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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO
PUC-SP
Niele Caroline Vasconcelos Medeiros
Fala traqueoesofágica em laringectomizados totais:
expressividade como proposta de intervenção
MESTRADO EM FONOAUDIOLOGIA
SÃO PAULO
2008
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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO
PUC-SP
Niele Caroline Vasconcelos Medeiros
Fala traqueoesofágica em laringectomizados totais:
expressividade como proposta de intervenção
MESTRADO EM FONOAUDIOLOGIA
Dissertação apresentada à Banca
Examinadora como exigência parcial para
obtenção do título de Mestre em
Fonoaudiologia, pela Pontifícia Universidade
Católica de São Paulo, sob a orientação da
Profa. Dra. Marta Assumpção de Andrada e
Silva.
SÃO PAULO
2008
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MEDEIROS, Niele Caroline Vasconcelos
Fala traqueoesofágica em laringectomizados totais:
expressividade como proposta de intervenção
/ Niele Caroline
Vasconcelos Medeiros – São Paulo, 2008.
xii, 116f.
Tese (Mestrado) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.
Programa de Pós-Graduação em Fonoaudiologia
Tracheoesophageal speech in total laryngectomized patients:
expressiveness as a proposal for intervention.
1.
Laringectomia 2. Comunicação 3. Inteligibilidade de fala
Banca Examinadora
Prof. Dr. ____________________________________________
Prof. Dr. ____________________________________________
Prof. Dr. ____________________________________________
iii
Autorizo, exclusivamente para fins acadêmicos e científicos, a produção total ou
parcial desta dissertação, desde que na reprodução figure a identificação do autor,
títulos, instituição e ano.
São Paulo, ________ de julho de 2008
_________________________________________
A minha amada avó, Maria de Lourdes Gomes de
Oliveira, pelo amor, companheirismo, dedicação e apoio.
Obrigada por ter aceitado se mudar para São Paulo junto
comigo, por estar ao meu lado durante todo esse tempo e
por entender quão importante foi para mim realizar esse
sonho. Agradeço de coração o seu carinho, o seu colo
quente que me acolheu nos momentos de tristeza,
saudade, decepção e angústia. Eu te amo muito!
A todos os laringectomizados totais para que se
redescubram e recuperem o prazer em se comunicar.
iv
AGRADECIMENTOS
Á Deus por iluminar o meu caminho, por amenizar a dor da saudade dos que
estão distantes, por colocar apenas amigos durante toda essa trajetória e por me
fazer sempre acreditar na minha capacidade.
Aos meus amados pais, Maria de Nazaré e José Medeiros, que sempre foram
fonte de inspiração, carinho, dedicação, apoio incondicional e luta. Sabemos que
esse percurso exigiu árduo trabalho, renúncias e escolhas difíceis, mas chegamos
ao fim, juntos! Obrigada por me amarem tão profundamente a ponto de se
sacrificarem por meus sonhos. Amo vocês.
A minha orientadora, a Profª. Dra. Marta Assumpção de Andrada e Silva, pelos
ensinamentos, pela generosidade em me ceder seus materiais de trabalho e
espaço em seu consultório. Saiba que tenho profunda admiração por você. Na
vida precisamos buscar mentores em quem nos espelhar e você certamente é um
dos meus. Obrigada pela atenção, pela rigidez, pela paciência e acima de tudo por
confiar e acreditar em mim como pesquisadora.
Á Profª. Dra. Leslie Piccolotto Ferreira, por ter sido uma pessoa tão presente
em todas as etapas desta pesquisa, pelo carinho com que sempre me tratou, por
ser uma líder no Laborvox, motivando todo o grupo e servindo como referência de
dedicação e sucesso.
As minhas queridas amigas e companheiras Luciana Leite, Ana Carolina
Almeida e Juliana Danin pela companhia constante, pela amizade, pelo ombro
acolhedor nos momentos difíceis e pelo carinho. Somos a família uma da outra
aqui em São Paulo e estar com vocês sempre tornou a distância e os problemas
bem menos dolorosos.
A todos os integrantes da família Laborvox, um grupo unido, esforçado,
competente e que não tem medo de trabalho. Nele aprendi a organizar eventos,
desenvolver as mais diversas tarefas, lidar com pessoas, fazer ciência. Foram dois
anos de intenso aprendizado e convívio com diferentes experiências que me
acrescentaram muito.
Á fonoaudióloga e amiga Sônia Coelho por dividir comigo seus conhecimentos
em inglês, por me ajudar a traduzir os textos, a clarear minhas idéias na hora de
escrever, pelo incentivo e pela doce companhia nos momentos de lazer.
Ao amigo Ênio Melo pelo carinho e atenção que deu ao meu estudo, por ler meu
texto e dar as suas preciosas sugestões.
Aos professores do Programa de Estudos Pós-Graduados em Fonoaudiologia
da PUC-SP por compartilharem de suas experiências e conhecimentos, sempre
prontos a ajudar e a contribuir.
v
Aos meus queridos irmãos, Neto e Rodolfo Medeiros, pelo apoio e por, mesmo à
distância, se mostrarem presentes e preocupados comigo.
À querida Virgínia, secretária do Programa de Estudos Pós-Graduados em
Fonoaudiologia da PUC-SP, por estar sempre presente quando recorri a ela, pela
dedicação e carinho com que trata todos os mestrandos, pelos conselhos práticos
e pela generosa acolhida nas horas de tensão.
Aos sujeitos que participaram dessa pesquisa, por terem disponibilizado de seu
tempo durante dois meses de trabalho. Obrigada por contarem um pouco de suas
difíceis experiências com o câncer e pela confiança em mim depositada.
Aos juízes que muito colaboraram com a etapa final dessa pesquisa. Obrigada por
me receberem tão prontamente e dispensarem sua atenção ao meu estudo.
Às fonoaudiólogas Profª. Dra. Elisabete Carrara, Profª. Dra. Zuleica Camargo e
Profª. Dra. Iara Bittante por terem participado da minha banca de qualificação
com riquíssimas colocações que nortearam a finalização desse trabalho.
Á Cnpq pela bolsa de estudos concedida, que foi fundamental para o
desenvolvimento dessa pesquisa.
A todos os que estiveram direta ou indiretamente envolvidos nesse trabalho
quero expressar o meu sincero agradecimento!
vi
“Todos os dias fazemos progressos.
Ainda assim, sempre haverá
caminhos a percorrer”.
Winston Churchill
vii
RESUMO
Medeiros NCV, Andrada e Silva MA. Fala traqueoesofágica em
laringectomizados totais: expressividade como proposta de intervenção.
[Dissertação de Mestrado]
Introdução: a fala traqueoesofágica (FT), obtida por meio da prótese
traqueoesofágica, possui limitações representadas pela pouca variação melódica
e de intensidade, o que interfere na eficiência comunicativa dos indivíduos com
prótese. O fonoaudiólogo, no contexto da laringectomia total, tem focado o seu
trabalho mais na direção da fonação. O terapeuta muitas vezes, ao privilegiar a
voz, esquece de outros aspectos da comunicação verbal (velocidade de fala,
ênfase, pausa e inflexão, entre outros) e da não-verbal (postura, gestos e
expressão facial). Objetivo: analisar a expressividade pré e pós-realização de um
programa de intervenção fonoaudiológica em dois indivíduos com fala
traqueoesofágica. Método: dois sujeitos (S1 e S2) com FT participaram de um
programa de intervenção fonoaudiológica com foco na expressividade, realizado
em quatro encontros de duas horas cada. Foram feitas duas gravações em vídeo
(uma pré e uma pós-intervenção). Participaram do julgamento da comunicação de
cada sujeito 10 juízes (o próprio sujeito, três parentes, três fonoaudiólogos
experientes no atendimento a pacientes oncológicos, e três indivíduos da
população sem familiaridade com a FT). Foi perguntado aos juízes se o
desempenho comunicativo estava igual ou diferente. Caso percebessem
diferenças, deveriam justificar sua resposta identificando qual aspecto havia
modificado, de acordo com um roteiro de avaliação pré-elaborado, com aspectos
da comunicação verbal e não-verbal. Resultados: Na opinião de S1 houve
mudanças quanto à expressão facial, compreensão e velocidade de fala, uso de
pausas e qualidade de voz. S2 descreveu as mudanças de maneira positiva para
os aspectos: postura corporal, movimentos de cabeça, expressão facial,
compreensão e velocidade de fala, uso de pausas e ênfases, intensidade e
qualidade de voz. Para os parentes dos sujeitos, os aspectos mais apontados
foram: expressão facial, compreensão de fala e qualidade de voz. Os
fonoaudiólogos fizeram uma avaliação mais técnica da comunicação verbal, pois
perceberam a marcação de ênfases por pausas e variação da loudness, bem
como associaram maior melodia de fala com melhora na qualidade de voz,
embora tenham feito pouca menção à comunicação não verbal. Os juízes leigos
observaram mais o corpo dos sujeitos ao perceberem diferenças principalmente
nos gestos e expressão facial, além da melhora na compreensão de fala e
qualidade de voz. Conclusão: a comunicação verbal, tão valorizada na clínica
fonoaudiológica, em laringectomizados totais com FT, recebeu maior destaque do
que a não-verbal na percepção de todos juízes. As fonoaudiólogas mostraram-se
mais detalhistas em identificar mudanças na comunicação verbal e os juízes leigos
observaram a comunicação de forma mais global. Isso evidencia que a clínica
fonoaudiológica pode transcender a voz e valorizar o trabalho com expressividade
na reabilitação desses indivíduos.
Palavras-Chave: laringectomia, comunicação, inteligibilidade de fala
viii
ABSTRACT
Introduction: Tracheoesophageal speech obtained by means of a
tracheoesophageal prosthesis has limitations, represented by its restricted melodic
variation and intensity. Thus, there is interference in the communicative efficiency
of these individuals. The speech therapist in the context of total laryngectomy has
focused his/her work more in the direction of phonation. Frequently, by giving more
attention to the voice, the therapist forgets the other aspects of verbal (speed of
speech, emphasis, pause and inflection, among others) and non-verbal (posture,
gestures and facial expression) communication. Aim: to analyze expressiveness
before and after completing a phonoaudiological intervention program, in two
individuals with tracheoesophageal speech. Method: two subjects (S1 and S2)
with tracheoesophageal speech participated in a phonoaudiological program with
focus on expressiveness, conducted in four meetings of two hours each. Two video
recordings were made (one pre- and one post-intervention). Ten judges
participated in the judgment of each subject’s communication (the subject
him/herself, three relatives, three phonoaudiologists experienced in attending
oncologic patients, and three individuals from the population not familiar with
tracheoesophageal speech. The judges were asked whether the communicative
performance (in the two video recordings) was equal or different. If they perceived
differences, they should justify their reply, identifying which aspect had changed,
according to a pre-established evaluation script, with aspects of verbal and non-
verbal communication. Results: In the opinion of S1, there were changes as
regards facial expression, understanding and speed of speech, use of pauses and
voice quality. S2 described the changes in a positive manner for the other aspects:
bodily posture; head movements; facial expression, understanding and speed of
speech, use of pauses and emphasis; voice intensity and quality. For the subjects’
relatives, the aspects most pointed out were: facial expression, understanding the
speech and voice quality. The speech therapist made a more technical
assessment of the verbal communication such as marking emphasis by pauses
and variation in loudness, and they also associated more melodious speech with
improvement in voice quality, although they made little mention of the non-verbal
communication. The lay judges took more notice of the body when they perceived
differences particularly in the gestures and facial expression, in addition to the
improvements in understanding the speech and voice quality. Conclusion: In the
perception of all the judges, verbal communication, so highly valued in the speech
therapist clinic, received greater emphasis in totally laryngectomized individuals
with tracheoesophageal speech, than non-verbal communication. The speech
therapists were shown to identify changes in verbal communication in greater
detail, and the lay judges observed communication from more overall aspect. This
evidences that the speech therapist clinic is able to transcend the voice and place
value on the work with expressiveness in the rehabilitation of these individuals.
Keywords: laryngectomy, communication, intelligibility of speech
ix
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO...............................................................................................1
2. OBJETIVO.....................................................................................................4
3. REVISÃO DA LITERATURA .........................................................................5
3.1. Laringectomia total e reabilitação vocal.......................................................5
3.2. A Expressividade na Fonoaudiologia.........................................................13
4. MÉTODO.................................................................................................... 19
4.1. Seleção dos sujeitos...................................................................................19
4.2. Procedimentos............................................................................................23
4.2.1. Avaliação inicial da pesquisadora...........................................................23
4.3. Programa de intervenção fonoaudiológica: recursos expressivos para
laringectomizados totais com fala traqueoesofágica.........................................27
4.4. Procedimentos Pós-Intervenção...............................................................33
4.5. Análise da comunicação dos sujeitos pelos juízes..................................33
4.6. Análise dos resultados.............................................................................35
5. RESULTADOS.............................................................................................37
6. DISCUSSÃO................................................................................................47
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS.........................................................................76
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................ 79
9. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA...................................................................86
ANEXOS...................................................................................................... 87
x
ANEXO 1: Protocolo do Comitê de Ética e Pesquisa – PUC-SP
ANEXO 2: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido dos Sujeitos
ANEXO 3: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido dos Juízes
ANEXO 4: Roteiro para entrevista inicial
ANEXO 5: Roteiro de avaliação da expressividade dos sujeitos pela
pesquisadora
ANEXO 6: Roteiro de avaliação da comunicação dos sujeitos pelos juízes
ANEXO 7: Descrição do desempenho dos sujeitos no programa de
intervenção fonoaudiológica: recursos expressivos para laringectomizados
com fala traqueoesofágica
xi
LISTA DE QUADROS
Quadro 1: Opinião de S1 sobre sua comunicação na comparação dos vídeos pré
e pós-programa de intervenção..............................................................................39
Quadro 2: Opinião dos parentes de S1 sobre sua comunicação na comparação
dos vídeos pré e pós-programa de intervenção.....................................................40
Quadro 3: Opinião dos fonoaudiólogos sobre a comunicação de S1 na
comparação dos vídeos pré e pós-programa de intervenção.................................41
Quadro 4: Opinião juízes leigos sobre a comunicação de S1 na comparação dos
vídeos pré e pós-programa de intervenção............................................................42
Quadro 5: Opinião de S2 sobre sua comunicação na comparação dos vídeos pré
e pós-programa de intervenção..............................................................................43
Quadro 6: Opinião dos parentes de S2 sobre sua comunicação na comparação
dos vídeos pré e pós-programa de intervenção.....................................................44
Quadro 7: Opinião dos fonoaudiólogos sobre a comunicação de S2 na
comparação dos vídeos pré e pós-programa de intervenção................................45
Quadro 8: Opinião juízes leigos sobre a comunicação de S2 na comparação dos
vídeos pré e pós-programa de intervenção............................................................46
xii
1
1. INTRODUÇÃO
Dentre as doenças que podem acometer a laringe, o câncer é a mais
agressiva, principalmente quando diagnosticado em estágio avançado. O
tratamento, no caso de lesões malignas extensas, inclui a combinação de cirurgia,
radioterapia e/ou quimioterapia. Essas intervenções são radicais e mutilantes. O
indivíduo terá que aprender a lidar com sua nova condição, que muitas vezes é
vista por ele próprio como a de sobrevivente (Ghirardi, 2007). O impacto na
comunicação é enorme, uma vez que, com a retirada de todo o arcabouço
laríngeo, o mecanismo fonatório básico para a produção da voz é perdido. Dessa
forma, a intervenção fonoaudiológica será direcionada conforme as possibilidades
de cada indivíduo.
A prótese traqueoesofágica (PTE) é um dispositivo implantado
cirurgicamente entre a traquéia e o esôfago. Esse mecanismo constitui-se
basicamente em uma válvula unidirecional, que permite a passagem do fluxo
aéreo pulmonar para o esôfago por meio da oclusão digital do estoma. A nova
fonte sonora é o segmento faringoesofágico (SFE), que vai vibrar e produzir som.
A voz produzida pela PTE é apontada pela literatura (Van As 1998; Jorge et al.
2004; Searl e Ousley 2004; As-Brooks et al. 2005; Soto et al. 2005) como a que
mais se aproxima da voz laríngea, pois em ambas o reservatório de ar utilizado é
o pulmão. Mesmo assim, a qualidade dessa voz está muito distante da voz
laríngea.
2
Os indivíduos com fala traqueoesofágica passam por uma hierarquia de
procedimentos na reabilitação. O primeiro aspecto a ser trabalhado é a fonação, o
que permite ao indivíduo sair da vida de silêncio imposta pela cirurgia.
Posteriormente, pode-se caminhar na direção do aprimoramento e do
aperfeiçoamento dos recursos comunicativos para, dessa maneira, procurar uma
fala mais natural e diminuir a sensação de estranhamento por parte do ouvinte.
Nessa perspectiva, a expressividade pode ser trabalhada para beneficiar a
comunicação.
Em contrapartida, o fonoaudiólogo, que é o terapeuta da comunicação, no
contexto da laringectomia total, tem focado o seu trabalho apenas na possibilidade
de produzir voz. Poucos estudos (Oliveira et al. 2005; Vial 2005; Ghirardi 2007)
consideram o trabalho com os recursos expressivos em pacientes que tiveram a
laringe retirada em decorrência de câncer. O terapeuta muitas vezes isola a voz
ao direcionar o trabalho para a produção vocal e esquece de outros aspectos,
como velocidade de fala, uso de ênfase e pausa, além de inflexão, isso para levar
em conta apenas os aspectos verbais. Os não-verbais, como postura, gestos e
expressão facial são pouco valorizados na fonoterapia desse grupo de pacientes.
Contextualizar a utilização dos recursos verbais e não-verbais ao discurso é, sem
dúvida, um bom caminho para uma comunicação mais eficiente, ainda mais se for
considerada a qualidade de voz alterada desses indivíduos.
Na pesquisa de Ghirardi (2007), que teve como foco a terapia
fonoaudiológica na perspectiva de médicos, fonoaudiólogos e indivíduos com fala
traqueoesofágica, a expressividade apareceu no discurso do médico e do
3
laringectomizado, mas não no do fonoaudiólogo. Esses dados colaboraram para o
interesse da presente pesquisa, que pretende investigar os possíveis benefícios
de uma intervenção fonoaudiológica focada na expressividade para esses
indivíduos e trazer uma reflexão para a Fonoaudiologia acerca de nossa prática
clínica.
Segundo Madureira (2005), quando se considera que uma fala é
expressiva, geralmente se faz alusão a uma fala marcada pela variabilidade de
padrões melódicos e rítmicos. Contudo, a autora discorre que toda fala é
expressiva, pois sempre carrega alguma forma de atitude, emoção, crença e
estado físico do locutor. Portanto, mesmo uma fala considerada monótona é
expressiva. Para a autora, a fala é a parte sonora da linguagem e é essa
materialidade que oferece várias possibilidades a serem trabalhadas para a
expressão dos sentidos.
Com base no que foi exposto até o momento levanta-se as seguintes
questões: será que o trabalho com a expressividade pode ser um bom caminho na
reabilitação de indivíduos com fala traqueoesofágica? A utilização de recursos
expressivos, como a melodia, a ênfase e a pausa, aliados à comunicação não-
verbal, como gestos, postura e expressão facial, no discurso poderá tornar a
comunicação mais efetiva e, dessa forma, beneficiar esses sujeitos?
Vale ressaltar que estudos sobre intervenção em laringectomia total são
escassos, sobretudo quando se busca relacionar a reabilitação à expressividade.
Entende-se que pesquisas nesse sentido podem contribuir para gerar maior
reflexão sobre a atuação fonoaudiólogica.
4
2. OBJETIVO
2.1. Objetivo Geral
Analisar a expressividade pré e pós-realização de um programa de
intervenção fonoaudiológica em dois indivíduos com fala traqueoesofágica.
2.2. Objetivos Específicos
Caracterizar aspectos expressivos da comunicação não-verbal, como
postura corporal, gestos, movimentos de cabeça e expressão facial na
comparação das gravações pré e pós-intervenção, segundo a opinião dos próprios
sujeitos da pesquisa, três parentes destes, três juízes fonoaudiólogos com
experiência no atendimento a pacientes oncológicos e três juízes leigos.
Caracterizar aspectos expressivos da comunicação verbal, como
compreensão de fala, velocidade, uso de pausas e ênfase, intensidade e
qualidade de voz na comparação das gravações pré e pós-intervenção, segundo a
opinião dos próprios sujeitos da pesquisa, três parentes destes, três juízes
fonoaudiólogos com experiência no atendimento a pacientes oncológicos e três
juízes leigos.
5
3. REVISÃO DA LITERATURA
A apresentação desta revisão está dividida em dois subcapítulos: o
primeiro, intitulado Laringectomia total e reabilitação vocal, traz estudos sobre o
procedimento cirúrgico para a retirada da laringe e a reabilitação fonoaudiológica
no pós-operatório. No segundo aborda-se a questão da Expressividade na
Fonoaudiologia, com referências que discutem esse tema, além de pesquisas
cujo enfoque esteja na utilização dos recursos expressivos, com o intuito de
maximizar a comunicação de indivíduos laringectomizados. Optou-se por não
seguir a ordem cronológica na menção às pesquisas e privilegiar a divisão dos
autores de acordo com o assunto.
3.1. Laringectomia total e reabilitação vocal
O câncer de laringe ocorre mais freqüentemente em homens numa
proporção de 10:1 e, no Brasil, a maioria desses tumores é transglótico, ou seja,
se estendem pelos três níveis glóticos, no diagnóstico (Kowalski 2002). O autor
afirma que estimativas apontam a cidade de São Paulo como uma das que
possuem as maiores taxas mundiais de incidência, uma vez que no ano de 1998,
o registro foi de 14,9:100 mil homens e 5,1:100 mil mulheres com diagnóstico de
câncer de laringe. O número de laringectomias totais realizadas no Brasil foi
crescente nas últimas três décadas, como apresentou o levantamento realizado
por Aprigliano e Mello (2006).
6
Após a cirurgia, dificuldades de várias naturezas podem ser observadas,
não apenas as referentes à comunicação, mas também algumas relacionadas
com a respiração e a alimentação. Segundo Cleto (2005), devido a passagem do
fluxo aéreo não ocorrer mais pelas fossas nasais, a sensibilidade olfativa fica
reduzida, pois as células sensitivas localizadas deixaram de ser estimuladas.
Como conseqüência da interligação existente entre as vias, a sensibilidade
gustativa estará também alterada. Assim, para a autora, o período pós-cirúrgico
desses pacientes é marcado por um grande impacto na qualidade de vida,
provocado não apenas pela perda de sua principal forma de comunicação oral,
mas também pelas modificações agora existentes em funções vitais, como a
respiração e a deglutição. Assim, o sujeito terá que se acostumar com a entrada e
saída de ar diretamente pelo traqueostoma, o que antes era realizado pelas
cavidades oral e nasal. Em função de todas essas modificações, o indivíduo
laringectomizado perde em qualidade de comunicação e, logo, em qualidade de
vida.
Quanto às manifestações de pacientes laringectomizados, Silveira e
Bettinelli (2004) identificaram quatro categorias principais: limitações decorrentes
da imagem corporal alterada, impacto da convivência social, importância do apoio
familiar e alterações psicológicas. Essas manifestações foram fortemente
associadas à presença do traqueostoma e à afonia, pelo estranhamento causado
e pela falta de informação por parte da sociedade.
Ao relatarem o caso clínico de um índivíduo laringectomizado com fala
esofágica, Nemr et al. (2006) destacaram que a retomada da comunicação é
7
fundamental para que o paciente recupere sua autonomia. Os autores
acrescentam que nas cirurgias de cabeça e pescoço, frente a radicalidade do
tratamento oncológico que inclui as grandes mutilações, buscar por alternativas
que apontem para uma comunicação efetiva e que atenda às necessidades do
indivíduo propicia melhor qualidade de vida.
Em estudo realizado por Carmagnani (1994), 19 pacientes submetidos a
laringectomia total foram entrevistados com o objetivo de descrever o grau de
conhecimento dos indivíduos sobre o seu diagnóstico, tratamento e reabilitação da
comunicação oral. Verificou-se como resultados que as informações pré-
operatórias fornecidas pelos profissionais da saúde a pacientes que passam por
cirurgias extensas, como é o caso dos sujeitos da pesquisa, nem sempre são
completas ou dadas de forma adequada. Esse trabalho revelou que mais da
metade da amostra tinha conhecimento quanto ao diagnóstico e tratamento.
Porém, em relação à comunicação oral, 79% não tinha conhecimento. A autora
concluiu que a falta de informação pré-cirurgia dificulta o processo terapêutico e
que o impacto advindo com a conscientização da perda definitiva da voz laríngea
pode ser um obstáculo à aquisição de uma voz alternativa.
Na pesquisa de Mekaru et al. (2000) o objetivo foi determinar a eficácia das
formas de reabilitação fonoaudiológica para laringectomizados totais. Foram
entrevistados 20 indivíduos e estes responderam a um questionário elaborado
para se obter dados sobre as orientações pré e pós-operatórias. Concluiu-se que
as orientações nesses dois momentos contribuíram para a reabilitação dos
pacientes, uma vez que 45% dos sujeitos (no pré-operatório) e 75% (no pós-
8
operatório) relataram satisfação e compreensão das informações dadas. Outros
90% afirmaram melhora na qualidade de vida com o atendimento fonoaudiológico.
Os achados evidenciam a importância de tais procedimentos na intervenção junto
ao laringectomizado total.
O fonoaudiólogo que atua na reabilitação pós-laringectomia total possibilita
a retomada da comunicação do laringectomizado. As vias alternativas de fonação
alaríngea são: o desenvolvimento da voz esofágica, a adaptação do vibrador
laríngeo e a utilização e adaptação da prótese traqueoesofágica (PTE) (Furia et
al., 2000; Motta et al. 2001; Behlau et al., 2005).
Autores como Carmagnani (1994), Barros (2002), Combochi (2002), Brum
(2003) e Behlau (2005) afirmaram que embora cada uma das três formas de vozes
alternativas, aliadas a fonoterapia, ofereçam diferentes graus de satisfação,
adaptabilidade e inteligibilidade, nenhuma delas apresenta total sucesso em
relação a esses aspectos.
Com relação ao grau de satisfação de indivíduos submetidos à
laringectomia total com a comunicação atual, Assayag et al. (2006) descreveram
que a implantação de um Serviço de Fonoaudiologia nas instituições de
atendimento oncológico em cabeça e pescoço é fundamental. As autoras
pontuaram que, na sua amostra, os sujeitos queixaram-se da falta de informações,
no período pré ou pós-operatório, sobre a possibilidade de reabilitação da
comunicação e os meios disponíveis para tal. Dos nove sujeitos avaliados, apenas
dois afirmaram ter passado por atendimento fonoaudiológico e estar satisfeitos
9
com a sua comunicação atual. Apenas um deles, no entanto, possuía fala
traqueoesofágica.
De acordo com Fúria et al. (2000) e Behlau et al. (2005), até a década de
1980, o indivíduo submetido à laringectomia total tinha como possibilidades para
reabilitação vocal apenas o uso de laringe eletrônica ou eletrolaringe e o
aprendizado da voz esofágica. A partir desse momento, porém, surgiu a PTE, cujo
implante é cirúrgico. Essa prótese consiste em um dispositivo unidirecional, ou
seja, o ar pulmonar passa da traquéia para o esôfago e não refluxo de ar para
a traquéia, o que permite a fonação pela vibração do segmento faringoesofágico
(SFE), localizado no esôfago.
Autores como Fúria et al. (2000), Barros (2002) e Behlau et al. (2005)
reconheceram que a voz traqueoesofágica assemelha-se em alguns pontos à voz
esofágica, uma vez que ambas são produzidas a partir da vibração do SFE e a
qualidade vocal é rouca, grave e aperiódica. A voz traqueoesofágica, entretanto,
leva vantagens sobre a voz esofágica devido ao suporte aéreo pulmonar utilizado
para sua produção. A voz esofágica conta com o ar armazenado no esôfago para
as emissões, cuja capacidade de reservatório de ar é restrita, cerca de 80 ml, o
que acarreta tempos máximos de fonação reduzidos.
Os mesmos autores concordam que, com a utilização do ar pulmonar, que
é direcionado para o esôfago e trato vocal por meio da oclusão digital do estoma,
o indivíduo com PTE produz uma voz semelhante a um excelente falante
esofágico. Outra vantagem é que o tempo de emissão será mais longo, compatível
com os falantes laríngeos. Isso favorece a velocidade e a fluência de fala
10
habituais, bem como permiti melhor variação de intensidade e maior possibilidade
de modulação tanto do pitch, quanto da loudness da voz.
A pesquisa de Jorge et al. (2004) investigou os parâmetros acústicos de
curto e longo termo da qualidade vocal em modalidades de fonação esofágica e
traqueoesofágica. Para isso, avaliaram dois sujeitos, cada um com as
modalidades de fonação alaríngea anteriormente mencionadas e os compararam
a um falante laríngeo de referência. Constatou-se que a PTE propiciou resultados
mais próximos à fonação laríngea em termos de intensidade, freqüência
fundamental e tempo máximo de fonação.
No estudo de Busch e Carvalho (2000) foram avaliados 11 indivíduos
subdivididos em dois grupos: seis foram submetidos à laringectomia near-total e
cinco à laringectomia total, com utilização de PTE. O objetivo foi comparar os
parâmetros vocais e a inteligibilidade de fala entre esses dois grupos. Após
análise subjetiva e objetiva das vozes, verificaram que todos os indivíduos
possuíam qualidade vocal do tipo rouca, porém nos indivíduos com PTE houve
maior tendência à voz tensa e picth mais agudizado, além de tempos máximos de
fonação discretamente maiores. O grupo submetido à laringectomia total
evidenciou, também, menor variação da loudness e menor inteligibilidade de fala.
Para investigar se a qualidade vocal, determinada pela análise perceptivo-
auditiva, de laringectomizados com fala traqueoesofágica e de falantes laríngeos
poderia estar correlacionada aos parâmetros acústicos e tempo máximo de
fonação, Van As et al. (1998) gravaram a voz na emissão sustentada da vogal / a /
de 21 laringectomizados e de 20 falantes laríngeos. As amostras foram
11
apresentadas a juízes que desconheciam a voz com PTE. Para a avaliação da voz
foi utilizada uma escala de sete pontos que graduava alguns parâmetros
semânticos, como: alterada-normal, feia-bonita, pouco expressiva-expressiva,
fraca-forte, etc. A análise acústica mensurou parâmetros como ataque vocal,
irregularidade, sub-harmônicos, ruído e tensão. Como conclusão o estudo apontou
que, embora com baixa correlação entre as análises, existiram grandes diferenças
entre laringectomizados com PTE e falantes laríngeos do grupo estudado.
A pesquisa de Barros (2002) teve como objetivo avaliar a efetividade da
comunicação oral, qualidade de vida e depressão. Para isso, foram analisados 82
pacientes submetidos à laringectomia total ou faringolaringectomia. Dessa
amostra, 41 (50%) indivíduos desenvolveram comunicação oral alaríngea. Desse
sub-total, 18 (44%) desenvolveram a voz traqueoesofágica e esta foi julgada boa
em 72,2% dos casos, moderada em 22,2% e ruim em 5,6%. Obteve-se como
achados que a voz traqueoesofágica foi mais efetiva do que a voz esofágica ou a
eletrolaringe e que a comunicação não foi considerada essencial para promover
ou manter a qualidade de vida. Não foi estabelecida uma correlação entre
efetividade da comunicação, qualidade de vida e depressão.
Em contrapartida, no estudo realizado por Combochi (2002) observou-se
que a voz do laringectomizado esintimamente relacionada à qualidade de vida.
Esta variável foi considerada menor nos sujeitos que possuíam pior qualidade de
voz. A metodologia consistiu de aplicação e análise do Questionário de Qualidade
de Vida e Voz (QVV) em pessoas submetidas à laringectomia total, que utilizavam
como forma de comunicação oral a voz esofágica e a voz traqueoesofágica.
12
Concluiu-se que os sujeitos com voz traqueoesofágica apresentaram escores mais
altos quanto à qualidade de vida do que os falantes esofágicos.
D’amico (2000) referiu a Associação Brasileira dos Laringectomizados,
entidade que reúne pacientes de várias instituições hospitalares e funciona como
um centro de convivência. Essa entidade organiza palestras, por meio da equipe
multidisciplinar, para orientações e esclarecimentos diversos. Trata-se de um
grupo aberto, de apoio e de referência, na qual a família do paciente também é
convidada a participar. A autora afirmou que o comprometimento da expressão
oral ocasiona tensão física e emocional. Entretanto, ela entende o ato de se
expressar como um todo, que inclui não apenas a linguagem oral, mas engloba o
movimento, o gesto e o olhar. Assim, desde o ano de 1996, foram estimuladas
atividades que envolvem o corpo todo, como danças circulares (de roda), para que
o paciente possa entrar em contato com seu corpo de forma prazerosa e dica.
Com isso, a fim de desenvolver sentimentos de alegria, bem-estar e maior
integração, os resultados obtidos foram positivos e os pacientes relataram alívio
da tensão e da ansiedade, além de melhora do humor e da depressão.
A voz de laringectomizados com fala traqueoesofágica foi analisada sob a
perspectiva de juízes experientes (fonoaudiólogos) e juízes leigos na pesquisa de
Van As et al. (2003). Participaram do estudo 40 sujeitos laringectomizados totais
com PTE, 20 leigos e quatro fonoaudiólogos treinados. A amostra de fala foi a
leitura de um texto, com duração média de 90 segundos. Para a avaliação foi
13
elaborada escala semântica
1
com graduação de sete pontos. Os termos dos
parâmetros analisados foram adaptados para os leigos, para facilitar a
compreensão destes. Os fonoaudiólogos foram mais eficientes na avaliação da
qualidade vocal que os leigos, o que era esperado, porém a opinião dos leigos
mostrou impacto importante nesse tipo de estudo. Outro dado relevante foi que os
juízes leigos denominaram a voz de forma mais negativa do que os
fonoaudiólogos, o que revelou que o padrão de normalidade entre ambos é
diferente. No entanto, para os juízes leigos foi mais difícil identificar nuances de
alteração vocal representadas nas escalas.
Outra pesquisa que considerou a opinião de juízes leigos sobre a voz com
PTE foi o estudo de Eadie e Doyle (2005). Foram avaliadas as vozes de 20
falantes traqueoesofágicos, segundo critérios de agradabilidade e aceitabilidade
da voz na opinião de dez juízes leigos. Como resultados encontraram uma
correlação significativa entre aceitabilidade e agradabilidade da voz dos sujeitos e
que esses critérios podem ser adotados na prática clínica, na medida em que são
atributos que descrevem melhor a voz de falantes traqueoesofágicos.
3.2. A Expressividade na Fonoaudiologia
O termo expressividade aparece em várias pesquisas na área
fonoaudiológica nos últimos anos, porém observa-se que desde seus primórdios a
1
Os autores selecionaram de 19 a 20 parâmetros bipolares para serem avaliados em escalas de
sete pontos. Exemplos de parâmetros referentes à voz: alterada-normal, desagradável-agradável,
feia-bonita, monótona-melódica, etc.
14
Fonoaudiologia se preocupa com esse tema. No entanto, muitos trabalhos não
foram publicados em formato de artigos, mas em pesquisas de pós-graduação,
dissertações e teses, como aponta Borrego et al. (2007). Os autores referiram que
as pesquisas que se debruçam sobre as questões que envolvem a expressividade
relacionam-se principalmente à voz profissional.
Referências como Gimenes (2003), Souza e Gayotto (2004), Viola (2006) e
Souza (2007) discorreram sobre a expressividade e a sua importância no
processo da comunicação oral, na medida em que representa um refinamento dos
recursos vocais na transmissão da mensagem. Dessa forma, consideraram que a
função principal da expressão é estabelecer relações e favorecer a comunicação
entre os sujeitos e isso é, na maioria das vezes, intencional, pois representa um
meio para a transmissão efetiva de idéias, sentimentos e estados de espírito. Os
autores enfatizaram que a expressão deve ser almejada como meio para afetar e
ser afetado pelo outro e, assim, estabelecer relações sociais.
No estudo realizado por Andrada e Silva et al. (2007) para caracterizar o
conceito de expressividade junto à comunidade, verificou-se que esta foi apontada
pela população em geral como uma característica inerente à “boa comunicação” e
que esteve vinculada a aspectos positivos do discurso, ou seja, foi percebida
como uma habilidade que o bom falante possui. No entanto, para os autores, a
expressividade é uma característica individual da fala de todos os sujeitos, que
pode ou não estar relacionada aos aspectos anteriormente citados.
Ao adotar a terminologia “clínica da expressão vocal”, Steuer (2003)
compreendeu a voz como um gesto expressivo, na medida em que a partir dela,
15
todo um conjunto de características expressivas pode ser identificado. Além disso,
a autora afirmou que o corpo é um importante instrumento de trabalho da
expressividade, uma vez que amplia e enriquece os elementos comunicativos.
Autores como Rector e Cotes (2005) apontaram para o uso da
expressividade corporal e articulatória como meio de se abrir espaço para maior
reflexão sobre o desenvolvimento de um trabalho mais global junto àqueles que
almejam o melhor desempenho de sua expressividade. Os autores afirmaram que
corpo e articulação, quando utilizados de forma conjunta na expressão oral,
possibilitam um resultado completo e de impacto positivo. Algumas características
foram colocadas como fundamentais à expressividade, como o uso de uma
variedade vocal, na medida em que se dá ritmo à fala, por meio de pausas, da
alternância de frases curtas e frases longas, entre outras; o uso de gestos, posto
que esses dão dinâmica e energia ao enunciado e dão ênfase ao que se quer
dizer; expressar emoções, uma vez que o misto de voz e expressão facial constitui
elementos que transmitem maior emoção; usar o olhar, ser espontâneo,
desenvolver um estilo pessoal. No que concerne à expressividade da fala,
descreveram que se deve atentar a pronuncia das consoantes e vogais, ao modo
de articulação, à nasalização, à prosódia, à coarticulação, entre outros.
Com o objetivo de analisar a produção fonoaudiológica sobre
expressividade oral e corporal, para apontar as convergências e divergências
relacionadas aos parâmetros pesquisados ou trabalhados, Viola e Ferreira (2007)
pesquisaram capítulos de livro, dissertações e teses que investigavam a
expressividade. Esse estudo apontou como resultados que muitos protocolos
16
destinavam-se a avaliação de aspectos como: qualidade vocal, ressonância, pitch,
movimentos de curva melódica, loudness, pausas, duração de segmentos,
velocidade, ritmo, articulação, acento e fluência. As autoras concluíram que a
expressividade oral é mais contemplada nas pesquisas quando comparada a
corporal, bem como que poucos trabalhos se valem da análise acústica e que
houve convergência entre as metodologias propostas.
Na pesquisa desenvolvida por Oliveira et al. (2005) foi realizado um
treinamento para aprimorar os recursos vocais em pacientes laringectomizados
totais com PTE. Durante o treinamento, foram realizadas estratégias para
adaptação da PTE e aperfeiçoamento da voz. Os autores tiveram como resultados
que aspectos como a melodia frasal e a melodia para o canto receberam as
maiores incidências de melhora, o que pode sugerir que a terapia fonoaudiológica
com ênfase na variação melódica para essa população pode melhorar sua
qualidade de comunicação. Esse estudo apontou também que a maior crítica da
literatura sobre a voz traqueoesofágica é a tendência à voz monótona e que a
utilização de exercícios melódicos parecem ter interferido positivamente nos
resultados. Portanto, o trabalho com a melodia pode ter ajudado os sujeitos a
aproveitarem melhor a fonte sonora obtida por intermédio da PTE.
Na pesquisa de Vial (2005), que avaliou a comunicação de com indivíduos
laringectomizados usuários de eletrolaringe, observou-se a importância dos
recursos não-verbais na comunicação para a complementação do que é dito
oralmente. Nesse estudo houve maior referência para a necessidade de
contemplar a expressividade no processo de reabilitação, pois essa desempenha
17
forte função impressiva no ouvinte, ou seja, o uso de gestos, mudanças de
postura, de tônus corporal e expressões faciais potencializam a comunicação.
Concluiu-se que o trabalho fonoaudiológico deve enfatizar a comunicação como
um processo que acontece com todo o corpo e de maneira intersubjetiva, de forma
a abordar elementos não-verbais e relacionais, com o objetivo de aprimorar a
comunicação do falante não-laríngeo e contribuir para sua reestruturação
subjetiva.
Com o objetivo de apresentar uma proposta terapêutica em grupo junto à
laringectomizados totais, Mourão et al. (2006) apontam que a terapia em grupo é
extremamente eficaz no processo de superação das limitações decorrentes do
adoecimento, uma vez que a aceitação da problemática é um passo importante
para a integração social. Nessa pesquisa dez sujeitos foram atendidos
conjuntamente durante seis meses (26 encontros semanais). Durante os
encontros foram realizadas atividades destinadas à socialização, ao
autoconhecimento e discussão de temas do interesse do grupo. Como resultados,
as autoras apontaram que ficou evidente que as mais diversas formas de
expressão dos sujeitos analisados, evidenciadas de acordo com as
particularidades da situação, mostram várias formas de posicionamento e
importância social. Além disso, ficou marcado que o sujeito pode perceber melhor
a sua comunicação e a si mesmo a partir da observação do outro.
Na pesquisa de Ghirardi (2007) a expressividade foi a questão principal
feita em entrevista a fonoaudiólogos, médicos e indivíduos com PTE a fim de
mapear os princípios e métodos da terapia fonoaudiológica sob esses diferentes
18
pontos de vista. Foi evidente a posição dos fonoaudiólogos quanto ao
favorecimento da fonação em detrimento de outros recursos da comunicação, pois
o sucesso da reabilitação, segundo esses profissionais, é alcançado quando o
indivíduo usa a PTE como principal forma de comunicação. Os médicos, por outro
lado, afirmaram ter a terapia fonoaudiológica a função de dar maior autonomia ao
sujeito, por meio da utilização de recursos expressivos e domínio do uso da
prótese. Os usuários relataram como pontos positivos na reabilitação
fonoaudiológica o ganho em relação à qualidade de vida, à recuperação da fala e
sua reintegração social.
