Download PDF
ads:
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU
GABRIELA ROSITO ALVAREZ BERNARDEZ-BRAGA
Comparação das medidas com microfone sonda realizadas face a face e via
teleconsulta
BAURU
2008
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
ads:
Gabriela Rosito Alvarez Bernardez-Braga
COMPARAÇÃO DAS MEDIDAS COM MICROFONE SONDA REALIZADAS FACE A
FACE E VIA TELECONSULTA
Dissertação apresentada à Faculdade de Odontologia de
Bauru, Universidade de São Paulo, como parte dos
requisitos para obtenção do título de Mestre em
Fonoaudiologia.
Orientadora: Profª Drª Deborah Viviane Ferrari
BAURU
2008
Autorizo, exclusivamente para fins acadêmicos e científicos, a
reprodução total ou parcial desta dissertação/tese, por processos
fotocopiadores e outros meios eletrônicos.
Assinatura:
Data:
Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Odontologia de Bauru
/USP:
Data de aprovação: 29/11/2006.
Protocolo Nº: 112/2006
Bernardez-Braga, Gabriela Rosito Alvarez
B456c Comparação das medidas com microfone sonda
realizadas face a face e via teleconsulta / Gabriela Rosito
Alvarez Bernardez-Braga. -- Bauru, 2008.
182 p.: il. ; 30 cm.
Dissertação (Mestrado) -- Faculdade de Odontologia de
Bauru. Universidade de São Paulo.
G
A B R I E L A
R
O S I T O
A
L V A R E Z
B
E R N A R D E Z
- B
R A G A
23 de dezembro de 1982
Araraquara - SP
Nascimento
2002-2005
Curso de Graduação em Fonoaudiologia Faculdade
de Odontologia de Bauru, USP – Bauru – SP.
2006-2007
Curso de Especialização em Audiologia Clínica
Instituto de Comunicação e Audição – Bauru – SP.
2006-2008
Curso de Mestrado em Fonoaudiologia Faculdade de
Odontologia de Bauru – USP – SP.
Dedicatória
DedicatóriaDedicatória
Dedicatória
Dedicatória
G a b r i e l a R o s i t o A l v a r e z B e r n a r d e z - B r a g a
Wxw|vtà™Ü|t
Wxw|vtà™Ü|tWxw|vtà™Ü|t
Wxw|vtà™Ü|t
A Wxâá pela força inexplicável, pela calma e discernimento a mim concedidos nos
momentos mais difíceis, e pelo imenso amor! Agradeço por me carregar no colo quando achei
que não fosse conseguir!
Aos meus pais, `tÜ|t VÄ°Ä|t e ctâÄÉ, pela confiança, apoio, educação e carinho ao
longo de toda a minha vida. Obrigada pelo esforço e dedicação em me fazer uma vencedora!
Vocês foram fundamentais para que eu chegasse até aqui!
Ao meu marido YÜxwxÜ|vÉ, pelo amor e apoio incondicionais, pelo companheirismo e
paciência nos momentos difíceis e por compreender a minha ausência nas etapas decisivas.
Sem você ao meu lado a batalha teria sido muito mais árdua. É maravilhoso viver com você e
desfrutar do seu amor!
Agradecimentos
AgradecimentosAgradecimentos
Agradecimentos
TzÜtwxv|ÅxÇàÉá
TzÜtwxv|ÅxÇàÉáTzÜtwxv|ÅxÇàÉá
TzÜtwxv|ÅxÇàÉá
À YtvâÄwtwx wx bwÉÇàÉÄÉz|t wx UtâÜâ, Universidade de São Paulo, referência em
competência e Educação, pelo ensino de qualidade a mim proporcionado durante minha
formação profissional.
À cÜÉyŒ WÜŒ `tÜ|t \Ç£á cxzÉÜtÜÉ@^ÜÉÉ~, pela dedicação e excelente
coordenação do Programa de Pós Graduação ao nível de Mestrado em Fonoaudiologia da
FOB-USP. Obrigada pela compreensão em um momento difícil em minha vida.
À cÜÉyŒ WÜŒ WxuÉÜt{ i|ä|tÇx YxÜÜtÜ|, que além do apoio e formação profissional,
foi mais que orientadora compreendendo e oferecendo seu ombro amigo em decisões
particulares. Espero poder continuar com essa amizade e parceria por longos anos!
Ao cÜÉy WÜ ]Éá° eÉuxÜàÉ cxÜx|Üt _tâÜ|á, pela ajuda na análise estatística e
disponibilidade nos vários momentos de dúvidas. Obrigada pelas exceções abertas em sua
agenda.
À cÜÉyŒ WÜŒ TÇwÜxt V|ÇàÜt _ÉÑxá, pelo carinho, conselhos e orientações durante
uma fase muito importante em minha vida. Obrigada por você ter ficado ao meu lado e ter me
ajudado a enfrentar os problemas.
Às yÉÇÉtâw|™ÄÉztá wt VÄ•Ç|vt wx TÅÑÄ|y|vt†ûÉ fÉÇÉÜt \Çw|ä|wâtÄ wt YbU@
hfc? ctàÜ•v|t? ]ÉáxÄ| x fâá{|Ät que me apoiaram nos momentos mais difíceis de
minha coleta de dados. Obrigada pelo carinho e pela preciosa ajuda!
Agradecimentos
G a b r i e l a R o s i t o A l v a r e z B e r n a r d e z - B r a g a
Ao XÄ|àÉÇ ZtÄxÄ|, pelo socorro nas horas de sufoco, e por ter sempre conseguido
solucionar os problemas durante a coleta piloto desse estudo.
A todos os yÉÇÉtâw|™ÄÉzÉá äÉÄâÇàöÜ|Éá, pela disposição e carinho em me ajudar, participando
do estudo e colaborando com sua concretização. Vocês foram essenciais para a execução
dessa pesquisa.
A todas da segunda turma de `xáàÜtwÉ wt YbU@hfc, pelos momentos passados
juntas. Pelas gargalhadas e descontrações durante as reuniões de trabalho. Vocês fizeram essa
etapa ficar mais colorida!
Ao ]ÉûÉ e à f¨Ç|t, pela compreensão e paciência durante a conclusão desse trabalho.
fÉÇ|Ç{t, obrigada pelo incentivo nos momentos difíceis!
Aos yâÇv|ÉÇöÜ|Éá do Departamento e da Clínica de Fonoaudiologia da FOB-USP, sempre
prontos a auxiliar e facilitar o nosso cotidiano.
À funcionária da Clínica de Fonoaudiologia da FOB-USP, _âé|t bÜxáàxá, pela paciência e
compreensão em dividir a sua sala comigo em alguns momentos de necessidade.
Aos demais ÑÜÉyxááÉÜxá do WxÑtÜàtÅxÇàÉ wx YÉÇÉtâw|ÉÄÉz|t da FOB-USP, peças chaves
na minha formação técnica, científica e profissional.
A todos os demais, que de alguma forma, contribuíram com o desenvolvimento desse trabalho
e com minha formação, meus mais sinceros agradecimentos.
`â|àÉ buÜ|ztwt
`â|àÉ buÜ|ztwt`â|àÉ buÜ|ztwt
`â|àÉ buÜ|ztwt
4
44
4
Epígrafe
EpígrafeEpígrafe
Epígrafe
Epígrafe
G a b r i e l a R o s i t o A l v a r e z B e r n a r d e z - B r a g a
XÑ•zÜtyx
XÑ•zÜtyxXÑ•zÜtyx
XÑ•zÜtyx
cxwx x ÜxvxuxÜöá? uâáÖâx x xÇvÉÇàÜtÜöá? utàt x t
ÑÉÜàt áx tuÜ|Üö?
cÉ|á àÉwÉ É Öâx Ñxwx Üxvxux?
É Öâx uâávt xÇvÉÇàÜt?
x? t ÖâxÅ utàx? tuÜ|Ü@áx@Ä{x@öA
;`tàxâá JM J
;`tàxâá JM J;`tàxâá JM J
;`tàxâá JM J@
@@
@K<
K<K<
K<
Resumo
ResumoResumo
Resumo
Resumo
G a b r i e l a R o s i t o A l v a r e z B e r n a r d e z - B r a g a
RESUMO
Avaliou-se a eficácia de um procedimento de teleconsulta baseado na internet para
a verificação do aparelho de amplificação sonora individual (AASI) por meio da realização de
medidas com microfone sonda em adultos deficientes auditivos. Foram comparados os
valores da amplitude da resposta de ressonância da orelha externa (REUR), resposta de
ressonância da orelha externa com uso da amplificação (REAR) e o ganho de inserção (REIG)
realizados face a face (F) e à distância (D). O erro casual das medidas da REUR, REAR e
REIG realizadas pelos dois métodos foi analisado. Participaram do estudo: grupo A: sessenta
adultos (média de idade de 67 anos) com deficiência auditiva unilateral (n=15) ou bilateral
(n=45), totalizando 105 orelhas; grupo B: 19 adultos (média de idade de 28 anos) sem queixas
auditivas (19 orelhas). Os AASIs utilizados foram do tipo mini-retroauricular e não possuiam
microfone direcional ou algoritmos de cancelamento de retroalimentação e/ou redução de
ruído. Para o grupo B foi feito ajuste do AASI resultando na menor saída possível. Cinco
fonoaudiólogos voluntários auxiliaram na coleta dos dados à distância. O procedimento face a
face foi realizado pela pesquisadora em todos os participantes, utilizando-se o equipamento
Unity PC Probe Mic (Siemens) conectado a um computador pessoal. Para realização das
medidas à distância esse computador foi conectado à LAN (10 Mpbs). O participante e o
fonoaudiólogo voluntário se posicionaram na sala junto ao equipamento (ambiente de teste).
A pesquisadora posicionou-se em outra sala denominada “ambiente remoto” juntamente com
um notebook também conectado à LAN. Webcams e headsets foram utilizados para a captura
de audio e video, transmitidas em tempo real pelo software Polycom PVX, o qual também foi
utilizado para compartilhamento de aplicativos. Por meio desse compartilhamento a
pesquisadora realizava as medidas diretamente no participante, com auxílio do fonoaudiólogo
voluntário. Quatro repetições das medidas da REUR, REAR e REIG foram obtidas apenas
para o grupo B. Correlações (Pearson) muito fortes e significativas foram obtidas entre as
medidas realizadas face a face (F) e à distância (D). O teste t pareado revelou diferenças
pequenas, porém significativas entre as medidas F e D para a REUR e REAR. A ANOVA
mostrou diferenças significativas entre as repetições realizadas. Diferenças entre os métodos F
e D foram obtidas apenas na freqüência de 2000 Hz. Os erros causais obtidos pelas medidas
face a face e à distância foram muito semelhantes. As diferenças e variações encontradas entre
as medidas face a face e à distância não foram maiores do que a magnitude de variabilidade
do próprio procedimento de medidas com microfone sonda. É possível realizar medidas de
microfone sonda confiáveis via teleconsulta / telessaúde baseada na internet. Outras
investigações são necessárias para validar esse procedimento.
Palavras-chaves: medidas com microfone sonda. teleconsulta. internet.
audiologia. telemedicina.
Abstract
AbstractAbstract
Abstract
Abstract
G a b r i e l a R o s i t o A l v a r e z B e r n a r d e z - B r a g a
ABSTRACT
COMPARISON OF FACE TO FACE AND TELECONSULTATION PROBE
MICROPHONE MEASURES
The efficacy of an internet based teleconsultation for hearing aid probe
microphone measures in hearing impaired adults was evaluated. The amplitudes of face to
face (F) and remote (R) real ear unaided response (REUR), real ear aided response (REAR)
and real ear insertion gain (REIG) were compared. The measurement error for repeated
measures of REUR, REAR and REIG was analyzed. Participated in this study: group A: 60
adults (mean age: 67 years), with unilateral (n=15) or bilateral (n=45) hearing loss, totalizing
105 ears; group B: 19 normal hearing adults (mean age: 28 years) totalizing 19 ears. Behind
the ear hearing aids with no directional microphone, noise reduction and/or feedback
cancellation were used. For group B these hearing aids were adjusted as to produce the least
amount of gain and output. Five audiologists volunteers helped the data collection. The Unity
PC Probe Mic (Siemens) coupled to a personal computer were used by the researcher to carry
out face to face measures. For the remote measures this equipment was connected to a local
area network (LAN 10 Mpbs). The volunteer and the participant were located in this room
(test site). At the remote site the researcher used a notebook connected to the LAN. Webcams
and headsets were used for audio and video capture which was transmitted in real time by the
Polycom PVX software, which was also used for application sharing. By means of remote
controlling of the PC Probe Mic equipment the researcher could perform the remote real ear
measurements in the participants. Four repeated measures of REUR, REAR and REIG were
obtained for group B only. Strong and significant correlations (Pearson) were obtained
between face to face and remote real ear measures. Paired t tests revealed small but significant
differences between face to face and remote REUR and REAR. Analysis of variance showed
significant differences between repeated measures. Measurement errors for face to face and
remote real ear measures were very similar. The differences as well as errors found between
face to face and remote measures were never higher than the reported variability for probe
microphone measures themselves. It is possible to carry out probe microphone measures by
means of teleconsultation / telehealth. Further investigations to validate this procedure are
necessary.
Keywords: probe tube microphone measures. teleconsultation. internet.
audiology. telemedicine.
Lista de Ilustrações
Lista de IlustraçõesLista de Ilustrações
Lista de Ilustrações
Lista de Ilustrações
G a b r i e l a R o s i t o A l v a r e z B e r n a r d e z - B r a g a
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
FIGURAS
Figura 1 - Nível de pressão sonora para um tom puro de 1350 Hz em função da distância da caixa acústica em
uma cabina audiométrica. A linha pontilhada indica a função predita a partir da lei do inverso do
quadrado da distância ....................................................................................................................... 54
Figura 2 - AASI na posição correta para ser medido no acoplador de 2 cc ...................................................... 58
Figura 3 - Manequim Kemar ............................................................................................................................. 59
Figura 4 - Equipamento Unity PC Probe Mic (Siemens) ................................................................................ 117
Figura 5 - Posicionamento do tubo sonda para calibração .............................................................................. 118
Figura 6 - Posicionamento do tubo sonda em relação ao molde auricular ...................................................... 119
Figura 7 - Posicionamento do tubo sonda no conduto auditivo externo ......................................................... 119
Figura 8 - Configuração dos ambientes remoto e de teste .............................................................................. 121
Figura 9 - Tela do software Polycom PVX ..................................................................................................... 123
Figura 10 - Tela visualizada pelo computador do ambiente remoto (controle da área de trabalho do ambiente de
teste) ............................................................................................................................................... 124
QUADROS
Quadro 1 - Comparativo entre as medidas com microfone sonda e a audiometria em campo livre ................... 77
Quadro 2 - Modalidades de telessaúde ............................................................................................................... 81
Quadro 3 - Infra-estrutura de telecomunicação .................................................................................................. 92
GRÁFICOS
Gráfico 1 - Correlação e lculo de probabilidade obtida para a REUR realizada face a face e a distância
(n= 105) .......................................................................................................................................... 133
Gráfico 2 - Correlação e lculo de probabilidade obtida para a REAR realizada face a face e a distância
(n= 105) .......................................................................................................................................... 133
Gráfico 3 - Correlação e cálculo de probabilidade obtida para a REIG realizada face a face e a distância
(n= 105) .......................................................................................................................................... 133
Gráfico 4 - Médias das medidas com microfone sonda realizadas face a face (REUR F, REAR F e REIG F) e à
distância (REUR D, REAR D e REIG D) (n = 105) ...................................................................... 134
Lista de Tabelas
Lista de TabelasLista de Tabelas
Lista de Tabelas
Lista de Tabelas
G a b r i e l a R o s i t o A l v a r e z B e r n a r d e z - B r a g a
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Propriedades acústicas da orelha externa e orelha média .................................................................... 63
Tabela 2 - Correlações entre a REUR, REAR e REIG realizadas face a face e a distância e resultante do cálculo
de probabilidade (n=105) ................................................................................................................... 134
Tabela 3 - Média e desvio padrão (dB NPS) da REUR realizada face a face e a distância, diferença entre as duas
médias e probabilidade (n=105) ......................................................................................................... 135
Tabela 4 - Média e desvio padrão (dB NPS) da REAR realizada face a face e a distância, diferença entre as duas
médias e probabilidade (n=105) ......................................................................................................... 135
Tabela 5 - Média e desvio padrão (dB) da REIG realizada face a face e a distância, diferença entre as duas
médias e probabilidade (n=105) ......................................................................................................... 136
Tabela 6 - Média e desvio padrão para a REUR realizadas face a face (F) e a distância (D) e resultado da análise
de variância a dois critérios para medidas repetidas (n=19) .............................................................. 137
Tabela 7 - Média e desvio padrão para a REAR realizadas face a face (F) e a distância (D) e resultado da análise
de variância a dois critérios para medidas repetidas (n=19) .............................................................. 138
Tabela 8 - Média e desvio padrão para a REIG realizadas face a face (F) e a distância (D) e resultado da análise
de variância a dois critérios para medidas repetidas (n=19) .............................................................. 139
Tabela 9 - Médias dos erros encontrados nas quatro repetições para as medidas REUR, REAR e REIG (n=19)
obtidos por meio da comparação casual proposto por Dahlberg ........................................................ 140
Lista de
Lista de Lista de
Lista de Abreviaturas
AbreviaturasAbreviaturas
Abreviaturas
Lista de Abreviaturas
G a b r i e l a R o s i t o A l v a r e z B e r n a r d e z - B r a g a
LISTA DE ABREVIATURAS
AASI- Aparelho de amplificação sonora individual
AASIs- Aparelhos de amplificação sonora individuais
ANOVA- Análise de variância
ANSI- American National Standards Institute
ASHA- American Speech-Language-Hearing Association
CAE- Conduto auditivo externo
cc- centímetro cúbico
cm- Centímetro
D- distância
dB- Decibel
EOA-PD- Emissões otoacústicas por produto de distorção
F- face a face
FOB- Faculdade de Odontologia de Bauru
HINT- Hearing in noise test
Hz- Hertz
IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IEC- International Electroacustical Comission
IP- Internet Protocol
k Hz- kilo Hertz
LAN- Local Area Network (rede de área local)
mm- milímetro
NPS- Nível de pressão sonora
PEATE- Potenciais evocados auditivos de tronco encefálico
REAG- Ganho de ressonância da orelha externa com uso da amplificação / Real ear
aided gain
REAR- Resposta de ressonância da orelha externa com uso da amplificação / Real ear
aided response
RECD- Diferença entre a medida obtida em acoplador e na orelha do usuário / Real ear
to coupler difference
REIG- Ganho de inserção / Real ear insertion gain
REOG- Ganho da oclusão da orelha externa / Real ear occluded gain
REOR- Resposta de oclusão da orelha externa / Real ear ocluded response
RESR- Resposta de saturação da orelha externa / Real ear saturation response
REUG- Ganho de ressonância da orelha externa / Real ear unaided gain
REUR- Resposta de ressonância da orelha externa / Real ear unaided response
SUS- Sistema Único de Saúde
USP – Universidade de São Paulo
Sumário
SumárioSumário
Sumário
Sumário
G a b r i e l a R o s i t o A l v a r e z B e r n a r d e z - B r a g a
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 46
2 REVISÃO DE LITERATURA ......................................................................................................... 50
2.1 VERIFICAÇÃO DOS APARELHOS DE AMPLIFICAÇÃO SONORA INDIVIDUAIS: VISÃO
GERAL ................................................................................................................................................ 52
2.2 AUDIOMETRIA EM CAMPO LIVRE .............................................................................................. 53
2.3 MEDIDAS EM ACOPLADOR ........................................................................................................... 57
2.4 MEDIDAS COM MICROFONE SONDA .......................................................................................... 61
2.4.1 Propriedades acústicas da orelha externa e média ......................................................................... 61
2.4.2 Equipamentos necessários para a realização das medidas com microfone sonda. ....................... 63
2.4.3 Ambiente de teste e calibração .......................................................................................................... 65
2.4.4 Características do estímulo utilizado para teste .............................................................................. 66
2.4.5 Preparação do paciente para realização das medidas com microfone sonda ............................... 68
2.4.6 Principais medidas utilizadas na prática clinica ............................................................................. 69
2.4.6.1 Resposta de ressonância da orelha externa (REUR - Real Ear Unaided Response) / Ganho de
ressonância da orelha externa (REUG - Real Ear Unaided Gain) ................................................. 69
2.4.6.2 Resposta de oclusão da orelha externa (REOR - Real Ear Ocluded Response) ou Ganho da
oclusão da orelha externa (REOG - Real Ear Ocluded Gain). ........................................................ 70
2.4.6.3 Resposta de ressonância da orelha externa com uso da amplificação (REAR - Real Ear Aided
Response) ou Ganho de ressonância da orelha externa com uso da amplificação (REAG - Real
Ear Aided Gain). ................................................................................................................................. 71
2.4.6.4 Ganho de inserção (REIG - Real Ear Insertion Gain) ..................................................................... 72
2.4.6.5 Resposta de saturação da orelha externa (RESR - Real Ear Saturation Response). ..................... 73
2.4.6.6 Diferença entre a medida obtida em acoplador e na orelha do usuário (RECD - Real Ear to
Coupler Difference). ........................................................................................................................... 74
2.4.7 Confiabilidade das medidas com microfone sonda ......................................................................... 74
2.4.8 Comparação entre a audiometria em campo livre e as medidas com microfone sonda .............. 77
2.5 TELESSAÚDE E AUDIOLOGIA....................................................................................................... 78
2.5.1 Telessaúde: definição e principais projetos no país ........................................................................ 78
2.5.2 Telessaúde e infra-estrutura ............................................................................................................. 89
2.5.3 Telessaúde e aplicações na audiologia .............................................................................................. 95
3 PROPOSIÇÃO ................................................................................................................................. 108
4 MATERIAS E MÉTODOS ............................................................................................................. 112
4.1 PARTICIPANTES ............................................................................................................................. 114
4.1.1 Grupo A ............................................................................................................................................ 114
4.1.2 Grupo B ............................................................................................................................................ 115
4.2 PROCEDIMENTOS .......................................................................................................................... 115
4.2.1 Grupo A ............................................................................................................................................ 115
4.2.1.1 Inspeção otológica ............................................................................................................................ 115
4.2.1.2 Inspeção do aparelho de amplificação sonora individual ............................................................. 116
4.2.1.3 Medidas com microfone sonda via procedimento padrão (face a face) ....................................... 116
4.2.1.4 Medidas com microfone sonda via procedimento remoto (distância) ......................................... 121
4.2.2 Grupo B ............................................................................................................................................ 126
4.2.2.1 Otoplástica (pré-moldagem) ........................................................................................................... 126
4.2.2.2 Ajuste do Aparelho de Amplificação Sonora Individual 143 AGCI ............................................ 127
4.2.2.3 Realização de medidas repetidas realizadas face a face e a distância. ........................................ 127
4.3 FORMA DE ANÁLISE DOS RESULTADOS ................................................................................. 128
5 RESULTADOS ................................................................................................................................ 130
5.1 COMPARAÇÃO ENTRE AS MEDIDAS COM MICROFONE SONDA REALIZADAS FACE A
FACE E A DISTÂNCIA ................................................................................................................... 132
5.2 ANÁLISE DAS MEDIDAS REPETIDAS REALIZADAS FACE A FACE E A DISTÂNCIA ...... 136
6 DISCUSSÃO .................................................................................................................................... 142
6.1 MEDIDAS DE CORRELAÇÃO E COMPARAÇÃO DAS AMPLITUDES DA REUR, REAR E
REIG OBTIDAS FACE A FACE E À DISTÂNCIA ........................................................................ 146
6.2 MEDIDAS REPETIDAS E MEDIDA DO ERRO CASUAL ........................................................... 150
6.3 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................................. 153
7 CONCLUSÃO .................................................................................................................................. 156
REFERÊNCIAS ................................................................................................................................................. 160
GLOSSÁRIO ..................................................................................................................................................... 170
APÊNDICES ...................................................................................................................................................... 174
1
1 1
1 Introdução
IntroduçãoIntrodução
Introdução
1 Introdução
G a b r i e l a R o s i t o A l v a r e z B e r n a r d e z - B r a g a
48
1 INTRODUÇÃO
O Brasil pode ser caracterizado por sua ampla extensão territorial, desigualdade
na distribuição de recursos e níveis contrastantes de desenvolvimento de uma região para
outra. Estima-se que 17 milhões de brasileiros possuem deficiência auditiva incapacitante,
necessitando da utilização de dispositivos eletrônicos como os aparelhos de amplificação
sonora individuais (AASIs) para a reabilitação auditiva. Grande parte dessa população possui
renda mensal inferior a um salário mínimo e vive em áreas distantes dos grandes centros, o
que dificulta o acesso aos serviços de audiologia, públicos ou privados.
A equiparação da performance eletroacústica do AASI com as necessidades de um
indivíduo em particular é um fator crítico para o sucesso da adaptação. A interação entre a
amplificação fornecida pelo AASI e as características específicas da orelha externa e do
molde auricular (ou cápsula) geram efeitos acústicos distintos de um indivíduo para o outro.
Devido a isso é determinante que seja realizada a verificação do AASI.
A verificação é o processo para determinar se o(s) AASI(s) selecionado(s) se
equipara(m) a um conjunto de medidas padronizadas que inclui, dentre outras, a performance
eletroacústica obtida com o AASI in situ, ou seja, posicionado na orelha do usuário. As
medidas com microfone sonda constituem um método rápido, objetivo, não invasivo e
confiável para verificação da performance do AASI in situ, sendo seu uso amparado em
evidência científica e recomendado em diferentes protocolos clínicos nacionais e
internacionais.
Embora sejam de importância fundamental no processo de verificação, as medidas
com microfone sonda ainda não são ampla e rotineiramente utilizadas. Fatores que
contribuem significativamente para este cenário são a não familiaridade do profissional com o
procedimento e existência de concepções errôneas sobre a validade de outras práticas clínicas
enraizadas como, por exemplo, as medidas comportamentais. Estudos demonstram que o
treinamento profissional adequado pode aumentar o uso das medidas com microfone sonda.
No Brasil existe fragilidade na formação profissional oferecida pelos cursos de
graduação em Fonoaudiologia para atuação na área dos aparelhos de amplificação sonora
1 Introdução
G a b r i e l a R o s i t o A l v a r e z B e r n a r d e z - B r a g a
49
individuais, fato que já vem sendo discutido pelas sociedades científicas e órgãos
regulamentadores dessa profissão. Existe ainda desigualdade de acesso à educação e
treinamento continuado no país, que geram diferenças importantes na qualificação
profissional de uma região para outra e, por conseqüência, torna problemático o acesso a
serviços de qualidade.
A teleconsulta ou teleprática é definida de maneira ampla como a utilização das
tecnologias da informação e comunicação para prestação de serviços de saúde à distância os
quais podem ocorrer entre dois profissionais (por exemplo, para a segunda opinião
especializada ou formativa) ou entre profissional e paciente. Os serviços podem ser fornecidos
por meio de protocolos assíncronos (armazenar e enviar) ou sincrônicos (tempo real).
Por meio do uso de equipamentos audiológicos computadorizados, pesquisadores
vêm empregando protocolos sincrônicos para a realização de audiometria tonal,
logoaudiometria, emissões otoacústicas evocadas, potenciais auditivos evocados de tronco
encefálico e programação de AASI. Tais pesquisas demonstram concordância entre os
resultados obtidos com os procedimentos padrão e de teleconsulta. Estudos indicam ainda que
a teleconsulta, por envolver poucos participantes (paciente, profissional no local de teste e
profissional no local remoto), pode representar um análogo ao preceptorado clínico
tradicional para capacitação em muitas profissões de saúde.
A teleconsulta pode ser vista como uma importante ferramenta para melhorar a
qualidade e aumentar a eficiência dos serviços de audiologia e reduzir custos com a
assistência tanto no que se refere ao deslocamento de pacientes ou profissionais como ainda
na diminuição de desperdícios e das conseqüências devido a condutas errôneas.
Diante do contexto apresentado, esta dissertação vem buscar dados sobre a
eficácia da realização das medidas com microfone sonda à distância, por meio de teleconsulta
baseada na internet.
2
2 2
2 Revisão de Literatura
Revisão de LiteraturaRevisão de Literatura
Revisão de Literatura
2 Revisão de Literatura
G a b r i e l a R o s i t o A l v a r e z B e r n a r d e z - B r a g a
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 VERIFICAÇÃO DOS APARELHOS DE AMPLIFICAÇÃO SONORA
INDIVIDUAIS: VISÃO GERAL
A verificação é uma etapa do processo de adaptação do AASI na qual se
determina qual(is) AASI(s) se enquadra(m) em uma série de medidas padronizadas que
incluem: controle de qualidade, adaptação física e performance. (AMERICAN ACADEMY
OF AUDIOLOGY, 1998). A verificação deve ser vista como um processo ao invés de um
evento que resulte em uma ótima adaptação para o paciente. (AMERICAN ACADEMY OF
AUDIOLOGY, 2006).
Para o controle de qualidade, recomenda-se a realização das medidas em
acoplador de 2cc com o objetivo de avaliar a confiabilidade técnica do mesmo. Além das
medidas em acoplador, nessa etapa o profissional deve também inspecionar as condições do
molde auricular ou cápsula do AASI, as modificações acústicas realizadas, bem como ouvir o
sinal amplificado pelo AASI observando se ruídos em excesso ou outra alteração indevida
de funcionamento.
Outra verificação importante é a da adaptação física que engloba vários aspectos:
satisfação do paciente com a estética e conforto físico, capacidade do paciente de inserir e
remover o molde e/ou aparelho de sua orelha bem como da manipulação de seus controles,
retenção do molde na orelha e ausência de microfonia.
A terceira etapa indispensável e insubstituível é verificar a performance
eletroacústica do dispositivo eletrônico “in situ”. Nesse momento avaliam-se a equiparação da
resposta do AASI em relação a um ou mais targets de ganho e/ou saída prescritos na etapa de
seleção. Também são verificadas se a resposta de freqüência é suave e a largura de banda
adequada. Além disso, verifica-se a audibilidade para sons de intensidade fraca, média e forte
- ou seja, se os sons fracos são audíveis, se os sons de intensidade média são confortáveis e
sons fortes toleráveis. (ASHA, 1998).
