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Teobaldo Ricardo Cuya Guizado
ESTUDOS COMPUTACIONAIS DA INTERAÇÃO DE
PORFIRINAS E SEUS COMPLEXOS DE FERRO COM
ALBUMINA SÉRICA HUMANA
Dissertação de Mestrado
Dissertação apresentada como requisito parcial para
obtenção do grau de Mestre pelo Programa de Pós-
Graduação em Física do Departamento de Física da
PUC-Rio.
Orientadora: Sônia Renaux Wanderley Louro
Co-Orientador: Pedro Geraldo Pascutti
Rio de Janeiro, março de 2008
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Teobaldo Ricardo Cuya Guizado
Estudos Computacionais da Interação de Porfirinas
e seus Complexos de Ferro com Albumina Sérica Humana
Dissertação apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de
Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Física do Departamento de
Física do Centro Técnico Científico da PUC-Rio. Aprovada pela Comissão
Examinadora abaixo assinada.
Profa. Sônia Renaux Wanderley Louro
Orientadora
Departamento de Física – PUC-Rio
Prof. Pedro Geraldo Pascutti
Co-Orientador
UFRJ
Profa. Célia Anteneodo
Departamento de Física – PUC-Rio
Prof. Iouri Borissevitch
USP
Prof. André Silva Pimentel
Departamento de Química – PUC-Rio
José Eugenio Leal
Coordenador Setorial do Centro
Técnico Científico – PUC-Rio
Rio de Janeiro, 28 de março de 2008
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Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total ou parcial do trabalho
sem autorização da universidade, do autor e da orientadora.
Teobaldo Ricardo Cuya Guizado
Graduou-se em Física na Universidad Nacional Mayor de San Marcos
(Lima-Perú) em 1995 com ênfase em Física,
Iniciou o mestrado em Física na PUC em 2006 na área de Biofísica Molecular.
Ficha Catalográfica
CDD: 530
Cuya Guizado, Teobaldo Ricardo
Estudos computacionais da interação de
porfirinas e seus complexos de ferro com
albumina sérica humana / Teobaldo Ricardo Cuya
Guizado ; orientadora: Sônia Renaux Wanderley
Louro ; co-orientador: Pedro Geraldo Pascutti.
2008.
138 f. : il. ; 30 cm
Dissertação (Mestrado em sica)–Pontifícia
Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de
Janeiro, 2008.
Inclui bibliografia
1. Física Teses. 2. Biofísica. 3. Dinâmica
molecular. 4. Porfirinas. 5. Albumina. I. Louro,
Sônia Renaux Wanderley. II. Pascutti, Pedro
Geraldo. III. Pontifícia Universidade Católica do
Rio de Janeiro. Departamento de Física. IV.
Título.
A mi querido hermano, José Antonio Cuya Guizado
Agradecimentos
A minha orientadora, professora Sônia Renaux Wanderley Louro
,
por ter me
aceitado e acreditado em minha pessoa. Sua ajuda durante o desenvolvimento do
projeto foi importante, pela sua amizade.
Ao meu co-orientador Pedro Pascutti do Laboratório de Modelagem e Dinâmica
Molecular do Instituto Carlos Chagas Filho da Universidade Federal do Rio de
Janeiro pelo seu ensino, ajuda e amizade.
A todo o pessoal administrativo do Departamento de Física da PUC-Rio,
especialmente a Giza e Julinho pela ajuda sempre oportuna.
A meus colegas do Departamento de Física da Universidade da PUC-Rio, e do
Laboratório de Modelagem e Dinâmica Molecular do Instituto Carlos Chagas
Filho da UFRJ. Especiais menções merecem Arlan Gonçalves, Samuel Pita,
Diego Enry e Pedro Loureiro, pela sua amizade.
À instituição CNPq pelo apoio financeiro.
Resumo
Cuya Guizado, Teobaldo Ricardo; Louro, Sônia Renaux Wanderley;
Pascutti, Pedro Geraldo. Estudos Computacionais da Interação de
Porfirinas e seus Complexos de Ferro com Albumina Sérica Humana.
Rio de Janeiro, 2008. 138p. Dissertação de Mestrado - Departamento de
Física, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.
A aparição do HIV na década de 80 e de outros vírus presentes no sangue
dos doadores, assim como a expansão de doenças como a hepatite C, tem
estimulado as pesquisas para desenvolver substitutos do sangue. Pesquisas
recentes têm sido realizadas em derivados artificiais da albumina de soro humano
(human serum albumin HSA) associados com heme, representando uma linha
promissora nesse sentido. No presente trabalho, fazemos um estudo
computacional da ligação do heme e de seu precursor, a protoporfirina IX, com a
HSA, com o objetivo de conhecer os aminoácidos que contribuem à estabilidade
da ligação, a natureza do tio de ligação, a formação de possíveis sítios
secundários de ligação e a influência das porfirinas na estrutura global da proteína.
Para conseguir este objetivo utilizamos técnicas de cálculo quântico usando a
Teoria do Funcional de Densidade, Docking Molecular e Dinâmica Molecular.
Finalmente fazemos um estudo da correlação existente entre as diferentes regiões
da HSA e de como este padrão muda na presença das porfirinas. Para este
propósito usamos os coeficientes de correlação generalizada baseados na
formulação de Kraskov. Com base nestas informações, discutimos a contribuição
que poderiam fornecer nossos cálculos para a reengenharia do HSA, no sentido de
fornecer-lhe características de hemoproteínas.
Palavras-chaves
Biofísica, Heme, Protoporfirina IX, Dinâmica Molecular, Teoria do
Funcional de Densidade, Hidrofobicidade, Solvatação, RESP, Docking Molecular,
Correlação Generalizada.
Abstract
Cuya Guizado, Teobaldo Ricardo; Louro, Sônia Renaux Wanderley;
Pascutti, Pedro Geraldo. Computational Studies of the Interaction of
Porphyrins and their Iron Complexes with Human Serum Albumin.
Rio de Janeiro, 2008. 138p. Dissertação de Mestrado - Departamento de
Física, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.
The uprising of HIV and other viruses in the beginning of the 80s, as well as
the expansion of other diseases like hepatitis C has stimulated research in order to
develop blood substitutes. Research based on modified Human Serum Albumin
associated with heme has shown a promissory line in this direction. In the present
work we make a computational study about the heme and its precursor, the
Protoporphyrin IX complexed with HSA, in order to know the contribution of the
main amino acids to the stability of the binding, the character of the binding site,
secondary binding sites formation, and the influence of the porphyrins in the
global protein structure. To find this objective we use quantum calculations based
on Functional Density Theory, Molecular Docking and Molecular Dynamics.
Finally, a correlation study between different regions of HSA and the pattern
modifications caused by the porphyrins were performed, using the generalized
correlation coefficients based on the Kraskov formulation. We also discuss the
contribution that our calculations could give to the reengineering of HSA, to
provide them with hemeprotein characteristics.
Keywords
Biophysics, Heme, Protoporphyrin IX, Molecular Dynamics, Functional
Density Theory, Hydrophobicity, Solvation, RESP, Molecular Docking,
Generalyzed Correlation.
Sumário
1. Introdução 16
1.1
Posicionamento e abordagem do problema
16
1.1.1
As Porfirinas
18
1.1.2
A albumina Serica Humana
22
1.2
Objetivos
26
1.3
Estrutura dos Capítulos
26
2. Técnicas computacionais – Aproximação clássica
e aproximação quântica 28
2.1
Aproximação Clássica - Função de interação e equações
de movimento
29
2.2
O Hamiltoniano e a Função de Interação: Campo de Forças
31
2.2.1
Interações entre átomos (ou grupos) ligados
31
2.2.2
Interações não ligadas
33
2.2.3
Potenciais especiais devido a restrições
34
2.3
Tratamento das interações entre átomos não ligados,
aproximações.
35
2.3.1
Exclusão ou modificação de interações
35
2.3.2
Distância de corte de interações não ligadas
36
2.3.3
Interações eletrostáticas - limites sobre as interações
eletrostáticas
37
2.4
Tratamento das fronteiras
37
2.4.1
Condições periódicas
37
2.5
Geração da topologia, coordenadas atômicas e adição
do solvente
39
2.5.1
Topologia do Sistema
39
2.5.2
Colocando o soluto numa caixa de água
39
2.6
Mecânica e Dinâmica Molecular
40
2.6.1
Minimização de energia
40
2.6.2
Dinâmica Molecular
42
2.7
Controle da temperatura
44
2.8
Controle da Pressão
44
2.9
Função de distribuição radial
46
2.10
Modelo para a água
47
2.10.1
O modelo SPC (Single Point Charge)
48
2.11
Tratamento eletrostático da proteína
49
2.11.1
Aplicação da Equação de Poisson-Boltzmann para
o cálculo de energias eletrostáticas em proteínas
50
2.12
Superfícies de interação molecular
52
2.13 ”Docking” Molecular - Algoritmo Genético
53
2.14
Correlação em dinâmica de biomoléculas
53
2.15
Aproximação Quântica - Teoria do Funcional de
Densidade ( DFT)
55
2.15.1
Introdução à DFT
56
2.15.2
Descrição da teoria
57
2.15.3
Descrição matemática
57
2.15.4
O Método RESP (Restrained Electrostatic Potential)
58
3. Resultados e Discussão 60
3.1
Cálculo das cargas das porfirinas
60
3.1.1
Cálculo quântico - programa Gamess
60
3.1.2 Base escolhida na entrada do Gamess para o cálculo
do ESP 61
3.1.3 Otimizando a geometria das porfirinas 62
3.1.4 Obtenção das cargas a partir do ESP 62
3.2 Geração das topologias para as porfirinas 65
3.3 Solvatação e estabilidade das porfirinas na água 65
3.3.1 Heme e PPIX 67
3.3.2 Grupo carboxil 68
3.3.3 Oxigênio do carboxil 68
3.3.4 O Fe
2+
do heme 69
3.4 DM dos sistemas HSA, HSA-PPIX e HSA-HEME,
Propriedades globais 70
3.4.1 Desvio médio quadrático 71
3.4.2 Desvio médio quadrático 3D 76
3.4.3 Raio de Giro 79
3.4.4 Evolução da energia 81
3.4.5 Flexibilidade dos resíduos na proteína 83
3.5 Superfície de contato intermolecular entre HSA e
as porfirinas 85
3.6 Distância entre os aminoácidos do HSA que mais
interagem com as porfirinas 88
3.6.1 Distância entre os aminoácidos do HSA que mais
interagem com PPIX 88
3.6.2 Distância entre os amino ácidos do HSA que mais
interagem com o HEME 91
3.7 Pontes de hidrogênio entre o HSA e as porfirinas 94
3.8 Análise da superfície eletrostática dos sistemas
HSA, HSA-PPIX e HSA-heme 97
3.9 Prováveis segundos sitio de ligação das porfirinas
no HSA 101
3.10 Existem regiões do HSA correlacionadas ao
subdomínio IB? 102
4. Conclusão e Perspectivas 110
4.1 Conclusões 110
4.2 Perspectivas 111
Referencias Bibliograficas 112
Apêndice A : Inputs do Gammes 118
Apêndice B : Topologia da Protoporfirina ix 129
Apendice C: Protocolo da Dinamica Molecular 138
Lista de figuras
Figura 1.1 Estrutura básica da porfirina 19
Figura 1.2 Bandas de Soret e bandas Q no espectro
de absorção da porfirina. 19
Figura 1.3 Heme (esquerda), PPIX (direita) 20
Figura 1.4 Esquema da estrutura secundaria de HSA com
subdomínios codificados por cores 22
Figura 1.5 Esquema mostrando os sítios de vários ligantes
da albumina sérica humana 24
Figura 2.1 Potencial de Lennard-Jones 34
Figura 2.3 Interações entre primeiros vizinhos (1-2), segundos
vizinhos (1-3) e terceiros vizinhos (1-4) 35
Figura 2.4 Método da dupla distância de corte. 36
Figura 2.5 Condições periódicas em duas dimensões 38
Figura 2.7 A molécula Heme numa caixa de água 40
Figura 2.8 Superfície de energia potencial 41
Figura 2.9 Integração das equações de movimento no
algoritmo de leap-frog 43
Figura 2.10 Função g(r) mostrando a distribuição da matéria
em torno do átomo central 47
Figura 2.11 Modelos de solvente implícito e modelos de
solvente explicito 47
Figura 2.12 Molécula de água no modelo SPC 48
Figura 2.13 Modelo para cálculo da superfície eletrostática 51
Figura 2.14 Constantes dielétricas que caracterizam os diferentes
meios nos quais se aplica a equação de
Poisson-Boltzmann 51
Figura 2.15 Definições de SAS e SM. 52
Figura 2.16 Correlação de variáveis aleatórias 54
Fig 2.17 A obtenção das cargas a partir do ESP para o heme 59
Figura 3.2 PPIX e Heme numa caixa de água 66
Figura 3.3 Gráfico de g(r) para as moléculas de
protoporfirina IX e heme 67
Figura 3.4 Gráfico do g(r) para o grupo carboxil 68
Figura 3.5. Gráfico de g(r) para o oxigênio do carboxil das porfirinas 69
Figura 3.6 Gráfico de g(r) para o íon Fe2+ 70
Figura 3.7 Da esquerda para a direita, HSA-HEME, HSA-PPIX e
HSA, mostrando a conformação da porfirina cada 2 ns 72
Figura 3.8 De cima para baixo, sobreposição da estrutura inicial
e final da HSA, HSA-PPIX e HSA-HEME 73
Figura 3.9 De cima para baixo: Em preto, RMSD da cadeia de
HSA, HSA-PPIX e HSA-HEME em relação à cadeia
da estrutura inicial 74
Figura 3.10 RMSD da PPIX com relação a PPIX na estrutura
inicial 75
Figura 3.11 RMSD do heme no sítio de ligação durante o
primeiro nano segundo da simulação 76
Figura 3.12 RMSD 3D do HSA, mostrando as quatro vistas
principais 77
Figura 3.13 RMSD 3D do HSA-PPIX, mostrando as quatro
vistas principais 78
Figura 3.14 RMSD 3D do HSA-HEME, mostrando as quatro
vistas principais 79
Figura 3.15 Raio de giro da HSA 80
Figura 3.16 Raio de giro do complexo HSA-PPIX 80
Figura 3.17 Raio de giro do complexo HSA-HEME 81
Figura 3.18 Energia total do HSA e seus complexos, mostrando
que o sistema é estável energeticamente 82
Figura 3.19 Energia total do HSA e seus complexos, mostrando
que o sistema já é estável a partir dos 100 ps 82
Figura 3.20 RMSF de HSA e de HSA complexada com PPIX 84
Figura 3.21 RMSF de HSA e de HSA complexada com heme 84
Figura 3.22 RMSF do HSA-heme e do HSA-PPIX 85
Figura 3.23 Área de contacto intermolecular entre HSA
e as porfirinas 87
Figura 3.24 Distância do centro de massas dos aminoácidos
e do ligante PPIX à cadeia de HSA 89
Figura 3.25 Distância entre o OH da TYR-161 e os nitrogênios
NAW e NAE do ligante PPIX 90
Figura 3.26 Distância entre o OH da TYR-161 e os nitrogênios
NBA e NAN do ligante PPIX 90
Figura 3.27 Distância dos principais aminoácidos do HSA
que interagem com o heme ao CM da cadeia 92
Figura 3.28 No lado proximal, TYR-161 interagindo frontalmente
com o Fe2+ do heme; no lado distal TYR-138
interagindo com os nitrogênios do anel 92
Figura 3.29 Distância entre o oxigênio OH-TYR161 e o íon
Fe2+ do heme 93
Figura 3.30 Comparação teórica-experimental da
microvizinhança molecular obtido por raios X e a
microvizinhança molecular obtido em nossos cálculos 93
Figura 3.31 Ligações de hidrogênio da PPIX com HSA e o
com o água nas vizinhanças do sítio de ligação 96
Figura 3.32 mero de ligações de hidrogênio do heme com
a proteína (preto) e com o solvente presente nas
vizinhanças do sítio de ligação 96
Figura 3.33 De cima para baixo: superfície eletrostática do
HSA, HSA-PPIX e HSA-heme depois de 20 ns
de DM 99
Figura 3.34 De cima para baixo: superfície eletrostática do
subdomínio IB do HSA, HSA-PPIX e HSA-heme
depois de 20 ns de DM. 100
Figura 3.35 Segundo provável sitio de ligação da PPIX no HSA 101
Figura 3.36 Potencial eletrostático na superfície da proteína na
região do segundo provável sitio de ligação da PPIX
no HSA 102
Figura 3.37 Padrão de correlação do HSA 103
Figura 3.38 Matriz da diferença entre as matrizes de correlação
total e linear do HSA 104
Figura 3.39 Padrão de correlação generalizada do HSA
e HSA-HEME 105
Figura 3.40 Padrão de correlação generalizada do HSA
e HSA-PPIX 106
Figura 3.41 Padrão de correlação generalizada: HSA e
HSA-HEME, nesta figura mostra-se entre as
paralelas as regiões diretamente correlacionados com
a região compreendida entre os resíduos 100-200 107
Figura 3.42 Região (100-118, vermelho) correlacionada com a
região (460-465, amarelo) 108
Figura 3.43 Região (100-118, vermelho) correlacionada com a
região (306-313, amarelo) 108
Figura 3.44 Região (110-140, vermelho) correlacionada com a
região (500-582, amarelo)
109
Abreviaturas
CHELPG Cargas do potencial eletrostático usando um método
baseado em grade (CHarges from ELectrostatic Potential
based on Grid)
RF Campo de reação (Reaction Field)
DM Dinâmica Molecular
DFT Teoria do Funcional de Densidade (Density Funtional
Theory)
ESP Potencial Eletrostático (Electrostatic Potential)
FDR Função de distribuição radial
HF Hartree –Fock
HSA Albumina sérica humana (Human Serun Albumin)
MM Mecânica Molecular
NMR Ressonância Magnética Nuclear (Nuclear magnetic
resonance)
PDT Terapia Fotodinâmica (Photodynamic Therapy)
PPIX Protoporfirina IX (Protoporphyrin IX)
RESP Restrição do potencial eletrostático (Restrained Electrostatic
Potential).
RMSD Desvio da raiz média quadrática (Root mean square
desviation)
RMSF Flutuação da raiz média quadrática (Root mean square
fluctuation)
SAS Superfície acessível ao solvente
SCI Superfície de contato intermolecular
1.
Introdução
1.1
Posicionamento e abordagem do problema
As pesquisas sobre a interação entre as macromoléculas biológicas e drogas
envolvem um dos mais importantes tópicos no campo das ciências da vida devido
a que os sítios de ligação provêem informação importante sobre o transporte e o
metabolismo de moléculas no corpo humano.
A albumina sérica humana é a proteína mais abundante no soro sanguíneo.
Sua estrutura obtida por difração de Raios X encontra-se no banco de dados de
proteínas, RCSB Protein Data Bank (PDB). Aparece como molécula do mês de
janeiro de 2003, nesse site, junto com um resumo sobre sua importância, escrito
por David S. Goodsell.
Pensemos o quanto é conveniente sermos capazes de comer. Cada uma das
nossas dez trilhões de lulas precisam de um constante suprimento de nutrição.
Mas não temos que nos preocupar com isso s simplesmente comemos nossa
refeição e nosso corpo faz o resto. O alimento é digerido e os pedaços úteis são
distribuídos às células de todo o corpo, usando o fluxo sanguíneo como sistema de
transporte. A distribuição de moléculas solúveis em água, como açúcares, é fácil.
Elas circulam na corrente sanguínea e são capturadas pelas células ao longo do
caminho. Outros nutrientes importantes, no entanto, não são solúveis em água e
precisam de carreadores especiais para levá-los até as células famintas.
A albumina sérica (estrutura 1e7i do PDB) tem o papel de carregar ácidos
graxos no sangue. Ácidos graxos são essenciais para duas funções principais em
nosso corpo. Eles são os blocos para construção dos lipídios, que formam todas as
membranas ao redor e dentro das células; são também ricas fontes de energia e
podem ser quebrados dentro das células para formar adenosina trifosfato (ATP).
Então, nosso corpo mantém uma reserva de ácidos graxos, armazenados como
gorduras. Quando o corpo precisa de energia ou de materiais para construção das
17
suas estruturas, células de gordura liberam ácidos graxos no sangue. Aí, eles são
capturados pela albumina sérica e distribuídos a partes do corpo distantes.
A albumina humana é uma proteína versátil. Cada molécula dessa proteína
pode carregar sete moléculas de ácidos graxos, que se ligam a fendas profundas na
proteína, enterrando suas caudas ricas em carbono, hidrofóbicas, a salvo da água
circundante. A albumina sérica também se liga a muitas outras moléculas
insolúveis em água. Associa-se, por exemplo, a moléculas de inúmeros fármacos e
pode afetar fortemente a maneira como eles são distribuídos através do corpo.
Como a albumina sérica é muito abundante no sangue e tão fácil de
purificar, ela foi uma das primeiras proteínas a serem estudadas pelos cientistas.
Atualmente, a proteína similar do sangue de boi - albumina sérica bovina ou BSA
(do inglês bovine serum albumin) é largamente utilizada em pesquisa quando se
necessita de uma proteína genérica.
A hemina (protoporfirina IX complexada com Fe
+3
) liberada durante a
nucleação das células vermelhas ou através da hemólise é capturada pela
Albumina Serica Humana (Human Serum Albumin HSA) a qual tem uma alta
constante de afinidade para este ligante (K
b
~ 10
8
M
-1
) (Wardell et al., 2002). Esta
forte afinidade tem estimulado esforços para desenvolver albumina como uma
hemoproteína artificial para mimetizar, por exemplo, a capacidade de ligação de
oxigênio da hemoglobina (Hb) e mioglobina (Mb). O heme, grupo prostético das
hemoproteínas, é a protoporfirina IX com um íon Fe
2+
no centro.
Sérios esforços para desenvolver substitutos do sangue começaram na
década de 1980. Esta necessidade se viu aumentada com a aparição do HIV além
de vírus como o da hepatite C e outros vírus presentes no sangue de doadores.
Diferentemente das células vermelhas do sangue, os substituintes artificiais
podem ser esterilizados por pasteurização, ultrafiltração e métodos químicos. Isto
elimina os agentes responsáveis pelas infecções, além de permitir armazenamento
por longos períodos de tempo.
Pesquisas recentes têm demonstrado que derivados artificiais do heme
associados com HSA fornecem uma significante capacidade de ligação com
oxigênio (Tsuchida et al., 1997), representando uma linha promissora no
desenvolvimento de substitutos artificiais do sangue. Um dos estudos mais
importantes no sentido de criar compostos artificiais da sangue usando albumina
estão baseados na mutação da micro-vizinhança molecular do complexo HSA-
18
heme (Komatsu et al., 2005), mas o problema ainda não resolvido é fazer com que
a ligação do oxigênio ao heme seja reversível no micro entorno do heme em HSA.
Na Ressonância Magnética Nuclear (RMN) outra ferro porfirina, a
Tetrafenilporfirina Sulfonatada complexada com Fe (FeTPPS
4
) é usada como
marcador e na Terapia Fotodinâmica (FDT) as porfirinas são usadas para destruir
tumores.
Por outro lado a Protoporfirina IX (PPIX) é o precursor de muitas porfirinas
que dela se derivam, por conseguinte um adequado conhecimento dos tios de
ligação com a HSA nos forneceria informação importante sobre a natureza das
ligações nesse entorno.
Até o momento se sabe que o heme tem um sítio de ligação principal no sub
domínio IB de HSA e que poderia ter outros sítios secundários e que a PPIX
poderia ter características similares (Zunszain et al., 2003; Zhang et al., 2002),
mas até agora não se tem a estrutura cristalina que mostre estes sítios secundários.
O presente trabalho tenta revelar essa interrogação e propõe os possíveis sítios
secundários.
Sem dúvida devemos saber que nos processos in vivo se dão maiores
complicações devido a interações entre drogas e ligantes endógenos, para o HSA.
Isto é especialmente importante no caso de ácidos graxos os quais ocorrem em
níveis de 0.1 e 2 mol por mol de HSA e podem competir ou cooperar com drogas
nos sítios de ligação da proteína. (Zunszain et al., 2003)
1.1.1
As Porfirinas
As porfirinas são moléculas importantes em vários aspectos da vida, muito
se tem escrito sobre elas, nos tomaremos a descrição que delas se da em
http://pt.wikipedia.org/wiki/Porfirina .
