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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO
NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO (NPGA)
MESTRADO PROFISSIONAL
ALEJANDRO HERNAN TOCHILOVSKY
ANÁLISE DA IMPLANTAÇÃO E MEDIÇÃO DE
DESEMPENHO EM CADEIAS DE SUPRIMENTOS:
ESTUDO DE CASO COM EMPRESAS DE PRODUÇÃO DE
COMMODITIES DOS COMPLEXOS INDUSTRIAIS DE
CAMAÇARI E ARATU
Salvador
2007
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ALEJANDRO HERNAN TOCHILOVSKY
ANÁLISE DA IMPLANTAÇÃO E MEDIÇÃO DE
DESEMPENHO EM CADEIAS DE SUPRIMENTOS:
ESTUDO DE CASO COM EMPRESAS DE PRODUÇÃO DE
COMMODITIES DOS COMPLEXOS INDUSTRIAIS DE
CAMAÇARI E ARATU
Dissertação apresentada ao Núcleo de Pós-
Graduação em Administração (NPGA)
Mestrado Profissional da Universidade
Federal da Bahia, como requisito para
obtenção do grau de Mestre em
Administração.
ORIENTADOR: PROF. DR. ROGÉRIO HERMIDA QUINTELLA
Salvador
2007
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Escola de Administração - UFBA
T631 Tochilovsky, Alejandro Hernan
Análise da implantação e medição de desempenho em cadeias de
suprimentos: estudo de caso com empresas de produção de commodities
dos complexos industriais de Camaçari e Aratu / Alejandro Hernan
Tochilovsky. - 2007.
134 p. il.
Orientador: Prof. Dr. Rogério Hermida Quintella.
Dissertação (mestrado profissional) - Universidade Federal da Bahia.
Escola de Administração, 2007.
1. Logística empresarial. 2. Empresas industriais. 3. Polo
Petroquímico - Camaçari (BA) – Estudo de casos. 3. Centro Industrial de
Aratu – Salvador (BA) – Estudo de casos. I. Universidade Federal da
Bahia. Escola de Administração. II. Quintella, Rogério Hermida. III.
Título.
658.8
CDD 21. ed.
CDD 20. ed.
ALEJANDRO HERNAN TOCHILOVSKY
ANÁLISE DA IMPLANTAÇÃO E MEDIÇÃO DE DESEMPENHO EM
CADEIAS DE SUPRIMENTOS:
ESTUDO DE CASO COM EMPRESAS DE PRODUÇÃO DE COMMODITIES
DOS COMPLEXOS INDUSTRIAIS DE CAMAÇARI E ARATU
Banca Examinadora:
Herman Augusto Lepikson
Doutor em Engenharia Mecânica.
Universidade Federal de Santa Catarina, UFSC, Brasil.
Universidade Federal da Bahia (UFBA)
Jose Célio Silveira Andrade
Doutor em Administração.
Universidade Federal da Bahia, UFBA, Brasil.
Universidade Federal da Bahia (UFBA)
Rogério Hermida Quintella – Orientador
Doutor em Gerenciamento Estratégico
University Of Brighton, U.B., Inglaterra.
Universidade Federal da Bahia (UFBA)
Salvador, 15 junho de 2007.
A Maria Ângela, pelo amor e apoio neste e nos desafios que virão.
A Henrique e Bernardo, que me honram como pai.
A Bernardo e Martha, por terem me trazido ao mundo.
AGRADECIMENTOS
Ao Professor Rogério Quintella pela orientação ao longo deste trabalho e
pelo apoio decisivo para que chegasse ao final.
Ao Professor Jose Célio Silveira Andrade, pelo incentivo durante todo o
processo de formação, e pela visível dedicação dada a cada colega em busca
de apoio e orientação.
Ao corpo docente deste mestrado, pela dedicação e profundo
conhecimento em suas respectivas áreas com quem tive a oportunidade de
aprender a principalmente questionar o mundo sob novas óticas.
Aos funcionários da Escola de Administração da UFBA que sempre
estiveram nos bastidores preparando a infra-estrutura necessária para garantir
que todos os recursos estivessem disponíveis no momento e no lugar certo.
Ao centro de pesquisa, que sempre atendeu rapidamente a todas as
solicitações que fiz durante o tempo de preparação do trabalho.
A Catarina Rebouças pelo levantamento de tantos dados e informações
necessárias a este trabalho
A Sonia Vieira e Álvaro Cardoso por terem trabalhado com tanta
competência e dedicação, na revisão e normalização do trabalho.
Aos meus colegas de mestrado, que sem dúvida foram um pilar
fundamental no enriquecimento de cada hora que passamos juntos dentro e
fora das salas de aula. Agradeço a todos pela amizade e pelos fantásticos
momentos que vivemos juntos.
Aos amigos que tão prontamente me receberam nas empresas onde
realizei o trabalho de pesquisa, agradeço sinceramente toda a atenção que me
foi dada e o tempo doado no processo de entrevistas.
A Millennium Inorganic Chemicals, pelo apoio financeiro ao longo de
todo o processo de mestrado.
Finalmente, a toda minha família, esposa, filhos, pais, irmãos, primos, e
aos meus poucos e verdadeiros amigos, pelas contribuições que tenho
recebido desde o mais remoto início para me tornar a pessoa que sou.
TOCHILOVSKY, Alejandro Hernan. Análise da implantação e medição de
desempenho em cadeias de suprimentos: estudo de caso com empresas
dos complexos industriais de Camaçari e Aratu. 134 p. Dissertação (Mestrado
Profissional) – Universidade Federal da Bahia, Escola de Administração.
Orientador: Prof. Dr. Rogério Hermida Quintella.
RESUMO
Esta dissertação apresenta um estudo realizado junto a cinco empresas do
setor industrial localizadas no Pólo Petroquímico de Camaçari e no Complexo
Industrial, de Aratu, no Estado da Bahia. O seu desenvolvimento segue,
inicialmente, a revisão da literatura em torno da evolução do Supply Chain no
Brasil e no mundo. Em seguida, são apresentados os principais conceitos
sobre Supply Chain Management, e finalmente, ainda revisando a literatura,
são apresentados alguns modelos desenvolvidos para avaliar o desempenho
da cadeia de suprimentos, de onde foram retiradas as dimensões divididas em
Clientes, Custos, Rentabilidade e Flexibilidade.O trabalho passa para a análise
das entrevistas realizadas nas cinco empresas citadas, onde são detalhados os
aspectos relacionados com a estrutura organizacional, os indicadores de
desempenho utilizados para avaliar os processos e atividades em cada
empresa e a investigação sobre eventuais modelos de avaliação de
desempenho voltados para medir os resultados integrados do Supply Chain
Management. Propõe ainda um modelo de avaliação de desempenho para
cadeias de suprimentos construído a partir de dimensões e indicadores
retirados da literatura e também coletados nas entrevistas. As conclusões se
desenvolvem em torno da análise da implantação do Supply Chain
Management, da utilização de indicadores de desempenho para medir
resultados associados aos processos do SCM e de modelos voltados para
medir o desempenho global da cadeia de suprimentos em cada organização.
Finalmente, com esta pesquisa, espera-se colaborar com a evolução do
conhecimento do tema, provocando a reflexão do assunto e também com o
modelo proposto, no sentido de traduzir ações em competitividade através da
efetiva mensuração do desempenho dos processos associados à cadeia de
suprimentos.
Palavras-chave: Logística empresarial. Cadeia de suprimentos. Empresas –
Pólo Petroquímico de Camaçari (BA). Centro Industrial de Aratu, Salvador (BA).
TOCHILOVSKY, Alejandro Hernan. Implementation review and
performance measurement for supply chain management: case study with
commodities producing companies from the Camaçari Petrochemical Complex
and Aratu Industrial Complex. 134 pp. ill. Master Dissertation – Universidade
Federal da Bahia, Escola de Administração. Advisor: Prof. Dr. Rogério Hermida
Quintella
ABSTRACT
In order to contribute with the understanding of the concepts around the Supply
Chain Management, this study introduces a research carried out with five
industrial companies in the Pólo Petroquímico de Camaçari and Complexo
Industrial de Aratu, in Bahia State. The development of this study comprises the
following steps. First of all, the revised literature was about the evolution of
Supply Chain Management in Brazil and from a worldwide perspective. Then,
the study describes the main concepts about SCM, and finally, still revising the
literature, the study introduces some models developed to evaluate the SCM
performance. From these models were extracted the four dimensions
associated to SCM which were the following: Customers, Cost, Profitability and
Flexibility. In the following step, the study analyzes the results found out in the
interview process conducted with the mentioned companies, where aspects
related with organizational structure, performance indicators, and models to
measure SCM performance were investigated in order to define the
development level of each aspect related with the companies. The study also
proposes a model to measure SCM performance prepared under the vision of
the dimensions and indicators collected from the literature and research. The
conclusions were developed with the analysis of implementation of SCM
concepts, the adoption of performance indicators to measure activities results,
and the existing models to measure performance in SCM in each company.
Finally, this study, has the expectation to contribute with the theme evolution
and mainly through the proposed model, by measuring processes and activities
in SCM and therefore translate it in effective actions to reach high
competitiveness.
Key words: Logistics. Supply Chain Management. Companies – Petrochemical
Complex of Camaçari (BA). Industrial Complex of Aratu (BA).
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ACC Antecipação de moeda estrangeira para entrega futura
C/A Cloro Soda
CIA Complexo Industrial de Aratu
CLM
Council of Logistics Management
COFIC Comitê de Fomento Industrial de Camaçari
COPENE Companhia Petroquímica do Nordeste
EBTIDA Earnings Before Taxes, Interest, Depreciation & Amortization
ERP
Enterprise Resource Planning
EUA Estados Unidos da América
HCL Ácido Clorídrico
MRO
Maintenance, Repairs and Operational Inventory
MSU
Michigan State University
ONG Organização não governamental
PCP Planejamento e Controle da Produção
PER Percloroetileno
PG Propileno Glicol
PIB Produto Interno Bruto
PMG
Performance Measurement Group
PO Oxido de Propileno
PPC Pólo Petroquímico de Camaçari
SCC
Supply Chain Council
SCM
Supply Chain Management
SCOR
Supply Chain Operational Reference
TET Tetracloreto de Carbono
WCL
World Class Logistics
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 Estrutura de uma cadeia de suprimentos proposta pelo autor 27
Figura 2 Faturamento e volume de compras das empresas 31
Figura 3 Estrutura de Supply Chain 33
Figura 4 Verticalização do Pólo Petroquímico de Camaçari 36
Figura 5 Visão sistêmica da medição de desempenho 39
Figura 6 Modelo com os cinco processos básicos do SCOR 41
Figura 7 A empresa focal, seus fornecedores e clientes 48
Figura 8 Componentes fundamentais para o gerenciamento da cadeia
de suprimentos
52
Figura 9 Componentes da excelência operacional e utilização de ativos 62
Figura 10 Modelo para avaliação de desempenho do SCM 97
Figura 11 Organização centralizada, formal para cadeia de suprimentos 117
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 Modelos de avaliação 18
Quadro 2 Caracterização das empresas pesquisadas 21
Quadro 3 Indicadores de desempenho primários do modelo SCOR 42
Quadro 4 Dimensões de SCM 66
Quadro 5 Informações das empresas pesquisadas 77
Quadro 6 Cálculo conceitual da aplicação do modelo 99
Quadro 7 Indicadores de desempenho associados à dimensão clientes 100
Quadro 8 Indicadores de desempenho associados à dimensão Custos 101
Quadro 9 Indicadores de desempenho associados à dimensão
Rentabilidade 103
Quadro 10 Indicadores de desempenho associados à dimensão
Flexibilidade 104
Quadro 11 Indicadores que aparecem em todas as organizações
pesquisadas 106
Quadro 12 Indicadores de desempenho de clientes propostos pelo autor 107
Quadro 13 Indicadores de desempenho de custos propostos pelo autor 108
Quadro 14 Indicadores de desempenho de produtividade propostos pelo
autor 109
Quadro 15 Indicadores de desempenho de Flexibilidade propostos pelo
autor 110
Quadro 16 Aplicação do modelo de avaliação na dimensão clientes
proposta pelo autor 111
Quadro 17 Aplicação do modelo de avaliação na dimensão custos
proposta pelo autor 112
Quadro 18 Aplicação do modelo de avaliação na dimensão Rentabilidade
proposta pelo autor 113
Quadro 19 Aplicação do modelo de avaliação na dimensão Flexibilidade
proposta pelo autor 114
Quadro 20 Resultado global do IP-SCM Índice de Performance do Supply
C
hain Management proposto pelo autor 114
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO........................................................................... 13
1.1 O PROBLEMA DE PESQUISA.................................................. 15
1.2 OBJETIVOS .............................................................................. 16
1.3 JUSTIFICATIVA......................................................................... 17
1.4 METODOLOGIA ....................................................................... 19
1.5 DELIMITAÇÃO DO TRABALHO................................................ 20
1.6 PRESSUPOSTOS DO ESTUDO DE CASO.............................. 22
1.7 ESTRUTURAÇÃO DO TRABALHO..........................................
24
2 CONTEXTUALIZAÇÃO.............................................................. 26
2.1 O QUE É SUPPLY CHAIN MANAGMENT?............................... 26
2.2 CONCEITUAÇÕES..................................................................... 28
2.3 O SCM NO BRASIL.................................................................... 30
2.4 DESAFIOS PARA A IMPLEMENTAÇÃO................................... 32
2.5 O PÓLO PETROQUÍMICO DE CAMAÇARI E O COMPLEXO
INDUSTRIAL DE ARATU...........................................................
34
3 AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO NO SCM............................... 38
3.1 MEDIÇÃO DE DESEMPENHO: UMA VISÃO GERAL............... 38
3.2 MODELOS DE AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO DO SCM....... 40
3.2.1 Abordagem do Supply Chain Operational Model (SCOR)…. 40
3.2.2 Abordagem de Beamon………………………………………….. 43
3.2.3 Abordagem de Lambert e colaboradores............................... 45
3.2.4 Abordagem de Gunasekaran, Patel e Tirtiroglu..................... 53
3.2.5 Abordagem do World class logistics………………………….. 58
3.2.6 Abordagem de Bowersox, Closs e Cooper............................
60
4 AS DIMENSÕES E OS INDICADORES DA CADEIA DE
SUPRIMENTOS..........................................................................
65
4.1 DIMENSÃO CLIENTES.............................................................. 67
4.2 DIMENSÃO CUSTOS................................................................. 68
4.3 DIMENSÃO RENTABILIDADE................................................... 69
4.4 DIMENSÃO FLEXIBILIDADE..................................................... 70
4.5 INDICADORES DE SCM............................................................
72
5 ESTUDO DE CASO.................................................................... 75
5.1 A METODOLOGIA APLICADA................................................... 75
5.2 AS EMPRESAS PESQUISADAS............................................... 76
5.3 AS ENTREVISTAS E OS QUESTIONÁRIOS APLICADOS....... 78
5.4 ANÁLISE DAS ENTREVISTAS POR EMPRESA....................... 79
5.4.1 Empresa A................................................................................. 80
5.4.2 Empresa B................................................................................. 83
5.4.3 Empresa C................................................................................. 87
5.4.4 Empresa D................................................................................. 91
5.4.5 Empresa E................................................................................. 93
5.5 MODELO PROPOSTO PARA AVALIAR O DESEMPENHO
DO SCM......................................................................................
96
5.6 APLICAÇÃO DO MODELO PROPOSTO NA EMPRESA E.......
110
6 CONCLUSÃO............................................................................. 116
6.1 LIMITAÇÕES DO MODELO....................................................... 122
6.2 RECOMENDAÇÕES PARA PESQUISAS FUTURAS................
124
REFERÊNCIAS..........................................................................
126
APÊNDICE A – Carta de apresentação do trabalho................. 129
APÊNDICE B – Conceito e Dimensões da Cadeia (SCM)......... 130
APÊNDICE C – Indicadores de desempenho – Descrição e
cálculo...............................................................
131
APÊNDICE D – Perguntas abertas............................................ 133
13
1 INTRODUÇÃO
Com o avanço da globalização, a economia vive em constantes
mudanças. Os mercados estão cada vez mais competitivos e as empresas
tendem a enxugar seus custos, melhorar seus produtos e serviços para se
manterem vivas na competição.
Por isso, diante de mercados cada vez mais competitivos e frente a
economias globais, as grandes corporações buscam caminhos mais ágeis e se
agrupam em redes encurtando as distâncias de acesso aos seus insumos e
mercados, simultaneamente se protegendo do desconhecido, compartilhando
as incertezas que se diluem também, uniformemente.
A empresa em rede fica cada vez mais internacional [...] e sua
gestão resultará da interação administrativa entre a estratégia
global da rede e os interesses nacionalmente/regionalmente
enraizados [...] as empresas transformaram-se em uma teia de
redes múltiplas inseridas em uma multiplicidade de ambientes
institucionais. (CASTELLS, 2003, p. 254)
A era do conhecimento trouxe ao mundo contemporâneo uma série de
acessos à comunicação muito mais eficazes e accessíveis. A associação
desses novos acessos de comunicação somados aos custos mais competitivos
decorrentes das economias de escala, viabilizou a competição globalizada.
Fato que atingiu diretamente as commodities
1
do setor químico e petroquímico.
Fechar negócios com países de outros continentes é uma realidade
tangível não mais apenas para as grandes corporações, mas também para
empresas de médio e pequeno porte.
O desenvolvimento do mercado de serviços teve um crescimento
impressionante nas últimas décadas. Segundo o IPIB Brasil, instituto
1
São produtos indiferenciados entre os concorrentes e produzidos em larga escala, portanto, são vendidos com base
no menor preço.
14
especializado em estatísticas econômicas nacionais e internacionais, os
serviços partem de 44% do Produto Interno Bruto (PIB), em 1900, chegam a
50% nos anos 30 e 40, e a 61% na última década do século. Entre esta cesta
de novos serviços oferecidos ao mercado está, por exemplo, o assessoramento
ou consultoria para conduzir processos de importação com todas suas
propriedades transacionais, sejam de ordem legal ou fiscal.
Dessa forma, a profissionalização da gestão empresarial é uma
realidade incontestável e se esta afirmação for direcionada às grandes
corporações, veremos que estas organizações estão buscando as melhoras
práticas e técnicas de vanguarda na busca constante de vantagens
competitivas.
É neste cenário que se destaca a importância da gestão da cadeia de
suprimentos. Do inglês, Supply Chain Management ou em português: Gestão
da cadeia de suprimentos (FLEURY; WANKE; FIGUEIREDO, 2000), é definida
como sendo a gestão da inter-conectividade das empresas que se relacionam
por meio de ligações à montante e à jusante entre os diferentes processos, que
produzem valor na forma de produtos e serviços para o consumidor final.
(SLACK; CHAMBERS; JOHNSTON, 2002, p.415). Apresentam-se outras
conceituações no capítulo 2, a seguir.
De acordo com Chan (2003, p.179),
[...] nos dias atuais mais do nunca, o Supply Chain Management
tem tido uma enorme atenção da comunidade acadêmica e
prática. E tem causado uma revolução filosófica para lidar com o
crescimento competitivo dos negócios e com a economia
globalizada. (tradução nossa)
2
Isto posto, verifica-se que a gestão da cadeia de suprimentos tem
destacada importância e merece a atenção das corporações, justificada pelo
grande número de processos tal qual descrito no conceito posto acima.
2
Nowadays more than ever, supply chain management has gained a tremendous amount of attention from both the
academic and practitioner communities. It provides a revolutionary management philosophy to cope with the
increasing business competition and economy globalization.
15
Será, então, este o tema que irá permear o desenvolvimento deste
trabalho.
1.1 O PROBLEMA DE PESQUISA
Com o decorrer do trabalho, uma série de conceitos atribuídos à gestão
da cadeia de suprimentos ou Supply Chain Management (SCM) será
apresentada. Estes conceitos estão detalhados na seção 2.2. No entanto, para
delimitar o foco no tocante ao desenvolvimento do assunto, o conceito eleito
para nortear esta dissertação é o definido pelo Supply Chain Council (SCC),
como sendo a integração de processos-chave a partir do usuário final até os
fornecedores primários com o objetivo de prover produtos, serviços e
informação que adicionem valor para os clientes e acionistas da empresa.
Considerando a relevância do assunto e reforçado por Gunasekaran,
Patel e Tirtiroglu (2001), quando afirmam que no mundo atual, a gestão da
cadeia de suprimentos é um fator estratégico para maximizar a eficácia
organizacional e atingir as metas da organização, tais como a competitividade,
melhor atendimento ao cliente e aumentar a lucratividade, pergunta-se: As
empresas do Pólo Petroquímico de Camaçari e Complexo Industrial de Aratu
implementaram o Supply Chain Management, em suas estruturas?
Ainda segundo Gunasekaran, Patel e Tirtiroglu (2001, p.71),
A era da globalização e da terceirização já começou, e muitas
companhias escolheram o Supply Chain Management para
gerenciar suas operações. Muitas destas companhias acreditam
que para alcançar eficiência e eficácia, a cadeia de suprimentos
precisa ter sua performance medida (tradução nossa)
3
.
3
The era of both globalization of markets and outsourcing has begun, and many companies select supply chain to
manage their operations. Most of these companies realize that, in order to evolve an efficient and effective supply
chain, SCM needs to be assessed for its performance
16
Dessa forma, outra questão trazida à discussão é: As empresas do Pólo
Petroquímico de Camaçari e Complexo Industrial de Aratu têm mecanismos
implementados para medir o desempenho das suas cadeias de suprimentos
(SCM), de forma integrada e sistemática?
São estas, portanto, as duas questões que este trabalho se propõe a
responder.
1.2 OBJETIVOS
O objetivo geral deste trabalho é verificar como se desenvolve a
implantação da Gestão da Cadeia de Suprimentos ou SCM nas empresas do
Pólo Petroquímico de Camaçari (PPC) e do Complexo Industrial de Aratu (CIA),
à luz do conceito identificado na literatura e eleito para nortear esta pesquisa.
Ainda como parte do objetivo geral, está a identificação das metodologias
de medição de desempenho praticadas pelas empresas do PPC e CIA.
Para chegar a estas conclusões serão identificados os indicadores
aplicados para medir o desempenho do SCM e/ou dos processos que
compõem a cadeia de cada empresa, e de que forma se relacionam com
aqueles identificados nos modelos da literatura pesquisada.
17
1.3 JUSTIFICATIVA
O tema Supply Chain Management (SCM) ainda está em evolução nos
países de primeiro mundo e mais ainda no Brasil, como pode ser visto no
próximo capítulo deste trabalho.
Ainda pode-se encontrar uma discussão rica em torno do assunto. São
diversos os conceitos encontrados na literatura para definir SCM. Ao mesmo
tempo, as estruturas de SCM que se encontram implantadas nas empresas e
em diferentes organizações, também tem características que variam entre si e
vem sofrendo constantes mutações na tentativa de se adaptar às
peculiaridades de cada negócio, o que demonstra que há em curso, um
processo de evolução e amadurecimento. Verifica-se então, que a teoria está
de fato alinhada à pratica, principalmente quando se afirma que o sucesso do
SCM, mesmo em economias mais desenvolvidas, ainda requer mais esforço,
conhecimento e tempo de maturação.
Principalmente por não se ter o arranjo definitivo de SCM, encontra-se
dificuldades para medir o resultado global da cadeia de suprimentos, ao
mesmo tempo em que não é vasto o material bibliográfico que defina modelos
de avaliação do SCM.
Pode-se encontrar na literatura exemplos de modelos de avaliação de
desempenho, no entanto, poucos são aqueles voltados para SCM. O Quadro 1
apresenta alguns modelos recolhidos por Martins (1998).
18
Quadro 1 - Modelos de avaliação
Fonte: Martins (1998)
Por outro lado, encontram-se relatos na literatura pesquisada, que
confirmam o sucesso obtido mediante a implantação de Supply Chain
Management, como o testemunho de Fleury (1999, p.1):
Os extraordinários resultados obtidos pelas empresas que já
conseguiram implementá-lo com sucesso, são uma garantia de
que este não é apenas um modismo gerencial, mas algo que
vem crescentemente despertando a atenção da alta cúpula
gerencial nas grandes e mais modernas empresas
internacionais.
De resto, espera-se que este estudo possa contribuir e ser usado pelas
empresas como instrumento de avaliação dos resultados do SCM, em
exercícios futuros.
19
A pesquisa acerca do tema Supply Chain, seus conceitos, modelos e
principalmente a escolha pela construção de um modelo de medição de
desempenho para o SCM nas empresas do PPC e CIA deu-se em virtude da
atualidade do tema, da necessidade de se entender as inter-relações entre
cada parte da cadeia e do desejo de consolidar um instrumento eficaz com o
objetivo de atribuir valor mensurável a cada parte do processo e ao mesmo
tempo, medir seus reflexos sobre o total da cadeia integrada.
A possibilidade de obter as informações necessárias à pesquisa, bem
como o acesso direto às pessoas que participam dos processos associados ao
SCM, também contribuiu na escolha desta linha de pesquisa e estudo de caso.
A certeza de que o aprofundamento do assunto acrescentará valor às
discussões em torno deste tema, tão em pauta, e que, simultaneamente, a
pesquisa e seus resultados associados poderiam enriquecer as experiências
de empresas e dos profissionais que se envolvem com estes processos,
também foram relevantes para a definição deste trabalho.
Finalmente, a experiência acumulada nesta área reforça as
possibilidades de realizar um trabalho rico em que os resultados possam ser
usados para redirecionar ações onde os indicadores não apontem evoluções
significativas ou mesmo eventuais involuções.
1.4 METODOLOGIA
A metodologia utilizada baseou-se nos seguintes passos:
a) Pesquisa das fontes documentais de forma a fundamentar a
argumentação que sustentará as respostas para os problemas de
pesquisa colocados. Ainda a partir destas fontes documentais será
20
construído o modelo de análise que foi sugerido para medir o
desempenho de cadeias de suprimento.
As fontes documentais e estatísticas foram constituídas de:
- publicações (livros, periódicos, boletins institucionais);
- páginas eletrônicas de publicações específicas acerca do tema
(associações, jornais, conselhos, etc.).
b) Coleta de dados: os dados foram coletados através de entrevistas
semi-estruturadas junto às empresas e executivos visitados no Pólo
Petroquímico de Camaçari e Complexo Industrial de Aratu.
1.5 DELIMITAÇÃO DO TRABALHO
Vistas as inúmeras formas de cadeias de suprimentos, não seria possível
conduzir a pesquisa e obter resultados consistentes sem definir um foco mais
restrito.
O trabalho terá seu desenvolvimento associado a algumas empresas
voltadas para a produção de commodities do ramo siderúrgico e principalmente
do ramo petroquímico, situadas no Pólo Petroquímico de Camaçari e no
Complexo Industrial de Aratu, ambos na Bahia. As empresas terão seu perfil
apresentado no quinto capítulo deste trabalho. A identidade das empresas e
dos executivos que colaboraram com a pesquisa não serão reveladas, por
solicitação dos mesmos.
Na impossibilidade de estender a pesquisa a todo o conjunto de
empresas que atendem as características acima, foram escolhidas cinco
companhias para representar ao universo das empresas envolvidas. Foram
21
observados aspectos como tamanho da organização, tempo de mercado e
nacionalidade do capital.
Assim, o Quadro 2 descreve, de acordo com os conceitos apresentados,
a caracterização das cinco empresas pesquisadas.
Empresa
Tamanho
Tempo de
Mercado
Capital
A Grande Porte 50 anos Nacional
B Grande Porte 30 anos Nacional
C Grande Porte 40 anos Nacional
D Grande Porte 150 anos Estrangeiro
E Grande Porte 25 anos Estrangeiro
Quadro 2 - Caracterização das empresas pesquisadas
Fonte: Pesquisa do autor
As organizações contemporâneas têm prestado cada vez mais atenção a
disciplinas como segurança, meio ambiente, responsabilidade social, ética,
imagem corporativa, entre outras, que decerto influenciam os rumos do
processo decisório e os reflexos destas decisões sobre todo o funcionamento
da organização. Ao mesmo tempo, nas grandes organizações, os reportes
matriciais e as distâncias envolvidas desenvolveram modelos de gestão com
características próprias.
Por certo, estas realidades afetam com maior ou menor relevância o objeto
deste estudo; no entanto, o desenvolvimento deste trabalho se dará mantendo
o foco sobre dois principais aspectos perseguidos na pesquisa exploratória.
São eles:
A estrutura organizacional voltada para a cadeia de suprimentos e;
As métricas usadas em cada organização para medir os resultados dos
processos associados ao SCM.
22
1.6 PRESSUPOSTOS DO ESTUDO DE CASO
Para nortear o desenvolvimento do trabalho, foram estabelecidos alguns
pressupostos, cuja validação ou não será verificada ao final deste estudo. São
eles:
a) A implantação do conceito de Supply Chain nas empresa do PPC e CIA
se dá de forma parcial e em alguns casos ainda é incipiente.
Acredita-se que a implantação do Supply Chain Management (SCM)
aparecerá de forma mais madura em empresas de maior porte e/ou
maior tempo de mercado. Esta afirmação decorre do pressuposto de
que empresas grandes tendem a organizar suas estruturas seguindo
políticas de gestão de vanguarda. Com esta afirmação, espera-se
encontrar uma estrutura de SCM mais consistente nessas empresas.
Por outro lado, nas empresas de menor porte e tradição (tempo de
mercado), espera-se encontrar o Supply Chain Management ainda
incipiente ou inexistente tal qual definido pelo conceito escolhido.
b) As empresas do PPC e CIA medem o desempenho dos processos que
compõem a cadeia de suprimentos isoladamente.
Espera-se encontrar nas empresas pesquisadas, sendo estas do ramo
metalúrgico, químico e petroquímico, alguns indicadores de desempenho
tipicamente aplicados aos processos que compõem a cadeia de
suprimentos. O pressuposto acima se baseia no fato de não termos nas
empresas do PPC e CIA um modelo de gestão aplicado às empresas,
visto que se tomará como verdadeira a afirmação do primeiro
pressuposto apresentado. Dito isso, entende-se que a medição da
cadeia se dá de forma fracionada, já que se supõe que o conjunto de
indicadores que medem os processos não têm seus resultados
23
ponderados e consolidados por um indicador que reflita o desempenho
da cadeia, de forma integrada.
c) Não há, de forma geral, um modelo de avaliação de desempenho
estabelecido que meça o resultado do SCM, de forma integrada.
A afirmação a priori de que o Supply Chain Management não se observa
de forma madura, somada ao pressuposto de que a medição dos
processos da cadeia de suprimentos ocorre de forma isolada, nos faz
acreditar que também não será evidenciado, no conjunto de empresas
pesquisadas, um modelo de avaliação de desempenho do SCM.
d) É possível propor um modelo integrado de avaliação de desempenho do
SCM capaz de medir a performance das cadeias de suprimentos nas
empresas pesquisadas PPC e CIA.
Acredita-se que existam, entre as empresas do PPC e CIA,
similaridades associadas aos processos de suas cadeias de
suprimentos. Numa visão mais específica, acredita-se que os processos
de transporte, compras, atendimento a clientes e programação de
produção e vendas, por exemplo, sigam rotinas parecidas, visto que na
grande maioria dos casos tratam-se de operações industriais típicas do
ramo químico e/ou petroquímico. Este pressuposto deve ser confirmado
também, pela padronização dos indicadores vinculados às atividades
medidas nessas organizações. Desta forma, pretende-se vincular um
conjunto de indicadores de uso comum a cada dimensão proposta
neste trabalho e mediante a atribuição de pesos, conferidos pelas
próprias empresas, a cada dimensão e indicadores, ponderá-los de
maneira a ter como resultado um indicador global para medir toda a
cadeia de suprimentos.
24
1.7 ESTRUTURAÇÃO DO TRABALHO
Com o objetivo de apoiar a leitura deste material e torná-la mais
compreensível, o texto foi dividido em seis capítulos:
Este capítulo introduz o tema e define o problema de pesquisa. Nele
também são esclarecidos os objetivos deste trabalho e as justificativas que o
legitimam. Descrevem-se ainda, a metodologia, abordada mais profundamente
no capítulo quinto, e finalmente as delimitações deste trabalho.
O segundo capítulo traz os aspectos mais abrangentes acerca do tema.
Traça um pequeno histórico sobre Supply Chain Management no Brasil, e uma
série de conceitos encontrados na literatura. Aborda ainda os desafios da
implantação do SCM, e termina com uma visão abrangente sobre o Pólo
Petroquímico de Camaçari, sua história, as empresas e particularidades.
O capítulo terceiro é o marco teórico deste trabalho. Tem início com uma
visão geral em torno do tema Medição de Desempenho, incluindo os autores e
trabalhos que tratam com mais profundidade os aspectos relacionados à
medição de desempenho da cadeia de suprimentos, suas dimensões e
indicadores.
O capitulo quarto aprofunda ainda mais as abordagens vistas no capítulo
anterior, e seleciona as quatro dimensões consideradas por este trabalho para
retratar os pilares fundamentais do SCM e, portanto, aqueles onde os seus
indicadores devem ser distribuídos para operacionalizar um pretenso modelo
de avaliação de desempenho do SCM.
O capitulo quinto descreve o estudo de caso propriamente dito. Aí, a
metodologia utilizada é detalhadamente descrita. O questionário aplicado é
apresentado e o desenvolvimento dos achados é desenvolvido em seguida. O
capítulo finaliza com uma proposta de modelo de avaliação de desempenho
25
que, apesar de não se constituir no problema de pesquisa, faz parte dos
objetivos deste trabalho.
Finalmente, o capítulo sexto refere-se às conclusões desta pesquisa,
abordando ainda as limitações do modelo proposto, e traz recomendações para
trabalhos futuros.
26
2 CONTEXTUALIZAÇÃO
As subseções a seguir apresentam o desenvolvimento do Supply Chain
Management no Brasil e no mundo, os conceitos encontrados na literatura e
as dificuldades para a sua implantação. O capítulo se encerra com uma
apresentação do Pólo Petroquímico de Camaçari e do Complexo Industrial de
Aratu.
2.1 O QUÉ É SUPPLY CHAIN MANAGEMENT?
Primeiramente, busca-se entender o que é SCM. Uma tradução
adequada para o português seria Gestão da Cadeia de Suprimentos. O SCM
consiste na integração de diversas atividades afins que, na sua forma mais
ampla, podem ir do departamento de contas a pagar (saída de recursos) até o
departamento de contas a receber (retorno dos recursos), passando pelas
áreas de aquisição, armazenamento, distribuição, programação de produção e
vendas e atendimento a clientes.
Para facilitar o entendimento deste conceito tão amplo, a Figura 1
descreve as atividades de uma cadeia de suprimento de grande abrangência,
proposta pelo autor. No exemplo, verificam-se, de um lado, os acionistas, que
representam o grupo investidor de um empreendimento e do outro, os clientes
(mercado), representando o grupo que, ao adquirir os produtos, remunera o
investimento do negócio.
No meio destes dois pilares estão os processos que representam, neste
exemplo, a cadeia de suprimentos. Começam com as compras de materiais e
serviços, e seguem com a gestão dos produtos acabados, até os clientes finais,
terminando com o pagamento dos produtos entregues. É importante observar
27
que ao longo do grande processo aparecem pontos de planejamento tal qual o
“planejamento de produção e vendas”, “políticas de crédito”, além de um
grande volume de informações, ilustradas pelas setas que unem os processos;
são parte integrante do SCM.
Figura 1 - Estrutura de uma cadeia de suprimentos proposta pelo autor
Fonte: Elaborado pelo autor
Segundo Fleury (2000, p. 39),
[...] existe uma crescente percepção de que o conceito de Supply
Chain Management é mais do que uma simples extensão da
logística integrada, pois inclui um conjunto de processos de
negócios que em muito ultrapassa as atividades diretamente
relacionadas com a logística integrada. Além disso, existe uma
clara e definitiva necessidade de integração de processos na
cadeia de suprimentos.
28
Um grande número de definições pode ser encontrado em literatura
pertinente. Verificam-se alguns conceitos de SCM, na subseção a seguir.
2.2 CONCEITUAÇÕES
Para Ching (2001, p.67), a gestão do Supply Chain é uma forma
integrada de planejar e controlar o fluxo de mercadorias, informações e
recursos, desde os fornecedores até o cliente final, procurando administrar as
relações na cadeia logística, de forma cooperativa e para o benefício de todos
os envolvidos.
Para Fleury (2000, p.42), o SCM representa o esforço de integração dos
diversos participantes do canal de distribuição, por meio da administração
compartilhada de processos-chave de negócios que interligam desde o
consumidor final até o fornecedor inicial de matérias-primas.
Outros conceitos mais abrangentes aparecem para comprovar a
diversidade associada ao entendimento do SCM. Slack (2002, p.415) a define
como sendo a gestão da interconectividade das empresas que se relacionam
por meio de ligações à montante e à jusante entre os diferentes processos, que
produzem valor na forma de produtos e serviços para o consumidor final.
Outros autores lançam conceitos mais detalhados para o SCM. Segundo
Bertaglia (2003, p.4), cadeia de abastecimento (Supply Chain) corresponde ao
conjunto de processos requeridos para obter materiais, agregar-lhes valor de
acordo com a concepção dos clientes e consumidores e disponibilizar os
produtos para o lugar (onde) e para a data (quando) que os clientes e
consumidores os desejarem, ou ainda, definida como “[...] a gestão dos fluxos
correlatos de informações e de produtos que vão do fornecedor ao cliente,
tendo como contrapartida os fluxos financeiros”. (WANKE, 2003, p.27)
29
Há, ainda, conceitos menos descritivos que mantêm estreita afinidade
com os apresentados anteriormente. Por exemplo, para Copacino (1997, p.7)
Supply Chain Management é a arte de gerenciar o fluxo de materiais e
produtos da fonte de suprimento até o usuário final.
A Dextron Management Consulting e sua parceira MMC International
Consulting Group, chegaram a um conceito de SCM:
SCM é a metodologia que alinha todas as atividades de
produção de forma concomitante e sincronizada, visando reduzir
custos, minimizar ciclos, e maximizar o valor percebido pelo
cliente final. Isso é feito pelo rompimento das barreiras entre
departamentos e unidades da empresa e implica a adoção de
práticas como fornecimento mundial (global sourcing), parcerias
com fornecedores, redução de estoques em toda a cadeia de
fornecimento, revisão do sistema de distribuição, aprimoramento
do sistema de informação e melhoria da previsão de vendas,
entre outras. Com tais práticas, o SCM busca o melhor
desempenho da empresa e a aproximação com fornecedores e
clientes. (DEXTRON MANAGEMENT CONSULTING, 2003)
Finalmente, segundo o Council of Logistics Management (CLM), Supply
Chain é definido como sendo a integração de processos-chave a partir do
usuário final até os fornecedores primários com o objetivo de prover produtos,
serviços e informação que adicionem valor para os clientes e acionistas da
empresa.
O CLM foi fundado em 1963, nos Estados Unidos, e é atualmente o
conselho dos profissionais de Supply Chain com cerca de 9 mil membros.
Dessa forma, dada a sua abrangência e representatividade, escolheu-se este
último conceito para pautar o desenvolvimento deste trabalho.
30
2.3 O SCM NO BRASIL
A implantação do SCM é uma experiência relativamente nova para a
maioria das empresas, e foi em todos os casos precedida pela logística
empresarial.
A logística empresarial, como parte da administração de empresas,
entrou na década de 70 em estado descrito como de semi-maturidade.
(BOWERSOX, 1986 apud BALLOU, 1993, p.34)
Até aquele momento, o franco crescimento dos mercados encobria uma
série de ineficiências na produção e na distribuição de produtos. Com a
elevação do preço do petróleo impulsionando de forma relevante os preços dos
combustíveis, associado à escassez de matérias-primas, o foco se volta enfim
para os custos de transporte e também de manutenção de estoques. A
produtividade também passa a ter especial atenção.
[...] a maioria das pessoas envolvidas com atividades de
distribuição física no período de 1950-64 não tinha
responsabilidade sobre o controle de estoques, e não
haviam mecanismos para justificar estoque elevados, por
exemplo, para se contrapor a economias de custos no
transporte. (CHRISTOPHER, 1992, p.19)
No Brasil, este movimento ocorre aproximadamente 15 anos mais tarde,
retardado principalmente pela economia inflacionária instalada no país.
Segundo Fleury (2000, p.39), o processo de difusão teve início, de forma ainda
tímida, nos primeiros anos da década de 90, com o processo de abertura
comercial, mas se acelerou a partir de 1994, com a estabilização econômica
propiciada pelo plano real.
O conceito de SCM surge no Brasil no início da década de 90, mas não
se pode afirmar que o tempo decorrido foi suficiente para garantir a
implantação de forma abrangente. Assim, Fleury (2000, p.39) assegura que,
“Mesmo em nível internacional, são poucas as empresas que já conseguiram
31
implementá-lo com sucesso, e em nível acadêmico, o conceito ainda pode ser
considerado em construção.”
No entanto, não restam dúvidas de que o SCM é uma realidade aceita
por grandes organizações e continua ganhando espaço a cada dia. A
implantação do conceito na prática tem garantido ganhos comprovados a
empresas de porte, ao longo de toda a cadeia, seja na redução dos custos,
seja nas economias de escala.
Entre os anos de 2001 e 2003, a Dextron Management Consulting
4
, em
parceria com a MMC International Consulting Group
5
desenvolveu um estudo
inédito, junto à 150 empresas, sobre a evolução e implantação do SCM no
Brasil.
A Figura 2 destaca o faturamento médio e o volume de compras
praticado pelo universo das empresas pesquisadas, em milhões de Reais.
Figura 2 – Faturamento e volume de compras das empresas
Fonte: Dextron Management Consulting (2003, p. 60)
4
Consultoria especializada em gestão de empresas
5
Consultoria especializada em processos de negócios e re-engenharia financeira
32
A seguir, algumas conclusões relevantes identificadas por esta pesquisa:
1. 23% das empresas pesquisadas já implementaram, ou estão
implementando o SCM;
2. 72% das empresas afirmam ter obtido ganhos diretos e imediatos com o
SCM;
3. 48% das empresas disseram ter informações corretas e completas da
função SCM, dez pontos percentuais acima do registrado em 2001
(38%);
4. Em 83% das empresas que implantaram o SCM, a decisão foi
promovida pela alta direção.
O estudo ainda conclui que a implantação do SCM nas organizações
pesquisadas, tem aferido ganhos como redução de custos, aumento da
satisfação de clientes e melhoria no nível de serviço.
2.4 DESAFIOS PARA A IMPLEMENTAÇÃO
O sucesso de um modelo de Supply Chain Management (SCM) está
associado aos resultados que a integração da cadeia possa promover. Desta
forma, dado o número de processos que o compõem e a complexidade das
inter-relações entre as atividades, a dificuldade repousa sobre a difícil tarefa de
medir os resultados de cada processo e atribuir, finalmente, à cadeia de
suprimentos um valor que registre a sua evolução como um todo. Este é o
desafio da implementação da gestão da cadeia de suprimentos.
A análise de um sistema de desempenho é sempre melhor quanto mais
claras forem as suas métricas. Portanto, avaliações quantitativas são mais
claras que aquelas qualitativas. Por isso, Beamon (1999, p. 276) faz a seguinte
afirmação: “[...] avaliações qualitativas tais como “boa”, “justa”, “adequada”, e
“pobre” são vagas e difíceis de utilizar de forma significativa.”
33
Beamon (1999) avança no assunto partindo de uma estrutura simples de
Supply Chain representada pela Figura 3, que define esta cadeia com quatro
estágios (suprimento, manufatura, distribuição e consumidores).
Figura 3 - Estrutura de Supply Chain
Fonte: Beamon (1999)
A complexidade da cadeia de suprimentos está diretamente associada
ao número de estágios que a compõe e ao volume de operações em cada um
destes estágios. Medir o desempenho do SCM, é portanto uma tarefa bastante
onerosa, dada a inerente complexidade da cadeia.
Alguns sistemas de avaliação de desempenho de SCM têm sido criados,
no entanto, nenhum deles pôde ser aplicado indiscriminadamente a qualquer
cadeia de suprimentos, dadas as particularidades de cada sistema. Portanto,
as características específicas de cada cadeia devem ser relevadas donde se
conclui, mais uma vez, a dificuldade de se criar um modelo geral de avaliação
de desempenho. Neste sentido, Beamon (1999, p.277) registra que “uma das
maiores dificuldades para selecionar indicadores de desempenho está no
desenvolvimento do sistema de avaliação.”
Fornecedores Produção Distribuição Clientes
34
2.5 O PÓLO PETROQUÍMICO DE CAMAÇARI E O COMPLEXO INDUSTRIAL
DE ARATU
O Pólo Petroquímico de Camaçari iniciou suas operações em 1978. É o
primeiro complexo petroquímico planejado do País, e está localizado no
município de Camaçari, a 50 quilômetros de Salvador, capital do Estado da
Bahia.
É o maior complexo industrial integrado do Hemisfério Sul com mais de 60
empresas químicas, petroquímicas e de outros ramos de atividade como
indústria automotiva, de celulose, metalurgia do cobre, têxtil, bebidas e
serviços.
A produção de automóveis pela Ford, no Pólo de Camaçari, consolida a
trajetória de diversificação no Complexo Industrial e amplia as perspectivas de
integração do segmento petroquímico com a indústria de transformação.
Qualidade e produtividade têm sido a receita para ampliar as atividades
do Pólo Industrial de Camaçari. Sua importância econômica pode ser medida
pela grandeza de seus números.
Os investimentos globais superam os 10 bilhões de dólares,
transformados em capacidade instalada em torno de 8 milhões de t/ano de
produtos químicos e petroquímicos básicos, intermediários e finais.
Segundo dados do Comitê de Fomento industrial de Camaçari (COFIC),
o PPC atende a mais da metade das necessidades de produtos químicos e
petroquímicos do país e as exportações, praticamente para todos os
continentes e regiões do globo, representam, em média, US$ 800 milhões /
ano, cerca de 35% do total exportado pelo Estado da Bahia.
Ainda segundo o COFIC, o faturamento das empresas situadas no PPC
é de aproximadamente US$ 9,4 bilhões / ano, número que responde por cerca
35
de 30% do total da arrecadação estadual de ICMS, e por mais de 90% da
receita tributária de Camaçari. A sua participação no Produto Interno Bruto
baiano é superior a 30%.
O número de empregados diretos já foi maior, mas o PPC ainda
emprega 12 mil pessoas diretamente, e 17mil pessoas através de empresas
contratadas.
A maioria das empresas do Pólo está interligada por dutovias à unidade
de insumos básicos da Braskem (anteriormente Cia. Petroquímica do Nordeste
(COPENE)). Maior indústria do Complexo de Camaçari e um dos cinco maiores
empreendimentos privados do país, a Braskem recebe derivados de petróleo
da Petrobrás, principalmente a nafta, em sua unidade de insumos básicos de
Camaçari e os transforma em petroquímicos básicos (eteno, propeno, benzeno,
tolueno, butadieno, xilenos, solventes e outros).
Estes produtos e também utilidades como energia elétrica, vapor, água e
ar de instrumento são fornecidos às unidades produtivas da própria Braskem e
às indústrias vizinhas, de segunda geração, que, por sua vez, fabricam os
petroquímicos intermediários e alguns produtos finais.
Um etenoduto, com mais de 400 quilômetros de extensão, interliga a
unidade de insumos básicos da Braskem, em Camaçari, às suas fábricas de
Cloro-soda e PVC em Alagoas, fazendo a conexão entre os pólos Industriais de
Camaçari e Cloro-químico daquele Estado. Estruturado para funcionar de
maneira integrada, o Pólo conta com serviços especializados de uma empresa-
líder em Manutenção Industrial, a ABB, e de uma Empresa de Proteção
Ambiental, a CETREL.
A Figura 4, a seguir, ilustra simplificadamente a estrutura da cadeia
petroquímica, e destaca as 3 gerações decorrentes da transformação do
petróleo.
36
Figura 4 - Verticalização do Pólo Petroquímico de Camaçari
Fonte: ABIQUIM (apud GOMES; DVORSAK; HEIL, 2005, p. 81)
Assim como a cidade de Camaçari abriga o Pólo Petroquímico, o mesmo
ocorre nos municípios de Simões Filho e Candeias, onde está localizado o
Complexo Industrial de Aratu, também na região metropolitana de Salvador.
Esse Complexo possui uma área de 199 km² e 150 km de vias internas
pavimentadas e sinalizadas. Localizada a 18 km de Salvador, 35 km do PPC,
15 km do Aeroporto Internacional Dep. Luís Eduardo Magalhães, 30 km do
Porto de Salvador e 28 km do Porto de Aratu. É composto por empresas dos
37
ramos de química, plásticos, têxtil, metal-mecânica, madeira, borracha,
alimentos, metalurgia e medicamentos.
Companhias como a DOW Química, Procter & Gamble, Unigel, entre
outras mantêm ativos importantes para a indústria brasileira e principalmente
para o desenvolvimento industrial do Estado da Bahia.
O Complexo Industrial de Aratu mantém uma estreita relação com as
empresas localizadas no Pólo Petroquímico de Camaçari.
38
3 AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO NO SCM
Considerando que Supply Chain é formalmente um processo integrado,
onde matérias-primas se transformam em produtos acabados e em seguida
enviados para clientes (BEAMON, 1999), podemos afirmar que há nesta cadeia
de processos algumas dimensões empresariais de diferentes naturezas mas
que no entanto, estão presentes nos mesmos processos.
Segundo Beamon (1999), uma cadeia de suprimentos típica tem quatro
estágios: Fornecedores, Produção, Distribuição e Clientes, e é devido à
complexidade dos processos, que permeiam estes quatro estágios, que se
encontram tantas dificuldades em definir indicadores de performances capazes
de avaliar a cadeia integralmente.
Dessa maneira, para viabilizar o estudo das formas disponíveis para
medir o desempenho da cadeia de suprimentos, alguns pesquisadores as
dividiram em categorias.
Ao desenvolvimento de um modelo de medição de performance deve-se
somar ainda a dificuldade de adaptá-lo às características de cada organização,
como afirma Fleury (2000), as organizações têm tantas peculiaridades e
diferem em tantos aspectos umas de outras, que não faz sentido pensar em
uma estrutura padronizada aplicável a todas as situações.
3.1 MEDIÇÃO DE DESEMPENHO: UMA VISÃO GERAL
A evolução da medição de desempenho pode ser historicamente dividida
em duas grandes fases: a primeira começou em 1880 e durou até o início de
39
1980, sendo caracterizada pela ênfase em medidas de desempenho
financeiras e de produtividade. A segunda fase, que teve início no fim da
década de 1980 e segue até os dias de hoje, destaca a necessidade de
medidas de desempenho balanceadas (medidas financeiras e não-financeiras,
além das de produtividade) e integradas para suportar as novas condições
operacionais internas e externas da maioria das empresas (GHALAYINI;
NOBLE apud ATTADIA; MARTINS, 2003)
Segundo Neely e Austin (apud ATTADIA; MARTINS, 2003), esta
segunda fase pode ainda se subdividir em duas fases: a primeira sendo a
“miopia da medição” que indica que as empresas medem as coisas erradas, e
a segunda sendo a “loucura da medição” que acontece quando as empresas
começam a medir tudo.
O desenvolvimento de um comportamento operacional compatível com a
estratégia definida é fortemente influenciado pelo acompanhamento de
indicadores que monitoram as atividades que agregam valor ao negócio. Ou
seja, os indicadores de desempenho são um meio para analisar o cumprimento
dos objetivos previamente traçados pelo planejamento estratégico. (ÂNGELO,
2005).
Figura 5 - Visão sistêmica da medição de desempenho
Fonte: Neely (apud ATTADIA; MARTINS, 2003, p.37)
40
Dessa forma, concordando com o pressuposto de Savolainen (1999 apud
ATTADIA; MARTINS, 2003), de que a medição de desempenho é fundamental
para alcançar os objetivos da melhoria contínua, este trabalho pretende
identificar, como colocado nos objetivos do capítulo 2, de que forma as
empresas do Pólo Petroquímico de Camaçari medem o desempenho da
Cadeia de Suprimentos e quais são os indicadores utilizados para tal fim.
3.2 MODELOS DE AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO DO SCM
Já se pode encontrar na literatura disponível, um número significativo de
autores que pesquisaram, desenvolveram e / ou adaptaram modelos de
avaliação de desempenho à cadeia de suprimentos ou SCM.
Nas subseções, a seguir, serão apresentados alguns modelos
identificados na literatura pesquisada.
3.2.1 Abordagem do Supply Chain Operational Model (SCOR)
O Supply Chain Operational Reference (SCOR) foi desenvolvido pelo
Supply Chain Council (SCC), em 1996, uma entidade independente e sem fins
lucrativos, aberta a todas as organizações interessadas em aplicar sistemas e
práticas avançadas de gerenciamento do Supply Chain.
O SCOR traduz o consenso das empresas participantes do SCC em
torno do SCM. Diversos mecanismos e ferramentas têm sido usados, ao longo
do tempo, por muitas companhias. O SCOR tem o objetivo de unificar em uma
41
única estrutura, os processos de negócios, indicadores de performance, e as
melhores práticas de gestão, com o objetivo de maximizar os processos de
comunicação e todas as atividades relacionadas com o gerenciamento da
cadeia de suprimentos.
O modelo SCOR está centrado em cinco processos básicos:
Planejamento, Suprimento, Execução, Entrega e Retornos
6
, que são
entendidos pelo modelo apresentado na Figura 6 como colocado a seguir:
Figura 6 - Modelo com os cinco processos básicos do SCOR
Fonte: Supply-Chain Council (2006), adaptada pelo autor.
O modelo abrange todas as interações de clientes, desde a saída do
produto até o pagamento da fatura; todas as transações de produtos, a
começar pelo fornecedor até os clientes passando por matérias-primas,
equipamentos, sobressalentes, softwares, e, todas as interações com o
mercado, a partir do entendimento da demanda agregada até o atendimento de
cada pedido.
A proposta do modelo SCOR está focada nos processos diretamente
ligados à cadeia de suprimentos. Não descreve, por exemplo, processos de
6
Traduzido do inglês Plan, Source, Make, Deliver and Return
Retorno
Suprir
Produzir Entregar
Retorno Retorno
Suprir
Produzir Entregar
Retorno
Retorno
Suprir
Produzir Entregar
Retorno
Planejamento Planejamento
Planejamento
Empresa
Focal
Fornecedores
Clientes
Retorno
Suprir
Produzir Entregar
Retorno Retorno
Suprir
Produzir Entregar
Retorno
Retorno
Suprir
Produzir Entregar
Retorno
Planejamento Planejamento
Planejamento
Empresa
Focal
Fornecedores
Clientes
42
negócios tais como: vendas e marketing, desenvolvimento de produto e
pesquisa e desenvolvimento.
Adota, mas não gerencia treinamento, qualidade, informática e
quaisquer processos administrativos não relacionados com o SCM.
O modelo define ainda o que classifica como métricas de primeiro plano
(Quadro 3), que devem cruzar os processos de SCM e que não estão
necessariamente relacionadas com os cinco processos básicos já descritos.
Processos com Clientes
Processos
Internos
Indicadores
Confiabili-
dade
Responsabi-
lidade
Flexibili-
dade
Custos
Ativos
Entrega perfeita
Ciclo total da entrega
Flexibilidade da cadeia
Adaptabilidade da cadeia
Custo total do SCM
Custo dos produtos Vendidos
Ciclo financeiro total
Retorno sobre os ativos
Retorno sobre o Cap. De giro
Quadro 3 - Indicadores de desempenho primários do modelo SCOR.
Fonte: Supply-Chain Council (2006)
Finalmente, o SCOR deve ser usado para descrever cada processo
associado ao SCM, mensurar sua performance e introduzir melhorias contínuas
baseadas na periódica avaliação dos processos.
A seguir, verifica-se a congruência dos modelos de avaliação do SCM
em torno das dimensões da cadeia, citadas por Beamon (1999).
43
3.2.2 Abordagem de Beamon
Para Beamon (1999), os indicadores de um bom sistema de medição de
desempenho devem atender a quatro princípios básicos, descritos a seguir:
a
a
)
)
Inclusividade – permitir que todos os aspectos pertinentes possam
ser medidos;
b
b
)
)
Universalidade – permitir a comparação sob várias condições
operacionais;
c
c
)
)
Mensurabilidade – permitir que as informações relevantes possam
ser medidas; e
d
d
)
)
Consistência – alinhados com as metas da empresa.
Outra característica importante atribuída por Beamon (1999) aos
sistemas de medição de desempenho é a classificação dos seus indicadores.
Por exemplo, dividi-los em indicadores de qualidade, custo, flexibilidade e
tempo. Segundo a autora, desta forma é mais fácil incluir indicadores para
medir desempenhos. Ao classificá-los, também estaremos facilitando
comparações e análises.
Partindo para os indicadores em sí, Beamon (1999) destaca algumas
categorias que aparecem freqüentemente no trabalho de diversos autores, tais
quais “custos” e “atendimento a clientes”, e destaca ainda outras categorias
cuja medição quantitativa apresenta dificuldades como, por exemplo; satisfação
do cliente, performance do fornecedor e gerenciamento de risco.
A utilização isolada de indicadores de desempenho torna-se atrativa pela
simplicidade da aplicação, entretanto, Beamon analisou diversos indicadores
de desempenho utilizados isoladamente para aferir o valor da cadeia, e conclui
que todos apresentam fraquezas quando confrontados com os princípios da
abrangência, universalidade, mensurabilidade e consistência. Considerando
44
que estes princípios se completam, ao isolar, por exemplo, o “custo” como o
indicador da cadeia, observa-se que outras categorias são afetadas como
“atendimento a clientes” e/ou “flexibilidade” e os impactos sobre estas,
negligenciados.
Apesar do “custo” ser um indicador importante e constar na maioria dos
casos como uma das categorias que compõem o modelo de avaliação, não é
incomum que aspectos importantes como, rateios de overhead e
inflexibilidades encontradas pelos atrasos de informações de custos, que
devem constar no cálculo do indicador, nos levem a ter cuidados adicionais ao
tratar o custo como o único medidor da cadeia.
Alguns autores como Maskell (apud BEAMON, 1999), sugerem que a
avaliação da cadeia de suprimentos esteja estreitamente relacionado às metas
estabelecidas pela companhia. Dessa forma, segundo o autor, dois aspectos
devem ser mantidos: a) a companhia deve verificar se o desempenho do
Supply Chain Management está alcançando as metas estabelecidas; e, b) as
pessoas da organização devem concentrar esforços naquilo que está sendo
medido. Assim, ficará bem estabelecido que o desempenho da cadeia está
orientando o rumo da organização.
Nesse sentido, se uma dada organização estabelecer como meta a alta
performance do produto nos seus clientes, o modelo de avaliação deve
relacionar indicadores de performance à qualidade do produto. Da mesma
forma, se esta mesma organização também eleger baixo custo de produção
como uma meta, o modelo deverá também relacionar indicadores de
desempenho voltados para a avaliação dos custos. Feito isso, teremos as
metas da organização e o modelo de desempenho alinhados entre si.
Beamon (1999) constata que a utilização exagerada do custo, deixa de
relevar todos os aspectos pertinentes e, portanto, mal atendendo ao princípio
da abrangência, fatalmente desembocando na falta de alinhamento com as
metas da organização e também negligenciando os possíveis efeitos da
45
“incerteza” futura tornando o Supply Chain Management inflexível para se
adaptar às eventuais mudanças.
Segundo Beamon (1999), as já conhecidas e largamente utilizadas
categorias de indicadores como “custo” e “atendimento a clientes”, há ainda
outra que deve ser considerada para medir o desempenho do Supply Chain
management, a “flexibilidade” da cadeia.
A autora divide em três os blocos fundamentais para a avaliação do
Supply Chain Management, e os classifica como Recursos (mais relacionados
aos custos), Output (relacionados ao atendimento a clientes) e flexibilidade
(relacionados à capacidade de adequação da cadeia a eventuais mudanças).
Os três blocos se relacionam e são interdependentes, portanto, um
sistema de avaliação de desempenho deve manter pelo menos um indicador
para cada um dos três blocos citados que por sua vez devem estar associados
às metas estabelecidas pela organização.
Beamon (1999) ainda relaciona e associa em sua pesquisa uma série de
indicadores a cada bloco. Estes indicadores serão abordados no tópico 4.5 –
Indicadores de desempenho, deste trabalho.
Na subseção, a seguir, verifica-se a existência de um consenso entre
autores no que tange à utilização de indicadores isolados para medir a
performance do SCM.
3.2.3 Abordagem de Lambert e colaboradores
Lambert e Cooper (2000) resumem uma pesquisa em que se entrevistou
cerca de 90 pessoas, em 15 empresas e nove diferentes modelos de cadeia de
suprimentos. As pessoas entrevistadas ocupavam cargos gerenciais
46
distribuídos em diversos processos. Os processos pesquisados incluíram: 1)
Gestão de relacionamento com Clientes; 2) Gestão de serviço a Clientes; 3)
Gestão da demanda; 4) Atendimento a pedidos; 5) Aquisição; 6)
Desenvolvimento de produtos e vendas. Os entrevistados ocupavam posições
gerenciais distribuídas entre as áreas de marketing e vendas, logística,
produção, sistemas de informação, finanças, qualidade e planejamento
estratégico.
A estrutura conceitual do Supply Chain Management, considerada na
pesquisa, baseia-se em três elementos que se inter-relacionam. São eles:
1 – a estrutura do Supply Chain;
7
2 – os processos de negócios do Supply Chain
8
; e
3 – os componentes da gestão do Supply Chain
9
.
Estes três elementos são descritos respectivamente como: as empresas
que constituem a cadeia e a inter-relação entre elas; as atividades através das
quais é transferido valor para os clientes, e as variáveis gerenciáveis através
das quais o negócio é integrado ao longo da cadeia.
Uma descrição mais detalhada de cada elemento é vista a seguir.
Segundo Lambert e Cooper (2000, p.69), todas as companhias têm uma
cadeia de suprimentos, desde a matéria-prima até o consumidor final, no
entanto, “[...] o quanto desta cadeia precisa de gerenciamento depende do
número de fatores associados tais como, a complexidade da produção, número
de fornecedores e a disponibilidade de matérias primas”. A extensão da cadeia
e a quantidade de fornecedores e clientes em cada nível são também fatores a
serem considerados.
7
Supply Chain network structure
8
Supply Chain business processes
9
Supply Chain management components
47
Os recursos disponíveis para uma gestão mais próxima serão
direcionados apenas para aqueles fatores considerados críticos para a
organização.
São três os pontos que devem ser estudados para entender a estrutura
do Supply Chain. Segundo Lambert e Cooper (2000), os membros que a
compõem, as dimensões estruturais da cadeia, e as diferentes ligações entre
os processos ao longo da cadeia.
A identificação dos membros que compõem a cadeia deve se voltar para
aqueles realmente importantes. A identificação de todos os membros
relacionados é contraproducente, quando não, impossível.
Desse modo, os autores os dividem em “membros de linha e membros
de apoio
10
”, e definem os membros de linha do Supply Chain como aquelas
companhias autônomas ou unidades de negócios estratégicos, cujas atividades
relacionadas estão direcionadas para agregar valor a um cliente específico ou
a um mercado. (LAMBERT;COOPER, 2000)
Ao mesmo tempo, classificam os membros de apoio como sendo
aqueles que provêem recursos, conhecimento, utilidades ou ativos para os
membros de linha do Supply Chain.
Vale destacar que a distinção clara entre membros de linha e membros
de apoio nem sempre é tão simples assim, podendo, em algumas empresas,
se confundirem, no entanto, esta conceituação auxilia na definição daqueles
que devem ser destacados para compor o supply shain.
Os autores ainda definem três dimensões fundamentais no processo de
descrição, análise e gestão da cadeia de suprimentos. São elas: 1) A estrutura
horizontal; 2) A estrutura vertical; 3) A posição horizontal da empresa dentro
dos pontos de referência da cadeia.
10
Traduzido do original em inglês: Primary members e Suporting members, respectivamente.
48
A estrutura horizontal refere-se ao número de departamentos ou divisões
que compõem a cadeia. A estrutura vertical refere-se ao número de
fornecedores e clientes identificados nas composições desses departamentos
ou divisões e finalmente, a terceira e última dimensão refere-se ao ponto de
localização da empresa focal. Este pode estar mais próximo da fonte de
matérias-primas (fornecedores), mais próximo do mercado consumidor
(clientes) ou ainda posicionado em um ponto eqüidistante de ambos.
Empresa focal é a empresa objeto da medição de desempenho da
cadeia de suprimentos. Desta forma a empresa focal mantém fornecedores à
sua esquerda e clientes à sua direita, como mostra a Figura 7, a seguir:
Figura 7 – A empresa focal, seus fornecedores e clientes.
Fonte: Elaborado pelo autor
Segundo Lambert e Cooper (2000, p.72), “O sucesso do SCM requer
uma mudança do gerenciamento individual de funções para atividades
integradas dentro de processos-chave da cadeia”.
Em outro estudo, Lambert e Pohlen (2001) aprofundam o entendimento
sobre a necessidade de se desenvolver métricas mais abrangentes que
observem os resultados da cadeia total de suprimentos em substituição às que
são normalmente utilizadas pelas organizações, que medem atividades
isoladas pertencentes ao SCM. Para os autores, a falta de uma definição clara
acerca do SCM, somada à complexidade do seu gerenciamento, torna o
desenvolvimento de indicadores próprios para medir o desempenho do SCM
uma tarefa difícil.
Empresa
Focal
Fornecedores
Clientes
Empresa
Focal
Fornecedores
Clientes
49
Tradicionalmente, os processos da cadeia de suprimentos nas
companhias tendem a operar de forma desconectada, recebendo
esporadicamente fluxo de informações.
Dessa forma, Lambert e Pohlen (2001) concluem que a maximização
dos fluxos e produtos não pode acontecer sem a visualização completa e
sistêmica do negócio.
Um grupo de empresas sem fins lucrativos, em conjunto com
pesquisadores da Universidade do Sul da Flórida e da Universidade do Estado
de Ohio, deu origem, em 1999, ao Global Supply Chain Fórum (GSCF), e
identificaram os processos-chave do SCM, listados a seguir:
a
a
)
)
gestão do relacionamento com clientes;
b
b
)
)
gestão de atendimento a clientes;
c
c
)
)
gestão da demanda;
d
d
)
)
gestão de pedidos;
e
e
)
)
gerenciamento dos fluxos de produção;
f
f
)
)
gerenciamento do processo de aquisição;
g
g
)
)
desenvolvimento de produtos e vendas;
h
h
)
)
produtos ou serviços retornados.
Lambert e Pohlen (2001), baseados no pressuposto de que nem todos
os processos do SCM devem sofrer o mesmo nível de monitoramento,
subdividem estas interdependências em quatro grupos, a saber:
a) gerenciáveis do processo;
b) monitoráveis do processo;
c) não gerenciáveis do processo; e
d) entre membros não pertencentes ao processo.
O primeiro grupo refere-se àqueles processos nos quais a empresa julga
importante manter a sua gestão e integração. O segundo grupo está
relacionado a interfaces não-críticas para a empresa focal, no entanto, são
50
processos que devem ser bem administrados e integrados pelas outras
companhias conectadas à cadeia e, desta forma, sofrem o monitoramento ou
auditoria da empresa focal, periodicamente. O terceiro grupo é formado por
relações julgadas não-críticas nos quais a empresa focal não está diretamente
envolvida e simultaneamente não julga necessário alocar recursos para
monitorá-los, confiando esta tarefa às outras empresas associadas à cadeia.
Finalmente, o quarto grupo considera os efeitos impostos ao SCM da empresa
focal por outras cadeias concorrentes. Por exemplo, um importante fornecedor
da empresa focal é ou pode ser também fornecedor do principal concorrente e,
dessa forma, um membro não pertencente à cadeia da empresa focal pode
freqüentemente afetar o desempenho do SCM.
Os “componentes da gestão da cadeia de suprimentos” são
considerados por Lambert e Cooper (2000, p.77) como o terceiro pilar da
estrutura do Supply Chain. Em levantamentos feitos pelos autores em literatura
pertinente e pesquisa realizada junto a um universo de cerca de 90 gerentes,
foram identificados nove componentes gerenciais considerados importantes
para o sucesso da cadeia de suprimentos. A seguir, descrevem-se os mais
associados ao foco deste trabalho.
a) Planejamento e Controle
O planejamento e o controle das operações são fundamentais para o
sucesso da performance da cadeia. Segundo Lambert e Cooper (2000,
p.77), “os aspectos de controle podem ser operacionalizados como as
melhores métricas para medir o desempenho do Supply Chain.”
b) Estrutura de trabalho
A estrutura de trabalho indica como a empresa desenvolve as suas
atividades. Segundo Lambert e Cooper (2000), o nível de integração dos
processos, ao longo da cadeia, é uma medida para a estrutura
organizacional.
51
c) Estrutura organizacional
Está relacionada individualmente a empresa focal. Para Lambert e
Cooper (2000), o uso de equipes interdisciplinares sinaliza uma maior
aproximação dos processos.
d) Estrutura do fluxo do produto
Refere-se à estrutura destinada ao suprimento, manufatura e
distribuição dos produtos ao longo do Supply Chain. Segundo o autor,
“Sendo os estoques necessários ao sistema, alguns membros da cadeia
mantêm volumes desproporcionais. Como é menos oneroso manter
produtos em processo (ou ainda semi-acabados) do que manter
produtos acabados, os membros da parte superior da cadeia acabam
por arcar com uma porção maior desta carga.” Lambert e Cooper (2000)
ratificam ainda que a racionalização de estoques na cadeia acaba por
afetar todos os membros envolvidos.
e) Estrutura do fluxo de informações
O tipo de informação que passa entre os membros ao longo da cadeia e
a freqüência de atualização destas informações têm influência decisiva
na eficiência do Supply Chain Management. Este deve ser o primeiro
componente a integrar parte ou a totalidade da cadeia.
O trabalho propõe ainda uma divisão dos componentes em dois grupos.
O primeiro formado pelos componentes físicos e técnicos, considerados
visíveis, tangíveis e mensuráveis. Já o segundo grupo compreende
aqueles componentes cuja visibilidade e medição não são simples,
assim como é complexa também a intervenção para alterar os referidos
componentes.
A Figura 8 apresenta a divisão proposta no referido estudo:
52
Figura 8 - Componentes fundamentais para o gerenciamento da cadeia de suprimentos.
Fonte: Lambert; Cooper (2000)
Finalmente, Lambert e Cooper (2000, p. 72) concluem afirmando que
“[...] o sucesso da integração da gestão de processos-chave dos membros da
cadeia de suprimentos será o ponto determinante para o bom desempenho de
cada empresa individualmente”.
A necessidade de se desenvolver indicadores (ou métricas) específicos
para avaliar o SCM sob uma ótica global, requer, segundo Lambert e Pohlen
(2001, p. 4), mais pesquisa. Os autores listam em seguida, alguns fatores que
justificam esta afirmação, destacando-se os principais:
- a falta de métricas que capturem o desempenho ao longo de toda a
cadeia de suprimentos;
- a necessidade de avançar além dos indicadores de desempenho focados
nas partes, e desenvolver indicadores focados no todo;
- a necessidade de determinar a inter-relação entre a estratégia global da
empresa e o desempenho do SCM;
53
De acordo com Lambert e Pohlen (2001), os executivos continuam
tentando interpretar e determinar as formas de gerenciar o Supply Chain das
companhias e alcançar o seu potencial de contribuição, e conclui afirmando
que “Métricas integradas permitem que a gestão da empresa se volte para a
competitividade global do SCM e possa definir para onde direcionar esforços
de modo a maximizar os resultados” (LAMBERT; POHLEN, 2001, p. 15)
Na próxima subseção outros autores estudados ratificam que o
acompanhamento isolado de indicadores de performance, apesar de ser a
prática comum observada em muitas organizações, não é produtivo sob uma
perspectiva global da cadeia.
3.2.4 Abordagem de Gunasekaran, Patel e Tirtiroglu
Segundo Gunasekaran, Patel e Tirtiroglu (2001), as empresas
reconhecem o potencial existente na gestão da cadeia de suprimentos, no
entanto, freqüentemente deixam de ter indicadores de performance e uma
efetiva estrutura de avaliação, e com isso perdem a oportunidade de viabilizar a
efetiva implantação de uma cadeia integrada de suprimentos.
O acompanhamento de indicadores isoladamente não garante a
maximização da produtividade, e esta tem sido a prática mais comum nas
empresas. (LEE; BILIGNTON apud GUNASEKARAN; PATEL; TIRTIROGLU,
2001)
Os autores colocam ainda a necessidade de se estudar indicadores e
modelos de medição da cadeia, principalmente pelas duas razões a seguir:
54
a) a falta de equilíbrio entre indicadores financeiros e não-financeiros
acompanhados pelas companhias, associados ao grande número de
indicadores acompanhados, e
b) a falta de clareza entre os indicadores de natureza estratégica, tática e
operacional.
Portanto, o acompanhamento, segundo os autores, deve associar
indicadores nos níveis estratégico, tático e operacional e ainda classificá-los,
equilibradamente, entre financeiros e não-financeiros. Isto posto, a avaliação
da cadeia de suprimentos se dá através da integração dos quatro processos a
seguir: 1) planejar; 2) suprir; 3) produzir; e 4) entregar
11
.
Em seguida, os autores discorrem sobre as medidas e métricas mais
apropriadas para avaliar a cadeia.
Os autores destacam a importância de se controlar a utilização da
capacidade produtiva. A utilização da capacidade de produção afeta
diretamente a rapidez da resposta à solicitação do cliente. Portanto, “[...]
domínio e controle são necessários para ganhar flexibilidade, tempo e rapidez
na entrega”.(SLACK apud GUNASEKARAN; PATEL; TIRTIROGLU, 2001, p. 5)
Assim, a introdução de técnicas voltadas para o planejamento de
atividades tem um enorme impacto sobre os níveis de estoques mantidos para
atender a estas demandas. Portanto, as boas práticas de planejamento têm um
impacto decisivo sobre o desempenho da cadeia de suprimentos.
Segundo Gunasekaran, Patel e Tirtiroglu (2001), a agilidade no
atendimento do pedido tem destacada importância, cuja eficiência, dentre
outras formas, pode ser medida pelo tempo entre a colocação do pedido e a
efetiva entrega do produto ao cliente
12
.
Outro ponto destacado pelos autores é a associação entre as partes da
cadeia e seus indicadores correspondentes. A competitividade da cadeia está
11
Do inglês (1) plan; (2) source; (3) make/assemble; e (4) delivery/customer.
12
Conhecido em inglês como order lead-time.
55
diretamente relacionada à sua conectividade. A rápida resposta de um
fornecedor pode ser decisiva para o sucesso do negócio e está associada à
satisfação do cliente no outro extremo da cadeia. A parceria entre compradores
e fornecedores tem tido cada vez mais a atenção das empresas; pesquisas e
títulos em torno do assunto têm crescido de forma significativa.
Dessa forma, as avaliações do fornecedor e do comprador não são mais
suficientes. A avaliação deve repousar sobre a associação entre as partes e
medir seu desempenho, e também ser capaz de maximizar seus resultados
conjuntos.
A avaliação dos níveis de produção e seus indicadores também são de
fundamental importância para os autores.
Para os autores, outro ponto fundamental seria a avaliação do
desempenho das entregas. Este é certamente a parte da cadeia que lida
diretamente com a satisfação dos clientes. Em qualquer modelo de distribuição,
o canal de distribuição, a programação de transportes, e a localização dos
centros de distribuição, têm um papel fundamental para a eficiência das
entregas. (GUNASEKARAN; PATEL; TIRTIROGLU, 2001). Entre os
indicadores mais utilizados para medir o desempenho das entregas está a
“entrega no prazo”.
13
Este e outros indicadores serão vistos com mais detalhes
no quinto capítulo deste trabalho.
A flexibilidade para atender necessidades específicas dos clientes tem
se transformado num importante diferencial e influenciado a decisão dos
clientes em formularem pedidos e, portanto, pode ser considerada como um
importante indicador para manter e ganhar novos clientes. (GUNASEKARAN;
PATEL; TIRTIROGLU, 2001)
Ainda dentro deste item, temos os custos de distribuição como um dos
mais importantes braços da cadeia. O domínio e o controle dos custos
13
Do inglês: on time delivery
56
associados à distribuição dos produtos são fundamentais para o resultado final
obtido pela cadeia. A capacidade de estabelecer paralelos e encontrar o melhor
equilíbrio na relação “custo x benefício” entre o número de centros de
distribuição disponíveis, escala de expedições, modais de transporte, etc. são
essenciais para o SCM. Thomas e Griffin (1996 apud GUNASEKARAN;
PATEL; TIRTIROGLU, 2001, p.3), consideram que, “[...] Isoladamente, o maior
dos custos de distribuição é o custo com transportes. Freqüentemente
compromete 50% do custo total com a logística.”
Os custos da cadeia são vistos mais detalhadamente no capítulo 4 desta
pesquisa.
Os autores avançam na determinação de medidas e métricas para
avaliar a cadeia e definem como fundamental a avaliação da satisfação dos
clientes. O cliente é a verdadeira razão do esforço imprimido para manter uma
cadeia de suprimentos eficaz.
Sem um cliente satisfeito, o exercício de aplicação de estratégias
globais à cadeia de suprimentos pode ser custoso e inútil. Para
que o desempenho efetivo da cadeia seja medido, as metas do
Supply Chain devem estas associadas à satisfação dos clientes
(LEE; BILLINGTON apud GUNASEKARAN; PATEL;
TIRTIROGLU, 2001, p.8)
A importância da flexibilidade aparece mais uma vez, agora associada
diretamente com a satisfação dos clientes. Para Gunasekaran, Patel e Tirtiroglu
(2001) ser flexível é disponibilizar os produtos ou serviços demandados
individualmente pelos clientes.
Portanto, definindo flexibilidade como uma métrica e através de
sua avaliação, as companhias podem alcançar o que antes
parecia impossível: responder rapidamente e atender os desejos
dos clientes individualmente. (GUNASEKARAN; PATEL;
TIRTIROGLU, 2001, p. 8)
Finalmente, os autores discorrem sobre os custos financeiros e custos
logísticos do Supply Chain. A avaliação da performance dos custos financeiros
57
do Supply Chain deve considerar todas as partes que compõem a cadeia. É
preciso ter cuidado, já que a ação sobre uma área afetará certamente os
custos relacionados a outras áreas. O ideal seria ter um mecanismo com
orientação logística, que identificasse os custos associados a cada atividade,
assim como os impactos que estes causam nas outras.
O ciclo financeiro
14
é um poderoso indicador para medir a eficiência
financeira da cadeia de suprimentos. Este indicador será melhor detalhado no
capítulo 4.
Os estoques são neste cenário motivo de atenção constante, visto que
neles se concentra uma relevante soma de capital de giro. Segundo Pyke e
Cohen (apud GUNASEKARAN; PATEL; TIRTIROGLU, 2001), a preocupação
com os estoques pode ser julgada a partir do fato de que aproximadamente
50% dos ativos circulantes de muitas companhias estão alocados aos
estoques. Desse modo, considerando que ao longo da cadeia de suprimentos
encontramos estoques de matérias-primas, materiais auxiliares, produtos em
processo, produtos acabados e produtos em trânsito, conclui-se que os custos
associados a estes estoques devem ser mensurados; assim, medidas
adequadas para mantê-los sob controle devem ser implantadas.
Alguns conceitos destacados por Gunasekaran, Patel, Tirtiroglu (2001),
reaparecem, na subseção a seguir, no trabalho de pesquisa intitulado World
class logistics, reforçando, assim, a sua importância.
14
Do inglês cash to cash management. É o tempo medido em dias, entre o pagamento referente ao conjunto de
aquisições (pagamento a fornecedores) e o retorno decorrente do recebimento de clientes.
58
3.2.5 Abordagem do World class logistics
O World class logistics foi desenvolvido em conjunto com executivos de
112 companhias, em três continentes (América do Norte, Europa e Ásia), que
abriram suas portas para os pesquisadores da Michigan State University (MSU)
e também para 11 associações internacionais de profissionais de logística, que
tiveram seus membros também envolvidos na construção da base da pesquisa.
O trabalho é resultado de dez anos de pesquisa conduzidos por alunos
do doutorado em gestão de logística e Supply Chain da Michigan State
University (MSU), e é a terceira pesquisa do gênero conduzida por este grupo.
Vale ressaltar que o termo “logística” tinha à época (1995), maior
expressão do que o termo Supply Chain Managment (SCM), apesar do
trabalho tratar dos mesmos processos envolvidos. Assim, o entendimento
destes termos, especificamente neste tópico do trabalho, deve ser assumido
com o mesmo sentido.
O objetivo central da pesquisa conduzida pelos pesquisadores da MSU
era entender como as melhores companhias ao redor do globo alcançavam e
mantinham a excelência nos padrões logísticos.
Adicionalmente a este objetivo principal, a pesquisa ainda tinha quatro
outras importantes metas, a saber: 1ª generalização – elaborar e entender
melhor os aspectos fundamentais de uma performance superior em logística,
2ª universalidade – confirmar a crescente certeza de que as capacidades e
práticas da excelência em logística eram basicamente as mesmas entre as
empresas das nações industrialmente desenvolvidas, 3ª dinâmicas –
desenvolver um melhor entendimento sobre como gerentes de logística devem
se comprometer com os impactos de grandes mudanças e 4ª relevância –
desenvolver elementos factuais para evidenciar e identificar processos
relacionados à excelência em logística.
59
A pesquisa teve sucesso reconhecido no tocante ao alcance das três
metas citadas. Algumas conclusões do trabalho estão listadas a seguir:
a) o modelo universal do World class logistics continuará a envolver e
descrever uma disciplina madura;
b) estratégias de logística vão alcançar vantagens competitivas crescentes
sendo finalmente direcionadas para as necessidades específicas dos
clientes;
c) o estabelecimento e a manutenção de fortes relacionamentos de Supply
Chain terão ênfase crescente;
d) sistemas de medição de desempenho de SCM serão ampliados em
escopo e importância.
Outras conclusões foram evidenciadas, no entanto, para este trabalho, o
foco se manterá sobre a última conclusão.
A pesquisa do World class logistics baseou-se em quatro competências.
A primeira, posicionamento, a segunda, integração, a terceira, agilidade (e
flexibilidade) e a quarta mensuração. Este capítulo analisará os aspectos
relacionados a esta última competência “mensuração”.
De acordo com o World class logistics (MICHIGAN STATE
UNIVERSITY, 1995, p. 218), medir o desempenho é fundamental para atingir
níveis de excelência. Isto posto, são três as capacidades citadas pelos
executivos entrevistados, que descrevem a natureza do que é medido.
Se se move, nós medimos. Medimos quanto custa para se
mover, quais recursos são usados, se o movemos para o local
correto sem danos e quanto tempo leva para chegar. Se não se
move, mensuramos quanto tempo fica parado e quais os
recursos empregados enquanto não se move. A estrutura se
aplica para medir produtos, pessoas e equipamentos.
Finalmente, tentamos medir quão bem o fazemos e o
comparamos com outros que também o fazem. (MICHIGAN
STATE UNIVERSITY, 1995, p. 217)
60
Em primeiro lugar, para que se possa medir o desempenho é necessário
compreender as funcionalidades de perto em torno de diversas áreas. Gestão
de ativos, custos, clientes, produtividade e qualidade são aspectos críticos para
o bom desempenho do SCM.
Segundo o World class logistics (MICHIGAN STATE UNIVERSITY,
1995, p 218), empresas de classe mundial demonstram ter compromisso e
capacidade para acessar as operações de forma mais abrangente e profunda
do que outras companhias. A capacidade de acesso dessas empresas inclui
uma gama de métricas e forte foco no uso dos resultados encontrados como
forma de guiar a tomada de decisão.
Em seguida, como segunda capacidade, aparece o foco num grande
espectro de métricas compreensíveis, voltadas para o controle dos custos e
para a satisfação dos clientes.
Finalmente, a terceira capacidade seria a possibilidade do sistema de
avaliação comparar os seus indicadores com os de outras empresas.
Na próxima subseção, em Bowersox, Closs e Cooper (2006), verifica-se
o consistente alinhamento com os conceitos verificados pelo World class
logistics, já que estes autores também utilizam os resultados dessa pesquisa
para sustentar suas conclusões.
3.2.6 Abordagem de Bowersox, Closs e Cooper
De acordo com Bowersox, Closs e Cooper (2006, p. 448), a máxima
popular que afirma que “o que não dá para avaliar, não dá para gerenciar” se
aplica perfeitamente à cadeia de suprimentos e, portanto, estabelece que deve
ser desenvolvida uma estrutura para avaliação financeira e do desempenho do
SCM.
61
Os autores afirmam que são três os objetivos de um sistema de
avaliação: 1) O monitoramento, relacionado ao estabelecimento de métricas
para o acompanhamento e suporte à gerência, 2) O controle, que é exercido
sempre que os padrões definidos e relacionados a cada métrica estabelecida
não atingem os patamares esperados de desempenho e, portanto, requerem
ajustes por parte da gerência, e 3) O direcionamento, relacionado à motivação
e às recompensas associadas ao desempenho das pessoas.
Ainda para esses autores, um sistema de avaliação deve atender as
expectativas dos acionistas, assim, o foco do desempenho da cadeia deve
estar nos pontos onde os impactos sobre o valor percebido pelos acionistas se
mostrem com maior intensidade. A Figura 9 mostra graficamente a divisão
entre excelência operacional e utilização dos ativos, proposta pelos autores.
As dimensões “clientes” e “custos” aparecem como os dois pilares
associados à excelência operacional, enquanto as reduções associadas ao
“capital fixo”, que podemos também chamar de ativos, tal como as reduções
associadas ao “capital de giro” aparecem como componentes do bloco
denominado pelos autores como “utilização de ativos”.
Bowersox, Closs e Cooper (2006) baseiam-se na pesquisa realizada
pela Michigan State University intitulada World class logistics: the challenge of
managing continuous change para definir o que neste trabalho chamamos,
desde o início, de dimensões da cadeia e os autores aqui as denominam de
categorias.
Uma pesquisa realizada ao longo de anos indica que as medidas
funcionais do desempenho logístico podem ser classificadas nas
seguintes categorias: (1) Custos, (2) Serviços aos cientes, (3)
qualidade, (4) produtividade e (5) gestão dos ativos.
(BOWERSOX; CLOSS; COOPER, 2006, p. 449)
62
Figura 9 - Componentes da excelência operacional e utilização de ativos.
Fonte: Bowersox; Closs; Cooper (2006)
A seguir, serão observadas as cinco categorias, custos, clientes,
qualidade, produtividade e gestão de ativos, destacadas pelos autores.
a) Custos
Os autores classificam os custos como o reflexo mais direto sobre as
operações. Partindo do princípio de que o custo mensura, em dinheiro, o
desempenho de cada processo, é possível avaliar, por exemplo, os
processos de armazenamento, expedição, distribuição, processamento
de pedidos, individualmente. Os custos podem ainda ser avaliados
como percentuais de participação dos principais processos tais como
percentuais das vendas. A comparação histórica destes indicadores,
trazem as respostas necessárias para apoiar o processo de ação sobre
os resultados observados.
63
Bowersox, Closs e Cooper (2006) destacam ainda que uma série de
indicadores pode ser extraída dessas relações e que estes dependem
da adaptabilidade à cada tipo de negócio.
A solução é os executivos de logística identificarem as métricas
mais apropriadas para suas empresas e aplicá-las regularmente
ao longo do tempo, para permitir que as atividades sejam
controladas e direcionadas. (BOWERSOX; CLOSS; COOPER,
2006, p. 450)
b) Clientes
Os autores definem o atendimento como o foco principal dessa
dimensão e a subdividem em disponibilidade, desempenho operacional
e confiabilidade dos serviços. Para medir essa dimensão, eles oferecem
uma série de indicadores (métricas), que serão vistos no capítulo 5
associados a outros encontrados na literatura.
c) Qualidade
Esta dimensão é colocada por Bowersox, Closs e Cooper (2006) como a
forma de medir a qualidade das operações logísticas. Neste caso, os
autores se referem àquelas atividades que são medidas e têm seus
problemas associados descobertos antes de chegarem aos clientes e se
transformarem em reclamações. São bons exemplos dessa dimensão:
1) O índice de coletas corretas, que mostra a razão entre o total de
coletas corretas nos depósitos pelo total de coletas ou 2) Danos no
embarque, razão entre o total de avarias por embarque dividido pelo
total de efetuados.
d) Produtividade
A produtividade é segundo Bowersox, Closs e Cooper (2006), um
conceito básico que é essencialmente a razão entre os insumos
somados aos recursos entrantes e os produtos e serviços resultantes.
64
No entanto, frente a algumas dificuldades específicas, este conceito
pode ser de difícil mensuração.
[...] (1) se houver dificuldade em avaliar os produtos...;(2) se os
compostos ou tipos de insumos e produtos sofrerem constantes
alterações; (3) e se os dados forem difíceis de serem obtidos ou
estiverem indisponíveis. (BOWERSOX; CLOSS; COOPER,
2006 p. 451)
Ainda segundo esses autores, uma das formas mais utilizadas pelos
executivos da área, para medir a produtividade, ainda repousa sobre os
indicadores de mão-de-obra, no tocante às despesas com pessoal,
horas trabalhadas, e número de empregados.
Encontram-se ainda listados nesta literatura outras métricas
relacionadas pelos autores, à dimensão produtividade. Essas métricas
serão tratadas no item 4.5 deste trabalho.
e) Gestão de ativos
Voltada para os gastos de capital em novas instalações, compra de
equipamentos e também focada no capital de giro e inventários, é
sabido que os gastos com estes componentes são relevantes para o
negócio e, por conseguinte, para a gestão do Supply Chain. “As
instalações logísticas, equipamentos e inventários representam uma
parcela substancial dos ativos de uma empresa.” (BOWERSOX;
CLOSS. COPPER, 2006, p. 452)
No próximo capitulo serão estudadas as dimensões e os indicadores de
desempenho da cadeia de suprimentos, verificados neste terceiro capítulo.
65
4 AS DIMENSÕES E OS INDICADORES DA CADEIA DE SUPRIMENTOS
Em 1999, o The Performance Measurement Group (PMG), uma
subsidiária do Management Consultants, publicou os resultados de uma
pesquisa de Benchmarking (comparação de resultados com os melhores
índices), envolvendo todos os processos que englobam a cadeia de
suprimentos (Supply Chain).
O trabalho usou como referência o SCOR model e teve o apoio do
Supply Chain Council (SCC). Pesquisou 110 organizações na América do
Norte, Europa e Ásia envolvendo os mais relevantes setores da indústria.
O PMG examinou empresas de classe mundial e seus desempenhos
associados a clientes, custos, flexibilidade e rentabilidade, com o objetivo de
apoiar as companhias a avaliarem seus resultados frente aos melhores
desempenhos dos melhores produtores (Best in Class
15
).
Assim como foi verificado no trabalho do PMG, que elegeu as
dimensões clientes, custos, flexibilidade e rentabilidade, para medir o
desempenho do SCM, neste capítulo busca-se identificar as dimensões que
representam os processos de negócios que compõem a cadeia e a
convergência entre estas dimensões encontradas em cada autor e modelo
estudado.
Em todos os modelos analisados, verifica-se que os indicadores de
desempenho são categorizados no que aqui chamamos de dimensões da
cadeia. O Quadro 4, a seguir, agrupa as principais dimensões identificadas em
cada modelo e destaca seus autores.
15
Termo em inglês utilizado para referenciar empresas que apresentam os melhores resultados nos setores
em que atuam.
66
Autores e trabalhos
Dimensões da cadeia
(Classificação de processos)
Modelo SCOR
Confiabilidade, Responsabilidade, Flexibilidade,
Custos e gestão ativos
Beamon Custos, Clientes e Flexibilidade
Lambert e colaboradores Custos, Clientes e Flexibilidade
Gunasekaran, Patel e Tirtiroglu Custos, Clientes e Flexibilidade
Michigan State University Clientes, Custos, Produtividade, Qualidade,
gestão de ativos
Bowersox, Closs e Cooper Clientes, Custos, Produtividade, Qualidade,
gestão de ativos
Quadro 4 - Dimensões de SCM
Fonte: Pesquisa do autor
Identificadas às dimensões encontradas nos modelos pesquisados,
selecionamos, para este trabalho, quatro dimensões principais, a saber:
Clientes, Custos, Flexibilidade e Rentabilidade. Nesta última, estão agrupados
os indicadores que aparecem, nos modelos da literatura, separados entre as
dimensões “produtividade” e “gestão de ativos”.
Estas quatro dimensões foram escolhidas por serem aquelas que
aparecem com destaque na literatura pesquisada. Outras dimensões a
exemplo de qualidade, segurança, entre outras, não serão tratadas neste
trabalho.
Nas seções 4.1 a 4.4, a seguir, descreve-se cada dimensão, mas,
principalmente, unificam-se os conceitos acerca de cada uma delas, definidas
para orientar a investigações na pesquisa deste trabalho.
67
4.1 DIMENSÃO CLIENTES
Segundo Blanding (apud BALLOU, 2006), os serviços a clientes referem-
se, especificamente, ao processo de vendas que começa normalmente com a
formalização do pedido, e culmina com a entrega das mercadorias ao cliente,
embora em uma variedade de situações possa ter continuidade na forma de
serviços de apoio ou manutenção de equipamentos, ou qualquer outra
modalidade de suporte técnico.
Um programa de serviços ao cliente precisa identificar e priorizar
todas as atividades exigidas para satisfazer as exigências
logísticas de clientes, tão bem ou melhor que os competidores.
Ao estabelecer um programa de serviço ao cliente, é
imprescindível identificar padrões claros de desempenho para
cada uma das atividades e medidas relativas a esses padrões.
(BOWERSOX; CLOSS, COOPER, 2006, p.76)
Ainda segundo Bowersox, Closs e Copper (2006), são sete os direitos
certos que devem ser garantidos aos clientes: a quantidade certa, o produto
certo, no tempo certo, no lugar certo, na condição certa, no preço certo, e com
a informação certa.
Portanto, a dimensão clientes engloba todas as métricas que têm como
objetivo a avaliação da percepção do cliente relacionada aos produtos e
serviços oferecidos. Busca avaliar a rapidez e a confiabilidade da
disponibilização dos itens encomendados (HESKETT apud BALLOU, 2006) e
abranger o produto no tocante à sua qualidade e performance. Também
procura avaliar a eficácia dos serviços prestados seja no campo da logística ou
no que se refere à assistência técnica.
68
4.2 DIMENSÃO CUSTOS
A pesquisa realizada pelo PMG, citada na introdução deste capítulo,
conclui que as melhorias alcançadas na maioria das indústrias têm conduzido
os processos a uma maior flexibilidade, no entanto, este esforço tem sido feito
sem acrescentar custos seja aos inventários (estoques), seja via investimentos.
Segundo Fleury (2000, p.40), “Pesquisas preliminares sobre os ganhos
que podem ser obtidos pela utilização correta do conceito de SCM, indicam que
as empresas tem obtido reduções substanciais nos custos operacionais da
cadeia de suprimentos.”
Executivos e gerentes têm procurado ser cada vez mais acurados no
que tange a projeções mais assertivas e ciclos de produção mais eficazes para
responder rapidamente às demandas de mercado. Segundo a Managment
Consultants (1999) “empresas de classe mundial agora operam com menos de
40 dias de inventário ao longo da cadeia de suprimentos.”
Uma das conclusões mais expressivas da pesquisa conduzida pelo PMG
revela que as companhias líderes de mercados têm reduzido seus custos para
algo em torno de 4 a 5% das vendas, gastando, dessa forma, de 5 a 6% menos
na cadeia de suprimentos do que gastam empresas de desempenho mediano.
Assim, segundo o PMG, “[...] companhias com US$ 500 milhões em vendas por
ano, tem de US$ 25 a 30 milhões de vantagem sobre as outras, a cada ano”.
(MANAGMENT CONSULTANTS, 1999). Um dos executivos entrevistados
afirmou: “Se você quer ser uma empresa de classe mundial, seu custo total
com SCM tem que estar abaixo de 5% das vendas”.
Dessa maneira, a dimensão Custos da cadeia incorpora todos os custos
relevantes em quaisquer fases da cadeia de suprimentos. (MICHIGAN STATE
UNIVERSITY, 1995, p.229). Esta abrangência é maior ou menor em função do
modelo empregado em cada organização, no entanto, segundo o World Class
69
logistics (1995), como medida de performance, o custo total é muito mais
relevante que quaisquer outros, individualmente. De forma geral, estão
relacionados todos os custos associados à aquisição de matérias-primas,
materiais de manutenção, químicos e outros materiais auxiliares. Ainda estão
relacionados os custos de manutenção de estoques, embalagens distribuição,
fretes, enfim, todos os processos que constituem a logística da empresa.
Aparecem também, nesta dimensão, os custos relacionados às
reclamações de clientes, desde os intangíveis (atrasos) como os relacionados
a avarias no produto ou embalagens ou mesmo os custos incorridos por falhas
de especificação de produto.
4.3 DIMENSÃO RENTABILIDADE
Nesta dimensão estão relacionados os indicadores de rentabilidade e
produtividade da cadeia de suprimentos. São índices que estabelecem relação
entre custos e receitas ou geração de caixa (EBITDA). Também estão incluídos
nesta dimensão os indicadores de tempos como os de recebimento, giro de
estoques, prazo de compras, etc.
Segundo Bowersox, Closs e Cooper (2006, p.432), aqui estão
focalizados a utilização de investimentos de capital nas instalações e
equipamentos, bem como o capital de giro investido em inventários.
Os inventários representam parcela substancial dos ativos de uma
empresa. Para empresas do ramo petroquímico e, principalmente, para
aquelas cujas principais matérias-primas vêm de fontes externas, os
inventários podem chegar, em certos períodos, a um quarto do faturamento.
Isso exige da empresa um relevante capital de giro para operar o negócio.
70
As empresas normalmente utilizam o giro do estoque como medida de
desempenho no tocante a inventários. Esta métrica pode ser calculada de mais
de uma maneira, em certo período de tempo, como demonstrado abaixo:
De acordo com Bowersox, Closs e Cooper. (2006, p. 452), a maioria das
empresas aprimorou de forma substancial os seus sistemas de avaliação
funcional nos últimos dez anos. O número de métricas específicas aumentou e
a qualidade das informações melhorou, certamente impulsionadas pela
implantação de Enterprice Resource Planning (ERP), nas empresas de ponta.
4.4 DIMENSÃO FLEXIBILIDADE
Segundo Christopher (2000), a turbulência e a volatilidade dos mercados
têm forte impacto sobre produtos com ciclo de vida mais curtos que em
economias globalizadas, têm criado incertezas adicionais.
71
Embora a flexibilidade tenha tido sua aplicação limitada na cadeia de
suprimentos, existem uma série de vantagens em flexibilizar a cadeia
(BEAMON, 1999, p.7). Ainda segundo Beamon (1999), flexibilidade está
relacionada à habilidade da cadeia em dar resposta diante de um ambiente em
constantes mudanças. É, portanto, definida como a capacidade da cadeia de
suprimentos em se adaptar a novas condições de mercado e/ou demanda sem
afetar o custo de produção, a qualidade do produto e/ou o nível do serviço
prestado aos clientes.
De acordo com o livro World class logistics, publicado pela Michigan
State University (1995, p. 213), ser flexível simplesmente significa que uma
empresa tenha conceituado e implementado formas de evitar as armadilhas de
uma logística antecipada. E continua acrescentando que flexibilidade é muito
mais importante para a competência logística do que permite o seu
entendimento tradicional. Quer dizer que existe “capacidade extra” que
rapidamente pode impactar positivamente a um cliente ou aproveitar uma
oportunidade de redução de custos.
Ainda segundo Christopher (2000), agilidade é a ampla capacidade que
abrange estruturas organizacionais, sistema de informação e processos
logísticos, portanto, uma característica fundamental da agilidade é a
flexibilidade.
Para Beamon (1999), o conceito de flexibilidade, que raramente é usado
em análises de Supply Chain, pode mensurar a habilidade de um sistema de se
adaptar a variações de volumes e programações flutuantes de fornecedores,
produtores e clientes.
São exemplos de flexibilidade da cadeia os tempos necessários para re-
planejar atividades, tempo de resposta para suprir, para produzir ou ainda para
atender um pedido. São muitas as vantagens de ter uma cadeia de
suprimentos flexível tais quais: a) redução do número de pedidos com atraso,
b) redução do % de vendas perdidas, c) habilidade para combater com
agilidade produtos concorrentes, entre outras.
72
Dessa forma, a dimensão que neste capítulo chamamos de Flexibilidade
da Cadeia está relacionada às capacidades organizacionais para rapidamente
se adaptar às tendências do mercado e necessidades dos clientes. Christopher
(2000, 37) assinala que, “para responder melhor às necessidades do mercado
e preciso mais do que velocidade. É preciso um alto grau de maleabilidade que
hoje denominamos com o termo de Agilidade.”
4.5 INDICADORES DE SCM
Partindo das quatro dimensões encontradas na literatura e eleitas neste
trabalho para compor a cadeia de suprimentos ou Supply Chain Management
(SCM), poderíamos agora eleger indicadores e associa-los a cada uma dessas
dimensões, visto que a literatura apresenta diversos indicadores de
desempenho aplicáveis a cada dimensão.
Da mesma forma, os modelos apresentados no terceiro capítulo,
também trazem indicadores associados às suas propostas. No entanto, de
maneira geral, todos os indicadores que podem ser associados a cada
dimensão são conhecidos e utilizados em grande escala para medir o
desempenho isolado de uma atividade ou processo.
No Apêndice C desta dissertação estão apresentados, alguns
indicadores que foram utilizados para orientar os entrevistados, mas que não
esgotavam outras opções disponíveis, conhecidas e, principalmente, utilizadas
pelas empresas entrevistadas. A metodologia utilizada para orientar a pesquisa
está detalhada no capítulo 5.
Em mais de um caso, os executivos que participaram das entrevistas
agregaram às opções apresentadas, outros indicadores pertinentes e utilizados
em suas organizações.
73
Grande parte dos indicadores utilizados como exemplos orientativos,
foram retirados do World class logisitcs (MICHIGAN STATE UNIVERSITY,
1995, p.217), principalmente por apresentar uma série bastante extensa de
indicadores de performance.
Merece atenção o fato de que um mesmo indicador de desempenho
pode ser calculado por mais de um método. Um exemplo disso está exposto
abaixo, onde três formas diferentes de se medir o indicador Tempo médio de
produto em estoque, são apresentadas.
Desse modo, empresas distintas podem usar o mesmo indicador para
medir o desempenho de um determinado processo, e, no entanto, calculá-lo
usando formas alternativas, que apesar disso, não descaracterizam os
resultados observados.
As várias alternativas de cálculo para o mesmo indicador, certamente,
constituem-se como uma das principais razões da dificuldade de se comparar
indicadores entre empresas concorrentes ou, entre setores afins. Para se
estabelecer um Benchmarking legítimo, é preciso ter a garantia de que se está
comparando indicadores calculados da mesma forma. Ribeiro (2003, p.108)
completa
74
[...] O grande desafio da utilização do benchmarking está
relacionado à dificuldade de se garantir a comparabilidade dos
processos. Isso se dá basicamente por dois motivos: 1.
Diferenças na segmentação dos processos e forma de cálculo
dos indicadores de desempenho; e 2. Diferenças estruturais das
empresas, relacionadas às características particulares como
número de instalações, perfil dos clientes e estratégia de nível
de serviço, entre outras.
Continuando, esse autor ainda registra que
A Obtenção e Análise de Dados também exige alguns cuidados,
principalmente na coleta de dados dos parceiros e comparação
de processos. Garantir que os dados quantitativos coletados
sejam comparáveis não costuma ser tarefa fácil. (RIBEIRO,
2003, p.101).
Como será visto no quinto capítulo, esta pesquisa não pretende estudar
as formas de calcular os indicadores apontados pelas empresas pesquisadas.
O foco reside na atividade e/ou processo medido, não importando a forma
como se executa o cálculo.
75
5 ESTUDO DE CASO
Neste capítulo detalha-se a metodologia aplicada ao estudo de caso.
Também são apresentadas as empresas pesquisadas e os resultados
encontrados nas entrevistas. Este quinto capítulo apresenta ainda, o modelo
proposto para avaliar o desempenho de cadeia de suprimentos.
5.1 A METODOLOGIA APLICADA
O método escolhido para desenvolver a pesquisa foi o estudo de caso;
portanto, a pesquisa é do tipo exploratória ou descritiva. A abrangência do
estudo se limitou a empresas do setor industrial, todas localizadas no Pólo
Petroquímico de Camaçari e Complexo Industrial de Aratu.
A metodologia utilizada seguiu a orientação de Quivy e Campenhouldt
(1998), segundo os quais a entrevista exploratória tem como função principal
revelar determinados aspectos do fenômeno estudado, em que o investigador
não teria espontaneamente pensado por si mesmo e, assim, completar as
pistas do trabalho sugeridas pelas suas leituras.
Ainda segundo Quivy e Campenhouldt (1998), as entrevistas devem
decorrer de uma forma muito aberta e flexível, evitando perguntas demasiado
numerosas e precisas.
As entrevistas exploratórias servem para encontrar pistas para reflexão,
idéias e pressupostos de trabalho. O pesquisador deve permitir que
argumentações não previstas aconteçam de modo a enriquecer a pesquisa
acerca do tema. Deve-se, ao contrario de tentar validar o problema
preestabelecido, reformulá-lo sob novas óticas.
76
Para os autores, são três as categorias de pessoas tidas com
interlocutores válidos para uma entrevista. Neste trabalho lançou-se mão da
segunda categoria que aponta para as “testemunhas privilegiadas”. Quivy e
Campenhouldt (1998, p.69), definem como sendo aquelas que
[...] pela sua posição, ação ou responsabilidades, tem um bom
conhecimento do problema. Essas testemunhas podem
pertencer ao público sobre que incide o estudo ou ser-lhe
exteriores, mas muito relacionada com o público.
Portanto, as entrevistas foram colhidas de executivos com cargos de
diretorias e gerência, na maioria dos casos, pessoas vinculadas aos processos
de SCM. Nas empresas onde não se verificou departamentos específicos para
administrar as áreas afins, as entrevistas foram prestadas por diretores e/ou
gerentes gerais responsáveis pelas operações das plantas alocadas ao
Complexo Industrial de Camaçari e/ou Aratu.
As entrevistas foram bastante elucidativas e trouxeram à tona revelações
que não poderiam ser verificadas, não fossem estas feitas.
5.2 AS EMPRESAS PESQUISADAS
Para este trabalho foram realizadas entrevistas em cinco empresas. O
conjunto das cinco empresas foi escolhido para atender às características a
seguir: o tamanho das empresas, procurando envolver com isso, organizações
de grande porte em cujo desenvolvimento gerencial fosse maduro; a atuação
em diferentes setores da industria para garantir a diversidade do universo
pesquisado e finalmente, também se observou o capital dominante nas
organizações pesquisadas, para garantir um mix entre capital nacional e
estrangeiro, com vistas às nuances que este atributo pudesse acrescentar à
pesquisa.
77
Entre as selecionadas, duas delas são multinacionais de grande porte,
posicionadas entre as cinco maiores indústrias químicas e petroquímicas do
mundo.
Ainda entre as cinco, estão presentes empresas de capital nacional, bem
posicionadas no cenário internacional nos seus respectivos segmentos, e
ocupando posições entre as dez maiores indústrias do País.
Todas as empresas pesquisadas possuem unidades produtivas também
em outros complexos industriais do País. Aquelas com capital internacional
mantêm ativos em outros países em mais de um continente.
O perfil das cinco empresas está sumarizado no Quadro abaixo:
Atributo / Empresa A B C D
E
Capital Nacional Nacional Extrangeiro Nacional Extrangeiro
Receita liq. anual (1) R$ 2,0 Bi R$ 11,5 Bi R$ 110 Bi R$ 0,16 Bi R$ 45 Bi
EBITDA R$ 0,6 Bi R$ 2,6 Bi R$ 13 Bi R$ 0,02 Bi R$ 0,32 Bi
No. Funcionários (2) 850 3500 49.000 150 11.000
Ramo de atuação Metalurgia
Químico e
Petro-
quimico
Químico e
Petro-
quimico
Petro-
químico
Químico e
Petro-
quimico
Patrimônio Líquido R$ 0,5 Bi R$ 4,6 Bi R$ 54 Bi R$ 0,1 Bi R$ 38 bi
Quadro 5 -
Informações das empresas pesquisadas.
Fonte: Pesquisa do autor
Legenda: (1) Faturamento bruto total (2) Empregos diretos no mundo
78
5.3 AS ENTREVISTAS E OS QUESTIONÁRIOS APLICADOS
Foi elaborada uma carta de apresentação aos entrevistados diretos
esclarecendo o desenvolvimento do estudo de caso. Todos os detalhes acerca
do assunto e, mais detalhadamente, o que se procura estudar (APÊNDICE A).
O conceito adotado para o SCM e uma definição para cada uma das quatro
dimensões escolhidas para formar a natureza da estrutura da cadeia de
suprimentos também foi entregue às empresas e aos seus entrevistados
(APÊNDICE B). Essas dimensões estão detalhadamente desenvolvidas no
capítulo quarto deste trabalho.
Como meio de agilizar o processo de entrevistas, alguns indicadores de
desempenho foram relacionados (APÊNDICE C), a fim de ilustrar a associação
destes indicadores a cada dimensão da cadeia. Buscou-se, com isso,
demonstrar didaticamente a ligação entre um indicador e uma dimensão, sendo
facultado a cada executivo entrevistado que incluísse outros indicadores não
apontados, relacionando-os às dimensões apresentadas.
Em seguida, foi solicitado a cada entrevistado que apontasse pesos (%)
para cada dimensão da cadeia, tomando como referência o negócio e os
valores de sua organização. Portanto, os pesos atribuídos deveriam
representar a percepção do entrevistado acerca de cada dimensão, à luz da
relevância de cada dimensão percebida em sua empresa. A soma dos pesos
atribuídos às quatro dimensões apresentadas deveria resultar em 100% (cem
por cento), representando, assim, o total do SCM.
O mesmo tratamento foi solicitado aos entrevistados em relação aos
indicadores de desempenho. Portanto, solicitou-se que a cada indicador de
desempenho fosse associado um peso (%), que deveria representar a
percepção de representatividade do referido indicador, dentro da dimensão à
que pertence. Assim, a soma dos pesos do conjunto de indicadores dentro de
cada dimensão, também deveria somar 100% (cem por cento).
79
Os resultados registrados para cada dimensão e seus respectivos
indicadores, estão registrados nos Quadros 7 (Indicadores de desempenho
associados à dimensão Clientes), 8 (Indicadores de desempenho associados à
dimensão Custos), 9 (Indicadores de desempenho associados à dimensão
Rentabilidade) e 10 (Indicadores de desempenho associados à dimensão
Flexibilidade) que serão apresentados na subseção 5.5 (Modelo proposto para
avaliar o desempenho do SCM) a seguir.
Finalmente, com o objetivo de qualificar e responder às questões de
pesquisa propostas por este trabalho, foi aplicado um questionário semi-
estruturado com questões abertas para permitir aos entrevistados a abordagem
do assunto com bastante liberdade (APÊNDICE D).
Outras anotações relevantes foram registradas durante as entrevistas, e
fazem parte do acervo que deu suporte a esta pesquisa.
5.4 ANÁLISE DAS ENTREVISTAS POR EMPRESA
A avaliação dos dados coletados será classificada por empresa a partir
deste ponto. Inicialmente serão apresentadas informações gerais sobre a
organização com o intuito de situar o leitor no que tange às características das
empresas em questão.
Em seguida, o desenvolvimento se dará à luz dos aspectos destacados
no capítulo primeiro deste trabalho, no tópico 1.7, a saber:
a
a
)
)
a estrutura organizacional;
b
b
)
)
as métricas usadas em cada organização para medir os resultados dos
processos associados ao SCM; e
80
c
c
)
)
os modelos usados para inter-relacionar os processos constituindo, de
fato a cadeia de suprimentos.
5.4.1 Empresa A
A empresa A atua no ramo de não-ferrosos mais, especificamente, na
produção de concentrado de cobre. Está localizada no Pólo Petroquímico de
Camaçari, e iniciou sua produção em 1980.
Movimenta grandes volumes de matérias-primas. A principal é o minério
de cobre, mais conhecido como concentrado de cobre, oriundo da América
Latina (Chile, Brasil, Peru e Argentina), Portugal e Indonésia. A sua logística
passa pelo porto de Aratu, destinado às descargas de granéis sólidos e
localizado no Recôncavo Baiano, a cerca de 30 km de distância da empresa A.
Os seus produtos são comercializados no mercado nacional, mas também
exportados, principalmente, para o Japão, Coréia e Israel.
Para estar presente no mercado externo, a empresa depende
essencialmente de sua competitividade. A sua agressiva política de gestão
voltada para a qualidade, meio ambiente e desenvolvimento de pessoas lhe
garante uma posição entre as três empresas do ramo mais competitivas do
mundo.
O volume de cobre comprado anualmente alcança a marca de 650 mil
toneladas, e em sua composição são encontrados, em média, 32% de cobre,
26% de ferro e 29% de enxofre. Também em concentrações bastante
reduzidas, são encontrados outros metais como ouro e prata.
81
A compra de matérias-primas está amarrada a contratos de longo prazo
com seus fornecedores, renegociados anualmente, de acordo com o mercado
mundial de compra e venda.
A produção alcança volumes médios de cerca de 20 mil toneladas por
mês, e os principais produtos são o vergalhão de cobre, o fio de cobre e o
cátodo de cobre.
Dos cerca de R$ 2 bilhões faturados anualmente, aproximadamente
50% vem das vendas para o mercado externo.
Os executivos envolvidos na pesquisa estão no nível gerencial da
empresa. A entrevista direta se deu com um gerente comercial da companhia,
quando foram observados os pontos a seguir:
a) Estrutura Organizacional
Com relação à estrutura organizacional, foi verificado que as
características do negócio levam a empresa a se organizar de uma
maneira muito peculiar. Constituída por três diretorias (Industrial,
Comercial e Administrativo-Financeira), que se reportam diretamente ao
Presidente (CEO
16
) da organização. Os processos, que conceitualmente
constituem a cadeia de suprimentos (SCM), estão divididos entre essas
diretorias.
O departamento de suprimentos tem como principais responsabilidades
as compras de materiais e serviços, a gestão de materiais e, também, a
gestão de contratos. O reporte direto se dá com a diretoria
administrativo-financeira, apesar da forte ligação com a planta e a
diretoria industrial. No entanto, as compras de matéria-prima, mais
especificamente, a compra de concentrado de cobre, está associada à
uma divisão de matérias-primas cujo reporte direto se dá com a diretoria
comercial da empresa. O valor de compra do concentrado de cobre é,
16
Chief of executive office
82
sem dúvida, o custo mais relevante do processo, e a manutenção dos
estoques representa a parcela mais significante do capital de giro
necessário para operar o negócio.
Outras atividades, tipicamente relacionadas ao conceito de SCM,
também estão ligadas à diretoria comercial tais quais, afretamento de
cargas destinadas à exportação de produtos, logística de
movimentação de produtos no porto e transporte até a planta industrial
e atendimento a clientes ou Customer Service, termo em inglês
associado ao serviço de atendimento a clientes, que está
majoritariamente associado ao recebimento de pedidos, e gestão da
comunicação com clientes desde a informação de tempos para
embarques, disponibilidade de produtos até o registro de reclamações
trazidas por estes.
Finalmente, não encontramos ao longo da estrutura apresentada
nenhuma menção textual à “Cadeia de Suprimentos” e/ou ao Supply
Chain Management. Com isso conclui-se que o conceito de SCM não
está associado à estrutura organizacional da empresa A.
b) Indicadores de desempenho e modelo de avaliação do SCM
Com relação aos indicadores de desempenho, foi verificado que muitos
deles são usados para medir resultados na empresa A. A relação dos
indicadores apresentados nas entrevistas e os pesos atribuídos a cada
um deles serão apresentados no item 5.5 deste capítulo, que trata do
“Modelo Proposto” para medir o desempenho da cadeia de suprimentos
(SCM).
Vale ressaltar que o peso apresentado para cada indicador é fruto da
percepção do(s) executivo(s) entrevistado(s), e não se está relacionado
a qualquer importância de fato atribuída ao indicador, na prática, visto
que esta observação empírica não foi alvo deste trabalho.
83
Com relação ao modelo de avaliação de desempenho do SCM,
podemos afirmar frente aos dados coletados que não há, na empresa A,
um modelo integral ou parcialmente implantado para avaliar o
desempenho do SCM.
5.4.2 Empresa B
A empresa B está posicionada nos dias atuais como a maior
petroquímica do país e simultaneamente ocupando, como empresa de
classe mundial, um lugar entre as maiores petroquímicas do mundo. A
empresa está verticalizada e atua no ramo petroquímico na primeira e
segunda gerações da cadeia petroquímica.
A empresa possui o maior e mais moderno complexo de pesquisa
do setor na América Latina, um centro de tecnologia e inovação,
localizado no sul do país, onde são desenvolvidos produtos, processos,
aplicações e novos mercados em parceria com os clientes, os
transformadores de plástico, que compõem a terceira geração da
cadeia. Dessa forma, a empresa agrega valor e competitividade para
toda cadeia produtiva da petroquímica e do plástico.
Com ações listadas nas Bolsas de Valores de São Paulo, Nova
York e Madri, a empresa está comprometida com os princípios da boa
governança corporativa, pautada pela transparência em suas relações
com o mercado de capitais.
A primeira geração é responsável pelo ciclo de negócios ligados à
produção de matérias-primas básicas como eteno, propeno e cloro,
fundamentais para a segunda geração, que cuida das resinas
termoplásticas. Por estar integrada na cadeia produtiva, a empresa tem
84
grandes vantagens competitivas, como escalas de produção e eficiência
operacional.
As resinas termoplásticas, como o polietileno, o polipropileno e o
PVC, têm sua origem no petróleo. São chamadas de termoplásticas
porque amolecem quando aquecidas, permitindo que sejam fundidas e
moldadas inúmeras vezes.
Depois que o petróleo é extraído, passa por um processo de
refino que produz uma série de subprodutos, como a gasolina, diesel,
gás e nafta.
A nafta é a principal matéria-prima da cadeia produtiva da
petroquímica e do plástico no Brasil, seguida do gás natural. A nafta
passa inicialmente por um processo chamado craqueamento, que
resulta nos petroquímicos básicos, tais como eteno, propeno e
aromáticos.
Esse ciclo de produção é conhecido como a primeira geração da
cadeia petroquímica. Os petroquímicos básicos como o eteno e o
propeno, por sua vez, são os insumos para a produção das resinas, a
segunda geração da cadeia.
As resinas são, em geral, pequenos grânulos. Mas algumas têm a
forma de pó. Servem para as empresas transformadoras de plástico
(terceira geração) fabricarem embalagens, brinquedos, componentes
automotivos, utilidades domésticas, peças para a indústria
eletroeletrônica e para a construção civil, dentre uma infinidades de
outras aplicações.
O executivo entrevistado é um gerente de Supply Chain da
organização vinculado à diretoria corporativa de Supply Chain.
a) Estrutura organizacional
85
Em função do tamanho da empresa e das numerosas unidades
industriais espalhadas não só no Pólo Petroquímico de Camaçari, mas
em outros pólos industriais do país, a empresa trabalha com um modelo
de gestão descentralizado no tocante ao que chamaremos aqui de linha
de execução da cadeia. Dessa maneira, as estratégias são planejadas
em nível corporativo, mas o dia-a-dia está sob a guarda das lideranças
locais (regionais).
Foi, portanto, verificado que a estrutura organizacional tem no âmbito
corporativo, uma diretoria de Supply Chain. Esta diretoria é responsável
pela negociação e compras de materiais diretos incluindo MRO
17
,
compra de equipamentos, compra de matérias primas e insumos, e
também pela aquisição de serviços administrativos, serviços para as
plantas industriais e serviços de logística.
No âmbito regional, as unidades de negócio também contam com
departamentos de Supply Chain, neste caso, voltados para a operação
dos negócios nas plantas.
Esses departamentos são responsáveis pelos processos de
carregamentos e descarregamentos de produtos, armazenamento de
materiais, expedição de produtos acabados, rastreamento das cargas,
etc.
O reporte dos departamentos de Supply Chain nas unidades industriais
se dá com a liderança local responsável pelas operações de um
determinado negócio naquela regional.
Verifica-se, portanto, que existe uma estrutura de Supply Chain, apesar
de não se consolidar em uma mesma diretoria ou vice-presidência. Com
isso, quer-se afirmar que o conceito de SCM está atendido; no entanto,
não se reflete fidedignamente na estrutura da empresa B.
17
Maintenance, Repairs and Operational Inventory. Denominação em Inglês dada aos estoques de matérias de
manutenção e operação.
86
b) Indicadores de desempenho e modelo de avaliação do SCM
Foi verificado que o uso de indicadores de desempenho ocorre ao longo
dos processos do SCM e das dimensões eleitas neste trabalho para
legitimar a cadeia de suprimentos. Em todas as dimensões se
verificaram indicadores para avaliar os processos.
Na dimensão clientes foram acrescidos aos indicadores sugeridos, três
outros. São eles:
-Tempo médio de descarga (no cliente);
-Tempo médio de carregamento (na unidade industrial);
- % de acidentes no transporte.
Ainda na dimensão custos, foi acrescentado um novo indicador
denominado de “Benchmarking periódico”, que vem a ser a comparação
das performances de custos através de indicadores com os mesmos
indicadores obtidos em empresas de classe mundial.
Os indicadores e os pesos a eles conferidos serão abordados no tópico
5.5 (Modelo proposto para avaliar o desempenho do SCM)
Apesar de verificada a existência de estruturas de Supply Chain nas
unidades industriais (nas regiões), assim como na empresa em caráter
corporativo, não se verificou nenhum modelo implantado ou mecanismo
menos sofisticado para medir de forma integrada o desempenho da
cadeia de suprimentos.
87
5.4.3 Empresa C
A empresa C é uma multinacional que atua no mercado de produtos
químicos, termoplásticos, farmacêuticos e agrícolas. Está no mercado há mais
de 100 anos e tem presença em cerca de 175 países, em cinco continentes.
O faturamento médio global da empresa C alcança os US$ 50 bilhões e
conta com aproximadamente 45 mil empregados em todo o mundo.
No Brasil, a empresa C conta com unidades industriais em mais de um
Estado. Na Bahia, está presente no Pólo Petroquímico de Camaçari e no
Complexo Industrial de Aratu.
O segundo e maior complexo industrial da empresa no Brasil está
localizado em Aratu, no município de Candeias, a 60km de Salvador. Essa
unidade, que iniciou suas atividades em 1977, abriga fábricas de Soda
Cáustica, Óxido de Propeno, Propilenoglicol e Solventes Clorados, e opera um
terminal marítimo que movimenta cargas para o mercado local, Estados
Unidos, Ásia, Europa e América Latina.
A empresa C ainda mantém outras unidades industriais no PPC, sendo
uma de SM (Estireno) e outras de TDI (Tolueno Diisocianato) no CIA, uma
unidade de Hidroxi-etil celulose, e para o ramo automotivo a empresa também
dispõe, no PPC, de uma unidade fabril destinada a peças plásticas injetadas.
Não se pode afirmar categoricamente, mas talvez em função do tempo
(mais de 100 anos) em que está presente no mercado associado a uma gestão
consistente ao longo da história, a empresa C goza de uma irretocável
organização, contando com conceitos bem claros acerca dos princípios que
norteiam os seus negócios. No que diz respeito a “desenvolvimento
sustentável”, a empresa tem missão, ou seja, “[...] o constante aperfeiçoamento
do que é essencial ao progresso do ser humano através do desenvolvimento
88
de ciência e tecnologia”; e se apóia em três pilares básicos para dirigir seus
esforços: 1) desenvolvimento econômico, 2) meio ambiente e 3) sociedade.
As entrevistas com dois gerentes da companhia foram conduzidas na
planta localizada no Complexo Industrial de Aratu. Ambos os gerentes estão
diretamente envolvidos com as disciplinas da cadeia de suprimentos. Um deles
responde por uma carteira de compras internacionais, voltada para grande
parte dos negócios da empresa na América Latina e o segundo executivo
entrevistado, responde por toda a logística que envolve a movimentação de
produtos nas unidades industriais da Bahia.
a) Estrutura organizacional
A estrutura organizacional da empresa C tem nos EUA um Vice-
presidente Senior de Serviços compartilhados (Shared Services)
liderando as áreas de tecnologia, Compras e Supply Chain.
Essas últimas são, portanto, áreas separadas. Ao conceito de Supply
Chain, na empresa C, estão associados todos os processos típicos da
cadeia tais quais distribuição, logística, atendimento a clientes (CRS)
18
e
planejamento de produção e vendas (S&OP)
19
, com exceção de
“compras”.
No Brasil, Compras e Supply Chain se dividem em duas diretorias, que
respondem também pelas operações na América Latina.
Regionalmente, a empresa mantém gerentes de compras e Supply
Chain nas unidades industriais cujo reporte se dá para as diretorias, de
compras e Supply Chain, respectivamente.
18
Customer Service = Atendimento a clientes
19
Sales & Operational Planning
89
Para o departamento de compras, a empresa mantém uma missão clara
que consiste em prover os negócios da empresa com substancial
sustentação competitiva.
A atuação predominante no mercado de commodities leva a empresa a
uma justificável e significante preocupação com os custos. Neste
sentido, a área de compras da companhia atua na busca dos menores
preços para todas as matérias-primas e serviços, em cujo objetivo é
garantir que estes valores estejam sempre abaixo daqueles alcançados
por seus concorrentes.
Uma política estruturada e bastante completa está disponível no site da
empresa, onde se pode encontrar, de forma transparente, todos os
valores que permeiam a relação da empresa com seus fornecedores de
produtos e serviços.
As estratégias para a excelência nos processos de aquisição estão
baseadas em três princípios básicos: negociações eficazes, excelência
na execução do contrato e uma organização eficiente.
A corporação da empresa está ainda organizada com foco para três
diferentes áreas:
- Um centro de negociações que tem a responsabilidade de
negociar as compras das matérias-primas, materiais e serviços
mais relevantes da companhia, e desenvolver estratégias de
aquisição;
- Centros de implantação organizados por região, por projeto ou
por negócio, formados por executivos responsáveis pela
aquisição de materiais e serviços em suas respectivas
localidades, cuja responsabilidade repousa sobre a
implantação das estratégias e contratos em suas regiões, e
90
- Centros de transações, responsáveis pela operacionalização
das rotinas necessárias ao bom funcionamento das operações
dos contratos.
b) Indicadores de desempenho e modelo de avaliação do SCM
A empresa C usa para medir seus processos uma série de
indicadores de desempenho que, neste trabalho, vincula-se às
quatro dimensões do SCM. Estes indicadores foram identificados
nas entrevistas com os executivos da empresa.
Ambos validaram as dimensões da cadeia de suprimentos aqui
propostas, e atribuíram pesos a cada dimensão sob a ótica dos
negócios que a empresa mantém nas operações da Bahia.
Também relacionaram a cada dimensão, um conjunto de
indicadores cuja representatividade foi também definida com
pesos.
O conjunto desses indicadores está apresentado no tópico 5.5
deste trabalho, que trata do modelo de avaliação proposto.
Não foi possível identificar se a empresa utiliza um modelo de
avaliação de desempenho integrado para medir seus resultados
na cadeia de suprimentos corporativamente. Na Bahia, e nas
unidades focadas nas entrevistas, não verificamos a existência de
um modelo de avaliação de desempenho para a cadeia de
suprimentos.
91
5.4.4 Empresa D
A empresa D foi fundada no final dos anos 60, com o objetivo de
produzir Metanol, importante matéria-prima para a indústria petroquímica. O
Metanol é produzido a partir do processamento do gás natural.
A implantação se deu em meados dos anos 70, no Pólo Petroquímico
de Camaçari. O PPC foi escolhido pelas facilidades no atendimento das
matérias-primas básicas tal qual o gás natural e o gás carbônico e
aproveitando também a disponibilidade das utilidades como energia elétrica,
água, vapor, etc. Como muitas outras indústrias, a implantação da empresa D
também foi impulsionada pelo modelo tripartite promovido pelo governo militar,
na década de 70.
Com um investimento de US$ 27 milhões, a produção teve início em
1976, com uma capacidade de 60 mil toneladas/ano de Metanol.
Na mesma década, três anos mais tarde, a empresa D passou a
incorporar a totalidade das ações de uma unidade industrial, cuja produção
voltava-se para derivados do metanol e que já era à época o maior clientes da
empresa D.
Ambas as empresas, desde 1984 sob a mesma gestão, ficam lado a
lado no Pólo Petroquímico de Camaçari.
Do metanol, são industrializados produtos derivados para atender à
indústria de tintas, vernizes, explosivos, produtos de borrachas, pastilhas de
freios, etc.
92
Os produtos são embalados em sacos de 25 quilos ou em Big Bags
20
de
750 a 1000 quilos.
A entrevista foi conduzida junto ao gerente financeiro da empresa.
a) Estrutura organizacional
A estrutura organizacional da empresa é enxuta. Os processos
empresariais tendem a migrar para os executivos seguindo uma
lógica muito mais ligada às competências dessas pessoas do que
pela arrumação clássica de uma estrutura organizacional.
Assim, não há um departamento específico para abrigar os processos
de Supply Chain. A área de compras se reporta a um departamento
de logística que por sua vez se reporta a uma diretoria comercial.
b) Indicadores de desempenho e modelo de avaliação do SCM
O principal indicador de rentabilidade da companhia é o market
share
21
, fortemente utilizado para definir estratégias de formação de
preço. Esse indicador é medido por produto.
Crédito de capital (ACC)
22
e questões tributárias também são alvo de
avaliações nas tomadas de decisão sobre exportações.
O entrevistado ratificou as quatro dimensões da cadeia e identificou
indicadores para medir o desempenho dos seus processos. Os
indicadores oferecidos inicialmente (APÊNDICES C, D e E) não estão
sendo utilizados em sua totalidade, no entanto, foram admitidos como
métricas importantes para a avaliação dos processos. Dessa forma,
20
Grandes sacos comumente fabricados em lona de polipropileno, com alças, para içamento por empilhadeira e
válvulas de descarga embaixo. Muito utilizados na indústria petroquímica para substituir os sacos de 25 quilos.
Normalmente, se aplicam a clientes de maior porte.
21
Fatia de mercado.
22
Antecipação parcial ou total do preço da moeda estrangeira comprada por um banco, ao exportador, para entrega
futura.
93
mas com esta ressalva, assumir-se-á a utilização de todos os
indicadores estabelecidos e os pesos a eles atribuídos.
Da mesma forma que com as outras empresas, o conjunto de
dimensões, os indicadores, e os pesos considerados a ambos serão
apresentados no tópico 5.5 deste capítulo.
Não existe na empresa D nenhum modelo específico para medir o
desempenho do SCM.
5.4.5 Empresa E
A empresa E está posicionada entre as dez maiores indústrias químicas
do mundo. Liderando as primeiras posições na indústria de termoplástico,
refino de petróleo e também na produção de combustíveis. O seu faturamento
anual alcança a marca dos US$ 22 bilhões.
Os principais produtos incluem o etileno, polietileno, estireno, óxido de
propileno, dióxido de titânio, gasolina, MTBE e ETBE, usados por
consumidores finais em materiais como embalagens, detergentes, cosméticos,
peças automotivas, materiais de construção em geral, entre outras muitas
aplicações.
A empresa E opera em cinco continentes, e mantêm um quadro com
cerca de 11 mil empregados.
A empresa nasceu em 1985. Em 1989, tornou-se uma companhia aberta
com ações na bolsa de Nova York e a partir de então, uma seqüência de
aquisições e ampliações foram dando corpo ao conglomerado industrial tal qual
é nos dias atuais.
94
Em 2006, a empresa aparece na Fortune 500
23
como a primeira
colocada em crescimento de receita e segunda em crescimento de lucros.
No Brasil, e na Bahia, a empresa produz dióxido de titânio. Apesar de
estar fisicamente fora do Complexo Petroquímico de Camaçari, a empresa é
filiada ao Comitê de Fomento Industrial de Camaçari (COFIC), associação
privada, que coordena as ações coletivas das empresas associadas.
A empresa emprega, globalmente, uma tecnologia de gestão
denominada Operational Excellence, que consiste na aplicação sistêmica de
um conjunto de padrões voltados para a confiabilidade das operações cujos
resultados focam a excelência em segurança, eficiência operacional e
desempenho ambiental.
A empresa acredita que através dessa ferramenta são alcançadas
vantagens competitivas, que maximizam o valor dos negócios da companhia.
Ao todo, o Operational Excellence
24
incorpora cerca de trinta padrões de
performance, que cobrem áreas específicas como produção, pesquisa e
desenvolvimento, comercial, recursos humanos e também Supply Chain.
É através desses padrões de desempenho que a companhia verifica os
processos de melhoria contínua em suas operações.
Ainda relacionado ao modelo de Operational Excellence aplicado ao Supply
Chain, encontram-se princípios associados às cinco dimensões de controle,
denominados pela empresa como elementos básicos. São eles:
a
a
)
)
saúde, segurança e meio ambiente;
b
b
)
)
qualidade e excelência no atendimento a clientes;
c
c
)
)
processos e controles;
d
d
)
)
desempenho de pessoas; e
e
e
)
)
custos e eficiência.
23
Publicação americana de negócios que classifica empresas segundo seus resultados.
24
Programa de excelência operacional praticado na empresa E
95
A entrevista manteve o foco sobre as operações da planta baiana.
Foram entrevistados dois líderes das áreas de compras e logística, ambos
pertencentes ao departamento de Supply Chain.
a) Estrutura organizacional
A estrutura organizacional da empresa E tem uma área estruturada para
abrigar os processos de Supply Chain. Encabeçada por um vice-
presidente de Supply Chain, reportam-se, em nível de diretorias, os
seguintes departamentos:
- credito e contas a receber;
- distribuição e logística;
- atendimento a clientes (Customer Service);
- aquisição (compras e gestão de materiais);
As diretorias estão alocadas na sede da empresa, nos Estados Unidos.
A área de compra de matérias-primas não se reporta à vice-presidência
de Supply Chain. Este processo específico está alocado à outra vice-
presidência da empresa que também responde pelas estratégias
voltadas para o processo de “Planejamento de produção e vendas” ou
S&OP
25
.
No Brasil, a organização mantém um departamento estruturado de
Supply Chain que responde por todos os processos, que diferente da
estrutura global, também responde pelas compras de matérias-primas.
b) Indicadores de desempenho e modelo de avaliação do SCM
25
Sales & Operational Planning = Planejamento de Produção e Vendas
96
Especificamente para o Supply Chain Management, a empresa
mantém uma visão: “Nós seremos a indústria química líder em
todos os aspectos relacionados ao ciclo do tempo”. O ciclo do
tempo, ou Cash to Cash Management compreende o tempo que
transcorre entre a saída de uma unidade monetária (pagamento a
fornecedor) até o seu retorno efetivo (recebimento do cliente).
Este é, de fato, um dos bons indicadores para medir desempenho
da cadeia, visto que dimensiona e afeta as necessidades reais de
capital de giro.
Verificou-se a utilização de indicadores de performance para medir
o desempenho das atividades. Estes indicadores assim como nos
casos anteriores, serão apresentados no tópico 5.5 deste capítulo,
onde será tratado o modelo proposto para avaliação de
desempenho.
Não foi observada, na empresa E, a existência de um modelo de
avaliação de desempenho, que tratasse os indicadores de forma
unificada, no sentido de medir os resultados da cadeia, de
maneira consolidada.
5.5 MODELO PROPOSTO PARA AVALIAR O DESEMPENHO DO SCM
A partir do material colhido, como descrito na subseção 5.3 deste
capítulo, e apresentado nos Quadros 8, 9, 10, e 11, propõe-se então o modelo
de avaliação de desempenho para o SCM.
O modelo proposto para avaliar o desempenho das cadeias de Supply
Chain das empresas do PPI e CIA consiste na ponderação das dimensões da
97
cadeia através dos pesos atribuídos a cada uma delas. O modelo apresentado
é o mesmo para todas as empresas, no entanto, a representatividade de cada
dimensão e mais, de cada indicador de desempenho eleito para compor cada
dimensão, deve receber os pesos a eles atribuídos decorrentes das
particularidades de cada negócio, como descrito na subseção 5.3 deste
capítulo.
Neste trabalho, os pesos, sejam para as dimensões da cadeia, sejam
para os indicadores relacionados a cada dimensão, foram atribuídos pelos
entrevistados nas empresas pesquisadas. Entende-se que para o modelo
passar a ser utilizado formalmente e ganhar legitimidade, a avaliação desses
pesos deva passar por uma comissão de pessoas envolvidas com os
processos relacionados ao SCM, nas organizações.
Na Figura 10, a seguir, pode-se observar a demonstração gráfica do
modelo proposto, onde a figura central SCM representa o resultado da
ponderação dos indicadores e suas respectivas dimensões, resultando no que
se denominou como “Índice de Performance do SCM (IP-SCM)”.
Figura 10 - Modelo para avaliação de desempenho do SCM
Fonte: Elaboração do autor
%
%
D
D
i
i
m
m
e
e
n
n
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s
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C
C
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C
C
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C
C
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I
4
4
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3
3
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2
2
I
I
1
1
I
I
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3
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I
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I
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2
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I
2
2
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1
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1
1
I
I
4
4
I
I
3
3
I
I
2
2
I
I
1
1
98
Partindo do modelo apresentado na Figura 10 e considerando para uma
análise didática que para cada dimensão há quatro indicadores de
desempenho com peso individual de 25% cada, e ainda, que a cada dimensão
da cadeia também fosse atribuído o peso de 25%, conclui-se que :
Índice de SCM = [25% DCl x (25%I1 + 25%I2 + 25%I3 + 25%I4)] + [25% DCs x
(25%I1 + 25%I2 + 25%I3 + 25%I4)] + [25% DP x (25%I1 + 25%I2 + 25%I3 +
25%I4)] + [25%DF x (25%I1 + 25%I2 + 25%I3 + 25%I4)]
Onde:
DCl = Dimensão Clientes
DCs = Dimensão Custos
DP = Dimensão Produtividade
DF = Dimensão Flexibilidade, e
I1, I2, I3 e I4 = indicadores de desempenho de cada dimensão.
Arbitrando-se o valor de 95% de desempenho a cada indicador,
encontra-se o índice de performance do SCM (IP-SCM) igual a 95%, como está
demonstrado na equação a seguir.
IP-SCM = [25% DCl x (25% x 95%I1 + 25% x 95%I2 + 25% x 95%I3 + 25% x
95%I4)] + [25% DCs x (25% x 95%I1 + 25% x 95%I2 + 25% x 95%I3 + 25% x
95%I4)] + [25% DP x (25% x 95%I1 + 25% x 95%I2 + 25% x 95%I3 + 25% x
95%I4)] + [25%DF x (25% x 95%I1 + 25% x 95%I2 + 25% x 95%I3 + 25% x
95%I4)]
IP-SCM = (25% DCl x 23,8%) + (25% DCs x 23,85%) + (25% DP x 23,8%) +
(25%DF x 23,8%)
IP-SCM = 95%
99
O Quadro 6 demonstra o mesmo resultado alcançado através da
equação acima.
Dimensão % dim. Métrica
I1 I2 I3 I4 I1 I2 I3 I4 I1 I2 I3 I4
Custos 95% 95% 95% 95% 25% 25% 25% 25% 24% 24% 24% 24% 25% 23,8%
Clientes 95% 95% 95% 95% 25% 25% 25% 25% 24% 24% 24% 24% 25% 23,8%
Flexibilidade 95% 95% 95% 95% 25% 25% 25% 25% 24% 24% 24% 24% 25% 23,8%
Produtividade 95% 95% 95% 95% 25% 25% 25% 25% 24% 24% 24% 24% 25% 23,8%
95,0%
Indice de
Performance
do
Supply Chain Management
(IP-SCM)
Bloco I Bloco II Bloco III
Indicadores de Desempenho
Quadro 6 - Cálculo conceitual da aplicação do modelo
Fonte: Pesquisa do autor
O primeiro bloco apresenta os resultados alcançados com os
indicadores de desempenho eleitos para compor as quatro dimensões da
cadeia.
O segundo bloco apresenta os pesos atribuídos a cada indicador de
desempenho somando 100% para o total de cada dimensão. E finalmente, o
terceiro bloco do quadro apresenta o resultado do produto entre bloco I e bloco
II, aferidos para cada indicador de desempenho e o peso atribuído a cada
dimensão da cadeia.
Na coluna “Métrica”, verifica-se o resultado alcançado por cada
dimensão do SCM.
Neste exemplo didático, o percentual de 95% representa o índice de
desempenho do Supply Chain Management (SCM).
Os Quadros 7, 8, 9 e 10, a seguir, apresentam o levantamento de
indicadores identificados pelas empresas pesquisadas e o percentual (peso),
atribuído a cada indicador dentro da dimensão à qual foi relacionado.
Nos Quadros, a seguir, foram observados os indicadores relacionados
pelos executivos e empresas participantes da pesquisa.
100
Indicador / Empresa
Unid.
A
B
C
D
E
Clientes
Taxa de Atendimento %
1
1
0
0
%
%
Número de Reclamações Qtde.
2
2
9
9
%
%
2
2
0
0
%
%
3
3
5
5
%
%
2
2
5
5
%
% 30%
Reclamações do Produto Qtde.
1
1
4
4
%
%
2
2
5
5
%
%
Reclamações do Serviço Qtde.
1
1
4
4
%
%
1
1
0
0
%
%
Reclamações da equipe comercial Qtde.
3
3
%
%
Tempo médio de resposta da reclamação Dias
1
1
4
4
%
%
1
1
5
5
%
%
1
1
0
0
%
%
2
2
5
5
%
% 20%
Atendimento no prazo %
9
9
%
%
5
5
%
%
15%
Tempo médio de atendimento do Pedido Dias
9
9
%
%
5
5
%
%
3
3
0
0
%
%
3
3
0
0
%
% 10%
Pesquisa de Clientes %
9
9
%
%
2
2
0
0
%
%
1
1
5
5
%
%
2
2
0
0
%
% 25%
Peso atribuído à dimensão %
3
3
5
5
%
%
4
4
0
0
%
%
3
3
0
0
%
%
4
4
5
5
%
%
35%
Quadro 7 -
Indicadores de desempenho associados à dimensão clientes
Fonte: Pesquisa do autor
O Quadro 7, acima, aponta quatro indicadores destacados pelos
executivos entrevistados e que poderiam ser definidos como os indicadores
preferenciais para medir o desempenho da dimensão clientes no universo das
empresas pesquisadas. São eles :
a
a
)
)
Número de reclamações
b
b
)
)
Tempo médio de resposta da reclamação
c
c
)
)
Tempo médio de atendimento do pedido
d
d
)
)
Pesquisa de clientes
Verifica-se não haver uma preocupação em estratificar as reclamações
entre aquelas de produto e serviços, visto que três empresas não destacaram
estes indicadores entre os praticados para medir desempenho. É possível que
esta afirmação decorra do fato de estarem sendo avaliadas commodities da
indústria e, portanto as reclamações de produto têm baixa freqüência,
repousando o foco sobre reclamações relacionadas com serviços. Entretanto,
este pressuposto precisaria ser comprovado.
101
As reclamações e o tempo de resposta são os indicadores significativos
nesta dimensão, assim como o tempo médio de atendimento do pedido,
relacionada à disponibilidade imediata para embarque.
A pesquisa de clientes aparece também em todas as empresas como
uma métrica importante. Nas pesquisas de clientes, verificam-se aspectos mais
abrangentes relacionados ao produto, serviço, assistência técnica, satisfação
comercial, etc, que sem dúvida são pontos que interessam a qualquer
organização do setor industrial.
Na seqüência, analisam-se os dados coletados no trabalho e relativos à
dimensão custos.
Indicador / Empresa
Unid.
A
B
C
D
E
Custos
Custos total de produção R$ 17% 10% 15% 10% 10%
Custos de produção R$/t. 17% 15% 20% 20%
Custo como % das vendas % 2% 10% 10%
Custo do frete da MP R$/t. 8% 10% 10% 10%
Custo do frete da PA R$/t. 25% 10% 15% 10%
Custo da MOD R$ 2% 5% 5%
Custo da devolução de produto R$ 2% 5%
Custo de armazenagem R$/t. 5% 5% 15% 5% 10%
Custo com produto avariado R$
Custo das falhas nos serviços R$ 5%
Custo de distribuição R$/t. 10% 30% 15% 10%
Custo médio da embalagem do produto R$/t. 5%
Custo da reclamação do cliente R$/RC 10% 5% 10%
Custo variável por tonelada R$/t. 15% 5% 10%
Custo do pedido R$
Custo para manter estoques R$ 12% 25% 5% 10%
Custo de aquisição R$/t.
Benchmarking periódico % 5%
Peso atribuído à dimensão % 40% 20% 30% 20% 35%
Quadro 8 - Indicadores de desempenho associados à dimensão custos
Fonte: Pesquisa do autor
102
O Quadro 8 apresenta vários indicadores que apareceram como
métricas selecionadas pelas empresas para avaliar a dimensão custos. Os
produtos petroquímicos, na sua grande maioria, estão inseridos no mercado de
commodities, e desta maneira, o custo representa uma dimensão fundamental;
sendo os preços ditados pelo mercado, resta pouca margem de manobra às
empresas. Das empresas entrevistadas, a empresa A não pertence ao negócio
petroquímico, mas comercializa o cobre como produto principal, o que não a
afasta do mesmo perfil de mercado de commodities.
Esta foi a dimensão onde se verificou o maior número de indicadores.
Entre os mais freqüentes, aparecem os relacionados a custos com fretes,
armazenagem, estoques e distribuição, todos tipicamente custos relacionados
à gestão do SCM.
A análise segue com a avaliação dos dados encontrados na dimensão
rentabilidade.
103
Indicador / Empresa
Unid.
A
B
C
D
E
Rentabilidade (e produtividade)
Rentabilidade e. p/ empreg. (Fatur./Empreg.) R$/emp. 5%
Custo de distribuição / Faturamento total % 25% 30%
EBITDA / Faturamento % 50% 15% 10% 15% 25%
Giro líquido de estoques Num. 25% 10% 30% 5% 10%
Perda vendas p/ falta de produto (stock out) % 15% 10%
Perda vendas p/ avarias;embalagem errada %
Ciclo do Tempo (Cash to Cash mng.) Dias 10% 10% 25%
Tempo médio de pagamento Dias 5% 15%
Tempo médio de produto em processo Dias 5% 5%
Tempo médio de produto acabado Dias 10% 5% 10%
Tempo médio de recebimento Dias 5% 5% 10%
Acidentes no transporte Num
Tempo médio de carregamento h 5% 15% 10%
Tempo médio de descarregamento h 5%
Market Share (participação no mercado) % 20%
% de acidentes / num. Entregas % 5% 10%
Peso atribuído à dimensão % 20% 30% 25% 20% 20%
Quadro 9 - Indicadores de desempenho associados à dimensão Rentabilidade
Fonte: Pesquisa do autor
O Quadro 9 destaca dois indicadores principais. O EBTIDA/Faturamento
e o Giro líquido de estoques. O primeiro aparece em muitos casos como
indicador de performance utilizado pelas empresas para dimensionar os
prêmios pecuniários de final de exercício, pagos aos seus empregados. O
EBTIDA
26
tem um conceito próximo à “geração operacional de caixa”, e é,
portanto, um indicador acompanhado por muitas empresas e seus
empregados. O segundo indicador tem forte relação com o capital de giro
necessário para operar o negócio, e as ações relacionadas ao seu melhor
desempenho tem estreita ligação com a gestão do SCM. Esta confirmação
26
Earnings Before Taxes, Interest, Depreciation & Amortization.
104
empírica se alinha com a literatura pesquisada, podendo ser ilustrada na
afirmação de Lambert e Pohlen (2001, p.2): “Tipicamente, os executivos
identificam o giro de estoques como um indicador de performance do SCM,
visão dividida por outros vários autores.”
Finalmente, a seguir, analisa-se a quarta e última dimensão do SCM: a
flexibilidade da cadeia.
Indicador / Empresa
Unid.
A
B
C
D
E
Flexibilidade
Falta de produto x Demanda total % 20% 20%
Novos produtos demandados Dias 20%
Planejamento de médio e longo prazo % 100% 60% 25% 15% 25%
Cap. de embarques não planejados / mês % 20% 35% 25%
Tempo de resposta para replanejamento Dias 15% 35% 25%
Tempo de resposta para suprir Dias 7%
Tempo de resposta para fabricar Dias 6%
Tempo de resposta para embarcar Dias 7% 15% 25%
Peso atribuído à dimensão % 5% 10% 15% 15% 10%
Quadro 10 - Indicadores de desempenho associados à dimensão Flexibilidade
Fonte: Pesquisa do autor
No Quadro 10, destaca-se apenas o indicador de “Planejamento de
médio e longo prazo”, certamente relacionado ao tamanho das operações
industriais, às paradas para manutenção, comuns nas operações
petroquímicas, requerem alto investimento e grande planejamento,
fundamental para não descontinuar a produção.
Com exceção do tempo de resposta para embarcar, os tempos para
fabricar e suprir não tiveram significante destaque. Acredita-se ser em função
das características das operações químicas e petroquímicas, ou seja, os
processos, em sua grande maioria, são contínuos ao contrário dos processos
“por encomenda”; assim, a fabricação segue mais a um pré-planejamento de
105
produção do que ao direcionamento da produção em função dos pedidos.
Quer-se dizer com isso, que alguns poucos pedidos, não previstos
antecipadamente, dificilmente vão alterar o planejamento de produção em
curso.
Em seguida, destacam-se os indicadores que apareceram em todas as
empresas com maior ou menor representação percentual atribuída, mas que,
no entanto, todos os entrevistados os julgaram como importantes indicadores
da cadeia de suprimentos.
A escolha de um conjunto de indicadores, que represente o modelo geral
para aplicação nas empresas estudadas, destacaria aqueles relacionados no
Quadro12.
A utilização desses indicadores teria ainda que contar com o consenso
entre as empresas em torno dos pesos a eles atribuídos, e o mesmo deveria
ocorrer com os pesos das dimensões, o que tornaria o modelo mais ou menos
adequado a uma ou outra empresa. Feito isso, se fosse possível unificar os
conceitos para cálculo dos indicadores, o modelo então poderia ser usado
como uma ferramenta de benchmarking entre as empresas A, B, C, D, e E.
Por outro lado, cada empresa pode usar o modelo individualmente,
dimensionando pesos para as dimensões e para os seus próprios indicadores,
e desta forma, direcionando o desempenho de sua cadeia para o conjunto de
valores que melhor represente a gestão do SCM na sua organização.
106
Clientes
Unid.
A
A
B
B
C
C
D
D E
No. de reclamações Qtde.
2
2
9
9
%
%
2
2
0
0
%
%
3
3
5
5
%
%
2
2
5
5
%
% 30%
Tempo médio de resposta da reclamação Dias
1
1
4
4
%
%
1
1
5
5
%
%
1
1
0
0
%
%
2
2
5
5
%
% 20%
Pesquisa de cliente %
9
9
%
%
2
2
0
0
%
%
1
1
5
5
%
%
2
2
0
0
%
% 25%
Custos
Unid.
A
A
B
B
C
C
D
D E
Custos total de produção R$ 17% 10% 15% 10% 10%
Custo de armazenagem R$/t. 5% 5% 15% 5% 10%
Custo de distribuição R$/t. 10% 30% 15% 10%
Custo para manter estoques R$ 12% 25% 5% 10%
Rentabilidade ( e produtividade)
Unid.
A
A
B
B
C
C
D
D E
EBITDA / Faturamento % 50% 15% 10% 15% 25%
Giro líquido de estoques Num. 25% 10% 30% 5% 10%
Flexibilidade
Unid.
A
A
B
B
C
C
D
D E
Planejamento de médio e longo prazo % 100% 60% 25% 15% 25%
Quadro -11- Indicadores que aparecem em todas as organizações pesquisadas
Fonte: Pesquisa do autor
Para facilitar o entendimento acerca dos indicadores tratados ao longo
deste capítulo, relacionaram-se nos Quadros 12, 13, 14, 15, algumas
definições. Destaca-se que, como afirmado na subseção 4.5 desta pesquisa,
um indicador pode ter seu resultado medido de maneiras alternativas, portanto,
as apontadas a seguir, não se caracterizam como as únicas formas possíveis
de avaliação dos respectivos indicadores.
107
Definição proposta para os indicadores – Clientes
Taxa de atendimento = % de pedidos atendidos integralmente sem registro
de problemas em todas as etapas do processo
Nº de reclamações = Quantidade de reclamações de clientes registradas,
procedentes ou não.
Reclamações do produto = Quantidade de reclamações de clientes
direcionadas para a performance do produto
Reclamações do serviço = Quantidade de reclamações de clientes
relacionadas ao serviço de atendimento e logística
Reclamações da equipe comercial = Qtde de reclamações de clientes
relacionadas ao atendimento prestado pela equipe comercial
Tempo médio de resposta da reclamação = Número de dias entre a
reclamação e a resposta ao cliente (não esta associado à solução do
problema)
Atendimento no prazo = % de entregas atendidas no prazo pactuado com os
clientes
Tempo médio de atendimento do pedido = Num. de dias decorridos entre a
colocação do pedido e o embarque do produto
Pesquisa de cliente = % de sucesso atribuído às respostas da pesquisa
Quadro 12 - Indicadores de desempenho de clientes propostos pelo autor
Fonte : Pesquisa do autor
108
Definição proposta para os indicadores – Custos
Custos total de produção = Custo total da produção em Reais
Custos de produção = Custo unitário de produção em Reais
Custo como % das Vendas = % de participação do custo de produção nas
vendas totais líquidas em Reais
Custo do frete da MP = Custo unitário por tonelada das matérias-primas
transportadas no regime CIF
Custo do frete da PA = Custo unitário por tonelada dos produtos acabados
transportadas no regime CIF
Custo da MOD = Custo total da mão-de-obra direta associada à cadeia de
suprimentos (SCM)
Custo da devolução de produto = Custo total incorrido com devolução de
produtos e ou MPs num período definido (mês ou ano)
Custo de armazenagem = Custo por toneladas para armazenar produto
Custo com produto avariado = Custo em Reais incorrido com avarias
causadas no produto dentro, fora ou durante o transporte.
Custo das falhas nos serviços = Custo incorrido por falha na prestação de
um serviço (informação incorreta, documentação faltante, etc.)
Custo de distribuição = Custo por tonelada incorrido na distribuição dos
produtos acabados
Custo médio embalagem do produto = Custo médio / tonelada embalada do
produto acabado
Custo da reclamação do cliente = Custo médio em Reais para uma
reclamação de cliente
Custo variável por tonelada = Custo unitário variável por tonelada de produto
acabado
Custo do pedido = Custo total atribuído a cada pedido recebido pelos clientes
Custo para manter estoques = Custo total dos estoques nas plantas, ou fora
delas
Custo de aquisição = Custo unitário por tonelada incorrido para adquirir
produtos e serviços
Quadro -13 - Indicadores de desempenho de custos propostos pelo autor
Fonte: Pesquisa do autor
109
Definição proposta para os indicadores – Rentabilidade (e Produtividade)
Rentabilidade por empregado (Fatur. / Empreg.) = Faturamento líquido por
empregado
Custo de Distribuição / Faturamento total = custo de dist. Total / faturamento
EBITDA / Faturamento = (Earns Before Insurance, Taxes, Depreciation and
Amortization) Geração Operacional de Caixa / faturamento
Giro líquido de Estoques = Valor dos estoques / faturamento
Perda de vendas por falta de produto (stock out) = % de vendas não
realizado por falta de produto
Perda de vendas por embalagem errada = % de vendas perdidas por
embalagens indesejadas
Ciclo do Tempo (Cash to Cash mng.) = Tempo em dias da saída de recursos
(em Reais) até o retorno ao caixa da empresa
Tempo médio de pagamento = Tempo médio em dias do momento da
compra até o pagamento ao fornecedor
Tempo médio de produto em processo = Tempo em dias de transformação
de MP´s em produto acabado
Tempo médio de produto acabado = Tempo médio em dias de permanência
do produto acabado no estoque
Tempo médio de recebimento = Tempo em dias decorridos entre a venda do
produto e a quitação da fatura pelo cliente
Acidentes no transporte = número de acidentes com a carga/pessoas
durante o processo de transporte de material
Tempo médio de carregamento = Tempo médio decorrido entre a chegada
do veículo e a saída do mesmo
Tempo médio de descarregamento = Tempo médio decorrido entre a
chegada e a saída do veículo na entrega aos clientes
Quadro 14 - Indicadores de desempenho de produtividade propostos pelo autor
Fonte: Pesquisa do autor
110
Definição proposta para os indicadores - Flexibilidade
Falta de produto x Demanda total = Número de faltas / Número de pedidos
no período
Novos produtos demandados = Número de dias para atender a pedidos de
novos produtos
Planejamento de médio e longo prazo = % das vendas planejadas no médio
e longo prazo
Capacidade (%) de embarques não planejados / mês
Tempo de resposta para replanejamento
Tempo de resposta para suprir = Tempo em dias decorridos entre a
necessidade da planta e o atendimento
Tempo de resposta para fabricar = Tempo médio decorrido entre a geração
da demanda e a produção do bem
Tempo de resposta para embarcar = Tempo médio decorrido entre a geração
da demanda e o embarque do bem demandado
Quadro 15 - Indicadores de desempenho de Flexibilidade propostos pelo autor
Fonte: Pesquisa do autor
Na subseção a seguir, o modelo será testado, utilizando os indicadores e
seus resultados, colhidos junto à empresa E.
5.6 APLICAÇÃO DO MODELO PROPOSTO NA EMPRESA E
O modelo proposto para avaliar o desempenho de cadeias de
suprimentos na subseção 5.5 deste trabalho, foi testado na empresa “E”,
utilizando os indicadores identificados por ela, correspondentes a cada
dimensão e os resultados destes indicadores, no período de janeiro de 2006 a
março de 2007.
A análise do modelo teria melhor representação se o período analisado
fosse mais extenso, por exemplo, entre três e cinco anos. A impossibilidade se
deve ao fato da empresa “E” ter passado a observar estes indicadores e seus
111
resultados de forma regular e padronizada, somente a partir de janeiro de
2006.
A avaliação está dividida por trimestre com o objetivo de permitir a
visualização da evolução do indicador global em cinco trimestres, entre janeiro
de 2006 e março de 2007.
Os Quadros 16, 17, 18, 19 e 20 a seguir, apresentam a distribuição
trimestral dos indicadores divididos nas dimensões às quais foram alocados por
essa empresa E. Uma breve análise dos achados acompanha os quadros.
Dimensão Clientes (Peso = 35%)
Indicadores de Desempenho
Q1-2006 Q2-2006 Q3-2006 Q4-2006 Q1-2007 Q1-2006 Q2-2006 Q3-2006 Q4-2006 Q1-2007
Número de Reclamações Qtde. 30% 100% 100% 100% 100% 96% 30% 30% 30% 30% 29%
Tempo médio de resposta da reclamação Dias 20% 100% 100% 100% 100% 100% 20% 20% 20% 20% 20%
Atendimento no prazo % 15% 99% 98% 99% 99% 98% 15% 15% 15% 15% 15%
Tempo médio de atendimento do Pedido Dias 10% 98% 93% 99% 99% 98% 10% 9% 10% 10% 10%
Pesquisa de Clientes % 25% 91% 91% 91% 91% 94% 23% 23% 23% 23% 24%
97% 97% 98% 98% 97%
34% 34% 34% 34% 34%
Resultados por trimenstre
Resultados ponderados pelo peso da dimensão clientes
Resultados dos indicadores no período Ponderação dos resultados x Peso I
Unid. Peso I
Quadro 16 – Aplicação do modelo de avaliação na dimensão clientes proposta pelo autor
Fonte: Pesquisa do autor
O Quadro 16 apresenta os resultados dos indicadores da dimensão
Clientes que, em seguida, são ponderados pelos pesos atribuídos a cada
indicador. A soma desta ponderação resulta na pontuação total do conjunto de
indicadores em cada trimestre. Finalmente, a ponderação destes totais pelo
peso atribuído a essa dimensão resulta na parcela de sua participação no
Índice de Performance do Supply Chain Management (IP-SCM).
Os Quadros 17, 18 e 19 seguem o mesmo desenvolvimento.
112
Verifica-se que a dimensão Clientes mantém resultados regulares
variando entre 91% e 100%. A participação da dimensão na construção do IP-
SCM também se manteve inalterada em 34%.
A seguir, analisam-se os resultados obtidos para a dimensão Custos.
Dimensão Custos (Peso = 35%)
Indicadores de Desempenho
Q1-2006 Q2-2006 Q3-2006 Q4-2006 Q1-2007 Q1-2006 Q2-2006 Q3-2006 Q4-2006 Q1-2007
Custo total de produção R$ 10% 94% 93% 91% 95% 95% 9% 9% 9% 10% 10%
Custos de produção R$/t. 20% 100% 100% 100% 100% 100% 20% 20% 20% 20% 20%
Custo do frete da MP R$/t. 10% 99% 99% 98% 99% 97% 10% 10% 10% 10% 10%
Custo do frete da PA R$/t. 10% 85% 95% 91% 100% 100% 9% 10% 9% 10% 10%
Custo de armazenagem R$/t. 10% 62% 37% 33% 40% 97% 6% 4% 3% 4% 10%
Custo de distribuição R$/t. 10% 82% 53% 50% 62% 100% 8% 5% 5% 6% 10%
Custo da reclamão do cliente R$/RC 10% 100% 100% 100% 100% 100% 10% 10% 10% 10% 10%
Custo variável por tonelada R$/t. 10% 100% 100% 100% 100% 100% 10% 10% 10% 10% 10%
Custo para manter estoques R$ 10% 100% 87% 88% 85% 100% 10% 9% 9% 9% 10%
92% 86% 85% 88% 99%
32% 30% 30% 31% 35%
Unid. Peso I
Resultados por trimenstre
Resultados dos indicadores no período Ponderação dos resultados x Peso I
Resultados ponderados pelo peso da dimensão custos
Quadro 17 – Aplicação do modelo de avaliação na dimensão custos proposta pelo autor
Fonte: Pesquisa do autor
Com exceção do resultado alcançado no 1º trimestre de 2007, verifica-
se que os resultados dos quatro trimestres de 2006 estão afetados
negativamente pelo baixo desempenho dos indicadores “Custo de
Armazenagem” e “Custo de Distribuição” decorrentes da manutenção de
estoques acima do planejado, durante o exercício de 2006. Convêm destacar
que o custo de distribuição, neste caso, entre outros componentes, contém
também os custos de armazenagem no seu cálculo, ficando desta forma, os
dois indicadores prejudicados.
Os custos adicionais com a manutenção de estoques elevados podem
ter relação direta com os bons resultados alcançados na dimensão Clientes, já
que durante todo o exercício de 2006 houve estoque suficiente para atender de
imediato a quaisquer necessidades dos clientes. Esta é uma conclusão por
113
associação que deve ser corroborada na análise específica dos executivos da
empresa “E” mas que demonstra, se confirmada, uma relação direta entre a
dimensão Custos e a dimensão Clientes.
A seguir, analisam-se os resultados obtidos para a dimensão
Rentabilidade.
Dimensão Rentabilidade (Peso = 20%)
Indicadores de Desempenho
Q1-2006 Q2-2006 Q3-2006 Q4-2006 Q1-2007 Q1-2006 Q2-2006 Q3-2006 Q4-2006 Q1-2007
EBITDA / Faturamento % 25% 100% 100% 100% 100% 100% 25% 25% 25% 25% 25%
Giro líquido de estoques Num. 10% 100% 74% 52% 37% 67% 10% 7% 5% 4% 7%
Ciclo do Tempo (Cash to Cash mng. ) Dias 25% 68% 75% 80% 77% 95% 17% 19% 20% 19% 24%
Tempo médio de produto acabado Dias 10% 65% 56% 55% 65% 100% 7% 6% 6% 7% 10%
Tempo médio de recebimento Dias 10% 76% 93% 84% 87% 92% 8% 9% 8% 9% 9%
Tempo médio de carregamento h 10% 100% 100% 98% 100% 100% 10% 10% 10% 10% 10%
% de acidentes / num. Entregas % 10% 100% 100% 100% 100% 100% 10% 10% 10% 10% 10%
86% 86% 84% 83% 95%
17% 17% 17% 17% 19%
Unid. Peso I
Resultados dos indicadores no período Ponderação dos resultados x Peso I
Resultados por trimenstre
Resultados ponderados pelo peso da dimensão rentabilidade
Quadro 18 – Aplicação do modelo de avaliação na dimensão Rentabilidade proposta pelo
autor
Fonte: Pesquisa do autor
Verifica-se que nos quatro trimestres de 2006, assim como acontece na
dimensão Custos, os resultados são afetados negativamente pelos indicadores
“Giro líquido de estoques”, “Ciclo do Tempo” e “Tempo médio de Produto
acabado”. Assim, pode-se, mais uma vez inferir que a manutenção de estoques
elevada afetou diretamente estes três indicadores citados, visto que o estoque
é importante elemento no cálculo dos referidos índices. Assim, pode-se
comprovar a efetiva interligação entre as dimensões custos e a dimensão
Rentabilidade da cadeia de suprimento.
A seguir, analisam-se os resultados obtidos para a dimensão
Flexibilidade.
114
Dimensão Flexibilidade (Peso = 10%)
Indicadores de Desempenho
Q1-2006 Q2-2006 Q3-2006 Q4-2006 Q1-2007 Q1-2006 Q2-2006 Q3-2006 Q4-2006 Q1-2007
Planejamento de médio e longo prazo % 25% 90% 90% 90% 90% 90% 23% 23% 23% 23% 23%
Cap. de embarques não planejados / mês % 25% 90% 90% 92% 90% 85% 23% 23% 23% 23% 21%
Tempo de resposta para replanejamento Dias 25% 90% 90% 90% 90% 85% 23% 23% 23% 23% 21%
Tempo de resposta para embarcar Dias 25% 95% 95% 95% 95% 90% 24% 24% 24% 24% 23%
91% 91% 92% 91% 88%
9% 9% 9% 9% 9%
Ponderação dos resultados x Peso I
Unid. Peso I
Resultados ponderados pelo peso da dimensão flexibilidade
Resultados por trimenstre
Resultados dos indicadores no período
Quadro 19 – Aplicação do modelo de avaliação na dimensão Flexibilidade proposta pelo autor
Fonte: Pesquisa do autor
Verifica-se uma queda nos três últimos índices listados no quadro da
dimensão Flexibilidade. Como todos estão relacionados a tempos de embarque
e também a re-planejamento, a queda nos indicadores pode estar associada
aos menores níveis de estoques no primeiro trimestre de 2007. Assim,
percebe-se o contraste entre o menor custo com manutenção de estoque.
O resultado das quatro dimensões propostas no modelo de medição e o
indicador global de Supply Chain Management estão dispostos no Quadro 20,
a seguir:
Q1-2006 Q2-2006 Q3-2006 Q4-2006 Q1-2007
34% 34% 34% 34% 34%
32% 30% 30% 31% 35%
17% 17% 17% 17% 19%
9% 9% 9% 9% 9%
93% 90% 90% 91% 96%
Resultados global de desempenho do SCM
Resultados dos Indicadores por trimentre
Resultados ponderados pelo peso da dimensão clientes
Resultados ponderados pelo peso da dimensão custos
Resultados ponderados pelo peso da dimensão rentabilidade
Resultados ponderados pelo peso da dimensão flexibilidade
Quadro 20 – Resultado global do IP-SCM Índice de Performance do Supply Chain
Management proposto pelo autor
Fonte: Pesquisa do autor
O objetivo principal da aplicação do modelo na empresa “E” está em
demonstrar a inter-relação entre dimensões e indicadores, no sentido de
115
permitir a visualização do equilíbrio entre as dimensões da cadeia, oferecendo
um cenário mais completo para o processo de tomada de decisão.
No próximo capítulo estão dispostas as conclusões deste trabalho.
116
6 CONCLUSÃO
Para finalizar esta dissertação, as conclusões serão desenvolvidas à luz
dos pressupostos trazidas no primeiro capítulo e confrontadas com as
informações obtidas nas entrevistas e pesquisas desenvolvidas nas empresas,
nos cinco casos analisados.
Usar-se-á três conceitos para julgar os pressupostos: 1) Falso, 2)
Verdadeiro e 3) parcialmente verdadeiro.
No primeiro pressuposto, a implantação do conceito de Supply
Chain nas empresa do PPC e CIA se dá de forma parcial; em alguns
casos, ainda é incipiente. Parcialmente verdadeiro, verificou-se que o
conceito se aproxima do modelo de gestão que molda a cadeia de suprimentos
em algumas empresas. Esta afirmação está bastante clara quando se analisa
as empresas B, C e E. Curiosamente, estas são as empresas de maior porte
do estudo. As empresas C e E são multinacionais de grande porte do setor
químico e petroquímico, ambas com faturamento acima dos U$$ 20 bilhões; a
empresa B é uma empresa de capital nacional, mas a maior do seu segmento
na América Latina, e ocupando posição de destaque entre as dez maiores
empresas do Brasil.
Acreditasse com Isso que organizações de grande porte tendem a se
organizar de forma mais próxima dos conceitos encontrados na literatura,
enquanto empresas de menor porte ainda seguem modelos de gestão muito
vinculados às características do negócio em que atuam, e menos relacionado a
modelos mais amplos de gerenciamento.
Segundo Ballou (2006, p.548),
A organização formal fornece linhas transparentes e definidas de
autoridade e responsabilidade para a cadeia de suprimentos.
Isso normalmente requer instalar um gerente em um nível da
117
estrutura geral da organização que lhe permita trabalhar
efetivamente com as outras grandes áreas funcionais da
empresa. As empresas se voltam para o modelo da organização
formal quando arranjos menos formais não têm sucesso ou
quando é preciso dar maior atenção às atividades de Supply
Chain.
A Figura 11, abaixo, apresenta um exemplo de organização formal.
Figura 11 - Organização centralizada, formal para cadeia de suprimentos
Fonte: Ballou (2006, p. 548)
Verificou-se, também, que o próprio tamanho da empresa e a relevância
de certos processos podem direcionar as estruturas dentro de uma
organização. Esta afirmação se confirma na empresa B, onde a compra da
principal matéria-prima está sob a guarda da área comercial. Esse processo de
compra, que no exemplo citado, responde por cerca de 60% do custo total de
produção e o alinhamento com a prospecção de vendas, é fundamental para
garantir que o nível de estoque de matéria-prima não ultrapasse ou fique
aquém do necessário. Se a falta de matéria-prima pode ter conseqüências
desastrosas para a continuidade do processo, por outro lado, níveis elevados
118
de estoque podem comprometer, negativamente, o dimensionamento das
necessidades com capital de giro.
[...] não existe o que se possa considerar como organização
típica de supply chain. A estrutura organizacional é padronizada
de acordo com as circunstâncias individuais de cada empresa.
(BALLOU, 2006. p 548)
Na mesma linha, outro exemplo semelhante pôde ser observado na
empresa E, onde não apenas as compras de matérias-primas, mas também o
planejamento de produção e vendas está alocado fora da vice-presidência de
Supply Chain. Decerto, pela atenção que essas atividades precisam para o
controle dos negócios dessa organização.
No entanto, nas três grandes organizações citadas (B, C e E), foram
verificadas estruturas organizacionais focadas, senão para a totalidade da
cadeia, à luz do conceito eleito para definir SCM, em parte para parcela
relevante dos processos característicos, aos quais o conceito faz menção.
No segundo pressuposto, as empresas do PPC e CIA medem o
desempenho dos processos que compõem a cadeia de suprimentos,
isoladamente. Verdadeiro, em todas as empresas estudadas, verificou-se que
a utilização de indicadores de desempenho de SCM se dá de forma ampla. A
identificação de indicadores transcorreu de forma rápida e sem espaço para
dúvidas. Os executivos que participaram da pesquisa nos casos estudados
mostraram bastante intimidade com as métricas e reconheceram a utilização
de um grande leque de indicadores em suas operações.
Em alguns casos, como bem exemplifica a empresa B, o executivo
entrevistado acrescentou três novos indicadores ao conjunto apresentado pelo
entrevistador. O mesmo fez o executivo da empresa D, acrescentando o
bechmarking, na dimensão “rentabilidade”.
É também sabido que alguns destes indicadores são usados por
algumas organizações para negociar desempenho associado ao pagamento de
119
bônus para os empregados. Isto pôde ser bem observado, por exemplo, nas
empresas C e E, onde reclamação de clientes e custo unitário de produção são
indicadores que compõem um conjunto de outros medidos e considerados para
dimensionar os prêmios pecuniários por desempenho, oferecidos aos seus
colaboradores a cada final de exercício.
Um outro ponto relevante nesta análise é a natureza do indicador.
Muitas vezes, apesar de ser muito útil para avaliar a performance de uma
atividade de Supply Chain, o indicador de natureza financeira, em algumas
empresas, acaba sendo desconsiderado para medir processos da cadeia de
suprimentos. Um bom exemplo disso repousa sobre o indicador cash to cash
management ou “Ciclo do Tempo”, que mede em dias, o período decorrido
entre a saída e o retorno de uma unidade monetária ao caixa da companhia.
Decerto que este indicador é demasiadamente importante para os profissionais
que estão gerenciando as aplicações e as necessidades financeiras da
companhia, no entanto, o impacto sobre as atividades que resultam na melhor
ou pior performance do indicador estão diretamente relacionadas à cadeia de
suprimentos (SCM).
No terceiro pressuposto, não há, de modo geral, um modelo de
avaliação de desempenho estabelecido que meça o resultado do SCM de
forma integrada. Verdadeiro, não foi identificado nenhum modelo de
desempenho especialmente desenvolvido para medir o resultado da cadeia de
forma integrada.
De fato, existe uma associação entre a implantação do conceito de
Supply Chain e a possibilidade de medir os seus resultados. Dessa forma, não
se esperava encontrar nenhum modelo em empresas onde o conceito não
tenha sido implantado sequer parcialmente. No entanto, também não foi
identificada esta prática nas empresas de maior porte onde o conceito já
avança de forma mais consolidada, ainda que não totalmente.
120
Segundo Copacino (1997, p. 146), muitas empresas ainda não
desenvolveram um sistema formal de avaliação de desempenho do SCM, ou
não dão suficiente atenção às métricas que usam.
Não foi objeto deste estudo a verificação de outros modelos de avaliação
de desempenho aos quais se pudesse atribuir a medição de parte dos
resultados alcançados pela cadeia de suprimentos. Decerto, que toda
organização utiliza práticas para avaliar a evolução dos seus negócios. Essas
práticas vão das mais simples, como a verificação dos lucros mensais e
geração de caixa, às mais complexas, que podem escolher um leque de
indicadores através dos quais seus dirigentes atribuem valor ao negócio e
também os usam para tomar decisões.
No entanto, pode não haver entre estes indicadores uma relação
associada a qualquer metodologia formal de avaliação de desempenho.
Finalmente, frente aos achados nesta pesquisa pretende-se deixar um
modelo cuja simplicidade pode motivar o seu uso e com isso trazer e validar
mais uma porção de valor às operações e atividades sobre as quais se tem
percepções positivas quanto aos resultados, mas que não têm sido
comprovados por metodologia aplicada.
Todos os instrumentos necessários para aplicar o modelo estão
disponíveis nas organizações. Os indicadores já são conhecidos e aplicados.
Resta apenas estruturá-los e atribuir-lhes valor dentro das dimensões
apresentadas.
No quarto pressuposto, é possível propor um modelo integrado de
avaliação de desempenho do SCM, capaz de medir a performance das
cadeias de suprimentos nas empresas pesquisadas PPC e CIA.
Verdadeiro, verificou-se que as dimensões propostas para compor o modelo
foram bem recebidas pelos representantes das empresas entrevistadas. Esta
afirmação se confirma ao se constatar que todas as dimensões foram
reconhecidas pelos executivos entrevistados e receberam, em todas as
121
empresas, pesos relacionados ao valor percebido nas respectivas cadeias de
suprimentos.
O mesmo ocorreu com os indicadores de desempenho identificados
pelos entrevistados que, em muitos casos, apareceram de forma unânime em
todas as empresas, como mostra o Quadro 11, no quinto capítulo.
Assim, acredita-se na viabilidade da proposta de um modelo de
avaliação de desempenho para cadeias de suprimentos, e uma alternativa está
apresentada na seção 5.5, dedicada exclusivamente para este fim.
Também, para uma grande parte das empresas do PPC e CIA, o modelo
teria boa adaptação visto que, apesar de produtos diferentes, mantêm uma
relação próxima, uma vez que, são muitas as que comercializam commodities.
Outro achado importante, verificado entre as empresas pesquisadas, é a
unanimidade da percepção de que as dimensões “Clientes” e “Custos” são as
mais importantes do SCM. Em todas as organizações, a soma dessas
dimensões esteve acima de 60% do total da cadeia, chegando a 70% e 75%,
em alguns casos.
Um pressuposto não testado é a crença de que muitas atividades
praticadas nas empresas do PPC e CIA têm padrões muito próximos. Entre
elas, destacam-se a logística de transporte que, majoritariamente utiliza
caminhões de grande porte para longo curso, o modelo de armazenagem de
produtos, com armazéns nas fábricas e centros de distribuição nos grandes
centros consumidores, a gestão de materiais, com elevado volume de itens e
valores representativos de MRO
27
e matérias primas, entre outras não menos
importantes.
A matriz de comercialização também se assemelha muito no conjunto
das empresas, tendo como principal mercado o sudeste do país, notadamente
o estado de São Paulo. E poderia até se afirmar que há um largo espectro de
27
Maintenance, Repairs and Operational Inventory.
122
clientes em comum, visto que muitos destes participam diretamente como
transformadores de termoplásticos de terceira geração.
Assim, estas sinergias entre as organizações nos fazem crer que a
implantação do modelo proposto teria maiores possibilidades de adaptação e
dessa forma, entende-se que o modelo proposto pode ser uma ferramenta útil
para inter-relacionar as dimensões da cadeia e medir o seu desempenho
global.
Finalmente, o teste do modelo na empresa E demonstra a inter-relação
entre as dimensões apesar do curto período de tempo analisado. Verifica-se
então que existem as relações entre indicadores e suas respectivas
dimensões, permitindo ao gestor a visualização destes equilíbrios e oferecendo
assim, um instrumento aparelhado para apoiar o processo de tomada de
decisão.
6.1 LIMITAÇÕES DO MODELO
A proposta do modelo combina indicadores e dimensões do SCM. O
resultado alcançado pela equação que encontra o IP-SCM (Índice de
Performance do Supply Chain Management) certamente representa uma
equação equilibrada pelas atividades mais importantes da cadeia.
Por exemplo, se uma excelente performance for alcançada no indicador
“custos de estoque” (custo baixo portanto), a contrapartida pode vir no baixo
desempenho do indicador “Tempo de resposta para embarcar”.
Por outro lado, e esta é uma fragilidade do modelo, não foram
identificados indicadores capazes de medir processos mais extensos dentro da
cadeia. Desse modo, usando o mesmo exemplo acima, o modelo é incapaz de
indicar que o bom desempenho com a gestão de estoque é responsável pela
123
baixa performance com as entregas de produto, já que não há um indicador de
performance que inter-relacione o nível de estoque e o reflexo sobre a
capacidade de embarcar (ou suprir).
Encontram-se na literatura, citações que reforçam esta limitação do
modelo. Lambert e Pohlen (2001) colocam que as técnicas e métricas
encontradas na literatura focam o desenvolvimento de indicadores para
atividades isoladas, que não observam como essas atividades afetam o
desempenho total da cadeia. E completa, que mais pesquisa ainda é
necessária para que se desenvolvam sistemas de medição capazes de
enxergar a cadeia sob uma ótica global.
Ainda sobre a eficácia do modelo, deve ser observado que não existe
verdade matemática que garanta que a escolha e representatividade de
indicadores e dimensões sejam acertadas. Estas escolhas são resultados da
percepção dos executivos responsáveis pela gestão dos negócios e, portanto,
o modelo proposto estará medindo o desempenho através do conjunto de
valores atribuídos por esses dirigentes aos processos e atividades dos seus
respectivos negócios.
A simples mudança de percepção sobre o valor de uma dimensão pode
desequilibrar o resultado, apontado pelo modelo de forma positiva ou negativa.
Apesar disso, sabe-se que o mundo dos negócios também é afetado por
um conjunto de fatores não tangíveis. O futuro de um negócio é re-projetado a
cada momento, e leva em consideração tendências que nem sempre se
consolidam como foram previstas inicialmente.
Portanto, a alteração do modelo deve seguir o mesmo ritmo das
tendências que afetam o mercado e os seus jogadores. Certamente, há 50
anos passados, a importância atribuída à satisfação dos clientes não era a
mesma dos dias atuais.
124
Para Copacino (1997), não existe uma única forma de medir
desempenho que seja universalmente aplicável. “Cada companhia precisa
desenhar o modelo que seja adequado para sua estratégia particular, ambiente
operacional, empregados e as necessidades específicas de seus clientes”.
Este trabalho encerra-se na próxima subseção onde se analisam ainda
algumas limitações da pesquisa e se recomendam outros pontos acerca do
tema, para futuras investigações.
6.2 RECOMENDAÇÕES PARA PESQUISAS FUTURAS
As organizações e os executivos relacionados com a gestão da cadeia
de suprimentos ainda requerem mais entendimento, no tocante aos conceitos
que definem o SCM e, principalmente, na relação desses conceitos com a
prática dentro das empresas. Atualmente, já se encontram departamentos
estruturados com o objetivo de aproximar os processos e atividades que
tipicamente pertencem ao SCM, e dessa forma, maximizar resultados
decorrentes da inter-relação desses processos. Esta afirmação se confirmou
em três empresas, do total de cinco, onde foram feitas as entrevistas. Como
observado nas conclusões na seção 6.1, as empresas que melhor se
adequaram ao conceito de SCM são exatamente as três maiores corporações
do universo pesquisado.
Fica, portanto, uma questão para provocar futuros trabalhos nesta
direção: O que falta às empresas que ainda não implementaram o Supply
Chain management em suas estruturas para fazê-lo?
Entre as limitações deste trabalho destaca-se também, a forma como
foram levantados os dados e informações que fundamentaram as conclusões
aqui colocadas. As entrevistas individuais foram conduzidas com poucos
125
executivos de cada organização. Melhor teria sido se houvessem recursos e
tempo disponível para permanecer dentro das empresas observando as
atividades e os processos in loco, e entrevistando um número maior de
pessoas estratificadas nos diversos níveis hierárquicos das organizações. É a
partir desta limitação que se deixa outra provocação para novas pesquisas:
Como mapear o melhor modelo conceitual de SCM para cada empresa? Quais
são os processos-chave em cada organização?
Esta pesquisa não observou as ações corretivas associadas ao
desempenho aferido pelos indicadores relacionados pelos entrevistados, dentro
de cada dimensão. Mais do que isso, não se sabe sequer se há mecanismos
estabelecidos para corrigir eventuais desvios nas atividades medidas.
Finalmente, ao se verificar a fragilidade dos indicadores observados no
tocante à sua capacidade de medir processos completos, que contenham
atividades inter-relacionadas, deixa-se aqui uma última questão: Como
desenvolver indicadores mais complexos capazes de observar e medir
processos completos dentro da cadeia de suprimentos?
Estas e outras questões ainda podem ser levantadas, visto que o tema
permite uma inesgotável fonte para novas abordagens.
126
REFERÊNCIAS
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Florianópolis, SC. : Grupo de Estudos Logísticos, UFSC, 2005. Disponível em:
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127
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128
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Disponível em:<http://www.sudic.ba.gov.br/infra_estrutura.htm#distritos>.
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SUPPLY-CHAIN COUNCIL. Supply-chain operations reference model
(SCOR): version 8.0. 2006. Disponível em: <http://www.supply-chain.org>
Acesso em: 12 dez. 2006.
WANKE, P. Logística, gerenciamento de cadeias de suprimentos e
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WANKE, P. Logística e gerenciamento da cadeia de suprimentos:
planejamento do fluxo de produtos e dos recursos. São Paulo: Atlas, 2003. p.
27-47 (Coppead de Administração)
129
APÊNDICE A – Carta de apresentação do trabalho
Universidade Federal da Bahia
Escola de Administração
Mestrado Profissional
______________________________________________________
O presente questionário faz parte da dissertação de mestrado do aluno Alejandro
Hernan Tochilovsky ([email protected]), sob orientação do professor doutor Rogério H.
Quintella ([email protected]), professor da Escola de Administração e coordenador do NPGA
da Universidade Federal da Bahia. Esta dissertação está sendo desenvolvida na Escola de
Administração de Empresas da UFBA, e tem cronograma de conclusão para fevereiro de 2007.
Os nomes das empresas envolvidas e as informações prestadas serão mantidas em sigilo.
O objetivo deste questionário é verificar o alinhamento existente entre os conceitos de
SCM encontrados e implementados nas empresas entrevistadas, e aqueles encontrados na
literatura acadêmica pertinente. O questionário visa ainda verificar as sinergias encontradas
entre os modelos e seus indicadores de desempenho encontrados na literatura pesquisada, e
aqueles verificados nas empresas do Pólo Petroquímico de Camaçari, na Bahia.
Desta forma, o questionário está dividido em três partes; a 1ª parte traz o conceito para
SCM escolhido neste trabalho e os conceitos acerca das quatro dimensões do modelo
identificadas como relevantes na composição da cadeia e, portanto, necessárias para avaliar o
seu desempenho. Na 2ª parte estão relacionados os indicadores de desempenho, uma breve
descrição de cada um deles e uma “sugestão” de cálculo, visto que os mesmos indicadores
podem ser calculados com pequenas variações a depender da empresa. Estes indicadores
foram extraídos da literatura pesquisada e tem o objetivo de orientar, mas não delimitar outros
que, por ventura, sejam usados pelas empresas entrevistadas.
A 3ª parte traz perguntas abertas, cujo objetivo principal é verificar as estruturas de
SCM e suas características nas empresas pesquisadas, e permitir que sejam contrapostas ao
conceito de SCM eleito para nortear o trabalho.
Finalmente, na 4ª parte encontra-se um questionário onde os entrevistados deverão
eleger, por dimensão, os indicadores que julgarem relevantes para medir a cadeia de
suprimentos nas suas empresas ou unidades de produção. Neste mesmo formulário, o
entrevistado deverá atribuir pesos às dimensões e aos indicadores associados a cada uma
delas.
Os pesquisadores envolvidos com este trabalho agradecem, desde já, a colaboração
dos entrevistados.
130
APÊNDICE B - Conceito e Dimensões da Cadeia (SCM)
Universidade Federal da Bahia
Escola de Administração
Mestrado Profissional
_____________________________________________________
1ª. Parte – Conceito e Dimensões da Cadeia (SCM)
Conceito de SCM
Segundo o Council of Logistics Management (CLM), Supply Chain é definido como
sendo a integração de processos-chave a partir do usuário final até os fornecedores
primários com o objetivo de prover produtos, serviços e informação que adicionem
valor para os clientes e acionistas da empresa.
Dimensão Clientes da Cadeia
A dimensão clientes engloba todas as métricas, que têm como objetivo a avaliação da
percepção do cliente relacionada aos produtos e serviços oferecidos aos clientes.
Busca abranger o produto no tocante à sua qualidade e performance no cliente.
Também busca avaliar a eficácia dos serviços prestados, sejam no campo da logística
ou no que se refere à assistência técnica.
Dimensão Custos da Cadeia
A dimensão Custos da cadeia abrange todos os custos envolvidos ao longo da cadeia
de suprimentos. Esta abrangência é maior ou menor em função do modelo empregado
em cada organização. De forma geral, estão relacionados todos os custos associados
à aquisição de matérias-primas, materiais de manutenção, químicos e outros materiais
auxiliares. Ainda estão relacionados os custos de manutenção de estoques,
embalagens distribuição, fretes, enfim, todos os processos que constituem a logística
da empresa.
Aparecem também nesta dimensão os custos relacionados às reclamações de
clientes, desde os intangíveis (atrasos) como os relacionados a avarias no produto ou
embalagens ou mesmo os custos incorridos por falhas de especificação de produto.
Dimensão Rentabilidade da Cadeia
Nesta dimensão estão relacionados os indicadores de rentabilidade e produtividade da
cadeia de suprimentos. São índices que estabelecem relação entre custos e receitas
ou geração de caixa (EBITDA). Também estão incluídos nesta dimensão os
indicadores de tempos tais quais os tempos de recebimento, giro de estoques, prazo
de compras, etc.
Dimensão Flexibilidade da Cadeia
É a capacidade da cadeia de suprimentos para se adaptar a novas condições de
mercado e/ou demanda, sem afetar o custo de produção, a qualidade do produto e/ou
o nível do serviço prestado aos clientes. São exemplos de flexibilidade da cadeia os
tempos necessários para re-planejar atividades, tempo de resposta para suprir, para
produzir ou ainda para atender um pedido.
131
APÊNDICE C - Indicadores de desempenho – Descrição e cálculo
Universidade Federal da Bahia
Escola de Administração
Mestrado Profissional
______________________________________________________
2ª. Parte: Indicadores de Desempenho – Descrição e Cálculo
Dimensão Clientes
Pedido Perfeito
(Perfect Order)
Calcula a taxa de pedidos sem erros, em
cada fase do pedido do cliente. Considera as
diversas etapas do pedido.
% acerto no registro
do pedido X % acerto
das entregas no
prazo X % entregas
sem avarias X %
acerto no
faturamento dos
pedidos
Reclamações de
Clientes (Customer
Complaints)
Calcula o número de reclamações de clientes
registradas na empresa, sejam elas
procedentes ou não
Número de
reclamações em
quantidade.
Tempo Médio de
Resposta à
Reclamação
Calcula em número de dias, o tempo entre o
registro da reclamação e a resposta formal ao
cliente. Não considera necessariamente a
ação corretiva da reclamação
Dias corridos para
resposta ao cliente X
meta estabelecida
pela empresa.
Entregas no Prazo
(On time delivery)
Calcula o % de entregas realizadas no prazo
acordado com o cliente.
Entregas no prazo /
total de entregas
realizadas x 100
Tempo Médio de
Atendimento ao
Cliente
Calcula o tempo decorrido entre a colocação
do pedido e a entrega do mesmo. Pode variar
de acordo com a embalagem, produto e local
de entrega.
Tempo em dias /
meta em dias
estabelecida pela
empresa.
Erros na Entrega
Calcula erros de entrega tais quais produto
trocado, produto faltante, especificações
equivocadas ou embalagem errada.
Número de entregas
erradas / número de
entregas a clientes X
100
Pesquisa de
Satisfação do
Cliente
Afere a satisfação do cliente para os blocos
(ações comercias, produto, serviços e
assistência técnica). A pesquisa é conduzida
por formulários com perguntas com escala de
satisfação. Pode ser feito pela web.
Compara resultados
atuais com
resultados passados
e avalia a evolução
ou involução de cada
ponto pesquisado.
Continua
132
APÊNDICE C - Indicadores de desempenho – Descrição e cálculo
(Continuação.)
Universidade Federal da Bahia
Escola de Administração
Mestrado Profissional
______________________________________________________
2ª. Parte (cont.): Indicadores de Desempenho – Descrição e Cálculo
Dimensão Custos
Custos de Produção
Unitário
Custo de produção em Reais de uma unidade de produto
acabado. No setor petroquímico, este indicador É comumente
calculado em
R$ / Tonelada produzida. Calculo mensal
Custo orçado (-)
Custo realizado /
Custo Orçado
Custos de Distribuição
Unitário
Custo de distribuição em Reais de uma unidade de produto
acabado. Normalmente inclui o custo da embalagem + custo da
entrega (frete + armazenagem + outros). Em R$ / Tonelada
distribuída.
Custo orçado (-)
Custo realizado /
Custo Orçado
Custo Médio da
Embalagem do Produto
Calcula o custo em R$ / tonelada da embalagem utilizada no
produto acabado. No setor petroquímico são comuns a sacaria
de 25 kg e os pallets e os Big Bags entre 1 e 1,3 toneladas. Há
ainda outras alternativas como entregas a granel ou Bulk Bags
em containers.
Custo orçado (-)
Custo realizado /
Custo Orçado
Custo da Reclamação
de Cliente
Calcula o custo médio de reclamações de clientes. Considera re-
entregas de produto, indenizações por danos diversos, desde
simples avarias à quebra de formulações e/ou equipamentos.
Custo orçado (-)
Custo realizado /
Custo Orçado
Custo Variável por
Tonelada
Calcula o custo variável por tonelada de produto acabado. Está
muito relacionado ao desempenho da área de aquisição já que
aqui estão incluídos os custos de matérias-primas, energias,
materiais auxiliares, químicos e serviços à produção.
Custo orçado (-)
Custo realizado /
Custo Orçado
Custo realizado /
Custo do mês e/ou
ano anterior.
Custo do Pedido Calcula os custos totais fixos associados a proventos e outros
custos administrativos de compras e almoxarifado. Cresce em
função do número de pedidos.
Custo orçado (-)
Custo realizado /
Custo Orçado
Pedidos
planejados /
Pedidos realizados
Custo de Manter o
Estoque
Estão associados a todos os custos necessários para manter
certa quantidade de mercadorias por um período. Incluem custos
de armazenagem, seguros, custo de deterioração e
obsolescência e custo financeiro do capital imobilizado (CHING,
2001). São inversamente proporcionais ao número de pedidos
Custo orçado (-)
Custo realizado /
Custo Orçado
Pedidos
planejados /
Pedidos realizados
Custo de Total de
Aquisição
Resulta da soma dos custos de manter o estoque e o custo de
pedir.
Custo orçado (-)
Custo realizado /
Custo Orçado
Toneladas expedidas
por Empregado
Custo de produção em Reais de uma unidade de produto
acabado. No setor petroquímico este indicador e comumente
calculado em
R$ / Tonelada produzida. Calculo mensal
Custo orçado (-)
Custo realizado /
Custo Orçado
Pedidos por vendedor Custo de distribuição Reais de uma unidade de produto
acabado. Normalmente inclui o custo da embalagem + custo da
entrega (frete + armazenagem + outros). Em R$ / Tonelada
distribuída.
Custo orçado (-)
Custo realizado /
Custo Orçado
133
APÊNDICE D – Perguntas abertas
Universidade Federal da Bahia
Escola de Administração
Mestrado Profissional
______________________________________________________
Empresa : ________________________ Executivo : _________________________________________
3ª. Parte: Perguntas Abertas
1 – Existe uma estrutura de Supply Chain na sua empresa?
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
2 – Quais os processos que integram a estrutura de Supply Chain de sua empresa:?
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
Continua
134
APÊNDICE D – Perguntas abertas (Continuação)
Universidade Federal da Bahia
Escola de Administração
Mestrado Profissional
_____________________________________________________
Empresa: ________________________ Executivo : ________________________________________
3ª. Parte (cont.) : PERGUNTAS ABERTAS:
3 – De que forma estão organizados os processos que integram o Supply Chain à luz do conceito utilizado
neste trabalho? A que área se reportam? Há interligação entre estes processos ou áreas?
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
4 – Existe na sua empresa, um modelo de avaliação de desempenho implementado para medir de forma
integrada, a performance do Supply Chain (cadeia de suprimentos)?
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
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