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UNIVERSIDADE FEDERAL DE S
˜
AO CARLOS
CENTRO DE CI
ˆ
ENCIAS EXATAS E DE TECNOLOGIA
PROGRAMA DE P
´
OS-GRADUAC¸
˜
AO EM MATEM
´
ATICA
Extens˜oes de Distribui¸oes
Quase-homogˆeneas
Elaine Bonfante
ao Carlos - SP
2007
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE S
˜
AO CARLOS
CENTRO DE CI
ˆ
ENCIAS EXATAS E DE TECNOLOGIA
PROGRAMA DE P
´
OS-GRADUAC¸
˜
AO EM MATEM
´
ATICA
Extens˜oes de Distribui¸oes
Quase-homogˆeneas
Elaine Bonfante
Orientador: Prof. Dr. Jos´e Ruidival Soares dos Santos Filho
Co-Orientador: Prof. Dr. Ivo Machado da Costa
Defesa apresentada ao Programa de
os-Gradua¸ao em Matem´atica da UFSCar,
como parte dos requisitos para a obten¸ao do
t´ıtulo de “Mestre em Matem´atica” .
ao Carlos
Fevereiro de 2007
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Ficha catalográfica elaborada pelo DePT da
Biblioteca Comunitária da UFSCar
B713ed
Bonfante, Elaine.
Extensões de distribuições quase-homogêneas / Elaine
Bonfante. -- São Carlos : UFSCar, 2007.
78 p.
Dissertação (Mestrado) -- Universidade Federal de São
Carlos, 2007.
1. Equações diferenciais parciais. 2. Operadores
diferenciais parciais. 3. Teoria das distribuições. 4. Espaço
euclidiano. 5. Extensões de distribuições homogêneas. I.
Título.
CDD: 515.353 (20
a
)
Orientador
,.
Banca Examinadora:
Prol. Dr. José Ruidival Soares dos Santos Filho ..
DM -UFSCar
~
Prol. Dr. Cezar Issao Kondo
DM-UFSCar
c~ ~.~ dx;J;-
Prol. Dr. Ma ceio Rempel Ebert
FFCLRP/USP
Agradecimentos
A Deus e a Nossa Senhora de atima pela vida e pela constante companhia.
Aos Professores Dr. Jos´e Ruidival Soares dos Santos Filho e ao Dr. Ivo
Machado da Costa. O primeiro pela orienta¸ao dedicada a este trabalho,
disponibilidade, paciˆencia e compreens˜ao durante nossas horas de estudos. O
segundo pela amizade, apoio e por sua inesgot´avel aten¸ao e disposi¸ao em me
ajudar.
Aos meus pais Jos´e e Tereza, pelo amor e compreens˜ao em todos os monentos
de minha vida. Ao meu irm˜ao Everton e minha cunhada Graciela pelo apoio
e carinho. A minha sobrinha Giovana o meu maior tesouro. A minha vov´o
Carmela pelo carinho e amizade.
Aos meus familiares que tornaram esse sonho poss´ıvel direta ou indiretamente.
Aos professores do Centro Universit´ario “Bar˜ao de Mau´a”em especial aos Pro-
fessores Dr. Afonso Celso Marino Guimar˜aes, Dr. Marcelo Noronha Zini e a
Professora Dra. Monica Magalh˜aes Costa Zini.
Aos professores da UFSCAR pelos ensinamentos matem´aticos e pela amizade.
Aos meus amigos em especial a Claudete e ao Jamil, pela amizade e pelas
palavras de incentivo nas horas dif´ıceis. Tamb´em o posso agradecer e retribuir
com meu bem mais valioso: a emo¸ao que sinto quando me lembro das pessoas
que fizeram ou fazem parte de meus sonhos e tamem daqueles de cujos sonhos
eu tamem fiz ou fa¸co parte de alguma forma. os nos tornamos c´umplices
na arte de sonhar com os olhos abertos. Mas preciso poupar vocˆe, leitor de
uma lista que poderia ser intermin´avel e ainda assim cometeria injusti¸cas por
omiss˜oes inevit´aveis. Essas pessoas sabem o que significam para mim e tenho
certeza de que entendem as raz˜oes pelas quais s ´o nomino algumas delas.
Finalizo pedindo desculpas aqueles a quem eu possa ter frustado por ao con-
tribuir com os seus sonhos enquanto tentava realizar os meus.
Resumo
Nesta disserta¸c ˜ao a autora demonstra dois resultados de extens˜oes para IR
n
de
solu¸oes distribucionais em IR
n
\{0} do operador L
λ,a
=
n
i=1
λ
i
x
i
x
i
a, com
λ = (λ
1
, . . . , λ
n
) IR
n
+
e a C.
Abstract
In this dissertation the author proves two results of extensions for IR
n
of dis-
tribution solutions in IR
n
\{0} of the operator L
λ,a
=
n
i=1
λ
i
x
i
x
i
a, with
λ = (λ
1
, . . . , λ
n
) IR
n
+
and a C.
Sum´ario
Introdu¸ao 9
1 Distribui¸oes Homogˆeneas em IR 13
1.1 Distribui¸oes Homogˆeneas de grau a com Re(a) > 1 . . . . . . 13
1.2 Distribui¸oes Homogˆeneas de grau a com a ∈ ZZ
. . . . . . . . 16
1.3 Distribui¸oes com a ZZ
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
2 Distribui¸oes Homogˆeneas de IR
n
24
2.1 Caracteriza¸ao de Distribui¸oes Homogˆeneas de IR
n
\{0} . . . . 24
2.2 Alguns Lemas
´
Uteis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
3 Extens˜oes de Distribui¸oes Homogˆeneas de IR
n
\{0} 35
3.1 Extens˜oes de Distribui¸oes Homogˆeneas de IR
n
\{0} - Parte I . . 35
3.2 Extens˜oes de Distribui¸oes Homogˆeneas de IR
n
\{0} - Parte II . 43
4 Distribui¸oes Quase-homogˆeneas de IR
n
52
4.1 Caracteriza¸ao de Distribui¸oes Quase-homogˆeneas de IR
n
\{0} . 52
4.2 Alguns Lemas
´
Uteis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
5 Extens˜oes de Distribui¸oes Quase-homogˆeneas de IR
n
\{0} 62
5.1 Extens˜oes de Distribui¸oes Quase-homogˆeneas de IR
n
\{0}
- Parte I . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
5.2 Extens˜oes de Dis tribui¸oes Quase-homogˆeneas de IR
n
\{0}
- Parte II . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67
Referˆencias Bibliogr´aficas 78
Introdu¸ao
Seja λ = (λ
1
, . . . , λ
n
) IR
n
+
e a C, da´ı considere L
λ,a
=
n
i=1
λ
i
x
i
x
i
a.
O objetivo deste trabalho ´e apresentar resultados de extens˜oes para IR
n
de
solu¸oes homogˆeneas em IR
n
\{0} de L
λ,a
. Para atingirmos este objetivo seguire-
mos de perto os resultados L.H¨ormander, em [H¨o], para o caso λ = (1, . . . , 1).
Neste caso as solu¸oes ao denominadas distribui¸oes homogˆeneas. Isto nos
motivou a denominar as solu¸oes de L
λ,a
de distribui¸oes λ homogˆeneas de
grau a. Para λ e a arbitr´arios o conjunto de todas essas distribui¸oes ser˜ao
chamadas de quase-homogˆeneas.
Est´a disserta¸ao est´a assim organizada:
Iniciamos com uma lista de nota¸oes e conceitos.
No primeiro cap´ıtulo definiremos distribui¸oes homogˆeneas de grau a em IR.
Veremos que quando a C\ZZ
existem tais distribui¸oes, no entanto quando
a ZZ
este ao ´e o caso.
No segundo cap´ıtulo estenderemos a defini¸ao de distribui¸oes homogˆeneas
para IR
n
\{0} e IR
n
. Veremos por meio de um lema trˆes formas equivalentes de
definir distribui¸oes homogˆeneas em IR
n
\{0} e demonstraremos alguns resul-
tados necess´arios para o cap´ıtulo precedente.
No terceiro cap´ıtulo na se¸ao 3.1, seguindo L.H¨ormander em [H¨o], enuncia-
remos e demonstraremos o resultado de extens˜ao para IR
n
de distribui¸oes
homogˆeneas em IR
n
\{0} de grau a com a / {k ZZ ; k n} e veremos que,
9
10
neste caso, uma tal extens˜ao homogˆenea de mesmo grau pode ser obtida, a na
se¸ao 3.2 demonstraremos um teorema de extens˜ao para IR
n
de distribui¸oes
homogˆeneas em IR
n
\{0} de grau inteiro a sendo a = n k com k IN. Neste
caso o excepcionalmente a distribui¸ao obtida ´e homogˆenea.
No quarto cap´ıtulo demonstraremos um lema an´alogo ao do Cap´ıtulo 2, des-
crevendo, portanto, trˆes formas equivalentes para definir distribui¸oes ho-
mogˆeneas em IR
n
\{0}.
No quinto cap´ıtulo na se¸ao 5.1 estenderemos para IR
n
distribui¸oes
quase-homogˆeneas (ou λhomogˆeneas) em IR
n
\{0} de grau a, quando
a / {−|λ|− < α, λ >; i = 1, . . . , n}, a na se¸ao 5.2 estenderemos para o IR
n
distribui¸oes quase-homogˆeneas ( ou λhomogˆeneas) em IR
n
\{0}, quando
a = −|λ|− < α, λ >, para algum α IN
n
. Condi¸oes para que exista ex-
tens˜oes homogˆeneas ao tamb´em descritas.
As bibliografias utilizadas foram: [L] e [R] para os elementos de An´alise Real.
[Ho], [H¨o], [O] e [F] para os fundamentos da teoria de distribui¸oes. Finalmente
[H¨o] e [G] para o estudo de distribui¸oes homogˆeneas e quase-homogˆeneas em
IR
n
.
Lista de Nota¸oes e Conceitos
IR
n
= o espa¸co euclidiano n-dimensional (n 1).
IN
n
= o conjunto das n-uplas α = (α
1
, α
2
, . . . , α
n
) com α
j
IN para cada
j = 1, 2, . . . , n.
|α| = α
1
+ α
2
+ . . . + α
n
.
α
=
α
1
x
1
α
2
x
2
. . .
α
n
x
n
com
x
j
=
x
j
.
x
α
= x
1
α
1
x
2
α
2
. . . x
n
α
n
os monˆomios em x de expoente α.
Se α, β IN
n
, dizemos que β α se β
j
α
j
, j = 1, 2, . . . , n.
α! := α
1
!α
2
! . . . α
n
!.
α
β
:=
α!
β!(α β)!
, β α.
Para λ IR, [λ] = a parte inteira de λ.
´e um subconjunto aberto de IR
n
.
c
´e o complementar de em IR
n
.
K ⊂⊂ Ω, significa que K ´e subconjunto compacto de Ω.
C
(Ω) = o espa¸co das fun¸oes complexas infinitamente diferenci´aveis.
Se K ⊂⊂ e j IN e ϕ C
(Ω),
p
K,j
(ϕ) = sup
xK
|α|≤j
|
α
ϕ(x)|
´e a fam´ılia de seminormas que definem a topologia de C
(Ω).
C
c
(Ω) = {f : C; f C
(Ω) e S(f) ⊂⊂ } .
Quando K ⊂⊂ Ω, C
c
(K) = {ϕ C
(Ω) : S(ϕ) ⊂⊂ K} .
11
12
D
= o espa¸co das distribui¸oes em Ω.
u D
u : C
c
(Ω) C ´e um funcional linear e para cada compacto K
existem constantes C IR e k IN tais que:
| < u, ϕ > | C
|α|≤k
sup |
α
ϕ|; ϕ C
c
(Ω) com S(ϕ) K. (0.0.1)
Denotamos T
u
a distribui¸ao dada por < T
u
, ϕ >=
u(x)ϕ(x) dx, se u L
1
loc
e ϕ C
c
.
A ordem da distribui¸ao u D
´e o menor valor inteiro ao-negativo de k,
se k em (0.0.1) puder ser tomado independente de K. Se ao existir k finito
que satisfa¸ca a desigualdade citada para todo K, dizemos que u possui ordem
infinita.
Suporte de u = S(u) =
V ; u
V
=0
V
c
.
Cap´ıtulo 1
Distribui¸oes Homogˆeneas em IR
1.1 Distribui¸oes Homogˆeneas de grau a com
Re(a) > 1
Seja λ IR. Dizemos que uma fun¸ao real f em IR \ {0} ´e homogˆenea de grau
λ se f(tx) = t
λ
f(x) para t > 0, ou analogamente, se
f(x) =
x
λ
f(1), para x > 0
(x)
λ
f(1), caso x < 0.
Consideremos ent˜ao as fun¸oes f
+
= f(1)x
λ
+
e f
= f(1)x
λ
com
x
λ
+
: IR \ {0} IR definida por
x
λ
+
(x) =
x
λ
, se x > 0
0, se x < 0,
e x
λ
: IR \ {0} IR definida por
x
λ
(x) =
0, se x > 0
|x|
λ
, para x < 0.
Logo, f(x) = f
+
(x) + f
(x) x IR \ {0}.
Observao 1.1.1 Como x
λ
+
(x) = x
λ
(x), para qualquer x = 0, vamos estu-
dar a fun¸ao x
λ
+
. Resultados an´alogos ao obtidos por x
λ
.
13
14
Mas geralmente, para qualquer a C, seja x
a
+
: IR \ {0} C definida por:
x
a
+
(x) =
x
a
, se x > 0
0, se x < 0.
Para x > 0
x
a
= e
a ln(x)
= x
Re(a)
e
iIm(a) ln x
.
Para estender tais distribui¸oes para IR precisamos dar um sentido as dis-
tribui¸oes homogˆeneas em IR. Observamos que quando Re(a) > 1, ent˜ao
x
a
+
L
1
loc
(IR) e da´ı, se estende para uma distribui¸ao em IR. De fato, seja
x
a
+
: IR C definida por:
x
a
+
(x) =
x
a
, se x > 0
0, se x 0.
Logo, para K compacto de IR, temos:
K
|x
a
+
| dx =
K(0,+)
x
Re(a)
e
iIm(a) ln x
dx
=
K(0,+)
x
Re(a)
dx
=
K(0,+)
x
Re(a)
dx < +, se Re(a) > 1.
Da´ı x
a
+
define uma distribui¸ao.
Fazendo uma mudan¸ca de vari´avel obtemos que a distribui¸ao u = T
x
a
+
satisfaz
< u, ϕ >= t
a
< u, ϕ
t
>, para toda ϕ C
c
(IR) com ϕ
t
(x) = (tx) e t > 0
da´ı, consideremos:
Defini¸ao 1.1.1 Dado a C
, u D
(IR) ´e homogˆenea de grau a se:
< u, ϕ >= t
a
< u, ϕ
t
>, (1.1.1)
para toda ϕ C
c
(IR) com ϕ
t
(x) = (tx) e t > 0.
15
´
E acil mostrar as seguintes propriedades:
x.x
a
+
= x
a+1
+
se Re (a) > 1, em D
(IR) (1.1.2)
e
d
dx
x
a
+
= ax
a1
+
se Re (a) > 0, em D
(IR). (1.1.3)
Nosso pr´oximo objetivo ´e estender a defini¸ao de x
a
+
como distribui¸ao para
todo a C, de forma que as propriedades (1.1.2) e (1.1.3) sejam preservadas.
Veremos no entanto que a veracidade destas propriedades ao valem para todo
a C. De fato, um exemplo simples ´e a = 0, pois neste caso temos que o lado
esquerdo de (1.1.3) ´e H
= δ e o lado direito ´e nulo.
Assim para estendermos esta an´alise para todo a C, consideremos
para cada ϕ C
c
(IR) fixa a seguinte fun¸ao:
I
ϕ
: {a C; Re(a) > 1} C
definida por I
ϕ
(a) =< x
a
+
, ϕ >=
+
0
x
a
ϕ(x)dx. Afirmamos que esta fun¸ao
´e anal´ıtica.
De fato, basta verificarmos que
(I
ϕ
)
a
= 0. Assim temos que
(I
ϕ
)
a
=
1
2
a
1
+ i
a
2
(I
ϕ
) =
1
2
I
ϕ
a
1
+ i
I
ϕ
a
2
.
Da´ı,
(I
ϕ
)
a
1
=
a
1
+
0
x
a
ϕ(x) dx
=
+
0
a
1
x
a
1
x
ia
2
ϕ(x)
dx
=
+
0
x
a
ln(x)ϕ(x) dx,
onde a segunda igualdade segue do Teorema da Convergˆencia Dominada. Analoga-
mente
(I
ϕ
)
a
2
=
a
2
+
0
x
a
ϕ(x) dx
=
+
0
a
2
x
a
1
x
ia
2
ϕ(x) dx
= i
+
0
x
a
ln(x)ϕ(x) dx,
16
a convergˆencia segue do Teorema da Convergˆencia Dominada.
Logo,
(I
ϕ
)
a
= 0 e portanto I
ϕ
´e anal´ıtica quando Re(a) > 1.
Observao 1.1.2 Se Re(a) > 1 e k > 0 for um inteiro, podemos mostrar
que:
< x
a
+
, ϕ >= (1)
k
< x
a+k
+
, ϕ
(k)
>
(a + 1) . . . (a + k)
. (1.1.4)
De fato, por indu¸ao em k, mostraremos que vale a igualdade acima para
k = 1. Observemos que < x
a+1
+
, ϕ
>= (a + 1) < x
a
+
, ϕ > por (1.1.3). Da´ı,
(1) < x
a+1
+
, ϕ
(1)
>
(a + 1)
=
(1)
2
(a + 1)
(a + 1) < x
a
+
, ϕ >
= < x
a
+
, ϕ > .
Suponhamos que valha para k, isto ´e,
< x
a
+
, ϕ >= (1)
k
< x
a+k
+
, ϕ
(k)
>
(a + 1) . . . (a + k)
.
Provaremos que vale para k + 1.
Observemos que
< x
a+k+1
+
, ϕ
(k+1)
>= (a + k + 1) < x
a+k
+
, ϕ
(k)
>
por (1.1.3). Da´ı,
(1)
k+1
< x
a+k+1
+
, ϕ
(k+1)
>
(a + 1) . . . (a + k)(a + k + 1)
=
(1)
k+2
(a + k + 1) < x
a+k
+
, ϕ
(k)
>
(a + 1) . . . (a + k)(a + k + 1)
=
(1)
k
(a + 1) . . . (a + k)
< x
a+k
+
, ϕ
(k)
>
= < x
a
+
, ϕ > .
Assim para Re(a) > 1, com k inteiro positivo, temos (1.1.4) vale.
1.2 Distribui¸oes Homogˆeneas de grau a com
a ∈ ZZ
A aplica¸ao a → x
a
+
e a → x
a
se estendem analiticamente para
a C\ZZ
, definindo distribui¸oes homogˆeneas de grau a.
17
Observemos que lado direito da rela¸ao (1.1.4) da se¸ao 1.1 ´e anal´ıtico para
Re(a) > 1 k exceto para os olos simples 1, 2, . . . , k, pois x
a+k
+
´e
anal´ıtica para Re(a) > 1 k e
1
(a + 1) . . . (a + k)
´e anal´ıtica exceto nos
olos simples 1, 2, . . . , k.
Ainda, x
a
+
define uma distribui¸ao de ordem menor ou igual que k, pois para
toda ϕ C
c
(IR), com S(ϕ) K ⊂⊂ IR, temos:
< x
a
+
, ϕ >
=
(1)
k
(a + 1) . . . (a + k)
< x
a+k
+
, ϕ
(k)
>
= c
k,a
< x
a+k
+
, ϕ
(k)
>
c
k,a
c sup |ϕ
(k)
|
C
k,a
k
j=0
sup |ϕ
(j)
|,
onde
k = ord(x
a
+
) =
0, se Re(a) > 1
[Re(a)], se Re(a) 1.
Proposi¸ao 1.2.1 < x
a
+
, ϕ > se estende por continua¸ao anal´ıtica com res-
peito `a a para a C\ZZ
.
Demonstra¸ao: Temos por (1.1.4) que al´em de anal´ıticas para
Re(a) > 1, ao iguais. Mas o lado direito ´e anal´ıtico para Re(a) > 1 k
exceto para os olos simples 1, 2, . . . , k, logo, pelo Princ´ıpio da Extens˜ao
Anal´ıtica segue que < x
a
+
, ϕ >= (1)
k
< x
a+k
+
, ϕ
(k)
>
(a + 1) . . . (a + k)
em C\ZZ
.
Pela Proposi¸ao 1.2.1 definiremos x
a
+
por continua¸ao anal´ıtica com respeito a
a.
Usando (1.1.4) mostra-se que x
a
+
com a / ZZ
, satisfaz (1.1.2) e (1.1.3) e ao
distribui¸oes homogˆeneas de grau a.
Todos os resultados sobre x
a
+
, com a C\ZZ
, ao an´alogos para x
a
.
18
1.3 Distribui¸oes com a ZZ
Estendemos a aplica¸ao a → x
a
+
para a ZZ
, no entanto, ela ao ´e
homogˆenea.
A motivao para definirmos x
a
+
quando a ZZ
´e o seguinte. Primeiramente
observe que para a = k o res´ıduo da fun¸ao a →< x
a
+
, ϕ > ´e
lim
a→−k
(a + k) < x
a
+
, ϕ >=
ϕ
(k1)
(0)
(k 1)!
,
pois,
lim
a→−k
(a + k) < x
a
+
, ϕ > = lim
a→−k
(a + k)(1)
k
< x
a+k
+
, ϕ
(k)
>
(a + 1) . . . (a + k)
=
+
0
ϕ
(k)
(x) dx
(k 1)!
=
ϕ
(k1)
(0)
(k 1)!
.
Assim,
(a + k)x
a
+
(1)
k1
δ
(k1)
0
(k 1)!
, quando a k. (1.3.1)
Subtraindo a parte singular, obtemos, quando a + k = ε 0, que
lim
a→−k
< x
a
+
, ϕ >
ϕ
(k1)
(0)
(k 1)!(a + k)
= lim
ε0
(1)
k
< x
ε
+
, ϕ
(k)
>
(ε + 1 k) . . . (ε 1)ε
ϕ
(k1)
(0)
(k 1)!ε
= lim
ε0
(1)
k
+
0
x
ε
ϕ
(k)
(x) dx
(ε + 1 k) . . . (ε 1)ε
ϕ
(k1)
(0)
(k 1)!ε
= lim
ε0
(1)
k
+
0
(x
ε
1)ϕ
(k)
(x) dx
(ε + 1 k) . . . (ε 1)ε
+
(1)
k
+
0
ϕ
(k)
(x) dx
(ε + 1 k) . . . (ε 1)ε
ϕ
(k1)
(0)
(k 1)!ε
19
= lim
ε0
(1)
k
(ε + 1 k) . . . (ε 1)
+
0
(x
ε
1)ϕ
(k)
(x) dx
ε
+
(1)
k+1
ϕ
(k1)
(0)
(ε + 1 k) . . . (ε 1)ε
ϕ
(k1)
(0)
(k 1)!ε
=
+
0
ln(x)ϕ
(k)
(x) dx
(k 1)!
+ lim
ε0
ϕ
(k1)
(0)
ε
(k 1)! (k 1 ε) . . . (1 ε)
(k 1)!(k 1 ε) . . . (1 ε)