A estrutura da porfirina é um macrociclo tetrapirrólico (formado por quatro
anéis pirrol), ligados por ligações metínicas (-CH-), que possui no seu centro um
espaço apropriado para acomodar um íon metálico (Fig. 1.1). Este íon pode-se
ligar aos átomos de nitrogênio presentes na parte central da estrutura. Os
representantes mais comuns desta classe de compostos são o grupo heme, que
contém ferro, a clorofila, que contém magnésio, e os pigmentos biliares. O
principal local de síntese de porfirinas é o fígado, nos hepatócitos.
19
A aumento no nível de porfirinas em nosso organismo geram patologias
como a porfiria,
Figura 1.1 Estrutura básica da porfirina (http://pt.wikipedia.org/wiki/Porfirina)
Características Fundamentais
Devido a sua estrutura em anel tetrapirrol, um sistema de enlaces duplos
conjugados, as porfirinas se caracterizam por uma intensa banda de absorção perto
de 400 nm, (com coeficiente de absorção molar maior do que 200.000) conhecida
como banda de Soret, propriedade que permite sua detecção e quantificação em
laboratórios. Quando irradiada com luz deste comprimento de onda, as porfirinas
livres mostram uma intensa fluorescência no vermelho. No caso da PPIX a
fluorescencia não e muito intensa e quando e complexada com Fe a fluorescencia
desaparesce.A Banda de Soret é seguida por outras bandas de absorção mais
fracas (bandas Q), em comprimentos de ondas maiores (450 a 700 nm).
Figura 1.2 Bandas de Soret e bandas Q no espectro de absorção da porfirina.
As variações dos substitutos periféricos no anel da porfirina, causam
mudanças de menor importância na intensidade e no comprimento de onda destas
absorções. A protonação de dois dos átomos internos de nitrogênio ou a inserção
20
de um metal na cavidade da porfirina também muda o espectro de absorção
visível. Estas variações no espectro de absorção podem ser muito proveitosas na
determinação de propriedades características da porfirina.
Importância Biológica
Os complexos de porfirina são essenciais para a vida e têm múltiplas
aplicações. O heme (protoporfirina IX-Fe
2+
, Fig. 1.3), por exemplo, é o grupo
encarregado de fazer a ligação do oxigênio à hemoglobina e, daí, transportá-lo às
diversas partes do corpo.
O precursor na síntese do heme é a protoporfirina IX (PPIX, Fig. 1.3). A
inserção do ferro II na PPIX é realizada por meio da enzima ferroquelatase.
Figura 1.3 Heme (esquerda), PPIX (direita) (Gráfico realizado com o programa
Ghemical)
Quando o ciclo de síntese do grupo heme e interrompido se produz o
aumento das porfirinas precursoras do heme, isto termina gerando uma grave
doença chamada porfíria. A porfíria pode-se classificar como hepática e
eritropoiética, é responsável por ataques neurológicos agudos e problemas de pele,
geralmente erupções de bolhas sensíveis à luz solar e crescimento aumentado de
pêlos.
Carbono
Oxigênio
Nitrogênio
Íon Ferro (II)
Hidrogênio
21
As propriedades óticas das porfirinas são responsáveis por sua grande
aplicação na área de eletrônica molecular assim como sua incorporação na forma
sintética em células solares.
Aplicações das Porfirinas
Materiais Químicos
Porfirinas e metaloporfirinas têm uma ampla aplicação como fotosensores,
particularmente para aplicações opto-eletrônicas. Por exemplo, a fácil substituição
dos componentes periféricos das porfirinas tem gerado uma série de materiais
líquido-cristalinos incomuns (Chou et al., 2000).
As propriedades ópticas não lineares destes materiais são de especial interesse, em
parte pela transferência de energia com controle molecular, e em parte por
aplicações em comunicação óptica, armazenamento de dados e processamento de
sinais eletro-ópticos. (Chou et al., 2000)
As porfirinas têm presença relevante na nanotecnologia devido à
possibilidade de construir nanotubos por auto agregação. Nesse sentido
numerosos estudos vêm se desenvolvendo. Tem sido demonstrado que os
nanotubos contendo Sn porfirinas são fotocatalíticos e podem reduzir íons
metálicos em solução aquosa (Rotomskis et al., 2004).
Metaloporfirinas como catalisadores para síntese macromolecular
Em 1978 Inoue Takeda e colaboradores em seus estudos de fixação de
dióxido de carbono com metaloporfirinas descobriram o potencial utilidade de
metalo-proteínas como catalisadores para a síntese controlada de macromoléculas.
(Takeda et al., 1978). Em várias metaloporfirinas, estudaram compostos de
alumínio ou zinco no anel central para fixação química do dióxido de carbono.
Terapia Fotodinâmica (PDT, Photodynamic Therapy )
Devido ao comportamento particular das porfirinas sob ão da luz, estas
têm sido aplicadas para combater o câncer. Nos anos 70 (Diamond et al., 1972;
Dougherty et al; 1978) mostrou-se através de probas in vitro e in vivo que
derivados de hemoporfirina (HpD) irradiados com luz têm capacidade de
destruição dos tumores. Atualmente diferentes tipos de porfirinas são investigados
e utilizadas na luta contra o câncer.
22
1.1.2
A albumina Serica Humana
A albumina sérica é a mais abundante proteína do plasma humano,
produzida no fígado, é um monômero de 66 kDa. Estruturalmente, a albumina é
composta de vários segmentos em alfa hélice, que se agrupam para formar dois
subdomínios (A e B). Três pares idênticos destes subdomínios se unem para
formar a albumina (Fig. 1.4).
Figura 1.4 Esquema da estrutura secundaria de HSA com subdomínios codificados por
cores da seguinte forma: IA,vermelho; IB – vermelho claro; IIA,verde; IIB – verde claro;
IIIA, azul; IIIB – azul claro. (Obtido de Ghuman et al., 2005)
O HSA tem características específicas que são importantes para a estrutura e
função: 18 resíduos de tirosina, 6 resíduos de metionina, 1 resíduos de triptofano,
59 resíduos de lisina, 1 resíduo de cisteína (Cys-34), e 17 pontes disulfetos.
(Wong et al., 2007).
A cisteína livre tem um sulfidril reduzido que é responsável por mais de
75% dos grupos tiol no plasma. O tiol é envolvido em várias reações bioquímicas
que inativam as espécies reativas de oxigênio, dando à albumina um papel
antioxidante importante em nosso corpo (Wong et al., 2007).
A albumina tem uma concentração plasmática típica de 35 - 45 g/l, que
representa 30 a 40% da albumina sintetizada no fígado. O restante encontra-se
23
distribuído entre os músculos e a pele. Sua principal função fisiológica é manter a
pressão osmótica.
Esta proteína é caracterizada por sua habilidade de ligar uma ampla
variedade de moléculas hidrofóbicas, ácidos graxos, bilirrubina, hemina, tiroxina e
esteróides. Serve como um solubilizador e transportador destes compostos. HSA
tem alta afinidade pelo heme, sendo a constante de dissociação ~10 nM em uma
mistura 3:5 de dimetil sulfóxido e água (Zunszain et al., 2003). Na Fig 1.5 pode se
observar os sítios de ligação principais de diversos ligantes.
Estudos de ligação indicam um só sítio de ligação para a hemina, no
subdomínio IB, o qual corresponde a um dos tios de ligação para ácidos graxos
(Zunszain et al., 2003).
Um dos fatores mais importantes que afetam a distribuição e a concentração
ativa de muitas drogas no organismo é a afinidade pela HSA. Um grau de
afinidade pela albumina é desejável, para ajudar a solubilizar substâncias que de
outra forma poderiam agregar-se e ser pobremente distribuídas. No caso oposto,
drogas com uma grande afinidade pela proteína requereriam grandes doses para
atingir uma concentração efetiva in vivo, seriam lentamente distribuídas aos sítios
de ação e poderiam não ser eficientemente eliminadas.
Funções fisiológicas da albumina
Pressão Osmótica Coloidal
A função mais importante da albumina é manter a pressão osmótica
coloidal. A albumina provê 60% da pressão osmótica coloidal. A proteína é
negativamente carregada e, por conseguinte atrai íons de sódio, os quais por sua
vez retêm a água. A albumina também atrai outros íons positivos osmoticamente
ativos (efeito Gibbs-Donnan) os quais aumentam a retenção da água (Nguyen et
al., 2006).
Associação de ligantes
A organização estrutural globular da HSA dá a possibilidade de se ligar com
várias substâncias em múltiplos sítios da molécula, unindo-se assim a vários
componentes endógenos e exógenos. Estes compostos incluem ácidos graxos,
bilirrubina, metal, tiroxina e triptofano, assim como drogas que têm características
ácidas ou eletronegativas (e.g. warfarina, diazepan e ibuprofeno). Estas
24
características fazem com que a HSA seja um dos maiores transportadores de
fármacos no sangue (Fig 1.5).
A HSA pode facilitar a ativação de várias sustâncias, tais como hormônios
ou drogas, ou diminuir a presença de toxinas no plasma. Por exemplo, a ligação
do triptofano a HSA regula a deposição deste nos tecidos. Em pacientes com uma
avançada cirrose e hipoalbuminemia, a diminuição dos sítios de ligação gera uma
quantidade adicional de triptofano livre o qual pode gerar o desenvolvimento de
encefalopatia hepática (Greco et al; 2000).
A ligação de HSA também afeta a farmacocinética e eficácia de muitas
drogas. Por exemplo, drogas com alta afinidade pelo HSA têm que ser
administradas em altas doses para atingir uma efetiva concentração in vivo; sua
distribuição nos sítios de ação poderia ser reduzida ou mesmo eliminada. Apesar
disso, uma alta ligação da droga com a HSA poderia ser desejável porque ajudaria
a solubilizar compostos que de outra forma formariam agregados e seriam
pobremente eliminados.
Figura 1.5 Esquema mostrando os sítios de vários ligantes da albumina sérica
humana (Ghuman et al., 2005).
25
Efeitos Antioxidantes
Espécies reativas de oxigênio e nitrogênio são extremamente voláteis e
capazes de reagir com outras moléculas, que dão origem à acumulação de
produtos tóxicos finais e dano celular. Estudos in vivo têm mostrado que o HSA
pode ligar e, por conseguinte, remover neutrófilos derivados de espécies reativas
de oxigênio, regulando a sinalização celular que é ativada nos processos
inflamatórios (Kouoh et al., 1999).
HSA também influencia o status redox do plasma ao ligar metais como o
ferro e o cobre que de outra forma se transformariam em formas redox-ativas
(Kragh-Hansen et al., 2002).
Desta forma o HSA tem um papel antioxidante importante em situações de
inflamação.
Patologia
Hipoalbuminemia
Baixos níveis de HSA (hypoalbuminemia) podem ser causados por:
Doenças no fígado/ Cirrose do fígado (a mais comum)
Decréscimo na produção de HSA (má nutrição/má absorção)
Excessiva excreção pelos rins (síndrome nefrótica)
Excesso de perda no intestino (Redistribuição hemodilução, como na
gravidez, incremento da permeabilidade vascular).
Hyperalbuminemia
Sinal de desidratação
26
1.2
Objetivos
Essa dissertação tem os seguintes objetivos principais:
i. Determinar a relação estrutura-solvente das porfirinas, as camadas de
solvatação e seu comportamento hidropático.
ii. Caracterizar, usando técnicas de Dinâmica Molecular, o sitio
principal de ligação, determinando os aminoácidos que compõem
estes sítios e seu rol na estabilidade do ligante.
iii. Determinar possíveis sítios secundários de ligação das porfirinas
PPIX, PPIX-Fe
2+
na HSA, usando técnicas de Docking Molecular.
iv. Determinar o padrão de correlação do HSA e como este muda pela
presença das porfirinas.
1.3
Estrutura dos Capítulos
No capítulo 2 apresentam-se uma descrição da Metodologia e Técnicas
Computacionais usadas no presente estudo. As principais técnicas que usamos
são: Cálculo Quântico, Dinâmica Molecular e Docking Molecular,
O desenvolvimento deste capítulo nos itens 2.1-2.4 e 2.6-2.9 está baseado
no manual do GROMACS (van der Spoel et al., 2005) e no trabalho de Baanden
M. (Baanden M., 2003). Quando as informações apresentadas sejam tomadas de
outras fontes, se fará a respectiva citacão.
No capítulo 3 apresentam-se os Resultados e Discussão do presente trabalho
No capítulo 4 apresentam-se as Conclusões e Perspectivas.
27
28
2.
Técnicas Computacionais – Aproximação Clássica e
Aproximação Quântica
O desenvolvimento deste capítulo nos itens 2.1-2.4 e 2.6-2.9 está baseado
no manual do GROMACS (van der Spoel et al., 2005) e no trabalho de Baaden M.
(Baanden M., 2003). Quando as informações apresentadas sejam tomadas de
outras fontes, se fará a respectiva referência.
O comportamento da matéria em nível de partículas constituintes dos
átomos e moléculas é descrito pela Mecânica Quântica, enquanto que em níveis
mais complexos a matéria composta de átomos e moléculas pode ser descrita de
forma aproximada pela Mecânica Clássica não relativística.
Uma aproximação clássica perde detalhes do sistema molecular em estudo,
mas permite acessar propriedades macromoleculares do sistema, assim como
economizar tempo de cálculo.
Os pacotes de Dinâmica Molecular baseados numa aproximação clássica
estão fundamentados em duas aproximações:
1. As leis de Newton são aplicáveis.
2. O movimento dos elétrons é muito mais rápido que o movimento dos
núcleos (Aproximação de Born-Oppenheimer).
Nossos modelos utilizados estão representados por sistemas massa-mola
onde cada átomo é representado por sua massa, um raio e uma carga atômica e as
ligações entre os átomos são representadas por molas (van der Spoel et al., 2005).
As características do sistema massa-mola estão contidas no campo de força. As
interações físicas entre os átomos são levadas em conta e introduzidas no termo de
energia potencial. A partir do modelo físico definido pelos parâmetros do campo
de forças e a representação da energia potencial, nós vamos utilizar as leis de
Newton para estudar a evolução das moléculas definida pelos vetores de posição e
pelos vetores de quantidade de movimento. Desta forma geraremos ensambles
29
estatísticos de configurações de átomos e moléculas em diversas fases (Berendsen
at al., 1996).
Para se ter uma média temporal estatisticamente significativa de um sistema
qualquer com a DM, seriam necessárias acessar todas as possíveis configurações
do sistema e estabelecer a probabilidade de cada estado conformacional. que
se ter em mente, porém, que neste trabalho estamos aplicando a DM sobre um
sistema envolvendo uma única macromolécula e por um intervalo de tempo de
poucas dezenas de nanosegundos. Embora não se possa falar neste caso de
ensemble estatístico, a simulação da dinâmica de proteínas na conformação
biologicamente ativa, nesta escala de tempo, é útil para obter informações sobre a
estabilidade da estrutura, transições conformacionais locais e várias propriedades
de interações com ligantes. Considerando que proteínas expressam sua atividade
biológica em estados conformacionais próximos ao mínimo global em um funil de
energia livre (Onuchic et al., 2004), espera-se que a probabilidade desses estados
bio-ativos sejam bastante alta em relação ao mero astronômico de possíveis
conformações desta macromolécula. Mas devemos mencionar que variacões na
estrutura tamben estan relacionadas com a atividade (enzimas).
Em nossos cálculos vamos utilizar o pacote GROMACS (van der Spoel et
al., 2005). Os detalhes referentes a representação de energia e parâmetros da
simulação são próprios deste campo de forças.
Neste capítulo daremos a descrição clássica e explicaremos o hamiltoniano
do sistema, a energia cinética, a energia potencial e a representação das forças,
assim como a aplicação de restrições de distâncias, tratamentos de contorno, etc.
Também veremos os métodos para a Minimização de Energia (ME), Dinâmica
Molecular, tratamento eletrostático, superfícies de interação molecular, docking
molecular e a geração de matrizes de correlação.
No final do capítulo veremos a aproximação quântica no cálculo de cargas
através do método DFT e o formalismo RESP.
2.1
Aproximação Clássica - Função de interação e equações de
movimento
Referimos-nos a cálculos clássicos como aproximações onde são válidas as
leis de Newton. Para descrever corretamente os sistemas devemos estabelecer os
30
graus de liberdade que serão explicitamente tratados e aqueles que serão
implicitamente tratados e incorporados à função de interação.
Dentro de nosso esquema de cálculo estamos interessados nos graus de
liberdade de posição das coordenadas dos átomos.
Num sistema clássico o hamiltoniano de um sistema molecular é descrito da
seguinte forma:
),(),(),,,( mpKgrVgmrpH
(1)
onde V é a energia potencial, K a energia cinética, p é o momento das partículas, r
a posição, m a massa, e g são parâmetros presentes no campo de forças. A energia
cinética está representada da seguinte forma:
= =
==
N
i
N
i
ii
i
i
vm
m
p
mpK
1 1
22
22
);( (2)
e depende das massas e velocidades, e é independente das coordenadas r da
partícula. V(r;g) corresponde a energia potencial que descreve a interação em
função das coordenadas das partículas.
),..;,..,();(
2,121 NN
gggrrrVxrV = (3)
Em geral V(r;g) depende dos parâmetros do campo de forças indicados por
),..(
2,1 N
gggg =
, e é a soma de termos que representam as distintas interações no
sistema.
Uma partícula nesse sistema está submetida a uma força
i
f
que tem a
seguinte representação:
),..,(
21 N
i
i
rrrV
r
f
=
(4)
Devemos lembrar que as trajetórias dependem unicamente das forças que
agem sobre os átomos, e não explicitamente das energias.
Usamos as equações de Newton para descrever a evolução da posição na
seguinte forma:
)(
)(
tv
dt
tdr
i
i
= (5)
i
ii
m
f
dt
tdv
=
)(
(6)
Na simulação estas equações são integradas numericamente no tempo.
31
Inclui-se um termo suplementar Vrestr(r), que é uma função de penalidade
(van der Spoel et al., 2003), dentro da função de interação do sistema que limita o
movimento das partículas de tal forma que o valor simulado da partícula se
aproxima ao valor desejado.
2.2
O Hamiltoniano e a Função de Interação: Campo de Forças
De uma forma geral a energia potencial no campo de forças pode ser escrito
da seguinte forma (van der Spoel et al., 2005: item 4.1, 4.2 e 4.3):
);();();();( grVgrVgrVgrV
especiaisbondednobonded
++= (7)
Onde V
bonded
corresponde aos termos chamados covalentes, V
no bonded
aos
termos chamados não ligados (forcas eletrostáticas e de van der Waals) e V
especiais
aos termos especiais como, por exemplo, as restrições de posição e vínculos em
comprimentos e ângulos de ligação. Assim o Hamiltoniano da equação 1 quedo
descrito por:
),();();();(),,,( mpKgrVgrVgrVgmrpH
especiaisbondednobonded
+++=
2.2.1
Interações entre átomos (ou grupos) ligados
Na expressão para V
bonded
(r;g)
);();();();( grVgrVgrVgrVV
impropdiedroângulobondbonded
+++=
(8)
Esta expressão descreve a variação do comprimento das ligações, a
deformação dos ângulos e as torções devido aos ângulos diedros próprios e
impróprios.
Variação do comprimento das ligações covalentes entre átomos
A interação entre termos ligados é expressa por um potencial de tipo
harmônico, com uma soma feita sobres todas as ligações covalentes n=1,....N
b
.
2
1
)(
n
b
n
on
N
n
harmonico
bbond
bbKV =
=
No GROMACS é utilizada
por razões de eficiência computacional
a expressão
para V
bond
32
=
=
b
n
n
N
n
o
nb
bond
bbK
V
1
2
22
4
)(
(9)
As unidades para
n
on
bb
e para
n
b
K são nm e kJmol
-1
nm
-4
, respectivamente.
Onde:
2
2
2
=
on
harmonico
b
b
bK
K
n
n
Deformação dos ângulos nos átomos ligados
A seguinte relação e utilizada no GROMACS para representar o termo de
deformação entre átomos ligados por uma ligação covalente (van der Spoel et al.,
2005)
=
=
θ
θθ
θ
N
n
on
angulo
nn
K
V
1
2
2
)cos(cos
(10)
Os ângulos são dados em graus e
n
K
θ
em kJmol
-1
.E
KBT,
a soma envolve os
ângulos desde n=1,…N
θ
do sistema molecular.
1
5961575.0
= molKcalE
TK
B
é a constante de Boltzmann a 300 K.
Termos de torsão, ângulos diedros e impróprios
No campo de força GROMACS a função de interação que representa os
termos harmônicos impróprios da deformação dos ângulos diedros (fora do plano,
fora da configuração tetraédrica) é descrita por:
=
=
ξ
ξξ
ξ
N
n
on
improp
n
o
KgrV
1
2
2
)(
);( (11)
A soma compreende n=1,...,N
ξ
definidos para manter os grupos de átomos
vizinhos dentro de uma configuração espacial determinada, por exemplo para
manter os grupos de átomos em um plano como no caso de um anel aromático.
Em suma, este potencial simula a hibridação de orbitais sp2 ou sp3.
Os termos de torção de ângulos diedros têm a forma (Lindahl et al. 2003):
=
+=
ϕ
ϕδ
ϕ
N
n
nnn
diedro
mKgrV
n
1
)]cos()cos(1[);( (12)
33
onde a constante de força
n
K
ϕ
, o angulo diedro
n
ϕ
e os valores de
n
δ
e
n
m estão
limitados aos valores
n
δ
=0,π e
n
m é um inteiro positivo diferente de zero, por
conseguinte )cos(
n
δ
= ±1 . A soma é feita sobre todos os ângulos diedros
n = 1,..,N
ϕ
, selecionados de acordo a topologia da molécula.
2.2.2
Interações não ligadas
As interações entre átomos não ligados são descritos por dois termos, V
LJ
para as interações de Lenard-Jones e V
Coul
para as interações eletrostáticas.
+=
ligadosnaopares
rfrfojiij
Coul
ij
LJbondno
RCqqrVjiCjiCrVgrV ]},,,,,,[)],(),,(,[{);(
1612
εε
(13)
Esta soma é estendida a todos os pares de átomos (i,j) salvo as exceções
citadas adiante (2.3.1).
Interações de Lenard-Jones
Estas interações são chamadas também de van der Waals. Dentro do campo
de forças GROMOS96 se utilizam os parâmetros C
6
em kJmol
-1
nm
6
e C
12
em
kJmol
-1
nm
12
para a interação entre os átomos i e j a uma distância r
ij
(nm).
=
6
6
12
12
)(
),(
)(
),(
ijij
LJ
r
jiC
r
jiC
V
(14)
O primeiro termo em
12
)(
ij
r corresponde à repulsão entre dois átomos, de
tal forma que haja certo grau de superposição de suas nuvens eletrônicas, e cuja
origem esta na repulsão entre os núcleos atômicos e no principio de exclusão de
Pauli. O segundo termo
6
)(
ij
r corresponde à dispersão atrativa de London, a
combinação destes dois fatores o perfil de energia de interação mostrada na
Fig. 2.1.
Estas equações levam em consideração as regras para determinar os
parâmetros mistos entre dois átomos
i
e
j
de tipos diferentes.
34
),().,(),(
),().,(),(
666
121212
jjCiiCjiC
jjCiiCjiC
=
=
(15)
Figura 2.1 Potencial de Lennard-Jones
Interações eletrostáticas
O primeiro termo corresponde às interações eletrostáticas coulombianas e os
outros dois termos correspondem ao campo de reação, o qual simula o efeito de
blindagem causada pelo solvente além do raio de corte das interações
coulombianas.
=
rf
rf
rf
ijrf
ijo
ji
RFCoul
R
C
R
rC
r
qq
V
21
2
)(
1
4
3
2
1
_
επε
(16)
O campo de reação no GROMACS é de tipo Poisson-Boltzmann que leva
em conta os efeitos de força iônica. Neste modelo o exterior de uma esfera de raio
R
rf
ao redor de um soluto e modelado por um meio homogêneo polarizável.
2.2.3
Potenciais especiais devido a restrições
Existem potenciais “especiais” devido a restrições que são impostas sobre o
sistema para se ter resultados próximos à realidade, estes podem ser usados em
casos particulares. Por exemplo, constrições sobre a distância de ligação e
ângulos, ou restrições sobre a posição.
Vemos o caso de restrição de posição.
