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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
INSTITUTO DE BIOQUÍMICA MÉDICA
PROGRAMA DE BIOLOGIA ESTRUTURAL
CARACTERIZAÇÃO FUNCIONAL DAS α -AMILASES DE Bacillus
subtilis E Pyrococcus furiosus – ESTUDO DA ENZIMA
NATIVA DE Bacillus E EXPRESSÃO HETERÓLOGA DA α-
AMILASE DE Pyrococcus furiosus EM Pichia pastoris .
PABLO AUGUSTO CARDOSO SOARES
RIO DE JANEIRO
2008
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ii
CARACTERIZAÇÃO FUNCIONAL DAS α -AMILASES DE Bacillus
subtilis E Pyrococcus furiosus – ESTUDO DA ENZIMA
NATIVA DE Bacillus E EXPRESSÃO HETERÓLOGA DA α-
AMILASE DE Pyrococcus furiosus EM Pichia pastoris .
PABLO AUGUSTO CARDOSO SOARES
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
INSTITUTO DE BIOQUÍMICA MÉDICA
PROGRAMA DE BIOLOGIA ESTRUTURAL
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iii
CARACTERIZAÇÃO FUNCIONAL DAS α -AMILASES DE Bacillus
subtilis E Pyrococcus furiosus – ESTUDO DA ENZIMA
NATIVA DE Bacillus E EXPRESSÃO HETERÓLOGA DA α-
AMILASE DE Pyrococcus furiosus EM Pichia pastoris .
PABLO AUGUSTO CARDOSO SOARES
Dissertação submetida ao corpo docente do
Instituto de Bioquímica Médica da
Universidade Federal do Rio de Janeiro
como parte dos requisitos necessários à obtenção
do grau de mestre em Química Biológica.
ORIENTADOR: JULIO ALBERTO MIGNACO
iv
Banca Examinadora_________________________________________
Dr. Marcelo Alves Ferreira
Pesquisador da FioCruz
Dr. Paulo César de Carvalho-Alves
Professor Adjunto do Instituto de Bioquímica Médica, UFRJ
Dra. Geórgia Corrêa Atella
Professor Adjunto do Instituto de Bioquímica Médica, UFRJ
Revisor_____________________________________________________
Dr. Marcius da Silva Almeida
Professor Adjunto do Instituto de Bioquímica Médica, UFRJ
Suplente____________________________________________________
Dra. Cláudia dos Santos Magioli
Pesquisador Junior do Instituto Nacional de Propriedade Industrial
Orientador__________________________________________________
Dr. Júlio Alberto Mignaco
Professor Adjunto do Instituto de Bioquímica Médica, UFRJ
Co-Orientador______________________________________________
Dr. Carlos Frederico Leite Fontes
Professor Adjunto do Instituto de Bioquímica Médica, UFRJ
v
Soares, P.A.C.
Caracterização funcional das α-amilases de Bacillus subtilis e
Pyrococcus furiosus Estudo da enzima nativa de Bacillus e expressão
heteróloga da α-amilase de Pyrococcus furiosus em Pichia pastoris.
115 fls.
Tese: Mestre em Química Biológica
1 - α-amilase; 2 - Bacillus subtilis ; 3 - Pyrococcus furiosus; 4
- Expressão heteróloga de proteínas; 5 - Enzimas.
I. Universidade Federal do Rio de Janeiro – Bioquímica Médica
II. Título
vi
Este trabalho foi desenvolvido no laboratório de Estrutura e
Regulação de Proteínas e ATPases do Instituto de Bioquímica Médica da
Universidade Federal do Rio de Janeiro, sob a orientação do Professor Júlio
Alberto Mignaco e co-orientação do Professor Carlos Frederico Leite
Fontes, na vigência de auxílios concedidos pela CAPES, FAPERJ, CNPq e
TEP-CENPES.
vii
“ Põe o quanto és no mínimo que fazes. ”
Fernando Pessoa
viii
Ao meu pai, minha mãe, e meu irmão,
que estiveram sempre ao meu lado.
ix
Agradecimentos_____________________________________________
Não poderia começar meus agradecimentos por outra pessoa sem ser
por Júlio Alberto Mignaco, que conheci através do CEDERJ. Antes de
decidir fazer o mestrado na UFRJ eu trabalhava como roteirista das aulas
de biologia do curso de Ciências Biológicas do CEDERJ. Foi a partir daí
que o Júlio me fez o convite para ser seu aluno de mestrado e dar
andamento ao projeto das amilases. Desta forma sou profundamente grato
por ele ter acreditado em mim e ter me dado esta oportunidade.
Outro tão importante quanto Júlio é Carlos Frederico Leite Fontes
(FRED) que com todo seu jeitão também acreditou e confiou a mim a
responsabilidade de tocar este projeto. E hoje, muito mais do que meus
orientadores, eles são meus grandes amigos. Falando no Fred, não posso
deixar de agradecer toda a paciência e cumplicidade de sua esposa Denise,
que foi muito importante e uma grande amiga em todo esse caminho.
Lembro-me como se fosse hoje, o dia em que tive que usar o
espectrofotômetro pela primeira vez, estava meio nervoso, pois nem Julio e
Fred estavam mais no laboratório. Para minha surpresa e sorte” a Lia
ainda estava no laboratório. Quando ela me viu com aqueles vários tubos
para serem lidos e um olhar muito pensativo para o espectrofotômetro, ela
perguntou: “Você quer ajuda?”. E eu, obviamente, respondi que SIM. Foi
nesse dia que, além de eu aprender a usar o espectrofotômetro, passei a
x
contar a ajuda dela para várias coisas. Não posso deixar de agradecer todas
as vezes que ela ficava me esperando até eu acabar um experimento,
mesmo quando eu errava um pouquinho” na previsão do término.
Agradeço também a ela por me ensinar a montar o gel de SDS-PAGE e
sutileza para dizer a solução de Acrilamida precisa conter também Bis-
Acrilamida, pois sem ela o gel não polimeriza. Enfim, foram inúmeras às
vezes em que a Lia esteve ao meu lado me ajudando e dando boas idéias,
desta forma ela se tornou uma excelente amiga, companheira,... . Faltariam
palavras para que eu pudesse expressar toda minha gratidão e admiração
por ela.
Tenho muito a agradecer também a Cristiane Maia Alves (CRIS),
minha aluna de iniciação científica, que se mostrou muito presente e
atuante em todos os experimentos. Graças a alguns equívocos cometidos
por ela obtivemos alguns resultados realmente surpreendentes. Não tenho
palavras para dizer o quão grato sou a ela, só o que posso dizer é que, além
de ser uma excelente aluna, é uma grande amiga, e esteve do meu lado nos
momentos bons e ruins, onde parecia que tudo estava dando errado... por
isso, sou imensamente grato a ela.
Não poderia deixar de citar todos os membros do laboratório da
Professora Eleonora Kurtenbach, em especial meu amigo Iuri Bastos
Pereira, que foi o meu tutor na expressão heteróloga da α-amilase de
xi
Pyrococcus furiosus, pois sem ele meu trabalho seria infinitamente mais
árduo.
Agradeço também aos Professores Hector Barrabin e Helena Maria
Scofano pelos bons conselhos, críticas e idéias durante as apresentações
dos journals de laboratório.
Como não poderia deixar de ser, agradeço também a todos os meus
amigos e amigas do laboratório, Otacílio, Bernardo, Cristiano, Leandro,
Thiago, Luciano, Jorge, Marcelo, Daniel, Ana Paula, Vanessa Honorato,
Vanessa Cortes, Milene, Juliana, Danielly, Rosângela, Mônica, e todas as
outras pessoas que por ventura tenha me esquecido, que participaram direta
e indiretamente no meu trabalho.
Agradeço agora às duas pessoas que foram, são e serão as mais
importantes na minha vida, que são os meus pais: Dionísio Soares e Zélia
Soares, que sempre estiveram presentes, me apoiaram, e acreditaram em
mim, em todas as situações.
Finalizando minha lista de agradecimentos, gostaria de agradecer a
Deus por tudo o que aconteceu em minha vida durante esta caminhada, e
espero ter aprendido tudo o que ele quis me dizer com diferentes sinais,
pois uma coisa é certa: NADA É POR ACASO!
xii
Resumo:
As α-amilases microbianas são utilizadas nas indústrias têxtil,
alimentícia e de detergentes. Nós estudamos duas amilases, oriundas de
Bacillus subtilis e Pyroccocus furiosus. Ambas são acidófilas, sendo a de
Bacillus subtilis termotolerante e a de Pyroccocus furiosus termoresistente.
Neste trabalho verificamos o efeito de diferentes meios, substratos,
concentrações de sais, e pressão hidrostática na atividade da α-amilase de
Bacillus subtilis, e para a α-amilase de Pyroccocus furiosus descrevemos
uma metodologia de expressão heteróloga desta proteína, o efeito da
concentração de substratos, e sua termoresistência. As culturas de Bacillus
subtilis foram crescidas em meio LB a 30 °C por 72 horas. O sobrenadante
foi estocado a 4 °C, posteriormente foi precipitado com uma solução de
sulfato de amônio (62,5%). Além disso foi utilizado um concentrador
Amicon (corte de 10 kDa) onde as enzimas foram concentradas de 50-200
vezes e refrigeradas. A α-amilase de Pyroccocus furiosus foi expressa em
Pichia pastoris sob o controle do promotor AOX1, altamente expresso por
indução com metanol. Neste sistema, a atividade amilásica alcançou seu
máximo após 8 dias de expressão. Após estes 8 dias, os sobrenadantes
destas culturas foram armazenados a 4 °C. A atividade, testada em água
adicionada de 0,4 M de NaCl ou água do mar sintética, 20 mM de tampão
(pH 5.5 para B. subtilis e pH 4.5 para P. furiosus), 0,1% de amido solúvel e
1 mM de CaCl
2
, foi analisada pelo método de DNS. Os substratos
sintéticos nitrofenil-maltotriosídeo (CNPG3), nitrofenil-maltopentaose
(pNPG5), e amido propilado também foram utilizados. O amido propilado,
usado no reboco de poços de petróleo, mostrou-se um bom substrato para
ambas enzimas. A atividade amilásica foi medida a 55 °C-75 °C (B.
subtilis) e 80 °C-100 °C (P. furiosus). Em água do mar, a atividade
aumentou e se manteve por mais de 120 min. quando 4 M de NaCl foi
adicionado (B. subtilis). CNPG3, mas não pNPG5, se mostrou um bom
substrato em todas as temperaturas. A pressão hidrostática aumentou a
atividade hidrolítica em 3,5 vezes a 2,0 kbar, e a atividade se manteve por
mais de 120 min. a 55 °C (B. subtilis). Estas duas enzimas podem ser úteis
em processos industriais em virtude da sua versatilidade e graças aos seus
perfis de termotolerância e termoresistência, acidofilicidade, especificidade
de substrato, e para B. subtilis, pela ativação por pressão. Em suma, ambas
apresentaram um perfil desejado para aplicações ligadas à cadeia produtiva
de petróleo e ou gás.
xiii
Abstract:
Microbial α-amylases are used in food, textile, and detergent
industries. We studied two amylases, one from Bacillus subtilis and another
from Pyroccocus furiosus. Both proved to be acidophilic and
thermoresistant. In this work we report the effects of different media,
substrates, enzyme concentration, salt concentration, and hydrostatic
pressure, on the Bacillus subtilis amylase activity, and for Pyroccocus
furiosus we describe the heterologus expression methodology of α-amylase
and also the effects of substrate concentration, enzyme concentration.
Bacillus subtilis cultures were grown in LB medium at 30 °C with passages
at 72 h. The supernatants, stored at 4 °C, were precipitated with ammonium
sulfate (62.5%). Otherwise, an Amicon concentrator (10 kDa-cutoff) was
used. Enzyme was concentrated 50-200 fold and frozen. The α-amylase of
Pyroccocus furiosus was expressed in Pichia pastoris under control of the
AOX1 promoter, highly expressed under induction with methanol. In this
system, a peak of amylase activity could be detected after 8 days of
expression. After 8 days, the supernatants were stored at 4° C. Activity was
tested either in freshwater supplemented with 0.4 M NaCl or in synthetic
seawater with 20 mM buffer (pH 5.5 for B. subtilis and pH 4.5 for P.
furiosus), 0.1% soluble starch, 1 mM CaCl
2
, was assayed by the (DNS)
method. The synthetic substrate nitrophenyl-maltotrioside (CNPG3),
nitrophenyl-maltopentaose (pNPG5), and propylated starches were also
used. This starch was a good substrate for both enzymes. The amylolytic
activity was assayed at 55 °C-75 °C (B. subtilis) and 80 °C-100 °C (P.
furiosus). In seawater, the activity increased and lasted longer (>120 min)
when 4 M NaCl was added (B. subtilis). CNPG3 was a substrate at all the
temperatures, and hydrostatic pressure activated hydrolysis by 3.5-fold at
2.0 Kbar, with stability for more than 120 min at 55°C (B. subtilis). These
two enzymes might be suitable for industry due to the good
thermotolerance, acidophilic preference, substrate broad-specificity and, for
the B. subtilis enzyme, pressure activation.
xiv
Lista de Abreviações:
AOX – enzima álcool-oxidase
Atm - atmosferas
BBS – meio salino básico
BMG – meio mínimo glicerol
BSA – albumina bovina sérica
Ca
++
- íons cálcio
CNTP – condições normais de temperatura e pressão
CNPG3 - Nitro fenil maltotriosídeo
DNA – ácido desoxirribonucléico
DNS – Ácido 3,5 dinitro-salicilato
DO – densidade óptica
DTT – ditiotreitol
GAPDH – enzima gliceraldeído-3-fosfato-desidrogenase
IPTG – isopropil-β-D-tiogalactopiranosídeo
LB – meio Luria-Bertani
MPa – Megapascal
NaOH – Hidróxido de sódio
NaCl – Cloreto de sódio
OGM – organismo geneticamente modificado
PCR – reação de polimerização em cadeia
xv
pH – potencial hidrogeniônico
SDS – dodecil sulfato de sódio
SDS-PAGE – eletroforese em gel de poliacrilamida na presença de SDS
TAE – tampão Tris-acetato-EDTA
TBE – tampão Tris-borato-EDTA
YPD – meio extrato de levedo, peptona e dextrose
KCl – cloreto de potássio
xvi
Índice:
1- Introdução___________________________________________________________________ 1
1.1 - Amido e polissacarídeos em geral______________________________________________ 1
1.2 - Características das a-amilases_________________________________________________
4
1.3 - Procedimentos industriais_____________________________________________________ 12
1.3.1 - Utilização de α-amilase em poços de petróleo___________________________________ 14
1.4 - Microorganismos produtores de amilases_________________________________________ 16
1.4.1 - Temperatura______________________________________________________________ 16
1.4.2 - pH______________________________________________________________________ 18
1.4.3 - Disponibilidade de água_____________________________________________________ 18
1.4.4 - Disponibilidade de oxigênio_________________________________________________ 19
1.4.5 - Bacillus subtilis___________________________________________________________ 20
1.4.6 - Pyrococcus furiosus________________________________________________________
21
1.5 - Expressão heteróloga de α-amilases em Pichia pastori______________________________ 23
2 Objetivos___________________________________________________________________ 28
3 - Material e métodos____________________________________________________________ 29
3.1 - Cultura de células e armazenamento do sobrenadante da cultura de Bacillus subtilis_______ 29
3.2 - Determinação do crescimento das culturas de Bacillus subtilis________________________ 30
3.3 - Determinação da atividade enzimática___________________________________________ 31
3.4 – Teste de estabilidade enzimática dos sobrenadantes________________________________ 33
3.5 - Determinação da atividade amilásica em função da temperatura_______________________ 33
3.6 - Determinação da atividade amilásica em função do pH______________________________ 34
3.7 - Efeito de indução da produção e secreção da α-amilase por Ca
+2
e amido_______________ 34
3.8 - Enriquecimento da atividade amilásica através de precipitação com Sulfato de Amônio____ 35
3.9 - Enriquecimento da atividade amilásica por concentração com concentrador Amicon______ 36
3.10 - Determinação da halotolerância na atividade enzimática____________________________ 37
3.11 - Determinação da atividade enzimática em função do tempo_________________________ 38
3.12 - Determinação do peso molecular da amilase através de SDS-PAGE__________________ 38
3.13 - Coloração de gel pelo método de Prata Rápida___________________________________ 39
3.14 - Determinação da atividade amilásica sob pressão hidrostática_______________________ 41
3.15 - Amplificação, clonagem e expressão do gene da a-amilase extracelular de Pyrococcus
furiosus____________________________________________________________________ 42
3.15.1 - Otimização de códons do gene da amilase de Pyrococcus furiosus__________________ 42
3.15.2 - Sub-clonagem e expressão heteróloga da amilase de Pyrococcus furiosus_____________ 43
3.15.3 – Transfecção do vetor pPIC9 para DH5-α (células competentes)____________________ 44
3.15.4 - Transformação de Pichia pastoris com o vetor pPIC9____________________________ 45
3.15.5 - Testes de expressão da amilase recombinante __________________________________ 47
xvii
3.16 - Determinação da atividade amilásica de Pyrococcus furiosus recombinante____________ 48
3.17 - Formulação do meio reacional para determinação da atividade da amilase
recombinante_______________________________________________________________
48
3.18 - Determinação da atividade amilásica em função da temperatura______________________ 49
3.19 - Determinação da atividade amilásica em função do pH_____________________________ 49
3.20 - Determinação da atividade amilásica em função da concentração de enzima (sobrenadante) 50
3.21 - Determinação da atividade amilásica em função da concentração de substrato___________ 50
3.22 - Determinação da atividade amilásica em função de concentrações baixas de enzima
(sobrenadante) e mais substrato_________________________________________________ 51
3.23 - Determinação do peso molecular da amilase por SDS-PAGE________________________ 52
4 - Resultados__________________________________________________________________ 53
4.1 - Bacillus subtilis_____________________________________________________________ 53
4.1.1 - Determinação do crescimento das culturas de Bacillus subtilis______________________ 53
4.1.2 – Teste de estabilidade enzimática dos sobrenadantes_______________________________ 55
4.1.3 - Determinação da atividade amilásica em função da temperatura_____________________ 57
4.1.4 - Determinação da atividade amilásica em função do pH____________________________ 59
4.1.5 - Efeito de indução da amilase por Ca
+2
e amido___________________________________ 61
4.1.6 - Enriquecimento da atividade amilásica através da concentração por precipitação com
Sulfato de Amônio_________________________________________________________ 63
4.1.7 - Determinação da halotolerância da atividade enzimática___________________________ 65
4.1.8 - Determinação da atividade enzimática em função do tempo________________________ 66
4.1.9 - Determinação do peso molecular da amilase de Bacillus subtilis por SDS-PAGE_______ 69
4.1.10 - Determinação da atividade amilásica sob pressão hidrostática______________________ 71
4.2 - Pyrococcus furiosus_________________________________________________________ 73
4.2.1 - Mapa do vetor pPIC9 com o local de inserção do gene_____________________________ 73
4.2.2 - Confirmação da transfecção do vetor pPIC9 para DH5-α (células competentes) por gel de
agarose__________________________________________________________________ 74
4.2.3 - Expressão da a-amilase de Pyrococcus furiosus em Pichia pastoris__________________
78
4.2.4 - Determinação da atividade amilásica em função do pH____________________________ 78
4.2.5 - Determinação da atividade amilásica em função de diferentes concentrações de substrato_ 82
4.2.6 - Determinação da atividade amilásica em função de concentrações baixas de enzima e altas
de substrato_______________________________________________________________ 86
4.2.7 - Determinação do peso molecular da amilase através de SDS-PAGE__________________ 90
5 - Discussão___________________________________________________________________ 92
5.1 - Aplicabilidade das α-amilases em processos industriais_____________________________ 92
5.2 - Parâmetros específicos da α-amilase de Bacillus subtilis (temperatura, pH, peso molecular,
estabilidade e salinidade)______________________________________________________ 93
5.3 - Expressão heteróloga da α-amilase de Pyrococcus furiosus em Pichia pastoris___________ 99
xviii
5.4 - Parâmetros específicos da α-amilase de Pyrococcus furiosus (temperatura, pH, peso
molecular e estabilidade)____________________________________________________
100
6 - Conclusão___________________________________________________________________ 103
7 - Referencias Bibliográficas______________________________________________________ 106
8 – Anexo_____________________________________________________________________ 114
xix
Índice das Figuras:
Figura 1 - Representação das ligações α-1-4 e α-1-6 entre as unidades de D-glicose___________ 2
Figura 2 - Representação estrutural da amilose e amilopectina____________________________ 3
Figura 3 - Diagrama da topologia da α-amilase com as quatro regiões conservadas ___________ 7
Figura 4 - Imagem cristalográfica da α-amilase de Bacillus subtilis________________________ 9
Figura 5 - Mecanismo catalítico proposto para α-amilase________________________________ 11
Figura 6 - Representação esquemática das faixas de temperatura ótima relacionadas aos
diferentes microorganismos_______________________________________________ 17
Figura 7 - Curva de crescimento bacteriano __________________________________________ 54
Figura 8 - Estabilidade da atividade amilásica em meio de expressão ______________________ 56
Figura 9 - Atividade amilolítica de amilase de Bacillus subtilis em função da temperatura de
incubação ____________________________________________________________ 58
Figura 10 - Atividade amilolítica de Bacillus subtilis em função do pH ____________________ 60
Figura 11 - Efeito do Ca2+ e do amido na atividade da amilase de Bacillus subtilis____________ 62
Figura 12 - Efeito da precipitação por sulfato de amônio na atividade amilásica de Bacillus
subtilis_______________________________________________________________ 64
Figura 13 - Efeito da adição de NaCl e KCl na atividade amilolítica da enzima de Bacillus
subtilis ______________________________________________________________
66
Figura 14 - Resistência da atividade amilolítica em função do tempo e temperatura ___________ 68
Figura 15 - SDS-PAGE 10% do sobrenadante de Bacillus subtilis concentrado por Amicon e por
precipitação com Sulfato de Amônio _______________________________________ 70
Figura 16 - Efeito de pressão hidrostática na atividade amilásica __________________________ 72
Figura 17 - Mapa do vetor pPIC9 adaptado do Manual de expressão em Pichia pastoris________ 74
Figura 18 - Eletroforese em gel de agarose da miniprep do vetor Ppic9 contendo o inserto de
interesse (Pyrfu amylase)________________________________________________
74
Figura 19 - Eletroforese em gel de agarose da digestão do pPic9 contendo o inserto de interesse_ 75
Figura 20 - Curva temporal da atividade amilásica para comparação entre os clones 1, 2 e 7 e os
controles negativos_____________________________________________________ 77
Figura 21 - Curva temporal da atividade amilásica em diferentes pHs (clone 01)______________ 79
Figura 22 - Curva temporal da atividade amilásica em diferentes pHs (clone 02)______________ 80
Figura 23 - Curva temporal da atividade amilásica em diferentes pHs (clone 07)______________ 81
Figura 24 - Curva temporal da atividade amilásica com diferentes concentrações de substrato
(amido) (clone 01)______________________________________________________
83
Figura 25 - Curva temporal da atividade amilásica com diferentes concentrações de substrato
(amido) (clone 02)______________________________________________________ 84
Figura 26 - Curva temporal da atividade amilásica com diferentes concentrações de substrato
(amido) (clone 07)______________________________________________________
85
xx
Figura 27 - Curva temporal da atividade amilásica para pequenos volumes de sobrenadante do
clone 1______________________________________________________________ 87
Figura 28- Curva temporal da atividade amilásica para pequenos volumes de sobrenadante do
clone 2______________________________________________________________ 88
Figura 29- Curva temporal da atividade amilásica para pequenos volumes de sobrenadante do
clone 7______________________________________________________________ 89
Figura 30 - SDS-PAGE 10% dos 3 clones utilizados na expressão da α-amilase de Pyrococcus
furiosus______________________________________________________________ 91
xxi
Índice de Tabelas:
Tabela 1_______________________________________________________________________ 95
1
1-Introdução:
1.1-Amido e polissacarídeos em geral
Os açúcares são considerados uma excelente fonte energética para os
seres vivos, e através da via glicolítica estes açúcares, em especial a
glicose, são degradados fornecendo a energia necessária para sobrevivência
da maioria dos organismos. A glicose é encontrada na constituição de
polímeros como celulose e amido que são produzidos predominantemente
em plantas superiores assim como o glicogênio que é aceito como a
principal reserva de açúcares em animais (Nielsen & Borchert, 2000).
Dentre os diversos polissacarídeos encontrados na natureza, um dos
mais abundantes é, indubitavelmente, o amido sendo considerado uma
fonte de energia facilmente acessível. O amido é sintetizado como
resultado da fotossíntese em um processo onde energia solar é convertida
em energia química. Este polímero é sintetizado em plastídios presentes
nas folhas, também podendo ser sintetizado em tubérculos, sementes e
raízes, e costuma ser depositado em grânulos presentes no citoplasma
celular de plantas. Sua composição é exclusivamente formada por unidades
de D-glicose ligadas entre si através do carbono 1 da hexose por ligações
glicosídicas (Fig. 1). Estas ligações são estáveis em pH básico, mas podem
sofrer hidrólise espontânea em pH ácido (Van der Maarel et al., 2002 ).
2
Figura 1: Representação das ligações α-1-4 e α-1-6 entre as unidades de D-glicose
(http://bifi.unizar.es/jsancho/estructuramacromoleculas/16polisacaridos/16polisac.htm).
Sabe-se que o amido é formado por dois componentes de alto peso
molecular, amilose e amilopectina. A amilose compõe de 15% a 25% da
estrutura do amido consistindo de um polímero linear formado por resíduos
de glicopiranose ligados entre si por ligações do tipo α-1,4. Por outro lado,
a amilopectina compõe 75% a 85% da estrutura deste polissacarídeo
consistindo de um polímero ramificado apresentando além de ligações
glicosídicas α-1,4, pontos de ramificação ocorrentes a cada 17 26
unidades de glicose com ligação do tipo α-1,6 (Fig. 2)(Jorgensen et al.,
1997).
3
Figura 2: Representação estrutural da amilose e amilopectina
(http://bifi.unizar.es/jsancho/estructuramacromoleculas/16polisacaridos/16polisac.htm).
4
1.2-Características das a-amilases:
As enzimas ocorrem em todos os organismos vivos e catalisam
reações bioquímicas necessárias para manutenção e controle metabólico.
Devido à complexa estrutura do amido, as células requerem uma
combinação apropriada de enzimas para sua despolimerização e obtenção
de açúcares menores como glicose e maltose. Estas enzimas podem ser
classificadas em quatro grupos (Van der Maarel et al., 2002 ):
I. Exo-enzimas, atuando na terminação não redutora da cadeia, gerando
produtos de baixo peso molecular como glicose, maltose e β-dextrina-
limite (e.g. β-amilase, glicoamilase e α-glicosidade - Bertoldo &
Antranikian, 2002).
II. Endo-enzimas, atuando no interior da cadeia e produzindo sacarídeos
lineares e ramificados de vários tamanhos (e.g. amilases - Bertoldo &
Antranikian, 2002).
III. Enzimas desramificadoras, que hidrolisam exclusivamente ligações
glicosídicas α-1,6 ( e.g. isoamilase e pullulanase tipo 1 - Israilides et al.,
1999).
IV. Transferases, que clivam a ligação glicosidica α-1,4 da molécula
doadora e transferem do doador para um aceptor glicosídico, com a
formação de uma nova ligação glicosídica. Enzimas como amilomaltase
5
e ciclodextrina glicosiltransferase formam uma nova ligação do tipo α-
1,4 enquanto que enzimas ramificadoras formam novas ligações do tipo
α-1,6 (Van der Maarel et al., 2002).
As α-amilases (EC: 3.2.1.1, α-glucan-4-glucanohidrolase) são
produzidas por animais, plantas e microorganismos, e são consideradas
endo-enzimas capazes de hidrolisar amido, glicogênio e outros
polissacarídeos, promovendo a clivagem da ligação glicosídica interna do
tipo α-1,4 e originando oligossacarídeos de diferentes tamanhos, porém
não são capazes de clivar ligações do tipo α-1,6 como aquelas presentes nas
ramificações das amilopectinas.
A maioria das enzimas amilolíticas são pertencentes a três diferentes
famílias de glicosidases, de acordo com a Carbohydrate Active Enzyme
(CAZy) database (Coutinho, 1999), baseado na homologia da seqüência de
aminoácidos de cada enzima:
I. Família 13, compreendendo α-amilases assim como outras
enzimas que tem atividade amilolitica.
II. Família 14, que compreende as b-amilases.
III. Família 15, que compreende as glicoamilases.
Apesar desses três grupos apresentarem amilases com funções
relacionadas, isto é, todas são capazes de clivar ligações glicosídicas
6
presentes no amido, estruturalmente elas apresentam características
próprias, não possuindo similaridade na seqüência de aminoácidos
(Janecek, & Sevcík, 1999). No entanto, duas α-amilases identificadas em
Dictyolglomus thermophilum e Pyrococcus furiosus não podem ser
classificadas na família 13, e foram incluídas na família 57 posteriormente
estabelecida (Jorgensen et al.,1997).
A família 13, ou família das α-amilases, compreende enzimas com as
seguintes características: Enzimas que sejam capazes de hidrolisar ligações
glicosídicas produzindo monossacarídeos ou oligossacarídeos α-
anoméricos, ou que formem ligações glicosídicas α-1,4 ou α-1,6
(transglicosilação), ou que possuem ambas as atividades. Além disso, estas
enzimas devem possuir uma estrutura (b/a)
8
(ou TIM barrel) contendo os
resíduos do sítio catalítico (Fig. 3), e apresentar em sua seqüência primária
as quatro regiões conservadas que contêm os aminoácidos que formam o
sítio catalítico (Kuriki & Imanaka, 1999).
7
Figura 3: Diagrama da topologia da α-amilase com as quatro regiões conservadas, em
amarelo nos temos as fitas β e em vermelho as α hélices (Nielsen & Borchert, 2000).
8
Estudos de difração de raio-X realizados com α-amilases de
mamífero e bacteriana mostraram que estas consistem de três domínios,
denominados A, B, e C (Fig. 4). O domínio A forma a região central da
molécula e contem os três resíduos referentes ao sítio ativo: Asp231,
Glu261, Asp328. O domínio B forma uma grande parte do sítio de ligação
para o substrato e acredita-se ter grande importância para as diferenças
observadas quanto a especificidade para substrato entre as α-amilases
(Nielsen & Borchert, 2000). O domínio C constitui a região C terminal da
enzima e sua função ainda não é conhecida. Porém, um estudo em que foi
feita a análise de mutações do domínio C da α-amilase de Bacillus
stearothermophilus sugeriu que esta região es envolvida na atividade
enzimática (Holm et al., 1990).
9
Figura 4: Imagem cristalográfica da α-amilase de Bacillus subtilis. O domínio A é
mostrado em verde, o domínio B em magenta, e o domínio C em azul. As esferas em
vermelho representam os íons cálcio. A estrutura em amarelo representa uma
maltopentose ligada ao sítio ativo da α-amilase (Nielsen & Borchert, 2000).
10
O mecanismo catalítico aceito para as α-amilases envolve dois
resíduos catalíticos do sítio ativo: um ácido glutâmico e um aspartato como
nucleófilo. De acordo com este mecanismo (Fig. 5), após o substrato se
ligar ao sítio ativo da amilase, o ácido glutâmico em sua forma ácida doa
um próton para o oxigênio da ligação glicosídica e em seguida o aspartato
realiza o ataque nucleofílico do C1 da glicose. Um íon oxocarbânion é
formado em um estado de transição, seguido pela formação de um
intermediário covalente. A molécula de glicose protonada deixa o sítio
ativo enquanto uma molécula de água ou uma nova molécula de glicose se
desloca para o sítio ativo e ataca a ligação covalente entre a glicose e o
aspartato. Novamente um íon oxocarbânion é formado em um estado de
transição. O glutamato por sua vez aceita um hidrogênio da água ou de uma
nova molécula de glicose que entrou no tio ativo. O oxigênio da água, ou
a molécula da glicose presente no sítio ativo, substitui a ligação do
oxocarbânion entre a molécula de glicose e o aspartato, originando um
novo grupo hidroxila na posição C1 da glicose ou uma nova ligação
glicosidica (transglicosilação) (Van der Maarel, et al., 2002). Apenas dois
dos três resíduos catalíticos conservados desempenham diretamente uma
função. O terceiro resíduo conservado, um segundo aspartato, se liga aos
grupos OH-2 e OH-3 do substrato através de pontes de hidrogênio e
desempenha um papel importante na modificação conformacional do
substrato (Uitdehaag et al., 1999).
