RESUMO
Medeiros NCV, Andrada e Silva MA. Fala traqueoesofágica em
laringectomizados totais: expressividade como proposta de intervenção.
[Dissertação de Mestrado]
Introdução: a fala traqueoesofágica (FT), obtida por meio da prótese
traqueoesofágica, possui limitações representadas pela pouca variação melódica
e de intensidade, o que interfere na eficiência comunicativa dos indivíduos com
prótese. O fonoaudiólogo, no contexto da laringectomia total, tem focado o seu
trabalho mais na direção da fonação. O terapeuta muitas vezes, ao privilegiar a
voz, esquece de outros aspectos da comunicação verbal (velocidade de fala,
ênfase, pausa e inflexão, entre outros) e da não-verbal (postura, gestos e
expressão facial). Objetivo: analisar a expressividade pré e pós-realização de um
programa de intervenção fonoaudiológica em dois indivíduos com fala
traqueoesofágica. Método: dois sujeitos (S1 e S2) com FT participaram de um
programa de intervenção fonoaudiológica com foco na expressividade, realizado
em quatro encontros de duas horas cada. Foram feitas duas gravações em vídeo
(uma pré e uma pós-intervenção). Participaram do julgamento da comunicação de
cada sujeito 10 juízes (o próprio sujeito, três parentes, três fonoaudiólogos
experientes no atendimento a pacientes oncológicos, e três indivíduos da
população sem familiaridade com a FT). Foi perguntado aos juízes se o
desempenho comunicativo estava igual ou diferente. Caso percebessem
diferenças, deveriam justificar sua resposta identificando qual aspecto havia
modificado, de acordo com um roteiro de avaliação pré-elaborado, com aspectos
da comunicação verbal e não-verbal. Resultados: Na opinião de S1 houve
mudanças quanto à expressão facial, compreensão e velocidade de fala, uso de
pausas e qualidade de voz. S2 descreveu as mudanças de maneira positiva para
os aspectos: postura corporal, movimentos de cabeça, expressão facial,
compreensão e velocidade de fala, uso de pausas e ênfases, intensidade e
qualidade de voz. Para os parentes dos sujeitos, os aspectos mais apontados
foram: expressão facial, compreensão de fala e qualidade de voz. Os
fonoaudiólogos fizeram uma avaliação mais técnica da comunicação verbal, pois
perceberam a marcação de ênfases por pausas e variação da loudness, bem
como associaram maior melodia de fala com melhora na qualidade de voz,
embora tenham feito pouca menção à comunicação não verbal. Os juízes leigos
observaram mais o corpo dos sujeitos ao perceberem diferenças principalmente
nos gestos e expressão facial, além da melhora na compreensão de fala e
qualidade de voz. Conclusão: a comunicação verbal, tão valorizada na clínica
fonoaudiológica, em laringectomizados totais com FT, recebeu maior destaque do
que a não-verbal na percepção de todos juízes. As fonoaudiólogas mostraram-se
mais detalhistas em identificar mudanças na comunicação verbal e os juízes leigos
observaram a comunicação de forma mais global. Isso evidencia que a clínica
fonoaudiológica pode transcender a voz e valorizar o trabalho com expressividade
na reabilitação desses indivíduos.
Palavras-Chave: laringectomia, comunicação, inteligibilidade de fala
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