2 Revisão de Literatura
G a b r i e l a R o s i t o A l v a r e z B e r n a r d e z - B r a g a
Ao longo do tempo, diferentes procedimentos vêm sendo utilizados na clínica
para verificação da performance eletroacústica in situ, sendo eles a audiometria em campo
livre, as medidas em acoplador e medidas com microfone sonda.
2.2 AUDIOMETRIA EM CAMPO LIVRE
A audiometria em campo livre é um procedimento cujo sinal de teste é
apresentado por meio de uma caixa de som ao invés de fones de ouvido. É geralmente
utilizada para estimar limiares auditivos de crianças pequenas e também de outros pacientes
que não toleram o uso dos fones de ouvido. (WALKER, 2000). A audiometria em campo livre
também é utilizada no processo de seleção e avaliação do aparelho de amplificação sonora
individual.
Vários fatores podem influenciar o resultado da audiometria em campo livre como
o tipo de estímulo utilizado para o teste, o tipo de ambiente (campo livre, quase-livre, difuso),
níveis de pressão sonora presentes no ambiente, o método para determinação do limiar, entre
outros fatores. (ARLINGER, 1988).
Os equipamentos necessários para a audiometria em campo livre são um gerador
do estímulo sonoro (audiômetro), uma caixa sonora e um equipamento de calibração.
(AMERICAN SPEECH LANGUAGE AND HEARING ASSOCIATION, 1991).
A audiometria em campo livre sofre a influência das características acústicas do
ambiente de teste. Uma situação ideal seria realizar essas medidas em uma câmara anecóica.
(ASHA, 1991). Isso seria mais adequado porque em condições anecóicas o nível de pressão
sonora (NPS) varia suavemente em relação à distância da caixa sonora, ou seja, o campo
sonoro se estende por toda a câmara. Isso permite que o sujeito seja posicionado longe do alto
falante e que pequenos movimentos de cabeça tenham pouco efeito no NPS na orelha.
Infelizmente, as câmaras anecóicas são muito caras para uso clínico e por isso, a maioria dos
procedimentos em campo livre é realizada em salas com diferentes graus de absorção
acústica. (WALKER; DILLON; BYRNE, 1984).
2 Revisão de Literatura
G a b r i e l a R o s i t o A l v a r e z B e r n a r d e z - B r a g a
O paciente deve permanecer posicionado a um metro de distância do alto-falante,
a azimute, sem poder movimentar a cabeça durante todo o teste. O centro da cabeça do
sujeito deve estar alinhado e na mesma altura que o centro da caixa sonora. (WALKER;
DILLON; BYRNE, 1984).
É solicitado ao indivíduo que indique cada vez que ouvir o estímulo sonoro. A
pesquisa do limiar é realizada por meio de estratégia ascendente-descendente. De acordo com
as respostas do indivíduo, o fonoaudiólogo reduz gradativamente a intensidade do estímulo
sonoro em degraus de 10 dB, até que o indivíduo deixe de responder. Em seguida, aumenta a
intensidade do estímulo em 5 dB até que o paciente responda novamente.
Como se trata de um método subjetivo, que requer a participação ativa do sujeito,
o mesmo deve estar mentalmente alerta e apto para cooperar e se concentrar no exame.
(ARLINGER, 1988).
Com relação ao tipo de estímulo utilizado, o tom puro, conhecido como estímulo
audiométrico tradicional, não é o ideal para testes em campo livre.
-30
-25
-20
-15
-10
-5
0
0 0,4 0,8 1,2 1,6 2
Distância do som (metros)
Intensidade relativa (dB)
Fonte: WALKER; DILLON; BYRNE, 1984.
Figura 1 - Nível de pressão sonora para um tom puro de 1350 Hz em função da distância da caixa acústica em
uma cabina audiométrica. A linha pontilhada indica a função predita a partir da lei do inverso do
quadrado da distância
2 Revisão de Literatura
G a b r i e l a R o s i t o A l v a r e z B e r n a r d e z - B r a g a
55
Como pode ser observado na Figura 1 a partir de uma distância de 0.6 metros o
nível de pressão sonora é influenciado tanto pelo som direto, como pelas reverberações do
ambiente, gerando uma curva do nível de pressão sonora em função da distância com muitos
picos e vales. Como dificilmente é possível posicionar o indivíduo muito próximo da caixa
acústica (campo direto), pequenas movimentações do indivíduo no ambiente de teste
resultariam em diferentes níveis de pressão sonora ao nível da orelha. Um outro problema é
que a calibração do audiômetro pode estar sujeita a pequenas alterações de freqüência entre o
momento da calibração e o momento de teste, que podem causar erros devido à posição e
magnitude dos picos e vales na curva do NPS em função da distância, especialmente se
houver reverberação. Dessa forma é necessário utilizar um estímulo que seja adequado para
os campos direto e reverberante. (WALKER; DILLON; BYRNE, 1984).
Para a audiometria em campo livre é sugerida a utilização do tom puro modulado
(warble) e ruído de banda estreita (narrow band) que esses apresentam especificidade de
freqüência suficiente para definir satisfatoriamente o status da audição do paciente, produzem
nível de pressão sonora uniforme no campo e produzem limiar capaz de ser comparado com
os resultados da audiometria tonal. (AMERICAN SPEECH LANGUAGE AND HEARING
ASSOCIATION, 1991).
A especificidade de freqüência e acurácia do procedimento vão depender do
paradigma do teste e do estímulo utilizado. Existe uma concessão entre a acurácia,
especificidade e tempo de teste. (HASKELL, 1987). Quanto maior a acurácia e especificidade
desejadas, maior será o consumo de tempo para a realização do teste. Como na prática clínica
o consumo de tempo é um fator importante a ser considerado, um protocolo extenso de
avaliação é inviável. Assim, nesse procedimento, é pesquisada uma faixa de freqüências em
que os limiares auditivos de indivíduos normais não diferem dos limiares dos mesmos
encontrados com estímulos tonais. (ASHA, 1991). Tradicionalmente, os limiares são
determinados a 250 e 500 Hz e nos pontos de semi-oitavas entre 1 e 8 kHz. (WALKER;
DILLON; BYRNE, 1984).
Em uma situação clínica o limiar obtido com o uso da amplificação representa o
nível mais fraco de intensidade, determinado pelo dial do audiômetro, que produz uma
entrada no microfone do AASI que, quando somado ao ganho in situ, resulta em uma saída na
membrana timpânica capaz de produzir uma resposta de detecção. A obtenção de limiares em
campo livre com o uso da amplificação tem sido utilizada como um todo de verificação
2 Revisão de Literatura
G a b r i e l a R o s i t o A l v a r e z B e r n a r d e z - B r a g a
comportamental desde o início da década de 60 a fim de documentar a melhora da
sensibilidade auditiva com o uso do AASI. Os profissionais analisam se esses limiares se
equiparam a um determinado target prescrito. (KUK; LUDVIGSEN, 2003).
Um outro conceito importante, quando se trata da aplicação da audiometria em
campo livre para a verificação do AASI, é o “ganho funcional”. Esse é definido como a
diferença em decibels entre os limiares de audibilidade em campo livre obtidos com e sem o
AASI, quando ambos são pesquisados nas mesmas condições de campo livre, em uma
freqüência específica. (PASCOE, 1988).
Como o teste do ganho funcional é realizado em campo livre, considerável
atenção deve ser dispensada à calibração do estímulo sonoro, e ao mascaramento da orelha
não testada para eliminar a influência da mesma nos resultados. Por exemplo, no caso de
perdas unilaterais, a exposição do indivíduo ao campo livre estaria fornecendo as respostas da
melhor orelha. (HASKELL, 1987).
Os limiares de audibilidade em campo livre podem ser influenciados por diversos
fatores e assim resultar em medidas não fidedignas. Os limiares obtidos com amplificação são
sensíveis ao ruído interno do próprio AASI. Isso ocorre especialmente quando o indivíduo
tem limiares normais ou próximos do normal em algumas freqüências (baixas e médias
principalmente). O ruído interno do AASI pode ser audível e, nesse caso, os limiares obtidos
com o AASI podem ser piores do que aqueles obtidos sem o uso desse dispositivo. (PASCOE,
1988).
Como na rotina clínica apenas as inter-oitavas são avaliadas, isso faz com que
somente as características gerais da resposta de freqüência sejam obtidas, enquanto picos e
vales são desprezados. (NORTHERN, 1992).
Como se trata de um método subjetivo, que requer a participação ativa do sujeito,
o tempo para realização do exame é maior. O mesmo acontece com a variabilidade teste-
reteste. (HASKELL, 1987; HAWKINS, 1987).
Outra questão importante é o tipo de processamento do sinal que o AASI realiza.
O uso de processamento não linear pode alterar a interpretação dos limiares obtidos com
amplificação (e do ganho funcional) feita no contexto dos AASIs lineares. Nos aparelhos não
2 Revisão de Literatura
G a b r i e l a R o s i t o A l v a r e z B e r n a r d e z - B r a g a
57
lineares o resultado obtido depende da natureza do estímulo utilizado para a medição. (KUK;
LUDVIGSEN, 2003).
Devido às questões apresentadas, a audiometria em campo livre não é o melhor
método de verificação do AASI, sendo reservada para fins de avaliação para usuários de
aparelhos de condução óssea, aparelhos implantáveis e implante coclear.
(STELMACHOWICZ et al., 2002).
2.3 MEDIDAS EM ACOPLADOR
A ANSI (American National Standards Institute) e a IEC (International
Electroacoustical Comission) são as normas mais conhecidas que especificam como os
aparelhos de amplificação sonora individuais (AASIs) devem ser testados. Os dois conjuntos
de normas têm muitas coisas em comum e algumas diferenças. A principal diferença é que a
ANSI S3.22 especifica que os AASIs devem ser medidos em acopladores de 2cc, e a IEC
118-0 especifica que eles devem ser medidos em um simulador de ouvido. (DILLON, 2001).
Os equipamentos necessários para a medida das características eletroacústicas do
AASI são compostos, além do acoplador, por uma caixa teste, que inclui um gerador de ruído,
um amplificador, um alto falante e um microfone controle, ou de referência. Esse é colocado
próximo ao microfone do AASI e controla o vel de pressão sonora vindo do alto falante e
irá atingir o aparelho de amplificação sonora. (FRYE, 2002).
O acoplador de 2cc é composto por uma peça de metal com um tubo que simula o
molde na orelha do usuário, e uma cavidade cilíndrica de volume 2 centímetros cúbicos. Esse
volume foi escolhido porque é uma aproximação do volume médio restante (volume residual)
no conduto auditivo externo, de um adulto, após a inserção do molde auricular do AASI.
Infelizmente, esse valor não é uma boa aproximação do volume médio do CAE, e ainda pior é
a aproximação à impedância acústica da orelha nas altas freqüências. Todo esse sistema deve
permanecer dentro de uma câmara anecóica (caixa de teste) para atenuar o ruído ambiental e a
reflexão do som. (DILLON, 2001).
2 Revisão de Literatura
G a b r i e l a R o s i t o A l v a r e z B e r n a r d e z - B r a g a
58
A resposta eletroacústica do AASI medida em acoplador não é a mesma medida
em orelha real. No entanto, ela é confiável e reaplicável e fornece um bom ponto de partida
para a verificação do desempenho do AASI. (LYBARGER; LYBARGER, 2000; FRYE,
2002).
Fonte: Arquivo pessoal da pesquisadora
Figura 2 - AASI na posição correta para ser medido no acoplador de 2 cc
O simulador de ouvido, teoricamente, é capaz de reproduzir de maneira mais
fidedigna as características de uma orelha humana ocluída pelo molde auricular. Ele foi
desenhado para simular as mesmas características de impedância da orelha humana. Essa
impedância varia conforme a freqüência, fazendo a orelha parecer menor nas altas
freqüências, e assim, aumentando o ganho efetivo do AASI. (FRYE, 2002). O simulador de
ouvido é constituído por uma cavidade principal, com volume de 0,6 cc, e outras quatro
cavidades com volumes de 0,10 a 0,22 cc, conectadas a cavidade principal por pequenos
tubos, em que três deles possuem filtros. (DILLON, 2001) para simularem melhor a
impedância da orelha humana.
Posteriormente, o simulador de ouvido foi inserido dentro de um manequim com
as medidas antropométricas de um homem adulto para que assim pudesse oferecer mais
realismo às medidas realizadas. (HARFORD, 1980). Dessa forma, tentou-se diminuir os
outros fatores que podem interferir na interação entre o AASI e a orelha do usuário, como:
difração e absorção do som provocados tanto pelo efeito sombra da cabeça, quanto pelo corpo
2 Revisão de Literatura
G a b r i e l a R o s i t o A l v a r e z B e r n a r d e z - B r a g a
59
do usuário e localização do microfone do AASI em relação à incidência do som. As medições
com o manequim são realizadas em uma câmara anecóica.
Para citar um exemplo, o KEMAR (Knowles Electronics Manikin for Acoustic
Research) foi construído no início da década de 70, para simular o tamanho médio da cabeça,
tronco e conduto auditivo de adultos (Figura 3). O KEMAR possui um pavilhão auricular
removível e no lugar onde estaria a membrana timpânica encontra-se um pequeno microfone
de meia polegada que capta o som para a realização da mensuração. Este manequim
geralmente utiliza o acoplador ou um conduto auditivo chamado acoplador Zwislocki
(simulador de ouvido). Esse é um cilindro de metal de 21,5 mm de comprimento que possui,
dependendo do tipo, dois ou quatro ressonadores laterais. Essa combinação do comprimento
do conduto (21,5 mm) e do microfone de meia polegada resulta em uma ressonância de 2700
a 3000 Hz, igual à da orelha humana. (CHASIN, 2005).
Fonte: http://www-users.york.ac.uk/~dtm3/RS/dummy2.jpg. 2008.
Figura 3 - Manequim Kemar
2 Revisão de Literatura
G a b r i e l a R o s i t o A l v a r e z B e r n a r d e z - B r a g a
60
As medidas em acoplador de 2 cc ou no simulador do ouvido servem para
verificação de funcionamento para controle de qualidade e também para estimar qual seria o
desempenho do AASI na orelha do usuário. Apesar do simulador de ouvido fornecer uma
informação um pouco mais precisa em relação à adaptação do AASI quando comparado ao
acoplador de 2cc, ele é uma peça mais delicada, de manuseio mais difícil, mais caro e exige
uma maior atenção quanto à calibração, por isso é menos utilizado e encontrado nas clínicas.
No entanto, ambos os sistemas são medidas incapazes de mostrar ao fonoaudiólogo o
desempenho exato do AASI na orelha de um paciente específico porque não conseguem
reproduzir a orelha humana, com suas características físicas e acústicas individuais.
Em alguns protocolos, o ajuste do AASI para se equiparar a um determinado
target é realizado por meio do acoplador de 2cc. No entanto, é difícil predizer o ganho em
ouvido real (in situ) a partir do ganho no acoplador para um determinado paciente, pois as
medidas em acoplador subestimam as respostas em ouvido real. (HAWKINS, 1987). Isso
ocorre devido às diferenças da ressonância da orelha externa entre os indivíduos e também em
virtude do acoplador não levar em consideração os efeitos acústicos produzidos pelo pavilhão
auricular, cabeça e tronco do paciente e, principalmente, as propriedades de ressonância do
CAE. Também não consideram os efeitos do posicionamento do microfone do AASI.
(MUELLER, 2001). As medidas em acoplador também não levam em consideração os efeitos
acústicos de um determinado tipo de molde auricular e suas modificações acústicas.
Essas variabilidades podem ser diminuídas por meio da realização da medida da
diferença entre a resposta em orelha real e no acoplador (Real Ear to Coupler Difference -
RECD). A RECD representa um fator de correção personalizado entre as diferenças acústicas
da orelha do indivíduo e o acoplador de 2cc. Essa medida tem uma função fundamental nos
procedimentos de seleção e verificação do AASI em bebês e crianças, possibilitando ao
clínico, a adaptação mais precisa e segura do AASI nessa população. A RECD também pode
ser utilizada para avaliação da saída máxima do AASI em adultos. Outras informações sobre
essa medida serão dadas posteriormente.
2 Revisão de Literatura
G a b r i e l a R o s i t o A l v a r e z B e r n a r d e z - B r a g a
61
2.4 MEDIDAS COM MICROFONE SONDA
As medidas com microfone sonda foram introduzidas para uso clínico no início da
década de oitenta e constituem um método objetivo, não invasivo, rápido e confiável para a
avaliação da performance eletroacústica do aparelho de amplificação sonora individual in situ.
Quando se deseja saber como o dispositivo eletrônico adaptado está conduzindo a
amplificação para o paciente, mensurações individuais devem ser realizadas. (HAWKINS;
COOK, 2003).
Para se compreender melhor as medidas realizadas com microfone sonda será
dada uma breve explanação a respeito das características anátomo-fisiológicas das orelhas
externa e média, bem como a interpretação adequada de suas respostas aos estímulos sonoros,
quando mensurados no conduto auditivo externo.
2.4.1 Propriedades acústicas da orelha externa e média
A orelha externa é composta pelo pavilhão auditivo, pelo conduto auditivo
externo (CAE) e pela membrana timpânica. A função do pavilhão auditivo é a de uma corneta
acústica, capaz de dar um acoplamento de impedâncias entre o espaço exterior e o CAE,
possibilitando uma melhor transferência de energia. Essa corneta, tendo uma certa
característica diretiva, ajuda a localização da fonte sonora. Em média, o CAE tem 25 mm de
comprimento e é fechado ao fundo pela membrana timpânica. Deve ficar claro, que o tímpano
assemelha-se a um cone rígido sustentado em sua periferia por um anel de grande
elasticidade, que lhe permite oscilar como uma unidade, sem sair do seu eixo.
(FERNANDES, 1999a).
O pavilhão auricular modifica significantemente a entrada dos sons,
principalmente os de alta freqüência e é importante na habilidade de localização sonora.
(MOORE, 2004). A concha é uma cavidade que constitui a entrada para o CAE. Essas duas
estruturas têm propriedades complementares, seu efeito combinado resulta em amplificar a
onda sonora sobre uma ampla gama de freqüências. (ROSENBERG, 1982).
2 Revisão de Literatura
G a b r i e l a R o s i t o A l v a r e z B e r n a r d e z - B r a g a
62
As ondas sonoras percorrem o conduto auditivo e incidem sobre a membrana
timpânica (MT), fazendo-a vibrar com a mesma freqüência e amplitude da energia do som.
As ondas sonoras (pressão) são transformadas em vibração (FERNANDES, 1999a). A
vibração da MT é transmitida aos ossículos (martelo, bigorna e estribo) que é transmitida à
janela oval atingindo assim, a orelha interna.
Wiener e Ross (1946) definiram a orelha externa como um amplificador acústico
natural. O conduto auditivo tem a função de proteção da membrana timpânica, de absorção do
som e de ressonância da condução do som aumentando a onda sonora e transmissão pelo
conduto.
Ressonância é a coincidência de freqüências entre estados de vibração de dois ou
mais corpos. Sabe-se que todo corpo capaz de vibrar, sempre o faz em sua freqüência natural.
Quando se tem um corpo vibrando na freqüência natural de um segundo corpo, o primeiro
induz o segundo a vibrar. Diz-se então que eles estão em ressonância. (FERNANDES,
1999b).
O conduto auditivo externo, por ser um tubo aberto em uma extremidade e
fechado na outra pela MT, é chamado de ressonador de um quarto de comprimento de onda.
(CHASIN, 2005). É chamado assim porque o conduto produz vários picos de ressonância em
diferentes freqüências, sendo a freqüência mais importante a que ocorre quando um quarto do
comprimento da onda sonora for igual ao comprimento do conduto. (SIMONETTI, 2001). A
freqüência em que essa ressonância ocorre é a velocidade do som (340 m/seg) dividida por
quatro vezes o comprimento do tubo (F= V / 4L). A média do comprimento do canal auditivo
humano é de 28 mm e a compliância da membrana timpânica acrescenta mais alguns
milímetros de comprimento acústico em relação ao comprimento inicial medido, tornando o
CAE com 31 milímetros de comprimento. Como o canal da orelha é um ressonador de um
quarto de onda, tem-se que a primeira ressonância seja de 2700 Hz, calculada pela equação F
= V / 4L (F = 340000 mm/seg dividido por 4 vezes 31 mm de comprimento do canal = 2700
Hz). Alguns indivíduos com MT flácida apresentam ressonância na ordem de 2500 e 2600
Hz, desde que, nesses casos, a MT proporcione um comprimento acústico mais longo.
(CHASIN, 2005).
2 Revisão de Literatura
G a b r i e l a R o s i t o A l v a r e z B e r n a r d e z - B r a g a
63
Segundo Minitti et al. (1993 apud SALES, 2005) a ressonância natural da orelha
média (OM) é de 500 a 3000 Hz. Ela responde a várias freqüências, fazendo com que mais da
metade da energia que penetra pela OM seja transmitida à cóclea de forma linear.
Tabela 1 - Propriedades acústicas da orelha externa e orelha média
ESTRUTURA EFEITOS GERAIS MAGNITUDE
Pavilhão Ressonância concha 5-6 KHz ~10 dB
CAE Ressonância tubo 2.5-2.7 KHz ~13 dB
MT Área relativa ao estribo: ganho de pressão ~15-20 dB
Ossículos Alavanca martelo/estribo ~ 2-3 dB
CAE: conduto auditivo externo e MT: membrana timpânica
Fonte: DILLON, 2001.
Quando um indivíduo é exposto a um campo sonoro, a propagação do som em
direção a membrana timpânica será independente da direção de incidência do som.
(HAMMERSHOI; MOLLER, 1996). No entanto, a magnitude da ressonância de um quarto
de onda é altamente dependente do ângulo da posição da caixa sonora. (CHASIN, 2005).
Com a mensuração individualizada da ressonância da orelha externa, mediante as
medidas com microfone sonda, é possível levar em consideração as diferenças individuais e a
acústica dos moldes auriculares a fim de averiguar objetivamente a adequação do AASI,
frente aos valores determinados pelas regras prescritivas. (ZENKER, 2001).
2.4.2 Equipamentos necessários para a realização das medidas com microfone sonda.
As medidas com microfone sonda foram conduzidas em laboratório pela primeira
vez no início dos anos 40 resultando em um estudo clássico publicado por Wiener e Ross
(1946).
2 Revisão de Literatura
G a b r i e l a R o s i t o A l v a r e z B e r n a r d e z - B r a g a
64
Em 1970 Earl Harford desenvolveu um sistema para teste do AASI em ouvido
real utilizando um microfone miniaturizado (dimensões aproximadas de 4 mm x 5 mm x
2mm) posicionado próximo à membrana timpânica do usuário. Esse microfone estava
acoplado a um sistema de casamento de impedância que poderia ser utilizado com os
analisadores de aparelhos de amplificação sonora individuais já existentes. (HARFORD,
1980).
No início da década de oitenta, o primeiro equipamento de medidas com
microfone sonda computadorizado (Rastronics CCI-10, desenvolvido na Dinamarca por Steen
Rasmussen) foi introduzido no mercado norte americano. Esse equipamento tinha um tubo de
silicone conectado ao microfone, eliminando a necessidade de posicionar o microfone dentro
do conduto auditivo. No ano de 1985, outros três ou quatro fabricantes introduziram seus
equipamentos no mercado. (MUELLER, 2005).
Atualmente existe uma variedade de sistemas para medidas com microfone sonda
disponíveis no mercado. Embora, os mesmos possam apresentar características diferentes,
todos irão possuir os seguintes itens:
Tubo sonda de silicone: tubo de silicone flexível inserido dentro do canal da
orelha para registrar o NPS próximo à membrana timpânica. (DILLON, 2001;
REVIT, 2002).
Microfone de referência: todos os sistemas fabricados atualmente utilizam um
outro microfone para equalização e calibração do campo sonoro, chamado de
microfone de referência ou microfone de controle. A equalização serve para
controlar o sinal acústico fornecido ao longo de toda a faixa de freqüências
avaliada. É o microfone de referência que controla o sinal de teste e ajusta o
nível de pressão sonora mantendo-o constante. Esse microfone elimina as
influências criadas pelo movimento de cabeça do paciente e por pobres
condições do ambiente; o que elimina a necessidade do teste ter que ser
obrigatoriamente realizado em sala acusticamente tratada. (NORTHERN,
1992; REVIT, 2002).
Gerador de sinal: alto falante que entrega o estímulo ao campo sonoro, com
apenas um radiador ou um radiador coaxial. Apenas um radiador significa que
o alto falante deve ter apenas um elemento para projetar todas as freqüências.
2 Revisão de Literatura
G a b r i e l a R o s i t o A l v a r e z B e r n a r d e z - B r a g a
65
o radiador coaxial significa que dois ou mais radiadores enviam som ao
longo do mesmo eixo no campo sonoro. (REVIT, 2002).
O tubo de silicone (tubo sonda) é posicionado no conduto auditivo externo (CAE)
a uma distância de, aproximadamente, 5 mm da membrana timpânica. Um sinal acústico,
geralmente um tom puro ou ruído de banda ampla, é emitido em uma intensidade específica
(por exemplo, 65 dB NPS) de um alto falante posicionado normalmente em 0º ou 45º azimute
e, aproximadamente, a 30 cm de distância do usuário. O tubo sonda é acoplado a um
microfone que permite o registro e análise dos níveis de pressão sonora gerados no conduto
auditivo externo. (MARTIN, 2000; PUMFORD; SINCLAIR, 2001).
2.4.3 Ambiente de teste e calibração
As medidas com microfone sonda podem ser realizadas tanto em ambientes
tratados acusticamente como em ambientes não tratados. As salas com tratamento acústico
são ideais, pois oferecem menor reverberação do som, baixos níveis de ruído e poucas
superfícies refletoras. No entanto, é possível realizar as medidas com microfone sonda em
salas não tratadas acusticamente, com a mesma validade e replicabilidade que na sala com
tratamento acústico, desde que: o alto-falante esteja em uma distância apropriada do paciente;
o nível de ruído na sala de teste não seja superior ao nível de saída da caixa sonora e não haja
superfícies refletoras próximas do local da medição. (HAWKINS; MUELLER, 1992).
O usuário do AASI deve permanecer a uma distância de aproximadamente 30
centímetros da caixa acústica do equipamento, posicionada a ou 45º azimute da caixa
sonora. (MARTIN, 2000; PUMFORD; SINCLAIR, 2001). Deve ser lembrado, no entanto,
que cada equipamento traz a recomendação própria quanto à posição do indivíduo em relação
à caixa de som.
Os sistemas de medidas em ouvido real requerem a calibração do tubo sonda antes
de se iniciar a medição. O tubo de silicone é considerado parte do microfone, desse modo, os
efeitos acústicos que o som produz ao passar por esse tubo devem ser levados em
consideração. Por ser fino e comprido, esse tubo causa uma resposta não plana no microfone
sonda. O equipamento de medida com microfone sonda deve corrigir isso, por meio da
2 Revisão de Literatura
G a b r i e l a R o s i t o A l v a r e z B e r n a r d e z - B r a g a
66
calibração, ou pela aplicação de uma correção previamente gravada na memória do
equipamento. (PUMFORD; SINCLAIR, 2001).
O propósito da calibração é tornar o tubo sonda acusticamente invisível
(“transparência acústica”). A calibração do tubo sonda deve ser repetida toda vez que o tubo
for trocado (PUMFORD; SINCLAIR, 2001). Para realizar a calibração do tubo sonda, a ponta
do mesmo deve ser posicionada próxima à entrada do microfone de referência, o qual tem
uma resposta plana. (DILLON, 2001). Esse conjunto deve ficar posicionado a
aproximadamente 50 cm de distância da fonte sonora. Ao sair o som do alto falante, o sistema
de mensuração em orelha real compara automaticamente as respostas de freqüência entre
estímulo e conjunto composto por microfone de referência mais tubo sonda, equalizando a
resposta do microfone sonda para que ela corresponda à resposta do microfone de referência.
(REVIT, 2002).
2.4.4 Características do estímulo utilizado para teste
Vários tipos de estímulos podem ser utilizados nas medidas com microfone sonda
sendo que a seleção desses dependedo que se quer avaliar. A escolha do estímulo depende
também do processamento do sinal utilizado no AASI (linear ou não linear), bem como da
existência de algoritmos especiais como, por exemplo, sistemas de redução de ruído e de
feedback.
Os estímulos sonoros mais utilizados são descritos a seguir.
Tom puro: um tom contínuo com uma mesma freqüência e com amplitude
mantida constante durante um único teste de freqüência. (FRYE, 2002; FRYE,
2006).
Varredura de tom puro: os níveis de intensidade variam em função da
freqüência, demonstrando menores desvios nos resultados de bandas largas.
(LEIJON, 2004).
2 Revisão de Literatura
G a b r i e l a R o s i t o A l v a r e z B e r n a r d e z - B r a g a
67
Varredura curta (short sweep): alguns equipamentos utilizam uma varredura de
tom puro curta e rápida, que fornece uma quantidade de energia em cada
freqüência audiométrica em aproximadamente dois segundos. Devido à sua
curta duração esse estímulo é geralmente utilizado para avaliação da saída
máxima do AASI in situ. (ROBSON, 2001).
White Noise: ou ruído branco, é um ruído de banda larga que contém energia
na faixa de freqüência de 100 a 10.000 Hz. Esse ruído possui a mesma
quantidade de energia para todas as freqüências audíveis. (RUSSO, 1999).
Speech Noise: é uma filtragem do ruído branco, destinado a mascarar o
espectro de longo termo dos sons da fala. É produzido pelo uso de um filtro
passa-baixo, tendo uma freqüência de corte de 1000 Hz. (RUSSO, 1999).
Narrow Band: um ruído de banda estreita, também definido como sendo uma
filtragem do ruído branco com o uso de vários filtros eletrônicos ativos, de
forma que gere um ruído diferente para cada largura de banda. (RUSSO,
1999).
Composite noise: um estímulo sonoro que apresenta 80 tons puros
apresentados simultaneamente. (FRYE, 2002).
ICRA: um total de nove sinais ICRA. Três deles são ruídos aleatórios não
modulados de sinais de fala masculinos, enquanto os outros seis tipos são
todos sinais de fala moduladas com três discursos femininos e três discursos
masculinos, e as seis vozes alterando o nível de intensidade em forte, média e
fraca. Esses seis "ruídos" são os mais adequados para avaliar os AASIs com
processamento digital de sinais, devido ao seu discurso com características
moduladas. (LESIECK; MAJEST; REDINGER, 2001).