11
Figura 5: Mecanismo catalítico proposto para α-amilase (Van der Maarel et al., 2002).
Para que esta enzima apresente boa estabilidade e atividade é
essencial a presença de pelo menos um íon Ca
++
por molécula, portanto, as
α-amilases são consideradas metaloenzimas. Além disso, o cálcio é
essencial para o correto enovelamento enzimático (Buisson et al, 1987). A
afinidade pelo cálcio é muito mais alta do que por outros íons, e a
quantidade de íons Ca
++
que se ligam à enzima pode variar de um a dez
(Janecek & Baláz, 1992). No entanto, um estudo realizado por Malhotra et
al. em 2000 mostrou que a bactéria Bacillus thermooleovorrans apresenta
produção da enzima e atividade α-amilásica independente da presença de
Ca
++
. O uso desta enzima na hidrólise de amido elimina a necessidade de
cálcio em processos como a liquefação de amido. Além do cálcio, o zinco
já foi descrito como um indutor da formação de enovelamentos distintos de
α- amilase de Bacillus subtilis (Janecek & Baláz, 1992).
12
1.3-Procedimentos industriais:
A hidrólise enzimática e modificações de polissacarídeos tem sido de
grande interesse no campo da biotecnologia. Enzimas termoestáveis
capazes de hidrolisar amido, como amilases, pululanases, e glicoamilases,
desempenham um importante papel na indústria alimentícia, química e
farmacêutica.
O processamento do amido em escala industrial emergiu em meados
dos anos 90, e no início o amido era hidrolisado a glicose utilizando o
tratamento com ácidos. Já em 1811, o cientista Kirchoff descobriu um
sabor adocicado obtido de uma suspensão de amido e água tratados com
ácidos diluídos. Porém, foi apenas em 1921 que Newkirk descreveu um
procedimento industrial para a produção de glicose a partir de amido.
Nesse processo o amido era misturado com água, fervido para dissolução
dos grânulos de amido e liberação de amilopectina e amilose na água, e em
seguida era tratado com ácido por certo tempo, dependendo do nível de
hidrólise que fosse desejável.
O método de hidrolise ácida para produção de glicose tem sido mais
recentemente substituído pelo tratamento enzimático, onde são empregadas
enzimas como α-amilases termoestáveis, pululanases, e amiloglicosidases,
entre outras. Após hidrólise completa do amido é possível obter glicose,
que pode ser convertida a frutose através da enzima glicose isomerase. Esta
13
conversão em muitos casos é necessária, considerando que a frutose é
aproximadamente duas vezes mais doce que a glicose (Van der Maarel et
al., 2002).
As enzimas capazes de hidrolisar amido, principalmente as α-
amilases, são utilizadas em diversos procedimentos industriais, como a
produção de amido modificado para a indústria de papéis, a liquefação de
amido, a remoção de amido em manufaturados de indústrias têxteis, e
também como aditivos para detergentes (Nielsen & Borchert, 2000).
É possível obter α-amilases estáveis através de isolamento de
microorganismos extremófílos, através da produção manipulada
geneticamente, ou através da estabilização de α-amilases instáveis por
modificações que podem ser realizadas através de imobilização,
modificações químicas, ou engenharia protéica (Janecek & Baláz, 1992).
Significantes avanços tem sido alcançados com o objetivo de
promover a otimização de α-amilases, principalmente em termos de
termoestabilidade, visando o melhor aproveitamento em procedimentos
industriais.
14
1.3.1-Utilização de α-amilase em poços de petróleo:
Poços horizontais e multilaterais são utilizados na indústria
petrolífera, em detrimento aos poços verticais, por mostrarem melhor
desempenho na drenagem e na produção de petróleo e gás do reservatório.
Mesmo sendo muito mais caros que os verticais, os poços horizontais têm a
capacidade de produzir de três a oito vezes mais que um poço vertical de
mesma profundidade. Contudo, a perfuração horizontal representa uma
operação mais complexa que a vertical, acarretando problemas
operacionais como o dano à formação, que diminui a produção do poço.
A maior parte dos danos à formação ocorre nas proximidades do
poço e resulta, na maioria dos casos, no entupimento dos poros com
detritos. Durante a perfuração, o contato do fluido de perfuração com a
zona produtora pode alterar as características permo-porosas do
reservatório, reduzindo a sua produtividade. A invasão dos fluidos de
perfuração, mesmo aqueles à base de água, compostos principalmente de
polímeros naturais (amido e goma xantana, por exemplo), na parede do
poço leva à formação de um reboco interno e externo (filter-cake),
necessário para manutenção da estrutura da formação, mas que precisa ser
removido no momento no qual o poço inicia a produção do petróleo.
Tradicionalmente são utilizados ácidos ou oxidantes fortes para
remoção do reboco. As espécies ácidas tipicamente utilizadas são o ácido
15
clorídrico ou o ácido acético. Apesar dos ácidos e dos oxidantes
apresentarem um bom desempenho no testes de laboratório, experiências
no campo indicaram que a aplicação dessas soluções não levou a uma
remoção efetiva do reboco (Hodge et al., 1996). Além disso, os ácidos e os
oxidantes não possuem especificidade em relação ao substrato que atacam.
Eles reagem com qualquer substância que seja passível de degradação,
incluindo as tubulações, os hidrocarbonetos e muitos dos componentes da
formação (Luyster e Ali, 2000; Suhy e Harris Jr., 1998). Uma alternativa à
utilização de ácidos e de oxidantes é a aplicação de soluções enzimáticas
que hidrolisem os polímeros presentes no reboco. A vantagem da utilização
das enzimas é que elas atuam sobre substratos específicos, no caso os
polímeros do reboco, não degradam a formação, nem reagem com os
equipamentos ou com o produto (Beall et al., 1996).
16
1.4-Microorganismos produtores de amilases:
O crescimento e atividade microbiana são profundamente afetados
pelas condições ambientais, e a compreensão destas influências ambientais
contribui para o desenvolvimento de métodos para controle e otimização da
atividade microbiana. Dentre os diversos fatores ambientais que podem ser
considerados, quatro são de grande relevância: temperatura, pH, e
disponibilidade de água e oxigênio. (Madigan et al., 2000)
1.4.1-Temperatura
A temperatura é um dos fatores que mais afetam a sobrevivência dos
microorganismos. À medida que a temperatura aumenta, as reações
químicas e enzimáticas passam a ocorrer em maior velocidade. Porém
quando a temperatura aumenta muito, essas enzimas podem sofrer danos
irreversíveis, pois o aquecimento provoca o aumento da atividade
metabólica até um ponto em que, porém, as reações de inativação começam
a atuar.
Os microorganismos, no que se refere às temperaturas ótimas de
crescimento, exibem diferentes faixas, que podem ser classificadas em
quatro grupos (Fig. 6): i) Psicrófilos, os organismos que apresentam
temperatura ótima de crescimento geralmente inferior a 15 °C; ii)
17
Mesófilos, com ótimos de crescimento em temperaturas medianas, que
variam de 15 a 45 °C; iii) Termófilos, cuja temperatura ótima para
crescimento situa-se na faixa de 45 a 80 °C, sendo estes microorganismos
encontrados principalmente em fontes termais e outros ambientes quentes;
e iv) Hipertermófilos, cujo ótimo para crescimento é superior a 80 °C
sendo encontrados na natureza apenas em áreas bastante restritas, como
fumarolas submersas. (Madigan et al., 2000)
Figura 6: Representação esquemática das faixas de temperatura ótima relacionadas aos
diferentes microorganismos. (Madigan et al., 2000)
18
1.4.2-pH
A maioria dos microorganismos tem uma faixa de pH favorável ao
seu crescimento que varia entre 2 a 3 unidades. Os ambientes naturais
costumam apresentar valores de pH variando entre 5 e 9, sendo os
organismos cuja faixa de pH corresponde a esses valores os mais comuns.
Organismos que crescem em pHs inferiores a 5 são denominados
acidófilos. Algumas bactérias são consideradas acidófilas obrigatórias,
como Thiobacillus sp., Sulfolobus sp. e Thermoplasma sp.. Por outro lado,
alguns microorganismos apresentam valores elevados relacionados ao pH
ótimo, podendo atingir o valor de 10, como, por exemplo, algumas cepas
de Bacillus, recebendo a denominação de alcalifílicos, sendo geralmente
encontrados em habitats muito básicos, como lagos ricos em carbonato e
bicarbonato de sódio, e em solos contendo carbonato. (Madigan et al.,
2000)
1.4.3-Disponibilidade de água:
A água é um importante fator que pode afetar diretamente o
crescimento dos microorganismos, sendo de fundamental importância para
as atividades metabólicas de cada organismo. A disponibilidade de água
não está somente relacionada ao conteúdo aquoso, mas também é função da
19
concentração de solutos, tais como sais e açúcares, que estão dissolvidos na
água. Organismos marinhos, que apresentam excelente crescimento e
atividade em água do mar, comumente apresentam a necessidade de certas
quantidades de cloreto de sódio, recebendo a denominação de halófilos.
Alguns organismos são capazes de suportar certa quantidade de sal
no ambiente, porém apresentam crescimento ótimo na ausência desse,
sendo denominados de halotolerantes. Outra classe de microorganismos
são os halófilos extremos, cujo crescimento ocorre em ambientes com
altíssimas concentrações de sal, (algumas espécies requerem até 15 a 30%
de cloreto de sódio para um ótimo crescimento). Estes são relevantes
principalmente em indústrias alimentícias, onde sais e açúcares são
adicionados como conservantes (Madigan et al., 2000).
1.4.4-Disponibilidade de oxigênio
Os microorganismos podem se comportar de diversas maneiras com
relação à necessidade ou tolerância ao oxigênio. Organismos capazes de
crescer em grandes tensões de oxigênio são ditos aeróbios. Por outro lado,
os microaerófilos são aeróbios utilizando oxigênio apenas quando este está
presente em níveis inferiores ao do ar devido a sua capacidade limitada de
respirar. Já os aeróbios facultativos, em condições apropriadas, podem
crescer tanto na presença como na ausência de oxigênio (Madigan et al.,
20
2000). O oxigênio é pouco solúvel em água, e em ambientes aquáticos e
alguns habitats úmidos (principalmente os que apresentam abundância de
matéria orgânica), o oxigênio pode ser rapidamente esgotado. Os
anaeróbios são aqueles que não utilizam oxigênio, havendo dois diferentes
tipos: anaeróbios aerotolerantes, que toleram e crescem na presença de
O
2
, e anaeróbios estritos, que são inibidos ou mortos pela presença de O
2
(Madigan et al., 2000).
Atualmente sabe-se que uma grande variedade de
microorganismos, pertencentes aos reinos Archaea e Bacteria, que são
perfeitamente capazes de degradar e utilizar amido como fonte de carbono,
através da secreção de enzimas capazes de degradar este biopolímero.
Neste trabalho foram utilizadas duas abordagens: o isolamento direto da α-
amilase do sobrenadante de cultivo de uma cepa de Bacillus subtilis, e a
expressão heteróloga, em Pichia pastoris, de uma α-amilase de Pyrococcus
furiosus.
1.4.5-Bacillus subtilis
As bactérias do gênero Bacillus são conhecidas por serem capazes de
produzir uma grande quantidade de enzimas extracelulares, sendo algumas
de grande importância industrial. Algumas cepas foram desenvolvidas
21
especificamente para a produção em massa de algumas amilases para fins
industriais (Cornelis, 1982).
Bacillus subtilis é uma bactéria gram-positiva, de vida livre,
comumente encontrada no solo, sendo capaz de formar um endosporo, o
que permite ao organismo sobreviver a condições extremas do meio
ambiente (Nakano & Zuber, 1998). Alguns livros de microbiologia a
classificam como aeróbica, mas Priest (1993) mostrou em seu trabalho que
ela é capaz de crescer em condições de baixa aeração. A α-amilase
produzida por esta bactéria é secretada para o meio de cultura, o que
permite separá-la da massa de células através de centrifugação, e foi
utilizada por nosso grupo diretamente.
1.4.6-Pyrococcus furiosus
Muitas regiões no mundo são consideradas extremas, como os
ambientes geotermais, as regiões polares, e as profundezas do oceano.
Nesses locais é praticamente impossível a sobrevivência de organismos
superiores, devido a sua complexidade e compartimentalização, logo, estes
ambientes se tornaram preferencialmente habitados por microorganismos
(Bertoldo & Antranikian, 2002). Pyrococcus furiosus é um exemplo de
microorganismo que sobrevive em condições extremas. Esta bactéria
marinha é anaeróbica, apresentando temperatura ótima para crescimento
22
em torno de 100 °C, e foi isolada, primeiramente, por Fiala & Stetter em
1986 de lama sulfurosa da costa da ilha Vulcano, Itália (apud Laderman et
al., 1993). Há mais de uma α-amilase secretada por esta bactéria, sendo que
uma delas foi purificada e caracterizada como um homodímero com massa
molecular de 130 kDa com caráter alcalófílo (Laderman et al., 1993).
Pyrococcus furiosus é um microorganismo hipertermófilo e,
portanto, potencialmente vantajoso quando se pode obter sua enzimas para
emprego em processos industriais e biotecnológicos. As enzimas
produzidas por estes organismos, como a α-amilase, são capazes de
catalisar reações bioquímicas em elevadas temperaturas, apresentando-se
normalmente mais estáveis que enzimas de mesófilos e, conseqüentemente,
prolongando a durabilidade de preparações enzimáticas (Madigan et al.,
2000). Os genes que codificam α-amilases extracelulares de P. furiosus
foram anteriormente clonados, e a enzima recombinante expressa em
Bacillus subtilis e em Escherichia coli (Jorgensen et al., 1997), visando
essencialmente sua otimização e aplicabilidade em procedimentos
industriais. Escolhemos uma destas seqüências, que corresponde a uma α-
amilase extracelular acidofílica, para realizar este trabalho.
23
1.5-Expressão heteróloga de α-amilases em Pichia pastoris
Alguns trabalhos mostraram que a quantidade de enzimas
produzidas pela maioria dos microorganismos hipertermófilos parece ser
insuficiente para aplicações biotecnológicas. A clonagem do gene
correspondente às enzimas, e sua expressão em um vetor heterólogo
poderia possibilitar a resolução deste problema. Sistematicamente, o
número de genes que codificam enzimas amilolíticas presentes em
organismos termófilos que foram clonados e expressos em leveduras tem
aumentado significantemente nos últimos anos (Bertoldo & Antranikian,
2002).
A levedura P. pastoris tem sido usada com sucesso na expressão
heteróloga de proteínas das mais variadas fontes, sendo uma importante
ferramenta biotecnológica nos dias de hoje. P. pastoris tem a capacidade de
crescer em condições de oferta mínima de nutrientes, utilizando metanol
como única fonte de carbono. Isso permite seu cultivo em meios simples (o
que facilita o processo de purificação da proteína heteróloga) e em
fermentadores para obtenção de grandes quantidades de biomassa e,
consequentemente, proteína (Daly & Hearn, 2005).
Várias são as vantagens do uso de organismos eucariotos no lugar de
procariotos para a expressão de proteínas heterólogas e, devido a isso, o
emprego da levedura P. pastoris vem crescendo consideravelmente,
24
principalmente nas últimas três décadas. A maquinaria pós-transducional
da levedura permite o correto enovelamento de proteínas estabilizadas por
pontes dissulfeto (no retículo endoplasmático) além de permitir outros
processamentos como a isomerização da prolina, sulfatação, lipidação,
fosforilação ou glicosilação, freqüentes em aproximadamente 0,5 1% de
todas as proteínas expressas por células eucarióticas (Lueking et al., 2000).
Além disso, o isolamento de proteínas heterólogas em P. pastoris é
facilitado pelo fato desta levedura não secretar uma grande quantidade de
suas próprias proteínas, facilitando o processo de purificação (Jahic et al.,
2006).
O alto custo e a dificuldade de manipulação de células de insetos e
mamíferos acaba representando uma outra vantagem do uso de leveduras
como sistema de expressão de proteínas: Leveduras são capazes de crescer
em meios de culturas de baixo custo relativo e ainda podem ser
abundantemente cultivadas em fermentadores, como anteriormente exposto
(Daly & Hearn, 2005). Além disso, a estabilidade dos transformantes
permite a expressão de proteínas mesmo em situações livres de pressão
seletiva. Neste caso, menos de 1% do gene recombinante é perdido a cada
geração mesmo na ausência de pressão seletiva (Romanos, 1995). Esta
vantagem sobre a expressão em bactérias se deve ao fato do plasmídio
utilizado para a transformação da levedura se integrar ao genoma da célula
e não apenas permanecer no citoplasma, como no caso de procariotos
25
(Sreekrishna et al., 1997). Vários trabalhos já demonstraram a expressão de
proteínas heterólogas, inclusive proteínas complexas como glicoproteínas
humanas e colágeno humano, que foram processadas e secretadas por P.
pastoris com sucesso (Hamilton et al., 2003) (Pakkanen et al., 2003).
Os primeiros plasmídeos construídos para a transformação de P.
pastoris se baseavam na seleção das células transformadas através do
auxotrofismo para histidina, um aminoácido essencial para a manutenção
da maquinaria celular. Nessas cepas inicialmente utilizadas, um dos genes
responsáveis pela transcrição da proteína histidina desidrogenase (HIS4),
envolvida na síntese de histidina, está deficiente (cepas GS115, KM71 e
SMD1168). Estas cepas são complementadas pelo gene HIS4 presente nos
plasmídeos comerciais (pHIL, pPIC9, pPIC9K, por exemplo) (Daly e
Hearn, 2005). A expressão por esses vetores se baseia no fato da levedura
metilotrófica conseguir crescer utilizando o metanol como sua única fonte
de carbono. A álcool oxidase é uma enzima chave na metabolização do
metanol. O gene que codifica esta enzima (AOX1) é fortemente induzido na
presença de metanol (Jahic et al., 2006). Deste modo, o gene recombinante
de interesse é clonado sob a regulação do promotor do AOX. (Daly &
Hearn, 2005). O tamanho dos primeiros vetores baseados nessa estratégia
de expressão foi fator limitante para o sucesso de algumas transformações
(Sears et al.,1998). Ainda, uma seqüência sinal originária da levedura
Saccharomyces cerevisiae, e responsável pela formação do pilus sexual
26
entre as leveduras do tipo A e α, permite a expressão de uma proteína de
fusão com a seqüência α de acasalamento (
a
-mating factor) e a proteína de
interesse. Tal peptídeo sinal é responsável pelo direcionamento do produto
expresso para a membrana celular e posterior secreção no meio de cultura.
A liberação da proteína recombinante livre da seqüência α de acasalamento
é obtida através de proteases específicas de P. pastoris (KEX2 e STE13)
presentes na membrana, cujos sítios de clivagem encontram-se entre o
peptídeo sinal e a proteína de interesse (Daly e Hearn, 2005).
Mais recentemente, alguns novos plasmídeos, de menores tamanhos,
foram obtidos e comercializados com o objetivo de facilitar o processo de
clonagem e expressão de proteínas em P. pastoris. Tais plasmídeos abrem
mão do gene complementar para a síntese de histidina e passam a conferir
seletividade baseada no uso do antibiótico zeocina. Deste modo, novas
cepas, agora deficientes na síntese de algumas proteases e não mais do
aminoácido histidina foram obtidas (SMD1168H, KM71H e a
caracterizada X-33) com o objetivo de expressar proteínas com base em
promotores diversos, a saber DHAS diidroxiacetona-sintetase e FLD1
formaldeído-desidrogenase (Chen et al., 2001, Daly e Hearn, 2005).
O promotor para a gliceraldeído-3-fosfato-desidrogenase (PGAP)
permite a expressão constitutiva das proteínas recombinantes, uma vez que
o seu gene é constitutivamente expresso na levedura. Assim, uma família
de vetores baseados nesse promotor (vetores pGAP), com o gene que
27
confere resistência à zeocina (vetores pGAPZ), podem ser obtidos
comercialmente. Além disso, a secreção do produto recombinante em
grandes quantidades no meio de cultura pode ainda ser alcançada através da
seqüência sinal de S. cerevisiae (vetores pGAPZα).
28
2-Objetivos:
Este trabalho tem os seguintes objetivos:
Ø Isolamento e caracterização enzimática da α-amilase de Bacillus
subtilis.
Ø Expressão heteróloga em Pichia pastoris e caracterização enzimática
da α-amilase de Pyroccocus furiosus.
29
3-Material e métodos:
Reagentes: todos os reagentes utilizados eram de grau analítico ou
superior. Os sais e o metanol utilizados eram das marcas Isofar, Vetec, ou
Reagen. A peptona (de carne) e o extrato de levedura eram da Oxoid.
Acrilamida, bis-acrilamida eram da Sigma. Tampões eram Sigma, USB, ou
Reagen. O ácido dinitrosalicílico (DNS) era VETEC. A ágarose (grau
biologia molecular) era Gibco. Os resultados obtidos foram sempre
similares independente da marca utilizada.
3.1-Cultura de células e armazenamento do sobrenadante da cultura
de Bacillus subtilis:
Primeiramente foi escolhida uma cepa de Bacillus subtilis (não
patogênica) que é produtora de amilase, a qual é secretada para o meio de
cultura. Para o crescimento destas culturas foram utilizados erlenmeyers de
vidro de 500 mL, devidamente fechados com rolhas de algodão hidrófobo e
gaze, posteriormente cobertas com papel alumínio. Após esta fase os
erlenmeyers foram autoclavados por 30 minutos e guardados em um
armário de materiais estéreis. Foi utilizado como meio primário de cultura
o meio Luria Bertani (LB) modificado, composto por: 1 L de água milli Q,
10 g de peptona, 5 g de extrato de levedura, 5 g de NaCl, o pH foi corrigido
para 7,0 com NaOH 5 M, utilizando um pHmetro Analyser (modelo pH
30
300M). Após a preparação do meio, o mesmo foi aliquotado em garrafas
(1l), autoclavado por 30 minutos e depois devidamente armazenado.
Depois de todo o material estar pronto e devidamente esterilizado o
inóculo foi feito da seguinte maneira: Os esporos foram resuspendidos em
4 ml de meio LB. 4 erlenmeyers de 500 mL, que foram previamente
preenchidos com 250 ml de meio LB, receberam 1 mL desta suspensão por
cada um. Tomando-se o cuidado de trabalhar próximo à chama de um bico
de Bunsen.
A partir deste momento os inóculos foram levados para um agitador
orbital termostatizado (Nova Ética modelo 430 RDE) à temperatura de 30
o
C, sob agitação de 125 rpm.
3.2-Determinação do crescimento das culturas de Bacillus subtilis:
A leitura de D.O. foi usada como parâmetro indicador do
crescimento das culturas. Nos primeiros repiques foram feitas curvas de
crescimento para verificar em que momento havia uma maior produção de
enzima. Para a realização da curva de crescimento alíquotas de 1 ml foram
retiradas nos tempos de 1, 2, 3, 4, 5, 6, 8, 12, 16, 24 e 48 horas e diluídas 1
vez em água Milli-Q. As leituras foram realizadas em espectrofotômetro
Spectro Vision modelo SB-1819S, no comprimento de onda de 470 nm.
31
A cada 48 horas eram feitos repiques para que as culturas fossem
mantidas. Os repiques eram realizados com a transferência de 250 µl da
cultura anterior para um novo erlenmeyer de 500 mL com 250 ml de meio
LB.
Após o repique, as culturas anteriores eram colocadas em garrafas de
centrifuga de 250 ml (Nalgene) e centrifugadas em uma centrífuga
refrigerada HITACHI, em rotor RPR-12-2, por 30 minutos a 6000 rpm, à
temperatura de 4
o
C. Ao final da centrifugação, o pellet (contendo células
íntegras e debris) era descartado, e os sobrenadantes devidamente
etiquetados e guardados a 4
o
C ou em freezer vertical a -18
o
C.
3.3-Determinação da atividade enzimática:
A metodologia que foi adaptada para a determinação da atividade
enzimática dos fluidos enzimáticos foi o método do ácido dinitrosalicílico –
DNS (Miller, 1959). Este método dosa os açúcares redutores, produtos da
quebra enzimática do amido, tendo glicose como referência. Foi utilizada
uma modificação do ensaio para dosagem de açúcares redutores do 3,5 di-
nitro-salicilato, que permite o emprego de volumes menores de amostra.
Este método possui sensibilidade para dosar hexoses e oligosacarídeos com
extremidades redutoras, em uma faixa de detecção de 5 a 150 mg totais.
32
Para a realização deste ensaio enzimático foram feitos dois brancos
distintos: um deles era a retirada da amostra no tempo zero e o outro foi
feito em meio de reação sem enzima. Cada um dos tempos experimentais
foi feito em duplicata. Para Bacillus subtilis, os experimentos foram feitos
com inóculos distintos, com n de 3 ou mais. Para Pyrococcus furiosus, os
experimentos foram feitos com uma só expressão e clones distintos.
O meio de reação, inicialmente para amostras não concentradas, era
composto por 800 µl de enzima (sobrenadante); 800 µl água do mar
autoclavada; 50 µL de tampão Acetato de Sódio, pH 5,0 2 M; 80 µL de
CaCl
2
(1 mM final)
e 400 µl de solução de amido 1% para dar início a
reação e em seguida os tubos eram colocados em banho-maria (55
o
C) . A
cada intervalo de tempo eram retirados 150 µl de amostra, que eram
colocados em um tubo de ensaio com 50 µl de HCl 1 N para parar a
reação, seguidos de 50 µl de NaOH 1 N para neutralização do pH. Em
seguida, os tubos eram colocados em banho de gelo.
Após a retirada do último ponto, 250 µl de reagente DNS foi
adicionado a cada um dos tubos, os quais foram então incubados em banho-
maria a 100 °C, por 5 minutos, para que o DNS reagisse com os açúcares
redutores formados pela hidrólise do amido nas amostras. O próximo passo
foi a adição de 2 ml de água Milli-Q em cada um dos tubos, para uma
adequada diluição para leitura a 540 nm no espectrofotômetro.
33
3.4-Teste de estabilidade enzimática dos sobrenadantes
Para verificar se haveria ação de possíveis proteases secretadas no
sobrenadante ou qualquer outro efeito que levasse a queda da atividade α-
amilásica, realizou-se um experimento utilizando dois sobrenadantes
distintos: Um recém repicado (15° repique) e outro (8° repique) que havia
sido mantido a 4
o
C por 16 dias.
Para a realização deste ensaio enzimático cada amostra tinha uma
seqüência de tubos com os tempos de 10, 20, 30, 40 e 60 minutos. Os
meios de reação e a avaliação do resultado foram feitos de acordo com a
metodologia descrita acima.
3.5-Determinação da atividade amilásica em função da temperatura:
Para a realização deste ensaio enzimático cada amostra tinha uma
seqüência de tubos com os tempos de 10, 20, 30, 40 e 60 minutos. Os
meios de reação foram preparados de acordo com a metodologia descrita
acima. Foram escolhidas as seguintes temperaturas 45
o
C, 55
o
C, 65
o
C e 75
o
C. Ao final da reação o resultado foi revelado pelo ensaio do DNS
(metodologia acima).
34
3.6-Determinação da atividade amilásica em função do pH:
Para a realização deste ensaio enzimático cada amostra tinha uma
seqüência de tubos com os tempos de 10, 20, 30, 40 e 60 minutos. Os
meios de reação foram preparados de acordo com a metodologia descrita
acima. Foi escolhida a temperatura de 55
o
C, pois de acordo com o
experimento anterior essa temperatura foi a melhor para esta amilase de B.
subtilis. A reação foi interrompida e adicionado o DNS a cada um dos
tubos, seguido por leitura em espectrofotômetro (metodologia acima).
Todos os tampões utilizados foram corrigidos para o efeito da temperatura
sobre as propriedades tamponantes do Tris, Mes-Tris, e Acetato de Sódio.
Para isso, empiricamente amostras sem enzima contendo tampão foram
aquecidas nas temperaturas utilizadas nos ensaios, e o pH do estoque de
tampão corrigido com diferentes volumes de HCl e NaOH.
3.7-Efeito de indução da produção e secreção da α-amilase por Ca
+2
e
amido:
Para a realização deste experimento foram preparados quatro meios
de cultura diferentes, sendo eles LB, LB + Ca
+2
, LB + Amido, e LB + Ca
+2
+ Amido. As culturas cresceram pelo período de 48 horas nestes
35
respectivos meios. O sobrenadante foi separado das células através de
centrifugação (metodologia citada anteriormente) para ser usado neste
experimento.
Neste ensaio enzimático cada amostra tinha uma seqüência de tubos
com os tempos de 10, 20, 30, 40 e 60 minutos. Os meios de reação foram
preparados de acordo com a metodologia descrita acima. Foi escolhida a
temperatura de 55
o
C.
3.8-Enriquecimento da atividade amilásica através de precipitação
com Sulfato de Amônio:
Para a realização deste experimento 150 ml de sobrenadante da
cultura foram precipitados com 350 ml de uma solução de Sulfato de
Amônio saturada (62,5%). Procedeu-se da seguinte maneira: o
sobrenadante (150 ml) foi colocado em um Becher de vidro de 500 ml, o
qual foi acondicionado em um recipiente com gelo sobre uma placa de
agitação. A solução saturada de Sulfato de Amônio foi lentamente
adicionada por gotejamento ao sobrenadante que estava sob leve e
constante agitação. Finda a adição, a mistura foi mantida a 4
o
C sob a
mesma agitação overnight. A mistura foi centrifugada a 18.000 rpm por
120 minutos em rotor RPR-12, a 4
o
C. O centrifugado foi então suspenso
em 10 ml de tampão Tris 10 mM (pH 7,5) com 1 mM de Ca
+2
, onde optou-
36
se por manter a enzima a pH ligeiramente alcalino no estoque para
minimizar a possível ação de proteases ácidas. Quatro meios de reação
distintos foram preparados usando 50 µl de concentrado da precipitação,
600 µl de sobrenadante da precipitação, 600 µl de sobrenadante do meio
LB e 600 µl de sobrenadante do meio LB + Ca
+2
. A diferença entre os
volumes enzimáticos foi compensada com a variação do volume de água do
mar autoclavada utilizada no meio reacional. Neste ensaio enzimático cada
amostra tinha uma seqüência de tubos de ensaio de vidro (10 ml) referentes
como brancos e os respectivos tempos de 10, 20, 30, 40 e 60 minutos. A
temperatura de reação foi de 55
o
C.
3.9-Enriquecimento da atividade amilásica por concentração com
concentrador Amicon:
Para a realização deste experimento 150 ml de sobrenadante da
cultura foram concentrados com o concentrador Amicon.
Este processo de concentração utiliza uma membrana filtrante com
poros de 30 kDa (Millipore). Este sistema de concentração conta com um
receptáculo que é acoplado a um suporte de metal, onde o mesmo se
conecta a um cilindro de nitrogênio, que mantêm uma pressão positiva de 4
kgf/cm
2
. Depois de montado o concentrador é mantido a 4
o
C sob agitação
de uma placa magnética. O filtrado é coletado em outro recipiente, para
37
posteriormente ser descartado. O receptáculo do concentrador comporta
somente 50 ml de sobrenadante, ou seja, o receptáculo foi enchido 3 vezes.
Após ser concentrado 15 vezes (150:10 ml), o concentrado de
sobrenadante é guardado em um tubo falcon de 15 ml a 4
o
C.
Neste experimento foi usado um volume de 50 µl de enzima. A
diferença entre os volumes enzimáticos foi compensada com a variação do
volume de água do mar autoclavada utilizada no meio reacional. Neste
ensaio enzimático cada amostra tinha uma seqüência de tubos com os
respectivos tempos: 10, 20, 30, 40 e 60 minutos. A temperatura de reação
foi de 55
o
C.