19
4. MÉTODO
Esse estudo de caráter prospectivo, descritivo e qualitativo foi aprovado
pelo Comitê de Ética do Programa de Estudos Pós-Graduados em Fonoaudiologia
(PEPG) da PUC/SP (Anexo 1).
4.1. Seleção dos sujeitos
Para fazer a seleção dos sujeitos, a pesquisadora contou com o auxílio do
representante de uma empresa que comercializa próteses traqueoesofágicas
(PTE). Os objetivos da pesquisa foram esclarecidos para ver a possibilidade deste
para fornecer uma lista de contatos. Os clientes deveriam se encaixar nas
seguintes condições:
- Sujeitos que tiveram câncer de laringe, submetidos à laringectomia total e
que implantaram a PTE mais de um ano. Esse tempo foi estabelecido porque,
de acordo com a literatura (MAX et al. 1996, VAN AS 1998), somente após esse
período a voz com prótese pode ser considerada estável;
- Residir na cidade de São Paulo com o intuito garantir a presença na
maioria dos encontros do programa de intervenção;
Com base nessas condições, a empresa consultou no seu arquivo clientes
que haviam feito pelo menos uma troca de PTE. Em seguida entrou em contato
com seus clientes, via telefone, e informou estar ciente da pesquisa a ser
desenvolvida pela fonoaudióloga pesquisadora da PUC/SP com indivíduos
20
laringectomizados e solicitou autorização para repassar os números de telefones a
mesma. Inicialmente a empresa disponibilizou uma lista com os contatos de dez
clientes. No contato telefônico a pesquisadora se apresentou fez o convite a cada
um dos clientes para participar de uma entrevista, na qual seriam selecionados
indivíduos para um programa de intervenção que visava aprimorar alguns
aspectos da comunicação, o qual seria realizado em clínica particular. Nesse
momento foi mencionado que esse programa fazia parte de uma pesquisa, que
constaria de quatro encontros de duas horas cada e que os gastos com transporte
seriam totalmente cobertos pela pesquisadora. Foi esclarecido ao cliente que o
programa de intervenção desenvolvido era seqüencial, portanto faltas e/ou atrasos
aos encontros iriam prejudicar o andamento do trabalho, visto que a cada encontro
seria abordado um aspecto diferente da comunicação.
Da lista com dez clientes que a empresa disponibilizou, apenas um aceitou
comparecer à entrevista, pois cinco indivíduos haviam comprado a PTE, mas
ainda o a tinham colocado; um estava internado com problemas de saúde; dois
deram números comerciais na hora da compra da PTE e não foram localizados; e
finalmente, um não aceitou participar. A mesma empresa, em seguida, forneceu
uma segunda lista com mais dez contatos e, desses, dois indivíduos aceitaram
comparecer à entrevista com a fonoaudióloga pesquisadora, pois três ainda não
haviam implantado a PTE; três estavam com problemas de saúde; e dois não
foram localizados. Ao final, portanto, restaram três indivíduos, os quais foram
convocados à entrevista.
21
Todas as etapas seguintes foram realizadas em clínica particular. Para a
entrevista individual, com os sujeitos contatados, foi elaborado um roteiro (Anexo
4), que teve o objetivo de levantar dados considerados relevantes à proposta de
intervenção fonoaudiológica, como investigar o universo comunicativo do sujeito
antes e depois da cirurgia e de que forma foi feita a sua adaptação à PTE.
Na entrevista, a pesquisadora seguiu os seguintes critérios para seleção
dos sujeitos:
- Aparentar bom estado de saúde geral e o apresentar problemas com a
PTE, isto é, qualquer incômodo com esta;
- Ter realizado fonoterapia anterior para adaptação da prótese e recebido
alta fonoaudiológica, uma vez que a presente pesquisa não se destinou à
adaptação da mesma;
- o estar em atendimento quimioterápico e/ou radioterápico, pois esses
tratamentos geram efeitos agudos para todo o organismo;
- Não apresentar doença neurológica associada, para não haver
dificuldades de compreensão da proposta a ser apresentada.
Nessa ocasião foram apontados os riscos e benefícios e esclarecido o
tempo de realização do trabalho a fim de que os sujeitos aceitassem ou não
participar. Também foi esclarecido que a intervenção seria em grupo. Após a
entrevista, os três sujeitos se encaixaram nos critérios pré-estabelecidos, porém
houve desistência de um dos entrevistados, pois residia distante da clínica e
acreditava ser difícil comparecer a todos os encontros. Os dois sujeitos que
aceitaram participar assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido
22
(Anexo 2) e, em seguida coletou-se uma amostra de fala, gravada em áudio e
vídeo. Ficou acordado que, na ocorrência de falta, o sujeito deveria chegar 20
minutos antes do restante do grupo, na sessão subseqüente, para que lhe fosse
repassado o que havia sido feito no encontro em que faltou, com o objetivo de que
não ficasse aquém do grupo.
Foi feita a gravação da fala espontânea a partir da apresentação, na tela do
computador, de duas fotografias da cidade de São Paulo na década de 1950 para
que escolhesse uma da qual gostaria de falar. Para que o sujeito iniciasse o
discurso, foi feita a seguinte pergunta: Olhando essa foto, fale o que lhe vem à
cabeça?
As fotografias utilizadas constam das figuras 1 e 2:
Figura 1*: Praça da Sé, em 1954.
*Adquirida em janeiro de 2007, em banca de comércio informal na Avenida Paulista (São Paulo – SP).
23
Figura 2*: Vale do Anhangabaú, em 1954.
*Adquirida em janeiro de 2007, em banca de comércio informal na Avenida Paulista (São Paulo – SP).
A gravação foi realizada individualmente, em câmera digital posicionada em
um tripé, modelo Sony Cyber-shot 6.0 mega pixels, durante todo o discurso. O
sujeito permaneceu na posição que se sentiu mais confortável para a gravação
(em ou sentado), a uma distância de três metros da câmera, para que fossem
enquadrados o rosto e o tronco.
As a gravação pré-intervenção, a fonoaudióloga pesquisadora realizou
a análise das características comunicativas e expressivas dos sujeitos. Foi
elaborado, para isso, um roteiro espefico (Anexo 5), baseado nos conceitos
de Kyrillos (2005), a partir do qual foi avaliada, de forma descritiva, a
comunicação dos sujeitos segundo os aspectos não-verbais (postura corporal,
gestos, meneios de caba, expressão facial), assim como aspectos
relacionados a comunicão verbal (articulão da fala, velocidade, pausa,
ênfase, inflexão, sonoridade, pitch, loudness, ressonância, ataque vocal e
qualidade vocal).
24
Essa análise deu subsídios para que fossem conhecidas as
características comunicativas dos sujeitos e, se necessário, pudesse modificar
algum aspecto do planejamento inicial do programa de intervenção.
4.2. Avaliação inicial da pesquisadora
Sujeito 1: MSF
Caracterização:
MSF, sexo masculino, 72 anos é vendedor e realizou laringectomia total
para retirada de um carcinoma epidermóide, com esvaziamento cervical radical
bilateral dois anos e meio. Passou por tratamento com radioterapia, o qual foi
finalizado mais de dois anos. Fez fonoterapia por 4 meses antes de colocar a
PTE, período em que tentou a aquisição da voz esofágica. Realizou implantação
secundária da PTE e passou por mais 10 meses de fonoterapia para a adaptação
desta, com dois atendimentos semanais. Afirmou que continua praticando
exercícios fonoaudiológicos, como os referentes à articulação, respiração,
alongamento de braços e abertura de boca.
Relação e cuidados com a prótese:
- O próprio Sujeito 1 faz a higienização uma vez ao dia com água e escovinha.
Realizou uma troca e escom a atual prótese um mês. Ele pretende trocá-la
em nove meses, pois a última teve validade de um ano. Considera-se satisfeito e
pretende continuar se comunicando por meio da PTE.
25
Hábitos cotidianos (atuais/anteriores à cirurgia):
- O Sujeito 1 afirmou que sua hidratação diária é de dois copos de água, pois tem
dificuldades para ingerir líquidos. Relatou que precisa tomar água em goles
pequenos e que logo após a ingestão sua voz não sai. Com relação ao sono,
afirmou que dorme entre quatro e cinco horas por dia. Quanto à alimentação
referiu comer de tudo e não ter dificuldades com consistência pastosas e sólidas.
Não pratica atividade sica. Não fuma atualmente, mas fumou durante 50 anos
(três maços de cigarro por dia). Parou de fumar faz dois anos, mas afirmou ainda
sentir vontade. Costuma beber uma taça de vinho esporadicamente (uma vez a
cada duas semanas). Anteriormente fazia uso de bebidas alcoólicas com uma
freqüência maior e ingeria apenas bebidas destiladas.
Na avaliação da comunicação o-verbal foi observado que em relação à
postura corporal no vídeo, o sujeito estava sentado e manteve o braço livre colado
ao corpo durante a maior parte do tempo, porém fez alguns gestos simbólicos com
a mão livre, os quais marcam ênfases no discurso. Quando fez alguma negativa,
realizou movimentos sutis com a cabeça. Faz contato visual durante todo o
discurso.
Quanto aos recursos da comunicação verbal foi observado articulação
precisa, porém amplitude de abertura de boca limitada. Velocidade de fala
reduzida pelo excessivo uso de pausas, o que deixou a fala entrecortada. Essas
pausas são tanto expressivas quanto para respiração. A ênfase é marcada por
gestos de braço repetitivos, movimentos de sobrancelhas, contato visual e uso de
pausas. Às vezes o discurso é excessivamente marcado pelas ênfases. Quanto à
26
inflexão, faz variações de curvas melódicas, mas tende a usar mais a curva
descendente, marcada pela mudança no pitch da voz. A sonoridade manteve-se
constante, o que conferiu fluência ao discurso; o pitch foi considerado grave;
loudness forte; ataque vocal isocrônico; e a qualidade vocal rouca em grau severo,
com soprosidade, tensão e instábilidade em grau leve.
Sujeito 2: MABM
Caracterização:
MABM, sexo feminino, 47 anos é manicure e realizou a laringectomia total
para retirada de um carcinoma epidermóide há dois anos e meio. Fez tratamento
de quimio e radioterapia há dois anos. A fonoterapia para aquisição da voz
esofágica teve duração de quatro meses mas, com o insucesso no aprendizado
desta, colocou a prótese um ano e fez fonoterapia por mais quatro meses (um
atendimento por semana). Quanto à realização de exercícios fonoaudiológicos,
atualmente, ela referiu exercícios para fonação, como leitura, e relaxamento.
Relação e cuidados com a prótese:
- S2 relatou que ela mesma higieniza sua prótese com escovinha e água, mas às
vezes utiliza o medicamento Nistadina por via oral. Realizou duas trocas e teve
problemas anteriores por causa de excessiva secreção. Está com a prótese atual
um mês e pretende trocá-la quando for necessário. Considera-se satisfeita e
pretende continuar comunicando-se com prótese traqueoesofágica.
27
Hábitos cotidianos (atuais/anteriores à cirurgia):
- S2 costuma ingerir de um a dois copos de água por dia, pois se queixa de
salivação excessiva. Dorme cerca de oito horas diariamente, mas afirmou precisar
fazer uso de medicação para conseguir dormir. Quanto à alimentação tem
dificuldades para ingerir sólidos porque estes prejudicam sua fonação após a
deglutição e cítricos, pois aumentam sua salivação. Atualmente não fuma, mas
fumou durante 27 anos e parou há seis anos. Nunca ingeriu bebidas alcoólicas.
Foi observado na avaliação da comunicação não-verbal durante a gravação
que S2 estava sentado e com o corpo inicialmente inclinado para frente, mas
relaxou ao longo do discurso e alinhou a coluna. Usou predominantemente gestos
com a mão livre, mas esses gestos não estavam ligados ao discurso, pois se
mostraram repetitivos. Fez movimentos com os olhos, sobrancelhas e boca, os
quais foram usados como marcadores de ênfases no discurso.
Na avaliação dos recursos verbais observou-se que a amplitude de abertura
da boca estava reduzida, às vezes com articulação travada. Velocidade de fala
acelerada em alguns trechos. Utilizou pouco a ênfase na fala. A inflexão foi
marcada por curvas melódicas ascendentes no início da fala, mas na maior parte
do discurso a inflexão não foi destacada.
A sonoridade manteve-se constante; pitch médio; loudness adequada;
ataque vocal isocrônico e a qualidade vocal rouco-soprosa em grau moderado,
tensa e instável em grau leve.
28
4.3. Programa de intervenção fonoaudiológica: recursos expressivos
para laringectomizados totais com fala traqueoesofágica
O referido programa de intervenção foi desenvolvido com dois sujeitos, em
quatro encontros, uma vez por semana e com duração de duas horas cada, num
total de oito horas. O foco do trabalho foi a expressividade na comunicação verbal
e não-verbal. Os aspectos da comunicação verbal enfatizados na intervenção
proposta foram: articulação, velocidade de fala, inflexão, pausa e ênfase. Os
aspectos da comunicação não-verbal contemplaram gestos, postura e expressão
facial.
A intervenção constou de tarefas diversas, com base em vivências que
propiciassem uma melhor percepção aos sujeitos dos aspectos trabalhados. Os
sujeitos foram levados a realizar diferentes ajustes verbais e não-verbais para a
execução das tarefas.
Durante todo o processo de intervenção foram utilizadas estratégias para
aumentar a percepção dos sujeitos com relação ao seu desempenho. Para isso,
foram realizadas áudio-vídeo-gravações individuais de amostras de fala, as quais
foram apresentadas aos participantes para discussão entre eles.
Ao final de cada encontro, a pesquisadora fez um relatório descritivo acerca
de tudo o que aconteceu durante o mesmo, que incluiu os comentários dos
participantes, o que foi apontado como dificuldades, o desempenho geral dos
sujeitos e as observações da pesquisadora sobre as atividades. Algumas
29
anotações foram feitas no momento de realização das atividades, pois a
pesquisadora julgou relevante algumas manifestações verbais dos sujeitos.
PRIMEIRO ENCONTRO
1. OBJETIVO: apresentação dos integrantes do grupo (pesquisadora e sujeitos
participantes);
1.1. ESTRATÉGIAS: foi feito um círculo e a partir de conversa informal a
pesquisadora se apresentou e, em seguida, cada sujeito fez o mesmo (nome,
idade e por que o sujeito quis fazer parte do grupo);
2. OBJETIVO: trabalhar a respiração e a percepção do corpo;
2.1. ESTRATÉGIAS: exercícios de alongamento de braços (respeitando as
limitações de movimento de membros que alguns dos sujeitos pudessem ter) e
região cervical (percepção corporal) e respiração (percepção da musculatura
costodiafragmática);
3. OBJETIVO: trabalhar a fonoarticulação;
3.1. ESTRATÉGIA: realização de exercícios de abertura de boca, estalos de lábios
e língua, e de sobrearticulação. Foi gravado um trecho de fala (contagem de
números e nome completo) antes e depois da realização desses exercícios em
cada sujeito. Em seguida essas gravações foram discutidas com o grupo como
forma de aumentar a percepção em relação à própria voz e retomar alguns
exercícios fonoaudiológicos;
4. OBJETIVO: introduzir noções de expressividade por meio da percepção desta;
30
4.1. ESTRATÉGIAS:
- Apresentações de gravações áudio-visuais de pessoas públicas que manifestam
diferentes formas expressivas no discurso, para que fossem estimulados a discutir
as suas percepções acerca do tema;
- Discussão sobre o que os sujeitos perceberam sobre a expressividade das
pessoas dos vídeos;
SEGUNDO ENCONTRO
1. OBJETIVO: definir recursos verbais e não-verbais, bem como a forma que estes
contribuem para a comunicação e trabalhar a expressão facial;
1.1. ESTRATÉGIAS:
- Realização de exercícios de motricidade oral para ampliação dos movimentos
de sobrancelhas, lábios, bochechas e olhos;
- Apresentação de vídeos de pessoas falando, inicialmente a imagem, sem
som, para os sujeitos perceberem a importância da utilização dos recursos não
verbais à comunicação;
2. OBJETIVO: trabalhar a postura, como recurso da comunicação não verbal que
complementa a transmissão da mensagem;
2.1. ESTRATÉGIA: foram sorteadas duas notícias atuais, a partir das quais os
sujeitos discorreram por meio da utilização de um recurso da comunicação não
verbal predominantemente (só gestos de mãos, movimentos de olhos, meneios
de cabeça, mudança de postura, etc), o qual também foi sorteado.
31
3. OBJETIVO: Propiciar a percepção da intensidade vocal e a ressonância da voz;
3.1. ESTRATÉGIAS:
- Apresentação de áudio-gravações de vozes faladas com diferentes intensidades,
a partir das quais os sujeitos foram questionados sobre quais as suas impressões
sobre elas;
- Realização de exercícios respiratórios e de motricidade oral para maior alcance
vocal (loudness) e percepção dos espaços de ressonância (trato vocal);
TERCEIRO ENCONTRO
1. OBJETIVO: trabalhar a percepção de pitch e de recursos vocais de
expressividade da fala como velocidade da fala;
1.1. ESTRATÉGIAS:
- Apresentação de gravações de vozes faladas e cantadas, graves e agudas de
pessoas públicas para que os sujeitos pudessem perceber o pitch. O piano
também foi utilizado no trabalho da percepção do pitch, devido a variação das
notas musicais;
- Foram apresentadas áudio-gravações de trechos de fala e de músicas com
diferentes velocidades, para que os sujeitos compreendessem que a rapidez ou a
lentidão excessiva prejudicam a recepção da mensagem. Em seguida foram
debatidos assuntos de interesse do grupo e, aproveitando o discurso de cada
sujeito, foi abordado como os sentimentos podem ser transferidos para a fala;
32
- Debate entre os sujeitos sobre a percepção que eles têm da velocidade da fala
um do outro, ou seja, eles e elegeram quem fala mais rápido e quem fala mais
devagar. Cada sujeito deveria dar uma característica que chamava a sua atenção
na fala do outro;
2. OBJETIVO: trabalhar a discriminação da prosódia e a utilização de gestos para
a comunicação;
2.1. ESTRATÉGIAS:
- Trabalho com a prosódia envolvendo inflexões distintas (afirmação, interrogação,
desolação) a partir de frases, as quais cada sujeito leu com as inflexões
necessárias a cada curva melódica;
- Utilização de movimentos de mãos e braços durante a emissão, acrescentando
que a os gestos constituem um conjunto de elementos por meio dos quais a
linguagem corporal se processa e que completam o que é dito oralmente,
juntamente com a expressão facial;
- Trabalho com a melodia na voz cantada, a partir de músicas da preferência dos
sujeitos;
QUARTO ENCONTRO
1. OBJETIVO: trabalhar a percepção de ênfases e pausas no discurso;
1.1. ESTRATÉGIAS:
33
- Leitura de poesias, nas quais foi solicitado aos participantes que as lessem
dando ênfase em diferentes palavras do texto para que notassem a mudança no
sentido da mensagem;
- O mesmo texto foi lido com as pausas marcadas de forma inadequada, as quais
deveriam ser respeitadas. Os sujeitos foram questionados se identificaram algum
prejuízo na mensagem;
- Foi distribuido o mesmo texto aos sujeitos, porém modificadas as palavras que
seriam enfatizadas, de forma que, em um texto, as ênfases estavam posicionadas
coerentemente e no outro, as palavras enfatizadas deixavam o texto sem
coerência. Cada um teve que utilizar um marcador diferente de ênfase (pausa,
alongamento de palavras, aumento da loudness, expressão facial, postura), o qual
foi sorteado.
2. OBJETIVO: utilizar os recursos expressivos nas diferentes situações de fala;
2.1. ESTRATÉGIA:
- Foi solicitado que os sujeitos lessem textos cujo conteúdo expressavam
diferentes sentimentos e para isso utilizassem recursos de comunicação não-
verbal, variação melódica e ênfase;
- Foi realizada a áudio-vídeo-gravação da tarefa anterior para discussão em grupo.
A cada encontro foi retomado o que havia sido trabalhado e discutido no
encontro anterior. Os 10 primeiros minutos foram reservados para discussão
acerca dos aspectos trabalhados e de como os sujeitos observaram estes na sua
rotina, em si e no outro.
34
4.4. Procedimentos Pós-Intervenção
Depois de finalizado o programa de intervenção, foi realizado um novo
encontro com os sujeitos para fazer a devolutiva sobre os assuntos abordados e
trabalhos realizados, bem como foi solicitada a opinião deles sobre a participação
no programa de intervenção proposto. Essa etapa foi realizada em conjunto e foi
aberto também um espaço para o esclarecimento de eventuais dúvidas.
Em seguida foi feita a gravação, individualmente, da amostra de fala pós-
intervenção. O mesmo procedimento para a coleta de dados pré-intervenção foi
repetido depois de finalizado o programa de intervenção. Os sujeitos puderam
escolher outra foto que tivessem interesse em falar que não, necessariamente, a
mesma da gravação pré-intervenção, porém deviam manter a mesma posição do
corpo (sentado ou em pé).
As amostras de fala coletadas pré-intervenção foram denominadas
gravações A e as pós-intervenção de gravações B. Cada sujeito teve um vídeo A e
um vídeo B. Todas as gravações foram reunidas e editadas em um compact disc
(CD) para análise. Os vídeos de ambos os sujeitos foram apresentados aos juízes
para avaliação.
4.5. Análise da comunicação dos sujeitos pelos juízes
Nesta etapa foram estabelecidos quatro grupos de juízes para analisarem o
desempenho comunicativo dos participantes nos momentos pré e pós-participação
35
no programa. Os grupos de juízes foram: os próprios sujeitos; três parentes deles;
três fonoaudiólogos com experiência no atendimento a pacientes com câncer de
laringe; e três pessoas da população sem histórico de problemas auditivos e que
não tivessem familiaridade com fala traqueoesofágica, os quais foram chamados
de juízes leigos.
Para essa avaliação foi elaborado um roteiro (Anexo 6), baseado no que foi
utilizado pela pesquisadora na avaliação inicial (item 4.2), porém com os termos
reestruturados para facilitar o entendimento de todos os juízes. Estes poderiam
assistir aos vídeos quantas vezes julgassem necessário para dar a sua opinião,
mas foi estabelecido que vissem no mínimo duas vezes, para que pudessem
observar melhor a comunicação dos sujeitos. Após ver os vídeos, foi perguntado
se o desempenho comunicativo de cada sujeito estava igual ou diferente, nos
vídeos A e B. Caso estivesse diferente, o juiz deveria justificar o que havia
modificado nos aspectos da comunicação verbal e não-verbal pré-estabelecidos:
postura corporal, gestos, movimentos de cabeça e expressão facial, referentes à
comunicação não-verbal e compreensão de fala, velocidade de fala, uso de
pausas, uso de ênfase, melodia da fala, intensidade da voz e qualidade da voz,
que dizem respeito à comunicação verbal. As respostas foram registradas por
escrito pelos próprios juízes na folha do roteiro de avaliação (Anexo 6).
36
4.6. Análise dos resultados
Todos os dados de cada avaliação estão reunidos em quadros no capítulo
de Resultados e analisados juntamente com os relatórios feitos pela pesquisadora
no capítulo de Discussão. Cada sujeito foi analisado segundo o seu desempenho
durante a intervenção e também a partir dos achados de cada uma das análises
feitas pelos quatro grupos de juízes anteriormente mencionadas, para se
compreender a comunicação dos sujeitos pré e pós-intervenção. A análise será
descritiva.
37
5. RESULTADOS
Neste capítulo estão apresentados os dados da entrevista. Os dados
referentes à avaliação dos juízes estão apresentados em quadros e divididos por
grupos de juízes.
5.1. Entrevista
Sujeito 1: MSF
Universo comunicativo (expressividade):
- S1 afirmou não ter nenhuma dificuldade para se comunicar com a família ou com
outras pessoas. Quando não o compreendem ele repete, mas afirmou que é difícil
isso acontecer. Relatou considerar-se uma pessoa expressiva, porque
liberdade aos outros para dizerem o que pensam.
Sujeito 2: MABM
Universo comunicativo (expressividade):
- S2 relatou que freqüentemente tem que repetir o que diz para ser compreendida
por sua família e que as outras pessoas tem que prestar bastante atenção a sua
fala para entendê-la. Considera-se uma pessoa expressiva porque é espontânea e
esforça-se para que as pessoas a compreendam.
38
5.2. Programa de intervenção fonoaudiológica: recursos expressivos
para laringectomizados usuários de PTE
Como descrito no método, a pesquisadora elaborou um relatório descritivo
após cada encontro com as considerações mais relevantes de tudo o que
aconteceu ao longo de todo o processo de intervenção. Durante as atividades
foram feitas anotações sobre o desempenho de S1 e S2 nos encontros do
programa, bem como das falas dos mesmos, pertinentes ao tema e discussões da
pesquisa. Todo esse material foi reunido e encontra-se na íntegra no Anexo 7.
5.3. Opinião dos juízes sobre a comunicação dos sujeitos
As respostas dos juízes foram colocadas exatamente da forma como os
roteiros de avaliação foram preenchidos e estão apresentadas nos quadros de 1 a
8. Os quadros de 1 a 4 são referentes ao Sujeito 1 (S1) e os de 5 a 8 referem-se
ao Sujeito 2 (S2).
39
Quadro 1: Opinião de S1 sobre sua comunicação na comparação dos vídeos pré e
pós-programa de intervenção.
PARÂMETROS
JUÍZ
S1
IGUAL
DIFERENTE
X
POSTURA CORPORAL
GESTOS
MOVIMENTOS DE CABEÇA
EXPRESSÃO FACIAL
Melhor, eu observo que uso mais a minha expressão
COMPREENSÃO DE FALA
Eu entendo melhor a minha fala
VELOCIDADE DE FALA
Diminuiu, falo mais devagar
USO DE PAUSAS
Uso mais pausas durante a fala
USO DE ÊNFASE
MELODIA DE FALA
INTENSIDADE/VOLUME DA VOZ
QUALIDADE DA VOZ
Melhorou bastante, minha voz sai sem esforço
40
Quadro 2: Opinião dos parentes de S1 sobre sua comunicação na
comparação dos vídeos pré e pós-programa de intervenção.
PARÂMETROS
JUÍZES
P1S1
P2S1
P3S1
IGUAL
DIFERENTE
X
X
X
POSTURA CORPORAL
Melhorou, pois ele
parece estar mais
tranqüilo
GESTOS
Os gestos estão mais
calmos, mais
pausados
MOVIMENTOS DE CABEÇA
EXPRESSÃO FACIAL
Mostrou-se mais
emocionado
Sua expressão está
mais alegre
COMPREENSÃO DE FALA
Dá para entender
melhor o que ele
fala
Houve muita melhora,
pois não é preciso
prestar muita atenção
para entender o que
foi falado
VELOCIDADE DE FALA
A fala está mais
rápida
USO DE PAUSAS
Utiliza mais pausas Usa menos pausas As pausas facilitaram
o entendimento do que
foi dito
USO DE ÊNFASE
São melhor
observadas no vídeo B
MELODIA DE FALA
INTENSIDADE/VOLUME DA
VOZ
QUALIDADE DA VOZ
A qualidade da voz
está melhor, a voz
está mais clara
Mostra-se melhor,
mais clara
*Legenda: P1S1 – parente 1 do sujeito 1 P2S1 – parente 2 do sujeito 1
P3S1 – parente 3 do sujeito 1
Vídeo B – pós-programa de intervenção
41
Quadro 3: Opinião dos fonoaudiólogos sobre a comunicação de S1 na
comparação dos vídeos pré e pós-programa de intervenção.
PARÂMETROS
JUÍZES
F1
F2
F3
IGUAL
DIFERENTE
X
X
X
POSTURA CORPORAL
Interagiu mais com a
câmera
GESTOS
Usa mais gestos do
deo B
Mais gestos com a
mão livre
MOVIMENTOS DE
CABEÇA
EXPRESSÃO FACIAL
Face mais
expressiva
Sujeito mostra-se
mais expressivo
Expressão mais
associada ao
conteúdo da fala,
sorriu mais
COMPREENSÃO DE FALA
Maior no vídeo B,
pois o escape de ar
reduziu
Melhorou devido o
melhor uso de
pausas e ênfases
VELOCIDADE DE FALA
USO DE PAUSAS
Usa mais e melhor
as pausas
Mais pausas
USO DE ÊNFASE
Usa mais ênfases
Usa mais ênfases
Mais ênfases
MELODIA DE FALA
Curva melódica
mais marcada
Houve um aumento
na melodia da fala
INTENSIDADE/VOLUME
DA VOZ
Fala mais forte, e
variação da
loudness nas
ênfases
QUALIDADE DA VOZ
Voz mais clara
Melhor, pois com o
aumento da melodia
o pitch ficou menos
grave
*Legenda: F1 – fonoaudióloga 1 F2 – fonoaudióloga 2 F3 –
fonoaudióloga 3
42
Quadro 4: Opinião juízes leigos sobre a comunicação de S1 na comparação
dos vídeos pré e pós-programa de intervenção.
PARÂMETROS
JUÍZES
JL1
JL2
JL3
IGUAL
X
DIFERENTE
X
X
POSTURA CORPORAL
Ele está mais
desenvolto
GESTOS
Gesticula mais e isso
transmite maior
segurança
MOVIMENTOS DE CABEÇA
EXPRESSÃO FACIAL
Parece estar mais
alegre, feliz
COMPREENSÃO DE FALA
É melhor no vídeo B
Está melhor
VELOCIDADE DE FALA
Aumentou no vídeo
B
USO DE PAUSAS
Usa menos pausas
no vídeo B
Observa-se melhor as
pausas
USO DE ÊNFASE
MELODIA DE FALA
INTENSIDADE/VOLUME DA
VOZ
Está mais alto, isso
facilita o
entendimento
QUALIDADE DA VOZ
Está melhor porque
a voz é mais
agradável
Está melhor
*Legenda: JL1 – juiz leigo1 JL2 – juiz leigo 2 JL3 – juiz leigo 3
43
Quadro 5: Opinião de S2 sobre sua comunicação na comparação dos vídeos pré e
pós-programa de intervenção.
PARÂMETROS
JUÍZ
S2
IGUAL
DIFERENTE
X
POSTURA CORPORAL
Me senti mais à vontade
GESTOS
MOVIMENTOS DE CABEÇA
Uso mais esse recurso no vídeo B
EXPRESSÃO FACIAL
Eu parecia mais relaxada no segundo vídeo
COMPREENSÃO DE FALA
Melhorou, pois eu falo mais pausadamente
VELOCIDADE DE FALA
Percebi que a velocidade de fala diminuiu
USO DE PAUSAS
Uso mais pausas
USO DE ÊNFASE
Melhorou, pois marco melhor as palavras
MELODIA DE FALA
INTENSIDADE/VOLUME DA VOZ
Houve um aumento no volume da fala
QUALIDADE DA VOZ
Melhorou bastante, minha voz está mais bonita
44
Quadro 6: Opinião dos parentes de S2 sobre sua comunicação na
comparação dos vídeos pré e pós-programa de intervenção.
PARÂMETROS
JUÍZES
P1S2
P2S2
P3S2
IGUAL
X
DIFERENTE
X
X
POSTURA CORPORAL
GESTOS
Utiliza mais gestos
Utiliza mais gestos
MOVIMENTOS DE CABEÇA
EXPRESSÃO FACIAL
Mostra-se mais
alegre
Parece mais calma
COMPREENSÃO DE FALA
É melhor no vídeo
B
Dá para entender
melhor
VELOCIDADE DE FALA
USO DE PAUSAS
Utiliza menos
pausas
Usa mais pausas
no vídeo B
USO DE ÊNFASE
Foi mais fácil de
observar no vídeo B
MELODIA DE FALA
INTENSIDADE/VOLUME DA
VOZ
Percebo que o
volume de fala é
maior no vídeo B
QUALIDADE DA VOZ
Está melhor, pois
antes parecia mais
rouca
Houve bastante
melhora na voz
*Legenda: P1S2 – parente 1 do sujeito 2 P2S2 – parente 2 do sujeito 2
P3S2 – parente 3 do sujeito 2
45
Quadro 7: Opinião dos fonoaudiólogos sobre a comunicação de S2 na
comparação dos vídeos pré e pós-programa de intervenção.
PARÂMETROS
JUÍZES
F1
F2
F3
IGUAL
X
DIFERENTE
X
X
POSTURA CORPORAL
Ela está mais bonita,
mais à vontade,
prolongou mais o
discurso
GESTOS
Usa a mesma
mão p oluir o
estoma no vídeo
B
Usou movimentos com
a mão livre
acompanhando a fala
MOVIMENTOS DE
CABEÇA
EXPRESSÃO FACIAL
COMPREENSÃO DE FALA
O sujeito está mais
fluente
Melhor pela
redução no
escape de ar
pelo estoma
Melhor, devido menos
tensão e mais pausas
respiratórias
VELOCIDADE DE FALA
Diminuiu a velocidade
da fala
USO DE PAUSAS
Houve um aumento no
número de pausas
USO DE ÊNFASE
Usa mais ênfases, o
que torna a
comunicação mais
agradável
Usa mais
ênfases
MELODIA DE FALA
Curva melódica mais
rica, comunicação
agradável
INTENSIDADE/VOLUME
DA VOZ
Maior no vídeo B
As emissões foram
com loudness mais
adequada ao ambiente
QUALIDADE DA VOZ
Voz menos soprosa,
mais neutra
Redução da
tensão/esforço
fonatório,
principalmente no final
da emissão
*Legenda: F1 – fonoaudióloga 1 F2 – fonoaudióloga 2 F3 – fonoaudióloga 3
46
Quadro 8: Opinião juízes leigos sobre a comunicação de S2 na comparação
dos vídeos pré e pós-programa de intervenção.
PARÂMETROS
JUÍZES
JL1
JL2
JL3
IGUAL
X
DIFERENTE
X
X
POSTURA CORPORAL
Observo maior
desenvoltura, ela
está menos
acanhada
GESTOS
Os gestos estão
mais naturais, pois
ela parecia cansada
ao falar no vídeo A
Passa mais
segurança e
tranqüilidade
MOVIMENTOS DE
CABEÇA
Movimenta mais a
cabeça
EXPRESSÃO FACIAL
Ela passa mais
alegria, tranqüilidade
e está até mais
bonita
Ficou mais tranqüila
COMPREENSÃO DE FALA
Fala mais
compreensível
Maior precisão
VELOCIDADE DE FALA
Houve uma
diminuição na
velocidade da fala
Ela fala mais rápido,
mas a compreensão
é melhor
USO DE PAUSAS
Usa mais pausas
Usa mais pausas
Usa mais pausas
USO DE ÊNFASE
MELODIA DE FALA
Melhorou, está mais
suave
INTENSIDADE/VOLUME
DA VOZ
Aumentou o volume
da fala
Volume mais alto
QUALIDADE DA VOZ
Melhor no vídeo B
O timbre da voz está
mais suave
A voz está mais
clara
*Legenda: JL1 – juiz leigo 1 JL2 – juiz leigo 2 JL3 – juiz leigo 3
Vídeo A – pré-programa de intervenção
47
6. DISCUSSÃO
Com relação ao método, a primeira barreira foi quanto à seleção dos
sujeitos, pois houve uma tentativa frustrada anterior de realizar o estudo junto a
uma instituição hospitalar de referência no atendimento ao paciente oncológico.
Em decorrência da política de preservação de órgãos adotada pelo hospital em
questão, houve uma reestruturação nos critérios para indicação da laringectomia
total. Um protocolo de preservação de órgãos, que encaminha o paciente para a
quimioterapia e radioterapia, começou a ser utilizado e o número de cirurgias
reduziu. Somente no insucesso em erradicar a doença por meio desses
tratamentos é que o procedimento cirúrgico era determinado. Dessa forma, na
consulta do banco de dados, nenhum indivíduo se encaixou nos critérios pré-
estabelecidos deste estudo.
Devido às circunstâncias, teve-se que pensar em outros meios para se
chegar aos sujeitos. Nesse momento se recorreu à empresa que comercializa
próteses traqueoesofágicas (PTE), pois o representante das mesmas era
conhecido da pesquisadora e também havia ministrado palestras em eventos na
PUC-SP. Ele se prontificou de imediato a colaborar com a pesquisadora, como
está descrito no Método.
Outra barreira quanto à seleção dos sujeitos foi a disponibilidade para
participação da pesquisa, uma vez que poucos indivíduos adaptados com PTE
quiseram freqüentar novamente a clínica fonoaudiológica para a realização de um
programa de intervenção que se propôs ao aperfeiçoamento da comunicação.
48
Dentre os principais motivos que impossibilitaram alguns possíveis candidatos de
ingressarem no programa estão: mau estado de saúde geral (internações
hospitalares), aparecimento de um novo tumor, não colocação da PTE até o
momento do contato e problemas com a mesma, como formação de vazamentos.
Vale ressaltar que existem outros tipos de problemas que podem acometer o
indivíduo em relação a PTE, como: formação de granulomas, contaminação por
fungos, infecção local, escape de saliva, aumento ou estenose da fístula, tamanho
ou posicionamento do traqueostoma, extrusão da prótese (Kruschewsky et al.
2002; Albirmawy et al. 2006; Calder et al. 2006; Medeiros et al. 2006; Santos e
Cardoso 2006).
A elaboração do programa de intervenção (item 4.3) exigiu muita leitura,
reflexão e discussões junto à orientadora. Um dos obstáculos foi a escassez de
estudos na literatura que pudessem subsidiar algumas estratégias a serem
adotadas. Publicações sobre laringectomizados totais com fala traqueoesofágica,
que envolvam intervenção, na área da Fonoaudiologia são raras, quando
comparadas com as que se destinam à avaliação, diagnóstico ou levantamento
bibliográfico. A literatura conta com poucos estudos (Costa et al. 2001; Oliveira et
al. 2005; Gielow et al. 2007a) que tratem de intervenção para laringectomizados
com fala traqueoesofágica. Além disso, a expressividade é um tema pouco
explorado nos estudos publicados, muito embora a Fonoaudiologia tenha se
preocupado com o assunto na última década. Associar os dois assuntos,
laringectomia total e expressividade foi sem dúvida, um dos maiores desafios
enfrentados nessa pesquisa.
49
Outra questão importante na construção do programa de intervenção, que
se configurou em mais uma dificuldade, foi a necessidade de adaptação de
algumas atividades ao público alvo dessa pesquisa, o que exigiu um olhar atento
às abordagens frente às possibilidades de aplicação. O trabalho com os gestos,
por exemplo, teve que considerar uso de apenas uma das mãos, uma vez que a
outra é usada para a oclusão do traqueostoma. Durante as atividades do segundo
encontro (Anexo 7), esse recurso da comunicação não verbal foi utilizado para
acompanhar e complementar a mensagem durante uma narrativa, além de marcar
ênfases. Embora a utilização de recursos como postura corporal e gestos fique
limitada após a laringectomia total, isso não significa a impossibilidade de
trabalhá-los para obter uma comunicação mais efetiva e natural (Cotes 2000;
Gimenes 2003).
A linha de pesquisa em voz do Programa de Estudos Pós-graduados em
Fonoaudiologia da PUC-SP, nos últimos anos, tem estudado a questão da
expressividade (Cotes 2000; Medrado 2003; Chieppe 2004; Amaral 2006; Santos
2006; Azevedo 2007; Ghirardi 2007; Moreira-Ferreira 2007; Souza 2007), porém
tem havido uma tendência maior em estudá-la no contexto profissional. O
crescente interesse nas pesquisas da linha de voz pela temática da
expressividade se constituiu em um fator positivo para o desenvolvimento deste
estudo, pois as reuniões com os pesquisadores foram feitas conjuntamente e
várias discussões sobre o tema foram realizadas no sentido de encontrar a melhor
forma de abordá-lo. Após essa etapa foi possível elucidar quais seriam as
50
melhores estratégias, bem como a seleção de materiais: vídeos, fotografias,
textos, entre outros.
Outro ponto importante durante a elaboração das atividades foi adaptá-las
para uma fala que não era construída, como a de profissionais da voz no caso de
teleapresentadores, atores e teleoperadores, por exemplo. A expressividade
deveria contemplar a demanda comunicativa do cotidiano dos indivíduos
pesquisados. Os estudos (Cotes 2000; Medrado 2003; Rezende 2006; Azevedo
2007; Moreira-Ferreira 2007) que envolvem a utilização dos recursos expressivos
são voltados mais para a fala construída do que para a comunicação espontânea.
Os parâmetros da linguagem oral e corporal que foram trabalhados na
intervenção proposta tiveram respaldo da literatura (Kyrillos 2005; Viola e Ferreira
2007), a qual indica que os mais estudados em pesquisas recentes são:
qualidade vocal, pitch, melodia, loudness, pausas, velocidade de fala e
articulação, postura e gestos. Vários destes aspectos foram utilizados na
constrão dos roteiros de avalião inicial (Anexo 5) e de avalião dos juízes
(Anexo 6), além disso, outros aspectos como ênfase, inteligibilidade de fala,
movimentos de cabeça e expreso facial completaram a abordagem, de
acordo com todas as discussões e reflexões feitas no aprofundamento do tema
do estudo.
Inicialmente o programa de intervenção foi montado para ser executado em
oito encontros. No entanto, a seleção dos sujeitos demandou bastante tempo, o
que levou a pesquisadora a condensar as atividades em quatro encontros. Essa
redução não prejudicou os objetivos da pesquisa, mas gerou um problema na
51
abordagem das estratégias, uma vez que no planejamento inicial cada recurso
seria contemplado isoladamente. Com isso, os encontros finais seriam destinados
ao trabalho conjunto dos recursos trabalhados. As discussões entre os sujeitos
geradas pelas atividades tiveram que ser, em alguns momentos, contidas pela
pesquisadora, tendo em vista a limitação de tempo.
Com relação à escolha pelo trabalho em grupo, Vilela e Ferreira (2006)
mencionam as vantagens dessa estratégia, como o fato de ser criado um meio
social para a comunicação, o que dificilmente acontece entre o terapeuta e o
paciente apenas. Além disso, as mesmas autoras encontraram em seus
resultados que a melhora está relacionada à interação com o outro. A experiência
do trabalho conjunto com ambos os sujeitos foi enriquecedora para todos os
envolvidos nas etapas deste estudo, na medida em que eles se observaram mais
detalhadamente sob a ótica um do outro. Cada um opinava sobre o outro. Eles se
ajudavam mutuamente e isso contribuiu para que fosse criado um espaço para a
cumplicidade e a solidariedade, o que corrobora com os dados de Simão e Chun
(1997) e Giannini e Passos (2006).
A literatura (Hugenneyer e Oliveira 2000, Mourão et al. 2006, Gielow et al.
2007b) contempla a estratégia de trabalhar com grupos como benéfica, uma vez
que a reabilitação da comunicação dos laringectomizados totais nesse contexto
pode ser eficiente à retomada das habilidades comunicativas, além de propiciar a
reintegração social do indivíduo. Esse é um dado a ser destacado, posto que na
clínica o atendimento individual tende a ser mais valorizado em detrimento da
terapia em grupo, que pode contribuir muito mais para contextualizar a
52
comunicação do paciente e fazê-lo perceber suas próprias dificuldades e
limitações a partir do convívio com pessoas que passaram por experiências
semelhantes a dele.
Na entrevista inicial, realizada individualmente, os sujeitos se mostraram
colaborativos em responder o que lhes foi questionado quanto ao universo
comunicativo antes e após a cirurgia. Além disso, trouxeram dúvidas quanto ao
conteúdo que constituía o programa do qual iriam participar. S1 relatou estar
confiante de que a participação na pesquisa o ajudaria a se comunicar melhor no
seu ambiente de trabalho, uma vez que é vendedor e precisa se fazer entender
adequadamente, bem como se mostrar persuasivo e convincente para conquistar
mais clientes. S2 afirmou que gostava muito de cantar na igreja que freqüenta,
mas que depois da cirurgia esse hábito foi interrompido e que atualmente ela
articulava as palavras, sem deixar sair som, pois tinha vergonha da própria voz.
Ela relatou que gostaria de voltar a ter prazer em cantar.
Para mim, que sempre fui uma pessoa muito tagarela, foi difícil no começo
aceitar que não podia falar da mesma forma que antes, com a mesma facilidade.
O pior foi perceber, com o tempo, que muitas pessoas deixavam de dar
importância ao que eu falava por não conseguirem me entender de primeira. Meu
círculo de amizades diminuiu. Então eu tive que procurar outras formas de chamar
a atenção das pessoas com que converso, principalmente dos meus clientes.
Tentei falar mais devagar, mais alto. É difícil até hoje, mas eu tento” (S1).
53
S1 revela o seu universo comunicativo sem deixar de considerar todas as
dificuldades que passou e como conseguiu superar as mudanças impostas pelo
câncer, no que se refere a sua comunicação.
Na fala de S2 pode-se destacar o seu desapontamento frente ao
comportamento de seus interlocutores, o que revela uma carência por aceitação
social e uma demanda comunicativa a ser satisfeita, como observado abaixo:
Muitas vezes já aconteceu de as pessoas me evitarem no salão em que
trabalho, as clientes não queriam que eu as atendesse. Isso me deixava muito
triste, pois eu sabia que era por causa da minha imagem, da minha voz, da forma
como eu passei a me comunicar. as minhas clientes mais antigas continuaram
sendo atendidas por mim” (S2).
Batista et al. (2000) e D’amico (2000) afirmam que o paciente
laringectomizado tem a sua auto-imagem definitivamente modificada após a
cirurgia e depois de finalizado o tratamento pós-cirúrgico em função do
traqueostoma definitivo e do esvaziamento cervical, que reduz a largura do
pescoço. Além disso, a questão da inadequação social é bem comum nesse
grupo. Os autores pontuam, também, que um trabalho direcionado a essa
população, com o objetivo de melhorar a qualidade da comunicação contribui para
o enfrentamento da doença, fator que pode possibilitar um melhor relacionamento
com o outro e, principalmente, consigo mesmo.
Podem-se identificar pontos muito divergentes entre S1 e S2, que os coloca
em universos comunicativos distintos. Um dos aspectos trazidos por eles durante
a entrevista inicial foi a questão familiar. Enquanto que S1 contou com a família
54
para superar as dificuldades e participar a todo o momento do seu processo de
reabilitação, bem como da retomada de suas atividades, com motivação e apoio
constantes, S2 se viu isolada tanto socialmente quanto no convívio com seus
parentes, em especial quanto ao seu cônjuge, que chegou a mencionar repetidas
vezes que o câncer havia sido um castigo de Deus para ela.
Behlau et al. (1999) e Cleto (2000) referem que fatores como motivação por
parte do paciente e apoio familiar contribuem positivamente para o processo de
reabilitação que, muitas vezes, representa um desafio ao sujeito.
Uma dinâmica familiar que inclua o laringectomizado nas atividades diárias,
que o motive a superar suas dificuldades e que o ajude a recuperar sua auto-
estima são fatores que auxiliam a reabilitação desses indivíduos. Embora não
tenham sido observadas diferenças quanto ao desempenho global de S1 e S2 no
programa de intervenção, pode-se verificar que S1 estava mais motivado a
participar das atividades. Por outro lado, S2 chegava aos encontros se queixando
de sua família, o que demandou tempo para diálogos e discussão dessas
questões que ela trazia, com o objetivo de estimulá-la a agregar valor a sua
comunicação.
O envolvimento familiar foi percebido mais objetivamente na etapa de
julgamento do desempenho comunicativo dos sujeitos segundo seus parentes. A
família de S1 se colocou completamente à disposição da pesquisadora e o
acolhimento frente ao sujeito foi evidente. Na relação com a família de S2,
entretanto, houve dificuldades para a aderência por parte dos parentes dela em
55
participarem da avaliação. Além disso, verificou-se que S2 se sentia sozinha e
impotente com o descaso dos seus familiares.
Também sobre a entrevista, tanto S1 quanto S2 relataram ter tentado a
aquisição da voz esofágica antes de optarem por investir na PTE, a qual é
apontada pela literatura (Op De Coul et al. 2000, Costa et al. 2001, Makitie et al.
2003, Bunting 2004) como a que oferece melhor qualidade vocal, com altos
índices de inteligibilidade de fala. É necessário considerar que a melhor estratégia
para reabilitação da comunicação oral, nesses casos, é aquela que se mostrar
mais eficiente e desejável ao paciente, sem deixar de levar em conta o seu
contexto, sua demanda e suas perspectivas com relação a competência
comunicativa (Ghirardi 2007, Gielow et al. 2007a).
Quanto ao universo comunicativo, S1 é vendedor e S2 é manicure, ou seja,
ambos utilizam a comunicação em contexto profissional, pois lidam com o público,
muito embora a demanda comunicativa exigida na profissão de S1 seja bem maior
e mais complexa, por abranger a questão do envolvimento com o cliente, para
convencê-lo e fidelizá-lo. No entanto, S1 declarou na entrevista inicial não ter
nenhuma dificuldade de se fazer entender, tanto com sua família, quanto com os
outros. Em contrapartida, S2 revelou que freqüentemente tem que repetir o que
diz para ser compreendida por sua família e que as outras pessoas tem que
prestar bastante atenção a sua fala para entendê-la. O fato de S2 não estar
satisfeita com a forma como se comunicam pode gera efeitos negativos em seus
interlocutores e esse foi um dos motivos pelos quais ela aceitou participar do
programa de intervenção.
56
A perda da voz, em decorrência da radicalidade da cirurgia, implica em
profundas modificações na qualidade de vida (Gielow et al. 2007a), além de ser
algo complexo, por envolver as dimensões subjetiva, orgânica e sociocultural
(Petroucic e Friedman, 2006). Os dois participantes desse estudo, no momento da
entrevista, referiram as dimensões física, psíquica e na relação com o outro, fato
que foi evidenciado nos trechos de fala anteriormente colocadas.
Foi nesse contexto e com diferentes expectativas que S1 e S2 chegaram
para participar dessa pesquisa.
A análise dos dados referentes à cirurgia mostrou que a faixa etária e o tipo
histológico da lesão encontrada em S1 e S2 correspondem ao que é descrito pela
literatura (Hungria e Hungria Filho 2000; Kowalski 2000; Carvalho 2001; Aprigliano
e Mello 2006), com predomínio de 45 a 70 anos e o carcinoma epidermóide como
o mais freqüentemente encontrado.
No primeiro encontro do programa de intervenção, momento em que vídeos
de pessoas públicas da mídia que manifestavam diferentes formas de
expressividade foram apresentados, S1 afirmou que a expressividade deve estar
condizente com a situação em que o falante se encontra”, ou seja, S1 entendeu
que a expressividade é flexível às situações comunicativas de quem fala, o que
permitiu a ele utilizar os recursos apontados durante o programa de intervenção
em benefício do conteúdo da sua mensagem no deo pós-intervenção. Além
disso, S1 considerar-se uma pessoa expressiva, porque se comunica e
liberdade aos outros para dizerem o que pensam, ou seja, S1 pensa na
expressividade dentro da relação com o outro.
57
No mesmo encontro, S2 relatou que entende por expressividade todas as
atitudes espontâneas da comunicação, além de tudo aquilo que ela se esforça
para passar uma idéia clara do que está pensando. S2 se considera expressiva
por ser uma pessoa espontânea, o que a assemelha a S1. Esses relatos denotam
uma idéia de relação com o interlocutor, o que concorda com os conceitos de
Madureira (2005), que afirma serem os recursos expressivos inerentes à
comunicação humana.
Pode-se perceber, com o exposto, diferenças quanto às atitudes
comunicativas entre os sujeitos da pesquisa, pois S1 mostrou mais iniciativa, até
por exigência da sua profissão, no contato com os outros. Enquanto que S2
revela-se mais retraída e pouco confiante em seu potencial comunicativo, embora
perceba que precisa fazer uso de estratégias que facilitem o entendimento de
seus interlocutores, como repetições e redução da velocidade de fala.
No que se refere à auto-avaliação de S1 sobre a sua comunicação (Quadro
1, pág. 39) observou-se que ele não se aprofundou muito em sua análise, na
medida em que as respostas se limitaram a apontar de forma simples o que
melhorou ou não dos recursos elencados pelo roteiro. Enquanto observava os
vídeos e respondia, S1 perguntou por várias vezes o que, de fato, o roteiro
buscava e sempre fazia uma associação em suas respostas aos exercícios
fonoaudiológicos, ou seja, a melhora era sempre atribuída à intervenção ao invés
dele explicar o que percebia nos vídeos. Isso pode ser interpretado como uma
dificuldade em se auto-observar e também que ele estava contaminado com todo
o processo de intervenção do qual participou. Essa constatação pode estar ligada
58
ao fato de S1 ser muito agitado, o que lhe fez assistir apenas as duas vezes
estipuladas pelo método aos vídeos para responder e de forma bastante ansiosa.
Embora o comando tenha sido o mesmo para ambos, as respostas de S1 foram
superficiais, enquanto que S2 foi mais profunda em sua análise.
Na avaliação de S1 ficou claro que os aspectos da comunicação verbal
foram mais importantes do que os da não-verbal, quando comparados os vídeos
pré e pós-programa de intervenção. O único recurso referente ao uso do corpo
apontado por ele como diferente foi a expressão facial, em que S1 avalia que usa
mais este aspecto no vídeo pós-programa de intervenção. Deve-se levar em conta
a limitação no uso de gestos e considerar o fato de uma das mãos estar fixa no
pescoço, o que pode ter desviado a atenção de S1 para outros recursos referentes
ao uso do corpo na comunicação. Quanto à linguagem oral ele afirmou
compreender melhor sua fala, além da velocidade estar mais lenta, em
decorrência do uso de mais pausas e que sua voz pareceu sair sem esforço, o
que lhe permitiu identificar melhora na sua qualidade da voz.
Kyrillos (2005) ressalta que a pausa tem grande valor expressivo e quando
utilizada pode ser um recurso bastante interessante. Para a autora, o ideal é que o
orador a utilize para separar blocos de significado. O momento da ocorrência
desta pode ser aproveitado para respirar. De acordo com a autora, é interessante
também usar a pausa em locais estratégicos, geralmente antes de informações
importantes para provocar uma expectativa no ouvinte.
A opinião dos parentes de S1 converge com a dele quanto à expressão
facial, posto que dois dos três parentes afirmaram perceber mudanças nesse
59
aspecto (Quadro 2, pág. 40). A compreensão de fala foi outro aspecto
concordante, uma vez que a melhora também foi apontada. A qualidade de voz foi
apontada como melhor por dois deles, que afirmaram que a voz pareceu mais
clara.
Com relação à expressão facial, Kyrillos et al. (2003) afirmam que essa é
considerada a principal fonte de informações não verbais, pois apresenta um
grande potencial comunicativo que revela estados emocionais. Nesse contexto, os
movimentos de sobrancelhas, olhos e lábios se destacam. Os olhos devem atuar
em conjunto com as sobrancelhas e são capazes de transmitir quase todos os
sentimentos. Quando associados à palavra, traduzem uma enorme carga
interpretativa, durante a comunicação. Assim, olhos brilhantes revelam
entusiasmo, alegria e vivacidade, olhos baixos revelam tristeza e desânimo. As
sobrancelhas, associadas aos olhos, revelam sentimentos da mensagem, pois
quando abaixadas demonstram concentração, reflexão, seriedade e quando
elevadas revelam surpresa, espanto, indignação e alegria, segundo a mesma
autora.
Durante o trabalho com a comunicação não-verbal, no segundo encontro
(Anexo 7), foi observado que S1 priorizava a utilização da expressão facial no
discurso, com movimentos de sobrancelhas e de boca, além de manter o contato
visual. Nesse mesmo encontro, S1 afirmou que A expressão facial pode
denunciar se uma mensagem é positiva, negativa ou neutra”. Isso refletiu na
opinião dos juízes, pois esta foi, dentre os demais aspectos não-verbais, a mais
assinalada quanto a mudanças.
60
O julgamento das fonoaudiólogas (Quadro 3, pág. 41) quanto ao
desempenho de S1 foi mais técnico, quando comparado aos demais juízes, porém
aqui também se observou uma tendência em valorizar mais os aspectos da
comunicação verbal. No que se refere à comunicação não-verbal, F3 avaliou uma
maior interação com a câmera como um fator relativo à postura corporal, o que
pode ser justificado pelo fato de que, ao longo do programa de intervenção, os
sujeitos foram gravados por diversas vezes para auto-observação. Isso pode ter
relação com a maior familiaridade com o equipamento na gravação pós-
intervenção.
Duas fonoaudiólogas identificaram diferenças no uso dos gestos, os quais
foram mais evidentes no vídeo pós-intervenção e as três observaram que a
expressão facial estava melhor (como os parentes de S2), uma delas relatou que
a expressão estava mais associada ao conteúdo da fala. Quanto aos recursos
verbais, a redução do escape de ar foi determinante para a melhora na
compreensão da fala, segundo F2, assim como o uso mais marcado de pausas e
ênfases, para F3. O uso de mais ênfase no discurso chamou a atenção das três
fonoaudiólogas. A melodia da fala foi percebida por F1 e F2. Para F3 a
intensidade da voz ficou mais forte em decorrência de variação da loudness nas
ênfases. A melhora na qualidade da voz foi identificada por F1 e F2, de forma que
esta última refere que o aumento na melodia propiciou um pitch menos grave.
Pode-se observar que esse grupo fez uma análise mais técnica e detalhada,
porém o foco é mais na voz e na comunicação verbal como um todo.
61
No que se refere ao depoimento dos juízes leigos (Quadro 4, pág. 42), JL1
e JL2 perceberam diferenças, enquanto para JL3 o desempenho comunicativo de
S1 foi igual em ambos os vídeos. Os juízes que perceberam diferenças
concordaram quanto à melhora na qualidade de voz, de forma que JL2 afirmou
que a voz está mais suave. Quanto ao uso de pausas um juiz leigo relatou ter
percebido menos esse recurso e o outro afirmou ter observado melhor o uso das
pausas, o que mostra opiniões conflitantes. Essas diferenças nas respostas
podem indicar que a pausa e a ênfase o aspectos difíceis de serem observados
no discurso. Um dos indícios que denota essa dificuldade foi o fato de que a
pesquisadora teve que esclarecer o conceito de ênfase para que os juízes leigos
pudessem avaliá-la.
Alguns aspectos chamaram a atenção nos relato desse grupo de juízes,
como a associação que JL1 fez entre uso de mais gestos e a transmissão de mais
segurança na fala de S1, o que concorda com os conceitos de Kyrillos (2005).
Outra questão foi que a melhora na qualidade vocal propiciou uma voz mais
agradável, segundo JL2.
Esses últimos relatos dos juízes leigos demonstram maior ligação com a
eficiência da comunicação, na medida em que apontam a relação com o outro.
Além disso, as observações desses juízes revelam o que foi trabalhado durante os
encontros (Anexo 7). No segundo encontro, em que foram abordados os recursos
da comunicação não-verbal com a apresentação de vídeos primeiro sem a
imagem e depois com imagem e som, S1 manifestou surpresa, pois afirmou nunca
ter percebido a diferença que o uso de gestos faz na transmissão da mensagem, o
62
que pode estar relacionado à sua limitação em usar esse recurso durante sua fala,
e acrescentou que os gestos e a postura transferem mais seriedade ao que é dito
e até credibilidade”. A ressonância foi trabalhada, também no segundo encontro,
no sentido de propiciar uma melhora na qualidade de voz, a qual foi percebida por
S1 e S2 após o exercício com sons nasais.
Ao mostrar vídeos de pessoas falando em diferentes intensidades, no
trabalho de percepção da loudness, ainda durante o segundo encontro, pôde-se
perceber que S1 associou esse recurso vocal à compreensão da fala como um
todo. Ele fez o seguinte comentário: “A pessoa com a voz mais ‘baixa’ tende a
passar menos confiança e é até difícil compreender o que ela está dizendo”. Essa
associação também foi apenas por um dos juízes leigos, na medida em que
percebeu melhora desses dois aspectos (Quadros 3 e 4, pág. 41 e 42).
Nesse sentido, Kyrillos et al. (2003) afirmam que a loudness pode variar de
muito fraca a muito forte e o ideal é criar um meio termo. Uma intensidade
exagerada dá a impressão de que se está gritando. Além de ser desagradável
para quem ouve e cansativo para quem fala.
A velocidade de fala, da mesma forma, foi ligada à compreensão da
mesma. Esse fato foi observado, no que se refere ao desempenho de S1 durante
o programa de intervenção, nas atividades do terceiro encontro (Anexo 7), em que
foram apresentadas músicas com estilo cantado de forma lenta e mais rápida e a
mesma associação foi apontada por S1. Tal fato é evidenciado nessa fala de S1,
no terceiro encontro: “quando falamos rápido nossos interlocutores podem achar
que estamos agitados e podem não nos entender e às vezes quando eu falo
63
rápido as pessoas pedem pra eu repetir o que disse. Mas depois que eu coloquei
a prótese fica mais difícil falar rápido porque tenho que ‘tomar ar’”.
Com relação à velocidade de fala Mendes e Junqueira (1999) pontuam que
falar de forma acelerada pode causar sensação de cansaço nos ouvintes e denota
ansiedade ou nervosismo por parte do falante. Por outro lado, falar devagar pode
causar o desinteresse, além de tornar a relação entre as idéias mais distantes, o
que pode romper o entendimento geral do que é transmitido. Kyrillos et al. (2003)
complementam que se deve manter uma velocidade média da fala, pois quando
acelerada pode prejudicar a precisão dos sons emitidos, o que não permite fazer
todos os movimentos necessários à perfeita articulação. Por outro lado, quando a
velocidade é excessivamente lenta a atenção e o interesse do ouvinte tendem a
se dispersar. Não se pode esquecer, no entanto, que parâmetros como loudness e
velocidade de fala dependem muito do contexto em que o falante se encontra e
das características deste, bem como do conteúdo da mensagem.
A melhora identificada pelas fonoaudiólogas na melodia de fala (Quadro 3,
pág. 41) está coerente com o desempenho de S1 nas atividades referentes a esse
recurso no terceiro encontro, como realizar variações melódicas nas frases de
acordo com as situações apontadas pela pesquisadora. Esse dado é confirmado
pelo fato de S1 ter feito a variação da curva melódica em conformidade com o que
ele quis expressar tanto no vídeo pós-intervenção quanto durante a realização das
atividades no referido encontro (Anexo 7). Essa flexibilidade melódica é importante
como recurso que favorece a situação de venda em que S1 está mais inserido,
para repassar credibilidade e convencimento. Oliveira et al. (2005) obtiveram
64
resultados positivos com relação ao trabalho com a melodia em falantes
traqueoesofágicos e acreditam que os exercícios melódicos fizeram seus sujeitos
aproveitarem melhor a fonte sonora obtida pela PTE.
A literatura (Mendes e Junqueira 1996; Gonçalves 2000) aponta para a
importância de fazer inflexões para enfatizar as idéias mais importantes. De
acordo com os autores, a entoação e as inflexões de voz feitas ao falar
estabelecem diferentes curvas melódicas no discurso. Essas, associadas ao
recurso da pausa, são fundamentais para o brilho da fala. Sem este recurso,
segundo os autores, a fala se torna monótona, menos inteligível e
desinteressante. Afirmam também que usar o recurso da entoação é saber
modificar a melodia da fala pela utilização de uma gama de tons que vão dos mais
graves aos mais agudos. Como exemplo citam o uso de uma curva ascendente
com queda de voz para um ponto final, o que permite ao ouvinte saber que o
raciocínio foi concluído.
Para finalizar a discussão dos dados de S1, ficou explicitado que o uso dos
aspectos verbais chamaram mais a atenção dos juízes, embora durante o
desenvolvimento do programa de intervenção a comunicação o-verbal tenha
sido abordada em diferentes momentos e com a participação ativa de S1. O uso
do corpo foi mais evidenciado pela expressão facial, porém de formas
diferenciadas entre os grupos de juízes, pois na opinião dos parentes (P2S1 e
P3S1) e dos juízes leigos (JL2) a face de S1 revelou emoção e alegria. Essas
descrições mostram os efeitos de sentido que a expressividade de S1 gerou em
seus “interlocutores”. Por outro lado, a avaliação das fonoaudiólogas quanto a
65
esse parâmetro não alcançou essa dimensão, ou seja, houve um discurso mais
segmentado no sentido de associar o uso da expressão com o conteúdo da fala,
por exemplo.
Na sua própria opinião (Quadro 5, pág. 43), S2 percebeu diferenças quanto
à postura corporal, uma vez que se sentiu mais à vontade para falar no momento
pós-intervenção, o que a fez se perceber mais calma. Esse relato pode ser
explicado pelo envolvimento com a pesquisadora e com S1 ter aumentado ao
longo dos encontros. Houve o estabelecimento de um vínculo maior com o tempo.
Pode-se dizer que S2 se sentiu mais segura em falar sobre suas dúvidas e receios
no decorrer do processo.
Ainda segundo S2 sobre seu desempenho, ela utilizou mais movimentos de
cabeça e evidenciou uma expressão facial mais relaxada do que no vídeo pré-
intervenção. Com relação aos recursos verbais da comunicação, as diferenças
apontadas por ela referem-se à compreensão de fala, a qual melhorou em
decorrência do uso de mais pausas, que, conseqüentemente, reduziu a velocidade
da fala. As ênfases foram mais marcadas, houve um aumento no volume da voz e
melhora na qualidade vocal, conforme avalia S2.
Os parentes de S2 (Quadro 6, pág. 44) concordaram com a mesma quanto
ao uso de gestos, que foi maior no vídeo pós-intervenção. A expressão facial foi
percebida por P2S2 como mais alegre e por P3S2 como mais calma, julgamento
que vai ao encontro da auto-avaliação de S2. O uso de pausas foi percebido de
forma completamente diferente entre os juízes desse grupo, posto que para P1S2
as pausas foram menos utilizadas, para P2S2 formam mais usadas no discurso e
66
para P3S2 a utilização desse recurso não diferiu entre os vídeos, o que reflete
novamente a dificuldade para perceber e avaliar a pausa no contexto
comunicativo. A compreensão de fala melhorou na opinião de P2S2 e P3S2. Para
P1S2 o uso de ênfases foi mais fácil de observar no deo pós-intervenção. A
intensidade da voz foi apontada como diferente apenas por P2S2, que a julgou
mais forte, e a qualidade vocal foi considerada melhor por dois juízes desse grupo.
A análise das opiniões das fonoaudiólogas (Quadro 7, pág. 45) apontou que
o recurso não-verbal mais utilizado foi o gesto, que acompanhou a fala, ou seja,
que agregou sentido ao discurso, segundo F3. Esse dado demonstra que o uso
dos gestos na comunicação pós-intervenção de S2 foi mais efetivo, pois valorizou
a sua mensagem e atingiu de forma positiva o ouvinte. A compreensão de fala
mudou na percepção das três, pois avaliaram-na como mais fluente tanto pela
redução do ruído de estoma quanto pela diminuição da tensão durante as
emissões. O uso de mais ênfases e curvas melódicas mais ricas contribuíram para
tornar a comunicação mais agradável, de acordo com uma das juízas. A melhora
na qualidade da voz foi atribuída à redução da soprosidade, bem como da tensão
à fonação.
Houve diferenças evidentes quanto ao uso de recursos não-verbais para
dois dos juízes leigos (Quadro 8, pág. 46), que assinalaram mudanças nos gestos
e na expressão facial, sendo que para um deles todos os aspectos da
comunicação não-verbal mudaram, enquanto que para o outro apenas gestos
(transmitiu mais segurança) e expressão facial (transmitiu mais tranqüilidade)
mudaram. O uso de mais pausas foi unânime entre os juízes leigos, assim como a
67
melhora na qualidade da voz. Um ponto divergente na opinião desse grupo de
juízes foi a velocidade de fala, a qual diminuiu para um dos juízes e aumentou
para outro.
A avaliação por meio de gravações em deo deu base aos juízes para
perceber e interpretar os elementos expressivos visuais que compõem a
comunicação não-verbal, a qual complementa e potencializa o que é dito
verbalmente. Os recursos comunicativos não-verbais (postura, gestos, expressão
facial) aparecem no depoimento dos juízes, especialmente dos leigos, o que
revela que estes dão apoio às palavras e facilitam a transmissão da mensagem,
além de contextualizar recursos expressivos como a ênfase. Essa opinião é
compartilhada por autores como: Gimenes (2003); Kyrillos (2005); Rector e Cotes
(2005); Vial (2005). É importante observar que o uso de gestos chamou a atenção
de apenas uma das fonoaudiólogas (F3).
O uso de gestos, um dos principais aspectos modificados segundo os juízes
(parentes, fonoaudiólogas e leigos), foi apontado por S2 durante o segundo
encontro como importante, pois sempre se utilizou muito desse recurso para
acompanhar a fala, embora seus movimentos tenham ficado limitados após a
cirurgia, devido a necessidade de ocluir o traqueostoma com uma das mãos,
restando apenas uma livre. Mesmo assim, ela relatou achar importante o uso dos
gestos. Nesse contexto pode-se inferir o quanto que o corpo contribui para a
efetividade da comunicação e que o trabalho com a comunicação não-verbal,
aliada aos recursos de fala, maximiza o potencial de expressividade do
68
laringectomizado total, uma vez que os recursos não-verbais podem gerar mais
efeitos de sentido no outro do que os verbais.
Para Knapp e Hall (1999), os gestos são movimentos do corpo (ou parte
dele) usados para comunicar uma idéia, intenção ou sentimento. Gonçalves
(2000) ressalta que a utilização de um gesto, a forma de olhar, a sutileza de um
sorriso ou um leve movimento de corpo constituem um conjunto de elementos,
por meio dos quais a linguagem corporal se processa e constitui a comunicão
o verbal, que complementa o que foi transmitido por meio da palavra.
Com relação à expressão facial, o desempenho de S2 nas atividades
propostas durante os encontros cumpriu com os objetivos, uma vez que ela
conseguiu dar emoção a sua fala com o auxílio de mudanças nos movimentos de
sobrancelhas, boca e com a manutenção do contato visual, o que lhe conferiu
maior espontaneidade, a partir de redução da tensão. A melhora no uso desse
recurso foi apontada por quase todos os grupos de juízes, exceto pelas
fonoaudiólogas, na comparação entre os vídeos pré e pós-programa de
intervenção. A expressão facial foi relatada dentro de um contexto e os aspectos
levantados foram calma e alegria, fato que pode ter relação com o envolvimento
de S2 durante o programa e com a familiaridade com a pesquisadora e com S1.
Maciel (1994) relata que é necessário se preocupar em conseguir uma
situão de máximo relaxamento e bem estar físico no momento em que se
fala, pois qualquer desconforto físico pode refletir na voz e /ou expreso facial.
Outro aspecto que demonstrou estar intimamente associado à transmissão
da mensagem foi a postura corporal, que foi considerada mais adequada ao
69
contexto no deo pós-intervenção por S2, por uma fonoaudióloga e por um juiz
leigo. Deve-se considerar a subjetividade do sujeito no momento do relato e que a
situação de gravação não é natural, na medida em que o indivíduo pode se sentir
testado, avaliado a todo o momento. Como apontam Kyrillos et al. (2003) a boa
postura é de extrema importância para a impostação vocal, pois sua alteração
influencia diretamente na projeção de voz. Segundo as autoras, a boa postura,
compreende a manutenção do tronco ereto e a cabeça com o queixo levemente
abaixado, o que promove a livre movimentação da laringe, além dos ombros
relaxados. Esse recurso é um indicador não verbal do nível de envolvimento e
empatia entre os interlocutores.
que se considerar, no entanto, que após a cirurgia o indivíduo
laringectomizado total com PTE apresenta uma postura corporal diferente, posto
que houve a necessidade de adaptação à fala traqueoesofágica. A mão fixa no
pescoço para ocluir o traqueostoma e a limitação no movimento da cabeça e da
mão tiram muito da naturalidade e do potencial de uso dos recursos da
comunicação não-verbal, como gestos, postura e movimentos de cabeça. A
intervenção fonoaudiológica proposta nessa pesquisa buscou adequar o uso do
corpo na comunicação de S1 e S2 sem deixar de considerar suas restrições. Isso
constituiu um diferencial dessa pesquisa, na medida em que os sujeitos foram
enxergados para além da fronteira da voz, ou seja, em uma abordagem holística.
No segundo encontro (Anexo 7) foi utilizado como estratégia a narrativa de um
fato ocorrido com os sujeitos em que eles deveriam imprimir recursos não-verbais
no discurso, os quais foram sorteados e deveriam ser priorizados na narrativa.
70
Tanto S1 quanto S2 se esforçaram e conseguiram alcançar o objetivo dessa
atividade.
Com relação à comunicação verbal, S2 fez uma associação imediata entre
velocidade e compreensão de fala durante a realização das atividades no terceiro
encontro. Ela observou melhora na própria fala ao se observar no vídeo e atribuiu
isso à redução na velocidade das emissões. Além dessas observações sobre o
referido aspecto, ao ouvir gravações em que pessoas falavam em diferentes
velocidades, S2 referiu que a velocidade de fala depende da situação em que o
falante está. Por exemplo: seria estranho que um locutor de futebol falasse
devagar e que um apresentador de telejornal falasse rápido. Eu observo que falo
rápido na maioria das vezes”. S2 falou também que logo após colocar a PTE era
difícil ter que falar devagar para ser compreendida, mas quando conseguiu se
adaptar melhor a ela foi mais fácil retomar a velocidade habitual de fala e que
atualmente as pessoas conseguiam compreendê-la na maior parte das vezes.
Embora a melodia de fala tenha merecido pouco destaque na opinião dos
juízes, uma vez que foi referida apenas por uma das fonoaudiólogas e por um juiz
leigo, esse foi o aspecto que obteve o melhor desempenho durante a participação
de S2 no programa de intervenção. Isso se justifica pelo maior uso de variações
na curva melódica das frases, além de mais melodia no canto durante as
atividades propostas. No entanto, no que se refere ao discurso, a maioria dos
juízes não observou mudanças, apenas F2 e JL2, o que pode evidenciar que as
escolhas feitas por S2 no momento da gravação não tenham favorecido a melodia.
71
Segundo Kyrillos et al. (2003) a inflexão é a melodia de fala, e pode variar
de maneira ascendente ou descendente. Uma inflexão ascendente indica, por
exemplo, uma interrogação e muitas vezes está associada a sentimentos mais
positivos e alegres. Por outro lado, uma inflexão descendente pode indicar final da
emissão ou conclusão de um pensamento, além de ser usada para destacar fatos
mais sérios ou até mais tristes.
Quanto à intensidade da voz, que foi trabalhada no segundo encontro
(Anexo 7), S2 afirmou que sempre utilizou preferencialmente um volume mais
forte e completou que a intensidade vocal mais forte transmite maior segurança
ao ouvinte, melhora a compreensão da fala. a intensidade mais fraca a
impressão de insegurança, mas tudo depende do contexto”.
Durante o trabalho com a ênfase S2 preferiu marcá-la utilizando-se da
pausa, pois afirmou que esse recurso está muito presente na sua comunicação
diária. Esse dado convergiu com as opiniões de todas as categorias de juízes
dessa pesquisa (Quadros 5 a 8, pág. 42 a 46).
Quanto ao recurso da pausa, Kyrillos et al. (2003) referem que esta faz
parte do discurso e é muito importante para a compreensão da mensagem, mas
que o uso exagerado desse recurso pode tornar a fala entrecortada e descontínua.
Geralmente as pausas são utilizadas de forma estratégica, como instrumento de
interpretação. Segundo Passadori (2003), as pausas servem para dar ênfase,
realce e destaque a uma palavra ou frase, e quando empregada de forma
adequada dão ritmo e facilitam a compreensão do que foi dito.
72
Gonçalves (2000) conceitua a ênfase como realce por meio da voz e deve
ser dada à palavra mais expressiva dentro de uma frase, que transmita a essência
da mensagem. Segundo a autora, na tentativa de falar bem, muitas pessoas
acabam por enfatizar muitas palavras na mesma frase e isso pode deixar a frase
sem sentido ou confusa. A pausa e o aumento da intensidade, que são alguns dos
recursos da ênfase e aparecem em relação com a mesma, podem ser utilizados
quando se quer ressaltar algo. A mesma autora define projeção vocal como a
condução da voz no ambiente em que se fala. O apoio respiratório eficiente, a
abertura de boca para expansão da articulação, e a utilização correta das
cavidades de ressonância levam a um maior alcance da voz e evitam desgaste
desnecessário.
Nesse trabalho os juízes leigos foram vistos como possíveis
interlocutores dos participantes do programa de intervenção, de forma a
avaliarem a efetividade da comunicação de S1 e S2. Este grupo pode dar uma
valiosa contribuição com suas observações quanto à comunicação dos sujeitos.
Na pesquisa de Vial (2005) os ouvintes puderam captar e interpretar os
elementos expressivos utilizados pelos laringectomizados. A autora destaca
que a comunicão é um processo dotado de funções expressivas capazes de
produzir e transmitir efeitos de sentido, os quais o percebidos pelo outro e
são passíveis, assim, de interpretação.
A melhora na inteligibilidade (compreensão) de fala foi pontuada pela
maioria dos juízes (S2, P2S2, P3S2, F1, F2, F3, JL1 e JL2). No depoimento de
uma das fonoaudiólogas esse fator ocorreu graças à redão do ruído de
73
estoma, identificado como muito presente no vídeo pré-intervenção. O ruído
respiratório do estoma é referido pela literatura (Stemple et al. 1995; Wann
mecher et al. 1999; Vial 2005) como um elemento que interfere negativamente
na compreeno da mensagem pelo ouvinte. Soto et al. (2005) referem que o
julgamento da inteligibilidade de fala realizada pelos ouvintes pode sofrer
interferência de pametros como: articulação, qualidade vocal, tom, ritmo e
inflexões. Embora a adaptação da PTE não tenha sido o foco do programa de
interveão proposto, uma vez que os sujeitos passaram por esse processo
em fonoterapia anterior, a pesquisadora em vários momentos teve que orientar
S2 quanto à ocluo adequada do traqueostoma, para evitar o escape de ar à
fonação.
Outro fator que chamou a ateão dos juízes (S2, P2S2, F2, F3 e JL2)
foi a intensidade da voz. Na opinião desses avaliadores houve um aumento da
loudness e isso favoreceu a comunicação. Este dado concorda com o estudo
de Soto et al. (2005), os quais referem que a intensidade vocal, quando
adequada ao contexto na relão falante-ouvinte, pode favorecer uma
comunicação mais efetiva, pois propicia uma melhor receão da mensagem
pelo interlocutor.
Depois de todo esse processo de análise tanto do desempenho de S1 e
S2 quanto de buscar pontos convergentes e divergentes entre as avaliações
dos jzes, obteve-se um maior entendimento sobre as percepções geradas a
partir da comunicação dos sujeitos pesquisados. Um ponto que chamou
bastante a atenção foi que para todos os grupos de juízes a comunicação não-
74
verbal teve pouco destaque, embora tenha sido muito explorada durante os
encontros no programa de intervenção, pelo fato de conferir um melhor suporte
à mensagem. As fonoaudiólogas pouco valorizaram esse aspecto fundamental
da comunicão, o que pode evidenciar um maior foco na voz em detrimento
do corpo, além de terem evidenciado uma visão fragmentada dos elementos
que compõem a comunicação. Isso tudo reflete a clínica fonoaudiológia.
Por outro lado, os jzes leigos foram os que deram os relatos mais ricos
em termos de perceão global do desempenho comunicativo dos sujeitos.
Esse grupo de avaliadores enxergou a comunicação para além da voz, a qual
para eles não era familiar e que, mesmo assim, não foi o aspecto que mais
chamou a atenção. Entretanto, os leigos puderam extrair elementos de
interão, como segurança e agradabilidade, o que remete à relação com o
outro, ou seja, o que o ouvinte sente ao se deparar com esse tipo de
comunicação que é alterada e causa estranhamento, mas que é intelivel.
As o desenvolvimento dessa pesquisa muitas reflexões foram geradas
a partir do que seria considerado uma boa postura para um indivíduo que não
está inserido em um contexto de fala construída e que tem uma fala
traqueoesofágica. Muito do que seria apontado como ideal para uma outra
população, no caso de laringectomizados totais com PTE deve ser visto como
relativo, em função de uma postura limitada, o que pode prejudicar até a
naturalidade da emissão e da comunicão como um todo.
Nesse sentido pode-se avaliar o grau de dificuldade em abordar a
expressividade no trabalho com essa populão, pois além da voz chamar a
75
atenção e causar estranhamento no ouvinte em decorrência das características
psicoacústicas, o corpo tamm apresenta limitões importantes.
Entende-se que uma lacuna no trabalho de reabilitação
fonoaudiológica em laringectomizados com PTE, pois o foco preferencialmente
na voz faz a comunicação não-verbal ser esquecida ou pouco valorizada. O
trabalho de intervenção que foi proposto por essa pesquisa pode ser adaptado
à cnica, pois resultados objetivos foram alcaados, como o suporte que
gestos, postura e expressão facial dão à ênfase, melodia e qualidade de voz.
Dessa forma entende-se que a cnica pode transcender a voz e a fonão.
A expressividade se mostrou importante tanto na opinião dos sujeitos
com fala traqueoesogica quanto no julgamento de seus interlocutores, sejam
eles parentes, fonoaudiólogos ou leigos. Os depoimentos foram muito ricos, no
sentido de fornecerem dados referentes à interão comunicativa percebida por
meio do uso do corpo, da melodia de fala, do uso de ênfases, assim como na
direção de que esses dados devem ser valorizados no olhar do fonoaudiólogo.
Vale ressaltar que foi feita uma opção de caminho, um recorte, mas
existem imeros outros que o foram apontados aqui. Uma investigão tão
aprofundada quanto esta, ou seja, com intervenção nessa população e com a
temática da expressividade, pode revelar mais estratégias e resultados que
sejam também positivos à efetividade da comunicão s-laringectomia total.
Essa foi uma proposta inaugural nesse universo que se mostrou rico em
possibilidades e resultados.
76
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com relação à expressividade de S1, segundo ele mesmo, foi observada
maior atenção aos aspectos da comunicação verbal. No que se refere à
comunicação não-verbal, apenas expressão facial modificou no vídeo pós-
intervenção.
Os parâmetros mais importantes para os parentes de S1 foram a expressão
facial, uma vez que ele mostrou mais emoção e alegria no vídeo pós-intervenção;
melhora na compreensão de fala; o uso das pausas de maneira mais freqüente foi
considerado mais adequado e melhora na qualidade vocal. O grupo das
fonoaudiólogas considerou sua expressão facial mais expressiva no vídeo pós-
intervenção e, em relação à comunicação verbal, pontuou a utilização de maior
número de pausas e ênfases no discurso; aumento de variações melódicas e
melhora na qualidade de voz. Os juízes leigos concordaram com os parentes
quanto à melhora na compreensão de fala, uso de pausas e qualidade vocal.
Ao iniciar a descrição da comparação dos deos pré e pós-intervenção, na
sua própria opinião, S2 fez relatos mais completos sobre sua expressividade.
Apresentou no discurso um maior equilíbrio quanto às mudanças da comunicação
verbal e não-verbal, da mesma forma como foi observado pelos juízes, em
especial os juízes leigos. S2 descreveu alterações positivas na maioria dos
parâmetros do roteiro de avaliação, como: postura corporal, movimentos de
cabeça, expressão facial, compreensão e velocidade de fala, uso de pausas e
ênfases, intensidade e qualidade de voz.
