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UFRRJ
INSTITUTO DE TECNOLOGIA
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA
QUÍMICA
DISSERTAÇÃO
ESTUDO REOLÓGICO DA MISTURA
CARBOXIMETILCELULOSE/AMIDO E SUA
UTILIZAÇÃO COMO VEÍCULO DE
INOCULAÇÃO BACTERIANO
Tiago Gusmão Rohr
2007
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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO
INSTITUTO DE TECNOLOGIA
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA QUÍMICA
ESTUDO REOLÓGICO DA MISTURA
CARBOXIMETILCELULOSE/AMIDO E SUA UTILIZAÇÃO COMO
VEÍCULO DE INOCULAÇÃO BACTERIANO
TIAGO GUSMÃO ROHR
Sob a Orientação do Professor
Paulo Jansen de Oliveira
e Co-orientação do Professora
Norma Gouvêa Rumjanek
Dissertação submetida como
requisito parcial para obtenção do
grau de Mestre em Ciências, em
Engenharia Química, Área de
Concentração em Tecnologia
Química.
Seropédica, RJ
Janeiro de 2007
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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO
INSTITUTO DE TECNOLOGIA
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA QUÍMICA – TECNOLOGIA
QUÍMICA
TIAGO GUSMÃO ROHR
Dissertação submetida como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Ciências,
em Engenharia Química, Área de Concentração em Tecnologia Química.
DISSERTAÇÃO APROVADA EM -----/-----/------ (Data da defesa)
Paulo Jansen de Oliveira, D.Sc. UFRRJ
(Orientador)
Edwin Gonzalo Azero Rojas, D.Sc. UNIRIO
Dilma Alves Costa, D.Sc. UFRRJ
___________________________________________
Gustavo Xavier Ribeiro, D.Sc. Embrapa-agrobiologia
Aos meus pais Deyr Lucas Rohr e
Marilena Gusmão Rohr, aos meus
irmãos Nanci e Eliézer e à minha
dádiva Alessandra, dedico
AGRADECIMENTOS
Primeiramente a Deus, Criador de todas as coisas, que guiou e direcionou toda minha jornada
desde a graduação.
À minha família pelo apoio e orações.
À igreja Presbiteriana em Vila Velha pelo carinho e orações.
Ao professor Paulo Jansen, pela determinação, amizade e orientação desde a graduação.
Aos pesquisadores da embrapa agrobiologia, Gustavo Xavier Ribeiro e Norma Gouvêa
Rumjanek, por toda ajuda e por acreditarem na pesquisa desenvolvida.
Ao Departamento de Engenharia Química e ao curso de Pós-Graduação em Engenharia
Química pelo apoio e ajuda.
A todos do Laboratório de Tecnologia de Polímeros pelo companheirismo, amizade e
momentos alegres.
A Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro pelo apoio e oportunidade de crescimento
profissional, científico e humano.
Que Deus possa estar no coração de todos nós!
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO.......................................................................................................................1
2 REVISÃO BIBLIOGRAFICA................................................................................................3
2.1 Polieletrólitos: Definições, Classificações e Propriedades. .........................................3
2.1.1 Aplicações dos Polieletrólitos ...................................................................................7
2.2 Hidrocolóide....................................................................................................................7
2.2.1 Classificação dos hidrocolóides ................................................................................8
2.2.2 Solubilidade dos Hidrocolóides.................................................................................9
2.2.3 Efeito de Íons nos Hidrocolóides ............................................................................10
2.2.4 Misturas de Hidrocolóides.......................................................................................12
2.3 Carboximetilcelulose (CMC).......................................................................................14
2.4 Amido.............................................................................................................................15
2.5 Técnicas Utilizadas para Avaliação das Propriedades Reológicas e Interações dos
Hidrogéis. ............................................................................................................................17
2.5.1 Reologia...................................................................................................................17
2.5.2 Viscosimetria...........................................................................................................22
2.5.3 Condutivimetria.......................................................................................................24
2.6 Inoculantes ....................................................................................................................25
3 OBJETIVO............................................................................................................................26
4 HIPÓTESE CIENTÍFICA: ESCOLHA DA MISTURA.......................................................27
5 MATERIAIS E MÉTODOS..................................................................................................28
5.1 Materiais e equipamentos (Preparação das misturas poliméricas) .........................28
5.2 Preparação das misturas..............................................................................................28
5.2.1 Misturas concentradas .............................................................................................28
5.2.2 Misturas Diluídas.....................................................................................................28
5.3 Ensaios de Viscosidade - Viscosimetria......................................................................28
5.4 Ensaios Dinâmico Oscilatório......................................................................................29
5.5 Teste de Fluência (Creep)............................................................................................29
5.6 Ensaio em viscosímetro capilar de tubos descartáveis..............................................29
5.7 Ensaio de condutivimetria...........................................................................................31
5.7 Análise da manuntenção rizobiana.............................................................................31
6 RESULTADOS E DISCUSSÃO ..........................................................................................32
6.1 Testes Reológicos Dinâmico Oscilatórios das Soluções Concentradas....................32
6.1.1 Ensaio de Freqüência...............................................................................................32
6.1.1.1 Efeito da adição de íons magnésio no comportamento elástico e viscoso da
mistura CMC/amido. ....................................................................................................35
6.1.1.2 Efeito da adição de Íons Zinco na mistura CMC/amido ..................................38
6.1.1.3 Efeito da quantidade de Íons Magnésio e Zinco no comportamento
viscoelástico das misturas CMC/amido........................................................................40
6.1.2 Análise do comportamento reológico sob cisalhamento contínuo (viscosidade)....44
6.1.2.1 Análise da viscosidade da mistura CMC/amido variando o teor de íon
Magnésio e Zinco .........................................................................................................45
6.1.3. Fricção Interna (Tan δ)...........................................................................................52
6.1.4 Teste de Fluência e Recuperação (Creep/Recovery)...............................................54
6.1.4.1 Efeito do teor de Íons Mg
++
e Zn
++
na Composição CMC/amido....................57
6.1.5 Teste Rampa de Tensão...........................................................................................65
6.1.5.1 Influência dos Íons Zinco e Magnésio..............................................................66
6.2 Estudo das misturas CMC/amido diluídas.................................................................67
6.2.1 Medidas reológicas das misturas diluídas, utilizando viscosímetro capilar de tubos
descartáveis.......................................................................................................................67
6.3 Viscosimetria.................................................................................................................73
6.3.1 Estudo viscosimétrico das soluções diluídas, utilizando viscosímetro Cannon-
Fenske...............................................................................................................................73
6.4 Condutivimetria............................................................................................................76
6.4.1 Estudo da condutividade das soluções CMC/amido diluídas: influência da
concentração e da composição das soluções poliméricas.................................................76
6.5 Estudo da Separação de Fases da Mistura CMC/amido. .........................................78
6.6 Aplicação da Mistura Polimérica como Inoculante...................................................80
6.6.1 Avaliação da mistura CMC/Amido Compatibilizadas contendo ZnO e MgO como
Veículo para o Inoculante Rizobiano Sólido e sua eficiência em Comparação com a
Turfa. ................................................................................................................................81
7 CONCLUSÕES.....................................................................................................................84
8 SUGESTÕES ........................................................................................................................86
9 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................87
10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................88
11 ANEXOS.............................................................................................................................95
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1 - Esquema do efeito da força iônica na conformação e forma de uma molécula de
polieletrólito em solução....................................................................................................3
Figura 2 - Representação ilustrativa de um polieletrólito que apresenta estrutura do tipo rígida
(rod-like)............................................................................................................................4
Figura 3 - Representação ilustrativa de um polieletrólito de estrutura do tipo escova
esférica...............................................................................................................................5
Figura 4 - Representação ilustrativa de um polieletrólito de estrutura do tipo estrela formada
por muitos núcleos pequenos, com cadeias lineares de polieletrólitos.............................5
Figura 5 - Região de concentração de soluções poliméricas, a) diluída, b) semi diluída e c)
concentrada.......................................................................................................................6
Figura 6 - Modelo para hidrocolóides de formação rede gel: (a) zona “egg-box”, (b) Altos
agregados...........................................................................................................................11
Figura 7 - Modelo proposto para interação no sistema hidrocolóide-íon.........................12
Figura 8 - Conformação das misturas de cadeias poliméricas em solução.....................13
Figura 9 - Molécula da Carboximetilcelulose.................................................................14
Figura 10 - Estrutura da amilose....................................................................................16
Figura 11 - Estrutura da amilopectina............................................................................16
Figura 12 - Região amorfa e cristalina do amido............................................................17
Figura 13 - Testes oscilatórios com: a) fluido viscoelástico considerando o modelo de Kelvin-
Voigt; b) líquido Newtoniano; e c) sólido elástico ideal................................................19
Figura 14 - Teste dinâmico oscilatório representativo de uma pseudo-solução polimérica.
Dispersão de goma xantana com concentração de 3 g/l.................................................21
Figura 15 - Esquemas de vários viscosímetros capilares: Cannon-Fenske para líquidos: (A)
transparentes; (B) opacos; (C) Ubbelohde; (D) FitzSimons; (E) Sil; (F) Zeitfuchs; (G)
Atlantic...........................................................................................................................23
Figura 16 - Ilustração das possíveis formações de gel e interações entre as cadeias
poliméricas.....................................................................................................................27
Figura 17 - Viscosímetro modelo Cannon-Fenske.........................................................29
Figura 18 - Viscosímetro capilar de tubos descartáveis.................................................30
Figura 19 a-f - Comportamento do modulo elástico ( G’) e viscoso ( G’’) em função da
freqüência para as misturas CMC/Amido: 100 puro (a), 80/20 (b), 60/40 (c), 50/50 (d), 40/60
(e), 20/80 (f).....................................................................................................................33
Figura 20 - Variação do módulo elástico (G’) em função da freqüência, variando a
composição da mistura CMC/amido...............................................................................35
Figura 21 - Comportamento do modulo elástico ( G’) e viscoso ( G’’) em função da
freqüência para as misturas CMC/Amido, contendo 1% de MgO: 100 puro (a), 80/20 (b),
60/40 (c), 50/50 (d), 40/60 (e), 20/80 (f).........................................................................36
Figura 22 - Comportamento do modulo elástico (G’) em função da freqüência, variando a
composição da mistura contendo 1% de MgO................................................................37
Figura 23 - Comportamento do modulo elástico (G’) e viscoso (G’’) em função da freqüência
para as misturas CMC/Amido contendo 1% ZnO: 100 puro (a), 80/20 (b), 60/40 (c), 50/50 (d),
40/60 (e), 20/80 (f)..........................................................................................................38
Figura 24 - Variação da freqüência em que ocorre o crossover (G’=G’) em função da
quantidade de carboximetilcelulose para mistura contendo 1% de ZnO........................39
Figura 25 - Comportamento do modulo elástico (G’) em função da freqüência, variando a
composição da mistura, contendo 1% de ZnO...............................................................40
Figura 26 a-f - Variação do modulo elástico G’ e viscoso G’ em função da freqüência para
amostra CMC/amido, variando teor de íons Magnésio: 100 puro (a), 80/20 (b), 60/40 (c),
50/50 (d), 40/60 (e), 20/80 (f)........................................................................................41
Figura 27 a-f - Variação do modulo elástico G’ e viscoso G’ em função da freqüência para
amostra CMC/amido, variando teor de íons zinco: 100 puro (a), 80/20 (b), 60/40 (c), 50/50
(d), 40/60 (e), 20/80 (f).................................................................................................43
Figura 28 - Variação da viscosidade da mistura CMC/amido em função da taxa de
cisalhamento..................................................................................................................45
Figura 29 - Ilustra o tipo morfologia em relação à proporção de polímero na mistura. (a)
amarelo-fase contínua/azul-fase dispersa, (b) amarelo-fase contínua/azul-fase contínua e (c)
azul-fase contínua/amarela-fase dispersa.....................................................................45
Figura 30 - Variação da viscosidade da mistura CMC/amido em função da taxa de
cisalhamento, variando o teor de íon magnésio: 100 puro (a), 80/20 (b), 60/40 (c), 50/50 (d),
40/60 (e), 20/80 (f)........................................................................................................47
Figura 31 a-f - Variação da viscosidade da mistura CMC/amido em função da taxa de
cisalhamento, variando o teor de íon zinco: 100 puro (a), 80/20 (b), 60/40 (c), 50/50 (d), 40/60
(e), 20/80 (f).....................................................................................................................49
Figura 32 a-f - Variação da viscosidade da mistura CMC/amido em função da taxa de
cisalhamento, composição contendo 1% de íons Mg
++
e Zn
++
: 100 puro (a), 80/20 (b), 60/40
(c), 50/50 (d), 40/60 (e), 20/80 (f)......................................................................................51
Figura 33 - Comportamento de tan δ em função da freqüência, variando a composição da
mistura sem íons: 100 puro (a), 80/20 (b), 60/40 (c), 50/50 (d), 40/60 (e), 20/80 (f)........53
Figura 34 a-f - Curvas de creep e recovery nas misturas CMC/Amido variando a composição:
100 puro (a), 80/20 (b), 60/40 (c), 50/50 (d), 40/60 (e), 20/80 (f).....................................55
Figura 35 a-f - Ensaio de fluência e recuperação das amostras CMC/amido, variando o teor
de óxido de magnésio: 100 puro (a), 80/20 (b), 60/40 (c), 50/50 (d), 40/60 (e), 20/80
(f).......................................................................................................................................58
Figura 36 a-f - Ensaio de fluência e recuperação das amostras CMC/amido, variando o teor
de óxido de zinco: 100 puro (a), 80/20 (b), 60/40 (c), 50/50 (d), 40/60 (e), 20/80
(f).......................................................................................................................................61
Figura 37 - Comparação da fluência e recuperação para a amostra de CMC/amido, sem e com
íons Mg
++
e Zn
++
: CMC/ 0,5% de íon (a), CMC/ 1% de íon (b), 80/20 CMC/ 2,5% de íon (c),
80/20 CMC/ 1% de íon (d), 80/20 CMC/ 0,5% de íon (e)................................................64
Figura 38 a e b - Tensão deformação em função da taxa de cisalhamento, variando a
composição da mistura CMC/amido: 100 puro e 80/20 (a) 60/40, 50/50, 40/60, 20/80
(b).....................................................................................................................................65
Figura 39 a-b – Tensão vs deformação da amostra CMC puro, com e sem a presença de íons
zinco e magnésio: CMC puro (a), 1% de ZnO e MgO (b)...............................................66
Figura 40 - Tensão deformação para a mistura 50/50 CMC/Amido em função da taxa de
cisalhamento, com e sem a presença de íons zinco e magnésio......................................67
Figura 41 a-d - Comportamento da viscosidade aparente das soluções de CMC/amido, em
função da taxa de cisalhamento aplicada, variando a diluição: 0,8 g/l (a), 0,6 g/l (b), 0,4 g/l
(c), 0,2 g/l (d)..................................................................................................................68
Figura 42 - Variação da viscosidade da mistura CMC/amido em função da taxa de
cisalhamento, variando a diluição da mistura. CMC/amido 80/20 (a), 60/40 (b), 50/50 (c),
40/60 (d), 20/80 (e).........................................................................................................69
Figura 43 a-d - Variação da viscosidade da composição CMC pura com e sem íons
Mg
++
................................................................................................................................70
Figura 44 a-d - Variação da viscosidade da composição CMC pura com e sem íons
Zn
++
.................................................................................................................................71
Figura 45 a-d - Comportamento reológico da solução diluída 50/50 com e sem presença de
íons Magnésio variando a concentração da mistura CMC/amido..................................72
Figura 46 a-d - Comportamento reológico da solução diluída 50/50 com e sem presença de
íons Zinco variando a concentração...............................................................................73
Figura 47 - Gráfico da variação da viscosidade intrínseca com a composição..............74
Figura 48 - Diferença entre as viscosidades intrínsecas do modelo linear e do experimental
das soluções poliméricas sem íons e com íons (2,5%) de Zn e Mg...............................75
Figura 49 - Gráfico de condutivimetria das soluções poliméricas sem a presença de
íons.................................................................................................................................77
Figura 50 - Variação da condutividade das soluções 50/50 CMC/amido, variando a
concentração de íons Zn
++
e Mg
++
.................................................................................78
Figura 51 - Mistura polimérica sem a presença de íons (50/50 CMC/amido)...............79
Figura 52 - Mistura polimérica contendo 1% de zinco (50/50 CMC/amido).................79
Figura 53 - Mistura polimérica contendo 1% de íons magnésio (50/50 CMC/amido)...80
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 1 - Propriedades das composições CMC/amido puro..........................................56
Tabela 2 - Propriedades das composições CMC/amido contendo 0,5% de MgO...........59
Tabela 3 - Propriedades das composições CMC/amido contendo 1% de MgO..............59
Tabela 4 - Propriedades das composições CMC/amido contendo 2,5% de MgO...........59
Tabela 5 - Propriedades das composições CMC/amido contendo 0,5% de ZnO............62
Tabela 6 - Propriedades das composições CMC/amido contendo 1% de ZnO...............62
Tabela 7 - Propriedades das composições CMC/amido contendo 2,5% de ZnO............62
Tabela 8 - Sobrevivência de células de Bradyrhizobium japonicum (estirpe BR 3267) durante
3 meses a temperatura ambiente inoculadas em misturas poliméricas a base de CMC e amido
nas proporções 50/50 e60/40, com ou sem agente compatibilizante (1% ZnO ou
MgO)...............................................................................................................................82
ÍNDICE DE QUADROS
Quadro 1 - Informações sobre a carboximetilcelulose....................................................15
Quadro 2 - Interpretação e comparação dos parâmetros viscoelásticos e viscosos.........20
Quadro 3 - Classes e tipos de viscosímetros capilares de vidro......................................23
RESUMO
ROHR, Tiago Gusmão. Estudo Reológico da Mistura Carboximetilcelulose E
Amido e sua Utilização como Veículo de Inoculação. Seropédica: UFRRJ 2007. XXp.
(Dissertação de Mestrado em Engenharia Química).
Esse estudo teve por objetivo utilizar técnicas reológicas para avaliar a compatibilização da
mistura Carboximetilcelulose/Amido (CMC/AM) e identificar sua aplicação como veículo de
inoculação. Os resultados reológicos de módulo elástico G’ e fluência mostraram que a
interação CMC/amido depende da concentração de polímero na mistura. Alta concentração de
CMC favorece a coexistência de redes emaranhadas aumentando a força gel. Os resultados
também mostram que todas as composições examinadas apresentaram comportamento
pseudoplástico. Os resultados reológicos mostram que os íons Magnésio e Zinco atuam de
modos distintos na mistura. Entretanto, a compatibilidade e força gel aumentam com a adição
de íons Magnésio e Zinco. Os íons Magnésio promovem fortes interações “gel” com os dois
polímeros, CMC e amido, enquanto que, o zinco atua preferencialmente junto a CMC. Baixas
concentrações de íons favorecem as interações intermoleculares e a estabilidade dimensional,
estruturas egg box”. Entretanto, dependendo da composição e do tipo de morfologia das
misturas poliméricas existe uma quantidade de íons que favorecem as associações
hidrofóbicas intramoleculares, acarretando a precipitação do polímero, estrutura “dimeric
junctions”. Nas soluções diluídas, os resultados das análises de condutivimetria e
viscosimetria mostraram que as misturas são imiscíveis e que a interação depende do
potencial de ionização. A separação de fases diminui com a presença de íons, 0,5 e 1% MgO e
Zinco. As composições 50/50 e 60/40 CMC/Amido contendo 1% de ZnO ou MgO
apresentaram a capacidade de sustentar elevadas populações bacterianas até o 12° dia de
incubação.
Palavras chave: Polímero, Compatibilidade, Rizóbio, Inoculante.
ABSTRACT
ROHR, Tiago Gusmão. Rheological Studies of Caroboxylmetilcellulose/starch Blends and
its applications as Inoculant Carrier. Seropédica: UFRRJ, 2007. XX p. (Dissertation,
Master Science in Chemical Enginnering).
This study it had for objective to use rheological techniques to evaluate the compatibilization
of the Carboximetilcelulose/Starch (CMC/AM) blends and to identify its application as
inoculation carrier. The rheological results of elastic modulus G ' and creep/recovery had
shown that the CMC/Starch interaction depends on the polymer concentration in the mixture.
High concentration of CMC favors the coexistence of entangled nets increasing the force gel.
The results also show that all the examined compositions had presented pseudoplastic
behavior. The rheological results also show that ions Magnesium and Zinc act in distinct ways
in the mixture. However, the compatibility and gel strength increase with the addition of ions
Magnesium and Zinc. Ions Magnesium promotes strong “gel” interactions with two polymers,
CMC and starch, while that, the zinc acts together the CMC preferential. Low concentrations
of ions favor the intermolecular interactions and the dimensional stability, structures egg box.
However, depending on the composition and the type of morphology of the mixtures an
amount exists favor the intramolecular hydrophobic associations, causing the precipitation of
polymer, structure dimeric junctions. In the diluted solutions, the results of condutivimetric
and viscosimetric analyses had shown that the mixtures are immiscible and that the interaction
depends on the ionization potential. The separation of phases reduces with the presence of
ions, 0,5, 1% of MgO and ZnO. 50/50 and 60/40 CMC/Starch blends contain 1% of ZnO and
MgO had presented the capacity to support high bacterial populations until 12° day of
incubation.
Keywords: Polymer, Compatibility, Rhizobia, Inoculants.
1
1 INTRODUÇÃO
A busca por novos materiais e produtos com características biodegradáveis, não-
tóxicos e recicláveis e de fonte renovável, para uso biotecnológico na agricultura, tem sido
objeto de investigação científica em todo mundo. Nesse contexto, materiais polímeros, tais
como polieletrólitos e hidrogéis têm recebido uma atenção especial, devido a algumas de suas
extraordinárias propriedades físico-químicas e físico-mecânicas.
A literatura registra a utilização de alguns polímeros, para uso biotecnológico, como
veículo de inoculação, por exemplo, a Poliacrilonitrila e a Goma Arábica. Os resultados
dessas pesquisas tiveram baixo impacto científico e tecnológico, uma vez que os mesmos
apresentaram limitações inerentes à incompatibilidade dos polímeros estudados em sistemas
aquosos contendo microrganismos.
Na nossa visão, essas limitações estão associadas a vários fatores, tais como: a escolha
adequada do polímero, as condições de preparação da mistura, a concentração e a presença de
outros componentes como íons. Além disso, sob o ponto de vista microbiológico, o veículo
deve apresentar algumas propriedades e condições internas favoráveis a manutenção das
células por um período suficientemente adequado para sua aplicação como inoculante. Tais
combinações de propriedades são, a princípio, difíceis de serem encontradas em um único
polímero, seja ele natural ou sintético.
Como estratégia para a obtenção de um material que apresente a combinação de uma
ou mais propriedades, visando aplicações tecnológicas, a mistura de dois ou mais polímeros é
bastante vantajosa, uma vez que possibilita reunir numa única composição a combinação de
duas ou mais propriedades fisico-mecânicas desejadas para sua aplicação, a um custo de
produção relativamente baixo. No entanto, essa estratégia também apresenta algumas
limitações e a mais importante reside no fato de que misturas poliméricas são, na sua grande
maioria, imiscíveis, acarretando em uma extensa faixa de separação de fase e,
consequentemente, em baixas propriedades fisico-mecânicas. Essa limitação pode ser
contornada através do uso de agentes compatibilizantes que podem ser polímeros
funcionalizados ou substâncias de baixo peso molecular capazes de promover uma maior
interação entre os polímeros, reduzindo a separação de fases e melhorando as propriedades
finais da mistura.
Dentre os muitos polímeros já pesquisados, a carboximetilcelulose e o amido
apresentam-se como dois polímeros com muito potencial para aplicações tecnológicas na
agricultura, devido as suas boas propriedades físico-mecânicas e baixo custo, conforme será
discutido no decorrer desta dissertação. No entanto, as misturas desses dois polímeros têm as
mesmas limitações apresentadas pela maioria dos sistemas de misturas poliméricas.
Após uma iniciativa entre o Departamento de Engenharia Química/UFRRJ e a
Embrapa agrobiologia começou-se a unir esforços para o desenvolvimento de um inoculante
rizobiano para aplicação na agricultura baseado na mistura CMC/amido, direcionado para
busca de soluções alternativas que pudessem garantir a eficiência e os benefícios da
inoculação através do processo de Fixação Biológica de Nitrogênio e a facilidade de
transporte e aquisição do inoculante.
Nesse contexto, o estudo reológico de sistemas poliméricos, seja em gel ou em
solução, pode auxiliar a compreensão da formação de estruturas da rede gel, em uma mistura
polimérica, bem como avaliar como estas estruturas afetam o comportamento reológico, tanto
em condições permanente quanto em deformação por cisalhamento, além de compreender
como essas estruturas podem contribuir para o estabelecimento de um ambiente
intermolecular favorável para a manutenção e sobrevivência dos microrganismos.
2
Assim, informações a respeito da estabilidade do produto, processamento,
armazenamento e o custo do processo podem ser obtidas através da reologia, prevendo as
propriedades de novos produtos durante sua preparação.
A respeito do uso de produtos líquidos, estudo utilizando a técnica de viscosimetria
pode fornecer informações importantes sobre a miscibilidade de sistemas de misturas
poliméricas, na avaliação do comportamento de um polímero na presença de um determinado
solvente e na observação indireta da estrutura de uma macromolécula.
Na perspectiva deste trabalho, as propriedades reológicas e viscosimétricas dessas
misturas podem fornecer informações extremamente importantes em relação às características
físico-químicas das misturas e sua compatibilidade em termos da sobrevivência dos
microrganismos.
As pesquisas aqui apresentadas mostram que a reologia, a viscosimetria e a
condutivimetria podem ser utilizadas com sucesso para prever a ocorrência de interações intra
e intermoleculares e como essas interações variam com a composição da mistura. Além disso,
podem ser correlacionadas ao estudo da estabilidade dimensional da mistura, através de
estudo de separação de fases.
3
2 REVISÃO BIBLIOGRAFICA
2.1 Polieletrólitos: Definições, Classificações e Propriedades.
Polieletrólitos são espécies macromoleculares que, quando colocadas em contato com
água ou algum outro solvente ionizante, dissociam-se originando uma molécula polimérica
altamente carregada. Tal dissociação é acompanhada por uma pequena carga oposta, chamada
de contra-íon, que tende a neutralizar as cargas das unidades poliméricas. (CARUSO, 1999;
PATEL, 2005).
O grau de seleção das cargas dos polieletrólitos é um importante fator no ajuste da
dureza, uniformidade, estabilidade, inchamento, permeabilidade e de outras importantes
propriedades no estudo de polieletrólitos modificados ou de ocorrência natural.
Os géis de polieletrólitos são geralmente formados por estruturas que são mantidas por
ligações covalentes, iônicas ou interações de Van der Waals. As ligações de ponte de
hidrogênio são um exemplo particular de ligações de van de Waals; são ligações fracas
eletrostáticas do tipo dipolo-dipolo com nível de energia baixo (1-10 Kcal/mol), quando
comparados com as ligações covalentes, como, por exemplo, a ligação - OH da água (118
Kcal/mol). Essas ligações são fracas quando comparadas com as ligações covalentes e podem
ser feitas e desfeitas com relativa facilidade, dependendo das condições do ambiente.
Entretanto, as ligações que formam as redes devem ser suficientemente fortes, de modo a
garantir suas estabilidades, mesmo em face do movimento das cadeias, provocado pelas
variações de temperatura e cisalhamento (RUSSEL, 1982).
Os polieletrólitos, que apresentam elevada carga em sua cadeia principal, tendem a
exibir uma estrutura rígida (PATEL, 2005). Entretanto, a adição de sal ou de outra espécie
iônica à mistura, pode tornar as cadeias poliméricas mais flexíveis, alterando a conformação
do polímero (Figura 1).
Figura 1 - Esquema do efeito da força iônica na conformação e forma de uma
molécula de polieletrólito em solução (PATEL, 2005)
Considerando o tipo de estrutura molecular, os polieletrólitos podem ser classificados
em lineares e ramificados (RMAILE, 2004). Os polieletrólitos lineares caracterizam-se pela
conexão de um grande número de átomos, originando uma estrutura linear, denominada
espinha dorsal. Como exemplo, pode-se citar a carragena que forma soluções altamente
viscosas e também estruturas gelificadas.
4
Os polieletrólitos podem se associar e formar diferentes tipos de estruturas: a rígida
Rod-like ou (solid-like), a estrela (star-shaped) e a do tipo escovas esféricas (spherical
brushes) (RAY, 1997; MACDIARMID, 2002; RMAILE, 2004; PATEL, 2005).
A estrutura do tipo rígida (Rod-like) é bastante estável; sua conformação permanece
praticamente inalterada devido à contribuição das interações inter e intramoleculares
presentes no sistema. Como resultado, verifica-se a presença de estruturas em forma de haste.
Além disso, a estrutura do tipo haste muda muito pouca a sua conformação em função da
força iônica e pH, devido ao arranjo conformacional estável da estrutura química desses
sistemas (MACDIARMID, 2002; PATEL, 2005). Um esquema representativo dessa estrutura
é mostrado na Figura 2. Exemplos desses sistemas são substâncias biológicas como o DNA, o
RNA e os hidrocolóides típicos, como a goma xantana (PATEL, 2005).
Figura 2 - Representação ilustrativa de um polieletrólito que apresenta estrutura do tipo rígida
(rod-like) (PATEL, 2005)
Os polieletrólitos do tipo escova (brushes) são formados a partir da fixação das
cadeias lineares de polieletrólitos, em qualquer superfície plana ou curva. Se a fixação das
cadeias estiver na superfície curva, esses são denominados de polieletrólitos escovas esféricas
(spherical brushes), ilustrado na Figura 3.
Os Polieletrólitos do tipo escova esférica “spherical brushes” têm sido estudados no
processo de preparação de copolímeros em bloco por adsorção (WESLEY et al., 2000). Como
exemplo, tem-se o sistema formado por partículas que consistem de um núcleo de
poliestireno, em que as cadeias lineares de poli-acido-acrílico (PAA) estão conectadas.
5
Figura 3 - Representação ilustrativa de um polieletrólito de estrutura do tipo escova
esférica (WESLEY et al., 2000)
Os polímeros do tipo polieletrólito estrela (Star-Chaped) são macromoléculas
ramificadas que carregam um núcleo central pequeno de onde emergem diversas correntes
lineares (carregadas ou não carregadas). Diferente dos polieletrólitos do tipo escova esférica,
nos quais o núcleo tem um tamanho significativo, os polieletrólitos do tipo estrela possuem
núcleo consideravelmente pequeno. A Figura 4 ilustra um polieletrólito com estrutura do tipo
estrela.
Figura 4 - Representação ilustrativa de um polieletrólito de estrutura do tipo estrela formada
por muitos núcleos pequenos, com cadeias lineares de polieletrólitos (WESLEY et al., 2000)
Os polieletrólitos modificados pertencem à classe dos chamados polímeros
associativos. Nesses sistemas, associações hidrofóbicas intra e intermoleculares competem
com as repulsões eletrostáticas, conhecidas como forças de repulsão de Coulomb, induzidas
pela presença de cargas, distribuídas na cadeia principal do polímero.
Na literatura, existem três importantes grupos de polímeros que apresentam
características associativas, denominados de polímeros associativos: os não iônicos poli
(oxido de etileno-b-uretano) hidrofobicamente modificado (HEUR), os derivados de celulose
hidrofobicamente modificados (HMHEC) e a emulsão de alcali-solúvel hidrofobicamente
modificados (HASE) (GUO et al., 1998). Os HASE fazem parte da categoria dos
polieletrólitos aniônicos e exibem propriedades distintas das apresentadas pelos polímeros
não-iônicos. Quando ionizados em solução aquosa, as cadeias poliméricas de um polieletrólito
6
se encontram predominantemente na forma estendida, devido às forças de repulsão das cargas
presentes na cadeia principal. A extensão alcançada pelo tamanho das cadeias é afetada pela
natureza do grupo hidrofóbico, pela seqüência da distribuição dos eletrólitos e dos grupos
hidrofóbicos ao longo da cadeia principal, pela concentração, pelo tipo de íon presente em
solução e pela concentração de polímero.
Em estudos envolvendo a carragena, polímero natural, PETZOLD (2006), observou
que a repulsão mútua dos grupos sulfatos éster sulfato, carregados negativamente ao longo da
cadeia do polímero, faz com que a macromolécula fique rígida e expandida, ao mesmo tempo
em que a sua natureza hidrófila deixa a macromolécula cercada por uma camada de moléculas
de água imobilizada.
Em pesquisas de Poli(isocianato) modificado com Poli(oxido de etileno) (HASE),
GUO e colaboradores (1998), observaram que, em solução aquosa, ocorre a formação de
agregados, derivados das interações hidrofóbicas, as quais formam microdomínios. Quando a
solução polimérica foi neutralizada com base, os agregados poliméricos tornaram-se
ionizados e solúveis em água, devido à mútua repulsão de cargas na cadeia principal do
polímero.
Outros estudos correlatos mostraram que o aumento da concentração do polímero, em
solução, propicia a formação de associações intermoleculares entre os grupos hidrofóbicos,
favorecendo a formação de uma rede entre as cadeias poliméricas (RAY, 1997). A
concentração em que as cadeias poliméricas iniciam o emaranhamento denomina-se
concentração crítica. Para polímeros neutros e de cadeias longas e para polieletrólitos, a
concentração crítica é obtida com baixa concentração, quando comparado com polímeros
neutros e de cadeias curtas e que apresentam poucas ramificações (KOLARIC, 2003).
A Figura 5a exemplifica um sistema de cadeias poliméricas de polieletrólitos
totalmente diluídas, apresentando uma conformação estendida. Observa-se que com o
aumento da concentração de polímero em solução, as cadeias iniciam um emaranhamento que
modifica sua conformação, podendo originar uma malha gel, Figuras 5b e 5 c.
a) c < c* b) c = c* c) c > c*
Figura 5 - Região de concentração de soluções poliméricas, a) diluída, b) semi diluída
e c) concentrada (RAY, 1997; KOLARIC, 2003)
É relevante destacar que a configuração alcançada pela macromolécula pode contribuir
decisivamente para melhoria das propriedades reológicas dos polímeros associativos.
A teoria desenvolvida por FLORY (1953), para avaliação das propriedades de fricção
das moléculas de polímero, em solução, mostra que a viscosidade intrínseca [η] é
proporcional ao volume hidrodinâmico alcançado pela macromolécula em solução, porém
inversamente proporcional ao peso molecular do polímero, Equação [η] = φ <r
2
>
3/2
/M, em
que φ é uma constante e não depende da constituição, da configuração do polímero e do
7
solvente, somente da expansão da macromolécula na solução e r é a distância média entre o
inicio e o final da cadeia polimérica.
Baseado na teoria de FLORY (1953), GOU e colaboradores (1998) mostraram, em
seus estudos envolvendo vários polímeros, como por exemplo, o Polimetacrilato de metila
(MAA) e o acrilato de etila (EA) modificados com grupos hidrofóbicos (Octil, hexadecil,
eicosanil), que o volume hidrodinâmico das cadeias diminui com o aumento da
hidrofobicidade do polímero. Em soluções diluídas, as associações hidrofóbicas dessas
amostras são predominantemente intramoleculares.
2.1.1 Aplicações dos Polieletrólitos
Em decorrência das suas especiais propriedades físico-mecânicas e físico-químicas,
nos últimos quarenta anos, os polieletrólitos foram objetos de intensas investigações
científicas. No entanto, o domínio do conhecimento sobre sua conformação, estrutura e
interações com outras moléculas é bastante difícil, se comparado com o dos polímeros
neutros, uma vez que os polieletrólitos são mais suscetíveis às variações de temperatura, pH,
campo elétrico, podendo originar múltiplas conformações, enquanto os polímeros neutros são
menos suscetíveis a essas variações.
A despeito das pesquisas científicas ainda serem objeto de inúmeras discussões e,
embora os dados experimentais sejam relativamente escassos, as aplicações industriais dos
polieletrólitos permeiam vários segmentos tais como: tecnologia de alimentos, materiais, setor
farmacêutico, além de expandir suas aplicações a outras áreas das ciências, tais como: física,
biologia e engenharia (MACDIARMID, 2002; RMAILE, 2004). Recentemente, estruturas
especiais de polieletrólitos contendo partículas inorgânicas vêm surgindo como inovações
aplicáveis à indústria eletrônica (PATEL, 2005); novos materiais para liberação controlada de
drogas e para nanotecnologia (OTSUKA, 2003). Já no setor de biotecnologia, os
polieletrólitos são usados para a imobilização de enzimas. Observa-se, a cada dia, o aumento
do campo de aplicações possíveis dos polieletrólitos (MACDIARMID, 2002; BARTLETT,
1993).
A utilização dos polieletrólitos na área de química centra-se, principalmente, na
interface de polímeros, materiais, colóides, química analítica e de superfície (PETZOLD,
2006).
Além disso, os polieletrólitos também têm sido usados na preparação de produtos
como reagentes de espessamento, modificadores reológicos, melhoradores de viscosidade
para xampus, condicionadores, desodorantes e loções para o corpo; em tratamento de águas
como agente de retenção; na indústria de polpa e papel, floculação e coagulação para
processos de separação sólido-líquido, para retenção de água, para aumentar a força adesiva,
na formação de filmes e como protetor coloidal (RMAILE, 2004; MACDIARMID, 2002;
DAUTZENBERG, 1994).
2.2 Hidrocolóide
Hidrocolóides são polímeros hidrofílicos de cadeia longa, de origem vegetal, animal,
ou sintético, que geralmente contêm muitos grupos hidroxilas e, dependendo da sua estrutura,
podem apresentar características de polieletrólitos (PHILLIPS, 2000).
Segundo (PENNA, 2004) os hidrocolóides são polímeros de cadeia longa, de alto peso
molecular, extraídos de plantas marinhas, sementes, exsudados de árvores e de colágeno
animal. Alguns são produzidos por síntese microbiana, enquanto outros, por modificação de
polissacarídeos naturais. Estes polímeros se dissolvem ou se dispersam, em água, para dar um
8
espessamento ou efeito de aumento de viscosidade e dependendo das suas características
estruturais, podem formar géis.
As propriedades fisico-mecânicas desses polímeros são influenciadas pelo peso
molecular, pela distribuição do peso molecular, pelo tipo de estrutura, pela sua origem natural
ou sintética e pelo método de preparação (PHILLIPS, 2000; CHAPLIN, 2006).
Os hidrocolóides se diferenciam em função de suas configurações, distribuição
espacial dos monômeros formadores, ramificações e do fato de possuírem ou não
características de polieletrólitos (PENNA, 2004; MACDIARMID, 2002). Os hidrocolóides
podem exibir uma larga escala de conformações em solução, uma vez que ao longo da cadeia
polimérica, as ligações podem girar livremente dentro da região intermolecular, podendo
alterar as propriedades físicas das soluções. (CHAPLIN, 2006).
LARA (1991), em estudos com a carragena, um hidrocolóide natural, observou que a
viscosidade da solução, composta pela carragena aumenta em razão do aumento da
concentração de polímero; este aumento da viscosidade resulta de uma maior interação entre
as cadeias de polímeros.
Outros polímeros tais como: alginatos, gelanas e xantanas, comumente formam
estruturas multi-helicoidais (SUTHERLAND, 1994) e podem se agregar através de ligações
de hidrogênio, para formar géis altamente hidratados e viscoelásticos (ROSS-MURPHY,
1996).
Os hidrocolóides, com propriedades de polieletrólitos, podem apresentar estruturas
rígidas e estendidas. Como exemplo de hidrocolóides de cadeia estendida pode-se citar a
goma xantana que possui um acentuado caráter viscoelástico, devido a sua conformação
rígida, se comparado com outras gomas de polissacarídeos, tais como: a goma guar, a goma
locusta, a carboximetilcelulose de sódio, o alginato de sódio, dentre outras. (URLACHER &
NOBLE,1997).
Os hidrocolóides devido às suas propriedades especiais, podem ser utilizada na
suspensão, floculação, estabilização de espuma, formação de película, controle da
cristalização, inibição de sinerese, encapsulação e formação de filmes. Podem atuar como
clarificantes, agentes de corte, encapsulação, revestimento, agente de suspensão, turvação,
desmoldante, floculante, geleificante, incorporador de ar, retentor de umidade, emulsificante,
espessante, estabilizante (PENNA, 2004; PHILLIPS, 2000).
Todos os hidrocolóides apresentam duas propriedades importantes: gelificação e
espessamento, às quais se configuram em maior ou menor extensão. Essas propriedades estão
relacionadas com o peso molecular, a presença ou não de grupos funcionais na molécula, a
temperatura do meio e com as interações de outras espécies do meio, como por exemplo,
outros hidrocolóides e íons (PENNA, 2004).
O orgão que regula administração de Medicamentos e Alimentos dos Estados Unidos,
FDA- “Food and Drug Administration”, reputa os hidrocolóides como compostos
reconhecidamente seguros, GRAS- “generally recognized as safe” (PENNA, 2004).
2.2.1 Classificação dos hidrocolóides
Os hidrocolóides podem ser agrupados em três categorias principais: a) gomas
naturais, b) gomas modificadas ou semi-sintéticas, baseadas em modificações químicas das
gomas naturais e c) gomas sintéticas, preparadas por síntese química total.
A seguir apresentamos vários exemplos de gomas (PENNA, 2004).
9
(a) Gomas naturais:
1- Polissacarídeos
- Exsudato de plantas: Arábica, Tragacante, Karaya, Ghatti;
- Extraídas de plantas: Pectina e Arabinogalactana;
- Semente de planta: Alfarroba (LBG), Guar, “Psyllium”, “Quince”;
- Extratos de algas marinhas: Agar, Alginato, Carragena, Furcelarana;
- Amido: Milho, Trigo, Arroz, Sorgo, Amido de tubérculos, Batata, mandioca;
2- Proteínas
- Animal: Gelatina, Albumina, Caseína;
- Vegetais: Proteína de soja.
(b) Gomas Modificadas ou Semi Sintéticas:
- Derivadas de celulose: Carboximetilcelulose, Metilcelulose, Hidroxietilcelulose,
Hidroxipropilmetilcelulose e Hidroxipropilcelulose;
- Gomas de fermentação microbiana: Dextrana, gelana e Goma xantana;
- Alginato de propileno glicol;
- Amidos pré-gelatinizados;
- Amidos modificados: Carboximetil amido, Hidroxietil amido, Hidroxipropil amido.
(c) Gomas Sintéticas:
-Polímeros vinílicos:Polivinilpirrolidina (PVP), Polivinilálcool (PVA), Polímero carboxivinil,
(Carbopol) e Polímeros de óxido de etileno.
Para a escolha e a aplicação de um determinado hidrocolóide, além de considerar as
propriedades funcionais desses polímeros, deve-se considerar também outros fatores
relevantes, tais como: a) Aparência do produto final: gelatinidade, maciez e habilidade para
fluir, b) Compatibilidade: com os constituintes funcionais do sistema e com aditivos
funcionais e inertes do sistema, c) Conservação: condições bacteriológicas, compatibilidade
com conservantes e com bactérias, d) Considerações legais: toxicidade, “GRAS”, padrões de
identidade e níveis permitidos, e) Estabilidade: temperatura, umidade, tempo e embalagem, f)
Propriedades: não iônica, estabilidade ao ácido, formador de filme e estabilizador de espuma,
g) Tipo de aplicação: mistura seca, líquido concentrado ou diluído, gel ou pasta, h) Uso
combinado: Efeito sinérgico e efeitos antagônicos e i) Viscosidade: consistência, tixotropia e
dilatabilidade (PENNA, 2004).
2.2.2 Solubilidade dos Hidrocolóides
O interesse por hidrocolóides baseia-se na habilidade que possuem para formar
soluções viscosas géis, além de apresentarem efeitos estabilizantes. Tais propriedades
somente se manifestam após a completa solubilização das moléculas de hidrocolóides.
Quando solubilizadas, as moléculas são capazes de se reorganizarem de duas maneiras
distintas: a) pela retenção de moléculas de água - efeito de espessamento e b) pela construção
de redes envolvendo zonas de ligação - efeito de gelificação (PENNA, 2004).
A gelificação é um processo em que as cadeias poliméricas se ligam fisicamente, umas
às outras, enquanto mantém ou aumentam suas ligações com a água.
A precipitação é o processo em que as cadeias poliméricas se ligam, através dos
grupos ou zonas hidrofóbicas, reduzindo sua interação com a água (PADMANABHAN,
2003). Eventualmente, observa-se a agregação de moléculas, de modo a terminar
10
praticamente toda a interação das cadeias poliméricas com a água, separando-se,
completamente, da fase aquosa. Enquanto as interações hidrofílicas são mediadas pela água,
facilitando a gelificação; as interações hidrofóbicas expelem a água, facilitando a precipitação
(TANFORD, 1980).
Os hidrocolóides, com características de polieletrólitos, são mais solúveis que os
hidrocolóides neutros; este comportamento decorre das interações hidrofílicas formadas pela
presença de íons e cargas, além das interações eletrostáticas existente no sistema. No entanto,
a cinética de hidratação depende de muitos outros fatores tais como: peso molecular, tipo de
solvente, temperatura e modo de preparação. Ressalte-se, por exemplo, que as gomas xantana,
guar e a carboximetilcelulose são solúveis a frio, enquanto a carragena e muitos alginatos
completam sua solubilização, em contato com água quente (PENNA, 2004).
2.2.3 Efeito de Íons nos Hidrocolóides
Os íons exercem um importante papel na formação das associações e no tipo de
estrutura apresentada pelas cadeias poliméricas. PADMANABHAN e colaboradores (2003) e
FLEMMING e colaboradores (2001) têm mostrado o efeito da presença de cátions cálcio e
magnésio nas propriedades mecânicas de biofilmes de hidrocolóides, verificando um aumento
do módulo elástico do biofilme estudado.
DIZIEZAK (1991) e KÄISTNER (1996) mostraram que a presença de íons, em
soluções contendo alginatos e a carboximetilcelulose (CMC), induz à gelificação. Por se tratar
de polímeros com caráter aniônico, carga negativa, a presença de contra íons ou cátions
resulta num decréscimo das interações repulsivas intramoleculares. Segundo
PADMANABHAN e colaboradores (2003), a adição de íons cálcio divalente reduz a repulsão
intramolecular e contribui para formação de pontes iônicas, entre grupos ou zonas, contendo
cargas negativas, presentes na cadeia do polímero, favorecendo as interações
intermoleculares. A formação de interações intermoleculares é acompanhada de uma mudança
conformacional das cadeias do polímero, resultando em uma extensa rede de ligação cruzada
física, a qual é responsável pela formação de uma estrutura macromolecular denominada de
egg box”, figura 6 a, sendo traduzida experimentalmente pelo aumento da gelificação da
mistura (CLARE, 1993; POWELL, 1979; SMIDSRØD & HAUG, 1971).
11
Figura 6 - Modelo para hidrocolóides polieletrólitos de formação rede gel: (a) zona ““egg-
box””, (b) Altos agregados (CLARE, 1993; POWELL, 1979; SMIDSRØD & HAUG, 1971)
O excesso de íon na formação de rede gel dos hidrocolóides pode acarretar a
destruição das estruturas formadas, Figura 6 a, originando novas estruturas conhecidas na
literatura como o modelo de Zona de junção “dimeric junction zone”, Figura 6 b. Além dos
modelos descritos acima, outros modelos têm sido propostos para formação dessas estruturas
e formação de redes gel (PADMANABHAN et al., 2003).
Diferente dos alginatos e da carboximetilcelulose, os amidos e as dextranas são
hidrocolóides neutros e não possuem caráter de polieletrólitos. Mesmo com a ausência de
íons, interações atrativas hidrofóbicas intermoleculares podem estar presentes nas soluções,
contribuindo para o aumento da gelificação. Entretanto, o excesso de íons no sistema, resulta
na eliminação da gelificação e na ocorrência da precipitação do polímero. Desta forma, a
viscosidade da solução retorna à solução pura do sal de íon, ocorrendo uma diminuição da
viscosidade intrínseca. (PADMANABHAN et al., 2003). A Figura 7 representa um esquema
de gelificação de hidrocolóides com características de polieletrólitos.
A adição de íons no sistema induz a uma competição eletrostática, diminuindo a
magnitude das interações hidrofílicas. O excesso de íons pode intensificar interações
hidrofóbicas, originando um efeito conhecido, com efeito, “salting out” (BERGETHON &
SIMONS, 1990). No efeito “salting out”, o aumento da concentração de íons resulta numa
maior solvatação das moléculas de água, diminuindo a hidratação dos segmentos hidrofóbicos
das cadeias do hidrocolóide e potencializando a interação entre esses grupos. A diminuição de
interações hidrofílicas e o aumento das hidrofóbicas, concorrem para diminuição da
gelificação.
12
Figura 7 - Modelo proposto para interação no sistema hidrocolóide neutro-íon
(PADMANABHAN et al., 2003)
2.2.4 Misturas de Hidrocolóides
A estratégia de preparação de misturas de hidrocolóides, visando à obtenção de géis,
com boas propriedades físico-mecânicas, é muita das vezes vantajosa, uma vez que possibilita
reunir, num só material, a combinação de duas ou mais propriedades fisico-mecânicas
desejadas para a sua aplicação (OPPERMANN et al., 1992).
Quando os hidrocolóides são misturados em concentrações baixas, grandes volumes
de solvente podem ser aprisionados dentro de seu raio de giração, Figura 8a. As cadeias
macromoleculares de cada polímero podem se enovelar formando estruturas globulares,
Figura 8b. Este processo entrópico ocasiona a diminuição no grau de liberdade do polímero.
Logo, um aumento da concentração pode causar separação de fases, figura 8c e d. Diferentes
associações e interações polímero-polímero e polímero-solvente, podem resultar num
emaranhado misturado, Figura 8f, ou num emaranhado de fases, Figura 8e. O emaranhado
misturado pode formar gel, Figura 8g. Em concentrações mais elevadas, a separação de fase
pode acontecer de modo a facilitar a liberdade de movimento. Isto ocorre devido à
similaridade nas formas moleculares do hidrocolóides presentes na mistura, Figura 8 h. A
Figura 8 ilustra a discussão apresentada acima (CHAPLIN, 2006).
13
Figura 8 - Conformação das misturas de cadeias poliméricas em solução (CHAPLIN,
2006)
A incorporação de carboximetilcelulose, exemplo de hidrocolóide, em soluções de
amido tem sido objeto de vários estudos científicos, principalmente no que se refere à
modificação das propriedades reológicas do amido. Segundo YOO (2005), as misturas de
CMC e amido modificam as propriedades reológicas finais dos componentes e adequando os
valores de viscosidade para o seu processamento, aplicabilidade e estabilidade em soluções
aquosas.
ALLONCHE e colaboradores (1989), MARTÍNES-PADILLA e colaboradores (2004)
e SUDHAKAR (1996) estudaram as propriedades viscoelásticas de misturas de hidrocolóides
com amido. Os resultados obtidos nessas pesquisas mostram que a adição de hidrocolóides,
com características de polieletrólitos, em particular o CMC, aumenta o módulo elástico da
mistura, devido à formação de estruturas rígidas “solid-like”.
No estudo realizado com a mistura entre a goma xantana e o amido observou-se que o
aumento da quantidade de goma presente na mistura promove um aumento na viscosidade da
mesma, influenciando a gelatinização e a retrogradação do amido. Esses resultados foram
atribuídos às fortes associações da amilose com o hidrocolóide (ABDULMOLA, 1996;
CHRISTIANSON, 1981).
ROSS-MURPHY (1995 e 1996) ao realizar um importante trabalho utilizando
misturas de amido e gomas, observou que a adição de goma xantana e/ou goma guar em
misturas com amido aumenta as características reológicas e a elasticidade da solução. Os
pesquisadores verificaram que a mistura xantana/amido apresenta um caráter mais elástico,
quando comparado às misturas envolvendo goma guar/amido, devido à presença de estrutura
conformacional rígida e ordenada conferida pela presença da goma xantana, possibilitando
assim, um maior reforço da estrutura tridimensional da pasta de amido.
Mesmo considerando o grande número de pesquisas a respeito de misturas envolvendo
amido e hidrocolóides, muitos aspectos em relação às interações inter e intramoleculares,
sobre a reologia do sistema e a estabilidade dimensional dessas misturas ainda necessitam de
14
uma melhor investigação científica (BAHNASSEY, 1994; CHRISTIANSON, 1981; ROJAS,
1999).
Considerando que nesta dissertação, trataremos do estudo da mistura entre a
carboximetilcelulose e o amido, a seguir serão apresentadas algumas importantes informações
sobre esses dois polímeros.
2.3 Carboximetilcelulose (CMC)
A Carboximetilcelulose (CMC), obtida através da reação da celulose com
monocloroacetato de sódio, é um hidrocolóide que contribui para formação de gel, na
retenção de água, além de apresentar propriedades de polieletrólito (KÄISTNER, 1996).
A presença de substituintes com grupos –CH
2
-COOH na cadeia e celulose produz um
afastamento das cadeias poliméricas e permite uma maior penetração de água, conferindo a
CMC solubilidade em água a frio.
A estrutura da CMC é baseada no polímero de β-(1,4)-D-glucopiranose da celulose
(Figura 9).
Figura 9 - Molécula da Carboximetilcelulose (KÄISTNER, 1996)
A Estrutura da celulose permite substituição de três grupos hidroxilas em cada
molécula de glucose. Entretanto, um grau de substituição de 0,9 grupos OH/glucose é
suficiente pata conferir as propriedades desejadas.
