RESUMO
O estudo teve como objetivo avaliar as atividades desempenhadas pelos enfermeiros da
estratégia Saúde da Família na assistência às crianças de zero a dois anos, em três municípios
do Ceará. Os participantes do estudo foram 81 (oitenta e um) enfermeiros da SF que atuam
nos municípios de Fortaleza, Cascavel e Quixeramobim, Ceará. A coleta de dados foi
realizada no período de novembro de 2003 a maio de 2004, utilizando a abordagem
quantitativa, do tipo descritivo, com a utilização de dados primários. Foi utilizado
questionário com questões fechadas e abertas. Os dados foram digitados e processados no
Programa Epi-Info 6.04 e testado estísticamente com o qui quadrado (χ
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) e o p de Fisher
Freeman Halton. De acordo com os resultados, foi possível identificar que: 92,5% dos
enfermeiros são do sexo feminino; 78,0% atuam na Saúde da Família há menos de 5 anos e
49,4% trabalhou em PSF de outro município antes de contratado pelo gestor, no presente
exercício; o curso de especialização em Saúde da Família foi cursado por 75,0%
dos enfermeiros; 47,0% submeteram-se à capacitação nos Cursos de
Aconselhamento em Amamentação e de Atenção Integral as Doenças
Prevalentes da Infância (AIDPI); 60,5% dos respondentes e que atuam nos
municípios do interior cursaram o AIDPI (p=0,001). 53,2% realizaram a
primeira consulta de enfermagem após os 30 dias do nascimento da criança;
70,0% se apresentam pelo nome, antes da consulta de enfermagem (p=0,020).
Os enfermeiros não costumam preocupar-se com a presença do pai ou da avó
no acompanhamento da mãe à consulta da criança, a não ser “às vezes”, o que
apresentou significância de p=0,006 e p=0,046, respectivamente. 38,0% não
organizam grupos de gestantes na Unidade de Saúde ou na comunidade;
79,0%, também, não organizam grupos de puérperas para orientar sobre os
cuidados com a criança (p=0,015); somente 50,6% realizou a visita domiciliar
na primeira semana pós-parto. Os enfermeiros apontaram como aspectos
positivos da atuação da Saúde da Família: “Envolvimento com a comunidade/boa
relação com as famílias” e “Trabalho em equipe”e “Apoio e o reconhecimento do trabalho do
enfermeiro pelo gestor” e a “Dedicação e envolvimento do enfermeiro no trabalho”; e, como
aspectos negativos: “Falta de infra-estrutura e material para o trabalho” e “O
excesso do número de famílias por equipe”.
O estudo mostrou-se relevante na medida em que aprofundou o tema e avaliou
as práticas que exerceram influência no processo do cuidado com as crianças
e as famílias, comparadas com o que é estabelecido pelo Ministério da Saúde.
Confirmamos a hipótese H1 de que existe diferença significativa entre as
atribuições do enfermeiro estabelecidas pelo MS, para a assistência à criança
menor de 2 anos, e as atividades cotidianas do enfermeiro que atua na SF. Os
enfermeiros deveriam priorizar a competência para ser profissional mais
humano, contemplando tanto o acolhimento, como a prática dialógica,
sobretudo, centrada no cuidado com a criança.
Palavras-Chaves: enfermagem; saúde da criança; avaliação; atenção básica;
Saúde da família.
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