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Patrícia Tanganelli Lara
CLASSIFICAÇÃO DE ALUNOS NO ENSINO FUNDAMENTAL: A IMPUTAÇÃO
DO FRACASSO OU SUCESSO A ALUNOS DO CICLO II
Mestrado em Educação: História, Política, Sociedade
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
2008
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Patrícia Tanganelli Lara
CLASSIFICAÇÃO DE ALUNOS NO ENSINO FUNDAMENTAL : A IMPUTAÇÃO
DO FRACASSO OU SUCESSO A ALUNOS DO CICLO II
Dissertação apresentada à Banca Examinadora
da Pontifícia Universidade Católica de São
Paulo, como exigência parcial para obtenção do
título de MESTRE em Educação: História,
política, Sociedade, sob orientação da Profa.
Dra. Alda Junqueira Marin.
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
2008
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Banca Examinadora
_______________________________
_______________________________
_______________________________
Resumo
Este estudo analisa a inclusão e a exclusão escolar de alunos no último ano do ciclo II,
verificando por quais razões os alunos apresentam sucesso ou fracasso escolar. O objetivo
central da pesquisa foi identificar e caracterizar a inclusão e a exclusão escolar de alunos do
final do ciclo II em suas relações com aspectos da organização da escola e do currículo em
ação na escola, por meio do trabalho dos professores, bem como das características sociais
e culturais dos agentes da escola. Os principais referenciais teóricos do presente estudo
foram Bourdieu, a fim de compreender o que significam as categorias do juízo professoral
sobre os alunos e os excluídos do interior; Charlot, para esclarecer a relação com o saber;
Lahire, para discutir o sucesso escolar nos meios populares. Para explicar os processos de
rotulação existentes no cotidiano escolar, recorreu-se a Apple. Os dados coletados referem-
se à observação no interior da escola, inclusive nas turmas de 8ª série de uma escola pública
municipal situada na cidade de São Paulo em 2007; a questionários e entrevistas ao longo
do percurso para professores e alunos; a análise dos documentos relativos às avaliações dos
alunos na série e prévia (4ª série), e outros advindos das provas de avaliação externa da
escola, e da organização escolar. Os resultados indicaram que a produção do sucesso e do
fracasso escolar foi uma questão institucional, perpassando a atuação de todos os agentes da
escola, seja pelas classificações efetuadas, seja pela manutenção delas ao longo dos anos,
seja pelos órgãos que decidiram a vida dos alunos ou, ainda, pela atuação da equipe
dirigente, omissa muitas vezes em prover condições ou alterá-las para outra direção, ou
mesmo providenciar substituições e não suspensão de tantas aulas, o que agravou a
precariedade do atendimento. Essas ações no interior da escola demonstram traços fortes da
cultura escolar, que propiciam a inclusão ou a exclusão escolar de alunos.
Palavras-chave: ensino fundamental, exclusão e inclusão escolar, rotulação, cultura
escolar, 8ª série.
Abstract
Abstract
This study analizes the scolastic inclusion and exclusion of students in the 8th grade,
verifying the reasons for which the students present scolastic success or weakness. The
main objective of the research was to identify and characterize scolastic inclusion and
exclusion of students at the end of the eight grade in relation to the organizational aspects
of the school and the curiculum being used at the school, as seen through the work of the
teachers, as well as in relation to the social and cultural characteristics of all the school
employees. The main theoretical references for the present study were Bourdieu, in order
to comprehend the meaning of the categories allotted by the teachers for the students and
those excluded from the interior; Charlot, to clarify the relation to knowledge; and Lahire,
to discuss the scholastic success amongst the lower-class population. To explain the
processes of selection existent in the day to day school environment, Apple was consulted.
The data collected refers to observation within the school, including the 8th grade students
of a public school situated in the city of São Paulo em 2007; to the questionaires applied to
and interviews with teachers and students throughout the time period; and to the analysis of
documents related to the evaluations of the students when in the 8th grade and prior (when
in the 4th grade), and other information from general evaluation tests, and from scolastic
organization. The results indicate that the production of scholastic success or weakness
was an institutional factor, including the actions of all school employees, be it by the
classification used, be it by the maintenance of them throughout the years, be it by the
institutions that decided the lives of the students, and be it by the actions of the team of
directors in omitting many times the conditions or change in conditions needed for
betterment and not providing substitution rather than suspension of so many classes, which
only worsened the precariousness of the attention given. These actions within the school
demonstrate strong traits of school culture, which proportions the scholastic inclusion or
exclusion of students.
Key words: grade school, scholastic inclusion and exclusion, selection, school culture, 8th
grade
Dedico este trabalho à minha família, a
quem muito amo e sempre me apoiou: meu
querido marido Roberto, meus filhos,
Bruninha, Roberto Júnior e Marcos
Vinícius, meus pais, Teodoro e Yara, que
acreditaram que eu chegaria ao final,
sacrificando muitas vezes seu tempo em
favor do meu.
Agradecimentos
Agradeço à minha orientadora, Profª. Drª Alda Junqueira Marin, que com competência e
rigor, me orientou em toda trajetória deste trabalho;
À Profª Drª Helena Machado de Paula Albuquerque pela leitura atenciosa do meu relatório
de qualificação e pelas sugestões apresentadas;
Ao Prof. Dr. Luiz Carlos Novaes, pela cuidadosa leitura realizada do meu trabalho;
Aos professores do Programa Educação: História, Política, Sociedade, em especial ao Prof.
Dr. José Geraldo Silveira Bueno, pelas preciosas discussões durante as aulas.
Aos professores e alunos da escola pesquisada, que me acolheram e compartilharam suas
dificuldades do dia-a-dia no nosso sistema público de ensino;
À minha amiga Elisabete, pela troca e grande incentivo;
A algumas pessoas que tornaram possível a realização desse trabalho, em especial às
senhoras: Sula, Fany, Tatiana, Lea, Vitória e Sandra, pelo carinho, confiança e amizade;
A todos os meus amigos que compreenderam minha ausência nestes últimos anos;
Aos meus pais Teodoro e Yara, pela ajuda e compreensão, nos momentos mais difíceis e
cansativos deste percurso;
Ao meu marido Roberto, pelo apoio e suporte emocional;
Aos meus filhos, que me trazem a alegria de viver e o sentido em continuar lutando por
uma educação de qualidade a todos;
Ao CNPq, pelo apoio financeiro.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 11
Corpus conceitual ............................................................................................................. 19
O problema ....................................................................................................................... 24
Objetivos ........................................................................................................................... 24
Hipóteses .......................................................................................................................... 25
Procedimentos de Pesquisa .............................................................................................. 25
A coleta e análise das informações .................................................................................. 26
Exposição do trabalho ...................................................................................................... 26
CAPÍTULO 1 ....................................................................................................................... 28
O CONTEXTO DA PESQUISA .......................................................................................... 29
1.1. À procura de uma escola ......................................................................................... 29
1.2. Localização e características físicas da escola analisada ........................................ 33
1.3. A escola ..................................................................................................................... 35
1.4. Organização Escolar ................................................................................................. 38
1.4.1. Projetos da Escola ................................................................................................. 41
1.4.2. Recursos Humanos da Escola ................................................................................ 46
1.5. Professores do Ensino Fundamental, que atuam no Ciclo II da EMEF “Henrique
Pacheco” .......................................................................................................................... 50
1.6. Alunos da 8ª série da EMEF “Henrique Pacheco” ................................................. 53
1.6.1. - Condições sócio-econômicas ............................................................................... 58
1.6.2. Práticas culturais .................................................................................................. 61
1.6.4. O aluno trabalhador .............................................................................................. 63
CAPÍTULO 2 ....................................................................................................................... 65
Os conceitos atribuídos aos alunos e suas características..................................................... 66
2.1. A organização da escola e o processo contínuo de atribuição de conceitos aos
alunos ............................................................................................................................... 66
2.2. As percepções de dificuldade e facilidades em relação ao currículo manifestas pelos
alunos ............................................................................................................................... 75
2.3. Aspectos da escolarização dos alunos em relação à família e condições para o
rendimento ........................................................................................................................ 79
2.4. A classificação e rotulação escolar ........................................................................... 81
CAPÍTULO 3 ....................................................................................................................... 98
O ensino em sala de aula ...................................................................................................... 99
3.1. Práticas na sala de aula para as diferentes turmas de 8ª série .............................. 100
3.2. Sala de leitura e sala dos professores ..................................................................... 124
Considerações Finais .......................................................................................................... 130
Referências Bibliográficas .................................................................................................. 134
ANEXOS ............................................................................................................................ 140
ANEXO I ............................................................................................................................ 141
ANEXO II .......................................................................................................................... 144
ANEXO III ......................................................................................................................... 154
ANEXO IV ......................................................................................................................... 161
ANEXO V .......................................................................................................................... 164
ANEXO VI ......................................................................................................................... 166
Lista de Figuras, Tabelas e Quadros
Figuras
Figura 1 –Disciplinas escolares / desempenho escolar conforme a opinião dos alunos - 8ª A ......... 76
Figura 2 – Disciplinas escolares / desempenho escolar conforme a opinião dos alunos - 8ªB ........ 77
Figura 3 – Disciplinas escolares / desempenho escolar conforme a opinião dos alunos 8ªC ........... 77
Figura 4 - Comparativo da opinião dos alunos das oitavas séries das disciplinas escolares. 8ª A, B, C
........................................................................................................................................................... 78
Tabelas
Tabela 1 : Caracterização das turmas de oitava série, contendo a idade e o sexo ............................. 54
Tabela 2 – Caracterização dos alunos, quanto à questão de moradia familiar. ................................. 55
Tabela 3 - Caracterização das famílias dos alunos da 8ª série A, B e C, quanto à quantidade de
irmãos. ............................................................................................................................................... 56
Tabela 4 – Caracterização da família quanto ao seu sustento ........................................................... 57
Tabela 5 – Caracterização das famílias quanto aos processos de mudança ...................................... 57
Tabela 6 – Características da moradia dos alunos da 8ª A e como eles se consideravam ................. 58
Tabela 7 - Características da moradia dos alunos da 8ª B e como eles se consideram ..................... 59
Tabela 8 - Características da moradia dos alunos da 8ª C e como eles se consideravam .................. 60
Tabela 9 – Práticas Culturais das turmas A, B e C ............................................................................ 62
Tabela 10– Práticas Culturais quanto à preferência musical ............................................................ 62
Tabela 11 – Número de alunos que trabalhavam nas turmas de oitava série. ................................... 63
Tabela 12 – Relação familiar dos estudantes da 8ªA com aspectos da escolarização ....................... 80
Tabela 13 – Relação familiar dos estudantes da 8ªB com aspectos da escolarização ....................... 80
Tabela 14 – Relação familiar dos estudantes da 8ªC com aspectos da escolarização ....................... 80
Quadros
Quadro 1 - Componentes Curriculares da 5ª a 8ª série do Ensino Fundamental II ........................... 39
Quadro 2 - Apresentação dos projetos realizados pela escola pesquisada em 2007. ........................ 43
Quadro 3 - Perfil dos professores pesquisados .................................................................................. 51
Quadro 4 – Caracterização da turma de alunos da 8ª séries A, contendo conceitos, o sexo, a idade no
1º e 2º semestre de 2007, com parecer conclusivo. ........................................................................... 69
Quadro 5 – Caracterização da turma de alunos da 8ª séries B, contendo conceitos, o sexo, a idade
no 1º e 2º semestre de 2007, com parecer conclusivo. ...................................................................... 71
Quadro 6 – Caracterização da turma de alunos da 8ª séries C, contendo conceitos, o sexo, a idade no
1º e 2º semestre de 2007, com parecer conclusivo. ........................................................................... 72
Quadro 7– Ficha correspondente ao Conselho de Classe da 8ªA – 1º semestre – 2007 .................... 87
Quadro 8 – Ficha correspondente ao Conselho de Sala da 8ªB – 1º semestre – 2007 ....................... 90
Quadro 9– Ficha correspondente ao Conselho de Sala da 8ªC – 1º semestre – 2007........................ 92
Abreviaturas Utilizadas
SME - Secretaria Municipal de Educação
DOM - Diário Oficial do Município
SAEB - Sistema Federal de Avaliação do Ensino Básico
APM - Associação de Pais e Mestres
PEA - Projeto Especial de Ação
EMEF - Escola Municipal de Ensino Fundamental
EMEI - Escola Municipal de Educação Infantil
POIE - Professor Orientador de Informática Educativa
POSL - Professor Orientador de Sala de Leitura
CEI - Centro de Educação Infantil
JB - Jornada Básica
JEA - Jornada Especial Ampliada
JEI - Jornada Especial Integral
EJA - Educação de Jovens e Adultos
PT - Partido dos Trabalhadores
SAP - Sala de Apoio Pedagógico
SAAI - Sala de Apoio e Acompanhamento à Inclusão
OIT - Organização Internacional do Trabalho
EDUCOM – Educomunicação
QI - Quociente de Inteligência
MPB - Música Popular Brasileira
CLT - Consolidação das Leis do Trabalho
NS - Não Satisfatório
S - Satisfatório
PS ou P - Plenamente Satisfatório
USP - Universidade de São Paulo
INTRODUÇÃO
___________________
12
INTRODUÇÃO
No início dos meus estudos na pós-graduação tinha uma preocupação com alunos
das últimas séries do ensino fundamental que apresentavam muitas dificuldades para
aprender e tinham desempenho baixo nas escolas precisando de várias ajudas. No decorrer
do debate no interior das disciplinas da s-graduação e no embate com as redes de ensino
para obter autorização para pesquisar, acabei me deparando com uma escola municipal com
organização muito pouco usual. Tratava-se de séries em escolas com organização de
ciclos desde 1992 marcadamente organizadas segundo os conceitos sobre rendimento dos
alunos, quais sejam, as 8ªs A, B, C. A partir de então a questão inicial assumiu outra
dimensão para que se investigasse os mecanismos internos da escola para a produção do
fracasso, incluindo e excluindo alunos, produzindo e/ ou mantendo desigualdades.
Este estudo teve, então, como tema analisar e refletir sobre o fenômeno da inclusão
e exclusão escolar, recortando-o em tema mais específico a respeito dos aspectos da
organização da escola, sobretudo o que ocorre nas salas de aula e como o desempenho dos
alunos dessas séries é caracterizado pelos professores.
A escolha do tema insere-se na linha de pesquisa “Escola e Cultura: perspectivas
das Ciências Sociais”, mais especificamente no projeto “Inclusão, exclusão e
desigualdades”.
Para sua apresentação esta dissertação se pauta em argumentos oriundos da
realidade escolar e fundamentos teóricos. Dentre os argumentos da realidade apresento
dados resultantes da vivência no interior de uma escola pública municipal de ensino
fundamental, e os dados de avaliações externas, de escolas municipais em São Paulo em
2007 apresentados como indicadores complementares da realidade das escolas públicas da
cidade de São Paulo.
Além desses dados apoios teóricos para orientar a pesquisa e fornecer subsídios
para análise posterior.
Foram relacionados os estudos dos seguintes autores: Patto (1990), Marin (1998,
2006), Ferraro (1999, 2004), Rocha (1999) Sampaio (2004), Sawaya
(2000), Truzzi (2001), Sirino e Cunha (2002), Chechia (2003), que visaram, respeitadas a
13
temática de cada um, a análise da exclusão escolar, do fracasso escolar nas suas relações
com currículo, ciclos de aprendizagem, progressão continuada, buscando verificar
referências à evasão escolar e à exclusão frente às desigualdades detectadas.
A pesquisa realizada por Patto (1999), apontou que as dificuldades na escolarização
dos alunos são produzidas no enredamento das relações, concepções e práticas da
instituição escolar no processo de escolarização dos alunos.
Para a autora, um preconceito que estrutura as “práticas e os processos que
constituem desde as decisões referentes à política educacional até a relação diária da
professora com seus alunos” (p.408).
Esse estudo foi retomado por Rocha ( 1999), que baseando-se em Patto acrescenta:
“o fracasso é produzido” e a escola, pelas práticas dos diversos profissionais, está
implicada com este efeito. Assim, o fracasso é visto como fruto de um modo de
pensar/ fazer psicologia. Enquanto prática pedagógica, a educação cria dispositivos
produtores de normas, valores, princípios, ou seja, instituições constitutivas da rede
que movimento e sentido à formação de subjetividades. As diferentes práticas
pedagógicas produzem resultados que podem estar vinculados tanto ao fracasso
traduzido no desinteresse, na evasão e na repetência, no tédio. Isto ocorre porque
tanto os critérios norteadores das ações, das regras e das relações, como seus
efeitos, constituem o processo político que vai consolidando, no cotidiano escolar,
modos de fazer, de pensar, sentidos que vão sendo gerados e dos quais nem sempre
nos damos conta. Patto fala a respeito do esquecimento de que as idéias têm uma
história, pois se constituem no tempo, e da resistência que a educação apresenta
ante as críticas construídas ao longo do século; aponta ainda a desatenção que a
cultura psicológica, que marca o lugar do especialista, tem quanto às relações de
poder, hoje em descompasso com os movimentos sociais, com as demandas locais
(p.311).
O estudo de Sawaya (2000), também se refere às mesmas questões, abordando fase
inicial da escolarização. Analisando os aspectos que envolvem a alfabetização das crianças
de classes populares afirma que
o conhecimento que orienta a ação pedagógica do professor e da escola está
profundamente marcado pela visão arraigada das famílias pobres como portadoras
de todas as deficiências morais e psíquicas, o que oferece uma justificativa para a
oferta de um ensino precário e de má qualidade (p.78).
Conforme a autora, a organização do sistema de ensino no Brasil, se utiliza de
princípios que transformam seu usuário em “responsável por todos os males da escola
pública”.
14
Na mesma direção de análise, ampliando aspectos sobre o ensino fundamental
Marin (1998) descreve claramente a situação das nossas escolas quando considera o
rendimento escolar e suas relações com as condições em que se realiza o trabalho
educativo. É possível verificar a precariedade dos recursos materiais; o desconhecimento
dos professores em relação aos poucos recursos existentes, assim como a falta de percepção
dos mínimos conteúdos necessários a serem abordados; relação entre baixo aproveitamento
e clima de indisciplina em que predominam algazarra e brigas. Marin questiona, também, a
falta de orientação para os professores e de um projeto político pedagógico para os
diferentes segmentos da escolaridade, como também a itinerância e rotatividade de
professores, fatos que ocasionam, internamente, pouco envolvimento dos professores com
seus alunos. Conforme a autora, o encadeamento reprovação/ repetência/ evasão e outros
aspectos da baixa qualidade de ensino são problemas crônicos hoje nas escolas brasileiras,
decorrentes de outros problemas relativos às condições de trabalho existentes e às
condições para o trabalho apresentado pelos agentes. Segundo a autora, é nas tramas do
fazer e do viver o pedagógico quotidianamente nas escolas, que se podem perceber as reais
razões do fracasso escolar das crianças advindas de meios sócio-culturais mais pobres.
Após um outro estudo realizado por Marin (2006), que contempla as manifestações
de professores sobre alunos, coletadas por meio de informações de várias pesquisas sobre
escola, professores e alunos e incluindo dados coletados em pesquisas coletivas nas décadas
de 1980 e 1990, a autora expõe: “são apreciações que não apontam condições de
recuperação ou superação das dificuldades; parecem feitas com um tom de desânimo, da
impotência diante de uma realidade”( MARIN, 2006, p. 292).
Esta parte do texto procurou trazer evidências dos problemas da escola fundamental
quanto ao precário rendimento escolar dos alunos em circunstâncias diversas, em São Paulo
e no país. As escolas e os professores, de um lado, atribuem responsabilidades aos alunos e
suas famílias pelo fraco desempenho. Pode-se afirmar que todos esses trabalhos contribuem
para o entendimento do fracasso escolar, deixando em aberto como e por quais razões os
alunos apresentam baixo rendimento escolar, enquanto outros conseguem alcançar os
objetivos propostos ao final do ciclo II.
Outros estudos permitem chegar mais perto da sala de aula e da transmissão do
conhecimento. São estudos que permitem compreender o que ocorre dentro das escolas
15
apontando facetas do distanciamento entre os alunos e o conhecimento que a escola
pretende transmitir.
De um lado, conforme Sampaio (2004), no processo de transmissão do currículo, os
alunos devem apertar o passo para acompanhar o ritmo imposto pelo professor, sob pena
de, perdendo a corrida, afastar-se cada vez mais da aquisição dos conhecimentos
transmitidos na escola. Os alunos, segundo os professores, que não acompanhavam eram
considerados difíceis, desatentos, despreparados para o desenvolvimento do trabalho
escolar. A autora esclarece que os professores não apresentavam planos de recuperação,
não indicaram os pontos de defasagem e dispositivos para saneamento das falhas
observadas nos alunos. Para esses professores seus alunos não apresentavam pré-requisitos
para aprender, ou seja, não conseguiam compreender e interpretar perguntas da provas ou
expressar com clareza seu pensamento, ainda que as habilidades de leitura e escrita tenham
sido pouco desenvolvidas em sala de aula. Sampaio tem toda a razão ao ressaltar que:
A relação entre ensino e aprendizagem captada é a de forte distanciamento,
separando o trabalho do professor das questões de aprendizagem; tal distância e
isolamento entre os alunos e a escola transparecem em diversos aspectos
observados, como a atribuição de responsabilidade por seus resultados apenas aos
alunos, a indiferenciação destes entre si, o currículo divorciado do contexto da
aprendizagem, os procedimentos para moldar escolares ou “alunos” como parcela
de pessoas que ocupam a escola, nitidamente separada do grupo dos profissionais.
(SAMPAIO, 2004, p.196)
O estudo de Truzzi (2001) também aborda a concepção dos professores dos dois
segmentos do ensino fundamental dos alunos que apresentavam dificuldades em relação à
leitura e escrita. Conforme a autora os professores continuavam com suas explicações
tradicionais do fracasso escolar, ou seja, culpabilizando o aluno pelo fracasso escolar,
devido a sua condição de pobreza, desinteresse da família, desnutrição, Q.I. baixo,
apontando que a escola não percebia sua parcela grande de responsabilidade pelo fracasso
de seus alunos. Conforme a autora, um dos motivos da evasão dos alunos do para o
ciclo era a dificuldade de ler e escrever que os alunos apresentavam, enfatizando que os
professores de a séries alfabetizam os alunos numa perspectiva diferente dos
professores de a . Ao investigar mais detalhadamente os procedimentos internos da
16
escola e problematizando a realidade, a partir do depoimento dos professores entrevistados
em sua pesquisa, demonstra que,
o professor de série aprova um aluno, considerando-o apto para continuar os
estudos enquanto o professor de série desqualifica esse mesmo aluno,
considerando-o com domínio insuficiente dos estudos escolares. Sendo assim, é
provável que a escola das séries iniciais (1ª a 4ª séries) ensine a criança a ler e
escrever, mas um ler e escrever “diferente” ou “insuficiente” para a continuidade
das séries seguintes. Entretanto, é preciso salientar que os insucessos na
alfabetização além de impedirem o exercício da leitura e da escrita dificultam o
acesso a outros conhecimentos e a continuidade nas séries seguintes (TRUZZI,
2001, p.129-130).
Em outra pesquisa relevante para o estudo aqui relatado, Checchia (2004)
investigando a versão de jovens alunos de classes populares, estudantes da oitava série,
sobre sua experiência escolar aponta para a importância de ouvir o que os personagens
envolvidos no contexto escolar (alunos, pais professores) dizem com relação ao processo de
escolarização e os elementos implicados na produção do fracasso educacional. Conforme a
autora, ao ouvir o que o aluno tem a dizer, é possível compreender que o fracasso escolar é
produzido por múltiplos e complexos fatores, como a precariedade do ensino destinado às
classes populares e a rotulação relativa à condição de adolescentes.
Também Sirino e Cunha (2005) quando investigaram o fracasso escolar por meio do
depoimento dos próprios alunos expõe dados em que eles estão rotulados pela escola como
sendo os fracassados. Suas famílias, diante de tantas frustrações e dificuldades, procuram
razões nas próprias crianças, dando explicações relativas à natureza médica “doenças de
cabeça”, “fraqueza”, “não enxerga bem”, ou buscam explicações na falta de interesse dos
filhos. As autoras afirmam que as práticas escolares excludentes determinam trajetórias,
criam rótulos e solidificam estigmas, facilitando a introjeção de idéias e crenças na
incapacidade dos alunos.
Em outra perspectiva mais ampla Ferraro (1999), quando faz um diagnóstico da
escolarização no Brasil, conclui que a escola brasileira apresenta voracidade e eficiência
enquanto máquina de exclusão escolar. Para ele a escola é tanto mais excludente quanto
mais o é a sociedade à qual serve. Os dados obtidos por ele sobre estatísticas brasileiras
abriram perspectivas interessantes para análise do fracasso escolar, principalmente por
detectar alunos que não saem da escola mas são pouco “escolarizados”, permanecem sem
saber, reforçando para o país o que os estudos individuais apontam.
17
A Prefeitura Municipal de São Paulo, rede que abriga a escola aqui focalizada,
organizou uma avaliação em 2007, chamada Prova São Paulo
1
, prova integrante do Sistema
de Avaliação de Aproveitamento Escolar dos Alunos da Rede Municipal de Ensino, que
coletou e sistematizou dados
2
, produzindo informações sobre o desempenho dos alunos, em
Língua Portuguesa e Matemática, nos 2º e 4º anos do Ciclo I (equivalentes às 2ª e 4ª séries),
e nos 2º e 4º anos do Ciclo II (equivalentes às e 8ª séries), de todas as escolas municipais
de ensino fundamental do município de São Paulo/SP, bem como correlacionará esses
desempenhos com as condições intra e extra- escolares a eles associadas.
Conforme a
Secretaria Municipal de Educação os resultados servirão para elaborar um plano de ação
para as escolas municipais e para uniformizar os currículos aplicados em sala de aula, A
avaliação adotou a matriz do Sistema Federal de Avaliação do Ensino Básico - Saeb
3
,
empregando os mesmos parâmetros e valores do sistema do MEC.
Conforme os dados divulgados, na 8ª série 23% dos alunos encontravam-se no nível
250, 17,60% no nível 275, 9,40% no nível 300 , 2,90% no nível 325 e apenas 0,10% no
nível 350 em Língua Portuguesa, perfazendo um total de 53% dos alunos que apresentavam
conhecimentos e habilidades, demonstrando domínio de leitura em diferentes textos. Em
1
Conforme Portaria SME nº 4.903, D.O.M. de 02/10/2007, p. 16 (SÃO PAULO, 2007)
2
A Prova São Paulo foi realizada em 472 escolas de ensino fundamental da rede municipal por quase 270 mil alunos do
2º, 4º, 6º e 8º anos, em novembro de 2007.
3
O Saeb (Sistema Federal de Avaliação do Ensino Básico) é uma pesquisa do tipo survey, isto é, coleta uma grande
quantidade de dados, a fim de determinar a incidência, distribuição, ou possíveis relações entre eventos que ocorrem numa
dada população, em condições naturais. O diagnóstico traçado segue uma escala de desempenho. Em Língua Portuguesa,
a escala de desempenho foi apresentada em oito níveis, a saber: nível 1 (125 a 150 pontos), nível 2 (150 a 175 pontos),
nível 3 (175 a 200 pontos), nível 4 (200 a 250 pontos), nível 5 (250 a 300 pontos), nível 6 (300 a 350 pontos), nível 7 (350
a 375 pontos) e nível 8 (375 e acima). Existe uma escala de pontuação abaixo de 125 pontos nos testes do SAEB, em que
não é possível determinar o quanto de habilidade aquelas crianças que lá se encontram possuem, pois não são capazes de
responder aos itens questionados, sendo consideradas de conhecimento muito crítico. As habilidades em Português
(leitura) foram distribuídas em seis eixos principais, são eles: procedimentos de leitura, implicações do suporte, do gênero
e/ou do enunciador na compreensão dos textos: relação entre textos, coesão e coerência no processamento do texto,
relações entre recursos expressivos e efeitos de sentido e variação lingüística. Em Matemática, a escala de desempenho foi
descrita em 10 níveis: nível 1 (125 a 150 pontos), nível 2 (150 a 175 pontos), nível 3 (175 a 200 pontos), nível 4 (200 a
250 pontos), nível 5 (250 a 300 pontos), nível 6 (300 a 350 pontos). nível 7 (350 a 375 pontos), nível 8 (375 a 400), nível
9 (400 a 425 pontos) c nível 10 (425 e acima) Assim como em português, também há, em Matemática, uma escala de
pontuação abaixo de 125 pontos. em que não é possível determinar a proficiência das crianças que se encontram nessa
situação. Para Matemática, foram escolhidas quatro grandes áreas de conhecimento: Espaço e Forma, Grandezas e
Medidas, Números e Operações e Tratamento da Informação. Os veis das escalas de desempenho são cumulativos, ou
seja, significa que os alunos situados em um determinado nível dominam as habilidades exigidas nos níveis anteriores da
escala de pontuação. Cada disciplina e série avaliada possuem uma representação baseada nesses níveis que evidenciam
os estágios de construção de competências e desenvolvimento de habilidades dos alunos.
18
Matemática 28,50% estavam no nível 250, 20,60% estavam no nível 275, 8,80% no nível
300 apenas, 2% no nível 325 e 0,30% no nível 350. É possível concluir, por esses
resultados, que mais de 40% dos alunos da rede municipal de ensino não estão alcançando
os objetivos propostos na disciplina de Língua Portuguesa e cerca de 39% não alcançaram a
média em Matemática, entre esses alunos estavam os das 8ªs séries aqui focalizadas. Em
Anexo I os dados apresentam a distribuição dos alunos nas escalas por disciplinas,
conforme a média apresentada na Secretaria Municipal de Ensino e a Unidade Escolar
pesquisada nesse universo.
Conforme Ferraro (2004), políticas de simples inclusão ou de mera universalização
do acesso à escola como parecem ser as da rede em questão, podem ser acompanhadas do
agravamento das taxas de exclusão praticadas dentro da escola. O trabalho infanto-juvenil,
raça, gênero e dificuldades para aprender são alguns aspectos geradores da exclusão
apresentada pelos “alunos problema” de uma escola. Esses foram alertas importantes para
esta pesquisa que busca compreender como esses alunos estão na série e com tantas
dificuldades.
Esses dados dão suporte de aspectos da realidade para evidenciar que problemas
reais, exigindo esforços sempre renovados de compreensão para identificar esferas da
atuação da escola em que há deficiência de rendimento, além dos já apontados.
Assim, em face dos estudos precedentes, nesta pesquisa, a proposta foi de identificar
e caracterizar o funcionamento de uma escola, o currículo em ação na escola por meio do
trabalho dos professores, explicitando a relação existente entre as ações dos professores e
dos alunos, suas classificações, aspectos da produção do fracasso e exclusão. Pela
perspectiva teórica que orienta os nossos estudos foram selecionados autores que auxiliam
o estabelecimento de relações entre a escola e a sociedade. Assim, recorreu-se a Bourdieu,
a fim de compreender o que significam as categorias do juízo professoral sobre os alunos
e os excluídos do interior; a Charlot, indagando sobre a relação com o saber; a Lahire, para
compreender o sucesso escolar nos meios populares. Para compreender os processos de
rotulação existentes no cotidiano escolar, recorreu-se a Apple.
19
Corpus conceitual
A fim de compreender as categorias do juízo professoral, parte-se da definição de
Bourdieu e Saint-Martin (1998) sobre os critérios de classificação escolar. Segundo esses
autores, o julgamento do professor estabelece relação entre a nota e a origem social dos
alunos, compondo o objeto de sua avaliação. Quanto menor é a origem social do aluno,
mais severos são os critérios de avaliação e julgamento dos professores, pois conforme o
estudo citado “o julgamento professoral apóia-se de fato sobre todo um conjunto de
critérios difusos, jamais explicitados, padronizados ou sistematizados, que lhe são
oferecidos pelos trabalhos e exercícios escolares ou pela pessoa física de seu autor”(p.192).
O julgamento exposto pelos autores leva em conta a aparência física , como também
“o corpo socialmente tratado (com a roupa, os adereços, a cosmética e principalmente as
maneiras e a conduta)”( p.193). Assim, o hexis corporal influencia nas apreciações que o
professor faz de seus alunos. Bourdieu e Saint-Martin abordam a classificação de entrada e
a saída da escola como:
O sistema de classificação oficial, propriamente escolar, que se objetiva sob a forma
de um sistema de adjetivos, preenche uma função dupla e contraditória: permite
realizar uma operação de classificação social mascarando-a; ele serve
simultaneamente de intermediário e de barreira entre a classificação de entrada, que
é abertamente social, e a classificação de saída, que se quer exclusivamente escolar.
Enfim, ele funciona segundo a lógica da denegação: ele faz o que faz sob
modalidades que tendem a mostrar que ele não o faz.(BOURDIEU e SAINT-
MARTIN, 1998, p.195)
O professor, segundo os autores, por meio de sua autoridade, classifica socialmente
seus alunos e se utiliza de adjetivos para isso, enquanto a instituição escolar mediante sua
suposta neutralidade, reproduz o mesmo julgamento de diferentes formas.
Conforme observam, o “sistema de ensino opera classificações que se traduzem
primeiramente pela atribuição às classes escolares (classe, seções, etc) e, em seguida, às
classes sociais” ( p.198). Assim, classificações sucessivas transformam classificações
sociais em classificações escolares. Todas essas estruturas objetivas as classificações ou
taxinomia escolar tornam-se estruturas mentais durante o processo de aprendizagem, que
20
se organiza de acordo com essas estruturas. Os agentes que realizam essas operações, o
fazem porque acreditam estar operando uma classificação estritamente escolar, como
“mistificadores mistificados” (p.199). O julgamento escolar obtém reconhecimento e
aceitação no domínio do julgamento social, e marca os alunos porque é aceito e
interiorizado por eles, como verdade.
A escola reproduz, portanto, uma classificação social, excluindo de maneira velada,
todos aqueles que não estão estruturados no seu universo organizado.
Para compreender a instituição escolar e seus mecanismos de exclusão da, na e pela
escola, recorreu-se também ao conceito de “excluídos do interior” de Bourdieu e
Champagne (1998). Conforme os autores:
O sistema de ensino aberto a todos, e ao mesmo tempo estritamente reservado a
poucos, consegue a façanha de reunir as aparências da “democratização” e a
realidade da reprodução, que se realiza num grau superior de dissimulação, e por
isso com um efeito maior ainda de legitimação social (p.223).
A escola possui excluídos potenciais cujo único objetivo de escolarização é ela
mesma, apresentando-se como uma contradição causada pelo acesso das camadas populares
na escola. Os alunos decorrentes de famílias mais desprovidas culturalmente, após um
longo período na escola, podem alcançar seu objetivo, mesmo que obtenham um diploma
desvalorizado; contudo, caso eles fracassem são tidos como únicos culpados e
estigmatizados por terem tido sua chance. Os postos no mercado de trabalho estão
reservados aos detentores dos melhores diplomas. Assim, a instituição escolar, para os
alunos das camadas populares, não passa de uma grande decepção, conforme os autores,
um engodo (p.221).
