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HERNAN VIELMO
DEJETO LÍQUIDO DE SUÍNOS NA ADUBAÇÃO DE PASTAGEM DE
TIFTON 85.
CURITIBA
2008
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ii
HERNAN VIELMO
DEJETO LÍQUIDO DE SUÍNOS NA ADUBAÇÃO DE PASTAGEM DE
TIFTON 85.
Tese apresentada ao Programa de Pós-
graduação em Agronomia, área de concentração
em Produção Vegetal, Departamento de
Fitotecnia e Fitossanitarismo, Setor de Ciências
Agrárias, Universidade Federal do Paraná, como
parte das exigências para obtenção do título de
Doutor em Agronomia.
Orientador: Prof. Dr. Amadeu Bona Filho
CURITIBA
2008
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iii
A Deus.
A minha esposa Silvana,
As minha filhas Natasha e Manuella
Aos meus pais Hermes e Enadir
E, em especial ao meu sogro Edecir (in memorian).
Dedico
iv
AGRADECIMENTOS
À Universidade Federal do Paraná pela oportunidade;
À Universidade Tecnológica Federal do Paraná pelo apoio;
Ao programa de Pós-graduação em Agronomia – Produção Vegetal – Curitiba - PR;
Ao professor Dr. Amadeu Bona Filho pela orientação, apoio, confiança e amizade;
Aos professores co-orientadores: Dra. Tangriani Simioni Assmann, Dr. André Brugnara
Soares, pelo incentivo e contribuição para minha formação acadêmica e profissional;
Aos colegas professores: Alfredo de Gouvêa, Celso Ramos, Sérgio Miguel Mazaro, pela
amizade e convívio durante uma caminhada de mais de 10 anos;
Aos amigos e colegas da Universidade Tecnológica Federal do Paraná pelo incentivo, apoio
e amizade, em especial aos professores Neudi Artêmio Schoulten e Thomas Newton Martin.
Ao Laboratório de Solos da UTFPR – Campus Pato Branco, em especial as alunas do Curso
de Agronomia, Luciane e Joice, pelo auxílio na realização das análises de solo e DLS;
Ao Laboratório de Nutrição da UFPR, especialmente ao senhor Air Ferrarini, pela execução
das análises bromatológicas;
Aos alunos do curso técnico Agrícola da UTFPR Campus Dois Vizinhos pelo inestimável
auxílio durante a execução do trabalho de campo;
Aos professores, funcionários e colegas do Curso de Pós-Graduação, pelo convívio, troca
de experiências e amizade.
v
“Batei e abrir-se-vos-á, Pedi e vos será dado, Buscai e achareis”.
“Se pedires, Deus te dará. Se buscares, Deus te fará encontrar. Se bateres, Deus te abrirá
as portas. Pois tudo o que pedes, recebes de Deus. O que buscas, encontras em Deus e a
quem Bate, Deus abrirá todas as portas” (Santo Evangelho).
vi
BIOGRAFIA DO AUTOR
HERNAN VIELMO, filho de Hermes Antonio Vielmo e Enadir Obregon Vielmo,
nasceu em Santiago RS, em 20 de outubro de 1965. É casado com Silvana Amaral
Kolinski Vielmo, com quem tem duas filhas: Natasha e Manuella.
Cursou Agronomia e Zootecnia na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) de
1983 a 1992, posteriormente dedicou-se ao mestrado em Zootecnia Produção Animal, na
mesma Instituição, nos anos de 1995 a 1997.
Atua na docência desde 1994, inicialmente como professor substituto na UFSM e
posteriormente na Escola Agrotécnica Federal de São Vicente do Sul/RS (EAFSVS). A partir
de 1998, passou a atuar como professor efetivo da Escola Agrotécnica Federal de Rio do
Sul UNED, Dois Vizinhos (EAFRS), até 2004. Posteriormente, em 2005, ingressou no
Centro Federal de Educação Tecnológica do Paraná (CEFET-PR), hoje Universidade
Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), atuando inicialmente no Campus Dois Vizinhos e
atualmente no Campus Francisco Beltrão, onde ministra a disciplina de Desenho Técnico e
responde pelo Departamento de Relações Empresariais e Comunitárias. Em fevereiro de
2005 iniciou o Curso de Doutorado em Agronomia, área de concentração em Produção
Vegetal, no Departamento de Fitotecnia e Fitossanitarismo da Universidade Federal do
Paraná.
vii
SUMÁRIO Página
LISTA DE TABELAS............................................................................................. viii
LISTA DE FIGURAS ...............................................................................................ix
LISTA DE ANEXOS ...............................................................................................xi
LISTA DE ABREVIATURAS .................................................................................. xii
RESUMO............................................................................................................... xiii
ABSTRACT........................................................................................................... xiv
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................1
2 CAPÍTULO I - REVISÃO DE LITERATURA..........................................................3
2.1 A atividade suinícola...........................................................................................3
2.2 Produção e características dos dejetos suínos ...................................................5
2.3 Dejeto líquido de suínos na adubação de pastagens..........................................7
2.4 Dejeto líquido de suínos na adubação de Tifton 85...........................................10
2.5 Caracteristicas da Tifton 85 ..............................................................................13
2.6 Dejeto líquido de suínos como fonte de nitrogênio............................................15
2.7 Vias de perdas do N aplicado no sistema solo-planta.......................................18
2.8 Recuperação do nitrogênio aplicado.................................................................21
3 MATERIAL E MÉTODOS ....................................................................................25
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ..........................................................................32
4.1 Taxa de acúmulo de matéria seca (TMS)..........................................................32
4.1.1 TMS no primeiro corte....................................................................................33
4.1.2 TMS no segundo corte...................................................................................35
viii
4.1.3 TMS no terceiro corte.....................................................................................36
4.1.4 TMS no quarto corte ......................................................................................38
4.1.5 Estimativa da produção de matéria seca por corte (EMS) e total (ETMS)......38
4.2 Proteína Bruta (PB) e Fibra em Detergente Neutro (FDN)................................41
4.2.1 PB e FDN no primeiro corte...........................................................................42
4.2.2 PB e FDN no segundo corte ..........................................................................44
4.2.3 PB e FDN no terceiro corte............................................................................45
4.2.4 PB e FDN no quarto corte..............................................................................46
4.3 Eficiência de Utilização do Nitrogênio (EUN) e Recuperação Aparente do Nitro-
gênio (RAN)............................................................................................................47
4.4 Comportamento do nitrogênio mineral no solo (N-min).....................................48
4.4.1 Comportamento do N-min em relação à aplicação de doses de DLS.............48
4.4.2 Ocorrência de perdas de N............................................................................50
4.4.3 Comportamento do N-min no solo em relação aos cortes realizados na pasta-
gem de Tifton 85.....................................................................................................54
4.5 Disponibilidade de N para a Tifton 85 ...............................................................56
4.6 Dose de dejeto líquido de suínos a ser aplicada...............................................58
5 CONCLUSÕES....................................................................................................63
6 REFERÊNCIAS ...................................................................................................64
7 ANEXOS..............................................................................................................73
ix
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 Características químicas médias do solo antes da instalação do
experimento, nas profundidades avaliadas, UTFPR, Dois Vizinhos, PR,
2005/2006.................................................................................................
25
TABELA 2 Matéria Seca (MS, %), nitrogênio total (N-total, kg m
-3
), nitrogênio mineral
(N-min, kg m
-3
) e nitrogênio orgânico (N-org, kg m
-3
), fósforo total (P
2
O
5
-
Total, kg m
-3
) e potássio total (K
2
O-Total, kg m
-3
) do DLS utilizado nas
aplicações em Tifton 85, UTFPR, Dois Vizinhos, PR, 2005/2006................
28
TABELA 3 Matéria Seca (MS, kg ha
-1
), nitrogênio total (N-total, kg ha
-1
), nitrogênio
mineral (N-min, kg ha
-1
) e nitrogênio orgânico (N-org, kg ha
-1
), fósforo total
(P
2
O
5
-Total, kg ha
-1
) e potássio total (K
2
O-Total, kg ha
-1
) das doses de
DLS (0, 40, 80 e 160, m
3
ha
-1
) utilizado nas aplicações (1 e 2), em
pastagem de Tifton 85, UTFPR, Dois Vizinhos, PR, 2005/2006..................
28
TABELA 4 Número de dias para a realização dos cortes (C1, C2, C3 e C4), em Tifton
85, adubado com diferentes doses de DLS (0, 40, 80 e 160 m
3
ha
-1
), em
duas aplicações, UTFPR, Dois Vizinhos, PR, 2005/2006. ...........................
32
TABELA 5 Rendimento de MS (kg ha
-1
) por corte (C1, C2, C3 e C4), realizado em
Tifton 85, adubado com diferentes doses de DLS (0, 40, 80 e 160 m
3
ha
-1
),
em duas aplicações, UTFPR, Dois Vizinhos, PR, 2005/2006.......................
33
TABELA 6 Taxa de acúmulo de matéria seca (TMS, kg ha
-1
dia
-1
) por corte (C1, C2,
C3 e C4), em Tifton 85, adubado com diferentes doses de DLS (0, 40, 80
e 160 m
3
ha
-1
), em duas aplicações, UTFPR, em Dois Vizinhos, PR,
2005/2006.....................................................................................................
33
TABELA 7 – Estimativa da produção de matéria seca por corte (EMS, kg ha
-1
) e
estimativa da produção de matéria seca do período experimental (EMST,
kg ha
-1
), em Tifton 85, adubado com diferentes doses de DLS (0, 40, 80
e 160 m
3
ha
-1
), em duas aplicações, UTFPR, Dois Vizinhos, PR,
2005/2006....................................................................................................
39
TABELA 8 – Percentual de proteína bruta (PB, %), por corte (C1, C2, C3 e C4),
realizado em Tifton 85, adubado com diferentes doses de DLS (0, 40, 80
e 160 m
3
ha
-1
), em duas aplicações, UTFPR, Dois Vizinhos, PR,
2005/2006....................................................................................................
41
TABELA 9 Percentual de fibra em detergente neutro (FDN, %), por corte (C1, C2, C3
e C4), realizado em Tifton 85, adubado com diferentes doses de DLS (0,
40, 80 e 160 m
3
ha
-1
), em duas aplicações, UTFPR, Dois Vizinhos, PR,
2005/2006.....................................................................................................
41
TABELA 10 Eficiência de Utilização do Nitrogênio (EUN, kg MS kg
-1
N) e
Recuperação Aparente do Nitrogênio (RAN, %), em Tifton 85,
adubado com diferentes doses de DLS (0, 40, 80 e 160 m
3
ha
-1
),
UTFPR, Dois Vizinhos, PR, 2005/2006..................................................
47
TABELA 11 – Custo (R$)* de distribuição dos dejetos em diferentes sistemas.................
60
x
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 Balanço hídrico (Rolin et al., 1998), normal decendial, do período
experimental (18 de outubro 2005 a 21 de março 2006), UTFPR, Dois
Vizinhos, PR, 2005/2006............................................................................
26
FIGURA 2 Taxa de acúmulo de matéria seca (TMS, kg ha
-1
dia
-1
), no primeiro corte,
da Tifton 85 adubada com diferentes doses de dejeto líquido de suínos
(DLS, m
3
ha
-1
), UTFPR, Dois Vizinhos, PR, 2005/2006................................
34
FIGURA 3 – Taxa de acúmulo de matéria seca (TMS, kg ha
-1
dia
-1
), no terceiro corte, do
Tifton 85 adubado com diferentes doses de dejeto líquido de suínos (DLS,
m
3
ha
-1
), UTFPR, Dois Vizinhos, PR, 2005/2006...........................................
37
FIGURA 4 Estimativa da produção de matéria seca (EMS, kg ha
-1
), nos cortes um e
três, em pastagem de Tifton 85, adubado com diferentes doses de DLS (0,
40, 80 e 160 m
3
ha
-1
), em duas aplicações, UTFPR, Dois Vizinhos, PR,
2005/2006......................................................................................................
39
FIGURA 5 Estimativa de produção de matéria seca no período experimental (EMST,
kg ha
-1
), em pastagem de Tifton 85, adubado com diferentes doses de
DLS (0, 40, 80 e 160 m
3
ha
-1
), em duas aplicações e quatro cortes,
UTFPR, Dois Vizinhos, PR, 2005/2006.........................................................
40
FIGURA 6 Percentual de proteína bruta (PB, %) e de fibra em detergente neutro
(FDN, %), na MS, no primeiro corte, do Tifton 85 adubado com diferentes
doses de dejeto líquido de suínos (DLS, m
3
ha
-1
), UTFPR, Dois Vizinhos,
PR, 2005/2006..............................................................................................
42
FIGURA 7 Percentual de proteína bruta (PB, %) e de nitrogênio (N, %), na MS, no
segundo corte, do Tifton 85 adubado com diferentes doses de dejeto
líquido de suínos (DLS, m
3
ha
-1
), UTFPR, Dois Vizinhos, PR, 2005/2006....
44
FIGURA 8 Percentual de proteína bruta (PB, %) e de fibra em detergente neutro
(FDN, %), na MS, no terceiro corte, do Tifton 85 adubado com diferentes
doses de dejeto líquido de suínos (DLS, m
3
ha
-1
), UTFPR, Dois Vizinhos,
PR, 2005/2006..............................................................................................
45
FIGURA 9 Percentual de proteína bruta (PB, %) e de fibra em detergente neutro
(FDN, %), na MS, no quarto corte, do Tifton 85 adubado com diferentes
doses de dejeto líquido de suínos (DLS, m
3
ha
-1
), UTFPR, Dois Vizinhos,
PR, 2005/2006.............................................................................................
46
FIGURA 10 Concentração de nitrogênio mineral no solo (N-min, mg dm
-3
), nas doses
de DLS aplicadas em Tifton 85 (0, 40, 80 e 160 m
3
ha
-1
), UTFPR, Dois
Vizinhos, PR, 2005/2006.............................................................................
49
xi
FIGURA 11 Teste de comparação de médias (Tukey) na Concentração de nitrogênio
mineral no solo (N-min, mg dm
-3
), nas profundidades de 0-5, 5-10 e 10-
20 cm, nas doses de DLS aplicadas em Tifton 85 (0, 40, 80 e 160
m
3
.ha
1
), UTFPR, Dois Vizinhos, PR, 2005/2006.........................................
51
FIGURA 12 Teste de comparação de médias (Tukey), na concentração de nitrogênio
mineral no solo (N-min, mg dm
-3
), entre os cortes (1, 2, 3 e 4), realizados
em Tifton 85, adubado com diferentes doses de DLS, UTFPR, Dois
Vizinhos, PR, 2005/2006.............................................................................
54
FIGURA 13 Teor de N na parte aérea das plantas de Tifton 85, em %, em função da
estimativa da quantidade de matéria seca total acumulada (EMST, Mg
ha
-1
), nos cortes realizados em Tifton 85 (C1, C2, C3 e C4), adubado
com diferentes doses de DLS (0, 40, 80 e 160 m
3
ha
-1
), em duas
aplicações, UTFPR, Dois Vizinhos, PR, 2005/2006....................................
57
xii
LISTA DE ANEXOS
ANEXO 1 - Quadrado médio das fontes de variância para as variáveis dependentes:
taxa de acúmulo de matéria seca (TMS), estimativa da produção de
matéria seca durante o período experimental (EMST), proteína bruta (PB),
nitrogênio (N) e fibra em detergente neutro (FDN), do Tifton 85 adubado
com diferentes doses de dejeto líquido de suínos (DLS), UTFPR, Dois
Vizinhos, PR, 2005/2006.................................................................................
73
ANEXO 2 Quadrado médio das fontes de variância para a variável dependente
nitrogênio mineral no solo (N-min), em Tifton 85 adubado com diferentes
doses de dejeto líquido de suínos (DLS), UTFPR, Dois Vizinhos, PR,
2005/2006.........................................................................................................
73
ANEXO 3 – Equações de regressão, coeficiente de determinação (r
2
) e probabilidade (P)
das variáveis: taxa de acúmulo de matéria seca (TMS), estimativa da
produção de matéria seca total durante o período experimental (EMST),
proteína bruta (PB), fibra em detergente neutro (FDN), nitrogênio (N) e
concentração de nitrogênio mineral no solo, na profundidade de 0 a 20 cm,
nos quatro cortes (C1, C2, C3 e C4), do Tifton 85 adubado com diferentes
doses de dejeto líquido de suínos (DLS; 0, 40, 80 e 160 m
3
ha
-1
), em duas
aplicações, UTFPR, Dois Vizinhos, PR, 2005/2006..........................................
74
ANEXO 4 - Detalhes da aplicação do DLS..........................................................................
75
ANEXO 5 - Detalhes do corte da pastagem.........................................................................
76
ANEXO 6 - Detalhes da coleta de solos...............................................................................
77
ANEXO 7 Data da realização dos cortes (C1, C2, C3 e C4), em Tifton 85, adubado
com diferentes doses de DLS (0, 40, 80 e 160 m
3
ha
-1
), em duas
aplicações, UTFPR, Dois Vizinhos, PR, 2005/2006.......................................
79
ANEXO 8 – Tabela para conversão de dejetos de suínos...................................................
79
xiii
LISTA DE ABREVIATURAS
A – Aplicação de DLS
C – Corte da pastagem
DLS – Dejeto líquido de suínos
EUN – Eficiência de utilização do nitrogênio
FDN – Fibra em detergente neutro
MET – Máxima eficiência técnica
MS – Matéria seca
EMS – Estimativa da produção de matéria seca por corte
EMST – Estimativa da produção de matéria seca durante o período experimental
N – Nitrogênio
Nc – Nitrogênio crítico
N-min – Nitrogênio mineral
PB – Proteína bruta
RAN – Recuperação aparente do nitrogênio
TAD – Taxa de acúmulo diário
TMS – Taxa de acúmulo de matéria seca
T – Tratamento
xiv
RESUMO
A suinocultura no Brasil é uma atividade predominante de pequenas propriedades rurais e
muito importante do ponto de vista social, econômico, especialmente, como instrumento de
fixação do homem no campo. Entretanto, a criação de suínos é considerada pelos órgãos
ambientais como de grande potencial poluidor, em função do tipo (líquido) e da composição
(nutrientes) do dejeto produzido. Por outro lado, os dejetos podem se utilizados como
fertilizante, melhorando as condições do solo e fornecendo nutrientes essenciais às plantas.
Sendo assim, foi desenvolvido na UTFPR - Universidade Tecnológica Federal do Paraná
Campus Dois Vizinhos PR, nos anos de 2005 e 2006, um trabalho com o objetivo de
avaliar o uso do dejeto líquido de suínos (DLS) na adubação de pastagem, determinando a
dose de DLS que promove a máxima eficiência técnica (MET) na taxa de acúmulo de
matéria seca (TMS), estimativa da produção de matéria seca total (EMST), percentual de
proteína bruta (PB), percentual de fibra em detergente neutro (FDN), eficiência de utilização
do nitrogênio (EUN) e na recuperação aparente do nitrogênio (RAN) da pastagem de Tifton
85 (Cynodon sp), bem como, verificar o comportamento do nitrogênio mineral no solo (N-
min). O delineamento experimental foi em blocos ao acaso, com quatro repetições, em
parcelas subdivididas no tempo. Para as variáveis da planta, utilizou-se um esquema fatorial
4x4. Nas parcelas principais foram casualizadas quatro doses de DLS (0, 80, 160 e 320 m
3
ha
-1
), divididas em duas aplicações (0, 40, 80 e 160 m
3
ha
-1
), uma no início do experimento e
a outra 80 dias após. Nas subparcelas foram considerados os quatro cortes consecutivos
realizados na pastagem (C1, C2, C3 e C4). Para a variável de solo, utilizou-se um esquema
fatorial 4x4x3. Nas parcelas principais foram casualizadas as quatro doses de DLS. Nas
subparcelas foram considerados os quatro cortes consecutivos realizados na pastagem e
nas sub-subparcelas três profundidades de solo (0-5; 5-10 e 10-20 cm). As variáveis foram
submetidas à análise de variância e a relação da variável independente (dose de DLS) com
as dependentes foi estabelecida pela análise de regressão. O nível de significância adotado
foi de 5%. Os resultados demonstraram que o incremento das doses de DLS promoveu
aumentos na produção de matéria seca (TMS e EMST) e uma melhora no valor nutritivo da
pastagem (aumento da PB e redução da FDN) até a dose de 235 m
3
ha
-1
de DLS (423 kg
ha.
-1
de N). A EUN e RAN sofreram decréscimo com o aumento da dose de DLS e observou-
se que o DSL promoveu acréscimos nas concentrações de N-min no solo, no entanto, foram
observados decréscimos com a profundidade.
Palavras-chave: Cynodon sp, produção de matéria seca, eficiência de utilização do
nitrogênio, recuperação aparente do nitrogênio, N mineral, adubação orgânica.
xv
ABSTRACT
The hog raising in Brazil is a predominant activity of small farms and it is very important in
the social, economic view, especially as a tool for settling the man in the field. Meanwhile,
pigs raising is considered by the environmental departments as an "activity of great polluting
potential”, due to its type (liquid) and composition (nutrients) of the produced excrement. On
the other hand, the excrements can be used as fertilizers, improving the soil conditions and
providing essential nutrients to plants. So, it was developed at the UTFPR Universidade
Tecnológica Federal do Paraná - Campus Dois Vizinhos- PR, in the years 2005 and 2006, a
job to evaluate the use of liquid pig excrement (DLS) in fertilization of pasture, determining
the dose of DLS, which promotes the most efficient technique (MET) in the rate of
accumulation of dry matter (TMS), estimate the total dry matter production (EMST), the
percentage of crude protein (PB), the percentage of neutral detergent fiber (FDN), of nitrogen
use efficiency (EUN) and in the apparent recovery of nitrogen (RAN) of Tifton 85 pasture
(Cynodon sp), and verify the performance of the mineral nitrogen in the soil (N-min). The
experimental delineation was in blocks at random with four repetitions, in plots subdivided in
time. For the plant variables it was used a bifactorial arrangement 4x4. In the main plots
were randomized four doses of DLS (0, 80, 160 and 320 m
3
ha
-1
), divided into two
applications (0, 40, 80 and 160 m
3
ha
-1
), the first in the beginning of the experiment and the
other 80 days after. In the subplots were considered the four consecutive cuts of pasture
(C1, C2, C3 and C4). To the soil variable it was used a factorial arrangement 4x4x3. In the
main plots were randomized the four doses of DLS. In the subplots were considered the four
consecutive cuts made in the pasture and in the subplots three depths of soil (0-5; 5-10 and
10-20 cm). The variables were submitted to variance analysis and the relation of the
independent variable (DLS dose) with the dependent ones was established by the regression
analysis. The significance level adopted was of 5%. The results showed that the increased
doses of DLS promoted increases in the production of dry matter (TMS and EMST) and an
improvement in the nutritional value of the pasture (increased of PB and reduction of FDN) to
the dose of 235 m
3
ha
-1
of DLS (423 kg ha
-1
of N). The EUN and RAN suffered decrease with
the increasing dose of DLS and it was observed that the DSL promoted increases in the
concentrations of N-min in the soil, however, decreases were observed with the depth.
