Download PDF
ads:
UNIVERSIDADE FEDERAL DE S
˜
AO CARLOS
CENTRO DE CI
ˆ
ENCIAS EXATAS E DE TECNOLOGIA
PROGRAMA DE P
´
OS-GRADUAC¸
˜
AO EM MATEM
´
ATICA
Existˆencia Global de Solu¸oes para
uma Classe de Leis de
Conservao e Algumas
Considera¸oes sobre um Sistema
de Leis de Conservao
Ricardo Edem Ferreira
ao Carlos - SP
2006
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE S
˜
AO CARLOS
CENTRO DE CI
ˆ
ENCIAS EXATAS E DE TECNOLOGIA
PROGRAMA DE P
´
OS-GRADUAC¸
˜
AO EM MATEM
´
ATICA
Existˆencia Global de Solu¸oes para uma Classe de Leis de
Conservao e Algumas Considera¸oes sobre um Sistema de
Leis de Conservao
Ricardo Edem Ferreira
Orientador: Prof. Dr. Cezar Issao Kondo
Disserta¸ao apresentada ao Programa
de os-Gradua¸ao em Matem´atica da
UFSCar como parte dos requisitos
para obten¸ao do t´ıtulo de Mestre em
Matem´atica.
ao Carlos - SP
Mar¸co de 2006
ads:
Ficha catalográfica elaborada pelo DePT da
Biblioteca Comunitária da UFSCar
F383eg
Ferreira, Ricardo Edem.
Existência global de soluções para uma classe de leis de
conservação e algumas considerações sobre um sistema de
leis de conservação / Ricardo Edem Ferreira. -- São Carlos :
UFSCar, 2006.
81 p.
Dissertação (Mestrado) -- Universidade Federal de São
Carlos, 2006.
1. Equações diferenciais parciais. 2. Leis de
conservação. I. Título.
CDD: 515.353 (20
a
)
.
Orientador
Prof. Dr. Cezar Issao Kondo
.
Banca Examinadora
Prof. Dr. Cezar Issao Kondo
Prof. Dr. J R S dos S Filho
Prof. Dr. Marcelo R Ebert
Aos meus pais Francisco e Francisca.
Amo muito voes.
.
”Tudo tem o seu tempo determinado, e a tempo para
todo prop´osito debaixo do ceu: a tempo de nascer e
tempo de morrer; tempo de plantar e tempo de arran-
car o que se plantou; tempo de matar e tempo de curar;
tempo de derribar e tempo de edificar; tempo de chorar
e tempo de rir; tempo de prantear e tempo de saltar
de alegria; tempo de espalhar ped ras e tempo de ajun-
tar pedras; tempo de abra¸car e tempo de afastar-se d e
abra¸car; tempo de buscar e tempo de perder; tempo de
guardar e tempo de deitar fora; tempo de rasgar e tempo
de coser; tempo de estar calado e tempo de falar; tempo
de amar e tempo de aborrecer; tempo de guerra e tempo
de paz.”
(Eclesiastes 3)
Agradecimentos
Primeiramente a Deus por estar sempre ao meu lado, por ter me presentiado
com a vida, por ter me dado uma fam´ılia ao querida, por me dar for¸ca e esperan¸ca
para sempre continuar.
Aos meus pais, Francisco e Francisca, pelo amor, confian¸ca, apoio, e por cri-
arem uma fam´ılia ao maravilhosa.
`
A minha ao Geralda. Aos meus irm˜aos, Renato,
Helio e Ana Paula, pela amizade, paciˆencia e apoio de sempre.
`
As minhas cunhadas,
Brigida e Viviane.
`
As minh as amadas sobrinhas, Maria Clara e Maria Eduarda.
`
A
minha av´o Geralda. Em especial a Fernanda Leal, que sempre foi muito importante
em minha vida e que tanto me apoiou nesse per´ıodo.
Ao Prof. Dr. Cezar Issao Kondo, pela coordena¸ao, dedica¸ao, apoio e
paciˆencia. Em especial a Profa. Dra. Catarina M endes de Jesus que tanto me
apoiou no inicio desse trabalho.
`
As minhas amigas, Adriana e Simone, nem mesmo a distˆancia diminui a for¸ca
da nossa amizade.
Aos amigos e aos professores do PPG-M.
Ao CNPq pelo aux´ılio financeiro.
Resumo
Nesse trabalho, construiremos solu¸ao global para uma lei de conservao, devido a
C. M. Dafermos. Tamb´em discutiremos algumas propriedades para uma classe de
sistemas de leis de consevao.
Abstract
In this work, we will construct global solutions for a conservation law, due to C. M.
Dafermos. Also we will discuss some properties for a class of systems of conservation
laws, due to B. Rubino.
Sum´ario
Introdu¸ao 11
1 Preliminares 13
2 Aproxima¸ao Poligonal de Solu¸oes do Problema de Valor Inicial
para uma Lei de Consevao 17
2.1 Introdu¸ao................................. 17
2.2 Solu¸oes Admiss´ıveis ........................... 19
2.3 Existˆencia de Solu¸oes Admiss´ıveis ................... 24
3 Algumas Considera¸oes sobre o Problema de Cauchy para um Sis-
tema 2 × 2 de uma Lei de Conservao 40
3.1 Introdu¸ao................................. 40
3.2 Regi˜oesInvariantes ............................ 44
3.3 Estudo do Sistema Viscoso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
3.4 Entropias ................................. 65
3.4.1 EntropiasdoTipoProduto ................... 67
3.4.2 EntropiasdoTipoSoma ..................... 68
3.4.3 Entropias Polinomiais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69
3.4.4 O Problema de Goursat . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74
Referˆencias Bibliogr´aficas 80
Introdu¸ao
Esse trabalho est´a dividido em duas partes, apresentaremos inicialmente um
m´etodo para constru¸ao de uma solu¸ao global para uma classe de leis de conservao
baseado em [D], depois faremos algumas considera¸oes sobre um sistema ao-linear
2 × 2 hiperb´olico de leis de conservao baseadas em [Ru].
No segundo cap´ıtulo, estudaremos o problema de valor inicial
u
t
+ f(u)
x
= 0 (x, t) IR × [0, +)
u(x, 0) = u
0
(x) x IR
(1)
onde f ´e localmente Lipschitz cont´ınua em IR e u
0
´e limitada e de varia¸ao local-
mente limitada em IR. Primeiro, definiremos uma solu¸ao fraca admiss´ıvel para (1).
Depois, mostraremos a existˆencia de solu¸ao fraca admiss´ıvel para (1) em alguns
casos particulares e construiremos uma solu¸ao fraca admiss´ıvel global para o caso
geral.
No terceiro cap´ıtulo, faremos algumas considera¸oes sobre o problema de Cauchy
u
t
+

1
2
+ a
u
2
+ f(v)
x
= 0
v
t
+ (uv)
x
= 0
(u, v)
t=0
= (u
0
, v
0
),
(2)
para fun¸oes u, v definidas em IR
x
× IR
+
t
a valores reais. Assumiremos que a >
1
2
´e
constante, f C
2
(IR) ´e par e v satisfaz
f
(v)v > 0, v = 0
f
′′
(v) > 0, v = 0.
12
Verificaremos a existˆencia de regi˜oes invariantes e faremos algumas estimativas a
priori em L
. Depois, estudaremos o sistema viscoso, mostraremos a existˆencia
de infinitas entropias de diferentes tipos e aplicaremos os argumentos de Tartar e
DiPerna para provar a existˆencia de uma entropia polinomial. Finalmente, estu-
daremos o problema de Goursat.
Cap´ıtulo 1
Preliminares
Neste cap´ıtulo apresentaremos alguns conte´udos p reliminares (defin i¸oes,
lemas, teoremas) necess´arios para o desenvolvimento da disserta¸ao.
Enunciaremos agora, algumas defini¸oes e alguns resultatos que ser˜ao usados
no primeiro cap´ıtulo.
Defini¸ao 1.1 Sejam f : [a, b] IR e P = {a = x
0
< x
1
< ... < x
n
= b} uma
parti¸ao de [a, b] IR. Definimos
(f, P )
n1
i=0
|f(x
i+1
) f(x
i
)|.
A varia¸ao da fun¸ao f, no intervalo [a, b], ´e definida por
V ar
[a,b]
f sup
P
(f, P ).
Dizemos que f tem varia¸ao limitada, no intervalo [a, b], se existe M > 0 tal
que V ar
[a,b]
f M.
Defini¸ao 1.2 Uma fun¸ao f : IR IR ´e cont´ınua `a esquerda de x
0
IR se
lim
xx
0
f(x) f(x
0
) = f(x
0
)
Teorema 1.1 Se f tem varia¸ao limitada ent˜ao f(x
) existe x IR e o conjunto
onde f ´e descont´ınua ´e enumer´avel.
14
Demonstra¸ao: ver [R].
Teorema 1.2 (Teorema de Helly) Considere uma seencia de fun¸oes f
ν
: IR
IR, tais que V ar
IR
f
ν
M e |f
ν
(x)| M, ν e x IR. Ent˜ao existe uma
fun¸ao f e uma subseuˆencia {f
n
} tal que f
n
(x) f(x), x IR, V ar
IR
f M e
|f(x)| M, x IR.
Demonstra¸ao: ver [B].
A seguir, enunciaremos algumas defini¸oes e alguns resultados que ser˜ao usados
no segundo cap´ıtulo.
Defini¸ao 1.3 Seja T > 0, definamos o conjunto de fun¸oes Γ
T
por
Γ
T
= {u L
([0, T ] × IR); u(t) ¯u
r},
e o operador G sobre Γ
T
por
G(u)(t) = Z(t) u
0
t
0
Z
x
(t s) f(u(s)) ds,
u Γ
T
, onde Z ´e a solu¸ao fundamental da equa¸ao do calor e denota uma
convolu¸ao em x.
Lema 1.1 Supomos que u
0
¯u L
L
2
, f(¯u) = 0 e que u
0
¯u
= s < r.
Ent˜ao se T > 0 ´e suficientemente pequeno (dependendo de s), valem as seguintes
afirma¸oes:
a) G aplica Γ
T
em si pr´oprio.
b) G ´e uma contrao na topologia L
sobre Γ
T
.
c) Existe uma constante C
0
dependendo apenas de Z e f, tal que sempre que u Γ
T
satisfizer
u(t)
2
C
0
u
0
2
, t [0, T ], (1.1)
ent˜ao G(u) tamb´em satisfaz (1.1).
15
d) Existe uma constante C
1
dependendo apenas de Z e f , tal que sempre que u Γ
T
satisfizer
u
x
(t)
p
C
1
u
0
p
t
, 0 < t T, (1.2)
para p = 2 ou p = , ent˜ao G(u) tamb´em satisfaz (1.2).
e) Dado t
0
(0, T ), existe uma constante C
2
dependendo apenas de Z, f e t
0
, tal
que, sempre que u Γ
T
satisfizer (1.2) e
u
xx
(t)
2
C
2
(u
0
2
+ u
0
2
2
)
t t
0
, t
0
< t T, (1.3)
ent˜ao G(u) tamb´em satisfaz (1.3).
Demonstra¸ao: ver [W].
Teorema 1.3 Suponhamos u
0
¯u L
L
2
e u
0
¯u
= s < r. Ent˜ao existe
uma ´unica solu¸ao u de (3.4) definida em uma faixa [0, T ] × IR, onde T depende
somente de Z, f e s. Mais ainda, u
t
, u
x
, u
xx
ao older cont´ınuas em t t
0
> 0;
u
t
(t), u
x
(t), u
xx
(t) e u
tx
(t) est˜ao em L
2
(IR) para t > 0.
Demonstra¸ao: ver [W].
Teorema 1.4 Sejam
0
= IR × (0, T ] e = IR × [0, T ]. Seja L um operador
parab´olico com coeficientes cont´ınuos em
0
, da forma
= a(x, t)
2
ψ
x
2
+ b(x, t)
ψ
x
+ c(x, t)ψ
ψ
t
,
satisfazendo
|a(x, t)| M, |b(x, t)| M(|x| + 1), c(x, t) M(|x|
2
+ 1).
Assuma que Lv 0 em
0
e que
v(x, t) Be
β|x|
2
em ,
para algumas constantes positivas B, β. Se v(x, 0) 0 em IR ent˜ao v(x, t) 0 em
.
16
Demonstra¸ao: ver [Fr].
Defini¸ao 1.4 A seq ¨uˆencia {f
k
}
k=1
em L
(Ω), converge fraco * a f L
(Ω), e
escreve-se
f
k
f em L
(Ω)
se
lim
k→∞
f
k
g dx =
fg dx
para cada g L
1
(Ω).
Cap´ıtulo 2
Aproxima¸ao Poligonal de
Solu¸oes do Problema de Valor
Inicial para uma Lei de
Consevao
2.1 Introdu¸ao
Segundo [D], Considere o problema de valor inicial
u
t
+ f(u)
x
= 0 (x, t) IR × [0, +)
u(x, 0) = u
0
(x) x IR,
(2.1)
onde f ´e localmente Lipschitz cont´ınua em IR e u
0
´e limitada e de varia¸ao localmente
limitada em IR.
Em geral, ao existe solu¸ao cl´assica de (2.1), mesmo quando f e u
0
ao suaves.
Segundo [D], estabeleceremos a existˆencia de uma solu¸ao que satisfaz a condi¸ao
proposta por Hopf [Hf]. Tal solu¸ao ser´a constru´ıda primeiro em um caso especial
onde u
0
´e uma fun¸ao constante por partes e f(u) ´e linear por partes. No caso geral,
aproximaremos f(u) por uma seq¨encia de fun¸oes lineares por partes e u
0
por uma
seq¨uˆencia de fun¸oes constantes por partes, ent˜ao estabeleceremos a existˆencia de
18
solu¸ao atrav´es de um argumento sugerido por Oleinik [O].
19
2.2 Solu¸oes Admiss´ıveis
Defini¸ao 2.1 Uma fun¸ao localme nte limitada e mensur´avel u(x, t) definida em
IR×[0, +) ´e chamada uma solu¸ao fraca admiss´ıvel de (2.1), segundo [Hf], se para
qualquer fun¸ao h(u) ao-decrescente e qualquer fun¸ao φ(x, t) C
1
c
(IR × [0, +))
ao-negativa, tivermos
+
0
+
−∞
(I(u)φ
t
+ F (u)φ
x
) dxdt +
+
−∞
I(u
0
)φ(x, 0) dx 0, (2.2)
onde
I(u)
u
h(ξ) , F (u)
u
h(ξ) df(ξ). (2.3)
Observao 2.1 Se u(x, t) ´e definida em IR × [0, T ) e (2.2) ´e satisfeita para toda
fun¸ao φ(x, t) C
1
c
(IR×[0, +)) ao-negativa, ent˜ao u(x, t) ´e chamada uma solu¸ao
local fraca admiss´ıvel de (2.1) em IR × [0, T ).
Observao 2.2 Se h(u) 1 ent˜ao I(u) = u e F (u) = f(u), logo (2.2) torna-se
+
0
+
−∞
(
t
+ f(u)φ
x
) dxdt +
+
−∞
u
0
φ(x, 0) dx 0,
por outro lado, se h(u) 1 ent˜ao I(u) = u e F (u) = f (u), assim (2.2) torna-se
+
0
+
−∞
(
t
f(u)φ
x
) dxdt +
+
−∞
u
0
φ(x, 0) dx 0,
as duas desigualdades mostram que
+
0
+
−∞
(
t
+ f(u)φ
x
) dxdt +
+
−∞
u
0
φ(x, 0) dx = 0,
essa ´e uma condi¸ao satisfeita por qualquer solu¸ao fraca de (2.1).