A escola produz os excluídos do interior, que oscilam entre a ilusão do que a escola
pode proporcionar e uma revolta impotente diante da realidade imposta.
Bourdieu e Champagne expõem o mal estar que a escola está ocasionando,
demonstrado através do descaso dos alunos com os professores, ou como expõem os
autores, a:
(...)multiplicação dos sinais de provocação em relação aos professores, como o
walkman ligado, algumas vezes a mesmo na sala de aula, ou as roupas,
ostensivamente descuidadas, e muitas vezes exibindo o nome de grupos de rock da
21
moda, inscritos com caneta esferográfica ou com feltro, que desejam lembrar,
dentro da Escola, que a verdadeira vida encontra-se fora dela(p.224).
A escola exclui continuamente todos aqueles culturalmente desfavorecidos. Charlot
também questiona a realidade apontando a maneira como os alunos do meio popular
estudam apenas para passar de ano e obter o diploma escolar, não estão na escola com o
objetivo de nela aprender. Para o autor, “a relação com o saber e com a escola é uma
relação social” (CHARLOT, 2005,p. 53). Contudo, o autor não rejeita a possibilidade da
posição que o dominado ocupa de produzir uma interpretação sobre sua situação,
compreendida por meio da escola e do saber, conquistando o sucesso escolar.
Para o autor, o que produz o fracasso ou o sucesso escolar se deve à atividade
desempenhada pelo próprio aluno. É necessário sentido na aprendizagem do aluno, para
que possa produzir prazer, responder a um desejo e aprender para mudar. Charlot apresenta
duas reflexões importantes sobre uma atividade intelectual eficaz:
1) Ter sentido para o aluno. O autor destaca que a escola necessita ter relação
na sua função: estudar, aprender, saber. Os alunos devem encontrar aula
interessante em seu cotidiano escolar, para mobilizar o encontro do desejo
e do saber.
2) A atividade intelectual eficaz para que o aluno se aproprie de um saber.
Para adquirir o saber é necessário entrar em uma atividade intelectual,
supondo o desejo, e apropriar-se de uma normatividade
4
da atividade
intelectual. Essa normatividade não é uma tarefa fácil para todos os
alunos, contudo as camadas populares não podem ser condenadas ao
fracasso, se a escola não for impotente à desigualdade social.
A escola, conforme Charlot, “não registra de forma automática as diferenças sociais,
ela transforma desigualdades sociais, entre crianças em desigualdades escolares entre
alunos” (p.80). Essas crianças são vítimas de uma sociedade injusta. Para o autor, se os
alunos fracassam, é porque a escola é “capitalista, burguesa, reprodutora, e o sistema foi
estabelecido para que os alunos de meios populares fracassassem” (p.81).
4
O autor conceitua a normatividade da atividade ao respeito a regras internas, constitutivas da atividade,
como, por exemplo, atribuir sempre o mesmo sentido a um símbolo matemático.
22
Para Queiroz ( 2002), baseando-se em Charlot
discutir a questão do fracasso escolar é muito mais do que apontar um ou
outro responsável. Como bem lembra Charlot (2000:14) a problemática
remete para muitos debates que tratam sobre o aprendizado, obviamente,
mas também sobre a eficácia dos docentes, sobre o serviço público, sobre a
igualdade das "chances", sobre os recursos que o país deve investir em seu
sistema educativo, sobre a "crise", sobre os modos de vida e o trabalho na
sociedade de amanhã, sobre as formas de cidadania”(p.1).
As reflexões do autor o levam a apontar que não existe o fracasso escolar, ou seja,
não existe o objeto fracasso escolar, mas sim, alunos em situações de fracasso, alunos que
não conseguem aprender o que se quer que eles aprendam, que não constroem certos
conhecimentos ou competências, que naufragam e reagem com condutas de retração,
desordem e agressão, enfim histórias escolares não bem sucedidas, e são essas situações e
essas histórias denominadas pelos educadores e pela mídia de fracasso escolar, que devem
ser estudadas, analisadas, e não algum objeto misterioso, ou algum vírus resistente,
chamado “fracasso escolar”. Para o autor:
Não saber (de aprender) senão na relação com o saber (com o aprender). Toda
relação com o saber (com o aprender) é também relação com o mundo, com os
outros e consigo. Não existe saber (de aprender) se não está em jogo a relação com
o mundo, com os outros e consigo (p.58).
Lahire (1997), é outro autor que realizou pesquisas sobre o tema e quando escreve
sobre o sucesso escolar nos meios populares considera que uma possível configuração
social familiar, pode resultar em sucesso escolar. Analisa situações em que tais fatores
encontrem-se definidos por relações de interdependência.
Para Glória (2003), baseando-se em Lahire,
ao analisar-se uma dada configuração social, cabe sempre lembrar que se trata de
uma rede de relações de interdependência específicas entre seres sociais concretos e
que deve sempre ser contextualizada em suas singularidades e particularidades.
Mas, de todo modo, parecem inquestionáveis a influência familiar e o peso das
condições sociais, econômicas e culturais sobre a definição de uma dada situação
escolar (p.65).
Lahire (2004), ao escrever sobre as origens da desigualdade escolar, esclarece que:
23
os alunos mais alheios ao universo escolar dificilmente chegam a compreender a
linguagem à margem da experiência, de situações que esta mesma estrutura e dentro
da qual encontra seu sentido e função( p.70).
O fracasso das camadas populares dentro da escola está relacionado com uma
questão de linguagem, da articulação entre texto e contexto. As normas escolares que
implicam pôr uma atenção específica no texto como universo com sentido autônomo,
suscetível de interpretações e, portanto elemento reflexivo da linguagem, defrontam-se com
as normas ético-práticas e pragmáticas dos leitores localizados em meios populares
(p.71,72).
Esses conceitos são complementados com a visão conceitual de Apple (1982).
Segundo ele “os princípios básicos que utilizamos para planejar, ordenar e avaliar nossa
atividade - concepções de desempenho, de êxito e fracasso, de bons e maus alunos - são
construções sociais e econômicas” (p.195). A escola, conforme o autor, por diversos meios,
desempenha papéis na reprodução cultural e econômica das relações de classe. Dentre esses
meios está a rotulação dos alunos em diversas instâncias, propiciando produzir as
desigualdades escolares a partir das desigualdades sociais.
Conforme as perspectivas teóricas aqui resumidas pode-se ter um quadro relativo
aos argumentos teóricos, ou seja, ao modo pelo qual os autores dizem que a escola constitui
os alunos como produto social desigual. Explicam que o acesso e permanência desses
alunos são modulados por múltiplos padrões distintivos, como as categorias
socioeconômicas, culturais, sexo, etnicidade e local de residência, propiciando a
seletividade , mas também permitindo o aparecimento de casos marginais que se destacam.
Tais considerações constituem, até o momento, apoios para verificar como se
caracteriza a realidade dos alunos, pois como não apenas um aspecto a considerar,
que se investigar as relações entre o que os autores apontam e o que a realidade das escolas
traz de modo particularizado, sobretudo pela sua organização e pela dinâmica de sala de
aula.
24
O problema, os objetivos e a hipótese.
O problema
A preocupação central do presente trabalho se voltou para a problematização da
vida interna das escolas identificando o que interfere para a produção da inclusão e
exclusão dos alunos das camadas populares que freqüentam a escola pública, com foco,
sobretudo, em salas de aula de alunos que estão na etapa final do ensino fundamental. Para
que isso pudesse ser analisado foi necessário responder às seguintes questões:
x Qual era a conceituação dos alunos das 8ªs séries?
x Como e por quais razões se manifestava diferentemente o atendimento às
três séries de final de Ciclo II?
Essas questões se desdobraram em questões mais específicas:
x Em que disciplinas havia melhor ou pior avaliação?
x Como os professores se manifestavam sobre os alunos das três séries?
x Quais as ações da escola para as crianças superarem suas dificuldades?
x Que atividades eram realizadas pelos alunos?
x Todas as ações em sala de aula contribuíam para a participação de todos os
alunos nas atividades propostas?
x Essas ações levavam os alunos a melhorar seu rendimento ou a superar suas
dificuldades?
Objetivos
Este trabalho de pesquisa teve como objetivo:
x identificar e caracterizar a inclusão e a exclusão escolar de alunos do final
do ciclo II em suas relações com aspecto da organização da escola, do
currículo em ação na escola por meio do trabalho dos professores, bem
como das características sociais e culturais dos agentes da escola;
25
x investigar as facetas da exclusão escolar que ocorre nas escolas públicas
que atendem alunos do ciclo II, os quais apresentavam algum tipo de
rendimento insuficiente.
Hipóteses
No desenvolvimento do trabalho de ensino da escola, diante das diferenças
apresentadas pelo atendimento aos alunos no processo de ensino e de aprendizagem,
mostram como um desafio as questões do fracasso escolar.
A hipótese de investigação que este estudo buscou confirmar foi a seguinte:
- As práticas de organização escolar, incluindo o trabalho das diferentes disciplinas
do currículo, legitimam a exclusão de alunos, mesmo em uma rede de ensino que quase
duas décadas se reorganizou em ciclos, buscando resolver os problemas ligados ao fracasso
escolar.
Procedimentos de Pesquisa
Para alcançar o objetivo proposto foi necessário:
x Identificar características da organização da escola na sua relação com o
atendimento dos alunos das 8ªs séries;
x mapear as conceituações sobre os alunos identificando como se
organizam as práticas dos professores dos diferentes componentes
curriculares;
x explicitar a relação existente entre ações dos professores e dos alunos
nas diferentes situações escolares em relação às avaliações;
x caracterizar condições sociais e culturais de professores e alunos;
x caracterizar condições materiais escolares;
x caracterizar a manifestação de alunos e professores sobre o trabalho
pedagógico.
26
A coleta e análise das informações
O processo de pesquisa começou com a visita à escola. Era necessária a integração
ao ambiente escolar, procurando não interferir em sua rotina. Como parte essencial do
trabalho, estava o convite para que professores das diversas áreas e alunos respondessem a
questionário (conforme Anexos II e III), que pretendia colher informações sobre
características dos sujeitos, conceitos e ações desenvolvidas na escola.
As manifestações escritas somaram-se às orais e ações, acompanhadas nas reuniões
coletivas dos professores e nas observações das diferentes salas das 8ªs séries de todas as
disciplinas.
Os procedimentos utilizados para a coleta de informações contaram, ainda com
documentos relativos às avaliações dos alunos na 8ª série e prévia (4ª série) e outros
advindos das provas de avaliação externa da escola.
Todas as informações coletadas nos documentos, observações em sala de aula e
outros ambientes escolares foram analisados transformando-se em dados quanto à relação
com componentes curriculares, e sua efetivação em sala de aula, condições materiais da
escola e características socioculturais dos professores e alunos organizados em quadros,
tabelas e gráficos.
Pretende-se, com o embasamento teórico e algumas observações mostrar os
percursos da escola no atendimento aos seus alunos no último ano do ciclo II.
Exposição do trabalho
Este relatório foi organizado em três capítulos, a fim de que fossem atendidos os
objetivos propostos.
O primeiro capítulo desta dissertação destina-se à apresentação do contexto da
escola, ressaltando a sua organização, levando em conta as concepções dos teóricos que
consideram a escola um ambiente que exclui , sendo um sistema de ensino, pretensamente
aberto a todos e, conforme Bourdieu e Champagne (1998), estritamente reservado a alguns.
27
Pretendia-se, principalmente, verificar os conceitos sobre a escola e os educadores, as
disciplinas escolares, os projetos educativos.
No segundo capítulo apresenta-se a análise dos dados concernentes aos alunos,
divulgando os resultados dos dados obtidos com as respostas a um questionário formulado
com a finalidade de colher informações sobre o processo educativo na unidade escolar;
inclui-se, também, análise de documentos, discutindo as conceituações sobre os alunos
produzidas em diversas circunstâncias.
O terceiro capítulo traz a descrição e análise das atuações do coordenador
pedagógico e professores que participaram da pesquisa. Os resultados alcançados estão
pautados na observação atenta, no registro de falas, e a forma como as atividades práticas
foram realizadas. Ainda neste capítulo, efetuou-se a análise dos depoimentos dos
educadores que responderam ao questionário buscando determinar o que revelam sobre
conceitos e práticas.
Por último estão as considerações finais.
28
CAPÍTULO 1
_________________
29
Capítulo 1
O CONTEXTO DA PESQUISA
Neste capítulo estão os dados sobre o processo da pesquisa até a obtenção das
informações. A seguir estão dispostos dados gerais sobre a escola pesquisada e alguns
dados sobre os professores e alunos permitindo ao leitor a compreensão inicial do contexto
investigado para depois abordar aspectos mais específicos.
1.1. À procura de uma escola
Antes de realizar esta pesquisa, eu planejei uma série de procedimentos de coleta de
informações. Como primeiro passo, realizaria a pesquisa em uma escola da Rede Estadual,
onde parte dos alunos eu conhecia, pois haviam sido meus alunos. havia estabelecido
um ótimo contato com a diretora da escola, que estava interessada no estudo. Entretanto,
após analisar toda a situação da escola com os professores da pós-graduação, chegou-se à
conclusão de que a pesquisa corria o risco de ficar com viés; já conhecia a comunidade que
sofria diversas interferências, principalmente em relação aos alunos daquela escola
estadual, pois eles recebiam atendimento complementar em outra instituição de caráter
privado.
A pesquisa precisava começar e ainda não tinha definido a escola. Após análises do
foco do estudo, definiu-se que seria interessante procurar uma escola sem nenhum tipo de
interferência externa
5
no rendimento geral dos alunos.
Resolvi procurar em minhas relações pessoais alguém que conhecesse diferentes
escolas da rede pública e facilitasse a minha entrada. Entrei em contato com minha amiga
que vou chamar de Carla - professora de ensino fundamental I da rede pública municipal há
mais de vinte anos, que havia trabalhado como diretora de escola. Acreditei que dessa
5
Utilizo o termo interferência externa como a atuação de ONGs (Organização Não Governamental) nas
atividades escolares, em parceria com as escolas públicas.
30
maneira seria mais rápida a minha entrada na escola e teria acesso às informações
necessárias à pesquisa com mais facilidade.
A escolha definitiva, portanto, resultou de suas indicações e recaiu sobre uma escola
que aparentemente estava bem organizada; o quadro de professores estava completo e
relativamente estável; o Conselho Escolar
6
apresentava uma participação ativa da
comunidade escolar; existia um Grêmio Escolar
7
; o projeto especial de ação
8
(PEA) estava
organizado e definido através de objetivos e metas a serem alcançadas; e a Equipe Técnica
da Escola (Diretor, Assistente de Diretor e Coordenadores) estava completa. Para a minha
pesquisa não poderia desprezar o fato de que a organização escolar interfere na situação
escolar dos alunos.
Meu primeiro contato foi com a Assistente de Direção
9
da escola que logo me
sugeriu conversar com a Coordenadora Pedagógica, que estava em um curso e retornaria
na próxima semana.
Conversei sobre a pesquisa com a auxiliar de direção
10
, sempre muito prestativa e
interessada. Quando lhe informei que estava interessada em oitavas séries do ensino
regular, ela me perguntou se eu não gostaria de fazer a pesquisa com as turmas do EJA,
pois com certeza eles não dariam tanta dor de cabeça. Expliquei que a pesquisa precisaria
ser feita com os alunos do ensino regular. Ela comentou que as turmas de oitava eram as
que apresentavam o maior número de problemas para a escola, sendo que alguns alunos
6
Conforme a Lei 11.229/92, de 26 de junho de 1992(SÃO PAULO, 1992) o Conselho de Escola é um
colegiado com função deliberativa, responsável por defender os interesses dos alunos, inspirado nas
finalidades e objetivos da educação pública do Município de São Paulo. Cabe ao Conselho de Escola
estabelecer para o âmbito da escola, diretrizes e critérios gerais relativos à sua ação, organização,
funcionamento e relacionamento com a comunidade, compatíveis com as orientações e diretrizes da Política
Educacional da Secretaria Municipal de Educação. Para tanto faz-se necessária sua representação através da
categoria de servidores em exercício na escola, representantes dos pais e dos alunos.
7
Grêmio escolar é uma organização de alunos, que representa os interesses dos estudantes na escola.
8
Conforme a Portaria 4.057/06 da Prefeitura Municipal de São Paulo (SÃO PAULO, 2006), os Projetos
Especiais de Ação são instrumentos de trabalho elaborados pelas Unidades Educacionais, que expressam as
prioridades estabelecidas no Projeto Pedagógico, voltadas essencialmente às necessidades dos educandos, em
especial, ao desenvolvimento das competências leitora e escritora, definindo as ações a serem desencadeadas,
as responsabilidades na sua execução a avaliação, visando ao aprimoramento das práticas educativas e
conseqüente melhoria da qualidade de ensino.
9
O Assistente de Direção faz parte da Equipe Técnica da escola, respondendo pela coordenação da escola,
em horário acordado com o Diretor tendo em vista as necessidades de seu funcionamento global, conforme
regimento interno da escola.
10
O Auxiliar de Direção faz parte da Equipe Auxiliar da Ação Educativa, tendo como parte de suas
atribuições auxiliar na organização do funcionamento do turno no qual atua, atender a comunidade escolar,
informando, orientando e agilizando os encaminhamentos necessários, conforme o regimento escolar.
31
tinham sido encaminhados, inclusive para o Conselho Tutelar
11
, pois esses alunos estavam
totalmente abandonados intelectualmente”. Soube, assim, que havia três séries
classificadas em 8ªA, B e C segundo o rendimento, tentando manter a homogeneidade.
A auxiliar fez outros comentários, dessa vez sobre os professores, apontando que
muitas vezes eles tinham algumas atitudes não convencionais, na sala de aula, justamente
por causa dos problemas que eles estavam passando com esses alunos indisciplinados.
Percebe-se, desde logo, a veiculação de informações negativas sobre as turmas.
Retornei à escola na semana seguinte para conversar com a Coordenadora e
novamente ela não estava. Combinei com as pessoas que telefonaria para marcar um
horário para conversar com ela e com o Diretor.
Tentei contato no dia seguinte e a auxiliar perguntou se eu poderia ir à escola
naquele momento, pois a Coordenadora estava na escola. Consegui finalmente conversar
com a Coordenadora. Após uma breve conversa e explicação sobre a pesquisa, ela explicou
que para iniciar seria necessário protocolar, aos cuidados do diretor, uma carta em papel
timbrado contendo o nome da Universidade e o nome do projeto, o que foi providenciado.
Havia sido decidido que o projeto focalizaria as três turmas e as relações com a vida da
escola para analisar todas as interferências e avaliações sobre os alunos.
No mês de junho comecei a freqüentar a sala dos professores e examinar alguns
documentos oficiais públicos fornecidos pela auxiliar da escola, tais como o Projeto
Especial de Ação de 2004, e uma pasta contendo os objetivos do projeto de 2007.
Nas minhas idas à escola consegui encontrar o Diretor no corredor que me
cumprimentou e disse que estava sabendo da pesquisa. Após uma breve explicação do
que pretendia, ele se mostrou muito simpático, destacou a importância da proposta, porém
informou que a Coordenadora Pedagógica conversaria com os professores e precisaria
combinar com ela a minha entrada em sala de aula, para a observação.
No dia seguinte a auxiliar de direção me ofereceu para acompanhar as turmas de
oitava série que fariam uma sondagem
12
de final de semestre.
11
Conselho Tutelar, conforme a Prefeitura Municipal de São Paulo, é um órgão público municipal de caráter
autônomo e permanente, existente em 35 regiões da cidade, cuja função é zelar pelos direitos da infância e
juventude, conforme os princípios estabelecidos pelo Estatuto da Criança e do Adolescente –ECA (Brasil,
1990), tendo em uma de suas principais atribuições receber e comunicar os casos de suspeita ou confirmação
de maus tratos; de reiteradas faltas injustificadas ou de evasão escolar; após esgotados os recursos escolares; e
de elevados níveis de repetência.
32
Entrando na sala de aula os alunos estavam com a Professora de Português,
realizando a sondagem. O barulho dos corredores era muito grande. A professora leu os três
textos da prova para que os alunos conseguissem realizar a prova de interpretação.
Quando a prova terminou a professora veio ao meu encontro e perguntou qual era a
proposta da minha pesquisa. Expliquei que era sobre os alunos e as 8ªs séries. Sendo assim
ela também já fez alguns comentários sobre os alunos:
“Os alunos não estão interessados pela escola, os pais não estão comprometidos
com a educação dos filhos. Estou há dez anos nesta escola e cada ano que passa os
alunos ficam piores. Existe na escola somente uma oitava série que é boa, a A,
esse alunos são interessados e os pais estão presentes. Nesta dou atividades que
alunos do Ano do Ensino Médio estão tendo. Sou muito comprometida com os
alunos, aplico as provas e fico muito frustrada quando percebo que a sala não está
interessada. A diferença do aluno está quando o pai é presente. O Governo
culpa o professor pelo fracasso dos alunos, mas o dia-a-dia da escola Pública é
muito complicado. Tenho dois filhos, a menina está na USP, fazendo o ano de
Direito e o menino está no 1º colegial do Ensino Técnico Federal. Apesar de
trabalhar muito, em duas escolas e ter pais analfabetos, estou conseguindo formar
os meus filhos, eles estão bem encaminhados. Acredito que os pais freqüentes na
escola fazem a grande diferença para a escolarização dos filhos.”
A conversa com a professora foi interessante, e a deixei falar tudo o que achava
sobre a escola. Foi possível perceber a repetição do conceito sobre os alunos, agora de
forma mais específica, destacando a rotulação da 8ª série A, “a” que era boa.
Aguardava ainda a autorização da Coordenadora para a observação das aulas
Comecei a ir para a escola todos os dias, mas ela continuava em um curso.
Procurei marcar um horário com a Coordenadora e quando consegui falar ela me
disse que estava um pouco ocupada, pois naquele dia eles teriam um Conselho de Classe
13
.
Pedi a ela para assistir ao Conselho e ela autorizou. Quando peguei meu caderno para fazer
algumas anotações, ela disse que me entregaria um resumo da reunião em um próximo dia e
que eu não deveria fazer nenhum tipo de anotação.
12
Sondagem é uma espécie de avaliação, não caracterizado como prova, que tem como objetivo saber o que o
aluno não aprendeu, para um melhor planejamento das ações para a próxima etapa escolar.
13
O Conselho de classe é um órgão colegiado, presente na organização da escola, o qual reúne
periodicamente os vários professores das diversas disciplinas, juntamente com os coordenadores pedagógicos,
para refletirem conjuntamente e avaliarem o desempenho pedagógico dos alunos das diversas turmas séries ou
ciclos. A preocupação do Conselho é dinamizar a gestão pedagógica.
33
Ao final da reunião ela informou que para autorizar a minha pesquisa, precisava
verificar o meu projeto para ver se era interessante para a escola.
Na semana seguinte, entreguei o projeto e a Coordenadora ficou de me dar uma
resposta; ela entraria em contato comigo.
Após uma semana de espera, comecei a telefonar para a escola, para obter a
resposta. No final do mês de junho consegui falar com a Coordenadora que finalmente
autorizou a minha entrada na escola, mas eu deveria esperar o início do próximo semestre,
pois os alunos praticamente já não estavam mais na escola.
A pesquisa em sala de aula foi iniciada na primeira semana do mês de agosto de
2007.
1.2. Localização e características físicas da escola analisada
A escola pública pesquisada está localizada num bairro da zona oeste de São Paulo,
supervisionado por uma Coordenadoria de Educação da Secretaria Municipal de Educação
de São Paulo.
A Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) “Henrique Pacheco”
14
fica no
Jardim das Flores, dentro de um condomínio nos limites da cidade de São Paulo. O bairro
Jardim das Flores abrange uma área de São Paulo constituída por duas realidades
completamente diferentes. A primeira realidade, onde se localiza a escola, separada por
muros e portaria de entrada, é constituída de casas enormes com muitos espaços externos e
internos, com vários seguranças, sendo habitados pela população de melhor situação
econômica do local. A outra realidade, mais numerosa, consiste de modestas casas, algumas
de alvenaria e outras bem precárias, ou de um conjunto habitacional, construído na época
do prefeito Paulo Maluf, os conhecidos Cingapuras, com serviços públicos bastante
deficitários. Conforme pesquisa realizada nos prontuários, os alunos da EMEF “Henrique
Pacheco” eram oriundos da segunda realidade. Foi possível verificar que os filhos dos
moradores do condomínio não freqüentavam a “Henrique Pacheco”. Os contrastes entre a
escola e a realidade onde ela está localizada, me remete ao texto de Dias quando ela
14
O nome da escola, bem como das localidades e do bairro e de todas as pessoas envolvidas na pesquisa são
fictícios, para garantir o sigilo das fontes de informações.
34
descreve seu objeto de estudo como sendo uma “ilha” de pobreza num “mar” de riqueza”
(Dias, 2002, p.193).
Uma escola particular foi construída há quinze anos para atender a enorme demanda
de crianças do condomínio e dos bairros vizinhos, devido à expansão de casas de classe
média alta no local, sendo ela localizada a trezentos metros da escola pesquisada. Os
horários de entrada e saída de alunos não eram os mesmos das duas escolas, mas era
possível verificar claramente a discrepância do movimento que acontecia entre as duas
escolas. Normalmente os alunos da escola particular eram trazidos por seus pais ou
motoristas, em carros de luxo, pois não havia linha de ônibus dentro do condomínio. Os
alunos da escola pública vinham para a escola caminhando, passavam pela portaria do
condomínio, que ficava acerca de cem metros da escola.
Próximos à escola havia, ainda, uma escola de inglês e uma quadra de tênis
particular, onde alunos da escola trabalhavam como gandulas, ou apanhadores de bolinhas
de tênis.
Os muros da escola estavam sendo cercados por grandes casas. cerca de três
anos, a construção de casa atrás dos muros da escola tentou, literalmente, invadir o terreno
da escola, o que foi paralisado através da intervenção da polícia, mas uma das árvores foi
praticamente derrubada. Restavam poucos terrenos próximos da escola. Ela era o último
terreno da rua, onde foi construída uma pequena praça com um muro alto, para que os
alunos não entrassem nas outras ruas do condomínio.
A separação entre o bairro dos alunos e a escola era a portaria do condomínio, que
apesar de nunca ter conseguido fechar totalmente seu acesso, inibia a presença de pessoas
estranhas nos locais próximos às casas, deixando seu acesso livre somente para a escola.
O bairro onde eles moravam tinha pouca infra-estrutura. Apesar de existir o
Conjunto Habitacional, era grande o número de construções irregulares de casas de
alvenaria, madeira ou compensados, que se utilizavam de luz e água encanada com ligações
clandestinas, sem esgoto ou serviço de lixo regular. No bairro havia poucas linhas de
ônibus, sendo o ponto final na principal rua próximo à EMEI
15
.
Devido às construções irregulares era comum verificar a presença de ratos no local,
principalmente no período da noite e em dias de chuva.
15
EMEI – Escola Municipal de Educação Infantil.
35
O ambiente do bairro apresentava vários problemas sociais, tais como incidência de
tráfico de drogas, alcoolismo e violências domésticas. Contudo era possível verificar outros
serviços, como uma EMEI (Escola Municipal de Educação Infantil), que atende crianças de
4 à 6 anos e CEI ( Centro de Educação Infantil), que atendia uma pequena parcela de
crianças de 0 a 4 anos do bairro. Possuia também um Posto de Saúde, para os primeiros
atendimentos em caso de urgência e algumas casas comerciais como padaria, mercadinho,
loja de roupa, farmácia e uma quitanda. O bairro possuia uma associação de moradores e
igrejas de vários credos.
1.3. A escola
As atividades da EMEF “Henrique Pacheco” iniciaram-se em 1974 e em maio de
1986 a escola trocou de nome recebendo o nome do condomínio onde se localiza e
finalmente em janeiro de 1999, por meio de um Decreto de Alteração de Denominação a
Escola Pública mudou novamente de nome para receber o nome de “Henrique Pacheco”
que fez parte da história daquele local.
A área do terreno da escola era ampla, com aproximadamente 5.726m² de
superfície, com 2.487m² de área construída. O terreno era cercado por um muro de 1,80m
de altura, com diferentes grafitagens realizadas pelo projeto de artes da escola, com duas
entradas, sendo uma delas próximo à quadra de esportes e a outra pela secretaria. Os
professores estacionavam os carros dentro do estacionamento da escola.
A Escola possuía quatorze salas de aula distribuídas em um piso superior e cinco
salas de aula adaptadas, em um pequeno anexo, devido à demanda.
O piso inferior possuía um pátio, onde os alunos faziam suas refeições diárias, uma
sala de leitura, utilizada freqüentemente como ambiente para reuniões de Conselho Escolar
ou de professores, uma cozinha, uma secretaria, sala de coordenação, sala de direção, sala
dos professores, depósito, banheiro para os professores e banheiro para os alunos. A escola
também possuía uma Sala de Apoio e Acompanhamento à Inclusão (SAAI)
16
na
especialidade de deficiência mental e uma Sala de Apoio Pedagógico (SAP)
17
.
16
Conforme as diretrizes da “Política de Atendimento a Crianças, Adolescentes, Jovens e Adultos com
Necessidades Educacionais Especiais no Sistema Municipal de Ensino de São Paulo”, previstas no Decreto
SME 45.415/2004 (SÃO PAULO, 2004a), alterada pelo Decreto SME 45.652 de 23 de dezembro de
36
A refeição servida aos alunos era um serviço terceirizado da prefeitura, de ótima
qualidade.
O prédio da escola possuía uma certa conservação. Contudo a limpeza, que era
também um serviço terceirizado, não conseguia suprir as necessidades da escola. Logo na
entrada da escola encontrava-se a lixeira. Sendo assim, aqueles que entravam pela
secretaria não tinham uma boa visão. Os alunos normalmente entravam pelo portão da
quadra e saiam pela secretaria.
As salas de aula também não eram devidamente limpas. As carteiras estavam
sempre riscadas e no chão notava-se a presença de papéis jogados pelos alunos, nos espaços
que não foram limpos de um turno para o outro. Os diversos cartazes colados nas paredes
das turmas de alfabetização do Ciclo I encobriam a ssima pintura existente no ambiente.
As salas eram escuras, pois as janelas eram pequenas e sempre fechadas pelas cortinas, que
procuravam dar um ar aconchegante ao ambiente.
A lousa não era boa, apresentando buracos e riscos profundos, que impediam a boa
escrita da matéria pelos professores. Muitas salas possuíam dois tipos de lousa, sendo
metade tradicional, ou seja giz e apagador, e a outra metade era um quadro branco que
necessita de canetas especiais.
As portas das salas eram de ferro. Em um primeiro momento tive um péssimo
impacto com aquelas portas, pois os professores a trancavam com uma chave de ferro, após
a turma entrar, dando a impressão de estar dentro de um presídio. Quando indaguei sobre as
salas terem aquelas portas de ferro, com aquelas chaves também de ferro, os educadores me
2004 (SÃO PAULO, 2004b)e regulamentadas na Portaria SME 5.718 de 27 de dezembro de 2004 (SÃO
PAULO, 2004c)as Salas de Apoio e Acompanhamento à Inclusão são salas instaladas junto às Unidades
Escolares que oferecem apoio pedagógico especializado complementar ou suplementar, podendo funcionar
em caráter exclusivo. O atendimento de caráter complementar, para alunos que necessitam de mais recursos
para a aprendizagem, ou suplementar, para alunos com altas habilidades/ superdotação, ocorrerá em horário
diverso daquele em que os alunos freqüentam a classe comum, de acordo com os projetos a serem
desenvolvidos e será realizado em pequenos grupos de, no máximo, 10 aluno, ou individualmente. O
funcionamento da SAAI em caráter exclusivo se concretiza pelo atendimento, e que, temporariamente, não
demonstra se beneficiar do atendimento nas classes comuns. As SAAI atendem alunos matriculados na escola
em que está instalada, podendo estender o atendimento a alunos de outras escolas da rede municipal de ensino
onde inexista tal atendimento.
17
Conforme a Portaria SME 4.240 de 20 de outubro de 2006 (SÃO PAULO, 2006d)que dispõe sobre o
Projeto “Ações de Apoio Pedagógico”, as Salas de Apoio Pedagógico (SAP) atenderão os alunos
matriculados nas Unidades de Ensino Fundamental que apresentam dificuldades de aprendizagem em horário
diverso do da classe regular, preferencialmente organizado em horário anterior ou posterior ao das aulas
regulares.
37
disseram que após inúmeros arrombamentos a escola passou por uma reforma e decidiram
colocar aquele tipo de material.
As carteiras normalmente estavam dispostas conforme a arrumação feita pela
professora do ciclo I, que atendia séries iniciais conforme descrito adiante. Sendo assim, os
alunos quando entravam na sala de aula demoravam cerca de dez minutos para organizar o
espaço de outro modo, fazendo muito barulho.
Sendo as salas de aula no piso superior a acústica do prédio era péssima, pois todo o
barulho existente na escola perpassava o interior das salas, atrapalhando bastante a
exposição oral das aulas. No piso inferior encontrava-se o pátio interno da escola, onde os
alunos circulavam para irem à aula de Educação Física e faziam suas refeições, divididas
em dois turnos. Primeiramente comiam os alunos menores e depois os alunos dos dois
últimos anos do Ciclo II. O barulho era grande, atrapalhando diariamente o professor que
tentava dar sua aula.
A escola possuía a Associação de Pais e Mestres (APM), que procurava suprir
alguns gastos emergenciais, como também alguns materiais necessários para o
funcionamento diário da escola. A Associação recebe, além das contribuições espontâneas
dos alunos, recursos municipais em conta corrente. Todo gasto do dinheiro da Associação
deve ser resolvido por meio de uma Assembléia Geral com a presença da equipe técnica da
escola, juntamente com os professores, funcionários, pais e alunos.
A escola também possuía um Conselho de Escola, formado por pais e alunos,
equipe técnica da escola, professores e funcionários, com o objetivo de discutir e decidir
sobre a organização e o funcionamento da escola, atendimento à demanda; realizar eleições
para ocupação de cargos de educação vagos ou em substituição, cargos de comissão; propor
alternativas de solução de problemas de natureza pedagógica e administrativa; adequar as
normas disciplinares para o funcionamento da escola, dentro dos parâmetros da legislação
em vigor; e decidir sobre procedimentos relativos à priorização de aplicação de verbas.
Na “Henrique Pacheco” a comunidade tem participado das decisões da escola.
Algumas decisões como a “Escola Aberta” aos finais de semana e as festas realizadas
dentro da escola, foram grandes reivindicações da comunidade aceitas pela escola,
conforme as atas de Reunião de Conselho. A Associação de Pais e Mestres (APM), na
38
“Henrique Pacheco”, cumpria seu papel burocrático, apresentando a aplicação de verbas e
realizando pequenas explicações sobre os gastos do dinheiro público.
1.4. Organização Escolar
A escola pesquisada estava em média com 550 alunos matriculados no Ciclo II do
Ensino Fundamental, subdivididos em quatro turmas de
18
série, três turmas de 6ª série,
três turmas de série e três turmas de série. A escola funcionava em três períodos e
atendia também aos alunos do Ciclo I, ou seja, da à série no período matutino, da à
no vespertino e no período noturno encontravam-se os alunos do EJA (Educação de
Jovens e Adultos). Em todas as modalidades de ensino, as turmas eram formadas com, em
média, 35 (trinta e cinco) alunos.
Analisando a organização didática da escola, percebe-se que 100 alunos das oitavas
séries, ou quarta série do ciclo II, estavam distribuídos em 3 turmas. A equipe de
professores decidiu separar os alunos conforme seu rendimento escolar formando turmas
homogêneas seguindo esquema que vinha das séries anteriores. Sendo assim, a turma A
era considerada dos melhores alunos, a turma B era a dos alunos regulares, mas que
conseguiam acompanhar e na turma C encontravam-se os piores alunos da escola; eram os
alunos que não acompanhavam as aulas dadas pelos professores, muitos não possuíam
caderno, ou qualquer tipo de material escolar. Como se vê, a escola possui um esquema
classificatório rotulador dos alunos para formar as turmas.
Essa forma de organizar as turmas é bem estranha para essa rede e contrasta com as
orientações oficiais. A rede municipal implantou a organização por ciclos oficialmente
desde 1992 (com três ciclos) passando por mudanças em 1998, ficando então com dois
ciclos nos mesmos moldes da rede estadual paulista (REDUA, 2003).
A organização por ciclos pressupõe o contrário dessa organização, pois essa
homogeneização artificial pode talvez facilitar para o professor o planejamento das aulas,
mas hierarquiza consideravelmente os alunos. Na progressão continuada, o professor
precisa examinar as avaliações dos anos anteriores para organizar os alunos em diferentes
grupos, com a noção de que, alguns deverão ser mais estimulados e reforçados para
18
A referência à série foi mantida porque ainda é corrente na escola pesquisada, mas, desde a implantação do
Ciclo Básico, essa nomenclatura foi substituída pela referência ao ano (1º, 2º, 3º e 4º) e ao ciclo (I ou II).
39
conseguirem alcançar um desempenho médio. Faz-se necessário que todos os agentes da
escola organizem o planejamento pedagógico e as aulas de reforço, para que nenhum aluno
seja excluído do processo de aprendizagem caminhando com seu ritmo.
No entanto, verifica-se que, apesar da justificativa, dos 31 alunos matriculados na
Turma C, somente 16 freqüentavam a escola, pois os outros se evadiram logo no primeiro
semestre, pois não agüentaram acompanhar os estudos”, conforme depoimento da
professora de Ciências. No próximo capítulo isso será possível de verificar com detalhes.
Apesar de alguns professores serem contra essa maneira de organização das turmas, em
muitos lugares elas continuam acontecendo há anos, como Ferreira constatou também no
Paraná (FERREIRA, 2002). A escola tem encaminhado os casos de evasão para o Conselho
Tutelar, contudo muitos continuavam fora da escola.
A escola seguia as orientações da Secretaria Municipal de Educação, que
determinava seis horas aulas diárias com a duração da hora-aula de 45 (quarenta e cinco)
minutos e intervalo de 15 (quinze) minutos para educandos e educadores. O limite era de 25
horas aulas semanais no Ciclo I e 28 horas aulas semanais no Ciclo II destinados à
regências de aulas das disciplinas que compõem a Base Nacional Comum.
O quadro a seguir apresenta os componentes da Base Nacional Comum. O Quadro
Curricular é homologado pela Secretaria Municipal de Educação e a unidade escolar
elaborou os blocos de aula para o processo de escola e atribuição de classes e aulas para o
ano letivo.
Quadro 1 - Componentes Curriculares da 5ª a 8ª série do Ensino Fundamental II
Componentes Curriculares
Séries/aulas
Currículo
Básico
Língua Portuguesa
6 6 6 6
Língua Estrangeira
Moderna - Inglês 2 2 2 2
Educação Artística
2 2 2 2
Educação Física
2 2 2 2
História
3 3 3 3
Geografia
3 3 3 3
Matemática
5 5 5 5
Ciências Físicas e
Biológicas
4 4 4 4
Parte Diversificada
- - - 2
Total
27 27 27 28/29
40
Na Parte Diversificada, ocorriam aulas destinadas ao Enriquecimento Curricular e
Atividades Complementares: 01 aula no Laboratório de Informática Educativa
19
e 01 aula
na Sala de Leitura
20
. A aula de informática educativa era ministrada com o auxílio do POIE
(professor orientador de informática educativa) e a aula na sala de leitura era ministrada
pelo POSL (professor orientador de sala de leitura). Conforme a Portaria SME 4.144/2006
(SÃO PAULO, 2006c), tanto o POIE como o POSL devem participar “da elaboração do
Projeto Pedagógico da Escola, da construção do currículo e de todas as atividades previstas
no calendário escolar, assim como planejar e desenvolver as atividades com os educandos
nos diferentes espaços conforme sua atuação”. Contudo o POIE, diferente do POSL deve
“promover formação aos seus pares, quando necessário, nos horários coletivos, para o
desenvolvimento de projetos propostos com uso de tecnologia”. Conforme a Portaria SME
5.607 de 14 de dezembro de 2007 (SÃO PAULO, 2007b) em seu parágrafo único, “na
ausência do professor orientador de sala de leitura (POSL) e do professor orientador de
informática educativa (POIE) no segundo atendimento/ segunda sessão semanal”, o
professor regente deverá assumir a hora-aula.
19
Os Laboratórios de Informática Educativa, conforme Art 1º da Portaria SME nº 3.669/2006 (SÃO PAULO,
2006a), objetivam possibilitar a criação de ambientes de aprendizagem diferenciados, dinâmicos,
colaborativos e interativos; potencializar o uso crítico e criativo dos diferentes recursos tecnológicos, como
forma de expressão oral, escrita, registro, socialização e produção de textos em diferentes contextos e
linguagens; favorecer o uso das Tecnologias da Informação e Comunicação como recurso no processo ensino
e aprendizagem, no desenvolvimento das competências leitora e escritora e no processo de formação dos
alunos; propiciar condições de acesso e uso das tecnologias voltadas para a pesquisa e produção do
conhecimento; promover ações de cunho pedagógico que atendam as demandas apontadas para a inclusão
social e digital de toda a comunidade educativa; possibilitar o uso das Tecnologias da Informação e da
Comunicação e diferentes mídias como recursos a serem utilizados na atuação docente. Conforme a Portaria
SME 4.144 DOM de 17/10/2006 (SÃO PAULO, 2006c) Retificação da Portaria SME 3.669 - DOM
de 26/08/2006 (SÃO PAULO, 2006a), estabelece em seu artigo o atendimento a todas as classes no
Laboratório de Informática Educativa que dar-se-á de acordo com o Projeto Pedagógico da Escola, por POIEs
em jornada de trabalho compatível ao funcionamento da Unidade Educacional, assegurando: uma sessão
semanal com duração de 1 (uma) hora-aula, dentro do horário regular de aulas dos alunos, sendo que cada
classe corresponderá a 1 (uma) a ser atendida; sessões semanais destinadas à orientação de consultas e
pesquisas com utilização de recursos tecnológicos, dentro do horário de trabalho do POIE e fora do horário
normal de aula do aluno. Conforme o atr. da mesma Portaria o horário de trabalho do POIE,
independentemente da Jornada de Trabalho de opção, deverá se distribuído por todos os dias da semana,
devendo assegurar a articulação do horário dos POIEs em exercício na Unidade Educacional.
20
Conforme o Decreto SME nº 45.654, de 27 de dezembro de 2004 (SÃO PAULO, 2004d) a Sala de Leitura,
os Espaços de Leitura visam precipuamente à inserção dos alunos na cultura e escrita, tendo os objetivos de
oferecer atendimento a todos os alunos, de todos os turnos e etapas/modalidades de ensino em funcionamento
na Unidade Educacional; favorecer a aprendizagem dos diferentes procedimentos de leitura e uso dos diversos
gêneros de circulação social; Disponibilizar o acervo de forma organizada que favoreça os projetos didáticos
e/ou seqüências de atividades de leitura e escrita, desenvolvidas em sala de aula ou na própria Sala de Leitura;
Possibilitar a descoberta do prazer pela leitura e a formação de leitores autônomos.
41
As demais aulas aconteciam em salas consideradas salas ambiente, snedo que os
alunos se deslocavam para as salas onde estavam os professores. No entanto apenas a Sala
de Leitura e o Laboratório de Informática Educativa estavam realmente ambientadas,
contendo material de pesquisa ou maquinário pertinente à disciplina estudada.
A escola também possuía quadra de esporte (com cobertura) para as aulas de
Educação Física.
1.4.1. Projetos da Escola
O projeto da escola foi elaborado conforme as orientações previstas na Portaria
4.057 de 10 de outubro de 2006 formulado pela Secretaria Municipal de Educação de São
Paulo (SÃO PAULO, 2006b) , com a participação dos coordenadores pedagógicos da
escola, do diretor de escola e assistente de diretor, assim como dos docentes sujeitos à
Jornada Especial Integral (JEI)
21
. O auxiliar de direção e o professor eventual participavam
do projeto fora do seu turno de trabalho. Os POIEs e POSLs, segundo orientação oficial,
participarão do projeto “nos horários coletivos destinados à formação, assegurando a
articulação com o trabalho desenvolvido em sala de aula”. Após a avaliação do Projeto
Especial de Ação (PEA), o professor participante recebe da Unidade Educacional atestado
para fins de Evolução Funcional
22
, desde que participe de 85% da carga horária mínima de
144 (cento e quarenta e quatro) horas-aula anuais do projeto que tenha sido coordenado ou
executado no período mínimo de 08 (oito) meses completos. A avaliação do PEA é
contínua e final, devendo conforme o art. 7º ser realizada através de itens como “freqüência
dos participantes; a pontualidade dos participantes, atestada em folha de freqüência; o
cumprimento do cronograma; o registro de atividades, que deverá ser o mais detalhado
possível”.
21
A Jornada Especial Integral, se por opção do Profissional de Educação, para desenvolver atividades
extraclasse, entre elas devem cumprir obrigatoriamente 8 horas-aula em trabalho coletivo com a equipe
escolar (professores, Coordenadores, auxiliar de direção e diretor), voltados a formação e execução do projeto
da escola; 3 horas de atividade livre e 4 horas-aula semanais em local de livre escolha.
22
Conforme a Lei 11.229 formulado pela Secretaria Municipal de Educação de São Paulo (SÃO PAULO,
1992), a Evolução Funcional é a passagem dos Profissionais do Ensino à referência de retribuição mais
elevada, mediante a apuração de tempo na carreira do Magistério Municipal de títulos e de tempo e títulos
combinados.
42
Conforme o Art. 5º e 6º da Portaria 4.057/2006 (SÃO PAULO, 2006b), os Projetos
Especiais de Ação devem ser apresentados e discutidos com o Conselho de Escola, e
analisado pelo supervisor de ensino. O supervisor de ensino procedeu à análise do PEA da
escola pesquisada elaborando o seguinte parecer:
Analisamos o PEA “Reconstrução do Currículo através das Inteligências
Múltiplas” encaminhado pela EMEF , conforme o contido na Portaria 4.057/06.
Constatamos sua consonância com o Projeto Pedagógico da Unidade Escolar e
com as diretrizes da Secretaria Municipal de Educação, portanto manifestamo-nos,
favoravelmente, a sua realização no ano letivo de 2007.
O Projeto Especial de Ação para 2007, com o nome: Reconstrução do Currículo
Através das Inteligências Múltiplas, foi baseado nas diretrizes da Secretaria Municipal de
Educação no que se refere ao Programa “Ler e Escrever Prioridade na Escola
Municipal”
23
e dos critérios gerais de avaliação em consonância com o projeto político
pedagógico, na perspectiva da constituição de “São Paulo É Uma Escola”
24
.
Além do PEA (Projeto Especial de Ação), a escola implementou outros projetos
considerados interdisciplinares, apontados para a integração dos conhecimentos. Nesse
sentido, a coordenadora citou os projetos, apresentados no Quadro 2:
23
O Programa “Ler e Escrever – prioridade na Escola Municipal”, implantado pela Secretaria Municipal
de São Paulo, desde 2006, tem como propósito desenvolver projetos que visem reverter o quadro de fracasso
escolar ocasionado pelo analfabetismo e pela alfabetização precária dos alunos do Ensino Fundamental da
Rede Municipal de Ensino.
24
O Programa São Paulo é uma Escola, iniciado em maio/2006 pela Secretaria Municipal de Educação, é
parte integrante de uma proposta educacional que se destina a toda cidade e a cada cidadão. Tem por
finalidade organizar, gradativamente, todas as oportunidades para que o potencial educador da Cidade de São
Paulo se realize na vida dos cidadãos. O resultado deste trabalho pretendia ser a formação integral das
crianças, jovens e adultos que vivem nesta Capital.
43
Quadro 2 - Apresentação dos projetos realizados pela escola pesquisada em 2007.
Projetos
interdisciplinares
Envolvidos Objetivos Estratégias Metas
PEA : Reconstrução
do Currículo
Através das
Inteligências
Múltiplas
Todas as áreas
Fornecer propostas
e medidas que
permitam o
planejamento e a
reorganização do
espaço intra-
escolar.
Utilizar-se de
conceitos sobre
inteligências
múltiplas.
Formação de
grupos de estudo
para refletir sobre
as práticas
pedagógicas, no
espaço escolar e
em sala de aula.
Minimizar os
índices de
evasão e
retenção.
Projeto monitoria
Alunos do Ensino
Fundamental II e
EJA,
preferencialmente
os do 3º e 4º anos.
Tornar o ambiente
escolar um lugar
de encontro, de
trocas e
informações sobre
o pensar e o fazer
pedagógico.
Organização de
grupos de
interesse para o
envolvimento nas
diversas áreas do
conhecimento
.
Intercâmbio via
espaço escolar
da comunidade
local.
Projeto Inter-
Inteira – Ação
Alunos e
Professores do
Ensino
Fundamental II
Envolver os alunos
em momentos de
debates e práticas
auto-avaliativa,
revendo a atuação
de cada um.
Utilização dos
espaços inter e
extra escolares.
Zelar pela
conservação do
ambiente
escolar.
Projeto de Artes
Visuais Vivência
Cultural Pintura em
tela
Professores e
alunos
Possibilitar um
ambiente
motivacional e
criativo.
Atividades de
exposição das
produções dos
alunos.
Minimizar a
indisciplina dos
alunos.
O Projeto Especial de Ação: Reconstrução do Currículo através das Inteligências
Múltiplas, foi justificado como resultado das avaliações, no que se referem aos avanços e
44
dificuldades, realizadas no final do ano letivo de 2006, indicando o elevado número de
alunos com dificuldades de aprendizagem (15%), como o problema principal da escola. Um
dos caminhos para tentar resolver esse problema foi o investimento nos profissionais
docentes e funcionários da Unidade Escolar, para proporcionar reflexão sobre o trabalho
realizado e a reorientação da prática em sala de aula e espaço escolar. O projeto estava
centrado no trabalho do professor em sala de aula. Para isso a escola propunha usar o
horário disponível de estudo para leitura, discussão, análise e reflexão sobre os caminhos
viáveis de ações práticas para auxiliar o trabalho na construção do conhecimento. Os
educadores acreditavam que todos seriam capazes de aprender, porém enfrentavam
inúmeros desafios no cotidiano escolar. Conforme o projeto:
“A inteligência que permite dar sentido as coisas que vemos e a vida que temos e
que nos leva a conversa interior, resgates de “arquivos” da memória. Capacidade de
raciocínio, criação de objetos e invenção de saídas quando parece não existir
indícios de sua existência. Inteligência é saber pensar, possuir vontade para fazê-lo,
criar e usar símbolos e graças a eles realizar conquistas extraordinárias, fazendo
surgir o mito, a linguagem, a arte e a ciência. Somos quem somos porque
lembramo-nos das coisas que nos são próprias e nos emocionamos, e a inteligência
faz com que cada ser humano seja um ser único e compreenda plenamente o
significado dessa individualidade.”
Durante a Reunião Pedagógica no mês de agosto, os professores discutiram essas
bases e as habilidades e competências leitoras dos alunos, atribuindo a todas as áreas do
conhecimento o desenvolvimento dessas habilidades, não para a disciplina de Português.
Conforme registro na ata de reunião, os professores relataram:
O grupo discutiu estratégia para melhorar as competências leitoras e escritora. Foi
lido uma poesia da Cecília Meireles. O motivo da dinâmica era discutir as
inteligências múltiplas e as diversas interpretações que podem ter um mesmo texto,
discutimos a contribuição da diversidade textual, assistimos uma apresentação de
dois pequenos filmes: “O ônibus” e “Garoto de Charles Chaplin”, discutimos a
importância da circulação de textos com várias diversidades textuais, e aferência
das capacidades leitoras e escritora, compreensão réplica, contexto de produção,
fizemos um minuto de silêncio enquanto ouvimos a música Rosa de Hiroshima, em
homenagem aos mortos pela bomba atômica.
25
No final do ano, todos os professores envolvidos com o PEA preenchiam uma ficha
de auto-avaliação e um ficha de avaliação de grupo do projeto, conforme Anexo IV.
Durante o meu período de pesquisa na escola observei que apenas no final do ano o PEA
estava sendo realmente comentado e os professores se mobilizaram para preencher a
25
Esse trecho foi retirado da ata de Reunião Pedagógica que ocorreu no dia 07/08/2007, na escola pesquisada.
45
papelada de avaliação do Projeto, para receberem o atestado para fins de Evolução
Funcional, como mencionado. Nesse momento, muitos não conheciam os objetivos que
deveriam ter sido alcançados pelo projeto. É possível dizer tratar-se apenas do
cumprimento de uma formalidade e com vistas aos benefícios oriundos dela e não de fato
algo que tenha mobilizado os professores.
O Projeto Monitoria acontecia regularmente na escola através da presença de ex-
alunos que ajudavam a colocar o vídeo para as professoras, entregavam o leite
26
(benefício
distribuído pela prefeitura às família dos escolares), mimeografavam as atividades
requisitadas pelas professoras, ajudavam na confecção de bilhetes com o uso do
computador da sala dos professores, auxiliavam as professoras em dias de passeios dos
alunos. Todas essas atividades tinham a aprovação prévia do Conselho da Escola. Durante
minha observação nas oitavas séries, pude perceber que os alunos procuravam os monitores
na execução de alguns trabalhos, principalmente de pesquisa requisitados pelos professores.
Aparentemente foi um projeto que cumpria parte de seus objetivos e metas.
O Projeto Inter-inteira-ação estava ligado diretamente ao projeto de Artes, pois
alunos e professores administravam as exposições dentro e fora da escola da pintura em
tela, ou mesmo os grupos que grafitavam os muros da escola, principalmente os alunos
mais velhos da escola. Foi interessante perceber que os alunos, durante os intervalos
observavam as obras realizadas por seus colegas e não destruíam o material que ficava
exposto, muitas vezes de modo permanente no pátio. A comunidade também participava
desses projetos, através da escola aberta aos finais de semana. Dentro do horário de estudo
dos professores, uma vez por semana aprendiam sobre os artistas e a observação em telas,
com o tema “O sentido da Arte”. Esse projeto era desenvolvido principalmente por uma
professora readaptada
27
na escola.
26
O Programa Leve leite foi criado através do Decreto 35.458 de 31/08/95 (SÃO PAULO, 1995) com
objetivo de combater a desnutrição da população infantil da Rede Municipal de Ensino e diminuir o índice de
evasão escolar, fixando o aluno na escola. Neste Programa são entregues mensalmente 01Kg de Leite em
para as crianças das EMEIs e CEIs e 02 Kg para as crianças das EMEFs com freqüência superior à 90% .
27
Professor readaptado é aquele que, por acidente ou doença, após perícia médica, torna-se inapto para
exercer as atribuições específicas de seu cargo, sendo assegurados os direitos e vantagens a ele inerentes,
tendo, então, aproveitamento em outra função.
46
A análise dos dados do Quadro 2 permite apontar que a quantidade de projetos
desenvolvidos enfatizava sobretudo questões de comportamento dos alunos e outros
auxílios com pouca preocupação efetiva com o ensino dos componentes curriculares.
1.4.2. Recursos Humanos da Escola
No quadro em Anexo V apresento um pequeno panorama dos funcionários da
escola pesquisada.
Conforme o Regimento Escolar, estabelecido através da Portaria SME 197/1998
(SÃO PAULO, 1998), norteados através da Lei 11.229/92, dispõe sobre o Estatuto do
Magistério Público Municipal (SÃO PAULO, 1992) e da Lei 11.434/93, dispõe sobre a
organização dos Quadros dos Profissionais de Educação da Prefeitura do Município de São
Paulo (SÃO PAULO, 1993), a equipe escolar estava constituída por: equipe técnica, da
qual faziam parte o diretor de escola, o assistente de diretor de escola e os coordenadores
pedagógicos; equipe docente, da qual faziam parte os professores em exercício na escola; e
a equipe auxiliar de ação educativa, da qual faziam parte o auxiliar de direção, o secretário
de escola, auxiliares técnicos de educação e os agentes escolares.
A função do diretor de escola era a de coordenação do funcionamento geral da
escola e da execução das deliberações coletivas do Conselho de Escola, de acordo com as
diretrizes da política educacional da Secretaria Municipal de Educação. Infelizmente, a
mudança freqüente de diretor nessa escola, sempre trazia novos rumos para o dia-a-dia
escolar, que não eram incorporados pela equipe. O Diretor da época estava na escola apenas
dois anos e havia pedido remoção para uma outra escola. A rotatividade de profissionais
na educação é um problema enfrentado por grande parte das escolas públicas, dificultando
o andamento dos projetos e da melhoria da qualidade escolar. Marin (2004) aponta a
rotatividade e itinerância que causam prejuízos para a formação dos alunos da escola.
O assistente de diretor, conforme o Regimento Escolar, deve substituir o diretor em
casos de faltas ou licenças, responder pela direção da escola, em horários que ele não
estiver e colaborar com o Diretor no desempenho de suas atribuições específicas. No início
47
do segundo semestre a assistente de diretor aposentou-se, e uma parte das atividades que
ela realizava foram encaminhadas principalmente para a auxiliar de direção.
O coordenador pedagógico deve integrar e articular as ações pedagógicas e didáticas
desenvolvidas na escola; participar e assessorar o processo de elaboração do Plano Político
Pedagógico; identificar, juntamente com a equipe escolar, casos de alunos que apresentem
necessidades de atendimento diferenciado, orientando decisões que proporcionem
encaminhamentos adequados; participar, juntamente com a equipe escolar e o Conselho de
Escola, da proposição, definição e elaboração de propostas para o processo de formação
permanente, assumindo os encaminhamentos de sua competência. A escola possuía dois
coordenadores, um que participava da equipe docente do Ciclo I e o outro do Ciclo II e EJA
(Educação de Jovens e Adultos).
A equipe docente deve participar do processo de elaboração do Projeto Político
Pedagógico; planejar, executar, avaliar e registrar os objetivos e as atividades do processo
educativo, numa perspectiva coletiva e integradora; planejar e executar estudos contínuos
de recuperação e de compensação de ausências de tal forma que sejam garantidas novas
oportunidades de aprendizagem e maior tempo de reflexão aos alunos; discutir com os
alunos e com os pais ou responsáveis as propostas de trabalho da escola; identificar em
conjunto com a coordenação pedagógica, casos de alunos que apresentassem necessidade
de atendimento diferenciado (esses casos eram apresentados durante as reuniões de
Conselho de Classe); e participar das reuniões de avaliação do aproveitamento escolar. A
equipe dos docentes subdividia-se em duas categorias: os professores titulares de cargo, que
participavam da escolha de aulas na escola em que se efetivaram, e os professores adjuntos,
que participavam da escolha de aulas na Subprefeitura em que se efetivaram e que
escolhiam as aulas restantes da escolha dos titulares. Os professores adjuntos poderiam
substituir o professor titular em caso de faltas, contudo na escola pesquisada esses
professores estavam com salas atribuídas, não existia nenhum professor adjunto para
substituir um professor titular, caso ele faltasse, gerando as dispensas constantes dos
alunos, algumas vezes saindo mais cedo do período de aula, outras sendo dispensados logo
na entrada do período. Não havia a substituição dos professores pelo POIE pelo auxiliar de
direção ou, então, pela vice-direção. A prioridade da escola era a atividade administrativa,
48
pois o POIE também auxiliava a administração. Algumas medidas estavam sendo tomadas
para o ano de 2008, e o cargo de professor adjunto estava se extinguindo.
O Estatuto do Funcionalismo Público Municipal concede o direito a dez faltas
abonadas, seis justificadas, trinta consecutivas e sessenta intercaladas injustificadas. A
tendência de todos, na escola, era dar todas as faltas abonadas a que tinham direito, como
também constatou Patto em sua pesquisa (PATTO, 1999). Essas faltas eram deixadas, por
muitos professores, para o segundo semestre, pois diziam que estariam mais cansados; isso
de fato ocorreu e os alunos foram dispensados muitas vezes.
Existem duas categorias de profissionais criados pela Lei 8.694, de 31 de março
de 1978 (SÃO PAULO, 1978) para substituição dos professores efetivos, conhecidos como
estáveis
28
(servidores que tinham 5 anos contínuos de serviço público no dia da
promulgação da Constituição Federal 05/10/1998) e não-estáveis
29
(servidores que não
tinham 5 anos contínuos de serviço público no dia da promulgação da Constituição
Federal/88), que participavam da escolha de aulas nas Subprefeituras sempre após a escolha
dos professores efetivos adjuntos.
As aulas excedentes eram atribuídas a professores contratados, geralmente por um
período de seis meses, sujeito à renovação conforme interesse da SME; contudo devido ao
último concurso esse procedimento não estava ocorrendo.
O auxiliar de direção, ainda conforme o mesmo Regimento Escolar, deve atender a
comunidade escolar, informando, orientando e agilizando os encaminhamentos necessários;
auxiliar na organização do funcionamento do turno no qual atua. A presença do auxiliar de
período na escola era muito importante, pois era ele que batia o sinal de entrada e saída das
aulas, encaminhando todos para o início e término de cada uma delas. Muitas vezes
presenciei o auxiliar conversando com mães sobre o comportamento dos alunos na escola,
aconselhando como proceder melhor na educação.
O auxiliar técnico de educação deve dar atendimento aos alunos, nos horários de
entrada, saída, recreio e em outros períodos, em que não houver assistência do professor;
28
Conforme a Lei 11.434, de 12 de novembro de 1993 art. 70 inciso II (SÃO PAULO, 1993), esses
Profissionais de Educação, estão inscritos de ofício nos concursos públicos a serem realizados após a
promulgação da Constituição Federal/ 88, para provimento dos cargos de Professor Titular correspondentes, e
estão dispensados do cumprimento do estágio probatório de 3 anos.
29
Conforme a Lei 11.434 de 12 de novembro de 1993 art. 73 (SÃO PAULO, 1993), esses Profissionais de
Educação, estão inscritos de ofício nos concursos públicos a serem realizados após a promulgação da
Constituição Federal / 88, para provimento dos cargos de Professor Titular correspondentes.
49
executar atividades definidas pelo diretor da escola. O auxiliar permanece na Secretaria da
escola, realizando muitas vezes o trabalho burocrático.
O agente escolar auxiliava no atendimento e organização dos alunos nos horários de
entrada, recreio e saída.
O inspetor de alunos permanecia nos corredores das salas auxiliando o atendimento
e organização dos educandos nos horários de entrada e saída das aulas.
O agente de vigilância vigiava, inspecionava e vistoriava o prédio escolar e suas
instalações, equipamentos e materiais.
O quadro do Anexo VI apresenta os diferentes tipos de jornada que o professor da
prefeitura pode escolher e sua remuneração inicial.
Os professores que atuavam no Ciclo II do Ensino Fundamental, que possuíam
cargo efetivo podiam optar por sua jornada de trabalho: Jornada Básica (JB), na qual o
professor deveria ministrar o mínimo de 18 (dezoito) horas-aula semanais e cumprir duas
horas, sendo 1 hora na Unidade Escolar e a outra livre; Jornada Especial Ampliada (JEA),
na qual o professor ministrava 25 (vinte e cinco) horas-aula semanais e 5 (cinco) horas-
atividade semanais, sendo três na Unidade Escolar e duas livres; e a Jornada Especial
Integral (JEI), na qual o professor ministrava 25 (vinte e cinco) horas-aula e 15 (quinze)
horas adicionais, sendo 11 (onze) horas-aula semanais na própria escola, onde das 11 horas
aula, 8 eram em horários coletivos com o Coordenador Pedagógico e 3 horas aula eram
realizadas individualmente na Unidade Escolar, as 4 horas-aula semanais restantes o
professor podia cumprir em local de livre escolha.
Analisando o quadro do Anexo VI, é possível perceber que as condições salariais
dos professores que trabalhavam 40 horas-aula eram melhores, sendo que esses dados eram
dos professores em início de carreira, pois através das evoluções funcionais por tempo, ou
por merecimento, através de cursos e títulos o salário pode duplicar.
Dos professores pesquisados, alguns participavam obrigatoriamente dos horários de
projeto coletivo, ou seja, do Projeto “Reconstrução do Currículo Através das Inteligências
Múltiplas”, mencionado anteriormente (PEA). A professora de Matemática, de Português,
de Artes e de Inglês, assim como o POIE, reuniam-se com a coordenadora pedagógica três
dias na semana após o período de aula para estudarem os objetivos do projeto e como
realizá-los junto aos alunos e à escola. Nos dias em que os estudos não aconteciam, por
50
falta da coordenadora, os professores costumavam preparar as aulas para a semana e
corrigir atividades que os alunos tinham feito.
Percebe-se que os professores tinham boas condições para o trabalho com muitas
horas remuneradas para cumprir com o espectro de funções: preparo, correção, estudo.
1.5. Professores do Ensino Fundamental, que atuam no Ciclo II da EMEF “Henrique
Pacheco”
Os professores pesquisados atuavam no Ciclo II do Ensino Fundamental. O contato
com os professores ocorreu na observação das suas aulas no segundo semestre de 2007.
Além dos momentos de observação e de reunião, interagi com alguns educadores em outros
ambientes da escola como, por exemplo, a sala dos professores, procurando, assim,
apresentar um contexto amplo do cotidiano escolar rico e variado de interações e
acontecimentos. O relato fidedigno do que acontecia e era falado pelos educadores,
permitiu ir detectando as manifestações sobre as concepções e ações pedagógicas dos
professores.
Para alcançar os objetivos, além da observação na sala de aula, foi entregue aos
educadores um questionário
30
com 38 questões objetivas, focalizando sua formação
acadêmica, número de horas dedicadas ao trabalho, entre outras informações que visavam
conhecer o perfil dos profissionais da escola.
O Quadro 3 corresponde às informações sobre os professores que responderam ao
questionário. Os nomes são fictícios para evitar qualquer possibilidade de identificação.
30
Vide Anexo II
51
Quadro 3 - Perfil dos professores pesquisados
DISCIPLINA
NOME
SITUAÇÃO
FUNCIONAL
TEMPO NA
FUNÇÃO
TEMPO NA
PREFEITURA
FORMAÇÃO
PROFISSIONAL
ATUA EM OUTROS
LUGARES
PERÍODOS DE
TRABALHO
EXERCE OUTRA
PROFISSÃO
Português Paula Professora
Titular
20 anos 10 anos Letras e
Pedagogia /
PUC
Sim/
Estado
Manhã
Tarde e
noite
Não
Matemática Márcia Professora
Titular
Acima
de 21
anos
Acima de
21 anos
Matemática
PUC/ SP
Não Tarde Não
Ciências Cida Professor
Titular
15
Anos
5 Anos Ciências
UFSC
São Carlos –
Pós em
Avaliação
Sim/
Estado
Manhã
Tarde
Não
Geografia Geraldo Professor
adjunto/
contratado
Acima
de 21
anos
1 ano Geografia /
USP
MESTRADO –
GEOGRAFIA
HUMANA/
USP
Sim
Estado e
Particular
Manhã
Tarde e
Noite
Não
Inglês Ilma Professora
Titular
Acima
de 21
anos
Acima de
21 anos
Letras – FMU Não Tarde Não
Arte Álvaro Professor
Adjunto
20 anos 8 anos Faculdade de
Belas Artes /
SP
Sim
Estado e
Sesi
Manhã e
Tarde
Não
História Heitor Professor
Adjunto
4 anos 2 anos FFLCH – USP Sim
Estado
Manhã,
Tarde e
Noite
Não
PSL Sula Professora
Titular
18
Anos
10 Anos História / USP NÃO Manhã,
Tarde e
Noite
Não
52
A análise do Quadro 3 revela que muitos professores tinham jornada de trabalho
acima de 40 horas semanais, com os acúmulos em outras instituições. Esses dados explicam
porque os professores reclamavam de suas funções e diziam não possuir tempo para
especializar-se em sua área, mas não por falta de condições na rede municipal.
Quanto ao tempo na função, pode-se dizer que a maioria dos professores de todas as
disciplinas possuía grande experiência, pois somente o professor Heitor de História tinha
menos tempo na Prefeitura e todos possuíam formação específica para as disciplinas que
lecionavam, oriundos de universidades públicas e dois com cursos de pós- graduação.
Conforme o levantamento feito com os professores, foi possível verificar que 6 não
consideravam sua família pobre. Somente 1 não possuía moradia própria e todos moravam
em casas ou apartamento de alvenaria. Todos moravam em ruas asfaltadas, com serviços
básicos como água, esgoto, eletricidade e correio.
Os professores moravam próximo à escola, apenas 1 estava localizado no centro da
cidade. Nessas moradias, 4 dos pesquisados tinham dois banheiros, 3 apenas um banheiro e
1 mais de dois banheiros, sendo que 6 dos pesquisados, em suas casas tinham dois quartos,
1 tinha apenas um quarto e 1 possuía mais de dois quartos. Foi possível constatar que 4 dos
professores tinham empregada doméstica e apenas 1 não possuía carro na garagem.
Na infância desses professores pesquisados, 7 moravam em casa própria, e apenas 1
morava em apartamento alugado, sendo que 6 dessas residências eram de alvenaria e 2 de
madeira, todas localizadas em bairro, nenhuma próxima a grandes centros; 4 dessas
moradias tinham apenas um banheiro e 4 dois banheiros; 1 apenas um quarto e 7 tinham
dois quartos; 5 tinham rua asfaltada e 3 não tinham a rua asfaltada.
Verifica-se, por esses dados, poucas alterações nas condições de vida dos
professores quando se compara sua infância e vida atual. Pelos dados obtidos os professores
tinham condições não precárias de vida com conforto e em lugares urbanizados.
Quanto às práticas culturais, 5 dos professores pesquisados freqüentavam
bibliotecas e 3 não freqüentavam; 3 tinham alguma religião e 5 não; 2 dos professores
freqüentavam clube, próximo à sua residência; todos gostavam de música, sendo que a
grande maioria, 7 gostavam de MPB. Os programas de TV mais assistidos pelos
professores foram: novela, filme e jornais.
53
Quanto ao estudo dos professores pesquisados, 7 estudaram a maior parte do tempo
de sua escolaridade, na rede pública.
Todos esses dados serviram para verificar que os professores tinham acesso a alguns
bens culturais e de lazer, assim como eram condições para a análise das concepções dos
professores sobre o rendimento escolar dos alunos atendidos na EMEF “Henrique
Pacheco”.
1.6. Alunos da 8ª série da EMEF “Henrique Pacheco”
Os alunos da oitava série estavam no final do ciclo, portanto, mediante a pesquisa
realizada na EMEF “Henrique Pacheco” foi possível verificar o resultado dos ciclos com a
progressão continuada
31
, sistema pelo qual se eliminou a reprovação interna ao ciclo e
somente os alunos com um número elevado de faltas ou com rendimento insatisfatório
poderiam ser reprovados ao final do ciclo, diminuindo as disparidades de idade tão comuns
ao antigo regime seriado. Esta pesquisa não teve a intenção específica de focalizar o
impacto da reorganização da rede, embora seja impossível não citar, vez por outra, essa
circunstância orientadora oficial das escolas.
Diante da perspectiva da democratização do ensino enunciada com a adoção dos
ciclos de aprendizagem esta pesquisa necessitava de dados qualitativos e quantitativos para
posterior análise dos resultados. Para tanto, foi entregue aos alunos das salas de oitava
série
32
, um questionário
33
contendo 25 questões. As questões versavam sobre o aluno, a
escola e as disciplinas escolares.
A Tabela 1 contem informações básicas a respeito das turmas de oitava série no
segundo semestre de 2007.
31
Conforme já dito anteriormente, a implantação dos Ciclos e da Progressão Continuada na rede municipal do
município de São Paulo ocorreu em 1992, na gestão da prefeita Luiza Erundina (PT) Os ciclos e a progressão
continuada foram parte da proposta política pedagógica de democratização e melhoria da qualidade do ensino
municipal.
32
A pesquisa, através do questionário, foi realizada no mês de setembro, durante a aula da professora Cida, da
disciplina de Ciências, observando o dia com a maior freqüência das turmas.
33
Vide Anexo III
54
Tabela 1 : Caracterização das turmas de oitava série, contendo a idade e o sexo
A B C
Série/Idade Masc. Fem. Masc. Fem. Masc. Fem.
13 Anos 0 1 2 1 0 1
14 Anos 9 14 5 6 4 4
15 Anos 5 2 2 5 3 1
16 Anos 0 0 2 1 1 1
Total Parcial 14 17 11 13 8 7
Total Geral 31 24 15
Os dados contidos na Tabela 1 permitem apontar que o número de alunos freqüentes
na A é bem maior que na C, demonstrando realmente a evasão de alunos que ocorreu
durante o ano de 2007.
Como se verifica, não havia total defasagem entre idade-série, pois a maioria dos
alunos possui até 14 anos. Conforme Carvalho (2001) as professores de final de ciclo, vêm
sofrendo uma pressão para que aprovem o maior número possível de alunos mantendo,
portanto, a seqüência esperada que já vinha acontecendo. Conforme a autora:
a falta de condições efetivas para um trabalho de recuperação paralela da
aprendizagem, para o bom funcionamento das classes de aceleração e mesmo para
um trabalho pedagógico de qualidade nas classes regulares, levam-nos a duvidar
dos efeitos dessas medidas, ligadas aos ciclos e à aprovação automática, sobre a
efetiva apropriação dos conhecimentos por alunos e alunas, isto é, sobre a
democratização do acesso ao saber. (p.555)”
Entretanto, dos 70 alunos que responderam o questionário 23 estavam acima dos 14
anos nas 8ªs séries. Esse é um indicador bem concreto da não efetivação da progressão
continuada, pois tiveram retenção ao longo do período, sobretudo os alunos das 8ªs B e C,
com destaque para a B.
Analisando a Tabela 1, é possível verificar um número maior de meninas, com
relação aos meninos, principalmente na 8ª A e B.
Nos últimos anos, o número de meninas freqüentando a escola cresceu a ponto de
hoje representarem a maioria dos estudantes brasileiros nas séries finais de todo o sistema
educacional brasileiro, são 57% dos formandos no Ensino Médio. Além disso, a
55
permanência na escola é maior também entre meninas, 6 anos em média, enquanto os
meninos estudam em média por 5,6 anos (Brasil/MEC, 1999).
Conforme Carvalho (2003), a questão do fraco desempenho escolar dos meninos
tem recebido ampla atenção, especialmente nos países de língua inglesa, na mídia, nas
pesquisas acadêmicas e entre os formuladores de políticas educacionais, porém, eles
apresentam os resultados a partir de testes padronizados, tornando o estudo menos
relevante, pois não apresentam as falas, opiniões e avaliações dos professores. Os critérios
de avaliação dos professores demonstram que eles consideram a aprendizagem e o que
chamam de “compromisso da criança com o cotidiano da escola”, sendo assim as atitudes e
comportamentos são decisivas para o desempenho escolar. No estudo relatado, os meninos
na escola são, de forma geral, os que apresentam comportamentos inadequados dentro da
sala de aula, e são os que mais se evadem do meio escolar.
Carvalho analisa a questão do gênero articulando o fracasso escolar e a violência no
âmbito da escola. A autora discute a trajetória dos rapazes, “principalmente aqueles que
estão mais abaixo no conjunto das hierarquias de classe e de raça, diante de uma
masculinidade, desembocando em atitudes anti-escoloa, em fracasso escolar, transgressão
e, no limite, em violência social(Carvalho 2003, p.188). Na sociedade hierarquizada,
como coloca a autora, é necessário uma educação com respeito à diversidade e ao convívio
com as diferenças.
Os dados da Tabela 2 demonstram com quem os alunos moram.
Tabela 2 – Caracterização dos alunos, quanto à questão de moradia familiar.
TurmaA TurmaB TurmaC
Mãe 5 9 3
Pai/Mãe
17 11 6
Pai 1 0 2
Pai/Madrasta 1 0 0
Mãe/Padrasto 3 2 1
Avôs/Tio 2 1 1
Marido/Namorado 1 0 1
Ñ.Responderam 1 1 1
56
É possível verificar que alguns alunos moram somente com a mãe, principalmente
os alunos da B; contudo, é possível perceber que os alunos da A e C, em sua grande
maioria, moram com pai e mãe. Esses dados permitem apontar que ainda que haja
configurações variadas, os alunos possuem um núcleo familiar sendo a maioria o núcleo
mais tradicional, ou seja, pai e mãe.
Os dados da Tabela 3 e indicam que a maioria das famílias dos alunos é constituída
de irmãos. São poucos os alunos que não têm irmão. Durante a realização do questionário a
aluna me indagou dizendo: É para colocar os irmãos por parte de pai também, ou por
parte da minha mãe?” Respondi que ela deveria colocar todos os seus irmãos. Verifica-se
que são famílias pouco numerosas e compostas a partir das reconfigurações entre pais/
padrasto e mãe/ madrasta.
Tabela 3 - Caracterização das famílias dos alunos da série A, B e C, quanto à
quantidade de irmãos.

TurmaA
TurmaB
TurmaC
1 7 3 2
2
5 9 1
3 6 3 2
4 4 2 3
5 1 0 5
6 0 0 0
7 0 0 0
8 1 0 0
9 0 0 0
10 0 2 0
NENHUM 3 2 0
Ñ.Resp. 2 2 2
A análise da Tabela 4 revela quem mantêm a família dos alunos, sendo possível
verificar a presença do pai e principalmente da mãe nessa atuação. Verifica-se que são
famílias de trabalhadores em que as mães têm assumido função importante na manutenção
da família.
57
Tabela 4 – Caracterização da família quanto ao seu sustento

TurmaA
TurmaB
TurmaC
Mãe 4 9 3
Pai/Mãe
9 6 4
Pai 9 4 3
Pai/Madrasta 2 3 1
Avôs/Tio 3 1 2
Marido/Namorado 0 0 1
Ñ.Responderam 2 0 1
De acordo com o que pude observar na escola estudada, a renda familiar dos alunos
podia ser considerada baixa. Apesar do quadro demonstrar que o sustento da família é
proveniente, na sua maioria pela mãe e pelo pai, ambos exerciam profissões com pouca ou
nenhuma qualificação (empregada doméstica, faxineira, ajudante de pedreiro, jardineiro,
vigia).
Em algumas ocasiões, foi possível perceber que os profissionais da escola sentiam-
se sensibilizados pelo fato de os alunos pertencerem a setores populares. Era possível notar
como era importante para os alunos o momento do almoço na escola. Conforme relato
informal da auxiliar de período: “... muitos alunos vêm para a escola sem terem comido
nada, e muitos chegam a passar mal e quando perguntamos se eles se alimentaram, eles
respondem que ‘não’! Entende? Eles passam mal porque ficam sem comer, a escola é o
único lugar em que eles se alimentam decentemente.”
A análise da Tabela 5 demonstra os processos de mudança dos alunos, pois em
geral, eram oriundos de outras localidades.
Tabela 5 – Caracterização das famílias quanto aos processos de mudança

TurmaA
TurmaB
TurmaC
SP 5 7 5
Outros Estados
1 9 1
GrandeSP 8 3 8
OutrasCidades 3 0 3
Ñ.Responderam 12 4 12
58
É possível verificar que os alunos moraram em São Paulo e na Grande São Paulo.
Sendo a escola localizada próximo a uma cidade da Grande São Paulo, a análise dos
resultados demonstra que os alunos mudaram de residência, mas não saíram do entorno de
sua moradia atual. Somente maior parte de alunos da 8ªB responderam ter morado em
outros Estados.
1.6.1. - Condições sócio-econômicas
A partir dos dados das Tabelas 6,7 e 8 é possível que a análise demonstre que os
alunos reconhecem as características marcantes de sua casa.
Tabela 6 – Características da moradia dos alunos da 8ª A e como eles se consideravam
Turma A
Considero
Pobre
Não
Considero
Pobre
Casa 17 8
Apartamento 5 1
Própria 14 3
Alugada 7 5
Cedida 1 1
Alvenaria 22 9
Madeira 0 0
1 Banheiro 18 7
2 Banheiros 3 1
+ 2 Banheiros 1 1
1 Quarto 6 2
2 Quartos 12 6
+ 2 Quartos 4 1
Rua Asfaltada 19 9
Rua Não Asfaltada 3 0
Tem água na Torneira 22 9
Tem Eletricidade 22 9
Tem rede de Esgoto 20 9
Não Tem rede de
Esgoto 2 0
Tem Correio 21 9
Não Tem Correio 1 0
59
A análise dessa Tabela permite apontar que a maioria dos alunos da A se
considerava pobre, pois embora suas moradias tenham as características apontadas, a
descrição do bairro anteriormente feita permite saber que são casas bem simples.
Tabela 7 - Características da moradia dos alunos da 8ª B e como eles se consideram
a Tabela 7 apresenta resultados bem diferentes com a maioria dos alunos
não se considerando pobres. Talvez essa auto classificação se deva ao fato de se
compararem com outros bairros que não possuam as mesmas características urbanas (rua
asfaltada, eletricidade, água na torneira, banheiro dentro de casa).
Turma B
Considero
Pobre
Não
Considero
Pobre
Casa 4 19
Apartamento 0 1
Própria 4 15
Alugada 0 5
Cedida 0 0
Alvenaria 4 19
Madeira 0 1
1 Banheiro 4 15
2 Banheiros 0 5
+ 2 Banheiros 0 0
1 Quarto 3 7
2 Quartos 1 7
+ 2 Quartos 0 6
Rua Asfaltada 4 16
Rua Não Asfaltada 0 4
Tem água na Torneira 4 20
Tem Eletricidade 4 20
Tem rede de Esgoto 4 14
Não Tem rede de Esgoto 0 6
Tem Correio 3 17
Não Tem Correio 1 3
60
Tabela 8 - Características da moradia dos alunos da 8ª C e como eles se consideravam
Turma C
Considero
Pobre
Não
Considero
Pobre
Casa 3 10
A
partamento 0 2
Própria 1 9
Alugada 2 3
Cedida 0 0
Alvenaria 3 11
Madeira 0 1
1 Banheiro 3 9
2 Banheiros 0 1
+ 2 Banheiros 0 2
1 Quarto 0 3
2 Quartos 2 8
+ 2 Quartos 1 1
Rua Asfaltada 3 11
Rua Não Asfaltada 0 1
Tem água na Torneira 3 12
Tem Eletricidade 3 12
Tem rede de Esgoto 3 10
Não Tem rede de
Esgoto 0 2
Tem Correio 3 12
Não Tem Correio 0 0
Conforme as Tabelas, foi possível verificar que apesar de apresentarem reais
dificuldades, somente os alunos da 8ªA se percebiam pobres; porém, os critérios de pobreza
podem variar entre esses alunos, pois uma aluna da 8ªC relatou claramente esse fato quando
estava respondendo as questões do questionário dizendo: Minha casa não é grande, mas
todos nela tem saúde, sendo assim eu não sou pobre.”
Analisando as diferenças e semelhanças apresentadas entre as turmas, é possível
constatar que apesar de existir um Conjunto Habitacional Cingapura, próximo à escola,
eram poucos os alunos que moravam em apartamento, a maioria morava em casa. O
número de alunos que moravam pagando aluguel também era grande, principalmente na
A e mesmo os que moravam em casa própria se consideravam pobres. Conforme relato de
alunos durante a realização do questionário, apesar de as casas serem próprias, eram
61
construídas por familiares em terrenos não legalizados, sempre correndo o risco de
desapropriação.
Somente na B e C, existia aluno que morava em casa de madeira. Essas casas
apresentavam estruturas precárias, em dias de chuva o medo da entrada de ratos e outros
insetos é freqüente.
No bairro não havia rua de terra, contudo muitas casas estavam localizadas em
vielas, com ruas feitas pelos próprios moradores.
A eletricidade e a água de muitas casas no bairro eram providenciadas pelos
próprios moradores, que faziam ligações clandestinas. Conforme depoimento de moradores
da região, quando o vizinho estava reformando sua casa, ou mexendo em um piso, ocorria a
quebra de cano que fazia a ligação da água; quando isso ocorria muitas casas ficavam
desabastecidas até o seu conserto.
A pergunta se o aluno tinha rede de esgoto
34
em casa, foi difícil para responder, pois
eles não sabiam do que se tratava. Isso explica o baixo número de respostas nesses itens.
1.6.2. Práticas culturais
Quanto às práticas culturais, os alunos foram questionados
35
sobre: religião,
biblioteca, música.
Quanto à religião, predominaram as religiões católica e protestante, aparecendo
alguns alunos pertencentes à igreja Testemunha de Jeová. Os alunos que freqüentavam a
igreja, informaram ser por influência dos pais, geralmente no final da semana. Esse é um
dado relevante nessa população pois, quando questionados sobre sua leitura, muitos
relataram os gibis da Mônica, leitura de livros da escola, como poemas, romances e
crônicas, e alguns citaram livros religiosos. A leitura de revistas de interesses diversos
como Carros, Caras, e notícias das novelas, também foram observadas nas práticas culturais
dos estudantes. Os programas de TV que os alunos costumavam assistir eram,
principalmente, novela, programa humorístico e Reality Show (Big Brother). Os meninos
citaram os programas de esporte na TV.
34
Pergunta nº 12 do questionário dos alunos, conforme Anexo III.
35
Questionário em Anexo III
62
A escola foi vista como um local de lazer, que aos finais de semana ela
permanecia aberta à comunidade e como o bairro oferecia poucas áreas de lazer, ela se
tornou a mais importante.
A escola proporcionou algumas saídas para lazer. Os alunos, durante o período da
pesquisa foram ao Playcenter
36
; apesar de não haver nenhum tipo de interesse pedagógico
nessa saída, ela supriu algumas necessidades da comunidade, proporcionando momentos de
grande lazer para os alunos.
Com base na Tabela 9, torna-se pertinente afirmar que, a grande maioria dos alunos,
não freqüenta nenhum tipo de biblioteca. A biblioteca da escola é chamada de Sala de
Leitura, mas de qualquer maneira, durante esse ano, os alunos pouco foram até esta sala,
que a professora responsável ficou em licença maternidade e não foi substituída. Durante o
horário da aula na Sala de Leitura os alunos permaneciam na escola com “aula vaga”, ou
eram dispensados mais cedo.
Tabela 9 – Práticas Culturais das turmas A, B e C

FreqüentaBiblioteca
Sim Não
TurmaA 8 23
TurmaB 10 14
TurmaC 2 13
A Tabela 10 demonstra o gosto musical dos alunos.
Tabela 10– Práticas Culturais quanto à preferência musical
36
Playcenter – parque de diversões.

GostadeMúsica?
Sim Não
TurmaA 31 0
TurmaB 23 1
TurmaC 15 0
63
Todos os alunos da escola, quando questionados sobre se gostavam de música ou
não, responderam que sim, apenas um aluno respondeu que não gostava de música.
alguns anos um grande programa chamado EDUCOM
37
, foi desenvolvido na escola por
meio da formação de professores e alunos, para a realização de eventos e rádio na escola.
Esse projeto ainda existe na EMEF “Henrique Pacheco” e estava sendo realizado através do
Projeto Monitoria, mencionado anteriormente, com a participação de muitos alunos das
oitavas ries. Conforme os objetivos da Secretaria Municipal de Educação o programa
EDUCOM favoreceria a aquisição de conhecimentos e habilidades indispensáveis para que
se promovessem os diferentes modos de comunicação na sala de aula e no conjunto das
atividades educativas.
1.6.4. O aluno trabalhador
A análise da Tabela 11 permite apontar que uma parcela dos alunos
precisava trabalhar, demonstrando que a renda familiar baixa obriga os alunos dividirem
seu tempo entre a escola e o trabalho.
Tabela 11 – Número de alunos que trabalhavam nas turmas de oitava série.
37
O programa EDUCOM – Educomunicação pelas ondas do rádio, foi regulamentada pelo Decreto
46.211, de 15 de agosto de 2005 (SÃO PAULO, 2005), para serem desenvolvida por meio de projetos
destinados a: possibilitar a alfabetização midiática da população;ampliar o acesso da população atendida pelo
sistema de educação e cultura do Município às tecnologias da informação e da comunicação; promover a
gestão dos estúdios de rádio ou de multimeios disponibilizados tanto nas unidades educacionais quanto nos
equipamentos de cultura da Prefeitura do Município de São Paulo, propiciando que a população colabore com
o Poder Público na difusão de informações de interesse da educação, saúde, esporte, cultura e meio ambiente;
capacitar crianças e adolescentes para o uso da linguagem radiofônica e dos demais recursos da comunicação,
considerando as particularidades das comunidades envolvidas, respeitada a legislação em vigor; incentivar
especialmente a prática da radiodifusão de interesse público, mediante projetos nas áreas de rádio e televisão
comunitárias; implementar formas coletivas de expressão como as festas populares e folclóricas e a dança,
que resgatam a identidade coletiva, expressa na cultura popular.
Sim Nâo
Turma A 6 25
Turma B 4 20
Turma C 3 12
64
Turma A – Entregador de Pizza, Trabalha na Pizzaria como Garçonete, pegador de
bolinhas de tênis, cuida do irmão em casa, cuida da sobrinha, arruma máquina/geladeira.
Turma B – Casa de família, entrega folheto no período da manhã, passeia com cachorro.
Turma C – Cuida dos irmãos, técnico de computador, garçonete/pizzaria.
Essa parcela de alunos-trabalhadores desempenha atividades que não necessitam de
grande instrução, não constituindo mão-de-obra qualificada, pois ainda estão terminando
seus estudos do ensino fundamental..
O capítulo V do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), definiu a idade
mínima de 14 anos para a admissão ao trabalho, contudo a Lei 10.097/2000 (Brasil,
2000) , art. 1º, proíbe qualquer trabalho a menores de dezesseis anos de idade, salvo na
condição de aprendiz, a partir dos quatorze anos. Conforme o material organizado pelo
Programa Internacional para a Eliminação do Trabalho Infantil, elaborado para subsidiar
educadores brasileiros para o combate ao trabalho infantil (OIT, 2001, p.33) a situação de
aprendiz que a lei assegura, não deve ser entendida como aquelas em que as crianças são
obrigadas a trabalhar para ganhar seu sustento ou o de suas famílias. O trabalho na situação
de aprendiz é realizado pelos Serviços Nacionais de Aprendizagem, por organizações
credenciadas de ensino profissionalizante ou na própria empresa, desde que supervisionada
pelos órgãos públicos responsáveis das Secretarias de Educação e Delegacias do Trabalho e
que sejam observadas as regras de proteção ao trabalho previstas na CLT.
O problema observado na pesquisa, de crianças trabalhadoras, deveria ter uma
atenção especial, do Conselho Tutelar da região, que deve garantir o respeito aos direitos de
todas as crianças e adolescentes. A escola necessita trabalhar em conjunto com o Conselho
Tutelar, não para denunciar a evasão escolar ou as faltas demasiadas dos alunos, mas
tentar encontrar soluções para resolver o problema do trabalho precoce dos adolescentes,
que aliás têm responsabilidades grandes e muitos deles em atividades informais como, por
exemplo, a nova função que tem crescido de “passeador de cachorro”.
Diante desse quadro que caracteriza a escola e os seus agentes, o próximo capítulo
traz os dados obtidos sobre os conceitos atribuídos pela escola aos alunos e sobre a
organização da escola.
65
CAPÍTULO 2
________________
66
Capítulo 2
Os conceitos atribuídos aos alunos e suas características
Como o foco central deste estudo são as relações entre a conceituação do alunado e
a vida escolar e da sala de aula, neste capítulo apresenta-se alguns dados organizados
sobre esse foco, sobretudo realçando características dos alunos. Também dados sobre a
escola na sua organização, assim como sobre os professores dos diferentes componentes
curriculares.
2.1. A organização da escola e o processo contínuo de atribuição de conceitos aos alunos
Uma das primeiras informações obtidas na EMEF “Henrique Pacheco” foi a de que
as turmas de oitava série estavam organizadas conforme o rendimento dos alunos, em
turmas homogêneas. Conforme Fetzner (2005), em sua pesquisa sobre ciclos e a
organização escolar do ensino fundamental, foi possível apreender das práticas observadas
em ciclos que há práticas contraditórias com relação a proposta teórica e as práticas
construídas, que a autora sintetiza em:
(a) procura-se ainda a homogeneidade de níveis de conhecimento para organização
da enturmação;
(b) muitas vezes, mantêm-se os conteúdos fragmentados da série, com
correspondência e como referência para o trabalho em cada ano ciclo;
(c) ainda trata-se a avaliação como resultado e não como encaminhamento do
processo;
(d) trabalha-se com atividades comuns a todos os estudantes, não praticando-se a
diferenciação de propostas que venham a atender as necessidades específicas de
cada grupo ou estudante individualmente;
(e) ainda acredita-se que algumas de nossas alunas e de nossos alunos não
aprendem.(FETZNER 2005, p.11)
Apesar da orientação de formar turmas heterogêneas, a EMEF “Henrique Pacheco”,
continuava acreditando que as classes homogêneas podiam levar ao sucesso e à qualidade
da educação para os alunos, conforme relatado no projeto apresentado no início do
capítulo anterior.
67
Havia três turmas de oitava série: A, B e C. Muitos alunos da 8ª C haviam desistido,
pois conforme depoimento da auxiliar de período, esses alunos foram agrupados desde a
série, com uma trajetória de repetência de ciclo, alunos com defasagem idade-série e,
apesar de não conseguirem superar as dificuldades, foram promovidos para o ciclo II. Com
o passar dos anos, muitos alunos foram encaminhados para o EJA
38
e outros continuaram
no ensino regular, sempre juntos na mesma turma, apresentando também grandes
problemas de comportamento para a escola.
Muitos alunos haviam sido atendidos, no ciclo I, pela professora de Apoio
Pedagógico, nas salas de SAP (Sala de Apoio Pedagógico). Desde 1996 as SAPs
39
foram
instaladas nas Unidades Educacionais de Ensino Fundamental, para atenderem alunos com
dificuldades de aprendizagem. Conforme a última Portaria SME nº 4.240/2006 (SÃO
PAULO, 2006d), que dispõe sobre o Projeto Ações de Apoio Pedagógico”, os alunos
atendidos pela SAP, devem estar matriculados na Unidade Escolar e, conforme a Portaria,
as turmas devem estar organizadas com no mínimo 8
40
e no máximo 12 alunos na sala de
aula, que devem estar agrupados conforme as diferenças, interesses e necessidades. O
atendimento desses alunos deve ser no horário diverso do da classe regular, em cinco horas-
aula
41
, distribuídas em, no mínimo dois dias da semana. O trabalho desenvolvido pelo
professor de Apoio Pedagógico deve ser realizado através de projeto e analisado e
acompanhado pelo coordenador pedagógico, que ao final de cada semestre letivo,
juntamente com o professor de sala regular do aluno decidiram pela permanência ou não na
SAP, conforme os avanços obtidos durante o processo. Entretanto, verifica-se que apesar
dos atendimentos, muitos desses alunos continuaram sendo conceituados como
“problemas”, mantendo as classificações no que tange ao sucesso e ao fracasso escolar.
Após análise dos prontuários de todos os alunos das 8ªs séries, foi possível constatar
que 15 alunos da 8ªA passaram do ciclo I para o ciclo II, sendo promovidos como ótimos
38
Educação de Jovens e Adultos.
39
A Portaria 5.387,de 13 de novembro de 1996 (SÃO PAULO, 1996), regulamenta o funcionamento das
Salas de Apoio Pedagógico nas Escolas Municipais de 1º Grau de São Paulo. Na ocasião eram atendidos
prioritariamente alunos no 2º e 3º anos do Ciclo Inicial, em turmas de 6 a 8 alunos no máximo.
40
Esses dados estão contidos na Portaria nº 4.240/2006, art.5º, inciso I (SÃO PAULO, 2006d).
41
A hora-aula na Prefeitura Municipal de São Paulo equivale ao período de 45 minutos.
68
alunos, alfabéticos
42
. Em um dos prontuários, na avaliação da série constava: “Ótima.
Gosta de enfrentar os problemas, tem personalidade forte.” 9 alunos foram promovidos
como alfabéticos com falhas, mas já estavam fazendo reforço para resolver os problemas, e
em 11 prontuários não constava a avaliação do ciclo I.
Nos prontuários dos alunos que estavam na 8ª B, apenas 4 constavam como
alfabéticos, 15 como alfabético com falhas , sendo 1 com a ocorrência de muita conversa e
problemas de Matemática , e 12 alunos não constavam as avaliações do ciclo I.
Nos prontuários da série dos alunos que em 2007 estavam na 8ªC, apenas 1
constava como alfabético; 9 alunos eram alfabéticos com falhas; 2 silábicos, com
problemas de leitura; 7 alunos eram pré-silábicos; 4 alunos estavam encaminhados para:
avaliação psicológica; terapia ocupacional, na área de psicomotricidade; processo no
Conselho Tutelar. Além de todos esses resultados, os alunos apresentavam NS, ou seja,
conceito não-satisfatório, durante toda a série, assim como constavam diversas
ocorrências como: Não admite ser chamado atenção.” “Não copia as tarefas.” “Não fez
as lições, ficou ora brincando, ora deitado (debruçado).” “Mãe não assina as ocorrências
de indisciplina.” “O aluno não sabe ler e escreve muito pouco. Brincadeiras fora de hora,
não faz atividades em sala, não apresentou caderno (2004).” “Consegue ler e escrever
com falhas, mas não consegue fazer nenhuma das quatro operações por mais simples que
sejam.” “Apresenta lentidão.” “Tem problemas de hiperatividade e comportamento.”
“Não apresenta tarefas, tem problemas de comportamento.” “A aluna foi convidada a se
retirar da sala por não realizar nenhuma das atividades em sala.” “Encaminhamento para
programa de Saúde Auditiva, pois: não é atento, dificuldade de aprendizagem; freqüentou
42
A escola adota a perspectiva construtivista que considera a interação, numa visão política, integral para
explicar a aprendizagem. Na alfabetização, conforme Emília Ferreiro, as diferenças individuais e o ritmo são
entendidos a partir dos níveis estruturais da aprendizagem da escrita, que são:
Nível Pré-Silábico - Neste nível a escrita é alheia a qualquer busca de correspondência com o som. Interessa
ao aluno considerações como tipo e quantidade de grafismo.
Nível Silábico - Este nível subdivide-se em Silábico e Silábico Alfabético.
- Silábico: A criança (ouvinte) compreende que as diferenças de representações escritas se relacionam com as
diferenças na pauta sonora das palavras. Surge a necessidade de utilizar uma grafia para cada som, fazendo
uma utilização aleatória dos símbolos gráficos, empregando ora letras “inventadas”, ora apenas consoantes,
ora vogais repetindo-as conforme o número de sílabas das palavras;
- Silábico Alfabético: Neste estágio de desenvolvimento da escrita, coexistem as formas de fazer corresponder
os sons às formas silábica e alfabética, que induz a uma escolha de letras de forma ortográfica ou fonética.
Nível Alfabético - É o último nível na aprendizagem da escrita. Momento em que o aluno, para proceder a
escrita, necessita da análise fonética das palavras.
69
sala de apoio pedagógico; desatento, apresenta muita dificuldade na escrita e não lê.” “O
aluno brinca o tempo todo.”
Os alunos que em 2007 estavam na C, foram rotulados como os piores alunos da
escola. Como se verifica pelas anotações, os alunos foram julgados sobretudo, pelas suas
condutas, conforme apontam Bourdieu e Saint-Martin sobre o juízo professoral. A escola
atribuiu culpa aos alunos das camadas populares pelo fracasso escolar, muitas vezes
colocando-os como portadores de diversas deficiências físicas, psíquicas, culturais e
sociais, separando-os e excluindo-os do acesso ao conhecimento. Percebe-se, nesse caso, o
uso do conceito veiculado por Bourdieu sobre o “dom”, ou seja, seria falta de “dom”, seria
a incapacidade herdada geneticamente e também a herança social que os impede de avançar
na aprendizagem.
Em sua organização, a escola adotou, a partir de 1999, o sistema de avaliação por
conceito PS ou P (plenamente satisfatório), S (satisfatório) e NS (não satisfatório). Esses
resultados encontram-se sintetizados nos Quadros 4, 5 e 6 respectivamente
correspondentes, já, ao 1º e 2º semestre de 2007 das turmas de 8ª série.
Após análise das informações na documentação da escola decidiu-se elaborar esses
quadros com os diferentes conceitos utilizando-se cores também diferentes com vistas às
análises das mesmas.
Os dados constantes nos quadros se referem aos finais dos semestres épocas em que
se estabeleceram os conceitos do semestre e, ao final do semestre, se fixou o parecer
conclusivo sobre cada aluno no que tange à sua retenção ou promoção.
Quadro 4 Caracterização da turma de alunos da séries A, contendo conceitos, o
sexo, a idade no 1º e 2º semestre de 2007, com parecer conclusivo.
Alunos
Port. Artes Ed. Fis. Hist. Geog. Ciências Mat. Inglês
Sexo
Anos
Parecer
Conclusivo
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P = Plenamente Satisfatório S = Satisfatório NS = Não Satisfatório
Prom = Promovido Ret. = Retido T. = Transferido
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Quadro 5 Caracterização da turma de alunos da séries B, contendo conceitos, o
sexo, a idade no 1º e 2º semestre de 2007, com parecer conclusivo.
Alunos
Port. Artes Ed. Fis. Hist. Geog. Ciências Mat. Inglês
Sexo
Anos
Parecer
Conclusivo
1º S 2º S S 2º S 1º S 2º S S 2º S 1º S 2º S 1º S 2º S 1º S 2º S 1º S 2º S
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Quadro 6 Caracterização da turma de alunos da séries C, contendo conceitos, o
sexo, a idade no 1º e 2º semestre de 2007, com parecer conclusivo.
Alunos
Port. Artes Ed. Fis. Hist. Geog. Ciências Mat. Inglês
Sexo
Anos
Parecer
Conclusivo
1º S 2º S S 2º S 1º S 2º S S 2º S 1º S 2º S 1º S 2º S 1º S 2º S 1º S 2º S
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Os quadros foram elaborados a partir dos documentos da EMEF “Henrique
Peixoto”, não apresentando todos os conceitos dos alunos, principalmente nas B e C. A
professora de Educação Física, por exemplo, informou, que alguns alunos não entregaram
os trabalhos de final de semestre, por isso não poderia dar os conceitos sem a avaliação; e
apesar de os alunos terem tido as aulas de História , o professor não apresentou os conceitos
das avaliações realizadas. Ou seja, havia muitas lacunas de informação na documentação
nas três séries, o que explica as caselas em branco.
O dado que salta à vista é a diferença da configuração de avaliação quando se
comparamos três quadros. É possível verificar que a turma C é de alunos mais velhos e que
B e C têm avaliações abaixo da turma A, com quantidade enorme de NS (em vermelho).
Detalhando-se um pouco mais a análise, confirma-se que em todas as turmas
alunos com idade acima do que seria a correspondente regular, ou seja, 14 anos na 8ª série.
Quanto aos conceitos verifica-se, nos registros, a grande quantidade de alunos com
rendimento não satisfatório em vários componentes curriculares, e a retenção de mais da
metade da B e C, fato que permite compreender o que foi dito no capítulo anterior sobre
a evasão ao longo do 1º semestre.
