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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO
NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO – NPGA
EUZAÍRA
MIRANDA DE VASCONCELOS MARTINS DE ALMEIDA
FATORES CONDICIONANTES DA SOBREVIVÊNCIA DAS EMPRESAS
DO ARRANJO PRODUTIVO LOCAL DE TECNOLOGIA DA
INFORMAÇÃO DA REGIÃO METROPOLITANA DE SALVADOR E
FEIRA DE SANTANA BAHIA
Salvador
2007
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EUZAÍRA MIRANDA DE VASCONCELOS MARTINS DE ALMEIDA
FATORES CONDICIONANTES DA SOBREVIVÊNCIA DAS EMPRESAS
DO ARRANJO PRODUTIVO LOCAL DE TECNOLOGIA DA
INFORMAÇÃO DA REGIÃO METROPOLITANA DE SALVADOR E
FEIRA DE SANTANA BAHIA
Dissertação apresentada ao Núcleo de Pós-Graduação da
Escola de Administração, da Universidade Federal da
Bahia, como pré-requisito para obtenção do título de
Mestre em Administração.
Orientador: Prof. Dr. Claudio Cardoso
Salvador
2007
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Escola de Administração - UFBA
A447 Almeida, Euzaíra Miranda de Vasconcelos Martins de
Fatores condicionantes das empresas do arranjo produtivo local de tecnologia da
informação da Região Metropolitana de Salvador e Feira de Santana Bahia / Euzaíra
Miranda de Vasconcelos Martins de Almeida.. – 2007.
107 f.
Orientador: Prof.º Dr.º Cláudio Guimarães Cardoso.
Dissertação (mestrado profissional) – Universidade Federal da Bahia. Escola de
Administração, 2007.
1. Administração de empresas – Inovações tecnológicas – Salvador (BA)
2. Administração de empresas – Inovações tecnológicas – Feira de Santana (BA).
3. Tecnologia da informação.- Administração. 4. Sucesso nos negócios.
I. Universidade Federal da Bahia. Escola de Administração. II. Cardoso, Cláudio
Guimarães. III. Título.
658
TERMO DE APROVAÇÃO
EUZAÍRA MIRANDA DE VASCONCELOS MARTINS DE ALMEIDA
FATORES CONDICIONANTES DA SOBREVIVÊNCIA DAS EMPRESAS
DO ARRANJO PRODUTIVO LOCAL DE TECNOLOGIA DA
INFORMAÇÃO DA REGIÃO METROPOLITANA DE SALVADOR E
FEIRA DE SANTANA BAHIA
Dissertação aprovada como requisito parcial para obtenção de grau de Mestre Regulação do
Núcleo de Pós-Graduação da Escola de Administração, da Universidade Federal da Bahia -
UFBA, pela seguinte banca examinadora:
Claudio Guimarães Cardoso - Orientador
____________________________________
Doutor em Comunicação e Cultura Contemporânea, Universiade Federal da Bahia (BA)
Universiade Federal da Bahia (BA)
Dirk Michael Boehe
______________________________________________
Doutor em Administração de Empresas, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (RS)
Universidade de Fortaleza (CE)
Horacio Nelson Hastenreiter Filho
___________________________________________
Doutor em Administração, Universidade Federal da Bahia (BA)
Faculdade Ruy Barbosa (BA)
Salvador, 10 de dezembro de 2007.
A
Celso, companheiro e amigo, que com sua imensa sabedoria, amor e paciência me apoiou,
passo a passo, nessa caminhada.
AGRADECIMENTOS
O empreendimento necessário para a realização de um sonho, embora sonho de um, é obtido
por meio de um esforço coletivo.
Nós, os donos dos sonhos, só conseguimos saber quanto os apoios foram fundamentais, ao
final de tudo, quando, enfim, saboreamos a delícia de tê-los realizado.
Por isso, fazer agradecimentos a tantos que contribuíram é uma tarefa difícil e arrisca deixar
de fora quem, mesmo em silêncio, teve uma participação importante.
A todos que amo e convivo registro, pois, minha gratidão sincera, com especial destaque para
os amigos mais chegados e minha família e, nela, meu pequeno Rodrigo, pela compreensão
infantil e pelas muitas ofertas de ajuda no meu “dever de casa”. Confortou-me ter sempre a
certeza que compreenderiam minhas sucessivas ausências e saberiam aguardar pelo meu
retorno ao cotidiano compartilhado.
Devo também ressaltar meu agradecimento a algumas entidades parceiras, o SEBRAE, a
SECTI, com destaque para Stucki, fundamental num momento “travado” para definir o
universo de estudo. Através dessas entidades, estendo meu agradecimento aos colegas
empresários que colaboraram para a realização deste estudo.
Não pode ficar ausente uma menção especial para os amigos e colaboradores da ITIn, pela
inspiração, apoio e compreensão nos momentos de ausência.
Expresso também meu afeto aos meus colegas e amigos de Mestrado, e em especial a Gênia,
Kátia e Rita, pelo carinho e cumplicidade.
A Deus, sobretudo, a quem tudo devo, com humildade agradeço!
RESUMO
Esta dissertação aborda os fatores condicionantes de sobrevivência das empresas participantes
do Arranjo Produtivo Local de Tecnologia da Informação (APL-TI) da Região Metropolitana
de Salvador e Feira de Santana, como também os pilares para seu crescimento e longevidade.
O Relatório de Pesquisa do SEBRAE Nacional, publicado em Agosto de 2004 – Fatores
Condicionantes e Taxas de Mortalidade de Empresas no Brasil - é utilizado como base nesse
trabalho de pesquisa, no que tange aos fatores condicionantes de sobrevivência. A premissa é
que a gestão é o diferencial de sobrevivência, que se não a garante, colabora decisivamente
para isso, sendo pressuposto que esse diferencial é válido para pequenas e médias empresas
de qualquer segmento de negócio, inclusive Tecnologia da Informação. Foi desenvolvida
revisão do referencial teórico acerca do tema sobrevivência e fatores condicionantes
relacionados à gestão. A pesquisa de campo, com aplicação de questionário, mapeou as
empresas do APL-TI fornecendo dados necessários à identificação do perfil do empresário e
da empresa. A análise das evidências derivadas da sistematização das respostas aos
questionários, permite, ao final, oferecer sugestões para a melhoria do processo de
consolidação desse segmento de negócio no Estado da Bahia.
Palavras-chave: Sobrevivência; Sucesso; Mortalidade; Gestão; Tecnologia da Informação;
APL-TI da RMS e Feira de Santana; MPMEs; Software.
ABSTRACT
This dissertation addresses the conditioning factors for the survival of enterprises that are
participating in the Local Productive Arrangement of Information Technology (APL-TI) of
the Metropolitan Region of Salvador and Feira de Santana, as well as the pillars for their
growth and longevity. SEBRAE’s National Research Report, published in August 2004 –
“Conditioning Factors and Mortality Rates of Enterprises in Brazil” – is used as a basis in this
research as far as the conditioning factors for survival are concerned. The premise is that
management is the differential factor of survival, because if it is not a warrantee at least it
collaborates decisively for this survival, and that this differential is valid too for small and
medium enterprises of any business segment, including Information Technology. A review of
the theoretical differential concerning the theme of survival was carried out, as well as the
conditioning factors related to management. The field research, with the application of a
questionnaire, mapped the APL-TI enterprises, providing the data necessary for the
identification of the profile of both the entrepreneur and the enterprises. The analysis of
evidences derived from the systematization of the answers to the questionnaire, concedes that
some suggestions must be given for the improvement of the consolidation process of this
business segment in the State of Bahia.
Key-words: Survival; Success; Mortality; Management; Information Technology; APL-TI of
the Metropolitan Region of Salvador and Feira de Santana; MPMEs; Software.
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1 - CLASSIFICAÇÃO DO PORTE DE EMPRESA – 2004 .................................33
QUADRO 2 - PRINCIPAIS DIFICULDADES NA CONDUÇÃO DAS ATIVIDADES DA
EMPRESA ATIVA - 2004 ...............................................................................34
QUADRO 3 - PRINCIPAIS DIFICULDADES NA CONDUÇÃO DAS ATIVIDADES DA
EMPRESA EXTINTA - 2004 ..........................................................................34
QUADRO 4 - FATORES CONDICIONANTES DE SUCESSO - 2004 ................................35
QUADRO 5 - MODELO DE ANÁLISE DOS FATORES DE SOBREVIVÊNCIA DAS
MICRO, PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS DO APL DE TI DA RMS E
FEIRA DE SANTANA - 2004..........................................................................51
QUADRO 6 - CÓDIGO NACIONAL DE ATIVIDADE ECONÔMICA – 2007...................57
QUADRO 7 – PERFIL DO EMPRESÁRIO............................................................................65
QUADRO 8 – CRESCIMENTO MÉDIO DO FATURAMENTO X IDADE DOS
EMPRESÁRIOS - Período 2004 a 2007 .........................................................66
QUADRO 9 – CRESCIMENTO MÉDIO DO FATURAMENTO X ESCOLARIDADE DOS
EMPRESÁRIOS - Período: 2004 a 2007 .........................................................67
QUADRO 10 - EQUAÇÃO DE VARIÁVEIS DETERMINANTES DE CRESCIMENTO DO
FATURAMENTO ............................................................................................73
QUADRO 11 - CRESCIMENTO MÉDIO DO FATURAMENTO * ESTUDO - CLIENTE75
QUADRO 12 - CRESCIMENTO MÉDIO DO FATURAMENTO * ESTUDO -
CONCORRENTE.............................................................................................75
QUADRO 13 - CRESCIMENTO MÉDIO DO FATURAMENTO * ESTUDO -
FORNECEDOR................................................................................................75
QUADRO 14 - CRESCIMENTO MÉDIO DO FATURAMENTO * ESTUDO – ASPECTOS
LEGAIS ............................................................................................................76
QUADRO 15 - CRESCIMENTO MÉDIO DO FATURAMENTO * ESTRATÉGIA – FOCO
NO CLIENTE ...................................................................................................76
QUADRO 16 - CRESCIMENTO MÉDIO DO FATURAMENTO * DURANTE A VIDA
DA EMPRESA – CONHECER CONCORÊNCIA E FORNECEDORES ......76
QUADRO 17 - CRESCIMENTO MÉDIO DO FATURAMENTO * ASSOCIATIVISMO..78
QUADRO 18 - CRESCIMENTO MÉDIO DO FATURAMENTO * INOVAÇÃO ..............79
QUADRO 19 - CRESCIMENTO MÉDIO DO FATURAMENTO * PLANEJAMENTO
ESTRATÉGICO ...............................................................................................80
QUADRO 20 - CRESCIMENTO MÉDIO DO FATURAMENTO * FORMAÇÃO DE
EQUIPE – AÇÕES DE FIDELIZAÇÃO DE COLABORADORES...............81
QUADRO 21 - CRESCIMENTO MÉDIO DO FATURAMENTO * FORMAÇÃO DE
EQUIPE – NECESSIDADE DOS COLABORADORES................................81
QUADRO 22 - CRESCIMENTO MÉDIO DO FATURAMENTO * EQUILÍBRIO
FINANCEIRO – FLUXO DE CAIXA.............................................................82
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 - TAXAS DE MORTALIDADE (%) BRASIL – 2004.........................................34
TABELA 2 – TAXAS DE MORTALIDADE (%) NORDESTE - 2004..................................34
TABELA 3 - REDUÇÃO DO NÚMERO DE POSTOS DE TRABALHO, SEGUNDO AS
REGIÕES E BRASIL, EM NÚMEROS ABSOLUTOS, PARA O PERÍODO
(2000-2002) – 2004.............................................................................................36
TABELA 4 - PORTE DAS EMPRESAS DA AMOSTRA – CRITÉRIO BNDES
(FATURAMENTO) - 2007.................................................................................69
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
SECTI Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação
SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
APL Arranjo Produtivo Local
TI Tecnologia da Informação
RMS Região Metropolitana de Salvador
MPE Micro e Pequena Empresa
TIC Tecnologia da Informação e Comunicação
MPMEs Micro, pequenas e médias empresas
FAPESB Fundação de Amparo a Pesquisa da Bahia
IEL Instituto Euvaldo Lodi
SIGEOR Sistema de Gestão Orientada a Resultados
ASSESPRO Associação das Empresas de Tecnologia da Informação, Software e Internet da
Bahia
SOFTEX Sociedade para Promoção da Excelência do Software Brasileiro
BID Banco Interamericano de Desenvolvimento
CNAE Código Nacional de Atividade Econômica
PEIEX Programa de Extensão Industrial Exportadora
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 15
1.1 OBJETIVOS DESTA DISSERTAÇÃO 19
1.2 REFERENCIAL TEÓRICO 20
1.3 METODOLOGIA DE PESQUISA 21
1.4 JUSTIFICATIVA 22
2 CONTEXTO DA PESQUISA – DOCUMENTAÇÃO DE APOIO 25
2.1 SEBRAE 25
2.2 ARRANJO PRODUTIVO LOCAL DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO DA
REGIÃO METROPOLITANA DE SALVADOR E FEIRA DE SANTANA 27
2.3 RELATÓRIO DE PESQUISA – FATORES CONDICIONANTES E TAXA DE
MORTALIDADE DE EMPRESAS NO BRASIL – SEBRAE, 2004 31
2.4 PESQUISA EMPRESARIAL DO SETOR DE TI – RMS E FEIRA DE SANTANA 36
3 REVISÃO DO REFERENCIAL TEÓRICO 38
3.1 CONCEITO DE SOBREVIVÊNCIA 38
3.2 HABILIDADES GERENCIAIS 43
3.3 CAPACIDADE EMPREENDEDORA 44
3.4 LOGÍSTICA OPERACIONAL 47
4 METODOLOGIA DA PESQUISA 50
4.1 MODELO DE ANÁLISE 50
4.2 RETOMADA DO PROBLEMA 51
4.3 PREMISSAS 52
4.4 PRESSUPOSTOS 53
4.5 TIPO DE PESQUISA E UNIDADE DE ANÁLISE 54
4.5.1 Tipo de Pesquisa 54
4.5.2 Unidade de Análise 55
4.6 INSTRUMENTO DE COLETA 59
4.7 PROCEDIMENTOS 61
4.8 CUIDADOS ÉTICOS 62
5 ESTUDO EMPÍRICO 64
5.1 CARACTERÍSTICAS DA AMOSTRA 64
5.1.1 Perfil do Empresário 65
5.1.2 Perfil da Empresa 68
5.2 FATORES CONDICIONANTES DE SOBREVIVÊNCIA DAS EMPRESAS DO APL
DE TI DA RMS E FEIRA DE SANTANA 70
5.2.1 Pressupostos do Modelo de Regressão 71
5.2.2 Resultados dos Dados da Pesquisa 73
6 CONCLUSÃO 83
REFERÊNCIAS 90
ANEXO 94
1 INTRODUÇÃO
É necessário que o pequeno ou médio empresário obtenha vantagens estratégicas
diante do mercado. Uma das maneiras de se conquistar tal vantagem é conhecer o
micro e o macro ambiente, atentando para possíveis mudanças que esse mercado
poderá sofrer, e antecipando-se a elas. (NETO, 2006, p.32).
Em agosto de 2000, nascia a IT Integration – Soluções Integradas em Tecnologia da
Informação Ltda, com sede em Salvador, Estado da Bahia, uma pequena empresa de
tecnologia da informação, com foco no desenvolvimento de soluções tecnológicas para call
center. No início de 2005, completados, portanto, quase cinco anos de existência, foi possível
avaliar a trajetória da empresa até aquele momento e identificar aspectos diversos que, na
equação da sobrevivência, somaram e subtraíram pontos, contribuindo para seu estágio de
então, que era de incerteza quanto ao futuro, inclusive próximo. Como sócia e empresária,
buscava compreender quais atributos ou ferramentas deveria dispor para assegurar a
continuidade da empresa, iniciando estudos sobre o tema sobrevivência dos negócios de
pequeno porte.
O interesse, também acadêmico, pelo estudo dos fatores condicionantes da
sobrevivência dos pequenos e médios negócios tornou-se agudo, ao tomar conhecimento, no
início de 2005 do relatório de pesquisa realizado pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e
Pequenas Empresas (SEBRAE) no primeiro trimestre de 2004, para avaliação das taxas de
mortalidade das micro e pequenas empresas e os fatores causais de mortalidade, tendo por
base uma amostra representativa de micro e pequenas empresas (MPEs) ativas e extintas,
constituídas em 2000, 2001 e 2002, agrupadas segundo as cinco regiões do Brasil - Norte,
Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul - e em três áreas de negócios - Indústria, Comércio e
Serviços.
16
Nesse relatório, as taxas consolidadas de mortalidade para o Brasil são de 59,9% das
empresas com até quatro anos de existência (2000), 56,4% para as empresas com até três anos
de existência (2001) e de 49,4% para aquelas com até dois anos de existência (2002).
Segundo Lajes e Falcão (2005), “as micro e pequenas empresas constituem-se, de
fato, na maioria dos agentes econômicos de países tanto desenvolvidos, como em
desenvolvimento”. Esta importância é confirmada por diversos autores, dentre eles Najberg e
Puga (2005), quando afirmam que “em diversos países, essas unidades respondem pela grande
maioria das unidades existentes, são as principais criadoras de postos de trabalho e
desempenham um papel relevante na renovação da economia”. Em tempos de globalização, a
discussão em torno da importância deste segmento de empresas, se amplia acolhendo fatores
tais como “(...) empregabilidade, desenvolvimento sustentável, crescimento de mercado e
inovação tecnológica” (NETTO, 2006).
A sobrevivência das empresas apresenta heterogeneidade em função da ótica de
avaliação. A título de exemplo, tomemos um dado de pesquisa realizada por Najberg e Puga,
em 2000, com estabelecimentos fundados em 1996, que sob a ótica do emprego, revela que a
taxa de sobrevivência no setor de serviços (56,2%) é maior do que no setor de construção
civil (26,0%).
É possível afirmar que em relação às empresas de base tecnológica, os fatores de
sobrevivência apresentam características diferenciadas em função da ótica observada. Essas
empresas se destacam por possuírem peculiaridades, tais como a de serem intensivas em
capital intelectual, de atuarem no desenvolvimento de produtos que são transversais a todos os
demais segmentos de negócios e de demandarem elevados investimentos em inovação,
assumindo um relevante papel de agente de mudanças. É um universo de empresas que,
mesmo as de pequeno porte, “contam com a vantagem de poder reagir mais rapidamente à
nova realidade globalizada” (NETTO, 2006).
17
Para a Bahia, o setor de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC), que
abrange as empresas que produzem soluções (produtos e/ou serviços) a partir de recursos
ligados à computação, assume posição estratégica e compõe um dos eixos temáticos que
sustentam a política de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado da Bahia (Governo do
Estado, 2004), que, pela transversalidade, encerra, dentre outros fatores, a capacidade de
agregar competitividade dinâmica à economia baiana como um todo.
No caso das TIC, o seu impacto alcança todos os segmentos públicos e privados e,
também, por ser a tecnologia motor do atual paradigma tecnológico, qual seja a
Sociedade do Conhecimento, influencia a própria dinâmica econômica e social.
(SECTI, 2004, p.70).
Essa política, encampada pela Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação
(SECTI), é executada em parceria com outras instituições de apoio e fomento ao
desenvolvimento de pequenos negócios, tais como o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e
Pequenas Empresas (SEBRAE), Instituto Euvaldo Lodi (IEL), a Desenbahia e a Fundação de
Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (FAPESB) e pela Associação das Empresas de
Tecnologia da Informação, Software e Internet da Bahia (ASSESPRO), instituição que
representa o empresariado baiano de TI. Desse contexto nasce o Arranjo Produtivo Local de
Tecnologia da Informação, APL TI, “que se caracteriza como um aglomerado produtivo que
reúne várias empresas, principalmente micro e pequenas, de uma região específica,
trabalhando numa mesma atividade produtiva e que possuem algum vínculo de articulação e
cooperação entre si” (SECTI, 2007).
O foco do Arranjo Produtivo Local de Tecnologia da Informação está “nas atividades
de produção de software e serviços, principalmente pelo fato deste segmento possuir as
atividades mais dinâmicas, podendo ser apoiadas para se tornarem mais competitivas no
cenário nacional” (SECTI, 2007).
18
Esse modelo de organização é tido como ideal pelo SEBRAE “para que as micro e
pequenas empresas melhorem seus serviços e produtos, através de ações coletivas” (SECTI,
2007).