Keywords: Cynodon sp, dry matter production, efficiency of nitrogen use, the apparent
recovery of nitrogen, N mineral, organic fertilizer.
1- INTRODUÇÃO
Uma das grandes questões da atualidade envolvendo a problemática ambiental, diz
respeito à preservação da água, como condição essencial para a vida vegetal, animal ou
humana, em quantidade e qualidade, pois os recursos hídricos podem sofrer contaminações
de diversos poluentes, entre eles os resíduos das atividades industriais, agrícolas e
domésticas.
A suinocultura, por suas características, se enquadra como uma atividade geradora
de poluição. Sua importância no contexto nacional reside no grande contingente de
produtores envolvidos e de empregos gerados, e pela produção de grande quantidade de
proteína, em reduzido espaço físico e curto período de tempo, quando comparada a outras
espécies de animais domésticos.
No entanto, os resíduos provenientes desta atividade possuem um elevado potencial
de contaminação das águas, especialmente em criações que utilizam a água como meio de
tratamento destes dejetos, notadamente as esterqueiras.
Neste sentido, um componente importante para os sistemas de produção é o
aproveitamento dos resíduos gerados por essa atividade como insumo agrícola, dando um
destino adequado a estes resíduos e procurando um sinergismo entre os diversos elos da
cadeia produtiva, maximizando a produtividade, reduzindo os custos, gerando maior renda
ao produtor e minimizando os danos ao meio ambiente.
O dejeto líquido de suínos (DLS) é uma excelente fonte de nutrientes, principalmente
nitrogênio, fósforo e potássio e, quando manejado corretamente, pode substituir parcial ou
totalmente o fertilizante químico, melhorando as características químicas, físicas e
microbiológicas do solo, sendo considerado um insumo de baixo custo e de alto retorno
econômico para a agropecuária.
Sua utilização como fertilizante, normalmente é realizada em culturas anuais, mas a
sua aplicação em pastagens perenes surge como uma alternativa de maximização do seu
uso. Os híbridos do gênero Cynodon, em especial o Tifton 85, por suas características
forrageiras, são uma importante alternativa para o uso na alimentação de ruminantes e, a
adubação com DLS, torna-se uma alternativa para este tipo de pastagem. A mesma é
exigente em fertilidade, principalmente em sistemas de produção intensivos, necessitando
de uma correspondente reposição de nutrientes para a manutenção de níveis elevados de
produção; principalmente os mais solúveis como o N e o K, justamente os que têm maior
impacto sobre a produção.
2
Dentre os nutrientes presentes nos dejetos, o nitrogênio é apontado como o de maior
potencial poluente. Isso porque está presente em grande quantidade nos dejetos e sua
forma mineral é muito móvel no solo. Neste sentido, seu monitoramento é de fundamental
importância para a constatação de possíveis contaminações do solo e da água a partir do
uso de DLS na fertilização de pastagens.
Com base no exposto, o presente trabalho justifica-se em função de que o Brasil,
caracteriza-se por apresentar a atividade agropecuária como base de sua economia, sendo
que a integração da atividade agrícola com a criação de animais domésticos vem a
contribuir para a auto-sustentabilidade das propriedades.
Tem como hipótese que o uso dejeto líquido de suínos aumenta a produtividade de
matéria seca e melhora a composição nutricional da Tifton 85, sem promover alterações na
concentração do nitrogênio mineral no solo, podendo ser utilizado como fonte de nutrientes
para esta pastagem.
Seu objetivo geral é verificar o desempenho da pastagem de Tifton 85 ao ser
submetida a diferentes doses de dejeto líquido de suínos e a possibilidade das mesmas
promoverem alterações nas concentrações do nitrogênio mineral no solo.
Como objetivos específicos:
Determinar a dose de dejeto líquido de suínos que promove a máxima eficiência
técnica (MET) na taxa de acúmulo de matéria seca (TMS) na pastagem de Tifton 85 e seu
possível efeito sobre o valor nutritivo da forragem.
Verificar a eficiência de utilização do nitrogênio (EUN) e de recuperação aparente do
nitrogênio (RAN) fornecido via dejeto líquido de suínos.
Verificar o comportamento do N mineral no solo, por meio da determinação da
concentração de nitrogênio mineral de forma estratificada.
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 A atividade suinícola
A suinocultura no Brasil e especialmente na região sul, tradicionalmente é
desenvolvida em pequenas áreas, principalmente em sistema de produção intensivo,
juntamente com a bovinocultura de leite e uma pequena produção de grãos.
O marco inicial na produção de suínos foi entre a década de 70 e 80, quando iniciou
o processo de integração e aumento do plantel no sul do país. No Oeste de Santa Catarina,
em 1980 existiam cerca de 67.000 suinocultores, sendo 3.860 integrados, tendo aumentado
para 26.176 integrados em 1986. Em 2002 a quantidade de suinocultores diminuiu para
cerca de 15 mil, sendo que 11.100 são produtores integrados. A quantidade de produtores
integrados foi dividida pela metade e o número total de produtores foi diminuído em 340%, o
que resultou na saída de 52.000 produtores do setor (Testa et al., 1996).
Fato semelhante ocorreu na suinocultura gaúcha, onde a Associação de Criadores
de Suínos (ACSURS) constatou um aumento no rebanho suíno, porém uma diminuição no
número de suinocultores de 28.000 em 2004 para 25.000 em 2005, revelando uma maior
concentração da produção por unidade de área (ACSURS, 2007).
Na década de 90 houve um fortalecimento no processo de integração, e um aumento
cada vez maior nos volumes produzidos em parcerias. Junto com isso, grandes indústrias
surgiram no mercado, detendo 90% da carne de suínos produzida em seu domínio. Neste
período as propriedades rurais detinham todo o ciclo de produção (sistema de criação, recria
e engorda), sendo que era mantido um processo de integração com as empresas de abate.
A suinocultura nesta década passou por crises bastante severas, onde grande parte das
pequenas propriedades rurais teve que optar por gerenciar parte do sistema de produção,
surgindo assim, as parcerias de criação e parcerias de terminação de suínos. A
verticalização do processo de produção de suínos é muito semelhante ao de produção de
aves, onde o produtor rural recebe os animais, ração e medicamentos para fazer a engorda
ou a produção dos leitões (Berwanger, 2006).
Atualmente, a carne suína é a mais produzida no mundo e o Brasil foi responsáve,l
em 2006, por 3,0% da produção mundial, representando 3,23 milhões de toneladas. O Brasil
é o quarto maior produtor mundial, logo abaixo da China, União Européia e Estados Unidos.
4
A exportação de carne suína pelo Brasil atingiu 528 mil toneladas em 2006, representando
U$ 1,037 milhão. Um dos motivos para tal é que a suinocultura brasileira é uma das mais
desenvolvidas do mundo apresentando alto potencial genético. No Brasil são em média 24
suínos terminados por matriz anualmente, que alcançam média de 100 kg no período de
160 dias.
A Suinocultura Paranaense ocupa posição de destaque no país, com uma
capacidade instalada de abate de 15.000 cabeças/dia e mais de 230 mil matrizes industriais
alojadas. O estado é hoje o terceiro maior produtor, atrás de Santa Catarina e Rio Grande
do Sul. Segundo dados da Pesquisa Pecuária Municipal (IBGE, 2007), o Paraná fechou
2006 com um rebanho suíno de 4,5 milhões de cabeças, ou 13% do volume nacional. Dos
399 municípios do estado do Paraná, 37 cidades concentram mais de 50% da produção. As
regiões oeste e sudoeste detém 25% da produção. A cidade de Toledo, localizada na região
oeste, é a maior produtora, com mais de 8% da produção do Estado, com um rebanho
estimado em mais de 400 mil animais.
É importante observar que o Brasil tem enorme potencial para aumentar sua
participação na produção mundial de carne suína porque apenas 18% da produção
brasileira é exportada. A contribuição da suinocultura à economia brasileira pode ter reflexo
em todo o país porque é praticada com maior ou menor intensidade em todos os estados,
embora 40% esteja concentrada na região Sul. Nesta região existem cerca de 20,5 milhões
de cabeças, sendo 27,4% no Paraná, 29,6% no Rio Grande do Sul e 43% em Santa
Catarina (ABIPECS, 2007).
Este potencial de crescimento foi previsto através de documento emitido pela
Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO, 1995). O estudo
mostra que em 1978, 60% da produção de suínos estava nos países desenvolvidos e que
somente 40% encontrava-se nos países em desenvolvimento. Este percentual, porém, tem
se modificado drasticamente nos últimos anos, pois o crescimento da produção de suínos
tem se concentrado, em maior proporção, nos países em desenvolvimento. Pelas
conclusões do relatório, no ano 2010, ter-se-á exatamente a situação inversa do que em
1978: 60% da produção de suínos no mundo estará nos países em desenvolvimento.
A expansão prevista da atividade suinícola na América do Sul, em especial no Brasil,
baseia-se em algumas características específicas, consideradas como vantagens, entre elas
podemos destacar: as dimensões territoriais (46% das terras do continente); o grande
potencial de crescimento de sua produção agrícola, pois aproveita atualmente 28,7 % do
seu território; a auto-suficiência e baixo custo na produção de grãos; os menores custos de
instalações, de mão-de-obra e das terras; o clima favorável; o baixo custo para produção de
5
suínos (US$ 0,62 por quilo de suíno vivo) e por conseqüência com preços competitivos em
relação às varias regiões do mundo, as possibilidades de aumento no consumo interno;
estar erradicando e/ou livre das principais doenças do suíno (Febre Aftosa, Peste Suína
Clássica e Síndrome Respiratória e Reprodutiva do Suíno), bem como a sua grande
disponibilidade de água doce (Roppa, 2007).
Importante destacar que, juntamente com esta expectativa de crescimento da
atividade, alguns fatores negativos devem ser considerados, sendo um deles o incremento
na produção de dejetos. Uma característica intrínseca da atividade suinícola é a
concentração de um grande número de unidades produtivas em uma pequena área, bem
como a intensificação destas unidades. Sabe-se que estas duas características apresentam
um passivo ambiental muito grande, o que dificulta o manejo dos dejetos, de formas
ambientalmente e economicamente viáveis (Miner, 1999; Palhares et al. 2002). Assim, o
grande desafio a ser vencido é atender a crescente conscientização do mercado consumidor
e as exigências dos mercados importadores em adquirir somente produtos gerados de
forma ambientalmente correta.
2.2 Produção e características dos dejetos suínos
O esterco líquido de suínos, também chamado de dejeto líquido, liquame ou
chorume, oriundo dos sistemas de confinamento, é composto por fezes, urina, resíduos de
ração, do excesso da água dos bebedouros e higienização, dentre outros componentes
decorrentes do processo criatório (Konzen et al., 1997).
O sistema de produção utilizado em cada granja é o que define o grau de diluição
dos dejetos e suas características físico-químicas (Castamann, 2005). Porém, as diferenças
encontradas na composição físico-química do esterco provêm das variações dos seguintes
itens: idade dos animais, manejo, alimentação e tipo de estocagem, sendo que a quantidade
total de esterco produzido por um suíno em determinada fase do seu desenvolvimento é
fundamental no planejamento das instalações de coleta e estocagem (Scherer et al., 1995).
Para um suíno que consome, em média, 2,4 kg de ração e 5 litros de água por dia,
foi constatado que apenas 30% dos alimentos (ração e água) ingeridos são convertidos pelo
organismo em forma de crescimento e ganho de peso, sendo os 70% restantes eliminados
pelas fezes e urina (Konzen et al., 1997).
Nesse sentido pode-se inferir que a quantidade total de dejetos produzida por um
animal depende essencialmente da sua alimentação, da água desperdiçada nos
6
bebedouros, volume de água utilizado na higienização das instalações e dos animais,
desempenho dos animais, ganho de peso e da eficiência de transformação dos nutrientes
(Penz Junior, 2000).
De modo geral, criações de suínos de ciclo completo geram de 140 a 170 litros de
dejeto por dia por fêmea no plantel; para o núcleo de produção de leitões o volume de
dejetos por matriz no plantel é de 35 a 40 litros por dia e, na terminação (leitões de 25 a 110
kg), a produção diária varia de 12 a 15 litros por suíno, para os sistemas de manejo líquido.
Esses valores devem ser acrescidos de 20%, como medida de segurança, para o cálculo da
capacidade de armazenamento. A maior parte dos criatórios suinícolas produzem dejetos
líquidos com sólidos que variam de 1,7% a 3,0%, podendo chegar a 5% (Konzen, 2003).
Estudos realizados com 118 amostras de dejetos coletados em oito dos principais
municípios produtores de suínos de Santa Catarina (Scherer et al., 1995), constataram que
o maior problema foi o desperdício de água na criação e outros problemas de construção
civil, onde a água do telhado entrava diretamente nas canaletas de coleta dos dejetos. Para
diluir ainda mais os dejetos, 76% das esterqueiras amostradas não continham telhado,
resultando que 50% das amostras analisadas continham menos de 2% de matéria seca,
sendo que a média final de matéria seca foi de 3%.
Os fatores citados acima aumentam o volume final dos dejetos, encarecendo o custo
de estocagem e transporte, reduzindo, ao mesmo tempo, o valor como fertilizante orgânico,
devido à alta diluição (Dartora et al., 1998).
Mesmo com este inconveniente, Perdomo (1999) considera que o dejeto líquido de
suíno pode constituir-se em excelente fertilizante para pastagem, pois melhora as condições
físicas, químicas e biológicas do solo, além de fornecer nutrientes essenciais às plantas.
Por outro lado, o uso do dejeto como adubo no solo, apesar de parecer a maneira
mais fácil de resolver o problema, pode propiciar a poluição do ambiente, porque as plantas
nem sempre conseguem retirar todos os nutrientes que são colocados junto com os dejetos
(Seganfredo, 2000).
No intuito de subsidiar os produtores na utilização mais adequada do DLS em
lavouras de milho, a Embrapa Suínos e Aves lançou uma tabela com a composição
aproximada em nutrientes (kg m
-3
de N, P
2
O
5
e K
2
O) baseado na densidade do dejeto. Pela
tabela constata-se a existência de uma grande variabilidade na composição em nutrientes
do DLS em função da diluição (Miranda et al., 1999).
Mesmo assim, os efeitos proporcionados pela matéria orgânica, justificam a
aplicação de dejetos de suínos no solo. Tais efeitos podem ser divididos em efeitos físicos,
caracterizados pelas modificações na estrutura do solo, pelo aumento da capacidade de
7
retenção de água, pela redução da plasticidade e coesão e pela uniformização da
temperatura. Os efeitos químicos caracterizam-se pelo aumento da capacidade de troca
catiônica, pela formação de quelatos e pelo aumento do poder tampão. A intensificação das
atividades microbianas e enzimáticas dos solos é o principal benefício do efeito biológico
(Kiehl, 1985). O autor cita ainda que, a utilização de fertilizantes organominerais em
pastagens é recomendada, pois possuem mais de 50% de material orgânico e as fontes
para seu preparo encontram-se, na maioria das vezes, próximas à propriedade. Além disso,
o aumento da quantidade de dejetos de suínos adicionado ao solo, promove a elevação dos
teores de N, K, P, S, Ca e Mg, evidenciando o potencial do resíduo de suínos como
fertilizante (Azevêdo, 1991).
Além disso, a quantidade de biomassa microbiana reflete o estado de fertilidade do
solo. A matéria orgânica do solo contém N, S e P na própria estrutura das moléculas e
mantém diversos nutrientes minerais adsorvidos superficialmente, por apresentar cargas
negativas livres e, portanto possuem elevada capacidade de troca catiônica (Primavesi et
al., 2006b). Da mesma forma, as propriedades biológicas do solo são alteradas com a
aplicação de compostos orgânicos, pois servem como fonte de alimento para os
microrganismos heterotróficos do solo (Cardoso, 1992) e melhoram a condutividade
hidráulica, a capacidade de retenção de água, aumentam de porosidade e reduzem a
densidade do solo (Felton, 1992).
2.3 Dejetos Líquido de Suínos na adubação de pastagens.
No Brasil, a aplicação de dejeto de suíno para recuperação de pastagens merece
atenção, pois existem cerca de 100 milhões de hectares de pastagens no Brasil que
necessitam de recuperação (Aguiar e Drumond, 2002).
A aplicação de dejetos normalmente é realizada em culturas anuais, mas em
determinadas épocas do ano essas áreas estão sendo ocupadas e muitos agricultores
optam em aplicar os dejetos em pastagens naturais ou cultivadas, sendo que as alternativas
de utilização dos dejetos de suínos mais conhecidas e praticadas no Centro-Oeste
Brasileiro, são as integrações de suínos com produção de grãos e pastagens para bovinos
de corte e de leite (Konzen, 2003).
Com o intuito de avaliar a eficiência e a freqüência de utilização de DLS na produção
de matéria seca e o acúmulo de nutrientes em pastagem natural, Durigon et al. (2002)
realizaram um experimento com início em novembro de 1995, estendendo-se a novembro
8
de 1999, nas quatro estações do ano, no município de Paraíso do SuI (RS), em condomínio
de suinocultores. Os tratamentos consistiram na aplicação de doses de 0, 20 e 40 m
3
ha
-1
de
esterco líquido de suínos, fornecidas em intervalos de 45 a 60 dias. Houve aumento na
produção de matéria seca, em função da dose de DLS, em todas as estações do ano, mas
foram mais expressivos no verão e na primavera, quando a maior insolação e temperatura
favorecem o crescimento vegetativo. Os autores citam que embora tenha sido observada
tendência de aumento na produção de matéria seca com o uso de 40 m
3
ha
-1
, não foram
verificadas diferenças significativas entre as doses de DLS, com exceção da dose
testemunha, sendo este efeito atribuído ao elevado coeficiente de variação. Sendo assim,
concluíram que a
aplicação de 20 m
3
ha
-1
de DLS (equivalente a 129 kg de N ha
-1
), em
intervalos de 45 a 60 dias, foi mais eficiente para o suprimento de nutrientes
às
plantas.
Demonstrando a grande capacidade das pastagens de converter os nutrientes
oriundos de DLS em MS, Rosa (2002), utilizando doses de 100; 150 e 200 m
3
ha
-1
ano
-1
de
DLS, em pastagem de braquiarão (Brachiaria brizantha cv. Marandu), no estado de Goiás,
obteve na dose de 200 m
3
ha
-1
ano
-1
, uma produção de 8.518 kg ha
-1
de MS por ciclo de 35
dias.
Comparando a adubação química com a orgânica, utilizando como tratamento
químico 60 kg ha
-1
de N, 30 kg ha
-1
de P
2
O
5
e 37,5 ha
-1
de K
2
O, e como orgânico diferentes
doses de DLS (50; 100 e 150 m
3
ha
-1
ano
-1
), em pastagem de braquiarão (Brachiaria
brizantha cv. Marandu), no estado de Goiás, Barnabé et al. (2007), recomendaram a dose
de 150 m
3
ha
-1
ano
-1
de DLS (499,5 kg de N, 154,5 kg de P
2
O
5
e 124,5 kg de K
2
O ) em
substituição à adubação química. Esta recomendação baseou-se na produção de matéria
seca da pastagem. No entanto, é importante considerarmos o custo desta aplicação.
Conforme trabalho realizado por Kuns et al. (2005), o custo para a distribuição deste 150 m
3
ha
-1
de DLS, variou de R$ 382,71 à R$ 1.950,27, para percorrer a distância de um a dez
quilômetros, respectivamente (transportar até o local, distribuir e o retornar). Neste trabalho,
os autores também avaliaram o custo para aplicação de dejeto de suínos sólido e com o uso
de bombeamento, sendo que os custos mais baixos foram obtidos pela distribuição com
bomba.
Quando do uso de DLS em espécies vegetais, a dose a ser aplicada deve seguir o
princípio da exportação de nutrientes para a produção da espécie, com isso os riscos
ambientais são minimizados (Konzen, 2002). O autor cita que, em pesquisa realizada em
Patos de Minas - MG, foram obtidas produtividades crescentes, variando de 5.200 a 7.700
kg ha
-1
de milho, com aplicação de 45 a 180 m
3
ha
-1
de dejetos de suínos, respectivamente.
9
Não ocorreu efeito da aplicação de nitrogênio em cobertura, levando à conclusão de que as
quantidades de dejetos aplicadas supriram as necessidades de nitrogênio para produções
de 7.000 a 8.000 kg ha
-1
de milho. A pesquisa demonstrou, ainda, que os dejetos de suínos
apresentam baixo efeito residual, mesmo com doses de 180 m
3
ha
-1
.
Estudando os efeitos do DLS no rendimento da matéria seca e na recuperação de N
e P em uma mistura entre grama bermuda (Cynodon dactylon cv. Russell) e azevém anual
(Lolium multiflorum), utilizando um tratamento com nitrato de amônio (560 kg de N ha
-1
ano
-1
)
e três tratamentos com DLS nas doses de 560, 1120 e 2240 kg de N ha
-1
ano
-1
, Liu-Fuhan et
al. (1997), constataram que o rendimento de matéria seca dos tratamentos com DLS não
diferiram significativamente do tratamento com nitrato de amônio, apesar das diferentes
concentrações de N e P. O tratamento com DLS mais concentrado em nutrientes, adicionou
4 vezes mais N e 11 vezes mais P que as taxas normalmente recomendadas para as
forragens. O rendimento da matéria seca total dos tratamentos com fontes de nutrientes (N
e P) foi significativamente maior do que o tratamento controle. O aumento da dose de DLS
proporcionou um aumentou na concentração total de N e P nas forragens. As recuperações
foram de aproximadamente 32% para N e 20% para P na dose mais baixa de DLS, e
aproximadamente 13% para N e 9% para P na dose mais elevada. As baixas recuperações
de N e de P com doses mais elevadas de DLS podem ter implicações ambientais para a
qualidade do solo, das águas profundas e de superfície. Neste sentido, a aplicação de 560
kg N ha
-1
, na forma de DLS, foi considerada a melhor taxa de aplicação devido ao menor
impacto ambiental no solo.