A análise dos dados desses quadros permite apontar vários aspectos relativos à
conceituação dos alunos quanto ao seu rendimento, apresentados a seguir.
x quanto à promoção e retenção ao final do ciclo: 7 dos 35 alunos
matriculados inicialmente da 8ªA ficaram retidos, enquanto que 16 dos 32 da
B (matriculados) e 15 dos 31 matriculados inicialmente da C. Essa
informação permite apontarmos que a A o era “tão” boa quanto se
afirmava a ponto de muitos alunos não terem sido promovidos apesar de
toda a pressão institucional para isso. A 8ªB, intermediária, teve 50% de seus
alunos retidos dentre os matriculados inicialmente, e se verificarmos que
houve três transferências ao longo do ano, esse índice se eleva. Na 8ªC o
número de transferidos foi de 6 o que amplia, em muito os indicadores de
fracasso nessa turma. Esses alunos retidos tiveram, ao longo dos dois
semestres NS e, em alguns casos, conceito S. No entanto a maioria dos
professores atribuiu NS e em alguns casos os alunos pioraram do 1º para o 2º
semestre, mesmo na turma A. Alguns alunos retidos apesar de conceito S
74
obtiveram esses conceitos em Artes e Educação Física o que é um
indicador de pouco peso para avaliar os alunos no seu destino escolar;
x quanto à distribuição de conceitos P, S e NS verifica-se que não grandes
diferenças nos totais, havendo certa equivalência, ou seja, nenhuma
disciplina se destacou como a melhor ou pior na avaliação dos alunos;
x quanto à transferência: nota-se nos quadros que alunos constam como
transferidos no semestre, embora tenham continuado a receber
conceitos (aluna 25 da 8ªA e aluna 29 da 8ªC, por exemplo). Na 8ªA a aluna
transferida tinha 16 anos e o aluno tinha 15 anos; na 8ªB um menino e uma
menina com 14 anos e na 8ªC foram 3 meninas (2 com 15 e uma com 14
anos) e 3 meninos, 1 com 15, 1 com 14 e outro com 17 anos;
x quanto ao nero, idade e conceituação: a análise permite quantificar os
conceitos de retenção. Na A, 6 meninos com idade entre 14 e 15 anos e
uma menina com 14 anos; na B 7 meninos e 8 meninas com idade entre
14 e 16 anos, e na 8ªC 5 meninos e 10 meninas com idades entre 14 e 17
anos. As distribuição de conceitos para retenção foi equivalente entre
meninos (18) e meninas (19). Houve distribuição maior de conceitos para
reter entre os que possuíam menor idade ou seja, 14 anos (15 alunos) contra
3 com 17 anos, 13 com 15 anos e 7 com 16 anos;
x quanto à conceituação nos dois semestres em função dos componentes
curriculares verifica-se, em primeiro lugar, que na A apenas um aluno
obteve conceito NS nos dois semestres em todos os componentes; na B
foram cinco alunos e na C foram três alunos. Esse é um dado que permite
apontar alguma discrepância entre as expectativas veiculadas e o resultado
final. Em segundo lugar, a análise permite apontar que nos demais as
avaliações e atribuições de conceitos oscilaram no percurso anual dos
alunos, pois mesmo na 8ªA, com alunos considerados bons, nenhum deles
obteve, em todos os componentes conceitos S ou P, sempre houve variação.
Do mesmo modo nas 8ªs A e B, muitos alunos com vários NS obtiveram S e
até P, o que permite apontar diversidade de julgamento e de aproveitamento,
75
ou seja, assimetria, embora muitas vezes o resultado final tenha sido o da
retenção, como é o caso, por exemplo, do aluno nº 28 da 8ª A.
Na seqüência, apresenta-se os dados obtidos com a consulta aos alunos sobre suas
dificuldades e facilidades para entendermos, um pouco, as percepções que têm sobre essas
variações.
2.2. As percepções de dificuldade e facilidades em relação ao currículo manifestas pelos
alunos
Um aspecto considerado relevante, neste estudo, foi o de verificar como os alunos
se manifestariam sobre suas dificuldades ou facilidades, considerando estarem classificados
desse modo durante todo o ciclo II.
Para saber em quais disciplinas escolares os alunos consideravam ter maior
facilidade ou apresentavam alguma dificuldade foram, então, feitas as seguintes solicitações
no questionário
43
:
x Quais as disciplinas em que você vai melhor na escola?
x Por quê?
x Qual é a disciplina que você tem tido mais dificuldade na escola?
x Por que você acha que tem essa dificuldade?
Sabe-se que não é adequado o uso de percentuais com baixa incidência de respostas.
Neste caso considerou-se interessante construir as figuras com os totais de modo a poder
visualizar as comparações. Assim, a partir da tabulação foram elaboradas as Figuras
apresentadas a seguir.
Os resultados obtidos com os questionários estão expressos nas Figuras 1 a 4,
permitindo visualizar a opinião deles comparando-se os dois aspectos, os das dificuldades e
aquelas disciplinas em que pensavam ter melhor desempenho.
43
Questionário em Anexo III.
76
Figura 1 –Disciplinas escolares / desempenho escolar conforme a opinião dos alunos -
8ª A
Analisando-se essa Figura 1 verifica-se que algumas disciplinas foram quase
equivalentes em dificuldades ou não, na opinião dos alunos. História e Geografia estão
nessa situação embora de modo invertido, pois os alunos da A consideram ter melhor
desempenho em História do que em Geografia.
É importante apontar um resultado que chama a atenção nessa figura, quando se
coteja os dados vindos dos alunos e as avaliações de final de semestre, expressos no Quadro
4 sobre a A; sobretudo, na coluna de Educação Física, 79,3% alunos apontam ter bom
desempenho, porém o Quadro 2 aponta 8 alunos com menção NS, ou seja, não suficiente.
O cotejo entre as respostas dos alunos e os resultados de final de semestre do
Quadro 4, permite apontar discrepância entre as manifestações deles (de dificuldades e
facilidades) e os resultados conceituais atribuídos pelos professores, na maior parte das
disciplinas.
21
14
17
12
11
15
23 23
13
18
8
9
12
6
3 3
0
5
10
15
20
25
Portugues Matemática Ciencias História Geografia Ingles Artes Educ. Fisica
Vai Melhor
Mais Dificuldade
77
Figura 2 – Disciplinas escolares / desempenho escolar conforme a opinião dos alunos - 8ªB
A Figura 2 traz os dados da 8ªB. A análise dessa figura permite identificar
manifestações bem diferentes em alguns componentes curriculares que se destacam como é
o caso, por exemplo, de Ciências em que muitos alunos apontaram se sair melhor e, no
entanto inúmeros deles com conceitos não satisfatório (15 alunos) no semestre e
muitos sem conceito no 2º semestre ou com conceitos NS.
Figura 3 – Disciplinas escolares / desempenho escolar conforme a opinião dos alunos 8ªC
16
6
17
12
7
15
10
13
11
16
3
4
7
3
6
1
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
Portugues Matemática Ciencias História Geografia Ingles Artes Educ. Fisica
Vai Melhor
Mais Dificuldade
8 8
5
3
5
6
8 8
4
7
4
6
7
3
1
0
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
Portugues Matemática Ciencias História Geografia Ingles Artes Educ. Fisica
Vai Melhor
Mais Dificuldade
78
Situação bem semelhante às anteriores ocorreu com os alunos da 8ªC, exemplificada
na Figura 3. Há desencontros entre o que os alunos manifestaram quanto às dificuldades ou
não e o modo pelo qual os professores os conceituaram nos finais de semestres.
Figura 4 - Comparativo da opinião dos alunos das oitavas séries das disciplinas
escolares. 8ª A, B, C
A comparação que essa Figura 4 permite é representativa da tensão que existe entre
essas três turmas no que tange a suas manifestações pois poucas coincidências entre os
conceitos, encaminhando para que se considere as assimetrias na realidade escolar.
Quando analisada a Figura 4 comparativa entre as turmas, é possível verificar, que
elas são bem diferentes entre si com relação à opinião sobre seu desempenho e quando
comparados os dados dos Quadros com os conceitos avaliativos.
Entre os alunos que responderam o porquê acreditavam ter melhor desempenho
naquela determinada disciplina, apareceram respostas como: Gosto mais dessa matéria”;
“Estudo essa matéria em casa”; “Consigo prestar mais atenção durante as aulas de
Português, por isso acho que vou melhor”; É fundamental para a vida”; “Tento me
esforçar”; “O ensino é bom”; “É mais fácil”. Poucos responderam o porquê de
apresentarem dificuldades para sua aprendizagem. As respostas que obtive foram: “Não
gosto”; “Não entendo a matéria”.
21
16
8
14
6
8
17 17
5
12 12
3
11
7
5
15 15
6
23
10
8
23
13
8
13
11
4
18
16
7
8
3
4
9
4
6
12
7 7
6
3 3 3
6
1
3
1
0
0
5
10
15
20
25
A B C A B C A B C A B C A B C A B C A B C A B C
Portugues Matemática Ciencias História Geografia Ingles Artes Educ. Fisica
Vai melhor
Mais dificuldade
79
Analisando-se essas manifestações dos alunos sobre seus desempenhos é possível
apontar a presença do que Charlot (2005) considera relevante. Verifica-se, nos depoimentos
dos alunos, por um lado, a presença de sentido da escola: eles dizem estudar em casa,
prestar atenção, considerar bom o ensino. Também se verifica a presença do desejo de
aprender, pois houve manifestação sobre a importância para a vida, que é elemento
considerado relevante para a atividade intelectual eficaz. São condições para uma relação
positiva com o saber. Por outro lado, eles não tiveram tanta clareza ou freqüência de
argumentos para exprimir as dificuldades, mas apontaram, por exemplo, o não gostar e a
dificuldade de compreensão e, com isso, o resultado de suas avaliações.
2.3. Aspectos da escolarização dos alunos em relação à família e condições para o
rendimento
Todos os autores selecionados como apoios teórico-metodológicos trazem
considerações relevantes sobre a influência das famílias e a escolarização bem ou mal
sucedida dos estudantes. Apontam que mesmo em camadas desfavorecidas da população há
alunos que obtêm sucesso na escola (Lahire, 1997; Charlot, 2005). Assim, um dos aspectos
considerados relevantes neste estudo, ao focalizar as relações entre facetas da escola e o
desempenho dos alunos das oitavas séries, era o de verificar a relação com ações da família,
qualquer que fosse a sua organização.
Os dados das Tabelas 12, 13 e 14 demonstram dados da relação familiar e as
condições quanto às tarefas escolares e aproveitamento (retenção).
O fato de estabelecer certo cruzamento dos dados na mesma tabela permite
visualizar ao mesmo tempo duas condições apontadas como fundamentais, quais sejam, o
valor das avaliações (notas) e a experiência da retenção, junto com apoios reais dados pelas
famílias para as atividades escolares.
80
Tabela 12 – Relação familiar dos estudantes da 8ªA com aspectos da escolarização
SUA FAMÍLIA AJUDA NAS TAREFAS
DE ESCOLA?
SIM NÃO NUNCA ÀS VEZES SEMPRE
Sua família é exigente
com relação a sua
nota?
29 2 3 25 3
Você já ficou retido
em alguma série?
2 29 3 25 3
Tabela 13 – Relação familiar dos estudantes da 8ªB com aspectos da escolarização
SUA FAMÍLIA AJUDA NAS TAREFAS
DE ESCOLA?
SIM NÃO NUNCA ÀS VEZES SEMPRE
Sua família é exigente
com relação a sua
nota?
19 5 6 11 7
Você já ficou retido
em alguma série?
8 16 6 11 7
Tabela 14 – Relação familiar dos estudantes da 8ªC com aspectos da escolarização
SUA FAMÍLIA AJUDA NAS TAREFAS
DE ESCOLA?
SIM NÃO NUNCA ÀS VEZES SEMPRE
Sua família é exigente
com relação a sua
nota?
12 3 2 11 2
Você já ficou retido
em alguma série?
4 11 2 11 2
Uma análise conjunta das três tabelas permite verificar que os alunos da 8ªA se
manifestaram de modo mais enfático quanto à exigência de boas notas do que as da B e
C. Em contrapartida, houve maior freqüência de alunos retidos na B e C do que na A. É
interessante notar a situação intermediária da B que tinha os alunos com mais ajuda nas
tarefas (7 vezes sempre) sendo a turma com maior índice de retenção anterior, mas
81
contraditoriamente, também foi a que mais apresentou o indicador nunca (6 citações),
referente a receber ajuda da família.
Segundo os alunos, as famílias dedicavam atenção especial à escolarização dos
filhos, cuidando para que eles tivessem bom desempenho escolar. Faziam isso por meio de
recomendações e encorajamento à freqüência às aulas e à dedicação às atividades escolares,
procurando acompanhar a rotina acadêmica dos filhos, ou mesmo oferecendo exemplos de
conduta. São os fatores de inter-relação apontados por Lahire (1997) como positivos para
auxílio: são famílias que atribuíam valor à escola.
Conforme depoimento dos alunos, suas famílias, em muitos momentos, se
mobilizavam concretamente para que eles tivessem melhores condições de ensino,
procurando escolas que julgavam melhores, ou mesmo mudando de cidade.
O interesse pela escolarização dos filhos está associado a um projeto de ascensão
social por meio da escolarização, para que pudessem ter emprego melhor remunerado do
que os dos pais.
2.4. A classificação e rotulação escolar
“Ótima. Gosta de enfrentar os problemas, tem personalidade forte.”
“Não apresenta tarefas, tem problemas de hiperatividade e comportamento.”
O objetivo deste item, neste capítulo é o de descrever a lógica seletiva que o sistema
escolar realiza ao classificar e rotular seus alunos, através de suas ações e julgamentos. Para
alcançar esse objetivo, foi realizada a análise unificada dos prontuários dos alunos, e dos
registros das reuniões de conselho de classe com depoimentos dos professores.
Após analisar o prontuário dos alunos, foi possível verificar conforme relatado, que
ao final do ciclo I, os alunos estavam rotulados como bons e maus. Sendo assim o êxito ou
o fracasso escolar foi categorizado para todos os alunos daquela escola, até o final de sua
escolarização.
Conforme Apple (1982) as escolas classificam indivíduos abstratos nas áreas
sociais, econômicas e educacionais pré-ordenadas, apresentando um processo de rotulação,
que
82
tende a funcionar como uma forma de controle social, um sucedâneo avaliativo para
a longa linha de mecanismos com que as escolas procuram homogeneizar a
realidade social, eliminar as percepções divergentes e empregar meios
supostamente terapêuticos para criar consenso moral, ético e intelectual. (APPLE,
1982, P.189)
Separando as turmas classificadas como “forte”, “média” e “fraca”, como foi
possível constatar, eliminou-se a oportunidade de interação dos alunos com uma outra
realidade, estabelecendo o destino que cada um teria. Esse tipo de classificação e rotulação
dos alunos atua como uma profecia de auto-realização. Por meio da pesquisa de Rosenthal
e Jacobson (1989), foi constatado que “as expectativas do professor sobre o desempenho
dos alunos pode funcionar como uma profecia educacional que se auto-realiza. O professor
consegue menos porque espera menos” (p.258).
A expectativa institucional cria a identidade do aluno, estruturando a organização da
sala de aula que Apple (1982) compreende como uma relação dialética entre “ideologia e
contorno material e econômico(p.210). As concepções dos professores sobre a
competência dos seus alunos, são denominadas pelo autor como respostas aos problemas
reais causados, “em parte, pelas condições ambientais reais nas escolas e, freqüentemente,
pelas condições econômicas e sociais externas”(p.211). É necessário ver as conexões entre
as idéias e ações com as condições ideológicas e materiais tanto dentro como fora da
escola, sendo o poder a chave para revelar todos esses problemas reais”. Apple apresenta
o conceito de que “o poder é exercido através de instituições que, seguindo seu curso
natural, reproduzem e legitimam o sistema de desigualdade” (p.211).
Os alunos que apresentam algum tipo de “problemas de desempenhopodem ser
rotulados através de certas formas de conhecimento público, como afirma Apple, pois a
escola têm poderes para tanto, divulgando os conceitos atribuídos.
As descrições a seguir enfatizam a rotulação que os alunos sofreram no término da
4ª série do ciclo I, encontradas no prontuário das turmas da 8ªC. Alguns são retomados pela
conexão que se quer estabelecer com os conceitos do Conselho de Classe inseridos neste
item.
“Aluna tímida, mas responsável. Tem dificuldade de expressar-se em virtude da
timidez, mas procura desenvolver todas as atividades propostas. Para o próximo
ano, propõem-se que a leitura seja mais incentivada e cobrada.”
“Apresenta lentidão.”
83
“Desatento, apresenta muita dificuldade na escrita e não lê. É tímido.”
“Lê, mas escreve com muitas falhas, não consegue escrever o que quer expressar,
ainda é muito imaturo.”
“Aluno tímido, tem muita dificuldade de posicionar-se (omitir opiniões), participa
pouco em sala de aula, avançou pouco na aprendizagem.”
“Tem muita dificuldade de concentração. Participa muito quando as atividades
exigem a expressão oral (opinião). Houve avanços na aprendizagem. Tem
condições de progredir no conhecimento, mas é preciso ser estimulado.”
“Problema de ortografia e disciplina.”
Esses relatórios produzidos pelas professoras, ao final do ciclo I, demonstram a
desqualificação dos alunos que apresentavam dificuldades e continuaram sendo rotulados
sobretudo por características subjetivas; às vezes se via alguma referência à aprendizagem.
A esse respeito, Patto (1999), escreve que:
Os rótulos disseminam-se rapidamente na escola. Tema freqüente entre as
professoras, os “melhores” e os “piores” alunos tornam-se assunto de domínio
público e por esta via perpetuam-se como “competentes” e “incompetentes”. A
prática comum entre as professoras de fazer comentários negativos sobre as
crianças diante de quem quer que seja, incluindo a própria criança, é uma das
principais responsáveis pela estigmatização de que muitas são vítimas.(p.353)
Os rótulos de “tímida”, “lento” “desatento” e outros, demonstram como esses alunos
foram estigmatizados violentamente por um sistema que apresenta pouquíssimas
oportunidades de superação de dificuldade escolar. Superar esse estigma torna-se uma
tarefa quase que impossível, pois a organização do ensino no ciclo II é diferente,
apresentando um número muito maior de professores e cada fracasso que o aluno tiver, será
multiplicado muitas vezes ao longo dos anos. O aluno que traz um histórico escolar
marcado por sucessivas experiências de fracasso, muitas vezes chega a sair da escola, se
evade desse sistema seletivo e excludente, como expõe a professora Cida em um de seus
depoimentos:
“Os alunos da 8ªC, foram os excluídos, a turma foi formada, mas muitos
desistiram ou pediram transferência, pois eles não agüentaram, eles sabem que são
os piores alunos da escola, não por comportamento, mas não conseguem
aprender..”
84
A percepção que as professoras e os professores fizeram de seus alunos,
categorizando valores e adjetivos, refletiram no desempenho que eles apresentaram durante
todo o ciclo II. Conforme Bourdieu e Saint-Martin(1998),
O sistema de classificação oficial, propriamente escolar, que se objetiva sob a forma
de um sistema de adjetivos, preenche uma função dupla e contraditória: permite
realizar uma operação de classificação social, e a classificação de saída, que se quer
exclusivamente escolar. Enfim, ele funciona segundo a lógica da denegação: ele faz
o que faz sob modalidades que tendem a mostrar que ele não o faz (p.195).
A análise das descrições sobre a turma da 8ªB, demonstra que eles poderiam ser
capazes de conseguir, caso houvesse um esforço pessoal de cada aluno:
“É alfabético, apresenta algumas dificuldades ortográficas, lê com dificuldade,
esforçado dentro da sala de aula, faz todas as atividades, opina, participa.”
“Problemas de ortografia, está no reforço.”
“Aluno disciplinado, responsável, desenvolveu-se e assimilou bem os conteúdos
ensinados.”
“A aluna ainda tem muita dificuldade para expressar suas idéias na escrita, está
alfabética com falhas.”
“Apresenta dificuldade na leitura e escrita. Ótimo em Matemática.”
“Foi alfabetizado na série e por isso ainda está com muita dificuldade para
expressar suas idéias na escrita. Está no reforço. Muitos problemas de ortografia.”
“Bom aluno. Alfabético com falhas.”
Percebe-se nesses relatórios certa mudança de tom nas avaliações; é um sistema de
descrever que os alunos tinham algo positivo, mas não tinham ao mesmo tempo. É uma
turma intermediária, com muitas tensões internas.
Diferente dos prontuários analisados anteriormente, nos da turma da A foi
possível encontrar os seguintes adjetivos para os alunos:
“Ótima”
85
“O aluno gosta de participar de todas as atividades, é muito bom aluno.”
“Ótima, gosta de enfrentar os problemas, tem personalidade forte.”
“Boa aluna.”
“Bom aluno.”
“Aluno disciplinado, responsável, desenvolveu-se e assimilou bem os conteúdos
ensinados.”
É flagrante a diferença do tipo de manifestação positiva sobre os alunos dessa turma
A.
À medida que os prontuários dos alunos foram analisados, percebeu-se que apesar
de diferir no conteúdo das manifestações os alunos continuaram sendo os culpados pelo
fracasso ou sucesso escolar. Aqueles que se distanciaram do que determinaram como o
início da aprendizagem, estavam sendo punidos de uma maneira ainda mais severa do que o
antigo sistema de seriação, pois eles foram aprovados para o ciclo seguinte sem estarem
preparados para a reta de chegada. Os que já eram “bons” continuaram “se desenvolvendo”,
“com personalidade forte” “responsável”.
Aqueles que eram tímidos no ciclo I, começaram a apresentar no ciclo II
comportamentos diversos, como pude verificar nos prontuários, e nos registros das reuniões
de conselho de sala. Essa descrição foi encontrada no prontuário da aluna que tinha sido
classificada como tímida pela professora da 4ª série do ciclo I, e depois por um professor da
5ª série:
“A aluna tem 13 anos e está há 6 anos no processo ensino-aprendizagem, necessita
encaminhamento para avaliação psicológica.”
“A mãe assinou a ocorrência, pois a aluna não fez nada durante a aula, fica
conversando com a amiga o tempo todo.”
Como uma aluna tímida, enfrenta o professor a ponto de ser lavrada uma ocorrência
por atrapalhar a sua aula? O fracasso escolar continua a ser produzido na escola, por uma
concepção seletiva da estrutura do sistema seriado da educação básica, apesar das novas
orientações de ciclos de aprendizagem e construção do conhecimento. As questões de
desempenho escolar não estão intrínsecas ao aluno, mas são o resultado de um sistema
86
escolar, com metodologias de ensino inadequadas, com currículos fechados que estão
ignorando as diversidades socioeconômicas e culturais da população ou região onde a
escola está inserida. Embora a escola apresente um discurso de acolhimento, de
democratização, ela continua ensinando da mesma maneira como sempre ensinou,
responsabilizando o aluno pelo seu aprendizado, e culpabilizando pelo seu fracasso. Meu
objetivo não é fazer uma crítica ao sistema de ciclos de aprendizagem, forma de
organização em que deve ser considerados os diferentes ritmos de aprendizagem dos
alunos, flexibilizando os tempos escolares. Entretanto nada disso vem acontecendo, pois
não ocorreram as mudanças necessárias. Como já discutiu Sampaio (2004), o ensino
público continua com os mesmos ou piores problemas, os alunos continuam não
aprendendo; não aprendiam no sistema seriado e não aprendem no sistema de ciclos.
O sistema escolar continua consolidando e reforçando a lógica da exclusão social,
ela reproduz uma cultura consolidada ao longo de décadas, definindo os espaços e funções
de cada pessoa na sociedade. Gimeno Sacristán (2000, p.67) esclarece que a tradição
histórica seletiva e hierarquizada, que afeta o professor, é um produto da função dominante
que os currículos vêm desempenhando ao longo do tempo. O autor aponta que as
“mudanças curriculares encontram incompreensões nos que viveram uma cultura escolar
diferente”(p.66).
Desde 1992 a Rede Municipal de Ensino de São Paulo organizou o ensino em ciclos
de aprendizagem, afirmando assegurar ao aluno a continuidade dos estudos, dentro do seu
grau de desenvolvimento e aprendizagem para concluir o Ensino Fundamental; contudo
esse objetivo não tem sido alcançado. A escola não disponibilizou os recursos necessários
para atender as necessidades básicas que esses alunos precisariam para aprender. A
concepção de aprendizagem e avaliação, continuaram seguindo os padrões do sistema
seriado, com o alunado passando quatro anos do primeiro ciclo para ser então reprovado e
avaliado como o foi. Muitos seguiram e estão seguindo para o ciclo II, sem terem alcançado
os objetivos do primeiro ciclo, os mecanismos de seleção e exclusão continuaram a orientar
o sistema escolar; os direitos do alunado não foram novamente garantidos.
O Conselho de Classe nas escolas públicas é outro momento de julgamento dos
alunos. Ele ocorreu na EMEF “Henrique Peixoto” durante os dois primeiros bimestres e no
final do ano. A última reunião de Conselho de Classe teve a finalidade de verificar todas as
87
avaliações realizadas pelos professores em todas as disciplinas, confrontando as notas e
verificando quem seria retido ou quem teria alcançado os objetivos do ciclo e estava
promovido para o Ensino Médio. A reflexão conjunta e avaliação do desempenho
pedagógico dos alunos, muitas vezes pode gerar uma planilha que expressa a avaliação e,
também a rotulação que os professores fazem daqueles que apresentam conceitos
insuficientes ou o mau comportamento durante o bimestre.
Sousa (1995), ao mencionar o papel do Conselho de classe assim se manifesta:
“embora reconhecendo a relevância de se considerar a dimensão coletiva da clientela
escolar, observo que a forma de se lidar com essa clientela, (...) tende a reforçar e não a
atenuar as diferenças”(SOUSA, 1995, p.57).
Novamente os processos de classificação e rotulação dos alunos ficam evidenciados
nesses momentos de reunião coletiva no interior da escola.
Nos quadros 7, 8 e 9 a seguir, apresento as fichas elaboradas pelos professores
durante a reunião de Conselho de Classe no primeiro semestre de 2007.
Quadro 7– Ficha correspondente ao Conselho de Classe da 8ªA – 1º semestre – 2007
Nº de
Cham.
APRENDIZAGEM DISCIPLINA FALTAS OBSERVAÇÕES
001 Transferida
002 Boa
Conversa um
pouco durante as
aulas
PODE
MELHORAR
003 Boa/ ótima Conversa Pode melhorar
004 Bom / ótimo Precisa melhorar,
pode ter nota
melhor
005 Bom/ ótimo Continuar assim
88
006 Matemática – NS
Ciências – NS
Dedicada Faltas em
Educação
Física
Problemas de
visão grave. Pode
melhorar.
Compensar faltas
Educação Física.
007 Boa aluna Desligada, pode
melhorar
Pode melhorar
008 Caiu em Português para
S/ Boa aluna
Caiu o
rendimento
Conversar com os
pais
009 NS em Matemática.,
Ciências, Inglês,
Português / Regular
Conversa muito Deve melhorar
010 Ótimo Continuar assim
011 Boa/ Regular Compensar
Educação
Física.
Parar de faltar/
Pode melhorar.
012 Tem dificuldade, não se
concentra.
Conversa muito,
atrapalha a aula.
Poucas Conversar com os
pais
013 Ótima/ Boa Continuar assim
014 Regular / Tem muita
dificuldade
Quieto educado Caxumba Pode melhorar
015 Regular / Não faz as
atividades
Conversa muito Conversar com os
pais
016 Ótimo/ Bom Conversa Continuar assim
017 Ótima/ Boa Continuar assim
018 Bom / não entrega
trabalho de Educação
Física
Conversa muito Pode melhorar
019 Ótima/ Boa Pode melhorar
020 Ótima, precisa parar de
fazer parte da bagunça
Pode melhorar
89
021 Boa Aluna nova na
escola
022 Ótimo / Bom Caxumba Continuar assim
023 Ótimo/ Bom Tem dificuldade
em Português.
Aluno novo/
Buling
024 Bom /Regular Quieta
025 Boa / Regular Compensar
Educação
Física
Pode melhorar
026 Ótima/ Boa Continuar assim
027 Ótima/Boa Continuar assim
028 Regular/ NS em
Ciências, Educação
Física, Matemática.
Bagunceiro/
conversa muito
Não faz trabalho
de Educação
Física e Ciências.
029 Ótima Continuar assim
030 Bom / NS - Artes Não faz
atividades
Pode melhorar
031 Boa / Regular Boa Pode melhorar
032 Dificuldades em
Matemática/ Boa
Precisa melhorar Pode melhorar
033 Bom/ Regular Está mal em
Ciências, pode
melhorar
034 Regular Brinca, conversa Pode melhorar
035 Ótimo/ Regular Pode melhorar
90
Quadro 8 – Ficha correspondente ao Conselho de Sala da 8ªB – 1º semestre – 2007
Nº de
Cham.
APRENDIZAGEM DISCIPLINA FALTAS OBSERVAÇÕES
001 Bom
002 Transferido T. T. T.
003 Não freqüenta Conselho Tutelar
004 Regular Reposição
Educação
Física
NS – Ciências/
Educação Física
005 Regular Brinca muito Não faz todas as
atividades
006 Regular Fala demais, não
tem sido
responsável.
Agressiva com as
pessoas e não
admite ser chama
atenção
007 NS em Português. Razoável Precisa se dedicar
008 Dificuldade de prestar
atenção. NS –
Matemática.
Distraída/
amorosa
009 NS em todas Ri o tempo todo,
atrapalha a aula
Não entrega
trabalhos
010 Não freqüenta
Grávida/ Conselho
tutelar
011 NS em todas Brinca e
atrapalha a aula
Repor
Educação
Física
012 Ausente Conselho Tutelar
013 Regular Precisa participar
Educação Física.
Compensar
Educação
Física.
014 Regular / NS –
Matemática.
Baixa estima
015 NS em todas Grita, não
entrega
atividades
Bagunça, cínico,
mal criado
016 Regular/ NS Ciências e
Inglês
NS – Ciências e
Inglês.
91
017 NS em todas Agressiva Educação
Física
compensar
Comportamento
estranho
018 Melhorar Pode melhorar
019 NS em todas Cabula aula Conselho tutelar
020 NS em todas Não estuda,
brinca o tempo
todo, fala muito,
conversa
Educação
Física
compensar
Falta de respeito,
passando a mão!
021 Boa Conversa, não
tem problema
022 NS – Português,
Matemática, Educação
Física.
Educação
Física –
Faltoso
023 NS – Matemática,
Ciências, Educação
Física
024 Regular Tem melhorado Educação
Física
NS – Educação
Física
025 Precisa melhorar
026 NS em todas Bagunça, falta,
não aprende
Grita, só pensa em
bater, falta de
respeito/ Conselho
Tutelar.
027 NS em todas
028 Apresenta
dificuldade,
esquece.
029 NS – Ciências,
Educação Física
Compensar
Educação
Física
030 Transferido T T T
031 NS – Ciências,
Educação Física,
Português.
Compensar
Educação
Física
Alertar sobre as
faltas
032 Regular Precisa melhorar
92
Quadro 9– Ficha correspondente ao Conselho de Sala da 8ªC – 1º semestre – 2007
Nº de
Cham.
APRENDIZAGEM DISCIPLINA FALTAS OBSERVAÇÕES
001 NS em Matemática e
Educação Física.
Compensar
ausências
Educação
Física.
002 NS em Matemática e
Educação Física.
Responde ao
professor,
conversa o tempo
todo. Briga e
perde o controle
37 –
Geografia.
22 –
Educação
Física
Conselho Tutelar
003 NS em Educação Física.
004 NS em Inglês, Ciências,
Matemática, Geografia.
Problemas
familiares graves
005 NS em todas. Quieto Conselho Tutelar/
Desistente
006 NS em Ciências,
Matemática, Educação
Física, Inglês, Artes.
Encaminhar à
Coordenação
Faltas/
doença
Conselho Tutelar
Anemia
007 Bom aluno Boa Cardíaco Dificuldades em
falar
008 NS em Português,
Matemática, Ciências,
Educação Física.
Compensar
ausências
Educação
Física.
009 NS em Matemática,
Educação Física, Inglês.
Apática
NÃO LÊ, NÃO
ESCREVE
Compensar
ausências
Educação
Física.
010 NS em Português,
Matemática, Geografia,
Educação Física,
Ciências.
Grita / Apática Compensar
ausências
Educação
Física.
Desrespeito
011 NS em Matemática,
Educação Física,
Ciências, Artes,
Geografia
Não faz atividades
93
012 Transferido
013 Transferido
014 NS em todas. Provoca brigas Buling com
aluno da 8ª
A
015 Separar dos
colegas
016 NS em Educação Física,
Inglês.
017 NS em Artes, Educação
Física, Português,
Geografia.
Péssimo Briga
018 NS em Ciências,
Matemática, Educação
Física, Inglês.
Compensar
ausências
Educação
Física.
019 NS em Matemática,
Artes, Português,
Inglês.
SAAI
020 NS/ BOM Dispensa
021 NS em Educação Física. Atendeu celular
na sala
022 NS em todas Péssima Muitas
faltas
Transferir de
escola
023 NS em todas Conselho Tutelar /
retida por notas e
faltas
024 NS em todas Conselho Tutelar/
retida por notas e
faltas
025 Regular Apático dificuldade ok
026 NS em Português,
Matemática, Ciências,
Educação Física.
faltas Cabula aulas.
Repor Educação
Física e
Matemática.
027 Transferido
94
028 NS em Educação Física. Compensar
ausências
Educação
Física.
029 NS em todas Péssima Compensar
ausências
Educação
Física.
Conselho Tutelar
030 Boa
031 Não entra
nas aulas de
Inglês e
Educação
Física.
A análise comparativa desses três Quadros permite algumas considerações.
Novamente é flagrante a diferença de manifestação, agora coletiva, sobre cada um dos
alunos das três séries. Verifica-se que as referências sobre aprendizagem da 8ªA foram
sempre feitas com adjetivos positivos, embora com pouco comentário efetivo sobre o
domínio das noções. Já na 8ª B as referências foram relativas a atitudes, conceitos NS e, em
alguns casos, transferido e um caso de bom aluno. A análise da coluna relativa à disciplina
também demonstra grande diferença de manifestação, pois enquanto os alunos da A
“conversam”, mesmo que muito, é bem diferente do modo de se referir à B que “brinca
muito”, “grita” ou da C a quem os professores se manifestaram usando termos como
“bagunça”, “péssimo”, “briga”. Entretanto, a maior atenção deve se dar na análise ao que os
professores apresentaram como observações, na última coluna: as expectativas deles para o
semestre subseqüente apresentaram flagrantes de diferenciação incentivando-se os alunos
da 8ª A (pode melhorar, deve melhorar, continuar como estava), contrastando com as
manifestações sobre os alunos da 8ª B e principalmente da 8ª C que deveriam ter suas vidas
resolvidas fora da sala de aula ou da escola.
Após darem os conceitos e fazerem as observações, cada professor emitiu sua
opinião sobre a 8ª C:
Professor de Artes: “Muitos alunos com falta de interesse, e faltas em excesso.”
95
Professora de Ciências : “Alunos com dificuldades, alunos com excesso de faltas,
cabulam aula, não levam a escola a sério, não houve melhora, embora não podemos
generalizar.”
Professora de Matemática : “Falta de interesse, muitas brincadeiras”.
Professora de Inglês: “Sugestão continuar o processo de transferência.”
Professora de Português: No começo achávamos que era a indisciplina, porém
apesar de alguns alunos terem saído, continua a cabulação, percebe-se o faltar, não ter
continuidade, tem-se muitas dificuldades de interpretação e escrita.”
Professora de Educação Física: “Primeira vez que os vejo à tarde. Faltam muito
em Educação Física. Tem alunos que não aparecem nas aulas de EF. A aula é melhor no
período da manhã.”
A manifestação, de praticamente todos os professores sobre a turma da 8ªC é a
mesma, como relata Álvaro (professor de Artes): “Essa turma é dos alunos mais fracos da
escola...” Contudo, quando os professores caracterizaram a turma da 8ªA, eles diziam:
“Essa é a turma dos melhores alunos da escola, tem poucos que apresentam dificuldade,
mas mesmo assim, são interessados.”
A análise dos Quadros e desses depoimentos permite identificar mais uma vez o que
Bourdieu e Saint-Martin(1998), explicam como o julgamento professoral, ao dizer que o
O julgamento professoral apóia-se de fato sobre todo um conjunto de critérios
difusos, jamais explicados, padronizados ou sistematizados, que lhe são oferecidos
pelos trabalhos e exercícios escolares ou pela pessoa física de seu autor. A escrita às
vezes explicitamente mencionada, quando chama a atenção pela sua “feiúra” ou
“puerilidade”, é percebida por referência a uma taxinomia prática das escritas que
está longe de ser neutra socialmente e que se organiza em torno de oposições tais
como “distinta” e “intelectual” ou “pueril” e “vulgar”. (p.192).
De fato, seja nos quadros, seja nos prontuários, o juízo professoral se realizava em
todos os momentos dentro da escola e o julgamento que os professores faziam de seus
96
alunos durante o Conselho de Classe era realizado com adjetivos depreciativos e genéricos,
nunca detalhados, com termos bem padronizados. Os autores enfatizam que:
A brutalidade manifesta de certas qualificações... não deve enganar: A ficção
escolar que quer que o julgamento se aplique a um trabalho, e não ao seu autor, o
fato de que se trata de adolescentes ainda aperfeiçoáveis, portanto passíveis de
tratamentos mais rudes e mais sinceros, a situação de correção que autoriza que se
inflija correções simbólicas como em outros lugares e outros tempos se infligiam
correções físicas, a tradição de dureza e de disciplina que todas as “escolas de elite”
têm em comum, nada disso é suficiente para explicar a complacência e a liberdade
na agressão simbólica que se observam em todas as situações de exame. (p.197)
Descrever que um aluno ou uma aluna é tímido, cínico, e outros adjetivos,
demonstram a situação descrita no estudo citado, pois apesar de a escola não mais
apresentar as correções físicas, ela o faz de uma maneira muito mais brutal e julgadora,
classificando os alunos, selecionando tanto aqueles que tem sucesso quanto os que tem
fracasso na escola. A escola está reproduzindo e produzindo desigualdades sociais com
seus mecanismos próprios.
Muitos alunos foram de fato encaminhados para o Conselho Tutelar; estavam com
grande número de faltas, ou com problemas de comportamento.
A última reunião de Conselho de Classe no final do ano repetiu essa situação
relatada. O Conselho decidiu quem estaria promovido ou retido. Alguns alunos
conseguiram ser promovidos por meio da aprovação do Conselho e tinham no prontuário a
descrição “promovido por conselho de classe”. Os alunos nºs 20,21,31 e 35 da 8ª A, assim
como os nºs 1,7 e 14 da B e os nºs 3, 4 e 21 da C, foram promovidos mediante a
aprovação do Conselho. Os conceitos não-satisfatório em algumas disciplinas, foram
modificadas para satisfatório no 2º semestre para que o aluno conseguisse ser promovido. O
Conselho de Classe funciona, sobretudo, como um mecanismo de aprovação dos alunos
que se adaptam aos padrões da escola, mas a obtenção do título de formação do Ensino
Fundamental pode favorecer a obtenção de melhores condições de vida e de trabalho.
Contudo, este aluno tende a “fracassar em situações que vier a enfrentar , quando dele for
exigido o confronto de seus conhecimentos com os de outros que freqüentaram escolas cuja
clientela é mais favorecida economicamente(SOUSA, 1995, p.57). O Conselho, conforme
a autora é como um júri”: alguns defendem a permanência do aluno, condenando-os à
97
reprovação ou, algumas vezes, à expulsão da escola, como foi possível verificar com o
aluno nº 22 da 8ª C.
O Conselho de Classe, de fato, tem servido como uma finalidade classificatória,
seletiva e legitimadora de decisões para não reter o alunado. Ainda conforme Sousa (1995)
somente ganhará sentido que lhe diz respeito
(...)se vier a se configurar como espaço não possibilitador da análise do
desempenho do aluno e, mais, do desempenho da própria Escola, de forma conjunta
e cooperativa pelos que integram a organização escolar (professores e outros
profissionais, alunos e pais), como também de proposição de rumos para a ação
(p.58).
Para que o Conselho de Classe tenha novos rumos é necessário uma
intencionalidade comum entre todos os agentes da escola, diferente do que se verificou
neste estudo.
Resta, porém, saber o que, de fato, ocorria no interior da sala de aula, ocasionando
esses conceitos e resultados finais.
98
CAPÍTULO 3
________________
99
Capítulo 3
O ensino em sala de aula
Uma questão central desta pesquisa era a de verificar a atuação dos professores,
sobretudo em sala de aula, suas manifestações sobre os alunos e o encaminhamento do
processo de ensinar.
Para tanto foram realizadas 37 observações ao longo do segundo semestre de 2007
e registrados diferentes depoimentos dos professores, distribuídos os questionários e
observadas situações coletivas.
A prática docente em sala de aula pode e deve proporcionar a participação dos
alunos, oferecendo momentos de superação das dificuldades. Entretanto, durante o tempo
em que se estendeu a pesquisa, vários aspectos foram observados permitindo analisar a não
realização dessa intenção fundamental com os alunos que apresentavam diferentes
dificuldades para aprender.
Durante o trabalho de observação e registro, houve ocasiões em que a observação
não pôde ser realizada porque ao chegar à escola os alunos tinham sido dispensados
naquele dia, por falta de professor, conforme relatado anteriormente, sem que alguns dos
outros agentes assumissem as aulas das turmas. Em outras vezes, a observação não ocorreu
porque a escola estava na “semana da criança” e os alunos estavam em atividades de
recreação e campeonatos de futebol e as aulas tinham sido novamente dispensadas. Desde
logo é possível apontar que, ao longo do ano, foram muitos os motivos para que as aulas
não acontecessem.
Neste capítulo pretende-se abordar tais informações, obtidas nas observações
realizadas na sala de aula, procurando relatar e analisar as atividades das aulas e as
manifestações, tentando estabelecer as relações entre ações docentes e discentes ao redor do
desempenho e resultado do final do Ciclo II.
100
3.1. Práticas na sala de aula para as diferentes turmas de 8ª série
A primeira observação feita foi na sala da 8ªB, na aula da profª Márcia; havia 24
alunos na sala. Nesse dia ela estava realizando uma prova da matéria dada até o momento e
como a turma estava agitada e conversando bastante ela dizia:
“A postura na prova também entra na avaliação.”
Toda a prova foi escrita na lousa e os alunos deveriam fazer em uma folha de
caderno para entregar à professora ao final da aula.
EMEF ...............
Prova
Nome:__________________________________
Série:___________________________
Data:____________________________
Avaliação de Matemática
Efetuar:
Resolver em R:
1 ) X² - X – 30 = 0
2) 2X² - X – 90 = 0
3) X² - X – 90 = 0
4) 4X² + 4X + 4 = 0
A professora veio ao meu encontro, enquanto passava entre as mesas e me
perguntou: “Você lembra da equação de segundo grau? É só aplicar a fórmula e o
problema se resolve sozinho. Esses alunos são falantes, mas conseguem acompanhar a
matéria.”
Alguns alunos não realizaram a prova, ficaram parados conversando em alguns
momentos baixinho, mas notei que estavam só esperando o sinal bater. A grande maioria da
turma tentou fazer a prova com atenção.
Analisando-se essa situação de realizar uma prova, logo no início do segundo
semestre, ela permite apontar demonstração de preocupação da professora em realizar um
diagnóstico da turma, percebendo que apesar de alguns problemas de conversa entre os
alunos, eles conseguiriam acompanhar o conteúdo oferecido por ela. Para aqueles que não
realizaram a prova e ficaram esperando o sinal bater, nada foi feito, ou seja, nenhuma
sanção por parte da professora esses alunos sofreram, também nenhuma atitude de
101
aproximação. Eles permaneceram quietos, aguardando o sinal bater, não desrespeitaram a
professora ou os colegas que realizavam a prova. Pareciam alunos numa situação de
invisibilidade.
Após bater o sinal, a professora ficou com todas as provas dos alunos e uma nova
turma de série estava na porta para entrar na sala. Era a tão falada série A, ou seja
“aquela dos bons alunos”, que todos os professores tinham prazer em ministrar as suas
aulas, pois conforme depoimento da grande maioria eles conseguiam acompanhar toda a
matéria oferecida. Foi possível verificar que a turma era maior, tinha ao todo na sala trinta e
dois alunos. Entraram conversando bastante, mas logo foram sentando e abrindo os
cadernos, conforme pedidos da professora Márcia. Nessa turma, entretanto, não ocorreu a
prova.
A professora disse que continuaria com os problemas da aula anterior. Logo que
iniciou a aula, alguns alunos foram requisitados para participar de um campeonato de
futebol. A professora reclamou a saída dos alunos, mas as meninas disseram que era
melhor, pois eles não estavam interessados. Entretanto, a professora disse que conversaria
com a Coordenação, pois não achava correta a saída desse alunos durante a aula. A ação da
escola nesse momento, em retirar os alunos da aula para participar de um jogo de futebol,
não demonstrou a importância que uma aula de Matemática poderia oferecer naquele
momento. Após a saída dos alunos, cerca de 8 meninos, a sala ficou mais silenciosa. e logo
os alunos se reuniram para resolver os problemas matemáticos juntos.
A professora apagou a lousa e escreveu:
Data:___________
Cont. dos Problemas do 2º Grau
9) Ache o número real cujo quadrado é igual a 8.
X² = 8 a = 1
b = 0
c = - 8
Fórmula geral =
ax² + bx + c = 0
= b² - 4ac
= 0² - 4.1 (-8)
= 0 + 32
= 32
102
Os alunos se reuniram para resolver juntos os problemas. Os alunos faziam as ações
espontaneamente, demonstravam certa autonomia e a professora não interferia nesse
momento de interação da própria turma. Eles resolviam e iam ajudar os colegas que
apresentavam dificuldades. Assim que todos terminaram, uma das meninas perguntou para
a professora levantando uma de suas mãos: Posso resolver o problema na lousa?” A
professora, que estava passando pelas mesas, ajudando alguns alunos, disse: Todos
terminaram? Vamos logo, pois eu quero colocar outro probleminha.” A aluna foi resolver
o problema na lousa. Nesse momento foi possível perceber que somente os alunos que
dominavam o conhecimento em questão, conforme observado por Pinto(2002), vinham à
tona para apresentar o resultado, relegando à penumbra as reais dificuldades daqueles
cujos passos ainda eram tímidos no processo de apropriação do saber escolar (PINTO,
2002, p.51).
Em seguida a professora complementou com algumas explicações colocando o
próximo exercício. Analisando algumas atitudes tomadas pela professora Márcia com os
alunos da A, verifica-se que ela procurava proporcionar um ambiente adequado para
aprender. Os alunos se reuniam em grupo para resolver os exercícios e realizavam a
correção na lousa, sendo que para aqueles que não conseguiam compreender, ela ainda
procurava responder as questões levantadas e explicava na lousa o que eles perguntavam.
Contudo, percebia-se que alguns não entendiam nada do conteúdo oferecido, mas não foi
possível perceber como compreenderam os exercícios durante o tempo de aula. Após a
realização daquela atividade, um outro problema foi anotado na lousa, aumentando a
complexidade do conteúdo ensinado.
10 ) O produto de um número positivo pela sua 4ª parte é igual a 25. Calcule esse
número.
x.x = 25 Aplicar a fórmula de Bahskara : x² - 100 = 0
4
Os alunos novamente conversaram sobre o problema, procurando juntos solucioná-
lo. Nem todos terminaram. Tocou o sinal e os alunos foram para o intervalo. A professora
veio ao meu encontro e me perguntou se eu ficaria para a próxima turma que era da 8ª série
C. Quando disse que sim, ela começou a conversar comigo, dizendo:
103
“Você irá observar somente as turmas de série? A 8ªC é a sala mais fraca e
difícil. Eles não acompanham a matéria e poucos estão interessados. Muitos
desistiram, não agüentaram. A melhor turma da escola é a A, que apesar de
conversarem bastante, eles conseguem acompanhar as aulas e fazem todas as
atividades. Você logo irá perceber a diferença entre eles. Minha aposentadoria
está para sair. Estou muito feliz..”
É possível observar nesse depoimento da professora que a rotulação decorrente do
julgamento dos alunos, naquele momento, estava de fato feita, operando assim a profecia
que se auto-realiza, conforme Rosenthal e Jacobson (1989).
Com a entrada da 8ªC, após o intervalo, houve bastante barulho e movimentação
com as carteiras. Apesar de ter apenas quatorze alunos na sala, eles eram maiores, e foi
possível verificar que eram os alunos mais velhos da escola naquele período. A professora
pediu insistentemente, silêncio e respeito, e consegui perceber que ela estava constrangida
com a minha presença naquele momento. Após cerca de quinze minutos a sala conseguiu
ficar organizada.
Ela iniciou a aula explicando lentamente a matéria, diferente das outras turmas, e
disse que iria dar nota para o caderno, por isso eles deveriam fazer todas as anotações que
ela pedisse. Ela deu apenas um exercício na lousa.
Data: ____________
Equação do 2º Grau
2º Exemplo
Resolver em R
4x² - 2x = 6x – 4
4x² - 2x – 6x + 4 = 0
4x² - 8x + 4 = 0
Fórmula geral : ax² + bx + c = 0
a) 3x² + 5x = -x -9 +2x²
Apesar da professora exercer a mesma metodologia durante as aulas, o conteúdo
oferecido para a turma dos mais fracos era mais fácil. A professora necessitava adequar o
conteúdo para as diferentes turmas. Contudo, diferente da A, eles não se reuniram para
realizar a tarefa juntos, não existia um entrosamento como na outra turma. A professora foi
passando entre as carteiras para verificar as dúvidas daqueles alunos que estavam tentando
realizar o exercício. Algumas meninas ficavam conversando e repartiam entre elas um
104
aparelho de MP3
44
durante a aula. Apesar de notar o desinteresse de alguns alunos, a
professora, naquele momento, não se movimentou para atuar junto a eles; ela procurou
auxiliar apenas os alunos que estavam interessados em realizar as atividades. O sinal tocou
e a professora disse que na aula seguinte colocaria o mesmo exercício na lousa. Ao final da
aula, ela veio novamente ao meu encontro e relatou:
“Durante 45 (quarenta e cinco) minutos de aula, não é possível atender todos os
alunos que apresentam dificuldade. Procuro atender aos alunos mais interessados,
aqueles que tentam realizar, mas mesmo assim existem alguns, que não sabem o
que estou dizendo e fica muito difícil explicar a matéria desde o começo, durante
esse tempinho.”
Ao analisar esse depoimento da professora comentando sobre os alunos que
apresentavam dificuldade, verifica-se que existia a percepção da necessidade dos alunos,
mas que ela não conseguia superar, pela própria pressão da organização do tempo e do
planejamento das atividades. Quando perguntei sobre a professora de SAP
45
, ela comentou
que esse ano somente os alunos de ciclo I estavam sendo acompanhados por essa
professora, ou seja, a escola não providenciava ajuda para os do ciclo II, como esses alunos.
No dia seguinte tentei ficar com o professor Geraldo (professor de Geografia), mas
infelizmente ele faltou. Sendo assim a professora Márcia me perguntou se eu gostaria de
ficar com ela novamente. Era a primeira aula do dia com a turma da 8ªsérie A, a sala estava
bastante suja e cheirava a urina. No primeiro momento a sala tinha que ser organizada, as
carteiras estavam fora do lugar, pois a professora do período da manhã havia deixado as
carteiras juntas. Os alunos ficaram agitados, mas aos poucos foram pegando os cadernos e
copiando os exercícios da professora. Um dos aspectos importantes para análise nesse
momento, é a organização da escola entre os turnos das aulas. A disposição das carteiras e o
ambiente limpo, também proporcionam momentos propícios para aprender. As dificuldades
que os professores da EMEF “Henrique Pacheco” enfrentam, logo no início do período,
revelam a precariedade da atuação da equipe escolar, apesar de se considerar que ela era
bem completa, conforme o depoimento relatado em capítulo anterior.
44
MP3 é um aparelho que toca música, com fones de ouvido.
45
Sala de Apoio Pedagógico
105
Depois que passou o exercício na lousa, a professora fez a chamada: tinha 31 alunos
na sala.
Data: ____________
Exercício:
X² = 100
a = 1
b = 0
c = - 100
11) O quadrado de um número diminuído de 15 é igual ao seu dobro. Calcule esse
número.
X² - 15 = 2 X
Após colocar a atividade na lousa a professora começou a passar de mesa em mesa
para explicar a atividade, e como no dia anterior, os alunos que terminavam e entediam a
atividade iam ajudar os colegas. Ao final da aula a professora relatou:
“Hoje eles estavam mais agitados porque notaram a sua presença.”
Acredito que a minha presença na sala de aula, realmente, trazia um certo
desconforto, tanto para a professora como para os alunos; contudo, a necessidade de
organização da sala no primeiro momento do dia, deve ser observada como um dos
dificultadores das propostas encaminhadas pela professora para os alunos trabalharem.
Eles resolveram o problema e o sinal tocou.
Num outro dia, acompanhei a turma da 8ªB que estava saindo da aula de História,
bem agitados. Eles entraram na aula de Matemática conversando bastante, mas a professora
mudou alguns alunos de lugar para obter silêncio e atenção. Analisando a ação da
professora, mudando alguns alunos de lugar, ela demonstrou a sua estratégia para a melhor
organização dos alunos para desenvolver o trabalho na sala de aula. Alguns alunos que
durante a aula de História não haviam pegado o caderno, durante a aula de Matemática eles
copiaram toda a atividade e procuraram entender os exercícios dados pela professora.
Exercícios:
Aplicando o teorema de Tales:
Gráfico:
12 = 9
5 X
Aplicando o Teorema de Pitágoras:
X² = 6² + 8²
106
A professora explicou os exercícios na lousa e começou a vistar
46
os cadernos.
Dessa maneira, a professora verificava a participação dos alunos na sua aula. Aqueles que
não haviam anotado os exercícios, tinham seus nomes anotados no diário de classe.
Quando cheguei na escola, no dia seguinte, a auxiliar de período me ofereceu para
ficar na sala do professor Álvaro (professor de Artes), pois sua primeira aula seria com a
C. Chegando à sala o professor me recebeu muito bem e começou a falar sobre a turma:
“Essa turma é dos alunos mais fracos da escola, assim devo avaliar de uma
maneira diferente, procuro ajudar no que posso”.
Novamente o professor necessita adequar a sua avaliação e o seu planejamento
conforme a atuação da turma. As manifestações deles parecem soar como que um pedido
de desculpas ou uma justificativa para sua atuação.
O professor passou a matéria na lousa e em seguida fez a chamada, verificando-se
apenas 16 alunos na sala.
Monogramas
Os monogramas são elaborados de três maneiras:
- Justaposição;
- Sobreposição;
- Formas negativo/ positivo
Ex: Justaposição
Ex : Sobreposição
Ex: Formas Neg./ Positiva
O professor falou para os alunos:
“Peguem uma folha, pois faremos uma atividade para nota. Vocês devem me
entregar ao final da aula.”
O professor buscava a participação de todos os alunos na sala de aula, propondo
uma atividade que envolvesse o interesse de cada um, por meio do uso das letras do seu
nome.
46
Procedimento realizado pelos professores, para verificar se todas as atividades do dia haviam sido
registradas no caderno.
107
Atividade para Nota
Nome:
Nº:
Série:
Tema: Monograma
A partir das duas primeiras letras do seu nome, construa um monograma.
1º ) Faça vários rascunhos com vários tipos de letra.
2º) Escolha o de melhor visual e elabore nas medidas 10cm. Por 12 cm.
Depois da chamada o professor passou de mesa em mesa explicando para os alunos
como a atividade poderia ser feita. Muitos não tinham caderno. As folhas foram
distribuídas pelo professor. Apesar das dificuldades que os professores estavam
enfrentando com a propalada homogeneidade da turma, principalmente com a dificuldade
que a 8ªC apresentava, o professor buscou alternativas com materiais próprios para que
existisse uma participação de todos os alunos na sala de aula. Ele procurava o envolvimento
dos alunos enquanto passava de mesa em mesa, explicando a atividade, contudo alguns
alunos permaneceram na sala de aula brincando com seus cadernos, de girar com os dedos.
Aqueles que não tinham nem ao menos o caderno, pediam aos colegas, para fazer aquelas
manobras, enquanto o professor tentava explicar a atividade para os outros e pedia
insistentemente por silêncio. Ele dizia:
“Pessoal, mais silêncio, por favor.”
Muitos não terminaram a atividade para entregar para o professor, por isso ele
permitiu que entregassem na aula seguinte, “sem falta”.
Continuei na sala após bater o sinal, pois a A entraria em seguida. A atividade já
estava na lousa, o professor teve apenas que explicar os pontos de partida para a atividade,
e fazer mais algumas anotações que os alunos tiveram que copiar no caderno.
Atividade : Monograma
Criar um monograma a partir das duas primeiras letras do seu nome.
Hoje: 1ª fase
Elaborar vários rascunhos a lápis verificando todas as possibilidades.
Ponto de partida para fazer uma logomarca
Ex: Editora Moderna (Ponto de partida para Logomarca/ Logotipo)
108
Verificou-se diferença de procedimento do professor, pois foram acrescentadas
informações não apresentadas aos alunos da 8ª C.
A chamada foi feita para um total de 31 alunos na sala. A sala apresentou uma
dinâmica totalmente diferente da 8ªC: eles requisitavam o professor pedindo material, como
régua e lápis especial, apresentando autonomia para a realização da tarefa. Ao final da aula,
o professor passou de mesa em mesa, carimbando os cadernos dos alunos que copiaram a
atividade e pediu o material pronto para a próxima aula; contudo, muitos alunos já haviam
terminado e entregavam ao professor. Os alunos, durante a aula, participavam levantando-
se das carteiras, procurando o melhor material para faz a atividade proposta. A disposição
das carteiras e dos alunos, naquele momento, não importava para o professor Álvaro, pois o
importante era que todos conseguissem alcançar o objetivo de realizar a melhor atividade,
portanto ele dispunha o material necessário para isso.
O sinal tocou e aos poucos os alunos foram se levantando e saindo da sala, enquanto
a 8ªB estava esperando na porta para entrar. Eles fizeram um pouco de barulho, mas o
professor falou:
“Vou fazer a chamada, por favor, façam silêncio”
O silêncio não foi completo, mas o professor fez a chamada para 23 alunos na sala.
O professor fez algumas explicações da matéria que estava na lousa e explicou como eles
deveriam realizá-la. Os alunos do “fundão” brincavam um pouco, mas alguns pediam para
os próprios colegas: “Senta aí, estou anotando a matéria!” Alguns realizaram a atividade,
e entregaram pronta para o professor no final da aula. O tema oferecido pelo professor
Álvaro para as diferentes turmas foi o mesmo, apresentando a mesma metodologia de aula,
embora pequena diferença já apontada entre a 8ª C e as demais que vieram após.
Em um outro dia, observando a turma da 8ªA, com 30 alunos na sala, os alunos
realizavam um trabalho em conjunto com o POIE da sala de informática. Eles estavam com
folhas impressas sobre assuntos variados e, em grupos, faziam um exercício de edição de
um jornal da escola. Alguns desenhavam a capa e outros colavam os papéis. Todos
apresentavam autonomia para o trabalho. O professor passava entre os grupos, orientando o
trabalho em sala, mas eles sabiam o que deveriam fazer. O resultado do trabalho seria
apresentar esse jornal para todos os alunos da escola.
109
Permaneci na sala, pois a 8ª C entraria em seguida. Diferente da 8ª A, era uma turma
bem menor, apenas 14 alunos. Quando entraram na sala, muitos não tinham o papel
impresso, e não entendiam a dinâmica de se juntarem em grupos para realizar o trabalho. O
professor reunia os alunos, mas muitos continuavam com brincadeiras de caderno e
escutavam o MP3. Os mais interessados procuravam desenhar a capa do jornal com o
formato de um monograma, matéria estudada aulas antes. Aos poucos a sala foi se
reunindo, mas o professor pedia para os meninos entrarem nos grupos de trabalho.
No dia seguinte, observei a 8ªB com o mesmo trabalho em grupo. Muitas
brincadeiras e alunos sem os papéis impressos estavam presentes também nessa sala. Eram
25 alunos, conversando bastante sobre assuntos que não eram sobre a aula. No dia anterior
havia tido uma batidapolicial e um grupo de pessoas conhecidas dos alunos havia sido
presa, sendo assim, a escola inteira estava agitada naquele dia. O comentário da sala era
todo sobre esse assunto. O professor escutou um pouco os alunos e tentou reuni-los em
grupos de 7 ou 8 para a confecção do trabalho. Os materiais, como cola, lápis e régua, eram
todos fornecidos pelo professor, mas os alunos não conseguiram terminar a atividade nesse
dia.
Esse episódio é um bom exemplo de como a interferência externa, como os
problemas da comunidade, afetam o trabalho do professor, que muitas vezes é obrigado a
interromper parte da aula e depois a improvisar, para envolver os alunos nas atividades
escolares.
Alguns dias depois, voltei a assistir as aulas do professor Álvaro, com a turma da
8ªB. Estavam presentes 23 alunos e o professor apresentou uma obra, a partir da qual os
alunos deveriam fazer uma releitura. Alguns alunos do fundo da classe, continuavam a
brincadeira, mas o professor disse que aquela atividade seria para nota. Os alunos pegaram
seus lápis, a folha que o professor distribuiu, e começaram a tentar fazer. Como estava
próxima a esses alunos do “fundão”, um deles me pediu um lápis e procurou conversar
comigo dizendo: Você está estudando para dar aulas para a gente? Sabe, minha prima
também está estudando para ser professora, eu acho muito legal!” Os alunos procuravam
se aproximar e aos poucos me tomavam como uma pessoa comum dentro da sala de aula.
Nesse dia muitos alunos não terminaram a tarefa, e o professor explicou que iria
recolher, pois precisava ver a produção do trabalho. Ele procurava pedir insistentemente a
110
participação de todos os alunos, recolhendo trabalhos e auxiliando aqueles que
requisitavam sua ajuda. Os alunos que ficavam brincando durante as aulas não eram
encaminhados para a coordenação. A aula era dinâmica, os materiais eram oferecidos e o
professor cobrava a atividade, aqueles que realmente não entregavam nada, tinham seus
nomes anotados no diário de classe para futuros encaminhamentos.
A observação nas aulas da professora Cida, de Ciências, foi bastante relevante para
a análise da superação das dificuldades de aprendizagem. Ela organizou a turma da C
reunindo os alunos em duplas. Após a chamada, verificando 15 alunos na sala ela falava:
“Pessoal, vamos fazer silêncio! Tem uma professora aqui que está observando
vocês. Vou distribuir um material que vocês o devem rabiscar, pois vou utilizar
para as outras turmas também. Por favor não coloquem a resposta no caderno.”
Ela distribuiu uma prova do Centro Paula Souza, dizendo que muitas escolas de
Ensino Médio aplicavam provas parecidas com aquela. A primeira página era de
orientações, assim ela pediu para que os alunos lessem. A professora estava preocupada em
fornecer subsídios para os alunos, enfrentarem situações de provas de múltipla escolha.
Após a primeira leitura realizada em voz baixa pelos alunos, a professora leu novamente
enfatizando alguns itens. Algumas questões de Ciências do caderno foram feitas pelos
alunos sob orientação da professora, que realizou a explicação de algumas siglas contidas
ali, anotando seu significado na lousa.
IDH – Índice de Desenvolvimento Humano
Carboidratos = açúcar
Proteínas
Fizeram alguns exercícios em duplas e depois a professora foi corrigindo na lousa.
Durante a realização da atividade a professora passava entre as carteiras, explicando para os
alunos, lendo com eles, para que conseguissem interpretar o que a questão estava
perguntando. No decorrer da aula alguns alunos estavam escutando MP3 na sala de aula, e
a professora por diversas vezes pediu para que eles desligassem, mas foi inútil. A
brincadeira com os cadernos no fundão da sala, principalmente pelos meninos era comum
acontecer. As primeiras carteiras eram ocupadas por uma garota mais velha, casada, que
tinha até filhos; uma menina nova que falava que a avó era muito brava e ela precisava
111
prestar atenção nas aulas, e um garoto pequeno e agitado. Em uma das entrevistas
intercaladas feitas com a professora, ela me relatou:
“Sabe esse garoto pequeno? Ele não entende absolutamente nada da matéria. Ele
fica conversando com um e com outro, mas não acompanha. Você percebe que ele
tenta, mas não tem laudo e ele não aprende, foi passando de ano e está aqui, sem
conseguir aprender.”
A escola não consegue encontrar soluções, como uma adequação curricular, para
alunos com esse tipo de dificuldade apresentada pelo relato da professora Cida. Para os
alunos que apresentam dificuldades mais simples, é complexa a relação de aprender, e
num caso como esse, a situação do descaso da escola, não dos professores que tem
apenas 45 minutos de aula, mas do sistema escolar, é evidenciada.
O sinal bateu, os alunos devolveram as apostilas de exercícios e saíram da sala
fazendo bastante barulho, apesar de serem apenas 15 alunos naquele dia na sala.
Foi possível perceber a atitude de acompanhamento e busca de envolvimento de
todos nos exercícios, apesar de ser a turma dos difíceis.
Num outro dia acompanhei a turma da A com a professora Cida. Eles realizaram
uma atividade mimeografada de múltipla escolha feita pela professora. Era um exercício
para nota. A professora pediu:
“Façam silêncio e procurem realizar a atividade individualmente, não conversem.”
Enquanto os alunos realizavam a atividade a professora veio ao meu encontro e
falou:
“Essa é a turma dos melhores alunos da escola, tem poucos que apresentam
dificuldade, mas mesmo assim, são interessados.”
Novamente a manifestação, de outra professora, em dizer sobre a turma dos
melhores alunos, está presente.
O sinal bateu e a turma da B entrou na sala, fazendo bastante barulho. Eram 25
alunos na sala e eles realizariam a mesma atividade. A professora pediu várias vezes:
112
“Pessoal, façam silêncio , eu preciso explicar o que vocês devem fazer. Pessoal ?”
Os alunos continuavam a conversa, as meninas e meninos circulavam no fundo da
sala e poucos realizavam o que a professora pedia. O sinal tocou e alguns alunos não
entregaram a atividade, levantaram das carteiras, colocaram a atividade dentro do caderno e
foram embora. Verifica-se, nesta situação, a diferença de atuação dos alunos e também da
professora quando se compara com as demais turmas.
Em um outro dia, observei a aula da mesma professora Cida, aplicando uma
avaliação na 8ª A , para 33 alunos. Ela pediu para os alunos arrumarem bem as carteiras,
pois a prova seria individual. Os alunos estavam se organizando e a professora pediu para
alguns alunos, que normalmente ficam no fundo da sala, para virem para as primeiras
carteiras. Os alunos reclamaram um pouco, mas vieram. A professora distribuiu uma folha
mimeografada, feita à mão, para cada aluno e eles em silêncio foram realizando a prova.
Eram apenas 6 questões de uma matéria dada a alguns dias atrás. Todos os alunos
realizaram a prova e conforme iam terminando, permaneciam sentados, em silêncio,
aguardando o sinal bater.
Permaneci na sala para observar a 8ªB, que entraria naquele momento. Eles
entraram fazendo bastante barulho. A professora pediu silêncio diversas vezes, dizendo:
“Vocês estão perdendo tempo de prova, façam silêncio.” Ela foi ao encontro de um
menino, para pedir que ele fosse se sentar na carteira da frente e ele falou: “Eu não vou!” A
professora insistiu e ele disse: “Vou ficar aqui mesmo, para fazer essa prova!” A
professora ficou constrangida, mas percebeu que ele realmente não sairia daquele lugar. A
avaliação começou e muitos alunos reclamaram das perguntas que estavam anotadas na
prova e a professora dizia: Falei para vocês estudarem a matéria que estava sendo dada,
vocês não estudaram e agora estão reclamando?” Apesar de reclamarem, todos realizaram
a prova e antes de bater o sinal, todos já haviam concluído.
Os alunos da C fariam a prova no dia seguinte, sendo assim, voltei para observar
como eles iriam se comportar para realizar a avaliação. Havia 16 alunos na sala e eles
reclamavam bastante sobre a matéria da prova. Os alunos disseram que não tinham aquela
matéria no caderno e que não fariam a prova. A professora argumentou que eles estavam
perdendo tempo e que eles eram a última turma a realizar a prova. A prova começou e
113
alguns alunos pareciam revoltados com a situação. Ficaram quietos esperando o sinal bater.
A professora começou a recolher as provas e alguns alunos entregaram-na praticamente em
branco.
Finalmente consegui entrar na sala da professora Paula, da disciplina de Português.
Os alunos da 8ªA entraram em silêncio, sentaram na carteira e a professora, que estava
sentada, começou a aula pedindo atenção para a chamada. Havia 33 alunos na sala e todos
estavam com seus cadernos abertos esperando para saber o que fazer. A professora anotou a
atividade na lousa, copiando de um livro, realizando algumas explicações e dizendo:
“Vou continuar a matéria da última aula. Prestem bastante atenção.”
Orações Ordenadas
Verbos Transitivo e intransitivo
b-) Trovejou, relampeou/ mas não choveu
PCC 1ª-) Trovejou – oração coordenada assindética
2ª-) Relampeou – oração coordenada assindética (não tem conjunção)
3ª-) mas não choveu – oração coordenada sindética adversativa
c -) João lê, Maria toca piano, Alfredo vê televisão e Márcia conversa.
Período composto, porque tem mais de uma oração.
Maria toca piano – oração coordenada assindética
Alfredo vê televisão – oração coordenada assindética
e Maria conversa – oração coordenada sindética aditiva
d -) Verbo transitivo e Verbo intransitivo
Verbo transitivo precisa de complemento
Verbo intransitivo não precisa de complemento
Verbo T. – P.C
Ela pediu para que os alunos estudassem a matéria da gramática, pois eles iriam
precisar para o momento da prova. Os alunos não conversavam, permaneciam quietos, não
havia conversas paralelas sobre assuntos diversos da aula. Conforme os alunos acabavam
de copiar a matéria da lousa, eles se dirigiam à mesa da professora para que ela carimbasse
o caderno. Logo em seguida, eles voltavam para os lugares e percebi alguns “cochichos”.
Durante aquela aula, foi possível perceber o barulho que vinha do pátio interno da escola.
Após vistar os cadernos, a professora veio ao meu encontro e disse: “Esses alunos são
muito bons. Para eles consigo dar matéria que alguns alunos meus do colegial no
114
Estado não acompanham”. Era possível perceber o orgulho que aquela professora sentia da
turma da 8ª A. A professora Paula é uma das mais antigas professoras do ciclo II da escola,
sendo muito importante a sua opinião sobre os alunos durante as Reuniões de Conselho.
Após o término da aula, permaneci na sala, pois a C entraria naquele momento. Os
alunos entraram sem fazer muito barulho e logo foram se acomodando. A chamada foi feita
verificando-se apenas 17 alunos na sala. A professora apagou a matéria que estava na lousa
da turma A e colocou uma atividade diferente e aparentemente mais fácil.
Sujeito e Predicado
Núcleo do sujeito e sujeito
a -) A aluna inteligente/ casou-se com um lindo rapaz.
A aluna inteligente - sujeito
Casou-se com um lindo rapaz – predicado
b -) Naquela noite escura/ os rapazes viajaram para a Europa
os rapazes – sujeito
viajaram para a Europa – predicado
c -) Naquele dia de manhã / os lindos meninos/ foram embora tristes.
os lindos meninos – sujeito
foram embora tristes – predicado
d -) Hoje à tarde/ todos nós / sairemos mais cedo.
todos nós – sujeito
sairemos mais cedo – predicado
e -) Eu sou capaz de mudar.
Eu – sujeito
sou capaz de mudar - predicado
O verbo sempre vai ficar no predicado.
f -) O dia parecia longo.
O dia – sujeito
parecia longo – predicado
Núcleo do sujeito – é a palavra mais importante do sujeito, geralmente representada
por um substantivo.
Veja:
- o bebê estava com fome.
O bebê – sujeito
Bebê – núcleo do sujeito
- Os pais e os alunos foram à reunião
os pais e os alunos – sujeito
pais / alunos – núcleo
115
O núcleo do sujeito só pode estar no sujeito.
Exercícios:
1) Retire o sujeito e circule o seu núcleo nas orações abaixo.
a-) O noivo entrou na igreja.
b-) Os rios correm para o mar.
c-) As vacas pastam no campo.
d-) Nós mandamos aqui.
e-) As namoradas ganharam flores.
f-) Os alunos e as alunas desta sala são inteligentes.
g-) Naquela noite nossos amigos foram presos.
Após anotar a matéria na lousa, a professora passou por todas as mesas para
verificar se os alunos estavam fazendo as atividades no caderno e falava: Muito difícil...”
“Caderno incompleto...” Você não tem caderno moça? Foi possível perceber que a
professora mudou apenas o conteúdo da lousa, mas sua postura diante dos alunos era a
mesma, firme, de pouca conversa, elogiava alguns e chamava a atenção de outros. Durante
a aula a professora conseguiu a atenção de todos, eles não brincaram com os cadernos, nem
conversaram entre eles. A professora ressaltou a importância da escola e disse que quem
atrapalhasse a sua aula, ela iria descer o aluno para ficar na diretoria. No fundo da sala tinha
um aluno sentado com o fone de um aparelho de MP3 no ouvido. Ela pediu para que ele
tirasse o fone e ele disse que estava desligado, ela pediu para que ele retirasse o fone do
ouvido. Ele colocou um blusão com um capuz, escondendo o fone. Quando ela percebeu
que o aluno continuava com o fone no ouvido, ela retirou o aluno da sala e disse para que
ele descesse e conversasse com a auxiliar de período, pois na sua aula ele não poderia ter
esse comportamento”. A aula continuou e a professora conversou com uma aluna que
estava sem copiar a matéria da lousa, pois não conseguia enxergar. A professora comentou
que o Conselho da Escola iria providenciar os óculos e uma lupa para a aluna. A aluna
permanecia na sala de aula, contudo não poderia participar, estava completamente excluída
das atividades, pois seu problema de visão a impedia de enxergar a lousa. Novamente não
existia nenhuma adequação para uma aluna com necessidade educativa especial. Ao final
da aula, quando a professora percebeu que todos estavam com os cadernos incompletos, ou
sem caderno ela diz: Eu não sei o que será dessa turma...”. O sinal bateu e todos os
116
alunos saíram da sala com a cabeça baixa, sem conversar. Apesar da professora escrever o
conteúdo na lousa, ela o fez nenhum tipo de explicação e não foi possível saber se eles
realmente sabiam e faziam a atividade , ou se apenas ficavam quietos. Os alunos que não
acompanhavam a aula, por diferentes dificuldades, permaneceram na sala de aula quietos,
não houve a interferência da professora para uma explicação individual ou mesmo coletiva.
Apesar do silêncio dos alunos, não pude perceber se eles haviam entendido a matéria
oferecida pela professora. Pareceu ser uma atividade para mantê-los ocupados apenas.
Após alguns dias voltei a assistir a aula da professora Paula, com a C. A
freqüência dos alunos continuava cair. Acompanhei a aula, onde apenas 14 alunos estavam
presentes. Eles entraram e a matéria já estava na lousa.
Uso do para eu – para mim
Para eu – O pronome eu é sujeito da oração infinitiva.
Veja: Mamãe comprou o livro para eu ler.
Eu – pronome pessoal reto
Ler – verbo no infinitivo
Isto é, o pronome eu só deve ser usado antes do verbo no infinitivo, ou seja,
terminado em R – CANTAR, VIVER, IR.
Para mim – O pronome mim é regido pela preposição para.
Veja: Você comprou o livro para mim?
Observação: Geralmente o pronome mim é usado no final da frase.
Exercícios:
1) Complete as frases com os pronomes eu ou mim.
a-) Ofereceu dinheiro para _________.
b-) Para ____sair desta cidade terão que me pagar muito dinheiro.
c-) Para ______ é diferente.
d-) Esta situação é fantástica para _____entender.
e-) Tentarei dormir um pouco para ______ melhorar.
f-) Para ______ , tudo parece estranho.
g-) É um caso para _____ estudar.
h-) Este livro é para _____ler?
i-) Tudo é mais fácil para _____.
A professora fez a chamada e pediu para que os alunos copiassem e respondessem
toda a atividade. Ela não deu nenhuma explicação da matéria novamente. Comentou que
daria nota para o caderno e que os alunos deveriam se organizar. Quando os alunos
terminavam os exercícios, eles se levantavam e mostravam para a professora, que
carimbava e olhava algumas folhas. Eles permaneceram na sala, conversando baixo até o
sinal bater.
117
No mês de novembro, os alunos começaram a realizar as provas finais. Entrei para
observar a avaliação que a professora Paula daria para os alunos da 8ª C. Ela me falou que a
prova era igual para as três turmas. Na prova havia questões sobre os diferentes usos de
“porquê”, “por que” ou “por quê”; o uso do “a” ou “há”; mal” ou “mau”; “à”, “as”, “há”;
“mais”, “má”, “mas”; “eu e mim”; também sobre o acento craseado. A prova era de
múltipla escolha, sendo que ela retirou algumas questões, de testes de vestibular. A
professora falou: “Não quero escutar nenhum barulho. A prova é muito fácil e vocês devem
fazer com muita atenção.” Os alunos não reclamaram e fizeram a prova. Eles fizeram a
prova em duplas. Conforme eles iam terminando, eles entregavam as provas e aguardavam
o sinal bater em absoluto silêncio.
Permaneci na sala, pois a 8ªA entraria na sala para realizar a mesma avaliação.
Estavam presentes 33 alunos. Os alunos foram se ajeitando em duplas e em poucos minutos
a professora distribuiu as provas. Muitos alunos terminaram as provas rapidamente, e
ficaram aguardando o sinal bater. A professora veio ao meu encontro e falou:
“Ontem dei uma redação para os alunos. Para eles (8ªA ), dei descrição, mas para
os da 8ªB e C, pedi para que fizessem uma narração, mesmo. Não consegui
trabalhar os conceitos de uma descrição com essas turmas, sendo assim, eles
fizeram uma história. Ainda não consegui corrigir, mas já percebi que os alunos da
8ªC foram muito mal.”
O depoimento da professora deixou claro que somente os alunos da A tiveram
todo o planejamento contemplado.
A 8ªB entraria na sala após o intervalo. Eles entraram em silêncio e a professora
falou para eles ficarem quietos, pois não aceitaria cola. Os alunos receberam a prova e não
fizeram nenhuma reclamação. Levaram mais tempo que a 8ªA para realizar a avaliação,
mas todos entregaram as provas para a professora Paula. Os alunos aguardaram o sinal
bater e aos poucos todos haviam terminado.
Em um outro dia, observei a aula com o professor Heitor, que ministrava as aulas de
História somente na B e na C; para a A era um outro professor. Antes de iniciar a
aula na 8ªB um menino me perguntou: Você vai ficar aqui?” Quando respondi que sim,
ele falou: “Vovai sair com fortes dores na cabeça.” Os alunos entraram na sala de aula
fazendo muito barulho, cantando bastante. O professor dizia: “Turma, façam silêncio,
parem com isso.” Eles cantavam ainda mais alto. Entrou o Auxiliar de Período para
comunicar sobre o passeio ao Playcenter. Uma aluna perguntou: Os alunos que têm mau
118
comportamento vão poder ir no passeio? quando ele respondeu que sim, a sala ficou
vibrando bastante, não paravam de gritar. Apesar do barulho, o professor fez a chamada
pelo número de cada um, eles respondiam aleatoriamente. O professor continuou uma
atividade explicando algumas palavras de um texto que ele havia dado. Percebi que alguns
alunos não tinham o texto.
- continuação da atividade.
Continuação do vocabulário:
Indústria Conjunto das unidades produtivas urbanas que existem numa região;
fábrica.
Prejudicar – tirar vantagem sobre alguém, atrapalhar.
Rudimentares – simples, tosco, pouco elaborado, com poucos recursos.
Teares – máquina usada para juntar os fios e fazer os tecidos.
Têxtil relativo à fabricação de tecidos (setor têxtil, parte da indústria de um país/
região que produz tecidos).
Tecelagem – ato de tecer (produzir um tecido).
O professor pediu silêncio para os alunos durante toda a aula, inclusive fazia
menção à minha presença ali. Eles brincaram com os cadernos, batucaram na mesa
cantando música, repetiam a fala do professor e não escutavam o que ele falava, e muitos
não anotaram a matéria que o professor estava colocando na lousa. Ao final da aula os
alunos foram até a sua mesa, onde ele carimbava os cadernos e fazia anotações em uma
caderneta. Quando agradeci por me deixar observar a sua aula, ele me falou:
“É assim todos os dias, não repare a bagunça, não foi por que você estava aqui
que eles fizeram essa algazarra, eles não se interessam por nada, eles vem para a
escola somente para almoçar.
Analisando o conteúdo da aula e o depoimento do professor, não foi possível
perceber qualquer tipo de participação dos alunos ou de interesse, durante os quarenta e
cinco minutos que permaneci ali. A 8ªC estava entrando, fazendo o mesmo barulho e
conversando alto. O professor disse: Não esqueçam que vou olhar os cadernos no final da
aula, vou anotar quem não escrever nada.” A matéria já estava na lousa e os alunos apenas
tinham que copiar, mas eles levantavam e brincavam, chegaram a brigar por causa de um
boné.
Observei a aula de História na 8ªA. O professor Geraldo falou sobre as inscrições
para as escolas técnicas.
119
Após a explicação, alguns alunos do Grêmio foram retirados para uma pequena
conversa. A matéria iniciou e ele fez uma ótima explicação para os alunos da aula que ele
estava colocando na lousa. Brincou bastante com os alunos e conseguiu a atenção de todos.
O professor deixou a sala descontraída e os alunos conseguiram entender o que ele estava
falando. Ele era novo na rede da Prefeitura, não era um professor efetivo, foi contratado
para suprir as necessidades de falta de professor nas escolas. Com sua experiência, dando
aulas em cursinho particular, conseguia atrair os alunos para o conteúdo que estava
ministrando. Os alunos participavam da aula, faziam perguntas e brincavam. Ele
demonstrava interesse pelos alunos, estava preocupado em trazer informações novas e
estimulava a turma.
Presidente – Collor - 1989
1º Presidente eleito com voto direto após a Ditadura Militar (sufrágio universal)
Candidatos:
Leonel Brizola;
Mário Covas;
Pedro Geraldo Costa;
Lula
2º turno: Lula X Collor
Condições para ser presidente:
Ser brasileiro;
ter mais de 35 anos;
Direitos Políticos.
1989 – Fim do socialismo
Real – Quebra do muro de Berlim
Nova –Era – Neo – Liberalismo (Conjunto de ideologias/ idéias/ privatização)
Estado pequeno – não tem serviços públicos para atender o povo.
Estado Mínimo – Estado com iniciativa privada – privatizações.
Cozinha da escola / Limpeza = Terceirização dos setores públicos
Privatizações no Governo Collor :
Bancos;
Mineradoras;
Ferrovias;
Rodovias.
120
Quando a aula terminou ele veio ao meu encontro e começou a conversar comigo
dizendo:
“Você gostou da aula? Nessa escola dou essa aula de História e aula de
Geografia, para algumas turmas. Essa turma é muito boa, mas as outras não
acompanham o que eu tento explicar. Muitas vezes essa escola parece um hospício.
Dou aulas em outra escola da prefeitura e em um cursinho particular. Estou
tentando passar um pouco de cultura para esses alunos, mas muitos não
aproveitam aquilo que tentamos fazer.”
Além da disciplina de História o professor Geraldo ministrava a aula de Geografia
para a turma da 8ªA. Ele fez a chamada através do número dos alunos, verificando-se 30
alunos na sala, e disse que continuaria a matéria da aula passada.
Cont.
e a disciplina dos trabalhadores, exigiram seu comportamento populacional, durante
a década de 1970 surgiu o comércio internacional, como passaram a ser chamados
“Tigres Asiáticos”, que passaram a exportar todos os países do mundo.
(1ª Geração) – Cingapura – Taiwan, Coréia do Sul e Hong Kong.
Coréia do Sul, ultrapassou os dólares em 11 mil, Taiwan, passou de 15 mil dólres e
Hong Kong também ultrapassou a 15 mil suas reservas percáptas anual, divisão do
P.I.B. por habitante. No início de 1980 também a Tailância, a Malásia e a Indonésia
tornaram-se potências exportadoras formando a 2ª geração dos tigres asiáticos.
(2ª Geração) A Tailândia era apenas um importante produtor de arroz até oculo
XX. A agricultura respondia pela metade da riqueza produzida pelo país.
A Malásia, tornou-se independente em 1957.
O crescimento acelerado do país foi baseado em recursos naturais, principalmente a
madeira. Hoje a Malásia também se destaca como produtora de borracha e estanho,
este país também investe na extração da Amazônia brasileira.
A modernização da Indonésia foi conduzida com mãos de ferro pelo General
Suharmo, um dos mais poderosos ditadores do Sul da Ásia assumiu o poder em
1966 e permaneceu até o final da década de 1990, e o país que registra a pior renda
percápta. Seus produtos de exportação, além de arroz, petróleo e automóveis.
A matéria foi explicada após cópia dos alunos e todos da 8ªA Os alunos mantinham
uma relação boa com o professor. Eles perguntavam e o professor explicava o conteúdo.
Ele disse que na aula seguinte daria uma prova.
Logo ao final da aula, ele veio novamente ao meu encontro e comentou:
“Sabe, eles são interessados. Você está terminando o mestrado? Concluí meu
mestrado na USP esse ano.”
121
A 8ª B e a C também tiveram aula nesse dia e a matéria foi a mesma. Apesar dos
alunos conversarem e brincarem um pouco durante as aulas, o professor procurava brincar
para chamar a atenção e dizia: Garoto, você que está com esse boné bonitinho na minha
aula, presta a atenção, é importante para você.” Os meninos demonstravam respeito pelo
professor e gostavam da maneira que ele falava. Eles não ficavam brincando com os
cadernos ou conversando com os colegas, os alunos ficavam à vontade com o professor,
que demonstrava interesse pelo sucesso dos alunos, demonstrando que eles eram capazes de
entender a matéria que estava sendo exposta.
No dia seguinte o professor retomou a matéria da aula anterior e aplicou a prova
para os alunos. Na 8ªA estavam presentes 32 alunos.
Nome : ________________________________nº ______ série _______
Prova Ímpar
1-) Qual é a preocupação dos Tigres Asiáticos, que tem como base a
industrialização?
2-) Quais são os fatores que tiveram sua importância nos Tigres Asiáticos?
3-) Quais os países da 2ª Geração dos Tigres Asiáticos e /qual sua importância?
Prova Par
Nome __________________________________nº______série________
1-) Assinale (X) verdadeiro ou falso:
a-) Os novos Tigres Asiáticos surgiram a partir da 2ª década do século XX?
( ) Verdadeiro ( ) Falso
b-) Qual é o menor dos Tigres Asiáticos?
( ) Hong Kong
( ) Cingapura
( ) Taiwan
( ) Coréia do Sul
2-) Explique sobre Taiwan:
3-) O que aconteceu a partir de 1960 no Sudeste Asiático?
4-) Quais foram os fatores que tiveram sua importância nos T.A.?
Alguns alunos reclamaram das perguntas, mas fizeram silêncio para resolver as
questões. O professor dizia: “Vocês são capazes de responder essas questões.”
Analisando-se a atuação desse professor verifica-se a diferença de atitude quando
comparada às dos demais professores. Seu relacionamento com as turmas não tinha o peso
das rotulações de anos interferindo como nas demais disciplinas. Além disso foi um
professor que conseguiu ter uma visão positiva e conseguir um resultado mais envolvente
com a expectativa de que eles conseguiriam fazer as atividades profecia auto realizadora
122
positiva, segundo Rosenthal e Jacobson (1989). Este é o exemplo típico do contraponto, em
que a mudança de atitude do professor leva a mudança no alunado, ou seja a relação é bi-
lateral.
Observei a aula de Inglês com a professora Ilma, ela estava com a turma da B,
com 25 alunos na sala, aplicando uma atividade para nota. A professora anotou a atividade
na lousa e pediu para que fizessem individualmente.
August 15, 2007.
Nome : _________________________________________
Atividade para nota.
Traduza
He, what day was yesterday?
Did you go to school?
Wasn’t at school?
2-) Escreva em inglês:
a.)Ontem foi segunda-feira.
b.) Minha mãe não estava bem.
c.) Eu não vi você.
Apesar da professora pedir para que fizessem individualmente, alguns alunos se
reuniram para realizar a atividade.
Em um outro dia, observei a aula com a turma da A. Ela passou a matéria na
lousa, continuando a matéria que havia passado na aula anterior.
October 22 , 2007.
1 – Responda em português as perguntas abaixo de acordo com o texto.
At the movies.
a-) Quem foi ao cinema a noite passada?
b-) O que ela assistiu?
c-) O que aconteceu no filme?
d-) O que Karina fez após assistir ao filme?
2 – Escreva em inglês:
a-) Eu fui ao cinema à noite passada.
b-) Karina escorregou numa casa de banana.
c-) Um gato mau caiu.
d-) Ele levantou-se.
e-) Ele atirou um ovo em seu rosto.
f-) bob saiu do cinema.
123
Vocabulary
At the – no
Movies – cinema
Went to – foi ao
Last night – noite passada
And – e
She – ela
Saw – viu
An – um
Amusing – diferente
Film – filme
In it – nele
Fat short – gordo baixo
Man – homem
Slipped – escorregou
On a – numa
Skin – casca
Fell down – caiu
When – quando
Got up – levantou-se
A bad boy – garoto mau
Threw – atirou
An egg - um ovo
On he – em seu
Face – rosto
Every body – todos
Laughd – riram
Didn’t like – não gostou
Left - saiu
Fez a chamada e pediu para que eles tentassem copiar e respondessem as questões.
Veio ao meu encontro e começou a falar sobre as turmas:
“Os alunos da 8ªA são interessados, todos copiam a atividade da lousa e procuram
resolver os exercícios entre eles. Eles se ajudam bastante, totalmente diferentes dos
alunos da 8ªC, onde muitos não tem caderno até hoje. Tanto os alunos da 8ªB como
da 8ªC conversam muito e não acompanham a matéria.”
Após alguns minutos, os alunos começaram a escrever as respostas na lousa e a
professora dava conceito e fazia anotações dos alunos que participaram da aula. Os alunos
que participaram da aula eram os mesmos que participavam de todas as aulas. Apesar da
professora fazer as anotações dos alunos que participavam, para aqueles que não se
124
dispunham a participar, não era feito nenhum tipo de cobrança para participação. Somente
ao final da aula a professora passava entre as mesas supervisionando os cadernos.
As aulas de Educação Física eram fora do período e a professora reclamava bastante
da presença dos alunos na sua aula. Durante a pesquisa não foi possível acompanhar os
alunos as aulas de Educação Física, por causa dos horários de aulas da pós- graduação;
somente encontrei a professora durante o intervalo na sala dos professores.
3.2. Sala de leitura e sala dos professores
O mês de novembro estava acabando e finalmente os alunos teriam aula na Sala de
Leitura, pois a professora estava voltando de uma licença maternidade e eles ficaram sem
aulas durante todo o 2º semestre. Quando perguntei para a professora com quem eles
ficaram durante esse período, ela respondeu: “Os alunos ficavam com aula vaga, ou eram
dispensados mais cedo,” contrariando o proposta de que outro professor ou agente
assumisse as turmas, sobretudo em se tratando de um semestre todo, algo previsto pela
escola, pois se tratava de licença longa.
Nesse dia, acompanhei a turma da 8ªC, com apenas 12 alunos na sala de aula. A
professora leu o livro: Os príncipes do destino- histórias da mitologia afro-brasileira. Eles
estavam reunidos em duplas, para a leitura do livro e participavam da aula, comentando
suas vivências sobre o assunto. Eles acompanhavam e falavam: “Já ouvi falar do
candomblé, meu vizinho é metido com essas coisas. A mulher dele fala que coisas, eu
não chego nem perto daquela casa.” A conversa estava muito interessante, contudo ela foi
chamada na secretaria para resolver um pequeno problema e os alunos ficaram conversando
entre eles. A professora entrou na sala, o sinal bateu e ela perguntou quem gostaria de fazer
empréstimo de livros. Poucos alunos foram ao seu encontro, pois eles seriam dispensados
após a sua aula. Estavam apressados para sair.
Durante o mês de agosto os alunos foram dispensados várias vezes mais cedo por
falta de professor. Alguns reclamavam que não tinham para onde ir, pois a mãe havia saído
para trabalhar e não tinham a chave de casa, sendo assim eles permaneciam no pátio da
escola, ou entravam na sala de um colega com a permissão da professora. A A não foi
dispensada tantas vezes como a 8ªB e a 8ªC. A última semana do mês de agosto foi
125
praticamente perdida para os alunos, pois ocorreu uma Parada Pedagógica, uma paralização
de professores, dispensa por falta de professores e uma Reunião de Pais, oportunidades em
que todos os alunos foram dispensados.
Durante essa semana permaneci na sala dos professores analisando os prontuários
dos alunos e conversando com aqueles que ali adentravam. A professora Cida (professora
de Ciências) conversou bastante comigo sobre a situação dos alunos das oitavas série.
“Os alunos da 8ªA foram selecionados desde a série, o os melhores da escola,
apesar de ser uma sala volumosa o dia rende. Os alunos da 8ªB melhoraram
bastante do começo do ano até agora, apesar de conversarem bastante e serem
agitados. Os alunos da 8ªC, foram os excluídos, a turma foi formada, mas muitos já
desistiram ou pediram transferência, pois eles não agüentam, eles sabem que são
os piores alunos da escola, não por comportamento, mas não conseguem aprender.
A sala não tem uma continuidade, eles ficam espalhados, não existe um
companheirismo. Não concordei com esse tipo de separação das turmas, mas existe
um quadro de professores antigo na escola e eles procuram selecionar os alunos
dessa maneira. Os alunos são dispensados sempre, quando não é por falta de
professor é por que tem que fazer a entrega do leve-leite. A escola dispensa nos
dias da entrega do leite, pois os alunos maiores pegam o leite dos alunos menores,
fazendo um tipo de pedágio. Toda a semana a escola tem um número grande de
brigas entre os alunos. A indisciplina é um problema muito grande nessa escola.”
É possível notar por esse depoimento que não eram todos os professores que
concordavam em manter esse tipo de classificação dos alunos tentando organizar salas
homogêneas para aprender. Entretanto, ela própria tinha atitudes diferentes nas salas
embora tenha tido bom trabalho com a 8ªC quando da observação.
Ao final do mês de agosto os professores haviam colocado o número de dias
letivos que faltava para acabar o ano.
O mês de outubro foi bastante conturbado, ocorreram diversas dispensas de aula.
Durante esse mês houve a Semana da Criança, onde ocorreram os campeonatos de
futebol; também houve reunião de professores, Dia dos Professores (feriado), falta
demasiada de professores, dispensa da escola inteira pela morte do marido de uma
professora. Os alunos que não participavam das aulas de Educação Física que ocorriam fora
do período de aula, não compareceram à escola durante o campeonato.
126
No mês de novembro ocorreu uma Mostra de Arte, conforme o projeto, contudo, os
alunos tiveram que ser dispensados para a escola ser preparada para a festa, que aconteceria
no sábado.
As provas estavam para começar. Os alunos durante o mês de novembro teriam a
Prova São Paulo e a Prova Brasil, sendo assim eles continuavam sendo dispensados.
Quando as turmas de 5ªs e 6ªs séries faziam as provas, as outras turmas não teriam aula e
assim vice-versa. A escola inteira ficava impossibilitada de trabalhar, pois a acústica da
escola realmente era ruim. O barulho do pátio entrava dentro das salas tornando impossível
a presença de todos os alunos na escola para a realização das provas ou para acompanhar as
aulas.
A professora Márcia tentou preparar os alunos para realizar as provas. Formou
turmas com os alunos interessados, e procurou dar as orientações necessárias para que eles
fossem bem. Alguns alunos foram dispensados de comparecer na escola nesses dias de
avaliação, pois apresentavam muita dificuldade.
Durante esse mês ocorreram novas dispensas, pois os professores realizaram uma
Reunião Pedagógica, com assessoria de uma professora da USP, que falou sobre
indisciplina. Analisando o calendário, notei que esse dia constava como sendo de dia letivo,
ou dia de aula. Quando questionei a auxiliar sobre a dispensa dos alunos, ela comentou que
a Coordenadora trocou o dia da Reunião Pedagógica, pois a professora que daria a
assessoria só poderia comparecer naquela data.
A partir de de dezembro as aulas estavam sendo encerradas e os alunos não
compareceram mais na escola, aguardando a reunião para saber se seriam ser aprovados ou
retidos.
Analisando-se as atuações dos professores nas 37 sessões de observação e em outras
oportunidades, não se verificou referências ao PEA, ou seja, a prioridade estabelecida nesse
Projeto da Escola para o semestre não sofreu efetividade ao longo das aulas, pois nenhuma
ênfase ou comentário foi observado.
Presenciei vários momentos interessantes na sala dos professores nos dias em que as
turmas eram dispensadas. Em um desse dias, percebi a preocupação da auxiliar de período
envolvida com os problemas da escola e com os problemas dos alunos. Ela chamou uma
mãe para conversar sobre o uso de bonés pelos alunos e foi muito atenciosa com a mãe,
127
dizendo que aqueles bonés faziam parte de um grupo de garotos e garotas que se reuniam
para sair e brigar nas ruas do bairro. Eles usavam bonés iguais, com as mesmas cores, para
se identificarem com aquele determinado grupo. Ela falava para a mãe tomar conta do seu
filho, pois ele estava usando o boné e já estava se envolvendo em confusão nos arredores da
escola. Dentro da escola não era permitido o uso dos bonés, mas eles ficavam durante o
intervalo mostrando e se reunindo em grupos, provocando os outros alunos, era como se
estivesse formando uma gangue, pois sempre na saída da escola eles estavam se
enfrentando. Achei interessante a preocupação daquela auxiliar que, apesar de não ser sua
função, estava tentando ajudar.
Os professores conversavam sobre seus problemas particulares e falavam sobre a
escola. A professora Paula comentava de seu filho que fez todo o ciclo II no colégio
particular e não estava conseguindo se acostumar com o Colégio Técnico, sendo bem
provável sua volta para o antigo colégio. Ela reclamava um pouco do preço, mas dizia que
faria qualquer coisa que fosse melhor para ele, inclusive trabalhando em três períodos.
Em uma outra ocasião eles estavam preparando a festa da “Mostra de Arte e
Cultura”. Todos os professores estavam muito envolvidos com os preparativos da festa,
pois os alunos iriam fazer apresentações. Na sala dos professores havia uma máquina de
costura, onde os professores costuravam as roupas das meninas e dos meninos, feitas de
TNT, comprados com o dinheiro da APM. As apresentações aconteceriam no sábado, para
a reposição de um dos dias de emenda de feriado.
A festa realmente foi um sucesso, a comunidade compareceu em peso na escola e
todos estavam felizes com o resultado. Eles falavam: “Vocês viram como as meninas
estavam arrumadinhas?” “Eles gostam de participar.” “Sempre tem um que quer
estragar, mas esse ano foi muito bom!”
Na semana das Prova São Paulo e Prova Brasil, os professores estavam indignados,
pois acharam muito difícil para alguns alunos e comentavam: Como eles vão conseguir
fazer todas aquelas questões?” “A professora Márcia é boba de preparar esses meninos
agora, você acha que eles estão interessados em alguma coisa?”
Durante a semana das provas os professores demonstravam um certo nervosismo,
pois eles não poderiam acompanhar seus alunos, inclusive, uma professora readaptada
estava brava com os Coordenadores, pois ela deveria acompanhar uma das turmas e dizia:
128
“Tenho laudo médico, não posso falar alto, amanhã não terei voz nem para falar bom dia,
para vocês.” Era possível sentir o nervosismo de toda a escola com aquelas provas pois os
resultados levam a classificações municipais e nacionais.
A Coordenadora Pedagógica não era uma pessoa totalmente presente na escola, pois
ela estava sempre em curso, oferecido pela Coordenadoria de Educação.
As aulas terminaram na última semana do mês de novembro. Na primeira semana
de dezembro estavam agendados os Conselhos de Sala e as Reuniões Pedagógica e de Pais.
Os professores estavam corrigindo as provas para realizar o Conselho e falavam:
“Eles cometem erros absurdos.” “Só quero ver como vai ser esse Conselho nesse ano.”
Não participei do Conselho de Classe, pois, apesar de ter sido pedido, a
Coordenadora não autorizou a minha entrada. Presenciei a Reunião de Pais.
Nessa reunião, as professoras estavam nas salas esperando que os pais chegassem.
Anexada nas portas estava a série pela qual aconteceria a reunião.
Aguardei os pais entrarem. Na sala da 8ªB poucos pais entraram, na da C não
entrou nenhum, e na da A praticamente todos os 35 pais compareceram. Pode-se
entender que os pais da C não estivessem, pois a expectativa estava lançada tempos
sobre seus destinos.
Entrei na sala para assistir a reunião da 8ªA. A professora Coordenadora da sala era
a Professora Paula. A professora chamava o responsável, maior de 18 anos, na sua mesa e
apresentava a nota e conversava um pouco sobre cada um. Para algumas mães ela dizia: A
melhor escola para seu filho é no centro da cidade, pois é um aluno esforçado e muito
inteligente, ele não deve ir para essa escola do bairro, pois ele precisa de um ensino de
qualidade. Eu leciono naquela escola e sei que a qualidade dos alunos que freqüentam não
é boa para seu filho.” Para outros ela dizia apenas:”Seu filho passou com a aprovação do
Conselho da escola, para o ano de 2008 ele precisa estudar e se dedicar mais.” As mães
estavam apreensivas na reunião, esperando o que a professora falaria de seus filhos. Para
uma outra mãe ela falou:”Seu filho passou com louvor mãezinha”. Apesar de ser a melhor
sala, sete alunos foram retidos. A professora comentava com algumas mães que o filho
ficou retido por faltas, ou por que não se comportou adequadamente durante todo o ano,
brincou demais.
129
A reunião estava terminando e escutei um barulho no corredor das salas. Saí e fui
verificar o que estava ocorrendo. Era uma aluna da 8ªC chorando aos prantos, sendo
acalmada por sua colega de sala (a aluna que tinha miopia e pouco enxergava a lousa da
escola). A aluna que estava chorando era aquela que procurava se sentar sempre na
primeira carteira. Ela chorava e dizia que se ela não passasse de ano, sua avó bateria muito
nela. A colega dizia que já era a segunda vez que ficava retida e que ela não se preocupasse,
pois no final dava tudo certo. Conversei com a aluna e pedi que ela conversasse com a
professora, pois ela ainda não sabia realmente o resultado. Ela esperou um pouco e entrou
na sala de reunião. Aguardei a aluna sair e fui conversar com a professora que estava
coordenando a reunião. Era a professora Cida.
A professora começou a conversar comigo dizendo:
“Você está vendo o resultado? Praticamente todos ficaram retidos. Esse tipo de
separação das turmas não dá resultado, mas os professores antigos não conseguem
perceber isso. Espero que para o ano seguinte elas comecem a refletir e estudar a
possibilidade de não separar os alunos pelos conceitos.”
Analisando o depoimento dessa professora, verifica-se que ela percebia a
necessidade da organização das salas de uma maneira mais heterogênea, não excluindo
nenhum aluno. Entretanto, o que se verificava não era a tentativa de homogeneidade mas a
rotulação atribuída a essas classes a partir da classificação dos alunos e todos os
mecanismos utilizados pela escola - organização das classes, Conselho de Escola,
suspensão contínua de aulas, procedimentos e conteúdos diversos para cada turma para
manter os conceitos ao longo dos anos.
130
Considerações Finais
A proposta deste trabalho foi de analisar a inclusão e exclusão escolar de alunos no
último ano do ciclo II, verificando por quais razões os alunos apresentam sucesso ou
fracasso escolar. O tema fracasso ou sucesso escolar é um tema complexo que ainda carece
de mais pesquisas, estudos, reflexões e debates. A pesquisa apresentada não teve a
pretensão de esgotar o assunto e nem generalizar os resultados encontrados, pois foi
realizada com poucos sujeitos, portanto não cabem conclusões, somente algumas
considerações, reforçando aspectos essenciais para a compreensão das facetas da exclusão
escolar.
Este trabalho surgiu devido à detecção de dificuldades enfrentadas por parte dos
alunos do ciclo II em apresentar bom desempenho. Segundo eles, as faltas dos professores,
o descaso de alguns profissionais da educação, nas salas de aula faziam com que a escola
não se tornasse um ambiente propício para aprender, ou mesmo freqüentar. No decorrer dos
estudos da pós-graduação surgiu a possibilidade de investigar uma situação específica onde
também ocorriam problemas similares.
Por esse motivo, optou-se por investigar os pormenores da organização da escola na
sua relação com os conceitos obtidos pelos alunos, procurando explicitar relações existentes
entre as ações da escola, dos professores e dos alunos no processo de ensino.
Retomando a trajetória da pesquisa percebe-se a adequação da decisão por
investigar as 8ªs séries dessa escola, problematizando as práticas internas da mesma.
Mediante os procedimentos teórico-metodológicos foi possível obter diversidade de
informações e atingir os objetivos propostos, verificando como a escola procede para
produzir inclusão e exclusão escolar de alunos das camadas populares promovendo a
produção de fracasso ou sucesso diante das desigualdades iniciais entre eles.
Desde o início nessa escola foi possível verificar que as 8ªs séries eram apenas a
ponta de um processo bem mais longo de classificação. As 8ªs séries eram conceituadas
com adjetivos: “boa”, “média” e “ruim”, respectivamente, recebendo as diferenciações por
letras 8ª A, 8ª B e 8ª C.
131
Essa hierarquização se manifestava na escola mais de quatro anos. O
atendimento era diferenciado a partir da classificação feita ao final do Ciclo I quando os
alunos passaram para o Ciclo II marcados por avaliações constantes nos seus prontuários.
Foi constatado nesta pesquisa que apesar de existir uma concepção pedagógica
sobre a existência de diversidade cultural, inevitável dentro de cada sala de aula, a escola
continuava criando turmas homogêneas a partir das supostas características dos alunos,
excluindo aqueles que não conseguiram alcançar os objetivos traçados pela própria escola.
Ficou evidente que alguns professores disseram reconhecer que essa não era a melhor
maneira de formar turmas, selecionando os bons, médios e ruins; contudo os professores,
apesar de terem boa formação acadêmica, tendo alguns cursos de s-graduação,
continuavam atuando seguindo as conceituações disseminadas pela cultura escolar.
Com a exceção do professor de Geografia, todos os professores se manifestavam
sempre na mesma direção elogiando a A e apontando os problemas da C e
dissimulando a atuação na 8ª B, que era “intermediária”.
Ao longo do semestre também se observou que a escola não oferece opções para
seus alunos reverterem a situação de fracasso escolar. Durante a pesquisa não foi observada
nenhuma estratégia de recuperação paralela aos alunos em dificuldades de aprendizagem na
escola. A constatação dos dados demonstrou que a escola continuou responsabilizando o
aluno, sua condição pessoal, pelo fracasso ou sucesso escolar.
A escola toda classificava e rotulava, usando categorias de “alunos bons”, “alunos
ruins”, ou mesmo “alunos disciplinados”, ou “indisciplinados” acreditando que dessa
maneira, estaria ajudando os mais interessados. Quanto mais os professores julgavam e
rotulavam seus alunos, acreditando que eles não conseguiam aprender, mais eles de fato
não aprendiam. Aqueles que os professores acreditavam ser alunos capazes de aprender, de
fato, tiveram sucesso e continuariam sendo bem sucedidos, conforme se viu nos
comentários aos pais de “bons alunos”. Esses julgamentos realizados pelos professores
eram legitimados pelos Conselhos de Classe, que selecionavam os alunos conforme seus
adjetivos. Os alunos percebiam a dinâmica da seleção e conforme fala da professora Cida,
eles “não agüentam” e saiam da escola, pois sabiam que seriam reprovados.
As atividades realizadas pelos alunos a partir do que os professores orientavam
eram de cópia da lousa, exercícios para completar, problemas matemáticos para resolver de
132
modo bem mecânico. O que mais levava os alunos a fazer algo diferente foi a disciplina de
Artes e de informática. No entanto, nas conceituações o professor de Artes foi pródigo em
fornecer conceitos NS aos alunos dando a impressão de que queria, apenas, mantê-los
ocupado.
A participação dos alunos em sala era muito desigual nos diferentes componentes e
nas diferentes turmas conforme se verificou no capítulo 3. Participavam bem das aulas de
Geografia, pareciam participar das aulas de Português e Matemática, mas se percebia que
muitos alunos não cumpriam o que se pedia. Em geral os alunos da A participavam mais
cumprindo as tarefas. Em muitos momentos e em todos os componentes foi possível
observar que não havia ênfase na solicitação por empenho nas atividades. Com isso, muitos
alunos que não realizavam as atividades, não obtinham explicações adicionais ou anteriores
para compreensão, e a situação tendia a se agravar. Poucas foram as situações
observadas de real atendimento às necessidades dos alunos.
A metodologia dos professores nas diferentes turmas era basicamente a mesma,
contudo o conteúdo oferecido era completamente diferente, ou seja, aqueles que sabiam
mais recebiam mais, aqueles que apresentavam dificuldade, conforme depoimento da
professora Paula, “não tem condições de acompanhardeterminados conteúdos. Assim, as
tarefas mais complexas eram oferecidas somente para os alunos “bons” e as tarefas mais
simples, com finalidades simplificadas, eram para os alunos “médios” e “ruins”.
Durante as observações e a ampla convivência no campo pesquisado me levaram a
confirmar a hipótese de que as ações da escola e as práticas curriculares sedimentadas no
cotidiano escolar legitimaram a exclusão e a inclusão, ao lado da visível assimetria na
avaliação dos alunos quando se cotejam as disciplinas do currículo, mesmo com a
organização do ensino em ciclos, permaneceram os mecanismos de exclusão dos alunos..
Verificou-se que a produção do sucesso e do fracasso escolar foi uma questão
institucional, perpassando a atuação de todos os agentes da escola, seja pelas classificações
efetuadas, seja pela manutenção delas ao longo dos anos, seja pelos órgãos que decidiram a
vida dos alunos ou, ainda, pela atuação da equipe dirigente, omissa muitas vezes em prover
condições ou alterá-las para outra direção, ou mesmo providenciar substituições e não
suspensão de tantas aulas que agravavam a precariedade do atendimento. Essas ações no
133
interior da escola demonstram traços fortes da cultura escolar, que propiciam a inclusão ou
a exclusão escolar de alunos.
134
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que estabelece diretrizes para a Política de Atendimento a Crianças, Adolescentes, Jovens e
Adultos com Necessidades Educacionais Especiais no Sistema Municipal de Ensino.
SÃO PAULO, Município. 2004c. Portaria SME 5.718 de 27 de dezembro de 2004.
Dispõe sobre a regulamentação do Decreto 45.415, de 18/10/04, que estabelece diretrizes
para a Política de Atendimento a Crianças, Adolescentes, Jovens e Adultos com
Necessidades Educacionais Especiais no Sistema Municipal de Ensino.
SÃO PAULO, Município. 2004d. Decreto SME 45.654, de 27 de dezembro de 2004.
Dispõe sobre a criação e organização das Salas de Leitura, Espaços de Leitura e Núcleos de
Leitura na Rede Municipal de Ensino.
SÃO PAULO, Município, 2005. Decreto 46.211, de 15 de agosto de 2005. Regulamenta
o Programa EDUCOM – Educomunicação pelas ondas do rádio.
SÃO PAULO, Município. 2006a. Portaria SME nº 3.669/2006 Diário Oficial do Município
de 26 de agosto de 2006. Dispõe sobre a organização e funcionamento do Laboratório de
Informática Educativa.
SÃO PAULO, Município. 2006b. Portaria 4.057 Diário Oficial do Município, 10 de
outubro de 2006. Dispõe sobre Projetos Especiais de Ação – PEAS.
SÃO PAULO, Município. 2006c. Portaria SME nº 4.144 Diário Oficial do Município de 17
de outubro de 2006 - Retificação da Portaria 3.669 (DOM de 26/08/2006) -Altera os
139
artigos e da Portaria SME 3.669, de 25/08/06, que dispõe sobre a organização e
funcionamento do Laboratório de Informática Educativa.
SÃO PAULO, Município. 2006d. Portaria SME nº 4.240 de 20 de outubro de 2006. Dispõe
sobre o Projeto “Ações de Apoio Pedagógico”.
SÃO PAULO, Município. 2006e. Portaria 4.144 Diário Oficial do Município de 17 de
outubro de 2006. Dispõe sobre a organização e funcionamento do Laboratório de
Informática Educativa.
SÃO PAULO, Município. 2007a. Portaria SME 4.903.Diário Oficial do Município, 02
outubro de 2007. Dispõe sobre a realização da Prova São Paulo 2007 nas unidades
educacionais da Rede Municipal de Ensino.
SÃO PAULO, Município. 2007b. Portaria SME 5.607 de 14 de dezembro de 2007.
Parágrafo Único. Dispões sobre ausência do professor orientador de informática e do
professor orientador de sala de leitura.
SAWAYA, S. M.. 2000. Alfabetização e fracasso escolar: problematizando alguns
pressupostos da concepção construtivista de alfabetização. Educação e Pesquisa, São Paulo
FEUSP, v. 26, n. 1, p. 67-81.
SIRINO, Marisa de Fátima e CUNHA, Beatriz Beluzzo Brando 2005. Repensando o
Fracasso Escolar: Reflexões a partir do discurso do Aluno. ANPED, Comunicação.
SOUSA, Sandra Maria Zakia Lian 1995. Conselho de Classe: um ritual burocrático ou um
espaço de avaliação coletiva. Idéias, São Paulo, v. 25, p. 45-60.
TRUZZI, Elisangela Aparecida. 2001. Eles são analfabetos, como posso ensiná-los?” A
ruptura entre a e a série e seus professores. UNESP/ Araraquara. Dissertação de
Mestrado em Educação Escolar.
140
ANEXOS
141
ANEXO I
Resultado da “Prova São Paulo” - 2007
142
Anexo I
Resultado da “Prova São Paulo” - 2007
1. Proficiências médias por disciplina e série
DISCIPLINA
PROFICIÊNCIAS MÉDIAS
2ª série 4ª série 6ª série
8ª série
UE
DRE SME
UE
DRE SME
UE
DRE SME
UE
DRE SME
Língua
Portuguesa 46,02 50,24 20,37 149,75 168,56 166,96 199,15 214,84 209,81 237,02 246,98 241,01
Matemática 42,04 49,47 50,38 156,08 174,41 173,37 198,00 213,87 210,29 245,50 254,17 247,88
2. Distribuição percentual dos alunos nas escolas, por disciplina
DISCIPLINA : Língua Portuguesa
DISTRIBUIÇÃO PERCENTUAL DOS ALUNOS NAS ESCALAS DE
PROFICIÊNCIA
2a. Série 5 20 35 50 65 80 95
SME
0,00 3,90 25,80 39,10 27,30 3,80 0,00
Unid. Escolar
0,00 5,08 35,03 42,13 16,24 1,52 0,00
DISTRIBUIÇÃO PERCENTUAL DOS ALUNOS NAS ESCALAS DE
PROFICIÊNCIA
4a. Série 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375
SME
12,50 14,40 18,60 20,20 18,20 11,20 4,50 0,60 0,00 0,00 0,00 0,00
Unid. Escolar
22,09 19,77 19,77 16,86 13,37 4,65 3,49 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
DISTRIBUIÇÃO PERCENTUAL DOS ALUNOS NAS ESCALAS DE
PROFICIÊNCIA
6a. Série 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375
SME
0,70 3,20 9,50 17,20 21,90 21,10 15,20 8,00 2,70 0,30 0,00 0,00
Unid. Escolar
0,00 6,60 10,38 26,42 17,92 21,70 10,38 5,66 0,94 0,00 0,00 0,00
DISTRIBUIÇÃO PERCENTUAL DOS ALUNOS NAS ESCALAS DE
PROFICIÊNCIA
8a. Série 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375
SME
0,00 0,50 1,50 6,80 15,20 22,90 23,00 17,60 9,40 2,90 0,10 0,00
Unid. Escolar
0,00 1,33 2,67 4,00 13,33 21,33 37,33 13,33 6,67 0,00 0,00 0,00
143
DISCIPLINA : Matemática
DISTRIBUIÇÃO PERCENTUAL DOS ALUNOS NAS ESCALAS DE
PROFICIÊNCIA
2a. Série 5 20 35 50 65 80 95
SME
0,00 3,90 25,10 40,60 25,90 4,60 0,10
Unid.
Escolar
0,00 7,65 47,45 35,71 8,67 0,51 0,00
DISTRIBUIÇÃO PERCENTUAL DOS ALUNOS NAS ESCALAS DE
PROFICIÊNCIA
4a. Série 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375
SME
6,70 13,00 19,50 23,60 20,60 11,70 4,00 0,80 0,10 0,00 0,00 0,00
Unid.
Escolar
13,53 19,41 22,35 23,53 15,29 5,29 0,59 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
DISTRIBUIÇÃO PERCENTUAL DOS ALUNOS NAS ESCALAS DE
PROFICIÊNCIA
6a. Série 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375
SME
0,00 0,80 5,60 17,00 29,40 28,10 14,10 4,20 4,20 0,70 0,00 0,00
Unid.
Escolar
0,00 0,00 10,58 22,12 36,54 26,92 3,85 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
DISTRIBUIÇÃO PERCENTUAL DOS ALUNOS NAS ESCALAS DE
PROFICIÊNCIA
8a. Série 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375
SME
0,00 0,00 0,00 1,00 12,50 26,20 28,50 20,60 8,80 2,00 0,30 0,00
Unid.
Escolar
0,00 0,00 0,00 0,00 14,08 32,39 22,54 19,72 9,86 1,41 0,00 0,00
Fonte: Prefeitura Municipal de São Paulo – EMEF “Henrique Pacheco”
144
ANEXO II
Questionário dos Professores
145
Anexo II
QUESTIONÁRIO - PROFESSORES
1 - Qual (ais) a(s) disciplina (s) que ministra nesta escola ?
( ) Português ( ) Matemática ( ) Inglês ( ) Educação Física
( ) Ciências ( ) Geografia ( ) Arte ( ) História
( ) Outra ______________________________
2 - Quantos irmão você tem? _______ 3 - Com quem mora? ___________________
4 - Qual a principal pessoa que mantém a sua família? ________________________
5 – Onde você mora ? _____________ Sempre morou neste lugar ? Sim ( ) Não ( )
6 – Caso contrário, faça uma lista dos lugares onde você morou : _______________
________________________________________________________________________
7 - Considero minha família pobre ( ) Não Considero minha família pobre ( )
8 - Como é sua moradia atualmente
9 - Quantidade dos itens abaixo disponíveis
em sua casa atualmente
MORADIA ATUAL SIM NÃO
Itens
NÃO
TEM
1 2
3 OU
MAIS
É casa Televisão
É apartamento Videocassete
É própria DVD
É alugada Radio
É cedida (
firma/quartel/parentes) Microcomputador
É de alvenaria Acesso a Internet
É de madeira Telefone Fixo
Localizada no centro da cidade Telefone celular
Localizada em bairro da cidade
Televisão por assinatura
Tem apenas 01 banheiro Geladeira
Tem 02 banheiros Freezer
Tem mais de 02 banheiros
Máquina de lavar roupa
Tem apenas 01 quarto Aspirador de pó
Tem 02 quartos Empregada
Tem mais de 02 quartos Automóvel
É em rua asfaltada
Tem água corrente da torneira
Tem eletricidade
Tem rede de esgoto
Tem serviço de correio
146
12 – O que você costuma ler ?
( ) Revista Qual ?
______________________________
( ) Gibi Qual ?
______________________________
( ) Livros Qual ?
______________________________
( ) Jornal Qual ?
______________________________
( ) Outros Qual ? ____________
13 – Que programas de TV você costuma assistir :
( ) Esporte ( ) Novela ( ) Desenho ( ) Filmes ( ) Programa humorístico
( ) Jornais ( ) Seriados ( )Reality Show ( Ex. Big Brother )
10 - Como era sua moradia na Infância
MORADIA - Infância SIM NÃO
Itens - Infância
NÃO
TEM
1 2
Era casa Televisão
Era apartamento Videocassete
Era própria Radio
Era alugada Microcomputador
Era cedida (firma/quartel/parentes) Acesso a Internet
Era de alvenaria Telefone Fixo
Era de madeira Telefone celular
Era Localizada no centro Geladeira
Era Localizada em bairro Freezer
Tinha apenas 01 banheiro Máquina de lavar roupa
Tinha 02 banheiros Aspirador de pó
Tinha mais de 02 banheiros Empregada
Tinha apenas 01 quarto Automóvel
Tinha 02 quartos
Tinha mais de 02 quartos
Era em rua asfaltada
Tinha água corrente da torneira
Tinha eletricidade
Tinha rede de esgoto
Tinha serviço de correio
11 - Sobre as práticas culturais hoje
QUESTÕES
Você freqüenta alguma biblioteca?
Caso sim, especifique qual e onde:
Você freqüenta assiduamente alguma religião?
Caso sim, especifique qual e onde:
Você é sócio de algum clube?
Caso sim, especifique qual e onde:
Você gosta de música?
Qual ?
Você é ou foi catequista ou monitor(a) em
Escolinha Bíblica ?
147
14 – Estabelecimento de Ensino em que estudou a maior parte do tempo de sua
escolaridade
Em escola Particular ( ) Em escola Publica ( )
15 - Período em que estudou a maior parte do tempo de sua escolarização
No Período matutino ( ) No Período vespertino ( ) No Período noturno ( )
16 - Sistema de Ensino que estudou a maior parte do tempo de sua escolarização
Em sistema regular de ensino ( ) Em sistema supletivo de ensino ou EJA ( )
17 - Sobre a formação profissional
QUESTÕES
SIM NÃO
QUESTÕES
SIM NÃO
Você cursou o Magistério no
Ensino Médio
Você fez ou faz curso de Pós
Graduação (Especialização,
Mestrado ou Doutorado)
Caso sim, especifique: Caso sim, especifique :
Ano de Início : Ano de Conclusão : Tipo :( ) Espec..( ) Mestrado ( ) Doutorado
Instituição : Nome do Curso :
Cidade : Ano de Início : Ano de Conclusão :
Você cursou o CEFAM no
Ensino Médio? Instituição :
Caso sim, especifique: Cidade :
Ser professor foi sua opção ?
Ano de Início : Ano de Conclusão : Caso não, especifique porque está exercendo
a profissão de Professor :
Instituição:
Cidade :
Você tem Nível Superior ? Você gostaria de ter feito outro
curso?
Caso sim, especifique : Caso sim, especifique o curso que gostaria de
ter feito e porque não fez :
Ano de Início : Ano de Conclusão :
Instituição : Alguém teve influência em sua
escolha pela profissão de
professor (a) ?
Cidade :
Caso esteja cursando o nível superior,
especifique : Caso sim, especifique quem :
Curso que está fazendo : Na sua família há alguém que é
Ano de início : Ano de Conclusão : professor ?
Instituição : Caso sim, especifique quem :
Cidade :
Caso não tenha nível superior, especifique
porque você não fez :
148
18 - Situação como
Professor(a) na rede
municipal
19 - Tempo de Serviço
como Professor
20 - Tempo de Serviço
na Prefeitura
Professor Titular Entre 01 a 02 anos Entre 01 a 02 anos
Professor Adjunto Entre 03 a 05 anos Entre 03 a 05 anos
Especifique: Entre 06 a 08 anos Entre 06 a 08 anos
Entre 09 a 11 anos Entre 09 a 11 anos
Entre 12 a 14 anos Entre 12 a 14 anos
Entre 15 a 17 anos Entre 15 a 17 anos
Entre 18 a 20 anos Entre 18 a 20 anos
Acima de 21 anos Acima de 21 anos
Acima de 21 anos Acima de 21 anos
21 - Atuação em outros
estabelecimento de ensino
22 - Período(s) de trabalho
no momento como
Professor(a)
23 - Exercício de
outra atividade remunerada
Apenas na rede
municipal
Trabalha um período :
manhã
Atua apenas como
Professor (a)
Na rede municipal e
estadual
Trabalha um período :
tarde
Realiza outras
atividades
remuneradas
Na rede municipal e
na rede estadual de
outra cidade
Trabalha um período :
noite
Caso exerça outra(s)
atividade(s) além de
Professor(a), Especifique
qual(is) :
Na rede municipal e
particular
Trabalha dois
períodos : manhã e
tarde
Na rede municipal e
na rede particular de
outra cidade
Trabalha dois
períodos : manhã e
noite
Na rede municipal,
estadual e particular
Trabalha dois
períodos : tarde e
noite
Outros
Trabalha três períodos
: manha, tarde e noite
Especifique : Outros
Especifique :
149
24 - Até que faixa de escolaridade seus familiares estudaram :
Níveis de Ensino Esposo(a) Pai Mãe
Avô
paterno
Avó
paterno
Avô
materno
Avó
materno
Não Estudou
1a. a 4a. Série
Incompleta ( Antigo
primário
)
1a. a 4a. Série Completa
5a. a 8a. Série
Incompleta ( Antigo
ginásio )
5a. a 8a. Série Completa
2o. Grau Incompleto
2o. Grau Completo
Ensino Superior
Incompleto
Ensino Superior
Completo
Pós-Graduação Lato
Sensu ( Especialização )
Pós-Graduação Stricto
Sensu ( Mestrado )
Pós-Graduação Stricto
Sensu ( Doutorado )
Não Sei
25 - Estabelecimento de Ensino em que seus familiares estudaram a maior parte do
tempo :
Estabelecimento Esposo(a) Pai Mãe
Avô
paterno
Avó
paterno
Avô
materno
Avó
materno
Não Estudou
Instituição Pública
Instituição Privada
Instituição Pública e
Privada
Não Sei
26 - Sistema de Ensino em que seus familiares estudaram a maior parte do tempo :
Sistema Esposo(a) Pai Mãe
Avô
paterno
Avó
paterno
Avô
materno
Avó
materno
Não Estudou
Sistema Regular
Sistema Supletivo
Não Sei
27 - Qual trabalho exercido por seus familiares: ( se aposentado no momento,
especifique em que trabalhava )
150
Trabalho exercido Esposo(a) Pai Mãe
Avô
paterno
Avó
paterno
Avô
materno
Avó
materno
Não trabalhava
No lar
Trabalhava em casa em
serviço : costura,
cozinha, aulas
particulares
Trabalhador informal (
sem carteira assinada )
Profissional liberal,
Professor ou técnico de
nível superior
Funcionário público do
Governo Federal,
estadual ou do
município, ou militar
No comércio, banco,
transporte ou outros
serviços
Na indústria
Na agricultura, no
campo, em fazenda ou
pesca
Não Sei
28 - Quantidade de Irmãos que seus familiares possuem :
Quantidade de Irmãos Esposo(a) Pai Mãe
Avô
paterno
Avó
paterno
Avô
materno
Avó
materno
Não tem irmão
Tem 1 Irmão
Tem 2 Irmãos(ãs)
Tem 3 Irmãos(ãs)
Tem 4 Irmãos(ãs)
Tem 5 Irmãos(ãs)
Mais de 6 Irmãos(ãs)
Não Sei
151
Responda as questões de 29 a 32
conforme a legenda :
1 – Nunca
2 – Algumas vezes
3 – Freqüentemente
29 - Indique com que freqüência você
tinha acesso em sua infância aos bens
culturais abaixo. Para responder
observe a legenda :
30 - Indique com que freqüência você
tinha condições econômicas em sua
infância para aquisição dos bens
culturais abaixo. Para responder
observe a legenda :
Acesso em sua casa
na Infância 1 2 3
Condições
econômicas na
infância para : 1 2 3
Livros Freqüentar teatros
Revistas Freqüentar cinema
Jornais Freqüentar clubes
Jogos ( Quebra-cabeça,
xadrez, damas )
Comprar livros
Palavras-Cruzadas Comprar revistas
Leitura
Comprar jogos(
Quebra-cabeça,
xadrez, damas )
Bibliotecas Comprar jornais
31 - Indique com que freqüência você
tem condições econômicas, atualmente,
para aquisição dos bens culturais
abaixo. Para responder observe a
legenda :
32 - Indique com que freqüência vo
costuma ir aos seguintes eventos. Para
responder observe a legenda :
1 2 3 1 2 3
Freqüentar cinema Teatros
Freqüentar clubes Cinemas
Comprar livros utilizados
no curso de Pedagogia
Shows de Rock
Tirar fotocópia dos
textos utilizados no
curso de Pedagogia
Danceterias, bailes,
bares com música ao
vivo
Comprar Livros
Shows de música
popular
Comprar revistas
Shows de música
sertaneja
Comprar jornais
Assiste filmes em fita
de vídeo ou dvd
Estádio esportivo
Clubes
Concerto de música
erudita
152
Responda as questões de 33 a 36
conforme a legenda :
1 – Raramente 2 – Quinzenalmente 3 – Diariamente
33 - Indique com que freqüência você realiza as atividades abaixo. Para responder
observe a legenda:
Gênero de Leitura 1 2 3 Gênero de Leitura 1 2 3
Assiste TV Digita no Computador
Ouve Rádio
Navega na Internet
Estuda ou toca algum
instrumento musical
Especifique o nome do Instrumento
musical caso você toque ou estude :
Fala ou estuda alguma
língua estrangeira
Especifique o nome da Língua estrangeira
caso você fale ou estude :
Faz ginástica, esporte,
ou alguma atividade
física
Especifique o nome do(s) Jornal(ais) que
você lê :
Acessa seus E-mails
Especifique o nome do(s) Jornal(ais) que
você lê :
Lê Jornal
Especifique o nome da(s) Revista(as) que
você lê :
Lê Revista
34 - Indique com que freqüência você
assiste os programas televisivos abaixo.
Para responder observe a legenda:
35 - Indique com que freqüência você
ouve os programas de rádio abaixo. Para
responder observe a legenda:
Programas Televisivos 1 2 3 Programas de Rádio 1 2 3
Esporte Musical
Filmes Informativo ( noticiário )
Novelas Popular ( interativo )
Minisséries Esportivo
Seriados Religioso
Noticiários
Variedades (musical, inf.
e entretenimento)
Documentários
Especifique o nome do programa de rádio
que você mais ouve:
Programas de
entrevista, e opinião e
debates
Programas políticos
Desenho animado
Entretenimentos
Humorísticos
Reality Shows
Programas religiosos
Especifique o nome do programa televisivos
que você mais assiste :
153
36 - Indique com que freqüência você
escuta os seguintes gêneros musicais
abaixo. Para responder observe a
legenda :
Gênero Musical 1 2 3
Jazz
MPB
Rock Nacional
Samba Tradicional
Pagode
Forró
Reggae
Funk
Música Clássica
Ópera
Rock Internacional
Música Sertaneja
Música Gospel
Especifique o nome dos cantores/ artista que
você mais ouve :
37 - Indique o grau de preferência quanto
às disciplinas que você gostava no
Ensino Fundamental até o Médio,
marcando a coluna que corresponda à
menor ou maior preferência.:
38 - Indique com que freqüência você
tinha dificuldade nas disciplinas que
você cursou no Ensino Fundamental
até o Médio. Para responder escolha do
menor ao maior ponto segundo o grau
de dificuldade.
Disciplinas 1 2 3 Disciplinas 1 2 3
Língua
Portuguesa
Língua
Portuguesa
Matemática Matemática
Ciências Ciências
Biologia Biologia
Química Química
Física Física
História História
Geografia Geografia
Artes Artes
Educação Física Educação Física
Ensino Religioso Ensino Religioso
154
ANEXO III
Questionário dos Alunos
155
Anexo III
QUESTIONÁRIO - ALUNOS
1 - Qual é a sua idade ? __________ 2 - Sexo : Masculino ( ) Feminino ( )
3 – Qual cidade você nasceu ?
________________________________________________________________________
4 - Você é :
Solteiro ( )
Casado ( )
Vive Junto ( )
5 - Quantos Filhos você tem ?________ 6 - Quantos Irmãos você tem ? __________
7 - Com quem mora ?
_______________________________________________________________________
8 - Qual a principal pessoa que mantém a sua família ?
_______________________________________________________________________
9 - Morou sempre aqui ? Sim ( ) Não ( )
10 - Faça uma lista de lugares onde morou antes : ( em São Paulo )
_________________________________________________________________________
11 - Considero minha família pobre ( )
Não Considero minha família pobre ( )
156
12 - Como é sua moradia atualmente
13 - Quantidade dos itens abaixo disponíveis
em sua casa atualmente
MORADIA ATUAL SIM NÃO
MORADIA
ATUAL
NÃO
TEM
1 2
3 OU
MAIS
É casa Televisão
É apartamento Videocassete
É própria DVD
É alugada Radio
É cedida
(firma/quartel/parentes) Microcomputador
É de alvenaria Acesso a Internet
É de madeira Telefone Fixo
Localizada no centro da
cidade Telefone celular
Localizada em bairro da
cidade
Televisão por
assinatura
Tem apenas 01 banheiro Geladeira
Tem 02 banheiros Freezer
Tem mais de 02
banheiros
Máquina de lavar
roupa
Tem apenas 01 quarto Aspirador de pó
Tem 02 quartos Automóvel
Tem mais de 02 quartos
É em rua asfaltada
Tem água corrente da
torneira
Tem eletricidade
Tem rede de esgoto
Tem serviço de correio
14 – Período do dia em que estudou a maior
parte do tempo de sua escolarização
Manhã
Tarde
Noite
15 - Sobre as práticas culturais hoje
157
QUESTÕES
SIM NÃO
Você freqüenta alguma biblioteca ?
Caso sim, especifique qual e onde :
Você freqüenta alguma igreja ?
Caso sim, especifique qual e onde :
Você gosta de música ?
Caso sim, especifique qual :
16 – O que você costuma ler ?
( ) Revista Qual ? _______________________________________________________
( ) Gibi Qual ? _______________________________________________________
( ) Livros Qual ? _______________________________________________________
( ) Jornal Qual ? _______________________________________________________
( ) Outros Qual ? _______________________________________________________
17 – Que programas de TV você costuma assistir :
( ) Esporte
( ) Novela
( ) Desenho
( ) Filmes
( ) Programa humorístico
( ) Jornais
( ) Seriados
( )Reality Show ( Ex. Big Brother )
158
18 - Sobre a sua escolarização
QUESTÕES
SIM NÃO
Sua família é exigente com relação a sua nota ?
Você sempre estudou na cidade onde mora ?
Caso não, explique :
Você ficou retido em alguma série ?
Caso sim, explique qual(ais) :
19 - A sua família ajuda em alguma tarefa da escola ?
( ) Nunca
( ) Às vezes
( ) Sempre
20 – Quais as matérias em que você vai melhor na escola ?
( ) Português
( ) Matemática
( ) Ciências
( ) História
( ) Geografia
( ) Inglês
( ) Arte
( ) Educação Física
Por quê?
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
159
21 – Qual é a matéria que você tem tido mais dificuldade na escola ?
( ) Português
( ) Matemática
( ) Ciências
( ) História
( ) Geografia
( ) Inglês
( ) Arte
( ) Educação Física
22 – Por que você acha que tem essa dificuldade ?
23 - Qual é a escolaridade da sua mãe ?
Não estudou ( )
Ensino Fundamental I – 1ª a 4ª série ( ) Completo ( ) Incompleto
Ensino Fundamental II – 5ª a 8ª série ( ) Completo ( ) Incompleto
Ensino Médio – 1º ao 3º ano ( ) Completo ( ) Incompleto
Ensino Superior ( ) Completo ( ) Incompleto
Qual ? ________________________________________________________
24 - Qual é a escolaridade do seu pai ?
Não estudou ( )
Ensino Fundamental I – 1ª a 4ª série ( ) Completo ( ) Incompleto
Ensino Fundamental II – 5ª a 8ª série ( ) Completo ( ) Incompleto
Ensino Médio – 1º ao 3º ano ( ) Completo ( ) Incompleto
Ensino Superior ( ) Completo ( ) Incompleto
Qual ? ________________________________________________________
160
25 – Você trabalha?
( ) SIM
( ) NÃO
CASO A RESPOSTA SEJA SIM , RESPONDA:
x O QUE FAZ?
______________________________________________________________
x
x ONDE TRABALHA?
______________________________________________________________
161
ANEXO IV
Ficha de Avaliação do PEA
162
Anexo IV
Ficha de Avaliação do PEA
Modelo I – Ficha de Auto-Avaliação Final do Projeto Especial de Ação –
PEA / 2007
Tema : Reconstrução do Currículo Através das Inteligências Múltiplas
Participante: __________________________________RF: ____________________
Cargo: __________________________Categoria Funcional____________________
I – APRECIAÇÃO DOS FATORES SOBRE OS COMPROMISSOS E
COMPROMETIMENTOS PROFISSIONAIS
(Valorização de: Plenamente Satisfatório – P ; Satisfatório – S; Não-Satisfatório – NS)
A – AUTO-AVALIAÇÃO
Fatores P ( ) Justifique ? S ( ) Justifique ? NS ( ) Justifique ?
1. Assiduidade
2. Pontualidade
3. Relacionamento
4. Interesse/
Participação
5. Organização
6. Conhecimentos
teóricos atualizados
7. Conhecimento x
Prática atualizada
B – CONSIDERAÇÃO SOBRE AUTO-AVALIAÇÃO
Consideração Global P( ) Justifique ? S ( ) Justifique ? NS ( ) Justifique ?
Data:___________ Assinatura: ______ _________________
C – PARECER DA EQUIPE TÉCNICA
Consideração Global P( ) Justifique ? S ( ) Justifique ? NS ( ) Justifique ?
163
Modelo II – FICHA DE AVALIAÇÃO DE GRUPO DO PROJETO
ESPECIAL DE AÇÃO – PEA / 2007
TEMA PROPOSTO: Reconstrução do Currículo Através das Inteligências
Múltiplas
GRUPO II – DO HORÁRIO COLETIVO : Dias da semana : 3ª e 4ª feiras –
das 17:05 ÀS 19:25
I – APRECIAÇÃO DOS FATORES SOBRE OS COMPROMISSOS E
COMPROMETIMENTOS PROFISSIONAIS
(Valorização de: Plenamente Satisfatório – P ; Satisfatório – S; Não-
Satisfatório – NS)
A – AVALIAÇÃO COLETIVA
Fatores P ( ) Justifique ? S ( ) Justifique ? NS ( ) Justifique ?
1. Assiduidade
2. Pontualidade
3. Relacionamento
4. Interesse/
Participação
5. Organização
6. Conhecimentos
teóricos atualizados
7. Conhecimento x
Prática atualizada
164
ANEXO V
Quadro - Funcionários da Escola
165
Anexo V
Quadro - Funcionários da Escola
de
cargos
Denominação de
Cargo
Ref. Jornada Semanal de
Trabalho
1 Diretor de Escola QPE – 17
40 Horas cumpridas dentro
da escola
1 Assistente de Diretor QPE – 15
40 Horas cumpridas dentro
da escola
02 Coordenador
Pedagógico
QPE – 15
40 Horas cumpridas dentro
da escola
22 Professor de Ensino
Fundamental |II
QPE – 14
JB – 18 +2
JEA-25 +5
JEI – 25 +15
1 POIE (professor orientador de
sala de informática)
QPE – 14
JEI – 25 +15
2 POSL (professor orientador de
sala de leitura
JB – 18 +2
JEA-25 +5
JEI – 25 +15
3 Auxiliar de Direção QPE – 14
JB – 18 +2
JEA-25 +5
JEI – 25 +15
4 Auxiliar Técnico de
Educação
QPE - 7
40 Horas cumpridas dentro
da escola
06 Agente escolar QPE - 3
40 Horas cumpridas dentro
da escola
01 Inspetor de Alunos QPE - 3
40 Horas cumpridas dentro
da escola
03 Agente de Vigilância QPE - 3
40 Horas cumpridas dentro
da escola
166
ANEXO VI
Quadro - Condições profissionais
167
Anexo VI
Quadro - Condições profissionais
Escola- Prefeitura
Municipal
de São
Paulo
Jornada semanal de
trabalho
Remuneração
inicial do
professor de
Ensino
Fundamental II
JB – 18 aulas +
2 Horas Atividade
QPE – 14
621,68
JEA – 25 aulas +
5 Horas Atividade
QPE – 14
932,52
JEI - 25 aulas +
7 Horas Atividade +
8
Horas de Projeto Coletivo
QPE - 14
1.243,36
Fonte: Sindicato dos Profissionais em Educação no Ensino Municipal
de São Paulo – SINPEEM – correspondente à fevereiro de 2007.
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