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CILENE NASCIMENTO SOUZA
CARACTERÍSTICAS FÍSICAS, FÍSICO-QUÍMICAS E QUÍMICAS DE
TRÊS TIPOS DE JENIPAPOS (Genipa americana L.)
ILHÉUS – BAHIA
2007
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CILENE NASCIMENTO SOUZA
CARACTERÍSTICAS FÍSICAS, FÍSICO-QUÍMICAS E QUÍMICAS DE
TRÊS TIPOS DE JENIPAPOS (Genipa americana L.)
ILHÉUS – BAHIA
2007
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-
graduação em Produção Vegetal, da
Universidade Estadual de Santa Cruz, como
parte dos requisitos para a obtenção do títul
o
de Mestre em Produção Vegetal.
Área de concentração: Produção
Vegetal
Orientador: Prof. Célio Kersul do Sacramento
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CILENE NASCIMENTO SOUZA
CARACTERÍSTICAS FÍSICAS, FÍSICO-QUÍMICAS E QUÍMICAS DE
TRÊS TIPOS DE JENIPAPOS (Genipa americana L.)
Ilhéus-BA, 08/01/2007
Célio Kersul do Sacramento – DS
UESC/DCAA
(Orientador)
Armando Ubirajara Oliveira Sabaa Srur - DS
UFRJ/CCS
Antônia Marlene Barbosa Magalhães – DS
UESC/DCAA
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-
graduação em Produção Vegetal, da
Universidade Estadual de Santa Cruz, como
parte dos requisitos para a obtenção do título
de Mestre em Produção Vegetal,
Á
rea de concentração: Produção Vegetal
Orientador: Prof. Célio Kersul do Sacramento
DEDICATÓRIA
À Carlyle, meu marido e companheiro de todas as horas
Às minhas filhas Fernanda e Gabriela
E aqueles que contribuíram para que eu conseguisse essa vitória.
“Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo
.”
(Fernando Pessoa)
"Somos o que fazemos, mas somos, principalmente, o que fazemos para mudar o que
somos"
(Eduardo Galeano)
A ambição é o puro senso de dever, pois a si só não produz frutos realmente importantes
para a pessoa humana, pelo contrário os frutos verdadeiros derivam do amor e da
dedicação para com as pessoas e as coisas.
(Albert Einstein)
AGRADECIMENTOS
A DEUS, por ter me concedido a benção de vencer todos os obstáculos,
dificuldades e ter conseguido mais essa vitória.
Às professoras Dra .Marta Smith e Dra. Sofia Campiollo, bem como ao Dr
Jacques H. C. Delabie pela contribuição incondicional na minha formação científica.
Em especial ao meu orientador Prof. Dr. Célio Kersul do Sacramento, pela
amizade, confiança e apoio para realização desse trabalho.
Ao professor e amigo Jorge Chiapetti, que sempre contribuiu com seu
incentivo, apoio e amizade.
À CAPES e FAPESB pela concessão da bolsa e apoio financeiro ao projeto.
Ao Dr Edmar Luiz Margoto, proprietário da Fazenda Sossego e Duas Barras,
pela disponibilização de suas fazendas e pelo apoio dispensado, na realização das
coletas dos frutos. E a seu funcionário, Gil pelas contribuições durante as coletas.
Ao Centro de Pesquisa do Cacau (CEPEC), especialmente ao seu Diretor,
Jonas de Souza, pela concessão do uso dos laboratórios, de suma importância para
concretização dessa dissertação. E a Lindolfo Pereira dos Santos Filho por sua
colaboração nas análises estatísticas e suas valiosas contribuições apresentadas a
dissertação.
Às (os) técnicas (os) das Seções de Engenharia Agrícola (SETEA) e de
Fisiologia Vegetal (SEFIS), Soraya Souza, Maria Angélica S. Mendonça, Silvéria
Conceição, Nádia Ninck, Márcia Oliveira, Waldemar Souza, Vilma Mororó, e todos os
outros que direta ou indiretamente contribuíram na realização das atividades de
laboratório.
Aos meus co-orientadores Dra. Antônia Marlene B. Magalhães e Dr. José
Cláudio Faria, por suas contribuições.
À Virginia Lopes Fontes Soares e Miguel Antônio Moreno Ruiz, pela sua
amizade e colaborações significativas em todos os momentos necessários.
À professora Dra.
Norma Eliane Pereira, por todo apoio e compreensão
prestados.
À professora Alcina Guimarães, sempre amiga e incentivadora, que
gentilmente colaborou na revisão ortográfica e gramatical desta dissertação.
Aos amigos e aos companheiros de curso, pelo incentivo nos momentos
difíceis, pela confiança e momentos vividos juntos.
A todos aqueles que participaram direta e indiretamente na realização deste
trabalho.
E, sobretudo, aos meus familiares, especialmente ao meu marido Carlyle,
pelo seu companheirismo e compreensão, e as minhas filhas Fernanda e Gabriela,
pelo carinho e respeito demonstrados diante dos longos períodos de ausência. Esse
foi o suporte afetivo que proporcionou a tranqüilidade necessária para conclusão
deste trabalho.
SUMÁRIO
RESUMO...............................................................................................................
xiii
ABSTRACT...........................................................................................................
xiv
1. INTRODUÇÃO............................................................................................... 01
2. REVISÃO DE LITERATURA 04
2.1. Jenipapeiro (G. americana L.)
04
2.1.1. Origem e dispersão 04
2.1.2. Descrição botânica da espécie G. americana
05
2.1.3. Importância econômica e utilização do jenipapeiro 07
2.2. Caracterização física e físico-química de espécies frutíferas 08
2.3. Características químicas de frutos 13
2.4. Rendimento industrial 15
3. MATERIAL E MÉTODOS 17
3.1. Seleção e caracterização prévia de jenipapos 17
3.2. Preparo das amostras 19
3.3. Análises Físicas, Físico-químicas e Químicas 19
3.3.1. Análises físicas 19
3.3.2. Análises físico-químicas e químicas 20
3.4. Rendimento da polpa dos frutos 22
3.5. Análises estatísticas 22
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO 23
4.1. Características dos frutos 23
4.1.1. Caracteres externos 23
4.1.1.1. Formatos de frutos 23
4.1.1.2. Tipo de epicarpo (casca) 25
4.1.1.3. Coloração do epicarpo (casca) e do mesocarpo (polpa) 26
4.1.2. Caracteres internos 29
4.1.2.1. Número de lóculo 29
4.1.2.2. Presença de membrana entre mesocarpo e sementes 29
4.1.2.3. Pigmentação na parte externa e interna do mesocarpo 30
4.2. Características físicas dos frutos 31
4.2.1. Firmeza dos frutos 31
4.2.2. Peso de frutos 34
4.2.3. Diâmetro longitudinal, diâmetro transversal e relação Dt/Dl 34
4.2.4. Espessura do mesocarpo (polpa) 35
4.2.5. Peso das sementes 36
4.2.6. Número de sementes 37
4.2.7. Volume 37
4.2.8. Rendimento 38
4.3. Características fisico-químicas dos frutos 38
4.3.1. Teor de umidade 39
4.3.2. pH 39
4.3.3. Acidez total titulável (ATT) 40
4.3.4. Sólidos solúveis totais 41
4.3.5. Resíduo mineral fixo ou cinzas (RMF) 42
4.3.6. Ratio (SST/ATT)
42
4.4. Características químicas dos frutos 43
4.4.1. Teor de ácido cítrico 43
4.4.2. Açúcares redutores (frutose e glicose) e não-redutores (sacarose) 44
4.5. Composição mineral da polpa de jenipapo 45
5. CONCLUSÕES 50
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 51
APÊNDICE A 58
LISTA DE TABELAS
Resultados médios das características físicas de três tipos de
jenipapos coletados em Ilhéus, Bahia, 2005
33
Características físico-
químicas de polpa de três tipos de
coletados em Ilhéus, Bahia, 2005
40
3
Características químicas de polpa de três tipos de coletados em
Ilhéus, Bahia, 2005
43
4
Composição mineral de polpa de três tipos de jenipapo
coletados em Ilhéus, Bahia, 2005
47
5 Teor de minerais das partes comestíveis de frutas tropicais
47
LISTA DE FIGURAS
1
Formatos de jenipapos em perfil: Redondo e Oval. Ilhéus,
Bahia, 2005.
24
2
Formatos de jenipapos em corte transversal: Redondo e
Ovalado. Ilhéus, Bahia, 2005.
24
3 Tipo de casca de jenipapos quanto à adesão ao meso
carpo:
Aderida à polpa e Parcialmente solta. Ilhéus, BA, 2005.
25
4
Tipo de casca de jenipapos quanto à textura: Enrugada e
Lisa. Ilhéus, BA, 2005.
26
5 Jenipapos com diversas colorações de casca. Ilhéus-
BA,
2005.
27
6 Jenipapos com diferentes cores de polpa. Ilhéus-BA, 2005. 27
7
Coloração de Jenipapo em diferentes estádios de
maturação, Ihéus, BA, 2005. Fruto maduro, Fruto verde e
Fruto “de vez”.
28
8 Jenipapos com diferentes números de lóculos. Ilhéus-
BA,
2005.
29
9 Jenipapo com membrana envoltória 30
10 Jenipapos com pigmentação na polpa. Ilhéus-BA, 2005 30
xiii
CARACTERÍSTICAS FÍSICAS, FÍSICO-QUÍMICAS E QUÍMICAS DE
TRÊS TIPOS DE JENIPAPOS (Genipa americana L.)
RESUMO
A Região Sul da Bahia apresenta condições edafoclimáticas favoráveis ao
cultivo de diversas fruteiras com potencial industrial, entre elas o jenipapeiro, que
pode ser encontrado de forma subespontânea nas regiões Norte e Nordeste do
Brasil e seus frutos o utilizados na produção de doces, licores, balas, bem como
em diversas aplicações domésticas, industriais e principalmente pelas suas
propriedades nutracêuticas. São escassas as informações sobre as características
físicas, fisico-químicas, químicas e rendimento industrial desses frutos oriundos de
diferentes germoplasmas. O objetivo desse estudo foi caracterizar frutos
provenientes de diferentes germoplasmas de jenipapo visando o aproveitamento
industrial e subsidiar futuros trabalhos de seleção e melhoramento vegetal. Foram
colhidos 540 frutos, em 12 plantas vigorosas e produtivas com frutos dos tipos mole,
firme e muito firme, em estádio de maturação maduro, nas Fazendas Duas Barras,
Sossego e Ouro Branco, situadas no município de Ilhéus-BA, durante o período de
abril a agosto de 2005, para caracterização física, físico-química e química. A partir
dos resultados obtidos para a característica firmeza de polpa do fruto: tipo mole
(1,67 kgf), firme (4,40 kgf) e muito firme (7,71 kgf), foi observado que esse parâmetro
pode ser utilizado para classificação dos diferentes tipos de frutos do jenipapeiro. Os
diferentes tipos de jenipapos apresentaram como principais características físicas,
formato arredondado a ligeiramente ovalado, com peso médio de 243,34 g e
rendimento dio de 67,21% de polpa. As determinações revelaram que a polpa
desses frutos apresentam características físico-químicas e químicas consideradas
desejáveis pelas agroindústrias de processamento de polpa de frutas, com valores
médios para umidade de 74,34%, pH de 2,88, acidez total titulável de 0,71%, 18,21
ºBrix, 0,71% de cinzas, 2,28%, 4,10% e 6,04% para teor de frutose, glicose e
sacarose, respectivamente. Observou-se que os teores de minerais nos diferentes
tipos de jenipapos, de modo geral, podem ser considerados uma boa fonte, quando
comparados com outras frutas tropicais, principalmente de cálcio e potássio.
Palavras-chave: jenipapo, qualidade, composição e seleção.
xiv
PHYSICAL CHARACTERISTICS, PHYSICO-CHEMISTRIES AND
CHEMISTRIES OF THREE TYPES OF GENIPAP (Genipa americana
L.)
ABSTRACT
The South Region of the Bahia state presents edaphoclimatic conditions
favorable to the culture of many fruit species with industrial potential, between them
the genipap tree, which can be found sub spontaneously and is explored in an
extractivist way in North and Northeast of Brazil. Genipap pulp is used mainly in the
production of candies, liquors, bullets, as well as in diverse domestic, industrial
applications and mainly for its medicinal properties, however, the information about
physical characteristics,
physicist-chemistries
, chemistries and industrial income
of these different deriving fruits of germoplasmas are scarce.
and industrial
incomes from fruits of different germplasms are scarce. To characterize fruits
proceeding from different germoplasms and to identify plants with fruits with
significant traits for industrial exploitation were the objectives of this study in intention
to subsidize futures works on selection and improvement. The fruits were collected at
Two Bars, Calmness and White Gold farms, in Ilhéus-BA, from April to august of
2005. 540 fruits were collected, from 12 vigorous and productive plants with fruits of
soft, firm and very firm types, in mature stadium of maturation for physical
characterization, physicist-chemistries and chemistries. From the results gotten for
pulp firmness of genipap, fruits of the soft type (1,67 kgf), firm (4,40 kgf) and very firm
(7,71 kgf), were observed that the firmness of the pulp of genipap consists a
parameter for classification of the different types of fruits of the genipap tree (G.
americana L.). The different types of genipap fruits collected showed as main
physical characteristics, rounded off format the slightly oval one, with average weight
of 243,34 g, average income of 67,21% of pulp. The determination had disclosed that
the pulp of these fruits presents characteristics physicist-chemistries and chemistries
considered desirable for the agroindustry of pulp processing of fruits, with average
values for humidity of 74,34%, pH of 2,88, titratable total acidity of 0,71%, 18.21
ºBrix, 0.71% of leached ashes, 2,28%, 4,10% and 6,04% for text of fructose, glucose
and sucrose respectively. It was observed that the mineral content in the different
types of genipap fruits in general, can be considered a good source, when compared
with other tropical fruits, mainly calcium and potassium ones.
Key words: Genipap, characteristics, quality, selection.
1
1. INTRODUÇÃO
O jenipapeiro (Genipa americana L.) é uma frutífera originária da América
Central, disseminada pelas diversas regiões tropicais úmidas das Américas, Ásia e
África. No Brasil, ocorre de forma subespontânea desde São Paulo até o Amazonas,
principalmente na região litorânea. Pertence à família Rubiaceae, sendo considerada
uma espécie de importância econômica, tanto pela sua essência florestal,
propriedades medicinais, quanto pela produção de alimentos. O fruto é uma baga,
globosa, bastante variável em tamanho, coloração da casca e da polpa, textura e
características químicas.
Seus frutos são comercializados in natura nas feiras regionais e às margens
das rodovias, industrializados sob a forma de polpa ou utilizados na fabricação
artesanal de desidratado, cristalizado, doce em massa e licor.
A escassez de trabalhos desenvolvidos com essa fruteira associada à
exploração extrativista torna a espécie bastante vulnerável, com risco de perdas de
genótipos com características superiores, para aproveitamento econômico e possível
redução de sua diversidade.
2
Na região sul da Bahia, a ocorrência de jenipapeiros é marcante nas
propriedades rurais, associado ao cultivo do cacaueiro, isolado em pastagens ou em
pomares caseiros; entretanto, não há estudos de avaliação da qualidade dos
diferentes tipos de frutos e do rendimento potencial para uso em produtos
industrializados.
É bem adaptado aos solos úmidos, produz frutos com pouco ou nenhum
insumo, permitindo sua comercialização por preços bem acessíveis. Por outro lado,
não basta somente a preocupação de conservar o germoplasma, existe também a
necessidade prioritária de estudos para caracterizar as variações morfológicas e a
composição química, que possibilite o conhecimento mais aprofundado da biologia
da espécie e da constituição genética de suas variedades, para serem exploradas
em prol da melhoria da qualidade de vida dos pequenos agricultores da Região Sul
da Bahia.
Os agricultores familiares o os detentores do material genético em suas
roças e sítios. Contudo, lhes falta o conhecimento sobre as potencialidades que
porventura possam estar presentes em suas plantas. Portanto, a caracterização de
populações, tanto fenotípica quanto genotípica são relevantes para se conhecer sua
estrutura genética e avaliar aquelas características que estejam ligadas ao processo
produtivo.
Sob o ponto de vista econômico, o jenipapo constitui-se uma importante
matéria-prima para a agroindústria, os frutos podem ser utilizados de múltiplas
formas (sucos, doces, geléias, compotas, licores de um modo geral, madeireira e
medicamentos caseiros ou industrializados com ação nutracêutica).
A caracterização de frutos de germoplasmas de jenipapeiros (Genipa
americana L.), coletados em propriedades rurais da região sul da Bahia, busca
3
identificar indivíduos de interesse agroindustrial (qualidade e rendimento) e para
futuros trabalhos de melhoramento vegetal.
Os resultados do presente trabalho poderão subsidiar as agroindústrias com
relação à escolha do tipo de fruto com maior potencial para ser utilizada para cada
produto derivado do jenipapo, orientando na obtenção de produtos de melhor
qualidade, bem como em melhor aproveitamento e menores perdas durante o
processamento, reduzindo, assim, os custos de produção. Poderá também contribuir
com os estudos de seleção de genitores promissores, indicando o germoplasma que
possa vir a ser utilizados em de melhoramento genético para obtenção de
variedades com qualidades específicas para atendimento ao padrão requerido na
agroindústria ou uso imediato através de multiplicação vegetativa e distribuição ao
agricultor.
A deficiência de tecnologias de produção de fruteiras tropicais é o principal
obstáculo à exploração comercial, tanto para o mercado interno quanto para o
externo. Desse modo, o escasso conhecimento acerca das qualidades físicas, físico-
químicas, químicas, sensoriais e o rendimento industrial de frutos do jenipapeiro,
provenientes de germoplasmas que ocorrem no sul da Bahia, motivaram este
trabalho, vez que tais informações podem ser importantes para despertar um maior
interesse quanto ao cultivo ordenado, bem como para o conhecimento e
conservação dos germoplasmas locais do jenipapeiro, além de subsidiar a seleção
adequada de material, visando o maior aproveitamento industrial dos frutos.
Assim, é de fundamental importância a caracterização físico-química, física e
química, a fim de identificar plantas que produzem frutos com características de
qualidade superior para fins agroindustriais.
4
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1. Jenipapeiro (Genipa americana L.)
2.1.1 Origem e dispersão
O jenipapeiro (Genipa americana L.), família Rubiaceae é originário da
América Central e atualmente encontra-se distribuído nas regiões tropicais de
diversos países da América, Ásia e África (FRANCIS, 1993). É encontrado de forma
subespontânea nas regiões tropicais sendo disseminado através de sementes por
animais ou pelo homem, apresentando, dessa forma, grande variabilidade genética.
No Brasil, possui uma distribuição geográfica bastante ampla, abrangendo a faixa
litorânea do Maranhão até São Paulo (SANTOS, 2001).
A planta tem grande importância para os índios, devido às suas propriedades
medicinais, alimentícias, madeireira e, o fruto é considerado pelos nativos como
excelente fonte de ferro (BARROS, 1970). Pode ser consumido in natura e/ou
utilizado para a produção de doces e licores.
5
O jenipapeiro adapta-se muito bem ao clima tropical, o existindo restrições
quanto a altas temperaturas, porém, o seu plantio não é aconselhável onde o
inverno for rigoroso e onde ocorram geadas (XAVIER; XAVIER, 1976). Segundo
Lorenzi (1992), a espécie parece desenvolver-se melhor em áreas com pluviosidade
entre 1.200 e 4.000 mm e com temperaturas médias anuais entre 18ºC e 28ºC.
Na literatura científica não relatos de variedades de jenipapo, entretanto,
popularmente são conhecidos os tipos de jenipapo branco, marrom, mole, duro e
casca fina. Não são encontrados também dados estatísticos sobre produção e
comercialização a nível nacional.
Na região sul da Bahia, a ocorrência de jenipapeiros é marcante nas
propriedades rurais, o que representa uma importante parcela dos recursos
genéticos, de ocorrência subespontânea do Estado, entretanto, pouco se conhece
acerca da produção de frutos, área plantada, características bromatológicas dos
frutos, de seus sub-produtos e do rendimento industrial.
2.1.2 Descrição botânica da espécie G. americana
O jenipapeiro pertence a uma vasta família que ocupa o quarto lugar de todo
o reino vegetal em número de espécies (CHIQUIERI et al., 2004). É uma espécie
que apresenta importância econômica, tanto como essência florestal e como
produtora de frutos utilizados na alimentação humana (BARROS, 1970). Seus frutos
são consumidos in natura ou utilizados para a produção de doces e licores. A árvore
apresenta porte ereto, com características de planta heliófita, semidecídua, seletiva
higrófita, de ocorrência em áreas com florestas abertas e de vegetação secundária
6
de várzeas situadas, em locais temporária ou permanentemente inundados
(ANDRADE et al., 2000). Genipa americana L. é citado por Rizzini (1971) como
espécies muito freqüentes nas várzeas de igapós da Amazônia, e que ocorrem
também no estado de São Paulo. Referindo-se às espécies de ocorrência exclusiva
em matas ciliares, Kageyama et al. (1989) citam Genipa americana como uma
espécie arbórea que possui frutos deiscentes, flutuantes, cuja abscisão se na
época de maior pluviosidade. A esse respeito Durigan e Nogueira (1990) relacionam
a espécie com características de resistência às inundações, encharcamento e
susceptibilidade à geadas, incluindo-a entre as espécies secundárias iniciais
(CRESTANA et al., 1992). Apresenta copa ramificada e bastante frondosa, com
galhos pendentes e fracos; folhas simples, opostas cruzadas, pecíolos curtos,
obvadas até oblongas, ápice afilado ou arredondado, base estreita, sub-coriácea,
glabras. As flores são grandes, hermafroditas, na forma de tubos longo, brancas
quando se abrem passando a amareladas, levemente aromáticas, reunidas em
grupos terminais axilares, às vezes poucas ou apenas uma flor (FRANCIS, 1993).
A frutificação ocorre uma vez por ano, entre novembro e março e, às vezes,
de abril a agosto com florescimento das plantas ocorrendo entre outubro e
dezembro, com maturação dos frutos de maio a agosto e pico de maturação no mês
de junho (SANTOS, 2001). Segundo Villachica (1996) a produção por árvore é
variável e no Pará plantas com oito anos de idade produzem apenas 18 Kg de
frutos.
O fruto é uma baga, subglobosa, amarelada quando madura, contudo é
observado que existe variação, encontrando-se frutos de cor parda ou pardacento-
amarelada, casca mole e solta ou firme e aderida à polpa, membranosa, fina e
enrugada. A polpa apresenta coloração parda, suculenta, doce e mole (SANTOS,
7
1978; BLOSSFELD, 1967), com rendimento superior ao de alguns frutos tropicais
(FIGUEIREDO et al., 1986b). Apresenta polpa adocicada, de sabor e odor
característicos e pronunciados, contendo numerosas sementes compridas,
alongadas ou arredondadas, cinzento-escuras ou marrom-amareladas (CORREA,
1969; POPENOE, 1974). Os frutos são de alta perecibilidade, o que diminui o seu
tempo de conservabilidade, quando in natura.
2.1.3 Importância econômica e utilização
Historicamente o primeiro produto extraído do jenipapo foi um corante tinta
azul-escura à base de tanino, que, para os ameríndios pré-colombianos,
apresentava propriedades gicas e medicinais. O ingrediente ativo é um corante
denominado genipina, que reage com proteínas para produzir a cor escura
(FRANCIS, 1993). Também é reportado o uso de frutos verdes para cicatrizar feridas
e pequenas úlceras (FAO, 1986). Um preparado feito a partir do jenipapeiro tem a
reputação de ser a única substância natural capaz de remover um parasito
denominado candiru (Vandellia sp.) que penetra em orifícios urogenitais do corpo
humano (LOPEZ et al., 1987). Análises químicas de extratos de jenipapo têm
indicado a presença de iridóides, que têm sido usados como marcadores
quimiotaxonômicos para as superordens Corniflorae, Gentianiflorae, Loasiflorae e
Lamiiflorae e em quimiossistemática como um marcador importante em classificação
vegetal, filogenia e evolução (SAMPAIO-SANTOS; KAPLAN, 2001).
A maior importância econômica do jenipapeiro refere-se à produção de frutos,
mas o estatísticas de comercialização e industrialização de seus produtos. Os
8
frutos são comercializados quase que exclusivamente para consumo in natura, no
mercado local, ou sob a forma de polpa, desidratado, cristalizado, doce em massa,
licor, etc, fabricados artesanalmente (FIGUEIREDO et al., 1986b; SILVA et al., 1998;
SANTOS 2001).
Na Bahia, a produção de jenipapo, embora extrativista se constitui uma
alternativa econômica, principalmente para agricultura familiar, entretanto não
uniformidade com relação a produção e qualidade dos frutos, sendo esse um
empecilho para a industrialização em escala comercial.
2.2. Caracterização física e físico-química de espécies frutíferas
Recentemente têm crescido o interesse pelo consumo de frutos tropicais e
seus produtos na forma industrializada, principalmente aqueles que apresentam em
sua composição substâncias com atividade antioxidante, a exemplo de carotenóides,
vitamina C e flavonóides, que as caracterizam como alimentos funcionais (LIMA et
al., 2000). Esses alimentos têm sido motivo de investigação científica a qual vem
demonstrando que as substâncias bioativas presentes, possuem efeito protetor,
prevenindo a instalação de doenças (PARK et al., 1997).
Normalmente, a qualidade do fruto não pode ser avaliada de modo preciso
apenas pelas características externas, pois um produto com boa aparência nem
sempre apresenta características organolépticas e rendimentos desejáveis. Dessa
forma, os produtos precisam ser avaliados no campo, durante o crescimento, na
maturidade para a colheita e após a colheita, para melhor conhecimento do seu
9
valor real e de sua capacidade de manutenção da qualidade, com base em padrões
pré-estabelecidos (CHITARRA, 1994b).
De acordo com Vilas Boas (2002), a qualidade é definida como uma série de
atributos selecionados com base na acurácia e precisão da medição. Ainda,
segundo esse autor, o cuidado na manipulação do produto voltado para a qualidade
é melhor na determinação da eficiência de mudança em um sistema de manuseio
pós-colheita como seleção de cultivar, técnica de colheita ou tratamento pós-
colheita.
A composição físico-química influi significativamente nos atributos físicos e
sensoriais dos frutos. As modificações durante a maturação levam às mudanças na
textura, no odor, no sabor e, principalmente, na cor, onde a clorofila vai sendo
progressivamente substituída pela síntese dos pigmentos característicos dos frutos
maduros (LIMA et al., 2000).
As características físico-químicas de frutos podem ser influenciadas por
diversos fatores, como exemplo: estádio de maturação, variedade, condições
climáticas e edáficas, exposição ao sol, localização da fruta na planta, manuseio
pós-colheita, entre outros (FAGUNDES; YAMANISHI, 2001).
A qualidade dos frutos para os fins a que se destinam depende de suas
características físicas, físico-químicas e químicas (ALVARENGA; FORTES, 1985),
que são peculiares a cada cultivar e podem ser alteradas por injúrias mecânicas
ocasionadas por intempéries ou pela manipulação inadequada durante a colheita,
transporte e armazenamento do produto (COELHO, 1994). Os caracteres físicos dos
frutos referentes à aparência externa, tamanho, forma e cor da casca, e as
características físico-químicas relacionadas ao sabor, odor, textura e valor nutritivo,
constituem atributos de qualidade à comercialização e utilização da polpa na
10
elaboração de produtos industrializados (OLIVEIRA et al., 1999).
Os atributos de qualidade têm importância variada, de acordo com os
interesses de cada segmento da cadeia de comercialização. Assim, os produtores
dão prioridade à aparência, facilidade na colheita e alto rendimento na produção,
entre outros; os comerciantes têm a aparência como atributo mais importante, dando
ênfase à firmeza e à boa capacidade de armazenamento, enquanto os
consumidores valorizam a aparência e as características sensoriais. Em resumo, os
interesses de todos os segmentos estão voltados para a qualidade do produto e
essa não pode ser avaliada de modo preciso apenas pelas características externas
(CHITARRA; CHITARRA, 1990a).
De acordo com Hall e Augustine (1981) citado por Andrade Júnior (2001), a
qualidade dos frutos está relacionada diretamente à firmeza. As substâncias pécticas
atuam como material cimentante e encontram-se, principalmente, depositadas na
parede celular, sendo responsáveis pela firmeza dos frutos (CHITARRA,
CHITARRA, 1990a).
Segundo Andrade Júnior (2001), um fator de grande importância na
conservação de frutos, e que atualmente vem sendo entendido como sinônimo de
“longa vida” por algumas empresas, é a firmeza dos frutos. Porém, vida de prateleira
e firmeza de frutos são dois fatores distintos e dependem tanto do emprego de locos
gênicos mutantes para amadurecimento lento, como do "background" genético
utilizado.
O termo textura as vezes é confundido com firmeza. A firmeza da polpa de
um fruto refere-se ao grau de dureza deste, enquanto a textura é mais complexa e
de mais difícil determinação, uma vez que reflete a sensação produzida nos órgãos
responsáveis pela identificação do alimento, cujas sensações o representadas
11
pela dureza, maciez, fibrosidade, suculência, granulosidade, resistência e
elasticidade (CHITARRA; CHITARRA, 1990a). A firmeza, de acordo com Carvalho
(1994), é um fator crítico que pode influenciar o período de conservação e a
resistência ao manuseio, ao transporte e ao ataque de microrganismos.
As mudanças na textura da polpa durante o amadurecimento dos frutos são
os resultados da ação catalizadora de enzimas sobre as paredes celulares,
promovendo alterações no grau de aderência entre as células e, conseqüentemente,
afetando a firmeza dessa polpa. Essas mudanças podem aumentar a sensibilidade
dos frutos a danos mecânicos e aumentar a suscetibilidade a doenças (DENARDI;
CAMILO, 1996). Esses autores verificaram que existe uma correlação positiva entre
a duração do desenvolvimento do fruto e a firmeza da polpa.
A variação nas características físicas dos frutos está relacionada a fatores
como: condições climáticas, época do plantio, colheita e outros (FAGUNDES;
YAMANISHI, 2001), entretanto, a maior variação deve-se à constituição genética.
As características físicas como peso, comprimento, diâmetro transversal, cor
da película, tamanho da semente, relação polpa/semente e textura, refletirão na
aceitabilidade do produto pelo consumidor e no rendimento industrial, enquanto as
físico-químicas, reveladas pelos teores de sólidos solúveis, acidez titulável, balanço
sólidos solúveis/acidez (SST/AT), são indicadoras das características
organolépticas, importantes tanto na industrialização como no consumo dos frutos in
natura (COELHO, 1994).
A cor é o atributo de qualidade mais atrativo para o consumidor e produtos de
cores fortes e brilhantes são os preferidos (CHITARRA; CHITARRA, 1990a). Para
Costa (1994), cor da casca é provavelmente o fator determinante na compra do fruto
pelo consumidor. Normalmente, o comprador não verifica adequadamente a fruta
12
antes da compra e tem acontecido de ele associar a cor favorável da casca com o
paladar. Porém, esta associação nem sempre pode ser considerada. Além disso, a
cor da casca serve como parâmetro para determinar o ponto ideal de colheita (REIS
et al., 2000), embora a coloração da casca nem sempre coincida com a maturação
do fruto, pois frutos de determinadas cultivares de citros se mostram comestíveis
algumas semanas ou alguns meses antes da maturação total, enquanto outros
amadurecem em poucos dias (KOLLER, 1994).
Altos teores de sólidos solúveis totais (SST) são importantes tanto para o
consumo da fruta ao natural quanto para a indústria, pois proporcionam melhor
sabor e maior rendimento na elaboração dos produtos.
Maia (1998) citou que os alimentos de modo geral se diferenciam por conter
maior ou menor teor de umidade. Em frutos frescos, pode variar, por exemplo, de
65% em abacate maduro e 95% em melões e melancias. O conhecimento do teor de
umidade em um alimento é muito importante, quando se determina o seu valor
nutritivo, pois os teores percentuais dos nutrientes como proteína, açúcares e lipídios
são inversamente proporcionais ao teor de umidade.
O teor de umidade referencia o índice de estabilidade e qualidade do
alimento, bem como exerce grande importância no controle de sua elaboração,
qualidade e pode indicar se o processo de desidratação, liofilização, entre outros,
foram aplicados de forma correta (MAIA et al.,1998).
A acidez total titulável (ATT) é um dos critérios utilizados para a classificação
da fruta através do sabor. Assim, uma fruta que apresenta teores de ácido cítrico
entre 0,08 a 1,95%, como a goiaba, pode ser classificada como de sabor moderado
e bem aceita para o consumo da fruta fresca (PAIVA et al., 1997).
13
Praticamente todos os alimentos contêm um ácido ou uma mistura de ácidos
que podem aparecer naturalmente, ser produzidos por ação de microorganismos ou
ser adicionados durante a produção. Em todos os casos, os ácidos presentes são
largamente responsáveis pelo sabor ácido ou azedo. A quantidade de ácidos
orgânicos (acidez total) indica a adstringência do fruto (ANDRADE, 2004; GOULD,
1992).
2.3 Características químicas de frutos
Os elementos minerais reconhecidos como essenciais o comumente
divididos entre macroelementos (cálcio, fósforo, potássio, sódio, cloro, magnésio,
enxofre) e microelementos (ferro, cobre, cobalto, manganês, zinco, iodo, flúor,
molibdênio, selênio, cromo, silício), de acordo com as quantidades maiores ou
menores que o organismo humano necessita. A importância de sua inclusão na dieta
tem sido amplamente discutida em textos sobre nutrição (SGABIERI, 1987).
Os minerais desempenham uma função vital no peculiar desenvolvimento e
boa saúde do corpo humano e as frutas são consideradas as principais fontes de
minerais necessários na dieta humana. A banana é conhecida como um dos mais
completos alimentos constitui uma inesgotável fonte de hidratos de carbono,
potássio, sódio, fósforo, cloro, magnésio, enxofre, silício, e cálcio. O abacaxi fruta
típica de países tropicais é rico em potássio, magnésio e lcio. Com relação aos
minerais, o potássio constitui o mais abundante nas frutas. Para a população
consumir equilibradamente os nutrientes de acordo com a IDR (ingestão diária
14
recomendada), logo, são necessários dados sobre composições de alimentos
(HARDISSON, 2001).
A indústria de alimentos tem buscado identificar e atender aos anseios dos
consumidores em relação a seus produtos, pois só assim sobreviverão em um
mercado cada vez mais competitivo (CARNEIRO, 2001). A determinação da
aceitação pelo consumidor é parte fundamental no processo de desenvolvimento ou
melhoramento de produtos.
Na identificação de genótipos superiores de acerola (Malpighia emarginata
D.C.) devem ser consideradas características bromatológicas de interesse
agronômico como alto teor de vitamina C, acidez, sólidos solúveis totais e
rendimento de polpa Carpentieri-Pípolo e Bruel (2002),.
De acordo com Oliveira et al. (2006), a composição mineral de frutos tropicais
bem conhecidos como banana, limão doce, pêra africana, laranja, maracujá e outros
para macro e micro elementos, tem sido reportada. Por outro lado, os dados dessa
composição, na maioria dos frutos exóticos e nativos, o escassos. Esses autores
verificaram através da técnica de fluorescência de raios X por dispersão de energia,
que em frutos como abiu (Lucuma caimito Ruiz e Pav.), jenipapo (Genipa americana
L.), jambo rosa (Eugenia jambos L.), jambo vermelho (Syzygium malaccence L.,
Merr e Perry), macaúba (Acrocomia aculeata Jacq. Lood. Ex Mart.); mangaba
(Hancornia speciosa), pitanga (Eugenia uniflora L.) e tamarindo (Tamarindus indica
L.), as quantidades de K, Ca, Fe, Mn, Zn, Br, Cu, quando comparados com outros
frutos tropicais, indicaram que alguns desses frutos podem ser classificados como
fontes ricas em minerais.
Os jenipapos, em condições comerciais, devem apresentar teores de sólidos
solúveis entre 18 e 20 °Brix; acidez total titulável entre 0,20 e 0,40% e teor de
15
vitamina C entre 1,0 e 2,0 mg de ácido ascórbico/100 g de polpa (WONG, 1995).
Comparando a composição química de jenipapo, Figueiredo (1984) verificou
divergências dos seus resultados com os de outros autores, as quais podem ser
justificadas por Potter (1995), que considera a variação química dos frutos, devido
não somente à variedade botânica, mas também ao grau de maturação e às
condições de armazenamento dos frutos.
Silva (1998) avaliou as características físicas e químicas do jenipapo
produzido na região de Botucatu - SP, quando armazenado sob temperatura
ambiente (23,42 °C ±5 °C) e sob refrigeração (10 ºC; 90-95% UR). Nesses estudos
não foram avaliados os teores de minerais encontrados no jenipapo, a correlação
dos tipos de jenipapos às características bromatológicas, bem como a determinação
do rendimento de frutos visando o aproveitamento industrial do fruto.
Santos (2001) e Fonseca (2003) estudaram as características físicas e
químicas de jenipapos produzidos em Cruz das Almas e outros municípios da região
do Recôncavo Baiano, respectivamente, os valores encontrados por eles divergem
dos dados de Figueiredo (1984) apresentando valores inferiores para sólidos
solúveis, superior para glicídios não redutores. Fonseca (2003) encontrou valor
inferior para açúcares totais e ligeiramente superiores ao de brix quando comparado
com os encontrados por Santos (2001).
2.4. Rendimento industrial
Muitas espécies frutíferas encontradas no Nordeste, notadamente aquelas
exploradas de forma extrativista, dentre as quais têm-se o umbuzeiro, jenipapeiro,
16
jaqueira, cajazeira, jabuticabeira, cagaiteira, e outras espécies nativas, apresentam
poucos ou mesmo ausência de dados relativos às características agronômicas,
físico-químicas e de rendimento industrial. Informações importantes para a descrição
e caracterização de genótipos das fruteiras, possibilitando o cultivo comercial,
também contribuindo, dessa forma, para a conservação dos recursos genéticos
(CARVALHO, 2002).
As características químicas e físicas dos frutos também apresentam
influências no rendimento industrial. Assim, um maior teor de acidez do fruto eleva a
diluição do produto e, por conseguinte, maior rendimento na industrialização do suco
(ANDRADE et al., 1993). as características físicas como: massa, comprimento,
textura, diâmetro transversal e coloração da epiderme influenciam na aceitabilidade
dos frutos pelo consumidor e no seu rendimento industrial (ALVARENGA; FORTES,
1985).
Em tomate (Lycopersicum esculentum Mill.), a concentração de SST pode
sofrer variação devido à variedade, cultivar, maturidade na colheita, áreas de
produção, ou condições culturais. Quanto maior o teor de sólidos solúveis, maior
será o rendimento industrial e menor o gasto de energia no processo de
concentração da polpa. Em termos práticos, no caso do tomate, para cada aumento
de um grau Brix na matéria-prima, um incremento de 20% no rendimento
industrial (ANDRADE, 2004).
De acordo com Pinto et al. (2003), na produção de frutos destinados à
indústria de sucos, caso do fruto do jenipapeiro, deve-se dar ênfase a tecnologias
que confiram aos frutos alto rendimento em suco, boa consistência, maior teor de
açúcar e acidez elevada.
17
3. MATERIAL E MÉTODOS
3.1. Seleção e Caracterização prévia de jenipapos
Para caracterizar os diferentes tipos populares de frutos foram obtidas
informações prévias com os feirantes locais, produtores rurais e micro empresários
produtores de derivados do jenipapo (doces e licores). A partir dessas informações
selecionaram-se as propriedades rurais com jenipapeiros que produzissem os
diferentes tipos: polpa “mole”; polpa “firme”, também conhecidos como jenipapo
manteiga e massento, respectivamente, e um tipo intermediário.
Foram selecionadas três propriedades contíguas (Fazendas Sossego, Duas
Barras e Ouro Branco), localizadas na região de Mata Atlântica, no município de
Ilhéus, Bahia, situadas 14° 45’ 44” de latitude Sul e 39° 13’ 85” leste de Greenwich.
E situadas em uma área de predomínio de solo Nitossolo Háplico (SANTANA, et al.,
2002), pluviosidade dia de 1700 mm ano, temperatura média anual de 23,3° C,
umidade relativa do ar de 85,6% (CLIMATOLOGIA/CEPEC, 2006), tendo como
principal atividade agrícola o cultivo de café conillon (Coffea canephora L.), onde os
18
jenipapeiros encontram-se dispersos.
Nessas propriedades, selecionaram-se e identificaram-se quatro plantas de
cada tipo em função do vigor, produção, tamanho e tipos de frutos (firmeza da
polpa): mole, firme e; muito firme. Em cada jenipapeiro foram coletados
aleatoriamente 45 frutos maduros, para as determinações físicas, físico-químicas,
químicas e de rendimento industrial, no total de 540 frutos.
As colheitas dos frutos foram realizadas com o auxílio de uma vara podão de
comprimento regulável, no período de safra, mês de abril até inicio de agosto de
2005. Após a colheita os frutos foram acondicionados em caixas plásticas abertas,
tipo engradado e conduzidos para Agroindústria do Departamento de Ciências
Agrárias e Ambientais da Universidade Estadual de Santa Cruz, em Ilhéus, para
avaliações das características físicas e preparo das amostras para as determinações
físico-químicas e químicas.
Na agroindústria realizou-se caracterização prévia de características físicas
dos frutos, considerando-se os parâmetros: externo e interno. O externo foi avaliado
quanto ao formato do fruto, tipo de casca, coloração da casca e da polpa. O interno
quanto ao número de lóculos, formato das sementes, ocorrência de pigmentação na
partes internas e externas da polpa.
Diante da variabilidade de características físicas encontradas na
caracterização prévia e devido à falta de descritores, bem como de variedades de
jenipapos, definiu-se como parâmetro principal de seleção, após análise, o
agrupamento dos frutos em classes de firmeza da polpa e suculência sendo: Tipo 1
(mole) de 0,0-3,0 Kgf, Tipo 2 (firme) 3,1-6,0 Kgf e Tipo 3 (muito firme) >6,0 Kgf. Foi
realizada a determinação de firmeza dos frutos seguindo o agrupamento por classe
para polpa mole; polpa firme; e, polpa muito firme.
19
A classe de firmeza aparente da polpa dos frutos foi confirmada pelas
análises de medição mecânica de firmeza (Apêndice A).
3.2. Preparo das Amostras
Na Agroindústria da UESC os frutos foram separados em dois lotes que foram
colocados em bandejas plásticas para imediata medição dos parâmetros físicos e as
amostras para as determinações físico-químicas e químicas as quais foram
transportadas para Seção de Tecnologia e Engenharia Agrícola (SETEA) e Seção
de Fisiologia Vegetal do (SEFIS) do Centro de Pesquisas do Cacau
(CEPEC/CEPLAC) onde foram preparadas para as análises das características
físico-química e química dos frutos.
3.3. Análises Físicas, Físico-químicas e Químicas
3.3.1. Análises Físicas
Na caracterização prévia dos atributos físicos dos jenipapos, para avaliação
dos aspectos: externo e interno, quanto ao formato do fruto, tipo de casca, coloração
da casca e da polpa; e interno quanto ao número de lóculo, formato das sementes,
ocorrência de pigmentação na partes internas e externas da polpa, utilizou-se a
carta de cor (Munsell Soil Color Company, 1975) e câmara fotográfica digital, 4.1
Megapixel de resolução, marca Sony.
20
As análises físicas dos frutos constaram das seguintes determinações:
firmeza, peso da massa fresca total, diâmetro longitudinal e diâmetro transversal,
espessura da polpa, peso da polpa, peso das sementes com mucilagem e sem
mucilagem, número de sementes e volume dos frutos.
Após a realização das medições da firmeza do fruto, peso total da massa
fresca, diâmetro longitudinal e diâmetro transversal, os frutos foram abertos para
medição da espessura da polpa, as sementes foram retiradas, pesadas e depois
lavadas, enxutas com uso de papel toalha e novamente pesadas, para pesagem
sem a mucilagem.
A firmeza dos frutos foi medida com auxílio de um penetrômetro analógico,
para fruta, Mod. FT 327 (0 a 15 Kgf), munido de ponteira de 8 mm de diâmetro,
expressando-se os resultados em Kgf. Em cada fruto, foram realizadas 2 leituras em
lados opostos, após a remoção da epiderme (GIRARDI et al., 2003).
As pesagens dos frutos foram realizadas em balança semi-analítica com
capacidade 2.000 g. Nas medições do diâmetro transversal e longitudinal, e de
espessura da polpa foi utilizado um paquímetro digital de precisão (0,1 mm).
O volume dos frutos foi determinado pelo cálculo geométrico utilizando-se a
fórmula de esfera ôca, V= π/6(D
3
– d
3
).
3.3.2. Análise Físico-química e Química
Os frutos foram descascados, as sementes retiradas e as polpas trituradas
com auxílio de um multi-processador de alimentos, obtendo-se uma massa
homogênea, que foi acondicionada em potes plásticos, para utilização nas
21
determinações das características físico-químicas: umidade, pH, acidez total titulável
(ATT), sólidos solúveis totais (SST), cinzas (RMF), ratio (SST/ATT); e das
características químicas: teor de ácido cítrico, teor de sacarose, glicose e frutose,
teor de ferro, potássio, cálcio, magnésio, fósforo, cobre, zinco e manganês.
As análises de umidade e cinzas seguiram os métodos descritos pela AOAC
(1997); pH, acidez total titulável e sólidos solúveis totais pelos Métodossico-
Químicos para Análise de Alimentos, do Instituto Adolfo Lutz (2006); as
determinações de teores de fósforo, magnésio, cálcio, ferro, zinco, cobre e
manganês, foram realizadas a partir das cinzas e preparadas de acordo com
metodologia descrita por SALINAS E GARCIA (1985) com digestão orgânica por via
úmida. Empregou-se espectrofotômetro de absorção atômica (Perkim-Elmer mod.
2380) e gás acetileno para determinar cálcio, magnésio, ferro, manganês, zinco e
cobre, com comprimento de onda e slit, respectivamente de 422,7 nm e 0,7 nm,
285,2 nm e 0,7 nm, 248,3 nm e 0,2 nm, 279,5 nm e 0,2 nm, 213,9 nm e 0,7 nm e
324,7 nm e 0,7 nm. Utilizou-se fotômetro de chama (Micronal B262) para a
determinação de sódio (589 nm) e potássio (768 nm), e espectrofotômetro-luz visível
(Femto 482) para a determinação de fósforo (420 nm); os teores de ácido cítrico,
teor sacarose, glicose e frutose foram determinados pelo método de cromatografia
líquida de alta eficiência (HPLC) com uso da coluna cromatográfica organic acid
analysis column - Aminex Ion Exclusion HPX-87H 300 x 7,8mm; solução de ácido
sulfúrico 0,005N como solvente; vazão: 0,7ml/min; temperatura (ambiente) igual a
25
o
C; volume injetado de 20µl (loop) e detetor IR, Sistema Isocrático. A relação entre
sólidos solúveis totais e acidez total titulável (SST/ATT) foi calculada pelo quociente
entre as duas variáveis.
22
3.4. Rendimento de polpa dos frutos
Para a determinação do rendimento industrial foram utilizados os pesos dos
frutos de cada um dos três tipos de jenipapos, calculando-se a diferença entre peso
do fruto e o peso das sementes.
3.5. Análises Estatísticas
O delineamento experimental foi o inteiramente casualizado com três
tratamentos (frutos do tipo mole, tipo firme e tipo muito firme) e quatro repetições,
sendo a unidade experimental formada por vinte frutos para as análises das
características físicas e vinte e cinco frutos para as análises das características
físico-químicas e químicas. Os dados foram submetidos à análise de variância
univariada, ao nível de 5% de probabilidade. As médias dos tratamentos foram
comparadas pelo teste Tukey a 5% de probabilidade, utilizando-se o programa SAS
for Windows versão 9.1.3 (SAS Institute Inc., Cary, NC USA, 2006).
23
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 Características dos frutos
Os frutos coletados para avaliação das características físicas apresentaram
visíveis variações quanto aos caracteres externos e internos. Tais características à
exceção da firmeza foram observadas nos três tipos, podendo não estar
relacionadas com a firmeza do fruto, mas a fatores ligados as condições
edafoclimáticas, genética da planta ou fisiológicos na formação do fruto.
4.1.1 Caracteres Externos
4.1.1.1 Formatos de Frutos
Para o formato de frutos houve variações desde a forma redonda à forma
oval, em perfil (Figuras 1A e 1B) e corte transversal (Figuras 2 A e 2B), ainda que
nas análises de relação diâmetro longitudinal/diâmetro transversal tenha
24
apresentado resultados de frutos com formato arredondado e redondo (Tabela 1).
Figura 2. Formatos de jenipapos em corte transversal: Redondo (A) e Oval
ado (B). Ilhéus,
Bahia, 2005.
A
B
Figura 1. Formatos de jenipapos em perfil: Redondo (A) e Oval (B). Ilhéus, Bahia, 2005.
B
A
25
4.1.1.2 Tipo de epicarpo (casca)
Foi observado que os frutos apresentaram três tipos de epicarpo (casca);
quanto à adesão ao mesocarpo (polpa); casca totalmente aderida à polpa;
parcialmente solta e; solta (Figura 3A a 3D). Quanto à textura apresentou casca lisa
e enrugada (Figura 4A a 4B).
C
D
Figura 3. Tipo de casca de jenipapos quanto à adesão ao mesocarpo: Aderida à polpa
(A), Parcialmente solta (B), Solta (C e D). Ilhéus, Bahia, 2005.
A
B
C
D
26
4.1.1.3 Coloração do Epicarpo (Casca) e do Mesocarpo (Polpa)
Quanto à coloração do epicarpo (Figura 5) e do mesocarpo (Figura 6), foram
observados variações de cor, conforme apresentado nas figuras, e com o aulio da
escala de cores da Munsell Soil Color Charts (1975) as colorações observadas
foram próximas da matiz, valor e croma apresentadas de 8/6 Yellow 10YR, 8/4 Very
Polebrow, 7/6 e 7/8 Yellow 10YR, a 6/6 e 6/8 Brownish yellow. Verificou-se que para
uma medição mais precisa das cores apresentadas pelos frutos estudados, a
Munsell Soil Color Charts (1975) não constitui um método apropriado, devido a matiz
da coloração dos frutos não constarem na referida carta, podendo ser feito apenas
uma aproximação, talvez o todo com uso de colorímetro possa expressar com
maior precisão a cor dos frutos e as partes estudadas.
Figura 4. Tipo de casca de jenipapos quanto à textura: Enrugada (A) e Lisa (B),
Ilhéus,
Bahia, 2005.
A
B
27
Figura 5. Jenipapos com diversas colorações de casca, Ilhéus, Bahia, 2005.
Figura 6. Jenipapos com diferentes cores de polpa, Ilhéus, Bahia,
2005.
28
A variação de coloração foi independente das demais características físicas
analisadas, ou seja, não sendo influenciada pelas outras variáveis, e mesmo nos
frutos que haviam atingido a maturação completa (Figura 7A). Isso mostrou que a
coloração, tanto da polpa, quanto da casca não variaram quando os frutos estavam
maduros, pois quando em estádio de maturação verde possuem casca de cor da
verde (Figura 7B) e quando em estádio de maturação “de vez”, apresenta coloração
de verde para acinzentado (Figura 7C).
A
B
Figura 7. Coloração de Jenipapo em diferentes
estádios de
maturação, Ihéus, Bahia, 2005, Fruto maduro (A)
,
Fruto verde (B) e Fruto “de vez” (C).
C
B
A
29
4.1.2 Caracteres Internos
4.1.2.1 Número de lóculo - Os frutos analisados apresentaram variação no mero
de lóculo (1 a 4/fruto) independentemente dos tipos estudado (Figuras 8A a 8D).
Esse caracter se constitui em informação ainda não descrita por outros autores e
que pode ser utilizadas em estudos de descrição morfológica de jenipapos.
4.1.2.2 Presença de membrana entre mesocarpo e sementes – Foi observado em
alguns frutos presença de membrana envoltória localizada entre a polpa e as
sementes (Figura 9). Essa membrana apresenta-se em alguns frutos com textura
lisa e em outros áspera. E embora não haja estudos sobre a influência dessa
A
B
C
D
Figura 8. Jenipapos com diferentes números de lóculos. Ilhéus, Bahia, 2005.
30
membrana na qualidade da polpa, especificamente em sucos que foram produzidos
a partir de polpas de jenipapos com a membrana, é “popularmente citado” que esses
sucos provocam azia estomacal (refluxo gastresofágico) em quem o consomem.
4.1.2.3 Pigmentação na parte externa e interna na polpa – Foi observada a
ocorrência de pigmentação de coloração escura na parte externa (Figura 10A) e
interna (Figura 10B) da polpa dos três tipos de jenipapos estudados.
Figura 9 – Jenipapo com membrana envoltória
Figura 10. Jenipapos com pigmentação na polpa. Ilhéus
, Bahia, 2005.
A
B
31
4.2 Características físicas dos frutos
Os valores médios encontrados, por planta, para as medições de firmeza do
fruto (FF), peso total do fruto (PF), diâmetro longitudinal (DL), diâmetro transversal
(DT), espessura da polpa (EP), peso das sementes com mucilagem (PSM), peso da
polpa fresca (PP), peso das sementes sem mucilagem (PS), numero de sementes
(NS), volume dos frutos (V) e rendimento da polpa fresca (RP), dos três tipos de
frutos são apresentados na Tabela 1.
4.2.1 Firmeza dos frutos
Silva (1998), avaliando as características química e física do jenipapo
armazenado, relata não ter encontrado dados sobre firmeza em jenipapo. Fonseca
(2003), caracterizando jenipapos, de genótipos localizados no Recôncavo Baiano,
analisou a firmeza dos frutos coletados e verificou que o valor médio encontrado foi
superior à variação obtida por El-Agamy et al (1976) em goiabas.
Os frutos do tipo mole apresentaram textura mole e aparência mais úmida
que os demais tipos, ainda que os teores de umidade dos três tipos o tenham
apresentado diferença estatisticamente significativa (Tukey, 5%) (Tabela 1). Os
frutos apresentaram firmeza variando de 1,67 Kgf a 7,71 Kgf, havendo diferença
significativa (Tukey, 5%) entre os três tipos. A firmeza encontrada nos tipos
estudados pode direcionar a finalidade de uso do fruto para a obtenção de seus
derivados, como jenipapo desidratado, cristalizado, licor e outros, além de ser uma
característica valiosa como parâmetro de seleção, pois os frutos que possuem maior
32
firmeza tendem a sofrer menores perdas, quando transportados a grandes
distâncias. Desse modo, pode ser uma das características que contribui para a
conservação do fruto pós-colheita, podendo também, ser percebida pelo paladar dos
consumidores.
A suculência é um atributo físico de frutos, inversamente ligado à firmeza, ou
seja, quanto mais firme for um fruto, menos suculento ele seem termos de parte
comestível (OLIVEIRA, 2004, citando HUDSON et al., 1977) e essa afirmação foi
confirmada nesse estudo através da avaliação da firmeza, os frutos de menor
firmeza, tipo mole, apresentaram-se mais suculentos que os frutos de maior firmeza,
tipo muito firme.
33
Tabela 1 – Características físicas de três tipos de jenipapos coletados em Ilhéus, Bahia, 2005
Tipo de Fruto
Firmeza
(Kgf)
PF
(g)
DL
(cm)
DT
(cm)
DL/DT
PP
(g)
EP
(cm)
PSM
(g)
PS
(g)
NS
V
(cm
3
)
R
(%)
1-Mole 1,67 c
252,89a
8,59a
7,37 b
1,17a
166,43a
1,25 b
86,46a
28,20a
245,78 b
109,13a
65,58 b
2-Firme 4,40 b
234,09a
8,02 b
7,52 b
1,07 b
159,48a
1,42a
74,61 b
22,44 c
216,30 c
112,39a
68,11a
3-Muito Firme
7,71a
243,04a
7,93 b
7,78a
1,02 c
164,81a
1,45a
77,96 b
25,42 b
273,92a
116,30a
67,91a
Média geral 4,59
243,34
8,18
7,56
1,09
163,57
1,37
79,68
25,35
245,33
112,60
67,21
DMS (5%) 0,31
20,74
0,29
0,21
0,03
14,71
0,79
7,80
2,70
23,97
10,61
1,64
CV (%) 18,54
22,48
9,32
7,35
7,37
23,72
15,03
25,83
28,17
25,86
25,12
6,52
Pr>F <0,0001
0,0968
<0,0001
<0,0001
0,0005
0,4803
<0,0001
0,0011
<0,0001
<0,0001
0,6682
0,0004
*Médias seguidas da mesma letra na mesma coluna não diferem estatisticamente entre si pelo Teste de Tukey, a nível de 5% de
probabilidade.
Onde: PF = Peso do fruto, PP = Peso da polpa com casca, PSM = Peso das sementes com mucilagem, PS = Peso das sementes
sem mucilagem, DT = Diâmetro transversal, DL = Diâmetro longitudinal, EP = Espessura da polpa, F = Firmeza da polpa, DT/DL =
unidade de Formato fruto, V = Volume do fruto, R = Rendimento.
34
4.2.2 Peso de Frutos
Os frutos apresentaram peso médio de 252,89 g, 234,09 g e 243,04 g,
compostos por 65,61%, 68,12% e 67,91% de polpa, e 11,16%, 9,59% e 10,41% de
sementes, para os respectivos tipos polpa mole, polpa firme e polpa muito firme.
Comparando os valores de PF encontrados (Tabela 1) verifica-se que os frutos
possuem pesos médios superiores aos relatados por Figueiredo (1984), 208,08 g e
Santos (2001) 218,96 g, e inferiores aos de Fonseca et. al. (2003) 254,59 g.
Sabe-se que o peso médio de frutos é uma característica importante para o
mercado de frutas frescas, uma vez que os frutos mais pesados o mais atrativos
para os consumidores. Todavia, para frutos destinados à elaboração de produtos
como sucos, doces, licores, cristalizados, os parâmetros físico-químicos
relacionados à acidez total titulável e ao teor de sólidos solúveis totais são mais
relevantes.
4.2.3 Diâmetro longitudinal, Diâmetro transversal e relação Dt/Dl
Os diâmetros longitudinal (DL) e transversal (DT) tiveram uma média de 8,18
cm e 7,56 cm respectivamente, divergindo dos relatados por Figueiredo (1984a) 8,53
cm e 6,71 cm, Santos (2001) 7,54 cm e 7,05 cm, e sendo próximos dos resultados
de Fonseca et al. (2003), respectivamente em frutos coletados em Maranguape-CE,
Cruz das Almas – BA e municípios do Recôncavo Baiano - BA.
Os frutos do tipo mole, cujo diâmetro médio longitudinal foi superior ao
diâmetro médio transversal, apresentam formato mais ovalados, enquanto os frutos
35
do tipo muito firme apresentaram a relação DL/DT com o formato redondo (DL/DT =
1,02) os tipos apresentaram diferença significativa ao nível de 5%, entre si.
A relação DL/DT variou de 1,02 (tipo muito firme) a 1,17 (tipo mole), com valor
médio geral igual a 1,09. Todos os tipos apresentaram diferença significativa (Tukey,
5%). Esta característica é indicadora do formato do fruto, o qual é mais arredondado
à medida que este quociente aproxima-se de 1. Determinadas indústrias dão maior
preferência aos frutos redondos, por facilitarem as operações de limpeza e
processamento (CHITARRA; CHITARRA, 1990a; OLIVEIRA et al., 1999; SANTOS et
al. 2001).
Os dados dos diâmetros e relação entre eles mostram que os frutos
apresentaram formato redondo a ligeiramente arredondado. O formato do fruto,
representado pela relação diâmetro longitudinal/diâmetro transversal (DL/DT),
mostrou-se uniforme e com valores próximos da unidade. Sendo assim, os valores
obtidos para os três tipos de jenipapo apresentam boas características para o
processamento industrial, pois dispensa a classificação por formato. Outra
importância para essa característica é a aparência dos produtos acabados, tais
como compotas, frutos cristalizados e frutos glaceados.
4.2.4 Espessura da polpa (mesocarpo)
A partir dos resultados obtidos para as características físicas dos jenipapos foi
constatado que, com exceção da EP, para todas as características variações
entre as plantas, porém quando avaliados pelos resultados médios por tipo de fruto
36
(Tabela 1), verifica-se que apenas o PS e o NS apresentam diferenças significativas
(Tukey, 5%) entre os três tipos analisados.
A espessura da polpa variou de 1,26 a 1,45 cm, não apresentando diferença
significativa para os frutos de polpa firme e polpa muito firme, porém os de polpa
mole diferenciaram-se dos demais. Os frutos com menor espessura de polpa (tipo
mole) 1,26 cm, apresentaram menor firmeza, menor volume, maior peso de
sementes e menor rendimento, sugerindo assim haver uma relação positiva entre
essas características. Os valores encontrados para espessura da polpa foram
superiores aos encontrados por Santos (2001) e, próximos aos de Villachica (1996).
4.2.5 Peso de sementes
Quanto ao peso de sementes (PS) os três tipos apresentaram diferenças
significativas estatisticamente (Tabela 1). Os frutos apresentaram um valor médio de
28,21 g (polpa mole), 22,45 g (polpa firme) e 25,33 g (polpa muito firme),
correspondendo em termos médios a 10,4% do peso total do fruto. Constatou-se
que o tipo de polpa mole, cujos frutos foram mais pesados, também, apresentou
maior peso de sementes, sugerindo haver relação direta entre estas variáveis. Esses
resultados demonstraram que as sementes representam menor proporção dos frutos
quando comparadas aos dados de Figueiredo (1984a) e Santos (2001), que
detectaram valores médios de 16,63% e 33,88% de semente em relação aos frutos
de jenipapo coletados em genótipos em Maranguape-CE e Cruz das Almas - BA,
Brasil, respectivamente.
37
Um dos atributos de qualidade para a comercialização de frutos é o menor
peso de sementes por fruto. Essa variável influencia diretamente o percentual de
rendimento, também considerado um atributo de qualidade, especialmente para os
frutos destinados à elaboração de produtos industrializados, cujo valor mínimo
exigido é de 40% (CHITARRA; CHITARRA, 1990a; OLIVEIRA et al., 1999).
4.2.6 Número de sementes
Os tipos de frutos avaliados apresentaram em média de 216 a 274
sementes/fruto, e diferença significativa para os três tipos. O número de sementes
nos frutos do tipo mole foi 246 e muito firme 273, valores superiores e ao valor médio
(216) encontrado por Santos (2001). Villachica (1996) relata uma dia de 296
sementes, pequenas, com peso de 75 gramas por 1000 sementes, enquanto Silva et
al. (2001) citam 120 a 160, com peso de 5 gramas para cada 100 sementes.
4.2.7 Volume
Não houve diferenças estatísticas entre os três tipos estudados quanto ao
volume. Esses resultados divergem dos encontrados por Figueiredo (1984a) única
referência para essa característica. O período de desenvolvimento dos frutos de G.
americana L é de doze meses (janeiro a dezembro), havendo aumento gradativo dos
parâmetros comprimento, diâmetro, peso e volume desses frutos com a idade
(CRESTANA et al., 1992).
38
4.2.8 Rendimento
Na fabricação de produtos derivados do jenipapo têm sido observadas
diferenças na qualidade e no rendimento industrial de diferentes tipos de frutos.
Poucos estudos sobre a caracterização física e química do jenipapo foram feitos
onde ocorre essa espécie.
Os três tipos de frutos apresentaram um alto percentual médio de rendimento
em polpa (67,21%), havendo destaque para os frutos do tipo polpa firme (68,12%),
seguido pelos frutos de polpa muito firme (67,91%). O tipo polpa mole (65,61%) foi o
que apresentou menor rendimento e o único com diferença significativa (Tukey, 5%)
entre os tipos analisados (Tabela 1). Estes resultados demonstram que apesar de
serem inferiores ao resultado encontrado por Figueiredo (1984a) 73,81%, são
superiores ao de Santos (2001) 61,10% e ao de Fonseca et al. (2003) 65,10%. Não
foi considerado para efeito de cálculo de rendimento o peso das sementes com a
camada envoltória suculenta que envolve as sementes. No entanto, seu
aproveitamento no processo de despolpa mecânica pode contribuir para elevar o
rendimento em polpa.
4.3 Características fisico-químicas da polpa dos diferentes tipos de jenipapo
Os resultados das determinações de umidade, acidez total titulável (ATT), pH,
sólidos solúveis totais (SST), resíduo mineral fixo ou cinzas (RMF) e Ratio
(SST/ATT) dos três tipos de jenipapo são apresentados na Tabela 2. Essas variáveis
físico-químicas são indicadoras das características sensoriais, importantes tanto
39
para industrialização, quanto para o consumo dos frutos in natura. Considerando
que não legislação específica referente ao Padrão de Identidade e Qualidade
(PIQ) para polpa de jenipapo, os dados referentes a essas variáveis foram
confrontados com os valores encontrados por outros autores ou com outras frutas
tropicais.
4.3.1 Teor de umidade
O teor de umidade situou-se ao redor de 74% (Tabela 2), como na maioria de
frutas e vegetais, não havendo diferenças significativas entre os três tipos. Os teores
de umidade foram similares aos citados por Figueiredo (1984a) e Santos (2001)
74,8% e 73,8%, respectivamente. O elevado teor de umidade encontrado em nos
três tipos de jenipapo pode causar sua rápida deterioração, já que a umidade
favorece a proliferação de microrganismos com comprometimento da qualidade do
fruto.
4.3.2 pH
Com relação ao pH, o tipo firme apresentou o maior valor médio diferindo
estatisticamente dos demais (Tabela 2). Os valores encontrados neste trabalho são
inferiores aos relatados por Figueiredo (1984a) 4,00; Santos (2001) 3,60 e Fonseca
et al. (2003) 3,52. Os dados obtidos vêm confirmar que a polpa de jenipapo,
independentemente do tipo, é bastante ácida. O pH é estabelecido como atributo de
qualidade pela legislação, por favorecer a conservação da polpa, evitando o
40
crescimento microbiano, embora para o jenipapo não haja ainda nenhum índice
utilizado como padrão.
Tabela 2 Características físico-químicas da polpa de três tipos de jenipapo
coletados em Ilhéus, Bahia, 2005
Tipo
de
Frutos
ATT
(%)
pH
SST
(ºBrix)
UMID
(%)
RMF
(%)
RATIO
1-Mole 0,71ab
2,84xb
18,49ab
74,04a
0,69xb
28,13ab
2-Firme 0,82ax
2,96ax
18,66ax
74,37a
0,73ax
24,16xb
3-Muito Firme 0,59xb
2,84xb
17,64xb
74,61a
0,70ab
29,69ax
Média Geral 0,71
2,88
18,26
74,34
0,71
27,33
DMS (5%) 0,16
0,06
0,93
1,10
0,04
4,31
CV (%) 25,02
2,71
6,60
1,95
7,17
18,43
Pr>F 0,0012
<0,0001
0,0251
0,4695
0,0326
0,0060
*Médias seguidas da mesma letra na mesma coluna não diferem estatisticamente entre si pelo Teste
de Tukey, a nível de 5% de probabilidade.
Onde: ATT= Acidez total titulável, SST= Sólidos solúveis totais, RMF= Resíduo mineral fixo.
4.3.3 Acidez total titulável (ATT)
Com relação à acidez total titulável, a média dos três tipos de jenipapo foi de
0,71%. Os frutos do tipo firme apresentaram maior teor de acidez (0,82%) diferindo
estatisticamente (Tukey, 5%) do tipo muito firme, mas foi estatisticamente igual ao
tipo mole. Nos resultados encontrados para as características físico-químicas dos
tipos de frutos analisados essa foi a variável que apresentou maior coeficiente de
variação entre os tipos, devido à variação que houve entre os resultados por plantas
do mesmo tipo.
41
4.3.4 Sólidos Solúveis Totais (SST)
Os frutos apresentaram médias dos valores de SST entre 17,64 ºBrix (tipo
muito firme) e 18,66 ºBrix (tipo firme), com média de 18,27 ºBrix. Os valores
encontrados nesse trabalho foram inferiores ao 20,0 ºBrix citado por Figueiredo
(1984); superiores aos 13°Brix encontrados por Silva (1998); semelhantes aos 18,34
ºBrix relatados por Santos (2001), e a variação de 15,8° a 21,2ºBrix, tendo como
valor médio 18,57ºBrix apresentado por Fonseca (2003). Vale ressaltar que o teor de
sólidos solúveis pode variar com a quantidade de chuva durante a safra, fatores
climáticos, variedade, solo, etc.. Considerando-se essa variável, os frutos de todos
os três tipos são propícios para a produção de sucos, pois, segundo Lima et al.
(2002), frutos destinados para este fim tecnológico devem possuir valores de SST
superiores a 8 ºBrix. Os diferentes tipos de jenipapo apresentam valores de SST
elevados, quando comparados com frutas tropicais (abacaxi, acerola, cajá,
maracujá, mamão, pitanga e outras) e da Amazônia (araçá-boi, bacuri, camu-camu,
cubiu, cupuaçu, mangaba entre outras). Sólidos solúveis, medidos por refratometria,
são usados como índice dos açúcares totais em frutos, indicando o grau de
maturidade. São constituídos por compostos solúveis em água, que representam
substâncias, tais como açúcares, ácidos, vitaminas hidrossolúveis e algumas
pectinas.
42
4.3.5 Resíduo mineral fixo ou cinzas (RMF)
Para cinzas, foi encontrado um valor relativamente alto, variando de 0,69%
(tipo mole) a 0,73% (tipo firme), diferenciando-se do encontrado para frutas e
vegetais (0,1 - 0,5%) (Tabela 2). Em estudos realizados por Figueiredo (1984a) e
Santos (2001) os teores médios encontrados foram superiores, 0,82% e 1,22%,
respectivamente. Os altos teores de cinzas podem referenciar a riqueza de
elementos minerais presentes nos frutos estudados. O conteúdo total de minerais
dos tecidos vegetais que são expressos ocasionalmente como cinzas ou resíduo
mineral fixo, varia dependendo da espécie em estudo e do sistema de cultivo.
4.3.6 Ratio (SST/ATT)
A relação SST/ATT propicia uma boa avaliação do sabor dos frutos, sendo
mais representativa do que a medição isolada de açúcares e de acidez, e boa
expressão do equilíbrio entre os sólidos solúveis totais e a acidez total titulável
(CHITARRA; CHITARRA, 1990a).
Os tipos de jenipapo estudados apresentaram ratio que variou de 24,16 (tipo
firme) a 29,69 (tipo muito firme). Dos três tipos de jenipapo analisados, o tipo muito
firme apresentou maior valor de ratio e o tipo firme diferenciou-se estatisticamente
(Tukey, 5%) dos tipos mole e muito firme. Os valores encontrados foram superiores
ao apresentado por Santos (2001), 11,58.
43
4.4 Características químicas da polpa de diferentes tipos de jenipapo
Na Tabela 3 são apresentadas os teores de ácido cítrico, e açucares
redutores e não-redutores da polpa dos três tipos de jenipapos.
Tabela 3 - Características Químicas de polpa de três tipos de jenipapo coletados em
Ilhéus, Bahia, 2005
Tipo de Fruto Ácido cítrico Frutose Glicose Sacarose
1-Mole 0,59a 2,24 b 4,08 b 6,69a
2-Firme 0,58a 2,63a 4,59a 6,39a
3-Muito firme 0,39 b 1,98 b 3,62 b 5,04 b
Média Geral 0,52 2,28 4,10 6,04
DMS (5%) 0,15 0,26 0,48 0,81
CV (%) 38,26 13,88 15,27 17,68
Pr>F 0,0024 <0,0001 <0,0001 <0,0001
*Médias seguidas da mesma letra na mesma coluna não diferem estatisticamente entre si pelo Teste
de Tukey, a nível de 5% de probabilidade.
4.4.1 Teor de ácido cítrico
Observou-se que a acidez em teor de ácido cítrico apresentou variação de
0,39% (tipo muito firme) a 0,59% em ácido cítrico (tipo mole) (Tabela 3). Os teores
encontrados para ácido cítrico, nos três tipos estão abaixo dos encontrados por
Figueiredo (1984), que obteve um valor dio de 0,94% (frutos maduros), com
variação de 0,93 (frutos verde) a 0,98% (frutos “de vez”) considerando estádios de
maturação diferentes. Quando comparado com os resultados obtidos por Silva et.
al.(1998) 0,13% e Fonseca et al. (2003) 1,64%, observam-se divergências extremas,
44
superior e inferior, respectivamente. De acordo com Lima et al. (2002) e Pinto et al.
(2003), podem-se considerar frutos com ATT acima de 1,00% em ácido cítrico como
os de maior interesse para a agroindústria, tendo em vista não haver necessidade
da adição de ácido cítrico para conservação da polpa, método de conservação
comumente utilizado nas indústrias de alimentos.
4.4.2 Açúcares redutores (frutose e glicose) e não-redutores (sacarose)
Os açúcares redutores, na polpa do jenipapo variaram de 1,98% a 2,63%
(tipos muito firme e firme) para frutose e de 3,62% a 4,59% (tipos firme e mole) não
sendo comparáveis com os encontrados por Figueiredo (1984a) e Santos (2001)
devido à metodologia utilizada por esses autores, recomendada pelo IAL (1985) a
qual determina os açúcares redutores como teor de glicose, enquanto que no
presente estudo foi utilizado o método de quantificação dos açúcares redutores
(glicose e frutose) e não redutores (sacarose), por cromatografia líquida de alta
precisão (HPLC), que determina os teores de glicose, frutose e sacarose por
padrões individualizados.
Os frutos carnosos têm, em geral, como característica comum, sua riqueza
em açúcares e acidez relativamente elevada. Os monossacarídeos, assim como
ocorre na maioria das frutas, apresentam-se mais abundantes que os açúcares não-
redutores (sacarose), mas em algumas frutas maduras, como por exemplo, a
banana, o abacaxi e o melão, o teor de sacarose é mais elevado (DUCKWORTH,
1968). No caso do jenipapo para os frutos do tipo mole o teor dos monossacarídeos
(frutose e glicose) foi inferior ao teor de sacarose. Verifica-se também que os teores
45
de sacarose decresceram à medida que a firmeza da polpa dos frutos aumentou.
4.5 Composição mineral da polpa de jenipapo
Nos trabalhos realizados por Figueiredo (1984), Silva (1998), Santos (2001) e
Fonseca (2003), não foram considerados os diferentes tipos de frutos de jenipapo,
para determinação das características físico-químicas e químicas. A composição dos
macros e micros elementos como, K, Mg, Zn, Cu e Mn em jenipapos, não foi
encontrada na literatura.
Na Tabela 4 são apresentados os resultados da composição mineral da polpa
dos três tipos de jenipapos estudados nesse trabalho. Uma análise exclusiva para
cada elemento mineral contido na polpa do fruto jenipapo demonstra uma ampla
variação desses constituintes nutricionais entre os diferentes tipos analisados.
Os resultados para teor de sforo diferiram estatisticamente entre os frutos
do tipo firme (17,12 mg.100g
-1
) e muito firme (19,26 mg.100g
-1
), e esses valores são
superiores a diversos frutos apresentados na Tabela 5. São inferiores aos
encontrados por Figueiredo (1984) 35,5 mg.100g
-1
próximos a Villachica (1996) 21,0
mg.100g
-1
e superiores ao apresentado por Guedes e Oriá (1978) 0,52 mg.100g
-1
citado por Figueiredo (1984).
Entre os minerais, potássio destacou-se em termos de concentração, nos três
tipos de frutos avaliados. A amplitude de variação deste elemento foi de 213,44
mg.100g
-1
a 235,27 mg.100g
-1
nos frutos do tipo mole e tipo firme, respectivamente,
não havendo diferenças significativas (Tukey, 5%) entre eles (Tabela 4). O potássio
é um elemento largamente distribuído nos alimentos por ser um dos principais
46
constituintes essenciais das células vegetais. Esses valores encontrados nos tipos
de jenipapo são superiores aos analisados em abacaxi, acerola, carambola, graviola,
jaca, jambo, mamão, pitanga e umbu (Tabela 5).
O conteúdo de lcio presente nos tipo de jenipapo variou de 54,37 a 56,73
mg.100g
-1
, entretanto, não houve diferenças significativas (Tukey, 5%) entre os três
tipos. Quando comparado com os teores de cálcio encontrados por Figueiredo
(1984a), 45,82 mg.100g
-1
e outros autores (MOTTA; BRITO, 1945; SUDENE, 1971;
GUEDES e ORIÁ, 1978; FRANCO, 1982) citados por Figueiredo (1984a), os valores
encontrados para os três tipos de jenipapos estudados apresentam-se superiores,
entretanto, inferiores ao citado por Villachica (1996), 69,0 mg.100g
-1
.
47
Tabela 4 – Composição mineral da polpa de três tipos de Jenipapo coletados em Ilhéus, Bahia, 2005
Fósforo Potássio
Cálcio
Magnésio
Ferro Zinco Cobre Manganês
Tipos
de
Frutos
mg.100g
-1
de amostra in natura mg.100g
-1
de amostra in natura
1-Mole 18,00ab
213,44a
56,26a
32,67 c
0,37a
0,04a
0,06 b
0,05
a
2-Firme 17,12 b
235,27a
56,73a
38,55 b
0,35a
0,05a
0,06 b
0,05
a
3-Muito firme 19,26a
216,70a
54,37a
44,13
a
0,28 b
0,04a
0,08
a
0,03 b
Média Geral 18,13
221,89
55,83
38,45
0,32
0,05
0,06
0,04
DMS(5%) 1,97
22,01
6,63
5,10
0,08
0,02
0,02
0,01
CV (%) 14,31
12,92
12,87
17,42
25,88
15,50
24,21
32,61
Pr>F 0,0392
0,0419
0,6680
<0,0001
0,0066
0,1884
<0,0001
0,0003
*Médias seguidas da mesma letra na mesma coluna não diferem estatisticamente entre si pelo Teste de Tukey, a nível de 5% de probabilidade.
Tabela 5 – Teor de minerais das partes comestíveis de frutas tropicais
mg/100 g de amostra in natura das frutas
Parâmetro
Acerola
Abacaxi
Banana
Carambola
Graviola
Jaca
Jambo
Mamão
Pitanga
Tamarindo
Umbu
Fósforo 9
13
22
11
19
14
18
11
13
55
13
Potássio 165
131
358
133
250
234
135
126
113
723
152
Cálcio 13
22
8
5
40
11
14
22
18
37
12
Magnésio 13
18
26
7
23
40
14
22
12
59
11
Ferro 0,2
0,3
0,4
0,2
0,2
0,4
0,1
0,2
0,4
0,6
0,1
Zinco 0,1
0,1
0,1
0,2
0,1
0,1
0,1
0,1
0,4
0,7
0,4
Cobre 0,07
0,11
0,05
0,08
0,04
0,09
0,02
0,02
0,08
0,29
0,04
Manganês 0,07
1,62
0,2
0,13
0,08
0,48
0,05
0,01
0,36
0,34
0,03
Fonte: Tabela Brasileira de Composição dos Alimentos (TACO) – Versão 2 – UNICAMP, 2006
48
Os valores de magnésio aumentaram de acordo com a firmeza dos frutos, diferindo
estatisticamente (Tukey, 5%) entre si. Não foram encontrados dados sobre teor de
magnésio em jenipapo, em outros trabalhos, entretanto, quando se compara esses
valores com outros vegetais que concentram acima de 1.000 mg.100g
-1
(amêndoas,
favas entre outras), são considerados baixos, e verifica-se que é superior ou próximo
aos de algumas frutas tropicais (Tabela 5).
Entre os microelementos analisados nos três tipos de jenipapo, foram
observados altos teores de ferro quando comparados a outros frutos (Tabelas 4 e 5).
O tipo mole apresentou o maior teor, embora similar ao tipo firme. Os teores de ferro
apresentados são inferiores aos encontrados por Figueiredo (1984a) 0,80 mg.kg
-1
e,
consideravelmente divergente dos valores obtidos por Motta e Brito (1945) 2,60
mg.kg
-1
; SUDENE (1971) 3,40 mg.kg
-1
; Guedes e Oriá (1978) 0,52 mg.kg
-1
; Franco
(1982) 3,40 mg.kg
-1
, autores citados por Figueiredo (1984a).
Os frutos do tipo mole se destacaram como maior teor em ferro, zinco e
manganês. Verifica-se que quanto maior o teor desses minerais, menor foi a firmeza
de polpa dos frutos estudados.
Quanto à concentração de zinco em frutos de jenipapo, as análises
mostraram uma variação de 0,04 a 0,05 mg.kg
-1
, não havendo diferenças
significativas (Tukey, 5%) entre os tipos. Ao comparar o teor de zinco encontrado
nos três tipos de jenipapo com outros registrados em análises de diversos alimentos
de origem vegetal, o jenipapo não pode ser considerado uma boa fonte desse
elemento, pois em relação aos microelementos determinados nos jenipapos, o zinco
foi encontrado em menor quantidade. E assim, como o manganês e o cobre, passam
a ser referenciais por não terem sido relatados em outros estudos com jenipapo.
49
Quanto ao teor de cobre, o tipo muito firme (0,08 mg.100g
-1
) diferenciou-se
significativamente (Tukey, 5%) dos tipos mole (0,06 mg.100g
-1
) e firme (0,06
mg.100g
-1
). Verificando-se que os teores de cobre aumentaram com o aumento da
firmeza dos frutos (Tabela 4).
Os frutos de jenipapo dos tipos mole e firme apresentaram maiores
concentrações de manganês (0,05 mg.kg
-1
) diferindo significativamente ( Tukey, 5%)
do tipo muito firme. Da mesma forma que o cálcio e o ferro, apresentaram teores
decrescentes com relação ao aumento da firmeza da polpa.
Considerando as divergências encontradas em relação aos resultados obtidos
por outros autores para teores de minerais, essas podem ser justificadas, em parte,
pela observação de Duckwort (1968) citado por Figueiredo (1984a), segundo a qual
foram verificadas diferenças acentuadas em minerais em uma mesma variedade,
apesar da composição das plantas em relação aos referidos micronutrientes ser uma
característica puramente genética. Assim como as condições edafoclimáticas do
local onde se encontram as plantas, manejo cultural e eficiência da espécie em
absorver e translocar os nutrientes.
Os valores encontrados para os elementos K, Mg, Zn, Cu e Mn, em jenipapo
servirão de referência para futuros trabalhos, uma vez que não relatos na
literatura para estes elementos em frutos dessa espécie.
Quando comparado os teores de minerais encontrados para jenipapo (Tabela
4) com outras frutas nativas e que também ocorrem de forma subespontânea e
outras frutas domesticadas (Tabela 5), verifica-se que o jenipapo é uma fonte
expressiva de minerais.
50
5. Conclusões
Com base nos resultados obtidos conclui-se que, diferentes tipos de
jenipapo quanto à firmeza da polpa do fruto, sendo a firmeza uma característica
física de suma importância na conservabilidade da fruta. Tal característica pode
servir de referencial em futuros trabalhos de classificação de jenipapos.
As características físico-químicas e químicas dos três tipos de jenipapos
estudados apresentam-se nos padrões desejáveis para produção de produtos
agroindustrializados, ainda que não exista o Padrão de Identidade e Qualidade de
polpa de jenipapo, definido pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
– MAPA.
A composição química para os três tipos de jenipapos evidenciou que os
frutos estudados apresentam bom teor para açúcares e minerais, principalmente
potássio e ferro.
Novos estudos sobre a qualidade de jenipapos devem ser realizados para
melhor conhecimento das suas características agroindustriais, bem como
nutracêuticas.
51
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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58
APÊNDICE A
Apêndice A Firmeza da polpa de três tipos de jenipapos da Região Sul da
Bahia.
Tipo de Fruto Planta Firmeza (kgf)
1 1,76
2 1,72
3 1,52
4 1,67
1-Polpa Mole Média 1,67
1 4,51
2 4,52
3 3,99
4 4,57
2-Polpa Firme Média 4,40
1 7,60
2 7,61
3 7,89
4 7,73
3-Polpa Muito Firme Média 7,71
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