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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
INSTITUTO DE PESQUISAS HIDRÁULICAS
ESTUDO EXPERIMENTAL DE PAVIMENTOS PERMEÁVEIS PARA O
CONTROLE DO ESCOAMENTO SUPERFICIAL NA FONTE
LAURA ALBUQUERQUE ACIOLI
Dissertação submetida ao Programa de Pós-Graduação em Recursos Hídricos e Saneamento
Ambiental da Universidade Federal do Rio Grande do Sul como requisito parcial para a
obtenção do título de Mestre em Engenharia.
Orientador: André Luiz Lopes da Silveira
Co-orientador: Joel Avruch Goldenfum
Banca Examinadora
Prof. Dr. Vladimir Caramori Borges de Souza – DAE/UFAL
Prof. Dr. Carlos Eduardo Morelli Tucci – IPH/UFRGS
Prof. Dr. Walter Collischonn – IPH/UFRGS
Porto Alegre, Março de 2005
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ii
I. APRESENTAÇÃO
Este trabalho foi desenvolvido no Programa de Pós-Graduação em Recursos
Hídricos e Saneamento Ambiental do Instituto de Pesquisas Hidráulicas da Universidade
Federal do Rio Grande do Sul, sob a orientação do professor André Luiz Lopes da Silveira, e
co-orientação do professor Joel Avruch Goldenfum.
Utilizo esse espaço para agradecer a todos aqueles que contribuíram de alguma
forma para a realização deste trabalho.
Inicialmente, deixo meus agradecimentos ao IPH/UFRGS, por ter me acolhido
durante esse tempo dedicado ao Curso de Mestrado; à CAPES, pela bolsa de estudos a mim
creditada para a realização do trabalho; à FINEP, pelo financiamento do projeto IPH/URB, no
qual está inserido o presente estudo; à Prefeitura Municipal de Porto Alegre, que através da
equipe da SMOV colaborou imensamente para a construção do Pavimento Permeável; ao
LAPAV/UFRGS, que contribuiu nos aspectos mecânicos do pavimento; à CONCEPA e à
ABINT, pelo fornecimento de materiais para o pavimento.
Agradeço aos meus orientadores: professor Joel, por me apresentar ao trabalho e
conduzi-lo tão eloqüentemente em sua fase inicial; e ao professor André, que me orientou na
fase de análise de dados e confecção da dissertação. Aos dois agradeço pelo apoio, paciência e
estímulos transmitidos. Agradeço também aos membros da banca examinadora, que deixou
valiosas contribuições para o trabalho.
Às pessoas que, durante esse extenso trabalho, me ajudaram nas fases de ensaios de
solos, execução do pavimento, análise dos dados e confecção da dissertação: às meninas da
biblioteca, ao pessoal da vice-direção, Augustin, Dalton, Prof. David, Douglas, Gregori,
Humberto, Joana, D. Lygia, Prof. Louzada, Luciane, Prof. Marcos Leão, Nadir, Prof. Nilza,
Paulo Edson, Prof. Paulo Kroeff, Seu Renato, Seu Rodrigues, Sidnei e Prof. Tucci.
Agradeço especialmente à minha família, pelo apoio emocional e financeiro, pelo
incentivo, e acima de tudo, pelo amor que sempre me deram. Agradeço principalmente aos
meus pais, Marcone e Tereza, e também aos meus irmãos Beatriz e Marconinho, que dividem
comigo o desafio de viver a 3500 km longe de casa.
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iii
Aos amigos que conquistei e com quem convivi durante essa caminhada, agradeço
de todo coração: Adriano, Andréa, Ane, Chris, Dani, Daniel, Diego, Diogo, Eduardo, Elba,
Emilia, Fernanda, Fernando, Herenice, Jean, Joana, Karina, Luis Gustavo, D. Lurdes, Marcio,
Marilu, Mariza, Marta, Nilson, Omar, Roger, Ruberto, Ruti, Rys, Sidnei, Tereza, Vanessa,
Vlad, Walter.
Agradeço aos amigos do PET, da Engenharia, e da UFAL, principalmente ao
Roberaldo e à Cleuda, que me deram incentivo, e me fizeram acreditar que era possível
vencer esse desafio. À amigas Luciana e Luciene, que têm um lugar especial em meu coração.
Agradeço ao Dante, que tem sido muito importante para mim, me dando apoio,
incentivo e compreensão nos momentos difíceis, e com quem adoro compartilhar também os
bons momentos da minha vida.
Por fim, agradeço ao responsável por todas as minhas conquistas, por minha saúde,
paz, felicidade e que é fonte de sabedoria eterna: muito obrigada, Meu Deus!!!
iv
II. RESUMO
Técnicas atuais de Gerenciamento da Drenagem Urbana preconizam que a drenagem
da água da precipitação seja realizada com o uso de dispositivos de controle que agem na
fonte do escoamento superficial. Tais dispositivos têm o objetivo de recuperar a capacidade
natural de armazenamento do solo, reduzida devido aos impactos da urbanização. Com o
desvio do escoamento das áreas impermeáveis para esses dispositivos, o solo recupera as
condições de escoamento anteriores à urbanização.
A presente dissertação descreve um experimento inédito no Brasil, onde foi aplicada
a técnica do Pavimento Permeável. Foi montado um aparato experimental que possibilita o
monitoramento do desempenho do dispositivo, com o objetivo principal de analisar a
viabilidade técnica da utilização de um pavimento permeável de baixo custo e tecnologia
simples, no controle da geração de escoamento superficial na fonte. Com o trabalho, permitiu-
se uma maior difusão do conhecimento e propagação da técnica, ainda pouco dominada pelos
engenheiros e contratantes.
A obra consta de um lote de estacionamento de aproximadamente 264m
2
, que foi
dividido em duas partes iguais, onde foram utilizados os seguintes revestimentos: asfalto
poroso, de granulometria aberta; blocos vazados intertravados de concreto. O experimento foi
projetado para permitir o monitoramento quali-quantitativo dos escoamentos nos dois tipos de
pavimento, com relação à redução no escoamento superficial, quando sujeitos às condições de
tráfego encontradas na prática, no lote de estacionamento situado próximo ao bloco de ensino
do IPH/UFRGS. São discutidos aspectos relacionados às condições de funcionamento,
adequação dos materiais empregados, eficiência do dispositivo e custos envolvidos. A
avaliação da eficiência hidráulica-hidrológica do dispositivo foi feita através do
monitoramento e análise de dados de precipitação, armazenamento no reservatório,
escoamento superficial e umidade no solo subjacente.
O pavimento permeável se mostrou uma técnica eficiente de controle na fonte do
escoamento superficial. Foram obtidas taxas médias de 5% de escoamento superficial para a
superfície com revestimento asfáltico, e de 2,3% para o revestimento em blocos vazados
intertravados. Os dados de armazenamento mostraram que em nenhum evento o volume
armazenado superou 25% da capacidade máxima do reservatório. Ainda com base nesses
dados, verificou-se que a metodologia de dimensionamento utilizada super-dimensionou a
estrutura reservatório. A importância do dimensionamento preciso da estrutura é evidenciada
pela estimativa dos custos, onde se verifica que o reservatório de britas contribui para uma
significativa parcela dos custos totais.
v
III. ABSTRACT
Actual techniques of urban drainage management give priority to the adoption of
source control procedures, by the use of control devices, that try to recover the natural
capacity and storage of the soil, where they have been reduced by urbanization, with runoff
from impermeable areas being diverted to retention devices or infiltration areas.
The present dissertation describes an experiment, new to Brasil, where it was
applied the Permeable Pavement technique. An experimental apparatus that allows the
monitoring of device’s performance was installed, with the main goal of analyzing the
technical feasibility of a permeable pavement, with low costs and simple technology, to
improve runoff control at source. With this work, it was allowed a bigger diffusion of the
available knowledge and of the technique, mostly unknown by engineers and local
contractors.
The device consists of a parking lot of approximately 264m
2
, which was divided in
two equal parts, where the following coverings were used: asphalt with open granular
structure and concrete garden blocks. The experiment was designed to allow qualitative and
quantitative monitoring of water flow in both types of pavement, when subjected to the usual
traffic conditions in the parking lot near the IPH/UFRGS building.
Aspects related to functioning conditions are discussed, such as the adequacy of
employed materials, efficiency of the device and related costs. The assessment of the
hydraulic-hydrological device’s efficiency was done through the monitoring and analysis of
precipitation, reservoir storage, superficial runoff and soil humidity data.
The permeable pavement revealed to be an efficient runoff source control technique.
Mean runoff coefficients of 5% for the porous asphalt surface, and of 2,3% for the garden
blocks surface were obtained. Storage data show that the accumulated volume in the reservoir
never exceeded 25% of the storage capacity of the reservoir. Still based on these data, it was
detected that dimensioning method used in the project caused overestimation of the reservoir
structure. The importance of the accurate dimensioning of the structure is evidenced by the
estimation of costs, where the stones reservoir contributes with a significant part of total costs.
vi
IV. ÍNDICE
I. APRESENTAÇÃO............................................................................................................... II
II. RESUMO..............................................................................................................................IV
III. ABSTRACT ...........................................................................................................................V
IV. ÍNDICE.................................................................................................................................VI
V. LISTA DE FIGURAS.......................................................................................................VIII
VI. LISTA DE TABELAS....................................................................................................... XII
VII. LISTA DE SÍMBOLOS ................................................................................................... XIV
VIII. LISTA DE SIGLAS.................................................................................................. XVI
1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 1
1.1. J
USTIFICATIVA.................................................................................................................. 1
1.2. O
BJETIVOS........................................................................................................................ 2
2. PAVIMENTOS PERMEÁVEIS .......................................................................................... 3
2.1. PAVIMENTOS PERMEÁVEIS E O CONTROLE NA FONTE DO ESCOAMENTO SUPERFICIAL ....... 3
2.2. BREVE HISTÓRICO DA IMPLANTAÇÃO EM OUTROS PAÍSES ................................................. 8
2.3. TIPOS DE PAVIMENTOS PERMEÁVEIS .............................................................................. 10
2.4. VANTAGENS E DESVANTAGENS ...................................................................................... 12
2.5. CRITÉRIOS DE PROJETO E DIMENSIONAMENTO ............................................................... 14
2.5.1. Análise de viabilidade ........................................................................................... 14
2.5.2. Estudos básicos ..................................................................................................... 14
2.5.3. Escolha dos materiais............................................................................................ 18
2.5.4. Dimensionamento mecânico.................................................................................. 24
2.5.5. Dimensionamento hidráulico-hidrológico ............................................................ 24
2.6. PAPEL HIDROLÓGICO DOS PAVIMENTOS PERMEÁVEIS .................................................... 29
2.7. PAVIMENTOS PERMEÁVEIS E A QUALIDADE DA ÁGUA DE INFILTRAÇÃO.......................... 31
2.8. OPERAÇÃO, MANUTENÇÃO E DURABILIDADE ................................................................ 33
2.9. PRINCÍPIOS PARA ANÁLISE DE CUSTOS ............................................................................ 35
3. MATERIAIS E MÉTODOS............................................................................................... 38
3.1. ESTRATÉGIA METODOLÓGICA......................................................................................... 38
3.2. CARACTERIZAÇÃO DO LOCAL DE IMPLANTAÇÃO ........................................................... 39
3.2.1. Localização............................................................................................................ 39
3.2.2. Levantamento prévio à construção do experimento.............................................. 43
3.2.3. Ensaios de caracterização no solo subjacente...................................................... 50
3.3. VARIÁVEIS DE CONTROLE .............................................................................................. 57
3.4. ESTRUTURA FÍSICA E DE MONITORAMENTO .................................................................... 58
3.4.1. Camada superficial ............................................................................................... 58
vii
3.4.2. Camada reservatório............................................................................................. 59
3.4.3. Interface entre as camadas.................................................................................... 60
3.4.4. Estruturas de Monitoramento................................................................................ 60
3.5. PROJETO E DIMENSIONAMENTO...................................................................................... 69
3.5.1. Determinação do volume do reservatório............................................................. 69
3.5.2. Dimensionamento das calhas de coleta do escoamento superficial...................... 72
3.5.3. Dimensionamento dos drenos extravasores .......................................................... 73
3.6. A IMPLANTAÇÃO DO DISPOSITIVO EXPERIMENTAL ........................................................ 74
3.6.1. O pavimento propriamente dito............................................................................. 74
3.6.2. Aparato experimental ............................................................................................ 80
3.7. METODOLOGIA DE ANÁLISE DO DESEMPENHO HIDRÁULICO............................................ 84
3.7.1. Variável de entrada ............................................................................................... 84
3.7.2. Armazenamento ..................................................................................................... 85
3.7.3. Variáveis de saída ................................................................................................. 86
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................................ 89
4.1. ANÁLISE DO PROCESSO DE IMPLANTAÇÃO DO PAVIMENTO, ADEQUAÇÃO DOS
MATERIAIS EMPREGADOS E AVALIAÇÃO DA ESTRUTURA FÍSICA
.................................................. 89
4.1.1. Processo de implantação dos pavimentos............................................................. 90
4.1.2. Adequação dos materiais e avaliação física ......................................................... 92
4.2. AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO HIDRÁULICO-HIDROLÓGICO DO DISPOSITIVO................... 96
4.2.1. Formatação dos dados e seleção dos eventos....................................................... 97
4.2.2. Análise de variáveis hidrológicas e hidráulicas.................................................... 98
4.3. AVALIAÇÃO DO MÉTODO DE DIMENSIONAMENTO......................................................... 115
4.4. MANUTENÇÃO.............................................................................................................. 119
4.5. A
NÁLISE DE CUSTOS ..................................................................................................... 120
5. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ....................................................................... 125
5.1. C
ONCLUSÕES................................................................................................................ 125
5.2. R
ECOMENDAÇÕES ........................................................................................................ 127
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................ 129
7. ANEXO – ANÁLISE DETALHADA DE ALGUNS EVENTOS.................................. 136
viii
V. LISTA DE FIGURAS
Figura 2.1. Módulos de 1m
2
utilizados na simulação do escoamento superficial. (Araújo et al.,
2000)...................................................................................................................................5
Figura 2.2. Escoamento superficial observado nas diversas superfícies ensaiadas, para chuva
com tempo de retorno de 5 anos. (Araújo et al. 2000) .......................................................6
Figura 2.3. Simulação da bacia do arroio Moinho, para uma chuva de tempo de retorno de 5
anos. (Souza et al., 2001) ...................................................................................................7
Figura 2.4. Exemplo dos diferentes tipos de pavimento com reservatório estrutural (Extraído
de Azzout et al., 1994). ....................................................................................................11
Figura 2.5. Esquema dos tipos de pavimentos permeáveis (Adaptado de Schueler, 1987). ....12
Figura 2.6. Fluxograma para análise de viabilidade. (Adaptado de Azzout et al., 1994) ........15
Figura 2.7. Divisão do reservatório em células para terrenos com declividade significativa.
(Adaptado de UDFCD, 2002)...........................................................................................16
Figura 2.8. (1) Pavimento poroso em asfalto; (2) Pavimento poroso em concreto; (3)
Pavimento permeável com blocos pré-moldados de concreto .........................................20
Figura 2.9. Exemplos de aplicação dos anéis de plástico.........................................................22
Figura 2.10. Exemplo de estrutura alveolar..............................................................................23
Figura 2.11. Determinação do volume de armazenamento através da máxima diferença entre a
curva de entrada e a de saída da estrutura de controle. ....................................................26
Figura 2.12. Efeito dos dispositivos de controle na fonte sobre o hidrograma da bacia.
(Adaptado de Tucci e Genz, 1995)...................................................................................30
Figura 3.1. Foto do pavimento permeável visto do alto...........................................................40
Figura 3.2. Seção transversal do pavimento permeável. ..........................................................40
Figura 3.3. Planta baixa do pavimento com suas principais dimensões e com a localização dos
pontos de coleta de amostras para realização dos ensaios de caracterização do solo. .....41
Figura 3.4. Calhas utilizadas para isolar o pavimento da contribuição do escoamento
superficial. ........................................................................................................................42
Figura 3.5. Foto dos drenos obstruídos com passagem de água e sedimentos para o pavimento.
..........................................................................................................................................43
Figura 3.6. Sondagem de pontos para a caracterização do solo no estacionamento. ...............44
Figura 3.7. Curva de Distribuição Granulométrica do solo presente na base do pavimento....45
Figura 3.8. Soquete de compactação e cilindro de compactação utilizados no ensaio Proctor
Normal..............................................................................................................................46
ix
Figura 3.9. Aparelho usado para realização do ensaio ISC......................................................47
Figura 3.10. Esquema de montagem do infiltrômetro de anéis concêntricos e foto do ensaio
realizado no pavimento.....................................................................................................48
Figura 3.11. Caracterização topográfica da área do experimento (cotas em metros)...............50
Figura 3.12. Esquema do ensaio de condutividade hidráulica pelo método do poço invertido
(Fonte: Cauduro e Dorfman, 1990). .................................................................................53
Figura 3.13. Esquema de montagem do ensaio do piezômetro auto-obturador (Oliveira e
Schnaid, 2000)..................................................................................................................55
Figura 3.14. Esquema de realização do ensaio da curva de retenção com o método das panelas
de pressão. (Cauduro e Dorfman, 1990)...........................................................................56
Figura 3.15. Curva de retenção de água pelo solo....................................................................57
Figura 3.16. (a) Revestimento do pavimento com blocos intertravados de concreto,
preenchidos com tufos de grama; (b) Revestimento do pavimento com asfalto pré-
misturado a frio de granulometria aberta..........................................................................59
Figura 3.17. Amostra da brita utilizada na camada reservatório..............................................60
Figura 3.18. Distribuição dos dispositivos de monitoramento do pavimento permeável.........61
Figura 3.19. Poços de observação e protetor dos eletrodutos em concreto..............................62
Figura 3.20. Esquema ilustrativo (fora de escala) dos reservatórios coletores dos escoamentos
com suas dimensões. ........................................................................................................64
Figura 3.21. Esquema ilustrativo do vertedor para medição da vazão extravasada. ................65
Figura 3.22. Gráfico comparativo entre as equações teórica e real do vertedor utilizado........65
Figura 3.23. Sensor de pressão para medição de coluna d’água. .............................................66
Figura 3.24. Guias de ondas confeccionados pela equipe do projeto.......................................67
Figura 3.25. Estação meteorológica próxima ao pavimento. ...................................................68
Figura 3.26. Foto do pluviógrafo PVG1...................................................................................69
Figura 3.27. Representação do corte longitudinal do pavimento. ............................................71
Figura 3.28. Revestimento anterior do pavimento com blocos de granito...............................74
Figura 3.29. Escavação da camada reservatório com retro-escavadeira. .................................75
Figura 3.30. Septo enterrado para separação dos reservatórios................................................75
Figura 3.31. Assentamento do filtro geotêxil. ..........................................................................76
Figura 3.32. Assentamento da camada de brita........................................................................76
Figura 3.33. Nivelamento dos blocos intertravados, e colocação de tufos de grama nas
aberturas dos blocos. ........................................................................................................77
Figura 3.34. Assentamento do revestimento asfáltico..............................................................78
x
Figura 3.35. Instalação das guias de ondas para TDR e, no detalhe, o protetor do conector já
instalado............................................................................................................................80
Figura 3.36. Assentamento dos drenos de fundo (a) e dos drenos extravasores (b).................81
Figura 3.37. Assentamento de coletor de água para análise qualitativa, e a cobertura com lã-
de-vidro no detalhe...........................................................................................................82
Figura 3.38. Instalação dos sensores de nível do pavimento....................................................83
Figura 3.39. Corte longitudinal fora de escala do pavimento com indicação das grandezas que
determinam o armazenamento no reservatório.................................................................86
Figura 3.40. Esquema do pavimento ao término da precipitação.............................................88
Figura 4.1. Acúmulo de folha nas calhas coletoras do escoamento superficial. ......................91
Figura 4.2. Acúmulo de sedimentos nos blocos devido a obra próxima..................................92
Figura 4.3. Depressões no revestimento asfáltico. ...................................................................93
Figura 4.4. Assentamento correto (a) e incorreto (b) dos blocos vazados................................94
Figura 4.5. Acúmulo de sujeira no pavimento..........................................................................95
Figura 4.6. Comportamento do pavimento durante evento de precipitação.............................95
Figura 4.7. Distribuição das precipitações analisadas com relação à IDF de Bemfica et al.
(2000). ..............................................................................................................................99
Figura 4.8. Preenchimento das partes vazadas dos blocos com água da chuva. ....................102
Figura 4.9. Transporte de areia dos blocos vazados para o asfalto pelo rolo compressor......102
Figura 4.10. Gráfico de correlação entre os coeficientes de escoamento superficial e a
precipitação total do evento............................................................................................103
Figura 4.11. Gráfico de relação entre os coeficientes de escoamento superficial e a data do
evento. ............................................................................................................................103
Figura 4.12. Gráfico do armazenamento para os eventos do mês de julho/2004...................105
Figura 4.13. Gráfico do armazenamento para os eventos dos meses de setembro e
novembro/2004...............................................................................................................105
Figura 4.14. Esquema do corte longitudinal do pavimento durante a precipitação................107
Figura 4.15. Identificação das tendências de infiltração linear. .............................................108
Figura 4.16. Identificação das tendências de infiltração linear. .............................................109
Figura 4.17. Relação entre a taxa de infiltração e a intensidade de infiltração no solo..........111
Figura 4.18. Gráfico de relação entre taxa de infiltração e intensidade de precipitação........111
Figura 4.19. Esquema do pavimento ao término da precipitação...........................................112
Figura 4.20. Gráfico exemplo de esvaziamento no reservatório............................................113
Figura 4.21. Exemplos de gráficos de armazenamento previsto e observado........................117
xi
Figura 4.22. Evolução do coeficiente de escoamento superficial ao longo do tempo de
monitoramento................................................................................................................119
Figura 4.23. Gráfico do custo unitário dos dois tipos de pavimento em função da espessura do
reservatório, com indicação da altura utilizada no pavimento em estudo......................123
Figura 7.1. Curvas de armazenamento e precipitação do evento de 14 de maio de 2004......137
Figura 7.2. Curvas de armazenamento e precipitação do evento de 10 de junho de 2004.....139
Figura 7.3. Curvas de armazenamento e precipitação do evento de 3 de julho de 2004........140
Figura 7.4. Curvas de armazenamento e precipitação do evento de 14 de julho de 2004......142
Figura 7.5. Curvas de armazenamento e precipitação do evento de 30 de julho de 2004......144
Figura 7.6. Curvas de armazenamento e precipitação do evento de 6 de agosto de 2004......145
xii
VI. LISTA DE TABELAS
Tabela 2.1. Comparativo entre os tipos de material para a camada superficial .......................21
Tabela 2.2. Coeficiente de segurança de redução da taxa de infiltração..................................27
Tabela 2.3. Valores médios de infiltração em eventos chuvosos (Raimbault et al. 2002).......31
Tabela 2.4. Redução da concentração de poluentes em pavimentos permeáveis monitorados na
França. ..............................................................................................................................32
Tabela 3.1. Resultado do ensaio de análise granulométrica.....................................................45
Tabela 3.2. Propriedades do solo obtidas em ensaio................................................................47
Tabela 3.3. Resultados do ensaio de infiltração com duplo anel..............................................49
Tabela 3.4. Resultados dos ensaios de infiltração com duplo anel – pontos INF1 e INF2. .....51
Tabela 3.5. Resultados dos ensaios de infiltração com duplo anel – pontos INF3 e INF4. .....51
Tabela 3.6. Resultados dos ensaios de infiltração com duplo anel – pontos INF5 e INF6. .....52
Tabela 3.7. Resumo dos ensaios de infiltração com duplo anel..............................................52
Tabela 3.8. Resultado do ensaio de condutividade hidráulica com poço invertido..................54
Tabela 3.9. Classificação dos solos segundo a condutividade hidráulica. ...............................54
Tabela 3.10. Resultados do ensaio de condutividade hidráulica com piezômetro auto-
obturador...........................................................................................................................55
Tabela 3.11. Composição granulométrica da brita utilizada na camada reservatório do
pavimento permeável........................................................................................................59
Tabela 3.12. Parâmetros utilizados na definição do volume de armazenamento do
reservatório.......................................................................................................................70
Tabela 3.13. Cronograma de execução da obra de instalação do pavimento permeável
juntamente com os dispositivos de monitoramento..........................................................79
Tabela 4.1. Tabela resumo dos eventos monitorados...............................................................98
Tabela 4.2. Resumo dos eventos de precipitação analisados. ................................................100
Tabela 4.3. Valores de coeficientes de escoamento dos pavimentos permeáveis..................101
Tabela 4.4. Resumo dos dados de armazenamento para os eventos analisados.....................106
Tabela 4.5. Dados de taxa de infiltração e intensidade de precipitação média no período....110
Tabela 4.6. Taxas de infiltração no solo subjacente ao reservatório (mm/h), nos períodos de
precipitação nula (durante o esvaziamento do reservatório). .........................................114
Tabela 4.7. Valores de umidade do solo no dia anterior e subseqüente a alguns eventos......115
Tabela 4.8. Comparação entre o volume do reservatório dimensionado e observado. ..........116
Tabela 4.9. Comparação entre o volume do reservatório dimensionado e observado. ..........117
xiii
Tabela 4.10. Resumo dos custos de implantação do pavimento permeável com revestimento
em blocos vazados..........................................................................................................121
Tabela 4.11. Resumo dos custos de implantação do pavimento permeável com revestimento
em asfalto poroso............................................................................................................121
Tabela 4.12. Custo unitário dos pavimentos e o acréscimo devido ao aumento na espessura do
reservatório de britas. .....................................................................................................122
Tabela 4.13. Resumo dos custos de implantação de um pavimento com blocos de concreto
comuns............................................................................................................................123
Tabela 4.14. Resumo dos custos de implantação de um pavimento com asfalto comum......124
Tabela 7.1. Resumo do evento de 14/05/2004. ......................................................................137
Tabela 7.2. Resumo do evento de 10/06/2004. ......................................................................138
Tabela 7.3. Resumo do evento de 03/07/2004. ......................................................................140
Tabela 7.4. Resumo do evento de 14/07/2004. ......................................................................141
Tabela 7.5. Valores das tavas de infiltração durante esvaziamentos para o evento de 14 de
junho de 2004. ................................................................................................................142
Tabela 7.6. Resumo do evento de 30/07/2004. ......................................................................143
Tabela 7.7. Resumo do evento de 06/08/2004. ......................................................................144
xiv
VII. LISTA DE SÍMBOLOS
β
Produto do coeficiente de escoamento pela razão entre a área contribuinte e a
área do dispositivo de infiltração
h
Variação de altura
S
Variação do armazenamento
t, t ou dt
Intervalo de tempo
γ
Razão entre a área de percolação e a área do dispositivo de infiltração, em
planta
η
Porosidade do material de enchimento do reservatório
Símbolo de derivada parcial
a, b, c Parâmetros da equação IDF
A Área de contribuição
B Comprimento do reservatório perpendicularmente à declividade
C, c Coeficiente de escoamento superficial
cs Coeficiente de segurança de minoração da taxa de infiltração
e Índice de vazios do material
ES Escoamento superficial
EV Evaporação
f
s
Taxa de infiltração no solo
H Variável altura
H Profundidade média do volume de acumulação do dispositivo de infiltração,
para declividade nula no reservatório
H’ Altura média do reservatório
H
E
Lâmina d’água de entrada acumulada, medida sobre a área em planta do
dispositivo de infiltração
H
S
Lâmina d’água de saída acumulada, medida sobre a área em planta do
dispositivo de infiltração
I Intensidade de precipitação
I
o
Declividade do terreno
K Carga no vertedor
K Condutividade hidráulica de infiltração
L Comprimento do reservatório na direção da declividade
xv
P Altura de precipitação
P
calha
Volume precipitado sobre a calha lateral
P
coletado
Volume d’água coletado pela calha lateral
P
pavimento
Volume precipitado sobre pavimento
q
s
Vazão de saída constante do dispositivo de infiltração
Q Vazão de saída no exutório, ou no vertedor
Q
e
Vazão de entrada no volume de controle
Q
s
Vazão de saída do volume de controle
Q
sup
Volume escoado superficialmente pelas calhas
r Raio do poço no ensaio do poço invertido
R
2
Coeficiente de correlação entre duas variáveis
S Variável de armazenamento
T ou TR Período de retorno da precipitação
t Duração da precipitação, ou variável tempo
t
esv
Tempo de esvaziamento do reservatório
V
max
Volume máximo de armazenamento no dispositivo de infiltração
xvi
VIII. LISTA DE SIGLAS
AASHTO American Association of State Highway and Transportation Officials
ABINT Associação Brasileira das Indústrias de Nãotecidos e Tecidos Técnicos
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas
ABRH Associação Brasileira de Recursos Hídricos
ASCE American Association of Civil Engineering
BIC Seminário Brasileiro de Investigações de Campo
CBR California Bearing Ratio
CIRIA Construction Industry Research and Information Association
CONCEPA Concessionária da Rodovia Osório – Porto Alegre S/A
DEP Departamento de Esgotos Pluviais – Prefeitura Mun. de Porto Alegre
DBO Demanda Bioquímica de Oxigênio
DQO Demanda Química de Oxigênio
EDUSP Editora da Universidade de São Paulo
ENCOSAN Engenharia Construções e Saneamento LTDA
EPA Environmental Protection Agency
EUA Estados Unidos da América
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
ICL Indústria de Concretos LTDA
IDF Intensidade-Duração-Freqüência
IP Índice de Plasticidade
IPH Instituto de Pesquisas Hidráulicas
IPH-URB Centro de Águas Urbanas – IPH
ISC Índice de Suporte Califórnia
LAPAV Laboratório de Pavimentação
LGD Laboratório Gutierrez Damasco
LL Limite de Liquidez
LP Limite de Plasticidade
MS Matéria em Suspensão
NOVATECH International Conference of Sustainable Techniques and Strategies in
Urban Water Management
PMF Asfalto Pré-misturado a frio
PMPA Prefeitura Municipal de Porto Alegre
xvii
PRONEX/FINEP Programa de Apoio a Núcleos de Excelência
PVC Polivinil Carbono
PVG Pluviógrafo
RBRH Revista Brasileira de Recursos Hídricos
RS Estado do Rio Grande do Sul
SMOV Secretaria Municipal de Obras e Viação
SUDERHSA Superintendência de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e
Saneamento ambiental
TDR Time Domain Reflectometer
UDFCD Urban Drainage and Flood Control District
UFRGS Universidade Federal do Rio Grande do Sul
UWRC Urban Water Resources Centre
WA Estado de Washington, EUA
WEF Water Environment Federation
1
1. INTRODUÇÃO
1.1. Justificativa
A ampla impermeabilização do solo urbano devido ao crescimento acelerado das
cidades tem contribuído para a geração de eventos de inundação urbana que se repetem e se
agravam a cada ano, creditando-se a isso a responsabilidade por 50% do total de vítimas de
catástrofes naturais no mundo, entre 1966 e 1990 (Chocat, 1997).
No que se refere à drenagem urbana, o impacto da urbanização é transferido para
jusante, ou seja, quem produz o impacto geralmente não é o mesmo que sofre suas
conseqüências. Por isso, para uma solução mais adequada do problema, é necessária, em
princípio, a interferência da ação pública através da regulamentação e do planejamento, sendo
um instrumento importante o denominado Plano Diretor de Drenagem Urbana (Tucci, 2002).
Segundo o Plano Diretor de Drenagem Urbana de Porto Alegre (Porto Alegre,
2000), alguns princípios devem ser considerados para o bom desenvolvimento de um
programa consistente de drenagem urbana. Dentre eles, há o que prescreve que cada usuário
urbano não deve ampliar a cheia natural, ou seja, o escoamento durante os eventos chuvosos
não pode ser ampliado pela ocupação da bacia, seja em um simples loteamento, seja nas obras
de macrodrenagem existentes no ambiente urbano. Uma forma de atender esses princípios é a
execução de medidas de controle do escoamento na fonte, e estas serão de responsabilidade
daqueles que produzem o aumento do escoamento e a contaminação das águas pluviais.
Dentre os dispositivos que procuram devolver ao solo as condições originais de
retenção do escoamento está o pavimento permeável.
O pavimento permeável é um dispositivo de infiltração onde o escoamento
superficial é desviado através de uma superfície permeável para dentro de um reservatório de
pedras, por onde infiltra através do solo, podendo sofrer evaporação ou atingir o lençol
freático (Urbonas e Stahre, 1993).
Pesquisas têm sido feitas em vários países, com o intuito de dominar a técnica do
pavimento permeável, de avaliar seu comportamento, sua eficiência e durabilidade, sendo que
no Brasil, esse dispositivo ainda é pouco conhecido e pouco aplicado.
Neste contexto, o presente trabalho visa contribuir com a inédita implementação e
monitoramento de um pavimento permeável no Brasil, e avaliar a viabilidade de seu uso em
condições de clima e solo específicas de Porto Alegre, como contribuição para um futuro
aperfeiçoamento de seu Manual de Drenagem (Porto Alegre, 2000).
2
1.2. Objetivos
Objetivo Geral
Analisar a viabilidade técnica da utilização de um pavimento permeável de baixo
custo e tecnologia simples, para controlar a geração de escoamento superficial na fonte, em
uma área de estacionamento sob condições de solo e clima de Porto Alegre.
Objetivos Específicos
Análise do processo de implantação do pavimento, com avaliação das técnicas
construtivas e materiais empregados, assim como sua influência no desempenho
do dispositivo;
Avaliação do desempenho hidráulico e do método de dimensionamento, com
relação à eficiência do dispositivo, evidenciada pelo monitoramento do
escoamento superficial e do armazenamento temporário da chuva na estrutura do
pavimento permeável;
Análise da estrutura física do pavimento permeável, durante o período de
experimentação, avaliando o surgimento de sinais de degradação e problemas de
colmatagem; verificação da necessidade de manutenção dos pavimentos e
avaliação dos custos de implantação;
Os objetivos acima serão aplicados no uso de dois revestimentos diferentes: (a)
asfalto poroso, do tipo pré-misturado a frio com granulometria aberta; e (b) blocos vazados
intertravados de concreto.
3
2. PAVIMENTOS PERMEÁVEIS
2.1. Pavimentos permeáveis e o controle na fonte do escoamento
superficial
O tradicional sistema de drenagem, baseado no rápido afastamento do excesso
pluvial, contribui para um aumento nos volumes escoados e vazões de pico e uma redução no
tempo do escoamento, fazendo com que os hidrogramas de cheia sejam mais críticos,
aumentando-se, assim, a freqüência e a gravidade das inundações.
Dentre os principais impactos decorrentes da urbanização, citam-se (CIRIA, 1996):
Aumento no volume do escoamento superficial;
Aumento da freqüência das inundações, assim como de sua intensidade;
Redução da umidade do solo, que leva a uma redução do lençol freático;
Diminuição do escoamento de base dos rios;
Redução do armazenamento potencial, e da capacidade de transporte dos vales
dos rios;
Aumento na carga de poluentes decorrente da rede pluvial ou do escoamento
superficial.
