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O curso do tempo é o mais inexorável determinante para que todas as coisas
estejam em permanente processo de mudanças. Nas organizações, a convivência
com a mudança paradoxalmente incorporou-se à rotina. Observando-se as
iniciativas empresariais nas duas últimas décadas, identifica-se a implementação de
diversas práticas e conceitos, como por exemplo: Desenvolvimento Organizacional
(DO), Administração por Objetivos (APO), Teoria Z, Análise Transacional, Qualidade
de Vida no Trabalho, Job Enrichment, Orçamento Base Zero, Análise de Valores,
Downsizing, CCQ, Kaizen, ZeroDefeito, PDI, TQC, JIT, Kanban, KT, 5s, ISO 9000,
Neurolingüística e Reengenharia. Outros novos conceitos podem ser agregados,
como Arquitetura Organizacional, Out-Replacement, Learning, Resiliência,
Empowerment, Terceirização e o mais recente de todos, a Empregabilidade.
Essas iniciativas, implementadas e substituídas em ritmo frenético, sinalizam
a busca das organizações de se manterem vivas bem como de manter alguma
ordem no ambiente caótico onde estão inseridas. Não há mais espaço para a
mentalidade tradicional. O novo cenário de globalização e competição, em mercados
complexos, exige mudança. Mudança de objetivos, missão, valores, processos e
práticas (CURVELLO,1996).
No seu processo de aceleração, a globalização do mundo modifica também
as noções de tempo e de espaço. A velocidade crescente que envolve as
comunicações, os mercados, os fluxos de capitais e tecnologias, as trocas de idéias
e imagens nesse início de século impõem a dissolução de fronteiras e de barreiras
protecionistas. Em todo o momento se estabelecem tensos diálogos entre o local e o
global, a homogeneidade e a diversidade, o real e o virtual, a ordem e o caos
(BUCKINHAM; COFFMAN,1999).
As novas tecnologias e a globalização impõem novas relações de trabalho. O
tema ainda é polêmico, mas como diz Harvey apud (CURVELLO, 1996 p. 224):
Não podemos simplesmente fingir que nada mudou, quando a
desindustrialização, a transferência geográfica de fábricas, as práticas mais
flexíveis de emprego, a automação e as inovações estão às nossas portas.
Não podemos fechar nossos olhos para o fato de que, diariamente, mais e
mais organizações e pessoas passam a trilhar o caminho da virtualização,
da deslocalização do trabalho e da inserção global e que isso, muitas vezes,
ganha dimensões caóticas. As primeiras sensações dão a impressão de que
este é um caminho sem volta. Resta-nos, como pesquisadores e
profissionais, estar atentos a esse acelerado movimento, de forma a captar
a riqueza da diversidade fragmentada, não para controlar a natureza e os
homens, com o que ainda sonham muitos administradores, mas para
aprendermos um pouco mais sobre o significado de nossas vidas e de
nosso trabalho.