3.10-Determinação da halotolerância na atividade enzimática:
A halotolerância foi determinada com a utilização de tampão
Formiato de Sódio contendo 20 g/l de KCl e diferentes concentrações de
NaCl (36,37 g/l, 72,75 g/l, 145,5 g/l e 291 g/l). Os meios reacionais
contendo cada um dos tampões foram preparados de acordo com a
metodologia descrita anteriormente. Neste ensaio enzimático cada amostra
tinha uma seqüência de tubos com os tempos de 10, 20, 30, 40 e 60
minutos. A temperatura de reação foi de 55
o
C.
38
3.11-Determinação da atividade enzimática em função do tempo:
Neste ensaio foi usado apenas 50 µl de enzima concentrada com
sulfato de amônio (metodologia descrita acima), o pH foi 5,5, a
temperatura de reação foi 55
o
C e a salinidade 35 ppm (água do mar). Os
meios reacionais foram preparados de acordo com a metodologia descrita
anteriormente. Neste ensaio enzimático cada amostra tinha uma seqüência
de tubos de ensaio de vidro (10 ml) referentes aos brancos e aos tempos de
10, 20, 30, 40, 60, 90, 100, 110 e 150 minutos.
3.12-Determinação do peso molecular da amilase através de SDS-
PAGE:
Para esta determinação foi feito um gel de SDS-PAGE 10 % do gel
de corrida com 3% do gel de concentração (Laemmli, 1970). Para melhor
visualização da proteína, o sobrenadante foi concentrado com Amicon
(metodologia descrita anteriormente) e depois com sulfato de amônio
(metodologia descrita anteriormente). A cuba de eletroforese utilizada foi
um modelo Mini-PROTEAN Tetra Cell (BioRad) e a fonte foi uma Thermo
EC modelo EC250-90. Para cada gel foi utilizado 20 mA, corrente
constante e voltagem variável, por aproximadamente 1 hora.
39
3.13-Coloração de gel pelo método de Prata Rápida:
Para este método de coloração foram usadas as seguintes soluções da
seguinte maneira.
1. Primeiramente foi feita a fixação do gel com uma solução de Etanol
30% (Merck, Alemanha) e Ácido Acético 10% (Vetec, Brasil) por
30 minutos, em seguida o gel foi lavado 3 vezes por 5 minutos com
uma solução de Etanol 30% (Merck, Alemanha), depois o gel foi
lavado com água Milli-Q por 20 minutos com gel totalmente imerso
na água. Para o decréscimo de Background o gel lavado por 2
minutos com uma solução de Tiosulfato de dio 2,5 mM (Reagen,
Brasil), em seguida o gel foi lavado 2 vezes, por 5 minutos, com
água Milli-Q. O próximo passo foi expor o gel uma solução de
Nitrato de Prata 0,2% (Isofar, Brasil) com Formaldeido 0,03%
(Vetec, Brasil) por 30 minutos, em seguida o gel foi lavado com
água Milli-Q por 1 minuto. Depois a revelação foi feita com a
imersão do gel em uma solução de Carbonato de Sódio 3% (Isofar,
Brasil), Formaldeido 0,02% (Vetec, Brasil) e Tiosulfato de dio
0,02 mM (Reagen, Brasil). Após isso a reação foi parada com a
solução de Ácido Acético 100% (Vetec, Brasil) e para finalizar o
gel é lavado extensivamente com água Milli-Q.
40
Após a coloração o gel foi observado e fotografado em um trans-
iluminador.
41
3.14-Determinação da atividade amilásica sob pressão hidrostática:
Para a realização deste experimento a enzima foi incubada à
temperatura de 55
o
C em um meio contendo 1 mM de CNPG3 (nitrofenil-
maltotriosídeo), 20 mL de enzima concentrada, 1 mM CaCl
2
, em água do
mar tamponada com tampão Acetato de Sódio a pH 5,5, em um gerador de
pressão HIP (Erie, Pensilvânia, USA) acoplado a uma célula de pressão
termostatizada, com janelas ópticas, que permite a aquisição de dados em
tempo real (com a amostra continuamente submetida à pressão) em
temperatura controlada. A enzima foi exposta a uma variação de pressão de
até 200 MPa na temperatura de 55 °C. Posteriormente, foi realizado um
ensaio onde a mesma enzima foi submetida e mantida em um valor fixo de
alta pressão hidrostática (200 MPa) e mantida nesta condição para
avaliação da sua barotolerância.
42
3.15-Construção e expressão do gene da a-amilase extracelular de
Pyrococcus furiosus.
3.15.1-Otimização de códons do gene da amilase de Pyrococcus
furiosus:
Os códons do gene codificando a amilase de P. furiosus, foram
alterados, de modo a obter uma menor freqüência de códons raros para P.
pastoris, e também para aumentar o teor de GC, ambos fatores que podem
limitar a produção de proteínas recombinantes em P. pastoris (Cereghino et
al., 2002). Este redesenho foi feito manualmente, observando-se a distância
gênica entre os códons (distribuição ao longo da seqüência) e calculando o
teor de GC a cada alteração. O mRNA resultante foi submetido a análise da
formação de estruturas secundárias através do programa CLC
FreeWorkbench. O gene redesenhado com a otimização de códons foi
encaminhado para síntese automatizada e inserção no vetor pPIC9, a cargo
da firma Genscript © (www.genscript.com). O gene sintético otimizado foi
utilizado para uma nova expressão no sistema de Pichia pastoris. O
procedimento para obtenção de massa de plasmídio é descrito a seguir.
43
3.15.2-Sub-clonagem da amilase de Pyrococcus furiosus:
Uma amostra do vetor de expressão pPIC9 para uso em levedura
Pichia pastoris foi linearizada com as enzimas XhoI e EcoRI de forma a
expor o sítio de inserção para o gene da amilase de Pyrococcus furiosus. A
inserção se deu logo após o fator a de acasalamento de S. cerevisae e do
promotor AOX da enzima álcool oxidase. A construção do gene se deu
com o gene otimizado sem a inclusão da sequência Glu-Ala-Glu-Ala.
44
3.15.3-Transfecção do vetor pPIC9 para E. coli DH5-α (células
competentes):
Antes dos testes de expressão o vetor com a seqüência de interesse
foi transfectado utilizando-se a técnica de choque térmico de acordo com
Sambrook, et al., 1982, onde E.coli DH5-α foi usada para amplificação e
estocagem do vetor pPIC9.
Algumas culturas, onde se verificou o sucesso da transformação, a
partir de um tratamento com ampicilina, foram plaqueadas e usadas para a
extração de DNA plasmidial, usando-se o kit Wizard Plus SV da Promega.
Para aumentar a quantidade de plasmídeo (Sambrook, 1982), quatro clones
positivos foram utilizados para esta etapa. Logo após este procedimento,
um gel de agarose foi feito para verificar o tamanho do vetor amplificado.
A confirmação dos tamanhos da inserção e do vetor linearizado foi
realizada através da digestão do vetor com as enzimas de restrição SalI e
XhoI. A reação de digestão foi processada primeiramente por 3 horas a 37
o
C, com 5 µL da enzima XhoI para a linearização do vetor e depois a reação
foi interrompida, incubando-se em banho-maria a 65 °C por 15 minutos.
Logo após, 5 µL de SalI foram adicionados e a reação de digestão
conduzida por mais 3 h, a 37 °C, sendo interrompida da mesma maneira.
45
3.15.4-Transformação de Pichia pastoris com o vetor pPIC9:
Com a confirmação da etapa anterior, o próximo experimento foi a
realização de uma extração de DNA plasmidial em maior escala, para obter
o material para a eletroporação de P. pastoris. A extração foi realizada a
partir da propagação do clone 1 em meio líquido LB com ampicilina
enriquecido com peptona de carne (Isofar, Brasil). As células foram então
lisadas e o material foi submetido ao kit SV Wizard plus (PROMEGA),
seguindo rigorosamente o protocolo descrito pelo fabricante. Após este
procedimento, obtivemos aproximadamente 42 µg de DNA plasmidial em
150 µL de volume da midi-prep, quantidade suficiente para a etapa de
transfecção. Antes de realizarmos a transfecçcão, ainda submetemos o
material a uma nova digestão com SalI para linearizar o vetor e aplicamos
em um gel de agarose (1%) para extrair o vetor linearizado do gel, através
de um kit de extração de DNA em gel de agarose da PROMEGA.
Após a corrida do gel por 40 minutos, a banda foi visualizada no
transiluminador UV (coloração por brometo de etídio) e as bandas foram
recortadas do gel com o auxílio de um estilete. O material foi liquefeito e
submetido ao kit de extração.
A eletroporação foi então realizada conforme descrito adiante.
46
Incubamos duas colônias de leveduras (uma da linhagem GS115 e
outra da linhagem SMD1168) em 5 mL YPD (dextrose 2,0%, peptona
2,0% e extrato de bacto-levedura 1,0%) overnight a 28 °C .
As leveduras forma cultivadas até o meio atingir uma D.O.
600
de
1,34, quando as culturas foram imediatamente resfriadas e então
centrifugadas a 3.500 rpm por 15 minutos a 4
o
C para descarte do
sobrenadante. O precipitado celular foi lavado três vezes com água estéril
gelada, com centrifugações a cada lavagem, e ao final destas lavagens foi
ressuspenso em sorbitol 1 M gelado. Adicionou-se, às cubetas para
eletrotransferencia préviamente resfriadas, 320 µL de sorbitol gelado e 80
µL da suspensão de células. Após mistura, adicionou-se 5 µL de DNA
plasmidial linearizado (em torno de 5 µg/ml) e a suspensão resultante foi
mantida no gelo por 5 minutos. O aparelho de eletroporação foi então
ajustado para a voltagem de 2,43 Kv; capacitância de 25 µF e resistência de
400 Ω, e a amostra foi submetida ao pulso. Logo depois o material foi
mantido em gelo até a hora do plaqueamento. O plaqueamento foi feito
através da adição de 5, 10, 20 ou 100 µL das células transformadas a placas
de petri com meio YNB sólido. As placas foram incubadas a 30 °C por 3
dias.
Para confirmação dos clones transformados, foi feito um PCR de
colônia de 56 clones, onde utilizamos um primer comercial direcionada
para o gene AOX1 presente no do vetor pPIC9. A seleção se baseia em
47
produtos de PCR com tamanho diferente ao produto esperado do AOXI,
que tem que aparecer em todo caso.
3.15.5-Testes de expressão da amilase de recombinante:
Após a identificação dos clones efetivamente transformados, uma
série de testes de expressão foi realizada. As colônias escolhidas foram
semeadas em 5 mL de meio BMG 1%, em tubo Falcon de 50 mL. Estes
inóculos foram incubados em torno de 18 horas em shaker com agitação
vigorosa e temperatura de 30 °C. Após este período, o meio foi completado
até 50 mL com meio BMG 1% e transferidos para erlenmeyers de 125 mL.
Em seguida o inóculo foi incubado por 24 horas em shaker com vigorosa
agitação a 30 °C. O inóculo foi então centrifugado a 3500 RPM em
centrifuga MSE (modelo Mistral 2000) por 15 minutos, na temperatura de
30 °C. O pellet obtido foi suspendido em 10 mL de meio BMM (fosfato de
potássio 100 mM, 1,34% de YNB, 4 x 10
-5
% de biotina e 0,7% de metanol)
para promover a expressão da amilase. A indução da expressão foi
realizada diariamente com 0,7% de metanol por um período de 10 dias.
Para verificar a eficiência da indução da expressão, a cada dois dias uma
alíquota de 1 mL era retirada e adicionada em eppendorf seguida de
centrifugação. O sobrenadante separado era utilizado para verificação da
48
atividade amilásica através do método de DNS (metodologia descrita
anteriormente).
3.16- Formulação do meio reacional para determinação da atividade
amilase recombinante:
O meio de reação era composto por 800 µL de enzima
(sobrenadante); 800 µL água do mar autoclavada; 50 µL de tampão
Formiato de Na
+
2 M (~50 mM final, a pH 4,5); 80 µL de CaCl
2
e 400 µL
de solução de amido 1% . O restante da metodologia foi igual à utilizada
para a amilase de Bacillus subtilis, com ressalvas feitas para a temperatura
utilizada nos experimentos.
3.17- Determinação da atividade da amilase recombinante:
Como foi dito anteriormente, a expressão foi feita com o gene
otimizado. A expressão mostrou através dos géis de agarose e do PCR de
colônia que o construto havia sido realizado com sucesso e
consequentemente houve uma atividade enzimática excelente. Desta forma,
os géis mostrados nos resultados e os ensaios enzimáticos foram realizados
com os sobrenadantes (clones 1, 2 e 7).
49
3.18-Determinação da atividade amilásica em função da temperatura:
Para a realização deste ensaio enzimático cada clone selecionado (1,
2 e 7) tinha uma seqüência de tubos com os tempos de 20, 40, 60, 90 e 120
minutos. Os meios de reação foram preparados de acordo com a
metodologia descrita em seções anteriores. Foram escolhidas as
temperaturas de 80
o
C, 90
o
C e 100
o
C, devido à natureza termotolerante
esperada para a amilase de P. furiosus. Após parar a reação e fazer a reação
com o DNS como descrito anteriormente, a O.D. das reações foi lida no
espectrofotômetro para determinação das atividades (metodologia acima).
3.19-Determinação da atividade amilásica em função do pH:
Para a realização deste ensaio enzimático cada clone (1, 2 e 7) tinha
uma seqüência de tubos com os tempos de 20, 40, 60, 90 e 120 minutos. Os
meios de reação foram preparados de acordo com a metodologia descrita
acima. Foi escolhida a temperatura de 90
o
C e, de acordo com relatos da
literatura (Jorgensen et al., 1997) os seguintes pHs: 4,0; 4,5; 5,5 e 6,0. Ao
final da reação o resultado foi avaliado pelo método do DNS.
50
3.20-Determinação da atividade amilásica em função da concentração
de enzima (sobrenadante):
Para a realização deste ensaio enzimático cada um dos clones (1, 2 e
7) tinha uma seqüência de tubos com os tempos de 20, 40, 60, 90 e 120
minutos. Os meios de reação foram preparados com os seguintes volumes
de sobrenadante: 50 µL, 200 µl, 400 µL e 600 µL. A diferença entre os
volumes enzimáticos foi compensada com a variação do volume de água do
mar autoclavada utilizada no meio reacional. Foi escolhida a temperatura
de 90
o
C; 50 mM de tampão acetato (pH 5,5) e 400 µL de amido 1%. O
resultado foi revelado pelo método do DNS.
3.21-Determinação da atividade amilásica em função da concentração
de substrato:
Para a realização deste ensaio enzimático cada clone (1, 2 e 7) tinha
uma seqüência de tubos com os tempos de 20, 40, 60, 90 e 120 minutos. Os
meios de reação foram preparados com os seguintes volumes de amido 1%
(dissolvido em água do mar): 600 µL, 800 µL, 1000 µL, 1200 µL e 1550
µL para um volume total de 2130 µL. A diferença entre os volumes das
reações foi compensada com a variação do volume de água do mar
autoclavada utilizada no meio reacional. Foi escolhida a temperatura de
51
90
o
C; 50 mM de tampão acetato (pH 5,5), e 50 µL de enzima. O resultado
foi avaliado pelo método do DNS.
3.22-Determinação da atividade amilásica em função de concentrações
baixas de enzima (sobrenadante) e mais substrato:
Para a realização deste ensaio enzimático cada clone (1, 2 e 7) tinha
uma seqüência de tubos com os tempos de 20, 40, 60, 90 e 120 minutos. Os
meios de reação foram preparados com os seguintes volumes de
sobrenadante: 10 µL, 20 µL, 30 µL, e 40 µL, para um volume final de 2
mL. A diferença entre os volumes enzimáticos foi compensada com a
variação do volume de água do mar autoclavada utilizada no meio
reacional. Foi usada a temperatura de 90
o
C; 50 mM de tampão acetato (pH
5,5), e 1550 µL amido 1% (final 0,78%). O resultado foi avaliado pelo
método do DNS.
52
3.23-Determinação do peso molecular da amilase por SDS-PAGE:
Para esta determinação foi realizada um gel de SDS-PAGE a 10%
(Laemmli, 1970). Foram utilizados: poço 1, 5 µL de padrão de peso
molecular (Fermentas SM0441); poço 2, 5 µL de tampão de amostra (6x) e
25 µL do sobrenadante do clone 1 sem aquecimento; poço 3, 5 µl de
tampão de amostra (6x) e 25 µL do sobrenadante do clone 1 com
aquecimento; poço 4, 5 µL de tampão de amostra (6x), 25 µL do
sobrenadante do clone 2 sem aquecimento; poço 5, 5 µL de tampão de
amostra (6x), 25 µL do sobrenadante do clone 2 com aquecimento; poço 6,
5 µL de tampão de amostra (6x), 25 µL do sobrenadante do clone 7 sem
aquecimento e poço 7, 5 µL de tampão de amostra (6x), 25 µL do
sobrenadante do clone 7 com aquecimento. As amostras foram aquecidas
por 5 minutos a 100 °C.
A cuba de eletroforese utilizada foi um modelo Mini-PROTEAN
Tetra (BioRad). Para cada gel foram utilizados 20 mA e 120 V por
aproximadamente 1 hora. O gel foi corado pelo método de prata rápida da
mesma forma como o gel para a amilase de Bacillus subtilis.
53
4-Resultados:
4.1-Bacillus subtilis
4.1.1-Determinação do crescimento das culturas de Bacillus subtilis:
Como esperado para o crescimento de B. subtilis, na Figura 7 pode-
se ver uma fase lag nas primeiras 4 horas, seguida de um padrão
exponencial de crescimento típico até as 20 horas, atingindo a fase
estacionária a partir de 24 horas em diante. Medidas pontuais da atividade
amilásica a 3, 12, 24 e 36 horas de crescimento, mostraram que a produção
de amilase se inicia na fase exponencial e é mantida na fase estacionária
desta cultura (dados não mostrados).
54
Figura 7. Curva de crescimento bacteriano. As células foram crescidas a 30
o
C em
meio LB sob agitação de 125 rpm. Os pontos mostrados na curva representam os
tempos de 1, 2, 3, 4, 5, 6, 8, 12, 16, 24 e 48 horas.
55
4.1.2-Teste de estabilidade enzimática dos sobrenadantes:
De acordo com de Park et al. (2004) um conjunto de proteases
começa a ser secretado por B. subtilis depois da fase exponencial de
crescimento. Com base nesta possibilidade optou-se por analisar uma
possível interferência na atividade amilásica possivelmente causada pela
ação de enzimas proteolíticas. Nossos resultados sugeriram que a atividade
amilásica é estável (Figura 8).
56
Tempo (Min)
0 10 20 30 40 50 60 70
D.O.
540
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
refrigerador (8° repique)
15° repique
8° repique 15° repique
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
B
Atividade Relativa (µg/ ml enz/ min)
A
Figura 8. Estabilidade da atividade amilásica em meio de expressão. Sobrenadante
da cutlura de B. subtilis contendo a atividade amilásica foi armazenado por 16 dias a 4
°C. Após este período a atividade amilásica foi novamente medida (A) (O erro padrão
de cada ponto é representado pelas barras, n=3). O gráfico de barras representa os
valores de regressão linear para os pontos que melhor representam as velocidades
iniciais das curvas de progresso de reação (B).
57
4.1.3-Determinação da atividade amilásica em função da temperatura:
Para melhor caracterizar a amilase de B. subtilis, testamos a
termodependência e a termotolerância da atividade a temperaturas
crescentes. Na figura 9 estão os resultados que mostram que a enzima
apresentou melhor atividade e estabilidade à temperatura de 55
o
C.
Contudo, a enzima ainda se mostrou ativa a 65
o
C, apresentando atividade
comparável ao encontrado a 45
o
C. Entretanto, quando o ensaio foi
realizado a 75
o
C, esta preparação mostrou sinais de desnaturação, não
possuindo atividade mensurável. É relevante ressaltar que a 75
o
C ocorreu
precipitação visível da enzima, provavelmente evidenciando uma
agregação induzida por desnaturação térmica.
58
Tempo (min)
0 10 20 30 40 50 60 70
D.O.
540 nm
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
45 °C
55 °C
65 °C
75 °C
Temperatura
45 °C 55 °C 65 °C 75 °C
0
1
2
3
4
B
Atividade Relativa (µg/ ml enz/ min)
A
Figura 9. Atividade amilolítica de amilase de Bacillus subtilis em função da
temperatura de incubação. As temperaturas de incubação variaram de 45 °C a 75 °C.
A atividade amilásica foi medida de acordo com a metodologia citada anteriormente
(A). O gráfico de barras representa os valores de regressão linear para os pontos que
melhor representam as velocidades iniciais das curvas de progresso de reação (B).
59
4.1.4-Determinação da atividade amilásica em função do pH:
Diferentes linhagens de Bacillus subtilis, e diferentes espécies do
gênero Bacillus, notoriamente produzem amilases com diferentes
tamanhos, seqüências, termoestabilidade, e especificidades de pH para sua
melhor atividade (Najafi et al., 2005). Assim, procedemos à caracterização
não da termoestabilidade, mas também da dependência ao pH desta
amilase. Na Figura 10 estão representados os dados que mostram que esta
amilase de Bacillus subtilis apresenta um caráter acidofílico. O ótimo de
pH desta enzima está na faixa entre 5,0 e 6,0, sendo que a pH 7,0 a
atividade é muito menor, e comparável à encontrada a pH alcalino (8,0)
onde as amilases de Bacillus sp. em modo geral são menos ativas (Najafi et
al., 2005). Os resultados são a média de 3 experimentos em triplicata, à
temperatura de 55
o
C.
60
Tempo (Min)
0 10 20 30 40 50 60 70
D.O.
540 nm
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
pH 5,0
pH 6,0
pH 7,0
pH 8,0
pH
pH 5,0 pH 6,0 pH 7,0 pH 8,0
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
B
Atividade Relativa (µg/ ml enz/ min)
A
Figura 10. Atividade amilolítica de Bacillus subtilis em função do pH. Os meios
reacionais e as atividades foram preparados e medidos respectivamente de acordo com a
metodologia citada previamente com. Foram preparados 4 meios reacionais
promovendo uma variação de pH de 5,0 a 8,0 (A). O gráfico de barras representa os
valores de regressão linear para os pontos que melhor representam as velocidades
iniciais das curvas de progresso de reação (B). N = 3.
61
4.1.5-Efeito de indução da amilase por Ca
2+
e amido:
Foi relatado na literatura que a composição do meio de cultura pode
influenciar positivamente na produção de amilase por cepas de Bacillus sp.
(Santos & Martins, 2003). Assim sendo, uma série de testes com diferentes
combinações de amido e cálcio no meio de cultivo foi realizada. Na Figura
11 é representado o efeito de 0,1 mM de CaCl
2
, e de amido 0,1%, presentes
no meio de cultivo e mantidos durante o ensaio de amilase. Verificamos
que, para a cepa utilizada, o CaCl
2
adicional se mostrou indutor da
atividade de amilase, enquanto que o amido como fonte auxiliar de carbono
durante o crescimento bacteriano não foi efetivo em induzir a atividade
amilolítica desta cepa.
62
Tempo (Min)
0 10 20 30 40 50
D.O.
540 nm
0,00
0,05
0,10
0,15
0,20
0,25
0,30
normal (1)
normal + Ca
2+
(2)
amido no meio de cultura (3)
amido no meio de cultura + Ca
2+
(4)
0 1 2 3 4 5
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
B
Atividade Relativa (µg/ ml enz/ min)
A
Figura 11. Efeito do Ca
2+
e do amido na atividade da amilase de Bacillus subtilis.
Células foram crescidas em meio LB suplementado com 1 mM de CaCl
2
e/ou 1% de
amido solúvel, amido de milho regular ou amido hidrolisável por variados períodos e a
atividade amilásica da enzima secretada foi verificada. Os resultados não foram
diferentes para cada tipo de amido (A). O gráfico de barras representa os valores de
regressão linear para os pontos que melhor representam as velocidades iniciais das
curvas de progresso de reação (B). N = 3.
63
4.1.6-Enriquecimento da atividade amilásica através da concentração
por precipitação com Sulfato de Amônio:
Com o objetivo de promover o enriquecimento da atividade
amilásica, realizou-se uma precipitação do sobrenadante total da cultura
com solução saturada de sulfato de amônio. O material concentrado cerca
de vinte vezes em sulfato de amônio (50 µL) foi ensaiado em confronto
com 600 µL do sobrenadante normal. A técnica utilizada obteve sucesso,
pois a velocidade de hidrólise do material concentrado apresentou-se
bastante superior à curva com o sobrenadante não concentrado, que foi
elaborada com um volume total de enzima 12 vezes maior (Figura 12).
64
1 2 3 4
0
10
20
30
40
50
Tempo (Min)
0 10 20 30 40 50
D.O.
540 nm
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
normal (600 uL) (1)
normal + Ca2+ (600 uL) (2)
sob. da precipitação (600 uL) (3)
conc. da precipitação (50 uL) (4)
B
Atividade Relativa (µg/ ml enz/ min)
A
Figura 12. Efeito da precipitação por sulfato de amônio na atividade amilásica de
Bacillus subtilis. O sobrenadante da cultura foi precipitado com solução saturada de
sulfato de amônio (62,5%), na temperatura de 4 °C e sob leve agitação. A atividade
amilásica do sobrenadante e do precipitado após centrifugação foi testada a 55 °C (A).
O gráfico de barras representa os valores de regressão linear para os pontos que melhor
representam as velocidades iniciais das curvas de progresso de reação (B). N = 3.
65
4.1.7-Determinação da halotolerância da atividade enzimática:
Este ensaio foi realizado com a finalidade de verificar a influência da
salinidade na atividade amilolítica. Quatro meios, com concentrações
crescentes de cloreto de sódio (NaCl a 36,37 g/L, 72,75 g/L, 145,15 g/L,
291,0 g/L), comumente utilizado no campo petrolífero como agente
adensante, foram utilizados para este teste. Também foram preparados dois
controles, um contendo cloreto de potássio (20 g/L) e outro contendo
apenas tampão acetato de dio 50 mM. Tanto a elevação da salinidade até
um máximo de 291 g/L, adicionados a água do mar, perfazendo
aproximadamente uma concentração de NaCl de 5 M, quanto a presença de
KCl proporcionaram um aumento significativo na atividade enzimática
(Fig. 13).
66
Tempo (minutos)
0 10 20 30 40 50 60 70
D.O.
540 nm
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
somente KCl
36,37 g/L NaCl
72,75 g/L NaCl
145,5 g/L NaCl
291 g/L NaCl (5 M)
acetato de Na
+
Atividade Amilásica (ug/min/20 ul enzima)
0
5
10
15
20
20 g/LKCl
36,37 g/L NaCl
Acetato
de Na+
145,5 g/L NaCl
291 g/L NaCl
72,75 g/L NaCl
Figura 13. Efeito da adição de NaCl e KCl na atividade amilolítica da enzima de
Bacillus subtilis. Os resultados são da média de 2 experimentos e o gráfico de barras
representa os valores de regressão linear para os pontos que melhor representam as
velocidades iniciais das curvas de progresso de reação. Não houve uma diferença
significativa entre as diferentes concentrações de sal, mas nota-se um aumento
significativo em relação ao meio apenas tamponado com acetato de sódio.
67
4.1.8-Determinação da atividade enzimática em função do tempo:
O objetivo deste ensaio foi observar o comportamento da amilase
precipitada ao longo do tempo de ensaio, nas temperaturas de 60 °C e 70
°C (Fig. 14). O resultado obtido demonstra que a enzima apresenta-se
estável, resistindo ativa à temperatura de 60 °C, ao passo que a 70 °C a
atividade é diminuída, condizente com a inativação observada
anteriormente a 75
o
C. Nota-se que a formação de produto se mostrou
crescente por um período superior a duas horas em ambos casos,
evidenciando que a atividade se manteve, mesmo nestas temperaturas,
elevada para uma amilase proveniente de um organismo não-termófilo.
68
60 °C 70 °C
0
5
10
15
20
25
30
Temperatura
B
Atividade Relativa (µg/ ml enz/ min)
Tempo (Min)
0 20 40 60 80 100 120 140 160
D.O.
540 nm
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
60 °C
70 °C
A
Figura 14. Resistência da atividade amilolítica em função do tempo e temperatura.
A atividade amilolítica foi testada até 150 minutos usando 50 µL de sobrenadante
concentrado com solução saturada de sulfato de amônio. Os resultados são da média de
2 experimentos (A). O gráfico de barras representa os valores de regressão linear para
os pontos que melhor representam as velocidades iniciais das curvas de progresso de
reação (B).
69
4.1.9-Determinação do peso molecular da amilase de Bacillus subtilis
por SDS-PAGE:
As primeiras tentativas de observar a banda correspondente à amilase
de B. subtilis em SDS-PAGE diretamente a partir do sobrenadante das
culturas foram mal sucedidas, devido à baixa concentração de proteína ou a
sua coloração por azul de Coomassie ou prata. Para melhorar a
visualização da amilase no gel, o sobrenadante foi concentrado
inicialmente com o concentrador Amicon (metodologia descrita
anteriormente) e posteriormente com solução saturada de Sulfato de
Amônio 62,5% (metodologia descrita anteriormente). Antes da aplicação
das amostras no gel, recorremos à utilização de uréia e de aquecimento (60
s em banho-maria a 100
o
C) para promover a desnaturação da amilase,
diminuindo a formação de dímeros e agregados e facilitando assim a
visualização da banda referente à amilase no gel. Foi possível assim
constatar a existência de uma banda com aproximadamente 46 kDa, e outra
banda com cerca de 72 kDa, que poderia corresponder a um mero da
enzima (Figura 15).
70
Figura 15. SDS-PAGE 10% do sobrenadante de Bacillus subtilis concentrado por
Amicon e por precipitação com Sulfato de Amônio. Poço 1: marcador de peso
molecular (Fermentas modelo SM0441); poço 2: Sobrenadante não concentrado; poço
3: Concentrado com amicon e sulfato de amônio; poço 4: Concentrado com sulfato de
amônio e amicon adicionado de uréia. Todas as amostras foram aquecidas previamente.
As setas indicam a banda de 47 kDa característica da α-amilase de Bacillus.
71
4.1.10-Determinação da atividade amilásica sob pressão hidrostática:
Para testar o efeito da alta pressão hidrostática sobre a atividade
amilásica de Bacillus subtilis. foram adquiridos substratos sintéticos
cromogênicos, o pNPOG5 e o CNPG3, ambos análogos de maltosídeos
com grupamentos nitrofenol (cromogênicos) em suas extremidades. Deste
modo, seria possível acompanhar a atividade enzimática continuamente no
interior da célula de pressão. Verificamos que a amilase de Bacillus subtilis
foi incapaz de liberar pNP a partir do pNPOG5, enquanto o CNPG3 era
hidrolisado liberando pNP ao meio. Isto sugere que, no caso do pNPOG5, o
pseudosubstrato não estaria sendo clivado, ou estaria sendo clivado em um
ponto onde os produtos liberados seriam pNP-maltose e maltotriose, e/ou
pNP-glicose e maltotetraose, que não apresentariam a cor esperada, e a
enzima estaria atuando como endo-amilase. Os resultados mostraram
também que a enzima não é piezotolerante, como também é ativada por
altas pressões hidrostáticas. Na Figura 16A a enzima apresenta um ganho
de atividade de 2,5 vezes, a 2000 atmosferas (200 MPa). Na Figura 16B
observa-se uma alta atividade enzimática durante os primeiros 40 minutos,
e posteriormente uma redução lenta e contínua, provavelmente causada
pela privação de substrato.
72
Pressão, MPa
0 50 100 150 200
atividade relativa nas CNTP (%)
0
50
100
150
200
250
300
A
Tempo, min
0 10 20 30 40 50 60 70
D.O.