77
Os parentes de S2 perceberam uso de mais gestos, melhora na expressão
facial, que foi referida como transmitindo mais alegria e calma, e na qualidade de
voz. As fonoaudiólogas julgaram principalmente os parâmetros da comunicação
verbal, o corpo não teve um olhar mais atento por parte desse grupo, que
observou melhora na compreensão de fala, atribuída à maior fluência e redução
da tensão; maior uso de ênfases e qualidade vocal melhor. Em relação à
avaliação dos juízes leigos obteve-se melhora no uso de gestos e na expressão
facial; a compreensão de fala foi descrita como mais precisa; o uso de pausas foi
considerado maior, assim como melhorar a intensidade da voz e a qualidade
vocal.
Pode-se concluir, portanto, que o trabalho com a expressividade, tanto
nos aspectos verbais como nos não verbais, possibilitou uma comunicão
mais funcional. Contemplar o corpo, tanto quanto a voz, é fundamental para
transferir mais seguraa, além de dar mais melodia na fala, uma vez que o
gesto confere melodia e ênfase ao discurso por parte do falante
traqueoesofágico e mais aceitabilidade por parte do ouvinte. Com isso, pode-se
entender a importância da valorização do trabalho com a comunicão o-
verbal na clínica fonoaudiológica, mesmo considerando as limitões corpóreas
que esses sujeitos possam ter.
Os dados apontam, também, que uma família inserida no processo de
reabilitação desse tipo de paciente, no sentido de motivá-lo, dar acolhimento,
fa-lo retomar a rotina, colaboram muito com o trabalho do fonoaudiólogo.
Acredita-se que é fundamental estabelecer uma comunicão verdadeira e
78
frutífera nas relações familiares, para posteriormente extrapolar para as
relações sociais e de trabalho.
Por fim, fica claro que uma abordagem com foco na expressividade
trabalhada de maneira positiva em sujeitos com fala traqueoesofágica trará
benefícios para o padrão comunicativo do sujeito e conseqüentemente para sua
qualidade de vida.
79
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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88
ANEXO 2: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido dos Sujeitos
Caro(a) Senhor(a)
Eu, Niele Caroline Vasconcelos Medeiros, fonoaudiólogo(a), portadora do
CIC 70542457253, RG 3461037, estabelecido(a) na Rua José Getúlio, 104 ,
casa 3, CEP 01509000, na cidade de São Paulo, cujo telefone de contato é (11)
3271-5544, vou desenvolver uma pesquisa cujo título é “Fala traqueoesofágica em
laringectomizados totais: expressividade como proposta de intervenção”.
O objetivo deste estudo é analisar a expressividade pré e pós-realização de
um programa de intervenção fonoaudiológica em indivíduos com fala
traqueoesofágica que terá como enfoque práticas de expressividade, devendo
ocupá-lo (a) por duas horas semanalmente, num total de quatro semanas para
participar de um programa de intervenção clínica em que realizarei os seguintes
procedimentos:
- discussão sobre expressividade;
- realização de exercícios relacionados à respiração, articulação, recursos
verbais e não-verbais;
- realização de exercícios com foco em recursos de expressividade (ênfase,
pausas, inflexões);
Sua participação nesta pesquisa é voluntária e constará de participação nos
encontros nos quais será desenvolvido o referido programa. Sua participação não
trará qualquer benefício direto, mas proporcionará um melhor conhecimento à
respeito da expressividade, que em futuros tratamentos fonoaudiológicos poderão
beneficiar outras pessoas ou, então, somente no final do estudo poderemos
concluir a presença de algum benefício.
Não existe outra forma de obter dados com relação ao procedimento em
questão e que possa ser mais vantajoso.
Informo que o Sr(a). tem a garantia de acesso, em qualquer etapa do
estudo, sobre qualquer esclarecimento de eventuais dúvidas. Se tiver alguma
consideração ou dúvida sobre a ética da pesquisa, entre em contato com Niele
Caroline Vasconcelos Medeiros, pelo telefone (11) 3271-5544.
Também é garantida a liberdade da retirada de consentimento a qualquer
momento e deixar de participar do estudo, sem qualquer prejuízo.
Garanto que as informações obtidas serão analisadas em conjunto com
outros pacientes, não sendo divulgado a identificação de nenhum dos
participantes.
O Sr(a). tem o direito de ser mantido atualizado sobre os resultados parciais
das pesquisas e caso seja solicitado, darei todas as informações que solicitar.
Não existirá despesas ou compensações pessoais para o participante em
qualquer fase do estudo, na medida em que os gastos com transporte serão
integralmente cobertos pela pesquisadora, sob a forma de passes de metrô e/ou
vales-transporte. Também não compensação financeira relacionada à sua
participação. Se existir qualquer despesa adicional, ela será absorvida pelo
orçamento da pesquisa.
89
Eu me comprometo a utilizar os dados coletados somente para pesquisa e
os resultados serão ser veiculados através de artigos científicos em revistas
especializadas e/ou em encontros científicos e congressos, sem nunca tornar
possível sua identificação.
Anexo está o consentimento livre e esclarecido para ser assinado caso não
tenha ficado qualquer dúvida.
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
Acredito ter sido suficiente informado à respeito das informações que li ou que
foram lidas para mim, descrevendo o estudo “Fala traqueoesofágica em
laringectomizados totais: expressividade como proposta de intervenção”.
Eu discuti com a fonoaudióloga Niele Caroline Vasconcelos Medeiros sobre
a minha decisão em participar nesse estudo. Ficaram claros para mim quais são
os propósitos do estudo, os procedimentos a serem realizados, bem como seus
desconfortos e riscos, a garantia de confidencialidade e de esclarecimentos
permanentes.
Ficou claro também que minha participação é isenta de despesas e que
tenho garantia do acesso aos resultados e de esclarecer minhas dúvidas a
qualquer tempo. Concordo voluntariamente em participar deste estudo e poderei
retirar o meu consentimento a qualquer momento, antes ou durante o mesmo, sem
penalidade ou prejuízo ou perda de qualquer benefício que eu possa ter adquirido.
_________________________________ Data: ___/____/___
Assinatura do entrevistado
Nome:
Endereço:
RG.
Fone: ( )
__________________________________
Assinatura do(a) pesquisador(a)
90
ANEXO 3: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido dos Juízes
Caro(a) Senhor(a)
Eu, Niele Caroline Vasconcelos Medeiros, fonoaudiólogo(a), portadora do
CIC 705424572-53, RG 3461037, estabelecido(a) na Rua José Getúlio, nº 104,
casa 3, CEP 01509000, na cidade de São Paulo, cujo telefone de contato é (11)
3271-5544, vou desenvolver uma pesquisa cujo título é “Fala traqueoesofágica em
laringectomizados totais: expressividade como proposta de intervenção”.
O objetivo deste estudo é analisar a expressividade pré e pós-realização de
um programa de intervenção fonoaudiológica em dois indivíduos com fala
traqueoesofágica. Solicito sua opinião quanto à comunicação dos sujeitos
pesquisados, os quais foram gravados em vídeos. As perguntas estão em anexo,
e devo ocupá-lo(a) por dez minutos para completar as respostas.
Sua participação nesta pesquisa é voluntária e constará de uma pergunta
que deverá ser respondida sem minha interferência ou questionamento e sem
riscos.
Não existe outra forma de obter dados com relação ao procedimento em
questão e que possa ser mais vantajoso.
Informo que o Sr(a). tem a garantia de acesso, em qualquer etapa do
estudo, a esclarecimento de eventuais dúvidas. Se tiver alguma consideração ou
dúvida sobre a ética da pesquisa, entre em contato com Niele Caroline
Vasconcelos Medeiros, pelo telefone (11) 3271-5544.
Também é garantida a liberdade da retirada de consentimento a qualquer
momento e deixar de participar do estudo, sem qualquer prejuízo.
Garanto que as informações obtidas serão mantidas em sigilo, não sendo
divulgado a identificação de nenhum dos participantes.
O Sr(a). tem o direito de ser mantido atualizado sobre os resultados parciais
da pesquisa e caso seja solicitado, darei todas as informações necessárias.
Não existirá despesas ou compensações pessoais para o participante em
qualquer fase do estudo. Também não compensação financeira relacionada à
sua participação. Se existir qualquer despesa adicional, ela será absorvida pelo
orçamento da pesquisa.
Eu me comprometo a utilizar os dados coletados somente para pesquisa e
os resultados serão veiculados através de artigos científicos em revistas
especializadas e/ou em encontros científicos e congressos, sem nunca tornar
possível sua identificação.
Anexo está o consentimento livre e esclarecido para ser assinado caso não
tenha ficado qualquer dúvida.
91
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
Acredito ter sido suficiente informado à respeito das informações que li ou que
foram lidas para mim, descrevendo o estudo “Fala traqueoesofágica em
laringectomizados totais: expressividade como proposta de intervenção”.
Eu discuti com a fonoaudióloga Niele Caroline Vasconcelos Medeiros sobre
a minha decisão em participar nesse estudo. Ficaram claros para mim quais são
os propósitos do estudo, os procedimentos a serem realizados, bem como de seus
desconfortos e riscos, a garantia de confidencialidade e de esclarecimentos
permanentes.
Ficou claro também que minha participação é isenta de despesas e que
tenho garantia do acesso aos resultados e de esclarecer minhas dúvidas a
qualquer tempo. Concordo voluntariamente em participar deste estudo e poderei
retirar o meu consentimento a qualquer momento, antes ou durante o mesmo, sem
penalidade ou prejuízo ou perda de qualquer benefício que eu possa ter adquirido.
_________________________________ Data: ___/____/___
Assinatura do entrevistado
Nome:
Endereço:
RG.
Fone: ( )
__________________________________
Assinatura do(a) pesquisador(a)
92
ANEXO 4: Roteiro para entrevista inicial*
Data: ___/___/___
1. Identificação
Iniciais:
Data de Nascimento:
Endereço:
Telefone:
Escolaridade: Estado Civil:
Profissão:
Data da Cirurgia:
Data da colocação da prótese:
Tempo de fonoterapia:
Tempo de alta fonoaudiológica:
Pratica algum exercício fonoaudiológico atualmente: ( ) sim ( ) não
Qual:
_______________________________________________________________
2. Relação e cuidados com a prótese:
Como é realizada a higiene da sua prótese e quem a
fez?____________________________________________________________
_______________________________________________________________
Já realizou alguma troca de prótese? ( ) sim ( ) não Quantas? ______
Há quanto tempo está com essa prótese? _____________________________
Quando pretende trocá-la? _________________________________________
Você está satisfeito com sua prótese? ( ) sim ( ) não
Porque?
_______________________________________________________________
Pretende continuar usando prótese traqueoesofágica? ( ) sim ( ) não
Porque?
_______________________________________________________________
3. Hábitos cotidianos (atuais/anteriores á cirurgia)
Hidratação diária:
Sono:
Alimentação:_____________________________________________________
_______________________________________________________________
Atividade Física: Sim ( ) Não ( )
Qual? _______________________________________
Tabagismo: Sim ( ) Não ( )
Há quanto tempo? ____________________________
Etilismo: Sim ( ) Não ( )
93
Há quanto tempo? ____________________________
Parou de fumar? Sim ( ) Não ( )
Há quanto tempo? ___________________________
Parou de ingerir bebidas alcoólicas? Sim ( ) Não ( )
Há quanto tempo? ___________
4. Universo comunicativo:
Apresenta dificuldades de comunicação com a família? Sim ( ) Não ( )
Quais?
______________________________________________________________
Apresenta dificuldades de comunicação? Sim ( ) Não ( )
Quais?
______________________________________________________________
Você se acha uma pessoa expressiva? Sim ( ) Não ( )
Justifique
____________________________________________________________
*Roteiro adaptado de OLIVEIRA et al. 2005
94
ANEXO 5: Roteiro de avaliação da expressividade dos sujeitos pela
pesquisadora
S: ______
I) A partir do vídeo, descreva a comunicação de cada sujeito considerando os
seguintes aspectos:
Postura corporal
_______________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________
Gestos
_______________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________
Maneios de cabeça
_______________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________
Expressão facial
_______________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________
Articulação da fala
_______________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________
Velocidade
_______________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________
Uso de Pausas
_______________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________
Uso de Ênfases
_______________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________
( ) Pré-Intervenção
( ) Pós-Intervenção
95
Inflexão
_______________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________
Sonoridade
- ( ) constante ( ) intermitente
Pitch- sensação psicoacústica de freqüência
- ( ) grave ( ) médio para grave ( ) médio ( ) médio para agudo ( ) agudo
Loudness- sensação psicoacústica de intensidade
- ( ) adequado ( ) forte ( ) fraca
Ataque Vocal
- ( ) brusco ( ) aspirado ( ) isocrônico
Qualidade vocal
_______________________________________________________________________________
96
ANEXO 6: Roteiro de avaliação da comunicação dos sujeitos pelos juízes.
S: _______
Você vai assistir duas vezes as gravações A e B de um sujeito. Em seguida responda:
1) O desempenho comunicativo do sujeito está:
( ) Igual ( ) Diferente
2) Se diferente, assinale abaixo quais aspectos que, na sua opinião, se modificaram no vídeo B e
justifique:
EXPRESSIVIDADE
Comunicação não-verbal
A) Postura corporal
_______________________________________________________________________________
B) Gestos
_______________________________________________________________________________
C) Movimento de cabeça
_______________________________________________________________________________
D) Expressão facial
_______________________________________________________________________________
Comunicação verbal
A) Compreensão da fala
_______________________________________________________________________________
B) Velocidade de fala
_______________________________________________________________________________
C) Uso de pausas
_______________________________________________________________________________
D) Uso de ênfase
_______________________________________________________________________________
E) Melodia da fala
_______________________________________________________________________________
F) Intensidade / volume da voz
_______________________________________________________________________________
G) Qualidade da voz
( ) Próprio sujeito
( ) Parente do sujeito
( ) Juiz Leigo
( ) Fonoaudiólogo
97
ANEXO 7: Descrição do desempenho dos sujeitos no programa de
intervenção fonoaudiológica: recursos expressivos para laringectomizados
com fala traqueoesofágica
PRIMEIRO ENCONTRO
Os sujeitos foram então apresentados e se deram muito bem, cada um falou
sobre a sua história e de como estavam enfrentando as dificuldades de
comunicação pós-laringectomia.
Objetivo 1
Sujeito 1: S1
- Quando questionado sobre os motivos porquê aceitou participar do Programa de
Intervenção Fonoaudiológica, S1 afirmou que trabalha com o público e que
qualquer tentativa de melhorar a sua comunicação é válida. Além disso, comentou
que essa pesquisa pode trazer benefícios ao tratamento de outros
laringectomizados totais com de PTE.
Sujeito 2: S2
- As expectativas do Sujeito 2 eram melhorar a voz, comunicar-se em todas as
situações, perder o medo de falar com pessoas estranhas e não ter vergonha da
própria voz. S2 relatou ter bastantes problemas em casa, com a família, a qual
não a acolhia e muitas vezes não respeitava suas dificuldades. Foi percebido que
o S2 mostra-se inconformado com sua situação e pareceu melancólico.
98
Objetivo 2
Sujeito 1: S1
- No exercício de respiração, S1 mostrou-se bastante cooperativo, inclusive
afirmou que sempre fez esses exercícios em casa, pelo menos duas vezes ao dia
e que isso melhora a sua resistência para a jornada de trabalho, além de aliviar
tensões. Foi percebida uma respiração tranqüila, porém superior. Foi solicitado
que ele tocasse em suas costelas, para que sentisse a expansão dos pulmões,
tanto lateralmente, quanto no sentido antero-posterior. Foi explicada a fisiologia da
respiração e a importância da correta expansão dos pulmões e S1 relatou
entender o mecanismo. Notou-se que, após algum tempo de propriocepção, ele
estava realizando a respiração costodiafragmática.
- Os exercícios de alongamento foram realizados durante dez minutos e, após
esse tempo, S1 referiu perceber que os movimentos de cabeça e braços estavam
mais amplos. Não foi identificada dificuldade em levantar os braços no exercício
de alongamento e novamente S1 relatou realizar esses exercícios em casa, desde
que foi instruído pela fonoaudióloga durante fonoterapia há sete meses. Percebeu-
se, porém que ele tende a realizar movimentos em bloco, ou seja, acompanha
com os ombros os movimentos de cabeça. Para dissociar esses movimentos, foi
realizado o exercício em frente ao espelho, para que S1 percebesse que as
estruturas corporais trabalhadas deviam fazer movimentos independentes.
99
Sujeito 2: S2
- Foram realizados exercícios respiratórios, de relaxamento e alongamento. S2
comentou não ter o hábito de fazer exercícios de relaxamento ou alongamento
antes ou depois de suas atividades diárias e referiu também que, às vezes, sente
seu pescoço e suas costas tensas ao final do dia, principalmente aos fins de
semana, quando trabalha. Da mesma forma que o S1, o S2 também apresentou
uma respiração superior. Foi trabalhada a propriocepção com ambos, para a
percepção dos movimentos do tórax (costelas) e dos músculos respiratórios à
respiração. Não foi observada dificuldade em levantar os braços no exercício de
alongamento. S2 referiu estar mais tranqüila após os exercícios, pois estava
agitada quando chegou ao consultório. Referiu ainda estar ansiosa para saber o
que seria feito.
Objetivo 3
- Para trabalhar a fonoarticulação, foram realizados exercícios isotônicos e
isométricos de bios, línguas, bochecha e palato mole, além de exercícios de
abertura de boca e sobrearticulação. Antes e após a execução dos exercícios, os
sujeitos foram gravados em áudio e vídeo e a amostra constou da emissão do
nome completo e contagem de 1 a 10. Os vídeos foram analisados junto aos
sujeitos.
100
Sujeito 1: S1
- Os exercícios foram realizados e S1 mostrou apenas dificuldade em estalar a
língua, exercício que foi substituído por pressão de língua contra o palato duro e
soltura em seguida. No exercício de sobrearticulação foi observada boa amplitude
na abertura de boca. Ao analisar os seus vídeos, S1 afirmou estar claro que
depois da realização dos exercícios a sua fala ficou mais clara.
Sujeito 2: S2
- Durante a realização dos exercícios de motricidade oral, o S2 demonstrou fadiga
de língua e disse que havia muito tempo que não realizava os mesmos. Foi
observado que S2 tensionava o pescoço ao realizar o exercício de bico-sorriso e
foi orientado que ela executasse os movimentos de forma mais suave, a fim de
não gerar esse tipo de tensão. À análise de seus deos, S2 observou melhora na
fala e afirmou ter percebido que falava de forma mais lenta, pois no primeiro vídeo
estava agitada.
Objetivo 4
- Para iniciar o trabalho com a expressividade, foram mostrados rios vídeos de
pessoas públicas em diferentes situações: teleapresentadores de jornal, pessoas
sendo entrevistadas, políticos, narrador de futebol e um laringectomizado total
falando. A cada vídeo, foi discutido o que ambos observavam em relação a
comunicação das pessoas e sobre o que elas pretendiam comunicar.
101
Sujeito 1: S1
- S1 inferiu comentários a cada vídeo, mostrando atenção á comunicação das
pessoas. Disse que para ele a expressividade é a forma como cada pessoa se
coloca frente às outras e que quando são pessoas públicas os “erros” ficam mais
evidentes e os “exageros” também. S1 comentou que acredita que a
expressividade deve estar condizente à situação em que o falante se encontra. O
vídeo amplia tudo. Acrescentou que o laringectomizado do vídeo tem uma fala
clara, que sabe se expressar e que percebe que a fala desse indivíduo é melhor
do que a sua própria, pois implantou a PTE há bem menos tempo.
Sujeito 2: S2
- S2 foi mais objetiva em suas respostas e falou apenas se gostou ou não da
comunicação das pessoas nos vídeos. Quando questionada sobre suas respostas
e solicitado que ela dissesse que características, positivas ou negativas, estava
observando, ela afirmou que concordava com o S1 quando ele disse que a
expressividade das pessoas pode variar de acordo com a situação de fala. Porém,
diferente de S1, ela disse ainda que o laringectomizado do vídeo tem uma voz
ruim e que isso estava prejudicando sua comunicação. S2 afirmou que entende
por expressividade aquelas atitudes espontâneas na comunicação e tudo aquilo
que se esforça a fazer para passar uma idéia clara do que se está pensando.
Comentários gerais do encontro: Nesse primeiro contato com ambos ao mesmo
tempo, observou-se uma sintonia entre eles muito positiva, pois eles se deram
muito bem, desde o momento em que foram apresentados. Eles tinham muita
curiosidade em saber sobre história um do outro, das dificuldades e de como era a
102
vida pós-laringectomia. Ambos afirmaram não ter contato com muitas pessoas
laringectomizadas e quando encontravam com uma gostavam de conversar, pois
se sentiam mais próximas dessas pessoas. S1 relatou ter uma ótima convivência
em casa, com sua mulher, filha e neta, e que tem alguns problemas com o filho
que ainda mora com ele, mas que no geral a sua dinâmica familiar é muito boa.
Disse também que gosta muito do seu trabalho (de vendedor) e que ter uma
ocupação na sua idade e principalmente depois de tudo o que passou era
fundamental para ele se sentir ativo e integrado à sociedade. Por outro lado, S2
disse não ter uma boa convivência em casa com o marido e o filho, pois seu
cônjuge não aceitava que ela tivesse perdido a voz, que não aceitava a sua nova
comunicação e dizia (o marido) sempre que isso foi um castigo que Deus lhe deu.
Ela referiu vários problemas pós-cirurgia, como a depreso. Disse que toma
remédios controlados e que demorou muito tempo para aceitar a sua nova
condição de falante. Relatou que o trabalho funciona como uma terapia, pois ela
e conversa com várias pessoas, que trabalha em um salão de beleza, mas
que já sofreu várias formas de discriminação por parte de clientes.
SEGUNDO ENCONTRO
Objetivo 1
- Foi estabelecido um diálogo sobre o uso da comunicação não-verbal e de que
forma ela complementa o que é dito verbalmente.
- Foram realizados exercícios de motricidade oral para ampliar movimentos de
olhos, sobrancelhas e boca de forma a trabalhar a expressão facial.
103
- Foram mostrados vídeos sem áudio para que os sujeitos percebessem como a
utilização da comunicação não-verbal é importante para dar brilho à mensagem
oral.
Sujeito 1: S1
- S1 afirmou que nunca havia percebido a maneira como os gestos e a postura
transferem mais seriedade ao que é dito e até credibilidade, assim como a
expressão facial pode denunciar se uma mensagem é positiva, neutra ou negativa.
Observou-se que o recurso de comunicação não-verbal mais utilizado por S1 foi a
expressão facial, uma vez que ele fez bastante movimento com as sobrancelhas,
manteve contato visual o tempo todo e fez movimentos de boca, principalmente
após a emissão.
Sujeito 2: S2
- S2 afirmou que sempre gesticulou muito durante a fala, mas que após a cirurgia,
seus movimentos ficaram limitados pela necessidade de ocluir o traqueostoma
com uma das os, o que lhe permitia usar apenas a outra para gesticular.
Mesmo assim, S2 achou importante o uso dos gestos. Comentou os vídeos e os
comparou com suas vivências pessoais, ao relatar fatos semelhantes aos que
estavam sendo apresentados. Observou-se que S2 acompanhava os deos com
mudanças na expressão facial (movimentos de sobrancelhas e boca), o que a
fazia manifestar surpresa, descontentamento ou identificação com as situações
evidenciadas nos vídeos.
104
Objetivo 2
- Conversou-se sobre a postura, os gestos e a expressão facial e as diferentes
formas de usá-los. Após conversar sobre os recursos da comunicação não-verbal,
foi oferecida uma revista aos sujeitos para que escolhessem um trecho de uma
reportagem sobre a qual tivessem interesse de ler. Em seguida foi sorteado um
recurso da comunicação não-verbal que eles deveriam priorizar na leitura. Após
sortear os recursos e fazer uma primeira leitura com ambos os sujeitos, foi
percebido que essa estratégia estava tirando a naturalidade da mensagem. A
abordagem foi, então, modificada e foi solicitado que narrassem um fato
acontecido com eles.
Sujeito 1: S1
- O recurso sorteado foi “gestos com a mão”. O indivíduo realizou a leitura de
forma adequada, mas não utilizou muito o recurso sorteado. Foi explicada a
modificação da estratégia e que deveria utilizar os gestos com a mão,
predominantemente. A tarefa foi gravada e discutida posteriormente. Nessa tarefa,
S1 fez uso constante dos gestos com a mão, inclusive para marcar as palavras de
importância no discurso. S1 mostrou naturalidade no vídeo e utilizou outros
recursos da comunicação não-verbal, como contato visual e expressão facial.
Sujeito 2: S2
- O recurso sorteado foi “expressão facial”. Como a mensagem estava sendo lida,
foi percebido que o S2 estava com dificuldades para realizar as várias formas de
expressão facial. Ao modificar a estratégia, observou-se que S2 conseguiu dar
105
emoção ao seu discurso a partir das mudanças de movimentos com sobrancelhas,
boca e contato visual que fez durante a narrativa do fato. Foi observada
espontaneidade na fala e S2 pode ficar livre para utilizar outros recursos da
comunicação não-verbal e ela o fez, mas priorizou aquele que havia sido sorteado.
Objetivo 3
- Apresentou-se algumas vozes de pessoas falando em diferentes intensidades,
para que os sujeitos percebessem que se pode utilizar este recurso de várias
formas, mas adequando-o ao que a situação exige. Após mostrar os exemplos, foi
solicitado que os sujeitos elaborassem uma sentença e a falassem em
intensidades forte e fraca. Em seguida, cada um deveria comentar qual era mais
adequada ao conteúdo da frase elaborada. Pediu-se que um sujeito avaliasse a
voz do outro, quanto à intensidade vocal.
- Foram apresentadas figuras do trato vocal e falado sobre ressonância vocal.
Discutiu-se sobre como ela interfere na projeção e na intensidade da voz. Antes
de realizar os exercícios, foi solicitado que os sujeitos falassem seu nome
completo e contassem de 1 a 10 para perceberem como sua voz estava. A
solicitação foi repetida após a realização dos exercícios e perguntou-se que
mudanças os sujeitos haviam observado. Foram realizados exercícios para
ressonância e para trabalhar a sua propriocepção. Para trabalhar a propriocepção
das caixas de ressonância, foi solicitado que os sujeitos fechassem os olhos e
colocassem a mão sobre o nariz e percebessem sua vibração.
106
Sujeito 1: S1
- S1 inferiu comentários, como: “A pessoa com a voz mais ‘baixa’ tende a passar
menos confiança e é até difícil compreender o que ela está dizendo”. Ao elaborar
sua sentença e emiti-la em diferentes intensidades, MSF falou que sua
personalidade sempre foi forte e que ele preferia falar forte, pois isso lhe dava
mais respeito. S2 concordou que a voz mais forte produziu melhor efeito na
comunicação de S1.
- Com relação à ressonância, após a realização dos exercícios S1 percebeu que a
projeção vocal foi favorecida. Ele sentiu a vibração causada pela ressonância e
referiu que estava sentindo “cócegas” no nariz. Com relação às suas impressões
de como a voz estava após os exercícios, o S1 referiu que estava bem mais
projetada.
Sujeito 2: S2
- S2 ouviu atentamente as vozes e preferiu que o S1 iniciasse os comentários a
respeito delas. Pediu que a pesquisadora repetisse algumas vezes as
apresentações para que ela tivesse uma idéia melhor do que havia percebido. S2
falou que, como se tratava de uma situação de serviços por telefone (operadores
de telesserviços) aqueles que falaram com intensidade vocal mais forte
transmitiram maior segurança ao ouvinte, uma vez que foram melhor
compreendidos. Por outro lado, as pessoas que falaram com intensidade mais
fraca lhe deram a impressão de que estavam inseguras e que esta intensidade
vocal não estava adequada ao contexto, completou. Ao elaborar sua sentença, S2
107
realizou sem dificuldades a mudança de intensidade vocal e S1 afirmou estar mais
adequada a frase falada em intensidade mais forte.
- S2 inicialmente não estava percebendo a vibração causada pelos exercícios de
ressonância. Foi solicitado, então, que ela fechasse os olhos e tocasse o nariz da
pesquisadora enquanto a mesma realizava os exercícios propostos. Em seguida
foi trabalhada a sua propriocepção e S2 pode perceber a vibração. Repetiu o
exercício de olhos fechados e afirmou que nunca havia percebido o fenômeno da
ressonância vocal em si. Assim como S1, ela identificou a melhora na voz após os
exercícios.
Comentários gerais do encontro: Nesse encontro o S2 chegou atrasado 15
minutos e afirmou não estar bem, pois estava com problemas em casa com o
marido. Foi percebido que S2 estava melancólico e, a partir disso, resolveu-se
iniciar as atividades com uma conversa sobre como estava a comunicação de
ambos, se haviam percebido diferença e quais as suas principais dificuldades.
Ambos os sujeitos falaram muito e suas respostas foram bem parecidas. Disseram
que as maiores dificuldades eram o volume da voz, que era baixo e que a voz
simplesmente não saia quando estavam nervosos ou muito agitados. As
atividades programadas para este encontro foram desenvolvidas sem dificuldades,
mas por algumas vezes a pesquisadora teve que conter os sujeitos, pois eles
sempre tinham colocações de experiências pessoais a cada tarefa ou vídeo que
era apresentado e o tempo era determinado. Foi ouvido e discutido o que era
pertinente com eles, mas quanto aos excessos combinou-se que fossem relatados
ao final das atividades.
108
TERCEIRO ENCONTRO
Objetivo 1
- Foram mostrados exemplos de vozes faladas e cantadas para internalizar a
noção de pitch, intensidade da voz, velocidade e inflexões. Para a percepção do
pitch da voz, foi explicado que esse é um parâmetro vocal conhecido como o “tom”
da voz e que ele pode apresentar variações segundo gênero, faixa etária,
estrutura corporal e outros aspectos. Foram apresentadas vozes masculinas e
femininas com diferentes pitch. No primeiro momento, foi solicitado que os sujeitos
apenas ouvissem as vozes e depois deveriam dizer quais delas, na opinião de
cada um, eram mais graves e quais eram mais agudas. Além dessa atividade, foi
apresentada a letra de um poema (Os Sinos Manuel Bandeira) para que eles o
cantassem. Foram marcados no texto, em itálico, os versos que eles deveriam
cantar com um pitch mais agudo e em negrito os trechos que deveriam dar um
pitch mais grave à voz. Solicitou-se que eles se alternassem na primeira parte do
poema, de forma que S1 fizesse os trechos em negrito (pitch grave) e S2 os
trechos em itálico (pitch agudo). Na segunda parte eles deveriam trocar. Essa
atividade foi gravada em vídeo para ser posteriormente discutida em grupo.
- Apresentou-se músicas de diferentes cantores para que os sujeitos percebessem
as diferentes velocidades, que dependia do estilo de cada cantor.
Sujeito 1: S1
- S1 descreveu adequadamente as vozes segundo sua percepção de pitch. Na
tarefa do poema cantado apresentou bastante dificuldade em realizar uma
109
mudança de pitch para o agudo. Ele afirmou que sua voz sempre foi muito grave e
que por isso não era fácil realizar o ajuste solicitado. Foi sugerido, então, que S1
emitisse a voz mais fina” que conseguisse. Mesmo assim, a variação não foi
muito grande. Nessa tarefa foi percebido que S1 não conseguia terminar todas as
frases em uma única emissão. Seu tempo máximo fonatório estava reduzido. Além
disso, foi observada tensão cervical ao final da emissão. A atividade foi
interrompida para a realização de exercícios de alongamento cervical e corporal,
bem como exercícios respiratórios. Após esses exercícios, observou-se que S1
apresentava tempo fonatório maior e melhora quanto à suavização das emissões.
Os sons graves foram, contudo, mais facilmente executados do que os sons
agudos.
- S1 falou que a música mais lenta é melhor compreendida e a mais rápida
sensação de agitação no ouvinte. Ele afirmou ainda que essa sensação pode ser
experimentada também na voz falada, ou seja, “quando falamos rápido nossos
interlocutores podem achar que estamos agitados e podem não nos entender e às
vezes quando eu falo rápido as pessoas pedem pra eu repetir o que disse. Mas
depois que eu coloquei a prótese fica mais difícil falar rápido porque tenho que
‘tomar ar’”.
Sujeito 2: S2
- S2 também identificou rapidamente as vozes de pitch grave e as de pitch agudo
e afirmou que a sua voz já era grave, mas após a cirurgia essa característica se
acentuou. S2 não demonstrou dificuldade em fazer as variações de pitch
solicitadas na tarefa do canto. Embora a variação entre sons mais graves e mais
110
agudos produzidos não fosse grande, S2 conseguiu produzir ambos
adequadamente. Foi observado também que ela se utilizava de outros recursos
para enfatizar os sons graves e agudos, por exemplo ao falar com pitch grave ela
adotava uma postura mais pesada, com expressões mais firmes e movimentos de
mãos para baixo, já quando falava com pitch mais agudo, sua expressão facial era
mais leve, assim como seus movimentos de mãos mais sutis. Esses recursos
complementares conferiram mais brilho à mensagem.
- Com relação à velocidade adotada pelos cantores na música, S2 comentou que
as diferenças nesse parâmetro definem o estilo de cada cantor, mas que a
velocidade de fala depende da situação em que o falante está e acrescentou que
seria estranho que um locutor de futebol falasse devagar e que um apresentador
de telejornal falasse rápido, mas que na maioria das vezes ela adotava uma
velocidade de fala mais rápida. S2 falou também que logo após colocar a prótese
traqueoesofágica era difícil ter que falar devagar para ser compreendida, mas
quando conseguiu se adaptar melhor ao dispositivo foi mais fácil retomar a
velocidade habitual de fala e que atualmente as pessoas conseguiam
compreendê-la na maior parte das vezes.
Objetivo 2
- Foram escolhidas duas frases para serem sorteadas entre os sujeitos. A primeira
era: Eu li o seu nome no jornal” e a segunda era “Eu sou a primeira da fila”. A
partir dessas frases neutras, os sujeitos foram induzidos pela pesquisadora a
pensar em diferentes situações em que eles poderiam usá-las explicitando vários
111
tipos de curvas melódicas, dependendo do que quisessem passar ao ouvinte.
Foram utilizadas placas com diferentes sinais de pontuação, como: ( . ), ( ? ), ( ! ) e
setas no sentido ascendente, descendente e reta para baixo, para mostrar qual a
característica da curva melódica que eles deveriam adotar ao pronunciar a frase
(afirmação, interrogação, exclamação ou desolação). Os sujeitos foram gravados
nessa atividade.
- Foi trabalhada a melodia na voz cantada a partir de músicas da preferência dos
sujeitos. Foi solicitado no último encontro que ambos trouxessem CD’s com
músicas que gostassem e que costumavam cantar. Eles trouxeram e escolheram
uma música para cantar.
Sujeito 1: S1
- A S1 foi sorteada a frase Eu li o seu nome no jornal” e ele conseguiu fazer as
variações melódicas que a pesquisadora indicava com as placas. S1 repetiu a
frase com as inflexões de pergunta e afirmação. Observou-se que fez as inflexões
corretamente, mas não complementou a mensagem com outros recursos, como
os da comunicação não-verbal, o que poderiam marcar melhor as mudanças na
curva melódica das frases.
- Na atividade do canto, S1 tentou algumas vezes e afirmou conseguir cantar
um trecho, pois estava com muita secreção e cantar o fazia tossir mais. Ele cantou
um pouco e foi observada pouca variação melódica, no entanto sua qualidade
vocal melhorou após essa atividade e ele não tossiu enquanto cantava.
112
Sujeito 2: S2
- A S2 foi sorteada a frase “Eu sou a primeira da fila”. Ela utilizou as variações de
desolação e exclamação. Nessa tarefa, S2 realizou maiores variações na curva
melódica das frases, inclusive acrescentando recursos da comunicação não-verbal
para reforçar a idéia que queria transmitir do que o S1, como expressão facial, uso
de gestos e postura.
- S2 mostrou mais melodia para o canto do que o S1, mas S2 afirmou que gostava
muito de cantar na Igreja que freqüenta, entretanto depois da cirurgia (há dois
anos) não cantava mais, articulava as palavras durante o culto, pois sentia
vergonha da voz e as outras pessoas estranhavam-na. S2 cantou duas músicas
inteiras e disse sentir muito prazer ao cantar, principalmente as músicas
evangélicas, que são as suas preferidas.
Comentários gerais do encontro: Novamente percebeu-se tristeza em S2, que
reclamou mais uma vez da sua vida domiciliar e da falta de apoio que recebia por
parte dos familiares. Disse ter uma vida muito solitária e que a única pessoa que a
ouvia era uma das filhas que não mora com ela, mas que a visitava apenas uma
vez por semana, pois sua casa é longe. S1 disse estar se sentindo muito bem e
elogiou o trabalho que estava sendo desenvolvido no Programa de Intervenção
Fonoaudiológica, pois as pessoas com quem se relaciona começaram a
perceber melhoras na sua comunicação e que isso estava fazendo muito bem a
ele. S2 concordou e disse que já começou a perder a vergonha de falar com
estranhos por causa da sua voz e relatou que na igreja já estava cantando, em
vez de só acompanhar as músicas com movimentos de lábios.
113
QUARTO ENCONTRO
Objetivo 1
Sujeito 1: S1
- S1 leu o texto e deu ênfase nas palavras assinaladas. A ênfase foi bem marcada
pelo ele, porém afirmou que o texto era muito grande e que precisou parar várias
vezes para respirar e isso pode ter prejudicado seu desempenho na leitura.
Solicitou-se que S1 lesse, então, apenas a primeira parte do texto e ele o fez de
forma satisfatória, ou seja, sem parar mais do que o necessário para respirar.
Dessa forma, segundo S1, a leitura ficou mais confortável e ele pode perceber
melhor as palavras que deveria dar mais importância.
- No trabalho com as pausas, novamente S1 leu o texto anteriormente distribuído
e seguiu as marcações de pausas previamente assinaladas.
- S1 pegou, sem saber, o texto com as marcações de ênfase incoerentes. Fez as
sua leitura em voz alta, porém não percebeu o equívoco na marcação das ênfases
e pausas. Afirmou que o seu texto fazia sentido e a pesquisadora repetiu a leitura,
marcando as ênfases inadequadas e só então ele percebeu que não fazia sentido.
Percebeu-se que S1 não estava muito atento e isso foi atribuído aos problemas
familiares porquê vem passando no momento. Embora S1 não tenha percebido
que o lugar dos recursos expressivos anteriormente mencionados estava
incorreto, na leitura dos textos dados, ele pontuou bem as ênfases e as pausas,
utilizando-se predominantemente de aumento de intensidade e prolongamento das
palavras a serem enfatizadas.
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Sujeito 2: S2
- Na leitura do texto para percepção da ênfase, S2 preferiu o recurso da pausa
para marcar a ênfase nas palavras assinaladas.
- A leitura do texto para marcar as pausas também foi realizado adequadamente e
S2 afirmou se utilizar muito desse recurso na sua comunicação diária.
- Na atividade da percepção das ênfases adequadas S2 percebeu rapidamente e
justificou de maneira correta. Ao ver a dificuldade de S1 em perceber a
incoerência das marcações de ênfase do texto dele, S2 ajudou bastante e auxiliou
o S1 a superar essa dificuldade.
Objetivo 2
- Utilizou-se quatro textos que expressavam diferentes sentimentos (alegria,
tristeza, agitação e calma), os quais foram sorteados entre os participantes. Após
o sorteio, cada um dos sujeitos deveria ler o conteúdo do seu texto e utilizar os
recursos que preferisse para complementar a mensagem. Cada um dos
participantes deveria adivinhar o sentimento que o outro estava querendo passar.
Sujeito 1: S1
- Nessa tarefa os sentimentos sorteados para S1 foram agitação e tristeza, os
quais ele soube descrever muito bem em sua leitura, na medida em que fez
variação de curva melódica (descendente no caso da tristeza), modificou
velocidade de fala (a qual ficou mais rápida no texto em que deveria expressar
agitação), utilizou gestos de maneira adequada para enfatizar palavras de
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importância ou mesmo para complementar a mensagem, utilizou recursos de
ênfase, como as pausas e soube passar claramente o tipo de sentimento
assinalado no texto, tanto que S2 não teve dificuldades para acertar de que
sentimentos S1 estava falando.
Sujeito 2: S2
- S2, embora tenha tido um bom desempenho nessa tarefa, não se saiu tão bem
quanto S1, pois não se utilizou de tantos recursos. A S2 foram sorteados os
sentimentos de alegria e calma. Ela fez as cadências de maneira adequada e deu
a melodia exigida em cada texto, porém não deixou muito clara a idéia que queria
passar, principalmente no texto da calma, o qual foi confundido com desolação por
S1 em função das excessivas curvas descendentes que S2 adotou em sua leitura.
Contudo, ela utilizou recursos da comunicação não-verbal e recursos vocais, como
mudança de pitch.
Comentários gerais do encontro: Logo no início da sessão, foi identificado algo
de errado com S1, o qual afirmou não estar bem, pois brigou com seu filho e
estava bastante chateado. Assim que chegou apresentava muitas dificuldades
para falar, pois a voz não saia de tão nervoso que ele estava. Aos poucos ele se
acalmou e a voz se estabilizou. S1 referiu ainda estar com muita secreção e foi
várias vezes fazer a limpeza do traqueostoma para conseguir falar melhor. Ao
contrário dos outros dias, S2 estava muito bem, animada e conversou por um
tempo com S1 para tentar acalmá-lo. Foi dialogado sobre como eles têm
percebido sua comunicação e se estavam colocando em prática as tarefas até
agora trabalhadas. S1 disse estar se beneficiando dos exercícios de respiração e
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relaxamento, pois afirmou estar muito tenso com as tarefas domésticas (está
pintando sua casa). S1 relatou que a filha e a neta referiram que ele está se
comunicando melhor. S2 relatou que, embora não tenha realizado os exercícios
em casa, percebeu melhora na comunicação principalmente com relação ao
tempo de emissão que está mais longo.
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