Proposi¸ao 2.1 Uma fun¸ao constante por partes u(x, t) com linha de descon-
tinuidade suave x = ¯x(t), t (a, b), ou seja, a fun¸ao u(x, t) ´e descont´ınua em
(¯x(t), t), t (a, b), que satisfaz u(x, 0) = u
0
(x), x IR, ´e uma solu¸ao fraca ad-
miss´ıvel de (2.1) se, e somente se, a seguinte condi¸ao ´e satisfeita: suponha que
x = ¯x(t), t (a, b), ´e qualquer linha de descontinuidade de u(x, t) e sejam
u
lim
x¯x(t)
u(x, t), u
+
lim
x¯x(t)
+
u(x, t).
Ent˜ao:
20
i) A curva ¯x(t) ´e uma reta com inclina¸ao
d¯x
dt
=
f(u
+
) f(u
)
u
+
u
. (2.4)
ii) Para qualquer u entre u
e u
+
f(u
+
) f(u)
u
+
u
f(u
+
) f(u
)
u
+
u
. (2.5)
Observa¸ao 2.3 A equa¸ao (2.4) ´e a cl´assica condi¸ao de salto, em dinˆamica dos
gases ´e conhecida como condi¸c ˜ao de Rankine-Hugoniot, enquando (2.5) ´e a condi¸ao
de Oleinik.
Observa¸ao 2.4 De acordo com (2.5), observamos que se u est´a entre u
+
e u
e f ´e estritamente convexa, ent˜ao temos que o ponto (u, f(u)), est´a abaixo da reta
que passa pelos pontos (u
, f(u
)) e (u
+
, f(u
+
)), logo u
+
< u
. Do mesmo modo,
se u est´a entre u
+
e u
e f ´e estritamente oncava, temos que o ponto (u, f(u)),
est´a acima da reta que passa pelos pontos (u
, f(u
)) e (u
+
, f(u
+
)), logo u
< u
+
.
Agora demonstraremos a Proposi¸ao 2.1.
Demonstra¸ao:
Supomos que u(x, t) ´e uma solu¸ao fraca adm´ıssivel de (2.1). Enao, h(u)
ao-decrescente e φ(x, t) C
1
c
(IR × [0, +) ao-negativa, u(x, t) satisfaz (2.2).
Sejam ¯x uma curva suave na qual u tem um salto de descontinuidade, e
u
lim
x¯x(t)
u(x, t) e u
+
lim
x¯x(t)
+
u(x, t).
Sejam p um p onto pertencente a ¯x e B uma bola fechada, centrada em p tal que
t > 0, (x, t) B. Seja φ C
1
c
(B), assim
+
−∞
I(u
0
)φ(x, 0) dx = 0, logo temos
B
(I(u)φ
t
+ F (u)φ
x
) dxdt =
B
1
I(u
)φ
t
+ F (u
)φ
x
dxdt
+
B
2
I(u
+
)φ
t
+ F (u
+
)φ
x
dxdt 0,
21
t
x
p
B
1
B
2
Q
1
Q
2
u
+
u
Figura 2.1: B = B
1
B
2
contem o suporte compacto da φ.
onde B
1
= {(x, t); t ¯x(t)}
B e B
2
= {(x, t); t ¯x(t)}
B.
Usando o Teorema de Green, temos que
B
(I(u)φ
t
+ F (u)φ
x
) dxdt =
B
1
I(u
)φ dx + F (u
)φ dt
+
B
2
I(u
+
)φ dx + F (u
+
)φ dt 0.
Como φ = 0 em B, temos que
Q
2
Q
1
I(u
) + I(u
+
)
φ(¯x(t), t) dx +
F (u
) F (u
+
)
φ(¯x(t), t) dt 0,
φ C
1
0
(B).
Parametrizando x = ¯x(t) e como φ ´e arbitr´aria temos que
I(u
+
) I(u
)
dx
dt
F (u
+
) F (u
). (2.6)
Fazendo h(u) 1 temos que I(u) = u e F (u) = f(u), assim
u
+
u
dx
dt
f(u
+
) f(u
).
Por outro lado, se h(u) 1 enao I(u) = u e F (u) = f(u), logo
u
u
+
dx
dt
f(u
) f(u
+
).
22
Portanto
dx
dt
=
f(u
+
) f(u
)
u
+
u
,
assim, verificamos o item i). Para verificarmos o item ii), supomos primeiro que
u
˜u u
+
. Definimos
h(u) =
0, u < ˜u
1, u ˜u,
assim, temos que
I(u) =
0, u < ˜u
u ˜u, u ˜u
, F (u) =
0, u < ˜u
f(u) f(˜u), u ˜u.
Logo I(u
) = 0, I(u
+
) = u
+
˜u, F (u
) = 0 e F (u
+
) = f(u
+
) f(˜u), dessa forma
obtemos, de (2.6)
f(u
+
) f(˜u)
u
+
˜u
f(u
+
) f(u
)
u
+
u
.
Um argumento an´alogo mostra que a desigualdade ´e verdadeira quando u
+
˜u
u
.
Reciprocamente, supomos que u(x, t) ´e uma fun¸ao constante por partes, com
uma linha de descontinuidade suave, ¯x(t), que satisfaz u(x, 0) = u
0
(x), x IR,
sem perda de generalidade podemos supor que ¯x(t) passa pela origem, al´em disso,
supomos que u(x, t) satisfaz i) e ii).
Sejam φ(x, t) C
1
c
(IR×[0, +) e R = [a, b]×[0, T ] um retˆangulo que contem o
suporte de φ, tal que R = R
1
R
2
, como na figura (2.2), onde R
1
= R
{(x, t); t
¯x(t)} e R
2
= R
{(x, t); t ¯x(t)}. Queremos mostrar que u(x, t) satisfaz (2.2).
23
t
x
R
1
R
2
T
u
u
+
a
Figura 2.2: R = R
1
R
2
´e o suporte compacto de φ.
Como φ(x, 0) = 0, temos que
R
(I(u)φ
t
+ F (u)φ
x
) dxdt =
R
1
I(u
)φ dx + F (u
)φ dt
+
R
2
I(u
+
)φ dx + F (u
+
)φ dt
=
T
0
I(u
) + I(u
+
)
f(u
+
) f(u
)
u
+
u
+
T
0
F (u
) F (u
+
)
φ(¯x(t), t) dt.
Pelo Lema 6.1 de [G-R], temos que
I(u
) + I(u
+
)
f(u
+
) f(u
)
u
+
u
+
F (u
) F (u
+
)
0,
assim, u(x, t) satisfaz (2.2).
24
2.3 Existˆencia de Solu¸oes Admiss´ıveis
O resultado mais importante desse cap´ıtulo ´e o
Teorema 2.1 Assuma que u
0
´e cont´ınua `a esquerda, tem varia¸ao localmente lim-
itada em IR e que existem m, M IR, tais que
m u
0
(x) M, x IR. (2.7)
Se f(u) ´e localmente lipschitz cont´ınua em IR e
|f(u) f(u
)| K|u u
|, u, u
[m, M], (2.8)
ent˜ao existe uma solu¸ao fraca admiss´ıvel u(x, t) de (2.1) que tem as seguintes pro-
priedades, para todo t fi xo em [0, +):
u(x, t) ´e cont´ınua `a esquerda.
u(x, t) ´e limitada superiormente por M e inf eriorme nte por m.
u(x, t) tem varia¸ao localmente limitada em IR.
A restri¸ao de u(x, t) em qualquer intervalo [x
1
, x
2
] est´a unicamente deter-
minada pela restri¸ao de u
0
no intervalo [x
1
Kt, x
2
+ Kt] (dom´ınio de de-
pendˆencia finita).
Al´em disso,
V ar
[x
1
,x
2
]
u(x, t) V ar
[x
1
Kt,x
2
+Kt]
u
0
(x) (2.9)
Antes de demonstrarmos o Teorema 2.1, estudaremos dois casos especiais,
Lema 2.1 e Lema 2.2.
Lema 2.1 (O problema de Riemann para uma aproxima¸ao poligonal)
Assuma que f ´e linear por partes, ou seja, existe uma parti¸ao P = {m = x
0
<
··· < x
n
= M} de [m, M] tal que f ´e linear em cada intervalo [x
i1
, x
i
], i = 1, . . . , n.
Supomos que f satisfaz (2.8) e
u
0
u
l
, x (−∞, 0]
u
r
, x (0, +).
25
onde u
l
e u
r
ao constantes em [m, M]. Ent˜ao existe uma solu¸ao fraca admiss´ıvel
de (2.1), que consiste de um n´umero finito de constantes separadas por ondas de
choque centradas na origem.
Demonstra¸ao: Supomos primeiro que u
l
< u
r
. A fronteira da casca convexa
do conjunto {(u, v); u
l
u u
r
, v f(u)} ´e uma poligonal com v´ertices nos pon-
tos (u
l
, f(u
l
)) , ( u
1
, f(u
1
)) , ( u
2
, f(u
2
)) , . . . ,
u
k
, f(u
k
)
, (u
r
, f(u
r
)), sendo u
l
< u
1
<
··· < u
k
< u
r
, onde (u
1
, f(u
1
)) , ( u
2
, f(u
2
)) , . . . ,
u
k
, f(u
k
)
ao tamem ertices do
gr´afico de f.
ft
u
u
l
u
r
u
1
u
2
u
3
Figura 2.3: A linha pontilhada ´e um exemplo de representa¸ao de fronteira da casca
convexa entre u
1
e u
3
, para uma fun¸ao f linear por partes.
Mostraremos primeiro que
K
f (u
n+1
) f (u
n
)
u
n+1
u
n
<
f (u
n+2
) f (u
n+1
)
u
n+2
u
n+1
K,
onde n = 0, 1, 2, . . . , k 1, u
0
= u
l
e u
k+1
= u
r
.
Como os pontos (u
l
, f(u
l
)) , (u
1
, f(u
1
)) , (u
2
, f(u
2
)) , . . . ,
u
k
, f(u
k
)
, (u
r
, f(u
r
)) ao
v´ertices de uma poligonal convexa, todos os pontos do gr´afico de f est˜ao acima
da reta que passa pelos pontos (u
n
, f(u
n
)) e (u
n+1
, f(u
n+1
)) e acima da reta que
passa pelos pontos (u
n+1
, f(u
n+1
)) e (u
n+2
, f(u
n+2
)), n = 0, 1, 2, . . . , k 1. Sejam
y
1
e y
2
as equa¸oes dessas retas e m
1
e m
2
suas inclina¸oes, respectivamente. Se
m
1
= m
2
enao y
1
e y
2
ao a mesma reta e o ponto (u
n+1
, f(u
n+1
)) ao ´e v´ertice,
o que ´e uma contradi¸ao pela constru¸ao. Supomos agora que m
1
> m
2
. Como
y
1
(u
n+1
) = y
2
(u
n+1
) e u
n+1
< u
n+2
, enao y
1
(u
n+2
) > y
2
(u
n+2
). Mas nesse caso
26
temos um ponto da poligonal que est´a abaixo da reta y
1
, o que ´e uma contradi¸ao,
pois a poligonal ´e convexa. Portanto m
1
< m
2
. Como K m
1
< m
2
K, pois f
´e lipschitz em [m, M] com constante K, temos que
K
f (u
1
) f (u
l
)
u
1
u
l
<
f (u
2
) f (u
1
)
u
2
u
1
< ···
<
f
u
k
f
u
k1
u
k
u
k1
<
f (u
r
) f
u
k
u
r
u
k
K. (2.10)
Definimos
u(x, t) =
u
l
,
x
t
f (u
1
) f (u
l
)
u
1
u
l
u
1
,
f (u
1
) f (u
l
)
u
1
u
l
<
x
t
f (u
2
) f (u
1
)
u
2
u
1
.
.
.
u
k
,
f
u
k
f
u
k1
u
k
u
k1
<
x
t
f (u
r
) f
u
k
u
r
u
k
u
r
,
f (u
r
) f
u
k
u
r
u
k
<
x
t
,
(2.11)
portanto u(x, t) definida em (2.11) satisfaz (2.4). Devido a convexidade da poligonal
que forma a fronteira da casca convexa, obtemos
f(u
n+1
) f(u)
u
n+1
u
f(u
n+1
) f(u
n
)
u
n+1
u
n
,
u (u
n
, u
n+1
), n = 0, 1, 2, . . . , k 1, logo u(x, t) satisfaz (2.5). Assim, segundo a
Proposi¸ao 2.1, temos que u(x, t) ´e uma solu¸ao fraca admiss´ıvel de (2.1).
No caso em que u
l
> u
r
, sejam (u
r
, f(u
r
)),
u
k
, f(u
k
)
, . . ., (u
1
, f(u
1
)),
(u
l
, f(u
l
)), onde u
r
< u
k
< ··· < u
1
< u
l
, os ertices da fronteira da casca oncava
do conjunto {(u, v); u
r
u u
l
, v f(u)}. Enao (2.10) ´e verificado. Assim, u(x, t)
definida como em (2.11) ´e uma solu¸ao fraca admiss´ıvel de (2.1).
Lema 2.2 O Teorema 2.1 ´e verdadeiro se f(u) ´e linear por partes satisfazendo (2.8)
27
t
u
l
u
k
u
r
u
1
x
Figura 2.4: Representa¸ao de uma solu¸ao fraca admiss´ıvel de (2.1), p ara u
l
< u
r
.
com
u
0
v
1
, x x
1
v
2
, x
1
< x x
2
.
.
.
v
s
, x
s1
< x,
(2.12)
onde v
j
´e constante em [m, M], j = 1, . . . , s.
Demonstra¸ao: Seja
(u
1
, f(u
1
)) , . . . ,
u
k
, f(u
k
)

o conjunto de todos os ertices
do gr´afico de f com abscissas u em [m, M]. Defina J
u
1
, . . . , u
k
{v
1
, . . . , v
s
}.
Diremos que uma fun¸ao u(x, t) em IR × [0, T ) ´e de classe D
T
se as seguintes
condi¸oes ao satisfeitas:
i) u(x, t) ´e uma solu¸ao fraca local admiss´ıvel de (2.1) em IR × [0, T ).
ii) Para qualquer t [0, T ) fixo, u(x, t) ´e uma fun¸ao constante por partes com
valores em J, cont´ınua `a esquerda e de varia¸ao limitada em IR. Mais ainda
V ar
IR
u(x, t) V ar
IR
u
0
(x). (2.13)
iii) Para todo t, t
[0, T )
+
−∞
|u(x, t) u(x, t
)|dx K|t t
| V ar
IR
u
0
. (2.14)
Provaremos que existe uma fun¸ao u(x, t) de classe D
, ou seja, u(x, t) ´e uma
fun¸ao que satisfaz os itens i), ii) e iii) para todo T > 0. Para isso ´e suficiente
28
mostrarmos primeiro que para algum τ > 0 existe uma fun¸ao em D
τ
e segundo que
se u(x, t) ´e de classe D
T
para algum T > 0, ent˜ao existe T
> T e uma extens˜ao de
u(x, t) em IR × [0, T
) a qual ´e de classe D
T
.
Aplicando o Lema 2.1 para v
j
e v
j+1
, j = 1, 2, . . . , s 1, temos um n´umero
finito de solu¸oes u
j
(x, t), j = 1, 2, . . . , s 1, que assumem valores no conjunto
J, e um n´umero finito de choques entre as linhas de descontinuidade. Escolhemos
τ > 0 de modo que ele seja menor que o instante T onde ocorre o primeiro choque
entre as linhas d e descontinuidade. Definimos u(x, t) = u
j
(x, t) se u
0
(x) = v
j
,
j = 1, 2, . . . , s 1, e u(x, t) = u
s1
(x, t) se u
0
(x) = v
s
, assim obtemos uma solu¸ao
fraca local admiss´ıvel u(x, t) de (2.1) em IR × [0, τ), pelo Lema 2.1.