425 nm
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
B
Figura 16. (A) Efeito de pressão hidrostática na atividade amilásica. Neste ensaio
a enzima foi submetida a pressões crescentes (40, 80, 120, 160 e 200 MPa), a uma
temperatura de 55 °C, fazendo etapas de 7 minutos de duração para cada pressão. A
atividade amilásica foi medida com 1 mM de CNPG3, a 415 nm, em espectrofotômetro
GBC modelo CINTRA20. (B) A atividade amilásica em meio contendo 1 mM CNPG3,
1 mM CaCl
2
, Acetato de Sódio pH 5.5 e 20 µL sobrenadante concentrado com solução
saturada de sulfato de amônio foi levada a 200 MPa e o curso temporal acompanhado
até 60 min, a 55
o
C. N = 2.
73
4.2-Pyrococcus furiosus
4.2.1-Mapa do vetor pPIC9 com o local de inserção do gene.
No mapa do vetor pPIC9 (Fig. 17) é mostrado o local onde foi
inserido o gene (1,3 Kb) que codifica a α-amilase de Pyrococcus furiosus.
Figura 17. Mapa do vetor pPIC9 adaptado do Manual de expressão em Pichia
pastoris (www.invitrogen.com).
74
4.2.2-Confirmação da transfecção do vetor pPIC9 para DH5-α (células
competentes) por gel de agarose.
Após a realização da Mini-Prep, um gel de agarose foi feito para
verificar o tamanho do vetor amplificado (os quatro clones mostrados
mostram uma banda de 9,2 Kb que corresponde ao peso do vetor pPIC9
(7,9 Kb do plasmídio e 1,3 Kb o do inserto desejado).
Figura 18. Eletroforese em gel de agarose da miniprep do vetor Ppic9 contendo o
inserto de interesse (Pyrfu amylase). A miniprep foi feita a partir de quatro clones
positivos após a transformação de E. coli. Poço 1-DNA-ladder, poços 2-5 mostram uma
banda com 9,2 kb que corresponde ao vetor com o gene da amilase inserido.
A confirmação dos tamanhos do inserto e do vetor linearizado foi
feito um gel de agarose 0,8% do material digerido. Note-se que a
combinação dos cortes proporcionados pelas duas enzimas de restrição
75
usadas (SalI e XhoI), removeria um fragmento de aproximadamente 3,2 kb
a montante da entrada do nosso inserto (sítio de XhoI), isto proporcionou a
detecção de dois fragmentos, um com cerca de 6,0 Kb e outro com 3,2 Kb
(Fig. 19).
Figura 19. Eletroforese em gel de agarose da digestão do pPic9 contendo o inserto
de interesse Poço 1 - Padrão de peso molecular, Poço 3 - Clone 1 digerido com SalI,
poço 4 - Clone 6 digerido com a mesma enzima de restrição, poço 5 - Clone 1 digerido
com SalI e XhoI e poço 6 - Clone 6 digerido com as mesmas enzimas de restrição. O
clone 1 foi escolhido por apresentar menor contaminação. No Poço 6 se evidencia um
pouco do vetor não digerido (banda de 9,2 kDa).
76
Após a confirmação do peso molecular do fragmento
correspondente a α-amilase (Fig. 19), foi feita a transformação do vetor
pPIC9 + α-amilase em Pichia pastoris (metodologia descrita
anteriormente). A Figura 20A mostra um experimento realizado para
confirmar o sucesso da expressão com os clones 1, 2 e 7. Foram usados
como controles negativos Pichia pastoris + pPIC9 vazio e somente P.
pastoris (Fig. 20A). Foi feito também um PCR de colônia para confirmação
dos controles negativos (Fig. 20B). Não foi feito o PCR com os clones
positivos pois o sequenciamento (anexo 1) havia sido realizado pela
Genescript © e a digestão do pPIC9 + α-amilase (Fig. 19) apresentou o
perfil de bandas esperado.
77
Tempo (Min)
0 20 40 60 80 100
D.O.
540 nm
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
1,6
Clone 1-P. pastoris + pPIC9+amilase
Clone 2-P. pastoris + pPIC9+amilase
Clone 7-P. pastoris + pPIC9+amilase
Controle-P. pastoris + pPIC9 vazio
Controle-P. pastoris
A
Figura 20. Curva temporal da atividade amilásica para comparação entre os
clones 1, 2 e 7 e os controles negativos: Foram utilizados para este experimento
tampão formiato de sódio 50 mM, pH 4,5, e 0,7% de amido, para um volume final de
2.130 µL. (A). Eletroforese em gel de agarose 1%. No poço P 0,5 µg de padrão de
peso molecular de 1 Kb (Invitrogen), poço 1 20 µl de amostra de P. pastoris + pPIC9
vazio e no poço 2 – 20 µl de amostra P. pastoris sem vetor.
78
4.2.3-Expressão da a-amilase de Pyrococcus furiosus em Pichia
pastoris:
A expressão da amilase de Pyrococcus furiosus na levedura Pichia
pastoris foi induzida pela adição de metanol a células cultivadas em meio
líquido. A expressão com gene otimizado foi válida pois a proteína
desejada foi expressa com sucesso. Desta forma os resultados são
mostrados a seguir.
4.2.4-Determinação da atividade amilásica em função do pH:
Os resultados representados nas Figuras 21-23 mostram que a
amilase de Pyrococcus furiosus possui um caráter acidófílo. O ótimo de pH
desta amilase é 4,5 para os três clones, similar ao descrito na literatura
para esta enzima (Jorgensen et al., 1997). Nos outros pHs os três clones
apresentaram uma pequena queda da atividade (pH 4,0, 5,5 e 6,0). Os
resultados são a média de 3 experimentos em triplicata, à temperatura de 90
o
C.
79
pH
pH 4,0 pH 4,5 pH 5,5 pH 6,0
Atividade Relativa (µg/ ml enz/ min)
0
5
10
15
20
25
30
35
Clone 1
Tempo (Min)
0 20 40 60 80 100 120 140
D.O.
540 nm
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
pH 4,0
pH 4,5
pH 5,5
pH 6,0
A
B
Figura 21. Curva temporal da atividade amilásica em diferentes pHs. Foram
utilizados para este experimento tampão formiato de sódio 50 mM nos pHs citados no
gráfico acima, 50 µL de sobrenadante do clone 1 e 400 µL de amido 1% para um
volume final de 2.130 µL (A). O gráfico de barras representa os valores de regressão
linear para os pontos que melhor representam as velocidades iniciais das curvas de
progresso de reação (B). N = 3
80
pH
pH 4,0 pH 4,5 pH 5,5 pH 6,0
0
5
10
15
20
25
30
35
Atividade Relativa (µg/ ml enz/ min)
Clone 2
Tempo (Min)
0 20 40 60 80 100 120 140
D.O.
540 nm
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
pH 4,0
pH 4,5
pH 5,5
pH 6,0
A
B
Figura 22. Curva temporal da atividade amilásica em diferentes pHs. Foram
utililizados para este experimento tampão formiato de sódio 50 mM nos pHs citados no
gráfico acima, 50 µL de sobrenadante do clone 2 e 400 µL de amido 1% para um
volume final de 2.130 µL (A). O gráfico de barras representa os valores de regressão
linear para os pontos que melhor representam as velocidades iniciais das curvas de
progresso de reação (B). N = 3.
81
B
pH
pH 4,0 pH 4,5 pH 5,5 pH 6,0
0
5
10
15
20
25
30
Atividade Relativa (µg/ ml enz/ min)
Clone 7
Tempo (Min)
0 20 40 60 80 100 120 140
D.O.
540 nm
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
pH 4,0
pH 4,5
pH 5,5
pH 6,0
A
Figura 23. Curva temporal da atividade amilásica em diferentes pHs. Foram
utililizados para este experimento tampão formiato de sódio 50 mM nos pHs citados no
gráfico acima, 50 µL de sobrenadante do clone 1 e 400 µL de amido 1% para um
volume final de 2.130 µL (A). O gráfico de barras representa os valores de regressão
linear para os pontos que melhor representam as velocidades iniciais das curvas de
progresso de reação (B). N = 3.
82
4.2.5-Determinação da atividade amilásica em função de diferentes
concentrações de substrato.
Neste experimento foram testadas diferentes concentrações de
substrato (0,3-0,7% de amido), para determinar a concentração suficiente
de substrato para 50 µL de enzima adicionados, tendo em vista que no
experimento anterior os gráficos mostram um situação de esgotamento de
substrato. Os resultados são a média de 3 experimentos em triplicata, à
temperatura de 90
o
C (Fig. 24-26).
83
Substrato
0,3% 0,4% 0,5% 0,6% 0,7%
0
20
40
60
80
100
120
140
160
Atividade Relativa (µg/ ml enz/ min)
Clone 01
Tempo (Min)
0 20 40 60 80 100 120 140
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
1,6
1,8
2,0
0,3%
0,4%
0,5%
0,6%
0,7%
A
B
D.O.
540 nm
Figura 24. Curva temporal da atividade amilásica com diferentes concentrações de
substrato (amido). Foram utilizados para este experimento tampão formiato de sódio
50 mM, pH 4,5, 50 µL de sobrenadante do clone 1 para um volume final de 2.130 µL
(A). O gráfico de barras representa os valores de regressão linear para os pontos que
melhor representam as velocidades iniciais das curvas de progresso de reação (B). N =
3.
84
Substrato
0,3% 0,4% 0,5% 0,6% 0,7%
0
20
40
60
80
100
120
140
Atividade Relativa (µg/ ml enz/ min)
Clone 02
Tempo (Min)
0 20 40 60 80 100 120 140
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
1,6
1,8
2,0
0,3%
0,4%
0,5%
0,6%
0,7%
A
B
D.O.
540 nm
Figura 25. Curva temporal da atividade amilásica com diferentes concentrações de
substrato (amido). Foram utilizados para este experimento tampão formiato de sódio
50 mM, pH 4,5, 50 µL de sobrenadante do clone 2, para um volume final de 2.130 µL
(A). O gráfico de barras representa os valores de regressão linear para os pontos que
melhor representam as velocidades iniciais das curvas de progresso de reação (B). N =
3.
85
0,3% 0,4% 0,5% 0,6% 0,7%
0
20
40
60
80
100
120
140
160
Substrato
Atividade Relativa (µg/ ml enz/ min)
B
Clone 07
Tempo (Min)
0 20 40 60 80 100 120 140
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
1,6
1,8
2,0
0,3%
0,4%
0,5%
0,6%
0,7%
A
D.O.
540 nm
Figura 26. Curva temporal da atividade amilásica com diferentes concentrações de
substrato (amido). Foram utilizados para este experimento tampão formiato de sódio
50 mM, pH 4,5, 50 µL de sobrenadante do clone 7, para um volume final de 2.130 µL
(A). O gráfico de barras representa os valores de regressão linear para os pontos que
melhor representam as velocidades iniciais das curvas de progresso de reação (B). N =
3
86
4.2.6-Determinação da atividade amilásica em função de concentrações
baixas de enzima e altas de substrato:
Neste experimento foram testados diferentes adições de enzima (10-
40 µL) ao meio (~2 mL de volume final), para determinar a concentração
necessária de enzima para realizar os experimentos com 0,7% de amido
sem que o substrato esgotasse rapidamente, para poder determinar o tempo
de sobrevivência da enzima com atividade. Os resultados são a média de 3
experimentos em triplicata à temperatura de 90
o
C (Fig. 27-29).
87
Clone 1
Tempo (Min)
0 20 40 60 80 100
D.O.
540 nm
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
1,6
10 µl
20 µl
30 µl
40 µl
10 µl 20 µl 30 µl 40 µl
0
20
40
60
80
100
120
140
Enzima
B
A
Atividade Relativa (µg/min)
Figura 27. Curva temporal da atividade amilásica para pequenos volumes de
sobrenadante do clone 1. Foram utilizados para este experimento tampão formiato de
sódio 50 mM, pH 4,5, e 0,7% de amido, para um volume final de 2.130 µL. (A). O
gráfico de barras representa os valores de regressão linear para os pontos que melhor
representam as velocidades iniciais das curvas de progresso de reação (B). N = 3.
88
Clone 2
Tempo (Min)
0 20 40 60 80 100
D.O.
540 nm
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
1,6
1,8
10 µl
20 µl
30 µl
40 µl
10 µl 20 µl 30 µl 40 µl
0
20
40
60
80
100
120
140
160
Enzima
B
A
Atividade Relativa (µg/min)
Figura 28. Curva temporal da atividade amilásica com pequenos volumes de
sobrenadante do clone 2. Foram utilizados para este experimento tampão formiato de
sódio 50 mM, pH 4,5, e 0,7% de amido, para um volume final de 2.130 µL (A). O
gráfico de barras representa os valores de regressão linear para os pontos que melhor
representam as velocidades iniciais das curvas de progresso de reação (B). N = 3.
89
Clone 7
Tempo (Min)
0 20 40 60 80 100
D.O.
540 nm
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
1,6
1,8
10 µl
20 µl
30 µl
40 µl
10 µl 20 µl 30 µl 40 µl
0
20
40
60
80
100
120
140
Enzima
B
A
Atividade Relativa (µg/ ml enz/ min)
Figura 29. Curva temporal da atividade amilásica para pequenos volumes de
sobrenadante do clone 7. Foram utilizados para este experimento tampão formiato de
sódio 50 mM, pH 4,5, e 0,7% de amido, para um volume final de 2.130 µL (A). O
gráfico de barras representa os valores de regressão linear para os pontos que melhor
representam as velocidades iniciais das curvas de progresso de reação (B). N = 3.
90
4.2.7-Determinação do peso molecular da amilase através de SDS-
PAGE.
Para melhorar a visualização da amilase dos clones no gel, cada um
dos clones teve uma amostra fervida (100 °C) por 5 minutos antes de serem
aplicadas no gel (Fig. 30). A utilização do aquecimento foi para promover a
desnaturação ou dissociação da amilase, diminuindo a formação de
dímeros, facilitando assim a visualização da banda referente à amilase no
gel. É possível, nas amostras aquecidas, observar uma banda que poderia
corresponder à a-amilase de Pyrococcus furiosus, que possui 424
aminoácidos, o que resultaria em um peso molecular de aproximadamente
47 kDa. É interessante notar que nas amostras que não sofreram o
aquecimento, observam-se duas bandas com maior peso molecular, com
cerca de 68 kDa e 79 kDa, que são enfraquecidas no gel após aquecimento,
e que poderiam corresponder a meros da amilase, relatados
anteriormente por outros autores (Dong et. al., 1997)
91
Figura 30. SDS-PAGE 10% dos 3 clones utilizados na expressão da α-
amilase de Pyrococcus furiosus. Poço 1 - padrão; poço 2- sobrenadante do clone 1 sem
aquecimento; poço 3- sobrenadante do clone 1 com aquecimento; poço 4- sobrenadante
do clone 2 sem aquecimento; poço 5- sobrenadante do clone 2 com aquecimento; poço
6- sobrenadante do clone 7 sem aquecimento e poço 7, sobrenadante do clone 7 com
aquecimento. As amostras foram aquecidas por 5 minutos a 100 °C com o tampão de
amostra. Foram aplicados 25 µL de cada amostra e gel foi corado por prata.
92
5-Discussão:
5.1-Aplicabilidade das α-amilases em processos industriais:
As amilases, de forma geral, são enzimas capazes de hidrolisar
moléculas de amido dando origem a diversos produtos, incluindo dextrinas
e polímeros cada vez menores de glicose (Windish & Mhatre, 1965). Estas
enzimas apresentam uma grande importância, através das aplicações
biotecnológicas, na indústria de panificação, alimentícia em geral, têxtil, de
papéis, e mesmo na produção de etanol (Pandey et al., 2000). As amilases
detêm hoje em dia aproximadamente 25% da comercialização das enzimas
disponíveis no mercado (Burhan et al., 2003; Rao et al., 1998; Sidhu et al.,
1997). Segundo Pandey et al. (2000) as amilases substituíram quase
completamente a hidrólise química do amido nos processos industriais.
A termoestabilidade é a característica mais importante e desejável
nas enzimas industriais (Asgher et al., 2007). As α-amilases podem ser
aplicadas de diferentes formas, sendo que para cada uma delas são
requeridas propriedades muito particulares como: estabilidade, temperatura
ótima e pH ótimo (McTigue et al., 1995).
