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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
FACULDADE DE FARMÁCIA, ODONTOLOGIA E ENFERMAGEM
DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM
EUGÊNIO SANTANA FRANCO
CERVICOGRAFIA DIGITAL UTERINA: VALIDAÇÃO DA
TÉCNICA E DOS CRITÉRIOS DE POSITIVIDADE
FORTALEZA
2005
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EUGÊNIO SANTANA FRANCO
CERVICOGRAFIA DIGITAL UTERINA: VALIDAÇÃO DA
TÉCNICA E DOS CRITÉRIOS DE POSITIVIDADE
Tese submetida à Coordenação do Curso de Pós-
Graduação em Enfermagem, da Universidade
Federal do Ceará, como requisito parcial para
obtenção do Grau de Doutor em Enfermagem.
Está inserida na linha de Pesquisa Tecnologia em
Saúde e Educação em Enfermagem Clínico-
Cirúrgica do Departamento de Enfermagem da
Universidade Federal do Ceará.
Orientadora: Dra. Lorita Marlena Freitag Pagliuca
Co-orientadores: Prof. Dr. Nelson Pacheco da
Rocha e Prof. Dr. Wilson Jorge Correia de Abreu
FORTALEZA
2005
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F895c Franco, Eugênio Santana
Cervicografia digital uterina: validação da técnica e
dos critérios de positividade / Eugênio Santana Franco. –
Fortaleza, 2005.
127 f. : il.
Orientadora: Profa. Dra. Lorita Marlena Freitag Pagliuca.
Tese (Doutorado) – Universidade Federal do Ceará.
Departamento de Enfermagem.
1. Neoplasia intra-epitelial cervical. 2. Diagnóstico
precoce. 3. Neoplasia do colo uterino. I. Título.
CDD 616.99466
EUGÊNIO SANTANA FRANCO
CERVICOGRAFIA DIGITAL UTERINA: VALIDAÇÃO DA
TÉCNICA E DOS CRITÉRIOS DE POSITIVIDADE
Aprovada em: 19 / 4 / 2005
____________________________________________
Profa.Dra. Lorita Marlena Freitag Pagliuca (Orientadora)
Universidade Federal do Ceará (UFC)
____________________________________________
Profa.Dra. Enedina Soares
Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO)
____________________________________________
Prof. Dr. Francisco Valdeci de Almeida Ferreira
Universidade Federal do Ceará (UFC)
____________________________________________
Profa.Dra. Thelma Leite de Araújo
Universidade Federal do Ceará (UFC)
____________________________________________
Prof. Dr. Paulo César de Almeida
Universidade Estadual do Ceará (UECE)
____________________________________________
Profa. Dra. Ana Karina Bezerra Pinheiro
Universidade Federal do Ceará (UFC)
Este projeto contou com o apoio da CAPES no
período de setembro de 2004 a janeiro de 2005.
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a minha esposa Rosana, aos
meus filhos Eugênio e Marcela, a minha mãe
Terezinha, aos meus irmãos Franco Junior, Maria
Teresa, Sheila e Cirley, e aos meus sogros Antônio
Lisboa e Maria Júlia, pelo amor, incentivo e
confiança que sempre me dispensaram.
AGRADECIMENTOS
À Profa. Dra. Lorita Marlena Freitag Pagliuca, pela dedicação, solicitude e amizade.
Ao Prof. Dr. Nelson Fernando Pacheco da Rocha, pelo apoio acadêmico, orientação
e acolhimento na Escola Superior de Saúde da Universidade de Aveiro e durante o
doutorado-sanduíche em Portugal.
Ao Prof. Dr. Wilson Jorge Correia de Abreu, pelo apoio acadêmico e orientação na
implementação do doutorado-sanduíche em Portugal.
À Profa. Dra. Maria Socorro Pereira Rodrigues pelas orientações iniciais no
desenvolvimento desta tese.
À Profa. Dra. Enedina Soares, pelo incentivo.
Ao Prof. Dr. Paulo César de Almeida, pela colaboração nas análises estatísticas.
À Profa. Dra. Silvia Bomfim Hyppolito, pela amizade, reflexões propostas e pronto
tratamento das mulheres que participaram do estudo.
Ao Prof. Dr. Francisco Valdeci Almeida, pela disponibilidade e pelos momentos de
aprendizado junto ao IPATIMUP.
À Profa. Dra. Maria Dalva dos Santos Alves, pelo incentivo e sugestões.
À Profa. Dra. Ana Karina Bezerra Pinheiro, pelo incentivo e amizade.
À Profa. Cristiana Martins, pela colaboração inestimável.
Ao Centro de Saúde Anastácio Magalhães, na pessoa dos diretores, enfermeiros,
médicos e demais funcionários, pela colaboração e apoio.
À todas as mulheres que foram objeto dessa investigação, pela demonstração de
cidadania, perseverança e confiança no sistema de saúde público.
A todos os amigos cujos nomes não foram mencionados, mas que direta ou
indiretamente sempre me têm apoiado.
RESUMO
No mundo inteiro, o segundo tipo de câncer mais comum entre as mulheres é o do colo do
útero, e o principal método utilizado para sua detecção ainda é o teste de Papanicolaou
. O
objetivo geral desse estudo foi validar a cervicografia digital (CD) como teste
complementar à citologia de Papanicolaou (Pap), em nível de atenção primária,
verificando se os critérios de positividade propostos para o estudo melhoram a
sensibilidade do screening para o câncer do colo uterino e suas lesões precursoras.
Foram utilizadas câmeras digitais do seguimento amador e semiprofissional, de fácil
manuseio e de baixo custo. Para tanto, realizou-se em um centro de saúde da rede
pública municipal da cidade de Fortaleza uma pesquisa de avaliação, de caráter
quantitativo. A população do estudo compôs-se de 1.286 mulheres, e a amostra foi de
300 casos de inspeção visual com ácido acético 5% (IVA) positivo. As mulheres tinham
entre 18 e 70 anos, com idade média de 27,6 anos e foram submetidas a IVA, Pap, CD
e colposcopia. Todas as coletas citológicas, CDs e teste de IVA foram realizadas por
enfermeiros. Usou-se, quando necessário, o exame histopatológico como padrão ouro.
As cervicografias digitais foram analisadas por dois profissionais e classificadas em
positivas, antes e após a aplicação do ácido acético a 5%. A primeira avaliação e a
primeira classificação foram realizadas por médico ginecologista, analisando os
cervicogramas, segundo critérios colposcópicos e a experiência clínica do profissional. A
segunda avaliação e a segunda classificação foram efetuadas pelo investigador,
segundo critérios de positividade propostos para a investigação. Nenhum dos
profissionais teve conhecimento prévio do resultado dos exames citológicos. Foram
submetidas à colposcopia 189 mulheres e realizadas 139 biópsias (46,3%).
Sensibilidade e especificidade dos exames foram determinadas por testes diagnósticos
com IC 95%. A sensibilidade do teste de IVA, a CD e o Pap foram de 99,1%, 99,1% e
22,5%, respectivamente. A especificidade foi de 83,9% para o teste de IVA, 81,3% para
a CD e 100,0% para o Pap. A citologia de Papanicolaou não detectou nenhum dos
casos de câncer triados pela IVA e pela CD. Conclui-se que a CD, além de ser um teste
de baixo custo, de fácil execução e interpretação, tem alta sensibilidade suficiente para
justificar sua adoção de forma complementar ao Pap. A CD aumentou em 4,5 vezes a
eficiência do rastreio para neoplasias intra-epiteliais cervicais e câncer do colo uterino,
se comparada com os resultados obtidos pelo Pap, de forma isolada. As taxas de
prevalência para o câncer do colo uterino e para neoplasias intra-epiteliais na população
estudada foram as seguintes: para lesões intra-epiteliais de grau leve = 7,6% (99/1.286);
para lesões intra-epiteliais de grau acentuado = 0,38 % (5/1.286); e para câncer = 0,23%
(3/1.286). Conclui-se por permitir a racionalização do exame colposcópico e a melhoria
na qualidade do rastreamento, pode vir a tornar-se importante instrumento na redução
da morbidade e mortalidade por câncer do colo do útero.
Palavras-Chave: Neoplasia intra-epitelial cervical; Diagnóstico precoce; Neoplasia do colo
uterino; Papilomavírus humano; Câncer cervical.
ABSTRACT
In the whole world, the second most carmmon type of cancer among women is the uterin
collum cancer, and the main method used to detect it is still the Papanocolaou test. The
main objective of this study was to validate the digital cervicography (DC) as a
complementary test to the Papanicolaou citology (Pap), in the primary attention level,
verifying if the positivity objectives of criteria proposed for the study improve the
screening sensibility of the uterin collum cancer and its precurso lesions. Digital camaras
of the amateur and semi-profissional segment were used, easy-to-use and low-cost
equipments. For this purpose an evaluation research of quantitative character was done
in a public municipal health center in Fortaleza. The population of this study was 1.286
women and the sample was 300 cases of visual inspection with acetic-acid at 5% (VIA)
positive. The women were between 18 to 70 years old, medium age of 27,6 years old,
and were submitted to VIA, Pap, DC and colposcopy. All the citologic collections, DC and
VIA test where done by nurses. When necessary, the histopatologic exam as gold
pattern was used. The digital cervicograph were analyzed by two professionals and
classified as positive, before and after an application of acetic acid at 5%. The first
evaluation and classification were done by a gynecologist doctor analysing the
cervicograms according to colposcopic criteria and the professional’s clinic experience.
The second evaluation and classification were done by the investigator according to the
positivity criteria proposed by the investigation. None of the profissionals previously knew
about the results of the cytologic exams. 189 women were submitted to the colposcopy
and 139 biopsies (46,3%) were done. The sensibility and specificity of the exams were
determined by diagnostic tests with CI 95%. The test sensibility of the VIA, the DC and
the Pap was 99,1%, 99,1% and 22,5%, respectively. The specificity found for these tests
was 83,9% for the VIA test, 81,3% for the DC, and 100,0% for the Pap. The
Papanicolaou cytology didn’t detect any case of cancer selected by the VIA or the DC. It
is concluded that the DC besides being a low – cost, easy-to-do and easy-to-interpret
test, it has high sensibility sufficient to justify its adaption in order to complement the Pap.
The DC increased 4.5 times the tracking efficacy for the intra-epitelial cervic neploasies
and uterin collum cancer if compared to the results obtained in the Pap, in an isolated
way. The prevalence tax of the uterin collum cancer and of the intra-epitelial neoplasies
in the population studied was: in the low level intra-epitelial lesions = 7,6% (99/1.286); in
the high level intra-epitelial lesions = 0,38% 5/1.286); and in cancer = 0,23% (3/1.286). It
is also concluded that because it permits the racionalization of the colposcopic exam and
the improvement of the tracking quality, it can become an important instrument in the
reduction of the morbidity and mortality by uterin collum cancer.
Key Words: Cervical intra-epitelial neoplasie; Precoce diagnostic; Uterin collum
neoplasie; Human Papillomavirus; Cevical cancer.
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS, QUADROS E TABELAS
1 INTRODUÇÃO
1.1 Considerações iniciais
1.2 Objetivos
1.3 Hipóteses
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Indicadores epidemiológicos do estudo
2.2 O processo fotográfico e a cervicografia digital
2.2.1 As câmeras digitais
2.2.2 Flash
2.2.3 Filtros
2.2.4 A iluminação e fontes de luz
2.2.5 Exposição
2.2.6 A profundidade de campo e perspectivas
2.2.7 O processo fotográfico
3 SUJEITOS E MÉTODOS
3.1 Desenho do estudo
3.2 Local e população do estudo
3.2.1 Amostra de estudo
3.3 Critérios de seleção
3.4 Aspectos éticos
3.4.1 Benefícios disponibilizados às mulheres
3.5 Coleta de dados
3.5.1 Instrumentos para coleta de dados
3.6 Avaliação da qualidade fotográfica e interpretação e classificação
da cervicografia digital
3.6.1 Alterações morfológicas e colorimétricas
3.6.2 Critérios objetivos de positividade
3.6.3 Classificação das cervicografias
3.7 Organização e análise dos dados
11
14
14
17
18
19
19
28
29
34
35
36
39
41
43
52
52
52
52
53
53
54
55
55
57
61
63
70
73
10
4 RESULTADOS
5 DISCUSSÃO
6 CONCLUSÕES
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
APÊNDICES
ANEXOS
74
85
98
100
116
121
LISTA DE FIGURAS
Figura 1
Figura 2
Figura 3
Figura 4
Figura 5
Figura 6
Figura 7
Figura 8
Figura 9
Figura 10
Figura 11
Figura 12
Figura 13
Cerviscope®, equipamento americano que usa película de 35 mm e
tem custo estimado em U$ 3,500, utilizado em nível secundário de
assistência à saúde
CervicographySM ® usado na Coréia, em nível secundário de
assistência à saúde
Suporte para câmera com duas fontes de luz articuláveis,
desenvolvido pelo pesquisador: vistas lateral e frontal
Flash circular referência Macro Ring Lite MR-14EX: vistas lateral e
montado emmera digital Canon G-5
Amarelamento da imagem em virtude da utilização de fonte de
luz contínua de tungstênio
Espaço de posicionamento da câmera digital
Erro de interpretação do autofoco motivado pela presença de pêlos
pubianos à frente do intróito vaginal. Observam-se também
áreas de reflexão espetacular nas valvas do especulo
Grande cisto obstruindo parcialmente a luz vaginal e impedindo o
foco perfeito do colo uterino
Posicionamentos da câmera em relação ao colo uterino: Plongée,
contraplongée e frontal
A
dequação luminosa suficiente, com luzes com textura e
histograma sem desvios significativos para direita ou esquerda
A
dequação luminosa suficiente, com sombras com textura e
histograma sem desvios significativos para direita ou esquerda
A
dequação luminosa deficiente, com áreas de sombras sem
textura e histograma com desvio suave à esquerda
A
dequação luminosa deficiente, com áreas de luzes sem textura
e histograma com desvio à direita
32
33
34
35
37
45
47
48
49
58
59
59
60
12
Figura 14
Figura 15
Figura 16
Figura 17
Figura 18
Figura 19
Figura 20
Figura 21
Figura 22
Figura 23
Figura 24
A
dequação luminosa insuficiente, com luzes sem textura e
histograma com desvio acentuado à direita
Adequação luminosa insuficiente, com sombras sem textura e
histograma com desvio acentuado à esquerda
A
dequação luminosa insuficiente, com presença de extensa área
de luzes espetaculares e histograma com desvio acentuado à direita
A
lterações colorimétricas não reativas, com existência de lesão
branca detectada antes do teste do ácido acético a 5%. Lesão de
maior tamanho em LA, com projeção positiva, formato de domo e
coloração branca anterior à aplicação do AA a 5%. Bordos da
lesão maior definidos e das demais lesões indefinidos.
Histograma sem desvios para direita ou esquerda
A
lterações colorimétricas não reativas, com existência de lesão
branca detectada antes do teste do ácido acético a 5%.
A
lterações do colo uterino com lesões em LA, tamanhos
variados, com projeção positiva e bordos definidos. Histograma
sem desvios para direita ou esquerda
A
lteração do colo uterino em LA, em plano zero, com lesões
múltiplas de tamanhos variados, com reação acetobranca,
revelando cor branco médio, bordos definidos e lesão de maio
r
tamanho adentrando o canal cervical. Alteração do colo uterino
em LA/LP, de colo branco intenso, bordos definidos
Lesões em formato polipóide, exteriorizando-se pelo orifício cervical.
Lesões única e múltiplas, exteriorizando-se pelo orifício cervical
Lesão em projeção positiva no fundo de saco. Observam-se outras
lesões nas paredes vaginal, porém em planos focais diferentes
Lesão vegetante, câncer invasor
Lesão ulcerada devido a câncer invasor
Lesões de paredes vaginais e fundo de saco, com projeções
positivas, múltiplas, de tamanhos variados, espiculadas
60
61
61
64
65
66
67
68
68
69
70
13
Figura 25
Lesões na região anal e perianal, com projeções positivas,
vegetantes, espiculadas e múltiplas
70
LISTA DE QUADROS
Quadro 1
Quadro 2
Quadro 3
Recursos básicos das câmeras utilizadas na investigação
Custo teste/cliente de 4 opções de equipamentos
Comparação entre valores pagos pelo SUS por procedimentos
do Programa Nacional do Controle do Câncer do Colo do Útero e
de Mama e o custo estimado para Cervicografia Digital Uterina
31
83
84
LISTA DE TABELAS
Tabela 1
Tabela 2
Tabela 3
Tabela 4
Tabela 5
Tabela 6
Tabela 7
Tabela 8
Tabela 9
Dados reprodutivos
Distribuição de casos por diagnóstico citológico
Dados topográficos e morfológicos das lesões
Distribuição dos casos de lesão intra-epitelial de grau leve e
lesão intra-epitelial de grau acentuado e câncer por faixa etária
Resultados em % dos testes de investigação sensibilidade/
especificidade, VPP e VPN dos testes do estudo
Adequação luminosa segundo o tipo de espéculo utilizado
Colorações observadas nas lesões negativas
Colorações observadas nas lesões positivas
Características dos bordos e aspectos das lesões
74
75
76
77
78
79
80
81
82
14
1 INTRODUÇÃO
1.1 Considerações iniciais
No mundo inteiro, o segundo tipo de câncer mais comum entre as
mulheres é o do colo útero (BRASIL, 2002). Conforme comprovado por estudos,
10% a 40% das mulheres sexualmente ativas, principalmente as mais jovens, são
infectadas por um ou mais tipos de Papiloma Vírus Humano (HPV), principal causa
desse tipo de câncer, embora a maioria das infecções seja transitória (INCA, 2005).
No entanto, a redução da mortalidade por câncer do colo do útero é
possível mediante promoção da saúde e detecção precoce dos casos de lesões
precursoras com alto potencial de malignidade ou carcinoma in situ, por meio de
programas estruturados de rastreamento (INCA, 2004).
No Brasil, a prevenção do câncer do colo uterino baseia-se na triagem,
diagnóstico e tratamento das lesões precursoras, via citologia, colposcopia e exame
histológico (ALVES; TEIXEIRA; NETTO, 2002; FRANCO et al., 2001; HYPPOLITO, 2002).
A finalidade dos testes clínicos é auxiliar o diagnóstico das doenças, a
despeito de não existir testes perfeitos, ou seja, aqueles que determinam
incontestavelmente a presença ou ausência da doença (ALMEIDA FILHO;
ROUQUAYROL, 1990; GONÇALVES, 1999).
A partir da suposição da possibilidade de redução da mortalidade e
morbidade por determinadas patologias na população, os exames de detecção
precoce são justificados se um grande número de indivíduos assintomáticos
submeter-se a screening ou rastreamento que assegurem diagnóstico precoce e
tratamento de lesões precursoras ou iniciais (LOPES; SOUZA, 1995). Tal afirmação
procede porque não existem sintomas ou mudanças físicas iniciais da doença que a
mulher possa detectar sozinha (ROBBINS; CONTRAN; KUMAR, 1993; PINOTTI;
ZEFERINO, 1987).
Novos métodos laboratoriais, a exemplo dos testes de captura híbrida e
tipagem do HPV, têm sido propostos nos últimos anos. Estes, em regra, também
15
utilizam tecnologias inacessíveis às populações do Terceiro Mundo, em virtude do
alto custo e complexidade que representam e da presença do HPV-DNA em células
do colo uterino consideradas normais em estudo citológico, as quais, presentes em
10 a 25% das mulheres aparentemente saudáveis, motivam discussões sobre o
valor clínico do teste (INCA, 2004).
Como afirma Hyppólito (2002), tecnologias alternativas para o rastreamento
do câncer do colo uterino e suas lesões precursoras devem ser encorajadas. É
evidente a urgência de testes simples e de baixo custo para o rastreamento de lesões
precursoras do câncer do colo uterino, bem como o pronto tratamento destas lesões,
no intuito de se desenvolver, com a resolutividade necessária, um programa de
prevenção, ou mesmo de detecção precoce do câncer cervical.
Segundo observado, verificou-se aumento da incidência do câncer
cervical em mulheres jovens que foram triadas adequadamente pela citologia
oncológica, o que demonstra a elevada taxa de resultados falso-negativos neste
método (SCHNEIDER et al., 2000; NANDA et al., 2000).
A taxa de incidência de câncer de colo do útero no Brasil é elevada em
todas as regiões (INCA, 2004). Esta constatação demonstra a necessidade de se
investir e lançar mão de testes de rastreamento sensíveis, cujo resultado, em curto
prazo, possibilite a intervenção para tratamento efetivo, antes de alcançar a doença
estágio invasor.
Um teste de rastreamento é considerado de qualidade (validade) perfeita
quando seleciona todos os doentes da população (BARROS; NASCIMENTO; PINOTTI,
1999). Desse modo, o método de Papanicolaou não se enquadra neste requisito.
Descoberta a infecção em suas manifestações iniciais, é possível se
adotar a abordagem terapêutica precoce e mediante aconselhamento sobre DST e
educação em saúde, se propiciar uma mudança de comportamento com vistas à
quebra da cadeia de disseminação do vírus, bem como se evitar que o indivíduo
sofra nova contaminação. Como acrescenta Vasconcelos (1999), a educação não é
uma atividade a mais que se desenvolve nos serviços de saúde, mas uma atividade
que re-orienta a globalidade dessas práticas.
16
Uma alternativa para os países em desenvolvimento, onde a carência de
recursos financeiros não permite a existência de infra-estrutura e a manutenção adequadas
dos programas de rastreamento citológico, proposta, como técnica de rastreamento,
tem sido a inspeção visual com ácido acético (SANKARANARANAYAN et al., 1998).
A técnica foi descrita inicialmente por Ottaviano e La Torre (1982).
Segundo os autores concluíram, os colos uterinos com lesões acetobrancas,
observáveis a olho desarmado, após a aplicação do ácido acético, poderiam
representar as cérvices de risco para o câncer cervical.
Em alguns países da Ásia e da África e, particularmente na Índia,
programas que utilizam IVA realizada por profissionais de saúde especialmente
treinados estão sendo avaliados. Mesmo sem a utilização do ácido acético, esta
inspeção é adotada no atendimento ginecológico, embora sua contribuição na
detecção do câncer cervical, em programas bem-sucedidos, não seja
determinada (WHO, 1995).
Conforme evidenciado em estudos como os do Zimbabwe Project (1999)
e nas investigações de Sankaranaranaya et al. (1998), Franco et al. (2001) e
Hyppolito (2002), a IVA tem sido cada vez mais indicada como uma técnica de
screening em potencial para países onde os programas de rastreamento baseados
na citologia não têm adequado nível de efetividade. No entanto, a exemplo de todo
teste clínico muito sensível, a IVA aponta, como positivos, elevado número de casos
que, seguramente, após a elucidação diagnóstica, por meio do exame
histopatológico, são classificados como falso-positivos. Wesley at al. (1997) alertam
também para a objetividade do exame, pois mesmo existindo critérios bem definidos
para achados anormais da inspeção visual, a IVA está sujeita a decisão subjetiva
por parte do examinador, o que compromete de forma significativa o exame como
método de rastreio. Para Eddy (1986), a incidência de câncer do colo do útero pode,
em tese, ser reduzida em cerca de 90% nos lugares onde exista rastreamento de
qualidade somado a ampla cobertura da população.
Estudos de eficácia baseados em modelos da Agência Internacional de
Investigação sobre Câncer (IARC),como os que foram realizados em Hong Kong,
têm sugerido que apenas o aumento da cobertura não tem melhorado
17
significativamente a eficácia da prevenção do câncer do colo uterino e que um
sistema de cobertura bem organizado e estruturado pode alcançar uma cobertura de
80% da população em intervalos de dez anos.
A cervicografia convencional, e mais recentemente na sua variável digital,
tem sido também avaliada por diversos pesquisadores e proposta como método
alternativo para identificação de lesões precursoras e do câncer do colo uterino, mas
geralmente em nível de atenção secundária (SCHNEIDER et al., 2002; FERRIS;
SCHIFFMAN; LITAKER, 2001; COSTA et al., 2000). Constitui-se numa técnica de
alto valor da relação custo-benefício, pois pode ser realizada com equipamento
fotográfico digital de uso amador e prescinde do uso de películas fotográficas e
custos com revelação.
Entretanto, para avaliação da factibilidade e aplicabilidade da
cervicografia digital uterina como método de triagem do câncer do colo uterino e de
suas lesões precursoras, em nível de atenção primária na realidade brasileira, são
necessárias investigações sobre sua sensibilidade, especificidade, valor preditivo
positivo e valor preditivo negativo.
1.2 Objetivos
OBJETIVO GERAL
Validar a cervicografia digital uterina como teste de triagem do câncer do
colo uterino e suas lesões precursoras em nível primário de atenção à saúde, de
forma complementar ao teste de Papanicolaou.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Descrever a técnica e os parâmetros para a realização da cervicografia
digital com qualidade fotográfica a partir dos equipamentos testados;
Propor e avaliar critérios objetivos de positividade para a cervicografia
digital uterina;
18
Comparar a sensibilidade, especificidade, Valor preditivo positivo, Valor
preditivo negativo e custo alcançado pela cervicografia digital com a
citologia de Papanicolaou e a colposcopia, na investigação;
Avaliar o custo-benefício da cervicografia digital uterina.
1. 3 Hipóteses
Primeira Hipótese – É possível a utilização de câmeras fotográficas
digitais amadoras para a realização da cervicografia digital.
Segunda Hipótese – A cervicografia digital uterina é mais sensível que
a citologia de Papanicolaou, e é capaz de detectar os resultados falso-
negativos daquele teste.
Terceira Hipótese – A cervicografia digital uterina pode ser tão sensível
quanto a colposcopia na detecção de lesões intra-epiteliais cervicais e
do câncer do colo uterino.
19
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Indicadores epidemiológicos do estudo
O Papilomavírus Humano (HPV) da família Papovaviridae, capaz de
induzir lesões de pele ou mucosas, foi reconhecido como a principal causa de
câncer do colo uterino pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em 1992 (BOCH
et al., 1997; WALBOOMERS et al., 1999; GONTIJO et al., 2002). A replicação viral
acontece nas células da camada basal do epitélio, onde se mantém na forma
estável, provocando persistente infecção. Nas camadas mais superficiais acontece
uma replicação vegetativa. O HPV pode ser encontrado no interior das células de
lesões benignas sob a forma de episomas, corpúsculos intranucleares distribuídos
difusamente. Já nas células indiferenciadas, o DNA do HPV é encontrado
incorporado ao genoma celular (VILLA, 1997; GROSS; BARRASSO, 1999;
JACYNTHO; ALMEIDA FILHO, MALDONADO, 1994).
Existem mais de 100 subtipos diferentes de HPV. Entretanto, somente os
subtipos de alto risco estão relacionados a tumores malignos (INCA, 2005). Os HPV
genitais são transmitidos, freqüentemente, via relações sexuais, por contato direto
com a pele infectada, podendo causar lesões na vagina, vulva e no colo do útero
(ROTKIN, 1973; INCA, 2005). Atualmente, a infecção cervical persistente, por alguns
tipos de HPV, em virtude das alterações celulares progressivas que acarreta, é
considerada a etiologia do câncer invasor do colo uterino (ALVES, 2002;
GONÇALVES, 1999). O índice de contágio é elevado, e pode chegar a 65% dos
indivíduos com parceiros portadores do HPV.
A infecção pode apresentar-se na forma clínica e ser identificada pela
presença de condilomas acuminados. A forma subclínica, nas mulheres, pode ser
observada por meio de cervicografia digital, fotomapeamento genital ampliado,
colpocitologia, colposcopia e vulvoscopia, enquanto a forma latente da infecção só
pode ser diagnosticada por meio de testes para detecção do HPV-DNA (FRANCO et
al., 2001; INCA, 2005; GROSS; BARRASSO, 1999; JACYNTHO; ALMEIDA FILHO,
MALDONADO, 1994; GONÇALVES, 1999).
20
Segundo estudos de Barron e Richart (1968), o período de incubação é
bastante variável e o tempo médio entre a detecção de uma lesão de baixo grau
(HPV, NICI) e o desenvolvimento de carcinoma in situ, na ausência de tratamento, é
de 58 meses. Na opinião desses autores, as neoplasias intra-epiteliais NIC II
evoluirão para carcinoma in situ em aproximadamente 38 meses. Nos casos de NIC
III, o tempo se reduz para doze meses. De acordo com Robbins, Contran e Kumar
(1995) essa afecção progressiva pode evoluir para o processo invasor em um
período que varia de dez a vinte anos.
A história natural do câncer cérvico uterino passa por vários estágios
bem definidos em suas características histológicas, sintomatológicas e de
evolução. Desta forma, a cadeia epidemiológica é passível de interrupção
mediante diagnóstico precoce (ROBBINS; CONTRAN; KUMAR, 1995; PINOTTI;
ZEFERINO, 1987; ORIEL, 1997).
Existe uma fase pré-clínica (sem sintomas) do câncer do colo do útero, na
qual a possibilidade de detectar possíveis lesões precursoras ocorre pela realização
periódica do exame preventivo. Conforme a doença progride, os principais sintomas
desse tipo de câncer são sangramento vaginal, corrimento e dor (INCA, 2005;
JACYNTHO; ALMEIDA FILHO, MALDONADO, 1994).
A incidência dessa neoplasia maligna torna-se evidente na faixa etária de
20 a 29 anos e o risco é progressivo até atingir seu ápice entre os 35 e 59 anos.
Quase 80% dos casos novos se verificam em países em desenvolvimento onde, em
algumas regiões, é o câncer mais comum entre as mulheres. É provável que esta
prevalência seja variável com a idade. Assim, como a maioria das infecções parece
instalar-se no início da atividade sexual, a prevalência em faixas etárias mais jovens
é maior e, com a resolução das infecções transitórias, tende a cair em faixas etárias
mais elevadas (MELKERT et al., 1993; MORRISON et al., 1991; INCA, 2004).
Vários são os fatores de risco identificados para o câncer do colo do
útero, mas alguns dos principais estão associados às baixas condições
socioeconômicas, ao início precoce da atividade sexual, à multiplicidade de
parceiros sexuais, ao tabagismo, à inadequada higiene genital e ao uso prolongado
de contraceptivos orais. Conforme estudos recentes, o HPV tem papel importante no
21
desenvolvimento da displasia das células cervicais e na sua transformação em
células cancerosas. Este vírus está presente em mais de 90% dos casos de câncer
do colo do útero. Alguns outros co-fatores, como elevado número de gestações,
infecção pelo HIV e outras doenças sexualmente transmitidas como herpes e
infecção pela clamídia, potencializam o desenvolvimento do câncer genital em
mulheres infectadas pelo HPV (VILLA, 1997; INCA, 2005).
Segundo se supõe, na maioria das vezes, o sistema imune consegue
combater eficazmente esta infecção pelo HPV, e obtém a cura, com eliminação
completa do vírus, principalmente no caso das pessoas mais jovens. Transitória na
maioria das vezes, sem evidência clínica da infecção, a doença poderá ser
suprimida ou até curada espontaneamente (SCHIFFMAN, 1992; VILLA, 1997).
Qualquer pessoa, imunologicamente competente, após infectada pelo HPV,
desenvolve anticorpos que podem ser detectados no organismo, mas nem sempre
estes são suficientes para eliminar ou suprimir a virulência do HPV (INCA, 2005).
Sob a ação de outros fatores de risco como, por exemplo, a deficiência imunológica,
as infecções por HPV progridem muito velozmente para lesões intra-epiteliais e
estas, do mesmo modo, para câncer (GONÇALVES et al., 1999).
Uma característica peculiar, e que torna a infecção pelo HPV ainda mais
preocupante, é que, apesar de ter a via sexual como uma de suas formas de
transmissão, algumas cepas virais, em especial aquelas comprovadamente
envolvidas com o câncer do colo do útero, não ocasionam alterações perceptíveis na
genitália passíveis de alertar as mulheres para a nova condição de portadora do
vírus. Ao invés disso, mesmo quando o HPV encontra como porta de entrada uma
lesão genital provocada por outra DST, pode passar despercebido, principalmente
se o subtipo envolvido não predispuser ou provocar o surgimento de verrugas
genitais (FRANCO et al., 2001). Como ressalta Rotkin (1973), não são recentes os
estudos epidemiológicos que relacionam o câncer do colo uterino às doenças
sexualmente transmissíveis (DST). O HPV, além de infectar a região genital,
segundo alguns estudos demonstram, pode estar presente na laringe e no esôfago,
e com mais freqüência na pele (INCA, 2005).
Os comportamentos de risco, bem como a presença de lesões de variada
etiologia que comprometem a integridade da pele e mucosa genital propiciam
22
contrair a infecção. A fase de maior atividade sexual das mulheres é a idade
reprodutiva. Esse fato confere à prevenção da infecção importância mais
significativa. A maioria das infecções é assintomática e de caráter transitório.
Enquanto as formas clínicas podem ser lesões exofíticas ou verrugas, as formas
subclínicas não têm lesões aparentes (INCA, 2005).
Atualmente, a infecção genital pelo HPV é a doença sexualmente
transmissível viral mais freqüente na população sexualmente ativa. Em 1996, o
Centers for Disease Control and Prevention (CDC) estimava em 500 mil a 1 milhão
de casos novos, por ano, de infecção pelo HPV, e mencionava ao mesmo tempo
80 mil casos de Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS), 200 a 500 mil
casos de herpes, 100 mil casos de sífilis e 800 mil casos de gonorréia. Na ocasião,
conforme dados de Okada, Gonçalves e Giraldo (1999) e INCA (2004), os índices
de HPV eram suplantados apenas por infecção clamidiana (4 milhões) e
tricomoníase (3 milhões).
Portanto, em face da proporção alcançada por essa DST, fica evidente a
ausência ou a ineficácia de programas educativos para a prevenção de doenças
sexualmente transmitidas, entre as quais se inclui o HPV. Um dos maiores entraves
ao controle das DST é talvez a dificuldade em se influenciar definitivamente a
mudança de hábitos, de comportamento e de atitude sexual da população, jovem ou
adulta, por meio de campanhas institucionais.
Como enfatizam Villa (1997), Gross e Barrasso (1999) e Jacyntho, Almeida
Filho, Maldonado (1994), fatores que aumentam o risco de transmissão do HPV numa
relação heterossexual são: imunodeficiência avançada, relação anal receptiva, alta
virulência, presença de microabrasões na genitália. Ademais, há poucos casos
descritos de transmissão intradomiciliar nos quais não tenha havido contato sexual
anteriormente nem exposição ao vírus pelas vias classicamente descritas.
A presença de ectopia cervical uterina, ou seja, a extensão do epitélio
cilíndrico colunar para o exterior do orifício externo do útero, tem motivado
discussões sobre a possibilidade de funcionar como porta de entrada para o HPV e
outras DST. Isto parece possível, e talvez aumente com o uso de estrógenos por via
oral, podendo ocorrer normalmente na adolescência. Diante desta realidade, não é
23
aconselhável que as relações sexuais sejam iniciadas precocemente, quando o
desenvolvimento da cérvix uterina não esteja ainda completo (GROSS; BARRASSO,
1999; JACYNTHO; ALMEIDA FILHO, MALDONADO, 1994).
A manifestação das infecções clínicas pelo HPV mais comuns na região
genital são as verrugas genitais ou condilomas acuminados. Já as lesões subclínicas
não apresentam qualquer sintomatologia, mas podem progredir para o câncer do
colo do útero se não forem diagnosticadas e tratadas precocemente (INCA, 2005;
GROSS; BARRASSO, 1999; JACYNTHO; ALMEIDA FILHO, MALDONADO, 1994;
HYPPÓLITO, 2002).
Os tipos de HPV mais rotineiramente associados às verrugas genitais, na
maioria das vezes, não são os mesmos encontrados nos tumores malignos. Daí
esses vírus serem classificados como de baixo e de alto risco oncogênico. Os HPV
de tipo 6 e 11, que podem estar presentes em grande parte dos condilomas genitais
e nos papilomas laríngeos, parecem não oferecer malignização, apesar de também
serem encontrados, em pequena proporção, em tumores malignos.
Para aquisição de DST, em geral, e também para o câncer do colo
uterino, o número de parceiros sexuais é considerado fator de risco. Existe maior
incidência de carcinoma de pênis nos parceiros fixos de pacientes com carcinoma
cervical, relacionando diretamente a mortalidade por carcinoma cervical com a
condição social e práticas sexuais dos parceiros (JACYNTHO; ALMEIDA FILHO,
MALDONADO, 1994).
Há inúmeras publicações meramente informativas destinadas à educação
sexual. É preciso, porém, diferenciar a informação da formação. Ambas podem
convergir para o mesmo objetivo, mas também podem divergir (NÉRICI, 1988).
A associação de verrugas genitais com outras doenças sexualmente
transmissíveis é freqüente. Mas enquanto as verrugas genitais podem ser
encontradas pela própria mulher, ou pelo profissional de saúde durante o exame
ginecológico, o diagnóstico das lesões subclínicas, precursoras do câncer do colo do
útero, produzidas pelo HPV, só podem ser detectadas por exame especiais. A
confirmação do diagnóstico pode ser feita por exames laboratoriais de diagnóstico
molecular, como o teste de captura híbrida e o teste de PCR (INCA, 2005).
24
Constatou-se a maior freqüência de verrugas genitais em ambos os sexos entre os
20 e 24 anos de idade. Conforme demonstrado por estudo morfológico, as
alterações celulares encontradas nos condilomas são muito semelhantes àquelas
encontradas em displasias epiteliais (MEISELS; FORTIN, 1976).
A genitália feminina pode ser infectada por mais de duas dezenas de tipos
distintos de HPV. Alguns são considerados de baixo risco, por não estarem
diretamente associados a lesões malignas; outros são de alto risco, e
comprovadamente estão relacionados com a oncogênese genital. Syrjämen (1989) e
Zur (2000) descreveram determinados tipos como variedades infectantes do trato
genital. São eles: 6, 11, 16, 18, 30, 31, 33, 34, 35, 39, 40, 42, 43, 44, 45, 50, 51, 52,
53, 54, 55, 56, 67, 58 e 59.
Entre os tipos do HPV, aparentemente apenas alguns (16, 18, 31, 35, 39,
45, 51, 52, 56, 58 e 61) estarão envolvidos com as lesões cervicais de alto risco e o
câncer propriamente dito (GONÇALVES et al., 1999; INCA, 2005; ZUR, 2000).
A atual incidência das infecções por HPV em mulheres parece ser
bastante alta, embora a melhoria nos meios diagnósticos tenha possibilitado a
detecção de lesões precoces e subclínicas (GROSS; BARRASSO, 1999;
JACYNTHO; ALMEIDA FILHO, MALDONADO, 1994).
Apesar de estudos epidemiológicos demonstrarem que cerca de 25%
das mulheres brasileiras estão infectadas pelo HPV, é provável que somente uma
pequena fração dessas mulheres infectadas, com um tipo de papilomavírus
oncogênico, eventualmente desenvolverá câncer do colo do útero (segundo se
estima, esse número é inferior a 3%) (INCA, 2005). No entanto, não é possível
identificar precocemente quais dessas mulheres terão lesões que evoluirão para o
câncer invasor. A maior parte destes diagnósticos dá-se entre os 25 e 29 anos,
enquanto os diagnósticos de câncer cervical são mais freqüentes entre 35 e 59
anos (SCHIFFMAN, 1992; VILLA, 1997). De acordo com Jacyntho, Almeida Filho e
Maldonado, (1994), a incidência vem aumentando no mundo ocidental, e a
infecção condilomatosa do colo uterino é a causa mais freqüente de alterações
citológicas detectadas no exame preventivo.
25
A prevenção primária do câncer do colo do útero pode ser realizada
mediante uso de preservativos durante a relação sexual, pois a prática de sexo
seguro seria uma das formas de evitar a infecção pelo HPV. Não existe, porém,
consenso entre os diversos autores que tratam do tema (INCA, 2005). O uso da
camisinha parece reduzir a possibilidade de contaminação pelo HPV na relação
sexual. Por isso, este é recomendado, mesmo em relações sexuais entre casais
estáveis (INCA, 2005).
No referente aos preservativos, conforme Oliveira e Segurado (1996),
diversos fatores podem influenciar na sua eficácia e segurança. Conforme afirmam
Groos e Von Krog (1997, p. 89), “não existem dados que abordem conclusivamente
a questão de se o condom consiste em uma barreira eficaz para a transmissão do
HPV”. Pelas dificuldades inerentes ao preconceito e às características culturais
relacionadas ao uso do preservativo, recomenda-se avaliar possíveis resistências
quanto à negociação do uso do preservativo e sua superação.
A principal estratégia utilizada para detecção precoce da doença
(prevenção secundária), no Brasil, é a realização da citologia de Papanicolaou
(conhecido popularmente como preventivo do câncer do colo do útero). O exame
pode ser feito nos postos ou unidades de saúde que tenham profissionais da saúde
devidamente capacitados para isto (INCA, 2005; HYPPÓLITO, 2002).
Tanto no homem como nas mulheres as verrugas não se distribuem
uniformemente na genitália. Em pesquisa de Oriel (1993), as partes mais acometidas
na mulher foram a fúrcula (73%), os pequenos lábios e clitóris (32%) e os grandes
lábios (31%), enquanto a parte menos acometida foi a cérvix (6%). Esta incidência
decresceu para 2%, quando analisadas apenas verrugas de até um mês de duração.
No Reino Unido, a incidência de condilomas localizados na vulva tem crescido em
aproximadamente 10% ao ano (JENKI; RILEY, 1980).
As lesões, mesmo que inicialmente restritas a uma única região, podem
ser facilmente disseminadas para áreas circunvizinhas por meio da auto-inoculação,
carreadas pelas secreções e pelo atrito entre as partes sadias e as infectadas.
Quanto maior o tempo de duração das lesões, maior a disseminação latente e a
ocorrência de recidivas. Como afirmam Gross e Barrasso (1999) e Jacyntho,
26
Almeida Filho, Maldonado, (1994) as alterações no pH normal das mucosas e da
pele parecem poder propiciar a multiplicação virótica.
Nessas mulheres, o comprometimento anal também é freqüente, mesmo
quando não são relatadas relações anais. Provavelmente tal acometimento é
ocasionado por auto-inoculação, e é secundário a lesões preexistentes na vulva ou
períneo, raramente tendo sido observado em nosso serviço de maneira isolada, sem
presença de outras lesões clínicas ou subclínicas.
Apesar de diversos autores ressaltarem a regressão espontânea das
lesões condilomatosas da vulva, a comprovação desse fato torna-se difícil, por ser
óbvia a necessidade de tratamento, quando detectadas as lesões. A freqüência da
regressão espontânea não está clara, e as altas taxas encontradas na literatura são
extrapolações de estudos em que biópsias repetidas podem ter erradicado parte das
lesões (GROSS; BARRASSO, 1999).
Segundo admitiram Jenson et al. (1987), a regressão causada por HPV,
de forma espontânea ou após tratamento, parece depender da imunidade tipo-
específico contra o vírus, adquirida naturalmente mediante estimulação iatrogênica.
Provavelmente anticorpos circulantes têm alguma função contra a re-infecção. A
deficiência da resposta imunológica pode ser um fator da persistência e evolução
dos condilomas para neoplasias. Em corroboração a esses autores, Jacyntho,
Almeida Filho e Maldonado (1994, p. 91) esclarecem que alguns tumores, induzidos
pelos HPV regridem espontaneamente, enquanto outros persistem ou até sofrem
transformação maligna. O mesmo tipo de HPV pode determinar lesões benignas ou
malignas, dependendo das condições imunológicas do hospedeiro.
A progressão de tumores a partir da infecção por HPV parece
estar condicionada a fatores relacionados tanto ao subtipo do vírus como ao
hospedeiro, especialmente a imunossupressão, o tabagismo, o uso de
contraceptivos orais e a multiparidade (INCA, 2005; VILLA, 1997).
Conforme demonstrado por estudo publicado em 2000, a susceptibilidade
ao desenvolvimento neoplásico no colo uterino, em pelo menos 27% dos casos,
pode ser explicada por herança genética (MAGNUSSON; LICHTENSTEIN;
GYLLEWSTEIN, 2000).
27
Em um estudo de 153 casos, Artman et al. (1987) relataram a incidência
crescente da forma mais agressiva do carcinoma cervical. Estudo do Instituto de
Mahatma Gandhi de ciências médicas, na Índia, apontam a incidência do câncer do
colo uterino em 3,4% de todas as admissões ginecológicas nas quais 9,5% das
pacientes com a doença em seu estágio invasivo tinham menos de 35 anos de idade.
Segundo dados revelados pelo INCA (2004), nos países em
desenvolvimento, os casos de câncer são encontrados em estadios relativamente
avançados e, conseqüentemente, a sobrevida média é de cerca de 49% após cinco
anos. A média mundial estimada é também de 49%. Em países desenvolvidos, a
sobrevida média estimada em cinco anos varia de 59 a 69%.
No Brasil, conforme se estima, o câncer do colo do útero é a terceira
neoplasia maligna mais comum entre as mulheres, superado apenas pelo câncer de
pele (não-melanoma) e pelo câncer de mama. Representa, ainda, a quarta causa de
morte por câncer em mulheres. De acordo com dados absolutos sobre a incidência e
mortalidade por câncer, o câncer do colo do útero foi responsável pela morte de
3.726 mulheres no Brasil em 2001 (INCA, 2001). Para o ano de 2003, as estimativas
da incidência e mortalidade por esse tipo de câncer apontavam a ocorrência de
16.480 novos casos e 4.110 óbitos (INCA, 2005).
A taxa bruta de incidência por 100 mil, para o câncer do colo do útero,
para o Brasil em 2005, é de 20.690, com o risco estimado de 22 casos a cada 100
mil mulheres (INCA, 2004). Também para 2005, as taxas brutas de incidência por
100 mil e de número de casos novos por câncer do colo do útero, em mulheres,
segundo localização primária, são as seguintes: Nordeste 4.700 novos casos, com
taxa bruta de 18,90%. Para as capitais nordestinas são esperados 1.650 novos
casos, com taxa bruta de 28,54 %. No tocante ao Estado do Ceará o risco
estimado é de 18,7 casos para cada 100 mil mulheres. Na região Nordeste este
tipo de câncer é o segundo tumor mais incidente. Para a cidade de Fortaleza a
expectativa é de 260 novos casos, com taxa bruta de 20,64% (INCA, 2005).
28
2.2 O processo fotográfico e a cervicografia digital
O processo fotográfico e a própria fotografia são produtos do trabalho de
pesquisa de muitos homens, por vários séculos. Como resultado de inúmeras
observações e inventos em momentos distintos, surgiu a fotografia. Para o
desenvolvimento desta, a primeira invenção importante foi a câmara escura.
Segundo alguns historiadores, o conhecimento do seu princípio óptico é atribuído ao
chinês Mo Tzu, no século V a.C.; de acordo com outros, o filósofo grego Aristóteles
(384-322 a.C.) foi o responsável pelos primeiros comentários esquemáticos da
câmera obscura. No século XIV já se aconselhava o uso da câmara escura como
auxílio ao desenho e à pintura. Conforme mencionado por Newhall (2002), Leonardo
da Vinci (1452-1519) fez uma descrição da câmara escura em seu livro de notas
sobre os espelhos, publicado após 1797.
A Eastman, em 1888, já produzia uma câmera, a Kodak nº 1, quando
introduziu a base maleável de nitrato de celulose em rolo. Colocava-se o rolo na
máquina e a cada foto ia se enrolando em outro carretel. Terminado o filme,
mandava-se para a fábrica em Rochester, onde era cortado em tiras, revelado e
copiado por contato. O slogan da Eastman, "Você aperta o botão e nós fazemos o
resto", correu o mundo, e propiciou oportunidade para a fotografia estar ao alcance
de milhões de pessoas (NEWHALL, 2002).
O processo fotográfico atual pouco difere daquele do começo do século, e
a imagem digital é um subproduto da guerra fria e da exploração espacial, pois os
cientistas tiveram de desenvolver uma forma de enviar imagens captadas em locais
distantes para os centros de pesquisa na terra. As primeiras câmeras digitais, no
padrão profissional, chegaram ao mercado no início dos anos 90 e algum tempo
depois se tornaram acessíveis aos amadores. O conceito de imagem digital é
reformulado constantemente, pois novos termos, novos procedimentos e novos
processos surgem a cada desdobramento da tecnologia, junto com novos
equipamentos que devem ser dominados, softwares que devem ser aprendidos e
linguagens a serem conhecidas e desenvolvidas.
O termo imagem digital refere-se ao processo específico de transformar
imagens em dados digitais. A imagem digital torna-se mais fácil de ser entendida ao
29
se desdobrar o processo em seus componentes básicos, ou seja: captação (que
representa tirar uma foto e colocá-la dentro de um computador), manipulação (isto é,
o tratamento e modificação da imagem) e produto final (representando as várias
formas de saída para a imagem digitalizada).
A captação, no caso da cervicografia digital, é feita com o recurso de
câmeras digitais que possibilitam a obtenção direta de imagens na forma digital,
armazenando-as em cartões de memória, possibilitando a imediata transferência de
arquivos para os computadores. Algumas câmeras utilizam disquetes e compact disc
gravável. O compact disc é uma mídia de armazenamento somente para leitura que
permite uma única gravação de dados. Há versões de 3,5 polegadas de diâmetro,
com capacidade para 180 Mega bits (MB), ou 5 polegadas com capacidade de
armazenamento de imagens de 700 MB. Os cartões memória são o suporte de
armazenamento mais moderno utilizado pelas câmeras digitais
Em uma câmera tradicional, a imagem é gravada no filme. Em uma câmera
digital, o charge-coupled device (CCD) é o equivalente do filme. Ambos, filme e CCD,
registram imagens, mas a partir daí os processos são bem distintos. (MÁGNO, 2004;
HILLYARD, 2004). A eliminação do filme, a imediata visualização da foto, a rápida
decisão pelo seu aproveitamento e a transferência direta da foto para o computador
ou impressora constituem-se em grandes vantagens para a fotografia digital.
Formado por uma matriz de fotodiodos que se carregam eletricamente ao
receber o impacto da luz, o CCD é o sensor responsável pela captura das imagens.
Posteriormente, a intensidade da corrente elétrica é interpretada por um conversor
analógico/digital (A/D) e convertida em bits que descrevem os pixels da imagem.
Cada fotodiodo corresponde a um pixel. O CCD captura apenas a intensidade da
luz, gerando, portanto, imagens monocromáticas. Para serem as cores capturadas, a
luz é decomposta por filtros nas cores básicas, vermelho, verde e azul, e depois
composta digitalmente (SHEPPARD, 2004; MAY, 2000; LANGFORD, 1994).
2.2.1 As câmeras digitais
A escolha das câmeras digitais utilizadas na investigação restringiu-se aos
seguimentos amador e semiprofissional, porquanto a proposta de avaliação da CD
30
como teste de rastreio em nível primário pressupõe a utilização de equipamentos de
baixo custo e fácil operação. Embora similares em recursos, essas câmeras têm
diferenças de tamanho, peso, ergonomia, capacidade de armazenagem, resolução de
imagem e potência de zoom. Ademais, possuem recursos básicos indispensáveis,
como o modo de exposição automático, flash integrado, modo macro, zoom, mais de
uma opção para tamanho (pixels) de captura das imagens e painel LCD.
Assim, mediante uso de câmeras digitais diferentes, buscou-se testar e
conhecer as especificações e recursos mínimos para a realização da CD, e os
demais recursos e ou equipamentos necessários a sua realização dentro de padrões
aceitáveis, considerando-se se a qualidade dos cervicogramas é diretamente
relacional ao tamanho da imagem (em pixels). Para diversos autores, a fotografia
digital permite várias utilizações, como artísticas e científicas, e controle de todos os
processos (DALY, 2000; SHEPPARD, 2004; MÁGNO, 2004).
Foram testadas câmeras digitais de três diferentes fabricantes. A Sony-
Mavica FD-71, a Sony-Mavica FD-91e, a Sony-Mavica FD-95, a Nikon Colpix 3700 e
a Canon G-3 são do seguimento amador, enquanto as câmeras Canon G-5 e Canon
300D enquadram-se na categoria semiprofissional. A Canon 300D tem obturador
programado para 50 mil disparos (BOCK, 2004).
Os equipamentos foram sendo adquiridos durante o decorrer da
investigação e representam, no mínimo, a média dos recursos tecnológicos
disponibilizados pelo mercado de câmeras digitais amadoras no momento de suas
aquisições. As principais características e especificações técnicas dos equipamentos
encontram-se relacionadas no Quadro 1.
31
Quadro 1 Recursos básicos das câmeras utilizadas na investigação no município de
Fortaleza – Ceará – Brasil - 2005
CARACTE
-
RÍSTICAS
SONY
FD 71
SONY
FD 91
SONY
FD 95
NIKON
COLPIX
3700
CANON
G-3
CANON
G -5
CANON
300D
Aquisição 2001 2002 2002 2002 2003 2003 2004
Tamanho
da imagem
1MP 1.1 MP 2.1 MP 3.2 MP 3,9 MP 5.0 MP 6,3 MP
Memória Disquete Disquete Disquete SD
Compact
Flash tipo Ie
II
Compact
Flash tipo I e
II
Compact
Flash tipo I e
II
Objetiva
F=4.2-
42mm
F=5.2-72.8
mm
F=6- 60mm
F=5.4-
16.2mm
Canon 7,2
– 28,8mm
f/2.0 – 3.0
Zoom 7.2 –
28,8 mm f/2
– 3
Canon EF-
S 18-55mm
Gravação
de imagem
JPEG JPEG JPEG JPEG Raw, JPEG Raw, JPEG
Raw,
JPEG, TIF
Zoom
Óptico
10 vezes
Óptico
14 vezes
Digital
20 vezes
Óptico
3 vezes
Óptico
3,6 vezes
Óptico
4 x Digital 4
Troca de
objetivas
White
balance
Automático Automático Automático
Automático,
Personalizado
Automático,
Personalizado
Automático,
Personalizado
Automático,
Personalizado
Autofoco SIM SIM SIM SIM SIM - TTL SIM TTL SIM TTL
Modos de
exposição
Automático Automático Automático
Automático,
Personalizad
o
Automático,
Personalizado
Automático,
Personalizado
Automático,
Personalizado
Flash Embutido Embutido Embutido Embutido
Embutido e
contato
hot-shoe
Embutido e
contato
hot-shoe
Embutido e
contato
hot-shoe
White
balance
6 modos 6 modos 8 modos 8 modos 8 modos 10 modos 10 modos
Fontes: Manual Canon G-3, Manual Canon G-5, Manual Canon 300 D, Manual Nikon Colpix 3700, Manual da
Sony-Mavica FD-75, Manual da Sony-Mavica FD-91, Manual da Sony-Mavica FD-92.
As três câmeras digitais da fabricante Sony utilizam como mídia de
armazenagem disco flexível de 3,5 polegadas, com capacidade para 1,44 MB. A
Nikon Colpix 3700 utiliza cartão memória Secure-Digital (SD) e as câmeras Canon
utilizam cartão Compact - Flash. A capacidade dos cartões deve ser adequada à
resolução e à quantidade de imagens prevista para cada sessão de trabalho. Quanto
maior a resolução melhor, será a qualidade da foto; entretanto mais memória é
necessária (FITTIPALDI, 2003; MÁGNO, 2004).
Foram utilizados cartões com capacidade de 256 MB para as câmeras
Canon G-3, Canon G-5, Canon 300D e Nikon Colpix 3700. A Canon - G5 dispõe de
filtro de densidade neutra e disparador de tempo programável de 1 a 60 minutos,
uma função usada, principalmente, em aplicações científicas (BOCK, 2003).
32
Os equipamentos de uso semiprofissional e profissional permitem obter,
para a maioria das aplicações, fotografias com resultados superiores às câmeras
amadoras. No entanto, apresentam tamanho, peso e preço superior às câmeras
digitais compactas, o que se torna um inconveniente. Ademais, resoluções de 1 MP
demonstraram ser suficientes para os objetivos propostos pela CD, quando utilizada
para triagem do câncer do colo uterino e suas lesões precursoras em nível primário.
Nos Estados Unidos da América, é comercializada uma câmera
fotográfica convencional (com utilização de película fotográfica) (FIGURA 1), em
formato 35 mm com macrolente e flash circular acoplados, que foi desenvolvida para
realização da cervicografia. No entanto, essa câmera tem o custo estimado, naquele
país, de U$ 3,500 e cada exame tem o custo médio de U$ 25,00. A câmera
americana é a Cerviscope® e seus utilizadores relatam a necessidade de
reavaliação de aproximadamente 10% dos cervicogramas remetidos para revelação
e análise, via correios, no National Testing Laboratories (NTL). Estima-se em
aproximadamente quinze dias a obtenção do resultado do teste (NTL, 2005).
Figura 1 Cerviscope®, equipamento americano que utiliza película de 35 mm e tem custo
estimado em U$3,500, usado em nível secundário de assistência à saúde
Imagem disponível em: http://www.cerviscope.com/
Outros países, como por exemplo a Coréia, têm usado a cervicografia
em equipamento digital especial (CervicographySM ®) (FIGURA 2) em
aproximadamente 800 mil testes por ano, como um método de detecção muito
33
eficaz do câncer cervical e de suas lesões precursoras. Esse equipamento,
porém, tem valor muito elevado, e é utilizado em nível de atenção secundária.
Figura 2 CervicographySM ®, usado na Coréia, utilizado em nível secundário de assistência
à saúde
Imagem disponível em: http://www.cervicography.net.%20www.ntlasia.co.kr/
Quanto ao preço, as câmeras do seguimento amador, com os recursos e
qualidade óptica recomendados para a CD, custam em média U$ 600.00, as reflex
digitais de uso semiprofissional entre U$ 1,000.00 e U$ 2,000.00 e as de uso
profissional, com formato 35 mm, têm custo superior a U$ 2.000.00, ou seja, seu uso
é mais dispendioso quando o objetivo é um teste de alta sensibilidade, mas com
baixo custo. Mesmo assim, em alguns casos, a grande durabilidade e a resistência
às intempéries podem justificar a aquisição de uma câmera semiprofissional ou
profissional com formato 35 mm. As principais características dessas câmeras são a
visão reflex, a possibilidade de intercambiar objetivas, autofoco ultra-rápido, pré-
visualização da profundidade de campo, alta capacidade de resolução e a
possibilidade de controle manual e personalizado de praticamente todas as funções
(MÁGNO, 2004; BOUILLOT, 2004).
Com vistas a evitar/minimizar os efeitos da trepidação e tremor sobre a
imagem, e reduzir, para o cervicografista, o risco de lesões por esforço repetido
(LER), foi utilizado, na investigação, monopé telescópico de três sessões e um
34
suporte para câmera, desenvolvido pelo pesquisador, com duas fontes luminosas
implantadas em cabeças articuláveis, com acionamento das luzes por interruptor
de pé (FIGURA 3). Esses equipamentos acessórios ajudam a fixação das
câmeras durante o registro fotográfico e são considerados imprescindíveis para
fotografias de precisão, por reduzir substancialmente o número de fotos
“tremidas”, embora imponham algum limite à movimentação e posicionamento da
câmera (BURIAN, 2002; LANGFORD, 1994; MÁGNO, 2004).
Figura 3 Suporte para câmera com duas fontes de luz articuláveis, desenvolvido pelo
pesquisador: vistas lateral e frontal
Crédito das imagens: Eugênio Franco
2.2.2 Flash
Além do flash incorporado para as câmeras Canon, utilizou-se, quando
necessário, o flash Macro Ring Lite MR-14EX (FIGURA 4). As demais câmeras não
possibilitam a utilização de flashes externos.
35
Figura 4 Flash circular referência Macro Ring Lite MR-14EX: vistas lateral e montado em
câmera digital Canon G-5
Crédito das imagens: Eugênio Franco
2.2.3 Filtros
Nas objetivas que possibilitaram a adição de filtros, usou-se o filtro Ultra
Violeta (UV) para proteger a objetiva do contato com substâncias químicas e
biológicas passíveis de danificar o seu mecanismo (LANGFORD, 1994).
Os filtros fotográficos têm a finalidade de alterar as características da luz
que vai impressionar o sensor digital ou determinada película fotográfica, pois
transmitem seletivamente a luz. Desse modo, a respectiva intensidade será afetada,
e é necessário compensar essa perda de luminosidade (HILYARD, 2004;
LANGFORD, 1994; PIAZZI, 1992).
Os vários tipos de filtros disponíveis comercialmente permitem polarizar a
luz, absorver parte do seu espectro ou apenas reduzir a intensidade luminosa. A
matéria-prima mais utilizada na fabricação dos filtros é o vidro, mas é possível
encontrá-los, também, em outros materiais de elevada transparência, como o
acrílico, o plástico e o cristal (TRIGO, 1998).
Para as câmeras que possibilitam a permutação de objetivas e ou a utilização
de lentes adicionais, acrescer lentes close-up +1 a +3 constitui excelente opção para
fotografar pequenos detalhes. A lente de close-up funciona como uma lupa que,
36
rosqueada à frente da objetiva, reduz a distância mínima de foco e amplia a imagem. A
focagem é feita aproximando-se ou afastando-se a câmara do assunto (PIAZZI, 2002).
Para a iluminação da cavidade vaginal, usa-se fonte de luz contínua,
focos clínicos de luz fria ou de lâmpada incandescente (filamento de tungstênio) com
potência de 100 a 150 watts, adotados na rotina da unidade de saúde.
2.2.4 A iluminação e fontes de luz
Na realização da CD é necessário iluminar adequadamente o colo uterino
e o interior da vagina com o clarão de um flash e com luz contínua, ou seja, uma
fonte luminosa que emita luz de maneira constante. A luz é uma forma de energia
eletromagnética irradiada em linhas retas mediante movimentos ondulares a partir
de uma fonte (HILLYARD, 2004; TRIGO, 1998; FONTCUBERTA, 1994;
CRAWFORD, 2002; CLEMENTS, 2002).
Com vistas a iluminar devidamente o colo uterino é essencial, em todas
as condições, a utilização do flash eletrônico. O flash tem a mesma temperatura de
cor da luz do dia (HILLYARD, 2004), além de ser um elemento valioso para
equilibrar a iluminação (HEDGECOE, 1980; CLEMENTS, 2002; BURIAN, 2001;
FERNANDES, 2003).
A melhor forma de iluminar pequenos temas a curta distância é usar flashes
eletrônicos específicos tipo circular, que se encaixam na frente da objetiva. O ring-flash
com número guia 12 a 24, proporciona iluminação com pouca ou nenhuma formação de
sombras, permite a utilização de diafragmas bem fechados e maior aproximação do
assunto. O flash chega a ser a única fonte de iluminação em macrofotografia capaz, ao
mesmo tempo, de paralisar movimentos, ampliar a extensão do foco e revelar detalhes
anatômicos milimétricos (AZZI, 2002; CORRÊA, 2004).
As fontes de luzes contínuas para exame clínico e ou ginecológico,
também chamadas de foco auxiliar, utilizam os mais variados tipos de lâmpadas.
Como ressaltam Trigo (1998) e Langford (1994), as lâmpadas incandescentes ou
similares, popularmente conhecidas como lâmpadas de tungstênio, podem ser
usadas, mas apresentam o inconveniente de produzir luz relativa a apenas 10% da
37
energia consumida. Os outros 90% são emitidos sob a forma de calor (DOMINE,
2003) e oferecem riscos de queimaduras e dano ao equipamento fotográfico. Essas
lâmpadas produzem iluminação difusa e propiciam o surgimento de muitas áreas de
sombras, além do inconveniente de terem uma cor dominante quente. Esta, se não
for corrigida, produz, quase inevitavelmente, “forte amarelamento” da imagem,
especialmente quando não se usa adequadamente o filtro digital (white-balance)
para correção de exposição de luz (FIGURA 5).
Figura 5 Amarelamento da imagem em virtude da utilização de fonte de luz contínua de tungstênio
Crédito da imagem: Eugênio Franco
No entanto, a utilização do foco auxiliar, mesmo com as limitações já
mencionadas, é de extrema importância, e permite se dispor uma zona iluminada na
superfície do colo uterino, o que favorece a focagem e o enquadramento, seja no
modo autofoco ou no manual. Algumas vezes, devido a variações anatômicas da
vagina e da inserção do colo, a iluminação e visualização adequada do colo uterino
podem tornar-se difíceis.
O uso do foco de luz contínua requer habilidade e experiência do
cervicografista, pois, geralmente, se tende a posicioná-lo entre a paciente e a
câmera fotográfica, dificultando o enquadramento, especialmente quando se utiliza o
mecanismo automático de focalização da objetiva, o autofoco.
A fonte de luz contínua deverá ter uma potência mínima de 100-150 watts
a fim de se obter iluminação pontual, ou difusa adequada (FRANCO et al., 2001).
38
Além da potência e da temperatura de cor, a fonte de luz deverá ter “cabeça
articulada”. Isto permite o direcionamento e a projeção da luz sob vários ângulos,
para possibilitar a opção pela melhor forma de iluminar a área a ser fotografada. A
“cabeça articulada” deve ser segura o suficiente com vistas a evitar, durante a
manipulação, contato direto capaz de provocar queimaduras no operador ou na
cliente, pois a potência luminosa também é convertida em calor.
Uma lâmpada de 100 watts tem a temperatura de cor de
aproximadamente 2.600 Kelvin (K). Com os focos específicos para fotografia
profissional obtém-se temperatura de cor entre 3.200 K e 3.400 K. Já as fontes
consideradas ideais, como a luz natural e o flash eletrônico, têm temperatura de cor
similar a 5.500 K (FERNANDES, 2004; LANGFORD, 1994; TRIGO, 1998).
As lâmpadas fluorescentes são comercializadas em dezenas de modelos
e características distintas. Elas, porém, emitem luz de cor verde, o que exige
correção por meio do equilíbrio de branco da câmera, nem sempre disponível nos
modelos mais simples de câmeras digitais, ou pela utilização de um filtro de cor
magenta diretamente sobre as lâmpadas. Existem lâmpadas fluorescentes que têm
filtro incorporado e emitem luz sem dominante de cor, mas apresentam diversos
inconvenientes, como emissão muito difusa da luz e preço bastante elevado.
Além da qualidade e adequação da “fonte luminosa”, é necessário que a
direção da luz seja tomada como uma das principais características da luz que se
projeta sobre o assunto (FERNANDES, 2004; MÁGNO, 2004).
A dureza e o contraste da luz são determinados especialmente pelo modo
pontual ou difuso da iluminação. Se a fonte é pontual, originada de um único ponto
luminoso, e o fluxo de luz possui alta porcentagem de seus fótons percorrendo e
incidindo sobre o assunto em uma única direção, produz e projeta sombras muito
definidas (luz dura) (TRIGO, 1998; MÁGNO, 2004). Se a fonte luminosa não é
pontual (ou seja, existem duas ou mais fontes), as sombras tendem a ser difusas
(luz suave), ou mesmo inexistentes, nos casos nos quais a abertura do espéculo
vaginal é ampla e o colo uterino apresenta-se, durante o exame, relativamente
próximo ao intróito vaginal (FRANCO, 2003).
39
2.2.5 Exposição
A exposição tem papel fundamental na fotografia e é determinada pelo
fator geométrico, associado à abertura, e o fator temporal, que depende do
obturador (TRIGO, 1998; DOMINE, 2003). Segundo esses autores, a exposição
correta permite que o sensor digital receba uma quantidade de luz adequada à
representação das variações de iluminâncias de determinada cena, dentro de
seus limites da latitude. Do ponto de vista matemático, a exposição pode ser
entendida como o produto: Exposição = Intensidade da Luz X Tempo. A luz é
uma forma de energia eletromagnética irradiada em linhas retas por meio de
movimentos ondulares a partir de uma fonte (HILLYARD, 2004; LANGFORD,
1994; MÁGNO, 2004).
Define-se, ainda, exposição como a quantidade de luz que chega ao
sensor digital que registra de forma adequada a imagem e produz resultados com
cores e contrastes corretos, onde a combinação de luz e tempo é determinada pela
sensibilidade desse mesmo sensor (RAMALHO, 2003). Para definir a sensibilidade à
luz, a escala atualmente utilizada é a ISO (International Standards Organization)
(DOMINE, 2003; LANGFORD, 1994; MÁGNO, 2004). Para cada sensibilidade, a ISO
atribui um valor numérico. O valor 100 é considerado padrão, e as demais
sensibilidades, sejam elas inferiores ou superiores numericamente, são
determinadas tomando-se por base esse valor (BOUILLOT, 2003; TRIGO, 1998;
MÁGNO, 2004; DALY, 2000).
Todas as câmeras digitais possuem um dispositivo denominado
exposímetro (habitualmente conhecido como fotômetro), pequeno componente de
silício cuja função é medir de forma precisa a luz que incide na cena e calcular a
exposição requerida pelo sensor para produzir um resultado correto, levando em
conta sua sensibilidade, a luz refletida pela cena e a velocidade de disparo do
diafragma da objetiva. O exposímetro mede a quantidade de luz recebida para
calcular o número f e a velocidade necessária à correta exposição. Nessa momento
é preciso considerar a sensibilidade ISO do sensor, e o exposímetro é projetado
para produzir sempre o mesmo resultado, qual seja: o tom cinza médio, o qual
reflete exatamente 18% da luz recebida e que é obtido da mistura das cores entre o
40
branco e o preto puro, independente da condição de luminosidade (BOCK, 2004;
HEDGECOE, 1980; DOMINE, 2003; BOCK, 2001).
A medição da luz refletida passa por diversos processos. No primeiro, a
luz que ilumina a cena é refletida por ela e chega ao sensor da câmera através da
objetiva. O exposímetro leva em conta a sensibilidade à luz do sensor e calcula os
possíveis ajustes no diafragma (número f) e no obturador (velocidade) para a
exposição correta da imagem (RAMALHO, 2003; LANGFORD, 1991).
Analogicamente aos filmes fotográficos convencionais, a sensibilidade à
luz do sensor das câmeras digitais recebe uma classificação internacional
denominada ISO, regulada pela International Standards Organization (ISO), da qual
o Brasil faz parte por meio da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).
A ISO padrão determina a sensibilidade à luz do sensor da câmera digital
(BOUILLOT, 2003; MÁGNO, 2004).
Em boa parte das câmeras digitais modernas é possível multiplicar por
dois, sucessivas vezes, a sensibilidade ISO, regulada de acordo com as condições
de luminosidade disponível. Esse sistema de regulagem permite utilizar velocidades
mais altas e diafragmas mais fechados, ou fotografar em condições de pouca luz
(MÁGNO, 2004; DALY, 2000). Existe visível diferença entre as câmeras no referente
à medição de luz. Nas reflex é por meio da objetiva, e recebe a denominação de
TTL, do inglês, Through the Lens, isto é, através da objetiva (TRIGO, 1998;
FITTIPALDI, 2003).
A maioria das câmeras digitais amadoras produzidas e comercializadas
atualmente dispõem, no mínimo, de sensibilidade ISO de 50 a 800. As
sensibilidades inferiores a ISO 100 são consideradas baixas, enquanto as superiores
a 200 são consideradas altas (MÁGNO, 2004; TRIGO, 1998). Os valores
correspondentes a sensibilidades menores requerem maior exposição e cada valor é
numericamente correspondente ao dobro do anterior. Esse sistema de regulagem
permite utilizar velocidades mais altas e diafragmas mais fechados, ou fotografar em
condições de pouca luz (TRIGO, 1998; LANGFORD, 1991).
As fotografias mais escuras são o resultado de exposições inadequadas,
onde o sensor digital recebe uma quantidade de luz insuficiente. As fotografias muito
41
claras são conseqüência de excessiva quantidade de luz. Para regulá-la, existe o
fotômetro embutido da câmera, cuja função é medir de forma precisa a luz que
incide na cena a ser registrada (BOCK, 2004; TRIGO, 1998; LANGFORD, 1991).
Na fotografia, os tons mais claros, são denominados de “luzes”. Esse
termo, porém, não tem relação com as fontes luminosas que possam estar sendo
utilizadas para emitir luz sobre o motivo. Mencionados tons claros ou luzes são mais
próximos do branco. Essas “luzes” formam duas categorias distintas: luzes de
textura e luzes sem textura. Quando incide grande quantidade de luz na sobre-
exposição, é impossível a visualização dos detalhes e a percepção da cor
(HEDGECOE, 1980; TRIGO, 1998; CLEMENTS, 2002).
Existem várias formas de medir a intensidade luminosa em fotografia.
Uma delas é a fotometria matricial, que calcula tanto a exposição de acordo com os
diferentes brilhos da cena, como a tonalidade, cor, distância, posição e tamanho dos
objetos, além do ponto de foco, sua luminosidade e presença na cena e também a
direção da iluminação. Outra é a medição ponderada ao centro, destacada pela
efetividade e simplicidade. É tão precisa como a matricial nos motivos, com ampla
variação de luminosidade.
2.2.6 A profundidade de campo e perspectiva
A profundidade de campo é a distância sobre o eixo óptico entre o ponto
mais próximo da câmera e o mais afastado que se apresentam focados. Uma das
vantagens da maioria das câmeras digitais é ter uma distância focal curta, o que
permite aproximar-se muito do objeto a ser fotografado. Outro recurso de grande
utilidade, disponível nas câmeras digitais, é o modo de macrofotografia (TRIGO,
1998; LANGFORD, 1991). A profundidade de campo muito reduzida é algo típico em
macrofotografia. Depende da objetiva e determina as áreas à frente (mais próximas
da câmera) e atrás (mais afastadas) do ponto de foco que aparece nítido no
cervicograma (AZZI, 2002).
Tal profundidade é determinada pela abertura do diafragma da objetiva
(quanto menor, maior a profundidade de campo) e pela distância focal da lente
(quanto menor, mais profundidade de campo), o que pode ser regulado no modo
42
manual de operação. Quando a “abertura do diafragma” (situado no interior da
objetiva) está fechada, a gama de focagem é ampla (profundidade de campo densa
para o objeto). A imagem deve mostrar nitidamente tanto a superfície do colo uterino
como o fundo de saco que estiverem sob claridade similar. De acordo com a
abertura maior ou menor, o diafragma controla a quantidade de luz que alcança o
sensor de imagem. A abertura pode ser automática, controlada pela câmera, ou
ajustada pelo cervicografista ao utilizar a modalidade manual ou de prioridade de
abertura (LANGFORD, 1991; MÁGNO, 2004).
Como a profundidade de campo é extremamente pequena em
macrofotografia, e por não ser possível a iluminação em plano posterior ao colo
uterino, para cada motivo exige-se um cervicograma específico capaz de representar
com objetividade, no plano fotográfico, a imagem observada pelo cervicografista.
Diante disto, para registrar fielmente os aspectos macroscópicos de uma lesão que
se estende por planos focais diferentes, são necessários vários cervicogramas
(FRANCO et al., 2004). Outras vezes, mesmo estando em um único plano focal, a
área a ser fotografada com a real riqueza de detalhes e texturas pode apresentar-se
pouco iluminada, em virtude da existência de sombras, ou simplesmente pode estar
fora de foco, pela existência de outro objeto em primeiro plano.
A perspectiva é conseqüência do registro de uma realidade tridimensional
sobre um plano que só possui duas dimensões. É a relação geométrica entre os
elementos de determinada imagem tanto no referente a seus tamanhos relativos
como à forma segundo a qual cada uma pertence. Entretanto, no plano fotográfico,
lesões de formas e tamanhos bastante similares, localizadas em distâncias
diferentes da câmera, aparecerão reproduzidas com tamanhos diferentes. O mais
próximo parecerá maior, mas em virtude do tamanho do colo uterino e da distância
focal utilizada pelas lentes macro, essas interferências na perspectiva são
desprezíveis. Não constitui, porém, objetivo primordial da cervicografia a descrição
do tamanho das lesões, e sim a descrição dos aspectos colorimétricos e
morfológicos apresentados (LANGFORD, 1991; MÁGNO, 2004; TRIGO, 1998).
Quando o registro das alterações verificadas é condicionado à realização de
um único cervicograma, as chances de obter-se uma imagem de excelente qualidade e
43
com todos os elementos observados se reduzem. Ademais, uma única captura digital,
em macrofotografia, raramente é suficiente para se registrar planos distintos.
Na investigação ora desenvolvida, para comparação entre a qualidade
das imagens, nas câmeras onde o modo de exposição personalizado permite a
regulagem com prioridade de abertura (A), prioridade de velocidade (S) e ou manual
(M), em alguns cervicogramas, a regulagem da profundidade de campo foi
controlada pelo modo prioridade de abertura, quando então a velocidade de
obturação da câmera é automaticamente ajustada. Busca-se, fazendo apenas um
cervicograma, mostrar, sempre que possível, a superfície do colo uterino e o fundo
de saco, os quais geralmente ficam sob luminosidade similar.
Outro aspecto fundamental a ser considerado é o da linguagem fotográfica
quando aplicada à saúde, pois ao se adentrar em novo mundo é indispensável rever
os conceitos de formação de imagens e a aplicação destes conceitos.
2.2.7 O processo fotográfico
O estudo e a definição da técnica fotográfica ora descrita, e utilizada na
investigação, precederam a aquisição das câmeras digitais e determinaram os
recursos e características necessárias aos equipamentos fotográficos usados.
Para utilização da cervicografia digital como primeiro método de triagem,
de forma complementar à citologia de Papanicolaou, é fundamental que, além dos
equipamentos, os enfermeiros a realizar os testes estejam treinados adequadamente
para uso dos equipamentos fotográficos e tenham experiência em coleta citológica e
inspeção visual com ácido acético (IVA).
Os ajustes iniciais feitos na câmera digital devem ser de sensibilidade
ISO, se necessário, bem como o balanço de branco (white-balance) para correção
da tonalidade e temperatura de cor da fonte de luz contínua, a escolha do formato
de gravação e de resolução da imagem, que estão diretamente relacionados com a
qualidade final do cervicograma. Todos esses ajustes são feitos por meio do menu
de configuração das câmeras, e são muito simples e semelhantes nos diversos
modelos de câmeras testados (FITTIPALDI, 2003; MÁGNO, 2004; MAY, 2000).
44
Entre os vários modos de gravação disponíveis nos equipamentos
testados, o formato Joint Photographic Experts Group (JPEG) foi utilizado em todos
os cervicogramas, tanto por ser comum a todos os equipamentos, como pelo menor
espaço que ocupa em disco e pela capacidade de compressão, se necessário,
seguindo-se a recomendação de não realizar edição de imagens para evitar
degeneração de qualidade desse tipo de arquivo (BOOK, 2003).
O modo de exposição automático deve ser adotado como padrão, mas a
quantidade de pixels, definidos pela resolução de gravação, variou conforme a
capacidade do equipamento testado.
A focagem automática é usada para corrigir o erro humano. Nas câmeras
digitais existe um medidor sensível à luz, utilizado para regular as funções de
exposição automática. Seus sistemas de autofoco têm evoluído bastante. Quase
todos são rápidos e precisos para a maioria das situações (FITTIPALDI, 2003). Nas
câmeras da categoria amadora, para compor e enquadrar o assunto utiliza-se o
painel LCD, no intuito de reduzir o erro de paralaxe, isto é, a diferença entre a
imagem vista no visor da câmera e a imagem registrada na superfície
impressionável (REGO, 2001).
Para comparar e verificar a importância da utilização de imagens
gravadas em baixa, média e alta resolução, na qualidade das imagens, optou-se
pelos tamanhos de 640 x 480 pixels a 3072 x 2048 pixels, segundo a disponibilidade
de cada câmera.
Conforme se observa, resoluções de gravação iguais ou superiores a 3 MP
permitem estudos adicionais das características morfológicas do colo uterino, devido
ao grande tamanho e detalhamento das imagens. De acordo com Fontcuberta (1994),
para o especialista a imagem deve conter informação apropriada.
Como espaço de movimentação e posicionamento para a câmera digital,
utiliza-se a área de um cone imaginário, com 70 cm de altura e 70 cm de diâmetro
de base, cujo vértice repousa sobre a superfície do colo uterino e a base que se
projeta em direção ao cervicografista (FIGURA 6).
45
Figura 6 Espaço de posicionamento da câmera digital
Crédito da ilustração: Eugênio Franco
Dentro desse espaço a câmera é movimentada; aproxima-se ou afasta-se
em relação à superfície do colo uterino, buscando-se o melhor enquadramento e foco.
As mudanças de posição da câmera e da fonte de luz alteram o ângulo com que a luz
incide sobre o tema, assim como seu efeito sobre os volumes e as cores
(HEDGECOE, 1980). Pequenas variações no espaço de movimentação e
posicionamento da câmera digital podem ser necessárias devido a condições
particulares relativas à limitação de mobilidade da mulher, não utilização de uma
mesa de exame ginecológico adequada e a características particulares do
equipamento fotográfico. Além disso, algumas vezes, a focagem e o enquadramento
exigem condições de trabalho muito particulares (REGO, 2001; TRIGO, 1998).
A distância entre o colo uterino e a objetiva da câmera deve variar de acordo
com o equipamento utilizado. Para câmeras digitais que não comportam flash circular
anteposto à objetiva, há uma necessidade, ainda maior, de interpor uma fonte de luz
contínua e recursos de zoom óptico e ou digital. O zoom digital não amplia realmente a
imagem, mas sim elimina parte dela (as margens), pois recorta o centro da imagem e a
amplia por sistema de interpolação. Desse modo, há perda da qualidade (HILLYARD,
2004). No zoom óptico a ampliação da imagem é produzida pela objetiva de distância
focal variável, e a imagem pode ser registrada com a máxima resolução do sensor, sem
perda da qualidade, sendo preferencial ao zoom digital (MÁGNO, 2004).
Para focar assuntos específicos pode ser utilizado, nas câmeras Sony -
Mavica, o modo de medição de holofote, o que permite “encher o quadro”, ou seja,
ocupar todo o cervicograma com a imagem a ser estudada, reduzindo ao máximo os
46
campos onde não se encontra o assunto principal. Consequentemente obtêm-se,
nesses casos, imagens com grande capacidade de ampliação e detalhamento.
Os recursos spot meter (que altera o modo de fotometria para a forma
completa ou o modo de medição do holofote) e steady shot (estabilidade à imagem)
das câmeras Sony-Mavica devem ser usados como rotina, pois propiciam melhor
enquadramento e imagens com poucas distorções. O modo pontual é ideal para
pequenos temas sob luz forte ou muito escura (BOCK, 2004).
O sistema para medição de luz que calcula e fornece dados para a correta
exposição da cena (fotometria) deve ser adequado ao assunto, usando-se a
prioridade de centro, onde a leitura da luz é feita em todo o enquadramento, mas com
peso maior na área central da imagem, no modo pontual, que faz a medição na
pequena área central, ou no modo matricial ou avaliativo, que leva em conta toda a
área do enquadramento, dividida em zonas de medição de luz (DOMINE, 2003).
Na operação básica do fotômetro, a câmara deve ser ajustada para o modo
manual. A cena é, então, enquadrada, e aperta-se o botão do disparador para ligar o
fotômetro. Se este não estiver ativo, lê-se a indicação digital ou da agulha do fotômetro. Se
estiver na direção do símbolo “+” significa que a combinação de velocidade e diafragma
escolhida vai dar exposição em demasia ao sensor, e produzirá uma foto mais clara que o
normal (superexposição). Neste caso, é preciso fechar o diafragma ou mudar a velocidade
para outra mais lenta, até que a agulha indique “0”. Se estiver em direção ao símbolo “–”,
ocorrerá o contrário: a fotografia resultante aparecerá mais escura que o normal, ou seja,
sofrerá subexposição. O problema será resolvido ao se abrir o diafragma ou reduzir a
velocidade de disparo até que a agulha indique “0”.
O ponto ideal de exposição é alcançado quando o fotômetro da câmera der
indicação de “0”, mas desvio para + deve ser corrigido com o fechamento gradual do
diafragma ou pelo aumento da velocidade, sempre com vistas a reduzir a exposição
demasiada do sensor. Nos casos em que o fotômetro indicar desvio para -, sugerindo
que a fotografia ficará mais escura em virtude da subexposição, o diafragma deve ser
aberto para valores mais baixos ou a velocidade de disparo deve ser reduzida.
Quando, em decorrência de variações anatômicas individuais, a iluminação do
colo uterino não foi possível conforme os padrões desejados, o modo de prioridade da
velocidade de obturação pode ser utilizado (velocidade de obturação lenta). Por oferecer
47
maior tempo de exposição, esse recurso permite que as áreas pouco iluminadas sejam
captadas. No entanto, ante a dificuldade da paciente permanecer completamente imóvel
durante o tempo de exposição, essa técnica é preterida em relação ao uso de uma
iluminação adequada.
Para documentar outras alterações próximas ao colo uterino, nas paredes
vaginais e ou fundo de saco, sempre que necessário, foram utilizados cervicogramas
distintos. A localização das áreas acetobrancas na cérvice, o ângulo de inserção do
colo uterino, variações anatômicas da genitália, a transparência e capacidade de
difusão de luz associadas à máxima abertura valvar do espéculo vaginal e ao material
usado para sua confecção determinam o melhor posicionamento da fonte emissora
de luz contínua, o foco clínico ou ginecológico.
As áreas acetobrancas, embora, muitas vezes, sejam descritas como
brilhantes, apresentam opacidade decorrente (também) do espessamento do epitélio,
que absorve mais luz do que as áreas sem lesões, sendo perfeitamente distintas das
áreas de reflexão do clarão do flash na superfície do colo uterino.
Pêlos pubianos projetando-se à frente do intróito vaginal, ou carúnculas
himenais, cistos, grandes condilomas, etc., quando projetados à luz vaginal,
antepondo-se ao colo uterino, podem fazer com que o autofoco selecione de forma
incorreta o assunto (FIGURAS 7 e 8). Equivocadamente, quando um tema se
desloca da parte central do enquadramento, é freqüente a câmera preparar a
focagem em outro tema.
Figura 7 Erro de interpretação do autofoco motivado pela presença de pêlos pubianos à frente do
intróito vaginal. Observam-se também áreas de reflexão espetacular nas valvas do espéculo
Crédito da imagem: Eugênio Franco
48
Figura 8 Grande cisto obstruindo parcialmente a luz vaginal e impedindo o foco perfeito do
colo uterino
Crédito da imagem: Eugênio Franco
Basicamente existem três posicionamentos possíveis de ser assumidos pela
câmera digital em relação ao colo uterino no momento da captura da imagem. São eles:
plongée, contraplongée e posicionamento frontal. Os três posicionamentos permitem a
utilização da câmera em seu sentido vertical ou horizontal, mas recomenda-se ativar,
nos equipamentos que o possuem, o modo automático de rotação da imagem.
Se o colo uterino está inserido mais posteriormente, de forma que o
orifício cervical esteja voltado para a parede anterior da vagina após a colocação do
espéculo, quando a mulher permanece em posição ginecológica, a tomada
fotográfica é feita com a lente da câmara dirigida de cima para baixo, caso a área a
ser fotografada esteja localizada no lábio anterior (LA). O ponto de visão é superior e
o ponto de fuga, inferior. A essa tomada dá-se o nome de plongée (DOMINE, 2003).
Se a inserção do colo uterino se dá de maneira inversa, mais proximal à
parede anterior da vagina após a colocação do espéculo, quando a mulher
permanece em posição ginecológica, com o orifício cervical voltado para a parede
posterior da vagina, a tomada se dá em contraplongée, e a lente da câmera é
orientada de baixo para cima. O ponto de visão é inferior e o ponto de fuga, superior
(DOMINE, 2003) (FIGURA 9).
49
Quando a inserção do colo é oposta em relação à lesão, ou seja, colo
com inserção mais anterior e lesão no lábio posterior (LP), a tomada pode ser frontal
ou plongée. Nos casos nos quais a inserção do colo se dá de forma mais posterior e
a lesão está presente em LA, a tomada pode ser frontal ou em contraplongée.
Figura 9 Posicionamentos da câmera em relação ao colo-uterino: plongée, contraplongée e frontal
Crédito da imagem: Eugênio Franco
A fonte de luz contínua, em virtude das altas temperaturas que alcança,
deve ser posicionada fora da área de movimentação e posicionamento da câmera
digital. Deve-se também evitar a projeção de sombras sobre a área de
enquadramento, posicionando a cabeça articulada da fonte de luz contínua de tal
forma que o feixe de luz não encontre anteparos antes de atingir a área de
enquadramento (BURIAN, 2002). Observadas essas recomendações, a distância
média entre a câmera e o assunto estará no intervalo de 30 a 45 cm.
Mesmo seguindo-se todas as recomendações anteriores, em alguns casos,
devido a baixa qualidade dos focos clínicos ou das variações anatômicas individuais, a
iluminação do colo uterino, com a utilização da fonte de luz contínua, poderá não ser
adequada ou suficiente. Ademais, algumas vezes, a focagem e o enquadramento
exigem condições de trabalho muito particulares (REGO, 2001; TRIGO, 1998).
- Plongée
- Frontal
- Contraplongée
50
Após a realização e conferência dos cervicogramas é necessário
identificar e armazenar as imagens, usando-se o computador. A interface de
comunicação mais comum entre as câmeras digitais e o computador é a porta USB
(Universal Serial Bus, ou transporte serial universal). Com a maioria das câmeras, a
partir da conexão via cabo com o computador, essa passa a ser lida como se fosse
um drive do computador, e as imagens podem ser copiadas para o disco rígido.
Também foram utilizados leitores de cartão que eliminam a necessidade de conectar
a câmera ao computador.
As imagens armazenadas nos disquetes ou cartões são transferidas para
um computador ou gravadas em outro tipo de mídia (compact disc), uma forma muito
barata de armazenagem de dados digitais, que ficaram disponíveis para transmissão
via Internet (DALY, 2000; MÁGNO, 2004).
Assim, definiu-se como técnica da cervicografia digital não apenas a
captura digital de imagens da cérvice uterina, mas o conjunto dos procedimentos
iniciados na inspeção visual com e sem a aplicação do ácido acético a 5% e
concluída sua classificação, após a observação e análise dos cervicogramas, de
forma ampliada, na tela do monitor do computador.
A cervicografia digital, como uma técnica de macrofotografia, possibilita
ampliação do assunto de até dez vezes em relação ao tamanho natural
(HEDGECOE, 1980; TRIGO, 1998). Mesmo assim, para identificar os elementos
determinantes da interpretação e classificação da CD como método de triagem em
nível primário, é necessário treinamento prévio, pois a experiência visual depende
não só do que se olha, como do que se busca quando se olha, e da influência da
nossa experiência passada (FONTCUBERTA, 1994).
Diferentemente da fotografia convencional, na qual o motivo oferece
inúmeras possibilidades para ser capturado fotograficamente, o colo uterino,
confinado na parte mais distal da vagina, não permite ângulos de captura
superiores. Assim o resultado final dependerá do ângulo de visão, da perspectiva,
das linhas de fuga, da inclinação do eixo óptico, da profundidade de campo, da
qualidade do equipamento (câmera digital e fonte luminosa) e dos conhecimentos
técnicos do cervicografista.
51
Na análise das cores dos cervicogramas, os tons muito claros, que não
aparecem como branco puro, e que apresentam detalhes, são denominados “luzes
de textura”, pois apesar de poderem parecer bastante claras, ainda contêm muitas
informações. Os tons mais próximos do branco puro, denominados “luzes sem
textura”, não permitem a observação de nenhum tipo de detalhe ou textura dentro
deles. Cada tom pode variar ao largo de uma escala contínua de saturação e
pureza (HEDGECOE, 1980).
As luzes sem textura são de duas categorias: as dos tons brancos,
correspondentes a uma área do motivo tão claro que não pode ser registrado
adequadamente, e as das “luzes espetaculares”, que se apresentam como um tom
totalmente branco e compreendem os reflexos muito claros da superfície do colo
uterino e da própria luz da fonte luminosa.
Para motivos claros, o fotômetro pode ler de forma equivocada e ajustar
uma exposição menor que a ideal. Portanto, uma das posições “+” deve ser
selecionada, o que determina que a câmera ajuste um diafragma maior, evitando
uma imagem muito escura (subexposição). Pode usar-se + 1, ou até + 2 em
situações onde a iluminação contínua é bastante intensa e direta, ou quando há
fortes reflexos (BOCK, 2004).
Na cervicografia digital, as sombras representam os tons escuros,
próximos ao preto. São distintas as que denotam texturas das sombras e as que não
possuem textura. As sombras sem textura são próximas ao preto, mas não chegam
a ser preto puro. As sombras com textura são tons escuros que contêm muita
informação e nos quais se pode observar variada gama de detalhes.
Inúmeras vezes, ante as dificuldades de iluminar de maneira uniforme o
colo uterino, o fundo de saco e as paredes vaginais, o contraste se torna tão
acentuado que não é possível capturar adequadamente toda a gama de cores,
conforme se pode observar detalhadamente no histograma da fotografia.
52
3 SUJEITOS E MÉTODOS
3.1 Desenho do estudo
Trata-se de uma pesquisa de avaliação, de caráter quantitativo, na qual se
utilizaram métodos de pesquisa científica e procedimentos para avaliar uma tecnologia.
Com vistas a documentar o valor da cervicografia digital e buscar a garantia e melhoria
da qualidade e o aprimoramento da avaliação das técnicas e equipamentos fotográficos
mais adequados para sua realização foram usados meios analíticos.
3.2 Local e população do estudo
O estudo foi desenvolvido no Centro de Saúde Dr. Anastácio Magalhães,
um centro de especialidades médicas pertencente à rede pública municipal da
cidade de Fortaleza e localizado na área da Secretaria Executiva Regional III. Essa
unidade de saúde, além de atendimento em outras especialidades, oferece
assistência ginecológica ambulatorial, acompanhamento pré-natal, atenção a
saúde sexual e serviço de prevenção do câncer do colo uterino. A população do
estudo constituiu-se de 1.286 mulheres, residentes na área metropolitana de
Fortaleza, submetidas a exame preventivo para o câncer do colo uterino durante o
período de março de 2002 a agosto de 2004, no centro de saúde onde se
desenvolveu a investigação.
3.2.1 Amostra do estudo
Estudo de corte transversal incluindo 300 mulheres com teste de IVA a
5% positivo. Como referencial, para determinação da amostra, foram utilizados
estudos realizados no Estado do Ceará por Hyppólito (2002), onde o IVA detectou
282 casos suspeitos em 1.154 mulheres examinadas, e por Blumenthal et al. (1994),
onde a incidência de lesões intra-epiteliais severas e câncer ficou em 7/1000
mulheres examinadas.
53
3.3 Critérios de seleção
Com vistas à seleção, foram definidos os seguintes critérios: de inclusão,
de exclusão e de descontinuidade.
a) Critérios de inclusão
Foram incluídas apenas as mulheres com idade entre 18 e 70 anos que já
haviam tido relação sexual com penetração e que realizaram exame preventivo e
coleta citológica por enfermeiros, com teste de IVA positivo.
b) Critérios de exclusão
Como critérios de exclusão constavam: idade inferior a 18 anos e maior
do que 70 anos, ausência cirúrgica do colo uterino, presença de hímen íntegro, não
realização, por qualquer motivo, da inspeção visual após aplicação do ácido acético
a 5% e da coleta citológica, casos de IVA positivo sem registro pela cervicografia
digital, não concordância em participar do estudo, casos nos quais a citologia foi
considerada insatisfatória em decorrência de falha técnica na coleta ou de ausência
dos elementos celulares esperados e que não foram repetidos satisfatoriamente.
c) Critérios de descontinuação
Não foram incluídos no banco de dados, para se submeter à análise
estatística, os casos de cervicografia digital considerados positivos com citologia de
Papanicolaou negativa e sem a análise pela colposcopia e biópsia, se necessário.
3.4 Aspectos éticos
A toda mulher que atendeu aos critérios de inclusão propôs-se a
participação na pesquisa. Após manifestação de interesse, foi fornecido para leitura,
ou lido para as que não sabiam ler, o termo de consentimento livre e esclarecido.
54
Prestados todos os esclarecimentos exigidos pelo estudo e respondidas
as dúvidas manifestadas pelas clientes, solicitou-se a assinatura do termo de
consentimento livre e esclarecido (APÊNDICE C). Aquelas que não souberam
assinar firmaram o documento com a impressão digital. Desta forma foi cumprida a
Resolução nº 196/1996 (BRASIL, 1996) e o projeto aprovado pela Comissão de
Ética em Pesquisa do Complexo Hospitalar da Universidade Federal do Ceará
(COMEPE) (ANEXO B). Oficializou-se, então, a realização da investigação perante a
Direção do Centro de Saúde Dr. Anastácio Magalhães, firmando um compromisso
para o fiel cumprimento dos termos e objetivos (ANEXO A).
Todas elas incluídas na pesquisa e que se submeteram à cervicografia
digital também se submeteram ao exame citológico de Papanicolaou e IVA, de forma
que o atendimento esperado pela população e os procedimentos disponibilizados
pela unidade de saúde foram plenamente satisfeitos.
Todas as mulheres receberam de enfermeiros, médicos e assistentes
sociais orientação sobre os testes, seus resultados e sistemática de possível
tratamento. Foi permitida a desistência da continuidade da propedêutica e da
participação a cada etapa da investigação, sem prejuízo do atendimento na
instituição e do acesso, a qualquer tempo, às informações sobre procedimentos
e benefícios relacionados à pesquisa, inclusive para esclarecimento de
eventuais dúvidas.
3.4.1 Benefícios disponibilizados às mulheres
Para as mulheres participantes do estudo foi permitido o comparecimento
a palestras educativas sobre sexualidade, DST e prevenção do câncer ginecológico;
assistência de enfermagem e tratamento médico das patologias diagnosticadas,
realização de procedimentos médicos como eletrocauterização e biópsia do colo
uterino em nível ambulatorial, quando necessário e a critério médico, incluindo o
tratamento dos parceiros; acesso ao programa de planejamento familiar, marcação
para consulta de retorno e encaminhamento a serviços de maior complexidade, se o
caso requeria.
55
3.5 Coleta de dados
A coleta das citologias de Papanicolaou e as cervicografias digitais foram
realizadas exclusivamente por dois enfermeiros obstetras da unidade de saúde,
enquanto a distribuição das mulheres foi feita pelo setor de marcação de consulta no
SAME, por ordem de chegada, alternando-se as clientes entre os profissionais.
A sistemática para a coleta de dados compreendeu, no primeiro momento,
o preenchimento de ficha individual de atendimento (Ficha de Atendimento A -
APÊNDICE A) e explicação sobre os procedimentos.
3.5.1 Instrumentos para coleta de dados
Para a coleta dos dados foram utilizadas duas fichas de atendimento
(Ficha de Atendimento A e Ficha de Atendimento B), os cervicogramas e os laudos
citológicos, colposcópicos e histopatológicos.
A ficha de Atendimento A foi utilizada no primeiro contato com as
mulheres, sujeitos da pesquisa, e contém os dados relativos a identificação,
antecedentes obstétricos, observações e achados da inspeção visual antes e após a
aplicação do ácido acético e seus registros, os equipamentos fotográficos e os
parâmetros utilizados na captura digital.
Na Ficha de Atendimento B (APÊNDICE B), que foi utilizada na avaliação
das cervicografias com classificação falso-positivo, na primeira avaliação médica,
constam a identificação da mulher, o resultado da análise da qualidade fotográfica
dos cervicogramas iniciais, os dados relativos à IVA e os parâmetros fotográficos
das imagens de revisão da cervicografia digital.
Seguiu-se a cervicografia digital com a inspeção cuidadosa da vulva,
intróito vaginal e região perianal em busca de anormalidades de caráter morfológico
e ou colorimétrico. Quando foram observadas lesões ou estruturas diferenciadas dos
aspectos da normalidade, fez-se o registro fotográfico das devidas alterações.
Procedeu-se à colocação do espéculo vaginal e à visualização do colo uterino sob a
luminosidade de um foco clínico.
56
A seguir, conforme recomendações técnicas do Programa Nacional de
Controle do Câncer do Colo do Útero, foi realizada a coleta de material para a
citologia de Papanicolaou, por meio de raspagem da junção escamocolunar com
espátula de Ayres. O material obtido foi distendido em forma de esfregaço (fino)
sobre uma lâmina de vidro com ponta fosca, previamente identificada. A fim de
garantir a eficácia dos resultados, a mulher deve evitar relações sexuais, uso de
duchas ou medicamentos vaginais e anticoncepcionais locais nas 48
horas anteriores ao exame. A coleta citológica não se verificou no período menstrual,
pois a presença de sangue pode alterar o resultado.
Foi introduzida no orifício cervical, com suavidade, a escova de
Campos da Paz e girada cuidadosamente para reduzir o trauma. O material
coletado foi distendido na mesma lâmina e recoberto por álcool absoluto ou spray
de fixador celular.
Com gaze estéril, montada em uma pinça Cheron, fez-se a limpeza
cuidadosa do colo uterino, das paredes da vagina e fundo de saco. Seguiu-se a
observação das estruturas superficiais. Na presença de imagens anômalas, a
câmara digital, sem filtros ou lentes adicionais, com flash incorporado acionado, foi
posicionada e procedeu à captura da imagem. A cérvice uterina foi embebida em
solução de ácido acético a 5% e após dois a três minutos, quando ocorreu o
branqueamento do epitélio, fez-se um cervicograma e, imediatamente após, a
revisão da imagem no painel LCD da câmera digital, sem ampliação, para confirmar,
ou não, se a imagem registrava os achados da IVA. Nos casos em que o
cervicograma não continha os achados observados, foi repetida a fotografia digital,
feita nova conferência e retirado o espéculo vaginal. Os testes e seus achados foram
registrados na ficha A da investigação, e os cervicogramas identificados e gravados
em compact disc.
Quando foi necessário realizar nova CD para registro dos critérios de
positividade, utilizou-se alta resolução, filtros de close-up e o ring-flash.
Imediatamente após a captura digital, os cervicogramas foram revisados no painel
LCD da câmera digital, com ampliação, e identificados e gravados em compact disc.
57
3.6 Avaliação da qualidade fotográfica e interpretação e classificação da
cervicografia digital
Faz-se necessária a análise da qualidade fotográfica dos cervicogramas antes
da identificação dos critérios de positividade e classificação da CD, a fim de evitar-se a
utilização de imagens inviáveis. Para avaliação da qualidade fotográfica dos
cervicogramas, propõem-se três critérios, quais sejam: a resolução, o foco, e a
adequação luminosa. O controle de qualidade nas CD é fundamental para que a relação
entre sensibilidade e especificidade do teste não seja perdida e possa ser reproduzida.
Quanto à resolução, os cervicogramas podem ser avaliados como de
baixa, média ou alta resolução, conforme a quantidade de pixels que possuam.
Baixa resolução diz respeito a cervicogramas onde a captura da imagem fez-se com
resolução igual ou inferior a 1 MP. A resolução de imagem média encontra-se no
intervalo entre 1 MP e 3 MP. Acima de 3 MP é considerada alta resolução. Quanto
maior a resolução, maior será a qualidade da foto, e maior sua capacidade de
ampliação (MÁGNO, 2004).
No relacionado à precisão do foco, os cervicogramas podem ser
classificados como de foco perfeito, foco imperfeito (FI) ou foco em imagem inviável
(FIMI). O FP é quando o assunto é visto com bastante nitidez e riqueza de detalhes,
com bom enquadramento (quadro cheio), destacando-se dos demais elementos da
imagem. O foco imperfeito representa as imagens onde o assunto, apesar de poder
ser identificado, não se apresenta com riqueza de detalhes; o enquadramento é
inadequado e o fotograma contém, proporcionalmente, mais imagens de elementos
assessórios que propriamente do assunto, ou exclui parte desse. O foco em imagem
inviável não permite a identificação do assunto na imagem. Nesse caso, o
cervicograma apresenta-se com imagem borrada (fora de foco), ou registra,
inadvertidamente, outro sítio, distinto do assunto. Essa avaliação da qualidade
fotográfica da imagem relativa ao foco inviabiliza a interpretação e classificação do
cervicograma, e indica a necessidade de repetição do teste.
Na avaliação da qualidade fotográfica, a adequação luminosa (AD)
pressupõe a necessidade, na imagem, de uma proporção adequada de luz e
sombras, porque o objetivo da cervicografia digital, como técnica de macrofotografia,
58
é registrar uma imagem realista que se aproxime ao máximo possível daquilo que
efetivamente se vê. A adequação luminosa pode ser descrita como suficiente,
deficiente ou insuficiente. Na AD suficiente (FIGURAS 10 e 11) pode se observar
nitidamente o assunto sem a interferência de sombras ou luzes. Predomina a
presença de sombras e luzes com textura nos extremos da representação das cores
branca e preta, luzes espetaculares não se sobrepõem ao assunto e o histograma
da imagem não apresenta desvios significativos para a esquerda ou direita.
As cores contidas nos cervicogramas são fundamentais para a interpretação
e classificação da cervicografia digital, e o histograma é um recurso importante para
avaliar os tons da imagem e traduzir de forma rápida a quantidade e a qualidade de luz
e informação contidas na fotografia. Trata-se da representação gráfica que possibilita
observar a relação entre os diferentes tons de uma imagem e a quantidade de pixels
correspondentes a cada um deles. No histograma são representados no sentido
horizontal todos os tons da imagem, desde o branco até o preto. O eixo vertical registra
a quantidade de pixels para cada tom individual da imagem.
Figura 10 Adequação luminosa suficiente, com luzes com textura e histograma sem desvios
significativos para direita ou esquerda
Crédito da imagem: Eugênio Franco Análise: software Adobe Photoshop®6.0, 2004
59
Figura 11 Adequação luminosa suficiente, com sombras com textura e histograma sem
desvios significativos para direita ou esquerda
Crédito da imagem: Eugênio Franco Análise: software Adobe Photoshop®6.0, 2004
Uma adequação luminosa deficiente impossibilita a observação e análise
completa do assunto (FIGURAS 12 e 13), em virtude da presença de um percentual
de luzes e sombras sem textura, e ou reflexão espetacular, que se sobrepõem de
forma parcial ao assunto, ou muito próximo dele. Embora não seja a condição ideal,
essa classificação da qualidade fotográfica, em regra, não inviabiliza o cervicograma.
Figura 12 Adequação luminosa deficiente, com áreas de sombras sem textura e histograma
com desvio suave à esquerda
Crédito da imagem: Eugênio Franco Análise: software Adobe Photoshop®6.0, 2004
60
Figura 13 Adequação luminosa deficiente, com áreas de luzes sem textura e histograma
com desvio à direita
Crédito da imagem: Eugênio Franco Análise: software Adobe Photoshop®6.0, 2004
A adequação luminosa insuficiente (FIGURAS 14, 15 e 16), pela presença
de grandes áreas de luzes e sombras sem textura, e ou reflexão espetacular
sobrepostas ao assunto, inviabiliza a interpretação do cervicograma.
Figura 14 Adequação luminosa insuficiente, com luzes sem textura e histograma com
desvio acentuado à direita
Crédito da imagem: Eugênio Franco Análise: software Adobe Photoshop®6.0, 2004
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Figura 15 Adequação luminosa insuficiente, com sombras sem textura e histograma com
desvio acentuado à esquerda
Crédito da imagem: Eugênio Franco Análise: software Adobe Photoshop®6.0, 2004
Figura 16 Adequação luminosa insuficiente, com presença de extensa área de luzes
espetaculares e histograma com desvio acentuado à direita
Crédito da imagem: Eugênio Franco Análise: software Adobe Photoshop®6.0, 2004
3.6.1 Alterações morfológicas e colorimétricas
As alterações morfológicas observáveis podem se apresentar em três formas
básicas: Alto relevo, denominadas de projeções positivas, baixo relevo, denominadas
projeções negativas, e alterações de superfície, denominadas de “plano zero”.
62
As estruturas em alto relevo ou de projeção positiva são aquelas
divergentes dos aspectos da normalidade que se projetam acima da superfície do
colo uterino, fundo de saco de Douglas e paredes vaginais.
Essas projeções podem se apresentar nas formas papilares,
pedunculadas, nodulares, císticas, espiculadas, domo, platô, ou como massa
disforme; podem ainda ser únicas e isoladas, múltiplas, mistas ou coalescentes,
firmes ou descamativas, secas ou úmidas. Não constitui, porém, função do
cervicografista a interpretação diagnóstica, mas a descrição macroscópica da
estrutura observada.
As estruturas em baixo relevo, ou de projeção negativa, são todas as
alterações divergentes do padrão de normalidade, que se projetem abaixo da
superfície do epitélio que reveste o colo uterino, o fundo de saco e as paredes
vaginais. Essas estruturas podem ser compreendidas como depressões, úlceras,
erosões, fístulas ou solução de continuidade. Podem apresentar-se como
superficiais, pouco ou muito profundas; com formato regular ou irregular. O fundo
dessas lesões pode apresentar-se limpo, purulento ou sangrante; elas podem ser
únicas, múltiplas, mistas ou coalescentes.
As alterações de superfície, ou de “plano zero”, sem projeções positivas
ou negativas, onde não são observáveis grandes alterações morfológicas na textura
da mucosa, são, quase invariavelmente, de caráter colorimétrico e ou vascular.
As cores contidas nos cervicogramas são fundamentais para a
interpretação e classificação da CD. Segundo Gross e Barrasso (1999), diferenças
na cor da cérvice são frequentemente atribuídas ao número de camadas epiteliais,
densidade celular, diferenciação celular, produção de ceratina e vascularização do
estroma. O epitélio escamoso original possui aparência rosada característica, e a cor
da zona de transformação típica tem sido descrita como levemente mais escura que
a cor do epitélio nativo. A hiperemia explica a cor vermelha da cérvice durante
processos inflamatórios.
Na cervicografia digital, as características ou aspectos colorimétricos são
observáveis em três momentos distintos, a saber: após a retirada das secreções
vaginais com auxílio de gaze seca ou umedecida em solução de cloreto de sódio a
63
0,9% (colo limpo), após a aplicação do AA 5% sobre a cérvice uterina (colo em
revelação), e após a aplicação da solução de Schiller (colo tingido).
O termo colo limpo é utilizado como referência à necessidade da prévia
retirada, com gaze ou algodão, do conteúdo vaginal disposto sobre a cérvice uterina;
colo em revelação é relativo ao período decorrido entre a aplicação do ácido acético
a 5% e os 5 minutos seguintes, numa associação entre o processo de coagulação
temporário das proteínas estromais com o processo de revelação fotográfico; colo
tingido demonstra a condição do colo uterino após a aplicação da solução de
Schiller. Essas novas denominações podem facilitar o entendimento dos “tempos da
cervicografia digital” pelos não especialistas.
O teste de Schiller, por não permitir a precisa distinção tonal entre áreas
verdadeiramente suspeitas e aquelas onde existem alterações na absorção de iodo
devido a processos metaplásicos considerados normais, como a metaplasia
interrompida e a metaplasia imatura, é utilizado para demarcação das áreas
suspeitas onde não se conseguiu obter uma imagem adequada e ainda assim se
deseja enfatizar a necessidade do aprofundamento investigativo. A metaplasia
interrompida é geralmente uma das mais importantes fontes de confusão no
diagnóstico das lesões cervicais por HPV (GROSS; BARRASSO, 1999; JACYNTHO,
1994; STOLER; SCHIFFMAN, 2001).
3.6.2 Critérios objetivos de positividade
Foram definidos como critérios objetivos de positividade para a CD algumas
alterações de caráter morfológico e colorimétrico amplamente descritas pela literatura
pertinente, de fácil identificação e observáveis à inspeção visual, antes e após a
aplicação do ácido acético a 5%. Padrões normativos são desenvolvidos com base em
evidências científicas e no consenso de especialistas, e empíricos, são aqueles obtidos
na prática dos serviços (DONABEDIAN, 1988; MEDONHO et al., 2002).
Buscou-se, assim, rastrear as mulheres com lesões clínicas e subclínicas,
aprofundar a investigação diagnóstica e, desse modo, reduzir os resultados falso-
negativos decorrentes da baixa sensibilidade da citologia de Papanicolaou e da
subjetividade da avaliação colposcópica. Acredita-se que a presença de um ou mais
64
dos critérios propostos e descritos a seguir justifique o aprofundamento da
investigação diagnóstica por meio da biópsia dirigida pela colposcopia.
Primeiro Critério: Alterações Colorimétricas não Reativas (CACNR).
Esse critério se reporta à existência de lesão branca detectada antes
do teste do ácido acético (FIGURAS 17 e 18).
Justifica-se a adoção desse critério pois, conforme constatado, essa
alteração, diferenciada dos aspectos da normalidade, definida por diversos autores
como leucoplasia, é um fenômeno ocasionado pela hiperprodução de ceratina. Uma
lesão leucoplásica requer aprofundamento investigativo. Recomenda-se, então, que
sempre seja biopsiada, porquanto somente um estudo histológico das camadas
epiteliais sob a lesão demonstrará a gravidade da doença. As leucoplasias podem
ocultar outros achados, e geralmente evidenciam a presença de infecção pelo HPV,
ou até mesmo um carcinoma invasor do tipo espinocelular (GROSS; BARRASSO,
1999; JACYNTHO; ALMEIDA FILHO; MALDONADO, 1994; COPPLESON, 1987).
Figura 17 Alterações colorimétricas não reativas, com existência de lesão branca detectada
antes do teste do ácido acético a 5%. Lesão de maior tamanho em LA, com projeção
positiva, formato de domo e coloração branca anterior à aplicação do AA a 5%.
Bordos da lesão maior definidos e das demais lesões indefinidos. Histograma sem
desvios para direita ou esquerda
Crédito da imagem: Eugênio Franco Análise: software Adobe Photoshop®6.0, 2004
65
Figura 18 Alterações colorimétricas não reativas, com existência de lesão branca detectada
antes do teste do ácido acético a 5%. Alterações do colo uterino com lesões em LA,
tamanhos variados, com projeção positiva e bordos definidos. Histograma sem
desvios para direita ou esquerda
Crédito da imagem: Eugênio Franco Análise: software Adobe Photoshop®6.0, 2004
Segundo Critério: Alterações Colorimétricas Reativas (CACR). Esse
critério diz respeito à presença de lesão de cor branca, em alto relevo
ou em plano zero, em suas diversas tonalidades, evidenciada após 2 a
5 minutos da aplicação do ácido acético a 5% sobre a cérvice uterina,
paredes vaginais e fundo de saco (FIGURA 19).
Na opinião de vários autores, justifica-se a adoção desse critério.
Segundo afirmam, o acetobranqueamento é a regra para as lesões associadas para
o HPV do colo do útero, a configuração da superfície das lesões cervicais pode ser
mais bem apreciada após o teste do ácido acético (AA5%) e um epitélio com
densidade nuclear e celular acima do normal denota aparência de opacidade e
palidez. A infecção pelo HPV exerce efeito característico na orientação dos
filamentos de queratina na camada superficial do epitélio escamoso. Com aplicação
do ácido acético a 5%, estas áreas adquirem gradualmente uma tonalidade branca e
brilhante, mas a razão para a reação branca não está bem clara.
66
A hipótese mais aceita é que o ácido acético induz uma coagulação
reversível de certas proteínas epiteliais e estromais. A aplicação do ácido acético a
5% ao colo modifica a cor e proporciona o estudo de configuração de superfície.
Nesta forma da infecção, ao invés do HPV produzir um condiloma clássico evidente,
a doença é identificada por áreas difusas de hiperplasia epitelial não papilífera, com
proliferação da camada germinativa basal, dismaturação do epitélio e alterações
citológicas características. Histologicamente a forma subclínica é plana ou
micropapilar. Após a aplicação do ácido acético, as infecções subclínicas revelam-se
como áreas de cor branca brilhante, de contornos irregulares, bordas evidentes e
com lesões satélites ultrapassando a zona de transformação.
As lesões planas, em vários estudos, foram as únicas associadas à NIC III.
Por vezes, as lesões subclínicas da cérvice são difíceis de diferenciar da NIC, sendo
necessária a realização de biópsia para o estudo histopatológico. As áreas acetobrancas,
embora, muitas vezes, descritas como brilhantes, apresentam opacidade devida
(também) ao espessamento do epitélio, que acaba absorvendo mais luz do que as áreas
sem lesões, as quais são perfeitamente distintas das áreas de reflexão do clarão do flash
na superfície do colo uterino (LINHARES, 1994; GROSS; BARRASSO, 1999;
JACYNTHO; ALMEIDA FILHO; MALDONADO, 1994; CAMPION, 1987).
Figura 19 Alteração do colo uterino em LA, em plano zero, com lesões múltiplas de tamanhos
variados, com reação acetobranca, revelando cor branco médio, bordos definidos e
lesão de maior tamanho adentrando o canal cervical. Alteração do colo uterino em
LA/LP, de colo branco intenso, bordos definidos
Crédito da imagem: Eugênio Franco Análise: software Adobe Photoshop®6.0, 2004
67
Terceiro Critério: Projeções Positivas (CPP). Esse critério é descrito
como a presença de lesões em relevo que apresentem um padrão de
superfície grosseiro e diferenciado do aspecto normal do epitélio de
revestimento do colo uterino, paredes vaginais e/ou fundo de saco
(FIGURAS 20, 21 e 22).
Justifica-se a adoção desse critério ao se constatar que projeções digitiformes,
alongadas, finas e ou espiculadas, únicas ou coalescentes são características do condiloma
acuminado. Antes da aplicação do ácido acético, os condilomas acuminados aparecem como
tumores elásticos, mal delimitados e com cor e aspecto de framboesa. O câncer cervical pode
apresentar-se sob a forma de massa disforme e vegetante, de tamanho variado, projetando-se
acima do epitélio; histologicamente é francamente papilar. Nas projeções digitiformes do
condiloma acuminado, após a aplicação do ácido acético, as papilas tornam-se brancas, e
podem apresentar-se alongadas, finas e com maior nitidez. A aspereza que envolve a vagina,
e também pode ocorrer na cérvice, é geralmente decorrente da colpite condilomatosa. Esta,
freqüentemente, corresponde histologicamente aos condilomas. No entanto, uma biópsia é
sempre recomendável porque a neoplasia intra-epitelial vaginal (NIVA) pode se apresentar
com superfície micropapilar. No canal vaginal, geralmente o terço inferior e o superior são
acometidos e o terço médio poupado (LINHARES, 1994; GROSS; BARRASSO, 1999;
JACYNTHO; ALMEIDA FILHO; MALDONADO, 1994; CAMPION, 1987).
Figura 20 Lesões em formato polipóide, exteriorizando-se pelo orifício cervical. Lesões única e
múltiplas, exteriorizando-se pelo orifício cervical
Crédito das imagens: Eugênio Franco
68
Figura 21 Lesão em projeção positiva no fundo de saco. Observam-se outras lesões nas
paredes vaginais, porém em planos focais diferentes
Crédito das imagens: Eugênio Franco
Figura 22 Lesão vegetante, câncer invasor
Crédito da imagem: Eugênio Franco
Quarto Critério: Projeções Negativas (CPN). Esse critério pode ser
identificado pela presença de formas ulceradas no colo uterino,
paredes vaginais e fundo de saco (FIGURA 23).
69
Justifica-se a adoção desse critério pela constatação de que algumas
vezes o câncer invasivo, insipiente ou não, pode ser caracterizado por quadros de
crescimento endofítico, terminando em ulceração e necrose. Segundo relatam
diversos autores, a ulceração que mascara a superfície epitelial não é um aspecto
incomum da invasão incipiente. Sabe-se que o adenocarcinoma pode ser infiltrante
(REID et al., 1984; LINHARES, 1994; GROSS; BARRASSO, 1999; JACYNTHO;
ALMEIDA FILHO; MALDONADO, 1994).
Figura 23 Lesão ulcerada devido a câncer invasor
Crédito da imagem: Eugênio Franco
A investigação e a documentação fotográfica ampliada e extensiva à vulva e
vagina devem ser feitas, e se justificam, pois freqüentemente em mulheres com lesões
causadas por HPV nesses dois sítios pode ocorrer, ou vir a ocorrer, comprometimento
cervical. O HPV pode induzir lesões vaginais, seja como única característica ou
associada a lesões em outras áreas do trato genital baixo. Na maioria dos casos
existem lesões cervicais coexistentes (GROSS; BARRASSO, 1999).
Segundo constatado por estudos mediante colposcopia e citopatologia da cérvix
uterina de mulheres com infecção vulvar por HPV, 35,9% apresentavam comprometimento
cérvico vaginal, onde a lesão cervical foi igual ou mais acentuada que a lesão vulvar. Lesões
associadas, de morfologia similar, são freqüentes na vagina e na vulva; em geral, a infecção
vaginal está associada a lesões cervicais e ou vulvares. Em mulheres, o envolvimento anal e
perianal é da ordem de 23% (ALMEIDA FILHO; ROUQUAYROL, 1992; CHUANG et al.,
1984; JACYNTHO; ALMEIDA FILHO; MALDONADO, 1994) (FIGURAS 24 e 25).
70
Figura 24 Lesões de paredes vaginais e fundo de saco, com projeções positivas, múltiplas,
de tamanhos variados, espiculadas
Crédito das imagens: Eugênio Franco
Figura 25 Lesões na região anal e perianal, com projeções positivas, vegetantes,
espiculadas e múltiplas
Crédito das imagens: Eugênio Franco
3.6.3 Classificação das cervicografias
Os parâmetros e elementos propostos para o estudo, interpretação e
classificação da cervicografia digital em triagens de grandes populações não se
confundem com os critérios e objetivos diagnósticos da análise colposcópica.
71
As CD podem ser classificadas como teste positivo, negativo ou não
conclusivo. O resultado positivo, na CD, deve ser entendido como a presença de
alterações morfológicas e/ou colorimétricas na vulva, vagina e cérvice uterina antes
e/ou após aplicação do ácido acético a 5%, divergentes dos aspectos da
normalidade, sugestivas de infecção pelo HPV. Nesse caso, devem ser objeto de
mais investigação e esclarecimento diagnóstico, mesmo que o resultado do exame
citológico seja inocente para o câncer cervical e suas lesões precursoras.
O resultado negativo indica ausência, nos cervicogramas, de estruturas
diferenciadas dos aspectos da normalidade na vulva, vagina e colo uterino, antes
e/ou após aplicação do ácido acético a 5%, onde não podem ser observadas,
mesmo sob ampliação, alterações morfológicas e/ou colorimétricas divergentes dos
aspectos da normalidade. No entanto, assim como a colposcopia, a cervicografia
digital não permite a observação adequada do interior do canal cervical. É
necessário, então, que a coleta citológica, realizada previamente, contenha todos os
elementos celulares exigidos para uma avaliação citológica satisfatória, o que pode
ser obtido com o uso da espátula de Ayres e da escova de Campos da Paz.
A cervicografia digital não conclusiva recebe essa classificação em virtude
da interferência de fatores intrínsecos ou extrínsecos à execução técnica. Os fatores
intrínsecos são relativos a materiais e técnicas, e vão desde a utilização de
equipamento fotográfico e ou de iluminação inadequados a erros de execução
técnica, resolução inadequada ou insuficiente, erros de armazenagem e transmissão
de imagem. Esses erros, porém, quase sempre podem ser evitados ou corrigidos.
Os fatores extrínsecos se reportam a características anatômicas
anômalas do intróito vaginal, paredes vaginais e colo uterino. Alguns deles são de
difícil solução. Podem ser relativos ao tamanho, posição e inserção incomum da
cérvice, carúnculas himenais protuberantes, cistos volumosos, lesões
condilomatosas que se projetem sobre a luz vaginal e possam dificultar ou impedir o
registro fotográfico da cérvice. Nesses casos, se a luz for insuficiente ou se o acesso
ao motivo estiver impedido por um artefato incontornável que impossibilite a
focagem, deve-se desativar o modo de focagem automática e utilizar o modo de
focagem manual (MÁGNO, 2004).
72
Também são considerados extrínsecos os fatores comportamentais
passíveis de impedir ou dificultar a realização do procedimento. O pudor
exacerbado, a desinformação, os traumas anteriores e o vaginismo tornam a cliente
pouco colaborativa, e, algumas vezes, inviabilizam o exame. Esses fatores, no
entanto, não estão associados exclusivamente à realização da cervicografia digital.
Mesmo quando se trata de um exame preventivo convencional, eles causam
transtornos semelhantes.
Os cervicogramas foram visualizados através do software ArcSoft
PhotoStudio® v.2.0 para windows, em monitor de 15 polegadas em cores, em
estação de trabalho (computador) com processador de 700 MHZ, 256 MB de
memória RAM, disco rijo de 40 GB. As CD foram analisadas por dois
profissionais, uma médica especialista em ginecologia e obstetrícia e o
pesquisador (enfermeiro obstetra).
A avaliação médica, sem conhecimento dos critérios de positividade
propostos para a investigação e ou dos resultados do teste de Papanicolaou,
fundamentou-se em critérios colposcópicos e na experiência clínica do profissional, e
foi realizada sem ampliação adicional, sob a limitação da quantidade de um
cervicograma por mulher e da qualidade técnica insuficiente de alguns
cervicogramas. Essa primeira análise resultou na classificação das CD em positivas
ou negativas. Como positivas foram consideradas aquelas nas quais o profissional
médico identificou lesões com morfologia, topografia, vascularização e ou gradação
de intensidade da reação acetobranca. Todas essas pacientes foram submetidas a
avaliação colposcópica pelo mesmo profissional e a biópsia dirigida, quando
necessário. Utilizou-se colposcópio da marca DF Vasconcelos provido de um nível
de ampliação fixa de 12,5 vezes e usou-se como reagente o ácido acético a 5%.
A segunda avaliação, feita pelo pesquisador, sem conhecimento dos
resultados do teste de Papanicolaou, fundamentou-se nos quatro critérios de
positividade previamente definidos para a investigação. Essa análise resultou na
classificação das CD em positivas, negativas ou não conclusivas. Para os casos nos
quais as CD foram classificadas como não conclusivas, devido a interferência de
fatores intrínsecos, realizaram-se novos cervicogramas.
73
3.7 Organização e análise dos dados
Após análises univariadas, foram calculadas medidas estatísticas de
média e desvio padrão. Nas medidas epidemiológicas, avaliou-se a sensibilidade,
especificidade, valor preditivo positivo e valor preditivo negativo para a cervicografia
digital, citologia de Papanicolaou, IVA e colposcopia. Para tanto, calculou-se os
valores pontuais e os intervalos de confiança. Para a colposcopia e a cervicografia
digital, usou-se o teste de concordância de Kappa. Os dados coletados foram
analisados em microcomputador no programa SPSS 10.0. Para todos os testes,
adotou-se o intervalo de confiança de 95%.
Fluxograma das avaliações
300 IVA + Avaliação 1
Avaliação 2
+
+
-
-
+
+
-
-
Rotina da unidade
colposcopia
+
+
-
-
Biópsia
+
+
-
-
colposcopia
-
-
+
+
Biópsia
-
-
+
+
Discordante
CD +
CD +
+
+
/
/
-
-
Rotina da unidade
Tratamento / encaminhamento
CD Alta
resolução
+
+
-
-
CD Alta
resolução
-
-
+
+
Avaliação 1: critérios colposcópicos
Avaliação 2: critérios de positividade
74
4 RESULTADOS
Em uma população de 1.286 mulheres submetidas a exame preventivo de
rotina para o câncer do colo uterino com enfermeiros de um centro de saúde da rede
pública municipal da cidade de Fortaleza-Ceará, foi realizada inspeção visual com
ácido acético a 5%. Desse total, os 300 casos considerados positivos a IVA (23,3%)
constituíram a amostra.
A idade média das mulheres do estudo foi 27,6 anos. A grande maioria delas,
85,4%, tinha menos de 37 anos. Segundo revelam os antecedentes obstétricos, 132
mulheres (44,0%) eram nulíparas, 230 (76,7%) nunca tinham abortado, 17,3% relataram
um aborto e 6% mulheres tiveram mais de dois abortos (TABELA 1).
Tabela 1 Dados reprodutivos das mulheres estudadas, no município de Fortaleza –
Ceará – Brasil - 2004
RESULTADOS
%
Faixa etária (anos)
18 – 27 185 61,7
28 – 37 71 23,7
38 – 47 32 10,7
48 – 57 10 3,3
58 – 69 2 0,7
Nº de Partos
0 132 44,0
1 81 27,0
2 45 15,0
3 25 8,3
4 a 8 17 5,7
Nº de Abortos
0 230 76,7
1 52 17,3
2 a 9 18 6,0
75
A técnica e os parâmetros para a realização da cervicografia digital com
qualidade fotográfica a partir dos equipamentos testados foram descritos e testados.
Em 291 (97,0%) dos testes os cervicogramas foram considerados e somente nove
casos (3%) necessitaram de novos registros fotográficos.
Como critérios objetivos de positividade foram propostos e adotados os
seguintes: Primeiro: Alterações Colorimétricas não Reativas; segundo: Alterações
Colorimétricas Reativas; terceiro: Projeções Positivas; e quarto: Projeções Negativas.
Esses critérios foram identificados isoladamente ou associados em 111 casos (100%)
dos testes positivos e em oito casos negativos (2,6%), o que foi confirmado por
biópsia.
Todas as mulheres da amostra submeteram-se a citologia de Papanicolaou,
a cervicografia digital e a colposcopia e, quando necessário, a biópsia.
A citologia de Papanicolaou classificou com resultado negativo 275 exames
(91,75%), dos quais sete casos de processo inflamatório leve (2,3%), 249 casos de
processo inflamatório moderado (83,3%) e dezenove casos de processo inflamatório
acentuado (6,3%). O mesmo exame detectou 25 casos (8,3%) de lesão intra-epitelial.
Destes, vinte casos (80%) foram de lesões intra-epiteliais de grau leve (ASCUS, HPV e
NIC I) e cinco casos (20%) de lesões intra-epiteliais de grau acentuado (NIC II e NIC III),
confirmados por estudo histopatológico. A citologia não rastreou nenhum caso de câncer.
A tabela 2 contém a distribuição de casos por diagnóstico citológico.
Tabela 2 Distribuição do diagnóstico citológico nas mulheres estudadas, no município
de Fortaleza – Ceará – Brasil - 2004
CITOLOGIA Nº %
Inflamatório Leve 7 2,3
Inflamatório moderado 249 83,0
Inflamatório acentuado 19 6,3
ASCUS 5 1,7
HPV 2 0,7
NIC I 13 4,3
NIC II 2 0,7
NIC III 3 1,0
Total 300 100,0
ASCUS = Atipia de células escamosas de significado indeterminado; NIC = Neoplasia intra-epitelial.
76
Segundo revelaram as análises da topografia e das características
morfológicas e colorimétricas das lesões suspeitas em 82 casos (59%) coexistiam
lesões múltiplas e em 125 cérvices suspeitas as lesões (90,0%) apresentavam-se
morfologicamente como máculas (TABELA 3).
Tabela 3 Dados topográficos e morfológicos das lesões nas mulheres estudadas, no
município de Fortaleza – Ceará – Brasil - 2004
RESULTADOS
Nº %
Quantidade de lesões
Múltiplas 82 59
Única 57 41
Total 139 100,0
Quadrante das lesões
Lábio anterior 61 43,9
Lábio posterior 20 14,4
Lábios ant. / post. 55 39,6
Orifício cervical 3 2,1
Total 139 100,0
Morfologia das lesões
Massa disforme 2 1,4
Mácula 125 90,0
Pápula 2 1,4
Pólipo 5 3,6
Vegetante 5 3,6
Total 139 100,0
A avaliação médica (Avaliação 1) das cervicografias digitais, sem
ampliação adicional da imagem, substanciada em critérios colposcópicos e na
experiência clínica do profissional, classificou como positivos 163 casos (54,3%) da
amostra que foram submetidos a exame colposcópico. Essa avaliação determinou
como suspeitos 113 casos, ou 37,6% da amostra, os quais foram submetidos a
biópsia dirigida. À biópsia dirigida das lesões suspeitas obtiveram-se 89 diagnósticos
positivos, sendo 82 casos de lesões intra-epiteliais de grau leve e sete casos de
lesões intra-epiteliais de grau acentuado e câncer. Foram considerados negativos no
exame histopatológico quatorze casos diagnosticados como cervicite crônica.
77
A avaliação das cervicografias digitais (Avaliação 2) feita pelo pesquisador,
com ampliação adicional da imagem, a partir de critérios de positividade previamente
estabelecidos, classificou como suspeitos 146 casos (48,6%) da amostra. Estes foram
submetidos a exame colposcópico e biópsia pelo mesmo médico que realizou a avaliação
1, quando os resultados foram concordantes. Biópsias das lesões suspeitas e
discordantes entre a avaliação 1 e a 2, num total de 26 casos, foram realizadas por outros
médicos, e representaram 18,7% do total das biópsias constantes da investigação. Como
resultado histopatológico dessas lesões, obtiveram-se dezoito casos positivos (69,2%),
dos quais dezessete casos de lesões intra-epiteliais de grau leve e 1 caso de lesão intra-
epitelial de grau acentuado. As oito biópsias com resultados negativos (30,8%) receberam
diagnóstico histopatológico de cervicite crônica.
Tabela 4 Distribuição dos casos de lesão intra-epitelial de grau leve e lesão intra-
epitelial de grau acentuado e câncer por faixa etária nas mulheres
estudadas, no município de Fortaleza – Ceará – Brasil - 2004
FAIXA ETÁRIA
18 –27 28 - 37 38 - 47 48 – 57 58 - 69
TOTAL
LIE de grau leve
63 24 11 1 - 99
LIE de grau acentuado
3 1 - - 1 5
Câncer
- 1 - 2 - 3
LIE de grau leve = (HPV, NIC I, Condiloma plano e ASCUS).
LIE de grau acentuado = (NIC II e NIC III)
Câncer = carcinoma invasor e carcinoma in situ
Todos os casos de lesão intra-epitelial leve estiveram distribuídos entre as
mulheres de 18 a 57 anos, com 65,6% dos casos incidindo sobre a faixa etária de 18
a 27 anos. Dos três casos de câncer, dois deles (66%) foram diagnosticados em
mulheres com idades entre 48 e 57 anos, e um (33,3%) em mulher com idade entre
28 e 37 anos (TABELA 4).
Para as análises da sensibilidade e especificidade da citologia, da
inspeção visual com ácido acético, da colposcopia e da cervicografia digital,
utilizou-se o intervalo de confiança (IC) de 95%. O resultado da análise revelou
que a CD e a IVA foram os testes com maior sensibilidade (99,1%) e a citologia de
Papanicolaou o de maior especificidade (100,0%). Na prática clínica são mais
úteis o resultado negativo de um teste sensível e o resultado positivo de um teste
específico (TABELA 5).
78
A cervicografia digital e o teste da IVA apresentaram alto valor preditivo
negativo: 99,3% e 99,9%, respectivamente. Isto representa a proporção de
verdadeiros negativos entre todos os indivíduos com teste negativo, enquanto a
citologia e a colposcopia apresentaram o mais baixo valor preditivo negativo entre os
testes, com 68,7% e 60,0%%, respectivamente.
Em contraposição ao baixo valor preditivo negativo, a citologia mostrou o
mais alto valor preditivo positivo entre os testes da investigação: 100,0%,
expressando a possibilidade de um paciente com o teste positivo ter a doença
(TABELA 5).
Tabela 5 Resultados em % dos testes de investigação das mulheres estudadas, no
município de Fortaleza – Ceará – Brasil - 2004
DOENÇA
TESTE
Presente Ausente
SENSIBILI-
DADE
IC 95%
ESPECIFI-
CIDADE
IC 95%
VPP
IC 95%
VPN
IC 95%
Cervicografia Digital
COP (Avaliação 2)
+
111 35
-
1 53
99,1
IC=[96,4; 99,9]
81,3
IC=[75,0; 86,6]
76,0
IC=[68,2; 82,7]
99,3
IC=[96,4;99,9]
Cervicografia Digital
CC (Avaliação 1)
+
89 74
-
18 119
83,1
IC=[72,7; 89,7]
61,7
IC=[54,4; 68,6]
54,6
IC=[46,6; 62,4]
86,9
IC=[80,0; 92,0]
IVA
+
111 189
- 1 985
99,1
IC=[95,1; 99,9]
83,9
IC=[81,7; 85,9]
37,0
IC=[31,5; 42,7]
99,9
IC=[99,4;100,0]
Colposcopia
+
89 24
-
Citologia de
Papanicolaou
20 30
81,6
IC=[73,1; 88,4]
55,5
IC=[41,4; 69,1]
78,8
IC=[70,1; 85,9]
60,0
IC=[45,2; 73,6]
+
25 00 22,5
IC=[15,1; 31,4]
100,0
IC=[98,1;100,0]
100,0
IC=[86,3;100,0]
68,7
IC=[62,9; 74,2]
-
86 189
IC= Intervalo de confiança.
VPP= Valor Preditivo Positivo.
VPN= Valor Preditivo Negativo.
Cervicografia digital COP= Cervicografia digital com critérios objetivos de positividade.
Cervicografia digital CC= Cervicografia digital com critérios colposópicos.
79
A cervicografia digital apresentou VPP de 76,0%, selecionando, com maior
precisão que a IVA (VPP =37,0%), os casos verdadeiros positivos entre todas as
mulheres com teste positivo. A CD reduziu, também em comparação à IVA, mais de
50% dos resultados falso-positivos, o que, na prática, pode significar uma redução
substancial de custos e a otimização dos recursos diagnósticos, em nível secundário,
disponibilizados à população.
Entre as 189 mulheres submetidas a colposcopia, 50 delas (26,4%)
apresentaram resultado normal. Nessas mulheres, também não foram identificados
critérios de positividade da cervicografia digital.
O teste de Kappa com intervalo de confiança de 95% (0,173 a 0,295) foi
aplicado para averiguar a existência de concordância entre a colposcopia e a
cervicografia digital, obtendo-se K= 0, 234 e p< 0, 001, o que indica associação entre
os testes, onde n= 300.
Para classificação da qualidade fotográfica das cervicografias digitais
avaliou-se, entre outras variáveis, se o tipo de material com o qual o espéculo vaginal
é confeccionado interfere na adequação luminosa do cervicograma.
Utilizaram-se para o exame especular, em 155 casos, espéculos descartáveis,
de plástico, tipo collins (51,7 %), e em 145 casos, espéculos do mesmo modelo, mas de
aço inoxidável (48,3 %). Conforme se observou, com a utilização do espéculo plástico
ocorreu adequação luminosa suficiente em 130 casos (84,5 %). Com o espéculo de metal,
a adequação luminosa foi suficiente em 110 casos (75,8%) (TABELA 6).
Tabela 6 Adequação luminosa segundo o tipo de espéculo utilizado no estudo, no município
de Fortaleza – Ceará – Brasil - 2004
RESULTADOS
ADEQUAÇÃO LUMINOSA
Nº %
Espéculo Plástico
Suficiente 130 84,5
Deficiente 21 13,5
Insuficiente 5 2
Total 155 100,0
Espéculo de Metal
Suficiente 110 75,8
Deficiente 29 20,0
Insuficiente 6 4,2
Total 145 100,0
Suficiente: Ideal para observação detalhada do assunto.
Deficiente: Permite a observação completa do assunto.
Insuficiente: Não permite a observação do assunto.
80
Neste estudo não foram observadas características colorimétricas relativas
a intensidade de branco específica para lesões positivas ou negativas, sugestivas de
que, na cervicografia digital, a interpretação dos graus de intensidade de branco, para
classificação do teste, pode inferir subjetividade à avaliação. No entanto, sua
descrição é necessária para o adequado registro das lesões suspeitas (TABELAS 7 e
8).
Tabela 7 Colorações observadas nas lesões negativas nas mulheres do estudo, no
município de Fortaleza – Ceará – Brasil - 2004
RESULTADOS
Nº %
Cervicite crônica
Branco tênue 1 4,5
Branco médio 11 50,0
Branco intenso 10 45,5
Cor da mucosa - -
Vermelho - -
Total 22 100,0
Pólipo
Branco tênue - -
Branco médio - -
Branco intenso - -
Cor da mucosa 2 100,0
Vermelho - -
Total 2 100,0
81
Tabela 8 Colorações observadas nas lesões positivas nas mulheres do estudo, no município
de Fortaleza – Ceará – Brasil - 2004.
RESULTADOS
%
ASCUS
Branco tênue 2 40,0
Branco médio 3 60,0
Branco intenso - -
Cor da mucosa - -
Total 5 100,0
Condiloma plano
Branco tênue - -
Branco médio 1 33,3
Branco intenso 2 66,7
Cor da mucosa - -
Total 3 100,0
HPV
Branco tênue 6 8,1
Branco médio 61 82,4
Branco intenso 7 9,5
Cor da mucosa - -
Total 74 100,0
NIC I
Branco tênue 3 12,5
Branco médio 16 66,6
Branco intenso 5 20,9
Cor da mucosa - -
Total 24 100,0
NIC II
Branco tênue 1 20,0
Branco médio 3 60,0
Branco intenso 1 20,0
Cor da mucosa - -
Total 5 100,0
NIC III
Branco tênue - -
Branco médio - -
Branco intenso 1 100,00
Cor da mucosa - -
Total 1 100,0
Câncer
Branco tênue 2 66,7
Branco médio - -
Branco intenso 1 33,3
Cor da mucosa - -
Total 3 100,0
82
Na investigação, lesões com bordos definidos foram as mais observadas e
ocorreram em 87 casos (62,5%); bordos mistos foram identificados em 42 lesões
(30,3%) e somente 8 lesões (5,8%) não tiveram seus bordos visualizados.
O aspecto geográfico das lesões foi o mais observado no estudo. Esteve
presente em 114 (82%) casos, e em 19 casos de cervicites crônicas essa
característica também se verificou. A forma polipóide 2 (1,4 %) foi associada
exclusivamente a casos negativos.
Percebeu-se grande variedade de combinações entre as diversas
características das lesões. Entre elas, aspectos, bordos e coloração após a aplicação
do ácido acético a 5%, tanto nos casos positivos como nos casos negativos.
Consideradas somente essas observações, foi inviável classificar a CD (TABELA 9).
Tabela 9 Características dos bordos e aspectos das lesões observadas nas
mulheres do estudo, no município de Fortaleza – Ceará – Brasil - 2004
RESULTADOS
%
Bordos da lesão
Definidos 87 62,5
Imprecisos 2 1,4
Mistos 42 30,3
Não visualizados 8 5,8
Total 139 100,00
Aspecto da lesão
Geográfico 114 82,0
Filiforme 7 5
Circular 10 7,2
Massa disforme 6 4,4
Pólipo 2 1,4
Total 139 100,00
Não foram observados casos de cervicografia digital com resultado negativo
em pacientes com resultados histopatológicos positivos. Em um caso o resultado
citológico foi positivo (NIC I) e discordante da cervicografia digital (negativo). Há de se
considerar, porém, que a cliente em análise tinha 54 anos e, como era de se esperar
para essa condição, a junção escamocolunar (JEC) não estava visível. A possibilidade
83
da ocorrência de lesões fora do alcance da cervicografia digital reforça ainda mais a
necessidade da adoção de testes complementares para o rastreio do câncer do colo
uterino e de suas lesões precursoras, buscando-se associar sensibilidade com
especificidade. Segundo confirmado por resultados obtidos por Alves,Teixeira e Netto
(2002), nem mesmo o exame colposcópico é um método diagnóstico suficiente quando
a junção escamocolunar não é visível (ALVES; TEIXEIRA e NETTO, 2002)
A aceitação da cervicografia digital como teste de rastreio pelos sujeitos da
pesquisa foi de 100% e seu desempenho na investigação melhorou em 4,5 vezes a
detecção de lesões intra-epiteliais cervicais se comparado aos resultados obtidos
quando a citologia de Papanicolaou foi o único teste utilizado.
Tratando-se de tecnologia eficiência é condicionada à relação entre custos
e conseqüências e pode ser medida sob condições da prática diária (DONABEDIAN,
1988; GOODMAN, 1992). Para tanto, foi realizada pesquisa de preço em três
grandes lojas especializadas em equipamentos fotográficos, determinou-se o custo
médio de quatro opções de equipamentos adequados à realização da cervicografia
digital. Todas as opções apresentam os recursos mínimos necessários à execução
da técnica e diferenças em resolução, recursos adicionais e seguimento. Os
resultados podem ser observados no quadro 2.
Quadro 2 Custo teste / cliente de 4 opções de equipamentos utilizados no estudo, no
município de Fortaleza – Ceará – Brasil - 2004
EQUIPAMENTO CUSTO EQP. POPULAÇÃO N. TESTE VALOR/TESTE
OPÇÃO 1 R$ 1.500,00 26.000 6.000 R$ 0,25
OPÇÃO 2 R$ 3.500,00 52.000 12.000 R$ 0,29
OPÇÃO 3 R$ 7.000,00 78.000 18.000 R$ 0,38
OPÇAO 4 R$ 10.200,00 104.000 24.000 R$ 0,42
Custo EQP = Preço médio de mercado do equipamento.
População = Número de mulheres que se submetem ao preventivo de rotina.
N. Teste = Previsão de capacidade de disparos do equipamento para os casos de IVA positivo.
Opção 1 = Câmera 1MP a 2 MP + monopé - seguimento amador.
Opção 2 = Câmera 3 MP a 5 MP + monopé + flash circular - seguimento semiprofissional.
Opção 3 = Câmera 6.3 MP + monopé + flash circular + lente macro 105 mm – seguimento
semiprofissional.
Opção 4 = Câmera 8 MP+ monopé + flash circular + lente macro 105 mm - seguimento profissional.
O tempo médio para a análise e classificação das cervicografias digitais foi
de 4 minutos e revelou que, do ponto de vista da resolução e técnica fotográfica, não
84
houve diferença significativa na interpretação das imagens registradas nos modos de
exposição automática ou manual. Entretanto, as 92 cervicografias de alta resolução
(30,7%) apresentaram maior capacidade de ampliação e detalhamento que as 208
cervicografias em baixa resolução (69,3%).
O custo estimado da cervicografia digital uterina em programas de
prevenção do câncer do colo uterino pode ser comparado com valores pagos pelo
SUS por procedimentos adotados pelo Programa Nacional do Controle do Câncer do
Colo uterino e de Mama no quadro 3.
Quadro 3 Comparação entre valores pagos pelo SUS por procedimentos do
Programa Nacional do Controle do Câncer do Colo do Útero e de Mama e
o custo estimado para Cervicografia Digital Uterina
Fonte: MS-SIA/SUS – Programa Nacional de Controle do Câncer do Colo do Útero/Informações
Técnico-Gerenciais e Ações Desenvolvidas. P. 35, 2002.
CÓDIGO PROCEDIMENTO CUSTO
12.011.01 Exame citológico cérvico-vaginal e microflora R$ 5,37
12.011.02 Controle de qualidade do exame citopatológico e cérvico-vaginal R$ 5,37
17.051.01 Colposcopia R$ 1,69
17.051.01 Coleta de material para exame citopatológico R$ 1,00
Custo
estimado
Cervicografia Digital
R$ 0,25 a
R$ 0,45
85
5 DISCUSSÃO
Conforme demonstrado e aceito pela comunidade científica internacional,
programas de rastreamento citológico bem estruturados podem diminuir a incidência
e a mortalidade pelo câncer do colo do útero. Segundo se acredita, a incidência
desse tipo de câncer pode, em tese, ser reduzida em cerca de 90% nos lugares
onde exista rastreamento de qualidade somado a ampla cobertura da população
(EDDY, 1986). No entanto, na maioria dos países em desenvolvimento, entre os
quais se inclui o Brasil, os sistemas de saúde não dispõem de mecanismos eficazes
para essa redução acontecer de forma satisfatória, especialmente em virtude da
ausência de programas de triagem bem estruturados, o que acarreta alta incidência
e mortalidade por câncer do colo uterino. No Brasil, a avaliação da qualidade dos
serviços de saúde tem se restringido a estrutura física, quantitativos de produção e
avaliação da morbidade e mortalidade, mas utilizando-se, freqüentemente, de
parâmetros, indicadores e padrões inadequados ou obsoletos. Isto tem gerado
problemas de validade e confiabilidade de dados, da pertinência dos indicadores
disponíveis e de seu uso dissociado do conceito de eficácia ou efetividade e de
validade atribuível (KRAUSS, 1996).
O câncer cervical é uma doença cujo início ocorre a partir de uma lesão
pré-invasora que, na maioria das vezes, se desenvolve lentamente, durante vários
anos, antes de se configurar como um processo invasor. Essa afecção progressiva
principia com transformações intra-epiteliais, passíveis de evoluir para o processo
invasor em um período que varia de dez a vinte anos. Informações obtidas dos
estudos transversais em mulheres sobre prevalência do HPV por faixas etárias
permitem inferir que o contágio pelo HPV acontece no início da vida sexual (BRASIL,
2002; ROBBINS; CONTRAN; KUMAR, 1995).
Talvez esta prevalência seja variável com a idade. Nas faixas etárias
mais jovens é mais elevada e tende a cair em faixas etárias mais altas
(MORISSON et al., 1991; MELKERT et al., 1993). No presente estudo, 61,6% das
infecções acometiam mulheres na faixa etária entre 18 e 27 anos de idade
enquanto apenas 3,73 % das mulheres entre 48 e 69 anos de idade
apresentavam diagnóstico de lesão intra-epitelial cervical.
86
No Brasil, o Ministério da Saúde, por meio do Programa Nacional de
Controle do Câncer do Colo do Útero e de Mama, tem enfatizado a redução da
mortalidade por câncer do colo uterino mediante detecção e tratamento do câncer em
seu estágio inicial e ou de lesões intra-epiteliais acentuadas, consideradas
precursoras desse tipo de câncer. Assim, atualmente, a principal estratégia para o
controle desta doença reside na oferta da citologia de Papanicolaou para mulheres
com idades entre 25 e 59 anos (BRASIL, 2002). Apesar dos esforços despendidos, a
morbidade e a mortalidade ocasionadas pelo câncer do colo do útero têm se mostrado
persistentes, mesmo diante de significativo aumento no número de mulheres
submetidas a coleta citológica, o que suscita questionamentos quanto a sua
efetividade, quando utilizada como único método de triagem. A efetividade refere-se
ao resultado de uma intervenção aplicada sob condições habituais da prática médica,
que incluem as imperfeições de implementação que caracterizam o mundo cotidiano
(DONABEDIAN, 1988; GOODMAN, 1992).
Vários autores observaram aumento da incidência do câncer cervical em
mulheres jovens que foram triadas adequadamente pela citologia oncológica. Isto
demonstra a elevada taxa de resultados falso-negativos neste método (SCHNEIDER
et al., 2000; NANDA et al., 2000).
Para o INCA, toda mulher que tem ou já teve atividade sexual deve
submeter-se a exame preventivo periódico, especialmente se ela estiver na faixa etária
dos 25 aos 59 anos de idade. Recomenda ainda que o exame deve ser feito a cada
ano. No entanto, se dois exames seguidos (em um intervalo de um ano) apresentarem
resultado normal, o exame pode passar a ser feito a cada três anos (INCA, 2005).
Segundo recomendado pela American Cancer Society, as mulheres com
risco de câncer cérvico uterino devem fazer o exame preventivo anualmente, se um
dos fatores de risco tiver sido a existência de mais de dois parceiros sexuais durante
toda a vida (BENRUBI, 1986).
Nesse contexto, os profissionais dos programas de saúde da família e de
outras unidades de atendimento, em nível primário de assistência, têm tentado
detectar precocemente o câncer cervical e ou suas lesões precursoras, utilizando-se
somente da citologia de Papanicolaou. Sabe-se, porém, que apesar da alta
87
especificidade este teste apresenta baixa sensibilidade, e, em muitos casos, a
inspeção visual e os aspectos macroscópicos da cérvice não têm sido
suficientemente valorizados.
Na prática, conforme se observa quando da coleta para a citologia de
Papanicolaou, significativo número de mulheres apresenta, à inspeção visual,
alterações na mucosa do colo uterino bastante distintas dos aspectos da
normalidade, especialmente após aplicação do ácido acético a 5%. Entretanto, o
resultado do exame de algumas mulheres, em contradição aos achados da inspeção
visual e às recomendações do Programa Nacional de Controle do Câncer do Colo
Uterino e de Mama, revela-se negativo para o câncer cérvico uterino e suas lesões
precursoras, com diagnóstico citológico compatível com processo inflamatório, em
seus vários graus (FRANCO et al., 2001).
Algumas dessas mulheres, após poucos anos, mesmo repetindo
anualmente, ou em menor tempo, a citologia de Papanicolaou, e com laudos
igualmente inocentes, são diagnosticadas como portadoras de lesões intra-epiteliais
de grau acentuado ou até mesmo de câncer invasor. Portanto, tais recomendações
não têm se confirmado como uma forma segura de prevenção desse tipo de câncer.
De acordo com dados absolutos sobre a incidência e mortalidade por
câncer, estima-se que o câncer do colo do útero foi responsável pela morte de
3.726 mulheres no Brasil em 2001 (INCA, 2001) e 4.110 óbitos em 2003. Para o
ano de 2005 a expectativa é de 260 novos casos, para Fortaleza com taxa bruta de
20,64% (INCA, 2005). Para o mesmo ano, esperam-se 20.690 novos casos com
risco estimado de 22 casos para cada 100.000 mulheres, (INCA, 2004). O aumento
significativo de novos casos da doença e suas conseqüências têm levado muitos
pesquisadores, em todo o mundo, a repensar os métodos e estratégias utilizadas
para a prevenção do câncer do colo uterino, já que, geralmente, um único teste
jamais é perfeito.
A citologia oncológica para estudo do esfregaço do colo uterino foi
introduzida por George Papanicolaou em 1941 e tem sido largamente aceita como
um método de rastreamento para a detecção de lesões precursoras e do próprio
câncer cervical. A credibilidade desse teste passou a ser cada vez mais alta, sem se
88
levar em consideração sua baixa sensibilidade. Isto induziu os profissionais a relegar
a plano secundário a inspeção visual, com ou sem auxílio de outros testes.
Segundo demonstrado por ampla revisão bibliográfica realizada, a
sensibilidade alcançada pelos testes citológicos revisados naquele estudo chegava a
médias de 60%, significando que os testes de um grande número de mulheres,
portadoras de lesões com algum potencial cancerígeno, foram considerados negativos
(HYPPÓLITO, 1998). As taxas de resultados falso-negativos da citologia divergem
extensamente e apresenta sensibilidade de 30% a 87% e especificidade de 86% a
100%, mas estas taxas, em vários estudos, variam, e muito (MORELL et al., 1982).
A baixa concordância entre a citologia cervical e a histopatologia sugere
que a prática de confiar no exame citológico como único método de triagem das
mulheres que têm uma mancha típica deve ser evitado (WALKER; DODGSON;
DUNCAN, 1986; MASSAD; COLLINS; MEYER, 2001; STOLER; SCHIFFMAN, 2001).
O diagnóstico de câncer cérvico uterino em mulheres submetidas
sistematicamente ao exame citológico e com sucessivos resultados falso-negativos
para células neoplásicas suscita questionamentos quanto ao aspecto preventivo do
exame e sua eficácia, quando se busca a prevenção do câncer. A citologia
oncológica é um teste de rastreamento que apresenta baixa sensibilidade para
detectar lesões displásicas. Isto, somado a uma coleta de material inadequada, leva
a um sistema de screening falho (FRISTACHI et al., 2000).
Entre as inadequações na coleta de material para o exame citológico
podem ser mencionadas a não utilização rotineira da escova de Campos da Paz e a
coleta realizada na presença de grande quantidade de conteúdo vaginal proveniente
de processos infecciosos, o que dificulta ou impede a captura dos grupos celulares a
ser examinados.
Na maioria das unidades de saúde, o uso da escova de Campos da Paz
para coleta celular da porção endocervical e o teste da IVA a 5% não constituem
rotinas, tanto pela contumaz falta de insumos, como pelo despreparo de alguns
profissionais que realizam a coleta citológica. Essa constatação representa forte
indício de que a sensibilidade do teste de Papanicolaou nessas unidades, em virtude
da imperfeição na execução técnica da coleta citológica e IVA, e da ausência de um
89
segundo método de triagem complementar à citologia oncológica, é inferior à
descrita como aceitável na literatura pertinente.
No entanto, segundo observado na investigação ora desenvolvida, 275
mulheres (91,7%) apresentaram resultado negativo para câncer do colo uterino e
suas lesões precursoras, embora se tenha usado a espátula de Ayres e a escova
endocervical de Campos da Paz e nenhum esfregaço tenha sido considerado
insatisfatório. A sensibilidade alcançada pela citologia (22,5%) contrasta com os
resultados obtidos pelos demais métodos, onde o IVA demonstrou 99,1% de
sensibilidade, a colposcopia, 81,6% e a cervicografia digital, 99,1%.
Estudos indicam casos em que lesões precursoras e até mesmo o câncer
do colo uterino continuam passando despercebidos pelos profissionais da saúde.
Colaboram para essa falha diagnóstica, além da baixa sensibilidade do teste de
Papanicolaou, a subjetividade do teste citológico, a inspeção visual imprecisa, a
coleta citológica imperfeita e a ausência de um segundo método de triagem,
complementar à citologia de Papanicolaou, que possua custo-benefício adequado e
maior sensibilidade. No exame citológico, a distorção interrobservador e até mesmo
intra-observador é, por conseguinte, altamente subjetiva, como estudos têm
evidenciado (GROSS; BARRASSO, 1999).
Em corroboração à literatura pertinente sobre a baixa sensibilidade da
citologia e a necessidade de adoção de testes complementares para o rastreio do
câncer cervical e suas lesões precursoras, no presente estudo foram verificados três
casos de câncer do colo uterino rastreados pela cervicografia digital, e confirmados
pelo estudo histopatológico, que, entretanto, apresentaram resultados negativos ao
exame citológico. Tais resultados ocorreram a despeito destas mulheres virem
sendo submetidas à citologia de Papanicolaou regularmente, no mínimo, uma vez
por ano, em serviços considerados de referência na cidade de Fortaleza, pelo menos
nos últimos seis anos, sem que a doença fosse diagnosticada ou tratada
adequadamente.
Outros métodos diagnósticos e de rastreio têm sido propostos como
alternativos ou complementares à citologia a fim de melhorar a identificação das
cérvices que requeiram mais exames. Para o Brasil e em outros países em
90
desenvolvimento, é evidente a necessidade da adoção de testes simples e de baixo
custo, complementares à citologia oncológica, para o rastreamento de lesões
precursoras do câncer do colo uterino e o pronto tratamento destas lesões. Os
métodos diagnósticos freqüentemente utilizados, além da citologia, são a
colposcopia, a biópsia e o teste da IVA.
O mérito da colposcopia, embora indiscutível, como evidenciado pelos
procedimentos para a identificação do câncer do colo uterino, apresenta baixa
especificidade para distinguir metaplasias de lesões intra-epiteliais, por não possibilitar
a observação das estruturas celulares. A interpretação colposcópica das lesões, por
ser subjetiva, pois se fundamenta em critérios não objetivos, acaba por restringir o
número de biópsias, mesmo na presença de lesões, o que eleva a margem de erro
diagnóstico (REIS et al., 1999). Ainda assim, é um método utilizado quase sempre em
nível secundário de atenção. Mas é difícil o acesso das populações, especialmente da
zona rural, ao exame colposcópico. Esse exame pode apresentar como característica
positiva o resultado diagnóstico imediatamente após o exame. No entanto, seu caráter
subjetivo, o custo elevado e a exigência de longo treinamento do médico, com vistas a
sua interpretação, inviabilizam a utilização do método em larga escala (WRIGHT et al.,
2002). Alguns trabalhos sugerem que o acesso a profissionais mais bem treinados
seja maior para classes com maior poder aquisitivo do que para as classes
desprivilegiadas (MEDONHO et al., 2002; TRAVASSOS, 1992).
De acordo com dados da literatura, a colposcopia, apesar de ser
considerada uma técnica diagnóstica, possui restrições semelhantes àquelas
encontradas na citologia oncológica e na histopatologia, embora seja indispensável
na condução e acompanhamento do tratamento (SCHNEIDER et al., 2000;
HOPMAN; KENEMANS; HELMERHORST, 1998). O exame colposcópico, realizado
como rotina em triagem em nível primário, além de não ser recomendado em virtude
da baixa especificidade que apresenta, é completamente inviável tanto para o nosso
país, como para a grande maioria dos países em desenvolvimento, em decorrência
de limitações econômicas e técnicas.
A subjetividade na interpretação das alterações do colo uterino é
apontada como uma das principais causas da baixa concordância inter e mesmo
intra-observador nos testes de IVA, citologia de Papanicolaou e colposcopia
91
(WALKER; DODGSON; DUNCAN, 1986). Ademais, as lesões da cérvice uterina,
associadas ao papiloma vírus humano, apresentam problemas diagnósticos
específicos tais como: algumas modificações fisiológicas do epitélio cervical, que
podem mimetizar as alterações associadas ao HPV colposcopicamente, e até
mesmo histologicamente. Apenas 20% das zonas de transformação atípica
representam uma lesão intra-epitelial. Já a metaplasia interrompida é detectada em
30% das mulheres em idade reprodutiva, e a palidez ou opacidade do epitélio pode
ser um aspecto encontrado na metaplasia imatura ou na metaplasia interrompida
(GROSS; BARRASSO, 1999; LINHARES, 1994).
Os resultados alcançados nesta investigação corroboram esses autores,
pois a colposcopia, apesar de ter alcançado sensibilidade de 81,6%, demonstrou
especificidade de 55,5%.
A biópsia, ou seja, a retirada de um fragmento do tecido a ser analisado
microscopicamente, e que é objeto da histopatologia, tanto por razões éticas, como
por sua baixa especificidade para detecção da parte mais anormal da lesão, quando
praticada sem o auxílio da colposcopia, tem sua especificidade questionada. A
acurácia da biópsia orientada colposcopicamente correlacionada com o diagnóstico de
uma ou mais biópsias e os achados histológicos da lesão inteira mostraram uma taxa
de subdiagnóstico de 50% (GROSS; BARRASSO, 1999). Isso significa que pelo
menos 50% das biópsias não atingem a área histológica onde se encontrava a lesão.
Entre as alternativas possíveis, a IVA tem sido avaliada por diversos
pesquisadores. Esse teste consiste na visualização e observação cuidadosa do colo
uterino sob iluminação artificial apropriada, realizada por profissional capacitado,
antes e após a aplicação de ácido acético a 5%. Em Londres, estudo retrospectivo,
avaliou uma experiência de seis anos usando a cervicografia para triagem de 1.436
mulheres com manchas no colo uterino. O teste apresentou sensibilidade para
detectar NIC I, NIC II e NIC III de 92% e especificidade de 29% (MOULD et al.,
2000). Estudando 2.400 pacientes com idades entre 18 e 65 anos em Florença -
Itália, pesquisadores observaram que a IVA detectou 98,9 % dos casos que a
colposcopia havia identificado como normais e 98,4% das cérvices consideradas
anormais pela colposcopia, concluindo que a detecção de lesões cervicais pré-
cancerosas não deveria depender de se ter ou não um colposcópio (OTTAVIANO;
92
LA TORRE, 1982). Estudos têm descrito a IVA como um teste de baixo custo e um
mecanismo razoável para triagem de mulheres onde a citologia não está disponível
ou onde apresenta falhas consideráveis (CARR; WILLIAM, 1997; SELLORS, 2004;
MEGAVAND et al., 1996).
O teste da inspeção visual com o ácido acético a 5%, utilizado na seleção
da amostra deste estudo, apesar de demonstrar alta sensibilidade (99,1%) para
detecção do câncer cervical e suas lesões precursoras, encaminhou para o
aprofundamento investigativo elevado número de resultados falso-positivos, no total
de 189 mulheres ou 64,3% da amostra. Isto, pelos possíveis custos adicionais aos
serviços de saúde, e pela dificuldade de acesso à colposcopia para um grande
número de mulheres, torna o método questionável como única opção de rastreio
complementar à citologia de Papanicolaou.
Um aspecto a ser discutido em relação à IVA é a subjetividade do exame.
Mesmo existindo critérios bem definidos para achados anormais neste teste, a
possibilidade de uma interpretação subjetiva por parte do profissional que o realiza
não pode ser descartada, o que compromete a validação da IVA como método de
rastreamento (WESLEY et al., 1997).
Outro aspecto relevante em relação à IVA e que precisa ser mais bem
avaliado é a não recomendação, para o método, de qualquer instrumento de
magnificação. Essa característica parece justificar, pelo menos em parte, o elevado
número de resultados falso-positivos, pois a acuidade visual interobservador é
bastante variável. Desse modo, é improvável que o que se pensa ver corresponda,
entre os vários observadores, ao que efetivamente foi visto. Ademais, muitas
pessoas estabelecem fortes associações entre as cores e outras experiências
sensoriais (HEDGECOE, 1980), o que pode interferir na interpretação dos achados
clínicos. Normalmente se consideram três dimensões de cor, as quais variam de
forma independente e, uma vez especificadas, definem sem ambigüidade um tipo
determinado de cor: tom, saturação e brilho. No entanto, sem a uniformidade dos
parâmetros de iluminação e ampliação que os instrumentos de magnificação
proporcionam, essas dimensões ficam irremediavelmente comprometidas.
93
Alguns testes de detecção do DNA do HPV têm sido propostos em
substituição à citologia, como método de rastreio de lesões precursoras e do
câncer cervical ou para identificar mulheres com maior risco de terem estas lesões
após uma citologia suspeita. Tais técnicas de hibridização molecular incluem, entre
outras, a reação em cadeia de polimerase (PCR) e a captura híbrida. Existem
controvérsias na aplicação clínica destes testes, inclusive pela variável custo-
efetividade, que poderia representar profundo impacto negativo nos programas de
saúde. Segundo indicado por estudos, a utilização deste método em larga escala
levaria a um grande número de resultados falso-positivos, a um maior número de
encaminhamentos para colposcopia e, consequentemente, a um maior custo sem,
necessariamente, maior efetividade.
A fim de evitar referências dispensáveis ao exame colposcópico e à
biópsia dirigida, inviabilizando, ainda mais, os sistemas de referência públicos para
atendimento ao elevado número de mulheres, propõe-se a revalorização da
inspeção visual e a adoção de testes auxiliares. Entre estes, sobressai a
cervicografia digital para o registro de lesões suspeitas da cérvice uterina,
disponibilizando informações importantes para a elucidação diagnóstica. Na
investigação, o VPP. Que é a proporção de verdadeiros positivos entre todos os
indivíduos com teste positivo, para a cervicografia digital COP, foi de 76,0%, o que
representa um resultado bastante significativo em relação ao teste da IVA (37,0%).
Ainda hoje, alterações observadas no colo uterino, durante a coleta
citológica, são descritas pelos profissionais dos programas de saúde da família (não
especialistas) com termos genéricos, associados a imagens não específicas,
certamente, pela ausência de instrumentos que possibilitem observação mais
acurada da cérvice.
Das descrições usuais, feitas por não especialistas, conforme observado,
a mancha vermelha peri-orificial (MVPO) é provavelmente a mais utilizada, sem que
de fato represente alguma alteração em particular, ou indique uma conduta
específica. Esta e outras terminologias imprecisas podem sugerir ou indicar ao
exame colposcópico milhares de mulheres que poderiam prescindir de tal exame,
em detrimento de outras realmente necessitadas. Além disso, por não descrever
com precisão técnica e objetiva as alterações observadas, esses profissionais não
94
são, de modo geral, suficientemente convincentes ao solicitar, para a paciente na
qual se realizou a coleta citológica, uma avaliação colposcópica onde o profissional
médico estenderá a investigação diagnóstica além das fronteiras do laudo citológico.
Há de se considerar, entretanto, que essa falha se deve, em parte, à não
utilização, até então, de um instrumento apropriado para o registro da inspeção
visual que permita ao especialista comparar o laudo citológico com a inspeção visual
no momento da coleta citológica, realizada por outro profissional. No Brasil o serviço
público não dispõe de recursos humanos e materiais suficientes para o atendimento
da demanda referida para o exame colposcópico, sendo necessária e urgente a
utilização de triagens mais específicas.
Assim, desenvolveu-se esta investigação com os seguintes objetivos:
validar a cervicografia digital como teste adicional ao teste de Papanicolaou na rotina
de detecção do câncer do colo uterino e suas lesões, descrever seus aspectos
técnicos, propor critérios objetivos de positividade e verificar se a adoção desses
critérios aumenta de forma significativa, e custo efetivo, a detecção dessa patologia.
A cervicografia digital é uma adaptação da técnica fotográfica que utiliza a
fotografia digital e registra com fidelidade os achados da inspeção visual. Seu uso é
direcionado ao rastreamento do câncer de colo uterino e de suas lesões
precursoras, mediante observação, estudo e descrição da superfície cervical antes e
após o teste do ácido acético a 5%, em second look, e de outras patologias que
acometem a região genital.
Quando utilizada em rastreio em nível primário de atenção à saúde, a
cervicografia digital não é um teste diagnóstico. Trata-se de um procedimento
investigativo que permite registrar fotograficamente as características colorimétricas,
morfológicas e topográficas do colo uterino, fundo de saco e paredes vaginais. O
conjunto das imagens digitais constitui a cervicografia digital, e cada imagem,
isoladamente, é denominada de cervicograma. A exemplo da citologia de
Papanicolaou, é um teste recomendável para toda mulher que está ou já foi
sexualmente ativa e tem útero. No entanto, para que a cervicografia digital seja
utilizada com sucesso como primeiro método de triagem, complementar à citologia
de Papanicolaou, é fundamental que, além do equipamento mínimo necessário, o
95
técnico responsável pelo procedimento seja adequadamente treinado para
reconhecer os critérios objetivos de positividade sugestivos de que determinadas
pacientes apresentam alterações a serem esclarecidas.
O valor inestimável da cervicografia no reconhecimento de áreas
acetobrancas positivas já foi comprovado no desenvolvimento do estudo para
determinar a sensibilidade e especificidade do teste de inspeção visual com ácido
acético na detecção de lesões do colo uterino (HYPPÓLITO, 2002).
Há estudos de validação da cervicografia como método de rastreamento
screening, isoladamente ou de forma complementar, das patologias que acometem a
cérvice uterina, e, entre elas, o câncer cervical (REID et al., 1984; SCHNEIDER et
al., 1999; FERRIS, 2001; COSTA et al., 2000; AUTIER et al., 1999;
SANKARANARANAYAN et al., 1998). A avaliação tecnológica preocupa-se,
principalmente, com as conseqüências técnicas, econômicas e sociais das
aplicações das tecnologias, especialmente os efeitos não pretendidos, indiretos ou
impactos sociais tardios (GOODMAN, 1992)
Segundo confirmado, o acréscimo da cervicografia após o pincelamento
da cérvice com solução de ácido acético a 5% aumenta em quatro vezes a eficiência
do rastreamento de neoplasias intra-epiteliais cervicais feitas por meio da citologia
oncológica (SCHNEIDER et al., 1999; FRISCH et al., 1990).
Acredita-se que a técnica pode ser extremamente útil no controle de
qualidade de programas de prevenção, técnicas de colheita citológica e
resolutividade laboratorial, tudo visando à diminuição da morbi-mortalidade por
câncer do colo uterino sempre tão elevada nos países em desenvolvimento. A partir
daí, é possível ocorrer a redução de custos e das perdas sociais acarretados pelo
câncer cervical.
Conforme o Ministério da Saúde do Brasil, o Programa Nacional de
Controle do Câncer do Colo do Útero e de Mama foi criado com o objetivo de reduzir
não só a mortalidade, mas também as repercussões físicas, psíquicas e sociais que
esses cânceres ocasionam à mulher. Para tanto, oferece serviços para prevenção e
detecção em estágios iniciais, além de tratamento e reabilitação (BRASIL, 2002). No
Ceará, entretanto, a maior parte das unidades de saúde em nível de atenção
96
primária não disponibilizam o tratamento imediato das mulheres com citologia de
Papanicolaou positiva para lesões intra-epiteliais, ou o tratamento da lesão cervical
observada no teste da IVA, como observamos em diversas unidades de saúde
visitadas. Como conseqüência, muitas mulheres têm o aprofundamento da
investigação diagnóstica e tratamento postergados. As grandes distâncias dos
centros de referência e atenção secundária, as dificuldades socioeconômicas, o
elevado grau de desinformação da população e a ausência de mecanismos para o
seguimento dos casos agravam o quadro sobremaneira.
Como recomendação para periodicidade do exame colpocitológico o
Ministério da Saúde do Brasil definiu, em 1988, que este deve ser realizado uma vez
por ano e que após dois exames anuais consecutivos negativos deve ser repetido a
cada três anos. Ainda segundo recomenda, deve ser realizado em mulheres de 20 a
60 anos de idade, ou que já tenham tido atividade sexual mesmo antes dessa faixa
de idade (INCA, 2004). Também é recomendação do Ministério da Saúde, por meio
do Programa “Viva Mulher”, que lesões intra-epiteliais de grau leve como NIC I e os
casos de ASCUS e AGUS sejam submetidos a conduta expectante e tenham as
citologias repetidas a cada seis meses.
A nosso ver, um programa de prevenção do câncer do colo do útero bem
estruturado deve disponibilizar o tratamento imediato das lesões suspeitas e aquelas
com laudo citológico compatível com lesões de grau leve, e ou no mínimo facultar à
mulher a escolha sobre o tratamento imediato ou a conduta expectante.
Apesar de justificar-se a conduta expectante, na afirmação de que uma
grande parte das lesões de grau leve regride totalmente, e de forma espontânea, o
sistema de saúde não dispõe de meios ou métodos para identificar as mulheres nas
quais a lesão progredirá até câncer invasor. Do mesmo modo, não dispõe de um sistema
de seguimento e busca eficiente. Assim, a conduta expectante para lesões intra-epiteliais
de grau leve, apesar de ser justificável sob o ponto de vista econômico, quando se busca
uma aplicação mais racional dos recursos, e sob o ponto de vista ético, quando se busca
a redução de iatrogenias provocadas pelo tratamento de lesões, que provavelmente
regrediriam de forma espontânea, não suprime nem justifica o sofrimento psíquico e o
desconforto das mulheres diagnosticadas e não tratadas prontamente.
97
Os resultados dessa investigação demonstram a necessidade urgente de
adoção de testes complementares à citologia de Papanicolaou nos programas de
prevenção e controle do câncer do colo uterino para se poder melhorar a qualidade
do rastreamento, e reduzir-se, nos diversos aspectos envolvidos (psicossocial, físico
e emocional), os danos causados às mulheres pela doença.
A cervicografia digital pode ser de extrema utilidade, particularmente em
mulheres com história clínica e ou comportamental de alto risco para câncer do colo
uterino, especialmente em local onde o acesso à colposcopia é restrito, onde se
deseja realizar um controle de qualidade sobre os dados clínicos e os seus
correspondentes laboratoriais, onde a citologia oncológica é o único método de
rastreamento disponível. Por permitir a observação das imagens do colo uterino,
pode até reduzir, a critério médico, a necessidade de encaminhamentos para
exames colposcópicos e ou biópsias.
A avaliação tecnológica tem sido cada vez mais utilizada nos países
desenvolvidos, objetivando apreender as melhores formas de incorporação,
gerenciamento e modo de utilização das tecnologias da saúde. A importância da
avaliação tecnológica busca evitar que a incorporação e a utilização de tecnologias
médicas ocorram de maneira lesiva à qualidade técnica dos serviços, seja do ponto
de vista da eficácia, efetividade e do custo, com repercussões negativas para o
financiamento do setor e para eqüidade no acesso e utilização de serviços
(MEDONHO et al., 2002; BANTA, 1986).
Mesmo considerando que a conduta médica em face da classificação positiva
da cervicografia digital possa divergir, por estar ou ser condicionada a vários outros
critérios objetivos e/ou subjetivos, a cervicografia digital permanecerá, ainda assim, como
ponto de corte para futuras investigações, revisão de caso, e até como documentação
legal para resguardo da paciente e ou do profissional, pois a imagem refere-se a algo que
efetivamente se encontra diante da lente, o que leva à inquestionabilidade de sua
existência, porquanto a fotografia é um processo que permite o registro de imagens
ópticas sob uma forma definitiva (FONTCUBERTA, 1994; REGO, 2001).
98
6 CONCLUSÕES
Como conclusões, podem ser mencionadas:
1. Os resultados da investigação demonstraram que a cervicografia digital
aumentou em 4,5 vezes a eficiência do rastreio para neoplasias intra-epiteliais
cervicais e câncer do colo uterino no estudo, se comparada com os resultados
obtidos pela citologia de Papanicolaou de forma isolada. Desse modo, valida o
teste, por seu bom desempenho, como adequado, quando utilizado de forma
complementar à citologia de Papanicolaou.
2. A cervicografia digital foi bem aceita como teste de triagem complementar à
citologia de Papanicolaou com 100% de aceitação pela população estudada.
3. Foi possível realizar a cervicografia digital com qualidade fotográfica satisfatória a
partir de câmeras digitais amadoras.
4. A cervicografia digital, na investigação, alcançou 99,1% de sensibilidade. Mostrou-se
mais sensível do que a colposcopia (81,6%) e do que a citologia de Papanicolaou
(22,5%) para o rastreio de lesões precursoras e do câncer do colo uterino.
5. A taxa de prevalência para o câncer do colo uterino e para neoplasias intra-
epiteliais na população estudada foi a seguinte:
- Lesões intra-epiteliais de grau leve = 7,6% (99/1.286)
- Lesões intra-epiteliais de grau acentuado = 0,38 % (5/1.286)
- Câncer= 0,23% (3/1.286).
6. A cervicografia digital demonstrou ser um teste de baixo custo, com valor
estimado entre R$ 0,25 e R$ 0,42 por teste. Como o procedimento é realizado de
forma complementar à coleta citológica de rotina, e pelo mesmo profissional, não
há custo adicional com insumos ou com profissional.
VANTAGENS E BENEFÍCIOS DA CERVICOGRAFIA DIGITAL:
1. É um teste de fácil execução e possível de ser adotado em nível primário de
atenção à saúde.
2. Tem elevada aceitação pelas pacientes.
99
3. Possui baixo custo.
4. Consegue identificar um número maior de mulheres com lesões cervicais do que
a citologia de Papanicolaou isoladamente.
5. É uma alternativa barata à colposcopia em locais onde esse exame é de difícil
acesso ou onde a demanda é superior à oferta.
6. As imagens podem ser transmitidas via Internet.
7. Os cervicogramas não necessitam de revelação ou tratamentos especiais
prévios a sua interpretação.
8. O tempo decorrido entre a realização do teste e sua classificação é inferior em
relação ao tempo gasto com a citologia de Papanicolaou.
9. Fornece documentação confiável para comparação e controle dos exames
citológicos negativos quando a IVA é positiva.
10. Permite reavaliação do caso em second loock para controle clínico, pesquisa e
ensino de profissionais de saúde e da paciente;
11. Reduz erros decorrentes da interpretação subjetiva dos achados à IVA e à
colposcopia.
12. Pode ser utilizada em programas de controle de qualidade.
DESVANTAGENS E LIMITAÇÕES:
1. Não consegue detectar a infecção pelo HPV na sua forma latente.
2. Não permite a visão adequada do interior do canal endocervical.
3. Requer equipamento distinto do usado na prevenção convencional.
4. Requer treinamento profissional para captura dos cervicogramas e classificação
das cervicografias.
100
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8 APÊNDICES
117
APÊNDICE A - Ficha de Atendimento A
Título do Estudo: CERVICOGRAFIA DIGITAL: Avaliação da técnica e dos critérios de positividade
DATA: ______/______/200___ FICHA DE ATENDIMENTO Nº._____
Prontuário:_____________Identidade:_____________CD Nº._______ Imagens de ______ a ______
Nome:______________________________________________________________ Idade:________
PARIDADE: Partos:_____________ Abortos:____________ Última Prevenção: _________________
Endereço: ____________________________________________________ Nº ________ Apto._____
Bairro:________________ CEP.________________ Município:______________________________
Telefone pessoal ou de outra pessoa para contato: ________________________________________
COLETA CITOLÓGICA E INSPEÇÃO VISUAL:
1. COLO: 1.1 ( ) NORMAL 1.2 ( ) ATÍPICO 1.3 ( ) CÂNCER
2. COLETA CITOLÓGICA 2.1 ( ) SIM 2.2 ( ) NÃO
3. TESTE DO ÁCIDO ACÉTICO A 5%
3.1 ( ) POSITIVO ( Áreas Reativas Acetobrancas) 3.2 ( ) NEGATIVO (Ausência de Epitélio Branco)
4. TESTE DE SCHILLER 4.1 ( ) POSITIVO 4.2 ( ) NEGATIVO
5. CERVICOGRAFIA DIGITAL 5.1 ( ) POSITIVO 5.2 ( ) NEGATIVO
CRITÉRIOS DE POSITIVIDADE
ASPECTOS COLORIMÉTRICOS
Antes do teste do ácido acético a 5%
( ) Característica Mucosa ( ) Vermelho ( ) Branco Tênue ( ) Branco Médio ( ) Branco Intenso
Após o teste do ácido acético a 5%
( ) Característica Mucosa ( ) Vermelho ( ) Branco Tênue ( ) Branco Médio ( ) Branco Intenso
ASPECTOS MORFOLÓGICOS
( ) Vegetante ( ) Lesão única ( ) Bordos bem delimitados ( ) Filiforme
( ) Úlcera ( ) Múltiplas ( ) Bordos imprecisos ( ) Circular
( ) Mácula ( ) Tamanhos variados ( ) Bordos mistos ( ) Geográfico
( ) Pápula ( ) Tamanhos uniformes ( ) Não vizualizados
PARÂMETROS FOTOGRAFICOS TOPOGRAFIA
QSD
QIE
QID
QSE
LP
LA
1/3 VAI
1/3 VMA
1/3 VAE
1/3 VPM
1/3 VPI
1/3 VPE
FS
FS
Câmara: ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 Esp.: ( ) Met. ( ) Plast.
Fonte luz: ( )Fo+Fl ( ) Fl.circ Abertura: f (______ )
Velocidade ob.: (___) Valor de repet.: (____) Zoom: ( )D ( )OPT
Foco: ( ) M ( ) A Lent.Flt. ( ) Clsp. L500 ( ) Clps L500 + clp 2x
( ) Encaminhada para avaliação e conduta médica.
____________________________________
Assinatura e Carimbo
118
APÊNDICE B - Ficha de Atendimento B
AVALIAÇÃO DAS CERVICOGRAFIAS FALSO-POSITIVAS
(CONTROLE DE QUALIDADE / CRITÉRIOS OBJETIVOS)
Data:______/______/200__
Nome: __________________________________________________ Pront.: ____________
Idade: _________ anos - Telefone para contato: ___________________________________
CERVICOGRAFIA DIGITAL ANTERIOR
Nº de cervicogramas: ___________________ Resolução utilizada: __________ pixels
Fator de erro extrínseco: SIM ( ) NÃO ( )
Fator de erro intrínseco: SIM ( ) NÃO ( ) - TAA 5% POSIT. ( ) NEGAT. ( )
FOCO ( ) LUZ e SOMBRA ( ) RESOLUÇÃO ( ) TÉCNICA ( )
ERRO DE GRAVAÇÃO ( ) OUTRO ( ):_____________________________________
CERVICOGRAFIA DE REVISÃO
Data:______/______/2004-03-30
Nº de cervicogramas: ___________________ Resolução utilizada: __________ pixels
Fatores de erro extrínsecos: ( )SIM NÃO ( )
Fatores de erro intrínsecos: ( ) SIM NÃO ( ) - TAA 5% ( )POSIT NEGAT( )
FOCO ( ) LUZ e SOMBRA ( ) RESOLUÇÃO ( ) TÉCNICA ( )
ERRO DE GRAVAÇÃO ( ) OUTRO ( ):____________________________________
CERVICOGRAFIA: ( ) POSITIVA NEGATIVA ( )
CONDUTA MÉDICA:
CONVOCADA: ( )SIM NÃO ( )
COLPOSCOPIA ( )SIM NÃO ( )
BIÓPSIA ( ) SIM NÃO ( )
ELETRO ( ) SIM NÃO ( )
HISTOPATOLOGIA: _________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
OBSERVAÇÕES: ___________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
119
APÊNDICE C - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
Cara Senhora,
Sou enfermeiro obstetra e aluno do Curso de Doutorado em Enfermagem da
Universidade Federal do Ceará. Estou desenvolvendo uma pesquisa com mulheres
que realizam o exame preventivo, com objetivo de avaliar se a fotografia do colo do
útero pode ajudar na prevenção do câncer, mostrando raladuras e feridas que o
preventivo não consiga detectar.
Neste sentido, solicito sua permissão para, após realizar os procedimentos de rotina
para coleta de material para o exame preventivo (Papanicolaou), fotografar o colo do
seu útero para examinar, nas fotografias, a existência de feridas ou raladuras que
possam indicar alguma anormalidade que o exame preventivo não conseguiu
detectar. Algumas feridas e raladuras do colo do útero, quando não descobertas e
tratadas precocemente, podem agravar-se e até evoluir para o câncer.
O exame preventivo é realizado na mesa de exame ginecológico, com a mulher
vestida somente com bata fornecida pela unidade de saúde. Durante o exame você
ficará deitada de costas, em posição ginecológica. Então, será colocado dentro da
sua vagina um aparelho chamado espéculo, que tem a forma parecida com um tubo,
e que permite olhar o colo do útero. O material para exame é coletado raspando-se o
colo do útero com uma espátula de madeira e uma escovinha que são introduzidas
na vagina e giradas cuidadosamente.
Depois, com uma pinça e uma gaze molhada com um líquido parecido com vinagre,
faz-se a limpeza das secreções da vagina para melhor ver o colo do útero. Nesse
momento, se for observada alguma ferida ou raladura ou mancha, será fotografado o
colo do seu útero. A fotografia do colo do útero é conhecida pelo nome de cervicografia.
Para que eu possa realizar as fotografias é necessário que você concorde em
permanecer, após o término do exame preventivo, em posição ginecológica por um
espaço de tempo de cinco a dez minutos.
Além da maior permanência em posição ginecológica, durante a realização das
fotografias, não é esperado nenhum outro desconforto ou risco para você.
As fotografias não terão nenhum custo para você. Todo equipamento e o material
necessário para a realização das fotografias será da responsabilidade do pesquisador.
Solicito, também, sua permissão para ter acesso e utilizar em minha pesquisa as
informações e os resultados dos exames relativos ao seu preventivo.
120
Estará garantido o sigilo de todas as informações referidas pela senhora, bem como
terá o direito de aceitar ou não participar do estudo ou deixar de participar deste, a
qualquer momento, sem que isto traga algum prejuízo a sua saúde e ao seu cuidado.
Os dados serão utilizados apenas na elaboração e divulgação de minha Tese de
Doutorado, respeitando o caráter confidencial da sua identidade.
Pela observação das fotografias do colo do útero não é possível descobrir sua
identidade, e no meu trabalho, não usarei o seu nome e nem direi nenhuma
informação que possa identificá-la.
No caso de dúvidas ou desistência, estou a sua disposição no seguinte endereço:
Centro de Saúde Anastácio Magalhães, na Rua Delmiro de Farias, nº 1679 - Rodolfo
Teófilo - telefone: 433 2562.
Atenciosamente,
______________________________________
Eugênio Santana Franco
Mestre em Enfermagem
Eu, __________________________________________ R.G. N
o
_______________,
tendo recebido as informações acima, e ciente de meus direitos acima relacionados,
concordo em participar da pesquisa e declaro que não me oponho a que o meu colo
do útero seja fotografado.
____________________________ Fortaleza, _____ de ____________ de 200___
Assinatura do sujeito da pesquisa
___________________________ Fortaleza, _____ de ____________ de 200___
Assinatura do pesquisador
(carimbo ou nome legível)
___________________________ Fortaleza, _____ de ____________ de 200___
Assinatura da pessoa que obteve
o termo de consentimento
9 ANEXOS
122
ANEXO A
DECLARAÇÃO
Declaramos, para os devidos fins, que a pesquisa VALIDAÇÃO DA
CERVICOGRAFIA DIGITAL, como exame coadjuvante no rastreamento de lesões
precursoras do câncer do colo uterino, será desenvolvido no Centro de Saúde Dr.
Anastácio Magalhães, da Prefeitura Municipal de Fortaleza.
O estudo em questão será realizado, cumprindo todos os termos da
Resolução 196 de 10/10/1997, do Conselho Nacional de Saúde (Inf.Epidem.do SUS
– Brasil, ANO V, No. 2, 1996).
Fortaleza, 25 de agosto de 2003
M.S. Enf.º Eugênio Santana Franco
Pesquisador principal
ANEXO B
124
ANEXO C
CD positivas e correspondentes laboratoriais dos resultados dos exames citológicos
e histopatológicos das mulheres do estudo, no município de Fortaleza – Ceará –
Brasil - 2004
PACIENTE CDU CITOLOPATOLOGIA HISTOPATOLÓGICO
1
Positivo Inflamatório moderado
Eversão com metaplasia escamosa, cervicite
crônica, com alterações sugestivas de HPV
4
Positivo Inflamatório moderado Cervicite Crônica
5
Positivo Inflamatório moderado
Eversão com metaplasia escamosa, cervicite
crônica, com alterações sugestivas de HPV
13
Positivo Inflamatório moderado
Eversão com metaplasia escamosa, cervicite
crônica, com alterações sugestivas de HPV
15
Positivo Inflamatório moderado
HPV
19
Positivo Inflamatório moderado
Pólipo
20
Positivo Inflamatório moderado
HPV
23
Positivo Inflamatório moderado
NIC I
24
Positivo Inflamatório moderado
HPV
25
Positivo Inflamatório moderado
HPV
33
Positivo
ASCUS HPV
39
Positivo Inflamatório acentuado
Adenocartcinoma do colo uterino bem
diferenciado
54
Positivo Inflamatório moderado
Pólipo - Hiperplasia acantótica do epitélio
escamoso cervical. Cervicite Crônica
inespecífica moderada com predomínio de
linfócotos e plasmócitos sobre neutrófilos no
exudato. Metaplasia escamosa madura, não há
sinais de malignidade
56
Positivo Inflamatório moderado Compatível com HPV
57
Positivo Inflamatório moderado
HPV
60
Positivo Inflamatório moderado
HPV
64
Positivo Inflamatório moderado
Eversão com metaplasia escamosa, cervicite
crônica, com alterações sugestivas de HPV
69
Positivo Inflamatório moderado
NIC I
77
Positivo Inflamatório moderado
Eversão com metaplasia escamosa, cervicite
crônica, com alterações sugestivas de HPV
78
Positivo Inflamatório moderado
HPV
79
Positivo Inflamatório moderado Ecto-cervicite crônica
82
Positivo
ASCUS
90
Positivo Inflamatório moderado
HPV
92
Positivo Inflamatório moderado
HPV
93
Positivo Inflamatório moderado
HPV
94
Positivo Inflamatório moderado
HPV
95
Positivo Inflamatório moderado Cervicite crônica
97
Positivo
HPV
Eversão com metaplasia escamosa, cervicite
crônica, com alterações sugestivas de HPV
102
Positivo
ASCUS HPV
104
Positivo Inflamatório moderado
Ecto-cervicite crônica com alterações
sugestivas de HPV
106
Positivo
NIC III NIC I
112
Positivo Inflamatório moderado
NIC I
113
Positivo Inflamatório moderado
HPV
114
Positivo Inflamatório moderado Eversão com metaplasia escamosa, cervicite
125
crônica, com alterações sugestivas de HPV
PACIENTE CDU CITOLOPATOLOGIA HISTOPATOLÓGICO
116
Positivo Inflamatório acentuado
Eversão com metaplasia escamosa, cervicite
crônica, com alterações sugestivas de HPV
117
Positivo Inflamatório moderado
HPV
118
Positivo Inflamatório moderado Cervicite crônica inespecífica moderada
120
Positivo
NIC III Carcinoma in situ
124
Positivo Inflamatório moderado
HPV
128
Positivo Inflamatório acentuado
Eversão com metaplasia escamosa, cervicite
crônica, com alterações sugestivas de HPV
132
Positivo Inflamatório moderado
HPV
133
Positivo Inflamatório moderado
Pólipo
135
Positivo Inflamatório moderado
HPV
136
Positivo
NIC I
Moderada hiperplasia acantótica do epitélio
escamoso ectocervical, Cervicite crônica
exudativa com predomínio de linfótitos sobre
neutrófilos – Displasia leve ( NIC I) em
pequeno trecho do epitélio escamoso. Não
evidência de invasão.
137
Positivo Inflamatório acentuado
HPV
138
Positivo Inflamatório moderado Discreta Cervicite crônica inespecífica
141
Positivo Inflamatório moderado
NIC II
142
Positivo Inflamatório moderado
NIC I
151
Positivo Inflamatório moderado
HPV
152
Positivo
NIC I
154
Positivo Inflamatório leve Cervicite crônica
155
Positivo
NIC I
Eversão com metaplasia escamosa, cervicite
crônica, com alterações sugestivas de HPV
156
Positivo Inflamatório moderado
Eversão com metaplasia escamosa, cervicite
crônica, com alterações sugestivas de HPV
157
Positivo Inflamatório moderado
NIC I
161
Positivo Inflamatório moderado
NIC I
162
Positivo Inflamatório moderado
NIC I
163
Positivo Inflamatório moderado
NIC I
164
Positivo Inflamatório moderado
HPV
165
Positivo Inflamatório moderado
HPV
168
Positivo
NIC I
Cervicite crônica
172
Positivo Inflamatório moderado
HPV
173
Positivo Inflamatório moderado
NIC I
174
Positivo Inflamatório moderado
HPV
175
Positivo Inflamatório moderado
NIC I
176
Positivo Inflamatório moderado
NIC I
177
Positivo Inflamatório moderado Cervicite crônica
178
Positivo Inflamatório moderado
HPV
180
Positivo Inflamatório moderado
HPV
181
Positivo Inflamatório moderado
HPV
182
Positivo Inflamatório moderado
HPV
187
Positivo Inflamatório moderado
HPV
188
Positivo Inflamatório moderado
HPV
189
Positivo Inflamatório moderado
HPV
190
Positivo Inflamatório moderado Cervicite crônica
192
Positivo Inflamatório moderado
HPV
193
Positivo Inflamatório moderado Cervicite crônica
194
Positivo
NIC I
Cervicite crônica
195
Positivo Inflamatório acentuado
HPV
197
Positivo Inflamatório moderado Cervicite crônica
198
Positivo Inflamatório moderado
HPV
126
200
Positivo Inflamatório moderado
Condiloma Plano – discreta cervicite crônica
inespecífica
PACIENTE CDU CITOLOPATOLOGIA HISTOPATOLÓGICO
201
Positivo Inflamatório moderado
Condiloma Plano
202
Positivo Inflamatório moderado
HPV
203
Positivo Inflamatório moderado Cervicite crônica
205
Positivo Inflamatório moderado Cervicite crônica
206
Positivo Inflamatório moderado
HPV
207
Positivo Inflamatório moderado
HPV
208
Positivo Inflamatório moderado
HPV
212
Positivo
NIC I HPV
213
Positivo Inflamatório acentuado
HPV
214
Positivo Inflamatório acentuado
HPV
216
Positivo Inflamatório moderado
HPV
217
Positivo Inflamatório moderado
Pólipo
219
Positivo Inflamatório moderado
NIC II
223
Positivo Inflamatório moderado
Condiloma Plano
225
Positivo
NIC II NIC I
228
Positivo Inflamatório moderado
HPV
229
Positivo
NIC I NIC I
230
Positivo Inflamatório moderado Cervicite crônica
231
Positivo Inflamatório moderado Cervicite crônica
233
Positivo Inflamatório leve
HPV
235
Positivo Inflamatório leve
NIC I
237
Positivo Inflamatório moderado
NIC I
243
Positivo Inflamatório moderado
HPV
246
Positivo Inflamatório moderado
HPV
249
Positivo Inflamatório acentuado
Pólipo Hiperplasia leucoplasiforme do epitélio
escamoso cervical – Cervicite crônica inespecífica
com acentuado exsudato de linfócitos e
plasmócitos. Não há sinais de malignidade.
250
Positivo Inflamatório moderado
HPV
251
Positivo Inflamatório moderado
Eversão com metaplasia escamosa, cervicite
crônica, com alterações sugestivas de HPV
255
Positivo Inflamatório acentuado
NIC I
261
Positivo Inflamatório acentuado Cervicite crônica
262
Positivo Inflamatório moderado
HPV
264
Positivo
ASCUS NIC I
265
Positivo Inflamatório moderado
HPV
267
Positivo Inflamatório moderado Cervicite crônica
268
Positivo Inflamatório moderado Cervicite crônica
270
Positivo Inflamatório leve
HPV
272
Positivo
NIC I
274
Positivo
HPV
275
Positivo
ASCUS
276
Positivo Inflamatório moderado
HPV
277
Positivo Inflamatório moderado Cervicite crônica
278
Positivo Inflamatório moderado
HPV
279
Positivo Inflamatório acentuado
Eversão com metaplasia escamosa, cervicite
crônica, com alterações sugestivas de HPV
280
Positivo
NIC I
Cervicite crônica
281
Positivo Inflamatório moderado Cervicite crônica
282
Positivo
NIC I NIC I
283
Positivo
NIC I
NIC I – Displasia leve do colo uterino com
alterações sugestivas de HPV
284
Positivo Inflamatório moderado Cervicite crônica
285
Positivo Inflamatório moderado
Carcinoma Invasor
286
Positivo Inflamatório moderado Cervicite crônica
127
287
Positivo
NIC I NIC I
PACIENTE CDU CITOLOPATOLOGIA HISTOPATOLÓGICO
288
Positivo Inflamatório moderado
NIC II – Displasia moderada do colo uterino
com alteração sugestiva de HPV
289
Positivo
NIC II
Cervicite crônica
290
Positivo Inflamatório moderado
HPV
291
Positivo Inflamatório moderado
HPV
292
Positivo Inflamatório moderado
NIC II – Displasia moderada do colo uterino
com alteração sugestiva de HPV
293
Positivo Inflamatório moderado
HPV
294
Positivo Inflamatório moderado
HPV
295
Positivo Inflamatório moderado
HPV
296
Positivo
NIC III NIC III
297
Positivo Inflamatório moderado
HPV
298
Positivo
NIC I NIC I
299
Positivo Inflamatório moderado
Cervicite crônica inespecífica, moderada –
metaplasia escamosa madura e imatura, não há
sinais de malignidade
300
Positivo Inflamatório moderado
HPV
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