Um dos passos para a modernização do sistema de drenagem urbana é a adoção do
controle na fonte da geração do escoamento superficial. SUDERHSA (2002) divide as
técnicas alternativas de drenagem em dois grupos, que seguem dois princípios básicos:
A infiltração da água no solo, quando possível, para reduzir o escoamento
superficial à jusante (dispositivos de infiltração).
O armazenamento provisório da água pluvial, para controlar o escoamento
superficial, e limitar a poluição a jusante (dispositivos de retenção e detenção);
Segundo Azzout et al. (1994), dentre as vantagens desses tipos de técnicas de
drenagem, estão:
A manutenção das condições de pré-urbanização do local, com relação ao
escoamento superficial;
Custos menores que a solução tradicional, ou ainda, por um custo equivalente, as
técnicas oferecem uma proteção superior contra o risco de enchentes;
Possibilidade de integração estética ao ambiente, chegando a contribuir para a
valorização do local. Por exemplo, a utilização de pavimentos permeáveis em
4
estacionamentos de baixo tráfego, ou ainda podem ser desenvolvidas áreas verdes
em um loteamento que sirvam como bacias de detenção.
Apesar dessas vantagens, as técnicas alternativas de drenagem urbana são ainda
pouco utilizadas, principalmente nos países em desenvolvimento. Azzout et al. (1994)
apresentam os fatores que freiam sua utilização:
São técnicas relativamente novas, onde ainda não se conhece exatamente seu
comportamento ao longo do tempo, e não são inteiramente dominadas as técnicas
de projeto, execução e manutenção;
São dispositivos complexos, que podem modificar de maneira importante a
ordenação de um local;
O projeto, a execução, a manutenção e o funcionamento dependem do ambiente
no qual estão inseridos os dispositivos, do ponto de vista físico, social e
institucional.
Coombes et al. (2002) citam ainda que um grande empecilho para o
desenvolvimento da aplicação dos dispositivos de controle na fonte é a errônea idéia de que os
mesmos possuem implementação mais onerosa e têm benefícios econômicos limitados.
As alternativas de infiltração, detenção e retenção, procuram favorecer os processos
hidrológicos alterados durante a urbanização (infiltração, interceptação, amortecimento),
objetivando a reconstituição das condições de pré-ocupação. Essas estruturas buscam
compensar na fonte os efeitos da urbanização, ou seja, antes que a água atinja a rede de
drenagem.
As estruturas de infiltração podem trabalhar tanto na redução das vazões máximas,
funcionando como reservatórios de amortecimento, quanto na redução dos volumes escoados,
através da infiltração das águas drenadas, podendo desempenhar também um importante papel
na remoção e controle de poluentes do escoamento superficial. São, portanto, estruturas que
recuperam de forma mais efetiva as condições de pré-ocupação, com relação às estruturas de
detenção e retenção, que apenas efetuam função de amortecimento.
Os principais dispositivos de infiltração são (Tucci e Genz, 1995):
Planos de infiltração;
Valas de infiltração;
Bacias de percolação;
Entradas permeáveis na rede de drenagem;
Trincheiras ou valas permeáveis;
Meio-fio permeável;
Pavimentos permeáveis.
5
Visando um maior domínio e propagação das técnicas alternativas de drenagem
urbana, alguns trabalhos têm sido desenvolvidos no Brasil, dentre eles Souza et al. (2001) no
âmbito da macrodrenagem, e Genz (1994), Agra (2001), Souza (2002) e Araújo et al. (2000),
no campo da microdrenagem, sendo todos desenvolvidos no Instituto de Pesquisas
Hidráulicas (IPH) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Com seu trabalho desenvolvido no âmbito da microdrenagem, Genz (1994) utilizou
um modelo matemático hidrológico para simular um lote padrão de ocupação urbana na
cidade de Porto Alegre. Variando as taxas de áreas impermeáveis e considerando diversos
tipos de cobertura do solo, o autor verificou os diversos valores de vazão de saída dos lotes,
buscando então a introdução de estruturas de amortecimento para retorná-los às condições de
pré-ocupação. Com o avanço da impermeabilização do lote, o autor calculou um crescimento
de 4,6 a 12% da vazão de pico, e até 20,4% de aumento no volume escoado.
Nos últimos anos, tem sido dada ênfase a trabalhos experimentais, que visam
embasar o aperfeiçoamento das técnicas de controle na fonte do escoamento superficial.
Araújo et al. (2000) utilizaram um simulador de chuvas para comparar os valores de
escoamento superficial gerado por seis diferentes superfícies utilizadas na pavimentação.
Foram elas: (i) solo compactado; (ii) concreto convencional; (iii) pavimento de paralelepípedo
e juntas de areia; (iv) pavimento com blocos de concreto e juntas de areia; (v) blocos de
concreto vazados, preenchidos com areia; (vi) concreto poroso. Foi utilizado um simulador de
chuva em módulos de 1m
2
de cada uma das superfícies (ver Figura 2.1), e chegou-se aos
valores de coeficientes de escoamento superficial mostrados na Figura 2.2, onde a chuva
simulada possui período de retorno de cinco anos. Dentre as superfícies estudadas, o concreto
poroso e os blocos vazados apresentaram valores de coeficientes de escoamento superficial da
ordem de apenas 5%.
Figura 2.1. Módulos de 1m
2
utilizados na simulação do escoamento superficial. (Araújo et al., 2000)
6
Figura 2.2. Escoamento superficial observado nas diversas superfícies ensaiadas, para chuva com tempo de
retorno de 5 anos. (Araújo et al. 2000)
Agra (2001) construiu um módulo experimental nas dependências do IPH, composto
por um microrreservatório de detenção de 1m
3
de capacidade, para o controle do escoamento
superficial proveniente do telhado do Bloco A. Foi analisada a eficiência do dispositivo no
controle da vazão de pico, e no aumento do tempo de resposta da bacia (telhado). O autor
obteve uma redução média de 24% da vazão de pico, tendo ocorrido, entretanto, problemas de
extravasamento no microrreservatório nos eventos em que a duração da chuva foi superior à
da precipitação de projeto.
Souza (2002) instalou duas trincheiras de infiltração em áreas junto a vias do IPH.
Foram avaliados aspectos relativos a condições de funcionamento, eficiência do dispositivo,
custos e limitações de aplicação. O autor verificou a eficiência das trincheiras pelo completo
controle do escoamento superficial (sem escoamento remanescente), assim como pela
manutenção da capacidade de controle do escoamento ao longo do tempo de monitoramento.
No âmbito da macrodrenagem, Souza et al. (2001) simularam a bacia do arroio
Moinho, em Porto Alegre, com o intuito de verificar a mudança no hidrograma de saída após
a implementação de quatro tipos de dispositivos de controle na fonte da drenagem. Os quatro
cenários simulados foram: (i) sem o uso dos dispositivos; (ii) com o uso de micro-
reservatórios; (iii) com o uso de pavimentos permeáveis; e (iv) com o uso de trincheiras de
infiltração. Na Figura 2.3, podem-se observar os resultados obtidos, onde o pavimento
permeável se mostrou o mais eficiente na redução do volume de pico e também no aumento
do tempo de concentração da bacia, para uma chuva de cinco anos de tempo de retorno.
7
Figura 2.3. Simulação da bacia do arroio Moinho, para uma chuva de tempo de retorno de 5 anos. (Souza et al.,
2001)
Em outras instituições brasileiras, é crescente também o número de trabalhos acerca
das técnicas alternativas de drenagem urbana, especialmente nos últimos anos. Porém, os
trabalhos concentram-se no levantamento de impactos decorrentes da urbanização, ou na
modelagem de cenários de desenvolvimento, com o controle na fonte do escoamento
superficial.
Dentre esses trabalhos, pode-se citar Costa Junior e Barbassa (2003), que avaliaram
a aplicabilidade de pavimentos permeáveis e microrreservatórios de detenção a lotes de uma
bacia urbana em Jaboticabal/SP. A avaliação foi feita através de entrevistas com os
moradores, avaliação expedita do tipo de solo local, área disponível dos lotes e custos de
implantação. A aceitação pelos moradores restringiu a aplicação potencial a 82,8% dos lotes
ocupados. A área disponível restringiu a aplicação teórica do pavimento permeável a 80,7%
dos lotes.
Duarte et al. (2003) simularam o aumento da vazão de pico em função da crescente
impermeabilização de um lote padrão hipotético. Foram obtidos valores de 133% a 234% de
aumento na vazão de pico, em função da área impermeabilizada.
Fendrich (2003) defende a adoção de técnicas distribuídas de controle do
escoamento superficial, em substituição aos tradicionais “piscinões”, principalmente nas
grandes cidades. Os principais motivos são a carência de espaço físico para a construção
dessas obras, que ocupariam grandes áreas em locais de densa ocupação, e os altos custos de
investimento.
No Brasil, o pavimento permeável é uma das técnicas de controle na fonte do
escoamento propostas pela maioria dos Planos Diretores das cidades (Tucci, 2000). Porém,
Tempo (min)
Sem dispositivos
Microrreservatórios
Escoamento Superficial (m
3
/s)
Trincheira de Infiltração
Pavimento Permeável
8
sua implementação esbarra na falta de conhecimento dos profissionais e contratantes, a qual
tende a ser diminuída com o contínuo estudo.
2.2. Breve histórico da implantação em outros países
Tradicionalmente, as obras de pavimentação procuram conferir ao revestimento a
máxima impermeabilidade possível. Essa medida visa proporcionar ao solo proteção contra o
aumento de umidade, que diminuiria sua capacidade de carga, assim como evitar a rápida
degradação do revestimento, o qual fissura quando submetido a pressões devido à água.
Com o crescimento da malha viária em todo o mundo, juntamente com o
crescimento das cidades, a impermeabilização do solo fez aumentarem a freqüência e a
intensidade dos eventos de inundação intra-urbana. Isso levou a se procurar técnicas
alternativas de drenagem que devolvesse ao solo a capacidade de infiltração anterior à
urbanização.
O pavimento com estrutura porosa foi inicialmente aplicado na França, nos anos
1945-1950, porém sem muito êxito, pois a qualidade do betume na época (heterogêneo e de
pouca trabalhabilidade) não sustentava as ligações da estrutura, devido ao excesso de vazios.
Ele foi novamente utilizado somente vinte anos depois, no final dos anos 1970, quando alguns
países como a França, os Estados Unidos, o Japão e a Suécia, voltaram a se interessar pelo
pavimento poroso (Azzout et al., 1994).
Os principais motivos que levaram à utilização sistemática dos pavimentos
permeáveis foram:
O aumento das superfícies impermeáveis, devido ao rápido crescimento
populacional do pós-guerra, sobrecarregou os sistemas de drenagem existentes,
levando a freqüentes inundações urbanas.
A drenagem da água evita a formação de poças no pavimento, o que aumenta a
segurança e o conforto para dirigir durante eventos chuvosos.
O reduzido nível de emissão de ruídos em comparação com o pavimento
convencional, o que ajuda a diminuir a poluição sonora nas cidades.
Nos Estados Unidos, vários estados criaram leis mudando os objetivos e métodos de
drenagem urbana, impondo a máxima infiltração ou armazenamento temporário da água de
9
escoamento superficial. Em certos casos, a água armazenada era conduzida para diversos
usos, tais como a irrigação (Field, Masters et al. 1982, apud Azzout et al. 1994).
Data de 11 de outubro de 1973 a edição da revista “Engineering News Record
Magazine”, que trata do pavimento permeável. Um trecho da entrevista diz: “Ao invés de
pavimentos feitos de materiais cuidadosamente escolhidos para serem à prova d’água, o solo
poroso deve ter pavimento poroso. Deixe-se a chuva infiltrar ao invés de escoar (...)” (Diniz,
1980). Os pavimentos permeáveis são principalmente utilizados na execução de
estacionamentos, vias urbanas e ruas de loteamento, com tráfego leve e de baixa intensidade.
Na França, o “Ministère de l’Equipement” lançou em 1978 um programa de
pesquisa para explorar novas soluções para a diminuição das inundações. Dentre essas
pesquisas, o pavimento permeável, também chamado de pavimento com estrutura
reservatório, destacou-se como uma das soluções mais interessantes, graças à sua facilidade
de integração ao ambiente das cidades (Deutsch, Caniard et al. 1978, apud Azzout et al.
1994). Desde então, o pavimento permeável passou a ser objeto de pesquisas e
experimentações, de forma que foi alcançado um domínio da técnica e suas vantagens. O
pavimento permeável passou então por um importante desenvolvimento industrial, iniciado
em 1987, sendo hoje amplamente utilizado em vias, calçadas, praças etc (Azzout et al. 1994).
No Japão, o pavimento permeável é integrado a programas que incluem todas as
técnicas de infiltração. Tais técnicas são utilizadas principalmente nos quarteirões das grandes
cidades, em lugares disponíveis e que podem ser inundados, tais como quadras de esporte de
universidades, pátios de escolas etc. Pode-se citar como exemplo a cidade de Yokohama, que
atingiu a marca de 4,4 milhões de habitantes em 1994, e por isso, desde 1982, tem estudado
técnicas de controle do escoamento na fonte, dentre elas o pavimento permeável (Watanabe,
1995).
Na Suécia, a utilização do pavimento permeável foi incentivada pela contribuição
que o mesmo trouxe para a solução de dois outros problemas importantes: (i) a redução do
nível do lençol freático levou à diminuição da umidade do solo, e conseqüentemente ao
adensamento do solo argiloso local; (ii) os danos causados pelo gelo no norte da Suécia, onde
as rodovias e as canalizações de água pluvial situadas perto da superfície sofrem danos
consideráveis, cujo conserto exige grandes despesas. (Stenmark, 1990, apud Azzout et al.,
1994). A larga implantação de pavimentos permeáveis interrompeu a redução do nível do
lençol freático e reduziu a necessidade de redes pluviais.
Mais recentemente, outros países têm adotado o controle na fonte do escoamento
superficial como meta para soluções de problemas em drenagem urbana. Dentre eles, a
Austrália, desde 1996, tem pesquisado as técnicas de controle na fonte através do UWRC
10
(Urban Water Resources Centre), que tem incorporado as técnicas a diversos projetos de
loteamentos urbanos, terrenos industriais e estacionamentos. Dentre eles, o St. Elizabeth
Church ‘Environment-friendly carpark, em Marion, inclui a utilização de pavimentos
permeáveis e trincheiras de infiltração em estacionamentos e quadra de tênis (UWRC, 2004).
2.3. Tipos de Pavimentos Permeáveis
Os pavimentos permeáveis também são conhecidos como estruturas reservatório.
Raimbault et al. (2002) afirmam que essa denominação refere-se às funções realizadas pela
matriz porosa de que são constituídos:
Função mecânica, associada ao termo estrutura, que permite suportar os
carregamentos impostos pelo tráfego de veículos;
Função hidráulica (associada ao termo reservatório) que assegura, pela
porosidade dos materiais, reter temporariamente as águas, seguido pela drenagem,
e, se possível, por infiltração no solo de subleito.
Segundo Azzout et al. (1994), o funcionamento hidráulico dos pavimentos
permeáveis baseia-se em:
- Entrada imediata da água da chuva no corpo do pavimento. Essa entrada pode
ser feita de forma distribuída (no caso de revestimentos porosos, que permitem
a penetração da água) ou localizadamente (através de drenos laterais ou bocas-
de-lobo);
- Estocagem temporária da água no interior do pavimento, nos vazios da camada
reservatório;
- Evacuação lenta da água, que é feita por infiltração no solo, pela liberação
lenta para a rede de drenagem, ou uma combinação das duas formas.
Azzout et al. (1994) caracterizam quatro tipos de pavimentos permeáveis. Segundo
eles, o pavimento pode possuir revestimento drenante ou impermeável e ainda ter a função de
infiltração ou apenas de armazenamento. A Figura 2.4 a seguir ilustra os quatro tipos de
pavimento com estrutura reservatório:
11
DRENAGEM DISTRIBUÍDA DRENAGEM LOCALIZADA
Saída da
água por
infiltração
(dispositivo
de
infiltração)
Saída da
água por
exutório
(dispositivo
de retenção)
Figura 2.4. Exemplo dos diferentes tipos de pavimento com reservatório estrutural (Extraído de Azzout et al.,
1994).
No caso do pavimento com saída por exutórios (Figura 2.4, c e d), há estudos que
propõem que a água armazenada no reservatório seja reutilizada para fins não-potáveis, ao
invés de ser simplesmente vertida para a rede de drenagem (Pratt, 1999).
Segundo Schueler (1987), o projeto de pavimentos permeáveis encaixa-se em três
categorias básicas, a depender do armazenamento da água provido pelo reservatório e da
capacidade de infiltração do solo. São elas:
Sistema de infiltração total: o único meio de saída do escoamento é através da
infiltração no solo. Portanto, o reservatório de pedras deve ser grande o suficiente
para acomodar o volume do escoamento de uma chuva de projeto, menos o
volume que é infiltrado durante a chuva. Desse modo, o sistema promove o
controle total da descarga de pico, do volume e da qualidade da água, para todos
os eventos de chuva de magnitude inferior ou igual à chuva de projeto.
Sistema de infiltração parcial: Nos casos em que o solo não possui uma boa
taxa de infiltração, deve ser utilizado o sistema de infiltração parcial. Nesse caso,
deve ser instalado um sistema de drenagem enterrado, que consta de tubos
perfurados espaçados regularmente, localizados na parte superior do reservatório
de pedras. O sistema funciona no sentido de coletar o escoamento que não seria
contido pelo reservatório de pedras, levando-o para uma saída central. O autor
sugere que o tamanho e espaçamento da rede de drenagem devem ser
dimensionados de modo a receber no mínimo uma chuva de dois anos de tempo
de retorno.
chuva
Revestimento drenante
Reservatório
p
oroso
Á
g
ua armazenada
Infiltração no solo
chuva
Revestimento impermeável
Reservatório po
r
oso
Infiltração no solo
coletor
Á
g
ua armazenada
chuva
Revestimento drenante
Reservatório
p
oroso
Á
g
ua armazenada
Reservatório
impermeabilizado
coletor
para o
exutório
chuva
Revestimento impermeável
Reservatório
p
oroso
Á
g
ua armazenada
Reservatório
impermeabilizado
coletor
para o
exutório
coletor
(a)
(b)
(c)
(d)
12
Sistema de infiltração para controle da qualidade da água: Este sistema é
utilizado para coletar apenas o “first flush” do escoamento, que é o fluxo inicial da
chuva, que contém a maior concentração de poluentes. Os volumes em excesso
não são tratados pelo sistema, sendo transportados através de drenos para um
coletor de água pluvial.
A Figura 2.5 mostra o perfil transversal típico dos três tipos de pavimentos
permeáveis descritos anteriormente.
Figura 2.5. Esquema dos tipos de pavimentos permeáveis (Adaptado de Schueler, 1987).
Os pavimentos permeáveis podem também receber o escoamento superficial
proveniente de outros locais, tais como telhados ou outras áreas impermeáveis. Neste caso,
antes da chegada do escoamento ao pavimento, a água deve passar por um pré-tratamento que
remova os sedimentos, óleos e partículas em suspensão, de modo a evitar o entupimento do
dispositivo.
2.4. Vantagens e desvantagens
Os dispositivos de infiltração, de uma forma geral, possuem certas vantagens com
relação aos demais sistemas de drenagem. CIRIA (1996) lista os principais:
A infiltração reduz o volume total de água que entraria na rede de drenagem,
diminuindo o risco de inundação nos sistemas a jusante.
Os dispositivos de infiltração podem ser usados onde não haja rede de drenagem
que possa absorver o escoamento proveniente do empreendimento;
13
Ao controlar o escoamento superficial na fonte, os dispositivos de infiltração
reduzem os impactos hidrológicos da urbanização;
Por não sobrecarregarem a rede de drenagem, os dispositivos de infiltração
evitam o dispêndio com a ampliação da rede;
A infiltração pode ser usada para aumentar a recarga do aqüífero quando a
qualidade do escoamento superficial não comprometer a qualidade da água
subterrânea.
A construção dos dispositivos de infiltração é normalmente simples e rápida;
Os custos em toda a sua vida útil podem ser menores que em outros sistemas de
drenagem.
Segundo EPA (1999), algumas vantagens específicas do uso de pavimentos
permeáveis são:
Tratamento da água da chuva, através da remoção de poluentes;
Diminuição da necessidade de meio-fio e canais de drenagem;
Aumento da segurança e conforto em vias, pela diminuição de derrapagens e
ruídos;
É um dispositivo de drenagem que se integra completamente à obra, não
necessitando de espaço exclusivo para o dispositivo.
Porém, o uso do pavimento permeável pode ser restringido em: regiões de clima
frio, devido ao entupimento e trincagem pela neve; regiões áridas, devido à alta amplitude
térmica; em regiões com altas taxas de erosão devido ao vento, em face do grande acúmulo de
sedimentos na superfície; e áreas de recarga de aqüíferos. O uso do pavimento permeável
pode ser restrito, requerendo solos permeáveis profundos (no caso do sistema de infiltração
total), tráfego leve e o uso de terras adjacentes.
Algumas desvantagens específicas dos pavimentos permeáveis incluem (EPA,
1999):
Pouca perícia dos engenheiros e contratantes com relação à tecnologia;
O pavimento poroso tem a tendência de tornar-se obstruído, se
inapropriadamente instalado ou mantido;
O pavimento poroso envolve um risco de falha considerável (devido à
colmatagem ou má construção);
Há o risco de contaminação do aqüífero, dependendo das condições do solo e da
suscetibilidade do aqüífero;
14
2.5. Critérios de Projeto e Dimensionamento
A fase de projeto dos pavimentos permeáveis é decisiva para seu bom
funcionamento. Negligenciar a importância desta etapa leva quase sempre ao mau
funcionamento. Um bom projeto leva a um sistema mais funcional, de menor custo e que trará
menores problemas futuros.
As informações que se deve conhecer na fase do projeto são os critérios físicos,
ambientais, econômicos e regulamentares. Nesta revisão bibliográfica, serão expostas as
etapas do projeto, ponto de vista físico, que consistem em: estudo de viabilidade, estudos
complementares, escolha do material, dimensionamento mecânico e dimensionamento
hidráulico-hidrológico do pavimento.
2.5.1. Análise de viabilidade
O estudo de viabilidade permite determinar se o pavimento permeável é a alternativa
de controle na fonte mais adequada para as condições do local de implantação; e em caso
positivo, ajuda na escolha do tipo de estrutura de reservatório que deve ser usada no
pavimento.
A Figura 2.6 mostra um fluxograma com os principais requisitos que devem ser
observados para determinar a adequação do pavimento permeável à situação em estudo. Tais
requisitos se referem principalmente às condições do solo subjacente, ao lençol freático local
e à carga de finos e poluentes que serão levadas para o pavimento.
Observe-se que o fluxograma da figura não é determinante, sendo apenas um guia
para auxílio na tomada de decisão, visto que ainda são feitos estudos da aplicação de
pavimentos permeáveis em solos argilosos, de baixa permeabilidade (Raimbault et al. 2002),
como é o caso do presente estudo.
2.5.2. Estudos básicos
Os estudos complementares visam determinar as características do local em estudo,
assim como do solo suporte, e também os estudos hidrológicos e hidrogeológicos necessários
à elaboração do projeto.
15
Figura 2.6. Fluxograma para análise de viabilidade. (Adaptado de Azzout et al., 1994)
Características gerais do local de implantação
Consiste do reconhecimento geral do local onde será instalado o pavimento, quando
serão determinadas as áreas a serem drenadas, assim como seu uso, a existência de vegetação
nos arredores, a topografia do local, a existência de redes de água ou esgoto, o tráfego ao qual
será submetido o pavimento, entre outros.
Na avaliação da região a ser drenada, deve ser determinada a área de contribuição e
sua taxa de impermeabilização, a fim de se calcular o volume de armazenamento necessário à
estrutura do pavimento. Também é necessária a identificação do uso dessas áreas de
drenagem, para que se possa avaliar a qualidade da água, determinando-se as características
da água de contribuição, tais como o volume de finos e presença de contaminantes. Nos casos
em que haja uma grande presença de finos ou matéria orgânica na água de contribuição,
O solo suporte é impermeável?
O lençol freático está a baixa profundidade com relação ao
pavimento?
O risco de poluição (por finos ou poluentes) é importante?
O local está em uma zona de recarga regulamentada?
O solo suporte é pouco propício à infiltração?
sim não
para pelo menos uma pergunta
para todas as perguntas
A infiltração não é propícia
para o solo suporte
Existe ou pode
ser criado um
exutório no
local?
não
A técnica não é
apropriada para o caso
A infiltração é viável
no solo suporte
sim
A entrada de finos proveniente das superfícies
drenantes é significativa?
A superfície será submetida a fortes cisalhamentos?
O trafego pesado e significativo?
sim não
para pelo menos uma pergunta
para todas as perguntas
Uso do pavimento com reservatório
e superfície impermeável
Uso do pavimento com reservatório
e superfície permeável
16
devem ser previstos dispositivos de pré-tratamento da água, a fim de se evitar o rápido
entupimento dos poros do pavimento (Azzout et al. 1994).
É importante o reconhecimento da vegetação próxima à região a ser drenada. A
presença de áreas verdes ou de terreno descoberto próximo ao pavimento pode representar o
carreamento de terra ou de folhas para o mesmo, levando à rápida colmatação dos poros. Nos
casos em que haja solo aberto próximo ao pavimento, o mesmo deve ser isolado através de
obstáculos ou canaletas, que evitem o transporte de solo ou folhas para o pavimento (Azzout
et al. 1994).
A declividade do fundo do reservatório deve ser determinada de modo a evitar o
transbordamento da água pela parte mais baixa do pavimento (ver Figura 2.7).
No caso em que não seja possível reduzir essa declividade, o pavimento deve ser
dividido em células individuais, cujo tamanho pode ser determinado pela Equação 2.1
(UDFCD, 2002):
o
max
S
244,0
L =
Equação 2.1
Onde: L
max
= distância máxima entre as paredes das células na direção da
declividade (m);
S
o
= declividade da superfície do pavimento (m/m);
0,244 (m) = desnível máximo recomendado entre a parte mais alta e a mais
baixa do pavimento.
Figura 2.7. Divisão do reservatório em células para terrenos com declividade significativa. (Adaptado de
UDFCD, 2002)
A superfície do revestimento deve ser a mais plana possível, para permitir uma
maior infiltração da água da chuva. Schueler (1987) recomenda a adoção de uma declividade
máxima de 5% para a superfície de revestimento.
CIRIA (1996) aconselha ainda um reconhecimento das estruturas de engenharia
próximas ao local de implantação do pavimento, detectando-se a presença de fundações, as
L
o
Revestimento
Nível da água
S
o
Reservatório
de britas
17
quais podem ser prejudicadas em função do aumento da umidade do solo subjacente. Também
é aconselhável o levantamento de toda a rede elétrica, de água ou esgoto, com sua localização
e profundidade, a fim de facilitar possíveis ligações com a rede de drenagem, e também evitar
operações que venham comprometer o funcionamento da rede na hora das escavações.
Características do solo subjacente
Para garantir o bom funcionamento da estrutura de infiltração, é necessária uma
detalhada caracterização do solo suporte, assim como seu comportamento em presença da
água. Dentre os parâmetros do solo que devem ser determinados, estão (Azzout et al. 1994):
Taxa de infiltração do solo saturado: grandeza importante para o caso de
pavimentos permeáveis de infiltração. A taxa de infiltração deve ser calculada
através de ensaios in situ, em diversos pontos do local de implantação, devendo
ser traçada a curva de infiltração até a saturação do solo. EPA (1999) recomenda
uma taxa de infiltração mínima de 13 mm/h.
Capacidade de carga: o conhecimento dessa propriedade do solo é importante
para o dimensionamento mecânico do pavimento.
O comportamento do solo em presença da água: essa avaliação deve ser realizada
de forma a se evitar a possibilidade de contaminação do freático, assim como
detectar riscos como a perda da capacidade de carga do solo em função do
aumento da umidade. A variação da capacidade de carga em função da umidade
do solo também deve ser observada.
Estudos Hidrogeológicos
Nesse estudo devem ser identificadas as características do lençol freático, tais como
seu uso, as flutuações sazonais, a cota do lençol, assim como sua vulnerabilidade e
propriedades qualitativas. Nos casos em que o lençol estiver a uma profundidade inferior a um
metro, ou ainda quando este for usado para o abastecimento de água potável, é
desaconselhado o uso de pavimentos permeáveis, assim como outros dispositivos de
infiltração.
18
Estudos Hidrológicos
O estudo hidrológico complementar a ser feito para servir de base ao projeto deve
identificar (Azzout et al. 1994):
A vazão máxima de saída permitida para a rede de drenagem, a qual é utilizada
no cálculo do volume do reservatório para dispositivos de infiltração parcial;
As características pluviométricas do local, como intensidade da chuva de projeto,
utilizada no dimensionamento hidráulico-hidrológico;
Localização do exutório, situado no ponto mais baixo do terreno, que servirá para
o correto posicionamento dos drenos extravasores ou coletores;
As possíveis áreas de armazenamento d’água, onde se localizará o reservatório
do pavimento, que depende do volume de armazenamento, da direção do
escoamento e do tipo de estrutura utilizado;
O coeficiente de escoamento das áreas contribuintes, utilizado na determinação
do volume de estocagem.
2.5.3. Escolha dos materiais
O material a ser utilizado em cada uma das camadas do pavimento deve ser
escolhido em função da espessura máxima aceitável da estrutura (econômica e tecnicamente)
e das solicitações mecânicas às quais o pavimento será submetido.
A camada superficial
O material da camada superficial deve resistir às solicitações produzidas pelo tráfego
(deformação vertical e esforço de cisalhamento), e permitir a infiltração da água da chuva (no
caso de pavimento drenante). Ele deve ser escolhido em função de seu uso e de sua
capacidade de infiltração. Azzout et al. (1994) afirmam que outros aspectos também devem
ser considerados na escolha do material da superfície, tais como: a estética, a aderência, a
acústica, a resistência ao arrancamento, o custo, a disponibilidade e a manutenção dos vários
tipos disponíveis.
O termo pavimento permeável descreve basicamente três tipos de superfícies
pavimentadas, projetadas para minimizar o escoamento superficial. São eles (Urbonas, e
Stahre, 1993):
19
Asfalto poroso;
Concreto poroso;
Blocos de concreto vazado.
O concreto poroso e o asfalto poroso são preparados de forma similar aos
pavimentos convencionais, com a diferença básica de que da mistura são retirados os
agregados finos (areia), dando a eles a porosidade necessária para a infiltração da água da
chuva (Urbonas e Stahre, 1993).
Existem diversos tipos de asfaltos com propriedade drenante, tendo cada um seus
componentes e aplicações. Dentre eles, estão: o asfalto puro sem aditivos minerais, o asfalto
puro com aditivo mineral ou orgânico, o asfalto enriquecido com polímeros e o asfalto com
borracha. Segundo Azzout et al. (1994), Raimbault et al. (1987) afirmam que a porosidade
útil (porcentagem dos vazios comunicantes) do asfalto drenante deve ser de no mínimo 12%,
e a porcentagem total de vazios deve ser aproximadamente de 20%. Ainda segundo os
autores, a condutibilidade hidráulica do asfalto deve ser superior a 1cm/s. Essa exigência se
deve ao fato de que a condutibilidade hidráulica do revestimento reduz significativamente
com o tempo.
O concreto poroso é um material de resistência relativamente baixa, atingindo
valores de resistência à compressão de 20 a 30MPa. Por isso, tal material é apenas indicado
para locais onde será submetido a baixas tensões, tais como quadras, calçadas e
estacionamentos (Nader, 1995 apud Yang e Jiang, 2003). Novas pesquisas têm estudado o uso
de agregados selecionados, adições de minerais finos e intensificadores orgânicos para
aumentar sua resistência à compressão, tração e cisalhamento. Foram alcançados valores de
resistência a compressão de 50MPa e resistência à tração de 6MPa (Yang e Jiang, 2003). A
porosidade útil do concreto drenante deve variar de 18 a 22%, e a permeabilidade estar no
intervalo de 0,8 a 1,8cm/s (Azzout et al. 1994).
Os blocos vazados intertravados de concreto possuem aberturas (furos) em sua
estrutura, que permitem que a água penetre para dentro do reservatório. Os blocos são
assentados da mesma forma que os intertravados convencionais maciços. As aberturas podem
ser preenchidas com areia, cascalho ou tufos de grama. No caso do preenchimento com
grama, as raizes das mesmas devem ficar abaixo da superfície do bloco, para evitar o
esmagamento pelos pneus dos carros. Os blocos devem possuir pelo menos 20% de sua área
superficial em vazios (UDFCD, 2002).
20
A Figura 2.8 mostra exemplos de aplicação de alguns tipos de revestimentos
permeáveis.
Figura 2.8. (1) Pavimento poroso em asfalto; (2) Pavimento poroso em concreto; (3) Pavimento permeável com
blocos pré-moldados de concreto
Na Tabela 2.1, pode-se observar um comparativo entre os diferentes tipos de
revestimento para pavimentos permeáveis.
Novos materiais têm sido desenvolvidos e largamente aplicados nos Estados Unidos,
Europa e Japão. Alguns deles são constituídos de anéis de plástico resistente de 2 polegadas
(5,08cm) de diâmetro e 1 polegada (2,54cm) de altura, ligados por uma estrutura em grade
também de plástico. Esses anéis são preenchidos por areia e pedra, ou por areia, fertilizante e
grama, dando o aspecto de um jardim ao estacionamento. Na Figura 2.9, podem-se ver
exemplos de aplicação dos dois sistemas.
1
2
3
21
Tabela 2.1. Comparativo entre os tipos de material para a camada superficial
Material
Critérios
Solo natural Blocos Vazados
Asfalto
poroso
Concreto
poroso
Revestimento
impermeável
Tipo de uso*
Praças
Estacionamentos
Vias de
pedestres
Quadras
esportivas
Praças
Estacionamentos
Vias de
pedestres
Calçadas
Todos os
usos, desde
que com
estrutura
reforçada
Todos os
usos, desde
que com
estrutura
reforçada
Todos os usos
Capacidade de
absorção*
Varia de acordo
com o material
Média Boa Boa Nula
Aspecto
visual*
Rústico
Bom, com
possibilidade de
variação de
cores
Semelhante
ao asfalto
comum
Semelhante
ao concreto
comum
Periodicidade
de
manutenção*
6 meses 6 meses a 1 ano
Varia de
acordo com o
uso (6 meses
a 2 anos)
6 meses a 2
anos
Depende do
local
Custo de
implantação*
Baixo Alto Médio Médio Médio
Custo de
manutenção*
Médio Alto Médio a alto Médio a alto Baixo
Resistência/
arrancamento*
Medíocre Boa Média Média a boa Boa
Aderência*
Baixa Média Muito boa Boa Boa
Acústica*
Ruim Média Boa Boa Média
Retenção de
partículas
sólidas**
NP Muito boa Muito boa Muito boa Muito boa
Retenção de
metais pesados
dissolvidos**
NP Muito boa Baixa Muito boa Baixa
*adaptado de Azzout et al. 1994; **adaptado de Fach et al. 2002. NP=não pesquisado; na análise dos
custos de implantação/manutenção, deve-se considerar a diferença dos custos dos EUA e Europa, com relação ao
Brasil
22
Figura 2.9. Exemplos de aplicação dos anéis de plástico.
