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ANA SILVIA MARTINS MONTREZOL ANTUNES
A MEDIAÇÃO NA FORMAÇÃO DE UMA COMUNIDADE DE ENSINO,
APRENDIZAGEM E TRABALHO
Dissertação apresentada à Banca
Examinadora, como exigência parcial para
obtenção do título de MESTRE em
Lingüística Aplicada e Estudos da
Linguagem, pela Pontifícia Universidade
Católica de São Paulo, sob a orientação da
Profa. Dra. Heloisa Collins.
Mestrado em Lingüística Aplicada e Estudos da Linguagem
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
SÃO PAULO
2008
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Autorizo, exclusivamente para fins acadêmicos e científicos, a reprodução total ou parcial desta
dissertação, por processos de fotocopiadoras ou eletrônicos.
Assinatura:___________________________________Local e data:______________________
Dedico esse trabalho a
Lielso,
Amado esposo, grande companheiro e amigo.
Com você aprendo um pouco mais a cada dia.
João Pedro,
Filho muito desejado e amado.
És a Luz de minha alma e é por você que vivo.
AGRADECIMENTOS
AO PAI e aos espíritos mentores, por me iluminarem com tranqüilidade,
serenidade e inspiração para superar os momentos difíceis que enfrentei no
processo de elaboração desta dissertação.
À minha mãe Maria de Lourdes e ao meu pai Nardino, pelo dom da vida
e pelos esforços que empregaram em minha formação pessoal e espiritual.
Aos meus muito amados e maiores incentivadores, Lielso, que me
apoiou incondicionalmente, pois sem sua ajuda eu não conseguiria me dedicar
a esta pesquisa, e João Pedro, que entendeu minhas ausências em suas
brincadeiras e. sempre se orgulhou em me ver estudar e escrever.
À minha orientadora, Prof
a
. Dr
a
. Heloisa Collins, que ao compartilhar seu
imenso saber o fez com paciência, carinho, compreensão e dedicação. Muito
obrigada pelos os conselhos recebidos, eles fizeram toda a diferença em meu
trabalho.
Aos fantásticos amigos que encontrei durante a realização do curso,
Daniela e o incrível Arthur, que iluminou nossas aulas, Andrea Pineda, Aurea
Ediléia, Eliane, Erisana, Gabriel, Glaucy, Lili, Lucilene, Paulo. Agradeço a todos
o apoio em todos os momentos dessa trajetória.
Agradeço de forma muito especial à amiga Andrea Marques, que apoiou,
aconselhou e acompanhou meu trabalho em todos os momentos,
especialmente no mais difícil, quando achei que o melhor seria desistir. Muito
obrigada pelas horas de conversa e, como você mesma diz: Força na Peruca!!!
À Prof
a
. Dr
a
. Solange Gervai, por participar em minha banca de
qualificação, momento em que tive a oportunidade de receber importantes
conselhos e palavras de incentivo.
À Fundação do Desenvolvimento Administrativo (Fundap), por meio de
seu Diretor Executivo, Prof. Dr. Geraldo Biasoto Júnior, e de seu Diretor
Técnico de Formação Profissional, Prof. Dr. Clóvis Bueno de Azevedo, pelo
apoio recebido, o que propiciou meu ingresso ao LAEL e a realização desta
dissertação.
À Prof
a
. Sílvia de Almeida Prado e ao Prof. Dr. Roberto Meizi Agune, por
acreditarem em mim, desde o primeiro momento, e acompanharem com
interesse todo esse percurso. Ao Prof. Dr. Pedro Dimitrov, por insistir, desde
sempre, que eu deveria ingressar no Programa do LAEL.
Às Prof
as
. Mari Shirabayashi e Paula Di Francesco Picciafuoco, com que
tive a alegria de trabalhar na equipe do Programa de Aprimoramento
Profissional (PAP), por me receberam de braços abertos e pelas lições que
muito me influenciaram.
Às coordenadoras do Núcleo de Educação a Distância da Fundap
(NEaD), Prof
a
. Dr
a
. Tânia Tavares-Silva e Prof
a
. Suzanete Zahed Coelho, pelo
fantástico exemplo de profissionalismo, ideal, incentivo, compreensão, apoio e
carinho.
A toda a equipe do NEaD: Prof. Delmário Ferreira Lima, pelos
importantes conselhos recebidos no decorrer de toda a minha dissertação;
Prof
a
. Débora Schuskel, Prof. João Vaz, Prof
a
. Maria José. Aos queridos
mestrandos Jonatas e Márcia, e futuros mestrandos, Christian, Thiago, Leote,
Sheila, Deise, Vinícius e Franciele, vocês são bárbaros!.
Ao Miguel Ventura, pelo empenho em ajudar-me com as buscas e
empréstimos na Biblioteca da Fundap.
Aos grandes e queridíssimos amigos, Alice (Licinha), José Benedito
(Benê), Regina (Rê Paninho), Daiane (Dai), por compreenderem minhas
ausências nos vários cafés ou almoços festivos, e pelas inúmeras vezes que
almoçaram tarde, porque estavam me esperando. O apoio de vocês foi
extremamente importante em cada instante desse percurso.
À Maria Cristina (Cris), amiga-irmã, que entendeu a quantidade de vezes
que cancelamos nossos jantares de fofocas e mostrou sua enorme amizade,
absolutamente inabalada, herdada de nossas mães, desde a época de suas
solteirices.
À grande amiga Yara, por suas constantes e iluminadas vibrações, me
dando forças e me cobrando trabalho. Muito obrigada!
Agradeço com especial carinho à amiga-irmã, Cibele.
Estivemos sempre juntas nos momentos tristes e felizes e, para variar, cada
uma realizando seu mestrado.
Prometi a ela uma página especial.
Promessa cumprida!
RESUMO
A fim de compreender como uma Comunidade Virtual de Ensino e
Aprendizagem evolui para uma Comunidade Virtual de Ensino, Aprendizagem
e Trabalho, o presente estudo buscou realizar uma análise, a partir de
referenciais teóricos relativos às questões de aprendizagem e tecnologia,
abordados por Garrison e Anderson (2001, 2003 e 2005); de elementos que
compõem a Metafunção Interpessoal, desenvolvidos por Halliday (1991); e de
elementos de Avaliatividade abordados por Eggins (1997) e White (2000) a
partir de Martin (1994).
Foram também utilizadas, para essa análise, as Funções da Mediação
desenvolvidas por Gervai (2007) e pressupostos e conceitos andragógicos,
estabelecidos por Chotguis (2007) e Tavares-Silva (2006), respectivamente.
O corpus para a realização da pesquisa foram as mensagens postadas
no fórum informal Café e no fórum Módulo 1 e 2 fase e fórum Módulo 1
2ª. fase, que compõem o Curso Capacitação para Gestão e Aprimoramento do
Programa Bolsa Família no Estado de São Paulo.
A análise contemplou três fases distintas, observadas na Comunidade
Virtual: 1ª fase – O primeiro contato do aluno/participante na comunidade; 2ª
fase –.A Comunidade após sua reformulação; e 3ª fase – A comunidade
próxima de seu término. O objetivo dessas fases era esclarecer como a
mediação é realizada no início dos trabalhos da comunidade, como o mediador
contribui para a formação e o fortalecimento de uma Comunidade Virtual de
Aprendizagem, Ensino e Trabalho e como os alunos/participantes interagem
entre si.
O objetivo maior, ao analisar as temáticas correspondentes a cada fase,
foi compreender como uma Comunidade Virtual de Aprendizagem e Ensino
evolui para uma Comunidade de Aprendizagem, Ensino e Trabalho.
As mediações foram analisadas em cada uma dessas fases, assim
como as ações dos alunos/participantes que passaram também a realizar
mediações no ambiente virtual de aprendizagem.
ABSTRACT
In order to understand how a Virtual Community of Teaching and
Learning develops into a Virtual Community of teaching, learning and work, this
study was to undertake an analysis, from theoretical benchmarks on the issues
of learning and technology, discussed by Garrison and Anderson (2001, 2003
and 2005); of elements that make up the Interpersonal Metafunction, developed
by Halliday (1991), and of elements of Appraisal addressed by Eggins (1997)
and White (2000) from Martin (1994).
They were also used for this analysis, the functions of mediation
conducted by Gervai (2007) and assumptions and andragocics concepts,
established by Chotguis (2007) and Tavares-Silva (2006), respectively.
The corpus for conducting the search were the messages posted to the
informal forum Coffee and the forum Module 1 and 2 to 1 and Stage forum
Module 1 to 2 nd. phase, which make up the Training Course for Management
and Improvement Programa Bolsa Família in the State of Sao Paulo.
The analysis included three distinct phases, observed in Virtual
Community: Stage 1 - The first contact the student / participant in the
community; Stage 2 -. The Community after its reformulation, and Stage 3 - The
community near its end. The goal of these stages was explain how the
mediation takes place at the beginning of the work of the community, as the
mediator contributes to the formation and strengthening of a Virtual Community
of Learning, Education and Labor and as the students / participants interact with
each other.
The aim higher, to examine the issues related to each stage, it was
understood as a Virtual Community of Learning and Teaching develops into a
Commonwealth of Learning, Education and Labor.
The mediations were examined in each of these stages, as well as the
actions of the students / participants now also carrying out mediation in the
virtual environment for learning.
SUMÁRIO
CAPÍTULO 1: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................ 22
1.1 – REFERENCIAL PEDAGÓGICO .......................................................................... 24
1.1.1 – APRENDIZAGEM COMO PRÁTICA SOCIAL .............................................. 24
1. 2 – REFERENCIAIS TEÓRICOS RELATIVOS ÀS QUESTÕES DE
APRENDIZAGEM E TECNOLOGIA .................................................................... 26
1.2.1 – COMMUNITY OF INQUIRY .......................................................................... 28
1.2.1.1 – PRESENÇA COGNITIVA (COGNITIVE PRESENCE) .......................... 30
1.2.1.2 – PRESENÇA SOCIAL (SOCIAL PRESENCE) ........................................ 32
1.2.1.3 – PRESENÇA DE ENSINO (TEACHING PRESENCE) ............................ 35
1.2.1.4 – A PRESENÇA DE ENSINO NO DESIGN E ORGANIZAÇÃO ............... 35
1.3 – O CONCEITO ANDRAGÓGICO OU A APRENDIZAGEM DE ADULTOS .......... 39
1.3.1 – PRESSUPOSTOS DO MODELO ANDRAGÓGICO ..................................... 41
1.3.2 – PRINCÍPIOS QUE PODEM EXPLICAR A APRENDIZAGEM
DO ADULTO ................................................................................................. 42
1.3.3 – O CONCEITO ANDRAGÓGICO E A COMMUNITY OF INQUIRY ............... 44
1.4 – A ABORDAGEM SISTÊMICO-FUNCIONAL ....................................................... 46
1.4.1 – CONTEXTO DE SITUAÇÃO, CONTEXTO DE CULTURA E TEXTO .......... 47
1.4.1.1 – CONTEXTO DE SITUAÇÃO ................................................................. 47
1.4.1.2 – CONTEXTO DE CULTURA ................................................................... 52
1.5 – METAFUNÇÃO INTERPESSOAL ....................................................................... 53
1.5.1 – A ESTRUTURA DO DIÁLOGO ..................................................................... 53
1.5.2 – O MODO NA TROCA DE INFORMAÇÕES .................................................. 56
1.5.3 – MODALIDADE: MODALIZAÇÃO .................................................................. 57
1.5.4 – TROCA DE BENS E SERVIÇOS ................................................................. 59
1.5.5 – MODALIDADE: MODULAÇÃO ..................................................................... 59
1.6 – AVALIATIVIDADE ................................................................................................ 59
1.6.1 – AVALIATIVIDADE: COMPROMETIMENTO ................................................. 60
1.6.2 – AVALIATIVIDADE: ATITUDE ....................................................................... 62
1.6.3 – AVALIATIVIDADE: GRADAÇÃO .................................................................. 64
1.7 – FUNÇÕES DA MEDIAÇÃO ................................................................................. 65
1.7.1 – MEDIAÇÕES QUE ORIENTAM E GERENCIAM O TRABALHO
NO FÓRUM .................................................................................................. 65
1.7.2 – MEDIAÇÕES QUE AVALIAM ....................................................................... 66
1.7.2.1 – AVALIAÇÃO POSITIVA PARA REAFIRMAR E DAR SUPORTE .......... 66
1.7.2.2 – AVALIAÇÃO QUE PROMOVE A INTEGRAÇÃO NO ESPAÇO DA
COMUNIDADE ON-LINE ...................................................................... 67
1.7.2.3 – AVALIAÇÃO EXPLICATIVA .................................................................. 67
1.7.2.4 – AVALIAÇÃO PARA FINALIZAÇÃO DE ATIVIDADE ............................. 68
1.7.3 – MEDIAÇÕES COM PROPOSTAS DE QUESTÕES PARA REFLEXÕES
SOBRE DETERMINADO ASSUNTO ........................................................... 68
CAPÍTULO 2: METODOLOGIA ................................................................................... 75
2.1 – LINHA METODOLÓGICA DA PESQUISA .......................................................... 76
2.1.1 – OBJETIVOS DE PESQUISA ........................................................................ 79
2.2 – CONTEXTO DE PESQUISA ............................................................................... 81
2.2.1 – O CURSO ..................................................................................................... 81
2.2.1.1 – CRITÉRIO DE ESCOLHA DO CURSO ................................................. 85
2.2.1.3 – CONSTRUÇÃO DO CURSO ................................................................. 86
2.3 – COMUNIDADE VIRTUAL DE APRENDIZAGEM ................................................ 92
2.3.1 – FERRAMENTAS DO AMBIENTE DE INTERAÇÃO ASSÍNCRONA (AIA) ... 93
2.4 – CRITÉRIOS PARA ESCOLHA DOS FÓRUNS ................................................... 97
2.4.1 – FÓRUNS QUE COMPÕEM O CURSO ESTUDADO ................................... 97
2.4.2 – OS PARTICIPANTES ................................................................................. 101
2.5 – DESCRIÇÃO DO CORPUS DE PESQUISA ..................................................... 103
2.6 – PROCEDIMENTOS E CRITÉRIOS PARA ANÁLISE DE DADOS .................... 104
CAPÍTULO 3: APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E DISCUSSÃO
DOS RESULTADOS
......................................................................................... 106
3.1 – FÓRUNS DA COMUNIDADE – PRIMEIRA FASE ............................................ 107
3.1.1 – CONTEXTO DE SITUAÇÃO ...................................................................... 108
3.1.2 – O DESENVOLVIMENTO DA COMUNIDADE VIRTUAL EM
SUA PRIMEIRA FASE ................................................................................ 109
3.1.2.1 – ANÁLISE DE DADOS: PRIMEIRO CONTATO COM
A COMUNIDADE ................................................................................................... 110
3.1.2.2 – CARACTERÍSTICAS DA MEDIAÇÃO APRESENTADA
NA PRIMEIRA FASE
............................................................................................ 120
3.1.2 – FÓRUNS DA COMUNIDADE, SEGUNDA FASE ....................................... 122
3.1.2.1 – CONTEXTO DE SITUAÇÃO
............................................................................... 123
3.1.2.2 – O DESENVOLVIMENTO DA COMUNIDADE EM SUA
SEGUNDA FASE
................................................................................................... 123
3.1.3 – FÓRUNS DA COMUNIDADE TERCEIRA FASE: A COMUNIDADE
PRÓXIMA AO ENCERRAMENTO ............................................................. 142
3.1.3.1 – CONTEXTO DE SITUAÇÃO
............................................................................... 143
3.1.3.2 – O DESENVOLVIMENTO DA COMUNIDADE EM SUA
TERCEIRA FASE
.................................................................................................. 143
CONSIDERAÇÕES FINAIS
............................................................................... 157
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
................................................................... 161
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 1: Programa de Capacitação em TIC, Compras e
Gestão de Contratos ........................................................................................ 17
Tabela 2: Resultados Pregões Eletrônicos ...................................................... 18
Tabela 3: Elementos-chave da Community of Inquiry ...................................... 28
Tabela 4: Investigação Prática – Descrição de Indicadores ............................. 32
Tabela 5: Presença Social – classificação e Indicadores ................................. 34
Tabela 6: Esquema codificado para Design e Organização Instrucional ......... 37
Tabela 7: Esquema de códigos para facilitação do discurso ............................ 38
Tabela 8: Esquema de Códigos para a Instrução Direta .................................. 39
Tabela 9: MODO: Situações Típicas da Linguagem em Uso ........................... 50
Tabela 10: Papéis da Fala e Trocas na Interação ............................................ 54
Tabela 11: Funções da Fala – Emissor e Respondentes ................................. 54
Tabela 12: Estrutura de Movimento de Resposta ............................................ 55
Tabela 13: Funções da Fala e o Modo Típico da Oração ................................ 55
Tabela 14: Resumo do Diálogo ........................................................................ 56
Tabela 15: Curso de Capacitação .................................................................. 102
.
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1: Community of Inquiry ........................................................................ 29
Figura 2: Practical Inquiry ................................................................................. 31
Figura 3: Tela de Abertura ............................................................................... 84
Figura 4: Tela - Conteúdo ................................................................................ 87
Figura 5: Tela - Tema ....................................................................................... 88
Figura 6: Tela - Módulo 1 ................................................................................. 89
Figura 7: Tela - Apontamentos ......................................................................... 90
Figura 8: Tela - Seção Pesquisa ...................................................................... 91
Figura 9: Tela - Saiba Mais .............................................................................. 92
Figura 10: Tela - Ambiente de Interação Assíncrona (AIA) .............................. 94
Figura 11: Tela - Fórum Café ........................................................................... 95
Figura 12: Tela - Fórum Discutindo o Programa Bolsa Família ........................ 96
Figura 13: Fóruns que Compõem o Curso Programa Bolsa Família ................ 98
Figura 14: Fóruns Pedagógicos da Comunidade Virtual do
Curso Programa Bolsa Família ...................................................................... 100
Figura 15: Fóruns Técnicos da Comunidade Virtual do
Curso Programa Bolsa Família ...................................................................... 101
INTRODUÇÃO
15
Ao voltarmos nosso olhar para o emprego da tecnologia informatizada
no ambiente público, especialmente pelos servidores e funcionários públicos do
Estado de São Paulo, deparamo-nos com percepções como as observadas e
descritas por Pascale
1
(2005):
A adoção de novas tecnologias no ambiente de governo tem suscitado sentimentos
antagônicos – ora de medo, ora de fascínio – e provocado situações extremas de
apoio irrestrito ou de aversão completa à sua utilização. [...] A grande vantagem da
incorporação correta da dimensão tecnológica na gestão pública está em
disponibilizar informação confiável, acessível, integrada e útil, nos momentos
oportunos, aos membros do governo, para que possam definir suas políticas,
desenhar e executar os processos de trabalho, acompanhar as ações, tomar
decisões, interagir com usuários e parceiros, e prestar contas à sociedade.
Desde 2000, Programas de Aperfeiçoamento Profissional, via Educação
a Distância, vêm sendo desenvolvidos pelo Núcleo de Educação a Distância,
pertencente à Fundação do Desenvolvimento Administrativo (Fundap
2
). A
oferta sistemática dessa proposta educacional vem quebrando paradigmas
quanto à resistência da utilização da tecnologia no aperfeiçoamento e formação
profissional do servidor público no Estado de São Paulo.
Inicialmente, no período de 2000 a 2003, utilizando-se a metodologia de
estudos de casos, oito cursos foram ministrados. Esses cursos foram
realizados com a ajuda de um software educacional livre, desenvolvido e
constantemente aprimorado pelo Núcleo de Informática aplicada a Educação
(Nied)
3
, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), o Teleduc. Essa
plataforma possui como característica a possibilidade de realizar cursos para
turmas de vinte ou trinta participantes.
Em 2003, a partir de necessidades específicas da política de
desenvolvimento de recursos humanos, estabelecida pela Casa Civil do
governo do Estado de São Paulo, a quem foi subordinada até 2007, a Fundap
ofereceu seus primeiros Cursos de Educação a Distância direcionados a um
1
http://www.governoemrede.sp.gov.br/ead/egov/pdf/Modulo02.pdf - acessado em 09/08/2005.
2
Fundap – Fundação do Desenvolvimento Administrativo: http://www.fundap.sp.gov.br (acesso
em 28/2/2007).
3
Detalhes de informações sobre esta plataforma consulte:
http://teleduc.nied.unicamp.br/teleduc (acesso em 19/9/2005)
16
número bastante superior de participantes, comparado aos cursos até então
ministrados por meio da plataforma Teleduc.
Diferentemente de um curso com características escolares/acadêmicas,
o curso proposto abordava práticas e atualização profissional, ou seja, dentro
do ambiente virtual oferecido, seria possível ao servidor público abordar
permanentemente suas práticas profissionais do dia-a-dia de serviço, assim
como discutir questões relacionadas a novas demandas e atribuições,
possibilitando seu aprimoramento profissional e, conseqüentemente, melhor
desempenho.
A primeira experiência voltada a essa modalidade educacional atendeu
ao Programa de Capacitação em Tecnologia da Informação e da Comunicação
(TIC), Licitação, Compras e Gestão de Contratos, com o oferecimento de
cursos cujo objetivo foi capacitar os servidores públicos a desenvolverem
atividades de pregoeiros através do Pregão Eletrônico implementado pelo
governo do Estado de São Paulo pela Lei n. 10.520/2002
4
.
Esse Programa compreendia os seguintes cursos: Curso de Licitação e
Gestão de Contratos de Prestação de Serviços Terceirizados - 1ª e 2ª versão;
Curso de Governo Eletrônico; Curso de Negociação para Pregoeiro e Curso de
Comunicação para Pregoeiro. Para a realização desses cursos, foram reunidos
7.320 servidores públicos, que entraram em rede, conforme tabela a seguir:
4
Secretaria da Gestão Pública – Pregão Eletrônico
http://www.pregao.sp.gov.br/legislacao/leifederal/lei10520.htm (acesso em 7/4/2008)
17
Tabela 1: Programa de Capacitação em TIC,
Compras e Gestão de Contratos
Fonte: Fundap/Nead - 14º. Relatório anual: EaD TIC Compras – Junho 2007
Os resultados positivos obtidos a partir dessas ações de capacitação
e/ou aperfeiçoamento foram claramente refletidos nos pregões eletrônicos
posteriormente realizados, cujos resultados estão disponibilizados no site da
Secretaria de Gestão Pública. Pode-se constatar que o trabalho desenvolvido e
a aprendizagem em rede foram bastante eficazes, uma vez que resultou na
economia de 4,88% dos valores esperados, ou seja, R$836.203.240,69, em
transações de bens e serviços, entre 2003 e 2006, correspondentes ao mesmo
período em que o Programas de Capacitação em Tecnologia da Informação e
da Comunicação (TIC), Licitação, Compras e Gestão de Contratos foram
oferecidos (Tabela 2).
18
Tabela 2: Resultados Pregões Eletrônicos
Fonte: Pregão: Uma nova modalidade de Licitação (2006:6)
Desde essa primeira experiência, os cursos são organizados em um
ambiente composto de módulos estruturados a partir de um conteúdo
broadcast, hospedado nos sistemas da Companhia de Processamento de
Dados de São Paulo (Prodesp), e de um ambiente virtual de aprendizagem
(AVA)
5
, que pode ser acessado através da plataforma Snitz
6
, software livre,
disponível para download na Internet. Esse software foi completamente
customizado e será detalhado no capítulo Metodologia.
A exemplificação apresentada vai ao encontro do que Okada (2003:64)
descreve como ecologias cognitivas, ou seja, coletividades que se auto-
organizam, se mantêm e se transformam mediante o envolvimento permanente
dos indivíduos que as compõem. Ainda segundo a autora, essas coletividades
5
Ambientes Virtuais de Aprendizagem – AVA, são softwares desenvolvidos sobre metodologia
pedagógica para auxiliar a promoção de ensino/aprendizagem virtual ou semipresencial, é
um sistema elaborado para ajudar professores, facilitando o gerenciamento de cursos
educacionais para seus estudantes, especialmente ajudando professores e aprendizes com a
administração do curso. http://pt.wikipedia.org/wiki/Ambiente_virtual_de_aprendizagem
(acesso em 18/03/2008)
6
O Snitz encontra-se disponível para download em http://forum.sntiz.com (acesso em
13/7/2007)
19
são compostas de seres humanos, coletividades cognitivas e técnicas. Na
ecologia cognitiva, o enfoque não é o sujeito ou o objeto. As idéias não
ocorrem apenas no mundo subjetivo ou então simplesmente a partir do mundo
objetivo. O conhecimento é construído a partir das inter-relações entre os
sujeitos e os objetos e os sujeitos entre si, em suas múltiplas interfaces.
Segundo Okada (2003:64), por intermédio das ecologias cognitivas, a
apropriação dos conhecimentos se tornará cada vez mais acessível, libertando-
se das fontes exclusivas e excludentes do saber, permitindo que os indivíduos
possam reunir-se de acordo com os interesses em comum.
Para que as ecologias cognitivas possam emergir, Okada (2003:68)
sugere pensar sobre o que motiva as pessoas a interagirem, considerando a
diversidade de ritmos, disponibilidades, interesses e a multiplicidade de outras
tarefas, compromissos e atividades. Segundo a autora, para que o feixe de
relações se constitua, é necessário que os participantes sintam-se envolvidos e
tenham consciência do que provoca esse envolvimento.
Levy (1993:144) afirma que as coletividades cognitivas se auto-
organizam, se mantêm e se transformam através do envolvimento permanente
dos indivíduos que as compõem. Mas essas coletividades não são constituídas
apenas por seres humanos, também desempenham papéis importantes
como(?) técnicas de comunicação e de processamento das representações.
A partir dessas considerações, esse estudo objetiva compreender, por
meio de um processo investigativo, de base qualitativa etnográfica e
interpretativista, como as relações estabelecidas e apresentadas dentro de
uma Comunidade Virtual de Aprendizagem evoluem de forma a constituírem
uma Comunidade Virtual de Aprendizagem, Ensino e Trabalho. A análise dos
dados será feita com apoio na Lingüística Sistêmico-Funcional.
Na busca por essa compreensão, será analisada a linguagem de
mediação adotada pelo mediador e o modo como essa linguagem estimula e
promove uma atitude reflexiva quanto às práticas profissionais empregadas
dentro dos setores de atuação profissional, o exercício da atividade pública
voltada ao cidadão comum e o reconhecimento dos participantes dessas
comunidades como membros de um grupo de trabalho atuante.
20
Busca-se ainda promover a colaboração entre os servidores públicos
participantes dessas comunidades, por meio de troca de experiências
vivenciadas no dia-a-dia de trabalho, discussões, e apresentação de dúvidas e
problemáticas relatadas nos fóruns existentes nessas comunidades.
Espera-se que essas comunidades atuem como meio de integração e
participação colaborativa dos profissionais que a elas se vinculam, não na
condição de alunos, mas sim como participantes, capazes de colaborar,
esclarecendo dúvidas, processos e questões comuns.
A busca por esse entendimento visa a contribuir para o desenvolvimento
de uma educação continuada e, conseqüentemente, a valorização profissional
dos servidores públicos, de todas as esferas, que atualmente façam uso ou
venham a beneficiar-se dos Programas de Educação a Distância desenvolvidos
pela Fundação do Desenvolvimento Administrativo (Fundap).
O presente estudo envolve também a compreensão de como o
Mediador, seja ele Pedagógico ou Técnico (essas funções serão detalhadas no
Capítulo 2 – Metodologia), contribui para a formação e o fortalecimento de uma
Comunidade Virtual de Aprendizagem, Ensino e Trabalho, através da
facilitação do discurso, instrução direta e orientação para a aprendizagem
apresentadas nos ambientes dos fóruns observados.
Será estudada, ainda, a interação desses alunos/participantes dentro do
ambiente virtual e como passam a realizar as mediações, de modo a
proporcionar a facilitação do discurso nesse ambiente e valorizar as
experiências vivenciadas em seu dia-a-dia de trabalho, motivando a
participação ativa dentro da comunidade.
As questões de pesquisa que encaminharam a análise são:
1. Como a mediação se revela nas fases iniciais de uma comunidade
de aprendizagem?
2. Como o mediador contribui para a formação e o fortalecimento de
uma Comunidade Virtual de Aprendizagem ensino e trabalho?
3. Como os alunos/colaboradores dessa Comunidade Virtual interagem
entre si?
21
4. Como uma Comunidade Virtual de Aprendizagem evolui para uma
Comunidade Virtual de Ensino, Aprendizagem e Trabalho?
A presente dissertação está organizada em três capítulos, que abordam
a fundamentação teórica da pesquisa, a metodologia empregada e a
apresentação, análise e discussão dos dados.
No primeiro capítulo, foi apresentada a Fundamentação Teórica que
embasa essa dissertação. No âmbito pedagógico, foi utilizada a concepção
sociointeracionista de Vygotsky (1933/1987) e dos autores neovygotiskianos
Daniels (2002, 2003), Kruzolin (2003), Lave e Wenger (2002) e Wertsch (1991),
estabelecendo-se ainda o diálogo com a concepção andragógica, apresentado
por Maseto (1992, 2000 e 2003), Tavares-Silva (2006) e Chotguis (2007).
No âmbito das teorias de linguagem, foi utilizado o modelo proposto pela
Lingüística Sistêmico-Funcional, a partir da abordagem elaborada por Halliday
(1991), sendo especialmente importantes para a análise os conceitos de
Contexto de Situação, com a definição dos aspectos de Modo, Campo e
Relações e Contexto de Cultura, referente aos participantes, seu meio social,
situações convencionais e objetivos propostos.
No âmbito da Lingüística Sistêmico-Funcional, serão também
abordados, de maneira mais detalhada, os conceitos da Metafunção
Interpessoal, negociações de relações interpessoais ou o agir com outras
pessoas no ambiente, assim como o Sistema de Avaliatividade elaborado por
J. Martin (1994) e tratado por Eggins (1994) e White (2005).
No segundo capítulo, será apresentada a linha metodológica da
presente pesquisa, embasada nos autores Günther (2006), Silverman (2001),
Watson-Gegeo (1988) e Wielewicki (2001), o contexto de pesquisa, o critério
de escolha do curso investigado, a descrição do corpus de pesquisa, a
construção do curso e seus participantes e os procedimentos e critérios para
análise dos dados coletados.
O terceiro capítulo contempla a análise e a discussão relativas aos
dados que compõem essa investigação, a partir da fundamentação teórica
apresentada, com o objetivo de atender às necessidades apresentadas, tendo
por base as perguntas de pesquisa que deram início a essa dissertação.
22
CAPÍTULO 1
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
23
Neste capítulo, serão abordados os referenciais teóricos que
fundamentam a pesquisa. Esses referenciais advêm de áreas do conhecimento
relacionadas entre si, as quais serão detalhadas ao longo do capítulo.
O referencial teórico pedagógico adotado é o sociointeracionismo de
Vygotsky (1933/1987) e os autores neovygotiskianos Daniels (2002, 2003)
Kuzolin (2003), Lave e Wenger (2002) e Wertsch (1991), que igualmente
compartilham da concepção de que a aprendizagem ocorre como o resultado
uma prática colaborativa entre pares.
O referencial teórico que conceituará as Comunidades Virtuais de
Aprendizagem e Ensino e as Comunidades Virtuais de Aprendizagem, Ensino e
Trabalho, em contexto digital, será o relativo às questões de aprendizagem e
tecnologia, desenvolvidas por Garrison e Anderson (2003), especialmente
sobre Communities of Inquiry, desenvolvidas por Lévy (2003), Palloff e Pratt
(2005).
O conceito andragógico, referente à teoria educacional voltada à
educação de adultos, será abordado a partir de Masetto (1992, 2000, 2003),
Tavares-Silva (2006) e Chotguis (2007). Essa concepção será empregada, na
pesquisa, por considerarmos essa vertente importante para o estudo da
formação de uma Comunidade Virtual de Aprendizagem, Ensino e Trabalho.
A orientação voltada à teoria da linguagem, em especial a linguagem
empregada na Comunidade Virtual de Aprendizagem, Ensino e Trabalho, será
dada pela Lingüística Sistêmico-Funcional, desenvolvida por Halliday (1994) e
os funcionalistas da linha: Kress (1985), Eggins (1994), Hasan (2006) e White
(2005).
