10
RESUMO
Bases biológicas para utilização de Trichogramma pretiosum Riley, 1879(Hymenoptera:
Trichogrammatidae) para controle de Pseudoplusia includens (Walker, 1857) e Anticarsia
gemmatalis Hübner, 1818 (Lepidoptera: Noctuidae) em soja
Com o objetivo de avaliar o potencial de utilização de Trichogramma pretiosum Riley,
1879 (Hymenoptera: Trichogrammatidae) no manejo de Pseudoplusia includens (Walker, 1857) e
Anticarsia gemmatalis Hübner, 1818 (Lepidoptera: Noctuidae), foram realizados diferentes
bioensaios incluindo seleção de linhagens, avaliação das características biológicas, capacidade de
parasitismo, exigências térmicas, determinação do número ideal de parasitóide a ser liberado por
ovo da praga, capacidade de dispersão e tempo de permanência no campo do parasitóide e
seletividade dos agroquímicos ao parasitóide. Através da seleção de espécies/linhagens de
Trichogramma e Trichogrammatoidea verificou-se que T. pretiosum, linhagem coletada em Rio
Verde, GO (RV) apresentou melhor desempenho biológico dentre as demais. A duração do
período de desenvolvimento de T. pretiosum linhagem RV, criado em ovos de ambas as pragas
apresentou relação inversa com o aumento de temperatura. A emergência da referida linhagem
em ovos de A. gemmatalis não foi afetada na faixa de temperatura estudada, porém quando criada
em ovos de P. includens, a temperatura de 32
o
C afetou tal parâmetro biológico. O limiar térmico
inferior de desenvolvimento de T. pretiosum linhagem RV foi menor em ovos de P. includens
(10,6ºC) quando comparado com o de A. gemmatalis (11,6ºC) e conseqüentemente, a constante
térmica também variou sendo de 152 GD para P. includens e de 128 GD para A. gemmatalis. O
número estimado de gerações de T. pretiosum linhagem
RV, por ciclo da soja varou de 21 e 20
gerações para Rio Verde, GO e 22 e 21 gerações Barreiras, BA, em ovos de P. includens e A.
gemmatalis, respectivamente. O ritmo de parasitismo de T. pretiosum linhagem RV foi
influenciado pelas temperaturas testadas, com concentração do parasitismo nos primeiros dias de
vida das fêmeas, exceto na temperatura de 18
o
C em ovos P. includens e nas temperaturas de 18 e
20
o
C para A. gemmatalis em que o parasitismo ocorreu durante toda a vida do parasitóide. O
parasitismo total foi influenciado pelas temperaturas, com maiores valores entre as temperaturas
de 22 a 28
o
C em ovos de P. includens e entre 25 e 28
o
C em ovos de A. gemmatalis. Em condições
de semi-campo, determinou-se que o maior parasitismo foi obtido com uma proporção de 25,6
parasitóides por ovo da praga para as duas espécies de pragas. A capacidade de dispersão na
cultura da soja é de 8,0 m, sendo a área de dispersão de 85,18m
2
. Assim, há a necessidade de 117
pontos de liberação do parasitóide por hectare para uma distribuição homogênea do parasitóides
em toda a área. Após a liberação de T. pretiosum linhagem RV os parasitóides permaneceram na
cultura da soja por doze dias, embora o parasitismo seja efetivo até o quarto dia. Os resultados
básicos obtidos em ovos de P. includens e A. gemmatalis apontam para a possibilidade de
controle conjunto destas duas pragas na cultura da soja, com utilização desse parasitóide de ovos.
Os inseticidas, herbicidas e fungicidas utilizados na cultura da soja afetaram diferentemente o
parasitismo e a viabilidade de T. pretiosum linhagem RV, sendo classificados desde seletivos até
nocivos.
Palavras-chave: Trichogramma; Parasitóides de ovos; Controle biológico; Lagarta-falsa-
medideira; Lagarta-da-soja; Manejo integrado de pragas; Glycine max