Fixando τ , de acordo com a demonstra¸ao do Lema 2.1, temos que se v
j
< v
j+1
,
j = 1, 2, . . . , s 1, enao os v´ertices da poligonal que formam a fronteira da casca
convexa do conjunto {(u, w); v
j
u v
j+1
, w f(u)}, ao tais que v
j
< u
1
j
<
··· < u
m
j
< v
j+1
, j = 1, 2, . . . , s 1. Assim, para t [0, τ) fixo, dado uma parti¸ao
P = {a = x
0
< x
1
< ··· < x
n
= b}, de um intervalo [a, b] IR, onde u(a, t) = v
j
e
u(b, t) = v
j+1
, para algum j = 1, . . . , s 1, temos
n
i=1
| u(x
i
, t) u(x
i1
, t) |=| u(b, t) u(a, t) |=| v
j+1
v
j
| .
Quando v
j
> v
j+1
, j = 1, 2, . . . , s 1, obtemos o mesmo resultado.
Dessa forma, se u(a, t) = v
1
e u(b, t) = v
s
enao
n1
i=1
|u(x
i
, t) u(x
i1
, t)| =
j=s1
j=1
|v
j+1
v
j
|,
portanto
V ar
IR
u(x, t) = V ar
IR
u
0
(x).
Ae agora, mostramos que u(x, t) satisfaz i) e ii) em IR×[0, τ), resta mostrarmos
que u(x, t) satisfaz iii) em IR × [0, τ).
Para isso ´e suficiente mostrarmos que: supondo v
j
< u
n
< u
n+1
< v
j+1
, sejam
t, t
[0, τ) e x
1
, x
2
, x
3
, x
4
, x
5
, x
6
, os pontos onde as linhas de descontinuidade tocam
as retas t e t
, conforme a figura (2.5). Notamos que x
1
= α
1
t + c, x
2
= α
1
t
+ c, x
3
=
29
α
2
t
+ c, x
4
= α
3
t
+ c, x
5
= α
2
t + c e x
6
= α
3
t + c, onde α
1
, α
2
e α
3
ao as inclina¸oes
das linhas de descontinuidade e c ´e uma constante, conforme a figura (2.5).
t
t
x
1
x
2
x
3
x
4
x
5
x
6
v
j
v
j+1
u
n
u
n+1
Figura 2.5:
Assim, temos
x
6
x
1
|u(x, t) u(x, t
)|dx =
x
2
x
1
|u
n
v
j
|dx +
x
4
x
3
|u
n+1
u
n
|dx
+
x
5
x
4
|v
j+1
u
n
|dx +
x
6
x
5
|v
j+1
u
n+1
|dx
=
u
1
v
j
(α
1
t
α
1
t) +
u
n+1
u
n
(α
3
t
α
2
t
)
+ (v
j+1
u
n
) (α
2
t α
3
t
) +
v
j+1
u
n+1
(α
3
t α
2
t)
= (u
n
v
j
) α
1
(t
t) +
v
j+1
u
n+1
α
3
(t
t)
+
u
n+1
u
n
α
2
(t t
)
|v
j+1
v
j
|K|t t
|.
Segue que
+
−∞
|u(x, t) u(x, t
)|dx
s1
j=1
|v
j+1
v
j
|K|t t
| K|t t
|V ar
IR
u
0
,
t, t
[0, τ). Portando u(x, t) ´e de classe D
τ
.
Supomos agora que u(x, t) ´e de classe D
T
. Mostraremos que existe T
> T tal
que podemos extender u a ˜u de classe D
T
.
Dados B IR compacto e t, t
[0, T ), de (2.14) obtemos
B
|u(x, t) u(x, t
)|dx K|t t
| V ar
IR
u
0
.
30
Como L
1
Loc
(IR) ´e completo, existe u(x, T ) L
1
Loc
(IR) tal que u(x, t) u(x, T ),
quando t T , em L
1
Loc
(IR).
Sejam x
1
, x
2
IR tais que x
1
< x
2
. Ent˜ao
x
2
x
1
|u(x, t
) u(x, t)|dx K|t
t| V ar
IR
u
0
,
tomando o limite quando t
T , temos
x
2
x
1
|u(x, T ) u(x, t)|dx K|T t| V ar
IR
u
0
.
Como x
1
e x
2
ao arbitr´arios, fazendo x
1
−∞ e depois x
2
+, obtemos
+
−∞
|u(x, T ) u(x, t)|dx K|T t| V ar
IR
u
0
.
Consideramos agora a fam´ılia {u(x, t)}
t[0,T )
. Temos que t [0, T ) fixo,
|u(x, t)| |u
0
(x)| max{|M|, |m|}, e que u(x, t) satisfaz (2.13). Assim pelo Teo-
rema (1.2) (Teorema de Helly) existe uma subseq¨uˆencia (u(x, t)) de {u(x, t)}
t[0,T )
que converge pontualmente para uma fun¸ao limitada e de varia¸ao limitada. Como
u(x, t) u(x, T ) em L
1
Loc
(IR), enao u(x, T ) pode ser identificada como uma fun¸ao
de varia¸ao limitada cont´ınua `a esquerda, al´em disso, |u(x, T )| max{|M|, |m|} e
V ar
IR
u(x, T ) V ar
IR
u
0
, (2.15)
Em particular, como existe uma subseq¨uˆencia (u(x, t)) de {u(x, t)}
t[0,T )
que
converge pontualmente para u(x, T ), conclu´ımos que u(x, T ) ´e constante por partes
com valores em J, al´em disso, devido a (2.15), u(x, T ) tem um umero cont´avel de
pontos de descontinuidade.
Supomos que u(x, T ) tem um n´umero infinito de pontos de descontinuidade
em u m intervalo [a, b] IR. Dada uma parti¸ao P = {x
0
= a, x
1
, . . . , x
n
= b} do
intervalo [a, b], devido a nossa hip´otese e ao fato que u(x, T ) assume valores em J,
podemos supor que |u(x
j
, T ) u(x
j1
, T )| > 0, j = 1, . . . , n, assim obtemos
n
j=1
|u(x
j
, T ) u(x
j1
, T )| nC,
onde C = min{|x y|; x, y J, x = y}. Fazendo n temos uma contradi¸ao
com (2.15). Com um argumento similar podemos mostrar uma contradi¸ao quando
31
todo intervalo [a, b] IR possui um n´umero finito de pontos de descontinuidades.
Portanto u(x, T ) tem um n´umero finito de pontos de descontinuidades.
Podemos enao usar a fun¸ao u(x, T ) como novo dado inicial no enunciado
do Lema 2.2 e construir uma solu¸ao fraca local admiss´ıvel u
(x, t) de (2.1) em
IR ×[T, T
) que admite condi¸ao inicial u(x, T ). Como antes, (2.14) ´e satisfeita para
quaisquer t, t
[T, T
). Mais ainda
V ar
IR
u
(x, t) = V ar
IR
u(x, T ),
t [T, T
).
Assim, por (2.15), conclu´ımos que
˜u(x, t) =
u(x, t), t [0, T )
u
(x, t), t [T, T
).
satisfaz (2.13), e se t [0, T ) e t
[T, T
) ent˜ao
+
−∞
|˜u(x, t) ˜u(x, t
)|dx =
+
−∞
|u(x, t) u
(x, t
)|dx
+
−∞
|u(x, t) u(x, T )|dx
+
+
−∞
|u(x, T ) u
(x, t
)|dx
KV ar
IR
u
0
(|t T | + |t
T |)
K|t t
| V ar
IR
u
0
,
logo ˜u(x, t) satisfaz (2.14), portanto ´e de classe D
T
.
Continuando esse processo estabelecemos a existˆencia de uma solu¸ao fraca
admiss´ıvel de (2.1) em D
.
Agora, mostraremos que (2.9) ´e verificada. Considerando ainda a solu¸ao
u(x, t) de (2.1), em IR × [0, T ). Sejam x
1
, x
2
IR tais que x
1
< x
2
, t [0, T ) fixo,
32
u(x
1
, t) = u
j
e u(x
2
, t) = u
i
, sendo u
j
, u
i
J. Suponha que u
0
(x) {v
k1
, v
k
, v
k+1
},
x [x
1
Kt, x
2
+ Kt], e al´em disso que u
j
est´a entre os valores v
k1
e v
k
e u
i
est´a
entre os valores v
k
e v
k+1
. Seja P = {x
1
= s
0
< s
1
< ... < s
m
= x
2
} uma parti¸ao
do intervalo [x
1
, x
2
], assim temos que
m
l=1
|u(s
l
, t) u(s
l1
, t)| = |u
j
v
k
| + |v
k
u
i
|,
pois devido a constru¸ao da solu¸ao os valores que a fun¸ao u(x, t) assum e entre u
j
e v
k
e entre v
k
e u
i
, est˜ao dispostos de forma crescente ou decrescente, de modo que
temos cancelamentos. Supomos ainda que v
k1
< u
j
< v
k
< u
i
< v
k+1
, assim
m
l=1
|u(s
l
, t) u(s
l1
, t)| = v
k
u
j
+ u
i
v
k
= u
i
u
j
< v
k+1
v
k1
< |v
k+1
v
k
| + |v
k1
v
k
|,
Seja P
= P
{x
1
Kt = s
, x
2
+ Kt = s
′′
}, que ´e uma parti¸ao do intervalo
[x
1
Kt, x
2
+ Kt], assim
m
l=1
|u
0
(s
l
) u
0
(s
l1
)| + |u
0
(s
0
) u
0
(s
)| + |u
0
(s
′′
) u
0
(s
m
)|
|v
k+1
v
k
| + |v
k1
v
k
| V ar
[x
1
Kt,x
2
+Kt]
u
0
(x),
logo
m
l=1
|u(s
l
, t) u(s
l1
, t)| < |v
k+1
v
k
| + |v
k1
v
k
| V ar
[x
1
Kt,x
2
+Kt]
u
0
(x).
Portanto
V ar
[x
1
,x
2
]
u(x, t) V ar
[x
1
Kt,x
2
+Kt]
u
0
(x).
Os casos v
k1
> v
k
> v
k+1
, v
k1
> v
k
e v
k
< v
k1
, v
k1
< v
k
e v
k
> v
k+1
ao
an´alogos. (ver figura (2.6)).
Assim o m´etodo de constru¸ao garante que (2.9) ´e verificado.
Finalmente, a restri¸ao de u(x, t) a qualquer intervalo [x
1
, x
2
], fica determinada
de forma ´unica pela restri¸ao de u
0
ao intervalo [x
1
Kt, x
2
+Kt]. De fato, pelo limite
na inclina¸ao das linhas de descontinuidade da solu¸ao u(x, t), podemos aplicar os
resultados anteriores a restri¸ao de u
0
, por constru¸ao temos a unicidade.
33
t
x
1
Kt
x
1
x
2
x
2
+ Kt
v
k1
v
k
v
k+1
u
j
u
i
Figura 2.6: Dom´ınio de dependˆen cia finita.
Observao 2.5 A prova do Lema (2.2), sugere o seguinte etodo num´erico
de constru¸ao de uma solu¸ao de (2.1) para f(u) linear por partes e u
0
(x) uma
fun¸ao constante por partes: por superposi¸ao de solu¸oes do problema de Riemann
constru´ımos uma solu¸ao em IR×[0, T
1
), onde T
1
´e o tempo em que o primeiro choq ue
ocorre. Ent˜ao repetimos o processo usando u(x, T
1
) como nova condi¸ao inicial
(que ´e tam b´em uma fun¸ao constante por partes). Assim extendemos a solu¸ao em
IR × [0, T
2
), onde T
2
´e o tempo em que o primeiro ”novo” choque ocorre, e assim
continuamos sucessivamente. Implementando, este processo ao existe garantia que
possamos atingir todos os pontos t [0, +) em um umero finito de passos. (ver
figura (2.7)).
u
1
u
2
u
3
u
4
u
5
v
1
v
2
v
3
v
4
x
1
x
2
x
3
u
6
u
7
u
8
u
9
u
10
u
11
u
16
u
12
u
13
u
14
u
15
T
T
Figura 2.7: Exemplo de superposi¸ao de solu¸oes locais fracas admiss´ıveis.
Exemplo 2.1 Suponha por´em que f(u) ´e convexa, e que v
j+1
< v
j
, j = 1, ..., s 1.
Nesse caso, pela observa¸ao 2.4, podemos construir a solu¸ao com apenas uma linha
de descontinuidade separando dois valores diferentes do dado inicial, al´em disso
duas, ou mais linhas de descontinuidades, quando se tocam produzem no aximo
uma linha de descontinuidade. Assim a solu¸ao global pode ser constru´ıda em um
34
umero finito de passos. Quando a fun¸ao f ´e oncava, podemos fazer uma an´alise
semelhante. (ver figura (2.8)).
t
x
v
1
v
2
v
3
x
1
x
2
Figura 2.8: Exemplo de solu¸ao para f convexa.
Agora, estamos preparados para demostrar o Teorema 2.1.
Demonstra¸ao:
Assumimos primeiro que u
0
(x) ´e de varia¸ao limitada em IR. Como u
0
(x) ´e
cont´ınua `a esquerda e limitada, podemos aproxim´a-la por baixo, como na integral
de Riemann, por uma seq¨uˆencia de fun¸oes (u
n
0
) constantes por partes tais que
u
n
0
(x) u
0
(x), n +,
x IR. Al´em disso, temos que |u
n
0
(x)| max{|m|, |M|}, n IN.
Dados u
n
0
(x) e [a, b] IR, seja P = {x
0
= a, x
1
, . . . , x
n
= b} a parti¸ao do
intervalo [a, b] tal que u
n
0
(x
j
) = u
0
(x
j
), j = 0, 1, . . . , n, e dado y u
n
0
([a, b]) enao
u
n
0
(x
j
) = y para algum j = 0, 1, . . . , n, isso ´e poss´ıvel devido `a constru¸ao das u
n
0
(x).
Dessa forma, obtemos
n
j=1
|u
n
0
(x
j
) u
n
0
(x
j1
)| =
n
j=1
|u
0
(x
j
) u
0
(x
j1
)| V ar
IR
u
0
(x).
Assim, dada qualquer parti¸ao Q do intervalo [a, b], temos
(u
n
0
, Q)
(u
n
0
, Q
p) =
(u
n
0
, P ) V ar
IR
u
0
(x).
Portanto temos que
u
n
0
(x) u
0
(x), n + em L
1
Loc
(IR). (2.16)
V ar
IR
u
n
0
(x) V ar
IR
u
0
(x). (2.17)
35
Considere tamem a seq¨encia (f
n
(u)) de fun¸oes lineares por partes com
v´ertices nos pontos (u
0
, f(u
0
)) , ..., (u
n
, f(u
n
)), onde u
i
= m+
i(M m)
n
, i = 0, ..., n,
ou seja, para cada n IN, dividimos o intervalo [m, M] em n subintervalos de
comprimento igual a
1
n
, sendo que u
0
= m e u
n
= M. Note que devido a (2.8)
|f
n
(u) f
n
(u
)| K|u u
|, (2.18)
u, u
[m, M] e
| f(u) f
n
(u) |
2K(M m)
n
, (2.19)
u [m, M], n = 1, 2, ....