Igualmente voltada à teoria da linguagem, serão abordadas e utilizadas
as Funções da Mediação, conforme desenvolvidas e descritas por Gervai
(2007), a partir de instrumentos de análise que derivaram especialmente dos
conceitos relacionados à Metafunção Interpessoal e à Metafunção Ideacional,
correspondentes, respectivamente, a trocas entre interlocutores de uma
comunicação e à mostra de como construímos a realidade.
Essa abordagem será importante no desenvolvimento do presente
trabalho, uma vez que a pesquisadora concorda com a afirmação de Gervai
24
(2007:8) de que a compreensão dos diferentes tipos de mediação pode ser
reveladora e pode propiciar novas propostas de ações pedagógicas em
ambientes de aprendizagem on-line.
1.1 – REFERENCIAL PEDAGÓGICO
1.1.1 – APRENDIZAGEM COMO PRÁTICA SOCIAL
O foco de estudos do presente trabalho são as ações de mediação,
realizadas pelos mediadores nos fóruns que compõem uma Comunidade
Virtual de Aprendizagem, e como essas ações atuam para o desenvolvimento
de uma Comunidade de Aprendizagem, Ensino e Trabalho, onde seus
participantes são levados a discutir sobre temáticas relacionadas ao dia-a-dia
de serviço, esclarecimento de dúvidas, reconhecimento mútuo e valorização
profissional.
Nesse sentido, é possível encontrar ecos na teoria da aprendizagem
desenvolvida por Vygotsky, cuja contribuição para o desenvolvimento dessa
pesquisa é muito importante, uma vez que aborda a participação ativa, a
colaboração de pares e a mediação, que, como observa Daniels (2003:24),
abre caminho para o desenvolvimento de uma explanação não-determinista,
em que os mediadores servem como meios pelos quais o indivíduo age sobre
fatores sociais, culturais e históricos e sofre a ação deles.
Argumento semelhante é abordado por Scribner (1990:92 apud Daniels
2003:45). Para o autor, o gênio especial de Vygotsky estava em apreender a
importância do social não só nas coisas, mas também nas pessoas. Ainda
segundo ele, o mundo em que vivemos é humanizado, cheio de objetos
materiais e simbólicos (signos, sistemas de conhecimento) culturalmente
construídos, de origem histórica e conteúdo social. Como todas as ações
humanas – incluindo atos de pensamentos – envolvem a mediação de tais
objetos (“ferramentas” e “signos”), elas são, não só por isso, essencialmente
sociais.
É possível, ainda, observar semelhante conceito em Kozulin (2002:112)
que, ao abordar os conceitos desenvolvidos por Vygotsky, afirma que foram
25
distinguidos aspectos especialmente humanos da experiência individual, tais
como sua historicidade (dívida para com a experiência de gerações anteriores),
seu caráter social (experiências partilhadas de outros) e sua “dupla natureza”,
expressão que Vygotsky entendia como a existência de imagens e esquemas
mentais prévios à ação concreta.
A mediação realizada em uma Comunidade Virtual de Aprendizagem,
Ensino e Trabalho, que promove a participação ativa de seus participantes, ou
seja, realizada como prática social, encontra correspondência em Daniels
(2003:83). Este observa que o ensino ou a instrução devem criar as
possibilidades para o desenvolvimento, pelo tipo da participação ativa que
caracteriza a colaboração; devem ser socialmente negociados e implicar a
transferência de controle para o aluno.
A aprendizagem realizada por meio da participação ativa e a
colaboração é, segundo Lave e Wenger (2003:169), um aspecto da prática
social e envolve a pessoa inteira, implicando não somente uma relação com
atividades específicas, mas uma relação com comunidades sociais, o que torna
essa pessoa um participante pleno, um membro, um tipo de pessoa. Dessa
forma, a aprendizagem implica tornar-se capaz de estar envolvido em novas
atividades, de desempenhar novas tarefas e funções, de dominar novas
noções.
Para Lave e Wenger (2003b: 50), a teoria da prática social possui ênfase
na relação interdependente entre o agente e o mundo, a atividade, o sentido, a
cognição, o ensino e a aprendizagem.
Briefly, a theory of social practice emphasizes the relational interdependency of agent
and world, activity, meaning, cognition, learning, and knowing. It emphasizes the
inherently socially negotiated character of the meaning and the interested, concerned
character of the thought and action of person-in-activity.
7
Segundo Lave e Wenger (2003:53), como um aspecto da prática social,
o ensino envolve o indivíduo como um todo. Isso não ocorre apenas na relação
7
Resumidamente, a teoria da prática social enfatiza a interdependência relacional do agente,
da palavra da atividade, do sentido da cognição e do conhecimento. Essas ênfases possuem
caráter social negociado através do sentido e do interesse, conjuntamente com o
pensamento e a ação da pessoa na atividade. (tradução da pesquisadora.)
26
específica de atividades, mas na relação de comunidades sociais, e envolve
cada um dos participantes, membros e tipos de pessoas
8
.
1.2 – REFERENCIAIS TEÓRICOS RELATIVOS ÀS QUESTÕES
DE APRENDIZAGEM E TECNOLOGIA
Os referenciais teóricos aqui apresentados, por abordarem conceitos
relativos às questões de aprendizagem e tecnologia e aprendizagem de
adultos, possuem relevância para a análise de dados que será realizada nessa
pesquisa. Esses conceitos, os quais detalho no decorrer desta seção, estão
diretamente no âmbito deste estudo, que tem como foco os fóruns existentes
em Comunidades Virtuais de Aprendizagem, Ensino e Trabalho e as ações de
mediação cuja finalidade é organizar esses mesmos fóruns, bem como
estimular a participação de seus participantes.
O referencial teórico que conceituará as Comunidades Virtuais de
Aprendizagem e Ensino e as Comunidades Virtuais de Aprendizagem, Ensino e
Trabalho, em contexto digital, envolverá questões de aprendizagem e
tecnologia desenvolvidas por Garrison e Anderson (2003), sob a denominação
Communities of Inquiry, e também por Lévy (2000), Palloff e Pratt (2002), em
Valente at al (2007:5).
Levy (2000), Palloff e Pratt (2002) e Valente et al (2007:5) estabelecem
que a gênese de uma Comunidade Virtual de Aprendizagem baseia-se na
afinidade de interesses, de comprometimentos, de projetos mútuos e de
valores estabelecidos mediante um processo de colaboração. Para os autores,
o que une os membros de uma comunidade não é a estrutura dessa
comunidade, mas sim as relações interpessoais estabelecidas.
As questões de aprendizagem e tecnologia desenvolvidas por Garrison e
Anderson (2003) estão sob a denominação Communities of Inquiry.
8
As an aspect of social practice, learning involves the whole person; it implies not only a
relation to specific activities becoming a full participant, a member, a kind of person. – Como
um aspecto da prática social, o aprendizado envolve o individuo como um todo; implicando
não apenas a relação específica de atividades propostas, mas o participante como um todo,
um membro, um indivíduo com personalidade. (tradução da pesquisadora).
27
A principal característica do modelo pedagógico referente às questões
de aprendizagem e tecnologia, segundo Garrison e Anderson (2003:3), é a de
que o ambiente virtual nos leva a repensar a pedagogia e de que a educação
ocorre sobre idéias e não sobre fatos.
Garrison e Anderson (2003:3) afirmam:
“The essential feature of e-learning extends beyond its access to information and
builds on its communicative and interactive features. The goal of quality e-learning is
to blend diversity and cohesiveness into a dynamic and intellectually challenging
´learning ecology´”
9
O modelo pedagógico referente às questões de aprendizagem e
tecnologia promove a autonomia e a colaboração, termos que deixam de ser
conflitivos ou contrastantes e tornam-se elementos essenciais à implicação e à
promoção da qualidade em um processo de questionamento crítico.
Nesse modelo, Garrison e Anderson (2003:4) salientam que a qualidade
educacional provém de uma dinâmica que busca a integração entre seus
participantes e o contexto criado, de forma a facilitar a atuação do professor e
sua competência pedagógica.
Segundo Garrison e Anderson (2005:22), a realização do potencial da
educação a distância não implica afirmar que valores tradicionais educacionais
e suas práticas seriam declarados obsoletos. Na verdade, segundo os autores,
por unificar capacidades de suportes assíncronos, comunicação colaborativa
em um dinâmico e adaptável contexto educacional, os ideais tradicionais
educacionais vão ao encontro de valores e responsabilidades pessoais de seus
participantes.
Os referenciais tecnológicos relativos às questões de aprendizagem e
tecnologia apresentados e detalhados nesta seção vão ao encontro do conceito
andragógico, adotado na elaboração da estrutura pedagógica, na qual a
comunidade virtual estudada foi desenvolvida, e que será abordado e
detalhado na Seção 3 desta pesquisa: O conceito andragógico, ou a
aprendizagem de adultos.
9
O aspecto essencial do e-learning se estende além do seu acesso a informação, construindo
aspectos comunicativos e interativos. O objetivo do e-learning de qualidade é o de mesclar
diversidade e coerência em uma learning ecology dinâmica e intelectualmente desafiadora.
28
1.2.1 –
COMMUNITY OF INQUIRY
No conceito estrutural da teoria da Community of inquiry em ambiente
virtual, Garrison e Anderson (2003) citam Lipman (1991:15):
Students listen to one another with respect, build on one another ideas, challenge one
another to supply reasons to otherwise unsupported opinions, assist each other in
drawing inferences form what has been said, and seek to identify one another´s
assumptions. A community of inquiry attempts to follow the inquiry where it leads
rather than being penned in by the boundary lines of existing disciplines.
10
.
Baseados no argumento de Lipman, de que, para a existência de uma
Community of Inquiry, é necessário construir um pensamento crítico como uma
metodologia educacional, Garrison e Anderson desenvolvem o conceito de
Community of Inquiry dentro de um ambiente virtual.
Para Garrison e Anderson (2003), existem três elementos-chave que
compõem a Community of Inquiry: a Presença Cognitiva, a Presença Social e a
Presença de Ensino (Tabela 3).
Tabela 3: Elementos-chave da C
ommunity of Inquiry
Elementos Categorias
Indicadores
(exemplos apenas)
Presença Cognitiva
Exploração
Integração
Resolução
Detecção de problemas
Informação externa
Aplicação de novas idéias
Presença Social
Afetividade
Comunicação aberta
Coesão do Grupo
Expressão de novas
emoções
Livre expressão
Encorajamento da
colaboração
Presença de Ensino
Desenho e organização
Facilitação de Discurso
Direção Instrucional
Aplicação de currículo e
métodos
Participação com significação
pessoal
Foco na discussão
Fonte: Garrison & Anderson (2003:61)
Esses elementos-chave que compõem a Community of Inquiry
apresentaram relevância em níveis alternados, à medida que a Comunidade
10
Estudantes escutam uns aos outros com respeito, construindo idéias e desafiando uns aos
outros para fundamentar justificativas para essas novas opiniões não fundamentadas, se
ajudam em busca de novas inferências do que foi dito e buscam se identificar uns com os
outros. Uma comunidade de questionamentos segue estes questionamentos para onde eles
levam não levando em consideração os limites das disciplinas existentes. (tradução da
pesquisadora).
29
Virtual de Aprendizagem, Ensino e Trabalho se desenvolveu, tornando-se
assim importante seu detalhamento, conforme apresentado a seguir.
A experiência educacional ocorre a partir da conjunção dessas três
chaves, conforme representado na Figura 1 a seguir:
Figura 1:
Community of Inquiry
Fonte: http://communitiesofinquiry/p.1 , acesso em 14/1/2008.
30
1.2.1.1 – Presença Cognitiva (
Cognitive Presence
)
De modo geral, a Presença Cognitiva corresponde ao pensamento
crítico elaborado pelo participante, a partir dos produtos de aprendizagem que
lhe são oferecidos no contexto da aprendizagem.
Critical reflection and discourse are also demanded of the teacher for purposes of
selecting and organizing content and for diagnosing possible misconceptions and
ensuring quality learning outcomes. Critical thinking is a holistic activity incorporating
both reflective and shared activities. Critical thinking and discourses is central to the e-
learning theoretical framework (Garrison e Anderson 2003:28)
11
.
Ao detalhar mais o conceito de presença cognitiva em ambientes
educacionais on-line, Garrison e Anderson (2003:55) afirmam que esse
conceito é utilizado para descrever o envolvimento intelectual que sustenta o
discurso crítico e a aquisição de conhecimento superior. Esse conceito é
essencial para a criação de uma Community of Inquiry ou, como cunhado por
Gervai
12
(2006:100), comunidades de desafios e questionamentos. Esta afirma
que:
O ambiente deve permitir uma interação muito grande ao aprendiz com o objetivo de
estudo, de forma a estimulá-lo e desafiá-lo, mas, ao mesmo tempo, permitindo que
novas situações criadas possam ser adaptadas às estruturas cognitivas existentes,
propiciando desenvolvimento.
Segundo Garrison e Anderson (2003:56), o conceito de presença
cognitiva está associado ao conceito de pensamento crítico, desenvolvido por
Dewey (1933), em que o pensamento reflexivo ou crítico corresponde à prática
do aprofundamento dos significados em nossas experiências dentro de um
contexto educacional.
Garrison e Anderson (2003:59), a partir desse conceito de pensamento
crítico, desenvolveram o modelo estrutural Practical Inquiry (Investigação
11
A reflexão crítica e discursiva é demandada pelo professor a partir de propostas elaboradas
com conteúdos selecionados de forma a diagnosticar possíveis interpretações errôneas,
assegurando uma aprendizagem efetiva. O pensamento crítico é uma atividade holística
incorporando tanto a reflexão e a quanto as atividades. O pensamento e o discurso crítico
são centrais na estrutura teórica do ensino a distância. (tradução da pesquisadora)
12
Solange Gervai: A Mediação Pedagógica em contextos de aprendizagem on-line. –
Programa de Estudos de Pós-Graduados em Lingüística Aplicada e Estudos da Linguagem. –
PUC/SP. Tese de doutorado, 2006
31
Prática), que corresponde à integração do pensamento crítico e à aprendizagem,
criando a proposta educacional da Presença Cognitiva (Figura 2).
Figura 2:
Practical Inquiry
Fonte: http://www.sloan-c.org/publications/JALN/v11n1/v11n1_8garrison.asp (acesso em
15/1/2008).
Esse modelo apresenta duas dimensões, sendo a primeira delas um
continuum entre ação e deliberação e a segunda a reflexão do processo
cognitivo de associação de fatos ou eventos e idéias ou conceitos.
O modelo inclui ainda quatro fases (vide Tabela 4, adiante): triggerring
event (evento disparador); exploration (exploração); integration (integração) e
resolution (resolução), as quais detalho a seguir, e que serão observadas nas
interações a partir do ponto de vista em que se situam no recorte escolhido
para análise nessa pesquisa:
Primeira fase – Triggering event (evento disparador): nessa fase são
definidas as expectativas relacionadas ao curso, pedidos de esclarecimentos e
identificação de problemas.
Segunda fase – Exploration (exploração): corresponde à exploração, ou
seja, o primeiro entendimento da natureza do problema e a procura por
informações relevantes e possíveis explicações, por meio do compartilhamento
de idéias.
32
Terceira fase – Integration (integração): corresponde à integração, à
construção de sentido do que parecia anteriormente confuso. Nessa fase,
decisões são tomadas quanto à integração de idéias e construção de
significados. Obtém-se aqui a reflexão superior com o engajamento dos
estudantes no discurso crítico e uma compreensão refinada.
Quarta fase – Resolution (resolução): essa última fase é a resolução do
problema, em toda sua complexidade, permitindo descobrir e contextualizar
uma solução específica.
Tabela 4: Investigação Prática – Descrição de Indicadores
Practical Inquiry – Descriptors indicators
Fase Descrição Indicador
Evento de disparador
Participantes podem
relacionar problemas com
experiências ou estudos prévios
Reconhecimento do problema
Perplexidade
Exploração
Participantes são
estimulados a refletir e a compartilhar
idéias colaborativamente
Divergência
Troca de informações
Sugestões
Brainstorming
Passos intuitivos
Integração
Integração de idéias e construção de
significados
Convergência
Combinações
Soluções
Resolução
Confirmação de solução,
Teste ou aplicação direta
Aplicação
Teste
Defesa
Fonte: Garrison & Anderson (2003:61)
1.2.1.2 – Presença Social (
Social Presence
)
Garrison e Anderson (2003:48) assim expressam a necessidade da
compreensão da presença social:
“We need to understand the nature of social interaction in a non-verbal environment
and hoe this can be utilized to create a community of inquiry. A cohesive community
can be created based upon establishing friendships or it can be based upon other
common purposes such as specific educational goals. A community will sustain itself
based upon how well individuals and the group meet their needs and achieve their
goals.”
13
.
13
É necessário compreender a natureza social da interação em um meio não-verbal e como
esse meio pode ser utilizado para a criação de uma comunidade de investigação prática.
Uma comunidade coerente pode ser criada a partir de relações de amizade ou ainda,
baseada em propostas comuns, como objetivos educacionais específicos, preestabelecidos
(tradução da pesquisadora).
33
Garrison e Anderson (2003:51) definem a presença social como a
habilidade dos participantes da Community of Inquiry – Comunidades de
desafios e questionamentos, para se projetarem social e emocionalmente,
como pessoas reais (Tabela 5).
A presença social pode, segundo Garrison e Anderson (2003:52), ser
construída como um processo interativo de três categorias a serem observadas
na análise dos dados coletados para o presente estudo:
Affective Responses Não corresponde a apenas uma característica
que define a presença social, mas à participação na community of inquiry
comunidades de desafios e questionamentos. Na Affective Responses, o
interesse e a persistência são essenciais para uma experiência de
aprendizagem.
As emoções correspondem a uma condição facilitadora para o
engajamento em um diálogo significativo e uma experiência educacional. Essa
categoria possui três indicadores: a expressão de emoções, o uso do humor e
o discurso próprio.
Open Communication – Comunicação aberta: respostas afetivas
possuem efeito direto na interatividade e na comunicação aberta, sendo essa
uma qualidade afetiva que reflete o clima de aceitação, promovendo um
processo de reconhecimento, complementação e respostas aos
questionamentos dos outros, o encorajamento, a percepção reflexiva e a
interação.
Cohesive Responses Respostas coesas: um grupo coeso é
essencial para a confiabilidade da proposta da community of inquiry -
comunidades de desafios e questionamentos, particularmente em um grupo a
distância (e-learning), cujos membros participantes estão separados pelo
tempo e pelo espaço.
34
Tabela 5: Presença Social – classificação e Indicadores
Social presence classification and indicators
Categoria Indicadores Definição
Afetividade
Expressão de emoções
______________________
Uso do humor
______________________
Discurso próprio
Expressões convencionais
de emoções, ou não convencionais,
expressões de emoções, incluindo repetições,
pontuação,
manifestações, emoções
______________________________________
Chacota, desentendimento, ironia, sarcasmo
______________________________________
Presença de detalhes da vida pessoal ou
expressão de vulnerabilidade
Comunicação
aberta
Fala contínua
______________________
Citações realizadas a
partir de outras
mensagens
______________________
Realizando perguntas
______________________
Complementando
expressando
apreciação
_______________________
Expressando agradecimento
Utilização da ferramenta disponível no software
para dar início a uma nova fala.
______________________________________
Utilização da ferramenta disponível no software
para a citação de mensagens de
outros participantes.
______________________________________
Estudantes perguntando para outros
estudantes
ou o moderador
______________________________________
Expressando concordância com outros
participantes
ou complementando suas mensagens
______________________________________
Expressando agradecimento ou contentamento
A mensagem de outros participantes
Coesão
Vocativos
______________________
Endereçamentos ou
referências para o uso
do grupo, utilização de
Pronomes
______________________
Saudações
Direcionamento de mensagens ou referência
ao nome de outros participantes
______________________________________
Endereçamento do grupo como nós, nosso,
grupo
_____________________________________
Comunicação que sirva a uma pluralidade
de funções sociais.
Fonte: Garrison & Anderson (2003:51)
35
1.2.1.3 – Presença de Ensino (
Teaching Presence
)
A Presença de Ensino corresponde ao terceiro elemento-chave da
composição da Community of Inquiry e é definida como o design, a facilitação e
o direcionamento das presenças cognitiva e social.
Garrison e Anderson (2003:64) afirmam:
Education is a unified process where teachers and students have important
complementary responsibilities. This relationship is at the heart of an educational
experience. The focus is on learning, but nor just whatever the learner capriciously
decides. An educational experience is intended to focus on learning outcomes that
have value for society as well as the learner.
14
Segundo Garrison e Anderson (2003:65), em uma experiência
educacional, tanto aprender quanto ensinar são partes de um grande processo
de aprendizagem. As categorias da Presença de Ensino (Teaching Presence)
são descritas ao longo desta seção.
1.2.1.4 – A Presença de Ensino no
Design
e Organização
Garrison e Anderson (2003:67) afirmam que o design e a organização de
um curso a distância – para estudantes e mediado por computador – possui
uma demanda maior tanto do design quanto de sua organização, do que um
curso similar em um contexto tradicional de sala de aula presencial.
A tecnologia demanda professores aptos a redesenhar a aproximação
do ensino e da aprendizagem para obtenção da capacidade máxima do meio
tecnológico, sendo esse redesenho, em alguns casos, insatisfatório, pois a
construção de um curriculum é realizada de maneira complexa, tanto no
aumento, quanto na diminuição de seu conteúdo.
Ainda segundo os autores, o design e a organização provêm de um
macronível estrutural, em que, para uma experiência educacional, é preciso ter
similar responsabilidade e funções.
14
Educação é a unificação de importantes processos em que o professor e o estudante têm
responsabilidades complementares. Esta relação é o coração de uma experiência
educacional. O foco é a aprendizagem, mas não qualquer aprendizagem, decidida de
maneira caprichosa. Uma experiência educacional tem seu foco planejado, tanto na
educação quanto no valor social que essa educação proporciona (tradução da pesquisadora).
36
Para Anderson et al (2001:5), como em muitas formas de educação a
distância, o processo de desenho e planejamento do curso on-line é
geralmente mais extenso e consome mais tempo, se comparado ao processo
baseado no ensino em sala de aula.
Ainda segundo Anderson et al (2001: 6), construir um curso em formato
digital força o professor a pensar no processo, na estrutura, na evolução e na
interação que compõem o curso, e muitas das expectativas de aprendizagem
da sala de aula convencional não são válidas para os estudantes ou para os
professores, obrigando estes a serem mais explícitos e transparentes no
planejamento de seus processos de design e organização.
As atividades abrangem a construção de material curricular que
compreende a criação e a integração de objetos de aprendizado externos,
incluindo o redesenho de materiais, impressões pessoais e outras visões
customizadas do conteúdo do curso.
Os autores observam ainda que essa categoria envolve também o
design e a administração de uma miscigenação de atividades individuais e em
grupo que deve acontecer durante o curso, incluindo o processo no qual o
instrutor negocia linhas de tempo para atividades em grupo e o
desenvolvimento de atividades práticas, aspecto esse, segundo Anderson et al
(2001:6), muito importante nos cursos on-line (Tabela 6).
Ao professor também cabe organizar o ambiente, ou seja, apresentar ao
estudante linhas de conduta, como tipos e modelos apropriados de etiqueta e
uso efetivo do meio virtual, incluindo a réplica e a ferramenta “quote”.
Igualmente, cabe ao professor a quebra do diálogo ocorrido por ocasião de
uma postagem inapropriada ou a postagem realizada em um fórum de
discussões errado.
37
Tabela 6: Esquema codificado para Design e Organização Instrucional
Coding scheme for Instructional Design and Organization
Indicadores Exemplos
Definindo currículo “Esta semana nos iremos discutir…”
Desenhando métodos “Eu irei dividi-los em grupos e vocês irão debater...”
Estabelecendo parâmetros de
tempo
“Por favor postem a mensagem até sexta-feira...”
Utilizando meios eficazes
“Tente direcionar-se aos outros quando você postar uma
mensagem”
Estabelecendo etiqueta da rede “Postem mensagens curtas”
Fonte: http://sloan-c.org/publications/jaln/v5n2/pdf/v5n2_anderson.pdf (Acesso em 28/2/2008)
– Facilitação do Discurso (
Facilitating Discourse
)
A facilitação do discurso é essencial para manter o interesse, a
motivação e o comprometimento dos estudantes na atividade de
aprendizagem. Anderson et al (2001:7) preferem utilizar o termo discurso ao
termo discussão para iluminar o foco e a sustentação que marcam a
aprendizagem na Community of Inquiry.
Ao realizar o elemento de facilitação do discurso na Presença de Ensino,
o professor regularmente lê e comenta as postagens realizadas pelos
estudantes, buscando constantemente dar suporte ao desenvolvimento de
aprendizagem na comunidade.
Anderson et al (2001:7) afirmam que o papel do professor, na facilitação
do discurso, possui uma exigência maior se comparada a dos demais
participantes, e carrega com ela diferentes níveis de responsabilidade para
estabelecer e manter o discurso que cria e sustenta a presença social.
Garrison e Anderson (2003:68) afirmam que a facilitação do discurso
promove a construção do conhecimento, sendo esse o coração de uma
experiência de e-learning. Para os autores, a facilitação do discurso
proporciona o reconhecimento de papéis dentro da comunidade de prática
(community of inquiry) e promove o encorajamento para a construção de
significados pessoais, assim como o desenvolvimento de entendimento mútuo
entre os participantes (Tabela 7).
The teacher plays an essential role in facilitating discourse in an e-learning
experience. Managing and monitoring discourse in an e-learning context in no less
important than in face-to-face discussions. The reflective and rigorous nature of text-
38
based communication demands serious commitment. To sustain this commitment and
encourage quality contributions requires that the discourse be focused and
productive
15
(Garrison e Anderson 2003:68).
Tabela 7: Esquema de códigos para facilitação do discurso
Identificadores Exemplos
Identificação de áreas
concordância / discordância
“Jonatas, Marcia nos deu um exemplo para a sua
hipótese, você poderia nos responder?”
Buscando entendimento e consenso
“Eu penso que Jonatas e Marcia estão falando
essencialmente as mesmas coisas.”
Encorajando, reconhecendo ou
reforçando a contribuição do estudante
“Obrigada por seus importantes comentários.”
Criando condições para a aprendizagem
“Não se sinta constrangido por pensar alto no
fórum.
Este é um espaço para trocarmos idéias.”
Promovendo junto aos
participantes condições
para discussão
“Mais alguma idéia sobre esse caso?
Alguém gostaria de comentar.”
Avaliando a eficiência do processo
“Eu acho que estamos saindo um pouco do
foco.”
Fonte: http://sloan-c.org/publications/jaln/v5n2/pdf/v5n2_anderson.pdf - acesso em 28/2/2008
– Instrução Direta
O papel do professor, em alguns contextos, envolve a instrução direta
composta da subjetividade do problema e da experiência pedagógica do
professor. Segundo Anderson (2001:8), alguns teóricos têm argumentado que
o ensino on-line é diferente do ensino baseado em sala de aula, em que o
professor geralmente adota o papel de facilitador e não de provedor.
Anderson et al (2001:9) afirmam que:
Direct instruction also takes form of statements that confirm understanding through
assessment and explanatory feedback. Assessing student comments is time
consuming and requires higher levels of knowledge than that commonly held by
student participants. Often a small component of the formal course assessment
relates to student participation in the conference, but in addition informal and timely
teacher assessment and feedback is especially useful and valued by students
16
.
15
Em uma experiência on-line, o professor tem papel essencial na facilitação do discurso. O
gerenciamento e o monitoramento de uma discussão e-learning não são menos importantes
que uma discussão face a face. A reflexão e o rigor natural do texto-base solicitam por
demandas e sério comprometimento. Para sustentar esse comprometimento e encorajar
contribuições significativas, é necessária uma discussão focada e produtiva (tradução da
pesquisadora).
16
.A instrução direta é às vezes demonstrada por ações que confirmam o entendimento através
de contribuições diretas e feedback exploratório. A avaliação das contribuições dos
estudantes consome tempo e requer maior grau de conhecimento em relação ao abordado,
do que o comumente apresentado pelo estudante participante.
39
A Tabela 8 apresenta um esquema de código que pode ser encontrado
em ações de Instrução Direta em contexto on-line.
Tabela 8: Esquema de Códigos para a Instrução Direta
Coding scheme for direct Instruction
Indicadores Exemplo
Apresentar o conteúdo/questões “Thiago falou… o que você pensa”
Foco na discussão em assuntos
específicos
“Eu gostaria que você considerasse....”
Sumarizando a discussão
“A questão original era...
Jonatas disse... Marcia falou...
Nós concluímos... “
Confirmando o entendimento por
avaliação e “feedback”explanatório
“Você chegou perto, mas você não atentou para...
isto é importante porque...”
Diagnosticando enganos
“Lembre-se, Kotler está falando sobre uma
perspectiva administrativa então, tenha cuidado
quando você fala...”
Promovendo o conhecimento
ex: textos, artigos, internet,
experiências pessoais
“ eu estava em uma conferência com Bates e ele
disse...você pode encontrar o material da
conferência no endereço http://www...”
Respondendo a problemas técnicos
“Se você deseja incluir o hyperlink na sua
mensagem, você deve...”
Fonte: http://sloan-c.org/publications/jaln/v5n2/pdf/v5n2_anderson.pdf - acesso em 28/02/2008
1.3 – O CONCEITO ANDRAGÓGICO OU A APRENDIZAGEM DE
ADULTOS
Nessa seção, apresento o conceito andragógico, ou a aprendizagem de
adultos. Essa apresentação é necessária, uma vez que a comunidade virtual
estudada foi desenvolvida e é sustentada a partir desse conceito educacional,
em conjunto com outros três pilares: abordagem broadcast, mediação
pedagógica e técnica, participantes e aprendizagem continuada, conforme
Tavares-Silva (2006:227).
O conceito andragógico, referente à teoria voltada à educação de
adultos, será abordado a partir de Masetto (1992, 2000, 2003), Lawton e
Montague (2004) e Tavares-Silva (2006). Esse conceito será empregado nesta
pesquisa, por considerar essa vertente importante para o estudo da formação
de uma Comunidade Virtual de Aprendizagem, Ensino e Trabalho. Conforme
descrito por Tavares-Silva (2006:41), ao formarem grupos, os adultos são mais
heterogêneos em conhecimentos, necessidades, interesses e objetivos, e,
40
conseqüentemente, existe uma rica fonte de consulta representada pelo
somatório das experiências dos participantes envolvidos.
Ainda segundo a autora, o uso das experiências dos participantes
poderá ser explorado por meio de discussões de grupo, exercícios de
simulação, aprendizagem baseada em problemas e discussões de caso.
Para Lawotn e Montague (2004:209), a teoria da aprendizagem de
adultos foi formulada por Malcon Knowles e é denominada de andragogia,
porque demonstra que os adultos aprendem por meio de caminhos diferentes
dos utilizados para a aprendizagem de crianças.
Para as autoras, a aprendizagem do adulto distingue-se da
aprendizagem infantil de várias maneiras: eles necessitam de autonomia e
direcionamento próprio, eles decidem o que devem aprender e para que
aprender, eles estão centrados em problemas pontuais.
Tavares-Silva (2006:32) define a andragogia como a disciplina que
estuda a educação e a aprendizagem de adultos. O adulto aprende o que
realmente precisa saber (aprendizagem para a aplicação prática na vida diária).
Ainda, segundo a autora, o adulto decide o que deseja aprender,
participa ativamente de sua própria aprendizagem e contribui nas rotinas e
programas, bem como na realização e evolução de suas atividades educativas,
em condições de igualdade com seus companheiros e professor.
Dentro do conceito andragógico, segundo Landin (apud Tavares-Silva
ibidem), os adultos, em sua maioria, são sujeitos que possuem uma história de
vida que abarca conhecimentos, experiências e habilidades. Esses indivíduos –
não obstante as exceções – são extremamente ativos, críticos, exigentes,
questionadores, conscientes de seus objetivos e, portanto, não devem ser
vistos como “depósitos” de informações prontas e acabadas. Os adultos trazem
suas “matrizes de comunicação”, isto é, habilidades e experiências que são
produto de uma formação pessoal e familiar. Por meio dessas matrizes, cada
indivíduo interpreta e assimila o produto das interações com seus pares.