35
2
1
)(
2
1
);(
o
nn
pr
n
N
n
pr
rrKgrV
pr
=
=
(18)
Onde pr é referido a uma restrição de posição (position restraints), a soma
é estendida a todos os N
pr
átomos selecionados,
pr
n
K
é a constante de força do
oscilador harmônico e
o
n
r
é a posição de referência. As outras expressões dos
termos para outros casos de forças especiais podem ser vistas na referência van
Gunsteren et al., 1996.
2.3
Tratamento das interações entre átomos não ligados, aproximações.
2.3.1
Exclusão ou modificação de interações
Chamaremos de primeiros vizinhos (posições 1-2, Fig. 2.3) aos átomos i e j
ligados por uma ligação covalente e de segundos vizinhos aos átomos i e k, se k
está ligado a j (posições 1-3, Fig. 2.3).
Figura 2.3. Interações entre primeiros vizinhos (1-2), segundos vizinhos (1-3) e
terceiros vizinhos (1-4)
As interações entre primeiros e segundos vizinhos não serão tomadas em
conta dentro da soma da equação 13, porque estas interações são do tipo
harmônico e não são representados por um potencial de tipo Lenard-Jones. Essas
interações serão levadas em conta na representação dos átomos ligados (2.2.1). As
interações 1-4 entre terceiros vizinhos podem ser excluídas dentro de certos casos,
por exemplo, átomos dentro de um anel aromático. Mas, com maior freqüência,
36
esta interação é tratada reduzindo o diâmetro das esferas de van der Waals dos
átomos envolvidos, para evitar colisões estéricas.
2.3.2
Distância de corte de interações não ligadas
A soma da equação 13 se estende a todos os pares de átomos exceto aqueles
excluídos pelas considerações do parágrafo precedente. O número de interações
aumenta com o tamanho do sistema estudado.
Grande parte do tempo de cálculo se consome em procurar os pares de
átomos e avaliar suas interações. Com o objetivo de limitar o tempo
computacional nós utilizamos uma dupla distância de corte (twin cutoff) além da
qual as interações “não ligadas” (eletrostáticas e de van der Waals) são
substituídas pelo campo de reação. No método ilustrado na Fig. 2.4, a interação
dos átomos j com o átomo i no interior da zona I, limitada pelo raio R
1
c
, é
calculada a partir das posições instantâneas de j para cada passo da dinâmica. Se j
se encontra entre R
1
c
< r
ij
< R
2
c
, suas interações com o átomo i são calculadas a
partir de uma posição fixa promedio durante um número de passos N
c
.
Figura 2.4 Método da dupla distância de corte.
Em geral, o método é aplicado a grupos de átomos e não a átomos isolados.
Neste caso o espaço limitado pelo cut-off é igual à união das esferas ao redor de
cada átomo do grupo. No GROMACS estes são chamados grupos de cargas”, se
tratando de átomos onde a soma das cargas é neutra (ou inteira, por causa dos
íons).
37
2.3.3
Interações eletrostáticas - limites sobre as interações eletrostáticas
As interações coulombianas são inversamente proporcionais à distância r
ij
entre os átomos i e j. Em conseqüência, estas interações são de longo alcance e
não podem ser omitidas para as cargas atômicas parciais da ordem de 0.1 a 0.4 e e
até a distâncias de corte picas de 8 a 10 A
o
. Dois métodos permitem reduzir os
artefatos devidos ao truncamento de interações não ligadas. Primeiramente, não se
consideram as componentes de alta freqüência da interação coulombiana na região
R
1
c
< r
ij
< R
2
c
, como descrito anteriormente. Em segundo lugar, a definição de
“grupos de cargas” (átomos de H podem se unir a átomos de C e formar um
“átomo” CH com uma carga que seria a suma das cargas componentes) dentro do
GROMACS nos permite reduzir certas interações a tipo 1/r
3
.
2.4
Tratamento das fronteiras
Em toda simulação deve-se levar em conta o tratamento das fronteiras. No
caso de um líquido ou uma solução, os efeitos de fronteira devem ser reduzidos
com a aplicação de condições periódicas de contorno.
2.4.1
Condições periódicas
Para reduzir os efeitos de fronteira de um sistema finito, nós utilizamos as
condições periódicas de contorno. Os átomos de um sistema são introduzidos
dentro de uma caixa cúbica rodeada de imagens idênticas eqüidistantes R
caixa
como se mostra na Fig. 2.5.
38
Figura 2.5 Condições periódicas em duas dimensões, mostrando a vista superior e
frontal (acima e embaixo respectivamente)
O cálculo das forças sobre o átomo representado pela esfera cheia dentro da
caixa central se efetua a partir das contribuições de outros átomos desta caixa e
das caixas vizinhas, imagens da caixa central, que se encontram no interior da
distância de corte R
c
. Quando o átomo abandona a caixa por uma face, ele entra
novamente pela face oposta, transladando a distância R
caixa
, com a mesma
velocidade. A aplicação das condições periódicas de fronteira lembra assim a
ordem dentro de um cristal. Desta forma não fronteiras no sistema. O artefato
causado por condições indesejadas de um sistema isolado e o efeito de superfície
são substituídos por condições periódicas.
Para evitar que uma molécula possa interagir com uma ou mais de suas
imagens, a menor dimensão da caixa deve exceder em duas vezes a distância de
corte:
ccaixa
RR 2> (19)
Quando uma macromolécula é estudada em solução esta restrição não é
suficiente. Em princípio, uma única molécula de solvente não deve interagir com
ambos os lados da macromolécula. Isto significa que o comprimento de um
determinado lado da caixa deve exceder o comprimento da macromolécula na
39
mesma direção mais duas vezes o raio de corte R
c
. Uma estratégia comum é fazer
a camada de solvatação o quanto menor para reduzir o custo computacional,
respeitando-se o estabelecido acima.
2.5
Geração da topologia, coordenadas atômicas e adição do solvente
2.5.1
Topologia do Sistema
Para que os programas de simulação reconheçam as moléculas, nós
devemos fornecer informações sobre as ligações entre átomos, constituição de
cada molécula, massas e cargas a utilizar. Este conjunto de dados é conhecido
como a topologia do sistema. No GROMACS o módulo pdb2gmx permite gerar
topologias a partir de uma biblioteca já existente. As topologias assim geradas
reproduzem valores consistentes com os experimentos quando se trata de
proteínas. Este módulo não é aplicável quando o ligante não se encontra na
biblioteca do GROMACS ou de complexos organometálicos (exceto o heme).
O GROMACS possui a topologia da água pré-estabelecida. Como as
moléculas de água são todas idênticas, só é necessária a topologia de uma
molécula.
2.5.2
Colocando o soluto numa caixa de água
Para o cálculo em solução o soluto (porfirina, HSA e HSA-porfirinas) deve
ser inserido numa caixa de água e íons Na
+
e CL
-
para tentar simular o meio
fisiológico. Este serão reproduzido periodicamente dentro das três dimensões, tal
como é mostrado na figura abaixo.
40
Figura 2.7 A molécula Heme numa caixa de água (Gráfico realizado com o programa
VMD)
As dimensões da caixa R
caixa
devem ser escolhidas em função das dimensões
dos solutos para evitar os artefatos no cálculo. Para construir esta caixa de
simulação o soluto deve ser localizado no centro de um cubo constituído de uma
concatenação de n
3
moléculas de solvente.
2.6
Mecânica e Dinâmica Molecular
2.6.1
Minimização de energia
A mecânica molecular nos permite minimizar a energia calculada a partir da
equação (7) com o objetivo de obter as configurações do sistema no estado
fundamental e de reduzir as forças iniciais muito grandes que poderiam produzir
trajetórias sem sentido físico.
Mas atingir o mínimo absoluto é impraticável pelas numerosas
conformações que uma proteína pode apresentar. O método steepest-descent
permite encontrar o mínimo local mais próximo da superfície de energia potencial
(Fig. 2.8), o método dos Gradientes Conjugados encontra o mínimo de energia
41
de maneira mais rápida, aproximando-se mais ao mínimo absoluto. A seguir
mostraremos os dois métodos:
Figura 2.8 Superfície de energia potencial: Dependendo da configuração inicial da
proteína ela percorre diferentes caminhos até o mínimo de energia mais próximo ao
absoluto.
O primeiro método utilizado nos nossos cálculos é o método “steepest-
descent(Courant, 1943). Os n+1 passos de minimização são feitos com base no
cálculo das forcas f(t
n
) a partir da derivada da equação (7) para a configuração
r(t
n
) dada, e do cálculo da configuração seguinte r(t
n+1
) com um passo x.
)()()(
1 nnon
txfNtrtr +=
+
(19)
N
n
é um fator de normalização. Ao início do cálculo um valor inicial de x é
dado. Nos passos da simulação, se V(r) decresce então x deve aumentar, se V(r)
aumenta, x diminui. Assim, este método permite descer rapidamente para perto
de um mínimo local, mas isso não assegura a convergência.
No caso do método dos Gradientes Conjugados (Fletcher et al., 1964), a
força (o gradiente) f(t
n+1
) calculada em cada iteração é a conjugada da precedente
para determinar o vetor unitário p(t
n+1
) da direção descendente sobre a
hipersuperficie energética.
)()()(
11 nnnn
tptftp
β
+=
++
(20)
42
><
=
++
)(|)(
)(|)(
11
nn
nn
n
tftf
tftf
β
(21)
O passo de minimização s
min
é escolhido levando em conta o gradiente da
iteração precedente. Isto é o que permite a otimização do método com relação ao
método steepest-descent. A nova configuração é obtida por:
)()()(
min1 nnn
tpstrtr +=
+
(22)
O critério de convergência é feito sobre um número, a força máxima que
atua por átomo. No nosso caso, esse critério (emtol = 100 kcal.mol
-1
-1
, Força
máxima por unidade de mol aplicada a um átomo ou grupo no Gromacs) é
geralmente obtido aproximadamente em 5000 iterações, segundo a complexidade
do sistema. Geralmente uma minimização de energia é feita primeiro pelo método
steepest-descent e depois pelo método dos Gradientes Conjugados.
2.6.2
Dinâmica Molecular
Princípios
As simulações de dinâmica molecular a partir de uma função de energia
empírica, como dada na equação (7), são amplamente utilizadas para estudar a
estrutura, a dinâmica e aspectos termodinâmicos de sistemas moleculares no
equilíbrio e fora dele. As equações de movimento dos átomos são integradas no
tempo. Para realizar estas integrações o GROMACS utiliza o algoritmo de leap-
frog. Numa simulação de DM a energia total E é sempre constante. Além disso, o
número de átomos N e o volume V da caixa são fixos. Assim, estas simulações se
desenvolvem no formalismo de um ensemble microcanônico (N,V,E). Às vezes é
preferível manter a temperatura constante, mais que a energia, sendo estas
simulações de tipo (N,V,T). Em outros casos é vantajoso simular o sistema à
pressão constante em vez de volume constante, sendo estas simulações do tipo
(N,P,T). Para as simulações (N,V,T) ou (N,P,T) é necessário acoplar o sistema
molecular a um banho térmico ou um banho de pressão respectivamente.
Algoritmos de Verlet e Leap-frog
Os dois algoritmos são equivalentes, em seguida descreveremos o algoritmo
de Verlet (Verlet, 1967).
43
A partir da diferença das séries de Taylor das velocidades v
i
(t
n
-t/2) a t=t
n
e
v
i
(t
n
+t/2) a t=t
n
nós obtemos:
ttfmttvttv
niinini
+=+
)()2/()2/(
1
(23)
na qual desprezamos os termos de 3
a
ordem e ordens superiores. Da mesma
forma, fazendo as diferenças entre as séries de Taylor das posições em r
i
(t
n
) a
t=t
n
+
t/2 e r
i
(t
n
+
t) a t=t
n
+
t/2 dando o seguinte:
tttvtrttr
ninini
++=+
)2/()()( (24)
Estas duas equações permitem a integração no tempo conforme mostrado no
esquema da figura 2.9.
Figura 2.9 Integração das equações de movimento no algoritmo de leap-frog
Para deduzir o algoritmo de Verlet, devem-se eliminar as velocidades nas
equações 23 e 24 e substituir t
n
por t
n
-
t na equação 24, obtendo-se
21
))(()()(2)( ttfmttrtrttr
niinnini
+=+
(25)
A particularidade do algoritmo é que a velocidade dos átomos não aparece
explicitamente na equação, e assim um banho térmico por acoplamento de
velocidades não é possível.
O tempo de cálculo necessário é proporcional ao passo de integração t. O
passo de tempo deve ser menor que o menor período de vibração do sistema para
poder desta forma representar adequadamente o movimento do sistema. Em geral
são as vibrações X-H que limitam t a 10
-15
s= 1fs (as vibrações nos átomos de
hidrogênio se da em intervalos de femtosegundo).
44
2.7
Controle da temperatura
muitos métodos para o controle da temperatura nas simulações de DM.
Um método simples que nós utilizamos no nosso sistema é o todo de
Acoplamento Fraco (“weak coupling method”) (Berendsen, 1991) onde a equação
de movimento dos átomos é modificada a fim de obter uma relação de primeira
ordem da temperatura T perto da temperatura de referência T
o
.
)]([
)(
1
tTT
dt
tdT
oT
=
τ
(26)
A temperatura de um ensemble de N
df
graus de liberdade é definida em
termos da energia cinética desses graus de liberdade. O controle da temperatura
pode se realizar por uma modificação das velocidades dos átomos por um fator de
correção
λ
(t)
2
1
]]1
)(
[1[)(
+=
tT
Tt
t
o
T
τ
λ
(27)
A velocidade de relaxação da temperatura é controlada pelos tempos
de
relaxação da temperatura
T
τ
Este parâmetro é ajustado em função do sistema,
T
τ
deve ser suficientemente pequeno (acoplamento forte) para manter a
temperatura média em T
o
, mas suficientemente grande (acoplamento fraco) para
evitar perturbar o sistema.
Diferentes partes de um sistema molecular podem apresentar diferentes
tempos de aquecimento. Por conseguinte, é preferível acoplar as diferentes partes
de um sistema separadamente aos banhos térmicos. Acoplando cada um dos três
subsistemas proteína, ligante e solvente a três banhos térmicos com a mesma
temperatura de referência T
o
(310 K em nosso caso), garante-se uma distribuição
de velocidades tal que nenhum dos subsistemas estará mais quente ou mais frio
em relação à temperatura média global.
2.8
Controle da Pressão
O controle da pressão é realizado por um método de acoplamento fraco
(Berendsen, 1984) como o controle da temperatura, mas neste caso a pressão faz o
papel da temperatura e as posições atômicas das velocidades. As equações de
45
movimento são modificadas para obter a pressão de relaxação P, numa
aproximação de primeira ordem perto do valor de referência P
o
.
)]([
)(
1
tPP
dt
TdP
oP
=
τ
(28)
A pressão pode ser definida usando o teorema do virial,
)(
)()(
3
2
)(
tV
tWtE
tP
kin
=
(29)
Onde
W(t)
é o virial e
V(t)
o volume da caixa de simulação e E
kin
(t) a energia
cinética do sistema. O virial molecular é definido por:
<
=
N
N
tFtRtW
βα
αβαβ
)()(
2
1
)( (30)
Com
αβ
R
sendo a distância entre os centros de massa das moléculas
α
e
β
no instante
t
e
αβ
F a força sobre o centro de massa de
α
sobre
β
. Como a pressão
à temperatura constante está relacionada ao volume pela compressibilidade
térmica
T
κ
, o acoplamento é efetuado por um ajuste das coordenadas atômicas e o
tamanho da caixa de simulação por um fator de correção
µ
. Neste caso o ajuste
isotrópico é obtido por
3
1
)]]([1[)(
tPP
t
t
o
P
T
=
τ
κµ
(31)
O valor de
T
κ
para a água, utilizado é 44,6 x 10
-6
bar
-1
[92]. Como o tempo
de relaxação da pressão
P
τ
é um parâmetro adaptável, não é necessário conhecer
o valor de
κ
do sistema com exatidão.
P
τ
foi escolhido considerando o valor
para o água (que é o sistema com maior mobilidade).
Como a definição da pressão depende da energia cinética, o acoplamento da
pressão não deverá ser mais forte que o da temperatura.
P
τ
τ
(58)
Para nosso cálculo, nós utilizamos um valor de 1.0 ps e uma pressão de
referência de 1 atm.
46
2.9
Função de distribuição radial
Para a correta descrição da posição média das partículas em solução, usamos
a função de distribuição radial g(r) (Funtion radial distribution -FDR). Calculamos
unicamente a função normalizada por pares cortada pela função g(r), a qual nos dá
uma medida de como a matéria está se distribuindo ao redor do átomo ou grupos
de átomos de interesse.
))((
3
4
)()(
)(
33
rdrr
rNdrrN
rg
j
ij
+
=
πρ
(32)
O cálculo de
)(rg
ij
envolve a densidade dos átomos
j
ρ
e o número médio
N(r) de átomos j dentro de uma esfera de raio r ao redor do átomo i (Fig. 2.10) e
leva em conta as correlações na distribuição das moléculas provenientes das
forças que elas exercem umas sobre as outras.
Quando g(r) =1 não existe correlação entre as moléculas e não se exerce
influência uma sobre outra. A Energia Livre de Helmholtz pode ser escrita na
forma de um potencial de Campo Médio (PCM), definido como W(r)= - kT ln g(r)
e é usado para determinar a hidropaticidade. Se W(r) < 0 (g(r) > 1) o potencial é
atrativo (comportamento hidrofílico), e é repulsivo no caso contrario (g(r) < 1,
comportamento hidrofóbico) (Manfred, 1996)
O número de átomos contido numa camada é obtido por integração da
função 4πr
2
g(r) na largura da camada, adicionalmente a amplitude g(r) à distância
r, é necessário analisar os tipos de interação entre átomos e moléculas. Em grupos
polares, por exemplo, uma ligação de hidrogênio acontecendo no limite de r =
0.35 nm conectando doador e aceitador com um ângulo de tolerância hidrogênio-
doador-aceitador de 30
o
.
A avaliação da FDR e os enlaces de hidrogênio mostram a possível
localização das camadas de água ao redor de cada átomo presente na molécula,
permitindo-nos analisar o padrão hidrofóbico em cada forma pontual e total.
47
Figura 2.10 Função g(r) mostrando a distribuição da matéria em torno do átomo central
(azul).
2.10
Modelo para a água
A água é importante em todos os processos da vida conhecida na Terra. Nós
somos 80% água e, por conseguinte muito do êxito que se possa conseguir numa
simulação de DM vai depender do modelo de água utilizado. Além disso, a água
tem propriedades especificas que não são facilmente reproduzidas na simulação
(efeito túnel nos átomos de hidrogênio a T ambiente), e dependendo dos
fenômenos a estudar, eles poderiam ser desprezados. Uma dessas propriedades
específicas é a dependência da densidade com a temperatura, a qual alcança um
máximo perto de ~ 4
o
C.
Os níveis de detalhe no modelo da água passam desde os modelos de
solvatação contínua até os modelos de solvente explícito (Fig. 2.11).
Figura 2.11 Modelos de solvente implícito (esquerda), modelos de solvente explicito
(direita) (Gráfico obtido e modificado de http://agave.wustl.edu/)
Nível de detalhe
48
2.10.1
O modelo SPC (Single Point Charge)
Para determinar as interações entre as moléculas de água existem vários
modelos, uns dos mais sucedidos por sua simplicidade e eficiência computacional,
usado em nosso caso, é o modelo SPC (Berendsen et al., 1981) o qual contem o
efeito das cargas. No modelo SPC a molécula de água tem três centros de carga:
as cargas positivas dos átomos de hidrogênio e a carga negativa do oxigênio,
sendo um modelo de 3 sítios.
O fato de assumir cargas pontuais é uma aproximação que não reproduz de
maneira correta o momento dipolar da molécula. Para tentar reproduzir o
resultado experimental, este modelo considera o ângulo H—O—H 109.47
o
, como
se mostra na Fig. 2.12.
Figura 2.12 Molécula de água no modelo SPC. A carga parcial negativa do átomo de
oxigênio tem duas vezes a carga parcial positiva dos átomos de hidrogênio.
Resultado da concentração da carga e do redimensionamento do ângulo
H—O—H , o momento dipolar no modelo tem um valor próximo ao valor
experimental. A mobilidade da água no modelo é maior que a mobilidade da água
na natureza, pois não contém o par de elétrons isolados (elétrons do oxigênio). No
entanto, este efeito decresce rapidamente com a temperatura.
Além do modelo SPC, existem muitos que consideram efeitos de
polarização, mediante átomos “fantasmas”, para tentar reproduzir os efeitos dos
orbitais eletrônicos do oxigênio, etc.
O momento dipolar efetivo de uma molécula de água em fase liquida é
aproximadamente 2,6 D. Os modelos reproduzem os seguintes valores: SPC, 2.27
D e TIP4P, 2.18 D (modelo de quarto sítio, localiza uma carga negativa sobre um
49
átomo fantasma perto do oxigênio ao longo do bissetor do ângulo HOH)
(http://en.wikipedia.org/wiki/Water_model).
Propriedades estruturais e termodinâmicas tais como a densidade, função de
distribuição radial, entalpia de vaporização, capacidade calorífica, coeficiente de
difusão e constante dielétrica são usadas para ajustar os parâmetros destes
modelos.
O modelo SPC é um modelo rígido, por conseguinte algumas propriedades
da água não podem ser calculadas. Por exemplo, os aspectos vibracionais só
poderão ser calculados se forem inseridos termos de flexibilidade na função de
energia potencial.
Finalmente um fator importante no momento de escolher o modelo é o custo
computacional. Deve-se tomar em conta que no processo da solvatação do
sistema, uma quantidade apreciável de água é inserida no mesmo. Um modelo
extremamente fino poderia tornar muito custosa a simulação.
2.11
Tratamento eletrostático da proteína
O tratamento eletrostático nos informação a respeito dos aspectos
funcionais das diferentes regiões da proteína, sobre a posição dos tios de
interesses, sobre o componente eletrostático na energia de ligação do ligante, etc.
A grande maioria dos aminoácidos que constituem uma proteína interage
através de forças de longo alcance, essencialmente de natureza eletrostática. Os
campos elétricos gerados por proteínas estendem-se significativamente a uma
distância de 10-15 Å, dependendo de condições de temperatura, solvente e carga
elétrica da proteína (em maiores distâncias, as flutuações rmicas aleatórias do
solvente predominam sobre grande parte do efeito que o campo elétrico da
proteína pode exercer).
Desta forma, para entender as forças de atração-repulsão entre biomoléculas
é necessário compreender as leis da eletrostática que regem as interações
intermoleculares. Os fundamentos da física eletrostática são bem estabelecidos e
podem ser expressos concisamente por equações relativamente simples. Contudo,
a aparente simplicidade destas equações esconde algumas dificuldades conceituais
e numéricas da aplicação das mesmas ao estudo de sistemas complexos. Este é um
50
problema relevante devido à vasta quantidade de estruturas tridimensionais de
biomoléculas disponíveis recentemente.
2.11.1
Aplicação da Equação de Poisson-Boltzmann para o cálculo de
energias eletrostáticas em proteínas
Um sistema biomolecular sempre está rodeado de um meio o qual pode
estar composto de íons, estes íons interagem eletrostaticamente com a
biomolécula a qual poderia também ter carga elétrica.
Uma das aproximações que tem descrito com sucesso as interações
eletrostáticas em sistemas biomoleculares é a equação de Poisson-Boltzmann
(http://bessie.che.uc.edu/tlb/rctb6/rctb6.html).
)]]()
)(
exp[()]()
)(
exp[()([4))()(.( rv
Tk
rq
qnrv
Tk
rq
qnrrr
BB
r
r
r
r
rr
r
r
r
++=
+
φ
φ
ρπφε
(33)
Onde o primeiro termo a direita da igualdade representa a contribuição pelas
cargas fixas na biomolécula e os outros termos representam a contribuição dos
íons móveis positivos e negativos respectivamente.
ε
(r) : A constante dielétrica
Φ
(r) : Potencial eletrostático
ρ
(r) : Densidade de cargas na biomolécula
q: Carga de cada íon positivo ou negativo
n
±
: Densidade iônica
k
B
: Constante de Boltzmann
v(r)
: é 0 ou
em regiões accessíveis ou inacessíveis para o íon.
Na aproximação de campo fraco, considerando-se um conjunto de cargas
em um meio de constante dielétrica uniforme e de baixa força iônica, a equação
33, pode ser escrita na forma a seguir:
51
)(4)()]()([.