A camada base ou reservatório
A camada base do pavimento permeável tem como função transmitir as solicitações
aplicadas na camada superior para o solo suporte, e também armazenar provisoriamente a
água proveniente da chuva, até sua infiltração no solo, ou drenagem pela rede lateral. O
material que constitui a camada base do pavimento deve ser escolhido em função de sua
compatibilidade com a camada superficial, do tipo de tráfego, dos aspectos construtivos, da
porosidade e do custo.
O material mais comumente utilizado nessa camada do pavimento é do tipo
granular, geralmente a brita. Aconselha-se que a brita possua diâmetro superior a 10mm, que
a percentagem de material siltoso (tamanho inferior a 2mm) seja menor que 3%, e de material
argiloso (tamanho inferior a 0,5mm) seja menor que 1%. A resistência do material deve ser
suficiente para suportar as solicitações às quais será submetido, e este deve possuir uma
dureza suficiente para resistir ao atrito, e evitar sua fragmentação, o que levaria à
compactação da camada e conseqüente redução da porosidade do material (Knapton et al.
2002).
Nos casos em que o pavimento é submetido ao tráfego pesado, a camada base deve
ser feita com material tratado com ligante betuminoso ou hidráulico (concreto poroso), de
forma a conferir uma maior resistência e menor deformação à camada base. Esse material
possui um volume de vazios inferior, e um custo de execução superior se comparado à base de
brita solta (Azzout et al. 1994).
23
Com o intuito de aumentar a capacidade de estocagem do reservatório, sem
aumentar a espessura da camada, utilizam-se também os materiais alveolares em plástico.
Eles possuem uma aparência semelhante à de uma colméia, e porosidade superior a 90%. Na
Figura 2.10 pode-se observar um exemplo de estrutura alveolar.
As principais vantagens desse tipo de material são (Azzout et al. 1994):
O material vem em blocos e possui baixo peso, o que facilita a execução e
diminui a carga total sobre o solo;
Os blocos não liberam poluentes para o solo;
Sua forma alveolar lhe confere uma boa resistência a compressão;
É dificilmente inflamável;
Certos materiais resistem aos agentes químicos (hidrocarbonetos)
Os inconvenientes desse tipo de material são:
Custo elevado;
Alguns materiais resistem pouco aos raios ultravioletas (o que exige cuidado na
estocagem no canteiro de obras);
Alguns materiais são sensíveis a altas temperaturas (o que pode restringir o uso
do asfalto usinado a quente).
Figura 2.10. Exemplo de estrutura alveolar.
24
As interfaces entre camadas
Para impedir a migração de material de uma camada do pavimento para outra, a
interface deve ser feita utilizando-se um filtro geotêxtil ou uma geomembrana, a depender da
função à qual o pavimento se destina.
Na interface entre o reservatório e a camada de revestimento, deve ser utilizado um
filtro geotêxtil, que servirá para conter os finos do revestimento nessa camada, e permitir que
a água infiltre para dentro do reservatório.
Na interface entre o reservatório e o solo suporte, o material utilizado irá depender
da função do pavimento. Se este tiver função apenas de armazenamento, deverá ser utilizada
uma geomembrana ou um geotêxtil rebocado com material betuminoso, que servirá para
garantir estanqueidade ao reservatório. No caso em que o pavimento seja do tipo infiltrante,
deve ser utilizado filtro geotêxtil, para impedir a penetração da brita no solo, e do solo na
brita, e proporcionar permeabilidade ao mesmo (Azzout et al. 1994).
2.5.4. Dimensionamento mecânico
O dimensionamento mecânico de pavimentos permeáveis é ainda pouco dominado,
principalmente no cenário brasileiro. De maneira geral, o mesmo é feito com o auxílio de
técnicos especializados na área de pavimentação. Não faz parte do intuito deste texto detalhar
a metodologia de dimensionamento mecânico de pavimentos permeáveis. Dessa forma,
maiores informações podem ser encontradas na literatura específica (Azzout et al. 1994).
2.5.5. Dimensionamento hidráulico-hidrológico
O dimensionamento hidráulico-hidrológico permite determinar a espessura do
reservatório necessária para armazenar o volume de água que precipita sobre o pavimento
para uma chuva de determinado tempo de retorno, menos o volume que infiltra no solo, ou é
drenado para a rede, durante esse tempo. Essa espessura deve ser comparada com a obtida no
dimensionamento mecânico, devendo ser adotada a maior das duas espessuras.
As etapas que compõem o dimensionamento hidráulico-hidrológico do pavimento
são detalhadas a seguir:
25
Escolha do período de retorno
De acordo com Zahed e Marcellini (1995), a escolha do tempo de retorno da
tormenta para os projetos de obras de drenagem urbana deve ser considerada de acordo com a
natureza das obras a projetar. Deve-se levar em conta os riscos envolvidos quanto à segurança
da população e as perdas materiais. A determinação da tormenta de projeto se dá em função
da disponibilidade dos dados de precipitação da região de interesse.
A determinação do tempo de retorno da chuva de projeto implica em um risco
aceitável para a obra projetada, estando também associada ao seu custo, pois um nível de
segurança alto para a mesma exige um custo elevado.
A falta de normas específicas de dimensionamento muitas vezes levam o projetista a
escolher valores aceitos pelo meio técnico para o tempo de retorno da chuva de projeto. Em
termos práticos, costuma-se adotar como tempo de retorno da chuva de projeto para estruturas
de infiltração total, um tempo de 10 anos (CIRIA, 1996; Azzout, 1994), a chamada chuva
decenal. O Plano Diretor de Drenagem Urbana de Porto Alegre sugere o uso de um tempo de
retorno de 10 anos para o dimensionamento de dispositivos de controle do escoamento
superficial na fonte (IPH, 2000). Para estruturas de infiltração parcial, podem ser utilizados
períodos de retorno menores, sendo que EPA (1999) recomenda para esses casos a chuva de 6
meses de recorrência, com 24 horas de duração.
Essa escolha deve ser analisada com critério, principalmente nas grandes cidades,
onde o grau de impermeabilização e a complexidade do sistema de drenagem são muito
grandes, o que pode agravar a conseqüência das cheias. Por exemplo, a inundação ocorrida
em uma zona comercial pode trazer conseqüências bastante graves do ponto de vista
econômico, enquanto que a inundação de um simples estacionamento não causaria mais que
um desconforto passageiro para seus usuários.
Uma opção aconselhável, para evitar eventuais surpresas na ocorrência de tormentas
mais severas, é a simulação do comportamento do dispositivo quando sujeito a eventos desse
tipo. Deve-se observar se há uma sobrecarga exagerada da rede, ou no caso de
transbordamento do reservatório, as áreas inundadas devem ser verificadas.
26
Determinação do volume de armazenamento e da espessura do
reservatório
Um método amplamente utilizado para o dimensionamento do volume máximo de
armazenamento de estruturas de controle é o chamado método da curva envelope (rain-
envelope method). Esse método está baseado na derivação da equação da continuidade
concentrada, onde o armazenamento máximo é dado pela máxima diferença entre as curvas de
volumes acumulados de entrada (H
E
) e de saída (H
S
) da estrutura de controle (ver Figura
2.11), conforme apresentado em Urbonas e Stahre (1993).
Figura 2.11. Determinação do volume de armazenamento através da máxima diferença entre a curva de entrada e
a de saída da estrutura de controle.
Silveira (2003) aplicou esse método com o objetivo de estabelecer equações de pré-
dimensionamento hidrológico das estruturas de controle, entendido aqui como a etapa que
associa uma chuva de projeto a um balanço hídrico simplificado, com vistas ao cálculo de
volumes de armazenamento necessários e, em conseqüência, das dimensões mínimas dos
dispositivos de controle na fonte.
O autor define inicialmente, as seguintes variáveis de massa (função do tempo): H
E
-
lâmina d’água de entrada acumulada medida sobre a área em planta do dispositivo; e H
S
-
lâmina d’água de saída acumulada, também medida sobre a área em planta do dispositivo. A
função H
E
é construída pela relação Intesidade-Duração-Freqüência (IDF) multiplicada pelo
tempo (o que vem a ser uma HDF) e por fatores de escoamento e relações de área. Parte-se de
relações IDF com a expressão geral análoga à de Talbot, que pode ser escrita para H
E
, e que
permite solução explícita do volume máximo, conforme mostrado na Equação 2.2 adiante:
ct
aT
i
b
+
=
60
t
ct
aT
H
b
E
+
β=
Equação 2.2
onde : i = intensidade da chuva em mm/h;
T = período de retorno da chuva de projeto, em anos;
t = duração da chuva de projeto, em minutos;
a, b, c = parâmetros da equação;
V
max
H
E
H
S
Tempo
Altura
27
β = produto do coeficiente de escoamento pela razão entre a área
contribuinte e a área do dispositivo.
A função H
S
, em mm, é obtida pela multiplicação pelo tempo da vazão de saída
constante, conforme Equação 2.3 que segue:
60
t
HqH
sS
γ=
Equação 2.3
onde : q
s
= vazão de saída constante do dispositivo, em mm/h;
γ = razão entre a área de percolação e a área do dispositivo em planta;
H = profundidade média, em mm, do volume de acumulação do
dispositivo;
t = duração em minutos
A vazão de saída constante do dispositivo (q
s
) é, no caso de pavimentos permeáveis
com infiltração total, normalmente, a taxa de infiltração do solo saturado. A capacidade de
infiltração do solo pode se reduzir ao longo do tempo devido ao acúmulo de finos na interface
solo/pavimento. Para levar em conta esse fator, é introduzido um coeficiente de segurança de
minoração da vazão de saída, para reduzir o valor determinado da taxa de infiltração do solo.
Esse coeficiente varia de acordo com a área de drenagem e com as conseqüências de uma
possível falha. A Tabela 2.2 mostra alguns valores do coeficiente de segurança de minoração
sugeridos.
Tabela 2.2. Coeficiente de segurança de redução da taxa de infiltração.
Conseqüências da falha
Área a ser drenada
Nenhum prejuízo ou
inconveniente
Menores
inconvenientes, e.g. ,
acúmulo de água em
estacionamentos
Prejuízos para
estruturas ou maiores
inconvenientes, e.g.,
inundação de rodovias
< 100m
2
1,5 2 10
100m
2
a 1000m
2
1,5 3 10
> 1000m
2
1,5 5 10
Fonte: CIRIA (1996)
A partir daí, o autor deduziu diversos parâmetros de dimensionamento para
diferentes dispositivos de controle, considerando somente o aspecto quantitativo de retenção
e/ou redução do escoamento superficial. Não foram analisados aspectos relevantes de
localização, incluindo condições de solo suporte. Com fins de pré-dimensionamento, o autor
admite que as medidas de controle de infiltração promovem infiltração no solo de todo o
excesso pluvial a elas destinado.
O volume máximo, ou de dimensionamento, é obtido através da maximização da
diferença entre H
E
e H
S
, no tempo, isto é (Equação 2.4):
28
(
)
0
t
HH
t
V
SE
=
=
Equação 2.4
Substituindo-se as expressões anteriores e, após alguma manipulação algébrica,
Silveira (2003), obtém a seguinte expressão para a duração crítica da chuva de projeto
(Equação 2.5):
c
Hq
caT
t
S
b
γ
β
=
Equação 2.5
Este é o tempo da máxima diferença de volumes, ou seja, o tempo através do qual se
pode calcular o volume de dimensionamento ou volume máximo (V
max)
. Esse volume é dado
em milímetros, ou seja, por unidade de área, e sua expressão fica sendo representada como na
Equação 2.6, para o caso dos pavimentos permeáveis :
2
S
2
b
max
q
60
c
T
60
a
V
β=
Equação 2.6
A partir de V
max
, o cálculo da espessura da camada reservatório do pavimento é
obtido pela Equação 2.7, para reservatórios horizontais (de declividade zero):
η
=
max
V
H
Equação 2.7
onde η é a porosidade do material de enchimento da camada porosa.
Nos casos em que o reservatório é construído sobre superfície inclinada, a altura do
reservatório dependerá do valor da inclinação (como se observa na Figura 2.7). Portanto, ao
valor de H determinado na equação anterior, deverá ser acrescida uma parcela de
compensação proporcional à inclinação da superfície. Dessa forma, tem-se H’ a altura média
do reservatório, a qual é dada pela Equação 2.8:
2
'
LI
HH
+=
Equação 2.8
Onde:
I é a declividade do terreno;
L é o comprimento do reservatório na direção da declividade.
Observa-se que nesses casos deve-se verificar a Equação 2.1 para definir a
necessidade de subdivisão do reservatório em frações menores.
29
Verificação do tempo de esvaziamento do reservatório
Segundo Schueler (1987), o tempo de permanência da água no reservatório não deve
ser superior a 72 horas. Isso permite a secagem do solo e manutenção das condições aeróbias
no solo subjacente. Além disso, garante-se que o reservatório e o solo subjacente estejam
prontos para receber novos eventos chuvosos.
O tempo de esvaziamento pode ser determinado pela Equação 2.9 a seguir:
s
esv
q
H
t =
Equação 2.9
Nos casos em que o tempo de esvaziamento supere as 72 horas recomendadas, pode-
se aumentar a área do reservatório para diminuir sua altura. Uma outra opção é a instalação de
drenos com registro no fundo reservatório, que permite sua abertura no caso da permanência
da água por um tempo prolongado.
2.6. Papel hidrológico dos Pavimentos Permeáveis
Os dispositivos de controle na fonte do escoamento superficial atuam no hidrograma
da cheia, diminuindo a vazão máxima e retardando o tempo de pico. Dessa forma, chega-se a
um cenário igual ou melhor que o de pré-urbanização. A Figura 2.12 ilustra a alteração no
hidrograma de cheia para os cenários de pré-urbanização, após a urbanização e com a
instalação de dispositivos de controle na fonte. Genz (1994) lista valores de coeficientes de
escoamento para diversos tipos de superfícies urbanas. Dentre elas, observa-se que a
cobertura de gramado possui um coeficiente de escoamento variando de 0,54 a 0,68; o
paralelepípedo possui um coeficiente de escoamento variando de 0,88 a 0,95. Já pesquisas
semelhantes realizadas com o pavimento permeável chegaram a resultados de 0,14 a 0,76
(Schlüter et al. 2002) ou ainda de 0,05 (Araújo et al 2000) para o coeficiente de escoamento
em revestimentos porosos.
30
Figura 2.12. Efeito dos dispositivos de controle na fonte sobre o hidrograma da bacia. (Adaptado de Tucci e
Genz, 1995)
Diversos trabalhos têm observado a contribuição dos pavimentos na redução do
escoamento superficial, seja em comparação com outros dispositivos de controle na fonte
(Schlüter et al., 2002; Watanabe, 1995), seja em comparação com áreas impermeáveis
(Rushton, 2002; Brattebo e Booth, 2003).
Watanabe (1995) detectou uma redução de 15 a 20% na vazão de pico após a
instalação de pavimentos permeáveis em duas áreas de controle. Em um trabalho mais
extenso, com a instalação de pavimentos permeáveis e outros dispositivos de controle em uma
área de estacionamento no parque “Florida Aquarium”, Rushton (2002) mostrou que quase
todo o escoamento superficial foi retido no local, para todos os eventos observados. A autora
cita que uma das maiores vantagens dos projetos de baixo impacto para estacionamentos é a
redução do volume de saída de água do local. Resultados semelhantes foram encontrados por
Hunt et al. (2002), que monitoraram o comportamento de pavimentos permeáveis na Carolina
do Norte (EUA). Os autores observaram ainda que, quando há a formação do escoamento
superficial, essa é ocasionada pela grande intensidade da chuva, e não pela saturação da
camada reservatório.
Souza et al. (2001) simularam o efeito da aplicação distribuída de diversos
dispositivos de controle na fonte no escoamento superficial através de modelo numérico, para
vários pontos na bacia do arroio Moinho em Porto Alegre/RS. A aplicação distribuída do
pavimento permeável na bacia hidrográfica reduziu a vazão de pico em 71%, para uma chuva
com tempo de retorno de cinco anos, evidenciando o papel hidrológico do dispositivo em
pequenas bacias urbanas.
Tempo (h)
Vazão (m
3
/s)
0
Antes do desenvolvimento
Depois da urbanização
Depois da urbanização com
controle da vazão de pico
31
Estudos acerca de um pavimento permeável construído sobre um solo relativamente
pouco permeável mostraram que, mesmo nesse caso, é possível conseguir a infiltração de uma
grande parte da água da chuva (Raimbault et al. 2002). A Tabela 2.3 a seguir mostra os
valores obtidos para esse experimento. O autor salienta que a concepção do dispositivo foi de
fato desfavorável à infiltração, pois não havia um mecanismo que limitasse a vazão para o
exutório, que se situava na base da estrutura, o que poderia aumentar o volume de retenção e
assim promover uma maior infiltração.
Tabela 2.3. Valores médios de infiltração em eventos chuvosos (Raimbault et al. 2002).
Evento
Infiltração durante a
chuva (mm/h)
Infiltração durante a
retenção da água na
estrutura (mm/h)
% Infiltrado
Com evacuação
lateral na base da
estrutura
Mínimo 0,5
Máximo 3,6
0,2
6,1
87
>87
Sem evacuação lateral Máximo 5,8 7,1 100
A infiltração é calculada pela diferença entre o volume de chuva e o volume que escoou pelo exutório. A
evaporação é considerada desprezível.
A restrição ao uso de dispositivos de infiltração em solos argilosos e pouco
permeáveis é objeto de estudo de diversos trabalhos. Tal limitação vem a inviabilizar a
aplicação desses dispositivos em regiões que não dispõem de solos considerados adequados.
Apesar disso, Souza (2002) em seu trabalho com trincheiras de infiltração, verificou que as
taxas de infiltração efetivamente observadas durante os eventos chuvosos, superaram aquelas
medidas nos ensaios de infiltração. O autor atribui essa diferença à formação de caminhos
preferenciais com o decorrer do tempo, no solo argiloso local, além da umidade do solo no
início do evento e da carga hidráulica sobre o solo, que favorece a infiltração.
2.7. Pavimentos Permeáveis e a qualidade da água de infiltração
Com o intuito de avaliar o potencial impacto sobre os recursos hídricos subterrâneos,
diversas pesquisas estudam a qualidade da água infiltrada através dos pavimentos permeáveis.
Os estudos têm sido feitos em dois níveis: no reservatório (a variação da concentração de
poluentes com a profundidade) e no solo subjacente.
Os principais mecanismos de retenção de poluentes na estrutura são a sedimentação,
a filtração e a adsorção química dos materiais. Esse último efeito depende do material usado
na sub-base do pavimento (Pratt, 1989 apud CIRIA, 1996).
32
Na Tabela 2.4, pode-se observar a variação da concentração de poluentes da
superfície à base do reservatório, em alguns casos estudados na França:
Tabela 2.4. Redução da concentração de poluentes em pavimentos permeáveis monitorados na França.
Diminuição da poluição em
concentração (%) Local Características
MS DQO Pb Zn DBO
5
Rue de la Classerie em
Rezé (Nantes)
Asfalto poroso +
reservatório de britas
61 81 67 -
Parc d’échange de
Caillou (Bordeaux)
Asfalto poroso +
concreto poroso (base)
36 79 86 - -
ZAC de Verneuil (Paris)
Zona I
Asfalto poroso +
reservatório de britas
81 63 76 35 45
Zona II
Asfalto convencional +
reservatório de britas
68 48 77 45 39
Zona III
Vários tipos de
estruturas
1 14 50 16 7
Legenda: MS = Matéria em supensão; DQO = Demanda química de oxigênio; DBO = Demanda bioquímica de
oxigênio. Fonte: Adaptado de Raimbault et al. 2002.
Pode-se observar da Tabela 2.4 que a passagem da água pelo reservatório melhora
sua qualidade, seja o revestimento permeável ou não.
Em experimento com duração de 8 anos, Legret e Colandini (1999), observaram que
grande parte dos poluentes (principalmente metálicos) é retida na parte superior da camada
porosa de revestimento. Eles afirmam ainda que ao observar a distribuição de metais pesados
no pavimento, concluiu-se que o pavimento poroso é particularmente eficiente na retenção de
chumbo associado à matéria em suspensão, enquanto que o zinco, o cádmio e o cobre foram
filtrados na camada subjacente ao reservatório. Resultados semelhantes foram obtidos por
Pagotto et al. (2000), Fach et al. (2002), Rushton (2002) e Brattebo e Booth (2003).
Com o intuito de estimar a concentração de micropoluentes no solo e na água de
infiltração a longo prazo, foi realizada por Legret et al. (1999) uma simulação com o uso do
modelo LEACHM (Hutson e Waegenet, 1992, apud Legret et al., 1999). Os autores
observaram que a concentração de chumbo diminuiu rapidamente com a profundidade. A
concentração de cádmio diminuiu mais lentamente porque a retenção do metal pelo solo não é
tão boa. As concentrações apresentaram-se bem baixas à profundidade de 30cm. Dessa forma,
os autores mostraram que seria baixa a probabilidade de contaminação dos lençóis freáticos
mais profundos.
Pratt et al. (1999) analisaram em laboratório a capacidade dos pavimentos
permeáveis com estrutura-reservatório de reter e tratar poluentes derivados do petróleo através
da bio-degradação microbiológica in-situ. Os autores obtiveram resultados favoráveis, onde
33
houve uma redução de 97,6% do petróleo, com relação à quantidade que foi injetada no
pavimento.
Pelo que foi exposto, pode-se verificar que, de maneira geral, a literatura mostra que
os pavimentos permeáveis são eficientes dispositivos de controle na fonte do escoamento
superficial, com bom desempenho comprovado em muitos locais. Uma boa integração com o
ambiente no qual é inserido é uma de suas grandes vantagens. Porém, no Brasil, essa técnica
carece de estudos, principalmente em condições de solo argilosos, típicas da região de Porto
Alegre, e com altos níveis de precipitação anual.
2.8. Operação, Manutenção e Durabilidade
Para a garantia de seu bom funcionamento, o pavimento permeável necessita de
operação e manutenção adequados, especialmente no caso do pavimento com revestimento
poroso.
Pavimentos permeáveis com revestimento estanque requerem manutenção similar à
do pavimento convencional, sendo necessária a conservação das estruturas de coleta e ligação
da água com a estrutura reservatório. Estas devem permanecer limpas, livres de sedimentos,
folhas e demais resíduos acumulados (Azzout et al., 1994).
Para pavimentos com revestimento poroso, EPA (1999) sugere uma rotina de
manutenção preventiva que deve incluir sucção a vácuo dos poros, pelo menos quatro vezes
ao ano, com eliminação apropriada do material removido, seguida de injeção de água com
mangueira de alta pressão, de forma a manter os poros abertos e limpos. Estima-se que esses
procedimentos implique em um custo anual de manutenção de US$ 4,942 por hectare.
Azzout et al. (1994) desaconselham o uso de vassouras para a limpeza da superfície
do pavimento, pois as mesmas empurram os finos para dentro dos poros do revestimento.
Depressões (panelas) e rachaduras podem ser preenchidas com pavimento
convencional, desde que não mais de 10% da área pavimentada necessite de reparos. Pontos
de entupimento podem ser atenuados perfurando-se orifícios de 1,3cm, a cada 30cm, na capa
do pavimento (EPA, 1999).
O pavimento deve ser inspecionado diversas vezes durante os primeiros meses que
seguem a instalação, e anualmente depois disso. As inspeções anuais devem ocorrer após
grandes tempestades, quando as poças colocarão em evidência os pontos de entupimento. No
caso de áreas impermeáveis contribuintes, as condições dos dispositivos de pré-tratamento
também devem ser inspecionadas (EPA, 1999).
34
A rotina de manutenção preventiva dos pavimentos permeáveis deve ser cumprida,
para que se possa preservar a capacidade de infiltração do revestimento e evitar assim maiores
gastos futuros. Baladès et al. (1995) mencionam que há pouca perda na capacidade de
infiltração do pavimento no primeiro ano de utilização, porém, após isso, há um rápido
declínio, onde o revestimento atinge uma capacidade de infiltração de 50% da original.
A durabilidade dos pavimentos permeáveis é ainda largamente discutida e
pesquisada, sendo que não há dúvida de que ela está diretamente ligada aos cuidados tomados
na execução, operação e manutenção do dispositivo (Marmier, 1999; Rommel et al. 2001;
Brattebo e Booth, 2003).
Os principais fatores que influenciam na durabilidade dos pavimentos permeáveis
são (Schueler et al., 1992):
Rotina de limpeza;
Restrições ao acesso de veículos pesados;
Inspeção na execução e posteriormente à construção;
Pré-tratamento do escoamento de outros locais;
Controle de sedimentos durante a construção.
Segundo Schueler et al. (1987), os principais tipos de falhas que reduzem a
durabilidade dos pavimentos são: perda parcial ou total da capacidade de infiltração,
deformação da camada de pavimento e insuficiência na absorção do solo. Um estudo
conduzido em Maryland, EUA, indicou que 75% de todos os sistemas com pavimentos
permeáveis examinados ficaram parcialmente ou totalmente entupidos em cinco anos. As
falhas são atribuídas às inadequadas técnicas de construção, baixa permeabilidade dos solos,
tráfego de veículos pesados e recobrimento das superfícies com pavimentos de materiais não-
porosos.
Apesar disso, estudos mostram que, quando bem projetado e conservado, o
pavimento permeável tem durabilidade semelhante à de um pavimento comum. Um exemplo
disso é o caso da Reserva Estadual de Walden Pond, em Concord, Massachussets, que
construiu um estacionamento em pavimento permeável, em 1977, que está em uso até hoje.
Mesmo com os ciclos extremos de congelamento e degelo, dos invernos típicos do local, o
pavimento não necessitou de grandes restaurações (Keating, 2001).
Rommel et al. (2001) construíram um equipamento de teste, com o intuito de se
aplicar, a protótipos de pavimento, um escoamento com carga de sedimentos semelhante
àquelas medidas em amostras provenientes de estacionamentos e áreas residenciais, em
Adelaide, Austrália. O objetivo do modelo era acelerar o “envelhecimento” do pavimento, e
35
verificar a redução da permeabilidade de cada uma de suas camadas. Após um período
equivalente a “35 anos” de teste, verificou-se que a camada que mais contribuiu para a
redução da permeabilidade do pavimento foi o filtro geotêxtil. O valor final da
permeabilidade do geotêxtil era de apenas 20% da inicial, ou seja, houve uma queda de 80%
na permeabilidade do geotêxtil. Apesar disso, o valor final da permeabilidade do pavimento
ainda era capaz de drenar completamente uma chuva de 100 anos de tempo de retorno (para
as condições do local de estudo), não havendo, portanto, motivos para a substituição do
pavimento.
Brattebo e Booth (2003) acompanharam o desempenho de quatro tipos diferentes de
pavimentos permeáveis, construídos em 1996. O local em estudo localiza-se em Renton, WA,
e consiste de nove vagas de estacionamento, oito das quais estão cobertas com quatro pares
diferentes de pavimentos permeáveis, sendo eles: (i) anéis de plástico resistente, ligados por
uma grade de plástico, preenchidos por grama em um tipo, e (ii) por pedras no outro; (iii)
blocos de concreto octogonais, com rejunte largo preenchido por pedras; (iv) e o bloco vazado
de concreto, preenchido por grama. Após seis anos de funcionamento, os quatro tipos de
pavimento mostraram pouco desgaste, sendo que os formados pelos tipos (i) e (ii) de
pavimento soltaram-se um pouco do solo, na região que geralmente apóia os pneus dos carros.
A eficiência na redução do escoamento superficial dos pavimentos continuou satisfatória após
os seis anos de uso diário.
O funcionamento das estruturas-reservatório com revestimento permeável está
diretamente ligado à manutenção de sua permeabilidade ao longo do tempo. Raimbault et al.
(1999) apud Raimbault et al. (2002) afirmam que a evolução da colmatação dos poros parece
estar ligada aos sucessivos ciclos de umidificação e secagem. Eles afirmam ainda que a forma
mais eficiente de prevenir a colmatação é remover regularmente o colmatante primário, antes
do endurecimento das obstruções.
2.9. Princípios para análise de custos
Quando se trata de custos em obras de engenharia, deve ficar claro se a análise a ser
feita levará em conta o ponto de vista econômico ou financeiro. Uma análise de custos do
ponto de vista econômico procura avaliar todos os custos e benefícios reais para a
comunidade favorecida pelo empreendimento, enquanto que a análise financeira diz respeito
somente aos custos e receitas diretamente aplicáveis a uma organização particular (CIRIA,
1996).
36
Seja do ponto de vista econômico ou financeiro, uma análise de custos deve avaliar
não apenas os gastos iniciais da obra, mas de toda a sua vida útil. Isso inclui custos de uma
possível operação futura, de manutenção e de reposição, que podem incorrer de forma que o
sistema possa desempenhar o papel para o qual foi projetado.
Sendo assim, dificilmente se pode afirmar de forma definitiva que um pavimento
permeável com estrutura reservatório custa mais ou menos que um pavimento comum com
drenagem convencional. Os custos irão variar caso a caso, de acordo com as condições do
terreno e da rede de drenagem local.
Para uma comparação apropriada entre os custos de um pavimento comum com
sistema de drenagem convencional e os de um pavimento permeável, deve-se levar em conta
(Azzout et al., 1994):
(a) Pavimento permeável
Aspectos positivos:
A diminuição e mesmo a supressão da rede de drenagem necessária ao
dispositivo, inclusive a economia dos custos de escavação e assentamento de
tubos para conexão com a rede existente;
Dispensa, na maioria dos casos, melhoras na rede de drenagem a jusante;
O pavimento permeável integra-se ao projeto da obra, não necessitando de
espaço adicional para sua implantação;
A diminuição dos danos materiais e humanos ocasionados pelas inundações nos
casos de sobrecarga da rede de drenagem;
Os benefícios decorrentes da recarga do aqüífero (para os pavimentos de
infiltração);
Especificamente para os pavimentos com revestimento permeável, tem-se a
melhora no conforto de condução, a redução de acidentes devidos à aquaplanagem
e ainda a diminuição da poluição sonora pelos ruídos dos automóveis.
Aspectos negativos:
A manutenção específica concernente ao pavimento, especialmente aqueles com
revestimento drenante;
Aumento de custo em terrenos de alta declividade, com a necessidade de
instalação de septos;
Pode haver um custo elevado do material granular devido ao afastamento de
pedreiras;
37
Necessidade de perícia no assunto da parte dos projetistas e executores;
Possibilidade de contaminação do solo e do lençol freático.
(b) Sistema de drenagem convencional (CIRIA, 1996)
Custos com a rede de drenagem do próprio empreendimento, inclusive a conexão
com a rede existente;
Melhorias que possam ser necessárias ao sistema de drenagem existente,
inclusive estruturas de detenção e ampliação dos tubos existentes;
Custos decorrentes da possível sobrecarga ou ruptura de tubos devido à nova
ligação.
Pode-se observar dos itens anteriores que, em uma análise do ponto de vista
econômico, a principal dificuldade consiste em quantificar em termos monetários alguns
custos e benefícios referentes ao sistema. Por exemplo, a análise dos custos ou benefícios
ambientais decorrentes da contribuição dos pavimentos permeáveis para a recarga do aqüífero
requer uma avaliação dos possíveis efeitos da poluição e dos benefícios do aumento do nível
do lençol.
Uma das maiores questões quando se trata da aplicação dos dispositivos de controle
na fonte do escoamento superficial é a comparação com os custos dos mecanismos de
drenagem convencionais. No entanto deve-se refletir a respeito dos ganhos ambientais e
humanos que o uso desses dispositivos acarretam para a comunidade. Diversas vezes, o
aumento da área impermeável da bacia e suas conseqüências chegam a tal ponto que a
aplicação do controle na fonte do escoamento superficial torna-se a única solução
ambientalmente aceitável.
38
3. MATERIAIS E MÉTODOS
De acordo com os objetivos do trabalho, foi construído nas dependências do
IPH/UFRGS, um módulo experimental constituído de um estacionamento com pavimento
permeável e reservatório de brita, intensamente monitorado, para avaliação desse dispositivo
no controle na fonte dos excessos pluviais.
A obra consta de um lote de estacionamento de 264m
2
, que foi dividido em duas
partes iguais, onde foi utilizado, numa metade, o revestimento de asfalto pré-misturado a frio
com granulometria aberta e, na outra metade, o revestimento com blocos vazados
intertravados de concreto preenchidos com areia e grama.
3.1. Estratégia metodológica
Com base na pesquisa bibliográfica e recomendações de literatura, iniciou-se o
processo de escolha do local, análise de viabilidade e investigações de subsolo, para poder-se
realizar o dimensionamento do pavimento.
Após os estudos preliminares e dimensionamento, deu-se início à execução do
dispositivo, fase essa que teve o apoio executivo da equipe da Secretaria Municipal de Obras
e Viação – SMOV/PMPA (Prefeitura Municipal de Porto Alegre). Alguns dos dispositivos de
monitoramento foram instalados paralelamente à execução do pavimento, enquanto que
outros foram instalados após seu término.
O monitoramento hidráulico do pavimento teve início no dia 4 de maio de 2004.
Paralelamente ao período de monitoramento, foi feita a análise dos dados à medida que estes
eram coletados, até o mês de dezembro de 2004.
Um acompanhamento visual da estrutura física do pavimento foi feito ao longo do
período de monitoramento, e também durante os eventos, onde se procurou registrar através
de fotografias áreas isoladas de acúmulo d’água durante os eventos chuvosos.
A análise do método de dimensionamento hidráulico-hidrológico do reservatório foi
feita calculando-se os valores de volume do reservatório que seriam obtidos com o método de
dimensionamento, para as precipitações ocorridas no período, e comparando-os com os
valores registrados de armazenamento no reservatório. Também foram calculadas taxas de
infiltração da água armazenada no solo, sendo esses valores comparados com os obtidos nos
ensaios preliminares, e também com aqueles utilizados no dimensionamento da camada
reservatório.
39
Foi feita uma análise dos custos envolvidos na implantação do pavimento
permeável, levando-se em conta apenas os valores correpondentes à implantação do
pavimento permeável propriamente dito, desconsiderando-se os valores dos dispositivos de
monitoramento, os quais não são aplicados em um pavimento permeável unicamente prático.
Esses valores foram comparados com aqueles correspondentes à implementação de um
pavimento comum, de drenagem convencional e dimensões iguais ao pavimento estudado.
3.2. Caracterização do Local de Implantação
3.2.1. Localização
A estrutura de infiltração em estudo consiste de um estacionamento em pavimento
permeável que foi construído junto ao Bloco de Ensino do IPH, onde se situam as salas de
aula e a biblioteca do instituto. O projeto foi elaborado no âmbito das pesquisas PRONEX e
IPH-URB (Centro de Águas Urbanas – IPH), que providenciaram os materiais e
supervisionaram a execução, que foi realizada pela SMOV/PMPA
O local do experimento foi escolhido em função da representatividade do solo
encontrado na base do pavimento, que é do tipo argiloso, com relação à cidade de Porto
Alegre (IBGE, 2003).
O tráfego no estacionamento é considerado leve, pois não há o acesso rotineiro de
veículos pesados, além de a área servir apenas como estacionamento, não servindo de acesso
para outras áreas.