Avaliar os fatores condicionantes de sobrevivência das empresas do APL de TI da
Região Metropolitana de Salvador (RMS) e Feira de Santana é relevante para evidenciar as
peculiaridades de um segmento de micro, pequenas e médias empresas, que assume
importância estratégica para o desenvolvimento econômico do Estado e que tem apresentado
segundo dados da SECTI, posição de relevo no Nordeste e com expressivo potencial de
crescimento.
O universo das micro, pequenas e médias empresas, tratado nesta dissertação,
engloba, portanto, aquelas que estão na área de abrangência da SECTI, para efeito de
aplicação das políticas públicas tratadas no modelo de APL de TI, ou seja, com sede na
Região Metropolitana de Salvador (RMS) e Feira de Santana. A RMS conta, além da Capital
do Estado, Salvador, também as cidades de Camaçari, Dias d'Ávila, Itaparica, Lauro de
Freitas, Madre de Deus, São Francisco do Conde, Simões Filho e Vera Cruz.
O relatório do SEBRAE, intitulado Relatório de Pesquisa - Fatores Condicionantes e
Taxa de Mortalidade de Empresas no Brasil, de 2004, foi o documento utilizado como ponto
de partida para este trabalho, não só por abordar o tema central, de interesse da autora, como
também por apresentar um modelo de análise e resultados de pesquisa aplicada a micro e
pequenas empresas no Brasil que podem ser confrontados e mais uma vez testados, no
universo de empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação do APL de TIC da Bahia.
Não se pode afirmar que os resultados encontrados na pesquisa de 2004, efetuada
pelo SEBRAE, encontre aplicabilidade direta para as micro, pequenas e médias empresas do
setor de TI da RMS e Feira de Santana, contexto no qual está inserido a IT Integration, o que
serviu de motivação para um estudo mais aprofundado. A questão que se apresenta, portanto,
19
é: quais os fatores condicionantes de sobrevivência para as empresas que compõem o Arranjo
Produtivo Local de Tecnologia da Informação da Região Metropolitana de Salvador e Feira
de Santana?
1.1 OBJETIVOS DESTA DISSERTAÇÃO
Objetivo Geral
A sobrevivência das micro e pequenas empresas tem sido alvo de preocupações da
sociedade, particularmente das instituições de apoio às iniciativas empresariais de pequeno
porte, a exemplo do SEBRAE. Por seu turno, o segmento de TI, tem recebido do Governo do
Estado da Bahia especial atenção, refletido no esforço de estruturação do APL de TI (Arranjo
Produtivo Local de Empresas de Tecnologia da Informação), cujo projeto “tem seu núcleo
potencialmente dinâmico nas empresas de software e serviços associados situadas na Região
Metropolitana da Salvador, especialmente na capital” (FIALHO, 2005). Assim, o objetivo
geral desta dissertação é, a partir dos fatores condicionantes de sobrevivência identificados
pela pesquisa de 2004 do SEBRAE, validá-los para as micro, pequenas e médias empresas de
TI da Região Metropolitana de Salvador e Feira de Santana, contempladas no Arranjo
Produtivo Local de Tecnologia da Informação. Esse objetivo geral desdobra-se em objetivos
específicos, conforme segue.
Objetivos Específicos
Analisar os fatores condicionantes de sobrevivência das MPMEs de TI e confrontar
com os apresentados pelo Relatório de Pesquisa, Fatores Condicionantes e Taxa de
20
Mortalidade de Empresas no Brasil (SEBRAE, 2004), para as empresas em geral e verificar a
validade para as empresas de TI;
Apresentar sugestões para estratégias de apoio ao desenvolvimento de MPMEs de TI
com foco na redução dos índices de mortalidade.
1.2 REFERENCIAL TEÓRICO
Para atingir os objetivos deste trabalho, foi realizada revisão do referencial teórico
acerca dos conceitos de sucesso e sobrevivência, associados aos de micro e pequenas
empresas e dos fatores condicionantes de sobrevivência apontados pelos empresários
pesquisados pelo SEBRAE, através das perguntas dirigidas e livres, constantes do
questionário aplicado, que são Habilidades Gerenciais, Capacidade Empreendedora e
Logística Operacional.
Esses grupos de fatores resultam de um levantamento que, segundo os próprios
empresários pesquisados, se presentes, contribuem para reduzir os riscos de fechamento,
aumentando assim, as chances de sobrevivência e crescimento das empresas.
A representação gráfica dos fatores, Fig. 1, mostra tanto os fatores condicionantes de
sucesso, quanto os fatores determinantes da mortalidade, sendo que, nesta dissertação, o
recorte para abordagem do referencial teórico restringe-se aos fatores condicionantes do
sucesso. Os fatores determinantes da mortalidade, apenas mencionados, não foram aqui
aprofundados por não estarem no foco do objetivo desta pesquisa.
21
Habilidades Gerenciais
Capacidade Empreendedora
Logística Operacional
Falhas Gerenciais
Causas Econômicas Gerenciais
Logística Operacional
Políticas Públicas e Arcabouço Legal
FIGURA 1 REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DOS FATORES
Fonte: Adaptada do Modelo de Análise – Sebrae, 2004
1.3 METODOLOGIA DE PESQUISA
A pesquisa quantitativa foi a metodologia escolhida, por oferecer um modelo capaz
de atender as necessidades de observação, registro, análise, classificação e interpretação das
variáveis ou fatores condicionantes da sobrevivência das micro, pequenas e médias empresas
de TI da RMS e Feira de Santana, em confronto à amostra representada pelas micro e
pequenas empresas do Brasil, evidenciadas pela pesquisa elaborada pelo SEBRAE. Essa
metodologia permite apurar, de forma objetiva, as opiniões conscientes dos entrevistados,
mediante a utilização de um questionário estruturado, que para esse trabalho, foi adaptado do
instrumento já utilizado pelo SEBRAE na pesquisa de 2004.
O universo objeto da pesquisa e os requisitos para seleção da amostra foram
definidos pela confluência de interesses resultantes da parceria entre a autora, o SEBRAE e a
SECTI, estabelecida durante a elaboração desse trabalho. O universo de pesquisa é
Fatores
Condicionantes
do Sucesso
Fatores
Determinantes
da
Mortalidade
22
constituído pelas empresas do APL de TI da RMS e Feira de Santana que atendem aos
seguintes requisitos: são desenvolvedoras de software (pacote ou encomenda), prestam
serviços e/ou consultoria em TI, são associadas à ASSESPRO, Associação das Empresas
Brasileiras de Tecnologia da Informação, Software e Internet, Regional Bahia ou SOFTEX,
Associação para Promoção da Excelência do Software Brasileiro e, por fim, estão organizadas
em redes interempresariais.
Das quatrocentas e setenta e nove empresas cadastradas na base consolidada da
SECTI e SEBRAE, foram selecionadas sessenta e três que atendem a esses requisitos.
A pesquisa de campo contou com a aplicação de um questionário(Anexo 1), que foi
adaptado de um modelo aplicado na pesquisa de 2004. Ao questionário adaptado foram
acrescentas outras questões para o mapeamento da oferta de produtos e serviços por essas
empresas, de forma a atender os interesses específicos, oriundos da parceria com a SECTI e o
SEBRAE. Os dados coletados pelas questões referente ao mercado, contudo, não serão
utilizados para verificação dos fatores condicionantes de sobrevivência das empresas, tema
central dessa dissertação.
O questionário, validado por 10% da amostra selecionada, teve as alterações ou
adaptações propostas contempladas neste trabalho na medida em que não comprometeram a
questão focada inicialmente.
1.4 JUSTIFICATIVA
O relatório do SEBRAE, de 2004, evidencia a importância das Micro e Pequenas
Empresas no cenário macroeconômico nacional, a partir da posição de destaque que elas
ocupam, representando 99,20% do total de empresas no Brasil.
23
As micro e pequenas empresas, universo de pesquisa pelo SEBRAE, estão presentes
em todo o território nacional e permeiam todas as áreas de negócio, sem distinção de
segmento, onde pode-se inferir que nessa amostra existem desde empresas de pequeno varejo
tradicional, situadas no mais longínquo território nos extremos do Brasil, a outras de serviços
de alto valor agregado, localizada nos grandes centros.
As empresas de TI, intensivas em capital intelectual, enquadram-se num segmento de
negócio onde para sobreviver e perpetuar “deve ter a capacidade de satisfazer a três requisitos
simultaneamente: estar em busca permanente de conhecimento, dispor de criatividade para
inovar e ter predisposição para mudar”, conforme apregoa Arantes (1998, pág. 56). Tal
característica sugere que, no conjunto das micro e pequenas empresas do Brasil, o segmento
de TI deve apresentar um comportamento diferenciado.
A importância estratégica para o desenvolvimento do país, quer pela capacidade de
geração de valor, quer pela transversalidade nos demais segmentos de negócio, colocam o
segmento de TI na pauta de discussões de políticas públicas de todas as esferas de governo, a
exemplo, na Bahia, do movimento APL de TI, protagonizado pela SECTI, o que justifica um
estudo mais aprofundado acerca da sobrevivência desse importante setor de negócio.
Este trabalho está estruturado em seis capítulos, sendo o primeiro esta introdução,
onde apresentamos a delimitação do problema, descrevendo os motivos, o objetivo, o
referencial teórico, a proposta do método e justificativa. O capítulo dois trata, de forma
condensada, a documentação utilizada como base do trabalho e o contexto da pesquisa,
começando com uma visão institucional sobre o SEBRAE, seguida do conceito de APL de TI
e resumo de pesquisas anteriores, finalizando com um estudo acerca dos fatores
condicionantes da sobrevivência das micro e pequenas empresas, fatores estes coletados na
pesquisa do SEBRAE de 2004, que são Habilidades Gerenciais, Capacidade Empreendedora e
Logística Operacional. O capítulo três contém o referencial teórico, apresentando o ambiente
24
onde o problema está inserido, com os diversos elementos de apoio da pesquisa. O capítulo
quatro trata da metodologia e procedimentos adotados para a pesquisa de campo, aí contido o
modelo de análise. O capítulo cinco aborda o estudo empírico e os resultados levantados a
partir da amostra selecionada e o capítulo seis cuida das conclusões, das limitações à
realização desta dissertação e das recomendações para futuros trabalhos.
25
2 CONTEXTO DA PESQUISA – DOCUMENTAÇÃO DE APOIO
Neste capítulo, será apresentada a instituição SEBRAE, a partir de sua ideologia
constitutiva, com evidência ao valor atribuído às suas ações e ao comprometimento com as
políticas públicas, dentre elas o Arranjo Produtivo Local de Tecnologia da Informação,
também este, aqui abordado.
Os fatores condicionantes da sobrevivência dos pequenos negócios e suas dimensões
serão visitados neste capítulo, no contexto da pesquisa do SEBRAE, tomada como base para
este trabalho, permeadas por fundamentações teóricas, de viés prático, resultado de
abordagens defendidas por alguns autores citados aos longo da apresentação dos resultados
desta pesquisa.
Outros trabalhos já realizados no âmbito deste segmento de negócio complementam
o cenário para revisão dos conceitos que suportam os principais argumentos deste trabalho.
2.1 SEBRAE
O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – SEBRAE é uma
entidade associativa de direito privado, sem fins lucrativos, que existe como instituição desde
1972, mas que tem sua história iniciada de fato no início dos anos 60.
A iniciativa de um sistema de apoio gerencial às micro e pequenas empresas, reporta
a 1964, ao então Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDE), hoje Banco
Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) que instituiu o Programa de
Financiamento à Pequena e Média Empresa (FIPEME), e que, através de pesquisa, identificou
que a “má gestão da empresa estava diretamente relacionada com os índices de inadimplência
nos contratos de financiamento celebrados com o BNDE” (SEBRAE, 2006).
26
O SEBRAE, passados vários momentos de sua história, tem na atualidade a Missão
de “promover a competitividade e o desenvolvimento sustentável das micro e pequenas
empresas e fomentar o empreendedorismo” (SEBRAE, 2006). Sua Visão de Futuro, no
horizonte até 2010, afirma de modo categórico que, (...) as micro e pequenas empresas
constituem-se em importante fator de desenvolvimento do país, atuando em ambiente
institucional favorável, com alto índice de formalização, competitividade e sustentabilidade.
(SEBRAE, 2006)
Dentre as diretrizes estratégicas do Sistema SEBRAE, visa a primeira delas “
(...)
priorizar a atuação do SEBRAE como agente indutor do desenvolvimento sustentável das
MPEs, da geração de emprego e renda, da inclusão social e da preservação do meio ambiente,
alinhando-se com as políticas econômica, industrial, comercial (interna e externa), científica e
tecnológica e com as modernas práticas de gestão empresarial, com foco numa cultura de
empresas de pequeno porte empreendedoras e competitivas.” (SEBRAE, 2005)
Os detalhamentos dessas diretrizes levam a necessidade de implantação de ações
estratégicas, tais como: i) articular políticas públicas voltadas para o desenvolvimento das
MPEs, ii) desenvolver programas de qualificação para gestores públicos e disseminação de
boas práticas em políticas públicas com vista a criação de ambiente favorável ao
desenvolvimento das MPEs ou iii) estimular a implementação de políticas públicas
municipais voltadas para o empreendedorismo e as MPEs, dentre outras.
O Estatuto do SEBRAE em seu Art. 1° define:
O SERVIÇO BRASILEIRO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS –
SEBRAE é um Serviço Social Autônomo, instituído por escritura pública sob a
forma de entidade associativa de direito privado, sem fins lucrativos, regulada pelo
presente Estatuto, em consonância com a Lei nº 8.029, de 12 de abril de 1990 e
alterações posteriores, regulamentada pelo Decreto nº 99.570, de 09 de outubro de
1990, que dispuseram sobre a desvinculação da entidade da administração pública
federal.
(SEBRAE, 2003, Art. 1°).
27
E o Art. 5° trata dos Objetivos Institucionais do SEBRAE como sendo:
O SEBRAE tem por objetivo fomentar o desenvolvimento sustentável, a
competitividade e o aperfeiçoamento técnico das microempresas e das empresas de
pequeno porte industriais, comerciais, agrícolas e de serviços, notadamente nos
campos da economia, administração, finaas e legislação; da facilitação do acesso
ao crédito; da capitalização e fortalecimento do mercado secundário de títulos de
capitalização daquelas empresas; da ciência, tecnologia e meio ambiente; da
capacitação gerencial e da assistência social, em consonância com as políticas
nacionais de desenvolvimento. (SEBRAE, 2003, Art. 5°).
Pode-se, portanto, afirmar o estreito alinhamento entre as ações do SEBRAE e as
políticas públicas, em todas as esferas de governo, como fundamento para cumprimento de
seus princípios constitutivos. Neste capítulo é analisado, inicialmente, o ambiente construído
pelo SEBRAE, Regional Bahia, para apoiar e acolher o segmento de TI na Bahia, com foco
na RMS e Feira de Santana. A abordagem sobre a instituição do modelo de Arranjos
Produtivos Locais, com a implementação do APL TI na Bahia é fundamental para a
contextualização da participação do SEBRAE no processo. Em seguida, os resultados da
Pesquisa Empresarial do Setor de TI para a RMS e Feira de Santana, encerrando com a
discussão sobre o Relatório de Pesquisa, intitulado Fatores Condicionantes e Taxa de
Mortalidade de Empresas no Brasil, de onde são extraídos os pressupostos adotados para
exploração por este trabalho.
2.2 ARRANJO PRODUTIVO LOCAL DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO DA
REGIÃO METROPOLITANA DE SALVADOR E FEIRA DE SANTANA
A luta cotidiana pela sobrevivência, expressa pela capacidade de crescer e se
perpetuar no mercado, leva as micro, pequenas e médias empresas a aderir a estratégias
amplamente difundidas, como a organização em redes de cooperação inter-empresas. Esse
movimento é defendido por diversos autores, como mecanismo para fortalecimento das
28
empresas de menor porte frente ao processo de exposição a mercados ampliados pela
globalização, como alternativa de construção de um arcabouço de estratégias competitivas,
baseadas no conhecimento e inovação. Embora a formação de redes de cooperação se
apresente como uma tendência universal, no Brasil, argumenta Souza (2005), existem muitas
restrições e barreiras, de ordem político-industrial, infra-estrutura e dificuldades culturais. O
empresário brasileiro possui características próprias, tais como falta de informação,
individualismo, imediatismo e ceticismo, que criam problemas na hora de implantar ações de
cooperação.
Ao lidar-se fundamentalmente com arraigadas culturas gerenciais, parece importante
salientar o “incremento da capacidade competitiva das empresas” como resultado esperado do
processo de aprendizagem decorrente do comportamento organizacional promovido pela
organização em rede, vez que a “eficiência coletiva” é dessa forma mais facilmente alcançada
do que por uma empresa isoladamente (FONTES, 2005). A necessidade de construir uma
mentalidade flexionada em múltiplos espectros, a partir de ações concretas no atendimento as
exigências do mercado, surge como um novo conceito e modo de trabalhar, baseado no
desenvolvimento, solidez, flexibilidade e inovação.
As estratégias e práticas são associadas a arranjos de firmas organizadas em rede,
onde se identificam, nesse conjunto, aquelas que se aplicam às empresas isoladas e outras que
integram um conjunto de empresas. O que se pode observar ao longo do tempo, segundo
Souza (2005), é a transformação dos arranjos e empresas participantes pela interação dessas
estratégias e práticas.
São muitas as formas e modelos organizacionais baseados na associação,
cooperação, no compartilhamento, na troca e ajuda mútua, que, segundo Olave e Amado Neto
(2007), as empresas buscam como alternativa concreta para o desenvolvimento empresarial,
em atendimento à necessidade dessas empresas atuarem de forma conjunta e associada.
29
Um arranjo produtivo local caracteriza-se como uma das formas possíveis de
organização entre empresas que promovem maiores resultados em termos de sinergia e
interação cooperativa, por agregar, além das próprias empresas, instituições que oferecem
apoio de infra-estrutura decorrente de políticas públicas e de conhecimento (pesquisa e
inovação), contribuindo para o fortalecimento de um ecossistema favorável ao aumento da
competitividade sistêmica.
O Arranjo Produtivo Local de Tecnologia da Informação da Região Metropolitana de
Salvador e Feira de Santana nasceu em 2005, por iniciativa da Secretaria de Ciência,
Tecnologia e Inovação do Estado da Bahia (SECTI), como algo “que se caracteriza como um
aglomerado produtivo que reúne várias empresas, principalmente micro e pequenas, de uma
região específica, trabalhando numa mesma atividade produtiva e que possuem algum vínculo
de articulação e cooperação entre si” (SECTI, 2007).
Tal definição resulta da abordagem proposta na Política de Ciência, Tecnologia e
Inovação, para o Estado da Bahia.
Arranjos Produtivos Locais (APLs) são definidos como aglomerações territoriais de
agentes econômicos, políticos e sociais – com foco em um conjunto específico de
atividades econômicas – que apresentam vínculos de produção ou de informações.
Envolvem a participação e a interação de empresas – desde produtoras de bens e
serviços, comercializadoras, clientes, entre outros – e suas variadas formas de
representação e associação. Fazem parte, também, diversas outras instituições
públicas e privadas voltadas para: formação e capacitação de recursos humanos
(como escolas técnicas e universidades); pesquisa, desenvolvimento e engenharia;
política, promoção e financiamento. (SECTI, 2004, p. 25).
O SEBRAE apoiou esta iniciativa, com a crença de que “o formato de APL é ideal
para que as micro e pequenas empresas melhorem seus serviços e produtos, através de ações
coletivas”, cujo papel é “o da capacitação empresarial, da intermediação tecnológica e da
busca de apoio de novos mercados, oferecendo suporte às micro e pequenas empresas”
(SECTI, 2007).
30
O termo Tecnologia da Informação compreende um amplo espectro de negócios e
atividades, sendo necessário um recorte para delimitar aqueles contidos no conceito adotado
para o APL de TI. Assim, os segmentos priorizados para possibilitar foco nas ações e
programas de interesse comum, definidos pelo SEBRAE na Pesquisa Empresarial do Setor de
TI da RMS e Feira de Santana, 2006, foram:
a) Desenvolvimento de Softwares Básicos;
b) Serviços Operacionais e Infra-Estrutura em TI;
c) Serviços de Processamento de Dados;
d) Internet (Provedores e Serviços);
e) Prestação de Serviços: Consultoria, Assessoria e Assistência Técnica, Projetos
de Informática, Customização de Sistemas e Treinamento.
A constituição de um APL compreende uma série de requisitos que o caracterizam e
dão consistência:
a) Diagnóstico do setor - levantamento das empresas que trabalham no estado e seu
faturamento,
b) Sensibilização do empresariado – esclarecimento quanto ao programa de APL,
fase na qual serão identificadas as lideranças para composição da governança
que fará a gestão do arranjo;
c) Organização do empresariado em redes associativas – as redes são a base sobre a
qual serão estabelecidas as relações de cooperação e a aplicação de recursos de
capacitação, acesso a mercados e serviços tecnológicos;
d) Ações sistêmicas – para capacitação e criação de um ambiente propício ao
desenvolvimento das empresas que compõem o arranjo.
Outros atores são partícipes desse programa de APL e comprometem igual apoio:
ASSESPRO – Associação das Empresas de Tecnologia da Informação, Software e Internet da
Bahia; SOFTEX - Sociedade para Promoção da Excelência do Software Brasileiro; BID –
31
Banco Interamericano de Desenvolvimento, em suporte ao Programa de Fortalecimento da
Atividade Empresarial da SECTI; IEL – Instituto Euvaldo Lodi; Desenbahia; e FAPESB -
Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia.
Confirma, portanto, La Rovele (2006), que:
(...) para que as perspectivas de crescimento das MPMEs se concretizem e elas
sejam capazes de gerar renda e empregos qualificados, as políticas de apoio a estas
empresas devem mudar seu foco, deixando de ter como objetivo empresas isoladas e
buscando formar redes de empresas e encorajar a atividade inovadora nas redes já
existentes. (LA ROVELE, 2006, p-22).
2.3 RELATÓRIO DE PESQUISA – FATORES CONDICIONANTES E TAXA DE
MORTALIDADE DE EMPRESAS NO BRASIL – SEBRAE, 2004
É inconteste e amplamente defendida por vários autores a importância das micro e
pequenas empresas como geradoras de empregos e equilíbrio sócio econômico das
comunidades. Segundo o SEBRAE Nacional (2004), 99,20% das empresas no Brasil são
classificadas como micro e pequenas e respondem por 52,80% dos empregos totais. Apesar
dessa importância, os índices de mortalidade dessa categoria de empresa, considerados
elevados pelo próprio SEBRAE, motiva a busca por conhecimento das causas que conduzem
a esses resultados, que possibilitem subsidiar o empreendimento de esforços conjuntos do
poder público e da iniciativa privada com o objetivo de evitar o encerramento precoce dessas
empresas e, ao contrário, estimular sua permanência em atividade.
Os fatores de sucesso dos pequenos empreendimentos, levantados a partir dos
depoimentos dos empresários, são apresentados no Relatório do SEBRAE, agrupados
segundo características comuns e tratam fundamentalmente de questões relacionadas à gestão,
tais como Habilidades Gerenciais, decorrentes da preparação do empresário para interagir
32
com o mercado, Capacidade Empreendedora, relacionados à criatividade, perseverança,
coragem em assumir riscos e Logística Operacional, relacionada às bases de sustentação e
crescimento da atividade empresarial.
De outro lado, como causas da extinção dos pequenos empreendimentos, também
apontados pelos próprios empresários, estão Falhas Gerenciais, Causas Econômicas
Gerenciais, Logística Operacional, Políticas Públicas e Arcabouço Legal.
Em primeiro lugar, destacam os empresários que encerraram suas atividades, estão as
questões relacionadas com as “falhas gerenciais na condução dos negócios, expressas nas
razões: falta de capital de giro (indicando descontrole de fluxo de caixa), problemas
financeiros (situação de alto endividamento), ponto inadequado (falhas no planejamento
inicial) e falta de conhecimentos gerenciais”. Em seguida, as causas conjunturais traduzidas
em indicadores como “falta de clientes, maus pagadores e recessão econômica no país...”
(SEBRAE, 2004). A falta de crédito bancário também foi indicada como importante fator
para a extinção de empresas.
Segundo o SEBRAE (2004), “os dados da pesquisa permitem concluir, reunindo
respostas estimuladas e espontâneas, que as causas da alta mortalidade das empresas no Brasil
estão fortemente relacionadas, em primeiro lugar, a falhas gerenciais na condução dos
negócios, seguida de causas econômicas conjunturais e tributação”.
Este tópico apresenta alguns resultados apurados pela pesquisa, entretanto, busca
focar nos fatores condicionantes da sobrevivência das micro e pequenas empresas no Brasil,
cujos resultados suportam o pressuposto de que, para as empresas de TI, contidas no APL de
TI da RMS e Feira de Santana, os resultados se aplicam.
Classificação do Porte de Empresa
33
A classificação adotada pelo SEBRAE para definição do porte das empresas baseia-
se no número de empregados e está discriminado segundo quadro 1:
QUADRO 1 - CLASSIFICAÇÃO DO PORTE DE EMPRESA – 2004
Porte da empresa Indústria Comércio e Serviços
Micro Empresa Até 19 empregados Até 9 empregados
Pequena Empresa 20 a 99 empregados 10 a 49 empregados
Média Empresa 100 a 499 empregados 50 a 99 empregados
Grande Empresa 500 empregados ou mais 100 empregados ou mais
Fonte: SEBRAE, 2004
Embora difira da classificação adotada pelo SEBRAE, para efeito da pesquisa de
campo tratada nesta dissertação, foi utilizada a classificação adotada pela Receita Federal e
BNDES, em virtude do objeto de pesquisa está focado nas empresas do APL de TI da RMS e
Feira de Santana e neste contexto, existirem empresas, inclusive, de porte médio.
A seguir, os parâmetros de enquadramento utilizado pela Receita Federal:
1. Microempresas – receita bruta anual igual ou inferior a R$ 1.200.000,00 (um
milhão e duzentos mil reais);
2. Empresas de Pequeno Porte – receita bruta anual superior a R$ 1.200.000,00 e
inferior a R$ 10.500.000,00 (dez milhões e quinhentos mil reais);
3. Empresas de Médio Porte – receita bruta anual superior a R$ 10.500.000,00 e
inferior a R$ 60.000.000,00 (sessenta milhões de reais);
4. Empresas de Grande Porte – receita bruta superior a R$ 60.000.000,00.
Taxa de Mortalidade
As taxas de mortalidade das micro e pequenas empresas do Brasil estão evidenciadas
na Tabela 1:
34
TABELA 1 - TAXAS DE MORTALIDADE (%) BRASIL – 2004
2000 2001 2002
59,9% 56,4% 49,4%
Fonte:SEBRAE (2004)
A taxa de mortalidade é medida a partir do período entre a data da fundação e a data
do fechamento da empresa. Desta forma, por exemplo, 59,9% das empresas fundadas em
2000 não estavam mais ativas em 2004.
Específico para a Região Nordeste, o resultado é o apresentado conforme a Tabela 2:
TABELA 2 – TAXAS DE MORTALIDADE (%) NORDESTE - 2004
2000 2001 2002
62,7% 53,4% 46,7%
Fonte:SEBRAE (2004)
Extraído também deste relatório, a origem apontada pelos empresários entrevistados
para as dificuldades na condução dos negócios estão apresentados nos Quadros 2 e 3,
respectivamente para as empresas ativas e empresas extintas:
QUADRO 2 - PRINCIPAIS DIFICULDADES NA CONDUÇÃO DAS ATIVIDADES DA
EMPRESA ATIVA - 2004
Dificuldades Empresa Ativa %
1º) Carga Tributária / encargos 29,10%
2º) Falta de Capital de Giro 18,70%
3º) Concorrência 12,50%
Fonte:SEBRAE (2004)
QUADRO 3 - PRINCIPAIS DIFICULDADES NA CONDUÇÃO DAS ATIVIDADES DA
EMPRESA EXTINTA - 2004
Dificuldade Empresas Extintas %
1º) Falta de Capital de Giro 24,10%
2º) Impostos altos / tributos 16,00%
3º) Falta de Clientes 9,00%
Fonte:SEBRAE (2004)
35
No tocante aos fatores condicionantes de sobrevivência, o relatório de Pesquisa do
SEBRAE aponta três grupos de fatores organizados segundo características comuns:
habilidades gerenciais, capacidade empreendedora e logística operacional.
As Habilidades Gerenciais “refletem a preparação do empresário para interagir com
o mercado em que atua e a competência para bem conduzir o seu negócio” (SEBRAE, 2004).
Já a Capacidade Empreendedora é formada por “um grupo de atributos que destacam a
criatividade, a perseverança e a coragem de assumir riscos no negócio” (SEBRAE, 2004).
Por fim, Logística Operacional reúne ingredientes para a “criação, sustentação e
crescimento da atividade empresarial” (SEBRAE, 2004).
A importância percebida, pelos empresários entrevistados, sobre esses três conjuntos
de fatores, está apresentada no Quadro 4, que destaca apenas os fatores que apresentam
maiores índices em cada uma das três categorias.
QUADRO 4 - FATORES CONDICIONANTES DE SUCESSO - 2004
Categoria Fatores de Sucesso Percentual de
empresários
Bom conhecimento do mercado onde atua 49,00%
Habilidades Gerenciais
Boa estratégia de vendas 48,00%
Criatividade do Empresário 31,00%
Aproveitamento das oportunidades de
negócio
29,00%
Empresário com Perseverança 28,00%
Capacidade Empreendedora
Capacidade de Liderança 25,00%
Escolha de um bom administrador 31,00%
Uso de capital próprio 29,00%
Reinvestimento dos lucros na empresa 23,00%
Logística Operacional
Acesso a novas tecnologias 17,00%
Fonte:SEBRAE (2004)
36
Observa-se que, segundo os próprios empresários entrevistados pelo SEBRAE, os
principais fatores de sucesso estão no bom conhecimento do mercado onde atua, na
criatividade do empresário e na escolha de um bom administrador para o negócio.
Outro indicador evidenciado pela pesquisa do SEBRAE foi o impacto social gerado
pelo encerramento de pequenos negócios.
O encerramento de uma atividade econômica acarreta um custo social, não só pela
dispensa de mão-de-obra, como também pelos prejuízos na poupança e distribuição de renda.
As perdas efetivas de postos de trabalho, em valores absolutos, estão apresentadas na Tabela
3.
TABELA 3 - REDUÇÃO DO NÚMERO DE POSTOS DE TRABALHO, SEGUNDO AS
REGIÕES E BRASIL, EM NÚMEROS ABSOLUTOS, PARA O PERÍODO (2000-2002) – 2004
2000 2001 2002
Regiões
Mortalidade
Perda de
Ocupações
Mortalidade
Perda de
Ocupações
Mortalidade
Perda de
Ocupações
Sudeste 128.094 384.282 126.146 277.521 101.288 283.606
Sul 62.040 254.364 67.224 161.338 52.230 214.143
Nordeste 53.319 191.948 46.960 159.664 37.977 75.954
Centro-
Oeste
20.020 66.066 24.584 68.835 19.491 95.760
Brasil* 275.900 924.202 276.874 705.125 219.905 694.956
Fonte:SEBRAE (2004)
Embora significativo, observa-se um decréscimo de 24,80% na perda de postos de
trabalho decorrente do encerramento de pequenos negócios, se considerados o período 2000 a
2002.
2.4 PESQUISA EMPRESARIAL DO SETOR DE TI – RMS E FEIRA DE SANTANA
Numa iniciativa pioneira, o SEBRAE, Regional Bahia, promoveu uma pesquisa cujo
universo era formado pelas empresas que atuam no segmento de TI da RMS e Feira de
Santana. O objetivo primário era formar um cadastro consistente, cujos dados pudessem ser
37
permanentemente atualizados e dessa forma, assegurar a gestão e o controle sobre os
resultados efetivos das ações implementadas. O SEBRAE, com esta iniciativa, almeja
contribuir para a “continuidade do desenvolvimento do setor de TI e elevar seus respectivos
índices de crescimento” (SEBRAE, 2006).
O cadastro procura evidenciar, tomando por base o ano de 2005, os seguintes
aspectos do setor:
a) Apresentação do Perfil Empresarial;
b) Perfil do Empreendedor;
c) Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) e
d) Perfil Mercadológico.
Os objetivos inicialmente projetados para esta pesquisa promovida pela SEBRAE,
foram prejudicados pela falta de continuidade. Secundariamente, outro objetivo dessa
dissertação é, através a pesquisa de campo, realimentar o banco de dados do setor de TI e
oferecer condições para manutenção das informações sempre atualizadas. A parceria com o
SEBRAE para elaboração dessa pesquisa foi motivada por esse objetivo.
Neste capítulo foi possível contextualizar os pilares de apoio a este trabalho, ou seja,
o SEBRAE e o APL de TI.
O capítulo três, a seguir, trata do referencial teórico acerca dos conceitos de
sobrevivência e sucesso e daqueles que embasam os grupos de indicadores e dimensões
propostos no modelo de análise do SEBRAE, representado graficamente de modo
simplificado, pela figura 1 do capítulo 1. A escolha das referências seguiu a proposta da
autora de discutir o tema sob um viés prático, de forma aplicada, coerente com seu perfil e
interesse profissional.
38
3 REVISÃO DO REFERENCIAL TEÓRICO
3.1 CONCEITO DE SOBREVIVÊNCIA
Pode-se deduzir que sobrevivência ou sucesso são expressões que traduzem objetivos
a serem alcançados, resultado de uma ação ou um conjunto de ações, portanto, expressões que
projetam um processo dinâmico e contínuo. No campo empresarial, essas expressões são
usualmente utilizadas e compreendidas conforme o senso comum e a ênfase, portanto, deixa
de ser na expressão em si, para residir na contribuição de determinados fatores para que os
objetivos de sobrevivência, sucesso, sejam alcançados. Essa abordagem será objeto deste
capítulo.
Embora de significado aparentemente óbvio, o sucesso das empresas é um conceito
relativo, associado a uma situação competitiva e deve ser observado com o verbo no tempo
passado ou no passado contínuo conforme anuncia Zaccarrelli (2004). Nessa linha, pode-se
dizer que uma empresa sobrevive, à medida em que supera o “jogo competitivo” inserido no
cotidiano do negócio (Zaccarelli, 2004).
Peter Drucker (1987), admite que sobreviver e eventualmente prosperar é condição
das empresas empreendedoras, não importando o tamanho, embora afirme que “...é a de
tamanho médio, não a pequena, que estará capacitada para a liderança empreendedora.” . Esta
afirmação encontra respaldo na idéia de que a média empresa, ao atingir esse porte “... já
adquiriu a competência administrativa e construiu uma equipe administrativa.” (DRUCKER,
1987). Entretanto, essa média empresa provavelmente originou-se de uma pequena empresa.
Ainda segundo o autor “a administração empreendedora é, portanto, provavelmente, uma pré-
condição de sobrevivência, mas não uma garantia disso.” (DRUCKER, 1987).
39
Tal afirmação pode ser complementada por Hirisich e Peters (2004, p. 29), quando
definem o empreendedorismo como “processo de criar algo novo com valor dedicando o
tempo e o esforço necessários, assumindo os riscos financeiros, psíquicos e sociais
correspondentes e recebendo as conseqüentes recompensas da satisfação e independência
econômica e pessoal”, o que, a princípio, pode ser atribuído a qualquer porte de empresa.
Pode-se dizer que a sobrevivência ou sucesso de uma empresa está associado à
capacidade empreendedora derivada do caráter empreendedor de seus fundadores. O conceito
de empreendedor surge como necessário para a compreensão dessa relação e, segundo
Hirisich e Peters (2004), “fica mais refinado, quando são considerados princípios e termos de
uma perspectiva empresarial, administrativa e pessoal.”
Ainda segundo Hirisich e Peters (2004), o conceito de empreendedorismo, sob a
perspectiva individual, foi explorado neste século segundo três definições, todas elas com
abordagem sobre uma “espécie de comportamento que inclui: (1) tomar iniciativa, (2)
organizar e reorganizar mecanismos sociais e econômicos a fim de transformar recursos e
situações para proveito prático, (3) aceitar o risco ou o fracasso”. Essas definições ainda
segundo Hirisich e Peters (2004), apresentam diferentes percepções, de acordo a visão de
determinada categoria de profissionais:
1. Para um economista – “o empreendedor é aquele que combina recursos,
trabalho, materiais e outros ativos para tornar seu valor maior do que
antes; também é aquele que introduz mudanças, inovações e uma nova
ordem”. (Hirisich e Peters ,2004, p.29);
2. Para um psicólogo – o empreender é uma pessoa “geralmente
impulsionada por certas forças – a necessidade de obter ou conseguir
algo, experimentar, realizar ou talvez escapar à autoridade de outros”.
(Hirisich e Peters , 2004, p.29);
3. Para alguns homens de negócio, “uma ameaça, um concorrente
agressivo”, para outros “um um aliado, uma fonte de suprimentos”.
(Hirisich e Peters, 2004, p.29).
40
O empreendedorismo é um processo dinâmico de criar riquezas, ainda segundo
Hirisich e Peters (2004), portanto, o empreendedor é o indivíduo que, enquanto agente criador
de riquezas, assume os riscos quanto ao patrimônio e comprometimento com a carreira.
Pode-se dizer que esta visão é reforçada por Drucker (1987), quando este afirma que
a administração empreendedora, portanto, ação do empreendedor, é a “nova tecnologia”
responsável por viabilizar “... profundas mudanças em atitudes, valores e, acima de tudo, em
comportamento...”, que proporcionou o surgimento de uma economia empreendedora capaz
de promover substanciais aumentos de postos de trabalho, a partir de pequenos negócios nos
Estados Unidos nos últimos anos da década de 60. Segundo Drucker (1987), “em última
análise, estamos aprendendo que a Administração pode ser tanto mais necessária e também ter
maior impacto sobre a pequena organização empreendedora do que na grande empresa
administrada.
De modo geral todas as pequenas empresas, as novas em particular, possuem muitos
pontos em comum, entretanto, o caráter empreendedor que as diferencia é ditado pela
presença de características especiais que atribuem aos empreendedores à capacidade de mudar
ou transformar valores, agregando algo novo, diferente. Hirisich e Peters (2004) corroboram,
com este argumento, quando dizem que o empreendedor, em suas três definições, conforme
visto anteriormente, embora ligeiramente distintas, trazem semelhantes noções, tais como
“novidade, organização, criação, riqueza e risco”.
No plano empresarial, segundo Drucker, o espírito empreendedor não é uma
condição presente apenas nas empresas de pequeno porte, ao contrário, sua presença não é
razão do tamanho ou crescimento e sim resultado de um comportamento cujas bases são o
“conceito e a teoria e não a intuição”,
(DRUCKER, 1987).
41
As empresas precisam aprender como sobreviver e prosperar, entretanto, esse
objetivo só é possível “... se aprenderem a ser empreendedoras bem sucedidas” ( DRUCKER,
1987
), não importando se são empresas em atividade ou novas empresas de risco. As
mudanças são percebidas pelos empreendedores como oportunidades, os quais reagem a elas
criando valor através da inovação.
A inovação é vista por Drucker (1987) como ação deliberada e sistemática, que
começa com uma análise racional das oportunidades, implementação de soluções simples e
focadas, e muito trabalho.
(...) empreendimento e inovação podem ser alcançados por qualquer empresa. Mas
elas devem empenhar-se para isso. Ambas as atividades podem ser aprendidas, mas
exigem esforço. A empresa empreendedora trata o empreendimento como um dever;
ela é disciplinada para isso... a trabalhar nele... e a praticá-lo. (DRUCKER, 1987, p.
209).
Jacques Marcovitch (2005) ao contar a história do empreendedorismo no Brasil
através da biografia de grandes empreendedores, identifica características comuns a grandes
nomes de nossa história como Irineu Evangelista, o Barão de Mauá, Valentin dos Santos
Diniz, Guilherme Guinle ou mais recentemente Luiza Trajano Donato, tais como muito
trabalho e forte disposição para inovar.
Segundo Marcovitch:
Drucker colheria valiosos cases demonstrativos do seu conceito de que o
empreendedorismo é uma virtude exclusiva de gênios ou seres especiais, mas
também de pessoas comuns, dispostas ao indispensável aprendizado da inovação.
(MARCOVICH, 2005, p. 293).
Empreender é uma iniciativa de risco, principalmente em áreas tão visíveis de
inovação, como as de alta tecnologia, principalmente porque, afiança Drucker (1987), poucos
42
empreendedores dessa área sabem o que estão fazendo, pois falta a eles metodologia, levando
à violação de regras elementares e bem conhecidas.
Para este autor, empreendimentos de alta tecnologia e inovação, “... embora
intrinsecamente atividades mais difíceis e arriscadas...” não precisam necessariamente ser de
“alto risco”. É preciso que “ele seja uma prática sistemática, que precisa ser administrada, e,
acima de tudo, precisa estar baseada em inovação deliberada.” (DRUCKER, 1987).
É essa inovação que, segundo Hirisich e Peters (2004), é o fator mais importante para
o crescimento econômico “não só para o desenvolvimento de novos produtos (ou serviços)
para o mercado, como também no estímulo ao interesse em investir em novos
empreendimentos que estão sendo criados”.
Novos empreendimentos estão sendo criados estimulados, segundo Hirisich e Peters
(2004), “por um crescente reconhecimento de que pequenas firmas desempenham papel
importante na criação de empregos e na inovação”.
Apenas para efeito de ilustração, segundo Aurélio Buarque de Holanda Ferreira,
Sobreviver, do latin Supervivere, significa “continuar a viver, a ser, a existir”. Sucesso,
segundo Aurélio, do latin Succesione, dentre outras aplicações, atribuiu-se a “aquilo que
sucede”, pode ser aplicado também como “bom êxito, resultado feliz” em diversas situações
corriqueiras ou especificamente quando relacionados a eventos artísticos. Segundo Houaiss,
uma das acepções para sucesso é “qualquer resultado de um negócio, empreendimento. Ex.:
bom sucesso, ou mau sucesso”. Já a palavra Sobrevivência, um substantivo feminino, segundo
o Houaiss, tem como uma de suas acepções o “ato ou efeito de sobreviver, de continuar a
viver ou a existir”. Qualquer uma das definições pode ser utilizada, uma vez que não há
contradição entre as perspectivas apresentadas pelos autores.
43
Neste tópico foi possível abordar o conceito de sobrevivência e verificar que, mais
do que um conceito, a expressão encerra um conjunto de aspectos que, observados pelas
empresas, independente do porte, contribuem para a sua permanência no mercado. A gestão
empreendedora é defendida por Peter Drucker como “a nova tecnologia” a serviço da
sobrevivência e crescimento das empresas.
Os tópicos 3.2, 3.3 e 3.4, tratarão especificamente dos agrupamentos de fatores
apontados como condicionantes de sobrevivência das MPES, segundo as características
comuns, que são Habilidades Gerenciais, Capacidade Empreendedora e Logística
Operacional.
3.2 HABILIDADES GERENCIAIS
Nessa categoria ou dimensão, estão indicadores que reportam a algumas áreas de
conhecimento do empreendedor, que na equação da sobrevivência, contribui, mas não garante
a sobrevivência. Esses indicadores são:
1) Bom conhecimento do mercado onde atua – “que pode ser traduzido em alguns
aspectos fundamentais da condução dos negócios, como, por exemplo, conhecer
a clientela potencial e quais produtos eles procuram, avaliar e procurar as
melhores fontes para a aquisição dos bens para a formação do estoque da
empresa, entre outros.” (SEBRAE, 2004).
As empresas são pagas para satisfazer os clientes (DRUCKER, 2001), portanto
conhecer o mercado alvo é fator crítico de sobrevivência, uma vez que a utilidade percebida
pelo consumidor para um produto ou serviço é dinâmica e mutável, o que exige das empresas
44
posicionamento e estratégias empreendedoras para criar e manter esse consumidor que é “o
propósito final de uma empresa e, na verdade, da atividade econômica” (DRUCKER, 2001).
2) Boa estratégia de vendas - “conhecimentos sobre a melhor forma de colocar os
produtos à venda, envolvendo diversos quesitos, como a definição de preços de
comercialização compatíveis com o perfil do mercado, estratégias de promoções
das mercadorias e serviços, marketing etc.” (SEBRAE, 2004). Segundo Drucker
(2001), a inovação, uma das metas de estratégia, é responsável, em última
análise, pela criação de valor para o consumidor de um produto ou serviço. É
possível, portanto, converter em novo um produto ou serviço antigo, ao
introduzir mudanças na sua utilidade, no seu valor e nas suas características
econômicas. Ainda segundo Drucker (2001), são quatro maneiras diferentes de
fazê-lo:
2.1) Criando utilidade;
2.2) Pela política de preços;
2.3) Pela adaptação à realidade social e econômica do consumidor;
2.4) Por entregar ao consumidor o que representa real valor para ele.
Em se tratando de utilidade, de benefício para o consumidor, a política de preço pode
não ser vista como estratégica, entretanto, ela “habilita o consumidor a pagar pelo que
compra” (DRUCKER, 2001). Embora, ao final o preço que se paga seja o mesmo, mas a
forma de pagar é que leva o consumidor a adequá-la às suas necessidades e realidade.
3.3 CAPACIDADE EMPREENDEDORA
Segundo o SEBRAE (2004), essa dimensão reúne “um grupo de atributos que
destacam a criatividade, a perseverança e a coragem de assumir riscos no negócio”. O
conceito de empreendedor, foi introduzido por Shumpeter em 1912 (1934) que “descreveu o
45
“entrepreneur” como a pessoa que destrói a ordem econômica através da introdução de novos
produtos, novos métodos de produção, novas formas de organização ou novas matérias-
primas”, segundo Dinis e Ussman (2006). O “destruidor criativo” (Schumpeter, 1934, apud
Dinis e Ussman, 2006), um inovador, na versão Schumpeteriana, caracteriza o empreendedor,
entretanto, não vincula explicitamente, esta característica à necessidade de criação de uma
nova organização. Esses atributos, para Drucker (1987), relacionados ao empreendedor, faz
com que ele perceba “a mudança como norma e como sendo sadia” e que, embora não
provocando por si mesmo a mudança, se apropria dela, buscando-a e reagindo a ela de forma
a explorar as oportunidades, induzindo a compreensão de que a criação de uma nova
organização ou expansão e uma existente pode ser uma conseqüência à atitude
empreendedora, até como meio de materializá-la.
Esse pensamento é compartilhado por COLLINS e PORRAS (1995) que, ao
caracterizar as empresas visionárias, destaca a capacidade dos empreendedores dissociar a
organização de seus fundadores, priorizando-a acima das idéias ou mesmo dos líderes. Estes
têm vida limitada e podem ser substituídos, assim como as idéias representadas pelos
produtos ou serviços que com o tempo, tornam-se obsoletos, mas as empresas “prosperam
durante muitos e muitos anos, ao longo dos ciclos de vida de vários produtos e durante várias
gerações de líderes ativos.” (COLLINS e PORRAS p.16). Dessa forma, para os
empreendedores, “o resultado principal dos seus esforços não é a implantação tangível de uma
grande idéia, a expressão de uma personalidade carismática, a gratificação do seu ego ou o
acúmulo de riquezas pessoais. Sua maior criação é a própria empresa e aquilo que ela
representa.” (COLLINS e PORRAS, p.45).
A capacidade empreendedora pode ser identificada a partir da presença das seguintes
características:
46
1) Criatividade do empresário – indicada pela disposição do empresário mudar e
adaptar-se a novos mercados, cada vez menos previsíveis. O que se observa na
atualidade é que “os processos de expansão e de contração dos mercados são
cada vez mais freqüentes e menos previsíveis” (ALBERTIN et alii, 2005). As
empresas precisam, portanto, revisarem sistematicamente seus modelos de
negócios, de forma a adaptar-se às mudanças de mercado, não em processos
isolados da organização, mas de forma “alinhada e consistente com a evolução
do próprio setor industrial onde a empresa atua” (ALBERTIN et alii, 2005). A
mudança sistemática e deliberada caracteriza o processo de inovação que,
segundo Drucker (1987) é o que cria oportunidade para o novo e o diferente. “A
inovação sistemática, portanto, consiste em busca deliberada e organizada de
mudanças, e na análise sistemática das oportunidades que tais mudanças podem
oferecer para a inovação econômica ou social.” (DRUCKER, 1987).
2) Aproveitamento das oportunidades de negócios - “Muitas oportunidades exigem
mais do que mera sorte ou intuição. Elas exigem que a empresa busque a
inovação, organize-se adequadamente e seja administrada de maneira a poder
explorá-la.” (DRUCKER, 1987). Sendo assim, pode-se inferir que para a
empresa aproveitar oportunidades significa dizer que ela deve estar preparada
para transformar situações novas, de forma racional e sistemática, em negócios
que contribuam para os seus resultados, contribuindo para a sua sobrevivência e
eventual crescimento.
3) Empresário com perseverança - “A administração empreendedora é, portanto,
provavelmente, uma pré-condição de sobrevivência, mas não uma garantia
disso” (DRUCKER, 1987,). Segundo Collins e Porras (1995) “os criadores de
empresas visionárias eram pessoas altamente persistentes e seguiam à risca o
seguinte lema: Nunca, nunca, nunca desista. Esteja preparado para matar, rever
ou desenvolver uma idéia, mas nunca desista da empresa”.
4) Capacidade de Liderança - “O desenvolvimento das empresas no mundo
moderno está baseado no aumento de participação do esforço gerencial no
conjunto do esforço empresarial global.” (ARANTES, 1998) e segundo Ford
apud Marcovitch (2005), gestão é Liderança. “A liderança é perfeita quando
simplifica as coisas a ponto de tornar as ordens desnecessárias.” (HENRY
FORD, apud MARCOVITCH, 2005). Tais argumentos encontram respaldo em
Penrose quando este afirma que as “organizações devem ser entendidas como
47
estruturas administrativas, que unem e coordenam atividades individuais e
grupais, e como uma coleção de recursos produtivos, que podem ser divididos
em físicos e humanos”, (PENROSE apud NUNES, VASCONCELOS e
JAUSSAD, 2007).
3.4 LOGÍSTICA OPERACIONAL
Os pontos indicados representam a capacidade do empresário de utilizar de forma
eficiente alguns dos mais importantes fatores de produção utilizados na atividade
empresarial, ou seja, o capital, o trabalho especializado, e recursos tecnológicos
disponíveis, reunindo-os na atividade produtiva ou comercial da empresa para a
obtenção dos melhores resultados. (SEBRAE, 2004, p.14).
As características, portanto, que substanciam esta dimensão, indicadas pelos próprios
entrevistados da pesquisa do SEBRAE, são:
1) Escolha de um bom administrador - Marcovitch (2005), ao contar a história do
empreendedorismo através de importantes personagens brasileiros, lembra Luiza
Trajano Donato ao mencionar como importante característica de sua atuação a
valorização do ser humano, reforçando assim, a crença de que as grandes
decisões ainda partem dos sujeitos, das ‘mentes humanas’, a despeito da
complexidade da economia no universo globalizado, gerido pelos novos sistemas
de informação, baseados na tecnologia computacional. Na mesma linha, outro
grande empreendedor da história brasileira, Irineu Evangelista de Souza, o
Visconde de Mauá, baseou sua estratégia na delegação de autoridade pela
capacitação de sua equipe. Segundo Marcovitch (2005), o Visconde de Mauá, na
sua administração, “baseava-se na capacidade de se concentrar no essencial,
dando uma larga autonomia para seus subordinados”, e esta evidência foi
confirmada pelas muitas cartas que deixou. É possível afirmar que, mais do que
em idéias ou produtos, as empresas duradouras e visionárias na linguagem de
Collins e Porras (1995), concentram seus esforços em construir organizações
fortes baseadas no conhecimento e na formação de equipes alinhadas com a
ideologia central da empresa, afirmando, por exemplo, que:
48
(...) um elemento fundamental para o funcionamento perfeito de uma empresa
visionária é uma ideologia central - valores centrais e um objetivo além de
simplesmente ganhar dinheiro – que orienta e inspira as pessoas em toda a
organização e permanece praticamente inalterada durante muito tempo.
(COLLINS; PORRAS, 1995, p. 80).
2) Uso de capital próprio - As dificuldades de acesso ao crédito enfatizam as
desigualdades e reforçam que o não atendimento às necessidades das MPEs pelo
sistema financeiro é um dos obstáculos ao crescimento econômico. A capacidade
de crescimento é limitada pelas conhecidas restrições aos tomadores de menor
porte, pelo reduzido volume e pelo elevado custo do crédito no Brasil.
Assim, se de um lado, o uso de capital próprio para financiamento das operações dos
negócios de pequeno porte pode ser entendido como resultado de uma gestão conservadora e
prudente, de outro, porém, a baixa alavancagem financeira pode comprometer o crescimento
da empresa, principalmente num segmento de negócio onde o processo de inovação em
produto e/ou processo é fator crítico para a permanência da empresa no mercado.
A conduta das empresas em relação à inovação sofre fortes condicionamentos do
padrão concorrencial prevalecente na indústria e da correspondente cadeia de
produção, na qual cada empresa se insere. Isso implica que as estratégias voltadas à
inovação guardam estreita relação, ou melhor, estão subordinadas às estratégias
competitivas das empresas. (SECTI, 2004, p. 23).
Portanto, a necessidade permanente de investimentos em pesquisa e desenvolvimento
nem sempre é atendida, devido a baixa capitalização das empresas de pequeno porte.
1) Reinvestimento dos lucros na empresa – associado ao crescimento das empresas,
está a capacidade de geração de caixa que o negócio pode proporcionar. A
utilização dos lucros gerados como fonte de recursos única para o financiamento
do crescimento pode não ser suficiente, daí a necessidade de se recorrer a capital
de terceiros. Na história do empreendedorismo no Brasil, são encontrados
exemplos de empreendedores que ousaram mais ou menos no quesito
endividamento expondo-se e às empresas a elevados riscos. Segundo Marcovitch
(2005), o Visconde de Mauá, montou uma estrutura financeira que foi essencial,
para fomentar o crescimento de suas empresas, haja vista que ele participou
acionariamente de quatro das seis maiores empresa fundada no Brasil no século
49
18, embora tenha usado de uma “capacidade de alavancagem financeira beirando
a temeridade”. (MARCOVITCH, 2005)
2) Acesso a novas tecnologias – Na competição pelo futuro as empresas, já em
mercados globais, se deparam com um volume de informação e canais de
publicação, impossíveis de “digerir” na velocidade em que são produzidos.
Segundo Prahalad e Hamel (2005), em muito pouco tempo, a linha demarcatória
do curto e o longo prazo perderá a definição. As possibilidades em termos das
novas tecnologias emergentes levarão as empresas a atuarem num contexto tão
diverso e revolucionário como o que foi formado, no século XX, pelo advento do
telefone, automóvel e avião, que transformaram profundamente o estilo de vida
das pessoas. Dessa forma, torna-se ainda maior, para as empresas de pequeno
porte, o desafio ao acesso a novas tecnologias, quer sejam de informação, quer
sejam de produtos ou processos. Para alcançar os níveis de habilidades ou
competências (como serão chamadas as habilidades daqui para frente, segundo
Prahalad e Hamel), necessárias para propiciar às empresas condições de acesso a
novas tecnologias e com isso, potencial de competitividade em mercados
futuros, “os governos podem desempenhar um papel legítimo no seu
fortalecimento (por meio de políticas educacionais, incentivos fiscais,
recrutamento de investimento interno, joint venture com o setor provado
sancionadas pelo governo, etc)”. (PRAHALAD e HAMEL, 2005).
Este capítulo apresentou a revisão do referencial teórico acerca dos fatores
condicionantes de sobrevivência conforme as seguintes categorias: Habilidades Gerenciais,
Capacidade Empreendedora e Logística Operacional. O capítulo 4 abordará a metodologia
utilizada para o estudo empírico, os procedimentos seguidos para aplicação dos questionários
na amostra selecionada e sistematização das respostas.
4 METODOLOGIA DA PESQUISA
A metodologia aplicada no trabalho de campo, o modelo de análise que orienta os
procedimentos e etapas da pesquisa, a delimitação do campo de estudo, a estratégia adotada
para definição da população e amostra selecionada para identificar os fatores condicionantes
de sobrevivência das micro e pequenas empresas do APL de TI da RMS e Feira de Santana,
estão descritas neste capítulo.
São também discutidas as dificuldades e limitações do instrumento de pesquisa
utilizado, bem como os erros estratégicos na abordagem das empresas de TI para obtenção
dos questionários respondidos, objeto deste trabalho.
Os atributos e indicadores tomados como premissas, tratados no Capítulo 3, são
apresentados de forma a responder ao problema de partida, com o entendimento de que
“embora os fatos possam apoiar uma hipótese, torna-se bastante problemático afirmar de
forma conclusiva que ela é verdadeira.” (ALVES-MAZZOTI e GEWANDSZBNJDER, 1998).
4.1 MODELO DE ANÁLISE
O Modelo de Análise foi extraído do Relatório do Sebrae (2004) e auxilia na
delimitação do objeto de análise e contribui, como fio condutor, para as análises dos
resultados da pesquisa de forma a substanciar as premissas e pressupostos adotados neste
trabalho.
O Quadro 9 sintetiza o modelo de análise, ao tempo em que, mostra as dimensões
estudadas nesta dissertação e os indicadores utilizados para medir a contribuição de cada uma
das dimensões na equação do crescimento.
51
QUADRO 5 - MODELO DE ANÁLISE DOS FATORES DE SOBREVIVÊNCIA DAS
MICRO, PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS DO APL DE TI DA RMS E FEIRA DE
SANTANA - 2004
Conceitos Dimensões Indicadores
Bom Conhecimento do
Mercado em que atua:
- Clientes
- Concorrência
- Fornecedores
Boa Estratégia de Vendas
Habilidades Gerenciais
- Parcerias Estratégicas
Criatividade do empresário
Aproveitamento das
oportunidades de negócios
Empresário com perseverança
Capacidade Empreendedora
Capacidade de Liderança
Escolha de um bom
administrador
Uso de capital próprio
Reinvestimento dos lucros na
empresa
Sobrevivência
Logística Operacional
Acesso a novas tecnologias
Fonte: SEBRAE (2004)
4.2 RETOMADA DO PROBLEMA
Em seu parecer técnico sobre a elaboração de um projeto piloto para o lançamento de
um produto, Netto (2006) apresenta um modelo de intervenção de pesquisa de mercado, que
em, seus princípios básicos, em muito se assemelha e compõe a estrutura de uma pesquisa de
campo cientifico descritiva, no que se refere à delimitação do problema:
A delimitação do problema é uma das etapas mais importantes de uma pesquisa de
mercado e engloba a definição de um enunciado amplo, geral e a identificação de
seus componentes específicos. A tarefa consiste em obter informações sobre o
52
contexto ambiental do problema por meio de discussões com os responsáveis pelas
decisões, pela análise de dados secundários e pela pesquisa qualitativa. (...) Definir o
problema a ser estudado não é tão simples quanto possa parecer, e o processo de
chegar à pergunta chave de uma pesquisa se confunde com a própria elaboração do
instrumento de coleta de dados e a simulação de respostas possíveis. (NETO, 2006,
p.92).
E mais adiante:
È fundamental analisar quem será o alvo da pesquisa e se há características de
segmentação que devem ser relevadas no momento da coleta de dados. Em quase
todos os casos não é possível aplicar os instrumentos de coleta de dados
(questionários) a toda a população que forma o mercado alvo sendo preciso realizar
uma amostragem representativa desta população. (NETO, 2006, p.92).
O problema que se apresenta e que esta pesquisa procura responder é: quais os
fatores condicionantes de sobrevivência para as empresas que compõem o Arranjo Produtivo
Local de Tecnologia da Informação da Região Metropolitana de Salvador e Feira de Santana?
4.3 PREMISSAS
A premissa admitida é de que a gestão é o fator chave de sobrevivência dos pequenos
e médios empreendimentos. Essa premissa está apoiada por Ubeda (2006) ao invocar os
estudos de Edith Penrose argumentando que ela vê a empresa como um conjunto de recursos
cuja utilização é organizada por um quadro de referência administrativo” e por Peter Drucker,
quando afirma que “a não ser que a nova empresa se desenvolva em um novo negócio e
assegure que esteja sendo “administrada”, ela não sobreviverá, não importa quão brilhante
seja a idéia empreendedora, quanto dinheiro ela atraia, quão bons seus produtos, nem mesmo
quão grande a demanda por eles.” (DRUCKER, 1987). O fator estratégico para o
desenvolvimento empresarial, admite-se, é a administração.
As empresas de alta tecnologia estão mais suscetíveis ao movimento “janela – abalo”
traduzido como fases iniciais e finais do ciclo de vida dos empreendimentos de modo geral. A
53
administração empreendedora é, portanto, segundo Drucker (1987), “a única prescrição para
sobrevivência durante o abalo”.
Em se tratando de empresas de base tecnológica, aquelas que se caracterizam por
intensivo capital intelectual, como as de TI, segmento tratado nesta dissertação, afirma Netto
(2006), que o grande patrimônio dessas empresas “está no domínio técnico e administrativo
que seus profissionais possuem e que permite o contínuo desenvolvimento de projetos e
produtos e da manutenção dos serviços de consultorias especializadas”.
Apesar de ampla defesa por diversos autores acerca do valor intrínseco da gestão
como prescrição para sobrevivência e eventual crescimento empresarial, é possível afirmar
que esse fundamento corrobora, mas, certamente, não garante a sobrevivência dessas
empresas. O “racionalismo crítico”, método científico criado por Popper, defende que a
“busca de conhecimento se inicia com a formulação de hipóteses que procuram resolver
problemas e continua com tentativas de refutação dessas hipóteses, através de testes que
envolvem observações ou experimentos.” (POPPER apud Alves-Mazzotti e Gewandsznajder,
1998), em que pese, nesta dissertação, ter sido adotada uma premissa, ao invés de hipóteses.
4.4 PRESSUPOSTOS
Os resultados coletados e publicados já nas primeiras páginas do relatório do
SEBRAE (2004), a partir de depoimentos dos próprios empresários, relaciona os fatores de
sucesso dos pequenos empreendimentos antes mesmo de aprofundar as causas de sua
extinção. Habilidades Gerenciais, um dos agrupamentos identificados, “refletem a preparação
do empresário para interagir com o mercado em que atua e a competência para bem conduzir
o negócio” (SEBRAE, 2004) e articulam indicadores, tais como bom conhecimento do
mercado onde atuam e boa estratégia de vendas. Capacidade Empreendedora por sua vez,
54
formam “um grupo de atributos que destacam a criatividade, a perseverança e a coragem de
assumir riscos no negócio” (SEBRAE, 2004). Por fim, o terceiro conjunto de fatores, a
Logística Operacional, fornece “as bases para a criação, sustentação e crescimento da
atividade empresarial” (SEBRAE, 2004).
Segundo esse relatório, “pode-se concluir, com os resultados das respostas às três
categorias de fatores considerados importantes para o sucesso nos negócios, que os relativos
às habilidades gerenciais ocupam lugar de destaque entre os condicionantes do sucesso
empresarial, seguidos da capacidade empreendedora e da logística operacional” (SEBRAE,
2004).
Dessa forma, o pressuposto adotado neste trabalho é que, os fatores condicionantes
de sobrevivência apresentados no Relatório do SEBRAE de 2004, válidos para o universo de
micro e pequenas empresas em todo o Brasil, são também aplicáveis para as empresas do APL
de TI da RMS e Feira de Santana.
4.5 TIPO DE PESQUISA E UNIDADE DE ANÁLISE
4.5.1 Tipo de Pesquisa
Os métodos estruturados não representam um único método, mesmo tendo sido
utilizado pesquisa do tipo Survey, com um questionário como principal instrumento de coleta
de dados, outros documentos foram consultados para a compreensão do ambiente onde o
segmento de TI está inserido e as oportunidades criadas por indução do poder público
estadual em parceria com as demais instituições de apoio e fomento, mencionadas na
introdução a esta dissertação.
55
Dentre os documentos consultados, estão o Relatório Executivo da Pesquisa
Empresarial de TI, do SEBRAE Bahia, o documento intitulado Plan de acción para la mejora
de la competitividad del APL de Servicios de Tecnologias del Información de Bahia – APL
Servicios Tecnologia de la Información, da Competitiveness, o Relatório Executivo
Panorama das Empresas de Software do Nordeste Brasileiro, da Universidade de Fortaleza e o
Plano de Ação de Marketing, desenvolvido pela SCI Consultoria, contratado pelo SEBRAE
Bahia, último documento produzido até a finalização desta dissertação, com foco na Bahia
Digital
1
, Rede Empresarial de Tecnologia da Informação, lançada em novembro de 2007.
4.5.2 Unidade de Análise
Na medida em que realizamos o recorte do universo de intervenção analisando
instituições que estavam diretamente envolvidas com a elaboração e programação de um
sistema computacional, isto é, transformador de necessidades em um produto de software,
cada vez mais parecia necessário estabelecer de modo específico - diante do leque de
empreendimentos que desenvolvem algum tipo de ação no setor de TI - as características
substanciais do objeto de pesquisa e da base que compôs a amostra utilizada.
A primeira formulação do universo da pesquisa tinha como unidade de análise as
micro e pequenas empresas de tecnologia da informação da RMS fundadas nos anos de 2000,
2001 e 2002, coincidentes com o período tratado pelo SEBRAE na pesquisa de 2004.
1
A Bahia Digital é uma rede formada pelos empresários de TI da RMS e Feira de Santana, originária do grupo temático
de mercado (GT Mercado), constituído pela governança do APL de TI, cujo papel é reposicionar, do ponto de vista mercadológico, as
empresas do APL de TI da RMS e Feira de Santana no mercado nacional, representando-o consensualmente, a partir de novembro de 2007.
A Rede Bahia Digital é uma iniciativa reconhecida e apoiada pela Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado da Bahia (SECTI),
Associação das Empresas Desenvolvedoras de Software da Bahia (ASSESPRO), Sindicato das Empresas de Processamento de Dados da
Bahia (SINEPD), Associação para Promoção da Excelência do Software Brasileiro (SOFTEX - Salvador), Instituto Euvaldo Lodi (IEL) e
Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (FAPESB).
56
O procedimento adotado para identificação do universo de pesquisa contemplou as
seguintes etapas:
a) Pesquisa no site da Receita Federal da lista de códigos que abrigam as
empresas de desenvolvimento de programas de computador customizáveis e
não customizáveis. Da lista de códigos, denominados CNAE (Código
Nacional de Atividade Econômica), foram selecionados aqueles relacionados
às Atividades dos Serviços de Tecnologia de Informação escolhidas e
constam da Seção J, Divisão 62, Grupo 620, Códigos 6201-5 e 6202-3,
referentes a empresas de Desenvolvimento de Programas de computador sob
encomenda e de Desenvolvimento e Licenciamento de Programas de
Computador customizáveis;
b) Levantamento na Junta Comercial da Bahia (JUCEB) das empresas
pertencentes ao segmento de tecnologia. A chave primária para a pesquisa
era o número do CNAE e as chaves secundárias, o endereço (RMS) e ano de
fundação entre 2000 e 2004;
c) A crítica da lista obtida na JUCEB, de aproximadamente oitocentas empresas,
foi feita de acordo com os seguintes passos:
i. Organização das empresas em planilha eletrônica, agrupadas por ano
de fundação, localização da sede, porte e situação cadastral (ativa ou
extinta).
ii. Aplicação do primeiro filtro para tratamento da base de empresas, a
situação cadastral, motivou a exclusão das empresas indicadas na
própria lista da JUCEB como extintas.
iii. Aplicação do segundo filtro, o porte das empresas, motivou a exclusão
daquelas classificadas como grandes.
iv. Seleção de uma amostra aleatória de 10% das empresas por cada ano de
fundação para verificação da situação no site da Receita Federal, da
situação cadastral e do CNAE. Além desta amostra, foi selecionado
um grupo de empresas, dentre elas a ITIn, para verificação de
consistência da lista. A ITIN, empresa que a autora é sócia, não
constava da lista e esta evidência desacreditou a lista. Este passo não
chegou a ser concluído uma vez que implicaria em esforço de tempo
que poderia comprometer o prazo de conclusão do trabalho, um risco
57
portanto, sem perspectiva de resultado satisfatório para o objeto da
pesquisa .
O critério de levantamento do universo da unidade de análise foi revisto e ampliado,
considerando também outras categorias, pois ficou evidente a dissociação entre a atividade
econômica registrada pela empresa na JUCEB, representada pelo CNAE e aquela atividade
efetivamente praticada no mercado. O Quadro 10 apresenta todos os códigos pesquisados no
segundo momento. A partir da nova lista de CNAE seguiu-se o mesmo procedimento antes
descrito para pesquisa na JUCEB.
QUADRO 6 - CÓDIGO NACIONAL DE ATIVIDADE ECONÔMICA – 2007
Códigos CNAE Descrição
6201-5 Desenvolvimento de Programas de computador sob encomenda
6202-3 Desenvolvimento e Licenciamento de Programas de Computador
customizáveis
6203-1 Desenvolvimento e Licenciamento de Programas de Computador não-
customizáveis
6204-0 Consultoria em Tecnologia de Informação
Fonte: Receita Federal do Brasil – CNAE Fiscal (2007)
Pode-se deduzir que a escolha pelo empresário do CNAE de registro deve-se a
fatores estratégicos, como por exemplo, a melhor adequação a condições tributárias, não
sendo matéria tratada pela Junta Comercial da Bahia a relação objetiva com a atividade
econômica realmente exercida.
O resultado da segunda pesquisa produziu uma lista com milhares de empresas,
tornando inviável a definição do universo por esta alternativa, tanto pelo alto custo cobrado
pela JUCEB para fornecer a base de dados, como pelo tempo necessário a validação da lista.
Esse procedimento foi abandonado, uma vez que para verificação da consistência da unidade
de análise seria necessário a realização de um censo para confirmação da efetiva atividade
58
econômica, o que distanciava-se dos objetivos dessa dissertação, no tocante ao escopo e,
principalmente, ao prazo de concretização da tarefa.
O envolvimento da autora na Rede Empresarial Bahia Digital despertou o interesse
da SECTI e SEBRAE, o que motivou a formação de uma parceria técnica para
desenvolvimento dessa pesquisa. O objeto de pesquisa foi modificado, passando a ser
constituído das empresas que compõem o APL de TI da RMS e Feira de Santana.
A partir desta parceria, a estratégia para definir o universo de empresas do segmento
de TI na RMS e Feira de Santana seguiu outro procedimento e contou com a base de dados
consolidada, disponível na SECTI. O resultado deste trabalho é uma lista contendo 479
empresas.
Para efeito deste estudo, a amostra selecionada contemplou alguns critérios
funcionais, considerando as Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação,
cadastradas no APL de TI da RMS e Feira de Santana, que atendam aos seguintes requisitos
de mercado:
a) Desenvolvimento de Software – produto ou sob encomenda
b) Serviços – Infra-estrutura, suporte e manutenção, redes, internet, etc
c) Consultoria – treinamento, gestão de projetos, etc.
A eleição dessa amostra se estabelece dentro do critério de um modelo de padrão de
medida de comportamento das empresas que funcionam neste segmento; padrão aqui
compreendido dentro do que define Tapscott etalli (1995; p.183):
Padrão é uma unidade de comparação reconhecida, por meio da qual é possível
determinar a exatidão de outras unidades. Os primeiros padrões mundiais para
comprimento, volume, peso e dinheiro foram estabelecidos nos tempos antigos em
países como a Grécia, Egito, Babilônia e Índia. (...) em sua maior parte, os padrões
tem sido desenvolvidos por órgãos governamentais ou para governamentais em
associação com indústrias e outros grupos de interesse.
59
Estabelecidas às devidas proporções e diferenciais do estudo e do objeto aqui
proposto no processo metodológico, essa pesquisa está baseada em uma análise descritiva,
com a identificação dos fatores condicionantes e indicação de ações positivas para
continuidade e sobrevida, frente à volatilidade do mercado.
A amostra resultante é composta por sessenta e três empresas, sendo que, respeitando
os limites de tempo de resposta aos questionários, serve de base para as análises desse estudo
um total de trinta e cinco empresas respondentes.
A análise descritiva do questionário SEBRAE é a medida para a compreensão e
detecção dos fatores de sobrevivência das empresas de Tecnologia da Informação do APL de
TI, objeto desta dissertação, a partir do processo de desenvolvimento e da linha ascendente
(sobrevida) demonstrada por essas instituições. O questionário foi adaptado para atender as
novas demandas dos parceiros e contou com contribuições do SEBRAE (área de pesquisa) e
da SCI (consultoria de marketing).
4.6 INSTRUMENTO DE COLETA
Nesse estudo foram utilizados questionários estruturados, reconhecido como um
instrumento imprescindível para a coleta de dados, subsídio para a produção dos pareceres
descritivos, base metodológica do presente estudo.
O instrumento para coleta de dados foi adaptado do modelo aplicado pelo SEBRAE
na pesquisa de 2004, com questões agregadas para atender os objetivos da parceria (SECTI e
SEBRAE). Para tanto, foram contempladas sugestões da área de pesquisa do SEBRAE e da
SCI, consultoria de marketing, para mapeamento da oferta de TI, em atendimento ao Plano de
Ação de Marketing do próprio APL-TI, para o ano de 2007, contratado pelo convênio SECTI-
SEBRAE.
60
O Questionário (Anexo 1) está dividido em cinco blocos:
Bloco I – As questões colocadas neste bloco visam caracterizar a empresa e
qualificá-la para a Rede Empresarial Bahia Digital, identificando os requisitos inicialmente
estabelecidos quanto a área de atuação, participação em redes de cooperação interempresariais
e associações de classe. Os resultados obtidos na pesquisa para este bloco não serão objeto de
discussão nesta dissertação por estarem fora do tema central.
Bloco II – Objetiva identificar o perfil do empresário, sua qualificação, experiência e
motivação para o empreendimento.
Bloco III – Neste bloco, norteado pelo modelo de análise, estão as questões que
apresentam os indicadores relacionados à dimensão Habilidades Gerenciais, principalmente
no tocante às informações fornecidas pelo empresário, específicos do mercado, antes de abrir
a empresa.
Bloco IV – Ainda segundo o modelo de análise, neste bloco procura-se evidenciar os
indicadores relacionados à dimensão Capacidade Empreendedora, com variáveis que apontam
para identificar a gestão operacional e estratégica, e sustentabilidade financeira do negócio.
Bloco VI – Este bloco contém questões que identificam o posicionamento da
empresa frente ao mercado e evidenciam os indicadores relacionados a parcerias estratégicas,
por exemplo, da dimensão Habilidades Gerenciais, assim como indicadores relacionados à
dimensão Capacidade Empreendedora e Logística Operacional.
Este questionário foi validado por seis (6) empresas, equivalente a 10% da base
definida e procedidas as correções sugeridas pelos empresários que participaram da
experiência piloto.
Na análise dos primeiros questionários respondidos, apesar de ter sido inicialmente
validado por uma amostra do universo a ser pesquisado, ficou evidenciado que a formulação
de algumas questões conduziu a que os respondentes tivessem entendimento dúbio sobre o
61
que, de fato, deveriam responder. Foi elaborada uma nova versão do questionário, onde as
questões de redação dúbia, relacionadas a previsão do aumento de vendas em mercados
pretendidos, em percentual e número de clientes, foram extraídas. Além dessas, foi revista a
forma de apresentação das questões do grupo cinco, Bloco III, de maneira a proporcionar
maior conforto ao respondente. Os questionários foram reencaminhados aos empresários que
ainda não haviam respondido, individualmente, com uma nota explicativa. Quanto aos
questionários já respondidos, foram desprezadas as respostas às questões excluídas na nova
versão.
4.7 PROCEDIMENTOS
Inicialmente, foi necessário trabalhar e delimitar alguns conceitos, de modo a apontar
os fatores de inclusão e exclusão, no processo de análise, que melhor permitissem uma
compreensão do objeto de estudo.
A amostra a ser trabalhada, resultado desse esforço, totalizou sessenta e três
empresas. Cada empresa recebeu, via e-mail, um questionário parcialmente preenchido com
as informações existentes na base de dados da SECTI e compatível com o formato do
instrumento produzido para essa finalidade. Os respondentes deveriam, então, validar as
informações existentes e complementá-las conforme sugerido pelo instrumento.
A estratégia de abordagem às empresas foi estruturada contando inicialmente com o
envio dos questionários através a ASSESPRO, que fez uso de sua infra-estrutura logística,
para entrega primeiramente aos seus associados, em seguida aos não associados.
Desta primeira abordagem, entretanto, emergiram dificuldades não previstas e que
evidenciaram a baixa disposição de alguns empresários de responder ao questionário. Tal
dificuldade foi percebida, em primeiro lugar, pelo tempo de resposta aos questionários,
62
considerado longo e em seguida pelos “feed-backs” espontâneos de alguns empresários que
denunciaram baixa credibilidade na ASSESPRO, entendendo, a priori, que era uma iniciativa
da associação e sequer tiveram o cuidado de conhecer o conteúdo da mensagem, expurgando-
a sumariamente.
Foi possível reverter parcialmente os efeitos negativos da estratégia de abordagem,
considerada falha, com ações de contato direto com cada empresário, dentro do limite de
tempo permitido, para que não comprometessem o prazo para conclusão deste trabalho.
4.8 CUIDADOS ÉTICOS
A autora é empresária do segmento de TI, líder emergente do movimento de APL de
TI da RMS e Feira de Santana, Diretora de Marketing e Eventos da ASSESPRO e líder do
Comitê Gestor para a Rede Empresarial Bahia Digital. Foram necessários, portanto, cuidados
adicionais para garantir aos empresários procurados a total confidencialidade e confiabilidade
no trato das informações prestadas.
Uma carta validada pelos parceiros, com garantia de confidencialidade, foi
encaminhada por e-mail a cada empresário e realizados contatos por telefone com reforço aos
objetivos da pesquisa, notificando, inclusive que a base de dados ficará a cargo da SECTI e
SEBRAE, que assumirá a responsabilidade pela manutenção e acesso às informações ao
longo do tempo.
Neste capítulo, está descrita a metodologia aplicada no trabalho de campo, a começar
pela retomada do problema de pesquisa, as premissas e pressupostos definidos. Os
procedimentos para determinação da unidade de análise, sua revisão e posterior mudança, a
elaboração do instrumento de pesquisa, a partir do modelo aplicado na pesquisa do SEBRAE
de 2004, adaptado para atender a parceria formada entre a autora, a SECTI e o SEBRAE,
63
assim como as contribuições dos parceiros, tanto na definição da base de dados, quanto na
elaboração do questionário também foram tratados neste capítulo.
O próximo capítulo abordará especificamente o estudo empírico, os resultados da
pesquisa de campo, as análises dos resultados, os relacionamentos possíveis com pesquisas
anteriores e o confronto desses resultados com a pergunta de partida, respondendo-a.
64
5 ESTUDO EMPÍRICO
Os resultados da pesquisa de campo, serão apresentados em dois grupos. O primeiro,
de caráter informativo, trata do conjunto de características que define o perfil da amostra,
subdividido em Perfil do Empresário, Perfil da Empresa, Gestão de Pessoas e Marketing e
Estratégia. Nessa primeira abordagem, foram considerados os trinta e oito questionários
respondidos, mesmo aqueles em que os empresários não informaram os dados de faturamento
ou de empresas que não apresentaram qualquer crescimento no período de 2004 a 2007. Para
efeito de média estatística, foi considerado de valor zero o crescimento médio do faturamento
dessas empresas que não informaram dados de faturamento para todos os anos ou para alguns
deles. O crescimento médio do faturamento subordinado a esta condição foi de 57% e foi
considerado o total de trinta e oito questionários.
O segundo grupo aborda as análises dos fatores condicionantes de sobrevivência das
empresas, apoiados nos conceitos vistos anteriormente no Capítulo 2. Para esta abordagem
foram considerados apenas os questionários com respostas completas para o faturamento, ou
seja, foram excluídos os questionários cujos campos de faturamento não foram informados no
total ou parcial para os anos considerados no estudo. Esse recorte deve-se à crença de que
pode ser mais relevante, para efeito de análise dos fatores condicionantes de sobrevivência,
que estes sejam relacionados a empresas que efetivamente apresentaram crescimento no
período. O crescimento médio do faturamento segundo esta abordagem foi de 77% e foi
considerado o total de 29 questionários.
5.1 CARACTERÍSTICAS DA AMOSTRA
As informações sobre os empresários que formam o APL de TI de Salvador e da
RMS foram coletadas dos questionários respondidos pelos próprios empresários e estão
65
apresentadas de forma segmentada em grupos, a saber: Perfil do Empresário, Perfil da
Empresa, Gestão de Pessoas e Marketing e Estratégia.
5.1.1 Perfil do Empresário
O perfil dos empresários da amostra pesquisada é apresentado, sinteticamente, no
quadro xx e comparado com os dados coletados pelo SEBRAE na pesquisa de 2004.
QUADRO 7 – PERFIL DO EMPRESÁRIO
Pesquisa Atual – 2004
a 2007
Pesquisa 2004 -
SEBRAE
Descrição
Total Participação % Participação %
Faixa Etária 38 100%
100%
entre 21 e 30 anos 3 8% 20%
entre 31 e 40 anos 12 32% 37%
entre 41 e 50 anos 15 39% 29%
Acima de 50 anos 8 21% 14%
Escolaridade 38 100% 100%
Primeiro grau completo até superior
incompleto 8 21% 70%
Graduado e Pós-Graduado 30 79% 29%
Não informou 0 1%
Experiência Profissional Antes de
Empreender 38 100% 100%
Funcionário de empresa privada 18 47% 34%
Autônomo (sem empresa constituída) 4 11% 24%
Sócio de outra empresa 13 34% 10%
Estudante / Estagiário(a) (e não estava
procurando emprego)
25% 9%
Outros 1 3% 23%
Experiência como Empresário 13 100%
N/A
1 a 3 anos 2 15% N/A
3 a 5 anos 3 23% N/A
mais que 5 anos 8 62% N/A
Experiência anterior neste ramo de
negócio 38 100%
N/A
SIM 34 89% N/A
NÃO 4 11% N/A
Motivo para abrir o negócio 38 100% 100%
Desejo 27 71% 38%
Aumentar renda 5 13% 7%
Outros 6 16% 55%
Fonte: Pesquisa direta, 2007 e Relatório do Sebrae, 2004
66
O crescimento médio do faturamento das empresas pesquisadas, no período de 2004
a 2007, foi de 57%. Relacionando algumas características do perfil dos empresários com esta
variável (crescimento médio do faturamento), pode-se inferir que o empresário de TI possui
características diferenciadas em relação à média dos empresários em geral, evidenciados pela
pesquisa do SEBRAE. Algumas dessas características podem ser mostradas nos quadros a
seguir:
QUADRO 8 – CRESCIMENTO MÉDIO DO FATURAMENTO X IDADE DOS
EMPRESÁRIOS - Período 2004 a 2007
Idade Média
De 21 a 30 anos 19
De 31 a 40 anos 82
De 41 a 50 anos 66
Mais que 50 anos 19
Total 57
Fonte: Pesquisa direta, 2007
Deste quadro pode-se observar que o maior nível de crescimento do faturamento está
relacionado às empresas dirigidas por empresários na faixa de 31 a 40 anos (82%), que
representam 32% da amostra. O segundo maior nível de crescimento (66%) foi alcançado por
empresas dirigidas por empresários na faixa de 41 a 50 anos de idade, que representam outros
39% da amostra.
Em relação à pesquisa do SEBRAE, o perfil médio dos empresários em geral, no
Brasil, no tocante à idade, é de 37% para empresários na faixa de idade entre 31 e 40 anos, o
que se aproxima do perfil dos empresários do APL de TI da RMS e Feira de Santana e 29% na
faixa de 41 a 50 anos de idade, apresentando uma distância de 10 pontos percentuais.
Este dado, associado à escolaridade do empresário também relacionado ao
crescimento médio do faturamento, apresenta o seguinte comportamento, demonstrado no
quadro 9, a seguir:
67
QUADRO 9 – CRESCIMENTO MÉDIO DO FATURAMENTO X ESCOLARIDADE DOS
EMPRESÁRIOS - Período: 2004 a 2007
Escolaridade Média
Primeiro grau completo até segundo
grau incompleto
58
Segundo grau completo até superior
incompleto
25
Graduado 37
Pós-graduado 96
Mestrado 17
Total 57
Fonte: Pesquisa direta
O maior nível de crescimento do faturamento (96%), observado entre as empresas
pesquisadas, está naquelas dirigidas por empresários de formação acadêmica superior,
notadamente, por terem incrementado suas capacitações com cursos de pós-graduação.
Este dado, contudo, não evidencia em que área essa formação superior foi perseguida
pelo empresário, se na área técnica ou na área gerencial.
Outro dado que reforça a percepção de que o empresário de TI possui um perfil
diferenciado, está na constatação, colhida das respostas aos questionários, de experiência
anterior adquirida na área de negócio de sua empresa atual. O maior nível de crescimento do
faturamento foi identificado entre as empresas dirigidas por empresários experientes em sua
área de negócio, ou seja, entre estes, a média de crescimento foi de 62%, enquanto que para as
empresas dirigidas por empresários não experientes na área de negócio atual, a média de
crescimento foi de 15%, considerando o mesmo período de 2004 a 2007.
Em relação ao motivo que levou a empreender o negócio, 71% dos empresários
pesquisados alegaram desejo de fazê-lo, desejo este coerente com uma das três perspectivas
de definição para o empreendedor, de Hisrich e Peters (2004), a pessoal, vinculada a uma
perspectiva comportamental. Zaccarrelli ((2004) por sua vez, reforça esta perspectiva, mas
complementa afirmando que, por si, só as características pessoais, como inteligência e gosto
pelo trabalho, por exemplo, não garantem o sucesso da empresa, por serem esses atributos da
68
pessoa e não do negócio. Ao comparar este dado (71%) com o observado na pesquisa do
SEBRAE, pode-se apontar que apenas 38% dos empresários pesquisados no Brasil
expressaram esse desejo de empreender. Do total de empresários pesquisados, 55% alegaram
diversos motivos, dentre eles o fato de estarem desempregados (16%), terem identificado
numa boa oportunidade (15%), serem influenciados por outras pessoas (4%) e aumentarem a
renda (7%), por exemplo.
5.1.2 Perfil da Empresa
A escolha do critério do BNDES para enquadramento do porte das empresas do APL
de TI da RMS e Feira de Santana, adotado nesta dissertação, se apóia no argumento de
Drucker (2001), quando ele alega que, se indicadores econômicos, por exemplo,
mercadológicos ou demográficos, apontam que uma empresa pode dobrar de tamanho em três
ou quatro anos, é hora de se investir na montagem da equipe que vai suportar esse
crescimento. Tal argumento, refere-se Drucker (2001) a um novo empreendimento de risco, o
que pode ser atribuído às empresas do setor de TI. Pode-se inferir então, que a partir de certo
estágio de crescimento das empresas o faturamento pode acontecer em taxas superiores ao
crescimento da força de trabalho, não sendo o critério baseado na quantidade de empregados,
portanto, o mais apropriado para o dimensionamento do tamanho das empresas.
De acordo com este argumento é que, para efeito deste estudo, foi adotado o critério
do faturamento para fazer o enquadramento das empresas.
5.1.2.1 Porte das Empresas
69
As empresas do APL de TI da RMS e Feira de Santana estão enquadradas conforme
a tabela 4, a seguir:
TABELA 4 - PORTE DAS EMPRESAS DA AMOSTRA – CRITÉRIO BNDES
(FATURAMENTO) - 2007
Porte Quantidade %
Micro Empresa 22 58
Pequena Empresa 13 34
Média Empresa 3 8
TOTAL 38 100
Fonte: Pesquisa direta, 2007
Relacionando-se a variável porte das empresas, ao crescimento médio do faturamento
no período 2004 a 2007, nota-se que as empresas de médio porte apresentaram o maior nível
de crescimento, da ordem de 97%. O segundo maior nível ficou com as empresas de pequeno
porte (56%), por fim, as micro empresas com o menor índice (53%).
5.1.2.2 Ofertas e Produtos e Serviços
Em relação aos produtos ofertados, as empresas do APL de TI da RMS e Feira de
Santana, se destacam principalmente, como desenvolvedoras de softwares e prestadoras de
serviços de consultoria em TI, sem uma clara especificidade.
O gráfico 1 a seguir, mostra os produtos e serviços ofertados de acordo com as
indicações dos próprios empresários.
70
GRÁFICO 1 - PERFIL DAS EMPRESAS QUANTO A OFERTA DE PRODUTOS E
SERVIÇOS
6
3
2
5
12
6
3
4
55
1
33
6
4
12
9
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
ERP
CRM
Telecomunicações
BI
Consultoria
Infraestrutura
Redes
Banco de Dados
Outsourcing
Internet
Designer
Treinamento
Body shop
Suporte Técnico
Help Desk
Fábrica de Software
Outros Serviços de TI
Produtos/Serviços
Frequências
Fonte: Pesquisa direta, 2007
Em relação ao mercado atual, 66% das empresas estão presentes na Bahia (capital e
interior). Este mercado atende por mais de 80% do faturamento destas empresas.
Em relação a outros mercados, duas empresas informaram seu foco
predominantemente na região sudeste, uma concentra mais de 50% de suas operações no
mercado externo e apenas uma apresenta um faturamento distribuído em todas as regiões
sugeridas no questionário, exceto em outros países.
5.2 FATORES CONDICIONANTES DE SOBREVIVÊNCIA DAS EMPRESAS DO APL
DE TI DA RMS E FEIRA DE SANTANA
Neste tópico, serão abordados os fatores condicionantes de sobrevivência das
empresas do APL de TI da RMS e Feira de Santana, confirmando a premissa de que a Gestão
71
é o fator diferencial que, se não garante, oferece maiores chances das empresas atingirem vida
longa e crescimento sustentado.
Os resultados desta pesquisa, tratados estatisticamente, comprovam, com significativa
margem de segurança, que as variáveis selecionadas para teste do modelo, de fato,
determinam o crescimento das empresas.
Dessa forma, os fatores condicionantes evidenciados pelas variáveis descritas no
modelo de análise, além de respaldados pelo exame do referencial teórico, encontram
consistência na avaliação sistemática e exaustiva da equação de regressão linear do modelo.
5.2.1 Pressupostos do Modelo de Regressão
A representação simplificada da realidade é mostrada através de um modelo, que foi
estruturado de tal forma, que permitiu a compreensão total ou parcial do fenômeno em estudo.
O crescimento médio do faturamento das empresas no período de 2004 a 2007 é a
variável utilizada como dependente para fundamentar o modelo de regressão. O modelo
adotado foi linear simples que contém apenas uma variável explicativa, sua equação básica é a
seguinte:
Y
i
= a + bX
i
+ b2X
i
+ ...bnX
i
+ u
i
(i = 1,2.....n)
Onde Y é a variável dependente (crescimento médio do faturamento), X é a variável
explicativa (independente), ou seja, que tem forte relação com a variável dependente, dentre
elas, por exemplo, estudo de clientes, concorrentes e fornecedores, formação de equipe,
programas de qualidade; u é o termo aleatório, a e b são os parâmetros a serem estimados, n
72
indica o tamanho da amostra e o índice i refere-se à unidade de observação dos valores das
variáveis.
Os parâmetros da equação foram estimados a partir de valores amostrais das variáveis Y
i
e
X
i.
Os pressupostos abaixo relacionados foram utilizados na equação, para garantir a
confiabilidade dos resultados.
São eles:
i. Aleatoriedade de u
i
– A variável é real e aleatória ou randômica;
ii. Média zero de u
i
– A variável tem média zero;
iii. Homoscedasticidade - u
i
tem variável constante;
iv. A variável u
i
tem distribuição normal
v. Ausência de autocorrelação ou independência serial dos u
i
;
vi. Independência entre u
i
e X
i
;
vii. Nenhum erro de medida no X
i
;
viii. O modelo tem especificação correta.
A aplicação do método de regressão linear permitiu estimar o valor do crescimento médio
do faturamento a partir de uma amostra de dados representativa.
Onde:
Y
i
= crescimento médio do faturamento (variável dependente ou explicada)
a = parâmetro estimado para o intercepto (interseção da reta com o eixo Y)
b = parâmetro estimado para o coeficiente do i-ésimo regressor
X
i
= i-ésimo regressor (i-ésima variável independente ou explicativa)
u
i
= erro total da regressão amostral em relação à verdadeira equação de regressão
Após a determinação do modelo que melhor se ajustou aos dados, foram calculados
parâmetros para avaliar a qualidade do modelo, como os coeficientes de determinação e
correlação linear. Cada coeficiente das variáveis independentes foi testado para definir a
importância na formação do valor da variável dependente. A existência de regressão,
considerando o modelo com todas as variáveis, foi comprovada através da análise de
variância, assim como também foi verificada a correlação entre as variáveis independentes.
Em seguida, foram feitos diversos testes relativos aos resíduos da amostra (diferença
entre o valor estimado pela equação de regressão e o valor real do elemento da amostra). Foi
73
verificado se os resíduos têm distribuição normal, se inexiste correlação entre eles, através do
teste de Durbin-Watson. O teste de homocedasticidade foi feito para verificar a variância
constante.
Finalmente, após o modelo ser aprovado, foi determinado um intervalo de confiança
de 5% para estimativa do valor.
No tratamento e análise estatística dos dados quantitativos coletados utilizou-se
software estatístico SPSS (Statistical Package for Social Sciences) for Windows, versão 13.0.
5.2.2 Resultados dos Dados da Pesquisa
QUADRO 10 - EQUAÇÃO DE VARIÁVEIS DETERMINANTES DE CRESCIMENTO DO
FATURAMENTO
Variáveis β
Desvio
Padrão
Estatística t
Nível de
Significância
(Constante) 343,7491 85,46585 4,022064 0,0030
Faixa Etária 56,6244 18,02536 3,141371 0,0119
Experiência no ramo atual de negócio -324,0580 77,86494 -4,161796 0,0024
Origem da experiência anterior à empresa -76,0049 16,14524 -4,707572 0,0011
Motivo para abrir a empresa 53,1661 9,67407 5,495728 0,0004
Estudo - Cliente -3,9297 0,91168 -4,310417 0,0020
Estudo - Concorrente -3,7724 0,92443 -4,080741 0,0028
Estudo - Fornecedor 5,5290 0,87006 6,354761 0,0001
Estudo - Aspectos Legais 1,5209 0,41516 3,663408 0,0052
Estudo - Necessidade de Investimento
Inicial
2,4037 0,73004 3,292551 0,0093
No primeiro ano - única atividade -39,0394 28,47555 -1,370979 0,2036
Estratégia - Foco no cliente 101,9950 20,86841 4,887533 0,0009
Durante a vida da empresa - conhecer
concorrência e fornecedores
-62,3374 17,57606 -3,546720 0,0062
Associativismo -84,9514 21,22254 -4,002886 0,0031
Melhoria de Processos - busca por apoio -5,6130 0,83532 -6,719531 0,0001
Gestão Fiscal - adesão a programas de
governo
-249,6460 37,46592 -6,663281 0,0001
Formação de equipe - necessidades dos
colaboradores
120,9200 23,22275 5,206964 0,0006
Formação de equipe - ações de fidelização
(carreira, remuneração, treinamento)
1,1536 0,41372 2,788237 0,0211
Inovação 96,2842 28,29718 3,402606 0,0078
Programas de Qualidade / Certificação -204,8945 37,53819 -5,458295 0,0004
N 29 R2 = 84 F = 8,6373 SIG F = 0,001151
Dados retirados do SPSS
74
Os parâmetros acima relacionados foram estatisticamente significativos, conforme
apregoa a teoria da equação linear. Aqueles parâmetros que não alcançaram significância
estatística comprovada, em relação à média de crescimento do faturamento, foram retirados
da equação, embora pelo pressuposto admitido quanto às dimensões dos fatores
condicionantes de sobrevivência, exibidos pelo Sebrae, não se pode afirmar que eles não
tenham representatividade.
Nos tópicos a seguir, 5.2.2.1, 5.2.2.2 e 5.2.2.3, serão analisados, orientado pelo
Modelo de Análise dos Fatores de Sobrevivências, adaptado do SEBRAE, para as empresas
do APL de TI da RMS e Feira de Santana, as variáveis que compõem o modelo e que,
tomados como pressuposto, colaboram para a sobrevivência destas empresas.
O primeiro grupo de indicadores está sob a rubrica Habilidades Gerenciais, o segundo
Capacidade Empreendedora e o terceiro, Logística Operacional.
5.2.2.1 Habilidades Gerenciais
Segundo Zaccarelli (2004, p. 91), “vale ‘ser mais potente’ na vantagem do que em
custo/benefício, taxa de retorno de investimento ou análise comparativa de custo”. Essa
vantagem, a competitiva, é um termo que vem substituindo a expressão concorrência, pois,
ainda segundo Zaccarelli (2004), aquela expressa aspectos positivos, diferente de
concorrência que remete a um sentido negativo.
Uma das vantagens competitivas identificadas por Zaccarelli é ter a preferência dos
clientes/consumidores.
Essa vantagem é reforçada pelo conhecimento do ambiente em que a empresa está
inserida, refere-se, portanto, à própria empresa, seus clientes, fornecedores e concorrentes.
O desempenho das empresas, cujos empresários informaram terem feito estudo de
mercado, nessas dimensões, estão mostrados nos quadros a seguir. Essa informação não
75
assegura, portanto, a profundidade desse estudo e nem a gestão cotidiana do negócio baseada
no conhecimento adquirido.
As análises estatísticas, contudo, atestam que as empresas que fizeram uso de quatro
opções de estudo para cada uma das variáveis, sugerindo, portanto, um maior aprofundamento
deles, tiveram crescimento superior à aquelas que investiram menos nesses estudos.
Os Quadros de número 11 a 16 evidenciam esta relação:
QUADRO 11 - CRESCIMENTO MÉDIO DO FATURAMENTO * ESTUDO - CLIENTE
Estudo - Cliente Média
Não pesquisou em nenhuma fonte 142
Pesquisou em 01 fonte 53
Pesquisou em 02 fontes 71
Pesquisou em 03 fontes 75
Pesquisou em 04 fontes 144
Pesquisou em 05 fontes 0
Total 77
Fonte: Pesquisa atual, 2007
QUADRO 12 - CRESCIMENTO MÉDIO DO FATURAMENTO * ESTUDO -
CONCORRENTE
Estudo - Concorrente Média
Não pesquisou em nenhuma fonte 92
Pesquisou em 01 fonte 90
Pesquisou em 02 fontes 50
Pesquisou em 04 fontes 228
Pesquisou em 05 fontes 0
Total 77
Fonte: Pesquisa atual, 2007
QUADRO 13 - CRESCIMENTO MÉDIO DO FATURAMENTO * ESTUDO -
FORNECEDOR
Estudo - Fornecedor Média
Não pesquisou em nenhuma fonte 105
Pesquisou em 01 fonte 36
Pesquisou em 02 fontes 66
Pesquisou em 03 fontes 57
Pesquisou em 04 fontes 228
Total 77
Fonte: Pesquisa atual, 2007
76
QUADRO 14 - CRESCIMENTO MÉDIO DO FATURAMENTO * ESTUDO – ASPECTOS
LEGAIS
Estudo - Aspectos Legais Média
Não pesquisou em nenhuma fonte
137
Pesquisou em 01 fonte 58
Pesquisou em 02 fontes 58
Pesquisou em 03 fontes 58
Pesquisou em 04 fontes 94
Pesquisou em 5 fontes 78
Total 77
Fonte: Pesquisa atual, 2007
QUADRO 15 - CRESCIMENTO MÉDIO DO FATURAMENTO * ESTRATÉGIA – FOCO
NO CLIENTE
Estratégia - Foco no cliente Média
Nunca 33
Raramente 68
Algumas vezes 40
Sempre 119
Total 77
Fonte: Pesquisa atual, 2007
QUADRO 16 - CRESCIMENTO MÉDIO DO FATURAMENTO * DURANTE A VIDA DA
EMPRESA – CONHECER CONCORÊNCIA E FORNECEDORES
Durante a vida da empresa - conhecer concorrência e
fornecedores Média
Nunca 46
Raramente 83
Algumas Vezes 79
Sempre 78
Total 77
Fonte: Pesquisa atual, 2007
Embora o Quadro 16, acima, não apresente coerência com o comportamento das
demais variáveis, admite-se possível equívoco nas respostas ao questionário.
Redes interempresariais
A organização em rede, considerada uma forma de flexibilidade organizacional, tem
sido defendida por muitos autores como estratégia para a sobrevivência e crescimento dos
77
pequenos negócios. Castells (2001, p. 181), cita que pequenas e médias empresas, “(...)
também frequentemente, tomam a iniciativa de estabelecer relações em redes com várias
empresas, (...) encontrando nichos de mercado e empreendimentos cooperativos.
É na formação de redes de cooperação que empreendimentos de pequeno porte
encontram o reforço necessário para complementar as carências individuais e a propiciar
ações que uma empresa isoladamente não possa fazer.
Tal estratégia, consenso enquanto tendência confirmada por vários teóricos, também
não se constitui objetivo fácil de ser viabilizado, dada as diferenças culturais de cada
organização, no que se refere aos interesses individuais, ao alinhamento de objetivos
estratégicos coletivos, ao oportunismo e ao ceticismo de muitos empresários.
A formação de redes interempresariais surge como uma estratégia importante para a
sobrevivência de pequenos empreendimentos e pelo potencial de realização que oferece, mas
requer por parte dos empresários, análise criteriosa quanto às regras que devem nortear as
ações internas da rede, de modo a garantir o alcance dos objetivos estratégicos coletivos com
alinhamento aos objetivos estratégicos individuais.
Na presente análise, é importante abordar aspectos da aprendizagem organizacional,
sub-tema a ser aprofundado no conjunto de ações que levariam o acesso a informações e
inovações tecnológicas, pelo imbricamento com características das redes inter-empresariais,
sendo a aprendizagem organizacional um dos maiores benefícios a ser auferido pelas micro e
pequenas empresas no processo de sobrevivência. Segundo Castells (2003), as redes são e
serão os componentes fundamentais das organizações.
No atual ambiente, alianças estratégicas passam a permear a agenda de empresários e
teóricos. Embora presente na discussão tanto no universo acadêmico quanto no meio
empresarial, os entrevistados pelo SEBRAE demonstraram baixo interesse na participação em
78
redes associativas, cenário observado também nesta pesquisa em 2007, pela relação
apresentada com o crescimento médio do faturamento.
O quadro 17 a seguir, exibe as respostas dos pesquisados, quanto ao engajamento em
parcerias estratégicas (aqui simplificado sob a rubrica associativismo), sem distinguir o tipo
de motivação, se comercial, pesquisa ou representação. Observa-se que, embora defendido
por autores, a exemplo de Castells, a organização em redes para algum tipo de cooperação,
não predomina entre as empresas que alcançaram maior nível de crescimento no período 2004
a 2007.
QUADRO 17 - CRESCIMENTO MÉDIO DO FATURAMENTO * ASSOCIATIVISMO
Associativismo Média
Nunca 61
Raramente 86
Algumas Vezes 89
Sempre 52
Total 77
Fonte: Pesquisa atual, 2007
5.2.2.2 Capacidade Empreendedora
Nesse século que se inicia, argumenta-se sobre a competitividade de uma empresa
como fator de sobrevivência, diretamente associada à sua capacidade de, continuamente,
desenvolver soluções que atendam às demandas crescentes dos clientes, não apenas as que são
presentes como também as futuras neste caso, antecedendo-as.
Esta capacidade está diretamente relacionada com a inovação, que convida a análise
sobre aprendizagem organizacional formando um círculo virtuoso. Segundo Netto (2006),
para os pequenos empresários, a inovação “é o instrumento específico do empreendedorismo,
o meio pelo qual eles exploram a mudança como oportunidade para um produto ou serviço
diferente”.
79
O quadro 18 evidencia que as empresas que investiram em inovação de processo ou
produto, independente dessas inovações serem de caráter radical ou incremental, alcançaram
níveis mais elevados de crescimento do faturamento, em relação à média total.
QUADRO 18 - CRESCIMENTO MÉDIO DO FATURAMENTO * INOVAÇÃO
Inovação Média
Não faz qualquer inovação 54
Faz inovação (produto e/ou processo) 81
Total 77
Fonte: Pesquisa atual, 2007
Para os empreendimentos de pequeno porte, fatores como justiça fiscal, ações
governamentais, acesso ao crédito, acesso a informação e inovações tecnológicas são
imprescindíveis. Entretanto, tanto quanto estes, outros diretamente relacionados a capacidade
de gestão, associada ao desenvolvimento e formação dos empresários, equipes de trabalho
formadas por mão-de-obra qualificada, também são condições necessárias a maior elevação
nas taxas de sobrevivência das empresas.
Dentre as empresas pesquisadas, observa-se elevado comprometimento com a gestão
estratégica e formação de equipes. Esse comprometimento é evidenciado pelo resultado na
taxa de crescimento do faturamento relacionado a variáveis como, ter planejamento
estratégico, buscar apoio para melhoria dos processos de gestão, estar atento às necessidades
dos colaboradores, investimentos em treinamento, planos de remuneração e plano de cargos e
salários.
Em relação ao planejamento estratégico, as empresas que informaram fazerem uso
desta ferramenta de gestão apresentaram crescimento do faturamento superior à média e as
que não se utilizam de planejamento estratégico, ao contrário, apresentaram crescimento
muito inferior à média de crescimento.
80
QUADRO 19 - CRESCIMENTO MÉDIO DO FATURAMENTO * PLANEJAMENTO
ESTRATÉGICO
Planejamento Estratégico Média
Não tem planejamento estratégico 44
Tem planejamento estratégico 94
Total 77
Fonte: Pesquisa atual, 2007
Segundo Prahlad e Hamel (2005, p. 155), “transformar a intenção estratégica em
realidade exige que todos os funcionários saibam exatamente de que forma sua contribuição é
essencial para a concretização da intenção estratégica.” Dentre os desafios empresariais está
exatamente encontrar mecanismos para que equipes de alta performance possam ser
desenvolvidas, engajadas com a ideologia central da empresa e conscientes da medida do
próprio desempenho na concretização das metas da organização. Drucker (2001, p. 339)
reforça essa idéia quando afirma que “a não ser que haja comprometimento pessoal com os
valores da idéia e fé neles, os esforços necessários não se sustentarão.”
Os “trabalhadores de conhecimento” terão, cada vez mais, que se autogerenciarem,
afirma Drucker (2001). Para tanto, o aprendizado contínuo deve ser perseguido, encarado
como um fator crítico de sobrevivência para a organização. O desafio é encontrar, cada um, o
modo próprio de aprender e de melhor contribuir para o sucesso da empresa. A análise de
feedback, sugere Drucker (2001), é a única maneira das pessoas descobrirem quais seus
pontos fortes e fracos e de que modo podem adequar melhor suas habilidades, para ampliar o
desempenho e alcançar os resultados esperados.
Em relação a ações de fidelização dos colaboradores, expressos por planos de cargos
e salários, remuneração e treinamento, observa-se que quinze, do total vinte e nove empresas
da amostra, informaram estarem atentas às necessidades dos colaboradores, mas onze
anunciaram o desenvolvimento de ações concretas de fidelização dos colaboradores. Pode-se
deduzir que dado o porte das empresas que compõem o APL de TI da RMS e Feira de
81
Santana, serem predominantemente micro e pequenas empresas, portanto, com baixa
capacidade econômica e financeira, justifica-se o resultado, inverso ao esperado, para essas
variáveis na comparação com o crescimento. O esperado é que empresas que comprometem
maior investimento nesses aspectos da gestão de pessoas apresentem maiores níveis de
crescimento.
Os quadros 20 e 21, mostram os dados observados.
QUADRO 20 - CRESCIMENTO MÉDIO DO FATURAMENTO * FORMAÇÃO DE
EQUIPE – AÇÕES DE FIDELIZAÇÃO DE COLABORADORES
Formação de equipe - ações de fidelização (carreira,
remuneração, treinamento)
Média
Raramente 86
Algumas vezes 73
Sempre 70
Total 77
Fonte: Pesquisa atual, 2007
QUADRO 21 - CRESCIMENTO MÉDIO DO FATURAMENTO * FORMAÇÃO DE
EQUIPE – NECESSIDADE DOS COLABORADORES
Formação de equipe - necessidades dos colaboradores Média
Nunca 46
Raramente 13
Algumas vezes 108
Sempre 69
Total 77
Fonte: Pesquisa atual, 2007
5.2.2.3 Logística Operacional
A estrutura de capital das empresas é um tema de estudo presente, tanto de forma
teórica, quanto empírica. A combinação ótima entre capital de terceiros e capital próprio para
maximizar a riqueza do acionista é um assunto discutido em vertentes diversas. As principais
correntes abordadas são: a visão tradicionalista, que admite a existência de uma estrutura
82
ótima de capital e a corrente de MODIGLIANI e MILLER, que nos estudos de 1958, admite
irrelevância da estrutura de capital na determinação do valor da empresa e posteriormente, em
1963, quando foi publicado outro trabalho, admite a existência de impostos que vão
influenciar a estrutura de capital. Outros estudos foram realizados explicando a determinação
da estrutura de capital através de preferências comportamentais.
Embora o universo de estudo de MODIGLIANI e MILLER, constituído pelas
grandes empresas americanas, seja distinto do que está sendo abordado neste trabalho, é
possível aplicar a fundamentação teórica, guardadas as especificidades visíveis entre o
mercado de grandes empresas americano e o de MPMEs no Brasil, principalmente no tocante
a constituição do capital social.
Os resultados apurados na pesquisa de campo relacionados à gestão financeira das
empresas, apontam para um cenário em que, predominantemente, utiliza-se de capital próprio.
Esse cenário pode ser reflexo de vários fatores tais como as altas taxas de juros
praticadas no Brasil que eleva os custos do capital a patamares acima da capacidade de
pagamento das empresas, a inexistência de linhas de crédito diferenciadas e compatíveis com
a natureza deste segmento de empresas, como também a falta de conhecimento pelos
empresários, de como utilizar racionalmente e de forma balanceada o capital de terceiros.
Dos empresários pesquisados, 62% informaram que sempre trabalharam com
equilíbrio financeiro entre receitas e despesas e 34% informaram que algumas vezes esse
equilíbrio aconteceu. A utilização de capital próprio para abertura dos negócios foi opção de
100% dos empresários pesquisados.
QUADRO 22 - CRESCIMENTO MÉDIO DO FATURAMENTO * EQUILÍBRIO
FINANCEIRO – FLUXO DE CAIXA
Equilíbrio financeiro - fluxo de caixa Média
Raramente -21
Algumas vezes 99
Sempre 70
Total 77
Fonte: Pesquisa atual, 2007
6 CONCLUSÃO
Os resultados obtidos no estudo empírico foram apresentados no capítulo cinco e
neste capítulo busca-se, sobretudo, responder à pergunta de partida que indaga sobre “quais os
fatores condicionantes de sobrevivência das empresas do Arranjo Produtivo Local de
Tecnologia da Informação da Região Metropolitana de Salvador e Feira de Santana” além de
apresentar as limitações desse estudo e sugestões para novas pesquisas.
O modelo de análise utilizado como base para o estudo empírico extraído do
Relatório do SEBRAE, de 2004, para efeito desta dissertação foi simplificado, com objetivo
de focalizar apenas os fatores condicionantes da sobrevivência das empresas, agrupados em
três dimensões, Habilidades Gerenciais, Capacidade Empreendedora e Logística Operacional.
Tomou-se como premissa de que a gestão é o grande diferencial de sucesso dos
pequenos negócios no Brasil e o pressuposto de que, também para as empresas do APL de TI
da RMS e Feira de Santana aplicam-se os mesmos fatores de sobrevivência identificados no
relatório de 2004, do SEBRAE.
A pesquisa de campo buscou elucidar as variáveis e indicadores de sobrevivência das
empresas de TI e abrangeu trinta e oito, de um universo de sessenta e três selecionadas.
As empresas selecionadas atendem aos seguintes pré-requisitos:
a) Em relação ao segmento de mercado: i) serem desenvolvedoras de software (sob
encomenda ou produto); ii) Prestarem serviços de TI e iii) Prestarem consultoria
em TI.
b) Estarem organizadas em rede;
c) Serem associadas à ASSESPRO ou ao SOFTEX
A revisão da documentação específica apoiou a contextualização do ambiente para
implantação da política pública estadual com foco em APLs através a SECTI, o papel do
84
SEBRAE como parceiro da política de APL de TI, as pesquisas já realizadas anteriormente e
por fim, a revisão do referencial teórico relacionado aos fatores condicionantes, aqui
entendidos como aqueles que corroboram com a sobrevivência e consequente crescimento das
empresas alvo da pesquisa.
A metodologia aplicada ao trabalho de campo, estabelece o roteiro condutor com
objetivo de responder à pergunta de partida e contribuir, efetivamente, para ampliar o
conhecimento até aqui acumulado, sobre o setor de TI na Bahia, em particular na RMS e Feira
de Santana.
Para efeito de determinação do perfil do empresário e da empresa, foram utilizados
todos os questionários respondidos, mas para análise dos fatores condicionantes de
sobrevivência, nove foram descartados por não trazerem dados do faturamento, ou seja,
apenas vinte e nove foram considerados.
Em relação, contudo, ao objetivo dessa dissertação, pode-se afirmar que os fatores
condicionantes de sobrevivência identificados pela Pesquisa do SEBRAE de 2004, são
aplicáveis às empresas do APL de TI da RMS e Feira de Santana. Tal conclusão fundamenta-
se na correlação entre as variáveis estudadas e a média crescimento do faturamento das
empresas verificado para o período de 2004 a 2007.
Os resultados do estudo estatístico comprovam as relações determinísticas das
variáveis descritas no Quadro 10, com o fator crescimento, medido pelo faturamento, onde é
possível afirmar, que novos empreendimentos no setor de TI que venham a ser abertos, se
seguirem as prescrições propostas neste modelo, certamente serão exitosos.
O empresário de TI possui um perfil que o diferencia, quando comparado a
empresários de outras áreas de negócio, principalmente na formação acadêmica, no
conhecimento técnico e na experiência acumulada em sua área de atuação, o que contribui
85
positivamente para torná-lo potencialmente capaz de agregar mais capacitação em gestão
estratégica.
O conhecimento sobre a produção do setor de TI na Bahia ainda é incipiente e
segmentado e indica a necessidade de prosseguimento com pesquisas aplicadas. A título de
ilustração, o faturamento total do setor de TI na RMS e Feira de Santana (R$ 133 milhões),
extraído da amostra, ainda é pouco significativo, se comparado com o PIB do Estado da Bahia
previsto para 2007, que é de R$ 106 bilhões (0,13%).
Os empresários de TI, por seu lado, demonstraram falta de motivação para atender a
esta pesquisa, evidenciado pelo reduzido retorno de questionários respondidos, a despeito dos
esforços de abordagem individualizada feita pela autora. A metodologia a ser utilizada, nas
próximas pesquisas deve explicitar o valor agregado para o setor, de modo a tornar aplicável o
conhecimento acumulado, por exemplo, nos planos estratégicos, posicionamento de mercado
e crescimento de seus negócios.
Limitações desse estudo
Do universo de empresas de TI identificadas no estado a partir de registros na SECTI
e SEBRAE, apontam para um contingente de quatrocentas e setenta e nove empresas. A
pesquisa de campo realizada limitou-se a apenas sessenta e três, representando 13% deste
universo. Considerando que apenas trinta e oito empresas responderam ao questionário, a
amostra de empresas representadas pelas que responderam à pesquisa no estado é de apenas
8%.
Não se pode afirmar, contudo, que esta amostra seja representativa para o estudo dos
fatores condicionantes de sucesso, uma vez que o universo acima mencionado, não está
86
devidamente caracterizado para que seja possível identificar com precisão o que é o setor de
TI na Bahia.
Buscou-se dar foco no APL de TI da RMS e Feira de Santana, mas mesmo esse
universo ainda não está claramente caracterizado.
A principal limitação desse estudo está, exatamente, na falta de identificação precisa
do setor para que seja possível a construção de um mapeamento objetivo das empresas de TI
do APL.
O questionário utilizado não permitiu a coleta de informações qualitativas, visto que
não oferecia oportunidade para que os empresários pudessem expressar opiniões sobre os
temas abordados. Esta é outra limitação desse trabalho a ser corrigida num próximo.
Contribuições desse estudo
Este estudo pretende acrescentar ao conhecimento existente sobre o Setor de TI na
Bahia, especificamente ao recorte dado ao APL de TI da RMS e Feira de Santana,
informações acerca das empresas com foco nas questões voltadas à sobrevivência e
crescimento.
O processo de elaboração deste trabalho possibilitou o aprofundamento das
discussões sobre o tema, atraindo e motivando a formação de parcerias estreitas entre o poder
público estadual e instituições de apoio, a exemplo do SEBRAE, de forma efetiva com o
estabelecimento de planos de ações voltados a resultados efetivos, com os empresários do
setor.
O lançamento da Rede Empresarial Bahia Digital é um exemplo concreto da
contribuição imediata trazida pela discussão sobre o valor estratégico do setor de TI para o
desenvolvimento do estado.
87
A demanda por políticas públicas voltadas ao fortalecimento do setor de TI é
legítima e respaldada, haja vista a importância desse segmento de negócio para o equilíbrio
econômico.
As firmas de pequeno porte desempenham papel importante na geração de empregos,
em qualquer área de negócio e as empresas do APL de TI da RMS e Feira de Santana são em
92%, de micro e pequeno porte. Um cenário de alta concentração de empresas de pequeno
porte, segundo Najberg e Puga (2005) “ressalta a importância de políticas públicas que
aumentem a sobrevivência dessas unidades.”
Empreendimentos de pequeno porte de modo geral, demandam tratamento
diferenciado, onde se evidenciem não só a importância sócio-econômica deste segmento,
como também a contribuição para superação das desigualdades sociais e econômicas de cada
país. As MPEs são também agentes responsáveis pela maior parte dos empregos e postos de
trabalho, tanto em países desenvolvidos como em desenvolvimento, além de ser parte
significativa da renda gerada, segundo indica Lages e Morais Falcão (2005).
Queiroz (2005) argumenta que “a necessidade de serem desenvolvidas ações
governamentais que priorizem esse setor da economia justifica-se tanto pelo resultado de
eficiência econômica quanto pela isonomia“.
Tais ações sugerem medidas de forte impacto que podem estar localizadas em
incentivos que minimizem os riscos do sistema financeiro e o “(...) induza a disponibilizar
mais crédito para essas firmas (...)” reduzindo os efeitos negativos da baixa capitalização,
característica comum aos empreendimentos de pequeno porte, fator de fragilidade.
(NAJBERG, PUGA, 2005).
Sachs (2005, apud LAGES; MORAIS FALCÃO, 2005), aponta para o desafio de
remover os obstáculos impeditivos do acesso isonômico aos empreendimentos de pequeno
porte a serviços empresariais, tais como acesso ao crédito e à informação de qualidade.
88
Trata-se de propiciar um ambiente favorável que tem, na essência, a remoção de
obstáculos à sobrevivência e crescimento dos negócios de pequeno porte. Um ambiente
favorável requer políticas públicas e ações afirmativas, por parte de instituições que têm a
missão de apoiar as micro e pequenas empresas do Brasil, a exemplo do SEBRAE, reiteram
Lages e Morais Falcão (2005).
O conceito de ambiente favorável, mencionado por esses autores, engloba a
existência de instituições de apoio e capacitação, marco legal adequado (tributário,
burocrático, administrativo), condições de infra-estrutura, oferta de serviços, mão-de-obra
qualificada e crédito, também sugerido por Najberg e Puga (2005).
Lages e Morais Falcão (2005) argumentam que esforços para construção de
estratégias de desenvolvimento extrapolam, por exemplo, os avanços do SIMPLES Federal
para as esferas estadual e municipal. Deve-se buscar tratamento diferenciado nas compras
governamentais (a exemplo do Small Business Act, nos EUA), tratamento diferenciado de
acesso ao crédito (com a criação de bancos vocacionados para pequenos negócios), acesso ao
conhecimento, à informação, às inovações tecnológicas, densidade institucional de Ciência e
Tecnologia (C&T) nos arranjos onde estão inseridas e no fortalecimento de cadeias
produtivas, rompendo o isolamento dos pequenos empreendimentos.
Sugestões para futuros trabalhos
Fica evidenciado neste trabalho o valor atribuído ao setor de TI para o
desenvolvimento do Estado. É necessário, contudo, dar continuidade à pesquisa de campo,
ampliando seu alcance até que o setor de TI seja completamente mapeado.
O instrumento utilizado deve ser concebido para atender as demandas específicas de
informações de forma segmentada para não cansar e reduzir o interesse do empresário.