Devido as suas propriedades, tais como: solubilidade na água fria e quente, aumento
da viscosidade na solução, habilidade para formar filme, adesividade, características de
suspensão, retenção da água, resistência a óleos, gorduras e solventes orgânicos, o CMC tem
uma ampla aplicação, tanto na formulação de muitos produtos alimentícios, quanto no
melhoramento de seus processamentos. (ALHAMDAN & SASTRY, 1990; PILIZOTA et al.,
1996).
Em soluções diluídas, as moléculas de CMC apresentam-se, na maior parte, estendidas
(rod-like), devido à repulsão eletrostática presente ao longo da cadeia principal do polímero,
apresentando um maior raio hidrodinâmico. Em soluções concentradas, as moléculas de CMC
se enovelam, ocorrendo o emaranhamento, alcançando a forma de gel termo reversível
(KÄISTNER, 1996; KÄISTNER, 1997).
O Quadro 1 mostra algumas informações referentes às propriedades e aplicações da
carboximetilcelulose.
15
Quadro 1 - Informações sobre a carboximetilcelulose (MANO & MENDES, 1998)
Preparação
Modificação Química. Celulose, ácido monocloro-acético,
hidróxido de sódio, água, 20-100ºC
Propriedades
Peso Molecular: -; d: 1,59
Cristalinidade: amorfo; Tg: -; Tm: 250ºC dec
Material termorrígido físico. Solubilidade em água. Atacável por
microorganismos.
Aplicações
Em cosméticos: espessante em loções, xampus, etc.
Em alimentos: espessante em preparações dietéticas.
Em tintas: espessante em emulsões aquosas.
Nomes
comerciais
Tylose.
Observações
A solubilidade de CMC depende do grau de substituição. A
substituição das hidroxilas pelas carbometoxilas reduz as ligações
hidrogênicas, libera as macromoléculas e aumenta a solubilização
em água.
CMC industrial tem DS entre 0,4-0,8.
Os derivados de celulose, solúveis em água, caracterizam-se por serem compostos que
apresentam aplicações tecnológicas importantes. A maior parte deles é substituída
ionicamente e, dependendo do grau de substituição do polímero, pode conferir à estrutura,
propriedades físico-mecânicas especificas para uma determinada aplicação. Por exemplo, a
carboximetilcelulose (CMC), pode ser utilizada como um agente floculante ou espessante em
várias aplicações, dependendo do grau de substituição dos seus grupos carboxílicos
(KÄISTNER, 1997).
A densidade de carga dos compostos de CMC depende do grau de substituição nas
reações de modificação da celulose e isso tem uma influência direta nas propriedades
macroscópicas da solução.
Em soluções diluídas, os polieletrólitos estão em uma conformação estendida por
causa da repulsão eletrostática dos seus centros carregados. Esse comportamento para
amostras da CMC tem sido mostrado por HANSS e colaboradores (1973) utilizando medidas
de birrefringência eletrostática, em que, os resultados apontaram que o tempo de relaxação
das cadeias poliméricas é devido à rotação das cadeias rígidas de baixos pesos moleculares.
Para CMC com elevados pesos moleculares, os autores verificaram que os tempos de
relaxação estão associados ao movimento da cadeia principal do polímero que apresentam
conformação em ziguezague, também conhecido como estruturas “worm-like” (ODIJK, 1979;
BIRD, 2005).
2.4 Amido
O amido é um homopolissacarídeo formado por duas frações: amilose e amilopectina.
A primeira composta por unidade de glucose com ligações glicosídicas α 1-4 e a segunda, por
unidades de glucose unidades em α 1-4 com cadeias laterais de glucose ligadas em α 1-6,
formando as ramificações características desta molécula (BILIADERIS, 1997).
As estruturas apresentadas por essas moléculas podem ser representadas por uma
estrutura aproximadamente linear para amilose, que pode formar estruturas helicoidais, e
estruturas ramificadas para amilopectina, Figuras 10 e 11 (BILIADERIS, 1997).
16
Pesquisas científicas têm mostrado que quando hidratadas, as moléculas de amilose
ocupam uma área superficial maior quando comparada com as moléculas de amilopectina.
Além disso, por apresentar uma estrutura sem ramificações, duas ou mais moléculas de
amilose podem interagir através de ligações de hidrogênio formando agregados e regiões
micelares onde pode haver presença de cristais. Na amilopectina a interação entre as cadeias é
parcial e ocorre preferencialmente pelas extremidades das moléculas (BULÉON et al., 1998;
GALLANT, 1992; TESTER, 2004).
Figura 10 - Estrutura da amilose (BILIADERIS, 1997)
Figura 11 - Estrutura da amilopectina (BILIADERIS, 1997)
Uma das propriedades mais importantes do amido é a gelatinização, que lhe permite
absorver, no aquecimento, até 2500 vezes o seu peso em água. Quando resfriadas, as cadeias
poliméricas do amido se reagrupam, liberando água e quebrando a estrutura do gel formado
(TESTER, 2004).
Quando a suspensão aquosa de amido é aquecida, as ligações, relativamente fracas,
presentes nas áreas amorfas entre as micelas cristalinas, se dissociam ocorrendo a expansão
tangencial e hidratação progressiva, formando uma rede de moléculas, as quais são mantidas
17
unidas pelas micelas formadas pelas moléculas de amilose. Esse processo é conhecido como
gelatinização. A figura 12 mostra a estrutura dentrítica da amilopectina (PARKER, 2000;
BULÉON et al., 1998).
A retrogradação é o processo que ocorre quando as moléculas de amido gelatinizadas
começam a se associar novamente, através de pontes de hidrogênio, favorecendo uma
estrutura mais ordenada. Sob condições favoráveis, esta estrutura ordenada pode originar uma
estrutura cristalina (PARKER & RING, 2000).
Tradicionalmente usado na indústria de alimentos, o amido é um ingrediente que
apresenta alto valor calórico e melhoria de propriedades funcionais, em sistemas alimentícios.
Trata-se de uma matéria-prima renovável, biodegradável, não tóxica, cuja extração pode ser
através das raízes e dos tubérculos, como a mandioca e a batata, bem como dos cereais como,
o trigo, o milho e o arroz. (VAN DER BURGT et al., 2000). A estrutura macromolecular do
amido lhe confere propriedades particulares, tais como: solubilidade, viscosidade, poder de
gelatinização ou de adesão. Dependendo do tipo, o amido pode, dentre outras funções, servir
como espessante, facilitar o processamento, fornecer textura, fornecer sólidos em suspensão e
proteger os alimentos durante o processamento. Ademais, o amido pode servir de matéria
prima na indústria têxtil, podendo ser utilizado na elaboração de compostos farmacêuticos e
de materiais termoplásticos biodegradáveis, bem como na produção de resinas naturais.
(CEREDA, 2001).
Figura 12 - Regiões amorfa e cristalina da amilopectina (PARKER, 2000; BULÉON et al.,
1998)
2.5 Técnicas Utilizadas para Avaliação das Propriedades Reológicas e Interações dos
Hidrogéis.
2.5.1 Reologia
Rheologia é a ciência que estuda a deformação e o fluxo da matéria. Segundo
SCHLUMBERGER (1982) ela é um ramo da física e se relaciona com a mecânica dos corpos
deformáveis. A etmologia da palavra rheologia tem raiz e busca significado nos vocábulos
gregos rheo = deformação e logia = ciência ou estudo. Portanto, reologia é a ciência que
18
estuda como a matéria se deforma ou escoa, quando submetida a esforços originados por
forças externas. Embora a teoria da reologia trate o fenômeno da deformação como sendo
reversível, a irreversibilidade está muitas vezes presente. As propriedades reológicas de uma
substância, por vezes, mostram-se dependente do tempo e da taxa de cisalhamento ou variam
com a continuidade da deformação (BARNES et al., 1991).
As soluções de polímeros e os polímeros fundidos têm comportamento reológico
qualitativamente diferente, daquele observado nos fluidos newtonianos. Isto se deve ao fato
de conter cadeias de elevado peso molecular, com muitos graus internos de liberdade. Suas
viscosidades dependem dos gradientes de velocidade, podendo, adicionalmente, apresentarem
‘efeitos elásticos’ pronunciados. Para caracterizar fluidos não newtonianos, devemos medir,
não só a viscosidade, como também as tensões normais, bem como as respostas viscoelásticas
(BIRD, 2005).
O estudo reológico de sistemas poliméricos tem auxiliado, tanto na compreensão da
estrutura molecular de muitos tipos de polímeros, quanto na forma como esta conformação
estrutural afeta o comportamento reológico, quer em condições permanentes, quer em
deformação intermitente. A viscosidade e a elasticidade são as duas faces que tendem a
caracterizar a maneira como um material reage a uma tensão imposta (MACHADO, 2002).
Os polímeros hidrogéis, com características de polieletrólitos, são fluidos
pseudoplásticos, que apresentam comportamento viscoelástico e respostas mecânicas
diferenciadas, quando comparados com os fluidos newtonianos (BARNES et al., 1991).
O desenvolvimento teórico da viscoleasticidade, estudado por SCHRAMM (1994),
aborda a combinação de modelos em série, paralelo, ou associações destas, considerando
modelos ideais. Das teorias que consideram o problema do comportamento viscoelástico dos
fluidos, a desenvolvida por KELVIN-VOIGT, combina os modelos de mola e amortecedor,
através de um arranjo paralelo, tal como ilustra a Figura 13. Os líquidos ideais, como por
exemplo os líquidos newtonianos apresentam onda de tensão exatamente 90° fora de fase com
a deformação. Um sólido elástico ideal tem a onda de tensão em fase com a deformação. Para
materiais viscoelásticos, a onda de tensão fica entre 0 e 90° apresentando um ângulo de perda
característico de materiais viscoelásticos.
19
Figura 13 - Testes oscilatórios com: a) fluido viscoelástico considerando o modelo de Kelvin-
Voigt; b) líquido Newtoniano; e c) sólido elástico ideal (SCHRAMM, 1994)
O Quadro 2 apresenta os parâmetros viscoelásticos mais freqüentemente registrados
nos testes dinâmicos. Esses parâmetros são usualmente comparados, na medida do possível,
com os parâmetros viscosos, conhecidos pela viscosimetria rotacional, uma vez que esta é
amplamente empregada nas indústrias de controle de processos, nos campos de petróleo para
especificações de rotina, nos laboratórios de acompanhamento e certificação, e nos centros ou
instituições de pesquisa aplicada (SCHRAMM, 1994; MACHADO, 2002).
20
Quadro 2 - Interpretação e comparação dos parâmetros viscoelásticos e viscosos
(MACHADO, 2002)
Grandeza
Viscoelástica
Significado/Conceito Grandeza
viscosa
Significado
G’
Módulo de
rigidez ou de
armazenamento
Reflete a tensão contida
armazenada no material
durante a deformação e/ou
cisalhamento, pronta a ser
restituída.
Tensão
Tensão devido
à viscosidade
Avalia a energia
armazenada no fluido
após um determinado
período de
cisalhamento
G”
Módulo de perda
ou de
cisalhamento
Expressa a tensão que é
dissipada para o meio durante
a deformação e/ou
cisalhamento do material.
τ
Tensão de
cisalhamento
Corresponde a tensão
de cisalhamento
normalmente obtida,
quando os efeitos
elásticos não são
considerados ou são
desprezíveis.
G*
Módulo
complexo ou de
rigidez total
Expressa a tensão resultante
da composição dos módulos
de armazenamento e
cisalhamento.
Gi e Gf
Géis inicial e
final
Obtida em viscosímetro
rotativo através do
esforço por unidade
área que resulta em
uma área definida.
µ*
Viscosidade
complexa ou
dinâmica
Relação entre a tensão de
cisalhamento e a taxa de
deformação angular
viscosidade aparente.
Gi e Gf
Géis inicial e
final
Relação entre a taxa de
cisalhamento e a tensão
cisalhante
No caso de misturas poliméricas, os parâmetros viscoelásticos, apresentados no
Quadro 2, dependem da característica estrutural de cada polímero que compõe a mistura e do
peso molecular. Sendo assim, a análise adequada das propriedades viscoelásticas dessas
misturas pode fornecer informações importantes, que permitam estimar as propriedades finais
dessas misturas (MACHADO, 2002).
Em reometria oscilatória são utilizados vários testes para a caracterização do
comportamento reológico de polímeros, dentre eles destacam-se:
a) Teste de fluência e recuperação
É um teste contínuo para caracterização da amostra. É muito utilizada para simular a
vida útil de materiais, em engenharia de alimentos, e controlar a tensão e fenômenos, como a
sedimentação. Neste teste, uma tensão constante é aplicada no material, resultando em
medidas de deformação, permitindo determinar a viscosidade no cisalhamento zero e a
deformação elástica/compliança.
b) Teste de variação da freqüência
Esse ensaio é utilizado para caracterizar a conformação e as interações
intermoleculares de sistemas poliméricos em diferentes estados de coesão, como soluções
macromoleculares e géis, fornecendo informações sobre o comportamento elástico e viscoso
das amostras, em diferentes freqüências/aplicação de cisalhamento, sem que haja quebra das
cadeias poliméricas. Para mistura gel, a curva reológica desse ensaio caracteriza-se pela
presença de um platô típico.
21
c) Teste de rampa de tensão
Nesse teste é observado o comportamento reológico da amostra, com o aumento da
tensão em função do tempo de ensaio. É utilizado para determinar o ponto de quebra do gel e
a ruptura das cadeias poliméricas. Esse teste pode ser realizado fundamentalmente de duas
maneiras: a primeira, aplicando-se um aumento de tensão com o tempo, na faxia de tensão
que antecede a quebra das cadeias, o que origina pequenas deformações na amostra. Antes da
quebra do gel, ou do escoamento da amostra, o material tende a se estabilizar rearranjando
suas estruturas provocando resistência a tensão aplicada, provocando uma recuperação
elástica da amostra. Nessa região, espera-se uma validade do modelo da lei de Hooke; a
segunda, para ensaios de rampa de tensão acima do ponto de quebra das cadeias poliméricas.
Nessa região espera-se um desvio do comportamento citado. A diferença entre essas duas
regiões é interpretada como ponto de fluidez (yield point).
d) Varredura de tensão
Determina a estabilidade da amostra através de ensaio de tensão aplicado e fornece
informações sobre a região de viscoleasticidade linear e sobre o comportamento da
diminuição da viscosidade com o cisalhamento.
Os testes dinâmicos oscilatórios fornecem importantes informações acerca dos
parâmetros reológicos, e de suas variações com tensão aplicada ou com a variação da
freqüência aplicada. Um exemplo importante é o estudo do comportamento reológico da
goma xantana, um dos polímeros mais utilizados na indústria de petróleo, Figura 14. Nessa
figura, observa-se o comportamento viscoelástico e pseudoplástico da goma xantana.
Verifica-se que a viscosidade diminui com a freqüência e que o módulo elástico é maior que o
viscoso, em freqüências maiores. Sob altas freqüências, os movimentos moleculares ficam
restritos e o sistema se comporta ou tende a se comportar como um sólido, assim, G’
predomina sobre G”.
Figura 14 - Teste dinâmico oscilatório representativo de uma pseudo-solução
polimérica. Dispersão de goma xantana com concentração de 3 g/l (MACHADO, 2002).
22
Os hidrocolóides, com propriedades de polieletrólitos, também apresentam
comportamento viscoelástico. A elasticidade ocorre quando o polímero está emaranhado, e
provocando a resistência ao fluxo de escoamento. As misturas de hidrocolóides podem
apresentar um efeito sinérgico, associando-se para precipitar ou para formar sistemas
bifásicos incompatíveis (PHILLIPS & WILLIAMS, 2000).
Em se tratando de soluções ou misturas contendo sais ou metais, a predição das
propriedades do gel, através de estudos reológicos, torna-se ainda mais complexa, devido aos
vários tipos de interações inter e intramoleculares presentes na mistura (EDWARD, 1993).
Em trabalho feito por SUPHANTHARIKA (2005) foi estudado a reologia de misturas
de hidrocolóides e do amido, tendo sido observado que a presença da goma xantana e da
goma guar, nas misturas com o amido, acarreta um aumento no módulo elástico dessas
misturas, com o aumento da freqüência. Esse resultado foi atribuído à estrutura e
conformação, mais ordenada e rígida, da goma xantana.
Segundo PASTOR e colaboradores (1994) a presença de cadeias laterais e o caráter
iônico nas moléculas de xantana, aumentam a sua hidratação. Essa característica iônica e de
hidratação também é observada na carboximetilcelulose (CMC).
Segundo METHA (1993) a goma guar possui estrutura menos rígida e não forma gel,
porém, suas misturas com outras gomas como o amidos, hidrocolóides e agentes gelificantes
(naturais e sintéticos), podem ser compatíveis.
Em estudo feito por YOO (2005), a adição de goma xantana em misturas com o amido
aumenta a rigidez da mistura. Esse resultado foi atribuído à tendência de gelificação da
xantana, que aumenta a viscosidade do meio, e também das interações com as cadeias da
amilose.
MONTOYA e colaboradores (2005) estudaram o comportamento reológico das
misturas de amido com a goma arábica. Os resultados mostraram o tipo de comportamento
apresentado pelas das misturas foi viscoelástico, caracterizado por uma predominância das
propriedades elásticas (G’). Segundo DIZIEZAK (1991), a goma arábica é um polissacarídeo
contendo íons cálcio, Magnésio e potássio. A goma arábica dissolve-se rapidamente em água
quente ou fria, sendo a menos viscosa e a mais solúvel das soluções de hidrocolóides. A alta
solubilidade da goma arábica confere à mistura com amido uma predominância elástica, pois
é a partir de sua solubilização que se formam as estruturas e interações no sistema.
2.5.2 Viscosimetria
Viscosimetria é um segmento da mecânica dos fluidos que consiste na prática
experimental de medir a resposta reológica dos fluidos, considerados puramente viscosos,
onde a componente elástica possa ser desprezada (MACHADO, 2002).
Os principais fatores que afetam a medida da viscosidade são: natureza físico-química
do líquido, a composição da mistura, temperatura, pressão, taxa de cisalhamento, tempo e
campo elétrico (BARNES et al., 1991).
As medidas de viscosidade em soluções poliméricas muito diluídas são
convenientemente realizadas em viscosímetros capilares dos tipos Ostwald Fenske ou
Ubbelohde. Segundo MACHADO (2002), o viscosímetro original de Ostwald tem sido
modificado de várias maneiras, com objetivo de reduzir os efeitos indesejáveis, aumentar o
intervalo de viscosidade e medir a viscosidade de certos líquidos específicos. Alguns desses
viscosímetros estão ilustrados na Figura 15.
23
Figura 15 - Esquemas de vários viscosímetros capilares: Cannon-Fenske para
líquidos: (A) transparentes; (B) opacos; (C) Ubbelohde; (D) FitzSimons; (E) Sil; (F)
Zeitfuchs; (G) Atlantic (MACHADO, 2002)
Os viscosímetros capilares de vidro podem ser reunidos em três grandes classes:
Ostwald modificado, para líquidos transparentes; de nível suspenso, para líquidos
transparentes; e de fluxo reverso, para líquidos transparentes e opacos. O Quadro 3 destaca
alguns tipos de viscosímetros capilares de vidro e o seu intervalo de viscosidade cinemática.
Quadro 3 - Classes e tipos de viscosímetros capilares de vidro (MACHADO, 2002)
Classe Tipo Viscosidade, cSt*
Ostwald modificado
Cannon-Fenske
Zeitfuchs
SIL
0,5 a 20000
0,6 a 3000
0,6 a 10000
Nível suspenso
Ubbelohde
FitzSimons
Atlantic
Cannon-Ubbelohde
0,3 a 100000
0,6 a 1200
0,75 a 5000
0,4 a 100000
Fluxo reverso
Zeitfuchs braço transverso
Cannon-Fenske opaco
Lantz-Zeitfuchs
0,6 a 100000
0,4 a 20000
60 a 100000
*1 cSt = 1mm
2
/s = 10
-6
m
2
/s.
As medidas viscosimétricas são feitas por comparação do tempo, t (tempo de fluxo),
requerido para que um determinado volume de solução passe através de um tubo capilar, com
o correspondente tempo de fluxo, t
0
, para o solvente.
Outros tipos de viscosímetros podem ser empregados em medidas de viscosidade, tais
como: viscosímetros rotacionais com cilindros de diferentes tamanhos e velocidades de
rotação variáveis, por exemplo: o viscosímetro de Brookfield. Estes são especialmente
convenientes para realização de medidas, em diferentes velocidades, através da variação de
rotação e em geometrias variadas. Existem também os viscosímetros de queda de bola que
medem a resistência ao atrito de uma esfera que cai em um meio viscoso. Este viscosímetro é
conhecido como viscosímetro de Höppler (FLORY, 1953)
24
PALERMO e colaboradores (2000) em seus estudos com a polivinilpirrolidona, PVP,
têm mostrado que medidas de viscosidade de soluções poliméricas diluídas, fornecem
informações importantes, no que se refere à miscibilidade polímero-solvente e à observação
indireta da estrutura molecular de um polímero. Os estudos viscosimétricos realizados por
PALERMO e colaboradores (2000), com soluções aquosas diluídas de polivinilpirrolidona, a
diferentes temperaturas, mostraram que o comportamento da viscosidade intrínseca das
soluções em função do aumento da temperatura, é decorrente da preponderância das
interações intramoleculares das cadeias de PVP, em relação a sua interação com a água. No
entanto, os valores encontrados para a constante de Huggins, para soluções aquosas de PVP,
indicam que a interação entre as moléculas de água e polímero, através de ligações de
hidrogênio, também é significativa (GÜNER, 1997).
Apesar da técnica de viscosimetria ser bastante aplicada nos estudos das soluções,
envolvendo polímeros-solventes, o número de dados experimentais envolvendo misturas
ternárias é muito reduzido, principalmente em trabalhos que correlacionam as interações
intramoleculares em sistemas ternários, com o tipo de estrutura apresentada pelo polímero em
solução (LIU et al., 1997).
O estudo da incompatibilidade de soluções ternárias (polímero–polímero–solvente)
baseia-se na hipótese de que interações repulsivas, entre as cadeias poliméricas, podem causar
uma diminuição no tamanho do novelo macromolecular, resultando num desvio negativo da
viscosidade, quando comparado com os valores esperados, com base na regra da aditividade
(PALERMO et al., 2000). No caso da compatibilidade, a predominância de associações
intermoleculares resulta no aumento da viscosidade e desvio positivo da regra aditividade
(PALERMO et al., 2000; DANAIT & DESHPANDE, 1994; GUO, 1997).
Na avaliação de soluções ternárias também deve ser considerado o papel do soluto, em
caso de competição com o solvente, podendo acarretar a modificação da interação deste, com
o segundo soluto. Este fenômeno foi observado por SALAMOVA (1996), que através de
estudos com misturas ternárias, mostraram que a adição de Poli(álcool vinílico) a uma solução
de PVP, em água, promove modificações significativas na viscosidade da solução, devido à
presença de interações do tipo dipolo-dipolo e de ligações de ponte de hidrogênio, entre os
polímeros em solução.
As medidas de viscosidade das soluções poliméricas diluídas, também podem fornecer
informações importantes sobre a miscibilidade da mistura polímero-polímero, o
comportamento de um polímero na presença de um determinado solvente e o tipo de
conformação ou estrutura molecular do polímero na mistura (MACHADO, 2002).
2.5.3 Condutivimetria
Desenvolvimento teórico a respeito do fenômeno das associações dos íons e suas
implicações na condutividade de soluções de polieletrólitos foram examinados por
LEEUWEN (1991). A atenção foi focada nas características das associações do íon/contra-
íons e na condutividade das espécies poliônicas. A questão central é a análise da distribuição
do contra-íon, o qual pode ser homogêneo e igual em toda faixa de densidade de carga do
poliíon onde ocorrem pontes entre o poliíon e os contra-íons. Utilizando os efeitos de
associação do contra-íon a condutivimetria pode ser utilizada e aplicada na análise
quantitativa de polieletrólitos.
A Condutivimetria continua a ser uma ferramenta importante na análise das
propriedades físico-químico de soluções de polieletrólitos. Em estudo feito por
KUKHARCHIK (1967), foi enfatizando o fenômeno das associações do contra-íon onde
houve o desenvolvimento da teoria de polieletrólitos, em particular com respeito às interações
25
dos contra-íons e elaboração das características condutivimétricas em sistemas de
polieletrólitos.
Recentemente, foi avaliada a dependência da condutividade das soluções de
polieletrólitos em função da concentração, e essa dependência em função da natureza do
contra-íon. Na prática, os fenômenos típicos da associação entre o íon e os contra-íons foram
utilizados com eficiência para finalidades analíticas como o estudo de sistemas de surfactantes
e formação de micelas (KUKHARCHIK, 1967; OPPERMANN, 1992).
2.6 Inoculantes
De acordo com BASHAN (1998) os inoculantes bacterianos são definidos como sendo
formulações contendo uma ou mais estirpe bacteriana que tem a capacidade de promover o
crescimento e desenvolvimento vegetal por mecanismos como biocontrole de agentes
fitopatogênicos, promoção de crescimento pela produção de fitormônios, dentre outros,
concomitantemente ou não com a fixação do nitrogênio atmosférico.
Na produção de inoculantes rizobianos, a seleção de estirpes eficientes é acompanhada
de um trabalho intenso de seleção e formulação de veículos de inoculação eficientes e de
interesse industrial (FERNANDES, 2006). Um inoculante de qualidade deve ser capaz de
manter grandes quantidades de células rizobianas durante um período de prateleira longo,
deve também ser capaz de manter um grande número de células por semente inoculadas. Após
o plantio, deve ser capaz de manter elevadas concentrações de células nas sementes, uma vez
que o solo pode representar um ambiente bastante hostil para as células na fase do plantio
(CAUTROUX, et al. 2001).
Além disso, a produção de inoculantes utilizando veículos biodegradáveis, atóxicos,
hidrossolúveis, obtidos de fontes renováveis e de baixo custo, associados com estirpes de
rizóbios competitivas deve ser o objetivo de estudos para o desenvolvimento de novos
inoculantes, inseridos no contexto atual da indústria, da responsabilidade ambiental, social,
economia de recursos e inovação tecnológica.