93
5.2-Parâmetros específicos da α-amilase de Bacillus subtilis
(temperatura ótima, pH ótimo, peso molecular, estabilidade e atividade
frente á salinidade ):
De acordo com os dados obtidos através dos experimentos que
tiveram a temperatura como variável, observou-se que a α-amilase de
Bacillus subtilis se mantém ativa em uma faixa que vai de 55 a 70 °C,
sendo que a temperatura ótima que alia atividade e durabilidade parece
estar entre 55-60 °C. Najafi et al. (2005) relatam que a α-amilase de
Bacillus subtilis AX20 apresenta uma temperatura ótima de 60 °C,
enquanto que Bacillus licheniformes (Ivanova et al., 1993), Bacillus
subtilis (Marco et al., 1996), Bacillus sp. (Lin et al., 1998) e Bacillus
circulans GRS 313 (Dey et al., 2002) apresentam respectivamente 90 °C,
50 °C, 70 °C e 48 °C como temperaturas ótimas de atividade (apud Najafi
et al., 2005). A enzima de Bacillus subtilis estudada nesta dissertação se
apresentou maior termotolerância que a enzima citada por Marco et al.
(1996).
De acordo com os dados obtidos nos experimentos que tiveram o pH
como variável, observou-se que a α-amilase de Bacillus subtilis apresenta
maior atividade entre pH 5 e 6, sendo que o pH ótimo é de 5,5. Najafi et al.
(2005) relatam que a α-amilase de Bacillus subtilis AX20 apresenta um pH
ótimo de 6, enquanto que Bacillus licheniformes (Ivanova, 1993), Bacillus
94
subtilis (Marco, 1996), Bacillus sp. (Lin, 1998) e Bacillus circulans GRS
313 (Dey, 2002) apresentam respectivamente 6,0-6,5; 6,5; 9,0; e 4,9 como
pHs ótimos de atividade (Najafi et al., 2005).
Através de SDS-PAGE 10% observou-se que a α-amilase de Bacillus
subtilis apresenta um peso molecular aproximado de 55,0 kDa. Najafi et al.
(2005) observaram que a α-amilase de Bacillus subtilis AX20 apresenta um
peso molecular de 149,0 kDa, enquanto que Bacillus licheniformes
(Ivanova et al., 1993), Bacillus subtilis (Marco et al., 1996) e Bacillus sp.
(Lin et al., 1998) apresentaram respectivamente 58,0, 57,7 e 42,0 como
peso molecular (Najafi et al., 2005).
Um apanhado de todas estas características das diversas α-amilases
identificadas no gênero Bacillus, incluindo a descrita nesta tese, é exposto
na Tabela 1.
95
Tabela 1 Comparação de algumas características de algumas α-amilase de Bacillus sp.
(Najafi et al., 2005) com a α-amilase de Bacillus subtilis
Microrganismo P.M. (kDa) pH ótimo Temp. ótima
Bacillus subtilis (esta tese) 55 5,5 55
Bacillus subtilis AX20 (Najafi et
al., 2005)
149 6,0 60
Bacillus licheniformes (Ivanova et
al., 1993)
58 6,0-6,5 90
Bacillus subtilis (Marco et al., 1996)
57,7 6,5 50
Bacillus sp. (Lin et al., 1998) 48 9 70
Bacillus circulans GRS 313 (Dey
et. al., 2002)
- 4,9 48
96
A α-amilase de Bacillus subtilis produzida em nosso laboratório foi
testada por um período de 2,5 horas, com o intuito de verificar a sua
termoresistência a 60 e 70 °C, pois estas são as temperaturas utilizadas nos
simuladores de poços de petróleo no CENPES/PETROBRAS. A α-amilase
se mostrou termotolerante e manteve a atividade nas duas temperaturas até
a retirada do último ponto. Shewale & Pandit (2007) mostraram que a α-
amilase de Bacillus licheniformes, quando imobilizada em suporte de
celbeads superporosas, apresenta uma termoestabilidade de 8 h a 55 °C.
Os testes de halotolerância realizados com a α-amilase de Bacillus
subtilis em tampão formiato de sódio sugeriram que as melhores condições
de operação para esta enzima seriam na faixa de salinidade maior ou igual à
encontrada na água do mar. O uso de altas concentrações de sais, como
NaCl ou KCl, promoveu neste caso alterações significativas no
comportamento da amilase, com o uso do tampão formiato de sódio. Estes
resultados são de grande relevância, uma vez que tanto NaCl como KCl são
empregados em larga escala nos poços de petróleo como adensantes e
inibidores de argilas. Mesmo na força iônica alta provocada pela adição de
5 M de NaCl, a atividade observada para a amilase testada foi máxima,
validando-a para operação em condições utilizadas em campo.
Nos experimentos realizados com suplementação dos meios com
Ca
+2
e Amido, observamos que no meio suplementado com Ca
2+
, Bacillus
subtilis foi observada uma atividade amilásica superior aos outros
97
sobrenadantes. Alikhajeh et al. (2007) usaram no meio de cultura, para
crescimento de Bacillus KR-8104, amido de batata, peptona de soja, extrato
de carne, cloreto de cálcio monohidratado, sulfato de magnésio
pentahidratado e fosfato de potássio dibásico, enquanto Saxena et al.
(2007) utilizaram, para Bacillus sp. PN5, amido, peptona e extrato de
carne, obtendo em ambas situações uma melhor obtenção da atividade
amilásica. Em nossos experimentos a presença do amido no meio de
cultura não se mostrou relevante como nos dois trabalhos acima, além de
introduzir, nos meios de reação, um inconveniente que é o aumento dos
brancos experimentais (ocorre o aparecimento de glicose livre proveniente
da degradação pela bactéria). No entanto, isto foi facilmente superado pela
execução de controles apropriados. Estes experimentos foram realizados
com uma quantidade menor de sobrenadante contendo enzima (300 µL)
para verificarmos mais efetivamente o efeito da indução.
Com o objetivo de aumentar a atividade da α-amilase de Bacillus
subtilis e reduzir o volume da mesma nos meios reacionais, foram
realizados dois métodos de concentração, um com o concentrador Amicon
e o outro com solução saturada de sulfato de amônio. Nos dois processos, o
mesmo volume de sobrenadante (inicialmente150 mL) foi concentrado 15
vezes (final de 10 mL), sendo que na concentração com sulfato de amônio
o precipitado foi dissolvido em 10 mL de Tris HCl pH 7,0. Para ambos
processos de concentração, houve um resultado muito satisfatório, pois
98
com apenas 50 µL de enzima foi obtida uma atividade enzimática bem
superior à da enzima sem concentração. Najafi et al. (2005) também
realizaram uma precipitação com sulfato de amônio como uma das etapas
de purificação da α-amilase.
Em virtude da aplicabilidade da α-amilase de Bacillus subtilis em
poços de petróleo, foram realizados experimentos com o fim de verificar a
atividade da α-amilase sob alta pressão hidrostática, sabendo-se que a
média de profundidade dos poços é 2000 m e a pressão de operação pode
atingir 400 atmosferas. Os resultados mostraram que a enzima é
piezotolerante e estimulada por altas pressões hidrostáticas (característica
altamente desejável), apresentando um ganho de atividade de 2,5 vezes a
2000 atmosferas (200 MPa). Considerando-se que a pressão em poços
profundos pode ser bastante elevada, esta característica pode ser muito útil
para sua aplicabilidade nos mesmos.
99
5.3-Expressão heteróloga da α-amilase de Pyrococcus furiosus em
Pichia pastoris:
Os microrganismos hipertermófilos são capazes de produzir enzimas
que se mantêm ativas a temperaturas onde outras enzimas (mesófilas)
seriam rapidamente desnaturadas (Lipman et al., 1990). Muitos estudos
têm sido realizados com estas enzimas, incluindo α-amilase, devido à
grande aplicabilidade e demanda das mesmas em setores industriais.
A análise completa do genoma de Pyrococcus furiosus, um
microrganismo hipertermófilo, revelou que esta bactéria apresenta uma
série de enzimas amilolíticas (Yang et al., 2004), e entre elas existem genes
que codificam α-amilases. Segundo Yang et al. (2004), o gene
correspondente a uma possível enzima amilolítica, diferente da utilizada
nesta tese, foi isolado, clonado e expresso em E. coli, e essa enzima,
quando caracterizada, apresentou tanto características de ciclodrextrina-
hidrolase quanto de α-amilase. No presente trabalho também foi isolado e
clonado o gene que codificaria uma α-amilase. No entanto, a expressão foi
realizada na levedura Pichia pastoris, com o intuito de se obter um
rendimento maior de enzima. Esta amilase é a mesma clonada
anteriormente e expressa por Jorgensen et al. (1997) em E. coli e B.
subtilis, porém pela primeira vez ela estaria sendo expressa em Pichia
pastoris. A enzima de P. furiosus que foi expressa em P. pastoris
100
apresentou características de α-amilase, porém não foi realizado nenhum
experimento que caracterizaria uma atividade relacionada com a
ciclodextrina-hidrolase.
5.4-Parâmetros específicos da α-amilase de Pyrococcus furiosus
(temperatura ótima, pH ótimo, peso molecular e estabilidade):
De acordo com os dados obtidos através dos experimentos que
tiveram a temperatura como variável, observou-se nos três clones da α-
amilase de P. furiosus, expressos em P. pastoris, apresentaram uma
atividade amilásica muito significativa nas temperaturas de 80, 90 e 100
°C. A diferença de atividade entre as temperaturas e entre os clones não foi
significativa, mas podemos perceber um pequeno aumento da atividade na
temperatura de 90 °C. Yang et al. (2004) expressaram a α-amilase de P.
furiosus em E. coli BL 21 e também realizaram experimentos em busca de
uma temperatura ótima, e para isso efetuaram experimentos nas
temperaturas de 85, 90, 95 e 100 °C, mostrando que 90 °C foi a
temperatura ótima de atividade. Dong et. al. (1997) mostraram em seu
trabalho que a atividade da α-amilase de P. furiosus expressa em E. coli por
eles teve uma temperatura ótima de 100 °C. Jorgensen et al. (1997) além de
expressarem a α-amilase de P. furiosus em E. coli, também o fizeram em B.
101
subtilis. Seus experimentos mostram que a temperatura ótima encontrada
varia de 100 – 105 °C.
A determinação do pH ótimo para a atividade da α-amilase de P.
furiosus foi realizada a 90 °C, tendo em vista que esta foi a melhor
temperatura. Os experimentos foram realizados nos pHs 4,0; 4,5; 5,5 e 6,0
com tampão formiato de sódio 50 mM. Os clones testados não
apresentaram diferenças significativas entre eles, porém todos
apresentaram uma atividade significativamente melhor em pH 4,5. O
mesmo também foi observado por Yang et al. (2004) que com tampão
acetato de sódio. Dong et. al. (1997) também usaram tampão acetato de
sódio, que descreveram como ótima a faixa de 5,5–6,0. Jorgensen et. al.
(1997) descreveram como ótimo o pH 4,5, também usando acetato de
sódio.
A determinação do peso molecular feita em SDS-PAGE 10% mostrou
que o peso molecular da α-amilase de P. furiosus expressos em P. pastoris
é de aproximadamente 47 kDa, mas como foi descrito na literatura, é
possível que haja a formação de dímeros com pesos moleculares maiores.
Desta forma acreditamos que as duas bandas mais pesadas encontradas
acima da banda de 47 kDa, de cada um dos clones, poderiam ser dímeros
desta amilase. Yang et al. (2004) descreveram o peso molecular da α-
amilase de P. furiosus como sendo de 66 kDa, enquanto Jorgensen et. al.
(1997) descreveram o peso molecular como sendo 54 kDa. A discrepância
102
no peso molecular poderia ser devida não à formação de dímeros ou
heterodímeros protéicos, mas também a diferenças no processamento do
gene nos vetores de expressão. No caso da enzima descrita por Yang et al.
(2004), resta ainda a possibilidade de que o gene seja diferente do que foi
clonado por Jorgensen et al. (1997).
A termoresistência da α-amilase de Pyrococcus furiosus foi descrita
por Jorgensen et. al. (1997). Após 6 horas de incubação a 90
o
C ou 100
o
C,
a enzima apresentava 100% (90 °C) e 80% de atividade residual (100 °C).
Yang et al. (2004) observaram 100% (85 °C) e 80% de atividade residual a
(95 °C) após incubação de 2 horas.
Em nossos experimentos, os 3 clones que expressaram a α-amilase
de P. furiosus apresentaram a mesma resistência por 2 horas na temperatura
de 90 °C, o que é muito parecido com os resultados dos outros trabalhos
citados acima.
103
6-Conclusão:
O principal aspecto deste projeto é a expressão e caracterização de
amilases com aplicações industriais, e a demonstração da viabilidade da
utilização de formulações enzimáticas para atividades de completação em
poços de petróleo. As duas amilases descritas neste trabalho (de B. subtilis
e P. furiosus) apresentam características bioquímicas e sicoquímicas
diferentes. Estas enzimas, por sua vez possuem, uma faixa de aplicação
igual ou superior ao das formulações comerciais que foram efetivamente
comparadas em nosso laboratório (dados não mostrados), possibilitando
seu emprego em uma gama maior de aplicações e um melhor desempenho
em ambientes de perfuração. Tanto a α-amilase de B. subtilis quanto a de P.
furiosus apresentam características intrínsecas altamente desejáveis como
termotolerância, termoresistência, acidofilicidade e halofilicidade. O
conjunto de resultados e estratégias desenvolvidas em nosso laboratório,
viabiliza a implementação dos produtos e processos descritos neste trabalho
em uma maior escala. Isto permitiria a realização de testes de campo para
confirmar uma possível adoção destes produtos no processo produtivo da
PETROBRAS. Deste modo, o sucesso desta etapa acarretará em uma
grande economia de divisas através da nacionalização da produção destes
insumos que hoje são adquiridos do mercado externo. As enzimas de B.
subtilis e P. furiosus representam dois novos produtos enzimáticos que são
104
atualmente o objeto de um pedido de patente em tramitação junto a
PETROBRAS.
Estas novas tecnologias enzimáticas não envolvem o emprego e ou
aplicação in situ de organismos transgênicos viáveis, nem o uso de
reagentes químicos explosivos, corrosivos ou tóxicos, o que implica em
risco reduzido e baixo impacto ambiental quando da sua implementação
nos sítios produtivos. As atividades descritas neste trabalho viabilizarão o
emprego de novas metodologias de simples operação que permitem uma
maior conservação dos equipamentos de perfuração, sítios de produção,
resultando em uma menor agressão ao ambiente e economia na cadeia
produtiva. A possível adoção destas metodologias reforçaria a postura da
PETROBRAS como uma entidade preocupada com a adoção de políticas
tecnológicas ecologicamente corretas e por isso mesmo menos agressivas
ao ambiente.
Em resumo, a α-amilase de Bacillus subtilis é termotolerante,
barotolerante, hiperhalófila e acidófila, e por sua vez é secretada no meio
de cultivo. A α-amilase de Pyrococcus furiosus é termoresistente,
hiperhalófila e acidófila, é proveniente do genoma de um organismo
hipertermofílo, e através de tecnologia de DNA recombinante foi expresso
de forma heteróloga na levedura Pichia pastoris. O racional do estudo e
desenvolvimento de duas atividades enzimáticas com requerimentos
diferentes de temperatura foi possibilitar a implementação das novas
105
formulações usando um mesmo fluido de completação em poços que
apresentem atividades geotérmicas distintas. Isto apresenta grande
relevância no âmbito da exploração de petróleo offshore, visto que
ocorreram relatos de campo nos quais as formulações comercialmente
disponíveis parecem precipitar por desnaturação térmica (comunicação
oficial da empresa). Este fato foi comprovado em nossas atividades
experimentais utilizando algumas formulações comerciais (códigos: gbw-
16, 4512 e 4511T e MB33), correntemente adquiridas pela PETROBRAS
para comparação com as enzimas de Bacillus subtilis e Pyrococcus
furiosus. Estes resultados foram publicados nos respectivos boletins
técnicos da PETROBRÁS (Estudo dos fatores que afetam a cinética
enzimática da GBW-16, Estudo dos fatores que afetam a cinética
enzimática das amilases código 4512 e 4511T e Estudo do impacto do
emprego de um novo sistema tamponante sobre a cinética enzimática de
uma amilase comercial e desenvolvimento de uma nova formulação
enzimática.
106
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