De fato, se u [u
j1
, u
j
] e u
[u
j
, u
j+1
] ent˜ao
|f
n
(u) f
n
(u
)| |f
n
(u) f
n
(u
j
)| + |f
n
(u
j
) f
n
(u
)|
K|u u
j
| + K|u
j
u
| = K|u u
|.
Para verificar (2.19), se u [u
j1
, u
j
], notamos que f
n
(u
j
) = f(u
j
), assim
|f(u) f
n
(u)| |f(u) f(u
j
)| + |f
n
(u) f
n
(u
j
)|
2K|u u
j
| 2K
(M m)
n
.
Seja u
n
(x, t) a solu¸ao fraca admiss´ıvel do problema de valor inicial
u
t
+ f
n
(u)
x
= 0 (x, t) IR × [0, +)
u(x, 0) = u
n
0
(x) x IR,
(2.20)
cuja existˆencia ´e verificada no Lema 2.2 e que satisfaz as propriedades da classe
D
. Para t odo t [0, +) fixo, e em virtude de (2.13) e (2.17), a seq¨encia
(u
n
(x, t)) ´e uniformemente limitada e de varia¸ao uniformemente limitada em IR,
pois |u
n
(x, t)| |u
0
(x)| max{|M|, |m|}, n IN, al´em disso
V ar
IR
u
n
(., t) V ar
IR
u
n
0
V ar
IR
u
0
,
n IN.
36
Seja {t
n
} um conjunto enumer´avel de n´umeros racionais, em [0, ). Pelo Teo-
rema (1.2) (Teorema de Helly), existe uma subseq¨uˆen cia (u
1
n
(x, t
1
)) de {u
n
(x, t
1
)}
pontualmente convergente. Considerando agora a fam´ılia {u
1
n
(x, t
2
)}, novamente
pelo Teorema (1.2) existe uma subseq¨uˆencia (u
2
n
(x, t
2
)) de {u
1
n
(x, t
2
)}, pontualmente
convergente. Continuando esse processo, encontramos uma subseq¨encia (u
m
n
(x, t
m
))
de {u
m1
n
(x, t
m1
)}, pontualmente convergente. Tome enao a seq¨encia (u
n
n
(x, t)).
Seja t
j
{t
n
}, como (u
j
n
(x, t
j
)) ´e convergente, enao (u
n
n
(x, t
j
)) converge pontual-
mente quando n +, para cada j IN. Para simplificar a nota¸ao vamos chamar
u
n
n
(x, t) de u
n
(x, t).
Seja u
n
(x, t
j
) φ
j
(x), n +, para cada j IN, assim, para qualquer
intervalo [x
1
, x
2
] IR,
x
2
x
1
|u
n
(x, t
j
) u
m
(x, t
j
)|dx
x
2
x
1
|u
n
(x, t
j
) φ
j
(x)|dx
+
x
2
x
1
|u
m
(x, t
j
) φ
j
(x)|dx.
Pelo Teorema da Convergˆencia Dominada k
0
IN tal que se n > k
0
enao
x
2
x
1
|u
n
(x, t
j
) φ
j
(x)|dx <
ε
6
Assim, se m, n k
0
enao
x
2
x
1
|u
n
(x, t
j
) u
m
(x, t
j
)|dx <
ε
6
+
ε
6
=
ε
3
.
Logo (u
n
(x, t)) converge tamem em L
1
Loc
(IR), t {t
n
} fixo.
Sejam t [0, ), t
[0, ) racional e [x
1
, x
2
] IR, ent˜ao
x
2
x
1
|u
n
(x, t) u
m
(x, t)|dx
+
−∞
|u
n
(x, t) u
n
(x, t
)|dx
+
x
2
x
1
|u
n
(x, t
) u
m
(x, t
)|dx +
+
−∞
|u
m
(x, t) u
m
(x, t
)|dx. (2.21)
De (2.14) e (2.17), temos que
+
−∞
|u
n
(x, t) u
n
(x, t
)|dx K|t t
|V ar
IR
u
n
0
(x)
K|t t
|V ar
IR
u
0
(x) (2.22)
37
n IN.
Dados t [0, ) e ε > 0, tome t
[0, ) racional tal que
|t t
|
ε
3KV ar
IR
u
0
(x)
,
enao
x
2
x
1
|u
n
(x, t) u
m
(x, t)|dx <
ε
3
+
ε
3
+
ε
3
= ε.
Por outro lado, dados B [0, ) compacto, t B e ε > 0. Seja ε
1
=
ε
KV ar
IR
u
0
(x)
. Temos que B
t
j
∈{t
n
}
B
(t
j
ε
1
, t
j
+ ε
1
), logo existe n
1
IN tal
que B
n
1
j=1
(t
j
ε
1
, t
j
+ ε
1
).
Tome 1 j n
1
tal que
|t t
j
| <
ε
3KV ar
IR
u
0
(x)
.
Sejam m, n k
0
enao
x
2
x
1
|u
n
(x, t) u
m
(x, t)|dx ε.
Vemos assim que (u
n
(x, t)) ´e convergente em L
1
Loc
(IR), uniformemente em t,
para t em conjuntos compactos. Em particular, dado um compacto [a, b] × [c, d]
IR × [0, ), temos que
b
a
d
c
|u
n
(x, t) u
m
(x, t)|dxdt ε|b a|.
Conclu´ımos assim, que (u
n
(x, t)) ´e convergente em L
1
Loc
(IR × [0, )) e
u
n
(x, t) u(x, t), n + (2.23)
em L
1
Loc
(IR × [0, )), t [0, ) fixo.
Passando a uma subseq¨uˆencia se necess´ario, u
n
(x, t) u(x, t), pontualmente
t [0, ) fixo, q.t.p. em x IR. Assim, devido ao Teorema (1.2) (Teorema de
Helly) e as observoes anteriores, u(x, t) (modificando se necess´ario em um conjunto
de medida nula) ´e limitada superiormente por M, inferiormente por m, ´e cont´ınua `a
esquerda e de varia¸ao limitada em IR. Mais ainda
V ar
IR
u(x, t) V ar
IR
u
0
, t [0, ). (2.24)
38
Afirma¸ao 2.1 u(x,t) ´e a solu¸ao fraca admiss´ıvel de (2.1) desejada.
De fato, fixando uma fun¸ao crescente h(u) e uma fun¸ao φ(x, t) C
1
c
(IR ×[0, +))
ao-negativa. De (2.2)
+
0
+
−∞
(I(u
n
)φ
t
+ F
n
(u
n
)φ
x
) dxdt +
+
−∞
I(u
n
0
)φ(x, 0) dx 0, (2.25)
onde
F
n
(u)
u
m
h(ξ) df
n
(ξ). (2.26)
Subtraindo (2.2) e (2.25) temos
+
0
+
−∞
(I(u)φ
t
+ F (u)φ
x
) dxdt +
+
−∞
I(u
0
)φ(x, 0) dx
+
0
+
−∞
{(I(u) I(u
n
))φ
t
+ (F (u) F
n
(u))φ
x
} dxdt
+
+
0
+
−∞
(F
n
(u) F
n
(u
n
))φ
x
dxdt +
+
−∞
(I(u
0
) I(u
n
0
))φ(x, 0) dx.
(2.27)
Definimos o conjunto
H max
[m,M]
|h(ξ)| = max{|h(m)|, |h(M)|}.
Usando (2.3), (2.18), (2.19) e (2.26), temos que
|I(u) I(u
n
)| =
u
n
m
h(ξ)
u
m
h(ξ)
=
u
n
u
h(ξ)
H|u u
n
|,
|I(u
0
) I(u
n
0
)| H|u
0
u
n
0
|,
|F
n
(u) F
n
(u
n
)| =
u
m
h(ξ) df
n
(ξ)
u
n
m
h(ξ) df
n
(ξ)
=
u
n
u
h(ξ) df
n
(ξ)
KH|u u
n
|,
39
|F (u) F
n
(u)| =
u
m
h(ξ) df(ξ)
u
m
h(ξ) df
n
(ξ)
=
u
m
h(ξ) d(f(ξ) f
n
(ξ))
=
h(u)[f(u) f
n
(u)]
u
m
(f(ξ) f
n
(ξ)) dh(ξ) |
h(u)2K
M m
n
u
m
2K
M m
n
dh(ξ)
2K(M m)
n
|h(u)| +
u
m
|dh(ξ)|
2K(H + h(M) h(m))
M m
n
.
Relembrando (2.16) e (2.23), conclu´ımos que o lado direito de (2.27) tende a zero,
quando n +, tal que (2.2) ´e satisfeita.
Assim u(x, t) ´e uma solu¸ao fraca admiss´ıvel de (2.1), devido a Defini¸ao 2.1.
Para n = 1, 2, ..., u
n
(x, t) tem a propriedade do dom´ınio de dependˆencia finita
e isso implica que u(x, t) tem a mesma propriedade. Portanto, podemos relaxar a
hip´otese de que u
0
(x) ´e de varia¸ao limitada em IR, assumindo que u
0
(x) ´e localmente
de varia¸ao limitada.
Temos ainda que, passando a uma subseq¨uˆencia se necess´ario, u
n
(x, t)
u(x, t), pontualmente t [0, ) fixo. Sejam t [0, ) fixo, [x
1
, x
2
] IR e P
uma parti¸ao de [x
1
, x
2
]. Temos que
V ar
[x
1
,x
2
]
u
n
(., t) V ar
[x
1
Kt,x
2
+Kt]
u
0
,
n IN. Dessa forma, obtemos
m
j=1
|u(x
j
, t) u(x
j1
)| = lim
n+
m
j=1
|u
n
(x
j
, t) u
n
(x
j1
)| V ar
[x
1
Kt,x
2
+Kt]
u
0
,
logo (2.9) ´e verificada.
Cap´ıtulo 3
Algumas Considera¸oes sobre o
Problema de Cauchy para um
Sistema 2 × 2 de uma Lei de
Conservao
3.1 Introdu¸ao
Segundo [Ru], considere o seguinte sistema ao-linear 2 × 2 hiperb´olico de
Leis de Conservao
u
t
+

1
2
+ a
u
2
+ f(v)
x
= 0
v
t
+ (uv)
x
= 0
(u, v)
t=0
= (u
0
, v
0
),
(3.1)
para fun¸oes u, v definidas em IR
x
×IR
+
t
a valores reais. Assumimos que a >
1
2
, f
C
2
(IR) ´e uma fun¸ao par e v satisfaz
vf
(v) > 0, v = 0
f
′′
(v) > 0, v = 0.
O sistema (3.1) ao ´e estritamente hiperb´olico quando (u, v) = (0, 0), caso
41
contr´ario o sistema ´e estritamente hiperb´olico. Mais ainda, o sistema ao ´e genuina-
mente ao linear ao longo do eixo u.
De fato, o sistema (3.1) pode ser escrito na forma vetorial como uma simples
Lei de Conservao
U
t
+ F (U)
x
= 0
U
t=0
= U
0
,
(3.2)
onde U = (u, v)
T
, F (U) =

1
2
+ a
u
2
+ f(v), uv
T
e U
0
= (u
0
, v
0
)
T
, ou seja,
u
v
t
+
1
2
+ a
u
2
+ f(v)
uv
x
= 0.
O sistema (3.1) ´e dito estritamente hiperb´olico se os dois autovalores λ
=
λ
(u, v), satisfazem
λ
< λ
+
.
Em nosso caso, denotando por G = G(u, v) = a
2
u
2
+ vf
(v) e g
= g
(u, v) =
au
G(u, v), podemos encontrar os autovalores do problema como segue: seja
A =
(1 + 2a)u f
(v)
v u
,
enao, o sistema (3.1) torna-se
u
v
t
+ A
u
v
x
= 0.
Como
det(A λI) =
(1 + 2a)u λ f
(v)
v u λ
= λ
2
λ(2u + 2au) vf
(v) + (1 + 2a)u
2
,
fazendo det(A λI) = 0, temos que
λ = (1 + a)u ±
a
2
u
2
+ vf
(v),
42
portanto
λ
.
= λ
(u, v) = (1 + a)u
G.
Observamos que
λ
(u, v) = (1 + a)u
G < (1 + a)u +
G = λ
+
(u, v)
(u, v) = (0, 0), pois vf
(v) > 0, v = 0. Ent˜ao a origem ´e chamada de ponto
isolado umbilical para (3.1).
Podemos calcular os autovetores `a direita e `a esquerda de A. Dado (u, v) fixo,
com v = 0, temos que
A λI =
(1 + 2a)u λ f
(v)
v u λ
,
enao, para encontrar os autovetores `a direita, precisamos resolver o sistema
(u + 2au λ)x + f
(v)y = 0
vx + (u λ)y = 0.
Temos que os autovetores `a direita de A ao
r
r
(u, v) =
f
(v)
g
, r
+
r
+
(u, v) =
f
(v)
g
+
.
Para encontrarmos os autovetores `a esquerda, precisamos resolver o sistema
(u + 2au λ)x + vy = 0
f
(v)x + (u λ)y = 0.
Logo os autovetores `a esquerda de A ao
(u, v) =
v
au
G + G
1
G
,
+
+
(u, v) =
v
au
G G
1
G
.
Observamos tamem que
+
.r
=
v
au
G G
,
1
G
.
f
(v), au
G
=
vf
(v)
G a
2
u
2
G + auG auG + G
G
(au
G G)
G
= 0,
43
.r
+
=
v
au
G + G
,
1
G
.
f
(v), au +
G
=
vf
(v)
G a
2
u
2
G + auG auG G
G
(auG G)
G
= 0.
O sistema (3.1) ´e dito genuinamente ao linear se λ
.r
= 0, (u, v), em
nosso caso temos
λ
.r
=
(1 + a)
a
2
u
G
,
vf
′′
(v) + f
(v)
2
G
.
f
(v), au
G
= f
(v) + af
(v)
f
(v)a
2
u
G
±
auvf
′′
(v) + auf
(v)
2
G
+
vf
′′
(v) + f
(v)
2
=
1
2
G
f
(v)
(2a + 3)
G au(2a 1)
+ vf
′′
(v)
G ± au

,
como
G > au e (2a + 3) > (2a 1), enao quando v > 0 temos λ
.r
> 0,
e quando v < 0 temos λ
.r
< 0. Por´em se v = 0 enao λ
.r
= 0. Logo o
argumento de genuinamente ao linear falha no eixo u, ou seja, em {(u, v) IR
2
:
v = 0}.
Uma solu¸ao fraca para (3.2) ´e uma fun¸ao mensur´avel limitada U = U(x, t)
tal que para toda φ C
1
0
(IR × IR
+
), temos
+
0
+
−∞
(Uφ
t
+ F (U)φ
x
) dxdt +
+
−∞
U
0
(x)φ(x, 0) dx = 0.
Um par de entropia-fluxo de entropia (η, q), que chamaremos de forma abre-
viada de um par e-f, do sistema (3.1) ´e definido como
q = ηF. (3.3)
44
3.2 Regi˜oes Invariantes
Consideramos agora, a aproxima¸ao de viscosidade nula para o sistema (3.1)
u
t
+

1
2
+ a
u
2
+ f(v)
x
= εu
xx
v
t
+ (uv)
x
= εv
xx
(u, v)
t=0
= (u
0
, v
0
)
(3.4)
ε > 0. Para estabelecermos uma estimativa a priori, independente de ε, usaremos
o Teorema de Regi˜oes Invariantes devido a Chueh, Conley e Smoller[C-C-S]. Os
resultados de [C-C-S] podem ser resumidos no seguinte
Teorema 3.1 Sejam g
duas fun¸oes suaves, φ
: IR
2
IR e Σ = {(u, v); φ
+
(u, v)
0}
{(u, v); φ
(u, v) 0}. Assuma que, t > 0 e (
u, v) Σ, as seguintes
condi¸oes se verificam:
a) φ
´e um autovetor `a esquerda de F (u, v).
b) φ
´e quasi-convexo em (u, v), isto ´e, ζ IR
2
ζ.φ
= 0
2
φ
(ζ, ζ) 0.
Ent˜ao Σ ´e uma regi˜ao invariante para (3.4), para cada ε > 0, ou seja, se (u
0
, v
0
) Σ,
x IR ent˜ao (u
ε
(x, t), v
ε
(x, t)) Σ, (x, t) IR × [0, +).
Diremos que ω
C
1
(ω
+
, respectivamente) ´e uma primeira (segunda, respec-
tivamente) Invariante de Riemann para (3.1) se para todo (u, v)
ω
(u, v).r
+
(u, v) = 0
(ω
+
(u, v).r
(u, v) = 0, respectivamente). Como l
+
.r
= 0 e l
.r
+
= 0, enao ω
e
ao paralelos, logo ω
e ω
+
ao autovetores `a esquerda de F .
Al´em disso, para qualquer solu¸ao cl´assica (u, v) de (3.1), ω
= ω
(u, v) e
ω
+
= ω
+
(u, v) satisfazem
45
ω
t
+ λ
ω
x
= 0
ω
+
t
+ λ
+
ω
+
x
= 0.
(3.5)
De fato, seja (u, v) solu¸ao cl´assica de (3.1), como ω
´e autovetor `a esquerda
de F , e
ω
t
=
ω
u
u
t
+
ω
v
v
t
ω
x
=
ω
u
u
x
+
ω
v
v
x
,
enao
ω
t
+ λ
ω
x
=
ω
u
u
t
+
ω
v
v
t
+ λ
ω
u
u
x
+
ω
v
v
x
=
ω
u
,
ω
v
.
u
t
+ λ
u
x
v
t
+ λ
v
x
= ω
.
u
v
t
+ λ
u
v
x
= ω
. [F (U)
x
+ λ
U
x
]
= {∇ω
. [−∇F (U) + λ
I]}U
x
= 0.
De modo an´alogo temos
ω
+
t
+ λ
+
ω
+
x
= 0.
Diremos que uma onda de rarefa¸ao ´e uma solu¸ao cont´ınua de (3.2) da forma
U = U(
x
t
), para t > 0, segundo [Sm]. Existem duas fam´ılias d e ondas de rarefa¸ao,
correspondentes aos dois autovetores r
e r
+
. Uma onda da fam´ılia relacionada a r
ser´a chamada de primeira onda de rarefa¸ao, uma onda da fam´ılia relacionada a r
+
ser´a chamada de segunda onda de rarefa¸ao. Em nosso caso, a primeira (segunda,
respectivamente) onda de rarefa¸ao satisfaz a EDO de primeira ordem
dv
du
=
g
f
(v)
dv
du
=
g
+
f
(v)
, respectivamente
. (3.6)
46
De fato, se t > 0, seja U = U(ξ) solu¸ao de (3.2), onde ξ =
x
t
, como
U
t
= U
ξ
ξ
t
= U
ξ
x
t
2
U
x
= U
ξ
ξ
x
= U
ξ
1
t
,
enao, substituindo em (3.2) temos
U
ξ
ξ
t
+ DF (U)U
ξ
ξ
x
= U
ξ
x
t
1
t
+ DF (U)U
ξ
1
t
= 0,
logo
ξU
ξ
+ DF (U)U
ξ
= 0.
Assim, U
ξ
´e um autovetor de DF (U) associado ao autovalor ξ. Como DF (U) tem
dois autovalores distintos λ
e λ
+
, temos
(DF (U(ξ)) λ
I) U
ξ
=
au
G(u, v) f
(v)
v au
G(u, v)
.
u
ξ
v
ξ
= 0,
enao
au
G(u, v)
u
ξ
+ f
(v)v
ξ
= 0
vu
ξ
+
au
G(u, v)
v
ξ
= 0,
logo
dv
du
=
v
ξ
u
ξ
=
au ±
G(u, v)
f
(v)
=
g
±
f
(v)
(3.7)
e
dv
du
=
v
ξ
u
ξ
=
v
au ±
G(u, v)
. (3.8)
As duas igualdades anteriores ao equivalentes, para vermos isso basta multi-
plicarmos e dividirmos (3.7) por au ±
G(u, v) (respectivamente).
A curva integral referente `a primeira onda de rarefa¸ao ser´a denominada de
R
e a cu rva integral referente `a segunda onda de rarefa¸ao ser´a denominada de R
+
.
47
Lema 3.1 Com as hip´oteses anteriores temos as seguintes propriedades:
a) O conjunto {(u, v) : u > 0, v = 0} ´e uma curva R
+
.
b) As curvas R
+
est˜ao em uma correspondˆencia biun´ı voca com os pontos da parte
negativa do eixo u.
c) As curvas R
+
ao interceptam a parte positiva do eixo u.
d) Toda curva R
+
que ao fica sobre o eixo u tende a infinito quando u +.
Assim podemos concluir que qualquer curva R
+
que come¸ca na origem fica
sobre o eixo u e vai para infinito pela direita, caso contr´ario intersecta a parte
negativa do eixo u e lim
|v|→+
u(v) = . Finalmente, para (3.1), podemos construir
Invariantes de Riemann ω
, ω
+
tais que ω
(u, v) 0 ω
+
(u, v).
Demonstra¸ao: a) De (3.8) temos que
dv
du
=
v
au +
a
2
u
2
+ vf
(v)
.
Seja u
0
> 0, ent˜ao v 0 ´e uma solu¸ao da EDO acima com condi¸ao inicial
v(u
0
) = 0, logo o conjunto {(u, v) : u > 0, v = 0} ´e uma curva R
+
.
b) Definimos h(u, v) =
f
(v)
au +
a
2
u
2
+ vf
(v)
. Seja = [b, c] × [1, 1], onde
b, c < 0. Queremos mostrar que h ´e Lipschitz em Ω. Observamos que
h
u
=
af
(v)
(au +
a
2
u
2
+ vf
(v))
2
+
1
(au +
a
2
u
2
+ vf
(v))
2
a
2
u
a
2
u
2
+ vf
(v)
48
h
v
=
f
′′
(v)
au +
a
2
u
2
+ vf
(v)
+
1
(au +
a
2
u
2
+ vf
(v))
2
af
(v)
2
au +
a
2
u
2
+ vf
(v)
+
a
2
uf
(v)
2
a
2
u
2
+ vf
(v)(au +
a
2
u
2
+ vf
(v))
+
f
(v)
au +
a
2
u
2
+ vf
(v)
(f
(v) + vf
′′
(v))
.
Como
h
u
e
h
v
ao cont´ınuas e ´e compacto, temos que
|∇h| C,
onde C ´e constante. Portanto h ´e Lipschitz em Ω. Aplicando o Teorema de Picard,
conclu´ımos que dado u
0
< 0 existe uma ´unica curva R
+
em que passa em u
0
. Um
argumento an´alogo mostra que v 0 ´e a ´unica solu¸ao para a EDO em a).
Por outro lado, dado uma curva R
+
que ao come¸ca no conjunto {(u, v) :
u > 0, v = 0}, temos que R
+
´e estritamente crescente quando v > 0 e estritamente
decrescente quando v < 0. De fato, como g
+
(u, v) = au +
a
2
u
2
+ vf
(v) > 0 e
vf
(v) > 0, v = 0, ent˜ao quando v > 0 temos f
(v) > 0, logo
dv
du
=
g
+
f
(v)
> 0.
Por outro lado, como g
(u, v) = au
a
2
u
2
+ vf
(v) > 0, ent˜ao se v < 0 temos
f
(v) < 0, logo
dv
du
=
g
+
f
(v)
< 0. De (3.7), notamos que
du
dv
=
f
(v)
au +
a
2
u
2
+ vf
(v)
,
como f ´e par, ent˜ao f
´e ´ımpar, assim
du
dv
´e ´ımpar em v, logo u(v) ´e par, assim
R
+
´e sim´etrica em rela¸ao ao eixo u. Pela simetria e continuidade da curva R
+
e
considerando o resultado do item a), temos que ela corta a parte negativa do eixo u
apenas uma vez. Notamos que as curvas R
+
ao ao fechadas.
c) Decorre de a) e b).
49
d) De fato, supomos que existe M > 0 tal que uma curva IR
+
permanece no
semiplano superior entre as curvas v =
M
2
e v = M, para todo u > ¯u. Obtemos
de (3.8), que lim
u+
v
au +
G
= 0, isto ´e claro pois v ´e limitado e au +
G +,
quando u +. Por´em f
´e cont´ınua, ent˜ao existe B > 0 tal que f
(v) B,
v
M
2
, M
, assim
vf
(v) BM.
Temos tamem que ˜u > ¯u tal que BM 3a
2
u
2
, u > ˜u, assim
au +
a
2
u
2
+ vf
(v) au + 2au = 3au,
u > ˜u, portanto
dv
du
=
v
au +
a
2
u
2
+ vf
(v)
M
2
1
3au
=
M
6au
,
u > ¯u, integrando a desigualdade, temos
u
˜u
dv
du
du
u
˜u
M
6au
du,
assim
v(u)
M
6a
ln |u| + c,
onde c ´e uma constante, quando u +temos que o lado esquerdo da desigualdade
tende a infinito, isso mostra uma contradi¸ao.
Para estudarmos a convexidade da curva R
+
, calculamos a segunda derivada
em (3.7)
d
2
v
du
2
=
1
f
(v)
a +
1
2
+
a
2
u
G
au
2
G
vf
′′
(v)
2f
(v)
auvf
′′
(v)
2
Gf
(v)
2a
2
u
2
f
′′
(v)
f
(v)
2
+
2auf
′′
(v)
G
f
(v)
2
=
1
2f
(v)
G
(1 2a)g
+
vf
′′
(v)
f
(V )
g
+
+
2auf
′′
(v)
f
(v)
2
g
2
+
=
g
+
(u, v)
2f
(v)
G(u, v)
1 2a
vf
′′
(v)
f
(v)
+
2auf
′′
(v)g
+
(u, v)
(f
(v))
2
.
50
Como
u
ug
+
=
u
au
2
+ u
a
2
u
2
+ vf
(v)
= 2au +
G +
a
2
u
2
G
=
2a
2
u
2
+ vf
(v) 2au
G
G
=
g
2
+
G
0,
enao, para cada v fixo, ug
+
(u, v) ´e uma fun¸ao crescente de u. Como
lim
u+
ug
+
(u, v) = lim
u+
vf
(v)
a +
a
2
+
vf
(v)
u
2
=
vf
(v)
2a
,
enao sup
uIR
ug
+
vf
(v)
2a
. Dessa forma temos que
vf
′′
(v)
f
(v)
+
2auf
′′
(v)g
+
(u, v)
(f
(v))
2
0.
Considerando ainda que g
+
> 0 e a >
1
2
, conclu´ımos que
d
2
v
du
2
(1 2a)
2
g
+
f
(v)
G
0,
quando v > 0.
Al´em disso, como f ´e par, e observando que se u > 0 enao
g
+
(u, v)
f
(v)
=
a(u) + vf
(v)
f
(v)
=
au + vf
(v)
f
(v)
=
au vf
(v)
f
(v)
=
g
(u, v)
f
(v)
,
conclu´ımos que as curvas R
ao obtidas por uma reflex˜ao das curvas R
+
sobre o
eixo v. Podemos assim restringir nossa aten¸ao `a fam´ılia R
+
.
Portanto, no plano u × v, as curvas R
+
ao oncavas no semiplano positivo
e, devido a simetria em rela¸ao ao eixo u, ao convexas no semiplano negativo.
Similarmente, no plano u × v, as curvas R
ao oncavas no semiplano positivo e
convexas no semiplano negativo.
Os invariantes de Riemann ω
+
ao constantes ao longo de cada cu rva R
,
bem como os invariantes ω
ao constantes ao longo de cada curva R
+
. De fato,
derivando-se ω
±
(U(ξ)) em ξ e escolhendo U
ξ
= r
, obtemos
ω
±
(U(ξ)).U
ξ
= ω
±
.r
(U(ξ)) = 0.
51
Podemos assim, definir
ω
(u, 0) =
u, u < 0
0, u 0
ω
+
(u, 0) =
0, u 0
u, u > 0.
(3.9)
Dado um ponto (u, v) existe uma ´unica curva integral R
+
e uma ´unica curva
integral R
, que passam pelo ponto (u, v) e tocam o eixo dos u. Os invariantes ω
e ω
+
ao constantes ao longo das curvas R
+
e R
, respectivamente.
Para u < 0 e v > 0 existe um ´unico u
1
< u e existe um ´unico u
2
> 0, tais que
ω
(u, v) = ω
(u
1
, 0) = u
1
< 0 < u
2
= ω
+
(u
2
, 0) = ω
+
(u, v).
Com um argumento an´alogo, podemos chegar a mesma conclus˜ao quando o
ponto (u, v) estiver em outro quadrante. Portanto
ω
(u, v) 0 ω
+
(u, v).
v
u
R
+
Figura 3.1: Curvas Integrais R
+
.
Da geometria das curvas temos tamb´em o seguinte
Corol´ario 3.1 Seja v = 0. Os invariantes de Riemann constru´ıdos como antes
satisfazem,
1
f
(v)
ω
v
< 0
1
f
(v)
ω
+
dv
> 0.
52
Demonstra¸ao: Por defini¸ao,
ω
±
.r
=
ω
±
u
f
(v) +
ω
±
v
au
G
= 0,
enao
ω
±
v
1
f
(v)
=
ω
±
u
1
au ±
G
.
Para v = 0 fixo, sejam u
1
< u
2
, ent˜ao existem ´unicos ¯u
1
e ¯u
2
tais que
ω
(u
1
, v) = ω
(¯u
1
, 0) = ¯u
1
ω
(u
2
, v) = ω
(¯u
2
, 0) = ¯u
2
,
devido ao Lema 3.1 temos que ¯u
1
< ¯u
2
, caso contrario teriamos duas curvas R
+
distintas, se cruzando. Portanto para v = 0 fixo, ω
´e crescente. Um argumento
an´alogo mostra que ω
+
tamem ´e crescente para v = 0 fixo. Logo
ω
±
u
> 0.
Como au +
G > 0 e au
G < 0, ent˜ao
1
f
(v)
ω
v
< 0 e
1
f
(v)
ω
+
v
> 0
De agora em diante, usaremos os invariantes de Riemann ω
, ω
+
fornecidos
pela constru¸ao anterior. Por defini¸ao, ω
ao autovetores `a esquerda de F , os
invariantes de Riemann ao as fun¸oes ω
usadas para definir as regi˜oes invariantes
segundo o Teorema 3.1. Portanto encontramos uma fam´ılia de regi˜oes dadas por:
Σ
c
= {ω
+ c 0}
{ω
+
c 0}, c > 0.
Essas regi˜oes ao limitadas por duas fam´ılias de curvas. Para c
1
> c
2
temos que
Σ
c
1
Σ
c
2
. Devido ao Lema 3.1, quando c enao Σ
c
gera todo o IR
2
.
Para mostrarmos que Σ
c
´e uma regi˜ao invariante resta mostrarmos a pro-
priedade b) do Teorema 3.1.
Lema 3.2 Quando (u, v) = (0, 0), temos
2
ω
+
(r
, r
) 0
2
ω
(r
+
, r
+
) 0,
sendo ω
+
quase-convexa e ω
quase-cˆoncava.
53
v
u
ω
+
ω
Figura 3.2: Regi˜ao Invariante.
Demonstra¸ao: Para (u, v) = (0, 0) fixo, supomos v = 0. Denotemos
2
ω
+
(r
, r
) = (r
(u, v))
T
.
2
ω
+
(u, v).r
(u, v).
Como ω
±
.r
= 0, ent˜ao
ω
±
u
,
ω
±
v
. (f
(v), g
) = f
(v)
ω
±
u
+ g
ω
±
v
= 0. (3.10)
Diferenciando em rela¸ao a u, temos
f
(v)
2
ω
±
u
2
+ g
2
ω
±
u∂v
+
ω
±
v
g
u
= 0.
Multiplicando por
1
f
(v)
ω
±
v
2
,
ω
±
v
2
2
ω
±
u
2
+
g
f
(v)
ω
±
v
2
2
ω
±
u∂v
+
1
f
(v)
ω
±
v
2
ω
±
v
g
u
= 0,
logo
ω
±
v
2
2
ω
±
u
2
+
g
f
(v)
ω
±
v
2
2
ω
±
u∂v
=
1
f
(v)
ω
±
v
3
g
u
. (3.11)
Por outro lado, diferenciando (3.10) em rela¸ao a v temos
f
(v)
2
ω
±
vu
+ f
′′
(v)
ω
±
u
+ g
2
ω
±
v
2
+
g
v
ω
±
v
= 0.
Multiplicando por
1
f
(v)
ω
±
u
ω
±
v
,
ω
±
u
ω
±
v
2
ω
±
vu
+
f
′′
(v)
f
(v)
ω
±
u
2
ω
±
v
+
g
f
(v)
2
ω
±
v
2
ω
±
u
ω
±
v
+
1
f
(v)
g
v
ω
±
u
ω
±
v
2
= 0. (3.12)
54
Como
ω
±
u
=
g
f
(v)
ω
±
v
, ent˜ao de (3.11) e (3.12) temos
ω
±
v
2
2
ω
±
u
2
ω
±
u
ω
±
v
2
ω
±
u∂v
=
ω
±
v
3
1
f
(v)
g
u
(3.13)
ω
±
u
2
2
ω
±
v
2
ω
±
u
ω
±
v
2
ω
±
vu
=
f
′′
(v)
f
(v)
ω
±
u
2
ω
±
v
+
1
f
(v)
g
v
ω
±
u
ω
±
v
2
. (3.14)
Lembramos que l
±
.r
= 0 e por defini¸ao ω
±
.r
= 0, ou seja, ω
±
´e paralelo
a l
±
. Como ω
±
=
ω
±
u
,
ω
±
v
, enao
ω
±
v
,
ω
±
u
´e paralelo a r
, logo
γ = 0 IR tal que
ω
±
v
,
ω
±
u
= γr
assumimos, sem perda de generalidade, que r
=
ω
±
v
,
ω
±
u
.
Assim,
2
ω
±
(r
, r
) =
2
ω
±
u
2
ω
±
v
2
2
2
ω
±
u∂v
ω
±
u
ω
±
v
+
2
ω
±
v
2
ω
±
u
2
,
adicionando (3.13) e (3.14), obtemos
2
ω
±
(r
, r
) =
f
′′
(v)
f
(v)
ω
±
v
ω
±
u
2
+
ω
±
v
2
ω
±
u
g
v
1
f
(v)
ω
±
v
3
1
f
(v)
g
u
=
1
f
(v)
3
ω
±
v
3
f
′′
(v)
ω
±
u
2
f
(v)
2
ω
±
v
2
+
ω
±
u
g
v
f
(v)
2
ω
±
v
1
f
(v)
2
g
u
=
1
f
(v)
3
ω
±
v
3
f
′′
(v)g
2
f
(v)g
g
v
f
(v)
2
g
u
,
55
a ´ultima igualdade ´e dada por (3.10). Devido ao corol´ario (3.1), precisamos provar
apenas que
L
±
(u, v) f
′′
(v)g
2
f
(v)g
g
v
f
(v)
2
g
u
(3.15)
´e ao-negativo. Para isso, temos que
1
g
g
u
=
1
au
G
a
G a
2
u
G
= ±
a
G
,
podemos escrever (3.15) como
L
±
(u, v) = g
g
f
′′
(v) f
(v)
2
a
G
± f
(v)
f
(v) + vf
′′
(v)
2
G

.
Como g
(u, v) 0, precisamos apenas mostrar que
Q
±
(u, v)
g
f
′′
(v) f
(v)
2
a
G
± f
(v)
f
(v) + vf
′′
(v)
2
G

=
f
′′
(v)
g
±
vf
(v)
2
G
f
(v)
2
G
2a 1
2

´e ao-negativo. Mas
g
±
vf
(v)
2
G
=
au
G ±
vf
(v)
2
G
=
2au
G 2a
2
u
2
2vf
(v) ± vf
(v)
2
G
=
2a
2
u
2
+ vf
(v) ± 2au
G
2
G
,
assim o Lema 3.2 ´e verdadeiro se u 0. se u 0, observamos que
2a
2
u
2
+ vf
(v)
2
= 4a
4
u
4
+ v
2
f
(v)
2
+ 4a
2
u
2
vf
(v)
4a
4
u
4
+ 4a
2
u
2
vf
(v)
4a
2
u
2
a
2
u
2
+ vf
(v)
=
2au
G
2
,
logo 2a
2
u
2
+ vf
(v) 2au
G. Nesse caso, Q
±
(u, v) 0.
56
Mostraremos agora que ω
+
´e quase-convexa, ou seja, que ζ IR
2
temos
ζ.ω
+
= 0
2
ω
+
(ζ, ζ) 0.
De fato, ω
+
´e paralelo a l
+
, como l
+
e r
ao linearmente indep endentes, enao
podemos escrever ζ = αl
+
+ βr
, α, β IR. Se ζ.ω
+
= 0 ent˜ao temos que α = 0,
pois ω
+
.r
= 0, dessa forma temos que
2
ω
+
(ζ, ζ) =
2
ω
+
(βr
, βr
) = β
2
2
ω
+
(r
, r
) 0.
De modo an´alogo temos que ω
´e quase-cˆoncava. Derivando em (3.9), quando
v = 0, temos que
2
ω
´e identicamente nula.
Devido a propriedade de quasi-convexidade, podemos concluir com o seguinte
Teorema 3.2 Assuma que (u
0
, v
0
) L
(IR) × L
(IR). Considere o problema de
viscosidade (3.4), ent˜ao a solu¸ao (u
ε
, v
ε
) ´e limitada a priori em L
independen te
de ε.
57
3.3 Estudo do Sistema Viscoso
Mostraremos agora que, para cada ε > 0 fixo, (3.4) tem uma solu¸ao global.
A prova ser´a obtida usando o resultado da se¸ao (3.2) e o teorema da contra¸ao.
Sejam C
T
= C(IR) munido com a norma
(u, v) sup
x
u + sup
x
v
e C([0, T ] × IR)
(u, v) sup
0τ T
(u, v)(τ).
Sejam ε > 0 fixo qualquer e
Γ
T
{U = (u, v) C([0, T ] ×IR); (u, v)(t) Z
ε
(u
0
, v
0
) (u
0
, v
0
)},
onde Z
ε
(x, t) =
1
4πεt
e
x
2
4εt
´e o n´ucleo do calor e * denota a convolu¸ao em x.
Usando o Princ´ıpio de Duhamel e propriedades de convolu¸ao, temos
U
ε
U
ε
(x, t) =
+
−∞
Z
ε
(x y, t)U
0
(y) dy +
t
0
+
−∞
Z
ε
x
(x y, t τ)F (U
ε
(y, τ )) dy.
Seja
G(U
ε
)
+
−∞
Z
ε
(x y, t)U
0
(y) dy +
t
0
+
−∞
Z
ε
x
(x y, t τ)F (U
ε
(y, τ )) dy.
Mostraremos que G : Γ
T
Γ
T
para T > 0 suficientemente pequeno. De fato,
temos a estimativa
+
−∞
|Z
ε
x
(x y, t τ)|dy
c
t τ
.
Por outro lado, se U
ε
Γ
T
enao
|U
ε
| |U
ε
Z
ε
U
0
| + |Z
ε
U
0
| 2U
0
,
Observamos que Γ
T
´e um conjunto fechado e limitado. Como f ´e cont´ınua,
denotamos por
f
U
0
max
U
ε
Γ
T
|f(v
ε
)|
1
U
0
2
.
58
Se U
ε
Γ
T
, temos que
|F (U
ε
)| =
1
2
+ a
(u
ε
)
2
+ f(v
ε
)
u
ε
v
ε
1
2
+ a
(u
ε
)
2
+ f(v
ε
)
+ |u
ε
v
ε
|
1
2
+ a
(u
ε
)
2
+ |f(v
ε
)| + sup
x
|u
ε
|sup
x
|v
ε
|
1
2
+ a
sup
x
(u
ε
)
2
+ |f(v
ε
)| + 4U
0
2
1
2
+ a
2U
0
2
+ |f(v
ε
)| + 4U
0
2
(2a + 5 + f
U
0
) U
0
2
,
assim
sup
yIR
|F (U
ε
(y, τ ))| (2a + 5 + f
U
0
)U
0
2
.
Portanto segue que
|G(U
ε
) Z
ε
U
0
|
t
0
+
−∞
|Z
ε
x
(x y, t τ)||F (U
ε
(y, τ ))|dy
c(2a + 5 + f
U
0
)U
0
2
t
0
1
t τ
2c(2a + 5 + f
U
0
)U
0
2
t.
O lado direito da desigualdade est´a limitado por U
0
, desde que
t T
1
1
[2c (2a + 5 + f
U
0
) U
0
]
2
.
Para T suficientemente pequeno, G : Γ
T
Γ
T
´e uma contra¸ao em Γ
T
. De
fato, se U
ε
1
, U
ε
2
Γ
T
, ent˜ao
|F (U
ε
1
) F (U
ε
2
)| =
(1 + a) ((u
ε
1
)
2
(u
ε
2
)
2
) + f(v
ε
1
) f(v
ε
2
)
u
ε
1
v
ε
1
u
ε
2
v
ε
2
=
(1 + a) (u
ε
1
+ u
ε
2
) (u
ε
1
v
ε
1
) + f(v
ε
1
) f(v
ε
2
)
u
ε
1
(v
ε
1
v
ε
2
) + v
ε
2
(u
ε
1
u
ε
2
)
.
59
Como
|(1 + a) (u
ε
1
+ u
ε
2
) (u
ε
1
v
ε
1
) + f(v
ε
1
) f(v
ε
2
)| |(1 + a) (u
ε
1
+ u
ε
2
) (u
ε
1
v
ε
1
)|
+ |f(v
ε
1
) f(v
ε
2
)|
|(1 + a) (u
ε
1
+ u
ε
2
) (u
ε
1
v
ε
1
)|
+K |v
ε
1
v
ε
2
|
(1 + a)4U
0
|U
ε
1
U
ε
2
|
+K |U
ε
1
U
ε
2
|
e
|u
ε
1
(v
ε
1
v
ε
2
) + v
ε
2
(u
ε
1
u
ε
2
)| 2U
0
|U
ε
1
U
ε
2
|,
enao
|F (U
ε
1
) F (U
ε
2
)| c
a,f,U
0
U
ε
1
U
ε
2
onde c
a,f,U
0
> 0 ´e constante.
Dessa forma, temos que
G(U
ε
1
) G(U
ε
2
)
t
=
t
0
+
−∞
Z
ε
x
(x y, t τ)(F (U
ε
1
) F (U
ε
2
)) dy
t
0
+
−∞
Z
ε
x
(x y, t τ)(F (U
ε
1
) F (U
ε
2
))dy
t
0
cc
a,f,U
0
U
ε
1
U
ε
2
t τ
2cc
a,f,U
0
U
ε
1
U
ε
2
t.
O lado direito da desigualdade anterior, est´a limitado por U
ε
1
U
ε
2
, desde que
t T
2
1
(2cc
a,f,U
0
)
2
.
Portanto para cada ε > 0 fixo, (3.4) tem uma ´unica solu¸ao em C((0, T
), C(T
)),
onde
T
1
2 [max {2c(2a + 5 + f
U
0
)U
0
, 2cc
a,f,U
0
}]
2
60
Por causa da existˆencia de uma regi˜ao invariante, T
depende apenas de U
0
. ent˜ao
podemos repetir o argumento tomando (u, v)
|t=T
como dado inicial. Portanto temos
a prova.
Teorema 3.3 Com as mesmas hip´oteses anteriores a aproxima¸ao (3.4) para o
problema (3.1) tem uma ´unica solu¸ao suave dentro de uma regi˜ao invariant e limi-
tada apropriada.
A suavidade da solu¸ao ´e garantida p elo Lema 1.1 pelo Teorema 1.3.
Conclu´ımos essa se¸ao mostrand o que, quando os dados est˜ao no semiplano
v > 0, a solu¸ao permanece nele para todo v > 0. Para estabelecer esse resultado
aplicamos um teorema de solu¸oes positivas para equa¸oes parab´olicas de segunda
ordem.
Seja ε > 0 fixo. Considere o operador linear
ε
2
ψ
x
2
u
ψ
x
ψ
t
u
x
ψ,
para qualquer fun¸ao suave ψ. Se U = (u, v) ´e solu¸ao de (3.4) ent˜ao Lv = 0.
Devido `a equa¸ao (3.4) e ao Teorema 3.2, existe M > 0 tal que |u|, |v| < M.
Portanto, para todo (x, t), β > 0, temos
v M Me
β|x
2
|
.
Deduziremos um limite a priori U
x
em termos de (u
0
)
x
e (v
0
)
x
. De
fato, se diferenciarmos (3.4) com respeito a x obteremos
U
ε
x
(x, t) =
+
−∞
Z
ε
(x y, t)(U
0
)
x
(y) dy +
t
0
+
−∞
Z
ε
x
(x y, t τ)F (U(y, τ))
x
dxdτ.
Denotamos por
Φ(τ) max{sup
x
|u
ε
x
(x, τ)|, sup
x
|v
ε
x
(x, τ)|},
enao
61
|F (U
ε
)
x
| |∇F (U
ε
)U
ε
x
|
(1 + 2a)u
ε
f
(v
ε
)
v
ε
u
ε
.
u
ε
x
v
ε
x
(1 + 2a)u
ε
u
ε
x
+ f
(v
ε
)v
ε
x
v
ε
u
ε
x
+ u
ε
v
ε
x
(|1 + 2a||u
ε
| + |f
(v
ε
)|) Φ(τ) + (|v
ε
| + |u
ε
|) Φ(τ)
c
a,M,f
Φ(τ),
onde c
a,M,f
depende de a, Mef.
Afirmamos que
Φ(t) Φ(0) = max{sup
x
|u
ε
x
(x, τ)|, sup
x
|v
ε
x
(x, τ)|} max{sup
x
|(u
0
)
x
|, sup
x
|(v
0
)
x
|}
sup
x
|U
ε
x
(x, t) U
ε
x
(x, 0)|.
De fato, supondo que
max
sup
x
|u
ε
x
(x, t)|, sup
x
|v
ε
x
(x, t)|
= sup
x
|u
ε
x
(x, t)|
e
max
sup
x
|(u
0
)
x
|, sup
x
|(v
0
)
x
|
= sup
x
|(v
0
)
x
|,
como
sup
x
|u
ε
x
(x, t)| sup
x
|u
ε
x
(x, t) (u
0
)
x
| + sup
x
|(u
0
)
x
|
sup
x
|u
ε
x
(x, t) (u
0
)
x
| + sup
x
|(v
0
)
x
|,
enao
sup
x
|u
ε
x
(x, t)| sup
x
|(v
0
)
x
| sup
x
|u
ε
x
(x, t) (u
0
)
x
| sup
x
|U
ε
x
(x, t) U
ε
x
(x, 0)|.
Os outros casos ao an´alogos.
62
Portanto
Φ(t) Φ(0) sup
x
|U
ε
x
(x, t) U
ε
x
(x, 0)|
= sup
x
t
0
+
−∞
Z
ε
x
(x y, t τ)F (U
ε
(y, τ ))
x
dy
sup
x
t
0
+
−∞
|Z
ε
x
(x y, t τ||F (U
ε
(y, τ ))
x
| dy
t
0
c
t τ
c
a,M,f
Φ(τ) , (3.16)
Assuma que T > 0. Defina A : C([0, T ]) C([0, T ]) por
(AΨ)(t) =
t
0
Ψ(τ)
t τ
.
Temos assim que
AΨ
sup
t
t
0
Ψ(τ)
t τ
sup
t
t
0
1
t τ
Ψ
= sup
t
2
tΨ
= 2
T Ψ
,
Da´ı A ´e limitado e
A = sup{AΨ
; Ψ
= 1} 2
T .
Se T <
1
(2cc
a,M,f
)
2
enao A
1
cc
a,M,f
, portanto o operador (I cc
a,M,f
A) ´e
invert´ıvel.
Seja
Ψ(t) = [(I cc
a,M,f
A)
1
Φ(0)](t),
enao
(I cc
a,M,f
A)Ψ(t) = Φ(0),
logo
Ψ(t) = Φ(0) + cc
a,M,f
t
0
Ψ(τ)
t τ
.
63
Afirmamos que Φ(t) Ψ(t), t [0, T ]. De fato, seja g(t) max{0, Φ Ψ}.
Enao g(0) = 0, para t = 0 usando (3.16), temos que
g(t) cc
a,M,f
t
0
g(τ)
t τ
.
Se 0 τ T enao g(τ) sup
0tT
g(t), assim para t = 0
g(t) cc
a,M,f
t
0
1
t τ
sup
0tT
g(t)
cc
a,M,f
sup
0tT
g(t)
t
0
1
t τ
2cc
a,M,f
t sup
0tT
g(t)
2cc
a,M,f
T sup
0tT
g(t).
Assim
sup
0tT
g(t) 2cc
a,M,f
T sup
0tT
g(t).
Por´em 2cc
a,M,f
T < 1, p ortanto a desigualdade anterior o ´e verdadeira se g(t) = 0,
t [0, T ]. Isso prova nossa afirma¸ao. Como
Ψ
|Φ(0)| + 2cc
a,M,f
T Ψ
,
enao
Φ
Ψ
|Φ(0)|
1 2cc
a,M,f
T
.
Conclu´ımos que Φ ´e limitada em [0, T ] e, como T d epende apenas de M,
podemos interar os argumentos anteriores, e obtermos para todo T > 0
sup
x
|u
x
|(t) c
T,(u
0
)
x
,(v
0
)
x
t [0, T ].
Resumimos nossas conclus˜oes nos seguintes resultados
Proposi¸ao 3.1 Assuma que u
0
, v
0
,
u
0
x
,
v
0
x
L
(IR), v
0
(x) 0, x IR, ent˜ao
a solu¸ao (u
ε
, v
ε
) para (3.4) satisfaz v
ε
(x, t) 0 (x, t) IR × [0, +).
64
Demonstra¸ao: Segue do Teorema 1.4.
Corol´ario 3.2 Com as mesmas hip´oteses anteriores temos (x, t) IR × [0, +)
w
lim
ε0
+
(u
ε
, v
ε
) {(u, v) : v 0}.
Demonstra¸ao: O Teorema de Banach-Alaoglu aplicado aos espa¸cos L
p
nos diz
que se tivermos U
ε
p
uniformemente limitada, com 1 < p , ent˜ao podemos
obter uma subseq¨uˆencia que continuamos denotando por (U
ε
) e uma fun¸ao U tal
que U
ε
U (U
ε
U fraco * no caso L
).
65
3.4 Entropias
Nessa se¸ao, discutiremos algumas propriedades da entropia associada ao
nosso problema.
A equa¸ao (3.3) pode ser escrita explicitamente como
q
u
= (2a + 1)u
η
u
+ v
η
v
q
v
= f
(v)
η
u
+ u
η
v
.
Derivando a primeira equa¸ao em rela¸ao a v e a segunda em rela¸ao a u temos
2
q
vu
= (2a + 1)u
2
η
vu
+
η
v
+ v
2
η
v
2
2
q
u∂v
= f
(v)
2
η
u
2
+
η
v
+ u
2
η
u∂v
.
Eliminando q, obtemos uma equa¸ao diferencial parcial de segunda ordem em η
v
2
η
v
2
f
(v)
2
η
u
2
+ 2au
2
η
u∂v
= 0. (3.17)
O produto interno de (3.3) com o autovetor `a direita r
de F pro duz a forma
caracter´ıstica de
(λ
η q).r
= 0 (3.18)
que ´e equivalente `a (3.3). Assim, os invariantes de Riemann (ω
, ω
+
) est˜ao bem
definidos, pois de acordo com o Lema 3.1
T : (u, v) (ω
, ω
+
)
´e uma bije¸ao que define uma mudan¸ca de coordenadas no semiplano {(u, v); v 0}.
De fato, dado um ponto (u, v), v 0, existe apenas uma curva integral R
+
, e
apenas uma curva integral R
, que passam pelo ponto dado, caso contr´ario teriamos
duas solu¸oes diferentes de um mesmo P.V.I. que se cruzam nesse ponto, o que ´e
uma contradi¸ao pelo teorema de existˆencia e unicidade, isso define um ´unico ponto
(ω
, ω
+
) relacionada ao p onto (u, v). Por outro lado, dado um ponto (ω
, ω
+
), como
66
ω
´e constante sobre a curva R
+
e ω
+
´e constante sobre a curva R
, e as curvas
R
+
e R
se cruzam em um ´unico ponto, quando v 0, temos que elas definem um
´unico ponto (u, v), v 0.
Podemos considerar r
e r
+
normalizados de forma que
ω
.r
= 1 ω
.r
+
= 0
ω
+
.r
= 0 ω
+
.r
+
= 1.
Definimos os operadores
ω
= r
.
ω
+
= r
+
.,
que tranformam o sistema (3.18) em
λ
η
ω
= q
ω
λ
+
η
ω
+
= q
ω
+
.
(3.19)
De fato, devido a (3.3), temos
q
ω
= q.r
= η.F.r
= λ
η.r
= λ
η
ω
,
da mesma forma
q
ω
+
= q.r
+
= η.F.r
+
= λ
+
η.r
+
= λ
+
η
ω
+
.
Al´em disso, se no sistema (3.19), derivarmos a primeira equa¸ao em rela¸ao a
ω
+
e a segunda em rela¸ao a ω
obtemos
λ
ω
+
η
ω
+ λ
2
η
ω
+
ω
=
2
q
ω
+
ω
λ
+
ω
η
ω
+
+ λ
+
2
η
ω
ω
+
=
2
q
ω
ω
+
.
Eliminando
2
q
ω
ω
+
temos, em coordenadas ω = (ω
, ω
+
),
2
η
ω
ω
+
+
1
λ
+
(ω) λ
(ω)
λ
+
(ω)
ω
η
ω
+
λ
(ω)
ω
+
η
ω
= 0. (3.20)
Consideramos (3.20) apenas quando ω
0 ω
+
.
Estudaremos a seguir alguns tipos particulares de entropia.
67
3.4.1 Entropias do Tipo Produto
Procuramos solu¸oes da forma
η(u, v) = α(u)β(v).
Para uma tal fun¸ao η(u, v), (3.17) assume a forma
vα(u)β
′′
(v) f
(v)α
′′
(u)β(v) + 2auα
(u)β
(v) = 0. (3.21)
Dividindo por α(u)β(v)f
(v) e diferenciando em rela¸ao a u, obtemos
α
′′
(u)
α(u)
= 2a
u
α
(u)
α(u)
β
(v)
β(v)f
(v)
.
que nos permite concluir que existe um k IR tal que
α(u) =
u
0
e
k
2
t
2
dt
β(v) = e
k
2a
f(v)
.
Portanto encontramos uma fam´ılia de entropias do seguinte tipo
η
k
(u, v) =
u
0
e
k
2
(
f (v)
a
+t
2
)
dt.
Por outro lado, dividindo (3.21) por α(u)β(v)f
(v) e diferenciando com respeito
a v, obtemos
vβ
′′
(v)
f
(v)β(v)
= 2au
α
(u)
α(u)
β
(v)
f
(v)β(v)
.
Enao existe um h IR tal que
α(u) = e
hu
2
β(v) = v
ah+1
.
Portanto encontramos uma outra fam´ılia de entropias dependentes do para-
metro h do tipo
η
h
(u, v) = v
ah+1
e
hu
2
. (3.22)
68
Observamos que (3.22) ´e uma entropia para nosso problema que ao depende
de f, e η
h
´e convexa se h 0. De fato, temos que
2
η
h
u
2
=
4h
2
u
2
2h
v
ah+1
e
hu
2
2
η
h
u∂v
=
2ah
2
u 2hu
v
ah
e
hu
2
2
η
h
v
2
=
a
2
h
2
+ ah
v
ah1
e
hu
2
.
Mostraremos que
2
η
h
((w, z), (w, z)) =
2
η
h
u
2
w
2
+ 2
2
η
h
u∂v
zw +
2
η
h
v
2
z
2
0
(w, z) IR
2
. Como v
2ah
e
hu
2
0, (u, v) IR
2
, ent˜ao ´e suficiente mostrarmos que
2ah
2
u + 2hu
2
2h + 4h
2
u
2
a
2
h
2
+ ah
0,
ou seja,
h
2
h
2a
2
+ 4au
2
+
2a + 4u
2

0.
Como h
2
0, h IR, basta que
h
2a
2
+ 4au
2
+
2a + 4u
2
0,
logo precisamos que h
1
a
. Como a >
1
2
, basta que h 0
1
a
.
3.4.2 Entropias do Tipo Soma
Agora, procuramos por solu¸oes da forma
η(u, v) = α(u) + β(v).
Nesse caso (3.17) reduz-se a
vβ
(v) f
(v)α
′′
(u) = 0,
69
que admite a seguinte solu¸ao
α(u) =
1
2
u
2
β(v) =
v
0
y
0
f
(z)
z
dzdy,
assim
η(u, v) =
1
2
u
2
+
v
0
y
0
f
(z)
z
dzdy
´e uma entropia convexa bem definida. De fato, para v = 0, temos
2
η(u, v) =
1 0
0
f
(v)
v
.
Dado (w, z) IR
2
, temos que
2
η((w, z), (w, z)) = w
2
+
f
(v)
v
z
2
enao η ´e convexa.
Lembramos que q = ηF , enao
q =
(1 + 2a) u
2
+ v
v
0
f
(ξ)
ξ
, uf
(v) + u
v
0
f
(ξ)
ξ
,
logo o fluxo correspondente ´e dado por
q(u, v) =
2a + 1
3
u
3
+ uv
v
0
f
(z)
z
dz.
3.4.3 Entropias Polinomiais
Nessa subse¸ao, assumimos que f ´e um polinˆomio de grau n. Com essa
hip´otese provaremos a existˆencia de entropias polinomiais p or um processo de in-
tera¸ao.
Supomos primeiro que f(v) =
1
2
v
2
, sem perda de generalidade, pois se f(v) =
c
2
2
v
2
, por meio de uma mudan¸ca de vari´avel v
v
c
, obtemos
u
t
+

1
2
+ a
u
2
+
1
2
v
2
x
= 0
1
c
v
t
+
1
c
(uv)
x
= 0
70
que ´e o problema (3.1), com f(v) =
1
2
v
2
.
De fato, (3.17) reduz-se a
v
2
η
v
2
v
2
η
u
2
+ 2au
2
η
u∂v
= 0 (3.23)
que ´e invariante sobre a dilata¸ao
(u, v, η) → (cu, cv, ).
Sejam ξ =
u
v
e ˜η(ξ) =
η(u, v)
v
α
, onde α > 0 ´e um inteiro que queremos deter-
minar para que η seja um polinˆomio de grau α. Enao
2
η
u
2
(u, v) = ˜η
′′
(ξ)v
α2
2
η
v
2
(u, v) = ˜η
′′
(ξ)u
2
v
α4
(α 2)˜η
(ξ)uv
α3
α˜η
(ξ)uv
α3
+ α(α 1)˜η(ξ)v
α2
2
η
vu
(u, v) = ˜η
′′
(ξ)uv
α3
+ (α 1)˜η
(ξ)v
α2
.
Substituindo em (3.23), temos
˜η
′′
(ξ)
u
2
v
α3
v
α1
2au
2
v
α3
+ ˜η
(ξ)
(α 2)uv
α2
αuv
α2
2au(α 1)v
α2
+ ˜η(ξ)α(α 1)v
α1
= 0.
Escolhendo α = 1, obtemos
˜η
′′
(ξ)
u
2
v
2
1 2au
2
v
2
= 0.
Como [u
2
v
2
(1 2a) 1] = 0, pois a >
1
2
, enao ˜η(ξ) = k
1
ξ + k
2
, onde k
1
e k
2
ao
constantes. Portanto
η(u, v) = v˜η
u
v
= k
1
u + k
2
v,
´e uma solu¸ao polinomial de grau 1 de (3.23).
Agora, supomos que f ´e uma fun¸ao polinomial de grau n que pode ser escrita
como
f(v) =
1
2
v
2
+ g(v),
71
onde g ´e uma fun¸ao polinomial de grau maior que 2.
Seja
L(η) = v
2
η
v
2
2
η
u
2
+ 2au
2
η
u∂v
g
(v)
2
η
u
2
.
Enao (3.17) pode ser escrita como
L(η) = 0. (3.24)
Seja
L
0
(η) = v
2
η
v
2
2
η
u
2
+ 2au
2
η
u∂v
.
Enao podemos encontrar solu¸oes para
L
0
(η) = 0. (3.25)
Queremos encontrar uma solu¸ao para (3.24). Seja η
0
uma solu¸ao para (3.25).
Podemos, enao escrever a solu¸ao para (3.24) da seguinte forma
η = η
0
+ H
0
1
+ H
R
1
,
onde H
0
1
´e uma solu¸ao para a equa¸ao ao-homogenea
L
0
(η) = g
(v)
2
η
0
u
2
.
Como
L(η) = v
2
η
0
v
2
2
η
0
u
2
+ 2au
2
η
0
u∂v
g
(v)
2
η
0
u
2
+v
2
H
0
1
v
2
2
H
0
1
u
2
+ 2au
2
H
0
1
u∂v
g
(v)
2
H
0
1
u
2
+v
2
H
R
1
v
2
2
H
R
1
u
2
+ 2au
2
H
R
1
u∂v
g
(v)
2
H
R
1
u
2
= g
(v)
2
H
0
1
u
2
+ L(H
R
1
),
72
enao H
R
1
´e uma solu¸ao de
L(η) = g
(v)
2
H
0
1
u
2
.
Vamos agora dividir H
R
1
da seguinte forma
H
R
1
= H
0
2
+ H
R
2
,
onde H
0
2
´e uma solu¸ao de
L
0
(η) = g
(v)
2
H
0
1
u
2
.
Como
L(H
R
1
) = v
2
H
0
2
v
2
2
H
0
2
u
2
+ 2au
2
H
0
2
u∂v
g
(v)
2
H
0
2
u
2
+v
2
H
R
2
v
2
2
H
R
2
u
2
+ 2au
2
H
R
2
u∂v
g
(v)
2
H
R
2
u
2
= g
(v)
2
H
R
2
u
2
+ L(H
R
2
),
enao H
R
2
´e uma solu¸ao de
L(η) = g
(v)
2
H
0
2
u
2
.
Assim, a solu¸ao η ´e dada por
η = η
0
+ H
0
1
+ H
R
1
+ H
0
2
+ H
R
2
.
Enao, continuando esse processo, depois de k passos obtemos
η = η
0
+
k
j=1
H
0
j
+ H
R
k
,
onde
L
0
(η
0
) = 0
L
0
(H
0
j
) = g
(v)
2
H
0
j1
u
2
,
(3.26)
para j 0. Finalmente, temos
73
Proposi¸ao 3.2 Com as hip´oteses anteriores as seguintes propriedades ao ver-
dadeiras:
a) Se H
0
j1
´e um polinˆomio ent˜ao existe H
0
j
que tamb´em ´e um polinˆomio.
b) k > 0 tal que H
R
k
0.
Demonstra¸ao: Supomos que H
0
j1
tem grau m
1
em u e m
2
em v, isto ´e,
H
0
j1
(u, v) =
m
1
k=0
m
2
h=0
d
k,h
u
k
v
h
,
enao
2
H
0
j1
u
2
=
m
1
k=0
m
2
h=0
k(k 1)d
k,h
u
k2
v
h
e existe
˜
d
k,h
tal que
g
(v)
2
H
0
j1
u
2
=
m
1
2
k=0
m
2
+n1
h=0
˜
d
k,h
u
k
v
h
.
Se assumirmos que
H
0
j
(u, v) =
k
1
0,h
1
0
c
k
1
,h
1
u
k
1
v
h
1
,
enao (3.26)
j
torna-se
k
1
0,h
1
2
h
1
(h
1
1)c
k
1
,h
1
u
k
1
v
h
1
1
k
1
2,h
1
0
k
1
(k
1
1)c
k
1
,h
1
u
k
1
2
v
h
1
+1
+
k
1
1,h
1
1
2ah
1
k
1
c
k
1
,h
1
u
k
1
v
h
1
1
=
k=0,h=2
˜
d
k,h
u
k
v
h
,
ou equivalente
k
1
0,h
1
1
h
1
(h
1
+ 1)c
k1,h
1
+1
u
k
1
v
h
1
k
1
0,h
1
1
(k
1
+ 2)(k
1
+ 1)c
k
1
+2,h
1
1
u
k
1
v
h
1
+
k
1
1,h
1
0
2a(h
1
+ 1)k
1
c
k
1
,h
1
+1
u
k
1
v
h
1
=
k=0,h=2
˜
d
k,h
u
k
v
h
74
de onde obtemos
c
k,1
= 0, se k IN
c
k,2
= 0, se k IN
(h + 1)(h + 2ak)c
k,h+1
(k + 1)(k + 2)c
k+2,h1
=
˜
d
k,h
,
se k m
1
2 e h m
2
+ n 1
c
k,h
= 0, caso contr´ario.
Podemos escolher alguns dos coeficientes c
k,h
arbitrariamente, por exemplo
c
m
1
1,h
= 0
c
m
1
,h
= 0.
Assim, obtemos H
0
j
com grau m
1
2 em u, de fato se η
0
tem grau γ em u, depois
de
γ
2
+ 1 p assos obtemos uma fun¸ao que ´e independente de u.
Portanto provamos que
Teorema 3.4 Se considerarmos (3.1) com um poli nˆomio f de grau n, ent˜ao existe
uma entropia polinomial em (u, v).
3.4.4 O Problema de Goursat
Consideramos o sistema de coordenadas de invariantes de Riemann (ω
, ω
+
).
Nesse caso, encontramos que as curvas caracter´ısticas para as equa¸oes de entropia
ao as retas paralelas aos eixos coordenados. O problema de Goursat consiste em en-
contrar uma solu¸ao η de (3.20) quando seus valores nas duas curvas caracter´ısticas
ao conhecidos.
Tomamos duas constantes ω
, ω
+
com ω
ω
+
. Estudaremos o problema de
Gousat.
2
η
ω
ω
+
+
1
λ
+
(ω) λ
(ω)
λ
+
(ω)
ω
η
ω
+
λ
(ω)
ω
+
η
ω
= 0
η(ω
, ω
+
) = θ
(ω
)
η(ω
, ω
+
) = θ
+
(ω
+
),
(3.27)
onde θ
e θ
+
ao fun¸oes suaves dadas.
Relembramos o seguinte resultado devido a Sobolev
75
Teorema 3.5 O problema de Goursat (3.27) admite uma solu¸ao ao regular quanto
os dados iniciais θ
e θ
+
em qualquer dom´ınio limitado fora do ponto umbilical e
do eixo ω
+
.
Demonstra¸ao: Segundo [Sb], considere que a equa¸ao (3.27) seja da forma
2
η
ω
ω
+
+ α
η
ω
+ β
η
ω
+
= 0
η(ω
, ω
+
) = θ
(ω
) ω
ω
a
η(ω
, ω
+
) = θ
+
(ω
+
) ω
+
ω
+
b,
(3.28)
onde
α α(ω
, ω
+
) =
1
λ
+
(ω) λ
(ω)
λ
(ω)
ω
+
e
β β(ω
, ω
+
) =
1
λ
+
(ω) λ
(ω)
λ
+
(ω)
ω
.
Supomos tamb´em que θ
(ω
) = θ
+
(ω
+
). Sejam
η
ω
= u e
η
ω
+
= v, (3.29)
dessa forma temos
u
ω
+
=
v
ω
= αu βv, (3.30)
segue que
u(ω
, ω
+
) = u(ω
, ω
+
) +
ω
+
ω
+
(αu βv)
+
v(ω
, ω
+
) = v(ω
, ω
+
) +
ω
ω
(αu βv)
η(ω
, ω
+
) = η(ω
, ω
+
) +
ω
+
ω
+
v
+
.
(3.31)
De (3.28) e (3.29) temos
u(ω
, ω
+
) =
η
ω
ω
+
=ω
+
= θ
(ω
)
(3.32)
v(ω
, ω
+
) =
η
ω
+
ω
=ω
= θ
+
(ω
+
).
76
Assim, (3.31) torna-se
u(ω
, ω
+
) = θ
(ω
) +
ω
+
ω
+
(αu βv)
+
v(ω
, ω
+
) = θ
+
(ω
+
) +
ω
ω
(αu βv)
η(ω
, ω
+
) = θ
(ω
) +
ω
+
ω
+
v
+
.
(3.33)
Qualquer solu¸ao do sistema (3.33) satisfaz (3.30) e a segunda equa¸ao em (3.29),
observamos ainda que
η
ω
= θ
(ω
) +
ω
+
ω
+
v
ω
+
= θ
(ω
) +
ω
+
ω
+
(αu βv)
+
= u.
Consequentemente a primeira equa¸ao em (3.29) tamem ´e satisfeita. Segue ainda
de (3.33) que η satisfaz
η(ω
, ω
+
) = θ
(ω
)
η(ω
, ω
+
) = θ
(ω
) +
ω
+
ω
+
v
+
= θ
(ω
) +
ω
+
ω
+
θ
+
(ω
+
)
+
= θ
(ω
) + θ
+
(ω
+
) θ
+
(ω
+
)
= θ
+
(ω
+
),
condi¸oes iniciais de (3.28)
Portanto, qualquer solu¸ao do sistema (3.33) ´e uma solu¸ao do problema (3.28).
Segue que o sistema (3.33) ´e equivalente ao problema (3.28).
Encontraremos ent˜ao uma solu¸ao de (3.33) por um m´etodo de aproxima¸oes
sucessivas. Sejam u
0
(ω
, ω
+
) = θ
(ω
), v
0
(ω
, ω
+
) = θ
+
(ω
+
) e η
0
(ω
, ω
+
) =
θ
(ω
), e escrevemos n 1
77
u
n
= θ
(ω
) +
ω
+
ω
+
(αu
n1
βv
n1
)
+
v
n
= θ
+
(ω
+
) +
ω
ω
(αu
n1
βv
n1
)
η
n
= θ
(ω
) +
ω
+
ω
+
v
n1
+
.
(3.34)
Mostraremos que as seq¨encias u
n
, v
n
e η
n
convergem. Para isso, assumimos
que todas as fun¸oes θ
, θ
+
, θ
, θ
+
, α e β ao limitadas no retˆangulo definido em
(3.28). Assim temos
u
n+1
u
n
=
ω
+
ω
+
α (u
n
u
n1
) + β (v
n
v
n1
)
+
v
n+1
v
n
=
ω
ω
α (u
n
u
n1
) + β (v
n
v
n1
)
η
n+1
η
n
=
ω
+
ω
+
(v
n
v
n1
)
+
.
Mostraremos que
|u
n
u
n1
| K
n1
A
(ω
+ ω
+
ω
ω
+
)
n1
(n 1)!
|v
n
v
n1
| K
n1
A
(ω
+ ω
+
ω
ω
+
)
n1
(n 1)!
|η
n
η
n1
| K
n1
A
(ω
+ ω
+
ω
ω
+
)
n1
(n 1)!
,
onde K > |α|+ |β| e os A’s ao umeros independentes de n. Como estamos em um
78
retˆangulo definido em (3.28), temos que se n = 1 ent˜ao
|u
1
u
0
|
b
ω
+
αθ
(ω
)
+
+
b
ω
+
βθ
+
(ω
+
)
+
A
1
|v
1
v
0
|
a
ω
αθ
(ω
)
+
a
ω
βθ
+
(ω
+
)
A
2
,
|η
1
η
0
|
b
ω
+
|v
1
v
0
|
+
A
2
b ω
+
= A
3
,
onde A
1
, A
2
e A
3
ao constantes.
Supomos agora, que a desigualdade vale para n, mostraremos que ela ´e alida
para n + 1, assim
|u
n+1
u
n
|
ω
+
ω
+
|α||u
n
u
n1
| + |β||v
n
v
n1
|
+
ω
+
ω
+
(|α| + |β|) K
n1
A
ω
+ ω
+
ω
ω
+
n1
(n 1)!
+
AK
n
ω
+
ω
+
ω
+ ω
+
ω
ω
+
n1
(n 1)!
+
AK
n
n!

ω
+ ω
+
ω
ω
+
n
ω
ω
n
AK
n
ω
+ ω
+
ω
ω
+
n
n!
,
as outras diferen¸cas ao estimadas de forma semelhante. Segue que as eries
u
0
+
+
n=1
(u
n
u
n1
)
v
0
+
+
n=1
(v
n
v
n1
)
η
0
+
+
n=1
(η
n
η
n1
) ,
79
ao absolutamente e uniformemente convergente, pois seus termos ao limitados
pelos termos correspondente da erie
A + A
+
n=1
K
n1
ω
+ ω
+
ω
ω
+
n1
(n 1)!
,
que ´e a fun¸ao A + Ae
K(ω
+ω
+
ω
ω
+
)
. Consequentemente, u
n
, v
n
e η
n
tendem
uniformemente para limites definidos no retˆangulo definido em (3.28). Tomando o
limite na formula (3.34), vemos que as fun¸oes limites u, v e η satisfazem (3.33),
assim nosso problema est´a resolvido. Podemos aplicar um argumento similar para
os casos a < ω
, b < ω
+
. Para mostrarmos a unicidade, ´e suficiente mostrarmos
que no caso onde θ
(ω
) θ
+
(ω
+
) 0, o sistema (3.33) ao possui outra solu¸ao
limitada al´em de u = 0, v = 0 e η = 0. Supomos que existe alguma solu¸ao que
satisfaz as condi¸oes |u| < A, |v| < A e |η| < A. Enao as fun¸oes u, v e η satisfazem
as desigualdades
|u| K
n1
A
(ω
+ ω
+
ω
ω
+
)
n1
(n 1)!
|v| K
n1
A
(ω
+ ω
+
ω
ω
+
)
n1
(n 1)!
|η| K
n1
A
(ω
+ ω
+
ω
ω
+
)
n1
(n 1)!
,
(3.35)
que ao obtidas por aproxima¸oes sucessivas. Temos assim a unicidade da solu¸ao,
pois as ´unicas fun¸oes que satisfazem (3.35), n IN, ao u = v = η = 0.
Referˆencias Bibliogr´aficas
[B] BRESSAN, A.: Hiperbolic Systems of Conservation Laws, Oxford Uni-
versitypress, New York, 2000.
[C-C-S] CHUEH, K. N.; CONLEY, C. C.; SMOLLER, J. A.: Positively Invariant
Regions for Systems of Non-Linear Diffusion Equations, Indiana Univ. J.
Math, Vol 26, 1977, pp. 372-411.
[C-H] COURANT, R.; HILBERT, D.: Methods of Mathematical Physics II:
Partial Differential Equations, Wiley and Sons, 1962.
[D] DAFERMOS, C. M.: Polygonal Approximations of Solutions of the Initial
Value Problem for a Conservation Law, J. Math Anal. and Applic., Vol
38, 1972, pp. 33-41.
[E] EVANS, L.C.: Partial Differential Equations, American Mathematical So-
ciety, Providence, Rhode Island, 1998.
[F] FRID NETO, Hermano: Compacidade Compensada Aplicada `as Leis de
Conservao, IMPA, 19
o
Col´oquio Brasileiro de Matem´atico.
[Fr] FRIEDMAN, A.: Partial Differential Equations of Paravolic Type, Pren-
tice Hall, Englewood Cliffs, 1970.
[G-R] GODLEWSKI, E., RAVIART, P. A.: Hiperbolic Systems of Conserva-
tion Laws, n
o
3/4, Ellipses, Paris, 1990.
[H] H
¨
ORMANDER, L. : The Anaysis of Linear Partial Differential Opera-
tors , Vol.1, Springer-Verlag, Berlin, 1983.
81
[Hf] HOPF, E.: On the Right Weak Solution of the Cauchy Problem for a Quasi-
linear Equation of First Order, Indiana Univ. J. Math. and Mech., Vol 19,
1969, pp.483-487.
[L] LIMA, E. L.: Curso de An´alise, Vol. 2, IMPA, Rio de Janeiro, 2000.
[O] OL EINIK, O. A.: Discontinuous Solutions of Non-Linear Differential Equa-
tions, Usp. Mat. Nauk 12, 1957, 3-73.
[R] RUDIN, W.: Real and Complex Analysis, McGraw-Hill, New York, 1966.
[Ru] RUBINO, B.: On the Vanishing Viscosity Approximation to the Cauchy Prob-
lem for 2×2 System of Conservation Laws, Ann. Inst. Henri Poincar´e, Vol.
10, 1993, pp.627-656.
[Sb] SOBOLEV, S. L.: Partial Differential Equations of Mathematical
Physics, Dover Publications, New York, 1964.
[Se] SERRE, D.: L a compacit´e par compensation pour les syst`emes hyperboliques
non lin´eaires de deux ´equation a une dimension d’espace, J. Math. Pures
Appl., Vol 65, 1986, pp. 423-468.
[Sm] SMOLLER, J.: Shock Waves and Reaction-Diffusion Equations,
Springer-Verlag, New York, 1983.
[W] WEBLER, Claudete M.: Existˆencia Global de Solu¸oes para Certos Sistemas
Parab´olicos ao Lineares,Disserta¸ao de Mestrado, UFSCar, ao Carlos,
2005.
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo