 0.00000 8.7250 0.00079 14.1750 0.00045
3.3250 0.00000 8.7750 0.00078 14.2250 0.00044
3.3750 0.00000 8.8250 0.00078 14.2750 0.00044
3.4250 0.00000 8.8750 0.00078 14.3250 0.00044
3.4750 0.00000 8.9250 0.00078 14.3750 0.00043
3.5250 0.00000 8.9750 0.00078 14.4250 0.00043
3.5750 0.00000 9.0250 0.00078 14.4750 0.00043
3.6250 0.00000 9.0750 0.00077 14.5250 0.00042
3.6750 0.00000 9.1250 0.00077 14.5750 0.00042
3.7250 0.00000 9.1750 0.00077 14.6250 0.00042
3.7750 0.00000 9.2250 0.00077 14.6750 0.00042
3.8250 0.00000 9.2750 0.00077 14.7250 0.00041
3.8750 0.00000 9.3250 0.00076 14.7750 0.00041
3.9250 0.00000 9.3750 0.00076 14.8250 0.00041
3.9750 0.00000 9.4250 0.00076 14.8750 0.00041
4.0250 0.00000 9.4750 0.00075 14.9250 0.00041
4.0750 0.00000 9.5250 0.00075 14.9750 0.00040
4.1250 0.00000 9.5750 0.00074 15.0250 0.00040
4.1750 0.00000 9.6250 0.00074 15.0750 0.00040
4.2250 0.00000 9.6750 0.00074 15.1250 0.00040
4.2750 0.00000 9.7250 0.00073 15.1750 0.00040
4.3250 0.00000 9.7750 0.00073 15.2250 0.00040
4.3750 0.00000 9.8250 0.00073 15.2750 0.00039
4.4250 0.00000 9.8750 0.00072 15.3250 0.00039
Sample ID TURFA - Resende - RJ File Name COPPE2.RAW
HK Method Pore Size Distribution
Pore Width Dv(w) Pore Width Dv(w) Pore Width Dv(w)
[Å] [cc/Å/g] [Å] [cc/Å/g] [Å] [cc/Å/g]
4.4750 0.00001 9.9250 0.00072 15.3750 0.00039
4.5250 0.00001 9.9750 0.00072 15.4250 0.00039
4.5750 0.00001 10.0250 0.00072 15.4750 0.00039
4.6250 0.00001 10.0750 0.00071 15.5250 0.00039
4.6750 0.00001 10.1250 0.00071 15.5750 0.00039
4.7250 0.00001 10.1750 0.00070 15.6250 0.00038
4.7750 0.00001 10.2250 0.00070 15.6750 0.00038
4.8250 0.00001 10.2750 0.00070 15.7250 0.00038
4.8750 0.00002 10.3250 0.00069 15.7750 0.00038
4.9250 0.00002 10.3750 0.00069 15.8250 0.00038
4.9750 0.00002 10.4250 0.00068 15.8750 0.00038
5.0250 0.00002 10.4750 0.00067 15.9250 0.00038
5.0750 0.00003 10.5250 0.00067 15.9750 0.00038
5.1250 0.00003 10.5750 0.00066 16.0250 0.00038
5.1750 0.00003 10.6250 0.00066 16.0750 0.00038
5.2250 0.00004 10.6750 0.00065 16.1250 0.00037
5.2750 0.00004 10.7250 0.00065 16.1750 0.00037
5.3250 0.00005 10.7750 0.00064 16.2250 0.00037
5.3750 0.00005 10.8250 0.00064 16.2750 0.00037
5.4250 0.00006 10.8750 0.00063 16.3250 0.00037
5.4750 0.00006 10.9250 0.00062 16.3750 0.00037
5.5250 0.00007 10.9750 0.00062 16.4250 0.00037
5.5750 0.00008 11.0250 0.00061 16.4750 0.00037
5.6250 0.00008 11.0750 0.00061 16.5250 0.00037
5.6750 0.00009 11.1250 0.00061 16.5750 0.00037
5.7250 0.00010 11.1750 0.00060 16.6250 0.00036
5.7750 0.00011 11.2250 0.00060 16.6750 0.00036
5.8250 0.00012 11.2750 0.00060 16.7250 0.00036
5.8750 0.00013 11.3250 0.00059 16.7750 0.00036
5.9250 0.00014 11.3750 0.00059 16.8250 0.00036
5.9750 0.00015 11.4250 0.00059 16.8750 0.00036
6.0250 0.00016 11.4750 0.00059 16.9250 0.00036
6.0750 0.00018 11.5250 0.00058 16.9750 0.00036
6.1250 0.00019 11.5750 0.00058 17.0250 0.00035
6.1750 0.00020 11.6250 0.00058 17.0750 0.00035
6.2250 0.00022 11.6750 0.00058 17.1250 0.00035
6.2750 0.00024 11.7250 0.00058 17.1750 0.00035
6.3250 0.00025 11.7750 0.00058 17.2250 0.00035
6.3750 0.00027 11.8250 0.00058 17.2750 0.00035
6.4250 0.00029 11.8750 0.00058 17.3250 0.00034
6.4750 0.00031 11.9250 0.00058 17.3750 0.00034
6.5250 0.00033 11.9750 0.00058 17.4250 0.00034
6.5750 0.00035 12.0250 0.00058 17.4750 0.00034
6.6250 0.00037 12.0750 0.00058 17.5250 0.00034
6.6750 0.00039 12.1250 0.00058 17.5750 0.00033
6.7250 0.00041 12.1750 0.00058 17.6250 0.00033
6.7750 0.00044 12.2250 0.00058 17.6750 0.00033
6.8250 0.00046 12.2750 0.00058 17.7250 0.00033
6.8750 0.00049 12.3250 0.00058 17.7750 0.00033
6.9250 0.00051 12.3750 0.00057 17.8250 0.00032
6.9750 0.00053 12.4250 0.00057 17.8750 0.00032
7.0250 0.00056 12.4750 0.00057 17.9250 0.00032
7.0750 0.00058 12.5250 0.00057 17.9750 0.00032
7.1250 0.00061 12.5750 0.00057 18.0250 0.00032
7.1750 0.00063 12.6250 0.00057 18.0750 0.00031
7.2250 0.00065 12.6750 0.00056 18.1250 0.00031
7.2750 0.00068 12.7250 0.00056 18.1750 0.00031
7.3250 0.00070 12.7750 0.00056 18.2250 0.00031
7.3750 0.00072 12.8250 0.00055 18.2750 0.00031
7.4250 0.00073 12.8750 0.00055 18.3250 0.00031
7.4750 0.00075 12.9250 0.00055 18.3750 0.00030
7.5250 0.00076 12.9750 0.00054 18.4250 0.00030
7.5750 0.00078 13.0250 0.00054 18.4750 0.00030
7.6250 0.00079 13.0750 0.00054 18.5250 0.00030
7.6750 0.00080 13.1250 0.00053 18.5750 0.00030
7.7250 0.00080 13.1750 0.00053 18.6250 0.00030
Sample ID TURFA - Resende - RJ File Name COPPE2.RAW
HK Method Pore Size Distribution
Pore Width Dv(w) Pore Width Dv(w) Pore Width Dv(w)
[Å] [cc/Å/g] [Å] [cc/Å/g] [Å] [cc/Å/g]
7.7750 0.00081 13.2250 0.00053 18.6750 0.00029
7.8250 0.00081 13.2750 0.00052 18.7250 0.00029
7.8750 0.00082 13.3250 0.00052 18.7750 0.00029
7.9250 0.00082 13.3750 0.00051 18.8250 0.00029
7.9750 0.00082 13.4250 0.00051 18.8750 0.00029
8.0250 0.00083 13.4750 0.00050 18.9250 0.00029
8.0750 0.00083 13.5250 0.00050 18.9750 0.00029
8.1250 0.00083 13.5750 0.00049 19.0250 0.00029
8.1750 0.00083 13.6250 0.00049 19.0750 0.00028
8.2250 0.00083 13.6750 0.00049 19.1250 0.00028
8.2750 0.00083 13.7250 0.00048 19.1750 0.00028
8.3250 0.00082 13.7750 0.00048 19.2250 0.00028
8.3750 0.00082 13.8250 0.00047 19.2750 0.00028
8.4250 0.00082 13.8750 0.00047 19.3250 0.00028
8.4750 0.00081 13.9250 0.00046
8.5250 0.00081 13.9750 0.00046
ANEXO 2
Tratamento eletrolítico:
O tratamento eletrolítico é um tratamento regenerativo utilizado para carvão ativado
em plantas industriais onde este insumo é intensamente utilizado em processos de
filtragem de efluentes nas várias etapas de produção. A proposta de regeneração do
carvão está em acordo com a perspectiva atual de uso racional de insumos industriais e
desenvolvimento de tecnologia limpa.
O tratamento eletrolítico tem sido proposto para tratamento de carvão ativado
contaminado por metais pesados e complexos orgânicos. (Barbosa et al., 2002) e
poderia ser uma alternativa de tratamento também para turfa oriunda dos reatores de
barreiras permeáveis.