Segundo Masetto (2003:52), os adultos podem ser fortemente motivados
a aprender nas áreas relevantes para o desenvolvimento de suas tarefas e
seus papéis sociais e profissionais; aprendem mediante diferentes estilos de
41
aprendizagem e por diferentes caminhos que precisam ser respeitados;
aprendem pela troca de idéias, por informações e experiências.
1.3.1 – PRESSUPOSTOS DO MODELO ANDRAGÓGICO
O modelo andragógico, para Chotguis (2007), corresponde à arte e à
ciência de ajudar o adulto a aprender, sendo a antítese do modelo pedagógico
que significa, literalmente, a arte e a ciência de ensinar crianças. Está baseado
nos seguintes pressupostos:
1. A Necessidade de Saber: os adultos têm necessidade de saber porque
eles precisam aprender algo, antes de se porem a aprender. Quando os
adultos comprometem-se a aprender algo por conta própria, eles
demandam considerável energia, investindo os benefícios que ganharão
pela aprendizagem e as conseqüências negativas de não aprendê-lo.
2. Autoconceito do Aprendiz: os adultos tendem ao autoconceito de
serem responsáveis por suas decisões, por suas próprias vidas. Uma
vez que assumem esse conceito de si próprios, desenvolvem uma
profunda necessidade psicológica de escolher seu próprio caminho. Eles
se ressentem e resistem a situações nas quais sentem que outros estão
impondo seus desejos a eles.
3. O Papel das Experiências dos aprendizes: os adultos se envolvem
em uma atividade educacional com grande número de experiências, mas
diferentes em qualidade daquelas da juventude. Mas também acumulam
diferentes tipos de experiências. Essa diferença em quantidade e
qualidade da experiência tem várias conseqüências na educação do
adulto.
4. Prontos para aprender: adultos estão prontos para aprender aquilo que
precisam saber e capacitar-se para fazer, com o objetivo de resolver
efetivamente as situações da vida real.
5. Orientação para aprendizagem: em contraste com a orientação
centrada no conteúdo, própria da aprendizagem das crianças e jovens
(pelo menos na escola), os adultos são centrados na vida, nos
problemas, nas tarefas, na sua orientação para aprendizagem.
42
6. Motivação: enquanto os adultos atendem a alguns motivadores
externos (melhor emprego, promoção, maior salário etc.), o motivador
mais potente são pressões internas (o desejo de crescente satisfação no
trabalho, auto-estima, qualidade de vida etc.) Pesquisas de
comportamento mostram que todos adultos normais são motivados a
continuar crescendo e se desenvolvendo.
1.3.2 – PRINCÍPIOS QUE PODEM EXPLICAR A APRENDIZAGEM DO
ADULTO
Tavares-Silva (2006:49) destaca, a partir de Masetto (1992), nove
princípios que podem explicar o processo de aprendizagem do adulto:
1) Promover a participação:
A aprendizagem de adultos acontece por meio do compartilhamento de
informação, habilidades e experiências, ou seja, o compartilhamento só poderá
ser da parceria, da colaboração, da cooperação, sempre objetivando metas a
serem conquistadas;
2) Valorizar a experiência e a contribuição dos participantes:
Para o adulto, a aprendizagem está totalmente associada à experiência, à
vida. Isso desenvolve a autoconfiança do aprendiz e vislumbra caminhos para
atuações mais conscientes, ousadas e desafiadoras.
3) Explicar o significado:
A busca de significado é fundamental para toda aprendizagem,
especialmente para a do adulto. Isso exige que a aprendizagem esteja
relacionada com o universo de conhecimento do aluno, suas experiências e
vivências.
4) Definir claramente objetivos e metas:
O processo de aprendizagem em adultos exige uma definição clara e
precisa dos objetivos a serem alcançados e a organização eficiente para
consegui-los. O ensino e a aprendizagem estão intimamente relacionados a um
programa que responda às necessidades, expectativas e busca dos alunos.
Para isso, é fundamental que o programa do curso responda às necessidades
e às expectativas dos participantes.
43
5) Estabelecer recursos adequados, eficientes e avaliáveis:
Os adultos tendem a organizar sua aprendizagem em torno de projetos. Os
recursos planejados e implementados deverão ser periodicamente avaliados –
por professor e aluno –, verificando-se sua eficiência e possíveis alterações.
6) Criar um sistema de feedback:
O processo de aprendizagem do adulto necessita de feedback sobre o
desempenho e o desenvolvimento do tripé da aprendizagem: aluno, professor e
programa.
7) Desenvolver uma reflexão crítica:
Essa reflexão permite aos alunos interpretar alternativas de seu trabalho, de
suas relações pessoais e perspectivas de seu mundo social e político. Essa
reflexão é fundamental para o desenvolvimento da aprendizagem.
8) Estabelecer um contrato psicológico:
Na aprendizagem de adulto, principalmente do ensino superior, os contratos
psicológicos colocam professor e alunos como um grupo que dialoga e tem
como objetivo adequar suas expectativas e equilibrar as necessidades dos
alunos e as propostas do professor.
9) Adaptar os comportamentos do professor a um processo de
aprendizagem próprio de adultos:
Os facilitadores da aprendizagem são:
a) estabelecer um clima físico (organização de cadeiras em círculos) e
psicológico (criação de um ambiente de mútuo respeito) que conduza à
aprendizagem;
b) envolver os aprendizes no planejamento de um conjunto de métodos
(técnicas) e direções curriculares;
c) envolver os participantes no diálogo de suas próprias necessidades de
aprendizagem;
d) encorajar os aprendizes a identificar os recursos e as estratégias que
permitam atingir os objetivos;
e) ajudar os aprendizes a levar à frente seus planos de aprendizagem;
44
f) envolver os aprendizes na avaliação de sua aprendizagem,
principalmente por meio do uso dos métodos de avaliação qualitativa.
1.3.3 – O CONCEITO ANDRAGÓGICO E A
COMMUNITY OF INQUIRY
Os pressupostos e princípios que compõem o conceito andragógico
abordado por Tavares-Silva (2006), a partir de Maseto (1992), e por Chotguis
(2007) estão, no meu entender, diretamente relacionados às fases de
Community of Inquiry, desenvolvidas por Garrison e Anderson (2001, 2003,
2005, 2007).
Essa ligação, ainda segundo essa pesquisadora, existe desde o conceito
estrutural da teoria da Community of Inquiry, baseada nos argumentos de
Lipman (1991), de que é necessária a construção de um pensamento crítico
como uma metodologia educacional, e de que estudantes possuem a
capacidade de escutar uns aos outros, para a construção de idéias.
A mesma relação pode ser encontrada especialmente no modelo
estrutural da Practical Inquiry, correspondente à proposta educacional da
Presença Cognitiva (Cognitive Presence), uma vez que o modelo corresponde
à integração do pensamento crítico e à aprendizagem, propiciando a seus
participantes o desafio à fundamentação de justificativas às novas opiniões, até
então não fundamentadas, e a identificação de uns com os outros.
Ao observar atentamente a Tabela 4: Investigação Prática (Practical
Inquiry) – Descrição de Indicadores, elaborada por Garrison e Anderson
(2003:61), localizada na seção 2.1.1 do presente estudo, é possível verificar
que a descrição realizada pelos autores, em cada uma das quatro fases da
Practical Inquiry, possui em suas tramas teóricas conceitos semelhantes aos
apresentados pela andragogia, conforme descrito de maneira sucinta a seguir:
Primeira Fase: o evento disparador (Triggering Event): elaborado por
Garrison e Anderson (2003), possui como elemento descritivo a possibilidade
de participantes relacionarem problemas com experiências ou estudos
prévios.
Comparativamente à andragogia, descrição semelhante é realizada por
Chotguis (2007), ao abordar pressupostos dessa teoria e afirmar que os
45
adultos se envolvem em uma atividade educacional com grande número de
experiências acumuladas, sendo essas diferenças em quantidade e qualidade,
o que traz várias conseqüências à educação do adulto.
Tavares-Silva (2006), ao abordar os princípios da andragogia, enfatiza
que, para o adulto, a aprendizagem está totalmente associada à experiência de
vida, sendo esse o fator que desenvolve a autoconfiança do aprendiz, fazendo-
o vislumbrar caminhos para atuações mais conscientes, ousadas e
desafiadoras.
Segunda Fase: Exploração (Exploration): nessa fase, segundo Garrison e
Anderson (2003), os participantes são estimulados a refletir e compartilhar
idéias colaborativamente.
Ao olharmos a andragogia, encontramos, dentro dos princípios
levantados por Tavares-Silva (2006), a afirmação de que a aprendizagem de
adultos acontece por meio do compartilhamento, da parceria, da cooperação e
da colaboração, de informações, habilidades e experiências, objetivando metas
a serem conquistadas.
Terceira Fase: Integração (Integration): essa fase é descrita como a fase
da integração de idéias e construção de significados. É quando se obtém a
reflexão superior com o engajamento dos estudantes no discurso crítico e
uma compreensão refinada.
Dentro dos princípios da andragogia, Tavares-Silva (2006) também
aborda a necessidade de os alunos refletirem criticamente sobre alternativas
de trabalho, relações pessoais, assim como perspectivas do mundo social e
político. A autora afirma ainda que essa reflexão é fundamental para o
desenvolvimento da aprendizagem.
Embora Chotguis (2007) não aborde a reflexão crítica, o autor afirma
que adultos estão prontos para aprender coisas que precisam saber e
capacitar-se para fazer, com o objetivo de resolver efetivamente as situações
da vida real.
Os conceitos, embora sejam semelhantes em suas tramas estruturais,
distinguem-se na medida em que a Community of Inquiry possui uma estrutura
organizada através de três chaves: Presença Cognitiva (Cognitive Presence),
46
Presença Social (Social Presence) e Presença de Ensino (Teaching Presence),
que, entrelaçadas, levam à experiência educacional por meio de ambientes
virtuais.
A observação de como o modelo da Community of Inquiry, através da
Presença Cognitiva, elaborada pelas fases da Practical Inquiry, é apresentada
pelos alunos/participantes do curso observado, auxiliará no alcance de um dos
objetivos dessa pesquisa, qual seja, compreender como o conjunto de
entendimentos e relações estabelecidas, a partir da formação de uma
comunidade virtual de ensino e aprendizagem, evolui para uma rede
colaborativa de ensino, aprendizagem e trabalho, conforme detalhado na seção
1.1 do capítulo de Metodologia do presente estudo.
1.4 – A ABORDAGEM SISTÊMICO-FUNCIONAL
A Lingüística Sistêmico-Funcional, focada nas teorias desenvolvidas por
Halliday (1985,1994), (Halliday & Mathiessen, 2004) e seus seguidores Eggins
(1994) e Martin (1992), conforme descrito por Ikeda e Vian Jr., procura
desenvolver uma teoria sobre a língua como um processo social e uma
metodologia que permite uma descrição detalhada e sistemática dos padrões
lingüísticos. Ainda segundo os autores, toda e qualquer escolha léxico-
gramatical realizada pelo usuário da língua está, portanto, condicionada ao
contexto: a linguagem é um sistema de escolhas ao dispor do usuário para
desempenhar funções sociais.
Para Ikeda e Vian Jr., a Lingüística Sistêmico-Funcional explica o modo
como os significados são construídos nas interações lingüísticas cotidianas e,
por isso, requer a análise de produtos autênticos das interações sociais (textos
orais ou escritos), considerando o contexto social, em especial o contexto
cultural e o situacional em que ocorrem, para explicar por que um texto significa
o que significa, e por que ele é avaliado como é.
Para compreender os dados coletados e a análise realizada a partir da
abordagem sistêmico-funcional, será tratado a seguir o Contexto de Situação,
cultura e texto.
47
1.4.1 – CONTEXTO DE SITUAÇÃO, CONTEXTO DE CULTURA E TEXTO
O contexto tem por finalidade realizar uma ponte entre o texto e a
situação em que cada texto ocorre (Halliday 1990:5).
Segundo Eggins (1994:50), o antropologista Malinowski (1923, 1935) foi
um dos primeiros pesquisadores a observar que as dimensões de uma
situação tinham impacto significativo na língua. Malinowski percebeu que a
transcrição de eventos diários, através da tradução literal de palavra por
palavra, não seria capaz de produzir sentido a menos que se compreendesse o
contexto cultural no qual os envolvidos estivessem inseridos.
In order for observers to make sense of the events being described in his attempted
translations, he found he had to include contextual information about the situation and
the culture were provided. Malinowiski claimed that language only becomes intelligible
when it is placed within its context of situation
17
.
Mas foi o lingüista J. R. Firth (1935, 1950, 1951), segundo Eggins
(1994:51-52), que, influenciado pelo trabalho de Malinowski, desenvolveu uma
teoria mais ampla do sentido no contexto.
Firth estendeu a noção do Contexto de Situação para um uso mais geral
dentro da lingüística; a habilidade da predição. Para Firth, quando temos a
descrição de um contexto, podemos predizer como a linguagem poderá ser
usada em determinada situação.
O entendimento do Contexto de Situação e do Contexto de Cultura é
importante no desenvolvimento dessa pesquisa, para que se tenha a
compreensão do Contexto de Cultura que envolve o curso, assim como os
papéis estabelecidos por seus participantes.
1.4.1.1 – Contexto de Situação
Segundo Halliday (1991:9), sempre temos uma boa idéia do que nosso
interlocutor irá dizer, porque realizamos predições, de maneira inconsciente,
sobre o que nosso interlocutor irá falar a seguir. Isso ocorre porque
entendemos o que ele fala, e isso é possível no Contexto de Situação onde a
17
Um método para observadores que faça sentido nos eventos que venham a tentar descrever,
em suas traduções, é o de incluir informações contextuais, quanto a situação e a cultura que
estão envolvidas. Malinowiski sustenta que a língua se torna inteligível quando é situada em
um contexto de situação. (tradução da pesquisadora).
48
interação lingüística se realiza, possibilitando aos participantes conhecer os
significados trocados e aqueles que podem ser realizados.
Para Halliday (1992:10), a língua é apenas uma das instâncias do
Contexto de Situação; nele também estão incluídas a fala, a escrita e todo o
meio de expressão que podemos pensar em realizar.
O Contexto de Situação refere-se às específicas situações que
contenham um envolvimento sociocultural. (Droga & Humphrey, 2000:6). Para
Eggins (1994:8), nossa habilidade de deduzir o contexto, a partir de texto, é o
caminho no qual a linguagem e o contexto estão inter-relacionados.
Halliday (1991:12) define três aspectos de situação que podem ser
identificados no modelo funcional, de forma a influenciar na formação e no
significado do texto. São eles:
1. Modo (Mode): O Modo refere-se ao canal de comunicação. O Modo responde
à questão: O que a linguagem está fazendo? Ele descreve o código (língua)
usado. Nós descrevemos os significados (algumas vezes chamados canais de
comunicação): escrita, fala, gráfico/imagens e/ou a combinação desses sistemas
semióticos.
Segundo Eggins (1994:53), Martin (1984) sugere que o aspecto Modo
(Mode) possua dois diferentes tipos de distância entre a relação linguagem e
situação:
a) Espacial/distância interpessoal: corresponde às diversas
possibilidades de feedback entre os envolvidos na interação. De um
lado, temos uma situação de bate-papo com amigos (podemos
concordar ou não com o que nos é falado, possibilitando um
feedback imediato) e, de outro lado, temos a situação da escrita de
um livro, quando então não existe o contato visual ou aural entre o
escritor e o leitor.
Entre essas duas possibilidades, é possível encontrar outros tipos de
situações, como uma chamada telefônica (quando se pode efetuar
um contato aural, mas não virtual) e o rádio (com um contato aural de
49
mão única e sem um feedback imediato), como demonstrado no
Esquema 1.
Esquema 1
Fonte: Eggins,1994:54 in: An introduction to Systemic Functional Linguistic
b) Distância experiencial: representada por uma linha, onde em uma
extremidade está a linguagem acompanhada de um processo social,
a linguagem como ação (exemplo: um jogo de cartas) e, na outra
extremidade, a linguagem constituindo um processo social (exemplo:
a ficção científica), conforme demonstrado no Esquema 2.
Esquema 2
Fonte: Eggins,1994:54 in: An introduction to Systemic Functional Linguistic
Para Eggins (1994:55), a combinação dessas duas dimensões, distância
interpessoal e distância experiencial, caracteriza um contraste básico entre o
falar e o escrever, situações essas da linguagem em uso. No Esquema 2, é
Conversaç
ão casual
Telefone E-mail Fax Rádio Novela
+ Contato
Visual
+ Auditiva
+ Feedback
Imediato
- Visual
+ Auditiva
+ Imediato
Feedback
- Visual
- Auditiva
+ Rápido
Feedback
- Visual
- Auditiva
+ Rápido
Feedback
- Visual
Auditiva
unilateral
Delayed
- Visual
- Auditiva
- Feedback
Linguagem
acompanhando
um Processo
Social
Linguagem como
AÇÃO
Linguagem
constituindo um
processo social
Linguagem
como
REFLEXÃO
Jogando
cartas
Comentand
o o jogo
Recontando a
experiência
Construindo
a experiência
50
possível, segundo a autora, visualizar situações do uso da linguagem falada
em situações típicas de interação.
A linguagem da fala é muito diferente da linguagem utilizada na escrita,
uma vez que não é possível reproduzir na escrita o mesmo contato interativo
existente na linguagem falada, dando às duas situações de linguagem
diferentes dimensões (Tabela 9).
Tabela 9: MODO: Situações Típicas da Linguagem em Uso
Discurso Falado Texto Escrito
Interatividade Não interação
Dois ou mais participantes Um participante
Face a face Não face a face
Usando a linguagem como complementação da fala O escritor com ele próprio
Espontaneidade Não espontâneo
Sem a preocupação de ensaiar o que será dito Planejamento, esboço e reescrita
Casual Não Casual
Informa e diário Formal e ocasiões especiais
Fonte: Eggins,1994:54 in: An introduction to Systemic Functional Linguistic
2. Campo (Field): o Campo ou Field refere-se ao tópico. O Campo responde
às questões: O que está acontecendo? Qual a atividade? Sobre o que trata o
texto?
Eggins (1994:67) compartilha da teoria desenvolvida por Martin
(1984:23; 1992:536) de que a definição de Campo (Field) como foco
institucional ou tipo de atividade social é mais apropriado para capturar o
campo nas situações em que a linguagem é acompanhada da ação.
Para Eggins (1994:71), é necessário reconhecer que situações são
construídas dentro de uma gama que pode conter determinada especialização
ou que estejam inseridas dentro de um senso comum, como demonstrado no
Esquema 4.
51
Esquema 4
Fonte: Eggins,1994:54 in: An introduction to Systemic Functional Linguistic
3. Relações (Tenor): As relações ou tenor referem-se às regras dos
participantes na interação. As relações podem nos responder: Quem está
participando?, Qual é a relação de status ou poder existente?
Eggins (1994:64), ao discutir o Contexto de Situação, acrescenta ao
aspecto relações (tenor) as considerações de Poyton (1985), que insere a esse
elemento três diferentes formas: poder, envolvimento afetivo e contato, os
quais detalho abaixo:
a) Força: o Esquema 5 mostra o contínuo do poder, ou seja, que
situações em termos de papéis podem ser expressas quanto a força
ou poder igual ou desigual. Para exemplificar, a autora cita as regras
de igualdade de poder existentes entre amigos e as regras de
desigualdade de poder, ou poder não-recíproco, como ocorre entre
chefe e empregado (Esquema 5).
Esquema 5
Poder
Fonte: Eggins,1994:64 in: An introduction to Systemic Functional Linguistic
b) Contato (Contact): o Esquema 6 representa as situações posicionais
quanto aos papéis desenvolvidos, promovendo um contato freqüente ou
Campo
Senso comum
Técnico- Especializada
desigualdade
Poder
igualdade
52
escasso, como por exemplo o contato freqüente entre esposos e o
contato ocasional entre conhecidos.
Esquema 6
Contato
Fonte: Eggins,1994:54 in: An introduction to Systemic Functional Linguistic
c) Envolvimento Afetivo: o contínuo do envolvimento afetivo é
representado nas situações em que pode ocorrer envolvimento afetivo
alto ou baixo. O Esquema 7 representa a extensão do envolvimento
afetivo que vai de alto a baixo.
Esquema 7
Envolvimento Afetivo
Fonte: Eggins,1994:54 in: An introduction to Systemic Functional Linguistic
Para Eggins (1994:64), a identificação de Halliday e a subclassificação
de Poynton das relações (tenor) são propostas importantes para o aspecto
interpessoal das situações. Elas realizam a ponte entre a linguagem e o
contexto.
1.4.1.2 – Contexto de Cultura
Segundo Hasan (1991:46), o Contexto de Cultura refere-se ao
background necessário para compreender como o texto deve ser interpretado.
Contato
Freqüente
Ocasional
Baixo
Alto
53
A escola é, por si, um bom exemplo de como, segundo a autora, um
moderno jargão pode ser chamado de interface entre o Contexto de Situação, a
particular configuração do Campo, Relações e Modo.
Segundo exemplifica Hasan (1991:46-47), a professora falando para a
classe e os alunos tomando nota será sempre um contexto de situação, mas
quando olhamos a escola como uma instituição, com sua noção curricular e as
complexas regras estruturais da direção pedagógica, observamos a escola sob
seu Contexto de Cultura.
Para Eggins (1994:29), se comparado ao Contexto de Situação, o
Contexto de Cultura pode ser visto, de maneira geral, como mais abstrato, pois
podemos reconhecer determinado gênero sem ter certeza em qual contexto
situacional ele se realiza.
1.5 – METAFUNÇÃO INTERPESSOAL
Eggins (1984:149) afirma que Halliday (1984) aproxima a gramática da
interação a partir de uma perspectiva semântica, ou seja, do estabelecimento
de relações entre a pessoa falante e a pessoa que provavelmente irá falar
posteriormente. Para estabelecer essa relação, é necessário que tenhamos
turnos de fala com diferentes papéis de fala nessa troca.
Os papéis básicos da fala envolvem “oferecer” e “pedir”, que se
manifestam por meio da troca de informações e bens e serviços.
1.5.1 – A ESTRUTURA DO DIÁLOGO
Segundo Eggins (1984:150), essas duas dimensões – “papéis da fala” e
“troca” – podem manifestar-se através de quatro movimentos básicos em um
diálogo: declaração, questionamento, oferecimento e o comando, constituindo-
se, assim, o que Halliday (1984:69) estabelece como as funções da fala.
O diálogo é, em sua essência, interativo, sendo necessário haver um
falante que realize trocas com outro falante, ou seja, o reconhecimento da troca
realizada entre o emissor (initiating) e o respondente (responding) (Tabela 10).
54
Tabela 10: Papéis da Fala e Trocas na Interação
Papéis da Fala Informação Bens e Serviços
Oferecimento Declaração Oferecimento
Pedido Questão Comando
Fonte: Eggins,1994:150 in: An introduction to Systemic Functional Linguistic
Ante a provocação de um emissor, podem-se obter dois tipos
diferenciados de respostas: o favorecimento (supporting) ou o confronto
(confronting) (Tabela 11).
Tabela 11: Funções da Fala – Emissor e Respondentes
Função do emissor Função do respondente
Favorecimento Confronto
Oferecimento
Aceitação Rejeição
(podendo ser não-verbal)
Comando
Compreensão Recusa
(podendo ser não-verbal)
Afirmação
Reconhecimento Contestação
Questionamento
Resposta Desconhecimento
Fonte: Eggins,1994:151 in: An introduction to Systemic Functional Linguistic
Para Eggins (1994:152), uma particularidade interessante a respeito da
diferença existente nas funções das classes de fala é a identificação da relação
entre a escolha semântica da função da fala e a estrutura gramatical escolhida
para codificá-la.
Se houver a intenção de realizar um oferecimento, será usada na oração
a estrutura declarativa; por outro lado, ao realizar um comando, usa-se o
imperativo; havendo a intenção de realizar um oferecimento, utiliza-se a
interrogativa modulada; e, quando se deseja fazer uma pergunta ou
questionamento, utiliza-se a interrogativa.
Para Eggins existe, ainda, a correlação entre estruturas diferentes de um
movimento inicial e a estrutura de um movimento de resposta, podendo essa
ser “longa” ou “curta” (Tabela 12). A resposta “curta” pode ocorrer de duas
formas: a abreviação ou a elipse, ou o que pode ser chamado de oração
menor.
55
Tabela 12: Estrutura de Movimento de Resposta
Você já leu "Dom Casmurro"?
Funções de Fala
Oração curta Oração longa
Resposta Sim, eu li. Sim, eu li Dom Casmurro.
Reconhecimento Sim. Sim, eu li é de Machado de Assis.
Aceitação Bem, ok. Bem, Ok. Eu lerei isso.
Complacência Obrigado. Obrigado, eu estou grato pelo livro.
Fonte: Adaptado de Eggins 1994:152
Eggins (1994:152) estabelece que essa estrutura é chamada de
estrutura de modo na oração (Mode structure of the clause), a qual se refere à
organização de um conjunto de elementos funcionais constituintes do sujeito.
Essa estrutura está apresentada na Tabela 13, ressaltando-se que as funções
apresentadas na tabela são algumas das correlações mais comuns, pois não
são todas as demandas por bens e serviços que necessitam de imperativo,
como as expressas através de declarativos (Eu espero que você venha a ler
Machado de Assis), ou interrogativas moduladas (Você poderia ler Machado de
Assis, por favor?).
O oferecimento também é tipicamente expresso pela interrogativa
modulada (Você poderia trazer “Dom Casmurro”?), podendo também ser
expresso pelo imperativo (Fique com a minha cópia de “Dom Casmurro”.) e
pelo declarativo (Aqui está a cópia de “Dom Casmurro”).
Tabela 13: Funções da Fala e o Modo Típico da Oração
Funções da Fala Típico modo da oração
Declaração Modo declarativo
Questionamento Modo interrogativo
Comando Modo imperativo
Oferecimento Modo interrogativo modulado
Pergunta Modo declarativo elíptico
Reconhecimento Oração secundária
Complacência Oração secundária
Fonte: Eggins,1994:151 in: An introduction to Systemic Functional Linguistic
Embora algumas questões sejam usualmente expressas por meio da
interrogativa, é possível, segundo Eggins (1994:153), expressá-las por meio de
declarativas moduladas (Eu estava pensando se Dom Casmurro poderia ter
sido escrito por Machado de Assis.). Do mesmo modo, declarativas podem ser
expressas por meio de interrogativas negativas (Dom Casmurro foi uma das
56
obras de Machado de Assis, não foi?). Essas categorias estão expressas na
Tabela 14.
Tabela 14: Resumo do Diálogo
Função da Fala Modo de oração típico Modo de oração atípico
Comando Imperativo Interrogativa Modulada
Oferecimento Interrogativa Modulada Imperativo declarativo
Reconhecimento Declarativo Declarativo negativo
Questionamento Interrogativa Declarativo Modulado
Fonte: Eggins,1994:151 in: An introduction to Systemic Functional Linguistic
1.5.2 – O MODO NA TROCA DE INFORMAÇÕES
Para Eggins (1994:155), uma das situações mais comuns em que se
realiza a troca de informações está relacionada à argumentação. Quando nos
deparamos com um argumento, começamos a desenvolver um trabalho
funcional de reconhecimento da gramática na oração como troca.
O componente que realiza essa ponte é o que podemos chamar de
elemento modo da oração; o outro componente é chamado de resíduo.
Segundo Eggins (1994:155), podemos dividir a oração em duas partes: o modo
e o resíduo, sendo o primeiro (modo) a parte essencial da oração, pois contém
seu argumento, enquanto o segundo (resíduo) poderá estar em elipse ou
subentendido, como apresentado no exemplo a seguir (Exemplo 1).
Exemplo 1
Ele não era Aluno
MODO RESÍDUO
Sim ele era (aluno)
Não ele não era (aluno)
MODO RESÍDUO EM ELIPSE
Fonte: Adaptado de Eggins 1994:155
O modo possui três elementos que o constituem, quais sejam, a
POLARIDADE, entre sim (polaridade positiva) e não (polaridade negativa); o
elemento nominal chamado de SUJEITO; e o elemento verbal chamado de
FINITO (Eggins 1994:156).
57
1.5.3 – MODALIDADE: MODALIZAÇÃO
Para Eggins (1994:179), na troca de informações, a oração possui a
forma de proposições. Quando trocamos informações, estamos inquirindo
sobre algo que pode representar SIM ou NÃO, uma vez que a informação é
algo que pode ser dada ou negada (Esquema 8).
Esquema 8
Modalização Probabilidade (talvez)
MODALIDADE Usualidade (às vezes)
TIPO
Modulação Obrigação
Inclinação
Fonte: Halliday 1984:335 in: An introduction to Functional Grammar
Entre esses dois pólos, sim ou não, a polaridade não é a única
possibilidade existente, pois entre esses dois extremos existe um número de
escolhas que varia entre usualmente e certamente. Essas posições
intermediárias correspondem à MODALIZAÇÃO.
Para Halliday (1985: 85-89 e 332-345), a modalização envolve a
realização de dois tipos de sentidos: a probabilidade e a habitualidade
(Esquema 8).
A probabilidade ocorre quando falantes expressam julgamentos como
possibilidade do que ocorrerá ou será, diferentemente da habitualidade,
quando o falante expressa julgamentos referentes à freqüência com que
alguma coisa acontece ou é.
Para Eggins (1994:179), há duas possibilidades de analisar a
modalização: a categoria finita de operação modal e a classe de modo adjunto.
Ambas as possibilidades podem ser classificadas de acordo com o grau de
certeza ou de usualidade que eles expressam: alta (obrigação, certeza,
58
sempre); mediana (talvez, provavelmente, habitualmente), ou baixa
(possivelmente, às vezes) (Exemplo 2).
Exemplo 2
BAIXA CERTEZA OU USUALIDADE
Possivelmente Machado de Assis tenha escrito “Dom Casmurro”.
Machado de Assis raras vezes escreveu longas sentenças.
MÉDIA CERTEZA OU USUALIDADE
Talvez Machado de Assis tenha escrito “Dom Casmurro”.
Machado de Assis às vezes escrevia longas sentenças.
ALTA CERTEZA OU USUALIDADE
Certamente Machado de Assis escreveu “Dom Casmurro”.
Machado de Assis sempre escreveu longas sentenças.
Fonte: Adaptado de Eggins 1994:180
Eggins salienta ainda que quando a expressão da modalização é a
negação, ela pode ser expressa por meio de alguns verbos (poder, conseguir),
mudando suas posições (de médio para alto) (Exemplo 3).
Exemplo 3
ALTA
Machado de Assis certamente não escreveu “Dom Casmurro”.
Machado de Assis possivelmente não conseguiria escrever “Dom
Casmurro”.
MÉDIA
Machado de Assis não conseguiria escrever “Dom Casmurro”.
BAIXA
Machado de Assis possivelmente não poderia escrever “Dom Casmurro”.
ALTA
Machado de Assis nunca poderia escreveu “Dom Casmurro”.
BAIXA
Machado de Assis não teria escrito “Dom Casmurro”.
Fonte: Adaptado de Eggins 1994:180
59
1.5.4 – TROCA DE BENS E SERVIÇOS
Segundo Eggins (1994:183), as pessoas não interagem entre si, usando
a linguagem somente para trocar informações ou para argüir. A linguagem é
utilizada também para influenciar uns aos outros, e duas categorias são
reconhecidas : demandar bens e serviços (demanding goods and service) e
oferecer bens e serviços (giving goods and services).
A demanda de bens e serviços (demanding goods and service) é
geralmente realizada, segundo Eggins (1994:184), pelo uso do imperativo; por
outro lado, o oferecimento de bens e serviços (giving goods and services) é
realizado tipicamente pela modulação interrogativa (Exemplo 4).
Exemplo 4
Eu poderia emprestar-lhe meu exemplar de “Dom Casmurro”?
Você gostaria do meu exemplar de “Dom Casmurro”?
Você gostaria que eu lhe emprestasse meu exemplar de “Dom Casmurro”?
1.5.5 – MODALIDADE: MODULAÇÃO
A modulação é a segunda dimensão da modalidade e compõe-se de
obrigação e inclinação. Também na modalização é possível reconhecer
gradações, possibilitando à modulação ser expressa de diferentes formas.
Exemplos:
Você poderia escrever de outra forma, assim não ficou bom.
Gostaria que o senhor me acompanhasse, para que pudéssemos conversar
a sós.
1.6 – AVALIATIVIDADE
Segundo White (2000), a teoria da Avaliatividade ocupa-se dos recursos
lingüísticos por meio dos quais os escritores e os falantes se expressam,
negociam e naturalizam determinadas posições intersubjetivas e, em última
instância, ideológicas. Dentro dessa ampla área de interesse, a teoria se ocupa
particularmente da linguagem de variação, da atitude e da emoção, e do
60
conjunto de recursos que explicitamente posicionam de maneira interpessoal
as propostas e proposições textuais.
A Avaliatividade ocupa-se dos significados que fazem variar ou
modificam os términos de compromisso dos falantes com seus emissores, ou
seja, que modificam o que está em jogo na relação interpessoal, tanto nas
emissões individuais, como no que se vai acumulando à medida que o texto se
desenrola.
A teoria possui, segundo White (2000), três subtipos de valoração,
COMPROMETIMENTO, ATITUDE, e GRADAÇÃO (Esquema 9).
Esquema 9 – Modelo da Linguagem Avaliativa
Monoglossia
Comprometimento
Heteroglissia
Afeto...
Avaliatividade Atitude Apreciação...
Julgamento...
Força...
Gradação
Foco...
Fonte: Souza, 2006:45 - Dissertação de Mestrado.
1.6.1 – AVALIATIVIDADE: COMPROMETIMENTO
O comprometimento é o subtipo referente ao recurso utilizado para
posicionar a voz do falante em relação às diversas proposições e propostas
comunicadas no texto. Corresponde aos significados por meio dos quais os
falantes reconhecem ou ignoram a diversidade de pontos de vista que seus
61
emissores põem em jogo e por meio das quais negociam um espaço
interpessoal para suas próprias posições dentro dessa diversidade. Pode ser
representado a partir de modalizadores de probabilidade, atribuição,
proclamação ou manifestação, antecipação ou expectativa e contra-
expectativa.
Para White (2000), o foco do subgrupo comprometimento são os
recursos lingüísticos com os quais se explicita intersubjetivamente o
posicionamento das propostas e proposições de um texto. Esse conjunto de
recursos retóricos ocupa-se daqueles significados que variam de acordo com o
comprometimento do falante com seus emissores.
Esse subsistema é composto das categorias apresentadas e
exemplificadas a seguir (Exemplo 5):
Exemplo 5
MODALIZADORES DE PROBABILIDADE
(quem sabe, poderia ser, creio que...)
Poderia ser interessante viajarmos amanhã pela manhã.
ATRIBUIÇÃO
(sua afirmação de que..., fontes bem informadas afirmam...)
Os médicos informaram que o paciente está estável.
MANIFESTAÇÃO
(declaro que...., sou obrigado a concluir que..., sim vimos a cena...)
Sou obrigado a concluir que os fatos beneficiaram o acusado.
EXPECTATIVA
(suponho que....; prevemos que...)
Suponho que vocês estejam aqui para conhecer nosso trabalho.
CONTRA-EXPECTATIVA
(surpreendentemente..., inesperadamente...)
Surpreendentemente os jurados simpatizaram com a causa do réu.
Fonte: Adaptado de Eggins 1994:180
62
1.6.2 – AVALIATIVIDADE: ATITUDE
O subtipo atitude está relacionado aos valores que os falantes
comunicam em seus juízos e às respostas emocionais e afetivas que são
associadas aos participantes e aos processos. Para White (2000), a atitude é
composta de significados pelos quais os textos atribuem um valor ou uma
evolução intersubjetiva aos participantes, e os processos já são relacionados
com respostas emocionais ou com sistemas de valores culturalmente
determinados. A atitude divide-se em três subsistemas:
1) AFETO: a caracterização dos fenômenos em relação à emoção. O afeto
realiza-se tipicamente através de processos mentais de reação (odeio você, me
agrada ficar aqui) e mediante atributivos de afeto (estou feliz, estou triste, tenho
fome e frio). White salienta que Martin (2001) desenvolveu um sistema
bastante detalhado, em que o afeto pode ser categorizado negativa ou
positivamente (amor/ódio; agradar/aborrecer) e cada significado se realiza ao
longo de uma escala de força e intensidade, desde baixa até alta (gostar, amar,
adorar – estar preocupado, ter medo, estar aterrorizado).
Para Eggins (1997:129), gramaticalmente, o afeto (expressão de
sentimentos e emoções) pode ocorrer por meio de verbos de afetividade,
relacionados a processos mentais como apreciar, temer, gostar. Todavia,
realizações incongruentes, como nomes, advérbios e verbos, também são
possíveis, podendo ser definidas a partir de três subtipos de afeto:
a) Felicidade/Infelicidade: quando o falante codifica sentimentos tais
como, tristeza, alegria, raiva: “Eu sou muito feliz no meu trabalho,
exceto por uma coisa...”;
b) Segurança/Insegurança: quando o falante realiza escolhas
lexicais que codifiquem sentimentos tais como ansiedade e
confidencialidade: “Não se aborreça quanto a isso...”;
c) Satisfação/Insatisfação: quando sentimentos como os de
satisfação ou irritação são expressos através de escolhas lexicais
do falante: “Fico indignada com essa situação...”.
63
2) JUÍZO: A evolução do comportamento humano em relação às normas
sociais compreende significados que servem para avaliar positiva ou
negativamente o comportamento humano, no conjunto de normas
institucionais. White (2000) observa que o juízo está inferido quando o falante
avalia um participante humano em relação às suas disposições. Por meio dele,
podemos avaliar o comportamento moral e imoral, legal ou ilegal, socialmente
aceitável ou inaceitável, normal ou anormal, e assim sucessivamente.
O juízo pode ser expresso por advérbios (justamente, mediante,
honestamente...), atributos e epítetos (Não seja cruel, ele é corrupto...), nomes
(um tirano, um gênio, um idealista) e verbos (enganar, mentir, pecar, triunfar).
Segundo Eggins (1994:130), o juízo pode ser expresso através de duas
grandes categorias:
a) Sanção Social: essa categoria envolve o julgamento
correspondente à regulação moral ou ao comportamento do
indivíduo ou grupos de indivíduos. Está relacionado à ética:
Aquele político é corrupto”.
b) Estima Social: essa categoria está relacionada ao julgamento
das pessoas quanto ao comportamento vivido de vitória ou
derrota nos padrões desejáveis da sociedade: “A menina é muito
insegura em suas tarefas”.
3) APRECIAÇÃO: a avaliação de objetos e produtos (sem o comportamento
humano) em relação aos princípios estéticos e outros sistemas de valor social.
White (2000) afirma que a apreciação avalia tipicamente os objetos naturais,
manufaturados, e textos e construções abstratas, como planos e a política.
Assim como o afeto e o juízo, os valores de apreciação podem apresentar-se
de forma positiva ou negativa, podem ser harmoniosos ou discordantes,
bonitos ou feios, podendo ainda situar-se em um contínuo de maior ou menor
força/intensidade (lindo, belo, estranho).
Para Eggins (1997:126), a apreciação está relacionada ao modo como o
falante avalia o texto (música, pintura, trabalho de literatura) ou o processo
(tempo). A apreciação é realizada por meio de escolhas lexicais e oracionais.
Segundo a autora, palavras e orações podem codificar expressões de gostos,
64
desgostos e impressões pessoais referentes a pessoas, objetos ou entidades,
tratados como objeto.
Eggins (1997: 127) estabelece três categorias para o subtipo apreciação:
a) Reação: a reação a um objeto ou pessoa tratada como um objeto
expressa por conceitos que – acredita-se – sejam pertinentes na
avaliação (agradável, bonito, esplêndido, modesto, feio,
repulsivo). Implicitamente, existe a resposta à pergunta: “O quão
bom ou ruim você considera isso?”.
Ex.: Embora seja gorda, ela possui olhos bonitos.
A palavra “bonitos”, referente aos olhos da pessoa, mostra que ela
está sendo tratada como um objeto físico a ser admirado ou criticado.
b) Composição: a composição ocupa-se de como é estruturado o
texto ou o processo, em seus detalhes ou formação, expressos
através de elementos como harmonia, assimetria, acabamento e
conservação.
Ex.: Rui Barbosa recebeu o fantástico nome de “Águia de Aia”.
c) Avaliação: a avaliação corresponde à categoria da Avaliatividade
correspondente à satisfação ou à mensagem
1.6.3 – AVALIATIVIDADE: GRADAÇÃO
Para White (2000), a gradação está relacionada aos valores por meio
dos quais os falantes graduam, aumentam ou diminuem o impacto interpessoal
de suas categorizações semânticas. Para tanto, utilizam-se de força
(ligeiramente, levemente, de alguma maneira, muito, completamente) e foco
(me sentia um pouco agitado, um verdadeiro amigo, uma verdadeira loucura).
Refere-se aos valores por meio dos quais os falantes graduam o impacto
interpessoal, ou seja, aumentam ou diminuem a força e o volume de suas
emissões e graduam o foco de suas categorizações semânticas.
65
1. FORÇA: corresponde à escala de intensidade (ligeiramente, levemente,
de alguma maneira, muito, completamente)
2. FOCO: corresponde ao que muitas vezes é denominado como evasivas,
ou como linguagem ambígua (ele quase que admitiu; ele efetivamente
admitiu). Nessa categoria também se incluem os valores que ao invés de
atenuar o foco, ressaltam-no, como por exemplo: um verdadeiro amigo,
uma verdadeira loucura.
1.7 – FUNÇÕES DA MEDIAÇÃO
Gervai (2007) – a partir do sistema de transitividade, com base em
Thompson (1996), e o Sistema de Avaliatividade, segundo Martin e Rose
(2003) e Martin e White (2005) – desenvolveu a categorização de funções de
mediação observadas em fóruns de ensino e aprendizagem, os quais são
apresentados a seguir.
Essas categorizações auxiliarão na análise de como a mediação se
revela nas fases iniciais de uma comunidade de aprendizagem; como o
mediador contribui para a formação e o fortalecimento de uma Comunidade
Virtual de Aprendizagem, Ensino e Trabalho; e como os alunos/participantes da
comunidade estudada interagem entre si.
1.7.1 – MEDIAÇÕES QUE ORIENTAM E GERENCIAM O TRABALHO NO
FÓRUM
Segundo Gervai (2007:182), a mediação do professor, realizada a partir
da mensagem enviada pelo aluno, não tem somente a função de organizar o
trabalho, mas também faz exatamente isso, ou seja, direciona o aluno para que
seu trabalho possa acontecer.
Para autora (2007:184), o gerenciamento ocorre nos fóruns por meio do
enunciado do professor, ao dar orientações específicas sobre onde encontrar
um material ou mesmo uma contribuição de um colega para que determinada
tarefa seja feita. Essas orientações são caracterizadas também por enunciados
identificadores de lugar, pessoas ou grupos, como locais ou fontes onde as
informações podem ser obtidas (Exemplo 6).
66
Exemplo 6:
H. (aluna) – Prof. A. procurei outros relatos como o do nosso grupo e não
achei ainda, se achar comparecerei, ok?
Prof. A (Mediador) – é, eu entendo. O pessoal de Ingá é que está
responsável por trabalhar com o gênero Romance Policial. Vamos
aguardar.
Fonte: Gervai (2007:183) – A Mediação Pedagógica em Contexto de aprendizagem on-line.
1.7.2 – MEDIAÇÕES QUE AVALIAM
Segundo Gervai (2007), existem vários tipos de mediações avaliativas
que podem ser realizadas pelo professor.
1.7.2.1 – Avaliação Positiva para Reafirmar e Dar Suporte
Não tem a função específica de mediação de aprendizagem. Nessa
categoria de mediação, o professor objetiva fazer com que os alunos observem
uns aos outros, promovendo ainda a abertura de espaços para maior
integração, estreitando laços, tornando o aluno mais seguro e reafirmando sua
presença e participação (Exemplo 7).
Exemplo 7
Descoberta – Aluna
Prof. A, comparando tudo o que li, acho que aprendi um pouco, percebo
que na maioria os pensamentos são quase iguais, e concordo que o leitor
precisa estar por dentro dos acontecimentos para poder entender os
gêneros de notícias. Pois os gêneros, enquanto formas historicamente
enraizadas nas práticas sociais, funciona como um modelo comum, que
determina um horizonte de expectativas em todas a leituras.
Prof. A
Que bom! É mesmo. Só não concordo com o fato de vc dizer que está
aprendendo pouco. Acho que vem aprendendo muito e está se saindo cada
vez melhor!
67
Bjs Prof. A
Fonte: Gervai (2007:185) – A Mediação Pedagógica em Contexto de aprendizagem on-line.
1.7.2.2 – Avaliação que Promove a Integração no Espaço da Comunidade
On-Line
O professor procura fazer com que os alunos observem
comparativamente seus trabalhos, não obstante a avaliação já por ele
realizada. O professor motiva o aluno à atividade de colaboração através da
linguagem avaliativa para a abertura de espaços em que os alunos trabalhem
entre si (Exemplo 8).
Exemplo 8
G. (aluno) – Passei e não encontrei... Também não consigo encontrar
publicações sobre romance policial para q possamos fazer as
comparações...
Prof. A (mediador) – G. O grupo é de Itaga. Se não estiver na galeria está
no fórum na pasta da diretoria de lá. Foi a Bela q enviou e está bem legal.
Vale a pena ver para comparar com o trabalho do grupo de vcs, que
também ficou muito bom. Bjs. Prof.A.”
Fonte: Gervai (2007:186) – A Mediação Pedagógica em Contexto de aprendizagem online.
1.7.2.3 – Avaliação Explicativa
O professor, por meio da mediação explicativa, concorda, acrescenta ou
corrige, expondo um ponto específico de aula (Exemplo 9).
Exemplo 9
Prof C: Oi Da e pessoal! Vc levanta ótimas questões. Vamos lá! Não nem
todo romance policial envolve um crime de morte. A característica principal
desse gênero é que haja um crime a ser desvendado Não precisa
necessariamente que seja morte, pode ser um roubo, como vc
exemplificou. Existe Gênero romance Policial e o Gênero Suspense. No
primeiro, pode haver um recurso de suspense (ou não, se for a opção do
autor), mas tem como foco uma situação que a gente não consegue
explicar e que não sabe o que vai acontecer. Isso pode ocorrer por exemplo
em uma História de Amor (a propósito, os filmes de Alfred Hitchcock – e tb
68
os romances de Edgar Allan Poe, são um ótimo exemplo do Gênero
Suspense). Espero ter ajudado... Beijinhos mil!!
Fonte: Gervai (2007:196) – A Mediação Pedagógica em Contexto de aprendizagem on-line.
1.7.2.4 – Avaliação para Finalização de Atividade
Na avaliação para a finalização de atividade, o professor considera que
a discussão já foi suficiente e elucidou o tema proposto (Exemplo 10).
Exemplo 10
Prof.C: Oi Dan! É isso mesmo! Alguns gêneros apresentam diferenças sutis
que não são identificadas num primeiro momento, mas este diálogo que
travamos aqui em nosso fórum elucidou muitos destes aspectos e agora
está bem mais claro para todos nós. Parabéns a todas! Beijnhos!!
Fonte: Gervai (2007:199) –A Mediação Pedagógica em Contexto de aprendizagem on-line.
1.7.3 – Mediações com Propostas de Questões para Reflexões sobre
Determinado Assunto
Para Gervai (2007:200), as mediações com propostas de questões para
reflexão podem subdividir-se em:
– Mediação que Propõe a Exploração ou Aprofundamento de Questões
Essa mediação é realizada quando o professor lança algum tipo de
reflexão sobre determinado assunto, que pode nem ser temática do fórum
propriamente dito, mas, ao surgir na discussão, apresenta-se interessante e
necessita de aprofundamento. Assim, o professor aproveita as colocações do
aluno para fazer perguntas ao grupo (Exemplo 11).
Exemplo 11
Prof C: Muito bom! Os aspectos destacados por vc refletem o uso deste
gênero em sala de aula e tb pela sociedade. Mais do que simplesmente
desenhos, caricaturas, o teor crítico da charge jornalística requer
conhecimento dos aspectos políticos, ideológicos, históricos, sociais etc. e
portanto, trabalhar com este gênero demanda desenvolver o pensamento
crítico do leitor e na educação, dos alunos e professores. Ainda para as
funções mencionadas por vc: lazer, entretenimento, humor, inteligência e
69
criatividade, há necessidade de compreensão crítica, do contrário ficaremos
como aquele que “não entendeu a piada...” O que vcs acham disso? Este
gênero tem sido trabalhado na Educação? Como formar professores
para um trabalho como este? Bjs!
Fonte: Gervai (2007:201) –A Mediação Pedagógica em Contexto de aprendizagem online.
– Mediações que Incentivam Interações entre Alunos
Para Gervai (2007:202), essas mediações ocorrem para que o professor
promova, junto aos alunos, o trabalho nas produções uns dos outros, para a
realização de mais trabalho conjunto (Exemplo 12).
Exemplo 12
Prof.C: Oi Libe e pessoal do romance policial – querida! Estamos
debatendo este gênero com as colegas Graciana, Ale, Dani... Dê uma
olhada nas mensagens delas e minhas, ok? Meninas, o que acham das
observações da Leo? Bjs!
Fonte: Gervai (2007:202) –A Mediação Pedagógica em Contexto de aprendizagem on-line.
– Mediações que Pedem Esclarecimentos
As mediações com questionamentos ocorrem, segundo Gervai
(2007:202), quando os enunciados dos alunos não são claros, necessitando de
esclarecimentos para auxiliar na compreensão do que está sendo abordado e
possibilitar ao aluno desenvolver melhor seu raciocínio e suas idéias (Exemplo
13).
Exemplo 13
Prof.C.: Oi Rosa e pessoal! Mas e nas Ciências Humanas, como isso fica?
O que vc quer dizer com: “quando temos objetos de pesquisa
concretos os procedimentos de experimentação talvez sejam menos
complicados”? Bjs!
Fonte: Gervai (2007:202) –A Mediação Pedagógica em Contexto de aprendizagem online.
– Mediações que Solucionam Conflitos
A mediação para solucionar conflitos corresponde às interações que o
professor realiza no sentido de evitar que os alunos acirrem conflitos. Segundo
Gervai (2007:203), alguns alunos começam suas enunciações negando as
70
idéias dos outros sem nenhum tipo de modalização, o que dá a impressão de
um ataque. Cabe ao professor, pessoa de maior autoridade nesse contexto,
atuar como mediador do desentendimento, buscando assim a interação e a
atuação do grupo através da colaboração mútua e contínua (Exemplo 14).
Exemplo 14
Prof. C: O que compreendi das inserções da Val, sobre boletins de
avaliação, foi uma crítica ao que é feito ao próprio boletim... Talvez a
expressão “relatório” tenha dado uma conotação equivocada Carla...
suas idéias sobre avaliação são muito pertinentes e estamos
debatendo muito sobre o processo de avaliação que está totalmente
articulado ao processo de aprendizagem.
Nesse sentido a avaliação, com caráter diagnóstico, deve se propor a
busca de intervenções, mesmo porque, de outro modo a avaliação não teria
sentido... Vejo que este gênero merece muito debate, mas o fato é que
ainda estamos trabalhando com boletins... Alguns são velados, camuflados,
mas carregam em si a ideologia dos antigos boletins. Isso reflete tb o
quanto este está incorporado às práticas educativas... e os novos
instrumentos, para serem realmente incorporados, precisam de um tempo
maior... estamos a caminho e este debate é uma prova disso... Vamos
conversar mais sobre isso? beijinhos!
A Tabela 16, a seguir, mostra brevemente como os instrumentos
teóricos serão abordados, a partir das questões de pesquisa e dos objetivos e
ações necessários para tal.
71
QUESTÕES DA PESQUISA
OBJETIVOS DA PESQUISA
AÇÕES
INSTRUMENTOS TEÓRICOS
Como a mediação se revela nas
fases iniciais de uma
comunidade de aprendizagem?
Descrever como são
realizadas as interações
iniciais dentro da comunidade
virtual estudada.
Coletar, junto aos fóruns
Aceita um Cafezinho e
Módulo 1 e 2
1ª fases, as
interações postadas
pelos mediadores pedagógicos
e alunos /participantes e
analisá-las a
partir dos instrumentos
teóricos definidos.
1. Community of Inquiry:
a) Presença Cognitiva
1) Exploração
2) Integração
2. Princípios e
Conceitos Andragógicos:
3. Sistêmico-funcional:
a) Metafunção interpessoal;
b) Avaliatividade
4. Funções da Mediação
72
QUESTÕES DA PESQUISA
OBJETIVOS DA PESQUISA
AÇÕES DE PESQUISA
INSTRUMENTOS TEÓRICOS
Como o mediador contribui para
a formação e fortalecimento de uma
Comunidade Virtual de
Aprendizagem, Ensino e Trabalho?
Descrever como os
mediadores técnicos e
o
mediadores pedagógicos
medeiam para a integração
dos alunos/participantes
da Comunidade Virtual
Coletar,
junto aos fóruns
Aceita um Cafezinho e
Módulo 1 – 2ª fase as
mediações postadas pelos
mediadores técnicos e
mediadores pedagógicos e
quais contribuições os
alunos/participantes
realizaram a partir
das intervenções realizadas
pelos mediadores.
1. Community of Inquiry:
a) Presença de Ensino
1) Facilitação do discurso;
2) Instrução direta
b) Presença Social
1) Afetividade;
2) Comunicação aberta
2. Conceitos e
Princípios Andragógicos:
3. Sistêmico-funcional:
a) Metafunção Interpessoal;
b) Avaliatividade
1) Comprometimento;
2) Julgamento
4. Funções da Mediação
73
QUESTÕES DA PESQUISA
OBJETIVOS DA PESQUISA
AÇÕES DE PESQUISA
INSTRUMENTOS TEÓRICOS
Como os alunos/participantes dessa
Comunidade Virtual interagem entre
si?
Descrever como
alunos/participantes atuam dentro
da comunidade, mediando ou
propondo questões
temáticas relacionadas ao curso,
ou ainda respondendo
a questionamentos e
apresentando problemas do
dia-a-dia de trabalho
Coletar, junto aos fóruns
Café e Módulo 1 - 2ª fase, as
intervenções postadas pelos
alunos/participantes, nas quais
é possível verificar a realização
de mediação que envolvam
questionamentos e
apresentação de problemas
relacionados ao dia-a-dia de
trabalho.
1. Community of Inquiry:
Practical Inquiry
a) Presença Cognitiva
a.1) Integração;
a.2) Resolução
b) Presença de Ensino
b.1) Facilitação do discurso
b.2) Instrução direta
2. Conceitos Andragógicos:
a) A necessidade de saber;
b) O papel das experiências dos
aprendizes;
c) Motivação
3. Sistêmico-funcional:
a) Metafunção Interpessoal;
b) Avaliatividade
4. Funções da Mediação
74
QUESTÕES DA PESQUISA
OBJETIVOS DA PESQUISA
AÇÕES DE PESQUISA
INSTRUMENTOS TEÓRICOS
Como uma Comunidade Virtual
de Aprendizagem evolui para
uma Comunidade Virtual de Ensino,
Aprendizagem e trabalho?
Compreender ações realizadas
pelos mediadores pedagógicos e
técnicos conduziram
alunos/participantes para
a formação de uma
comunidade reflexiva e que
promova ações voltadas
diretamente as questões relativas
ao trabalho comum realizado
Coletar, junto aos fóruns Café e
Módulo 1 – 2ª. Fase, as
intervenções postadas pelos
Alunos/participantes, nas quais
é
possível verificar a realização
De mediação que envolvam
questionamentos e
apresentação de problemas
relacionados ao dia-a-dia de
trabalho.
1. Community of Inquiry:
Practical Inquiry
a) Presença Cognitiva
a.1) Integração;
a.2) Resolução
b) Presença de Ensino
b.1) Facilitação do discurso
b.2) Instrução direta
2. Conceitos Andragógicos:
a) A necessidade de saber;
b) O papel das experiências dos
aprendizes;
c) Motivação
3. Sistêmico-Funcional:
a) Metafunção Interpessoal;
b) Avaliatividade
4. Funções da Mediação
75
CAPÍTULO 2
METODOLOGIA
76
2.1 – LINHA METODOLÓGICA DA PESQUISA
O presente capítulo aborda a metodologia de pesquisa escolhida, suas
características, os critérios utilizados para a escolha do corpus da pesquisa, os
participantes envolvidos e os procedimentos e critérios estabelecidos para a
análise dos dados. Segundo Sautu et al (2005: 37), a metodologia é formada
por procedimentos ou métodos voltados à construção da evidência empírica,
apóia-se em paradigmas e sua função na investigação é discutir os
fundamentos epistemológicos do conhecimento.
Ainda segundo a autora, a metodologia propõe a reflexão sobre o papel
dos valores e da idéia de causalidade, o papel da teoria e sua vinculação com
a evidência empírica, o recorte da realidade, os fatores relacionados com a
validade do estudo, o uso e o papel da dedução e da indução, além de
questões referentes a verificação e falsificação dos dados contidos e alcances
da explicação e interpretação.
Dentro das ciências sociais, encontramos dois tipos de abordagens
metodológicas: a quantitativa e a qualitativa, cada uma composta de diferentes
teorias e procedimentos para a obtenção da evidência empírica.
A metodologia quantitativa caracteriza-se pelo paradigma positivista/
pós-positivista. Tem como procedimentos a construção da evidência empírica e
relaciona-se de forma lógica com o restante das etapas do projeto, utilizando-
se da dedução no projeto e da indução na análise.
Outras características dessa metodologia são: a adoção de modelos de
análise causais; operacionalização de conceitos teóricos em determinadas
variáveis; dimensões e indicadores e suas categorias; utilização de técnicas
estatísticas; forte papel da teoria no projeto do estudo; generalizações em
termos de prognóstico e confiabilidade nos resultados a partir de estratégias de
validação interna.
De paradigma construtivista, a metodologia qualitativa possui como
procedimentos, para construção de evidência empírica, os conceitos e as
categorias emergentes em forma indutiva em todo o processo de investigação.
77
En geral, las investigaciones cualitativas enfatizan la discusión del paradigma y los
princípios que sustentan la posición metodológica, mentras que las investigaciones
cuantitativas se centran em la teoria sustantiva del problema a investigar, ya que de
ahí de derivan las proposiciones o conceptos que luego serán incorporados al objeto
de investigación (Sautu et al - 2005:46)
18
.
Minayo (1998) afirma que a pesquisa qualitativa se preocupa, dentro das
ciências sociais, com um nível de realidade que não pode ser quantificado. A
pesquisa qualitativa trabalha, portanto, com o universo de significados,
aspirações, crenças, valores e atitudes, correspondendo a um espaço mais
profundo das relações, dos processos e dos fenômenos que não podem ser
reduzidos à operacionalização de variáveis.
Segundo Minayo (1998:22):
Não existe um “continuum” entre “qualitativo-quantitativo”, em que o primeiro termo
seria o lugar da “intuição”, da “exploração” e do “subjetivismo”; e o segundo
representaria o espaço do científico, porque traduzido “objetivamente” e em “dados
matemáticos”.
Para a autora, os dados quantitativos e qualitativos não se opõem, ao
contrário, se complementam, uma vez que a realidade abrangida por eles
interage dinamicamente, excluindo qualquer dicotomia.
Uma abordagem dialética, segundo Minayo (1998:24), entre o
positivismo – cuja principal influência foi a utilização dos termos de tipo
matemático para a compreensão da realidade – e a sociologia compreensiva –
que propõe a subjetividade como o fundamento do sentido da vida social – teria
por finalidade abarcar o sistema de relações que constrói o modo de
conhecimento exterior ao sujeito, mas também as representações sociais que
traduzem o mundo dos significados.
Ao abordar a pesquisa qualitativa, Minayo (1998:25) afirma ser esta um
labor artesanal, que se não prescinde da criatividade, realiza-se
fundamentalmente por uma linguagem fundada em conceitos, proposições,
métodos e técnicas, linguagem essa que se constrói com um ritmo próprio e
particular.
18
Em geral, as investigações qualitativas enfatizam a discussão do paradigma e os princípios
que sustentam a posição metodológica, ainda que as investigações quantitativas se centram
na teoria substantiva do problema a investigar, já que daí derivam as proposições, os
conceitos que logo serão incorporados ao objeto de investigação (tradução da pesquisadora).
78
Minayo (1996:26) denomina a esse o ritmo ciclo da pesquisa, um
processo de trabalho em espiral, composto de três fases: exploratória da
pesquisa, de trabalho de campo e de tratamento do material, detalhadas
abaixo:
Fase 1: Exploratória da pesquisa: tempo dedicado a interrogações
preliminares sobre o objeto, os pressupostos, as teorias , a metodologia
apropriada e as questões operacionais para levar a cabo o trabalho de campo.
Seu foco fundamental é a construção do projeto de investigação.
Fase 2: Trabalho de campo: consiste no recorte empírico da
construção teórica elaborada no momento. Essa etapa combina entrevistas,
observações, levantamentos de material documental, bibliográfico e
instrucional, dentre outros.
Para Minayo, essa fase realiza um momento relacional e prático de
fundamental importância exploratória, de confirmação ou refutação de
hipóteses e construção de teorias.
Fase 3: Tratamento do material: essa fase subdivide-se, em seu
interior, em: ordenação, classificação e análise. O tratamento do material
conduz à teorização sobre dados, produzindo o confronto entre a abordagem
teórica anterior e o que a investigação de campo aporta de singular como
contribuição.
Para Günther (2006), são características da pesquisa qualitativa: a) o
estudo das relações complexas em vez de explicá-las por meio de isolamento
de variáveis; b) a percepção da pesquisa como um ato subjetivo de construção;
c) uma coleta de dados que produz textos para serem, nas diferentes técnicas
analíticas, interpretados hermeneuticamente.
A presente pesquisa foi desenvolvida de acordo com a metodologia
qualitativa, com base etnográfica interpretativista. A pesquisa qualitativa
possuidora de base etnográfica é definida por Silverman (2001:45) como a
escrita cientifica social voltada para determinado grupo ou cultura.
Segundo Watson-Gegeo (1988:576, apud Wielewicki 2001:27),
originalmente desenvolvida na antropologia, a pesquisa etnográfica propõe-se
a descrever e a interpretar ou explicar o que as pessoas fazem em
79
determinado ambiente (sala de aula, por exemplo), os resultados de suas
interações e o seu entendimento sobre o que estão fazendo.
A pesquisa etnográfica é também definida por Wielewicki (2001:27-28)
como a busca pela descrição do conjunto de entendimentos e de conhecimento
específico compartilhado entre participantes, que guia seu comportamento
naquele contexto específico, ou seja, a cultura daquele grupo.
2.1.1 – OBJETIVOS DE PESQUISA
A partir da realização de estudos investigativos de base qualitativa
etnográfica e interpretativista, a presente pesquisa tem por objetivos:
– compreender como o conjunto de entendimentos e relações estabelecidas, a
partir da formação de uma comunidade virtual de ensino e aprendizagem,
evolui para uma rede colaborativa de ensino, aprendizagem e trabalho;
– analisar a linguagem de mediação e como essa linguagem estimula e
contribui para uma atitude reflexiva, por parte dos alunos/participantes, na
troca de experiências vivenciadas no dia-a-dia do trabalho, assim como nas
discussões, dúvidas e problemáticas apresentadas e relatadas nos fóruns
que compõem a comunidade;
– contribuir para o desenvolvimento de uma educação continuada que busque
a valorização profissional dos servidores públicos e o entendimento de como
se estabelecem são estabelecidas as relações dentro de uma comunidade
virtual, constituindo-a elemento formador permanente de uma rede
colaborativa de aprendizagem continuada.
Como rede colaborativa de aprendizagem continuada, entende-se aqui a
discussão permanente estabelecida no âmbito de determinado grupo de
profissionais, que, ao abordarem – em um ambiente virtual – questões do dia-
a-dia de trabalho, têm como objetivo o aperfeiçoamento contínuo de suas
atividades, atuando como participantes.
Para que possamos compreender esses objetivos e também o de que
modo essas relações se estabelecem dentro de uma comunidade virtual,
80
constituindo-a elemento formador permanente, é necessário buscar
entendimentos para as seguintes questões:
1. Como a mediação se revela nas fases iniciais de uma
comunidade de aprendizagem?
2. Como o mediador contribui para a formação e o
fortalecimento de uma Comunidade Virtual de Aprendizagem,
Ensino e Trabalho?
3. Como uma Comunidade Virtual de Aprendizagem evolui para
uma Comunidade Virtual de Ensino, Aprendizagem e
Trabalho?
4. Como os alunos/colaboradores dessa Comunidade Virtual
interagem entre si?
Ao tentar compreender como se revelam as fases iniciais de uma
comunidade de aprendizagem, assim como a contribuição do mediador, a
pesquisadora busca contribuir para fortalecer e transformar essa comunidade
em uma comunidade permanente de aprendizagem, ensino e trabalho,
destinada ao desenvolvimento de uma educação continuada e,
conseqüentemente, à valorização profissional dos servidores públicos, de todas
as esferas, que atualmente façam uso, ou venham a beneficiar-se dos
programas de educação a distância, desenvolvidos pela Fundação do
Desenvolvimento Administrativo (Fundap).
Tornar a linguagem que medeia o processo educacional contínuo, dentro
desse ambiente virtual, uma atitude reflexiva, por parte de seus mediadores e
alunos/participantes, poderá permitir o fortalecimento dessa modalidade
educacional como alternativa cada vez mais segura para sua adoção nos
diversos níveis e categorias de servidores públicos, uma vez que busca a
participação ativa e consciente do aluno/colaborador dentro desse ambiente
virtual especialmente desenhado para sua categoria profissional.
81
2.2 – CONTEXTO DE PESQUISA
2.2.1 – O CURSO
O curso a ser observado é o de Capacitação para Gestão e
Aprimoramento do Programa Bolsa Família no Estado de São Paulo, destinado
exclusivamente aos servidores municipais que operam o Sibec
19
e o
CadÚnico
20
do Programa Bolsa Família (PBF
21
). Esse curso atende a uma
demanda formulada pela Secretaria Estadual de Assistência e
Desenvolvimento Social. A Fundap, através de seu Núcleo de Educação a
Distância (NEaD), possibilitou a capacitação a distância dos gestores
municipais, operadores do Programa Bolsa Família e membros da Instância de
Controle Social envolvidos no Programa Bolsa Família no Estado de São
Paulo.
O Curso Capacitação para Gestão e Aprimoramento do Programa Bolsa
Família no Estado de São Paulo foi desenvolvido de maneira a capacitar cerca
de 2 mil participantes, distribuídos entre os 645 municípios do Estado de São
Paulo, indicados pela Secretaria Estadual de Assistência e Desenvolvimento
Social. É composto de turma única de 754 alunos, é gratuito e foi oferecido no
período de 9/10 a 15/12/2006. Entretanto, os participantes tiveram acesso à
Comunidade Virtual de Aprendizagem por um período que se estendeu até
julho de 2007.
Como principal objetivo, o curso buscou promover a capacitação, em
massa, de gestores municipais, operadores, membros e demais colaboradores
do programa Bolsa Família no Estado de São Paulo.
19
Sibec- Sistema de Benefícios ao Cidadão; sistema informatizado, com acesso via internet,
desenvolvido pela Caixa Econômica Federal, para operacionalização das atividades de
gestão de benefícios oferecidos pelo Programa Bolsa Família e distribuídos pelo municípios.
http://www.mds.gov.br/bolsafamilia/gestao-de-beneficios/sistema-de-gestao-de-beneficios-e-
sibec. Acesso em 3/3/2008.
20
CadÚnico – Cadastro Único, Programa social do governo federal:é uma base de dados
socioeconômicos das famílias que possuem renda mensal de até meio salário mínimo por
pessoa.
http://downloads.caixa.gov.br/_arquivos/cidades/cadun_manuais/DECRETO_NUM_6136_260
62007.pdf. Acesso em 3/3/2008
21
http://www.mds.gov.br/bolsafamilia/o_programa_bolsa_familia/o-que-e - O Programa Bolsa
Família é um programa de transferência direta de renda com condicionalidades, mantido pelo
Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Acesso em 3/3/2008.
82
O Curso Capacitação para Gestão e Aprimoramento do Programa Bolsa
Família no Estado de São Paulo é composto de um tutorial e uma comunidade
de aprendizagem, desenvolvidos em um AVA.
O tutorial que contempla o conteúdo teórico do curso e a comunidade
virtual de aprendizagem busca oferecer condições e subsídios para
proposições de ações efetivas às práticas administrativas, no contexto proposto
pelo Programa Bolsa Família, favorecendo, sempre que possível, o trabalho
intersetorial, multifuncional e multidisciplinar.
A comunidade do Curso Capacitação para Gestão e Aprimoramento do
Programa Bolsa Família no Estado de São Paulo possui mediadores técnicos e
mediadores pedagógicos que buscam o diálogo, a colaboração e a reflexão
entre seus participantes.
As funções desses mediadores pedagógicos e mediadores técnicos
foram detalhadamente descritas na dinâmica da comunidade do Curso de
Licitação e Gestão de Contratos de Prestação de Serviços Terceirizados – 1ª. e
2ª versão, e disponibilizadas em seu ambiente virtual de aprendizagem (AVA)
22
(apud Zahed-Coelho, 102 e 103), as quais destacamos abaixo:
Mediadores Pedagógicos:
“Os mediadores pedagógicos têm um papel fundamental no ambiente, pois
favorecem a troca de informações entre os indivíduos e facilitam o processo de
ensino-aprendizagem, incentivam a intervenção nos fóruns de discussão e auxiliam o
participante a descobrir o seu potencial.
Estabelecem relações entre as várias áreas de conhecimento e respondem, também,
pelo controle, gerenciamento e interação geral da comunidade, estabelecendo
conexões relevantes entre os participantes e os especialistas.
Sua função é resgatar a funcionalidade da emoção a fim de criar circunstâncias
adequadas aos anseios e desejos dos participantes, tornando o ambiente adaptável
ao participante e possibilitando uma boa interface de comunicação e interação – uma
vez que as relações interpessoais se intensificam com a emoção, ela que une o
indivíduo a outrem, possibilitando a participação do outro.
22
Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVA), são softwares desenvolvidos sobre metodologia
pedagógica para auxiliar a promoção de ensino/aprendizagem virtual ou semipresencial. É
um sistema elaborado para ajudar professores, facilitando o gerenciamento de cursos
educacionais para seus estudantes, especialmente ajudando professores e aprendizes com a
administração do curso. http://pt.wikipedia.org/wiki/Ambiente_virtual_de_aprendizagem
(acesso em 18/3/2008).
83
Os fatores afetivos e cognitivos são indissociáveis no processo de construção de
conhecimento do indivíduo, uma vez que ao construir o conhecimento esse sujeito
experimenta prazer, esforço, fadiga, ansiedade, aborrecimentos etc., aspectos que
têm relação direta com o desenvolvimento intelectual da pessoa”.
Mediadores Técnicos:
“A presença de um especialista é indispensável para a existência da comunidade. Ele
aparece não como detentor do conhecimento e único responsável pelo processo de
ensino-aprendizagem, mas como indivíduo em posição de igualdade ao lado dos
demais participantes da comunidade. Neste espaço, todos – participantes e
especialistas detêm conhecimentos específicos, diferenciados e relevantes. Todos
são co-autores e co-produtores do seu próprio conhecimento e também, ambos são
co-autores e co-produtores do que está sendo produzido e incorporado no ambiente
em um movimento contínuo e recursivo.
A mediação do especialista vem ao encontro da proposta que procura romper e
superar o paradigma da contradição especialista-participante. Essa proposta
problematizadora se realiza por meio do diálogo, representa o encontro da reflexão e
da ação, da criação e da recriação, e da vivência sistemática das relações
intersubjetivas desses sujeitos”,
Espera-se que os participantes constituam na comunidade um canal de
comunicação permanente, com informações contextualizadas com a prática do
dia-a-dia de trabalho junto ao PBF.
O curso de Capacitação para Gestão e Aprimoramento do Programa
Bolsa Família no Estado de São Paulo possui uma página de abertura (Figura
3). É nessa página que os participantes têm os primeiros contatos com o curso,
encontram informações gerais sobre o que é educação a distância (EaD), qual
o público-alvo do curso oferecido, os objetivos gerais, a estrutura e o conteúdo
do curso, como é oferecido e descrito o material didático e quais são os
critérios de certificação e o roteiro de inscrição.
84
Figura 3: Tela de Abertura
Fonte: Tela abertura – Curso de Capacitação para Gestão e Aprimoramento do Programa
Bolsa Família no Estado de São Paulo – Fundap/NEaD (2007)
85
O NEaD/Fundap organiza cursos tutoriais modulados desenvolvidos em
linguagem HTML, que contêm o conteúdo teórico-prático do curso. O conteúdo
é organizado a partir de módulos compostos nos seguintes subcampos:
Conteúdo, Tema, Exercícios, Apontamentos, Pesquisas e Saiba mais.
Embora as informações sejam oferecidas de maneira seqüencial, o
aprendiz-colaborador poderá seguir a ordem que lhe seja mais conveniente,
tornando-se responsável por seu aprendizado. Nesses cursos, os mediadores
não definem aos aprendizes o que, quando ou como deverá ser aprendido
cada tema ou assunto.
O participante é responsável por seu aprendizado e a ele compete
como, o que, quando e por onde deve estudar.
2.2.1.1 – Critério de Escolha do Curso
Ao oferecer seu primeiro curso a distância em 2000, mediado por
computador e voltado aos servidores públicos estaduais, a Fundap rompia
vários paradigmas estabelecidos há muito no âmbito público.
Até então, os cursos possíveis e oferecidos pela própria Fundap, ou
outros órgãos públicos, eram realizados somente de forma presencial e
disponíveis a poucos servidores, por serem necessários a obtenção de ajuda
de custo para pequenos deslocamentos, além de autorização para que se
ausentassem de seus locais de trabalhos por determinado período.
A implementação dos cursos a distância transformou essa realidade,
uma vez que passou a permitir o acesso permanente dos servidores públicos a
esses cursos, por meio da internet e do site da Fundap, 24 horas ao dia.
Os cursos a distância oferecidos pela Fundap integram o Programa de
Aperfeiçoamento de Educação a Distância (Paead). Trata-se de uma
abordagem composta por um ambiente híbrido de ensino-aprendizagem.
Esse ambiente é composto de módulos organizados a partir de um
conteúdo broadcast, hospedado nos sistemas da Companhia de
Processamento de Dados de São Paulo (Prodesp), e de um ambiente virtual de
86
aprendizagem (AVA) acessado por meio da plataforma Snitz
23
, software livre,
disponível para download na Internet, que foi completamente customizado.
Embora todos os cursos oferecidos a distância, pela Fundap, tenham
suas comunidades virtuais desenvolvidas a partir de uma mesma plataforma,
cada uma dessas comunidades virtuais, no decorrer de suas atividades, passa
a apresentar uma dinâmica própria, pois, mesmo após o término estabelecido
para a realização dos exercícios apresentados nos módulos que compõem
cada curso, a Comunidade Virtual de Aprendizagem (CVA) permanece
disponível aos servidores.
2.2.1.3 – Construção do Curso
O Programa do Curso compreende seis módulos:
Módulo 1: O Programa Bolsa Família (PBF)
Organização do programa
Módulo 2: O PBF no contexto da política pública de assistência social
Política Nacional de Assistência Social – Política Estadual de Assistência Social
Módulo 3: Cadastro único (CadÚnico)
Critérios de elegibilidade das famílias – Procedimentos
Módulo 4: Gestão de benefícios
Tipos de benefício – Operacionalização do programa (Sibec)
Módulo 5: Acompanhamento das famílias
Condicionalidades – Programas complementares
Módulo 6: Fiscalização e controle social
Fiscalização – Instâncias de controle social
Cada módulo é organizado a partir da seguinte estrutura de seu
conteúdo programático:
Conteúdo (Figura 4)
Apresenta os assuntos do módulo, o número de exercícios propostos, de
atividades complementares e o de páginas da apostila (Saiba Mais).
23
O Snitz encontra-se disponível para download em http://forum.sntiz.com (acesso em
13/7/2007)
87
Figura 4: Tela - Conteúdo
Fonte: Tela Conteúdo – Curso de Capacitação para Gestão e Aprimoramento do Programa
Bolsa Família no Estado de São Paulo – Fundap/NEaD (2007)
Tema (Figura 5)
A seção Tema traz uma introdução aos assuntos trabalhados no
módulo. Quando, no texto do Tema, aparecerem links (trecho na cor azul ou
vermelha), ao clicar sobre eles, surgirá na tela uma janela contendo
informações. Os links azuis apresentam informação extra ou complementar. Os
links vermelhos indicam verbetes que constam do Glossário do curso.
88
Figura 5: Tela - Tema
Fonte: Tela Tema – Curso de Capacitação para Gestão e Aprimoramento do Programa Bolsa
Família no Estado de São Paulo – Fundap/NEaD (2007)
Exercícios (Figura 6)
Na Seção Exercícios, o aluno/participante do curso aplica novos
conteúdos/informações. Em cada módulo, são apresentadas situações-
problema, cuja análise o auxilia a entender melhor os conteúdos do curso.
Os exercícios são interativos, no sentido de permitir ao
aluno/participante duas tentativas para acerto com a finalidade de auto-
avaliação sobre o assunto tratado no módulo. Tanto no acerto quanto no erro
da resposta apontada; o aluno/participante envia suas respostas e recebe de
89
volta as soluções e um breve comentário. O objetivo dos exercícios não é
avaliar o participante, mas apenas colaborar para o seu aprendizado.
Figura 6: Tela - Módulo 1
Fonte: Tela Módulo 1 – exercício 3 – Subcampo exercícios - NEaD/Fundap (2007)
Apontamentos (Figura 7)
Na seção Apontamentos, são fornecidos, em tópicos curtos, os
principais conceitos tratados em cada módulo do curso.
90
Figura 7: Tela - Apontamentos
Fonte: Tela Módulo 1 – Subcampo Apontamentos – NEaD/Fundap (2007).
Pesquisa (Figura 8)
Na seção Pesquisa, obtêm-se a indicação de bibliografia especializada
e sugestões de endereços interessantes a visitar, na Internet.
Sugere-se ao participante deixar os endereços eletrônicos desses sítios
registrados em seu navegador, a fim de realizar consultas periódicas. Busca-
se, com isso, contribuir para a atuação do aluno/participante na comunidade do
curso.
91
Figura 8: Tela - Seção Pesquisa
Fonte: Tela Módulo 1 – Subcampo: Apontamentos – Curso de Capacitação para Gestão e
Aprimoramento do Programa Bolsa Família no Estado de São Paulo – Fundap/NEaD (2007).
Saiba Mais (Figura 9)
Cada módulo possui, à disposição do participante, uma apostila em
formato PDF, que contempla todas as informações contidas no respectivo
módulo.
92
Figura 9: Tela - Saiba Mais
Fonte: Tela Módulo 1 – Subcampo: Saiba Mais – Curso de Capacitação para Gestão e
Aprimoramento do Programa Bolsa Família no Estado de São Paulo – Fundap/NEaD (2007).
2.3 – COMUNIDADE VIRTUAL DE APRENDIZAGEM
A Comunidade Virtual de Aprendizagem tem por objetivo promover a
interação do grupo de alunos que compõem o curso. Aí são trocadas
informações e encaminhadas e esclarecidas dúvidas do dia-a-dia de trabalho.
Na Comunidade, espera-se que o saber do grupo seja enriquecido com as
reflexões, as dicas e as sugestões compartilhadas. Por isso, a Comunidade
manteve-se como um espaço disponível aos participantes não só durante o
período de realização do curso, mas também após sua conclusão, estendendo-
se até julho de 2007. É, pois, um espaço que está sendo construído pelos
participantes, com o apoio de especialistas na área, como um instrumento
acessível e permanente e muito valioso a todos da área.
93
2.3.1 – FERRAMENTAS DO AMBIENTE DE INTERAÇÃO ASSÍNCRONA
(AIA)
O Ambiente de Interação Assíncrona (AIA) (Figura 10) do Curso de
Capacitação para Gestão e Aprimoramento do Programa Bolsa Família no
Estado de São Paulo foi estruturado como descrito a seguir.
No topo da página, os participantes tiveram acesso aos botões:
Participantes, Busca, Página Inicial, Temas Ativos, Dinâmica e Dicas, descritos
abaixo:
Participantes: por meio do botão PARTICIPANTES, obtém-se acesso
aos perfis de cada participante que compõe o curso, sendo possível a cada um
deles escrever sua biografia, além de obter informações relativas ao número de
mensagens postadas e endereço de correio eletrônico.
Busca: o botão BUSCA permite aos participantes localizar questões já
discutidas na comunidade.
Página Inicial: o botão PÁGINA INICIAL tem por objetivo que o
participante retorne à primeira página da Comunidade.
Temas Ativos: o botão TEMAS ATIVOS apresenta aos participantes a
relação de temas de discussão abertos nos fóruns.
Dinâmica: o botão DINÂMICA apresenta ao participante as regras da
interação, assim como o papel desempenhado pelos mediadores pedagógico e
técnico, pelo participante, e o funcionamento de cada recurso de interação
disponível.
Dicas: o botão DICAS apresenta aos participantes instruções que
facilitam a utilização de comandos e dicas de interações nos fóruns que
compõem o ambiente.
94
Figura 10: Tela - Ambiente de Interação Assíncrona (AIA)
Fonte: Tela inicial do Ambiente de Interação Assíncrona – Curso de Capacitação para Gestão e
Aprimoramento do Programa Bolsa Família no Estado de São Paulo – Fundap/NEaD (2007).
O Ambiente de Interação Assíncrono é composto de fóruns ou espaços
em que os mediadores propõem temas para discussão. Após entrarem no
fórum de seu interesse, os participantes encontram uma lista de temas, dos
quais podem selecionar aquele que lhes interessa e enviar uma mensagem.
É importante ressaltar que nesse Ambiente de Interação Assíncrono foi
oferecida aos participantes uma primeira versão de fóruns, especificamente o
95
fórum Café (Figura 11) disponibilizado aos participantes durante o período de 6
de outubro a 1 de novembro de 2007.
Figura 11: Tela - Fórum Café
Fonte: Tela do Ambiente de Interação Assíncrona – Curso de Capacitação para Gestão e
Aprimoramento do Programa Bolsa Família no Estado de São Paulo – Fundap/NEaD (2007).
Será analisada também a primeira versão do fórum, referente ao Módulo
1 – Discutindo o Programa Bolsa Família (Figura 12), igualmente
disponibilizado aos participantes durante o período de 6 de outubro a 1 de
novembro de 2007.
96
Figura 12: Tela - Fórum: Discutindo o Programa Bolsa Família
Fonte: Tela do Ambiente de Interação Assíncrona – Curso de Capacitação para Gestão e
Aprimoramento do Programa Bolsa Família no Estado de São Paulo – Fundap/NEaD (2007).
97
2.4 – CRITÉRIOS PARA ESCOLHA DOS FÓRUNS
Os fóruns observados neste estudo foram selecionados a partir da
finalidade pedagógica proposta em cada um deles.
Para a realização do presente estudo, foram observadas as interações
realizadas pelos participantes nos fóruns que compõem o ambiente de
integração assíncrona, ou seja, os fóruns informais, pedagógicos e técnicos.
2.4.1 – FÓRUNS QUE COMPÕEM O CURSO ESTUDADO
O fórum informal Café foi criado com a intenção pedagógica de
ambientar o participante à ferramenta de navegação, e estabelecer laços de
solidariedade, amizade e respeito entre os participantes.
Nesse fórum são abordados os seguintes temas:
Cafezinho 2007!!!: esse tema tem por objetivo constituir espaço informal,
que possibilite ao participante conhecer melhor e interagir de forma informal
com seus colegas, participantes da comunidade do curso;
Aniversariantes: nesse tema, também de caráter informal, os participantes
organizam uma “agenda” de aniversários com todos os demais participantes
de curso. Foi criado a pedido dos membros da própria comunidade;
– Espaço dos poetas: esse tema possibilita aos participantes trazer para o
ambiente do curso poemas e mensagens que possam animar o dia-a-dia,
portanto, possui caráter informal, e, como os fóruns anteriores, objetiva a
integração dos participantes que compõem a comunidade.
98
Figura 13: Fóruns que compõem o Curso Programa Bolsa Família
Fonte: Tela – Fóruns Informais da Comunidade Virtual de Aprendizagem – Curso de
Capacitação para Gestão e Aprimoramento do Programa Bolsa Família no Estado de São
Paulo – Fundap/NEaD (2007)
O Fórum Pedagógico: Bem vindo! Apresente-se e colabore! pede que
sejam discutidas questões ligadas ao conteúdo programático do curso, sejam
elas sugestões, críticas, ou ainda assuntos relacionados a aprendizagem
continuada e colaborativa.
Nesse fórum são abordados os seguintes temas:
Bem-vindo! Apresente-se e colabore!: nesse tema, o objetivo é convidar o
participante recém-admitido a realizar sua apresentação inicial, falando um
pouco sobre si, suas atividades profissionais, gostos pessoais, e informações
que julga importantes para sua integração na comunidade. O participante é
99
igualmente convidado a recepcionar os recém-chegados novos participantes,
auxiliando-os na ambientação inicial do curso.
Comentários sobre o curso e a comunidade: esse tema foi criado para
que o participante faça sugestões sobre o curso e a comunidade, assim
como proponha alterações, correções e implementações da parte tutorial do
curso.
– Cantinho do grito – Questões despercebidas: esse tema foi criado para que
os participantes possam postar os questionamentos nos fóruns técnicos,
pedagógicos e informais, mas que não foram respondidos pelos participantes
e mediadores (pedagógicos e técnicos).
100
Figura 14: Fóruns Pedagógicos da Comunidade Virtual do Curso
Programa Bolsa Família
Fonte: Tela – Fóruns Pedagógicos da Comunidade Virtual de Aprendizagem – Curso de
Capacitação para Gestão e Aprimoramento do Programa Bolsa Família no Estado de São
Paulo – Fundap/NEaD (2007)
Fórum Técnico: aborda os assuntos relacionados aos módulos do curso.
Nesse fórum são estabelecidos os diálogos entre os participantes e
mediadores (Figura 15).
101
Figura 15: Fóruns Técnicos da Comunidade Virtual do Curso Bolsa
Família
Fonte: Tela – Fóruns Técnicos da Comunidade Virtual de Aprendizagem – Curso de
Capacitação para Gestão e Aprimoramento do Programa Bolsa Família no Estado de São
Paulo – Fundap/NEaD (2007).
2.4.2 – OS PARTICIPANTES
Os participantes que compuseram o curso apresentado são servidores
públicos dos municípios do Estado de São Paulo.
Inscreveram-se 2.371 participantes, representantes de 26 municípios,
conforme Tabela 15.
Acessaram o curso 1.640 (69%) inscritos.
Dentre os que acessaram o curso:
1.587 (96,7%) acessaram ao menos um módulo;
102
1,036 (63%) acessaram a comunidade.
Dos que acessaram a comunidade, 754 (74,7%) enviaram ao menos
uma mensagem ao ambiente de interação assíncrona.
A Tabela 17 apresenta a distribuição de participantes inscritos no curso,
possibilitando assim visualizar os municípios cujos participantes prestam
serviços, assim como a quantidade de servidores por município que
compuseram o curso.
Tabela 15: Curso de Capacitação
Curso de Capacitação para Gestão e Aprimoramento do Programa Bolsa
Família no Estado de São Paulo
*DRADS INSCRITOS
Alta Noroeste em Araçatuba 122
Alta Paulista em Dracena 81
Alta Sorocabana em Presidente Prudente 85
Araraquara 97
Avaré 110
Baixada Santista em Santos 67
Barretos 55
Bauru 128
Botucatu 34
Campinas 162
Capital em São Paulo 84
Fernandópolis 105
Franca 88
Grande Norte em Guarulhos 22
Grande São Paulo ABC em Santo André 45
Grande São Paulo Leste em Mogi das Cruzes 60
Grande São Paulo Oeste em Osasco 52
Itapeva 62
Marília 187
Mogiana em São João da Boa Vista 66
Piracicaba 129
Ribeirão Preto 102
São José do Rio Preto 141
Sorocaba 99
Vale do Paraíba em São José dos Campos 128
Vale do Ribeira em Registro 33
Não informado 27
Total 2371
Fonte: Núcleo de Educação a Distância – Fundação do Desenvolvimento Administrativo
– Fundap/2006
* Diretorias Regionais de Assistência e Desenvolvimento Social.
103
2.5 – DESCRIÇÃO DO
CORPUS
DE PESQUISA
Compõem o corpus desta pesquisa as mensagens constantes nos
fóruns Café e Módulo 1, do Curso de Capacitação para Gestão e
Aprimoramento do Programa Bolsa Família no Estado de São Paulo.
Os fóruns observados possuem duas versões, uma vez que foram
oferecidos, dentro do mesmo ambiente virtual, aos participantes do curso em
dois momentos distintos: no período de 9 de outubro a 1 de novembro de 2006,
quando então foram fechados, e novamente oferecidos aos participantes
acrescidos de novos temas no período de 27 de agosto a 13 de março de
2007.
O fórum Café, em sua primeira versão, possui em sua totalidade 1.130
mensagens. A escolha desse fórum deve-se ao fato de ser o primeiro fórum
com o qual os participantes tiveram contato no ambiente do curso.
Posteriormente, o Fórum CAFÉ teve seu desenho reformulado e encerrou-se
com um total de 6.711 mensagens, distribuídas em três diferentes temas
oferecidos à comunidade:
a) Aceita um cafezinho?; constituído de 4.874 mensagens, tinha por
objetivo a construção de um espaço informal que possibilitasse ao participante
conhecer melhor seus colegas da comunidade do curso;
b) Aniversariantes, com 543 mensagens postadas, possibilitava aos
participantes organizar uma agenda com as datas de aniversários e
manifestações de felicitações.
c) Espaço dos poetas com o total de 1.294 mensagens, de caráter
informal com poemas e mensagens postadas pelos participantes.
No mesmo período, analisamos 2.692 mensagens enviadas ao fórum
Discutindo o PBF, igualmente correspondente ao período de 9 de outubro a 1
de novembro de 2006. Assim como o fórum Café, o fórum Módulo 1, após o
primeiro contato dos participantes no ambiente, foi reformulado, encerrando
suas atividades com um total de 2.346 mensagens distribuídas em treze
Questões Temáticas, apresentadas aos participantes e debatidas por períodos
estabelecidos previamente pelos mediadores técnicos.
104
A escolha desses fóruns iniciais para a realização da primeira etapa de
análise deve-se à necessidade de observar como os participantes interagem
entre si, e como a mediação se revela nas fases iniciais de uma comunidade
de aprendizagem.
Após a interação inicial, a comunidade virtual teve seus fóruns
redesenhados, conforme o modelo apresentado no capítulo Contexto de
Pesquisa. O redesenho ocorreu da necessidade de reestruturação dos fóruns
inicialmente oferecidos, com base na avaliação dos mediadores técnicos e de
acordo com as sugestões apresentadas pelos alunos/participantes.
2.6 – PROCEDIMENTOS E CRITÉRIOS PARA ANÁLISE DE
DADOS
Os dados serão analisados da ótica da teoria referente às questões de
aprendizagem e tecnologia elaborada por Anderson e Garrison (2003) e os
tipos e mediação elaborados por Gervai (2007); da teoria andragógica
abordada por Maseto (1992, 2000 e 2003), Tavares-Silva (2006) e Chotguis
(2007); e da teoria sistêmico-funcional, em especial a Metafunção Interpessoal,
desenvolvida por Halliday (1984,1994), e a Avaliatividade, abordada por Martin
(1992, 2003) e Eggins (1994, 2002)
Os dados de pesquisa serão tratados conforme as etapas abaixo
descritas:
1. Descrição e análise de Contexto de Cultura e Contexto de Situação dos
fóruns e seus respectivos temas selecionados, segundo a Gramática
Sistêmico-Funcional proposta por Halliday;
2. A partir dos registros realizados pelos participantes no Fórum Informal Café,
mediado pelos mediadores pedagógicos, e no fórum técnico correspondente ao
Módulo 1, mediado por mediadores técnicos, a observação das questões a
seguir:
a) como a comunidade é organizada em sua fase inicial. Para tal, será
observado como os participantes compreendem a comunidade, em sua
primeira fase, ou seja, no período de 6 de outubro a 1 de novembro de 2007.
Será realizada também a análise das funções das mediações desenvolvidas
105
pelos mediadores técnicos e mediadores pedagógicos, com o objetivo de
verificar como contribuíram para a construção da comunidade nessa fase;
b) como são estabelecidas as mediações realizadas pelos mediadores técnicos
e pedagógicos na busca pelo direcionamento da comunidade às questões de
trabalho, observação essa realizada nos fóruns disponibilizados aos
participantes na segunda etapa de desenvolvimento do curso, ou seja, no
período de 27 de agosto de 2007 a 13 de março de 2008.
c) como os participantes passam a atuar na comunidade e realizam mediações
como colaboradores, auxiliando no esclarecimento de dúvidas, prestando
informações e atuando como mediadores, estabelecendo-se assim uma
comunidade virtual de ensino, aprendizagem e trabalho, análise essa realizada
no período correspondente à segunda fase do curso, ou seja, 27de agosto de
2007, a 13 de março de 2008.
106
CAPÍTULO 3
APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E
DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
107
A partir dos referenciais teóricos relativos às questões de aprendizagem
e tecnologia – a Community of Inquiry, elaborada por Anderson e Garrison
(2001, 2003, 2005); o conceito andragógico, ou a aprendizagem de adultos,
abordado por Tavares-Silva (2006) e Chotguis (2007); a Metafunção
Interpessoal, desenvolvida por Halliday (1984, 1994); a Avaliatividade,
abordada por Martin (1992, 2003) e Eggins (1994, 2002); e as funções da
mediação, estudadas por Gervai (2007) –, serão analisados e discutidos os
dados coletados nos fóruns Café e Módulo 1, que compõem a Comunidade
Virtual do Curso Capacitação para Gestão e Aprimoramento do Programa
Bolsa Família no Estado de São Paulo.
A finalidade dessa discussão é atender aos objetivos dessa pesquisa,
que retomo aqui para efeito de clareza:
a) compreender como se estabelecem as relações a partir da formação
de uma comunidade virtual de ensino e aprendizagem, e como essa relações
evoluem para uma rede colaborativa de ensino, aprendizagem e trabalho;
b) analisar a linguagem de mediação e a forma como a utilização dessa
linguagem contribui para uma atitude reflexiva, por parte dos
alunos/participantes, na troca de experiências vivenciadas no dia-a-dia do
trabalho, nas discussões, dúvidas e problemáticas apresentadas e relatadas
nos fóruns que compõem a comunidade;
c) contribuir para o desenvolvimento de uma educação continuada para
a valorização profissional dos servidores públicos e o entendimento de como
são estabelecidas as relações dentro de uma comunidade virtual, constituindo-
a como elemento formador permanente de uma rede colaborativa de
aprendizagem continuada.
3.1 – FÓRUNS DA COMUNIDADE – PRIMEIRA FASE
A análise realizada nessa primeira fase envolve o modelo Community of
Inquiry, especificamente a Presença Cognitiva, através do modelo estrutural
Practical Inquiry (Investigação Prática), desenvolvido por Garrison e Anderson
(2001, 2003, 2005) e os princípios andragógicos abordados por Tavares-Silva
(2006), referentes à busca de significado para aprendizagem do adulto e à
108
exigência de uma definição clara e precisa dos objetivos a ser alcançados e a
organização eficiente para consegui-los.
A mediação será analisada por meio da Lingüística Sistêmico-Funcional,
utilizando-se a Metafunção Interpessoal, conforme desenvolvido por Halliday
(1991), e a Avaliatividade, segundo Eggins (1997).
As funções da mediação serão analisadas a partir da abordagem
realizada por Gervai (2006).
3.1.1 – CONTEXTO DE SITUAÇÃO
O Curso de Capacitação para Gestão e Aprimoramento do Programa
Bolsa Família no Estado de São Paulo teve início em 9/10/2006, tendo como
principal objetivo a promoção da capacitação, em massa, de gestores
municipais, operadores, membros e demais colaboradores do programa Bolsa
Família no Estado de São Paulo.
Com uma turma única de 754 alunos, pertencentes a 26 municípios de
São Paulo, esses servidores possuem em comum atividades de trabalho
voltadas ao Programa Bolsa Família, necessitando, porém de aprimoramento e
capacitação nas diversas atividades que envolvem os trabalhos relacionados
ao programa.
A familiaridade com o ambiente virtual de aprendizagem era mínina ou
inexistente para a quase totalidade desses servidores, que, ao ingressarem no
curso, especialmente em sua Comunidade Virtual de Aprendizagem, passaram
à condição de alunos/participantes do curso.
A Comunidade Virtual iniciou suas atividades por meio de seus fóruns
informais e pedagógicos Aceita um cafezinho? e Bem-vindo! Apresente-se e
Colabore, e a primeira versão de seus fóruns técnicos, disponibilizados
conforme descrito abaixo:
– Módulo 1 e 2: O Programa Bolsa Família. O fórum foi criado com o objetivo
de possibilitar aos alunos/participantes discutirem em que consiste o
Programa Bolsa Família, quais seus objetivos, dimensões e princípios.
109
– Módulo 3: Cadastro Único. O fórum foi criado objetivando a discussão do
PBF à luz da política de assistência social.
– Módulo 4: Gestão de Benefícios. Esse fórum tem como objetivo discutir o
Cadastro Único (CadÚnico) dos programas sociais do governo federal.
– Módulo 5: Acompanhamento das famílias. O objetivo do fórum era discutir o
que é a gestão de benefícios do Programa Bolsa Família (PBF).
– Módulo 6: Esse fórum objetivava debater o sistema de fiscalização e as
funções da Instância de Controle Social (ICS)
Nessa primeira fase, compreendida entre o período de 9 de outubro a 1
de novembro de 2006, correspondente aos primeiros vinte dias em que a
Comunidade Virtual esteve à disposição, foram analisadas as primeiras
mensagens enviadas pelos alunos/participantes.
Nesse primeiro momento, entendeu-se ser necessário ambientar os
alunos/participantes nesse ambiente virtual de aprendizagem.
Para tanto, a comunidade foi assistida somente pelos mediadores
pedagógicos
24
, cujo papel é fundamentalmente favorecer a troca de
informações entre os indivíduos e facilitar o processo ensino-aprendizagem,
respondendo ainda pelo controle, gerenciamento e interação geral da
comunidade, estabelecendo conexões entre os participantes e os mediadores
técnicos
25
.
3.1.2 – O DESENVOLVIMENTO DA COMUNIDADE VIRTUAL EM SUA
PRIMEIRA FASE
No início de suas atividades, a comunidade é levada a compreender que
sua organização será dada a partir das interações de seus
alunos/participantes, ou seja, uma nova proposta educacional é apresentada
no ambiente virtual e seus membros são levados a compreender a
24
As funções do Mediador Pedagógico foram detalhadas no Capítulo 2 – Metodologia, Seção
2.1: Contexto de Pesquisa.
25
As funções dos Mediadores Técnicos foram detalhadas no Capítulo 2 – Metodologia, Seção
2.1 Contexto de Pesquisa.
110
necessidade de se constituírem como membros atuantes nesse ambiente on-
line.
No fórum Café – Tema Aceita um Cafezinho?, foi possível observar que
os alunos/participantes realizam suas primeiras interações, baseando-se em
modelos clássicos e acadêmicos existentes na interação professor-aluno.
O trabalho de mediação pedagógica apresentado buscava quebrar os
modelos preexistentes apresentados pelos alunos/participantes, assim como
transferir-lhes papéis ativos para o ambiente da comunidade.
3.1.2.1 – Análise de Dados: Primeiro Contato com a Comunidade
Serão analisadas a seguir as mensagens postadas nos fóruns Aceita um
Cafezinho e Módulo 1 e 2, assim estruturados no período de 10 de outubro a 1
de novembro de 2006.
Fórum Aceita Um Cafezinho?
Embora o curso seja desenvolvido a partir de pressupostos
andragógicos e a comunidade aborde questões referentes à atualização
profissional – ou seja, às práticas profissionais do dia-a-dia de serviço e a
discussão de questões relacionadas às novas demandas e atribuições que
envolvem o Programa Bolsa Família –, os alunos/participantes apresentam,
nessa fase, mensagens demonstrando preocupações voltadas a pontuação de
desempenho, formas de avaliação e a ações que devem ser adotadas no
ambiente da comunidade (Exemplos 14 e 15).
Preocupações relacionadas à realização dos exercícios apresentados
nos Módulos Tutorias
26
também são presentes nas mensagens dos
participantes (Exemplo 16).
Exemplo 14
Aluno/participante N.
Gostaria de saber como vocês vão nos avaliar, se estamos indo bem nas perguntas,
como esta nossas pontuações, pois já respondei 2 módulos mais acho que estou meio
perdida, e não fui muito bem, obrigada e até mais.
26
Os Módulos Tutoriais do Curso estão apresentados na seção 2.1. O Curso - Capítulo2:
Metodologia
111
Exemplo 15
Aluno/participante J.
Estou como todos me familiarizando com a comunidade e o curso. E ainda não sei muito
bem o que devo fazer. Se já tenho que responder aos exercícios do módulo 1, ou
tenho que aguardar.
Exemplo 16
Aluno/participante L.
Ola Administrador como começa o curso? Entrei com a senha na pagina Seads. Cliquei nos
módulos e tem exercícios?
São 06 , módulos, leio e respondo os exercícios?Este já é o curso de capacitação?
A mediação apresentada pelo mediador pedagógico que os recepciona
indica qual será a dinâmica da comunidade e o que é esperado do
aluno/participante (Exemplo 17).
Exemplo 17
Mediador Pedagógico D.
Bom dia a todos!!! Vamos inaugurar esse fórum? Quem aceita um cafezinho???
Como vai, L.? Fique tranquila, noto que você já é conhecedora do nosso ambiente. Passou
pelos módulos (parte tutorial) e já contamos com sua participação na Comunidade.
Olá, L.! Muito gentil o seu comentário, a equipe agradece! O Curso foi feito para vocês! A
Comunidade também será constituída por vocês! Lembre-se: quem chega já faz
parte da Comunidade e ajuda os mediadores a recepcionar os novos colegas. Como
você já faz parte da Comunidade, recepcione e ajude um colega que chega.
forte abraço
No Exemplo 18, o mediador pedagógico dá indicações de que o curso,
assim como a comunidade, não possui características acadêmicas, não
existindo a hierarquia professor-aluno. Informa que assuntos referentes ao
Programa Bolsa Família serão discutidos brevemente.
A mensagem do mediador pedagógico contém os princípios do conceito
andragógico de que o aluno/participante é responsável por suas decisões no
que se refere às ações que deverão ser adotadas em seu processo de
aprendizagem dentro do curso e da comunidade.
112
Exemplo 18
Mediador Pedagógico: S.
Pois é, colegas, esse espaço do café é assim mesmo, descontraído!
Ele ajuda a nos conhecermos melhor, e a aprender a navegar por aqui e ali. Nesse curso /
comunidade cada um faz seu tempo e sua forma de aprender!
Não tenham medo de ler, imprimir, clicar, fazer e refazer exercícios, sigam o caminho que
acharem melhor! Logo, logo, abriremos os fóruns técnicos, onde discutiremos os
assuntos específicos do Programa Bolsa Família - PBF!
Até mais,
Nos Exemplos 19, 20 e 21, os participantes demonstram ter
compreendido a proposta andragógica sob a qual a comunidade está
estruturada. Em suas mensagens, é possível observar a existência de
expectativas em relação ao curso ou o correspondente à primeira fase –
Triggering event (evento disparador) – do modelo Practical Inquiry
(investigação prática), referente a proposta educacional da Presença Cognitiva.
Exemplo 19
Aluno/participante: A.
Entrei pra tomar um café e encontrar com mais pessoas..Comecei hoje o curso e estou
gostando do conteúdo, e a divisão em módulos.
Parabéns a equipe! Vamos todos nos empenhar.. agora a "bola" está com a gente..
depende de nós.
Exemplo 20
Aluno/participante: J.
Olá pessoal muito bom este forum direcionado a pessoas que trabalham com o BF, espero
que ele possa aumentar o vinculo de amizade entre nós e que possamos compartilhar
informações.
Exemplo 21
Aluno/participante N.
Bom dia a todos, queria dizer que estou gostando muito desse curso, não só por estar
aprendendo com esses módulos, mais também de estar conhecendo pessoas novas,e estou
à disposição pra ajudar a quem tiver dúvidas e se estiver ao meu alcance, um beijo a
todos e um ótimo dia.
113
A mensagem apresentada pelo mediador pedagógico no Exemplo 22
objetiva orientar o aluno/participante quanto às ações por eles esperadas
dentro dos fóruns técnicos, que serão disponibilizados em breve.
O Exemplo 23 apresenta uma mediação pedagógica voltada ao design
do curso, auxiliando o alunos/participante a localizar no ambiente da
comunidade recursos que o auxiliam a ter acessos a leituras que possibilitarão
maior entendimento da dinâmica e recursos disponíveis existentes no ambiente
da comunidade.
Exemplo 22
Mediador Pedagógico: L.
Olá a todos!!! Estou aqui para dar uma boa notícia!!!
Em breve serão abertos os fóruns técnicos!
O que é o fórum técnico? É o fórum onde vocês, participantes, poderão postar
mensagens sobre assuntos relacionados aos módulos do curso: estes fóruns permitem
estabelecer o diálogo sobre o conteúdo técnico do curso, a fim de favorecer a
aprendizagem dos participantes e, também, o aprimoramento de nosso ambiente de
aprendizagem.
Visa também a subsidiar os participantes, através das discussões, com informações
teóricas e práticas para o aprimoramento da gestão do PBF no processo de
acompanhamento e controle das ações do Programa. Abraços,
Exemplo 23
Mediador Pedagógico
Querida Comunidade,
Aconselho que vocês leiam atentamente a Dinâmica da Comunidade e as Dicas Para
acessá-las, vocês deverão "clicar" Dinâmica e Dicas, no alto desta página. Esta leitura
possibilitará maior entendimento da dinâmica e recursos disponíveis para nos interarmos
melhor desta nova ferramenta.
No Exemplo 24, o mediador pedagógico orienta os alunos/participantes
sobre como devem atuar nos fóruns técnicos, salientando, novamente, que a
estrutura da comunidade não possui o desenho clássico professor-aluno, uma
vez que as atividades devem ser desenvolvidas a partir da troca de
experiências realizadas nas discussões e da colaboração mútua nesses fóruns.
114
Exemplo 24
Mediador Pedagógico: S.
Vamos começar nossa discussão nos fóruns técnicos? Quem puder, ajude os colegas,
coloque suas orientações.
Lembrem-se todos são mestres e alunos, com respeito, cordialidade e, principalmente,
espírito de colaboração!!Aguardaremos todos lá!
As mensagens dos mediadores pedagógicos, embora não deixem
explicitados quais os objetivos da comunidade, têm como foco o
aluno/participante, e orientam sobre o papel a ser exercido nessa primeira fase
da comunidade de aprendizagem.
O mediador pedagógico orienta, ainda, qual postura deve ser adotada
pelo aluno/participante durante a realização do curso como um todo (Ex.: Não
tenham medo de ler, imprimir, clicar, fazer e refazer exercícios, sigam o
caminho que acharem melhor!).
A principal característica dessa mediação dentro da Metafunção
Interpessoal é a presença do imperativo. (Ex1. A Comunidade também será
constituída por vocês!; Ex2: Lembrem-se: todos são mestres e alunos, com
respeito, cordialidade e, principalmente, espírito de colaboração!!).
A função da mediação realizada pelo mediador pedagógico é orientar e
preparar o aluno/participante para seu ingresso na comunidade, assim como
quanto à postura a ser adotada.
Essa função difere da função de mediação que orienta e gerencia o
trabalho no fórum, conforme abordado por Gervai (2007:182), pois, segundo a
autora, essa mediação é realizada a partir da mensagem enviada pelo aluno,
não tendo somente a função de organizar o trabalho, mas também de
direcionar o aluno para que seu trabalho possa acontecer.
O gerenciamento ocorre, segundo a autora (2007:184), por meio do
enunciado do professor, ao dar orientações específicas sobre onde encontrar
um material ou uma contribuição de um colega para que determinada tarefa
seja feita, sendo essas orientações caracterizadas também por enunciados
identificadores de lugar, pessoas ou grupos, como locais ou fontes onde as
informações podem ser obtidas.
115
Fórum Módulo 1 e 2
Conforme descrito no Contexto de Situação existente nessa primeira
fase da comunidade, a mediação técnica não foi realizada nos primeiros dez
dias. Assim, será apresentada uma análise de como os mediadores
pedagógicos atuaram no fórum técnico e como reagiram os
alunos/participantes ante essa mediação.
Embora o fórum Módulo 1 e 2 tenha sido aberto com a proposta: Vamos
discutir o PBF, seus objetivos, dimensões e princípios?, não foram inicialmente
observadas interações entre os alunos/participantes da comunidade, quanto a
discussões de objetivos, dimensões e princípios referentes ao Programa.
A análise desses primeiros dez dias demonstrou que os
alunos/participantes atuaram de imediato, no sentido de responder às
perguntas formuladas por seus pares, conforme demonstrado no Exemplo 25,
apresentado a seguir.
Para que o leitor compreenda o exemplo, contextualizarei a inserção da
pergunta, no fórum, realizada através da postagem do mediador pedagógico:
A primeira postagem no fórum Módulo 1 e 2 foi realizada pelo mediador
pedagógico, que trouxe para o ambiente do fórum um questionamento
realizado por um aluno/participante, erroneamente postado no fórum
Apresente-se, você faz parte da Comunidade. Ao redirecionar a mensagem, foi
informado ao seu autor:
Exemplo 25
Mediador Pedagógico: T
Olá a todos!
quote:
K.comentou: No modulo 1 explica que Todas as famílias devem ser inscritas no Cadastro Único Federal (CadÚnico), e
os Municípios são os responsáveis pela inclusão das que atendem aos critérios de elegibilidade.Porem se a família
não se enquadra nos critérios do programa, e mesmo assim quer preencher o cadastro, até para obter o numero do
NIS, para que ela possa conseguir a "tarifa baixa renda da elektro", é obrigatório preencher o formulário e enviar?
obrigado.....bjs
K.,
Note que nesse fórum os participantes fazem as apresentações. Observe que criamos os
fóruns técnicos (para cada módulo do curso).
116
Mediador Pedagógico: T
Assim, transcreverei a sua mensagem para o FÓRUM 1 - O Programa Bolsa Família.Por
gentileza, apareça no Fórum 1!
Abraços.
Na mediação pedagógica apresentada no Exemplo 25, observa-se,
como função da classe de fala, a realização de comandos, materializados na
forma de imperativos (Note que nesse fórum os participantes fazem as
apresentações. Observe que criamos os fóruns técnicos), seguido do modo
declarativo (transcreverei a sua mensagem para o Fórum 1 - O Programa
Bolsa Família).
O mediador pedagógico solicita que sejam observados os temas a
serem abordados em cada fórum da comunidade, informando ainda qual a
finalidade do fórum Apresente-se, você faz parte da comunidade.
Em um segundo momento, o mediador redireciona a mensagem do
aluno/participante para o fórum correto, não provocando, entretanto, interação
na comunidade, ou seja, foi realizada apenas a troca de informações
pergunta/resposta, a partir da pergunta encaminhada, conforme demonstrado
nos Exemplos 27 e 28.
Exemplo 26
Mediador Pedagógico:T.
Olá a todos!
quote:
K. comentou: No modulo 1 explica que Todas as famílias devem ser inscritas no Cadastro Único Federal (CadÚnico),
e os Municípios são os responsáveis pela inclusão das que atendem aos critérios de elegibilidade.Porem se a família
não se enquadra nos critérios do programa, e mesmo assim quer preencher o cadastro, até para obter o numero do
NIS, para que ela possa conseguir a "tarifa baixa renda da elektro", é obrigatório preencher o formulário e enviar?
obrigado.....bjs
Olá a todos!
Quem poderá ajudar a K?
117
Exemplo 27
Aluno /participante: E.
Em resposta á pergunta da K., salientamos que a mesma pode sim efetuar o cadastro,
mesmo não estando dentro dos critérios do PBF, mas está dentro dos critérios do programa
baixa renda, que é de até R$ 150,00, por pessoa.
Exemplo 28
Aluno/participante: V.
Quanto a pergunta da K...Para fazer um cadastro não precisa necessariamente que a
família tenha uma renda per capta de meio salário mínimo, isto não é uma condição, e sim
uma orientação para não se ter gastos com o preenchimento de um cadastro que não vai
servir para "nada", e muito menos com tempo gasto. Então orienta-se a fazer cadastro
apenas dos que tenham renda per capta menor igual a meio salário mínimo, o que não
impede de, em querendo a família com qualquer renda per capta fazer o mesmo.Quanto ao
numero do nis não há necessidade de se fazer um cadúnico para se ter esse numero, visto
que esse numero, é o numero do pis que esta na carteira de trabalho.
No entender desta pesquisadora, a mediação realizada pelo mediador
pedagógico foi somente organizacional direcional, ou seja, informou ao
aluno/participante o engano cometido e redirecionou seu questionamento para
seu fórum correto.
Ao redirecionar a postagem, o mediador pedagógico utilizou-se da
Metafunção Interpessoal, conforme abordado por Eggins (1994:183), e da
solicitação da troca de bens e serviços (demandig goods and services), que é a
utilização da linguagem para a troca de informações. Dentro do sistema de
Avaliatividade, segundo White (2000), o comprometimento se materializa
através da expectativa expressa em sua pergunta: Quem poderá ajudar a K?,
resultando em resposta direcionada especificamente ao aluno/participante K.
A mediação apresentada difere da mediação que orienta e gerencia o
trabalho do fórum, descrita por Gervai (2007:182), uma vez que a mediação
realizada pelo mediador pedagógico organiza o trabalho, direcionando-o de
maneira para que possa ocorrer, porém não fornece orientações específicas
sobre onde encontrar um material ou uma contribuição de um colega para que
determinada tarefa seja feita.
118
Outro exemplo de mediação organizacional é mostrado a seguir
(Exemplo 29):
Exemplo 29
Mediador Pedagógico: J.
Olá pessoal A discussão que está em andamento é esta.
Vejam as mensagens:
quote:
F.
O modulo i trata dos valores de benefícios e classificação das famílias em geral em extrema pobreza e famílias
pobres. No nosso município temos muitas reclamações em relação a isso. Por exemplo famílias q ganham 15,00 por
ter 1 criança, a gente tenta explicar direito a classificação dos benefícios, mas muitas vezes elas não compreendem e
saem nervosas, pois gostariam de ter o beneficio básico de 50,00.
Penso eu que o governo deveria unificar esses valores num só, as vezes ocorre insatisfação por parte de algumas
famílias que precisam receber um valor maior. É realmente complicado ter valores tão diferenciados de benefícios,
Não acham?
quote:
K.F.,
concordo plenamente com você. É muito difícil de agir nesses casos, as famílias não entendem, querem o benefício
maior, pelo fato de ter um filho, e nos colocam em uma saia justa. Mas também não sei se criar um valor único seria a
solução.
quote:
F.K.,
então vc acha que o valor único de beneficio não seria ideal? Eu, no meu pensar, acho que seria viável, não
apresentaria tantas reclamações por ter benefícios tão diferenciados. Mais como o governo criou esta estrutura e
classificação de benefícios variáveis e famílias de extrema pobreza e pobres então temos que seguir. Não sei se os
outros participantes concordariam com o raciocínio de ser criado apenas um valor único de beneficio?
Então pessoal,
vamos interagir? Como pergunta F., “os outros participantes concordariam com o
raciocínio de ser criado apenas um valor único de beneficio?”
Contamos com a participação de todos.
Abraços
No exemplo apresentado, o mediador pedagógico direciona para que os
alunos/participantes observem as discussões que estão sendo realizadas na
comunidade. A orientação é fornecida novamente através de comando,
materializado na forma de imperativo (Vejam as mensagens).
119
Diferentemente do Exemplo 27, em que o mediador pedagógico solicita
que sejam observados os temas a serem abordados em cada fórum da
comunidade. Nessa mediação (Exemplo 29), ele organiza as postagens dentro
do fórum.
O mediador pedagógico relaciona-as e propõe a continuação da
discussão, uma vez que, em todas as mensagens agrupadas, é possível notar
a existência de metáforas interpessoais (penso eu que; não sei se; acho
que), ou seja, os alunos/participantes emitem opiniões, não fechando a
discussão para novas contribuições.
Exemplo 29
Mediador Pedagógico: J.
Leiam as últimas interações dos colegas neste fórum:
quote:
R.
Quando uma família sai do programa por aumento da renda, como fica este contato com a CPFL, esta estabelecido
alguma norma de descredenciamento, como é feito? Muitas famílias só procuram o cadiunico só para a CPFL, depois
perde- se o contato., não há nenhum regulamento na CPFL, ninguém que se responsabilize por isso, ou não conheço,
gostaria de ter esclarecimentos sobre o assunto”.
F.
“Aqui em (município de atuação do aluno/participante) estamos com muitos casos que ninguém trabalha no domicílio,
nessa situação também estamos pedindo uma declaração assinada, não é nada oficial, mas aliada à entrevista de
nossa psicóloga ajuda no conhecimento da real situação da família”.
L.
comentou: olá pessoal!Existem alguns casos que estão acontecendo com freqüência. A mãe abandonou o lar e o pai
tem a guarda das crianças, no entanto a mãe ainda continua recebendo. A pergunta é eu devo abrir um novo cadastro
para o pai e as crianças ou eu devo no próprio domicilio excluir a mãe e colocar o pai como titular e ele continuar
recebendo o beneficio que era da mãe. Por gentileza uma luz! Nesse caso eu excluiria a mãe (mudança de endereço)
e colocaria o pai como novo responsável legal. Acredito que a caixa enviaria um novo cartão e o cartão da mãe seria
bloqueado, se estiver errado por favor me corrijam”.
R.
“F. Se você alterar o nome de alguém no cadunico isso poderá sim criar disparidade. Qualquer alteração no nome ou
na grafia, segundo consta, pode gerar outro NIS. Quanto à questão da transferência de RL, excluir a mãe ( então
responsável ) irá cancelar o benefício. Transferir de RL excluindo a responsável, pelo que já encontrei aqui,
necessariamente não transferirá o benefício”.
R..
120
Mediador Pedagógico: J.
A família que sai do PBF por renda, mas estando dentro do valor de 1/2 salário mínimo, poderá sim continuar a ter
desconto, desde que esteja enquadrada nos critérios da CPFL (tipo de relógio e consumo ). É verdade que muitas
famílias procuram cadastrar-se por causa do desconto, mas vale a regra de renda e especificidade de relógio. Pelo
que sei, o desconto não tem nada a ver com o PBF, apenas são utilizados os dados cadastrais para seleção de
família”.
Vamos continuar a discussão?
O Exemplo 29 apresenta, mais uma vez, o mediador pedagógico
realizando uma mediação em que organiza o fórum, direcionado os
alunos/participantes para as discussões que estão ocorrendo. Novamente, a
orientação é fornecida por meio de comando e materializada na forma de
imperativo. Como ocorre na mediação apresentada no Exemplo 28, não são
realizadas orientações específicas.
É possível observar, ainda, que em ambos os exemplos apresentados o
mediador pedagógico inclui-se na ação (vamos interagir; vamos continuar a
discussão), mas, de fato, não participa.
No meu entender, essa inclusão é intencional e possui por finalidade
atender a dois dos princípios andragógicos – ou da teoria de aprendizagem de
adultos –, abordados por Tavares-Silva (2004:49) e apresentados na
Fundamentação Teórica, seção três desse trabalho: o incentivo à interação e o
estabelecimento de um contrato psicológico.
O mediador pedagógico realiza simultaneamente três ações: inclui-se na
comunidade, como membro orientador; realiza um contrato psicológico,
colocando a si próprio e aos alunos/participantes como um grupo que dialoga;
e busca promover o compartilhamento de informações, habilidade e
experiências, ou seja, parceria e cooperação.
3.1.2.2 – Características da Mediação Apresentada na Primeira Fase
Foi observada, nessa primeira fase, que a mediação pedagógica,
caracterizou-se por:
1. Buscar a interação da comunidade, a partir da aplicação de princípios do
modelo andragógico, tais como a promoção da participação e a valorização da
experiência e contribuição apresentada pelos alunos/participantes.
121
2. Realizar, por meio da Metafunção Interpessoal, a utilização da linguagem
para a troca de informações, por meio da solicitação de troca de bens e
serviços (demanding and services), conforme abordado por Eggins (1994:183).
3. Buscar o comprometimento dos participantes, por meio do Sistema de
Avaliatividade, segundo White (2000).
4. Estabelecer-se na comunidade como membro orientador e gerenciador sem,
entretanto, realizar orientações específicas sobre onde encontrar materiais,
avaliações ou proposição de reflexões referentes ao tema ativo para discussão
dos alunos/participantes no fórum.
As funções de mediação observadas nas postagens do mediador
pedagógico, nessa primeira fase, foram:
a) Orientar e preparar: O mediador pedagógico apresenta aos
alunos/participantes as ações que são deles esperadas dentro do ambiente da
comunidade (troca de experiências por meio de discussões e colaboração
mútua). Todos devem participar dentro de uma mesma hierarquia, não
existindo o desenho acadêmico clássico professor/aluno.
b) Organizar a Comunidade e direcionar o aluno/participante: o
mediador pedagógico organiza a comunidade na medida em que informa ao
aluno/participante o engano cometido e redireciona a mensagem postada. Ao
realizar a postagem para seu fórum correto, o mediador pedagógico retoma a
discussão, solicitando a comunidade que realize intervenções.
c) Organizar o Fórum: o mediador pedagógico organiza o fórum,
direcionando os alunos/participantes para as discussões que estão ocorrendo.
O conjunto de ações de mediação apresenta um resultado satisfatório
quanto à organização inicial da comunidade, uma vez que prepara o
aluno/participante para participar de uma comunidade cuja proposta é a
discussão de questões voltadas ao dia-a-dia de trabalho, desenvolvida a partir
dos conceitos e pressupostos do modelo andragógico.
O mediador pedagógico realiza, ainda, a organização da comunidade
redirecionando mensagens, informando erros e solicitando a intervenção dos
demais membros da comunidade.
122
Nesse conjunto inicial de análise, na primeira fase da comunidade
virtual, é possível observar que a forma de organização realizada pelo
mediador apresenta características diferenciadas das descritas por Gervai
(2007), uma vez que a autora descreve a mediação organizacional de forma a
organizar o trabalho do aluno e direcioná-lo para que esse trabalho possa
acontecer (Gervai 2007:182).
Gervai (2007:185) descreve, ainda, ações de mediação que gerenciam,
ou seja, que reforçam a idéia de que existe a necessidade de ajudar o aluno a
encontrar onde está determinado documento, ou saber com quem trabalhar
para poder fazer a atividade.
3.1.2 – FÓRUNS DA COMUNIDADE, SEGUNDA FASE
Serão analisadas, a seguir, as mensagens postadas nos fóruns Aceita
um Cafezinho e Módulo 1, apresentados no período de 1 a 16 de novembro de
2006, conforme detalhado no Capítulo 2 – Metodologia deste trabalho.
Conforme demonstrado na primeira fase, os alunos/participantes
receberam orientações sobre a proposta metodológica, o modelo andragógico,
da comunidade de trabalho e suas características diferenciadas de uma
comunidade acadêmica, ou seja, o mediador prepara o aluno/participante para
realizar contribuições em um ambiente virtual de aprendizagem voltado ao
trabalho, com vistas ao aprimoramento e à capacitação de seus participantes.
Nessa nova fase serão analisadas as mensagens postadas pelo
mediador pedagógico, mediador técnico e como o aluno/participante passa a
interagir no ambiente dessa Comunidade Virtual.
A análise aqui realizada envolve o modelo Community of Inquiry
(Anderson e Garrison 2001, 2003, 2005), as presenças que o compõem
(cognitiva de ensino e social). Os princípios e conceitos andragógicos
abordados por Tavares-Silva (2006) e Chotguis (2007), igualmente comporão o
aporte teórico utilizado.
A mediação realizada pelos mediadores pedagógico e técnico será ainda
analisada, por meio da Gramática Sistêmico-Funcional desenvolvida por
Halliday (1991), (1994) e o Sistema de Avaliatividade, segundo Eggins (1997).
123
As funções da mediação apresentadas serão analisadas a partir da
abordagem realizada por Gervai (2006).
3.1.2.1 – Contexto de Situação
A Comunidade do Curso de Capacitação para Gestão e Aprimoramento
do Programa Bolsa Família foi reformulada, e a nova formatação da
comunidade foi apresentada para seus alunos/participantes em 1 de novembro
de 2006.
Os temas abordados no fórum anterior (Módulo 1 e 2) foram encerrados,
as discussões relevantes e de repercussão foram editadas e disponibilizadas
para consulta no ambiente virtual de aprendizagem, através do botão questões
interessantes, localizado na tela inicial do curso, após a realização de login e
senha do aluno/participante.
A comunidade passa a ter um fórum dedicado a cada módulo, ou seja,
no fórum Módulo 1 o tema abordado passa a ser O Programa Bolsa Família,
sendo adicionado ao ambiente virtual de aprendizagem um novo fórum,
destinado a discutir o Módulo 2, intitulado O PBF no Contexto da Política
Pública. Os demais fóruns permanecem com a mesma numeração e os
mesmos temas a serem debatidos.
Nessa nova fase, os mediadores técnicos propõem em seus respectivos
fóruns questões semanais para debate com a comunidade. A mediação
realizada no fórum técnico Módulo 1, com o total de 364 mensagens postadas,
será analisada pela pesquisadora. Cabe salientar que o mediador pedagógico
realiza intervenções nos fóruns informais, pedagógicos e por vezes também
nos fóruns técnicos.
O fórum Café permaneceu sem alterações. As mensagens lá postadas
também serão analisadas pela pesquisadora.
3.1.2.2 – O Desenvolvimento da Comunidade em Sua Segunda Fase
No fórum Café, os alunos/participantes, diferentemente da fase inicial,
demonstram-se mais ativos e colaborativos, pois percebem que essa atitude é
fundamental para que a comunidade atinja seu objetivo, ou seja, a colaboração
e a discussão de idéias.
124
Nessa segunda fase, a mediação da Comunidade Virtual de
Aprendizagem, diferentemente do que foi descrito na primeira fase, tem um
segundo ator, o mediador técnico, que passará a realizar a mediação em
conjunto com o mediador pedagógico.
As mediações apresentam características específicas, que serão
detalhadas nesta seção.
– Análise de Dados: a Comunidade Reformulada
Serão analisadas, a seguir, as mensagens postadas nos fóruns Café e
Módulo 1, no período de 1 a 9 de novembro, após a reformulação da
comunidade, conforme descrito no item 1.2.1 – Contexto de Situação, desta
seção.
Fórum Café
A nova fase da comunidade é apresentada pelo mediador pedagógico
(Exemplo 30), no fórum Café. A mensagem instrui o aluno/participante que uma
nova fase está-se iniciando na comunidade e foca as ações adotadas em
relação aos fóruns antigos, assim como o tratamento que será dado às
interações lá realizadas.
Embora o mediador inicie sua mensagem no mesmo nível hierárquico de
relações (Caros colegas BF!!), ao instruir sobre as ações a serem realizadas,
quanto ao tratamento dado aos fóruns anteriores e à divulgação de questões
interessantes lá ocorridas, o faz excluindo-se da comunidade e integrando-se à
equipe pedagógica (Faremos um levantamento do que foi discutido lá, e
divulgaremos as questões interessantes ocorridas). O mesmo pode ser
observado no momento em que o mediador pedagógico busca incentivar a
participação dos alunos/participantes na comunidade (Contamos com vocês
para que a comunidade...) (Exemplo 30).
A mediação realizada pelo mediador pedagógico realiza a Presença de
Ensino, uma vez que organiza o ambiente, apresentando linhas de conduta
(Percebam que neles não será mais permitido enviar mensagens, apenas
nos novos.)
125
Ao observar a mediação realizada, a partir do Sistema de Avaliatividade,
o comprometimento, expresso por meio da modalidade de expectativa, é
recurso utilizado para posicionar a voz do falante em relação às diversas
proposições e propostas comunicadas no texto (Contamos com vocês para
que a comunidade seja um valioso instrumento de trabalho).
Exemplo 30
Mediador Pedagógico
Caros colegas BF!! Iniciando uma nova fase na comunidade (muitas ainda virão)!!!
Os fóruns "antigos" foram fechados.
Percebam que neles não será mais permitido enviar mensagens, apenas nos novos.
Faremos um levantamento do que foi discutido lá, e divulgaremos as questões
interessantes ocorridas.
Obrigada por participarem e colaborarem!
Contamos com vocês para que a comunidade seja um valioso instrumento de trabalho.
Nessa nova fase, é possível observar que os alunos/participantes já
buscam informações e comentam entre si as novas situações apresentadas na
comunidade.
Verifica-se a realização da Presença Social na interação entre os
alunos/participantes, indicada pela comunicação aberta (open communication),
conforme Exemplo 31 (Gente, esses novos Fóruns temáticos estão tão
complicados; Vamos estudar gente!!!!!!), e pela presença de afetividade na
solicitação de troca de informações entre os alunos/participantes (Amigos, Boa
tarde!; Como disse nossa amiga M.).
Por meio da Metafunção Interpessoal, é possível observar a utilização
da modalização realizada por meio da probabilidade, para troca de informações
entre os alunos/participantes e a busca da compreensão do que será abordado
(pro setor de Assistência Social deve ser mais fácil mas pra quem é da
Saúde e da Educação...) (Exemplo 31).
O Exemplo 32, observado por meio do Sistema de Avaliatividade,
expresso pelo subtipo atitude, demonstra que o aluno/participante apresenta
em sua mensagem o julgamento de que a solicitação de ajuda a
alunos/participantes será atendida (tenho a certeza que receberemos ajuda).
126
Exemplo 31
Aluno/participante M.
Gente, esses novos Fóruns temáticos estão tão complicados, tudo gira em torno do
Saiba Mais, pro setor de Assistência Social deve ser mais fácil mas pra quem é da
Saúde e da Educação... Vamos estudar gente!!!!!!
Exemplo 32
Aluno/participante C.
Amigos,
Boa tarde!
Como disse nossa amiga M., lendo os temas dos novos módulos fiquei pensativa...Trabalho
com a área da frequencia escolar... nossos amigos da Assistência Social vão se sentir mais à
vontade nesta etapa do curso.Bom, pelo menos tenho a certeza que receberemos ajuda
e que não é somente eu que encontrarei dificuldades em tratar de uma área em
que não atuo...
Abraços (preocupados)
Os Exemplos 31 e 32 demonstram que as funções de mediação
pedagógica realizadas na primeira fase – orientar e preparar
alunos/participantes para as ações deles esperadas dentro do ambiente da
comunidade (troca de experiências realizadas por meio de discussões e
colaboração mútua) – já foram assimiladas e demonstradas pelos
alunos/participantes por meio da realização da Presença Social, na utilização
de comunicação aberta e afetividade na busca por troca de informações e no
julgamento demonstrado de que a solicitação de ajuda será atendida.
O mesmo pode ser observado no Exemplo 33, quando o
aluno/participante reproduz para o novo integrante as informações a que ele
teve acesso ao atender à orientação formulada pelo mediador pedagógico
(Exemplo 23), na primeira fase de interações realizadas na comunidade.
Exemplo 33
Aluno/participante
Bom dia,
amiga M.!
Como vai? Tudo jóia?
Você perguntou:
127
Aluno/participante
quote:
Bom dia,
gostaria de saber quantas mensagens tem que ser enviadas para receber o certificado do curso, mas tb gostaria de
saber se tenho que posta-los na comunidade ou nas atividades complementares
.
Terá direito a receber o Certificado do Curso, como colaborador da comunidade virtual de
aprendizagem, o participante que até o dia 30/07/2007 tiver, além do acesso a todos os
módulos do curso, interagido na comunidade de aprendizagem com o envio de 100 ou mais
mensagens de conteúdo técnico, questionando ou colaborando com os colegas da
comunidade.
Querida amiga,
Seja bem-vinda! Para navegar facilmente na comunidade, clique nos botões "Dinâmica" e
"Dicas", que estão no topo da página da comunidade.Foi nestes textos que aprendi
sobre o certificado. Este espaço do Cafezinho é mais para nos descontrairmos, nos
conhecermos um pouco mais...Te convido a participar dos fóruns que estão ótimos!
Qualquer dúvida, estamos todos aprendendo juntos e um ajuda o outro! Conte sempre
conosco!
No Exemplo 34, a seguir, a mediação pedagógica apresentada incentiva
a interação entre os alunos/participantes (Gostaria de parabenizar R., A. e
todos participantes que estão recepcionando os novos colegas de curso) e
orienta o aluno/participante quanto a ações que auxiliarão em sua integração
na comunidade (Lembro a todos a dica 29).
O mediador pedagógico realiza ainda a Presença de Ensino, por meio
do gerenciamento do curso (Para navegar facilmente na comunidade, clique
nos botões "Dinâmica" e "Dicas", que estão no topo da página da
comunidade.), ou seja, ao realizar observações quanto ao desenho instrucional
e organização da comunidade, oferece suporte com o objetivo de que os
alunos/participantes possam ser beneficiados da melhor forma possível das
características do ambiente utilizado e das atividades propostas.
A função da mediação pedagógica apresentada aproxima-se das
funções de mediação que orientam e gerenciam o trabalho no fórum, descritas
por Gervai (2007:182), porém não orienta sobre onde encontrar um material ou
uma contribuição de um colega para que determinada tarefa seja feita,
128
tampouco caracteriza-se por enunciados identificadores de lugares, pessoas ou
grupos, como locais ou fontes onde as informações possam ser obtidas.
A mediação pedagógica demonstrada no Exemplo 34 possui, no meu
entender, a função de orientar o aluno/participante para a utilização das
ferramentas existentes no ambiente virtual, estando relacionada ao design
existente no curso e na comunidade, buscando, assim, facilitar a atuação do
aluno/participante na comunidade virtual de aprendizagem.
Exemplo 34
Mediador Pedagógico
Oi Comunidade!
Gostaria de parabenizar R., A. e todos participantes que estão recepcionando os
novos colegas de curso.
Lembro a todos a dica 29, que está no topo desta página, a qual transcrevo: Quem chega
já faz parte da comunidade e ajuda os mediadores a recepcionar os novos colegas!
Assim, como você já faz parte da comunidade, recepcione e ajude um colega que chega.
Você poderá começar assim: Bem-vindo! Para navegar facilmente na comunidade, clique
nos botões "Dinâmica" e "Dicas", que estão no topo da página da comunidade.
Grande Abraço,
Já, os três Exemplos a seguir (35, 36 e 37) apresentam, no meu
entender, a realização de mediação pedagógica pouco eficiente, conforme
justificado a seguir:
A mediação apresentada no Exemplo 35, assim como ocorre na
mediação apresentada no exemplo anterior, procura incentivar a participação
do aluno/participante, mas apresenta duas falhas:
1. O mediador traz, para o ambiente da comunidade virtual, informações
constantes em “Dicas”, porém não gerencia informações, uma vez que não
oferece ao seu destinatário a localização das mesmas, no ambiente virtual de
aprendizagem.
2. O mediador procura incentivar o aluno/participante (não desanime!!!
Aproveite tudo que a comunidade tem a oferecer!), mas não dialoga com o
participante, uma vez que apresenta como solução à queixa realizada
exatamente o que não estava sendo possível ser realizado naquele momento.
129
A mediação pedagógica demonstrada no Exemplo 36 também busca
auxiliar na queixa apresentada pelo aluno/participante M. e abordada pelo
mediador pedagógico, conforme apresentado no Exemplo 35.
Observa-se, entretanto, que a mediação acontece a partir de um
conceito equivocado, pois embora o curso possua a modalidade EaD, o que
permite flexibilizar o ritmo de estudo e horários, possibilitando ao participante
acesso ao ambiente da comunidade 24 horas é o fato de ser realizado de
maneira assíncrona, ou seja, os participantes da comunidade não precisam
estar on-line para realizar suas interações, diferentemente do que ocorre, por
exemplo, ao utilizarmos ambientes virtuais em que seja necessária a interação
síncrona como, por exemplo, o chat, que exige a imposição de horário e
encontro determinados.
Vejamos os exemplos:
Exemplo 35
Mediador Pedagógico R.
Oi Comunidade,
quote:
M. A. comentou: Com o feriado prolongado, o descanso é ótimo, mas para o serviço acumula, ainda mais quando nós
já temos outro período de freqüência para enviar. Ultimamente nem 01 hora por dia estou conseguindo participar da
Comunidade Fundap.
M., não desanime!!!
Aproveite tudo que a comunidade tem a oferecer!
Todos estão prontos para trocar idéias, questões e experiências sobre o Programa Bolsa
Família.
Lembro o que dizem as dicas 15 e 18:
Dica 15 – Freqüência de acesso Acesse a comunidade "diariamente"; assim ficará mais
fácil administrar, interagir e aprender nesse ambiente.
Dica 18 – Quanto tempo devo consagrar ao curso? Sugerimos "uma hora por dia" (ou
seja, cinco horas por semana) para acompanhar o curso e a comunidade, durante os três
meses. Assim, fica mais fácil administrar o tempo e acompanhar, diariamente, as discussões
da comunidade. Bom Trabalho!
130
Exemplo 36
Mediador Pedagógico D
..
.Percebam que na EAD (Educação a Distância) não há imposição de horário, local, encontro
determinado... essa é uma modalidade educativa que flexibiliza o ritmo de estudo e permite
que cada participante use os seus próprios horários, como lhe pareça mais conveniente (o
curso permanece disponível por 24 horas). Bom trabalho a vocês!!!
Nessa fase foram realizadas ações de mediação que, no meu entender,
não atingiram plenamente seu objetivo, por serem muito longas e solicitarem
por parte dos alunos/participantes diversos processos mentais, voltados a
focos múltiplos (Exemplo 37).
Exemplo 37
Mediador Pedagógico M.
Bom Dia Comunidade!!!Que linda quinta-feira!
F., SEJA BEM VINDO!!!
Perdoem-me pela mensagem longa, mas solicito que a leiam com bastante atenção!
É uma grande satisfação recebê-los na Comunidade de Aprendizagem do Curso de
Capacitação e Aprimoramento do Programa Bolsa Família. Agora vocês fazem parte da
nossa comunidade!
Este curso é baseado no modelo andragógico de aprendizagem, ou seja; o curso foi
elaborado especialmente para um participante adulto, que certamente possui experiências,
que contribuem com o recurso mais rico para as suas próprias aprendizagens de modo que
é na interação com os demais participantes que há aquisição de conhecimento.
Percebam que a nossa comunidade é estruturada da seguinte forma:
a) Fóruns pedagógicos (Bem vindo! Apresente-se e Colabore)
. Nesses fóruns podem
aparecer discussões sobre o conteúdo programático do curso (sugestões e críticas),
discussões sobre aprendizagem continuada, permitindo ao participante avançar nas
questões sobre o curso.
b) Fóruns informais (Café)
. Nesta comunidade sabemos que os fatores afetivos e cognitivos
são indissociáveis no processo de construção de conhecimento pelo indivíduo. Deste modo,
estes fóruns são imprescindíveis, pois criam circunstâncias adequadas aos anseios e desejos
dos participantes, tornando o ambiente adaptável e aconchegante e possibilitando uma boa
interface de comunicação e interação. Note que neste espaço você pode tomar um ‘café
virtual’, postar poesias e comemorar aniversários.
c) Fóruns técnicos (assuntos relacionados aos módulos do curso)
. Estes fóruns permitem
estabelecer o diálogo sobre o conteúdo técnico do curso, a fim de favorecer a aprendizagem
dos participantes e, também, o aprimoramento de nosso ambiente de aprendizagem.
131
É muito importante que vocês participem dos fóruns formais postando suas
contribuições sejam com dúvidas, esclarecimentos, questionamentos, pontos de vista.
Enfim, a cooperação entre os participantes é a mote desta comunidade. Observem que a
participação nos fóruns técnicos propicia a interação e proporciona uma aprendizagem
mútua onde todos enriquecem suas experiências pessoais e profissionais.
Nossa idéia é tornar esse espaço disponível aos servidores em seu dia-a-dia de
trabalho, como um meio de aprimorar seus conhecimentos técnicos e seu
desempenho profissional, pois é por meio das discussões do conteúdo programático do
curso, das práticas ligadas ao cotidiano do servidor que há o aprimoramento profissional e
pessoal do participante e a comunidade se converte em verdadeira ferramenta de trabalho.
O objetivo deste curso é capacitar gestores municipais, coordenadores, técnicos
que operam o Sibec e o CadÚnico do Programa Bolsa Família, executores das
condicionalidades das áreas da saúde e da educação e membros da Instância de Controle
Social (ICS) para o aprimoramento da gestão do PBF no processo de acompanhamento e
controle das ações do Programa.
Para informações referentes à metodologia nosso ambiente de aprendizagem, objetivo e
certificação, por gentileza, visitem a página inicial disponível em:
(http://www.governoemrede.sp.gov.br/ead/bolsafamilia/index.htm
).
É importante que vocês leiam as orientações de DINÂMICA e DICAS (botões
localizados na parte superior da tela) para que assim tenham uma melhor compreensão do
funcionamento da nossa comunidade!Não se assustem com o número de mensagens: leiam
com calma as últimas mensagens de cada fórum para se inteirar da discussão que ocorre no
momento.
Lembrem-se que se precisarem de ajuda, a comunidade inteira estará a
disposição.
Na mediação apresentada, observam-se diversos processos mentais:
PERCEBER, PARTICIPAR, OBSERVAR, COOPERAR, INTERAR, LEMBRAR,
LER, ASSUSTAR, CAPACITAR, que envolvem o aluno/participante, e o
atendimento a quatro diferentes objetivos, a ele voltados:
1. Recepção ao aluno/participante que inicia sua participação na
comunidade (SEJA BEM VINDO!!!);
2. Explicitação do objetivo do curso
(O objetivo deste curso é capacitar
gestores municipais, coordenadores, técnicos que operam o Sibec e o
CadÚnico do Programa Bolsa Família).
3. Informações quanto às expectativas da equipe pedagógica
: essa
expectativa é expressa pela utilização do pronome NÓS, de forma a excluir-se
da comunidade e incluir-se na equipe pedagógica NEaD (Nossa idéia é tornar
132
esse espaço disponível aos servidores em seu dia-a-dia de trabalho, como um
meio de aprimorar seus conhecimentos técnicos e seu desempenho
profissional; Percebam que a nossa comunidade é estruturada da seguinte
forma ... É muito importante que vocês participem...).
4. Instruções voltadas ao design do curso, que objetivam o acesso às
informações referentes ao funcionamento da comunidade, no que se refere à
utilização de recursos disponíveis existentes em seu ambiente virtual de
aprendizagem (É importante que vocês leiam as orientações de DINÂMICA e
DICAS (botões localizados na parte superior da tela)).
A mediação apresentada não realiza diálogo com o aluno/participante. É
essencialmente instrucional e com foco em linhas de conduta e no uso efetivo
do meio virtual. Por possuir múltiplos processos mentais, leva o
aluno/participante a dispersar-se em várias direções, o que não a torna
eficiente.
Ao estudar as ações provocadas por mediações pedagógicas de
conteúdo instrucional, com poucas ocorrências de processos mentais e com a
realização de diálogo com o aluno/participante, foi possível observar a
existência de modelagem, por parte dos alunos/participantes, como
demonstrado a seguir:
No Exemplo 33, o aluno/participante, ao reproduzir para o novo
integrante as informações a que teve acesso (Para navegar facilmente, clique
nos botões Dinâmica e Dicas, que estão no topo da página da comunidade),
realiza modelagem conforme orientação recebida no Exemplo 23 (vocês
deverão “clicar” Dinâmica e Dicas, no alto desta página”). Modelagens
realizadas a partir da mediação apresentada no Exemplo 37 não foram
observadas.
Fórum Módulo 1
A pedido do mediador técnico, o fórum foi aberto com a mensagem
apresentada a seguir:
Nas políticas sociais, os conselhos paritários e deliberativos têm na sua
formação os representantes da administração pública - responsáveis por
133
trazer para seu interior informações e dados técnicos da burocracia e,
fundamentalmente, os compromissos e saberes de suas áreas. Suas ações
devem facilitar a sistematização dos problemas a serem enfrentados em
conjunto com os representantes da sociedade civil, o outro segmento
presente. Estes, de sua parte, idealmente devem trazer para a dinâmica do
conselho a clareza das demandas do segmento que ali representam, assim
como a ordem de urgência das necessidades da população que os têm
como representantes. (Pág. 7 - Parágrafo 4º - Item Conselhos e Controle
Social - Saiba Mais - Módulo 1)
Como se organizam, nas políticas sociais de seu município, os conselhos
paritários e deliberativos? Você conhece seu funcionamento? Que
visibilidade eles têm?
Exemplo 38
Mediador Pedagógico S.
Olá comunidade!
Vamos discutir a questão proposta?
Previmos discutir essa questão até a próxima sexta-feira (dia 9).
Fiquem atentos, conforme o desenvolvimento das discussões, os mediadores técnicos
poderão propor novas questões em substituição a esta.Vamos lá! Quem começa
????
O fórum Módulo 1, nessa segunda fase, já conta com a participação do
mediador técnico, porém quem realiza o primeiro movimento de mediação –
com a finalidade, semelhante à apresentada no Exemplo 29, ou seja, de instruir
os alunos/participantes quanto à finalidade do fórum e seu gerenciamento – é o
mediador pedagógico.
A instrução está voltada à organização da nova dinâmica adotada no
fórum (Previmos discutir essa questão até a próxima sexta-feira, dia 9), assim
como a antecipar, à Comunidade, a autonomia dada ao mediador técnico
dentro do fórum em que irá realizar a mediação (os mediadores técnicos
poderão propor novas questões em substituição a esta).
Se comparadas as funções de mediação apresentadas às funções de
mediações que orientam e gerenciam o trabalho, abordadas por Gervai
(2007:182 -184), observaremos que as mediações apresentadas nos Exemplos
134
29 e 38, embora ocorram por meio do enunciado do mediador pedagógico,
novamente não realizam orientação específica sobre onde encontrar uma
matéria ou uma contribuição de um colega para que determinada tarefa seja
feita e também não se caracteriza por enunciados identificadores de lugar,
pessoas ou grupos, como locais ou fontes onde as informações podem ser
obtidas.
As mediações apresentadas possuem funções que se distinguem das
apresentadas por Gervai, por focarem o gerenciamento e a organização da
dinâmica a ser adotada no ambiente virtual de aprendizagem, informando-a ao
aluno/participante, não realizando discussões voltadas ao desenvolvimento de
questões relacionadas ao campo temático do fórum, tarefa essa, do mediador
técnico.
O Exemplo 39 apresenta a mediação realizada pelo mediador técnico, a
partir da proposta inicial postada pelo mediador pedagógico no início do fórum.
O mediador técnico promove o que é descrito por Gervai (2007:201)
como uma mediação que propõe a exploração ou o aprofundamento de
questões, uma vez que é possível verificar que o mediador retoma as
contribuições apresentadas pelos alunos/participantes (vamos aproveitar as
análises preparadas pela R., pela P, e pela C.??) e propõe a reflexão sobre
essas contribuições, em busca de contribuições adicionais, contextualizadas ao
ambiente de trabalho de cada participante (Verdadeiro ou Falso para cada um
de vocês?).
Exemplo 39
Mediador Técnico
Pessoal,
vamos aproveitar as análises preparadas pela R., pela P, e pela C.??
quote:
Acredito que se não em todos, na maioria dos municípios os Conselhos trabalham separadamente, embora muitas
vezes com os mesmos Conselheiros. Até parece que a política social é isolada e que o ser humano não é um todo
R
.
quote:
... para que um conselho desempenhe bem a sua função, acredito ser necessário não apenas a paridade, entre o
135
Mediador Técnico
poder público e a sociedade civil, pois, se a sociedade civil não tiver efetiva representação, através, de entidades num
mesmo segmento, ficará difícil a atuação.
P
.
quote:
Tem que haver uma interligação e uma interação entre as políticas sociais, conselhos partidários de deliberativos,
com os representantes da sociedade civil, a fim de facilitar a sistematização dos problemas a serem enfrentados
conjuntamente.C.
Verdadeiro ou Falso para cada um de vocês? Vamos conferir?
No Exemplo 40, é possível reproduzir a mesma análise feita por Gervai
(2007:67), uma vez que o exemplo apresenta, assim como ocorreu na análise
da autora, a existência de um processo mental em que o professor é o
experienciador, ao achar determinado fenômeno interessante, no caso, as
reflexões apresentadas pelos alunos/participantes, a partir da proposta inicial
feita pelo mediador pedagógico.
A mediação apresentada no Exemplo 40 incentiva a interação entre
alunos, ao mesmo tempo em que dá suporte quanto ao direcionamento das
mensagens que estão sendo postadas pelos alunos/participantes (acho que
estamos no caminho do Tema).
Exemplo 40
Mediador Técnico
Olá pessoal, boa tarde!
Estou acompanhando e acho que estamos no caminho do Tema.Volto mais tarde.
Abç a todos!
No Exemplo 41 novamente encontra similaridade nas funções de
mediação realizada por Gervai (2007:200), uma vez que é possível verificar a
solicitação de reflexão no sentido de explorar ou aprofundar as questões
levantadas pelo mediador.
O mediador técnico reúne contribuições formuladas pelos
alunos/participantes e, a partir dessas contribuições, elabora propostas de
reflexões a serem realizadas a partir de palavras-chave (Participação e
eficiência (glossário???); - Comunicação; - Comprometimento; - Interação e
integração (duas coisas diferentes, não é?)). É possível observar, ainda, que o
136
mediador busca uma atitude reflexiva, inclusive do aluno/participante que
declara nada saber (Hi, tem "eu sei que nada sei". Será???).
Exemplo 41
Mediador Técnico
Olá pessoal, tudo bem?
Vejam os conteúdos das participações de hoje:
quote:
... a meu ver, há uma interação entre os setores, embora cada um possa estar fazendo a sua parte, há uma
comunicação constante com a Coordenadoria do mesmo
.
C.
quote:
estou tentando organizar um cronograma de trabalho para realmente efetivarmos estes conselhos.,tornando-os
participativos e eficientes naquilo que compete a cada um deles e dentro de todo o contexto.
J..
quote:
"só sei que nada sei".
R.
quote:
Aqui no meu município nós temos todos os conselhos... Conselho Tutelar, do Programa Bolsa Família, da Assistência
Social, Do Idoso, etc... Mas nenhum conselheiro tem muito comprometimento!!!!!
L.
quote:
Cada um de nós que se encontra comprometido com a questão é uma sementinha. Somos poucos mas não vamos
desanimar. Vamos ver os conselhos assumindo seus papéis de maneira efetiva.
Como?
Fazendo a nossa parte e bem feito.
M.
quote:
Concordo com o que eles falaram, infelizmente é a pura verdade, integração nada.
Z.
O que rolou???
- Participação e eficiência (glossário???)
- Comunicação
- Comprometimento
- Interação e integração ( duas coisas diferentes, não é?)
Hi, tem "eu sei que nada sei". Será???
Que bela contribuição de todos!!!
Parabéns!
137
Exemplo 42
Mediador Técnico M.
Olá I., K., N. e S., tudo bem?
Vejam este Forum está discutindo um tema (ver o texto no início) e pergunta:
quote:
"Como se organizam, nas políticas sociais de seu município, os conselhos paritários e deliberativos?
Você conhece seu funcionamento?
Que visibilidade eles têm?
Sobre "condicionalidades" está sendo tratado nos modulo 4 e 5. Eles também têm os seus
temas para esta semana, ok?
Vocês ainda poderão contribuir muito com esta discussão, que é a primeira, de outras que
ainda virão, ok?
Na mediação apresentada no Exemplo 42, o mediador técnico, em um
primeiro momento, orienta os alunos/participantes quanto ao tema que está
sendo abordado no fórum, assim como a pergunta temática sobre a qual estão
sendo realizadas as discussões, avisando-os que tais informações estão
disponíveis no início do Fórum. (Vejam . . . este Forum está discutindo um
tema (ver o texto no início) e pergunta:...).
Em um segundo momento, o mediador técnico informa aos
alunos/participantes em quais fóruns seriam mais apropriadas as mensagens
postadas ali, por engano (Sobre "condicionalidades" está sendo tratado nos
modulo 4 e 5.), salientando que, assim como ocorre no fórum sob sua
supervisão, nos demais fóruns também são abordadas questões temáticas,
que talvez não poderão absorver, no momento, as considerações realizadas
pelos alunos/participantes (Eles também têm os seus temas para esta
semana, ok?).
No terceiro momento, o mediador técnico convida-os a participar, com
contribuições, da temática focada em seu fórum.
É possível observar que o mediador técnico detém a especificidade
temática do fórum técnico, diferentemente do mediador pedagógico, que, como
demonstrado nos Exemplos 22 e 24, realiza ações diferentes da apresentação
no exemplo estudado.
138
Os mediadores técnico e pedagógico realizam ações distintas. O
mediador pedagógico, conforme demonstrado no Exemplo 24, redireciona a
mensagem do aluno/participante para o fórum correto, não provocando
interação na comunidade quanto ao desenvolvimento de conteúdo temático, ou
seja, ele organiza a comunidade.
O mediador técnico não redireciona as mensagens dos
alunos/participantes; ele os informa do engano cometido, orienta-os quanto à
dinâmica estabelecida nos fóruns e convida-os a participar da discussão que
está sendo realizada, ou seja, ele organiza a discussão temática.
A mediação apresentada no Exemplo 43 apresenta o que, no entender
dessa pesquisadora, trata-se de uma função que não está voltada ao trabalho
na comunidade. A mediação chama os alunos/participantes para uma reflexão
(Vamos melhorar isso?) voltada ao objetivo maior esperado dos
alunos/participantes da comunidade, qual seja, a mudança no processo de
trabalho realizado pelos servidores que participam da comunidade (Inter-
relações são importantes e servem para melhorar a eficiência do PBF.)
Exemplo 43
Mediador Técnico M.
C. e S., dizem
quote:
. . . não tenho contato com o pessoal da área da saúde, porém nem sei como eles trabalham.
Tenho mais contato com o CadÚnico, pois tb dependemos um do outro pra q tudo seja regularizado
.
quote:
. . . não tenho contato com o Depto. Social nem com o Depto. Saúde.
Vamos melhorar isso?
Inter-relações são importantes e servem para melhorar a eficiência do PBF.
Abc
– Características da Mediação Apresentada na Segunda Fase
A compreensão de como a comunidade apresenta-se nessa segunda
fase tem por objetivo responder à segunda pergunta de pesquisa que nos levou
a desenvolver esta dissertação: Como o mediador contribui para a formação e
139
o fortalecimento de uma comunidade virtual de aprendizagem, ensino e
trabalho?
As características que compõem a mediação pedagógica nessa segunda
fase da comunidade são marcadas por ações que correspondem ao
atendimento da segunda fase – Exploration (exploração) – e terceira fase –
Integration (integração) – do modelo estrutural Practical Inquiry.
A mediação pedagógica fornece ao aluno/participante o primeiro
entendimento da natureza da comunidade, como nela serão realizadas as
discussões temáticas e a procura por informações relevantes e possíveis
explicações, através do compartilhamento de idéias e da integração e
construção de sentido ao que parecia anteriormente confuso.
Existe a busca pela reflexão superior do aluno/participante com seu
engajamento, auxiliando-o quanto a sua adaptação ao ambiente virtual da
comunidade e instruindo-o quanto a abertura, encerramento e gerenciamento
dos fóruns temáticos da comunidade (abertura e fechamento de fóruns).
As funções de mediação observadas nas postagens do mediador
pedagógico, nessa fase, foram:
a) organizar e gerenciar o ambiente virtual do fórum, informando sua
finalidade e apresentando linhas de condutas esperadas, não promovendo
entretanto, discussões voltadas ao desenvolvimento de questões relacionadas
ao campo temático do fórum;
b) auxiliar o aluno/participante quanto a sua adaptação ao ambiente
virtual da comunidade;
c) integrar o aluno/participante ao design da comunidade,
objetivando facilitar sua integração, por meio dos recursos ali disponíveis no
ambiente virtual de aprendizagem;
d) instruir o aluno/participante quanto a abertura, encerramento e
gerenciamento dos fóruns temáticos da comunidade (abertura e
fechamento de fóruns).
As características que compõem a mediação técnica nessa segunda
fase têm por finalidade valorizar o que, no âmbito dos pressupostos do modelo
140
andragógico, corresponde ao papel das experiências dos aprendizes. A
mediação busca valorizar essa experiência e realizar a contribuição dos
participantes.
Da ótica da Community of Inquiry, proposta por Garrison e Anderson
(2003, 2005), é possível observar que a mediação é marcadamente
caracterizada pela Presença de Ensino (Teaching Presence) e caracterizada
por:
1. Organização Instrucional, ao propor o debate sobre um tema por
determinado período de tempo;
2. Instrução direta, ao direcionar os alunos/participantes quanto ao
conteúdo temático apresentado nos fóruns técnicos, convidando-os ao debate;
3. Facilitação do discurso, ao propiciar aos participantes condições para
discussão, reunindo, para tanto, contribuições formuladas pelos
alunos/participantes e a partir delas elaborar propostas para reflexões.
As funções de mediação observadas nas postagens do mediador
técnico, nessa fase, foram:
a) direcionar quanto ao conteúdo temático apresentado no fórum e
convidar ao debate;
b) propor questões para refletir sobre determinado assunto;
c) propor reflexões, a partir das interações na comunidade, que
levem a ações de mudanças voltadas ao trabalho.
As características apresentadas nas interações realizadas pelos
alunos/participantes da comunidade, e observadas da ótica dos pressupostos
apresentados por Chotguis (2007), demonstram que os alunos/participantes
estão dispostos a aprender para efetivamente resolver situações da vida real,
no caso específico, ações de trabalho a serem realizadas para a administração
do Programa Bolsa Família.
Observa-se, ainda, o que Tavares-Silva (2006:49) destaca como um dos
princípios da andragogia: a promoção da participação, ou seja, a aprendizagem
por meio do compartilhamento de informação, habilidades e experiências.
141
Da ótica da Community of Inquiry, desenvolvida por Garrison e Anderson
(2003), observa-se:
1. Realização de Presença Social, por meio de comunicação aberta
(open communication) e afetividade (affective responses), na busca pela troca
de informações;
2. Presença Cognitiva, voltada à interação quanto ao design
apresentado na comunidade e demonstrada na forma de orientação realizada a
outro aluno/participante.
Foi possível observar a presença das características que compõem a
segunda fase, Exploration (exploração), correspondente à procura de
informações relevantes e de possíveis explicações, através do
compartilhamento de idéias, e a terceira fase, Integration (integração), ou a
busca pela integração e construção de sentido e a reflexão superior com o
engajamento dos alunos/participantes no discurso crítico e uma compreensão
refinada, conforme descrito no modelo estrutural Practical Inquiry.
Por meio da Metafunção Interpessoal, abordada por Halliday (1991),
observa-se a utilização da modalização, realizada por meio da probabilidade,
para a troca de informações entre os alunos/participantes, com a finalidade de
buscar informações que auxiliem a compreender o que será abordado.
Nessa segunda fase, o conjunto de ações de mediação, tanto
pedagógicas quanto técnicas, apresentou, em sua maioria, resultados
satisfatórios e com funções bastante distintas.
A mediação pedagógica, como observado na primeira fase, preparou o
aluno/participante para participar de uma comunidade virtual, cuja proposta foi
discutir questões voltadas ao dia-a-dia de trabalho, conforme analisado na
seção 1.1 “Fóruns da Comunidade – Primeira Fase”. Nessa segunda fase, o
mediador pedagógico realizou a integração e a construção de sentido ao que
inicialmente parecia confuso ao aluno/participante, sendo seu papel o de
auxiliar a adaptação dos membros ao ambiente virtual, instruindo-o quanto a
abertura, encerramento e gerenciamento dos fóruns temáticos da comunidade.
As características que compuseram a mediação pedagógica nessa
segunda fase desta análise foram marcadas por ações que corresponderam ao
142
atendimento à Exploração (exploration) e a Integração (integration) do modelo
estrutural Practical Inquiry (Investigação Prática), modelo esse desenvolvido
por Garrison e Anderson (2003:59) e descrito na seção 2.1 “Community of
Inquiry“, dessa pesquisa.
As ações de mediação realizadas pelo mediador técnico diferem das
abordadas por Gervai (2007), uma vez que focam o gerenciamento e a
organização da dinâmica a ser adotada no ambiente virtual de aprendizagem,
mas não realizam discussões voltadas ao desenvolvimento de questões
relacionadas ao campo temático do fórum.
Ao mediador técnico coube valorizar a experiência dos
alunos/participantes, promover a facilitação do discurso, por meio da reunião
de contribuições apresentadas e a partir das quais passou a elaborar propostas
para reflexões. Foi possível verificar que, nessa fase, a mediação é
marcadamente caracterizada pela Presença de Ensino (Teaching Presence),
conforme proposto por Garrison e Anderson (2003, 2005), especialmente
quanto a organização instrucional, instrução direta e facilitação do discurso.
Foi possível observar, nessa fase da comunidade, as primeiras
mediações realizadas pelos alunos/participantes, marcadas pela disposição de
aprendizagem para ações de trabalho e pela necessidade de compartilhamento
de informação, habilidades e experiências.
A utilização da modalização, que compõe a Metafunção Interpessoal
abordada por Halliday (1991), realizada por meio da probabilidade, para a troca
de informações entre os alunos/participantes, foi apresentada de forma
bastante marcada nessa fase.
3.1.3 – Fóruns da Comunidade Terceira Fase: A Comunidade Próxima ao
Encerramento
Nessa terceira fase, os fóruns permanecem inalterados, se comparados
aos fóruns apresentados na segunda fase de análises do presente trabalho.
Devido ao grande número de participantes e, conseqüentemente, ao ingresso
tardio de vários deles no ambiente virtual de aprendizagem, verifica-se que as
ações de mediação pedagógica realizadas na primeira e na segunda fases,
143
repetem-se também nessa terceira etapa, em especial no fórum Café, o
mesmo ocorrendo com a mediação técnica realizada no fórum Módulo 1.
Os alunos/participantes que estão há mais tempo ambientados à
comunidade virtual de aprendizagem apresentam ações também voltadas à
mediação, seja ela pedagógica ou técnica, sendo essas mediações o principal
foco de análise dessa terceira etapa.
3.1.3.1 – Contexto de Situação
A comunidade do Curso de Capacitação para Gestão e Aprimoramento
do Programa Bolsa Família permanece com seus fóruns inalterados desde a
reformulação realizada e descrita no item 1.2.1 – Contexto de Situação,
referente à segunda fase, apresentado neste capítulo.
Desde a reformulação dos fóruns da comunidade, questões temáticas
referentes ao Programa Bolsa Família são apresentadas aos
alunos/participantes para discussão, em intervalos de tempo que variam de
sete a quinze dias. Essa variação ocorre devido à necessidade de maior ou
menor aprofundamento do tema, segundo entendimento mútuo ocorrido entre
mediador técnico e alunos/participantes.
A questão temática escolhida pela pesquisadora, para a análise das
mensagens postadas, corresponde à última questão debatida, antes do
encerramento da comunidade, e justifica-se por estarem os
alunos/participantes, em sua maioria, já completamente interados ao ambiente
virtual de aprendizagem e, segundo meu entendimento, aptos a demonstrar
essa condição por meio de suas mensagens postadas.
3.1.3.2 – O Desenvolvimento da Comunidade em sua Terceira Fase
Os alunos/participantes interagem de maneira bastante ativa,
compreendem a comunidade como um ambiente virtual de aprendizagem
realizada a partir da troca de experiências vivenciadas por seus colegas,
compreendem ainda que, nesse espaço, é possível refletir e compartilhar sobre
atitudes a serem adotadas no ambiente de trabalho.
144
Alguns alunos/participantes destacam-se, demonstrando liderança,
muitas vezes realizando mediações técnicas e buscando o diálogo com os
demais membros da comunidade.
– Análise de Dados: Como a Comunidade se Apresenta
Serão analisadas as mediações enviadas ao fórum Café, durante a
última semana de disponibilidade da comunidade aos alunos/participantes e no
Módulo 1 – questão temática 8, realizadas no período de 1 a 28 de fevereiro de
2007.
Fórum Café: a Mediação Pedagógica
Nessa terceira fase da comunidade, observa-se que a mediação feita
pelo mediador pedagógico mantém algumas das mesmas funções já descritas
na primeira e segunda fase.
A mediação realizada pelo mediador pedagógico, no Exemplo 44,
mantém a função de organizar e gerenciar o ambiente virtual do fórum,
informando sua finalidade. Possui como característica predominante a
utilização do modo imperativo, sem modalizações, e o emprego da conjugação
pronominal NÓS, de forma a excluir-se da comunidade; dessa forma, o
mediador pedagógico passa a representar somente a Equipe NEaD/Fundap.
Exemplo 44
Mediador Pedagógico C.
Boa tarde, comunidade!
É importante que vocês dêem uma passada em Reflexão e Avaliação Final/ Lista de
participantes - nomes e e-mails e coloquem seu e-mail na lista que está se formando.
estamos reunindo os dados de todos, a fim de criarmos uma única lista de contatos de
todos os colegas da comunidade.
Assim, vamos facilitar os contatos entre todos os amigos participantes após o
encerramento da comunidade! Abraços,
No Exemplo 45, observa-se a mediação apresentada pelo
aluno/participante. Nela, observa-se a modelagem a partir da mediação
realizada pelo mediador pedagógico. Entretanto, observa-se a existência de
vários elementos da Presença Social, abordada por Garrison e Anderson
145
(2001, 2003, 2005), construída pela afetividade, indicada pela expressão de
emoções e discurso próprio (querido amigo e amigas; querida Comunidade;
companheira).
Ao contrário do que é observado no Exemplo 44, no Exemplo 45 o
pronome NÓS é empregado de forma inclusiva em todas as suas ocorrências
(Vamos todos nos cadastrar).
Observa-se ainda a realização de referências para o uso do grupo
(Amigos e amigas: Esta é a hora de demonstrarmos, mais uma vez, a força
da nossa união, poderosa ferramenta que possibilitou a permanência da
Comunidade até hoje!; Juntos, somos fortes!).
A mediação realizada pelo aluno/participante assemelha-se à mediação
realizada pelo mediador pedagógico, porém busca promover a unidade dos
membros da comunidade on-line.
Exemplo 45
Aluno/participante C.
Bom dia, queridos amigos e amigas da Comunidade!
Atenção:A nossa querida Comunidade, companheira de tantas experiências e realizações,
fechará suas portas no dia 31/12/2007.
Vamos aproveitar hoje, sexta-feira, 28/12/2007, para deixar registrado nosso e-mail e
telefone de contato no espaço REFLEXÃO E AVALIAÇÃO FINAL - Lista de participantes -
nomes e e-mails.
Convidamos a todos a informarem seus dados para que possamos manter
contato.Contamos com a importante participação de todos na Comunidade Virtual do
nosso amigo L.!
Vamos todos nos cadastrar para continuar esta amizade tão bonita que se formou
aqui!Amigos e amigas:
Esta é a hora de demonstrarmos, mais uma vez, a força da nossa união, poderosa
ferramenta que possibilitou a permanência da Comunidade até hoje!
Agradecemos pelo empenho, dedicação e amizade de todos!
Juntos, somos fortes!
Fórum Módulo 1
146
Exemplo 46
Mediador Pedagógico A.
Comunidade Bolsa Família,
Iniciaremos nova discussão a partir a questão temática apresentada por nosso Mediador
Técnico M
Abraços a todos,
A.
Observando os dados do Cadastro Único, além da renda familiar, que outras informações
têm possibilitado uma melhor avaliação da condição social dos beneficiários do PBF?Por
exemplo: - nível de escolaridade - situação de trabalho - modelo da composição familiar-
Outros: (?)M.
A mediação pedagógica observada no Exemplo 46 apresenta a função,
já descrita anteriormente, de organizar e gerenciar o ambiente virtual do fórum,
informando qual será a questão temática proposta pelo mediador técnico. Essa
questão não será discutida pelo mediador pedagógico, mas sim pelo mediador
técnico responsável por desenvolver as questões relacionadas ao campo
temático do fórum.
Os Exemplos 47 a 57 demonstram a mediação realizada pelos
alunos/participantes, a partir da apresentação da discussão temática proposta.
O Exemplo 47 exprime a opinião do aluno/participante em relação à avaliação
proposta inicialmente (que outras informações têm possibilitado uma melhor
avaliação da condição social dos beneficiários do PBF?).
No Exemplo 47, o aluno/participante considera os dados disponíveis no
Cadastro Único para avaliar a condição social dos beneficiários do PBF e
apresenta as ações de trabalho que serão adotadas em seu município (mas
estamos montando diversas formas e estratégicas de ação para famílias do
PBF). Os alunos/participantes refletem, então, sobre quais ações, discutidas na
comunidade, poderão interferir no trabalho realizado em seus municípios.
147
Exemplo 47
Aluno/participante
Boa Tarde,
A avaliação de dados do cadúnico, a principio perfil da renda per capita; em seguida
moradia, modelo da composição familiar, resumindo todas as informações que se faz
necessário no cadastro único, as de maior vulnerabilidade atualmente os CRAS estão
monitorando de perto, para apoio, esclarecimentos sobre as condicionalidades, cursos,
palestras, documentos, a implementação maior nesse sentido é para o decorrer deste ano,
mas estamos montando diversas formas e estratégicas de ação para famílias do
PBF.
Os Exemplos 48 e 49 também avaliam os dados disponíveis no
Cadastro Único (Ex.: 48 Acredito que os dados levantados no cadastro são
essenciais e Ex.: 49 Acho que chamar de cadastro É SIMPLES DEMAIS....) e
convergem para a necessidade de que sejam realizadas ações mais
específicas, não relacionadas apenas ao preenchimento de um cadastro, mas
objetivando melhor administração do Programa Bolsa Família (Ex.: 48 muitas
informações são simplesmente respondidas, e outras situações, no momento
da entrevista ficam no subjetivo) e (Ex.: 49 fazemos uma ENTREVISTA e
não simplesmente um cadastro).
Exemplo 48
Aluno/participante D
Ola...
Acredito que os dados levantados no cadastro são essenciais.
Porém, precisamos acompanhar de perto as famílias, pois muitas informações são
simplesmente respondidas, e outras situações, no momento da entrevista ficam no
subjetivo.
Exemplo 49
Aluno/participante S.
Bem, refletindo um pouquinho....
Acho que chamar de cadastro É SIMPLES DEMAIS....PERCEBO QUE, AO CHAMAR A
FAMILIA/RESPONSAVEL, fazemos uma ENTREVISTA e não simplesmente um cadastro.
148
No Exemplo 50, é possível verificar que, diferentemente do observado
nos Exemplos 48 e 49, em que os alunos/participantes realizam breves
reflexões sobre os dados que compõem o sistema Cadastro Único, focando em
suas mensagens a postura pessoal no momento do cadastramento do possível
beneficiário, o aluno/participante realiza aqui, em um primeiro momento, uma
avaliação quanto aos recursos disponíveis no sistema de Cadastro Único
(deveria ter o recurso para emissão de listagem; Se ele tivesse o recurso...).
No segundo momento, esse mesmo aluno/participante narra o que é
efetivamente realizado, em seu município, objetivando a melhor administração
do Programa Bolsa Família: (Aqui em (município do aluno/participante), a
Secretaria Municipal de Assistência Social e Cidadania é a responsável pelo
gerenciamento do Cadastro/P. Bolsa Família. A Educação e a Saúde pela
alimentação das informações que nem sempre condiz com a realidade.) e (Via
rede, disponibilizamos o cadúnico no CRAS para consulta e o mesmo poderá
ser feito conforme a necessidade da Saúde e da Educação).
O encerramento da mensagem do aluno/participante contém uma
afirmação referente a suas próprias dificuldades, assim como as que são
enfrentadas por todos os alunos/participantes da comunidade, em relação à
administração do programa (As dificuldades são muitas).
No encerramento da mensagem, o aluno/participante L. expressa uma
afirmação relacionada à postura que deve ser adotada por todos os envolvidos,
em relação à administração do Programa Bolsa Família, em cada município.
(Portanto, não devemos nos esmorecer).
Exemplo 50
Aluno/participante L.
Ola Comunidade, bom dia.
Com relação ao CadÚnico, para ele ser mais completo e eficaz, deveria ter o recurso para
emissão de listagem. Embora as informações que buscamos, conseguimos visualizar nas
telas e imprimir.
Se ele tivesse o recurso, de emissão de listagem, poderíamos por exemplo: imprimir uma
lista a exemplo da folha de pagamento onde mapearíamos e classificaríamos todos os
beneficiários por bairros, ruas, só de crianças de 0 a 7 ou de 7 a 15 anos, só os que
recebem o básico, extraordinários, etc., etc.
Ele tem hoje o recurso informativo em nºs mas não nos permite emitir ou imprimir uma
149
Aluno/participante L.
listagem.Quanto a Saúde e a Educação, Assistência Social, CRAS, poderíamos ter o
Cadùnico disponível nesses setores somente para consulta. Temos esses recursos e não
usamos.
Aqui em (município do aluno/participante), a Secretaria Municipal de Assistência Social e
Cidadania é a responsável pelo gerenciamento do Cadastro/P.Bolsa Família. A Educação e a
Saúde pela alimentação das informações que nem sempre condiz com a realidade.Via rede,
disponibilizamos o cadúnico no CRAS para consulta e o mesmo poderá ser feito conforme
a necessidade da Saúde e da Educação.As dificuldades são muitas. Portanto, não devemos
nos esmorecer.
No Exemplo 51, observamos que o aluno/participante C. realiza a
mediação dentro do fórum. Essa mediação é caracterizada pela retomada da
fala do aluno/participante L., convidando-o a realizar maiores comentários
quanto às ações voltadas à administração do Programa Bolsa Família
adotadas em seu município.
O aluno/participante C. apresenta a Presença de Ensino, ao buscar a
facilitação do discurso, realizada por meio da Instrução Direta, com o foco na
discussão específica de sua experiência relatada (Gostaria que você
comentasse conosco sobre a sua colocação).
A Presença Social é realizada pelo aluno/participante C., na forma de
comunicação aberta, por meio da realização de perguntas com a finalidade de
iniciar o debate na comunidade (O que, em sua opinião, poderia ser feito para
mudar este quadro?).
Exemplo 51
Aluno/participante C.
Bom dia, L.!
Como vai? Tudo bem?
Gostaria que você comentasse conosco sobre a sua colocação:
quote:
Aqui em (Município do aluno/participante), a Secretaria Municipal de Assistência Social e Cidadania é a responsável
pelo gerenciamento do Cadastro/P.Bolsa Família. A Educação e a Saúde pela alimentação das informações que nem
sempre condiz com a realidade
Em quais aspectos a Educação e a Saúde, em sua cidade, alimentam o sistema com
informações que nem sempre condiz com a realidade?
O que, em sua opinião, poderia ser feito para mudar este quadro?
150
No meu entender, a mediação apresentada no Exemplo 51 possui a
função correspondente ao que é definido por Gervai (2007: 200), como
mediação que propõe a exploração ou aprofundamento de questões. Aqui,
porém, o aluno/participante C. acredita que a questão necessita de
aprofundamento e faz perguntas ao próprio aluno/participante L.
Os Exemplos 52 a 56 apresentam a discussão do Programa Bolsa
Família no âmbito de sua execução nos municípios. As mensagens foram
trocadas no ambiente da comunidade pelos alunos/participantes, não existindo
a interferência do mediador técnico ou do mediador pedagógico.
Exemplo 52
Aluno/participante S.
Bom dia COMUNIDADE, lendo as mensagens as dificuldades são operacionais.
Em meu município é exatamente isto que está ocorrendo.
A educação tem dificuldades com a freqüência, a saúde com o SISVAN e nós com o
cadastro. Vamos nos reunir a semana que vem, para fazermos um recadastramento geral
com todas as famílias solicitando declaração de freqüência escolar, de rendimentos e
endereço. Os três deptos.(saúde, educação e promoção social) vão estar envolvidos neste
trabalho.
Alguém tem sugestões ?
Exemplo 53
Aluno/participante C
Bom dia, amigo S.!
Achei excelente a sua sugestão!!!Quando você comentou conosco:
quote:
Vamos nos reunir a semana que vem, para fazermos um recadastramento geral com todas as famílias solicitando
declaração de freqüência escolar, de rendimentos e endereço. Os três deptos.(saúde, educação e promoção social)
vão estar envolvidos neste trabalho.
Vocês já têm algum pré-esquema de trabalho?
Amigos e amigas da Comunidade: Olhem que idéia bacana! Acredito que é uma
valiosa sugestão para implantarmos em nossos municípios!
O que vocês acham?
Quem poderia nos ajudar com experiências já realizadas neste sentido?
Abraços
A mensagem apresentada no Exemplo 52 demonstra que os
alunos/participantes percebem que têm problemas semelhantes (Bom dia
151
COMUNIDADE, lendo as mensagens, as dificuldades são operacionais. Em
meu município é exatamente isto que está ocorrendo).
O aluno/participante compartilha com os demais membros da
comunidade ações que serão realizadas em seu município (Vamos nos reunir a
semana que vem, para fazermos um recadastramento geral com todas as
famílias solicitando declaração de freqüência escolar, de rendimentos e
endereço), informando ainda quais são os departamentos envolvidos na ação
proposta (Os três deptos. (saúde, educação e promoção social) vão estar
envolvidos neste trabalho). Por fim, o aluno/participante solicita à comunidade
sugestões a serem encaminhadas e que possam auxiliar a administração do
Programa Bolsa Família em seu município (Alguém tem sugestões ?).
O aluno/participante apresentado no Exemplo 53, por meio da Presença
Social, demonstrada pela afetividade e pela comunicação aberta (Amigos e
amigas da Comunidade: Olhem que idéia bacana!) retoma a fala do
participante e realiza a mediação.
É possível observar que o aluno/participante expressa apreciação
positiva quanto à estratégia de trabalho conjunto relatada (Acredito que é uma
valiosa sugestão para implantarmos em nossos municípios!) e então realiza a
Presença Social por meio da comunicação aberta, solicitando avaliações e
contribuições dos demais alunos/participantes (O que vocês acham? Quem
poderia nos ajudar com experiências já realizadas neste sentido?).
A função da mediação apresentada no Exemplo 53 possui
correspondência na abordagem elaborada por Gervai (2007) em dois pontos
específicos: realiza uma avaliação positiva para reafirmar e dar suporte e
promove a integração no espaço da comunidade on-line.
No Exemplo 54, são apresentadas sugestões voltadas ao trabalho a ser
realizado para a operacionalização do Programa Bolsa Família. O
aluno/participante L. dirige-se inicialmente aos alunos/participantes S. e C.,
realizando uma avaliação quanto à execução de sua sugestão (A sugestão é
executável, é viável.)
A mensagem do aluno/participante, apresentada no Exemplo 54, exibe
ainda, marcadamente, o pronome NÓS inclusivo e sua mensagem é
152
direcionada a toda a comunidade (devemos montar uma estratégia; Não
podemos esquecer do recurso humano, treinado e supervisionado pelo Gestor
Municipal).
Ao término de sua mensagem, o aluno/participante solicita o parecer dos
demais alunos/participantes quanto às considerações feitas por ele (O que
vocês têm a comentar?).
O Exemplo 55 mostra uma abordagem diferente realizada pelo
aluno/participante T., quanto à mesma solicitação, pois relata uma experiência
que já está sendo realizada em seu município e as ações que foram adotadas
(recadastramento e cadastros novos que estamos fazendo; nós pedimos
declaração escolar pedimos carteira de trabalho pedimos o holerite ou
temos uma declaração na qual eles levam para os patrões colocarem o
quanto recebem e assinam).
O aluno/participante relata, ainda, como a população de seu município, a
ser beneficiada pelo programa, reage às solicitações formuladas (Já vou
avisando de antemão que não gostam muito) e avalia quais os resultados
apresentados (Mas está dando certo).
Exemplo 54
Aluno/participante L.
S., C., A sugestão é executável, é viável.
Mas acredito que devemos montar uma estratégia ou elaborar um plano de ação conjunta
realmente com a saúde e educação.
Outra sugestão é mapear os bairros e montar posto de recadastramento, onde a equipe
ficaria disponível nesses bairros, de acordo com a demanda, 1, 2 ou mais dias. Tipo ação
global.Deflagrar a campanha, com cartazes, banner e faixas, carro de som, panfletos, etc.,
dentro do bairro ou bairros, a ser atendido, informando o local, dia e horário do
recadastramento e os documentos a serem levados.Não podemos esquecer do recurso
humano, treinado e supervisionado pelo Gestor Municipal, dos equipamentos de informática,
do espaço físico, etc. Enfim, montar uma logística de atendimento.
Podemos também, enviar uma mala direta aos beneficiários, convocando-os por etapas,
identificando as ruas e bairros que o Correio faz entrega de correspondências e os demais
bairros ou ruas ou Estradas da zona rural, contratar um moto boy, por exemplo, para
entrega das demais convocações. Com os recursos do IGD, podemos pagar a postagem e o
moto boy, desde que ele seja pessoa jurídica.É fácil. É só tirar a ação do papel e executar.
O que vocês têm a comentar. Fraternais abraços,
153
Exemplo 55
Aluno/participante T
S. ao recadastramento e cadastros novos que estamos fazendo e os que já foram feitos, nós
pedimos declaração escolar, eles nos enviam um bilhete com a série que a criança está
matriculada rendimentos, pedimos carteira de trabalho para averiguarmos se realmente
não são registrados e os que o são, pedimos o holerite ou temos uma declaração na
qual eles levam para os patrões colocarem o quanto recebem e assinam.Já vou avisando
de antemão que não gostam muito.
É um pouco complicado- gera desconfiança de nossa parte em relação às informações que
eles nos passam.
Mas está dando certo. Porque com isso você já pode saber quem está dentro das normas
do Programa, fica mais fácil conversar com eles.
Como verificado nos demais fóruns técnicos, a questão temática é
novamente encerrada pelo mediador pedagógico, que traz para o ambiente da
comunidade on-line as considerações realizadas pelo mediador técnico quanto
às discussões apresentadas na comunidade.
Exemplo 56
Mediador Pedagógico A.
Olá a todos da Comunidade,
Apresento os comentários de nosso Mediador Técnico M. dando encerramento a mais esta
questão temática.
Abraços a todos, A.
Fechamento 8º Forum - Módulo 1
8º Forum - Módulo 1
Observando os dados do Cadastro Único, além da renda familiar, que outras informações
tem possibilitado uma melhor avaliação da condição social dos beneficiários do PBF?
Por exemplo:
- nível de escolaridade
- situação de trabalho
- modelo da composição familiar
- Outros: (?)
Avaliação:Pudemos observar que neste Fórum o item mais citado foi o da situação de
trabalho das famílias beneficiadas. Falou-se também, um pouco, na composição familiar - e
sua importância nos gastos familiares.
154
Mediador Pedagógico A.
No entanto outros assuntos permearam este Fórum, o que não invalidou este período de
encontros.Pudemos identificar também que o Cadastro Único já tem sido muito utilizado,
com seus vários dados, para a avaliação mais ampla das condições sociais dos beneficiários
do Programa.
O tema foi bem aceito e contribuiu com a ampliação do aprendizado dos participantes.
– Características da Mediação na Terceira Fase
A compreensão de como a comunidade apresenta-se nessa terceira
fase tem por objetivo responder à terceira pergunta dessa pesquisa: Como os
alunos/participantes dessa comunidade virtual interagem entre si?
Na busca desse entendimento, compreendo ser necessário observar
como é realizada a mediação, tanto pedagógica, quanto técnica, nessa terceira
fase da comunidade, ou seja, quando os alunos/participantes já demonstram
estarem bastante adaptados à proposta apresentada inicialmente e,
conseqüentemente, que ações os alunos/participantes adotaram, a partir
dessas mediações, para realizar interações na comunidade.
A mediação existente nas postagens do mediador pedagógico, nessa
terceira fase, apresenta as mesmas características demonstradas na primeira e
segunda fases da comunidade on-line, ou seja:
a) organizar e gerenciar o ambiente virtual do fórum, informando sua
finalidade e apresentando linhas de condutas esperadas, não realizando
entretanto, discussões voltadas ao desenvolvimento de questões relacionadas
ao campo temático do fórum;
b) instruir o aluno/participante quanto a abertura, encerramento e
gerenciamento dos fóruns temáticos da comunidade (abertura e
fechamento de fóruns).
A medição técnica nessa terceira fase foi menos presente, embora tenha
realizado funções como as já observadas e descritas na segunda fase da
comunidade on-line, como:
a) direcionar o conteúdo temático apresentado no fórum e convidar
ao debate;
b) propor questões para refletir sobre determinado assunto.
155
Nessa terceira fase da comunidade, foi possível observar os
alunos/participantes realizarem as duas modalidades de mediação existentes,
a pedagógica e a técnica.
Ao realizar a mediação pedagógica, o aluno/participante apresentou em
suas mensagens as seguintes características:
a) mediação realizada a partir da modelagem de mensagens enviadas
pelo mediador pedagógico, a mediação apresentada pelo aluno/participante é
permeada de elementos da Presença Social, abordada por Garrison e
Anderson (2001, 2003, 2005), construída pela afetividade;
b) os alunos/participantes realizam suas mediações utilizando-se
constantemente do pronome NÓS de forma inclusiva, buscando assim a
unidade da comunidade;
c) as funções de mediação pedagógica realizada pelos
alunos/participantes são predominantemente semelhantes às apresentadas
pelo mediador pedagógico, porém buscam promover a unidade dos membros
da comunidade on-line, sendo predominantemente inclusivas.
A mediação técnica apresentada pelos alunos/participantes possui as
características elencadas a seguir:
1) Presença de Ensino, ao buscar a facilitação do discurso, realizada por
meio da Instrução Direta, com o foco na discussão específica de sua
experiência relatada.
2) Presença Social, na forma de comunicação aberta, por meio da
realização de perguntas com a finalidade de iniciar o debate na comunidade.
As funções da mediação técnica realizada pelo aluno/participante
objetivam:
a) propor a exploração ou aprofundamento de questões, que
necessitam de aprofundamento.
b) realizar uma avaliação positiva para reafirmar, dar suporte e
promover a integração no espaço da comunidade on-line.
156
Como resultado da observação dessas três fases da comunidade, a
pesquisadora acredita ser possível buscar responder à quarta pergunta de
pesquisa que compõe essa dissertação: Como uma Comunidade Virtual de
Aprendizagem evolui para uma Comunidade virtual de Ensino, Aprendizagem e
Trabalho?
O aluno/participante ingressa na comunidade tendo por pressuposto
tratar-se de uma comunidade formada a partir dos moldes acadêmicos, ou
seja, existe a expectativa de que sejam realizadas avaliações com a imputação
de notas e a compreensão inicial de que o aluno/participante exercerá a função
de aluno, geralmente confundida como depositário de informações e existindo
a hierarquização de papéis professor e aluno.
Observou-se que o mediador pedagógico teve papel fundamental na
formação de uma comunidade virtual de ensino, aprendizagem e trabalho, pois
coube a ele preparar o aluno/participante para compor a comunidade, alterando
assim seu paradigma.
Coube também ao mediador pedagógico ambientar o aluno/participante
nesse novo ambiente virtual de aprendizagem, incluindo-se como membro da
comunidade, atuando de maneira igualitária, porém gerenciando a comunidade
e os fóruns que a compõem, quanto a seu design e instruções referentes a
atuação.
O mediador técnico igualmente desempenhou importante papel na
construção de uma Comunidade Virtual de Ensino, Aprendizagem e Trabalho,
ao, assim como o mediador pedagógico atuou de maneira igualitária com o
aluno/participante, buscando continuamente que este refletisse sobre a política
apresentada para discussão nas questões temáticas e as ações
experienciadas de maneira satisfatória ou não em seus respectivos ambientes
de trabalho.
Ambos os mediadores incentivaram os alunos/participantes a realizar
mediações na comunidade, atuando tanto de forma pedagógica quanto técnica,
o que tornou a comunidade essencialmente voltada a questões que levem à
reflexão voltada para ações de trabalho.
157
CONSIDERAÇÕES FINAIS
158
Esta pesquisa teve como principal objetivo analisar e descrever como a
mediação empregada na Comunidade Virtual auxiliou na formação de uma
Comunidade Virtual de Aprendizagem, Ensino e Trabalho.
A pesquisa foi norteada pelas seguintes questões:
1. Como a mediação se revela nas fases iniciais de uma Comunidade de
Aprendizagem?
2. Como o mediador contribui para a formação e o fortalecimento de uma
Comunidade Virtual de Aprendizagem, Ensino e Trabalho?
3. Como os alunos/participantes dessa Comunidade interagem entre si?
4. Como uma Comunidade Virtual de Aprendizagem evolui para uma
Comunidade Virtual de Ensino, Aprendizagem e Trabalho?
Objetivando compreender a mediação apresentada na comunidade,
assim como seu impacto nas mensagens posteriormente enviadas pelos
alunos/participantes, as análises realizadas estabeleceram diálogos com o
modelo Community of Inquiry, elaborado por Garrison e Anderson (2001, 2003,
2005); com os princípios e pressupostos andragógicos propostos por Tavares-
Silva (2006) e Chotguis (2007), respectivamente; com o Sistema de
Avaliatividade elaborado por Martin (2001) e compartilhado por Eggins (1997) e
White (2000); e com as Funções da Mediação elaboradas por Gervai (2007).
A pesquisa demonstra que os participantes, ao ingressarem na
Comunidade Virtual, o fazem com uma postura típica de aluno, ou seja, eles
acreditam que estão em uma comunidade/acadêmica, que serão avaliados,
terão tarefas, pontuações e, principalmente, estão em condições hierárquicas
inferiores às dos mediadores pedagógicos e técnicos, que são vistos como
professores.
A análise das interações realizadas pelos mediadores foi apresentada
com referência a três fases bem estabelecidas:
Fase1: O Primeiro contato com a Comunidade;
Fase 2: A Comunidade reformulada;
Fase 3: A Comunidade próxima ao encerramento
159
O trabalho desenvolvido na primeira fase da comunidade foi claramente
o de quebra de paradigmas, e preparou os alunos para tornarem-se
participantes, contribuintes da comunidade.
O mediador pedagógico inseriu-se na comunidade e equiparou-se
hierarquicamente aos alunos, realizando instruções quanto ao design da
comunidade e a postagem de mensagens dentro dos fóruns.
Os alunos/participantes reagiram bem a essas mediações e adotaram
uma nova postura dentro do ambiente virtual, com troca de mensagens entre
si.
Na segunda fase, foi iniciada a mediação do mediador técnico. Este, por
sua vez, também organizou as discussões da comunidade, porém realizou
essa tarefa de forma a levar o aluno/participante a transformar as discussões
realizadas no ambiente virtual em ações efetivas no ambiente de trabalho.
Os alunos/participantes passaram a integrar-se e a realizar troca de
experiências quanto a ações bem e mal sucedidas, de sugestões para a
facilitação do trabalho e de compreensão de questões políticas que o
envolvem.
Na terceira fase, o aluno/participante realizou mediações, tanto
pedagógicas como técnicas. A comunidade compreende-se como força de
trabalho e seus membros se reconhecem e se valorizam mutuamente. A
mediação pedagógica e técnica permanece estabelecendo pontes entre as
discussões e levantando novas questões para debate.
O estudo demonstrou que, para que a Comunidade Virtual de
Aprendizagem Ensino e Trabalho seja estabelecida, é necessário mais do que
a reunião de indivíduos que possuam a mesma atividade em um ambiente
virtual de aprendizagem. É necessário valorizar o saber individual, respeitar
opiniões e diferenças.
O mediador pedagógico e o mediador técnico são figuras fundamentais,
pois direcionam o diálogo estabelecido na comunidade, desde a sua fase
inicial. Embora tenham buscado a nivelação hierárquica, permaneceram
respeitados na comunidade como figuras organizadoras e gerenciadoras tanto
do ambiente quanto das questões levantadas para discussão.
160
Assim como abordado por Gervai (2007), este trabalho também aponta
para a necessidade de preparar os mediadores pedagógicos e técnicos para o
planejamento de mediações adequadas aos propósitos estabelecidos pela
comunidade.
Embora a comunidade seja estabelecida a partir de princípios
andragógicos, é necessário que o trabalho de mediação tenha suas funções
específicas observadas de forma detalhada, buscando-se assim maior
eficiência no diálogo a ser realizado.
161
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