=
+
0
ln(x)ϕ
(k)
(x) dx
(k 1)!
+ lim
ε0
ϕ
k1
(0)
(k 1)!
(k 1)(k 2 ε) . . . (1 ε) + . . . + (k 1 ε) . . . (2 ε)
ε
d
[(k 1 ε) . . . (1 ε)] + (k 1 ε) . . . (1 ε)

=
+
0
ln(x)ϕ
(k)
(x) dx
(k 1)!
+
ϕ
(k1)
(0)
(k 1)!
1
(k 1)!
(k 1)!
(k 1)
+ . . . +
(k 1)!
1
=
+
0
ln(x)ϕ
(k)
(x) dx
(k 1)!
+
ϕ
(k1)
(0)
(k 1)!
k1
j=1
1
j
.
Deste modo definimos
< x
k
+
, ϕ >=
+
0
ln(x)ϕ
(k)
(x) dx
(k 1)!
+
ϕ
(k1)
(0)
(k 1)!
k1
j=1
1
j
. (1.3.2)
Note que a homogeneidade ´e perdida quando a = k. Desta forma, obtemos
de (1.3.2) que:
< x
k
+
, ϕ >= t
k
< x
k
+
, ϕ
t
> + ln(t)
ϕ
(k1)
(0)
(k 1)!
. (1.3.3)
De fato,
t
k
< x
k
+
, ϕ
t
> = t
k
1
(k 1)!
+
0
ln(x) ((tx))
(k)
dx
+ t
k
ϕ
(k1)
(0)
1
(k 1)!
k1
j=1
1
j
= t
k
1
(k 1)!
+
0
ln(x)t
k
ϕ
(k)
(tx) d(tx)
+ t
k
ϕ
(k1)
(0)
1
(k 1)!
k1
j=1
1
j
20
=
1
(k 1)!
+
0
ln(
y
t
)ϕ
(k)
(y) dy +
ϕ
(k1)
(0)
(k 1)!
k1
j=1
1
j
=
1
(k 1)!
+
0
ln(y)ϕ
(k)
(y) dy +
1
(k 1)!
ln(t)ϕ
(k1)
(0)
+ ϕ
(k1)
(0)
1
(k 1)!
k1
j=1
1
j
= < x
k
+
, ϕ > + ln(t)
ϕ
(k1)
(0)
(k 1)!
.
Se a ZZ
, afirmamos que vale a propriedade (1.1.2).
De fato,
< x
k
+
, >=
+
0
ln(x)ϕ
(k1)
(x) dx
(k 2)!
+
ϕ
(k2)
(0)
(k 2)!
k2
j=1
1
j
. (1.3.4)
pois,
lim
a→−k
(a + k) < x
a
+
, > = lim
a→−k
(a + k)(1)
k
< x
a+k
+
, ()
(k)
>
(a + 1) . . . (a + k)
=
(1)
+
0
((x))
(k)
dx
(k 1)!
=
(1)
(k 1)!
+
0
kϕ
(k1)
(x) dx
+
(1)
(k 1)!
+
0
(k)
(x) dx
=
k
(k 1)!
ϕ
(k2)
(0) +
(1)
(k 1)!
ϕ
(k2)
(0)
=
ϕ
(k2)
(0)
(k 2)!
.
Analogamente, calculamos o res´ıduo da fun¸ao a → x
a+1
+
(ϕ), o qual ´e
lim
a→−k
(a + k) < x
a+1
+
, ϕ >=
1
(k 2)!
ϕ
(k2)
(0).
Desta forma, subtra´ıremos um termo
c
(a + k)
que ´e o mesmo em ambos os
lados. Da´ı,
21
lim
a→−k
< x
a
+
, >
ϕ
(k2)
(0)
(k 2)!(a + k)
= lim
ε0
(1)
k
< x
ε
+
, ()
(k)
>
(ε + 1 k) . . . (ε 1)ε
ϕ
(k2)
(0)
(k 2)!ε
= lim
ε0
(1)
k
+
0
x
ε
()
(k)
(x)
dx
(ε + 1 k) . . . (ε 1)ε
ϕ
(k2)
(0)
(k 2)!ε
= lim
ε0
(1)
k
(k ε 1)
+
0
x
ε
ϕ
(k1)
(x) dx
(ε + 1 k) . . . (ε 1)ε
ϕ
(k2)
(0)
(k 2)!ε
= lim
ε0
(1)
k
(k ε 1)
+
0
(x
ε
1)ϕ
(k1)
(x) dx
(ε + 1 k) . . . (ε 1)ε
+
(1)
k
(k ε 1)
+
0
ϕ
(k1)
(x) dx
(ε + 1 k) . . . (ε 1)ε
ϕ
(k2)
(0)
(k 2)!ε
= (1)
k
(k 1)
+
0
ln(x)ϕ
(k1)
(x) dx
(1)
k1
(k 1)!
+ lim
ε0
(1)
k
(k ε 1)ϕ
(k2)
(0)
(ε + 1 k) . . . (ε 1)ε
ϕ
(k2)
(0)
(k 2)!ε
=
+
0
ln(x)ϕ
(k1)
(x) dx
(k 2)!
+ lim
ε0
ϕ
(k2)
(0)
ε
(k ε 1)(k 2)! (k 1 ε) . . . (1 ε)
(k 2)!(k 1 ε) . . . (1 ε)

=
+
0
ln(x)ϕ
(k1)
(x) dx
(k 2)!
+ lim
ε0
ϕ
k2
(0)
(k 2)!
(k 1)(k 2)! + (k 1) . . . (1 ε) + . . . + (k 1 ε) . . . (2 ε)
ε
d
[(k 1 ε) . . . (1 ε)] + (k 1 ε) . . . (1 ε)

=
+
0
ln(x)ϕ
(k1)
(x) dx
(k 2)!
+
ϕ
(k2)
(0)
(k 2)!
1
(k 2)!
(k 2)!
(k 2)
+ . . . +
(k 2)!
1
=
+
0
ln(x)ϕ
(k1)
(x) dx
(k 2)!
+
ϕ
(k2)
(0)
(k 2)!
k2
j=1
1
j
.
22
De maneira similar segue que
lim
a→−k
< x
a+1
+
, ϕ >
ϕ
(k2)
(0)
(k 2)!(a + k)
=
+
0
ln(x)ϕ
(k1)
(x) dx
(k 2)!
+
ϕ
(k2)
(0)
(k 2)!
k2
j=1
1
j
.
Observao 1.3.1
Se a = k ZZ
+
mostremos que
d
dx
x
k
+
= kx
k1
+
+ (1)
k
δ
(k)
0
k!
. Uma vez que
de (1.3.1) temos:
lim
a→−k
d
dx
x
a
+
+ kx
a1
+
= lim
a→−k
ax
a1
+
+ kx
a1
+
= lim
a→−k
(a + k)x
a1
+
= lim
a→−k1
(a + k + 1)x
a
+
= (1)
k
δ
(k)
0
k!
,
e assim eliminando termos da forma
(k)
0
a + k
, os quais devem cancelar-se, obte-
mos
d
dx
x
k
+
= kx
k1
+
+ (1)
k
δ
(k)
0
k!
em D
. (1.3.5)
De fato,

d
dx
x
k
+
+ kx
k1
+
, ϕ
= < x
k
+
, ϕ
> +k < x
k1
+
, ϕ >
= lim
a→−k
< x
a
+
, ϕ
>
ϕ
(k)
(0)
(k 1)!(a + k)
+ k lim
a→−k1
< x
a
+
, ϕ >
ϕ
(k)
(0)
k!(a + k + 1)
= lim
a→−k
< x
a
+
, ϕ
> +
ϕ
(k)
(0)
(k 1)!(a + k)
+ k lim
a→−k1
(1)
(a + 1)
< x
a+1
+
, ϕ
>
ϕ
(k)
(0)
k!(a + k + 1)
23
= lim
a→−k
< x
a
+
, ϕ
> +
ϕ
(k)
(0)
(k 1)!(a + k)
+
(1)
a
k < x
a
+
, ϕ
>
ϕ
(k)
(0)
(k 1)!(a + k)
= lim
a→−k
< x
a
+
, ϕ
>
k
a
< x
a
+
, ϕ
>
= lim
a→−k
(a + k)
a
< x
a
+
, ϕ
>
=
(1)
k
k!
δ
k
0
(ϕ),
a ´ultima igualdade segue de (1.3.1).
Outra maneira de obter esse resultado ´e usar diretamente (1.3.2). Com efeito;
d
dx
x
k
+
, ϕ
= −x
k
+
, ϕ
=
1
(k 1)!
+
0
ln(x)ϕ
(k+1)
(x)dx ϕ
(k)
(0)
k1
j=1
1
j
=
k
k!
+
0
ln(x)ϕ
(k+1)
(x)dx ϕ
(k)
(0)
k
j=1
1
j
+
1
k
ϕ
(k)
(0)
=
kx
k1
+
+ (1)
k
δ
(k)
0
k!
, ϕ
.
Todos os resultados sobre x
a
+
, com a ZZ
, ao an´alogos para x
a
.
Cap´ıtulo 2
Distribui¸oes Homogˆeneas de
IR
n
Nosso objetivo neste cap´ıtulo ´e definir distribui¸oes homogˆeneas de
IR
n
e apresentarmos alguns resultados asicos que ser˜ao usados na extens˜ao
de distribui¸oes homogˆeneas de IR
n
\{0} para IR
n
.
2.1 Caracteriza¸ao de Distribui¸oes Homogˆeneas
de IR
n
\{0}
Defini¸ao 2.1.1 Diz-se que Γ ´e um cone aberto em IR
n
se: Γ for um conjunto
aberto em IR
n
e tx Γ t > 0, x Γ.
Tal como em IR definiremos:
Defini¸ao 2.1.2 Dado a C e Γ um cone aberto diz-se que u D
(Γ) ´e
homoenea de grau a se,
< u, ϕ >= t
a
< u, ϕ
t
>, ϕ C
c
(Γ) com ϕ
t
(x) = t
n
ϕ(tx), t > 0.
Agora expressaremos a no¸ao de homogeneidade de duas maneiras equiva-
lentes. Antes de fazˆe-lo, recordaremos o seguinte resultado:
24
25
Teorema 2.1.1 Sejam e Y subconjuntos abertos de IR
n
e IR
m
, respectiva-
mente, ϕ C
(Ω × Y ) e u D
(Ω). Se existe K ⊂⊂ tal que ϕ(x, y) = 0
quando x / K, ent˜ao a aplicao y →< u, ϕ(·, y) > pertence a C
(Y ) e
α
y
< u, ϕ(·, y) >=< u,
α
y
ϕ(·, y) >,
para todo multi-´ındice α.
A demonstra¸ao deste resultado pode ser encontrado em [H¨o], pg 34.
Considere e = (1, . . . , 1) assim temos que L
e,0
=
n
i=1
x
i
x
i
.
Lema 2.1.1 Se u D
(IR
n
\{0}), ent˜ao as seguintes afirma¸oes ao equiva-
lentes :
(a) < u, ϕ >= t
a
< u, ϕ
t
>, ϕ C
c
(IR
n
\{0}), t > 0.
(2.1.1)
(b) (a + n) < u, ϕ > + < u, L
e,0
ϕ >= 0, ϕ C
c
(IR
n
\{0}).
(2.1.2)
(c) < u, ψ >= 0, se ψ C
c
(IR
n
\{0}) e
+
0
r
a+n1
ψ(rw) dr = 0, w S
n1
(2.1.3)
Demonstra¸ao: Mostremos que (a) (b). Diferenciando a igualdade
em (a) em rela¸ao `a t e usando o Teorema 2.1.1, seguir´a que
(a + n) < u, ϕ > + < u, L
e,0
ϕ >= 0, onde ϕ C
c
(IR
n
\{0}).
De fato,
0 =
d
dt
(< u, ϕ >) =
d
dt
(t
a
< u(·), t
n
ϕ(tx) >)
=
u(·),
d
dt
(t
a+n
ϕ(tx))
=
u, (a + n)t
a+n1
ϕ(tx) + t
a+n
d
dt
(ϕ(tx))
26
= (a + n)t
a1
< u, t
n
ϕ(tx) > +t
a1
u, t
n
n
j=1
tx
j
(
x
j
ϕ)(tx)
= (a + n)t
a1
< u, ϕ
t
(x) > +t
a1
u,
n
j=1
x
j
(
x
j
ϕ)
t
(x)
= (a + n)t
1
< u, ϕ > +t
1
u,
n
j=1
x
j
(
x
j
ϕ)
t
=
0 = (a + n) < u, ϕ > + < u,
n
j=1
x
j
(
x
j
ϕ) >
= (a + n) < u, ϕ > + < u, L
e,0
ϕ >
aqui a segunda igualdade segue do Teorema 2.1.1 e a sexta igualdade segue da
homogeneidade de u.
Para demonstrarmos que (b) (c), primeiro observamos que a integral
f(x) =
+
0
r
a+n1
ψ(rx) dr ´e uma fun¸ao homogˆenea de grau n a, pois
f(tx) =
+
0
r
a+n1
ψ(rtx) dr
=
+
0
s
t
a+n1
ψ(sx)
ds
t
= t
an
+
0
s
a+n1
ψ(sx) ds
= t
an
f(x).
Deste modo, basta verificar que a equa¸ao (a + n)ϕ + L
e,0
ϕ = ψ, tem solu¸ao
ϕ C
c
(IR
n
\{0}). Entretanto, em coordenadas polares tal equa¸ao diferencial
pode ser escrita como:
r
(r
a+n
ϕ(rw)) = r
a+n1
ψ(rw), com ||w|| = 1. (2.1.4)
Com efeito,
r
(r
a+n
ϕ(rw)) = (a + n)r
a+n1
ϕ(rw) + r
a+n
r
(ϕ(rw))
27
= (a + n)r
a+n1
ϕ(rw) + r
a+n1
n
j=1
rw
j
(
j
ϕ)(rw)
= r
a+n1
[(a + n)ϕ(rw) + (L
e,0
ϕ)(rw)]
= r
a+n1
ψ(rw).
Mostremos que dado ψ C
c
(IR
n
\{0}) satisfazendo
+
0
r
a+n1
ψ(rw)dr = 0,
enao existe ϕ C
c
(IR
n
\{0}), tal que
r
(r
a+n
ϕ(rw)) = r
a+n1
ψ(rw). Consi-
deremos g : (0, +)×IR
n
\{0} C definida por g(r, w) =
r
0
s
a+n1
ψ(sw) ds.
Temos que g C
((0, ) × IR
n
\{0}). Tomemos ϕ : IR
n
\{0} C definida
por ϕ(x) = g(||x||,
x
||x||
) = ||x||
an
||x||
0
s
a+n1
ψ
s
x
||x||
ds. Assim vemos
que ϕ C
(IR
n
\{0}), pois ´e composta de fun¸oes de classe C
.
Agora mostremos que S(ϕ) ⊂⊂ IR
n
\{0}. Como S(ψ) ⊂⊂ IR
n
\{0}, isto ´e,
existe R > 1 tal que S(ψ) A
0,
1
R
, R
, onde estamos considerando
A
0,
1
R
, R
= {x;
1
R
||x|| R}.
Se ||x||
1
R
, enao ϕ(x) = ||x||
an
||x||
0
s
a+n1
ψ
s
x
||x||