O veículo de inoculação mais utilizado é a turfa, que do ponto de vista geológico, é um
combustível fóssil de idade recente, resultante da lenta decomposição de vegetais em
ambiente aquoso. Ela foi sendo acumulada em condições de anaerobiose ao longo de ciclos
geológicos e submetida à pressão, ao ser recoberta por outros sedimentos (BRADY, 1989). O
teor de matéria orgânica e a capacidade de retenção de água são propriedades da turfa que
possibilitam a sua utilização como veículo de inoculação. Entretanto, apesar da turfa ser o
veículo de inoculação mais utilizado, a turfa apresenta algumas desvantagens que podem
comprometer a eficiência do inoculante, dentre as quais destacam-se: com a intensa utilização
da turfa as turfeiras ideais para a produção de inoculantes estão cada vez mais raras, o que
obriga o deslocamento deste material a longas distâncias (DEAKER et al., 2004). Em alguns
países devido às políticas de preservação de regiões de terras úmidas, a exploração de
turfeiras é controlada ou proibida (TEMPRANO et al. 2002). O pH da turfa é outro fator
importante no crescimento e manutenção das células rizobianas. As fontes de turfa utilizadas
para a produção de inoculantes são bastante ácidas, o que torna necessária uma correção no
pH com carbonato de cálcio ou magnésio (DEAKER et al., 2004).
26
3 OBJETIVO
Esta dissertação teve como objetivo principal estudar a mistura entre a
Carboximetilcelulose e o Amido, bem como seu potencial uso na agricultura, como inoculante
rizobiano.
Para alcançar este objetivo, adotou-se como estratégia científica o estudo do
comportamento reológico da mistura entre a Carboximetilcelulose (CMC) e o Amido, com e
sem íons Zinco e Magnésio. Desta forma, buscou-se o entendimento das correlações
existentes entre os diferentes tipos de estruturas macromoleculares, formadas nas diferentes
composições CMC/amido, e seus reflexos no comportamento reológico, viscosimétrico e na
condutivimetria, bem como na separação de fase do sistema, e sua compatibilidade, não só
com o par polimérico (CMC/amido), como também com os microrganismos rizobianos para a
preparação de inoculantes.
27
4 HIPÓTESE CIENTÍFICA: ESCOLHA DA MISTURA
Após uma extensa pesquisa bibliografia foram escolhidos dois polímeros: a
Carboximetilcelulose e o Amido, para preparação de uma matriz polimérica que apresentasse
propriedades físico-mecânicas que pudessem ser utilizadas como veículo de inoculação em
substituição à Turfa.
A escolha de dois polímeros, a princípio de natureza físico-mecânica distinta, foi
baseada na possibilidade de combinar, em um único material, as propriedades de retenção de
água, formação de malha gel, elasticidade e interações com o meio orgânico da CMC, com as
propriedades de fluidez, espessamento, estabilidade térmica e fonte de carbono do Amido.
Além disso, obter uma mistura com baixa agressão ao meio ambiente, pois ambos são de
origem natural, de fontes renováveis, biodegradáveis, podem ter a sua degradação controlada,
são hidrossolúveis, fáceis de manipular, além de apresentarem baixo custo.
A incompatibilidade de sistemas poliméricos é extensivamente conhecida na literatura
e para contornar esse problema nas misturas CMC/amido, testadas nesse estudo, foram
utilizados íons Magnésio e Zinco a partir da dissolução de óxidos de Magnésio e de Zinco na
mistura. Na nossa hipótese científica esses íons podem atuar como agentes de interação entre
as fases CMC e Amido, melhorando a compatibilidade e conferindo um melhor sinergismo
das propriedades. Essas hipóteses são ilustradas na Figura 16.
Figura 16 - Ilustração das possíveis formações de gel e interações entre as cadeias
poliméricas
28
5 MATERIAIS E MÉTODOS
5.1 Materiais e equipamentos (Preparação das misturas poliméricas)
Carboximetilcelulose (CMC) (média 2000-3000 cP) procedência Quimesp S.A ;
Amido solúvel P.A (modificado) procedência da e Vetec S.A;
Óxido de Zinco e Magnésio PA procedência Vetec. S.A.;
Água destilada.
Liquidificador;
Autoclave;
Viscosímetro Cannon-Fenske;
Pipeta e pêra;
Cronômetro;
Reômetro de disco oscilatório Haake Cone-placa RS1 C35/2ºTi;
Unidade de Banho Fênix P1 com termômetro;
Viscosímetro capilar de tubos descartáveis;
Condutivímetro modelo MS. Mistura (MSM-150).
5.2 Preparação das misturas
5.2.1 Misturas concentradas
A concentração da mistura usada foi de 64 gramas de mistura polimérica por litro de
água destilada, variando a composição CMC/Amido de 100/0 a 20/80. Foram feitas também
misturas poliméricas contendo MgO ou ZnO, contendo 0.5, 1,0 e 2,5% de mistura. Todas as
amostras foram autoclavadas a 100ºC e 1,3 Kgf/cm
2
durante 30 minutos.
5.2.2 Misturas Diluídas
Foram preparadas misturas variando a concentração CMC/amido na proporção 100/0 a
20/80 de 0,8 a 0,2 gramas/litro, contendo MgO e ZnO nas proporções 2,5; 2; 1; 0,5%.
5.3 Ensaios de Viscosidade - Viscosimetria
As associações entre o sistema CMC e amido, com ou sem presença íons Mg
++
e Zn
++
,
assim como, a miscibilidade polímero-polímero foram investigados através de viscosimetria
de soluções aquosas diluídas em função da composição a temperatura constante, utilizando o
viscosímetro de Cannon-Fenske.
O viscosímetro de Cannon-Fenske é um viscosímetro capilar de vidro de volume
constante. A determinação experimental consiste em medir o tempo de escoamento do líquido
entre duas marcas de calibração, C e E (Figura 17).
Durante a determinação o viscosímetro esteve imerso num banho termostático, a
temperatura constante, com uma variância máxima de 0,02ºC. Com uma pipeta, foi medido o
volume necessário de liquido para que no viscosímetro metade da secção H (Figura 17)
ficasse cheia (cerca de 10ml). Foi introduzida a solução polimérica pela secção J e certificou-
se que todo o líquido se encontrasse imerso no banho termostatizado durante as operações
subseqüentes. Usando uma pêra de borracha foi aspirado pelo tubo A o liquido até a secção B.
Então, a pêra foi retirada e o líquido escorreu livremente pelo tubo capilar. A contagem do
29
tempo foi finalizada assim que o menisco passou pela marca de graduação superior C. Segui-
se a marcha do menisco pela secção D. A contagem foi finalizada assim que o menisco
ultrapassou a marca de graduação inferior E. O tempo do escoamento foi registrado. O
solvente utilizado foi água e o seu tempo de escoamento utilizado nos cálculos de viscosidade.
Figura 17 - Viscosímetro modelo Cannon-Fenske .
Através da construção do gráfico utilizando à equação de Huggins, prolongando-se a
reta a diluição infinita se obtém a viscosidade intrínseca para cada composição CMC/amido.
Através das relações da viscosidade relativa: η
r
= η/η
0
= t/t
0
e viscosidade especifica: η
sp
= η
r
-
1, chegamos à relação do tempo com a viscosidade, η
sp
= η-η
0
/η
0
= t-t
0
/t
0
, onde t é o tempo da
solução polimérica e t
0
o tempo do solvente (água).
5.4 Ensaios Dinâmico Oscilatório
Ensaios oscilatórios das misturas poliméricas concentradas (hidrogel) foram realizados
em reômetro de disco oscilatório Haake - sensor RS1 C35/2° Ti, unidade de banho Fenix P1,
a temperatura de 30º C com precisão de 0,1ºC. A freqüência esteve na faixa de 0,6 a 100
rad/s. Foram obtidos os valores de módulos elástico e viscoso ao longo da freqüência
aplicada.
5.5 Teste de Fluência (Creep)
Esse teste foi dividido em duas fases: deformação e recuperação (creep e recovery). O
método consiste da aplicação de tensão e uma subseqüente remoção da força para avaliar a
recuperação das misturas e os parâmetros característicos que representam esse
comportamento. As curvas foram determinadas aplicando níveis de tensão dentro do intervalo
da região viscoelástica linear (RVL) durante um período de 180s e a recuperação foi
determinada quando a tensão foi removida. Os testes foram realizados em reômetro de disco
oscilatório Haake - sensor RS1 C35/2° Ti, unidade de banho Fenix P1, na temperatura de 30º
C com precisão de 0,1ºC.
5.6 Ensaio em viscosímetro capilar de tubos descartáveis
As soluções diluídas das misturas poliméricas foram analisadas em um viscosímetro
capilar proposto por Massarani, 1981. Este viscosímetro, de fácil construção, consiste em um
30
recipiente de vidro com volume aproximado de 2 litros. Como se pode observar na figura 10,
a tampa sustenta uma serpentina conectada a um banho termostático (Lauda, modelo RM 6B)
com circulação externa necessário no controle da temperatura, um termômetro, um tubo de
alimentação de ar e um orifício por onde passa o tubo capilar.
Neste estudo foi utilizado um capilar com 300 cm de comprimento e com 0,194 de
diâmetro. O diâmetro foi determinado por LEAL (2005) utilizando a água com densidade e
viscosidade conhecidas. A homogeneização da solução, dentro do viscosímetro, foi feita com
o auxilio de um agitador magnético.
Tubo de
alimentação de ar
Circuito de
termorregulação
Termômetro
H
Tubo
capilar
Figura 18 - Viscosímetro capilar de tubos descartáveis (LEAL, 2005)
Com o equipamento descrito acima se obteve os dados de vazão mássica no tubo
capilar para diferentes desníveis do sistema, ou seja, para diferentes alturas, H. Estes dados
foram correlacionados por meio da taxa de distensão característica, λ
, uma propriedade
cinemática do escoamento e a tensão cisalhante característica, τ
*
, uma propriedade material
do fluido, definidas por MASSARANI (1999) respectivamente por:
λ
= 6,4V/D Equação (1)
τ
*
= (D/5) *IP/L Equação (2)
onde D, IP, L e V são o diâmetro capilar, a queda de pressão piezométrica, o comprimento
capilar e a velocidade do média do fluido no escoamento dentro do capilar, respectivamente.
Neste caso, a queda de pressão piezométrica é:
IP = ρgH Equação (3)
onde H é a diferença de cota entre a extremidade inferior do tubo de alimentação de ar e a
extremidade inferior do capilar, como indicado na Figura 18, g é a aceleração da gravidade e
ρ é a densidade do fluido.
Da relação entre a tensão cisalhante característica, τ
*
, e a taxa de deformação
característica, λ
, determinam-se a viscosidade efetiva da solução que varia com a taxa de
cisalhamento segundo o modelo lei da potência.
31
µ = τ
*
/λ
Equação (4)
A lei da potência é um empirismo para a função viscosidade não-newtoniana. O
empirismo mais simples para a viscosidade não-newtoniana é a expressão conhecida como lei
da potência que depende de dois parâmetros:
µ = mγ
n-1
Equação (5)
onde n e m são constantes que caracterizam o fluido. Essa relação simples descreve a curva de
viscosidade não-newtoniana na porção linear do diagrama log-log de viscosidade versus taxa
de cisalhamento para muitos materiais e sistemas poliméricos. O parâmetro m tem unidade de
Pa.s
n
sendo n-1 o coeficiente angular da reta no gráfico de log µ versus log γ (BIRD, 2005).
5.7 Ensaio de condutivimetria
As soluções diluídas utilizadas nesse trabalho têm característica de polieletrólito pela
presença do CMC no sistema. Além do CMC a adição de íons poderia mudar o balanço de
cargas existente no sistema alterando a condutividade da solução. Para se estudar a
condutivimetria e possíveis interações dos íons nas soluções poliméricas utilizou-se ensaios
de condutivimetria.
As análises de condutivimetria foram feitas utilizando um condutivímetro modelo M.
S. Mistura (MSM-150), escala em S/cm; temperatura de 25ºC com variação de 2ºC.
5.7 Análise da manuntenção rizobiana
Toda parte experimental de análise do crescimento bacteriano nas misturas
poliméricas foram feitos em parceria com a embrapa agrobiologia em trabalho de mestrado de
FERNANDES, 2005. A estirpe BR 3267 de Bradyrhizobium japonicum recomendada para a
cultura do caupi no nordeste brasileiro (MARTINS et al., 2003) foi crescida em meio de
cultura YMA líquido (VINCENT, 1970) sob agitação orbital por 6 dias, com velocidade
constante de 90 rpm. Após o período de crescimento, o meio de cultivo crescido foi
centrifugado a 10.000 rcf, o sobrenadante descartado e o “pellet” contendo as bactérias foi
ressuspenso em água destilada estéril. Foram inoculados 2,5 mL da suspensão bacteriana em 5
mL do gel formado pela mistura polimérica e agitado manualmente para incorporação do das
células à matriz polimérica. O inoculante, formado pelas composições poliméricas contendo
células rizobianas, foi incubado à temperatura ambiente, por um período de até 30 dias.
Durante o tempo de incubação foram realizadas contagens utilizando um diluições seriadas de
10-1 a 10-10 em placas de Petri contendo o meio de cultura YMA.
As contagens foram feitas pelo método da gota (RELARE, 2004). As placas
inoculadas foram incubadas a 37° C por um período de 5 a 6 dias para subseqüente contagens
das unidades formadoras de colônia (ufc) (VINCENT, 1970).
32
6 RESULTADOS E DISCUSSÃO
6.1 Testes Reológicos Dinâmico Oscilatórios das Soluções Concentradas
6.1.1 Ensaio de Freqüência
Os testes oscilatórios forneceram informações sobre o comportamento viscoso e
elástico da mistura em diferentes freqüências.
Para géis altamente resistentes formados por ligações químicas, verificam-se que
ambos os módulos, elástico e viscoso, apresentam pouca dependência com a freqüência
oscilatória, indicando a ocorrência de um platô para essas curvas. O modulo elástico G’
também fornece informação sobre a força gel e as possíveis interações em uma mistura
contendo dois ou mais polímeros.
A Figura 19 a-f apresenta o comportamento dos módulos elástico (G’) e viscoso (G’’)
de diferentes composições CMC/amido, em função da freqüência. Foi construído o gráfico
observando as faixas de maior freqüência possível para cada amostra em que não ocorreu uma
grande oscilação dos valores dos módulos devido à sensibilidade do reômetro. Na Figura 19 a,
observa-se que a carboximetilcelulose apresenta um comportamento reológico de uma
solução macromolecular concentrada, semelhante ao observado para polímeros que formam
estruturas gel, apesar de apresentar uma sutil dependência dos módulos G’ e G’ com a
freqüência. Para freqüências acima de 100 rad/s, ocorre uma perda de sensibilidade do
aparelho (reômetro cone placa), impedindo a realização de medidas para as amostras acima
desse valor de freqüência. O comportamento rígido apresentado pela composição, CMC puro,
é devido ao tipo de estrutura e emaranhamento formado pelas cadeias do polímero. A
composição com CMC puro, 100/0, apresenta um comportamento reológico semelhante ao
observado em polieletrólitos e com características predominantemente elásticas, e que
apresentam estruturas do tipo rígida “like-solid”. É conhecido da literatura que o CMC é um
polímero solúvel em água e, dependo da sua concentração na solução aquosa, apresenta
capacidade de formar gel devido as fortes interações intermoleculares promovidas pelas
pontes de hidrogênio que são estabelecidas entre a água e os grupos carboxílicos e
hidroxílicos, presentes na cadeia macromolecular do CMC.
33
100
1000
10000
0,1 1 10 100
Freqüência (rad/s)
Módulo (Pa)
G' G''
10
100
1000
0,1 1 10 100 1000
Freqüência (rad/s)
Módulo (Pa)
G' G''
1
10
100
1000
0,1 1 10 100 1000
Freqüência (rad/s)
dulo (Pa)
G' G''
0,1
1
10
100
1000
10000
0,1 1 10 100 1000
Freqüência (rad/s)
Módulo (Pa)
G' G''
0,01
0,1
1
10
100
0,1 1 10 100
Freqüência (rad/s)
Módulo (Pa)
G' G''
0,001
0,01
0,1
1
10
0,1 1 10 100
Freqüência (rad/s)
Módulo (Pa)
G' G''
Figura 19 a-f - Comportamento do modulo elástico (G’) e viscoso (G’’) em função da
freqüência para as misturas CMC/Amido: 100 puro (a), 80/20 (b), 60/40 (c), 50/50 (d), 40/60
(e), 20/80 (f)
Observa-se que, quando a quantidade de amido na mistura aumenta, 20%-80%, os
valores dos módulos G’ e G’’ diminuem. O amido é um polímero muito pouco solúvel em
água a temperatura ambiente. Diferentemente da carboximetilcelulose que apresenta uma
carga iônica e é capaz de estabelecer fortes interações intermoleculares, o amido é um
polímero neutro e somente a presença de interações atrativas entre as cadeias poliméricas é
(a)
(b)
(c) (d)
(e) (f)
34
capaz de garantir a formação de uma estrutura estável (gelatinização). Essas estruturas são
fracas, facilmente revertidas, e mantidas por um balanço entre as interações hidrofílica e
hidrofóbica, conferindo ao amido um caráter viscoso. É importante destacar que para total
solubilização do amido é necessário um tratamento térmico, autoclavagem. Nesse tratamento,
as cadeias poliméricas de amido se expandem podendo dar origem ao processo de
gelatinização. Por se tratar de um polímero semicristalino, o tratamento térmico do amido
causa ruptura das estruturas cristalinas, tornando o polímero mais amorfo e
conseqüentemente, com um caráter menos elástico.
A presença do amido na mistura com CMC também promove uma maior flexibilidade
do hidrogel, com a diminuição do caráter elástico, onde se observa que a análise de freqüência
processa-se até valores superiores em comparação às análises realizadas com o CMC puro
(100/0).
É conhecido que para um material perfeitamente elástico, o módulo elástico G’
corresponde ao valor do módulo de cisalhamento, G’=G e o modulo viscoso é G’’=0.
Enquanto que para um fluido completamente viscoso, ou com comportamento newtoniano, o
módulo elástico G’=0 e G’’= ϖ . η, onde ϖ é a freqüência e η é a viscosidade. Nesse
contexto, WINTER e CHAMBOM (1986) propuseram um critério geral que mostra que tanto
o módulo elástico quanto o módulo viscoso exibem uma dependência com freqüência com
base no modelo da lei das potencia “power-law”. G’=K
1
.ϖ
n
e G’’= K
2
.ϖ
n
em que n
corresponde ao tempo de relaxação: n=0 polímero puramente elástico; n=1 polímero
puramente viscoso e n = 0,5 sugere a ocorrência de uma balanço de entre esse dois
comportamento e indica o ponto gel, ou formação de estruturas gel. Sendo assim, se n=0,5
sugere que o módulo G’ e G’’ apresentam o mesmo comportamento em função da freqüência,
G’(ϖ) G’’(ϖ) .ϖ
n
. Retornando a discussão das Figuras 19 a-f, observa-se que G’ e G’’
apresenta comportamentos distintos em função da freqüência, principalmente para misturas
ricas em amido. Para o CMC puro e todas as misturas estudadas, figura 19 a-f, a baixas
freqüências, os valores dos módulos de perda G’’ são superiores aos dos módulos de
armazenamento G’. Somente após uma freqüência específica é que ocorre o cruzamento das
curvas de G’ e de G’’, inversão dos valores dos módulos, ou seja, o módulo de
armazenamento fica maior que o módulo de perda a partir dessa freqüência. Sob altas
freqüências, os movimentos moleculares ficam restritos e o sistema se comporta ou tende a se
comportar como um sólido, assim, G’ predomina sobre G”. Esse comportamento reológico é
típico de soluções e misturas poliméricas que apresentam suas cadeias poliméricas
enoveladas, formando uma rede cruzada “entanglement network’, como por exemplo, a goma
xantana (Figura 14) (MACHADO, 2002). A posição na qual o módulo elástico (G’) cruza o
módulo viscoso (G’’) é conhecido como “crossover”, este ponto não é observado para
materiais perfeitamente elásticos, tão pouco para materiais totalmente viscosos e para géis
formados por ligações químicas e por ligações físicas fortes.
Observa-se na figura 19, que a freqüência mais baixa em que ocorre o “crossover” é
apresentado pela para amostra contendo CMC puro, indicando uma forte característica
elástica do material. Quando o amido é adicionado, 20 e 40% notam-se um aumento
expressivo do valor da freqüência, ou seja, a inversão entre os módulos G’ e G’ ocorre em
freqüências maiores, caracterizando que a mistura apresenta um caráter mais viscoso.
Entretanto, para as misturas 50/50; 40/60 e 20/80 CMC/amido, não se observa o crossover.
Esse resultado indica que o aumento da quantidade de amido deixa as misturas mais diluídas e
a CMC mais dispersa diminuindo o caráter elástico e conseqüentemente o módulo elástico
que se apresenta menor que o módulo viscoso em toda faixa de freqüência estudada.
A Figura 20 mostra, de forma comparativa, o comportamento do módulo elástico (G’)
para diferentes composições de CMC/amido. Os valores mais elevados de G’ foram
observados para misturas com maiores teores de CMC, sugerindo que as amostras contendo
35
maiores proporções de CMC, apresentam maior força e resistência ao escoamento, devido às
estruturas que originam a formação de gel. É interessante notar que a composição 50/50
CMC/amido apresenta valores de módulo superiores aos observados na composição 60/40
CMC/amido, apesar de esta última composição apresentar maior teor de CMC, componente
mais elástico. Este resultado está de acordo com o resultado observado na análise da
freqüência do “crossover” e mostra que a mistura 50/50 CMC/amido é mais elástica,
provavelmente, devido a melhor interação entre as fases nessa composição.
1,E-03
1,E-02
1,E-01
1,E+00
1,E+01
1,E+02
1,E+03
1,E+04
0,1 1 10 100 1000
Freqncia (rad/s)
Módulo Elástico (MPa)ppp
100/0 80/20
60/40 50/50
40/60 20/80
Figura 20 - Variação do módulo elástico (G’) em função da freqüência, variando a
composição da mistura CMC/amido
6.1.1.1 Efeito da adição de íons magnésio no comportamento elástico e viscoso da
mistura CMC/amido.
Foram realizados ensaios reométricos das composições CMC/amido contendo vários
teores de magnésio, 0,5%, 1% e 2,5%. Para fornecer uma idéia do efeito da presença dos íons
magnésio, no comportamento elástico das misturas CMC/amido, foi escolhido o teor de 1%
MgO. Os resultados com 0,5 e 2,5% de íons zinco e magnésio dos gráficos de freqüência se
encontram em anexo nesta dissertação.
A Figura 21 mostra de forma comparativa o comportamento do modulo elástico (G’) e
viscoso (G’’) para cada composição de CMC/amido contendo 1% de MgO.
De um modo geral, observa-se que as misturas ricas em CMC apresentam um
comportamento mais elástico do que comparado às misturas ricas em amido na faixa de
freqüência estudada. A baixa freqüência, todas as amostras apresentam comportamento
predominantemente viscoso e esse comportamento torna-se mais predominante quando o teor
de amido aumenta na mistura.
36
10
100
1000
10000
0,1 1 10 100
Freqüência (rad/s)
Módulos (Pa)
G' G''
100
1000
10000
0,1 1 10 100
Freqüência (rad/s)
Módulos (Pa)
G' G''
10
100
1000
0,1 1 10 100
Freqüência (rad/s)
Módulos (Pa)
G' G''
10
100
1000
0,1 1 10 100 1000
Freqüência (rad/s)
Módulos (Pa)
G' G''
1
10
100
1000
0,1 1 10 100 1000
Freqüência (rad/s)
Módulos (Pa)
G' G''
0,1
1
10
100
0,1 1 10 100 1000
Freqüência (rad/s)
Módulos (Pa)
G' G''
Figura 21 - Comportamento do modulo elástico ( G’) e viscoso ( G’’) em função da
freqüência, para as misturas CMC/Amido contendo 1% de MgO: 100 puro (a), 80/20 (b),
60/40 (c), 50/50 (d), 40/60 (e), 20/80 (f)
A Figura 22 mostra, de forma comparativa, a variação do módulo elástico G’ em
função da freqüência das composições (CMC/amido).
Os valores mais elevados do módulo elástico (G’) foram obtidos para as amostras ricas
em CMC. No entanto, a composição 80/20 CMC/amido, contendo 1% de MgO, exibe um
(a) (b)
(c)
(d)
(f)
(e)
37
comportamento elástico muito semelhante ao observado com a amostra de CMC puro (100/0).
A presença do íon magnésio, na mistura, promove uma maior interação com as cadeias do
CMC e com o amido, através do aumento das interações hidrofóbicas, dando origem a
estruturas mais organizadas e rígidas. Além disso, os ensaios de freqüência mostraram que a
composição 80/20 (CMC/amido) exibe uma maior estabilidade dimensional sob cisalhamento,
onde se verifica que a análise de freqüências alcançou valores superiores aos conseguidos nos
ensaios realizados para a amostra CMC puro.
O aumento da quantidade de amido, 80, 60 e 40% de amido, promove uma brusca
redução nos valores do módulo elástico quando comparado com os obtidos nas amostras
100/0 e 80/20 (CMC/amido). Esse resultado sugere que a influência do íon divalente
magnésio possa ser, principalmente, junto às cadeias da CMC nos grupos carboxílicos.
1,E-01
1,E+00
1,E+01
1,E+02
1,E+03
1,E+04
1,E+05
0,1 1 10 100 1000
Freqncia (rad/s)
Modulo Elástico (MPa)ppp
100/0 80/20
60/40 50/50
40/60 20/80
Figura 22 - Comportamento do módulo elástico (G’) em função da freqüência, variando a
composição da mistura contendo 1% de MgO
Analisando os valores de freqüência no ponto onde os módulos G’ e G’’ são iguais,
“crossover”, figura 23, observa-se a freqüência obtida no “crossover” diminui com o
aumento da quantidade de CMC e alcança um valor mínimo de freqüência de crossover para
mistura contendo 80% de CMC, indicando um aumento da característica elástica. Este
resultado pode ser atribuído ao aumento das interações atrativas das regiões hidrofílicas
promovida pela presença do cátion magnésio, conforme comentado anteriormente. Essas
interações provocam um ordenamento na estrutura polimérica, principalmente do CMC em
composições ricas em CMC, deixando a mistura mais coesa e com um aspecto mais parecido
com gel.
38
2,916
0,628
6,28
9,22
18,87
42,81
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
100 80 60 50 40 20
Quantidade de CMC (%)
Frequência (rad/s
)
Figura 23 - Variação da freqüência em que ocorre o “crossover” (G’=G”) em função da
quantidade de carboximetilcelulose para mistura contendo 1% de MgO
À medida que a quantidade de amido aumenta na mistura, as interações hidrofílicas
promovidas pelo CMC ficam comprometidas e outros tipos de interações são formados na
mistura, além de um efeito de diluição na presença de amido em grandes quantidades. Logo,
verifica-se um deslocamento do “crossover” para altas freqüências.
6.1.1.2 Efeito da adição de Íons Zinco na mistura CMC/amido
Seguindo a mesma estratégia apresentada nos ensaios com MgO, foram realizados
ensaios reométricos das composições CMC/amido, variando o teor de Zinco, 0,5%, 1% e
2,5%.
Para fornecer uma idéia do efeito da presença dos íons Zinco, no comportamento
elástico das misturas CMC/amido, foi escolhido o teor de 1% ZnO. A figura 24 mostra
comportamento dos módulos elástico e viscoso das composições entre CMC/amido contendo
1% de ZnO na mistura. Observa-se na figura 24 que a composição com CMC puro apresenta
comportamento elástico e viscoso muito próximo, no entanto, considerando o aspecto físico
do material, pode-se afirmar que a composição apresenta um apreciável comportamento
elástico. O módulo elástico foi maior que o módulo viscoso em toda faixa de freqüência
mostrando fortes interações macromoleculares. Entretanto, a amostra CMC puro com 1% de
Zn
++
é um gel fraco, com os módulos ainda dependentes da freqüência. Conforme a
quantidade de amido aumenta na mistura o comportamento viscoso torna-se mais acentuado
em decorrência da diminuição de formação de gel, decorrente da menor quantidade de CMC e
pelo tipo e interação promovido pelo íon Zinco.
Comparando os resultados obtidos para o CMC puro, Figura 19 a, com os obtidos para
CMC contendo 1% MgO e 1% de ZnO, podemos concluir que a amostra tornou-se mais
elástica com a presença de íons.
39
100
1000
10000
0,1 1 10 100
Freqüência (rad/s)
Módulos(Pa)
G' G''
10
100
1000
0,1 1 10 100
Freqüência (rad/s)
Módulos(Pa)
G' G''
1
10
100
1000
0,1 1 10 100 1000
Freqüência (rad/s)
Módulos(Pa)
G' G''
0,1
1
10
100
1000
0,1 1 10 100 1000
Freqüência (rad/s)
Módulos(Pa)
G' G''
0,1
1
10
100
1000
0,1 1 10 100 1000
Freqüência (rad/s)
Módulos(Pa)
G' G''
0,001
0,01
0,1
1
10
0,1 1 10 100 1000
Freqüência (rad/s)
Módulos(Pa)
G' G''
Figura 24 - Comportamento do modulo elástico (G’) e viscoso (G’’) em função da freqüência
para as misturas CMC/Amido contendo 1% ZnO: 100 puro (a), 80/20 (b), 60/40 (c), 50/50 (d),
40/60 (e), 20/80 (f)
Observa-se nas misturas contendo íons zinco que o crossover só é obtido para as
composições 80/20; 60/40 e 50/50. O crossover para a mistura 80/20 ocorreu
aproximadamente em 20 rad/s. Para as misturas 60/40 e 50/50 só é obtido o valor de
crossover para altas freqüências (100 rad/s) indicando que nessas misturas predomina o
comportamento viscoso. Esse resultado indica que a presença de íons zinco nas misturas
(a)
(b)
(c) (d)
(f) (e)
40
poliméricas diminuiu as interações intermoleculares entre as cadeias de amido e CMC
deixando o sistema mais viscoso. Por ser o amido um polímero neutro, na presença de íons
Zn
++
, suas cadeias poliméricas sofrem uma intensa repulsão intermolecular, formando
estruturas menos rígida e mais flexível e que dissipam melhor à força aplicada.
A Figura 25 mostra, comparativamente, o comportamento do módulo elástico entre as
diferentes composições CMC/amido. Observa-se um comportamento reológico semelhante ao
observado para misturas sem íons. Observa-se um aumento do módulo elástico com a
freqüência, indicando que as misturas apresentam estruturas enoveladas, formadas por
interações físicas.
1,E-03
1,E-02
1,E-01
1,E+00
1,E+01
1,E+02
1,E+03
1,E+04
1,E+05
0,1 1 10 100
Frequência (rad/s)
Módulo Elástico (MPa)ppp
100/0 80/20
60/40 50/50
40/60 20/80
Figura 25 - Comportamento do modulo elástico (G’) em função da freqüência, variando a
composição da mistura, contendo 1% de ZnO
6.1.1.3 Efeito da quantidade de Íons Magnésio e Zinco no comportamento viscoelástico
das misturas CMC/amido
Efeito do íon Magnésio
A Figura 26 mostra o comportamento do módulo elástico (G’) com a da freqüência,
para a amostra CMC/amido, variando a percentagem de íons Mg
++
.
Observa-se que o módulo elástico aumenta com a presença de íons Mg
++
na mistura.
Os valores mais elevados de G’ foram obtidos na amostra contendo 0,5% de MgO. Esse
resultado pode ser atribuído ao fato de que, a quantidade de íons 0,5% MgO proporciona
adequadas associações e interações das cadeias e dos grupos carboxílicos da CMC, tornando a
amostra mais rígida e com característica mais elástica, devido ao tipo de estrutura formada.
41
1
10
100
1000
10000
0,1 1 10 100
Frequência (rad/s)
Módulo Elástico (Pa)ppp
CMC s/ íon
CMC 2,5 % MgO
CMC 1,0 % MgO
CMC 0,5 % MgO
1
10
100
1000
10000
0,1 1 10 100
Frequência (rad/s)
dulo Estico (Pa)ppp
80/20 s/ íon
80/20 2,5 % MgO
80/20 1,0 % MgO
80/20 0,5 % MgO
1
10
100
1000
10000
0,1 1 10 100
Freqncia (rad/s)
Módulo Elástico (Pa)ppp
60/40 s/ íons
60/40 2,5 % MgO
60/40 1,0 % MgO
60/40 0,5 % MgO
1
10
100
1000
0,1 1 10 100
Freqncia (rad/s)
dulo Estico (Pa)ppp
50/50 s/ íon
50/50 2,5 % MgO
50/50 1,0 % MgO
50/50 0,5 % MgO
0,01
0,1
1
10
100
1000
0,1 1 10 100
Frequência (rad/s)
dulo Elástico (Pa)ppp
40/60 s/ íons
40/60 2,5 % MgO
40/60 1,0 % MgO
40/60 0,5 % MgO
0,001
0,01
0,1
1
10
100
0,1 1 10 100
Frequência (rad/s)
Módulo Elástico (Pa)ppp
20/80 s/ íons
20/80 2,5 % MgO
20/80 1,0 % MgO
20/80 0,5 % MgO
Figura 26 a-f - Variação do modulo elástico G’ em função da freqüência para amostra
CMC/amido, variando o teor de íons Magnésio: 100 puro (a), 80/20 (b), 60/40 (c), 50/50 (d),
40/60 (e), 20/80 (f)
O íon Mg
++
é um íon divalente que apresenta baixa energia de dissociação quando
comparado com o íon Zinco, e assim sendo, esse cátion reage rapidamente com o CMC.
A presença do íon Mg
++
estabelece pontes iônicas intermoleculares entre os grupos ou
zonas que apresentam carga negativa. Este tipo de interação contribui também para redução
das repulsões entre as cadeias. Esses dois fatores: o estabelecimento de interações
intermoleculares e a redução das repulsões entre as cadeias, contribuem para produzir uma
(a)
(b)
(c) (d)
(e)
(f)
42
rede tridimensional reticulada, aumentando capacidade de gelificação. Um resultado
semelhante tem sido observado com a adição de íons cálcio em alginatos, em que se sugere a
formação de estruturas do tipo “egg-box” (CLARE, 1993; POWER, 1979; SMIDSROD &
HAUG, 1971).
Quando a quantidade íons aumenta na mistura, observa-se uma diminuição do módulo
elástico, de modo que as amostras com 1% e 2,5% de MgO apresentam comportamento
reológico muito semelhante, com poucas variações, quando comparado com a amostra sem
íons Magnésio. Considerando que o módulo elástico é um indicador do comportamento de um
polímero com características do tipo “gel”, e ele diminui com o aumento da concentração de
íons Magnésio, este resultado aponta que a característica elástica do CMC diminui. Esse
resultado pode ser atribuído a diminuição das interações hidrofílicas intermoleculares e das
interações do CMC com a água, diminuindo assim, a formação de rede gel e
conseqüentemente o módulo elástico. É interessante notar na figura 26b que o caráter mais
elástico foi observado para o teor de 1% de MgO. O mesmo foi observado para a mistura
contendo 60 e 50% de CMC, figuras 26c e 26d, respectivamente. No entanto, quando o teor
de CMC é de 40 e 20%, ou seja, misturas ricas em amido, o caráter mais elástico foi
observado para o teor 2,5% de MgO, Figuras 26e e 26f. Este resultado sugere que o íon Mg
++
também atua junto ao amido, entretanto, por se tratar de um polímero neutro, outros tipos de
estruturas são formados e para isso, é necessária uma quantidade maior de íons Mg
++
na
mistura.
Os resultados observados na figura 26 mostram que, para cada composição
CMC/amido, existe uma concentração adequada de íons Mg
++
para elevar o comportamento
elástico.
Efeito do íon Zinco
A figura 27 a-f mostra o comportamento do modulo elástico (G’) com a freqüência,
para a amostra CMC/amido, variando a percentagem de íons Zn
++
no sistema. Para as
misturas ricas em CMC, Figuras 29 b e c, observa-se que a presença dos íons Zn
++
promove
um decréscimo do valor do modulo elástico, comportamento oposto ao observado com os íons
Mg
++
, figura 26. Nas composições 100/0 e 80/20 (CMC/amido), a adição de 1% de ZnO
confere a mistura um comportamento elástico semelhante ao observado para mistura sem
Zinco. A mistura 50/50 (CMC/amido) apresenta comportamento reológico distinto das outras
amostras, sendo o teor de 0,5% ZnO, o que forneceu o maior caráter elástico, e o restante das
composições, valores iguais ao apresentado pela mistura pura, sem íon.
Para as composições ricas em amido 80 e 60% de amido, figuras 27e e 27f, os valores
mais elevados de G’ foram observados para a amostra contendo 1% de ZnO. Além disso,
quando a concentração de amido aumenta na mistura, 80% de amido, o comportamento
elástico apresentado para a concentração de 2,5% de ZnO é oposto ao observado para
misturas ricas em CMC, ou seja, verifica-se um aumento do módulo elástico. Esse resultado
sugere que o íon Zn
++
interage de modo diferente que o íon Mg
++
na mistura, apesar de se
tratar também de um íon divalente.
O íon Zn
++
tem alto potencial de ionização quando comparado com outros íons como o
níquel, o cobalto, o cobre e o manganês. O óxido de Zinco é insolúvel em água, mais em
presença de CMC, verifica-se uma boa solubilidade, a qual pode ser decorrente da seguinte
reação descrita pela reação 1.
ZnO + 2CH
3
-CO
2
H Æ Zn
+2
+ 2CH
3
-CO
2
-
+ 2H
2
O Reação (1)
43
1
10
100
1000
10000
0,1 1 10 100
Freqncia (rad/s)
Módulo Elástico (Pa)ppp
CMC s/ íon
CMC 2,5 % Zn
CMC 1,0 % ZnO
CMC 0,5 % ZnO
1
10
100
1000
0,1 1 10 100
Freqncia (rad/s)
Módulo Elástico (Pa)ppp
80/20 s/ íon
80/20 2,5 % ZnO
80/20 1,0 % ZnO
80/20 0,5 % ZnO
0,1
1
10
100
1000
0,1 1 10 100
Freqncia (rad/s)
Módulo Elástico (Pa)ppp
60/40 s/ íons
60/40 2,5 % ZnO
60/40 1,0 % ZnO
60/40 0,5 % ZnO
0,01
0,1
1
10
100
1000
0,1 1 10 100
Frequência (rad/s)
Módulo Elástico (Pa)ppp
50/50 s/ íon
50/50 2,5 % ZnO
50/50 1,0 % ZnO
50/50 0,5 % ZnO
0,01
0,1
1
10
100
0,1 1 10 100
Freqncia (rad/s)
Módulo Estico (Pa)ppp
40/60 s/ íons
40/60 2,5 % ZnO
40/60 1,0 % ZnO
40/60 0,5 % ZnO
0,001
0,01
0,1
1
10
100
0,1 1 10 100
Freqncia (rad/s)
dulo Elástico (Pa)ppp
20/80 s / íons
20/80 2,5 % ZnO
20/80 1,0 % ZnO
20/80 0,5 % ZnO
Figura 27 a-f - Variação do modulo elástico G’ em função da freqüência para amostra
CMC/amido, variando teor de íons Zinco: 100 puro (a), 80/20 (b), 60/40 (c), 50/50 (d), 40/60
(e), 20/80 (f)
(a)
(b)
(c) (d)
(e)
(f)
44
O somatório dessas informações permite pensar que os íons Zn
++
estabelecem fracas
interações com o CMC através dos grupos carboxilas, e como podem estar livres em solução,
podem reduzir as interações hidrofílicas entre as cadeias da CMC e a água, induzindo uma
precipitação do polímero, o que foi observado nos ensaios de separação de fase.
A ausência de uma ponte efetiva entre os grupos hidrofílicos do CMC reduz a
possibilidade da formação de uma malha gel. No entanto, não é possível afirmar que essas
interações hidrofílicas não existam. Por exemplo: na composição 50/50 CMC/amido, observa-
se que a mistura contendo 0,5% de Zinco foi a que apresentou o maior comportamento
elástico. Esse resultado deixa claro que as interações entre os íons de Zn
++
e os grupos com
cargas negativas depende da concentração do íon e também da proporção do polímero na
mistura. Resultado semelhante foi observado por OUWEX e co-autores (1998) em seus
estudos com alginatos, na presença de vários íons divalente. Nesse trabalho foi mostrado que
a formação de um enovelamento efeito entre as cadeias depende tanto da concentração de
alginato, quanto da concentração do íon, cálcio, manganês, cobre, níquel, cobalto e bário
(OUWERX et al., 1998).
6.1.2 Análise do comportamento reológico sob cisalhamento contínuo (viscosidade)
A figura 28 mostra que todas as misturas estudadas apresentam comportamento de
fluido pseudoplático, decréscimo da viscosidade com o aumento da taxa e cisalhamento. O
comportamento pseudoplástico diminui acentuadamente quando o teor de amido na mistura é
80%. A presença de um pequeno platô nas amostras sugere a presença de estruturas
organizadas de modo a não escoarem uma em relação às outras. Esse tipo de estrutura pode
ser formado como resultado da quantidade de CMC/amido. À medida que a quantidade de
amido aumenta na mistura a estrutura macromolecular da mistura se torna menos organizada.
Com o aumento do cisalhamento as estruturas rígidas e mais organizadas, como a amostra
CMC puro (100/0), sofrem uma desestruturação e a viscosidade diminui rapidamente.
Estruturas de sistemas poliméricos enovelados, até se alinharem na direção do fluxo,
apresentam um platô newtoniano. Após esse platô com o aumento da taxa de cisalhamento, a
viscosidade. Quanto mais diluída for a amostra, verificado nas misturas ricas em amido,
menor será a dependência da viscosidade com a taxa de cisalhamento aplicada.
45
0,01
0,1
1
10
100
1000
0,1 1 10 100 1000
Taxa de Cisalhamento (1/s)
Viscosidade ( Pa.s) ppp
20/80 40/60
50/50 60/40
80/20 100/0
Figura 28 - Variação da viscosidade da mistura CMC/amido em função da taxa de
cisalhamento
A figura 29 a, b e e ilustra uma hipótese da morfologia das misturas estudadas em que
para as misturas com composição semelhantes (60/40; 50/50; 40/60) apresentam bom
entrelaçamento. Esse tipo de entrelaçamento seria suficiente para promover uma boa adesão
entre as fases e sendo assim, o polímero somente flui sob cisalhamento, quando elevadas
taxas de cisalhamento são alcançadas. Nesse ponto, as estruturas morfológicas são rompidas e
ocorre o decréscimo da viscosidade da mistura.
(a) (b) (c)
Figura 29 - Ilustra o tipo morfologia em relação à proporção de polímero na mistura. (a)
amarelo-fase contínua/azul-fase dispersa, (b) amarelo-fase contínua/azul-fase contínua e (c)
azul-fase contínua/amarela-fase dispersa
6.1.2.1 Análise da viscosidade da mistura CMC/amido variando o teor de íon Magnésio e
Zinco
Efeito do íon Magnésio
A figura 30 a-f mostra o comportamento da viscosidade da mistura CMC/amido frente
à presença do íon Mg
++
. As misturas ricas em CMC, figuras 30 a-c mostram um
46
comportamento interessante da viscosidade em baixas taxas de cisalhamento. Foi observado
para as amostras ricas em CMC que a viscosidade da mistura aumenta com a taxa de
cisalhamento, comportamento reológico típico de fluido dilatante, “shear thickeninng”. Porém
não há na literatura nenhum registro desse tipo de comportamento, assim valores muito baixos
de taxa de cisalhamento não foram plotados. Ao alcançar uma taxa de cisalhamento de
“corte”, observa-se o decréscimo da viscosidade com a taxa de cisalhamento, comportamento
típico de pseudoplástico, resultado esperado, uma vez que o CMC é um fluido
conhecidamente pseudoplástico. Esse comportamento inesperado, aumento da viscosidade,
desaparece para as composições ricas em amido.
O valor de viscosidade em que as curvas apresentam fluidez, “shear thinning
apresenta-se deslocadas para taxas de cisalhamento mais elevadas, curvas para 0,5 e 1%. Esse
resultado indica o aumento das interações intermoleculares promovidas pelo íon Mg
++
e a
formação de uma estrutura enovelada mais resistente ao cisalhamento. Quando a composição
contém apenas CMC, existe uma maior a probabilidade de interações entre os grupos
carboxilas para formação da rede gel e sendo assim, a formação da rede pode ser alcançada
com baixos teores de íon Mg
++
.
É interessante notar que em altas taxas de cisalhamento, as amostras contendo íons
apresentam valores mais elevados de viscosidade, mostrando que, mesmo sob alto
cisalhamento, os íons Mg
++
atuam junto ao CMC.
Na amostra contendo CMC, a mais alta viscosidade foi observada para composição
contendo 0,5% de MgO, Figura 30a, a mesma que apresenta o mais alto valor de módulo
elástico, figura 26a.
47
1
10
100
1000
1 10 100 1000
Taxa de Cisalhamento (1/s)
Viscosidade (Pa.s
)
CMC s/ íons
CMC 2,5 % MgO
CMC 1,0 % MgO
CMC 0,5 % MgO
1
10
100
1000
1 10 100 1000
Taxa de Cisalhamento (1/s)
Viscosidade (Pa.s) ppp
80/20 s/íons
80/20 2,5 % MgO
80/20 1,0 % MgO
80/20 0,5 % MgO
0,1
1
10
100
1 10 100 1000 10000
Taxa de Cisalhamento (1/s)
Viscosidade (Pa.s
)
60/40 s/ íons
60/40 2,5 % MgO
60/40 1,0 % MgO
60/40 0,5 % MgO
0,1
1
10
100
1 10 100 1000 10000
Taxa de Cisalhamento (1/s)
Viscosidade (Pa.s
)
50/50 s/ions
50/50 2,5 % MgO
50/50 1,0 % MgO
50/50 0,5 % MgO
0,1
1
10
100
1 10 100 1000 10000
Taxa de Cisalhamento (1/s)
Viscosidade (Pa.s) ppp
40/60 s/ íons
40/60 2,5 % MgO
40/60 1,0 % MgO
40/60 0,5 % MgO
0,01
0,1
1
10
1 100 10000
Taxa de Cisalhamento (1/s)
Viscosidade (Pa.s
)
20/80 s/íons
20/80 2,5 % MgO
20/80 1,0 % MgO
20/80 0,5 % MgO
Figura 30 - Variação da viscosidade da mistura CMC/mido em função da taxa de
cisalhamento, variando o teor de íon Magnésio: 100 puro (a), 80/20 (b), 60/40 (c), 50/50 (d),
40/60 (e), 20/80 (f)
Quando 20% de amido são adicionados na mistura, figura 30b observa-se que a
presença de íons aumenta a viscosidade, em todos os teores estudados, quando comparado
com a amostra sem íons. Nessa composição, os valores mais elevados de viscosidade foram
(a) (b)
(c)
(d)
(e) (f)
48
obtidos para composição contendo 2,5% de MgO. Para as amostras contendo 60/40 e 50/50
(CMC/amido), os maiores valores de viscosidade foram obtidos quando 1% de MgO está
presente na mistura e essas misturas apresentam os mais elevados valores de módulo elástico,
figura 26 c e d.
Para composições 40/60 e 20/80 CMC/amido, os mais elevados valores de
viscosidade foram obtidos quando 1 e 2,5% de MgO está presente na mistura. Nessas
composições, observa-se também que, as misturas contendo íons, apresentam os mais
elevados valores de viscosidade quando comparado com a amostra sem íons. Esse resultado
indica que os íons Mg
++
atuam também junto ao amido para formar uma rede gel, isso foi
verificado qualitativamente no aspecto físico da amostra.
Sob o ponto de vista morfológico, supõe-se que na mistura 80/20 CMC/amido, o
amido esteja disperso na matriz de CMC, conforme indicado na Figura 29a, enquanto que, nas
composições 60/40, 50/50 e 40/60 CMC/amido, o sistema pode se caracterizar por apresentar
uma morfologia cocontínua, figura 29b. E por fim, na mistura contendo 20/80 CMC/amido, o
CMC encontra-se disperso na matriz de amido, Figura 29c. É conhecido da literatura que a
formação desses tipos de morfologia depende, fundamentalmente, da razão de viscosidade
entre os polímeros. No sistema de mistura CMC/amido, o CMC apresenta viscosidade mais
elevada do que o amido, e sendo assim, observam-se comportamentos distintos quando ambos
os polímeros encontram-se dispersos na mistura modelo, figura 29 a e c, respectivamente,
como pode ser observado pelo formato das curvas de módulo elástico, figura 26 e de
viscosidade, figura 30. Um estudo mais aprofundado sobre a morfologia dessas misturas
utilizando microscopia ou TEM, é uma proposta para trabalhos futuros.
Efeito do íon Zinco
Nas amostras ricas em CMC, figuras 31 a-b, verificam-se também um aumento da
viscosidade em baixas taxas de cisalhamento, “shear thickening”. Na amostra com CMC
puro, os mais elevados valores de viscosidade foram obtidos para composição contendo 0,5%
ZnO. É interessante notar que na mistura contendo íons Mg
++
, as misturas 60/40 e 50/50
CMC/amido, figuras 30 c e d, apresentaram comportamento referente ao aumento da
viscosidade. No entanto, quando o íon é o Zn
++
, figuras 31 c e d, esse comportamento não é
observado. Esse resultado pode ser atribuído à maior afinidade dos íons Mg
++
.
49
1
10
100
1000
10000
1 10 100
Taxa de Cisalhamento (1/s)
Viscosidade (Pa.s
)
CMC s/ íons
CMC 2,5 % ZnO
CMC 1,0 % ZnO
CMC 0,5 % ZnO
1
10
100
1000
1 100 10000
Taxa de Cisalhamento (1/s)
Viscosidade (Pa.s
)
80/20 s/íons
80/20 2,5% ZnO
80/20 1,0 % ZnO
80/20 0,5 % ZnO
0,1
1
10
100
1 100 10000
Taxa de Cisalhamento (1/s)
Viscosidade (Pa.s) ppp
60/40 s/ íons
60/40 2,5 % ZnO
60/40 1,0 % ZnO
60/40 0,5 % ZnO
0,01
0,1
1
10
100
1 100
Taxa de Cisalhamento (1/s)
Viscosidade (Pa.s
)
50/50 s/ íons
50/50 2,5 % ZnO
50/50 1,0 % ZnO
50/50 0,5 % ZnO
0,01
0,1
1
10
100
1 100 10000
Taxa de Cisalhamento (1/s)
Viscosidade (Pa.s
)
40/60 s/ íons
40/60 2,5 % ZnO
40/60 1,0 % ZnO
40/60 0,5 % ZnO
0,01
0,1
1
10
1 100 10000
Taxa de Cisalhamento (1/s)
Viscosidade (Pa.s) pp
20/80 s/íons
20/80 2,5 % ZnO
20/80 1,0 % ZnO
20/80 0,5 % ZnO
Figura 31 a-f - Variação da viscosidade da mistura CMC/amido em função da taxa de
cisalhamento, variando o teor de íon Zinco: 100 puro (a), 80/20 (b), 60/40 (c), 50/50 (d),
40/60 (e), 20/80 (f)
Além disso, o íon Zn
++
estabelece interações mais fracas com as carboxilas, podendo
estar também em forma de íons amostra, conforme discutido anteriormente. Entretanto, a
(a) (b)
(c)
(d)
(e) (f)
50
presença de um pequeno platô nas curvas indica a presença da formação de uma malha gel,
também verificado no aspecto físico da amostra.
Comparando as curvas obtidas para misturas puras com as contendo íons Zn
++
,
verifica-se que a presença de íons não promove um expressivo aumento da viscosidade, como
observado com a adição de magnésio, exceto para CMC puro.
Em alguns casos, figuras 31 c e d, o aumento da concentração de íons não altera ou
reduz a viscosidade a valores abaixo dos observados na mistura sem íons. Na amostras 40/60
e 20/80 CMC/amido, a presença de zinco praticamente não altera o valor da viscosidade. No
entanto é importante destacar que a presença de íons promoveu importantes modificações no
comportamento elástico do material, figura 27.
O efeito dos íons Mg
++
e Zn
++
nas composições CMC/amido, pode ser mais bem
visualizado na figura 32. Foi escolhida a composição contendo 1%.
Conforme discutido anteriormente, as misturas contendo íons Mg
++
apresentam os
valores mais elevados de viscosidade quando comparado com as amostras contendo Zn
++
e
sem íons. Esse aumento torna-se mais acentuado com o aumento da concentração de íons
magnésio. Entretanto, o aumento da concentração de Zinco não resulta em um aumento
significativo da viscosidade em relação à mistura sem íons, e em algumas composições,
ocorre uma diminuição da viscosidade. Esse resultado deixa claro que as estruturas formadas
pelos íons Mg
++
são diferentes das formadas pelos íons Zn
++
, principalmente quando sua
atuação é comparada entre as misturas ricas em CMC e ricas em amido. Acredita-se que essas
diferenças de interações podem formar diferentes tipos de microdomínios, originando a
formação de estruturas morfológicas totalmente distintas.
51
1
10
100
1000
1 10 100 1000
Taxa de Cisalhamento (1/s)
Viscosidade (Pa.s
)
CMC s / íons
CMC 1,0 % MgO
CMC 1,0 % ZnO
0,1
1
10
100
1000
1 10 100 1000
Taxa de Cisalhamento (1/s)
Viscosidade (Pa.s
)
80/20 sem íons
80/20 1,0 % MgO
80/20 1,0 % ZnO
0,1
1
10
100
1 10 100 1000
Taxa de Cisalhamento (1/s)
Viscosidade (Pa.s
)
60/40 sem íons
60/40 1,0 % MgO
60/40 1,0 % ZnO
0,1
1
10
100
1 10 100 1000
Taxa de Cisalhamento (1/s)
Viscosidade (Pa.s
)
50/50 s / íons
50/50 1,0 % MgO
50/50 1,0 % ZnO
0,1
1
10
1 10 100 1000
Taxa de Cisalhamento (1/s)
Viscosidade (Pa.s
)
40/60 sem íons
40/60 1,0 % MgO
40/60 1,0 % ZnO
0,01
0,1
1
10
1 10 100 1000
Taxa de Cisalhamento (1/s)
Viscosidade (Pa.s
)
20/80 sem íons
20/80 1% MgO
20/80 1% ZnO
Figura 32 a-f - Variação da viscosidade da mistura CMC/amido em função da taxa de
cisalhamento, composição contendo 1% de íons Mg
++
e Zn
++
: 100 puro (a), 80/20 (b), 60/40
(c), 50/50 (d), 40/60 (e), 20/80 (f)
(a)
(b)
(c)
(d)
(e)
(f)
52
6.1.3. Fricção Interna (Tan δ)
Os gráficos da Figura 33 mostram a variação de tan δ em função da freqüência
oscilatória. A tangente de perda ou tan δ é a relação entre modulo de perda (viscoso) e o
modulo de armazenamento (elástico). Os gráficos de tan δ fornecem informação sobre o
comportamento da relação de G’ e G’’ ao longo da freqüência. Para se ter uma idéia da
relação entre o módulo viscoso e módulo elástico, e como essas misturas se comportam
viscoelasticamente ao longo da freqüência, foi plotado os gráficos de tan δ para as misturas
CMC/amido sem a presença de íons. Pode-se observar que as misturas apresentam
comportamento viscoelástico onde G’ e G’’ variam com a freqüência. A amostra CMC pura
100/0, apresenta um comportamento distinto em relação às outras amostras. Observa-se que
os valores de tan δ são menores que 1,0 indicando que a amostra 100/0 possui um módulo de
armazenamento maior que o modulo de perda, tendo assim, um comportamento elástico mais
pronunciado. É possível observar também nessa amostra que em freqüências oscilatórias mais
baixas, tan δ aumenta em direção ao valor unitário e depois diminui. Esse resultado indica que
o modulo de armazenamento e o modulo de perda se aproximam a um valor de igualdade.
Conforme a freqüência aumenta o valor do modulo de armazenamento aumenta e o módulo
de perda tende a diminuir, ocasionando o decréscimo na curva de tan δ.
A amostra CMC puro apresentou um comportamento elástico pronunciado. A partir da
amostra 80/20, é possível observar que o espectro de freqüência alcança maiores valores
indicando que a presença do amido nas misturas confere ao hidrogel uma maior estabilidade e
um comportamento mais viscoso e, conseqüentemente, uma estrutura menos rígida. Além
disso, as análises feitas nas amostras contendo amido mostram que os comportamentos das
curvas são bem parecidos começando de um valor de tan δ maior e diminuindo para próximo
do valor unitário, conforme o aumento da freqüência. Este resultado mostra que as amostras
contendo amido possuem o módulo de perda maior que o módulo de armazenamento, até um
valor específico de freqüência, onde ocorre o cruzamento das curvas de G’ e G’’ (crossover) e
a inversão dos valores. Todas as composições, apresentaram o crossover, um comportamento
típico de misturas de polímeros que em valores maiores de freqüência apresenta módulos de
armazenamento (elástico) superiores aos módulos de perda (viscoso). Conforme observado na
figura 33 a, a amostra 100/0 embora apresente o “crossover”, a curva de G’ é, na sua maior
parte, superior a curva G”, indicando um comportamento elástico mais pronunciado.
Na figura 33 f, a composição 20/80 CMC/amido, já em baixas freqüências, oscila em
valores de tan δ igual a 1,0, indicando que os valores dos módulos G’ e G’’ são iguais.
Quando a quantidade de amido na mistura é e 80%, acredita-se que todo o CMC esteja
disperso na matriz amido. Considerando que o amido é um hidrocolóides neutro e que o CMC
esteja completamente disperso, os tipos de interações predominantes no sistema são atribuídos
ao amido que estão com suas cadeias basicamente estendidas, uma vez que, após a
autoclavagem a mistura se torna muito mais consistente e homogênea, permitindo uma boa
solubilização do material. Além disso, observa-se uma menor separação de fase, como será
discutido posteriormente.
53
CMC puro
0,0E+00
1,0E-01
2,0E-01
3,0E-01
4,0E-01
5,0E-01
6,0E-01
7,0E-01
8,0E-01
9,0E-01
0 5 10 15 20 25 30 35
Freqüência (rad/s)
tan( )
80/20 CMC/amido
0,0E+00
5,0E-01
1,0E+00
1,5E+00
2,0E+00
2,5E+00
0 1020304050
Freqüência (rad/s)
tan( )
60/40 CMC/amido
0,0E+00
1,0E+00
2,0E+00
3,0E+00
4,0E+00
5,0E+00
6,0E+00
0 50 100 150
Freqüência (rad/s)
tan( )
50/50 CMC/amido
0,0E+00
1,0E+00
2,0E+00
3,0E+00
4,0E+00
5,0E+00
6,0E+00
0 50 100 150
Freqüência (rad/s)
tan( )
40/60 CMC/amido
0,0E+00
2,0E+00
4,0E+00
6,0E+00
8,0E+00
1,0E+01
1,2E+01
1,4E+01
0 50 100 150
Freqüência (rad/s)
tan( )
20/80 CMC/amido
0,0E+00
2,0E+00
4,0E+00
6,0E+00
8,0E+00
1,0E+01
1,2E+01
1,4E+01
1,6E+01
0 50 100 150
Freqüência (rad/s)
tan( )
Figura 33 - Comportamento de tan δ em função da freqüência, variando a composição da
mistura sem íons : 100 puro (a), 80/20 (b), 60/40 (c), 50/50 (d), 40/60 (e), 20/80 (f)
(a) (b)
(c)
(d)
(e)
(f)
54
6.1.4 Teste de Fluência e Recuperação (Creep/Recovery)
Pesquisas sobre comportamento reológico de misturas de hidrocolóides com amido de
maizena têm sido focadas na caracterização do escoamento e viscoelasticidade pelo método
dinâmico oscilatório (ALLONCLE, 1989; SANCHES, 2002; MONTOYA, 2005).
Estudo de fluência, deformação à tensão constante, permite a diferenciação entre a
resposta elástica e viscosa da amostra, determinando o comportamento da viscosidade e da
elasticidade em uma dada tensão, e introduz um parâmetro adicional de ‘tempo de relaxação’
para a dependência do comportamento viscoso e elástico na tensão (SCHRAMM, 1994;
STEFFE, 1996).
Segundo RAYMENT e colaboradores (1998) os estudos de fluência e recuperação,
podem ser determinados em termos de compliança J(t), o qual é o quociente da deformação
resultante pela constante de tensão aplicada na amostra.
A Figura 36 a-f mostra as curvas dos ensaios de fluência e recuperação para as
amostras CMC/amido sem a presença de íons.
Analisando as curvas dos ensaios de fluência e recuperação, Figura 36 a-f, verifica-se
que os valores de compliança aumentam com o aumento da quantidade de amido na mistura.
Quanto mais elevada é a proporção de amido na mistura, mais elevado é o comportamento
viscoso, indicando que as amostras sofrem mais deformações irreversíveis.
55
0
0,02
0,04
0,06
0,08
0,1
0,12
0 80 160 240 320 400
tempo (s)
Compliança (1/Pa
)
100/0
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
0 100 200 300 400
tempo (s)
Compliança (1/Pa
)
80/20
0
2
4
6
8
10
0 100 200 300 400
tempo (s)
Compliança (1/Pa
)
60/40
0
5
10
15
20
25
0 100 200 300 400 500
tempo (s)
Compliança (1/Pa
)
50/50
0
20
40
60
80
100
0 100 200 300 400
tempo (s)
Compliaa (1/Pa
)
40/60
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
0 100 200 300 400
tempo (s)
Compliança (1/Pa
)
20/80
Figura 34 a-f - Curvas de creep e recovery nas misturas CMC/Amido variando a composição:
100 puro (a), 80/20 (b), 60/40 (c), 50/50 (d), 40/60 (e), 20/80 (f)
Analisando o perfil das curvas apresentadas na figura 34 a-f, observam-se
comportamentos reológico bastantes distintos que depende da proporção CMC/amido. De um
modo geral é possível perceber que a recuperação elástica do material diminui bastante
quando a quantidade de amido aumenta. Além disso, a deformação sob tensão aumenta
bastante quando a quantidade de amido aumenta na mistura. Verifica-se nas curvas
apresentadas nos gráficos da figura 34 que a amostra 80/20 tem valores de compliança 10
vezes maiores que a amostra contendo CMC puro. O mesmo ocorre para a amostra 80/20
(a)
(b)
(d)
(c)
(f)
(e)
56
CMC/amido em relação à amostra 60/40 CMC/amido, onde os valores de compliança
aumentam em 10 vezes. O aumento proporcional de 10 vezes, sugere um comportamento
igual na deformação, indicando que o aumento da proporção de amido, nessas misturas,
provoca uma tendência de aumento linear de deformação.
A amostra 100/0 e 80/20 CMC/amido apresentaram uma recuperação elástica após a
suspensão da força aplicada na análise, indicando um comportamento elástico mais
pronunciado quando comparado com as amostras 60/40, 50/50 e 40/60, resultado da formação
da rede gel promovido pela interação entre o CMC e a água. No entanto, é interessante notar,
na Tabela 1, que a amostra de composição 20/80 CMC/amido sem íons não apresenta
recuperação elástica, Tabela 1, apresentando um comportamento típico de fluidos
newtonianos.
Analisando o perfil da curva de recuperação, figura 34 a, e os dados apresentados na
Tabela 1, constata-se que a amostra CMC puro, apresenta a maior recuperação elástica,
16,70%, quando comparado com as outras composições, que contém amido. Na amostra
60/40 CMC/amido foi observada recuperação elástica, apesar de não ser tão pronunciada,
1,97%. Este resultado indica que a amostra 60/40 CMC/amido apresenta comportamento
viscoso mais pronunciado, porém, mais elástico do que as amostras 50/50 e 40/60
CMC/amido. Este resultado está de acordo com os resultados observados nos ensaios de
freqüência, em que, quanto menor a quantidade de CMC, maior o módulo de perda. Acredita-
se que a presença de amido confere estruturas menos rígidas, devido às poucas interações
hidrofílicas entre as cadeias do CMC e do amido com a água. À medida que a quantidade de
amido aumenta, as cadeias do CMC ficam mais dispersas, diminuindo suas interações
intermoleculares.
A correlação entre os efeitos elásticos, promovidos pelas interações das cadeias do
CMC, e a rede gel, é bem elucidada através dos valores da recuperação da deformação,
Tabela 1.
Tabela 1 - Propriedades das composições CMC/amido puro
Amostra Propriedades
CMC/amido
γ
r
(%)
a
λ
o
(s)
b
Jeo (1/Pa)
c
G
o
(Pa)
d
100/0 16,70 86,49 0,003658 27,34
80/20 12,52 16,06 0,004673 13,32
60/40 1,97 3,45 0,1754 5,701
50/50 0,58 1,508 0,1612 6,204
40/60 0,2912 0,1997 0,0983 10,18
20/80
e
N N N N
a
recuperação elástica,
b
tempo de relaxação,
c
compliança no cisalhamento zero,
d
módulo elástico e N- não
medido. Incerteza da medida 10
-4
Os resultados apresentados na figura 34 mostram que o valor de compliança da
amostra 60/40 CMC/amido é duas vezes superior ao verificado na amostra 50/50
CMC/amido. Da amostra 50/50 CMC/amido para 40/60 CMC/amido ocorreu um aumento de
quatro vezes no valor da compliança e da 40/60 CMC/amido para 20/80 CMC/amido ocorreu
um aumento bem mais acentuado, 35 vezes.
A partir da amostra 60/40 para a amostra 40/60 os aumentos dos valores da
compliança foram de proporções bem menores (duas e quatro vezes), indicando que nessas
composições (50/50; 40/60) o amido passa a ter menor influência na deformação em
comparação com as amostras com proporção maior de CMC (80/20; 60/40), o que pode ser
resultado da inversão de fases. Além disso, este resultado pode estar indicando a formação de
fases contínuas entre o amido e o CMC nas composições 50/50 e 40/60 CMC/amido. A
57
amostra 20/80 os valores de compliança tiveram um grande aumento de 35 vezes, indicando
que as cadeias da CMC estão dispersas na mistura diminuindo suas interações para formação
da rede gel.
6.1.4.1 Efeito do teor de Íons Mg
++
e Zn
++
na Composição CMC/amido.
Efeito do íon Magnésio
A Figura 35a-f, mostra claramente que a adição de íons Mg
++
promove uma
diminuição expressiva no valor da compliança, ou seja, ocorre uma diminuição da
deformação da amostra sob tensão constante. A diminuição da deformação pode ser entendida
como uma resposta proveniente da formação de redes estruturais enoveladas, decorrente das
interações promovidas pelo íon Mg
++
.
É interessante notar que a amostra contendo 2,5% íons magnésio iniciou sua
deformação mais tarde quando comparado com os tempos observados para as amostras
contendo 0,5 e 1,0% de íons magnésio, figura 35 a; b; c; d. Os novelos formados pelo
emaranhamento entre as cadeias e as fortes interações hidrofílica, físicas, conferem ao
material uma capacidade de absorver certa quantidade de energia sem deformar, ou seja, a
resposta à solicitação mecânica, deformação, é defasada no tempo.
A amostra com 0,5% de MgO apresenta valores iguais ou ligeiramente menores de
compliança em relação as percentagens as amostras contendo 1,0 e 2,5% de óxido de
magnésio. Esse resultado indica que uma percentagem menor de íons Mg
++
, na amostra de
CMC, foi suficiente para promover menor deformação, devido às interações presentes no
sistema serem mais efetivas com essa percentagem de íons Magnésio. Entretanto, um excesso
de íons Mg
++
pode acarretar uma diminuição das associações entre as cadeias poliméricas do
CMC e a água, diminuindo a formação da malha gel do CMC, e consequentemente, um
aumento na deformação, compliança, é observado.
Na mistura 80/20 CMC/amido, os menores valores de compliança foram observados
para a composição contendo 2,5% de MgO. Esse resultado sugere que a presença de amido na
mistura dispersa as cadeias de CMC, havendo a necessidade de uma quantidade maior de íons
magnésio para desenvolver interações efetivas entre as cadeias poliméricas, tornando a
mistura com uma característica mais rígida, ou seja, com valores de compliança menores.
Esse comportamento foi observado tamm na mistura 60/40 CMC/amido, Figura 36c, onde a
menor deformação foi para as misturas contendo 2,5 e 1,0% de óxido de Magnésio, bem
abaixo da curva da mistura com 0,5% de íons Magnésio.
58
0
0,02
0,04
0,06
0,08
0,1
0,12
0 100 200 300 400 500
Tempo (s)
Compliança (1/Pa) pp
100/0 s/ íons
100/0 2,5 % MgO
100/0 1,0 % MgO
100/0 0,5 % MgO
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1
0 100 200 300 400 500
Tempo (s)
Compliança (1/Pa) pp
80/20 s/ íons
80/20 2,5 % MgO
80/20 1,0 % MgO
80/20 0,5 % MgO
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
0 100 200 300 400 500
Tempo (s)
Compliaa (1/Pa) pp
60/40 s/ íons
60/40 2,5 % MgO
60/40 1,0 % MgO
60/40 0,5 % MgO
0
5
10
15
20
25
0 100 200 300 400 500
Tempo (s)
Compliança (1/Pa) pp
50/50 s/ íons
50/50 2,5 % MgO
50/50 1,0 % MgO
50/50 0,5 % MgO
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0 100 200 300 400 500
Tempo (s)
Compliança (1/Pa) pp
40/60 s/ íons
40/60 2,5 % MgO
40/60 1,0 % MgO
40/60 0,5 % MgO
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
0 100 200 300 400 500
Tempo (s)
Compliança (1/Pa) pp
20/80 s / íons
20/80 2,5 % MgO
20/80 1,0 % MgO
20/80 0,5 % MgO
Figura 35 a-f - Ensaio de fluência e recuperação das amostras CMC/amido, variando o teor
de óxido de Magnésio: 100 puro (a), 80/20 (b), 60/40 (c), 50/50 (d), 40/60 (e), 20/80 (f)
O efeito das interações promovidas pelo íon magnésio na reologia do material, pode
ser mais bem visualizada nos dados apresentados nas Tabelas 2, 3 e 4. Nota-se que os mais
(f) (e)
(b) (a)
(d)
(c)
59
elevados valores de recuperação elástica γ
r
(%) observados para as amostras ricas em CMC,
foram obtidos com baixas concentrações de óxido de Magnésio. Por outro lado, os mais altos
valores de γ
r
(%) observados para as amostras ricas em amido, foram obtidos com altas
concentrações de óxido de Magnésio. Isso mostra que a concentração de íons a ser utilizado
para formação de uma estrutura gel depende da composição. Quando o teor de CMC diminui,
mais elevada será a concentração de íons Magnésio necessária para formação de estruturas
rígidas.
Pode-se observar que o mais elevado valor de módulo elástico, G
0
, foi apresentado
pela mistura contendo 2,5% de óxido de magnésio, Tabela 4.
Tabela 2 - Propriedades das composições CMC/amido contendo 0,5% de MgO
Amostra Propriedades
CMC/amido
0,5% MgO
γ
r
(%)
a
λ
o
(s)
b
Jeo (1/Pa)
c
G
o
(Pa)
d
100/0 23,27 144,5 0,01728 57,86
80/20 18,95 51,40 0,005306 18,85
60/40 3,3 6,004 0,1475 6,780
50/50 0,0594 3,188 0,1894 5,28
40/60 0,8992 1,52 0,2624 3,811
20/80 0,0027 1,139 3,452 1,139
a
recuperação elástica,
b
tempo de relaxação,
c
compliancia no cisalhamento zero,
d
módulo elástico
Tabela 3 - Propriedades das composições CMC/amido contendo 1% de MgO
Amostra Propriedades
CMC/amido
1% MgO
γ
r
(%)
a
λ
o
(s)
b
Jeo (1/Pa)
c
G
o
(Pa)
d
100/0 37,89 122 0,0182 54,96
80/20 25,53 77,24 0,03068 32,60
60/40 10,91 23,13 0,09568 10,45
50/50 4,141 11,22 0,1263 7,919
40/60 1,616 4,298 0,1482 6,747
20/80 0,00269 1,139 3,4520 0,2897
a
recuperação elástica,
b
tempo de relaxação,
c
compliança no cisalhamento zero,
d
módulo
Tabela 4 - Propriedades das composições CMC/amido contendo 2,5% de MgO
Amostra Propriedades
CMC/amido
2,5% MgO
γ
r
(%)
a
λ
o
(s)
b
Jeo (1/Pa)
c
G
o
(Pa)
d
100/0 37,50 105,7 0,01709 58,53
80/20 28,21 102 0,03171 31,54
60/40 7,263 14,41 0,1133 8,823
50/50 2,442 5,405 0,1394 7,174
40/60 2,132 5,788 0,1527 6,547
20/80 0,04602 0,5869 0,2712 3,687
a
recuperação elástica,
b
tempo de relaxação,
c
compliança no cisalhamento zero,
d
módulo elástico
Além dos resultados de módulo elástico e da viscosidade, os resultados de tempo de
relaxação, de recuperação da deformação e da deformação elástica corroboram as discussões
sobre o efeito do íon Mg
++
na mistura.
60
Efeito do íon Zinco
As figuras 36 a-f mostram os resultados de fluência e recuperação das misturas
CMC/amido com presença dos íons Zinco.
Na figura 36 a, amostra CMC puro, o comportamento da curva de fluência foi
semelhante ao observado para as curvas das amostras contendo íons Mg
++
, nesse gráfico não
foi apresentado a curva da misturas contendo 2,5% de ZnO por problemas na análise.
Na amostra com CMC puro, verifica-se que presença dos íons Zn
++
diminuiu o valor
da compliança, sendo que a composição contendo 0,5% de íons Zn
++
foi a que apresentou a
menor deformação. Esse resultado sugere que quantidades mais elevadas de íons Zn
++
promovem um enfraquecimento das interações e da formação dos novelos, diminuindo a
rigidez da mistura. Uma quantidade maior de íons promove um possível aumento da
competição de interações com a água diminuindo as interações hidrofílicas das cadeias
poliméricas do CMC e da força gel, aumentando a deformação do material.
Nas amostra 80/20 e 60/40 CMC/amido, figura 36 b e c, os menores valores de
compliança ocorreram na misturas sem íons Zn
++
. No entanto, os mais elevados valores de
compliança foram observados para os teores de 2,5% de zinco, indicando que uma quantidade
maior de íons Zn
++
provoca no sistema uma maior deformação, comportamento oposto ao
observado na composição com CMC puro, Figura 36 a.
Diferente do comportamento apresentado nas amostras em presença do íon Mg
++
, na
amostras contendo íons Zn
++
não ocorre um comportamento regular da variação da
compliança com o aumento da quantidade de Zn
++
. Para cada amostra CMC/amido estudada,
verifica-se um comportamento distinto, Figura 36 a-f. No entanto, um comportamento comum
foi observado nos dois experimentos, com MgO e ZnO, as amostras ricas em amido
apresentam um comportamento semelhante ao observado para fluido viscosos, ou
newtonianos.
61
0
0,02
0,04
0,06
0,08
0,1
0,12
0 100 200 300 400
Tempo (s)
Compliança (1/Pa) pp
100/0 s/ íons
100/0 1% ZnO
100/0 0,5% ZnO
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
0 100 200 300 400
Tempo (s)
Compliança (1/Pa) pp
80/20 s/ íons
80/20 2,5 % ZnO
80/20 1,0 % ZnO
80/20 0,5 % ZnO
0
5
10
15
20
25
0 100 200 300 400
Tempo (s)
Compliança (1/Pa) pp
60/40 s/ íons
60/40 2,5 % ZnO
60/40 1,0 % ZnO
60/40 0,5 % ZnO
0
5
10
15
20
25
30
35
40
0 100 200 300 400 500
Tempo (s)
Compliaa (1/Pa) pp
50/50 s/ íons
50/50 2,5 % ZnO
50/50 1,0 % ZnO
50/50 0,5 % ZnO
0
20
40
60
80
100
120
140
0 100 200 300 400
Tempo (s)
Compliança (1/Pa) pp
40/60 s/ íons
40/60 2,5 % ZnO
40/60 1,0 % ZnO
40/60 0,5 % ZnO
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
0 100 200 300 400
Tempo (s)
Compliança (1/Pa) pp
20/80 s/ íons
20/80 2,5 % ZnO
20/80 1,0 % ZnO
20/80 0,5 % ZnO
Figura 36 a-f - Ensaio de fluência e recuperação das amostras CMC/amido, variando o teor
de óxido de Zinco: 100 puro (a), 80/20 (b), 60/40 (c), 50/50 (d), 40/60 (e), 20/80 (f)
(b)
(a)
(d)
(c)
(f)
(e)
62
O efeito das interações promovidas pelo íon Zn
++
, na reologia, do material, pode ser
mais bem visualizada nos dados apresentados nas Tabelas 5, 6, 7.
Tabela 5 - Propriedades das composições CMC/amido contendo 0,5% de ZnO
Amostra
Propriedades
CMC/amido
0,5% ZnO
γ
r
(%)
a
λ
o
(s)
b
Jeo (1/Pa)
c
G
o
(Pa)
d
100/0 39,85 121 0,009581 104,4
80/20 5,76 9,5 0,0877 11,40
60/40 2,18 2,38 0,1765 5,66
50/50 0,154 0,29 0,031 32,00
40/60 0,045 0,036 0,024 41,28
20/80 0 1,613 15,90 0,063
a
recuperação elástica,
b
tempo de relaxação,
c
compliança no cisalhamento zero,
d
módulo elástico
Tabela 6 - Propriedades das composições CMC/amido contendo 1% de ZnO
Amostra Propriedades
CMC/amido
1% ZnO
γ
r
(%)
a
λ
o
(s)
b
Jeo (1/Pa)
c
G
o
(Pa)
d
100/0 19,32 92,08 0,01352 73,98
80/20 9,677 14,13 0,0776 12,89
60/40 0,6512 3,755 0,2414 4,142
50/50 0,1737 2,815 0,5435 1,840
40/60 0,0735 1,652 0,555 1,80
20/80 N N N N
a
recuperação elástica,
b
tempo de relaxação,
c
compliança no cisalhamento zero,
d
módulo elástico e N- não
medido. Incerteza da medida 10
-4
Tabela 7 - Propriedades das composições CMC/amido contendo 2,5% de ZnO
Amostra Propriedades
CMC/amido
2,5% ZnO
γ
r
(%)
a
λ
o
(s)
b
Jeo (1/Pa)
c
G
o
(Pa)
d
100/0 - - - -
80/20 6,287 6,871 0,0883 11,31
60/40 0,1675 0,9475 0,1078 9,277
50/50 0,0596 0,2023 0,03567 28,04
40/60 N N N N
20/80 N N N N
a
recuperação elástica,
b
tempo de relaxação,
c
compliança no cisalhamento zero,
d
módulo elástico e N- não
medido. Incerteza da medida 10
-4
Analisando os dados apresentados das Tabelas 5, 6, 7, nota-se que a adição de Zinco
atua para formação de redes enoveladas, principalmente, em composições ricas em CMC,
CMC puro e 80/20. Quando a quantidade de amido aumenta na mistura, observa-se um
decaimento acentuado das propriedades elásticas do material. Conforme apresentado
anteriormente, o amido caracteriza-se por ser uma molécula praticamente neutra. Para que
ocorra uma interação favorável entre as cadeias, sugere-se que o íon deva apresentar e induzir
uma determinada força eletrostática ao longo da cadeia polimérica, tornando-a capaz de se
63
aproximar formando uma rede estável. O íon Zn
++
é um íon mais fraco para o estabelecimento
dessas interações do que o íon Mg
++
junto aos grupamentos hidroxilas. No íon Zn
++
, a
segunda energia de ionização é 1733,6 KJ/mol
-1
, enquanto que o íon Mg
++
apresenta valor de
1450,7 KJ/mol
-1
. Ou seja, é necessária uma maior energia para ionizar o Zinco. Este fato se
explica devido a sua elevada massa atômica, se comparada com a do Magnésio. A presença de
íons Zn
++
promove fortes interações com a carbonila por se dissociarem facilmente na
presença de ácidos, enquanto que na presença e amido, ao balanço de forças existentes não é
capaz de estabelecer ligações do Zinco com os grupamentos hidroxilas. E isso se torna mais
acentuado em composições ricas em amido. Por isso, sugere-se que os íons Zn
++
encontram-se
na mistura promovendo uma repulsão entre as cadeias poliméricas de amido, reduzindo a
viscosidade da mistura. Esse tipo de interação contribui para desfazer as redes enoveladas, em
misturas em que o CMC está presente, contribuindo para o decréscimo das características
elásticas do material, conforme pode ser observado analisando os dados das Tabelas 5, 6 e 7.
A Figura 37 a-e, foram escolhidas as amostras para ilustrar os diferentes efeitos causados
pelos íons Zn
++
e Mg
++
na mistura.
64
0
0,02
0,04
0,06
0,08
0,1
0,12
0 100 200 300 400
Tempo (s)
Compliança (1/Pa) pp
CMC 1% ZnO
CMC 1%MgO
CMC s/ íon
0
0,02
0,04
0,06
0,08
0,1
0,12
0 100 200 300 400
Tempo (s)
Compliaa (1/Pa) pp
CMC s/ íons
CMC 0,5% MgO
CMC 0,5% ZnO
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
0 100 200 300 400 500
Tempo (s)
Compliança (1/Pa) pp
80/20 s/ íons
80/20 2,5% MgO
80/20 2,5% ZnO
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
0 100 200 300 400
Tempo (s)
Compliaa (1/Pa) pp
80/20 s/ íons
80/20 1% MgO
80/20 1% ZnO
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
1,4
1,6
1,8
2
0 100 200 300 400
Tempo (s)
Compliaa (1/Pa) pp
80/20 s/ íons
80/20 0,5% MgO
80/20 0,5% ZnO
Figura 37 - Comparação da fluência e recuperação para a amostra de CMC/amido, sem e com
íons Mg
++
e Zn
++
: CMC/ 0,5% de íon (a), CMC/ 1% de íon (b), 80/20 CMC/ 2,5% de íon (c),
80/20 CMC/ 1% de íon (d), 80/20 CMC/ 0,5% de íon (e)
(c)
(b)
(a)
(d)
(e)
65
6.1.5 Teste Rampa de Tensão
O teste de rampa de tensão mostra a variação da tensão no fluido com a taxa de
cisalhamento aplicada. Quando uma força é aplicada no fluido, a sua resposta à deformação
imposta, vem em forma de tensão que é medida ao longo da faixa de taxa de cisalhamento
aplicada. O teste de rampa de tensão fornece informação para determinação do ponto de
quebra do gel (SCHRAMM, 1994). Em testes a altas tensões, as interações entre as moléculas
são sobrepostas e deformações mais altas são observadas. Teste a baixas tensões, abaixo da
quebra das estruturas, causa pequenas deformações.
A Figura 38 a e b, mostram as curvas de comportamento de fluxo das amostras
CMC/amido. Para todas as misturas CMC/amido sem íons, as curvas de fluxo indicam que a
mistura apresenta um comportamento pseudoplástico.
Observa-se que o maior valor na relação tensão/deformação é apresentado pela mistura
contendo CMC. A CMC em presença de água, mantém interações intermoleculares através de
interações hidrofílica formando redes. Essas forças restringem a mudança de posição e dão à
substância um caráter sólido com uma viscosidade extremamente alta. Na maioria dos
polímeros, quando as forças externas são inferiores aquelas que formam a rede, o material
deforma elasticamente. Entretanto, quando as forças externas são fortes o suficiente para
superar as forças presentes na formação da rede, o material se deforma irreversivelmente.
Na amostra contendo CMC puro, observa-se que o material deforma-se e rapidamente
perde sua propriedade elástica em decorrência da quebra de estrutura do material, pela ação
do cisalhamento imposto. Durante o ensaio observa-se essa quebra, sendo o mesmo expelido
pela lateral do equipamento.
Para mistura 80/20 CMC/amido, Figura 38 b, observa-se que a presença de amido
promove uma maior estabilidade dimensional durante o escoamento do material, evitando a
quebra das cadeias, ampliando o espectro de freqüência sob cisalhamento, 1000 s
-1
.
Esse comportamento se torna mais acentuado quando a quantidade de amido aumenta
na mistura.
0
200
400
600
800
1000
1200
0 1020304050
Taxa de Cisalhamento(1/s
)
Tensão (Pa)
80/20
CMC 100/0
0
100
200
300
400
500
600
700
800
900
0 500 1000 1500
Taxa de Cisalhamento (1/s)
Tensão (Pa)
20/80
40/60
50/50
60/40
Figura 38 a e b - Tensão deformação em função da taxa de cisalhamento, variando a
composição da mistura CMC/amido: 100 puro e 80/20 (a) 60/40, 50/50, 40/60, 20/80 (b)
(a)
(b)
66
6.1.5.1 Influência dos Íons Zinco e Magnésio
A Figura 39 a e b mostra a curva de fluxo da amostra CMC sem íons e com 1% de
íons Zinco e Magnésio. Observa-se que a presença de íons na amostra CMC provoca um
aumento do espectro da taxa de cisalhamento, ou seja, diminui a rigidez da mistura,
favorecendo uma maior estabilidade do sistema. Além disso, as composições contendo os
íons, Figura 39 b, apresentaram os maiores valores de tensão quando comparados com a
amostra contendo CMC sem íons. Esse resultado sugere que os íons Zn
++
e Mg
++
promovem
interações entre as moléculas das cadeias da CMC aumentando sua parte elástica e,
conseqüentemente, sua resistência à forca aplicada.
As interações presentes nas amostras de CMC contendo íons provocam no sistema
um melhor arranjo e ordenamento das cadeias, como observado, por exemplo, no modelo
“egg-box” da Figura 6 a. O ordenamento das cadeias poliméricas deixam o sistema mais
estável absorvendo a energia aplicada alcançando espectros maiores de deformação em
relação a amostra sem íons. Comparando as curvas de fluxo apresentadas para as amostras de
CMC, contendo íons Zinco e Magnésio, constata-se que a amostra contendo íons Zinco,
Figura 39 b, alcança maiores valores de tensão que as amostras com íons Mg
++
. Entretanto, a
curva e fluxo da amostra contendo íons Mg
++
alcançam os maiores de valores de taxa de
cisalhamento, indicando que estas amostras possuem maior estabilidade.
Analisando detalhadamente a Figura 39 b, nota-se a presença de duas regiões
distintas na curva de fluxo. A primeira a baixas taxas de cisalhamento, comportamento
elástico, e a segunda em taxas intermediárias e mais altas, um comportamento inelástico. Essa
característica não é observada na amostra com CMC puro. Embora as interações formadas na
presença dos íons Zinco promovam um aumento da tensão em função da taxa de cisalhamento
aplicada, as interações promovidas pelos íons Mg
++
, junto às cadeias de CMC dão origem a
estruturas capazes de absorver energia e dissipá-la de modo inelástico, permitindo que as
cadeias se deformem a uma extensão maior de cisalhamento.
As diferenças entre os resultados encontrados para as amostras podem ser
atribuídas as diferentes naturezas químicas encontradas entre os íons Mg
++
e Zn
++
.
0
200
400
600
800
1000
1200
0102030
Taxa de cisalhamento (1/s)
Tensão (Pa)
CMC s/ íons
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
1800
2000
0 50 100 150
Taxa de cisalhamento (1/s)
Tensão (Pa)
CMC 1% MgO
CMC 1% ZnO
Figura 39 a-b – Tensão vs deformação da amostra CMC puro, com e sem a presença de íons
Zinco e Magnésio: CMC puro (a), 1% de ZnO e MgO (b)
A Figura 40 mostra, comparativamente, a curva de fluxo da mistura 50/50
CMC/amido com e sem íons. A mistura contendo íons Mg
++
apresenta valores superiores de
tensão em função da taxa de cisalhamento quando comparada com mistura sem íons e com
(a) (b)
67
Zn
++
. A amostra contendo íons Zn
++
apresenta valores para curva de fluxo inferior ao
apresentado pela composição 50/50 sem íons.
A presença de amido nas misturas 50/50 CMC/amido muda a estrutura da rede gel
formada pela CMC. A presença dos íons Zinco promove no sistema, em presença de amido,
uma dispersão das cadeias da CMC no sistema e um enfraquecimento da rede gel fazendo
com que a mistura CMC/amido apresente uma diminuição da tensão, conforme discutido
anteriormente.
0
100
200
300
400
500
600
700
0 500 1000 1500
Taxa de cisalhamento (1/s)
Tensão (Pa)
50/50 s/ íons
50/50 1% MgO
50/50 1% ZnO
Figura 40 - Tensão deformação para a mistura 50/50 CMC/Amido em função da taxa de
cisalhamento, com e sem a presença de íons Zinco e Magnésio.
6.2 Estudo das misturas CMC/amido diluídas.
6.2.1 Medidas reológicas das misturas diluídas, utilizando viscosímetro capilar de tubos
descartáveis.
As soluções poliméricas diluídas foram analisadas utilizando um viscosímetro capilar
de tubos descartáveis proposto por MASSARANI (1981). Foram plotados os gráficos de
viscosidade aparente em função da taxa de cisalhamento.
Foi estudado o comportamento das soluções poliméricas do CMC e da mistura
CMC/Amido, com e sem a presença de íons Mg
++
e Zn
++
. As soluções poliméricas estudadas
foram preparadas nas concentrações de 0,8; 0,6; 0,4; 0,2g/l e os teores de óxido de Zinco e
Magnésio a 2,5% da massa do polímero.
As soluções diluídas de amido nessas concentrações, apresentam comportamento
newtoniano próximo do apresentado pela água e, como não apresentaram mudança
significativa na viscosidade do solvente, água, por esse motivo, não será mostrado aqui nesse
trabalho.
As Figuras 41 a-d mostram a variação da viscosidade com a taxa de cisalhamento das
soluções de CMC e o efeito da diluição. Conforme esperado, a diminuição da solução
promove uma diminuição na viscosidade do sistema, assim como seu efeito elástico à baixa
taxa de cisalhamento, é menos pronunciada.
Segundo KÄISTNER (1997), o CMC é um hidrocolóide capaz de formar gel através
de formação de uma rede tridimensional aumentando a viscosidade do sistema. A baixa taxa
de cisalhamento observa-se que a estrutura do gel de CMC cria uma resistência inicial ao
cisalhamento imposto, indicado pelo aumento da viscosidade em baixas taxas de
68
cisalhamento. Com o aumento da taxa de cisalhamento, ocorre uma quebra das estruturas da
rede gel da solução de CMC, fazendo com que a solução se comporte como sistema não
newtoniano, diminuindo a viscosidade com a taxa. É importante ressaltar que esse
comportamento observado para o CMC, Figura 41, é semelhante ao observado no estudo com
as misturas concentradas, gel.
0,8g/L CMC
0
0,05
0,1
0,15
0,2
0,25
0,3
0 20406080100
Taxa de cisalhamento (s-1)
Viscosidade Aparente
(Poise)
0,6g/L CMC
0
0,05
0,1
0,15
0,2
0 50 100 150
Taxa de cisalhamento (s-1)
Viscosidade Aparente
(Poise)
0,4g/L CMC
0
0,02
0,04
0,06
0,08
0,1
0,12
0,14
0 50 100 150 200
Taxa de cisalhamento (s-1)
Viscosidade Aparente
(Poise)
0,2 g/ L CMC
0
0,02
0,04
0,06
0,08
0,1
0,12
0 100 200 300 400
Taxa de cisalhamento (s-1)
Viscosidade Aparente
(Poise)
Figura 41 a-d - Comportamento da viscosidade aparente das soluções de
CMC/amido, em função da taxa de cisalhamento aplicada, variando a diluição: 0,8 g/l (a), 0,6
g/l (b), 0,4 g/l (c), 0,2 g/l (d)
A Figura 42 a-e, mostra o efeito da diluição no comportamento da viscosidade
aparente em função da taxa de cisalhamento, para diferentes composições de CMC/Amido,
sem a presença de íons.
Conforme a solução fica mais diluída, menor é dependência da viscosidade com a taxa
de cisalhamento aplicada. Segundo MACHADO (2002), quanto mais diluído for o sistema
mais ele se aproxima de um sistema newtoniano, ou seja, menos a viscosidade varia com a
taxa de cisalhamento.
A presença do amido, nas misturas com CMC, diminui a viscosidade do sistema e
diminui também o efeito viscoelástico observado a baixa taxa de cisalhamento. Isso pode ser
entendido já que o amido é um polímero neutro e suas cadeias não formam malha gel nessas
concentrações, apresentando-se praticamente dispersa em solução (SUPHANTHARIKA,
2005).
(a) (b)
(c) (d)
69
0,00
0,05
0,10
0,15
0,20
0,25
0 100 200 300 400 500
Taxa e cisalhamento (s)
-1
Viscosidade aparente (poise)PPP
0,2 g/l
0,4 g/l
0,6 g/l
0,8 g/l
0,00
0,02
0,04
0,06
0,08
0,10
0,12
0,14
0,16
0 100 200 300 400 500 600
Taxa de cislhamento (s
-1
)
Viscosidade aparente (poise) ppp
0,2 g/l
0,4 g/l
0,6 g/l
0,8 g/l
0,00
0,02
0,04
0,06
0,08
0,10
0,12
0,14
0,16
0,18
0 100 200 300 400
Taxa e cisalhamento (s
-1
)
Viscosidade aparente (poise)ppp
0,2 g/l
0,4 g/l
0,6 g/l
0,8 g/l
0,00
0,01
0,02
0,03
0,04
0,05
0,06
0 500 1000 1500
Taxa de cisalhameneto (s
-1
)
Viscosdiade aparente (poise)ppp
0,2 g/l
0,4 g/l
0,6 g/l
0,8 g/l
0,00
0,01
0,02
0,03
0,04
0,05
0,06
0,07
0,08
0,09
0 200 400 600 800 1000
Taxa e cisalhamento (s
-1
)
Viscosidade aparente (poise)ppp
0,2 g/l
0,4 g/l
0,6 g/l
0,8 g/l
Figura 42 a-e - Variação da viscosidade da mistura CMC/amido em função da taxa de
cisalhamento, variando a diluição da mistura. CMC/amido 80/20 (a), 60/40 (b), 50/50 (c),
40/60 (d), 20/80 (e)
As Figuras 43 a-d mostram a influência dos íons Mg
++
na viscosidade da amostra com
CMC puro. Para avaliar o efeito do íon foi utilizada a concentração de 2,5% de MgO, pois
foram as primeiras amostras testadas, em nosso estudo, para uso dessas misturas como
inoculantes.
Observa-se que a presença de íons no sistema promove uma diminuição da
viscosidade em toda faixa de cisalhamento estudada, além de diminuir o efeito elástico que é
observado nas soluções sem a presença de íons. Segundo PADMANABHAN e colaboradores
( a )
( b )
( c )
( d )
( e )
70
(2003) a presença de íons no sistema diminui a repulsão dos grupos carboxílicos das cadeias
do CMC, aumentando as interações hidrofóbicas e as interações entre as cadeias, diminuindo
provavelmente o raio hidrodinâmico do novelo macromolecular, causando uma diminuição da
viscosidade do sistema.
Em nossa opinião, existe um balanço de forças que são responsáveis por manter as
cadeias unidas para formação de uma malha, no entanto, para que os íons atuem com
eficiência é necessário que a mistura tenha uma determinada concentração. Na Figura 30, em
amostras concentradas, gel, a adição de íons Mg
++
aumenta a viscosidade do sistema contendo
CMC/puro, em comparação com a mistura sem íons. Neste caso, solução diluída, a adição de
2,5% de MgO diminui a viscosidade. Entretanto, não podemos afirmar que essas interações
não existam em pequenas extensões.
Conforme comentado na introdução desta dissertação, os polieletrólitos, que
apresentam elevada carga em sua cadeia principal, tendem a exibir uma estrutura rígida
(PATEL, 2005). Entretanto, a adição de sal ou de outra espécie iônica à mistura, pode tornar
as cadeias poliméricas mais flexíveis, alterando a conformação do polímero, cadeia estendida
“rod-like” (Figura 6 a). A estrutura do tipo rígida “Rod-like” é bastante estável; sua
conformação permanece praticamente inalterada devido à contribuição das interações inter e
intramoleculares presentes no sistema. Como resultado, verifica-se a presença de estruturas
em forma de haste.
Retornando a discussão, é provável que as interações formadas com a presença do íon
alterem as interações existentes entre o CMC e a água, e que as cadeias de CMC apresentem-
se mais rígida e menos enovelada, diminuindo a viscosidade.
0,8g/L CMC
0
0,05
0,1
0,15
0,2
0,25
0,3
0 50 100 150
Taxa de cisalhamento (s-1)
Viscosidade Aparente
(Poise)
2,5%MgO
s/ íons
0,6g/L CMC
0
0,05
0,1
0,15
0,2
0 50 100 150 200
Taxa de cisalhamento (s-1)
Viscosidade Aparente
(Poise)
2,5% MgO
s/ íons
0,4g/L CMC
0
0,02
0,04
0,06
0,08
0,1
0,12
0,14
0 100 200 300
Taxa de cisalhamento (s-1)
Viscosidade Aparente
(Poise)
2,5%MgO
s/ íons
0,2 g/ L CMC
0
0,02
0,04
0,06
0,08
0,1
0,12
0 200 400 600
Taxa de cisalhamento (s-1)
Viscosidade Aparente
(Poise)
2,5% MgO
s/ íons
Figura 43 a-d - Variação da viscosidade da composição CMC pura com e sem íons Mg
++
(c)
(b) (a)
(d)
71
As Figuras 44 a-d mostram a influência dos íons Zn
++
na viscosidade da amostra com
CMC puro. Pode-se observar que o efeito provocado pelos íons zinco foi muito pequeno nas
soluções de CMC. Esse resultado é provavelmente porque o zinco é pouco solúvel em
soluções diluídas em que seu potencial de ionização nas soluções é alto.
0,8 g/L CMC
0
0,05
0,1
0,15
0,2
0,25
0,3
0 20406080100
Taxa de cisalhamento (s-1)
Viscosidade Aparente
(Poise)
s/ íons
2,5% ZnO
0,6 g/L CMC
0
0,05
0,1
0,15
0,2
0,25
0 50 100 150
Taxa de cisalhamento (s-1)
Viscosidade Aparente
(Poise)
s/ íons
2,5% ZnO
0,4g/L CMC
0
0,02
0,04
0,06
0,08
0,1
0,12
0,14
0 100 200 300
Taxa de cisalhamento (s-1)
Viscosidade Aparente
(Poise)
s/ íons
2,5% ZnO
0,2g/L CM C
0
0,02
0,04
0,06
0,08
0,1
0,12
0 100 200 300 400
Taxa de cisalhamento (s-1)
Viscosidade Aparente
(Poise)
s/ íons
2,5% ZnO
Figura 44 a-d - Variação da viscosidade da composição CMC pura com e sem íons Zn
++
Para mostrar o efeito da presença de íons na viscosidade das soluções diluídas serão
apresentadas as viscosidades das misturas 50/50 CMC/amido.
As Figuras 45 a-d mostram o efeito dos íons Mg
++
na viscosidade do sistema 50/50
CMC/amido, em função da taxa de cisalhamento. A presença dos íons Mg
++
,na presença de
amido, promove uma diminuição bem maior na viscosidade em comparação com as amostras
sem íons. Esse resultado é reflexo das interações dos íons Mg
++
com nos grupos carboxílicos
da CMC e com o amido. Segundo SUPHANTHARIKA (2005) as moléculas de amido, em
soluções aquosas ou em presença de íons, podem aumentar suas interações hidrofóbicas
acarretando uma diminuição da viscosidade da solução. Acredita-se que na presença de íons
Mg
++
as cadeias poliméricas estejam mais organizadas, conforme modelo sugerido, modelo
“egg-box” da Figura 6 a. Essa organização faz com que as cadeias poliméricas escoem mais
facilmente e com uma tensão de fricção interna menor. Se a tensão de cisalhamento entre as
cadeias é menor, por conta da organização dessas cadeias, mais rapidamente a mistura irá
escoar e mais altas taxas de cisalhamento serão alcançadas. Além disso, o material estará
menos susceptível à quebra da estrutura adotada em decorrência do aumento da energia
interna.
Numa outra perspectiva, as moléculas de amido podem promover uma maior dispersão
das cadeias do CMC, diminuindo a formação de rede gel no sistema, conforme já comentado.
(b)
(d) (c)
(a)
72
0,8 g/L
0
0,02
0,04
0,06
0,08
0,1
0,12
0,14
0,16
0,18
0 100 200 300 400
Taxa de Cisalhamento (s-1)
Viscosidade Aparente
(Poise)
s/ íons
2,5% MgO
0,6 g/L
0
0,02
0,04
0,06
0,08
0,1
0,12
0,14
0 200 400 600
Taxa de Cisalhamento (s-1)
Viscosidade Aparente
(Poise)
s/ íons
2,5% MgO
0,4 g/L
0
0,02
0,04
0,06
0,08
0,1
0 200 400 600 800
Taxa de cisalhamento (s-1)
Viscosidade Aparente
(Poise)
s/ íons
2,5% MgO
0,2 g/L
0
0,01
0,02
0,03
0,04
0,05
0,06
0,07
0,08
0 200 400 600 800 1000
Taxa de cisalhamento (s-1)
Viscosidade Aparente
(Poise)
s/ íons
2,5% MgO
Figura 45 a-d - Comportamento reológico da solução diluída 50/50 com e sem presença de
íons Magnésio variando a concentração da mistura CMC/amido
A adição de íons Zinco causa uma diminuição mais acentuada na viscosidade 50/50
CMC/amido (figura 46) em comparação com a amostra de CMC (100/0). Esse efeito foi
também observado nas misturas macromoleculares concentradas.
Conforme discutido anteriormente, os íons Zn
++
apresentam baixa interação quando
comparado com o íon Mg
++
. Suas interações verificadas em misturas ricas em CMC, indicam
interações com os grupos carboxila.
(b)
(d)
(c)
(a)
73
0,8 g/L
0
0,02
0,04
0,06
0,08
0,1
0,12
0,14
0,16
0,18
0 100 200 300
Taxa de Cisalhamento (s-1)
Viscosidade Aparente
(Poise)
s/ íons
2,5% ZnO
0,6 g/L
0
0,02
0,04
0,06
0,08
0,1
0,12
0,14
0 100 200 300
Taxa de Cisalhamento (s-1)
Viscosidade Aparente
(Poise)
s/ íons
2,5% ZnO
0,4 g/L
0
0,01
0,02
0,03
0,04
0,05
0,06
0,07
0,08
0,09
0,1
0 200 400 600
Taxa de Cisalhamento (s-1)
Viscosidade Aparente
(Poise)
s/ íons
2,5% ZnO
0,2 g/L
0
0,01
0,02
0,03
0,04
0,05
0,06
0,07
0,08
0 200 400 600 800
Taxa de Cisalhamento (s-1)
Viscosidade Aparente
(Poise)
s/ íons
2,5% ZnO
Figura 46 a-d - Comportamento reológico da solução diluída 50/50 com e sem presença de
íons Zinco variando a concentração
6.3 Viscosimetria
6.3.1 Estudo viscosimétrico das soluções diluídas, utilizando viscosímetro Cannon-
Fenske.
As associações e interações entre a carboximetilcelulose, amido e água, com e sem
presença de íons Mg
2+
e Zn
2+
, foram investigadas através de viscosimetria de soluções
diluídas, em função da composição, utilizando-se o viscosímetro do tipo Cannon Fenske.
A Figura 49 mostra a variação da viscosidade intrínseca em função da composição,
para as soluções diluídas das misturas CMC/amido. Foram feitas as curvas das soluções de
CMC/amido puro, e contendo 2,5% de MgO e ZnO. Além disso, o gráfico contém a reta que
representa o comportamento ideal de mistura, correspondente a regra da aditividade, equação
6.
(d)
(a)
(c)
(b)
74
0
50
100
150
200
250
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1
Composão CMC
Viscosidade Intrínseca (ml/g)
Modelo Linear
Sem íons
2,5% ZnO
2,5% MgO
Linear (Modelo Linear)
Figura 47 - Gráfico da variação da viscosidade intrínseca com a composição
O comportamento linear para a dependência da viscosidade intrínseca com a
composição das soluções seria esperado no caso em que as misturas obedecessem à regra da
aditividade.
[η] = W
CMC
[η]
CMC
+ W
Amido
[η]
Amido
Equação (6)
Onde, W é a fração mássica e [η]
é a viscosidade do polímero.
Analisando as curvas apresentadas na Figura 49, observa-se que, para as soluções
aquosas de CMC/Amido sem íons, um desvio da viscosidade intrínseca em relação à regra da
aditividade. A viscosidade diminui ainda mais quando 2,5% de ZnO e MgO estão presentes
na mistura. Segundo LIU e colaboradores (1997), as principais interações existentes em
sistemas poliméricos com a água são as ligações de hidrogênio. Dessa forma uma diminuição
da viscosidade intrínseca pode ser atribuída à diminuição do poder de solvatação dos
polímeros pela água.
Segundo DANAIT (1995) interações repulsivas provocam um enovelamento das
cadeias poliméricas dando um desvio negativo da viscosidade em relação à aditividade. No
entanto, em sistemas em que ocorre interação atrativa, associação entre as macromoléculas
presentes no sistema, observa-se um aumento da viscosidade e um desvio positivo da
aditividade.
Na Figura 47 observa-se que a viscosidade da mistura diminui com o aumento da
quantidade de amido na mistura. Acredita-se que a presença de moléculas de amido, em uma
solução aquosa de CMC, modifica a estrutura em que as cadeias estão postas em solução pela
quebra das ligações de hidrogênio entre o CMC e as moléculas de água. Neste caso, grupos
hidroxilas do amido poderão competir com as moléculas de água.
O comportamento da viscosidade de soluções ternárias (polímero–polímero–solvente)
baseia-se na hipótese de que interações repulsivas entre as cadeias poliméricas podem causar
uma diminuição no tamanho do novelo macromolecular, resultando em um desvio negativo da
viscosidade em relação da regra da aditividade.
Na avaliação de soluções ternárias também deve ser considerado que um soluto pode
competir pelo solvente, modificando a interação deste com o segundo soluto (FELISBERTI,
2000). Este fenômeno foi observado por SALAMOVA e RZAEV (1996) para soluções
contendo sais inorgânicos. No contexto dessa dissertação, a presença de íons zinco e
magnésio, amido e CMC em água, promovem uma modificação na estrutura desta solução, ou
75
por competição ou por associação entre os componentes. Esta associação pode ser ocasionada
pelas interações do tipo dipolo-dipolo, eletrostática ou por ligações de hidrogênio.
Várias pesquisas têm reportado a estudos experimentais sobre os efeitos da adição de
íons, cátion e anions, nas propriedades de polieletrólitos em solução aquosa (TAN, 1976;
MALLIARES, 1984; GUO, 1997). De uma maneira geral, percebe-se que a adição de íons
provoca uma redução na viscosidade de soluções aquosas de polieletrólitos. Segundo GUO
(1997) polieletrólitos possuem cargas ao longo de sua cadeia polimérica tendendo a exibir
uma estrutura um tanto rígida. Adição de íons de carga oposta ou outra espécie iônica pode a
alterar a flexibilidade e a conformação do polímero.
Em misturas ricas em CMC, a presença de íons pode agir como uma proteção ou
escudo entre os grupos aniônicos, COO
-
, ao longo da cadeia polimérica. O possível aumento
das interações entre os grupos carboxílicos é acompanhado, concomitantemente, pelo
aumento da solvatação dos íons pelas moléculas de água. Sendo assim, menos moléculas de
águas poderão estar presentes para solvatação das regiões hidrofóbicas. A solvatação
promovida pela água nos íons pode ser de tal grandeza que permita que as associações
hidrofóbicas intramoleculares se sobreponham às interações intermoleculares, acarretando em
uma redução do tamanho da macromolécula e do raio hidrodinâmico das cadeias, diminuindo
a viscosidade intrínseca do sistema, e podendo também levar a precipitação do polímero.
As soluções contendo íons Mg
2+
apresentaram os mais baixos valores de viscosidade
intrínseca quando comparado com o Zn
++
. Conforme discutido no item em que tratamos das
misturas concentradas, géis, os íons Mg
2+
atuam mais fortemente junto aos grupamentos
carboxila e também junto à água devido ao seu alto poder se solvatação. Isso faz com que as
associações hidrofóbicas intramoleculares se sobreponham às outras interações presente na
mistura, reduzindo a viscosidade. É importante comentar que para as misturas contendo 2,5%
de ZnO, em todas as composições estudadas, apresentaram precipitação dos polímeros com o
tempo, 3 meses, indicando exatamente os efeitos comentados acima. A separação de fase é
diminuída fortemente quando a concentração de ZnO diminui, 0,5% e 1%. Para as misturas
com MgO, não se observou separação de fases ao longo do tempo 1 ano, nas percentagens de
magnésio estudadas, podendo existir um teor acima de 2,5% de magnésio que induza uma
separação de fases.
-10
10
30
50
70
90
110
130
00,20,40,60,81
Composão CMC
Diferença de Viscosidade
Intrínseca (ml/g)
Modelo Linear
Sem Í o n s
ZnO
MgO
Figura 48 - Diferença entre as viscosidades intrínsecas do modelo linear e do
experimental das soluções poliméricas sem íons e com íons (2,5%) de Zn e Mg
76
A Figura 48 mostra a diferença entre as viscosidades do modelo linear e do
experimental em função da composição do CMC na mistura CMC/Amido. Quanto maior a
diferença, menor é a viscosidade da solução. Como a diferença tem como base a regra da
mistura ideal, está é uma reta na coordenada de origem zero.
Observa-se que quanto maior a proporção de CMC na mistura maior é a diferença de
viscosidade intrínseca observada nas soluções com íons.
As misturas sem a presença de íons (puro) apresentaram uma diferença de viscosidade
intrínseca praticamente independente da concentração de CMC. Esse resultado indica que o
comportamento da viscosidade intrínseca, das soluções sem a presença de íons, é,
praticamente linear e semelhante ao comportamento que seria apresentado se estivéssemos
tratando de uma mistura ideal, regra da aditividade. No entanto como se trata de uma mistura
não ideal, observa-se uma diminuição da viscosidade.
Outro aspecto revelado na Figura 48, diz respeito à ação dos íons Magnésio e Zinco.
Nota-se que as maiores diferenças foram constatadas nas amostras ricas em CMC, contendo
íons Mg
++
, e, de uma maneira geral, para as amostras contendo íons Mg
++
. Esse resultado
sugere que os grupos carboxila apresentam um papel importante no balanço das interações
entre os íons e a água. Quando a mistura é rica em amido, as interações são, em sua grande
extensão, somente entre os grupos hidroxilas, ligações –OH, ligações que apresentam energia
semelhante a energia apresentada pela molécula de água. Sendo assim, se a interação do íon
com a água não for suficientemente favorável, ou em outras palavras, se a energia de
ionização do íon for muito elevada, menor será a interação desse íon com a água e, mais
molécula de água estarão disponíveis para solvatação das regiões hidrofóbicas, evitando
assim, uma diminuição acentuada da viscosidade da solução. Isso justificaria as menores
diferenças encontradas pelos íons Zn
++
.
6.4 Condutivimetria
6.4.1 Estudo da condutividade das soluções CMC/amido diluídas: influência da
concentração e da composição das soluções poliméricas.
A Figura 49 mostra a variação da condutividade das soluções diluídas, variando a
composição da mistura CMC/amido.
Observa-se aumento da condutividade da solução à medida que a concentração de
CMC aumenta na solução. A carboximetilcelulose é um polímero aniônico que apresenta
grupos carboxila, carga negativa, ao longo da sua estrutura. A CMC comercializada
apresenta-se na forma de sal, íons Na
+
ao longo de sua estrutura, conferido a esse polímero
caráter de polieletrólito. Sendo assim, é esperado que o aumento da concentração de CMC
aumente a condutividade da solução.
Conforme comentado no início deste trabalho, o amido é um polímero neutro.
Segundo PASCHOAL (2006) essas substâncias se dissolvem como moléculas e, portanto,
produzem soluções não condutoras classificadas como não-eletrólitos. Os valores de
condutivimetria das soluções de amido foram baixos, 2,5 µs/cm para concentração de 0.2 g/l e
3,63 µs/cm para 0,8 g/l, amido puro.
Quando analisamos as misturas contendo amido, nota-se que quanto maior a
concentração de amido menor é a condutividade da solução, o que era esperado.
77
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1
Concentração (g/L)
Condutividade
( S/cm)
20/80 40/60 50/50 60/40 80/20 CMC
Figura 49 - Gráfico de condutivimetria das soluções poliméricas sem a presença de íons
Efeito do íon Mg
++
e Zn
++
Para ilustrar o efeito da adição de íons na mistura CMC/amido, foi escolhida a
composição 50/50 CMC/amido. A Figura 50 mostra a variação da condutividade com a
adição de íons Zinco e Magnésio na solução. Constata-se que as amostras contendo íons
Magnésio apresentam os mais elevados valores de condutivimetria quando comparado com as
soluções contendo íons Zn
++
e sem íons. Além disso, observa-se que as amostras com íons
Zn
++
apresentaram valores de condutivimetria bem próximos aos as amostras sem íons. Esse
resultado indica que os íons Mg
++
apresentam maior mobilidade em solução, devido ao seu
baixo potencial de ionização. Como comentado anteriormente, os íons Mg
++
interagem
fortemente pelas moléculas de água o que favorece sua mobilidade em solução. No caso do
íon Zn
++
, devido a sua alta energia de ionização, as moléculas de água encontram-se mais
ordenadas para solvatação das regiões hidrofóbicas da cadeia poliméricas, isso pode
contribuir para diminuição da mobilidade do íon na fase aquosa. Além disso, conforme
apresentado anteriormente, a energia de dissociação do íon Zn
++
é superior a do íon Mg
++
,
diminuindo a sua interação com as moléculas de água. Esse resultado pode ser também
observado quando analisamos o efeito do íon Zn
++
na viscosidade das soluções, oportunidade
em que a menor redução da viscosidade foi observada para o íon Zn
++
.
78
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1
Concentração (g/l)
Condutividade (mS/cm)ppp
sem íons 2,5 % ZnO 2,5 % MgO
0
20
40
60
80
100
120
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1
Concentração (g/l)
Condutividade (mS/cm) ppp
sem íons 2% ZnO 2% MgO
0
20
40
60
80
100
120
140
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1
Concentração (g/l)
Condutividade (mS/cm)ppp
sem íons 1% ZnO 1% MgO
0
20
40
60
80
100
120
140
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1
Concentração (g/l)
Condutividade (mS/cm)pppp
sem íons 0,5 % ZnO 0,5 % MgO
Figura 50 - Variação da condutividade das soluções 50/50 CMC/amido, variando a
concentração de íons Zn
++
e Mg
++
6.5 Estudo da Separação de Fases da Mistura CMC/amido.
A análise de separação de fases é um experimento de grande importância para se
verificar o comportamento de uma mistura, com relação a sua estabilidade e a sua
miscibilidade com o tempo. Sistemas que apresentam imiscibilidade, ou seja, que são
incompatíveis, formam sistemas heterogêneos e separam fases (COWIE, 1989).
Em se tratando de misturas poliméricas a imiscibilidade entre os polímeros é mais
evidente. A principal característica observada quando dois polímeros são misturados é que, na
maioria dos casos, os componentes tendem a separar-se para formar um sistema heterogêneo
(JANSEN, 1996).
Nesse trabalho foram utilizadas mistura poliméricas a base de Amido e CMC
compatibilizadas com íons Magnésio (MgO) e íons Zinco (ZnO). A CMC é um polímero
modificado da celulose que apresenta características de polieletrólitos, portanto apresenta
associações e interações específicas entre as cadeias e o solvente (água), além de formar gel.
O amido é um polímero natural que é formado por duas estruturas distintas: amilose, cadeia
linear, e a amilopectina, cadeia ramificada. O amido não forma gel e apresenta o fenômeno de
retrogradação que é o agrupamento das cadeias após um tempo de sua solubilização. O amido
e a CMC são polímeros que são bastante distintos entre si com relação a sua estrutura, tipos
de interações, solubilização e características reológicas. Assim a mistura entre esses polímeros
com solvente água, forma com o tempo um sistema heterogêneo indicando uma
79
imiscibilidade. Para contornar esse problema foi adicionado à mistura entre eles, íon, que
promovessem interações no sistema de modo a que ocorresse uma compatibilidade no
sistema. O termo compatibilidade descreve os sistemas poliméricos que apresentam separação
de fases, mas têm propriedades desejáveis e boa adesão entre as fases (COWIE, 1989).
A Figura 51 mostra a composição 50/50 CMC/amido sem a presença de íons, após 5
meses de teste em prateleira. As misturas sem a presença de íons apresentaram separação de
fases. Mesmo o sistema estando solubilizado, o sistema com o passar do tempo apresentou
separação de fases.
A Figura 52 mostra a composição 50/50 CMC/amido, contendo 1% de ZnO. As
misturas contendo íons Zinco também apresentaram separação de fases após 5 meses de
prateleira. Esse resultado foi previsto analisando os resultados reológicos das misturas
contendo íons Zinco. As análises de Freqüência, (módulo elástico, G’) e tensão deformação
mostramram que as amostras contendo amido nas misturas poliméricas apresentaram maior
deformação e menor resistência à força aplicada em comparação com as misturas puras e com
íons Magnésio. Esse resultado indica que as misturas poliméricas a base de CMC e amido
tendem a separar fases na presença de íons Zinco.
Figura 51 - Mistura polimérica sem a presença de íons (50/50 CMC/amido).
Figura 52 - Mistura polimérica contendo 1% de Zinco (50/50 CMC/amido)
80
A Figura 53 mostra as misturas 50/50 CMC/amido, contendo 1% de MgO. Pode-se
observar que essas misturas não apresentaram separação de fases após 1 ano de prateleira. A
presença dos íons Mg
++
promoveu no sistema um aumento do modulo elástico, menor
deformação e maior resistência à força aplicada. A presença dos íons Mg
++
, na mistura,
promoveu um aumento da força gel, causada principalmente pelas interações promovidas
pelos íons nas cadeias poliméricas da CMC, como já discutido nessa dissertação. O fato das
amostras serem autoclavadas é um fator importante para se analisar. A influência do íon
nesses sistemas, principalmente se está ocorrendo à formação de novas substâncias químicas
após autoclave das amostras deve ser avaliada. Isso é uma proposta de futuros estudos.
Figura 53 - Mistura polimérica contendo 1% de íons Magnésio (50/50 CMC/amido)
6.6 Aplicação da Mistura Polimérica como Inoculante
O estudo para o desenvolvimento de um material que fosse utilizado como inoculante
envolveu esforços nas áreas de tecnologia de polímeros e ecologia microbiana. A mistura
polimérica a base de celulose e amido foi utilizada em conjunto com a EMBRAPA-
agrobiologia de modo a avaliar toda faixa de composições trabalhadas, avaliando a melhor
composição do ponto de vista da tecnologia de polímeros e da ecologia microbiana nos
sistemas poliméricos utilizados como insumos bacterianos. As análises e resultados do
crescimento e manutenção rizobianas das misturas poliméricas, e sua viabilidade como
inoculante na parte da ecologia microbiana foi estudada na dissertação de FERNANDES
(2006) integrante do grupo de pesquisa do inoculante.
81
6.6.1 Avaliação da mistura CMC/Amido Compatibilizadas contendo ZnO e MgO como
Veículo para o Inoculante Rizobiano Sólido e sua eficiência em Comparação com a
Turfa.
As composições selecionadas para esse experimento foram as composições
CMC/amido nas proporções 50/50 e 60/40, compatibilizadas com 1% de ZnO ou 1% de MgO
e não compatibilizadas. Uma vez que foram as amostras que apresentaram a menor separação
de fase e melhor estabilidade dimensional.
Para avaliar a eficiência das composições a base de CMC e Amido foram testados
também a turfa, substrato mais utilizado para a fabricação do inoculante rizobiano sólido no
Brasil. Neste experimento foi avaliada a capacidade dos veículos na manutenção de células
rizobianas até a 12
a
semana de incubação (SI), (Tabela 8).
As sementes peletizadas receberam uma quantidade variável de células, em função do
período inicial de incubação de 12 dias a que foram submetidos todos os inoculantes. Porém,
todos os tratamentos receberam uma quantidade de células maior que de 6x10
5
células por
sementes, que é a quantidade mínima de células rizobianas permitida pela legislação brasileira
(RELARE, 2004).
82
Tabela 8: Sobrevivência de células de Bradyrhizobium japonicum (estirpe BR 3267) durante 3 meses a temperatura ambiente inoculadas em
misturas poliméricas a base de CMC e amido nas proporções 50/50 e60/40, com ou sem agente compatibilizante (1% ZnO ou MgO).
SI= semanas de incubação*Médias na mesma coluna seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente pelo teste Tukey, ao nível de significância de 5%
Semanas de incubação (Log n° células/ mL)
Composição Polimérica
(CMC/Amido)
1 SI 2 SI 3 SI 4 SI 5 SI 6 SI 8 SI 10 SI 12 SI
50/50 NC
9.35 a* 9.19 a 8.84 a 8.33 a 9.36 a 8.40 ab 7.81 a 8.25 a 8.64 ab
50/50 1%ZnO
9.97 a 8.31 a 7.82 a 7.72 a 7.32 ab 5.24 b 6.48 a 5.21 b 7.23 ab
50/50 1% MgO
9.56 a 11.36 a 8.49 a 8.76 a 9.02 a 8.98 b 8.61 a 9.23 a 9.23 a
60/40 NC
8.11 a 9.28 a 9.84 a 9.78 a 8.90 a 8.31 ab 7.25 a 9.28 a 8.21 ab
60/40 1% ZnO
9.07 a 8.75 a 8.93 a 8.09 a 5.83 b 6.70 ab 6.54 a 7.20 ab 5.85 b
60/40 1% MgO
10.04 a 11.66 a 10.30 a 8.83 a 9.13 a 9.00 a 9.01 a 9.33 a 9.41 a
Turfa
9.93 a 10.11 a 10.14 a 9.46 a 9.99 a 9.16 a 8.93 a 8.43 a 8.96 ab
83
Analisando os resultados apresentados na Tabela 8, observa-se que os materiais
poliméricos testados apresentaram ótimos resultados quanto à sobrevivência das células.
Entretanto, observa-se que a mistura sem compatibilizante apresentou uma separação de fase
acentuada, Figura 53, quando comparado com a mistura contendo os compatibilizantes,
Figura 54 e 55. Este fato acarretou uma perda acentuada da manutenção de células rizobianas
para tempos de análise superiores a 12SI, comportamento que não foi observado para as
outras amostras.
84
7 CONCLUSÕES
Os resultados apresentados nessa dissertação permitiram extrair importantes
conclusões referentes às interações existentes na mistura CMC/amido, tanto na forma gel,
quanto em soluções diluídas, bem como podemos utilizar as técnicas de reologia,
viscosimetria e condutivimetria como ferramentas para prever os possíveis tipos de estruturas
e conformações que são estabelecidas nas diferentes composições estudadas.
Os resultados de viscoelasticidade, G’, G’’ das misturas concentradas mostraram que,
apesar de apresentar uma aparência do tipo gel, as misturas CMC/amido, não formam
estruturas classificadas como gel. Não existe uma ligação suficientemente forte, presente na
mistura, que confira uma estrutura conformacional estabilizada por ligações covalentes. Os
resultados revelam que as variações encontradas para G’ e G’’ com a freqüência são
decorrentes da presença de estruturas enovelada, emaranhadas, que de certa forma, estão
estruturadas de modo a conferir a mistura um comportamento semelhante ao apresentado por
misturas gel. A presença de íons Mg++ e Zn++ conferem uma força adicional intermolecular
permitindo que essas cadeias fiquem mais estruturadas adquirindo uma maior estabilidade
dimensional, estabilidade esta comprovada através dos ensaios de separação de fase. Outros
aspectos identificados referem-se à contribuição e tipo de estrutura que os íons Mg++ e Zn++
estabelecem na mistura. Nesse contexto, os ensaios reológicos de fluência e recuperação
permitiram identificar com clareza os aspectos das interações com os íons Mg++ e Zn++ na
mistura. Os íons Mg++ atuam fortemente estabelecendo interações com ambas as fases,
CMC e amido, enquanto que o íon Zn++ estabelece interações preferencialmente com a fase
CMC. Estas interações, ou naturezas distintas de interações, podem levar a formação de
estruturas mais organizadas, orientadas ou emaranhadas, dependendo da quantidade dos íons
em solução. Os resultados de separação de fases e de inoculação mostraram que o excesso de
íons, 2,5% , favorece a precipitação e inibe o crescimento e manutenção de células
bacterianas. Estes resultados levam a concluir que o tipo de morfologia adquirida pela
mistura, decorrente das interações íon-polímeros-água, contribui para um ambiente
desfavorável para aplicação desejada. Sendo assim, os resultados apontam que, para misturas
concentradas, uma quantidade de íons ideal deve ser adicionado à mistura dependendo da
composição e da morfologia formada para conferir estruturas mais ordenadas e organizadas,
necessárias para o produto.
No que se refere às misturas com soluções diluídas, os resultados de viscosimetria
revelaram que a mistura CMC/amido apresenta certa afinidade, ou, interação. Entretanto,
como também já revelado nos ensaios de reometria, as misturas são imiscíveis. O resultado de
viscosidade aparente das diferentes soluções aponta para formação de estruturas estáveis,
quando do uso de Mg++, as quais apresentam a menor separação de fases, quando comparado
com o Zinco. Em solução, as cadeias poliméricas do CMC e do amido estão mais livres e
susceptíveis às interações com a água e com os íons, do que pela mistura concentrada em que
temos polímero/água. Nesse cenário, a força iônica dos íons e seu poder de solvatação frente à
água são decisivos para formação de estruturas rígidas ou flexíveis. Além disso, os resultados
mostraram que os íons Mg++ solvatam melhor as moléculas de água, diminuindo a solvatação
das regiões hidrofóbicas, podendo acarretar a precipitação dos polímeros, principalmente em
altas concentrações de íons, fato observado para os íons Zn++, nas concentrações de 2,5 % de
ZnO.
Os resultados de inoculação, apresentados nesse trabalho mostram que as amostra
contendo íons Mg++ apresentaram um bom potencial para serem utilizadas em substituição à
turfa, pois foram as que apresentaram as melhores combinações de resultados, separação de
fase, comportamento reológico e sobrevivência.
85
Finalizando, esta dissertação além dos objetivos alcançados, apresenta uma nova
direção a ser seguida para o futuro da ciência das aplicações dos materiais poliméricos, bem
como para microbiologia. Mostrando alternativas tecnológicas para indústria dos inoculante.
86
8 SUGESTÕES
Caracterização das amostras por IR, Fluorescência e espalhamento de Luz para um melhor
entendimento das estruturas formadas.
Estudar outras aplicações como, por exemplo, em fluidos de perfuração de petróleo ou no
campo como em culturas de cana de açúcar, tomate (camada protetora nos frutos) e oleaginosas
(biodiesel).
Melhorar a estabilidade dimensional e a compatibilidade com os microorganismos estudando
a adição de novas substâncias como surfactantes e íons estratégicos como molibdato, molibdênio
e estanho.
Estudar outros tipos de misturas poliméricos compostos por hidrocolóides e polímeros
naturais.
87
9 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A pesquisa envolvendo a utilização de materiais poliméricos a base de CMC e amido para
produção de inoculante é fruto de um trabalho inovador que se propôs a desenvolver um
produto que se apresentasse adequado para sua utilização como inoculante. Para isso, essa
pesquisa é desenvolvida em parceria entre o departamento de engenharia química da UFRRJ
através do laboratório de tecnologia de polímeros e a EMBRAPA agrobiologia através do
laboratório de ecologia microbiana. Os estudos e resultados obtidos resultaram em um
depósito de patente e um depósito de um termo aditivo de patente, intitulados:
A) Depósito de uma patente PI 0506338-8 “COMPOSIÇÕES POLIMÉRICAS
CONTENDO INOCULANTE RIZOBIANO, USOS DAS MESMAS E SEMENTES
TRATADAS COM AS COMPOSIÇÕES”.
B) Depósito de um certificado de adição “COMPOSIÇÕES POLIMÉRICAS
CONTENDO INOCULANTE DE RIZOBACTÉRIAS PROMOTORAS DE
CRESCIMENTO, OPCIONALMENTE COMBINADO A INOCULANTE
RIZOBIANO, USOS DAS MESMAS E MATERIAL PROPAGATIVO TRATADO
COM AS COMPOSIÇÕES”.
Os resultados revelam o grande potencial das misturas poliméricas estudadas de grande
interesse tecnológico na agricultura e no meio ambiente.
88
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95
11 ANEXOS
CMC 2,5% MgO
100
1000
10000
0,1 1 10 100
Freqncia (rad/s)
Módulos (Pa)
G' G"
80/20 2,5% MgO
100
1000
10000
0,1 1 10 100
Freqncia (rad/s)
Módulos (Pa)
G' G"
60/40 2,5% MgO
10
100
1000
10000
0,1 1 10 100 1000
Freqncia (rad/s)
Módulos (Pa)
G' G"
50/50 2,5% MgO
1
10
100
1000
10000
0,1 1 10 100 1000
Frequência (rad/s)
Módulos (Pa)
G' G"
40/60 2,5% MgO
1
10
100
1000
10000
0,1 1 10 100 1000
Freqncia (rad/s)
Módulos (Pa)
G' G"
20/80 2,5% MgO
0,1
1
10
100
1000
10000
0,1 1 10 100 1000
Frequência (rad/s)
Módulos (Pa)
G' G"
Comportamento do modulo elástico ( G’) e viscoso ( G’’) em função da freqüência, para as
misturas CMC/Amido contendo 2,5% de MgO: 100 puro (a), 80/20 (b), 60/40 (c), 50/50 (d),
40/60 (e), 20/80 (f)
(a)
(b)
(d)
(f)
(c)
(e)
96
CMC 0,5% MgO
10
100
1000
10000
0,1 1 10 100 1000
Frequência (rad/s)
Módulos (Pa)
G' G"
80/20 0,5% MgO
100
1000
10000
0,1 1 10 100 1000
Freqncia (rad/s)
Módulos (Pa)
G' G"
60/40 0,5% MgO
1
10
100
1000
10000
0,1 1 10 100 1000
Freqncia (rad/s)
Módulos (Pa)
G' G"
50/50 0,5% MgO
1
10
100
1000
10000
0,1 1 10 100 1000
Frequência (rad/s)
Módulos (Pa)
G' G"
40/60 0,5% MgO
0,1
1
10
100
1000
10000
0,1 1 10 100 1000
Freqncia (rad/s)
Módulos (Pa)
G' G"
20/80 0,5% MgO
0,01
0,1
1
10
100
1000
10000
0,1 1 10 100 1000
Freqncia (rad/s)
Módulos (Pa)
G' G"
Comportamento do módulo elástico ( G’) e viscoso ( G’’) em função da freqüência, para as
misturas CMC/Amido contendo 0,5% de MgO: 100 puro (a), 80/20 (b), 60/40 (c), 50/50 (d),
40/60 (e), 20/80 (f)
(a) (b)
(c) (d)
(e)
(f)
97
CMC 2,5% ZnO
10
100
1000
10000
0,1 1 10 100 1000
Freqncia (rad/s)
Módulos (Pa)
G' G"
80/20 2,5% ZnO
1
10
100
1000
10000
0,1 1 10 100 1000
Freqncia (rad/s)
Módulos (Pa)
G' G"
60/40 2,5% ZnO
0,1
1
10
100
1000
10000
0,1 1 10 100 1000
Freqncia (rad/s)
Módulos (Pa)
G' G"
50/50 2,5% ZnO
1
10
100
1000
10000
0,1 1 10 100 1000
Freqncia (rad/s)
Módulos (Pa)
G' G"
40/60 2,5% ZnO
0,01
0,1
1
10
100
1000
10000
0,1 1 10 100 1000
Freqncia (rad/s)
Módulos (Pa)
G' G"
20/80 2,5% ZnO
0,001
0,01
0,1
1
10
100
1000
10000
0,1 1 10 100 1000
Freqncia (rad/s)
Módulos (Pa)
G' G"
Comportamento do modulo elástico ( G’) e viscoso ( G’’) em função da freqüência, para as
misturas CMC/Amido contendo 2,5% de ZnO: 100 puro (a), 80/20 (b), 60/40 (c), 50/50 (d),
40/60 (e), 20/80 (f)
(a) (b)
(c)
(e)
(d)
(f)
98
CMC 0,5% ZnO
10
100
1000
10000
0,1 1 10 100 1000
Freqncia (rad/s)
Módulos (Pa)
G' G"
80/20 0,5% ZnO
10
100
1000
10000
0,1 1 10 100 1000
Frequência (rad/s)
Módulos (Pa)
G' G"
60/40 0,5% ZnO
0,1
1
10
100
1000
10000
0,1 1 10 100 1000
Freqncia (rad/s)
Módulos (Pa)
G' G"
40/60 0,5% ZnO
0,01
0,1
1
10
100
1000
10000
0,1 1 10 100 1000
Freqncia (rad/s)
Módulos (Pa)
G' G"
20/80 0,5% ZnO
0,001
0,01
0,1
1
10
100
1000
10000
0,1 1 10 100 1000
Freqncia (rad/s)
Módulos (Pa)
G' G"
Comportamento do modulo elástico ( G’) e viscoso ( G’’) em função da freqüência, para as
misturas CMC/Amido contendo 0,5% de ZnO: 100 puro (a), 80/20 (b), 60/40 (c), 40/60 (e),
20/80 (f)
(a) (b)
(c) (e)
(f)
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