O processo de regeneração eletrolítica do carvão ativado concebido pelo Centro de
Tecnologia Mineral (CETEM) consiste de uma célula eletrolítica cilíndrica, dotada de
um catodo de titânio, disposto circularmente sobre as paredes da célula. O anodo,
suportado por uma membrana sintética de polipropileno, consistindo de um conjunto
grafita/carvão; sendo a grafita, uma placa retangular empregada apenas como
alimentador de corrente e o carvão, o volume anódico. O eletrólito contido no
reservatório de solução, de um litro de capacidade, é recirculado continuamente através
do compartimento anódico. Como solução de eletrólito foram utilizados KOH a 1,0 M
ou NaCl a 1,0 M, conforme o caso. (Barbosa et al., 2002)
No entanto, deve-se levar em consideração que o custo do carvão aditivado é quase
10 vezes mais elevado que a turfa in natura e neste caso os custos da regeneração
poderiam não ser compensadores em relação a outro tipo de tratamento. A regeneração
poderia custar até R$ 1,8/kg e a incineração em torno de 1,8/kg. O custo de carvão
ativado justificaria um processo de regeneração e reativação, o que não é o caso da turfa
in natura.
Incineração Dedicada:
O processo de incineração dedicada compõe-se de uma unidade de combustão
que pode apresentar diferentes técnicas de queima de resíduos perigosos, são elas:
fornos rotativos, sistemas de injeção líquida e sistemas em leito fluidizado. A técnica
mais comum é a de forno rotativo por ser a mais versátil, podendo receber tanto
resíduos líquidos quanto sólidos. O forno rotativo é formado por uma cápsula cilíndrica
em aço, revestida internamente com material refratário, com diâmetro de 4,5 a 6 metros
e com uma razão comprimento/diâmetro entre 2:1 e 10:1. Possui uma câmara de pós-
combustão que situa-se ao final do forno rotativo onde se processa a queima dos gases.
Figura 38 - Esquema de um forno rotativo típico de uma incineradora de resíduos
perigosos. (Barbosa, 2002)
Co-incineração em cimenteiras
A co-incineração em cimenteiras consiste na utilização dos fornos de cimento
utilizados para calcinação do calcário para produção do clínquer, composto básico para
fabricação de cimentos. Estes fornos apresentam algumas características que os
recomendam como possíveis instalações para a eliminação de resíduos perigosos,
principalmente se esses resíduos forem combustíveis e puderem ser destruídos por
reação com o oxigênio atmosférico. Dado o seu caráter perigoso a queima destes
resíduos tem de ser efetuada de modo que a sua remoção e destruição sejam elevadas.
Usualmente, as normas para o tratamento térmico de resíduos perigosos impõem índices
de eficiência em torno de 99,99% (ou 99, 9999% para dioxinas/furanos). Os gases no
forno de clínquer atingem temperaturas máximas de 2000 ºC no queimador principal e
permanecem a temperaturas acima dos 1200 ºC por períodos de 4-6 segundos. Por sua
vez, o clínquer sai do forno a temperaturas a ordem dos 1450 ºC. Estas temperaturas são
das mais elevadas encontradas em qualquer processo industrial e o tempo de residência
dos gases a alta temperatura é também bastante superior ao conseguido em outros
processos de combustão alternativos, como a incineração dedicada. Assim um forno de
clínquer é um local com condições ótimas para uma queima ou destruição eficaz de
qualquer resíduo orgânico que se possa oxidar/decompor com a temperatura.
Ambas apresentam vantagens e desvantagens conforme quadro a seguir (Tabela
60).
Tab . 60 - Quadro comparativo entre Co-incineração e Incineração Dedicada
Co-incineração em Cimenteiras Incineração Dedicada
Não pode tratar alguns resíduos industriais
halogenados
Pouca eficiência na destruição de
moléculas orgânicas (1100ºC/2s contra
1450ºC clínquer/4-6s)
Não pode tratar resíduos industriais
perigosos contendo Hg, Cd, Tl
Pode aceitar resíduos mais contaminados
(ex: organoclorados)
Necessita da preparação prévia de uma
mistura combustível
Produz novos resíduos perigosos:
escórias, poeiras e líquidos de lavagem
Destrói com grande eficiência as
moléculas orgânicas
Baixo rendimento energético
Fixa os metais integrando-os na estrutura
do clínquer
Elevado rendimento energético
Não produz novos resíduos
Possui um sistema de tratamento de gases
mais eficiente
A turfa saturada em metais pesados pode ser destinada a co-incineração em
cimenteiras. Este processo é vantajoso para descarte de materiais contaminados por
metais pesados porque o clínquer fixa os metais em sua estrutura.
Disposição em Aterro de Resíduos Industriais:
A disposição de resíduos em aterros industriais ainda é uma prática muito
comum para boa porcentagem destes materiais produzidos no Brasil. O aterro deve ser
licenciado e cumprir com as obrigações legais em termos construtivos.
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