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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
ESCOLA DE ENGENHARIA DE SÃO CARLOS
DEPARTAMENTO DE HIDRÁULICA E SANEAMENTO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HIDRÁULICA E SANEAMENTO
Ana Carolina Franco Ferreira de Andrade
AVALIAÇÃO DA PRODUÇÃO DE HIDROGÊNIO POR BACTÉRIA
FOTOTRÓFICA PÚRPURA NÃO-SULFUROSA EM REATOR EM BATELADA
Dissertação apresentada à Escola de Engenharia de São
Carlos da Universidade de São Paulo, como parte dos
requisitos para obtenção do Título de Mestre em
Hidráulica e Saneamento.
Orientadora: Profa. Dra. Maria Bernadete A. Varesche
São Carlos - SP
Junho de 2007
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Aos meus pais Aristides e Rita, por todo o
apoio e compreensão.
Agradecimentos
À Professora Dra. Maria Bernadete A. Varesche pela amizade, apoio, orientação, e por
acreditar no meu trabalho.
Às secretárias do Departamento de Hidráulica e Saneamento, Sá e Pavi, pela atenção e
ajuda nos assuntos burocráticos.
Aos docentes e funcionários do Departamento de Hidráulica e Saneamento da EESC-
USP pela dedicação e orientação que dispensam a seus alunos.
À Beth Moraes e Janja pela paciência, amizade e constante ajuda no laboratório.
Aos amigos do LPB: Alexandre, Arnaldo, Bruna, Clara, Dani, Eloísa, Gunther,
Leonardo, Lorena, Lucas, Luiz Ricardo, Márcia, Mércia, Sandra, Tiago e tantos outros que
compartilharam trabalho e momentos de descontração no LPB.
À Kátia e Tininha pela amizade, paciência e grande ajuda.
À Érika, Júlia e Noemi pela amizade, companheirismo, ajuda e momentos de
descontração.
Aos amigos eternos Carol, Fer, Géssia, Thaís e Lu pelo apoio, amizade, paciência,
conselhos e momentos de descontração.
Aos amigos de Cerqueira que mesmo distante sempre me apoiaram.
Ao Murilo pela amizade, apoio, companheirismo e muita paciência.
Aos meus irmãos Daniel e Karen, companheiros de brigas e grandes alegrias.
À minha mãe Rita e ao meu pai Aristides, exemplo a ser seguido.
À CAPES pela bolsa concedida.
A todos que, de alguma forma, contribuíram para a realização deste trabalho.
“É preciso pensar para acertar, calar para
resistir e agir para vencer”
Renato Kebl
i
RESUMO
ANDRADE, A. C. F. F. Avaliação da produção de hidrogênio por bactéria fototrófica
púrpura não-sulfurosa em reator em batelada. 2007. Dissertação (Mestrado) – Escola de
Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2007.
As necessidades de energia global são, na sua maioria, dependentes de combustíveis
fósseis. Hidrogênio é uma energia limpa alternativa a esses combustíveis. Bactérias
fototróficas produzem hidrogênio a partir de compostos orgânicos por meio de processo
anaeróbio dependente de luz. Assim, este trabalho visou avaliar o efeito das concentrações
iniciais de ácido acético e biomassa, e a influência da intensidade luminosa, na produção de
hidrogênio por bactéria fototrófica púrpura não-sulfurosa. Foram utilizados reatores em
batelada de 2000 mL, com volume útil de 1000 mL e headspace de 1000 mL preenchido com
hélio. Nos reatores foi adicionado ácido acético e glutamato de sódio (0,8 mmol/L) como
fontes de carbono e nitrogênio, respectivamente, e cultura de bactéria fototrófica púrpura não-
sulfurosa previamente purificada. O aumento da concentração inicial de ácido acético de
10 mmol/L para 17 mmol/L não promoveu mudanças significativas tanto no crescimento
celular, quanto, na produção de hidrogênio (8,3 mL H
2
/g massa seca.h e 8,8 mL H
2
/g massa
seca.h, respectivamente), para intensidade luminosa de 9000 – 10.000 lux. Nessa mesma
intensidade luminosa, o aumento da concentração de biomassa inicial de 0,02 g/L para
0,04 g/L favoreceu o aumento da produção de hidrogênio de 8,8 mL H
2
/g massa seca.h para
10,6 mL H
2
/g massa seca.h, respectivamente. A produção de hidrogênio diminuiu
acentuadamente de 10,6 mL H
2
/g massa seca.h para 1,0 mL H
2
/g massa seca.h com a
diminuição da intensidade luminosa de 9000 – 10.000 lux para 4000 – 5000 lux. Na ausência
de luz não ocorreu crescimento e produção de hidrogênio. A cultura manteve-se
predominantemente avermelhada e as análises microscópicas mostraram a predominância de
bacilos curvos, Gram-negativos, aglomerados em formações de roseta; características típicas
de alguns gêneros de bactérias fototróficas púrpuras não-sulfurosas. Todos os ensaios foram
realizados à temperatura de 30 ± 1°C. A análise da estrutura da comunidade microbiana foi
realizada por reação de polimerização em cadeia (PCR) de fragmentos do gene RNAr 16S,
seguida de eletroforese em gel de gradiente desnaturante (DGGE), e revelou que não houve
variações relevantes na estrutura das populações microbianas em função das diferentes
condições de cultivo.
Palavras-chave: produção de hidrogênio, ácido acético, bactéria fototrófica púrpura não-
sulfurosa.
ii
ABSTRACT
ANDRADE, A. C. F. F. Evaluation of hydrogen production by purple non-sulfur
phototrophic in batch reactor. 2007. M.Sc. Dissertation – Escola de Engenharia de São
Carlos, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2007.
The global energy requirements are mostly dependent on fossil fuels. Hydrogen is a
clean energy alternative to these fuels. Phototrophic bacteria produce hydrogen from organic
compounds by an anaerobic light-dependent electron transfer process. Therefore, this study
aimed at to evaluate the effect of the initial concentrations of acetic acid and biomass, and the
influence of the light intensity on hydrogen production by purple non-sulfur phototrophic
bacteria. The experiments were performed in batch operation, in reactors of 2000 mL, with
culture volume of 1000 mL and headspace of 1000 mL, filled with helium. Acetic acid and
sodium glutamate (0.8 mmol/L) were used as sources of carbon and nitrogen, respectively,
and culture of purple non-sulfur phototrophic bacteria previously purifided. The increase of
the initial acetic acid concentration from 10 mmol/L to 17 mmol/L did not promote significant
changes in the cell growth and in the hydrogen production (8.3 mL H
2
/g dry weight.h and
8.8 mL H
2
/g dry weight.h, respectively), under a light intensity of 9000 - 10,000 lux. In this
same light intensity, the increase of the initial biomass concentration from 0.02 g/L to
0.04 g/L resulted in an increase in the hydrogen production from 8.8 mL H
2
/g dry weight.h to
10.6 mL H
2
/g dry weight.h, respectively. The hydrogen production suddenly decreased from
10.6 mL H
2
/g dry weigh.h to 1.0 mL H
2
/g dry weight.h with the reduction of the light
intensity from 9000 - 10,000 lux to 4000 - 5000 lux. Hydrogen production was not observed
in absence of light. The culture remained predominantly purple and the microscopic analysis
showed the predominance of rod-shaped cells, Gram-negative, accumulated in formation of
rosettes; typical characteristics of some types of purple non-sulfur phototrophic bacteria. The
analysis of the structure of the microbial community was carried out by reaction of
polymerization in chain (PCR) of the RNAr 16S, followed of denaturing gradient gel
electrophoresis (DGGE), and reveled that the structure of the microbial populations did not
change significantly in function of the different conditions of culture.
Key words: hydrogen production, acetic acid, purple non-sulfur phototrophic bacteria.
iii
LISTA DE FIGURAS
Figura 3.1. Esquema geral de produção de hidrogênio por bactérias
fototróficas púrpuras não-sulfurosas
11
Figura 4.1. Fluxograma experimental 22
Figura 4.2. Reator em batelada (5000 mL) 28
Figura 4.3. Reator anaeróbio em batelada 29
Figura 5.1. Microscopia óptica de contraste de fase das seguintes amostras:
(a) inóculo e (b) reatores em batelada de enriquecimento
37
Figura 5.2. Bacilos curvos Gram-negativos em microscopia óptica de luz
comum
38
Figura 5.3. Curva-padrão de crescimento de bactéria fototrófica púrpura
não-sulfurosa
38
Figura 5.4. Crescimento celular e consumo de ácido acético da cultura de
bactérias fototróficas púrpuras não-sulfurosas em reatores em batelada
41
Figura 5.5. Produção de hidrogênio para diferentes concentrações de ácido
acético da cultura de bactérias fototróficas púrpuras não-sulfurosas em
reatores em batelada
41
Figura 5.6. Crescimento celular e consumo de ácido acético para diferentes
concentrações iniciais da cultura de bactérias fototróficas púrpuras não-
sulfurosas em reatores em batelada
44
Figura 5.7. Produção de hidrogênio para diferentes concentrações iniciais
da cultura de bactérias fototróficas púrpuras não-sulfurosas em reatores
em batelada
44
Figura 5.8. Efeito da intensidade luminosa no crescimento celular (a);
consumo de ácido acético (b) e na produção de hidrogênio (c)
46
Figura 5.9. Microscopia óptica de contraste de fase das amostras dos
reatores em batelada alimentados com ácido acético nas seguintes
concentrações: (a) 10 mmol/L e (b) 17 mmol/L
49
Figura 5.10. Microscopia óptica de contraste de fase das amostras dos
reatores em batelada inoculados com as seguintes concentrações de
biomassa: (a) 0,02 g/L e (b) 0,04 g/L
50
Figura 5.11. Microscopia óptica de contraste de fase das amostras dos
reatores em batelada mantidos sob iluminação de: (a) 9000 a 10.000 lux e
(b) 4000 a 5000 lux
50
iv
Figura 5.12. Microscopia óptica de contraste de fase das amostras dos
reatores em batelada mantidos no escuro
50
Figura 5.13. Resultados das análises de DGGE dos fragmentos dos
produtos de PCR amplificados com primers do Domínio Bacteria para as
amostras: I – inóculo; 1 – ensaio com 10 mmol/L de ácido acético; 2 –
ensaio com 17 mmol/L de ácido acético; 3 – ensaio com 0,04 g/L de
biomassa; 4 – ensaio mantido sob iluminação de 4000 a 5000 lux; 5 – ensaio
mantido no escuro
52
Figura 5.14. Crescimento celular da cultura de bactérias fototróficas
púrpuras não-sulfurosas, na presença de diferentes substratos orgânicos
54
Figura 5.15. Produção de hidrogênio pela cultura de bactérias fototróficas
púrpuras não-sulfurosas, na presença de diferentes substratos orgânicos
54
Figura 5.16. Predomínio de bacilos curvos aglomerados em formações de
roseta, em microscopia óptica de contraste de fase de amostras dos frascos
alimentados com: (a) acetato de sódio, (b) benzoato de sódio, (c) citrato de
sódio, (d) fenol, (e) lactato de sódio e (f) metanol
56
Figura 5.17. Predomínio de bacilos curvos aglomerados em formações de
roseta, em microscopia óptica de contraste de fase de amostras dos frascos
alimentados com: (a) piruvato de sódio e (b) propionato de sódio
57
Figura 5.18. Microscopia óptica de contraste de fase de amostra do frasco
alimentado com succinato de sódio
57
Figura 5.19. Predomínio de bacilos retos, em microscopia óptica de
contraste de fase de amostra do frasco alimentado com glutamato de sódio
57
Figura 5.20. Bacilos curvos aglomerados em formações de roseta, bacilos
retos e filamentos, em microscopia óptica de contraste de fase de amostras
dos frascos alimentados com: (a) butirato de sódio, (b) etanol, (c) frutose e
(d) glicose
58
Figura 5.21. Foto dos frascos utilizados no ensaio de caracterização
nutricional, mostrando as diferentes colorações da cultura em suspensão,
na presença de diferentes substratos orgânicos
59
v
LISTA DE TABELAS
Tabela 3.1 – Estudos sobre produção de hidrogênio por bactérias
fototróficas
19
Tabela 4.1 - Composição do meio de cultura ATCC 112 23
Tabela 4.2 - Composição do meio de cultura para produção de hidrogênio 24
Tabela 4.3 - Composição da solução traço de metais 24
Tabela 4.4 - Composição dos reatores anaeróbios utilizados nos ensaios de
produção de hidrogênio
29
Tabela 4.5 - Primers utilizados nas análises de PCR/DGGE 35
Tabela 4.6 - Programação do termociclador para amplificação dos
fragmentos do DNAr 16S
35
Tabela 5.1 – Resultados obtidos nos ensaios de produção de hidrogênio 48
Tabela 5.2 – Crescimento celular, produção de hidrogênio, morfologias
predominantes e coloração da cultura no ensaio de caracterização
nutricional
59
vi
LISTA DE ABREVIATURAS
ATP - adenosina trifosfato
CAT - ciclo dos ácidos tricarboxílicos
CO
2
– dióxido de carbono
CO
x
- óxidos de carbono
DGGE – eletroforese em gel de gradiente desnaturante
DNA – ácido desoxirribonucléico
DNAr – DNA ribossomal
FISH – hibridação in situ fluorescente
H
2
– gás hidrogênio
N
2
– gás nitrogênio
NH
3
– amônia
NH
4
+
- íon amônio
NO
x
- óxidos de nitrogênio
PCR – reação de polimerização em cadeia
pH – potencial hidrogeniônico
PHB - poli-β-hidroxibutirato
RNA – ácido ribonucléico
RNAr – RNA ribossomal
rpm – rotação por minuto
SO
x
- óxidos de enxofre
Tg - tempo de geração
µ - velocidade específica de crescimento
SUMÁRIO
RESUMO i
ABSTRACT ii
LISTA DE FIGURAS iii
LISTA DE TABELAS v
LISTA DE ABREVIATURAS vi
1 INTRODUÇÃO 1
2 OBJETIVOS 3
2.1 Objetivos específicos 3
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 4
3.1 Hidrogênio como combustível 4
3.2 Produção biológica de hidrogênio 5
3.2.1 Microrganismos produtores de hidrogênio 6
3.2.2 Enzimas envolvidas na produção biológica de hidrogênio 7
3.2.3 Aparato fotossintético 8
3.2.4 Esquema geral da produção fototrófica de hidrogênio 10
3.2.5 Substratos para produção fototrófica de hidrogênio 12
3.2.6 Sistema híbrido 16
4 MATERIAL E MÉTODOS 20
4.1 Fluxograma experimental 20
4.2 Composição e preparo do meio de cultura e soluções estoque 23
4.2.1 Meio de crescimento 23
4.2.2 Meio de cultura para produção de hidrogênio 23
4.2.3 Solução traço de metais 24
4.2.4 Solução de vitamina B
12
25
4.2.5 Solução de acetato de sódio 25
4.2.6 Solução de glutamato de sódio 25
4.2.7 Soluções estoque dos substratos orgânicos 26
4.3 Enriquecimento de bactérias fototróficas púrpuras não-sulfurosas 27
4.4 Enriquecimento em condições específicas para produção de hidrogênio 27
4.5 Curva-padrão de crescimento 27
4.6 Ensaios de produção de hidrogênio 29
4.7 Determinação da velocidade específica de crescimento e tempo de
geração
30
4.8 Caracterização nutricional 31
4.9 Análises cromatográficas 32
4.9.1 Determinação de hidrogênio 32
4.9.2 Determinação de ácido acético 33
4.10 Análise da intensidade luminosa 33
4.11 Análise da diversidade microbiana 34
4.11.1 Exames microscópicos 34
4.11.2 Análise de biologia molecular 34
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO 37
5.1 Ensaios de enriquecimento 37
5.2 Curva-padrão de crescimento 38
5.3 Ensaios de produção de hidrogênio 39
5.3.1 Exames microscópicos 49
5.3.2 Biologia molecular 51
5.4 Caracterização nutricional 52
6 CONCLUSÕES 61
7 RECOMENDAÇÕES 63
8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 64
APÊNDICE 1 – Curva-padrão de crescimento de bactéria fototrófica
púrpura não-sulfurosa
69
APÊNDICE 2 – Tempo de experimento, valores de absorbância e
concentração de massa seca obtidos nos reatores anaeróbios em batelada
70
APÊNDICE 3 – Tempo de experimento, área cromatográfica e valores de
hidrogênio acumulado no headspace dos reatores anaeróbios em batelada
73
APÊNDICE 4 – Tempo de experimento e consumo de ácido acético nos
reatores anaeróbios em batelada
75
APÊNDICE 5 – Determinação da velocidade específica de crescimento e
tempo de geração
78
APÊNDICE 6 – Determinação da velocidade máxima de produção de
hidrogênio nos reatores anaeróbios em batelada
80
APÊNDICE 7 – Valores de massa seca e produção de hidrogênio do ensaio
de caracterização nutricional
87
ANEXO 1 – Curva de calibração do hidrogênio 89
1
1 INTRODUÇÃO
Durante os últimos anos (1980-2004), quase 90% da demanda de energia mundial foi
satisfeita por combustíveis fósseis (INTERNATIONAL ENERGY ANNUAL, 2004). A
ampla utilização destes combustíveis está causando mudanças no clima global devido,
principalmente, a emissão de poluentes como óxidos de carbono (CO
x
), óxidos de nitrogênio
(NO
x
), óxidos de enxofre (SO
x
), fuligem e compostos orgânicos, que são liberados na
atmosfera durante a queima do combustível fóssil. O conhecimento da quantidade finita
destes combustíveis na Terra e seu uso indiscriminado têm estimulado o desenvolvimento de
novas fontes de energia menos poluentes e mais sustentáveis (DAS e VEZIROGLU, 2001).