O efeito de aplicações sucessivas de DLS foi avaliado por Burns et al. (1990),
utilizando dose baixa, média e alta de DLS (335, 670 e 1340 kg N ha
-1
ano
-1
) em Cynodon
dactylon, nos anos de 1973 a 1983. Os autores observaram que os rendimentos de matéria
seca no 11
o
ano foram significativamente maiores na dose alta (19,6 Mg ha
-1
) e média (19,0
Mg ha
-1
) do que na dose baixa (13,1 Mg ha
-1
). Verificaram uma concentração maior de N, P,
K, Mg, Cl e Zn na forragem em 1983 em comparação a 1973, sendo que o cálcio
permaneceu inalterado e as concentrações de Cu, Fe e Na reduziram-se. A concentração
de nitrato
foi mais elevada no último ano (1,57 g kg
-1
), tanto que, a sua concentração na
forragem, nas doses mais elevadas, aproximou-se ou excedeu o ponto inicial de toxidez em
todas as colheitas do verão. Entretanto, somente a doses mais elevada de DLS produziu
forragem com concentração potencialmente tóxica de nitrato, isso se fornecida como único
alimento aos ruminantes. Além disso, resultou em quantidades desproporcionalmente
maiores de N, P, K, Cl e Na, remanescentes no solo, podendo potencialmente contaminar o
próprio solo e a água.
10
No Reino Unido foi desenvolvido um software (MANNER - Manure Nitrogen
Evaluation Routine), baseado em dados de pesquisas realizadas ao longo de vários anos,
com a finalidade de orientar a dose de fertilizante nitrogenado (orgânico ou inorgânico) a ser
aplicada. Com base neste programa, Chambers et al ( 2000), recomendam que sempre que
possível deve-se evitar a aplicação de dejetos contendo grande quantidade de N disponível,
em pastagens naturais, no período de outono e inverno, para com isso, reduzir perdas de
nitrato. As taxas de aplicações de dejetos devem ser limitadas a no máximo 250 kg de N ha
1
ano
–1
, visando a utilização eficiente dos nutrientes e redução dos riscos de poluição. Este é
o limite para aplicação de dejetos em regiões vulneráveis a nitrato, bem como o limite
recomendado no Código de Boas Práticas Agrícolas para a Proteção da Água.
No trabalho realizado por Harvey et al. (1996), objetivando verificar o efeito de
diferentes doses de N provenientes de DLS (456 e 873 kg de N ha
-1
), sobre as
características forrageiras da grama bermuda, na qualidade da água e no desempenho de
bovinos, foi constatado que o nível de fertilização com nitrogênio, via DLS, não teve efeito
no ganho de peso dos bovinos, no tempo de pastejo, na digestibilidade in vitro da matéria
seca, na FDN e na FDA de amostras da forragem, no entanto, as concentrações de proteína
e de nitrato na planta foram maiores nas amostras da forragem que receberam a dose mais
elevada de N.
2.4 Dejeto Líquido de Suínos na adubação de Tifton 85
Observa-se pela literatura que a utilização de adubação nitrogenada (via DLS) em
pastagens, promove aumentos significativos na produção de matéria seca. Entretanto, os
resultados obtidos variam em função das condições em que o trabalho foi realizado, como:
período do ano, fonte do nutriente utilizada, freqüência de corte, entre outros, como se viu
acima. Neste sentido, procuramos agrupar dados mais específicos sobre a Tifton 85.
Em um primeiro momento, citar-se-á alguns trabalhos relativos ao uso de fontes
sintéticas de N, apesar de não se ter trabalhado com este tipo de fonte. Mas considerando-
se que no presente trabalho elencou-se este nutriente para ser monitorado, é interessante
verificar o seu comportamento, independente da fonte utilizada.
Assim sendo, foram observados por Alvim et al. (1999) aumentos progressivos na
produção anual de matéria seca e nas produções estacionais (época das chuvas e da seca),
do Tifton 85, ao elevar a dose anual de nitrogênio até 600 kg ha
-1
ano
-1
(sulfato de amônio).
As produções anuais de matéria seca, bem como as relativas aos períodos das chuvas e da
11
seca, oscilaram, respectivamente, de 2,6; 1,9 e 0,7 Mg ha
-1
, obtidas na ausência de
adubação nitrogenada e no menor intervalo de cortes (2 semanas), a 23,1; 17,8 e 5,3
Mg.ha.
-1
, alcançadas com aplicação de 600 kg ha
-1
de N no maior intervalo de cortes (8
semana).
Da mesma forma, avaliando a produção de matéria seca de três cultivares de
Cynodon dactylon (Coastcross, Tifton 68 e Tifton 85) submetidos a quatro doses de
nitrogênio (0, 100, 200 e 400 kg ha
-1
), na forma de sulfato de amônio, aplicados
parceladamente (30, 40 e 30%), após 3 cortes, em intervalos de 42 dias, Rocha et al. (2002)
verificaram um efeito linear nas 3 cultivares em resposta as doses de N. Observou-se
aumento significativo correspondente a 16 kg na produção de matéria seca para cada kg de
nitrogênio aplicado. Sendo o Tifton 85, considerado pelos autores, o que apresentou a maior
produção de matéria seca (10,99 Mg ha
-1
na dose de 400 kg de N ha
-1
).
Na comparação entre os capins Coastcross, Tifton 68 e Tifton 85, em função de doses
crescentes de N (0, 100, 200 e 400 kg ha
-1
, na forma de sulfato de amônio), Rocha et al.
(2000) verificaram um aumento linear expressivo, correspondente a 0,80 unidades na
produção de MS para cada kg de N aplicado, sendo que as gramíneas comportaram-se de
maneira semelhante. A cultivar Tifton 85 apresentou significativamente (P<0,05) maior
produção de matéria seca média que os demais cultivares.
Em trabalho similar ao anterior, Menegatti et al. (2002) realizaram experimento, com
três cultivares de cynodon, entre elas o Tifton 85, aplicando diferentes doses de nitrogênio
(0, 100, 200 e 400 kg ha
-1
) na forma de sulfato de amônio e obtiveram incremento na
produção de matéria seca das gramíneas estudadas. A resposta à adubação nitrogenada foi
semelhante para as três gramíneas e comportou-se de forma linear (Y = 2,47114 +
0,00466x), sendo obtido uma produção de 4,31 Mg ha
-1
de MS para o Tifton 85 adubado
com 400 kg de N ha
-1
. Observa-se que as produções de MS obtidas neste experimento
estão muito abaixo das citadas até o momento, sendo que os autores atribuíram ao fato de
que os cortes foram feitos no final do período de crescimento da pastagem (19/02 a 30/04),
onde as precipitações foram menores, bem como a luminosidade e temperatura.
Considerando que a umidade é fator determinante para o crescimento vegetal,
Marcelino et al. (2003) conduziram na Embrapa Cerrados, Planaltina (DF), um experimento
objetivando avaliar a influência de tensões hídricas (35, 60, 100 e 500 kPa) e doses de
nitrogênio (0 - Testemunha, 45, 90, 180, 360 kg ha
-1
, na forma de sulfato de amônio) sobre a
produção de matéria seca (MS), entre outros, do capim Tifton 85. Os autores constataram
que na menor tensão hídrica (35 kPa), a resposta de produção de MS foi linear em relação a
doses de N, e atribuíram este resultado à eficiência no aproveitamento do N em condições
12
de maior umidade no solo. As doses de nitrogênio influenciaram a produção de matéria seca
em todas as tensões, onde a maior produtividade (41,8 Mg ha
-1
de MS) foi obtida na tensão
de 35 kPa e na dose de 360 kg ha
-1
de N e menor produtividade (17,3 Mg ha
-1
de MS), na
tensão de 100 kPa sem adição de N.
Como foi destacado no inicio deste subitem, os trabalhos até então citados referem-
se ao uso de fontes sintéticas de N (sulfato de amônio). A partir deste parágrafo, citar-se-á
alguns trabalhos onde se utilizou o DLS como fonte de N para adubação de espécies do
gênero Cynodon.
Com o objetivo de comparar o efeito do uso de DLS na produção de matéria seca de
diferentes tipos de grama bermuda (Cynodon dactylon), entre elas o Tifton 85, em dois tipos
de solos (Brooksville silty clay loam e Atwood silt loam), aplicando doses de dejeto iguais
para todas as cultivares de Cynodon, mas diferentes entre os solos (Brooksville = 370 e
Atwood = 200 kg ha
-1
ano
-1
), Brink et al. (2003), verificaram que os rendimentos de matéria
seca foram similares entre os Cynodons em ambos os solos, variando de 23,3 a 24,2 e de
12,3 a 14,1 Mg ha
-1
, respectivamente, nos solos de Brooksville e Atwood.
No trabalho de Adeli et al. (2003), conduzido nos anos de 1998 e 1999, objetivando
determinar os efeitos de diferentes doses de DLS (214, 373, 522 e 665 kg ha
-1
de N), no
crescimento da grama bermuda (Cynodon dactylon (L.) Pers.), os pesquisadores verificaram
que, em ambos os anos, o rendimento de matéria seca da grama bermuda aumentou de
forma quadrática com doses crescente de DLS, obtendo-se como produção máxima, 12.069
kg de MS ha
-1
na dose de 660 kg de N ha
-1
. Segundo os autores, poucas vantagens no
rendimento foram obtidas com aplicações de doses de DLS acima de 373 Kg ha
-1
de N
(10.300 kg de MS ha
-1
).
Para determinar a produção de matéria seca da Tifton 85 com DLS, Drumond et al.
(2006) conduziram um experimento na Fazenda-Escola da Universidade de Uberaba
utilizando quatro doses de DLS (0; 50; 100 e 200 m
3
ha
-1
ano
-1
), aplicadas através de
irrigação por aspersão em malha, parceladas em 24 vezes, em intervalos de uma semana.
Os autores verificaram efeito significativo das doses de DLS na produção de matéria seca,
sendo que o fornecimento de 200 m
3
ha
-1
ano
-1
, possibilitou a produção de 5.928 kg de MS
por ciclo de 28 dias. Estes resultados demonstraram que o parcelamento da dose e o uso de
sistema de irrigação possibilitaram a Tifton 85 produzir cerca de duas vezes mais que o
tratamento que recebeu somente água (2.822 kg de MS da testemunha).
Quando se comparou, através da literatura, diferentes fontes de N (sintéticas ou
orgânicas), verificamos que os trabalhos consultados não constataram diferenças
significativas entre as produções de matéria seca entre as diferentes fontes.
13
Destaca-se o trabalho de Adeli e Varco (2001), objetivando determinar os efeitos de
taxas variáveis de dejeto líquido de suínos e nitrato de amônio no rendimento em matéria
seca da grama bermuda (Cynodon dactylon) e do sorgo (Sorghum halepense), em três anos
consecutivos (1994 a 1996), utilizando doses variando entre 0 e 672 kg de N ha
-1
.
Os autores verificaram que os rendimentos de matéria seca da grama bermuda e do
sorgo foram aumentados significativamente com taxas crescentes de N nas duas formas
aplicadas. As análises de regressão mostraram tendência quadrática, para ambas as
espécies, no rendimento de matéria seca, em todos os anos. Com base na equação obtida
no ano de 1996, para a grama bermuda, foi possível estimar a produção máxima de matéria
seca em 9,44 Mg ha
-1
na dose de 500 kg de N ha
-1
, com o uso de dejeto líquido de suíno. Os
autores verificaram que, entre as fontes de N, para ambas as espécies, não houve diferença
significativa no rendimento cumulativo da matéria seca, sugerindo que as fontes de N são
similares na disponibilidade do nutriente nas taxas utilizadas.
Em trabalho semelhante ao anterior, realizado posteriormente, Adeli et al. (2005),
comparando três doses DLS com similares doses de fertilizante comercial (NPK), em dois
anos consecutivos (1995 e 1996), verificaram que o rendimento em matéria seca da grama
bermuda em função das doses de DLS e de fertilizante comercial aumentou até a dose de
450 kg de N ha
-1
, depois disso, não houve resposta a níveis mais elevados de fertilização
.
Não foi verificada diferença significativa no rendimento da matéria seca total entre o DLS e o
fertilizante comercial, nos anos de estudo, sugerindo ambas as fontes nutrientes foram
similares na disponibilidade de nutriente nas doses utilizadas. Estimou-se em 426 kg de N
ha
-1
ano
-1
, a dose de N de máxima produção de MS (6.432 kg de MS ha
-1
ano
-1
).
Observa-se que a produção de matéria seca de forrageiras do gênero Cynodon, em
especial a Tifton 85, apresenta grandes variações, sendo que o potencial de produção de
matéria seca encontra-se próximo de 20.000 kg de MS ha
-1
ano
-1
, com doses variando entre
400 a 500 kg de N ha
-1
ano
-1
, mas no caso de irrigação este potencial pode dobrar.
2.5 Características da Tifton 85
Uma classificação do gênero Cynodon, com indicação da distribuição das espécies,
estabelecendo a denominação de grupos dentro do gênero, como de grama estrela
(“stargrass”), usada para tipos robustos, não rizomatosos, e bermuda (“bermuda grass”)
para as formas rizomatosas foi apresentada por Harlan (1970). Este autor agrupou o gênero
em oito espécies de acordo com a sua distribuição geográfica. Destas espécies somente
14
quatro são mais estudadas: Cynodon dactylon, C. nlemfuensis, C. plectostachyus e C.
aethiopicus, encontrando-se distribuídas sobre o leste tropical e às vezes subtropical da
África.
Cynodon dactylon (L) Pers. é, entre as espécies, a mais dinâmica e agressiva e
tornou-se uma invasora de ambientes com distúrbios, tendo uma distribuição extraordinária
não apenas na África mas em todos os continentes, exceto na Antártica (Harlan & Wet,
1969).
Convém destacar que, de maneira geral, as espécies do gênero Cynodon são
exigentes em fertilidade, principalmente em sistemas de produção intensivos, portanto
necessitam de uma correspondente reposição para a manutenção de níveis elevados de
produção. Principalmente os mais solúveis como o N e o K, justamente os que têm maior
impacto sobre a produção. Ainda assim, nutrientes menos solúveis como o Ca devem ser
monitorados, com a saturação por bases (V%), mantida ao redor de 70% e micronutrientes
em suprimento adequado, para que a fertilidade não seja fator limitante em situações de
exploração intensiva (Pedreira et al., 1998).
O cv. “Tifton 85” é um híbrido interespecífico (Cynodon spp.), selecionado do
cruzamento entre uma bermuda (Cynodon dactylon) do sul da África (PI290884) e o capim
bermuda cv “Tifton 68” (C. nlemfuensis), em que se introduziram genes para resistência ao
frio, seca e pisoteio. O “Tifton 85” é uma planta de porte mais alto, com hastes grandes,
folhas mais estreitas e de cor verde mais escura que os outros híbridos, apresentando
rizomas bem desenvolvidos (Burton et al., 1993), o que torna esta forrageira resistente ao
frio e à seca, apresenta melhor relação folha/colmo do que o Tifton 68. Este cultivar foi
selecionado por causa de seu elevado potencial produtivo de forragem com elevada
digestibilidade comparativamente às outras bermudas. É uma gramínea altamente
produtiva, capaz de suportar elevadas taxas de lotação, com excelente ganho de peso para
animais em crescimento, tendo se mostrado como de grande persistência em testes
realizados durante os últimos 20 anos na Flórida (Sollenberger et al., 1995).
A composição bromatológica do Tifton 85 foi determinada nos trabalhos de Parente
et al. (2005) e Parente et al. (2007), sendo que os teores médios de matéria seca ficaram
em torno de 18,73%, a proteína bruta em 12,84%, a fibra em detergente neutra e fibra em
detergente ácido em 66,24 e 36,22 %, respectivamente e a matéria mineral em 11,25%.
Nos Estados Unidos, Hill et al. (1996) verificaram que o tifton 85 apresentou elevado
potencial para produção de forragem, tendo registrado produções de matéria seca que
variaram de 14,7 a 18,6 t/ha, dependendo da adubação nitrogenada e da freqüência de
cortes.
15
2.6 Dejeto líquido de suínos como fonte de nitrogênio.
Dentre o manejo da fertilidade, um dos elementos mais influenciados nos sistemas
de produção das culturas é o nitrogênio, o qual possui uma dinâmica extremamente
complexa devido à diversidade das formas químicas, reações e processos aos quais está
envolvido, refletindo diretamente sobre a eficiência do aproveitamento pela cultura do
nutriente oriundo de fertilizantes (Fillery et al., 1984 e Scherer & Baldissera, 1994).
De acordo com Raij (1991), o N é o nutriente mineral exigido em maior quantidade
pelas culturas e, normalmente, proporciona maior resposta em produtividade; porém, a
complexidade dos fatores que afetam o seu aproveitamento pelas plantas, faz com que o
mesmo seja objeto de um grande número de estudos, a maioria realizados com o objetivo
de avaliar seu comportamento no solo e a sua relação com a eficiência da adubação.
No sistema solo-planta-atmosfera, a quantidade mais significativa do N se encontra
na atmosfera em forma combinada de N
2
(Melgar et al., 1999). O processo de transferência
do nitrogênio atmosférico para o solo se dá por: (1) descargas elétricas na atmosfera
quando o nitrogênio elementar é reduzido a óxidos, passando de N
2
para N
2
O, NO, NO
2
e
NO
3
; (2) fixação biológica do nitrogênio por bactérias não simbióticas de vida livre ou em
associações simbióticas com leguminosas; e (3) fixação industrial do N onde, através do
processo de síntese de amônia e acido nítrico são produzidos os vários tipos de fertilizantes
nitrogenados.
No solo, o N está presente em formas orgânicas (ao redor de 98% do total) fazendo
parte dos restos culturais e da matéria orgânica, e em formas minerais, especialmente como
nitrato e amônio na solução do solo e adsorvido aos colóides, e em formas gasosas
combinadas, tais como NH
3
, N
2
O e NO. Da quantidade total de N presente no solo, apenas
cerca de 2% encontra-se disponível as plantas. Em solo não fertilizado, o N disponível do
solo é praticamente todo proveniente da mineralização do N orgânico presente na matéria
orgânica, a qual é realizada por microorganismos que transformam o N orgânico nas formas
amoniacal e nítrica, que são as duas formas minerais passíveis de serem absorvidas pelas
plantas. Considera-se, como uma estimativa média, que são liberados, anualmente, cerca
de 20 a 30 kg ha
-1
de N para cada ponto percentual de matéria orgânica contida no solo
(Stevenson, 1986). Diante disso, uma avaliação simplista do grau de disponibilidade de N no
solo é baseada na análise do teor de matéria orgânica, através da determinação da
concentração de carbono orgânico do solo.
Nas plantas, o nitrato absorvido, deve ser primeiramente reduzido a amônio antes de
ser assimilado, da seguinte forma: uma vez absorvido pela planta o nitrato é reduzido a
16
nitrito pela nitrato redutase no citossol das células, o nitrito é subseqüentemente reduzido a
amônio pela nitrito redutase nos plastídios e então incorporado aos aminoácidos (Carelli et
al. 2006).
O nitrogênio é considerado elemento essencial para as plantas, pois participa de
uma série de rotas metabólicas chaves na bioquímica da planta, sendo constituinte
essencial das mais importantes biomoléculas, tais como ATP, NADH, NADPH, clorofila,
proteínas de armazenamento, ácidos nucléicos, parede celular, inúmeras enzimas e de uma
série de outros componentes (Taiz e Zeiger, 2004).
As principais transformações do nitrogênio, segundo Cassini (2007), encontram-se
resumidas abaixo:
1) Mineralização (Amonificação); 2) Imobilização (Assimilação); 3) Equilíbrio químico
(dependente do pH); 4 e 5) Nitrificação; 6 e 7) Desnitrificação; 8) Fixação; 9) Imobilização
(Redução Assimilativa - Plantas); 10) Decomposição e complexação 11) Lixiviação.
Adubações nitrogenadas merecem destaque, pois aceleram o ritmo de crescimento
da planta, visto que as espécies forrageiras tropicais são responsivas à adição de elevadas
doses desse nutriente, sendo as respostas lineares até patamares superiores a 400 kg N.ha
-
1
.ano
-1
, quando as condições climáticas e edáficas são favoráveis ao crescimento (Vicente-
Chandler, 1973). Além disso, a adição de N ao sistema promove a potencialização do uso
de outros nutrientes, como o P e o K.
Quanto às respostas das plantas forrageiras tropicais à adubação nitrogenada, existe
uma amplitude larga de valores variando de 5 a 89 kg MS kg
-1
de N aplicado (Balsalobre et
al., 2002). Os autores justificam que tal variação é decorrente de fatores como espécie
forrageira, fonte do nutriente, tempo de rebrota, dosagem de adubo aplicado, condições
climáticas, estádio de desenvolvimento da planta e fertilidade do solo.
17
De maneira geral, quanto maior as doses de nitrogênio empregadas no sistema,
menores serão suas conversões em produção de forragem. Além disso, fatores ambientais
como fotoperíodo e temperatura decrescente, assim como escassez de chuvas também
afetam negativamente as respostas das plantas forrageiras à adubação nitrogenada, tanto
restringindo o crescimento do capim quanto impedindo melhor eficiência de uso desse
fertilizante (Primavesi et al., 2001).
Segundo Korndörfer et al. (1997), uma maior eficiência da adubação nitrogenada
pode ser observada quando o nutriente é aplicado em plantas que apresentam sistema
radicular mais desenvolvido, o que proporcionaria maior absorção de N pelas plantas. A
presença de maiores teores de matéria orgânica contribui para imobilização temporal do
nutriente que posteriormente ficaria disponível para as próximas culturas, reduzindo os
índices de perdas de N. Apesar do processo de imobilização ser algumas vezes
considerado negativo, em determinadas situações poderá ser favorável, visto ser um
processo temporário e portanto, consistindo em reservatório potencial de nutrientes para as
plantas (Paul e Clark, 1996).
Neste sentido, a biomassa microbiana é de fundamental importância, tendo em vista
ser um indicador sensível de variações da matéria orgânica do solo e ciclagem de
nutrientes, além de ser fonte potencial de nutrientes. Assim, a biomassa microbiana é a
fração ativa da matéria orgânica no solo e a determinante na dinâmica da matéria orgânica,
atuando na mineralização ou na imobilização, aumentando ou reduzindo a disponibilidade
de nutrientes para as plantas (Duda, 2000).
Por outro lado, Reddy et al. (1979), citados por Scherer e Baldissera (1994), destaca
que os efeitos dos dejetos líquidos no teor de matéria orgânica do solo são insignificantes,
pois, além do baixo teor de matéria seca que contêm, os compostos orgânicos dos dejetos
de
suínos são de fácil mineralização e desaparecem em questão de dias.
Grande parte do nitrogênio presente nos dejetos líquidos de suínos está na forma
mineral (cerca de 55%), isto é, prontamente disponível para as plantas e, também, mais
sujeito a ser perdido por volatilização de NH
3
+
ou lixiviação de NO
3
-
, sendo que para
aumentar o teor de matéria orgânica do solo, necessário seria a aplicação de doses
elevadas de dejetos sólidos com compostos orgânicos de difícil degradação, o que não
acontece normalmente com os dejetos líquidos de suínos (Scherer e Baldissera, 1994).