89
As informações coletas devem ser agregadas a outras qualitativas onde possam ser
registradas as percepções e crenças dos empresários.
90
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______, Pesquisa Empresarial do Setor de TI das RMS e Feira de Santana, Salvador
2006. 5 p.
SENGE, Peter M. A Quinta Disciplina: Arte e prática da organização que aprende. São
Paulo: Editora Best Seller, 2000.
SILVA, Andrea Lago da; FISCHMANN, Adalberto Américo. Inovação em Canais de
Distribuição - da tecnologia de informação á gestão da cadeia de suprimentos In: OLS
170, Anais eletrônicos... EnANPAD 2000. Disponível em:
<http://www.anpad.org.br/frame_enanpad2000.html>. Acesso em: 22 ago. 2005.
SILVA, Tatiana Dias; LEITE, Henrique Paranhos Sarmento. Estudo de Caso:
Empreendedorismo e Inovação Tecnológica: O caso do Limpador Kolbe. In: SIMPÓSIO
DE GESTÃO DA INOVAÇÃO TECNOLÓGICA, 22., 2002, Salvador.
SIRIHAL, Alexandre Bogliolo e MELO, Alfredo Alves de Oliveira, Estrutura de Capital:
Benefícios e Contra-Benefícios fiscais do Endividamento.
http://www.anpad.org.br/enanpad/1999/dwn/enanpad1999-fin-06.pdf, acesso em 15 out.
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SOUZA, Camille Magalhães. Aprendizagem, Redes de Firmas e Redes de Aprendizado:
identificando fatores e mecanismos para o desenvolvimento da capacidade competitiva. In:
TEIXEIRA, Francisco (org). Gestão de Redes de Cooperação Interempresariais. Salvador,
BA:Casa da Qualidade, 2005.Cap. 2
SCHUMPETER, J. A. (1934). The Theory of Economic Development. Oxford: Oxford
University Press. (1.ª ed., 1912). APUD DINIS, Anabela e USSMAN, Ana Maria, 2006
TAPSCOTT, D.Mudança de Paradigma: A nova promessa da Tecnologia de Informação,
São Paulo: Makron Books, 1995.
______, Economia digital: promessa e perigo na era da inteligência em rede. São Paulo:
Makron Books, 1997.
UBEDA, Cristina Lourenço, A formulação estratégica sob a perspectiva da visão baseada
em recursos, XIII SIMPEP - Bauru, SP, Brasil, 6 a 8 de Novembro de 2006,
YIN, Robert K. Estudo de Caso: planejamento e métodos, 2a. Edição. Porto Alegre:
Bookman, 2001. Apud SILVA: LEITE, 2002.
ZACCARELLI, Sérgio B. Estratégia e Sucesso nas Empresas , 1a. Edição. São Paulo:
Editora Saraiva, 2004.
94
ANEXO
1 – INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS
Formulário “Marketing Discovery”
I – Identificação da empresa
Razão Social: CNPJ:
Nome Fantasia: URL:
Endereço:
Bairro: Município: UF: CEP:
Telefones: FAX: E-mail :
Contato: Cargo: Celular:
Ano de Fundação:
Redes: Entidades de Classe:
Marque os Produtos e/ou Serviços fornecidos pela sua Empresa: (RESPOSTAS MÚLTIPLAS)
ERP Outsourcing
CRM Internet
Call Center Designer
Telemarketing Treinamento
BI “Body Shop”
Consultoria Suporte Técnico
Infraestrutura Help Desk
Redes Fábrica de Software
Banco de Dados Outros:
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO
Núcleo de Pós-Graduação em Administração – NPGA
Mestrado Profissional em Administração - MPA
Caros Empresários,
Estamos realizando uma pesquisa para atender os objetivos a seguir:
1. Identificar os Fatores Condicionates de Sobrevivência das empresas de Tecnologia da
Informação do APL de TI da Região Metropolitana de Salvador e Feira de Santana - cujos
resultados serão sistematizados e apresentados em um trabalho acadêmico, em formato de
dissertação, requisito essencial para obtenção do grau de Mestre no Mestrado Profissional em
Administração.
2. Implementar a primeira fase do Plano de Ação de Marketing da Bahia Digital, e
3. Construir uma base de dados única para o Setor de TIC da Bahia.
Contamos com sua colaboração, pois ela é imprescindível para o sucesso desse empreendimento.
Atenciosamente,
Euzaíra M. V. M. de Almeida - Mestranda
95
II – Perfil do empresário
1. Grau de Escolaridade dos Sócios da Empresa (máximo 4)
Itens Sócio 1 Sócio 2 Sócio 3 Sócio 4
Sexo: F ou M
Faixa Etária:
Até 20 anos
Entre 21 e 30 anos
Entre 31 e 40 anos
Entre 41 e 50 anos
Acima de 51 anos
Escolaridade:
Até primeiro grau completo
Primeiro grau completo até segundo grau
incompleto
Segundo grau completo até superior incompleto
Graduado
Pós-Graduado
Mestrado
Doutorado
2. Histórico profissional dos empresários
2.1. Que atividade exercia até três meses antes de constituir esta empresa (resposta única)
Itens Sócio 1 Sócio 2 Sócio 3 Sócio 4
Funcionário público
Funcionário de empresa privada
Autônomo (sem empresa constituída)
Sócio de outra empresa
Desempregado
Estudante / estagiário(a) (e não estava procurando
emprego)
Dona de casa
Aposentado
Outros. O que fazia?
96
2.2 Se sua resposta à pergunta anterior foi: Sócio de outra empresa.
Responda: Qual o tempo médio de experiência profissional dos sócios na empresa anterior?
Itens Sócio 1 Sócio 2 Sócio 3 Sócio 4
Menos de 1 ano
De 1 a 3 anos
De 3 a 5 anos
Acima de 5 anos
2.3 Em relação ao ramo de negócio da sua empresa atual, você ou algum de seus sócios
tinham experiência anterior neste ramo?
SIM
NÃO
Se respondeu “NÃO”, passe para a questão 3.
2.4 Como adquiriu a experiência neste ramo de negócio:
Descrição Sócio 1 Sócio 2 Sócio 3 Sócio 4
Diretor/gerente de outra empresa
Funcionário de outra empresa
Sócio/proprietário de outra empresa
Alguém na família tinha um negócio similar
Trabalhava como autônomo no ramo
Outra. Qual?
3. Qual o principal motivo que o(a) fez abrir (entrar) (n)esta empresa?
Descrição Sócio 1 Sócio 2 Sócio 3 Sócio 4
Desejo de ter o próprio negócio
Estava desempregado e não arrumava emprego
Para melhorar de vida (aumentar a renda)
Exigência dos clientes/fornecedores (necessidade
de ter um CNPJ)
Processo de reengenharia do empreendimento
onde trabalhava anteriormente
Outro motivo. Qual?
97
III. Informações antes de abrir a empresa
4. Quanto tempo o Sr(a) (e/ou quaisquer um dos seus sócios), estudou/pesquisou o seu
negócio antes de abrir a empresa?
NOTA: esta questão objetiva conhecer o grau de conhecimento no negócio específico, antes
de sua formalização.
Não estudou
Até 03 Meses
Acima de 03, até 06 meses
Acima de 06, até 12 meses
Acima de 12 meses
5.
Nesse período em que o(a) Sr.(a) ficou estudando/pesquisando sobre o negócio, o que
estudou/pesquisou?
5.a Para saber quanto aos CLIENTES que sua empresa teria e seus hábitos de consumo
(RESPOSTA MÚLTIPLA)
Procurou se informar em outras empresas do ramo
Procurou se informar por jornais/revistas/livros/manuais/sites na
internet
Procurou a assessoria de alguma instituição ou profissional
especializado
Fez algum tipo de pesquisa formal
Já tinha conhecimento do assunto
Não conhecia e nem procurou se informar a respeito
5.b Para saber quanto às EMPRESAS CONCORRENTES, quais eram e como elas trabalhavam
em termos de produtos, preços , prazos de pagamentos, etc. (RESPOSTA MÚLTIPLA)
Procurou se informar em outras empresas do ramo
Procurou se informar por jornais/revistas/livros/manuais/sites na
internet
Procurou a assessoria de alguma instituição ou profissional
especializado
Fez algum tipo de pesquisa formal
Já tinha conhecimento do assunto
Não conhecia e nem procurou se informar a respeito
98
5.c Para saber, quanto aos FORNECEDORES (p.ex. de equipamentos, mercadorias, etc) e como
eles trabalhavam em termos de preço, prazos de pagamento, etc. (RESPOSTA MÚLTIPLA)
Procurou se informar em outras empresas do ramo
Procurou se informar por jornais/revistas/livros/manuais/sites na
internet
Procurou a assessoria de alguma instituição ou profissional
especializado
Fez algum tipo de pesquisa formal
Já tinha conhecimento do assunto
Não conhecia e nem procurou se informar a respeito
5.d Para saber, sobre os ASPECTOS LEGAIS relativos ao seu negócio (p.ex. Impostos, taxas,
legislação trabalhista, zoneamento, legislação sanitária, normas de segurança, etc): (RESPOSTA
MÚLTIPLA)
Procurou se informar em outras empresas do ramo
Procurou se informar por jornais/revistas/livros/manuais/sites na
internet
Procurou a assessoria de alguma instituição ou profissional
especializado
Fez algum tipo de pesquisa formal
Já tinha conhecimento do assunto
Não conhecia e nem procurou se informar a respeito
5.e Para saber, quanto ao INVESTIMENTO INICIAL necessário para abrir a empresa
(PLANO DE NEGÓCIO) : (RESPOSTA MÚLTIPLA)
Procurou se informar em outras empresas do ramo
Procurou se informar por jornais/revistas/livros/manuais/sites
na internet
Procurou a assessoria de alguma instituição ou profissional
especializado
Fez algum tipo de pesquisa formal
Já tinha conhecimento do assunto
5.f Durante o PROCESSO DE ABERTURA de sua empresa, procurou apoio em
alguma(s) das instituições listadas abaixo: (RESPOSTAS MÚLTIPLAS)
IEL
Universidades
Sebrae
Instituições Financeiras
Senai
Outros: _______________
99
5.g Como conseguiu os recursos que utilizou para montar a empresa? (RESPOSTAS
MÚLTIPLAS)
Utilizou recursos próprios (pessoais ou da família)
Obteve dinheiro emprestado em bancos
Obteve dinheiro emprestado com amigos
Utilizou cartão de crédito ou cheque pré-datado
Negociou prazos de pagamentos com fornecedores
Utilizou outras fontes de financiamento. Quais?
IV. Informações pós abertura da empresa
6. Durante o primeiro ano de funcionamento, a empresa era sua, ou de um dos seus sócios,
única atividade, ?
SIM
NÃO
7. Gestão do Negócio
Para responder as questões 7a e 7d, utilizar a seguinte escala:
Nunca Raramente Algumas vezes Sempre
1 2 3 4
7a. Quanto a Gestão Operacional
A sua empresa procura(va) conhecer as necessidades
dos clientes?
A sua empresa costuma(va) aperfeiçoar seus produtos e serviços e serviços às nec
e
dos clientes?
A sua empresa costuma(va) investir em propaganda e divulgação (p.ex. Mala
direta, brindes, etc)?
A sua empresa costuma(va) conhecer os serviços e produtos oferecidos pelos
concorrentes?
A sua empresa costuma(va) conhecer os serviços e produtos disponibilizados
pelos seus fornecedores?
A sua empresa costuma(va) conhecer os serviços oferecidos pelas entidades de
apoio?
A sua empresa costuma(va) investir no relacionamento com associações
representativas da classe?
A sua empresa costuma(va) conhecer as necessidades dos colaboradores?
Consegue(ia) sincronizar o pagamento das despesas com a entrada das receitas?
100
7b. Quanto às melhorias no processo de gestão operacional, procurou algum profissional
ou instituição, para assessorá-lo(a), na condução/gerenciamento da empresa?
Pessoas que conheciam o ramo
Empresas de consultoria, consultores
Entidades de classe ou associações de empresas do ramo
Contador
SEBRAE
SENAC
SENAI
IEL
Universidade
Outra. Qual?
7c. Quanto a gestão financeira, sua empresa fez uso de algum(uns) dos seguintes
recursos citados abaixo?
Item
Empréstimo em um fundo de capital de risco
Empréstimos em bancos públicos (Caixa Econômica Federal, Bando do Brasil,
BNDES)
Empréstimos para pequenos negócios (Microcrédito, Banco do Povo)
Fácil (Sistema de Protocolo Integrado) para obtenção de informações legais e
documentos
Fundos de Aval, para conseguir empréstimos.
Incentivos a exportações (consórcios, exportações pelo correio, financiamento,
fundo de aval, etc)
7d. Quanto a Gestão Contábil/Fiscal, sua empresa participou de alguma(s) ação(ões) que
eu vou citar:
Ação
Inscrição no SIMPLES Federal – sistema de redução de tributos e
desburocratização
Inscrição no SIMPLES Estadual – sistema de redução do ICMS e
desburocratização
Instalação em distritos de empresas
Instalação em incubadoras de empresas
Obtenção de isenção ou redução de tributos municipais (IPTU ou ISS)
Participação no programa Brasil empreendedor
101
Participação no REFIS – Programa de Recuperação Fiscal, para pagamento de
atrasados com o Governo
Outros Programas: _________________________________
8. Dificuldades no Gerenciamento da empresa
Para responder a questão abaixo, utilizar a seguinte escala:
Nunca Raramente Algumas vezes Sempre
1 2 3 4
Falta de clientes
Concorrência
Acesso a crédito
Inadimplência
Falta de Capital de Giro
Câmbio
Taxa de Juros Bancários
Falta de profissionais/mão-de-obra qualificada
Burocracia e trâmites legais
Carga tributária/encargos/impostos
Outros: ________________________________________
V. Posicionamento da Empresa
9. Quanto a evolução da empresa, indique
9a. Total do FATURAMENTO ao final de cada ano:
Ano/Itens
Faturamento (R$)
2004
2005
2006
2007(previsto)
9b. Total de COLABORADORES (independente do vínculo) ao final de cada ano:
Ano/Itens
Quantidade de Pessoal
na Área Técnica
Quantidade de Pessoal
nas áreas de apoio
(adm., com., etc)
Total no Ano
2004
2005
2006
2007(previsto)
102
9c. Indique PERCENTUALMENTE como está distribuído o modelo de contração atual:
Modelo %
CLT
Terceirizados
Estagiários
Bolsistas
9c. Indique PERCENTUALMENTE como está distribuído o GRAU DE INSTRUÇÃO dos seus
colaboradores atualmente:
Qualificação %
Até primeiro grau completo
Primeiro grau completo até segundo grau
incompleto
Segundo grau completo até superior incompleto
Graduado
Pós-Graduado
Mestrado
Doutorado
9d. Indique o PERCENTUAL conforme faixa salarial:
Faixa de Salário
%
De 1 a 3 Salários Mínimos (SM)
De 3,1 a 5 SM
De 5,1 a 8 SM
De 8,1 a 10 SM
Acima de 10 SM
9e. Indique o volume médio de investimento anual em treinamento, por funcionário.
Menos de R$ 1.000,00
De R$ 1.001,00 a R$ 3.000,00
De R$ 3.001,00 a R$ 5.000,00
Acima de R$ 5.001,00
Não investe em treinamento
9f. Sua empresa possui plano de carreira?
SIM
NÃO
103
9g. Sua empresa possui plano de remuneração?
SIM
NÃO
10.Quanto ao faturamento, informe percentualmente, sua distribuição atual:
Região %
Região Metropolitana de Salvador
Interior da Bahia
Nordeste
Outros Estados (especificar)
São Paulo
Rio de Janeiro
Minas Gerais
Paraná
Rio Grande do Sul
Outros
Outros Países (indicar se for o caso)
11. Quanto ao MERCADO PRETENDIDO, informe a(s) região(ões) alvo: (RESPOSTA
MÚLTIPLA)
Região Metropolitana de Salvador
Interior da Bahia
Nordeste
Outros Estados (especificar)
São Paulo
Rio de Janeiro
Minas Gerais
Paraná
Rio Grande do Sul
Outros
Outros Países (indicar se for o caso)
104
12. Indique o segmento de MERCADO ATUAL onde estão os seus clientes:(RESPOSTA
MÚLTIPLA)
Terceiro Setor Ind. de Transformação Plástica
Órgãos de Administração Pública Indústria Petroquímica
Agropecuária/Agribusiness Indústria Têxtil
Financeiro/Bancário Meio Ambiente
Comércio e Varejo Saúde
Comunicação e radiofusão Segurança
Educação TI
Energia Telecomunicação
Engenharia/Arquitetura Transportes
Entretenimento Turismo
Indústria Automotiva Outros: quais?
13.Indique o segmento de MERCADO PRETENDIDO:
(RESPOSTA MÚLTIPLA)
Terceiro Setor Ind. de Transformação Plástica
Órgãos de Administração Pública Indústria Petroquímica
Agropecuária/Agribusiness Indústria Têxtil
Financeiro/Bancário Meio Ambiente
Comércio e Varejo Saúde
Comunicação e radiofusão Segurança
Educação TI
Energia Telecomunicação
Engenharia/Arquitetura Transportes
Entretenimento Turismo
Indústria Automotiva Outros: quais?
14.Qual o tamanho médio do ciclo de venda do seu produto/serviço?
Até 03 meses
De 03 a 06 meses
Mais que 06 meses
VI. Em relação a Inovação
15. Quanto à intensidade da inovação, como se classifica? (se tiver mais que um produto
considerar a média)
Inovação radical (resultado de atividades de P&D; promove novos hábitos de consumo,
abre nichos de mercado ou altera segmento industriais)
Inovação incremental (pequenas mudanças técnicas ou melhorias no desempenho do
produto, máquina ou processo produtivo; conseqüência do acúmulo de conhecimento e
experiências da empresa)
105
16. Qual o nível de inovação implementada pela empresa
Produto
Processo
Produto e Processo
Não há inovação
17. como você avalia a abrangência da inovação dos produtos/processos da empresa? (se tiver
mais que um produto, considerar a média)
Implementação pela primeira vez a nível mundial
Implementação nova para a empresa ou região em que atua
18. Qual o nível de participação da empresa e/ou parceiros no desenvolvimento e/ou
implementação da inovação?
Empresa (%)
Parceiro (%)
19. Sua empresa possui planejamento estratégico?
SIM
NÃO
20. A empresa aderiu a algum programa de qualidade ou se encontra em processo de adesão?
ISO (9000 ou outras)
CMM/CMMI
Método Formal para Desenvolvimento das Atividades
Programa de Qualidade Total
MPS/BR
5 S
BSC
Nenhum
Outros. Quais:
106
VII. Em relação ao Planejamento de Mercado:
21. Tomando por base seu faturamento de 2006, qual o percentual de crescimento planejado
para 2007 e 2008, no mercado de sua atuação.
Ano %
2007
2008
22. Caso queira atuar em novos mercados, tomando por base seu faturamento de 2006, qual o
percentual de crescimento planejado para 2007 e 2008, nestes novos mercados.
Ano %
2007
2008
23. Sua empresa investe em ações de marketing?
SIM
NÃO
Se NÃO, vá para a pergunta de n°. 26, caso contrário, quais ações: (RESPOSTA MÚLTIPLA)
Plano de Marketing
Assessoria de Imprensa
Assessoria de Comunicação
24. A empresa já realizou alguma pesquisa de posicionamento de marca no mercado existente
e/ou mercado pretendido?
NÃO
SIM
Quais?__________________________
107
25. Indique ferramentas de marketing utilizado pela sua empresa : (RESPOSTA MÚLTIPLA)
Portfólio de produtos
Folders institucionais
Lâminas de Marketing e Vendas
Cases de Sucesso
Press Release
News Letter
Publicações em revistas / jornais
Blogs
Outros.Quais?
26. Já participou de eventos, congressos, feiras, etc?
NÃO
SIM
Quais?__________________________
27. Indique, se for o caso, os tipos ou modelos de cooperação que você pretende articular para
entrar nos mercados pretendidos . (RESPOSTA MÚLTIPLA)
Tipo de parceria
Agente comercial
Produção
Suporte técnico
Canal de Vendas
Serviços de Consultoria
Universidades e/ou Institutos de Pesquisa
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
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Baixar livros de Literatura Infantil
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Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
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Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo