seja, a vêem como doenças incuráveis, debilitantes, que modificam fisicamente o
indivíduo e, sobretudo, matam.
Em contraposição àqueles idosos que nunca ouviram falar em Aids, idosos
do grupo associaram a Aids ao preservativo, lembrando que essa era a forma de se
prevenir da doença. Tal fato nos mostra que a mídia, quando se refere a Aids, se
preocupa unicamente com o fato de divulgar o uso do preservativo, que, ao contrário
de que muitos pensam, não é um artifício novo utilizado durante o sexo, apenas seu
uso e sua fabricação ganharam força com a epidemia da Aids. As questões de
comportamento não têm sido abordadas, e pouco ainda a responsabilidade
individual e coletiva.
Também notamos que os idosos percebem a Aids como um castigo, para
aqueles que transgridem normas morais, impostas culturalmente, tal como a traição,
principalmente a masculina. Essa “condenação” levaria o transgressor à pena maior
imposta: a perda da própria vida.
Para os idosos do Grupo Vida, risco significa um “Aumento de chance de
algo ruim acontecer”. Onde a partir dessa construção foram trabalhados aspectos
ligados ao risco perante o HIV/Aids. Foi unânime entre os idosos pesquisados a
relação da agulha contaminada, agulha injetável, sexo com vários parceiros e
transfusão sanguínea com o aumento de risco para o HIV/Aids, todavia nada nos
garante de que eles tomem atitudes preventivas com relação a Aids, principalmente
no que concerne ao uso de preservativos, como discutimos anteriormente, pois não
faz parte da cultura deles. Compartilhar cadeiras, sanitários, talheres com uma
pessoa com HIV, ou até mesmo um simples contato direto através de beijo e abraço,
foi atitude tida pelo grupo como contendo um certo risco de transmissão da Aids, o
que, mais uma vez, corrobora o nosso pensamento inicial de que muito ainda os
idosos têm a aprender sobre essa doença.
Relativamente a autopercepção de risco para o HIV/Aids, o idoso do
Grupo Vida não se vê vulnerável. Percebe-se nas falas de mulheres viúvas a noção
de que, não tendo mais parceiros, não teriam risco, ao mesmo tempo em que elas
mesmas lembram outras formas de transmissão que as poderiam expor, mas,
mesmo assim, as evocam como formas que jamais possam vir a acontecer. De outro