Na fração sólida dos dejetos, a quase totalidade do nitrogênio encontra-se fazendo
parte dos compostos orgânicos e, para tornar-se disponível para as plantas, deve passar
pelo processo de mineralização. O manejo dos dejetos na forma quida exige maior cuidado
e investimento em estrutura e equipamentos para armazenagem, transporte e distribuição. A
18
baixa concentração de nutrientes por unidade de volume (2 a 4 Kg por m³ de dejetos) limita,
sob o ponto de vista econômico, a sua utilização como fertilizante orgânico, em face de
elevação dos custos de armazenagem, transporte e distribuição (Perdomo, 2001).
2.7 Vias de perdas do Nitrogênio aplicado no sistema solo-planta
O fertilizante nitrogenado aplicado na pastagem pode ter diferentes destinos: ser
recuperado pela planta, permanecer no solo, ficar imobilizado no liter ou liteira, e ser perdido
do sistema solo-planta (Martha Junior, 1999). Dificilmente a recuperação de 100% do
fertilizante aplicado nas culturas agrícolas é conseguida, independente da fonte nitrogenada
utilizada. Quanto às perdas de nitrogênio do sistema, o conhecimento e quantificação
dessas vias devem ser determinados para se estabelecer estratégias visando aumentar a
eficiência de uso desse nutriente e minimizar o impacto ambiental do mesmo (Martha Junior,
2003). As perdas de nitrogênio do sistema solo-planta podem ocorrer através da
desnitrificação; da lixiviação de N-N0
3
-
; da volatilização de N-NH
3
e da erosão do solo,
podendo esta ser desprezada.
As perdas de N através da lixiviação e desnitrificação parecem não ser
representativas em ambientes de pastagens bem manejadas e vegetadas sobre solos
profundos e bem drenados, representando valores ao redor de 5%. Entretanto as perdas por
volatilização podem interferir na economicidade do processo (Primavesi et al., 2001).
A desnitrificação, definida como a redução microbiológica do N-NO
3
-
a N
2
O e NO, é
afetada por fatores do solo, sendo os principais a estrutura e textura, conteúdo de água,
concentração e forma de N mineral (Arah et al., 1991). Esses fatores influenciam na
disponibilidade de O
2
no sistema, além de determinar o estoque de N disponível para o
processo.
Em revisão sobre o assunto, Martha Junior (2003) reportou perdas que variaram de 2
a 7% do N aplicado devido a desnitrificação, podendo esses valores, em alguns casos,
chegarem ao redor de 20%. Esse autor também comentou que o problema da
desnitrificação merece maior atenção em situações de pastagens irrigadas, uma vez que
estas estão mais sujeitas à anaerobiose e compactação do solo.
As perdas de nitrogênio por volatilização de amônia podem ocorrer durante o
armazenamento, quando o esterco é armazenado por um longo período e, principalmente
após aplicação no campo (Scherer et al., 1995). Durante a distribuição do esterco a campo e
em superfície, as perdas raramente ultrapassam a 1% do que é perdido após a aplicação
19
(Pain et al., 1989). A maioria dos trabalhos mostra que as perdas de N-NH
3
ocorrem nas
primeiras horas após a aplicação do esterco (Sommer et al., 1997 e Subair et al., 1999),
quando essas podem ser pequenas ou até superiores a 90% do N mineral aplicado
(Thompson et al., 1990 e Basso, 2003).
O horário de aplicação também pode afetar a quantidade de N volatilizado. No
trabalho de Moal et al. (1995), 75% das perdas de N-NH
3
ocorreram até 15 horas após
aplicação do esterco e diminuíram quando a aplicação foi ao meio dia, no entardecer e
próximo a meia noite, respectivamente. Os autores atribuíram tais diferenças às variações
na temperatura do ar e do solo, que juntamente com a matéria seca do esterco e total de N
amoniacal, foram considerados como os principais fatores que afetaram as perdas de N-NH
3
por volatilização.
No trabalho realizado por Basso (2003), o autor constatou que o horário de aplicação
do dejeto não afetou as perdas de N-NH
3
, mas os resultados mostraram evidências de maior
potencial de perdas com a aplicação às 18:00 horas, em comparação com a aplicação às
10:00 horas. Este resultado é explicado pela elevada correlação entre temperatura do solo e
perdas de N-NH
3
. Os autores verificaram que no verão a temperatura do solo a 2 cm de
profundidade, foi maior às 18:00 (30
o
C) do que às 10:00 (25
o
C).
Segundo Thompson et al. (1990) a taxa inicial de volatilização de amônia do dejeto
líquido aplicado na superfície do solo poder ser determinada por dois componentes: o
primeiro pelo potencial de volatilização de amônia do esterco e o segundo pela expressão
do seu potencial, sendo o primeiro determinado por características próprias do esterco como
matéria seca, concentração de amônio e pH do dejeto, e o segundo influenciado pelos
fatores ambientais e manejo dado ao dejeto. A incorporação ou a manutenção do esterco na
superfície do solo são fatores que afetam a volatilização de NH
3
e isso ficou demonstrado no
trabalho de Bless et al. (1991), onde a imediata incorporação do esterco líquido de suínos
diminuiu as perdas de N-NH
3
. Entretanto, a incorporação do dejeto não é realizada na
maioria das propriedades pelo uso do sistema plantio direto ou em aplicações em
pastagens.
As perdas por lixiviação, conforme indicado pela presença de nitrogênio marcado em
diferentes profundidades do solo, não são significativas em ambientes de pastagens bem
manejadas (Martha Junior, 1999). Esses estudos indicaram perdas inferiores a 5% do N
proveniente do fertilizante, em profundidades ao redor de 30 cm. Justificam-se esses baixos
níveis de perdas por lixiviação devido ao fato de que os solos sob pastagens, de maneira
geral, são profundos e vegetados por plantas forrageiras de elevada capacidade de extração
de nutrientes (Martha Junior e Vilela, 2002).
20
As perdas de N por lixiviação são consideráveis em solos de baixa CTC, rasos, em
ambientes de elevada precipitação e condições de pastagens mal manejadas. Nessa
situação o caminhamento do N no perfil do solo é potencializado e a capacidade da planta
em recuperar esse nutriente diminuída (Corsi et al., 2001).
Pesquisas têm identificado a maioria dos fatores determinantes para a magnitude de
lixiviação de N. Dois desses fatores são textura e conteúdo de matéria orgânica do solo.
Bergström e Johansson (1991) constataram que as maiores perdas de nitrogênio por
lixiviação (65 kg ha
-1
ano
-1
de N) ocorreram em solos arenosos que continham pequena
quantidade de matéria orgânica. As menores perdas de N (20 kg ha
-1
ano
-1
de N)
ocorreram nos solos argilosos ou nos solos arenosos ricos em matéria orgânica. Macduff et
al. (1990), citado por Whitehead (1995) também observaram taxas de lixiviação de nitratos
duas a três vezes maiores em solos arenosos que aquelas constatadas em solos argilosos.
Solos argilosos possuem maior capacidade de retenção de nitrogênio, principalmente
na forma de NH
4
+
, do que solos arenosos. A maior capacidade de armazenamento de água
dos solos argilosos reduz a percolação da água pelo perfil e, conseqüentemente, o arraste
de nitrato para camadas inferiores do solo (Bortolini, 2000).
A lixiviação de nitrato é considerada a principal perda do N disponível às plantas. Ela
é influenciada diretamente pelos fatores que determinam o fluxo de água no solo e pela
concentração de NO
3
-
na solução. Fatores como sistema de preparo do solo, tipo de solo e
forma de aplicação dos fertilizantes nitrogenados, pode influenciar tanto o fluxo de água
quanto na concentração de nitrato na solução do solo (Errebhi, 1998).
Além da textura, o conteúdo de matéria orgânica também pode interferir no aumento
da lixiviação de nitrato, em função da maior disponibilidade de nitrogênio decorrente da
decomposição da MO, principalmente quando a área não está sendo cultivada. Outro fator
que pode influenciar as perdas de N por lixiviação é a forma de aplicação do adubo
nitrogenado. Perdas de amônia (NH
3
+
) por volatilização são potencialmente maiores quando
os fertilizantes amoniacais e amídicos são aplicados em superfície e em solos secos
(Bouweester et al., 1985 e Basso, 2003). Além disso, a volatilização pode ser intensificada
quando os resíduos culturais ficam sobre a superfície do solo. Desta forma, a lixiviação de N
pode ser maior quando se incorpora o adubo nitrogenado devido à redução na possibilidade
de perdas de N por volatilização, resultando em maiores concentrações deste nutriente na
solução do solo (Sangoi et al., 2003).
Os resultados obtidos por Primavesi et al. (2006), ratificam as afirmações de que
quando as pastagens são bem manejadas, mesmo que intensivamente, parecem apresentar
impacto ambiental positivo, não se tornando preocupantes as perdas de N por lixiviação
21
quando se aplicam quantidades de N normalmente absorvidas pelas plantas e quando o
lençol freático não é superficial. Uma das explicações para este fato é que as gramíneas
tropicais são excelentes extratoras de nitrogênio do solo (Primavesi et al., 2001; Cantarella
et al., 2002; Martha Jr. & Vilela, 2002), em especial quando submetidas ao manejo
rotacionado, com intensa atividade de morte-renovação do sistema radicular.
2.8 Recuperação do nitrogênio aplicado
A eficiência de uso de fertilizantes em pastagens pode ser obtida através da
recuperação do mesmo pela planta, ou seja, a quantidade de nutriente proveniente do
fertilizante presente na planta em relação ao total aplicado. A quantificação da recuperação
do adubo nitrogenado pode ser feita de maneira indireta (aparente) ou direta (real). A
recuperação aparente é obtida quando uma parcela adubada com nitrogênio é comparada
com outra que não recebeu o adubo, enquanto que a recuperação real é obtida através de
traçadores, utilizando isótopos marcados como o
15
N, por exemplo. A recuperação real é
mais precisa, uma vez que consegue distinguir o N proveniente do fertilizante, daquele
presente no solo ou originário da atmosfera, além de prover maiores detalhes sobre o
movimento e transformações do N do fertilizante na planta forrageira (Martha Junior, 2003).
Entretanto, o custo elevado do nutriente marcado e das análises isotópicas limita o seu uso
em pesquisas.
Para Primavesi et al. (2006) a recuperação aparente do N do fertilizante (RAN), isto
é, a diferença do N absorvido por plantas de parcelas adubadas em relação às plantas de
parcelas não adubadas, apresenta a conveniência de ser de fácil estimativa e de baixo
custo, pois utiliza apenas o teor de N total da planta e a produção de forragem.
A desvantagem dessa técnica está na incapacidade de distinguir a origem do
nutriente presente na planta, além de superestimar os valores reais, podendo estes
ultrapassar a casa dos 100%. Entretanto, quando o objetivo da experimentação é
simplesmente determinar a recuperação do N do fertilizante na parte aérea da pastagem e
possibilidade de se trabalhar com um tratamento controle, o método aparente seria mais
adequado (Martha Junior, 2003).
Normalmente a recuperação aparente do N do fertilizante aplicado em pastagens
está dentro dos limites de 50 a 80% e, com maior freqüência, entre 65 e 70%, sendo que
com aumento das doses de N, menos N é recuperado (Primavesi et al., 2004).
22
Os autores ratificaram essa afirmação em dois trabalhos realizados posteriormente
(Primavesi et al., 2006a e 2006b). O primeiro tendo por finalidade avaliar os nutrientes
extraídos pela fitomassa de capim-marandu, submetido a diferentes fontes e doses de N e
seu efeito na recuperação aparente do N, onde foram aplicadas doses de 200, 400 e 800 kg
de N ha
-1
, nas formas de uréia e de nitrato de amônio, divididas e aplicadas, após quatro
cortes consecutivos na estação chuvosa, além da testemunha, sendo que a recuperação
média do N, pela forragem, na forma de uréia foi de 43, 39 e 32% e na forma de nitrato de
amônio foi de 44, 51 e 38%, respectivamente, para as doses de N aplicadas.
O segundo, trabalhando em capim-coastcross, com doses de N variando de 0 a 1000
kg ha
-1
, aplicadas parceladamente, oriundos de duas fontes (uréia e nitrato de amônio). Da
mesma forma que o trabalho anterior, verificaram que houve um decréscimo na recuperação
aparente do N com o aumento das doses, independente da fonte, sendo que a recuperação
média do N foi de 55%. Segundo os autores, os dados obtidos mostram o alto potencial de
extração de N pela pastagem, considerando que parte do N não determinado, foi também
acumulado pelas raízes e estolões e pela biomassa microbiana, principalmente em sistemas
intensivos de utilização das forrageiras. Neste sentido, tentado melhor dimensionar o
potencial das pastagens na recuperação aparente do N, os mesmos relatam que Impithuksa
e Blue (1985), trabalhando com capim-estrela adubado com nitrato de amônio, obtiveram
recuperação de 70% do N aplicado, sendo 13% de N recuperado pelas raízes e estolões,
22% pela biomassa microbiana do solo e 35% pela forragem. Esta alta extração de N pelas
gramíneas tropicais contribui para redução de riscos ambientais, tais como as perdas de
nitrato, principalmente em solos tropicais profundos.
Resultados semelhantes foram encontrados anteriormente por Brunet et al. (1990),
que observaram, em capim Coastcross, decréscimos na porcentagem de recuperação do N,
à medida que se aumentou o N na adubação, passando de 45%, na dose de 80 kg.ha
-1
.
ano.
-1
de N, para 30% , na dose de 240 kg ha
-1
ano
-1
de N, bem como, Fernandez et al.
(1986) estudando capim coastcross recém-estabelecido recebendo doses de 0, 225, 450,
675 e 810 kg ha
-1
ano
-1
de N, divididas em quantidades iguais em cada um dos nove cortes
anuais, obtiveram 78% de recuperação do N na dose de 225 kg ha
-1
ano
-1
e de 60% na dose
de 450 kg ha
-1
ano
-1
.
Em trabalhos conduzidos por Adeli e Varco (2001) e Adeli et al. (2003 e 2005),
objetivando determinar os efeitos de taxas variáveis de dejeto líquido de suínos e nitrato de
amônio no rendimento em matéria seca e recuperação aparente do N em grama bermuda
(Cynodon dactylon), em três anos consecutivos (1994, 1995 e 1996), utilizando doses
variando entre zero a 672 kg de N ha
-1
, verificaram que a recuperação aparente de N tende
23
a diminuir com taxas crescentes de N nas formas aplicadas e não encontraram diferença
significativa na recuperação do N entre as fontes de N utilizadas. Os autores constataram
que a recuperação do N na parcela colhida é um indicador importante da eficiência do uso
do N e reflete as quantidades relativas de N restantes dentro ou perdidas do solo
Neste mesmo estudo, os autores utilizaram, após a estação preferencial de
crescimento, dois novos tratamentos, objetivando comparar o efeito de doses aplicadas
tardiamente. Sendo o primeiro tratamento a aplicação de 487,5 e 471,5 kg de N ha
-1
em
1998 e 1999, respectivamente, em 1
o
de setembro e o segundo, a mesma dose, aplicada
em 1
o
de outubro, tendo um tratamento controle de 381 e 365 kg de N ha
-1
em 1998 e 1999,
respectivamente. A RAN, em 1998, do DLS aplicado em setembro foi similar às aplicações
da estação de crescimento (51%), mas a RAN de outubro foi reduzida drasticamente (20%).
As aplicações de DLS em setembro e outubro resultaram em uma recuperação menor de N
em 1999 do que 1998. Os autores atribuíram ao reduzido crescimento da grama bermuda
no período e ao maior potencial de volatilização do NH
3
, em função do período ter sido mais
seco.
A diminuição da RAN com o aumento da dose de N, independente da fonte, segundo
Griffith et al. (1997) e Guimerà (1998), ocorre porque as perdas são proporcionais à dose
aplicada, sendo que, além de diminuir a recuperação e eficiência no uso do nitrogênio,
podem trazer problemas de contaminação da água subterrânea por excesso de nitrato.
Para demonstrar a elevada capacidade de recuperação de N pelos cultivares do
gênero Cynodon, Mclaughlin et al. (2004) compararam diferentes espécies produtoras de
feno, entre elas duas Grama Bermuda (Comum e Coastal), no estado do Mississippi
(E.U.A.) em relação a produção de matéria seca, remoção e recuperação de nutrientes,
fertilizadas com DLS (371; 61 e 629 kg ha
-1
ano
-1
de N, P e K, respectivamente) em oito anos
consecutivos de estudo. Os dados obtidos até o terceiro ano, demonstram que as
recuperações anuais mais elevadas de N, seguiram a seguinte ordem decrescente:
Bermudagrass comum, Bermudagrass Coastal, Johnsongrass, Gamagrass, Switchgrass e
Indiangrass, com respectivamente, 314; 280; 188; 181; 167 e 106 kg de N ha
-1
.
Da mesma forma, Paciulli et al. (2000), objetivando verificar o rendimento de matéria
seca e proteína bruta de três gramíneas forrageiras do gênero Cynodon (Estrela-Africana-
Roxa, Estrela-Africana-Branca e Coastcross) sob diferentes níveis de adubação nitrogenada
(zero, 100, 200 e 400 kg de N ha
-1
), na forma de sulfato de amônio, submetido a três cortes
consecutivos com intervalos de 35 dias, verificaram que com o aumento da dose de N houve
um decréscimo na RAN, nas três cultivares. O autores comentam que a planta possui uma
maior possibilidade em responder à adubação nitrogenada quando está com deficiência
24
desse elemento do que quando está com níveis adequados. Uma observação interessante
feita pelos autores é que o parcelamento da dose de N propiciou um aumento na RAN,
especialmente para a Estrela Africana Branca e o Coastcross.
Em outro trabalho comparativo entre gramíneas forrageiras do gênero Cynodon,
quanto à produção de matéria seca, teor e rendimento de proteína bruta entre os capins
Coastcross, Tifton 68 e Tifton 85, submetidos a quatro doses de nitrogênio (zero, 100, 200 e
400 kg ha
-1
), na forma de sulfato de amônio, Menegatti et al. (2002) também observaram um
declínio na RAN à medida que as doses de nitrogênio foram aumentadas.
3. MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido na área experimental da Universidade Tecnológica
Federal do Paraná, Campus Dois Vizinhos (UTFPR/DV), situado no município de Dois
Vizinhos (latitude 25º 44’ 57” S e longitude 53º 03’ 41” W), a uma altitude de 534 m, na
região Sudoeste do Paraná, no período de 18 de outubro de 2005 a 21 de março de 2006.
O clima da região é subtropical, encontrando-se na fase de transição entre Cfb e Cfa,
segundo a classificação de Köppen (Maak, 1968), com verões quentes e invernos frios
(geadas freqüentes), com temperatura média máxima anual de 25,2
0
C e mínima de 14,7
0
C,
com precipitação mensal média de 177 mm.
O solo característico da região é o Latossolo vermelho distroférrico (Embrapa, 1999).
Por ocasião da instalação do experimento, foi realizada uma amostragem de amostras de
solo, conforme instruções do Manual de adubação e de calagem para os estados do Rio
Grande do Sul e Santa Catarina (CQFS-RS/SC, 2004), de todas as parcelas, com de
corte, nas profundidades de 0-5, 5-10 e 10-20 cm, para caracterização química do solo
(Tabela 1).
TABELA 1 - Características químicas médias do solo antes da instalação do experimento,
nas profundidades avaliadas, UTFPR, Dois Vizinhos, PR, 2006.
Prof. pH MO Al
+3
H+Al Ca Mg K P V N-min
cm CaCl
2
g dm
-3
-------------------- cmol
c
dm
-3
------------------- mg dm
-3
% mg dm
-3
0 - 5
5,44 45,23 0,00 4,28 6,17 3,84 0,85 5,20 71,43 48,94
5 - 10
5,29 42,30 0,00 4,63 5,39 3,52 0,66 3,83 67,08 37,93
10 -
20
4,73 38,79 0,57 6,15 3,61 2,64 0,43 2,45 51,82 36,60
N-min= N-NO
3
-
+ N-NH
4
+
; V= Saturação por bases
O delineamento experimental foi em blocos ao acaso, com quatro repetições, em
parcelas subdivididas no tempo.
Para as variáveis da planta, utilizou-se um esquema fatorial 4x4. Nas parcelas
principais foram casualizadas quatro doses de DLS (0, 80, 160 e 320 m
3
ha
-1
), divididas em
duas aplicações (0, 40, 80 e 160 m
3
ha
-1
), uma no início do experimento (18/10/2005) e a
26
outra 80 dias após (06/01/2006). Nas subparcelas foram considerados os quatro cortes
consecutivos realizados na pastagem (C1, C2, C3 e C4).
Para a variável de solo, utilizou-se um esquema fatorial 4x4x3. Nas parcelas
principais foram casualizadas as quatro doses de DLS (0, 80, 160 e 320 m
3
ha
-1
). Nas
subparcelas foram considerados os quatro cortes consecutivos realizados na pastagem (C1,
C2, C3 e C4) e nas sub-subparcelas as três profundidades de solo (0-5; 5-10 e 10-20 cm). O
tamanho da parcela foi de 5 m x 5 m (25 m
2
).
As variáveis da planta avaliadas foram: taxa de acúmulo de matéria seca (TMS, kg
ha
-1
dia
-1
), estimativa de produção de matéria seca durante o período experimental (ETMS,
kg ha
-1
), proteína bruta (%), nitrogênio (%) e fibra em detergente neutro (%). A variável de
solo avaliada foi o teor de nitrogênio mineral no solo (N-min, mg dm
-3
) nas camadas
avaliadas (0-5; 5-10 e 10-20 cm).
A espécie vegetal utilizada para as avaliações foi a Tifton 85 (Cynodon sp), com
quatro anos de implantação.
As medições das precipitações pluviométricas, durante o período experimental,
foram realizadas através da instalação de um pluviômetro no local do experimento. As
coletas de dados foram realizadas diariamente às 09:00 h. As temperaturas médias
máximas e mínimas, durante o período experimental, foram fornecidas pela Estação
Meteorológica de Nova Prata do Iguaçu/PR, integrante do Sistema Meteorológico do Paraná
(SIMEPAR), por ser a mais próxima do local do experimento. A partir dos dados de
precipitação e temperatura determinou-se o balanço drico (Rolin et al., 1998) do período
experimental, que se encontra na Figura 1.
-40,0
-20,0
0,0
20,0
40,0
60,0
80,0
100,0
O2 O3 N1 N2 N3 D1 D2 D3 J1 J2 J3 F1 F2 F3 M1 M2
Normal Decendial
mm
Deficiência Excesso
FIGURA 1 Balanço hídrico (Rolin et al., 1998), normal decendial, do período experimental
(18 de outubro 2005 a 21 de março 2006), UTFPR, Dois Vizinhos, PR,
2005/2006.
Coleta de solo
Período da primeira aplicação de DLS Período da segunda aplicação de DLS
Período do Corte 1 Corte 2 Corte 3 Corte 4
27
O dejeto líquido de suínos utilizado foi obtido da Unidade Produtora de Leitões do
Setor de Suinocultura da Universidade Tecnológica Federal do Paraná - Campus Dois
Vizinhos/PR. Os procedimentos foram os mesmos para as duas aplicações. Ambas foram
realizadas por volume, sendo que as quantidades aplicadas nas parcelas foram de 0, 100,
200 e 400 litros de DSL para as doses de 0, 40, 80 e 160 m
3
ha
-1
, respectivamente. A
retirada dos DLS da esterqueira foi feita com equipamento tratorizado de distribuição de
DLS. Primeiramente, foi realizada a homogeneização do volume, através de agitação
mecânica e posteriormente a transferência para o tanque de transporte e sua condução até
a área experimental, onde foi distribuído manualmente com o uso de regadores e/ou baldes
(Anexo 4). As amostras coletadas foram analisadas quimicamente no laboratório de solos da
Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Campus Pato Branco.
A análise do pH, e dos teores de nitrogênio total e amoniacal (N-NH
4
+
), bem como os
teores de Fósforo e Potássio totais foram determinados no dejeto in natura” (fração líquida
+ pastosa), ou seja, da mesma forma em que foi aplicado no solo. Para a determinação do
teor de nitrogênio total e amoniacal da amostra, realizou-se a separação das frações líquida
e pastosa, seguindo o proposto por Scherer et al., (1996).
Na análise, aproximadamente 50 gramas de dejeto foram centrifugadas durante 20
minutos a 2500 rpm, obtendo-se as frações líquida e pastosa. Esse procedimento é
necessário para calcular as proporções de ambas as frações que deverão ser observadas
durante a pesagem das amostras para a avaliação dos teores de N, reconstituindo-se assim
as duas frações originalmente presentes no esterco. O N amoniacal do dejeto (N-NH
4
+
), foi
determinado após pesagem da amostra, adição de 20 ml de KCl 1M e posterior destilação
em destilador de arraste de vapor semi-micro Kjeldahl, após a adição de 0,2 g de MgO
(Tedesco et al., 1995).
Na determinação do N, P e K total do esterco “in natura” procedeu-se a digestão das
amostras na presença de ácido sulfúrico concentrado e de uma mistura de digestão (Na
2
SO
4
+ CuSO
4
. 5H
2
O), conforme descrito em Tedesco et al. (1995). Em relação a metodologia,
não se utilizou H
2
O
2
, com o intuito de evitar a subida de material nas paredes dos tubos
durante a digestão. Posteriormente, utilizando-se uma amostra da alíquota obtida na
digestão, determinou-se os teores totais de N total, P total, K total, por destilador de arraste
de vapor semi-micro Kjeldhal, fotocolorimetria e fotometria de chama respectivamente,
segundo Tedesco et al. (1995).
O percentual de MS, as quantidades de nitrogênio total (kg m
-3
), nitrogênio mineral
(kg m
-3
), nitrogênio orgânico (kg m
-3
), P
2
O
5
total (kg m
-3
) e K
2
O total (kg m
-3
), encontram-se
na Tabela 2.
28
TABELA 2 Matéria Seca (MS, %), nitrogênio total (N-total, kg m
-3
), nitrogênio mineral (N-
min, kg m
-3
) e nitrogênio orgânico (N-org, kg m
-3
), fósforo total (P
2
O
5
-Total, kg
m
-3
) e potássio total (K
2
O-Total, kg m
-3
) do DLS utilizado nas aplicações em
Tifton 85, UTFPR, Dois Vizinhos, PR, 2005/2006.
MS N-total N-min N-org P
2
O
5
-Total
K
2
O-Total
Aplicação
(%) ------------------------------------ (kg m
-3
) --------------------------------------
1 1,89 2,03 1,36 0,67 1,51 1,20
2 1,45 1,57 1,07 0,50 1,05 1,00
A partir dos dados da Tabela 2, foram estabelecidas as quantidades dos nutrientes
aplicados em cada dose de DLS e em cada aplicação (Tabela 3).
TABELA 3 Matéria Seca (MS, kg ha
-1
), nitrogênio total (N-total, kg ha
-1
), nitrogênio mineral
(N-min, kg ha
-1
) e nitrogênio orgânico (N-org, kg ha
-1
), fósforo total (P
2
O
5
-Total,
kg ha
-1
) e potássio total (K
2
O-Total, kg ha
-1
) das doses de DLS (0, 40, 80 e 160,
m
3
ha
-1
) utilizado nas aplicações (1 e 2), em pastagem de Tifton 85, UTFPR,
Dois Vizinhos, PR, 2005/2006.
MS N-Total
N-min N-org P
2
O
5
-Total
K
2
O-Total
Aplicação
Dose
(m
3
) -------------------------- (kg ha
-1
) --------------------------------
40 756 81,2 54,4 26,8 60,4 48,0
80 1512 162,4 108,8 53,6 120,8 96,0
1
160 3024 324,8 217,6 107,2 241,6 192,0
40 580 62,8 42,8 26,8 42,0 40,0
80 1160 125,6 85,6 53,6 84,0 80,0
2
160 2320 251,2 171,2 107,2 168,0 160,0
80
1336 144 97,2 53,6 102,4 88
160
2672 288 194,4 107,2 204,8 176
Total
320
5344 576 388,8 214,4 409,6 352
Para verificação do efeito das diferentes doses de DLS sobre a produção da
pastagem, foram realizados cortes da parte aérea das plantas de cada parcela, sempre que
a altura média da pastagem nas parcelas do tratamento atingisse 40 cm de altura.
Periodicamente media-se a altura da pastagem utilizando uma régua de 50 cm de
comprimento, graduada em milímetros. Esta régua era introduzida no interior da pastagem,
sendo a medida determinada pela altura compreendida entre o solo e o topo da folha mais
alta da pastagem na parcela. Com as quatro medidas, de altura das parcelas, calculava-se a
média da altura do tratamento.
29
Para a execução dos cortes foi utilizada uma estrutura metálica medindo 62,5 cm de
comprimento por 40 cm de largura por 10 cm de altura. Estas dimensões proporcionavam o
corte de uma área equivalente a 0,25 m
2
. Em cada corte realizado na parcela, foram
amostrados dois locais, sendo que a área de corte foi de 0,5 m
2
. O material cortado foi
colocado em um único saco, devidamente identificado e encaminhado para a pesagem. Os
valores foram convertidos para kg ha
-1
(Anexo 5).
Durante o experimento, foram realizados quatro cortes (dois para cada aplicação de
DLS). O intervalo de dias entre os cortes foi determinado pela subtração das datas entre
dois cortes subseqüentes.
Após a realização do corte o material foi pesado em balança digital (3kg/1g) para
determinação do peso da matéria verde. Posteriormente, o material foi seco em estufa
ventilada (55
o
C) por 72 horas e na seqüência pesado para obtenção do peso da matéria
parcialmente seca. A matéria seca total foi obtida após secagem do material em estufa a
105
o
C.
Uma porção do material parcialmente seco foi moída em moinho de faca tipo Willey
(< 0,4 mm) para a análise bromatológica do percentual de proteína bruta (PB) e fibra em
detergente neutro (FDN) contido nas amostras, através do Sistema de Análise do
Infravermelho (NIRs). A quantificação do percentual de nitrogênio nas amostras foi obtida
pela divisão do percentual de PB das amostras pelo fator 6,25.
Visando minimizar o possível efeito das doses de DLS no número de dias para a
realização do corte, considerando que os cortes apresentaram números diferentes de dias
em função das doses de DLS, estipulou-se o ajuste pela determinação da taxa de acúmulo
diário por corte (TAD) para as variáveis TMS. Sendo as mesmas determinadas pela
seguinte fórmula:
Dias
QP
TAD =
Onde a TAD é a Taxa de acúmulo diário da variável no corte (kg ha
-1
dia
-1
); o QP é a
quantidade de unidades produzida da variável no corte (kg ha
-1
) e “Dias” é o número de dias
para produzir a quantidade de unidades da variável.
Para o cálculo da Eficiência de utilização do nitrogênio (EUN), que determina
quantos kg de MS foram produzidas para cada kg de N aplicado, utilizou-se a seguinte
equação:
EUN = kg de MS produzida na dose “a” – kg de MS produzida na dose zero
kg de N aplicado na dose “a”
30
E para o cálculo da Recuperação aparente do nitrogênio (RAN), que determina a
percentagem do N aplicado que foi recuperado (acumulado) pela planta, pela equação:
RAN = kg de N acumulado na MS na dose “a” – kg de N acumulado na dose zero x 100
kg de N aplicado na dose “a”
O fator determinante, utilizado neste experimento, para a realização dos cortes foi a
altura da pastagem (40 cm). Sendo assim, para a estimativa da produção de matéria seca
dos tratamentos durante o período experimental, realizou-se o ajuste do número de dias
para a realização dos cortes da seguinte maneira:
Considerou-se um período experimental de 154 dias, obtido pela soma de dias que o
tratamento testemunha levou para atingir o ponto de corte em cada um dos corte (corte 1 =
37; corte 2 = 42; corte 3 = 40 e corte 4 = 35 dias).
A estimativa da produção de matéria seca (EMS) em cada corte (C) foi determinada
multiplicando-se a respectiva TAD do tratamento (T) pelo número de dias para o corte.
EMS T1 = TAD T1 C1 x 37; TAD T1 C2 x 42; TAD T1 C3 x 40 e TAD T1 C4 x 35
A estimativa da produção total do tratamento no período experimental (EMST) foi
determinada pela soma das produções de matéria seca nos quatro cortes.
EMST T1 = EMS T1 C1 + EMS T1 C2 + EMS T1 C3 + EMS T1 C4
Durante o experimento foram realizadas coletas de amostras de solo, sempre que se
realizavam os cortes da pastagem, para verificação do efeito das diferentes doses de DLS
sobre as quantidades de nitrogênio mineral no solo (N-min, mg dm
-3
), conforme instruções
do Manual de adubação e calagem para os Estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina
(CQFS-RS/SC, 2004).
As coletas de solo foram realizadas, simultaneamente, em todas as parcelas dos
tratamentos, coincidindo com o momento em que o primeiro tratamento atingisse o ponto de
corte. Foram realizadas quatro coletas de amostras de solo durante o período experimental,
coincidente aos cortes um, dois, três e quatro da pastagem de Tifton 85.
As amostras de solo foram coletadas com de corte, na profundidade de 20 cm, e
dividida nas três profundidades estudadas (0-5; 5-10 e 10-20 cm), sendo armazenadas em
31
sacos plásticos individuais, devidamente identificados. Os mesmos foram congelados, para
posterior análise em laboratório (Anexo 6).
A metodologia utilizada para determinação das quantidades de N-min no solo foi a
proposta por Tedesco et al. (1995), sendo obtidas pela soma do nitrogênio nas formas de
nitrato (N-NO
3
-
) e de amônio (N-NH
4
+
).
A determinação da relação entre a absorção de N pela planta e a produção de
biomassa pela cultura foi determinada segundo Lemaire (1997), através da seguinte
fórmula:
Nc = 3,4 (MS)
-0,37
, onde:
Nc é a quantidade de N absorvida em kg ha
-1
; 3,4 corresponde ao percentual de N
necessário para a produção de 1 Mg ha
-1
de biomassa, MS corresponde a produção de
matéria seca em Mg ha
-1
e -0,37 corresponde ao coeficiente entre a quantidade de
absorvida e a taxa de crescimento de biomassa pela cultura.
As variáveis da planta: TMS, EMST, PB, N, FDN e de solo: N-min nas diferentes
profundidades (0-5, 5-10 e 10-20 cm), foram submetidas à análise de variância, para
determinar o nível de significâncias das fontes de variação. A relação da variável
independente (dose de DLS) com as variáveis dependentes foi estabelecida pela análise de
regressão. Procurou-se, dentre os modelos, o que melhor se ajustava à relação entre as
variáveis, testando-se as regressões linear e quadrática. Para as variáveis qualitativas
utilizou-se o teste de Tukey para comparação entre as médias. As análises foram realizadas
utilizando-se o programa estatístico Statgraphics Plus 4.1, sendo que o nível de significância
adotado foi de 5%.
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Conforme o Anexo 1, constatou-se pela análise estatística que as variáveis
independentes Dose e Corte, promoveram efeitos significativos em todas as variáveis
dependentes avaliadas. O efeito da dose se manifestou de forma diferenciada para cada
corte ao longo dos cortes (Dose x Corte) para as variáveis TMS, EMST, PB, FDN e N.
Como houve interação entre dose e corte para as variáveis TMS, EMST, PB, FDN e
N, os efeitos das doses de DLS serão discutidos em cada um dos cortes realizados no Tifton
85.
O estudo de regressão possibilitou a determinação das equações que melhor se
ajustaram à resposta do Tifton 85 às variáveis avaliadas. As referidas equações, o
coeficientes de determinação e a probabilidade para cada variável, encontram-se no Anexo
2.
4.1 Taxa de acúmulo de matéria seca (TMS).
O tempo necessário, em dias, para a realização dos cortes em Tifton 85 em função
das doses de DLS aplicadas e o conseqüente rendimento de matéria seca por tratamento,
encontra-se nas Tabelas 4 e 5, respectivamente. As datas de realização dos cortes
encontram-se no Anexo 7.
TABELA 4 Número de dias para a realização dos cortes (C1, C2, C3 e C4), em Tifton 85,
adubado com diferentes doses de DLS (0, 40, 80 e 160 m
3
ha
-1
), em duas
aplicações, UTFPR, Dois Vizinhos, PR, 2005/2006.
Número de dias para o corte
Aplicação 1 Aplicação 2
Dose
(m
3
)
Corte 1 Corte 2 Corte 3 Corte 4
Total
(dias)
0 37 42 40 35 154
40 29 33 35 39 136
80 29 28 33 34 124
160 29 28 31 35 123
O parâmetro utilizado para definir o momento de corte da Tifton 85 (altura),
proporcionou diferenças no número de dias para a realização do corte na pastagem (Tabela
4).
33
Esta redução no número de dias está associada ao incremento das doses de DLS.
No entanto, observou-se que a produção total de matéria seca foi semelhante entre os
tratamentos, conforme pode ser observado na Tabela 5.
TABELA 5 Rendimento de MS (kg ha
-1
) por corte (C1, C2, C3 e C4), realizado em Tifton
85, adubado com diferentes doses de DLS (0, 40, 80 e 160 m
3
ha
-1
), em duas
aplicações, UTFPR, Dois Vizinhos, PR, 2005/2006.
Rendimento de matéria seca (MS, kg ha
-1
)
Aplicação 1 Aplicação 2 Total dos
Dose
(m
3
)
Corte 1 Corte 2 Corte 3 Corte 4 corte
0 5.147 5.047 4.499 3.431 18.124
40 4.878 4.565 5.406 3.756 18.605
80 5.675 3.804 5.735 3.536 18.751
160 5.961 3.820 5.033 3.573 18.388
Este resultado era esperado, pois a altura de corte foi a mesma para todos os
tratamentos e, conseqüentemente, a produção de matéria seca total dos mesmos estaria
assemelhadas, embora o tempo necessário para alcançar a altura definida seja menor para
o DLS. Esta opção por usar um parâmetro da planta para determinar o ponto de corte,
baseia-se no fato de que para se comparar adequadamente uma determinada variável, as
plantas devem estar em uma condição fisiológica semelhante (Gardner, 1986).
Neste sentido, para se avaliar o efeito das doses de DLS na produção de MS,
utilizou-se a variável taxa de acúmulo diário de matéria seca (TMS) cujos resultados
encontram-se na Tabela 6.
TABELA 6 Taxa de acúmulo de matéria seca (TMS, kg ha
-1
dia
-1
) por corte (C1, C2, C3 e
C4), em Tifton 85, adubado com diferentes doses de DLS (0, 40, 80 e 160 m
3
ha
-1
), em duas aplicações, UTFPR, em Dois Vizinhos, PR, 2005/2006.
Taxa de acúmulo de matéria seca (TMS, kg ha
-1
dia
-1
)
Aplicação 1 Aplicação 2
Dose
(m
3
)
Corte 1 Corte 2 Corte 3 Corte 4
Média
0 139,10 120,17 112,47 98,03 117,44
40 168,21 138,32 154,46 96,32 139,33
80 195,68 135,86 173,80 104,01 152,34
160 205,56 136,44 162,36 102,08 151,61
4.1.1 Taxa de acúmulo de matéria seca no primeiro corte
Observou-se influência significativa da interação dose x corte (Anexo 1) sobre a
34
TMS. Na Figura 2, observa-se que no primeiro corte a Tifton 85 respondeu positivamente
com aumento na TMS (207 kg ha
-1
dia
-1
) até a dose de 143 m
3
de DSL ha
-1
(dose de máxima
eficiência técnica, MET), equivalente a 290 kg de N ha
-1
. Significando que dose acima deste
valor não promove acréscimos na TMS. Este resultado é significativo, no momento em que
fornece parâmetro de dose de fertilizante na forma de DLS, considerando que a dose a ser
aplicada é de extrema importância no estudo do DLS como fertilizante, evitando a falta ou o
excesso de nutrientes e suas possíveis conseqüências para as plantas e para o meio
ambiente.
Dose de DLS (m
3
ha
-1
)
0 20 40 60 80 100 120 140 160
TMS (kg ha
-1
dia
-1
)
80
100
120
140
160
180
200
220
240
260
Y=138,004 + 0,9628x - 0,0033x
2
r
2
= 0,54 p=0,0025
MET=143 m
3
ha
-1
FIGURA 2 Taxa de acúmulo de matéria seca (TMS, kg ha
-1
dia
-1
), no primeiro corte, do
Tifton 85 adubado com diferentes doses de dejeto líquido de suínos (DLS, m
3
ha
-1
), UTFPR, Dois Vizinhos, PR, 2005/2006.
Para a estimativa das quantidades de nitrogênio (N), fósforo (P
2
O
5
) e potássio (K
2
O)
que foram aplicadas ao solo, por meio do DLS e que proporcionaram ao Tifton 85 alcançar a
MET, utilizou-se os dados da Tabela 2 da qual obteve-se 290, 214 e 171 kg de ha
-1
,
respectivamente, de N, P
2
O
5
e K
2
O.
Ao se comparar com a recomendação de adubação para a pastagem de Tifton 85,
segundo CQFS-RS/SC (2004), para a condição de fertilidade do solo experimental (150, 70
e 60 kg ha
-1
de N, P
2
O
5
e K
2
O, respectivamente), verificou-se que a quantidade de nutrientes
fornecidos pelo DLS, na dose que proporcionou a MET para TMS, está além da
recomendada pela literatura utilizada.
A princípio é possível se pensar que as recomendações oficiais estariam
subestimando o potencial de resposta à adubação desta espécie forrageira. No entanto,
acredita-se ser uma hipótese mais consistente, a possível interação entre os diversos
35
nutrientes da composição do DLS que potencializam a resposta da planta. Este argumento
fundamenta-se na Lei da Interação, onde “cada fator de produção é tanto mais eficaz
quando os outros estão mais perto do seu ótimo”.
No entanto, esta MET indica que o DLS pode ser usado como fonte de nutrientes
para a pastagem de Tifton 85, pois promove acréscimo de até 50% na TMS (69 kg ha
-1
dia
-1
de MS) no primeiro corte após sua aplicação em relação à testemunha (138 kg ha
-1
dia
-1
da
testemunha contra 207 kg ha
-1
dia
-1
na dose de MET do DLS). Em outras palavras, isto
significa se dizer que a pastagem de Tifton 85 quando adubada com DLS atinge ponto de
corte mais rapidamente e proporcionalmente à dose fornecida. Desta forma poder-se-ia
obter um maior aproveitamento da pastagem ao longo do seu período de crescimento.
É importante se destacar que este efeito de incremento na TMS poderia ser mais
evidente, caso a fertilidade do solo utilizado no experimento estivesse mais baixa. A
interpretação das quantidades de macronutrientes (N, P
2
O
5
e K
2
O) contidos inicialmente no
solo experimental demonstra que todos os elementos encontravam-se em níveis altos no
solo. Neste sentido supõe-se que esta elevada fertilidade natural do solo propiciou um
crescimento satisfatório da pastagem mesmo no tratamento testemunha (0 m
3
ha
-1
de DLS).
Este fato indica que a dose obtida como MET neste experimento esteja mais adequada ao
cultivo de Tifton 85 em boas condições de fertilidade do solo. No entanto demonstra que
mesmo em solos com fertilidade elevada o DLS promove incrementos na produção de MS
da pastagem de Tifton 85 e por outro lado comprova a elevada capacidade desta espécie de
absorver nutrientes e convertê-los em MS.
4.1.2 Taxa de acúmulo de matéria seca no segundo corte
No segundo período de crescimento da pastagem (Tabela 6, corte 2), subseqüente
ao primeiro em que ocorreu a aplicação de DLS, constatou-se pela análise estatística, que
não houve diferenças significativas na TMS do Tifton 85 em relação às doses de DLS
aplicadas.
Este comportamento sugere que o incremento na TMS proporcionado pelo DLS,
evidenciado no primeiro corte, não se prolongou para o posterior período de crescimento da
pastagem. Este efeito se restringiu ao primeiro período de crescimento após a aplicação do
DLS (aproximadamente 30 dias). Sendo assim, pode-se inferir que não se constatou efeito
residual do DLS para a produção de MS, em pastagem de Tifton 85, com dose de até 160
m
3
ha
-1
(325 kg de N ha
-1
).
Pode-se também supor que a capacidade de absorção de nutrientes do Tifton 85
36
estivesse aquém das disponíveis no solo no segundo período de crescimento em todos os
tratamentos, o que justificaria a afirmação de que não ocorreu efeito residual da aplicação
de DLS para o segundo corte, indicando que a pastagem de Tifton poderia receber uma
nova aplicação do fertilizante orgânico. Esta constatação pode ser observada pela TMS que
não diferiu estatisticamente neste segundo corte.
A resposta obtida no segundo corte, comparada com a do primeiro, demonstra que a
adubação com DLS aumenta a taxa de acúmulo de matéria seca, ou seja, se a pastagem
dispuser de mais nutrientes ela responde mais rapidamente em acúmulo de matéria seca.
No segundo corte, a taxa com que a mesma acumulou matéria seca não diferiu entre os
tratamentos, indicando que, para um mesmo período de produção, a disponibilidade de
matéria seca será maior com o uso de DLS.
4.1.3 Taxa de acúmulo de matéria seca no terceiro corte.
No terceiro corte, após a reaplicação das doses de DLS (80 dias após a primeira
aplicação), constatou-se que o Tifton 85 respondeu de maneira semelhante à primeira
aplicação (corte 1). Isto demonstra que a aplicação de DLS promove aumentos na TMS da
pastagem, evidenciando o elevado potencial que esta espécie tem para utilização dos
nutrientes disponibilizados.
O comportamento quadrático demonstrou que neste período (terceiro corte, primeira
metade do verão de 2006), a resposta da pastagem de Tifton 85 se processou de maneira
semelhante, mas com menor intensidade, em relação ao primeiro corte ocorrido na primeira
metade da primavera de 2005 (Figura 3).
Esta menor intensidade observada pode ser comprovada através da dose de MET
para as duas variáveis. No primeiro corte tem-se, para TMS, uma MET de 143 e no terceiro
corte de 106 m
3
ha
-1
.
Da mesma forma como efetuado no primeiro corte, pode-se estimar a quantidade
dos macronutrientes primários (N, P
2
O
5
e K
2
O), contidos na dose de DLS que promoveu a
MET para TMS, utilizando-se os dados da Tabela 2. Desta forma obteve-se 166, 111 e 106
kg m
-3
de N, P
2
O
5
e K
2
O, respectivamente. É importante ressaltar, neste contexto, a falta de
consistência em recomendar adubação de pastagens pelo uso de DLS sem a devida análise
do material, considerando-se que é um produto com uma composição muito variável, em
função das condições de origem.
37
Pela soma das MET para TMS, obtidas na primeira e segunda aplicação de DLS,
pode-se determinar a dose total de DLS que promoveu o melhor desempenho do Tifton 85
em relação a TMS e a sua concentração em macronutrientes primários.
Dose de DLS (m
3
ha
-1
)
0 20 40 60 80 100 120 140 160
TMS (kg ha
-1
dia
-1
)
60
80
100
120
140
160
180
200
220
Y=112,9540 + 1,2377x - 0,0058x
2
r
2
= 0,5941 p=0,0011
MET=106 m
3
ha
-1
FIGURA 3 Taxa de acúmulo de matéria seca (TMS, kg ha
-1
dia
-1
), no terceiro corte, do
Tifton 85 adubado com diferentes doses de dejeto líquido de suínos (DLS, m
3
ha
-1
), UTFPR, Dois Vizinhos, PR, 2005/2006.
Considerando a MET da primeira aplicação (143 m
3
ha
-1
, equivalente a 290, 214 e
171 kg ha
-1
de N, P
2
O
5
e K
2
O, respectivamente) e a MET da segunda aplicação (106 m
3
ha
-1
,
equivalente a 166, 111 e 106 kg ha
-1
de N, P
2
O
5
e K
2
O, respectivamente), obter-se-á 249 m
3
ha
-1
de DLS como dose total, equivalente respectivamente, a 450, 325 e 277 kg ha
-1
de N,
P
2
O
5
e K
2
O.
Estes dados estão de acordo com a literatura, pois experimentos conduzidos com
DLS demonstram que a elevação da dose promove um incremento na produção de matéria
seca e proteína bruta de gramíneas tropicais forrageiras, sendo que as melhores respostas
foram obtidas com doses variando de 400 a 500 kg de N ha
-1
(Adeli & Varco, 2001; Adeli et
al., 2003; Adeli et al., 2005; Brink et al., 2003 e Drumond et al., 2006).
Outra explicação para uma menor TMS neste terceiro corte, um tanto quanto
contraditória à hipótese anterior, da menor concentração em nutrientes no DLS aplicado é a
redução causada por um possível aumento nas concentrações dos nutrientes no solo em
função da reaplicação das doses de DLS. Este aumento causaria um efeito antagônico entre
os nutrientes refletindo em uma redução na produção da espécie vegetal. Duas leis
sustentam esta segunda hipótese, a Lei dos Incrementos Decrescentes, onde doses
crescentes de nutrientes proporcionam uma redução na produção ao longo do tempo e a Lei
38
do Máximo, onde o excesso de nutrientes no solo reduz a eficácia de outros, com
conseqüente prejuízo à produção.
No entanto, os resultados obtidos neste terceiro corte demonstram, assim como no
primeiro, que o Tifton 85 responde ao incremento de doses de DLS, mesmo em solos com
boa fertilidade e, da mesma forma, reforçam a expectativa de que aplicações de DLS logo
após o corte, possam promover aumentos na produção de MS ao longo do período de
crescimento da pastagem.
4.1.4 Taxa de acúmulo de matéria seca no quarto corte.
A análise estatística demonstrou a inexistência de resposta significativa do Tifton 85
ao incremento da dose de DLS no quarto corte, para a variável avaliada (TMS).
Este resultado se assemelha ao que ocorreu no segundo corte, onde não se
observou diferença significativa entre os tratamentos, demonstrando que o efeito do DLS
manifesta-se no primeiro período de crescimento da pastagem, após a aplicação do
fertilizante.
Pela semelhança nos resultados entre o segundo e o quarto corte, atribui-se como
sendo a provável causa da ausência de diferenças significativas na TMS entre os
tratamentos a uma menor disponibilidade de algum(ns) nutriente(s), pela não aplicação de
DLS.
4.1.5 Estimativa da produtividade de matéria seca por corte (EMS) e total (EMST).
Como visto anteriormente, o incremento de doses de DLS promoveu um aumento na
TMS. Com isso constatou-se que a pastagem de Tifton atingiu o ponto de corte em menos
tempo (dias) quando estimulada pelo uso de doses crescentes de DLS, em comparação
com a testemunha (Tabela 4).
Entretanto, uma informação relevante para o estudo da utilização do DLS em
pastagem de Tifton 85, refere-se ao total de matéria seca produzida durante o período
experimental, ou seja, qual é o possível aumento na produção total de MS proporcionado
pelo incremento de doses de DLS, considerando que a quantidade de MS disponível afeta
diretamente a capacidade de produção animal. A estimativa da produção total de matéria
seca durante o período experimental encontra-se na Tabela 7.
39
TABELA 7 – Estimativa da produtividade de matéria seca por corte (EMS, kg ha
-1
) e
estimativa da produtividade de matéria seca do período experimental (EMST,
kg ha
-1
), em Tifton 85, adubado com diferentes doses de DLS (0, 40, 80 e 160
m
3
ha
-1
), em duas aplicações, UTFPR, Dois Vizinhos, PR, 2005/2006.
Matéria seca (EMS, kg ha
-1
)
Aplicação 1 Aplicação 2
Dose
(m
3
)
Corte 1 Corte 2 Corte 3 Corte 4
EMST
(kg ha
-1
)
0 5.147 5.047 4.499 3.431 18.124
40 6.224 5.810 6.178 3.371 21.583
80 7.241 5.706 6.952 3.640 23.540
160 7.606 5.730 6.494 3.573 23.403
A partir dos dados da Tabela 7, gerou-se as Figuras 4 e 5, bem como as respectivas
equações de regressão.
Pelas equações, determinou-se as doses de DLS que promoveram a MET para
produção de matéria seca nos cortes onde houve a aplicação de DLS. Sendo, de 143 e 106
m
3
(7.655 e 7.154 kg ha
-1
de EMS), respectivamente, para os cortes 1 e 3. E para os cortes
onde não houve aplicação de DLS (cortes 2 e 4), utilizou-se a média dos tratamentos (5.573
e 3.504 kg ha
-1
de EMS), em função de não haver determinação do ponto de MET.
Quando se compara os valores com DLS (7.655 e 7.154 kg ha
-1
de EMS) e sem DLS
(5.573 e 3.504 kg ha
-1
de EMS), verifica-se que a aplicação de DLS promoveu um aumento
significativo na EMS em Tifton 85.
Dose de DLS (m
3
ha
-1
)
0 20 40 60 80 100 120 140 160
EMS (kg ha
-1
)
3000
4000
5000
6000
7000
8000
9000
Dose de DLS (m
3
ha
-1
)
0 20 40 60 80 100 120 140 160
EMS (kg ha
-1
)
3000
4000
5000
6000
7000
8000
9000
Corte 1 Corte 3
Y= 5106,1312 + 35,6279X - 0,1245X
2
r
2
= 0,5816 p=0,0014
Y= 4518,0510 + 49,5130X - 0,2325X
2
r
2
= 0,6345 p=0,0006
FIGURA 4 Estimativa da produção de matéria seca (EMS, kg ha
-1
), nos cortes um e três,
em pastagem de Tifton 85, adubado com diferentes doses de DLS (0, 40, 80 e
160 m
3
ha
-1
), em duas aplicações, UTFPR, Dois Vizinhos, PR, 2005/2006.
40
Pela figura 5, onde se somam as duas aplicações de DLS e as produções de MS de
cada dose, em cada corte, verifica-se, através da equação de regressão, que o incremento
das doses de DLS promoveu acréscimos na EMST até a dose de 235 m
3
ha
-1
(423 kg ha
-1
de N), correspondente a 24.180 kg ha
-1
. Este valor é um indicativo da dose de DLS a ser
aplicada em Tifton 85 e a respectiva expectativa de produção de MS.
Estes resultados estão de acordo com os observados por Alvin et al. (1999),
Menegatti et al. (2002), Rocha et al. (2002),Marcelino et al. (2003), Brink et al. (2003), Adeli
& Varco (2001), Adeli et al. (2003), Adeli et al. (2005) e Drumond et al. (2006).
Quando se compara a MET da EMST das doses com a EMST da testemunha,
verifica-se que o DLS promoveu um acréscimo de 6.056 kg ha
-1
de MS a mais que a dose
testemunha (24.180 contra 18.124 kg ha
-1
de MS). Este aumento da EMST, para um mesmo
período de produção, permite uma maior exploração desta pastagem, considerando que a
taxa de lotação animal está baseada na produção de MS.
É passível de abstração que, nestas condições, o número de animais possíveis de
serem manejados em uma mesma área (um ha), levando em consideração uma taxa de
desaparecimento de matéria seca de 4% do peso vivo animal e, considerando um peso vivo
de 450 kg (18 kg dia
-1
de MS), durante o período experimental, seria em torno de 6,5 UA
sem o uso de DLS, e com o seu uso, na dose de MET, mantido em torno de 9 UA.
Dose de DLS (m
3
ha
-1
)
0 50 100 150 200 250 300
EMST (kg ha
-1
)
12000
14000
16000
18000
20000
22000
24000
26000
28000
Y= 18136,2145 + 51,4074X - 0,1093X
2
r
2
= 0,4453 p=0,0086
MET = 235 m
3
ha
-1
de DLS (423 kg ha
-1
de N)
FIGURA 5 Estimativa de produção de matéria seca no período experimental (EMST, kg.
ha
-1
), em pastagem de Tifton 85, adubado com diferentes doses de DLS (0, 40,
80 e 160 m
3
ha
-1
), em duas aplicações e quatro cortes, UTFPR, Dois Vizinhos,
PR, 2005/2006.
41
Este aumento pode ser considerado pequeno, levando-se em conta as doses de DLS
aplicadas. No entanto, deve-se lembrar que se trata de um solo com uma boa fertilidade
inicial. Isto indica que estes valores possam ser ainda maiores caso se utilizasse um solo
menos fértil. Destaca-se que, mesmo em solos com boa fertilidade, é possível obter-se bons
resultados de produção vegetal, com a aplicação de DLS em Tifton 85.
Outro aspecto relevante é o aumento no valor nutritivo com o uso de DLS, isso faria
com que a produção individual dos animais fosse aumentada, além do incremento na
capacidade de suporte pelo maior acúmulo de forragem, ou seja, os dois fatores que
definem a produção animal por área são favorecidos com o uso de DLS.
4.2 Proteína Bruta (PB) e Fibra em Detergente Neutro (FDN)
Nas Tabelas 8 e 9, encontram-se os resultados dos percentuais de proteína bruta
(PB) e fibra em detergente neutro (FDN), da Tifton 85 adubada com diferentes doses de
DLS.
TABELA 8 Percentual de proteína bruta (PB, %), por corte (C1, C2, C3 e C4), realizado
em Tifton 85, adubado com diferentes doses de DLS (0, 40, 80 e 160 m
3
ha
-1
),
em duas aplicações, UTFPR, Dois Vizinhos, PR, 2005/2006.
Proteína Bruta (PB, %)
Aplicação 1 Aplicação 2
Dose
(m
3
)
Corte 1 Corte 2 Corte 3 Corte 4
Média
(%)
0 17,2 16,2 16,6 18,7 17,2
40 17,7 16,2 17,1 18,9 17,5
80 18,4 18,2 18,0 19,6 18,5
160 18,3 18,4 18,7 20,1 18,9
TABELA 9 Percentual de fibra em detergente neutro (FDN, %), por corte (C1, C2, C3 e
C4), realizado em Tifton 85, adubado com diferentes doses de DLS (0, 40, 80
e 160 m
3
ha
-1
), em duas aplicações, UTFPR, Dois Vizinhos, PR, 2005/2006.
Dose Fibra em detergente neutro (FDN, %) Média
(m
3
) Aplicação 1 Aplicação 2 (%)
Corte 1 Corte 2 Corte 3 Corte 4
0 66,9 69,8 67,8 66,1 67,6
40 63,4 67,3 67,8 65,9 66,1
80 64,3 63,7 66,6 62,1 64,2
160 63,4 63,6 64,9 59,4 62,8
42
Os resultados da análise de variância indicaram significância na interação entre dose
e corte sobre os percentuais de PB e FDN na matéria seca da Tifton 85, adubado com DLS.
4.2.1 PB e FDN no primeiro corte
O estudo de regressão para as variáveis PB e FDN, demonstrou que as mesmas
responderam de forma quadrática ao incremento das doses de DLS. Para a variável PB
houve um aumento da concentração na planta com o incremento das doses de DLS e para
a variável FDN ocorreu o inverso, conforme pode ser observado na Figura 6.
Dose de DLS (m
3
ha
-1
)
0 20 40 60 80 100 120 140 160
PB (%)
15
16
17
18
19
20
Dose de DLS (m
3
ha
-1
)
0 20 40 60 80 100 120 140 160
FDN (%)
61
62
63
64
65
66
67
68
Y= 17,146 + 0,0205X - 0,00008X
2
r
2
= 0,3055 p=0,0369
Y= 66,4262 - 0,0562X + 0,00023X
2
r
2
= 0,2792 p=0,0470
FIGURA 6 – Percentual de proteína bruta (PB, %) e de fibra em detergente neutro (FDN, %),
na MS, no primeiro corte, do Tifton 85 adubado com diferentes doses de dejeto
líquido de suínos (DLS, m
3
ha
-1
), UTFPR, Dois Vizinhos, PR, 2005/2006.
Através das equações da PB e FDN, determinou-se as doses de MET para cada
variável, sendo de 124 e 118 m
3
ha
-1
de DLS, respectivamente. Estas doses equivalem a
18,42% PB e 63,12% de FDN.
Este resultado indica que os teores de N aumentam na planta, em resposta as doses
de N aplicadas, no período subseqüente a aplicação da adubação com DLS.
Esta informação é significativa, pois o teor de N na planta está diretamente
relacionado com o teor de proteína (em média 16% de N na PB), podendo sugerir que o
incremento de doses de nitrogênio, via DLS, promovem aumentos nos teores de proteína na
pastagem de Tifton 85 e, conseqüentemente no seu valor nutritivo. Através da Figura 6,
pode-se observar que o aumento da PB está associado a uma redução na concentração da
43
fibra, representada pela FDN, indicando que o DLS promove uma melhora na composição
nutricional da forragem de Tifton 85. Esse decréscimo pode estar associado, segundo
Rocha, et al. (2002), ao efeito de diluição, uma vez que os aumentos nas doses de N
promovem aumentos na produção de MS. Para os autores, estes decréscimos são
desejáveis, pois a redução da fibra na forragem vai possibilitar melhorias na sua
digestibilidade e no consumo.
O aumento na concentração de PB, com a elevação da dose de nitrogênio, também
foi constatado nos trabalhos realizados por Alvim et al., 1998; Oliveira et al., 2000; Dias et
al., 2000; Paciulli et al., 2000; Menegatti et al., 2002 e Gonçalves et al., 2003.
Esses experimentos demonstraram que a elevação da dose de N promoveu um
incremento nas produções de MS e PB de gramíneas tropicais forrageiras, sendo que as
melhores respostas foram obtidas com doses variando de 400 a 500 kg de N ha
-1
. Estas
respostas variam em função da espécie, da época do ano, do número e do intervalo entre
cortes, da fonte de nutrientes, do estádio de desenvolvimento da planta e da fertilidade do
solo (Balsalobre et al., 2002), sendo que quanto maior as doses empregadas, menores são
suas conversões em produção de forragem (Primavesi et al., 2001). Os resultados obtidos
neste experimento estão de acordo com as afirmações dos autores acima citados, conforme
pode ser observado na Figura 3. Acima da dose de 124 m
3
de DLS (252 kg ha
-1
de N) o
Tifton 85 não responde em aumento na concentração de N na planta.
Ao comparar a MET da TMS (143 m
3
de DLS ha
-1
) com a MET do N (124 m
3
de DLS
ha
-1
), verifica-se que a inflexão da curva ocorreu antes para o N, sugerindo que a planta
continuou produzindo matéria seca sem um proporcional aumento na concentração de
nitrogênio. Este fato demonstra que a resposta da Tifton 85 ao DLS não está relacionada
diretamente ao nutriente nitrogênio, podendo outro(s) fator(es) estar(em) influenciando na
produção de matéria seca da pastagem, ou seja, as necessidades de nitrogênio da
pastagem encontram-se supridas na dose de 124 m
3
de DLS ha
-1
, mas a planta continua
produzindo matéria seca até o suprimento adequado do(s) outro(os) fator(es).
Importante observar que as doses de nitrogênio recomendadas pela literatura,
independente da fonte utilizada, para produção de MS e PB, estão acima dose de MET
encontrada ao momento neste experimento (290 e 252 kg de N ha
-1
, respectivamente).
Mas é conveniente ressaltar que foi avaliado somente a fase inicial do período de
crescimento da pastagem (primavera) e a primeira aplicação de DLS, aliado ao fato de se
tratar de um solo com boa fertilidade natural, bem provido de matéria orgânica conforme
Tabela 1.
Através das curvas de regressão (TMS, EMST, PB, FDN e N), foi possível se
44
observar e determinar que em todas as variáveis houve uma dose de DLS que ultrapassou a
capacidade máxima de produção do Tifton 85 no primeiro corte. Tal fato demonstra que
somente a adubação com DLS foi suficiente para suprir a demanda de nutrientes para as
necessidades da forragem. Desta forma, pode-se sugerir que o DLS venha a ser utilizado
como fonte de nutrientes para a pastagem de Tifton 85. Os trabalhos consultados na
literatura (Adeli e Varco, 2001; Adeli et al., 2003; Adeli et al., 2005; Drumond et al., 2006 e
Barnabé et al., 2007) reforçam esta constatação.
4.2.2 PB e FDN no segundo corte
Verifica-se, pela análise da variância, que o comportamento das variáveis PB e FDN
foi semelhante à resposta obtida no primeiro corte. O incremento das doses de DLS
continuou a promover uma elevação na concentração de PB e uma redução na
concentração de FDN na planta, no segundo período de crescimento da pastagem de Tifton
85 (Figura 7).
Dose de DLS (m
3
ha
-1
)
0 20 40 60 80 100 120 140 160
PB (%)
14
15
16
17
18
19
20
Dose de DLS (m
3
ha
-1
)
0 20 40 60 80 100 120 140 160
FND (%)
60
62
64
66
68
70
72
Y= 15,9176 + 0,0268X - 0,00006X
2
r
2
= 0,6270 p=0,0006
Y= 70,0553 - 0,1025X + 0,00038X
2
r
2
= 0,7216 p=0,0001
FIGURA 7 – Percentual de proteína bruta (PB, %) e de nitrogênio (N, %), na MS, no
segundo corte, do Tifton 85 adubado com diferentes doses de dejeto quido
de suínos (DLS, m
3
ha
-1
), UTFPR, Dois Vizinhos, PR, 2005/2006.
Observou-se que as doses de DLS não promoveram efeito significativo na TMS (visto
anteriormente), no entanto, continuaram a promover aumento no percentual de N na MS no
segundo período de crescimento da pastagem, no qual não houve adição de DLS,
demonstrando que a disponibilidade de N estava adequada às necessidades da pastagem.
45
Este resultado indica que no segundo corte possivelmente outro fator existente no
DLS, e não o N, esteja limitando a pastagem de expressar seu potencial de crescimento,
conforme já demonstrado no primeiro corte.
O aumento da PB e redução na FDN, em função do incremento das doses de DLS,
demonstra que a proporção de N na MS aumenta em relação aos demais componentes e,
conseqüentemente, a qualidade da forragem também aumenta. Esta afirmação pode ser
observada pela Figura 7, onde se constata que os teores de PB se elevaram com o
incremento da dose de DLS, enquanto que a FDN sofreu redução. Em outras palavras, não
se constatou aumento na produção de MS, mas sim uma melhora no valor nutritivo da
forragem em função do aumento da fração mais digestível e redução da fração menos
digestível. Além disso, este comportamento demonstra que a planta responde em absorção
de N (PB) conforme a disponibilidade do nutriente no solo.
4.2.3 PB e FDN no terceiro corte
O estudo da concentração de PB e FDN demonstrou, no terceiro corte, ocorrido após
a reaplicação das doses de DLS, um comportamento similar aos anteriores (corte 1 e 2). A
pastagem de Tifton 85 respondeu ao incremento de doses de DLS com aumentos na
concentração de PB e redução da FDN. Entretanto, esta resposta se manifestou de forma
linear (Figura 8).
Dose de DLS (m
3
ha
-1
)
0 20 40 60 80 100 120 140 160
PB (%)
15
16
17
18
19
20
Dose de DLS (m
3
ha
-1
)
0 20 40 60 80 100 120 140 160
FDN (%)
63
64
65
66
67
68
69
Y = 16,65 + 0,0136x
r
2
= 0,5001 p = 0,0013
Y = 68,11 - 0,0195x
r
2
= 0,6765 p = 0,0001
FIGURA 8 – Percentual de proteína bruta (PB, %) e de fibra em detergente neutro (FDN, %),
na MS, no terceiro corte, do Tifton 85 adubado com diferentes doses de dejeto
líquido de suínos (DLS, m
3
ha
-1
), UTFPR, Dois Vizinhos, PR, 2005/2006.
46
A resposta linear neste terceiro corte, comparada com a resposta quadrática do
primeiro e segundo cortes, indica que a disponibilidade de N para a pastagem encontrava-se
mais baixa, não atingindo o ponto de inflexão da curva. Esta resposta pode estar associada
a menor concentração de nutrientes no DLS na segunda aplicação, como pode ser
observado na Tabela 2.
Da mesma forma como observado nos cortes anteriores, no terceiro corte, o
incremento da dose de DLS continuou a promover uma melhora na qualidade da forragem
produzida, com aumento na concentração de PB e redução na concentração de FDN.
4.2.4 PB e FDN no quarto corte.
No quarto corte, similar ao resultado obtido no terceiro, observou-se que o
incremento das doses de DLS continuou a promover, respectivamente, uma elevação e uma
redução linear significativa, na concentração de PB e FDN na MS da Tifton 85 (Figura 9).
Dose de DLS (m
3
ha
-1
)
0 20 40 60 80 100 120 140 160
PB (%)
17
18
19
20
21
22
Dose de DLS (m
3
ha
-1
)
0 20 40 60 80 100 120 140 160
FDN (%)
56
58
60
62
64
66
68
Y = 18,68 + 0,0093x
r
2
= 0,4719 p = 0,002
y = 66,57 - 0,0454x
r
2
= 0,8117 p = 0,0001
FIGURA 9 – Percentual de proteína bruta (PB, %) e de fibra em detergente neutro (FDN, %),
na MS, no quarto corte, do Tifton 85 adubado com diferentes doses de dejeto
líquido de suínos (DLS, m
3
ha
-1
), UTFPR, Dois Vizinhos, PR, 2005/2006.
Este resultado reforça o que já havia sido observado anteriormente, através da
concentração da variável PB, que a Tifton 85 teve suficiente disponibilidade de nitrogênio
durante todo o período experimental. Ou seja, o Tifton 85 absorveu mais nitrogênio onde
este estava mais disponível (doses mais elevadas de DLS) e, conseqüentemente, a
concentração de nitrogênio na planta aumentou (% de PB), demonstrando que o nitrogênio
melhora a qualidade nutricional da forrageira pelo aumento da concentração de compostos
47
mais digestíveis e redução dos menos digestíveis. Esta afirmação pode ser verificada
através da mesma figura, onde se comparou os percentuais de PB e FDN.
4.3 Eficiência de Utilização do Nitrogênio (EUN) e Recuperação Aparente do Nitrogênio
(RAN)
Com base nos dados da EMST e N, determinou-se a EUN e a RAN da pastagem de
Tifton 85, utilizando-se as respectivas fórmulas, como pode ser constatado através da
Tabela 10.
TABELA 10 Eficiência de Utilização do Nitrogênio (EUN, kg MS kg
-1
N) e Recuperação
Aparente do Nitrogênio (RAN, %), em Tifton 85, adubado com diferentes
doses de DLS (0, 40, 80 e 160 m
3
ha
-1
), UTFPR, Dois Vizinhos, PR,
2005/2006.
N aplicado MS N Acum
Dose
kg ha
-1
kg ha
-1
EUN
kg MS kg
-1
N
kg ha
-1
RAN
%
0 0 18.124 0 499 0
80 144 21.583 24 604 73
160 288 23.538 19 697 69
320 576 23.403 9 708 36
Nesta Tabela, verifica-se que a produção de MS para cada kg de nitrogênio fornecido
é decrescente com o aumento da dose de DSL. Este comportamento é semelhante aos
encontrados por Paciulli et al., (2000); Menegatti et al., (2002); Rocha et al., (2002); Durigon
et al., (2002); Primavesi et al., (2004); Primavesi et al., (2006a) e Primavesi et al., (2006b),
todos trabalhando com diferentes doses de nitrogênio em pastagens.
Para Menegatti et al., (2002), esse efeito pode ser atribuído a lei dos incrementos
decrescentes (Lei de Mitschelich), a qual postula que ao se adicionar doses crescentes de
um nutriente, o maior incremento em produção é obtido com a primeira dose; com a
utilização de doses cada vez maiores, os incrementos de produção são cada vez menos
proporcionais.
Os fatores que contribuem para essa queda na eficiência de utilização são as perdas
de nitrogênio (lixiviação, escorrimento superficial e volatilização), que se tornam cada vez
maiores com o aumento da dose de adubo nitrogenado (Carvalho e Saraiva, 1987; Rocha et
al., 2000; Menegatti et al., 2002 e Scherer, 2002).
No entanto, mesmo que não houvesse perdas de N e a planta absorvesse todo o N
disponível, ainda assim a haveria queda na EUN, pois segundo Lemaire (1997) a planta
48
apresenta um limite para utilização do N disponível, acima do qual não consegue mais
converter o nitrogênio absorvido em tecido vegetal, situação também conhecida como
“consumo de luxo”.
A RAN apresentou comportamento semelhante a EUN, sendo decrescente com o
aumento da dose de DLS, conforme Tabela 6. Este fato significa que acúmulo percentual de
N na planta de Tifton não é proporcional ao aumento da dose de nitrogênio via DSL.
Este resultado relaciona-se com a menor produção proporcional de MS em função de
aumento de dose de DLS, da mesma forma que a EUN. Quanto maior as doses de DSL,
maior são as perdas de nitrogênio e/ou a capacidade da espécie de absorver nitrogênio é
ultrapassada (Seganfredo, 2000 e Seganfredo, Acesso: Julho/2007).
Este comportamento havia sido constatado por Armitage et al. (1964), onde os
aumentos do rendimento de matéria seca, para cada unidade de nutriente disponível,
diminuíram à medida que o rendimento se aproximou do potencial máximo de produção da
planta. Posteriormente, Griffith et al. (1997) e Guimerà (1998) concluíram que este fato
ocorre porque as perdas são proporcionais à dose aplicada e, além de diminuir a
recuperação e eficiência no uso do nitrogênio, podem trazer problemas de contaminação da
água subterrânea pelo excesso de nitrato.
4.4 Comportamento do nitrogênio mineral no solo (N-min)
No quadro de análise de variância (Anexo 2) demonstrou que os fatores dose de
DLS, cortes da pastagem e profundidade do solo, promoveram efeito significativo na
concentração de N-min no solo. No entanto, não foram observadas interações entre os
fatores. Desta forma discutir-se-á separadamente estes efeitos.
4.4.1 Comportamento do N-min em relação à aplicação de doses de DLS
Pela análise de regressão, determinou-se a equação que melhor se ajustou à
concentração de N-min no solo em resposta as doses de DLS aplicadas nas diferentes
profundidades. A partir das equações foi possível representar graficamente este
comportamento, que pode ser observado pela Figura 10.
Nesta Figura, constata-se que a variável N-min no solo comporta-se de forma linear
em relação às doses de DLS, demonstrando que dentro dos limites das doses de DLS
aplicadas, quanto maior a dose maior será a concentração de N-min no solo. Além disso,
49
demonstra que o DLS é uma fonte considerável de nitrogênio para adubação de espécies
vegetais.
Esta elevação na concentração de N com o incremento da doses de DLS, também
foi observado por Adeli et al., (2003), utilizando doses crescentes de DLS em grama
bermuda. Os autores monitoraram os níveis de N-NO
3
-
no solo, até a profundidade de 90
cm, os quais variaram de 2 a 41 kg ha
-1
, respectivamente, para as doses de zero e 660 kg
de N ha
-1
. Resultado semelhante foi obtido por Primavesi et al., (2006b), monitorando o N-
NO
3
, em capim Coastcross, implantado em um Latossolo Vermelho Distrófico, até 160 cm
de profundidade, submetido a doses crescentes
de nitrogênio (125, 250, 500 e 1000 kg ha
-1
ano
-1
), parceladas em cinco vezes, oriundas de duas fontes (uréia e nitrato de amônio).
Dose de DLS (m
3
ha
-1
)
0 20 40 60 80 100 120 140 160
N-min no solo (mg dm
-3
)
35
40
45
50
55
60
Y N-min 0-20 cm = 37,0987 + 0,11445 x
r
2
= 0,9702 p = 0,0100
FIGURA 10 Concentração de nitrogênio mineral no solo (N-min, mg dm
-3
), nas doses de
DLS aplicadas em Tifton 85 (0, 40, 80 e 160 m
3
ha
-1
), UTFPR, Dois Vizinhos,
PR, 2005/2006.
Para se verificar o acréscimo de N no solo proporcionado especificamente pelas
doses de DLS, utilizou-se os dados da Figura 10.
Pela equação da referida figura, calculou-se a quantidade de N total disponibilizada
no solo (0-20 cm de profundidade) em cada dose de DLS, obtendo 37, 42, 46 e 55 mg dm
-3
de N, equivalentes a 89, 101, 110 e 132 kg ha
-1
de N, respectivamente para as doses 0, 40,
80 e 160 m
3
ha
-1
.
Considerando que a concentração de N-min na testemunha é oriunda da condição
natural do solo, presume-se que nos tratamentos com DLS esta quantidade também esteja
50
presente. Portanto, para o tratamento 40 m
3
ha
-1
de DLS, por exemplo, dos 101 kg ha
-1
de N,
contidos no solo, 89 kg são oriundos da condição natural do solo e somente 12 kg é devido
à dose de DLS. Para os demais tratamentos ter-se-á, respectivamente, 21 e 43 kg ha
-1
de N.
Convertendo os valores de N-min (mg dm
-3
) para percentual, observa-se um
acréscimo de aproximadamente 13, 24 e 50% na concentração de N-min no solo em relação
à testemunha, respectivamente para as doses de 40, 80 e 160 m
3
ha
-1
de N. Estes
percentuais demonstram que ao dobrar a dose de DLS, dobram-se as quantidades de
nitrogênio no solo em relação à testemunha.
Uma estimativa do uso do N pelas plantas, bem como dos possíveis caminhos do N
no solo (utilização pelos microorganismos ou possíveis perdas por volatilização, lixiviação,
desnitrificação ou escorrimento superficial), pode ser obtida através da determinação da
eficiência de utilização do nitrogênio (EUN), que expressa a quantidade de matéria seca
produzida por kg de N fornecido e pela recuperação aparente do nitrogênio, que expressa o
percentual de recuperação, pela planta, do N fornecido.
A EUN não necessariamente correlaciona-se com perdas, mas sim com acúmulo de
N no tecido vegetal que não é transformado em tecido vegetal (consumo de luxo de N).
4.4.2 Ocorrência de perdas de N
Uma das preocupações quando aplica-se N ao solo, independente da fonte, é a
possibilidade da ocorrência de perdas por lixiviação.
Considerando que os resultados observados na Figura 10, demonstram que o
aumento da dose de DLS promove um aumento na concentração de N-min no solo, seria
interessante verificar se este aumento promove este tipo de perda.
A metodologia empregada neste experimento permite a avaliação dentro dos limites
das profundidades estudadas.
Sendo assim, observando-se a Figura 10, nota-se que as doses de DLS promoveram
um incremento no N-min no solo. No entanto, a concentração de N-min diminuiu com a
profundidade (Figura 11). Esta maior concentração do N-min na camada mais superficial
indica que o N não apresentou tendência de deslocamento para as camadas mais
profundas.
Uma diminuição nos teores de nitrogênio com o aumento da profundidade foi
também constatada por Assmann (2001), Bobato (2006) e Assmann et al. (2007).
51
Com base neste raciocínio, considera-se que as possibilidades de lixiviação estejam
sensivelmente reduzidas, pois a quantidade de N adicionado ao solo pelas aplicações de
DLS, nas doses de MET para TMS, alcançaram 457 kg ha
-1
de N (143 m
3
ha
-1
x 2,03 kg de
N m
-3
de DLS + 106 m
3
ha
-1
x 1,57 kg de N m
-3
de DLS). Esta quantidade está dentro da
dose de nitrogênio recomendada para o gênero Cynodon, que se encontra entre 400 e 500
kg ha
-1
de N, (Adeli e Varco, 2001; Rocha et al., 2002; Menegatti et al., 2002; Adeli et al.,
2003 e Adeli et al., 2005).
Trabalhando com profundidades maiores que o presente experimento, avaliando os
teores de nitrato no solo de zero a 200 cm de profundidade, em pastagem de Cynodon
dactylon cv. Coastcross, adubada com nitrogênio, Primavesi et al., (2006b) concluíram que
doses de até 500 kg ha
-1
de nitrogênio, nas formas de uréia e nitrato de amônio, aplicado
parcelado em cinco vezes, em solos profundos (Latossolo), não proporcionaram perdas
significativas de nitrato para o lençol freático, durante o período das chuvas.
Profundidade (cm)
N-min no solo (mg dm
-3
)
0
10
20
30
40
50
60
0-5
5-10
10-20
48,76 a
45,39 a
41,17 b
FIGURA 11 Teste de comparação de médias (Tukey) na Concentração de nitrogênio
mineral no solo (N-min, mg dm
-3
), nas profundidades de 0-5, 5-10 e 10-20
cm, nas doses de DLS aplicadas em Tifton 85 (0, 40, 80 e 160 m
3
ha
-1
),
UTFPR, Dois Vizinhos, PR, 2005/2006.
Outro fato importante a se destacar, em relação as possíveis perdas de N por
lixiviação quando se aplica N em gramíneas tropicais forrageiras, é que estas espécies são
excelentes extratoras de N do solo (Martha Junior, 1999; Martha Junior e Vilela, 2002;
Cantarella et al., 2002 e Primavesi et al., 2006b), não se tornando preocupantes as perdas
de N por lixiviação, quando as doses usuais aplicadas são normalmente absorvidas pelas
52
plantas e quando o solo é profundo ou o lençol freático não é superficial (Corsi et al., 2001 e
Prasersak et al., 2001).
Pode-se determinar através das equações de regressão para N-min em função das
doses de DLS (Figura 10), a concentração de N-min no solo na dose de DLS que promoveu
a MET na TMS. Com isso, espera-se verificar as concentrações de N-min no solo na dose
de DLS que melhor se ajusta para a produção de MS do Tifton 85. Considerando que a dose
de DLS aplicada neste experimento deva ser a média das MET nas duas aplicações de
DLS, a dose aplicada foi de 124,5 m
3
ha
-1
(143 + 106 / 2).
Utilizando este valor como variávelx”, na respectiva equação da profundidade
(Figura 10), obteve-se uma concentração de N-min, na profundidade avaliada, de 51,3 mg
dm
-3
, o que equivale a 123 kg de N ha
-1
(densidade do solo igual a 1,2 kg dm
-3
).
Este resultado indica que a dose de DLS que promoveu a MET para TMS,
proporcionou um acúmulo de 123 kg ha
-1
de N-min no solo. No entanto, se comparado com
a concentração de N-min inicial do solo (0-20 cm), pela média das concentrações nas
diferentes camadas (Tabela 1), verifica-se que existiam no solo, antes da aplicação das
doses de DLS, aproximadamente 41 mg dm
-3
de N-min, equivalentes a 98,5 kg ha
-1
.
Portanto, a dose de MET para TMS proporcionou um aumento real de aproximadamente
24,5 kg ha
-1
de N-min no solo (10,3 mg dm
-3
).
Este cálculo indica que a fertilidade do solo no início do experimento era elevada em
N e nos demais nutrientes, como pode ser visto na Tabela 1. Tal fato sugere que as
diferenças encontradas entre os tratamentos poderiam ser maiores se o presente
experimento fosse realizado em solo com baixa fertilidade, proporcionando diferenças mais
significativas entre as doses de DLS e a testemunha. Também é possível esperar que as
concentrações de N-min no solo, nas profundidades avaliadas, apresentassem valores mais
baixos do que os encontrados nas condições deste experimento, em um solo menos fértil.
A comparação das médias de concentração de N-min, nas diferentes profundidades,
pelo teste de Tukey, demonstra uma redução nos teores de N-min à medida que a
profundidade do solo aumenta, independente da dose de DSL aplicada, conforme pode ser
visualizado na Figura 11 (48,76; 45,39 e 41,17 mg dm
-3
).
Semelhante comportamento foi constatado por Primavesi et al. (2006), em um solo
profundo (Latossolo), cultivado com Coastcross, onde verificaram que a lixiviação de N-min
foi insignificante, tanto na testemunha como nas parcelas adubadas (zero, 125, 250, 500
kg.ha
-1
ano
-1
). Segundo os autores, baixos teores de N-min no perfil do solo confirmam a
elevada capacidade de extração de N pelas gramíneas tropicais, em virtude do seu elevado
potencial de produção de matéria seca.
53
Os autores, também, observaram que a maior variação nos teores de nitrogênio
ocorreu nas camadas superiores do solo, até 20 cm de profundidade, com tendência de
movimentação do nitrogênio para profundidades abaixo de 100 cm, somente para as doses
de N maiores que 500 kg ha
-1
ano
-1
. Portanto, segundo os autores, pode-se esperar baixo
risco potencial de contaminação do lençol freático com nitrogênio em solos profundos com
doses iguais ou inferiores a 500 kg ha
-1
ano
-1
de N em pastagens, que é o caso das doses
utilizadas neste experimento. Reforçando este argumento, Corsi et al. (2001) comentam que
a lixiviação de nitrogênio pode causar problemas em locais onde os índices pluviométricos
são elevados e os solos são rasos, arenosos, com baixa capacidade de troca catiônica ou
mal manejados.
Além disso, é conveniente se destacar que em solos profundos, as possibilidades do
nitrogênio lixiviar e atingir o lençol freático são menores, especialmente quando cultivado por
culturas perenes, exigente em nutrientes, com sistema radicular agressivo, como é o caso
da maioria das pastagens tropicais perenes, em especial o Tifton 85 (Athayde et al., 2007).
Segundo Bergström e Johansson (1991), a textura e o conteúdo de matéria orgânica
são determinantes para a magnitude de lixiviação de N. Os autores constataram que as
maiores perdas de nitrogênio por lixiviação ocorreram em solos arenosos que continham
pequena quantidade de matéria orgânica. As menores perdas de N ocorreram nos
solos argilosos ou nos solos arenosos ricos em matéria orgânica. O estudo citado acima
reforça a idéia de que em solos profundos e com elevada concentração de matéria orgânica,
como é o caso deste experimento, as possibilidades de perdas de nitrogênio por lixiviação
estejam sensivelmente reduzidas.
É importante ressaltar nesta discussão o comportamento do sistema radicular destas
espécies forrageiras. Estudos demonstram que é na camada de 0 a 40 cm que se encontra
mais de 80% do sistema radicular ciclador de nutrientes destas gramíneas, muito embora se
verifique atividade radicular até 300 cm de profundidade em solos profundos e sem
limitações físicas. Esta concentração do sistema radicular mais próximo da superfície faz
com que o nitrogênio seja amplamente disputado pelas raízes, diminuindo a possibilidade de
escape para camadas mais profundas (Korndörfer et al., 1997 e Primavesi et al., 2001).
Ratificando os autores acima citados, conforme indicado pelo uso de nitrogênio
marcado (N15), as perdas de N por lixiviação em diferentes profundidades do solo não são
significativas em ambientes de pastagens bem manejadas, indicando perdas inferiores a 5%
do nitrogênio proveniente do fertilizante, em profundidades ao redor de 30 cm (Martha
Junior, 1999). Esses baixos níveis de perdas de N por lixiviação são devido ao fato de que
54
os solos sob pastagens, de maneira geral, são profundos e vegetados por plantas
forrageiras de elevada capacidade de extração de nutrientes (Martha Junior e Vilela, 2002).
4.4.3 Comportamento do N-min no solo em relação aos cortes realizados na pastagem de
Tifton 85
A análise estatística demonstrou a existência de diferença significativa na
concentração de N-min no solo entre os cortes, conforme pode ser observado no Anexo 2.
Considerando que a variável corte é qualitativa, foram realizados testes de Tukey,
entre as médias de N-min, para determinar as diferenças na concentração de N-min em
cada corte.
As médias e o resultado do teste de Tukey encontra-se na Figura 12.
Corte
1 2 3 4
N-min no solo (0-20 cm, mg dm
-3
)
0
10
20
30
40
50
60
70
34,27 c
38,71 c
49,11 b
58,35 a
FIGURA 12 Teste de comparação de médias (Tukey), na concentração de nitrogênio
mineral no solo (N-min, mg dm
-3
), entre os cortes (1, 2, 3 e 4), realizados em
Tifton 85, adubado com diferentes doses de DLS, UTFPR, Dois Vizinhos,
PR, 2005/2006.
Pela figura, é possível constatar que o N-min se eleva no solo do primeiro ao último
corte. Este resultado indica que com o passar do tempo a concentração de N-min se eleva
no solo.
Este fato se explica, primeiramente, pela concentração inicial de N no solo, que se
encontrava elevada (Tabela 1), aliada as duas aplicações de DLS realizadas. Estas
55
situações, por si só, explicam a elevação das concentrações de N no solo. Além disso, outro
fato que pode ter auxiliado neste aumento, é que a atividade microbiana aumenta durante o
período de primavera/verão, onde as temperaturas são mais elevadas, propiciando a
realização de intenso processo de mineralização no solo.
Segundo Serrano (1997), o processo de mineralização é influenciado, dentre outros
fatores, pela temperatura e pelo conteúdo de água do meio. De modo geral, o aumento da
temperatura acelera as reações químicas e o metabolismo dos microrganismos. A taxa de
mineralização é alta quando a temperatura está na faixa de 30 a 35 ºC, e menor para
temperaturas acima ou abaixo desses valores (Dias, 1992).
Em trabalho realizado por Rigobelo e Nahas (2004), avaliando as variações mensais
no número de bactérias totais, na atividade da desidrogenase e da respiração microbiana,
relacionando-as à quantidade de serapilheira depositada e aos teores de matéria orgânica e
de água do solo, os autores verificaram que houve influência do clima e das variáveis do
solo nas bactérias totais e na atividade microbiana. Durante o verão, foram obtidos os
maiores valores de temperatura e de chuvas e, conseqüentemente, todas as variáveis
estudadas apresentaram seus valores máximos neste período, e os valores mínimos, no
outono-inverno.
Com base no exposto, pode-se atribuir que este aumento do nitrogênio no solo com
o decorrer dos cortes, deveu-se principalmente as aplicações de DLS, que promoveram
aumento na quantidade de N durante o experimento. Associado a este fato pode-se citar o
aumento da taxa de mineralização (N orgânico convertido em N mineral) promovido pela
atividade microbiana que se acelera no período avaliado.
Pode-se considerar, também, o processo de fixação de N pelos microorganismos do
solo, os quais se apropriaram de parte do nitrogênio fornecido na primeira aplicação para o
seu crescimento e, pela sua posterior morte e decomposição, este nitrogênio é liberado para
o solo, evidenciando o seu incremento com o tempo. Outro fator que pode ter contribuído
para este incremento é a liberação de nitrogênio contido no material senescente da planta,
em especial as raízes. Segundo Deinum (1985), a variação na medida de massa seca de
raízes é, normalmente, grande e varia de 20 a 50%.
Neste sentido, Duda (2000) destaca que a biomassa microbiana é de fundamental
importância, tendo em vista ser um indicador sensível de variações da matéria orgânica do
solo e ciclagem de nutrientes, além de ser fonte potencial de nutrientes. Assim, a biomassa
microbiana é a fração ativa da matéria orgânica no solo e a determinante na dinâmica da
matéria orgânica, atuando na mineralização ou na imobilização, aumentando ou reduzindo a
disponibilidade de nutrientes para as plantas.
56
Com base nos exposto acima, pode-se verificar, através da Tabela 1, que a
quantidade de matéria orgânica no solo no início do experimento estava elevada,
constituindo-se, portanto, em um estoque de nutrientes que foi mobilizado ao longo dos
cortes pela ação dos microorganismos.
Apesar do processo de imobilização ser algumas vezes considerado negativo, em
determinadas situações poderá ser favorável, visto ser um processo temporário e, portanto,
consistindo em reservatório potencial de nutrientes para as plantas. Esta apropriação, por
parte dos microorganismos do solo, estaria contribuindo para a redução das possíveis
perdas de nitrogênio e aumentando a disponibilidade de nitrogênio no período de
crescimento subseqüente (Paul e Clark, 1996).
4.5. Disponibilidade de N para a Tifton 85.
Com o intuito de verificar se a disponibilidade de nitrogênio estava adequada ao
crescimento do Tifton 85, estimou-se o nível crítico de N (Nc) para a pastagem usando a
fórmula proposta por Lemaire (1997).
O Nc determina a necessidade ou não de aplicação de N na cultura, ou seja, quando
os níveis de nitrogênio na planta estiverem acima do valor predito pelo modelo de Lemaire,
para espécies C4, não se recomendaria aplicar nitrogênio, porque a concentração de N no
tecido vegetal estaria acima do recomendado. Ou seja, é uma avaliação do status de
nutrição nitrogenada das plantas. Este método se baseia na concentração de N na planta
onde nível crítico de nitrogênio é definido como a menor concentração de N requerida para
permitir a máxima taxa de crescimento da cultura em um determinado estágio de seu
crescimento.
Pela Figura 13, observa-se que em nenhum momento durante o período
experimental ocorreu deficiência de N para a pastagem de Tifton 85, inclusive no tratamento
testemunha.
O percentual de N na planta encontrou-se acima da linha que estima a concentração
mínima de N na planta (Nc) para aquela dada taxa de acúmulo de matéria seca. Isto
demonstra que as concentrações de N no solo estavam adequadas aos requerimentos da
pastagem. Reforçando a observação de que a fertilidade do solo, para o caso do N,
encontrava-se elevada no início do experimento.
Desse modo, constatou-se que o N não foi o nutriente limitante para o crescimento
do Tifton 85, visto que a concentração do mesmo na planta encontrou-se acima das
57
necessidades mínimas para o crescimento satisfatório da pastagem em todo o período
experimental.
Portanto, acredita-se que o fator determinante para o aumento de resposta nas
variáveis avaliadas em resposta à aplicação de DLS deva estar associado à composição
equilibrada, que o DLS apresenta, dos macronutrientes primários e de sua composição em
outros nutrientes (micronutrientes), também necessários ao crescimento vegetativo
satisfatório da referida pastagem.
Com base na Lei dos Mínimos, proposta por Liebig, pode-se afirmar que o nutriente
que limitou o potencial genético da espécie forrageira no segundo e quarto cortes não foi o
N, mas sim algum dos nutrientes que se encontrava disponível no DLS, mas que no solo
estava limitante.
0 5 10 15 20 25
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
Equação Lemaire (1997)
N% = 3,4 (MS)
-0,37
N (%)
MST (Mg ha
-1
)
FIGURA 13 Teor de N na parte aérea das plantas de Tifton 85, em %, em função da
estimativa da quantidade de matéria seca total acumulada (EMST, Mg ha
-1
),
nos cortes realizados em Tifton 85 (C1, C2, C3 e C4), adubado com
diferentes doses de DLS (0, 40, 80 e 160 m
3
ha
-1
), em duas aplicações,
UTFPR, Dois Vizinhos, PR, 2005/2006.
Esta observação induz a sugerir que o DLS seja reaplicado logo após cada corte da
pastagem, visando suprir a carência deste nutriente limitante. Mas, em contrapartida, pode-
se estar adicionando ao solo quantidades dos outros nutrientes (N, por exemplo) acima da
capacidade da pastagem em absorvê-los e, com isso, aumentando o potencial de
contaminação deste produto.
58
4.6 Dose de DLS a ser aplicada
Observa-se, pelo trabalho realizado, que o DLS é uma fonte bastante viável de
nutrientes para as plantas, tornando-o uma excelente opção para a redução dos custos de
produção (fertilizante) e de destino para este subproduto da criação de suínos,
possibilitando a integração lavoura/pecuária, entendida como criação de animais
domésticos. Assim sendo, um dos obstáculos para a utilização deste produto como
fertilizante é a determinação da dose a ser aplicada, considerando-se que as possibilidades
de perdas crescem com o aumento do N no solo e que este aumenta com o aumento da
dose de DLS, como já foi demonstrado anteriormente.
No intuito de contribuir para o estudo do uso do DLS em pastagens, no que tange à
dose a ser usada, é possível tecer a seguinte consideração, com base nas condições e nos
dados obtidos neste experimento.
Tendo por base as doses de DLS utilizadas neste estudo, calculou-se a quantidade
de N fornecida em cada dose e em cada aplicação (Tabela 3). Constatou-se que as doses
variaram entre 81,2 a 324,8 kg de N ha
-1
na aplicação um e entre 62,8 a 251,2 kg de N ha
-1
para a aplicação dois, sendo que as doses de DLS que proporcionaram as MET para TMS
do Tifton 85, nas respectivas aplicações, foram de 143 e 106 m
3
de DLS ha
-1
, equivalente a
290 e 166,5 kg de N ha
-1
.
Isto sugere que, nas condições deste experimento, acima destas disponibilidades de
N-Min, poder-se-ia estar ultrapassando a capacidade que o Tifton 85 possui de utilizar
nitrogênio para o seu desenvolvimento e, desta forma, aumentando as chances de perdas
de nitrogênio nas suas diferentes vias.
Portanto, as doses a serem recomendadas para a adubação do Tifton 85 com DLS,
em condições semelhantes ao presente experimento, são descritas a seguir: no início da
estação de crescimento (primavera), realizar uma aplicação de um volume de DLS
correspondente a aproximadamente 300 kg ha
-1
de N. Posteriormente, realizar uma segunda
aplicação, de um volume de DLS correspondente a aproximadamente 150 kg ha
-1
de N, no
início da estação de verão (janeiro).
Uma maneira de se calcular a quantidade de DLS para aplicação em pastagem de
Tifton 85 seria através da disponibilidade de N no fertilizante orgânico. Determinando-se a
concentração do N no DLS pode-se estipular o volume a ser aplicado, em função da dose
de N sugerida neste experimento.
Considerando-se a variabilidade na composição deste tipo de fertilizante (DLS), seria
necessária a análise laboratorial toda a vez que se fizesse uso. Levando-se em conta a
59
dificuldade do produtor em obter estas análises, e sendo eles os principais usuários desta
forma de fertilizante, a Embrapa Suínos e Aves (Miranda et al., 1999), divulgou uma tabela
estimativa da concentração dos diferentes nutrientes em DLS, baseada na sua densidade
(Anexo 8). Para isso deve-se coletar uma amostra de DLS, determinar a sua densidade e
confrontar com a tabela obtendo-se a concentração em nutrientes.
Para condições semelhantes ao experimento, uma vez que se dispõe da
necessidade de N para o Tifton 85 (300 e 150 kg de N ha
-1
, respectivamente para as
aplicações um e dois), bastaria verificar a concentração de nitrogênio no DLS, com o uso do
densímetro e dividir a necessidade pela concentração do DLS, para se obter a dose de DLS
a ser aplicada em m
3
ha
-1
.
Apesar de ser um procedimento simples, deve-se levar em conta que somente o
nitrogênio está sendo considerado, outros elementos químicos poderão estar inadequados
às necessidades da planta. Mas, considerando-se que o nitrogênio é o elemento de maior
influência na produtividade de gramíneas forrageira (Rocha et al., 2002), passa a ser um
parâmetro considerável, quando não se dispõe de outras ferramentas mais adequadas.
É importante se destacar que a dose de máxima eficiência técnica pode não coincidir
com a dose econômica, em outras palavras, sempre que se recomendar o uso do DLS,
deve-se considerar na determinação desta dose o custo de sua aplicação.
Neste sentido, considerando-se as doses de MET obtidas na primeira (143 m
3
ha
-1
) e
segunda (106 m
3
ha
-1
) aplicação deste experimento, totalizaram 249 m
3
ha
-1
de DLS, foi
possível calcular o seu custo total, com base no estudo econômico de diferentes tecnologias
de armazenamento, tratamento e aplicação de dejetos de suínos, desenvolvido pela
Embrapa Suínos e Aves (Kuns et al. 2005).
Pelo referido estudo, considerando-se 2 km como a distância percorrida da
esterqueira até o local da distribuição e o retorno à origem, obtivemos um custo de
R$183,99 para cada 50 m
3
ha
-1
ano
-1
de DLS distribuídos (Tabela 11). Como a
recomendação deste experimento foi de 249 m
3
ha
-1
, o custo total orçou em R$916,00 ha
-1
(249 m
3
ha
-1
/ 50 m
3
ha
-1
x R$183,99).
A necessidade de fertilizante químico para se obter a mesma disponibilidade de
nutrientes fornecidos pelo dejeto pode ser obtida através da Tabela 2, que determina a
concentração do dejeto em nutrientes, pela multiplicação da dose de MET para produção de
matéria seca pela média do nutriente nas duas aplicações. Sendo assim, foram fornecidos
448, 319 e 274 kg ha
-1
, respectivamente de N, P
2
O
5
e K
2
O.
Utilizando-se como referencia o trabalho de Chaves (2008), que disponibiliza o preço
histórico (janeiro de 1979 a dezembro de 2004) médio da tonelada dos insumos
60
nitrogenados (R$981,7), fosfatados (R$542,0) e potássicos (R$860,3) e, considerando o uso
da uréia como fonte de nitrogênio (45% de N), Superfosfato Triplo como fonte de fósforo
(42% P
2
O
5
) e como fonte de potássio o Cloreto de Potássio (60% de K
2
O), foi possível
estimar o custo da adubação química proporcional à adubação com dejeto.
Tabela 11 – Custo (R$)* de distribuição dos dejetos em diferentes sistemas
Tipo de sistema de distribuição do DLS
Sólido Bomba Distribuidor
**
Distância Percorrida
1
(km)
Custo (R$)
1 130,05 23,25 127,57
2 167,55 46,50 183,99
3 205,05 69,75 242,87
4 242,55 93,00 301,74
5 280,05 116,25 360,62
6 317,55 139,50 417,04
7 355,05 162,75 475,92
8 392,55 185,99 534,79
9 430,05 209,24 593,67
10 467,55 232,49 650,09
1
Deslocamento até o local de distribuição e retorno ao ponto de origem *referência novembro/2004
** Custo do conjunto trator/equipamento de distribuição para adubar 1 ha de lavoura com 50 m
3
DLS
Fonte: Kuns et al. (2005)
Para obter-se 439,80 kg de N, tendo uréia como fonte de N, ter-se-ia que aplicar 977
kg de uréia ao preço histórico médio de R$0,9817 kg
-1
, chegar-se-ia ao custo de R$957,00
para a adubação nitrogenada.
Para a adubação fosfatada: 319 kg de P
2
O
5
, usando-se Superfosfato Triplo, seria
necessário uma aplicação de 759,5 kg de Superfosfato Triplo, ao preço histórico médio do
kg de R$0,542, ter-se-ia um custo de R$411,60.
Da mesma forma para a adubação potássica: 274 kg de K
2
O, utilizando-se Cloreto
de Potássio, seria necessário uma aplicação de 456,6 kg de Cloreto de Potássio, ao preço
histórico médio do kg de R$0,8603, ter-se-ia um custo de R$392,80.
Portanto com a soma dos três produtos obter-se-á o custo da adubação química
proporcional à adubação com dejeto, sendo este custo de R$1.761,40.
Pelo estudo, observa-se que no ano de 2004, haveria uma economia de
aproximadamente R$850,00 utilizando-se como fonte de nutrientes para a pastagem de
Tifton 85 o DLS, em comparação com a adubação química.
No entanto, pelo estudo da Embrapa, a distância (km) é o fator determinante para o
aumento do custo de distribuição do DLS. Sendo assim, com base nos dados, até uma
61
distância a ser percorrida para a distribuição do DLS de 5 km (R$1.795,89 ha
-1
), seria mais
econômico utilizar o DLS em relação ao adubo químico, no ano de 2004. É conveniente
destacar que nesta simulação, não se considerou o custo da distribuição do adubo químico,
o que com certeza elevaria mais este valor.
Observa-se que o custo por hectare obtidos nesta simulação, tanto para o DLS como
para a adubação química, certamente encontram-se acima do usual. No entanto, sua
determinação baseou-se na dose que promoveu a máxima capacidade da Tifton em
produzir matéria seca usando o dejeto como fertilizante (249 m
3
de DLS).
Mesmo assim, este cálculo demonstrou que o custo da adubação com DLS pode ser
viável em comparação com a química, desde que a distância a ser percorrida não seja
excessiva.
Uma outra possibilidade a ser considerada é um maior parcelamento da dose de
DLS. Justifica-se esta afirmação pelo fato de que não se observou efeito significativo na
produção de matéria seca da Tifton 85, no segundo corte subseqüente a aplicação do
fertilizante (corte 2 e 4). Sendo assim, estudos com aplicações de DLS logo após o corte
são importantes no auxílio na definição da dose a ser aplicada.
Outro fator a ser considerado é a concentração do dejeto. O uso de alternativas que
auxiliem na redução do teor de umidade deste subproduto, com certeza o tornará ainda
mais viável, bem como, reduzirá o seu potencial de contaminação, visto que a água é o
meio mais propício para a contaminação do ambiente.
Neste sentido, a redução da água de limpeza, a regulagem e o tipo adequado do
bebedouro, a colocação de calhas nos telhados, a cobertura da esterqueira, entre outros,
são maneiras simples e de fácil execução que contribuiriam para uma maior concentração
de nutrientes no dejeto, reduzindo com isso, as quantidades necessárias à fertilização da
pastagem.
Ainda com base no trabalho de Kuns et al. (2005), o limite que pode ser aplicado por
ano, no estado de Santa Catarina, é de 50 m
3
ha
-1
de dejeto líquido de suínos. Neste sentido
torna-se mais evidente a importância em reduzir-se a umidade deste material.
Utilizando-se, como comparativo, a tabela (Anexo 8) proposta pela Embrapa Suínos
e Aves (Miranda et al., 1999), verifica-se que ao aplicar 50 m
3
ha
-1
de um dejeto, com um
percentual de matéria seca de 0,27 (49; 26 e 37,5 kg m
3
de N, P
2
O
5
e K
2
O,
respectivamente), as quantidades de nutrientes são bem menores do que se aplicar um
dejeto com o percentual de 8,02 (310,5; 288 e 144 kg m
3
de N, P
2
O
5
e K
2
O,
respectivamente).
Comparando-se com a MET para produção de matéria seca da Tifton 85 neste
62
experimento (249 m
3
ha
-1
de DLS) e sua equivalência em nutrientes, teremos: 448, 319 e
274 kg ha
-1
, respectivamente de N, P
2
O
5
e K
2
O.
Portanto, se o DLS aplicado neste experimento estivesse mais concentrado, por
exemplo, com 8,0% de matéria seca, as quantidades em m
3
de DLS para atender as
demandas da Tifton 85 seriam bem menores. Isso reforça que para o uso mais adequado do
DLS como fertilizante, é imprescindível que se invista em tecnologias e/ou metodologias que
proporcionem a redução da umidade deste subproduto, tornando-o viável economicamente
e reduzindo, com isso, o seu poder de contaminação ambiental, contribuindo para a
sustentabilidade das propriedades agropecuárias.
63
5. CONCLUSÕES
O dejeto líquido de suínos influencia positivamente a produção de matéria seca total
da Tifton 85, sendo, portanto, uma alternativa para fertilização de pastagens.
A máxima eficiência técnica (24.000 kg ha
-1
de MS) é obtida com a adição de 235 m
3
ha
-1
de DLS, equivalente a, respectivamente, 423, 302 e 258 kg ha
-1
de N, P
2
O
5
e K
2
O,
A resposta em produção de matéria seca é evidenciada no primeiro corte realizado
após a aplicação do dejeto, sem efeito residual no corte subseqüente.
O dejeto líquido de suínos melhora o valor nutritivo da pastagem de Tifton 85,
aumentando o teor de proteína bruta e reduzindo o teor de fibra em detergente neutro.
A eficiência de utilização do nitrogênio e a recuperação aparente do nitrogênio
diminuem com o incremento da dose de DLS.
A concentração de N-min no solo aumenta com o incremento da dose de dejeto.
A concentração de N-min no solo diminui com o aumento da profundidade (0 a 20
cm).
Investir em alternativas que reduzam o conteúdo de água do DLS é muito importante
para torna-lo, ainda mais viável como fonte de nutrientes e, com isso, reduzir seu potencial
de contaminação ambiental.
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7 ANEXOS
ANEXO 1 - Quadrado médio das fontes de variação para as variáveis dependentes: taxa de
acúmulo de matéria seca (TMS), estimativa da produção de matéria seca
durante o período experimental (EMST), proteína bruta (PB), nitrogênio (N) e
fibra em detergente neutro (FDN), do Tifton 85 adubado com diferentes doses de
dejeto líquido de suínos (DLS), UTFPR, Dois Vizinhos, PR, 2005/2006.
Quadrado médio
Causas de variação
TMS
(kg ha
-1
dia
-1
)
EMST
(kg ha
-1
)
PB
(%)
FDN
(%)
N
(%)
Bloco
2338,99 ns
2.864.690,0 ns
2,99 * 11,73
* 0,077
*
Dose
4246,74 * 6.360.760,0 * 10,96
* 71,58
* 0,281
*
Bloco x Dose
698,59 * 1.007.500,0 * 0,54 * 1,98 * 0,014
*
Corte
16747,28 * 28.559.700,0 * 13,51
* 37,03
* 0,348
*
Dose x Corte
839,88
*
1.222.740,0
*
0,51
*
7,97
*
0,013
*
Bloco x Corte
247,97 ns
261.255,0 ns
0,35 ns
0,63 ns
0,009
ns
Erro
162,40 179.899,0 0,17 0,86 0,004
Média
140,18 5.415,58 18,01
65,18
2,88
*: significativo a 5% ns: não significativo
ANEXO 2 Quadrado médio das fontes de variância para a variável dependente nitrogênio
mineral no solo (N-min), em Tifton 85 adubado com diferentes doses de dejeto
líquido de suínos (DLS), UTFPR, Dois Vizinhos, PR, 2005/2006.
Causas de variação Quadrado médio
Bloco
3.011,22
Dose
2.993,53
*
Corte
5.600,25
*
Dose x Corte
142,094
ns
Profundidade
924,603
*
Dose x Profundidade
71,3247
ns
Corte x profundidade
139,789
ns
Dose x corte x profundidade
63,8233
ns
Erro
100,813
Média
45,11
74
ANEXO 3 Equações de regressão, coeficiente de determinação (r
2
) e probabilidade (P)
das variáveis: taxa de acúmulo de matéria seca (TMS), estimativa da produção
de matéria seca total durante o período experimental (EMST), proteína bruta
(PB), fibra em detergente neutro (FDN), nitrogênio (N) e concentração de
nitrogênio mineral no solo, na profundidade de 0 a 20 cm, nos quatro cortes
(C1, C2, C3 e C4), do Tifton 85 adubado com diferentes doses de dejeto
líquido de suínos (DLS; 0, 40, 80 e 160 m
3
ha
-1
), em duas aplicações, UTFPR,
Dois Vizinhos, PR, 2005/2006.
Variável Equação de regressão r
2
P
TMS C1 Y = 138,0042 + 0,9628 x - 0,00336 x
2
0,5417 0,0025
TMS C2 Média = 132,70 - -
TMS C3 Y = 112,9535 + 1,2377 x - 0,00581 x
2
0,5941 0,011
TMS C4 Média = 100,11 - -
EMST C1 Y = 5.106,13 +35,6280 x – 0,1245 x
2
0,5816 0,0014
EMST C2 Média = 5.573,25 - -
EMST C3 Y = 4.518,05 + 49,5130 x – 0,2325 x
2
0,6345 0,0006
EMST C4 Média = 3.503,69 - -
PB C1 Y = 17,1462 + 0,2058 X - 0,00008 X
2
0,3054 0,0369
PB C2 Y = 15,9176 + 0,0268 X - 0,00006 X
2
0,6270 0,0006
PB C3 Y = 16,65 + 0,0136 x 0,5001 0,0013
PB C4 Y = 18,68 + 0,0093 x 0,4719 0,0020
FDN C1 Y = 66,4262 - 0,0562 X + 0,00023 X
2
0,2792 0,0470
FDN C2 Y = 70,0553 - 0,1025 X + 0,00038 X
2
0,7216 0,0001
FDN C3 Y = 68,11 – 0,0195 x 0,6765 0,0001
FDN C4 Y = 66,570,0454 x 0,8117 0,0001
N C1 Y = 2,7408 + 0,0033 x – 0,00001 x
2
0,3043 0,0373
N C2 Y = 2,5455 + 0,0043 x – 0,00001 x
2
0,6255 0,0007
N C3 Y = 2,6639 + 0,0022 x 0,4998 0,0013
N C4 Y = 2,9894 + 0,0015 x 0,4719 0,0020
N-min (0-20) Y = 37,0987 + 0,11445 x 0,9702 0,0100
75
ANEXO 4 - Detalhes da aplicação do DLS
DLS sendo retirado da esterqueira
Aplicação do DLS
Vista de um dos blocos experimentais
durante a aplicação do DLS
Vista de um dos tratamentos após a
aplicação do DLS
76
ANEXO 5 - Detalhes do corte da pastagem
Verificação da altura da pastagem
Colocação do estratificador no local de
corte
Realização do corte
Parcela após o corte
77
ANEXO 6 - Detalhes da coleta de solos
10
20 cm
5
10 cm
0
5 cm
Retirada do material da superfície
Retirada da amostra de solo
Preparo da fatia de solo para a separação
das porções referentes a cada
profundidade
Marcação na fatia de solo do local de
corte nas diferentes profundidades
78
Corte das fatias
Separação das fatias nos respectivos
sacos plásticos identificados
Identificação das amostras
Transporte das amostras, do campo para
o laboratório, em embalagem térmica.
No laboratório as amostras foram
colocadas em freezer (congeladas), para
posterior análise.
79
ANEXO 7 Data da realização dos cortes (C1, C2, C3 e C4), em Tifton 85, adubado com
diferentes doses de DLS (0, 40, 80 e 160 m
3
ha
-1
), em duas aplicações,
UTFPR, Dois Vizinhos, PR, 2005/2006.
Data do corte
Aplicação 1 Aplicação 2
Dose
(m
3
)
Corte 1 Corte 2 Corte 3 Corte 4
0
24/11/2005 05/01/2006 14/02/2006 21/03/2006
40
16/11/2005 19/12/2005 10/02/2006 21/03/2006
80
16/11/2005 14/12/2005 08/02/2006 14/03/2006
160
16/11/2005 14/12/2005 06/02/2006 13/03/2006
ANEXO 8 – Tabela para conversão de dejetos de suínos
Fonte Miranda et al., 1999
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