2
rrkrr
r
r
r
r
πρφεφε
=
(34)
Figura 2.13 Modelo para cálculo da superfície eletrostática na equação de Poisson-
Boltzmann (Gráfico obtido de http://agave.wustl.edu/)
Onde k é a constante de Debye-Hückel ou blindagem iônica do meio. A forma
da interface dielétrica e a exclusão de íons contidos no interior da proteína são
introduzidos no cálculo através da dependência das constantes
ε
e k do vetor r.
Em condições onde k = 0, íons estão ausentes e a Equação (34) pode ser reduzida
à equação de Poisson. Devido à diferença de polarizabilidade da água e do interior
da proteína, duas constantes dielétricas ε e ε
p
são necessárias para representar
realisticamente o sistema (ver Fig. 2.14).
Figura 2.14 Constantes dielétricas que caracterizam os diferentes meios nos quais se
aplica a equação de Poisson-Boltzmann (Gráfico obtido e modificado de
http://agave.wustl.edu/).
52
2.12
Superfícies de interação molecular
Superfície acessível ao solvente
A superfície acessível ao solvente (SAS) de uma biomolécula é uma forma
de quantificar o efeito hidrofóbico, este conceito tem sua origem no trabalho de
Lee e Richards (Lee et al., 1971) no ano 1971. A área acessível ao solvente
descreve a área na qual o contato entre a proteína e o solvente ocorre.
A SAS é definida como o lugar geométrico dos centros de uma esfera de
prova (representando a molécula do solvente) como se esta rodasse sobre uma
superfície de van der Waals da proteína (Fig. 2.15).
Superfície molecular (ou superfície excluída do solvente)
A superfície molecular (SM) é traçada pela frente interna da esfera de prova
(Fig. 2.15). Está composta de:
Superfície de contato: a parte da superfície de van der Waals que
pode ser tocada pela esfera de prova.
Superfície reentrante: formada pela frente interna da esfera de prova
quando esta está em contato com mais de uma molécula.
Figura 2.15 Esquema gráfico que mostra as definições de SAS e SM.
53
2.13
Docking” Molecular - Algoritmo Genético
Nos estudos de dockingfizemos uso do programa AUTODOCK (Morris
et al., 1998), que utiliza o Algoritmo Genético (do inglês, Genetic Algorithm,
GA), para otimizar a interação e descobrir os possíveis sítios de ligação entre as
porfirinas e o HSA. No programa AUTODOCK também foi implementado um
algoritmo genético modificado que introduz passos de busca conformacional local
entre cada passo, possibilitando que as mudanças fenotípicas (adaptações
conformacionais da molécula ao ambiente) possam ser adquiridas pelas próximas
gerações. Este híbrido do Algoritmo Genético é chamado de Algoritmo Genético
Lamarchiano (do inglês, Lamarchian Genetic Algorithm, LGA). O método de
busca local utilizado é baseado no algoritmo de otimização de Solis e Wets (SW)
(Solis e Wets, 1981).
Na terminologia desses algoritmos, uma solução candidata é chamada de
indivíduo e ao conjunto de indivíduos simultaneamente avaliados é dado o nome
de população. Inicia-se com uma população de conformações, orientações e
translações randômicas do ligante. Então o programa executa o número de
avaliações energéticas e gerações (iterações) requisitadas pelo usuário e seleciona
os indivíduos sobreviventes (os melhores adaptados). Uma taxa de mutação e
cruzamento é especificada e introduzida no problema a fim de possibilitar uma
melhor adaptação das gerações futuras (Sousa, 2005). Mais detalhes sobre o
Algoritmo Genético implementado podem ser encontrados no próprio manual do
AUTODOCK.
2.14
Correlação em dinâmica de biomoléculas
Movimentos correlacionados em sistemas moleculares são essenciais para a
função biomolecular, exemplos são os efeitos alostéricos e efeitos cooperativos.
Muitas vezes a função energética da proteína é dominada por contribuições
entrópicas que estão diretamente relacionadas a movimentos atômicos
correlacionados (Lange et al., 2006). A correta compreensão destes movimentos
54
correlacionados é importante para o entendimento da função da proteína e poderia
melhorar a interpretação dos experimentos de NMR e espalhamento de raios X.
Correlação é uma forma de medir quanto associadas ou relacionadas estão
duas variáveis. O propósito de fazer correlações é fazer predição acerca de uma
variável baseada no conhecimento de outra variável
Coeficientes de Correlação Generalizada
Os coeficientes de correlação generalizada estão baseados na formulação da
Mutua Informação de Kraskov, e residem na definição fundamental de
independência de variáveis aleatórias. A descrição que daremos ésta baseada no
trabalho desenvolvido por ele no ano 2004 (Kraskov et al., 2004). Segundo este
trabalho duas variáveis são independentes se e somente se a distribuição do
conjunto é um produto de suas distribuições marginais,
)()(),( YPXPYXP
(35)
a idéia é expressar a correlação como a diferença entre P(X,Y) e P(X)P(Y) (ver
Fig 2.16).
Figura 2.16 Correlação de variáveis aleatórias são definidas como a desviação de sua
distribuição de probabilidade (cinza) da distribuição de probabilidades das variáveis
aleatórias independentes (preto). (Gráfico obtido de Lange et al., 2006)
Isto equivale a definir a correlação C como a entropia de Shannon
(correlação total) (Lange et al., 2006).
],[][][],[ YXHYHXHYXC
(36)
55
onde H denota a entropia das variáveis aleatórias. Esta relação é equivalente a:
][][],[ YHXHYXH
(37)
a qual é uma igualdade se e somente se as variáveis são independentes. Pode-se
observar que quando não existe correlação entre as variáveis X e Y, C[X,Y]=0,
caso contrário tem um valor positivo.
A matrix de correlacào esta formado pelos coeficientes de corrrelacão e nos
forneceria informacão sobre como estan relacionadas as diferentes regiones da
proteina.
2.15
Aproximação Quântica - Teoria do Funcional de Densidade ( DFT)
Porque usamos o método DFT (do inglês Density Funtional Theory) em
nossos cálculos com as Porfirinas?
A aproximação de Hartree - Fock (HF) descreve a função de onda de N
elétrons por um determinante simples construído de orbitais ocupados, os quais
são variacionalmente determinados minimizando-se a energia. Este cálculo não
incorpora a correlação eletrônica e não é adequado para descrever compostos com
metais de transição (Margulis et al., 2002).
A precisão do método DFT comparado com HF é muito melhor (Ghosh et
al., 2003; Himo et al., 2003, Siegbanhn et al., 2000). Neste tipo de cálculo, a
densidade eletrônica tem um papel central porque a energia e as propriedades
moleculares são derivadas da densidade. A expressão para a energia incorpora a
correlação eletrônica através do termo de correlação de intercâmbio. A aplicação
do DFT precisa de um funcional de intercâmbio adequado e de uma base
adequada. Na literatura muitos funcionais desde a Aproximacão de Densidade
Local (local density approximation, LDA), passando por funcionais de gradiente
corrigido (generalized gradient approximation, GGA) e funcionais híbridos (com
mistura de HF e termos de intercâmbio) para formas mais avançadas.
Alguns destes funcionais são derivados de primeiros princípios, outros
envolvem uma calibração semi-empírica ajustada a dados teóricos ou
experimentais. Na prática, funcionais de gradiente corrigidos tais como BP86,
BLYP e BPW91 são aplicados adequadamente a espécies enzimáticas. Sem
dúvida, os funcionais bridos como B3LYP ou B3PW91 (Ghosh et al., 2003;
56
Himo et al., 2003) estão entre os mais usados. Em particular, B3LYP tem tido
êxito ao reproduzir valores experimentais de entalpias de formação com desvio
médio absoluto de 3 kcal.mol
-1
(Curtiss et al., 2000). B3LYP cálcula muito bem
um número de outras propriedades (Siegbanhn et al., 2000) ainda que não
reproduza bem as barreiras de reação. B3LYP é geralmente o método preferido
para um cálculo DFT em sistemas biológicos e na investigação de precursores e
derivados do heme (Ghosh et al., 2003; Himo et al., 2003).
2.15.1
Introdução à DFT
A teoria do Funcional de Densidade está baseada na noção de que a
energia total, E, de um sistema eletrônico é determinado pela distribuicão da
densidade eletrônica.
Os tempos de computação nos diferentes métodos baseados em HF escalam
como n
4
a n
6
onde n é o número de elétrons no sistema estudado. Neste aspecto, o
método DFT é mais bem sucedido porque tem a vantagem de o tempo de
computação escalar com ~ n
3
.
Os métodos ab initio baseados no formalismo HF dão precisões de 0,2 Å
para as distâncias de ligação, mas estes métodos têm sido menos bem sucedidos
nos cálculos que envolvem metais de transição (Lüthi et al., 1982). Os parâmetros
geométricos calculados por métodos DFT têm mostrado, há mais de duas décadas,
uma razoável aproximação com os experimentos através das distâncias de ligação
(Dunlap et al., 1986).
A Teoria do Funcional de Densidade é uma aproximação de muito êxito
para a descrição de estados fundamentais de metais, semicondutores, moléculas,
etc.
A idéia principal é descrever um sistema de férmions interagentes via
densidade e não via função de onda de muitos corpos. Para N elétrons em um
sólido, que obedecem ao princípio de Pauli, isto significa que a variável básica
dos sistemas depende das coordenadas espaciais x, y, e z em vez de 3N graus de
liberdade (aproximação de Thomas-Fermi). Desta forma, a energia total passa a
ser escrita como um funcional E[ρ(r)].
A DFT considera o termo de correlação eletrônica no potencial. Os elétrons
se movem tentando evitar a interação eletrônica e assim existem zonas dentro das
57
quais os elétrons não podem penetrar. Isto é chamado o buraco da correlação de
intercâmbio e vai dar o termo de intercâmbio (Energia de Intercâmbio) (Ziegler et
al., 1991; Gritsenko et al., 1997).
2.15.2
Descrição da teoria
Os métodos tradicionais estão baseados nas funções de onda de muitos
elétrons, uma das ventagems do metodo DFT é substituir a função de onda
eletrônica de muitos corpos pela densidade eletrônica. A implementação mais
comum da teoria é através do método de Kohn-Sham (Kohn et al., 1965), que
reduz o sistema a um conjunto de elétrons interagentes num potencial efetivo. O
potencial efetivo inclui o potencial externo e a interação de Coulomb. Modelar as
últimas duas interações é o problema, sendo a aproximação mais simples a
aproximação de densidade local (Local density aproximation, LDA), a qual está
baseada na energia de intercâmbio de um gás de elétrons.
No entanto, esta aproximação não é precisa o suficiente para os cálculos
necessários em química quântica e é necessário adicionar outros termos ao
potencial efetivo. Isto é especialmente certo quando os sistemas são dominados
pela forças de van der Waals ou quando a dispersão compete significativamente
com outros efeitos (em biomoléculas).
2.15.3
Descrição matemática
O presente item está baseado na informação disponibilizada em
http://en.wikipedia.org/wiki/Density_functional_theory.
No formalismo DFT, a variável chave é a densidade eletrônica
,
que é
dada por:
= ),...,,,(),....,,(....)(
22
*3
3
3
2
3
NNN
rrrrrrrdrdrdNrn
v
r
r
r
r
r
r
ψψ
(38)
Hohenberg e Kohn provaram em 1964 (Hohenberg et al., 1964) que a
função de onda no estado fundamental podia ser escrita como um
funcional da densidade eletrônica .Em outras palavras que é um único
funcional de
,
][
ooo
n
ψψ
=
(39)
58
Disto se deriva que a energia no estado fundamental, abaixo, é um funcional
de , onde T e U são a energia cinética e potencial do sistema e V é o potencial
externo:
>++=<= ][||][][
oooooo
nUVTnnEE
ψψ
Onde a contribuição do potencial externo é dada por
O Potencial é redefinido por um potencial não interagente, onde s denota o
sistema não interagente e V é o potencial efetivo no qual as partículas se estão
movendo. V é escolhido tal que:
)(
ss
TTUVV ++= (40)
De tal forma que o funcional na equação pode ser escrito em termos de um
funcional fictício de um sistema não interagente
>+=< ][||][][ nVTnnE
sssss
ψψ
(41)
Desta forma as equações de Kohn-Sham são resolvidas um sistema sem
interação.
O potencial efetivo V
s
pode ser escrito em mais detalhe:
)]([
||
)(
'3
'
'2
rnVrd
rr
rne
VV
sXC
s
s
r
rr
r
+
+=
(42)
Onde o segundo termo à direita denota o termo de Hartree descrevendo a
repulsão de Coulomb elétron-elétron, e o último termo denota o potencial de
correlação de intercâmbio V
XC
.
Aqui V
XC
inclui todas as interações de muitas partículas. O cálculo é
autoconsistente pelo fato de que o termo de Hartree e V
XC
depende de n(r), o qual
depende de , que por sua vez depende de .
2.15.4
O Método RESP (Restrained Electrostatic Potential)
Como resultado de um cálculo quântico, nós obtemos o potencial
eletrostático (ElectroStatic Potential - ESP). É a partir do ESP que se gera a
distribuição das cargas nas moléculas.
59
Fig 2.17 Esquema representando a obtenção das cargas a partir do ESP para o heme
(as cargas mostradas são só ilustrativas, o gráfico foi gerado com o VMD).
Existem diferentes metodologias para gerar cargas através do ESP, sendo
que entre as mais bem sucedidas estão:
O método CHELPG (CHarges from ELectrostatic Potential using a
Grid based method, (Breneman et al., 1990))
O método RESP (Bayly et al., 1993)
No caso de sistemas nos quais existem átomos fortemente blindados
(chamados de átomos ocultos) como o ferro no centro do anel porfirínico, o
método CHELPG falha. Entre as falhas do método CHELPG estão a
superestimação ou subestimação das cargas de átomos ocultos e a variação da
distribuição das cargas com a conformação da molécula (Bayly et al., 1993).
o método RESP diminui a variabilidade da distribuição das cargas com a
conformação e estima melhor as cargas dos átomos ocultos. O método RESP
envolve uma aproximação em dois níveis de cálculo, onde as cargas dos átomos
como os hidrogênios metil são forçadas a ser equivalentes até o segundo vel do
cálculo. Neste ponto estas cargas são reajustadas, enquanto que as cargas dos
outros átomos são mantidas nos valores do primeiro nível (Bayly et al., 1993).
Os resultados baseados no método RESP dão valores concordantes com a
energia conformacional para pequenas moléculas e também reproduzem
corretamente as energias livres de solvatação (Wang et al., 2000).
3.
Resultados e Discussão
3.1
Cálculo das cargas das porfirinas
O complexo da protoporfirina IX com o Fe
2+
produz o heme. Ambas
moléculas têm carga total -2 em pH=7. O grupo heme é muito importante em
muitos aspectos da vida, sendo responsável pelo armazenamento e distribuição de
moléculas de oxigênio no organismo. Um anel porfirínico consiste de 4 anéis
pirrol conectados todos eles por pontes de metano. Um anel pirrol é um grupo de
4 átomos de carbono e um átomo de nitrogênio unidos em um anel (Fig. 1.3).
É o íon Fe
2+
que dá a capacidade à molécula de se combinar com outros dois
ligantes. No caso da hemoglobina, um dos ligantes é o oxigênio e na HSA um dos
ligantes axiais é a TYR-161, como demonstraremos no presente trabalho. O
monóxido de carbono tem grande afinidade pelo heme e desloca o oxigênio. No
caso da hemoglobina, especialmente quando a concentração de CO no corpo
humano alcança 40% , isto pode produzir efeitos irreversíveis na saude.
3.1.1
Cálculo quântico - programa Gamess
O programa Gamess (General Atomic and Molecular Electronic Structure
System) é desenvolvido pelo grupo de M. S. Gordon, do Departamento de
Química da Universidade do Estado de Iowa e segue a filosofia de código aberto
(Schmidt et al., 1993). Começou a se desenvolver baseado no programa HONDO
existente já no ano 1981.
Entre as muitas capacidades do Gamess mencionaremos brevemente as
seguintes:
1. Calcula funções de onda de campo autoconsistente usando
aproximações RHF (restricted Hartree-Fock), UHF (unrestrited
Hartree-Fock), ROHF (restricted open shell Hartree-Fock), GVB
61
(generalized valence bond), ou MCSCF (multi-configuration self-
consistent field).
2. Calcula a energia de correlação eletrônica para estas funções de
onda SCF usando a aproximação DFT, entre outras aproximações.
3. Calcula modelos semi-empíricos como MNDO, AM1 ou PM3
usando funções de onda RHF, UHF, ROHF, ou GVB.
4. Otimiza geometrias moleculares usando coordenadas internas ou
cartesianas.
5. Procura estados de transição sobre a superfície de energia
potencial.
6. Computa freqüências dos modos normais de vibração, as
intensidades infravermelhas e intensidades Raman.
Além das mencionadas, o programa tem muitas outras capacidades
(Schmidt et al., 1993).
3.1.2
Base escolhida na entrada do Gamess para o cálculo do ESP
O “input” do Gamess para o cálculo do ESP pode ser visto no apêndice I.
Os cálculos foram feitos usando o método B3LYP, ou seja, usando a DFT com
termos de correlação e intercâmbio dados pela equação 42. O conjunto de bases
escolhido para todos os cálculos foi a 6-31G** (para otimização de geometria se
usouse 6-31). Essa escolha foi feita para considerar que os metais de transição
apresentam orbitais d e p. Esse conjunto de bases foi padrão para os cálculos do
ESP, de modo que os resultados pudessem ser comparados.
Esses dados são colocados no Gamess através de um input, que contém a
geometria molecular, o conjunto de bases, o método utilizado e que dados se quer
calcular, como, por exemplo, o potencial eletrostático. Também é necessário
colocar a carga total do sistema (em unidades atômicas), assim como sua
multiplicidade de spin.
A multiplicidade do sistema foi escolhida como se todos os elétrons
estivessem emparelhados, menos um, no máximo. Pela equação 2S + 1 (S é o spin
total do sistema), isto resulta em multiplicidade 1 para sistemas com número par
de elétrons (S=0) e multiplicidade 2 para sistemas com número ímpar de elétrons
(S=1).
62
3.1.3
Otimizando a geometria das porfirinas
Para obter a otimização da geometria se realizou o seguinte (apêndice 1):
Primeira otimização de geometria por Mecanica Molecular (MM):
Desenhou-se a geometria usando o programa Ghemical
(http://www.uiowa.edu/~ghemical/) e se gerou o arquivo pdb correspondente.
Depois, usando o mesmo programa, foi feita uma otimização de geometria usando
MM e gerando o pdb correspondente.
Segunda otimização de geometria usando a aproximação ROHF: O
último pdb gerado no passo anterior serve com “input” neste passo.
Usa-se um cálculo:
RUNTYP: OPTIMIZE (otimização de geometria)
SCFTYP: ROHF: Para levar em conta os elétrons desemparelhados
das últimas camadas
GBASIS: N31
NGAUS: 6 uma combinação linear de 6 gaussianas
ICHARGE: -2
MULT: 1
As estruturas otimizadas são mostradas na Fig 1.3. Uma vez obtida a
segunda geometria otimizada procedemos ao cálculo do ESP.
3.1.4
Obtenção das cargas a partir do ESP
Para a obtenção das cargas a partir do ESP se usou o método RESP,
discutido no item 2.12.4, o qual estima melhor as cargas dos átomos “ocultos”
(átomos com pouca SAS). No caso das porfirinas os átomos que formam o anel
porfirínico têm pouca SAS, assim como também o Fe
2+
.
Os resultados são mostrados na Tabela1. Da tabela podemos observar o
seguinte:
As cargas obtidas para o heme com a metodologia RESP estão em boa
concordância com as cargas do campo de forças Gromos 53A6, as quais foram
obtidas semiempiricamente para reproduzir os valores experimentais de energia
livre de solvatação e entalpia de formação (Oostenbrink et al., 2005). É assim que
63
com metodos puramente quanticos consegimos reproduzir cargas ajustadas para
reproduzir valores experimentais o qual nos gera confianza nas cargas que
calcularemos para o PPIX.
Quando o PPIX é complexado com o íon Fe
2+
, as cargas dos átomos de
nitrogênio aumentam de ~ 80%. Apesar dessas diferenças de cargas nos átomos de
nitrogênio, este não tem efeito sobre o caráter hidrofobico da porfirina (Fig. 3.3)
As cargas dos primeiros vizinhos dos átomos de nitrogênio e do grupo
carboxil são influenciadas pela ligação do Fe
2+
. Observa-se importantes alterações
de carga nos primeiros vizinhos dos átomos de nitrogênio, tales como os átomos
14 e 25. Para os átomos de oxigênio do grupo carboxil (1, 3, 21 e 22) as mudanças
são mínimas, da ordem de 8% (Tabela-1).
Observa-se que o átomo 13 tem variações na carga de -0.017 a -0.093,
provavelmente porque ele esta próximo aos átomos de carbono ressonantes 12 e
14. Os átomos 43 e 30 também têm variações de carga, devido a sua proximidade
com os átomos de carbono ressonantes 42 e 29. Observamos mudanças
comformacionais induzidas nestas regiões pelo íon Fe
2+
.
Fig. 3.1 À esquerda, protoporfirina IX depois de uma otimização de
geometria. Os números estão relacionados com as posições dos átomos na tabela
1. À direita, a PPIX complexada com Fe
2+
(heme) depois de uma otimização de
geometria.
64
Tabela 1. Cargas RESP obtidas do cálculo DFT (terceira e quinta colunas) e
a distribuição das cargas do GROMOS5A36 para o heme (quarta coluna)
Distribuição das cargas
Átomo PPIX HEME/53A6 HEME/DFT
*Fe 0.400 0.363
1 OBJ -0.593 -0.635 -0.644
2 CBI 0.381 0.270 0.463
3 OBK -0.593 -0.635 -0.644
4 CBH 0.016 0.000 0.019
5 CBG 0.168 0.000 0.084
6 CAX -0.334 0.000 -0.098
7 CAV 0.149 0.000 0.060
8 CBE -0.083 0.000 -0.053
9 CAR 0.159 0.000 -0.071
10 CAQ -0.117 -0.100 -0.069
*HHB 0.100 0.113
11 NAW -0.438 -0.100 -0.095
12 CAY 0.233 0.000 -0.046
13 CBD -0.017 -0.100 -0.093
*HHA 0.100 0.183
14 CBB 0.279 0.000 -0.030
15 NBA -0.298 -0.100 -0.059
16 HBA 0.234
17 CBC -0.364 0.000 -0.108
18 CBL 0.156 0.000 0.055
19 CBM 0.039 0.000 -0.035
20 CBN 0.356 0.270 0.601
21 OBP -0.593 -0.635 -0.644
22 OBO -0.593 -0.635 -0.644
23 CAZ 0.135 0.000 0.061
24 CBF -0.021 0.000 -0.007
25 CAT 0.041 0.000 -0.080
26 CAS -0.036 -0.100 -0.064
*HHD 0.100 0.061
27 CAM 0.174 0.000 -0.108
28 NAN -0.471 -0.100 -0.055
29 CAL -0.052 0.000 -0.026
30 CAO -0.010 0.000 0.070
31 CAP -0.094 0.000 -0.149
32 CAK 0.072 0.000 0.122
33 CAU -0.092 0.000 -0.061
34 CAJ 0.157 0.000 -0.060
35 CAI -0.070 -0.100 -0.154
*HHC 0.100 0.111
36 CAD 0.083 0.000 -0.104
37 NAE -0.249 -0.100 -0.012
38 HAE 0.279
39 CAB 0.067 0.000 -0.152
40 CAA 0.108 0.000 0.111
41 CAH -0.054 0.000 -0.063
42 CAC -0.021 0.000 -0.006
43 CAF -0.020 0.000 0.070
44 CAG -0.074 0.000 -0.112
65
3.2
Geração das topologias para as porfirinas
PPIX / HEME
A informação sobre a topologia da PPIX não está disponível no campo de
forças Gromos5A36. Para a construção desta topologia usamos o servidor
PRODRG (http://davapc1.bioch.dundee.ac.uk/programs/prodrg/)(Schuettelkopf et
al., 2004) o qual gera parâmetros para as ligações, ângulos e cargas. Inserimos
como entrada para este servidor web um arquivo no formato pdb da PPIX
otimizada geometricamente. Finalmente, no arquivo de saída do servidor,
mudamos as cargas pelas cargas que tínhamos calculado por meio do cálculo
quântico.
A topologia assim gerada é mostrada no apêndice II.