Hidrogênio é considerado a energia limpa do futuro, pois gera somente água durante
sua combustão, apresenta elevada conversão de energia por unidade de massa e pode ser
convertido em energia elétrica, energia mecânica ou calor (KONDO et al., 2002). Prevê-se
que a contribuição de hidrogênio para o consumo de energia global aumentará
aproximadamente 50% ao final do século 21, devido ao desenvolvimento de eficientes
tecnologias de utilização do hidrogênio como combustível (HE et al., 2006).
Hidrogênio pode ser produzido por vários processos, incluindo eletrólise da água,
reforma termocatalítica de compostos orgânicos ricos em hidrogênio e processos biológicos.
Hidrogênio é produzido quase que exclusivamente pela reforma a vapor do metano (LEVIN et
al., 2004). A produção do hidrogênio (biohidrogênio), usando microrganismos, é uma
promissora área de desenvolvimento tecnológico a partir de ampla variedade de fontes
renováveis.
Bactérias fototróficas são indicadas na literatura corrente como um dos mais
promissores sistemas anoxigênicos para a produção biológica de hidrogênio. Os principais
benefícios são os seguintes: elevado potencial teórico de produção; ausência de produção de
oxigênio, o qual causa inativação de sistemas enzimáticos responsáveis pela produção de
2
hidrogênio; capacidade de utilização de amplo espectro de luz; habilidade no consumo de
substratos orgânicos derivados de resíduos e, conseqüentemente, potencial para ser usado em
associação com tratamento de águas residuárias (DAS e VEZIROGLU, 2001).
O processo de fermentação anaeróbia no tratamento de águas residuárias tem como
principais produtos o ácido acético e butírico. Pouco se sabe sobre a conversão destes ácidos a
hidrogênio por bactérias fototróficas, e se esta conversão seria vantajosa a fim de acoplar a
produção de energia com o tratamento de resíduos orgânicos. Dessa forma, este trabalho visou
avaliar a produção de hidrogênio por bactéria fototrófica púrpura não-sulfurosa em reator em
batelada, utilizando ácido acético como fonte de carbono.
3
2 OBJETIVOS
O objetivo principal deste trabalho foi avaliar a produção de hidrogênio por cultura
purificada de bactéria fototrófica púrpura não-sulfurosa em reator em batelada.
2.1 Objetivos específicos
Avaliar o efeito das concentrações iniciais de ácido acético e biomassa na
produção de hidrogênio por bactéria fototrófica púrpura não-sulfurosa;
Verificar a influência da intensidade luminosa na produção fototrófica de
hidrogênio, utilizando ácido acético como fonte de carbono;
Caracterizar a diversidade microbiana da cultura purificada de bactéria fototrófica
púrpura não-sulfurosa por meio de técnicas tradicionais de microbiologia e de
biologia molecular;
Avaliar o crescimento e a produção de hidrogênio da cultura purificada, na
presença de diferentes substratos orgânicos.
4
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
3.1 Hidrogênio como combustível
As necessidades de energia global são, na sua maioria, dependentes de combustíveis
fósseis (INTERNATIONAL ENERGY ANNUAL, 2004). Contudo, sabe-se que as reservas
desses combustíveis são escassas, e que esses compostos geram, como produto de sua
combustão, substâncias potencializadoras do efeito estufa. Logo, a percepção de que as
reservas de combustíveis fósseis são limitadas e de seus efeitos adversos ao ambiente têm nos
forçado a investigar fontes alternativas de energia.
Hidrogênio é o elemento mais abundante, compondo quase três quartos de toda a
massa do universo. Entretanto, hidrogênio não ocorre naturalmente como gás na Terra, mas
combinado com outros elementos, tais como oxigênio, carbono e nitrogênio. Para que o
hidrogênio possa ser utilizado como fonte energética, ele deve ser separado destes outros
elementos e extraído na sua forma molecular, ou seja, hidrogênio gasoso (H
2
).
Os vários processos de obtenção de hidrogênio incluem eletrólise da água, reforma
termocatalítica de compostos orgânicos ricos em hidrogênio e processos biológicos.
Entretanto, quase 95% do hidrogênio produzido provêm de reações do gás natural ou frações
de óleo com vapor a elevadas temperaturas (reforma a vapor), ou seja, a tecnologia
convencional de produção industrial de hidrogênio requer o consumo imediato ou indireto de
combustíveis fósseis, resultando em emissão de dióxido de carbono (CO
2
) e exaustão de
combustíveis (LEVIN et al., 2004).
Muitas pesquisas têm sido conduzidas no desenvolvimento de tecnologia de produção
de hidrogênio limpa, que dispensa a necessidade de combustíveis fósseis. Logo, o sistema de
produção global de hidrogênio, inicialmente baseado em combustíveis fósseis, está mudando
5
progressivamente em direção a fontes renováveis. Os pesquisadores exploram o uso de fontes
como luz solar e biomassa para produzir hidrogênio economicamente.
Segundo Momirlan e Veziroglu (2005), hidrogênio é usado, principalmente, na
manufatura de amônia, refinamento do petróleo e síntese de metanol. É também utilizado no
programa espacial da NASA (National Aeronautics and Space Administration) como
combustível de aeronaves espaciais, e em células que fornecem calor, eletricidade e água para
os astronautas. Além disso, há diversos estudos sobre a aplicação de hidrogênio na indústria
automobilística na forma de células combustíveis, dispositivos que convertem diretamente
hidrogênio em eletricidade, assim como para gerar energia elétrica em residências e
indústrias.
De acordo com He et al. (2006), a contribuição do hidrogênio para o consumo de
energia global aumentará aproximadamente 50% ao final do século 21, devido ao
desenvolvimento de eficientes tecnologias de uso final, tornando o hidrogênio o principal
abastecedor de energia. Entretanto, para este fim, será necessário que o hidrogênio seja
produzido de maneira renovável e em larga escala.
3.2 Produção biológica de hidrogênio
Processos de produção biológica do hidrogênio são considerados ambientalmente
corretos quando comparados aos processos termoquímicos e eletroquímicos. Processos
biológicos são, geralmente, controlados por organismos fotossintéticos ou fermentativos e
operados a temperatura e pressão ambientes, requerendo menores quantidades de energia.
Além disso, a produção biológica de hidrogênio não somente leva a novo caminho para
utilização de recursos como também facilita o tratamento de águas residuárias, uma vez que
pode utilizar ampla variedade de resíduos como fonte de carbono e energia (DAS e
VEZIROGLU, 2001).
6
3.2.1 Microrganismos produtores de hidrogênio
Vários microrganismos, tais como bactérias fototróficas anoxigênicas, cianobactérias,
algas ou bactérias fermentativas, são comumente utilizados para produção biológica de
hidrogênio. Entre estes, as bactérias fototróficas anoxigênicas são organismos potenciais para
produção em larga escala devido as suas elevadas eficiências de conversão e utilização de
variedade de substrato, tanto para crescimento, como para produção de hidrogênio (KOKU et
al., 2002).
As bactérias fototróficas anoxigênicas correspondem a grupo de microrganismos
metabolicamente diverso e amplamente distribuído em ambientes anaeróbios expostos à luz.
Os fototróficos anoxigênicos são semelhantes às plantas verdes por possuírem a habilidade de
converter a energia da luz em energia química para o crescimento. Entretanto, diferentemente
das plantas, não produzem oxigênio e, assim, são anoxigênicos. Além disso, possuem
bacterioclorofila, que absorve principalmente a luz infravermelha (máximo de absorção entre
800 e 925 nm), ao invés da luz vermelha de comprimento de onda curta (máximo de absorção
entre 430 e 680 nm) absorvida pela clorofila das plantas.
As células bacterianas também contêm carotenóides, pigmentos insolúveis em água
que absorvem a energia da luz e a transmitem à bacterioclorofila. A cor destes carotenóides é
a base para a divisão das bactérias fototróficas anoxigênicas em dois grupos principais: as
bactérias “púrpuras” (laranja a vermelho-púrpura) e as “verdes” (verde a marrom). Tais
bactérias são agrupadas, ainda, em relação à utilização de sulfetos, sendo divididas em
sulfubactérias, púrpuras e verdes, e bactérias púrpuras e verdes não sulfurosas (MADIGAN et
al., 2004).
A produção de hidrogênio dependente da luz realizada por bactéria fototrófica foi
primeiramente observada por Gest e Kamen (1949) em culturas de Rhodospirillum rubrum
Bactérias púrpuras não-sulforosas produzem hidrogênio e CO
2
por meio da decomposição
7
dependente da luz utilizando vários compostos orgânicos como doadores de elétrons para a
fotossíntese. Esta reação ocorre sob iluminação, na presença de atmosfera inerte, anaeróbia,
sob condições de limitação de nitrogênio, a partir da degradação de substratos orgânicos.
3.2.2 Enzimas envolvidas na produção biológica de hidrogênio
Todos os processos biológicos de produção de hidrogênio são fundamentalmente
dependentes da presença de enzima produtora de hidrogênio. Bactérias fototróficas têm sido
estudadas por sua capacidade de produzir hidrogênio através da ação de seu sistema
nitrogenase (HALLENBECK e BENEMANN, 2002).
A enzima nitrogenase normalmente reduz nitrogênio molecular (N
2
) a amônia (NH
3
),
mas também pode catalisar a produção de hidrogênio na ausência de N
2
, de acordo com a
reação:
2H
+
+ 2e
-
+ 4ATP H
2
+ 4ADP + 4P
i
(1)
A eficiência de operação da nitrogenase requer elevadas quantidades de adenosina
trifosfato (ATP) e poder de redução. Por esta razão, síntese e atividade desta enzima estão
sujeitas a controles regulatórios rigorosos. Um problema na aplicação de bactérias fototróficas
na produção de hidrogênio a partir de águas residuárias é como o íon amônio (NH
4
+
), que
geralmente está presente na composição dessas águas, afeta a produção, e como evitar seu
efeito inibitório, uma vez que NH
4
+
reprime a síntese da nitrogenase (ZHU et al., 2001).
Entretanto, esta inibição é reversível, e a nitrogenase recupera sua atividade quando o NH
4
+
é
consumido ou removido.
A presença de outra enzima, a hidrogenase, parece ser uma característica comum de
bactérias fototróficas (KALIA et al., 2003). Contudo, uma vez que a produção de hidrogênio é
atribuída principalmente a nitrogenase, a atividade de produção de hidrogênio pela
hidrogenase é desprezível. Esta enzima é geralmente aceita como “antagonista metabólico” da
8
nitrogenase, assumindo a função de consumidora de hidrogênio (HALLENBECK e
BENEMANN, 2002). Logo, a atividade da hidrogenase é crítica para a produção
fotoheterotrófica de hidrogênio, e são numerosos os esforços para eliminar a capacidade dos
organismos de sintetizar esta enzima, o que resulta, usualmente, em aumento na produção de
hidrogênio.
Ooshima et al. (1998) investigaram a produção de hidrogênio por Rhodobacter
capsulatus ST410, uma linhagem mutante da bactéria fototrófica Rhodobacter capsulatus
B100. A linhagem mutante ST410 exibiu carência da atividade hidrogenase e apresentou
produção de hidrogênio (3,3 L H
2
/L cultura) maior que a linhagem selvagem B100
(2,1 L H
2
/L
cultura), quando foram utilizados 30 mmol/L de malato e 7 mmol/L de glutamato
como fontes de carbono e nitrogênio, respectivamente, a 33ºC e intensidade luminosa de
6600 lux.
3.2.3 Aparato Fotossintético
A energia requerida para crescimento, bem como para a atividade de produção de
hidrogênio da nitrogenase são fornecidas pelo aparato fotossintético, que converte energia
luminosa em energia química (ATP). O aparato fotossintético é composto de um “complexo
antena” de dez a centenas de moléculas de pigmentos que absorvem luz e um “centro de
reação”, que consiste de uma molécula extremamente especializada a qual transforma energia
luminosa em energia química (AKKERMAN et al., 2002).
Oxigênio é o regulador primário da síntese do aparato fotossintético; sua presença
reprime imediatamente a síntese de moléculas de bacterioclorofila, que são responsáveis pela
absorção de luz. O efeito é reversível e a síntese é retomada assim que o oxigênio é eliminado.
A luz também controla a síntese, mas seu efeito não é tão efetivo quanto o do oxigênio. Em
9
atmosfera anaeróbia, o número de vesículas fotossintéticas produzidas varia inversamente
com a intensidade de luz incidente (KOKU et al., 2002).
A produção de hidrogênio é catalisada pela nitrogenase sob suprimento de ATP e
poder de redução, ambos fornecidos pelo sistema fotossintético. A eficiência de conversão de
energia luminosa a hidrogênio é o fator chave na produção de hidrogênio. Logo, a avaliação
dessa eficiência é necessária antes que tais sistemas possam ser aplicados em escala real.
Quando a luz penetra na suspensão celular e vai para o fundo do reator, sua
intensidade declina exponencialmente. Uma vez que a produção de hidrogênio depende da
disponibilidade de energia luminosa, a produção de hidrogênio decresce com aumento da
profundidade. Nakada et al. (1995) investigaram a saturação de luz e estimaram a taxa de
produção de hidrogênio e a eficiência de conversão a várias profundidades de penetração de
luz em reator, usando Rhodobacter sphaeroides RV e iluminação superficial. Os autores
demonstraram que a velocidade de produção de hidrogênio decresceu rapidamente com o
aumento da profundidade de penetração devido à distribuição heterogênea de luz.
Contudo, sob forte intensidade de luz (acima de 10.000 lux) ocorre saturação
luminosa, porque o sistema fotossintético fornece quantidades excessivas de ATP e poder de
redução
comparada à capacidade da nitrogenase. Esta é a razão porque a eficiência de
conversão decresce sob elevadas intensidades luminosas. Há, ainda, outra razão para a
redução da eficiência de conversão luminosa, nomeada “efeito sombreador”, no qual a
penetração de luz é limitada pelos pigmentos no sistema fotossintético, que estão presentes
em excesso para o crescimento celular (KONDO et al., 2002). Em ambos os mecanismos de
redução da eficiência de conversão, a quantidade de pigmentos é considerada essencial.
Barbosa et al. (2001) estudaram o efeito da intensidade luminosa na produção de
hidrogênio por três diferentes linhagens de bactérias fototróficas, utilizando acetato como
fonte de carbono. Os autores demonstraram que sob baixa intensidade luminosa
10
(40 µmol fótons/m
2
.s) ocorreu maior eficiência luminosa e menor produção de H
2
. De acordo
com os autores, a grande diferença entre eficiências luminosas quando baixa (40 µmol
fótons/m
2
.s)
e alta intensidade de luz (680 µmol fótons/m
2
.s)
são fornecidas deve ser devido
ao fato de que para altas intensidades luminosas nem toda luz é absorvida. A outra razão
poderia ser o fornecimento de energia em excesso da capacidade da enzima de produção de
hidrogênio (nitrogenase) quando a intensidade de luz é alta, levando à baixa eficiência de
conversão.
Um método promissor para suprimir saturação luminosa é reduzir os pigmentos
fotossintéticos dos complexos captadores de luz em células bacterianas. Kondo et al. (2002)
tentaram solucionar o problema de saturação luminosa produzindo linhagem mutante, MTP4,
com quantidade reduzida de pigmentos, a partir de uma linhagem selvagem de Rhodobacter
sphaeroides RV. Os autores utilizaram lactato de sódio (50 mmol/L) como fonte de carbono e
verificaram que a supressão da saturação de luz aumentou a taxa de produção de hidrogênio,
sob intensidade luminosa de 16.000 lux, a 30ºC por 24 horas. Logo, MTP4 foi capaz de
produzir mais hidrogênio que R. sphaeroides RV.
3.2.4 Esquema geral da produção fototrófica de hidrogênio
De acordo com Koku et al. (2002), o esquema geral de produção fototrófica de
hidrogênio pode ser descrito como na Figura 3.1. O substrato orgânico entra no ciclo dos
ácidos tricarboxílicos (CAT), ou ciclo do ácido cítrico, onde é oxidado para produzir CO
2
e
elétrons. Trabalhando em paralelo está o aparato da membrana fotossintética, o qual converte
a energia luminosa em ATP. Este ATP é encaminhado para a nitrogenase junto com os
prótons e elétrons. Prótons são fornecidos em parte pelo ciclo CAT, e o restante é fornecido
pela ação da ATP-sintase do aparato fotossintético. Finalmente, a nitrogenase reduz os
prótons a hidrogênio molecular. Hidrogenase funciona primariamente na direção de consumo
11
de hidrogênio, produzindo ATP, prótons e elétrons. A quantidade líquida de hidrogênio
produzido é, então, a quantidade produzida pela nitrogenase menos a consumida pela
hidrogenase.