=0
ds = 0.
Quando ||x|| R, enao
ϕ(x) = ||x||
an
||x||
0
s
a+n1
ψ
s
x
||x||
ds
= 0, por hip´otese .
Portanto S(ϕ) A
0,
1
R
, R
, isto ´e , S(ϕ) ⊂⊂ IR
n
\{0}.
Vamos verificar que ϕ ´e solu¸ao da equa¸ao diferencial (2.1.4). Observemos
que
r
a+n
ϕ(rw) = ||rw||
an
r
a+n
||rw||
0
s
a+n1
ψ
s
rw
||rw||
ds
= r
an
r
a+n
r
0
s
a+n1
ψ(sw) ds
=
r
0
s
a+n1
ψ(sw) ds.
Assim
r
r
a+n
ϕ(rw)
= r
a+n1
ψ(rw).
28
Logo,
< u, ψ > = < u, (a + n)ϕ + L
e,0
ϕ >
= (a + n) < u, ϕ > + < u, L
e,0
ϕ >
= 0,
aqui a ´ultima igualdade segue da hip´otese.
Mostremos agora que (c) (a). Dado ϕ C
c
(IR
n
\{0}) e fixado
t > 0, tome ψ
t
(y) = ϕ(y) t
a+n
ϕ(ty), logo ψ
t
C
c
(IR
n
\{0}). Veremos que
+
0
r
a+n1
ψ
t
(rx)dr = 0 para x = 0.
De fato,
+
0
r
a+n1
ψ
t
(rx) dr =
+
0
r
a+n1
ϕ(rx) t
a+n
ϕ(rtx)
dr
=
+
0
r
a+n1
ϕ(rx) dr
+
0
r
a+n1
t
a+n
ϕ(trx) dr
= < r
a+n1
+
, ϕ(·x) > t
a+n1
+
0
r
a+n1
(t · x) dr
= < r
a+n1
+
, ϕ(·x) > t
a+n1
< r
a+n1
+
, (ϕ
0
)
t
(·x) >
= < r
a+n1
+
, ϕ(·x) > < r
a+n1
+
, ϕ(·x) >
= 0,
aqui a quinta igualdade segue da defini¸ao da homogeneidade de r
a+n1
+
em
IR\{0} e na quarta estamos considerando ϕ
0
(s) = ϕ(srt).
Logo, < u, ψ
t
>= 0, ou seja, vale (a).
Observao 2.1.1
(i) Seja u D
(IR
n
\{0}) e homogˆenea de grau a. Ent˜ao
L
e,0
u = au, em D
. (2.1.5)
Tal igualdade ´e conhecida como Identidade de Euler.
Primeiramente observemos que
< u, L
e,0
ϕ >= < L
e,0
u, ϕ > n < u, ϕ >, ϕ C
c
(IR
n
\{0}).
29
De fato,
< u, L
e,0
ϕ > = < u,
n
j=1
x
j
j
ϕ >
=
n
j=1
<
j
(x
j
u), ϕ >
=
n
j=1
< u∂
j
x
j
, ϕ >
n
j=1
< x
j
j
u, ϕ >
= n < u, ϕ > < L
e,0
u, ϕ > .
Logo, pelo item (b) do Lema 2.1.1 temos que L
e,0
u = au.
(ii) Se ψ for uma fun¸ao C
(IR
n
\{0}) homoenea de grau b, isto ´e,
ψ(tx) = t
b
ψ(x) e u D
(IR
n
\{0}) homoenea de grau a, ent˜ao ψu ´e
homoenea de grau a + b em IR
n
\{0}. De fato:
< ψu, ϕ > = < u, ψϕ >
= t
a
< u, (ψϕ)
t
>
= t
a+n
< u, t
b
ψ(x)ϕ(tx) >
= t
a+b
< ψu, ϕ
t
> .
(iii) Notemos que L
e,0
j
u =
j
(L
e,0
u)
j
u = (a1)
j
u, onde a ´ultima igual-
dade segue de (2.1.5). Conclu´ımos ent˜ao que a diferencia¸ao diminui
uma unidade o grau de homogeneidade.
(iv) Usando (2.1.5) e o Corol´ario 3.1.5 de [H¨o], mostra-se que quando n = 1
as distribui¸oes homoeneas ao multiplos de |x|
a
em cada semi-eixo.
2.2 Alguns Lemas
´
Uteis
Os pr´oximos trˆes lemas ser˜ao usados no pr´oximo cap´ıtulo.
Seja u uma fun¸ao L
1
loc
(IR
n
\{0}) homogˆenea de grau a e ϕ C
c
(IR
n
\{0}).
30
Enao, em coordenadas esf´ericas, podemos e screver
< u, ϕ > =
IR
n
\{0}
u(x)ϕ(x) dx
=
|w|=1
0
u(w)r
a+n1
ϕ(rw) drdw
=
|w|=1
u(w)
r
a+n1
+
, ϕ(·w)
dw.
Desta forma, para ϕ C
c
(IR
n
) arbitr´aria e x = 0, ´e natural con-
siderarmos o operador R
a
: C
c
(IR
n
) C
(IR
n
\{0}) definido por
(R
a
ϕ)(x) =< t
a+n1
+
, ϕ(·x) >. Primeiramente mostremos o
Lema 2.2.1 O operador R
a
: C
c
(IR
n
) C
(IR
n
\{0}) definido por
(R
a
ϕ)(x) =< t
a+n1
+
, ϕ(·x) >, (2.2.1)
´e cont´ınuo.
Demonstra¸ao: Inicialmente provaremos que R
a
est´a bem definido, ou
seja, para ϕ C
c
(IR
n
) temos que R
a
ϕ C
(IR
n
\{0}). Como o conceito
de diferenciabilidade ´e local, basta mostrarmos que, para cada x IR
n
\{0},
existe uma vizinhan¸ca V
x
, de x, tal que R
a
ϕ C
(V
x
). Seja R > 0 tal
que S(ϕ) B
R
(0). Seja x
0
= 0 e tomaremos t
0
IR tal que |t
0
| >
R
||x
0
||
.
Definiremos m
t
0
: IR
n
IR
n
por m
t
0
(x) = t
0
x. Pela linearidade de m
t
0
, temos
que m
t
0
C
(IR
n
). Assim podemos encontrar δ > 0 tal que ||t
0
x|| > R para
todo x B
δ
(x
0
). Desta forma, basta tomar 0 < δ < ||x
0
||
R
|t
0
|
assim, para
x B
δ
(x
0
) e t IR tal que |t| > |t
0
|, temos que ϕ(tx) = 0, pois ||tx|| > R.
Tomando u = t
a+n1
+
D
(X), X = IR, ψ(t, x) = ϕ(tx) C
(X × Y ),
Y = B
δ
(x
0
) e K (−∞, −|t
0
|) (|t
0
|, ), p elo Te orema 2.1.1 temos que a
fun¸ao ´e de classe C
(B
δ
(x
0
)).
Para mostrarmos que R
a
´e um operador cont´ınuo, tendo em vista o Lema 3
de [F] (pg 125), ´e suficiente demonstrar que R
a
: C
c
(K) C
(IR
n
\{0}),
K ⊂⊂ IR
n
´e cont´ınuo. Desta forma consideremos a fam´ılia
de seminormas q
j
(ϕ) =
|α|≤j
α
ϕ
,K
j
em C
(IR
n
\{0}) com
31
K
j
= {x IR
n
;
1
j
x j
} e seja p
j
(ϕ) =
|α|≤j
α
ϕ
uma fam´ılia de
normas em C
c
(K). Assim basta verificarmos que dado j
Z
+
existem C > 0
e j Z
+
tal que q
j
(R
a
ϕ) Cp
j
(ϕ). Tomemos
q
j
(R
a
ϕ) = q
j
(
t
a+n1
+
, ϕ(·x)
)
=
|α|≤j
α
(
t
a+n1
+
, ϕ(·x)
)
,K
j
=
|α|≤j
t
a+n1
+
,
α
(ϕ(·x))
,K
j
. (2.2.2)
Para cada α fixo, temos:
t
a+n1
+
,
α
(ϕ(·x))
,K
j
= sup
K
j
|
t
a+n1
+
,
α
(ϕ(·x))
|
= sup
K
j
|
t
a+n1
+
, t
|α|
α
ϕ(·x)
|
sup
K
j
C
k,j
j
0
k
l=0
sup
|t|≤j
j
0
d
l
dt
l
(
α
ϕ(·x))
,(2.2.3)
com k = ord(t
a+n1+|α|
+
) e K B
j
0
(0). Observemos que
S (ϕ(·x)) {t; |t| j
0
j
} se
1
j
||x|| j
. De (2.2.3) temos que:
sup
K
j
C
k,j
j
0
k
l=0
sup
|t|≤j
j
0
d
l
dt
l
(
α
ϕ(·x))
= sup
K
j
k
l=0
C
k,j
j
0
sup
|t|≤j
j
0
|β|=l
x
β
α+β
ϕ(·x)
Tomando tx = y e do fato que |x
β
| ||x||
|β|
j
|β|
, temos:
q
j
(R
a
ϕ)
|α|≤j
sup
K
j
k
l=0
C
k,j
j
0
sup
|t|≤j
j
0
|β|=l
j
|β|
α+β
ϕ(·x)
|α|≤j
C
k,j
j
0
k
l=0
sup
B
j
0
j
2
(0)
|β|=l
j
|β|
(
α+β
ϕ)(y)
C
k,j
j
0
(k + 1)
|α|≤j
|β|≤k
j
|β|
(
α+β
ϕ)(y)
,K
C
k,j
j
0
(k + 1)j
k
|γ|≤j
+k
||
γ
ϕ| |
,K
= C
k,j
j
0
(k + 1)j
k
p
j
(ϕ)
sendo j = j
+ k.
32
Lema 2.2.2 Existe uma fun¸ao ψ
1
C
c
(IR
n
\{0}) tal que
+
0
ψ
1
(tx)
t
dt = 1, se x = 0 (2.2.4)
Demonstra¸ao: Provemos inicialmente para o caso n = 1. Seja
ψ
0
C
c
(0, +) tal que
+
0
ψ
0
(x) dx > 0. Assim, temos que:
+
0
ψ
0
(tx)
t
dt =
+
0
ψ
0
(s)
s
ds = λ
Tomemos ψ
1
(x) =
1
λ
ψ
0
(|x|). Desta forma,
+
0
ψ
1
(tx)
t
dt =
1
λ
+
0
ψ
0
(|tx|)
t
dt
=
1
λ
+
0
ψ
0
(t|x|)
t
dt
= 1.
Provemos agora o caso geral (n > 1). Seja ψ
1
C
c
(IR
n
\{0}) definida por
ψ
1
(x) =
1
λ
ψ
0
(||x||). Portanto,
+
0
ψ
1
(tx)
t
dt =
1
λ
+
0
ψ
0
(||tx||)
t
dt =
1
λ
+
0
ψ
0
(t||x||)
t
dt = 1.
Sejam ψ C
c
(IR
n
\{0}) e K = S(ψ), da´ı segue:
Lema 2.2.3 O operador M
ψ
: C
(IR
n
\{0}) C
c
(K), definido por
M
ψ
(ϕ) = ψϕ,
´e cont´ınuo.
Demonstra¸ao: Para mostrarmos que M
ψ
´e um operador cont´ınuo, consi-
deremos a fam´ılia de seminormas q
j
(ϕ) =
|α|≤j
α
ϕ
,K
j
em C
(IR
n
\{0})
com K
j
= {x IR
n
;
1
j
x j
} e p
j
(ϕ) =
|α|≤j
α
ϕ
uma fam´ılia de
33
normas em C
c
(K). Assim basta verificarmos que dado j Z
+
, existem C > 0
e j
Z
+
tal que p
j
(M
ψ
(ϕ)) Cq
j
(ϕ) em C
c
(K). Tomemos,
p
j
(M
ψ
(ϕ)) = p
j
(ψϕ)
=
|α|≤j
||
α
(ψϕ) ||
,K
|α|≤j
0βα
α
β
||
αβ
ψ||
,K
||
α
ϕ||
,K
C
|α|≤j
||
α
ϕ||
,K
Cq
j
(ϕ),
com K
j
K.
Observao 2.2.1
(i)Temos que
|α|=j
b
α
α
δ
0
= 0, com b
α
C se, e somente se, b
α
= 0, α.
De fato, fixado α
0
com |α
0
| = j, consideremos ϕ
0
C
c
(IR
n
) com ϕ
0
1
numa vizinhan¸ca de zero. Da´ı, tomemos ϕ(x) = x
α
0
ϕ
0
(x).
Logo,
0 =
|α|=j
b
α
α
δ
0
, ϕ
=
α
δ
0
,
|α|=j
b
α
ϕ
=
|α|=j
b
α
(1)
|α|
α
ϕ(x)
x=0
=
|α|=j
b
α
(1)
|α|
α
(x
α
0
ϕ
0
(x))
x=0
=
|α|=j
0βα
α
β
b
α
(1)
|α|
αβ
(x
α
0
)
x=0
β
ϕ
0
(x)
x=0
= (1)
|α
0
|
b
α
0
α
0
!ϕ
0
(0)
= (1)
|α
0
|
b
α
0
α
0
!
o que implica b
α
0
= 0.
34
Portanto, b
α
= 0, α.
(ii)Temos que
α
δ
0
´e homoenea de grau n |α|.
De fato,
α
δ
0
, ϕ
t
= t
n
α
δ
0
, ϕ(tx)
= t
n
(1)
|α|
δ
0
,
α
(ϕ(tx))
= (1)
|α|
t
n+|α|
δ
0
, (
α
ϕ) (tx)
= t
n+|α|
(1)
|α|
δ
0
,
α
ϕ
= t
n+|α|
α
δ
0
, ϕ .
Cap´ıtulo 3
Extens˜oes de Distribui¸oes
Homogˆeneas de IR
n
\{0}
Nosso objetivo neste cap´ıtulo ´e estender para IR
n
os resultados obti-
dos no Cap´ıtulo 1. Na primeira se¸ao mostraremos que no caso em que
a / {k ZZ ; k n} as distribui¸oes homogˆeneas de IR
n
\{0} de grau a po-
dem ser estendidas para IR
n
. Na segunda se¸ao consideremos o caso em que
a { k ZZ ; k n}.
3.1 Extens˜oes de Distribui¸oes Homogˆeneas de
IR
n
\{0} - Parte I
Por extens˜ao entendemos:
Defini¸ao 3.1.1 Sejam u D
(X) e X Y . Dizemos que v D
(Y )´e uma
extens˜ao de u se < v, ϕ >=< u, ϕ > para toda ϕ C
c
(X).
Nesta discuss˜ao o pr´oximo exemplo se imp˜oe:
Exemplo 3.1.1 u =
n=1
a
n
δ
1
n
D
(IR\{0}) se a
n
IR n, por´em se os
a
n
s forem escolhidos suficientemente grandes ent˜ao u ao admite extens˜ao em
D
(IR). Construiremos este exemplo em 4 etapas.
35
36
(1) Tome ϕ
0
C
c
(IR\{0}) com ϕ
0
0 tal que S(ϕ
0
) [1, 3] e ϕ
0
(2) = 1
(2) Para cada n ZZ
+
. Consideremos o difeomorfismo ψ
n
: IR IR tal que
ψ
n
(
1
n+1
) = 1 , ψ
n
(
1
n
) = 2 e ψ
n
(s) = s se s 3.
(3) Defina ϕ
n
= ϕ
0
ψ
n
. Afirmamos que ϕ
n
C
c
(IR\{0}), pois ´e composta
de fun¸oes de classe C
e temos que S(ϕ
n
) (0, 3] e ainda ϕ
n
0.
Tome p
n,K
(ϕ) =
n
j=0
||ϕ
(j)
||
,K
e defina a
n
> np
n
(ϕ
n
).
(4) Afirmamos agora que u ao admite extens˜ao para D
(IR). De fato, su-
ponhamos que u admita extens˜ao para D
(IR) e seja K = [0, 3]. Logo,
existe C > 0 e j
0
IN tal que | < u, ϕ
n
> | Cp
j
0
(ϕ
n
). Por´em, como
ϕ
n
0, temos que | < u, ϕ
n
> | a
n
, o que implica que a
n
Cp
j
0
(ϕ
n
).
Mas como j
0
´e fixo, ent˜ao para n j
0
temos que a
n
Cp
n
(ϕ
n
)
C > n, para n >> 1, o que consiste numa contradi¸ao. Portanto nestas
condi¸oes u ao admite extens˜ao.
No que se segue usaremos:
Teorema 3.1.1 Se u ´e uma distribui¸ao de ordem k com suporte igual a {y},
ent˜ao u tem a forma
< u, ϕ >=
|α|≤k
a
α
α
ϕ(y), ϕ C
k
.
A demonstra¸ao deste resultado pode ser encontrado em [H¨o], pg 46.
Consideremos agora a / {k ZZ ; k n} e tomemos o seguinte conjunto
H
a
(Γ) = {u D
(Γ); homogenea de grau a} .
Teorema 3.1.2 Para toda u H
a
(IR
n
\{0}) existe uma ´unica extens˜ao
E(u) H
a
(IR
n
). Al´em disso, se P ´e uma fun¸ao polinomial homogˆenea, ent˜ao
E(P u) = P E(u). Se a = 1 n, ent˜ao E(
j
u) =
j
E(u). Al´em do mais, o
operador definido por u → E(u), ´e cont´ınuo na topologia das distribui¸oes.
37
Demonstra¸ao: (Unicidade) Sejam U
1
, U
2
H
a
(IR
n
) extens˜oes de
u H
a
(IR
n
\{0}). Como U
1
|
IR
n
\{0}
= u e U
2
|
IR
n
\{0}
= u, enao temos que
para toda ϕ C
c
(IR
n
\{0}) que:
< U
1
U
2
, ϕ >=< U
1
, ϕ > < U
2
, ϕ >=< u, ϕ > < u, ϕ >= 0.
Suponhamos que S (U
1
U
2
) {0}. Logo, pelo Teorema 3.1.1, U
1
U
2
´e uma
combina¸ao linear de derivadas de δ
0
, ou seja, existem c
α
C e k > 0 tais que
U
1
= U
2
+
|α|≤k
c
α
α
δ
0
.
Notemos que
v = U
1
U
2
=
|α|≤k
c
α
α
δ
0
=
k
j=0
|α|=j
c
α
α
δ
0
.
Como v ´e homogˆenea de grau a, temos:
t
a
< v, ϕ
t
>=
k
j=0
|α|=j
c
α
(1)
|α|
α
ϕ(0)
t
a+n+j
,
pela Observao 2.2.1-(ii).
Por outro lado,
< v, ϕ >=
k
j=0
|α|=j
c
α
α
δ
0
, ϕ
=
k
j=0
|α|=j
c
α
(1)
|α|
α
ϕ(0)
.
Da´ı, segue que:
k
j=0
|α|=j
c
α
(1)
|α|
α
ϕ(0)

b
j
t
a+n+j
=
k
j=0
|α|=j
c
α
(1)
|α|
α
ϕ(0)

b
j
.()
Mostremos que os b
j
= 0, j. Seja, por absurdo, j
1
o menor elemento de
IN [0, k] tal que b
j
1
= 0. Sabemos que a + n + j
1
= 0, pois caso contr´ario
ter´ıamos a = n j
1
, contradizendo a hip´otese sobre a. Assim temos que
Re(a+n+j
1
) = 0 ou Im(a+n+j
1
) = 0. Suponhamos que Re(a+n+j
1
) = 0.
Desta forma, dividindo ambos os lados de () por t
a+n+j
1
temos:
k
j=j
1
b
j
t
a+n+j
t
(a+n+j
1
)
=
k
j=j
1
b
j
t
(a+n+j
1
)
.
38
Tomando-se o limite quando t 0 ou t + e considerando tanto
Re(a + n + j
1
) > 0 ou Re(a + n + j
1
) < 0 temos que: b
j
1
= + ou b
j
1
= 0
se
k
j=j
1
b
j
= 0 o que ´e um absurdo, agora se
k
j=j
1
b
j
= 0 temos que b
j
1
= 0 ou
b
j
1
= que tamem ´e um absurdo. Assim, se considerarmos Im(a+n+j
1
) = 0
segue analogo ao argumento anterior.
Portanto, b
j
= 0, j.
Pela Observao 2.2.1 item (i)
|α|=j
c
α
(1)
|α|
α
ϕ(0) = 0, j = 0, 1, . . . , k.
Enao c
α
= 0, α.
Portanto, U
1
= U
2
.
(Existˆencia) Uma extens˜ao de u ´e obtida a partir das quatro etapas abaixo.
Etapa 1: Seja R
a
do Lema 2.2.1. Mostremos que R
a
ϕ ´e uma fun¸ao homogˆenea
de grau n a e R
a
(ψR
a
ϕ) = R
a
ϕ com ψ C
c
(IR
n
\{0}) satisfazendo a
condi¸ao do Lema 2.2.2. De fato,
(R
a
ϕ)(lx) = < t
a+n1
+
, ϕ(·lx) >
= l
1
< t
a+n1
+
, lϕ(·lx) >
= l
1
l
an+1
< t
a+n1
+
, ϕ(·x) >
= l
an
(R
a
ϕ)(x),
aqui a terceira igualdade segue da homogeneidade de t
a+n1
+
. Portanto, R
a
ϕ ´e
homogˆenea de grau a n, isto ´e, R
a
ϕ(lx) = l
an
R
a
ϕ(x).
Afirma¸ao: R
a
(ψR
a
ϕ) = (R
a
ϕ). De fato,
R
a
(ψR
a
ϕ)(x) = < t
a+n1
+
, (ψR
a
ϕ)(·x) >
=
+
0
t
a+n1
ψ(tx)R
a
ϕ(tx) dt
=
+
0
t
a+n1
ψ(tx)t
an
R
a
ϕ(x) dt
= (R
a
ϕ)(x)
+
0
ψ(xt)
t
dt
= (R
a
ϕ)(x),
aqui a terceira igualdade segue da hip´otese de R
a
ϕ ser homogˆenea de grau
a n.
39
Etapa 2: < u, ψR
a
ϕ > independe da escolha de ψ com ψ C
c
(IR
n
\{0})
satisfazendo a condi¸ao do Lema 2.2.2 e u H
a
.
De fato, sejam ψ
1
, ψ
2
C
c
(IR
n
\{0}) satisfazendo a condi¸ao do Lema 2.2.2.
Assim
+
0
r
a+n1
(ψ
1
ψ
2
)(rx)R
a
ϕ(rx) dr =
+
0
r
a+n1
ψ
1
(rx)R
a
ϕ(rx) dr
+
0
r
a+n1
ψ
2
(rx)R
a
ϕ(rx) dr
=
+
0
r
a+n1
ψ
1
(rx)r
an
R
a
ϕ(x) dr
+
0
r
a+n1
ψ
2
(rx)r
an
R
a
ϕ(x) dr
= R
a
ϕ(x)
+
0
r
1
ψ
1
(rx) dr
R
a
ϕ(x)
+
0
r
1
ψ
2
)(rx) dr
= 0,
aqui a segunda igualdade segue da homogeneidade de R
a
ϕ.
Portanto, temos por (2.1.3) do Lema 2.1.1 que u, ψ
1
R
a
ϕ ψ
2
R
a
ϕ = 0 o que
implica que < u, ψ
1
R
a
ϕ >=< u, ψ
2
R
a
ϕ >.
Etapa 3: < u, ψR
a
ϕ >=< u, ϕ > se ϕ C
c
(IR
n
\{0}). De fato,
+
0
r
a+n1
(ψR
a
ϕ ϕ)(rx) dr =
+
0
r
a+n1
ψ(rx)R
a
ϕ(rx) dr
+
0
r
a+n1
ϕ(rx) dr
= R
a
ϕ(x) R
a
ϕ(x)
= 0.
Logo por (2.1.3) do Lema 2.1.1 temos u, ψR
a
ϕ ϕ = 0 o que implica que
< u, ψR
a
ϕ >=< u, ϕ > .
Etapa 4: Definimos E(u) por:
< E(u), ϕ >=< u, ψR
a
ϕ > (3.1.1)
para toda ϕ C
c
(IR
n
). Mostremos que E(u) D
(IR
n
) e ´e uma extens˜ao de u
homogˆenea de grau a. Para demonstrar isto consideremos os s eguintes passos.
40
Passo 1: E(u) D
(IR
n
) e ´e uma extens˜ao de u.
De fato, claramente E(u) ´e um funcional linear.
Temos que E(u) ´e um funcional cont´ınuo, pois ´e composto de funcionais cont´ınuos,
a saber E(u) = u L
ψ
R
a
onde temos que u ´e um funcional cont´ınuo por
hip´otese, L
ψ
: C
(IR
n
\{0}) C
c
(IR
n
\{0}) ´e cont´ınuo, pois L
ψ
= M
ψ
I
onde inclus˜ao I : C
c
(K) C
c
(IR
n
\{0}) ´e cont´ınua e M
ψ
´e cont´ınuo pelo
Lema 2.2.3 e ainda R
a
: C
c
(IR
n
) C
(IR
n
\{0}) ´e cont´ınuo pelo Lema 2.2.1.
Notemos que < E(u), ϕ >=< u, ψR
a
ϕ >=< u, ϕ > para toda ϕ C
c
(IR
n
\{0}),
pela Etapa 3. Logo, E(u) ´e uma extens˜ao de u.
Passo 2: E(u) D
(IR
n
) ´e homogˆenea de grau a. Para isso, observemos
primeiramente que:
(R
a
ϕ
r
)(x) = r
n
< t
a+n1
+
, ϕ(·rx) >
= r
n
r
1
< t
a+n1
+
, rϕ(·rx) >
= r
n1
r
an+1
< t
a+n1
+
, ϕ(·x) >
= r
a
R
a
ϕ(x).
Da´ı, temos que:
< E(u), ϕ
t
>=< u, ψR
a
ϕ
t
>= t
a
< u, ψR
a
ϕ >= t
a
< E(u), ϕ >
ou seja, < E(u), ϕ >= t
a
< E(u), ϕ
t
>. Logo E(u) ´e homogˆenea de grau a.
Demonstra¸ao de (E(Pu) = PE(u))
Se P ´e uma fun¸ao polinomial homogˆenea, enao mostremos que
E(P u) = P E(u).
Suponhamos que o grau de P seja m, observemos que P u ´e homogˆenea de grau
a + m. De fato,
< P u, ϕ > = < u, P ϕ >
= t
a
< u, (P ϕ)
t
>
= t
a+n
< u, P (tx)ϕ(tx) >
= t
a+m
< P u, ϕ
t
> .
41
Portanto, P u ´e homogˆenea de grau a + m.
Notemos que a + m / {k ZZ ; k n} , pois se a + m {k ZZ ; k n},
isto ´e, a + m = k enao a = m + k k n contradizendo a hip´otese sobre
a / {k ZZ ; k n}. Assim, pelo Teorema 3.1.2 temos que E(P u) ´e uma
extens˜ao de P u e homogˆenea de grau a + m.
Observemos que P E(u) ´e uma outra extens˜ao de P u. De fato, para toda
ϕ C
c
(IR
n
\{0}), temos que:
< P E(u), ϕ >=< E(u), P ϕ >=< u, P ϕ >=< P u, ϕ > .
Como o grau de E(u) coincide com o grau de u, ent˜ao segue que P E(u) ´e
homogˆenea de grau a + m. Como o Teorema 3.1.2 garante a existˆencia de uma
´unica extens˜ao, logo temos que E(P u) = P E(u).
Demonstra¸ao de (E(
j
u) =
j
E(u))
Primeiramente observemos que
j
u ´e homogˆenea de grau a 1. De fato, para
toda ϕ C
c
(IR
n
\{0}) temos que:
<
j
u, ϕ > = (1) < u,
j
ϕ >
= (1)t
a
< u, (
j
ϕ)
t
>
= (1)t
a+n
< u, (
j
ϕ)(tx) >
= (1)t
a+n1
< u, t(
j
ϕ)(tx) >
= (1)t
a1+n
< u,
j
(ϕ(tx)) >
= (1)t
a1
< u,
j
(ϕ
t
) >
= t
a1
<
j
u, ϕ
t
> .
donde conclu´ımos que o grau de
j
u ´e a 1.
Notemos que a 1 / {k ZZ ; k n} , pois se a 1 = n ent˜ao a = 1 n
contradizendo a hip´otese. Desta forma, pelo Teorema 3.1.2 temos que E(
j
u)
´e uma extens˜ao homogˆenea de grau a 1 de (
j
u).
42
Observemos que
j
E(u) ´e uma outra extens˜ao de
j
u. De fato, para toda
ϕ C
c
(IR
n
\{0}) temos que:
<
j
E(u), ϕ > = (1) < E(u),
j
ϕ >
= (1) < u,
j
ϕ >
= <
j
u, ϕ > .
Como o grau E(u) coincide com o grau de u, segue que
j
E(u) ´e homogˆenea de
grau a1. Como o Teorema 3.1.2 garante a existˆencia de uma ´unica extens˜ao,
logo segue que E(
j
u) =
j
E(u).
Demonstra¸ao de (O operador H
a
D
(IR
n
) ´e cont´ınuo)
Mostremos que o operador
H
a
D
(IR
n
)
definido por u → E(u) ´e cont´ınuo. De fato, dado u H
a
seja u
n
uma seq¨encia
em H
a
tal que u
n
u em H
a
. Mostremos que E(u
n
) E(u) em D
(IR
n
), isto
´e, para toda ϕ C
c
(IR
n
) temos que < E(u
n
), ϕ >< E(u), ϕ >.
De fato,
lim
n+
< (E(u
n
) E(u)), ϕ > = lim
n+
< (u
n
u), ψR
a
ϕ >= 0, ϕ C
c
(IR
n
),
o que prova a continuidade do operador acima.
Exemplo 3.1.2 Seja f C
1
(S
n1
) e a C definimos
u
a,f
(x) = ||x||
a
f
x
||x||
em IR
n
\{0}. Temos que u C
1
(IR
n
\{0})
´e homogˆenea de grau a. Logo, pelo Teorema 3.1.2 u admite
uma ´unica extens˜ao E(u) D
(IR
n
) homogˆenea de grau a, se
a / {k ZZ ; k n} .
43
3.2 Extens˜oes de Distribui¸oes Homogˆeneas de
IR
n
\{0} - Parte II
Nesta se¸ao, estendemos para IR
n
o resultado obtido na se¸ao 1.3 do
Cap´ıtulo 1.
Aqui consideremos o caso a = n k com k IN.
Defini¸ao 3.2.1 Dado k IN. Dizemos que u D
(Γ) tem paridade oposta a
k se < u, ϕ >= (1)
k+1
< u, ϕ(−·) > ϕ C
c
(Γ).
Teorema 3.2.1 Se u H
nk
(IR
n
\{0}) com k IN, ent˜ao:
(1) u tem uma extens˜ao E(u) D
(IR
n
) satisfazendo
< E(u), ϕ >= t
kn
< E(u), ϕ
t
> + ln(t)
|α|=k
< u, x
α
ψ >
α
ϕ(0)
α!
.
(3.2.1)
onde t > 0 e ψ C
c
(IR
n
\{0}) como no Lema 2.2.2.
(2) Se U ´e uma extens˜ao de u ent˜ao
U, ϕ = t
nk
U, ϕ
t
+
|α|≤l
(1 t
|α|−k
)a
α
α
δ
0
, ϕ
+ ln(t)
|α|=k
u, x
α
ψ
α
ϕ(0)
α!
.
(3) Seja U uma extens˜ao de u na forma do item (2). Ela ´e homogˆenea de
grau a se, e somente se, a
α
= 0 para |α| l, |α| = k e
< u, x
α
ψ >= 0 (3.2.2)
para |α| = k. Aem disso (3.2.2) independe da escolha de ψ.
(4) Uma escolha consistente de extens˜ao pode ser feita de forma tal que
E(P u) = P E(u) para toda fun¸ao polinomial P homogˆenea.
44
(5) u tem paridade oposta a k se, e somente se,
< u, ϕ >= (sgnt)t
a
< u, ϕ
t
>, t = 0 (3.2.3)
com ϕ C
c
(IR
n
\{0}). Neste caso vale (3.2.2).
(6) Suponha que u D
(IR
n
\{0}) satisfaz (3.2.3) ent˜ao existe uma ´unica
extens˜ao E
1
(u) D
(IR
n
) com paridade oposta a k. Al´em disso ela ´e
dada por
E
1
(u), ϕ = S
< t
k1
, ϕ(t·) >
2
u
, (3.2.4)
sendo t
k
=
(t+i0)
k
+(ti0)
k
2
= t
k
+
+ (1)
k
t
k
e S(v) =< v, ψ >.
Demostra¸ao:
(1) Motivada pela rela¸ao (3.1.1) do Teorema 3.1.2 definimos uma extens˜ao
E(u) de u como sendo < E(u), ϕ >=< u, ψR
a
ϕ > para toda ϕ C
c
(IR
n
).
a mostramos que E(u) D
(IR
n
) e ´e uma extens˜ao de u na demonstra¸ao do
Teorema 3.1.2.
Vejamos que,
R
nk
ϕ(x) = t
nk
R
nk
ϕ
t
(x) + ln(t)
|α|=k
x
α
α
ϕ(0)
α!
.
De fato,
R
nk
ϕ
t
(x) = t
n
< r
k1
+
, ϕ(·tx) >
= t
n1
< r
k1
+
, (·tx) >
= t
n1
t
k+1
< r
k1
+
, ϕ(·x) > t
k+1
ln(t)
1
k!
d
k
dr
k
(ϕ(rx))
r=0
= t
n+k
R
nk
ϕ(x) t
n+k
ln(t)
|α|=k
x
α
α
ϕ(0)
α!
,
aqui a terceira igualdade segue de (1.3.3).
Portanto, R
nk
ϕ(x) = t
nk
R
nk
ϕ
t
(x) + ln(t)
|α|=k
x
α
α
ϕ(0)
α!
.
45
Da´ı, temos
< E(u), ϕ > =
u, ψ
t
nk
R
nk
ϕ
t
+ ln(t)
|α|=k
x
α
α
ϕ(0)
α!
= t
kn
< u, ψR
nk
ϕ
t
> + ln(t)
|α|=k
u, x
α
ψ
α
ϕ(0)
α!
= t
kn
< E(u), ϕ
t
> + ln(t)
|α|=k
u, x
α
ψ
α
ϕ(0)
α!
.
(2) Seja U D
(IR
n
) uma extens˜ao de u H
nk
(IR
n
\{0}). Usando o
Teorema 3.1.1, temos que U E(u) =
|α|≤l
a
α
α
δ
0
onde a
α
C e l IN.
Substituindo E(u) por U
|α|≤l
a
α
α
δ
0
em (3.2.1) o termo do logaritmo ao
muda, mas aparece um outro termo, a saber:
|α|≤l
(1 t
|α|−k
)a
α
α
δ
0
. (3.2.5)
De fato, temos:
U
|α|≤l
a
α
α
δ
0
, ϕ
= t
kn
U
|α|≤l
a
α
α
δ
0
, ϕ
t
+ln(t)
|α|=k
u, x
α
ψ
α
ϕ(0)
α!
.
Mas,
|α|≤l
a
α
α
δ
0
, ϕ
t
=
|α|≤l
a
α
α
δ
0
, t
n
ϕ(t·)
=
|α|≤l
a
α
(1)
|α|
δ
0
, t
n+|α|
(
α
ϕ)(t·)
=
|α|≤l
a
α
t
n+|α|
α
δ
0
, ϕ .
Da´ı:
U, ϕ = t
nk
U, ϕ
t
+
|α|≤l
(1 t
|α|−k
)a
α
α
δ
0
, ϕ
+ln(t)
|α|=k
u, x
α
ψ
α
ϕ(0)
α!
.
(3) De (2), U ´e homogˆenea se, e somente se,
|α|≤l
(1 t
|α|−k
)a
α
α
δ
0
, ϕ
+ ln(t)
|α|=k
< u, x
α
ψ >
α
ϕ(0)
α!
= 0,
ϕ C
c
(IR
n
).
46
Como as fun¸oes
(1 t
|α|−k
), |α| l, |α| = k
{ln(t)} ao linearmente in-
dependentes, basta verificarmos que a
α
= 0 para |α| l, |α| = k e que
< u, x
α
ψ >= 0 para |α| = k.
Para todo α com |α| = k temos que (1 t
|α|−k
) = 0, logo resta verificar que
< u, x
α
ψ >= 0 α, |α| = k se
|α|=k
< u, x
α
ψ >
α
ϕ(0)
α!
= 0 ϕ C
c
(IR
n
).
Mas isto segue da Observao 2.2.1-(i).
Agora se |α| l e |α| = j = k, assim basta verificarmos que
|α|=j
(1 t
|α|−k
)a
α
α
δ
0
= 0 se, e somente se, a
α
= 0 ∀|α| l, que segue da
Observao 2.2.1-(i).
A rec´ıproca ´e imediata.
Mostremos agora que se < u, x
α
ψ >= 0 α com |α| = k independe
da escolha de ψ. De fato, seja v D
(IR
n
\{0}) homogˆenea de grau n enao
< v, ψ > independe da escolha de ψ.
Com efeito, sejam ψ
1
, ψ
2
C
c
(IR
n
\{0}) satisfazendo a condi¸ao do
Lema 2.2.2. Da´ı, temos que:
+
0
r
a+n1
(ψ
1
ψ
2
)(rx) dr =
+
0
r
1
(ψ
1
ψ
2
)(rx) dr
=
+
0
r
1
ψ
1
(rx) dr
+
0
r
1
ψ
2
(rx) dr
= 0,
assim pelo Lema 2.1.1 item (c) temos que < v, (ψ
1
ψ
2
) >= 0 o que implica
que < v, ψ
1
>=< v, ψ
2
>,.
Tomemos v = x
α
u e observemos que x
α
u ´e homogˆenea de grau n. De fato,
< x
α
u, ψ > = < u, x
α
ψ >
= t
a
< u, (x
α
ψ)
t
>
= t
a+n+|α|
< u, x
α
ψ(t·) >
= t
n
< x
α
u, ψ
t
> .
Portanto, x
α
u ´e homogˆenea de grau n. Logo, < u, x
α
ψ > independe da
escolha de ψ.
47
Antes de prosseguir na demonstra¸ao faremos uma observao que motiva e
a importˆancia ao papel de S.
Observao:
(i) Se v for uma fun¸ao cont´ınua e homogˆenea de grau n em IR
n
\{0} intro-
duzindo coordenadas polares temos:
S(v) = < v, ψ >
=
IR
n
\{0}
v(x)ψ(x) dx
=
+
0
|w|=1
r
n
v(w)ψ(wr)r
n
dw
dr
r
=
|w|=1
+
0
ψ(wr)
dr
r

=1
v(w) dw
=
|w|=1
v(w) dw,
aqui a terceira igualdade segue da homogeneidade de v. Observemos que S(v)
´e a integral de v sobre a esfera unit´aria.
(ii) Notemos que se u ´e homogˆenea de grau a e a / {k ZZ ; k n}, enao
(3.1.1) pode ser escrito na forma:
< E(u), ϕ > = < u, ψR
a
ϕ >
= < (R
a
ϕ)u, ψ >
= S((R
a
ϕ)u)
= S(< t
a+n1
+
, ϕ(t·) > u)
pois, (R
a
ϕ)u ´e homogˆenea de grau a n + a = n, em vista da Observao
2.1.1-(ii).
Quando a = n k com k IN enao (3.1.1) pode depender da escolha de ψ.
(iii) (3.2.1) pode ser reescrita como:
< E(u), ϕ >= t
kn
< E(u), ϕ
t
> + ln(t)
|α|=k
S(x
α
u)
α
ϕ(0)
α!
. (3.2.6)
(4) Se P ´e uma fun¸ao polinomial homogˆenea de grau m, com uma fun¸ao
48
ψ fixada garantimos que E(P u) = P E(u). De fato,
< P E(u), ϕ >=< E(u), P ϕ >=< u, ψR
nk
P ϕ >
Mas,
R
nk
(P ϕ)(x) = < t
k1
+
, P (·x)ϕ(·x) >
= < t
k1+m
+
P (x), ϕ(·x) >
= P (x) < t
mk1
+
, ϕ(·x) >
= P (x)R
mnk
(ϕ)(x).
Da´ı,
< P E(u), ϕ >=< u, ψP R
nk+m
(ϕ) >=< P u, ψR
nk+m
(ϕ) >=< E(P u), ϕ > .
(5) Suponhamos que u tenha paridade oposta. Se t > 0, (3.2.3) ´e alida,
pois < u, ϕ >= t
a
< u, ϕ
t
> por hip´otese. Agora s e t < 0, tamb´em conclu´ımos
que (3.2.3) ´e alida, pois:
< u, ϕ > = (t)
a
< u, ϕ
t
>
= (t)
a+n
< u, ϕ(t·) >
= t
a+n
(1)
a+n
(1)
k+1
< u, ϕ(t·) >
= t
a
(1) < u, t
n
ϕ(t·) >
= (sgnt)t
a
< u, ϕ
t
>,
aqui a terceira igualdade segue da hip´otese de u ter paridade oposta.
Reciprocamente, suponha que (3.2.3) ´e alida. Tomando t = 1,
< u, ϕ > = (sgnt)t
a
< u, ϕ
t
>
= (1)(1)
a
< u, ϕ
1
>
= (1)(1)
a+n
< u, ϕ(x) >
= (1)
k+1
< u, ϕ(x) > .
49
Agora se u satisfaz (3.2.3) enao (3.2.2) ´e alida. De fato, se ψ ´e par, ou seja,
ψ(x) = ψ(x) e tomemos φ(x) = x
α
ψ(x), com |α| = k e ψ satisfazendo a
condi¸ao do Lema 2.2.2, enao para t = 1, temos,
< u, φ > = (1)(1)
a
< u, φ
1
>
= (1)(1)
a
< u, (1)
n
φ(x) >
= (1)(1)
a
< u, (1)
n
(x)
α
ψ(x) >
= (1)(1)
a
< u, (1)
n+|α|
x
α
ψ(x) >
= (1)(1)
a
< u, (1)
n+k
φ(x) >
= (1) < u, φ >,
aqui a quarta igualdade segue da hip´otese de ψ ser par.
Portanto, < u, φ >= 0 quando |α| = k. Logo por (1) u possui uma extens˜ao
homogˆenea.
(6) Inicialmente mostraremos a unicidade da extens˜ao E
1
(u). Sejam E
1
(u),
E
2
(u) extens˜oes de u. Logo E
1
(u) E
2
(u) =
|α|≤l
a
α
α
δ
0
. Da´ı
E
1
(u) E
2
(u), ϕ = (sng(t))t
nk
E
1
(u) E
2
(u), ϕ
t
, ϕ C
c
(IR
n
)
pois E
1
(u) e E
2
(u) tem paridade oposta a k.
Logo,
|α|≤l
1 t
|α|−k
(sgnt)
a
α
(1)
|α|
(
α
ϕ)(0) = 0 o que implica que para
cada α, com |α| l, temos que a
α
1 t
|α|−k
(sgnt)
= 0. Logo, a
α
= 0 α,
pois (1 t
|α|−k
(sgnt)) = 0 t = 0 uma vez que a fun¸ao h(t) = t
|α|−k
(sgnt), se
t = 0, ao ´e constante.
Portanto, E
1
(u) = E
2
(u).
Agora mostremos a existˆencia da extens˜ao de u.
Primeiramente observemos que
< t
k1
, ϕ(t·) > =
t
k1
+
+ (1)
k+1
t
k1
, ϕ(t·)
= < t
k1
+
, ϕ(t·) > +(1)
k1
< t
k1
, ϕ(t·) >
= < t
k1
+
, ϕ(t·) > +(1)
k1
< t
k1
+
, ϕ(t·) > .
50
Tomemos U uma extens˜ao de u dada por (3.1.1) ent˜ao (3.2.4) significa que
2 < E
1
(u), ϕ >=< U, ϕ > +(1)
k+n1
< U, ϕ
1
>,
para toda ϕ C
c
(IR
n
).
De fato,
2S
< t
k1
, ϕ(t·) >
2
u
= S
< t
k1
, ϕ(t·) > u
= S

< t
k1
+
, ϕ(t·) > +(1)
k1
< t
k1
, ϕ(t·) >
u
= S

< t
k1
+
, ϕ(t·) > +(1)
k1
< t
k1
+
, ϕ(t·) >
u
=

R
a
ϕ + (1)
k+n1
R
a
ϕ
1
u, ψ
= < U, ϕ > +(1)
k+n1
< U, ϕ
1
>,
aqui quarta igualdade segue da defini¸ao de S, pois
R
a
ϕ + (1)
k+n1
R
a
ϕ
1
´e homogˆenea de grau k e u ´e homogˆenea de grau n k, logo pela Observao
2.1.1 item (ii) temos
R
a
ϕ + (1)
k+n1
R
a
ϕ
1
u ´e homogˆenea de grau n.
Afirma¸ao: (3.2.4) define uma distribui¸ao D
(IR
n
), ´e uma extens˜ao de u e
tem paridade oposta a k. Para demonstrar este fato dividiremos em passos:
Passo 1: Afirmamos que E
1
(u) D
(IR
n
).
De fato, claramente E
1
(u) ´e um funcional linear.
Temos que E
1
(u) ´e um funcional cont´ınuo, pois U ´e um funcional cont´ınuo e
soma de cont´ınuos ´e cont´ınuo.
Portanto, E
1
(u) D
(IR
n
).
Passo 2: E
1
(u) ´e uma extens˜ao de u.
De fato, seja ϕ C
c
(IR
n
\{0}) enao 2 < E
1
(u), ϕ >= 2 < U, ϕ > por (3.2.3)
tomando t = 1. Assim temos que:
2 < E
1
(u), ϕ > = < U, ϕ > +(1)
k+n1
< U, ϕ
1
>
= < U, ϕ > + < U, ϕ >
= 2 < U, ϕ > .
Portanto, < E
1
(u), ϕ >=< U, ϕ >, para toda ϕ C
c
(IR
n
\{0}). Logo, E
1
(u)
51
´e uma extens˜ao de u, isto ´e, < E
1
(u), ϕ >=< U, ϕ >=< u, ϕ >, para toda
ϕ C
c
(IR
n
\{0}).
Passo 3: E
1
(u) tem paridade oposta a k em IR
n
.
De fato, para toda ϕ C
c
(IR
n
) e tomando t = 1 temos:
2 < E
1
(u), ϕ
1
> = < U, ϕ
1
> +(1)
k+n1
< U, ϕ >
= 2(1)
k+n1
< E
1
(u), ϕ > (1)
k+n1
< U, ϕ >
+ (1)
k+n1
< U, ϕ >
= 2(1)
k+n1
< E
1
(u), ϕ > .
Portanto, < E
1
(u), ϕ >= (1)
k+1
< E
1
(u), ϕ(−·) > .
Exemplo 3.2.1 Seja f C
1
(S
n1
) e definimos u(x) = ||x||
n
f
x
||x||
em IR
n
\{0}. Temos que u C
1
(IR
n
\{0}) ´e homoenea de
grau n. Logo, pelo Teorema 3.2.1 u admite uma extens˜ao
E(u) D
(IR
n
) satisfazendo
< E(u), ϕ >= t
n
< E(u), ϕ
t
> + ln(t)
S
n1
u(ω) ϕ(0).
Cap´ıtulo 4
Distribui¸oes Quase-homogˆeneas
de IR
n
Nosso objetivo neste cap´ıtulo ´e definir distribui¸oes quase-homogˆeneas
de IR
n
e apresentarmos alguns resultados asicos que ser˜ao usados na extens˜ao
de distribui¸oes quase-homogˆeneas de IR
n
\{0} para IR
n
.
4.1 Caracteriza¸ao de Distribui¸oes Quase-homogˆeneas
de IR
n
\{0}
Consideremos λ = (λ
1
, . . . , λ
n
) IR
n
+
, as quase-homotetias H
t
λ
(x) =
(t
λ
1
x
1
, . . . , t
λ
n
x
n
) com t > 0 e H
t
γ
: C C dada por
H
t
γ
(z) = t
γ
z, com γ C. Definimos
ϕ
t,λ
(x) = H
t
|λ|
ϕ(H
t
λ
(x))
= t
|λ|
ϕ(t
λ
1
x
1
, . . . , t
λ
n
x
n
)
com x IR
n
, t > 0.
Denotamos |λ| =
n
i=1
λ
i
e < a, λ >=
n
i=1
a
i
λ
i
, com a = (a
1
, . . . , a
n
).
Analogamente ao caso homogˆeneo considere:
Defini¸ao 4.1.1 Uma fun¸ao f : IR
n
C
´e dita λ - homogˆenea de grau
m C se f(H
t
λ
(x)) = t
m
f(x), t > 0.
52
53
Defini¸ao 4.1.2 Diz-se Γ ´e cone λhomoeneo se Γ ´e aberto
e (t
λ
1
x
1
, . . . , t
λ
n
x
n
) Γ t > 0, x Γ.
Defini¸ao 4.1.3 Dado a C e Γ um cone λhomoeneo, diz-se
que u D
(Γ) ´e λ-homogˆenea de grau a se
< u, ϕ >= t
a
< u, ϕ
t,λ
>, ϕ C
c
(Γ) e t > 0.
Exemplo 4.1.1 Temos que
β
δ
0
´e λ-homoenea de grau −|λ|− < β, λ >.
De fato,
β
δ
0
, ϕ
t,λ
= t
|λ|
β
δ
0
, ϕ(H
t
λ
(x))
= t
|λ|
(1)
|β|
δ
0
,
β
ϕ(H
t
λ
(x))

= t
|λ|
δ
0
, (1)
|β|
t
,λ>
(
β
ϕ)(H
t
λ
(x))
= t
|λ|+,λ>
(1)
|β|
β
ϕ(0)
= t
|λ|+,λ>
β
δ
0
, ϕ
.
Logo,
<
β
δ
0
, ϕ >= t
−|λ|−,λ>
<
β
δ
0
, ϕ
t,λ
>, ϕ C
c
(IR
n
) e t > 0. (4.1.1)
Agora expressamos a no¸ao de λhomogeneidade de duas maneiras equiva-
lentes. Considere o operador L
λ,0
definido anteriormente e denotamos
ϕ
x
λ
(s) = ϕ(H
s
λ
(x)) = ϕ(s
λ
1
x
1
, . . . , s
λ
n
x
n
) se ϕ C
c
(Γ).
Lema 4.1.1 Se u D
(IR
n
\{0}) ent˜ao as seguintes afirma¸oes ao equiva-
lentes:
(a) < u, ϕ >= t
a
< u, ϕ
t,λ
>, ϕ C
c
(IR
n
\{0}).
(b) (a + |λ|) < u, ϕ > + < u, L
λ,0
ϕ >= 0, ϕ C
c
(IR
n
\{0}).
(c) < u, ψ >= 0, se ψ C
c
(IR
n
\{0}) e
+
0
r
a+|λ|−1
ψ(H
r
λ
(x)) dr = 0.
54
Demonstra¸ao: Mostremos que (a) (b). Diferenciando (a) em rela¸ao
a t e usando o Teorema 2.1.1 seguir´a (b). De fato,
0 =
d
dt
(< u, ϕ >)
= < u,
d
dt
t
a+|λ|
ϕ(H
t
λ
(x))
>
=
u, (a + |λ|)t
a+|λ|−1
ϕ(H
t
λ
(x)) + t
a+|λ|
n
i=1
λ
i
t
λ
i
1
x
i
(
x
i
ϕ)(H
t
λ
(x))
= (a + |λ|)t
a1
u, t
|λ|
ϕ(H
t
λ
(x))
+ t
a1
u, t
|λ|
n
i=1
λ
i
t
λ
i
x
i
(
x
i
ϕ)(H
t
λ
(x))
= (a + |λ|)t
a1
u, ϕ
t,λ
(x) + t
a1
u,
n
i=1
λ
i
x
i
(
x
i
ϕ)
t,λ
(x)
= (a + |λ|)t
1
u, ϕ + t
1
u, L
λ,0
ϕ ,
aqui a segunda igualdade segue do Teorema 2.1.1 e a sexta igualdade segue da
quase-homogeneidade de u.
Portanto, (a + |λ|) < u, ϕ > + < u, L
λ,0
ϕ >= 0
Mostremos que (b) (c). Para provar esta implica¸ao, basta verificar que a
equa¸ao (a + |λ|) ϕ + L
λ,0
ϕ = ψ tem solu¸ao ϕ C
c
(IR
n
\{0}).
Tal equa¸ao diferencial pode ser escrita como:
d
dr
r
a+|λ|
ϕ(H
r
λ
(x))
= r
a+|λ|−1
ψ(H
r
λ
(x)). (4.1.2)
Com efeito,
d
dr
r
a+|λ|
ϕ(H
r
λ
(x))
= (a + |λ|)r
a+|λ|−1
ϕ(H
r
λ
(x))
+ r
a+|λ|
d
dr
(ϕ(H
r
λ
(x)))
= (a + |λ|)r
a+|λ|−1
ϕ(H
r
λ
(x))
+ r
a+|λ|
n
i=1
λ
i
r
λ
i
1
x
i
(
x
i
ϕ)(H
r
λ
(x))
= (a + |λ|)r
a+|λ|−1
ϕ(H
r
λ
(x))
+ r
a+|λ|−1
n
i=1
λ
i
r
λ
i
x
i
(
x
i
ϕ)(H
r
λ
(x))
55
= r
a+|λ|−1
{(a + |λ|)ϕ(H
r
λ
(x))
+ L
λ,0
ϕ(H
r
λ
(x))}
= r
a+|λ|−1
ψ(H
r
λ
(x)).
Mostremos assim que dado ψ C
c
(IR
n
\{0}) tal que
+
0
r
a+|λ|−1
ψ(H
r
λ
(x)) dr = 0, enao existe ϕ C
c
(IR
n
\{0}), com
d
dr
r
a+|λ|
ϕ(H
r
λ
(x))
= r
a+|λ|−1
ψ(H
r
λ
(x)). Tomemos ψ
λ
: (0, )×IR
n
\{0} C
dada por ψ
λ
(r, x) = r
(a+|λ|)
r
0
s
a+|λ|−1
ψ (H
s
λ
(x)) ds , temos que
ψ
λ
C
((0, ) × IR
n
\{0}) .
Agora mostremos que S(ψ
λ
(1, ·) ⊂⊂ IR
n
\{0}. Como S(ψ) ⊂⊂ IR
n
\{0},
isto ´e, existe R > 1 tal que S(ψ) A
0,
1
R
, R
, com
A
0,
1
R
, R
=
x IR
n
;
1
R
||x|| R
.
Se ||x||
1
R
enao ψ
λ
(1, x) =
1
0
s
a+|λ|−1
ψ(H
s
λ
(x))

=0
ds = 0.
Se ||x|| R enao ψ
λ
(1, x) =
1
0
s
a+|λ|−1
ψ(H
s
λ
(x)) ds =
+
0
s
a+|λ|−1
ψ(H
s
λ
(x)) ds,
pois
+
1
s
a+|λ|−1
ψ(H
s
λ
(x)) ds = 0. Da´ı pela hip´otese de (c) ψ
λ
(1, x) = 0.
Portanto S(ψ
λ
(1, ·)) A
0,
1
R
, R
, logo S(ψ
λ
(1, ·)) ⊂⊂ IR
n
\{0}.
Vamos verificar que ψ
λ
(1, ·) ´e solu¸ao da equa¸ao diferencial (4.1.2). Observe-
mos que
r
a+|λ|
ψ
λ
(1, ·)(H
r
λ
(x)) = r
a+|λ|
ψ
λ
(r, x)
= r
a+|λ|
r
a−|λ|
r
0
s
a+|λ|−1
ψ(H
s
λ
(x)) ds
=
r
0
s
a+|λ|−1
ψ(H
s
λ
(x)) ds,
assim
d
dr
r
a+|λ|
ψ
λ
(1, ·)(H
r
λ
(x))
= r
a+|λ|−1
ψ(H
r
λ
(x)).
Logo,
< u, ψ > = < u, (a + |λ|)ψ
λ
(1, ·) + L
λ,0
ψ
λ
(1, ·) >
= (a + |λ|) < u, ψ
λ
(1, ·) > + < u, L
λ,0
ψ
λ
(1, ·) >
= 0,
56
por (b). Da´ı segue (c).
Demonstremos agora (c) (a). Dado ϕ C
c
(IR
n
\{0}) e fixado t > 0
tomemos ψ
t
(y) = ϕ(y)t
a+|λ|
ϕ(H
t
λ
(y)), logo ψ
t
C
c
(IR
n
\{0}). Verifiquemos
que
+
0
r
a+|λ|−1
ψ
t
(H
r
λ
(x)) dr = 0 para x = 0.
De fato,
+
0
r
a+|λ|−1
ψ
t
(H
r
λ
(x)) dr =
+
0
r
a+|λ|−1
ϕ(H
r
λ
(x)) dr
+
0
r
a+|λ|−1
t
a+|λ|
ϕ(H
tr
λ
(x)) dr
= < r
a+|λ|−1
+
, ϕ(H
r
λ
(x)) >
t
a+|λ|−1
< r
a+|λ|−1
+
, (H
tr
λ
(x)) >
= < r
a+|λ|−1
+
, ϕ(H
r
λ
(x)) >
t
a+|λ|−1
< r
a+|λ|−1
+
,
x
λ
(tr) >
= < r
a+|λ|−1
+
, ϕ(H
r
λ
(x)) >
< r
a+|λ|−1
+
, ϕ(H
r
λ
(x)) >
= 0,
aqui a quarta igualdade segue da homogeneidade de r
a+|λ|−1
+
.
Logo, < u, ψ
t
>= 0. Da´ı < u, ϕ >= t
a
< u, ϕ
t,λ
> e vale (a).
Observao 4.1.1
(i): Na demonstrao do Lema 4.1.1, para mostrarmos que (b) (c), devemos
ter λ IR
n
+
, pois caso contr´ario ψ
λ
(1, ·) / C
c
(IR
n
\{0}).
(ii): Tal como no caso homoeneo temos: u D
(IR
n
\{0}) ´e quase-homoenea
de grau a se, e somente se, L
λ,0
u = au.
4.2 Alguns Lemas
´
Uteis
Fixado λ IR
n
+
, logo:
Lema 4.2.1 Existe uma ψ C
c
(IR
n
\{0}) tal que
+
0
ψ(H
t
λ
(x))
t
dt = 1, se x = 0. (4.2.1)
57
Demonstra¸ao: Tomemos ψ(x) = ψ
1
(p
λ
(x)), sendo
p
λ
(x) =
(x
1
)
2
λ
1
+ (x
2
)
2
λ
2
+ ... + (x
n
)
2
λ
n
com ψ
1
como no Lema 2.2.2. Da´ı,
+
0
ψ(H
t
λ
(x))
t
dt =
+
0
ψ
1
(p
λ
(H
t
λ
(x)))
t
dt
=
+
0
ψ
1
(tp
λ
(x))
t
dt
= 1.
Como no caso homogˆeneo, definimos o operador R
b
: C
c
(IR
n
) C
(IR
n
\{0})
com b = a + |λ| e λ IR
n
+
. A defini¸ao ser´a dada em dois casos:
(i) Se Re(b) > 0 ou λ ZZ
n
+
definimos
R
b
ϕ(x) :=< r
b1
+
, ϕ(H
r
λ
(x)) > . (4.2.2)
(ii) Se Re(b) 0 e λ / ZZ
n
+
o operador R
b
ser´a expresso em (4.2.3) seguindo
a constru¸ao abaixo.
Seja ϕ C
c
(IR
n
) e tomemos a expans˜ao de Taylor de ordem k em
torno do ponto x = 0, isto ´e, ϕ(x) =
|β|≤k
β
ϕ(0)
β!
x
β
+ (E
k
ϕ)(x) com
E
k
ϕ = o(||x||
k
).
Seja θ C
c
(IR
n
) com θ 1 vizinhan¸ca do zero, assim escrevemos
ϕ = θϕ + (1 θ)ϕ e tomemos θϕ = ϕ
1
e (1 θ)ϕ = ϕ
2
. Assim temos :
Afirma¸ao 1: < r
b1
+
, ϕ
1
(H
r
λ
(x)) > est´a bem definido.
De fato, observemos primeiramente que
ϕ
1
(x) = (θϕ)(x)
= θ(x)
|β|≤k
β
ϕ(0)
β!
x
β
+ (E
k
ϕ)(x)
=
|β|≤k
β
ϕ(0)
β!
x
β
θ + θ(x)(E
k
ϕ)(x).
58
Assim tomemos ϕ
1,1
=
|β|≤k
β
ϕ(0)
β!
x
β
θ, ϕ
1,2
= θ(E
k
ϕ). A Afirma¸ao 1 seguir´a
de (1.i) e (1.ii) abaixo.
(1.i):
r
b1
+
, ϕ
1,1
(H
r
λ
(x))
=
|β|≤k
β
ϕ(0)
β!
x
β
r
b1+,λ>
+
, θ (H
r
λ
(x))
est´a bem definido.
De fato, observemos que ϕ
1,1
C
c
(IR
n
) e olhando-a como fun¸ao de r, isto ´e,
r → ϕ
1,1
(H
r
λ
(x)) notemos que ϕ
1,1
C
c
(IR), pois θ 1 vizinhan¸ca do zero.
(1.ii): Tomemos k sendo o menor inteiro positivo maior que
Re(b)
λ
min
, logo
r
b1+
min
+
L
1
loc
(IR). Desta forma, observamos que
||H
r
ˆ
λ
(x)||
k
θ(H
r
λ
(x))
(E
k
ϕ)(H
r
λ
(x))
||H
r
λ
(x)||
k
C
0
c
(IR).
Logo com
ˆ
λ = (λ
1
min {λ
i
; i = 1, . . . , n} , . . . , λ
n
min {λ
i
; i = 1, . . . , n})
temos que
r
b1
+
, ϕ
1,2
(H
r
λ
(x))
=
r
b1+
min
+
, ||H
r
ˆ
λ
(x)||
k
θ(H
r
λ
(x))
(E
k
ϕ)(H
r
λ
(x))
||H
r
λ
(x)||
k
com min {λ
i
; i = 1, . . . , n} = λ
min
est´a bem definido.
Afirma¸ao 2: < r
b1
+
, ϕ
2
(H
r
λ
(x)) >=
r
b1
+
, ((1 θ)ϕ) (H
r
λ
(x))
est´a bem
definido.
De fato, observemos que ϕ
2
C
c
(IR
n
\{0}) e olhando-a como fun¸ao de r, isto
´e, r → ϕ
2
(H
r
λ
(x)) temos que ϕ
2
C
c
(IR\{0}), pois θ 1 vizinhan¸ca do zero,
logo (1 θ) = 0 numa vizinhan¸ca do zero e da´ı segue a Afirma¸ao 2.
Finalmente, definimos o operador R
b
como sendo:
R
b
ϕ(x) : =
r
b1
+
, ((1 θ)ϕ) (H
r
λ
(x))
+
|β|≤k
β
ϕ(0)
β!
x
β
r
b1+,λ>
+
, θ (H
r
λ
(x))
+
r
b1+
min
+
, ||H
r
ˆ
λ
(x)||
k
θ(H
r
λ
(x))
(E
k
ϕ)(H
r
λ
(x))
||H
r
λ
(x)||
k
. (4.2.3)
Mostremos que o operador R
b
independe de θ com θ como no caso (ii)
acima.
59
Lema 4.2.2 O operador R
b
independe de θ.
Demonstra¸ao: Sejam θ
1
, θ
2
C
c
(IR
n
) com θ
1
1 vizinhan¸c a do zero
e θ
2
1 vizinhan¸ca do zero. Observemos que θ
2
θ
1
C
c
(IR
n
\{0}). Da´ı,
temos que:
R
θ
1
b
ϕ(x) R
θ
2
b
ϕ(x) =
r
b1
+
, ((θ
2
θ
1
)ϕ) (H
r
λ
(x))
+
|β|≤k
β
ϕ(0)
β!
x
β
r
b1+,λ>
+
, (θ
1
θ
2
) (H
r
λ
(x))
+
r
b1+
min
+
, (θ
1
θ
2
)(H
r
λ
(x))||H
r
ˆ
λ
(x)||
k
(E
k
ϕ)(H
r
λ
(x))
||H
r
λ
(x)||
k
=
+
0
r
b1
(θ
2
θ
1
)(H
r
λ
(x))
ϕ((H
r
λ
(x))
|β|≤k
β
ϕ(0)
β!
(H
r
λ
(x))
β
||H
r
λ
(x)||
k
(E
k
ϕ)(H
r
λ
(x))
||H
r
λ
(x)||
k
dr
=
+
0
r
b1
(θ
2
θ
1
)
ϕ
|β|≤k
β
ϕ(0)
β!
(x)
β
(E
k
ϕ)
(H
r
λ
(x))
dr
= 0.
Lema 4.2.3 O operador R
b
: C
c
(IR
n
) C
(IR
n
\{0}) definido por
R
b
ϕ(x) : =
r
b1
+
, ((1 θ)ϕ) (H
r
λ
(x))
+
|β|≤k
β
ϕ(0)
β!
x
β
r
b1+,λ>
+
, θ (H
r
λ
(x))
+
r
b1+
min
+
, ||H
r
ˆ
λ
(x)||
k
θ(H
r
λ
(x))
(E
k
ϕ)(H
r
λ
(x))
||H
r
λ
(x)||
k
,
´e cont´ınuo.
Demonstra¸ao: Para mostrarmos que R
b
´e um operador cont´ınuo,
tendo em vista o Lema 3 de [F] (pg 125), ´e suficiente demonstrar que
60
R
b
: C
c
(K) C
(IR
n
\{0}), K ⊂⊂ IR
n
´e cont´ınuo. Basta verificarmos
que R
b
ϕ
m
R
b
ϕ em C
(IR
n
\{0}) se ϕ
m
ϕ em C
c
(K). Recordemos
que ϕ
m
ϕ em C
c
(K) significa que ϕ
m
C
c
(K) e que
β
ϕ
m
β
ϕ
uniformemente em K quando m + e para β IN
n
. Analisemos cada
termo do operador R
b
.
1
o
termo: Para mostrarmos que
r
b1
+
, ((1 θ)ϕ
m
) (H
r
λ
(x))
r
b1
+
, ((1 θ)ϕ) (H
r
λ
(x))
,
tendo em vista o Teorema 2.1.1 ao a perda de generalidade em tomarmos
β = 0. Mas |(1 θ)ϕ
m
(1 θ)ϕ| = |(1 θ)(ϕ
m
ϕ)| 0 uniformemente
quando m +.
2
o
termo: Mostremos que
|β|≤k
β
ϕ
m
(0)
β!
x
β
r
b1+,λ>
+
, θ (H
r
λ
(x))
converge para
|β|≤k
β
ϕ(0)
β!
x
β
r
b1+,λ>
+
, θ (H
r
λ
(x))
.
De fato, como
β
ϕ
m
(0)
β
ϕ(0) quando m +, logo
|β|≤k
β
ϕ
m
(0)
β!
x
β
r
b1+,λ>
+
, θ (H
r
λ
(x))
converge para
|β|≤k
β
ϕ(0)
β!
x
β
r
b1+,λ>
+
, θ (H
r
λ
(x))
.
3
o
termo: Mostremos que
r
b1+
min
+
, ||H
r
ˆ
λ
(x)||
k
θ(H
r
λ
(x))
(E
k
ϕ
m
)(H
r
λ
(x))
||H
r
λ
(x)||
k
converge para
r
b1+
min
+
, ||H
r
ˆ
λ
(x)||
k
θ(H
r
λ
(x))
(E
k
ϕ)(H
r
λ
(x))
||H
r
λ
(x)||
k
.
Recordemos que
(E
k
ϕ)(H
r
λ
(x)) = k
1
0
(1 t)
k1
(k 1)!
ϕ
(k)
(H
r
λ
(0 + tx)) dt
onde ϕ
(k)
(H
r
λ
(0 + tx)) =
|β|≤k
β
ϕ(H
r
λ
(0 + tx))
β!
(H
r
λ
(x))
β
, ou seja, escrevemos
o resto da ormula de Taylor sob forma integral. Temos por hip´otese que
61
β
ϕ
m
(H
r
λ
(tx))
β
ϕ(H
r
λ
(tx)) uniformemente quando m +. E assim,
(E
k
ϕ
m
) (E
k
ϕ) uniformemente quando m +.
Logo,
r
b1+
min
+
, ||H
r
ˆ
λ
(x)||
k
θ(H
r
λ
(x))
(E
k
ϕ
m
)(H
r
λ
(x))
||H
r
λ
(x)||
k
=
r
b1
+
, θ(H
r
λ
(x))(E
k
ϕ
m
)(H
r
λ
(x))
converge para
r
b1
+
, θ(H
r
λ
(x))(E
k
ϕ)(H
r
λ
(x))
=
r
b1+
min
+
, ||H
r
ˆ
λ
(x)||
k
θ(H
r
λ
(x))
(E
k
ϕ)(H
r
λ
(x))
||H
r
λ
(x)||
k
.
Portanto, temos que R
b
ϕ
m
R
b
ϕ, ou seja, R
b
´e cont´ınuo.
Cap´ıtulo 5
Extens˜oes de Distribui¸oes
Quase-homogˆeneas de IR
n
\{0}
Na primeira se¸ao mostraremos que no caso em que a / {−|λ|− < α, λ >; α IN
n
}
as distribui¸oes quase-homogˆeneas de IR
n
\{0} podem ser estendidas para IR
n
.
Na segunda se¸ao consideremos o caso em que a = −|λ|− < α, λ >, para
algum α IN
n
.
5.1 Extens˜oes de Distribui¸oes Quase-homogˆeneas
de IR
n
\{0} - Parte I
Tomando como ponto de partida a defini¸ao de R
b
, com b = a + |λ|, proposto
no cap´ıtulo 4 na se¸ao 4.2, mostraremos:
Lema 5.1.1 Suponha que a / {−|λ|− < α, λ >; α IN
n
}, ent˜ao R
b
ϕ
´e λhomogˆenea de grau b.
Demonstra¸ao:
A demonstra¸ao ser´a feita em dois casos.
Caso 1: Re(b) > 0 ou λ ZZ
n
+
.
62
63
De fato,
R
b
ϕ(H
l
λ
(x)) = < r
b1
+
, ϕ
H
r
λ
(H
l
λ
(x))
>
= l
1
< r
b1
+
, lϕ(H
lr
λ
(x)) >
= l
1
< r
b1
+
, lϕ
x
λ
(lr) >
= l
1
l
b+1
< r
b1
+
, ϕ
x
λ
(r) >
= l
b
< r
b1
+
, ϕ(H
r
λ
(x)) >
= l
b
R
b
ϕ(x),
aqui a quarta igualdade segue da homogeneidade r
b1
+
.
Caso 2: Quando Re(b) 0 e λ / ZZ
n
+
.
Conforme a se¸ao 4.2 do cap´ıtulo 4, temos:
R
b
ϕ(H
l
λ
(x)) =
r
b1
+
, ((1 θ)ϕ) (H
lr
λ
(x))
+
|β|≤k
β
ϕ(0)
β!
l
,λ>
x
β
r
b1+,λ>
+
, θ
H
lr
λ
(x)
+ l
min
r
b1+
min
+
, ||H
lr
ˆ
λ
(x)||
k
θ(H
lr
λ
(x))
(E
k
ϕ)(H
lr
λ
(x))
||H
lr
λ
(x)||
k
= (I) + (II) + (III), respectivamente.
Estudamos cada parcela (I), (II) e (III) individualmente. Consideremos os
seguintes subcasos:
Subcaso 2.1: An´alise do termo (I)
(I) = l
1
r
b1
+
, l ((1 θ)ϕ) (H
lr
λ
(x))
= l
b
r
b1
+
, ((1 θ)ϕ) (H
r
λ
(x))
,
com a ´ultima igualdade seguindo da homogeneidade de r
b1
+
em IR\{0}. Logo,
(I) ´e λhomogˆenea de grau b.
Subcaso 2.2: An´alise do termo (II).
Dado β IN
n
com |β| k temos: Se b 1+ < β, λ > / ZZ
o resultado segue
da homogeneidade de r
b1+,λ>
+
.
64
Se b 1+ < β, λ >= j
β
ZZ
temos que j
β
2, pois se j
β
= 1 ter´ıamos que
a = −|λ|− < β, λ > contradizendo a hip´otese sobre a. Analisemos o termo
(II)
β
, onde (II)
β
a parcela de (II) correspondente a β
(II)
β
= l
,λ>1
β
ϕ(0)
β!
x
β
r
b1+,λ>
+
, lθ
H
lr
λ
(x)
= l
b
β
ϕ(0)
β!
x
β
r
b1+,λ>
+
, θ (H
r
λ
(x))
l
b
β
ϕ(0)
β!
x
β
ln(l)
1
(j
β
1)!
+
0
θ(H
r
λ
(x))
(j
β
)
dr
= l
b
β
ϕ(0)
β!
x
β
r
b1+,λ>
+
, θ (H
r
λ
(x))
,
aqui a segunda igualdade segue de (1.3.3). Logo, temos que termo (II) ´e
λhomogˆeneo para β IN
n
com |β| k.
Subcaso 2.3: An´alise do termo (III).
(III) = l
1+
min
r
b1+
min
+
, l||H
lr
ˆ
λ
(x)||
k
θ(H
lr
λ
(x))
(E
k
ϕ)(H
lr
λ
(x))
||H
lr
λ
(x)||
k
= l
b
r
b1+
min
+
, ||H
r
ˆ
λ
(x)||
k
θ(H
r
λ
(x))
(E
k
ϕ)(H
r
λ
(x))
||H
r
λ
(x)||
k
com a ´ultima igualdade seguindo da homogeneidade de r
b1+
min
+
.
Observao 5.1.1 Seja θ C
c
(IR
n
) com θ 1 vizinhan¸ca do zero, como o
operador R
b
independe de θ fixado ϕ C
c
(IR
n
\{0}) podemos tomar o S(θ) ao
pequeno tal que S(θ) S(ϕ) = . Da´ı temos : R
b
ϕ(x) =< r
b1
+
, ϕ(H
r
λ
(x)) > .
An´alogo o que foi visto na demonstra¸ao do Teorema 3.1.2 temos:
Lema 5.1.2 R
b
(ψR
b
ϕ) = R
b
ϕ ψ C
c
(IR
n
\{0}) se
+
0
ψ(H
t
λ
(x))
t
dt = 1, x = 0.
Demonstra¸ao: Observemos primeiramente que ψR
b
ϕ C
c
(IR
n
\{0}),
da´ı pela Observao 5.1.1 temos:
R
b
(ψR
b
ϕ) (x) = < r
b1
+
, (ψR
b
ϕ) (H
r
λ
(x)) >
65
=
+
0
r
b1
ψ(H
r
λ
(x))R
b
ϕ(H
r
λ
(x)) dr
= R
b
ϕ(x)
+
0
r
b1
r
b
ψ(H
r
λ
(x)) dr
= R
b
ϕ(x),
aqui a terceira igualdade segue do fato de R
b
ser λhomogˆenea de grau b e
a quarta igualdade segue da hip´otese adicional da ψ.
Consideremos o conjunto H
a,λ
(Γ) = {u D
(Γ); λ homogenea de grau a} .
Teorema 5.1.1 Se u H
a,λ
(IR
n
\{0}) com a / {−|λ|− < α, λ >; α IN
n
}
ent˜ao u tem uma ´unica extens˜ao E(u) H
a,λ
(IR
n
).
Demonstra¸ao: (Unicidade) Suponha que U
1
, U
2
H
a,λ
(IR
n
) extens˜oes
de u H
a,λ
(IR
n
\{0}) . Assim usando o Teorema 3.1.1 temos que, existem
a
α
C e k > 0 tais que U
1
U
2
=
|α|≤k
a
α
δ
α
0
.
Mostremos que a
α
= 0 α. Consideremos ϕ
0
C
c
(IR
n
) tal que ϕ
0
1
vizinhan¸ca do zero e suponha que U
1
U
2
= 0, logo existe α
0
fixado com
|α
0
| k tal que a
α
0
= 0, tomemos ϕ(x) = x
α
0
ϕ
0
(x). Da´ı temos que
< U
1
U
2
, ϕ > =
|α|≤k
a
α
α
δ
0
, ϕ
= a
α
0
(1)
|α
0
|
α
0
!
observemos que U
1
U
2
´e λ-homogˆenea de grau a, logo
t
a
< U
1
U
2
, ϕ
t,λ
> = t
a
|α|≤k
a
α
α
δ
0
, t
|λ|
ϕ(H
t
λ
(x))
= a
α
0
(1)
|α
0
|
α
0
!t
a+|λ|+
0
,λ>
.
Da´ı, temos que a
α
0
(1)
|α
0
|
α
0
! = a
α
0
(1)
|α
0
|
α
0
!t
a+|λ|+
0
,λ>
, logo
a + |λ|+ < α
0
, λ >= 0 o que implica a = −|λ|− < α
0
, λ > contradizendo a
hip´otese sobre a. Portanto, a
α
= 0 α.
(Existˆencia) Uma extens˜ao de u ´e obtida a partir das trˆes etapas abaixo.
Etapa 1: < u, ψR
b
ϕ > independe da escolha de ψ, com ψ nas condi¸oes do
Lema 4.2.1.
66
De fato, sejam ψ
1
, ψ
2
C
c
(IR
n
\{0}) satisfazendo a condi¸ao do Lema 4.2.1,
assim temos:
+
0
r
b1
(ψ
1
R
b
ϕ ψ
2
R
b
ϕ)(H
r
λ
(x)) dr =
+
0
r
b1
ψ
1
(H
r
λ
(x))R
b
ϕ(H
r
λ
(x)) dr
+
0
r
b1
ψ
2
(H
r
λ
(x))R
b
ϕ(H
r
λ
(x)) dr
=
+
0
r
b1
ψ
1
(H
r
λ
(x))r
b
R
b
ϕ(x) dr
+
0
r
b1
ψ
2
(H
r
λ
(x))r
b
R
b
ϕ(x) dr
= R
b
ϕ(x)
+
0
r
1
ψ
1
(H
r
λ
(x))

=1
dr
R
b
ϕ(x)
+
0
r
1
ψ
2
)(H
r
λ
(x))

=1
dr
= 0,
aqui a segunda igualdade segue da λ-homogeneidade de R
b
ϕ.
Portanto, pelo item (c) do Lema 4.1.1 segue que u, ψ
1
R
b
ϕ ψ
2
R
b
ϕ = 0 o
que implica que < u, ψ
1
R
b
ϕ >=< u, ψ
2
R
b
ϕ >.
Etapa 2: < u, ψR
b
ϕ >=< u, ϕ > se ϕ C
c
(IR
n
\{0}).
De fato, como ϕ C
c
(IR
n
\{0}) temos pela Observao 5.1.1 que
R
b
ϕ(x) =< r
b1
+
, ϕ(H
r
λ
(x)) > .
Da´ı,
+
0
r
b1
(ψR
b
ϕ ϕ) (H
r
λ
(x)) dr =
+
0
r
b1
ψ(H
r
λ
(x))R
b
ϕ(H
r
λ
(x)) dr
+
0
r
b1
ϕ(H
r
λ
(x)) dr
= R
b
ϕ(x)
+
0
r
b+b1
ψ(H
r
λ
(x)) dr R
b
ϕ(x)
= R
b
ϕ(x)
+
0
r
1
ψ(H
r
λ
(x)) dr R
b
ϕ(x)
= R
b
ϕ(x) R
b
ϕ(x)
= 0,
aqui a segunda igualdade segue da hip´otese de R
b
ser λ-homogˆenea de grau
b e a quarta igualdade segue da hip´otese da ψ.
67
Etapa 3: Definimos E(u) por:
< E(u), ϕ >=< u, ψR
b
ϕ > (5.1.1)
para ϕ C
c
(IR
n
). Mostremos que E(u) D
(IR
n
) e ´e uma extens˜ao de u
quasi-homogˆenea de grau a. Para demonstrar isto consideremos os seguintes
passos.
Passo 1: E(u) D
(IR
n
) e ´e uma extens˜ao de u.
De fato, claramente E(u) ´e um funcional linear.
Temos que E(u) ´e um funcional cont´ınuo, pois ´e composto de funcionais cont´ınuos,
isto ´e , E(u) = u L
ψ
R
b
onde temos que u ´e um funcional cont´ınuo por
hip´otese, L
ψ
: C
(IR
n
\{0}) C
c
(IR
n
\{0}) ´e cont´ınuo, pois L
ψ
= M
ψ
I
onde inclus˜ao I : C
c
(K) C
c
(IR
n
\{0}) ´e cont´ınua e M
ψ
´e cont´ınuo pelo
Lema 2.2.3 e ainda R
b
: C
c
(IR
n
) C
(IR
n
\{0}) ´e cont´ınuo pelo Lema 4.2.3.
Como < E(u), ϕ >=< u, ψR
b
ϕ >=< u, ϕ > para toda ϕ C
c
(IR
n
\{0}).
Logo, E(u) ´e uma extens˜ao de u.
Passo 2: E(u) ´e λ-homogˆenea de grau a.
Repetindo o mesmo argumento do Lema 5.1.1 temos que R
b
ϕ
t,λ
(x) = t
a
R
b
ϕ(x),
ou seja, R
b
ϕ ´e λhomogˆenea de grau a.
Notemos que < E(u), ϕ
t,λ
>=< u, ψR
b
ϕ
t,λ
>= t
a
< u, ψR
b
ϕ >=< E(u), ϕ >
Portanto, < E(u), ϕ >= t
a
< E(u), ϕ
t,λ
>, isto ´e, E(u) ´e λ-homogˆenea de grau
a.
5.2 Extens˜oes de Distribui¸oes Quase-homogˆeneas
de IR
n
\{0} - Parte II
Antes de enunciar o teorema, faremos algumas considera¸oes.
Defini¸ao 5.2.1 Se λ ZZ
n
+
e Γ um cone aberto dizemos que u D
(Γ) tem
paridade oposta a < α, λ > se < u, ϕ >= (1)
<α,λ>+1
< u, ϕ(H
(1)
λ
(x)) >,
ϕ C
c
(Γ).
68
Tomando como ponto de partida a defini¸ao do operador R
b
definido por (4.2.3)
proposto na se¸ao 4.2 do Cap´ıtulo 4 temos:
Lema 5.2.1 Suponha que a = −|λ|− < α, λ > para algum α IN
n
e λ IR
n
+
,
ent˜ao
R
b
ϕ(x) = t
−|λ|−<α,λ>
R
b
ϕ
t,λ
(x) + ln(t)
,λ>=<α,λ>
b
β
β
ϕ(0)
< β, λ >!
x
β
com b = < α, λ > 0, k o menor inteiro positivo maior que
< α, λ >
λ
min
como
em (4.2.3) e b
β
C indep e ndentes de ϕ.
Demonstra¸ao: Pela defini¸ao de R
b
apresentado na se¸ao 4.2 do
Cap´ıtulo 4 e usando a nota¸ao a apresentada, observando que
Re(b) = b = < α, λ > 0, temos dois casos:
Caso 1: λ ZZ
n
+
De fato, neste caso temos
R
<α,λ>
ϕ
t,λ
(x) = < r
<α,λ>1
+
, t
|λ|
ϕ(H
rt
λ
(x)) >
= t
|λ|−1
< r
<α,λ>1
+
, (H
rt
λ
(x)) >
= t
|λ|−1
< r
<α,λ>1
+
,
x
λ
(·t) >
= t
|λ|−1
t
<α,λ>+1
< r
<α,λ>1
+
, ϕ
x
λ
(·) >
t
<α,λ>+1
ln(t)
1
< α, λ >!
d
<α,λ>
dr
<α,λ>
(ϕ
x
λ
(r))
r=0
= t
|λ|+<α,λ>
R
<α,λ>
ϕ(x)
t
|λ|+<α,λ>
ln(t)
,λ>=<α,λ>
b
β
x
β
β
ϕ(0)
< β, λ >!
,
aqui a quarta igualdade segue de (1.3.3).
Caso 2: λ / ZZ
n
+
De fato, neste caso temos
R
b
ϕ
t,λ
(x) = t
|λ|
r
<α,λ>1
+
, ((1 θ)ϕ) (H
tr
λ
(x))
+
|β|≤k
β
ϕ(0)
β!
t
,λ>+|λ|
x
β
r
<α,λ>1+,λ>
+
, θ
H
tr
λ
(x)
69
+ t
|λ|+
min
r
<α,λ>1+
min
+
, ||H
tr
ˆ
λ
(x)||
k
θ(H
tr
λ
(x))
(E
k
ϕ)(H
tr
λ
(x))
||H
tr
λ
(x)||
k
= (I) + (II) + (III).
Estudamos cada termo (I), (II) e (III) individualmente. C onsideremos os
seguintes casos:
Caso 1: An´alise do termo (I).
(I) = t
|λ|−1
r
<α,λ>1
+
, t ((1 θ)ϕ) (H
tr
λ
(x))
= t
|λ|+<α,λ>
r
<α,λ>1
+
, ((1 θ)ϕ) (H
r
λ
(x))
.
com a ´ultima igualdade seguindo da homogeneidade r
<α,λ>1
+
em IR\{0}.
Caso 2: An´alise do termo (II). Denominaremos (II)
β
a parcela de (II)
correspondente a β. Consideremos os seguintes subcasos:
Subcaso 2.1: Se β for tal que < α, λ > + < β, λ > 1 = j
β
ZZ
com
j
β
2 a mesma afirma¸ao do Caso 1 segue por integra¸ao por partes para
(II)
β
.
Subcaso 2.2: Se β for tal que < α, λ > + < β, λ > 1 = 1 temos:
(II)
β
= t
|λ|+,λ>1
β
ϕ(0)
β!
x
β
r
<α,λ>1+,λ>
+
, (H
tr
λ
(x))
= t
|λ|+<α,λ>
β
ϕ(0)
β!
x
β
r
<α,λ>+,λ>1
+
, θ(H
r
λ
(x))
t
|λ|+<α,λ>
ln(t)
β
ϕ(0)
β!
x
β
θ(0)
= t
|λ|+<α,λ>
β
ϕ(0)
β!
x
β
r
<α,λ>1+,λ>
+
, θ(H
r
λ
(x))
t
|λ|+<α,λ>
ln(t)
β
ϕ(0)
β!
x
β
,
aqui a segunda igualdade segue de (1.3.3).
Subcaso 2.3: Se < α, λ > + < β, λ > 1 / ZZ
a mesma afirma¸ao do
Caso 1 para (II)
β
segue, pela homogeneidade r
<α,λ>+,λ>1
+
.
Caso 3: An´alise do termo (III).
(III) = t
|λ|+
min
1
r
<α,λ>1+
min
+
, t||H
tr
ˆ
λ
(x)||
k
θ(H
tr
λ
(x))
(E
k
ϕ)(H
tr
λ
(x))
||H
tr
λ
(x)||
k
= t
|λ|+<α,λ>
r
<α,λ>1+
min
+
, ||H
r
ˆ
λ
(x)||
k
θ(H
r
λ
(x))
(E
k
ϕ)(H
r
λ
(x))
||H
r
λ
(x)||
k
70
com a ´ultima igualdade seguindo da homogeneidade de r
<α,λ>1+
min
+
.
Finalmente podemos enunciar o nosso resultado principal desta se¸ao:
Teorema 5.2.1 Seja u H
a,λ
(IR
n
\{0}) com a = −|λ|− < α, λ >
para algum α IN
n
ent˜ao:
(1) u admite uma extens˜ao E(u) D
(IR
n
) satisfazendo
< E(u), ϕ > = t
−|λ|−<α,λ>
< E(u), ϕ
t,λ
>
+ ln(t)
,λ>=<α,λ>
b
β
β
ϕ(0)
< β, λ >!
< u, x
β
ψ > .(5.2.1)
com t > 0, b
β
C independe de ϕ e ψ C
c
(IR
n
\{0}) como no
Lema 4.2.1.
(2) Se U ´e uma extens˜ao de u ent˜ao
U, ϕ = t
−|λ|−<α,λ>
U, ϕ
t,λ
+
|β|≤l
(1 t
,λ><α,λ>
)a
β
β
δ
0
, ϕ
+ ln(t)
,λ>=<α,λ>
b
β
β
ϕ(0)
< β, λ >!
u, x
β
ψ
.
para algum l IN.
(3) Seja U uma extens˜ao de u na forma do item (2). U H
a,λ
(IR
n
) se, e
somente se, a
β
= 0 se < β, λ >=< α, λ > e
< u, x
β
ψ >= 0 (5.2.2)
para < β, λ >=< α, λ >. Observamos tamb´em que (5.2.2) independe da
escolha de ψ.
(4) Suponha que λ ZZ
n
+
. u tem paridade oposta a < α, λ > se, e somente
se,
< u, ϕ >= (sgnt)t
a
< u, ϕ
t,λ
>, t = 0 (5.2.3)
com ϕ C
c
(IR
n
\{0}). Observamos tamb´em que neste caso vale (5.2.2)
71
(5) Suponha que λ ZZ
n
+
. Se u D
(IR
n
\{0}) satisfaz (5.2.3) ent˜ao existe
uma ´unica extens˜ao E
1
(u) D
(IR
n
) com paridade oposta a < α, λ >.
Aem disso ela ´e dada por
E
1
(u), ϕ = S
< t
<α,λ>1
, ϕ(H
t
λ
(·)) >
2
u
, (5.2.4)
sendo t
<α,λ>
=
(t+i0)
<α,λ>
+(ti0)
<α,λ>
2
= t
<α,λ>
+
+ (1)
<α,λ>
t
<α,λ>
e
S(v) =< v, ψ >.
Demostra¸ao:
(1) Tal como em (5.1.1) do Teorema 5.1.1 definimos < E(u), ϕ >=< u, ψR
b
ϕ >
para ϕ C
c
(IR
n
). a mostramos que E(u) D
(IR
n
) e ´e uma extens˜ao de u.
Assim pelo Lema 5.2.1 temos:
R
<α,λ>
ϕ(x) = t
−|λ|−<α,λ>
R
<α,λ>
ϕ
t,λ
(x)
+ ln(t)
,λ>=<α,λ>
b
β
x
β
β
ϕ(0)
< β, λ >!
.
Da´ı, segue que
< E(u), ϕ > =
u, ψ
t
−|λ|−<α,λ>
R
b
ϕ
t,λ
+ ln(t)
,λ>=<α,λ>
b
β
x
β
β
ϕ(0)
< β, λ >!

= t
−|λ|−<α,λ>
u, ψR
b
ϕ
t,λ
+ ln(t)
,λ>=<α,λ>
b
β
u, x
β
ψ
β
ϕ(0)
< β, λ >!
= t
−|λ|−<α,λ>
< E(u), ϕ
t,λ
> + ln(t)
,λ>=<α,λ>
b
β
u, x
β
ψ
β
ϕ(0)
< β, λ >!
.
(2) Seja U D
(IR
n
) uma extens˜ao de u. Usando o Teorema 3.1.1, temos que
U E(u) =
|β|≤l
a
β
β
δ
0
com a
β
C e l IN.
Substituindo E(u) por U
|β|≤l
a
β
β
δ
0
em (5.2.1) o termo do logaritmo ao
muda, mas aparece um outro termo, a saber:
|β|≤l
(1 t
,λ><α,λ>
)a
β
β
δ
0
. (5.2.5)
72
De fato, temos:
U
|β|≤l
a
β
β
δ
0
, ϕ
= t
−|λ|−<α,λ>
U
|β|≤l
a
β
β
δ
0
, ϕ
t,λ
+ ln(t)
,λ>=<α,λ>
b
β
β
ϕ(0)
< β, λ >!
u, x
β
ψ
.
Mas,
|β|≤l
a
β
β
δ
0
, ϕ
t,λ
=
|β|≤l
a
β
β
δ
0
, t
|λ|
ϕ(H
t
λ
(x))
=
|β|≤l
a
β
(1)
|β|
δ
0
, t
|λ|+,λ>
(
β
ϕ)(H
t
λ
(x))
=
|β|≤l
a
β
t
|λ|+,λ>
β
δ
0
, ϕ
.
Da´ı:
U, ϕ = t
−|λ|−<α,λ>
U, ϕ
t,λ
+
|β|≤l
(1 t
,λ><α,λ>
)a
β
β
δ
0
, ϕ
+ ln(t)
,λ>=<α,λ>
b
β
β
ϕ(0)
< β, λ >!
u, x
β
ψ
.
(3) De (2), U ´e quase-homogˆenea se , e somente se,
|β|≤l
(1 t
,λ><α,λ>
)a
β
β
δ
0
, ϕ
+ ln(t)
,λ>=<α,λ>
b
β
β
ϕ(0)
< β, λ >!
< u, x
β
ψ >= 0,
ϕ C
c
(IR
n
).
Como as fun¸oes
(1 t
,λ><α,λ>
), |β| l e < β, λ >=< α, λ >
{ln(t)}
ao linearmente independentes, basta verificarmos que a
β
= 0 para |β| l se
< β, λ >=< α, λ > e que < u, x
β
ψ >= 0 quando < β, λ >=< α, λ > .
Se |β| l e < β, λ >=< α, λ >, assim basta verificarmos
|β|≤l
(1 t
,λ><α,λ>
)a
β
β
δ
0
, ϕ
= 0
se, e somente se, a
β
= 0 ∀|β| l. Mas isto segue da Observao 2.2.1-(i).
Agora para todo β com < β, λ >=< α, λ > temos que (1 t
,λ><α,λ>
) = 0,
logo resta verificar que < u, x
β
ψ >= 0 β, < β, λ >=< α, λ > se
ln(t)
,λ>=<α,λ>
b
β
β
ϕ(0)
< β, λ >!
< u, x
β
ψ >= 0
73
ϕ C
c
(IR
n
). Mas isto segue da Observao 2.2.1 (i).
A rec´ıproca tamem ´e alida.
Agora mostraremos que < u, x
β
ψ >= 0 com < β, λ >=< α, λ > independe da
escolha de ψ. Primeiramente verifiquemos a afirma¸ao para α = 0.
Com efeito, sejam ψ
1
, ψ
2
C
c
(IR
n
\{0}) satisfazendo a condi¸ao do
Lema 4.2.1 enao:
+
0
r
a+|λ|−1
(ψ
1
ψ
2
)(H
r
λ
(x)) dr =
+
0
r
1
(ψ
1
ψ
2
)(H
r
λ
(x)) dr
=
+
0
r
1
ψ
1
(H
r
λ
(x)) dr
+
0
r
1
ψ
2
(H
r
λ
(x)) dr
= 0,
assim pelo item (c) do Lema 4.1.1 temos que < u, (ψ
1
ψ
2
) >= 0 o que implica
que < u, ψ
1
>=< u, ψ
2
>,.
Para α arbitr´ario tomemos x
α
u e observemos que x
α
u ´e λhomogˆenea de grau
−|λ|.
De fato,
< x
α
u, ψ > = < u, x
α
ψ >
= t
a
< u, (x
α
ψ)
t,λ
>
= t
a+|λ|
< u, (H
t
λ
(x))
α
ψ(H
t
λ
(x)) >
= t
a+|λ|+<α,λ>
< u, x
α
ψ(H
t
λ
(x)) >
= t
−|λ|
< x
α
u, ψ
t,λ
> .
Portanto, x
α
u ´e quase-homogˆenea de grau −|λ|. Logo, < x
α
u, ψ >=< u, x
α
ψ >
independe da escolha de ψ.
(4) Suponhamos que u tenha paridade oposta a < α, λ >. Se t > 0, (5.2.3)
´e alida, pois < u, ϕ >= t
a
< u, ϕ
t,λ
> por hip´otese. Agora se t < 0, tamem
74
conclu´ımos que (5.2.3) ´e alida, pois:
< u, ϕ > = (t)
a
< u, ϕ
t,λ
>
= (t)
a+|λ|
< u, ϕ(H
t
λ
(x)) >
= (t)
a+|λ|
(1)
<α,λ>+1
< u, ϕ(H
t
λ
(x)) >
= t
a+|λ|
(1)
a+|λ|
(1)
<α,λ>+1
< u, ϕ(H
t
λ
(x)) >
= (1)t
a
< u, ϕ
t,λ
>
= (sgnt)t
a
< u, ϕ
t,λ
>,
aqui a terceira igualdade segue da hip´otese de u ter paridade oposta.
Reciprocamente, suponha que (5.2.3) ´e alida. Tomando t = 1,
< u, ϕ > = (sgnt)t
a
< u, ϕ
t,λ
>
= (1)(1)
a
< u, ϕ
1
>
= (1)(1)
a+|λ|
< u, ϕ(H
1
λ
(x)) >
= (1)
<α,λ>+1
< u, ϕ(H
1
λ
(x)) > .
Se u satisfaz (5.2.3) enao (5.2.2) ´e alida. De fato, seja ψ C
c
(IR
n
\{0})
tal que ψ(H
1
λ
(x)) = ψ(H
1
λ
(x)) com ψ satisfazendo a condi¸ao do Lema 4.2.1
e tomemos φ(x) = x
β
ψ(x), enao para t = 1, temos,
< u, φ > = (1)(1)
a
< u, φ
1
>
= (1)(1)
a
< u, (1)
|λ|
φ(H
1
λ
(x)) >
= (1)(1)
a
< u, (1)
|λ|
(H
1
λ
(x))
β
ψ(H
1
λ
(x)) >
= (1)(1)
a
< u, (1)
|λ|+,λ>
x
β
ψ(H
1
λ
(x)) >
= (1)(1)
a
< u, (1)
|λ|+,λ>
φ(x) >
= (1) < u, φ >,
aqui a quarta igualdade segue da hip´otese da ψ.
Portanto, < u, φ >= 0 quando < β, λ >=< α, λ >. Logo por (1) u possui
uma extens˜ao quase-homogˆenea.
75
Antes de prosseguir na demonstra¸ao faremos uma observao que motiva e
a importˆancia ao papel de S.
Observao:
(i) Se v for uma fun¸ao cont´ınua e λhomogˆenea de grau −|λ| em IR
n
\{0}
introduzindo coordenadas polares temos:
S(v) = < v, ψ >
=
IR
n
\{0}
v(x)ψ(x) dx
=
+
0
|w|=1
r
−|λ|
v(w)ψ(H
r
λ
(x))r
|λ|
dw
dr
r
=
|w|=1
+
0
ψ(H
r
λ
(x))
dr
r

=1
v(w) dw
=
|w|=1
v(w) dw,
aqui a terceira igualdade segue da λhomogeneidade de v. Observemos que
S(v) ´e a integral de v sobre a esfera unit´aria.
(ii) Notemos que se u ´e quase-homogˆenea de grau a e
a / {−|λ|− < α, λ >; α IN
n
}, ent˜ao (5.1.1) pode ser escrito na forma:
< E(u), ϕ > = < u, ψR
b
ϕ >
= < (R
b
ϕ)u, ψ >
= S((R
b
ϕ)u).
pois, (R
b
ϕ)u ´e λhomogˆenea de grau a |λ| + a = −|λ|.
Quando a = −|λ|− < α, λ > ent˜ao (5.1.1) depende da escolha de ψ.
(5) Inicialmente mostremos a unicidade da extens˜ao E
1
(u). Sejam E
1
(u), E
2
(u)
extens˜oes de u. Logo E
1
(u) E
2
(u) =
|β|≤l
a
β
β
δ
0
. Da´ı
E
1
(u) E
2
(u), ϕ = (sng(t))t
−|λ|−<α,λ>
E
1
(u) E
2
(u), ϕ
t,λ
, ϕ C
c
(IR
n
)
pois E
1
(u) e E
2
(u) tem paridade oposta a < α, λ >.
Logo
|β|≤l
1 t
,λ><α,λ>
(sgnt)
(1)
|β|
a
β
(
β
ϕ)(0) = 0 o que implica que
para cada β, com |β| l, temos que
1 t
,λ><α,λ>
(sgnt)
a
β
= 0. Logo,
76
a
β
= 0 β, pois
1 t
,λ><α,λ>
(sgnt)
= 0 t = 0 uma vez que a fun¸ao
h(t) = t
,λ><α,λ>
(sgnt), t = 0, ao ´e constante.
Portanto, E
1
(u) = E
2
(u).
Agora mostremos a existˆencia de uma tal extens˜ao de u.
Primeiramente observemos que
< t
<α,λ>1
, ϕ(H
t
λ
(·)) > =
t
<α,λ>1
+
+ (1)
<α,λ>+1
t
<α,λ>1
, ϕ(H
t
λ
(·))
= < t
<α,λ>1
+
, ϕ(H
t
λ
(·)) >
+ (1)
<α,λ>+1
< t
<α,λ>1
, ϕ(H
t
λ
(·)) >
= < t
<α,λ>1
+
, ϕ(H
t
λ
(·)) >
+ (1)
<α,λ>1
< t
<α,λ>1
+
, ϕ(H
t
λ
(·)) > .
Seja U uma extens˜ao de u logo ela ´e escrita como (5.1.1) enao (5.2.4) significa
que
2 < E
1
(u), ϕ >=< U, ϕ > +(1)
<α,λ>+|λ|−1
< U, ϕ
1
>,
para toda ϕ C
c
(IR
n
).
De fato,
2S
<
t
<α,λ>1
, ϕ(H
t
λ
(·)) >
2
u
= S

< t
<α,λ>1
+
, ϕ(H
t
λ
(·)) >
+ (1)
<α,λ>1
< t
<α,λ>1
, ϕ(H
t
λ
(·)) >
u
= S

< t
<α,λ>1
+
, ϕ(H
t
λ
(·)) >
+ (1)
<α,λ>1
< t
<α,λ>1
+
, ϕ(H
t
λ
(·)) >
u
=

R
b
ϕ + (1)
<α,λ>+|λ|−1
R
b
ϕ
1
u, ψ
= < U, ϕ > +(1)
<α,λ>+|λ|−1
< U, ϕ
1
>,
aqui a terceira igualdade segue da defini¸ao de S, pois
R
b
ϕ + (1)
<α,λ>+|λ|−1
R
b
ϕ
1
´e λhomogˆenea de grau < α, λ > e u ´e
λ-homogˆenea de grau < α, λ > −|λ|, logo pela Observao 2.1.1 item (ii)
temos
R
b
ϕ + (1)
<α,λ>+|λ|−1
R
b
ϕ
1
u ´e λhomogˆenea de grau −|λ|.
77
Afirma¸ao: (5.2.4) define uma dis tribui¸ao em D
(IR
n
), ´e uma extens˜ao de u
e tem paridade oposta a < α, λ > . Para demonstrar este fato, dividiremos em
passos:
Passo 1: Afirmamos que E
1
(u) D
(IR
n
).
De fato, claramente E
1
(u) ´e um funcional linear.
Temos que E
1
(u) ´e um funcional cont´ınuo, pois U ´e um funcional cont´ınuo e
soma de cont´ınuos ´e cont´ınuo.
Portanto, E
1
(u) D
(IR
n
).
Passo 2: E
1
(u) ´e uma extens˜ao de u.
De fato, seja ϕ C
c
(IR
n
\{0}) enao 2 < E
1
(u), ϕ >= 2 < U, ϕ > por (5.2.3)
tomando t = 1. Assim temos que:
2 < E
1
(u), ϕ > = < U, ϕ > +(1)
<α,λ>+|λ|−1
< U, ϕ
1
>
= < U, ϕ > + < U, ϕ >
= 2 < U, ϕ > .
Portanto, < E
1
(u), ϕ >=< U, ϕ >, para toda ϕ C
c
(IR
n
\{0}). Logo, E
1
(u)
´e uma extens˜ao de u, isto ´e, < E
1
(u), ϕ >=< U, ϕ >=< u, ϕ >, para toda
ϕ C
c
(IR
n
\{0}).
Passo 3: E
1
(u) tem paridade oposta < α, λ > .
De fato, para toda ϕ C
c
(IR
n
) e tomando t = 1 temos:
2 < E
1
(u), ϕ
1
> = < U, ϕ
1
> +(1)
<α,λ>+|λ|−1
< U, ϕ >
= 2(1)
<α,λ>+|λ|−1
< E
1
(u), ϕ > (1)
<α,λ>+|λ|−1
< U, ϕ >
+ (1)
<α,λ>+|λ|−1
< U, ϕ >
= 2(1)
<α,λ>+|λ|−1
< E
1
(u), ϕ > .
Portanto, < E
1
(u), ϕ >= (1)
<α,λ>+1
< E
1
(u), ϕ(H
1
λ
(x)) > .
Referˆencias Bibliogr´aficas
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