No caso do heme, a topologia existe no campo de forças Gromos5A36 e
aqui somente as cargas foram trocadas pelas obtidas no cálculo quântico, o
PRODRG não foi usado neste ultimo caso.
3.3
Solvatação e estabilidade das porfirinas na água
O efeito hidrofóbico tem um papel importante em ‘folding” de proteínas,
reconhecimento molecular e numerosos processos tecnológicos (Ding et al.,
2000). Atualmente, muitos estudos acerca dos processos de solvatação e
hidratação de hemoproteínas (Lounnaset et al., 1994; Phillps et al., 1995; Gu et
al., 1995), mas poucos sobre a influência da solvatação do heme e seu precursor, a
PPIX.
O contacto hidrofóbico ocorre principalmente na ligação do heme e da PPIX
nos bolsões hidrofóbicos da hemoglobina, mioglobina e transportadores como a
HSA (Wardell et al 2002). Os resultados da solvatação nos dariam elementos para
investigar o comportamento das moléculas num meio semelhante ao fisiológico.
Com o objetivo de estudar a relação estrutura-solvente, formação de pontes
de hidrogênio, camadas de solvatação e o caráter hidropático das porfirinas foi
realizada uma DM de 10 ns. Antes da DM, se realizou uma minimização de
energia para estabilizar o sistema, na qual as porfirinas foram colocadas numa
caixa de água (ver Fig. 3.2) sob as seguintes condições:
66
1. As moléculas porfirinas foram inseridas numa caixa junto com 6825
moléculas de água, com uma distância de 15 Å entre o soluto e a
parede da caixa.
2. Estabeleceram-se condições periódicas de contorno.
3. Sistema termodinamicamente acoplado a um banho térmico de 310 K.
4. Pressão 1 atm.
5. Modelo de água SPC.
6. O sistema tem carga total -2 e foi neutralizado com dois íons sódio
(Na
+
).
7. Tratamento eletrostático PME.
8. As interações de van der Waals e Coulomb foram consideradas com
um corte de 1 nm.
9. Passo na simulação de 2 fs.
10. Trajetórias atômicas colhidas para análise de 10 ns
Figura 3.2 Esquerda e direita: PPIX e Heme numa caixa de água. (gráfico gerado com
VMD)
A minimização de energia (ME) consiste dos seguintes passos:
1. ME com restrição de posição do soluto usando o algoritmo steepest-
descent, para relaxar somente o solvente e evitar a sobreposição dos
raios de van der Waals das moléculas de água.
2. ME sem restrição de posição usando o algoritmo steepest-descent,
para relaxar o sistema soluto-solvente.
3. ME sem restrição de posição usando gradiente conjugado.
67
A dinâmica molecular (DM) consiste dos seguintes passos:
1. DM de 500 ps com restrição de posição do soluto, com o objetivo de
permitir a formação das camadas de hidratação.
2. DM de 500 ps sem restrição de posição para equilibrar o sistema.
3. Finalmente uma DM de 10 ns para estudar a interação entre as
porfirinas com a água.
A relação agua-porfirina foi analisada usando-se a função de distribuição
radial (FDR) g(r) durante a DM de 10 ns, com os resultados a seguir.
3.3.1
Heme e PPIX
A Fig. 3.3 mostra o gráfico de g(r) para as moléculas protoporfirina IX e
heme. Empregando-se a Energia Livre de Helmholtz na forma W(r)= - kT ln g(r),
demonstra-se que ambas moléculas têm um caráter global hidrofóbico, pois g(r) é
menor que 1, gerando um potencial de força média repulsivo, o qual é típico de
moléculas hidrofóbicas. Além disso, g(r) não mostra picos característicos de
ligações de hidrogênio. A presença do Fe
2+
não tem um efeito global na
hidrofobicidade da PPIX.
Figura 3.3 Gráfico de g(r) para as moléculas de protoporfirina IX e heme. A distância
é em relação às moléculas de água.
68
3.3.2
Grupo carboxil
O heme e a PPIX têm dois grupos carboxil desprotonados em pH 7.0, com
uma carga total de –1 cada um. Em nosso estudo, o gráfico de g(r) ao redor deste
grupo mostra o caráter total hidrofílico e uma ponte de hidrogênio bem definida,
perto de 0.19 nm. (Fig. 3.4). Nesse caso g(r) atinge valores maiores que 1 e
portanto W(r) será atrativa. Na primeira camada de hidratação podemos observar
que a presença do íon Fe
2+
no anel central diminui a afinidade do carboxil pelo
solvente. Observamos-nos que as cadeias laterais da PPIX onde os grupos
carboxil são localizados se juntam apreciavelmente na presença do Fe
2+
(Fig. 1).
Esta mudança conformacional poderia originar a exclusão de moléculas de água,
diminuindo o g(r).
Figura 3.4 Gráfico do g(r) para o grupo carboxil. A distância é com relação aos
átomos de hidrogênio da água (preto, para o heme e vermelho, para a PPIX)
3.3.3
Oxigênio do carboxil
A Fig. 3.4 mostra que, como um todo, o grupo carboxil tem um caráter
hidrofílico (g(r)>1), mas na Fig. 3.5 pode-se notar que existe um entorno
hidrofílico bem localizado nos oxigênios do carboxil. Podemos observar que o
primeiro e segundo picos indicam uma forte interação atrativa com o solvente.
69
Nossos resultados sugerem que a presença do íon Fe
2+
no anel porfirínico
não muda significativamente a hidropaticidade do oxigênio dos grupos carboxil.
Figura 3.5. Gráfico de g(r) para o oxigênio do carboxil do PPIX e Heme. A distancia
refere-se aos átomos de hidrogênio das moléculas de água (preto para o heme e
vermelho para o PPIX)
3.3.4
O Fe
2+
do heme
A Fig 3.6 mostra o g(r) das moléculas de água para o íon Fe2+. Aqui mostra-se,
paradoxalmente, que o íon teria um caráter global hidrofóbico pois g(r) é menor
que 1. No entanto, o efeito aqui observado é a blindagem do acesso do Fe2+ à
água pelo anel do heme. A carga parcial do íon Ferro no heme é de cerca de 0,4
(tabela-1), suficiente para atrair moléculas de água (através dos átomos de
oxigênio). O íon forma três camadas de hidratação bem definidas, a primeira em
aproximadamente 0.19 nm.
70
Figura 3.6 Gráfico de g(r) para o íon Fe
2+
. A distância está referida às moléculas de
água (vermelho) ou ao átomo do oxigênio da agua (preto).
3.4
DM dos sistemas HSA, HSA-PPIX e HSA-HEME, Propriedades globais
A topologia da HSA foi gerada usando o comando pdb2gmx do
GROMACS, as topologias das porfirinas foram inseridas nos arquivos com a
topologia da HSA. O protocolo usado para a DM destos complexos é mostrado no
Apêndice C. As condições de simulação foram as seguintes:
1. Uma distancia do soluto a parede da caixa de 15 Å ao redor da HSA e
do complexo HSA-HEME (No caso do HSA-PPIX usamos uma
distancia do soluto a parede da caixa de 12 Å)
2. Estabeleceram-se condições periódicas de contorno.
3. Sistema termodinamicamente acoplado a um banho térmico de 310K.
4. Pressão 1 atm.
5. Modelo de água SPC.
6. O sistema tem carga total -16 e -18 (para os complexos do HSA-
Porfirinas) e foi neutralizado com Na
+
.
7. Tratamento eletrostático PME.
8. As interações de van der Waals e Coulomb foram consideradas com
um corte de 1 nm.
9. Passo na simulação de 2 fs.
71
10. Trajetórias atômicas colhidas em 20 ns de simulação.
A minimização de energia consiste dos seguintes passos:
1. ME com restrição de posição usando o algoritmo steepest-descent.
2. ME sem restrição de posição usando o algoritmo steepest-descent.
3. ME sem restrição de posição usando gradiente conjugado.
A DM consiste dos seguintes passos:
1. DM de 500 ps com restrição de posição do soluto, com o objetivo de
de permitir a formação das camadas de hidratação.
2. DM de 500 ps sem restrição de posição para equilibrar o sistema.
3. Finalmente uma DM de 20 ns para estudar a evolução dos complexos
na água.
Da Fig. 3.7 podemos observar que a dinâmica molecular da HSA e seus
complexos mostram conformações diferentes. Esta diferença é notória
principalmente na região de random coil (aminoácidos de 105 até 115) do
subdomínio IB, o qual perde flexibilidade por causa do ligante e acompanha a
dinâmica do IB. Isto contribui para afastar os subdomínios IB e IIIB, fazendo mais
notória sua separação, ver Fig. 3.8.
3.4.1
Desvio médio quadrático
Em simulações de Dinâmica Molecular, mesmo após a etapa prévia de
equilíbrio e termalização, quando os átomos do sistema atingem uma distribuição
de velocidades compatível com a temperatura, o relaxamento das estruturas ainda
continua por tempos que vão além de centenas de picosegundos. Isto ocorre
geralmente devido às diferenças entre o ambiente aquoso da simulação de
macromoléculas biológicas e a estrutura cristalina inicial. Para avaliar o
comportamento global das estruturas foi calculado a Raiz do Desvio Medio
Quadratico (Root mean square desviation, RMSD) para os sistemas, no tempo,
tomando como referência a estrutura após as minimizações. Estas análises
permitem acompanhar dinamicamente as variações da estrutura em relação à
estrutura antes da DM. Os resultados são mostrados na Fig. 3.9
72
Figura 3.7 Da esquerda para a direita, HSA-HEME, HSA-PPIX e HSA, mostrando a
conformação da porfirina cada 2 ns.
Ramdom Coil
IB
73
Figura 3.8 De cima para baixo, sobreposição da estrutura inicial (marrom) e final
(azul) da HSA, HSA-PPIX e HSA-HEME (o ligante não é mostrado).
IB
IIIB
74
0 2000 4000
6000
8000 10000 12000 14000
16000
18000 20000
Tempo (ps)
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
RMSD (nm)
0 2000 4000
6000
8000 10000 12000 14000
16000
18000 20000
Tempo (ps)
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
RMSD (nm)
HSA-PPIX
PPIX
0 2000 4000
6000
8000 10000 12000 14000
16000
18000 20000
Tempo (ps)
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
RMSD (nm)
HSA-HEME
HEME
Figura 3.9 De cima para baixo: Em preto, RMSD da cadeia de HSA, HSA-PPIX e
HSA-HEME em relação à cadeia da estrutura inicial. Em vermelho, RMSD dos ligantes
em relação ao ligante na estrutura inicial.
75
Da Fig. 3.9 podemos observar que o HSA e o HSA-heme conseguem se
estabilizar totalmente a partir dos 10 ns, não sendo assim com o complexo HSA-
PPIX, o qual se estabilizou nos primeiros 1500 ps. Por esta razão, nós tomaremos
como faixa temporal útil para análise de 10 – 20 ns, nos três sistemas.
Podemos observar que os ligantes estabilizam rapidamente e que
acompanham as flutuações globais que a proteína sofre. No caso do complexo
HSA-PPIX no intervalo de 1200 a 1400 ps, a proteína sofre uma grande flutuação
que, como veremos quando analisarmos o raio de giro, isso pode ser devida a um
movimento de rotação ou de “respiração” da proteína. Neste caso, a PPIX
acompanha as mudanças de seu hospedeiro.
No caso dos dois complexos o ligante acompana as mudancas do hospedero,
esto é notório no HSA-HEME no intervalo de 3 - 4ns.
Para ver o tempo de estabilização do ligante na proteína fazemos um zoom
no intervalo de tempo de 0 – 1 ns, como se mostra nas Figuras 3.10 e 3.11.
0 100 200 300 400
500 600
700 800 900 1000
Tempo (ps)
0
0,05
0,1
0,15
0,2
RMSD (nm)
Figura 3.10 RMSD da PPIX com relação a PPIX na estrutura inicial, como se pode
observar, o ligante se estabiliza nos primeiros 250 ps
76
0 100 200 300 400
500
600
700 800 900 1000
Tempo (ps)
0
0,05
0,1
0,15
0,2
RMSD (nm)
Figura 3.11 RMSD do heme no sítio de ligação durante o primeiro nano segundo da
simulação. Como se pode observar, o heme se estabiliza nos primeiros 150 ps.
Nestas últimas duas figuras, observamos que os ligantes se estabilizam
rapidamente no sítio de ligação principal do subdomínio IB. O PPIX se estabiliza
nos primeiros 250 ps. o heme se estabiliza mais em aproximadamente 150 ps.
Como veremos mais adiante quando analisaremos as pontes de hidrogênio, esta
diferença no tempo de estabilização poderia ser explicada pelo fato que a LYS-
190 estaria atuando como uma tampa molecular, que fixaria o heme no bolso
hidrofóbico. Como veremos a LYS-190 forma pontes de hidrogênio com os
oxigênios do grupo carboxil do heme.
3.4.2
Desvio médio quadrático 3D
Com o objetivo de se ter uma melhor visualização de quais sub-domínios
mais contribuem com as mudanças no RMSD, analisaremos o RMSD-3D para
cada sistema. Para isto usamos o programa MOLMOL
(http://hugin.ethz.ch/wuthrich/software/molmol/index.html). As Figuras 3.12,
3.13 e 3.14 mostram as quatro vistas principais da proteína.
Nas Figuras 3.13 e 3.14 podemos observar o efeito estabilizador dos ligantes
na proteína, na região mostrada na Fig. 3.12 (seta vermelha). Esta região em
“ramdom coil” se mostra ainda mais estável na presença do heme que da PPIX.
77
Figura 3.12 RMSD 3D do HSA, mostrando as quatro vistas principais; A: vista frontal;
B: vista posterior; C: vista superior; D: vista inferior. Como podemos observar o HSA tem
4 subdomínios principais com muita mobilidade e são os mais expostos ao solvente. A
figura central no corresponde à conformação A, é só referencial e mostra uma vista
frontal com as posições dos subdomínios.
78
Figura 3.13 RMSD 3D do HSA-PPIX, mostrando as quatro vistas principais; A: vista
frontal; B: vista posterior; C: vista superior; D: vista inferior. (o ligante não e mostrado). A
figura central no corresponde à conformação A, é só referencial e mostra uma vista
frontal com as posições dos subdomínios.
79
Figura 3.14 RMSD 3D do HSA-HEME, mostrando as quatro vistas principais; A: vista
frontal; B: vista posterior; C: vista superior; D: vista inferior (o ligante não e mostrado). A
figura central no corresponde à conformação A, é só referencial e mostra uma vista
frontal com as posições dos subdomínios.
3.4.3
Raio de Giro
O raio de giro nos informação a respeito da evolução da geometria da
proteína, se esta gira ou se esta realiza movimentos periódicos de contração e
expansão (respiração). Estes movimentos de giro ou de contração acontecen
quando o raio de giro com respeito aos eixos se cruzam. A seguir mostramos o
raio de giro para os três sistemas.
O raio de giro é calculado com o comando g_gyrate do Gromacs usando a
seguinte formula:
2
1
2
||
=
i
i
i
ii
g
m
mr
R
80
Onde m
i
é a massa do átomo i e r
i
a posição do átomo com referência ao
centro de massa da molécula.
0 2000 4000
6000
8000 10000 12000 14000
16000
18000 20000
Tempo (ps)
1
1,5
2
2,5
3
Rg (nm)
Rg
RgX
RgY
RgZ
Figura 3.15 Raio de giro da HSA
0
5000
10000
15000
20000
Time (ps)
1
1,5
2
2,5
3
Rg (nm)
Rg
RgX
RgY
RgZ
Figura 3.16 Raio de giro do complexo HSA-PPIX
81
0 2000 4000
6000
8000 10000 12000 14000
16000
18000 20000
Tempo (ps)
1
1,5
2
2,5
3
Rg (nm)
Rg
RgX
RgY
RgZ
Figura 3.17 Raio de giro do complexo HSA-HEME
Nestas simulações a HSA e o complexo HSA-PPIX apresentaram grandes
movimentos de domínios, com oscilações e rotações, enquanto o complexo HSA-
HEME permaneceu mais estável, apresentando somente oscilações de pequenas
amplitudes. Porém, esses movimentos não são conclusivos, pois estamos
analisando somente 20 ns e uma única simulação de cada sistema. Assim, não
temos amostragens temporais ou de ensemble suficientes para análise, por
exemplo, de movimentos de baixa freqüência e grandes amplitudes. Na escala de
tempo de dezenas de nanosegundos em complexos macromoleculares com mais
de 100.000 átomos, como o que está em estudo, são possíveis várias análises
sobre flutuações locais, estrutura e estabilidade de ligações de hidrogênio com
ligantes e caracterização da superfície intermolecular, como será feito a seguir.
3.4.4
Evolução da energia
Para ver se o sistema é estável energeticamente, fizemos o gráfico da
evolução da energia total do sistema no tempo. Na Fig. 3.18, podemos ver que os
sistemas HSA e seus complexos são estáveis durante toda a DM. Fazendo um
82
zoom no intervalo de 0 1 ns como mostra a Fig. 3.19, vemos que a partir dos
100 ps, pode-se considerar que o sistema é estável energeticamente.
A diferença de energia entre os sistemas HSA, HSA-heme com referência
ao HSA-PPIX é devido ao número das moléculas de água. No último sistema se
considerou uma distância do soluto até a parede da caixa de 12 Å,
diferentemente dos 15 Å considerados para os dois primeiros.
0 2000 4000
6000
8000 10000 12000 14000
16000
18000 20000
Tempo (ps)
-1,48e+06
-1,46e+06
-1,44e+06
-1,42e+06
-1,4e+06
-1,38e+06
-1,36e+06
-1,34e+06
-1,32e+06
-1,3e+06
-1,28e+06
-1,26e+06
E (kJ mol
-1
)
HSA
HSA-PPIX
HSA-HEME
Figura 3.18 Energia total do HSA e seus complexos, mostrando que o sistema é
estável energeticamente.
0 100 200 300 400
500
600
700 800 900 1000
Tempo (ps)
-1,48e+06
-1,46e+06
-1,44e+06
-1,42e+06
-1,4e+06
-1,38e+06
-1,36e+06
-1,34e+06
-1,32e+06
-1,3e+06
-1,28e+06
-1,26e+06
E (kJ mol
-1
)
HSA
HSA-PPIX
HSA-HEME
Figura 3.19 Energia total do HSA e seus complexos, mostrando que o sistema já é
estável a partir dos 100 ps.
83
3.4.5
Flexibilidade dos resíduos na proteína
Usaremos a flutuação da raiz media quadratica (root mean square
fluctuations, RMSF) para fazer um estudo da flexibilidade dos diferentes
subdomínios do HSA e ver o efeito do ligante nessas regiões. A RMSF é
calculada comparando-se as estruturas instantâneas obtidas em cada passo da
simulação com a estrutura inicial antes da DM. Usamos os átomos de carbono alfa
da proteína. Os resultados para cada complexo são mostrados nas Figuras 3.20 e
3.21. a Fig. 3.22 mostra a superposição dos complexos HSA-HEME e HSA-
PPIX.
Pode-se observar o seguinte:
A região de “random coil” compreendida entre os aminoácidos 105 e 115
experimenta grandes flutuações (RMSF do HSA, Fig. 3.20), o que é mostrado
tamben no RMSD-3D.
Na Fig. 3.20 para o HSA, os subdomínios que experimentam maior RMSF
são os IIB e IIIB enquanto os que experimentam o menor RMSF são os
subdomínios IIA e IIIA (exceto na região “random coil” entre os amino ácidos
460-480).
Este resultado é interesante tendo presente que os subdomínios IIA e IIIA
são os principais sítios de ligação da proteína, e se esperaria que regioes com
grande flexibilidade fossem tamben as de maior actividade regulatoria. Mas Artali
et al. (2005) já relataram estudos teoricos que confirmam nossos resultados.
Quando o HSA e complexado com o ligante, o RMSF do HSA muda,
mostrando que os “random coils” nos subdomínios IB e IIIA são interdependentes
e a mobilidade de um afeta a mobilidade do outro (Fig. 3.22). Assim, em geral o
padrão do RMSF do HSA muda na presença das diferentes porfirinas.
Quando comparamos os RMSF dos complexos HSA-PPIX e HSA-heme,
observamos que em geral o PPIX tem um efeito estabilizador mais pronunciado
sobre a proteína nas distintas regiões do HSA, da seguinte forma:
Entre os resíduos 260-290, 433-446, 462-473, 493-503, 547-582 o heme
aumenta a flexibilidade da proteína.
A PPIX tem efeitos pontuais importantes nas regiões 347-356 e 361-380
onde a flexibilidade aumenta pronunciadamente.
84
IIB
0 100 200 300 400
500
600
Residuo
0
0,2
0,4
0,6
0,8
RMSF (nm)
HSA
HSA-PPIX
Figura 3.20 RMSF de HSA e de HSA complexada com PPIX, mostrando as variações
produzidas nos diferentes subdomínios e os possíveis efeitos alostéricos produzidos na
HSA.
0 100 200 300 400
500
600
Residuo
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
RMSF (nm)
HSA
HSA-HEME
Figura 3.21 RMSF de HSA e de HSA complexada com heme, mostrando as variações
produzidas nos diferentes subdomínios e os possíveis efeitos alostéricos produzidos no
HSA.
IIIA
IA
IIB
IIA
IB
IIIB
IA
IB
IIA
IIB
IIIA
IIIB
85
0 100 200 300 400
500
600
Residuo
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
RMSF (nm)
HSA-HEME
HSA-PPIX
Figura 3.22 RMSF do HSA-heme e do HSA-PPIX, mostrando as variações produzidas
nos diferentes subdomínios pela presença do íon Fe
2+
.
3.5
Superfície de contato intermolecular entre HSA e as porfirinas
Quais são os resíduos que mais interagem com as porfirinas?
Para responder a esta pergunta faremos uso do conceito de superfície de
contacto intermolecular (SCI). Com esta informação visualizaremos a distância no
tempo entre os diferentes aminoácidos (e os átomos principais) com referência aos
ligantes.
Para determinar quais são os aminoácidos do HSA que interagem com as
porfirinas calculou-se a SCI entre os aminoácidos da proteína e os ligantes. A SCI
é determinada pela interseção entre a SAS do ligante e a SAS da proteína.
Para isso se gerou um arquivo multi pdb com o comando trjconv do
GROMACS, considerando somente os últimos 10 ns da DM, registrando-se as
posições atômicas com um espaçamento temporal de 100 ps. Para o cálculo da
SCI se usou o programa SURF desenvolvido no Laboratório de Modelagem e
Dinâmica Molecular (LMDM) do Instituto de Biofisica Carlos Chagas Filho.
O programa SURF está baseado no algoritmo de Connolly (Connolly, 1983)
e precisa, além do multi pdb, dados como o raio de prova (1.4 Å) e a densidade de
IIIB
IIIA
IIB
IIA
IB
IA
86
pontos (1 ponto/Å
2
). Com estes dados disponíveis, rodo-se o SURF e obtive-se as
áreas de contato intermolecular dos aminoacidos que interagem com as porfirinas.
Com estes dados pode-se recriar o micro entorno molecular de cada uma das
porfirinas, determinar a importância dos aminoácidos na estabilidade do sítio
ativo, determinar a hidropaticidade do sítio de ancoramento, determinar a natureza
da interação entre os resíduos do HSA e as porfirinas, além de várias outras
informações.
Da Fig. 3.23 na qual observamos a área de contato intermolecular HSA-
HEME e HSA-PPIX por resíduo. Os 10 principais aminoácidos do HSA que
interagem como o heme são os seguintes :
ARG-186, TYR-161, ILE-142, LEU-115, ARG-145, TYR-138, HIS-146,
LEU-139, LYS-190, LEU-154
As LEU, ILEU, TYR e HIS são aminoácidos com caráter hidrofóbico e, por
conseguinte, o HEME fica ancorado num bolso predominantemente hidrofóbico.
Estes aminoácidos parecem ser de muita importância na alta afinidade do HSA
pelo HEME.
No caso do HSA com o PPIX, os principais aminoácidos que interagem o
os seguintes:
TYR-138, TYR-161, LEU-139, ILE-142, LEU-154, LEU-115, LEU-135,
PHE-157, ARG-186, ALA-158.
Como podemos ver o PPIX interage com mais leucinas, e fica ancorado no
bolso hidrofóbico do heme. Também podemos observar cinco regiões de interação
claramente definidas centradas nos resíduos: LEU-115, TYR-138, LEU-154,
TYR-161, ARG-186, o que poderia definir um padrão de interação do HSA com
estas porfirinas.
Na região centrada na TYR-138 a PPIX apresenta uma maior SCI
comparada com o heme. Isto é devido à contribuição dos aminoácidos LEU-139 e
TYR-138.
Na região centrada na LEU-154 se observa que a PPIX apresenta maior SCI
devido à contribuição dos aminoácidos LEU-154 e LEU-155.
Na região centrada na TYR-161 se observa que a PPIX apresenta maior SCI
devido a contribuição dos aminoácidos PHE-157 e ALA-158.
na região centrada na ARG-186 o heme apresenta maior SCI devido à
contribuição dos aminoácidos ARG-186 e LEU-182.
87
Figura 3.23 Área de contacto intermolecular entre HSA e as porfirinas
88
3.6
Distância entre os aminoácidos do HSA que mais interagem com as
porfirinas
3.6.1
Distância entre os aminoácidos do HSA que mais interagem com
PPIX
Para visualizar a relação entre os movimentos dos principais aminoácidos
analizaremos a distância entre os centros de massa (CM) do PPIX e dos três
aminoácidos que mais interagem com a PPIX com respeito ao CM da cadeia da
proteína.
Como sabemos dos resultados do RMSD da PPIX na proteína, esta
estabiliza nos primeiros 250 ps, por conseguinte analisaremos os dados de toda a
DM.
Na Fig. 3.24 vemos que o único aminoácido que poderia estar realizando
algum tipo de enlace com a PPIX seria a TYR-161. A distância mínima é de 1 Å
no tempo de 8470 ps e a distância máxima é de 3,6 Å em 18753 ps.
Observa-se que nos primeiros 4 ns a TYR-161 acompanha o comportamento
do ligante. Depois desse tempo, o aminoácido sofre reacomodações até se
estabilizar definitivamente depois do 10.5 ns, quando passa a seguir o padrão de
conduta da PPIX.
A TYR-138 e LEU-139 seguem o mesmo padrão de conduta do ligante com
uma distância média de separação com referência ao ligante de 7,3 Å e 4,5 Å,
respectivamente.
Quais seriam as causas pelas quais a TYR-161 sofre essa série de reacomodações
no intervalo entre 4 e 10,5 ns?
Para responder a esta pergunta faremos uma análise mais detalhada da
interação TYR-161 e a PPIX considerando os átomos interagentes. Da DM se
observou que o átomo de oxigênio do OH interage com o anel porfirínico, mas
quais são os átomos de nitrogênio do anel que têm função estabilizadora nesta
interação?
Para responder a esta pergunta graficamos a distância entre o oxigênio OH-
TYR161 e os nitrogênios NAW-PPIX e a distância entre oxigênio OH-TYR161 e
o nitrogênio NAE-PPIX.
89
Observa-se na Fig. 3.25 que o oxigênio permanece ligado com uma
distância média de 4 Å, sendo esta ligação definida a partir dos 10.5 ns.
Na Fig. 3.26 mostramos a distância entre o átomo de oxigênio OH-TYR161
e os átomos de nitrogênio restantes do anel. Observa-se que durante os primeiros
10.5 ns o oxigênio tem uma distância média de 4 Å, para depois se afastar dos
nitrogênios a uma distância média de 5,5 Å. Isto nos indica que a TYR-161 fica
inicialmente armadilhada no anel porfirínico por causa dos nitrogênios e depois
dos 10.5 ns ela se estabiliza basicamente adotando uma posição fixa com
referência aos nitrogênios da Fig. 3.25.
0 2000 4000
6000
8000 10000 12000 14000
16000
18000 20000
Tempo (ps)
1
1,2
1,4
1,6
1,8
2
2,2
2,4
2,6
Distancia (nm)
TRY-161
TYR-138
LEU-139
PPIX
Figura 3.24 Distância do centro de massas dos aminoácidos e do ligante PPIX à
cadeia de HSA. Pode-se observar a correlação entre as posições dos aminoácidos e do
ligante.
90
0 2000 4000
6000
8000 10000 12000 14000
16000
18000 20000
Tempo (ps)
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
Distancia (nm)
OH-TYR161-->NAW-PPIX
OH-TYR161-->NAE-PPIX
Figura 3.25 Distância entre o OH da TYR-161 e os nitrogênios NAW e NAE do ligante
PPIX, mostrando que durante a DM a distância média permanece a mesma.
0 2000 4000
6000
8000 10000 12000 14000
16000
18000 20000
Tempo (ps)
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
Distancia (nm)
OH-TYR161-->NBA-PPIX
OH-TYR161-->NAN-PPIX
Figura 3.26 Distância entre o OH da TYR-161 e os nitrogênios NBA e NAN do ligante
PPIX, mostrando que durante os primeiros 10.5 ns da DM a TYR-161 está quase no
centro do anel porfirínico tendo a mesma distância de 4 Å, em média, com relação aos 4
nitrogênios do anel e que depois dos 10.5 ns ela se afasta dos nitrogênios NBA e NAN
para se estabilizar com os outros nitrogênios restantes.
91
3.6.2
Distância entre os amino ácidos do HSA que mais interagem com o
HEME
Para visualizar a relação entre os movimentos dos principais aminoácidos
analisaremos a distância entre os centros de massa (CM) do heme e dos três
aminoácidos que mais interagem com a heme com respeito ao CM da cadeia da
proteína.
Como vimos nos resultados do RMSD do heme na proteína, esta estabiliza
nos primeiros 150 ps, por conseguinte analisaremos os dados de toda a DM. Da
Fig. 3.27 podemos dizer o seguinte: em geral os três aminoácidos seguem o
padrão de conduta do heme. Considerando o intervalo de 10 20 ns, os três
aminoácidos não se afastam do padrão do heme.
Visualizando a trajetória da DM do heme no HSA, vemos que o oxigênio
OH da TYR-161 interage frontalmente com o Fe-heme, formando um enlace
pentacoordenado com o Fe (ver Fig. 3.28). A distância mínima é de 2.1 Å, a
distância máxima é 5,9 Å e a distância média é 3,8 Å (ver Fig. 3.29). Valores
experimentais da distância de ligação de Fe ao OH-TYR161 são dados em
(Wardell et al., 2002), no qual a distância do Fe ao plano do heme é de 2,73 Å.
Na Fig. 3.30, mostram-se os gráficos comparando as microvizinhanças
encontradas por difração de raios X (Wardell et al., 2002) e com nossa
metodologia de cálculo. Em nossa DM observamos que a TYR-161 faz pontes de
hidrogênio com os aminoácidos PHE-157, PHE-165 e com as moléculas de água
W6209 e W8834, os quais parecem ter um papel importante na estabilização da
ligação com o íon Fe.
Observam-se estas duas moléculas de água no lado proximal e não se
observam moléculas de água no lado distal (ver Fig. 3.30). Podemos observar que
a TYR-138 se encontra do outro lado do anel porfirínico, podendo ter um papel
semelhante ao da histidina proximal como na hemoglobina.
92
0 2000 4000
6000
8000 10000 12000 14000
16000
18000 20000
Tempo (ps)
1
1,5
2
2,5
Distancia (nm)
TYR-161
TYR-138
ILE-142
HEME
Figura 3.27 Distância dos principais aminoácidos do HSA que interagem com o heme
ao CM da cadeia.
Figura 3.28 No lado proximal, TYR-161 interagindo frontalmente com o Fe
2+
do heme;
no lado distal TYR-138 interagindo com os nitrogênios do anel. A mutação de ambas
TYR por HIS poderia fornecer um entorno semelhante ao da hemoglobina.
93
0 2000 4000
6000
8000 10000 12000 14000
16000
18000 20000
Tempo (ps)
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
Distancia (nm)
OH-TYR164-->Fe-HEME
Figura 3.29 Distância entre o oxigênio OH-TYR161 e o íon Fe
2+
do heme.
Figura 3.30 Comparação teórica-experimental. Em A, a microvizinhança molecular
obtido por raios X (Wardell et al., 2002); em B, a microvizinhança molecular obtido em
nossos cálculos. Colocou-se o nome de alguns aminoácidos como referência, W denota
moléculas de água no lado proximal.
94
3.7
Pontes de hidrogênio entre o HSA e as porfirinas
Interações não covalentes são essenciais para manter a estrutura da proteína,
para os processos de reconhecimento e para as interações ligante-proteína.
Ligações de hidrogênio são uma classe de interação não covalente e têm um papel
importante na afinidade do ligante pelo sítio de ligação. Aqui nós mostraremos as
ligações de hidrogênio e identificaremos os átomos doadores e aceitores.
Nas tabelas 2 e 3 mostramos as pontes de hidrogênio diretas formadas entre
as porfirinas e os aminoácidos no bolso hidrofóbico, mostramos tambem o tempo
de prevalencia definido como el porcentaje do tempo no qual se manten a
estrutura de ponte de hidrogenio. Pode-se observar o seguinte:
Heme/PPIX
A LYS-190 faz ligação de hidrogênio com os carboxilatos do heme. A mais
curta e mais forte ocorre entre o hidrogênio do NZHZ2 e o oxigênio O2D do heme
e a mais fraca e de menor prevalência é feita entre o hidrogênio do NH com o
oxigênio O1A do heme. Estes resultados concordam com o observado
experimentalmente por Wardell et al. (2002).
Da DM se observa que a LYS-190 está sempre entre os dois grupos carboxil
e forma pontes salinas permanentemente entre eles. Desta forma a LYS-190, que
está na entrada do bolso hidrofóbico, estaria atuando como uma “tampa” que
ajudaria a fixar o heme. Já as ligações de hidrogênio entre a PPIX e a LYS-190
são desprezíveis.
A ARG-145 faz ligações de hidrogênio com os oxigênios dos grupos
carboxil do heme, tendo maior prevalência com os átomos de oxigênio O1D e
O2D e menor prevalência os átomos de oxigênio O1A e O2A. A DM parece
indicar que a ARG-145 teria o um efeito estabilizador no ligante muito parecido
ao LYS-190.
no caso do PPIX este aminoácido ARG-145 forma pontes de hidrogênio
com uma prevalência importante só com o nitrogênio NH1-HH11 e o oxigênio
OBK, assim o efeito estabilizador da ARG-145 é pouco importante na PPIX.
A ARG-114, que se encontra localizada na entrada do bolso hidrofóbico,
forma uma ponte de hidrogênio com o átomo de nitrogênio NH1-HH11 e o átomo
de oxigênio O2D do heme. no caso do PPIX este aminoácido forma pontes de
95
hidrogênio com os átomos de oxigênios OBK e OBJ de um grupo carboxil do
PPIX.
Tabela 2: Pontes de hidrogênio diretas entre o HSA e o heme e % de prevalência
(7
a
coluna) numa DM de 20 ns.
Doador
Hidrogênio
Aceptor Prev. (%)
193SER OG 193SER HG 583HEME O2A 2.03
190LYSH NZ 190LYSH HZ2 583HEME O2D 34.63
190LYSH N 190LYSH H 583HEME O1A 20.34
146HISB NE2 146HISB HE2 583HEME O2D 2.85
145ARG NE 145ARG HE 583HEME O1A 9.38
145ARG NE 145ARG HE 583HEME O2A 7.84
145ARG NE 145ARG HE 583HEME O1D 13.52
145ARG NE 145ARG HE 583HEME O2D 17.68
114ARG NH1 114ARG HH11 583HEME O2D 21.54
114ARG NE 114ARG HE 583HEME O1D 3.52
Tabela 3: Pontes de hidrogênio diretas entre o HSA e o PPIX e % de prevalência
(7
a
coluna) numa DM de 20 ns.
Doador
Hidrogênio
Aceptor Prev. (%)
190LYSH NZ 190LYSH HZ3 583PYP OBP 2.99
190LYSH NZ 190LYSH HZ2 583PYP OBP 4.48
190LYSH NZ 190LYSH HZ3 583PYP OBO 2.49
146HISB NE2 146HISB HE2 583PYP OBP 2.99
145ARG NH2 145ARG HH21 583PYP OBO 3.98
145ARG NH1 145ARG HH11 583PYP OBK 9.95
114ARG NH1 114ARG HH11 583PYP OBJ 14.43
114ARG NH1 114ARG HH11 583PYP OBK 22.89
Nas Figuras 3.31 e 3.32 observamos que PPIX faz em média maior número
de ligações de hidrogênio com as moléculas de água na vizinhança do sítio de
ligação que o heme. Isto é devido a que o heme faz, em média, maior número de
ligações com a proteína (Tabela 2 e figuras 3.31 e 3.32). Nos gráficos dessas
figuras, são consideradas todas as pontes de hidrogênio com o solvente, incluindo
as pontes intermediadas por água.
96
18000
18500
19000
19500
20000
Tempo (ps)
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
Numero de ligacoes de hidrogenio
Proteina
Solvente
Figura 3.31 Ligações de hidrogênio da PPIX com HSA (preto) e o com o água nas
vizinhanças do sítio de ligação (vermelho)
18000
18500
19000
19500
20000
Tempo (ps)
0
3
6
9
12
15
Numero de ligacoes de hidrogenio
Solvente
Proteina
Figura 3.32 Número de ligações de hidrogênio do heme com a proteína (preto) e com
o solvente presente nas vizinhanças do sítio de ligação (vermelho)
97
3.8
Análise da superfície eletrostática dos sistemas HSA, HSA-PPIX e
HSA-heme
A superfície eletrostática (SE) de uma proteína nos informação sobre a
distribuição de cargas na superfície da molécula, o que pode indicar prováveis
sítios de ligação de interesse. No nosso caso, a superfície eletrostática de HSA
possibilitaria a previsão do melhor local de interação da proteína com as
porfirinas.
A superfície eletrostática da proteína é colorida de acordo com o potencial
eletrostático. Em vermelho encontram-se regiões de potencial negativo, em azul,
potenciais positivos e em branco, regiões neutras. Nas figuras 3.33 e 3.34
mostramos as superfícies eletrostáticas moleculares de HSA e seus complexos,
calculadas pelo programa APBS (Baker et al., 2001), visualizadas pelo programa
PMV (Sanner et al., 1999) depois de uma DM de 20 ns .
Em um primeiro exame da superfície eletrostático (ver Fig. 3.33, notamos
que o padrão de distribuição das cargas positivas (em azul) e negativo (em
vermelho) da proteína muda conforme o ligante. Dados preliminares do RMSD-
3D (ver Fig. 311, 3.12 e 3.13) e do RMSF (ver Fig. 3.20 e 3.21) indicaram que a
acomodação dos ligantes no subdomínio IB modifica a conformação dele. O
“random coil” presente nessa região perde muita flexibilidade de forma a alterar a
distribuição de cargas na superfície. Essa perda de mobilidade por efeito do
ligante contribui para gerar a separação entre os subdomínios IB, IA, IIA e os sub
domínios IIIA, IIIB como se observa na Fig. 3.33. Além disso, tem-se observado
que a PPIX tem um efeito de diminuir a flexibilidade com relação ao heme. Isso é
visto na superfície eletrostática entre ambos complexos.
Pode-se observar a presença de três regiões de potencial positivo (região
central da proteína) inicialmente isoladas no HSA. A presença dos ligantes gerou
a união desses domínios positivo. A PPIX torna evidente esta união, mas heme
preservou-se esta união de domínios positivos e isolou-se região dos subdomínios
IB e IIA.
Porém, como dito anteriormente, mais dados são necessários para melhor
caracterizar as macro-mudanças conformacionais, as quais estão associadas a
movimentos de grande amplitude, passíveis de análise em MD envolvendo
98
maiores tempos de simulação ou com o emprego de outras técnicas como cálculo
da Dinâmica Essencial e Modos Normais de Vibração.
Fazendo um zoom no subdomínio IB (ver Fig. 3.34), vemos que o padrão
eletrostático é totalmente alterado na presença do ligante, sugerindo que a
interação ligante–proteína é responsável pela formação do sítio de ligação das
porfirinas, mas deve-se ter presente que no plasma humano os diversos ligantes
que o HSA transporta, como os ácidos graxos, poderiam contribuir para a pré-
formação dos sítios de ligação das porfirinas.
Ja no nosso modelo de calculo nos inserimos as porfirinas em sitios pre-
formados, mas a interacào entre as porfirinas aumento o volumen dessos sitios.
99
Figura 3.33 De cima para baixo: superfície eletrostática do HSA, HSA-PPIX e HSA-
heme depois de 20 ns de DM (em azul: potencial eletrostático positivo, em vermelho:
negativo).
100
Figura 3.34 De cima para baixo: superfície eletrostática do subdomínio IB do HSA,
HSA-PPIX e HSA-heme depois de 20 ns de DM.
101
3.9
Prováveis segundos sitio de ligação das porfirinas no HSA
Evidências experimentais (Zhang et al., 2002) têm proposto a possível
existência de um segundo sitio de ligação da PPIX com o HSA usando técnicas
baseadas em eletroforese. Nesses estudos não se referências sobre a possível
posição do segundo sítio de ligação.
Após realizar a DM de 20 ns do complexo HSA-PPIX fazemos um analise
da superfície e do potencial eletrostático sobre esta para identificar uma região
que tenha uma área e potencial favoráveis para a ligação do PPIX.
Localizou-se a região mostrada na Fig. 3.33 com uma seta vermelha, para
confirmar se esta região poderia ser um segundo tio de ligação realizou-se um
Docking Molecular usando o programa AUTODOCK.
O resultado do Docking mostra que a região localizada entre os sub
domínios IIA e IIIA seria um possível sitio de ligação (ver Fig. 3.35 e 3.36). Este
resultado poderá ser confirmado fazendo uma DM da porfirina no HSA nesse
sitio. Se o resultado dessa DM mostrasse que a porfirina é estável nesse sitio, teria
se confirmado o segundo sitio de ligação.
Figura 3.35 Segundo provável sitio de ligação da PPIX no HSA
102
Figura 3.36 Potencial eletrostático na superfície da proteína na região do segundo
provável sitio de ligação da PPIX no HSA
Considerando que o heme e o PPIX tem características hidrofóbicas e cargas
iguais, este segundo provável sitio de ligação poderia hospedar também o heme.
3.10
Existem regiões do HSA correlacionadas ao subdomínio IB?
Antes de começar esta última seção devemos mencionar que os resultados
correspondentes a este item, não puderam ser comparados com estudos prévios
experimentais ou teóricos, que correlações os movimentos atômicos nas diferentes
regiões do HSA, porque estes não existem até o momento.
Como vimos nas Figuras 3.20 e 3.21, a ligação da porfirina no subdomínio
IB muda o padrão do RMSF. Isto nos leva a fazer a seguinte pergunta: As
diferentes regiões da HSA correlacionadas?
Escolhemos os elementos carbono alfa (C
α
, atomos que compoen o
esqueleto da proteina) da cadeia para aplicar a matriz de correlação, porque tomar
a proteína inteira faria inviável nosso cálculo. Devemos mencionar uma vez mais
que um resultado mais conclusivo será obtido com uma dinâmica longa (tempo
de simulação > 100 ns), em nosso caso tomaremos uma faixa temporal entre 5ns –
20 ns.
Um valor do coeficiente de correlação igual a zero significa que não existe
correlação. Um valor menor que um, mas maior que zero significa que existe
103
correlação. Esta correlação pode ser baixa, média ou alta; para distingui-las
usaremos um código de cores.
Vermelho: Correlação muito baixa (0 – 0.1)
Amarelo : Correlação baixa (0.1-0.2)
Verde : Correlação media (0.2-0.5)
Azul : Correlação alta (0.5-1)
Como primeiros passos determinarão o padrão de correlação total (termos
linearmente correlacionados e termos não linearmente correlacionados) do HSA e
o compararemos com o padrão de correlação linear. Desta forma podemos saber a
contribuição dos termos não lineares no padrão de correlação das direferentes
regiões do HSA.
Na Fig. 3.37, pode-se observar “pequenas mudanças” no padrão de
correlação, estas mudanças são difíceis de visualizar, mas para ter uma melhor
idéia geraremos a matriz da diferença entre a matriz de correlação total e
correlação linear, como é mostrado na Fig. 3.38.
Fig. 3.37 Padrão do HSA: Linear (triangulo superior direito), total (triangulo inferior
esquerdo).
104
Fig. 3.38 Matriz da diferença entre a matriz de correlação total e linear do HSA
Podemos observar que, de forma global, considerar os movimentos
correlacionados linearmente gera uma perda de informação ~40%.
Da matriz da diferença vemos que existem zonas bem localizadas (zonas em
azul) onde os termos não lineares são importantes.
Nas figuras 3.39 e 3.40, mostramos os padrões de correlação generalizados
do HSA-HEME e do HSA-PPIX
105
Fig. 3.39 Padrão de correlação generalizada: HSA (triangulo superior direito), HSA-
HEME (triangulo inferior esquerdo).
106
Fig. 3.40 Padrão de correlação generalizada: HSA (triangulo superior direito), HSA-PPIX
(triangulo inferior esquerdo).
Agora veremos os efeitos do heme inserido no subdomínio IB e as
mudanças no padrão de correlação. Tentaremos encontrar as regiões da proteína
que poderiam estar correlacionadas com ela. Para isso traçaremos duas verticais
paralelas começando do resíduo 100 até o 200 (subdomínio IB), e duas horizontais
paralelas começando do resíduo 100 até o 200, Fig. 3.41
A região compreendida nessas paralelas e com coeficiente de correlação
diferente de zero, chamaremos de regiões diretamente correlacionadas, e aquelas
que estão fora das paralelas, mas que contribuem com os movimentos atômicos
destas chamaremos de regiões indiretamente correlacionadas. O gráfico inserido
(da Fig. 3.21) na Fig. 3.41 mostra o padrão de RMSD do HSA e do HSA-HEME,
o objetivo é explicar este padrão com base nos movimentos correlacionados dos
átomos.
107
Fig. 3.41 Padrão de correlação generalizada: HSA (triângulo superior direito), HSA-
HEME (triângulo inferior esquerdo). Nesta figura mostra-se entre as paralelas as regiões
diretamente correlacionados com a região compreendida entre os resíduos 100-200.
Da Fig. 3.41, pode-se observar o seguinte, os resíduos 110 a 118 no HSA
estão altamente correlacionados com os resíduos 460-465 (seta vermelha), mas
uma vez que o heme é ligado, esta correlação diminui apreciavelmente. Isto
explica o observado na inserção da Fig. 3.41 ou na Fig. 3.21 (visualizemos estas
regiões na Fig.3.41).
0 100 200 300 400
500
600
Residuo
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
RMSF (nm)
HSA
HSA-HEME
108
Fig. 3.42 Região (100-118, vermelho) correlacionada com a região (460-465, amarelo)
Agora observemos a região em torno ao resíduo 310 (seta preta), que perde
correlação uma vez que o heme é inserido. Isto se manifesta como uma perda de
mobilidade, como se na figura inserida na Fig. 3.41. Visualizemos esta região
na Fig. 3.43.
Fig. 3.43 Região (100-118, vermelho) correlacionada com a região (306-313, amarelo)
Esta correlação não é facilmente evidente, pois as duas regiões se
encontram afastadas, mas fortemente correlacionadas. Observamos da Fig. 3.38
que grande parte destes movimentos correlacionados são não lineares. Isto pode
109
ser explicado pelo fato de considerar um sistema de N massas-molas. Quando
N=2 se têm um sistema com uma alta correlação linear, mais quando N é muito
grande se perde a correlação linear entre a primeira e ultima massa-mola do
sistema, assim para N grande os efeitos não lineares contribuem mais aos
movimentos correlacionados.
Finalmente, veremos que a região entre os 110-140 está diretamente
correlacionada com a região 500-582 (marcada com um “}” na Fig. 3.41) como
era evidenciado na figura inserida na Fig. 3.41, mas esta região mantém e aumenta
a correlação um vez que o heme é inserido. Visualizemos estas regiões na Fig.
3.44.
Fig. 3.44 Região (110-140, vermelho) correlacionada com a região (500-582, amarelo)
Estudos com maior detalhe serão realizados com uma dinâmica longa destes
sistemas e servirão de base para estudos de efeitos alostéricos, pré-formação de
sitos de ligação por inserção de ligante, efeitos entrópicos, etc.
110
4.
Conclusão e Perspectivas
4.1
Conclusões
1. Considerando a função de distribuição radial g(r) entre grupos de
átomos das porfirinas e as moléculas de água como uma medida da
afinidade destes grupos pelo solvente, demonstramos o caráter não
homogêneo da hidropaticidade das porfirinas. O caráter hidrofóbico
está concentrado no anel porfirínico e o caráter hidrofílico se reduz
aos átomos do grupo carboxil. Os grupos carboxil desprotonados são
importantes no transporte das porfirinas porque eles formam enlaces
de hidrogênio bem definidos com o solvente.
2. Na DM de 20 ns dos complexos HSA-porfirinas, observaram-se
câmbios conformacionais no subdomínio IB por efeito da ligação
com as porfirinas. Observou-se que, apesar de os principais sítios de
ligação de várias drogas localizarem-se nos subdomínios IIA e IIIA,
estes sofrem menos flutuações que os demais o qual concorda com
os resultados experimentais mostrados na literatura.
3. Em geral a PPIX tem um efeito mais estabilizador que o heme no
HSA.
4. Na DM de HSA-heme, determinou-se que a TYR-161 e a TYR-138
ocupam posições semelhantes à da HIS proximal na hemoglobina.
Determinou-se que as moléculas de água no lado distal do heme são
importantes na orientação da TYR-161, na ligação com o íon Fe.
Determinou-se que a LYS-190 poderia estar atuando como uma
“tampa” para o heme no bolso hidrofóbico, confirmando o mostrado
na literatura..
5. Determinou-se o provável segundo sitio de interação entre as
porfirinas e o HSA, tomou-se como referência a PPIX, a qual
111
poderia corroborar os resultados experimentais de Zhang et al.
(2002).
6. Determinou-se o padrão de correlação do HSA para uma DM de
20 ns e sua variação na presença das porfirinas, assim como as
correlações existentes entre as diferentes regiões do HSA. Uma DM
de 100 ns poderia-nos oferecer resultados definitivos.
4.2
Perspectivas
Com base nos resultados obtidos temos as seguintes perspectivas:
1. Realizar mutações das TYR-161 e TYR-138, proximal e distal, e de
aminoácidos que rodeiam o heme, a fim de recriar o entorno hidrofóbico
da hemoglobina. Em particular testar mutações por histidina, para ver se
estas são capazes de controlar a ligação com oxigênio, como na
hemoglobina.
2. Realizar uma DM para determinar se as porfirinas são estáveis no segundo
provável sítio de ligação.
3. Realizar um estudo de correlação de uma DM de 100 ns para comparar
com nossos resultados da DM de 20 ns e para verificar a existência de
movimentos correlacionados que se gerariam numa escala de tempo maior.
112
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117
118
Apêndice A : Inputs do Gammes
Otimização de Geometria do heme
$CONTRL RUNTYP=OPTIMIZE COORD=CARTESIAN EXETYP=RUN
$END
$BASIS GBASIS=N31 NGAUSS=6 $END
$CONTRL SCFTYP=RHF MAXIT=200 MULT=1 $END
$CONTRL ICHARG=-2 $END
$SYSTEM TIMLIM=6000 MEMORY=90000000 $END
$STATPT OPTTOL=0.0001 NSTEP=1000 $END
$BASIS GBASIS=STO NGAUSS=2 $END
$GUESS GUESS=HUCKEL $END
$STATPT OPTTOL=0.0001 NSTEP=1000 $END
$DATA
HEME
C1
C 6 -3.661910 3.681267 0.060634 0.027877
C 6 -2.423211 3.002899 -0.046667 0.110923
C 6 -2.696873 1.588362 -0.020966 0.391591
N 7 -4.080307 1.431462 0.095164 -0.774294
C 6 -4.688276 2.675346 0.152980 0.396551
C 6 -1.734789 0.559033 -0.099498 -0.395207
C 6 -1.948108 -0.794452 -0.129508 0.411487
C 6 -0.900035 -1.843399 -0.193621 0.093444
C 6 -1.556749 -3.060840 -0.157696 0.118978
C 6 -3.009030 -2.750304 -0.094810 0.429775
N 7 -3.214615 -1.423453 -0.075699 -0.724857
C 6 -4.027114 -3.761875 -0.069740 -0.448793
C 6 -5.369010 -3.530014 -0.035383 0.432517
C 6 -6.454000 -4.557200 0.003288 0.040080
C 6 -7.658421 -3.901777 0.104804 0.101728
119
C 6 -7.393110 -2.435100 0.120398 0.444717
N 7 -6.004630 -2.280267 -0.003177 -0.808842
C 6 -9.000339 -4.458117 0.175522 -0.515274
C 6 -8.329065 -1.454462 0.227583 -0.425592
C 6 -8.066169 -0.042329 0.262747 0.407779
C 6 -9.169012 0.967221 0.402160 0.114026
C 6 -8.551978 2.201258 0.439040 0.068334
C 6 -7.077231 1.952750 0.314474 0.426706
N 7 -6.856842 0.544197 0.220509 -0.768140
C 6 -6.251015 -5.982146 -0.054228 -0.133334
C 6 -5.375100 -6.604638 -0.845260 -0.354218
C 6 -1.000081 -4.411200 -0.182714 -0.526749
C 6 0.521347 -1.630725 -0.263499 -0.135075
C 6 1.129662 -0.708280 -1.012202 -0.340840
C 6 -10.573774 0.654711 0.471871 -0.567780
C 6 -9.205805 3.514286 0.553687 -0.328597
C 6 -9.991480 3.682775 1.842640 -0.339232
C 6 -11.492288 3.939333 1.622358 0.630438
O 8 -12.139585 4.454474 2.578798 -0.662226
C 6 -6.099899 2.897630 0.283412 -0.412695
C 6 -1.095308 3.607858 -0.170090 -0.569016
C 6 -3.833018 5.144360 0.030644 -0.359961
C 6 -3.125821 5.860696 1.167020 -0.345849
C 6 -2.186071 6.977588 0.680917 0.621695
O 8 -2.052926 7.996485 1.416512 -0.777873
O 8 -12.028465 3.606031 0.522658 -0.636275
O 8 -1.558943 6.822619 -0.411140 -0.770369
H 1 -6.913392 -6.565464 0.612893 0.135694
H 1 -4.712890 -6.070556 -1.539481 0.144778
H 1 -5.273754 -7.697161 -0.847564 0.133431
H 1 -9.559607 -4.036296 1.055753 0.159518
H 1 -8.983595 -5.571928 0.269522 0.137142
H 1 -9.585010 -4.192690 -0.748889 0.159893
H 1 -3.668392 -4.802564 -0.080811 0.150190
120
H 1 1.118993 -2.324023 0.358009 0.130159
H 1 2.221033 -0.595112 -1.018875 0.127900
H 1 0.585335 -0.013079 -1.664716 0.137997
H 1 -9.391756 -1.739531 0.295091 0.157633
H 1 -0.684495 0.917221 -0.139623 0.160546
H 1 -1.398475 -5.016206 0.671286 0.147577
H 1 0.115792 -4.386190 -0.108953 0.142969
H 1 -1.278630 -4.932634 -1.134053 0.147438
H 1 -6.391773 3.962015 0.365047 0.164622
H 1 -10.813729 0.054320 1.384589 0.117839
H 1 -10.884848 0.033594 -0.425921 0.108544
H 1 -11.199159 1.590510 0.478384 0.275291
H 1 -0.527510 3.149274 -1.017585 0.139082
H 1 -0.508275 3.449670 0.770196 0.140855
H 1 -1.183834 4.720404 -0.347589 0.202512
H 1 -9.927771 3.625038 -0.309833 0.193597
H 1 -8.444335 4.333252 0.463932 0.082440
H 1 -9.573228 4.536813 2.431834 0.102354
H 1 -9.909844 2.763202 2.476361 0.095549
H 1 -4.924441 5.403453 0.041121 0.148583
H 1 -3.405698 5.523951 -0.944258 0.166747
H 1 -2.496669 5.141978 1.752082 0.148565
H 1 -3.877549 6.302531 1.867332 0.155566
Fe 26 -4.919295 -0.384531 -0.009205 1.477452
$END
Otimização de geometría do PPIX
$CONTRL RUNTYP=OPTIMIZE COORD=CARTESIAN EXETYP=RUN
$END
$BASIS GBASIS=N31 NGAUSS=6 $END
$CONTRL SCFTYP=RHF MAXIT=200 MULT=1 $END
$CONTRL ICHARG=-2 $END
$SYSTEM TIMLIM=6000 MEMORY=90000000 $END
121
$STATPT OPTTOL=0.0001 NSTEP=1000 $END
$BASIS GBASIS=STO NGAUSS=2 $END
$GUESS GUESS=HUCKEL $END
$STATPT OPTTOL=0.0001 NSTEP=1000 $END
$DATA
PPIX
C1
C 6.0 -3.25500 3.66000 -0.07700
C 6.0 -1.99400 2.90800 -0.13000
C 6.0 -4.22700 2.75300 -0.03000
C 6.0 -3.52900 1.45700 -0.00400
N 7.0 -2.20800 1.59000 -0.15000
C 6.0 -5.67600 3.02300 -0.01600
C 6.0 -6.56400 2.30000 -0.70500
C 6.0 -3.41600 5.15400 -0.15900
C 6.0 -4.14800 0.29500 0.22100
C 6.0 -3.53000 -1.03900 0.27600
C 6.0 -4.23300 -2.32100 0.49200
C 6.0 -3.36300 -3.34100 0.43200
C 6.0 -2.03000 -2.75500 0.20900
N 7.0 -2.31000 -1.34600 0.12700
C 6.0 -3.70800 -4.76900 0.55400
C 6.0 -3.18800 -5.72100 -0.22700
C 6.0 -0.79400 3.49400 -0.14900
C 6.0 0.51500 2.82400 -0.20600
C 6.0 -0.85000 -3.37700 0.13000
C 6.0 0.46700 -2.75400 -0.08600
C 6.0 -5.72200 -2.45900 0.65600
C 6.0 1.84300 3.47300 -0.28800
N 7.0 0.74300 1.57800 -0.24100
C 6.0 2.79700 2.53300 -0.36700
C 6.0 2.13300 1.22000 -0.33900
C 6.0 1.59000 -3.46200 -0.22000
N 7.0 0.68900 -1.43700 -0.15400
122
C 6.0 2.00900 -1.29100 -0.31400
C 6.0 2.64100 -2.46600 -0.37800
C 6.0 2.69600 0.01000 -0.37800
C 6.0 2.09000 4.95700 -0.24400
C 6.0 1.73800 -4.95800 -0.15700
C 6.0 4.27900 2.76500 -0.49000
C 6.0 4.93200 2.64800 0.90400
C 6.0 6.41900 2.83500 0.79300
O 8.0 6.79300 4.02700 0.33600
O 8.0 7.15200 1.86900 0.65900
C 6.0 4.11200 -2.72100 -0.57900
C 6.0 4.83100 -2.65800 0.78500
C 6.0 6.30600 -2.87600 0.60000
O 8.0 6.63000 -4.06400 0.09500
O 8.0 7.05600 -1.92500 0.45700
H 1.0 -6.04100 3.87500 0.55700
H 1.0 -6.24900 1.46800 -1.33300
H 1.0 -7.62100 2.56000 -0.66700
H 1.0 -3.10500 5.60900 0.79200
H 1.0 -4.46200 5.42500 -0.36100
H 1.0 -2.79300 5.55200 -0.97300
H 1.0 -5.21900 0.32500 0.39800
H 1.0 -4.44900 -5.06100 1.29800
H 1.0 -3.49700 -6.75700 -0.09600
H 1.0 -2.48300 -5.48000 -1.02000
H 1.0 -0.78200 4.58100 -0.12700
H 1.0 -0.86500 -4.45600 0.25100
H 1.0 -6.00100 -2.20600 1.68900
H 1.0 -6.04900 -3.48500 0.43500
H 1.0 -6.23900 -1.77700 -0.03500
H 1.0 3.78100 -0.00200 -0.43700
H 1.0 1.28900 5.46700 0.30800
H 1.0 2.13100 5.35300 -1.26900
H 1.0 3.04000 5.17500 0.26500
123
H 1.0 1.22900 -5.41500 -1.01900
H 1.0 1.28800 -5.33700 0.77300
H 1.0 2.79600 -5.25300 -0.17100
H 1.0 4.48100 3.75800 -0.91600
H 1.0 4.72000 2.01300 -1.16100
H 1.0 4.71500 1.66100 1.33800
H 1.0 4.51500 3.42600 1.56200
H 1.0 4.54400 -1.97500 -1.26200
H 1.0 4.26500 -3.71200 -1.02900
H 1.0 4.42400 -3.44600 1.43800
H 1.0 4.65800 -1.68000 1.25800
H 1.0 -1.91000 1.19100 -1.10900
H 1.0 0.17400 -1.02900 -1.01100
$END
Cálculo do ESP do HEME
$CONTRL RUNTYP= ENERGY DFTTYP=B3LYP EXETYP=RUN
MOLPLT=.TRUE. UNITS=ANGS $END
$BASIS GBASIS=N31 NGAUSS=6 NDFUNC=2 NPFUNC=1 $END
$CONTRL SCFTYP=ROHF MAXIT=200 MULT=1 $END
$CONTRL ICHARG=-2 $END
$BASIS POLAR=POPN31 $END
$SYSTEM TIMLIM=6000 MEMORY=90000000 $END
$STATPT OPTTOL=0.0001 NSTEP=1000 $END
$PDC PTSEL=CONNOLLY CONSTR=NONE VDWSCL=1.4 VDWINC=0.2
LAYER=4 $END
$GUESS GUESS=HUCKEL $END
$scf dirscf=.true. $end
$DATA
HEME
C1
C 6 -3.659290 3.681267 0.060634 0.027877
C 6 -2.422114 3.002899 -0.046667 0.110923
C 6 -2.696873 1.588162 -0.020966 0.391591
124
N 7 -4.080307 1.431462 0.095164 -0.774294
C 6 -4.688276 2.675346 0.152980 0.396551
C 6 -1.732789 0.559933 -0.099498 -0.395207
C 6 -1.948108 -0.794752 -0.129508 0.411487
C 6 -0.900035 -1.843399 -0.193621 0.093444
C 6 -1.558749 -3.060840 -0.157696 0.118978
C 6 -3.009030 -2.750304 -0.094810 0.419775
N 7 -3.211615 -1.423453 -0.075999 -0.724857
C 6 -4.027114 -3.761875 -0.069740 -0.448793
C 6 -5.369010 -3.530014 -0.032383 0.432517
C 6 -6.454000 -4.557200 0.003288 0.040080
C 6 -7.658421 -3.901777 0.104804 0.101728
C 6 -7.393110 -2.435100 0.120398 0.434717
N 7 -6.004630 -2.280267 -0.003177 -0.808842
C 6 -9.010339 -4.458117 0.175522 -0.525274
C 6 -8.329065 -1.453462 0.227583 -0.425592
C 6 -8.066169 -0.042329 0.272737 0.407779
C 6 -9.159012 0.967221 0.402160 0.114026
C 6 -8.551978 2.201258 0.439040 0.068334
C 6 -7.077231 1.952750 0.314474 0.426706
N 7 -6.866842 0.544197 0.220509 -0.768140
C 6 -6.251015 -5.982146 -0.054228 -0.133334
C 6 -5.375100 -6.604638 -0.845260 -0.354218
C 6 -1.000081 -4.411200 -0.182714 -0.526749
C 6 0.521347 -1.630725 -0.263499 -0.135075
C 6 1.129662 -0.708280 -1.012202 -0.340840
C 6 -10.583774 0.644711 0.461871 -0.577780
C 6 -9.205805 3.514286 0.553687 -0.328597
C 6 -9.991480 3.682775 1.842640 -0.339232
C 6 -11.492288 3.939333 1.622358 0.630438
O 8 -12.139585 4.454474 2.578798 -0.662226
C 6 -6.099899 2.897630 0.283412 -0.412695
C 6 -1.095308 3.607858 -0.170090 -0.569016
C 6 -3.833018 5.144360 0.030644 -0.359961
125
C 6 -3.125821 5.860696 1.167020 -0.345849
C 6 -2.186071 6.977588 0.680917 0.621695
O 8 -2.052926 7.996485 1.416512 -0.777873
O 8 -12.028465 3.606031 0.522658 -0.636275
O 8 -1.558943 6.822619 -0.411140 -0.770369
H 1 -6.913392 -6.565464 0.612893 0.135694
H 1 -4.712890 -6.070556 -1.539481 0.144778
H 1 -5.273754 -7.697161 -0.847564 0.133431
H 1 -9.559607 -4.036296 1.055753 0.159518
H 1 -8.983595 -5.571928 0.269522 0.137142
H 1 -9.585010 -4.192690 -0.748889 0.159893
H 1 -3.668392 -4.802564 -0.080811 0.150190
H 1 1.118993 -2.324023 0.358009 0.130159
H 1 2.221033 -0.595112 -1.018875 0.127900
H 1 0.585335 -0.013079 -1.664716 0.137997
H 1 -9.391756 -1.739531 0.295091 0.157633
H 1 -0.684495 0.917221 -0.139623 0.160546
H 1 -1.398475 -5.016206 0.671286 0.147577
H 1 0.115792 -4.386190 -0.108953 0.142969
H 1 -1.278630 -4.932634 -1.134053 0.147438
H 1 -6.391773 3.962015 0.365047 0.164622
H 1 -10.813729 0.054320 1.384589 0.117839
H 1 -10.884848 0.033594 -0.425921 0.108544
H 1 -11.199159 1.590510 0.478384 0.275291
H 1 -0.527510 3.149274 -1.017585 0.139082
H 1 -0.508275 3.449670 0.770196 0.140855
H 1 -1.183834 4.720404 -0.347589 0.202512
H 1 -9.927771 3.625038 -0.309833 0.193597
H 1 -8.444335 4.333252 0.463932 0.082440
H 1 -9.573228 4.536813 2.431834 0.102354
H 1 -9.909844 2.763202 2.476361 0.095549
H 1 -4.924441 5.403453 0.041121 0.148583
H 1 -3.405698 5.523951 -0.944258 0.166747
H 1 -2.496669 5.141978 1.752082 0.148565
126
H 1 -3.877549 6.302531 1.867332 0.155566
Fe 26 -4.919295 -0.384531 -0.009205 1.477452
$END
Calculo do ESP do PPIX
$CONTRL RUNTYP=ENERGY DFTTYP=B3LYP EXETYP=RUN
MOLPLT=.TRUE. UNITS=ANGS $END
$BASIS GBASIS=N31 NGAUSS=6 NDFUNC=2 NPFUNC=1 $END
! DIFFSP=.T. DIFFS=.T. $END
$CONTRL SCFTYP=ROHF MAXIT=200 MULT=1 $END
$CONTRL ICHARG=-2 $END
$BASIS POLAR=POPN31 $END
$SYSTEM TIMLIM=600 MEMORY=80000000 $END
$STATPT OPTTOL=0.0001 NSTEP=1000 $END
$ELPOT IEPOT=1 WHERE=PDC OUTPUT=PUNCH $END
$PDC PTSEL=CONNOLLY CONSTR=NONE VDWSCL=1.4 VDWINC=0.2
LAYER=4 $END
$GUESS GUESS=HUCKEL $END
$scf dirscf=.true. $end
$DATA
ppix
C1
C 6.0 -3.25500 3.66000 -0.07700
C 6.0 -1.99400 2.90800 -0.13000
C 6.0 -4.22700 2.75300 -0.03000
C 6.0 -3.52900 1.45700 -0.00400
N 7.0 -2.20800 1.59000 -0.15000
C 6.0 -5.67600 3.02300 -0.01600
C 6.0 -6.56400 2.30000 -0.70500
C 6.0 -3.41600 5.15400 -0.15900
C 6.0 -4.14800 0.29500 0.22100
C 6.0 -3.53000 -1.03900 0.27600
C 6.0 -4.23300 -2.32100 0.49200
C 6.0 -3.36300 -3.34100 0.43200
C 6.0 -2.03000 -2.75500 0.20900
127
N 7.0 -2.31000 -1.34600 0.12700
C 6.0 -3.70800 -4.76900 0.55400
C 6.0 -3.18800 -5.72100 -0.22700
C 6.0 -0.79400 3.49400 -0.14900
C 6.0 0.51500 2.82400 -0.20600
C 6.0 -0.85000 -3.37700 0.13000
C 6.0 0.46700 -2.75400 -0.08600
C 6.0 -5.72200 -2.45900 0.65600
C 6.0 1.84300 3.47300 -0.28800
N 7.0 0.74300 1.57800 -0.24100
C 6.0 2.79700 2.53300 -0.36700
C 6.0 2.13300 1.22000 -0.33900
C 6.0 1.59000 -3.46200 -0.22000
N 7.0 0.68900 -1.43700 -0.15400
C 6.0 2.00900 -1.29100 -0.31400
C 6.0 2.64100 -2.46600 -0.37800
C 6.0 2.69600 0.01000 -0.37800
C 6.0 2.09000 4.95700 -0.24400
C 6.0 1.73800 -4.95800 -0.15700
C 6.0 4.27900 2.76500 -0.49000
C 6.0 4.93200 2.64800 0.90400
C 6.0 6.41900 2.83500 0.79300
O 8.0 6.79300 4.02700 0.33600
O 8.0 7.15200 1.86900 0.65900
C 6.0 4.11200 -2.72100 -0.57900
C 6.0 4.83100 -2.65800 0.78500
C 6.0 6.30600 -2.87600 0.60000
O 8.0 6.63000 -4.06400 0.09500
O 8.0 7.05600 -1.92500 0.45700
H 1.0 -6.04100 3.87500 0.55700
H 1.0 -6.24900 1.46800 -1.33300
H 1.0 -7.62100 2.56000 -0.66700
H 1.0 -3.10500 5.60900 0.79200
H 1.0 -4.46200 5.42500 -0.36100
128
H 1.0 -2.79300 5.55200 -0.97300
H 1.0 -5.21900 0.32500 0.39800
H 1.0 -4.44900 -5.06100 1.29800
H 1.0 -3.49700 -6.75700 -0.09600
H 1.0 -2.48300 -5.48000 -1.02000
H 1.0 -0.78200 4.58100 -0.12700
H 1.0 -0.86500 -4.45600 0.25100
H 1.0 -6.00100 -2.20600 1.68900
H 1.0 -6.04900 -3.48500 0.43500
H 1.0 -6.23900 -1.77700 -0.03500
H 1.0 3.78100 -0.00200 -0.43700
H 1.0 1.28900 5.46700 0.30800
H 1.0 2.13100 5.35300 -1.26900
H 1.0 3.04000 5.17500 0.26500
H 1.0 1.22900 -5.41500 -1.01900
H 1.0 1.28800 -5.33700 0.77300
H 1.0 2.79600 -5.25300 -0.17100
H 1.0 4.48100 3.75800 -0.91600
H 1.0 4.72000 2.01300 -1.16100
H 1.0 4.71500 1.66100 1.33800
H 1.0 4.51500 3.42600 1.56200
H 1.0 4.54400 -1.97500 -1.26200
H 1.0 4.26500 -3.71200 -1.02900
H 1.0 4.42400 -3.44600 1.43800
H 1.0 4.65800 -1.68000 1.25800
H 1.0 -1.91000 1.19100 -1.10900
H 1.0 0.17400 -1.02900 -1.01100
$END
129
Apêndice B : Topologia da Protoporfirina IX
Topologia da Protoporfirina IX para o campo de forces GROMOS 96
; This file was generated by PRODRG version AA061128.0505
; PRODRG written/copyrighted by Daan van Aalten
; and Alexander Schuettelkopf
;
; Questions/comments to [email protected]
;
; When using this software in a publication, cite:
; A. W. Schuettelkopf and D. M. F. van Aalten (2004).
; PRODRG - a tool for high-throughput crystallography
; of protein-ligand complexes.
; Acta Crystallogr. D60, 1355--1363.
;
;
[ moleculetype ]
; Name nrexcl
PYP 3
[ atoms ]
; nr type resnr resid atom cgnr charge mass
1 OM 1 PYP OBJ 1 -0.5915 15.9994
2 C 1 PYP CBI 1 0.381 12.0110
3 OM 1 PYP OBK 1 -0.5915 15.9994
4 CH2 1 PYP CBH 1 0.016 14.0270
5 CH2 1 PYP CBG 1 0.168 14.0270
6 C 1 PYP CAX 1 -0.334 12.0110
7 C 1 PYP CAV 1 0.149 12.0110
8 C 1 PYP CBE 2 -0.083 14.0270
9 C 1 PYP CAR 2 0.159 12.0110
10 CR1 1 PYP CAQ 2 -0.117 13.0190
11 NR 1 PYP NAW 2 -0.438 14.0067
130
12 C 1 PYP CAY 2 0.233 12.0110
13 CR1 1 PYP CBD 2 -0.017 13.0190
14 C 1 PYP CBB 2 0.279 12.0110
15 NR 1 PYP NBA 3 -0.298 14.0067
16 H 1 PYP HBA 3 0.234 1.0080
17 C 1 PYP CBC 3 -0.364 12.0110
18 CH2 1 PYP CBL 3 0.156 14.0270
19 CH2 1 PYP CBM 3 0.039 14.0270
20 C 1 PYP CBN 3 0.356 12.0110
21 OM 1 PYP OBP 3 -0.5915 15.9994
22 OM 1 PYP OBO 3 -0.5915 15.9994
23 C 1 PYP CAZ 4 0.135 12.0110
24 C 1 PYP CBF 4 -0.021 14.0270
25 C 1 PYP CAT 4 0.041 12.0110
26 CR1 1 PYP CAS 4 -0.036 13.0190
27 C 1 PYP CAM 4 0.174 12.0110
28 NR 1 PYP NAN 4 -0.471 14.0067
29 C 1 PYP CAL 5 -0.052 12.0110
30 C 1 PYP CAO 5 -0.010 13.0190
31 C 1 PYP CAP 5 -0.094 14.0270
32 C 1 PYP CAK 5 0.072 12.0110
33 C 1 PYP CAU 5 -0.092 14.0270
34 C 1 PYP CAJ 5 0.157 12.0110
35 CR1 1 PYP CAI 5 -0.07 13.0190
36 C 1 PYP CAD 6 0.083 12.0110
37 NR 1 PYP NAE 7 -0.249 14.0067
38 H 1 PYP HAE 7 0.279 1.0080
39 C 1 PYP CAB 7 0.067 12.0110
40 C 1 PYP CAA 7 0.108 12.0110
41 C 1 PYP CAH 7 -0.054 14.0270
42 C 1 PYP CAC 7 -0.021 12.0110
43 C 1 PYP CAF 7 -0.02 13.0190
44 C 1 PYP CAG 7 -0.074 14.0270
[ bonds ]
; ai aj fu c0, c1, ...
1 2 2 0.125 13400000.0 0.125 13400000.0 ; OBJ CBI
2 3 2 0.125 13400000.0 0.125 13400000.0 ; CBI OBK
2 4 2 0.153 7150000.0 0.153 7150000.0 ; CBI CBH
4 5 2 0.153 7150000.0 0.153 7150000.0 ; CBH CBG
131
5 6 2 0.153 7150000.0 0.153 7150000.0 ; CBG CAX
6 7 2 0.133 11800000.0 0.133 11800000.0 ; CAX CAV
6 12 2 0.133 11800000.0 0.133 11800000.0 ; CAX CAY
7 8 2 0.133 11800000.0 0.133 11800000.0 ; CAV CBE
7 9 2 0.133 11800000.0 0.133 11800000.0 ; CAV CAR
9 10 2 0.133 11800000.0 0.133 11800000.0 ; CAR CAQ
9 11 2 0.133 11800000.0 0.133 11800000.0 ; CAR NAW
10 39 2 0.133 11800000.0 0.133 11800000.0 ; CAQ CAB
11 12 2 0.133 11800000.0 0.133 11800000.0 ; NAW CAY
12 13 2 0.133 11800000.0 0.133 11800000.0 ; CAY CBD
13 14 2 0.133 11800000.0 0.133 11800000.0 ; CBD CBB
14 15 2 0.133 11800000.0 0.133 11800000.0 ; CBB NBA
14 17 2 0.133 11800000.0 0.133 11800000.0 ; CBB CBC
15 16 2 0.100 18700000.0 0.100 18700000.0 ; NBA HBA
15 25 2 0.133 11800000.0 0.133 11800000.0 ; NBA CAT
17 18 2 0.153 7150000.0 0.153 7150000.0 ; CBC CBL
17 23 2 0.133 11800000.0 0.133 11800000.0 ; CBC CAZ
18 19 2 0.153 7150000.0 0.153 7150000.0 ; CBL CBM
19 20 2 0.153 7150000.0 0.153 7150000.0 ; CBM CBN
20 21 2 0.125 13400000.0 0.125 13400000.0 ; CBN OBP
20 22 2 0.125 13400000.0 0.125 13400000.0 ; CBN OBO
23 24 2 0.133 11800000.0 0.133 11800000.0 ; CAZ CBF
23 25 2 0.133 11800000.0 0.133 11800000.0 ; CAZ CAT
25 26 2 0.133 11800000.0 0.133 11800000.0 ; CAT CAS
26 27 2 0.133 11800000.0 0.133 11800000.0 ; CAS CAM
27 28 2 0.133 11800000.0 0.133 11800000.0 ; CAM NAN
27 29 2 0.133 11800000.0 0.133 11800000.0 ; CAM CAL
28 34 2 0.133 11800000.0 0.133 11800000.0 ; NAN CAJ
29 30 2 0.133 11800000.0 0.133 11800000.0 ; CAL CAO
29 32 2 0.133 11800000.0 0.133 11800000.0 ; CAL CAK
30 31 2 0.153 7150000.0 0.153 7150000.0 ; CAO CAP
32 33 2 0.133 11800000.0 0.133 11800000.0 ; CAK CAU
32 34 2 0.133 11800000.0 0.133 11800000.0 ; CAK CAJ
34 35 2 0.133 11800000.0 0.133 11800000.0 ; CAJ CAI
35 36 2 0.133 11800000.0 0.133 11800000.0 ; CAI CAD
36 37 2 0.133 11800000.0 0.133 11800000.0 ; CAD NAE
36 42 2 0.133 11800000.0 0.133 11800000.0 ; CAD CAC
37 38 2 0.100 18700000.0 0.100 18700000.0 ; NAE HAE
37 39 2 0.133 11800000.0 0.133 11800000.0 ; NAE CAB
39 40 2 0.133 11800000.0 0.133 11800000.0 ; CAB CAA
132
40 41 2 0.133 11800000.0 0.133 11800000.0 ; CAA CAH
40 42 2 0.133 11800000.0 0.133 11800000.0 ; CAA CAC
42 43 2 0.133 11800000.0 0.133 11800000.0 ; CAC CAF
43 44 2 0.153 7150000.0 0.153 7150000.0 ; CAF CAG
[ pairs ]
; ai aj fu c0, c1, ...
1 5 1 ; OBJ CBG
2 6 1 ; CBI CAX
3 5 1 ; OBK CBG
4 7 1 ; CBH CAV
4 12 1 ; CBH CAY
5 8 1 ; CBG CBE
5 9 1 ; CBG CAR
5 11 1 ; CBG NAW
5 13 1 ; CBG CBD
6 10 1 ; CAX CAQ
6 14 1 ; CAX CBB
7 13 1 ; CAV CBD
7 39 1 ; CAV CAB
8 10 1 ; CBE CAQ
8 11 1 ; CBE NAW
8 12 1 ; CBE CAY
9 13 1 ; CAR CBD
9 37 1 ; CAR NAE
9 40 1 ; CAR CAA
10 12 1 ; CAQ CAY
10 36 1 ; CAQ CAD
10 38 1 ; CAQ HAE
10 41 1 ; CAQ CAH
10 42 1 ; CAQ CAC
11 14 1 ; NAW CBB
11 39 1 ; NAW CAB
12 15 1 ; CAY NBA
12 17 1 ; CAY CBC
13 16 1 ; CBD HBA
13 18 1 ; CBD CBL
13 23 1 ; CBD CAZ
13 25 1 ; CBD CAT
14 19 1 ; CBB CBM
133
14 24 1 ; CBB CBF
14 26 1 ; CBB CAS
15 18 1 ; NBA CBL
15 24 1 ; NBA CBF
15 27 1 ; NBA CAM
16 17 1 ; HBA CBC
16 23 1 ; HBA CAZ
16 26 1 ; HBA CAS
17 20 1 ; CBC CBN
17 26 1 ; CBC CAS
18 21 1 ; CBL OBP
18 22 1 ; CBL OBO
18 24 1 ; CBL CBF
18 25 1 ; CBL CAT
19 23 1 ; CBM CAZ
23 27 1 ; CAZ CAM
24 26 1 ; CBF CAS
25 28 1 ; CAT NAN
25 29 1 ; CAT CAL
26 30 1 ; CAS CAO
26 32 1 ; CAS CAK
26 34 1 ; CAS CAJ
27 31 1 ; CAM CAP
27 33 1 ; CAM CAU
27 35 1 ; CAM CAI
28 30 1 ; NAN CAO
28 33 1 ; NAN CAU
28 36 1 ; NAN CAD
29 35 1 ; CAL CAI
30 33 1 ; CAO CAU
30 34 1 ; CAO CAJ
31 32 1 ; CAP CAK
32 36 1 ; CAK CAD
33 35 1 ; CAU CAI
34 37 1 ; CAJ NAE
34 42 1 ; CAJ CAC
35 38 1 ; CAI HAE
35 39 1 ; CAI CAB
35 40 1 ; CAI CAA
35 43 1 ; CAI CAF
134
36 41 1 ; CAD CAH
36 44 1 ; CAD CAG
37 41 1 ; NAE CAH
37 43 1 ; NAE CAF
38 40 1 ; HAE CAA
38 42 1 ; HAE CAC
39 43 1 ; CAB CAF
40 44 1 ; CAA CAG
41 43 1 ; CAH CAF
[ angles ]
; ai aj ak fu c0, c1, ...
1 2 3 2 126.0 770.0 126.0 770.0 ; OBJ CBI OBK
1 2 4 2 117.0 635.0 117.0 635.0 ; OBJ CBI CBH
3 2 4 2 117.0 635.0 117.0 635.0 ; OBK CBI CBH
2 4 5 2 109.5 520.0 109.5 520.0 ; CBI CBH CBG
4 5 6 2 109.5 520.0 109.5 520.0 ; CBH CBG CAX
5 6 7 2 120.0 560.0 120.0 560.0 ; CBG CAX CAV
5 6 12 2 120.0 560.0 120.0 560.0 ; CBG CAX CAY
7 6 12 2 108.0 465.0 108.0 465.0 ; CAV CAX CAY
6 7 8 2 120.0 560.0 120.0 560.0 ; CAX CAV CBE
6 7 9 2 108.0 465.0 108.0 465.0 ; CAX CAV CAR
8 7 9 2 120.0 560.0 120.0 560.0 ; CBE CAV CAR
7 9 10 2 132.0 760.0 132.0 760.0 ; CAV CAR CAQ
7 9 11 2 108.0 465.0 108.0 465.0 ; CAV CAR NAW
10 9 11 2 120.0 560.0 120.0 560.0 ; CAQ CAR NAW
9 10 39 2 120.0 505.0 120.0 505.0 ; CAR CAQ CAB
9 11 12 2 108.0 465.0 108.0 465.0 ; CAR NAW CAY
6 12 11 2 108.0 465.0 108.0 465.0 ; CAX CAY NAW
6 12 13 2 132.0 760.0 132.0 760.0 ; CAX CAY CBD
11 12 13 2 120.0 560.0 120.0 560.0 ; NAW CAY CBD
12 13 14 2 120.0 505.0 120.0 505.0 ; CAY CBD CBB
13 14 15 2 120.0 560.0 120.0 560.0 ; CBD CBB NBA
13 14 17 2 132.0 760.0 132.0 760.0 ; CBD CBB CBC
15 14 17 2 108.0 465.0 108.0 465.0 ; NBA CBB CBC
14 15 16 2 126.0 575.0 126.0 575.0 ; CBB NBA HBA
14 15 25 2 108.0 465.0 108.0 465.0 ; CBB NBA CAT
16 15 25 2 126.0 575.0 126.0 575.0 ; HBA NBA CAT
14 17 18 2 120.0 560.0 120.0 560.0 ; CBB CBC CBL
14 17 23 2 108.0 465.0 108.0 465.0 ; CBB CBC CAZ
135
18 17 23 2 120.0 560.0 120.0 560.0 ; CBL CBC CAZ
17 18 19 2 109.5 520.0 109.5 520.0 ; CBC CBL CBM
18 19 20 2 109.5 520.0 109.5 520.0 ; CBL CBM CBN
19 20 21 2 117.0 635.0 117.0 635.0 ; CBM CBN OBP
19 20 22 2 117.0 635.0 117.0 635.0 ; CBM CBN OBO
21 20 22 2 126.0 770.0 126.0 770.0 ; OBP CBN OBO
17 23 24 2 120.0 560.0 120.0 560.0 ; CBC CAZ CBF
17 23 25 2 108.0 465.0 108.0 465.0 ; CBC CAZ CAT
24 23 25 2 120.0 560.0 120.0 560.0 ; CBF CAZ CAT
15 25 23 2 108.0 465.0 108.0 465.0 ; NBA CAT CAZ
15 25 26 2 120.0 560.0 120.0 560.0 ; NBA CAT CAS
23 25 26 2 132.0 760.0 132.0 760.0 ; CAZ CAT CAS
25 26 27 2 120.0 505.0 120.0 505.0 ; CAT CAS CAM
26 27 28 2 120.0 560.0 120.0 560.0 ; CAS CAM NAN
26 27 29 2 132.0 760.0 132.0 760.0 ; CAS CAM CAL
28 27 29 2 108.0 465.0 108.0 465.0 ; NAN CAM CAL
27 28 34 2 108.0 465.0 108.0 465.0 ; CAM NAN CAJ
27 29 30 2 120.0 560.0 120.0 560.0 ; CAM CAL CAO
27 29 32 2 108.0 465.0 108.0 465.0 ; CAM CAL CAK
30 29 32 2 120.0 560.0 120.0 560.0 ; CAO CAL CAK
29 30 31 2 115.0 610.0 115.0 610.0 ; CAL CAO CAP
29 32 33 2 120.0 560.0 120.0 560.0 ; CAL CAK CAU
29 32 34 2 108.0 465.0 108.0 465.0 ; CAL CAK CAJ
33 32 34 2 120.0 560.0 120.0 560.0 ; CAU CAK CAJ
28 34 32 2 108.0 465.0 108.0 465.0 ; NAN CAJ CAK
28 34 35 2 120.0 560.0 120.0 560.0 ; NAN CAJ CAI
32 34 35 2 132.0 760.0 132.0 760.0 ; CAK CAJ CAI
34 35 36 2 120.0 505.0 120.0 505.0 ; CAJ CAI CAD
35 36 37 2 120.0 560.0 120.0 560.0 ; CAI CAD NAE
35 36 42 2 132.0 760.0 132.0 760.0 ; CAI CAD CAC
37 36 42 2 108.0 465.0 108.0 465.0 ; NAE CAD CAC
36 37 38 2 126.0 575.0 126.0 575.0 ; CAD NAE HAE
36 37 39 2 108.0 465.0 108.0 465.0 ; CAD NAE CAB
38 37 39 2 126.0 575.0 126.0 575.0 ; HAE NAE CAB
10 39 37 2 120.0 560.0 120.0 560.0 ; CAQ CAB NAE
10 39 40 2 132.0 760.0 132.0 760.0 ; CAQ CAB CAA
37 39 40 2 108.0 465.0 108.0 465.0 ; NAE CAB CAA
39 40 41 2 120.0 560.0 120.0 560.0 ; CAB CAA CAH
39 40 42 2 108.0 465.0 108.0 465.0 ; CAB CAA CAC
41 40 42 2 120.0 560.0 120.0 560.0 ; CAH CAA CAC
136
36 42 40 2 108.0 465.0 108.0 465.0 ; CAD CAC CAA
36 42 43 2 120.0 560.0 120.0 560.0 ; CAD CAC CAF
40 42 43 2 120.0 560.0 120.0 560.0 ; CAA CAC CAF
42 43 44 2 115.0 610.0 115.0 610.0 ; CAC CAF CAG
[ dihedrals ]
; ai aj ak al fu c0, c1, m, ...
2 1 3 4 2 0.0 167.4 0.0 167.4 ; imp CBI OBJ OBK CBH
6 5 12 7 2 0.0 167.4 0.0 167.4 ; imp CAX CBG CAY CAV
7 9 8 6 2 0.0 167.4 0.0 167.4 ; imp CAV CAR CBE CAX
9 11 10 7 2 0.0 167.4 0.0 167.4 ; imp CAR NAW CAQ CAV
12 13 11 6 2 0.0 167.4 0.0 167.4 ; imp CAY CBD NAW CAX
14 13 15 17 2 0.0 167.4 0.0 167.4 ; imp CBB CBD NBA CBC
15 25 16 14 2 0.0 167.4 0.0 167.4 ; imp NBA CAT HBA CBB
17 23 18 14 2 0.0 167.4 0.0 167.4 ; imp CBC CAZ CBL CBB
20 19 21 22 2 0.0 167.4 0.0 167.4 ; imp CBN CBM OBP OBO
23 25 24 17 2 0.0 167.4 0.0 167.4 ; imp CAZ CAT CBF CBC
25 15 26 23 2 0.0 167.4 0.0 167.4 ; imp CAT NBA CAS CAZ
27 26 28 29 2 0.0 167.4 0.0 167.4 ; imp CAM CAS NAN CAL
29 32 30 27 2 0.0 167.4 0.0 167.4 ; imp CAL CAK CAO CAM
32 34 33 29 2 0.0 167.4 0.0 167.4 ; imp CAK CAJ CAU CAL
34 28 35 32 2 0.0 167.4 0.0 167.4 ; imp CAJ NAN CAI CAK
36 35 37 42 2 0.0 167.4 0.0 167.4 ; imp CAD CAI NAE CAC
37 39 38 36 2 0.0 167.4 0.0 167.4 ; imp NAE CAB HAE CAD
39 10 37 40 2 0.0 167.4 0.0 167.4 ; imp CAB CAQ NAE CAA
40 42 41 39 2 0.0 167.4 0.0 167.4 ; imp CAA CAC CAH CAB
42 43 40 36 2 0.0 167.4 0.0 167.4 ; imp CAC CAF CAA CAD
14 15 25 23 2 0.0 209.3 0.0 209.3 ; imp CBB NBA CAT CAZ
15 25 23 17 2 0.0 209.3 0.0 209.3 ; imp NBA CAT CAZ CBC
25 23 17 14 2 0.0 209.3 0.0 209.3 ; imp CAT CAZ CBC CBB
23 17 14 15 2 0.0 209.3 0.0 209.3 ; imp CAZ CBC CBB NBA
17 14 15 25 2 0.0 209.3 0.0 209.3 ; imp CBC CBB NBA CAT
6 7 9 11 2 0.0 209.3 0.0 209.3 ; imp CAX CAV CAR NAW
7 9 11 12 2 0.0 209.3 0.0 209.3 ; imp CAV CAR NAW CAY
9 11 12 6 2 0.0 209.3 0.0 209.3 ; imp CAR NAW CAY CAX
11 12 6 7 2 0.0 209.3 0.0 209.3 ; imp NAW CAY CAX CAV
12 6 7 9 2 0.0 209.3 0.0 209.3 ; imp CAY CAX CAV CAR
27 28 34 32 2 0.0 209.3 0.0 209.3 ; imp CAM NAN CAJ CAK
28 34 32 29 2 0.0 209.3 0.0 209.3 ; imp NAN CAJ CAK CAL
34 32 29 27 2 0.0 209.3 0.0 209.3 ; imp CAJ CAK CAL CAM
137
32 29 27 28 2 0.0 209.3 0.0 209.3 ; imp CAK CAL CAM NAN
29 27 28 34 2 0.0 209.3 0.0 209.3 ; imp CAL CAM NAN CAJ
36 37 39 40 2 0.0 209.3 0.0 209.3 ; imp CAD NAE CAB CAA
37 39 40 42 2 0.0 209.3 0.0 209.3 ; imp NAE CAB CAA CAC
39 40 42 36 2 0.0 209.3 0.0 209.3 ; imp CAB CAA CAC CAD
40 42 36 37 2 0.0 209.3 0.0 209.3 ; imp CAA CAC CAD NAE
42 36 37 39 2 0.0 209.3 0.0 209.3 ; imp CAC CAD NAE CAB
5 4 2 1 1 0.0 1.0 6 0.0 1.0 6 ; dih CBG CBH CBI OBJ
6 5 4 2 1 0.0 5.9 3 0.0 5.9 3 ; dih CAX CBG CBH CBI
4 5 6 12 1 0.0 1.0 6 0.0 1.0 6 ; dih CBH CBG CAX CAY
7 9 10 39 1 180.0 41.8 2 180.0 41.8 2 ; dih CAV CAR CAQ CAB
40 39 10 9 1 180.0 41.8 2 180.0 41.8 2 ; dih CAA CAB CAQ CAR
6 12 13 14 1 180.0 41.8 2 180.0 41.8 2 ; dih CAX CAY CBD CBB
17 14 13 12 1 180.0 41.8 2 180.0 41.8 2 ; dih CBC CBB CBD CAY
19 18 17 14 1 0.0 1.0 6 0.0 1.0 6 ; dih CBM CBL CBC CBB
20 19 18 17 1 0.0 5.9 3 0.0 5.9 3 ; dih CBN CBM CBL CBC
18 19 20 22 1 0.0 1.0 6 0.0 1.0 6 ; dih CBL CBM CBN OBO
15 25 26 27 1 180.0 41.8 2 180.0 41.8 2 ; dih NBA CAT CAS CAM
29 27 26 25 1 180.0 41.8 2 180.0 41.8 2 ; dih CAL CAM CAS CAT
31 30 29 27 1 180.0 5.9 2 180.0 5.9 2 ; dih CAP CAO CAL CAM
28 34 35 36 1 180.0 41.8 2 180.0 41.8 2 ; dih NAN CAJ CAI CAD
42 36 35 34 1 180.0 41.8 2 180.0 41.8 2 ; dih CAC CAD CAI CAJ
44 43 42 36 1 180.0 5.9 2 180.0 5.9 2 ; dih CAG CAF CAC CAD
; Include Position restraint file
#ifdef POSRES
#include ppix_posre.itp
#endif
138
APENDICE C: Protocolo da Dinâmica Molecular
Se mostrara o protocolo da DM do complexo HSA+HEME, para os casos HSA e
HSA+PPIX é similar
(1) Gerando os arquivos *.gro y *.top a partir do *.pdb ignorando os hidrogenîos,
os quais seram adicionados programa pdb2gmx.
pdb2gmx_mpi -f hsa_heme.pdb -o hsa_heme.gro -p hsa_heme.top -ignh -v
(2) Gerando a estrutura dodecahedrica com uma distancia de 1,5 A.entre a parede
da caixa e o soluto.
editconf_mpi -f hsa_heme.gro -o hsa_heme_box.gro -c -d 1.5 -bt dodecahedron
(3) Gerando água dentro da estrutura anterior
genbox_mpi -cp hsa_heme_box.gro -cs -p hsa_heme_box.top -
o
hsa_heme_box_hoh.gro
(4) Adicionando contra íons
grompp_mpi -f em.mdp -c hsa_heme_box_hoh.gro -o em.tpr -p
hsa_heme_box.top
genion_331_d -s em_ion.tpr -o hsa_heme_box_hoh_ion.gro -g genion.log -p
hsa_heme_box_ion.top -pot hsa_heme_box_ion.pdb -pname NA+ -np 16 -nname
Cl- -nq 0
selecionar SOL
(5) Rodando a Minimização de Energia com restrição de posição de 500 ps (step
Descent)
grompp_mpi -v -f empr.mdp -c hsa_heme_box_hoh_ion.gro -o empr.tpr -p
hsa_heme_box_ion.top
nohup mpirun mdrun_mpi -v -s empr.tpr -deffnm empr >& empr.job &
(6) Rodando Minimização de Energia sem restrição de posição (step descent)
grompp_mpi -v -f em.mdp -c empr.gro -p hsa_heme_box_ion.top -o em.tpr
nohup mpirun -np 2 mdrun_331_mpi_d -v -s em.tpr -deffnm em >& em.job &
(7) Rodando Minimização de Energia com Gradiente conjugado
grompp_mpi -v -f cg.mdp -c em.gro -p hsa_heme_box_ion.top -o cg.tpr -n
index.ndx -t em.trr
nohup mpirun mdrun_mpi -v -s cg.tpr -deffnm cg >& cg.job &
(8) Rodando Dinâmica Molecular de 20 ns
grompp_mpi -v -f dmHSA_heme20ns.mdp -c cg.gro -p hsa_heme_box_ion.top -o
dmHSA_heme20ns.tpr -t cg.trr -n index.ndx
mdrun_mpi -v -s dmHSA_heme20ns.tpr -deffnm dmHSA_heme20ns &
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