Figura 3.1. Esquema geral de produção de hidrogênio por bactérias fototróficas púrpuras não-
sulfurosas
Fonte: Koku et al. (2002)
De acordo com o esquema descrito acima, a produção de hidrogênio por bactérias
fototróficas púrpuras não-sulfurosas acontece através da ação do ciclo do ácido cítrico
anaeróbio dependente da luz (ciclo CAT). Quando a nitrogenase é inibida ou reprimida, a
atividade do ciclo CAT é severamente limitada e caminhos alternativos, como a síntese de
polissacarídeos, podem ser seguidos. Efeito similar ocorre quando a relação
carbono/nitrogênio é baixa, resultando em acúmulo de amônia e inibição da nitrogenase
(KOKU et al., 2002).
elétrons
Aparato
fotossintético
Hidrogenase
H
+
, elétrons
H
+
fora da
membrana
luz
Ciclo TCA Nitrogenase
ATP
sintase
CO
2
H
2
H
2
H
2
H
+
H
+
Biossíntese
e produtos de
crescimento
substrato
ATP
elétrons
Aparato
fotossintético
Hidrogenase
H
+
, elétrons
H
+
fora da
membrana
luz
Ciclo TCA Nitrogenase
ATP
sintase
CO
2
H
2
H
2
H
2
H
+
H
+
Biossíntese
e produtos de
crescimento
substrato
ATP
Aparato
fotossintético
Hidrogenase
H
+
, elétrons
H
+
fora da
membrana
H
+
fora da
membrana
luz
Ciclo CAT Nitrogenase
ATP
sintase
CO
2
H
2
H
2
H
2
H
+
H
+
Biossíntese
e produtos de
crescimento
substrato
ATP
Nitrogenase
ATP
sintase
CO
2
H
2
H
2
H
2
H
+
H
+
Biossíntese
e produtos de
crescimento
substrato
Biossíntese
e produtos de
crescimento
substrato
12
Entre os processos metabólitos alternativos à produção de hidrogênio tem-se a
formação do material de reserva, poli-β-hidroxibutirato (PHB), particularmente importante do
ponto de vista de desenvolvimento do processo, uma vez que o PHB tem valor econômico
como polímero biodegradável.
Vincenzini et al. (1997) estudaram a viabilidade do processo de fotoprodução de
hidrogênio molecular e material de reserva celular (poli-β-hidroxibutirato, PHB), utilizando
culturas semi-contínuas em batelada de Rhodopseudomonas palustris 42OL em condições de
limitação de nitrogênio, a 30°C e contínua iluminação com lâmpada incandescente de
1000 W. A condição de limitação de nitrogênio estimula não só a produção de H
2
dependente
da nitrogenase, como também o acúmulo intracelular de reservas de carbono. Sob tal
condição, R. palustris converteu preferencialmente o substrato malato (7 g/L) em H
2
,
enquanto que o acúmulo de PHB teve importância relativamente menor.
3.2.5 Substratos para produção fototrófica de hidrogênio
Bactérias fototróficas púrpuras não-sulforosas são capazes de utilizar ampla variedade
de substratos como fontes de carbono e nitrogênio. Embora estes substratos possam ser
utilizados para crescimento, somente uma porção deles está disponível para produção de
hidrogênio. Em geral, os substratos preferidos são ânions de ácidos orgânicos tais como
lactato e malato. Os caminhos metabólicos de utilização são extensos e podem diferir entre
espécies ou entre diferentes linhagens da mesma espécie (KOKU et al., 2002).
Dois critérios são freqüentemente usados para avaliar o desempenho da produção de
hidrogênio a partir de um substrato específico. O primeiro refere-se à velocidade de produção
de hidrogênio (quantidade/tempo) com base na concentração de biomassa ou peso seco
bacteriano. O segundo refere-se à eficiência de conversão do substrato, ou seja, quanto foi
utilizado para produção de hidrogênio e não para crescimento ou biossíntese. Este último é a
13
razão entre mols reais de hidrogênio produzidos pela quantidade teórica que teria sido obtida
se todo o substrato fosse utilizado para produção de hidrogênio e dióxido de carbono, de
acordo com a seguinte reação hipotética:
C
x
H
y
O
z
+ (2x – z)H
2
O (y/2 + 2x – z)H
2
+ xCO
2
(2)
Zürrer e Bachofen (1979) estudaram a produção fototrófica de hidrogênio em culturas
em batelada de Rhodospirillum rubrum S-1, a 30°C e intensidade luminosa de 10.000 lux.
Velocidades de produção de 0,065 L H
2
/L.h foram alcançadas, utilizando glutamato
(15 mmol/L) como fonte de nitrogênio e lactato (50 mmol/L) como doador de elétrons.
Fedorov et al. (1998) avaliaram a produção de hidrogênio por Rhodobacter
sphaeroides GL-1 imobilizada em espuma de poliuretano, em reator de fluxo contínuo, com
ácido lático (40 mmol/L) como fonte de carbono. A velocidade de produção foi
0,061 L
H
2
/L.h, com eficiência de conversão de 86% de ácido lático, sob intensidade luminosa
de 16.000 lux. De acordo com os autores, geralmente, as velocidades volumétricas de
produção de hidrogênio por células imobilizadas são maiores que por células livres. Os
autores concluíram que a espuma de poliuretano é uma matriz apropriada para imobilizar
bactéria púrpura para produção de hidrogênio, contudo a principal desvantagem residiu na
lentidão do procedimento de imobilização.
Eroglu et al. (1999) investigaram o efeito das concentrações iniciais de ácido málico
(7,5; 15 e 30 mmol/L) e glutamato de sódio (1, 2 e 10 mmol/L) na produção de hidrogênio por
Rhodobacter sphaeroides O.U.001. Fotobiorreator de coluna, que consistia de cilindro de
vidro com volume interno de 400 mL, foi operado a 32°C e iluminado com lâmpada de
tungstênio à intensidade luminosa de 10.000 lux. Os autores observaram que excesso de
glutamato de sódio (10 mmol/L) intensificou o crescimento celular, porém inibiu a produção
de hidrogênio. Todavia, elevadas concentrações de ácido málico (30 mmol/L) e reduzidas
concentrações de glutamato de sódio (1 mmol/L) aumentaram, tanto o crescimento celular,
14
como a produção de hidrogênio. A máxima velocidade de produção de hidrogênio observada
foi 0,01 L H
2
/L.h, com meio de crescimento contendo concentrações iniciais de 15 mmol/L de
ácido málico e 2 mmol/L de glutamato de sódio.
Barbosa et al. (2001) utilizaram quatro diferentes ácidos orgânicos de cadeia curta,
lactato (50 mmol/L), malato (15 mmol/L), acetato (6, 11 e 22 mmol/L) e butirato
(27 mmol/L), como fonte de carbono para produção de hidrogênio, e três diferentes linhagens
de bactérias fototróficas: Rhodopseudomonas sp., Rhodopseudomonas palustris e uma
linhagem não-identificada, em reatores em batelada. Os experimentos foram realizados a
30°C e a fonte de nitrogênio utilizada foi glutamato de sódio (0,8 mmol/L). Duas lâmpadas de
halogênio/tungstênio foram colocadas em lados opostos dos reatores, sendo as intensidades
luminosas estudadas de 40 e 600 µmol fótons/m
2
.s. As maiores eficiências de conversão
(72,8%) e velocidade de produção de hidrogênio (0,025 L H
2
/L.h) foram atingidas por
Rhodopseudomonas sp. com acetato (22 mmol/L) como fonte de carbono.
Fang et al. (2005) utilizaram como substrato para produção fototrófica de hidrogênio
acetato (10 a 50 mmol/L) e butirato (10 a 60 mmol/L), que são os principais produtos da
fermentação. Por meio de experimentos em batelada foram avaliados os efeitos do pH inicial
(entre 5,0 e 10,0) e das concentrações individuais dos substratos na produção de hidrogênio.
Os experimentos foram conduzidos a 32°C e sob intensidade luminosa de 10.000 lux. Foram
obtidas como máximas produções 2,5 mol H
2
/mol acetato em pH inicial 8,0 tratando
10 mmol/L de acetato e 3,7 mol H
2
/mol butirato em pH inicial 9,0 tratando 10 mmol/L de
butirato. As análises do perfil das bandas de DGGE de fragmentos de DNAr 16S e imagens de
FISH, revelaram a predominância de bactérias semelhantes a Rhodobacter capsulatus com
mais de 80% de abundância relativa, na biomassa utilizada para produção fototrófica de
hidrogênio.
15
Quatro diferentes linhagens mutantes de Rhodobacter capsulatus (IR1, IR3, IR4 e
JP91) foram testadas por He et al. (2005) por sua habilidade em produzir hidrogênio. Foram
utilizados fotobiorreatores (3,5 L) com lactato (30 mmol/L) e glutamato (5 mmol/L) como
fontes de carbono e nitrogênio, respectivamente. A temperatura foi controlada a 30°C e a
iluminação foi fornecida por duas lâmpadas incandescentes de 120 W cada, dispostas a
distância de 1 m dos reatores. A linhagem IR3 foi a que apresentou maior produção de
hidrogênio, com eficiência de conversão de substrato de 84,8% e produção de 3,9 L H
2
/L de
cultura.
A produção biológica de hidrogênio vem sendo amplamente estudada, uma vez que
não consome recursos fósseis. Sendo assim, é de importância considerável a utilização de
substratos complexos, como águas residuárias, uma vez que a produção de energia e o
tratamento dessas águas podem ocorrer simultaneamente.
A fotoprodução de hidrogênio por células de Rhodopseudomonas palustris e
Rhodospirillum molischianum, imobilizadas em gel de ágar, foi investigada por Vincenzini et
al. (1982). Os reatores foram iluminados com lâmpadas de tungstênio a 5500 lux. Foram
utilizados efluentes de refinaria de açúcar e de indústria de papel como doadores de elétrons.
As máximas produções foram de 2,2 e 2,6 L H
2
/L cultura, para R. palustris e R. molischianum
respectivamente, a partir do efluente de indústria de papel.
Sasikala et al. (1992) utilizaram água residuária diluída (10% v/v) proveniente de
destilaria e verificaram produção de hidrogênio de 0,996 L H
2
/L com cultura de Rhodobacter
sphaeroides O.U.001 com células planctônicas e 3,094 L H
2
/L com células imobilizadas em
alginato de cálcio. Segundo os autores, o crescimento e a produção de hidrogênio por células
planctônicas são inibidos se a concentração de água residuária for maior que 10% devido às
elevadas concentrações de substrato, resultando em estresse osmótico e/ou presença de
inibidores. Contudo, quando se utilizou célula imobilizada houve atenuação da inibição,
16
devido a concentrações relativamente menores dos constituintes da água residuária em função
da difusão do substrato na matriz na qual as células estavam imobilizadas.
Produção de hidrogênio a partir de água residuária de produção de queijo de soja
(tofu) foi examinada por Zhu et al. (1999) utilizando bactéria fototrófica anoxigênica
Rhodobacter sphaeroides RV imobilizada em gel de agar. Células foram cultivadas em
condições de anaerobiose e sob iluminação de lâmpadas de tungstênio com intensidade
luminosa na superfície do gel de 8000 lux. A produção de hidrogênio foi acompanhada até
120 h, e atingiu rendimento de 1,9 L H
2
/L cultura, o que correspondeu a quase 15% da
máxima produção teórica a partir da água residuária utilizada. De acordo com os autores, a
imobilização protegeu a produção de hidrogênio da inibição por amônio, uma vez que a
difusão deste na matriz do gel foi dificultada.
Yetis et al. (2000) utilizaram água residuária de refinamento de açúcar (sugar refinery
wastewater – SRWW) como fonte de carbono para produção de hidrogênio por Rhodobacter
sphaeroides O.U.001, em experimentos em batelada. A temperatura foi mantida a 32°C e a
intensidade luminosa em 10.000 lux na superfície externa dos reatores. Os autores obtiveram
nenhuma ou pouca produção de hidrogênio sob diferentes diluições de água residuária,
entretanto, quando malato foi adicionado à água residuária diluída a 20%, para ajustar o
conteúdo de carbono a 70 mmol/L, obteve-se máxima produção de 2,67 L H
2
/L de cultura.
Os resultados obtidos demonstram a possibilidade de utilizar bactérias fototróficas
anoxigênicas em processos de produção de hidrogênio concomitante ao tratamento de águas
residuárias.
3.2.6 Sistema híbrido
Abordagem promissora para altas taxas de produção de hidrogênio a partir de águas
residuárias é o pré-tratamento dos resíduos por fermentação acidogênica, a fim de produzir
17
substratos favoráveis à produção fototrófica. Em tal sistema, também conhecido como
híbrido, a fermentação anaeróbia de resíduos orgânicos produz intermediários como ácidos
orgânicos de baixa massa molecular, que são então convertidos a hidrogênio por bactérias
fototróficas à custa de energia luminosa, em uma segunda etapa.
Fascetti et al. (1998) cultivaram células de Rhodobacter sphaeroides RV em soluções
contendo lactato, derivadas da acidogênese de resíduos sólidos municipais. Os experimentos
mostraram que a solução ácida obtida de tal rejeito foi substrato adequado para o crescimento
de R. sphaeroides. Todavia, a produção de hidrogênio requereu adição de microelementos
externos, tais como ferro e, principalmente, molibdênio. Quando estes elementos estiveram
presentes, reatores operados com tempo de detenção hidráulica (TDH) de 25 h, temperatura
de 30°C, pH 7,2 e iluminação contínua de 10.000 lux, obtiveram produção estável de
hidrogênio durante 8 a 10 dias com velocidade de 100 mL H
2
/g peso seco.h.
Yokoi et al. (1998) observaram a produção de hidrogênio por cultura em batelada de
duas fases, composta por Clostridium butyricum e Rhodobacter sp. M-19, e também por
cultura mista de C. butyricum e Rhodobacter sp. M-19, ambas cultivadas anaerobiamente a
30°C e sob iluminação de 5000 lux. Foram obtidos rendimentos de 3,6 mol H
2
/mol glicose e
6,6 mol H
2
/mol glicose para cultura de duas fases e cultura mista, respectivamente, indicando
a superioridade da segunda sobre a primeira.
Efetiva produção de hidrogênio a partir de água residuária contendo amido foi
investigada por Yokoi et al. (2002) utilizando Clostridium butyricum, Enterobacter aerogenes
e Rhodobacter sp. M-19. A bactéria fototrófica Rhodobacter sp. M-19 foi cultivada a 35°C,
sob iluminação de 5000 lux, por lâmpadas incandescentes. Foram realizados ensaios em
batelada com cultura mista de Clostridium butyricum e Enterobacter aerogenes em água
residuária contendo amido, sendo, posteriormente, o sobrenadante desta cultura utilizado
como fonte de carbono nos ensaios em batelada com Rhodobacter sp. M-19. Totalizando as
18
produções individuais alcançadas pelas culturas, obteve-se rendimento total de
7,2 mol H
2
/mol glicose.
Na Tabela 3.1 estão descritos os resumos dos trabalhos sobre produção de hidrogênio
por bactérias fototróficas anoxigênicas. Cabe ressaltar a dificuldade de padronização de
unidades com relação à máxima produção de hidrogênio obtida em cada trabalho, uma vez
que cada autor utiliza diferentes unidades de medida e, em alguns trabalhos os dados
fornecidos são insuficientes para realização de conversão de unidades.
19
Tabela 3.1 – Estudos sobre produção de hidrogênio por bactérias fototróficas
Organismo Fonte de
carbono
Fonte de
nitrogênio
Temp
(°C)
Luz Reator Máxima
produção de H
2
Referência
Rhodospirillum
rubrum S-1
Lactato
(50
mmol/L)
Glutamato
(15
mmol/L)
30 10000
lux
Batelada 0,065 L H
2
L
-1
h
-1
Zürrer &
Bachofen
(1979)
Rhodobacter
sphaeroides GL-1
Ác. lático
(40
mmol/L)
(NH
4
)
2
SO
4
(4
mmol/L)
31 16000
lux
Fluxo
contínuo
0,061 L H
2
L
-1
h
-1
Federov et
al. (1998)
Rhodobacter
sphaeroides
O.U.001
Ác.
málico
(7,5; 15 e
30
mmol/L)
Glutamato
(1; 2 e 10
mmol/L)
32 10000
lux
Coluna 0,01 L H
2
L
-1
h
-1
Eroglu et
al. (1999)
Rhodopseudomonas
sp.
Rhodopseudomonas
palustris
Linhagem não-
identificada
Lactato
(50
mmol/L)
Malato
(15
mmol/L)
Acetato
(6; 11 e 22
mmol/L)
Butirato
(27
mmol/L)
Glutamato
(0,8
mmol/L)
30 40 e
600
µmol
fótons
m
-2
s
-1
Batelada 0,025 L H
2
L
-1
h
-1
Barbosa et
al. (2001)
Cultura fototrófica
mista
Acetato
(10 a 50
mmol/L)
Butirato
(10 a 60
mmol/L)
____ 32 10000
lux
Batelada 2,5 mol H
2
/mol
acetato
3,7 mol H
2
/mol
butirato
Fang et al.
(2005)
Rhodobacter
capsulatus
Lactato
(30
mmol/L)
Glutamato
(5
mmol/L)
30 240W Batelada 3,9 L H
2
L
-1
cultura
He et al.
(2005)
Rhodopseudomonas
palustris
Rhodospirillum
molischianum
Efluente
de
indústria
de papel
_____ 30 5500
lux
Gel de ágar 2,2 L H
2
L
-1
cultura
2,6 L H
2
L
-1
cultura
Vincenzini
et al.
(1982)
Rhodobacter
sphaeroides
O.U.001
Efluente
de
destilaria
_____ 30 3000
lux
Céls. livres/
imobilizadas
alginato de
cálcio
0,996 L H
2
L
-1
cultura
3,094 L H
2
L
-1
cultura
Sasikala et
al. (1992)
Rhodobacter
sphaeroides RV
Efluente
de usina
de soja
_____ 30 8000
lux
Gel de ágar 1,9 L H
2
L
-1
cultura
Zhu et al.
(1999)
Rhodobacter
sphaeroides
O.U.001
Efluente
de
refinaria
de açúcar
_____ 32 10000
lux
Batelada 2,67 L H
2
L
-1
cultura
Yetis et al.
(2000)
20
4 MATERIAL E MÉTODOS
4.1 Fluxograma experimental
Para a realização dos experimentos foi utilizado, como inóculo, bactéria fototrófica
púrpura não-sulfurosa previamente purificada por Saavedra et al. (2005), proveniente da lagoa
de estabilização anaeróbia de Cajati, Vale do Ribeira (São Paulo – Brasil).
As atividades experimentais realizadas neste trabalho estão descritas cronologicamente
na Figura 4.1. O inóculo foi enriquecido em meio ATCC 112 (VAN NIEL, 1944) específico
para bactérias fototróficas púrpuras não-sulfurosas. Após crescimento microbiano, foi
realizada lavagem da biomassa, por centrifugação para retirada de compostos intermediários
do final do crescimento celular. O inóculo foi então enriquecido novamente, porém em
condições específicas para produção de hidrogênio (meio FANG et al., 2005), com a
finalidade de adaptar a cultura as novas condições de cultivo.
Para medida de crescimento foi realizado ensaio relacionando massa seca celular e
densidade óptica. Os ensaios de produção de hidrogênio foram realizados em triplicata de
reatores em batelada. Para avaliar a influência da concentração inicial de ácido acético como
fonte de carbono na produção de hidrogênio, os reatores foram suplementados com ácido
acético nas concentrações 10 mmol/L e 17 mmol/L. Para verificar a influência da biomassa
inicial, foram realizados ensaios em batelada utilizando-se inóculo nas concentrações de
0,02 g/L e 0,04 g/L. Ensaios em batelada também foram realizados a fim de se verificar a
influência da luminosidade na produção de hidrogênio, sendo os reatores mantidos sob
intensidade luminosa de 9000 a 10.000 lux, 4000 a 5000 lux, ou mantidos no escuro.
Para verificar o comportamento da comunidade microbiana nos reatores em batelada
foram realizados, ao longo do tempo, exames de microscopia óptica de contraste de fase, além
do acompanhamento temporal, por cromatografia gasosa, do consumo de ácido acético e
21
produção de gás hidrogênio. O crescimento celular foi verificado por meio da leitura de
absorbância (660 nm) e do cálculo de massa seca utilizando-se a curva-padrão de
crescimento. Determinou-se a velocidade específica de crescimento (µ) e tempo de geração da
cultura, de acordo com Vareshe (1997). A caracterização da diversidade microbiana da
cultura purificada de bactéria fototrófica púrpura não-sulfurosa foi realizada por meio da
técnica do PCR/DGGE.
Ensaio de caracterização nutricional foi realizado em batelada, com a finalidade de se
avaliar o crescimento e a produção de hidrogênio da cultura purificada, na presença de
diferentes substratos orgânicos, na concentração de 20 mmol/L cada, como acetato de sódio,
benzoato de sódio, butirato de sódio, citrato de sódio, etanol, fenol, frutose, glicose, glutamato
de sódio, lactato de sódio, metanol, piruvato de sódio, propionato de sódio e succinato de
sódio. Nestes ensaios, foram realizadas análises de crescimento celular, por meio da leitura de
absorbância (660 nm) e cálculo de massa seca utilizando-se a curva-padrão de crescimento, e
produção de gás hidrogênio por cromatografia gasosa, após 384 h de operação. Também foi
realizado exame de microscopia óptica de contraste de fase para caracterização morfológica.
Todos os frascos foram mantidos, após inoculação da cultura, em câmara de
germinação a 30 ± 1°C. Para iluminação foram usadas lâmpadas fluorescentes de 20 W, e a
intensidade luminosa foi medida utilizando-se luxímetro.
22
Figura 4.1. Fluxograma experimental
23
4.2 Composição e preparo do meio de cultura e soluções estoque
4.2.1 Meio de crescimento
O meio utilizado para crescimento da cultura foi o meio ATCC 112 (VAN NIEL,
1944), o qual foi preparado pela dissolução dos componentes em água ultrapurificada, na
ordem apresentada na Tabela 4.1. O pH foi ajustado a 7,0-7,2 com solução 1 mol/L de
hidróxido de sódio. Após esse procedimento, o meio foi mantido sob atmosfera de nitrogênio
(99,999%) durante 20 minutos. Ainda, sob fluxo desse gás, o meio foi distribuído em frascos
de antibiótico de 100 mL, com volume útil de 50 mL. Então, os frascos foram fechados com
tampas de butila, lacrados com selos de alumínio e esterilizados por autoclavação a 121°C e
1 atm, por 20 minutos.
Tabela 4.1 - Composição do meio de cultura ATCC 112
Componentes Quantidade –q.s.p. 1000 mL de água
ultrapurificada
K
2
HPO
4
1,0 g
MgSO
4
0,5 g
Extrato de levedura 10,0 g
Fonte: Van Niel (1944)
4.2.2 Meio de cultura para produção de hidrogênio
O meio utilizado nos ensaios de produção de hidrogênio foi preparado pela dissolução
dos componentes em água ultrapurificada, de acordo com a ordem apresentada na Tabela 4.2.
O pH foi ajustado a 7,0-7,2 com solução 1 mol/L de hidróxido de sódio. Posteriormente, o
meio foi esterilizado por filtração utilizando sistema Millipore e membrana 0,22 µm,
previamente esterilizados por autoclavação; depois distribuído em reatores, sob atmosfera de
hélio (99,999%).
24
Tabela 4.2 - Composição do meio de cultura para produção de hidrogênio
Componentes Quantidade –q.s.p. 1000 mL de água
ultrapurificada
KH
2
PO
4
500 mg
MgSO
4
.7H
2
O 400 mg
NaCl 400 mg
CaCl
2
.2H
2
O 50 mg
Fe(III)-citrato 3,9 mg
Solução traço de metais 20 mL
Solução vitamina B
12
1 mL
Fonte: Fang et al. (2005)
4.2.3 Solução traço de metais
A solução traço de metais, adicionada ao meio de cultura para produção de hidrogênio,
foi preparada pela dissolução dos componentes em água ultrapurificada, de acordo com a
ordem apresentada na Tabela 4.3. Após homogeneização da solução, introduziu-se, por 20
minutos, atmosfera de nitrogênio (99,999%). Depois, a solução foi distribuída em frascos de
antibiótico, também sob atmosfera de N
2
. Os frascos foram fechados, lacrados, esterilizados
por autoclavação a 121°C e 1 atm por 20 minutos e, então, armazenados sob refrigeração.
Tabela 4.3 - Composição da solução traço de metais
Componentes Quantidade –q.s.p. 1000 mL de água
ultrapurificada
H
3
BO
3
30 mg
Na
2
MoO
4
.2H
2
O 3 mg
ZnSO
4
.7H
2
O 10 mg
CoCl
2
.6H
2
O 20 mg
CuCl
2
.2H
2
O 1 mg
MnCl
2
.4H
2
O 3 mg
NiCl
2
.6H
2
O 2 mg
Fonte: Fang et al. (2005)
25
4.2.4 Solução de vitamina B
12
A solução estoque de vitamina B
12
foi preparada pela dissolução de 40 mg desse
reagente em 1000 mL de água ultrapurificada. Após homogeneização da solução, introduziu-
se, por 20 minutos, atmosfera de nitrogênio (99,999%). Posteriormente, o meio foi
esterilizado por filtração utilizando sistema Millipore e membrana 0,22 µm, previamente
esterilizados por autoclavação. A solução foi distribuída em frascos de antibiótico, sob fluxo
de N
2
e, então, armazenada sob refrigeração.
4.2.5 Solução de acetato de sódio
A solução estoque de acetato de sódio foi preparada através da dissolução de 41 g de
acetato de sódio em 1000 mL de água ultrapurificada. Após homogeneização da solução,
introduziu-se, por 10 minutos, atmosfera de nitrogênio (99,999%). A solução foi distribuída
em frascos de antibiótico, também sob fluxo de N
2
. Os frascos foram fechados, lacrados,
esterilizados por autoclavação a 121°C e 1 atm por 20 minutos e, então, armazenados em
temperatura ambiente.
4.2.6 Solução de glutamato de sódio
A solução estoque de glutamato de sódio foi preparada através da dissolução de 15,0 g
de glutamato de sódio em 1000 mL de água ultrapurificada. Após a homogeneização da
solução, introduziu-se, por 10 minutos, atmosfera de nitrogênio (99,999%). A solução foi
distribuída em frascos de antibiótico, sob atmosfera do mesmo gás. Os frascos foram
fechados, lacrados, esterilizados por autoclavação a 121°C e 1 atm por 20 minutos e, então,
armazenados em temperatura ambiente.
26
4.2.7 Soluções estoque dos substratos orgânicos
As soluções estoque dos substratos orgânicos utilizados no ensaio de caracterização
nutricional foram preparadas como descrito a seguir.
As soluções de benzoato de sódio, butirato de sódio, citrato de sódio, frutose, glicose,
piruvato de sódio, propionato de sódio e succinato de sódio foram preparadas pela dissolução,
separadamente, de 2,9 g; 2,2 g; 5,9 g; 3,6 g; 3,6 g; 2,2 g; 1,9 g e 5,4 g; respectivamente, dos
compostos, em balões volumétricos de 100 mL, completados com água ultrapurificada. Após
homogeneização, as soluções foram distribuídas em frascos de antibiótico, sob atmosfera de
N
2
(99,999%). As soluções foram esterilizadas em autoclave e armazenadas em temperatura
ambiente.
A solução de lactato de sódio foi preparada pela neutralização de 1,6 mL de ácido
lático (91%) com 0,8 g de hidróxido de sódio (NaOH). Após essa reação, completou-se balão
volumétrico de 100 mL com água ultrapurificada. Depois, a solução foi distribuída em frasco
de antibiótico, sob atmosfera de N
2
(99,999%), autoclavada e armazenada em temperatura
ambiente.
A solução de fenol foi preparada pela adição de 1,9 g de fenol e 0,8 g de hidróxido de
sódio (NaOH), em balão volumétrico de 100 mL, sendo o volume completado com água
ultrapurificada. Posteriormente, a solução foi distribuída em frasco de antibiótico, sob
atmosfera de N
2
(99,999%), autoclavada e armazenada em temperatura ambiente.
As soluções de etanol e metanol foram preparadas adicionando-se 1,2 mL e 0,8 mL
desses compostos, respectivamente, em balões volumétricos de 100 mL, sendo o volume
completado com água ultrapurificada. Após, as soluções foram armazenadas em temperatura
ambiente.
27
4.3 Enriquecimento de bactérias fototróficas púrpuras não-sulfurosas
O inóculo foi enriquecido em meio específico para bactérias fototróficas, meio ATCC
112, de acordo com Van Niel (1944), e acetato de sódio na concentração 10 mmol/L. Foram
utilizados frascos de antibiótico de 100 mL, com volume útil de 50 mL. Após inoculação da
cultura, na concentração de 10% (v/v), os frascos foram incubados sob atmosfera de He
(99,999%), mantidos em câmara de germinação a 30 ± 1ºC, sob iluminação de 9000 a
10.000 lux.
4.4 Enriquecimento em condições específicas para produção de hidrogênio
Após crescimento microbiano, foi realizada lavagem da biomassa, a fim de separar
células viáveis de meio de cultura e restos celulares, centrifugando-a a 10.000 rpm e 20°C,
durante 5 minutos. O sobrenadante foi então descartado e o pellet ressuspendido em meio
específico segundo Fang et al. (2005).
Posteriormente à lavagem da biomassa, o inóculo foi enriquecido novamente, porém
em condições específicas para produção de hidrogênio, com a finalidade de adaptar a cultura
as novas condições de cultivo. Nesta etapa, foram utilizados frascos de Duran de 1000 mL,
com volume útil de 500 mL, aos quais adicionou-se meio Fang et al. (2005), acetato de sódio
(10 mmol/L), glutamato de sódio (0,8 mmol/L) e cultura previamente lavada (10% v/v). Os
frascos foram, então, incubados sob atmosfera de He (99,999%) e mantidos em câmara de
germinação a 30 ± 1ºC, sob iluminação de 9000 a 10.000 lux.
4.5 Curva-padrão de crescimento
Para medida de crescimento foi realizado ensaio para relacionar massa seca e
densidade óptica (660 nm). Para tal, foram utilizados frascos de Duran de 5000 mL, sendo
1000 mL de headspace preenchido com He (99,999%), e 4000 mL de meio de reação
28
(Figura 4.2), os quais foram preenchidos com meio de cultura específico (FANG et al., 2005),
acetato de sódio (10 mmol/L), glutamato de sódio (0,8 mmol/L) e inóculo (10% v/v). Após
inoculação da cultura, os frascos foram incubados sob atmosfera de He (99,999%), mantidos
em câmara de germinação a 30 ± 1ºC, sob iluminação de 9000 a 10.000 lux. A cada 24 horas,
foram retiradas amostras para análise de absorbância, de acordo com Standard Methods for
Examination of Water and Wastewater (1998), e de massa seca, segundo metodologia
adaptada de Kondo et al. (2002). Para esta última análise, foram retirados 45 mL de amostra,
a qual foi centrifugada (20°C; 10.000 rpm; 5 min); posteriormente, o sobrenadante foi
descartado e o pellet ressuspendido em água destilada. Então, este foi transferido para
cápsulas de porcelana calcinadas e, previamente pesadas, as quais foram mantidas em estufa a
110°C, até seu peso tornar-se constante.
A obtenção desta curva padrão de crescimento deveu-se à restrição de volume a ser
retirado dos reatores nos ensaios de produção de hidrogênio. Sendo assim, a medida de
crescimento foi obtida por meio da densidade óptica em espectrofotômetro a 660 nm e,
utilizando-se a curva padrão, obteve-se a massa seca em g/L.
Figura 4.2. Reator em batelada (5000 mL)
He (1L)
Meio de reação (4L)
29
4.6 Ensaios de produção de hidrogênio
Os ensaios de produção de hidrogênio foram realizados em reatores em batelada, em
triplicata, de acordo com a Tabela 4.4. Foram utilizados frascos de Duran de 2000 mL, sendo
1000 mL de headspace preenchido com He (99,999%), e 1000 mL de meio de reação
(Figura 4.3).
Tabela 4.4 - Composição dos reatores anaeróbios utilizados nos ensaios de produção de hidrogênio
Ensaio Meio de
cultura
Ácido
acético
(mmol/L)
Glutamato
de sódio
(mmol/L)
Biomassa
inicial
(g/L)
Temperatura
(°C)
Iluminação
(lux)
1
Fang et al.
(2005)
10 0,8 0,02 30 ± 1 9000 a
10.000
2
Fang et al.
(2005)
17 0,8 0,02 30 ± 1 9000 a
10.000
3
Fang et al.
(2005)
18 0,8 0,04 30 ± 1 9000 a
10.000
4
Fang et al.
(2005)
22 0,8 0,04 30 ± 1 4000 a
5000
5
Fang et al.
(2005)
22 0,8 0,04 30 ± 1 Ausência
de luz
Figura 4.3. Reator anaeróbio em batelada
He (1L)
Meio de reação (1L)
30
Para avaliar a influência da concentração inicial de ácido acético como fonte de
carbono na produção de hidrogênio, os reatores foram alimentados com as seguintes
condições: meio de cultura específico (FANG et al., 2005), glutamato de sódio (0,8 mmol/L)
como fonte de nitrogênio, inóculo (0,02 g/L), e ácido acético (10 mmol/L e 17 mmol/L,
separadamente). Após inoculação da cultura, os frascos foram incubados sob atmosfera de He
(99,999%) e mantidos em câmara de germinação a 30 ± 1ºC, sob iluminação de 9000 a
10.000 lux.
Para verificar a influência da biomassa inicial na produção de hidrogênio, foram
realizados ensaios em batelada utilizando-se as seguintes condições: meio Fang et al. (2005),
glutamato de sódio (0,8 mmol/L), ácido acético (18 mmol/L), e inóculo nas concentrações de
0,02 g/L e 0,04 g/L. Após inoculação da cultura, os frascos foram incubados sob atmosfera de
He (99,999%) e mantidos em câmara de germinação a 30 ± 1ºC, sob iluminação de 9000 a
10.000 lux.
Ensaios em batelada também foram realizados a fim de se verificar a influência da
intensidade luminosa na produção de hidrogênio. Os reatores foram preenchidos com meio
Fang et al. (2005), glutamato de sódio (0,8 mmol/L), ácido acético (22 mmol/L) e inóculo na
concentração 0,04 g/L. Após inoculação da cultura, os frascos foram incubados sob atmosfera
de He (99,999%) e mantidos em câmara de germinação a 30 ± 1ºC, sob iluminação de 9000 a
10.000 lux, 4000 a 5000 lux, ou na ausência de luz.
4.7 Determinação da velocidade específica de crescimento e tempo de geração
Para a quantificação celular foi adotada leitura de absorbância. Para tal, 3,0 mL de
amostra foram retiradas de maneira asséptica, colocadas em tubos Falcon estéreis e
centrifugadas a 10.000 rpm e 20°C durante 5 minutos. O sobrenadante foi descartado, o pellet
ressuspendido em água destilada e, então, submetido à leitura de absorbância a 660 nm, em
31
espectrofotômetro. Posteriormente, a medida de absorbância (660 nm) obtida foi introduzida
na curva-padrão de crescimento, obtendo-se, assim, a massa seca celular (g/L).
A determinação da velocidade específica na fase exponencial de crescimento (µ) foi
feita graficamente. Neste método, projetaram-se os valores do logaritmo neperiano (ln) da
concentração celular versus o tempo de cultivo, e identificaram-se os pontos que possuíam a
maior probabilidade de alinharem-se numa mesma reta. Estes pontos correspondem à fase
exponencial de crescimento, na qual a velocidade é máxima e constante (VARESCHE, 1997).
Por meio do cálculo da regressão linear dos pares de pontos, determinou-se a equação da reta,
cujo coeficiente angular correspondeu ao valor de µ.
Estabelecida a fase exponencial de crescimento, e a partir do cálculo da velocidade
específica de crescimento (µ), foi possível calcular o tempo de geração da cultura (Tg), a
partir da seguinte equação:
Tg = ln2/µ (Equação 1)
4.8 Caracterização nutricional
A caracterização do crescimento microbiano e da produção de hidrogênio da cultura
purificada, na presença de diferentes substratos orgânicos, foi realizada em batelada, em
triplicatas de reatores. Foram utilizados frascos de antibiótico de 100 mL, sendo 50 mL de
headspace preenchido com He (99,999%), e 50 mL de meio de reação. Estes frascos foram
preenchidos com meio de cultura específico (FANG et al., 2005), glutamato de sódio
(0,8 mmol/L) como fonte de nitrogênio, inóculo (20% v/v) e, como fonte de carbono, diversos
substratos orgânicos, na concentração de 20 mmol/L, como acetato de sódio, benzoato de
sódio, butirato de sódio, citrato de sódio, etanol, fenol, frutose, glicose, lactato de sódio,
metanol, piruvato de sódio, propionato de sódio e succinato de sódio. Também foi realizado
ensaio sem fonte de carbono, apenas com glutamato de sódio (0,8 mmol/L) como substrato.
32
Após inoculação da cultura, os frascos de antibiótico foram incubados sob atmosfera de He
(99,999%) e mantidos em câmara de germinação a 30 ± 1ºC, sob iluminação de 9000 a
10.000 lux.
4.9 Análises cromatográficas
4.9.1 Determinação de hidrogênio
A concentração de hidrogênio produzido foi avaliada por meio da retirada de 0,1 mL
de amostra da fase gasosa, utilizando seringa “gas tight” com trava. A análise foi realizada em
cromatógrafo gasoso GC-2010 SHIMADZU, equipado com detector de condutividade
térmica. A coluna utilizada foi a Carboxen 1010 plot 30 m x 0,53 mm, sendo o gás de arraste
argônio sob fluxo de 21,9 cm/s. As temperaturas do forno, da coluna e do detector foram
30°C, 200°C e 230°C, respectivamente.
Para o cálculo da concentração de gás hidrogênio (mL de H
2
/L) foi preparada curva
analítica (calibração) do hidrogênio (ANEXO 1). Os valores das áreas de hidrogênio obtidos
foram convertidos, por meio da curva-padrão, a mL de H
2
nas CNTP. Durante todo o
experimento, os frascos não foram despressurizados, a fim de se manter concentrações
acumuladas do gás.
Os dados experimentais foram ajustados a sigmóide de Boltzmann (Equação 2) por
meio do software Microcal Origin
®
6.0, minimizando a somatória dos erros ao quadrado. A
sigmóide ajustada foi posteriormente derivada, utilizando mesmo software, a fim de se
determinar as velocidades máximas de produção de hidrogênio.
(Equação 2)
33
4.9.2 Determinação de ácido acético
A concentração de ácido acético foi determinada por cromatografia gasosa, de acordo
com metodologia desenvolvida por Moraes et al. (2000). A cada 24 horas foram retirados
2 mL de amostra dos reatores, sendo adicionado a estas 10 µL de solução NaOH (2 mol/L), e
congeladas em tubos de ensaio para posterior análise.
Na ocasião da análise, as amostras foram descongeladas, e adicionou-se aos tubos de
ensaio 1,0 g de NaCl sólido, 100 µL de solução H
2
SO
4
(1 mol/L), 100 µL de solução de ácido
crotônico (700 mg/L) e 0,60 mL de éter etílico. Os frascos foram tampados, agitados em
Vortex por 30 s, centrifugados a 2500 rpm por 30 s, e armazenados em congelador para
posterior injeção no cromatógrafo.
Utilizou-se cromatógrafo Hewlett-packard, modelo CG, HP 6890, com coluna HP –
INNOWAX de comprimento 30 m e diâmetro interno 25 µm. O gás de arraste usado foi o
hidrogênio, com vazão de 30 mL/min e detector de ionização de chama. O aparelho foi
operado sob as seguintes condições: temperatura do detector 300°C e do injetor 250°C – a
coluna foi aquecida a 100°C por 3 minutos e em seguida aplicou-se gradiente de temperatura
(rampa de aquecimento) de 5°C/min até atingir 180°C; fluxo de ar 300 mL/min. O limite de
detecção do ácido acético no método utilizado foi de 5,13 mg/L. O volume injetado foi de
1 µL, utilizando-se seringa SGE de 10 µL.
4.10 Análise da intensidade luminosa
Para iluminação foram usadas lâmpadas fluorescentes de 20 W, sendo utilizadas
quatro lâmpadas nos ensaios mantidos sob intensidade luminosa de 9000 a 10.000 lux, duas
lâmpadas nos ensaios de 4000 a 5000 lux, e nenhuma lâmpada quando os ensaios foram
realizados na ausência de luz. A cada novo ensaio, realizava-se a reposição de lâmpadas
novas. A intensidade luminosa foi medida em vários pontos da câmara de germinação,
34
utilizando-se luxímetro Testo, modelo 545. Este era colocado próximo aos reatores com o
sensor de leitura voltado para as lâmpadas. No momento da leitura de intensidade luminosa a
câmara era fechada e procedia-se a leitura.
4.11 Análise da diversidade microbiana
4.11.1 Exames microscópicos
As características morfológicas do inóculo e da comunidade microbiana presente nos
ensaios de enriquecimento e de produção de hidrogênio foram observadas através de
microscopia óptica de contraste de fase, utilizando microscópio Leica DMLB, com sistema de
captura de imagem Optronics e software Image Pro-Plus. Também foi realizada coloração de
Gram, segundo metodologia da Scientific Services of Cultures Collections da Alemanha
(DSM, 1991) para diferenciação dos microrganismos em Gram positivos ou Gram negativos.
4.11.2 Análise de biologia molecular
A avaliação da diversidade microbiana foi realizada através da técnica de reação de
polimerização em cadeia (PCR) do gene do RNAr 16S, seguida da eletroforese em gel com
gradiente desnaturante (DGGE). O DNA foi extraído segundo protocolo de Griffiths et al.
(2000). Na amplificação dos fragmentos do RNAr 16S foram utilizados primers específicos
do Domínio Bacteria (NIELSEN et al., 1999). Os fragmentos de RNAr 16S amplificados
foram separados pela eletroforese em gel de gradiente desnaturante (DGGE). A Tabela 4.5
descreve os primers do domínio Bacteria utilizados nas análises de PCR/DGGE.
35
Tabela 4.5 - Primers utilizados nas análises de PCR/DGGE
Microrganismos Primers e seqüência (5’ - 3’) Referência
Bibliográfica
Domínio Bacteria 968 FGC (5’ – AAC CGC GAA GAA CCT
TAC – 3’)
1392 R (5’ – AACG GGC GGT GTG TAC –
3’)
GC clamp (5’- CGC CCG CCG GGG CGC
CCG GGC GGG GCG GGG GCA CGG
GGGG – 3’)
Nielsen et al. (1999)
A partir do DNA extraído da amostra foram obtidos fragmentos do RNAr 16S,
utilizando a técnica da amplificação, através da reação de polimerização em cadeia (PCR)
com primers homólogos às regiões conservadas do gene RNAr 16S. Na reação de
amplificação foram usadas as seguintes soluções: 0,5 µL de Taq DNA polymerase (5U/µL); 5
µL de tampão PCR 10X; 1,5 µL de MgCl
2
(50 mmol/L); 5 µL de dNTP (2 mmol/L); 0,5 µL
de “primer forward” (100 pmol/L); 0,5 µL do “primer reverse” (100 pmol/L) e 2 µL de DNA
extraído. O aparelho utilizado nessa técnica foi o termociclador “Gene Amp. PCR System
2400” (Perkin-Elmer Cetus, Norwalk, Conn). As condições usadas na programação do
aparelho para amplificação do fragmento do RNAr 16S estão descritas na Tabela 4.6.
Tabela 4.6 - Programação do termociclador para amplificação dos fragmentos do RNAr 16S
Microrganismos Nº de
ciclos
Desnaturação
Inicial
Desnaturação Anelamento Extensão Extensão
Final
Resfriamento
Domínio
Bacteria
35 94ºC
5 min
94ºC
1,30 min
38ºC
45 s
72ºC
1 min
72ºC
5 min
4ºC
O procedimento para realização do DGGE consistiu na preparação da solução do gel
na concentração de 30% e 70% do gel de gradiente desnaturante (gel acrilamida - 40%;
solução 50X de TAE - Tris Ácido Acético EDTA; formamida e uréia), para o Domínio
Bacteria. O gel foi preparado com 111 µL de APS (perssulfato de amônia - 10%); 11 µL de
temed (tetrametiletilenodiamina). Após a solidificação do gel (1 h), as placas contendo o gel
36
foram colocadas em suporte apropriado e transferido para cuba de DGGE. Nesta cuba foram
adicionados 7 L de água destilada e 140 mL de TAE 50X. A temperatura de “corrida” do gel
foi constante (65ºC), voltagem de 175 Volts, com duração de 16 h. O gel foi retirado da cuba
e corado com solução de coloração (TAE 1x contendo 1µg/mL de brometo de etídeo) por 20
minutos e depois transferido para o fotodocumentador Eagle Eye TM III (Stratagene)
acoplado ao computador e software Eagle Slight UV para visualização das bandas, sob
exposição à UV de 254 nm.
37
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.1 Ensaios de enriquecimento
A microscopia óptica de contraste de fase do inóculo mostrou a predominância de
bactérias no formato de bacilos retos (Figura 5.1a). Após enriquecimento nas condições
específicas para produção de hidrogênio, houve predominância de células no formato de
bacilos curvos e aparecimento de aglomerados no formato de rosetas (Figura 5.1b). De acordo
com Bergey`s Manual of Systematic Bacteriology (1989), este aglomerado é típico de alguns
gêneros de bactérias fototróficas púrpuras não-sulfurosas, onde células individuais ligam-se
umas as outras através de seus flagelos polares. O seqüenciamento de amostras do inóculo de
bactérias fototróficas anoxigênicas provenientes da sub-superfície de lagoa anaeróbia,
utilizando primers pufM.750R e pufM.557F, mostrou 92% de similaridade com
Rhodopseudomonas palustris (Saavedra et al., 2005).
(a) (b)
Figura 5.1. Microscopia óptica de contraste de fase das seguintes amostras: (a) inóculo e (b) reatores
em batelada de enriquecimento
A técnica de coloração de Gram realizada em amostras do inóculo e da comunidade
microbiana presente nos ensaios de enriquecimento revelou a predominância de
38
microrganismos Gram-negativos (Figura 5.2). Todos os gêneros de bactérias fototróficas
púrpuras não-sulfurosas são Gram-negativos (BERGEY, 1989).
Figura 5.2. Bacilos curvos Gram-negativos em microscopia óptica de luz comum
5.2 Curva-padrão de crescimento
A massa seca celular (MSC, g/L) da cultura purificada de bactéria fototrófica púrpura
não-sulfurosa utilizada neste trabalho foi proporcional à absorbância a 660 nm (A
660
) e pôde
ser calculada de acordo com a seguinte relação:
MSC
bactéria fototrófica
= 0,66 A
660
(3)
A curva-padrão de crescimento é mostrada na Figura 5.3, e os valores de crescimento
estão apresentados no APÊNDICE 1.
y = 0,66x
R
2
= 0,99
0,00
0,05
0,10
0,15
0,20
0,000 0,050 0,100 0,150 0,200 0,250
Absorbância (660 nm)
Massa seca (g/L)
Figura 5.3. Curva-padrão de crescimento de bactéria fototrófica púrpura não-sulfurosa
39
5.3 Ensaios de produção de hidrogênio
Os ensaios de produção de hidrogênio tiveram duração aproximada de 408 horas. Os
valores de massa seca, produção de hidrogênio acumulado e consumo de ácido acético estão
apresentados nos APÊNDICES 2, 3 e 4, respectivamente.
O ácido acético foi escolhido como fonte de carbono por ter sido a fonte utilizada por
Saavedra et al. (2005) nas condições de purificação da cultura, e também por ser um dos
principais produtos do processo de fermentação anaeróbia. O efeito da concentração inicial de
ácido acético no crescimento celular é mostrado na Figura 5.4. Comparando-se as curvas de
crescimento dos ensaios onde se utilizou 10 mmol/L e 17 mmol/L de concentração inicial de
ácido acético, pode-se notar que ambas apresentaram-se muito semelhantes, com fase lag até
100 h, e início da fase estacionária após 250 h de experimento. Entretanto, após 200 h os
reatores alimentados com 17 mmol/L de acético passaram a apresentar concentração de
biomassa ligeiramente mais elevada (0,18 g/L massa seca) em relação àqueles alimentados
com 10 mmol/L do mesmo ácido (0,15 g/L massa seca). Isto deve ter ocorrido porque, após a
fase de adaptação da cultura, provavelmente, a maior quantidade de substrato (17 mmol/L)
favoreceu o crescimento celular.
Velocidades específicas de crescimento (µ) de 0,0084 h
-1
e 0,01 h
-1
, e tempos de
geração (Tg) de 82,5 h e 69,3 h foram obtidos para as culturas crescidas nos ensaios com
10 mmol/L e 17 mmol/L de ácido acético (APÊNDICE 5), respectivamente.
Os resultados evidenciaram, também, que em ambos os ensaios não houve consumo
total do ácido acético, sendo que no ensaio com menor concentração (10 mmol/L) ocorreu
consumo máximo de 78% em 384 h. Todavia, no ensaio com maior concentração
(17 mmol/L) foi verificado consumo máximo de 51%, também em 384 h de experimento
(Figura 5.4).
40
Najafpour et al. (2004) utilizaram bactéria fototrófica Rhodospirillum rubrum em
culturas em batelada para produção de hidrogênio, e observaram que, para concentração
inicial de acetato de 37 mmol/L, ocorreu ligeira utilização da fonte orgânica, enquanto que
para concentrações menores (13 – 24 mmol/L) o consumo foi significativamente mais
elevado. Fang et al. (2005) trabalharam com cultura mista fototrófica e acetato a várias
concentrações, e observaram que a eficiência de degradação do acetato diminuiu com o
aumento da concentração inicial de 10 a 21 mmol/L, sendo que 99,4 e 96,3% de acetato foram
consumidos, respectivamente. Todavia, para concentração inicial de 49 mmol/L ocorreu
consumo de somente 76,5%. No presente trabalho, a eficiência de consumo do ácido acético
também apresentou decréscimo de 78 para 51%, quando a concentração inicial foi elevada de
10 mmol/L para 17 mmol/L.
Com relação à produção de hidrogênio, as respostas da cultura a diferentes
concentrações de ácido acético (10 mmol/L e 17 mmol/L) foram semelhantes (Figura 5.5).
Tanto no ensaio com 10 mmol/L de ácido acético, como com 17 mmol/L, a produção de
hidrogênio apresentou fase lag de aproximadamente 100 h, e início da fase estacionária após
280 h. Como mencionado anteriormente, o mesmo ocorreu com o crescimento celular
indicando, provavelmente, que ambos podem estar estreitamente relacionados.
As máximas produções alcançadas nos ensaios com 10 mmol/L e 17 mmol/L de ácido
acético foram 8,3 mL H
2
/g massa seca.h e 8,8 mL H
2
/g massa seca.h, respectivamente.
Barbosa et al. (2001) obtiveram 14 mL H
2
/g massa seca.h com Rhodopseudomonas palustris,
como máxima produção de hidrogênio, em ensaios em batelada com 16 mmol/L de acetato de
sódio. Sasikala et al. (1991) atingiram produção máxima de 7,2 mL H
2
/g massa seca.h,
utilizando bactéria fototrófica Rhodobacter sphaeroides e 21 mmol/L de malato, em reatores
em batelada.
41
0,00
0,05
0,10
0,15
0,20
0,25
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450
Tempo (h)
Concentração de
biomassa (g/L)
0
5
10
15
20
Ácido acético
(mmol/L)
massa seca (10 mmol/L acético) massa seca (17 mmol/L acético)
ác. acético (10 mmol/L acético) ác. acético (17 mmol/L acético)
Figura 5.4. Crescimento celular e consumo de ácido acético da cultura de bactérias fototróficas
púrpuras não-sulfurosas em reatores em batelada
0
20
40
60
80
100
120
140
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450
Tempo (h)
Hidrogênio acumulado (mL)
10 mmol/L ác. acético 17 mmol/L ác. acético
Figura 5.5. Produção de hidrogênio para diferentes concentrações de ácido acético da cultura de
bactérias fototróficas púrpuras não-sulfurosas em reatores em batelada
Eroglu et al. (1999) investigaram a produção de hidrogênio utilizando cultura
fototrófica Rhodobacter sphaeroides em fotobiorreator de coluna. Os autores observaram que
o tempo necessário para início da produção de hidrogênio variou de 40 a 80 horas, e que
existiu uma relação entre concentração celular e velocidade de produção de hidrogênio.
Ainda, segundo os autores, o volume de gás hidrogênio produzido, a duração de produção de
42
hidrogênio e a máxima concentração celular aumentaram com a concentração de malato.
Barbosa et al. (2001) observaram diminuição do hidrogênio produzido, de 214 para 27 mL H
2
por frasco, quando a concentração de acetato foi reduzida de 22 para 6 mmol/L. Para
concentrações de 6 a 11 mmol/L de acetato ocorreu limitação na produção de hidrogênio,
aproximadamente 50 h após inoculação. Foi constatado por Fang et al. (2005) aumento da
produção de hidrogênio com o aumento da concentração de acetato de 10 a 50 mmol/L em
cultura mista fototrófica. Também segundo os autores, a fase lag de produção de hidrogênio
não foi afetada pela concentração inicial de acetato. Nath et al. (2005) também observaram
que o aumento da concentração de acetato de 6 para 42 mmol/L resultou em subseqüente
aumento na produção de hidrogênio. No presente trabalho, o aumento da concentração inicial
de ácido acético de 10 para 17 mmol/L, não favoreceu aumento significante na concentração
de biomassa (0,15 e 0,18 g/L massa seca, respectivamente), e na velocidade máxima de
produção de hidrogênio (8,3 e 8,8 mL H
2
/g massa seca.h, respectivamente).
Também foram realizados ensaios em batelada com a finalidade de se verificar a
influência da concentração inicial de biomassa na produção de hidrogênio. Nestes ensaios foi
utilizado inóculo nas concentrações de 0,02 g/L e 0,04 g/L da cultura de bactéria fototrófica
púrpura não sulfurosa. A Figura 5.6 mostra a influência das diferentes concentrações iniciais
de biomassa no crescimento celular. Verificou-se que os ensaios com diferentes
concentrações iniciais de inóculo apresentaram o mesmo padrão de crescimento. Entretanto,
no ensaio com maior concentração de biomassa (0,04 g/L) a fase lag durou aproximadamente
24 h, enquanto que no ensaio de menor concentração (0,02 g/L), esta fase teve duração
aproximada de 100 h. Em ambos os ensaios, a fase estacionária iniciou-se após 250 h.
Velocidades específicas de crescimento (µ) de 0,01 h
-1
e 0,0082 h
-1
, e tempos de
geração (Tg) de 69,3 h e 84,5 h foram obtidos para as culturas crescidas nos ensaios com
0,02 g/L e 0,04 g/L de biomassa inicial, respectivamente (APÊNDICE 5).
43
O consumo de ácido acético nos ensaios com diferentes concentrações de biomassa
inicial (0,02 g/L e 0,04 g/L) é apresentado na Figura 5.6. Os resultados mostraram que, assim
como nos ensaios anteriores, não houve consumo total, sendo que para a concentração de
biomassa de 0,02 g/L ocorreu 51% de consumo máximo em 384 h. Por outro lado, no ensaio
com maior concentração (0,04 g/L) ocorreu 70% de utilização do substrato orgânico em 408 h
de experimento.
Em relação à produção de hidrogênio (Figura 5.7), observou-se que no ensaio onde a
concentração de biomassa inicial era maior (0,04 g/L), ocorreu diminuição da fase lag de 100
para 50 h, quando comparado com aquele cuja biomassa foi de 0,02 g/L. A fase estacionária,
em ambos os ensaios, iniciou-se aproximadamente após 280 h de experimento.
As produções máximas alcançadas nos ensaios com 0,02 g/L e 0,04 g/L de biomassa
inicial foram 8,8 mL H
2
/g massa seca.h e 10,6 mL H
2
/g massa seca.h, respectivamente.
44
0,00
0,05
0,10
0,15
0,20
0,25
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450
Tempo (h)
Concentração de
biomassa (g/L)
0
5
10
15
20
Ácido acético
(mmol/L)
massa seca (0,02 g/L biomassa) massa seca (0,04 g/L biomassa)
ác. acético (0,02 g/L biomassa) ác. acético (0,04 g/L biomassa)
Figura 5.6. Crescimento celular e consumo de ácido acético para diferentes concentrações iniciais da
cultura de bactérias fototróficas púrpuras não-sulfurosas em reatores em batelada
0
20
40
60
80
100
120
140
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450
Tempo (h)
Hidrogênio acumulado (mL)
0,02 g/L biomassa 0,04 g/L biomassa
Figura 5.7. Produção de hidrogênio para diferentes concentrações iniciais da cultura de bactérias
fototróficas púrpuras não-sulfurosas em reatores em batelada
Para verificar a influência da intensidade luminosa na produção de hidrogênio foram
realizados ensaios em batelada, sob iluminação de 9000 a 10.000 lux, 4000 a 5000 lux, ou
então com reatores mantidos na ausência de luz. O efeito da intensidade luminosa no
crescimento celular é mostrado na Figura 5.8a.
45
Comparando-se as curvas de crescimento dos ensaios sob diferentes intensidades
luminosas, pode-se notar que aqueles mantidos sob iluminação de 9000 a 10.000 lux e 4000 a
5000 lux apresentaram padrão de crescimento muito semelhante, com fase lag de 24 h.
Porém, no ensaio mantido sob iluminação de 4000 a 5000 lux, a fase estacionária teve início
após 190 h, enquanto que no ensaio de 9000 a 10.000 lux, essa fase iniciou-se após 250 h do
início do experimento. Tais resultados sugeriram que maior intensidade luminosa favoreceu o
crescimento celular. Os reatores mantidos na ausência de luz não apresentaram nenhum
aumento de biomassa.
Velocidades específicas de crescimento (µ) de 0,0082 h
-1
e 0,0088 h
-1
, e tempos de
geração (Tg) de 84,5 h e 78,8 h foram obtidos para as culturas crescidas nos ensaios sob
iluminação de 9000 a 10.000 lux e 4000 a 5000 lux, respectivamente (APÊNDICE 5).
A variação temporal do consumo de ácido acético nos ensaios sob diferentes
intensidades luminosas está mostrado na Figura 5.8b. Os resultados mostraram que não houve
consumo total de ácido acético, embora no ensaio com intensidade luminosa mais elevada
(9000 – 10.000 lux) ocorreu consumo máximo de 70% em 408 h. Todavia, no ensaio com
menor intensidade de luz (4000 – 5000 lux) observou-se consumo máximo de 57% em 288 h
de experimento. No ensaio mantido no escuro praticamente não ocorreu consumo do substrato
orgânico.
A produção de hidrogênio obtida para diferentes intensidades luminosas é mostrada na
Figura 5.8c. Quando os reatores foram mantidos sob iluminação de 9000 a 10.000 lux, a
produção de hidrogênio apresentou fase lag de até 50 h e início da fase estacionária após
280 h. Nos reatores mantidos sob iluminação de 4000 a 5000 lux, a fase lag durou até 72 h, e
a fase estacionária iniciou-se somente após 340 h de experimento. Ainda, no ensaio onde a
iluminação foi mais elevada (9000 a 10.000 lux), a produção de hidrogênio acumulado foi
maior do que no ensaio com menor iluminação (4000 a 5000 lux).
46
0,00
0,05
0,10
0,15
0,20
0,25
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450
Tempo (h)
Concentração de biomassa
(g/L)
9000 - 10000 lux 4000 - 5000 lux escuro
0
5
10
15
20
25
30
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450
Tempo (h)
Ácido acético (mmol/L)
9000 - 10000 lux 4000 - 5000 lux escuro
0
20
40
60
80
100
120
140
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450
Tempo (h)
Hidrogênio acumulado (mL)
9000 - 10000 lux 4000 - 5000 lux
Figura 5.8. Efeito da intensidade luminosa no crescimento celular (a); no consumo de ácido acético (b)
e na produção de hidrogênio (c)
(a)
(b)
(c)
47
Como dito anteriormente, quando a cultura de bactérias fototróficas púrpuras não-
sulfurosas foi mantida no escuro não houve crescimento celular. Nestas mesmas condições, a
produção de hidrogênio foi nula.
A máxima produção alcançada no ensaio mantido sob iluminação de 9000 a
10.000 lux foi 10,6 mL H
2
/g massa seca.h.
Os valores de hidrogênio acumulado obtido no ensaio sob iluminação de 4000 a
5000 lux não se ajustaram adequadamente a sigmóide de Boltzmann. Sendo assim, foi
realizado ajuste linear, e a máxima produção de hidrogênio obtida neste ensaio foi
1,0 mL H
2
/g massa seca.h. De acordo com os resultados, a diminuição na intensidade
luminosa provocou proeminente redução na velocidade de produção de hidrogênio.
Nakada et al. (1995) estudaram a relação entre penetração de luz e produção de
hidrogênio por cultura de bactéria fototrófica Rhodobacter sphaeroides. A intensidade de luz
na superfície do reator foi mantida a 20.000 ou 40.000 lux e, segundo os autores, baixas
intensidades luminosas (20.000 lux) não foram favoráveis à produção de hidrogênio por
bactérias fototróficas. Segundo Kondo et al. (2002), a produção de hidrogênio por bactérias
fototróficas é determinada preferencialmente pela uniformidade de luz no reator. No presente
trabalho, baixas intensidades luminosas (4000 a 5000 lux) não foram favoráveis à produção
de hidrogênio, enquanto que intensidades mais elevadas (9000 a 10.000 lux) mostraram
resultados de produção de hidrogênio maiores, por bactérias fototróficas púrpuras não-
sulfurosas.
Os valores das velocidades de produção de hidrogênio estão apresentados no
APÊNDICE 6.
Os períodos da fase lag de crescimento e de produção de hidrogênio, a máxima
concentração de biomassa alcançada, a velocidade específica de crescimento (µ), o tempo de
48
geração (Tg) e a velocidade máxima de produção de hidrogênio para cada ensaio estão
mostrados na Tabela 5.1.
Tabela 5.1 – Resultados obtidos nos ensaios de produção de hidrogênio
Ensaio* Fase lag
crescimento
(h)
Máxima
concentração
biomassa (g/L)
µ
(h
-1
)
Tg
(h)
Fase lag
produção
H
2
(h)
Velocidade máxima
produção H
2
(mL H
2
/g massa seca.h)
1
100 0,19 0,0084 82,5 100 8,3
2
100 0,22 0,0100 69,3 100 8,8
3
24 0,23 0,0082 84,5 50 10,6
4
24 0,20 0,0088 78,8 72 1,00
*ensaio 1: 10 mmol/L ácido acético; 0,02 g/L biomassa inicial; 9000 – 10.000 lux
ensaio 2: 17 mmol/L ácido acético; 0,02 g/L biomassa inicial; 9000 – 10.000 lux
ensaio 3: 18 mmol/L ácido acético; 0,04 g/L biomassa inicial; 9000 – 10.000 lux
ensaio 4: 22 mmol/L ácido acético; 0,04 g/L biomassa inicial; 4000 – 5000 lux
De acordo com os resultados obtidos, a máxima concentração de biomassa alcançada
foi independente da concentração inicial de ácido acético ou de biomassa, variando de 0,19 a
0,23 g/L. Contudo, quando se utilizou maior concentração de biomassa (0,04 g/L), o
crescimento apresentou diminuição da fase lag de 100 para 24 h. As velocidades específicas
de crescimento e tempos de geração pouco variaram entre os ensaios, mostrando, assim, não
terem relação direta com as concentrações de ácido acético e biomassa.
A velocidade máxima de produção de hidrogênio pouco variou (8,3 a 8,8 mL H
2
/g
massa seca.h) com o aumento da concentração de ácido acético inicial de 10 para 17 mmol/L.
Porém, com o aumento da concentração de biomassa de 0,02 para 0,04 g/L ocorreu aumento
significativo na velocidade de produção de hidrogênio (8,8 para 10,6 mL H
2
/g massa seca.h),
assim como diminuição da fase lag de 100 para 50 h. A diminuição na intensidade luminosa
de 9000 – 10.000 lux para 4000 – 5000 lux promoveu diminuição rigorosa na velocidade de
produção de hidrogênio; ou seja, de 10,6 para 1,0 mL H
2
/g massa seca.h.
49
O ensaio realizado no escuro não apresentou crescimento celular, produção de
hidrogênio e consumo de ácido acético. Tal fato deve ter ocorrido porque, embora bactérias
fototróficas apresentem ampla diversidade metabólica, a cultura utilizada neste trabalho já
estava adaptada à condição fototrófica de crescimento. Além disso, segundo Koku et al.
(2002) bactérias fototróficas púrpuras não-sulfurosas exibem crescimento marginal e
nenhuma produção de hidrogênio sob condições anaeróbias na ausência de luz.
5.3.1 Exames microscópicos
A microscopia óptica de contraste de fase da cultura nos ensaios alimentados com
10 mmol/L e 17 mmol/L de ácido acético apresentaram predominância de bacilos curvos,
aglomerados em formações de roseta (Figura 5.9). Estes mesmos aglomerados, assim como os
bacilos curvos, também foram predominantes nos ensaios com diferentes concentrações
iniciais de biomassa (Figura 5.10). O mesmo ocorreu nos ensaios mantidos sob iluminação de
9000 a 10.000 lux e 4000 a 5000 lux (Figura 5.11). Já o ensaio mantido no escuro apresentou
redução visível da concentração de biomassa celular, assim como aparecimento de células
amorfas e debris celulares (Figura 5.12).
(a) (b)
Figura 5.9. Microscopia óptica de contraste de fase das amostras dos reatores em batelada alimentados
com ácido acético nas seguintes concentrações: (a) 10 mmol/L e (b) 17 mmol/L
50
(a) (b)
Figura 5.10. Microscopia óptica de contraste de fase das amostras dos reatores em batelada inoculados
com as seguintes concentrações de biomassa: (a) 0,02 g/L e (b) 0,04 g/L
(a) (b)
Figura 5.11. Microscopia óptica de contraste de fase das amostras dos reatores em batelada mantidos
sob iluminação de: (a) 9000 a 10.000 lux e (b) 4000 a 5000 lux
Figura 5.12. Microscopia óptica de contraste de fase das amostras dos reatores em batelada mantidos
no escuro
51
5.3.2 Biologia molecular
É importante ressaltar que, para a caracterização microbiana, as amostras foram
coletadas na fase exponencial de crescimento. O objetivo dessa análise foi promover a
comparação e a avaliação da cultura de bactérias fototróficas púrpuras não-sulfurosas,
verificando possíveis alterações em função das diferentes concentrações iniciais de ácido
acético e biomassa, e também devido a mudanças na intensidade luminosa fornecida.
Os resultados da análise do PCR/DGGE podem ser observados na Figura 5.13, que
mostra o gel de DGGE das amostras dos ensaios de produção de hidrogênio. Assim, por meio
da análise das bandas de DGGE para o domínio Bacteria e pelas letras de A a F, pode-se
verificar elevada similaridade de bandas, ou seja, não houve variações relevantes na estrutura
das populações microbianas. As populações representadas pelas bandas A, B e C foram
favorecidas pelas condições nutricionais e ambientais adotadas, em relação a condição do
inóculo. A população indicada pela banda D foi favorecida em todas as condições, inclusive
no inóculo. Já a população representada pela banda F foi mais sensível quando mantida no
escuro. Todavia, a população mostrada pela banda E foi favorecida somente na condição de
ausência de luminosidade.
52
Figura 5.13. Resultados das análises de DGGE dos fragmentos dos produtos de PCR amplificados com
primers do Domínio Bactéria para as amostras: I – inóculo; 1 – ensaio com 10 mmol/L de ácido
acético; 2 – ensaio com 17 mmol/L de ácido acético; 3 – ensaio com 0,04 g/L biomassa; 4 – ensaio
mantido sob iluminação de 4000 a 5000 lux; 5 – ensaio mantido no escuro
5.4 Caracterização nutricional
O ensaio de caracterização nutricional foi realizado com a finalidade de se avaliar o
crescimento celular e produção de hidrogênio pela cultura purificada de bactérias fototróficas
púrpuras não-sulfurosas, na presença de diversos substratos orgânicos. Este ensaio teve
duração de 384 h, e os resultados obtidos estão apresentados no APÊNDICE 7.
Como controle de crescimento foi utilizado reator contendo acetato de sódio
(20 mmol/L) e glutamato de sódio (0,8 mmol/L), por se tratar da condição utilizada nos
ensaios anteriores. O valor inicial de biomassa deste frasco foi 0,020 g/L. Após 384 h, este
ensaio controle apresentou concentração de biomassa de 0,250 g/L (Figura 5.14).
No ensaio de caracterização, a biomassa inicial dos frascos alimentados com diferentes
fontes de carbono variou de 0,020 a 0,026 g/L de massa seca. Após 384 h de experimento
observou-se crescimento elevado em butirato de sódio (0,114 g/L massa seca), piruvato de
sódio (0,146 g/L massa seca), propionato de sódio (0,189 g/L massa seca) e succinato de
53
sódio (0,161 g/L massa seca). Ainda, quando se utilizou citrato de sódio, o valor de massa
seca obtido foi maior que o controle (0,271 g/L massa seca e 0,250 g/L massa seca,
respectivamente). Também, verificou-se crescimento moderado em benzoato de sódio
(0,052 g/L massa seca), etanol (0,085 g/L massa seca), frutose (0,075 g/L massa seca), glicose
(0,089 g/L massa seca) e metanol (0,082 g/L massa seca). Contudo, não houve crescimento da
cultura na presença de fenol (0,027 g/L massa seca), lactato de sódio (0,017 g/L massa seca),
e quando a única fonte orgânica fornecida foi o glutamato de sódio (0,034 g/L massa seca).
Estes resultados podem ser visualizados na Figura 5.14.
Imhoff e Trüper (1989) não observaram crescimento para a bactéria fototrófica
Rhodopseudomonas palustris, na presença de formiato e glutamato. Contudo, os mesmos
autores constataram crescimento moderado em frutose e glicose, e crescimento elevado na
presença de aspartato, benzoato, etanol e propionato. Zhang et al. (2002), trabalhando com a
bactéria fototrófica Rhodopseudomonas faecalis sp. nov., observaram elevado crescimento em
acetato, piruvato, lactato, malato, succinato e butirato; moderado crescimento em fumarato e
propionato; e nenhum crescimento em benzoato, citrato, etanol, metanol e glutamato. No
presente trabalho, utilizando cultura purificada de bactéria fototrófica púrpura não-sulfurosa,
com predomínio de Rhodopseudomonas palustris, obteve-se elevado crescimento em butirato,
citrato, piruvato, propionato e succinato. Moderado crescimento foi observado em benzoato,
etanol, frutose, glicose e metanol; e nenhum crescimento em fenol, glutamato e lactato.
Com relação à produção de hidrogênio, o ensaio controle, com acetato de sódio,
atingiu produção de 3,4 mL de H
2
acumulado em 384 h de experimento, enquanto que nos
ensaios com citrato de sódio, frutose, glicose, piruvato de sódio, propionato de sódio e
succinato de sódio, as produções alcançadas foram de 3,69 mL H
2
; 1,76 mL H
2
; 2,06 mL H
2
;
2,40 mL H
2
; 2,80 mL H
2
e 1,64 mL H
2
; respectivamente (Figura 5.15). Entretanto, quando se
54
utilizou benzoato de sódio, butirato de sódio, etanol, fenol, lactato de sódio, metanol e
glutamato de sódio como fonte de carbono, a produção de hidrogênio foi nula.
0,00
0,05
0,10
0,15
0,20
0,25
0,30
acet
a
to de
s
ódio
benz
o
ato d
e
sódi
o
b
utir
ato
de
dio
c
itra
to
de s
ó
dio
eta
nol
fe
nol
fru
to
se
gli
c
ose
glutamato d
e
di
o
lac
ta
to de
sódio
m
eta
nol
pir
uva
to
de
d
io
p
ro
pion
a
to de
s
ódio
su
ccin
a
to de
s
ódio
Concentração
de biomassa (g/L)
0 h
384 h
Figura 5.14. Crescimento celular da cultura de bactérias fototróficas púrpuras não-sulfurosas, na
presença de diferentes substratos orgânicos
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
acetato de
s
ó
d
io
c
itr
a
to
de
d
i
o
fr
utose
glicose
p
iruvato de sódi
o
propionato de
s
ódi
o
s
u
ccina
t
o de sódio
Hidrogênio
acumulado (mL)
Figura 5.15. Produção de hidrogênio pela cultura de bactérias fototróficas púrpuras não-sulfurosas, na
presença de diferentes substratos orgânicos
55
De acordo com Koku et al. (2002), ampla variedade de substratos pode ser utilizada
por bactérias fototróficas para crescimento, porém somente alguns destes estão disponíveis
para produção de hidrogênio. Hillmer e Gest (1977), utilizando bactéria fototrófica
Rhodopseudomonas capsulata, observaram produção elevada de hidrogênio na presença de
lactato, piruvato e succinato; produção moderada em glicose, frutose e malato; e baixa
produção na presença de butirato, propionato e sacarose. No presente trabalho, onde se
utilizou cultura purificada de bactérias fototróficas, com predomínio de Rhodopseudomonas
palustris, observou-se produção elevada de hidrogênio na presença de acetato e citrato;
produção moderada em frutose, glicose, piruvato, propionato e succinato. Nenhuma produção
foi observada em benzoato, butirato, etanol, fenol, glutamato, lactato e metanol.
A microscopia óptica de contraste de fase de amostra da cultura dos frascos
alimentados com acetato de sódio, benzoato de sódio, citrato de sódio, fenol, lactato de sódio,
metanol, piruvato de sódio e propionato de sódio, apresentou predomínio de bacilos curvos,
aglomerados em formações de roseta (Figuras 5.16 e 5.17). Quando se utilizou succinato de
sódio, embora ainda houvesse predominância de bacilos curvos, observou-se a presença de
poucas células (Figura 5.18). Já no ensaio onde se utilizou apenas glutamato de sódio, houve
predomínio de bacilos retos (Figura 5.19). Entretanto, quando a fonte de carbono utilizada foi
butirato de sódio, etanol, frutose ou glicose, ocorreu não só o aparecimento de bacilos curvos
formando aglomerados do tipo roseta, mas também bacilos retos e filamentos (Figura 5.20).
56
(a) (b)
(c) (d)
(e) (f)
Figura 5.16. Predomínio de bacilos curvos aglomerados em formações de roseta, em microscopia
óptica de contraste de fase de amostras dos frascos alimentados com: (a) acetato de sódio, (b) benzoato
de sódio, (c) citrato de sódio, (d) fenol, (e) lactato de sódio e (f) metanol
57
(a) (b)
Figura 5.17. Predomínio de bacilos curvos aglomerados em formações de roseta, em microscopia
óptica de contraste de fase de amostras dos frascos alimentados com: (a) piruvato de sódio e (b)
propionato de sódio
Figura 5.18. Microscopia óptica de contraste de fase de amostra do frasco alimentado com succinato
de sódio
Figura 5.19. Predomínio de bacilos retos, em microscopia óptica de contraste de fase de amostra do
frasco alimentado com glutamato de sódio
58
(a) (b)
(c) (d)
Figura 5.20. Bacilos curvos aglomerados em formações de roseta, bacilos retos e filamentos, em
microscopia óptica de contraste de fase de amostras dos frascos alimentados com: (a) butirato de
sódio, (b) etanol, (c) frutose e (d) glicose
Neste ensaio de caracterização, a coloração da cultura em suspensão variou de
transparente, amarelada a púrpura (Figura 5.21). Um resumo do crescimento celular, produção
de hidrogênio, morfologias predominantes e coloração da cultura em suspensão, do ensaio de
caracterização nutricional, é mostrado na Tabela 5.2.
59
Figura 5.21. Foto dos frascos utilizados no ensaio de caracterização nutricional, mostrando as
diferentes colorações da cultura em suspensão, na presença de diferentes substratos orgânicos
Tabela 5.2 – Crescimento celular, produção de hidrogênio, morfologias predominantes e coloração da
cultura no ensaio de caracterização nutricional
Substratos
orgânicos
(20 mmol/L)
Cresc. Produção
de H
2
(mL)
Morfologias
predominantes
Coloração da
cultura
acetato de sódio
+ 3,4 bacilos curvos púrpura
benzoato de sódio
± 0 bacilos curvos rosa claro
butirato de sódio
+
0
bacilos curvos, bacilos
retos e filamentos
rosa
citrato de sódio
+ 3,69 bacilos curvos púrpura
etanol
±
0
bacilos curvos, bacilos
retos e filamentos
rosa claro
fenol
0 bacilos curvos amarela
frutose
±
1,76
bacilos curvos, bacilos
retos e filamentos
rosa claro
glicose
±
2,06
bacilos curvos, bacilos
retos e filamentos
rosa claro
glutamato de sódio
0 bacilos retos transparente
lactato de sódio
0 bacilos curvos transparente
metanol
± 0 bacilos curvos rosa claro
piruvato de sódio
+ 2,40 bacilos curvos rosa
propionato de sódio
+ 2,80 bacilos curvos rosa
succinato de sódio
+ 1,64 bacilos curvos púrpura
+: crescimento elevado; ± crescimento moderado; nenhum crescimento
60
De acordo com Bergey`s Manual of Systematic Bacteriology (1989), a bactéria
fototrófica Rhodopseudomonas palustris apresenta coloração da cultura de púrpura a marrom;
apresenta formato ovóide ou bacilar, as vezes levemente curvado; pode utilizar como fonte de
carbono acetato, butirato, citrato, fumarato, glutamato, lactato, malato, piruvato, propionato e
succinato; algumas linhagens utilizam etanol, frutose, glicose e metanol; e é a única espécie
do gênero capaz de utilizar benzoato.
De acordo com os resultados obtidos no ensaio de enriquecimento, a cultura
fototrófica utilizada só não teve seu crescimento favorecido na presença de fenol, glutamato
de sódio e lactato de sódio. Nos substratos orgânicos onde o crescimento celular foi de
elevado a moderado, ocorreu produção de hidrogênio, com exceção dos substratos benzoato
de sódio, butirato de sódio, etanol e metanol. Logo, estes substratos favoreceram o
crescimento da cultura fototrófica, mas não foram utilizados para produção de hidrogênio.
Em todos os substratos orgânicos utilizados, a morfologia predominante foi a de
bacilos curvos, formando aglomerações de roseta, com exceção do glutamato de sódio, que
mostrou predominância de bacilos retos. Além disso, substratos como butirato de sódio,
etanol, frutose e glicose, favoreceram o surgimento de bactérias no formato de bacilos retos e
filamentos. A coloração da cultura em suspensão pôde ser associada ao crescimento, uma vez
que apresentou coloração de púrpura a rosa quando o crescimento foi elevado; coloração rosa
claro quando o crescimento foi moderado; e coloração transparente a amarelada quando não
houve crescimento celular.
61
6 CONCLUSÕES
As principais conclusões deste trabalho foram:
A cultura purificada de bactéria fototrófica púrpura não-sulfurosa mostrou potencial
de produção de hidrogênio em reatores em batelada;
O aumento da concentração inicial de ácido acético de 10 mmol/L para 17 mmol/L
não promoveu mudanças significativas tanto no crescimento celular quanto na
produção de hidrogênio;
O aumento da concentração inicial de biomassa de 0,02 g/L para 0,04 g/L favoreceu o
aumento da produção de hidrogênio;
A diminuição na intensidade luminosa de 9000 a 10.000 lux para 4000 a 5000 lux
promoveu diminuição rigorosa na velocidade de produção de hidrogênio;
Análises microscópicas da comunidade microbiana presente nos ensaios de
enriquecimento e de produção de hidrogênio mostraram a predominância de
microrganismos com formato de bacilos curvos, Gram-negativos, aglomerados em
formações de roseta; características típicas de alguns gêneros de bactérias fototróficas
púrpuras não-sulfurosas com potencial de produzir hidrogênio;
A análise de PCR/DGGE das amostras dos ensaios de produção de hidrogênio revelou
elevada similaridade de bandas, ou seja, não houve variações relevantes na estrutura
da comunidade microbiana em função das diferentes concentrações iniciais de ácido
acético e biomassa, e também, devido a mudanças na intensidade luminosa fornecida;
No ensaio de caracterização nutricional, a cultura fototrófica não teve seu crescimento
favorecido na presença de fenol, glutamato de sódio e lactato de sódio; sendo que a
produção de hidrogênio ocorreu nos substratos orgânicos onde o crescimento celular
foi de elevado a moderado, como acetato de sódio, citrato de sódio, frutose, glicose,
piruvato de sódio, propionato de sódio e succinato de sódio. A microscopia óptica de
62
contraste de fase revelou a predominância de bacilos curvos em todos os substratos
orgânicos utilizados, com exceção do glutamato de sódio, que mostrou predominância
de bacilos retos.
63
7 RECOMENDAÇÕES
Em relação a estudos posteriores, sugere-se:
Avaliar o crescimento e a produção de hidrogênio da cultura fototrófica
púrpura não-sulfurosa, utilizando efluente de reator anaeróbio acidogênico
como fonte de nutrientes;
Utilizar a bactéria fototrófica em sistema contínuo, para produção de
hidrogênio.
64
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69
APÊNDICE 1 – Curva-padrão de crescimento de bactéria fototrófica púrpura não-
sulfurosa
Absorbância (660 nm) Massa seca (g/L)
Tempo
(h) Reator 1 Reator 2 Média Reator 1 Reator 2 Média
0
0,011 0,012 0,012 0,0133 0,0156 0,0144
24
0,028 0,034 0,031 0,0267 0,0467 0,0367
48
0,047 0,050 0,049 0,0578 0,0467 0,0522
72
0,071 0,069 0,070 0,0578 0,0511 0,0544
96
0,100 0,107 0,104 0,0689 0,0867 0,0778
120
0,133 0,140 0,137 0,1111 0,1067 0,1089
144
0,178 0,169 0,174 0,1178 0,1289 0,1233
168
0,199 0,198 0,199 0,1378 0,1511 0,1444
70
APÊNDICE 2 – Tempo de experimento, valores de absorbância e concentração de
massa seca obtidos nos reatores anaeróbios em batelada
Ensaio 1 - Ácido acético (10 mmol/L) e biomassa inicial (0,02 g/L)
Absorbância (660 nm)
Tempo (h) reator 1 reator 2 reator 3 média
Concentração média
de massa seca
(g/L)
0
0,025 0,028 0,031 0,028 0,018
24
0,048 0,044 0,046 0,046 0,030
48
0,051 0,058 0,055 0,055 0,036
72
0,066 0,071 0,068 0,068 0,045
96
0,078 0,093 0,079 0,083 0,055
120
0,102 0,113 0,090 0,102 0,067
144
0,129 0,149 0,126 0,135 0,089
168
0,161 0,191 0,161 0,171 0,113
192
0,167 0,204 0,180 0,184 0,121
216
0,204 0,266 0,211 0,227 0,150
240
0,248 0,306 0,257 0,270 0,178
288
0,279 0,315 0,267 0,287 0,189
360
0,291 0,321 0,272 0,295 0,194
384
0,265 0,298 0,281 0,281 0,186
408
0,263 0,278 0,274 0,272 0,179
Ensaio 2 - Ácido acético (17 mmol/L) e biomassa inicial (0,02 g/L)
Absorbância (660 nm)
Tempo (h) reator 1 reator 2 reator 3 média
Concentração média
de massa seca
(g/L)
0
0,028 0,030 0,031 0,030 0,020
24
0,043 0,044 0,039 0,042 0,028
48
0,060 0,051 0,054 0,055 0,036
72
0,071 0,064 0,061 0,065 0,043
96
0,082 0,078 0,068 0,076 0,050
120
0,115 0,101 0,083 0,100 0,066
144
0,196 0,119 0,114 0,143 0,094
168
0,241 0,162 0,148 0,184 0,121
192
0,317 0,176 0,182 0,225 0,149
216
0,332 0,233 0,235 0,267 0,176
240
0,323 0,284 0,269 0,292 0,193
288
0,347 0,296 0,272 0,305 0,201
360
0,368 0,307 0,263 0,313 0,206
384
0,399 0,301 0,316 0,339 0,224
408
0,368 0,292 0,264 0,308 0,203
71
Ensaio 3 - Ácido acético (18 mmol/L) e biomassa inicial (0,04 g/L)
Absorbância (660 nm)
Tempo (h) reator 1 reator 2 reator 3 média
Concentração média
de massa seca
(g/L)
0
0,058 0,054 0,054 0,055 0,037
24
0,066 0,066 0,070 0,067 0,044
48
0,084 0,096 0,102 0,094 0,062
72
0,097 0,116 0,120 0,111 0,073
96
0,121 0,125 0,138 0,128 0,084
120
0,141 0,161 0,163 0,155 0,102
144
0,171 0,209 0,216 0,199 0,131
192
0,244 0,306 0,285 0,278 0,184
216
0,308 0,298 0,326 0,311 0,205
240
0,335 0,315 0,346 0,332 0,219
264
0,328 0,336 0,337 0,334 0,220
288
0,324 0,316 0,382 0,341 0,225
360
0,298 0,309 0,375 0,327 0,216
384
0,311 0,275 0,319 0,302 0,199
408
0,294 0,285 0,350 0,310 0,204
Ensaio 4 - Ácido acético (22 mmol/L) e biomassa inicial (0,04 g/L)
Absorbância (660 nm)
Tempo (h)
reator 1
reator 2
média
Concentração média
de massa seca
(g/L)
0
0,053 0,056 0,055 0,036
24
0,065 0,073 0,069 0,046
48
0,080 0,085 0,083 0,054
72
0,106 0,116 0,111 0,073
96
0,138 0,140 0,139 0,092
120
0,166 0,158 0,162 0,107
144
0,230 0,212 0,221 0,146
168
0,254 0,214 0,234 0,154
192
0,290 0,278 0,284 0,187
216
0,264 0,290 0,277 0,183
240
0,275 0,308 0,292 0,192
264
0,258 0,287 0,273 0,180
288
0,276 0,324 0,300 0,198
336
0,258 0,324 0,291 0,192
408
0,290 0,327 0,309 0,204
72
Ensaio 5 - Ácido acético (22 mmol/L) e biomassa inicial (0,04 g/L)
Absorbância (660 nm)
Tempo (h) reator 1 reator 2 reator 3 média
Concentração média
de massa seca
(g/L)
0
0,052 0,053 0,052 0,052 0,035
24
0,051 0,052 0,052 0,051 0,034
48
0,032 0,041 0,045 0,032 0,026
72
0,039 0,041 0,045 0,039 0,028
96
0,043 0,045 0,048 0,043 0,030
120
0,048 0,050 0,048 0,048 0,032
144
0,039 0,042 0,049 0,039 0,029
168
0,043 0,044 0,042 0,043 0,028
192
0,045 0,042 0,051 0,045 0,030
216
0,038 0,037 0,044 0,038 0,026
240
0,043 0,044 0,049 0,043 0,030
288
0,037 0,038 0,040 0,037 0,025
336
0,038 0,040 0,039 0,038 0,026
408
0,039 0,050 0,045 0,039 0,029
73
APÊNDICE 3 – Tempo de experimento, área cromatográfica e valores de hidrogênio
acumulado no headspace dos reatores anaeróbios em batelada
Ensaio 1 - Ácido acético (10 mmol/L) e biomassa inicial (0,02 g/L)
Área cromatográfica do hidrogênio
Tempo (h) reator 1 reator 2 reator 3 média
Concentração média
de H
2
no headspace
(mL/L)
0
0 0 0 0,0 0
24
22467,7 14414,0 21245,6 19375,8 0
48
52955,5 59994,2 62364,8 58438,2 0
72
107676,8 124807,8 108539,2 113674,6 3,18
96
159869,7 193323,1 157941,9 170378,2 14,12
120
225226,2 285445,0 224684,0 245118,4 28,54
144
287770,2 342083,3 307075,5 312309,7 41,51
168
367733,2 495078,2 381681,9 414831,1 61,29
192
406845,3 507490,6 433505,1 449280,3 67,94
216
487178,9 534511,2 513575,1 511755,1 79,99
240
430133,5 687966,7 478687,1 532262,4 83,95
288
556122,3 686707,5 512677,8 585169,2 94,16
360
587748,4 640510,4 739790,5 656016,4 107,83
384
744087,9 795304,2 418840,2 652744,1 107,20
408
344858,0 496936,4 413259,9 418351,4 61,97
Ensaio 2 - Ácido acético (17 mmol/L) e biomassa inicial (0,02 g/L)
Área cromatográfica do hidrogênio
Tempo (h) reator 1 reator 2 reator 3 média
Concentração média
de H
2
no headspace
(mL/L)
0
0,0 0,0 0,0 0,0 0
24
0,0 6558,8 9460,7 5339,8 0
48
35973,2 52346,4 49161,2 45826,9 0
72
100499,4 109107,4 96394,3 102000,4 0,93
96
120473,6 120337,4 124141,8 121650,9 4,72
120
216929,2 202809,0 202369,8 207369,3 21,26
144
302701,1 279857,9 260674,2 281077,7 35,48
168
356544,7 351248,8 347302,9 351698,8 49,11
192
488624,4 452069,8 428868,3 456520,8 69,34
216
574379,3 445679,0 486010,3 502022,9 78,12
240
525286,8 528568,0 556313,9 536722,9 84,81
288
543178,3 696164,9 712259,8 650534,3 106,77
360
568341,2 712329,9 854292,8 711654,6 118,57
384
577625,7 649614,0 506375,7 577871,8 92,75
408
426073,3 630607,3 567467,4 541382,7 85,71
74
Ensaio 3 - Ácido acético (18 mmol/L) e biomassa inicial (0,04 g/L)
Área cromatográfica do hidrogênio
Tempo (h) reator 1 reator 2 reator 3 média
Concentração média
de H
2
no headspace
(mL/L)
0
0,0 0,0 0,0 0,0 0
24
8773,8 15084,1 13786,3 12548,1 0
48
85949,8 88375,6 97855,3 90726,9 0
72
176462,2 189226,5 206384,6 190691,1 18,04
96
257270,6 229386,1 285935,1 257530,6 30,94
120
336646,6 406056,5 467081,5 403261,5 59,06
144
388025,5 425553,1 441516,4 418365,0 61,97
192
480542,8 509432,9 452006,5 480660,7 73,99
216
595584,7 521077,5 517226,2 544629,5 86,34
240
558231,2 517579,6 542406,3 539405,7 85,33
264
709454,8 693725,4 712329,9 705170,0 117,32
288
701981,6 606475,9 640058,6 649505,4 106,57
360
636035,8 613443,3 661242,0 636907,0 104,14
384
735316,5 695110,4 836143,2 755523,4 127,03
408
628287,7 631516,2 834093,8 697965,9 115,92
Ensaio 4 - Ácido acético (22 mmol/L) e biomassa inicial (0,04 g/L)
Área cromatográfica do hidrogênio
Tempo (h) reator 1 reator 2 média
Concentração média
de H
2
no headspace
(mL/L)
0
0,0 0,0 0,0 0
24
11254,2 28700,6 19977,4 0
48
20339,3 23750,3 22044,8 0
72
104754,6 106089,6 105422,1 1,59
96
162316,8 151666,2 156991,5 11,54
120
188703,7 163108,7 175906,2 15,19
144
244094,5 188172,6 216133,6 22,95
168
257788,3 166829,1 212308,7 22,21
192
331582,5 198490,2 265036,4 32,39
216
374395,6 184706,5 279551,1 35,19
240
467500,6 187442,3 327471,5 44,43
264
454019,7 225101,5 339560,6 46,77
288
532721,5 242669,4 387695,5 56,06
336
650319,9 290802,0 470561,0 72,04
408
636245,8 278207,8 457226,8 69,47
75
APÊNDICE 4 – Tempo de experimento e consumo de ácido acético nos reatores
anaeróbios em batelada
Ensaio 1 – Ácido acético (10 mmol/L) e biomassa inicial (0,02 g/L)
Ácido acético (mmol/L)
Tempo (h) reator 1 reator 2 reator 3 média
Consumo médio de
ácido acético
(%)
0
9,41 11,36 9,48 10,08 0
24
9,25 9,53 9,78 9,52 6
48
9,75 8,25 9,62 9,21 9
72
8,96 7,76 8,51 8,41 17
96
9,02 7,34 7,85 8,07 20
120
7,41 7,03 6,90 7,11 29
144
6,79 5,86 6,30 6,32 37
168
6,28 5,35 5,52 5,72 43
192
4,78 3,44 4,56 4,26 58
216
4,73 2,76 4,68 4,06 60
240
3,82 2,78 3,97 3,52 65
288
3,40 2,39 3,62 3,14 69
360
2,74 1,32 3,28 2,45 76
384
1,78 2,14 2,74 2,22 78
408
3,65 2,32 3,10 3,02 70
Ensaio 2 - Ácido acético (17 mmol/L) e biomassa inicial (0,02 g/L)
Ácido acético (mmol/L)
Tempo (h) reator 1 reator 2 reator 3 média
Consumo médio de
ácido acético
(%)
0
17,35 19,07 15,29 17,23 0
24
17,31 17,00 16,34 16,88 2
48
15,40 16,41 18,78 16,86 2
72
14,27 15,50 16,25 15,34 11
96
15,59 15,11 15,51 15,40 11
120
16,65 14,78 15,28 15,57 10
144
14,54 14,20 13,54 14,09 18
168
11,94 13,46 13,78 13,06 24
192
10,07 12,04 9,42 10,51 39
216
8,18 11,29 10,20 9,89 43
240
8,51 9,58 9,29 9,12 47
288
10,06 9,96 9,23 9,75 43
360
10,81 10,00 9,50 10,11 41
384
7,80 9,23 8,26 8,43 51
408
8,03 9,21 12,16 9,80 43
76
Ensaio 3 - Ácido acético (18 mmol/L) e biomassa inicial (0,04 g/L)
Ácido acético (mmol/L)
Tempo (h) reator 1 reator 2 reator 3 média
Consumo médio de
ácido acético
(%)
0
18,13 19,04 16,50 17,89 0
24
17,51 15,61 15,77 16,30 9
48
16,63 15,48 15,56 15,89 11
72
15,29 17,19 14,51 15,66 12
96
14,27 12,77 17,32 14,78 17
192
11,24 12,99 16,60 13,61 24
240
14,01 14,95 15,41 14,79 17
264
15,57 14,57 14,53 14,89 17
288
14,99 13,70 15,20 14,63 18
360
9,18 5,53 6,56 7,09 60
384
6,08 5,45 5,19 5,57 69
408
5,44 5,20 5,54 5,39 70
Ensaio 4 - Ácido acético (22 mmol/L) e biomassa inicial (0,04 g/L)
Ácido acético (mmol/L)
Tempo (h) reator 1 reator 2 média
Consumo médio de
ácido acético
(%)
0
22,96 20,55 21,75 0
24
22,02 21,39 21,70 0
48
21,92 20,44 21,18 3
72
19,67 20,13 19,90 9
96
17,13 17,04 17,09 21
120
22,81 18,01 20,41 6
144
24,71 13,41 19,06 12
168
17,61 20,07 18,84 13
192
20,47 14,04 17,25 21
216
10,08 10,08 10,08 54
240
10,10 10,45 10,27 53
264
10,46 8,64 9,55 56
288
9,03 9,62 9,33 57
336
9,41 9,52 9,47 56
408
9,82 9,95 9,88 55
77
Ensaio 5 - Ácido acético (22 mmol/L) e biomassa inicial (0,04 g/L)
Ácido acético (mmol/L)
Tempo (h) reator 1 reator 2 reator 3 média
Consumo médio de
ácido acético
(%)
0
20,92 22,19 22,43 21,85 0
24
21,96 21,98 22,41 22,12 8
48
21,87 21,43 17,16 20,15 0
72
26,25 20,15 19,70 22,03 9
96
20,11 20,22 19,17 19,83 5
120
18,61 25,52 18,14 20,75 0
192
29,30 23,48 20,32 24,36 0
216
24,46 23,84 20,45 22,92 0
240
27,35 20,65 21,96 23,32 5
288
23,31 18,65 20,14 20,70 0
336
23,08 21,34 21,11 21,85 0
408
21,39 22,95 23,83 22,72 0
78
APÊNDICE 5 – Determinação da velocidade específica de crescimento e tempo de
geração
Ensaio 1 - Ácido acético (10 mmol/L) e biomassa inicial (0,02 g/L)
y = 0,0084x - 3,6947
R
2
= 0,9944
-4
-3
-2
-1
0
0 50 100 150 200 250
Tempo (h)
ln(massa seca)
Ensaio 2 - Ácido acético (17 mmol/L) e biomassa inicial (0,02 g/L)
y = 0,0101x - 3,8761
R
2
= 0,9933
-4
-3
-2
-1
0
0 50 100 150 200 250
Tempo (h)
ln(massa seca)
79
Ensaio 3 - Ácido acético (18 mmol/L) e biomassa inicial (0,04 g/L)
y = 0,0082x - 3,2369
R
2
= 0,9903
-4
-3
-2
-1
0
0 50 100 150 200 250
Tempo (h)
ln(massa seca)
Ensaio 4 - Ácido acético (22 mmol/L) e biomassa inicial (0,04 g/L)
y = 0,0088x - 3,2888
R
2
= 0,9902
-4
-3
-2
-1
0
0 50 100 150 200 250
Tempo (h)
ln(massa seca)
80
APÊNDICE 6 – Determinação da velocidade máxima de produção de hidrogênio nos
reatores anaeróbios em batelada
Ensaio 1 - Ácido acético (10 mmol/L) e biomassa inicial (0,02 g/L)
Tempo (h)
Velocidade de produção de hidrogênio
(mL H
2
/g massa seca.h)
0 0,09425
6,5 0,11759
13,0 0,17569
19,5 0,26203
26,0 0,38972
32,5 0,57731
39,1 0,85011
45,6 1,24091
52,1 1,78849
58,6 2,53121
65,1 3,49205
71,6 4,65277
78,1 5,92208
84,6 7,11748
91,1 7,99209
97,6 8,32126
104,1 8,01112
110,6 7,15025
117,2 5,96083
123,7 4,69062
130,2 3,52478
136,7 2,55728
143,2 1,80811
149,7 1,25511
156,2 0,86011
162,7 0,58423
169,2 0,39445
175,7 0,26523
182,2 0,17786
188,7 0,11904
195,3 0,07958
201,8 0,05316
208,3 0,03549
214,8 0,02368
221,3 0,01580
227,8 0,01054
234,3 0,00703
240,8 0,00469
247,3 0,00313
253,8 0,00209
260,3 0,00139
266,8 0,00093
273,4 0,00062
81
279,9 0,00041
286,4 0,00027
292,9 0,00018
299,4 0,00012
305,9 0,00008
312,4 0,00005
318,9 0,00004
325,4 0,00002
331,9 0,00002
338,4 0,00001
344,9 0,00001
351,5 0
358,0 0
364,5 0
371,0 0
377,5 0
384,0 0
Máxima velocidade de produção de hidrogênio
-50 0 50 100 150 200 250 300 350 400
0
2
4
6
8
mL H
2
/g massa seca/h
Tempo (h)
82
Ensaio 2 - Ácido acético (17 mmol/L) e biomassa inicial (0,02 g/L)
Tempo (h)
Velocidade de produção de hidrogênio
(mL H
2
/g massa seca.h)
0 0,00490
6,9 0,00684
13,8 0,01225
20,7 0,02195
27,7 0,03931
34,6 0,07033
41,5 0,12566
48,4 0,22390
55,3 0,39706
62,2 0,69823
69,2 1,20987
76,1 2,04422
83,0 3,31265
89,9 5,02651
96,8 6,92913
103,7 8,41448
110,6 8,80375
117,6 7,89192
124,5 6,14193
131,4 4,26341
138,3 2,72423
145,2 1,64788
152,1 0,96349
159,1 0,55208
166,0 0,31266
172,9 0,17590
179,8 0,09859
186,7 0,05514
193,6 0,03080
200,5 0,01720
207,5 0,00960
214,4 0,00535
221,3 0,00299
228,2 0,00167
235,1 0,00093
242,0 0,00052
248,9 0,00029
255,9 0,00016
262,8 0,00009
269,7 0,00005
276,6 0,00003
283,5 0,00002
290,4 0,00001
297,4 0
304,3 0
311,2 0
318,1 0
83
325,0 0
331,9 0
338,8 0
345,8 0
352,7 0
359,6 0
366,5 0
373,4 0
380,3 0
387,3 0
394,2 0
401,1 0
408,0 0
Máxima velocidade de produção de hidrogênio
0 100 200 300 400
0
2
4
6
8
10
mL H
2
/g massa seca/h
Tempo (h)
84
Ensaio 3 - Ácido acético (18 mmol/L) e biomassa inicial (0,04 g/L)
Tempo (h)
Velocidade de produção de hidrogênio
(mL H
2
/g massa seca.h)
0 0,05688
6,1 0,08023
12,2 0,14594
18,3 0,26472
24,4 0,47781
30,5 0,85478
36,6 1,50516
42,7 2,57854
48,8 4,21851
54,9 6,41604
61,0 8,77480
67,1 10,44548
73,2 10,59556
79,3 9,14169
85,4 6,83237
91,5 4,56438
97,6 2,81937
103,7 1,65635
109,8 0,94419
115,9 0,52892
122,0 0,29339
128,1 0,16185
134,2 0,08901
140,3 0,04887
146,4 0,02681
152,5 0,01470
158,6 0,00806
164,7 0,00442
170,8 0,00242
176,9 0,00133
183,1 0,00073
189,2 0,00040
195,3 0,00022
201,4 0,00012
207,5 0,00007
213,6 0,00004
219,7 0,00002
225,8 0,00001
231,9 0,00001
238,0 0
244,1 0
250,2 0
256,3 0
262,4 0
268,5 0
274,6 0
280,7 0
85
286,8 0
292,9 0
299,0 0
305,1 0
311,2 0
317,3 0
323,4 0
329,5 0
335,6 0
341,7 0
347,8 0
353,9 0
360,0 0
Máxima velocidade de produção de hidrogênio
-50 0 50 100 150 200 250 300 350 400
0
2
4
6
8
10
12
mL H
2
/g massa seca/h
Tempo (h)
86
Ensaio 4 - Ácido acético (22 mmol/L) e biomassa inicial (0,04 g/L)
Tempo (h) mL H
2
/g massa seca
0
0
24
0
48
0
72
21,67
96
125,78
120
142,05
144
157,35
168
143,83
192
172,79
216
192,47
240
230,96
264
260,03
288
283,11
y = 1,0373x - 16,289
R
2
= 0,9424
0
100
200
300
400
500
0 50 100 150 200 250 300
Tempo (h)
mL H2/g massa seca
87
APÊNDICE 7 – Valores de massa seca e produção de hidrogênio do ensaio de
caracterização nutricional
Massa seca (g/L)
0 h 384 h
Substratos
orgânicos
(20 mmol/L)
reator
1
reator
2
reator
3
média reator
1
reator
2
reator
3
média
acetato de
sódio
0,020 0,021 0,019 0,020 0,321 0,222 0,208 0,250
benzoato de
sódio
0,020 0,020 0,021 0,020 0,030 0,058 0,068 0,052
butirato de
sódio
0,020 0,020 0,018 0,020 0,121 0,090 0,129 0,114
citrato de
sódio
0,023 0,021 0,022 0,022 0,292 0,315 0,205 0,271
etanol
0,020 0,018 0,022 0,020 0,000 0,075 0,095 0,085
fenol
0,026 0,024 0,024 0,025 0,027 0,026 0,000 0,027
frutose
0,028 0,026 0,025 0,026 0,079 0,087 0,060 0,075
glicose
0,026 0,024 0,024 0,025 0,088 0,071 0,108 0,089
glutamato de
sódio
0,024 0,020 0,022 0,022 0,034 0,025 0,042 0,034
lactato de
sódio
0,018 0,020 0,020 0,020 0,026 0,015 0,012 0,017
metanol
0,023 0,021 0,016 0,020 0,079 0,076 0,090 0,082
piruvato de
sódio
0,022 0,021 0,024 0,022 0,184 0,149 0,106 0,146
propionato
de sódio
0,022 0,024 0,019 0,022 0,183 0,209 0,177 0,189
succinato de
sódio
0,027 0,024 0,023 0,025 0,112 0,176 0,195 0,161
88
Área cromatográfica do hidrogênio Substratos
orgânicos
(20 mmol/L) reator 1 reator 2 reator 3 média
Produção média de H
2
no headspace
(mL)
acetato de sódio
465514,3 433042,5 449278,4 3,40
benzoato de
sódio
1043,9 2485,9 1764,9 0,00
butirato de
sódio
57311,2 44629,6 60814,2 54251,7 0,00
citrato de sódio
554296,6 404632,0 479464,3 3,69
etanol
1256,8 1256,8 0,00
fenol
1734,3 1734,3 0,00
frutose
331096,5 224013,2 285084,1 280064,6 1,76
glicose
174453,1 325373,8 433815,6 311214,2 2,06
glutamato de
sódio
0,0 0,0 0,0 0,0 0,00
lactato de sódio
8390,2 8390,2 0,00
metanol
0,0 0,0 0,0 0,0 0,00
piruvato de
sódio
534549,2 292578,3 210112,7 345746,7 2,40
propionato de
sódio
312665,6 483946,7 365208,2 387273,5 2,80
succinato de
sódio
429339,1 105002,4 267170,8 1,64
89
ANEXO 1 – Curva de calibração do hidrogênio
y = 51824,29x + 97193,16
R
2
= 1,00
0
1000000
2000000
3000000
4000000
5000000
6000000
0 20 40 60 80 100 120
Volume de H
2
injetadoL)
Área de H
2
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