Sinal de fala real: um sinal de fala real digitalizado com quatro diferentes
passagens de fala. Cada uma tem a duração de 10-15 segundos e podem ser
apresentadas sozinhas ou em uma volta contínua. (BASC, 2005).
O nível de apresentação do estímulo também depende do que se deseja avaliar,
devendo ser selecionado uma intensidade que esteja acima do vel do ruído ambiental e que
não cause desconforto ao indivíduo testado. A escolha do nível de apresentação do estímulo
2 Revisão de Literatura
G a b r i e l a R o s i t o A l v a r e z B e r n a r d e z - B r a g a
68
também se baseia no tipo de processamento do sinal do AASI. Por exemplo, para aparelhos
não lineares ao invés de um único nível de entrada são utilizadas diferentes medições
utilizando um nível fraco (por exemplo, 50 dB NPS), médio (65 dB NPS) e forte (80 dB
NPS).
Se o objetivo do teste for equiparar a resposta do AASI com valores do target,
deve ser levada em consideração a fórmula prescritiva utilizada. Por exemplo, o procedimento
NAL-R (BYRNE; DILLON, 1986) prescreve um target para o nível de intensidade de 65 dB
NPS, portanto, essa intensidade deve ser utilizada na verificação. a formula NAL-NL1
(DILLON, 1999) prescreve diferentes targets para intensidades de 40, 50, 60, 65, 70, 80, e 90
dB.
2.4.5 Preparação do paciente para realização das medidas com microfone sonda
O primeiro passo para a realização das medidas com microfone sonda é a
realização da inspeção otológica. Isso é feito para verificar as condições anatômicas e/ou
fisiológicas do conduto auditivo externo e identificar alterações que possam dificultar ou
impedir a realização do exame, como, por exemplo, perfurações da membrana timpânica,
cerume em excesso, presença de secreções ou alterações de orelha média. A inspeção
otológica também facilita a inserção do tubo sonda, pois permite ao fonoaudiólogo observar a
direção do conduto CAE.
Como se trata de um teste objetivo não é necessário a participação ativa do
indivíduo no exame. A única cooperação solicitada é que o indivíduo não se movimente e
permaneça em silêncio durante a avaliação.
O tubo sonda deve ser inserido no conduto auditivo externo do paciente de modo
que não atinja a membrana timpânica. Revit (2002) propõe em seu estudo que a sonda fique
posicionada a 6 mm da membrana timpânica (MT). Outros autores sugerem que o melhor
posicionamento seria entre 1 e 3 mm de distância da MT, para que o erro das medidas seja
reduzido e a validade teste-reteste seja melhorada (HELLSTROM; AXELSSON, 1993). Essa
medida pode ser calculada utilizando o molde como guia, os milímetros desejados devem ser
2 Revisão de Literatura
G a b r i e l a R o s i t o A l v a r e z B e r n a r d e z - B r a g a
69
deixados à frente da ponta do molde e o anel marcador deve ser posicionado no tragus do
paciente.
2.4.6 Principais medidas utilizadas na prática clinica
As normas ANSI S3.46-1997 apresentam a terminologia e definição de diferentes
medidas possíveis de realização por meio desse procedimento.
2.4.6.1 Resposta de ressonância da orelha externa (REUR - Real Ear Unaided Response) /
Ganho de ressonância da orelha externa (REUG - Real Ear Unaided Gain)
“Resposta obtida em dB NPS, em função da freqüência, medida em um ponto
determinado do conduto auditivo externo, quando apresentado um estímulo sonoro específico,
em um campo sonoro específico, com a orelha sem amplificação.” (ANSI S3.46-1997).
Essa medida é obtida com o microfone sonda colocado no conduto auditivo
externo aberto, isto é, não ocluído pelo posicionamento do molde auricular ou AASI. Nesse
caso os registros refletem, principalmente, os efeitos acústicos do pavilhão auricular e do
próprio conduto auditivo.
A REUR típica de um adulto humano apresenta pouca ressonância ou reflexão
para as freqüências abaixo de 1500 Hz cujos valores da amplitude encontrados são de 0 a 5
dB. Na região de 2600 a 3000 Hz, onde ocorre o primeiro pico de ressonância, os valores da
amplitude são de 14 a 18 dB. Já para a região do segundo pico de ressonância, de 4000 a 5000
Hz a amplitude encontrada varia de 10 a 15 dB. O segundo pico está presente devido às
propriedades de ressonância e captação da concha. (VALENTE; VALENTE; GOEBEL,
1991; HALL; MUELLER, 1998).
2 Revisão de Literatura
G a b r i e l a R o s i t o A l v a r e z B e r n a r d e z - B r a g a
70
A REUR pode ser influenciada pelas variações individuais da acústica do conduto
auditivo (SAUNDERS; MORGAN, 2003), pela colocação do tubo sonda, pela movimentação
da cabeça ou corpo do paciente. (DIRKS; KINCAID, 1987; SAUNDERS; MORGAN, 2003).
A inserção do tubo sonda na orelha do paciente durante a REUR, pode ter um
efeito significante nas outras medidas realizadas durante a verificação do AASI. O mau
posicionamento da sonda causa maior variabilidade nas respostas de altas freqüências e a
amplitude de suas respostas aparece aquém da amplitude real.
O uso clínico mais comum da REUR é na obtenção do ganho de inserção. No
entanto, o traçado da REUR, quando incomum, pode indicar alterações na membrana
timpânica como a presença de perfurações. (BERNARDEZ et al., 2005).
A REUG é definida como sendo a “diferença em decibel entre o NPS, em função
da freqüência, num ponto específico do CAE e entre o sinal de entrada, para um estímulo
sonoro específico, em um campo aberto, com a orelha não ocluída”. (ANSI S3.46-1997).
A REUG reflete o ganho fornecido pelas propriedades acústicas da orelha externa
sendo calculada a partir da medida da REUR. Para isso é feita a subtração do vel do sinal
de entrada (dB) utilizado para a medida do nível absoluto (em dB NPS) mensurado no
conduto. Por exemplo, se a apresentação de um tom puro de 3000 Hz com 65 dB NPS de
intensidade gera no conduto auditivo externo de um indivíduo um nível de pressão sonora
igual a 80 dB NPS, então se diz que a REUG nessa freqüência é igual a 15 dB (80 65 dB =
15 dB).
2.4.6.2 Resposta de oclusão da orelha externa (REOR - Real Ear Ocluded Response) ou
Ganho da oclusão da orelha externa (REOG - Real Ear Ocluded Gain).
A REOR é definida como “o nível de pressão sonora, em função da freqüência,
em um ponto de mensuração específico do CAE, para um campo livre específico, com o
AASI (e seu acoplamento acústico) posicionado na orelha e desligado”. (ANSI S3.46-1997).
2 Revisão de Literatura
G a b r i e l a R o s i t o A l v a r e z B e r n a r d e z - B r a g a
71
Por sua vez a REOG é definida como a “diferença em decibels entre o nível de
pressão sonora, em função da freqüência, em um ponto de mensuração específico do CAE e o
nível de pressão sonora, para um campo livre específico, com o AASI (e seu acoplamento
acústico) posicionado na orelha e desligado”. (ANSI S3.46-1997).
Pelo fato de que na medida da REOR/REOG o AASI está desligado e ocluindo o
conduto auditivo vai ocorrer a perda da ressonância natural da orelha. Dessa forma, quando
um molde ocluído for utilizado, os valores de REOR/REOG, nas diferentes freqüências, serão
menores do que os REUR/REUG. (ZENKER, 2001).
Clinicamente a medida da REOR/REOG é utilizada para determinar as
características da ventilação do molde auricular e/ou cápsula do AASI e se essas geram algum
efeito acústico indesejável, isto é, ressonâncias associadas que possam modificar a resposta
final da amplificação. (MUELLER, 1992).
2.4.6.3 Resposta de ressonância da orelha externa com uso da amplificação (REAR - Real
Ear Aided Response) ou Ganho de ressonância da orelha externa com uso da
amplificação (REAG - Real Ear Aided Gain).
A resposta de ressonância da orelha externa com uso da amplificação é “o nível de
pressão sonora, em função da freqüência, em um ponto de mensuração específico do CAE,
para um campo livre específico, com o AASI (e seu acoplamento acústico) posicionado na
orelha e ligado”. (ANSI S3.46-1997).
Por meio da REAR consegue-se avaliar os níveis de pressão sonora (saída), em
função da freqüência, obtidos com a utilização do AASI ligado e posicionado no conduto
auditivo externo. Nesse caso, os registros refletem os efeitos acústicos da orelha e do molde
auricular e os efeitos eletroacústicos do AASI.
Para a medição da REAR algumas decisões importantes devem ser tomadas.
Primeiramente, devem ser selecionados o tipo de estímulo e o nível de apresentação, tendo em
mente as considerações apresentadas no item 2.4.4. Uma outra decisão é a posição do
controle de volume do AASI, quando existente e ativado. Para isso não uma regra
2 Revisão de Literatura
G a b r i e l a R o s i t o A l v a r e z B e r n a r d e z - B r a g a
72
específica. Alguns profissionais deixam o controle de volume na posição intermediária,
enquanto outros o posicionam de forma a propiciar maior conforto para o paciente. No caso
da avaliação de usuários experientes de AASI, o controle de volume pode permanecer na
posição de uso diário. (MUELLER, 1992; VALENTE, 1994; PUMFORD; SINCLAIR, 2001).
A REAG é a “diferença em decibel, em função da freqüência, entre o NPS em um
ponto específico de medição no CAE e o NPS de um ponto de referência do campo livre, com
o AASI (e seu acoplamento acústico) posicionado na orelha e ligado”. (ANSI S3.46-1997).
Para o cálculo da REAG é necessário, em cada freqüência testada, realizar a
subtração do nível de pressão sonora (dB NPS) absoluto medido no conduto auditivo externo,
ou seja, a REAR, e o nível do sinal de entrada utilizado para a medição.
Tanto a REAR como a REAG servem como referência para o cálculo do ganho de
inserção (REIG). (ZENKER, 2001; PUMFORD; SINCLAIR, 2001).
2.4.6.4 Ganho de inserção (REIG - Real Ear Insertion Gain)
“Diferença em decibel, em função da freqüência, entre a REAG e a REUG, obtida
no mesmo ponto de medição do CAE e nas mesmas condições de campo livre”. (ANSI S3.46-
1997).
O REIG também pode ser definido como a diferença entre a REAR e REUR. Para
o cálculo do REIG, o equipamento com microfone sonda realiza a subtração da REAG e
REUG automaticamente, ou seja, o equipamento calcula a diferença entre o nível de pressão
sonora gerado no CAE com e sem o uso da amplificação (COSTA; IÓRIO; BORGES, 1993;
CHASIN, 2005), em cada freqüência.
Nesse ponto cabe ressaltar que todo método prescritivo gera um target também
denominado “objetivo”. O target refere-se a um valor ou conjunto de valores de ganho
(REIG) ou saída (REAR) que expressa as características de amplificação necessárias para um
dado indivíduo, em uma dada região de freqüência. As fórmulas para o cálculo do target
2 Revisão de Literatura
G a b r i e l a R o s i t o A l v a r e z B e r n a r d e z - B r a g a
73
podem ter como base os limiares audiométricos ou dados supra-liminares. Em uma
abordagem prescritiva, o fonoaudiólogo irá ajustar o AASI de modo a contemplar esse target.
Nos equipamentos de microfone sonda, o target para o REIG e/ou REAR é
exibido na tela. Dessa forma, as respostas obtidas na orelha do indivíduo podem ser visuais ou
numericamente comparadas ao target a fim de verificar se a quantidade de amplificação pré-
determinada pela regra prescritiva foi alcançada. (ZENKER, 2001; SOUZA; TREMBLAY,
2006).
Alguns termos não foram definidos pela norma ANSI, porém possuem aplicações
clínicas, descritas a seguir.
2.4.6.5 Resposta de saturação da orelha externa (RESR - Real Ear Saturation Response).
“Nível de pressão sonora, em função da freqüência, em um ponto específico de
medição no CAE, para um campo livre específico, com o AASI (e seu acoplamento
acústico) posicionado na orelha e ligado, com o controle de volume ajustado no
máximo (ou se isto não for possível, ajustado em uma posição logo abaixo daquele
onde ocorrência de microfonia). O sinal de entrada deve ser intenso o suficiente
para fazer com que o AASI opere em sua saída máxima.” (HALL; MUELLER,
1998).
O objetivo da RESR é determinar qual a saída máxima que o AASI está
fornecendo na orelha do usuário e, dessa forma, propiciar o ajuste adequado da mesma. Como
nessa medida utiliza-se um nível de apresentação de 90 dB NPS é necessária muita cautela
para que o vel de desconforto do paciente não seja atingido. (PUMFORD; SINCLAIR,
2001). Preferencialmente, a RESR deve ser realizada em um acoplador com a utilização da
RECD como valor de correção. (ZENKER, 2001).
2 Revisão de Literatura
G a b r i e l a R o s i t o A l v a r e z B e r n a r d e z - B r a g a
74
2.4.6.6 Diferença entre a medida obtida em acoplador e na orelha do usuário (RECD -
Real Ear to Coupler Difference).
“Diferença em decibels, em função da freqüência, entre a saída de um AASI (e
seu acoplamento acústico) obtida em ouvido real e no acoplador de 2cc, medidas com o
mesmo sinal de entrada e posição do controle de volume.” (HALL; MUELLER, 1998).
Em outras palavras, a RECD é um fator de correção individualizado que traduz as
diferenças de volume e impedância existentes entre o ouvido real de um indivíduo e o
acoplador de 2 cc. Dadas essas diferenças, o valor da RECD geralmente é maior ou igual a
zero. (ZENKER, 2001).
2.4.7 Confiabilidade das medidas com microfone sonda
As medidas com microfone sonda apresentam vantagens quando comparadas a
procedimentos comportamentais utilizados para verificação do AASI. Uma dessas vantagens
é a maior confiabilidade do procedimento, já que estudos demonstram uma variabilidade
teste-reteste das medidas com microfone sonda menor do que 6 dB. As principais fontes de
variabilidade são o posicionamento do tubo sonda e quebra da vedação acústica ocasionada
pela presença do mesmo no conduto auditivo; a distância e o ângulo de posicionamento do
alto falante, acústica ambiental e equipamento utilizado para o teste; a presença de cerume no
conduto auditivo e condições da orelha média. (BARLOW et al., 1988; HUMES; HIPSKIND;
BLOCK, 1988; HAWKINS; MUELLER, 1992; COSTA et al., 1994; DIRKS AHLSTROM;
EISENBRAG, 1994; STONE; MOORE, 2004; BERNARDEZ et al., 2005).
Hawkins (1987) relata os resultados obtidos para medidas repetidas realizadas em
dias diferentes no KEMAR e no mesmo dia em um indivíduo. Em cada situação foram
obtidas cinco medidas. Após cada medição o equipamento era desligado e recalibrado. Para o
KEMAR a diferença entre as medidas variou de 0 (500 Hz), 1 dB (2 kHz) a 2.4 dB (6kHz),
sendo isso indicativo de alta confiabilidade. No caso do indivíduo, seis audiologistas
experientes realizaram, cada um, cinco medições no mesmo sujeito com o mesmo AASI e
2 Revisão de Literatura
G a b r i e l a R o s i t o A l v a r e z B e r n a r d e z - B r a g a
75
molde. A diferença média entre as medições do ganho de inserção entre os seis audiologistas
variou 2,2 dB em 1000 Hz a 7dB em 6000 Hz. O autor conclui que existe variabilidade
associada com essa medição e que o principal cuidado a ser tomado para diminuir tal
variabilidade é com a posição do tubo sonda.
Alguns anos depois Hawkins e Mueller (1992) também realizaram um estudo para
verificar a variabilidade teste-reteste encontrada ao se realizar uma segunda medição, quando
o AASI é retirado da orelha do paciente e o tubo sonda é recolocado para, então, dar início a
uma nova seqüência de medições. Eles encontraram diferenças entre as duas medidas
realizadas de aproximadamente 2-3 dB em 3000 Hz e aproximadamente 4-5 dB em 4000 e
5000 Hz. Já, quando medidas a REAR e a REIG, a diferença encontrada foi de
aproximadamente 2-3 dB para as freqüências abaixo de 1000 Hz, aproximadamente 3 dB na
região de 1000 a 2000 Hz, e aproximadamente 4 dB nas freqüências iguais ou acima de 3000
Hz.
A posição do tubo sonda no canal da orelha é um dos mais importantes aspectos
na realização das medidas com microfone sonda. É particularmente importante no
estabelecimento da REUR e da REAR, onde medidas absolutas do nível de pressão sonora
são determinadas no conduto auditivo externo. Quanto mais distante o tubo sonda estiver
posicionado da membrana timpânica, maior será o erro encontrado nas medidas com
microfone sonda, principalmente em altas freqüências. (DIRKS; KINCAID, 1987).
De acordo com Dillon (2001), contanto que o tubo sonda esteja posicionado após
a ponta do molde auricular ou cápsula do AASI, alterações em seu posicionamento não serão
de relevância para as medidas até a freqüência de 2 kHz. Nessas freqüências o comprimento
de onda é muito maior do que as dimensões do conduto auditivo externo, dessa forma, o
mesmo nível de pressão sonora será produzido em todo espaço residual do CAE. No entanto,
para as freqüências acima de 2 kHz, o posicionamento do tubo sonda se torna mais crítico em
função das ondas estacionárias no espaço residual do CAE. Para diminuir erros de medição
em virtude da presença dessas ondas estacionárias, conforme a freqüência aumenta e o
comprimento de onda diminui, torna-se necessário o posicionamento do tubo cada vez mais
próximo da membrana timpânica.
Hawkins e Mueller (1992) relatam que quando o tubo sonda é posicionado a 10
mm de distância da membrana timpânica, o erro é aproximadamente 10 dB em 8000 Hz, 5 dB
2 Revisão de Literatura
G a b r i e l a R o s i t o A l v a r e z B e r n a r d e z - B r a g a
76
em 6000 Hz, 3 dB em 4000 Hz, 2 dB em 3000 Hz, 1 dB em 2000 Hz e menos de 1 dB em
1000 Hz. Já quando localizado a cinco milímetros da membrana timpânica, a acurácia das
medidas com microfone sonda é maior, apresentando erro menor que 2 dB ao redor de 8000
Hz.
Devido às diferenças encontradas nas altas freqüências, é fundamental que durante
as medições o tubo sonda fique posicionado no mesmo lugar. A posição ideal do tubo sonda é
de 5 mm a 8 mm de distância da membrana timpânica. (Dirks; KINCAID, 1987; MARTIN,
2000). Além disso, é necessário que o tubo sonda seja posicionado além do campo de
transição do molde auricular, ou seja, a ponta do tubo sonda deve estar 4 a 5mm além da
ponta do molde auricular. (DIRKS; KINCAID, 1987).
Além do posicionamento do tubo sonda, outro fator influencia as medidas obtidas
como o posicionamento da caixa acústica em relação ao indivíduo testado. É recomendado
que a caixa acústica seja posicionada aproximadamente 30 cm de distância do paciente.
(MARTIN, 2000; PUMFORD; SINCLAIR, 2001). Quanto ao ângulo de posicionamento da
caixa, alguns fabricantes recomendam ou 45º azimute. A REUR é a medida que mais sofre
variação em função do azimute escolhido pelo avaliador. Porém, diferenças nas outras duas
medidas (REAR e REIG) também podem ocorrer devido à mudança de localização da caixa
sonora. (HAWKINS; MUELLER, 1992; VALENTE, 2002).
A condição da orelha média também pode influenciar as respostas nas medidas
com microfone sonda, sobretudo a resposta de ressonância da orelha externa (REUR). A
perfuração de membrana timpânica é uma das patologias que causa grande variabilidade nas
medidas avaliadas. uma redução das respostas da REUR nas orelhas com perfuração de
membrana timpânica. (GOODE; FRIEDRICHS; FALK, 1977; ZENKER, 2001, PUMFORD;
SINCLAIR, 2001; BERNARDEZ, 2005). Quando uma perfuração relativamente grande a
REUR típica apresenta dois picos. (MORYL; DANHAUER; DIBARTOLOMEO, 1992;
BERNARDEZ, 2005), sendo que o primeiro pico é freqüentemente localizado ao redor de
2700 Hz, enquanto o segundo pico encontra-se ao redor de 4000 e 5000 Hz. (ZENKER,
2001).
Por fim, deve ser ressaltada que a presença de cerume entupindo o tubo sonda
impossibilita a realização do teste. Se as medidas com microfone sonda forem iniciadas e
houver cerume bloqueando o tubo sonda, será facilmente observado e identificado porque
2 Revisão de Literatura
G a b r i e l a R o s i t o A l v a r e z B e r n a r d e z - B r a g a
aparecerá uma REUR atípica, com valores negativos ou ganho negativo para o aparelho
auditivo. (HAWKINS; MUELLER, 1992). O mesmo ocorre quando o tubo sonda é
direcionado contra a parede do conduto auditivo do paciente, ou quando ele se encontra
pressionado pelo molde auricular.
2.4.8 Comparação entre a audiometria em campo livre e as medidas com microfone
sonda
Para finalizar, o quadro abaixo apresenta um comparativo entre as medidas com
microfone sonda e a audiometria em campo livre.
AUDIOMETRIA EM CAMPO LIVRE MEDIDAS COM MICROFONE SONDA
Teste subjetivo, comportamental Teste objetivo
As respostas obtidas estimam o desempenho do
paciente com AASI
As respostas obtidas demonstram o desempenho do
aparelho na orelha (in situ) do usuário
Alta variabilidade teste-reteste Baixa variabilidade teste-reteste
Sofre influência da orelha não testada Não sofre influência da orelha não testada
Mede a detecção auditiva Mede o NPS no conduto auditivo externo
Avalia as inter-oitavas (não tem especificidade de
freqüência)
Avalia resposta de freqüência
Pode ser utilizada com qualquer tipo de AASI Apenas pode ser utilizado com AASI de condução
aérea
Mede de 5 em 5 dB Capta variações de 1 em 1 dB
Sofre mais interferência do ruído externo Sofre menos interferência do ruído externo
Não avalia a resposta do AASI para diferentes
níveis de entrada
Avalia a resposta do AASI para diferentes níveis
de entrada
Quadro 1 - Comparativo entre as medidas com microfone sonda e a audiometria em campo livre
Frente a esses fatos as normas da American Speech-Language-Hearing
Association (1998) e da Academia Americana de Audiologia (2006) para adaptação de AASI
em adultos indicam que as medidas com microfone sonda devem ser empregadas como
método primário na etapa de verificação.
2 Revisão de Literatura
G a b r i e l a R o s i t o A l v a r e z B e r n a r d e z - B r a g a
78
Embora de importância fundamental no processo de verificação dos AASIs, as
medidas com microfone sonda ainda não são ampla e rotineiramente utilizadas. Mueller
(2005) relata que nos Estados Unidos somente um terço dos profissionais utilizam essa
técnica na rotina clínica. A dificuldade de acesso ao equipamento devido ao custo do mesmo
não é o único responsável pela baixa porcentagem de realização dessas medidas na prática
clínica já que aproximadamente 45% dos profissionais que possuem o equipamento para
realização das medidas com microfone sonda quase nunca utilizam esee procedimento. O
autor relata que a não familiaridade do profissional com os procedimentos e importância das
medidas com microfone sonda bem como a existência de outras práticas enraizadas para a
verificação do AASI podem desencorajar sua utilização. Finalmente, o autor sugere que o
treinamento profissional adequado pode aumentar o uso desse procedimento em
aproximadamente 20%.
2.5 TELESSAÚDE E AUDIOLOGIA
2.5.1 Telessaúde: definição e principais projetos no país
Os avanços nas tecnologias de informação e comunicação vêm apresentando
impactos significativos na sociedade, incluindo a área da saúde, com potencial para melhorar
a qualidade de vida dos indivíduos.
“Telemedicina” é um termo bastante difundido nos dias de hoje e, de maneira
ampla, se refere aos serviços médicos de cuidados à saúde realizados à distância. Mais de 104
diferentes definições de “telemedicina” foram registradas em periódicos revisados por pares,
organizações e sociedades científicas no período de 1970 até 2006. As diferenças entre as
definições são dadas pela ênfase em uma ou mais perspectivas da telemedicina, sendo elas:
médica, tecnológica, geográfica / espacial e dos benefícios advindos de seu uso. (SOOD et al.,
2007).
Foram vários os esforços para se chegar a uma definição que abrangesse a
totalidade e fizesse jus às amplas possibilidades de aplicação da telemedicina tanto no
2 Revisão de Literatura
G a b r i e l a R o s i t o A l v a r e z B e r n a r d e z - B r a g a
diagnóstico e tratamento de doenças como na educação e pesquisa em saúde. Na verdade, o
termo “telemedicina” em si foi considerado bastante limitante por enfatizar apenas o cuidado
médico. em 1978, o escopo e definição da telemedicina foram expandidos para incluir o
conceito de “telessaúde”. (BASHSHUR; REARDON; SHANNON, 2000; STANBERRY,
2000).
A telessaúde inclui sistemas de suporte ao processo de cuidado à saúde pelo
fornecimento de meios mais efetivos e eficientes de troca de informações. Tal conceito
incorpora uma ampla extensão de atividades relacionadas à saúde que vão além do cuidado ao
paciente, englobando também a promoção de saúde, a educação ao paciente e profissional, a
prevenção de doenças, a vigilância epidemiológica, o gerenciamento de serviços de saúde e a
proteção ambiental, dentre outras. (BASHSHUR; REARDON; SHANNON, 2000).
Tanto a telemedicina como a telessaúde envolvem a transferência eletrônica das
informações médicas e de saúde entre locais e participantes distantes. A tecnologia de
informação eletrônica é utilizada como um substituto para o contato pessoal entre os
participantes ou entre as unidades de saúde envolvidas no atendimento. Frequentemente o
termo telemedicina e telessaúde são utilizados como sinônimos. (LIMA et al., 2007). No
entanto, Sood et al. (2007) e Bashshur, Reardon e Shannon (2000) indicaram a necessidade de
uma definição mais moderna sobre telemedicina que revelasse sua relação com a telessaúde -
ou seja, a telemedicina vista como um subconjunto da telessaúde.
Em grande parte dos países europeus é mais utilizado o conceito de “telemática” o
que reflete a ênfase na perspectiva tecnológica - tecnologia da informação de modo geral e na
telemetria em particular (Bashshur, Reardon e Shannon, 2000). O termo “telemática em
saúde” foi utilizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS, 1998) em referência às
atividades, serviços e sistemas relacionados à saúde, desenvolvidos à distância por meio das
tecnologias de informação e comunicação, para a promoção de saúde global e controle de
doenças, bem como educação, gerenciamento e pesquisa em saúde. Atualmente a OMS está
adotando o termo “e-Saúde” (e-Health) em substituição à “telemática em saúde”. (WORLD
HEALTH ORGANIZATION, 2008)
Com a expansão da internet nos anos 90 vários “e-termos” (por exemplo, “e-mail”
ou “e-comércio”) surgiram e começaram a se proliferar, dentre eles o termo e-Saúde que
compreende uma série de conceitos incluindo saúde, tecnologia e comércio. (OH et al., 2005).
2 Revisão de Literatura
G a b r i e l a R o s i t o A l v a r e z B e r n a r d e z - B r a g a
80
A definição mais utilizada é a de que a e-Saúde é uma área emergente na intersecção da
informática médica, saúde pública e negócios e se refere aos serviços de saúde e de
informação fornecidos ou enfatizados por meio da Internet e outras tecnologias relacionadas.
Em um contexto mais amplo o termo caracteriza não só um desenvolvimento tecnológico,
mas também um estado de espírito, uma forma de pensamento, uma atitude e um
compromisso com um pensamento de rede global para melhorar a saúde em nível local,
regional e mundial via utilização das tecnologias de informação e comunicação.
(EYSENBACH, 2001).
Com o número crescente de aplicações de tecnologias de comunicação e
informação eletrônica em áreas relacionadas à saúde (as quais também se expandem
continuamente) torna-se difícil chegar a um consenso sobre qual a terminologia mais
apropriada para identificar esta área telemedicina, telessaúde, e-saúde, telemática em saúde
ou todas as mencionadas. De fato a existência de várias terminologias demonstra a evolução
dinâmica e contínua bem como o interesse de diferentes pesquisadores na área. (BASHSHUR,
2000). Para o propósito desse estudo o termo “telessaúde” será utilizado.
Diferentes modalidades de telessaúde foram definidas por Ibañez, Cadena e Zea
(2007) e encontram-se no quadro 2.
2 Revisão de Literatura
G a b r i e l a R o s i t o A l v a r e z B e r n a r d e z - B r a g a
81
TELECONSULTA
Busca de informação médica ou assessoramento por parte de pessoal de
saúde local ou externo, utilizando tecnologias de informação e
telecomunicação. Esta pode ser desenvolvida tanto entre pacientes e
profissionais da saúde como somente entre os profissionais.
TELE-EDUCAÇÃO
É a utilização das tecnologias de informação e telecomunicação para a
prática da educação à distância. As tecnologias baseadas na internet e em
videoconferências, são os meios mais freqüentes utilizados. Traz
oportunidades de treinamento, aumento das experiências educativas por
meio das consultas com especialistas e assistência virtual a rondas
acadêmicas.
TELEMONITORAMENTO
(TELEVIGILÂNCIA)
Uso das tecnologias de informação e telecomunicação para obter
informação de rotina em relação a condição dos pacientes. Permite aos
profissionais da saúde obter e monitorar as variáveis fisiológicas, resultados
de exames, imagens provenientes dos pacientes com a finalidade de decidir
como e quando se deve realizar o tratamento do paciente. Pode ser
realizado desde a casa do paciente ou em enfermarias de hospitais.
TELECIRURGIA
É uma cirurgia em que o cirurgião não atua diretamente no paciente e a
visualização e manipulação é realizada à distância, utilizando dispositivos
tele-eletrônicos e alta tecnologia em telecomunicações. A telecirurgia é
praticada por meio de duas vias: (a) tele-educação, onde o cirurgião que vai
desenvolver os procedimentos tem assistência de um especialista à
distância; (b) cirurgia telepresencial desenvolvida por cirurgiões
qualificados, por meio da utilização de braços robóticos, entre outros
instrumentos de alta resolução e tecnologia de ponta em telecomunicações.
Quadro 2 - Modalidades de telessaúde
No âmbito da Fonoaudiologia, a American Speech-Language-Hearing Association
(AMERICAN SPEECH LANGUAGE AND HEARING ASSOCIATION, 2005a) adotou o
termo “teleprática” como sendo a aplicação da tecnologia para enviar serviços de saúde à
distância conectando profissional e paciente ou profissional e profissional, provendo qualquer
ou todos os seguintes serviços: (a) treinamento, aconselhamento, educação; (b) avaliação para
estabelecer a condição de um dado paciente; (c) intervenção e (d) fornecer assistência remota
para treinamento de profissionais. Nesse mesmo documento a ASHA afirma ainda que a
teleprática está dentro do escopo e prática dos audiologistas.
Atualmente, dois formatos são utilizados para o fornecimento de serviços de um
local ao outro: síncrono e assíncrono.
O formato síncrono (em tempo real) permite que profissionais interajam com
pacientes ou outros profissionais de saúde utilizando áudio e/ou deo em tempo real ou,
2 Revisão de Literatura
G a b r i e l a R o s i t o A l v a r e z B e r n a r d e z - B r a g a
82
ainda, por meio do controle remoto de aplicativos de um computador e seus periféricos.
(KRUMM; RIBERA; SCHMIEDGE, 2005). Esse formato é o que mais se aproxima das
consultas tradicionais (face a face).
O formato assíncrono (armazenamento e envio) utiliza a captura de sinais de
áudio, videoclips, imagens estáticas ou qualquer outro dado para que seja
transmitido/recebido depois de algum tempo. Nesse formato não necessidade de que os
usuários estejam conectados ao mesmo tempo. Modos comuns para a transmissão de dados
incluem a internet (via arquivos anexados a e-mails ou formulários), modems ou mesmo uma
máquina de fax. (AMERICAN SPEECH LANGUAGE AND HEARING ASSOCIATION,
2005b). No âmbito da audiologia uma outra aplicação assíncrona, embora controversa e não
usual, é a auto-avaliação da acuidade auditiva. (KRUMM, 2007).
Tanto as soluções assíncronas como as sincrônicas apresentam vantagens e
desvantagens quando comparadas entre si e a opção por uma ou outra deve partir da análise
da situação que se configure como problema a ser enfrentado. Soluções assíncronas
comumente priorizam menor requisito tecnológico em detrimento de maior abrangência. Por
exemplo, em uma consulta assíncrona entre profissional e cliente podem ser oferecidas
diretrizes necessárias e pertinentes ao diagnóstico, tratamento, seguimento, prevenção, entre
outros aspectos. as situações que demandem respostas imediatas impõem limites ao uso
desse formato. Nos sistemas em tempo real em virtude da interação entre as partes ser
instantânea, pode-se, por meio de uma rede, fornecer treinamentos à distância, permitindo o
fluxo de informações de forma instantânea e fisicamente abrangente. A desvantagem diz
respeito às questões financeiras restritivas a seu emprego em larga escala. No entanto, cabe
salientar que os custos necessários para aquisição de equipamentos para realização de
videoconferências seguem uma tendência de queda, à semelhança do que ocorre com todos os
sistemas eletrônicos. (MIOT; PAIXÃO; WEN, 2005)
Acredita-se que a telessaúde possa melhorar a assistência e a eqüidade da
distribuição dos serviços ao permitir a acessibilidade, especialmente em áreas remotas.
(ROINE; OHINMAA; HAILEY, 2001). Pode ser capaz também de contribuir na melhoria
com os cuidados à saúde para um número maior de pacientes por um menor custo.
(BLAKESLEE et al., 1997). Em uma perspectiva educacional a telessaúde oferece a
oportunidade para as universidades irem ao encontro da comunidade gerando benefícios como
(a) melhora do acesso à informação; (b) melhora da educação profissional; (c) melhor
2 Revisão de Literatura
G a b r i e l a R o s i t o A l v a r e z B e r n a r d e z - B r a g a
83
controle de qualidade; (d) fornecimento de serviços previamente não disponíveis e (e) o maior
envolvimento em atividades de pesquisa. A telessaúde apresenta uma oportunidade para
associar, como nunca antes, a pesquisa, o ensino e a extensão. (BROOKS, 2001).
Por reconhecer as potencialidades da telessaúde para melhoria da saúde da
população a Organização Mundial de Saúde publicou em 2008, durante a 58ª. Assembléia
Mundial de Saúde, um relatório que chama os estados membros a considerar a elaboração de
um plano estratégico de longo prazo para desenvolver e implementar os serviços por meio da
telessaúde, nas diversas áreas do setor, incluindo a administração sanitária e incentivos
públicos e privados. Também são chamados a promover a eqüidade, confidencialidade das
informações, privacidade, custos acessíveis, e o acesso universal aos benefícios oferecidos
pela telessaúde, além de tentar alcançar as comunidades e adequar o serviço às suas
necessidades (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2002).
No Brasil, devido ao extenso território e à distribuição de recursos, as
vantagens da telessaúde podem ser muito grandes. Entre elas, pode-se citar a facilitação do
acesso a protocolos sistematizados, a educação à distância, a pesquisa colaborativa entre
centros de ensino, sessões de segunda opinião, além da melhor assistência à população,
principalmente em regiões remotas ou deficientes, onde o acesso aos serviços médicos é
precário. (LIMA et al., 2007).
Embora muito se fale sobre a utilização da telessaúde para melhorar a eficiência
de um sistema de saúde, cabe lembrar que as novas tecnologias somente obtêm o máximo do
seu potencial quando existe um comprometimento dos recursos humanos no seu uso e uma
efetiva integração entre as instituições participantes, no sentido de somar os esforços para
multiplicar os resultados. (WEN; HADDAD, 2008.)
Ainda no tocante aos recursos humanos a AMERICAN SPEECH LANGUAGE
AND HEARING ASSOCIATION (2005c) publicou um documento sobre o conhecimento e
habilidades necessárias para o profissional que desejar conduzir serviços de telessaúde /
teleprática. Dentre os itens desse documento afirma-se que o profissional necessita conhecer
detalhadamente os modelos de teleprática de modo a implementar tecnologias apropriadas
para avaliação e intervenção. Também afirma que os profissionais devem ter conhecimentos
aprofundados sobre a necessidade de treinamento adequado dos facilitadores e pessoal de
apoio, da documentação dos serviços realizados, bem como da avaliação dos resultados e a
2 Revisão de Literatura
G a b r i e l a R o s i t o A l v a r e z B e r n a r d e z - B r a g a
84
efetividade dos mesmos. Finalmente, questões de ordem profissional (por exemplo: ética,
privacidade, segurança, licença para realização e pagamento pelos serviços de acordo com as
regulamentações vigentes) devem ser plenamente compreendidas.
No Brasil, incentivos governamentais à telessaúde vêm sendo oferecidos nos
últimos anos. No âmbito acadêmico, por meio do Ministério de Ciência e Tecnologia e da
Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP), redes de alta velocidade (remavs) dedicadas
estão sendo instaladas pelo País, formadas por operadoras de telecomunicações, institutos de
pesquisa e universidades, com apoio de empresas privadas. Dessa forma, projetos como a
Rede Ipê, o Projeto Giga e, mais recentemente, o Projeto Rute Rede Universitária em
Telemedicina, vêm interligando centros de excelência. (LIMA et al., 2007).
A Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP), através da rede Ipê, provê serviço
de internet com facilidades de trânsito nacional, trânsito internacional, em uma infra-estrutura
com alta largura de banda e suporte a aplicações avançadas. A rede Ipê possui enlaces
internacionais próprios e conexão com outras redes acadêmicas do mundo, tais como Clara
(América Latina), Internet2 (Estados Unidos) e Géant (Europa). 27 pontos de presença
(PoPs) instalados em todas as capitais do país, interligando cerca de 400 unidades de ensino e
pesquisa. Em 2005, a capacidade de comunicação entre os PoPs começou a ser ampliada com
o uso de tecnologia óptica (WDM), o que elevou a capacidades desses a 10 Gbps
1
.
Outro projeto, uma parceria da RNP e do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento
em Telecomunicações (CPqD), com financiamento da Finep e recursos do Fundo para o
Desenvolvimento Tecnológico das Telecomunicações (Funttel) do Ministério das
Comunicações, é o Projeto Giga. Este desenvolve tecnologia de redes e de serviços de
telecomunicações diretamente sobre rede óptica, em banda larga. A rede desenvolvida com
essa tecnologia oferece a seu usuário uma taxa de acesso 400 vezes maior que a capacidade
dos serviços de banda larga normalmente oferecidos na internet comercial. O Projeto Giga
dispõe de uma rede de 735 km de fibra óptica e capacidade de 2,5 Gbps, podendo chegar até
10 Gbps, ligando as cidades de Campinas, São Paulo, São José dos Campos, Cachoeira
Paulista, Rio de Janeiro, Niterói e Petrópolis. (REDE NACIONAL DE ENSINO E
PESQUISA, 2004).
1
http://www.esr.rnp.br/aescola/rnp/. Acesso em: 20 ago. 2008.
2 Revisão de Literatura
G a b r i e l a R o s i t o A l v a r e z B e r n a r d e z - B r a g a
85
Criada em 2005 a Rede Universitária de Telemedicina (RUTE) é uma iniciativa
do Ministério da Ciência e Tecnologia, apoiada pela Financiadora de Estudos e Projetos
(Finep), pela Associação Brasileira de Hospitais Universitários (Abrahue) e coordenada pela
Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP). A RUTE tem como participantes universidades e
hospitais em diferentes estados do país e tem por objetivo apoiar projetos em telemedicina
existentes e incentivar o surgimento de futuros trabalhos interinstitucionais. Essa iniciativa vai
prover a infra-estrutura de serviços de comunicação, assim como parte dos equipamentos de
informática e comunicação para os grupos de pesquisa, promovendo integração e
conectividade e disseminando atividades de pesquisa e desenvolvimento das instituições
participantes. A utilização de serviços avançados de rede deverá promover o surgimento de
novas aplicações e ferramentas que explorem mecanismos inovadores na educação em saúde,
na colaboração à distância para pré-diagnóstico e na avaliação remota de dados de
atendimento médico. Em um segundo momento, a RUTE poderá levar os serviços
desenvolvidos nos hospitais universitários do país a profissionais que se encontram em
cidades distantes, por meio do compartilhamento de arquivos de prontuários, consultas,
exames e segunda opinião. Com sua implantação são esperados impactos científicos,
tecnológicos, econômicos e sociais para os serviços médicos já existentes, permitindo a
adoção de medidas simples e de baixo custo que podem contribuir muito para diminuir a
carência de especialistas, além de proporcionar treinamento e capacitação de profissionais da
área médica sem deslocamento para os centros de referência
2
.
Ainda no âmbito do Ministério da Ciência e Tecnologia uma importante soma de
recursos financeiros foi alocada para financiamento de pesquisa científica e desenvolvimento
tecnológico na telemedicina, área considerada prioridade estratégica nacional. O projeto
“Estação Digital Médica - Estratégia de Implementação e Ampliação da Telemedicina no
Brasil” é desenvolvido por um consórcio de nove instituições, coordenadas pela Faculdade de
Medicina da USP, e prevê a expansão e fortalecimento da telemedicina, unindo hospitais,
universidades, empresas, órgãos governamentais e outras instituições por meio das
telecomunicações, informática e demais soluções tecnológicas. Os objetivos dessa rede são
fomentar a prática da assistência e educação à distância no Brasil, otimizando o sistema de
saúde. Suas ações incluem programas de aprimoramento profissional, capacitação técnica,
2
http://rute.rnp.br/sobre/rute/. Acesso em: 01 ago. 2008.
2 Revisão de Literatura
G a b r i e l a R o s i t o A l v a r e z B e r n a r d e z - B r a g a
86
informação e prevenção, segunda opinião médica especializada, discussões clínicas, entre
outras
3
.
Outros projetos de importância na área de telessaúde/telemedicina existem no
Brasil, em sua maioria envolvendo redes universitárias e com apoio das Secretarias Estaduais
de Saúde.
O Projeto Minas Telecardio é uma iniciativa da Secretaria de Estado da Saúde de
Minas Gerais em parceria com diferentes universidades mineiras que formam a Rede Mineira
de Telecardiologia, e tem sua coordenação no Hospital das Clínicas da Universidade Federal
de Minas Gerais (UFMG). O objetivo principal é a implantação de um sistema de
telecardiologia em 82 cidades de Minas Gerais e a realização de estudo clínico-
epidemiológico e econômico, buscando investigar os determinantes das doenças
cardiovasculares e seu curso clínico a partir da intervenção, bem como o custo e efetividade
do sistema. A finalidade do projeto é o apoio às equipes de saúde da família e à atenção
primária por meio de atividades de teleassistência, teleconsultoria e tele-educação, em um
programa de educação permanente destinado aos profissionais da atenção básica, além da
melhoria do acesso da população às consultas especializadas.
A Rede Catarinense de Telemedicina (RCTM) é um projeto desenvolvido pela
Universidade Federal de Santa Catarina em parceria com a Secretaria de Estado da Saúde de
Santa Catarina, que possibilita a disponibilização em rede, de imagens, sinais e laudos
médicos gerados a partir de estabelecimentos de saúde geograficamente distribuídos pelo
Estado. Atualmente, a rede suporta os serviços de telediagnóstico e regulação interligando as
32 Regionais de Saúde do Estado, conectando aproximadamente 60 municípios e seus
respectivos estabelecimentos de saúde, de Unidades Básica de Saúde e pronto-atendimentos
aos hospitais
4
.
A Universidade Federal de Santa Catarina integra também desde 1997 o Projeto
Cyclops. Esse projeto surgiu inicialmente na Alemanha, em 1993, como um grupo de
pesquisa para análise inteligente de imagens voltado à área médica. Posteriormente, as
atividades do projeto foram diversificadas passando a desenvolver tecnologia de suporte para
os setores médicos relacionados à radiologia, oncologia e obstetrícia. Atualmente, o Projeto
Cyclops conta com a participação de grupos de pesquisa em sete universidades brasileiras,
3
http://www.estacaodigitalmedica.com.br/edm/institucional/institucional.aspx. Acesso em: 01 ago. 2008.
4
http://www.telessaudebrasil.org.br/php/level.php?lang=pt&component=33&item=9. Acesso em: 20 ago. 2008.
2 Revisão de Literatura
G a b r i e l a R o s i t o A l v a r e z B e r n a r d e z - B r a g a
87
quatro universidades alemãs, além de três hospitais universitários, três clínicas privadas e dois
hospitais públicos, distribuídos entre Brasil e Alemanha. A colaboração é financiada pelo
CNPq, Sociedade Alemã de Pesquisas Aeroespaciais (DLR) e Sociedade Alemã para
Matemática e Processamento de Dados (GMD). A proposta do projeto é tornar viável o uso de
tecnologias avançadas pelos hospitais públicos e pequenas clínicas, que mais se beneficiariam
desses serviços em virtude da agilidade e redução de custos das atividades médicas resultantes
(REDE NACIONAL DE ENSINO E PESQUISA, 2004).
O Núcleo de Telessaúde (Nutes) tem a missão de coordenar e executar as ações
relacionadas com as tecnologias da informação em saúde, bem como desenvolver os projetos
de telessaúde da Universidade Federal de Pernambuco, contribuindo para o fortalecimento do
sistema de saúde através da pesquisa e desenvolvimento de soluções tecnológicas inovadoras.
O Nutes compromete-se a elaborar e executar projetos de desenvolvimento e de pesquisa na
área da saúde, visando a melhoria da qualidade de vida do ser humano, por meio dos recursos
das tecnologias da informação e das comunicações, principalmente o atendimento remoto
(telessaúde), apoiar as pesquisas desenvolvidas pelos diversos departamentos da UFPE, além
de contribuir para a formação de recursos humanos nas áreas da sua atuação e divulgar os
resultados das pesquisas científicas desenvolvidas
5
.
No que se refere ao Ministério da Saúde diferentes ações foram desenvolvidas a
fim de investir na telessaúde do Brasil. Entendendo a necessidade da participação multi-
institucional, de unir a expertise da academia com as necessidades governamentais de saúde
pública, de somar recursos através de um envolvimento interministerial e de envolver gestores
estaduais e municipais, o Ministério da Saúde fez um grande esforço de integração e
desenvolveu várias iniciativas sendo as mais importantes:
Criação da Comissão Permanente de Telessaúde do Ministério da Saúde com
representantes de diversas instituições, órgãos, universidades e Ministérios
(Portaria 561 de 16 de Março de 2006).
5
http://www.nutes.ufpe.br. Acesso em: 01 ago. 2008.
2 Revisão de Literatura
G a b r i e l a R o s i t o A l v a r e z B e r n a r d e z - B r a g a
88
Criação do Comitê Executivo de Telessaúde, para coordenar e acompanhar o
projeto, e incentivar os trabalhos integrados entre os diversos núcleos em
(Portaria nº 8 de 11 de agosto de 2006)
6
.
A assinatura do Protocolo de Intenções entre os Ministérios da Saúde, da
Ciência e Tecnologia e da Educação, que viabilizará a aplicação da RNP (Rede
Nacional de Ensino e Pesquisa) para interligar 32 pontos, para fins de
Telemedicina e Telessaúde, no final de outubro de 2006. Notícia divulgada
pela agência Fapesp, em 23 de outubro de 2006
7
.
Aprovação da Portaria 35, de 04 de janeiro de 2007, que Institui, no âmbito
do Ministério da Saúde, o Programa Nacional de Telessaúde
8
.
Em janeiro de 2007, no âmbito do Ministério da Saúde, foi instituído o Projeto
Nacional de Telessaúde. Este objetiva desenvolver ações de apoio à assistência à saúde e,
sobretudo, de educação permanente de Saúde da Família, visando à educação para o trabalho
e, na perspectiva de mudanças de práticas de trabalho, que resulte na qualidade do
atendimento da Atenção Básica do SUS. Por meio desse projeto procura-se diminuir gastos
com saúde por meio da qualificação profissional, redução da quantidade de deslocamentos
desnecessários de pacientes e aumento das atividades de prevenção de doenças. A
implantação do Telessaúde Brasil inicia-se com o Projeto-Piloto e a criação de nove cleos
de Telessaúde, situados nos estados do Amazonas, Ceará, Pernambuco, Goiás, Minas Gerais,
Rio de Janeiro, São Paulo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Cada Núcleo de Telessaúde
estará conectado a 100 Pontos (900 pontos ao todo) instalados em Unidades Básicas de Saúde
(UBS), distribuídos por todo território desses Estados, contemplando aproximadamente 2.700
equipes de Saúde da Família e beneficiando cerca de 11 milhões de habitantes. Os pontos
participantes do projeto recebem toda infra-estrutura de informática e telecomunicação
necessárias para promover a integração e a valorização dos profissionais envolvidos em
atividades de saúde. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2007).
6
ftp://ftp.saude.sp.gov.br/ftpsessp/bibliote/informe_eletronico/2006/iels.agosto.06/iels156/U_PT-SGTES-
8_110806.pdf. Acesso em: 20 ago. 2008.
7
http://www.agencia.fapesp.br/materia/6252/noticias/rede-avancada-com-saude.htm. Acesso em: 20 ago. 2008.
8
http://www.telessaudebrasil.org.br/php/level.php?lang=pt&component=42&item=7. Acesso em: 20 ago. 2008.
2 Revisão de Literatura
G a b r i e l a R o s i t o A l v a r e z B e r n a r d e z - B r a g a
89
2.5.2 Telessaúde e infra-estrutura
A telessaúde pode ser vista como um sistema de cuidados à saúde composto por
seis elementos essenciais: (1) a separação geográfica entre os participantes, (2) o uso da
tecnologia de informação como um substituto da interação face a face, (3) a necessidade de
pessoal qualificado para exercer as funções necessárias (médicos, assistentes e técnicos), (4)
uma estrutura adequada para o desenvolvimento do sistema e implementação da rede, (5)
protocolos clínicos para o tratamento e triagem dos doentes e, (6) normas referindo-se a
qualidade dos atendimentos médicos e de administradores, bem como a confidencialidade dos
dados dos pacientes. (BASHSHUR; REARDON; SHANNON, 2000).
Tulu, Chatterjee e Maheshwari (2007) propuseram três dimensões e respectivas
subdivisões para caracterizar os programas de telessaúde:
Dimensão médica: subdivida em propósito e área de aplicação.
O propósito da aplicação é a razão para uso da telessaúde, podendo ser
clínica (consultas, avaliações iniciais, segunda opinião, monitoramento,
entre outros) ou não clínica (educação, administração ou pesquisas).
A área de aplicação deve ser cuidadosamente analisada que as diferentes
áreas da saúde possuem modos distintos de fornecimento de serviços e,
portanto, necessidades também distintas.
Dimensão de fornecimento de serviço: modo de fornecimento de serviço que
irá substituir o modelo “face a face”. Essa dimensão é subdividida em:
Ambiente: instalações utilizadas pelos programas de telemedicina que
variam desde hospitais e clínicas até prisões.
Infra-estrutura de comunicação: disponibilidade de infra-estrutura de
comunicação para transmissão, recepção ou emissão de dados ou
informação, em qualquer formato. Na atualidade inúmeras tecnologias
oferecidas pelos prestadores de serviços tanto com fio como sem fio.
2 Revisão de Literatura
G a b r i e l a R o s i t o A l v a r e z B e r n a r d e z - B r a g a
90
Opções de fornecimento de serviços: as opções de fornecimento são
inúmeras, podendo ser sincrônicas ou assíncronas, baseado em textos, ou
áudio e vídeo, entre outras.
Dimensão organizacional: refere-se às questões de recursos humanos
especializados, de gerenciamento da tecnologia de informação, questões
orçamentárias bem como procedimentos legais e regulatórios.
A telessaúde inclui a transferência de informações clínicas, processos de
diagnóstico, tratamentos, monitoramento e educação, por meio da utilização e transmissão de
diferentes tipos de informação. A viabilidade de implantação desses processos na prática
clínica depende diretamente da utilização de recursos tecnológicos especiais (equipamentos e
softwares), do uso adequado de sistemas de telecomunicação, e da capacitação de recursos
humanos para sua instalação, utilização e manutenção. A infra-estrutura tecnológica
necessária varia de acordo com a complexidade do processo, podendo-se utilizar desde
sistemas de telefonia convencional até sistemas de redes digitais de alta velocidade,
permitindo a troca de grandes volumes de informações em tempo real entre os usuários do
sistema. (TELESAÚDE, 2007).
A infra-estrutura de comunicação utilizada para propósitos da telessaúde passou
por consideráveis transformações nas últimas décadas e continua a modificar-se. De maneira
ampla a história da tecnologia para a telessaúde pode ser caracterizada em três eras: era das
telecomunicações, era digital e era da internet. (BASHSHUR; REARDON; SHANNON,
2000).
Era das telecomunicações (década de 70): dependente de broadcast e
tecnologias de televisão na qual os dados visuais e de áudio não eram
integrados com outros dados clínicos e nem facilmente armazenados ou
acessados.
Era digital (final da década de 80 e cada de 90): a digitalização em
telecomunicação facilitou a integração desta com computadores e permitiu a
transmissão de maior número de informação em uma banda limitada. Linhas de
telefonia dedicadas (T1) eram frequentemente utilizadas. A era digital foi
sustentada pela rede digital de serviços integrados (ISDN - integrated services
digital network), um serviço de telefonia digital oferecido em boa parte do
2 Revisão de Literatura
G a b r i e l a R o s i t o A l v a r e z B e r n a r d e z - B r a g a
91
mundo, que transmite grandes quantidades de dados, como áudio e vídeo em
velocidade alta. Oferece alta qualidade de linha, baixo tempo para a conexão e
permite a utilização de voz simultaneamente na outra linha. (LIMA et al.,
2000).
Era da internet: a maior integração da telecomunicação e dos computadores foi
associada com protocolos padronizados e ferramentas para facilitar a
conectividade de modo acessível. A internet permite acesso aberto a um
ambiente de comunicação global no qual um amplo e heterogêneo conjunto de
atividades e interações pode ser realizado. A era da internet representa uma
mudança significativa em vários aspectos: a tecnologia tem menor custo e
maior penetração sendo acessível para grande parte da população.
Atualmente a infra-estrutura de telecomunicação varia de acordo com a
velocidade de transferência de informação conforme mostra o resumo do quadro 3.
2 Revisão de Literatura
G a b r i e l a R o s i t o A l v a r e z B e r n a r d e z - B r a g a
92
SISTEMA DEFINIÇÃO
TAXA DE
TRANSFERÊNCIA
VANTAGENS DESVANTAGENS
PSTN
Public Switched
Telephone Network.
Rede telefônica pública:
transmite áudio, vídeo e
dados.
56 Kbps Baixo custo
Lento e não apropriado
para altas resoluções
ISDN
Integrated Services
Digital Network. Rede
digital de serviços
integrados: transmite
voz, dados, textos,
imagens, músicas,
vídeos e outros.
128 Kbps
Flexível. Conexão
estabelecida em curto
tempo.
Tarifação dos pulsos
utilizados. Lento com
disponibilidade irregular.
Satélite
Utilizam as redes
baseadas em ondas
eletromagnéticas, por
meio de antenas
parabólicas.
< 2 Mbps
Estabelece
comunicação entre
ambientes remotos e
proporciona a tele-
educação e alta
qualidade
alto custo
Sem fio
Uso da tecnologia sem
fio para navegar pela
internet, com tecnologia
de infravermelho ou de
rádio.
< 2 Mbps
Comodidade, permite
livre movimentação
nova tecnologia, lugares
limitados
Linhas
dedicadas
Linha de
telecomunicações,
normalmente digital,
destinada a assegurar
uma ligação permanente
entre dois pontos.
64 Kbps – 50 Mbps Confiáveis
alto custo e pouca
flexibilidade
ATM, ADSL
Asynchronous Transfer
Mode forma de
tecnologia baseada na
transmissão de pequenos
pacotes de tamanho fixo
e estrutura definida
denominados células.
Assymmetric Digital
Subscriber Line Trata-se
de uma tecnologia que
permite a transferência
digital de dados em alta
velocidade por meio de
linhas telefônicas
comuns.
155 Mbps
Usada quando altas
taxas de transferência
de dados são
necessárias, baixa
latência na transmissão
dos dados
alto custo
Fonte: RUIZ IBAÑEZ; ZULUAGA DE CADENA; TRUJILLO ZEA, 2007, ACKERMAN et al., 2002, GUTIERREZ et al., 2003,
TELECO INFORMAÇÕES EM TELECOMUNICAÇÃO, 2008
9
.
Quadro 3 - Infra-estrutura de telecomunicação
9
http://www.teleco.com.br/tutoriais/tutorialmeiosip/pagina_5.asp. Acesso em: 23 ago. 2008.
2 Revisão de Literatura
G a b r i e l a R o s i t o A l v a r e z B e r n a r d e z - B r a g a
93
A capacidade de distribuir informações médicas entre instituições de saúde está
limitada pela capacidade disponível, ou largura de banda, dos meios físicos dos quais essas
instituições dependem (par metálico, cabo coaxial e fibra óptica). A complexidade e os custos
envolvidos para instalação e manutenção dos meios de comunicação são diretamente
proporcionais à largura de banda disponível. Se a informação a ser compartilhada contém
imagens com alta resolução espacial e elevado número de quadros por segundo, é necessária
uma alta largura de banda e uma eficiente infra-estrutura de comunicação. (BASHSHUR;
REARDON; SHANNON, 2000; GUTIERREZ et al., 2003).
Por exemplo, no caso de sistemas sincrônicos voltados para o diagnóstico remoto
de doenças são características desejáveis: fidelidade sonora, boa resolução de imagem e de
velocidade de transmissão da informação. Para algumas aplicações assíncronas como, por
exemplo, o envio de imagens para obtenção de segunda opinião especializada, a fidelidade
sonora pode não ser o importante. De qualquer forma é necessário que a tecnologia
escolhida propicie sustentabilidade, devendo também ser levados em consideração os avanços
tecnológicos tanto de equipamentos como de rede. (GUTIERREZ et al., 2003).
De acordo com Bashshur, Reardon e Shannon (2000) a telessaúde entrou na era da
internet. No Brasil a internet encontra-se bastante difundida, no entanto, não existem
estatísticas precisas sobre a quantidade de usuários. A pesquisa realizada pelo IBGE, 2007
indicou que 32,1 milhões de usuários da rede (21% da população) com idade igual ou
superior a 10 anos e que esses acessam a internet em diferentes locais (domicílio, local de
trabalho, estabelecimento de ensino, centros públicos de acesso gratuito ou pago, domicílio de
outras pessoas ou outros)). A conexão discada à Internet mostrou-se mais difundida que a
banda larga. (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2007).
Em pesquisa realizada com 17.000 domicílios entrevistados em áreas urbanas
sobre o uso das Tecnologias de Comunicação e Informação no Brasil (TICs, 2007) verificou-
se que 83% dos brasileiros não tinham acesso à internet de suas casas. Foi verificado ainda
que 42% das conexões à internet eram realizadas por meio de acesso discado via linha
telefônica, enquanto 50% utilizavam banda larga. Dos usuários de internet banda larga
utilizam modem digital via linha telefônica (DSL), 16% utilizam modem via cabo, 8%
conexão via rádio e 1% conexão via satélite. Quarenta e cinco por cento dos internautas
utilizam velocidade de 128 Kbps, 18% utilizam velocidade de 128-300 Kbps, 11% de 300-
600 Kbps, 4% de 600 Kbps-1 Mbps, 4% de 1-2 Mbps, 2% mais de 2 Mbps e 16% não
2 Revisão de Literatura
G a b r i e l a R o s i t o A l v a r e z B e r n a r d e z - B r a g a
94
souberam responder. Cinqüenta e sete por cento dos brasileiros demonstraram interesse em
adquirir conexão à internet com maior velocidade. (COMITÊ GESTOR DA INTERNET NO
BRASIL, 2007).
Outra pesquisa, publicada pelo Ibope/NetRatings, 2008 indicou que 41,56
milhões de pessoas com 16 anos ou mais declararam ter acesso à internet em qualquer
ambiente (casa, trabalho, escola, cybercafés, bibliotecas, entre outras possibilidades), sendo
esta a primeira vez que o número de pessoas com acesso à internet em nosso país ultrapassou
a barreira de 40 milhões de pessoas
10
.
no Brasil, atualmente, 8,1 milhões de conexões por banda larga o que ainda
não atinge todas as regiões brasileiras. (CISCO SYSTEMS BRASIL, 2008). No entanto, o
Departamento de Inclusão Digital do Ministério das Comunicações informou que mais de 20
mil pontos de banda larga via satélite serão instalados no país até junho de 2009. Dessa forma,
a medida vai permitir que regiões aonde a banda larga terrestre não chega sejam
beneficiadas
11
.
O Conselho Diretor da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) aprovou
uma proposta em que as empresas de telefonia fixa terão que implantar infra-estrutura de
banda larga em todos os municípios brasileiros até 2010. Com isso, 3.570 municípios sem
banda larga passarão a contar com o serviço até 2010. No calendário estabelecido pela Anatel,
40% dos municípios terão banda larga em 2008, outros 40% receberão o serviço em 2009 e o
restante será concluído em 2010. Quanto à velocidade da rede, a capacidade nima de
transmissão deverá ser proporcional ao número de habitantes variando de 8 (população até 20
mil habitantes) até 64 Mbps (população superior a 60 mil pessoas)
12
.
A sociedade brasileira precisa ficar alerta e cobrar os acessos de alta velocidade à
rede mundial de dados, pois a falta de internet banda larga em vários pontos do Brasil torna-se
uma barreira para a disseminação dos serviços de teleassistência e prejudica a qualidade nos
serviços de saúde pública à população
13
. A realização do Programa Nacional de Telessaúde
em apoio à Atenção Básica, devido a sua abrangência de territórios, é muito importante para a
disseminação da internet no país.
10
http://www.ibope.com.br/calandraWeb/servlet/CalandraRedirect?temp=5&proj=PortalIBOPE&pub=T&db=
caldb&comp=Notícias&docid=F0BA65FF8A513A48832574750050527E, Acesso em: 01 ago. 2008.
11
Plantão Info, 2008 http://info.abril.com.br/aberto/infonews/032008/31032008-1.shl).
12
http://g1.globo.com/Noticias/Brasil/0,,MUL236292-5598,00.html. Acesso em: 23 ago. 2008.
13
http://rute.rnp.br/midia/?noticia=90. Acesso em: 01 ago. 2008.
2 Revisão de Literatura
G a b r i e l a R o s i t o A l v a r e z B e r n a r d e z - B r a g a
95
2.5.3 Telessaúde e aplicações na audiologia
De acordo com as estimativas da Organização Mundial da Saúde, 278 milhões de
pessoas no mundo têm perda auditiva de grau moderado a profundo em ambas as orelhas.
Oito por cento dessas pessoas vivem em países de baixa ou média renda. (ORGANIZAÇÃO
MUNDIAL DE SAÚDE, 2005). Embora seja estimado que 50% das perdas auditivas possam
ser tratadas, pode ser difícil garantir os serviços de cuidado à saúde auditiva devido a um
financiamento inadequado, falta de planejamento, pobre monitoramento do paciente e
insuficiência de conhecimentos por parte dos profissionais. Para ultrapassar esses obstáculos,
novos modelos de serviços como a telessaúde devem ser considerados. (KRUMM; RIBERA;
KLICH, 2007).
Desde o final da década de 90 a American Speech and Hearing Association
(ASHA) tem examinado a viabilidade e o sucesso da telessaúde para os serviços de
audiologia. Em 1998, essa associação publicou um documento relatando as atividades de
telessaúde que vinham sendo realizadas até então. Posteriormente, entre 2001 e 2003, um dos
objetivos da ASHA foi aumentar o conhecimento e acesso dos seus membros a produtos,
informação, e atividades relacionadas ao uso da teleprática na Fonoaudiologia. (ASHA,
2005b).
Para atingir esses objetivos um Escritório Nacional de Teleprática foi estabelecido
com a finalidade de desenvolver e disseminar um plano estratégico e relatar avanços no uso
da teleprática que incluísse o desenvolvimento de relatórios técnicos, declarações, diretrizes,
considerações de questões éticas, legais, de privacidade de licença e credenciamento bem
como sistemas de pagamento e provisão de serviços em regiões rurais. Essas informações
foram publicadas em 2001. (AMERICAN SPEECH LANGUAGE AND HEARING
ASSOCIATION, 2001).
Em 2002 foi conduzido um levantamento com 1.667 membros para determinar o
conhecimento e experiência dos mesmos com a teleprática em fonoaudiologia. Cerca de 11%
desses indivíduos relataram já ter prestado serviços via teleprática. No caso dos audiologistas,
a teleprática foi utilizada para oferecer assistência direta ao paciente (50%), consultas a outros
profissionais (35%), educação (5%) e supervisão (5%). No tocante aos serviços prestados aos
pacientes os procedimentos mais comuns foram o aconselhamento (83%), acompanhamento
2 Revisão de Literatura
G a b r i e l a R o s i t o A l v a r e z B e r n a r d e z - B r a g a
96
(68%), verificação de equipamentos (47%), e tratamento (14%). (AMERICAN SPEECH
LANGUAGE AND HEARING ASSOCIATION, 2002).
A ASHA também vem desenvolvendo diferentes atividades de educação
profissional para seus membros sob forma de workshops, seminários e apresentações em
eventos científicos. Vem, ainda, apoiando financeiramente alguns projetos executados nessa
área. (ASHA, 2005b).
A Canadian Association of Speech-Language Pathologists and Audiologists
(CASLPA) também publicou em 2006 uma declaração endossando o uso da teleprática por
audiologistas e patologistas da fala e linguagem como forma de melhorar o acesso aos
serviços fornecidos por profissionais qualificados. (CALSPA, 2006).
Uma das preocupações que permeiam as discussões acerca da telessaúde em
audiologia diz respeito aos aspectos éticos, ou seja, se a prestação de serviços por meios
eletrônicos é considerada prática ética bem como se o profissional que utiliza a telessaúde
estaria violando o código de ética. (WAGUESPACK, 2005).
Nos Estados Unidos a ASHA revisou seu código de ética em 2001 para incluir
que “indivíduos podem fornecer serviços via telecomunicações (por exemplo, telessaúde/e-
saúde) quando não proibida por lei”. (AMERICAN SPEECH LANGUAGE AND HEARING
ASSOCIATION, 2001).
O código de ética da CALSPA revisado em 2005 também inclui artigo a respeito
da teleprática, consentindo sua utilização, de acordo com as diretrizes publicadas por essa
mesma associação, quando não proibido por lei
14
.
Sant´Anna, Cardoso e Sant´Anna (2005) relatam que os argumentos desfavoráveis
ao uso da telemedicina / telessaúde referem-se ao fato de que as regras éticas e legais para seu
uso são insuficientes ou inexistem e que essa pode representar uma ameaça para a relação
médico-paciente tradicional, constituindo assim uma prática insegura. Dentre os princípios
éticos envolvidos nessa área os autores destacam a privacidade, confidencialidade, segurança,
consentimento informado, responsabilidade, jurisdição, competência, remuneração por
serviços e padrões tecnológicos. No tocante aos aspectos legais os autores relatam que
vasta jurisprudência nos países desenvolvidos, nos quais a telemedicina tem uma importância
14
CODIGO DE ÉTICA DA CALSPA. Disponível em http://www.caslpa.ca/PDF/code%20of%20ethics.pdf.
2 Revisão de Literatura
G a b r i e l a R o s i t o A l v a r e z B e r n a r d e z - B r a g a
97
crescente e é praticada pelos sistemas de saúde. No Brasil, a legislação ainda é restrita e o uso
da telemedicina acarreta grande responsabilidade ao profissional que está prestando o serviço.
Denton e Gladstone (2005) apresentaram uma breve discussão, sob a forma de
casos hipotéticos, a respeito de questões éticas e legais associadas ao uso da teleprática em
audiologia: licenciamento e credenciamento, privacidade e confidencialidade, má-prática,
competência, consentimento esclarecido e uso de facilitadores (assistentes). No tocante ao
licenciamento e credenciamento nos EUA, os audiologistas devem estar licenciados no estado
onde reside o indivíduo que está recebendo os serviços e no estado de onde eles estão
fornecendo os serviços. Quanto à privacidade e confidencialidade, os profissionais devem
obedecer os requerimentos do Health Insurance Portability and Accountability Act (1996)
que, dentre outros, requer o desenvolvimento de padrões para as transações nacionais de
saúde por meios eletrônicos e que seja salvaguardado a privacidade de informações de saúde
individualmente identificáveis geradas ou transmitidas eletronicamente. Quanto ao
consentimento esclarecido, o Código de Ética da ASHA exige que os audiologistas informem
seus pacientes sobre a natureza e os possíveis efeitos do serviço oferecido e que seja dado
direito aos pacientes de expressar as suas escolhas de métodos de serviços prestados pelos
profissionais, dessa forma isso se aplica também na teleprática.
Do ponto de vista regulatório, ainda nos EUA, ainda não existe uma prática
uniforme e as normas variam de estado para estado, mas todos partilham da premissa de
proteger o consumidor independente do modo de prestação de serviço. (WAGUESPACK,
2005).
No Brasil grande parte das profissões de saúde e áreas correlatas utilizam a
tecnologia da informação e comunicação para o desenvolvimento de práticas a distância. No
que se refere à teleconsulta / teleprática em audiologia os primeiros projetos surgiram no ano
de 2003 no Departamento de Fonoaudiologia da Faculdade de Odontologia de Bauru
Universidade de São Paulo.
O tema ganhou reconhecimento em abril de 2004, com um fórum “Telessaúde em
Audiologia” realizado durante o XIX Encontro Internacional de Fonoaudiologia quando o
Conselho Brasileiro de Telemedicina e Telessaúde (CBTms) lançou oficialmente o
“Departamento de Teleaudiologia” tendo os seguintes objetivos: (1) reunir profissionais
interessados na aplicação da tecnologia de comunicação e informação para a educação e
2 Revisão de Literatura
G a b r i e l a R o s i t o A l v a r e z B e r n a r d e z - B r a g a
98
assistência em Audiologia; (2) propor e analisar diretivas técnicas, éticas e profissionais para
a teleaudiologia; (3) desenvolver protocolos para a aplicação e avaliação da teleaudiologia;
(4) promover treinamento para profissionais na área de telessaúde; (5) promover a educação
continuada em Audiologia; (6) certificar a informação referente a Audiologia na Internet; (7)
organizar reuniões, conferências e simpósios para promover o intercâmbio do conhecimento;
(8) promover a conscientização do público no que se refere à natureza, aplicação, vantagens e
riscos do uso da teleaudiologia; (9) desenvolver ações em conjunto com instituições
governamentais e grupos do setor privado para melhorar o acesso e qualidade dos serviços de
saúde auditiva e (10) fomentar associações com entidades nacionais e internacionais que
ajudem a promover a teleaudiologia.
O Fórum “Telessaúde em Audiologia” repetiu-se nas edições de 2005, 2006 e
2008 do Encontro Internacional de Audiologia, sendo realizadas discussões acerca das
perspectivas para a Fonoaudiologia na telessaúde bem como questões éticas e legais, de sigilo
do paciente e de competência profissional voltados para a teleassistência em audiologia.
Deve ser ressaltado, porém, que ainda não existe, no Brasil, uma regulamentação
para a aplicação da telessaúde em Fonoaudiologia. O Código de Ética da Fonoaudiologia
aprovado pela resolução CFFa 305/2004 descreve em sua Seção II, artigo 21, parágrafo II
que consiste em infração ética “consultar, diagnosticar ou prescrever tratamento por quaisquer
meios de comunicação de massa”. (CÓDIGO DE ÉTICA DE FONO, 2004). No entanto, o
Conselho Federal de Fonoaudiologia, em conjunto com os seus Conselhos Regionais, estão
discutindo as questões relacionadas coma a telessaúde e suas implicações para o
fonoaudiólogo e a população atendida por esse profissional. (JORNAL DO CONSELHO
FEDERAL DE FONOAUDIOLOGIA, 2008).
A seguir serão apresentados os resultados dos estudos em telessaúde na área
audiológica. O interesse do presente estudo concentra-se no uso da telessaúde para o cuidado
à saúde em um ambiente clínico. Desta forma, referências a estudos sobre o impacto destas
tecnologias na gestão, cuidados, comportamento e educação em saúde não serão incluídas
nesta parte do capítulo.
BLASKELEE et al., 1997 demonstraram a utilidade de três sistemas para
prestação de serviços de teleconsulta em otorrinolaringologia sendo dois sistemas fixos (Optel
e GSTP) e um móvel (Picasso). Um total de 57 teleconsultas foram realizadas em um período
2 Revisão de Literatura
G a b r i e l a R o s i t o A l v a r e z B e r n a r d e z - B r a g a
99
de 24 meses. Foi verificado que a teleconsulta permitiu maior acesso de um hospital rural aos
médicos especialistas, maior troca de informações entre os profissionais, reforço na relação
médico-paciente e na continuidade dos cuidados à saúde, aumento da retenção de pacientes
dentro da comunidade e a diminuição de custos. Os médicos indicaram uma experiência
positiva e alta aceitação pelos novos equipamentos utilizados. Todos os atendimentos foram
concluídos sem a ocorrência de nenhuma falha no sistema de transmissão dos dados, apenas
houve, poucas vezes, alguns minutos de atraso durante a transmissão de áudio ou vídeo.
Mesmo assim, todos os centros de ensino que participaram do estudo concluíram que as
consultas foram satisfatórias e as comunicações áudio visuais reforçaram a capacidade médica
de diagnosticar corretamente e melhor tratar os doentes.
Eikelboom e Atlas (2005) verificaram qual a atitude dos pacientes de audiologia
frente à telessaúde e qual era a disposição destes para usá-la. Foi aplicado um questionário em
116 pacientes, sendo que 75% destes nunca tinham ouvido falar sobre telessaúde. O
questionário era dividido em três partes: uma sobre o encontro, outra sobre a telemedicina e a
terceira parte explorava as informações pessoais. Os fatores mais encontrados para a
disposição em usar a telessaúde foram redução no tempo de espera e no custo das consultas. A
maior barreira encontrada foi a preferência por consultas face-a-face. Os resultados obtidos
foram que aproximadamente 42% tinham algum grau de disposição para o uso da telessaúde,
28% estavam incertos e 30% não tinham disposição para este uso.
Estudos verificaram a possibilidade de uso de métodos assíncronos (armazenar e
enviar) na reabilitação audiológica. Kaldo-Sandström, Larsen e Andersson, (2004) avaliaram
os efeitos da terapia de cognição-comportamento aplicada pela internet no tratamento do
zumbido. Nesse trabalho, 77 indivíduos com zumbido responderam questionários acerca das
características ao zumbido, das condições pré-tratamento do zumbido, bem como a escala de
ansiedade e depressão e índice de severidade de insônia. Uma home page foi utilizada para
aplicação do tratamento, dividido em seis módulos a serem completados de seis a dez
semanas. O terapeuta monitorou o progresso dos participantes por meio de um diário
apresentado ao final de cada sessão, o qual era completado em formulário da própria home
page ou enviado por e-mail. Os resultados foram analisados tendo como base a intenção de
tratar e mostraram uma significativa redução do stress nos questionários de reação ao
zumbido bem como nas escalas de ansiedade, depressão e insônia. O nível de desistência dos
participantes foi de 30% sendo esta maior do que a observada para o tratamento face a face.
2 Revisão de Literatura
G a b r i e l a R o s i t o A l v a r e z B e r n a r d e z - B r a g a
100
No entanto, não houve diferença entre os julgamentos de credibilidade do tratamento aplicado
tradicionalmente e pela internet.
Laplante-Lévesque, Pichora-Fuller e Gagné, (2006) em um estudo qualitativo
avaliaram a aplicação da comunicação via email para atividades de aconselhamento para
novos usuários de aparelho de amplificação sonora individual (AASI). Três adultos com
perdas auditivas de leve a severa, sem experiência prévia com amplificação e que utilizavam
e-mail regularmente, participaram do estudo. Foi utilizado um programa baseado na internet
(e-mail) para aconselhamento audiológico para novos usuários de AASI durante o primeiro
mês de adaptação. Cada e-mail enviado pelo pesquisador continha informações sobre a
audição, a comunicação e o AASI e quatro a seis questões para identificação dos benefícios e
limitações do AASI bem como as reações emocionais frente ao uso deste dispositivo.
Também continha espaço para comentários sobre a experiência diária do usuário. Os autores
concluíram que o programa de aconselhamento na forma de e-mails diários pode ser útil para
o fonoaudiólogo explorar as experiências do dia-a-dia de novos usuários de AASI e permite a
observação na mudança de comportamento e percepção dos mesmos nos períodos iniciais de
adaptação. Além disso, foi observado que a resposta imediata dos e-mails possibilita tirar
dúvidas que poderiam estar restritas a um encontro marcado com o fonoaudiólogo.
Uma forma de serviço sincrônico utilizado na audiologia incorpora o controle
remoto de computadores. Equipamentos audiológicos modernos o freqüentemente
computadorizados e, portanto, podem ser controlados via softwares de compartilhamento
remoto, já existentes no mercado. Nesse caso um facilitador (não necessariamente um
fonoaudiólogo) pode atuar no local onde está o paciente a fim de prepará-lo para o teste. A
partir do controle remoto do computador o clínico, localizado remotamente, pode então testar
o paciente diretamente.
Givens e Elangovan (2003) compararam a audiometria tonal limiar por via aérea e
óssea obtidos pelos métodos convencional e remoto. No ambiente remoto um audiologista,
com seu computador pessoal ou palmtop conectado a internet e via conexão IP, podia acessar
o audiômetro localizado no ambiente de teste, onde também estava o participante. Para isso
foi utilizado o controle remoto do equipamento. Os limiares de via área foram testados em 45
adultos. Destes, 25 também realizaram a pesquisa de limiar por de via óssea. Não foram
observadas diferenças entre os resultados da audiometria realizada convencional e
remotamente. Correlações altas e significativas foram encontradas entre os limiares obtidos
2 Revisão de Literatura
G a b r i e l a R o s i t o A l v a r e z B e r n a r d e z - B r a g a
101
via estes dois procedimentos. A realização de medidas repetidas da audiometria realizada à
distância mostrou diferenças de 1,3 dB para a condução aérea e 1,2 para a óssea, não sendo
significativas.
Ribera (2005) estudou a aplicação do teste de percepção de fala no ruído (Hearing
in Noise Test HINT) via procedimento de teleassistência em 20 jovens estudantes
universitários com audição normal. O equipamento ViGO, sistema completo de vídeo
interativo que permite inclinação de câmera e zoom, foi utilizado. O HINT foi aplicado de
duas formas, a primeira um audiologista estava na sala com o paciente e por meio do
computador e câmeras, comunicava-se com outro em outra sala, porém no mesmo prédio; a
segunda, um audiologista estava com um paciente em uma sala e comunicava-se com outro
que se encontrava em outro estado. Na segunda forma observou-se que quando o tráfego na
rede da internet era intenso o sinal de áudio ficou prejudicado. Para resolver este problema foi
utilizado o telefone para troca de informações. Os resultados obtidos foram comparados e
concluiu-se que a diferença entre os testes foi da ordem de 1 dB, o que demonstra a
confiabilidade do HINT administrado face-a-face ou via internet. Também foram obtidos
fortes coeficientes de confiabilidade entre juízes (coeficiente Kappa) para as duas condições
de aplicação do HINT.
Krumm, Ribera e Schmiedge, 2005 descrevem os resultados obtidos com as
emissões otoacústicas por produto de distorção (EOA-PD) realizadas remotamente em
estudantes universitários ouvintes normais. A inserção e inspeção do posicionamento da oliva
na orelha dos participantes foram realizadas por um audiologista licenciado. Registros nas
freqüências entre 1000 e 4000 Hz foram obtidos. O equipamento de EOA-PD foi conectado a
um computador com um modem conectado a uma rede local (LAN). Outro computador
também com modem e conectado à LAN foi utilizado para controlar o equipamento de EOA
remotamente. Para acesso e controle remoto foi utilizado o software Timbuktu Pro v.3.0
(Netopia). Os examinadores encontravam-se no mesmo prédio, porém, em salas distintas.
Três condições de medição da EOA-PD foram avaliadas: convencional (face a face) e
remotamente, via modem e via LAN. Os resultados mostraram variabilidade mínima nas
amplitudes das EOA-PD realizadas face a face ou remotamente nas avaliações teste e reteste,
em todas as condições mensuradas. Correlações altas foram obtidas entre as condições face a
face e modem (r=0,85 em 1kHz; r=0,93 em 4 kHz) e face a face e LAN (r=0,89 em 1kHz;
r=0,88 em 4 kHz). No entanto, problemas foram encontrados ocasionalmente no que se refere
à transmissão dos dados. Por exemplo, a informação enviada pelo computador remoto não
2 Revisão de Literatura
G a b r i e l a R o s i t o A l v a r e z B e r n a r d e z - B r a g a
102
chegava consistentemente no local de teste, provavelmente em função do fluxo de tráfego na
rede. Em resultado disso, o software da EOA-PD continuava processando as informações
mesmo quando havia essa pausa na transmissão de dados, levando a interpretação errônea do
resultado. O autor sugeriu modificações no equipamento a fim de ser otimizado o uso da
teleprática.
Elangovan (2005) desenvolveu um sistema baseado na internet para aplicação em
tempo real das emissões otoacústicas por produto de distorção (EOA-PD) em 10 orelhas de 5
adultos ouvintes normais. Na interface remota permaneceu o audiologista utilizando um
computador ou palmtop conectados à internet e no ambiente de teste ficaram o equipamento e
o paciente avaliado. Correlações altas (r=0,93) e significativas foram obtidas entre as
amplitudes das EOA-PD obtidas face a face e via teleassistência. A análise das medidas
repetidas revelou que não houve diferença da amplitude das EOA-PD registradas por meio
dos diferentes sistemas (face a face e remoto).
Towers et al. (2005) verificaram a viabilidade da obtenção de potenciais auditivos
de tronco encefálico (PEATE) com click ou estímulo específico por freqüência (500 e 3 kHz)
via telessaúde em 15 adultos ouvintes normais. A comunicação entre o computador do
ambiente remoto e o equipamento computadorizado para obtenção e registro do PEATE no
ambiente de teste foi feita com o hardware e software VCON VIGO. A conexão à internet foi
feita via rede T1. Os resultados do PEATE obtidos face a face e via telessaúde foram
comparados, não sendo encontradas diferenças significativas entre eles. Correlações fortes e
significativas (r=0,98) foram encontradas entre as medidas face a face e à distância. Os
autores relataram a ocorrência de problemas quanto à transmissão de áudio e vídeo e dados do
PEATE ao mesmo tempo em virtude da largura de banda disponível. Também foram
encontrados problemas com o sistema VCON VIGO que “congelava” em momentos de
grande quantidade de tráfego na rede (horários de pico).
Krumm, Ribera e Klich (2007) realizaram audiometria tonal (ATL) e EOA-PD à
distância, em 30 adultos ouvintes normais. Os equipamentos audiológicos estavam conectados
a um computador e a uma rede local (LAN). Um examinador localizado a 1.100 km de
distância realizou o controle remoto dos equipamentos via um computador conectado à
internet. Em ambos locais os computadores estavam configurados com o sistema de vídeo
interativo (VIGO, Emblaze-Vcon) e software Meeting Point 4.6. Para cada participante três
respostas para a audiometria tonal limiar e EOA-PD, em cada freqüência avaliada, foram
2 Revisão de Literatura
G a b r i e l a R o s i t o A l v a r e z B e r n a r d e z - B r a g a
103
obtidas face-a-face e à distância. Tanto para a ATL como para a EOA-DP não foram
encontradas diferenças entre os procedimentos realizados face a face e à distância. A análise
de variância não revelou diferença. A análise de medidas repetidas revelou boa concordância
entre os limiares obtidos face a face e distância.
Krumm et al. (2008) realizaram triagem auditiva remota em 30 bebês (11 a 45
dias de idade) por meio das EOA-DP e potenciais auditivos de tronco encefálico (PEATE)
automático. O examinador estava distante 200 Km do local de teste. Os dois pontos foram
conectados via sistema de videoconferência (VIGO, Emblaze-Vcon) e a internet banda larga
foi usada para conexão. Em cada bebê, duas medidas do PEATE e EOA-PD foram obtidas
face a face e uma obtida via teleprática. As freqüências analisadas na EOA-PD foram 2000,
2800, 3500, 4200 e 5000 Hz para cada sujeito e na coleta do PEATE foi utilizado estímulo
click apresentado a 35 dB. Resultados idênticos foram obtidos para a triagem auditiva
realizada face-a-face e via teleassistência. A amplitude das EOA-PD foi avaliada em cada
uma das três medidas realizadas, sendo que a variância observada foi compatível com os
dados da literatura sobre a variabilidade destes exames. Estes resultados indicam que a
teleaudiologia utilizada para triagem auditiva neonatal, com emissões otoacústicas por
produto de distorção e PEATE, é um método viável de prestação de serviços para os recém-
nascidos nas comunidades rurais.
O monitoramento remoto intra-operatório de sistemas de implante coclear foi
demonstrado por Shapiro et al. (2008). Um notebook (Intel Pentium 4, 1.3 GHz; sistema
operacional Windows XP) que continha o software para telemetria e mapeamento do implante
coclear foi posicionado na sala cirúrgica. Uma conexão intranet protegida por um firewall foi
utilizada para conectar este notebook ao computador do audiologista examinador, o qual
localizava-se em outro prédio. Para acesso e controle remoto ao notebook foi utilizado o
software Tridia VNC (shareware). Um profissional na sala cirúrgica entrava em contato com
o audiologista quando estavam prontos para início da sessão. O audiologista tomava controle
do computador do centro cirúrgico e dava início a sessão de monitoramento. Em média, o
tempo discorrido entre o início do contato do audiologista com o centro cirúrgico e o término
da sessão de monitoramento foi de nove minutos. Esse tempo foi inferior ao geralmente
necessário para contato e deslocamento do audiologista até o centro cirúrgico e realização dos
procedimentos. Os autores relatam a necessidade de um período inicial treinamento dos
usuários do sistema. Relataram também que ocasionalmente ocorreram dificuldades do
computador do audiologista “enxergar” o endereço IP do computador do centro cirúrgico,
2 Revisão de Literatura
G a b r i e l a R o s i t o A l v a r e z B e r n a r d e z - B r a g a
104
sendo isto facilmente corrigido por meio da inserção manual do endereço IP. Os autores
concluíram que o monitoramento a distância é viável, prático, economiza tempo e não requer
equipamentos adicionais.
Ramos et al. (2008) avaliaram a viabilidade técnica, os riscos e as dificuldades da
programação de implantes cocleares realizadas remotamente. Na unidade local encontravam-
se o paciente, um profissional e o equipamento (Notebook, interface e software de
programação do implante coclear). O notebook estava conectado a uma linha ADSL com um
endereço IP público e fixo. A velocidade de conexão era igual a 10 Mbps. Na unidade
remota, localizada a 300 metros de distância, encontrava-se o profissional programador o qual
utilizava um notebook com conexão independente à internet de alta velocidade (ADSL WiFi,
velocidade de conexão de 10 Mbps). O software Skype 2.5 foi utilizado para transmissão de
áudio e vídeo. O software Ultra VNC foi utilizado para acesso e compartilhamento remoto do
computador. Participaram do estudo 5 sujeitos adultos com quatro a 12 semanas de
experiência com implante coclear. O conjunto de parâmetros obtidos para ajustar o implante
coclear (“mapa”) foi obtido no modo face a face e à distância, foram comparados. Para avaliar
a percepção que os sujeitos tiveram sobre as sessões de programação foi aplicado um
questionário ao final de cada sessão. Três meses após a realização da programação a
performance do indivíduo com o mapa obtido face a face e à distância também era avaliada
por meio da audiometria em campo livre e por teste de fala com palavras dissílabas. Os
profissionais também responderam um questionário quanto aos aspectos cnicos, os riscos e
as dificuldades encontradas na programação remota dos implantes cocleares. Não foram
encontradas diferenças significativas entre os mapas realizados face a face e remotamente e
nem entre as performances do sujeito com a utilização destes dois mapas. As respostas dos
questionários de percepção quanto ao atendimento indicaram que os sujeitos ficaram
satisfeitos com ambas as maneiras de programação. Quanto ao questionário aplicado nos
profissionais pôde-se perceber que a comunicação entre os dois locais ocorreu sem
dificuldades. A programação remota demorou apenas um minuto a mais que a local (20
minutos).
Na área dos aparelhos de amplificação sonora individuais os primeiros relatos de
aplicação da telessaúde são da década de 90, na Mayo Clinic Rochester, Minnesota (EUA).
Um programa piloto foi desenvolvido para permitir que audiologistas utizassem
computadores com conexão à internet que permitisse o ajuste de AASIs remotamente. No
2 Revisão de Literatura
G a b r i e l a R o s i t o A l v a r e z B e r n a r d e z - B r a g a
105
ambiente remoto o operador conectava o aparelho auditivo do paciente no Hi-Pro (interface
para a programação de aparelhos) e iniciava o software de programação. Na Mayo Clinic o
audiologista iniciava o mesmo software em seu computador pessoal e assumia o controle do
computador localizado no ambiente remoto. Uma linha telefônica auxiliar era usada para a
comunicação entre o audiologista e o paciente. Diferentes sons, como música e ruído de
tráfego, foram apresentados ao paciente por meio das caixas de som do computador. Dessa
forma os ajustes podiam ser efetuados nos AASIs de acordo com as respostas fornecidas pelo
paciente em relação aos sons ouvidos. (MAYO HEALTH SYSTEM, 2005).
Wesendahl (2003) descreveu uma aplicação da telemedicina para a adaptação
inicial dos aparelhos auditivos programáveis, ajustes finos e acompanhamento. O aparelho
auditivo do paciente foi remotamente conectado ao computador via cabo de telefone ou por
conexão sem fio. O telefone ou outro meio foi utilizado para permitir a comunicação entre o
paciente e o especialista. Um dispositivo portátil (combinação de telefone móvel e
programador de AASI) podia também ser utilizado a fim de permitir a realização de ajuste
fino no ambiente acústico real do paciente.
No Brasil, Ferrari (2006) avaliou a programação remota do aparelho de
amplificação sonora individual, em 30 candidatos ao uso da amplificação (15 para o grupo
experimental e 15 para o grupo controle) e 10 audiologistas não treinados. Também comparou
a verificação por meio das medidas com microfone sonda realizadas face a face e a distância.
Um profissional especialista em audiologia, do ambiente remoto, obtinha controle do
computador localizado no ambiente de teste em que se encontravam um audiologista não
treinado e um participante, e realizava a programação do AASI, bem como a verificação com
medidas com microfone sonda. Ao final de cada programação e verificação do AASI foi
aplicado um questionário que avaliava a) a confiança no procedimento, b) a qualidade de
interação com o especialista, c) a qualidade da orientação fornecida, d) a qualidade da
comunicação durante a sessão e e) a satisfação geral com o procedimento. A pesquisadora não
encontrou diferenças significativas entre o procedimento de programação de AASIs realizado
via teleassistência e via consultas “face a face” no que se refere à confiança e satisfação do
paciente com o serviço prestado, qualidade de interação com o especialista e da orientação
fornecida. O erro encontrado entre as repetições foi de 0,7 (250 Hz) a 1,44 dB (4 kHz). A
variabilidade teste-reteste obtida por meio das medidas com microfone sonda realizadas à
distância foi similar ao descrito pela literatura para o procedimento padrão (face a face)
. A
pesquisadora revelou que na grande parte do tempo o equipamento utilizado funcionou
2 Revisão de Literatura
G a b r i e l a R o s i t o A l v a r e z B e r n a r d e z - B r a g a
106
corretamente, apresentando boa qualidade de áudio e vídeo. No entanto, em alguns momentos
do teste realizado à distância houve problemas na comunicação entre os dois ambientes, já
que a presença do feedback acústico causado pela proximidade entre as caixas de som e o
microfone, obrigou que o volume fosse baixado, na sala de teste, evitando o fenômeno. Essa
estratégia dificultava o entendimento, pelo paciente, das orientações do fonoaudiólogo
especialista.
A telessaúde aplicada a audiologia parece promissora, mas ainda se encontra em
um estágio inicial de desenvolvimento e muitas áreas requerem investigações mais
aprofundadas sobre a eficácia e efetividade dos procedimentos bem como a relação
custo/benefício e a aceitação pelo paciente.
Até o presente momento não existem estudos nacionais ou internacionais que
avaliaram a viabilidade e eficácia da realização das medidas com microfone sonda via
telessaúde. Dado o fato que inúmeros AASIs possuem circuitos de processamento do sinal
que modificam a resposta de freqüência ou saída dos mesmos frente à análise das
características de amplitude, espectro e/ou duração do sinal de entrada é possível que
pequenas instabilidades durante a realização do procedimento causadas, por exemplo, pela
perda de informação devido ao excessivo tráfego ou reduzida largura de banda para
transmissão de dados alterem os resultados obtidos. Além disso, devem ser verificadas se a
transmissão de áudio e deo via videoconferência baseada em computador propicia uma
interação efetiva entre o ambiente de teste e o especialista localizado remotamente.
Além das potenciais facilidades de acesso e redução de custos e tempo de
tratamento a viabilidade de um procedimento para realização de medidas com microfone
sonda via telessaúde pode representar um análogo ao preceptorado clínico tradicional para
capacitação de fonoaudiólogos na utilização deste imprescindível procedimento de verificação
dos aparelhos de amplificação sonora individuais.
G a b r i e l a R o s i t o A l v a r e z B e r n a r d e z - B r a g a
3 Proposição
3 Proposição3 Proposição
3 Proposição
3 Proposição
G a b r i e l a R o s i t o A l v a r e z B e r n a r d e z - B r a g a
110
3 PROPOSIÇÃO
O presente estudo tem por objetivo avaliar a eficácia de um procedimento de
teleassistência baseado na internet para a realização de medidas com microfone sonda em
adultos deficientes auditivos por meio da:
Comparação dos valores obtidos na realização das medidas da resposta de
ressonância da orelha externa (REUR), resposta de ressonância da orelha
externa com uso da amplificação (REAR) e o ganho de inserção (REIG)
realizados face a face e à distância.
Avaliação das medidas repetidas da resposta de ressonância da orelha externa
(REUR), resposta de ressonância da orelha externa com uso da amplificação
(REAR) e o ganho de inserção (REIG) realizados face a face e à distância.
4
4 4
4 Materias
MateriasMaterias
Materias
e Métodos
e Métodose Métodos
e Métodos
4 Material e Métodos
G a b r i e l a R o s i t o A l v a r e z B e r n a r d e z - B r a g a
114
4 MATERIAL E MÉTODOS
O presente estudo foi realizado na Clínica de Fonoaudiologia da Faculdade de
Odontologia de Bauru, Universidade de São Paulo, Campus de Bauru, sendo aprovado pelo
Comitê de Ética em Pesquisa da FOB-USP sob processo número 112/2006 (Apêndice A) e
ofício 026/2008 (Apêndice B). Todos os participantes concordaram em participar
voluntariamente do estudo mediante assinatura dos termos de Consentimento Livre e
Esclarecido (Apêndices C e D), conforme Resolução 196/96-CNS/MS.
4.1 PARTICIPANTES
Participaram deste estudo 79 indivíduos divididos em dois grupos.
4.1.1 Grupo A
Formado por 60 adultos deficientes auditivos (30 do sexo masculino e 30 do sexo
feminino), com idades variando entre 18 a 84 anos (média de 67 anos). Quinze participantes
apresentavam perda auditiva unilateral e 45 apresentavam perda bilateral. No total, foram
avaliadas 105 orelhas, sendo 92 orelhas com perda auditiva neurossensorial e 13 orelhas com
perda auditiva mista. Quanto à experiência com o uso do AASI, 21 participantes eram
candidatos ao uso da amplificação e 39 utilizavam o AASI pelo menos um mês. No caso
dos usuários foram selecionados apenas aqueles que utilizassem AASI do tipo retroauricular e
que não apresentassem os seguintes recursos: (a) microfone direcional; (b) algoritmo digital
de redução de ruído; (c) algoritmo digital de redução ou supressão do feedback e (d)
algoritmo digital de destaque espectral.
4 Material e Métodos
G a b r i e l a R o s i t o A l v a r e z B e r n a r d e z - B r a g a
115
Todos os voluntários foram convidados a participar do estudo quando da
realização de suas consultas de rotina na Clínica e Fonoaudiologia da FOB-USP durante o
período de 19 de junho de 2007 a 20 de novembro de 2007.
4.1.2 Grupo B
Formado por 19 indivíduos sem queixas auditivas (10 do sexo masculino e 09 do
sexo feminino), com idades variando entre 17 a 52 anos (média de 28 anos). Para estes
indivíduos apenas uma orelha foi avaliada (direita) perfazendo um total de 19 orelhas. Estes
voluntários eram funcionários da Clínica de Fonoaudiologia da FOB-USP ou alunos do Curso
de Fonoaudiologia da Faculdade de Odontologia de Bauru.
4.2 PROCEDIMENTOS
4.2.1 Grupo A
4.2.1.1 Inspeção otológica
Foi realizada a inspeção otológica a fim de verificar as características anatômicas
do conduto auditivo externo dos participantes bem como presença de alterações que
impedissem a realização das medidas com microfone sonda.
4 Material e Métodos
G a b r i e l a R o s i t o A l v a r e z B e r n a r d e z - B r a g a
116
4.2.1.2 Inspeção do aparelho de amplificação sonora individual
Anteriormente à coleta de dados era realizada a inspeção do aparelho de
amplificação sonora individual utilizado a fim de verificar se as condições de funcionamento
e conservação encontravam-se adequadas, de modo a não comprometer o exame.
4.2.1.3 Medidas com microfone sonda via procedimento padrão (face a face)
Inicialmente deve ser salientado que a ordem de realização das medidas com
microfone sonda (padrão e a distância) foi aleatória.
O procedimento padrão ou face a face foi realizado pela pesquisadora em todos os
participantes, em uma sala acusticamente tratada com paredes e porta revestidas de cortiça,
piso de borracha e janelas com persianas. O equipamento Unity PC Probe Mic (Siemens) foi
utilizado. Este é composto de uma unidade central, uma unidade microfônica, uma caixa
sonora e um monitor de vídeo (figura 4). A unidade central tem uma interface para que os
dados de mensuração coletados possam ser transmitidos para um computador pessoal externo
e uma impressora.
4 Material e Métodos
G a b r i e l a R o s i t o A l v a r e z B e r n a r d e z - B r a g a
117
Figura 4 - Equipamento Unity PC Probe Mic (Siemens)
Calibração do sistema:
A calibração do sistema foi realizada antes do posicionamento do paciente no
ambiente de teste e de acordo com as instruções do manual do Unity PC Probe Mic.
(Siemens). O tubo sonda foi posicionado de forma que sua ponta permanecesse
aproximadamente 1 mm de distância do microfone de referência (figura 5). A unidade
microfônica, contendo o tubo sonda de silicone e o microfone de referência foi posicionada a
uma distância de 50 centímetros da caixa acústica do equipamento. Em seguida, foi ativada a
função “calibração da sonda” (probe calibration) presente no software do equipamento.
4 Material e Métodos
G a b r i e l a R o s i t o A l v a r e z B e r n a r d e z - B r a g a
118
Figura 5 - Posicionamento do tubo sonda para calibração
Posicionamento do paciente no ambiente de teste
O participante foi posicionado no ambiente de teste sentado em uma cadeira
localizada a 50 cm de distância da caixa sonora posicionada a 0º azimute. Durante todo o teste
foi solicitado ao participante que permanecesse em silêncio, sem movimentar a cabeça, com
os braços ao longo do corpo e mãos apoiadas nas coxas.
O molde auricular do participante foi utilizado para mensurar a profundidade de
inserção do tubo sonda no conduto auditivo externo. A ponta do tubo sonda foi posicionada a
uma distância de aproximadamente três milímetros da ponta do molde auricular (figura 6). O
tubo sonda foi então cuidadosamente inserido no conduto auditivo externo, permanecendo
nesta posição durante toda a avaliação (figura 7).
4 Material e Métodos
G a b r i e l a R o s i t o A l v a r e z B e r n a r d e z - B r a g a
119
Figura 6 - Posicionamento do tubo sonda em relação ao molde auricular
Figura 7 - Posicionamento do tubo sonda no conduto auditivo externo
Para registro das respostas, as seguintes opções de configuração do equipamento
foram selecionadas no menu “ajustes” / “preferências gerais”: (a) suavização da curva em 7
4 Material e Métodos
G a b r i e l a R o s i t o A l v a r e z B e r n a r d e z - B r a g a
120
pontos; (b) opção de gravação acionada e (c) máximo de intensidade permitida igual a 130
dB NPS.
Resposta de ressonância da orelha externa (REUR)
A REUR é definida como a resposta obtida em dB nível de pressão sonora (NPS),
em função da freqüência, obtida em um ponto específico do conduto auditivo externo, frente à
apresentação de um estímulo sonoro apresentado em campo livre, sem a utilização do AASI.
Para a realização da REUR foi utilizado o estímulo do tipo speech noise, definido
pelo manual do equipamento como “sinal de banda larga: ruídos pseudo-aleatórios moldados
como a fala humana”. O nível de apresentação foi igual a 65 dB NPS.
Resposta de ressonância com uso da amplificação (REAR)
A REAR é definida como sendo a resposta obtida em dB NPS, em função da
freqüência, obtida em um ponto específico do conduto auditivo externo, frente à apresentação
de um estímulo sonoro apresentado em campo livre, com o AASI em funcionamento e o
molde auricular inserido na orelha. Durante essa avaliação, o controle de volume do AASI foi
mantido na posição costumeira de uso pelo paciente. Para a realização da REAR foi utilizado
o estímulo do tipo speech noise com nível de apresentação igual a 65 dB NPS.
Ganho de inserção (REIG)
O ganho de inserção (REIG) é a diferença em decibel, em função da freqüência,
entre a REAR e a REUR obtida em um mesmo ponto do conduto auditivo externo e nas
4 Material e Métodos
G a b r i e l a R o s i t o A l v a r e z B e r n a r d e z - B r a g a
121
mesmas condições de campo livre. Para medida do REIG foi utilizado o estímulo do tipo
speech noise com nível de apresentação igual a 65 dB NPS.
4.2.1.4 Medidas com microfone sonda via procedimento remoto (distância)
A configuração esquemática para a realização das medidas com microfone sonda
remotamente encontra-se na figura 8.
Figura 8 - Configuração dos ambientes remoto e de teste
A sala onde se encontrava o paciente, o fonoaudiólogo voluntário e o
equipamento Unity PC Probe Mic foi denominada “ambiente de teste”. O computador pessoal
(Pentium IV, 256 Mb, Windows XP), onde estava instalado o Unity PC Probe Mic, foi
conectado à internet (local area network LAN USP com 10 Mbps), a uma webcam Logitech
QuickCam Orbit e a um fone de ouvido com microfone (headset Bright). Cinco
fonoaudiólogos voluntários atuaram como facilitadores.
A pesquisadora posicionou-se em uma sala denominada “ambiente remoto”. Essa
sala localizava-se também na Clinica de Fonoaudiologia da FOB USP, a aproximadamente 20
metros de distância do ambiente de teste. A pesquisadora utilizou-se de um notebook (Core 2
4 Material e Métodos
G a b r i e l a R o s i t o A l v a r e z B e r n a r d e z - B r a g a
122
Duo, 1 Gb, Windows XP), também com fone de ouvido e microfone tipo headset (Logitech),
conectado à webcam LG WebPro e à LAN USP.
O aplicativo Polycom PVX Version 8.0.2 (Video Voice Data Web) encontrava-se
instalado tanto no computador pessoal como no notebook e foi utilizado como software para
controle remoto e para transmissão de áudio e vídeo entre os dois ambientes de modo a
permitir que a pesquisadora fornecesse as instruções necessárias ao fonoaudiólogo voluntário
em tempo real.
Início da sessão – compartilhamento de dados
Os dois profissionais iniciavam o software Polycom PVX. O fonoaudiólogo
voluntário inseria manualmente o número IP
*
da pesquisadora e clicava na tecla “chamar”
para dar início à sessão. A pesquisadora aceitava a chamada, sendo então possível a interação
por áudio e vídeo, em tempo real, entre os indivíduos do ambiente remoto e o de teste.
O fonoaudiólogo voluntário acessava as seguintes funções no software Polycom
PVX: (1) controles de chamada, (2) compartilhar dados, (3) escolher aplicativo e (4) ligado,
tal como mostra a figura 9.
*
Internet Protocol, conjunto de números que representa o local de um determinado computador
ligado na internet e o identifica em uma rede privada ou pública
4 Material e Métodos
G a b r i e l a R o s i t o A l v a r e z B e r n a r d e z - B r a g a
123
Figura 9 - Tela do software Polycom PVX
Por meio dessas operações, o fonoaudiólogo voluntário permitia ao pesquisador o
controle da área de trabalho do computador localizado no ambiente de teste (figura 10). A
partir desse momento, a pesquisadora dava início ao procedimento de realização das medidas
com microfone sonda à distância.
4 Material e Métodos
G a b r i e l a R o s i t o A l v a r e z B e r n a r d e z - B r a g a
124
Figura 10 - Tela visualizada pelo computador do ambiente remoto (controle da área de trabalho do ambiente de
teste)
Toda a interação entre os fonoaudiólogos no ambiente de teste e no ambiente
remoto foi realizada por meio de áudio e vídeo em tempo real, utilizando fone de ouvido e
microfone. A presença da webcam no ambiente de teste permitia que a pesquisadora
monitorasse tanto o participante quanto o fonoaudiólogo voluntário.
Para registro das respostas, as opções de configuração do equipamento foram as
mesmas selecionadas para as medidas face a face: (a) suavização da curva em 7 pontos; (b)
opção de gravação acionada e (c) máximo de intensidade permitida 130 dB NPS.
Calibração do sistema
Após ser obtida a permissão do compartilhamento de dados entre os
computadores dava-se início à calibração do sistema a qual foi realizada também de acordo
com o disposto no manual do Unity PC Probe Mic. (Siemens).
Por meio de áudio e vídeo a pesquisadora transmitia as seguintes instruções para o
fonoaudiólogo voluntário, no ambiente de teste:
4 Material e Métodos
G a b r i e l a R o s i t o A l v a r e z B e r n a r d e z - B r a g a
125
Posicionar o tubo sonda de modo que sua ponta permanecesse
aproximadamente 1 mm de distância do microfone de referência.
Posicionar a unidade microfônica a uma distância de 50 centímetros da caixa
acústica do equipamento.
Ao término da execução destas ações pelo fonoaudiólogo voluntário a
pesquisadora ativava a função “calibração da sonda” (probe calibration), presente no software
do equipamento, dando início ao procedimento. A pesquisadora monitorava a curva da
calibração que aparecia, em tempo real, na tela de seu computador no ambiente remoto.
Assim, caso fosse detectada alguma característica atípica na curva de calibração era possível
interromper o teste e solicitar nova calibração do sistema.
Posicionamento do paciente no ambiente de teste
Por meio de áudio e vídeo a pesquisadora instruía o fonoaudiólogo a orientar o
participante a posicionar-se sentado em uma cadeira localizada a 50 cm de distância da caixa
sonora posicionada a azimute. Solicitava ao fonoaudiólogo que o participante
permanecesse em silêncio, sem movimentar a cabeça, com os braços ao longo do corpo e
mãos apoiadas nas coxas. Quando necessário o fonoaudiólogo voluntário reforçava as
orientações da pesquisadora.
A pesquisadora instruía o fonoaudiólogo com relação ao posicionamento do tubo
sonda no conduto auditivo do participante. Novamente o molde auricular do participante foi
utilizado para mensurar a profundidade de inserção do tubo sonda no conduto auditivo
externo. A ponta do tubo sonda foi posicionada a uma distância de aproximadamente três
milímetros da ponta do molde auricular. Por meio da transmissão de vídeo era possível
verificar se as orientações estavam sendo seguidas corretamente e, caso necessário, permitir
correções nos procedimentos executados pelo fonoaudiólogo voluntário.
4 Material e Métodos
G a b r i e l a R o s i t o A l v a r e z B e r n a r d e z - B r a g a
126
Resposta de ressonância da orelha externa (REUR), resposta de ressonância com uso da
amplificação (REAR) e ganho de inserção (REIG)
Inicialmente deve ser ressaltado que durante todo o procedimento de obtenção das
medidas da REUR, REAR e REIG uma janela com as respostas registradas era visível em
tempo real, tanto para a pesquisadora como para o fonoaudiólogo voluntário. Assim, com
base na análise dessas respostas e na observação do ambiente de teste, por meio da webcam,
era possível detectar erros como a inserção do tubo sonda ou movimentação do
participante. Com isso, as orientações eram repetidas para que o fonoaudiólogo voluntário
pudesse recomeçar o procedimento.
Foram realizadas as medidas da resposta de ressonância da orelha externa
(REUR), seguida da resposta de ressonância com uso da amplificação (REAR), e por último,
o ganho de inserção (REIG). Todas as medidas foram realizadas com o mesmo estímulo
(speech noise) e nível de apresentação (65 dB NPS) utilizados para as medições face a face.
4.2.2 Grupo B
4.2.2.1 Otoplástica (pré-moldagem)
Inicialmente foi realizada a inspeção otológica para verificar as condições
anatômicas e funcionais da orelha de cada um. Em seguida, um tampão de algodão foi
inserido no conduto auditivo externo do participante, sendo posicionado na região da segunda
curva do conduto (posicionamento para impressão padrão). Por meio de uma seringa injetora
para moldagem da orelha foi inserido o material a base de silicone para impressão (Otoform
AK da marca Dreve Otoplastik GmbH, silicone vulcanizável por adição para pré molde de
ouvido na proporção 1:1).
A partir da pré-moldagem da orelha foi confeccionado o molde auricular do tipo
invisível simples em material acrílico, com tubo padrão e sem modificações acústicas. O valor
da confecção dos moldes auriculares foi custeado pela pesquisadora.
4 Material e Métodos
G a b r i e l a R o s i t o A l v a r e z B e r n a r d e z - B r a g a
127
4.2.2.2 Ajuste do Aparelho de Amplificação Sonora Individual 143 AGCI
O aparelho de amplificação sonora individual modelo 143 AGCI (GN Resound),
foi utilizado para todos os participantes. O AASI, em questão, era do tipo mini-retroauricular
e não possuía os seguintes recursos: (a) microfone direcional; (b) algoritmo digital de redução
de ruído; (c) algoritmo digital de redução ou supressão do feedback e (d) algoritmo digital de
destaque espectral.
Adicionalmente foram feitos ajustes nas regulagens de modo a proporcionar
amplificação mínima, evitando o desconforto acústico ou possíveis danos à audição:
Saída máxima (controle P) redução de 20 dB
Compressão (controle A): limiar de compressão em 65 dB
Tonalidade (corte de grave, controle H): não foi reduzida a resposta de
freqüência do aparelho.
Controle de volume: posição 1,0.
4.2.2.3 Realização de medidas repetidas realizadas face a face e a distância.
Para os participantes do grupo B foi realizada a medida da REUR, REAR e REIG,
realizadas face a face e à distância de maneira idêntica à descrita para os participantes do
grupo A, com exceção do posicionamento do controle de volume que foi sempre mantido na
posição 1.
No entanto, para esse grupo, as medidas face a face e à distância foram coletadas
repetidamente (quatro repetições), ao longo do tempo de duas semanas.
4 Material e Métodos
G a b r i e l a R o s i t o A l v a r e z B e r n a r d e z - B r a g a
128
4.3 FORMA DE ANÁLISE DOS RESULTADOS
A correlação entre os valores da REUR, REAR e REIG nas freqüências de 0,25 a
8 kHz obtidas com o procedimento realizado face a face e à distância foi verificada por meio
do coeficiente de correlação de Pearson.
O teste t pareado foi utilizado para comparar os valores da REUR, REAR e REIG
nas freqüências de 0,25 a 8 kHz obtidas quando realizadas as medidas face a face e à
distância.
A partir das medidas repetidas foi calculado o erro casual proposto por Dahlberg
para verificar o erro obtido nas quatro medidas da REUR, REAR e REIG, nas freqüências de
0,25 a 8 kHz, realizadas face a face e à distância.
A análise de variância a dois critérios para medidas repetidas (ANOVA) foi
utilizada para verificar se existia diferença entre as quatro repetições ou entre os
procedimentos realizados.
Os softwares utilizados para as análises estatísticas foram o Programa Pacotico
(Pacotinho Estatístico) versão 4.4.8, Microsoft Visual FoxPro (correlações e teste t pareado),
e Statistica for Windows versão 5.1, StatSoft Inc., Tulas, USA (medida dos erros e análise de
variância). Para todas as análises foi adotado um nível de significância de 5%.
5 Resultados
5 Resultados5 Resultados
5 Resultados
5 Resultados
G a b r i e l a R o s i t o A l v a r e z B e r n a r d e z - B r a g a
132
5 RESULTADOS
5.1 COMPARAÇÃO ENTRE AS MEDIDAS COM MICROFONE SONDA
REALIZADAS FACE A FACE E À DISTÂNCIA
Inicialmente deve ser ressaltado que o tempo para realização das medidas com
microfone sonda realizadas a distância para os pacientes em adaptação unilateral durou, em
média, 5 minutos e 20 segundos (máximo de 16 minutos e 51 segundos e mínimo de 2
minutos e 34 segundos). o tempo para os pacientes com adaptação bilateral durou em
média 8 minutos (máximo de 19 minutos e 30 segundos e mínimo de 4 minutos e 20
segundos).
Os gráficos 1, 2 e 3 mostram as correlações (Pearson) obtidas entre os
procedimentos realizados face a face (F) e à distância (D), respectivamente, para a REUR,
REAR e REIG. Foram obtidas correlações altas e significativas entre REUR F e REUR D (r =
0,857, p = 0,00) , REAR F e REAR D (r = 0,938, p = 0,00) e entre REIG F e REIG D (r =
0,927, p = 0,00).
5 Resultados
G a b r i e l a R o s i t o A l v a r e z B e r n a r d e z - B r a g a
133
Gráfico 1 - Correlação e cálculo de probabilidade obtida para a REUR realizada face a face
e à distância (n= 105)
Gráfico 2 - Correlação e cálculo de probabilidade obtida para a REAR realizada face a face
e à distância (n= 105)
Gráfico 3 - Correlação e cálculo de probabilidade obtida para a REIG realizada face a face
e à distância (n= 105)
5 Resultados
G a b r i e l a R o s i t o A l v a r e z B e r n a r d e z - B r a g a
134
Para o grupo A, os valores da REUR, REAR e REIG nas freqüências de 250, 500,
1k, 2k, 3k, 4k, 6k e 8k Hz obtidos face a face e à distância foram comparados. A tabela 2
mostra os valores do coeficiente de correlação de Pearson em cada freqüência analisada.
Tabela 2 - Correlações entre a REUR, REAR e REIG realizadas face a face e à distância e resultante do
cálculo de probabilidade (n=105)
Variáveis Correlação (r)
REUR
Correlação (r)
REAR
Correlação (r)
REIG
Probabilidade (p)
REUR, REAR e REIG
F250 x D250 0,80 0,93 0,92 0,0
F500 x D500 0,78 0,94 0,97 0,0
F1000 x D1000 0,70 0,95 0,97 0,0
F2000 x D2000 0,80 0,92 0,93 0,0
F3000 x D3000 0,81 0,89 0,89 0,0
F4000 x D4000 0,76 0,83 0,87 0,0
F6000 x D6000 0,72 0,80 0,79 0,0
F8000 x D8000 0,68 0,76 0,68 0,0
Legenda: F – face a face , D – distância
O gráfico 4 mostra as médias da REUR F e REUR D, REAR F e REAR D e REIG
F e REIG D nas freqüências de 250, 500, 1k, 2k, 3k, 4k, 6k e 8k Hz obtidos face a face e à
distância.
Gráfico 4 - Médias das medidas com microfone sonda realizadas face a face (REUR F, REAR F e REIG F) e à
distância (REUR D, REAR D e REIG D) (n = 105)
5 Resultados
G a b r i e l a R o s i t o A l v a r e z B e r n a r d e z - B r a g a
135
As médias da REUR, REAR e REIG nas freqüências de 250, 500, 1k, 2k, 3k, 4k,
6k e 8k Hz obtidos face a face e à distância foram comparadas por meio do teste “t” pareado e
se encontram respectivamente nas tabelas 3, 4 e 5.
Tabela 3 - Média e desvio padrão (dB NPS) da REUR realizada face a face e à distância, diferença entre as
duas médias e probabilidade (n=105)
Legenda:
X
– média, dp – desvio padrão.
Tabela 4 - Média e desvio padrão (dB NPS) da REAR realizada face a face e a distância, diferença entre as
duas médias e probabilidade (n=105)
Legenda:
X
– média, dp – desvio padrão.
Freqüências
(Hz)
face a face distância
Diferença de médias
face a face e distância
Probabilidade
P
X
dp
X
dp
250 56,56 6,35 55,50 6,21 1,06 0,00
500 60,06 4,54 59,13 4,47 0,92 0,00
1000 62,47 4,19 61,18 4,19 1,29 0,00
2000 69,72 6,61 68,70 6,40 1,02 0,01
3000 73,64 8,12 72,06 7,99 1,58 0,00
4000 70,09 8,65 68,03 8,69 2,07 0,00
6000 60,25 9,44 58,04 9,68 2,22 0,00
8000 53,99 9,94 50,92 10,46 3,07 0,00
Freqüências
(Hz)
face a face distância
Diferença de médias
face a face e distância
Probabilidade
P
X
dp
X
dp
250 62,43 12,95 62,33 14,11 0,09 0,85
500 75,07 13,76 74,80 13,77 0,27 0,57
1000 89,00 12,88 87,99 12,98 1,02 0,01
2000 95,33 11,51 95,00 11,29 0,32 0,46
3000 91,07 11,15 89,60 11,64 1,46 0,00
4000 84,23 10,93 82,68 11,83 1,55 0,02
6000 71,81 12,26 70,08 13,46 1,72 0,03
8000 61,04 12,43 59,47 13,79 1,57 0,08
5 Resultados
G a b r i e l a R o s i t o A l v a r e z B e r n a r d e z - B r a g a
136
Tabela 5 - Média e desvio padrão (dB) da REIG realizada face a face e a distância, diferença entre as duas
médias e probabilidade (n=105)
Legenda:
X
– média, dp – desvio padrão.
5.2 ANÁLISE DAS MEDIDAS REPETIDAS REALIZADAS FACE A FACE E À
DISTÂNCIA
As tabelas 6, 7 e 8 apresentam, respectivamente, as médias da REUR, REAR e
REIG realizadas face a face e à distância para as quatro medições efetuadas nas 19 orelhas
dos participantes do grupo B bem como os resultados da análise de variância (ANOVA) a
dois critérios.
Freqüências
(Hz)
face a face distância
Diferença de médias
face a face e distância
Probabilidade
P
X
dp
X
dp
250 6,55 10,76 6,31 10,93 0,24 0,58
500 14,93 12,89 14,71 12,58 0,22 0,49
1000 25,81 12,65 25,40 12,57 0,41 0,18
2000 24,72 9,97 24,51 10,38 0,21 0,56
3000 16,08 9,18 15,16 9,09 0,91 0,03
4000 12,54 8,32 12,31 8,79 0,23 0,59
6000 10,36 9,18 10,36 9,12 0,00 1,00
8000 5,36 9,30 6,13 9,85 -0,77 0,30
5 Resultados
G a b r i e l a R o s i t o A l v a r e z B e r n a r d e z - B r a g a
137
Tabela 6 - Média e desvio padrão para a REUR realizadas face a face (F) e à distância (D) e resultado da
análise de variância a dois critérios para medidas repetidas (n=19)
Freqüência
(Hz)
250
Repetição
F D
ANOVA
X
dp
X
dp
1
2
3
4
61,26
63,32
61,79
63,53
4,16
0,75
4,34
0,96
60,16
63,32
62,00
63,79
5,82
1,42
3,97
1,22
p repetição = 0,002*
p F e D = 0,678
p interação = 0,758
500
1
2
3
4
63,23
64,74
64,11
64,84
3,72
0,81
2,88
0,50
62,47
64,84
64,05
64,74
4,15
0,60
3,22
0,81
p repetição = 0,005*
p F e D = 0,536
p interação = 0,847
1000
1
2
3
4
65,74
66,58
65,53
66,84
3,75
1,17
3,20
1,01
65,05
67,05
66,00
67,05
3,34
1,54
2,96
1,27
p repetição = 0,038*
p F e D = 0,656
p interação = 0,536
2000
1
2
3
4
73,00
75,63
74,00
75,21
4,45
1,95
3,93
1,44
71,79
75,21
74,00
74,95
5,06
2,44
4,52
2,12
p repetição = 0,003*
p F e D = 0,303
p interação = 0,811
3000
1
2
3
4
77,26
79,32
78,58
79,48
5,63
2,19
5,39
2,01
75,95
79,26
78,11
79,42
6,46
3,05
4,40
2,46
p repetição = 0,010*
p F e D = 0,364
p interação = 0,810
4000
1
2
3
4
74,79
76,84
75,42
76,11
6,88
2,52
5,74
2,92
72,63
75,74
75,84
76,05
7,12
2,94
4,37
2,57
p repetição = 0,049*
p F e D = 0,240
p interação = 0,383
6000
1
2
3
4
64,11
65,63
65,16
66,26
10,13
5,61
8,60
3,71
63,16
65,16
66,05
67,11
8,16
5,05
7,78
5,51
p repetição = 0,236
p F e D = 0,911
p interação = 0,696
8000
1
2
3
4
58,21
61,21
58,63
59,95
10,03
5,86
8,25
4,62
59,11
59,58
60,11
60,74
9,17
7,19
6,38
5,58
p repetição = 0,685
p F e D = 0,639
p interação = 0,574
Legenda: F – face a face, D – distância,
X
– média, dp – desvio padrão, * p <0,005 estatisticamente
significante.
5 Resultados
G a b r i e l a R o s i t o A l v a r e z B e r n a r d e z - B r a g a
138
Tabela 7 - Média e desvio padrão para a REAR realizadas face a face (F) e à distância (D) e resultado da
análise de variância a dois critérios para medidas repetidas (n=19)
Freqüência
(Hz)
250
Repetição
F D
ANOVA
X
dp
X
dp
1
2
3
4
61,26
63,84
61,68
63,68
5,06
0,76
3,97
1,53
60,53
63,53
62,74
63,68
5,60
1,39
3,40
1,34
p repetição = 0,000*
p F e D = 1
p interação = 0,612
500
1
2
3
4
63,86
66,84
64,79
66,05
4,08
1,61
4,14
2,46
64,00
66,00
64,79
65,84
4,51
1,67
3,17
2,43
p repetição = 0,007*
p F e D = 0,612
p interação = 0,835
1000
1
2
3
4
73,84
74,21
73,16
73,89
3,75
3,77
4,52
3,50
74,42
74,58
72,68
73,79
3,81
3,75
4,45
4,04
p repetição = 0,458
p F e D = 0,837
p interação = 0,750
2000
1
2
3
4
84,89
85,47
85,05
84,53
4,77
2,87
5,45
3,04
83,53
84,95
83,79
84,53
5,86
3,94
4,71
5,26
p repetição = 0,766
p F e D = 0,062
p interação = 0,732
3000
1
2
3
4
85,84
86,16
86,16
86,79
6,29
3,44
5,98
3,51
84,84
86,68
85,68
86,89
5,91
3,86
4,83
4,88
p repetição = 0,434
p F e D = 0,650
p interação = 0,696
4000
1
2
3
4
77,95
77,37
77,89
76,53
6,01
3,89
5,38
4,71
76,37
77,32
76,00
77,42
6,19
4,07
4,83
5,72
p repetição = 0,975
p F e D = 0,202
p interação = 0,137
6000
1
2
3
4
60,32
62,42
63,32
61,89
8,38
4,45
7,09
5,15
58,79
61,89
61,21
62,11
7,39
5,65
8,21
6,14
p repetição = 0,171
p F e D = 0,121
p interação = 0,670
8000
1
2
3
4
53,74
57,68
57,84
56,58
7,65
5,77
7,84
6,56
53,79
57,21
56,95
57,42
8,55
4,88
7,83
4,00
p repetição = 0,067
p F e D = 0,867
p interação = 0,926
Legenda: F – face a face, D – distância,
X
– média, dp – desvio padrão, * p <0,005 estatisticamente
significante.
5 Resultados
G a b r i e l a R o s i t o A l v a r e z B e r n a r d e z - B r a g a
139
Tabela 8 - Média e desvio padrão para a REIG realizadas face a face (F) e à distância (D) e resultado da
análise de variância a dois critérios para medidas repetidas (n=19)
Freqüência
(Hz)
250
Repetição
F D
ANOVA
X
dp
X
dp
1
2
3
4
-0,37
0,79
0,16
-0,05
1,74
1,36
1,57
1,78
-0,26
0,26
0,53
-0,26
2,13
1,10
1,50
1,85
p repetição = 0,107
p F e D = 0,711
p interação = 0,275
500
1
2
3
4
0,37
1,58
0,79
0,84
2,27
1,30
2,07
1,95
1,05
0,95
0,37
0,74
1,90
1,72
1,86
2,70
p repetição = 0,355
p F e D = 0,618
p interação = 0,127
1000
1
2
3
4
7,95
7,11
6,58
6,63
1,87
3,38
2,69
2,61
8,63
6,53
6,16
7,21
2,11
3,26
2,99
2,59
p repetição = 0,030*
p F e D = 0,838
p interação = 0,258
2000
1
2
3
4
11,05
9,42
9,89
8,37
3,67
3,11
3,98
4,06
11,00
9,21
9,68
7,21
4,32
4,05
3,32
2,59
p repetição = 0,026*
p F e D = 0,210
p interação = 0,003*
3000
1
2
3
4
7,84
6,53
6,74
6,58
4,59
3,31
3,54
4,32
8,05
6,74
7,16
7,53
4,92
4,46
3,58
4,78
p repetição = 0,196
p F e D = 0,277
p interação = 0,755
4000
1
2
3
4
1,84
0,37
1,32
-0,37
4,07
2,75
2,80
4,50
2,47
1,42
0,16
1,53
4,38
4,14
3,17
5,04
p repetição = 0,114
p F e D = 0,257
p interação = 0,032*
6000
1
2
3
4
-4,11
-2,89
-2,63
-4,74
4,98
5,13
4,92
4,63
-4,16
-3,26
-4,95
-4,11
6,87
4,91
4,62
4,52
p repetição = 0,673
p F e D = 0,370
p interação = 0,340
8000
1
2
3
4
-3,63
-3,05
-2,58
-1,58
6,66
6,09
7,93
5,09
-5,47
-1,53
-3,68
-3,63
7,56
6,77
4,51
5,18
p repetição = 0,273
p F e D = 0,378
p interação = 0,422
Legenda: F – face a face, D – distância,
X
– média, dp – desvio padrão, * p <0,005 estatisticamente
significante.
5 Resultados
G a b r i e l a R o s i t o A l v a r e z B e r n a r d e z - B r a g a
140
A análise post hoc (Teste de Tukey) para a comparação entre os procedimentos
utilizados (face a face e distância) revelou diferença estatisticamente significativa (p<0,005)
para a REIG na freqüência de 2000 Hz, na quarta medição.
Os resultados das médias dos erros encontrados nas quatro repetições realizadas
face a face e via teleassistência, em cada freqüência pesquisada obtidos por meio da
comparação casual proposto por Dahlberg, encontram-se na tabela 9.
Tabela 9 - Médias dos erros encontrados nas quatro repetições para as medidas REUR, REAR e REIG (n=19)
obtidos por meio da comparação casual proposto por Dahlberg
Freqüência
(Hz) REUR (dB) REAR (dB) REIG (dB)
F D F D F D
250 2,92 3,73 3,01 3,38 1,40 1,40
500 2,12 2,63 3,02 2,88 1,40 1,63
1000 2,35 2,36 3,16 3,52 2,45 2,42
2000 3,13 3,51 3,24 4,00 2,48 2,10
3000 3,15 3,94 3,23 3,79 2,23 2,33
4000 3,71 4,01 3,60 3,55 2,72 2,79
6000 5,03 5,58 5,17 5,27 4,09 4,46
8000 5,57 6,55 6,75 5,74 5,04 5,38
Legenda: F –face a face , D – distância.
6
66
6
Discussão
DiscussãoDiscussão
Discussão
6 Discussão
G a b r i e l a R o s i t o A l v a r e z B e r n a r d e z - B r a g a
144
6 DISCUSSÃO
Primeiramente faz-se necessário esclarecer que o presente trabalho integra um
conjunto de pesquisas realizadas no Departamento de Fonoaudiologia da Faculdade de
Odontologia de Bauru, Universidade de São Paulo, na área de telessaúde em audiologia.
Assim, um amplo esforço de pesquisa vinha sendo conduzido anteriormente a esse estudo,
visando o delineamento de protocolos para procedimentos audiológicos realizados à distância,
o que justifica algumas das escolhas metodológicas aqui efetuadas. Essas informações serão
expostas a seguir.
No tocante à transmissão de áudio e vídeo entre o ambiente de teste e remoto
(videoconferência) foi dada preferência pelo uso do computador e codecs de software devido
à maior facilidade de acesso e menor custo. Em videoconferências dessa natureza podem
ocorrer limitações quanto à qualidade da imagem e número de quadros transferidos por
segundo, sendo isso, também, um produto do tipo de câmera utilizado. Algumas webcams
com resolução de vídeo de 640 x 480 pixels foram testadas sendo obtida melhor qualidade
com os modelos Logitech QuickCam Orbit e a LG WebPro, empregadas neste estudo. As
webcams possuíam o sistema de face tracking(rastreamento da face do indivíduo), porém,
foi verificado que as sessões de videoconferência tiveram melhor andamento quando esse
recurso foi desativado e o enquadramento realizado de forma manual.
Também de grande importância foi a iluminação das salas do ambiente de teste e
ambiente remoto a qual foi difusa a fim de evitar sombras fortes. O computador e a webcam
foram posicionados de forma a não ficar direcionado à luz das janelas ou outra luz de fundo.
A utilização de mobília de cor fosca (sem superfícies lustrosas) também favoreceu a qualidade
de transmissão da imagem.
Embora as câmeras testadas tivessem microfone embutido, a fim de melhorar a
relação sinal/ruído foi dada preferência pelo uso de headsets que continham microfone tipo
“boom” (posicionados próximo à boca do falante). O uso de salas com tratamento acústico
minimizou o efeito da reverberação e do ruído, permitindo melhor qualidade do sinal de
áudio. O uso de fones também evitou a ocorrência de retroalimentação no ambiente. Como
6 Discussão
G a b r i e l a R o s i t o A l v a r e z B e r n a r d e z - B r a g a
145
nesse estudo a interação acontecia entre o fonoaudiólogo especialista e o voluntário, e nunca
diretamente entre especialista e paciente, esse tipo de tecnologia pôde ser utilizada com
sucesso.
No que se refere aos softwares para transmissão de áudio, vídeo e
compartilhamento de dados foram testados o MSN Messenger, o NetMeeting e o Polycom
PVX. Os testes com o MSN demonstraram qualidade de áudio e vídeo muito aquém da
desejável para o tipo de aplicação deste estudo. O NetMeeting e o Polycom PVX têm como
vantagens a utilização de padrões (protocolo H.323, que permite comunicação com outros
softwares ou sistemas de videoconferência que também utilizem tal protocolo, e protocolo
T120 de compartilhamento de aplicações). O NetMeeting tinha ainda a vantagem de estar
incluso no sistema operacional Windows. No entanto, embora tenha oferecido boa qualidade
de áudio e vídeo, o NetMeeting não superou o desempenho do Polycom PVX (este tem
licença no valor aproximado de 170 dólares).
A conexão via IP (Internet Protocol) foi utilizada também em virtude da
facilidade de acesso e do custo, devendo ser ressaltada a existência de uma LAN com largura
de banda suficiente para realização de videoconferência.
Finalmente, o Unity PC Probe Mic foi escolhido por ser um equipamento
computadorizado e compatível com softwares de compartilhamento de aplicativos.
Equipamentos similares de outros fabricantes estão disponíveis no mercado e poderiam
também ser utilizados para tal aplicação.
Até onde se tem conhecimento a presente pesquisa foi uma das primeiras a avaliar
a aplicação da telessaúde para a realização de medidas com microfone sonda, sendo
encontrada apenas uma publicação internacional exibindo resultados preliminares neste
tópico. (FERRARI, 2006). Dessa forma, os dados obtidos serão confrontados com estudos
que utilizaram a tecnologia de informação e comunicação para fornecimento de outros
serviços audiológicos à distância.
6 Discussão
G a b r i e l a R o s i t o A l v a r e z B e r n a r d e z - B r a g a
146
6.1 MEDIDAS DE CORRELAÇÃO E COMPARAÇÃO DAS AMPLITUDES DA REUR,
REAR E REIG OBTIDAS FACE A FACE E À DISTÂNCIA
Com relação ao tempo despendido para a realização das medidas com microfone
sonda à distância este foi, em média, igual a 5 (adaptação unilateral) e 8 minutos (adaptação
bilateral), valores estes semelhantes aos observados na prática clínica para realização do
procedimento da forma padrão (face a face). Deve ser observado, no entanto, que em alguns
casos aproximadamente 17 (unilateral) a 20 minutos (bilateral) foram necessários para
completar a avaliação. O principal fator que influenciou o tempo de execução do
procedimento foi a habilidade do fonoaudiólogo voluntário em executar as orientações
fornecidas pelo especialista, sobretudo o posicionamento correto do tubo sonda no conduto
auditivo. Quando observadas alterações nas respostas registradas em função do mau
posicionamento do tubo sonda e/ou molde auricular no conduto auditivo, compressão do tubo
sonda pelo molde auricular ou, ainda, presença de cerume obstruindo o tubo sonda,
interrupções no exame eram realizadas pelo especialista a fim de orientar o voluntário para
sanar tais problemas e recomeçar a avaliação. Embora não seja objetivo deste estudo avaliar o
impacto da telessaúde no treinamento profissional, é importante ressaltar que, ao longo da
coleta de dados, houve diminuição da necessidade de interrupção dos exames por parte do
especialista o que pode ser indicativo da ocorrência de aprendizado por parte dos
fonoaudiólogos voluntários.
No que diz respeito às correlações entre os procedimentos realizados face a face
(F) e à distância (D) (gráficos de dispersão 1, 2 e 3), essas foram muito fortes e significativas
para a REUR (r=0,85 e p=0,00), REAR (r=0,93 e p=0,00) e REIG (r=0,92 e p=0,00). Quando
consideradas as correlações entre os procedimentos face a face e à distância, calculadas
separadamente em cada freqüência analisada (tabela 2), verificou-se que os coeficientes de
Pearson variaram de 0,68 (8 kHz) a 0,80 (250 e 2000 Hz) para a REUR, de 0,76 (8 kHz) a
0,95 (1 kHz) para a REAR e de 0,68 (8 kHz) a 0,97 (500 e 1000 Hz) para o REIG. Novamente
todas estas correlações foram significativas.
Os resultados das correlações indicam que existe uma boa concordância entre as
medidas padrão e as realizadas via telessaúde. As fortes correlações observadas no presente
estudo também foram encontradas em outras pesquisas que compararam procedimentos
6 Discussão
G a b r i e l a R o s i t o A l v a r e z B e r n a r d e z - B r a g a
147
audiológicos realizados face a face e à distância, por meio do compartilhamento de aplicativo
para fins de controle remoto do equipamento e avaliação direta do participante. Para as
emissões otoacústicas por produto de distorção (EOA-PD) foram encontrados coeficientes de
correlação entre 0,83 a 0,99. (ELANGOVAN, 2005; KRUMM; RIBERA; SCHMIEDGE,
2005). Para os potenciais auditivos de tronco encefálico (PEATE) foram obtidas correlações
iguais a 0,98 (Towers et al., 2005). Mesmo no caso de procedimentos subjetivos, isto é, que
dependem da resposta fornecida pelo participante, correlações fortes e significativas foram
encontradas para a audiometria tonal via área (r=0,92) e via óssea (r=0,97). (GIVENS;
ELANGOVAN, 2003). Para o teste de percepção de fala no ruído, os coeficientes que
avaliaram a concordância de resposta entre avaliadores localizados em lugares separados
foram iguais a 0,98. (RIBERA, 2005).
De particular importância é o fato de que as correlações encontradas entre os
procedimentos face e face e à distância foram mais fortes do que as observadas nos estudos
que compararam a concordância entre duas medidas repetidas realizadas via procedimento
padrão. Os coeficientes de correlação variaram de 0,32 a 0,81 para a REUR. (VALENTE;
VALENTE; GOEBEL, 1991) e 0,51 a 0,91 para a REAR. (VALENTE et al., 1990).
Pela comparação entre os estudos de Valente, Valente e Goebel (1991) e Valente
et al. (1990) verifica-se que menores correlações foram obtidas entre medidas repetidas da
REUR que da REAR, o que também ocorreu no presente estudo conforme mostra a tabela 2.
A REUR a mede a clássica função de transferência entre campo livre e ouvido real, ou seja, a
medição é feita com o ouvido “aberto”, “não ocluído”. Assim, pode sofrer maior influência
das (até certo ponto) inevitáveis alterações de posicionamento do tubo sonda no conduto
auditivo externo durante uma dada medição já que não é utilizado o molde auricular e nenhum
outro recurso que possa fixar o tubo sonda dentro do CAE.
De modo geral, coeficientes de correlação menores foram obtidos nas freqüências
acima de 4000 Hz. Tal resultado pode ter ocorrido em virtude das altas freqüências sofrerem
maior influência da profundidade de inserção do tubo sonda entre as diferentes medições. A
maior susceptibilidade das altas freqüências pode ser explicada pelo fenômeno das ondas
estacionárias. A onda estacionária acontece quando da somação da onda sonora incidente com
parte da onda sonora refletida pela membrana timpânica. Quando a distância percorrida pela
onda sonora refletida for igual a 1/4 do comprimento da onda sonora incidente, ocorre o
6 Discussão
G a b r i e l a R o s i t o A l v a r e z B e r n a r d e z - B r a g a
148
cancelamento parcial da onda, resultando numa atenuação importante do NPS gerado no
CAE.
O comprimento de onda das freqüências abaixo de 1kHz é longo em relação ao
comprimento médio do conduto auditivo externo de adultos (em média 25 mm) e, portanto,
não sofrem interferência das ondas estacionárias geradas no mesmo. Em conseqüência, no
caso das freqüências baixas o tubo sonda posicionado em qualquer lugar do CAE irá medir,
essencialmente, um nível de pressão sonora igual ao gerado próximo na membrana timpânica.
(DIRKS; AHLSTROM; EISENBERG, 1994). As altas freqüências, em virtude do seu
comprimento de onda, sofrem o efeito das ondas estacionárias e, assim, maior variabilidade
será encontrada na dependência da posição do tubo sonda. As variações encontradas nas
freqüências acima de 3000 Hz variam de 2 a 10 dB. (DIRKS; KINCAID, 1987).
No que se refere à medida da REAR e REIG outro fator que também afeta a
medida em alta freqüência e, por conseguinte, sua variabilidade, é a existência da turbulência
que ocorre na região da abertura do molde auricular. (DILLON, 2001). Quando um som
irradia de um tubo pequeno (abertura do molde) para um ducto maior (conduto auditivo)
ondas radiais e longitudinais se desenvolvem nessa área de transição. A interação entre essas
ondas pode causar variação de 5 a 12 dB no NPS nas freqüências entre 2k e 8 kHz caso o tubo
sonda fique próximo a esta zona de turbulência. (DIRKS; KINCAID, 1987; DIRKS,
AHLSTROM; EISENBERG, 1994). No presente estudo o molde auricular foi utilizado como
guia para o posicionamento da ponta do tubo sonda após esta área de transição, no entanto,
durante a própria inserção do molde auricular na orelha externa do participante pode ter
ocorrido deslocamento do tubo para “dentro” desta região de turbulência.
Hawkins e Mueller (1992) relatam também que movimentações da cabeça no
plano horizontal, em relação à posição da fonte sonora, durante a realização do teste podem
alterar o nível de pressão sonora fornecido pelo AASI no conduto auditivo em até 7 dB. Tais
movimentos afetam principalmente as altas freqüências.
Neste estudo também foram comparadas as amplitudes da REUR, REAR e REIG
obtidas face a face e à distância. A tabela 3 mostra que a amplitude média da REUR realizada
face a face foi significativamente maior do que a obtida à distância em todas as freqüências
analisadas. No entanto as diferenças encontradas entre estas amplitudes variaram de 0,9 (500
Hz) a 3,07 dB (8000 Hz).
6 Discussão
G a b r i e l a R o s i t o A l v a r e z B e r n a r d e z - B r a g a
149
Para a REAR a amplitude média obtida face a face foi significativamente maior
do que a obtida à distância para as freqüências de 1, 3, 4, 6 e 8 kHz (tabela 4). As diferenças
entre estas amplitudes variaram de 0,09 (250 Hz) a 1,72 dB (6000 Hz).
para a medida do REIG (tabela 5) não houve diferença significativa entre as
amplitudes médias obtidas face a face e à distância, com exceção da freqüência de 3 kHz
sendo esta igual a 0,91 dB.
As maiores diferenças entre as médias das amplitudes das medidas com microfone
sonda obtidas face a face e à distância encontram-se nas regiões de alta freqüência (acima de
3 kHz). Este dado sugere que tais diferenças provavelmente são produtos da variação do
posicionamento do tubo sonda no conduto auditivo externo entre uma medida e outra e não do
uso da telessaúde.
Os resultados obtidos para o REIG reforçam esta hipótese que segundo
Hawkins (1987) e Dirks, Ahlstrom e Eisenberg (1994) a localização exata do tubo sonda não
é tão importante quando se mede o ganho de inserção, que esse reflete um valor relativo
(REAR REUR). Neste caso será de maior importância assegurar que o tubo sonda
permaneça no mesmo local quando da realização da medida da ressonância da orelha externa
e da amplificação na orelha externa.
Deve ser enfatizado também que o fato de haver diferenças estatisticamente
significativas entre as medidas não implica na existência de significância clínica. A
magnitude das diferenças encontradas entre as medidas face a face e à distância no presente
estudo não ultrapassou os valores descritos na literatura a respeito da variabilidade das
medidas com microfone sonda realizadas de acordo com o procedimento padrão. Valente,
Valente e Goebel (1991) relataram que a média da variabilidade teste-reteste da REUR é da
ordem de 3.95 dB. Esses autores também encontram diferenças pequenas, porém
estatisticamente significativas, para as médias das amplitudes da REUR obtidas em duas
medições. Valente et al. (1990) relataram que a média da variabilidade teste-reteste da REAR
é da ordem de 3.3 dB e ainda encontraram diferenças entre 0,2 a 0,7 dB entre duas medidas do
REIG, não sendo essas significativas.
6 Discussão
G a b r i e l a R o s i t o A l v a r e z B e r n a r d e z - B r a g a
150
6.2 MEDIDAS REPETIDAS E MEDIDA DO ERRO CASUAL
No que se refere às quatro medidas realizadas da REUR, REAR e do REIG, para
os participantes do grupo B, a ANOVA revelou diferença estatisticamente significativa
(p<0,05) entre as repetições nas freqüências de 250 a 4000 Hz para a REUR (tabela 6), 250 e
500 Hz para a REAR (tabela 7) e 1000 e 2000 Hz para o REIG (tabela 8). O teste de Tukey
não identificou um momento consistente em que essas diferenças significativas ocorreram.
Por exemplo, ora estas foram encontradas entre a primeira e segunda medição, ora entre a
segunda e quarta medição e assim por diante. Devido a isto e também pelo fato da magnitude
das diferenças encontradas não ser superior à variabilidade esperada para as medidas com
microfone sonda, os resultados da análise post hoc para as repetições não foram apresentados
neste trabalho.
Somente para o REIG na freqüência de 2000 Hz (tabela 8) a análise post hoc
revelou diferença significativa entre os procedimentos face a face e distância quando da
realização da quarta repetição. No momento não foi encontrada nenhuma explicação plausível
para esse resultado isolado.
Foi também calculada a média dos erros casuais ou aleatórios entre as quatro
medições realizadas (tabela 9). Considerando a REUR, o erro para medidas face a face variou
de 2,12 dB (500 Hz) a 5,57 dB (8 kHz) e à distância variou de 2,36 dB (1 kHz) a 6,55 dB (8
kHz). Os erros obtidos para as medidas face a face foram menores do que os obtidos à
distância em todas as freqüências analisadas, no entanto, a diferença entre estes erros não foi
superior a 0,98 dB. Erros maiores foram obtidos para as freqüências acima de 4 kHz. Esses
dados corroboram os resultados de Barlow et al. (1988), que verificaram o aumento da
variabilidade das medidas da REUR com o aumento da freqüência, e de Valente, Valente e
Goebel (1991) que encontraram diferenças entre medidas repetidas da REUR variando de 1
(250 Hz) a 3,41 dB (4 kHz).
Para a REAR o erro para medidas face a face variou de 3,01 dB (250 Hz) a 6,75
dB (8 kHz) e à distância variou de 2,88 dB (500 Hz) a 5,74 dB (8 kHz). O erro para as
medidas face a face foi em média, apenas, 0,1 dB menor do que o das medidas à distância.
Resultados semelhantes foram descritos por Hawkins e Mueller (1992) nas medidas da
6 Discussão
G a b r i e l a R o s i t o A l v a r e z B e r n a r d e z - B r a g a
151
REAR, com erros de aproximadamente 2-3 dB para as freqüências abaixo de 1 kHz, 3 dB na
região de 1 a 2 kHz e 4 dB nas freqüências iguais ou acima de 3 kHz.
Finalmente para o REIG o erro para medidas face a face variou de 1,40 dB (250 e
500 Hz) a 5,04 dB (8 kHz) e à distância variou de 1,40 dB (250 Hz) a 5,38 dB (8 kHz). O erro
para as medidas face a face foi em média apenas 0,08 dB menor do que o das medidas à
distância. Os erros verificados para a medida do ganho de inserção provavelmente estão
relacionados ao deslocamento do tubo sonda para a realização da medida da REAR em
relação à posição inicial utilizada para a medida da REUR. Quando isto ocorre observam-se
variações nos registros do REIG para freqüências acima de 2000 Hz sendo estas menores do
que 4 dB. (HAWKINS, 1987).
Os resultados do presente estudo estão em concordância com a literatura. Valente
et al. (1990) relataram diferenças entre duas repetições da REIG variando de 1,6 (250 Hz) a
2,1 dB (3 kHz). Hawkins (1987) também encontrou erros na REIG em torno de 2,2 dB em 1
kHz. Para a freqüência de 6 kHz o autor encontrou erros ainda maiores do que o do presente
estudo, na ordem de 7 dB.
No tocante às medidas realizadas à distância, os dados da tabela 9 corroboram o
estudo de Ferrari (2006) que verificou que a dia do erro casual para três repetições do
ganho de inserção realizado via controle remoto do equipamento variou entre 0,7 (250 Hz) a
1, 44 dB (4 kHz).
Além da variabilidade causada por alterações no posicionamento do tubo sonda
no conduto auditivo externo e da localização do participante em relação à caixa sonora,
anteriormente explicados, outros fatores podem ter contribuído para os erros encontrados.
O padrão das ondas estacionárias produzidas no conduto auditivo pode ser
alterado por modificações da impedância da orelha média, o que, por sua vez provoca
mudanças de até 6,5 dB no NPS absoluto medido na região de freqüência entre 2 a 4 kHz.
(DIRKS; KINCAID, 1987). No presente estudo foi realizada a inspeção otológica dos
participantes anteriormente à realização de cada medida, no entanto, embora a probabilidade
seja pequena, podem ter ocorrido alterações no status da orelha média ao longo do tempo em
que foram realizadas as repetições que não foram observadas pelo avaliador.
6 Discussão
G a b r i e l a R o s i t o A l v a r e z B e r n a r d e z - B r a g a
152
No tocante à REAR e REIG outra hipótese diz respeito ao ajuste do controle de
volume do AASI utilizado. Em virtude do AASI 143 AGCI possuir volume manual pode não
ter ocorrido a replicação exata do posicionamento do mesmo nas diferentes repetições.
Alterações da posição do controle de volume acarretam modificações no ganho fornecido pelo
aparelho e, por conseguinte, na amplitude das medidas da REAR e do REIG.
Deve também ser ressaltado que neste estudo cinco voluntários participaram como
facilitadores para a realização das medidas no ambiente de teste. Assim, os erros aqui
apresentados podem também estar relacionados às variações das habilidades dos facilitadores
em executar os procedimentos solicitados pelo especialista.
De qualquer forma, como os erros casuais das medidas realizadas à distância são
muitos similares aos obtidos face a face, é possível concluir que não houve influência
importante da realização das medidas com microfone sonda por meio do controle remoto do
equipamento. A viabilidade e confiabilidade da telessaúde para realização de consultas e
procedimentos audiológicos à distância foi verificada também em outros estudos
(BLASKELEE et al., 1997; WESENDAHL, 2003; FERRARI, 2006; KRUMM; RIBERA;
KLICH, 2007; KRUMM et al.,2008; SHAPIRO et al., 2008; RAMOS et al., 2008).
Uma das preocupações com relação à telessaúde é a consistência e qualidade do
envio das informações de um local ao outro. Ribera (2005), Krumm, Ribera e Schmiedge
(2005) e Towers et al. (2005) relataram episódios de falhas no sinal de áudio e na transmissão
dos dados do teste realizado à distância, em momentos de pico na rede, quando o tráfego na
internet era intenso, fazendo com que a informação enviada pelo computador remoto não
chegasse de maneira ótima no ambiente de teste. No caso de exames audiológicos realizados
via compartilhamento remoto de aplicativos, estas falhas de transmissão podem levar a
registros ou interpretações errôneas de resultados.
Assim, cuidado deve ser tomado quando da utilização de redes como a internet
que o compartilhamento da largura de banda com outros tipos de dados pode fazer com que
haja uma perda significativa da qualidade dos sinais de áudio e vídeo transmitidos.
A largura de banda é o requisito fundamental para que haja espaço suficiente para
que todos os seus pacotes de informação sejam transmitidos. É comum na videoconferência
por IP a utilização de largura de banda por volta de 384 a 768 Kbps. No presente estudo a taxa
de transmissão utilizada foi de 384 Kbps. É importante ainda que os pontos envolvidos na
6 Discussão
G a b r i e l a R o s i t o A l v a r e z B e r n a r d e z - B r a g a
153
videoconferência sejam capazes de enviar e receber a mesma quantidade de dados para a
chamada, ou seja, que exista simetria. Quando a largura de banda não é suficiente pode
ocorrer a perda de pacotes da informação, o que resulta na interrupção do sinal de áudio bem
como em alterações na imagem (por exemplo, congelamento, imagem em “blocos” ou áreas
em branco dentro da janela de vídeo).
Como as dados relativos a áudio e vídeo são sensíveis ao tempo, a sincronização é
de grande importância. O processo de codificação e decodificação da informação (dependente
tanto do equipamento utilizado como do tempo de tráfego dos pacotes na rede) pode
introduzir um atraso ou latência na videoconferência. Se esse atraso for excessivo o processo
de comunicação fica bastante prejudicado tanto pela falta de sincronia entre o movimento de
lábios com o sinal de áudio como também pelo fato de uma pessoa “falar sobre a outra”.
Neste estudo a largura de banda da LAN foi suficiente para evitar que estes
fenômenos ocorressem. Assim, durante a coleta não houve queda da conexão utilizada,
atrasos na transferência dos dados, bem como falhas na transmissão de áudio e vídeo. O
software utilizado, Polycom PVX, permitiu ótima qualidade de imagem entre os dois
ambientes (remoto e de teste). Por meio desse software e das câmeras foi possível ver o
paciente e o fonoaudiólogo voluntário sem dificuldades e assim, orientar o profissional em
suas tarefas para permitir a realização das medidas necessárias. No entanto, não é possível
garantir o mesmo desempenho em redes com largura de banda menores.
6.3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
No Brasil, no que se refere aos centros de audiologia credenciados no SUS, as
diretrizes constantes no Anexo IV da Portaria MS/SAS 587
15
recomendam a utilização de
medidas com microfone sonda na seleção e verificação do benefício do AASI em caso de
adultos e, sobretudo, crianças. De fato a Portaria 587 reconhece a importância desse
procedimento à medida que a disponibilidade de um equipamento para realização das medidas
com microfone sonda (ganho de inserção) é uma das exigências estruturais para o
15
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Portaria MS/SAS 587. Disponível em:
<http://dtr2001.saude.gov.br/sas/PORTARIAS/Port2004/PT-587.htm>. Acesso em: 19 set. 2006.
6 Discussão
G a b r i e l a R o s i t o A l v a r e z B e r n a r d e z - B r a g a
154
credenciamento e habilitação dos serviços de atenção à saúde auditiva em alta e/ou média
complexidade.
No entanto, quando considerados os serviços de Audiologia do SUS verifica-se
que as medidas com microfone sonda foram realizadas em aproximadamente 10% dos 4089
procedimentos de seleção e verificação do benefício do AASI apresentados em julho de 2006
(DATASUS, 2006)
16
. Este cenário pode ser modificado por meio da capacitação adequada e
continuada do fonoaudiólogo, tendo reflexos no aumento da qualidade e eficiência dos
serviços públicos de seleção e adaptação de aparelhos de amplificação sonora.
O presente estudo mostrou que a realização de medidas com microfone sonda via
telessaúde fornece resultados confiáveis e similares aos obtidos pelo procedimento padrão. A
realização dessas medidas à distância pode representar um análogo ao preceptorado clínico
tradicional e ser utilizada como estratégia para facilitar o treinamento e a capacitação
continuada do profissional.
16
Informações de Saúde. Disponível em http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/deftohtm.exe?sia/cnv/pauf.def. Acesso em: 20 set.
2006
.
7
77
7
Conclusão
ConclusãoConclusão
Conclusão
7 Conclusão
G a b r i e l a R o s i t o A l v a r e z B e r n a r d e z - B r a g a
158
7 CONCLUSÃO
O presente estudo mostrou:
Correlações muito fortes e significativas entre a resposta de ressonância da
orelha externa (REUR), resposta de ressonância da orelha externa com uso da amplificação
(REAR) e o ganho de inserção (REIG) realizados face a face e à distância.
Diferenças pequenas, porém significativas, das amplitudes das respostas
realizadas face a face e à distância nas freqüências de 250 a 8000 Hz (REUR), 1000, 3000,
4000, 6000 e 8000 Hz (REAR) e 3000 Hz (REIG). No entanto, estas diferenças não foram
clinicamente significantes.
Diferenças estatisticamente significativa entre as respostas obtidas em
diferentes momentos de medição (medidas repetidas) da REUR (250 a 4000 Hz), REAR (250
e 500 Hz) e REIG (1k, 2k e 4k Hz). Diferença significativa entre os métodos face a face e à
distância foi observada apenas para a REIG (2000 Hz).
Médias dos erros casuais da REUR, REAR e REIG obtidas face a face e à
distância bastante similares.
As diferenças e variações encontradas entre as medidas face a face e a distância
não foram maiores do que a magnitude de variabilidade do próprio procedimento de medidas
com microfone sonda. A realização de medidas com microfone sonda via telessaúde, em
adultos deficientes auditivos, fornece resultados confiáveis e similares aos obtidos pelo
procedimento padrão. Outras investigações são necessárias para validar este procedimento.
Re
ReRe
Referências
ferênciasferências
ferências
Referências
G a b r i e l a R o s i t o A l v a r e z B e r n a r d e z - B r a g a
162
REFERÊNCIAS
ACKERMAN, M. et al. Telemedicine technology. Telemed J E Health, v. 8, n. 1, p. 2002,
cap. 6, New York: Mary Ann Liebert,
AMERICAN ACADEMY OF AUDIOLOGY. Guidelines for the audiological management of
adult hearing impairment. Audiol Today, v. 18, n. 5, 2006. Disponível em:
<http://www.audiology.org/NR/rdonlyres/haguidelines.pdf>. Acesso em: 13 fev. 2008.
AMERICAN NATIONAL STANDARDS INSTITUTE. Methods of measurement of real-ear
performance characteristics of hearing aids. ANSI S3.46-1997. New York: American
National Standards Institute Inc. 1997.
AMERICAN SPEECH LANGUAGE AND HEARING ASSOCIATION. Sound field
measurement tutorial. Asha, v. 33, p. 25–37, 1991. Supplement 3,
AMERICAN SPEECH LANGUAGE AND HEARING ASSOCIATION. Guidelines for
hearing aid fitting for adults. Am J Audiol, v. 7, n. 1, p. 5-13, Mar. 1998.
AMERICAN SPEECH LANGUAGE AND HEARING ASSOCIATION. Knowledge and
skills needed by audiologists providing clinical services via telepractice. Am Speech Lang
Hear Assoc, p. 1-7, 1998. Disponível em: <http://www.asha.org/members/deskref-
journals/deskref/default>. Acesso em: 12 dez. 2006.
AMERICAN SPEECH-LANGUAGE-HEARING ASSOCIATION. Code of ethics (revised).
ASHA, v. 23, . 13-15, 2001. Supplement.
AMERICAN SPEECH LANGUAGE HEARING ASSOCIATION. Audiologists providing
clinical services via telepractice: technical report. ASHA, 2005. Supplement 25.
AMERICAN SPEECH-LANGUAGE-HEARING ASSOCIATION. Audiologists Providing
Clinical Services via Telepractice: Technical Report. Disponível em:
<http://www.asha.org/docs/html/TR2005-00152.html>. Acesso em: 12 dez. 2006.
ANDERSON, G. Social, ethical and legal barriers to e-health. Int J Med Inform, v. 76, n.
5/6, p. 480-483, May/June 2007.
ARLINGER, S. Functional gain: investigation of sound field audiometry. In: JENSEN, J. H.
(Ed). Hearing aid fitting. theoretical and practical views. 13th Danavox Symposium. Odense,
1988. p. 53-66.
BARLOW, N. L.; et al.. Probe-tube microphone measures in hearing-impaired children and
adults. Ear Hear, v. 9, n. 5, p. 243-247, Oct. 1988.
BASC, B. C. Audionote 2: verifit test signals. Audioscan. 2005. Disponível em:
<http://www.audioscan.com/verifit>. Acesso em: 12 fev. 2008.
Referências
G a b r i e l a R o s i t o A l v a r e z B e r n a r d e z - B r a g a
163
BASHSHUR, R. L.; REARDON, T. G.; SHANNON, G. W. Telemedicine: a new health care
delivery system. Annu Rev Public Health, v. 21, p. 613-637, 2000.
BERNARDEZ, G. R. A.; et al. Efeito da otite média crônica sobre a ressonância da orelha
externa. In: ENCONTRO INTERNACIONAL DE AUDIOLOGIA, 20., 2005, São Paulo.
Anais... São Paulo: 2005.
BLAKESLEE, D.B.; et al. Practice of otolaryngology via telemedicine. 1997. Triological
Society Papers. Disponível em: <gateway.ut.ovid.com/gw1/ovidweb.cgi#toc>. Acesso em 19
set. 2006.
BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria n35. Diário Oficial da União, 2007. Disponível em
<http://www.in.gov.br/materias/xml/do/secao1/2511788.xml>. Acesso em: 16 jan. 2008.
BROOKS, P. Successful telehealth: a university perspective. J Telemed Telecare, v. 7, 2001.
Supplement 2:2.
BYRNE, D.; DILLON, H. The National Acoustic Laboratories (NAL) new procedure for
selecting the gain and frequency response of a hearing aid. Ear Hear, v. 7, n. 4, p. 257-265,
Aug. 1986.
CASLPA. Position paper on the use of telepractice for CASLPA speech-language
pathologists and audiologists. Position paper on the use of telepractice for CASLPA S-LPs
and Auds. Jan. 2006.
CHASIN, M. The etiology of the REUG: Did we get it completely right? Hear J, v. 58, n. 12,
p. 22-24, dez. 2005.
CISCO SYSTEMS BRASIL. Disponível em:
http://oglobo.globo.com/economia/mat/2008/03/05/cisco_systems_projeta_15_milhoes_de_co
nexoes_de_banda_larga_no_brasil_ate_2010-426092095.asp). Acesso em: 20 Ago. 2008.
Código de Ética de FONO. 2004. Disponível em:
<http://www.fonosp.org.br/publicar/conteudo.php?id=288>. Acesso em 20 ago. 2008.
COMITÊ GESTOR DA INTERNET NO BRASIL. Pesquisa sobre o uso das tecnologias da
informação e da comunicação no Brasil: TIC domicílios e TIC empresas 2007. São Paulo,
2007. Disponível em: <http://www.cetic.br/tic/2007/indicadores-cgibr-2007.pdf>. Acesso em:
27 ago. 2008.
CONSELHO FEDERAL DE FONOAUDIOLOGIA. Código de Ética da Fonoaudiologia.
Aprovado pela Resolução CFFa nº 305/2004. Brasília, DF: CFF, 2004. Disponível em:
<http://www.fonoaudiologia.org.br/discovirtual/site/codeport.pdf>. Acesso em: 26 ago. 2008.
COSTA, M. J. et al. Influência do ângulo de incidência da onda sonora sobre o ganho acústico
resultante dos efeitos de ressonância da orelha externa. Acta Awho, v. 13, n. 2, p. 63-67,
maio/ago. 1994.
COSTA, M. J.; IÓRIO, M. C. M.; BORGES, A. C. L. de C. Ganho funcional X ganho de
inserção: estudo comparativo. Acta Awho, v. 12, n. 1, p. 19-23, jan./abr. 1993.
Referências
G a b r i e l a R o s i t o A l v a r e z B e r n a r d e z - B r a g a
164
DENTON, D. R.; GLADSTONE, V. S. Ethical and legal issues related to telepractice. Semin
Hear, v. 26, n. 1, p. 43-52, 2005.
DILLON, H. Electroacustic Performance and Measurement. In: DILLON, H. Hear Aids.
Nova York: Thieme, 2001. cap. 4, p. 74-113.
DILLON, H. NAL-NL1: a new procedure for fitting nonlinear hearing aids. Hear J, v. 52, n.
4, p. 10-16, 1999.
DIRKS, D. D.; AHLSTROM, J. B.; EISENBERG, L. S. Effects of probe insertion depth on
real ear measurements. Otolaryngol Head Neck Surg, v. 110, n. 1, p. 64-74, Jan. 1994.
DIRKS, D. D.; KINCAID, G. E. Basic acoustic considerations of ear canal probe
measurements. Ear Hear, v. 8, p. 60S-67S, Oct. 1987. Supplement 5.
EIKELBOOM, R. H.; ATLAS, M. D. Attitude to telemedicine, and willingness to use it, in
audiology patients. J Telemed Telecare, v. 11, p. S22-S25, 2005, Supplement 2.
ELANGOVAN, S. Telehearing and the Internet. Semin Hear, v. 26, n. 1, p. 19-25, 2005.
EYSENBACH, G. What is e-health? J Med Internet Res, v. 3, n. 2, p. E-20, Apr./June 2001.
FABRY, D. A. Nonlinear hearing AIDS and verification of fitting targets. Trends Amplif, v.
7, n. 3, p. 99-115, 2003.
FERNANDES, J. C. O ouvido humano e a audição. In: ______. Acústica e ruídos. Bauru:
Unesp, 1999b. cap. 4, p. 36-40. Apostila desenvolvida para a disciplina Acústica e Ruídos do
curso de especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho da Faculdade de
Engenharia.
FERNANDES, J. C. Princípios do som. In: ______. Acústica e ruídos. Bauru: Unesp, 1999a.
cap. 3, p. 26-35. Apostila desenvolvida para a disciplina Acústica e Ruídos do curso de
especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho da Faculdade de Engenharia.
FERRARI, D. V. Remote programming and verification as a mean to improve quality of
hearing aid fitting. In: RASMUSSEN, A.N. et al. (Org.). Hearing aid fitting. Centertryk:
Danavox, v. 1, p. 531-544, 2006.
FRYE ELETRONICS. Fonix FP35 Analizador de audífonos: manual del operador. 2006.
FRYE, G. J. Electroacustic testing of hearing aids and standards. In: VALENTE, M. (Ed.)
Hearing aids: standards, options, and limitations. 2th ed. New York: Thieme, 2002. cap. 3,
p.1-63.
GIVENS, G. D.; ELANGOVAN, S. Internet application to tele-audiology: “nothing but net”.
Am J Audiol, v. 12, p. 59-65, Dec. 2003.
GOODE, R. L.; FRIEDRICHS R, FALK S. Effect on hearing thresholds of surgical
modification of the external ear. Ann Otol Rhinol Laryngol,v. 86, n. 4 (Pt 1), p. 441-450,
July/Aug. 1977.
Referências
G a b r i e l a R o s i t o A l v a r e z B e r n a r d e z - B r a g a
165
GRUPO DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO EM SAÚDE. Tele o quê? Recife, c2007.
Disponível em: <http://www.telesaude.org.br/oquee.htm>. Acesso em: 16 jan. 2008.
GUTIERREZ, M. A. et al. Aplicações de telemedicina em redes de alta velocidade. Rev Soc
Cardiol Estado de São Paulo, v. 13, n. 6, p. 774-780, dez. 2003.
HALL, J. W.; MUELLER, H. G. Probe microphone measures. In: ______. Audiologists desk
reference, v. 2. United States: Singular, 1998.
HAMMERSHOI, D.; MOLLER, H. Sound transmission to and within the human ear canal. J
Acoust Soc Am, v. 100, n.1, p. 408-427, July 1996.
HARFORD, E. R. The use of a miniature microphone in the ear canal for the verification of
hearing aid performance. Ear Hear, v. 1, n. 6, p. 329-337, Nov./Dec. 1980.
HASKELL, G. B. Functional gain. Ear Hear, v. 8, p. 95-99S, 1987. Supplement 5.
HAWKINS, D. B. Clinical ear canal probe tube measures. Ear Hear, v. 8, n. 5 Supplement,
p. 74-81, 1987.
HAWKINS, D. B.; COOK, J. A. Hearing aid software predictive gain values: how accurate
are they? Hear J, v. 56, n. 7, p. 26-34, July, 2003.
HAWKINS, D. B.; MUELLER, H. G. Procedural considerations in probe-microphone
measuements. In: MUELLER, H. G.; HAWKINS, D. B.; NORTHERN, J. L. Probe
microphone measurements: hearing aid selection and assessment. San Diego: Singular,
1992. cap. 4, p. 67-90.
HELLSTROM, P. A.; AXELSSON, A. Miniature microphone probe tube measurements in
the external ear canal. J Acoustic Soc Am, v. 93, n. 2, p. 907-919, Feb. 1993.
HUMES, L. E.; HIPSKIND, N. M.; BLOCK, M. G. Insertion gain measured with three probe
tube systems. Ear Hear, v. 9, n. 3, p. 108-112, June 1988.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Censo Demográfico 2000.
Rio de Janeiro, 2000. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/
censo2000/tabelagrandes_regioes211.shtm>. Acesso em: 19 set. 2006.
KALDO-SANDSTRÖM, V.; LARSEN, H. C.; ANDERSSON, G. Internet-based cognitive-
behavioral self-help treatment of tinnitus: clinical effectiveness and predictors of outcome.
Am J Audiol, v. 13, n. 2, p. 185-192, Dec. 2004.
KRUMM, M. Audiology telemedicine. J Telemed Telecare, v. 13, n. 5, p. 224-229, 2007.
KRUMM, M.; RIBERA, J.; KLICH, R Providing basic hearing tests using remote computing
technology. J Telemed Telecare, 13, n. 8, p. 406-410, 2007.
KRUMM, M.; RIBERA, J.; SCHMIEDGE, J. Using a telehealth medium for objective
hearing testing: implications for supporting rural universal newborn hearing screening
programs. Semin Hear, v. 26, n. 1, p. 3-12, 2005.
Referências
G a b r i e l a R o s i t o A l v a r e z B e r n a r d e z - B r a g a
166
KRUMM, M. et al. Telemedicine for audiology screening of infants. J Telemed Telecare, v.
14, n. 2, p. 102-104, 2008.
KUK, F.; LUDVIGSEN, C. Changing with the times: choice of stimuli in hearing aid
verification. Hear Rev, , v. 10, n. 8, p. 22-28, 57-58, 2003.
LAMÔNICA, D. A. C. et al. Fonoaudiólogos debatem no EIA recursos tecnológicos da
Telessaúde. Jornal CFFa - Conselho Federal de Fonoaudiologia, v. 9, n. 37, p. 12-14,
abr./jun. 2008.
LAPLANTE-LÉVESQUE, A.; PICHORA-FULLER, M. K.; GAGNÉ, J. P. Providing an
internet-based audiological counselling programme to new hearing aid users: a qualitative
study.. Int J Audiol, v. 45, n. 12, p. 697-706, Dec. 2006.
LEIJON, A. Can pure tone real measurements be used topredict hearing aid gain for speech?
KTH Signals Sensors and Systems, Stockholm, Sweden, 2004.
LESIECKI, W.; MAJEST, B.; REDINGER, B. Universal REM-link and ICRA signals-high-
tech fitting tools for high-tech hearing instruments. Trends Amplif, v. 5, n. 2, p.73-77, 2001.
LIMA, C. M. A. O. et al. Videoconferências: sistematização e experiências em telemedicina.
Radiol Bras, v. 40, n. 5, set./out. 2007. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-
39842007000500012&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 27 ago. 2008.
LUDVIGSEN, C. Strategies for verification of non-linear hearing aid fitting. In:
RASMUSSEN, A.N. et al. Hearing aid fitting. Centertryk: Danavox, 2006. p. 199-212.
LYBARGER, S. F.; LYBARGER, E. H. A historical overview. In: SANDLIN, R. E.
Textbook of hearing aid amplification. 2
th
ed. California: Singular, 2000. cap. 1, p. 1-36.
MARTIN, R. Hearing aid measurements and clinical applications. In: SANDLIN, R. (Ed).
Textbook of hearing aid amplification: technical and clinical considerations. San Diego:
Singular, 2000.
MATAS, C. G.; IORIO, M. C. M. Verificação e validação do processo de seleção e adaptação
de próteses auditivas. In: ALMEIDA, K. de; IORIO, M. C. M. Próteses auditivas:
fundamentos teóricos e aplicações clínicas. 2. ed. São Paulo: Lovise, 2003. cap. 13, p. 305-
334.
MAYO HEALTH SYSTEM. New Mayo hearing program provides hearing aid adjustment to
patients in remote locations. 1996. Disponível em:
<www.mayo.edu/comm/mhs/news_225.html>.
MIOT, H. A.; PAIXÃO, M. P.; WEN, C. L. Teledermatologia - Passado, presente e futuro.
An Bras Dermatol, v. 80, n. 5, p. 523-32, 2005.
MOORE, B. C. J. The nature of sound and the strucuture and function of the auditory system.
In: ______. An introduction to the psychology of hearing. 5th ed. London: Elsevier, 2004.
cap. 1, p. 1-52.
Referências
G a b r i e l a R o s i t o A l v a r e z B e r n a r d e z - B r a g a
167
MORYL, C. L.; DANHAUER, J. L.; DIBARTOLOMEO J. R. Real ear unaided responses in
ears with tympanic membrane perforations. J Am Acad Audiol, v. 3, n. 1, p. 60-65, Jan.
1992.
MUELLER, H. G. Terminology and procedures. In: MUELLER, H. G.; HAWKINS, D. B.;
NORTHERN, J. L. Probe microphone measurements: hearing aid selection and assessment.
San Diego: Singular, 1992. cap. 3, p. 41-66.
MUELLER, H. G. Probe mic measurements: hearing aid fitting´s most neglected element.
Hear J, v. 58, n. 10, p. 21-30, Oct. 2005.
MURAMOTO, M.L.; CAMPBELL, J.; SALAZAR, Z. Provider training and education in
disease management: current and innovative technology. Dis Manag Health Outcomes, v.
11, n. 10, p. 633-645, 2003.
NORTHERN, J. L. Probe-microphone instrumentation. In: MUELLER, H. G.; HAWKINS,
D. B.; NORTHERN, J. L. Probe microphone measurements: hearing aid selection and
assessment. San Diego: Singular, 1992. cap. 2, p. 21-40.
OH, H.; et al. What is eHealth (3): a systematic review of published definitions. J Med
Internet Res, v. 7, n. 1, p. e1, Feb. 2005.
PASCOE, D. P. Functional gain measurements. In: JENSEN, J. H. (Ed). Hearing aid fitting:
theoretical and practical views. 1988, p. 53-66. Presented at 13
th
Danavox Symposium.
Odense, 1988.
PUMFORD, J.; SINCLAIR, S. Real ear measurement: basic terminology and procedures.
2001. Disponível em: <http://www.artigo20completo/norma/ansi>. Acesso em: 13 fev. 2008.
RAMOS, A. et al. Use of telemedicine in the remote programming of cochlear implants. Acta
Otolaryngol, v. 22, p. 1-8, July, 2008.
REDE NACIONAL DE ENSINO E PESQUISA. Projeto Cyclops: popularização de
avançadas tecnologias na medicina. Rio de Janeiro: RNP, 2004. Disponível em:
<http://www.rnp.br/noticias/2004/not-040630b.html>. Acesso em: 27 ago. 2008.
REVISTA PANAMERICANA DE SAÚDE PÚBLICA (INSTANTÁNEAS). Pan Am J
Public Health, v.10, n.4, p. 257-262, 2001.
REVIT, L. J. Real ear measures. In: VALENTE, M. Strategies for selecting and verifying
hearing aid fittings. 2
th
ed. New York: Thieme, 2002. cap. 3, p. 66-124.
RIBERA, J. E. Interjudge reliability and validation of telehealth applications of the hearing in
noise test. Semin Hear, v. 26, n. 1, p. 13-18, 2005.
ROBSON, H. Using a variety of signals to improve real ear testing. Trends Amplif, v. 5, n.
2, p. 77-80, 2001.
ROINE, R.; OHINMAA, A.; HAILEY, D. Assessing telemedicine: a systematic review of the
literature. CMAJ, v. 165, n. 6, p. 765-77, Sept. 2001.
Referências
G a b r i e l a R o s i t o A l v a r e z B e r n a r d e z - B r a g a
168
ROSENBERG, M. E. Transmission of sound waves in the ear. In: ROSENBERG, M. E.
Sound Hear. Londres: Edward Arnold, 1982. cap. 3, p. 22-31.
RUIZ IBAÑEZ, C.; ZULUAGA DE CADENA, A.; TRUJILLO ZEA, A. TELEMEDICINA:
Introducción, aplicación y principios de desarrollo telemedicine: introduction, application and
principles of development. CES Med, v. 21, n. 1, p. 77-92, ene./jun. 2007.
RUSSO, I. C. P. Acústica e psicoacústica aplicadas à fonoaudiologia. São Paulo: Lovise,
1999. 263 p.
SALES, R. Manobra de valsalva relacionada ao volume da orelha média. 2005. 94 f.
Dissertação (Mestrado em Promoção de Saúde) – Universidade de Franca, Franca, 2005.
SANT´ANNA, R. T.; CARDOSO A. K.; SANT´ANNA, J. R. M. Aspectos éticos e legais da
telemedicina aplicados a dispositivos de estimulação cardíaca artificial. Reblampa , v. 18, n.
3, p. 103-110, 2005.
SAUNDERS, G.; MORGAN, D. Impact on hearing aid targets of measuring thresholds in dB
HL versus dB SPL. Int J Audiol, v. 42, n. 6, p. 319-326, Sept. 2003.
SHAPIRO, W. H. et al. Remote intraoperative monitoring during cochlear implant surgery is
feasible and efficient. Otol Neutotol, v. 29, n. 4, p. 495-498, June 2008.
SIMONETTI, P. Características morfofisiológicas da orelha externa e suas implicações
na seleção do aparelho de amplificação sonora individual para bebês. 2001. 122 f.
Dissertação (Mestrado em Fonoaudiologia) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo,
São Paulo, 2001.
SOOD, S. et al. What Is Telemedicine? A Collection of 104 peer-reviewed perspectives and
theoretical underpinnings. Telemed J E Health, v. 13, n. 5, p. 573-590, Oct. 2007
SOUZA, P. E.; TREMBLAY, K. L. New perspectives on assessing amplification effects.
Trends Amplif, v. 10, n. 3, p. 119-43, Sept. 2006.
STANBERRY, B. Telemedicine: barriers and opportunities in the 21st century. J Intern
Med, v. 247, n. 6, p. 615-628, Jan. 2000.
STELMACHOWICS, P. et al. Is functional gain really functional? Hear J, v. 55, n. 11, p. 38-
42, Nov. 2002.
STONE, M. A.; MOORE, B. C. J. Estimated variability of real-ear insertion response (REIR)
due to loudspeaker type and placement. Int J Audiol, v. 43, n. 5, p. 271-275, May 2004.
TELECO INFORMAÇÕES EM TELECOMUNICAÇÃO. Disponível em:
http://www.teleco.com.br/tutoriais/tutorialmeiosip/pagina_5.asp. Acesso em: 23 ago. 2008.
TELEPRACTICES AND ASHA: Report of the telepractices team. Dec. 2001. 50 p.
TOWERS, A. D. et al. The reliability of click evoked and frequency specific auditory
brainstem response testing using telehealth technology. Semin Hear, v. 26, n. 1, p. 26-34,
Feb. 2005.
Referências
G a b r i e l a R o s i t o A l v a r e z B e r n a r d e z - B r a g a
169
TULU, B.; CHATTERJEE, S.; MAHESHWARI, M. Telemedicine taxonomy: a classification
tool. Telemed J E Health, v. 13, n. 3, p. 349-358, June 2007.
VALENTE, M. et al. Intersubject variability of real ear sound pressure level: conventional
and insert earphones. J Am Acad Audiol, v. 5, n. 6, p. 390-398, Nov. 1994.
VALENTE, M.; VALENTE, M.; GOEBEL, J. Reliability and intersubject variability of the
real ear unaided response. Ear Hear, v. 12, n. 3, p. 216-220, June 1991.
WAGUESPACK, G. M. The Regulation of Telepractice in the Profession of Audiology.
Semin Hear, v. 26, n. 1, p. 53-55, 2005.
WALKER, G. Technical considerations for sound field audiometry. In: SANDLIN, R. E.
Textbook of hearing aid amplification. 2th ed. California: Singular, 2000. cap. 9, p. 323-
342.
WALKER, G.; DILLON, H.; BYME, D. Sound field audiometry: recommended Stimuli and
procedures. Ear Hear, v. 5, n. 1, p. 13-21, Jan./Feb. 1984.
WALLACE, P. et al. Design and performance of a multi-centre randomized controlled trial
and economic evaluation of joint tele-consultations. BMC Fam Pract, v.3, n.1, p. 1-8, Jan.
2002.
WEN, C. L.; HADDAD, A. E. Telemática e telemedicina em apoio à atenção primária no
Brasil: ação nacional é parceria entre ministérios da saúde e da ciência e tecnologia.
Disponível em: <http://www.telessaude.org.br/telessaude/artigo.aspx> Acesso em: 01 ago.
2008.
WESENDAHL, T. Hearing aid fitting: application of telemedicine in audiology. Int Tinnitus
J, v. 9, n. 1, p. 56-58, 2003.
WIENER, F. M.; ROSS, D. A. The pressure distribution in the auditory canal in a progressive
sound field. J Acoust Soc Am, v. 18, p. 401-498, 1946.
WORLD HEALTH ORGANIZATION. A Health telematics policy. Geneva: WHO, 1998.
WORLD HEALTH ORGANIZATION. Disponível em: <http://www.who.int/goe/en/>.
Acesso em: 30 jul. 2008.
ZENKER, F. Medidas en oído real mediante sonda microfónica. Definición y aplicaciones.
Rev Electr Audiol, , v. 1, n. 1, p. 10-15, Sept. 2001. Disponível em:
<http://www.auditio.com/revista/pdf/vol1/1/040101.pdf>. Acesso em: 11 nov. 2006.
Glossário
GlossárioGlossário
Glossário
Glossário
G a b r i e l a R o s i t o A l v a r e z B e r n a r d e z - B r a g a
172
GLOSSÁRIO
Principais termos utilizados no texto:
Target: Calculado a partir de fórmulas matemáticas específicas o target refere-se a um valor
ou conjunto de valores de ganho (dB) ou saída (dB NPS) que expressa as características de
amplificação necessárias para um dado indivíduo, em uma dada região de freqüência. As
fórmulas para o cálculo do target (fórmulas prescritivas) podem ter como base os limiares
audiométricos ou dados supra-liminares.
Azimute: direção medida em graus, de a 360º, no sentido horário, em que se encontra o
avaliado em relação à caixa de som.
In situ: expressão latina que significa no seu local normal, na posição habitual.
Ressonância: prolongação de um som causada por sua reflexão quando as freqüências entre
as vibrações de um corpo e outro se coincidem.
REUR: Resposta de ressonância da orelha externa
REAR: Resposta de ressonância da orelha externa com uso da amplificação
REIG: Ganho de inserção
Apêndices
ApêndicesApêndices
Apêndices
G a b r i e l a R o s i t o A l v a r e z B e r n a r d e z - B r a g a
Apêndices
G a b r i e l a R o s i t o A l v a r e z B e r n a r d e z - B r a g a
176
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo