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UNIVERSIDADE FEDERAL DE S
˜
AO CARLOS
CENTRO DE CI
ˆ
ENCIAS EXATAS E DE TECNOLOGIA
PROGRAMA DE P
´
OS-GRADUAC¸
˜
AO EM MATEM
´
ATICA
Estabilidade Dinˆamica para
Sistemas Quˆanticos
Dependentes do Tempo
Mariza Stefanello Simsen
ao Carlos - SP
2006
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE S
˜
AO CARLOS
CENTRO DE CI
ˆ
ENCIAS EXATAS E DE TECNOLOGIA
PROGRAMA DE P
´
OS-GRADUAC¸
˜
AO EM MATEM
´
ATICA
Estabilidade Dinˆamica para Sistemas Quˆanticos Dependentes do
Tempo
Mariza Stefanello Simsen
Tese apresentada ao Programa de os-
Gradua¸ao em Matem´atica da UFSCar
como parte dos requisitos para obten¸ao
do t´ıtulo de doutor em Matem´atica, ´area
de concentra¸ao: Matem´atica Aplicada
ao Carlos - SP
Outubro de 2006
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Ficha catalográfica elaborada pelo DePT da
Biblioteca Comunitária/UFSCar
S614ed
Simsen, Mariza Stefanello.
Estabilidade dinâmica para sistemas quânticos
dependentes do tempo / Mariza Stefanello Simsen. -- São
Carlos : UFSCar, 2006.
123 p.
Tese (Doutorado) -- Universidade Federal de São Carlos,
2006.
1. Análise matemática. 2. Análise funcional. 3.
Estabilidade. 4. Teoria espectral (Matemática). 5.
Schrödinger, operadores de I. Título.
CDD: 515 (20
a
)
.
Orientador
Prof. Dr. C´esar Rog´erio de Oliveira
.
Banca Examinadora
Prof. Dr. esar Rog´erio de Oliveira
Prof. Dr. ario Bas´ılio de Matos
Prof. Dr. Jo˜ao Carlos Alves Barata
Prof. Dr. Paulo Faria da Veiga
Prof. Dr. Pedro Paulo de Magalh˜aes Rios
Dedico este trabalho ao meu marido Jacson.
Agradecimentos
Ao meu orientador, professor C´esar Rog´e rio de Oliveira, por ter me dado
oportunidade de realizar este trabalho, pela amizade e por ser exemplo de profissional
a ser seguido, sempre atencioso, dedicado e paciente, que contribuiu muito com sua
experiˆencia, para o meu aprendizado.
`
A CAPES pelo suporte financeiro.
Aos meus pais, irm˜aos e sobrinhos, que me incentivaram e acompanharam
minha jornada, por todo amor, carinho que tˆem por mim, e que apesar da distˆancia
estiveram sempre presentes.
`
A Deus, por ter me dado sa´ude e for¸ca para enfrentar e superar as dificul-
dades e assim realizar este sonho.
Aos Professores do Departamento de Matem´atica da UFSCar e da UFSM,
em especial, ao Marcus Vin´ıcius de Araujo Lima pelas disc us˜oes e amizade, e ao
Jo˜ao Batista Peneireiro que mais do que professor foi e continua sendo amigo.
Aos amigos Luiza, Francisco, Chiquinho, Kelly, Marcos, Tamara, Giuliano,
Ivo, Josiane, Marcelo, Helena, Marciano e Gisele pela amizade e solidariedade nos
momentos bons e nos dif´ıceis.
Aos alunos do PPG-M pelo excelente ambiente de trabalho e amizade.
Ao Jacson, meu maravilhoso marido, por tudo.
As secret´arias, C´elia e Irma, por estarem sempre prontas a nos ajudar.
Resumo
Estudamos se um sistema dep e ndente do tempo ´e dinamicamente e st´avel ou
inst´avel, i.e., se o valor esperado de um observ´avel positivo e discreto ´e uma fun¸ao
limitada do tempo ou ao. Inicialmente consideramos propriedades topol´ogicas das
´orbitas dos estados do sistema e como estas propriedades se relacionam com a esta-
bilidade dinˆamica. No caso de dependˆencia temporal peri´odica apresentamos uma
ormula que permite decidir sobre a estabilidade conhecendo o comportamento dos
elementos de matriz do resolvente do operador de Floquet em rela¸ao a uma de-
terminada base do espa¸co de Hilbert. Finalmente, apresentamos um exemplo de
operador de Floquet com espectro pontual puro e autofun¸oes decaindo exponenci-
almente cujo sistema ´e dinamicamente inst´avel.
Abstract
We study if a time-dependent system is either dynamically stable or uns-
table, i.e., if the expected value of a positive and discrete observable is a bounded
function of time or not. Initially we consider topological properties of the orbits
of the states of the system and how these properties are related to dynamical sta-
bility. In the case of periodic time dependence, we present a formula that allows
one to dec ide about stability from the behavior of the matrix elements of the resol-
vent associated with the Floquet operator. Finally, we give an example of Floquet
operator with purely point spectrum and exponentially decaying eigenfunctions and
dynamical instability.
Sum´ario
0 Introdu¸ao 11
1 Preliminares 21
1.1 Existˆencia da Dinˆamica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
1.2 Integral Direta e Aplica¸oes Peneperi´odicas . . . . . . . . . . . . . . 24
1.3 Formalismo de Howland . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
1.4 Formula¸ao de Jauslin-Lebowitz . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
2 Estabilidade Via Propriedades Topol´ogicas de Subespa¸cos 38
2.1 Hamiltonianas Gerais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
2.2 Hamiltonianas Peri´odicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
2.3 Hamiltonianas Quaseperi´odicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
2.4 Limita¸ao do valor esperado da energia . . . . . . . . . . . . . . . . . 59
3 Energia Para Hamiltonianas Peri´odicas no Tempo 65
3.1 Energia M´edia via Fun¸ao de Green . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
3.2 Aplica¸oes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71
3.2.1 Hamiltonianas Independentes do Tempo . . . . . . . . . . . . 71
3.2.2 Um Limite Inferior para as Fun¸oes de Green . . . . . . . . . 73
3.2.3 Perturba¸oes Kicked de Posto 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . 74
3.2.4 Perturba¸oes Kicked por V em L
2
(S
1
) . . . . . . . . . . . . . 78
9
10
4 Operador de Floquet com Espectro Pontual e Instabilidade 88
4.1 Apresenta¸ao dos Ope radores Floquet . . . . . . . . . . . . . . . . . 89
4.2 Espectro Pontual Puro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 94
4.3 Instabilidade Dinˆamica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97
4.3.1 Lemas Preliminares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97
4.3.2 Transformadas de Borel e de Cauchy . . . . . . . . . . . . . . 101
4.3.3 Varia¸ao de β . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 107
4.3.4 Demonstra¸ao do Teorema 4.2(ii) . . . . . . . . . . . . . . . . 109
5 Conclus˜ao 114
Cap´ıtulo 0
Introdu¸ao
A evolu¸ao temporal dos estados de um sistema quˆantico com Hamiltoniana depen-
dente do tempo ´e determinada pela equa¸ao de Schr¨odinger
i
dt
(t) = H(t)ψ(t)
em que H(t) ´e uma fam´ılia de operadores auto-adjuntos em um espa¸co de Hilbert
separ´avel H e ψ(t) H t IR. Sob condi¸oes adequadas em H(t), como veremos
no Cap´ıtulo 1, existe uma solu¸ao do problema de valor inicial ψ(s) = ψ: ψ(t) =
U(t, s)ψ. Os propagadores, ou operadores de evolu¸ao temporal U (t, s) formam uma
fam´ılia fortemente cont´ınua de operadores unit´arios satisfazendo
U(t, r)U(r, s) = U(t, s)
U(t, t) = I
d
(operador identidade)
para todo t, r, s.
Para estudar tais Hamiltonianas depe ndentes do tempo ´e comum conside-
rar um espa¸co estendido K
.
= L
2
(IR, H, dt) L
2
(IR) H
IR
H de forma que a
vari´avel t passe a ser incorporada como vari´avel espacial, e estudam-se as proprie-
dades espectrais do operador auto-adjunto, formalmente dado por
K = i
d
dt
+ H(t)
12
agindo no espa¸co de Hilbert estendido K. Tal operador ´e conhecido como operador
quase-energia (“quasienergy”em inglˆes). Obt´em-se assim a equa¸ao de Schr¨odinger
estendida
i
= Kψ
cuja solu¸ao ´e ψ(σ) = e
K
e como veremos no Cap´ıtulo 1, existe uma rela¸ao entre
e
K
e os propagadores U(t, s). O operador quase-energia K foi previamente defi-
nido para Hamiltonianas peri´odicas [34], [55], e enao adaptado para Hamiltonianas
H(t) = H
0
+ V (t) com V (t) = V (θ(t)), em que θ(t) ´e uma trajet´oria de um sistema
dinˆamico invert´ıvel tendo uma medida erg´odica invariante [42].
Neste trabalho estudaremos modelos cujas Hamiltonianas ao da forma
H(t) = H
0
+ V (t) em que H
0
´e um operador auto-adjunto ao-limitado em H e com
espectro discreto, isto ´e, formado apenas por autovalores isolados de multiplicidade
finita. A principal quest˜ao a ser investigada ´e: se ψ
0
dom H
0
e ψ(t) = U(t, 0)ψ
0
´e solu¸ao da equa¸ao de Schr¨odinger, como se comportam em t os valores
E
0
ψ
0
(t)
.
= ψ(t), H
0
ψ(t)
e
E
ψ
0
(t)
.
= ψ(t), H(t)ψ(t),
mais precisamente, E
0
ψ
0
(t) e E
ψ
0
(t) s ˜ao fun¸oes limitadas de t? E se ao forem
limitadas como comportam-se quando t ? O fato do valor esperado da energia
E
0
ψ
0
(t) ser uma fun¸ao ao-limitada de t corresponde a uma absor¸ao ilimitada de
energia pelo sistema ao-perturbado sob a perturba¸ao V (t).
Motivado nesses modelos cuja Hamiltoniana pode ser posta da forma H(t) =
H
0
+ V (t) ´e sugerido analisar o comportamento de uma “energia abstrata”ou “ob-
serv´avel”que representaremos por um op erador auto-adjunto, positivo, ao-limitado
e com espectro discreto A : dom A H H,
n
= λ
n
ϕ
n
, 0 λ
n
< λ
n+1
. Por
simplicidade evitaremos algumas quest˜oes de dom´ınio assumindo que se ψ dom A,
enao U(t, 0)ψ dom A t 0, logo E
A
ψ
(t)
.
= U (t, 0)ψ, AU(t, 0)ψ ´e finito
13
para qualquer t 0 fixado. Assim, no decorrer deste trabalho diremos que o sis-
tema ´e A-dinamicamente est´avel quando E
A
ψ
(t) for uma fun¸ao limitada de t, e A-
dinamicamente inst´avel caso contr´ario. Em geral usaremos apenas dinamicamente
est´avel/inst´avel. E quando o espectro do operador quase-energia K for pontual puro,
diremos que o sistema ´e espectralmente est´avel, sendo espectralmente inst´avel caso
contr´ario.
Se a Hamiltoniana H(t) ´e peri´odica no tempo com per´ıodo T , ou seja, H(t+
T ) = H(t) para todo t IR, enao os propagadores tˆem as seguintes propriedades
U(t + T, s + T ) = U(t, s) t, s IR
U(t + nT, s) = U (t, s)[U(s + T, s)]
n
t, s IR, n ZZ.
Assim ´e suficiente conhecer U(t, s) por um per´ıodo t [s, s+T ], para qualquer s. Em
particular U
F
(s)
.
= U(s + T, s) ´e chamado de operador de Floquet em s ou operador
de monodromia. Sabe-se que U
F
(s
1
) e U
F
(s
2
) para quaisquer s
1
, s
2
IR fixados ao
unitariamente equivalentes e portanto geralmente trabalha-se com o operador de
Floquet U
F
.
= U
F
(0) = U(T, 0). Outra propriedade interessante dos propagadores
no caso peri´odico ´e que eles podem ser escritos da seguinte forma
U(t, 0) = P (t)e
iGt
em que G ´e um operador auto-adjunto e P (t) ao operadores unit´arios fortemente
cont´ınuos, T peri´odicos e satisfazem P (0) = P(nT ) = Id n ZZ.
´
E conhecido que e
iT K
´e unitariamente equivalente `a Id U(T, 0) (Teo-
rema 1.6). Assim, muitas vezes ´e equivalente estudar as propriedades espectrais de
K ou U
F
, e escolhe-se o mais apropriado em cada caso para decidir sobre a estabili-
dade ou instabilidade espectral. Para Hamiltonianas diferenci´aveis, as propriedades
espectrais ao geralmente obtidas atrav´es do estudo do operador quase-energia K.
No caso em que a Hamiltoniana ´e singular, entre outros, quando ela corresponde
a um sistema kicked, freq¨uentemente trabalha-se diretamente com o operador de
14
Floquet, por ter-se uma express˜ao expl´ıcita. Em ambas as situa¸oes, estamos tipi-
camente confrontados com o problema em que um operador pontual puro, algumas
vezes com espectro denso num intervalo, ´e perturbado ou pela adi¸ao de um opera-
dor auto-adjunto no primeiro caso, ou por uma perturba¸ao unit´aria multiplicativa
no segundo caso. Veja entre outros ([4], [26], [25], [31], [22], [33], [48], [38],[14])
para o caso diferenci´avel e ([13], [20], [7], [8], [9]) para o caso kicked. No caso di-
ferenci´avel, quando um operador auto-adjunto com espectro pontual puro denso ´e
perturbado pela adi¸ao de um operador auto-adjunto, geralmente ´e empregado um
m´etodo, conhecido c omo m´etodo KAM (Kolmogorov-Arnold-Moser), para encontrar
condi¸oes em que K tem espectro pontual puro. Tal etodo consiste em aplicar a
K = K
0
+ V , K
0
o operador com espectro pontual puro e denso e V a perturba¸ao,
uma seq¨uˆencia infinita de transforma¸oes unit´arias de forma que no sesimo passo
K
0
+ V K
0
+ G
s
+ V
s
com V
s
= O(V
2
s1
rσ
)
isto ´e, K
0
+V ´e unitariamente equivalente a uma parte diagonal K
0
+G
s
, na base de
autovetores de K
0
, mais uma parte ao-diagonal V
s
que ´e exponencialmente pequena
na vari´avel s desde que V
r
seja suficientemente pequena.
Ainda no caso peri´odico, quanto `a estabilidade ou instabilidade dinˆamica
basta c onsiderar o comportamento para t = mT , m ZZ, ou seja, precisamos estudar
o comportamento em m da seguinte grandeza
U(mT, 0)ψ, AU (mT, 0)ψ = U
m
F
ψ, AU
m
F
ψ
para ψ dom A, A uma energia abstrata como acima.
´
E uma conseq¨uˆencia do
Teorema RAGE (Ruelle-Amrein-Georgescu-Enss) (veja Teorema 2.3) que estabili-
dade dinˆamica para algum A implica estabilidade espectral, pois no Cap´ıtulo 2
´e mostrado (o resultado conhecido) que se o espectro do operador de Floquet ´e
cont´ınuo enao o valor esperado da energia cresce no tempo para qualquer estado
inicial. a a implica¸ao oposta ao ´e verdadeira como mostra o exemplo, no caso
autˆomomo, em [19] e nosso exemplo descrito no Cap´ıtulo 4, no caso ao-autˆonomo.
15
Em [19] ´e mostrado que o operador auto-adjunto H
θ,α,λ
: l
2
(ZZ
+
) l
2
(ZZ
+
), sendo
ZZ
+
= {n ZZ : n 0} e {e
n
}
n=0
a base canˆonica de l
2
(ZZ
+
), dado por
(H
θ,α,λ
u)(n) = u(n + 1) + u(n 1) + V
θ,α,λ
(n)u(n) (1)
com uma condi¸ao de fronteira de Dirichlet em n = 1, e em que V
θ,α,λ
(n) ´e um
potencial real em ZZ
+
dado por
V
θ,α,λ
(n) = 3 cos(παn + θ) + λδ
n0
(2)
satisfaz:
(a) Para cada α irracional tem-se que para q.t.p. θ [0, 2π) e λ IR,
H
θ,α,λ
tem um conjunto completo de autofun¸oes normalizadas e cada autofun¸ao
decai exponencialmente;
(b) Pode-se construir um α irracional de modo que para todo θ [0, 2π) e
λ [0, 1]
lim sup
t→∞
e
itH
θ,α,λ
e
0
, X
2
e
itH
θ,α,λ
e
0
F (t)
=
em que F (t) =
t
2
ln t
e X
2
: l
2
(ZZ
+
) l
2
(ZZ
+
) ´e o momento de ordem 2 dado por
X
2
=
nZZ
+
n
2
e
n
, ·e
n
.
Neste caso estamos considerando H(t) = H
θ,α,λ
t, assim U(t, 0) = e
itH
θ,α,λ
.
Logo para um α irracional adequadamente constru´ıdo, q.t.p. θ [0, 2π) e q.t.p. λ
[0, 1] tem-se um sistema que ´e espectralmente est´avel mas que ao ´e dinamicamente
est´avel.
A estabilidade dinˆamica de um sistema dependente do tempo foi estudada
por exemplo nas referˆencias [28], [11], [21], [49], [41], [18], [3], [1], [23], [30], [46],
[29] e [2]. Em [1] ´e provado que a aplicabilidade do m´etodo KAM fornece um
limite uniforme no crescimento da energia para Hamiltonianas como em [26], mais
precisamente
Teorema 0.1 Sejam g, T =
2π
ω
> 0, V : IR B(H) uma fun¸ao C
de per´ıodo
T , em que B(H) denota o conjunto dos operadores limitados em H. Considere
16
H
0
=
n
E
n
P
n
com
E
n+1
E
n
n
α
cte > 0 para algum α > 0. Ent˜ao vale para o
propagador U(t, 0) de H(t) = H
0
+ gV (t), ψ Q(H
0
) (= dom´ınio de forma de H
0
):
|U(t, 0)ψ, H
0
U(t, 0)ψ| cte
e
|U(t, 0)ψ, H(t)U(t, 0)ψ| cte
desde que g seja suficientemente pequeno e ω
[ω
, ω
+
] (0, ), o conjunto
constru´ıdo pelo etodo KAM com medida de Lebesgue |[ω
, ω
+
] \
| = O(
g).
A mesma t´ecnica se aplica para Hamiltonianas como em [25]. Veja [27].
Para Hamiltonianas da forma H(t) = H
0
+ V (t) com V (t) limitado e di-
ferenci´avel (n˜ao-nece ssariame nte peri´odico) e H
0
operador auto-adjunto positivo
com σ(H
0
) =
j=1
σ
j
(n˜ao necessariamente discreto), denote
j
= dist(σ
j+1
, σ
j
) e
d
j
= sup
λ,µσ
j
|λ µ|, limites superiores do tipo
U(t, 0)ψ, H(t)U (t, 0)ψ cte t
1+α
foram obtidos em [49] se ψ Q(H
0
) = dom H
1
2
0
,
cj
α
j
Cj
α
c, α > 0, C < ,
d
j
dj
α
e V C
n
uniformemente em IR, com n [
1+α
2α
] + 1 e n < , isto ´e,
max
l=1,...,n
sup
tIR
(
d
dt
)
l
V (t) < , e [·] denota a parte inteira do n´umero real. A
demonstra¸ao ´e baseada em ecnicas adiab´aticas ao permitidas para dependˆencias
temporais ao-diferenci´aveis e portanto ao se aplica a sistemas kicked.
Em [41] ao obtidas estimativas superiores complementares `aquela de Nen-
ciu [49] descrita acima para H(t) = H
0
+ V (t), pois ao se imp˜oem condi¸oes de
diferenciabilidade `a perturba¸ao V e ao se restringem os tamanhos dos gaps no
espectro de H
0
, contudo pede-se que V seja “pequena”. Mais precisamente, sob as
hip´oteses
17
H1- σ(H
0
) =
j=1
σ
j
, com σ
j
[λ
j
, Λ
j
], Λ
j
< λ
j+1
, lim
j→∞
λ
j
= e
sup
j
Λ
j
λ
j
< . Denote por P
j
o projetor espectral associado a σ
j
relativo `a H
0
.
H2- A aplica¸ao t → V (t) ´e fortemente C
1
e existem 0 a(t) < , t,
0 b < 1 de forma que para ξ dom H
0
V (t)ξ bH
0
ξ + a(t)ξ
e sejam
V
d
(t) =
j=1
P
j
V (t)P
j
e V
o
(t) = V (t) V
d
(t).
H3- Vale uma das alternativas:
(i) Existe q
1
2
com t →
j
λ
q
j
P
j
V
o
(t) L
1
loc
(IR).
(ii) Existe q
1
2
com t →
j
λ
2q
j
P
j
V
o
(t)
2
L
1
loc
(IR).
Tem-se que, definindo para T B(H) e p 1
T
p,H
0
.
=
j=1
λ
p
j
P
j
T
p
1
p
,
se H1, H2 e H3(i) valem e ξ dom H
1
2
0
enao
U(t, 0)ξ, H
0
U(t, 0)ξ cte
t
0
V
o
(s)
1,H
q
0
ds
1
q
e se H1, H2 e H3(ii) valem e ξ dom H
1
2
0
enao
U(t, 0)ξ, H
0
U(t, 0)ξ cte
t
t
0
V
o
(s)
2
2,H
q
0
ds
1
q
.
Como prosseguimento desse trabalho de Joye tem-se [3] no qual um resul-
tado similar ´e demonstrado.
Os trabalhos [49], [41] e [3] citados acima ao fornecem estimativas in-
feriores. Poderemos talvez esperar obter estimativas inferiores no c aso peri´odico,
com H(t) = H
0
+ V (t) e H
0
com esp ec tro discreto H
0
ϕ
j
= λ
j
ϕ
j
, j = 1, 2, . . .,
0 < λ
1
< λ
2
< . . . e λ
j
, da teoria abstrata iniciada em [30] e melhorada em
([12], [46], [29], [2]). Escrevendo
U
F
=
e
dE
λ
18
para a decomposi¸ao espectral de U
F
, o resultado principal em [30] afirma o se guinte:
Se a medida espectral dξ, E
λ
ξ
ξ
(x) satisfaz x S
1
, µ
ξ
(x , x + ) cte
α
para 0 < suficientemente pequeno enao
M
ξ,q
(T ) cte λ
q
T
α
> 0 (3)
em que M
ξ,q
(T ) ´e a m´edia de Ces`aro
M
ξ,q
(T ) =
1
T
T
m=0
U
m
F
ξ, H
q
0
U
m
F
ξ.
No caso λ
j
= j teremos
M
ξ,q
(T ) cte T
(α)q
(4)
Em [46] ´e mostrado que (3) e (4) valem com = 0 se µ
ξ
´e αcont´ınua, isto
´e, µ
ξ
(E) = 0 para qualquer boreliano E com
h
α
(E)
.
= lim
δ0
inf
δcobe rturas de E
j
|I
j
|
α
= 0
em que uma fam´ılia {I
j
}
j=1
de intervalos abertos em IR ´e uma δcobertura de
E IR se E
j
I
j
e |I
j
| < δ j. Sabe-se que para cada E existe um ´unico α(E),
chamado dimens˜ao de Hausdorff de E e denotado α(E) = dim
H
(E), de forma que
h
α
(E) =
se α < α(E)
0 se α > α(E)
.
Finalmente em [2] mostra-se que dado > 0, existe uma constante C() de
modo que
M
ξ,q
(T ) C()λ
q
T
(dim
H
µ
ξ
)
em que 0 dim
H
µ
ξ
1 denota a dimens˜ao de Hausdorff de µ
ξ
, definida por
dim
H
µ
ξ
.
= µ
ξ
supess
xS
1
d
µ
ξ
(x)
sendo
d
µ
ξ
(x)
.
= lim inf
0
ln µ
ξ
(x , x + )
ln
.
19
O problema com tais limites inferiores ´e que a informa¸ao na medida espectral
´e dif´ıcil de checar; ao conhecemos nenhum modelo com dependˆencia temporal
peri´odica em que isso tenha sido feito, a ao ser numericamente ou para os casos
triviais em que dim
H
µ
ξ
= 0 ou dim
H
µ
ξ
= 1.
Este trabalho ´e organizado da seguinte maneira:
No Cap´ıtulo 1 revisaremos alguns resultados preliminares sobre a existˆencia
da dinˆamica, o formalismo de Howland para Hamiltonianas dependentes do tempo
e a vers˜ao proposta por Jauslin-Lebowitz, em particular o caso quaseperi´odico (um
n´umero finito de freq¨encias) para o qual existe uma generaliza¸ao natural do ope-
rador de Floquet cujo espectro tamem est´a em correspondˆencia com o espectro do
operador quase-energia.
No Cap´ıtulo 2 trataremos de resultados topol´ogicos na dinˆamica das ´orbitas
ξ(t) = U (t, 0)ξ, faremos uma coletˆanea de resultados obtidos neste sentido em [28],
[21], [23] e [42] e daremos alguns resultados novos complementares, em particular,
mostraremos que no caso peri´odico uma ´orbita ´e peneperi´odica se, e somente se, for
precompacta, e daremos um e xemplo, no caso quasiperi´odico, de ´orbita precompacta
que ao ´e peneperi´odica (“almos t periodic”em inglˆes). Tamb´em no Cap´ıtulo 2,
Se¸ao 2.4, apresentamos resultados que garantem estabilidade dinˆamica no caso de
estabilidade espectral.
No Cap´ıtulo 3 trabalharemos com Hamiltonianas da forma H(t) = H
0
+
V (t), peri´odicas no tempo e com H
0
auto-adjunto, positivo, ao-limitado e com
espectro discreto. Introduziremos uma ormula (Teorema 3.1) para a edia temporal
a la Laplace de U
m
F
ξ, H
0
U
m
F
ξ no tempo T , em termos dos autovalores de H
0
e da
fun¸ao de Green associada a U
F
no circunferˆencia de raio e
1/T
, de modo que obtemos
resultados em estabilidade atrav´es do comportamento de tais fun¸oes de Green. O
restante do cap´ıtulo ´e dedicado a aplica¸oes de tal resultado.
No Cap´ıtulo 4 daremos o primeiro exemplo de um operador de Floquet
que tem espectro pontual puro mas o valor esperado da energia ao ´e limitado
20
(Teorema 4.2). Consideramos uma escolha particular na fam´ılia de operadores de
Floquet estudados em [10]; tais operadores descrevem a dinˆamica quˆantica de certos
modelos f´ısicos interessantes (veja [5, 10]), e apresentam uma estrutura pentadia-
gonal com respeito a uma base ortogonal {ϕ
k
} de l
2
(IN) ou l
2
(ZZ). A constru¸ao do
nosso operador de Floquet ´e uma fus˜ao dos operadores estudados em [10], agora sob
adequadas perturba¸oes de posto um, e os argumentos apresentados em [19] para
o modelo (1)-(2). Para valores adequados dos parˆametros conseguimos as s eguintes
propriedades:
1. Os operadores unit´arios resultantes U
λ
(β, θ)
+
(depois de uma perturba¸ao de
posto um; veja Eq. (4.7)) ainda pertence a fam´ılia de operadores de Floquet
considerada em [10].
2. U
λ
(β, θ)
+
tem espectro pontual puro com autofun¸oes decaindo exponencial-
mente.
3. A evolu¸ao temporal pelo operador de Floquet U
λ
(β, θ)
+
na condi¸ao inicial
ϕ
1
apresenta instabilidade dinˆamica.
U
λ
(β, θ)
+
´e obtido com o uma perturba¸ao de p osto um da classe de ope ra-
dores peneperi´odicos estudados na Se¸ao 7 de [10]. Para conseguir espectro pontual
puro, utilizamos um argumento de [32] usado para demonstrar localiza¸ao para ope-
radores unit´arios aleat´orios, tal argumento combina a teoria de perturba¸oes de
posto um e positividade dos expoentes de Lyapunov com autofun¸oes generaliza-
das polinomialmente limitadas. Para demonstrar instabilidade dinˆamica, embora
adaptamos id´eias de [19], destacamos que alguns resultados (Lema 4.6, Lema 4.7)
necessitam de uma demonstra¸ao ao-trivial e completamente diferente.
Cap´ıtulo 1
Preliminares
Neste cap´ıtulo apresentaremos alguns resultados sobre a existˆencia da dinˆamica, a
formula¸ao proposta por Howland-Yajima para estudar Hamiltonianas dependentes
do tempo e tamb´em a formula¸ao proposta por Jauslin-Lebowitz.
1.1 Existˆencia da Dinˆamica
Come¸caremos com a defini¸ao de propagador unit´ario.
Defini¸ao 1.1 (a) Um propagador fortemente cont´ınuo sobre o espco de Hilbert
H ´e uma fam´ılia de operadores U(t, s), (t, s) IR
2
, satisfazendo
(i) U (t, s) : H H ao invert´ıveis para cada t, s;
(ii) U (t, t) = Id t IR;
(iii) U (t, r)U (r, s) = U(t, s) t, r, s;
(iv) Para cada ξ H a aplicao IR
2
t, s → U (t, s)ξ ´e cont´ınua.
(b) Uma tal fam´ılia ´e um propagador unit´ario se al´em de (a) satisfaz U(t, s) ´e
unit´ario para todo t, s.
Note que de (iii) s egue que U (t, s)
1
= U(s, t). Tamb´em U(t, s) = U(t, 0)U(0, s) =
U(t, 0)U(s, 0)
1
.
O seguinte resultado (Teorema X.70 em [50]) cont´em condi¸oes suficientes
convenientes na Hamiltoniana H(t) para a existˆencia dos propagadores unit´arios
22
U(t, s).
Teorema 1.1 Considere a aplicao H(t) que a cada t IR associa um operador
auto-adjunto H(t)de modo que
(a) O dom´ınio D de H(t), denso em H, ´e independente de t.
(b) A fun¸ao
t, s → (t s)
1
[(i + H(t))(i + H(s))
1
I
d
]
estende-se a uma fun¸ao fortemente cont´ınua em IR
2
.
Ent˜ao existe um ´unico propagador unit´ario U(t, s) de forma que U(t, s)D D e
i
d
dt
U(t, s)ψ = H(t)U(t, s)ψ
para toda ψ D.
O te orema acima se aplica quando H(t) = H para todo t e neste caso
tem-se que U(t, s) = e
i(ts)H
.
Observa¸oes. 1. Se para cada s existe uma ´unica solu¸ao U(t, s) de
d
dt
U(t, s) = iH(t)U(t, s)
U(s, s) = Id
(1.1)
enao para cada r tem-se U(t, r)U(r, s) = U (t, s). De fato, se
V (t)
.
= U(t, r)U (r, s) U (t, s)
enao para ξ dom H(s)
d
dt
V (t)ξ
2
= −iH(t)U (t, r)U (r, s)ξ + iH(t)U(t, s)ξ, V (t)ξ+
V (t)ξ, iH(t)U(t, r)U (r, s)ξ + iH(t)U(t, s)ξ
= −iH(t)V (t)ξ, V (t)ξ+ V (t)ξ, iH(t)V (t)ξ = 0
e como V (r) = U(r, r)U(r, s) U (r, s) = 0 tem-se que V (t) = 0 t e o resultado
segue.
23
2. Se para cada s existe uma ´unica solu¸ao de (1.1) e H(t) ´e auto-adjunto para cada
t enao U(t, s) ao unit´arios. De fato, para ξ dom H(s)
i
d
dt
U(t, s)ξ
2
= i
d
dt
U(t, s)ξ, U (t, s)ξ
= −H(t)U (t, s)ξ, U (t, s)ξ+ U (t, s)ξ, H(t)U(t, s)ξ = 0
como U (s, s)ξ = ξ segue que U (t, s)ξ = ξ t. Assim para cada ξ
dom H(s) denso em H tem-se que U(t, s)ξ = ξ e c omo os U(t, s) ao invert´ıveis
o resultado segue.
3. Se para cada s existe uma ´unica solu¸ao de (1.1) e H(t + T ) = H(t) ent˜ao
U(t + T, s + T ) = U(t, s) t, s. De fato, se V (t)
.
= U(t + T, s + T ) U(t, s) enao
para ξ dom H(s)
d
dt
V (t)ξ
2
= 0
e como V (s) = U(s + T, s + T ) U(s, s) = 0 tem-se que V (t) = 0 t e o resultado
segue.
Resultados mais gerais de existˆencia e unicidade de propagadores unit´arios
para a equa¸ao de Schr¨odinger correspondendo a uma Hamiltoniana H(t) podem
ser encontrados, entre outros, em [43], [44], [36], [37], [24] e [51]. Uma das condi¸oes
que ´e enfraquecida ´e que o dom´ınio de H(t) ao precisa ser constante. O seguinte
exemplo mostra que a solu¸ao pode existir mesmo que domH(t) domH(s) = {0}
para t = s.
Exemplo 1.1 Sejam D = i
d
dx
em L
2
(IR), com dom D = {ψ L
2
(IR) : g
L
2
(IR) tal que
IR
ψ
dx
dx =
IR
gϕdx ϕ C
0
(IR)}
.
= H
1
(IR) denso em L
2
(IR),
q L
(IR) com q(x) real e sem derivada em qualquer ponto. Considere
H(t) = e
iq(x)t
De
iq(x)t
com dom H(t) = {e
iq(x)t
ψ(x) : ψ dom D} denso em L
2
(IR), ent˜ao H(t) ´e auto-
adjunto para qualquer t.
24
Agora se t = s ent˜ao dom H(t) dom H(s) = {0}. De fato, se φ
dom H(t) dom H(s) ent˜ao φ(x) = e
iq(x)t
ψ(x) = e
iq(x)s
ϕ(x) para ψ, ϕ dom D,
logo ψ(x) = e
iq(x)t
e
iq(x)s
ϕ(x) dom D e portanto ϕ o pode ser nula pois q ao
tem derivada em qualquer ponto e o resultado segue.
Contudo para ψ dom H(s), s fixado, a equa¸ao de Schr¨odinger
i
dt
(t) = H(t)ψ(t)
ψ(s) = ψ
possui uma solu¸ao
ψ(t) = e
iq(x)t
e
i(D+q(x))(ts)
e
iq(x)s

U(t,s)
ψ
pois para ψ dom H(s) tem-se
d
dt
U(t, s)ψ = iq(x)e
iq(x)t
e
i(D+q(x))(ts)
e
iq(x)s
ψ
+e
iq(x)t
(i)(D + q(x))e
i(D+q(x))(ts)
e
iq(x)s
ψ
= ie
iq(x)t
De
i(D+q(x))(ts)
e
iq(x)s
ψ
= ie
iq(x)t
De
iq(x)t
e
iq(x)t
e
i(D+q(x))(ts)
e
iq(x)s
ψ
= iH(t)U (t, s)ψ
e U (t, s) ´e propagador unit´ario.
1.2 Integral Dir eta e Aplica¸oes Pene peri´odicas
As demonstra¸oes dos resultados enunciados nessa se¸ao podem ser encontradas em
[47] e [50], no caso de integral direta, e em [15] para aplica¸oes peneperi´odicas.
Sejam (Ω, A, µ) um espa¸co de medida e H um espa¸co de Hilbert separ´avel.
Seja a aplica¸ao
ω → ξ
ω
H
denotaremos ξ
.
= {ξ
ω
}
ω
= {ξ(ω)}
ω
. Dizemos que ξ ´e mensur´avel se para todo
η H a fun¸ao
ω → η, ξ
ω
25
´e mensur´avel.
Disto segue que para ξ = {ξ
ω
} e η = {η
ω
} mensur´aveis o produto interno
ω → ξ
ω
, η
ω
=
k
ξ
ω
, e
k
e
k
, η
ω
em que {e
k
} ´e uma base ortonormal de H, ´e mensur´avel. Defina ξ+η = {ξ
ω
+η
ω
}
ω
e para α C, αξ = {αξ
ω
}
ω
.
Defini¸ao 1.2 O espco vetorial dos ξ = {ξ
ω
}
ω
acima em que
ξ
ω
2
(ω) < ,
com produto interno ξ, η
.
=
ξ
ω
, η
ω
(ω) ´e um espco de Hilbert chamado de
integral direta ou soma direta cont´ınua de H relativamente a (Ω, A, µ), e denotado
por
H(ω).
Um exemplo simples ´e L
2
(IR) =
IR
C dt.
Se {e
k
} ´e base ortonormal de H, enao cada vetor ξ = {ξ
ω
}
ω
corresponde
exatamente ao conjunto das seq¨encias num´ericas
a
k
(ω) = e
k
, ξ
ω
e ξ
2
=
k
|a
k
(ω)|
2
(ω) < .
Denotaremos I
.
=
H(ω). Se φ : C
L
µ
(Ω), define-se o operador
de multiplica¸ao M
φ
: I I por
(M
φ
ξ)
ω
= φ(ω)ξ
ω
ω
e verifica-se que
M
φ
= supess |φ(ω)| = φ
e C denotar´a o conjunto desses operadores de multiplica¸ao.
Defini¸ao 1.3 Um operador limitado T em I =
H(ω) ´e dito ser fibrado se
existe uma fun¸ao T (·) de em B(H ) de forma que para todo ξ I
(T ξ)
ω
= T(ω)ξ
ω
.
26
Escreveremos T =
T (ω)(ω) = {T (ω)}
ω
. Diremos que T (·) ´e mensur´avel
se para todas ϕ, ψ H a aplicao ω → ϕ, T (ω)ψ ´e mensur´arel. Tem-se que
T = supess T (ω).
Valem os seguintes resultados
Teorema 1.2 Um operador limitado T : I I ´e fibrado se, e somente se, T
comuta com todo operador em C.
Proposi¸ao 1.1 Seja T fibrado. Ent˜ao:
(a) T ´e invert´ıvel se, e somente se, T (ω) ´e invert´ıvel para ω µq.t.p. e
supess T (ω)
1
< .
(b) T ´e unit´ario se, e somente se, T (ω) ´e unit´ario µq.t.p.
(c) No caso = IR e µ = l (medida de Lebesgue), para σ IR denote por T
σ
o
operador em
IR
Hdt dado por
(T
σ
ξ)
t
= ξ
tσ
.
Ent˜ao T ´e constante se, e somente se, T comuta com T
σ
σ IR.
Defini¸ao 1.4 Uma fun¸ao T (·) de um espco de medida (Ω, A, µ) no espco dos
operadores auto-adjuntos em um espco de H ilbert H (n˜ao necessariamente limita-
dos) ´e dita mensur´avel se a fun¸ao (T(·) +i)
1
´e mensur´avel. Dada uma tal fun¸ao,
definimos um operador T em I =
H com
dom T =
ξ I : ξ
ω
dom T (ω) µ q.t.p. e
T (ω)ξ
ω
2
H
(ω) <
por
(T ξ)
ω
= T(ω)ξ
ω
.
Escreve-se T =
T (ω)(ω) = {T(ω)}
ω
.
As propriedades de tais operadores ao resumidas por:
27
Teorema 1.3 Seja T =
T (ω)(ω) em que T (·) ´e mensur´avel e T (ω) ´e auto-
adjunto para cada ω. Ent˜ao:
(a) O operador T ´e auto-adjunto.
(b) Um operador auto-adjunto T em I tem a forma
T (ω)(ω) se, e somente se,
(T + i)
1
´e um operador fibrado.
(c) Para qualquer fun¸ao de Borel limitada F em IR
F (T ) =
F (T (ω))(ω).
(d) λ σ(T ) se, e somente se, > 0
µ({ω : σ(T (ω)) (λ , λ + ) = ∅}) > 0.
(e) λ ´e um autovalor de T se, e somente se,
µ({ω : λ ´e um autovalor de T(ω)}) > 0.
(f) Se cada T (ω) tem espectro absolutamente cont´ınuo puro ent˜ao T tamb´em tem
espectro absolutamente cont´ınuo puro.
A parte (f) do teorema acima diz que uma condi¸ao suficiente para T =
T (ω)(ω) ter espectro absolutamente cont´ınuo puro ´e que cada T (ω) tenha
espectro absolutamente cont´ınuo puro. Mas essa condi¸ao ao ´e necess´aria. Na
verdade, T pode ter espectro absolutamente cont´ınuo puro e cada T (ω) ter espectro
discreto. O seguinte exemplo ilustra este fenˆomeno.
Exemplo 1.2 Sejam = [0, 1] com medida de Lebesgue, H um espco de Hilbert
separ´avel de dimens˜ao infinita e T =
[0,1]
T (t)dt com cada T (t) auto-adjunto. Su-
ponha que {ψ
n
(.)}
n=1
ao fun¸oes de [0, 1] em H de classe C
1
, e {λ
n
(.)}
n=1
ao
fun¸oes de [0, 1] em C de classe C
1
tais que:
(i)
n
dt
(t) > 0 n, t.
(ii) T (t)ψ
n
(t) = λ
n
(t)ψ
n
(t) para todo t [0, 1]; n = 1, 2, . . ..
(iii) Para cada t, o conjunto {ψ
n
(t)}
n=1
´e uma base ortonormal para H.
Ent˜ao T tem espectro absolutamente cont´ınuo puro.
28
Demonstra¸ao: Para cada n defina
I
n
= {ξ I : ξ = fψ
n
; f L
2
([0, 1])}.
Enao os I
n
ao subspa¸cos fechados que ao mutuamente ortogonais e I =
I
n
pois cada ξ I tem uma expans˜ao
ξ
t
=
n=1
ψ
n
(t), ξ
t
ψ
n
(t).
Al´em disso, I
n
dom T com T (I
n
) I
n
. Considere a aplica¸ao unit´aria U
n
: I
n
→
L
2
([0, 1]), dada por U
n
(fψ
n
) = f. Ent˜ao T
n
U
n
T
I
n
U
1
n
´e dado por
(T
n
f)
t
= λ
n
(t)f(t).
Basta mostrar que cada T
n
tem espectro absolutamente cont´ınuo puro. Defina W :
L
2
([0, 1]) L
2
([λ
n
(0), λ
n
(1)]) por
(W f)(t) =
d
dt
λ
1
n
(t)
1
2
f(λ
1
n
(t))
enao
(W T
n
W
1
g)(t) = tg(t).
Assim T
n
´e unitariamente equivalente `a M
t
e o resultado segue.
Defini¸ao 1.5 Seja B um espco de Banach. Uma fun¸ao cont´ınua f : IR B
´e peneperi´odica se, para cada > 0 existe um umero l() > 0 de forma que cada
intervalo na reta real de comprimento l() cont´em um n´umero τ com a propriedade
que
f(t + τ) f(t) < , t IR.
ao alidas, entre outras, as seguintes propriedades:
Teorema 1.4 (a) Toda fun¸ao peneperi´odica ´e limitada.
(b) Toda fun¸ao peneperi´odica ´e uniformemente cont´ınua.
(c) Se f : IR B ´e peneperi´odica ent˜ao λf, em que λ ´e um n´umero complexo, e
29
a fun¸ao transladada f
h
: IR B dada por f
h
(t) = f(t + h) ao peneperi´odicas. A
fun¸ao t → f(t) tamb´em ´e peneperi´odica.
(d) Se f
n
´e uma seencia de fun¸oes peneperi´odicas com valores em B, e se
lim
n→∞
f
n
(t) = f(t)
uniformemente em IR no sentido da convergˆencia na norma, ent˜ao f ´e peneperi´o-
dica.
(e) Se f : IR B ´e peneperi´odica ent˜ao {f(t) : t IR} ´e precompacto em B.
(f) A soma de duas fun¸oes peneperi´odicas ´e peneperi´odica.
(g) Uma fun¸ao T : IR B , cujos valores ao dados por T (t) =
n
k=1
c
k
e
k
t
em
que λ
k
IR e c
k
B, ´e um polinˆomio trigonom´etrico (ou aplicao quaseperi´odica).
Uma fun¸ao f : IR B de modo que para todo > 0 existe um polinˆomio trigo-
nom`etrico T
de forma que
f(t) T
(t) < , t IR
´e peneperi´odica.
(h) Se f : IR B ´e peneperi´odica e f
(a derivada de f) ´e uniformemente cont´ınua
ent˜ao f
´e peneperi´odica.
(i) Se f : IR B ´e cont´ınua e para todo t satisfaz f(t + T ) = e
f(t) para algum
0 < T < e α IR ent˜ao f ´e peneperi´odica.
(j) f : IR C
´e peneperi´odica se, e somente se, Re f(t) e Im f(t) ao peneperi´odi-
cas.
(k) Se f, g : IR C ao peneperi´odicas ent˜ao f(x)g(x) ´e peneperi´odica. Al´em disso
se f : IR C ´e peneperi´odica e a ´e um umero real ent˜ao f(ax) ´e peneperi´odica.
(l) Se f : IR C
n
´e peneperi´odica, f(x) = (f
1
(x), . . . , f
n
(x)), ent˜ao f
j
(x) ´e pene-
peri´odica 1 j n.
Fun¸oes f : IR B que ao peneperi´odicas mas que ao ao quaseperi´odicas
podem ser obtidas considerando aplica¸oes da forma f(t) =
k=1
c
k
e
k
t
, tomando
30
os coeficientes c
k
de forma adequada para garantir convergˆencia uniforme em IR no
sentido da convergˆencia na norma de B, e os λ
k
’s racionalmente independentes.
1.3 Formalismo de Howland
Nesta se¸ao descreveremos um m´etodo devido a Howland e Yajima ([35], [34], [55])
tornando problemas dep e ndentes do tempo em problemas independentes do tempo.
As equa¸oes de Hamilton para um sistema com fun¸ao Hamiltoniana
H(p
1
, . . . , p
n
, q
1
, . . . , q
n
, t) ao
dq
i
dt
=
H
p
i
,
dp
i
dt
=
H
q
i
, i = 1, . . . , n.
Se H depende em t, a energia ao ´e conservada para um tal sistema, mas pode-se
montar um sistema correspondente que conserva e nergia introduzindo t como uma
coordenada e a energia E como seu momento conjugado. A nova Hamiltoniana ´e
K(p, q, t, E) = E + H(p; q; t)
portanto se denotarmos por σ o novo parˆametro “temporal”, as equa¸oes de Hamil-
ton correspondentes ao
dq
i
=
H
p
i
,
dp
i
=
H
q
i
, i = 1, . . . , n
dt
=
K
E
= 1,
dE
=
H
t
.
Note que t = σ + cte e, assim, essas duas formula¸oes ao equivalentes.
Pode-se reformular o problema em Mecˆanica Quˆantica s imilarmente. Seja
H(t) uma fam´ılia de operadores auto-adjuntos em um espa¸co de Hilbert H e seja
K
.
= L
2
(IR, H, dt)
IR
Hdt. Definindo K em K por
(Kf)(t) = i
d
dt
f(t) + H(t)f(t)
existiria (de acordo com a analogia cl´assica) uma correspondˆencia entre as solu¸oes
de
d
ϕ(σ) = iKϕ(σ)
31
em K e as solu¸oes do problema dependente do tempo
d
dt
ϕ
s
(t) = iH(t)ϕ
s
(t) ϕ
s
(s) = ψ
em H. Os detalhes t´ecnicos ao:
Proposi¸ao 1.2 Dado um propagador fortemente cont´ınuo e limitado U(t, s) sobre
H, tem-se que W
σ
: K K dado por,
(W
σ
f)
t
= U(t, t σ)f(t σ)
´e um grupo fortemente cont´ınuo a um parˆametro σ. Se K ´e o operador auto-adjunto
gerador infinitesimal de W
σ
, ent˜ao escreve-se W
σ
= e
iKσ
.
Por exemplo, se U(t, s) = Id t, s ent˜ao (W
σ
f)
t
= Idf(t σ) = (T
σ
f)
t
e
portanto e
iKσ
= T
σ
e ´e conhecido que K = i
d
dt
.
Defini¸ao 1.6 Um grupo limitado fortemente cont´ınuo e
K
sobre K ´e um grupo
de evolu¸ao limitado se, para cada σ, e
K
T
σ
´e um operador fibrado e limitado.
Note que pelo Teorema 1.2 esse operador ´e fibrado se, e somente se,
e
K
T
σ
M
φ
= M
φ
e
K
T
σ
para toda φ L
(IR). Isto ´e equivalente a
M
φ
σ
= T
σ
M
φ
T
σ
= e
K
M
φ
e
K
sendo φ
σ
(t) = φ(t σ).
Dado o propagador U(t, s) fortemente cont´ınuo nota-se pela Proposi¸ao 1.2
que
(e
iKσ
f)
t
= U(t, t σ)f(t σ)
o qual ´e um grupo de evolu¸ao limitado, pois
e
iKσ
T
σ
= {U(t, t σ)}
t
.
32
Al´em disso
(e
iKσ
T
σ
)
t
= U(t, t σ)f(t) = U(t, 0)U (0, t σ)f (t)
= U(t, 0)T
σ
U(0, t)f(t + σ) = U(t, 0)T
σ
U(t, 0)
1
T
σ
f(t)
e assim e
K
= UT
σ
U
1
em que U ´e o operador fibrado U = {U(t, 0)}
t
. Portanto
tal grupo de evolu¸ao ´e similar a T
σ
e o operador que faz a similaridade ´e fibrado.
O pr´oximo teorema afirma que isso permanece verdadeiro em geral.
Teorema 1.5 Um grupo limitado fortemente cont´ınuo e
K
em K ´e um grupo de
evolu¸ao limitado se, e somente se, existe um operador fibrado U = {U(t)}
tIR
de
forma que
e
K
= UT
σ
U
1
.
Aem disso, se e
K
´e unit´ario, ent˜ao U pode ser escolhido unit´ario.
Observa¸ao. Se no Teorema 1.5 U e U
1
ao tais que UT
σ
U
1
= e
K
= U
1
T
σ
U
1
1
enao T
σ
U
1
U
1
= U
1
U
1
T
σ
logo pela Proposi¸ao 1.1(c ) U
1
U
1
´e um operador fibrado
constante. Portanto, U(t) = U
1
(t)B em que B ´e invert´ıvel. Isso significa que o
propagador U(t, s) = U(t)U(s)
1
´e unicamente determinado e portanto existe uma
correspondˆencia bijetiva entre propagadores e grupos de evolu¸ao.
No caso H(t + τ ) = H(t) sabemos que os propagadores satisfazem U(t +
τ, s + τ) = U(t, s) para todo t, s IR e enao n ZZ
U(t + , s) = U (t, s)[U (s + τ, s)]
n
e o operador U
F
(s)
.
= U(s + τ, s) ´e chamado de operador de Floquet em s ou opera-
dor de monodromia. Como U
F
(t) = U(t + τ, t) = U(t + τ, s + τ )U (s + τ, s)U(s, t) =
U(t, s)U
F
(s)U(t, s)
1
segue que U
F
(t) e U
F
(s) ao unitariamente equivale ntes e tra-
balhamos com o operador de Floquet como sendo U
F
.
= U
F
(0) = U(τ, 0).
Suponha que Kf = λf , como (e
iKσ
g)(t) = U (t, t σ)g(t σ) ent˜ao
e
iλσ
f(t) = U(t, t σ)f(t σ)
33
logo
f(t) = e
iλσ
U(t, t σ)f(t σ) σ IR
denotando t σ = s
f(t) = e
(ts)
U(t, s)f(s)
e como U(·, ·) ´e fortemente cont´ınuo conclui-se
Lema 1.1 Se Kf = λf em K, ent˜ao a aplicao IR t → f(t) H ´e cont´ınua.
Lema 1.2 No caso de sistemas com per´ıodo τ, valem:
(a) Se Kf = λf ent˜ao U
F
(s)f(s) = e
iλτ
f(s), s IR.
(b) Se U
F
(s)ξ
s
= e
iλτ
ξ
s
, ξ
s
H s, ent˜ao a fun¸ao f
ξ
(t)
.
= e
(ts)
U(t, s)ξ
s
dom K e Kf
ξ
= λf
ξ
.
Denote por W
.
=
[0]
U(t, 0)dt o operador unit´ario fibrado em K =
[0]
Hdt
e B
.
=
[0]
U
F
dt = Id U
F
=
[0]
U(τ, 0)dt, tem-se que
Teorema 1.6 W (IdU
F
)W
= e
iKτ
, ou seja, IdU
F
e e
iKτ
ao unitariamente
equivalentes.
Demonstra¸ao: Seja {ξ
j
} base ortonormal de H e considere a base ortonormal
de K {u
n,j
} dada por (u
n,j
)(t) =
1
τ
e
2πint
τ
ξ
j
. Tem-se que
(W (Id U
F
)W
u
n,j
)(t) = U(t, 0)((Id U
F
)W
u
n,j
)(t)
= U(t, 0)U
F
(W
u
n,j
)(t)
= U(t, 0)U(τ, 0)U(t, 0)
1
u
n,j
(t)
=
1
τ
e
2πint
τ
U(t + τ, τ)U(τ, 0)U(0, t)ξ
j
=
1
τ
e
2πint
τ
U(t + τ, t)ξ
j
=
1
τ
e
2πint
τ
U(t, t τ)ξ
j
e por outro lado
(e
iKτ
u
n,j
)(t) = U(t, t τ)u
n,j
(t τ) =
1
τ
e
2πint
τ
U(t, t τ)ξ
j
34
e assim
W (Id U
F
)W
u
n,j
= e
iKτ
u
n,j
n, j
e portanto W(Id U
F
)W
= e
iKτ
.
1.4 Formula¸ao de Jauslin-Lebowitz
Seja g
t
: um sistema dinˆamico, em que ´e etrico compacto, poss ui uma
medida erg´odica invariante µ e g
t+s
= g
t
g
s
, g
1
t
= g
t
, t, s IR.
Considera-se para θ a Hamiltoniana
H
θ
(t) = H(g
t
(θ)) = H
0
+ V (g
t
(θ))
e
H
g
r
(θ)
(t) = H
θ
(t + r).
Supondo a existˆencia do propagador U
θ
(t, s) tem-se
U
g
r
(θ)
(t, s) = U
θ
(t + r, s + r).
O pr´oximo passo ´e seguir as id´eias de Howland-Yajima e construir um
sistema autˆonomo. Contudo aqui toma-se como vari´aveis adicionais θ e o espa¸co
estendido ser´a
˜
K
.
=
H(θ) = L
2
(Ω, H, )
e o grupo a um parˆametro ser´a
(
˜
W (t)f)
θ
= U
g
t
(θ)
(t, 0)f
g
t
(θ)
agindo em
˜
K.
Ou de outra forma:
(
˜
W (t)f)
θ
= F
t
U
θ
(t, 0)f
θ
= U
θ
(0, t)F
t
f
θ
sendo F
t
f
θ
= f
g
t
(θ)
. O gerador infinitesimal
˜
K de
˜
W (t) age como
(
˜
Kf)
θ
= i
d
dt
f
g
t
(θ)
t=0
+ H
θ
f
θ
35
em que H
θ
= H
θ
(0).
No caso de Hamiltonianas p e ri´odicas = S
1
[0, 2π) com a medida de
Lebesgue normalizada =
2π
e g
t
(θ) = θ + ωt, θ S
1
, ω =
2π
T
, tem-se
(
˜
W (t)f)
θ
= U
θ
(0, t)f
g
t
(θ)
= U
θ
(0, t)f
θωt
e
(
˜
Kf)
θ
=
θ
f
θ
+ H
θ
f
θ
agindo em L
2
(S
1
, H,
2π
).
No caso de Hamiltonianas quaseperi´odicas com H dependendo quaseperio-
dicamente no tempo com duas frequˆecias incomensur´aveis ω
1
, ω
2
, = S
1
× S
1
,
µ =
1
2π
2
2π
e g
t
(θ
1
, θ
2
) = (θ
1
+ ω
1
t, θ
2
+ ω
2
t) com ω
1
=
2π
T
1
e ω
2
=
2π
T
2
, tem-se
(
˜
Kf)
θ
1
2
=
1
θ
1
2
θ
2
+ H(θ
1
, θ
2
)
f
θ
1
2
(1.2)
agindo em L
2
(S
1
× S
1
, H, ). E isto pode ser generalizado para um n´umero finito
de frequˆencias.
Se f
λ
´e um autovalor do operador quase-energia generalizado
˜
K enao
U
θ
(t, 0)f
λ
(θ) = F
t
e
i
˜
Kt
f
λ
(θ) = F
t
e
iλt
f
λ
(θ) = e
iλt
f
λ
(g
t
(θ)) (1.3)
A partir de (1.3) temos a indica¸ao para se definir o operador de Floquet generali-
zado no c aso em que = S
1
× S
1
e g
t
(θ
1
, θ
2
) = (θ
1
+ ω
1
t, θ
2
+ ω
2
t). Defina para
φ L
2
(S
1
) H L
2
(S
1
, H)
(T
T
2
φ)(θ
1
) = φ(θ
1
+ ω
1
T
2
).
Enao (1.3) torna-se
e
iλt
f
λ
(θ
1
+ ω
1
t, θ
2
+ ω
2
t) = U
(θ
1
2
)
(t, 0)f
λ
(θ
1
, θ
2
)
e fixando θ
2
= θ
0
2
, define-se h
λ
(θ
1
) = f
λ
(θ
1
, θ
0
2
), e para t = T
2
U
(θ
1
0
2
)
(T
2
, 0)h
λ
(θ
1
) = e
iλT
2
f
λ
(θ
1
+ ω
1
T
2
, θ
0
2
+ ω
2
T
2
)
= e
iλT
2
f
λ
(θ
1
+ ω
1
T
2
, θ
0
2
)
= e
iλT
2
h
λ
(θ
1
+ ω
1
T
2
) = e
iλT
2
T
T
2
h
λ
(θ
1
)
36
portanto
e
iλT
2
h
λ
(θ
1
) = T
T
2
U
(θ
1
0
2
)
(T
2
, 0)h
λ
(θ
1
)
e o operador de Floquet generalizado associado a θ
0
2
´e o operador unit´ario
U
F
(θ
0
2
) = T
T
2
U
(θ
1
0
2
)
(T
2
, 0)
agindo e m K
1
.
= L
2
(S
1
, H,
1
2π
). Quando nos referimos ao operador de Floquet ge-
neralizado estamos pensando em U
F
.
= U
F
(0) e suas propriedades espectrais ao
equivalentes `aquelas do operador quase-energia ge neralizado. Algumas vezes, deno-
taremos
U
F
= T
T
2
u
1
(1.4)
em que u
1
(θ
1
) = U
(θ
1
,0)
(T
2
, 0). Para mais detalhes e resultados veja [42] e [6].
Para Hamiltonianas quaseperi´odicas com mais de duas frequˆencias, ou seja,
= S
1
× S
1
× . . . S
1

n vezes
o operador de Floquet generalizado ser´a
U
F
= T
T
2
U
(θ
1
,...,θ
n1
,0)
(T
n
, 0)
agindo em L
2
(S
1
× S
1
× . . . S
1
, H,
1
2π
. . .
n1
2π
) com, para φ
L
2
(S
1
× S
1
× . . . S
1
, H,
1
2π
. . .
n1
2π
)
(T
T
2
φ)(θ
1
, . . . , θ
n1
) = φ(θ
1
+ ω
1
T
n
, . . . , θ
n1
+ ω
n1
T
n
).
O resultado a seguir foi demonstrado em [42] para o caso quaseperi´odico,
mas a mesma demonstra¸ao se adapta ao caso geral.
Teorema 1.7 Seja ϕ H de maneira que 1 ϕ K
p
(
˜
K), o subspco espectral
pontual de
˜
K. E nt˜ao a evolu¸ao temporal IR t → U
θ
(t, 0)ϕ ´e peneperi´odica para
q.t.p. θ .
Demonstra¸ao: Como 1 ϕ K
p
(
˜
K) tem-se que
1 ϕ =
m
c
m
ψ
m
37
em que ψ
m
ao as autofunc˜oes de
˜
K, a saber,
˜
Kψ
m
= λ
m
ψ
m
.
U
θ
(t, 0)ϕ = F
t
(
˜
W (t)(1 ϕ))
θ
= F
t
(e
i
˜
Kt
(1 ϕ))
θ
= F
t
m
c
m
e
m
t
ψ
m
θ
=
m
c
m
e
m
t
F
t
ψ
m
θ
Agora
m
c
m
e
m
t
F
t
ψ
m
´e peneperi´odica pois ´e a soma de fun¸oes peneperi´odicas
que convergem uniformemente, e como conseq¨encia existem η
m
IR e σ
m
˜
K de
forma que
0 =
m
c
m
e
m
t
F
t
ψ
m
m
σ
m
e
m
t
2
˜
K
=
U
θ
(t, 0)ϕ
m
(σ
m
)
θ
e
m
t
2
H
o que implica que
U
θ
(t, 0)ϕ =
m
(σ
m
)
θ
e
m
t
para q.t.p. θ, ou seja, U
θ
(t, 0)ϕ ´e peneperi´odica para q.t.p. θ.
Cap´ıtulo 2
Estabilidade Via Propriedades
Topol´ogicas de Subespa¸cos
Neste cap´ıtulo dado ξ em um espa¸co de Hilbert H estudaremos o comportamento
da ´orbita de ξ, ou seja, de ξ(t) = U(t, 0)ξ em que U(t, 0) ´e um propagador unit´ario
de um sistema quˆantico. De acordo com as propriedades de tais ´orbitas obteremos
resultados na estabilidade dinˆamica e espectral do sistema. Na Se¸ao 2.1 isso ser´a
feito para Hamiltonianas gerais. Nas Se¸oes 2.2 e 2.3 nos restringeremos a Hamilto-
nianas peri´odicas e quaseperi´odicas, respectivamente. Em particular, na Se¸ao 2.3,
daremos um exemplo de ´orbita precompacta que ao ´e peneperi´odica, o que ao
ocorre no caso de Hamiltonianas p e ri´odicas e autˆonomas. Na Se¸ao 2.4 trabalhamos
no sentido de encontrar condi¸oes para obtermos limita¸ao no valor esperado da
energia.
2.1 Hamiltonianas Gerais
Considere uma fam´ılia de operadores auto-adjuntos H(t) para t IR, agindo em
um espa¸co de Hilbert separ´avel H. Assumiremos que a equa¸ao de Schr¨odinger
correspondente possua solu¸ao com propagadores unit´arios U(t, s) que satisfazem
U(t, s)dom H(s) dom H(t). Uma H(t) dessa forma s er´a chamada de Hamilto-
39
niana geral. Al´em disso, seja A : dom A H H um operador auto-adjunto,
positivo, ao-limitado e com es pec tro discreto,
n
= λ
n
ϕ
n
, 0 λ
n
λ
n+1
, com
dom A invariante sob a evolu¸ao temporal. Tal A ser´a chamado de energia abstrata
ou observ´avel. F (A > E) denotar´a a proje¸ao espectral no subspa¸co gerado pelos
autovetores de A correspondendo aos autovalores maiores do que E IR. Dado
ξ H considere a aplica¸ao IR t → ξ(t) = U(t, 0)ξ H, vamos introduzir os
seguintes subconjuntos de H.
Defini¸ao 2.1 (i) A ´orbita de ξ H ´e o conjunto O(ξ)
.
= {ξ(t) : t IR}.
(ii) H
pc
.
= {ξ H : O(ξ) ´e precompacta em H}.
(iii) H
f
.
=
ξ H : lim
T →∞
1
T
T
0
CU(t, 0)ξdt = 0 para qualquer operador
compacto C
.
(iv) H
pene
.
= {ξ H : a aplicao IR t → ξ(t) ´e peneperi´odica}.
(v) H
be
.
= {0 = ξ H : lim
E→∞
sup
tIR
F (A > E)U(t, 0)
ξ
ξ
= 0} {0}.
(vi) H
ue
.
= {0 = ξ H : lim
E→∞
sup
tIR
F (A > E)U(t, 0)
ξ
ξ
= 1} {0}.
(vii) S
bd
(A)
.
= {ξ dom A : a fun¸ao t → E
A
ξ
(t) ´e limitada} em que E
A
ξ
(t)
.
=
U(t, 0)ξ, AU (t, 0)ξ.
(viii) S
un
(A)
.
= {ξ dom A : a fun¸ao t → E
A
ξ
(t) ao ´e limitada}.
Lema 2.1 (a) H
f
´e subspco fechado de H.
(b) H
pc
´e subspco fechado de H.
(c) H
pene
´e subspco fechado de H e H
pene
H
pc
.
Demonstra¸ao: (a)
´
E acil ver que H
f
´e subspa¸co linear de H. Sejam ξ H
f
e C
um operador compacto. Dado > 0, tome ψ H
f
de forma que ψ ξ < . Assim
1
T
T
0
CU(t, 0)ξdt =
1
T
T
0
CU(t, 0)(ξ ψ) + CU (t, 0)ψdt
1
T
T
0
CU(t, 0)(ξ ψ) + CU (t, 0)ψdt
1
T
T
0
C(ξ ψ) + CU (t, 0)ψdt
C(ξ ψ) +
1
T
T
0
CU(t, 0)ψdt
40
Se T ´e suficientemente grande,
1
T
T
0
CU(t, 0)ψ
2
dt <
e vˆe-se que ξ H
f
. Isso implica que H
f
´e fechado e (a) est´a provado.
(b) H
pc
´e subspa¸co vetorial pois:
(i) ξ = 0 H
pc
.
(ii) Se ξ, ψ H
pc
enao dado > 0 tem-se O(ψ)
n
j=1
B(ψ(t
j
),
2
) e O(ξ)
l
i=1
B(ξ(s
i
),
2
). Assim para t IR existem t
j
e s
i
tais que
ψ(t) ψ(t
j
) <
2
e ξ(t) ξ(s
i
) <
2
logo
(ψ + ξ)(t) ψ(t
j
) ξ(s
i
) ψ(t) ψ(t
j
) + ξ(t) ξ(s
i
) <
2
+
2
= ,
ou seja, O(ψ + ξ)
i,j
B(ψ(t
j
) + ξ(s
i
), ) e portanto ψ + ξ H
pc
.
(iii) Similarmente, se λ C e ξ H
pc
enao λξ H
pc
.
Para ver que H
pc
´e fechado seja {ψ
j
} H
pc
com lim
j→∞
ψ
j
= ψ. Dado
> 0 existe N IN de modo que j N tem-se
ψ ψ
j
<
3
como ψ
N
H
pc
tem-se O(ψ
N
)
l
i=1
B(ψ
N
(t
i
),
3
). Assim dado t IR existe
t
i
IR com ψ
N
(t) ψ
N
(t
i
) <
3
e
ψ(t) ψ(t
i
) = ψ(t) ψ
N
(t) + ψ
N
(t) ψ
N
(t
i
) + ψ
N
(t
i
) ψ(t
i
)
ψ(t) ψ
N
(t) + ψ
N
(t) ψ
N
(t
i
) + ψ
N
(t
i
) ψ(t
i
)
ψ ψ
N
+
3
+ ψ ψ
N
<
3
+
3
+
3
=
logo O(ψ)
l
i=1
B(ψ(t
i
), ) e portanto ψ H
pc
e H
pc
´e subspa¸c o vetorial fechado
de H.
(c) Das propriedades de fun¸oes peneperi´odicas, Teorema 1.4(c) e (f), segue
que H
pene
´e subspa¸co vetorial. Suponha que {ξ
j
} H
pene
com lim
j→∞
ξ
j
= ξ. Dado
41
> 0 existe N IN de forma que j N tem-se ξ
j
ξ < . Logo dado > 0
existe N como acima de forma que se j N tem-se t IR
ξ(t) ξ
j
(t) = U(t, 0)ξ U(t, 0)ξ
j
ξ ξ
j
<
logo ξ
j
ξ uniformemente e como cada ξ
j
(t) ´e peneperi´odica segue que ξ(t) ´e
peneperi´odica pelo Teorema 1.4(d) , e portanto H
pene
´e subspa¸co vetorial fechado
de H. Do Teorema 1.4(e) segue que H
pene
H
pc
.
As demonstra¸oes de (a) e (b) do Lema 2.1 foram apresentadas em [21].
H
pene
´e um subspa¸co introduzido neste trabalho.
Tem-se a seguinte caracteriza¸ao de H
pc
, demonstrada em [23],
Lema 2.2 ψ H
pc
se, e somente se, para cada > 0 existe um projetor ortogonal
P
que projeta em um subspco de dimens˜ao finita de H de forma que
(Id P
)U(t, 0)ψ < t IR
Demonstra¸ao: Suponha ψ H
pc
, como U(t, 0) ´e unit´ario, O(ψ) ´e um conjunto
limitado (por ψ). Seja {ϕ
j
} uma seq¨encia ortogonal em O(ψ). Se a seq¨encia
{ϕ
j
} ´e finita enao O(ψ) est´a contida em um subspa¸co de dimens˜ao finita e acabou.
Se a seq¨encia {ϕ
j
} for infinita, se ja
λ
n
= sup
ϕ[ϕ
1
,...,ϕ
n
]
∩O(ψ)
ϕ ψ
e neste caso basta mostrar que λ
n
0 quando n . Sup onha que λ
n
0 ent˜ao
existe
0
> 0 e uma subseq¨encia ortogonal ψ
n
j
([ϕ
1
, . . . , ϕ
n
]
O(ψ)) de modo
que
ψ
n
j
0
> 0. (2.1)
Como {ψ
n
j
} ´e ortogonal e limitada ent˜ao ψ
n
j
0. Mas {ψ
n
j
} est´a no conjunto
precompacto O(ψ) e assim {ψ
n
j
} tem uma subseq¨encia convergente, digamos {ψ
n
j
}
que ´e tamem convergente a zero, isto ´e, ψ
n
j
0 e isso contradiz (2.1) e portanto
λ
n
0 quando n .
42
Reciprocamente, dado > 0 temos, por hip´otese, que P
O(ψ) est´a con-
tido em um subspa¸co de dimens˜ao finita e y < y (Id P
)O(ψ). Sejam
p
1
, . . . , p
n()
de modo que
P
O(ψ)
n()
i=1
B(p
i
, )
e tome x (IdP
)O(ψ). Se v O(ψ) v = v
v
v
P
O(ψ) v
(IdP
)O(ψ)
enao para algum j v
p
j
< e obtemos
v p
j
x
2
= v
p
j
2
+ v
x
2
<
2
+ (v
+ x)
2
<
2
+ ( + )
2
= 5
2
logo O(ψ)
n()
i=1
B(p
i
x, 5
2
) e sendo arbitr´ario segue que ψ H
pc
.
Em [21] foi demonstrado que
Lema 2.3
H
pc
H
f
.
Demonstra¸ao: Sejam ϕ H
f
e ξ H
pc
. Enao
ϕ, ξ =
1
T
T
0
ϕ, ξdt =
1
T
T
0
U(t, 0)ϕ, U(t, 0)ξdt
Para cada > 0 existe P
que projeta em um subspa¸co de dimens˜ao finita de H tal
que, t, (Id P
)U(t, 0)ξ <
2ϕ
; assim
ϕ, ξ =
1
T
T
0
(P
+ Id P
)U(t, 0)ϕ, U(t, 0)ξdt
=
1
T
T
0
P
U(t, 0)ϕ, U(t, 0)ξdt
+
1
T
T
0
(Id P
)U(t, 0)ϕ, U(t, 0)ξdt
e enao
|ϕ, ξ| ξ
1
T
T
0
P
U(t, 0)ϕdt + ϕ
1
T
T
0
(Id P
)U(t, 0)ξdt
43
Como ϕ H
f
,
1
T
T
0
P
U(t, 0)ϕdt <
2ξ
se T ´e grande suficiente. Portanto, |ϕ, ξ| para qualquer > 0, e o lema e st´a
demonstrado.
A mesma demonstra¸ao de [23] para Hamiltonianas peri´odicas ´e alida para
demonstrar que
Teorema 2.1 Tem-se que
(a) H
be
= H
pc
;
(b) H
f
H
ue
.
Demonstra¸ao: (a) Seja ψ H
pc
. Ent˜ao para cada > 0 existe P
que projeta
em um subspa¸co de dimens˜ao finita de H de forma que (Id P
)U(t, 0)ψ < ,
para qualquer t IR. Temos
sup
tIR
F (A > E)U(t, 0)ψ sup
tIR
F (A > E)P
U(t, 0)ψ
+ sup
tIR
F (A > E)(Id P
)U(t, 0)ψ
Como P
projeta em um subspa¸co de dimens˜ao finita, o primeiro termo no lado
direito da express˜ao acima se anula para E suficientemente grande, e o segundo
termo ´e limitado por pois F (A > E)(IdP
)U(t, 0)ψ (IdP
)U(t, 0)ψ < ,
para qualquer t IR. Portanto,
lim
E→∞
sup
tIR
F (A > E)U(t, 0)ψ ,
para qualquer > 0, e ψ H
be
.
Reciprocamente, seja ψ H
be
. Pela Defini¸ao 2.1,
lim
E→∞
sup
tIR
F (A > E)U(t, 0)ψ = 0,
logo para qualquer > 0 existe E
de forma que sup
tIR
F (A > E
)U(t, 0)ψ < ;
portanto
(Id F (A E
))U(t, 0)ψ = F (A > E
)U(t, 0)ψ < ,
44
e, aplicando o Lema 2.2 com P
= F(A E
), obtemos ψ H
pc
.
(b) Seja ψ H
f
com ψ = 1. Ent˜ao,
1 = ψ =
1
τ
τ
0
U(t, 0)ψdt
=
1
τ
τ
0
[F (A > E)U(t, 0)ψ + F (A E)U(t, 0)ψ]dt
1
τ
τ
0
F (A > E)U(t, 0)ψdt +
1
τ
τ
0
F (A E)U(t, 0)ψdt
sup
tIR
F (A > E)U(t, 0)ψ +
1
τ
τ
0
F (A E)U(t, 0)ψdt.
Pela Defini¸ao 2.1(iii) com C = F (A E), o segundo termo no lado direito tende a
zero quando τ tende ao infinito; assim sup
tIR
F (A > E)U(t, 0)ψ = 1, para todo
E, portanto ψ H
ue
.
Conseguimos demonstrar que
Teorema 2.2 Seja H(t) uma Hamiltoniana geral e A como acima, ent˜ao se ψ
dom A e ψ / H
pc
ent˜ao ψ S
un
(A).
Demonstra¸ao: Seja ψ dom A de modo que ψ / H
pc
. Lembre-se que 0 λ
1
λ
2
λ
3
. . . denotam os autovalores de A (todos com multiplicidade finita e λ
n
quando n ) e seja P
N
o projetor no subspa¸co gerado pelos autovetores de A
cujos autovalores sejam menores ou igual a λ
N
, logo dim ImP
N
< e AP
N
= P
N
A
em domA. Assim para cada N IN
ψ(t), (t) = (P
N
+ (Id P
N
))ψ(t), (P
N
+ (Id P
N
))(t)
= P
N
ψ(t), P
N
(t) + (Id P
N
)ψ(t), (Id P
N
)(t)
= P
N
ψ(t), AP
N
ψ(t) + (Id P
N
)ψ(t), A(Id P
N
)ψ(t)
(Id P
N
)ψ(t), A(Id P
N
)ψ(t)
λ
N
(Id P
N
)ψ(t), (Id P
N
)ψ(t)
= λ
N
(Id P
N
)ψ(t)
2
.
Como ψ / H
pc
pelo Lema 2.2 existe
0
> 0 de modo que para qualquer projetor
ortogonal P em um subspa¸co de dimens˜ao finita existe t
P
de forma que (Id
45
P )ψ(t
P
)
0
. Assim para cada N IN existe t
P
N
IR de modo que
(Id P
N
)ψ(t
P
N
)
0
logo
sup
t
|ψ(t), (t)| λ
N
2
0
N IN
e como λ
N
para N segue que ψ(t), (t) ao ´e limitado.
Corol´ario 2.1 (a) (dom A H
f
) \ {0} S
un
(A);
(b) S
bd
(A) H
pc
.
Demonstra¸ao: (a) Seja 0 = ξ dom A H
f
, enao ξ dom A e ξ H
f
. Pelo
Lema 2.3 como ξ = 0 segue que ξ / H
pc
e pelo teorema acima segue que ξ S
un
(A).
(b) Segue facilmente do teorema.
Se a Hamiltoniana H(t) for da forma H(t) = H
0
+ V (t) com H
0
auto-
adjunto, positivo, ao-limitado e com espectro discreto, enao os resultados acima
valem com A = H
0
.
O resultado pode ao valer se A possuir um autovalor λ
l
de multiplicidade
infinita, pois neste caso pode existir ψ H de forma que para qualquer t IR, ψ(t)
esteja no auto-espa¸co correspondente ao autovalor λ
l
que tem dimens˜ao infinita com
O(ψ) ao sendo precompacta, mas neste caso ter´ıamos
ψ(t), (t) = ψ(t), λ
l
ψ(t) = λ
l
ψ(t)
2
que por sua vez seria limitado.
2.2 Hamiltonianas Peri´odicas
No caso peri´odico temos `a nossa disposi¸ao o operador de Floquet U
F
= U (T, 0)
e denotaremos por H
p
o subspa¸co espectral pontual de U
F
e por H
c
o subspa¸co
espectral cont´ınuo de U
F
. Nesta se¸ao o operador A ´e como na se¸ao anterior.
46
Teorema 2.3 (RAGE) Seja C : H H um operador compacto e ψ H
c
, ent˜ao
lim
τ→∞
1
τ
τ
0
CU(t, 0)ψdt = 0
A demonstra¸ao deste teorema ´e um tanto longa e pode ser encontrada no
trabalho de Enss e Veselic [28]. Como conseq¨encia deste teorema c onclui-se que,
no caso peri´odico, se ξ H
c
enao ξ H
f
e portanto pelo Corol´ario 2.1 segue que se
A ´e uma “energia abstrata”e 0 = ξ dom A, ent˜ao a aplica¸ao U(t, 0)ξ, AU (t, 0)ξ
ao ´e limitada.
Em [23] ´e demonstrado que ξ H
p
se, e som ente se, ξ H
pc
. Conseguimos
demonstrar um pouco mais, como discutido no que segue.
Lema 2.4 Seja ξ H
p
um autovetor de U
F
, isto ´e, U
F
ξ = e
ξ, α IR. Ent˜ao
ξ H
pene
H
pc
.
Demonstra¸ao: Como U(t, 0) ´e fortemente cont´ınuo tem-se que a aplica¸ao t →
ξ(t) ´e cont´ınua.
Qualquer t IR pode ser escrito na forma t = nT + s, com n ZZ e
0 s < T , e temos U
F
ξ = e
ξ e U
1
F
ξ = e
ξ. Como para t 0 (n 0)
U(t, 0)ξ = U (s + nT, nT )U(nT, (n 1)T ) . . . U(T, 0)ξ
= U(s, 0) U(T, 0) . . . U (T, 0)

n vezes
ξ = U(s, 0)e
inα
ξ
e para t < 0 (n < 0)
U(t, 0)ξ = U (s + nT, nT )U(nT, (n + 1)T ) . . . U(T, 0)ξ
= U(s, 0) U(T, 0)
1
. . . U(T, 0)
1

n vezes
ξ = U(s, 0)e
inα
ξ
tem-se, para t = nT + s IR, n ZZ e 0 s < T , que
U(t, 0)ξ = U(s, 0)e
inα
ξ.
Portanto para cada t = nT + s IR
ξ(t + T ) = U (t + T, 0)ξ = U(s, 0)e
i(n+1)α
ξ
= e
U(s, 0)e
inα
ξ = e
ξU (t, 0)ξ = e
ξ(t)
47
e assim t ξ(t) ´e peneperi´odica pelo Teorema 1.4(i).
´
E uma conseq¨encia do Teorema RAGE e do Lema 2.3 que
Lema 2.5 H
pc
H
c
.
Em [23] ´e demonstrado que H
p
= H
be
= H
pc
e H
c
= H
ue
= H
f
, no caso
peri´odico. Conseguimos demonstrar que H
pene
= H
pc
e enao temos
Teorema 2.4 Se a Hamiltoniana ´e peri´odica no tempo ent˜ao
(a) H
p
= H
be
= H
pc
= H
pene
;
(b) H
c
= H
ue
= H
f
.
Demonstra¸ao: (a) (i) H
pc
= H
be
. a foi demonstrado no Teorema 2.1(a).
(ii) H
pene
H
pc
. Foi demonstrado no Lema 2.1(c).
(iii) H
p
H
pc
.
´
E uma conseq¨encia imediata de (ii) e dos Lemas 2.4 e
2.1(b).
(iv) H
pc
H
p
. Segue facilmente do Lema 2.5, e H
p
= H
c
; na verdade,
H
pc
H
c
= H
p
.
(v) H
pc
H
pene
.
´
E uma conseq¨encia imediata dos Lemas 2.4 e 2.1(c) que
H
p
H
pene
. Como a demonstramos que H
p
= H
pc
o resultado segue.
(b) (i) H
c
H
f
. Segue facilmente do Teorema 2.3.
(ii) H
f
H
c
. A demonstra¸ao ´e imediata do Lema 2.3 junto com (iii) e
(iv) acima e H
p
= H
c
; na verdade, H
f
H
pc
= H
p
= H
c
.
(iii) H
f
H
ue
. Foi demonstrado no Teorema 2.1(b).
(iv) H
ue
H
f
. Seja ψ H
ue
com ψ = 1, e suponha que ψ = ψ
f
ψ
p
,
ψ
f
H
f
= H
c
e ψ
p
H
p
. Enao,
F (A > E)U(t, 0)ψ = F (A > E)U(t, 0)(ψ
f
ψ
p
)
F (A > E)U(t, 0)ψ
f
+ F (A > E)U(t, 0)ψ
p
,
48
para todo t IR. Como ψ H
ue
, obtemos
1 = lim
E→∞
sup
tIR
F (A > E)U(t, 0)ψ
lim
E→∞
sup
tIR
F (A > E)U(t, 0)ψ
f
+ lim
E→∞
sup
tIR
F (A > E)U(t, 0)ψ
p
.
O ´ultimo termo dessa identidade se anula pois ψ
p
H
p
= H
be
, e vˆe-se imediata-
mente que ψ = ψ
f
H
f
.
Se H(t) ´e uma Hamiltoniana geral em um espa¸co de Hilbert H, ao ne-
cessariamente peri´odica, como vimos no Cap´ıtulo 1 que temos associado `a mesma
o operador quase-energia K = i
d
dt
+ H(t) agindo no espa¸co de Hilbert estendido
K = L
2
(IR, H, dt). Pode-se ent˜ao considerar a Hamiltoniana
˜
H(t), independente do
tempo, dada por
˜
H(t) = K para todo t, a qual ´e, em particular, peri´odica e tem
operador de Floquet e
iK
. A esta Hamiltoniana pode-se aplicar os resultados desta
se¸ao. Em particular, se K
p
(K) e K
c
(K) denotam, respectivamente, o subspa¸co
espectral pontual e cont´ınuo de K, obt´em-se:
Corol´ario 2.2 (a) ψ K
p
(K) se, e somente se, O(ψ) = {e
iKσ
ψ : σ IR} ´e
precompacto em K se, e somente se, a aplicao σ → e
iKσ
ψ ´e peneperi´odica.
(b) ψ K
c
(K) se, e somente se, para cada operador compacto C em K tem-se
lim
τ→∞
1
τ
τ
0
Ce
iKσ
ψ = 0
Lembrando que (e
iKσ
f)(t) = U(t, t σ)f(t σ), conseguimos o seguinte
resultado.
Proposi¸ao 2.1 Seja ξ H de modo que 1 ξ K
p
(K) ent˜ao a aplicao t →
U(t, 0)
1
ξ ´e peneperi´odica. Se os autovetores de K forem da forma ψ
m
= 1 ξ
m
com ξ
m
H ent˜ao ξ H
pene
.
Demonstra¸ao: Se 1 ξ K
p
(K) enao
1 ξ =
m
c
m
ψ
m
49
com Kψ
m
= λ
m
ψ
m
. Logo
e
iKσ
(1 ξ) =
m
c
m
e
m
σ
ψ
m
e portanto para c ada t IR
U(t, t + σ)ξ = (e
iKσ
(1 ξ))(t) =
m
c
m
e
m
σ
ψ
m
(t)
e conclui-se enao, que para cada t fixo, a aplica¸ao
σ → U(t, t + σ)ξ
´e peneperi´odica, em particular tomando t = 0 tem-se que σ → U (0, σ)ξ ´e pene-
peri´odica e o resultado segue.
Agora, se os autovetores de K forem da forma ψ
m
= 1 ξ
m
enao
ξ(t) = U(t, 0)ξ = (e
iKt
(1 ξ))(t) =
m
c
m
e
m
t
ψ
m
(t) =
m
c
m
e
m
t
ξ
m
.
Se a soma for finita segue que a aplica¸ao t → ξ(t) ´e peneperi´odica pois ´e um
polinˆomio trigonom´etrico. Se a soma for infinita tem-se que
k
m=1
c
m
e
m
t
ξ
m
m=1
c
m
e
m
t
ξ
m
uniformemente quando k ; e portanto a aplica¸ao t → ξ(t)
´e peneperi´odica, ou seja, ξ H
pene
.
Como vimos, para sistemas quˆanticos peri´odicos tem-se
H = H
pc
H
f
. (2.2)
Apresentaremos agora um exemplo, que aparece em [21], o qual mostra que para
Hamiltonianas gerais a rela¸ao (2.2) pode ao valer. Embora um tanto peculiar, esse
exemplo ilustra as poss´ıveis propriedades ao usuais de sistemas com dependˆencia
temporal arbitr´aria. Definimos o subspa¸co H
a
pela rela¸ao
H = H
pc
H
f
H
a
.
Exemplo 2.1 Seja {
n
}, n 1, uma seencia com
n
{−1, 0, 1}. O modelo ´e
dado pela Hamiltoniana kicked
H(t) = p
2
+ x
n=1
n
δ(t n), x [0, 2π) (2.3)
50
agindo em H = L
2
(T), em que p = i
d
dx
. O operador evolu¸ao temporal at´e t =
(n + 1 0), n IN (um pouco antes do (n + 1)´esimo kick), ´e dado por
U(n, 0) V
n
V
n1
. . . V
1
em que V
j
= e
ip
2
e
i
j
x
. Entre dois kicks consecutivos temos a evolu¸ao temporal
livre. Se denotarmos os auto-estados da Hamiltoniana ao perturbada p
2
por ψ
s
=
e
isx
e Γ
j
=
1
+
2
+ . . . +
j
, temos
U(n, 0)ψ
s
= exp
i
n
j=1
j
+ s)
2
exp[i
n
+ s)x]
U(n, 0)ψ
s
, p
2
U(n, 0)ψ
s
=
n
+ s)
2
.
Sejam u
n
= 4(10
n
+ 10
n1
+ . . . + 10) para n 1, u
0
= 0, e escolha
j
.
=
1 se j A
n
.
= [u
n
+ 1, u
n
+ 10
n+1
]
1 se j B
n
.
= [u
n
+ 1 + 10
n+1
, u
n
+ 2 × 10
n+1
]
0 se j C
n
.
= [u
n
+ 1 + 2 ×10
n+1
, u
n+1
]
(2.4)
Como
j
= 0 se, e somente se, j C
n
e (o s´ımbolo #Z denota a cardinalidade do
conjunto Z)
#C
n
#A
n
+ #B
n
+ #C
n
=
1
2
segue que
lim
τ→∞
1
τ
τ
0
P
s
U(t, 0)ψ
s
dt =
1
2
em que P
s
´e o operador proje¸ao (compacto) no subspco gerado por ψ
s
. Portanto,
ψ
s
/ H
f
para todo s, como {ψ
s
: s ZZ} ´e uma base de H e pelo Lema 2.1(a) H
f
´e
subspco fechado, segue que H
f
= {0}.
Como para cada m IN, m s, existe j IN de forma que U(j, 0)ψ
s
=
e
(s,m)
ψ
m
para algum fator θ(s, m), o conjunto {U(t, 0)ψ
s
: t IR} ao ´e precom-
pacto; ent˜ao ψ
s
/ H
pc
, para todo s, e podemos concluir que H
pc
= {0}. Portanto
para o modelo (2.3)-(2.4), H = H
a
.
Assim, para o modelo (2.3)-(2.4) tem-se p elo Teorema 2.2 que s e 0 = ψ
dom p
2
enao ψ S
un
(p
2
). Ou seja, H
a
= S
un
(p
2
).
51
2.3 Hamiltonianas Quaseperi´odicas
Neste caso usaremos o formalismo de Jauslin-Lebowitz como na Se¸ao 1.4 para
Hamiltonianas quaseperi´odicas, e temos `a nossa disposi¸ao o ope rador de Floquet
generalizado U
F
(veja (1.4)), definido em K
1
= L
2
(S
1
, H,
1
2π
), e o operador quase-
energia generalizado
˜
K (veja (1.2)) definido em
˜
K = L
2
(S
1
× S
1
, H,
1
2π
2
2π
), ambos
com propriedades espectrais equivalentes. Nesta se¸ao trabalharemos c om apenas
duas freq¨encias, mas os resultados permanecem alidos para um n´umero finito de
freq¨uˆencias, em espa¸cos adequados.
Para t fixo seja o operador unit´ario U(t) : K
1
K
1
dado por
(U(t)ψ)(θ
1
) = U
(θ
1
,0)
(t, 0)ψ(θ
1
), ou seja, U(t) =
S
1
U
(θ
1
,0)
(t, 0)
1
2π
e dada ψ K
1
seja
˜
O(ψ) = {ψ(t) = U(t)ψ : t IR}
a ´orbita de ψ. Seja A um operador em K
1
auto-adjunto, positivo, ao-limitado, com
espectro discreto e com U(t)dom A dom A e F (A > E) o operador proje¸ao como
anteriormente. Denotaremos
Defini¸ao 2.2 (a) K
1,p
o subspco espectral pontual do operador de Floquet gene-
ralizado U
F
.
(b) K
1,c
o subspco espectral cont´ınuo de U
F
.
(c) K
1,f
.
=
ψ K
1
: lim
τ→∞
1
τ
τ
0
CU(t)ψ
K
1
dt = 0 para qualquer operador
compacto C em K
1
.
(d) K
1,pc
= {ψ K
1
:
˜
O(ψ) ´e precompacta em K
1
}.
(e) K
1,pene
.
= {ψ K
1
: a aplicao IR t → ψ(t) ´e peneperi´odica}.
(f) K
1,be
.
= {0 = ψ K
1
: lim
E→∞
sup
tIR
F (A > E)U(t)
ψ
ψ
= 0} {0}.
(g) K
1,ue
.
= {0 = ψ K
1
: lim
E→∞
sup
tIR
F (A > E)U(t)
ψ
ψ
= 1} {0}.
De forma an´aloga `a Se¸ao 2.1 demonstra-se:
Proposi¸ao 2.2 (a) K
1,f
, K
1,pc
e K
1,pene
ao subspcos fechados de K
1
.
(b) ψ K
1,pc
se, e somente se, para cada > 0 existe um projetor ortogonal P
que
52
projeta em um subspco de dimens˜ao finita de K
1
de forma que
(Id P
)U(t)ψ < t IR.
(c) K
1,pc
K
1,f
.
Em [42] ´e demonstrado o an´alogo do Teorema RAGE para Hamiltonianas
quaseperi´odicas. A demonstra¸ao ´e uma adapta¸ao da afirma¸ao similar para o caso
peri´odico do trabalho [28]. Assim, tem-se
Teorema 2.5 (RAGE) Seja C : K
1
K
1
um operador compacto e φ K
1,c
,
ent˜ao
lim
τ→∞
1
τ
τ
0
CU(t)φ
K
1
dt = 0.
Sendo tal resultado alido conclui-se
Corol´ario 2.3 (a) K
1,c
K
1,f
;
(b) K
1,pc
K
1,c
.
Portanto, de forma an´aloga ao Teorema 2.4, foi demonstrado em [23] que
Teorema 2.6 Para Hamiltonianas quaseperi´odicas tem-se
(a) K
1,p
= K
1,pc
= K
1,be
;
(b) K
1,c
= K
1,ue
= K
1,f
.
De forma an´aloga ao Teorema 2.2 demonstra-se que
Teorema 2.7 Seja H
θ
(t) uma hamiltoniana quaseperi´odica e A como acima, ent˜ao
se ψ dom A e 0 = ψ K
1,c
ent˜ao
t → U(t)ψ, AU (t)ψ
K
1
ao ´e limitado.
53
Assim, o fato de o operador de Floquet generalizado ter espec tro cont´ınuo
implicar´a em crescimento ao-limitado da energia no espa¸co estendido K
1
, mas ao
necessariamente no espa¸co de Hilbert original H.
Na formula¸ao de Jauslin-Lebowitz, para cada θ tem-se uma Hamilto-
niana H
θ
(t) e pode-se definir, naturalmente, os subconjuntos no espa¸co de Hilbert
original H, dependendo de θ; O
θ
(ξ)
.
= {ξ
θ
(t) = U
θ
(t, 0)ξ : t IR}, H
θ
pc
, H
θ
f
, H
θ
pene
,
H
θ
be
, H
θ
ue
, S
bd
θ
e S
un
θ
, sendo alidos os resultados da Se¸ao 2.1 para cada θ Ω.
No caso peri´odico, em que = S
1
, tem-se em particular que H
θ
pene
= H
θ
pc
para
cada θ S
1
, pois H
θ
(t + T
1
) = H
g
T
1
(θ)
(t) = H
θ
(t) e ao alidos os resultados da
Se¸ao 2.2. O exemplo que segue mostrar´a que o mesmo ao ´e verdadeiro para o caso
quaseperi´odico.
Primeiramente, vamos introduzir o modelo e alguns resultados cujas de-
monstra¸oes p odem ser encontradas em [6].
Uma Hamiltoniana quaseperi´odica geral agindo em H = C
2
´e da forma
H
θ
(t) = h
0
(t)Id +
3
j=1
h
j
(t)σ
j
(2.5)
em que h
j
(t) ao fun¸oes quaseperi´odicas reais, isto ´e, h
j
(t) =
¯
h
j
(ω
1
t + θ
1
, ω
2
t + θ
2
)
com
¯
h
j
(θ
1
, θ
2
) cont´ınua e 2π-peri´odica nos dois argumentos θ
1
, θ
2
S
1
; ω
1
, ω
2
n´umeros reais positivos e σ
j
ao as matrizes de Pauli, ou seja,
σ
1
=
0 1
1 0
, σ
2
=
0 i
i 0
, σ
3
=
1 0
0 1
.
Denotaremos
ω
1
ω
2
= α.
A Hamiltoniana ´e uma matriz hermitiana 2 × 2 com tra¸co zero, e assim o
propagador U
θ
(t, s) ´e unit´ario com determinante um, isto ´e, U
θ
(t, s) SU(2).
Sabemos que U
F
= T
T
2
u
1
em que u
1
(θ
1
) = U
(θ
1
,0)
(T
2
, 0) SU(2) e por-
tanto tem a forma
u
1
(θ
1
) =
a b
b a
(2.6)
54
com |a|
2
+ |b|
2
= 1, e b denota o complexo conjugado de b.
Para o pr´oximo lema inclu´ımos a demonstra¸ao apresentada em [6], pois a
mesma ´e usada na constru¸ao de nosso exe mplo.
Lema 2.6 Para qualquer esco lha de fun¸oes C
l
, a, b de S
1
em C, l =
0, 1, . . . , , com |a|
2
+ |b|
2
= 1 existe algum H
θ
(t) quaseperi´odico da forma (2.5) de
modo que (2.6) ´e o operador monodromia correspondente.
Demonstra¸ao: 1
passo: Se o propagador U
(θ
1
,0)
(t, 0) ´e dado para todo θ
1
S
1
e para cada t [0, T
2
] ent˜ao ele ´e completamente determinado para todo t: Seja
k IN
,
U
(θ
1
,0)
(kT
2
, 0) = U
(θ
1
,0)
(kT
2
, (k 1)T
2
) . . . U
(θ
1
,0)
(T
2
, 0)
= U
(θ
1
+(k1)2πα,0)
(T
2
, 0) . . . U
(θ
1
+2πα,0)
(T
2
, 0)U
(θ
1
,0)
(T
2
, 0)
= u
1
(θ
1
+ (k 1)2πα) . . . u
1
(θ
1
+ 2πα)u
1
(θ
1
).
Para k = 0, U
(θ
1
,0)
(0T
2
, 0) = Id e para k < 0
U
(θ
1
,0)
(kT
2
, 0) = U
(θ
1
,0)
(kT
2
, (k + 1)T
2
) . . . U
(θ
1
,0)
(T
2
, 0)
= U
(θ
1
+k2πα,0)
(0, T
2
) . . . U
(θ
1
2πα,0)
(0, T
2
)
= u
1
(θ
1
+ k2πα)
1
u
1
(θ
1
+ (k + 1)2πα)
1
. . . u
1
(θ
1
2πα)
1
.
Agora dado t IR tem-se t = kT
2
+ δ
t
com 0 δ
t
< T
2
e enao
U
(θ
1
,0)
(t, 0) = U
(θ
1
,0)
(kT
2
+ δ
t
, 0)
= U
(θ
1
,0)
(kT
2
+ δ
t
, kT
2
)U
(θ
1
,0)
(kT
2
, 0)
= U
(θ
1
+k2πα,0)
(δ
t
, 0)U
(θ
1
,0)
(kT
2
, 0).
2
o
passo: Constru¸ao do propagador para t [0, T
2
]:
O conjunto {u
1
(θ
1
) : θ
1
S
1
} SU(2) ´e simplesmente conexo. Assim para
θ
1
S
1
fixado podemos construir uma fun¸ao v(t; θ
1
), t [0, T
2
], que ´e um caminho
55
diferenci´avel em SU(2) que liga a Id em t = 0 com u
1
(θ
1
) em t = T
2
. Com essa v
definimos para t = kT
2
+ δ
t
U
(θ
1
,0)
(t, 0) = v(δ
t
; θ
1
+ k2πα)U
(θ
1
,0)
(kT
2
, 0).
3
o
passo: Constru¸ao da Hamiltoniana: Seja h
(θ
1
,0)
(t) dada por
h
(θ
1
,0)
(t) =
i
t
U
(θ
1
,0)
(t, 0)
U
(θ
1
,0)
(t, 0)
1
=
i
t
v(δ
t
; θ
1
+ k2πα)
v(δ
t
, θ
1
+ k2πα)
1
.
= V (δ
t
; θ
1
+ k2πα)
Procedemos como segue para verificar que h
(θ
1
,0)
(t) ´e quaseperi´odico e construir dele
uma Hamiltoniana mais geral dependendo em dois parˆametros θ
1
, θ
2
: Levando em
conta que
δ
t
= (t)
modT
2
=
1
ω
2
(ω
2
t)
mod2π
, kT
2
= t
1
ω
2
(ω
2
t)
mod2π
e V ´e 2π-peri´odica no segundo argumento
h
(θ
1
,0)
(t) = V
1
ω
2
(ω
2
t)
mod2π
;
θ
1
+ ω
1
t
ω
1
ω
2
(ω
2
t)
mod2π
mod2π
= V
1
ω
2
(ω
2
t)
mod2π
; (θ
1
+ ω
1
t)
mod2π
ω
1
ω
2
(ω
2
t)
mod2π
.
Definindo a fun¸ao 2π-peri´odica nos dois argumentos
A(ϑ
1
, ϑ
2
) = V
1
ω
2
(ϑ
2
)
mod2π
; (ϑ
1
)
mod2π
ω
1
ω
2
(ϑ
2
)
mod2π
podemos definir a Hamiltoniana quaseperi´odica
H
θ
(t) = A(ω
1
t + θ
1
; ω
2
t + θ
2
)
que por constru¸ao tem u
1
como matriz monodromia.
Na Se¸ao 2.2 (Teorema 2.4) demonstramos que para Hamiltonianas com
dependˆencia temporal peri´odica, uma ´orbita ´e precompacta se, e somente se, ela ´e
peneperi´odica. O pr´oximo exemplo, que constru´ımos, demonstra que a no caso de
dependˆencia temporal quasep eri´odica podemos encontrar ´orbitas precompactas que
ao ao peneperi´odicas.
56
Exemplo 2.2 Seja u
1
(θ
1
) =
e
1
0
0 e
1
, ´e conhecido que o operador de Flo-
quet correspondente tem espectro absolutamente cont´ınuo puro para qualquer α =
ω
1
ω
2
irracional. Pelo Lema 2.6 existe uma Hamiltoniana H
θ
(t) da forma (2.5) que tem
u
1
(θ
1
) = U
(θ
1
,0)
(T
2
, 0) como operador monodromia, e pela constru¸ao feita em tal
lema tem-se para k ZZ, k > 0
U
(θ
1
,0)
(kT
2
, 0) = u
1
(θ
1
+ (k 1)2πα) . . . u
1
(θ
1
+ 2πα)u
1
(θ
1
)
=
e
i(θ
1
+(k1)2πα)
0
0 e
i(θ
1
+(k1)2πα)
. . .
e
1
0
0 e
1
=
e
i(θ
1
+(k1)2πα)
. . . e
1
0
0 e
i(θ
1
+(k1)2πα)
. . . e
1
=
e
i(
1
+(1+2+...(k1))2πα)
0
0 e
i(
1
+(1+2+...(k1))2πα)
=
e
ik(θ
1
+(k1)πα)
0
0 e
ik(θ
1
+(k1)πα)
.
e para k < 0 o mesmo ´e alido; portanto para todo k ZZ tem-se que
U
(θ
1
,0)
(kT
2
, 0) =
e
ik(θ
1
+(k1)πα)
0
0 e
ik(θ
1
+(k1)πα)
.
Aem disso, para θ
1
S
1
defina para 0 t T
2
v(t; θ
1
) =
e
i
t
T
2
(θ
1
+(
t
T
2
1)πα)
0
0 e
i
t
T
2
(θ
1
+(
t
T
2
1)πα)
ent˜ao v(t; θ
1
) ´e diferenci´avel e satisfaz
v(0; θ
1
) =
1 0
0 1
= Id, v(T
2
; θ
1
) =
e
1
0
0 e
1
= u
1
(θ
1
).
e tem-se que para t IR, t = kT
2
+ δ
t
, 0 δ
t
T
2
U
(θ
1
,0)
(t, 0) = v(δ
t
; θ
1
+ k2πα)U
(θ
1
,0)
(kT
2
, 0),
57
ou seja, tem-se que
U
(θ
1
,0)
(t, 0) =
e
i
t
T
2
(θ
1
+(
t
T
2
1)πα)
0
0 e
i
t
T
2
(θ
1
+(
t
T
2
1)πα)
Assim para ξ H = C
2
, ξ =
ξ
1
ξ
2
tem-se
U
(θ
1
,0)
(t, 0)ξ =
e
i
t
T
2
(θ
1
+(
t
T
2
1)πα)
ξ
1
e
i
t
T
2
(θ
1
+(
t
T
2
1)πα)
ξ
2
Como a aplicao, para 0 = a IR, t → sin at
2
ao ´e peneperi´odica, pois ao ´e
uniformemente cont´ınua (Teorema 1.4(b)), tem-se que a aplicao t → e
iat
2
ao ´e
peneperi´odica (Teorema 1.4(j)). Disto conclui-se que a aplicao
t → g(t) = e
i
t
T
2
(θ
1
+(
t
T
2
1)πα)
= e
i
t
T
2
θ
1
e
it
2
ω
1
ω
2
4π
e
it
ω
1
2
ao ´e peneperi´odica, pois se fosse ter´ıamos que e
i
t
T
2
θ
1
g(t)e
it
ω
1
2
= e
it
2
ω
1
ω
2
4π
seria
peneperi´odica (Teorema 1.4(k)).
Portanto se ξ = 0 ent˜ao a aplicao t → U
(θ
1
,0)
(t, 0)ξ ao ´e peneperi´odica
para todo θ
1
S
1
(Teorema 1.4(l) e (c)). E temos um exemplo de ´orbita precompacta
(fechado e limitado em C
2
´e compacto) e que ao ´e peneperi´odica.
O exemplo descrito acima pode ser estendido para o espa¸co de Hilbert de
dimens˜ao infinita H =
nIN
C
2
dos elementos ξ = (ξ
n
)
nIN
em que ξ
n
C
2
e
n
|ξ
n
|
2
< . Denote
˜u
1
(θ
1
) =
e
1
0
0 e
1
sabemos que existe
˜
H
θ
(t) quaseperi´odico de forma que ˜u
1
(θ
1
) ´e o correspondente
operador mono dromia. Al´em disso σ(
˜
U
F
) ´e absolutamente cont´ınuo para todo α
58
irracional. Seja
u
1
(θ
1
) =
e
1
0
0 e
1
e
1
0
0 e
1
e
1
0
0 e
1
.
.
.
ou, escrevendo de uma outra forma, u
1
(θ
1
) =
˜u
1
(θ
1
). Para ξ H tem-se
u
1
(θ
1
)ξ =
˜u
1
(θ
1
)ξ
n
. O operador de Floquet correspondente `a u
1
(θ
1
), U
F
=
T
T
2
u
1
: L
2
(S
1
, H,
1
2π
) L
2
(S
1
, H,
1
2π
) tem espectro absolutamente cont´ınuo para
todo α irracional.
Se H
θ
(t) =
nIN
˜
H
θ
(t) enao o propagador de H
θ
(t) ´e U
θ
(t, 0) =
˜
U
θ
(t, 0)
e assim H
θ
(t) tem u
1
(θ
1
) como operador monodromia correspondente. Agora dado
ξ H e θ = (θ
1
, 0) S
1
× S
1
tem-se p elo caso anterior que
U
(θ
1
,0)
(t, 0)ξ =
n
e
i
t
T
2
(θ
1
+(
t
T
2
1)πα)
0
0 e
i
t
T
2
(θ
1
+(
t
T
2
1)πα)
ξ
n
=
n
e
i
t
T
2
(θ
1
+(
t
T
2
1)πα)
ξ
1
n
e
i
t
T
2
(θ
1
+(
t
T
2
1)πα)
ξ
2
n
logo t → U
(θ
1
,0)
(t, 0)ξ ao ´e peneperi´odica. Se ξ for da forma ξ = ξ
n
com ξ
n
= 0
se, e somente se, n = l ent˜ao
U
(θ
1
,0)
(t, 0)ξ =
e
i
t
T
2
(θ
1
+(
t
T
2
1)πα)
ξ
1
l
e
i
t
T
2
(θ
1
+(
t
T
2
1)πα)
ξ
2
l
e portanto a ´orbita ´e precompacta pois ao sai de um e spa¸co de dimens˜ao finita. Da
mesma maneira se ξ ´e da forma ξ = ξ
n
com ξ
n
= 0 ap enas para finitos n, tem-se
exemplo de ´orbita precompacta que ao ´e peneperi´odica.
59
2.4 Limita¸ao do valor esperado da energia
Vamos considerar H(t) = H
0
+ V (t) em que H
0
´e auto-adjunto em H, ao-limitado,
positivo e com espectro discreto puro. Os autovalores de H
0
ser˜ao 0 h
1
< h
2
<
h
3
< . . ., com multiplicidades finitas.
Se ψ
0
dom H
0
e ψ(t) = U(t, 0)ψ
0
´e solu¸ao da equa¸ao de Schr¨odinger,
sob quais condi¸oes
E
0
ψ
0
(t) = ψ(t), H
0
ψ(t)
´e uma fun¸ao limitada de t? Tamb´em, quando
E
ψ
0
(t) = ψ(t), H(t)ψ(t)
´e fun¸ao limitada? Neste sentido obtemos os seguintes resultados:
Proposi¸ao 2.3 Se V (t) ´e operador limitado para todo t, e sup
t
V (t) < ent˜ao
E
0
ψ
0
(t) ´e limitado se, e somente se, E
ψ
0
(t) ´e limitado.
Demonstra¸ao: Basta observar que
E
ψ
0
(t) = ψ(t), H(t)ψ(t) = E
0
ψ
0
(t) + ψ(t), V (t)ψ(t)
e que
sup
t
|ψ(t), V (t)ψ(t)| sup
t
ψ(t)
2
V (t) = sup
t
ψ
0
2
V (t) < .
Proposi¸ao 2.4 Se ψ(t) C
1
(IR; H) ´e peneperi´odica e sua derivada ´e uniforme-
mente cont´ınua, ent˜ao E
ψ
0
(t) ´e limitado.
Demonstra¸ao: Pelo Teorema 1.4(h) tem-s e que ψ
(t) ´e peneperi´odica e portanto
i
dt
(t) bem como ψ(t) ao aplica¸oes limitadas. Como
E
ψ
0
(t) = ψ(t), H(t)ψ(t) = ψ(t), i
dt
(t)
o resultado segue.
60
Proposi¸ao 2.5 Se t → V (t) ´e fortemente C
1
e ψ
(t) dom H(t) para todo t,
ent˜ao:
(a) A aplicao t → E
ψ
(t) ´e diferenci´avel e
d
dt
E
ψ
(t) = ψ(t), V
(t)ψ(t).
(b) |E
ψ
(t) E
ψ
(0)| t × sup
s
V
(s).
(c) Se V
(t)
Cte
(1+|t|)
a
, com a > 1 ent˜ao E
ψ
(t) e E
0
ψ
(t) ao limitados.
Demonstra¸ao: (a) E
ψ
(t) = ψ(t), (H
0
+ V (t))ψ(t) e portanto
d
dt
E
ψ
(t) = ψ
(t), H(t)ψ(t) + ψ(t), H(t)ψ
(t) + ψ(t), V
(t)ψ(t)
= ψ
(t),
(t) +
(t), ψ
(t) + ψ(t), V
(t)ψ(t)
= ψ(t), V
(t)ψ(t).
(b) Como
E
ψ
(t) E
ψ
(0) =
t
0
d
ds
E
ψ
(s)ds =
t
0
ψ(s), V
(s)ψ(s)ds
o resultado segue.
(c) An´alogo a (b).
Uma possibilidade para a proposi¸ao acima ´e V (t) = B
1
sent +
B
2
(1+|t|)
2
com
B
1
, B
2
B(H) e auto-adjuntos. Disto vemos que certamente as esc olhas de ψ
0
devem depender de B
1
.
O pr´oximo resultado fornece condi¸oes para que um sistema quˆantico pe-
ri´odico, com operador de Floquet possuindo espectro pontual, seja dinamicamente
est´avel.
Proposi¸ao 2.6 Se V ´e peri´odico de per´ıodo T , ent˜ao se o subconjunto
{ξ
1
, . . . , ξ
n
} de autovetores de U
F
est´a em dom H
0
, se t → ξ
j
(t) ´e de classe C
1
,
ent˜ao se ψ =
n
j=1
a
j
ξ
j
tem-se que E
ψ
(t) ´e limitada. Se, al´em disso, V (t) ao
limitados e sup
t
V (t) < ent˜ao E
0
ψ
(t) tamb´em ´e limitada.
61
Demonstra¸ao: Suponha U
F
ξ
j
= e
j
ξ
j
com λ
j
IR, 1 j n. Tem-se
E
ξ
j
k
(t)
.
= ξ
j
(t), H(t)ξ
k
(t) = ξ
j
(t), i
d
dt
ξ
k
(t)
e segue que t → E
ξ
j
k
(t) ´e cont´ınua. Agora
E
ξ
j
k
(t + T ) = U(t + T, 0)ξ
j
, H(t + T )U(t + T, 0)ξ
k
= U(t + T, T )U
F
ξ
j
, H(t)U(t + T, T )U
F
ξ
k
= e
j
e
k
U(t, 0)ξ
j
, H(t)U(t, 0)ξ
k
= e
i(λ
k
λ
j
)
E
ξ
j
k
(t)
e segue que t → E
ψ
(t) ´e peneperi´odica (Teorema 1.4(i) e (f)) e portanto ´e limitada.
A segunda afirma¸ao segue da Proposi¸ao 2.3.
No cas o peri´odico precisamos de condi¸oes para que os autovetores de U
F
perten¸cam a dom H
0
e t → ξ
j
(t) de classe C
1
. Obtemos os seguintes resultados:
Lema 2.7 Seja ξ H de forma que H(t)U(t, s)ξ esteja bem definido, ent ˜ao a
aplicao t → H(t)U(t, s)ξ ´e de classe C
r
se, e somente se, t → e
(ts)
U(t, s)ξ
´e de classe C
r+1
para λ, s IR fixos.
Demonstra¸ao: Observe que
d
dt
(e
(ts)
U(t, s)ξ) = iλe
(ts)
U(t, s)ξ ie
(ts)
H(t)U(t, s)ξ.
Assim se t → H(t)U(t, s)ξ ´e C
r
enao t → e
(ts)
U(t, s)ξ ´e C
r+1
e reciprocamente
se t → e
(ts)
U(t, s)ξ ´e C
r+1
enao t → H(t)U (t, s)ξ ´e C
r
.
Corol´ario 2.4 Se f
(λ)
´e autovetor de K, Kf
(λ)
= λf
(λ)
ent˜ao a aplicao t →
f
(λ)
(t) ´e de classe C
r
se, e somente se, existe s IR com t → H(t)U(t, s)f
(λ)
(s) de
classe C
r1
.
Demonstra¸ao: Da discus˜ao anterior ao Lema 1.1 tem-se que f
(λ)
(t) =
e
(ts)
U(t, s)f
(λ)
(s) e o resultado segue do Lema 2.7.
62
Corol´ario 2.5 (a) Se H(t + T) = H(t), e ξ
(λ)
´e autovetor de U
F
(s), U
F
(s)ξ
(λ)
=
e
iλT
ξ
(λ)
, ent˜ao ξ
(λ)
dom H(s) se, e somente se, existe um autovetor f
ξ
(λ)
de K,
Kf
ξ
(λ)
= λf
ξ
(λ)
com t → f
ξ
(λ)
(t) cont´ınua e diferenci´avel.
(b) Em particular, U
F
(s) possui uma base de autovetores em dom H(s) se, e somente
se, K possui uma base de autovetores {f
j
} de forma que t → f
j
(t) ´e cont´ınua e
diferenci´avel para cada j.
Demonstra¸ao: (a) Suponha ξ
(λ)
dom H(s). Pelo Lem a 1.2(b) sabemos que
f
ξ
λ
(t) = e
(ts)
U(t, s)ξ
λ
dom K e Kf
ξ
λ
= λf
ξ
λ
. Como ξ
(λ)
dom H(s)
tem-se U(t, s)ξ
λ
dom H(t) e H(t)U(t, s)ξ
λ
faz sentido e tem-se i∂
t
U(t, s)ξ
λ
=
H(t)U(t, s)ξ
λ
. Assim t → f
ξ
(λ)
(t) ´e cont´ınua e diferenci´avel.
Reciprocamente, existe f
ξ
(λ)
autovetor de K com t → f
ξ
(λ)
(t) cont´ınua e
diferenci´avel. Assim f
ξ
λ
(t) = e
(ts)
U(t, s)ξ
λ
e Kf
ξ
(λ)
= λf
ξ
(λ)
implica i∂
t
f
ξ
λ
(t)+
H(t)f
ξ
λ
(t) = λf
ξ
λ
(t) e portanto ξ
λ
dom H(s).
(b) Segue de (a).
Na representa¸ao de Jauslin-Lebowitz vamos procurar o an´alogo para o
valor esperado do operador auto-adjunto positivo e discreto A : dom A H H.
Se o operador quase-energia generalizado
˜
K for pontual puro, existe uma base B
.
=
{f
n
}
n=1
ortonormal de
˜
K com
˜
Kf
n
= λ
n
f
n
. Do Teorema 1.7, para toda f
˜
K
tem-se que t → U
θ
(t, 0)f(θ) ´e peneperi´odica µ-q.t.p. Em particular, se f = 1 ξ
tem-se t → U
θ
(t, 0)ξ ´e peneperi´odica µ-q.t.p.
Vamos denotar
B
n,m
(A)
.
=
f
n
(θ), Af
m
(θ)
H
(θ) = f
n
, (1 A)f
m
˜
K
.
Se f
˜
K enao f =
n
a
n
f
n
, com
n
|a
n
|
2
= f
2
˜
K
. Para o valor esperado
de A, no instante t, em rela¸ao `a f e edio em
A
f
(t) =
U
θ
(t, 0)f(θ), AU
θ
(t, 0)f(θ)
H
(θ)
=
(F
t
e
i
˜
Kt
f)(θ), A(F
t
e
i
˜
Kt
f)(θ)
H
(θ)
63
= F
t
e
i
˜
Kt
f, (1 A)F
t
e
i
˜
Kt
f
˜
K
= e
i
˜
Kt
f, (1 A)e
i
˜
Kt
f
˜
K
=
n,m
a
n
a
m
e
it(λ
m
λ
n
)
f
n
, (1 A)f
m
˜
K
=
n,m
a
n
a
m
e
it(λ
m
λ
n
)
B
n,m
(A).
Note que se essa soma for absolutamente conve rgente ent˜ao A
f
(t) ´e fun¸ao
limitada e peneperi´odica de t, e
t → U
θ
(t, 0)f(θ), AU
θ
(t, 0)f(θ)
H
´e limitada µ-q.t.p.
Proposi¸ao 2.7 Se f =
m
j=1
a
j
f
j
, em que f
j
ao autovetores de
˜
K e f
j
(θ)
dom A, para todo θ, ent˜ao t → A
f
(t) ´e limitada e peneperi´odica, al´em disso,
t → U
θ
(t, 0)f(θ), AU
θ
(t, 0)f(θ)
H
´e limitada µ-q.t.p.
Na formula¸ao de Jauslin-Lebowitz, supondo que o operador quase-energia
generalizado
˜
K tenha espectro pontual, obtemos o seguinte resultado geral:
Teorema 2.8 Suponha que seja uma variedade diferenci´avel compacta, g
t
:
um fluxo C
1
com sup
t,θ
t
g
t
(θ) < e
˜
Kf
(λ)
= λf
(λ)
com θ → f
(λ)
(θ) de classe
C
1
. Ent˜ao µq.t.p. em θ tem-se que U
θ
(t, 0)f
(λ)
(θ) dom H
θ
(t) e a energia
U
θ
(t, 0)f
(λ)
(θ), H
θ
(t)U
θ
(t, 0)f
(λ)
(θ)
´e uma fun¸ao limitada de t. Al´em disso, se H
θ
(t) = H
0
+ V (g
t
(θ)) com V (g
t
(θ))
limitado e sup
t,θ
V (g
t
(θ)) < ent˜ao
U
θ
(t, 0)f
(λ)
(θ), H
0
U
θ
(t, 0)f
(λ)
(θ)
tamb´em ´e limitada.
64
Demonstra¸ao: Como
˜
Kf
(λ)
= λf
(λ)
tem-se que f
(λ)
(θ) dom H
θ
(0) q.t.p. em
θ e portanto U
θ
(t, 0)f
(λ)
(θ) dom H
θ
(t) q.t.p. em θ. Tamem temos que
U
θ
(t, 0)f
(λ)
(θ) = F
t
e
i
˜
Kt
f
(λ)
(θ) = F
t
e
iλt
f
(λ)
(θ) = e
iλt
f
(λ)
(g
t
(θ))
e das hip´oteses de diferenciabilidade segue
i
t
U
θ
(t, 0)f
(λ)
(θ) = λe
iλt
f
(λ)
(g
t
(θ)) + ie
iλt
d
f
(λ)
(g
t
(θ))
d
dt
g
t
(θ)
o que implica que i
t
U
θ
(t, 0)f
(λ)
(θ) = H
θ
(t)U
θ
(t, 0)f
(λ)
(θ) ´e limitada e o primeiro
resultado segue. A segunda parte se gue como na Proposi¸ao 2.3.
Podemos enao concluir que:
Corol´ario 2.6 Suponha alidas as hip´oteses do teorema acima para e g
t
e que
para todo autovetor f
(λ
n
)
˜
K tenha-se θ → f
(λ
n
)
(θ) de classe C
1
. Ent˜ao para θ
µq.t.p., para todo vetor em H da forma
ξ = a
1
f
(λ
1
)
(θ) + . . . + a
k
f
(λ
k
)
(θ)
a energia
U
θ
(t, 0)ξ, H
θ
(t)U
θ
(t, 0)ξ
´e limitada.
No caso de ξ =
n=1
a
n
f
(λ
m
)
(θ) com
|a
n
|
2
< , uma condi¸ao suficiente
para U
θ
(t, 0)ξ dom H
θ
(t) e energia limitada ´e
j=1
|a
j
|
|λ
j
| + sup
θ
θ
f
λ
j
(θ)
<
pois isto implica que
t → U
θ
(t, 0)ξ =
j=1
a
j
e
j
t
f
λ
j
(g
t
(θ))
´e de classe C
1
e i∂
t
U
θ
(t, 0) ´e limitada.
Cap´ıtulo 3
Energia Para Hamiltonianas
Peri´odicas no Tempo
Neste cap´ıtulo estudaremos estabilidade para sistemas dependendo periodicamente
do temp o. Como no estudo de modelos tight-binding ([17] e referˆencias deles), vamos
introduzir a m´edia temporal `a la Laplace de U
m
F
ξ, AU
m
F
ξ, isto ´e,
2
T
m=0
e
2m
T
U
m
F
ξ, AU
m
F
ξ
em que, ξ ´e um elemento do espa¸co de Hilbert, U
F
´e o operador de Floquet e A ´e
uma energia abstrata. Demostraremos que a m´edia acima ´e igual a
1
πe
2
T
1
T
j=1
λ
j
2π
0
|ϕ
j
,
U
F
e
iE
e
1/T
1
ξ|
2
dE
em que
j
= λ
j
ϕ
j
. Assim, conhecendo o comportamento dos elementos de matriz
do operador resolvente R
z
(U
F
) = (U
F
zI
d
)
1
(z = e
iE
e
1/T
) na base {ϕ
j
} do espa¸co
de Hilbert, obt´em-se informa¸oes sobre o valor espe rado de energia. O restante do
cap´ıtulo ´e dedicado a aplica¸oes de tal resultado.
3.1 Energia M´edia via Fun¸ao de Green
Considere uma Hamiltoniana H(t) com H(t + τ) = H(t) para todo t IR. Suponha
a existˆencia dos propagadores U(t, s), e temos o operador de Floquet U
F
= U(τ, 0)
66
`a nossa disposi¸ao. Seja A um operador auto-adjunto, ao-limitado, positivo e com
espectro discreto,
j
= λ
j
ϕ
j
, para j = 1, 2, 3, . . ., e vamos supor, primeiramente
que cada autovetor tenha multiplicidade um, ou seja, 0 λ
1
< λ
2
< . . . e λ
j
,
de forma que {ϕ
j
}
j=1
´e uma base ortonormal de H.
O principal interesse ´e no estudo de
E
A
ξ
(m)
.
= U
m
F
ξ, AU
m
F
ξ
para m IN sup ondo que dom A ´e invariante sob a evolu¸ao temporal. Outra
grandeza de interesse ´e a dependˆencia temporal do mom ento associado a A, ou seja
M
A
ξ
(m)
.
=
j=1
λ
j
|ϕ
j
, U
m
F
ξ|
2
Nosso primeiro resultado ´e:
Proposi¸ao 3.1 Se U
m
F
ξ dom A
1
2
, para todo m, ent˜ao
E
A
ξ
(m) = M
A
ξ
(m).
Demonstra¸ao: Tem-se que
M
A
ξ
(m) =
j=1
|λ
1
2
j
ϕ
j
, U
m
F
ξ|
2
=
j=1
|A
1
2
ϕ
j
, U
m
F
ξ|
2
=
j=1
|ϕ
j
, A
1
2
U
m
F
ξ|
2
= A
1
2
U
m
F
ξ
2
= A
1
2
U
m
F
ξ, A
1
2
U
m
F
ξ = U
m
F
ξ, AU
m
F
ξ = E
A
ξ
(m)
que ´e o resultado afirmado.
Vamos considerar a m´edia temporal de E
A
ξ
`a la Laplace
L
A
ξ
(T )
.
=
2
T
m=0
e
2m
T
E
A
ξ
(m)
Temos que os expoentes de crescimento de ordem superior para tal m´edia temporal
e para a edia Ces`aro C
A
ξ
(T ) =
1
T
T
m=0
E
A
ξ
(m) ao iguais. Para os expoe ntes de
ordem inferior ao conseguimos demonstrar a igualdade, mais precisamente:
67
Lema 3.1 Seja (h(m))
m=0
uma seencia ao-negativa, com h(m) Cm
n
para
algum C > 0 e n 0 ent˜ao
lim sup
T →∞
log(
T
m=0
h(m))
log T
= lim sup
T →∞
log(
m=0
e
2m
T
h(m))
log T
e
lim inf
T →∞
log(
T
m=0
h(m))
log T
lim inf
T →∞
log(
m=0
e
2m
T
h(m))
log T
.
Demonstra¸ao: Denote por
β
+
e
= lim sup
T →∞
log(
T
m=0
h(m))
log T
, β
e
= lim inf
T →∞
log(
T
m=0
h(m))
log T
,
β
+
d
= lim sup
T →∞
log(
m=0
e
2m
T
h(m))
log T
, β
d
= lim inf
T →∞
log(
m=0
e
2m
T
h(m))
log T
.
Note que para 0 m T tem-se e
2
e
2m
T
1 e da´ı vale a desigualdade
T
m=0
h(m)
T
m=0
e
2
e
2m
T
h(m) e
2
m=0
e
2m
T
h(m),
o que implica β
±
e
β
±
d
.
Por outro lado, tem-se para cada > 0, denotando · o menor inteiro
maior ou igual que um n´umero real dado,
m=0
e
2m
T
h(m) =
T
1+
m=0
e
2m
T
h(m) +
m=T
1+
+1
e
2m
T
h(m)
T
1+
m=0
h(m) + C
m=T
1+
+1
e
2m
T
m
n
.
Para e n fixados tem-se que para T suficintemente grande
nT
2
< T
1+
T
1+
e
assim
m=T
1+
+1
e
2m
T
m
n
T
1+
e
2t
T
t
n
dt.
Portanto, para cada > 0 e T suficientemente grande
m=0
e
2m
T
h(m)
T
1+
m=0
h(m) + C
T
1+
e
2t
T
t
n
dt
T
1+
m=0
h(m) +
˜
Ce
2T
T
n
.
68
Como, para cada > 0, e
2T
T
n
0 quando T segue que
β
+
d
= lim sup
T →∞
log
m=0
e
2m
T
h(m)
log T
lim sup
T →∞
log
T
1+
m=0
h(m)
log T
= lim sup
T →∞
log
T
1+
m=0
h(m)
logT
1+
logT
1+
log T
lim sup
T →∞
log
T
1+
m=0
h(m)
logT
1+
log(T + 1)
1+
log T
= (1 + ) lim sup
T →∞
log
T
1+
m=0
h(m)
logT
1+
(1 + )β
+
e
.
Como ´e arbitr´ario β
+
d
β
+
e
.
A fun¸ao de Green G
ξ
z
(j) associada a A, U
F
em ξ H e z C, |z| = 1 ´e
dada pelos elementos de matriz do operador resolvente R
z
(U
F
) = (U
F
zI
d
)
1
em
rela¸ao `a base ortonormal {ϕ
j
}
j=1
, ou seja,
G
ξ
z
(j)
.
= ϕ
j
, R
z
(U
F
)ξ.
A principal raz˜ao ecnica para trabalhar com este tipo de edia temporal de
Laplace ´e o teorema que segue. Observe que devido a este resultado ´e poss´ıvel obter
resultados em estabilidade conhecendo o comportamento das fun¸oes de Green G
ξ
z
(j)
para z = e
iE
e
1/T
, T > 0, em uma vizinhan¸ca exterior a S
1
. Destacamos que tal
resultado ao leva em conta as propriedades espectrais do operador de Floquet U
F
,
e po dem os obter resultados em estabilidade diretamente sem passar explicitamente
pelas propriedades espectrais de U
F
.
Teorema 3.1 Para ξ H de maneira que U
m
F
ξ dom A
1
2
para cada m IN tem-se
L
A
ξ
(T ) =
1
πe
2
T
1
T
j=1
λ
j
2π
0
|G
ξ
z
(j)|
2
dE,
sendo z = e
iE+
1
T
.
69
Demonstra¸ao: Denote por µ
j
a medida espectral de U
F
associada ao par (ϕ
j
, ξ)
e por F a transformada de Fourier F : L
2
([0, 2π]) l
2
(ZZ). Tem-se
ϕ
j
, U
F
ξ =
2π
0
e
iE
j
(E
).
Para cada j seja a
(j)
= (a
(j)
(m))
mZZ
a seq¨encia
a
(j)
(m) =
0 se m < 0
e
m
T
2π
0
e
iE
m
j
(E
) se m 0
.
Como F ´e unit´ario a
(j)
l
2
(ZZ)
= F
1
a
(j)
L
2
([0,2π])
e como a
(j)
l
1
(ZZ) l
2
(ZZ),
temos
(F
1
a
(j)
)(E) =
1
2π
m=−∞
e
iEm
a
(j)
(m)
=
1
2π
m=0
e
iEm
e
m
T
2π
0
e
iE
m
j
(E
)
=
1
2π
2π
0
m=0
e
im(EE
)+
i
T
)
j
(E
)
=
1
2π
2π
0
1
1 e
i(EE
+
i
T
)
j
(E
)
=
1
2π
2π
0
j
(E
)
e
i(E+
i
T
)
(e
i(E+
i
T
)
e
iE
)
=
1
2πe
i(E+
i
T
)
2π
0
j
(E
)
e
iE
e
i(E+
i
T
)
=
1
2πe
i(E+
i
T
)
ϕ
j
, R
e
i(E+
i
T
)
(U
F
)ξ
=
1
2πe
iE
e
1
T
G
ξ
z
(j),
sendo z = e
iE+
1
T
. Portanto
|F
1
a
(j)
|
2
(E) =
1
2πe
2
T
|G
ξ
z
(j)|
2
,
ou seja
F
1
a
(j)
2
L
2
([0,2π])
=
1
2πe
2
T
2π
0
|G
ξ
z
(j)|
2
dE,
70
e disto segue que
L
A
ξ
(T ) =
m=0
2
T
e
2m
T
M
A
ξ
(m)
=
j=1
λ
j
m=0
2
T
e
2m
T
|ϕ
j
, U
m
F
ξ|
2
=
j=1
λ
j
2
T
m=0
e
m
T
2π
0
e
iE
m
j
(E
)
2
=
j=1
λ
j
2
T
a
(j)
2
l
2
(ZZ)
=
j=1
λ
j
2
T
F
1
a
(j)
2
L
2
([0,2π])
=
1
πe
2
T
1
T
j=1
λ
j
2π
0
|G
ξ
z
(j)|
2
dE,
que ´e exatamente o resultado afirmado.
O Teorema 3.1 tamb´em vale se os autovalores λ
j
possu´ırem multiplicidade
finita. Neste caso a cada λ
j
considere os autovetores ortonormais ϕ
j
1
, . . . , ϕ
j
k
, enao
L
A
ξ
(T ) =
1
πe
2
T
1
T
j=1
λ
j
k
n=1
2π
0
|ϕ
j
n
, R
z
(U
F
)ξ|
2
dE
,
em que z ´e como no Teorema 3.1.
No caso em que a condi¸ao inicial ´e ξ = ϕ
1
, denote η
(z)
.
= R
z
(U
F
)ϕ
1
.
Assim, (U
F
z)η
(z)
= ϕ
1
implica que U
F
η
(z)
= zη
(z)
+ ϕ
1
e portanto
ϕ
j
, U
F
η
(z)
= zϕ
j
, η
(z)
+ δ
j,1
,
e denotando G
z
(j)
.
= G
ϕ
1
z
(j), conclu´ımos
Lema 3.2
G
z
(j) =
1
z
(ϕ
1
, U
F
η
(z)
1), se j = 1
1
z
ϕ
j
, U
F
η
(z)
, se j > 1
.
Na Se¸ao 3.2 vamos considerar alguns operadores de Floquet conhecidos e
analisar a equa¸ao
(U
F
z)η
(z)
= ϕ
1
na tentativa de explicitar G
z
(j) e aplicar o Teorema 3.1.
71
3.2 Aplica¸oes
Esta se¸ao ´e devotada para algumas aplica¸oes da ormula obtida no Teorema 3.1.
A principal dificuldade ´e encontrar express˜oes e/ou limites das fun¸oes de Green.
3.2.1 Hamiltonianas Independentes do Tempo
Como um suporte para a ormula apresentada no Teorema 3.1, consideramos o
caso especial de Hamiltonianas autˆonomas. Neste caso H(t) = H
0
para todo t e
assumimos que H
0
´e um operador auto-adjunto positivo e com espectro discreto,
H
0
ϕ
j
= λ
j
ϕ
j
, de forma que {ϕ
j
}
j=1
´e base ortonormal de H e 0 λ
1
< λ
2
< λ
3
<
. . . com λ
j
. Para q > 0 podemos considerar H
q
0
como nosso operador energia
abstrata A.
´
E conhecido que U
F
= e
iH
0
e para ξ dom H
q
2
0
tem-se
(e
iH
0
z)R
z
(e
iH
0
)ξ = ξ,
e portanto para c ada j IN
ϕ
j
, (e
iH
0
z)R
z
(e
iH
0
)ξ = ϕ
j
, ξ,
ou seja,
e
iH
0
ϕ
j
, R
z
(e
iH
0
)ξ zϕ
j
, R
z
(e
iH
0
)ξ = ϕ
j
, ξ.
Como e
iH
0
ϕ
j
= e
j
ϕ
j
tem-se
(e
j
z)ϕ
j
, R
z
(e
iH
0
)ξ = ϕ
j
, ξ,
portanto
G
ξ
z
(j) =
ϕ
j
, ξ
e
j
z
.
Assim, para z = e
iE
e
1
T
,
L
q
ξ
(T )
.
= L
H
q
0
ξ
(T ) =
1
πe
2
T
1
T
j=1
λ
q
j
2π
0
|G
ξ
z
(j)|
2
dE
=
1
πe
2
T
1
T
j=1
λ
q
j
2π
0
|ϕ
j
, ξ|
2
|e
j
z|
2
dE (3.1)
=
1
πe
2
T
1
T
j=1
λ
q
j
|ϕ
j
, ξ|
2
2π
0
dE
|e
j
z|
2
.
72
Vamos agora calcular I
j
.
=
2π
0
dE
|e
j
z|
2
. Seja γ o caminho fechado em C
dado por γ(E) = e
iE
com 0 E 2π, α
j
= e
1
T
e
j
e β
j
= e
1
T
e
j
enao
I
j
=
2π
0
dE
(e
j
z)(e
j
z)
=
2π
0
dE
(e
j
e
iE
e
1
T
)(e
j
e
iE
e
1
T
)
=
2π
0
dE
e
2
T
(e
1
T
e
j
e
iE
)(e
1
T
e
j
e
iE
)
=
1
e
2
T
2π
0
dE
e
iE
e
1
T
e
j
(e
iE
α
j
)(e
iE
β
j
)
=
1
e
1
T
e
j
1
i
2π
0
ie
iE
dE
(e
iE
α
j
)(e
iE
β
j
)
=
i
e
1
T
e
j
γ
dw
(w α
j
)(w β
j
)
.
Como |α
j
| > 1 e |β
j
| < 1, β
j
´e o ´unico olo no interior de γ e pelo Teorema dos
Res´ıduos
I
j
=
i
e
1
T
e
j
2πi
1
(β
j
α
j
)
=
2π
e
2
T
1
e I
j
independe de λ
j
.
Com este alculo obtemos de (3.1) que
L
q
ξ
(T ) =
1
πe
2
T
1
T
j=1
λ
q
j
|ϕ
j
, ξ|
2
2π
e
2
T
1
=
2
e
2
T
1
T
1
(e
2
T
1)
j=1
λ
q
j
|ϕ
j
, ξ|
2
=
2
(1 e
2
T
)
1
T
H
q
2
0
ξ
2
.
Como (1 e
2
T
) =
2
T
+ O(
1
T
2
), para T grande obt´em-se
L
q
ξ
(T ) H
q
2
0
ξ
2
,
com (para ξ dom H
q
0
)
lim
T →∞
L
q
ξ
(T ) = ξ, H
q
0
ξ.
Enao conclu´ımos que a fuao e
iH
0
m
ξ, H
q
0
e
iH
0
m
ξ ´e limitada para ξ dom H
q
2
0
,
que ´e (claramente) um resultado esperado (veja Proposi¸ao 3.1).
73
3.2.2 Um Limite Inferior para as Fun¸oes de Green
Como uma primeira aplica¸ao te´orica, conseguimos instabilidade dinˆamica a partir
de limites inferiores das fun¸oes de Green.
Teorema 3.2 Suponha que existam K > 0 e α > 0 de modo que para qualquer
2N > 0 suficientemente grande exista um conjunto de Borel ao-vazio A(N ) S
1
de forma que
|G
ξ
z
(j)|
K
N
α
, 1 j 2N,
e z = e
iE+
1
T
com E B(T ) = {E

S
1
: E
A(N); |E

E
|
1
T
} (a
1
T
vizinhan¸ca de A(N )). Ent˜ao se δ =
1
1+α
tem-se
L
A
ξ
(T ) cte |B(T )|λ
[T
δ
]
T
δ(12α)1
em que [·] denota a parte inteira de um n´umero real. Se al´em disso λ
j
cte j
γ
,
γ 0, ent˜ao
L
A
ξ
(T ) cte T
δ(γ2α+1)2
.
Demonstra¸ao: Escolha 2N(T ) = [T
δ
]. Assim
L
A
ξ
(T ) =
1
πe
2
T
1
T
j=1
λ
j
2π
0
|G
ξ
z
(j)|
2
dE
cte
T
2N(T )
j=N (T )
λ
j
2π
0
|G
ξ
z
(j)|
2
dE
cte
T
λ
N(T )
2N(T )
j=N (T )
B(T )
|G
ξ
z
(j)|
2
dE
cte
T
λ
N(T )
2N(T )
j=N (T )
K
2
N(T )
2α
|B(T )|
=
cte
T
|B(T )|λ
N(T )
K
2
N(T )
2α1
=
cte
T
|B(T )|λ
[T
δ
]
1
[T
δ
]
2α1
cte |B(T)|λ
[T
δ
]
T
δ(12α)1
.
Se λ
j
cte j
γ
, como |B(T )|
1
T
tem-se que
L
A
ξ
(T ) cte
1
T
T
δγ
T
δ(12α)1
= cte T
δ(γ2α+1)2
,
74
e o resultado est´a demonstrado.
3.2.3 Perturba¸oes Kicked de Posto 1
Agora considere
H(t) = H
0
+ κP
φ
n
δ(t n2π),
em que H
0
´e como na Subse¸ao 3.2.1 com base de autovetores {ϕ
j
}
j=1
e λ
j
os
autovalores correspondentes; P
φ
(·) = φ, ·φ sendo φ c´ıclico para H
0
com φ = 1 e
κ IR. Seja
φ =
j
b
j
ϕ
j
.
Neste caso sabe-se que, [9, 13],
U
F
= U
0
(I
d
+ αP
φ
),
em que U
0
= e
i2πH
0
e α = (e
i2πκ
1). Estamos interessados em η
(z)
= R
z
(U
F
)ϕ
1
.
Como |z| = 1 tem-se η
(z)
H. Enao p odemos escrever
η
(z)
=
j=1
a
j
ϕ
j
.
Note que a
j
= G
z
(j) e temos que
U
F
η
(z)
zη
(z)
= ϕ
1
. (3.2)
Tamb´em
U
F
η
(z)
= U
0
η
(z)
+ αU
0
P
φ
η
(z)
=
j=1
a
j
U
0
ϕ
j
+ αU
0
φ, η
(z)
φ
=
j=1
a
j
e
i2πλ
j
ϕ
j
+ αφ, η
(z)
j=1
b
j
e
i2πλ
j
ϕ
j
=
j=1
(a
j
+ αφ, η
(z)
b
j
)e
i2πλ
j
ϕ
j
,
e de (3.2) segue
j=1
(a
j
+ αφ, η
(z)
b
j
)e
i2πλ
j
ϕ
j
z
j=1
a
j
ϕ
j
= ϕ
1
,
75
ou seja,
j=1
[a
j
(e
i2πλ
j
z) + αφ, η
(z)
b
j
e
i2πλ
j
]ϕ
j
= ϕ
1
,
e conseguimos as equa¸oes
a
1
(e
i2πλ
1
z) + αφ, η
(z)
b
1
e
i2πλ
1
= 1,
a
j
(e
i2πλ
j
z) + αφ, η
(z)
b
j
e
i2πλ
j
= 0 para j > 1.
Assim
a
1
=
1 αφ, η
(z)
b
1
e
i2πλ
1
e
i2πλ
1
z
, (3.3)
e
a
j
=
αφ, η
(z)
b
j
e
i2πλ
j
e
i2πλ
j
z
j > 1. (3.4)
Para o caso trivial α = 0, ou equivalentemente, κ ZZ tem-se
a
1
=
1
e
i2πλ
1
z
, a
j
= 0 j > 1,
e η
(z)
=
ϕ
1
e
i2πλ
1
z
. Neste caso a an´alise de L
q
ϕ
1
(T ) se reduz a
2π
0
|a
1
|
2
dE =
2π
0
dE
|e
i2πλ
1
z|
2
=
2π
e
2
T
1
como calculado na Subse¸ao 3.2.1. Assim L
q
ϕ
1
(T ) H
q
0
ϕ
1
para T grande e
U
m
F
ϕ
1
, H
q
0
U
m
F
ϕ
1
´e limitado.
Voltando ao caso geral α = 0, note que
φ, η
(z)
=
j=1
b
j
a
j
= b
1
1 αφ, η
(z)
b
1
e
i2πλ
1
e
i2πλ
1
z
+
j=2
b
j
(α)φ, η
(z)
b
j
e
i2πλ
j
e
i2πλ
j
z
=
b
1
e
i2πλ
1
z
φ, η
(z)
j=1
α|b
j
|
2
e
i2πλ
j
e
i2πλ
j
z
.
Logo
φ, η
(z)
=
b
1
(e
i2πλ
1
z)
1 +
j=1
α|b
j
|
2
e
i2πλ
j
e
i2πλ
j
z
1
.
Denotando
τ(z) = 1 +
j=1
α|b
j
|
2
e
i2πλ
j
e
i2πλ
j
z
,
76
por (3.3) e (3.4) obtemos, finalmente, as rela¸oes
a
1
=
1
e
i2πλ
1
z
α|b
1
|
2
e
i2πλ
1
τ(z)
1
(e
i2πλ
1
z)
2
,
a
j
=
αb
j
b
1
e
i2πλ
j
τ(z)
1
(e
i2πλ
1
z)(e
i2πλ
j
z)
j > 1.
Um Oscilador Harmˆonico
Apresentamos agora uma aplica¸ao das rela¸oes acima para o kicked de um oscilador
harmˆonico com freq¨encia natural igual a 1, ou seja,
Proposi¸ao 3.2 Seja H
0
a Hamiltoniana de um oscilador harmˆonico com parˆametros
apropriados de modo que seus autovalores sejam λ
j
= j, j 1, e U
F
= U
0
(I
d
+αP
φ
)
como acima. Ent˜ao para qualquer κ IR e vetor c´ıclico φ para H
0
, existe C > 0 tal
que
L
q
ϕ
1
(T ) C, T > 0,
em que ϕ
1
´e o autovetor associado a λ
1
= 1.
Demonstra¸ao: Usamos a nota¸ao acima. Neste caso temos
τ(z) = 1 +
j=1
α|b
j
|
2
1 z
= 1 +
α
1 z
φ
2
=
1 z + α
1 z
,
e portanto
a
1
=
1
1 z
α|b
1
|
2
(1 z)(e
i2πκ
z)
,
a
j
=
αb
j
b
1
(1 z)(e
i2πκ
z)
j > 1.
Calculemos agora I
j
.
=
2π
0
|a
j
|
2
dE. Para j > 1 e γ(E) = e
iE
, 0 E 2π,
2π
0
|a
j
|
2
dE =
2π
0
αb
j
b
1
(1 z)(e
i2πκ
z)
2
dE
= |α|
2
|b
j
|
2
|b
1
|
2
2π
0
dE
|(1 e
iE
e
1
T
)(e
i2πκ
e
iE
e
1
T
)|
2
=
|α|
2
|b
j
|
2
|b
1
|
2
ie
2
T
e
i2πκ
γ
wdw
(w β
1
)(w β
2
)(w β
3
)(w β
4
)
,
77
em que β
1
= e
1
T
, β
2
= e
1
T
, β
3
= e
1
T
e
i2πκ
e β
4
= e
1
T
e
i2πκ
; β
2
e β
4
ao os olos no
interior de γ. E pelo Teorema dos Res´ıduos, para j > 1,
I
j
=
2π|α|
2
|b
j
|
2
|b
1
|
2
e
2
T
e
i2πκ
×
β
2
(β
2
β
1
)(β
2
β
3
)(β
2
β
4
)
+
β
4
(β
4
β
1
)(β
4
β
2
)(β
4
β
3
)
=
2πα|b
j
|
2
|b
1
|
2
(e
2
T
1)(e
i2πκ
e
2
T
)
2πα|b
j
|
2
|b
1
|
2
e
i2πκ
(e
2
T
1)(e
i2πκ
e
2
T
)
=
2πα|b
j
|
2
|b
1
|
2
(e
2
T
1)
1
e
i2πκ
e
2
T
e
i2πκ
e
i2πκ
e
2
T
,
e para j = 1
I
1
=
2π
0
1
1 z
α|b
1
|
2
(1 z)(e
i2πκ
z)
2
dE
=
2π
0
dE
(1 z)(1 z)
α|b
1
|
2
2π
0
dE
(1 z)(1 z)(e
i2πκ
z)
α|b
1
|
2
2π
0
dE
(1 z)(1 z)(e
i2πκ
z)
+|α|
2
|b
1
|
4
2π
0
dE
(1 z)(1 z)(e
i2πκ
z)(e
i2πκ
z)
;
calculando as integrais obtemos
I
1
=
2π
(e
2
T
1)
2π|b
1
|
2
(e
2
T
1)
2π|b
1
|
2
(e
i2πκ
e
2
T
)
2πα|b
1
|
2
(e
2
T
1)(e
i2πκ
e
2
T
)
+
2πα|b
1
|
4
(e
2
T
1)
1
e
i2πκ
e
2
T
e
i2πκ
e
i2πκ
e
2
T
,
e depois de substituir isso na express˜ao da m´edia para a energia obtemos
L
q
ϕ
1
(T ) =
2
(1 e
2
T
)T
1 |b
1
|
2
α|b
1
|
2
(e
i2πκ
e
2
T
)
2|b
1
|
2
e
2
T
(e
i2πκ
e
2
T
)T
+
2α|b
1
|
2
(1 e
2
T
)T
1
e
i2πκ
e
2
T
e
i2πκ
e
i2πκ
e
2
T
φ, H
q
0
φ.
Portanto, para T grande existe uma constante C(κ, b
1
) > 0 tal que
L
q
ϕ
1
(T ) C(κ, b
1
)
1 + φ, H
q
0
φ +
1
T
.
e o resultado segue.
78
´
E conhecido que o operador de Floquet associado ao modelo da Proposi-
¸ao 3.2 tem espectro pontual puro ([8, 9]), mas nada era conhecido sobre a estabili-
dade dinˆamica de tal sistema quˆantico.
Para osciladores harmˆonicos com autovalores λ
j
= ωj, ω = 1, o alculo das
integrais resultantes ´e mais complicado e ao foram realizados.
3.2.4 Perturba¸oes Kicked por V em L
2
(S
1
)
Kicked Linear Rotor
Considere
H(t) = ωp + V (x)
nZZ
δ(t n2π),
em que p = i
d
dx
, ω IR e V L
2
(S
1
). O espa¸co de Hilbert ´e L
2
(S
1
); esse modelo
foi considerado em [4, 22, 18] e referˆencias deles. O operador de Floquet ´e
U
F
= U
V
= e
i2πωp
e
iV (x)
.
Sejam ϕ
j
(x) =
e
ijx
2π
para j ZZ; p
2
tem autovalores λ
j
= j
2
para j = 0, 1, 2, 3, . . .,
λ
0
com multiplicidade um e autovetor correspondente ϕ
0
e os demais λ
j
’s com
multiplicidade dois e autovetores correspondentes ϕ
j
e ϕ
j
.
Considere o caso ω = 1; ent˜ao
((U
F
z)
1
ϕ
0
)(x) =
1
2π(e
iV (x)
z)
,
e portanto
G
ϕ
0
z
(j) = ϕ
j
, R
z
(U
F
)ϕ
0
=
1
2π
2π
0
e
ijx
e
iV (x)
z
dx.
Denote I
j
.
=
2π
0
|G
ϕ
0
z
(j)|
2
dE. Segue que
I
j
=
1
(2π)
2
2π
0
2π
0
e
ijx
e
iV (x)
z
dx
2
dE
=
1
(2π)
2
2π
0
2π
0
e
ijx
e
iV (x)
z
dx

2π
0
e
ijx
e
iV (x)
z
dx
dE
=
1
(2π)
2
2π
0
2π
0
e
ijx
e
iV (x)
z
dx

2π
0
e
ijy
e
iV (y)
z
dy
dE
79
=
1
(2π)
2
2π
0
2π
0
2π
0
e
ijx
e
ijy
(e
iV (x)
z)(e
iV (y)
z)
dxdy
dE
=
1
(2π)
2
2π
0
2π
0
e
ijx
e
ijy
2π
0
dE
(e
iV (x)
z)(e
iV (y)
z)
dxdy.
Para x, y S
1
fixados denote I
xy
.
=
2π
0
dE
(e
iV (x)
z)(e
iV (y)
z)
. Se γ(E) = e
iE
, 0
E 2π tem-se
I
xy
=
2π
0
dE
(e
iV (x)
e
iE
e
1
T
)(e
iV (y)
e
iE
e
1
T
)
=
2π
0
dE
e
iE
e
iV (x)
(e
iE
e
iV (x)
e
1
T
)e
1
T
(e
1
T
e
iV (y)
e
iE
)
=
1
e
1
T
e
iV (x)
1
i
γ
dw
(w e
iV (x)
e
1
T
)(w e
1
T
e
iV (y)
)
,
e pelo Teorema dos Res´ıduos
I
xy
=
2π
e
1
T
e
iV (x)
(e
1
T
e
iV (y)
e
iV (x)
e
1
T
)
=
2π
(e
2
T
e
iV (x)
e
iV (y)
)
.
Portanto
I
j
=
1
(2π)
2
2π
0
2π
0
e
ijx
e
ijy
2π
(e
2
T
e
iV (x)
e
iV (y)
)
dxdy
=
1
2π
2π
0
e
ijx
2π
0
e
ijy
dy
(e
2
T
e
iV (x)
e
iV (y)
)
dx (3.5)
=
1
2π
2π
0
e
ijx
e
iV (x)
2π
0
e
ijy
dy
(e
2
T
e
iV (x)
e
iV (y)
)
dx.
O c ´alculo dessas integrais ao ´e uma tarefa acil. Como uma ilustra¸ao, considere o
potencial particular V (x) = x; pela ormula Integral de Cauchy
2π
0
e
ijy
dy
(e
2
T
e
ix
e
iy
)
=
1
i
γ
w
j1
dw
(w e
2
T
e
ix
)
= 0 se j 1,
e pelo Teorema dos Res´ıduos
2π
0
e
ijy
dy
(e
2
T
e
ix
e
iy
)
=
1
i
γ
dw
w
1j
(w e
2
T
e
ix
)
=
2π
(e
2
T
e
ix
)
1j
se j 0,
e conclu´ımos que
I
j
= 0 se j 1
I
j
=
1
2π
2π
0
e
ijx
e
ix
2π
(e
2
T
e
ix
)
1j
dx =
1
e
2
T
(1j)
2π
0
dx =
2π
e
2
T
(1j)
se j 0.
80
Portanto, segue que para qualquer q > 0
L
p
2q
ϕ
0
(T ) =
1
πe
2
T
1
T
j=1
j
2q
I
j
=
2
T
j=1
j
2q
e
2
T
j
e conclu´ımos que neste caso
U
m
F
ϕ
0
, p
2q
U
m
F
ϕ
0
= m
2q
.
Esse ´e um resultado esperado visto que o espectro de U
F
´e absolutamente cont´ınuo
neste caso [4], mas aqui conseguimos o resultado explicitamente sem passar por argu-
mentos espectrais, embora de uma maneira mais complicada. De qualquer maneira,
´e novamente um suporte para a ormula no Teorema 3.1.
Para V (x) = kx com k 2, k inteiro, a complica um pouco, mas fazendo
alculos similares obtemos
I
j
=
0 se j = lk, l 1
2π
e
2
T
(1l)
se j = lk, l 0
,
e portanto
L
p
2q
ϕ
0
(T )
2k
2q
T
l=1
l
2q
e
2
T
l
;
logo U
m
F
ϕ
0
, p
2q
U
m
F
ϕ
0
C(k, q)m
2q
. O mesmo ´e alido se V (x) = kx com k 1.
Sistemas Kicked com Potˆencia em p
Devido a dificuldade em calcular as integrais em (3.5), a fim de estimar L
p
2q
ϕ
0
(T ), em
algumas situa¸oes, consideraremos uma maneira alternativa.
Considere os modelos Kicked em L
2
(S
1
) com operador de Floquet
U
F
= U
V
= e
i2πωf(p)
e
iV (x)
,
correspondendo a Hamiltoniana
H(t) = 2πωf(p) + V (x)
nZZ
δ(t 2πn)
81
em que p, V, ϕ
j
ao como anteriormente e f(p) = p
s
para algum s IN. Seja
F : L
2
(S
1
) l
2
(ZZ) a transformada de Fourier. Enao FU
V
F
1
: l
2
(ZZ) l
2
(ZZ) e
FU
V
F
1
= Fe
i2πωf(p)
e
iV (x)
F
1
= Fe
i2πωf(p)
F
1
Fe
iV (x)
F
1
em que Fe
i2πωf(p)
F
1
´e representado por uma matriz diagonal D cujas entradas
ao
D(m, n) = e
i2πωf(n)
δ
mn
,
e Fe
iV (x)
F
1
´e representado pela matriz W cujas entradas s ˜ao
W (m, n) = (Fρ)(m n) = ˆρ(m n),
em que ρ(x) =
1
2π
e
iV (x)
. Denote B = DW enao B(m, n) = e
i2πωf(n)
ˆρ(m n) e
tem-se
U
V
= F
1
BF. (3.6)
Seja η
(z)
= R
z
(U
V
)ϕ
0
enao
U
V
η
(z)
zη
(z)
= ϕ
0
,
e usando (3.6) obtemos
BFη
(z)
zFη
(z)
= Fϕ
0
.
Assim, para cada n ZZ,
(BFη
(z)
)(n) (zFη
(z)
)(n) = (Fϕ
0
)(n),
o que resulta em
e
i2πωf(n)
jZZ
ˆρ(n j)G
ϕ
0
z
(j) zG
ϕ
0
z
(n) = δ
n0
. (3.7)
A partir desta equa¸ao, para conseguirmos obter uma express˜ao para as
fun¸oes de Green, vamos considerar os casos que seguem:
Caso Tridiagonal
. Para lidar com tal equa¸ao, tentamos simplific´a-la supondo que
V seja tal que ˆρ(m n) = 0 se |m n| > 1. Enao, para cada n ZZ fixado a
82
equa¸ao (3.7) se reduz a
e
i2πωf(n)
|nj|≤1
ˆρ(n j)G
ϕ
0
z
(j) zG
ϕ
0
z
(n) = δ
n0
(3.8)
e F
1
U
V
F = B ´e tridiagonal e tem a forma
B =
.
.
.
g(1)ˆρ(0) g(1)ˆρ(1)
ˆρ(1) ˆρ(0) ˆρ(1)
g(1)ˆρ(1) g(1)ˆρ(0) g(1)ˆρ(1)
g(2)ˆρ(1) g(2)ˆρ(0)
.
.
.
em que g(n) = e
i2πωf(n)
. Agora, se U ´e um operador unit´ario em l
2
(ZZ) tri-
diagonal enao ou ele ´e unitariamente equivalente a um operador shift (bilateral),
ou ele ´e a soma direta infinita de matrizes unit´arias 2 × 2 e 1 × 1. (Lema 3.1
de [10]). Para demonstrar tal resultado foi usado apenas que se U ´e unit´ario e
Ue
k
= α
k
e
k1
+ β
k
e
k
+ γ
k
e
k+1
em que {e
k
} ´e a base canˆonica de l
2
(ZZ), ou seja,
U =
.
.
.
α
k1
β
k1
α
k
γ
k1
β
k
α
k+1
γ
k
β
k+1
γ
k+1
.
.
.
enao valem, dentre outras, as rela¸oes para todo k ZZ
|α
k
|
2
+ |β
k
|
2
+ |γ
k
|
2
= 1,
γ
k1
β
k1
+ β
k
α
k
= 0,
α
k
γ
k
= 0.
Aplicando essas rela¸oes `a B = F
1
U
V
F obtemos
Se ˆρ(1) = 0 ent˜ao ˆρ(1) = ˆρ(0) = 0 e |ˆρ(1)| = 1.
83
Se ˆρ(1) = 0 ent˜ao ˆρ(1) = ˆρ(0) = 0 e |ˆρ(1)| = 1.
Se ˆρ(0) = 0 ent˜ao ˆρ(1) = ˆρ(1) = 0 e |ˆρ(0)| = 1.
O pr´oximo passo ´e investigar esses casos. O caso em que ˆρ(0) = 0 reduz-se
ao caso H(t) = H
0
a considerado ante riormente.
Os casos ˆρ(1) = 0 e ˆρ(1) = 0 ao similares, vamos considerar o caso
ˆρ(1) = 0. Para n ZZ fixado a equa¸ao (3.8) fica
e
i2πωf(n)
ˆρ(1)G
ϕ
0
z
(n 1) zG
ϕ
0
z
(n) = δ
n0
, (3.9)
e portanto pode-se esc rever G
ϕ
0
z
(n) em termos de G
ϕ
0
z
(0) e G
ϕ
0
z
(1) para todo n ZZ,
a saber
G
ϕ
0
z
(n) =
e
i2πω(f(n)+...+f(1))
ˆρ(1)
n
z
n
G
ϕ
0
z
(0) n 1,
G
ϕ
0
z
(n) =
z
n1
e
i2πω(f(n+1)+...+f(1))
ˆρ(1)
n1
G
ϕ
0
z
(1) n 2;
al´em disso, para n = 0 em (3.9) tem-se ˆρ(1)G
ϕ
0
z
(1) zG
ϕ
0
z
(0) = 1, logo para
z = e
iE
e
1/T
com E S
1
e T > 1
1 |G
ϕ
0
z
(1)| + |z||G
ϕ
0
z
(0)|
= |G
ϕ
0
z
(1)| + e
1/T
|G
ϕ
0
z
(0)|
e(|G
ϕ
0
z
(1)| + |G
ϕ
0
z
(0)|),
ou seja, para z = e
iE
e
1/T
com E S
1
e T > 1
|G
ϕ
0
z
(1)|
2
+ |G
ϕ
0
z
(0)|
2
d > 0.
Portanto, para T > 1
L
p
2q
ϕ
0
(T ) =
1
πe
2
T
1
T
n=1
n
2q
2π
0
|G
ϕ
0
z
(n)|
2
dE +
2π
0
|G
ϕ
0
z
(n)|
2
dE
=
1
πe
2
T
1
T
n=1
n
2q
1
e
2n
T
2π
0
|G
ϕ
0
z
(0)|
2
dE
+e
2(n1)
T
2π
0
|G
ϕ
0
z
(1)|
2
dE
84
1
πe
2
T
1
T
n=1
n
2q
e
2n
T
2π
0
|G
ϕ
0
z
(0)|
2
+ |G
ϕ
0
z
(1)|
2
dE
d
2
T
n=0
(n + 1)
2q
e
2n
T
,
logo U
m
V
ϕ
0
, p
2q
U
m
V
ϕ
0
C(m + 1)
2q
.
Caso Pentadiagonal. Suponha agora que V seja de forma que ˆρ(m n) = 0 se
|m n| > 2. Ent˜ao para cada n ZZ fixado a equa¸ao (3.7) se reduz a
e
i2πωf(n)
|nj|≤2
ˆρ(n j)G
ϕ
0
z
(j) zG
ϕ
0
z
(n) = δ
n0
, (3.10)
e F
1
U
V
F ´e pentadiagonal e tem a forma similar a F
1
U
V
F do caso anterior, acres-
centando os elementos cuja distˆancia `a diagonal principal ´e 2, os elementos acima
da diagonal sendo da forma e
i2πωf(n)
ˆρ(2) e os abaixo da forma e
i2πωf(n)
ˆρ(2).
Para ao recairmos no caso anterior, teremos de supor que ˆρ(2) ou ˆρ(2) ´e ao-
nulo. Agora, se U ´e um operador unit´ario e pentadiagonal em l
2
(ZZ), ou seja,
Ue
k
= ζ
k
e
k2
+ α
k
e
k1
+ β
k
e
k
+ γ
k
e
k+1
+ θ
k
e
k+2
e em forma matricial
U =
.
.
.
β
k2
α
k1
ζ
k
γ
k2
β
k1
α
k
ζ
k+1
θ
k2
γ
k1
β
k
α
k+1
ζ
k+2
θ
k1
γ
k
β
k+1
α
k+2
θ
k
γ
k+1
β
k+2
.
.
.
enao ao alidas as seguintes rela¸oes, para cada k ZZ
|ζ
k
|
2
+ |α
k
|
2
+ |β
k
|
2
+ |γ
k
|
2
+ |θ
k
|
2
= 1
ζ
k
α
k1
+ α
k
β
k1
+ β
k
γ
k1
+ γ
k
θ
k1
= 0
γ
k2
θ
k2
+ β
k1
γ
k1
+ α
k
β
k
+ β
k+1
α
k+1
= 0
β
k1
θ
k1
+ α
k
γ
k
+ ζ
k+1
β
k+1
= 0
85
ζ
k+1
β
k1
+ α
k+1
γ
k1
+ β
k+1
θ
k1
= 0
α
k1
θ
k1
+ ζ
k
γ
k
= 0
ζ
k+1
γ
k2
+ α
k+1
θ
k2
= 0
ζ
k
θ
k
= 0
ζ
k+2
θ
k2
= 0.
Vamos supor ˆρ(2) = 0. O caso ˆρ(2) = 0 ´e similar. Enao pelas rela¸oes acima
aplicadas ao nosso caso, obt´em-s e que ˆρ(2) = ˆρ(1) = ˆρ(0) = ˆρ(1) = 0 e portanto
(3.10) fica
e
i2πωf(n)
ˆρ(2)G
ϕ
0
z
(n 2) zG
ϕ
0
z
(n) = δ
n0
.
Para n = 0 tem-se ˆρ(2)G
ϕ
0
z
(2) zG
ϕ
0
z
(0) = 1 e de forma an´aloga ao caso anterior
|G
ϕ
0
z
(2)|
2
+ |G
ϕ
0
z
(0)|
2
d > 0,
para z = e
iE
e
1/T
, E S
1
e T > 1. Como para n 1
G
ϕ
0
z
(2n) =
e
i2πω(f(2n)+f(2n2)+···+f (2))
ˆρ(2)
n
z
n
G
ϕ
0
z
(0),
G
ϕ
0
z
(2n) =
z
n1
G
ϕ
0
z
(2)
ˆρ(2)
n1
e
i2πω(f(2(n1))+···+f(2))
,
obtemos que
L
p
2q
ϕ
0
(T )
1
πe
2
T
1
T
n=1
(2n)
2q
2π
0
|G
ϕ
0
z
(2n)|
2
dE +
2π
0
|G
ϕ
0
z
(2n)|
2
dE
=
1
πe
2
T
1
T
n=1
(2n)
2q
1
e
2n
T
2π
0
|G
ϕ
0
z
(0)|
2
dE
+e
2(n1)
T
2π
0
|G
ϕ
0
z
(2)|
2
dE
1
πe
2
T
1
T
n=1
(2n)
2q
e
2n
T
2π
0
|G
ϕ
0
z
(0)|
2
+ |G
ϕ
0
z
(2)|
2
dE
d
2
T
n=0
(2(n + 1))
2q
e
2n
T
,
e portanto
U
m
V
ϕ
0
, p
2q
U
m
V
ϕ
0
C(2(m + 1))
2q
.
86
Caso N -diagonal. No c aso de V ser de forma que ˆρ(mn) = 0 se |mn| > N, para
ao se recair nos casos anteriores tem-se que supor que ˆρ(N) ou ˆρ(N) ´e ao-nulo.
No caso de ˆρ(N) = 0 tem-se pela unitariedade e pela estrutura de F
1
U
V
F que
ˆρ(N 1) = . . . ˆρ(0) = ˆρ(1) = . . . = ˆρ(N) = 0 e p ortanto (3.7) se reduz, para
cada n ZZ, `a
e
i2πωf(n)
ˆρ(N )G
ϕ
0
z
(n N) zG
ϕ
0
z
(n) = δ
n0
,
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|G
ϕ
0
z
(N)|
2
+ |G
ϕ
0
z
(0)|
2
d > 0,
para z = e
iE
e
1/T
, T > 1 e al´em disso para n 1
G
ϕ
0
z
(nN) =
e
i2πω(f(nN)+f ((n1)N )+···+f(N))
ˆρ(N )
n
z
n
G
ϕ
0
z
(0),
G
ϕ
0
z
(nN) =
z
n1
G
ϕ
0
z
(N)
ˆρ(N )
n1
e
i2πω(f(N(n1))+···+f (N ))
.
Portanto, de forma similar aos casos anteriores conclu´ımos que
L
p
2q
ϕ
0
(T ) d
2
T
n=0
(N(n + 1))
2q
e
2n
T
.
Podemos enao enunciar o seguinte resultado:
Teorema 3.3 Para sistemas Kicked em L
2
(S
1
) com
U
V
= e
i2πωf(p)
e
iV (x)
em que f(p) = p
s
, tem-se que FU
V
F
1
: l
2
(ZZ) l
2
(ZZ) ´e representado pela matriz
B com entradas B(m, n) = e
i2πωf(n)
ˆρ(m n) sendo ρ(x) = (2π)
1
2
e
iV (x)
. Se V
´e de forma que ˆρ(m n) = 0 se |m n| > N IN
e ˆρ(N) ou ˆρ(N) ´e ao-nulo,
isto ´e, V (x) = ±N x + θ com θ IR, ent˜ao FU
V
F
1
´e unitariamente equivalente a
T
N
em que T ´e o operador shift bilateral (`a direita ou `a esquerda) e
L
p
2q
ϕ
0
(T ) d
2
T
n=0
(N(n + 1))
2q
e
2n
T
.
87
Demonstra¸ao: Falta demonstrar apenas que FU
V
F
1
´e unitariamente equiva-
lente a T
N
. Vamos supor que ˆρ(N) = 0 (o caso para ˆρ(N) = 0 ´e similar) ent˜ao
pela discus˜ao precedente tem-se que
B(m, n) =
0 se m = n + N
e
i2πωf(n)
ˆρ(N ) se m = n + N
ou seja, Be
n
= e
i2πωf(n)
ˆρ(N )e
n+N
, em que {e
n
} ´e a base c anˆonica de l
2
(ZZ). Como
|ˆρ(N)| = 1, vamos escrever ˆρ(N) = e
. Seja W um operador unit´ario definido por
W e
n
= e
n
e
n
, n ZZ.
Se ϑ
n
satisfaz para todo n ZZ
ϑ
n+N
ϑ
n
= 2πωf(n) + θ (3.11)
segue que W
1
BW = T
N
. (3.11) ´e satisfeita tomando, por exemplo, ϑ
0
= ϑ
1
=
. . . = ϑ
N1
= 0 e os demais ϑ
n
obedecendo (3.11).
Observamos que o resultado acima a ´e conhecido, visto que para V (x) = x
sabe-se que o espectro de U
F
= U
V
´e absolutamente cont´ınuo puro, donde segue tal
crescimento para o valor esperado da energia pela teoria desenvolvida em [2, 29, 30,
46].
Cap´ıtulo 4
Operador de Floquet com
Espectro Pontual e Instabilidade
Em [10] ao estudados uma classe de operadores Floquet em l
2
(ZZ) e l
2
(IN
) que ao
pentadiagonais. Tais operadores em l
2
(IN
) descrevem a dinˆamica quˆantica de certos
modelos, veja [5, 10] e referˆencias a citadas. Neste cap´ıtulo consideramos uma classe
especial desses operadores e construiremos um exemplo de operador de Floquet com
espectro pontual puro e energia ao-limitada. Para mostrar que o espectro ´e pontual
puro usaremos um argumento de [32] que foi usado para demonstrar a presen¸ca
desse tipo espectral, com autofun¸oes decaindo exponencialmente, para operadores
unit´arios aleat´orios; o argumento combina perturba¸ao de posto 1 e positividade
do expoente de Lyapunov com limita¸ao polinomial das autofun¸oes generalizadas.
Para mostrar instabilidade dinˆamica adaptaremos os resultados preliminares usados
para conseguir instabilidade para o modelo em [19], alguns resultados possuem uma
demonstra¸ao completamente diferente.
Este cap´ıtulo ´e organizado como segue: Na Se¸ao 4.1 apresentaremos o
modelo de ope rador de Floquet que iremos considerar, alguns resultados preliminares
sobre eles ao apresentados e o resultado principal deste cap´ıtulo (Teorema 4.2) ´e
enunciado. Na Se¸ao 4.2 demonstraremos que o operador de Floquet considerado
89
tem espectro pontual puro. A Se¸ao 4.3 ´e dedicada `a demonstrar instabilidade
dinˆamica do modelo.
4.1 Apresenta¸ao dos Operadores Floquet
Neste cap´ıtulo o espa¸co de Hilb e rt ´e l
2
(ZZ) ou l
2
(IN
), em que IN
´e o conjunto dos
inteiros positivos, e denotaremos a base canˆonica de l
2
(ZZ) por {ϕ
k
}
kZZ
e similar-
mente para l
2
(IN
). Se S ´e uma matriz unit´aria 2 × 2 enao S pode ser escrita
como
S = e
re
ite
ite
re
em que α, γ, θ S
1
e t, r IR e s atisfazem t
2
+ r
2
= 1; t ´e chamado de coeficiente
de transmiss˜ao e r de coeficiente de reflex˜ao.
Considere {S
k
}
kZZ
um conjunto infinito de tais matrizes, em que S
k
de-
pende das fases α
k
, γ
k
, θ
k
e dos coeficientes de reflex˜ao e transmiss˜ao t
k
, r
k
. Sejam
P
j
os projetores ortogonais nos subspa¸cos gerados por ϕ
j
, ϕ
j+1
em l
2
(ZZ) e U
e
e U
o
os operadores unit´arios em l
2
(ZZ) definidos por
U
e
=
kZZ
P
2k
S
2k
P
2k
e U
o
=
kZZ
P
2k+1
S
2k+1
P
2k+1
ou, em representa¸ao matricial na base canˆonica,
U
e
=
.
.
.
S
2
S
0
S
2
.
.
.
e similarmente para U
o
, com S
2k+1
no lugar de S
2k
.
Os operadores Floquet U , considerados em [10] e que estudaremos neste
cap´ıtulo, ao definidos por
U = U
o
U
e
90
tal que, para qualquer k ZZ
Uϕ
2k
= ir
2k
t
2k1
e
i(θ
2k
+θ
2k1
)
e
i(α
2k
γ
2k1
)
ϕ
2k1
+r
2k
r
2k1
e
i(θ
2k
+θ
2k1
)
e
i(α
2k
α
2k1
)
ϕ
2k
+ir
2k+1
t
2k
e
i(θ
2k
+θ
2k+1
)
e
i(γ
2k
+α
2k+1
)
ϕ
2k+1
t
2k
t
2k+1
e
i(θ
2k
+θ
2k+1
)
e
i(γ
2k
+γ
2k+1
)
ϕ
2k+2
,
Uϕ
2k+1
= t
2k
t
2k1
e
i(θ
2k
+θ
2k1
)
e
i(γ
2k
+γ
2k1
)
ϕ
2k1
(4.1)
+ir
2k1
t
2k
e
i(θ
2k
+θ
2k1
)
e
i(γ
2k
+α
2k1
)
ϕ
2k
+r
2k
r
2k+1
e
i(θ
2k
+θ
2k+1
)
e
i(α
2k
α
2k+1
)
ϕ
2k+1
+ir
2k
t
2k+1
e
i(θ
2k
+θ
2k+1
)
e
i(α
2k
γ
2k+1
)
ϕ
2k+2
.
Em forma matricial, sem explicitar os elementos, temos a estrutura
U =
.
.
.
.
.
.
(4.2)
Considere t
k
= t, r
k
= r, k ZZ com r
2
+ t
2
= 1 e 0 < r, t < 1. Os casos extremos
em que rt = 0 ao e spe ctralmente triviais; no caso t = 0, i.e., r = 1, U ´e pontual
puro e se t = 1, i.e. r = 0, U ´e absolutamente cont´ınuo. (Proposi¸ao 3.1 de [10]).
Denote a matriz (4.2) por M({θ
k
}, {α
k
}, {γ
k
}) e identifique U a ela, ´e
conhecido que (Lema 3.2 de [10]) para quaisquer seq¨encias {θ
k
}, {α
k
}, {γ
k
}, k ZZ
U M({θ
k
}, {α
k
}, {γ
k
}) M({θ
k
}, {α
k
}, {0})
91
em que significa unitariamente equivalente, e pode-se substituir {γ
k
} na defini¸ao
de U p or qualquer outra seq¨uˆencia {γ
k
}.
Considerando a equa¸ao de autovalores
Uψ = e
iE
ψ,
ψ =
kZZ
c
k
ϕ
k
, c
k
C
, E C, (4.3)
vˆe-se da estrutura (4.2) do operador U , que se ψ satisfaz (4.3) tem-se a seguinte
rela¸ao entre os coeficientes (c
2k
, c
2k+1
) e (c
2k2
, c
2k1
)
c
2k
c
2k+1
= T
k
(E)
c
2k2
c
2k1
em que T
k
(E) ´e a matriz 2 × 2 cujas entradas ao
T
k
(E)
11
= e
i(E+γ
2k1
+γ
2k2
+θ
2k1
+θ
2k2
)
,
T
k
(E)
12
= i
r
t
(e
i(E+γ
2k1
α
2k2
+θ
2k1
+θ
2k2
)
e
i(γ
2k1
α
2k1
)
),
T
k
(E)
21
= i
r
t
(e
i(θ
2k2
θ
2k
+γ
2k
+γ
2k1
+γ
2k2
+α
2k1
)
(4.4)
e
i(E+θ
2k2
+θ
2k1
+γ
2k
+γ
2k1
+γ
2k2
+α
2k
)
),
T
k
(E)
22
=
1
t
2
e
i(E+θ
2k
+θ
2k1
γ
2k
γ
2k1
)
+
r
2
t
2
e
i(γ
2k
+γ
2k1
)
(e
i(θ
2k
θ
2k2
+α
2k2
α
2k1
)
+ e
i(α
2k
α
2k1
)
)
r
2
t
2
e
i(E+θ
2k2
+θ
2k1
+γ
2k
+γ
2k1
+α
2k
α
2k2
)
.
e
det T
k
(E) = e
i(θ
2k2
θ
2k
+γ
2k
+2γ
2k1
+γ
2k2
)
.
Note que |det T
k
(E)| = 1, k. Portanto para k IN
,
c
2k
c
2k+1
= T
k
(E) . . . T
2
(E)T
1
(E)
c
0
c
1
Φ
k
(E)
c
0
c
1
,
c
2k
c
2k+1
= T
k+1
(E)
1
. . . T
1
(E)
1
T
0
(E)
1
c
0
c
1
Φ
k
(E)
c
0
c
1
.
92
No contexto f´ısico [5], o espa¸co de Hilbert natural ´e l
2
(IN
), e a defini¸ao
de acordo com [10] de operador de Floquet, denotado por U
+
, ´e
U
+
ϕ
1
= re
i(θ
0
+θ
1
)
e
1
ϕ
1
+ ite
i(θ
0
+θ
1
)
e
1
ϕ
2
,
U
+
ϕ
k
= Uϕ
k
, k > 1 (4.5)
com Uϕ
k
como em (4.1). Neste caso a equa¸ao de autovalores ´e
U
+
ψ = e
iE
ψ
com ψ =
k=1
c
k
ϕ
k
. Enao come¸cando de c
2
, c
3
, temos
c
2k
c
2k+1
= T
k
(E) . . . T
2
(E)
c
2
c
3
, k = 2, 3, . . .
em que as matrizes de transferˆencia T
k
(E) ao dadas por (4.4), com a condi¸ao
adicional
c
2
c
3
= c
1
a
1
(E)
a
2
(E)
,
em que
a
1
(E) =
i
t
e
i(E+γ
1
+θ
1
+θ
0
)
re
i(γ
1
α
1
)
,
a
2
(E) =
1
t
2
e
i(E+θ
2
+θ
1
γ
2
γ
1
)
+
r
t
2
e
i(γ
2
+γ
1
)
e
i(θ
2
θ
0
α
1
)
+ re
i(α
2
α
1
)
r
t
2
e
i(E+θ
0
+θ
1
+γ
2
+γ
1
+α
2
)
.
Para mais detalhes e generaliza¸oes dessa classe de operadores unit´arios,
referimos o leitor a [10, 39, 40, 32]. Em particular, quando as fases ao vari´aveis
aleat´orias i.i.d., alguns resultados t´ıpicos `aqueles obtidos para operadores de Schr¨o-
dinger aleat´orios, discretos e unidimensionais ao mostrados em [10, 39] para o caso
unit´ario acima. Por exemplo, a estrutura de um formalismo de matrizes de trans-
ferˆencia para expressar autovalores generalizados permite introduzir um expoente de
Lyapunov para demonstrar uma vers˜ao unit´aria do Teorema de Ishii-Pastur (e con-
seguir ausˆencia de espectro absolutamente cont´ınuo) e do Teorema de Oseledec [10].
93
Vamos considerar o exemplo peneperi´odico U M({θ
k
}, {α
k
}, {γ
k
}) em
que α
k
= α k, γ
k
= (1)
k+1
α e a peneperiodicidade fica com as fases θ
k
definidas
por θ
k
= 2πβk + θ, em que β IR e θ [0, 2π). Denotaremos U por U = U (β, θ)
que com as escolhas acima passa a ser dado por (veja (4.1))
U(β, θ)ϕ
2k
= irte
i(2πβ(4k1)+2θ)
ϕ
2k1
+r
2
e
i(2πβ(4k1)+2θ)
ϕ
2k
+irte
i(2πβ(4k+1)+2θ)
ϕ
2k+1
t
2
e
i(2πβ(4k+1)+2θ)
ϕ
2k+2
U(β, θ)ϕ
2k+1
= t
2
e
i(2πβ(4k1)+2θ)
ϕ
2k1
(4.6)
+itre
i(2πβ(4k1)+2θ)
ϕ
2k
+r
2
e
i(2πβ(4k+1)+2θ)
ϕ
2k+1
+itre
i(2πβ(4k+1)+2θ)
ϕ
2k+2
.
Let U(β, θ)
+
o operador correspondente em l
2
(IN
) definido por (4.5). O seguinte
resultado foi demonstrado e m [10].
Teorema 4.1 (i) Para β racional e cada θ [0, 2π), U(β, θ) tem espectro absoluta-
mente cont´ınuo puro, σ
sc
(U(β, θ)
+
) = , σ
ac
(U(β, θ)
+
) = σ
ac
(U(β, θ)) e o espectro
pontual de U (β, θ)
+
consiste de finitos autovalores simples no conjunto resolvente
de U (β, θ).
(ii) Sejam T
θ
k
(E) as matrizes de transferˆencia em E correspondendo a U (β, θ). Para
β irracional, o expoente de Lyapunov γ(E) satisfaz, para q.t.p. θ,
γ
θ
(E) = lim
N→∞
ln
N
k=1
T
θ
k
(E)
N
ln
1
t
2
> 0,
e portanto σ
ac
(U(β, θ)) = . O mesmo ´e verdadeiro para U(β, θ)
+
.
Finalmente, introduziremos o m odelo particular aqui estudado. Conside-
ramos a perturba¸ao de posto um de U(β, θ)
+
, λ [0, 2π) (veja tamem [13])
U
λ
(β, θ)
+
:= U(β, θ)
+
e
iλP
ϕ
1
= U(β, θ)
+
I
d
+ (e
1)P
ϕ
1
, (4.7)
94
em que P
ϕ
1
(·) = ϕ
1
, ·ϕ
1
. Observe que
U(β, θ)
+
U
+
({θ
k
}
k=0
, {α
k
}
k=1
, {γ
k
}
k=1
)
e U
λ
(β, θ)
+
U
+
{
˜
θ
k
}
k=0
, { ˜α
k
}
k=1
, { ˜γ
k
}
k=1
em que
˜
θ
0
= θ
0
λ e
˜
θ
k
= θ
k
,
˜α
k
= α
k
, ˜γ
k
= γ
k
para k 1. Portanto, o operador perturbado U
λ
(β, θ)
+
tamem
pertence `a fam´ılia de operadores Floquet estudadas em [10].
Seja X
m
o operador momento de ordem m > 0 em l
2
(IN
)
X
m
=
k1
k
m
ϕ
k
, ·ϕ
k
, (4.8)
o qual ´e auto-adjunto e tem espectro discreto.
Podemos agora enunciar nossa principal contribui¸ao neste cap´ıtulo:
Teorema 4.2 (i) Para β irracional, U
λ
(β, θ)
+
tem apenas espectro pontual para
q.t.p. θ, λ [0, 2π), e na base {ϕ
k
} suas autofun¸oes decaem exponencialmente.
(ii) β pode ser escolhido irracional de forma que
lim sup
n→∞
X (U
λ
(β, θ)
+
)
n
ϕ
1
2
F (n)
= ,
para todo θ [0, 2π) e qualquer λ [
π
6
,
π
2
], em que F (n) =
n
2
ln(2+n)
e X ´e o momento
de ordem m = 1 dado por (4.8).
Observa¸oes. 1. Juntando (i) e (ii) do teorema acima obtemos que, para algum β
irracional, para q.t.p. θ [0, 2π) e λ [
π
6
,
π
2
], U
λ
(β, θ)
+
tem espectro pontual puro
e a fun¸ao
n →

U
λ
(β, θ)
+
n
ϕ
1
, X
2
U
λ
(β, θ)
+
n
ϕ
1
´e ao-limitada. Ou seja, tem-se espectro pontual puro e instabilidade dinˆamica.
2. Podemos modificar a demonstra¸ao e substituir a fun¸ao f(n) = ln(2 + n) por
qualquer seq¨ecia mon´otona f com lim
n→∞
f(n) = .
4.2 Espectro Pontual Puro
Nesta se¸ao demonstraremos a parte (i) do Teorema 4.2. Precisamos do lema preli-
minar:
95
Lema 4.1 Para qualquer β e θ, o vetor ϕ
1
´e c´ıclico para U(β, θ)
+
.
Demonstra¸ao: Fixe β e θ. Indicaremos que qualquer vetor ϕ
k
, k IN
pode
ser escrito como uma combina¸ao linear dos vetores (U (β, θ)
+
)
n
ϕ
1
, n ZZ. Como
U(β, θ)
+
ϕ
1
= re
i(2πβ+2θ)
e
ϕ
1
+ ite
i(2πβ+2θ)
e
ϕ
2
enao
ϕ
2
=
i
t
e
i(2πβ+2θ)
e
U(β, θ)
+
ϕ
1
+
ir
t
ϕ
1
. (4.9)
Agora
U(β, θ)
+
1
ϕ
1
= a
1
ϕ
1
+ a
2
ϕ
2
+ a
3
ϕ
3
, (4.10)
em que a
1
, a
2
e a
3
ao n´umeros complexos ao-nulos. Assim, usando (4.9) e (4.10),
uma combina¸ao linear adequada de (U(β, θ)
+
)
1
ϕ
1
, ϕ
1
e U(β, θ)
+
ϕ
1
fornece ϕ
3
.
Como U (β, θ)
+
ϕ
2
= b
1
ϕ
1
+b
2
ϕ
2
+b
3
ϕ
3
+b
4
ϕ
4
obtemos que ϕ
4
pode ser escrito como
uma combina¸ao linear desejada. Devido a estrutura de U(β, θ)
+
, o processo pode
ser iterado para obter qualquer ϕ
k
.
Estamos em condi¸oes de demonstrar espectro pontual puro para nosso
modelo.
Demonstra¸ao: (Teorema 4.2(i)) Fixe β irracional e seja |·| uma nota¸ao para
a medida de Lebesgue em [0, 2π). Pelo Teorema 4.1(ii), para qualquer E [0, 2π)
existe Ω(E) [0, 2π) com |Ω(E)| = 1 de forma que
γ
θ
(E) > 0, θ Ω(E).
Assim, pelo Teorema de Fubini,
1 =
2π
0
|Ω(E)|
dE
2π
=
2π
0
2π
0
χ
Ω(E)
(θ)
2π
dE
2π
=
2π
0
2π
0
χ
Ω(E)
(θ)
dE
2π
2π
e para θ em um conjunto de medida um
2π
0
χ
Ω(E)
(θ)
dE
2π
= 1,
96
ou seja, θ Ω(E) para quase todo E [0, 2π). Ent˜ao existe um conjunto
0
[0, 2π) com |
0
| = 1 de modo que para qualquer θ
0
existe A
θ
[0, 2π) com
|A
θ
| = 0 e
γ
θ
(E) > 0, E A
c
θ
:= [0, 2π) \ A
θ
.
Seja µ
k
θ,λ
a medida espectral associada com
U
λ
(β, θ)
+
=
2π
0
e
iE
dF
θ,λ
(E)
e os respectivos vetores ϕ
k
, de modo que para k IN
e todo conjunto de Borel
Λ [0, 2π)
µ
k
θ,λ
(Λ) = ϕ
k
, F
θ,λ
(Λ)ϕ
k
.
Agora, para perturba¸oes de posto um de operadores unit´arios, como em per-
turba¸oes de posto um de operadores auto-adjuntos (veja [53, 54] para o caso auto-
adjunto e [8, 13] para o caso unit´ario) vale: Para qualquer f L
1
([0, 2π)) tem-se
2π
0
2π
0
f(E)
1
θ,λ
(E) =
2π
0
f(E)
dE
2π
. (4.11)
Enao, aplicando (4.11) com f a fun¸ao caracter´ıs tica de A
θ
obtemos
0 = |A
θ
| =
2π
0
χ
A
θ
(E)
dE
2π
=
2π
0
2π
0
χ
A
θ
(E)
1
θ,λ
(E) =
2π
0
1
θ,λ
(A
θ
)dλ,
e portanto µ
1
θ,λ
(A
θ
) = 0 para q.t.p. λ. Portanto, para cada θ
0
, e xiste J
θ
[0, 2π) com |J
c
θ
| = 0 de forma que
µ
1
θ,λ
(A
θ
) = 0, λ J
θ
. (4.12)
Pelo Lema 4.1 e (4.12), segue que F
θ,λ
(A
θ
) = 0 para todo θ
0
e λ J
θ
. Al´em
disso, seja S
θ,λ
o conjunto dos E [0, 2π) de modo que a equa¸ao
U
λ
(β, θ)
+
ψ = e
iE
ψ
tem uma solu¸ao ao-trivial polinomialmente limitada.
´
E conhecido que
F
θ,λ
([0, 2π) \ S
θ,λ
) = 0
97
(veja [10, 32]). Assim, conclu´ımos que S
θ,λ
A
c
θ
´e um suporte para F
θ,λ
(·) (veja
observao abaixo) para todo θ
0
e λ J
θ
.
Agora, se E S
θ,λ
A
c
θ
enao U
λ
(β, θ)
+
ψ = e
iE
ψ tem uma solu¸ao ao-
trivial polinomialmente limitada ψ e γ
θ
(E) > 0. Por constru¸ao γ
θ,λ
(E) = γ
θ
(E)
em que γ
θ,λ
(E) ´e o expoente de Lyapunov associado com U
λ
(β, θ)
+
. Assim, pelo
Teorema de Oseledec, toda solu¸ao que ´e polinomialmente limitada tem que decair
exponencialmente, logo ψ est´a em l
2
(IN
) e ´e uma uma autofun¸ao de U
λ
(β, θ)
+
.
Portanto, conclu´ımos que cada E S
θ,λ
A
c
θ
´e um autovalor de U
λ
(β, θ)
+
com a
autofun¸ao correspondente decaindo exponencialmente. Como l
2
(IN
) ´e separ´avel,
segue que S
θ,λ
A
c
θ
´e conavel e ent˜ao F
θ,λ
(·) tem suporte cont´avel para todo θ
0
e λ J
θ
. Assim U
λ
(β, θ)
+
tem espe ctro pontual puro para q.t.p. θ, λ [0, 2π).
Observa¸ao. Dizemos que um conjunto de Borel S suporta a proje¸ao espectral F (·)
se F ([0, 2π) \ S) = 0.
4.3 Instabilidade Dinˆamica
Nesta se¸ao apresentaremos a demonstra¸ao do Teorema 4.2(ii). A estrat´egia inicial
´e aquela do Apˆendice 2 de [19]. No entanto, alguns resultados t´ecnicos importantes
precisam de argumentos diferentes, que ao os casos do Lema 4.6 e do Lema 4.7.
Iniciaremos com a discuss˜ao de uma s´erie de lemas preliminares, adaptados do caso
auto-adjunto para o caso uniario.
4.3.1 Lemas Preliminares
Seja P
na
a proje¸ao sobre os vetores suportados por {n : n a}, ou seja, para
ψ l
2
(IN
)
(P
na
ψ)(n) =
0, se n < a
ψ(n), se n a
,
e similarmente para P
n<a
. Seja f (n) uma seq¨uˆencia mon´otona crescente com f(n)
quando n .
98
Lema 4.2 Se existe T
m
, T
m
IN para todo m, de forma que
1
T
m
+ 1
2T
m
j=T
m
P
n
T
m
f(T
m
)
U
λ
(β, θ)
+
j
ϕ
1
2
1
f(T
m
)
2
, (4.13)
ent˜ao
lim sup
j→∞
X
U
λ
(β, θ)
+
j
ϕ
1
2
f(j)
5
j
2
= .
Demonstra¸ao: Por hip´otese existe T
m
de forma que
2T
m
j=T
m
P
n
T
m
f(T
m
)
U
λ
(β, θ)
+
j
ϕ
1
2
T
m
+ 1
f(T
m
)
2
=
2T
m
j=T
m
1
f(T
m
)
2
,
logo existe algum j
m
[T
m
, 2T
m
] de modo que
P
n
T
m
f(T
m
)
U
λ
(β, θ)
+
j
m
ϕ
1
2
1
f(T
m
)
2
e enao
X
U
λ
(β, θ)
+
j
m
ϕ
1
2
=
nIN
n
2
|
U
λ
(β, θ)
+
j
m
ϕ
1
(n)|
2
nIN
T
m
f(T
m
)
P
n
T
m
f(T
m
)
U
λ
(β, θ)
+
j
m
ϕ
1
(n)
2
=
T
m
f(T
m
)
2
P
n
T
m
f(T
m
)
U
λ
(β, θ)
+
j
m
ϕ
1
2
T
2
m
f(T
m
)
4
.
Portanto
f(j
m
)
5
j
2
m
X
U
λ
(β, θ)
+
j
m
ϕ
1
2
f(j
m
)
5
j
2
m
T
2
m
f(T
m
)
4
=
T
m
j
m
2
f(j
m
)
f(T
m
)
4
f(j
m
)
1
4
f(j
m
)
e o lema est´a demonstrado.
Para demonstrar o Teorema 4.2(ii) queremos aplicar o lema acima com
f(n) = (ln(n + 2))
1/5
. Mantendo este interesse em mente, a estimativa na rela¸ao
(4.13) ´e crucial, bem como os lemas s eguintes.
99
Lema 4.3 Seja ξ um vetor unit´ario, P uma proje¸ao, e U um operador unit´ario.
Se ξ = η + ψ com η, ψ = 0, ent˜ao
1
T + 1
2T
j=T
(I
d
P )U
j
ξ
2
ψ
2
3
1
T + 1
2T
j=T
P U
j
ψ
2
1/2
. (4.14)
Demonstra¸ao: Denote D :=
1
T +1
2T
j=T
(I
d
P )U
j
ξ
2
. Enao
D =
1
T + 1
2T
j=T
(1 P U
j
ξ
2
)
=
1
T + 1
2T
j=T
(ψ
2
+ η
2
P U
j
(η + ψ)
2
)
= ψ
2
+ η
2
1
T + 1
2T
j=T
(P U
j
η
2
+ P U
j
ψ
2
+ 2Re (P U
j
η, P U
j
ψ))
= η
2
1
T + 1
2T
j=T
P U
j
η
2
+ψ
2
1
T + 1
2T
j=T
(P U
j
ψ
2
+ 2Re (P U
j
η, P U
j
ψ))
= A + B,
com A = η
2
1
T +1
2T
j=T
P U
j
η
2
e B = ψ
2
1
T +1
2T
j=T
(P U
j
ψ
2
+
2Re (P U
j
η, P U
j
ψ)). Claramente,
1
T + 1
2T
j=T
P U
j
η
2
1
T + 1
2T
j=T
η
2
= η
2
1,
e o mesmo ´e verdadeiro com η substitu´ıdo por ψ. Portanto
A η
2
η
2
= 0
e
B = ψ
2
1
T + 1
2T
j=T
P U
j
ψ
2
2
T + 1
2T
j=T
Re (P U
j
η, P U
j
ψ)
ψ
2
1
T + 1
2T
j=T
P U
j
ψ
2
2
T + 1
2T
j=T
|P U
j
η, P U
j
ψ|
ψ
2
1
T + 1
2T
j=T
P U
j
ψ
2
2
T + 1
2T
j=T
P U
j
ηP U
j
ψ
ψ
2
1
T + 1
2T
j=T
P U
j
ψ
2
1
2
2
2T
j=T
P U
j
η
(T + 1)
1
2
P U
j
ψ
(T + 1)
1
2
100
ψ
2
1
T + 1
2T
j=T
P U
j
ψ
2
1
2
2
1
T + 1
2T
j=T
P U
j
η
2
1
2
1
T + 1
2T
j=T
P U
j
ψ
2
1
2
ψ
2
3
1
T + 1
2T
j=T
P U
j
ψ
2
1
2
.
O resultado segue imediatamente.
Lema 4.4 Seja U =
2π
0
e
it
dE
U
(t) a decomposi¸ao espectral de um operador unit´ario
U em um espco de Hilbert H. Seja ξ H um vetor absolutamente cont´ınuo para
U, i.e., a medida espectral µ
ξ
, associada a U e ξ, ´e absolutamente cont´ınua com
respeito `a medida de Lebesgue, e denote por g =
ξ
dx
L
1
([0, 2π)) a correspondente
derivada de Radon-Nikodym. Defina
|ξ| = g
1/2
.
Ent˜ao, para qualquer η H, tem-se
jZZ
|U
j
ξ, η|
2
2π |ξ|
2
η
2
.
Demonstra¸ao: Se |ξ| = ent˜ao o resultado ´e claro. Suponha |ξ| < e seja
η H. Denote por P
ac
a proje¸ao espectral no subespa¸co absolutamente cont´ınuo
H
ac
de U, η
0
= P
ac
η e ˜g =
η
0
; ent˜ao µ
ξ
´e absolutamente cont´ınua e sua derivada
de Radon-Nikodym h ´e estimada p or
|h(x)| (g˜g)
1
2
(x) = g
1
2
(x) ˜g
1
2
(x) |ξ| ˜g
1
2
(x).
Portanto h L
2
([0, 2π)) com norma L
2
estimada por
h
2
|ξ|
2π
0
˜g(x)dx
1
2
= |ξ|
2π
0
η
0
1
2
= |ξ| · η
0
|ξ| · η.
Como
U
j
ξ, η =
2π
0
e
ijt
ξ
(t) =
2π
0
e
ijt
h(t)dt =
2π(Fh)(j),
segue que
jZZ
|U
j
ξ, η|
2
=
jZZ
2π|(Fh)(j)|
2
= 2πh
2
2
2π|ξ|
2
η
2
,
que ´e precisamente o resultado afirmado.
101
4.3.2 Transformadas de Borel e de Cauchy
Dada uma medida de probabilidade µ em D = {z C : |z| = 1}, suas transformadas
de Cauchy F
µ
(z) e Borel R
µ
(z) ao, respectivamente, para z C com |z| = 1,
F
µ
(z) =
D
e
it
+ z
e
it
z
(t)
e
R
µ
(z) =
D
1
e
it
z
(t).
R
µ
est´a relacionada com F
µ
por
F
µ
(z) = 2zR
µ
(z) + 1. (4.15)
Al´em disso, F
µ
tem as seguintes propriedades [52]:
lim
r1
F
µ
(re
) existe para q.t.p. θ, e decompondo a medida em suas partes
absolutamente cont´ınua e singular
(θ) = ω(θ)
2π
+
s
(θ),
enao
ω(θ) = lim
r1
Re F
µ
(re
). (4.16)
µ({θ
0
}) = 0 se, e somente se, lim
r1
(1 r)Re F
µ
(re
0
) = 0.
s
´e suportada em {θ : lim
r1
F
µ
(re
) = ∞}.
Agora, seja U um operador unit´ario em um espa¸co de Hilbert separ´avel H
e φ um vetor c´ıclico para U. Considere a perturba¸ao de posto um de U
U
λ
= Ue
iλP
φ
= U(I
d
+ (e
1)P
φ
),
em que P
φ
(·) = φ, ·φ e λ [0, 2π). Denote por
λ
a medida espectral associada
com U
λ
e φ, F
λ
= F
µ
λ
e R
λ
= R
µ
λ
. Tem-se as seguintes rela¸oes entre R
λ
e R
0
, F
λ
e F
0
:
102
Lema 4.5 Para |z| = 1, tem-se
R
λ
(z) =
R
0
(z)
e
+ z(e
1)R
0
(z)
(4.17)
F
λ
(z) =
(e
1) + (e
+ 1)F
0
(z)
(e
+ 1) + (e
1)F
0
(z)
(4.18)
Em particular, para λ = π,
Re F
λ
(z) =
(1 + y
2
)Re F
0
(z)
|1 + iyF
0
(z)|
2
, (4.19)
em que y =
sin λ
1+cos λ
, e para λ = π
Re F
λ
(z) =
Re F
0
(z)
|F
0
(z)|
2
. (4.20)
Demonstra¸ao: A rela¸ao (4.17) foi demonstrada em [13]. Para checar (4.18)
usamos as rela¸oes (4.15) e (4.17). De fato,
F
λ
(z) = 2zR
λ
(z) + 1 = 2z
R
0
(z)
e
+ z(e
1)R
0
(z)
+ 1
=
e
+ z(e
1)R
0
(z) + 2zR
0
(z)
e
+ z(e
1)R
0
(z)
=
e
+ z(e
+ 1)R
0
(z)
e
+ z(e
1)R
0
(z)
=
2e
+ 2ze
R
0
(z) + 2zR
0
(z)
2e
+ 2ze
R
0
(z) 2zR
0
(z)
=
e
1 + e
+ 2e
zR
0
(z) + 1 + 2zR
0
(z)
e
+ 1 + e
+ 2e
zR
0
(z) 1 2zR
0
(z)
=
(e
1) + (e
+ 1)(1 + 2zR
0
(z))
(e
+ 1) + (e
1)(1 + 2zR
0
(z))
=
(e
1) + (e
+ 1)F
0
(z)
(e
+ 1) + (e
1)F
0
(z)
.
Agora, para λ = π temos e
+ 1 = 0 e enao
F
λ
(z) =
e
1
e
+1
+ F
0
(z)
1 +
e
1
e
+1
F
0
(z)
=
iy + F
0
(z)
1 + iyF
0
(z)
×
1 iyF
0
(z)
1 iyF
0
(z)
=
iy + F
0
(z) iy|F
0
(z)|
2
+ y
2
F
0
(z)
|1 + iyF
0
(z)|
2
,
em que
e
1
e
+1
= iy e y =
sin λ
1+cos λ
. Logo, para λ = π,
Re F
λ
(z) =
(1 + y
2
)Re F
0
(z)
|1 + iyF
0
(z)|
2
103
e (4.19) ´e obtida. Para λ = π tem-se F
λ
(z) =
1
F
0
(z)
e (4.20) segue.
Lema 4.6 Fixe um umero racional β. Ent˜ao existem C
1
> 0 e C
2
< , e para
cada θ [0, 2π) e λ [
π
6
,
π
2
] uma decomposi¸ao
ϕ
1
= η
θ,λ
+ ψ
θ,λ
de forma que
η
θ,λ
, ψ
θ,λ
= 0, (4.21)
ψ
θ,λ
C
1
, (4.22)
|ψ
θ,λ
|
U
λ
(β)
+
C
2
. (4.23)
Demonstra¸ao: Quebramos a demonstra¸ao em alguns passos.
1
o
Passo
. Pelo Teorema 4.1, como β ´e racional,
σ
sc
(U(β, θ)
+
) = , σ
ac
(U(β, θ)
+
) = σ
ac
(U(β, θ))
e o espectro pontual de U(β, θ)
+
consiste de finitos autovalores no c onjunto resol-
vente de U(β, θ). Denote por µ
θ,λ
a medida espectral associada a U
λ
(β, θ)
+
e (o
vetor c´ıclico) ϕ
1
, e por µ
θ
a medida espectral associada a U(β, θ)
+
e ϕ
1
(i.e., o caso
λ = 0). Escreva
θ,λ
(E) = f
θ,λ
(E)
dE
2π
+
θ,λ
s
(E),
θ
(E) = f
θ
(E)
dE
2π
+
θ
p
(E).
2
o
Passo. Rela¸ao entre f
θ,λ
e f
θ
: Pelo Lema 4.5, para λ = π tem-se
Re F
µ
θ,λ
(z) =
(1 + y
2
)Re F
µ
θ
(z)
|1 + iyF
µ
θ
(z)|
2
,
em que y =
sin λ
1+cos λ
e enao
f
θ,λ
(E) =
(1 + y
2
)f
θ
(E)
|1 + iy lim
r1
F
µ
θ
(re
iE
)|
2
.
3
o
Passo. Rela¸ao entre f
θ
e f
0
: Por (4.6) e (4.5) conseguimos
U(β, θ)
+
= e
i2θ
U(β, 0)
+
(4.24)
104
e usando essa rela¸ao tem-se que
U(β, θ)
+
j
= e
ij2θ
U(β, 0)
+
j
para todo j ZZ. Assim, pelo teorema espectral, para qualquer j ZZ,
2π
0
e
ijE
f
θ
(E)
dE
2π
=
2π
0
e
ijE
f
0
(E 2θ)
dE
2π
.
Portanto
f
θ
(E) = f
0
(E 2θ) (4.25)
para q.t.p. E.
4
o
Passo
. Limita¸ao superior e inferior para f
θ,λ
: Temos
lim
r1
F
µ
θ
(re
iE
) = f
θ
(E) + i lim
r1
Im F
µ
θ
(re
iE
)
e
lim
r1
Im F
µ
θ
(re
iE
) = lim
r1
2π
0
Im
e
it
+ re
iE
e
it
re
iE
f
θ
(t)
dt
2π
+ lim
r1
2π
0
Im
e
it
+ re
iE
e
it
re
iE
θ
p
(t).
Se denotarmos
g
θ
(E) = lim
r1
2π
0
Im
e
it
+ re
iE
e
it
re
iE
f
θ
(t)
dt
2π
,
enao por (4.25) obtemos g
θ
(E) = g
0
(E2θ) para q.t.p. E. Por outro lado, por (4.24)
temos que E ´e um autovalor de U (β, θ)
+
se, e somente se, E 2θ ´e um autovalor
de U(β, 0)
+
. Seja {E
θ
j
}
n
j=1
o conjunto dos autovalores de U(β, θ)
+
(lembre-se que
n < ) e
θ
p
=
n
j=1
κ
θ
j
δ
E
θ
j
(δ
E
´e a medida de Dirac em E). Enao
lim
r1
2π
0
Im
e
it
+ re
iE
e
it
re
iE
θ
p
(t) = lim
r1
2π
0
2r sin(E t)
1 + r
2
2r cos(E t)
θ
p
(t)
= lim
r1
n
j=1
2r sin(E E
θ
j
)κ
θ
j
1 + r
2
2r cos(E E
θ
j
)
=
n
j=1
2 sin(E 2θ E
0
j
)κ
θ
j
e
iE
0
j
e
i(E2θ)
2
.
105
Como f
0
L
1
([0, 2π)), por um resultado de [45] (Teorema 1.6 no Cap´ıtulo III), a
fun¸ao g
0
´e do tipo L
1
fraco, i.e., g
0
´e mensur´avel e existe uma constante C > 0 de
forma que para todo T > 0 a medida de Lebesgue
|{E : |g
0
(E)| T }| 1
C
T
. (4.26)
Tome S > 0 de modo que
S
:=
E :
1
S
f
0
(E) S
satisfaz |
S
| > 0 e
dist (Ω
S
, {E
0
j
}
n
j=1
) = L > 0. Ent˜ao escolha T suficientemente grande de forma que
A :=
S
{E : |g
0
(E)| T }
satisfaz |A| > 0; por (4.26) isso ´e poss´ıvel. Para θ [0, 2π) seja
I
θ
:= {E [0, 2π) : E 2θ A};
assim |I
θ
| = |A| > 0. Ent˜ao, para todo θ [0, 2π), λ [0,
π
2
] (equivalentemente
y [0, 1]) e E I
θ
tem-se
1 + iy lim
r1
F
µ
θ
(re
iE
)
1 + |y|
|f
θ
(E)|+ |g
θ
(E)|
+
n
j=1
2 sin(E 2θ E
0
j
)κ
θ
j
|e
iE
0
j
e
i(E2θ)
|
2
1 + |f
0
(E 2θ)| + |g
0
(E 2θ)| +
n
j=1
2|κ
θ
j
|
L
2
1 + S + T +
2
L
2
.
Logo, para todo θ [0, 2π), λ [0,
π
2
] e E I
θ
|f
θ,λ
(E)| =
(1 + y
2
)f
θ
(E)
|1 + iy lim
r1
F
µ
θ
(re
iE
))|
2
f
0
(E 2θ)
(1 + S + T + 2/L
2
)
2
1
S(1 + S + T + 2/L
2
)
2
.
Para conseguir um limite superior, note que
1 + iy lim
r1
F
µ
θ
(re
iE
)
|yf
θ
(E)|,
106
e assim, para todo θ [0, 2π), λ [
π
6
,
π
2
] (equivalentemente y
1
2+
3
, 1
) e E I
θ
|f
θ,λ
(E)| =
(1 + y
2
)f
θ
(E)
|1 + iy lim
r1
F
µ
θ
(re
iE
)|
2
(1 + y
2
)f
θ
(E)
y
2
f
θ
(E)
2
=
(1 + y
2
)
y
2
f
0
(E 2θ)
2(2 +
3)
2
S.
Juntando as informa¸oes, para todo θ [0, 2π), λ [
π
6
,
π
2
] e E I
θ
,
demonstramos que
1
S(1 + S + T + 2/L
2
)
2
|f
θ,λ
(E)| 2(2 +
3)
2
S. (4.27)
5
o
Passo. Conclus˜ao: Para λ [
π
6
,
π
2
] e θ [0, 2π) sejam
ψ
θ,λ
= P
θ,λ
I
θ
ϕ
1
, η
θ,λ
= (I
d
P
θ,λ
I
θ
)ϕ
1
,
em que P
θ,λ
I
θ
´e a proje¸ao e spectral (de U
λ
(β, θ)
+
) em I
θ
. Ent˜ao para cada θ [0, 2π)
e λ [
π
6
,
π
2
] temos a decom pos i¸c ˜ao ϕ
1
= ψ
θ,λ
+ η
θ,λ
que satisfaz (4.21). Al´em disso
por (4.27)
ψ
θ,λ
2
= ψ
θ,λ
, ψ
θ,λ
= P
θ,λ
I
θ
ϕ
1
, P
θ,λ
I
θ
ϕ
1
= ϕ
1
, P
θ,λ
I
θ
ϕ
1
=
2π
0
χ
I
θ
(E)
θ,λ
=
I
θ
f
θ,λ
(E)
dE
2π
|A|
2πS(1 + S + T + 2/L
2
)
2
logo (4.22) vale com
C
1
=
|A|
2πS(1 + S + T + 2/L
2
)
2
1/2
> 0;
tamem
|ψ
θ,λ
|
2
U
λ
(β)
+
= |P
θ,λ
I
θ
ϕ
1
|
2
U
λ
(β)
+
= χ
I
θ
f
θ,λ
2(2 +
3)
2
S
e (4.23) vale com C
2
= (2(2 +
3)
2
S)
1/2
< . O lema est´a demonstrado.
No caso auto-adjunto, o lema similar ao Lema 4.6 ´e demonstrado a partir
de estimativas nas matrizes de transferˆencia. Neste caso ao foi poss´ıvel adaptar tal
argumento, e conseguimos demonstrar tal resultado considerando as transformadas
de Borel e de Cauchy como explicitado na demonstra¸ao acima.
107
4.3.3 Varia¸ao de β
O pr´oximo lema fornece uma estimativa da dependˆencia da dinˆamica em β. Sua
demonstra¸ao usa fortemente a estrutura de U
λ
(β, θ)
+
. O resultado similar no caso
auto-adjunto ´e obtido aplicando a ormula de Duhamel, que ao se aplica neste
caso.
Lema 4.7 Sejam β, β
IR. Ent˜a o, para n 1,
U
λ
(β, θ)
+
n
ϕ
1
U
λ
(β
, θ)
+
n
ϕ
1
2 × 4
n
(2n
2
n)2π
β β
.
Demonstra¸ao:
´
E uma indu¸ao. Temos
U
λ
(β, θ)
+
ϕ
j
= U(β, θ)
+
(I
d
+ (e
1)P
ϕ
1
)ϕ
j
=
U(β, θ)
+
ϕ
j
se j > 1
U(β, θ)
+
ϕ
1
+ (e
1)U(β, θ)
+
ϕ
1
se j = 1
=
U(β, θ)
+
ϕ
j
se j > 1
e
U(β, θ)
+
ϕ
1
se j = 1
Assim
U
λ
(β, θ)
+
ϕ
1
= e
U(β, θ)
+
ϕ
1
= a
1
e
i(2πβ)
ϕ
1
+ a
2
e
i(2πβ)
ϕ
2
em que a
1
= re
e
i(α+2θ)
e a
2
= ite
e
i(α+2θ)
. Como
|e
ix
e
ix
| 2|x x
| (4.28)
and |a
j
| 1, j = 1, 2, ent˜ao
U
λ
(β, θ)
+
ϕ
1
U
λ
(β
, θ)
+
ϕ
1
2
e
i(2πβ)
e
i(2πβ
)
4 × 2|2πβ 2πβ
| = 2 × 4 × 2π
β β
e o lema est´a demonstrado para n = 1.
108
Agora
U
λ
(β, θ)
+
2
ϕ
1
= U
λ
(β, θ)
+
U
λ
(β, θ)
+
ϕ
1
= U
λ
(β, θ)
+
(a
1
e
i(2πβ)
ϕ
1
+ a
2
e
i(2πβ)
ϕ
2
)
= e
a
1
e
i(2πβ)
U(β, θ)
+
ϕ
1
+ a
2
e
i(2πβ)
U(β, θ)
+
ϕ
2
= e
a
1
e
i(2πβ)
b
1
e
i(2πβ)
ϕ
1
+ b
2
e
i(2πβ)
ϕ
2
+a
2
e
i(2πβ)
c
1
e
i(3.(2πβ))
ϕ
1
+ c
2
e
i(3.(2πβ))
ϕ
2
+c
3
e
i(5.(2πβ))
ϕ
3
+ c
4
e
i(5.(2πβ))
ϕ
4
Como |a
j
| < 1, |b
j
| < 1, |c
j
| < 1 e temos 2 + 4 < 4 × 4 termos na expans˜ao de
(U
λ
(β, θ)
+
)
2
ϕ
1
em que o maior exp oente (o qual fornece a maior contribui¸ao por
(4.28)) ´e obtido do produto das exponenciais e
i(2πβ)
e
i((2+3)2πβ)
=
e
i((1+2+3)2πβ)
, obtemos
U
λ
(β, θ)
+
2
ϕ
1
U
λ
(β
, θ)
+
2
ϕ
1
4 × 4 × 2(1 + 2 + 3)2π
β β
= 2 × 4
2
(1 + 2 + 3)2π
β β
,
e o lema est´a demonstrado para n = 2. De uma maneira similar pela e strutura de
U
λ
(β, θ)
+
conclu´ımos que (U
λ
(β, θ)
+
)
3
ϕ
1
tem no aximo 4
2
× 4 termos em que o
maior expoente est´a em e
i(1+2+3)2πβ
e
i((4+5)2πβ)
= e
i((1+2+3+4+5)2πβ)
e assim
U
λ
(β, θ)
+
3
ϕ
1
U
λ
(β
, θ)
+
3
ϕ
1
4 × 4 × 4 × 2(1 + 2 + 3 + 4 + 5)2π
β β
= 2 × 4
3
(1 + 2 + 3 + 4 + 5)2π
β β
.
Indutivamente obtemos que (U
λ
(β, θ)
+
)
n
ϕ
1
tem no aximo 4
n
termos, e de acordo
com (4.28) a maior contribui¸ao vem do produto
e
i(1+2+...+2n3)2πβ
e
i(((2n2)+(2n1))2πβ)
= e
i((1+2+...+2n1)2πβ)
e enao
U
λ
(β, θ)
+
n
ϕ
1
U
λ
(β
, θ)
+
n
ϕ
1
109
2 × 4
n
(1 + 2 + . . . + 2n 1)2π
β β
;
como 2n
2
n = 1 + 2 + . . . + 2n 1, o resultado segue.
4.3.4 Demonstra¸ao do Teorema 4.2(ii)
Finalmente, usando esse conjunto preparat´orio de resultados, terminamos a demons-
tra¸ao do nosso resultado principal.
Seja f(n) = (ln(2 + |n|))
1
5
. Seq¨uˆencias β
m
, T
m
,
m
ser˜ao constru´ıdas indu-
tivamente, come¸c ando com β
1
= 1, de forma que
(i) β
m+1
β
m
= 2
κ
m
!
para algum κ
m
IN;
(ii)
1
T
m
+1
2T
m
j=T
m
P
n
T
m
f(T
m
)
(U
λ
(β, θ)
+
)
j
ϕ
1
2
1
f(T
m
)
2
para todo θ [0, 2π), λ
[
π
6
,
π
2
] e β com |β β
m
|
m
;
(iii) |β
m+1
β
k
| <
k
para k = 1, 2, . . . , m.
Se (i), (ii) e (iii) ao satisfeitos enao conclu´ımos por (i) que β
= lim β
m
´e
irracional (veja justificativa no final da demonstra¸ao), por (iii) que |β
β
m
|
m
e enao por (ii) que
1
T
m
+ 1
2T
m
j=T
m
P
n
T
m
f(T
m
)
U
λ
(β
, θ)
+
j
ϕ
1
2
1
f(T
m
)
2
para θ [0, 2π) e λ [
π
6
,
π
2
]. Portanto pelo Lema 4.2
lim sup
n→∞
X
U
λ
(β, θ)
+
n
ϕ
1
2
f(n)
5
n
2
=
para β = β
e o resultado est´a demonstrado.
Enao constru´ıremos β
m
, T
m
,
m
em que (i), (ii) e (iii) valem. Come¸camos
com β
1
= 1. Dados β
1
, . . . , β
m
, T
1
, . . . , T
m1
e
1
, . . . ,
m1
mostraremos como
escolher T
m
,
m
e β
m+1
.
Dado β
m
, seja ϕ
1
= η + ψ a dec omposi¸c ˜ao dada pelo Lema 4.6 e sejam
C
1
, C
2
as constantes correspondentes. Escolha T
m
2T
m1
(e T
1
2) de forma que
C
2
1
3
2πC
2
(2f(T
m
)
1
+ T
1
m
)
1
2
2f(T
m
)
1
. (4.29)
110
Isso ´e poss´ıvel pois C
1
e C
2
est˜ao fixados (dado β
m
) e f(n) .
Note que
1
T + 1
2T
j=T
P
n<
T
f(T )
U
λ
(β
m
, θ)
+
j
ψ
2
2π
T + 1
#
n : n <
T
f(T )
|ψ|
2
; (4.30)
de fato
1
T + 1
2T
j=T
P
n<
T
f(T )
U
λ
(β
m
, θ)
+
j
ψ
2
=
=
1
T + 1
2T
j=T
n<
T
f(T )
U
λ
(β
m
, θ)
+
j
ψ
(n)
2
=
1
T + 1
n<
T
f(T )
2T
j=T
U
λ
(β
m
, θ)
+
j
ψ
(n)
2
1
T + 1
n<
T
f(T )
j=−∞
ϕ
n
,
U
λ
(β
m
, θ)
+
j
ψ
2
,
enao pelo Lema 4.4
1
T + 1
2T
j=T
P
n<
T
f(T )
U
λ
(β
m
, θ)
+
j
ψ
2
1
T + 1
n<
T
f(T )
2π|ψ|
2
,
e (4.30) segue.
Pelo Lema 4.3 e (4.30)
1
T
m
+ 1
2T
m
j=T
m
P
n
T
m
f(T
m
)
U
λ
(β
m
, θ)
+
j
ϕ
1
2
ψ
2
3
1
T
m
+ 1
2T
m
j=T
m
P
n<
T
m
f(T
m
)
U
λ
(β
m
, θ)
+
j
ψ
2
1
2
ψ
2
3
2π
T
m
+ 1
#
n : n <
T
m
f(T
m
)
|ψ|
2
1
2
C
2
1
3
2π
T
m
+ 1
#
n : n <
T
m
f(T
m
)
C
2
2
1
2
= C
2
1
3
2πC
2
1
T
m
+ 1
#
n : n <
T
m
f(T
m
)

1
2
.
Como #
n : n <
T
m
f(T
m
)
2
T
m
f(T
m
)
+ 1 segue que
1
T
m
+ 1
2T
m
j=T
m
P
n
T
m
f(T
m
)
U
λ
(β
m
, θ)
+
j
ϕ
1
2
C
2
1
3
2πC
2
1
T
m
+ 1
2T
m
f(T
m
)
+ 1

1
2
C
2
1
3
2πC
2
2
f(T
m
)
+
1
T
m
1
2
111
para θ [0, 2π) e λ [
π
6
,
π
2
]. Assim por (4.29), obtemos
1
T
m
+ 1
2T
m
j=T
m
P
n
T
m
f(T
m
)
U
λ
(β
m
, θ)
+
j
ϕ
1
2
2
f(T
m
)
para θ [0, 2π) e λ [
π
6
,
π
2
].
Logo, pelo Lema 4.7, para β IR, θ [0, 2π) e λ [
π
6
,
π
2
]
1
T
m
+ 1
2T
m
j=T
m
P
n
T
m
f(T
m
)
U
λ
(β, θ)
+
j
ϕ
1
2
1
T
m
+ 1
2T
m
j=T
m
P
|n|≥
T
m
f(T
m
)
U
λ
(β, θ)
+
j
ϕ
1
2
=
1
T
m
+ 1
2T
m
j=T
m
P
n
T
m
f(T
m
)
U
λ
(β
m
, θ)
+
j
ϕ
1
+P
n
T
m
f(T
m
)
U
λ
(β, θ)
+
j
ϕ
1
U
λ
(β
m
, θ)
+
j
ϕ
1
2
1
T
m
+ 1
2T
m
j=T
m
P
n
T
m
f(T
m
)
U
λ
(β
m
, θ)
+
j
ϕ
1
U
λ
(β, θ)
+
j
U
λ
(β
m
, θ)
+
j
ϕ
1
2
1
T
m
+ 1
2T
m
j=T
m
(P
n
T
m
f(T
m
)
U
λ
(β
m
, θ)
+
j
ϕ
1
2
4
j+1
(2j
2
j)π|β β
m
|)
2
2
f(T
m
)
1
T
m
+ 1
2T
m
j=T
m
4
j+1
(2j
2
j)π
|β β
m
|
2
.
Tomando
m
=
T
m
+ 1
f(T
m
)
2T
m
j=T
m
4
j+1
(2j
2
j)π
obtemos que, se |β β
m
| <
m
,
1
T
m
+ 1
2T
m
j=T
m
P
n
T
m
f(T
m
)
U
λ
(β, θ)
+
j
ϕ
1
2
1
f(T
m
)
2
.
Finalente, tome β
m+1
racional de modo que
|β
n
β
m+1
| <
n
n = 1, . . . , m,
e β
m+1
= β
m
+ 2
κ
m
!
para algum κ
m
IN. Isso termina a demonstra¸ao do Teo-
rema 4.2(ii).
112
Demonstrao de que β
´e irracional: Lembremos que um n´umero α IR ´e alg´ebrico
de grau n se α ´e raiz de um polinˆomio a
n
x
n
+ a
n1
x
n1
+ . . . + a
1
x + a
0
com a
j
ZZ
para todo j e a
n
= 0. Se um n´umero α IR ao ´e raiz de nenhum polinˆomio como
acima ent˜ao ele ´e dito transcedente. e-se facilmente que se α IR ´e transcedente
enao α ´e irracional.
Seja α IR alg´ebrico de grau n, assim α ´e raiz de
f(x) = a
n
x
n
+ a
n1
x
n1
+ . . . + a
1
x + a
0
,
com a
j
ZZ para todo j e a
n
= 0. Seja d > 0 de modo que α seja a ´unica raiz de f
em I
.
= [α d, α + d] e M
.
= max
xI
|f
(x)|. Assim, para
p
q
I, q > 0,
p
q
= α, pelo
Teorema do Valor M´edio
f
p
q
=
f
p
q
f(α)
M
p
q
α
.
Por outro lado,
f
p
q
=
a
n
p
n
+ a
n1
qp
n1
+ . . . + a
1
q
n1
p + a
0
q
n
q
n
1
q
n
.
Juntando estas rela¸oe s obtemos
p
q
α
|f(p/q)|
M
1
Mq
n
,
para α =
p
q
I, q > 0. Se
p
q
/ I ent˜ao
p
q
α
> d
d
q
n
. Portanto, para
A
.
= min{
1
M
, d} segue que
p
q
α
>
A
q
n
p
q
= α, q > 0.
E conclu´ımos que:
Se α ´e alg´ebrico de grau n, ent˜ao existe A > 0 de forma que
α
p
q
>
A
q
n
p
q
= α, q > 0.
113
Vamos mostrar que β
´e transcedente e portanto irracional. Suponha que
β
ao ´e transcedente, enao β
´e alg´e brico de grau n, para algum n. Pelo alculo
acima existe A > 0 de forma que
β
p
q
>
A
q
n
p
q
= β
, q > 0. (4.31)
Por outro lado, como β
= lim
m→∞
β
m
com β
m+1
= β
m
+ 2
κ
m
!
e β
1
= 1 tem-se
que β
m
= 1 +
1
2
κ
1
!
+ . . . +
1
2
κ
m1
!
=
p
m
2
κ
m1
!
e κ
m
quando m . Assim, por
(4.31) segue que
A
(2
κ
m1
!
)
n
< |β
β
m
| =
j=m
1
2
κ
j
!
e portanto para m suficientemente grande
A <
j=m
1
2
(κ
j
!
m1
!)
j=m
1
2
j1
.
Como
j=m
1
2
j1
0 quando m chegamos a uma contradi¸ao pois A > 0.
Portanto β
´e transcedente.
Observa¸ao. Para o operador U
λ
(β, θ) := U (β, θ)(I
d
+ (e
1)P
ϕ
1
) em l
2
(ZZ) pode-
mos dem onstrar um resultado an´alogo. A demonstra¸ao de instabilidade dinˆamica
para algum β irracional praticamente ao muda exceto pelo Lema 4.6 que ´e simpli-
ficado p ois U (β, θ) tem espectro absolutamente cont´ınuo puro para β racional. Por
outro lado, com respeito a espectro pontual puro, a principal diferen¸ca neste caso ´e
que ϕ
1
talvez ao seja c´ıclico, e assim, ao conseguimos espectro pontual puro para
U
λ
(β, θ) para q.t.p. θ e λ como obtido em l
2
(IN
), mas c onseguimos que ϕ
1
est´a no
subespa¸co esp ec tral pontual correspondente a U
λ
(β, θ) para q.t.p. θ e λ.
Cap´ıtulo 5
Conclus˜ao
Neste trabalho estudamos a quest˜ao de estabilidade dinˆamica para Hamil-
tonianas dependentes do tempo. A maioria dos resultados obtidos foi para o caso
de dependˆencia temporal peri´odica, pois neste caso a presen¸ca do operador de Flo-
quet, cujas propriedades espectrais est˜ao diretamente relacionadas com a quest˜ao de
estabilidade, ajuda-nos, e muito, a obter informa¸oes sobre a dinˆamica do sistema.
Destacamos as seguintes contribui¸oes:
Se ξ H ´e um autovetor de U
F
enao ξ(t) = U(t, 0)ξ ´e peneperi´odica.
Isto nos permite concluir que o subspa¸co H
pene
que introduzimos satisfaz
H
pene
= H
pc
= H
p
= H
ue
(no c aso peri´odico). Veja Lema 2.4 na agina
46 e Teorema 2.4 na agina 47;
Para Hamiltonianas gerais, se ξ H ´e tal que 1 ξ est´a no subspa¸co es pectral
pontual do operador quase-energia K, ent˜ao a aplica¸ao U(t, 0)
1
ξ ´e pene-
peri´odica. Se 1 ξ ´e autovetor de K enao ξ H
pene
. Veja Proposi¸ao 2.1 na
agina 48;
Para Hamiltonianas com dependˆencia tem poral quaseperi´odica, damos um
exemplo de ´orbita precompacta que ao ´e peneperi´odica. Veja Exemplo 2.2
na agina 56;
115
Apresentamos arias condi¸oes na Se¸ao 2.4 que garantem limita¸ao no valor
esperado da energia;
A ormula da energia m´edia via fun¸ao de Green no Cap´ıtulo 3 (Teorema 3.1,
agina 68), a qual permite obter resultados de estabilidade a partir de estima-
tivas ou express˜oes do resolvente do operador de Floquet, sem se preocupar
com as propriedades espectrais;
Nosso exemplo no Cap´ıtulo 4 (Teorem a 4.2, agina 94) de Operador de Floquet
com espectro pontual puro e instabilidade dinˆamica, o primeiro no c aso ao-
autˆonomo.
No caso de operadores de Schr¨odinger discretos unidimensionais em que a
Hamiltoniana ´e dada por um operador auto-adjunto da forma H
V
: l
2
(ZZ) l
2
(ZZ)
definido por (H
V
ξ)(n) = ξ(n + 1) + ξ(n 1) + V (n)ξ(n) em que V ´e uma seq¨encia
limitada, caso em que nos inspiramos para obter a ormula do Cap´ıtulo 3, o problema
similar ´e calcular
IR
|e
n
, R
E+
i
T
(H
V
)e
1
|
2
dE,
em que {e
n
} denota a base canˆonica l
2
(ZZ). Neste caso o resolvente R
E+
i
T
(H
V
)e
1
est´a relacionado com as correspondentes matrizes de transferˆencia T (n, 1; E +
i
T
),
que por sua vez est˜ao conectadas com T (n, 1; E). Assim limites superiores adequados
em n das matrizes de transferˆencia T (n, 1; E) para algum conjunto de E’s, resulta
em estimativas no resolvente e enao propriedades de transporte (crescimento em t
dos momentos) ao obtidas, isso foi estudado em [17] e referˆencias a c itadas, como
uma conseq¨encia existem interessantes aplica¸oes para modelos ao-triviais.
Nos operadores de Floquet descritos no Cap´ıtulo 4 temos um formalismo
de matrizes de transferˆencia, mas neste caso as matrizes ao bem mais complicadas
do que no caso descrito acima e conseguir estimativas adequadas ao ´e muito acil,
de forma que ainda ao obtivemos sucesso neste sentido.
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