Na Figura 3.1, pode-se observar uma foto com a localização do pavimento no Bloco
A do IPH. Na Figura 3.2, verifica-se a seção transversal do pavimento com a altura das
camadas.
40
Figura 3.1. Foto do pavimento permeável visto do alto.
Revestimento
em blocos de
concreto
vazados (8cm)
Reservatório de
brita (26-34cm)
Filtro Geotêxtil
Passeio
Calha para
controle do
escoamento
superficial
Camada de
areia (5cm)
Reservatório de
brita (26-34cm)
Filtro Geotêxtil
Calha para controle
do escoamento
superficial
Revestimento
em asfalto
poroso (7cm)
Solo
Natural
Calha para
isolamento
Figura 3.2. Seção transversal do pavimento permeável.
O estacionamento em pavimento permeável possui uma área de 264 m
2
, com
capacidade para 16 automóveis de passeio. A área foi dividida em duas partes de tamanhos
iguais, sendo aplicados sobre as mesmas dois tipos diferentes de revestimentos permeáveis.
Foram utilizados asfalto poroso pré-misturado a frio e blocos vazados intertravados de
concreto. Na Figura 3.3, observa-se a planta baixa do pavimento com suas principais
dimensões.
41
Figura 3.3. Planta baixa do pavimento com suas principais dimensões e com a localização dos pontos de coleta
de amostras para realização dos ensaios de caracterização do solo.
14,87m
17,74m
42
Figura 3.4. Calhas utilizadas para isolar o pavimento da contribuição do escoamento superficial.
A camada reservatório possui altura variando de 26 a 34cm (ver cálculo mais
adiante), de forma a garantir declividade à superfície (observar Figura 3.2). A camada de
revestimento asfáltico possui altura de 7cm; a camada de revestimento com blocos possui
altura total de 13cm, sendo que o colchão de areia sob os blocos possui 5cm de espessura.
Com o intuito de simplificar o monitoramento da estrutura, isolou-se a área de
contribuições de escoamento superficial, de modo que a entrada de água é proveniente apenas
da chuva incidente sobre o pavimento. Para tanto, foram instaladas calhas nos lados mais
baixos do pavimento, assim como na cobertura da passarela adjacente ao estacionamento. Na
Figura 3.4 observam-se fotos com as estruturas utilizadas para isolar o pavimento.
Com a observação dos eventos chuvosos no decorrer da construção, verificou-se que
as redes de drenagem dos telhados dos prédios próximas ao pavimento encontravam-se
obstruídas. Com isso, nos primeiros grandes eventos chuvosos, ocorreram alagamentos da
superfície gramada devido ao transbordamento das caixas de drenagem, com o transporte de
escoamento e sedimentos para o pavimento. Para evitar tal problema, foi necessária a
desobstrução dos drenos coletores do escoamento do telhado. Na Figura 3.5 pode-se ver a
localização dos drenos obstruídos e o escoamento proveniente da área gramada.
43
Figura 3.5. Foto dos drenos obstruídos com passagem de água e sedimentos para o pavimento.
3.2.2. Levantamento prévio à construção do experimento
Uma análise prévia do tipo de solo existente no local de estudo, antes do início da
construção do pavimento, foi realizada, de modo a permitir o pré-dimensionamento da
estrutura reservatório. A seguir são descritos os levantamentos realizados e os resultados
obtidos.
Em um primeiro estágio, foi feito um reconhecimento da área a ser implantado o
pavimento, de forma a se identificar possíveis empecilhos ao bom funcionamento do mesmo.
Verificou-se, inicialmente, a existência de uma área gramada e com pequenas árvores
adjacentes ao local de implantação. Observou-se também que após o corte da grama, não é
feita a limpeza do excesso, o qual pode ser carregado pelo vento e então vir a atingir o
pavimento.
Não foi verificada a existência de solo descoberto próximo ao local, que pudesse vir
contribuir com o carreamento de solo para o pavimento.
Visualmente, foi detectada uma pequena declividade na superfície do solo, a qual foi
evidenciada posteriormente pelo levantamento topográfico. Essa declividade, porém, não
inviabilizou a implantação do pavimento, por ser corrigível e de pequena magnitude.
Não se obteve acesso a plantas de localização de tubos de esgoto, água ou drenagem
pluvial. Dessa forma, a detecção da rede foi feita apenas com base em informação fornecida
por funcionários locais.
44
Sondagem e caracterização do solo
Foram realizadas sondagens a trado em três pontos do pavimento (pontos CBR1,
CBR2 e CBR3, na Figura 3.3). Os furos tinham profundidade de 2m e permitiram um
reconhecimento inicial do tipo de solo existente na base do experimento. Foram coletadas
duas amostras em cada ponto, a profundidades mostradas na Tabela 3.1. A coleta das
amostras e os ensaios foram realizados pela empresa LGD (Laboratório Gutierrez Damasco).
A Figura 3.6 a seguir mostra a realização da sondagem de um dos pontos.
Figura 3.6. Sondagem de pontos para a caracterização do solo no estacionamento.
Em cada amostra, foram realizados os seguintes ensaios:
Granulometria por peneiramento
O ensaio de granulometria determina a faixa de variação dos diâmetros dos grãos do
solo e também com que freqüência eles ocorrem.
Consiste em se passar uma amostra de solo, previamente seca e destorroada, com
auxílio de vibração, por uma série de peneiras de malha quadrada. Após o peneiramento (15
min), pesa-se a quantidade de material retida em cada peneira (Cauduro e Dorfman, 1990).
Foram utilizadas as peneiras: 3/4”, 3/8”, 4,8mm (peneira nº4), 2mm (nº10), 0,84mm
(nº20), 0,42mm (nº40), 0,25mm (nº60) e 0,075mm (nº200).
Os resultados do ensaio são mostrados na Tabela 3.1 e a curva de distribuição
granulométrica pode ser vista na Figura 3.7.
45
50
55
60
65
70
75
80
85
90
95
100
0,01 0,1 1 10 100
Diâmetro das partículas (mm)
% Passando
Furo1 (24-120cm)
Furo1 (120-200cm)
Furo2 (22-125cm)
Furo2 (125-200cm)
Furo3 (20-90cm)
Furo4 (90-150cm)
Tabela 3.1. Resultado do ensaio de análise granulométrica.
Análise granulométrica (% passando)
Furo
Profund.
(cm)
3/4” 3/8” Nº4
10
20
40
60
200
Classif.
AASHTO
Classisf. Visual
1 24-120 100 98 96 80 71 66 63 58
Argila
arenosa
Argila arenosa
vermelha
1 120-200 100 100 99 88 75 67 64 60
Argila
arenosa
Arg. aren. ama-
rela variegada
2 22-125 100 100 98 83 70 63 60 55
Argila
arenosa
Argila arenosa
vermelha
2 125-200 100 100 98 77 65 61 59 55
Argila
arenosa
Arg. aren. ama-
rela variegada
3 20-90 100 100 99 82 68 62 60 56
Argila
arenosa
Argila arenosa
avermelhada
3 90-150 100 100 97 78 66 61 58 54
Argila
arenosa
Arg. aren. ama-
rela variegada
Figura 3.7. Curva de Distribuição Granulométrica do solo presente na base do pavimento.
Pelos dados da Tabela 3.1, e pela Figura 3.7, pode-se observar a grande presença de
finos no solo. Isso de deve à natureza argilosa do solo, detectada também pela caracterização
visual das amostras (Tabela 3.1).
Proctor normal com reuso da amostra:
O ensaio Proctor Normal consiste em se compactar uma porção de solo com uma
certa energia de compactação em diferentes teores de umidade. A partir daí se obtém a
chamada curva de compactação, de onde se determinam a densidade máxima do solo e sua
umidade ótima. Na Figura 3.8 pode-se observar o material utilizado na realização do ensaio
Proctor Normal.
46
Figura 3.8. Soquete de compactação e cilindro de compactação utilizados no ensaio Proctor Normal
A Tabela 3.2 contém os resultados obtidos neste ensaio. Verifica-se uma umidade
ótima do solo em torno de 20%. Esse ensaio é importante em obras de pavimentação para
verificar a adequação do solo para o trânsito de veículos. Sendo o pavimento submetido
apenas ao tráfego leve, nota-se que o solo possui características satisfatórias para o referido
fim.
Índice de Suporte Califórnia (ISC ou CBR) moldado na umidade ótima;
No ensaio ISC, é medida a resistência à penetração de uma amostra saturada
compactada segundo o Método Proctor. Para essa finalidade, um pistão com seção de 3pol
2
(5cm de diâmetro) penetra na amostra a uma velocidade de 0,05pol/min (1,25mm/min). Na
Figura 3.9 pode-se observar o aparelho utilizado na realização do ensaio.
O valor da resistência à penetração é computado em porcentagem, sendo que 100% é
o valor correspondente à penetração em uma amostra de brita graduada de elevada qualidade
que foi adotada como padrão de referência (Caputo, 1976).
Na Tabela 3.2, podem-se observar os resultados obtidos neste ensaio. Os valores
obtidos no ensaio são considerados satisfatórios para o pavimento submetido a um tráfego de
veículos leves (Caputo, 1975), e foram utilizados pela equipe do Laboratório de Pavimentação
(LAPAV) da UFRGS no cálculo da espessura do revestimento asfáltico.
47
Figura 3.9. Aparelho usado para realização do ensaio ISC.
Plasticidade e Consistência (Limite de Liquidez e Limite de Plasticidade).
Plasticidade é a propriedade que o solo possui de ser submetido a grandes
deformações sem sofrer ruptura ou fissuramento. Quando no estado plástico, o solo pode
sofrer grandes deformações sem apresentar rupturas ou fissuramento; perde a capacidade de
fluir, adquirindo uma certa resistência ao cisalhamento. A máxima umidade em que o solo
possui comportamento plástico é chamado Limite de Liquidez; e a mínima é o Limite de
Plasticidade.
A diferença entre o Limite de Liquidez e o Limite de Plasticidade é chamada de
Índice de Plasticidade, e é, portanto, a faixa na qual o solo se comporta plasticamente.
Na Tabela 3.2, encontram-se os valores encontrados para o Limite de Liquidez e o
Índice de Plasticidade das amostras de solo estudadas. Pode-se observar que o índice de
plasticidade do solo foi superior a 15 em todas as amostras, o que classifica o mesmo como
solo altamente plástico (Caputo, 1976).
Tabela 3.2. Propriedades do solo obtidas em ensaio.
Furo
Profundidade
(cm)
Compactação AASHTO
Ensaios
Físicos
I. S. C.
Densidade
máxima
(kg/m
3
)
Umidade
Ótima (%)
LL IP
h
(%)
Dens. Exp. ISC
1 24-120 1630 20,0 56 20 20,0 1654 0,19 20
1 120-200 1585 24,5 62 21 24,3 1568 0,50 5
2 22-125 1614 20,3 63 22 20,0 1607 0,36 14
2 125-200 1621 19,4 61 21 19,4 1647 1,35 4
3 20-90 1710 19,1 58 20 18,9 1728 0,96 8
3 90-150 1716 18,9 50 20 18,5 1685 1,20 6
Legenda: LL= Limite de Liquidez; IP= Índice de Plasticidade; h= umidade do solo; ISC= Índice de suporte
Califórnia
48
Não foi detectada a presença de lençol freático até a profundidade sondada no
ensaio, o que diminui a possibilidade de contaminação do freático pela penetração de
possíveis contaminantes no solo.
Taxa de infiltração: ensaio dos anéis concêntricos
A realização do ensaio de infiltração, no contexto do presente trabalho, teve o
objetivo de estimar a velocidade de infiltração da água no solo existente no local onde foi
construído o pavimento permeável. A determinação da capacidade de infiltração do solo foi
necessária ao cálculo do volume do reservatório de britas, o qual deve ser suficientemente
grande para acomodar a chuva de projeto.
Para a realização deste ensaio, foi utilizado o método dos anéis concêntricos, por
retornar resultados confiáveis e ser de simples execução. A Figura 3.10 apresenta o esquema
de montagem do infiltrômetro e uma foto no momento da realização do ensaio.
Figura 3.10. Esquema de montagem do infiltrômetro de anéis concêntricos e foto do ensaio realizado no
pavimento.
O ensaio de infiltração foi executado em dois pontos do estacionamento. A
localização dos pontos pode ser vista na Figura 3.3, onde os pontos são identificados como
INF A e INF B. Este procedimento permite a comparação entre os resultados dos dois ensaios.
Com o intuito de se obter a capacidade de infiltração da camada de solo que está exatamente
abaixo do reservatório de britas, os ensaios foram realizados dentro de escavações de formato
retangular, de aproximadamente 1,2 x 1,2m, e 50cm de profundidade.
A Tabela 3.3 a seguir mostra um resumo dos valores encontrados para os dois
ensaios.
Cilindro interno
Régua com flutuador
Cilindro externo
Solo
49
Tabela 3.3. Resultados do ensaio de infiltração com duplo anel.
Ensaio Ponto Inf B Ensaio Ponto Inf A
Tempo de
infiltração
(min)
Leitura
(cm)
Variação da
lâmina
d’água (h)
(cm)
V
m
de
Infiltração
(mm/h)
h/t*6
Leitura
(cm)
L. Ajustada
Variação da
lâmina
d’água h)
(cm)
V
m
de
Infiltração
(mm/h)
h/t*6
0 7,93 6,5
1 7,98 0,05 30 6,8 0,3 180
2 8,02 0,04 24 6,9 0,1 60
3 8,04 0,02 12 7 0,1 60
4 8,06 0,02 12 7,1 0,1 60
5 8,08 0,02 1,2 7,2 0,1 60
10 8,12 0,04 4,8 7,5 0,3 36
20 8,15 0,03 1,8 7,9 0,4 24
30 8,2 0,05 3 8,3 0,4 24
45 8,24 0,04 1,6 8,8 0,5 20
60 8,27 0,03 1,2 9,3 0,5 20
90 8,31 0,04 0,8 10,1 0,8 16
120 8,35 0,04 0,8 10,8 8,4 0,7 14
180 8,4 0,05 0,5 9,8 1,4 14
240 8,6 0,2 2 10,8 1 10
360 8,8 0,2
1
12,2 1,4
10,4
Pela tabela anterior, pode-se verificar que a velocidade de infiltração do solo
saturado é de 1mm/h no ponto 1 e de 10mm/h no ponto 2. Na literatura, aconselha-se o uso de
pavimentos permeáveis apenas em solos com taxa de infiltração superior a 7mm/h (EPA,
1999). Devido à grande diferença no resultado do ensaio de infiltração, optou-se por realizá-lo
em mais pontos, após a etapa de escavação do pavimento. Os resultados são mostrados no
item 3.2.3.
Levantamento topográfico detalhado
Foi realizado um levantamento topográfico da área de implantação do
estacionamento, para a determinação das exatas dimensões da área em estudo, e da forma da
superfície existente. Tal levantamento foi realizado pelo geógrafo Agustin Sanches y Vacas
no dia 18 de abril de 2003. A Figura 3.11 mostra as curvas de nível da área do pavimento,
extraídas do levantamento topográfico.
Da topografia do local, pôde-se determinar as exatas dimensões do estacionamento,
de modo que este não possuísse uma declividade muito alta, evitando assim a necessidade de
dividir o reservatório em células menores.
50
M
E
I
O
F
I
O
C
A
L
Ç
A
D
A
P
A
S
S
A
R
E
L
A
C
O
B
E
R
T
A
M
E
I
O
F
I
O
M
E
I
O
F
I
O
E
I
X
O
M
E
I
O
F
I
O
M
E
I
O
F
I
O
B
B'
E
I
X
O
M
E
I
O
F
I
O
A
J
A
R
D
I
M
A'
M
E
I
O
F
I
O
Figura 3.11. Caracterização topográfica da área do experimento (cotas em metros).
3.2.3. Ensaios de caracterização no solo subjacente
Após o término da escavação do reservatório foram realizados outros ensaios no
solo subjacente ao reservatório. Estes ensaios foram feitos com o intuito de complementar os
dados já existentes dos levantamentos anteriores.
A seguir encontram-se os resultados obtidos de cada um dos ensaios.
Taxa de infiltração: ensaio dos anéis concêntricos
Devido à grande variação dos resultados do ensaio de infiltração realizado
anteriormente, foi repetido e ensaio em outros seis pontos distribuídos na superfície do solo
subjacente. A distribuição dos pontos do ensaio pode ser verificada na Figura 3.3, onde os
mesmos são identificados como INF1, INF2, ..., INF6.
O ensaio seguiu a mesma metodologia utilizada anteriormente (ver página 48), e os
resultados são mostrados nas Tabela 3.4 a 3.6 a seguir.
51
Tabela 3.4. Resultados dos ensaios de infiltração com duplo anel – pontos INF1 e INF2.
Ensaio Ponto INF1 Ensaio Ponto INF2
Tempo de
infiltração
(min)
Leitura
(cm)
Variação da
lâmina
d’água (h)
(cm)
V
m
de
Infiltração
(mm/h)
h/t*6
Leitura
(cm)
Variação da
lâmina
d’água (h)
(cm)
V
m
de
Infiltração
(mm/h)
h/t*6
0 2.4 0 0.7 0
1 2.6 0.2 120 0.8 0.1 60
2 2.7 0.1 60 0.8 0 00
3 2.8 0.1 60 0.9 0.1 60
4 2.8 0 00 0.9 0 00
5 2.9 0.1 60 1 0.1 60
10 3.1 0.2 24 1.1 0.1 12
20 3.7 0.6 36 1.2 0.1 6
30 4.2 0.5 30 1.4 0.2 12
45 4.9 0.7 28 1.6 0.2 8
60 5.4 0.5 20 1.8 0.2 8
90 6.6 1.2 24 2.2 0.4 8
120 7.6 1 20 2.5 0.3 6
240 10.9 3.3 18 3.3 0.8 5,2
300 12.2 1.3 17,3 - - -
420 16.3 4.1
15,9
5.2 1.9
5,8
Tabela 3.5. Resultados dos ensaios de infiltração com duplo anel – pontos INF3 e INF4.
Ensaio Ponto INF3 Ensaio Ponto INF4
Tempo de
infiltração
(min)
Leitura
(cm)
Variação da
lâmina
d’água (h)
(cm)
V
m
de
Infiltração
(mm/h)
h/t*6
Leitura
(cm)
Variação da
lâmina
d’água (h)
(cm)
V
m
de
Infiltração
(mm/h)
h/t*6
0 0.3 0 1.1 0
1 0.7 0.4 240 1.2 0.1 60
2 0.8 0.1 60 1.2 0 0
3 0.9 0.1 60 1.2 0 0
4 0.9 0 0 1.3 0.1 60
5 1 0.1 60 1.3 0 0
10 1.4 0.4 48 1.4 0.1 12
20 2 0.6 36 1.5 0.1 6
30 2.6 0.6 36 1.8 0.3 18
45 3.2 0.6 24 2.1 0.3 12
60 3.5 0.3 12 2.5 0.4 16
120 4.5 1 10 3.5 1 10
150 5.5 1 20 4.4 0.9 18
180 6 0.5 10 5.1 0.7
14,0
210 6.5 0.5
10,0
- - -
52
Tabela 3.6. Resultados dos ensaios de infiltração com duplo anel – pontos INF5 e INF6.
Ensaio Ponto INF5 Ensaio Ponto INF6
Tempo de
infiltração
(min)
Leitura
(cm)
Variação da
lâmina
d’água (h)
(cm)
V
m
de
Infiltração
(mm/h)
h/t*6
Leitura
(cm)
Variação da
lâmina
d’água (h)
(cm)
V
m
de
Infiltração
(mm/h)
h/t*6
0 0.4 0 0 1.60 0,00 60
1 0.5 0.1 60 1.70 0,10 60
2 0.5 0 0 1.80 0,10 0,00
3 0.5 0 0 1.80 0,00 0,00
4 0.5 0 0 1.80 0,00 0,00
5 0.5 0 0 1.80 0,00 0,00
10 0.5 0 0 1.80 0,00 0,00
20 0.5 0 0 1.80 0,00 0,00
30 0.6 0.1 6 1.80 0,00 0,00
45 0.6 0 0 1.80 0,00 4,0
60 0.7 0.1 4 1.90 0,10 2,0
90 0.7 0 0 2.00 0,10
4,0
120 0.7 0
0,0
- - -
A distribuição dos pontos na área do pavimento pode ser vista na Figura 3.3, e o
resumo dos dados dos ensaios de infiltração, consta na Tabela 3.7.
Tabela 3.7. Resumo dos ensaios de infiltração com duplo anel.
Lado A Lado B
INF A = 10mm/h INF B = 1mm/h
INF 1 = 15,9 mm/h INF 4 = 14 mm/h
INF 2 = 5,8 mm/h INF 5 = 0 mm/h
INF 3 = 10 mm/h INF 6 = 4 mm/h
média = 10,4mm/h média = 4,5mm/h
Pode-se observar que não foram obtidos resultados consistentes no ponto INF 5. Os
demais valores de taxa de infiltração do solo saturado variaram de 4,0 a 15,9mm/h. Esses
resultados confirmaram a heterogeneidade observada nos ensaios anteriormente realizados.
Observa-se também que três pontos (INF1, INF3 e INF4) resultaram em taxas de infiltração
superiores à mínima recomendada de 7mm/h (EPA,1999), o que não aconteceu com os pontos
INF2, INF5 e INF6.
Uma constatação importante acerca dos dados de taxa de infiltração obtidos nos
ensaios é que o valor médio dos pontos localizados no Lado A (revestimento em asfalto
poroso) do pavimento foi de 10,5mm/h, enquanto que no lado B, essa média foi de 4,8mm/h.
Essa diferença pode vir a representar alterações no comportamento dos reservatórios dos
pavimentos, visto que os mesmos são isolados entre si.
53
Condutividade hidráulica horizontal: poço invertido
Condutividade hidráulica, ou coeficiente de permeabilidade, é o coeficiente de
proporcionalidade entre a velocidade do fluxo e o gradiente hidráulico (Cauduro e Dorfman,
1990). A condutividade hidráulica expressa, portanto, um índice da maior ou menor
dificuldade com que o solo se opõe à passagem da água por seus poros (Vargas, 1977).
Como não foi detectada a presença de lençol freático na sondagem realizada
previamente (ver página 44), a condutividade hidráulica horizontal do solo foi determinada
pelo método do poço acima do lençol freático, conhecido como ensaio do poço invertido.
Este ensaio consiste em abrir um poço, enchê-lo com água e medir a velocidade de
abaixamento de seu nível. A operação é repetida de 1 a 3 vezes em solos argilosos. O
esquema de montagem do experimento pode ser visto na Figura 3.12.
Figura 3.12. Esquema do ensaio de condutividade hidráulica pelo método do poço invertido (Fonte: Cauduro e
Dorfman, 1990).
A condutividade hidráulica (m/dia) pode ser calculada pela Equação 3.1 a seguir:
()
(
)
12
21
2log2log
15,1
tt
rhrh
rK
++
=
Equação 3.1
Onde:
K = condutividade hidráulica horizontal (m/dia);
r = raio do poço (cm);
h
1
+r/2 = altura correspondente a um dado ponto da reta interpolatriz (cm);
h
2
+r/2 = altura correspondente a um segundo ponto da reta interpolatriz (cm);
t
1
= instante correspondente à primeira leitura (h
1
+r/2) na reta interpolatriz (s);
t
2
= instante correspondente à segunda leitura (h
2
+r/2) na reta interpolatriz (s).
O ensaio foi realizado segundo a metodologia descrita acima, em quatro pontos do
estacionamento, denominados P1, P2, P3 e P4 na Figura 3.3. Os poços perfurados tiveram
Régua com
flutuado
r
solo
2
r
h
i
h
o
54
profundidades de 75 a 80 cm, e raio de 6 cm. Os pontos P1 e P2 localizam-se no Lado B do
pavimento, e os pontos P3 e P4 localizam-se no Lado A. A Tabela 3.8 apresenta os resultados
do ensaio:
Tabela 3.8. Resultado do ensaio de condutividade hidráulica com poço invertido.
Ponto Condutividade hidráulica
(m/dia) (mm/h)
P1 0,223 9,27
P2 0,389 16,20
P3 0,552 23,00
P4 0,531 22,12
Assim como ocorreu com o ensaio de infiltração com duplo anel, os pontos
localizados no Lado A do pavimento resultaram em condutividades hidráulicas superiores
àqueles localizados no Lado B. A condutividade hidráulica média para os pontos P3 e P4 foi
de 22,6mm/h, e entre os pontos P1 e P2 foi de 12,7mm/h.
O U. S. Bureau of Plant Industry and Agricultural Engineering classifica os solos
conforme sua condutividade hidráulica de acordo com a Tabela 3.9 (Cauduro e Dorfman,
1990):
Tabela 3.9. Classificação dos solos segundo a condutividade hidráulica.
Classe K (mm/h)
Muito lenta <1,3
Lenta 1,3 a 5,1
Moderadamente lenta 5,1 a 20,0
Moderada 20,0 a 63,0
Moderadamente rápida 63,0 a 127,0
Rápida 127,0 a 254,0
Muito rápida >254
Fonte: Cauduro e Dorfman, 1990.
Pelos resultados do ensaio, o solo estudado pode ser classificado, de acordo com a
Tabela 3.9, como de condutividade hidráulica moderada no Lado A do pavimento, e
moderadamente lenta no Lado B. Esses resultados são correspondentes a uma condutividade
média para a profundidade em que foi perfurado o poço, de 75 cm.
Condutividade hidráulica saturada: piezômetro auto-obturador
Foi realizado um ensaio de condutividade hidráulica com piezômetro auto-
obturador, um novo equipamento para a realização deste ensaio, que se baseia na fusão de
piezômetros tradicionais e obturadores de furos de sondagem, aliados aos conceitos da teoria
55
de expansão de cavidade (Oliveira e Schneid, 2000). A medição da condutividade hidráulica
com piezômetros segue o mesmo princípio do ensaio com poço direto ou invertido, sendo que
a velocidade de elevação ou descida da água é medida com um piezômetro. Esse tipo de
ensaio tem a vantagem de permitir a medição da condutividade hidráulica específica de cada
camada, mediante a instalação de piezômetros a diferentes profundidades (Cauduro e
Dorfman, 1990). O esquema de montagem do experimento é mostrado na Figura 3.13.
Figura 3.13. Esquema de montagem do ensaio do piezômetro auto-obturador (Oliveira e Schnaid, 2000).
O ensaio foi realizado pela empresa Ecogeo, em dois pontos da área em estudo
(denominados F1 e F2 na Figura 3.3), a quatro profundidades. Os resultados são mostrados na
Tabela 3.10.
Tabela 3.10. Resultados do ensaio de condutividade hidráulica com piezômetro auto-obturador.
Condutividade hidráulica (mm/h)
Ponto/Prof. 1m 2m 3m 4m
F1 4,93 28,12 31,75 -
F2 33,55 17,61 18,65 17,57
- = Não foi realizado o ensaio a 4m no ponto F1.
O ponto F1 localiza-se no lado B do reservatório, e o ponto F2, no lado A, como
pode ser visto na Figura 3.3. Assim como nos ensaios anteriores, o ponto localizado no Lado
A do pavimento apresentou valores maiores que aquele localizado no Lado B, para o ensaio
realizado a 1 metro de profundidade. Porém, para as demais profundidades, a condutividade
hidráulica saturada do ponto F1 foi superior à correspondente no ponto F2.
Observando-se a Tabela 3.9, verifica-se que a maior parte das amostras analisadas
classificou-se como de condutividade hidráulica moderada ou moderadamente lenta. O ensaio
foi realizado a profundidades superiores às utilizadas no ensaio do poço direto, e em pontos
diferentes.
¨
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
Fonte de
pressão
Zonas
rosqueadas
Tubo de
subida
Tubulação
de ar
Área de
fluxo
Unidade
inflável
56
Curva de retenção: ensaio da panela de pressão
O ensaio para determinação da curva de retenção consiste em submeter amostras de
solo com estrutura natural (ou seja, amostras indeformadas), a uma diferença de pressão entre
as faces opostas das amostras. Essa diferença de pressão faz sair água das amostras até que
estas fiquem em equilíbrio com a diferença de pressão aplicada (Cauduro e Dorfman, 1990).
No presente trabalho, tal diferença de pressão foi aplicada através do método das
panelas de pressão. Na Figura 3.14 observa-se esquema de realização do ensaio.
Figura 3.14. Esquema de realização do ensaio da curva de retenção com o método das panelas de pressão.
(Cauduro e Dorfman, 1990)
A curva de retenção de água pelo solo relaciona a umidade gravimétrica da amostra
com a pressão aplicada pela panela. Ela exprime a força com que a água está retida no solo,
para cada valor de umidade. Através da curva de retenção, estima-se a rapidez com que a água
infiltra através do solo. (Cauduro e Dorfman, 1990)
O ensaio foi realizado em 18 pontos distribuídos na área do estacionamento, onde
foram coletadas duas amostras indeformadas em cada ponto. Os pontos estão distribuídos
conforme mostra a Figura 3.3 (Pág. 41) e são identificados com as siglas RET 1, RET 2 ...
RET 18. Na análise dos resultados do ensaio foram verificadas algumas incoerências nos
valores de umidade em algumas amostras. Nesses casos, as amostras não adequadas foram
desprezadas. Quando ambas as amostras de cada ponto resultaram em valores coerentes, o
gráfico foi traçado com a média entre as duas amostras.
Compressor
de a
r
Manômetro
6
6
Panela de
pressão
Dreno
P
ap
P
atm
+P
ap
Amostra de
solo
P
atm
Prato poroso
cerâmico
57
Curva de Retenção
0
10
20
30
40
50
60
0 500 1000 1500 2000 2500 3000
Pressão (cm.c.a.)
Umidade Volumétrica (%)
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
média
No gráfico da Figura 3.15 observa-se o traçado da curva de retenção de água pelo
solo, com os pontos identificados de 1 a 18, onde a curva denominada média foi obtida
através da média aritmética dos valores de umidade dos pontos.
Figura 3.15. Curva de retenção de água pelo solo.
Os resultados dos ensaios de solo realizados no experimento mostraram que o
pavimento situa-se sobre um solo argilo-arenoso de baixa condutividade hidráulica. Nos solos
de baixa condutividade hidráulica, ocorre maior perda de carga da água ao percorrer o solo,
ou seja, a percolação da água ocorre de maneira mais lenta.
3.3. Variáveis de Controle
A escolha das variáveis de controle foi feita em função dos processos hidrológicos
envolvidos, sendo eles: precipitação, interceptação, escoamento superficial,
infiltração/percolação e evaporação. Dessa forma, procurou-se monitorar as variáveis
envolvidas com a entrada e saída de água do dispositivo.
Como variável de entrada, considerou-se apenas a precipitação incidente sobre o
pavimento, já que o mesmo está isolado de contribuições de escoamento superficial
proveniente de outros locais.
As variáveis de saída são: o escoamento superficial do revestimento, coletado
através de calhas e medido por vertedor com sensor de pressão; a evaporação da água
58
armazenada, que pode ser estimada com o auxílio da estação meteorológica instalada; o
possível extravasamento do reservatório, monitorado através de sensores de pressão; o
volume de água armazenado no reservatório ao longo do tempo, medido por sensores de
pressão; a infiltração da água no solo, que pode ser estimada pelo balanço hídrico e com o
auxílio dos medidores de umidade do solo.
3.4. Estrutura física e de monitoramento
Para a execução da estrutura do pavimento, optou-se por utilizar materiais
disponíveis no comércio regional, ou que se tornariam facilmente disponíveis na ocasião de
surgimento de uma demanda pelo mercado. Também foi dada preferência a materiais de baixo
custo, com o intuito de tornar o dispositivo o mais facilmente aplicável e atraente possível do
ponto de vista financeiro.
3.4.1. Camada superficial
A camada superficial foi concebida com dois tipos de revestimento, de modo a
permitir uma comparação da eficiência das duas partes.
Em um lado do pavimento, utilizou-se revestimento com blocos vazados
intertravados de concreto do tipo “S”, fabricados pela ICL (Indústria de Concretos LTDA), e
adquiridos com recursos da pesquisa IPH-URB. Os blocos possuem uma altura média de 8cm,
e foram confeccionados segundo as normas de controle tecnológico da ABNT (Associação
Brasileira de Normas Técnicas). As aberturas dos blocos foram preenchidos com tufos de
grama, de modo a conferir ao pavimento uma aparência agradável (ver Figura 3.16 (a)).
Houve a necessidade de encomendar a confecção dos blocos, já que estes não são utilizados
correntemente nas estruturas de pavimentação.
O revestimento utilizado na outra metade do pavimento foi o asfalto do tipo pré-
misturado a frio com granulometria aberta (ver Figura 3.16 (b)). Esse asfalto possui um baixo
custo com relação ao asfalto usinado a quente, e é utilizado atualmente pela prefeitura de
Porto Alegre para a função de remendos em vias de asfalto. O traço utilizado na confecção do
concreto foi de 60% de brita ¾, 40% de brita 3/8 e 5% do volume de agregados em emulsão
asfáltica (dados fornecidos pela equipe da SMOV/PMPA). O material foi doado pela
Prefeitura de Porto Alegre.
59
Figura 3.16. (a) Revestimento do pavimento com blocos intertravados de concreto, preenchidos com tufos de
grama; (b) Revestimento do pavimento com asfalto pré-misturado a frio de granulometria aberta.
3.4.2. Camada reservatório
A brita basáltica utilizada na camada reservatório do pavimento foi cedida pela
CONCEPA Free Way (Concessionária da Rodovia Osório–Porto Alegre S/A). A
caracterização do material foi realizada pela equipe do LAPAV/UFRGS.
A equipe realizou ensaios de granulometria, porosidade, índice de vazios, Índice de
Suporte Califórnia e Módulo de Resiliência. Para os objetivos do presente estudo, serão
apresentados os resultados referentes apenas aos ensaios de granulometria, índice de vazios e
porosidade. Os resultados dos demais ensaios podem ser consultados em Malysz et al. (2003).
A Tabela 3.11 a seguir mostra a distribuição granulométrica da brita utilizada no
pavimento.
Tabela 3.11. Composição granulométrica da brita utilizada na camada reservatório do pavimento permeável.
Peneira
1” 3/4” 1/2” 3/8” N° 4 N°10 N° 40 N° 80 N° 200
Passante (%)
100 99,9 96,4 52,5 6,2 3,6 2,9 2,3 1
Fonte: Malysz et al. (2003)
A análise granulométrica mostrou que a brita estudada possui um coeficiente de
uniformidade igual a 1,3 e, portanto, classificando-a como muito uniforme (Caputo, 1976).
No material estudado ocorre predominância de agregados retidos na peneira 3/8”e na peneira
N° 4. Essas características não representam limitações ou obstáculos à sua utilização no
pavimento, pois o mesmo é destinado apenas ao trânsito de veículos leves. O uso da brita
uniforme visou a obtenção de uma maior porosidade do material.
60
Caputo (1976) define como índice de vazios a relação entre o volume de vazios e o
volume da parte sólida de um material granular. O
valor de índice de vazios da brita estudada foi de
e=0,57. Já a porosidade, definida pelo mesmo autor
como a relação entre o volume de vazios e o
volume total de material, foi determinado como
sendo η
=0,36 (Malysz, 2003). O valor da
porosidade da brita é essencial para o cálculo do
volume do reservatório. Na Figura 3.17 pode-se
visualizar amostra da brita utilizada no pavimento.
Figura 3.17. Amostra da brita utilizada na camada
reservatório.
3.4.3. Interface entre as camadas
Conforme descrito no item 2.5.3, utilizou-se um filtro geotêxtil na interface entre as
camadas para evitar a migração de material de uma camada para outra do pavimento. A
membrana foi aplicada como uma envoltória da camada de brita, para evitar a migração de
areia ou asfalto para a mesma, e também a migração de brita para a camada de solo abaixo do
pavimento.
O geotêxtil utilizado foi da marca Bidim
®
, do tipo OP-50. A membrana possui uma
porosidade superior a 90%, o que permite a passagem da água para as camadas inferiores. Sua
abertura de filtração é de aproximadamente 100µm, o que evita a migração de finos para as
camadas inferiores. O produto se apresenta em rolos de 2,15m de largura e 150 m de
comprimento, e foram utilizados três rolos no experimento. As especificações do produto
foram extraídas de informativos da fabricante BBA nonwovens, e o material foi doado ao
projeto pela ABINT – Associação Brasileira das Indústrias de Nãotecidos e Tecidos Técnicos.
3.4.4. Estruturas de Monitoramento
De modo a possibilitar a análise dos fenômenos físicos envolvidos no
funcionamento do pavimento permeável, e assim proceder ao cálculo do balanço hídrico do
sistema, foram instalados dispositivos para monitoramento (mostrados na Figura 3.18) das
variáveis envolvidas na individualização do sistema. Os dispositivos de monitoramento são
descritos a seguir.
61
Coletores de Qualidade Guias de ondas TDR
Passarela
Passeio
Linígrafos de Pressão
Figura 3.18. Distribuição dos dispositivos de monitoramento do pavimento permeável.
Drenos
extravasores
Drenos
de fundo
Calha de
coleta esc.
superficial
Calha de
coleta esc.
superficial
Reservatórios
coletores
62
Poços de observação
Para permitir o monitoramento da altura de água existente no reservatório, foram
instalados três poços de observação em cada lado do pavimento. Esses poços constam de
tubos de PVC de 75mm de diâmetro, perfurados ao longo do comprimento.
Dentro deles foram instalados sensores de pressão ligados a registradores
automáticos (data loggers), o que permite o monitoramento da evolução da altura d’água no
reservatório. Ligando os poços de observação ao data logger, foram instalados eletrodutos
rígidos de uma polegada da marca Tigre
®
, para evitar danos ao condutor do sensor. Na área
do pavimento, os eletrodutos foram revestidos com uma camada de concreto para conferir
maior resistência ao eletroduto contra a passagem dos carros (ver Figura 3.19).
A localização dos poços pode ser vista na Figura 3.18.
Figura 3.19. Poços de observação e protetor dos eletrodutos em concreto.
Calha de coleta do escoamento superficial
Foram instaladas calhas semicirculares em PVC com diâmetro de 125mm da marca
Tigre
®
para coletar o escoamento proveniente da superfície do pavimento. Foi instalada uma
calha em cada lado do pavimento (conforme a Figura 3.19), sendo que cada uma delas leva o
escoamento para reservatórios coletores individualizados, que serão descritos a seguir.
63
Nos reservatórios, a vazão de saída é vertida para um reservatório em acrílico,
equipado com vertedor triangular. A carga do vertedor é medida por sensor de pressão, e
armazenado por registrador automático (data logger).
Dreno de fundo
O cálculo do tempo de esvaziamento do reservatório, mostrado no item 3.5.1,
evidenciou a necessidade de instalação de tubos do tipo dreno no fundo da camada de brita.
Esses drenos possuem registros que permitem a liberação do excesso de água que venha a
ficar armazenado no reservatório por um tempo superior ao máximo recomendado na
literatura (ver item 2.5.5).
Os tubos estão localizados na parte mais baixa do pavimento, conforme a Figura
3.18. Foram utilizados tubos corrugados para drenagem da marca Tigre
®
, com diâmetro de
150mm. A água coletada pelos drenos é levada para reservatórios coletores individualizados,
o que permite a medição do volume escoado.
Dreno extravasor
Devido à baixa permeabilidade do solo subjacente, detectada nos ensaios de
infiltração, foram instalados drenos extravasores no topo da camada de brita do pavimento. A
princípio, foram colocados registros que fecham os drenos, já que os mesmos possuem
diâmetro de até 150mm, altura essa que comprometeria o volume de armazenamento do
reservatório. Caso se verifique necessário, os mesmos podem ser abertos, onde passarão a
evitar o completo enchimento da camada reservatório, e impedir o alagamento da superfície
do pavimento.
A rede de drenos é mostrada na Figura 3.17. Eles foram dimensionados de acordo
com a metodologia descrita no item 3.5.3. Foram utilizados tubos corrugados para drenagem
da marca Tigre
®
de diâmetros de 100 e 150mm. A água coletada pelos drenos é levada para
reservatórios coletores individualizados, onde o volume vertido pode ser controlado através
da instalação de medidores e registradores automáticos.
64
Reservatório coletor
Consiste em dois reservatórios localizados um em cada lado do pavimento (Figura
3.18), que coletam os escoamentos provenientes das calhas do escoamento superficial, dos
drenos extravasores e dos drenos de fundo, descritos nos itens anteriores. Cada reservatório
coleta o escoamento referente a um lado do pavimento, e possuem divisórias para
individualizar a origem do escoamento recebido (ver Figura 3.20).
Figura 3.20. Esquema ilustrativo (fora de escala) dos reservatórios coletores dos escoamentos com suas
dimensões.
No compartimento do reservatório coletor, ligado à calha do escoamento superficial,
foi instalada uma caixa acrílica, tendo em uma das faces um vertedor triangular com parede
delgada, com dimensões mostradas na Figura 3.21. Através do vertedor, é feito o controle da
vazão referente ao escoamento superficial, pela instalação de um sensor de pressão em poço
de observação ligado à caixa, o qual mede a carga ao longo do tempo. Os valores são
armazenados por registrador automático (data logger).
Antes do início do monitoramento, foi observado que os níveis de saída do vertedor
seriam bastante pequenos (da ordem de 10 a 20mm), causando uma perda de carga muito
grande com relação ao vertedor ideal. Isso tornaria inadequado o uso das equações de vazão
em vertedores previstas na literatura. Ressalta-se ainda que a validade das equações
encontradas na literatura é para valores de carga superiores a 3cm (Azevedo Netto, 1998). Por
isso, o vertedor foi calibrado para a faixa de vazões observada em eventos anteriores, sendo
obtida a Equação 3.2.
70cm
150cm
50cm
50cm
50cm
Escoamento
superficial
Dreno
extravasor
Dreno de
fundo
65
y(l/s) x(cm) = 0,02017x
2
+ 0,0079 x + 0,0032
R
2
= 0,95
0,00
0,01
0,02
0,03
0,04
0,05
0,06
0,07
0,08
0,09
0,10
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2 1,4 1,6 1,8 2
Carga - cm
Vazão - l/s
Q teórico Pontos Observados A
j
uste - Pontos Observados
Equação 3.2 0032,00079,00217,0
2
++= kkQ
Figura 3.21. Esquema ilustrativo do vertedor para medição da vazão extravasada.
Sendo Q = vazão (L/s) e k = carga no vertedor (cm).
O gráfico da Figura 3.22 mostra um comparativo entre as vazões calculadas pela
equação teórica do vertedor triangular (equação de Thompson: Azevedo Netto, 1998) e a
equação calibrada.
Figura 3.22. Gráfico comparativo entre as equações teórica e real do vertedor utilizado.
Sensor de
p
ressão
Cabo
transmissor
Tubo
100mm
(40cm)
Tubo
40m
m
30cm
1m
20cm
45º
15cm
66
Sensores de pressão
Os sensores de pressão foram utilizados em duas estruturas de monitoramento,
sendo elas: na medição da altura d’água nos poços de observação e na medição da carga do
vertedor triangular. Os sensores
utilizados são da marca HYTRONIC,
do tipo “Sonda de profundidade
Modelo TSH”. Os sensores possuem
fundo de escala de 500mm, e precisão
de 1% do fundo de escala, ou seja,
5mm. O corpo do sensor possui
dimensões de 112mm de altura e
25,4mm de diâmetro (ver Figura
3.23). O cabo que transmite os dados
tem 6mm de diâmetro, e possui um
tubo interno para ventilação do sensor.
Figura 3.23. Sensor de pressão para medição de coluna d’água.
Sensores de umidade
A umidade do solo é medida com o auxílio do equipamento TDR (Time Domain
Reflectometer), onde foram instaladas 11 guias de ondas distribuídas nos dois lados do
pavimento (conforme a Figura 3.17), e que são monitoradas sempre que ocorrem eventos de
precipitação. A técnica da reflectometria de microondas é uma prática não-destrutiva de
determinação da umidade do solo, baseada na transmissão e recepção de sinais de
microondas, onde se relaciona a constante dielétrica do solo com o valor de sua umidade
volumétrica (Topp e Davis, 1985a; Topp e Davis, 1985b). As guias de ondas, ou
transmissores, constam de três hastes em aço inoxidável, com comprimento de 15cm,
paralelas entre si a uma distância de 2cm, ligadas por uma base rígida onde se conectam os
fios transmissores e o cabo (ver Figura 3.24). No presente estudo, as guias que seriam
instaladas no pavimento, foram confeccionadas pela própria equipe do projeto.
67
Figura 3.24. Guias de ondas confeccionados pela equipe do projeto.
Amostradores de água para análise qualitativa
A qualidade da água infiltrada é monitorada através de coletores de água, que foram
posicionados dentro do reservatório, durante a execução do pavimento, tendo sido
preenchidos com brita lavada com 30% de porosidade. Esses coletores possuem diâmetro de
80cm, e 15cm de altura. São feitos em aço INOX polido, para evitar o acúmulo de
incrustações nas paredes e no fundo. Os coletores foram confeccionados com parede e fundo
de 6mm de espessura, de forma a garantir que os mesmos não se derfomassem durante o
assentamento no reservatório, uma vez que a brita é acomodada por rolos compactadores, para
evitar uma posterior deformação do pavimento.
Um total de seis coletores, sendo três em cada lado do pavimento (conforme Figura
3.17), recolhem o material que infiltra junto com a chuva. O coletor do meio localiza-se no
fundo do reservatório (abaixo do filtro geotêxtil), coletando assim, amostra do material que
atinge a camada de solo após a penetração no pavimento. Os dois coletores das extremidades
se situam na parte superior do pavimento, logo abaixo do revestimento, permitindo medir a
entrada de contaminantes no reservatório. A coleta do material é feita através de um tubo,
também em aço inox, que liga os coletores à borda do pavimento, onde o material é retirado
por gravidade.
Estação Meteorológica
Para o controle dos eventos reais de precipitação, foi instalada uma estação
meteorológica próximo à área do estacionamento, que permite medir a variabilidade temporal
dos eventos chuvosos, a direção e velocidade do vento, intensidade de insolação etc., o que
tornaria possível a estimativa de parâmetros de evapotranspiração. Uma foto da estação
meteorológica pode ser vista na Figura 3.25.
68
Figura 3.25. Estação meteorológica próxima ao pavimento.
Pluviógrafos
Dispõe-se de três pluviógrafos instalados próximo ao local do pavimento, sendo que
todos eles são do tipo cuba basculante e medem de 0,2 a 0,25mm de precipitação por
basculada.
O primeiro pluviógrafo (PVG 1) foi instalado bem próximo à área do pavimento, e é
da marca RainWise
®
. Ele possui uma resolução de 1 minuto e precisão de 0,25mm (Figura
3.26).
O segundo (PGV 2) faz parte da estação meteorológica descrita anteriormente (ver
Figura 3.25), e possui uma discretização operacional de 15 minutos.
O terceiro (PGV 3) localiza-se próximo no telhado do prédio de ensino, e foi
instalado para o monitoramento de micro-reservatórios de detenção no lote (Agra, 2001). Esse
pluviógrafo é da marca Global Water
®
, modelo RG200, e precisão do mecanismo de 3% para
intensidades até 100mm/h (Souza, 2002). A discretização utilizada para esse pluviógrafo é de
5 minutos.
Os dados efetivamente utilizados para análise são aqueles do pluviógrafo PVG1, que
apresentou melhor precisão na calibração; os pluviógrafos PVG2 e PVG3 são utilizados para
confirmar os dados do primeiro.
69
Figura 3.26. Foto do pluviógrafo PVG1.
3.5. Projeto e Dimensionamento
O tipo de estrutura reservatório utilizado no experimento foi de infiltração parcial,
definido no item 2.3. Isso se deve aos resultados encontrados nos ensaios de caracterização do
solo no local, que evidenciaram a ocorrência de um solo de baixa permeabilidade e grande
parcela de argila. Para conferir ao pavimento a função de infiltração parcial, foram instalados
drenos extravasores no topo da camada de brita, que foram descritos no item 3.4.4.
3.5.1. Determinação do volume do reservatório
O volume do reservatório, ou seja, a altura da camada de brita, é dimensionado de
forma a suportar as solicitações impostas pelo tráfego no pavimento (dimensionamento
mecânico), e também armazenar o volume d’água referente à chuva de projeto
(dimensionamento hidráulico).
No caso do presente projeto, foi realizado o dimensionamento hidráulico através da
metodologia descrita a seguir, e uma posterior verificação da adequação mecânica da
espessura obtida, verificação essa realizada pelo Laboratório de Pavimentação da UFRGS
(LAPAV).
Os parágrafos seguintes apresentam os cálculos realizados no dimensionamento
hidráulico-hidrológico do reservatório, assim como os valores obtidos.
O tempo de retorno (Tr) adotado para o projeto foi de 10 anos, que é o valor
recomendado em projetos de pavimentos permeáveis (CIRIA, 1996; Azzout et al. 1994).
70
Conforme descrito no item 2.5.5 (pág. 24), o dimensionamento hidráulico do
pavimento permeável pode ser feito através do método da curva envelope, aplicado por
Silveira (2003). O volume de armazenamento é então calculado pela Equação 2.6 (pág. 28):
2
S
2
b
max
q
60
c
T
60
a
V
β=
onde : q
s
= vazão de saída constante do dispositivo, em mm/h (corresponde à
taxa de infiltração do solo sob a estrutura);
T = período de retorno em anos;
a, b, c = parâmetros da equação IDF tipo Talbot (Silveira, 2003);
β = produto do coeficiente de escoamento pela razão entre a área
contribuinte e a área do dispositivo.
O valor de q
s
na equação corresponde à taxa de infiltração do solo sob a estrutura,
dividido pelo coeficiente de segurança da Tabela 2.2. No caso em questão, o coeficiente
adotado foi
cs=3. Pelos resultados dos ensaios de infiltração do item 3.2.2, a taxa de
infiltração adotada foi o valor mais baixo da taxa de infiltração entre as médias dos dois lados
do pavimento,
q
s1
=4,5mm/h. Aplicando-se o coeficiente de segurança, adotou-se um valor de
dimensionamento de
q
s
= 1,5mm/h.
A Tabela 3.12 a seguir mostra os valores utilizados para os parâmetros da equação
anterior.
Tabela 3.12. Parâmetros utilizados na definição do volume de armazenamento do reservatório.
Variável Valor
a 2611*
b 0,171*
c 16,9*
β
1*
γH
1*
T
R
10 anos
q
s
1,5mm/h
*Fonte: Silveira (2003)
Substituindo os valores da tabela anterior na Equação 2.6, encontra-se o volume de
armazenamento:
V
max
=54,5mm.
A porosidade da brita foi determinada no item 3.4.2, e vale η=36%.
Sendo a altura do reservatório dada pela Equação 2.7, tem-se
H=151mm:
mm
V
H 151
36,0
5,54
max
===
η
71
Por razões construtivas, decidiu-se dar ao pavimento uma declividade longitudinal
no fundo do reservatório de 1%. Dessa forma, a altura média do reservatório deve então ser
dada pela Equação 2.8:
mm
LI
HH
o
243
2
1830001,0
151
2
' =
+=
+=
Onde: H’ = altura do reservatório, considerando a declividade do terreno;
I
o
= declividade do terreno.
Adotou-se então, uma espessura mínima de 25 centímetros para o reservatório de
britas, onde após a escavação pela retro-escavadeira, mediu-se espessuras de 25 a 26 cm.
Dessa forma, o corte longitudinal do pavimento fica representado na Figura 3.27, e o
volume máximo de armazenamento é dado por:
()
33
max
25,836,09,224,77,17
2
017,26,026,0
mmV ==
+
=
η
Foi feita a verificação do tempo de esvaziamento do reservatório, dado pela Equação
2.9, que vale:
horas9,100
5,1
151
q
H
t
s
esv
===
Esse tempo é superior ao máximo recomendado por Schueler (1987) de 72 horas.
Dessa forma, optou-se por instalar drenos coletores no fundo da camada de brita, equipados
com registro que pode ser aberto quando o tempo de permanência da água superar as 72
horas.
O valor obtido no dimensionamento hidráulico foi verificado pelo LAPAV quanto à
resistência à carga de veículos, onde a espessura encontrada mostrou-se suficiente para
suportar as solicitações impostas.
Figura 3.27. Representação do corte longitudinal do pavimento.
L = 17
,
7
m
I=1%
Nível d’água
máximo
Revestimento
H’ = 243 m
m
72
3.5.2. Dimensionamento das calhas de coleta do escoamento superficial
Para o dimensionamento das calhas de coleta do escoamento superficial, considerou-
se a equação do método racional da Equação 3.3 (Porto, 1995):
AiCQ
= 278,0
Equação 3.3
Onde Q=vazão no exutório (m
3
/s);
C = coeficiente de escoamento adimensional;
i = intensidade média da chuva (mm/h);
A = área de contribuição (km
2
).
O coeficiente de escoamento adotado foi de 0,1, que, conforme Araújo et al. (2000),
é um coeficiente de escoamento referencial para superfícies permeáveis.
A intensidade da chuva foi calculada pela IDF de Bemfica (1999) (Equação 3.4). O
tempo crítico de chuva de projeto, por sua vez, é dado pela Equação 2.5, com os parâmetros
da Tabela 3.12. Tem-se então:
min1929,16
5,11
1026119,161
171,0
=
== c
Hq
caT
t
S
b
γ
β
()
hmm
ct
aT
i
b
/0,21
6,11192
109,1297
85,0
171,0
=
+
=
+
=
Equação 3.4
Assim, a vazão a ser transportada pelas calhas é de 0,1 l/s, para um coeficiente de
escoamento de 0,1, um tempo de retorno de 10 anos, uma intensidade de chuva de 21,0mm/h
e uma área de contribuição de 142m
2
, que corresponde a metade da área do estacionamento.
Foi calculada a vazão na calha para o caso de impermeabilização futura do
pavimento, que aumente seu coeficiente de escoamento para 0,8. O valor da vazão a ser
transportada na calha seria de 0,66l/s.
Através da equação de Manning (Azevedo Netto et al., 1998), calculou-se que a
calha de PVC de diâmetro 125mm suporta uma vazão de até 5 l/s, com uma declividade de
1% no terreno.
73
3.5.3. Dimensionamento dos drenos extravasores
Os drenos extravasores foram projetados para recolher o excesso de água precipitada
sobre o pavimento, no caso de se esgotar a capacidade do reservatório, durante tormentas
mais severas.
Considerou-se então a hipótese extrema de o extravasor drenar toda a água da chuva
de intensidade e duração de projeto, subtraindo-se a fração que escoaria superficialmente,
segundo um coeficiente de escoamento de 0,1, ou seja, o dreno teria que coletar 90% do
escoamento gerado pela chuva.
Tem-se então a vazão a ser transportada pelos drenos na Equação 3.5, onde se
chegou ao valor de 6,9 l/s:
s/l9,61428,1949,01078,2AiCQ
4
===
Equação 3.5
Calculou-se então ser necessária a instalação de 3 drenos de diâmetro 100mm para
transportar a vazão acima. A distribuição dos drenos no pavimento pode ser vista na Figura
3.17.
74
3.6. A Implantação do Dispositivo Experimental
O pavimento propriamente dito foi executado pela equipe da SMOV, da Prefeitura
de Porto Alegre. O aparato experimental necessário ao monitoramento do pavimento foi
executado por equipe contratada pelo projeto, tratando-se de um processo mais demorado,
devido às restrições de pessoal e à espera por equipamentos encomendados.
3.6.1. O pavimento propriamente dito
A construção do pavimento iniciou-se no dia 22 de abril de 2003, com a retirada do
material pré-existente, que foram os blocos de granito utilizados como revestimento do
estacionamento (ver Figura 3.28). A retirada foi executada com retro-escavadeira, e o material
foi transportado por caminhões, e levado à área de descarte próxima. Foi necessário um dia de
trabalho para a completa remoção do material.
Figura 3.28. Revestimento anterior do pavimento com blocos de granito.
Dando continuidade à execução do pavimento, foi feita a escavação que acomodaria
o reservatório de britas e o revestimento (ver Figura 3.29). A abertura feita abrangia toda a
área do pavimento, e possuía uma profundidade de 39cm no lado dos blocos vazados e de
33cm no lado do asfalto poroso (ver Figura 3.2 com perfil), totalizando 100m
3
de escavação.
75
A diferença de altura foi devido à desigualdade entre as espessuras dos revestimentos
utilizados. Durante a escavação, ocorreu o rompimento de uma canalização que atravessava a
área do reservatório, e que foi desviada para evitar novos rompimentos. Foram escavadas duas
valas, sendo uma em cada lado do pavimento, para permitir a passagem dos tubos de coleta
dos escoamentos, e posterior construção das caixas de coleta, descritas no item 3.4.4. Essa
etapa da construção teve duração de 9 dias úteis, sendo finalizada no dia 03 de maio de 2003.
Figura 3.29. Escavação da camada reservatório com retro-escavadeira.
A etapa seguinte foi a execução do septo enterrado de concreto, que individualiza os
reservatórios das duas partes do pavimento (asfalto poroso e blocos vazados). O septo foi feito
com a sobreposição de blocos de concreto pré-moldado, unidos com argamassa (ver Figura
3.30). Os blocos possuem dimensões de 1 m x 30 cm x 15 cm. Os mesmos blocos foram
utilizados para construir uma parede de proteção contornando o reservatório na vizinhança
com a área gramada e o estacionamento, para evitar o desabamento do solo vizinho e facilitar
o trânsito do maquinário. Esta
etapa teve início apenas após o
término dos ensaios de
caracterização do solo e da
instalação das guias de ondas
para TDR. Dessa forma, a etapa
foi realizada no dia 06 de junho
de 2003, exigindo um dia de
trabalho.
F
Figura 3.30. Septo enterrado para separação dos reservatórios.
76
No dia 10 de junho de 2003, foi iniciado o assentamento da camada de brita. O solo
subjacente foi revestido com uma camada de filtro geotêxtil, o qual foi assentado de acordo
com as recomendações do fabricante. As faixas de filtro foram dispostas no sentido
longitudinal, e entre as mesmas foi reservada uma sobreposição de 50 centímetros (ver Figura
3.31).
Figura 3.31. Assentamento do filtro geotêxil.
À medida que foi assentado o filtro geotêxtil, a brita foi disposta sobre o mesmo
com o uso de retro-escavadeira, tomando-se o cuidado de evitar o deslocamento do filtro pelo
vento ou pelo movimento da brita (ver Figura 3.32). Paralelamente com o assentamento da
brita, foram dispostos nos seus devidos locais, os coletores de qualidade de água citados no
item 3.4.4.
Figura 3.32. Assentamento da camada de brita.
77
Finalizado o assentamento da camada de brita, a mesma foi compactada com o uso
de um rolo compactador liso, com vibração. A compactação teve a finalidade de evitar
grandes deformações da camada quando submetida ao tráfego. A etapa de assentamento da
camada de brita foi finalizada no dia 23 de junho de 2003.
A camada de brita foi coberta com o filtro geotêxtil, seguindo-se os mesmos
procedimentos de aplicação utilizados na camada inferior. Em cima da camada de geotêxtil,
foram assentados o asfalto pré-misturado a frio de um lado do reservatório e os blocos
vazados no outro lado.
Os blocos vazados foram assentados sobre uma camada de areia grossa de 5 cm de
altura. Foi utilizado o intertravamento como mostra a Figura 3.33. As aberturas dos blocos
foram preenchidas com areia grossa e tufos de grama. Uma vez assentados os blocos, antes da
colocação da grama, os mesmos foram nivelados com um compactador vibratório. Esta etapa
foi executada no período de 25 de junho a 02 de julho de 2003, pela empresa ENCOSAN –
Engenharia, Construções e Saneamento LTDA, a qual é terceirizada pela prefeitura.
Os tufos de grama foram plantados juntamente com terra adubada, tomando-se o
cuidado de manter a raiz abaixo da superfície do bloco, para protegê-la do esmagamento pelos
pneus dos automóveis (ver Figura 3.33). O plantio da grama foi realizado apenas após o
término da construção do pavimento, e foi executado pela Floricultura Village nos dias 24 e
25 de julho de 2003.
Figura 3.33. Nivelamento dos blocos intertravados, e colocação de tufos de grama nas aberturas dos blocos.
A camada asfáltica foi assentada por faixas levadas por retro-escavadeira, as quais
eram espalhadas pelos operadores com o uso de equipamentos manuais. Estando espalhado, o
asfalto era uniformizado com o uso de rolo compactador de aço liso. Não foi utilizado o rolo
de pneus, pois se objetivava manter a porosidade do revestimento. Na Figura 3.34 observa-se
78
o assentamento da camada asfáltica, o qual foi realizado no período de 09 a 11 de julho de
2003.
Figura 3.34. Assentamento do revestimento asfáltico.
Com o fim do assentamento da camada de revestimento, o pavimento ficou isolado
do tráfego por três semanas, para permitir a cura da camada asfáltica, além da delimitação das
vagas com tinta amarela para quadras, a execução da rampa de acesso e o plantio dos tufos de
grama. O tráfego foi liberado no dia 07 de agosto de 2003.
Dessa forma, tem-se um tempo total de execução do pavimento de três meses e meio
(de 22 de abril a 07 de agosto de 2003), desde o início da remoção do material até a liberação
do tráfego. Deve-se observar que esse tempo de execução foi significativamente superior ao
que se levaria na construção do pavimento caso não houvesse a necessidade de instalação dos
dispositivos de monitoramento e dos ensaios de caracterização do solo.
Na Tabela 3.13 verifica-se um resumo com as etapas de construção do pavimento,
relacionadas com suas respectivas datas de execução. Observa-se na tabela que a obra do
pavimento em si ficou paralisada no período de 06 de maio a 10 de junho devido à realização
dos ensaios de caracterização do solo e à instalação dos medidores de umidade do solo. Pode-
se verificar também que a etapa de assentamento da camada de brita, apesar de ser uma tarefa
simples e rápida, teve duração de 09 dias úteis. Atribui-se essa demora à instalação dos
coletores para análise qualitativa e dos drenos extravasores e de fundo.
79
Tabela 3.13. Cronograma de execução da obra de instalação do pavimento permeável juntamente com os
dispositivos de monitoramento.
Data Etapa
24/02/2003 Sondagem para caracterização do material da sub-base;
13/03/2003 Ensaio com duplo anel para determinação da Taxa de Infiltração do solo;
18/04/2003 Levantamento topográfico;
22/04/2003 a
02/05/2003
Remoção do material pré-existente e escavação do reservatório;
08/05/2003
Ensaios de solos: taxa de infiltração; condutividade hidráulica horizontal;
Coleta de amostras indeformadas para o traçado da curva de retenção do
solo;
21/05/2003
Ensaio para determinação da taxa de infiltração com piezômetro auto-
obturador;
22/05/2003 Instalação das guias de ondas para o TDR;
06/06/2003 Assentamento do septo divisor dos reservatórios;
09/06/2003 Assentamento dos coletores de água para análise qualitativa inferiores;
10/06/2003 Assentamento do Geotêxtil abaixo da camada de brita;
11 a
14/06/2003
Assentamento da camada de brita e dos drenos de fundo;
19/06/2003 Assento dos coletores de água para análise qualitativa superiores;
20/06/2003 Assentamento dos drenos extravasores;
23/06/2003 Compactação da camada de brita com rolo de aço;
23/06/2003 Assentamento do Geotêxtil abaixo dos blocos vazados intertravados;
25/06/2003 Início do assentamento dos blocos vazados intertravados;
02/07/2003 Assentamento do paralelepípedo adjacente ao estacionamento;
09 a
11/07/2003
Assentamento da camada asfáltica;
24 e
25/07/2003
Plantio dos tufos de grama nos vazios dos blocos;
30/07/2003 Execução da rampa de acesso ao estacionamento;
07/08/2003 Liberação do tráfego no estacionamento;
18 a
29/08/2003
Instalação das calhas coletoras do escoamento superficial;
15 a
26/09/2003
Execução das caixas coletoras dos escoamentos provenientes do
estacionamento;
15/12/2003 Instalação da estação meteorológica;
03/10/2003 Instalação dos poços de observação
19/02/2004 Instalação do vertedor
Instalação dos sensores de pressão;
16 a
20/02/2004
Rebaixamento da superfície gramada
80
3.6.2. Aparato experimental
A instalação dos dispositivos de monitoramento foi feita, em parte, paralelamente
com a construção do pavimento em si. Alguns dos dispositivos, porém, só puderam ser
selecionados e instalados após o término da construção do pavimento. Devido a isso, houve
uma demora na instalação dos equipamentos finais, de forma que o pavimento só ficou pronto
para o monitoramento em meados de fevereiro de 2004.
Instalação das guias de ondas (TDR)
Onze guias de ondas para determinação da umidade com TDR foram instaladas logo
após o término da escavação do reservatório. Elas foram cravadas no solo na posição vertical
a uma profundidade de 10cm abaixo da superfície, por puncionamento. Para proteger o cabo
transmissor de dados, o mesmo foi instalado em um eletroduto de 1 polegada, e a extremidade
do cabo, a qual contém o conector para o TDR, foi envolvida por uma caixa de plástico rígido
fechada, que a protege das intempéries e outras ações externas (ver Figura 3.35).
Figura 3.35. Instalação das guias de ondas para TDR e, no detalhe, o protetor do conector já instalado.
81
Instalação dos drenos de fundo e extravasores
Após o preenchimento do reservatório pela brita, foram dispostos os drenos de fundo
e depois os drenos extravasores.
O assentamento dos drenos de fundo exigiu a remoção do material no local
destinado ao dreno, para seguida instalação dos mesmos. Para evitar o entupimento dos
orifícios, os tubos foram envoltos por filtro geotêxtil. A saída dos drenos foi instalada nas
valas laterais citadas no item anterior (ver Figura 3.36). A partir da saída do dreno do
pavimento, foi instalada uma redução para 75mm, e ligado um tubo de PVC normal
(estanque), provido de registro. O tubo liga o dreno com sua respectiva caixa de coleta,
descrita no item 3.4.4.
Os drenos extravasores foram instalados em seguida à instalação dos drenos de
fundo (ver Figura 3.36). Eles foram posicionados conforme a Figura 3.17, no topo da camada
de brita. No momento da instalação foi tomado o cuidado de não danificar os tubos com a
passagem de máquinas. A saída dos mesmos foi ligada a um redutor e a um tubo de PVC
normal, sendo ligada à caixa de coleta, a qual possui um registro na saída para o
monitoramento do volume para lá escoado.
Figura 3.36. Assentamento dos drenos de fundo (a) e dos drenos extravasores (b).
Assentamento dos amostradores de água.
Foram instalados seis amostradores de água no pavimento, sendo três em cada lado
do mesmo (conforme descrição do item 3.4.4). A instalação dos amostradores inferiores foi
feita depois da escavação, e antes da colocação do geotêxtil. Os amostradores foram
preenchidos com a mesma brita utilizada no reservatório, a qual foi lavada para a retirada do
excesso de finos. O local de instalação foi escavado na profundidade necessária para a
(
(
a
a
)
)
(
(
b
b
)
)
82
imersão do amostrador, inclusive dos tubos de coleta. Foi derramada água nos amostradores,
para testar a declividade dos tubos (ver Figura 3.37).
A instalação dos amostradores superiores foi feita depois do assentamento da brita.
Foi removido o material no local onde os mesmos seriam instalados, e estes foram dispostos
nos locais devidos. Foi conferida uma declividade ao tubo de coleta, para possibilitar o
recolhimento do material por gravidade. Após a aplicação do filtro geotêxtil, foi retirado o
material acima do amostrador, e foi colocada uma manta de lã de vidro (material
quimicamente inerte), para evitar a entrada de material do revestimento nos coletores (ver
detalhe na Figura 3.37).
Figura 3.37. Assentamento de coletor de água para análise qualitativa, e a cobertura com lã-de-vidro no detalhe.
Para possibilitar o acesso à extremidade dos tubos de coleta das amostras de água,
foram construídas seis caixas em alvenaria (uma para cada coletor) ao lado do pavimento. As
caixas possuem tampas corrediças de concreto e tamanho 80x80 cm, com profundidade
aproximada de 1m.
Instalação dos poços de observação para medição da altura de água no
reservatório
Após a completa execução da estrutura do pavimento, foram perfurados seis poços
de observação na área de estudo, sendo três em cada lado do pavimento. Foram colocados
tubos de PVC de diâmetro 75mm, perfurados ao longo do comprimento para permitir a
entrada da água do reservatório. Os tubos foram instalados através da escavação e remoção do
material existente, até o fundo da camada reservatório. Para fazer a conexão do poço com o
83
local de instalação do data logger e permitir a medição e armazenamento de dados, foram
instalados eletrodutos de 1 polegada ligando os dois pontos.
Instalação dos sensores de pressão
Os sensores de pressão foram instalados após a completa execução dos demais
dispositivos que utilizariam este equipamento. Por possuírem um tubo de ventilação que não
pode ser obstruído nem dobrado, os cabos dos sensores exigiram cuidados em sua instalação.
Os mesmos foram protegidos por eletrodutos rígidos nos locais onde esses ficariam expostos
ao tempo.
Para garantir o posicionamento dos sensores na altura ideal para a coleta dos dados,
cada um deles foi fixo a uma haste em PVC com a mesma altura do poço de observação
correspondente, e posicionado na altura desejada (ver Figura 3.38).
Para coletar e armazenar os dados dos sensores, foram instalados dois registradores
automáticos (data loggers), sendo um em cada lado do pavimento, ligados cada um a quatro
sensores. A organização dos mesmos pode ser vista na Figura 3.18. Os sensores e os
registradores foram ainda ligados a uma fonte de alimentação contínua (no-break), para evitar
a interrupção da medição no caso de queda de energia durante eventos chuvosos.
Figura 3.38. Instalação dos sensores de nível do pavimento.
Haste em
PVC
Poço de
observação
Sensor de
pressão
84
3.7. Metodologia de análise do desempenho hidráulico
A análise do desempenho do pavimento permeável do ponto de vista hidráulico é
feita com base nos dados quantitativos dos fenômenos envolvidos no balanço hídrico, os quais
são coletados pelos dispositivos de monitoramento. Conforme descrito no item 3.3, tais
fenômenos são: precipitação, interceptação, escoamento superficial, infiltração/percolação e
evaporação.
Os fenômenos envolvido no balanço hídrico dividem-se em variáveis de entrada,
variáveis de saída e armazenamento no volume de controle. No presente estudo, considerou-
se que o volume de controle é formado pelo pavimento permeável, o qual é constituído da
camada reservatório e do revestimento. Na verdade, são estudados dois volumes de controle
independentes, formados pelos pavimentos com os revestimentos distintos (asfalto poroso e
blocos vazados). Dessa forma, tem-se a Equação 3.6 que representa o balanço hídrico:
)t(S)t(Q)t(Q
se
+
=
Equação 3.6
Onde:
Q
e
(t) é a entrada no volume de controle;
Q
s
(t) é a saída do volume de controle;
S(t) é o armazenamento.
Para a análise do desempenho hidráulico do dispositivo, os dados são divididos,
conforme sua natureza, se variável de entrada, de saída ou armazenamento. Observa-se que,
como o volume de controle foi definido como sendo o reservatório e o revestimento, a parcela
do escoamento superficial não entra no volume de controle. Ela é considerada apenas na
determinação do volume de entrada, o qual é formado pela precipitação subtraída do
escoamento superficial.
3.7.1. Variável de entrada
Como o pavimento foi isolado de contribuições de escoamento superficial, a
variável de entrada a ser considerada é a precipitação direta sobre o pavimento, subtraída a
parcela escoada superficialmente, a qual é recolhida pelas calhas laterais.
Através dos dados fornecidos pelos pluviógrafos, são traçados os hietogramas das
chuvas e calculados os valores das variáveis que caracterizam os eventos, que são: volume
85
total precipitado, duração da chuva e intensidade média. Com isso, é determinado o tempo de
retorno do evento, que será utilizado na análise do desempenho do pavimento.
Pelo total precipitado sobre o pavimento, determina-se o volume total incidente
sobre a área, e subtrai-se o volume de escoamento superficial, cujos valores são medidos
através da calha coletora. O volume de entrada é então dado pela Equação 3.7:
supe
QA)t(P)t(Q
=
Equação 3.7
Onde:
P(t) é a precipitação;
A é a área superficial do pavimento analisado;
Q
sup
é o volume escoado superficialmente pelas calhas.
Verifica-se que no cálculo do volume de escoamento superficial, deve-se subtrair o
volume precipitado diretamente sobre a calha e sobre o septo enterrado que se localiza entre o
pavimento e a calha (ver Figura 3.4).
Caso houvesse contribuição de escoamento superficial proveniente de outras áreas, a
variável
A seria a soma das áreas contribuintes, inclusive a área do pavimento.
3.7.2. Armazenamento
O armazenamento no volume de controle é determinado através dos registros de
altura de nível d’água no reservatório antes, durante e após os eventos de precipitação.
Observa-se aqui que o revestimento do pavimento pode também funcionar como reservatório,
caso o nível d’água atinja a altura do mesmo. A partir do momento em que o nível d’água
ultrapasse o nível do revestimento, o excedente precipitado é tido como escoamento
superficial, e portanto não entra no volume de controle.
Conta-se com seis poços de observação em todo o pavimento, todos equipados com
sensores de pressão, sendo três situados no reservatório com revestimento asfáltico, e os
outros três no reservatório revestido com blocos vazados. Assim, dispõe-se de dados de nível
do reservatório em três pontos, de forma que se pode detectar qualquer desnível da linha
d’água que venha a ser provocado por entupimento do reservatório ou outro fator, que possa
comprometer a capacidade de armazenamento do reservatório.
Por razões práticas, os sensores foram todos instalados em um mesmo nível
horizontal, sendo esse nível alinhado com o ponto mais baixo do reservatório, mostrado na
Figura 3.39.
86
Dessa forma, o armazenamento no reservatório em um instante qualquer é calculado
para um dos poços de observação, servindo os demais como verificação da linha d’água. O
valor do armazenamento no instante t é dado pela Equação 3.8 e pela Equação 3.9:
Se h
i
(t) < I.L = 177,4mm:
()
I
B
thtS
i
2
001,0)()(
2
=
Equação 3.8
Se h
i
(t) > I.L = 177,4mm:
()
BL
LIth
tS
i
=
2
)(2
)(
Equação 3.9
Onde:
h
i
(t) é a leitura fornecida pelo sensor i no instante t;
I é a declividade do terreno;
L é o comprimento do reservatório na direção da declividade do terreno;
B é o lado menor do reservatório
Na Figura 3.39 pode-se observar um desenho esquemático fora de escala do corte
longitudinal do pavimento com a localização das grandezas envolvidas nas equações acima.
Figura 3.39. Corte longitudinal fora de escala do pavimento com indicação das grandezas que determinam o
armazenamento no reservatório.
3.7.3. Variáveis de saída
Evaporação
A evaporação da água no reservatório seria considerada apenas no caso de ser
verificada relação entre o armazenamento no reservatório e as grandezas envolvidas na
evaporação, tais como temperatura, umidade do ar, insolação, velocidade do vento etc.
h
i
(t)
d
i
L
I=1%
Poços de
observação
Sensor de
pressão
Cabo transmissor
(p/ data logger)
Nível d’água
no instante t
Volume de
controle
87
Infiltração
A infiltração do solo é a variável do balanço hídrico que não pode ser determinada
pelos aparelhos de medição utilizados. Seu valor é portanto determinado com base no balanço
hídrico do volume de controle, ou seja, utilizando-se a equação da continuidade na forma
diferencial (Equação 3.10):
se
QQ
t
S
=
Equação 3.10
Onde:
S é a variação do armazenamento d’água no reservatório no tempo t;
Q
e
é a vazão de entrada no volume de controle, dada pela precipitação menos o
escoamento superficial;
Q
s
é a vazão de saída do volume de controle, que é a soma da infiltração para o
solo com a evaporação (caso fosse considerada).
Para fins de análise, a infiltração foi divida em duas fases: (i) durante a precipitação
e (ii) nos intervalos de estiagem e após o término da chuva.
(i) Análise da infiltração durante a precipitação:
Como se pode observar na Figura 3.39, o pavimento possui uma declividade de 1%
no fundo do reservatório. Nos intervalos de tempo em que estava ocorrendo a precipitação,
considerou-se que todo o solo subjacente ao reservatório contribuía para a infiltração. Dessa
forma, a infiltração acumulada (Inf), para um determinado intervalo de tempo, é calculada
pela Equação 3.11:
total
A
SP
Inf
=
Equação 3.11
Onde:
P é a precipitação acumulada
S é a variação no armazenamento
A
total
é a área superficial do pavimento
A taxa de infiltração é então determinada pela declividade da reta que melhor se
aproxima do gráfico da infiltração acumulada.
88
(ii) Análise da infiltração nos intervalos de estiagem e após o término da chuva:
Na Figura 3.40 pode-se observar um corte longitudinal do pavimento, durante os
períodos sem precipitação, em que há acúmulo d’água no reservatório.
Ao término da precipitação, considera-se que apenas a área do pavimento onde se
localiza o acúmulo d’água, contribui para a infiltração no solo. Dessa forma, no balanço
hídrico, a infiltração acumulada é dada pela variação do armazenamento, dividida pela área de
acumulação d’água do pavimento, conforme indica a Equação 3.12.
Figura 3.40. Esquema do pavimento ao término da precipitação.
molh
A
S
Inf
=
Equação 3.12
onde:
P é a precipitação acumulada
S é a variação no armazenamento
Inf é a infiltração acumulada
A
molh
é a área de acumulação d’água do pavimento, ou área molhada.
É traçado então o gráfico da infiltração acumulada para cada um dos trechos de
esvaziamento dos eventos. A taxa de infiltração média é dada pela inclinação da reta que mais
se aproxima com o gráfico do esvaziamento.
Área molhada
I=1%
Revestimento
Reservatório
Água
acumulada
h
89
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
De acordo com os objetivos do presente trabalho, foi analisada a adequação do
processo de implantação e dos materiais empregados, verificando-se a influência dos mesmos
no desempenho hidráulico do dispositivo. A avaliação do dimensionamento hidráulico do
reservatório foi feita com base no monitoramento hidráulico-hidrológico, onde a adequação
da metodologia de construção do experimento ficou evidenciada pelo comportamento do
mesmo durante os eventos chuvosos.
Em uma segunda etapa, o pavimento permeável foi avaliado do ponto de vista do
funcionamento hidráulico, manipulando-se e analisando-se os dados coletados pelos
dispositivos de monitoramento. Os dois pavimentos foram avaliados de forma independente,
sendo observada a ocorrência ou não de diferenças significativas no comportamento das duas
estruturas.
Foi acompanhado o comportamento dos pavimentos permeáveis, durante o período
de monitoramento, também do ponto de vista da integridade física dos mesmos. Sendo o
revestimento a camada mais suscetível à colmatação pelos resíduos sólidos, foi analisada a
necessidade de limpeza do pavimento para evitar a futura obstrução dos poros.
Foi feito ainda um paralelo entre os custos de implantação do pavimento permeável,
utilizando os dois revestimentos diferentes, e a implantação de um pavimento comum, com
drenagem convencional.
4.1. Análise do processo de implantação do pavimento,
adequação dos materiais empregados e avaliação da
estrutura física
Durante o processo de implantação do pavimento permeável, foi analisada a
adequação do processo de construção do dispositivo, assim como do material empregado.
Além disso, foi feita uma avaliação da estrutura física, para detectar sinais de degradação ou
outros que pudessem comprometer o desempenho do pavimento permeável.
90
4.1.1. Processo de implantação dos pavimentos
De modo geral, não houve grandes dificuldades ou complicações técnicas na
execução do pavimento propriamente dito, uma vez que os trabalhos a serem executados em
um pavimento permeável são semelhantes aos rotineiros de uma equipe de trabalho de
pavimentação.
A seguir são apresentadas algumas considerações acerca da implantação do
pavimento permeável, objeto de estudo do presente trabalho:
Da caracterização do solo subjacente (descrita no item 3.2), percebeu-se que o
mesmo possui boas características do ponto de vista mecânico, como um elevado
Índice de Suporte Califórnia. Já do ponto de vista hidráulico, o solo se revelou
excessivamente argiloso, com baixas taxas de infiltração, o que dificultaria a saída
da água do reservatório por infiltração. Porém, a opção por se implantar o
pavimento em um solo dessa natureza se deve à grande predominância desse tipo
de solo na região; assim, o trabalho servirá de parâmetro para a previsão do
comportamento do pavimento, se implantado em outras áreas da cidade. Além
disso, Souza (2002) em seu trabalho com trincheiras de infiltração, realizado em
local próximo do presente estudo, verificou que as taxas de infiltração
efetivamente observadas durante os eventos chuvosos, superaram aquelas medidas
nos ensaios de infiltração. O autor atribui essa diferença, entre outros fatores, à
formação de caminhos preferenciais no solo com o decorrer do tempo.
Conforme foi verificado ainda nos estudos preliminares (item 3.2), a existência
de uma área gramada com pequenas árvores, adjacente ao local do pavimento,
acarretou um acúmulo de folhas na superfície do pavimento e principalmente nas
calhas coletoras do escoamento superficial. Ocorria ainda um agravamento da
situação com a ocorrência da chuva. Esse acúmulo passou a exigir uma contínua
limpeza das calhas para evitar interferência nas medições. Na Figura 4.1, pode-se
observar o acúmulo de folhas nas calhas coletoras. Para reduzir esse acúmulo de
sedimentos e assim evitar uma possível obstrução das calhas ou a colmatação
precoce do revestimento, foi feito um rebaixamento do solo adjacente ao
pavimento, com mudança da declividade em direção aos drenos próximos ao
local. Essa medida reduziu o carreamento de folhas da área gramadas para o
pavimento e para as calhas coletoras.
91
Figura 4.1. Acúmulo de folha nas calhas coletoras do escoamento superficial.
Em face da não obtenção dos projetos hidráulicos originais do local, com
localização de tubos de água, esgoto ou drenagem, apenas os tubos visualmente
identificáveis ou aqueles que eram do conhecimento dos funcionários locais foram
detectados. Devido a isso, ocorreu a ruptura de um tubo d’água durante as
escavações, o que levou à paralisação das obras por algumas horas. Tal episódio
poderia ter sido evitado caso tivesse sido possível a localização de todos os tubos
previamente ao início das construções.
Por se tratar de um pavimento permeável com superfície porosa, a execução do
dispositivo exigiu um cuidado especial no que se refere ao controle de sedimentos,
principalmente após o assentamento do revestimento. Em uma das instalações,
ocorreu o depósito de solo diretamente sobre o revestimento com os blocos
vazados. Isso acarretou um acúmulo de material argiloso em algumas áreas,
exigindo a remoção do material e replantio da grama no local (ver Figura 4.2).
Alguns dos dispositivos de monitoramento foram instalados paralelamente com a
construção do pavimento. Isso tornou a execução do pavimento mais complexa
que a de um pavimento permeável comum. Além disso, a interrupção da
construção do pavimento para a realização de ensaios de solo e instalação dos
sensores de umidade retardou ainda mais o final da obra do pavimento em si,
fazendo com que a mesma tivesse uma duração de três meses e meio.
Empoçamento
92
Figura 4.2. Acúmulo de sedimentos nos blocos devido a obra próxima.
4.1.2. Adequação dos materiais e avaliação física
A seguir são relacionados os materiais empregados na construção do pavimento,
com a análise da adequação desses materiais aos objetivos do projeto, em conjunto com uma
avaliação da estrutura física ao longo do período de funcionamento do pavimento.
No reservatório de britas, poderia ter sido utilizado um material de granulometria
maior e com menor volume de finos, de modo a diminuir a profundidade
necessária do reservatório e reduzir os riscos de colmatação do filtro geotêxtil e do
solo subjacentes. Devido à acomodação da brita com a passagem dos carros,
observou-se a formação de depressões no pavimento, no lado do revestimento
asfáltico. Por terem dimensões pequenas, essas depressões não vieram a dificultar
o tráfego no pavimento, porém, elas favoreceram o acúmulo de sedimentos nessas
partes do revestimento, contribuindo para a colmatação do mesmo. As depressões
podem ser observadas na Figura 4.3, e o acúmulo d’água na área colmatada, no
detalhe da mesma figura.
93
Figura 4.3. Depressões no revestimento asfáltico.
O pavimento asfáltico poroso tem se mostrado um material adequado para o uso
como revestimento permeável, por não ter apresentado grandes problemas de
colmatagem, nem ter sido detectada a formação de fissuras ou deterioração da
camada. O PMF é correntemente utilizado pela Prefeitura de Porto Alegre na
execução de reparos nas vias urbanas, não sendo, portanto, correntemente
aplicado em grandes áreas. O PMF se caracteriza por ser um material de baixa
trabalhabilidade, exigindo um esforço maior dos operários durante o
assentamento, com relação ao CBUQ.
A execução do revestimento com blocos vazados foi bastante simples e rápida,
não requerendo cuidados adicionais àqueles tomados na execução de blocos
intertravados comuns. Apenas o plantio dos tufos de grama nos orifícios dos
blocos exigiu a contratação de empresa especializada em jardinagem. No início do
assentamento dos blocos pela equipe da SMOV, por falta de experiência com
blocos intertravados, os mesmos foram inicialmente assentados de forma
inadequada. Ao assumir o assentamento dos blocos, a equipe da ENCOSAN,
empresa terceirizada pela prefeitura para assentamento de blocos e
paralelepípedos, removeu os blocos assentados e iniciou o assentamento da
maneira correta. Na Figura 4.4a, pode ser vista a forma correta de assentamento
dos blocos, e na Figura 4.4b, a forma como foram assentados inicialmente. Até o
presente momento, não foram verificados deslocamentos, rachaduras ou sinais de
colmatação nos blocos vazados. Os tufos de grama não foram destruídos pelos
pneus dos carros, devido ao cuidado tomado no plantio, de proteger a raiz abaixo
do nível do bloco, e não rente ao mesmo.
94
Figura 4.4. Assentamento correto (a) e incorreto (b) dos blocos vazados.
A adequação do emprego do filtro geotêxtil não foi analisada neste trabalho, pois
exigiria um maior tempo de funcionamento do pavimento, e a coleta de uma
amostra
in loco através de ensaio destrutivo.
A proximidade do pavimento com a área gramada vizinha ao local ocasiona o
carreamento pelo vento de restos de grama provenientes da poda para a superfície
do pavimento. Esse acúmulo de resíduos pode acelerar a colmatação do
revestimento, e assim reduzir sua vida útil. Outra fonte de resíduos que são
carreados para o pavimento são as folhas de árvores localizadas próximas ao
estacionamento.
Verifica-se também a existência de outros tipos de resíduos na superfície do
pavimento, que são “comuns” em outros locais, mas que podem ser prejudiciais a
um pavimento com revestimento poroso. Dentre eles, cita-se: pontas de cigarro,
ossos (levado pelos cães), gomas de mascar, papel, fezes de animais etc. Na
(a) Assentamento correto
(b) Assentamento incorreto
95
Figura 4.5 pode-se ver o acúmulo de sujeiras no pavimento. Observa-se portanto a
necessidade se promover de uma maior informação dos usuários do pavimento,
acerca de sua suscetibilidade ao acúmulo de resíduos, de forma a se buscar a
diminuição do depósito de sujeiras na área do pavimento.
Figura 4.5. Acúmulo de sujeira no pavimento.
Em decorrência do limitado tempo de análise disponível para o trabalho, as
observações aqui relatadas não terão caráter definitivo, exigindo um acompanhamento
extensivo do pavimento para serem verificados em pesquisas posteriores.
O comportamento do pavimento foi acompanhado durante alguns eventos chuvosos.
Nessas ocasiões, foi possível verificar a eficiência na absorção da precipitação pelo
revestimento poroso. Na Figura 4.6, pode-se observar ausência do acúmulo de água no
revestimento durante a chuva. Ao fundo da figura 4.6b, observa-se a formação de poças no
pavimento revestido com paralelepípedo, durante a chuva.
Figura 4.6. Comportamento do pavimento durante evento de precipitação.
4.6a 4.6b
Poças
96
4.2. Avaliação do desempenho hidráulico-hidrológico do
dispositivo
Para a avaliação do desempenho hidráulico do dispositivo, foram analisados os
processos envolvidos no balanço hídrico do sistema, com base nos dados coletados pelos
dispositivos de monitoramento.
O monitoramento completo do pavimento teve início no dia 3 de maio de 2004,
sendo o primeiro evento monitorado no dia 4 de maio. O último evento significativo
analisado, para esta dissertação, ocorreu no dia 11 de novembro de 2004, totalizando 6 meses
de dados.
Com base nos dados coletados, a análise de cada evento foi dividida em:
1.
Análise da precipitação, com avaliação das pancadas mais intensas, e
classificação segundo o Tempo de Retorno do evento;
2.
Avaliação do escoamento superficial nos dois tipos de revestimento,
separadamente, com cálculo do coeficiente de escoamento;
3.
Análise do armazenamento nos dois reservatórios, com estimativa da taxa de
infiltração da água no solo.
Bertrand-Krajewski
et al. (2000) definem como eventos chuvosos independentes
aqueles cujos efeitos resultantes do primeiro cessaram antes do início do segundo. Dessa
forma, um evento foi considerado independente de um anterior quando o reservatório ficou
vazio durante um período de tempo grande o suficiente para que o dispositivo pudesse
recuperar parte de suas condições de funcionamento. No presente trabalho, considerou-se
eventos independentes quando o reservatório permaneceu vazio por um tempo superior a 12
horas.
97
4.2.1. Formatação dos dados e seleção dos eventos
Para permitir a análise conjunta dos dados de precipitação, escoamento superficial,
armazenamento e meteorológicos, os dados coletados nos
data loggers são formatados e
transferidos para uma planilha eletrônica do
software Excel
®
.
Dispõe-se de dados de precipitação provenientes dos três pluviógrafos descritos no
item 3.4.4. Esses dados foram comparados para se verificar a consistência dos dados. Por se
tratar de um pluviógrafo novo, foi feita a confirmação da calibração do pluviógrafo PVG 1,
que apresentou por vezes resultados um pouco diferente dos demais. Todos os arquivos são
gravados no formato txt, e importados diretamente para a planilha eletrônica
Os dados de escoamento superficial e nível do reservatório são coletados através do
software específico do data logger, chamado Field Chart
®
. O software permite a exportação
dos dados diretamente para o Excel
®
, através da área de transferência (“copiar” e “colar”).
Os dados da estação meteorológica são acessados através do
software GroWeather
®
,
e são então exportados no formato .txt, para serem finalmente importados para o Excel.
Terminada a fase de formatação dos dados, é montada uma planilha-resumo dos
eventos, que contém a precipitação total, o nível máximo armazenado em cada reservatório, e
o tempo de armazenamento. Através dessa planilha, são escolhidos os eventos que serão
efetivamente analisados.
A Tabela 4.1 a seguir contém informações dos eventos de precipitação que foram
acompanhados durante a fase de monitoramento do trabalho.
Com base na Tabela 4.1 foram selecionados para análise os eventos que possuíam
dados, e que apresentaram armazenamento d’água no reservatório por pelo menos 30 minutos.
Como a análise das duas partes do pavimento foi feita de forma independente, a análise de
uma das partes foi realizada, mesmo não havendo dados disponíveis para o outro. As linhas
sombreadas na tabela indicam então os eventos que não foram analisados.
Dessa forma, ao longo de quatro meses de monitoramento, foram obtidos 22 eventos
com dados, sendo esses os eventos cuja análise será descrita a seguir.
98
Tabela 4.1. Tabela resumo dos eventos monitorados.
Lado A Lado B
i Evento
Precip.
PGV1
(mm)
Duração da
chuva
(h:min)
Nivel
máximo
(mm)
Tempo
armaz.
(h:min)
Nivel
máximo
(mm)
Tempo
armaz.
(h:min)
1 03/05/2004 2,3 03:12 SD SD - -
2 04/05/2004 64,5 22:03 SD SD 83 34:27
3 07/05/2004 32,3 65:24 SD SD 104 35:27
4 12/05/2004 7,1 02:56 SD SD - -
5 14/05/2004 22,6 28:26 39 0:50 30 21:03
6 23/05/2004 9,1 04:52 - - 97 08:48
7 25/05/2004 23,4 05:52 SD SD 111 17:31
8 03/06/2004 4,3 04:19 - - - -
9 10/06/2004 80,1 13:55 106 13:08 105,1 27:58
10 24/06/2004 20,1 11:34 22 03:32 81 18:22
11 26/06/2004 5,3 12:18 - - - -
12 01/07/2004 30,7 06:40 SD SD 113,1 19:54
13 03/07/2004 24,4 01:20 SD SD 89 15:27
14 07/07/2004 9,7 03:38 - - 105 06:04
15 14/07/2004 35,6 26:07 41 27:58 117 40:30
16 30/07/2004 55,2 39:33 37 30:14 116 45:31
17 06/08/2004 23,6 18:14 29 08:41 112 24:37
18 17/08/2004 32,5 42:43 36 13:03 117 40:49
19 21/08/2004 16,8 05:07 SD SD SD SD
20 02/09/2004 6,6 05:00 - - - -
21 10/09/2004 46,2 27:11 48 21:46 132 38:13
22 20/09/2004 115,8 59:20 85 60:35 143 72:28
23 28/09/2004 20,8 5:22 46 05:56 133 18:09
24 13/10/2004 12,2 06:48 - - - -
25 16/10/2004 37,1 12:00 63 10:13 146 18:10
26 18/10/2004 15,24 03:22 60 05:02 137 10:10
27 25/10/2004 11,7 06:24 - - - -
28 03/11/2004 18,5 3:50 58 3:58 96 3:20
29 05/11/2004 17 10:35 46 05:35 100 11:16
30 10/11/2004 90,4 48:28 120 25:35 175 60:26
31 16/11/2004 4,8 12:28 - - - -
32 24/11/2004 3,5 00:58 - - - -
33 25/11/2004 4,1 12:55 - - - -
34 06/12/2004 6,7 03:10 SD SD SD SD
35 09/12/2004 3,6 12:17 - - - -
36 19/12/2004 4,6 02:31 - - - -
37 03/01/2005 5,6 10:43 - - - -
Legenda: SD = sem dados; - = não houve armazenamento. Os eventos das linhas sombreadas não foram
utilizados na análise.
4.2.2. Análise de variáveis hidrológicas e hidráulicas
A seguir é descrito o comportamento das variáveis envolvidas no balanço hídrico do
sistema, para os eventos selecionados na fase de formatação dos dados.
99
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
200
0 40 80 120 160 200 240
Duração (min)
Intensidade (mm/h)
TR=1ano TR=2anos TR=5anos TR=10anos TR=25anos 4/5/2004
25/5/2004 10/6/2004 1/7/2004 3/7/2004 14/7/2004 6/8/2004
10/9/2004 20/9/2004 28/9/2004 18/10/2004 10/11/2004
Análise da precipitação
Para os eventos selecionados, foi determinada a precipitação total, tempo de
duração, intensidade média e intensidade máxima das pancadas de 5, 10, 30, 60, 90, 120 e 180
minutos. Esses valores foram comparados com os previstos pela curva IDF calculada para
Porto Alegre (Equação 4.1) por Bemfica
et al. (2000) e que foi utilizada no método de
dimensionamento proposto por Silveira (2003).
()
85,0
171,0
max
6,11
9,1297
+
=
t
T
i
Equação 4.1
Na Figura 4.7 observa-se a distribuição dos principais eventos de precipitação
analisados, com relação às curvas IDF para 1, 2, 5, 10 e 25 anos de tempo de retorno. Um dos
eventos de precipitação analisados (3/7/2004) teve pancadas cujo tempo de retorno se
aproximou dos 10 anos da chuva de projeto.
Figura 4.7. Distribuição das precipitações analisadas com relação à IDF de Bemfica et al. (2000).
Com base nos valores de precipitação dos pluviógrafos, é calculado o volume
precipitado sobre o pavimento, que é considerado como sendo a multiplicação da altura de
precipitação pela área do pavimento, já que o mesmo é isolado de contribuições laterais. A
Tabela 4.2 apresenta um resumo dos eventos de precipitação que foram monitorados e
analisados.
100
Observa-se pela Tabela 4.2 que o evento de 20/09/2004 ultrapassou os 10 anos da
chuva de projeto, e teve uma duração de quase 60 horas. O evento de 10/06/2004 teve duração
de quase 14 horas, e um tempo de retorno superior a 5 anos. Ressalta-se que o pavimento foi
projetado para um tempo de retorno de 10 anos.
Tabela 4.2. Resumo dos eventos de precipitação analisados.
Data Precip. (mm)
Duração
(h:m)
Intensidade
méd. (mm/h)
T. Retorno
méd. (anos)
Volume
Precip. (m
3
)
04/05/2004
62,5 22:03 2,8 0,94 8,24
07/05/2004
32,3 42:02 0,8 0,01 4,25
14/05/2004
22,6 28:26 0,8 0,00 2,98
23/05/2004
9,1 4:52 1,9 0,00 1,21
25/05/2004
23,4 5:52 4,0 0,01 3,08
10/06/2004
83,1 13:55 6,0 7,65 10,96
24/06/2004
20,1 11:34 1,7 0,00 2,65
01/07/2004
30,7 6:40 4,6 0,05 4,05
03/07/2004
24,4 6:39 3,7 0,01 3,22
07/07/2004
9,7 3:38 2,7 0,00 1,27
14/07/2004
35,6 26:07 1,4 0,03 4,69
30/07/2004
55,1 39:33 1,4 0,27 7,27
06/08/2004
20,8 5:22 3,9 0,01 2,75
17/08/2004
32,5 42:43 0,8 0,01 4,29
10/09/2004
46,2 27:11 1,7 0,13 6,10
20/09/2004
115,8 59:19 2,0 14,23 15,28
28/09/2004
20,8 5:22 3,9 0,01 2,75
16/10/2004
37,1 12:00 3,1 0,08 4,89
18/10/2004
15,2 0:57 16,0 0,01 2,01
03/11/2004
18,5 3:50 4,8 0,00 2,45
05/11/2004
17,0 10:35 1,6 0,00 2,24
10/11/2004
90,4 48:28 1,9 4,01 11,93
Coeficiente de escoamento superficial
Um dos fatores que determinam a eficiência de um pavimento permeável é a sua
capacidade de redução do escoamento superficial. Por isso, foram monitorados os valores de
volume escoado e esses foram comparados com o volume precipitado, para o cálculo do
coeficiente de escoamento superficial. Os coeficientes de escoamento superficial foram
calculados independentemente para os revestimentos em asfalto poroso e blocos vazados, pois
apesar de estarem lado a lado, foi dada uma declividade em sentidos opostos para os dois
tipos de revestimento, conforme foi mostrado na seção transversal do pavimento (Figura 3.2).
Os valores de escoamento superficial dos revestimentos foram analisado em termos
totais, sendo calculados através da relação entre o volume total escoado pela calha coletora
101
(subtraído do volume precipitado sobre a mesma) e o volume precipitado sobre todo o
pavimento. A Equação 4.2 a seguir exprime o cálculo do coeficiente de escoamento.
100(%)
=
pavimento
calhacoletado
P
PP
c
Equação 4.2
Onde: P
coletado
= volume coletado pela calha lateral;
P
calha
= volume precipitado sobre a calha coletora lateral;
P
pavimento
= volume precipitado sobre todo o pavimento.
O volume coletado pela calha é calculado através dos dados de nível dentro do
reservatório coletor descrito no item 3.4.4. O volume precipitado sobre a calha é dado pela
precipitação total multiplicada pela área superficial da mesma.
Na Tabela 4.3, apresentam-se os valores de coeficiente de escoamento calculados
para cada evento monitorado. Um dos lados do pavimento possui revestimento em asfalto
poroso, e o outro é revestido com blocos vazados intertravados de concreto.
Tabela 4.3. Valores de coeficientes de escoamento dos pavimentos permeáveis.
Coef. de escoamento (%)
Data
Precipitação
(mm)
Asfalto
poroso
Blocos
vazados
04/05/2004
62,5 SD 0,0
07/05/2004
32,3 SD 1,4
14/05/2004
22,6 0,8 0,0
23/05/2004
9,1 SD 0,0
25/05/2004
23,4 SD 0,0
10/06/2004
83,1 5,0 1,0
24/06/2004
20,1 0,7 0,0
01/07/2004
30,7 SD 0,0
03/07/2004
24,4 1,8 1,8
07/07/2004
9,7 0,0 0,0
14/07/2004
35,6 7,3 0,0
30/07/2004
55,1 9,5 0,0
06/08/2004
20,8 3,6 5,4
17/08/2004
32,5 6,1 3,8
10/09/2004
46,2 8,2 1,1
20/09/2004
115,8 7,7 9,8
28/09/2004
20,8 3,6 5,4
16/10/2004
37,1 6,2 4,5
18/10/2004
15,2 7,2 3,0
03/11/2004
18,5 2,2 0,0
05/11/2004
17,0 3,0 0,0
10/11/2004
90,4 13,5 12,8
Média
5,08 2,27
Desv. Pad.
3,62 3,49
Legenda: SD=sem dados.
102
Os valores de coeficiente de escoamento do revestimento em blocos vazados
variaram de zero a 12,8%, tendo média de 2,27% e resultado em zero na maioria dos eventos.
Esse resultado mostra que o pavimento em blocos vazados tem uma alta capacidade de
redução do escoamento superficial, pois os valores esperados para o coeficiente de
escoamento em áreas pavimentadas são em média de 80% (Tucci, 1997b; ASCE & WEF,
1992).
No pavimento revestido com asfalto poroso, os coeficientes de escoamento
superficial variaram de zero a 13,5%, com média de 5,08%. Esse valor se mostrou bastante
satisfatório, sendo aproximadamente igual aos valores recomendados na literatura para o
escoamento superficial em áreas verdes e superfícies naturais arborizadas, que é no mínimo
de 5% (Tucci, 1997b; ASCE & WEF, 1992).
A diferença de desempenho entre os dois tipos de revestimento pode ser explicada
pelo fato de que o bloco possui em sua estrutura aberturas maiores que aquelas do asfalto
poroso. Em análises visuais durante os eventos chuvosos, percebe-se que as partes vazadas
dos blocos funcionam como pequenos reservatórios, onde mesmo se excedendo a capacidade
de infiltração do material de enchimento, há um “volume de espera” que armazena parte do
volume de chuva. Esse comportamento dos blocos vazados é mostrado na Figura 4.8.
Outro fator que influencia na capacidade final de infiltração do revestimento é o
controle tecnológico durante a execução do mesmo. O assentamento do asfalto poroso foi
executado com auxílio de rolos compressores lisos. Observou-se que durante a passagem do
rolo compressor no asfalto, o mesmo era obrigado a transitar pela área dos blocos vazados,
que estava repleta da areia de enchimento. Na passagem, o rolo compressor transportava os
sedimentos dos blocos para a superfície asfáltica. Os fatos descritos acima podem ser
visualizados na Figura 4.9.
Figura 4.8. Preenchimento das partes vazadas dos
blocos com água da chuva.
Figura 4.9. Transporte de areia dos blocos vazados
para o asfalto pelo rolo compressor.
103
Na análise geral dos dados, procurou-se estabelecer alguma relação estatística direta
entre o coeficiente de escoamento e as grandezas envolvidas no evento de precipitação. Foi
encontrada uma relação linear entre o coeficiente de escoamento superficial no revestimento
asfáltico e a precipitação total, mas com um coeficiente de correlação baixo de 0,44 (ver
Figura 4.10). A mesma correlação foi buscada entre os valores de escoamento superficial para
o revestimento em blocos vazados, sendo encontrado também um baixo coeficiente de
correlação, de 0,35.
Figura 4.10. Gráfico de correlação entre os coeficientes de escoamento superficial e a precipitação total do
evento.
Como se pode observar na Figura 4.11, foi verificada nos dados uma pequena
tendência de aumento do escoamento superficial com o tempo, onde se calculou um
coeficiente de correlação entre a data do evento e o coeficiente de escoamento superficial de
0,20 para o revestimento em asfalto poroso, e 0,29 para o revestimento com blocos vazados.
Esses gráficos mostram uma tendência de aumento do coeficiente de escoamento superficial
com o tempo, o que sinalizaria uma evolução na colmatação dos revestimentos.
Figura 4.11. Gráfico de relação entre os coeficientes de escoamento superficial e a data do evento.
Ressalta-se que o número de meses e eventos monitorados é pequeno para se tomar
conclusões estatísticas a respeito dos dados, porém os resultados preliminares já mostram que
ambos os revestimentos apresentaram um desempenho bastante satisfatório com relação à
redução do escoamento superficial.
y = 5,58x + 10,77
R
2
= 0,44
0
20
40
60
80
100
120
0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 14,0 16,0
Lado A - Coef. Escoamento superficial (%)
Precipitação total (mm)
y = 4,72x + 26,70
R
2
= 0,35
0
20
40
60
80
100
120
0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 14,0
Lado B - Coef. escoamento superficial (%)
Precipitação total (mm)
0,0
2,0
4,0
6,0
8,0
10,0
12,0
14,0
16,0
23/4/04 12/6/04 1/8/04 20/9/04 9/11/04 29/12/04
Lado A - Data do evento
Coef. Esc. Superficial (%)
0,0
2,0
4,0
6,0
8,0
10,0
12,0
14,0
23/4/2004 12/6/2004 1/8/2004 20/9/2004 9/11/2004 29/12/2004
Lado B - Data do evento
Coef. Esc. Superficial (%)
104
Armazenamento no reservatório
As análises do armazenamento e da taxa de infiltração são importantes para se
observar a interação solo-estrutura, e assim analisar a eficiência do dispositivo de infiltração.
Por isso, para cada um dos eventos analisados, foi traçado o gráfico do armazenamento em
função do tempo, juntamente com o volume precipitado. Esses gráficos auxiliaram na
avaliação do comportamento dos reservatórios durante o início da chuva, nas pancadas mais
intensas, e depois de cessada a chuva.
No início de todos os eventos, tanto no Lado A quanto no Lado B, observou-se uma
defasagem entre o início da chuva e o início do enchimento do reservatório. O valor da
defasagem variou de 1h30min até 4 horas. Estima-se que essa defasagem dependa de fatores
como a intensidade da chuva, das condições de umidade do pavimento antes do início da
precipitação, assim como do tempo interno de distribuição da água nos poços dos sensores de
nível. Em alguns casos, o sensor começou a registrar subida no reservatório, apenas bem
próximo do pico do armazenamento. Houve também eventos em que só se iniciou o acúmulo
d’água no reservatório após um longo período de chuva.
Verificou-se ainda que, depois de iniciado o enchimento do reservatório, as
variações de intensidade de precipitação provocavam variações no nível do reservatório com
uma defasagem menor, da ordem de 10 a 20 minutos. Nesses casos, estando o conteúdo do
reservatório praticamente todo “encharcado”, a defasagem passa a depender apenas da
intensidade da precipitação naquele momento.
Um outro fato relevante verificado foi a grande diferença de comportamento
existente entre os reservatórios dos Lados A e B. Em quase todos os eventos em que foram
monitorados ambos os lados, o reservatório do Lado B apresentou maiores valores de
armazenamento máximo com relação ao Lado A. Também foi verificado que o tempo
necessário para o completo esvaziamento do reservatório, após cessada a chuva, foi menor no
Lado A que no Lado B do pavimento.
Essa diferença de comportamento era esperada, devido aos resultados dos ensaios de
caracterização realizados previamente à construção do pavimento, descritos no item 3.2.3. Os
ensaios de infiltração com duplo anel, e condutividade hidráulica (com poço invertido e
piezômetro auto-obturador) mostraram grande diferença entre as taxas de infiltração nos lados
A e B do pavimento. Os valores de taxa de infiltração para o pavimento no lado A foram em
média de 10mm/h, enquanto que no Lado B, essa taxa foi de 4,5mm/h. Devido a essas
menores taxas de infiltração, fica favorecido o maior acúmulo de água no reservatório do
Lado B, em comparação com aquele do Lado A.
105
0
20
40
60
80
100
120
140
160
1/7 5/7 9/7 13/7 17/7
Data
Nível do reservatório (mm)
0
50
100
150
200
250
Intensidade precipitação
(mm/h)
Armazenamento - Lado A Armazenamento - Lado B Intensidade precip. (mm/h)
Nas figuras 4,12 e 4.13 a seguir, observam-se gráficos com os dados de precipitação
e armazenamento para ambos os reservatórios, dos eventos ocorridos nos meses de julho,
setembro e novembro. Pode-se observar, portanto, os níveis maiores de armazenamento
predominantes no reservatório do Lado A em comparação ao Lado B do pavimento.
Figura 4.12. Gráfico do armazenamento para os eventos do mês de julho/2004.
Figura 4.13. Gráfico do armazenamento para os eventos dos meses de setembro e novembro/2004.
A Tabela 4.4 a seguir contém os dados de armazenamento dos reservatórios dos
Lados A e B, que são o tempo de armazenamento e o volume máximo armazenado.
O volume máximo armazenado foi calculado pela lâmina máxima registrada pelo
data logger, descontando-se o volume ocupado pela brita.
Mesmo com as diferenças existentes entre os reservatórios, analisando-se a tabela,
verifica-se pelos dados, que o pavimento apresentou um bom desempenho hidrológico, pois
mesmo nos maiores eventos, em que o volume precipitado ultrapassou 10m
3
, o volume
0
20
40
60
80
100
120
140
160
9/9 15/9 21/9 27/9
Data
Nível do reservatório
(mm)
0
20
40
60
80
100
120
140
160
Intensidade de
precipitação (mm/h)
Armazenamento - Lado A Armazenamento - Lado B Intensidade precip. (mm/h)
0
20
40
60
80
100
120
140
160
2/11 4/11 6/11 8/11 10/11 12/11 14/11
Data
Nível no reservatório
(mm)
0
30
60
90
120
150
180
210
Intensidade de
precipitação (mm/h)
Armazenamento - Lado A Armazenamento - Lado B Intensidade precip. (mm/h)
(a) (b)
106
máximo armazenado não chegou a 25% da capacidade do reservatório, que é de 8,25m
3
. O
tempo de esvaziamento do reservatório ficou abaixo do máximo recomendado na literatura,
que é de 72 horas. O evento chuvoso de maior magnitude foi de 115mm de chuva e teve uma
duração de 60 horas, o que representa um volume precipitado sobre o reservatório de mais de
15m
3
.
Tabela 4.4. Resumo dos dados de armazenamento para os eventos analisados.
Lado A Lado B
Evento
Total
Precip
(mm)
Volume
Precip.
(m
3
)
Duração
chuva
(h:m)
Vol. max
(m
3
)
Tempo
Armaz.
(h:m)
Vol. max
(m
3
)
Tempo
Armaz.
(h:m)
04/05/2004
62,5 8,24 22:03 SD SD 0,93 34:26
07/05/2004
32,3 4,25 42:02 SD SD 0,55 35:26
14/05/2004
22,6 2,98 28:26 0,20 9:56 1,15 9:56
23/05/2004
9,1 1,21 4:52 SD SD 1,26 8:25
25/05/2004
23,4 3,08 5:52 SD SD 1,16 17:31
10/06/2004
83,1 10,96 13:55 1,52 13:08 1,47 27:58
24/06/2004
20,1 2,65 11:34 0,07 3:32 0,88 18:21
01/07/2004
30,7 4,05 6:40 SD SD 1,71 19:54
03/07/2004
24,4 3,22 6:39 0,20 4:51 1,06 15:27
07/07/2004
9,7 1,27 3:38 - - 0,72 6:03
14/07/2004
35,6 4,69 26:07 0,23 27:58 0,88 40:29
30/07/2004
55,1 7,27 39:33 0,18 30:14: 0,73 45:31
06/08/2004
20,8 2,75 5:22 0,28 5:56 0,28 18:09
17/08/2004
32,5 4,29 42:43 0,17 13:03 1,82 40:49
10/09/2004
46,2 6,10 27:11 0,30 21:46 0,67 38:13
20/09/2004
115,8 15,28 59:19 0,97 60:35 0,80 72:28
28/09/2004
20,8 2,75 5:22 0,28 5:56 0,28 18:09
16/10/2004
37,1 4,89 12:00 0,53 10:12 0,41 18:08
18/10/2004
15,2 2,01 0:57 0,47 5:02 0,25 10:10
03/11/2004
18,5 2,45 3:50 0,46 3:58 0,27 3:20
05/11/2004
17,0 2,24 10:35 0,29 5:35 0,36 11:16
10/11/2004
90,4 11,93 48:28 1,93 25:35 0,41 60:26
Legenda: SD=sem dados; - = não houve armazenamento.
No Anexo I pode ser vista a análise detalhada de alguns eventos de precipitação,
com análise do armazenamento trecho a trecho.
107
Taxa de infiltração no solo
No presente trabalho, a taxa de infiltração foi calculada através do balanço hídrico
do volume de controle, como sendo a diferença entre a precipitação e a variação do
armazenamento no reservatório, em cada intervalo de tempo. Esse princípio foi aplicado
apenas após o início do acúmulo d’água no reservatório, pois antes disso, parte da água de
precipitação fica retida no material de preenchimento do reservatório, e parte infiltra no solo,
não sendo possível distinguir as duas parcelas.
A análise da taxa de infiltração foi dividida em duas partes: (a) durante a
precipitação e (b) nos intervalos de estiagem, ou seja, nos períodos de esvaziamento do
reservatório.
(a) Análise da taxa de infiltração durante a precipitação
A Figura 4.14 mostra um corte longitudinal do pavimento, onde é possível observar
a declividade existente no fundo do reservatório (que é de 1% na escala real).
Figura 4.14. Esquema do corte longitudinal do pavimento durante a precipitação.
Conforme se pode perceber pelo esquema da Figura 4.14, durante a precipitação,
toda a área do pavimento contribui para a infiltração no solo, independente do volume
acumulado no reservatório. Dessa forma, no balanço hídrico, a infiltração acumulada é dada
pela diferença entre a parcela da precipitação acumulada que penetrou no reservatório e a
variação do armazenamento, divididos por toda a área do pavimento, conforme indica a
equação:
(
)
total
A
SPc
Inf
=
1
L
I=1%
Revestimento
Precipitação
Reservatório
Água
acumulada
108
onde: P é a precipitação acumulada
c é o coeficiente de escoamento superficial do evento
S é a variação no armazenamento
Inf é a infiltração acumulada
A
total
é a área superficial do pavimento
De forma a facilitar o cálculo da taxa de infiltração durante a precipitação, foram
traçados gráficos da precipitação acumulada e do armazenamento ao longo do tempo, e foi
traçado um gráfico que representa a diferença entre a precipitação e o armazenamento, que é a
infiltração acumulada. Esses valores foram calculados apenas durante a precipitação.
Exemplos desse gráfico podem ser vistos nas figuras 4.15 e 4.16.
A taxa de infiltração foi então calculada como a variação média da infiltração
acumulada no tempo. Conforme pode ser observado nas figuras, foram identificadas as
tendências lineares da infiltração acumulada, sendo ajustadas retas aos trechos.
Figura 4.15. Identificação das tendências de infiltração linear.
Curva Ajustada - Blocos - 14/07/2004
0
5
10
15
20
25
30
35
40
12:00 00:00 12:00 00:00 12:00
Hora
veis (mm)
Precipitação Armazenamento Infiltração
o
o
o
o
109
Figura 4.16. Identificação das tendências de infiltração linear.
Os valores obtidos para todos os eventos estão apresentados na Tabela 4.5 a seguir.
Ressalta-se que foram considerados apenas os trechos em que havia precipitação e
armazenamento, para o cálculo da infiltração.
Pelos dados da tabela, percebe-se uma relação de proporcionalidade entre os valores
de intensidade de precipitação e de taxa de infiltração, que aparentemente contrariam a teoria
da infiltração. Mas Stone e Paige (2003), através de um simulador de chuvas de 12m
2
,
detectaram, para vários tipos de solos, que a capacidade de infiltração de uma parcela de solo
tende a aumentar com o aumento da intensidade de precipitação sobre ela. No trabalho em
questão, a taxa de infiltração era calculada como a precipitação, menos o escoamento
superficial coletado da superfície. Resultados obtidos pelo autor são mostrados na Figura
4.17.
Curva Ajustada - Blocos - 01/072004
0
5
10
15
20
25
30
35
06:00 10:48 15:36 20:24 01:12 06:00
Hora
Níveis (mm)
Precipitação Armazenamento Infiltração
o
o
o
110
Tabela 4.5. Dados de taxa de infiltração e intensidade de precipitação média no período.
Lado A Lado B
Precip.
(mm/h)
Horário
início-fim
Inf
(mm/h)
Precip.
(mm/h)
Horário
início-fim
Inf
(mm/h)
4/5/2004
- - - 5,17 2:23-8:30 4,99
- - - 1,22 8:30-14:08 0,90
- - - 1,89 14:08-23:12 2,13
14/5/2004
0,17 15:33-20:05 0,37 0,68 14:28-2:06 0,49
0,41 14:42-20:16 0,41 0,00 2:06-5:22 0,87
- - - 0,67 12:18-1:37 0,41
25/5/2004
- - - 3,52 10:19-13:12 0,52
- - - 2,47 13:12-15:09 3,43
- - - 0,05 15:09-0:55 0,39
10/6/2004
5,44 14:12-19:12 5,23 4,73 10:42-13:07 1,40
0,00 12,19 13:07-16:27 12,84
1,38 19:44-1:16 2,09 0,78 16:27-19:14 1,13
- - - 10,90 19:22-21:18 7,11
24/6/2004
- - - 3,90 8:36-11:51 2,26
- - - 0,05 11:51-4:02 0,39
1/7/2004
- - - 6,47 8:08-10:34 1,72
- - - 5,89 10:34-12:59 4,50
3/7/2004
1,67 6:26-8:43 1,20 12,91 6:08-7:46 2,98
0,08 8:43-12:02 0,23 0,24 7:46-14:01 0,48
1,74 12:02-12:37 1,63 0,00 14:01-20:31 0,92
7/7/2004
- - - 2,67 18:55-21:35 0,67
- - - 0,21 21:35-3:44 1,25
14/7/2004
0,56 22:34-0:22 0,15 1,82 16:49-3:34 1,35
1,66 0:22-2:40 0,15 0,72 3:34-19:10 0,75
0,20 2:40-7:52 0,15 0,00 - 0,48
0,85 7:52-16:48 0,15 0,00 - 0,00
30/7/2004
- - - 4,06 12:37-16:56 3,02
- - - 0,87 16:56-1:40 0,90
- - - 1,85 1:40-10:26 1,84
6/8/2004
2,10 21:11-1:40 2,08 2,36 17:46-2:04 2,01
0,22 1:40-6:11 0,42 0,07 2:04-17:13 0,33
17/8/2004
0,97 14:53-23:46 0,86 1,12 7:37-2:11 0,93
1,48 23:46-1:29 1,12 0,12 2:11-19:22 0,41
10/9/2004
1,45 7:01-21:53 1,41 2,48 5:54-12:07 1,48
0,96 21:53-0:47 0,89 2,95 12:07-13:12 2,96
1,58 0:47-3:12 1,30 0,83 2:36-14:14 0,53
3,28 3:12-4:45 3,03 1,47 20:13-4:32 1,28
20/9/2004
- - - 2,78 7:01-18:00 2,66
- - - 0,74 18:00-6:50 0,60
- - - 1,31 6:50-16:20 1,31
- - - 1,03 16:20-4:08 0,54
- - - 2,84 16:34-16:34 3,69
28/9/2004
2,96 21:41-0:00 2,31 2,49 21:51-23:41 1,80
16/10/2004
3,99 14:30-21:26 4,20 3,96 15:00-21:36 3,99
111
Figura 4.17. Relação entre a taxa de infiltração e a intensidade de infiltração no solo.
Fonte: Jeffrey e Stone (2003).
Esse resultado foi encontrado também por Paige e Stone (2003), sendo que Hawkins
(1982,
apud Stone, 2003) sugere uma relação entre a taxa de infitltração, f
s
(i) (mm/h) e a
intensidade de precipitação i (mm/h), mostrada na Equação 4.3:
()
=
f
u
i
fs
euif 1
Equação 4.3
onde u
f
é a capacidade de infiltração máxima da área.
Foi então traçado um gráfico com os dados da Tabela 4.5, para os lados A e B do
pavimento. Procurou-se ajustar uma curva semelhante à proposta por Hawkins (1982, apud
Stone e Paige, 2003). Pode-se observar os resultados obtidos pelo gráfico da Figura 4.18.
Figura 4.18. Gráfico de relação entre taxa de infiltração e intensidade de precipitação.
tempo (min)
i (mm/h)
f
s
(i) (mm/h)
taxa (mm/h)
f
s
(i) (mm/h)
0
2
4
6
8
10
12
14
16
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0
Intensidade de precipitação (mm/h)
Taxa de infiltração (mm/h)
Dados Lado A fs(i) - A Dados - Lado B
fs(i) - B fs(i)=i
u
f
=35,9mm/h
u
f
=9,8mm/h
112
Uma explicação proposta para o aumento na taxa de infiltração com o aumento na
intensidade de precipitação é que existe uma distribuição não-uniforme da capacidade de
infiltração no solo, de forma que algumas porções possuem maiores capacidades de infiltração
que outras, numa mesma área. Essas diferenças podem ser causadas pelas características
variadas do solo, como a granulometria e a textura, por exemplo. Durante a chuva, apenas as
áreas que possuem capacidade de infiltração inferior à intensidade de precipitação contribuem
para o escoamento superficial, causando o armazenamento no reservatório. À medida que a
intensidade de infiltração aumenta, uma parte da área de capacidade de infiltração maior passa
a contribuir para o escoamento superficial. Dessa forma, a taxa de infiltração, calculada como
sendo a diferença entre a precipitação e o escoamento superficial acumulado no
armazenamento, aumenta. Em outras palavras, do aumento da precipitação, decorre um
aumento no armazenamento, porém em menor volume.
Observando-se a Figura 4.18, verifica-se mais uma vez a diferença entre o
armazenamento nos lados A e B do reservatório, onde se obteve u
f
=35,9mm/h para o Lado A
e u
f
=9,8mm/h para o Lado B, coerente com as avaliações preliminares do solo. A título
ilustrativo, Stone e Paige (2003) obtiveram valores de u
f
em torno de 10mm/h para solos
argilosos, e até 100mm/h para solos mais arenosos.
(b) Análise da taxa de infiltração durante o esvaziamento do reservatório
Na Figura 4.19 pode-se observar um corte longitudinal do pavimento, durante os
períodos sem precipitação, em que há acúmulo d’água no reservatório, a qual fica concentrada
na parte de jusante.
Figura 4.19. Esquema do pavimento ao término da precipitação.
Conforme se pode perceber pelo esquema da Figura 4.19, ao término da
precipitação, apenas a área do pavimento onde se localiza o acúmulo d’água, contribui para a
infiltração no solo. Dessa forma, no balanço hídrico, a infiltração acumulada é dada pela
Área molhada
I=1%
Revestimento
Reservatório
Água
acumulada
h
113
variação do armazenamento, dividida pela área de acumulação d’água do pavimento,
conforme indica a Equação 4.4.
molh
A
S
Inf
=
Equação 4.4
onde: P é a precipitação acumulada
S é a variação no armazenamento
Inf é a infiltração acumulada
A
molh
é a área de acumulação d’água do pavimento, ou área molhada.
Chamou-se nível equivalente à razão entre o volume acumulado e a área molhada no
reservatório. Foram então traçados gráficos do nível equivalente no tempo, para cada um dos
períodos de esvaziamento, e a taxa de infiltração média foi dada pela inclinação da reta
ajustada para o esvaziamento. Os valores obtidos encontram-se na Tabela 4.6.
Pela tabela, observa-se que a taxa de infiltração média foi de 1,6mm/h para o Lado
A, e de 1,0mm/h para o lado B. Esses valores foram bem mais baixos que aqueles encontrados
durante a precipitação, sendo que se mantiveram níveis maiores para o Lado A com relação
Lado B, obtidos nos ensaios preliminares. Na Figura 4.20, pode-se ver exemplos de gráficos
de esvaziamento do reservatório, com o cálculo da taxa de infiltração.
Figura 4.20. Gráfico exemplo de esvaziamento no reservatório.
Um fator que influencia na taxa de infiltração, durante o esvaziamento do
reservatório, é a inclinação que existe no fundo do reservatório. Essa inclinação diminui a
área de contribuição do solo na infiltração durante o esvaziamento, e além disso, o acúmulo
da água junto com os sedimentos na parte mais funda favorecem a redução da taxa de
infiltração do geotêxtil e do solo subjacentes. Devido a isso, deve-se manter um contínuo
acompanhamento do armazenamento no reservatório, de modo a se detectar a futura
necessidade de esvaziamento do volume armazenado.
A diferença de taxas de infiltração em fases distintas, no esvaziamento e durante a
precipitação, é uma importante constatação que deveria ser levada em conta nos métodos de
dimensionamento.
Esvaziamento 1 - 20/09/2004 - Lado A
y = -27,11x + 1E+06
R
2
= 0,9738
3
3,5
4
4,5
5
5,5
6
6,5
01:30 02:00 02:30 03:00 03:30 04:00
Hora
Nível equivalente (mm)
Esvaziamento 2 - 20/09/2004 - Lado B
y = -27,724x + 1E+06
R
2
= 0,9204
0
2
4
6
8
10
12
14
16:00 18:00 20:00 22:00 00:00 02:00 04:00
Hora
Nível equivalente (mm)
114
Tabela 4.6. Taxas de infiltração no solo subjacente ao reservatório (mm/h), nos períodos de precipitação nula
(durante o esvaziamento do reservatório).
Data Lado A Lado B Data Lado A Lado B
4/5/2004
SD 0,71
30/7/2004
2,53 1,05
SD 0,46
1,25 0,69
SD 2,28
6/8/2004
2,14 0,88
14/5/2004
2,30 1,19
17/8/2004
0,99 3,08
2,19 0,94
1,07 0,53
25/5/2004
SD 0,88
1,31 0,46
10/6/2004
4,31 0,86
- 0,51
3,32 0,62
- 1,89
24/6/2004
0,94 0,40
10/9/2004
1,06 0,36
1/7/2004
SD 1,91
0,75 0,53
SD 0,42
1,17 0,81
SD 0,89
20/9/2004
1,10 0,60
3/7/2004
1,19 0,38
- 1,16
- 1,14
28/9/2004
1,36 0,68
7/7/2004
- 2,40
16/10/2004
1,58 0,73
- 2,44
18/10/2004
1,40 0,65
14/7/2004
0,89 0,49
3/11/2004
2,50 2,80
0,67 0,70
5/11/2004
1,34 0,82
0,93 0,33
10/11/2004
2,23 0,63
0,70 0,35
2,06 1,37
1,13 0,75
média 1,6 1,0
Legenda: SD = Sem dados; - = não houve armazenamento.
Em decorrência das baixas taxas de infiltração encontradas durante o esvaziamento
do reservatório, aconselha-se o contínuo monitoramento do nível do reservatório.
Umidade do solo na sub-base
A umidade do solo na sub-base do pavimento influencia teoricamente na taxa de
infiltração do solo. Quanto menor a umidade inicial do solo, mais água o mesmo necessita
absorver para atingir a capacidade de infiltração, e portanto maior o volume infiltrado antes
do início do acúmulo d’água.
A umidade do solo na sub-base foi medida através de guias de ondas para TDR,
instalados no solo subjacente ao pavimento, a uma profundidade de 10 cm abaixo do leito
(conforme item 3.4.4). As medições eram realizadas sempre antes e depois dos eventos de
precipitação, exceto quando havia impossibilidade de obtenção do equipamento para a
realização da leitura.
Foram instaladas inicialmente 11 guias de ondas distribuídas na área dos dois
pavimentos, sendo que ao início do monitoramento dos demais equipamentos, três das guias
não funcionavam, sendo detectado depois o rompimento do cabo transmissor.
Durante o período de monitoramento, observou-se que três das guias forneciam
resultados discrepantes das demais, sendo seus valores então descartados da análise.
115
Após algumas coletas e funcionamento normal, mais duas guias tiveram seus cabos
rompidos, e outras quatro pararam de funcionar por motivos desconhecidos, restando apenas
duas guias, sendo ambas localizadas no Lado A do pavimento.
Apesar dos problemas enfrentados, optou-se por continuar o monitoramento da
umidade do solo com as guias restantes. Nos eventos em que se dispunha de mais de uma guia
de medição, a umidade foi considerada como sendo a média entre os valores observados.
Na Tabela 4.7 a seguir são apresentados os valores obtidos de umidade do solo no
dia anterior e no subseqüente ao evento.
Tabela 4.7. Valores de umidade do solo no dia anterior e subseqüente a alguns eventos.
Umidade do solo (%)
Data
Precipitação
(mm)
Antes Depois
4/5/2004
62,48 29,15% 30%
7/5/2004
32,26 29,40% -
14/5/2004
22,61 29,80% 29,90%
23/5/2004
9,14 - -
25/5/2004
23,37 29,60% 29,80%
10/6/2004
83,06 29,20% -
24/6/2004
20,07 - 29,70%
1/7/2004
30,73 29,70% 30,10%
3/7/2004
24,38 - 30%
7/7/2004
9,65 30,10% 30,10%
14/7/2004
35,56 29,80% -
30/7/2004
55,12 29,60% 29,90%
6/8/2004
23,62 - -
17/8/2004
32,51 - -
Média 29,59% 29,94%
Desvio Pad. 0,003 0,001
Os valores de umidade medidos antes dos eventos tiveram uma média de 29,59%, e
aqueles medidos depois do evento tiveram uma média de 29,94%. Observa-se que houve um
ínfimo aumento na umidade média dos eventos, o que denota coerência entre os valores.
Porém o desvio padrão das variáveis resultou abaixo do esperado, o que pode indicar uma
baixa sensibilidade do sensor de umidade.
4.3. Avaliação do método de dimensionamento
O dimensionamento do reservatório do pavimento permeável foi feito com o uso do
método da Curva Envelope, adaptado por Silveira (2003) para o caso específico de
pavimentos permeáveis. Trata-se de um método simples, que considera a taxa de infiltração
no solo como constante ao longo do tempo (em toda a área do pavimento), e a chuva de
projeto é determinada com base em um tempo de retorno escolhido. Devido a essas
simplificações, faz-se necessário a análise da adequação do método de dimensionamento.
116
Inicialmente, foi feita uma análise do método da curva envelope em geral, através
do cálculo do volume máximo que seria armazenado caso os reservatórios se comportassem
exatamente como previsto pelo método de dimensionamento, usando-se as chuvas reais,
comparando-se esse valor com o armazenamento máximo observado nos dois reservatórios.
A taxa de infiltração para o dimensionamento foi considerada igual a 1,5mm/h, não
havendo diferença entre o dimensionamento dos lados A e B do pavimento.
A Tabela 4.8 a seguir contém os valores de armazenamento calculado e observado,
para todos os eventos monitorados.
Observa-se pela Tabela 4.8 que as condições de projeto superdimensionaram o
reservatório para quase todos os eventos, exceto para o do dia 23 de maio de 2004. Suspeita-
se que os valores fornecidos pelos sensores para esse evento estejam incorretos.
Considerando-se esse fato, verifica-se que o método de dimensionamento superdimensionou o
pavimento em todos os eventos reais.
Tabela 4.8. Comparação entre o volume do reservatório dimensionado e observado.
Precipitação Vol. máx (m
3
)
Evento
(mm) (m
3
) Lado A Lado B
Vol. máx.
dimensionado
(m
3
)
4/5/2004
62,48 8,24 - 0,93 4,21
7/5/2004
32,26 4,25 - 0,55 1,39
14/5/2004
22,61 2,98 0,20 1,15 1,42
23/5/2004
9,14 1,21 - 1,26 0,97
25/5/2004
23,37 3,08 - 1,16 2,49
10/6/2004
83,06 10,96 1,52 1,47 6,15
24/6/2004
20,07 2,65 0,07 0,88 2,02
1/7/2004
30,73 4,05 - 1,71 3,58
3/7/2004
24,38 3,22 0,20 1,06 2,84
7/7/2004
35,56 1,27 0,00 0,72 1,03
14/7/2004
35,56 4,69 0,23 0,88 2,35
30/7/2004
55,12 7,27 0,18 0,73 4,09
6/8/2004
20,83 2,75 0,28 0,28 2,25
17/8/2004
32,51 4,29 0,17 1,82 2,05
10/9/2004
46,23 6,10 0,30 0,67 3,57
20/9/2004
115,82 15,28 0,97 0,80 5,21
28/9/2004
20,83 2,75 0,28 0,28 2,36
16/10/2004
37,08 4,89 0,53 0,41 3,85
18/10/2004
15,24 2,01 0,47 0,25 1,89
3/11/2004
18,54 2,45 0,46 0,27 2,18
5/11/2004
17,02 2,24 0,29 0,36 1,61
10/11/2004
90,42 11,93 1,93 0,41 6,06
117
A seguir são mostrados alguns gráficos de comparação entre os volumes calculados
e observados para os reservatórios.
Figura 4.21. Exemplos de gráficos de armazenamento previsto e observado.
Observando-se os gráficos da Figura 4.21, verifica-se que, na maior parte do tempo,
o volume calculado pelo método de dimensionamento é superior àqueles observados nos
reservatórios, especialmente no Lado A, cuja taxa de infiltração resultou em valores mais
altos que no Lado B. Verifica-se também, que os gráficos, calculado e observados, possuem
formatos parecidos, diferenciando-se no volume de subida.
Tabela 4.9. Comparação entre o volume do reservatório dimensionado e observado.
Precipitação Vol. Máx (m
3
)
Evento
(mm) (m
3
) Lado A Lado B
Vol. Máx.
Dimensionado
(
3
)
4/5/2004
62,48 8,24 - 0,93 4,58
7/5/2004
32,26 4,25 - 0,55 1,98
14/5/2004
22,61 2,98 0,20 1,15 1,54
23/5/2004
9,14 1,21 - 1,26 1,02
25/5/2004
23,37 3,08 - 1,16 2,54
10/6/2004
83,06 10,96 1,52 1,47 6,83
24/6/2004
20,07 2,65 0,07 0,88 1,78
1/7/2004
30,73 4,05 - 1,71 3,21
3/7/2004
24,38 3,22 0,20 1,06 2,55
7/7/2004
35,56 1,27 0,00 0,72 1,19
14/7/2004
35,56 4,69 0,23 0,88 2,51
30/7/2004
55,12 7,27 0,18 0,73 3,45
6/8/2004
20,83 2,75 0,28 0,28 2,33
17/8/2004
32,51 4,29 0,17 1,82 1,99
10/9/2004
46,23 6,10 0,30 0,67 3,22
20/9/2004
115,82 15,28 0,97 0,80 6,33
28/9/2004
20,83 2,75 0,28 0,28 2,33
16/10/2004
37,08 4,89 0,53 0,41 3,26
18/10/2004
15,24 2,01 0,47 0,25 3,04
3/11/2004
18,54 2,45 0,46 0,27 2,30
5/11/2004
17,02 2,24 0,29 0,36 1,54
10/11/2004
90,42 11,93 1,93 0,41 5,27
14/05/2004
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
12:00 20:00 04:00 12:00 20:00 04:00 12:00
Hora
Volume (m³)
0
10
20
30
40
50
Intensidade (mm/h)
Vol. Precip. Acum. (m³)
Armazenamento - Lado A
Armazenamento - Lado B
Armaz. calculado (m³)
Intensidade precip. (mm/h)
10/06/2004
0
2
4
6
8
10
12
09:00 15:00 21:00 03:00 09:00 15:00
Hora
Volume (m³)
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
Intensidade (mm/h)
Vol. Precip. Acumulasdo
(m³)
Armazenamento - Lado A
Armazenamento - Lado B
Armaz. calculado (m³)
118
Foi feita ainda uma outra comparação de dados, para a análise do método de
dimensionamento. A partir do tempo de retorno do evento, constante na Tabela 4.2, e da taxa
de infiltração adotada no projeto, calculou-se o volume do reservatório pela Equação 2.6,
proposta por Silveira (2003). Os resultados obtidos constam na Tabela 4.9. Pela análise da
tabela, observa-se que se obteve valores semelhantes com a análise anterior, confirmando-se a
tendenciosidade estrutural do método da curva envelope.
Calcula-se que a superestimativa do volume do reservatório se deve, a três fatores:
1) Primeiramente, um fator que leva a altos valores para o volume dimensionado é a
quantidade de água da precipitação que é necessária para “molhar” todo o pavimento antes de
ser iniciada a infiltração d’água no solo. Pelos eventos analisados, observou-se que apenas
após aproximadamente 12mm de precipitação, iniciou-se o acúmulo d’água no reservatório.
2) Outra causa diz respeito ao fato de que o método de dimensionamento da curva
envelope não considera a umidade do solo antes do início da precipitação, que é em geral
inferior à umidade de saturação, conferindo ao solo maior capacidade de absorção no início
do evento. Na teoria do método de dimensionamento, a chuva de projeto ocorre em uma
situação em que o solo está previamente saturado.
3) Uma outra hipótese seria a de que, pelas razões tratadas no item de análise da
infiltração no solo, a taxa de infiltração no solo aumentaria com o aumento da precipitação, o
que diminui a taxa de acumulação do volume armazenado.
Dentre os eventos analisados, um deles (20/9/2004) teve tempo de retorno de 15
anos e duração de 60 horas. Porém, mesmo nesse evento, o armazenamento máximo não
ultrapassou 1,0m
3
, que é um valor bem baixo em comparação à capacidade do reservatório, de
8,25m
3
, estimado para um período de retorno de 10 anos.
Em face dos dados expostos, deve-se considerar uma revisão do método de
dimensionamento pela curva envelope. Um dimensionamento mais elaborado torna-se
necessário, pois nos dispositivos de infiltração, os custos envolvidos no volume de
armazenamento podem ser decisivos na viabilidade do projeto.
119
0
2
4
6
8
10
12
14
16
3/4/2004 2/6/2004 1/8/2004 30/9/2004 29/11/2004
Data
Coef. de escoamento superficial
(%)
Lado A Lado B
4.4. Manutenção
Durante o período de monitoramento, optou-se por não fazer a limpeza da superfície
do pavimento, por dois motivos: i) não se dispor de material adequado para realização da
limpeza, já que segundo a bibliografia, a limpeza inadequada pode acelerar o processo de
colmatação (EPA, 1999); ii) optou-se por tentar verificar a evolução do escoamento
superficial com o tempo, que foi comentado no item 4.2.2.
As práticas de manutenção que foram adotadas para evitar a colmatação dos
revestimentos foram, portanto:
Aparo periódico da grama adjacente ao pavimento, com o intuito de evitar o
carreamento de partículas pelo vento;
Coleta de sujeiras maiores, como papel, embalagens, comida etc.
Desobstrução da calha coletora, para evitar influência nos dados de
escoamento superficial.
O que se pôde observar qualitativamente devido à ausência de manutenção no
pavimento, foi que já existem sinais de colmatação no revestimento superficial,
principalmente no lado com revestimento asfáltico.
As análises de evolução do escoamento superficial relatadas no item 4.2.2 mostram
que já existe uma tendência de aumento do coeficiente de escoamento com o tempo, como
mostra a figura 4.22. Esse aumento de escoamento sinaliza uma redução da capacidade de
infiltração do revestimento.
Figura 4.22. Evolução do coeficiente de escoamento superficial ao longo do tempo de monitoramento.
120
É presente em toda bibliografia de pavimentos permeáveis, a necessidade de
implantação de uma rotina de manutenção preventiva para se conservar as características do
revestimento poroso. São sugeridas campanhas de sucção a vácuo, ao menos quatro vezes por
ano, com eliminação apropriada do material removido. Além das práticas de manutenção,
uma campanha de informação dos usuários do pavimento é necessária, para se prevenir a
danificação pelo estacionamento de veículos pesados, uso de abrasivos, depósito de material
granular (areia) ou mesmo o depósito de resíduos sólidos.
4.5. Análise de custos
Um levantamento de custos completo acerca de um empreendimento deve
contemplar os custos de material, mão-de-obra, operação e manutenção.
Como não foram realizadas práticas de manutenção do pavimento, esses custos não
foram levados em conta na presente análise. Também não foram considerados os custos de
reposição total, os quais estão ligados ao tempo de vida útil do revestimento utilizado.
A seguir verificam-se quadros simplificados (Tabela 4.10 e 4.11) com os valores de
custos unitários e totais, para a implantação dos dois tipos de pavimentos permeáveis
estudados. Não foram considerados os custos relativos aos dispositivos de monitoramento, os
quais são necessários apenas em projetos experimentais. Os valores de material
corresponderam aos gastos na época da construção; e os valores de mão-de-obra foram
fornecidos pela SMOV/PMPA.
121
Tabela 4.10. Resumo dos custos de implantação do pavimento permeável com revestimento em blocos vazados.
Materiais:
Unid. Quant.
Preço
Unit.
(R$)
Preço Total
(R$)
Brita graduada, diâm. 1,5cm 39,5 25 987,00
Areia lavada grossa 13,2 20 263,20
Filtro geotêxtil 289,5 5 1.447,59
Blocos de concreto vazados 144,8 21 3.039,95
Sub-total: R$5.737,74
Mão-de-obra:
Escavação m³ 65,8 6 394,80
Assentamento geotêxtil 289,5 4 1158,08
Assentamento de base em brita graduada 39,5 65,57 2588,69
Assentamento de blocos de concreto 131,6 40 5263,98
Transporte de material bota-fora 65,8 7 460,60
Sub-total: 9.866,15
Total geral: R$ 15.603,88
Custo por m
2
R$ 118,57
Tabela 4.11. Resumo dos custos de implantação do pavimento permeável com revestimento em asfalto poroso.
Materiais:
Unid. Quant.
Preço
Unit.
(R$)
Preço
Total
(R$)
Brita graduada, diâm. 1,5cm 39,5 25 987,00
Filtro geotêxtil 289,5 5 1.447,59
Asfalto PMF, granulometria aberta 10,1 205 2.077,30
Sub-total: 4.511,89
Mão-de-obra:
Escavação m³ 52,6 6 315,84
Assentamento geotêxtil 289,5 4 1158,08
Assentamento de base em brita graduada 39,5 65,57 2588,69
Assentamento de asfalto 10,1 410 4154,60
Transporte de material bota-fora 52,6 7 368,48
Sub-total: 8.585,68
Total geral: R$ 13.097,57
Custo por m
2
R$ 99,53
Verifica-se pelas tabelas acima um elevado gasto com os itens relacionados ao
reservatório de britas. Os gastos correspondentes à compra da brita, escavação, assentamento
de brita e transporte de bota-fora, se somados para os dois tipos de pavimento, totalizam
R$8.691,09, ou seja, 30% do custo total da obra. Dessa forma, fica evidente a importância do
dimensionamento adequado do reservatório, pois deste depende fortemente o custo total da
obra.
122
Observa-se também pelas tabelas acima, um valor de custo unitário do pavimento
revestido com asfalto poroso (R$99,53/m
2
) 16% menor em comparação com o pavimento de
blocos vazados, o qual custa R$118,57 por m
2
. Essa diferença se deve ao maior custo do
bloco em comparação ao asfalto, tanto do material em si, quanto da mão-de-obra de
assentamento. Por possuir uma espessura superior à camada de asfalto, o pavimento com
blocos vazados exige ainda uma maior profundidade de escavação, aumentando os custos com
mão-de-obra.
Para evidenciar a influência da altura do reservatório de britas no custo da obra, e
também a diferença de custo entre os dois tipos de revestimento, foi calculado o custo unitário
(R$/m
2
) do pavimento permeável, para diversas profundidades da camada de brita,
separadamente para os dois tipos de revestimento (asfalto poroso e blocos vazados). Na tabela
a 4.12, observam-se os valores de custo unitário, e o acréscimo no custo correspondente ao
aumento da profundidade da camada de brita.
Tabela 4.12. Custo unitário dos pavimentos e o acréscimo devido ao aumento na espessura do reservatório de
britas.
Profundidade
Blocos
Vazados
Acréscimo
no custo
Asfalto
poroso
Acréscimo
no custo
5 R$ 92,68 R$ 73,63
10 R$ 97,86 5,6% R$ 78,81 7,0%
15 R$ 103,04 5,3% R$ 83,99 6,6%
20 R$ 108,21 5,0% R$ 89,17 6,2%
25 R$ 113,39 4,8% R$ 94,35 5,8%
30 R$ 118,57 4,6% R$ 99,53 5,5%
35 R$ 123,75 4,4% R$ 104,70 5,2%
40 R$ 128,93 4,2% R$ 109,88 4,9%
45 R$ 134,11 4,0% R$ 115,06 4,7%
50 R$ 139,29 3,9% R$ 120,24 4,5%
Verifica-se pela tabela acima que o acréscimo no custo do reservatório com asfalto
poroso é mais significativo que o pavimento com blocos vazados. Essa diferença é devida ao
menor custo do pavimento com asfalto poroso, que faz com que o reservatório de britas tenha
uma influência maior no custo do mesmo.
Pode-se observar na Figura 4.23 o gráfico obtido da análise citada. Verificam-se
também os custos unitários correspondentes aos pavimentos utilizados no presente estudo.
123
R$ 60,00
R$ 80,00
R$ 100,00
R$ 120,00
R$ 140,00
R$ 160,00
0 102030405060
Espessura do reservatório de britas (cm)
Custo unirio (R$/ m²)
Blocos Vazados Asfalto Poroso
Pav. utilizado - blocos Pav. utilizado - asfalto
Figura 4.23. Gráfico do custo unitário dos dois tipos de pavimento em função da espessura do reservatório, com
indicação da altura utilizada no pavimento em estudo.
Observa-se pelo gráfico acima, a influência da espessura do reservatório de britas no
custo unitário final do pavimento. Verifica-se também a diferença de custos entre os dois tipos
de revestimento utilizados.
As Tabela 4.14 e 4.14 contêm os gastos hipotéticos que corresponderiam a um
pavimentos com as mesmas dimensões do estudado, sendo que utilizados revestimento em
asfalto e bloco de concreto simples, respectivamente, e ainda com sistema de drenagem
convencional e sem reservatório de britas.
Tabela 4.13. Resumo dos custos de implantação de um pavimento com blocos de concreto comuns.
Materiais:
Unid. Quant.
Preço
Unit.
(R$)
Preço
Total
(R$)
Areia lavada grossa 10,6 20 211,04
Blocos de concreto comuns 145,1 21 3046,82
Tubos e conexões para drenagem 1.500,00
Sub-total: 4.757,85
Mão-de-obra:
Escavação m³ 17,1 6 102,88
Preparação do solo 19,8 35 692,46
Assentamento de blocos de concreto 131,9 40 5275,88
Transporte de bota-fora 17,1 7 120,03
Instalação de rede de drenagem 2.000,00
Sub-total: 9.191,24
Total geral: R$ 12.949,09
Custo por m
2
R$ 98,18
124
Tabela 4.14. Resumo dos custos de implantação de um pavimento com asfalto comum.
Materiais:
Unid. Quant.
Preço
Unit.
(R$)
Preço
Total
(R$)
Asfalto usinado a quente 8,7 250 2176,30
Tubos e conexões para drenagem 1.500,00
Sub-total: 3.676,30
Mão-de-obra:
Escavação m³ 13,2 6 79,14
Preparação do solo 15,8 35 553,97
Assentamento de asfalto usinado a quente 7,3 410 2974,28
Transporte de bota-fora 13,2 7 92,33
Instalação de rede de drenagem 2.000,00
Sub-total: 5.699,71
Total geral: R$ 9.970,86
Custo por m
2
R$ 75,60
Comparando-se as Tabela 4.14 e 4.10, verifica-se um custo 21% superior do
pavimento permeável revestido com blocos vazados em comparação com o pavimento
revestido com blocos intertravados de concreto convencional. A pequena diferença de custos
se dá principalmente porque parte dos gastos relativos ao reservatório de britas, são
compensados pela instalação de sistema de drenagem convencional.
Com relação ao pavimento revestido com asfalto poroso, observa-se pelas tabelas
4.11 e 4.14, que um pavimento permeável com asfalto poroso possui um custo 32% superior
àquele do pavimento convencional. Essa diferença se deve ao maior peso no custo unitário
total, do reservatório de britas, no caso do pavimento com asfalto poroso. Comparando-se as
tabelas 4.12 e 4.13, verifica-se ainda que o pavimento com asfalto comum tem um custo 23%
inferior ao pavimento com blocos intertravados de concreto.
Ressalta-se que no presente estudo não foram levados em consideração nos cálculos
os custos ambientais do aumento do escoamento superficial, assim como do aumento do risco
de inundação que a obra acarreta.
Também não foram computados aqui os custos com a aplicação de um sistema de
controle na fonte alternativo, que poderia ser um reservatório de detenção, uma trincheira ou
um poço de infiltração, nem o incremento que seria necessário na rede de jusante, caso não
fosse utilizado nenhum dispositivo de controle na fonte.
125
5. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
Com o constante e acelerado crescimento do meio urbano, faz-se necessário um
maior controle e planejamento da ocupação do solo, de modo a permitir o desenvolvimento
sustentável das cidades e minimizar os impactos decorrentes da urbanização. A adoção de
medidas de controle na fonte do escoamento superficial exige um maior conhecimento e
domínio das técnicas envolvidas, o qual é obtido através de estudos práticos e teóricos acerca
do tema.
Dessa forma, no presente trabalho, foi projetado, construído e monitorado um
experimento inédito no Brasil, que consta de um estacionamento com dois pavimentos
permeáveis com revestimentos diferentes, sobre solo argiloso de baixa permeabilidade, típico
da cidade de Porto Alegre. Para a construção do pavimento procurou-se fazer uso de materiais
de baixo custo e fácil disponibilidade no mercado local.
5.1. Conclusões
Ao longo do presente estudo, desde a realização da pesquisa bibliográfica até a fase
de monitoramento, foi verificada a importância desta dissertação e de cada etapa de realização
da mesma.
Além de uma dissertação de mestrado, cabe a este trabalho fornecer embasamento
teórico para futuros trabalhos e aplicações da estrutura pavimento permeável, assim como
retratar o comportamento da estrutura quando submetida a eventos reais de precipitação.
Os ensaios de caracterização do solo se mostraram de grande importância para o
dimensionamento hidráulico e mecânico do pavimento. Os valores baixos de taxas de
infiltração levaram à adoção de medidas que visam a prevenção de futuras reduções na
capacidade de infiltração do solo.
O processo de implantação do dispositivo revelou-se análogo àquele correspondente
à implantação de um pavimento convencional, exigindo apenas um maior controle de
materiais e sedimentos, de modo a evitar a colmatação precoce do fundo e do revestimento do
pavimento. Todos os materiais utilizados na confecção do pavimento em si (excluído o
aparato de monitoramento) foram facilmente encontrados no comércio local, com exceção dos
126
blocos vazados, que tiveram de ser encomendados por não haver demanda corrente do
produto.
Da análise do método de dimensionamento hidráulico, verificou-se que a
metodologia resulta em um superdimensionamento do reservatório. Os volumes máximos
calculados pelo método de dimensionamento, para os eventos reais, mostraram-se superiores
àqueles observados para os mesmos eventos. No entanto, a dificuldade de determinação exata
das características do solo, assim como a variabilidade das condições de funcionamento dos
dispositivos, justificam a adoção de métodos de cálculo com imprecisões a favor da
segurança.
O desempenho hidráulico dos pavimentos se mostrou satisfatório, visto que houve
um elevado controle do escoamento superficial, com valores de coeficiente de escoamento
médios de 5% e 2,3%, respectivamente, para o asfalto poroso e para os blocos vazados. Os
dados de armazenamento evidenciaram um bom desempenho hidráulico do pavimento, pois
em nenhum dos eventos o armazenamento máximo foi superior a 25% da capacidade de
armazenamento, e o tempo de esvaziamento foi sempre inferior ao recomendado na literatura,
de 72 horas.
Verificou-se a existência de uma proporcionalidade entre a intensidade de
precipitação e a taxa de infiltração no solo do reservatório, sendo ajustada uma curva
exponencial para cada tipo de pavimento. As baixas taxas de infiltração durante o
esvaziamento observadas (média de 1,0 mm/h) apontam para uma forte necessidade de
monitoramento contínuo do nível d’água no reservatório, de modo a se detectar a futura
necessidade esvaziamento do volume armazenado.
Durante o período do trabalho, a estrutura física do pavimento apresentou leves
sinais de colmatação em áreas isoladas, não apresentando problemas que comprometessem o
funcionamento da mesma. A experiência com o dispositivo objeto de estudo evidencia a
importância da escolha do local de implantação dos pavimentos permeáveis. Foi necessária
uma adaptação do ambiente próximo para minimizar os fatores que levam à colmatação do
revestimento. Verificou-se ainda que, além disso, seria necessária uma “campanha” de
educação dos usuários do pavimento, no sentido de evitar o depósito de lixo nas proximidades
do local.
Apesar de não haver ainda sinais de colmatação irreversível do revestimento,
ressalta-se a necessidade de dar início à limpeza do pavimento, pois segundo a literatura, após
iniciado o processo de colmatação, esse ocorre de forma rápida, podendo até inutilizar o
dispositivo em poucos meses (Schueler, 1987).
127
O método de dimensionamento pela curva envelope resultou no
superdimensionamento do reservatório. Um dimensionamento mais elaborado seria
necessário, pois nos dispositivos de infiltração, os custos envolvidos no volume de
armazenamento podem ser decisivos para a viabilidade do projeto.
No tocante aos custos envolvidos na construção do pavimento permeável, verificou-
se que a implantação do pavimento com blocos vazados possui custos 32% superiores à
implantação de um pavimento com blocos intertravados comuns. Já o pavimento permeável
com asfalto poroso possui uma implantação 21% mais onerosa que a de um pavimento com
asfalto comum. Porém, na análise, não foram incluídos gastos com detenção ou outra forma
de controle na fonte, além do custo do aumento no risco de inundação a jusante, ou custos
necessários para o incremento da rede a jusante, que deveriam ser contabilizados no projeto
de um pavimento convencional. Observou-se que 31% do custo total da obra corresponderam
aos gastos relacionados ao reservatório de britas, evidenciando a importância do
dimensionamento do reservatório.
De uma forma geral, o pavimento permeável se mostrou uma técnica eficiente e
econômica, sendo portanto uma boa alternativa de controle do escoamento superficial na
fonte. Assim como a maioria dos dispositivos de infiltração, o pavimento permeável se
caracteriza pela multifuncionalidade, apresentando boa integração com o espaço urbano.
5.2. Recomendações
Com relação à estrutura estudada no presente trabalho, é fundamental a continuidade
do monitoramento do dispositivo, com o intuito de verificar alterações de desempenho ao
longo do tempo no revestimento, na capacidade de infiltração do solo e também no tempo de
armazenamento d’água no reservatório.
Verificou-se a necessidade de limpeza do revestimento a fim de desacelerar o
processo de entupimento dos poros, que levam à perda de eficiência da estrutura.
Embasado em séries maiores de monitoramento, uma modelagem numérica do
comportamento do reservatório seria conveniente para embasar futuros projetos, tornando-os
mais precisos e confiáveis, podendo levar até a uma redução do coeficiente de segurança e
também dos custos de implantação.
O monitoramento da qualidade da água infiltrada é necessário para ajudar a
esclarecer questões ainda existentes acerca do risco de poluição do subsolo e do freático.
128
Para futuras aplicações práticas de pavimentos permeáveis, recomenda-se uma
caracterização básica do solo suporte, com determinação da taxa de infiltração do solo
saturado, de modo a aproximar a situação de projeto da situação real, e assim tornar o
dimensionamento mais preciso, permitindo uma economia na escavação do reservatório.
No caso de pavimentos com contribuição de outras áreas impermeáveis, ressalta-se a
necessidade de pré-tratamento da água através da remoção de sedimentos e de partículas
sólidas em suspensão.
Espera-se que este trabalho funcione como um incentivo ou impulso inicial na
aplicação prática de pavimentos permeáveis, e tenha contribuído para o maior conhecimento
dos dispositivos de infiltração.
129
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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136
7. ANEXO ANÁLISE DETALHADA DE ALGUNS EVENTOS
A seguir são apresentados seis eventos selecionados, por suas características
representativas dos demais, ou por particularidades ocorridas durante o evento. Em cada um
deles, comenta-se o comportamento do reservatório, e é feita uma tabela com suas principais
características, tais como:
Data de início da chuva;
Duração da precipitação (t);
Precipitação total (P);
Intensidade média da precipitação (i);
Tempo de retorno da precipitação (Tr);
Coeficiente de escoamento do revestimento para os Lados A e B (C);
Volume máximo armazenado para os Lados A e B (V
max
);
Tempo de armazenamento para os Lados A e B (T
arm
.);
Volume de esvaziamento do reservatório para os Lados A e B (V
esv
);
Tempo de esvaziamento do reservatório para os Lados A e B (T
esv
);
Taxa de infiltração durante o esvaziamento para os Lados A e B (Inf).
Também são mostrados os gráficos de armazenamento juntamente com a
precipitação.
Evento do dia 14/05/2004
O evento iniciado no dia 14 de maio de 2004 constituiu-se de duas pancadas de
chuva distintas, separadas entre si por um período de 17 horas, totalizando 22,6mm de
precipitação em 28h26min. As duas pancadas foram consideradas como pertencentes a um
mesmo evento porque entre uma pancada e outra, o reservatório do Lado B ficou vazio por
um período de 7 horas. Esse tempo é inferior àquele considerado como mínimo para separar
dois eventos subseqüentes.
Na Tabela 7.1 a seguir, encontra-se o resumo com as principais características do
evento.
137
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
12:00 17:00 22:00 03:00 08:00 13:00 18:00 23:00 04:00 09:00
Hora
Volume (m³)
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
Intensidade de precipitação (mm/h)
Vol. Precip. Acumulado (m³)
Armazenamento - Lado A
Armazenamento - Lado B
Intensidade precip. (mm/h)
Esvaziamento 1
Esvaziamento 2
Pancada 1
Pancada2
Tabela 7.1. Resumo do evento de 14/05/2004.
Lado A Lado B
Data
14/05/2004
C
0,8% 0%
t
28:26
V
max
0,2m
3
1,2m
3
22,6mm
T
arm
09:56 21:03
P
2,98m
3
V
esv
0,03m
3
1,02m
3
i
0,8mm/h
T
esv
2:51 9:21
Tr
-
Inf
2,3mm/h 1,1mm/h
O tempo de retorno do evento foi bastante baixo, de menos de um mês. O volume
máximo armazenado no reservatório do Lado A foi de 0,2m
3
, menor que o do Lado B, que foi
de 1,2m
3
. A Figura 7.1 a seguir contém as curvas de armazenamento para ambos os
reservatórios, a curva de volume de precipitação acumulado e a intensidade de precipitação.
Figura 7.1. Curvas de armazenamento e precipitação do evento de 14 de maio de 2004.
Pelo gráfico da Figura 7.1, percebem-se as pancadas de chuva identificadas como
Pancadas 1 e 2, a estiagem de 17 horas, assim como o intervalo entre os armazenamentos no
reservatório do Lado B, de 7 horas.
Analisando-se o gráfico, verifica-se a diferença entre os armazenamentos nos
reservatórios dos Lados A e B. O primeiro trecho de precipitação correspondeu a um volume
precipitado de 1,6m
3
, e o volume máximo armazenado pelo reservatório do Lado A foi de
0,2m
3
, enquanto que no do Lado B foi de 1,2m
3
. No segundo trecho do gráfico, o volume
máximo armazenado pelo reservatório do Lado A foi de 0,1m
3
, enquanto que no do Lado B
foi de 1,1m
3
, sendo que a precipitação nesse período foi de 1,3m
3
.
138
A taxa de infiltração no reservatório do Lado A foi de 2,3mm/h durante o
Esvaziamento 1 e 2,2mm/h durante o Esvaziamento 2. Já no Lado B, a taxa foi de 1,2mm/h
para o trecho de esvaziamento 1, e 0,9mm/h para o trecho 2.
Observa-se que para ambos lados do pavimento, a taxa de infiltração durante o
Esvaziamento 1 foi maior que aquela durante o Esvaziamento 2. E para ambos os
esvaziamentos, a infiltração no Lado A foi maior que aquela do Lado B.
Evento do dia 10/06/2004
Esse evento apresentou precipitação de 83,1mm. A chuva se caracterizou por
pancadas fortes, de até 59mm/h, e teve uma primeira duração de 7 horas, seguida de um
intervalo de estiagem de 3 horas, e novas pancadas ainda mais fortes, de até 88mm/h, por
mais 3 horas. A duração total da chuva foi de 13h55min. A intensidade média de precipitação
de 6mm/h foi a maior entre os eventos analisados, assim como o tempo de retorno de 8 anos.
A pancada máxima de 180 minutos teve tempo de retorno de 2 anos, conforme pode
ser observado na Figura 4.7.
O coeficiente de escoamento superficial para o pavimento no Lado A (revestimento
asfáltico poroso) foi de 5%, e para o Lado B (revestimento com blocos vazados) foi de 1%.
Na Tabela 7.2 a seguir, observam-se as principais características do evento.
Tabela 7.2. Resumo do evento de 10/06/2004.
Lado A Lado B
Data
10/06/2004
C
5% 1%
t
13:55
V
max
1,52m
3
1,47m
3
83,1mm
T
arm
13:08 27:58
P
11m
3
V
esv
0,91m
3
0,88m
3
i
5,97mm/h
T
esv
4:46 16:17
Tr
7,88 anos
Inf
3,32mm/h 0,62mm/h
O gráfico da Figura 7.2 a seguir contém as curvas de armazenamento para ambos os
reservatórios, a curva de volume de precipitação acumulado e a intensidade de precipitação.
139
0
2
4
6
8
10
12
09:00 12:00 15:00 18:00 21:00 00:00 03:00 06:00 09:00 12:00 15:00
Hora
Volume (m³)
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
Intensidade de precipitação (mm/h)
Vol. Precip. Acumulasdo (m³)
Armazenamento - Lado A
Armazenamento - Lado B
Intensidade precip. (mm/h)
Esvaziamento 1
Esvaziamento 2
Pancada 1
Pancada 2
Figura 7.2. Curvas de armazenamento e precipitação do evento de 10 de junho de 2004.
Observando-se a Figura 7.2, identifica-se facilmente as duas pancadas de chuva,
identificadas como Pancadas 1 e 2, descritas em parágrafo anterior, separadas por um
intervalo de aproximadamente 3 horas. Nota-se que o Lado B iniciou o acúmulo d’água antes
do lado A, e atingiu valores superiores de armazenamento durante quase todo o evento.
Verifica-se que durante a primeira estiagem, ocorreu uma baixa no nível de ambos
os reservatórios, trecho indicado como Esvaziamento 1, no gráfico. Para o Esvaziamento 1, a
taxa de infiltração calculada para o Lado A foi de 4,3mm/h e para o Lado B foi de 0,86mm/h.
Os reservatórios iniciaram a fase de esvaziamento antes do final da chuva. Porém,
foi caracterizado o Esvaziamento 2 dos reservatórios apenas depois de terminada a chuva,
pois a taxa de infiltração foi considerada somente durante o esvaziamento puro (infiltração
livre de precipitação). Durante o Esvaziamento 2, a taxa de infiltração para o Lado A do
pavimento foi de 3,32mm/h, e para o Lado B foi de 0,62mm/h.
Observa-se que para ambos lados do pavimento, a taxa de infiltração durante o
Esvaziamento 1 foi maior que aquela durante o Esvaziamento 2. E para ambos os
esvaziamentos, a infiltração no Lado A foi maior que aquela do Lado B.
Evento do dia 03/07/2004
Este evento caracterizou-se por iniciar com uma pancada muito intensa, de curta
duração, que chegou a atingir tempo de retorno de mais de 25 anos, para a pancada de 5
minutos numa intensidade de 140mm/h. Na Figura 4.7, pode-se observar a distribuição do
tempo de retorno dessa precipitação em comparação com a curva IDF local, para várias
durações.
140
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
05:00 07:00 09:00 11:00 13:00 15:00 17:00 19:00 21:00 23:00
Hora
Volume (m³)
0
50
100
150
200
250
Intensidade de precipitação (mm/h)
Vol. Precip. Acumulado (m³)
Armazenamento - Lado A (m³)
Armazenamento - Lado B (m³)
Intensidade precip. (mm/h)
Esvaziamento 1
Esvaziamento 2
Pancada 1
Pancada2
A primeira pancada teve uma duração de 48 minutos, um total de 22mm e
intensidade média de 27mm/h, e foi seguida por um período de estiagem de aproximadamente
5 horas. A estiagem foi seguida por uma pequena pancada de 1,5mm e 41 minutos de duração,
com intensidade média de 1,8mm/h.
A Tabela 7.3 contém as principais características do evento.
Tabela 7.3. Resumo do evento de 03/07/2004.
Lado A Lado B
Data
03/07/2004
C
1,8% 1,8%
t
6:39
V
max
0,2m
3
1,1m
3
24,4mm
T
arm
4:51 15:27
P
3,22m
3
V
esv
0,2m
3
0,7m
3
i
3,67mm/h
T
esv
4:30 9:27
Tr
0,05 ano
Inf
1,2mm/h 1,1mm/h
Verifica-se pela tabela anterior que o tempo de retorno médio da precipitação foi de
0,05 ano, apesar de terem ocorrido pancadas bastante intensas. Isso se deve ao período de
estiagem, que foi contabilizado no cálculo do tempo de retorno do evento como um todo.
Observa-se que o coeficiente de escoamento superficial foi praticamente igual para
ambos os lados do pavimento. O volume máximo armazenado e o tempo de armazenamento
foi maior no reservatório do Lado B, que no do Lado A. Essa diferença de comportamento
pode ser observada pelo gráfico da Figura 7.3, que contém as curvas de armazenamento para
ambos os reservatórios, a curva de volume de precipitação acumulado e a intensidade de
precipitação.
Figura 7.3. Curvas de armazenamento e precipitação do evento de 3 de julho de 2004.
141
Pelo gráfico, verifica-se que o reservatório do Lado A apresentou acúmulo de água
apenas em resposta à primeira pancada de chuva, com uma defasagem de 2 horas. O volume
máximo armazenado foi de 0,19m
3
, sendo que o mesmo iniciou o esvaziamento logo em
seguida, com uma taxa de infiltração de 1,2mm/h.
O reservatório do Lado B iniciou o acúmulo d’água com uma defasagem de 40
minutos com relação ao início da chuva, e atingiu o volume máximo de armazenamento de
1m
3
em 10 minutos. Logo depois, foi iniciado o esvaziamento, a uma taxa média de 0,4mm/h.
À segunda pancada de chuva (de 1,5mm e 0,2m
3
), o reservatório subiu de nível em 0,1m
3
,
com uma defasagem de 20 minutos. Ao final da chuva, o reservatório esvaziou com uma taxa
média de infiltração de 1,1mm/h.
Para esse evento, a taxa de infiltração durante o esvaziamento, para o reservatório do
Lado B, foi menor no primeiro trecho de esvaziamento, que no segundo.
Evento do dia 14/07/2004
Esse evento se caracterizou por apresentar uma série de sete pancadas de chuva,
intercaladas com estiagens, totalizando 35,6mm de precipitação em 26 horas. A intensidade
média de precipitação ficou em 1,36mm/h, e o tempo de retorno foi bastante baixo. Na Tabela
7.4 a seguir podem ser observadas as características do evento.
Tabela 7.4. Resumo do evento de 14/07/2004.
Lado A Lado B
Data
14/07/2004
C
7,3% 0%
t
26:07
V
max
0,2m
3
0,9m
3
35,6mm
T
arm
27:58 40:30
P
4,69m
3
V
esv
0,15m
3
0,66m
3
i
1,36mm/h
T
esv
4:25 11:14
Tr
0,04 ano
Inf
1,13mm/h 0,75mm/h
Verifica-se pela tabela anterior, que as grandezas referentes ao armazenamento
indicam uma menor taxa de infiltração do solo no reservatório do lado B. O volume máximo
armazenado e o tempo de armazenamento são maiores nesse reservatório que no do Lado A.
Assim, conforme o esperado, a taxa de infiltração durante o esvaziamento para o Lado A foi
maior que aquela no Lado B.
142
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
4,5
5,0
15:00 19:00 23:00 03:00 07:00 11:00 15:00 19:00 23:00 03:00 07:00
Hora
Volume (m³)
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Intensidade de precipitação (mm/h)
Vol. Precip. Acumulado (m³)
Armazenamento - Lado A (m³)
Armazenamento - Lado B (m³)
Intensidade precip. (mm/h)
Esvaz. 1
Esvaz. 3
1 23 45 67
Esvaz. 2
Esvaz. 4
Esvaz. 5
A figura a seguir contém as curvas de armazenamento para ambos os reservatórios, a
curva de volume de precipitação acumulado e a intensidade de precipitação.
Figura 7.4. Curvas de armazenamento e precipitação do evento de 14 de julho de 2004.
Pela figura acima se percebem as pancadas de chuva, e a resposta dos reservatórios
às mudanças de intensidade da chuva. A defasagem entre o início da precipitação e o
enchimento do reservatório do lado A foi de 2h30min, já no reservatório B foi de 1h40min.
Verifica-se uma diferença de comportamento entre os dois reservatórios, pois o reservatório
do Lado B apresenta sempre valores mais altos de armazenamento em comparação ao
reservatório A. Verifica-se também uma estabilidade maior nos valores do Lado A, com picos
de armazenamento mais “arredondados” em comparação ao Lado B.
Foram calculadas as taxas de infiltração durante os 5 trechos de esvaziamento
indicados no gráfico. Na Tabela 7.5 a seguir, constam os valores das taxas de infiltração
calculados para os trechos.
Tabela 7.5. Valores das tavas de infiltração durante esvaziamentos para o evento de 14 de junho de 2004.
Lado A Lado B
Esvaziamento 1 0,89 0,49
Esvaziamento 2 0,67 0,70
Esvaziamento 3 0,93 0,33
Esvaziamento 4 0,70 0,35
Esvaziamento 5 1,13 0,75
Pela tabela, observa-se que na maioria dos trechos de esvaziamento, a taxa de
infiltração foi maior no Lado A que no Lado B. Não se verificou tendência de redução ou
aumento da taxa de infiltração ao longo dos trechos de esvaziamento.
143
Evento do dia 30/07/2004
O evento do dia 30 de julho de 2004 teve um total de 55,1mm precipitados ao longo
de 39 horas e meia, com uma intensidade média de 1,39mm/h e tempo de retorno de 3 meses.
Os reservatórios não atingiram níveis muito altos, possivelmente devido à pequena quantidade
de picos de chuva com maior intensidade. Apesar da grande duração do evento chuvoso, de
quase 40 horas, as maiores pancadas do evento concentraram-se nas primeiras 10 horas.
A Tabela 7.6 apresenta as principais características do evento.
Tabela 7.6. Resumo do evento de 30/07/2004.
Lado A Lado B
Data
30/07/2004
C
9,5% 0%
t
39:33
V
max
0,18m
3
0,73m
3
55,1mm
T
arm
30:14 45:31
P
7,27m
3
V
esv
0,05m
3
0,64m
3
i
1,39
T
esv
2:23 13:49
Tr
0,21 ano
Inf
1,25mm/h 0,69mm/h
Pela tabela acima verifica-se que o coeficiente de escoamento superficial foi nulo
para o revestimento do Lado B, e de 9,5% para o revestimento do Lado A. Este evento foi o
que apresentou o maior coeficiente de escoamento superficial para o Lado A, apesar de não
ter sido a maior chuva, seja em total precipitado, seja em intensidade. Uma provável
justificativa para o escoamento superficial elevado (em comparação aos demais eventos),
seria o fato de se tratar de uma chuva de grande duração, com uma intensidade razoável.
A Figura 7.5 a seguir contém as curvas de armazenamento para ambos os
reservatórios, a curva de volume de precipitação acumulado e a intensidade de precipitação.
Observando-se o gráfico, percebe-se que os reservatórios iniciaram o acúmulo
d’água apenas após as pancadas mais intensas, com uma defasagem com relação a essas de 4
horas para o Lado B, e de 5 horas para o Lado A.
Foi identificado um trecho de esvaziamento, indicado como Esvaziamento na Figura
7.5, após a última pancada de 15mm/h. Para o reservatório do Lado A, a taxa de infiltração foi
de 2,53mm/h, e para o Lado B, foi de 1,05mm/h. Após o término da precipitação, ambos os
reservatórios iniciaram o esvaziamento. Para o Lado A, o esvaziamento teve duração de
2h23min, e ocorreu a uma taxa de 1,25mm/h; e para o Lado B, a duração foi de 13h59min, e a
taxa de infiltração foi de 0,69mm/h.
144
0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
6,0
7,0
8,0
00:00 06:00 12:00 18:00 00:00 06:00 12:00 18:00 00:00 06:00 12:00
Hora
Volume (m³)
0
5
10
15
20
25
30
35
40
Intensidade de precipitação (mm/h)
Vol. Precip. Acumulado (m³)
Armazenamento - Lado A (m³)
Armazenamento - Lado B (m³)
Intensidade precip. (mm/h)
Esvaziamento
Figura 7.5. Curvas de armazenamento e precipitação do evento de 30 de julho de 2004.
Evento do dia 06/08/2004
A precipitação do evento de 06 de agosto de 2004 teve início às 15h, e duração de
quase 14 horas. O total precipitado foi de 23,mm, o que corresponde a um volume de 3,12m
3
.
As pancadas foram bem distribuídas ao longo do tempo, sem períodos de estiagem.
A Tabela 7.7 apresenta as principais características do evento.
Tabela 7.7. Resumo do evento de 06/08/2004.
Lado A Lado B
Data
06/08/2004
C
4,2% 0%
t
13:50
V
max
0,12m
3
0,66m
3
23,6mm
T
arm
8:41 21:40
P
3,12m
3
V
esv
0,02m
3
0,51m
3
i
1,71mm/h
T
esv
1:15 11:15
Tr
0,01 ano
Inf
2,14mm/h 0,88mm/h
O coeficiente de escoamento superficial do pavimento revestido em asfalto poroso
(Lado A) foi de 4,2%, enquanto que o do revestido com blocos vazados (Lado B), não
apresentou escoamento superficial.
A Figura 7.6 a seguir contém as curvas de armazenamento para ambos os
reservatórios, a curva de volume de precipitação acumulado e a intensidade de precipitação.
145
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
15:00 18:00 21:00 00:00 03:00 06:00 09:00 12:00 15:00 18:00
Hora
Volume (m³)
0
3
6
9
12
15
18
21
Intensidade de precipitação (mm/h)
Vol. Precip. Acumulado (m³)
Armazenamento - Lado A (m³)
Armazenamento - Lado B (m³)
Intensidade precip. (mm/h)
Esvaziamento
Figura 7.6. Curvas de armazenamento e precipitação do evento de 6 de agosto de 2004.
O armazenamento teve início, no reservatório do Lado B, 4 horas após o início da
precipitação, e no do Lado A, 6 horas após o início da precipitação. Como não houve
estiagens durante a chuva, os trechos de redução no armazenamento são todos devidos a
períodos de intensidade de precipitação inferiores à capacidade de infiltração do solo.
Ao término da chuva, ambos os reservatórios iniciaram o esvaziamento, sendo que
no Lado A, calculou-se uma taxa de infiltração de 2,14mm/h, e para o Lado B, a taxa foi de
0,88mm/h.
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