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Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – INPA
Universidade Federal do Amazonas – UFAM
Programa de Pós-Graduação em Biologia Tropical e Recursos
Naturais – PPGBTRN
FILOGEOGRAFIA DO GÊNERO NEOTROPICAL Fluviphylax
(CYPRINODONTIFORMES: POECILIIDAE) DAS BACIAS DO
AMAZONAS E DO ORINOCO
EDUARDO RODRIGUES DE SOUZA
Manaus, Amazonas
Setembro, 2008
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Milhares de livros grátis para download.
Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – INPA
Universidade Federal do Amazonas – UFAM
Programa de Pós-Graduação em Biologia Tropical e Recursos
Naturais – PPGBTRN
FILOGEOGRAFIA DO GÊNERO NEOTROPICAL Fluviphylax
(CYPRINODONTIFORMES: POECILIIDAE) DAS BACIAS DO
AMAZONAS E DO ORINOCO
ORIENTADOR: PhD. TOMAS HRBEK
Co-orientadora: Dra. Izeni Pires Farias
.
Manaus, Amazonas
Setembro, 2008
Dissertação apresentado ao Programa
Integral de Pós-Graduação em Biologia
Tropical e Recursos Naturais (PIPG-
BTRN), do convênio INPA/UFAM, como
parte dos requisitos para obtenção do título
de Mestre em Ciências Biológicas, área de
concentração em Genética, Conservação e
Biologia Evolutiva.
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iii
FICHA CATALOGRÁFICA
S729f Souza, Eduardo Rodrigues de
Filogeografia do gênero neotropical Fluviphylax (Cyprinodontiformes: Poeciliidae)
das bacias do Amazonas e do Orinoco/Eduardo Rodrigues de Souza. – Manaus:
INPA/UFAM, 2008
xvi + 123f.: il., (algumas color)
Dissertação de Mestrado – INPA/UFAM.
Orientador: Dr. Tomas Hrbek
Co-orientadora: Dra. Izeni Pires Farias
Área de concentração: Genética, Conservação e Biologia Evolutiva.
1- Filogenia, 2- Fluviphylax, 3- Sistemática. I. título
CDD 19
a
ed. 597.929811
SINOPSE
Estudou-se a sistemática filogenética e filogeografia das espécies do gênero
Fluviphylax utilizando a associação das ferramentas moleculares, gene COI e região
controle do DNA mitocondrial, e métodos baseados em dados morfométricos e
morfológicos. No presente estudo foi possível evidenciar os processos que
influenciaram a distribuição geográfica das linhagens do gênero Fluviphylax e suas
relações filogenéticas e identificação de uma nova espécie para o gênero.
Palavras-chave:
Filogenia, Fluviphylax, gene COI, DNA mitocondrial, Sistemática,
Filogeografia, Região Controle
iv
Aos meus pais, Altides R. de Souza e Marlene G. de Souza
Aos meus irmãos Altides R. S. Junior e Felipe R. Souza
À minha querida Mayara L. F. Rocha
À minha tia Eroni R. de Souza
v
AGRADECIMENTOS
Agradeço em especial aos meus queridos pais, Altides Rodrigues de Souza e
Marlene Gloria de Souza pelos valiosos ensinamentos e incondicional apoio.
Obrigado por acreditarem nos meus sonhos, permitindo que os tornasse realidade.
Mesmo longe, vocês sempre estiveram presentes em todos os momentos da minha
vida. Dedico a vocês mais esse grande momento em minha vida. Agradeço a todo
instante por tê-los como pais e exemplo de vida, OS AMO MUITO.
Aos meus maninhos Junior e Felipe pela agradável convivência e pelas
confidencialidades e apoio. Obrigado pela compreensão e paciência nos momentos
difíceis de que necessitei de silêncio e concentração. E “valeu” pelos momentos
inesquecíveis que tivemos juntos e por muitos que teremos ainda.
À tia Ero pelo fundamental apoio em toda minha caminhada estudantil,
ajudando na aquisição de livros e preciosas informações e táticas para passar na
sonhada UFMG. Saber que você acredita em mim foi importante para seguir sempre
lutando. Sua ajuda foi imprescindível para minha chegada até aqui. Dedico a você
mais essa conquista.
À minha querida Mayara - Meu Bem – pelo carinho e amor dedicado. A
distância pode causar saudades e afastar dois olhares, mas nunca causar o
esquecimento e a separação dos nossos corações. Obrigado pela compreensão,
ajuda e presença, mesmo com tamanha distância física.
Agradeço aos amigos Alexandre, Fernanda e Rodrigo pelo acolhimento em
Manaus e companheirismo. Durante esse tempo, formamos uma família e como uma
boa família mineira não deixamos faltar o apreciado doce de leite e a famosa
cachaça mineira tão apreciada por nossos amigos em Manaus.
vi
Ao Nelson Flausino (Junior) amigo e companheiro de república. Morar com
essa figura ímpar e cômica foi bastante divertido. Quando você está presente tudo
pode acontecer, até mesmo o impossível, diríamos que você é o desastre em
pessoa. Mesmo com suas músicas chatas e o mau humor ao acordar foi bom dividir
a república, e assim você se tornou um grande amigo. Obrigado pela ajuda e
amizade, sucesso no doutorado.
Aos amigos César, Letícia e ao pessoal da Bio/UFMG que mesmo longe
sempre mantiveram contato, transmitindo alegria e motivação.
Agradeço a todos os amigos do laboratório LEGAL pela ajuda e trabalho em
equipe, principalmente nas noites de sábado e domingo de intenso trabalho. À
Natasha pela ajuda indispensável nas coletas e pela grande dedicação e força de
vontade fundamental nos momentos difíceis que passamos durante as viagens, que
nem mesmo a malária conseguiu abalar. Ao William e Daniel pela ajuda teórica e no
manuseio dos complicados softwares para análise dos dados.
Aos orientadores Tomas e Izeni pelo acolhimento e entusiasmo. Entusiasmo
esse contagiante e perceptível em seus olhos. Agradeço imensamente por
aceitarem me orientar e a imensa paciência que tiveram comigo. Orientar é uma
tarefa difícil que exige muita paciência, dedicação e compreensão, e essas
qualidades vocês sempre as tiveram. Sinto-me honrado por participar da equipe do
LEGAL, que antes de tudo é uma grande família.
Agradeço aos moradores e ribeirinhos de cada local que passei pela
Amazônia. Pessoas simples e humildes sempre dispostas a ajudar e dividir o pouco
que têm. Dedico a vocês esse trabalho, do qual também participaram. Espero ter
contribuído para aumentar nossos conhecimentos sobre a Amazônia e que essa
informação junto a tantas outras possa ajudar na sua conservação.
vii
Agradeço a Stuart Willis, Janice Cunha e Dr. Jansen Zuanon pelo material
biológico cedido, e ao Dr. José Gomes pela possibilidade das coletas através de sua
excursão no Médio e Alto rio Negro.
Agradeço ao programa de Pós-Graduação em Biologia Tropical e Recursos
Naturais do convênio INPA/UFAM, ao curso de Genética, Conservação e Biologia
Evolutiva (GCBEV) do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia.
Agradeço a Universidade Federal do Amazonas pela utilização do Laboratório
de Evolução e Genética Animal (LEGAL) coordenado pela professora Izeni Pires
Farias.
Agradeço ao CNPq pela concessão da bolsa de estudos e ao programa
BECA (Instituto Internacinal de Educação do Brasil - IEB) e a fundação The George
Maier Fund de American Killifish Association pelo financiamento desse projeto. Ao
IBAMA pela colaboração expedindo as licenças para as coletas.
viii
RESUMO
A sistemática e taxonomia do gênero Fluviphylax foi conduzida utilizando a
associação das ferramentas moleculares, gene COI e região controle do DNA
mitocondrial, e métodos baseados em dados morfológicos. Adicionalmente, a
filogeografia e a genética de populações das espécies de Fluviphylax baseando-se
em segmentos do gene COI e região controle do DNA mitocondrial foram estudadas
para compreender os processos ecológicos e eventos históricos que atuaram e
atuam sobre essas espécies. Os espécimes de Fluviphylax analisados nesse
trabalho distribuem-se ao longo das bacias Amazônica e Orinoco, e nos afluentes
dos rios do estado do Amapá e Ilha de Marajó. Nesse estudo foi proposta uma
hipótese filogenética, baseada nos dados moleculares, para as espécies do gênero
Fluviphylax, assim como, foi identificado uma nova espécie que habita o alto rio
Negro e a bacia do Orinoco (Venezuela). A hipótese filogenética obtida é
concordante com trabalhos prévios baseados em morfologia, no entanto, não foi
possível resolver as relações de parentesco evolutivo entre as espécies Fluviphylax
sp., F. zonatus, F. pygmaeus e F. simplex. Os estudos filogeográficos indicaram a
existe de seis regiões geográficas distintas, as quais foram ocupadas por linhagens
monofiléticas e concordantes com a distribuição geográfica. A distribuição dos
Fluviphylax é influenciada por processos como o sistema de inundação da área da
várzea, a diferenciação limnológica das drenagens e os aspectos geológicos de
formação dos rios. Acredita-se que o ancestral comum dos Fluviphylax habitava
bacia Amazônica e as drenagens do Atlântico e apartir dessas localidades
dispersou-se para a bacia do Orinoco. Os estudos populacionais evidenciaram uma
forte estruturação das populações analisadas, com exceção das populações de F.
palikur e F. simplex localizadas respectivamente, nas drenagens do Atlântico (estado
do Amapá) e Ilha de Marajó, e ao longo da calha Solimões e Amazonas. Apesar da
Ilha de Marajó está separado do estado do Amapá pelo rio Amazonas, barreira física
à dispersão de F. palikur, as populações dessa espécie não apresentaram estrutura
populacional e houve o compartilhamente de haplótipos entre essas áreas. As
populações de F. simplex da calha Solimões/Amazonas se comportaram como uma
única população panmítica, provavelmente devido à influência do sistema de
inundações na região da várzea, que facilita a conexão entre as populações dos
organismos aquáticos que habitam essa área.
ix
ABSTRACT
A systematic and taxonomic study of the genus Fluviphylax was conducted
using molecular methods, the COI gene and the control region of the mitochondrial
DNA, and morphological methods. Additionally, a phylogeographic and population
genetic study of Fluviphylax species was performed using the COI and control region
sequence data in order to understand ecological processes and historical events that
have acted on these species. The specimens analyzed in this study are distributed in
the Amazon and Orinoco basins, and in the drainages of the state of Amapá and on
the Marajó Island. This study resulted in the identification of a new species of
Fluviphylax located in the upper Negro River and the Orinoco basin of Venezuela,
and a phylogenetic hypothesis based on molecular characters was proposed for the
species of the genus Fluviphylax. The molecular phylogenetic hypothesis
corroborated the previously proposed phylogeny base on morphological characters;
however, the relationships between species of the clade formed by Fluviphylax sp.,
F. zonatus, F. pygmaeus and F. simplex were unresolved. Populational studies
indicated strong structuring among the analyzed localities with the exception of
populations of F. palikur and F. simplex located, respectivement, in Atlantic drainage
(Amapá state) and Marajó island, and along the main Solimões and Amazonas River
channels. Amazon river separates Marajó island from Amapá state and serves as a
physical barrier to F. palikur dispersion. Despite this fact, populations of this species
showed no populational structure and there has been sharing of haplotypes among
those areas. The F. simplex populations, distribuited in Solimões/Amazoans channel,
are behaving as one large panmictic population probably as a result of the annual
innundations of the várzea system which facilitates connectivity among populations
of the aquatic species inhabiting this region.
x
SUMÁRIO
FICHA CATALOGRÁFICA
iii
AGRADECIMENTOS
v
RESUMO
viii
ABSTRACT
ix
LISTA DE TABELAS
xii
LISTA DE FIGURAS
xiii
LISTA DE APÊNDICE
xvi
INTRODUÇÃO GERAL
1
Gênero Fluviphylax 3
Distribuição e ecologia do gênero Fluviphylax 4
Relação filogenética das espécies de Fluviphylax 8
Marcadores moleculares 10
DNA mitocondrial: gene COI e região controle 12
CAPíTULO 1Filogenia e filogeografia do gênero Fluviphylax 14
1.0 - Introdução
14
1.1 - Objetivo
16
1.1.1 - Geral 16
1.1.2 - Específicos 16
1.2 - Material e métodos
17
1.2.1 - Área amostral e método de coleta 17
1.2.2 - Métodos moleculares 18
1.2.2.1 - Extração e amplificação do DNA 18
1.2.2.2 - Amplificação por reação em cadeia da polimerase (PCR) 19
1.2.2.3 - Purificação e seqüenciamento do produto da PCR 20
1.2.3 - Análise dos dados 20
1.2.3.1 - Edição e alinhamento das seqüências 20
1.2.3.2 - Análises filogenéticas 21
1.2.3.3 - Análises populacionais 22
1.2.3.4 - Rede de haplótipos e análise dos clados hierarquizados - NCA 23
1.3 - Resultados
24
1.3.1 - Reconstrução filogenética 24
1.3.2 - Análises populacionais 28
1.4 - Discussão
35
1.4.1 - Filogeografia 35
1.4.2 - Estrutura populacional dentro das espécies Fluviphylax 39
1.5 – Considerações finais
42
xi
CAPíTULO 2 – Delimitação das espécies de Fluviphylax por meio de caracteres
morfomerísticos e moleculares
44
2.0 - Introdução
44
2.1 - Objetivo
46
2.1.1 - Geral 46
2.1.2 - Específicos 46
2.2 - Material e métodos
47
2.2.1 - Área amostral e método de coleta 47
2.2.2 – Extração de DNA genômico 48
2.2.3 – Amplificação por reação em cadeia da polimerase (PCR) 48
2.2.3.1 - Purificação e seqüenciamento do produto de PCR 49
2.2.3.2 - Edição e alinhamento das seqüências 49
2.2.4 – Medidas morfométricas e morfológicas 50
2.2.5 – Análise dos dados 51
2.2.5.1 - Análises filogenéticas 51
2.2.5.2 - Análises de agrupamento populacional (PAA) 52
2.2.5.3 - Análises morfométrica e morfológica 53
2.3 - Resultados
53
2.3.1 - Análises filogenéticas 53
2.3.2 – Análise de agrupamento populacional (PAA) 63
2.3.3 - Análises morfométricas 64
2.3.4 – Análises morfológicas 68
2.3.5 – Nota: morfologia externa da espécie F. palikur 72
2.4 - Discussão
74
2.4.1 - Relação filogenética do gênero Fluviphyalax 74
2.4.2 – Análises de agrupamento populacional (PAA) 76
2.4.3 - Distinção morfométrica e morfológica 78
2.4.4 - Morfologia externa de F. palikur 78
2.5 - Considerações finais
79
2.6 - Referências bibliográficas
80
2.7 - Apêndice
91
xii
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Índices de fixação a partir de análises do gene COI. Matriz de distância par-a-par Ф
ST
(abaixo da diagonal), número efetivo de migrantes (Nm) entre as populações (acima da diagonal) e
AMOVA.................................................................................................................................................33
Tabela 2
- Índices de fixação a partir de análises da região controle. Matriz de distância par-a-
par Ф
ST
(abaixo da diagonal), número efetivo de migrantes (Nm) entre as populações (acima
da diagonal) e AMOVA............................................................................................................33
Tabela 3 - Medidas de diversidade genética observadas para o gene COI do DNA mitocondrial de
Fluviphylax dos 125 indivíduos amostrados e separados em seis áreas macro-geográficas na bacia
Amazônica. N = número de indivíduos amostrados; S = número de sítios segregantes; NH = número
de haplótipos; Ĥ = diversidade gênica; π =diversidade nucleotídica de Nei.........................................34
Tabela 4 - Medidas de diversidade genética observadas para região controle do DNA mitocondrial de
Fluviphylax dos 134 indivíduos amostrados e separados em sete áreas macro-geográficas na bacia
Amazônica. N = número de indivíduos amostrados; S = número de sítios segregantes; NH = número
de haplótipos; Ĥ = diversidade gênica; π = diversidade nucleotídica de Nei........................................35
Tabela 5: Média da Composição de nucleotídeos em porcentagem e número de sítios informativos e
variáveis das seqüências analisadas....................................................................................................54
Tabela 6: Haplótipos gerados pelo programa Collapse1.2 a partir das seqüências do gene COI e
região controle (RC)..............................................................................................................................55
Tabela 7: Matriz de distância-p par-a-par inter e intra-específica gerados a partir das análises de MP
e MV para os conjuntos de dados do gene COI e região controle.......................................................63
Tabela 8: Número de sítios (caracteres) apomórficos únicos dos sítios variáveis do gene COI e região
controle..................................................................................................................................................64
Tabela 9: Correlação entre os componentes e os resíduos das variáveis morfométricas....................65
Tabela 10: Correlação entre componentes e variáveis dos caracteres morfológicos...........................69
Tabela 11: Medidas morfométricas da espécie F. palikur e localidade amostrada...............................73
xiii
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Características marcantes do gênero Fluviphylax: tamanho corporal e olho. (A) F.
pygmaeus, coletado no lago Piauí, cidade de Borba, Amazonas (Foto: Eduardo R. Souza); (B) F.
obscurus nadando na superfície do rio Ereré (rio Negro), em detalhe os olhos brilhantes (Fotos Fábio
O. Lira)...................................................................................................................................................04
Figura 2 - Habitat das espécies de Fluviphylax. Foto (A) lago as margem do rio
(02°07'21.1"N/50°53'29.5"'W), localizado entre a cidade de Calçoene e Tartarugalzinho, Amapá. (B)
Área inundada à margem da estrada, próximo à cidade de Tartarugalzinho, Amapá. Essa região é
constituída de extensas áreas de savanas, que inundam com a chuva. (C) margem do lago
Esperança, próximo à cidade de Santa Izabel do Rio Negro. A vegetação à margem da lagoa é
constituída por árvores de grande porte e mata fechada. (D) Área alagada ao lado de um riacho
localizado na cidade de Salvaterra, Ilha de Marajó. Ao redor encontra-se macrófitas e gramíneas
próximas à margem. (Fotos: Eduardo R. Souza & Tomas Hrbek)........................................................05
Figura 3 - Distribuição das espécies Fluviphylax conforme Costa (1996), Costa & La Bail (1999) e
Lasso et al. (2005). Os pontos representam as localidades-tipos das espécies de Fluviphylax. Em
azul, rio Negro próximo à cidade de Barcelos; vermelho, rio Negro no arquipélago de Anavilhanas;
verde, rio Madeiro próximo à cidade de Borba, amarelo, rio Amazonas próximo à cidade de Parintins;
e laranjado, rio Oiapoque, Amapá. O circulo vermelho destaca o canal do Cassiquiara. Mapa
modificado de Marilyn J. Weitzman.......................................................................................................07
Figura 4 - Espécies do gênero Fluviphylax (modificado de Costa (1996) e Costa & Le Bal (1999)).
Legenda: (A) F. pygmaeus; (B) F. obscurus; (C) F. simplex; (D) F. zonatus e (E) F. palikur................08
Figura 5 - Relação filogenética do gênero Fluviphylax, proposta por Costa (1996) e Costa & Le Bail
(1999). A tribo Procatopodini foi incluída como grupo irmão de Fluviphylacini (sensu Ghedotti, 2000).
Os caracteres sinapomórficos podem ser acompanhados no texto acima...........................................09
Figura 6 - Esquema do genoma mitocondrial típico de vertebrados. Em vermelho, região controle (D-
loop) e gene COI, alvo deste estudo. Em marrom, os 22 genes tRNA. Figura modificada de Hrbek &
Farias, 2008...........................................................................................................................................11
Figura 7 - Localidades amostradas para as espécies de Fluviphylax. Os pontos representados pela
mesma cor correspondem a uma mesma área macro-geográfica. No total foram representadas seis
áreas macro-geográficas: Alto rio Negro/Orinoco – rio Negro (Azul); Médio rio Negro – rio Negro
(Laranjado); Manaus – lago Tarumã e rio Preto da Eva (Rosa); Madeira – rio Madeira (Verde);
Solimões/Amazoans – rio Purus, Solimões, Amazonas e Trombetas (Vermelho); Amapá/Marajó –
drenagens do Atlântico, riacho próximo à Salvaterra e igarapé Copudas (Marron). Mapa modificado
de Marilyn J. Weitzman.........................................................................................................................18
Figura 8 - Árvore filogenética do gene Citrocromo Oxidase I, baseada no método de Máxima
Verossimilhança. Hipótese filogenética reconstruída usando o programa Treefinder (Jobb et al.,
2004), com robustez de 1000 replicas não paramétricas de bootstrap. O modelo evolutivo definido
pelo programa Modeltest foi o HKY + G. A seqüência do gene COI da espécie Rivulus hartii foi usada
como grupo externo, (acesso Genbank AF002619). O ponto vermelho indica a politomia entre os
clados Fluviphylax sp., F. simplex, F. pygmaeus e F. zonatus. As siglas representam as iniciais dos
nomes dos rios coletados e os números seguem a ordem de captura dos indivíduos coletados,
conforme organização do banco de dados da coleção.........................................................................26
Figura 9 - Árvore filogenética da região controle, baseada no método de Máxima Verossimilhança.
Hipótese filogenética reconstruída usando o programa Treefinder (Jobb et al., 2004), com robustez de
1000 replicas não paramétricas de bootstrap. O modelo evolutivo definido pelo programa Modeltest
foi HKY + G. A seqüência da região controle da espécie Phallichthys amates foi usada como grupo
externo (acesso Genbank DQ377041). As siglas representam as iniciais dos nomes dos rios
coletados e os números seguem a ordem de captura dos indivíduos coletados, conforme organização
do banco de dados da coleção..............................................................................................................27
xiv
Figura 10 - Rede de haplótipos geradas pelo NCA a partir das 125 seqüências do gene COI. Cinco
redes de haplótipos diferentes foram obtidas, dessas foram representadas somente as que
apresentaram significância estatística. A – rede de haplótipos da área Alto rio Negro/Orinoco
(Fluviphylax sp.) possui 12 haplótipos. B - rede de haplótipos da área Solimões-Amazonas (F.
simplex) possui 10 haplótipos. As siglas representam as iniciais dos nomes dos rios coletados e os
números seguem a ordem de captura dos indivíduos coletados, conforme organização do banco de
dados da coleção...................................................................................................................................29
Figura 11 - Rede de haplótipos geradas pelo NCA a partir das 134 seqüências da região controle.
Cinco redes de haplótipos diferentes foram obtidas. A – rede de haplótipos da área Amapá-Marajó (F.
palikur) contendo 12 haplótipos. B - rede de haplótipos da área Médio rio Negro (F. obscurus s.s.)
com 5 haplótipos. C - rede de haplótipos da área Madeira (F. pygmaeus) com 5 haplótipos. D - rede
de haplótipos das áreas Solimões/Amazonas (F. simplex) com 6 haplótipos. E - rede de haplótipos da
área Alto rio Negro/Orinoco (Fluviphylax sp.) com 4 haplótipos. As siglas representam as iniciais dos
nomes dos rios coletados e os números seguem a ordem de captura dos indivíduos coletados,
conforme organização do banco de dados da coleção.........................................................................30
Figura 12: Localidades amostradas para as espécies de Fluviphylax. Os pontos em azul representam
os locais amostrados de Fliviphylax sp.; amarelo, F. obscurus s.s.; rosa, F. zonatus; vermelho, F.
simplex; verde F. pygmaeus; e marrom, F. palikur. O circulo vermelho destaca o canal do
Cassiquiara. O mapa foi criado no Online Map Creations http://www.aquarius.geomar.de/omc/.........47
Figura 13: Relação filogenética reconstruída a partir de seqüências do gene Citocromo Oxidase I sob
os critérios de Máxima Parcimônia. Reconstrução filogenética realizada com 1000 buscas heurísticas
e adições aleatórias (random), implementando algoritmo Tree Bisection and Reconnection (TBR) com
1000 replicas de bootstrap. Reconstrução filogenética realizada apenas com seqüências
representando cada um dos haplótipos gerados pelo programa Collapse1.2, as freqüências de cada
haplótipo são mostradas na tabela 6. Como grupo externo foi utilizado a seqüência do gene COI da
espécie Rivulus hartii obtida no Genbank pelo acesso AF002619.......................................................59
Figura14: Relação filogenética reconstruída a partir de seqüências do gene Citocromo Oxidase I sob
os critérios de Máxima Verossimilhança. Hipótese filogenética reconstruída usando o programa
Treefinder (Jobb et al., 2004), com robustez de 1000 replicas não paramétricas de bootstrap. O
modelo evolutivo definido pelo modeltest foi o HKY85 + G. Como grupo externo foi utilizado a
seqüência do gene COI da espécie Rivulus hartii
obtida no Genbank pelo acesso
AF002619..............................................................................................................................................60
Figura 15: Relação filogenética reconstruída a partir de seqüências da Região Controle sob os
critérios de Máxima Parcimônia. Reconstrução filogenética realizada com 1000 buscas heurísticas e
adições aleatórias (random), implementando algoritmo Tree Bisection and Reconnection (TBR) com
1000 réplicas de bootstrap. Reconstrução filogenética realizada apenas com as seqüências de cada
um dos haplótipos gerados pelo programa Collapse1.2, as freqüências de cada haplótipo são
mostradas na tabela 6. Como grupo externo foi utilizado a seqüência da região controle da espécie
Phallichthys amates obtida no Genbank pelo acesso DQ377041.......................................................61
Figura 16: Relação filogenética reconstruída a partir de seqüências da Região Controle sob os
critérios de Máxima Verossimilhança. Hipótese filogenética reconstruída usando o programa
Treefinder (Jobb et al., 2004), com robustez de 1000 replicas não paramétricas de bootstrap. O
modelo evolutivo definido pelo modeltest foi HKY85 + G. Como grupo externo foi utilizado a
seqüência da região controle da espécie Phallichthys amates obtida no Genbank pelo acesso
DQ377041.............................................................................................................................................62
Figura 17: Gráficos de dispersão das variáveis residuais resumidos em componentes principais.
Caracteres morfométricos analisados: comprimento da cabeça (CC); altura do corpo (AC) e
comprimento total (CT)..........................................................................................................................66
Figura 18:
Quadrados mínimos (Least Squares Means). Efeito dos componentes principais (fatores)
sobre os clados filogenéticos, usando o modelo linear generalizado (generalized linear model).........67
xv
Figura 19: Gráficos de dispersão dos componentes principais (fatores) 1; 2 e 3, dos caracteres
morfológicos, após resumidos em PCA.................................................................................................70
Figura 20: Quadrados mínimos (Least Squares Means). PCA dos fatores dos dados morfológicos em
relação aos clados formados pelas análises moleculares.....................................................................71
Figura 21: Desenho esquemático e foto da espécie F. palikur. A – desenho esquemático feito por
Costa & Le Bail (1999) a partir do holótipo, macho, 12,0 mm comprimento padrão (MZUSP 52941); B
– fotografia do espécime de 16,5 mm de comprimento total da espécie F. palikur, coletado próximo à
cidade de Calçoene, estado do Amapá (Foto Eduardo R. Souza)........................................................72
Figura 22: Hipótese de relações filogenéticas entre as espécies do gênero Fluviphylax. A,
reconstrução filogenética baseada em dados morfológicos proposta por Costa (1996) e Costa & Le
Bail (1999); B, filogenia baseada em seqüências do gene COI e região controle do DNA mitocondrial,
adaptadas a partir dos resultados propostos no presente trabalho......................................................75
xvi
LISTA DE APÊNDICE
Apêndice A – Localidades amostradas e georeferenciamento............................................................91
Apêndice B – Caracteres apomórficos das espécies de Fluviphylax baseados em seqüências do
gene COI...............................................................................................................................................92
Apêndice C - Caracteres apomórficos das espécies de Fluviphylax baseados em seqüências da
região controle.......................................................................................................................................99
1
Introdução Geral
Os sistemas fluviais neotropicais apresentam a maior drenagem do
mundo. A bacia Amazônica é o maior sistema dessa drenagem, possuindo uma
área de aproximadamente 7.050.000 km
2
, entrelaçada por inúmeros rios e
riachos dos mais variados tamanhos. Essa bacia compreende a região norte e
central do Brasil, parte da Venezuela, Colômbia, Equador, Peru e Bolívia (Sioli,
1984). A bacia do Orinoco é a terceira maior da América do Sul, com uma área
de 948.000 km
2
, situada a norte da bacia Amazônica e compreendendo todo o
território Venezuelano e a porção a leste da Colômbia (Lasso et al., 2004). O
Canal do Cassiquiara, também conhecido como Canal Casiquiare ou
Cachequerique, é um canal natural com 326 km de comprimento que se
desenvolve entre a margem esquerda do rio Orinoco, na Venezuela, e a
margem direita do rio Negro, afluente do rio Amazonas. O Cassiquiara interliga
duas das mais importantes bacias hidrográficas do mundo: a do Amazonas, a
maior do mundo e a do Orinoco, a terceira maior da América do Sul (Lundberg
et al., 1998; Pérez-Hernández & Lew, 2001; Lasso et al., 2004).
A ictiofauna de água doce da América do Sul e Central, região
Neotropical, apresentam a maior diversidade de peixes do mundo. Estima-se
que os peixes de água doce Neotropical compreendem 8.000 espécies dentre
as aproximadas 33.000 espécies de peixes existentes no mundo, equivalendo
a aproximadamente 24% de toda a diversidade de peixes mundial e um oitavo
de toda a biodiversidade dos vertebrados (Schaefer, 1998; Vari & Malabarba,
1998).
A bacia Amazônica apresenta a maior diversidade de ictiofauna de água
doce do mundo. As espécies são constituídas basicamente por grupos
recentes, sendo 43% Characiformes, 39% Suliriformes, 3% Gymnotiformes e
os 15% restante pelos Cyprinodontiformes e demais ordens (Roberts, 1972). A
grande diversidade da ictiofauna Neotropical, assim como de outros
organismos aquáticos, está intimamente relacionada à dinâmica de formação
dos rios (Lundberg et al., 1998; Montoya-Burgos, 2003). Esses eventos
paleogeográficos têm produzido variadas mudanças na distribuição e evolução
das espécies, diversidade e extinção da biota aquática (Lundberg et al., 1998;
Hubert & Renno, 2006).
2
Apesar dos esforços e do significante progresso na sistemática e
taxonomia a fim de compreender a diversidade neotropical (e.g. Costa, 1998a;
Malabarba et al., 1998; Reis et al., 2003; Kullander & Ferreira, 2006), há uma
lacuna no conhecimento sobre determinados grupos de peixes de água doce
neotropical. A compreensão sobre a evolução dessa ictiofauna permanece
limitada por obstáculos como: escassez de informações sobre as relações
filogenéticas dentro e entre os muitos grupos de peixes da região neotropical, e
a informação fragmentada quanto à diversidade ao nível específico da maioria
dos táxons habitantes dessa região (Vari & Malabarba, 1998). Segundo Vari &
Malabarba (1998), apesar da abordagem filogenética em níveis superiores,
numerosas questões permanecem sem respostas em níveis taxonômicos
inferiores para muitos grupos dentro das ordens Gymnotiformes e
Cyprinodontiformes e família Cichlidae.
Nas últimas décadas, muitos trabalhos têm sido publicados com o
objetivo de explicar os processos relacionados à origem e manutenção desta
biodiversidade. E nesse contexto, cada vez mais, é crescente o uso de
ferramentas moleculares para entender esses processos (e.g. Hrbek & Larson,
1999; Murphy & Collier, 1999; Lovejoy & de Araújo, 2000; Sivasundar et al.,
2001; Hubert & Renno, 2006; Lovejoy et al., 2006; Hrbek et al., 2007). Assim
como muitos trabalhos fundamentados em ferramentas moleculares,
principalmente em dados de DNA mitocondrial, vêm sendo empregados em
associação com dados morfológicos a fim de entender a taxonomia e
sistemática (Farias et al., 2000; Wiens & Penkrot, 2002; López Fernández et
al., 2005; Hrbek et al., 2006). Tendo em vista a importância dos processos que
geram a diversidade biológica e do conhecimento para avaliar a biodiversidade
da fauna de peixes de água doce, no presente trabalho estudou-se a filogenia e
filogeografia do gênero Fluviphylax. As taxonomias propostas do gênero
Fluviphylax é recente e baseada apenas em dados morfológicos (Costa, 1996;
Costa & Le Bail, 1999). No presente estudo as análises basearam-se em dados
morfológicos e em dois marcadores moleculares, a saber: gene Citocromo
Oxidase I e região controle do DNA mitocondrial.
3
Gênero Fluviphylax
As espécies do gênero Fluviphylax, também conhecidas popularmente
como “Barrigudinhos”, “Guaru” e Killifish” (Lucinda, 2003), são os menores
vertebrados conhecidos da América do Sul. O adulto atinge comprimento
padrão de no máximo 22 mm, sendo o terceiro menor vertebrado do mundo.
Fluviphylax é endêmico das bacias do Amazonas e Orinoco e no rio Oiapoque,
distribuído desde o oeste da bacia Amazônica até a foz, a leste (Costa, 1996;
Costa & Le Bail, 1999).
O gênero Fluviphylax pertence à ordem Cyprinodontiformes e à família
Poeciliidae. Esse gênero é cladisticamente definido com base em 15
sinapomorfias, entre essas a miniaturização corporal e olhos extremamente
grandes, cerca de 50% do tamanho da cabeça (Costa, 1996). A história
taxonômica do grupo é simples e recente. A primeira espécie descrita e
alocada no atual gênero Fluviphylax foi Potamophylax pygmaeus. Myers (1955)
elegeu o gênero Potamophylax para abrigar a nova espécie, P. pygmaeus.
Entretanto, Potamophylax já existia como gênero e pertencia à ordem
Trichoptera. Diante disto, Whitley (1965) propôs o nome Fluviphylax em
substituição a Potamophylax.
O nome Fluviphylax se originou a partir da justaposição de fluvius, do
latim riacho ou rio, e phylax do grego guardar, designando ao gênero o termo
“guardar os rios”. Fluviphylax era um gênero monotípico até 1996, quando
Costa (1996) o revisou e descreveu três novas espécies: F. simplex, ocorrendo
ao longo dos afluentes do rio Purus, Solimões e Amazonas (cidade de Codajás
a Santarém) e rio Trombetas; F. zonatus, no baixo rio Negro (arquipélago de
Anavilhanas e Manaus); e F. obscurus, médio rio Negro (cidade de Barcelos).
Em 1999, Costa & Le Bail descreveram uma espécie adicional, Fluviphylax
palikur, ocorrendo na bacia do rio Oiapoque, fronteira entre a Guiana Francesa
e o estado do Amapá (Brasil). Atualmente, a diversidade conhecida para o
gênero Fluviphylax compreende cinco espécies: F. zonatus, F. palikur, F.
pygmaeus, F. obscurus e F. simplex (Myers, 1955; Costa, 1996; Costa & Le
Bail, 1999).
4
Distribuição e ecologia do gênero Fluviphylax
O gênero Fluviphylax é representado por pequenos peixes, em que o
adulto atinge comprimento padrão de 22 mm e os indivíduos podem alcançar a
maturidade sexual com 11 mm de comprimento padrão. Uma característica
marcante desse grupo é a presença de olhos extremamente grandes,
abrangendo 50% do tamanho da cabeça, que brilham radiantemente ao incidir
a luz solar (figura 1) (Costa, 1996).
Figura 1: Características marcantes do gênero Fluviphylax: tamanho corporal e olho.
(A) F. pygmaeus, coletado no lago Piauí, cidade de Borba, Amazonas (Foto: Eduardo
R. Souza); (B) F. obscurus nadando na superfície do rio Ereré (rio Negro), em
detalhe os olhos brilhantes (Foto: Fábio O. Lira).
Esses peixes habitam rios, igarapés ou lagos, sendo esses ambientes
encontrados em savanas (Amapá), mata de galeria (Amazonas) ou à margem
dos afluentes de grandes rios (Solimões, Negro e Amazonas). Os Fluviphylax
são nadadores de superfície e ficam em ambientes lênticos, além de serem
encontrados próximos as macrófitas (figura 2).
As espécies de Fluviphylax habitam ambientes bastante diferenciados.
As espécies F. obscurus, F. zonatus habitam as margens dos afluentes dos
rios, riachos, “igapós” e igarapés de água preta. Esses ambientes em sua
grande maioria estão localizados sob área de floresta. As espécies F. simplex e
F. pygmaeus habitam terrenos cobertos por mata e alagados (área de várzea),
igarapés e margens dos rios (figura 2). Diferente das demais espécies, F.
palikur habita pequenos riachos e áreas de savana alagada, localizado no
estado do Amapá e Ilha de Marajó. No período das chuvas, as áreas de savana
formam imensas áreas alagadas, porém, com baixa profundidade e expostas
A
B
5
diretamente à radiação solar. A fim de protegerem-se da radiação solar os
peixes escondem-se entre as relvas (figura 2B).
Figura 2: Habitat das espécies de Fluviphylax. Foto (A) lago as margem do rio
(02°07'21.1"N/50°53'29.5"'W), localizado entre a cidade de Calçoene e Tartarugalzinho, Amapá.
(B) Área inundada à margem da estrada, próximo à cidade de Tartarugalzinho, Amapá. Essa
região é constituída de extensas áreas de savanas, que inundam com a chuva. (C) margem do
lago Esperança, próximo à cidade de Santa Izabel do Rio Negro. A vegetação à margem da
lagoa é constituída por árvores de grande porte e mata fechada. (D) Área alagada ao lado de um
riacho localizado na cidade de Salvaterra, Ilha de Marajó. Ao redor encontra-se macrófitas e
gramíneas próximas à margem. (Fotos: Eduardo R. Souza & Tomas Hrbek).
Costa & Le Bail (1999) encontraram F. palikur próximo a macrófitas
aquáticas como Eichornia sp., Nymphaea sp. e Cabomba sp.. As macrófitas
aquáticas são componentes importantes da complexidade e heterogeneidade
de habitats, assim suportando comunidades biológicas diversas (Tonn &
Magnusson, 1982). Apresentam um papel central no fluxo de energia nos
ecossistemas, sendo importantes na cadeia trófica dos ecossistemas aquáticos
amazônicos (Botero et al., 2003; Petry et al., 2003). As macrófitas formam um
substrato onde algas e bactérias podem se desenvolver, detritos podem ser
depositados, servindo de alimento, e assim contribuindo para a abundância
A
B
D
C
6
local de invertebrados (Junk, 1973). Macrófitas também podem influenciar a
seleção de habitat e as relações ecológicas de peixes (Savino & Stein, 1989).
Peixes de pequeno porte freqüentemente utilizam as raízes e folhas das
macrófitas como refúgio contra a predação, onde essas estruturas vegetais
funcionam como uma barreira física e visual para predadores (Savino & Stein,
1989). A ocorrência de Fluviphylax está relacionada à presença de vegetação a
margem e a macrófitas, e em geral eles a utilizam como refúgio contra a
predação (obs. pess.). Goulding et al. (1988) relataram a presença de
Fluviphylax como presa de pequenos ciclídeos, assim como, observou que F.
obscurus alimentava-se de microalgas, detritos e invertebrados. Essa mesma
situação foi observada durante as coletas realizadas nesse trabalho.
As espécies Fluviphylax formam cardumes de até 50 indivíduos no lago
Ayapuá, rio Purus (obs. pess.). Esses também podem formar cardumes
multiespecíficos com pequenos caracídeos que ocorrem em simpatria (Costa &
Le Bail, 1999, obs. pess.). Em algumas ocasiões puderam-se observar
indivíduos de Fluviphylax nadando solitariamente em um pequeno lago à
margem do rio Negro (Comunidade de São Felipe, em São Gabriel da
Cachoeira, AM) (obs. pess.).
O gênero Fluviphylax distribui-se em duas principais bacias da América
do Sul, bacias do Amazonas e do Orinoco, e nas drenagens do Atlântico do
estado do Amapá (figura 3). As bacias do Amazonas e Orinoco são interligadas
pelo Canal Cassiquiara, canal natural de 326 km de comprimento que se
desenvolve entre a margem esquerda do rio Orinoco, na Venezuela, e a
margem direita do rio Negro, afluente do rio Amazonas, na fronteira entre a
Venezuela e a Colômbia. Os Fluviphylax estão distribuídos nos rios localizados
no estado do Amapá que não se conectam a bacia Amazônica (como os rios
Calçoene, Tartarugalzinho e Tartaruga Grande) e em tributários do rio
Oiapoque, o qual forma um limite natural e geográfico entre o Brasil e a Guiana
Francesa.
7
Figura 3: Distribuição das espécies Fluviphylax conforme Costa (1996), Costa & La Bail (1999)
e Lasso et al. (2005). Os pontos representam as localidades-tipos das espécies de Fluviphylax.
Em azul, rio Negro próximo à cidade de Barcelos; vermelho, rio Negro no arquipélago de
Anavilhanas; verde, rio Madeiro próximo à cidade de Borba, amarelo, rio Amazonas próximo à
cidade de Parintins; e laranjado, rio Oiapoque, Amapá. O circulo vermelho destaca o canal do
Cassiquiara. Mapa modificado de Marilyn J. Weitzman.
F. simplex ocorre desde a cidade de Codajás (rio Solimões) até a cidade
de Santarém (rio Amazonas), enquanto F. zonatus ocorre do arquipélago de
Anavilhanas a Manaus (baixo rio Negro). F. pygmaeus é endêmico da bacia do
rio Madeira, sendo coletado nas proximidades da cidade de Borba, Amazonas
(Costa, 1996). F. obscurus ocorre próximo à cidade de Barcelos/AM (Costa,
1996), porém, inventários faunísticos têm relatado a presença dessa espécie
na bacia do Orinoco (Arrington & Winemiller, 2003; Hoeinghaus et al., 2004;
Lasso et al., 2005). F. palikur distribui-se apenas na bacia do rio Oiapoque,
limite entre Brasil e Guiana Francesa (Costa & Le Bail, 1999).
Arco
Monte
A
le
g
re
Arco
Guru
p
a
F. obscurus
F. zonatus
F. simplex
F. pygmaeus
F. palikur
8
Relação filogenética das espécies de Fluviphylax
O gênero Fluviphylax pertence à tribo Fluviphylacini, subfamília
Procatopodinae e a família Poeciliidae. Fluviphylax está relacionado aos
poeciliídeos da América do Sul e Central e aos aplocheiliquitíneos da África
(Costa, 1996; Ghedotti, 2000). Essa relação baseia-se em características
como: macho maior que as fêmeas, em contraposição aos demais poecilídeos,
e ausência do osso parietal (Parenti, 1981).
O gênero foi cladisticamente definido por Costa (1996) com base em 15
sinapomorfias, a saber: olhos extremamente grandes, aproximadamente 50%
do tamanho da cabeça; miniaturização; ausência do vômer; processo dorsal da
maxila reduzido; ausência da cartilagem interarcual; ausência dos dentes do
quarto ceratobranquial; ausência do interhial; basihial alongado; pós-temporal
em forma de foice; porção anterior do opérculo estreito; nadadeira caudal com
17 a 20 raios; sistema sensorial cefálico reduzido; e melanóforos concentrados
na metade dorsal e ventral do corpo. Atualmente, a diversidade conhecida do
gênero Fluviphylax compreende cinco espécies descritas: F. simplex, F.
zonatus, F. pygmaeus, F. obscurus e F. palikur (Costa, 1996; Costa & Le Bail,
1999) (figura 4).
Figura 4: Espécies do gênero Fluviphylax (modificado de Costa (1996) e Costa & Le Bail (1999)).
Legenda: (A) F. pygmaeus; (B) F. obscurus; (C) F. simplex; (D) F. zonatus e (E) F. palikur.
A B
C D
E
9
O grupo monofilético constituído por F. zonatus, F. simplex e F.
pygmaeus compartilham a forma pontiaguda e alongada do processo do
cleitrum. Fluviphylax obscurus juntamente com outros poecilídeos possuem o
processo do cleitrum curto. F. simplex e F. pygmaeus são espécies irmãs
relacionadas devido à ausência da cartilagem rostral, estrutura presente nos
ciprinodontiformes, e à redução ventral do processo do pós-temporal, em
contraste ao processo alongado das espécies F. obscurus e F. zonatus (Costa,
1996).
Segundo Costa (1996) nenhuma autapomorfia foi encontrada em F.
obscurus, já os machos de F. zonatus apresentam de seis a 12 barras escuras
no corpo como autapomorfia. Em espécimes adultos de F. simplex, o canal do
sistema sensorial da cabeça é aberto, contrapondo-se aos outros Fluviphylax e
muitos ciprinodontiformes, em que o canal é aberto somente na fase juvenil. F.
pygmaeus apresenta cinco autapomorfias: mesetmóide subtriangular, processo
anterodorsal do pré-opérculo alongado, nadadeira pélvica do macho alongada,
nadadeira anal do macho alongada e presença de quatro raios
branquiostegais. Além do mais, F. pygmaeus é a única espécie com oito a 10
raios na nadadeira anal, número modal nove, mas essa característica não
representa um caráter apomórfico (Costa, 1996).
A hipótese de parentesco entre as espécies de Fluviphylax segundo
Costa (1996) e Costa & Le Bail (1999) é apresentada abaixo.
Figura 5: Relação filogenética do gênero Fluviphylax,
proposta por Costa (1996) e Costa & Le Bail (1999). A
tribo Procatopodini foi incluída como grupo irmão de
Fluviphylacini (sensu Ghedotti, 2000). Os caracteres
sinapomórficos podem ser acompanhados no texto
acima.
sina
p
omorfias
10
F. palikur distingui-se das demais espécies do gênero por uma mancha
preta precedida por uma mancha amarela na borda posterior da nadadeira
dorsal do macho. Outros caracteres plesiomórficos podem distinguir essa
espécie de suas congêneres como: 13 ou 14 raios na nadadeira anal, 27
escamas em série longitudinal, 29 ou 30 vértebras, origem da nadadeira dorsal
no começo da base do penúltimo raio da nadadeira anal, processo anterior
alongado e anteriormente dirigido do quinto ceratobranquial, porção média do
quarto ceratobranquial não reduzido, segundo faringo-branquial não reduzido,
sobreposição da porção dorsal do terceiro faringo-branquial (Costa & Le Bail
(1999).
Apesar da descrição de três novas espécies por Costa (1996) e uma por
Costa & Le Bail (1999) para Fluviphylax, baseado em dados morfológicos, a
distinção entre algumas espécies não são nitidamente observadas. Os
espécimes localizados no alto rio Negro e bacia do Orinoco, Venezuela, apesar
de serem identificados como F. obscurus em trabalhos de levantamento, esses
não foram examinados morfologicamente. Desta forma, analisou-se por meio
de testes estatísticos e análise de componente principal (PCA) os caracteres
sinapomórficos da morfologia externa e merísticos das espécies de Fluviphylax
proposto por Costa (1996) e Costa & Le Bail (1999).
Marcadores Moleculares
A delimitação de espécie e a reconstrução da relação filogenética das
espécies estão entre os maiores objetivos da sistemática e taxonomia. Além de
dados morfológicos, os marcadores moleculares vêm sendo vastamente
empregados na delimitação de espécies. Estudos recentes têm usado dados
de seqüências de DNA, principalmente análises de DNA mitocondrial (DNAmt),
em associação com dados morfológicos para estudar as variações em
espécies amplamente distribuídas e espécies crípticas (Wiens & Penkrot,
2002).
O genoma mitocondrial (DNAmt) dos vertebrados, em geral, consiste em
uma molécula circular de dupla fita, com tamanho de 15.000 a 17.000 pb
(pares de bases), aproximadamente 10
5
vezes menor que o genoma nuclear
11
(Ballard & Whitlock, 2004). O DNAmt constitui-se de 37 genes (figura 6), dos
quais 24 estão relacionados à maquinaria de tradução (22 RNA transportador e
2 RNA ribossômico) e 13 genes envolvidos em subunidades de proteínas da
cadeia transportadora de elétrons, onde os carboidratos e gorduras são
oxidados, gerando dióxido de carbono, água e ATP (Adenosina trifosfato). Em
adição a esses 37 genes, existe a região controle, que apresenta na porção
anterior um segmento conhecido como D-loop, que dispõem de uma região rica
em A+T que exerce controle sobre a replicação do DNAmt e transcrição do
RNA. O DNAmt apresenta características interessantes como a ausência, em
geral, de íntrons, DNA repetitivo, pseudogenes e regiões intergênicas (Avise,
1986; Avise et al., 1987; Ballard & Whitlock, 2004).
O DNAmt é considerado um excelente marcador molecular para a
análise genética por estar distribuído em uma variedade de organismos; pela
facilidade em isolá-lo; por possuir estrutura genética simples; por exibir simples
modo de transmissão genética, em geral, sem recombinação ou outros
rearranjos; por oferecer um conjunto de estados de caráter qualitativo onde
hipótese filogenéticas e análises microevolutivas podem ser inferidas; e por
apresentar rápida evolução em comparação ao DNA nuclear (Avise, 2000).
DNA mitocondrial
Arapaima gigas
16433 bp
Figura 6: Esquema do genoma mitocondrial típico de vertebrados. Em vermelho, região
controle (D-loop) e gene COI, alvo deste estudo. Em marrom, os 22 genes de tRNA. Figura
modificada de Hrbek & Farias, 2008.
12
Do ponto de vista filogenético o genoma mitocondrial é considerado um
único locus, devido ao fato de os caracteres estarem ligados genealogicamente
pelo modo de transmissão assexual da molécula, com genealogia materna
dentro e entre espécies (Avise, 1986; Avise, 2000).
Apesar das vantagens de se usar o DNA mitocondrial como marcador
molecular, alguns autores argumentam que a delimitação de espécie não pode
se basear apenas em dados de DNAmt (Moritz, 1994; Sites Jr. & Crandall,
1997). Esse argumento refere-se ao fato do DNAmt estar mais propenso a
sofrer introgressão, o que poderia resultar em uma significante diferença
genealógica entre a árvore do gene e a árvore da espécie (Ballard & Whitlock,
2004). Mesmo tendo a introgressão como uma desvantagem, o DNAmt
apresenta importantes características que contribuem para a delimitação de
espécies. Em vários casos análises de DNAmt têm mostrado uma resolução na
definição de espécies, que por muitas vezes não é resolvida por marcadores
nucleares e morfológicos (Hebert et al., 2003; Hebert et al., 2004). Tendo em
vista as vantagens do DNAmt, nesse trabalho foi utilizado marcadores
moleculares baseados em seqüências do gene COI e região controle do DNA
mitocondrial em associação com métodos baseados em dados morfológicos.
DNA mitocondrial: gene COI e região controle
Recentemente, tem sido proposto que a seqüência do gene citocromo
oxidase I (COI) possa servir como base para um sistema de identificação global
de animais, o DNA barcoding. O objetivo do DNA barcoding é relacionar
espécimes de posição taxonômica desconhecida em uma espécie e aumentar
a descoberta de novas espécies (Hebert et al., 2003; Moritz & Cicero, 2004). O
gene mitocondrial COI é uma subunidade do complexo citocromo oxidase, que
é parte da cadeia transportadora de elétrons. Esse gene foi escolhido por
apresentar seqüências nucleotídicas altamente conservativas, possibilitando o
estudo comparativo dessas seqüências entre espécies. A alta conservação da
seqüência do gene COI permite desenvolver iniciadores (primers) universais
com bastante sucesso (Palumbi, 1996). Devido a sua alta conservação, as
substituições de aminoácidos são raras dentro de espécies, mas salientes
13
mudanças são comuns quando comparado a outros genes do DNAmt com
poucas diferenças nas seqüências de aminoácidos. As seqüências do gene
COI são muito usadas para reconstrução filogenética de profundos ramos
evolutivos (Palumbi & Benzie, 1991).
A região controle é uma porção do DNAmt que não possui função
codificadora e em vertebrados e equinodermos possui uma região rica em A+T,
que apresenta seqüências específicas que determinam o início da replicação
da fita pesada do DNAmt e transcrição de ambas as fitas do DNAmt. Em
peixes, a região controle apresenta aproximadamente 1,1 quilopares de bases
com um domínio central conservado e duas porções ricas em A + T,
extremamente variáveis, nas extremidades 5’ e 3’ (Meyer, 1993). As regiões
conservadas da região controle são flanqueadas por regiões altamente
variáveis. Essas regiões variáveis contêm muitos sítios polimórficos, que vêem
sendo enfocados nos estudos populacionais de mamíferos (Palumbi, 1996). A
região controle apresenta alta taxa de substituição, possibilitando adquirir bons
dados para estudar a estrutura populacional e o nível de fluxo gênico entre as
populações de peixes (Santos et al. 2007). A taxa de substituição da região
controle é maior que a do gene COI, assim, adicionalmente aos estudos
populacionais e de fluxo gênico realizados, será possível comparar a
delimitação de espécie entre o gene COI e a região controle.
Nesse estudo, foram utilizadas seqüências do gene COI e da região
controle para realizar estudos populacionais e auxiliar na delimitação de
espécies do gênero Fluviphylax.
14
CAPÍTULO 1
Filogenia e filogeografia do gênero Fluviphylax
1.0 – Introdução
A filogeografia permite compreender os princípios e processos que
governam a distribuição geográfica das linhagens genealógicas, principalmente
a nível intra-específico (Avise, 1998; 2000). Sendo uma sub-disciplina da
biogeografia, a filogeografia enfatiza os aspectos históricos da distribuição
espacial contemporânea das linhagens. A análise e interpretação da
distribuição das linhagens requerem o conhecimento de genética molecular,
genética de população, filogenética, demografia, etologia e história geográfica
(Avise, 1998; 2000). Assim, análises filogeográficas dos organismos aquáticos
da bacia Amazônica refletem os processos biológicos e geológicos dessa
região.
Os estudos filogeográficos e genéticos das populações de organismos
aquáticos da bacia Amazônica concentram-se em espécies de grande porte e
de interesse econômico. Essas espécies incluem o peixe-boi, Trichechus
inunguis (Cantanhede et al., 2005), o jacaré-tinga, Caiman crocodilus (Farias et
al., 2004; Vasconcelos et al., 2006), o jacaré-açú, Melanosuchus niger (Farias
et al., 2004; de Thoisy et al., 2006; Vasconcelos et al., 2008), a tartaruga
gigante da Amazônia, Podocnemis expansa (Pearse et al., 2006), o pirarucu,
Arapaima gigas (Hrbek et al., 2005; Farias et al., 2007), o tambaqui, Colossoma
macropomum (Santos et al., 2007) e a dourada, Brachyplatystoma rousseauxii,
e a piramutaba, Brachyplatystoma vaillantii (Batista et al., 2005).
Todas estas espécies são excessivamente exploradas. Por exemplo, a
população do jacaré-açú foi reduzida a aproximadamente 10% do tamanho da
população original e essa atualmente se encontra fortemente fragmentada
(Ross, 1998; de Thoisy et al., 2006). O peixe-boi amazônico foi intensivamente
caçado quase chegando à extinção (Best, 1984). Similarmente, a tartaruga
gigante da Amazônia (Pearse et al., 2006) e o pirarucu têm sido explorados por
vários séculos, e mais fortemente neste último (Hrbek et al., 2005; Farias et al.,
15
2007). Esses eventos antropogênicos têm causado fortes efeitos demográficos,
gerando a diminuição do tamanho efetivo da população e ocasionando um
aumento do efeito da deriva genética nessas espécies (Pearse et al., 2006;
Farias et al., 2007). Além disso, os modelos filogeográficos observados nos
animais amazônicos freqüentemente refletem eventos antropogênicos afetando
os processos naturais (Hrbek et al., 2005; Pearse et al., 2006; Vasconcelos et
al., 2006) e obscurecendo o real processo natural que forma o modelo
filogeográfico dos vertebrados aquáticos da Amazônia.
Para se chegar a um modelo filogeográfico adequado, e ao
entendimento dos processos que dirigem esse modelo, é necessário estudar
organismos com ampla distribuição e que não tenham sido sujeitos à
exploração antropogênica, como é o caso dos pequenos peixes do gênero
Fluviphylax. Atualmente, a riqueza conhecida para o gênero compreende cinco
espécies: F. zonatus, F. palikur, F. pygmaeus, F. obscurus e F. simplex (Costa,
1996; Costa & Le Bail, 1999). Os Fluviphylax são nadadores de superfície, que
habitam ambientes de águas lênticas e áreas inundadas como a várzea.
Distribuídos pela bacia Amazônica e Orinoco, assim como, nos afluentes dos
rios do estado do Amapá e Ilha de Marajó, é de se esperar que a filogeografia
dos Fluviphylax reflita processos geológicos e biológicos que atuaram e atuam
nessas regiões. Por exemplo, a separação da Ilha de Marajó do estado do
Amapá, possivelmente influenciou na estrutura populacional do Fluviphylax
dessa região. Outro fator que pode atuar nos padrões filogeográficos do gênero
é o sistema de inundação de áreas como a várzea (Junk et al., 1989) que
permite maior interconexão biológica dos organismos que habitam essa região,
como relatado nos estudos de Colossoma macroponum (Araújo-Lima &
Goulding, 1998; Santos et al., 2007), Prochilodus nigricans (Farias et al., 2006),
Arapaima gigas (Hrbek et al., 2005), Brachyplatystoma rousseauxii e B.
vaillantii (Batista et al., 2005; Batista & Alves-Gomes 2006).
Dados filogeográficos são de grande importância para a conservação
das espécies, avaliação da biodiversidade e identificação de processos que
geram a diversidade biológica (Smith et al., 2001; Avise, 2004). Nesse estudo
foi analisado a filogeografia e a genética de população dos indivíduos das
espécies de Fluviphylax distribuídos ao longo da bacia Amazônica e Orinoco, e
nos afluentes dos rios do estado do Amapá e Ilha de Marajó (drenagem do
16
Atlântico) de modo a compreender os processos ecológicos e os eventos
históricos que atuaram e atuam sobre os organismos.
1.1 - Objetivo
1.1.1 - Geral
Avaliar as hipóteses filogenéticas e a filogeografia do gênero Fluviphylax para
entender os processos que influenciaram os padrões de distribuição de suas
espécies.
1.1.2 - Específicos
- Seqüenciar o gene COI e região controle do DNA mitocondrial;
- Correlacionar a hipótese filogenética proposta com a distribuição geográfica
das espécies de Fluviphylax;
- Propor uma hipótese filogeográfica para o gênero;
- Estimar os níveis de variabilidade genética presente em Fluviphylax;
- Verificar a presença ou ausência de fluxo gênico entre populações nos locais
coletados.
17
1.2 - Material e métodos
1.2.1 - Área amostral e método de coleta
Os espécimes de Fluviphylax foram coletados nos afluentes ao longo da
calha principal dos rios Negro, Solimões, Purus, Amazonas e Trombetas, na
Ilha de Marajó, nos afluentes dos principais rios do estado do Amapá (Brasil) e
no lago Laguna Larga na bacia do Orinoco (rio Cinaruco, Venezuela). Os dados
de georeferenciamento das localidades amostradas, com as respectivas
espécies coletadas estão representados no apêndice A. As localidades
amostradas foram agrupadas em seis regiões macro-geográficas: Alto rio
Negro/Orinoco, Médio rio Negro, Manaus, Solimões/Amazonas, Madeira,
Amapá/Ilha de Marajó. As regiões macro-geográficas foram definidas de
acordo com a distribuição de cada espécie. Para as espécies F. obscurus l.s.
(latu sensu), distribuídas no alto e médio rio Negro, foram estabelecidas duas
regiões macro-geográficas, uma para representar Fluviphylax sp. e a outra para
F. obscurus s.s. (strictu sensu). No mapa da figura 7, as regiões macro-
geográficas foram representadas por pontos com distintas colorações.
Os espécimes foram coletados com puçás de mão para aquário com
malhas de 5 mm de diâmetro. Os indivíduos forma anestesiados em solução de
MS-222 (Finquel) e em seguida preservados em etanol 95%, para
procedimento de análises laboratoriais. Em laboratório, os espécimes de cada
localidade amostrada foram previamente identificados seguindo os passos da
chave de identificação proposta por Costa (1996) e Costa & Le Bail (1999). O
material biológico foi depositado na Coleção de Tecidos de Genética
Animal/CTGA do Laboratório de Evolução e Genética Animal (LEGAL), Instituto
de Ciências Biológicas da Universidade Federal do Amazonas.
18
Figura 7: Localidades amostradas para as espécies de Fluviphylax. Os pontos representados
pela mesma cor correspondem a uma mesma área macro-geográfica. No total foram
representadas seis áreas macro-geográficas: Alto rio Negro/Orinoco – rio Negro (Azul); Médio
rio Negro – rio Negro (Laranjado); Manaus – lago Tarumã e rio Preto da Eva (Rosa); Madeira –
rio Madeira (Verde); Solimões/Amazoans – rio Purus, Solimões, Amazonas e Trombetas
(Vermelho); Amapá/Marajó – drenagens do Atlântico, riacho próximo à Salvaterra e igarapé
Copudas (Marron). Mapa modificado de Marilyn J. Weitzman.
1.2.2 - Métodos moleculares
1.2.2.1 - Extração de DNA genômico
Para cada exemplar, foi coletada uma pequena porção do tecido
muscular diretamente do pedúnculo caudal, assim, o DNA genômico total foi
extraído usando-se o método padrão de extração via fenol/clorofórmio
modificado de Sambrook et al. (1989). O tecido foi digerido em solução de
tampão de lise (Tris HCl 10 mM, EDTA 10 mM, SDS 1% e NaCl 0,3 M), SDS
Barcelos
São Gabriel da
Cachoeira
Lago Laguna LargaCinaruco,
Venezuela
Sta Izabel
Samauma e Kalafate
Reserva Amanã
Rio Solimões
Rio Branco
Lago Ayapuá -
Purus
Borba,
Rio Madeira
Manaus
Tombetas
Ig. Copudas
Salvaterra
Tartarugalzinho
Km 486
Santarém
Janauacá
Calçoene
19
10% e proteinase K (20 mg/µl). Em seguida, respectivas lavagens com solução
de fenol, fenol/clorofórmio/álcool isoamílico (25:24:1) e clorofórmio/álcool
isoamílico (24:1) foram realizadas para retirar as proteínas. A precipitação do
DNA procedeu-se utilizando etanol absoluto e posteriormente etanol 70%. O
DNA extraído foi quantificado, em transiluminador sob luz UV, por comparação
com marcador de peso molecular conhecido após eletroforese horizontal
padrão, em gel de agarose (Bioagency) 0,8% e corado com brometo de Etídeo
(EtBr, 0,5 µg/mL).
1.2.2.2 - Amplificação por reação em cadeia da polimerase (PCR)
O gene COI e a região controle do DNA mitocondrial foram amplificados
via reação em cadeia da polimerase (PCR) com os iniciadores (primers) COIf2
forward e COIr4 reverse desenvolvidos no presente trabalho para o gene COI.
Para a região controle foram utilizados os iniciadores Lprof 5'-
ACTCTCACCCCTAGCTCCCAAAG-3' forward e TDK-D 5’-
CCTGAAGTAGGAACCAGA-3’ reverse (Kocher et al., 1989).
As reações das PCRs para a região controle e gene COI foram
realizadas em um volume final de 25 µL contendo: 9,6 µL de água milli-q, 1,0
BSA (10 mg/mL), 2,4 µL de MgCl (25 mM), 3,0 µL de buffer 10X, 3,0 µL de
dNTP (10 mM), 1,5 µL de primer reverso (2 µM), 1,5 µL de primer forward (2
uM), 1,0 µL de Taq polimerase (5 U/µL) e 1,0 µL de DNA (~ 50 ng/µL). A
amplificação foi realizada nas seguintes condições: desnaturação inicial a 95°C
por 60 segundos; 35 ciclos para desnaturação a 94°C por 40 segundos,
hibridização a 50°C por 40 segundos, extensão a 72°C por 60 segundos e
extensão final a 72°C por 5 minutos.
As amplificações foram realizadas em termociclador PXE 0.2 Thermal
Cycler. O produto de PCR foi quantificado e visualizado, em transiluminador
sob luz UV, quanto à qualidade da reação após eletroforese em gel de agarose
(Bioagency) a 1,0%, e corado com brometo de Etídeo (EtBr, 0,5 µg/mL).
20
1.2.2.3 - Purificação e seqüenciamento do produto da PCR
O produto da PCR foi purificado usando-se o kit GFXTM PCR DNA Kit
(GE-Healthcare), e diluído em 20 µl de tampão de diluição. Os respectivos
iniciadores forward utilizados na amplificação de DNA também foram usados
na reação de seqüenciamento do gene COI e região controle. As reações de
seqüenciamento foram realizadas utilizando-se Kit de seqüenciamento
DYEnamic
TM
ET dye terminator Kit (GE-Healthcare). Os ciclos de reação de
seqüenciamento foram realizados em volume final de 10 μl contendo 4,0 μl de
DNA, 2,0 μl de primer a 0,2 μM e 2,0 μl do mix ET. Posteriormente as amostras
foram submetidas ao termociclador, com as seguintes condições: 35 ciclos com
desnaturação a 95°C por 20 segundos, hibridização a 55°C por 15 segundos e
extensão a 60°C por 60 segundos.
Os produtos amplificados do ciclo de seqüenciamento foram precipitados
usando-se a precipitação padrão por acetato de amônio/etanol. Posteriormente
esses produtos foram ressuspendidos em 10 μl de formamida Hi-Di e as
seqüências lidas no seqüenciador automático MegaBace 1000 (GE-
Healthcare).
1.2.3 - Análise dos dados
1.2.3.1 - Edição e alinhamento das seqüências
As seqüências do gene COI e região controle foram alinhadas no
programa Clustal W (Thompson et al., 1996) implementado no programa
BioEdit, usando-se as configurações padrão e editadas manualmente no
programa BioEdit 5.0.06 (Hall, 1999). Após a edição manual de cada
seqüência, foram acrescentados gaps aos sítios que apresentaram deleções
ou inserções (indels), com a finalidade de manter a homologia entre os sítios. A
falta de nucleotídeos no final de algumas seqüências foi tratada como sítios
sem informação (missing). Os sítios variáveis foram checados no programa
MEGA 4.0 (Kumar et al., 2004) e as seqüências alinhadas do gene COI foram
traduzidas em aminoácido para verificar a presença de códon de parada .
21
1.2.3.2 - Análise filogenética
As relações filogenéticas construídas sob o critério ótimo de Máxima
Verossimilhança para o gene COI e região controle foram estimadas usando-se
o programa Treefinder (Jobb et al., 2004), com robustez de 1000 replicas não
paramétricas de bootstrap. Os modelos de evolução molecular para o gene
COI e região controle foram determinados usando-se o critério de informação
Akaike (AIC) (Akaike, 1974) utilizando o programa Modeltest 3.7 (Posada &
Crandall, 1998). O melhor modelo evolutivo de substituição de nucleotídeos
determinado para o gene COI e região controle foi o modelo HKY (Hasegawa
et al., 1985) com sítios variáveis seguindo discreta distribuição gama (G).
As seqüências de 521 pb do gene COI de Rivulus hartii (acesso
Genbank AF002619) e a seqüência de 374 pb da região controle de
Phallichthys amates (acesso Genbank DQ377041) foram usadas como grupos
externos na reconstrução filogenética baseada no gene COI e região controle,
respectivamente, das espécies de Fluviphylax. As reconstruções filogenéticas
sob os critérios de Máxima Verossimilhança basearam-se em 125 seqüências
com 521 pb do gene COI, para quatro espécies de Fluviphylax. No total foram
obtidas seqüências de 125 indivíduos, sendo: 10 F. zonatus, 40 F. obscurus, 60
F. simplex e 15 F. pygmaeus. Nas análises do gene COI não foram incluídas
seqüências de F. palikur, localidades Amapá e Ilha de Marajó, pois os primers
utilizados foram inespecíficos, hibridizando-se a outras regiões do genoma
dessa espécie.
As reconstruções filogenéticas sob os critérios de Máxima
Verossimilhança basearam-se em 134 seqüências de 374 pb da região
controle. Foram obtidas seqüências de 134 indivíduos, sendo: 43 F. palikur, 35
F. obscurus, 44 F. simplex, 12 F. pygmaeus. As seqüências dos indivíduos
provenientes do rio Tarumã e de rio Preto da Eva, área macro-geográfica
Manaus, foram excluídas das análises da região controle devido à baixa
qualidade das mesmas.
22
1.2.3.3 - Análises populacionais
Por meio das seqüências do gene COI foram realizados estudos
populacionais de F. obscurus latu sensu (Fluviphylax sp. e F. obscurus) e F.
simplex. Os estudos populacionais de F. obscurus l.s. abrangeram 40
indivíduos distribuídos em duas populações, Alto rio Negro/Orinoco (n = 18) e
Médio rio Negro (n = 22). Para os estudos populacionais de F. simplex foram
analisados 60 indivíduos de quatro populações, rio Purus (n = 30), Reserva do
Amanã (n = 10), lago do Janauacá (n = 12) e Santarém/Trombetas (n = 8).
A partir das seqüências da região controle do DNA mitocondrial
realizaram-se os estudos populacionais de F. obscurus l.s., F. palikur e F.
simplex. O estudo de população de F. obscurus s.l. abrangeu 35 indivíduos
distribuídos em duas populações, Alto rio Negro/Orinoco (n = 35) e Médio rio
Negro (n = 16). Para F. palikur, 43 indivíduos distribuídos em quatro
populações foram estudados: rio Calçoene (n = 10), Km 486 (n = 14),
Tartarugalzinho (n = 9) e Ilha de Marajó (n = 10). Para F. simplex foram
analisados 44 indivíduos distribuídos em três populações, Santarém/Trombetas
(n = 7), lago Janauacá (n = 10) e rio Purus (n = 27).
O nível de variação genética intra-específico das amostragens acima
mencionadas foram medidas por meio do número de haplótipos observados em
cada população, dos índices de diversidade gênica (Ĥ) e diversidade
nucleotídica (π) calculados pelo método de Nei (1987) e número de sítios
segregantes (polimórficos). Adicionalmente foram estimados os níveis de
estruturação das subdivisões populacionais e os níveis de fluxo gênico (Nm),
inferidos a partir das comparações par-a-par dos valores obtidos de Ф
ST
e
Análise de Variância Molecular (AMOVA), implementada no programa Arlequin
3.1 (Excoffier et al., 2005). A correção de Bonferroni (Rice, 1989) foi aplicada
para todas as análises que envolveram múltiplas comparações.
Realizou-se o teste D de Tajima (1989) e Fs de Fu (1997) para examinar
se as amostras de diferentes localidades estão em desequilíbrio de mutação-
deriva genética. Um desvio significante do equilíbrio genético do DNA
mitocondrial é pressuposto para uma recente expansão populacional ou
bottleneck em situações em que não há nenhuma vantagem seletiva entre os
haplótipos existentes. O teste de Tajima examina a relação entre o número de
23
sítios segregantes e a diversidade nucleotídica (Tajima, 1989). O teste Fs de
Fu, mais sensível ao efeito de seleção que o teste D de Tajima, baseia-se na
probabilidade de observar determinado número de alelos em uma amostra de
determinado tamanho, condicionado ao número médio observado das
diferenças par-a-par (Fu, 1997).
O teste de correlação entre a distância genética e a distância geográfica
não foi realizado nas análises populacionais desse estudo, pois o número de
populações estudadas para cada espécie não ultrapassou quatro populações,
comprometendo a confiabilidade do teste.
1.2.3.4 - Rede de haplótipos e análise dos clados hierarquizados - NCA
A rede de haplótipos e análise dos clados hierarquizados (NCA) foram
realizadas para as 125 seqüências do gene COI e para as 134 seqüências da
região controle. A rede de haplótipos foi construída baseada no método de
parcimônia estatística de Templeton et al. (1992). Esse método gera a
estimativa do número máximo de diferenças entre os haplótipos como
resultado de substituições únicas com confiabilidade estatística de 95%
(Posada & Crandall, 2001). Essas análises foram implementadas no programa
TCS (Clement et al., 2000). As ambigüidades de conexões resultantes das
mutações homoplásticas foram resolvidas usando-se as informações da
topologia de Máximo Verossimilhança.
A hierarquização da rede de haplótipos foi construída baseada no
método de parcimônia estatística, utilizando o algoritmo descrito por Templeton
et al. (1987) e Templeton & Sing (1993). A distância geográfica entre as áreas
macro-geográficas foram medidas a partir do ponto médio de cada região
macro-geográfica, seguindo o curso dos rios utilizando o programa Arcview GIS
3.2. Para inferir a existência de associação significante entre as distâncias
geográficas e a rede de haplótipo, como resultado dos níveis de restrição de
fluxo gênico, foi usada a análise dos clados hierarquizados (Nested Clade
Analysis - NCA) desenvolvido por Templeton et al. (1995) e implementado no
programa GEODIS 2.4 (Posada et al., 2000). A partir da genealogia gênica,
freqüência de haplótipos e distâncias geográficas, o NCA gera inferências que
24
permitem discriminar eventos históricos (e.g. fragmentação, expansão, etc.) e
processos atuais (e.g. fluxo gênico). A interpretação dos dados seguiu a chave
de inferência de Templeton (2004).
1.3 - Resultados
1.3.1 - Reconstrução filogenética
Para o gene mitocondrial COI obteve-se um de total 521 pb para 125
indivíduos do gênero Fluviphylax, enquanto que para a região controle foram
obtidos 374 pb para 134 indivíduos. A composição das bases de nucleotídeos
das seqüências do gene COI e região controle apresentaram proporção de
bases anti-guanina. Tanto para o gene COI (A = 25.4%, G = 18.5%, T = 32.9%,
C = 23.2%) como para a região controle (A = 32.9%, G = 15.7%, T = 33%, C =
18.4%) a base timina (T) apresentou-se em maior proporção em relação às
demais bases.
A hipótese filogenética baseada no método de Máxima Verossimilhança
(MV) das seqüências do gene COI e região controle apresentaram resultados
semelhantes. Nas análises do gene COI não foram incluídas as seqüências de
F. palikur, localidades Amapá e Ilha de Marajó, pois os primers utilizados foram
inespecíficos, hibridizando-se a outra região do genoma dessa espécie. As
seqüências dos indivíduos provenientes do rio Tarumã e do rio Preto da Eva,
área macro-geográfica Manaus, foram excluídas das análises da região
controle devido à baixa qualidade das seqüências.
Na hipótese filogenética para o gene COI e região controle foram obtidos
seis clados distintos e bem suportados, dentre as seis áreas macro-
geográficas. Os clados obtidos foram os representados por Fluviphylax sp.
(Alto rio Negro/Orinoco - Fluviphylax obscurus latu sensu); Fluviphylax
obscurus (Médio rio Negro - Fluviphylax obscurus strictu sensu); F. pygmaeus
(Madeira); F. simplex (Solimões/Amazonas); F. palikur (Amapá/Marajó) e F.
zonatus (Manaus) (figura 8 e 9).
Nas hipóteses filogenéticas, os espécimes de Fluviphylax do rio Orinoco,
Alto rio Negro e Médio rio Negro foram agrupados em dois clados bem
suportados: Fluviphylax sp. (Alto rio Negro e rio Orinoco) e F. obscurus s.s.
25
(Médio rio Negro). Os clados Fluviphylax sp. (Alto rio Negro/Orinoco) e F.
obscurus s.s. (Médio rio Negro) apresentaram suporte de bootstrap de 95% e
96%, respectivamente, baseados nos dados do gene COI e bootstrap de 99% e
66%, respectivamente, em relação aos dados da região controle (figura 8 e 9).
A partir dos resultados da hipótese filogenética baseada no gene COI e região
controle foi possível evidenciar uma nova espécie para o gênero Fluviphylax.
Essa nova espécie, Fluviphylax sp., distribui-se na área macro-geográfica Alto
rio Negro/Orinoco e foi mais relacionada à espécie F. simplex, distribuída na
área macro-geográfica Solimões/Amazonas, do que à espécie F. obscurus s.s.
(Médio rio Negro). Apesar do baixo valor de bootstrap, Fluviphylax sp. e F.
simplex formaram um grupo monofilético na hipótese filogenética proposta a
partir do gene COI e região controle. Esse grupo monofilético foi relacionado ao
clado formado pelas espécies F. zonatus (Manaus) e F. pygmaeus (Madeira) e
juntos apresentaram uma politomia (figura 8).
F. zonatus foi restrita a área macro-geográfica de Manaus e apresentou
valores de bootstrap de 100% na hipótese filogenética a partir do gene COI. Na
área do Amapá/Marajó foram encontrados apenas indivíduos da espécie F.
palikur, que formaram um clado bem suportado com valor de bootstrap de
100% nas análises da região controle. A região macro-geográfica
Solimões/Amazonas (Amaná-Purus-Janauacá-Santarém-Trombetas), onde os
extremos correspondem a uma área de aproximadamente 1400 km de
extensão, apresentou apenas indivíduos da espécie F. simplex (figura 7).
F. pygmaeus foi encontrada apenas na área macro-geográfica do
Madeira e formou um único clado monofilético bem suportado com valores de
bootstrap de 99% e 100% para o gene COI e região controle, respectivamente.
26
Figura 8: Árvore filogenética do gene Citrocromo
Oxidase I, baseada no método de Máxima
Verossimilhança. Hipótese filogenética reconstruída
usando o programa Treefinder (Jobb et al., 2004),
com robustez de 1000 replicas não paramétricas de
bootstrap. O modelo evolutivo definido pelo programa
Modeltest foi o HKY + G. A seqüência do gene COI
da espécie Rivulus hartii foi usada como grupo
externo, (acesso Genbank AF002619). O ponto
vermelho indica a politomia entre os clados
Fluviphylax sp., F. simplex, F. pygmaeus e F.
zonatus. As siglas representam as iniciais dos nomes
dos rios coletados e os números seguem a ordem de
captura dos indivíduos coletados, conforme
organização do banco de dados da coleção.
Fluviphylax sp.
Área macro-geográfica:
Alto rio Negro/Orinoco
(Sta. Izabel + São Gabriel + rio Orinoco-
Venezuela)
F. simplex
Área macro-geográfica:
Solimões/Amazonas
(Reserva Amanã + Purus + Lago
Janauacá + Trombetas + Santarém)
F. zonatus
Área macro-geográfica: Manaus
(rio Rio Perto da Eva + Igarapé
Tarumã)
F. pygmaeus
Área macro-geográfica:
Madeira
F. obscurus s.s.
Área macro-geográfica: Médio rio Negro
(Sta. Izabel + Barcelos + rio Branco)
ARACA.1, 3, 5
ARACA.2
80
RCB.2
RCB.3
RCB.4
63
RCB.5
94
59
IAHA.1
IAHA.2
IAHA.5
IAHA.3, 4
RJX.2, 3, 4, 5
TAPA.1, 2, 3, 4, 5
89
JNCii_3
BACU.1, 2
BACU.3
LAAii.4, 8, 10, 12
BACU.5
61
BACU.4
JNCi.1, 2, 3, 4, 5, 6
JNCii.1, 2, 4, 5, 6
LAAi.1, 2, 3, 4
LAAii.1, 2, 3, 5, 6, 7, 9, 11
LUA.1
STR.2
STR.5
64
STR.1
STR.4
63
LUA.4
STR.3
92
KALA.1
KALA.2, 3, 4, 5
SAM.1, 2, 3
SAM.4
SAM.5
64
LUA.2
LUA.3
66
MUSSU.1
MUSSU.2
MUSSU.3
100
54
BREU.1
BREU.2
BREU.3
BREU.4
BREU.5
99
100
VEN.2
VEN.3
VEN.1
75
100
CURI.1
CURI.2
CURI.3
CURI.4
CURI.5
77
MAXI.1
MAXI.4
72
MAXI.2
MAXI.5
72
MAXI.3
65
61
MGC..1
MGC.5
81
MGC.4
73
MGC.2
MGC.3
77
80
90
95
55
RPI.1, 3
RBM.1
100
JATU.1
JATU.4
JATU.2
JATU.3
RBM.3, 4, 5
63
73
JATU.5
RBM.2
RPI.2, 5, 6
88
97
83
99
EVA.1
EVA.4
60
EVA.2
EVA.3
88
MAO.5
78
EVA.5
MAO.1
MAO.3
MAO.4
79
MAO.2
62
100
79
0.0
0.05
0.1
0.15
0.2
0.25
0.3
Rivulus_hartii
96
96
27
Figura 9: Árvore filogenética da região controle,
baseada no método de Máxima Verossimilhança.
Hipótese filogenética reconstruída usando o
programa Treefinder (Jobb et al., 2004), com robustez
de 1000 replicas não paramétricas de bootstrap. O
modelo evolutivo definido pelo programa Modeltest foi
HKY + G. A seqüência da região controle da espécie
Phallichthys amates foi usada como grupo externo
(acesso Genbank DQ377041). As siglas representam
as iniciais dos nomes dos rios coletados e os
números seguem a ordem de captura dos indivíduos
coletados, conforme organização do banco de dados
da coleção.
F. palikur
Área macro-geográfica: Amapá/Marajó
(Afluentes dos rios estado do Amapá +
Ilha de Marajó)
Fluviphylax sp.
Área macro-geográfica:
Alto rio Negro/Orinoco
(Sta. Izabel + São Gabriel
+ rio Orinoco-Venezuela
)
F. simplex
Áreas macro-geográficas:
Solimões/Amazonas
(Reserva Amanã + Purus + Lago
Janauacá + Trombetas + Santarém)
F. pygmaeus
Área macro-geográfica:
Madeira
Phallichthys amates
AMAPA_10.1, 2, 3, 4, 5
AMAPA_11.1, 2, 3, 4, 5
MARAJO_26.2
MARAJO_26.3
MARAJO_26.4
SALV.5
60
MARAJO_26.5
AMAPA_4.1, 3, 5
AMAPA_5.1, 2, 3, 4, 5
CALC.1
CALC.2
CALC.3
CALC.4, 5
65
TG.2
TG.2, 3, 5
TZ.1, 2, 3, 4, 5
79
SALV.6
SALV.1
53
SALV.2, 3, 4
85
100
BACU.1, 2, 4, 5
JNCi.1, 2, 5, 6
JNCii.1, 2, 3, 4, 5, 6
LAAi.1, 2, 3, 4, 5, 6
LAAii.1, 2, 3, 4, 5, 6, 7
LAAii.8, 9, 10, 11, 12
STR.3
BREU.1
BREU.2
80
BREU.3
53
BREU.4
BREU.5
100
MUSSU.1
MUSSU.2
93
TROM.1
95
60
STR.1
STR.4, 5
63
95
CURI.1, 2, 3, 4, 5
MAXI.1, 2, 3, 4, 5
98
MGC.1
MGC.2, 3, 4, 5
64
54
VEN.6
99
58
JATU.1
JATU.2
64
JATU.4
85
RBM.1
RPI.4
100
RBM.2
RPI.2
RPI.6
99
RBM.3
RBM.4, 5
RPI.1
93
100
93
IAHA.1
IAHA.2
IAHA.5
67
IAHA.3, 4
RJX.2
TAPA.1
54
RJX.3, 4, 5
TAPA.2, 3, 4, 5, 6
ARACA.1
ARACA.2, 3, 4
61
66
100
0.0
0.02
0.04
0.06
0.08
0.1
0.12
0.14
0.16
0.18
0.2
0.22
0.24
F. obscurus s.s.
Área macro-geográfica: Médio rio Negro
(Sta. Izabel + Barcelos + rio Branco)
28
1.3.2 - Análises populacionais
Pela análise de NCA das 125 seqüências de 521 pb do gene COI gerou-
se cinco redes de haplótipos não conectadas das seguintes áreas macro-
geográficas: Manaus (F. zonatus); Solimões/Amazonas (F. simplex); Alto rio
Negro/Orinoco (Fluviphylax sp.); Médio rio Negro (F. obscurus s.s.) e Madeira
(F. pygmaeus). As redes de haplótipos das áreas Manaus, Médio rio Negro e
Madeira não apresentaram significância estatística em nenhum nível
hierárquico dos clados agrupados, logo não foram demonstradas.
A área macro-geográfica Solimões/Amazonas (F. simplex) formou uma
única rede haplotípica, no qual o clado de hierarquia 2-4 (figura 10B)
apresentou fluxo gênico restrito com isolamento por distância. O clado 2-1 e o
clado final apresentaram expansão contínua. Contrastando a esse resultado,
os testes D de Tajima e Fs de Fu não foram significantes, assim, as
populações da área Solimões/Amazonas (populações de F. simplex) não estão
em desequilíbrio genético com relação ao DNA mitocondrial (tabela 3 e 4).
A rede de haplótipo da área macro-geográfica Alto rio Negro/Orinoco
(Fluviphylax sp.) apresentou significância na análise de alto nível hierárquico
dos clados agrupados. Contudo, a amostragem geográfica foi inadequada para
discriminar entre fragmentação e isolamento por distância, segundo
interpretação da chave de inferência do NCA publicada por Templeton em
novembro de 2005 (http://darwin.uvigo.es/software/geodis.html). Os testes D de
Tajima e Fs de Fu não foram significantes (tabela 3 e 4).
Na análise de NCA de 134 seqüências dos 373 pb da região controle foi
definido cinco redes de haplótipos: Médio rio Negro (F. obscurus s.s.); Alto rio
Negro/Orinoco (Fluviphylax sp.); Solimões/Amazonas (F. simplex);
Amapá/Marajó (F. palikur); e Madeira (F. pygmaeus) (figura 11 A, B, C e D). A
rede de haplótipo formado pela área macro-geográfica Alto rio Negro/Orinoco
(Fluviphylax sp.) mostraram significante restrição ao fluxo gênico com
isolamento por distância, quando analisado em conjunto os clados de alto nível
hierárquico. O mesmo resultado foi obtido nas análises da rede de haplótipos
da área macro-geográfica do Madeira (F. pygmaeus).
29
Figura 10: Rede de haplótipos geradas pelo NCA a partir das 125 seqüências do gene COI.
Cinco redes de haplótipos diferentes foram obtidas, dessas foram representadas somente as
que apresentaram significância estatística. A – rede de haplótipos da área Alto rio
Negro/Orinoco (Fluviphylax sp.) possui 12 haplótipos. B - rede de haplótipos da área Solimões-
Amazonas (F. simplex) possui 10 haplótipos. As siglas representam as iniciais dos nomes dos
rios coletados e os números seguem a ordem de captura dos indivíduos coletados, conforme
organização do banco de dados da coleção.
B
A
30
Figura 11: Rede de haplótipos geradas pelo NCA a partir das 134 seqüências da região
controle. Cinco redes de haplótipos diferentes foram obtidas. A – rede de haplótipos da área
Amapá-Marajó (F. palikur) contendo 12 haplótipos. B - rede de haplótipos da área Médio rio
Negro (F. obscurus s.s.) com 5 haplótipos. C - rede de haplótipos da área Madeira (F.
pygmaeus) com 5 haplótipos. D - rede de haplótipos das áreas Solimões/Amazonas (F.
simplex) com 6 haplótipos. E - rede de haplótipos da área Alto rio Negro/Orinoco (Fluviphylax
sp.) com 4 haplótipos. As siglas representam as iniciais dos nomes dos rios coletados e os
números seguem a ordem de captura dos indivíduos coletados, conforme organização do
banco de dados da coleção.
C
D
E
B
A
31
A rede de haplótipos Solimões/Amazonas (F. simplex) apresentou
significância para o clado 1-1 com extensa e contínua expansão e no clado de
alto nível hierárquico significância para fluxo gênico restrito e/ou dispersão,
mas com um pouco de dispersão a longa distância. Na análise de NCA a rede
de haplótipos formada pela área Amapá/Marajó (F. palikur) apresentou
significante fragmentação no passado e/ou colonização por longa distância
para o clado 2-1. O clado final de alto nível hierárquico apresentou significante
restrição de fluxo gênico ou dispersão, mas com um pouco de dispersão a
longa distância. Os testes de D de Tajima e Fs de Fu não foram significantes,
confirmando que as populações de F. palikur não estão em desequilíbrio
mutação-deriva genética (tabela 4).
Os resultados da AMOVA e distância par-a-par evidenciaram uma forte
estruturação das populações de F. obscurus l.s. do Alto rio Negro/Orinoco e
Médio rio Negro nas análises do gene COI e região controle (tabelas 1 e 2).
Esses resultados corroborando com os resultados da hipótese filogenética que
separaram F. obscurus l.s. em dois clados (Fluviphylax sp. e F. obscurus s.s.)
bem suportados e distantemente relacionados. Com relação ao gene COI, F.
obscurus l.s. apresentou Ф
ST
= 0,8946 com significante valor de p < 0,05 após
correção de Boferroni. A variação inter e intrapopulacional foram de 89,46% e
10,54%, respectivamente. Resultados semelhantes foram obtidos utilizando a
região controle do DNA mitocondrial com Ф
ST
= 0,9154 e variação inter e
intrapopulacional de 91,54% e 8,45%, respectivamente. A distância par-a-par
entre a população do Alto rio Negro/Orinoco e Médio rio Negro foram de 0,8946
(p < 0,01) e 0,9154 (p < 0,01) para o gene COI e região controle,
respectivamente.
Os resultados da AMOVA e par-a-par para F. simplex não evidenciaram
estrutura populacional nas análises obtidas pelo gene COI e região controle
(tabelas 1 e 2). O valor de Ф
ST
para o gene COI e região controle foi de 0,0445
e 0,2676, respectivamente. Pela análise do gene COI a variação inter e
intrapopulacional foram de 46,45% e 53,55%, respectivamente. Pelos
resultados da região controle, a variação intrapopulacional (73,23%) foi maior
que a interpopulacional (26,77%). Os dados da matriz de distância
apresentados nas tabelas 1 e 2 para o gene COI e região controle,
respectivamente, corroboram com o baixo nível de estruturação populacional
32
evidenciado pelo Ф
ST
e alto fluxo gênico (Nm) entre as populações. Com base
na distância par-a-par as populações do lago Janauacá e rio Purus
apresentaram Ф
ST
= 0,08835 (p = 0,05) e 0,07303 (p = 0,05) respectivamente
para gene COI e região controle. Apesar do valor de p não ser significante o
número de migrantes por geração foi de Nm = 5,1590 e 6,3461,
respectivamente para o gene COI e região controle. As populações do rio
Purus e Santarém apresentaram Ф
ST
= 0,22395 (p < 0,05; Nm = 1,7326) e
0,43300 (p < 0,05; Nm = 0,93891), respectivamente para o gene COI e região
controle.
Com base na região controle do DNA mitocondrial foram analisadas
quatro populações de F. palikur, sendo três localizadas no estado do Amapá
(Calçoene, Km 486 e Tartarugalzinho) e uma no Ilha de Marajó. Os resultados
da AMOVA evidenciaram falta de estruturação populacional com Ф
ST
= 0,4255
e variação inter e intrapopulacional de 42,55% e 57,45% (tabelas 1 e 2). Os
resultados da distância par-a-par entre as populações Tartarugalzinho e
Calçoene foi de Ф
ST
= 0,20489, contudo, o valor de p não foi significante e o
número de migrantes por geração foi de Nm = 1,9403. Entre as populações de
Calçoene e Km 486 o valor de Ф
ST
foi de 0,3410 (p > 0,05) e o número de
migrantes por geração de Nm = 0,9662. As populações da Ilha do Marajó e
Tartarugalzinho apresentaram Ф
ST
= 0,37245 (p = 0,05) e Nm = 0,8424. As
análises de desequilíbrio genético (Tajima, 1989; Fu, 1997) não foram
significativas para nenhuma das populações analisadas, indicando que todas
as localidades amostradas não estão em desequilíbrio genético, tanto em
relação ao gene COI quanto à região controle (Tabela 3 e 4).
33
Tabela 1: Índices de fixação a partir de análises do gene COI. Matriz de distância par-a-par
Ф
ST
(abaixo da diagonal), número efetivo de migrantes (Nm) entre as populações (acima da
diagonal) e AMOVA.
Nota: Em parênteses abaixo dos valores de par-a-par estão representados os valores de P
sem correção de Bonferroni. (
#
) Fluviphylax latu sensu (Fluviphylax sp. + F. obscurus s.s.). (*)
Indica significante valor de Ф
ST
P < 0,05 após correção de Bonferroni para múltiplas
comparações.
Tabela 2: Índices de fixação a partir de análises da região controle. Matriz de distância par-a-
par Ф
ST
(abaixo da diagonal), número efetivo de migrantes (Nm) entre as populações (acima da
diagonal) e AMOVA.
Nota: Em parênteses abaixo dos valores de par-a-par estão representados os valores de P
sem correção de Bonferroni.(
#
) Fluviphylax latu sensu (Fluviphylax sp. + F. obscurus s.s.). (*)
Indica significante valor de Ф
ST
P < 0,05 após correção de Bonferroni para múltiplas
comparações.
Localidades
Nm
Ф
ST
AMOVA
Ф
ST
Inter-
específico
Intra-
específico
#
F. obscurus l.s.
Alto Negro Médio Negro
1: Alto Negro/Orinoco
-
- 0,8946 89,46% 10,54%
2: Médio Negro 0,89465
(< 0,0001)
-
F. simplex
Purus Amanã Janauacá Santarém
1: Purus
-
0,3303 5,1590 1,7326 0,4645 46,45% 53,55%
2: Amanã 0,60219*
(< 0,0001)
-
0,0155 0,3755
3: Janaucá 0,08835
(0,0597)
0,96992*
(< 0,0001)
-
0,8482
4: Santarém/
Trombetas
0,22395*
(0,0082)
0,57109*
(< 0,0001)
0,37087*
(< 0,0001)
-
Localidades
Nm
Ф
ST
AMOVA
Ф
ST
Inter-
específico
Intra-
específico
#
F. obscurus l.s.
Alto Negro Médio Negro
1: Alto Negro/Orinoco
-
- 0,9154 91,54% 8,46%
2: Médio Negro
0,91542*
(< 0,0001)
-
F. simplex
Santarém Janauacá Purus
1: Santarém
-
0,6547 0,9389
2: Janauacá
0,43300*
(0,0005)
-
6,3461 0,2676 26,77% 73,23%
3: Purus
0,34749*
(0,0032)
0,07303
(0,2939)
-
F. palikur
Calçoene Km 486 Tartarugalzinho Marajó
1: Calçoene
-
0,9662 1,9403 0,7613
2: Km 486
0,34100*
(0,0064)
-
0,3758 0,3782 0,4255 42,55% 57,45%
3: Tartarugalzinho
0,20489
(0,0427)
0,57088*
(< 0,0001)
-
0,8424
4: Marajó
0,39640*
(0,0001)
0,56933*
(< 0,0001)
0,37245*
(< 0,0001)
-
34
Em relação ao gene COI, as populações analisadas apresentaram alta
diversidade gênica e baixa diversidade nucleotídica, com exceção da
população de F. simplex do lago Janauacá. Dessa população foram analisados
12 indivíduos, dos quais as seqüências do gene COI não apresentaram sítios
segregantes e apenas um haplótipo, inviabilizando a estimativa da diversidade
gênica e nucleotídica. De F. obscurus l.s., a população do Alto rio
Negro/Orinoco (Fluviphylax sp.) apresentou a maior diversidade gênica (Ĥ =
0,9542±0,0301), com 12 haplótipos das 18 seqüências analisadas (Tabela 3). A
menor diversidade gênica (Ĥ = 0,3778±0,1813) foi evidenciada na população
do Amanã (F. simplex), com apenas 3 haplótipos das 10 seqüências
estudadas.
Os resultados obtidos pelas análises da região controle foram
semelhantes aos obtidos pelas análises do gene COI. As populações
apresentaram alta diversidade gênica e baixa diversidade nucleotídica, com
exceção da população de F. simplex do lago Janauacá que apresentou apenas
um haplótipo das 10 seqüências analisadas (Tabela 4). A maior diversidade
gênica obtida foi para a população Médio rio Negro F. obscurus l.s. (Ĥ =
0,7661±0,1371). A menor diversidade gênica foi observada na população do rio
Purus, F. simplex, (Ĥ = 0,3134±0,0955). Dessa população foram analisadas 27
seqüências, das quais foram representadas por apenas dois haplótipos. Assim
como nas análises do gene COI, as populações apresentaram baixa
diversidade nucleotídica (Tabela 4).
Tabela 3: Medidas de diversidade genética observadas para o gene COI do DNA mitocondrial
de Fluviphylax dos 125 indivíduos amostrados e separados em seis áreas macro-geográficas
na bacia Amazônica. N = número de indivíduos amostrados; S = número de sítios segregantes;
NH = número de haplótipos; Ĥ = diversidade gênica; π =diversidade nucleotídica de Nei.
Nota: Os resultados dos testes de D de Tajima e Fs de Fu não foram significativos (P > 0.05).
(
#
) F. obscurus latu sensu (Fluviphylax sp. + F. obscurus s.s.)
Localidades N
S
NH
Ĥ
π D de Tajima Fs de Fu
#
F. obscurus l.s.
Alto Negro/Orinoco 18 31 12 0,9542±0,0301 0,078010±0,0096 0,11687 -0,96313
Médio Negro 22 16 6 0,7229±0,0854 0,011923±0,0066 1,50870 4,04800
F. simplex
Purus 30 14 6 0,6759±0,0763 0,006442±0,0038 -0,16767 2,18781
Amanã 10 2 3 0,3778±0,1813 0,000768±0,0009 -1,40085 -1,16394
Janauacá 12 0 1 - - - -
Santarém/Trombetas 8 13 4 0,8214±0,1007 0,013230±0,0079 1,89779 3,06379
35
Tabela 4: Medidas de diversidade genética observadas para região controle do DNA
mitocondrial de Fluviphylax dos 134 indivíduos amostrados e separados em sete áreas macro-
geográficas na bacia Amazônica. N = número de indivíduos amostrados; S = número de sítios
segregantes; NH = número de haplótipos; Ĥ = diversidade gênica; π = diversidade nucleotídica
de Nei.
Nota: Os resultados dos testes de D de Tajima e Fs de Fu não foram significativos (P > 0,05).
(
#
) F. obscurus latu sensu (Fluviphylax sp. + F. obscurus s.s.)
1.4 - Discussão
1.4.1 - Filogeografia
As espécies do gênero Fluviphylax são amplamente distribuídas nos
afluentes ao longo das bacias Amazônica, Orinoco e nos afluentes dos rios
localizados a leste do estado do Amapá, que não se conectam a bacia
Amazônica, por exemplo, os rios Oiapoque e Calçoene. As espécies de
Fluviphylax são representadas por peixes com tamanho máximo de 2 cm, que
habitam lagos e pequenos rios de baixa correnteza (Costa, 1996; Costa & Le
Bail, 1999). Interessantemente, as espécies desse gênero não se distribuem
entre os arcos de Monte Alegre e Gurupa (figura 3), localizado entre a cidade
de Santarém e a oeste da Ilha de Marajó (Cunha, J. & Zuanon, J. comunicação
pessoal; obs. pess.).
Localidades N
S
NH
Ĥ
π D de Tajima Fs de Fu
#
F. obscurus l.s.
Alto
Negro/Orinoco
16 12 4 0,5750±0,1150 0,012299±0,007247 0,49324 3,82809
Médio Negro 19 6 5 0,7661±0,0671 0,004850±0,003274 -0,14598 0,30591
F. simplex
Santarém/
Trombetas
7 7 5 0.8571±0.1371 0.009897±0.006620 1,14309 -0,52339
Janauacá 10 0 1 - - - -
Purus 27 5 2 0.3134±0.0955 0.004258±0.002917 0,58324 4,83993
F. palikur
Calçoene 10 4 2 0,5556±0,0745 0,006122±0,004163 2,19475 4,32458
Km 486 14 2 3
0.5824±0.0919 0.001756±0.001632
0,03649 -0,03956
Tartarugalzinho 9 4 3
0.6944±0.1470 0.003061±0.002491
0,02527 -0,82233
Marajó 10 6 5
0.7556±0.1295 0.006183±0.004196
0,24092 -0,34004
36
Os resultados filogenéticos evidenciaram seis clados monofiléticos de
Fluviphylax que habitam áreas distintas, sendo que cada uma é habitada por
apenas uma espécie de Fluviphylax: os rios a leste do estado do Amapá e Ilha
de Marajó, habitados somente pela espécie F. palikur; os afluentes da calha
Solimões/Amazonas (Reserva Amanã a Trombetas e Santarém), F. simplex;
bacia do rio Madeira, F. pygmaeus; Baixo rio Negro (Arquipélago de
Anavilhanas, rio Tarumã e rio Preto da Eva), F. zonatus; Médio rio Negro
(Santa Izabel, Barcelos e rio Branco), F. obscurus s.s.; e Alto rio Negro/Orinoco
(Santa Izabel, São Gabriel da Cachoeira e bacia do Orinoco), Fluviphylax sp..
Na hipótese filogenética a partir da região controle, a espécie F. palikur,
distribuída na área geográfica Amapá/Marajó, é o grupo irmão das demais
espécies (F. obscurus (F. pygmaeus (F. simplex, Fluviphylax sp.))). A
distribuição de F. palikur entre o estado do Amapá e a Ilha de Marajó
possivelmente ocorreu quando essas duas áreas geográficas eram
conectadas. Atualmente essas áreas são separadas pelo rio Amazonas,
representando uma barreira física à dispersão dos F. palikur, pois esses não se
encontram em águas com grande correnteza. Os dados de genética de
população de distância par-a-par e AMOVA evidenciaram uma falta de
estrutura populacional entre as localidades amostradas com Ф
ST
= 0,4255 (p <
0,05) e a variação intra-específica (57,45%) foi maior que a inter-específica
(42,55%). Apesar da falta de estruturação populacional as quatro populações
analisadas apresentaram baixo fluxo gênico. O maior fluxo gênico foi entre as
populações de Calçoene e Tartarugalzinho com Nm = 1,9403 e distância par-a-
par de Ф
ST
= 0,20489, porém não significante (p > 0,05).
Os resultados de NCA sugerem que as populações de F. palikur
sofreram fragmentação no passado, conforme resultados dos clados inferiores
(clado 2-1), e estão passando por um processo de fluxo gênico restrito. Essa
inferência suporta a hipótese de que apenas uma população habitava a região
do Amapá e Ilha de Marajó, contudo, após a separação da Ilha do Marajó essa
população panmítica foi separada em duas. Apesar do isolamento e do baixo
fluxo gênico entre a Ilha de Marajó e Amapá estas populações ainda
compartilham haplótipos, gerando o resultado de fluxo gênico restrito entre as
áreas.
37
O clado formado pela espécie F. obscurus s.s., área macro-geográfica
Médio rio Negro, foi grupo irmão do clado (F. zonatus, F. pygmaeus,
(Fluviphylax sp., F. simplex)). Não foi possível verificar o relacionamento entre
os clados F. zonatus; F. pygmaeus; e o clado Fluviphylax sp. e F. simplex, pois
esses foram um clado politômico. A espécie F. obscurus s.s. distribui-se desde
o baixo rio Branco (estado de Roraima) até o rio Jurubaxi, próximo à cidade de
Santa Izabel do Rio Negro. As espécies Fluviphylax sp. e F. obscurus s.s. não
formaram um grupo monofilético e estão distantemente relacionadas, sendo
que Fluviphylax sp. é grupo irmão de F. simplex. Fluviphylax sp. e F. obscurus
s.s. apresentaram forte estrutura populacional com Ф
ST
= 0,89465 e Ф
ST
=
0,9154 em relação ao gene COI e região controle, respectivamente (Tabelas 1
e 2). A variação inter-espécifica foi relativamente alta 89,64% e 91,54% em
relação ao gene COI e região controle. Os resultados filogenéticos obtidos
tanto para gene COI quanto para região controle sugerem que Fluviphylax sp. é
grupo irmão de F. simplex. Não foi possível verificar a correlação entre a
distância genética e a distância geográfica entre essas espécies devido ao
baixo número de populações amostradas.
Diante dos resultados filogenéticos e da distribuição geográfica das
espécies Fluviphylax, acredita-se que o ancestral comum do gênero
Fluviphylax habitava a bacia Amazônica e as drenagens do Atlântico,
localizada no estado do Amapá. Atualmente as drenagens do Atlântico não são
conectadas à bacia do Amazonas, contudo, provavelmente no passado ocorreu
uma conexão entre essas áreas, via extensão do delta do rio Amazonas a leste
(Vasconcelos et al., 2006). Após a separação geográfica da bacia Amazônica
das drenagens do Atlântico, o ancestral de F. palikur ficou restrito as drenagens
do Atlântico, localizada no estado do Amapá, e na foz do rio Amazonas,
enquanto o ancestral de todos os demais Fluviphylax restringiu-se à bacia
Amazônica. Estudos de genética de população com Caiman crocodilus e
Melanochusus niger relataram diferenciações genéticas entre as populações
localizadas na drenagem do Atlântico (Amapá e Guiana Francesa) e bacia
Amazônica (Farias et al., 2004; de Thoisy et al., 2006; Vasconcelos et al., 2006;
Vasconcelos et al., 2008). Tais autores sugerem que os jacarés da bacia
Amazônica colonizaram ou dispersaram para as drenagens do Atlântico e que
possivelmente esse evento tenha ocorrido durante a última grande glaciação
38
do Pleistoceno, quando o nível do mar estava abaixo de 200 metros em relação
ao nível atual. Com o baixo nível do mar, o delta do rio Amazonas estendeu a
leste, em relação à posição atual, e muitas das drenagens do Atlântico
atualmente isoladas foram conectadas à bacia Amazônica permitindo a
expansão dos jacarés.
O deslocamento do ancestral de F. palikur entre as drenagens do
Atlântico localizadas no Amapá e os rios da foz do Amazonas, provavelmente
ocorreu por meio de áreas alagadas. A região do Amapá é formada por áreas
de florestas e áreas de savana e mangue, correspondendo respectivamente a
70% e 30% do território (Vieira et al., 2006). No período das chuvas as áreas
de savana se alagam, permitindo a conexão entre a biota aquática local,
possibilitando assim a distribuição de F. palikur entre rios que não apresentam
conectividade, como é o caso dos rios a leste do Amapá e rios da foz do
Amazonas. Estudos de biogeografia histórica dos caracídeos da América do
Sul (Hubert & Renno, 2006) sugerem que a dispersão dos caracídeos entre o
Orinoco ao longo das drenagens das Guianas tenha ocorrido por meio de áreas
alagadas ou fina camada de água doce ao longo da costa. Outros trabalhos
também têm relatado dispersão ao longo da costa do Escudo das Guianas para
refúgios aquáticos pontuais (Renno et al., 1990; Renno et al., 1991; Montoya-
Burgos, 2003). Esses estudos reforçam a hipótese de que as áreas de savana
alagadas contribuem para a dispersão da biota aquática, como no caso de F.
palikur.
A linhagem de F. simplex é grupo irmão de Fluviphylax sp., contudo, o
clado formado por ambas as espécies apresentou baixo suporte, com bootstrap
de 55% e 58% para os dados do gene COI e região controle, respectivamente.
Possivelmente o ancestral comum das linhagens de F. simplex e Fluviphylax
sp. tenha se dispersado da região do alto rio Solimões para a região do alto rio
Negro via áreas alagadas. A conexão entre essas regiões teria ocorrido
próximo à reserva Amanã, pois nessa área encontram-se cabeceiras dos
tributários do rio Negro e rio Solimões, assim esse contato teria sido realizado
durante o período de chuva e cheia dos rios, possibilitando a ocorrência de
áreas alagadas.
Atualmente, a espécie Fluviphylax sp. habita desde o alto rio Negro até a
bacia do Orinoco. A dispersão entre o alto rio Negro e Orinoco possivelmente
39
ocorreu via Canal do Cassiquiara. Muitos estudos têm relatado a dispersão da
ictiofauna entre a bacia do Amazonas e Orinoco via Canal do Cassiquiara
(Lovejoy & de Araújo, 2000; Sivasundar et al., 2001; Hubert & Renno, 2006).
1.4.2 - Estrutura populacional dentro das espécies Fluviphylax
O nível de diversidade gênica observado entre as populações analisadas
para as quatro espécies (Fluviphylax sp., F. obscurus s.s., F. simplex e F.
palikur) foram relativamente altos tanto em relação ao gene COI, quanto a
região controle do DNA mitocondrial. Em contrapartida, o nível de diversidade
nucleotídica observado foi relativamente baixo (tabelas 3 e 4).
As populações de F. palikur localizadas na Ilha de Marajó e nas
drenagens do Atlântico (Amapá) não apresentaram estruturação populacional
(tabelas 2). Inferências baseadas no resultado de NCA sugerem fluxo gênico
restrito e dispersão, mas com alguma dispersão por longa distância para alto
nível hierárquico agrupado. O clado de nível hierárquico 2-1 sugere uma
expansão gradual no passado seguido por fragmentação. Os testes de D de
Tajima e F
S
de Fu para a região controle, que não está sob pressão seletiva,
não foram significativos e as populações estão fora do desequilíbrio genético,
assim como, não sofrem nenhuma significante expansão populacional ou
contração. Assim, suporta a hipótese de que no passado os Fluviphylax
distribuídos no Amapá expandiram-se para a Ilha de Marajó. Após a separação
da Ilha de Marajó do Amapá as populações dessas regiões passaram a ter um
fluxo gênico restrito. As populações de F. palikur estão isoladas das demais
populações de Fluviphylax da bacia Amazônica. Estudos de estrutura
populacional em Caiman crocodilus e Melanosuchus niger da América do Sul
também têm demonstrado diferenciação genética entre as populações da
Guiana Francesa e calha principal do Amazonas (Farias et al., 2004; de Thoisy
et al., 2006; Vasconcelos et al., 2006; Vasconcelos et al., 2008).
A espécie Fluviphylax sp. é grupo irmão de F. simplex e não forma um
grupo monofilético com a espécie F. obscurus s.s.. Isso nos leva a inferir que o
ancestral de Fluviphylax sp. e F. simplex tenha colonizado a região do alto rio
Negro via alto rio Solimões por meio de áreas alagadas. Os resultados NCA
40
para Fluviphylax sp. inferem que a amostragem é inadequada para discriminar
entre fragmentação e isolamento por distância. A hipótese de isolamento por
distância não pôde ser aceita ou rejeitada, pois não foi possível realizar o teste
de Mantel, devido ao baixo número de populações analisadas.
A espécie F. zonatus está restrita ao Arquipélago de Anavilhanas, à
drenagem do rio Preto da Eva e ao rio Tarumã, afluente do rio Negro. Os rios
dessas regiões são caracterizados como rios de água preta, segundo
classificação limnológica de Sioli (1984).
A área de distribuição da espécie F. zonatus está distante a 50 Km da
área de ocorrência da espécie F. simplex. Os F. zonatus habitam rios de água
preta, provenientes do escudo Guianense, enquanto os F. simplex habitam rios
de água branca, localizados em áreas sedimentares e de várzea. A especiação
pode ocorrer de várias maneiras, assim, não se sabe se a diferença entre os
habitats tem impulsionado a especiação ou são apenas correlacionados. As
diferenças geológicas e/ou ecológicas potencialmente poderiam ter conduzido
à especiação dessas espécies. Farias & Hrbek (2008) estudaram a
diversificação do complexo de espécies do gênero Symphysodon e sugeriram
que a diferença genotípica entre os grupos de acarás-disco “Heckel”, “blue” e
“brown” possa ser devido a diferença química da água. O grupo ácara-disco
“Heckel” (Symphysodon discus), distribuído nos afluentes de água preta do rio
Negro, apresentou restrito fluxo gênico em relação ao grupo “brown” (S.
aequifasciatus), que distribui-se em rios de águas branca como os rios Madeira
e Amazonas. Similarmente, esses autores observaram sinal de fragmentação
no passado entre o grupo acará-disco “blue” (S. aequifasciatus), distribuído no
rio Solimões, e “brown” mais “Heckel”, contudo, essa diferença pode ser
causada e/ou mantida por diferenças limnológicas. Caso seja confirmada essa
hipótese, a especiação ecológica pode estar reforçando a diferença entre
esses grupos de acarás-disco.
Farias et al. (2004) relataram diferenciação entre as populações de
Melanosuchus niger do Arquipélago de Anavilhanas e do lago Janauacá, e
sugeriram que essa diferenciação esteja sendo dirigida pela diferença
ecológica e/ou limnológica entre essas regiões. Esse resultado vem sendo
corroborado por demais estudos (de Thoisy et al., 2006; Vasconcelos et al.,
41
2006) em genética de população envolvendo os crocodilianos dessas áreas
geográficas.
A população de F. pygmaeus é endêmica do rio Madeira. As águas do
rio Madeira são caracterizadas como águas brancas, similares às
características limnológicas da calha central Solimões-Amazonas.
Atualmente a espécie F. simplex distribui-se desde o rio Amazonas
próximo à cidade de Santarém e rio Trombetas até os rios Solimões e Purus,
próximo à reserva Amanã. Essa vasta área geográfica apresenta
aproximadamente 1400 km de comprimento seguindo o curso dos rios. Os
resultados de análise populacional sugerem que F. simplex apresenta-se como
uma população panmítica com alta diversidade genética e fluxo gênico.
Resultados semelhantes foram encontrados em estudos de Arapaima
gigas (Hrbek et al., 2005) e Colossoma macropomum (Santos et al., 2007),
sugerindo que para as duas espécies exista uma única população com ampla
distribuição, ao longo de toda a calha e tributários do rio Amazonas. Em geral,
os peixes panmíticos apresentam alta diversidade genética devido ao grande
tamanho populacional, pois em populações com grande tamanho efetivo e alta
taxa de migração os efeitos da deriva genética são minimizados (Santos et al.,
2007).
O alto fluxo gênico de F. simplex se deve à associação com áreas
alagadas, como a várzea. A interconexão dos rios e áreas alagadas ocorre por
meio dos “pulsos” de inundação, que é a principal força que permite a interação
entre a biota do sistema de várzea (Junk et al., 1989). A baixa estruturação
genética de F. simplex se deve a esse grande ecossistema continuo (várzea).
Estudos com Colossoma macropomum (Santos et al., 2007), dourada e
piramutaba (Batista et al., 2005; Batista & Alves-Gomes, 2006), Prochilodus
nigricans (Farias et al., 2006) e Arapaima gigas (Hrbek et al., 2005) têm
evidenciado a comprovação de que a várzea funciona como um elo para a
interação da biota. O alto fluxo gênico e o padrão de distribuição geográfico
concordam com os estudos de vertebrados da várzea e corrobora com a
hipótese de Junk et al. (1989) de que a várzea funciona como um corredor para
a interação da biota.
42
1.5 - Considerações finais
O estudo filogeográfico de Fluviphylax permitiu sugerir processos que
influenciam a distribuição geográfica das linhagens desse gênero. O sistema de
inundação da área da várzea, a diferenciação limnológica das drenagens e os
aspectos geológicos de formação dos rios são alguns desses processos que
contribuem para a atual distribuição espacial e diversidade intragenérica.
A partir dos estudos filogenéticos e de genética de população foi
possível evidenciar uma nova espécie para o gênero Fluviphylax. A nova
espécie Fluviphylax sp. distribui-se desde a cidade de Santa Izabel do Rio
Negro (Alto rio Negro) até o rio Cinaruco (Venezuela) bacia do Orinoco.
Possivelmente o canal do Cassiquiara esteja permitindo o intercambio biológico
entre os indivíduos dessa nova espécie. A partir desse estudo sugere-se que a
nova espécie seja analisada taxonomicamente, a fim de contribuir para o
aumento da diversidade de espécies dentro do gênero Fluviphylax.
A espécie F. palikur, grupo irmão de todos os demais Fluviphylax,
atualmente é restrita às drenagens do Atlântico (Amapá) e Ilha de Marajó.
Possivelmente processos geológicos como o surgimento dos arcos tectônicos
isolou a linhagem ancestral de Fluviphylax. A separação da Ilha de Marajó do
Amapá é um processo mais recente que também está influenciando na
estruturação populacional da espécie. As áreas de savana alagadas do Amapá
estão possibilitando a distribuição dessa espécie entre os rios que drenam para
o Atlântico e que não apresentam conectividade.
As linhagens de F. zonatus (restritas aos rios de água preta provenientes
do escudo Guianense), F. pygmaeus (endêmica do rio Madeira), e Fluviphylax
sp. (distribuída do Alto rio Negro à bacia do Orinoco), possivelmente
apresentam o mesmo tempo de especiação e tenham surgido a partir de
eventos de radiação ou colonização, e após esses eventos fatores ecológicos e
geológicos atuaram sobre essas linhagens permitindo a diferenciação genética
observada. O sistema de inundação das áreas de várzea é a principal força
que permite a interação entre os F. simplex, contribuindo para sua dispersão e
fluxo gênico, uma vez que os Fluviphylax não habitam a calha dos principais
rios, mas sim seus afluentes.
43
Para determinar os eventos e processos responsáveis pela atual
distribuição espacial da espécie F. obscurus s.s. necessita-se de mais estudos
devido sua atual distribuição e relacionamento com as demais espécies do
gênero. Para a espécie Fluviphylax sp. o Canal do Cassiquiara está
possibilitando a dispersão dos indivíduos entre o alto rio Negro e bacia do
Orinoco, Venezuela. No presente trabalho apenas um ponto na bacia do
Orinoco foi amostrado, desta forma sugere-se que mais locais sejam
amostrados para realização de estudos populacionais dessa espécie.
44
CAPÍTULO 2
Delimitação das espécies de Fluviphylax por meio de caracteres
morfomerísticos e moleculares
2.0 - Introdução
A região neotropical apresenta a maior riqueza de peixes de água doce
do mundo. Essa riqueza está intimamente relacionada aos eventos
paleogeográficos, como soerguimento dos Andes, mudanças de cursos de rios,
repetidas incursões e regressões de águas marítimas. Esses eventos
paleogeográficos produziram variadas mudanças nas distribuições das
espécies e causaram eventos vicariantes, contribuindo para o aumento da
diversidade (Lundberg et al., 1998; Montoya-Burgos, 2003; Hubert & Renno,
2006). Atualmente muitos esforços têm sido feitos com a finalidade de se
compreender a diversidade e a história filogenética da fauna de peixes de água
doce neotropical (Malabarba et al., 1998; Ghedotti, 2000; Reis et al., 2003;
Lucinda & Reis, 2005b; Kullander & Ferreira, 2006), entretanto, as informações
nessa área ainda são escassas. Muitas questões permanecem não resolvidas
em vários níveis taxonômicos e em algumas linhagens nenhuma informação
encontra-se disponível (Vari & Malabarba, 1998). Os obstáculos à
compreensão dessa fauna incluem a sua riqueza e complexidade, a vasta
extensão dos sistemas aquáticos, e os limitados recursos humanos e de infra-
estrutura destinados à pesquisa desta ictiofauna (Böhlke et al., 1978).
Os peixes ciprinodontiformes são usualmente pequenos e muito
coloridos, alguns são utilizados para aquariofilia como os peixes da subfamília
Rivulinae e amplamente utilizados em experimentos como as espécies do
gênero Fundulus (Parenti, 1981). Apesar dos ciprinodontiformes apresentarem
interessantes características como complexidade comportamental, estilo de
vida único e polimorfismo cromático, pouca atenção tem sido dedicada em
esclarecer a relação filogenética dentro da ordem (Costa, 1998b). A
classificação proposta por Parente (1981) para a ordem Cyprinodontiformes
tem sido amplamente adotada, contudo, estudos filogenéticos dos táxons
45
neotropicais vêm sendo debatidos, principalmente envolvendo as famílias
Poeciliidae, Rivulidae e Anablepidae (Costa, 1990; Ghedotti, 1998; Hrbek &
Larson, 1999; Ghedotti, 2000; Lucinda, 2005a; Hrbek, 2007). O gênero
Fluviphylax (família Poeciliidae) pertencia à subfamília Aplocheilichthyinae
(Parenti, 1981; Costa, 1996), entretanto, atualmente esse gênero encontra-se
alocado na subfamília Procatopodinae, sendo grupo irmão dos killifishes
africanos (Myers, 1955; Ghedotti, 2000).
A história taxonômica do gênero Fluviphylax é recente, e a primeira
espécie descrita e incluída no atual gênero Fluviphylax foi Potamophylax
pygmaeus (Myers, 1955). Entretanto o nome Potamophylax era pré-ocupado
por outro gênero dentro da ordem Trichoptera. Diante disto, Whitley (1965)
propôs o nome Fluviphylax em substituição a Potamophylax. Costa (1996)
revisou o gênero e descreveu três novas espécies (F. zonatus, F. simplex e F.
obscurus) e em 1999 Costa & Le Bail descreveram a espécie F. palikur. O
gênero Fluviphylax apresenta uma recente história taxonômica (Myers, 1955;
Costa, 1996; Costa & Le Bail, 1999) e poucas informações sobre sistemática,
taxonomia e ecologia de suas espécies estão disponíveis. Os estudos (e.g.
Costa, 1996; Costa & Le Bail, 1999) envolvendo a sistemática de Fluviphylax
baseiam-se apenas em dados morfológicos e os espécimes identificados como
F. obscurus localizados no alto rio Negro e bacia do Orinoco não foram
amostrados para análises taxonômica e sistemática.
Atualmente, estudos usando ferramentas moleculares vêm sendo
empregados em conjunto com métodos taxonômicos baseados em dados
morfológicos para compreender a filogenia das espécies (Farias et al., 2000;
Wiens & Penkrot, 2002; López Fernández et al., 2005; Hrbek et al., 2006). Essa
associação tem contribuído de forma positiva para o esclarecimento e
compreensão de questões referente à taxonomia e sistemática, principalmente
quando se trata de espécies crípticas e com recente histórico de especiação
(Hrbek et al., 2002; Wiens & Penkrot, 2002; López Fernández et al., 2005;
Hrbek et al., 2006; Menezes et al., 2008). Tendo em vista os benefícios da
associação das ferramentas moleculares com métodos baseados em dados
morfológicos, assim como, a escassa informação sobre o gênero Fluviphylax,
foi estudada a filogenia e a delimitação de espécie para os Fluviphylax por
46
meio de dados morfológicos e marcadores moleculares, a saber: gene COI e
região controle do DNA mitocondrial.
2.1 - Objetivo
2.1.1 - Geral
Estudar a relação filogenética e a delimitação de espécie entre os Fluviphylax,
utilizando a associação entre marcadores moleculares e morfológicos.
2.1.2 - Específicos
- Seqüenciar segmentos do gene mitocondrial COI e região controle do DNA
mitocondrial;
- Gerar hipóteses sobre os padrões de relações filogenéticas entre as espécies
de Fluviphylax;
- Estimar os parâmetros genéticos inter e intra-específicos para as espécies do
gênero;
- Evidenciar a existência de uma nova espécie de Fluviphylax;
- Analisar caracteres morfométricos e da morfologia externa conforme chave de
identificação de Costa (1996) e Costa & Le Bail (1999);
- Verificar por meio de análises estatísticas a eficácia dos dados morfológicos e
morfométricos em separar as espécies de Fluviphylax;
- Descrever a morfologia externa de Fuviphylax palikur coletada nas drenagens
do Atlântico (Amapá) e foz do rio Amazonas (Ilha de Marajó).
47
2.2 - Material e métodos
2.2.1 - Área amostral e método de coleta
Os espécimes de Fluviphylax foram coletados nos afluentes ao longo da
calha principal dos rios Negro, Solimões, Purus, Amazonas, Trombetas, na Ilha
de Marajó e nos afluentes dos principais rios do estado do Amapá (Brasil), e no
lago Laguna Larga na bacia do Orinoco (rio Cinaruco, Venezuela), figura 12.
Os dados de georeferenciamento das localidades amostradas, com as
respectivas espécies coletas estão representados no apêndice A.
Os espécimes foram coletados com puçás de mão para aquário com
malhas de 5 mm de diâmetro. Os indivíduos foram anestesiados em solução de
MS-222 (Finquel) e em seguida preservados em etanol 95%, para
procedimento das análises. Em laboratório, os espécimes de cada localidade
amostrada foram previamente identificados seguindo os passos da chave de
identificação proposto por Costa (1996) e Costa & Le Bail (1999).
Figura 12: Localidades amostradas para as espécies de Fluviphylax. Os pontos em azul
representam os locais amostrados de Fliviphylax sp.; amarelo, F. obscurus s.s.; rosa, F.
zonatus; vermelho, F. simplex; verde F. pygmaeus; e marrom, F. palikur. O circulo vermelho
destaca o canal do Cassiquiara. O mapa foi criado no Online Map Creations
htt
p
://www.a
q
uarius.
g
eomar.de/omc/.
Barcelos
São Gabriel da
Cachoeira
Lago Laguna LargaCinaruco,
Venezuela
Sta Izabel
Samauma e Kalafate
Reserva Amanã
Rio Solimões
Rio Branco
Lago Ayapuá -
Purus
Borba,
Rio Madeira
Manaus
Tombetas Ig. Copudas
Salvaterra
Tartarugalzinho
Km 486
Santarém
Janauacá
Calçoene
48
2.2.2 - Extração de DNA genômico
No total foram extraídos tecidos de 134 indivíduos do gênero Fluviphylax
para obtenção das seqüências do gene mitocondrial Citocromo Oxidase I (COI)
e Região Controle (RC). Para cada exemplar, foi coletada uma pequena porção
do tecido muscular diretamente do pedúnculo caudal, assim, o DNA genômico
total foi extraído usando-se o método padrão de extração via fenol/clorofórmio
modificado de Sambrook et al. (1989). O tecido foi digerido em solução de
tampão de lise (Tris HCl 10 mM, EDTA 10 mM, SDS 1% e NaCl 0,3 M), SDS
10% e proteinase K (20 mg/µl). Em seguida, lavagens com solução de fenol,
fenol/clorofórmio/álcool isoamílico (25:24:1) e clorofórmio/álcool isoamílico
(24:1) respectivamente foram realizadas para retirar as proteínas. A
precipitação do DNA procedeu-se utilizando etanol absoluto e posteriormente
etanol 70%. O DNA extraído foi quantificado, em transiluminador sob luz UV,
por comparação com marcador de peso molecular conhecido após eletroforese
horizontal padrão, em gel de agarose (Bioagency) 0,8% e corado com brometo
de Etídeo (EtBr, 0,5 µg/mL).
2.2.3 - Amplificação por reação em cadeia da polimerase (PCR)
O gene COI e a região controle (D-loop) foram amplificados via reação
em cadeia da polimerase (PCR) com os iniciadores (primer) COIf2 forward e
COIr4 reverse para o gene COI desenvolvidos no presente trabalho. Para a
região controle foram utilizados os iniciadores Lprof 5'-
ACTCTCACCCCTAGCTCCCAAAG-3' forward e TDK-D 5’-
CCTGAAGTAGGAACCAGA-3’ reverse (Kocher et al., 1989).
As reações das PCRs para a região controle e gene COI foram
realizadas em um volume final de 25 µL contendo: 9,6 µL de água milli-q, 1,0
µL BSA (10 mg/mL), 2,4 µL de MgCl (25 mM), 3,0 µL de buffer 10X, 3,0 µL de
dNTP (10 mM), 1,5 µL de primer reverso (2 µM), 1,5 µL de primer forward (2
uM), 1,0 µL de Taq polimerase (5 U/µL) e 1,0 µL de DNA (~ 50 ng/µL). As
amplificações foram realizadas nas seguintes condições: desnaturação inicial a
95°C por 60 segundos; 35 ciclos para desnaturação a 94°C por 40 segundos,
49
hibridização a 50°C por 40 segundos, extensão a 72°C por 60 segundos e
extensão final a 72°C por 5 minutos.
As amplificações foram realizadas em termociclador PXE 0.2 Thermal
Cycler. O produto de PCR foi quantificado e visualizado, em transiluminador
sob luz UV, quanto à qualidade da reação após eletroforese em gel de agarose
(Bioagency) a 1,0% e corado com brometo de Etídeo (EtBr, 0,5 µg/mL).
2.2.3.1 - Purificação e seqüenciamento do produto da PCR
O produto da PCR foi purificado usando-se o kit GFXTM PCR DNA Kit
(GE-Healthcare), e diluído em 20 µl de tampão de diluição. Os respectivos
iniciadores forward utilizados na amplificação de DNA também foram usados
na reação de seqüenciamento do gene COI e região controle. As reações de
seqüenciamento foram realizadas utilizando-se Kit de seqüenciamento
DYEnamic
TM
ET dye terminator Kit (GE-Healthcare). Os ciclos de reação de
seqüenciamento foram realizados em volume final de 10 μl contendo 4,0 μl de
DNA, 2,0 μl de primer a 0,2 μM. Posteriormente as amostras foram submetidas
ao termociclador, com a seguinte condições: 35 ciclos com desnaturação a
95°C por 20 segundos, anelamento a 55°C por 15 segundos e extensão a 60°C
por 60 segundos.
Os produtos amplificados da reação de seqüenciamento foram
precipitados usando-se a precipitação padrão por acetato de amônio/etanol.
Posteriormente esses produtos foram ressuspendidos em 10 μl de formamida
Hi-Di e as seqüências lidas no seqüenciador automático MegaBace 1000 (GE-
Healthcare).
2.2.3.2 - Edição e alinhamento das seqüências
As seqüências do gene COI e região controle foram alinhadas no
programa Clustal W (Thompson et al., 1996) implementado no programa
BioEdit Version 5.0.06 (Hall, 1999), usando as configurações padrão e editadas
50
manualmente. Após a edição manual de cada seqüência, os sítios que
apresentaram deleções ou inserções (indel) foram acrescentados gaps com a
finalidade de manter a homologia entre os sítios. A falta de nucleotídeos no
final de algumas seqüências foi tratada como sítio sem informação (missing).
Os sítios variáveis foram checados no programa MEGA 4.0 (Kumar et al.,
2004) e as seqüências alinhadas do gene COI foram traduzidas em aminoácido
para verificar códon de parada inesperado.
2.2.4 - Medidas morfométricas e morfológicas
Os caracteres morfométricos foram obtidos utilizando paquímetro de
precisão 0,01 mm e lupa. As medidas foram realizadas em indivíduos das cinco
espécies de Fluviphylax. Os locais amostrados podem ser visualizados no
mapa da figura 12 e os dados sobre georeferenciamento e nome das
localidades com as respectivas espécies coletadas estão representados no
apêndice A. Para as análises morfométricas foram coletados caracteres de 394
indivíduos, sendo 148 F. palikur, 106 F. simplex, 20 F. zonatus, 49 F. obscurus
s.s., 45 Fluviphylax sp., e 26 F. pygmaeus. Os caracteres morfométricos
avaliados foram: comprimento total (CT), altura do corpo (AC) e comprimento
da cabeça (CC).
Os caracteres da morfologia externa avaliados foram os mesmos
descritos na chave de identificação proposta por Costa (1996) e Costa & Le
Bail (1999). Para a avaliação das características morfológicas externas foram
analisados 270 indivíduos, incluído as seis espécies de Fluviphylax definidas
nesse trabalho. Os caracteres da morfologia externa analisados foram: formato
da nadadeira anal; formato da nadadeira pélvica; ponto de origem da nadadeira
dorsal; abertura do canal pré-opercular nas fases jovem e adulto; presença de
mancha preta na borda posterior da nadadeira dorsal dos machos; presença de
barras transversais no corpo. Além desses, dois caracteres merísticos foram
analisados: número de raios na nadadeira anal e dorsal.
A diferença entre o número de indivíduos analisados e dos caracteres
morfométricos e morfológicos se deve ao estado de conservação dos
espécimes, comprometendo a avaliação do total de 394 indivíduos coletados.
51
2.2.5 - Análise dos dados
2.2.5.1 - Análises filogenéticas
Seqüência do gene COI de Rivulus hartii (acesso Genbank AF002619) e
seqüência da região controle de Phallichthys amates (acesso Genbank
DQ377041) foram usadas como grupos externos na reconstrução filogenética
das espécies de Fluviphylax. As reconstruções filogenéticas sob o critério de
Máxima Parcimônia (MP) e Máxima Verossimilhança (MV) foram realizadas
para o gene COI e região controle do DNA mitocondrial. Para a reconstrução
sob o critério de Máxima Parcimônia foi usando o programa PAUP* (Swofford,
2002), enquanto para a Máxima Verossimilhança o programa Treefinder (Jobb
et al., 2004).
As reconstruções filogenéticas sob os critérios de MP e MV para o gene
COI basearam-se em 125 seqüências (de 125 indivíduos amostrados) com 521
pb para quatro espécies de Fluviphylax, sendo 10 seqüências obtidas de F.
zonatus, 40 de F. obscurus l.s., 60 de F. simplex e 15 de F. pygmaeus. As
reconstruções filogenéticas sob os critérios de MP e MV da região controle
basearam-se em 134 seqüências (134 indivíduos amostrados) com 374 pb,
sendo 43 seqüências obtidas de F. palikur, 35 de F. obscurus l.s., 44 de F.
simplex e 12 de F. pygmaeus.
As filogenias sob os critérios de MP para o gene COI e região controle
foram obtidas a partir dos haplótipos presentes na amostragem total. As 125
seqüências do gene COI e 134 seqüências da região controle apresentaram
um total de 41 e 31 haplótipos, respectivamente, utilizando o programa
Collapse 1.2 (disponível na web darwin.uvigo.es). O método de reconstrução
filogenética a partir dos haplótipos não influência na análise e permite obter
maior desempenho computacional. As filogenias sob os critérios de MP para o
gene COI e região controle foram estimadas por meio de 1000 buscas
heurísticas com adições aleatórias de seqüências (random) e implementação
do algoritmo tree bisection and reconnection (TBR). A robustez da topologia da
árvore de MP foi testada usando-se 1000 replicas de bootstrap com simples
adição e troca de ramos TBR.
Para realizar as reconstruções filogenéticas sob os critérios de MV,
foram determinados os modelos evolutivos para o gene COI e região controle
52
usando-se o critério de informação Akaike (AIC) (Akaike, 1974) implementado
no programa Modeltest 3.7 (Posada & Crandall, 1998). O melhor modelo
evolutivo de substituição de nucleotídeos determinado para ambos marcadores
mitocondriais foi o modelo HKY (Hasegawa et al., 1985) com sítios variáveis
seguindo discreta distribuição gama (G). Após definido o modelo evolutivo, a
robustez da topologia da árvore mais verossímil foi testada usando 1000
replicas não paramétricas de bootstrap, por meio do programa Treefinder (Jobb
et al., 2004).
A diferenciação intra e inter-específica (distância-p) foi estimada para os
grupos monofiléticos formados pelas reconstruções filogenéticas, utilizando-se
o programa MEGA 4.0 (Kumar et al., 2004).
2.2.5.2 - Análises de agrupamento populacional (PAA)
Os sítios apomórficos das seqüências do gene COI e região controle
foram analisados e dispostos em tabelas (Apêndice B e C), utilizando o
programa MEGA 4.0 (Kumar et al., 2004). A partir dos sítios informativos
variáveis foi realizado a análise de agrupamento populacional (Population
Aggregation Analysis - PAA), seguindo método formulado por Davis & Nixon
(1992). Esse método é utilizado para identificação de espécies filogenéticas e
baseia-se em dois princípios básicos: primeiro, todos os indivíduos de uma
população local são assumidos como pertencentes da mesma espécie; e
segundo, os caracteres idênticos compartilhados entre os indivíduos de duas
ou mais populações evidenciam uma co-especificidade. Fundamentado nesses
dois princípios operacionais, as espécies filogenéticas são delimitadas por
sucessivas rodadas de agrupamentos de populações locais não distintas.
Nesse trabalho assume-se o conceito filogenético de espécie formulado
por Rosen (1978;1979). Esse conceito pressupõe que toda população ou grupo
de populações definidos por algum caractere apomórfico único são unidades
evolutivas significantes.
53
2.2.5.3 - Análises morfométrica e morfológica
As análises dos caracteres morfométricos comprimento total (CT), altura
do corpo (AC) e comprimento da cabeça (CC) foram analisados
separadamente dos caracteres morfológicos, contudo o mesmo procedimento
foi realizado para ambos os bancos de dados.
Para os dados morfométricos realizou-se uma regressão dos quadrados
mínimos (least squares) para remover o efeito do tamanho padrão. Os resíduos
gerados foram utilizados para as análises, sendo resumidos nas análises de
componentes principais. Os fatores dos componentes principais foram
visualizados por meio do gráfico de dispersão, em que se consideraram os
eixos cartesianos (eixo x e y), representados pelos fatores de interesse.
Diferenças entre os fatores dos componentes principais entre as espécies
foram testadas usando-se o modelo linear generalizado (generalized linear
model). As variáveis independentes (clados) foram tratadas como fixas. Os
dados morfológicos não foram transformados usando-se a regressão dos
quadrados mínimos, mas foram analisados da mesma forma como os dados
morfométricos transformados nos resíduos.
Os agrupamentos usados nos eixos cartesianos e no modelo linear
generalizado foram formados de acordo com os clados obtidos pelas análises
filogenéticas. Os clados representaram as espécies: F. palikur localidades Ilha
de Marajó e Amapá; Fluviphylax sp., localidade alto rio Negro e Orinoco; F.
pygmaeus, rio Madeira; F. zonatus, Manaus e rio Preto da Eva; F. obscurus
s.s., médio rio Negro; e F. simplex, afluentes da calha Solimões-Amazonas.
Todas as análises foram realizadas no programa SYSTAT 10.2.05 (Systat
Software, Inc.).
2.3 - Resultados
2.3.1 - Análises filogenéticas
Para o gene mitocondrial COI obteve-se um de total 521 pb para 125
indivíduos do gênero Fluviphylax, enquanto que para a região controle (RC)
foram obtidos 374 pb para 134 indivíduos. O alinhamento das seqüências do
54
gene COI apresentou 158 sítios variáveis, dos quais 153 foram informativos
para parcimônia. O alinhamento da região controle apresentou 111 sítios
variáveis, dos quais 106 foram informativos para parcimônia. A composição das
bases de nucleotídeos das seqüências do gene COI e região controle
apresentaram proporção de bases anti-guanina (tabela 5). Para ambos os
marcadores moleculares a base timina (T) apresentou-se em maior proporção.
Tabela 5: Média da Composição de nucleotídeos em porcentagem e número de sítios
informativos e variáveis das seqüências analisadas.
Foram analisados 521 e 374 sítios para as seqüências do gene COI e região
controle (RC), respectivamente. (T) timina, (C) citosina, (A) adenina e (G) guanina.
O gene COI e a região controle apresentaram proporções de bases anti-guanina,
característica do DNA mitocondrial.
A partir das 125 seqüências de 521 pb do gene COI foram gerados
41 haplótipos (tabela 6). Os haplótipos 17 (F. simplex) e 21 (F. obscurus)
apresentam as maiores freqüências dos indivíduos coletados com 29 e 11
seqüências, respectivamente. No geral, 18 haplótipos apresentaram
somente uma seqüência do gene COI (haplótipos únicos). Todas as 29
seqüências do haplótipo 17 pertencem a indivíduos da espécie F. simplex
que se distribuem desde o rio Purus até o rio Amazonas, próximo à cidade
de Santarém e abrangendo também o rio Trombetas. O haplótipo 21 foi
representado pelos indivíduos da espécie F. obscurus que se distribuem ao
longo do rio Negro.
Para a região controle, das 134 seqüências com 374 pb, foram
gerados 31 haplótipos (tabela 6). Os haplótipos 12 (F. palikur) e 19
(Fluviphylax sp.) apresentaram freqüências de 10 seqüências da região
controle, enquanto o haplótipo 21 foi constituído por 33 seqüências de F.
simplex distribuídos ao longo do rio Purus, lago Janauacá e rio Amazonas
até a cidade de Santarém. O haplótipo 12 foi representado por F. palikur
distribuídos nos afluentes ao longo do estado do Amapá.
Médio (%)
Sítios
informativos
Sítios
variáveis
Sítios
Conservados
Tamanho da
Seqüência
T C A G
COI
32,9 23,2 25,4 18,5 153 158 363 521
RC
33,0 18,4 32,9 15,7 106 111 263 374
55
Tabela 6: Haplótipos gerados pelo programa Collapse1.2 a partir das seqüências do gene
COI e região controle (RC).
Haplótipos
Freqüência
das
Seqüências
Localidades Haplótipos
Freqüência
das Seqüências
Localidades
COI
RC
1
Rivulus hartii
1
Phallichthys
amates
1 1 CURI.2 1 1 ARACA.1
2 3 CURI.1, 4, 5 2 3 ARACA.2-4
3 1 CURI.3 3 4 MGC.1, 3-5
4 3 MAO.1, 3, 4 4 1 MGC.2
5 1 MAO.2 5 1 TROM.1
6 1 MAO.5 6 1 VEM.6
7 2 MAXI.1, 4 7 5 TZ.1, 3, 4; TG.1, 3
8 2 MAXI.2 8 3
TZ.2, 5;
MARAJO_26.5
9 1 MAXI.3 9 1 TG.2
10 2 MGC.1, 5 10 1 TG.5
11
1
MGC.2
11
8
AMAPA_4.1, 3-5;
AMAPA_5.5;
AMAPA_11.3-5
12
1
MGC.3
12
10
AMAPA_5.1-3;
AMAPA_10.1-5;
AMAPA_11.1-2
13 1 MGC.4 13 1 AMAPA_5.4
14 2 VEM.1, 3 14 5 SALV.1-4, 6
15 1 VEM.2 15 2
SALV5;
MARAJO26.4
16 5 BREU.1-5 16 5 CALÇ1-5
17
29
BACU.1, 2,4;
LAA(2).1-3, 5-7, 9, 11;
LAA(1).1-4; JNC(1).1-6;
JNC(2).1-6; LUA.4; STR.4
17
1
MARAJO_26.2
18 5 BACU.3; LAA(2).4, 8, 10, 12 18 1 MARAJO_26.3
19 1 BACU.5
19 10
CURI.1-5;
MAXI.1-5;
20 3 IAHA.1, 2, 5 20 3 STR.1, 4, 5
21
11
IAHA.3, 4;
RJX.2-5;
TAPA.1-4, 6
21
33
STR.3; BACU1, 2,
4, 5;LAA(2).1-12;
LAA(1).1-6;
JNC(2).1-6
JNC(1).1, 2, 5, 6
22 3 KALA.1; LUA.2, 3 22 5 BREU.1-5
23 8 KALA.2-5; SAM.1-5 23 2 MUSSU.1-2
24 1 EVA.1 24 2 RBM.1; RPI.4
25 2 EVA.2, 3 25 3 RBM.2; RPI.2, 6
26 1 EVA.4 26 4 RBM.3-5, RPI.1
27 1 EVA.5 27 2 JATU.1, 2
28 1 RBM.1 28 1 JATU.4
29 4 RBM.2; RPI2, 6, 5
29 4
RJX.2; TAPA.1
IAHA.3,4
30 5 RBM.4, 3, 5; JATU.2, 3 30 7
RJX.3, 5; TAPA.2-
6
56
Tabela 6: Continuação
31 2 RPI.1, 3 31 3 IAHA.1, 2, 5
32 3 RCB.2, 3, 4
33 1 RCB.5
34 1 SAM.4
35 3 MUSSU.1-3
36 2 JATU.1,4
37 1 JATU.5
38 3 LUA.1, STR.2, 5
39 2 STR.1, 4
40 3 ARACA.1, 3, 5
41 1 ARACA.2
Foram gerados 41 e 31 haplótipos a partir das seqüências de COI e região controle,
respectivamente. A seqüência do gene COI da espécie Rivulus hartii e a seqüência da
região controle (RC) da espécie Phallichthys amates foram usadas como grupo externo
(outgrup). Os haplótipos mais freqüentes estão em negrito. Localidades: afluentes do
estado do Amapá (CALÇ; 4; 5; 10; 11;TZ; TG); Ilha de Marajó (26; SALV); rio Orinoco
(VEN); rio Solimões próximo a reserva Amanã (SAM; KALA); rio Purus (LUA, LAA(1);
LAA(2); BREU; BACU); rio Negro próximo a São Gabriel da Cachoeira (IAHA, CURI), rio
Negro próximo a Santa Izabel do Rio Negro (MAXI, MGC, RJX, TAPA); rio Negro próximo
a Barcelos (ARACA); baixo rio Branco (RCB); rio Amazonas próximo a Manaus (JNC(1) e
JNC(2); MAO; EVA); rio Madeira (JATU, RPI, RBM); rio Amazonas próximo a Santarém
(STR) e rio Trombetas (MUSSU; TROM).
As análises de MP e MV para o gene COI e região controle
evidenciaram a formação de seis clados distintos bem suportados:
Fluviphylax sp. (Alto rio Negro – Santa Izabel do Rio Negro, São Gabriel da
Cachoeira e bacia do Orinoco); F. obscurus s.s. (Médio rio Negro – rio
Jurubaxi, Barcelos, rio Branco); F. pygmaeus (bacia do rio Madeira); F.
simplex (rio Solimões, Purus, lago Janauacá, Amazonas e Trombetas); F.
palikur (Amapá e Ilha de Marajó) e F. zonatus (Manaus e rio Preto da Eva)
(figura 13 a 16). Interessantemente, nas análises filogenéticas de MP e MV
para ambos os marcadores moleculares, F. obscurus s.s. que habita o
baixo rio Negro até a cidade de Barcelos formou um clado separado da
espécie Fluviphylax sp. que habita o alto rio Negro e a bacia do Orinoco.
Fluviphylax sp. fora diagnosticada como F. obscurus em levantamentos
faunísticos realizados por Arrington & Winemiller (2003), Hoeinghaus et al.
(2004) e Lasso et al. (2005).
57
Nas análises do gene COI não foram incluídas seqüências de F.
palikur, localidades Amapá e Ilha de Marajó, pois os primers utilizados
foram inespecíficos, hibridizando-se a outra região do genoma dessa
espécie. As seqüências dos indivíduos de F. zonatus provenientes do rio
Tarumã e do rio Preto da Eva foram excluídas das análises da região
controle devido à baixa qualidade das mesmas.
A árvore filogenética de MP, gerada pelas seqüências do gene COI,
não apresentou resolução para os ramos dos clados F. simplex, F. zonatus,
F. pygmaeus e Fluviphylax sp., desta forma, não foi possível verificar a
relação filogenética entre esses clados. Apesar da politomia encontrada,
cada espécie foi agrupada dentro de um clado bem suportado. Quase
todos os clados apresentaram suporte de bootstrap de 100%, exceto o
clado F. pygmaeus com suporte de 99%. O clado formado pela espécie F.
obscurus s.s. é grupo irmão de todos os demais clados (figura 13).
Os resultados encontrados na reconstrução filogenética sob MV para
o gene COI foram semelhantes aos resultados da filogenia sob MP. O
clado formado pelo agrupamento (F. zonatus, F. pygmaeus, (F. simplex,
Fluviphylax sp.)) apresentou suporte de bootstrap de 79%. Os clados F.
simplex e Fluviphylax sp. foram agrupados, contudo, com baixo suporte de
booststrap (55%). Assim como na relação filogenética sob MP, F. obscurus
s.s. apresentou-se como grupo irmão do clado remanescente (figura 14).
Nos resultados filogenéticos de MP para a região controle, as
espécies de Fluviphylax também formaram clados bem suportados. Os
clados dos F. palikur e F. pygmaeus apresentaram suporte de bootstrap de
100%. Os clados Fluviphylax sp., F. simplex e F. obscurus s.s
apresentaram suporte de boostrap de 99%, 97% e 85%, respectivamente,
figura 15. O clado F. palikur é grupo irmão do clado (F. obscurus s.s, (F.
pygmaeus, F. simplex, Fluviphylax sp.)) e esse apresentou suporte de
bootstrap de 100%. F. obscurus s.s. é grupo irmão do clado politômico (F.
pygmaeus, F. simplex e Fluviphylax sp.). Não foi possível estabelecer a
relação filogenética entre os clados F. pygmaeus, F. simplex e Fluviphylax
sp..
Os relacionamentos filogenéticos sob o critério de MV para a região
controle foram semelhantes aos resultados para MP. O agrupamento
58
Fluviphylax sp. e F. simplex apresentaram suporte de bootstrap de 58%,
desta forma, esse agrupamento não é confiável. O clado F. palikur
posicionou-se como grupo irmão de (F. obscurus s.s., (F. pygmaeus, F.
simplex e Fluviphylax sp.)), por sua vez F. obscurus s.s. mostrou-se como
grupo irmão do clado (F. pygmaeus, F. simplex, Fluviphylax sp.). Não foi
possível determinar a relação entre F. pygmaeus, F. simplex e Fluviphylax
sp. (figura 16).
59
Figura 13: Relação filogenética reconstruída a partir de seqüências do gene Citocromo
Oxidase I sob os critérios de Máxima Parcimônia. Reconstrução filogenética realizada com
1000 buscas heurísticas e adições aleatórias (random), implementando algoritmo Tree
Bisection and Reconnection (TBR) com 1000 replicas de bootstrap. Reconstrução
filogenética realizada apenas com seqüências representando cada um dos haplótipos
gerados pelo programa Collapse1.2, as freqüências de cada haplótipo são mostradas na
tabela 6. Como grupo externo foi utilizado a seqüência do gene COI da espécie Rivulus
hartii obtida no Genbank pelo acesso AF002619.
Fluviphylax sp.
alto rio Negro
Sta. Izabel + São Gabriel +
rio Orinoco (Venezuela)
F. simplex
Solimões (Reserva Amanã) +
Purus (RDS Ayauá) + Lago
Janauacá (confluência
Solimões-Amazonas) +
Amazonas + Trombetas
F. zonatus
rio Perto da Eva +
Igarapé Tarumã
F. pygmaeus
Bacia rio Madeira
F. obscurus s.s.
médio rio Negro
Sta. Izabel + Barcelos
+ rio Branco
60
Figura 14: Relação filogenética reconstruída a partir
de seqüências do gene Citocromo Oxidase I sob os
critérios de Máxima Verossimilhança. Hipótese
filogenética reconstruída usando o programa
Treefinder (Jobb et al., 2004), com robustez de 1000
replicas não paramétricas de bootstrap. O modelo
evolutivo definido pelo modeltest foi o HKY85 + G.
Como grupo externo foi utilizado a seqüência do gene
COI da espécie Rivulus hartii obtida no Genbank pelo
acesso AF002619.
Fluviphylax sp.
alto rio Negro
Sta. Izabel + São Gabriel +
rio Orinoco (Venezuela)
F. simplex
Solimões (Reserva Amanã) +
Purus (RDS Ayauá) + Lago
Janauacá (confluência
Solimões-Amazonas) +
Amazonas + Trombetas
F. zonatus
rio Perto da Eva + Igarapé
Tarumã
F. pygmaeus
Bacia rio Madeira
F. obscurus s.s.
médio rio Negro
Sta. Izabel + Barcelos + rio Branco
ARACA.1, 3, 5
ARACA.2
80
RCB.2
RCB.3
RCB.4
63
RCB.5
94
59
IAHA.1
IAHA.2
IAHA.5
IAHA.3, 4
RJX.2, 3, 4, 5
TAPA.1, 2, 3, 4, 5
89
JNCii_3
BACU.1, 2
BACU.3
LAAii.4, 8, 10, 12
BACU.5
61
BACU.4
JNCi.1, 2, 3, 4, 5, 6
JNCii.1, 2, 4, 5, 6
LAAi.1, 2, 3, 4
LAAii.1, 2, 3, 5, 6, 7, 9, 11
LUA.1
STR.2
STR.5
64
STR.1
STR.4
63
LUA.4
STR.3
92
KALA.1
KALA.2, 3, 4, 5
SAM.1, 2, 3
SAM.4
SAM.5
64
LUA.2
LUA.3
66
MUSSU.1
MUSSU.2
MUSSU.3
100
54
BREU.1
BREU.2
BREU.3
BREU.4
BREU.5
99
100
VEN.2
VEN.3
VEN.1
75
100
CURI.1
CURI.2
CURI.3
CURI.4
CURI.5
77
MAXI.1
MAXI.4
72
MAXI.2
MAXI.5
72
MAXI.3
65
61
MGC..1
MGC.5
81
MGC.4
73
MGC.2
MGC.3
77
80
90
95
55
RPI.1, 3
RBM.1
100
JATU.1
JATU.4
JATU.2
JATU.3
RBM.3, 4, 5
63
73
JATU.5
RBM.2
RPI.2, 5, 6
88
97
83
99
EVA.1
EVA.4
60
EVA.2
EVA.3
88
MAO.5
78
EVA.5
MAO.1
MAO.3
MAO.4
79
MAO.2
62
100
79
0.0
0.05
0.1
0.15
0.2
0.25
0.3
Rivulus_hartii
96
96
61
Figura 15: Relação filogenética reconstruída a partir de seqüências da Região Controle sob os
critérios de Máxima Parcimônia. Reconstrução filogenética realizada com 1000 buscas
heurísticas e adições aleatórias (random), implementando algoritmo Tree Bisection and
Reconnection (TBR) com 1000 réplicas de bootstrap. Reconstrução filogenética realizada
apenas com as seqüências de cada um dos haplótipos gerados pelo programa Collapse1.2, as
freqüências de cada haplótipo são mostradas na tabela 6. Como grupo externo foi utilizado a
seqüência da região controle da espécie Phallichthys amates obtida no Genbank pelo acesso
DQ377041.
Fluviphylax sp.
alto rio Negro
Sta. Izabel + São Gabriel +
rio Orinoco (Venezuela)
F. simplex
Solimões (Reserva Amanã) +
Purus + Lago Janauacá +
Amazonas + Trombetas
F. palikur
Amapá + Ilha de Marajó
F. pygmaeus
Bacia rio Madeira
F. obscurus s.s.
médio rio Negro
Sta. Izabel + Barcelos +
rio Branco
Phallichth
y
s amates
62
Figura 16: Relação filogenética reconstruída a partir
de seqüências da Região Controle sob os critérios de
Máxima Verossimilhança. Hipótese filogenética
reconstruída usando o programa Treefinder (Jobb et
al., 2004), com robustez de 1000 replicas não
paramétricas de bootstrap. O modelo evolutivo
definido pelo modeltest foi HKY85 + G. Como grupo
externo foi utilizado a seqüência da região controle da
espécie Phallichthys amates obtida no Genbank pelo
acesso DQ377041.
F. palikur
Áreas macro-geográficas: Amapá e Marajó
(Afluentes dos rios estado do Amapá +
Ilha de Marajó)
Fluviphylax sp.
Área macro-geográfica:
Alto rio Negro
(Sta. Izabel + São Gabriel
+ rio Orinoco-Venezuela
)
F. simplex
Áreas macro-geográficas: Solimões e
Amazonas
(Reserva Amanã + RDS Ayauá + Lago
Janauacá + Trombetas + Santarém)
F. pygmaeus
Área macro-geográfica:
Madeira
Phallichthys amates
AMAPA_10.1, 2, 3, 4, 5
AMAPA_11.1, 2, 3, 4, 5
MARAJO_26.2
MARAJO_26.3
MARAJO_26.4
SALV.5
60
MARAJO_26.5
AMAPA_4.1, 3, 5
AMAPA_5.1, 2, 3, 4, 5
CALC.1
CALC.2
CALC.3
CALC.4, 5
65
TG.2
TG.2, 3, 5
TZ.1, 2, 3, 4, 5
79
SALV.6
SALV.1
53
SALV.2, 3, 4
85
100
BACU.1, 2, 4, 5
JNCi.1, 2, 5, 6
JNCii.1, 2, 3, 4, 5, 6
LAAi.1, 2, 3, 4, 5, 6
LAAii.1, 2, 3, 4, 5, 6, 7
LAAii.8, 9, 10, 11, 12
STR.3
BREU.1
BREU.2
80
BREU.3
53
BREU.4
BREU.5
100
MUSSU.1
MUSSU.2
93
TROM.1
95
60
STR.1
STR.4, 5
63
95
CURI.1, 2, 3, 4, 5
MAXI.1, 2, 3, 4, 5
98
MGC.1
MGC.2, 3, 4, 5
64
54
VEN.6
99
58
JATU.1
JATU.2
64
JATU.4
85
RBM.1
RPI.4
100
RBM.2
RPI.2
RPI.6
99
RBM.3
RBM.4, 5
RPI.1
93
100
93
IAHA.1
IAHA.2
IAHA.5
67
IAHA.3, 4
RJX.2
TAPA.1
54
RJX.3, 4, 5
TAPA.2, 3, 4, 5, 6
ARACA.1
ARACA.2, 3, 4
61
66
100
0.0
0.02
0.04
0.06
0.08
0.1
0.12
0.14
0.16
0.18
0.2
0.22
0.24
F. obscurus s.s.
Área macro-geográfica: Médio rio Negro
(Sta. Izabel + Barcelos + rio Branco)
63
As análises de distância-p inter e intra-específicas foram realizadas
para os clados formados pelas reconstruções filogenéticas de MP e MV. O
maior valor de distância-p inter-específico encontrado em relação ao gene
COI foi obtido entre os clados F. simplex em comparação com os clados F.
zonatus e F. obscurus s.s. com distância-p de 0,19 em ambas
comparações. Os clados F. simplex e Fluviphylax sp. obtiveram a menor
distância-p com 0,12. A distância-p intra-específica para o gene COI variou
de 0,01 a 0,02 (tabela 7).
Tabela 7: Matriz de distância-p par-a-par inter e intra-específica gerados a partir das
análises de MP e MV para os conjuntos de dados do gene COI e região controle.
Gene COI
Distância-p inter clados
Intra
clados
Região Controle
Distância-p inter clados
Intra
clados
1 2 3 4 5
1 2 3 4 5
1Fluviphylax sp. 0,02 1Fluviphylax sp. 0,02
2 - F. obscurus s.s. 0,14 0,01 2 - F. obscurus s.s. 0,13 0,00
3 - F. simplex
0,12 0,16
0,01 3 - F. simplex 0,11
0,09
0,02
4 - F. zonatus 0,13 0,15
0,16
0,01 4 - F. pygmaeus 0,14 0,10 0,10 0,02
5 - F. pygmaeus
0,15 0,14 0,13 0,13 0,02 5 - F. palikur
0,29 0,25 0,28 0,29
0,01
Com relação às seqüências da região controle, o clado F. palikur
apresentou expressiva distância-p inter-específica em comparação com os
demais clados, o valor da distância variou entre 0,25 a 0,29. Os clados
Fluviphylax sp. e F. obscurus s.s. apresentaram distância de 0,13. A menor
distância encontrada foi entre os clados F. simplex e F. obscurus s.s., com
valor par-a-par de 0,09. O valor da distância-p intra-específica para os
clados variou de 0,01, clados F. palikur, a 0,02 para o clado F. pygmaeus,
F. simplex e Fluviphylax sp. O clado F. obscurus s.s. apresentou distância
intra-específica igual a 0,00 (tabela 7).
2.3.2 – Análise de agrupamento populacional (PAA)
Na análise de agrupamento populacional (PAA) foram distinguidas
seis espécies, que apresentaram caracteres apomórficos únicos:
Fluviphylax sp., F. obscurus s.s., F. simplex, F. zonatus, F. pygmaeus e F.
Nota: Em negrito foram representados os maiores e menores valores de distância-p
inter-específica.
64
Tabela 8: Número de sítios (caracteres) apomórficos únicos dos
sítios variáveis do gene COI e região controle.
palikur. Os sítios apomórficos do gene COI e região controle podem ser
acompanhados, respectivamente, nas tabelas dos apêndices B e C.
A nova espécie Fluviphylax sp. foi diferenciada das demais espécies
por sete e cinco sítios (caracteres) apomórficos únicos para o gene COI e
região controle, respectivamente. F. obscurus, F. zonatus e F. simplex
apresentaram 16, 14 e 13 sítios apomórficos únicos para o gene COI. F.
palikur apresentou 44 sítios apomórficos únicos para a região controle,
enquanto as demais espécies não ultrapassaram 5 sítios apomórficos
únicos. As espécies aqui definidas foram diagnosticadas conforme a
presença de apomorfias únicas para o grupo.
Sítios apomórficos únicos
Espécies
Gene COI Região Controle
Fluviphylax sp.
7
5
F. obscurus s.s.
16 4
F. simplex
13 4
F. pygmaeus
5 4
F. zonatus
14 -
F. palikur
- 44
2.3.3 - Análises morfométricas
As variáveis comprimento total (CT), comprimento da cabeça (CC) e
altura do corpo (AC) foram transformados em classes de medidas (resíduos)
por regressão. Na tabela 9 estão listados os componentes principais (fatores) e
o coeficiente de cada variável morfométrica sobre os componentes.
Após a regressão, foi verificado a influência dos resíduos CT, AC e CC
sobre os componentes principais (fatores). As variáveis residuais altura do
corpo (resíduo AC) e comprimento da cabeça (resíduo CC) apresentaram
maior influência sobre a fator 1, com coeficientes de grandeza numérica igual a
0,774 e 0,769 respectivamente. Convêm ressaltar que cada fator é composto
pela participação das três variáveis residuais analisadas (AC, CC e CT). A
variável residual CT foi dominante sobre o fator 2 e contribuiu com um
65
coeficiente de grandeza numérica de 0,980, sendo a variável residual de maior
importância, enquanto que os valores para as demais variáveis residuais foram
menores.
Tabela 9: Correlação entre os componentes e os resíduos das variáveis morfométricas
Variáveis Componente principal (Fatores)
1 2 3
RESIDUAL_AC
0,774
0,138 -0,618
RESIDUAL_CC
0,769
-0,177 0,614
RESIDUAL_CT 0,030
0,980
0,198
Variância explicada por componente 1,192 1,010 0,798
Porcentagem total da variância explicada 39,73% 33,68% 26,59%
Os caracteres morfométricos coletados foram transformados em resíduo por
regressão dos quadrados mínimos. (AC) altura do corpo; (CC) comprimento da cabeça
e (CT) comprimento total.
As variâncias explicadas para os fatores 1, 2 e 3 foram 1,192, 1,010 e
0,798 respectivamente. Os fatores 1 e 2 juntos explicam 78,40% da variância
total. A porcentagem do total de variância explicada para cada componente foi
de 39,73% para o fator 1; 33,68% para o fator 2 e 26,59% para explicar o fator
3 (Tabela 9). Nota-se que os fatores em geral apresentaram relativamente o
mesmo percentual para explicar a variância.
Nos estudos gráficos de dispersão dos componentes principais, em que
os eixos cartesianos foram representados pelos fatores de interesse, não foi
possível distinguir os clados definidos pela filogenia molecular, pois houve uma
sobreposição dos resíduos resumidos nos componentes principais. As
representações gráficas das dispersões dos resíduos resumidos podem ser
observadas na figura 17. Os fatores 1, 2 e 3 foram plotados em coordenadas
cartesianas e nenhum agrupamento foi observado.
66
Figura 17: Gráficos de dispersão das variáveis residuais resumidos em componentes
principais. Caracteres morfométricos analisados: comprimento da cabeça (CC); altura do corpo
(AC) e comprimento total (CT).
-3 -2 -1 0 1 2 3 4
FACTOR(1)
-4
-3
-2
-1
0
1
2
3
4
F
A
C
T
O
R
(
2
)
zonatus
sp.nov.
simplex
pygmaeus
palikur
obscurum
CLADE
A
-3 -2 -1 0 1 2 3 4
FACTOR(1)
-3
-2
-1
0
1
2
3
F
A
C
T
O
R
(
3
)
zonatus
sp.nov.
simplex
pygmaeus
palikur
obscurum
CLADE
B
-4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4
FACTOR(2)
-3
-2
-1
0
1
2
3
F
A
C
T
O
R
(
3
)
zonatus
sp.nov.
simplex
pygmaeus
palikur
obscurum
CLADE
C
F. obscurus s.s.
F. palikur
F. pygmaeus
F. simplex
Fluviphylax sp.
F. zonatus
F. obscurus s.s.
F. palikur
F. pygmaeus
F. simplex
Fluviphylax sp.
F. zonatus
F. obscurus s.s.
F. palikur
F. pygmaeus
F. simplex
Fluviphylax sp.
F. zonatus
FATOR (2)
FATOR (3) FATOR (3)
FATOR (1)
FATOR (1)
FATOR (2)
CLADO
CLADO
CLADO
67
Least Squares Means
o
b
s
c
u
r
u
m
p
a
l
i
k
u
r
p
y
g
m
a
e
u
s
s
i
m
p
l
e
x
s
p
.
n
o
v
.
z
o
n
a
t
u
s
CLADE
-2
-1
0
1
F
A
C
T
O
R
(
3
)
FATOR (3)
C
Least Squares Means
o
b
s
c
u
r
u
m
p
a
l
i
k
u
r
p
y
g
m
a
e
u
s
s
i
m
p
l
e
x
s
p
.
n
o
v
.
z
o
n
a
t
u
s
CLADE
-1
0
1
2
F
A
C
T
O
R
(
1
)
Least Squares Means
o
b
s
c
u
r
u
m
p
a
l
i
k
u
r
p
y
g
m
a
e
u
s
s
i
m
p
l
e
x
s
p
.
n
o
v
.
z
o
n
a
t
u
s
CLADE
-1.0
-0.5
0.0
0.5
1.0
F
A
C
T
O
R
(
2
)
FATOR (1)
FATOR (2)
Após verificar a dispersão gráfica dos fatores representados na figura
17, foi verificada a influência de cada fator sobre os clados filogenéticos,
usando o modelo linear generalizado. Os resultados gráficos podem ser
visualizados na figura 18. Por meio do fator 1 foi possível distinguir os clados
formados pelas espécies F. obscurus s.s. e F. zonatus, com significância de P
< 0,05, figura 18A. Por esse fator não foi possível distinguir os demais clados.
O fator 2 não apresentou significância em distinguir os clados (P > 0,05). Pelo
fator 3 foi possível distinguir o clado F. zonatus com significância de P < 0,05,
assim como, observado nos resultados apresentados para o fator 1.
Figura 18:
Quadrados mínimos (Least Squares Means). Efeito dos componentes principais
(fatores) sobre os clados filogenéticos, usando o modelo linear generalizado (generalized linear
model).
B
A
68
Os resultados estatísticos, resumidos em gráficos, evidenciaram a
sobreposição dos clados, com exceção para o F. zonatus e F. obscurus.
2.3.4 - Análises morfológicas
O critério para análise dos caracteres morfológicos por PCA foi a
ausência e presença dos mesmos: nadadeira anal arredondada e curta (NAR);
nadadeira pélvica curta (NPC); origem da nadadeira dorsal próximo à base
vertical do penúltimo raio da nadadeira anal (OND); canal pré-opercular aberto
em jovens e adultos (CPO); mancha preta na borda posterior da nadadeira
dorsal dos machos (MPD) e barras transversais no corpo (PBC).
Adicionalmente, analisou-se o número de raios na nadadeira dorsal (RND) e
nadadeira anal (RNA).
Os caracteres morfológicos foram resumidos por análise de componente
principal. Oito fatores principais foram gerados, contudo, somente os fatores 1,
2 e 3 apresentaram valores de auto-valor (Eigenvalue) superior a 1. A
porcentagem de variância explicada pelos três primeiros fatores foi de 79,78%,
sendo assim, os demais fatores não foram resumidos por PCA. No fator 1, as
variáveis que mais contribuíram foram: OND (0,965), MPD (0,918) e RNA
(0,963). As variáveis PBC e RND contribuíram com valor de grandeza de 0,808
e 0,772, respectivamente para o fator 2. Para o fator 3 apenas a variável NPC
foi expressiva com valor de grandeza de 0,972 (tabela 10). As porcentagens de
variância explicadas pelos fatores (componentes) são: 45,76% para fator 1;
18,00% para fator 2 e 16,02% para fator 3.
69
Tabela 10: Correlação entre componentes e variáveis dos caracteres morfológicos.
Variáveis residuais Componentes principais
1 2 3 4 5 6 7 8
Caractere NAR -0,854 -0,059 0,468 -0,154 0,014 -0,057 0,134 -0,051
Caractere NPC 0,024 0,167
0,972
-0,110 0,072 0,042 -0,079 0,031
Caractere OND
0,965
0,187 0,121 0,033 0,013 0,087 -0,054 -0,083
Caractere CPO 0,104 0,285 -0,210
-0,929
-0,018 0,001 -0,009 0,003
Caractere MPD
0,918
0,194 0,126 0,037 0,023 -0,318 0,033 0,007
Caractere PBC -0,309
0,808
0,005 0,173 -0,471 0,009 0,006 0,002
Caractere RND -0,350
0,772
-0,174 0,155 0,476 0,018 0,013 0,001
Caractere RNA
0,963
0,080 0,111 0,009 -0,000 0,172 0,151 0,031
Variância explicada
por componente
3,661
1,441
1,282
0,956
0,455
0,144
0,051
0,011
Porcentagem total da
variância explicada
45,76%
18,00%
16,02%
11,94%
5,68%
1,79%
0,63%
0,14%
(NAR) Presença de nadadeira anal arredondada e curta; (NPC) presença de nadadeira pélvica
curta; (OND) origem da nadadeira dorsal próximo à base vertical do penúltimo raio da nadadeira
anal; (CPO) canal pré-opercular aberto em jovens e adultos; (MPD) mancha preta na borda
posterior da nadadeira dorsal dos machos; (PBC) presença de barras transversais no corpo; (RND)
número de raios na nadadeira dorsal e (RNA) número de raios na nadadeira anal.
Pela dispersão dos fatores em coordenadas cartesiana foi possível
distinguir os clados F. pygmaeus e F. palikur (figura 19A). O clado F. pygmaeus
foi distinguido dos demais clados em todas as comparações entre os fatores.
Os espécimes de F. pygmaeus são endêmicos do rio Madeira e apresentam a
nadadeira pélvica bastante alongada, sendo essa característica presente
apenas nessa espécie.
Pela dispersão gráfica entre os fatores 1-3 e 1-2 foi possível distinguir o
clado F. palikur, contudo, esse o clado não foi evidenciado quando analisado a
dispersão entre os fatores 2 e 3 (figura 19 A, B, C).
70
Figura 19: Gráficos de dispersão dos componentes principais (fatores) 1; 2 e 3, dos
caracteres morfológicos, após resumidos em PCA.
-4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4
FACTOR(1)
-3
-2
-1
0
1
2
3
4
5
6
F
A
C
T
O
R
(
2
)
zonatus
sp.nov.
simplex
pygmaeus
palikur
obscurum
CLADE
-4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4
FACTOR(1)
-4
-3
-2
-1
0
1
2
F
A
C
T
O
R
(
3
)
zonatus
sp.nov.
simplex
pygmaeus
palikur
obscurum
CLADE
-3 -2 -1 0 1 2 3 4 5 6
FACTOR(2)
-4
-3
-2
-1
0
1
2
F
A
C
T
O
R
(
3
)
zonatus
sp.nov.
simplex
pygmaeus
palikur
obscurum
CLADE
A
B
C
F. obscuru s.s.
F. palikur
F. pygmaeus
F. simplex
Fluviphylax sp.
F. zonatus
F. obscurus s.s.
F. palikur
F. pygmaeus
F. simplex
Fluviphylax sp.
F. zonatus
F. obscurus s.s.
F. palikur
F. pygmaeus
F. simplex
Fluviphylax sp.
F. zonatus
FATOR (3)
FATOR (2)
FATOR (3)
CLADO
CLADO
CLADO
FATOR (2)
FATOR (1)
FATOR (1)
71
Após a distribuição gráfica dos fatores de interesse, foi analisada
estatisticamente a capacidade de cada fator em distinguir os agrupamentos,
usando o modelo linear generalizado. Sob o fator 1 apenas F. simplex e
Fluviphylax sp. não foram diferenciadas, sobrepondo-se os intervalos de
confiança (figura 20A). Tendo como referência o fator 2, o clado F. zonatus
distinguiu-se em relação aos demais clados (figura 20B). Em comparação ao
fator 3, o clado F. pygmaeus distingue-se expressivamente em relação aos
demais (figura 20C). Todos os fatores apresentaram índice de significância de
P < 0,05 em distinguir os clados.
Figura 20: Quadrados mínimos (Least Squares Means). PCA dos fatores dos dados morfológicos
em relação aos clados formados pelas análises moleculares
Least Squares Means
o
b
s
c
u
r
u
m
p
a
l
i
k
u
r
p
y
g
m
a
e
u
s
s
i
m
p
l
e
x
s
p
.
n
o
v
.
z
o
n
a
t
u
s
CLADE
-4
-3
-2
-1
0
1
F
A
C
T
O
R
(
3
)
C
Least Squares Means
o
b
s
c
u
r
u
m
p
a
l
i
k
u
r
p
y
g
m
a
e
u
s
s
i
m
p
l
e
x
s
p
.
n
o
v
.
z
o
n
a
t
u
s
CLADE
-2
0
2
4
F
A
C
T
O
R
(
1
)
A
FATOR (1)
Least Squares Means
o
b
s
c
u
r
u
m
p
a
l
i
k
u
r
p
y
g
m
a
e
u
s
s
i
m
p
l
e
x
s
p
.
n
o
v
.
z
o
n
a
t
u
s
CLADE
-1
0
1
2
F
A
C
T
O
R
(
2
)
B
FATOR (2)
FATOR (3)
72
2.3.5 - Nota: morfologia externa da espécie F. palikur
Os espécimes de F. palikur apresentaram a porção anterior do corpo até
a base da nadadeira dorsal cilíndrica e a porção antero-posterior do corpo
bastante alongada. A porção dorso-ventral mostrou-se delgada. A nadadeira
anal mostrou-se pontiaguda com projeção do 10º e 11º raios. Assim como a
nadadeira anal, a nadadeira caudal apresentou duas projeções, sendo essas o
alongamento dos três primeiros e três últimos raios da nadadeira caudal (figura
21).
3 mm
3 mm
A
B
Figura 21: Desenho esquemático e foto da espécie F. palikur. A – desenho
esquemático feito por Costa & Le Bail (1999) a partir do holótipo, macho, 12,0
mm comprimento padrão (MZUSP 52941); B – fotografia do espécime de 16,5
mm de comprimento total da espécie
F. palikur, coletado próximo à cidade de
Calçoene, estado do Amapá (Foto: Eduardo R. Souza).
73
Em média, os F. palikur apresentaram comprimento padrão igual a 1,43
mm e comprimento total de 1,86 mm. Os espécimes das localidades
Tartarugalzinho e Amapá (10) apresentaram maior comprimento padrão, 1,54
mm e 1,78 mm respectivamente, em relação aos espécimes das demais
localidades. Os dados para os demais espécimes estão representados na
tabela 11.
Tabela 11: Medidas morfométricas da espécie F. palikur e localidade amostrada.
Nota: CP, comprimento padrão; CT, comprimento total; CC, comprimento da cabeça; e AC,
altura da cabeça. Os dados foram medidos com paquímetro com precisão de 0.01 mm. As
medidas estão representadas em centímetros.
Média
Localidade
Ind.
CP CT CC AC
Georeferenciamento
Ilha de Marajó - Selvaterra km23
20
1,46 1,86 0,40 0,25 00°46'53,72"S/48°32'15,30"W
Ilha de Marajó - Cach. do Arari (26)
16 1,34 1,76 0,34 0,21
01°00'46,50"S/48°57'13,14"W
Amapá - (04) km 486
23
1,48 1,86 0,41 0,26 01°47'10,38"N/50°52'37,20"W
Amapá - (05)
20
1,46 1,91 0,40 0,27 01°53'52,14"N/50°52'07,80"W
Rio Calçõene Amapá (06)
20
1,32 1,67 0,39 0,22 02°11'13,14"N/50°54'23,64"W
Amapá (10) sobre ponte
15
1,78 2,31 0,47 0,62 02°07'21,12"N/50°53'29,58"'W
Amapá (11)
10
1,22 1,62 0,33 0,21 01°54'33,66"N/50°52'08,22"W
Riacho Tartarugalzinho
14
1,54 2,00 0,43 0,26 01°28'17,22"N/50°53'50,04"W
Tartarugal Grande
10
1,27 1,71 0,34 0,21 01°23'52,38"N/50°55'28,74"W
Total
148
1,43 1,86 0,39 0,28
74
2.4 - Discussão
2.4.1 - Relação filogenética do gênero Fluviphylax
Interessantemente, os resultados moleculares suportam a existência de
uma nova espécie para o gênero Fluviphylax. A nova espécie foi relacionada à
espécie F. simplex, contudo, com baixo suporte de bootstrap. Fluviphylax sp.
possui uma distribuição no alto rio Negro até a bacia do rio Orinoco. Essa nova
espécie foi coletada nas redondezas da cidade de Santa Izabel do Rio Negro;
lago Maxí, situado entre Santa Izabel do Rio Negro e São Gabriel da
Cachoeira; no baixo rio Curicuari próximo à cidade de São Gabriel da
Cachoeira; e no rio Cinaruco, bacia do Orinoco, Venezuela. Os detalhes dos
locais de coleta e georeferenciamento estão expressos no apêndice A. Estudos
enfocando inventários faunísticos e composição de assembléias de peixes no
alto rio Negro e na bacia do Orinoco (e.g. Arrington & Winemiller, 2003;
Hoeinghaus et al., 2004; Lasso et al., 2005) têm relatado a presença de F.
obscurus, contudo, esses indivíduos não foram analisados por métodos
morfológicos nem moleculares. Costa (1996) somente analisou os espécimes
de F. obscurus próximas à cidade de Barcelos/AM, muito provavelmente os
indivíduos coletadas no alto rio Negro e bacia do Orinoco seja da nova espécie
Fluviphylax sp.. Em álcool, os indivíduos da espécie Fluviphylax sp.
apresentaram uma coloração alaranjada, enquanto F. obscurus são marrom
escuro.
O gênero Fluviphylax possui uma recente história taxonômica, e os
estudos enfocando suas espécies são escassos. A primeira e única filogenia
reconstruída para determinar a relação dentre as espécies de Fluviphylax foi
proposta por Costa (1996) (figura 22). Costa & Le Bail (1999) descreveram uma
nova espécie para o gênero, F. palikur, e propuseram que essa fosse grupo
irmão de todas as demais espécies do gênero. Costa (1996) sugere que F.
obscurus é grupo irmão do clado (F. zonatus, (F. simplex, F. pygmaeus)). O
único caráter que agrupa o clado (F. zonatus, (F. simplex, F. pygmaeus)) é o
processo dorsal do cleitro delgado e alongado.
A espécie F. zonatus foi definida como grupo irmão do clado F. simplex
e F. pygmaeus, sendo que esse grupo é suportado pela ausência da cartilagem
rostral e processo ventral do pós-temporal reduzido.
75
Figura 22: Hipótese de relações filogenéticas entre as espécies do gênero Fluviphylax. A,
reconstrução filogenética baseada em dados morfológicos proposta por Costa (1996) e Costa &
Le Bail (1999); B, filogenia baseada em seqüências do gene COI e região controle do DNA
mitocondrial, adaptadas a partir dos resultados propostos no presente trabalho.
Os resultados encontrados no presente trabalho corroboram com Costa
(1996) e Costa & Le Bail (1999), contudo, existem ressalvas quanto à relação
das espécies F. zonatus, F. simplex e F. pygmaeus (figura 22). Tanto sob os
critérios de MP quanto de MV para região controle, a espécie F. palikur
apresentou-se como grupo irmão de F. simplex e F. pygmaeus, com alto índice
de suporte de bootstrap. F. obscurus s.s. mostrou-se como grupo irmão do
clado (F. simplex, F. zonatus, F. pygmaeus, Fluviphylax sp.), sob os critérios de
MP para ambos marcadores moleculares, exceto para a espécie F. zonatus
que não foi relatada utilizando a região controle. As espécies Fluviphylax sp. e
F. simplex formaram um grupo, contudo, com baixo suporte sob os critérios de
MV para ambos marcadores. Desta forma, nesse trabalho não foi possível
determinar a relação filogenética entre as espécies F. simplex, F. zonatus, F.
pygmaeus, Fluviphylax sp.. Provavelmente, esses clados divergiram-se em um
curto espaço de tempo entre si. Todas as espécies de Fluviphylax foram
monofiléticas.
Pelos resultados de distância-p par-a-par foi observado pouca variação
intra-específica nos clados gerados nas análises filogenéticas (tabela 7). O
valor de distância-p intra-específico variou de 0,01 a 0,03. Os maiores valores
de distância-p intra-específicos (0,03) foram encontrados para os clados
A
B
F.
obscu
r
us
76
Fluviphylax sp. e F. pygmaeus a partir das seqüências da região controle. A
distância-p inter-específica entre os clados Fluviphylax sp. e F. obscurus foram
de 0,14 e 0,22, respectivamente, para o gene COI e região controle. Esses
dados corroboram com a proposta da nova espécie Fluviphylax sp., pois essas
espécies são separadas geneticamente (tabela 7).
A espécie F. palikur apresentou altos valores de distância-p inter-
específico em comparação às demais espécies, isso sugere que F. palikur
apresenta grande diferença genética, confirmando o relacionamento
filogenético encontrado para a espécie.
2.4.2 – Análises de agrupamento populacional (PAA)
No presente trabalho adotou-se o conceito filogenético de espécie
formulado por Rosen (1978; 1979). O autor define o conceito filogenético de
espécie como “um grupo de indivíduos restrito geograficamente com alguns
caracteres apomórficos únicos representa uma unidade evolutiva significante”.
A partir dessa definição Rosen (1978;1979) argumenta que toda população ou
grupos de populações distinguidas por algumas apomorfias definidas são
potencialmente informativos, se eles diferem de outras populações
qualitativamente ou apenas quantitativamente. Desta forma, uma espécie é
uma população ou grupo de populações definidas por um ou mais fatores
apomórficos.
Seguindo a metodologia proposta por Davis & Nixon (1992) para
análises de agrupamento populacional (PAA), os sítios variáveis parcimoniosos
do gene COI e região controle foram analisados como estados de caracteres
apomórficos para delimitar as espécies, conforme definido por Rosen (1978;
1979). A partir dessa metodologia foram evidenciadas seis espécies para o
gênero Fluviphylax: Fluviphylax sp., F. obscurus s.s., F. zonatus, F. simplex, F.
palikur e F. pygmaeus.
Costa (1996) e Costa & Le Bail (1999) descreveram quatro espécies de
Fluviphylax (F. obscurus s.s., F. zonatus, F. simplex e F. palikur) e revisaram a
espécie F. pygmaeus, baseando-se em caracteres morfológicos e merísticos
adotando o conceito filogenético de espécie definido por Rosen (1978; 1979).
77
A partir dos caracteres apomórficos moleculares foi possível diferenciar as
cinco espécies de Fluviphylax já descritas e evidenciar uma nova espécie para
o gênero. Essa nova espécie (Fluviphylax sp.) foi diagnosticada por seis e
cinco caracteres apomórficos únicos para o gene COI e região controle,
respectivamente.
2.4.3 - Distinção morfométrica e morfológica
Nas análises dos caracteres morfométricos somente foram distinguidas
as espécies F. obscurus e F. zonatus. Para as demais espécies, os estados de
caracteres diagnosticados não apresentaram diferenças nítidas e houve uma
sobreposição das variáveis, quando visualizados em Análise de Componentes
Principais (PCA). Esses caracteres não são apropriados para a distinção de
todas as espécies de Fluviphylax.
Os indivíduos da espécie F. zonatus, coletados na cidade de Manaus
(rio Tarumã), apresentaram as medidas morfométricas superiores às medidas
das demais espécies. Surpreendentemente, todos os espécimes apresentaram
comprimento total superior a 17,0 mm, houve casos de indivíduos com
comprimento total de 24,0 mm e comprimento padrão de 18,5 mm. Os
espécimes estudados por Costa (1996) apresentaram comprimento padrão
variando de 9,0-15,9 mm.
Pelas análises dos dados morfológicos foi possível discernir dois
agrupamentos, um formado pela F. pygmaeus e o outro pela espécie F. palikur.
Os caracteres mancha preta na nadadeira dorsal (MPD) e origem da nadadeira
dorsal próximo à base vertical do penúltimo raio da nadadeira anal (OND)
foram os caracteres (variáveis) preponderantes na influência do fator 1. O
número de raios na nadadeira dorsal (RND) e barras no corpo (PBC)
apresentaram maior influência sobre o fator 2 e apenas o caráter nadadeira
pélvica curta (NPC) apresentou forte influência sobre o fator 3.
Apenas a espécie F. palikur apresentou os caracteres MPD e OND, que
foram preponderantes sobre o fator 1. Devido a tal fato, este clado mostrou-se
distinto, quando plotados os fatores 1-2 e 1-3 nos eixos cartesianos. Quando os
78
fatores 2-3 foram plotados, esse clado foi sobreposto aos demais, por não
apresentar os caracteres com maior influência sobre os fatores 2 e 3.
O clado F. pygmaeus foi distinguido em todas as plotagens entre os
fatores 1, 2 e 3 nos eixos cartesianos. F. pygmaeus não apresenta o caráter
nadadeira pélvica curta (NPC), desta forma, foi possível distingui-la das demais
espécies.
Quando verificado a influência de cada fator sobre os clados, as
espécies F. palikur e F. zonatus foram distinguidas, pois foram as espécies que
apresentaram as características preponderantes nos fatores 1, 2. Já espécie F.
pygmaeus foi distinguida pelo fator 3 devido ser a única que não apresenta o
caráter que predomina sobre o fator 3.
Nas análises de PCA dos caracteres morfométricos e morfológicos não
foi possível diferenciar entre F. simplex e Fluviphylax sp. Todas as demais
espécies foram diferenciadas e diagnosticadas. Apesar de F. simplex e
Fluviphylax sp. não terem sido diferenciadas pelos caracteres morfológicos e
morfométricos, cada espécie foi diferenciada e diagnosticada pelos caracteres
moleculares. O mesmo foi evidenciado para as demais espécies utilizando a
análise de agrupamento populacional (PAA).
2.4.4 - Morfologia externa de F. palikur
O holótipo da espécie F. palikur, proveniente do rio Taparabu, tributário
do rio Oiapoque/AP, descrita por Costa & Le Bail (1999) não apresenta as
projeções da nadadeira caudal e anal como os espécimes de F. palikur
coletados no estado do Amapá e Ilha de Marajó. Tanto o holótipo quanto os
espécimes provenientes do Amapá e Ilha de Marajó tratam-se de indivíduos da
espécie F. palikur. Provavelmente, o holótipo e os demais espécimes descritos
por Costa & Le Bail (1999) sejam indivíduos pequenos que não completaram o
desenvolvimento sexual (figura 21).
79
2.5 - Considerações finais
A hipótese filogenética entre as espécies F. simplex, Fluviphylax sp., F.
zonatus e F. pygmaeus é duvidosa, pois provavelmente esses clados
divergiram-se em um curto espaço de tempo por eventos de colonização ou
radiação. A espécie F. palikur, distribuída nas drenagens do Atlântico e foz do
rio Amazonas, mostrou-se como grupo irmão de todas as demais espécies de
Fluviphylax. Essa espécie apresentou alta diferenciação genética em
comparação com as demais espécies.
Os dados genéticos evidenciaram a existência de uma nova espécie
para o gênero Fluviphylax. Essa espécie distribui-se no alto rio Negro, com
ocorrência no lago Cinaruco, bacia do Orinoco, Venezuela. Sugerimos que
análises osteológicas sejam realizadas, a fim de descrever essa nova espécie
e complementar as informações disponíveis.
A partir dos caracteres morfológicos e merísticos foi possível diferenciar
e diagnosticar apenas F. palikur, F. zonatus, F. obscurus s.s. e F. pygmaeus,
contudo, Fluviphylax sp. e F. simplex não foram diferenciadas entre si. Em
contrapartida, utilizando os sítios informativos parcimoniosos como apomórficos
únicos e seguindo a metodologia de análise de agrupamento populacional
(PAA) foi possível diagnosticar e diferenciar Fluviphylax sp. e F. simplex, assim
como as demais espécies.
A espécie F. simplex apresenta uma imensa área de distribuição, desde
o rio Solimões próximo à reserva Amanã até o rio Trombetas e proximidades
da cidade de Santarém, totalizando uma distância de 1400 km seguindo o
curso do rio. Nas análises filogenéticas essa espécie formou um grupo
monofilético e com baixa divergência genética intra-específica. Isso se deve ao
fato da espécie habitar áreas que estão sob influência do sistema de inundação
(várzea), o que permite a interconexão entre a área de ocorrência dessa
espécie.
A história taxonômica do gênero Fluviphylax é extremamente recente e
até o presente momento nenhum trabalho envolvendo análise genética foi
realizado. O presente trabalho buscou aumentar o conhecimento sobre a
diversidade e evolução da fascinante fauna de peixes de água doce,
principalmente sobre os Fluviphylax.
80
2.6 - Referências bibliográficas
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91
2.7 - Apêndice
Apêndice A – Localidades amostradas e georeferenciamento.
Espécie Local de coleta Sigla Coordenada sul
F. simplex Igarapé do Kalafate - Amanã Solimões KALA 02°39'37.2"S/64°35'39.0"W
F. simplex Igarapé Samauma - Amanã Solimões SAM 02°35'58.3"S/64°37'32.8"W
F. simplex Lago Uauaçu – rio Purus LUA 04°25'50.0"S/62°16'60.0"W
F. simplex Lago Ayapuá 1 e 2 – rio Purus LAA 04°27'45.2"S/62°12'08.0"W
F. simplex Lago do Breu – rio Purus BREU 04°08'58.0”S/62°20'02.6"W
F. simplex Lago do Bacuri – rio Purus BACU 04°22'03.7"S/62°08'24.9"W
F. simplex Lago Janauacará 1 e 2 – rio Amazonas JNC 03°28'43.0"S/60°17'06.0"W
F. simplex Lago Mussurá - Trombetas MUSSU 01°26'11.9"S/56°26'21.9"W
F. simplex Trombetas TROM 01°28'09.8"S/56°23'58.8"W
F. simplex Santarém STR 02°26'12.6"S/54°55'24.4"W
Fluviphylax sp Venezuela - Laguna Larga -Rio Cinaruco VEN 06°33'17.9"N/67°25'7.6"W
Fluviphylax sp Baixo Rio Curicuari CURI 00°13'24.3"S/66°48'10.6"W
Fluviphylax sp Lago Maxí - Rio Marié MAXI 00º26'41.1"S/66°25’42.8"W
Fluviphylax sp
Santa Izabel do Rio Negro
Margem da Cidade
MGC
00°24'59.0"S/65°01'00.2"W
F. obscurus Santa Izabel do Rio Negro - Lago Tapa TAPA 00°31'09.3"S/64°49'54.1"W
F. obscurus Santa Izabel do Rio Negro - rio Jurubaxi RJX 00°31'09.1"S/64°49'54.6"W
F. obscurus Igarapé Iaha IAHA 00°24’58.7"S/64°36’24.0"W
F. obscurus Lago Araçá – rio Negro, Barcelos ARACA 00°32’02.3"S/62°55’44.40"W
F. obscurus Igarapé Xeriuini - Rio Branco RCB 01°14'27.9"S/61°43'21.0"W
F. zonatus Manaus – igarapé Tarumã, rio Negro MAO 00°58'01.9"S/62°55'50.5"W
F. zonatus Rio Preto da Eva EVA 02°57'09.3"S/59°29'57.1"W
F. pygmaeus Repressa da estrada Borba/Mapiá RBM 04°27'12.5"S/59°35'17.6"W
F. pygmaeus Lago do Jatuarana - Rio Madeira JATU 04°24'06.6"S/59°32'40.2"W
F. pygmaeus Rio Piaui - Rio Madeira RPI 04°17'51.7"S/59°44'21.0"W
F. palikur Ilha de Marajó - Selvaterra km23 SALV 00°46'53.7"S/48°32'15.3"W
F. palikur Igarapé Copudas - Cachoeira do Arari (26) MARAJO_26 01°00'46.5"S/48°57'13.1"W
F. palikur Amapá - (04) km 486 AMAPA_04 01°47'10.3"N/50°52'37.2"W
F. palikur Amapá - (05) AMAPA_05 01°53'52.1"N/50°52'07.8"W
F. palikur Rio Calçõene Amapá (06) CALC 02°11'13.1"N/50°54'23.6"W
F. palikur Amapá (10) sobre ponte AMAPA_10 02°07'21.1"N/50°53'29.5"W
F. palikur Amapá (11) AMAPA_11 01°54'33.6"N/50°52'08.2"W
F. palikur Riacho Tartarugalzinho TZ 01°28'17.2"N/50°53'50.0"W
F. palikur Tartarugal Grande TG 01°23'52.3"N/50°55'28.7"W
92
Apêndice B – Caracteres apomórficos das espécies de Fluviphylax baseados em seqüências do gene COI.
Seqüências do gene COI
Tipo de dados: Nucleotídeos
Número de seqüências=125
Número de sítios informativos para parcimônia=153
Identicação=. Missing=? Indel=-;
Domínio=Dados;
[ 111111111 1111111111 1111111112 2222222222 2222222222 ]
[ 1111222 2334445556 6667778899 9011222233 4445556667 7778889990 1112223333 4445566666 ]
[ 2581247036 9281473690 2581473625 8436035847 3692581470 3692581473 2581470369 5681403679 ]
#curi2_{Fluviphylax sp} ATTTCTTTCG CTCACTCCCG TTGAACACCA TATTCCACTT CTCGTTTAGC TTCATCTACA TCCCAGAATT ATACACGAGT
#curi4_{Fluviphylax sp} .......... .......... .......... .......... .......... .......... .......... ..........
#curi1_{Fluviphylax sp} .......... .......... .......... .......... .......... .......... .......... ..........
#curi3_{Fluviphylax sp} .......... .......... .......... .......... .......... .......... .......... ..........
#curi5_{Fluviphylax sp} .......... .......... .......... .......... .......... .......... .......... ..........
#maxi1_{Fluviphylax sp} .......... .......... .......... .......... .......... .......... .......... ..........
#maxi2_{Fluviphylax sp} .......... .......... .......... .......... .......... .......... .......... ......A...
#maxi3_{Fluviphylax sp} .......... .......... .......... .......... .......... .......... .......... ..........
#maxi4_{Fluviphylax sp} .......... .......... .......... .......... .......... .......... .......... ..........
#maxi5_{Fluviphylax sp} .......... .......... .......... .......... .......... .......... .......... ......A...
#mgc1_{Fluviphylax sp.1} .......... .......... .......... .......... .......... .......... .......... ...T......
#mgc2_{Fluviphylax sp.1} .......... .......... .......... .......... .......... .......... .......... ...T......
#mgc3_{Fluviphylax sp.1} .......... .......... .......... .......... .......... .......... .......... ...T......
#mgc4_{Fluviphylax sp.1} .......... .......... .......... .......... .......... .......... .......... ..........
#mgc5_{Fluviphylax sp.1} .......... .......... .......... .......... .......... .......... .......... ...T......
#ven1_{Fluviphylax sp.1} G.......T. .C....T... .......... .......... T......TA. .......... C.T.G..... .....T....
#ven2_{Fluviphylax sp.1} G.......T. .C....T... .......... .......... T......TA. .......... ..T.G..... .....T....
#ven3_{Fluviphylax sp.1} G.......T. .C....T... .......... .......... T......TA. .......... C.T.G..... .....T....
#breu1_{F. simplex} .AC.....T. TATGT..TTT ..A....T.. .T..T....C .C..CA..AT GC....C.G. .....A..CC .C.TGTCC..
#breu2_{F. simplex} .AC.....T. TATGT..TTT ..A....T.. .T..T....C .C..CA..AT GC....C.G. .....A..CC .C.TGTCC..
#breu3_{F. simplex} .AC.....T. TATGT..TTT ..A....T.. .T..T....C .C..CA..AT GC....C.G. .....A..CC .C.TGTCC..
#breu4_{F. simplex} .AC.....T. TATGT..TTT ..A....T.. .T..T....C .C..CA..AT GC....C.G. .....A..CC .C.TGTCC..
#breu5_{F. simplex} .AC.....T. TATGT..TTT ..A....T.. .T..T....C .C..CA..AT GC....C.G. .....A..CC .C.TGTCC..
#bacu1_{F. simplex} .AC.....TA TATGT..TTT ..A.G..T.. .T..T....C .C..CA..AT GC......A. .....A..CC .C.TGTCC..
#bacu2_{F. simplex} .AC.....TA TATGT..TTT ..A.G..T.. .T..T....C .C..CA..AT GC......A. .....A..CC .C.TGTCC..
93
#bacu3_{F. simplex} .AC...C.TA TATGT..TTT ..A.G..T.. .T..T....C .C..CA..AT GC......A. .....A..CC .C.TGTCC..
#bacu4_{F. simplex} .AC.....TA TATGT..TTT ..A.G..T.. .T..T....C .C..CA..AT GC......A. .....A..CC .C.TGTCC..
#bacu5_{F. simplex} .AC...C.TA TATGT..TTT ..A.G..... .T..T....C .C..CA..AT GC......A. .....A..CC .C.TGTCC..
#kala1_{F. simplex} .AC.....TA TATGT..TTT ..A.G..T.. .T..T....C .C..CA..AT GC......G. .....A..CC .C.TGTCC..
#kala2_{F. simplex} .AC.....TA TATGT..TTT ..A.G..T.. .T..T....C .C..CA..AT GC......GG .....A..CC .C.TGTCC..
#kala3_{F. simplex} .AC.....TA TATGT..TTT ..A.G..T.. .T..T....C .C..CA..AT GC......GG .....A..CC .C.TGTCC..
#kala4_{F. simplex} .AC.....TA TATGT..TTT ..A.G..T.. .T..T....C .C..CA..AT GC......GG .....A..CC .C.TGTCC..
#kala5_{F. simplex} .AC.....TA TATGT..TTT ..A.G..T.. .T..T....C .C..CA..AT GC......GG .....A..CC .C.TGTCC..
#laa21_{F. simplex} .AC.....TA TATGT..TTT ..A.G..T.. .T..T....C .C..CA..AT GC......A. .....A..CC .C.TGTCC..
#laa22_{F. simplex} .AC.....TA TATGT..TTT ..A.G..T.. .T..T....C .C..CA..AT GC......A. .....A..CC .C.TGTCC..
#laa23_{F. simplex} .AC.....TA TATGT..TTT ..A.G..T.. .T..T....C .C..CA..AT GC......A. .....A..CC .C.TGTCC..
#laa24_{F. simplex} .AC...C.TA TATGT..TTT ..A.G..T.. .T..T....C .C..CA..AT GC......A. .....A..CC .C.TGTCC..
#laa25_{F. simplex} .AC.....TA TATGT..TTT ..A.G..T.. .T..T....C .C..CA..AT GC......A. .....A..CC .C.TGTCC..
#laa26_{F. simplex} .AC.....TA TATGT..TTT ..A.G..T.. .T..T....C .C..CA..AT GC......A. .....A..CC .C.TGTCC..
#laa27_{F. simplex} .AC.....TA TATGT..TTT ..A.G..T.. .T..T....C .C..CA..AT GC......A. .....A..CC .C.TGTCC..
#laa28_{F. simplex} .AC...C.TA TATGT..TTT ..A.G..T.. .T..T....C .C..CA..AT GC......A. .....A..CC .C.TGTCC..
#laa29_{F. simplex} .AC.....TA TATGT..TTT ..A.G..T.. .T..T....C .C..CA..AT GC......A. .....A..CC .C.TGTCC..
#laa210_{F. simplex} .AC...C.TA TATGT..TTT ..A.G..T.. .T..T....C .C..CA..AT GC......A. .....A..CC .C.TGTCC..
#laa211_{F. simplex} .AC.....TA TATGT..TTT ..A.G..T.. .T..T....C .C..CA..AT GC......A. .....A..CC .C.TGTCC..
#laa212_{F. simplex} .AC...C.TA TATGT..TTT ..A.G..T.. .T..T....C .C..CA..AT GC......A. .....A..CC .C.TGTCC..
#laa11_{F. simplex} .AC.....TA TATGT..TTT ..A.G..T.. .T..T....C .C..CA..AT GC......A. .....A..CC .C.TGTCC..
#laa12_{F. simplex} .AC.....TA TATGT..TTT ..A.G..T.. .T..T....C .C..CA..AT GC......A. .....A..CC .C.TGTCC..
#laa13_{F. simplex} .AC.....TA TATGT..TTT ..A.G..T.. .T..T....C .C..CA..AT GC......A. .....A..CC .C.TGTCC..
#laa14_{F. simplex} .AC.....TA TATGT..TTT ..A.G..T.. .T..T....C .C..CA..AT GC......A. .....A..CC .C.TGTCC..
#jnci1_{F. simplex} .AC.....TA TATGT..TTT ..A.G..T.. .T..T....C .C..CA..AT GC......A. .....A..CC .C.TGTCC..
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#jnci2_{F. simplex} .AC.....TA TATGT..TTT ..A.G..T.. .T..T....C .C..CA..AT GC......A. .....A..CC .C.TGTCC..
#jnci4_{F. simplex} .AC.....TA TATGT..TTT ..A.G..T.. .T..T....C .C..CA..AT GC......A. .....A..CC .C.TGTCC..
#jnci5_{F. simplex} .AC.....TA TATGT..TTT ..A.G..T.. .T..T....C .C..CA..AT GC......A. .....A..CC .C.TGTCC..
#jnci6_{F. simplex} .AC.....TA TATGT..TTT ..A.G..T.. .T..T....C .C..CA..AT GC......A. .....A..CC .C.TGTCC..
#jncii1_{F. simplex} .AC.....TA TATGT..TTT ..A.G..T.. .T..T....C .C..CA..AT GC......A. .....A..CC .C.TGTCC..
#jncii2_{F. simplex} .AC.....TA TATGT..TTT ..A.G..T.. .T..T....C .C..CA..AT GC......A. .....A..CC .C.TGTCC..
#jncii3_{F. simplex} .AC.....TA TATGT..TTT ..A.G..T.. .T..T....C .C..CA..AT GC......A. .....A..CC .C.TGTCC..
#jncii4_{F. simplex
} .AC.....TA TATGT..TTT ..A.G..T.. .T..T....C .C..CA..AT GC......A. .....A..CC .C.TGTCC..
#jncii_5_{F. simplex} .AC.....TA TATGT..TTT ..A.G..T.. .T..T....C .C..CA..AT GC......A. .....A..CC .C.TGTCC..
#jncii6_{F. simplex} .AC.....TA TATGT..TTT ..A.G..T.. .T..T....C .C..CA..AT GC......A. .....A..CC .C.TGTCC..
#lua2_{F. simplex} .AC.....TA TATGT..TTT ..A.G..T.. .T..T....C .C..CA..AT GC......G. .....A..CC .C.TGTCC..
#lua4_{F. simplex} .AC.....TA TATGT..TTT ..A.G..T.. .T..T....C .C..CA..AT GC......A. .....A..CC .C.TGTCC..
#lua1_{F. simplex} .AC.....TA TATGT..TTT ..A.G..T.. .T..T....C .C..CA..AT GC......A. .....A..CC .C.TGTCC.A
#lua3_{F. simplex} .AC.....TA TATGT..TTT ..A.G..T.. .T..T....C .C..CA..AT GC......G. .....A..CC .C.TGTCC..
94
#str1_{F. simplex} .AC.....TA TATGT..TTT ..A.G..T.. .T..T....C .C..CA..AT GC......A. .....A..CC .C.TGTCC.A
#str3_{F. simplex} .AC.....TA TATGT..TTT ..A.G..T.. .T..T....C .C..CA..AT GC......A. .....A..CC .C.TGTCC..
#str2_{F. simplex} .AC.....TA TATGT..TTT ..A.G..T.. .T..T....C .C..CA..AT GC......A. .....A..CC .C.TGTCC.A
#str4_{F. simplex} .AC.....TA TATGT..TTT ..A.G..T.. .T..T....C .C..CA..AT GC......A. .....A..CC .C.TGTCC.A
#str5_{F. simplex} .AC.....TA TATGT..TTT ..A.G..T.. .T..T....C .C..CA..AT GC......A. .....A..CC .C.TGTCC.A
#sam1_{F. simplex} .AC.....TA TATGT..TTT ..A.G..T.. .T..T....C .C..CA..AT GC......GG .....A..CC .C.TGTCC..
#sam2_{F. simplex} .AC.....TA TATGT..TTT ..A.G..T.. .T..T....C .C..CA..AT GC......GG .....A..CC .C.TGTCC..
#sam3_{F. simplex} .AC.....TA TATGT..TTT ..A.G..T.. .T..T....C .C..CA..AT GC......GG .....A..CC .C.TGTCC..
#sam4_{F. simplex} .AC.....TA TATGT..TTT ..A.G..T.. .T..T....C .C..CA..AT GC......GG .....A..CC .C.TGTCC..
#sam5_{F. simplex} .AC.....TA TATGT..TTT ..A.G..T.. .T..T....C .C..CA..AT GC......GG .....A..CC .C.TGTCC..
#mussu1_{F. simplex} .ACC....TA TGT.T..TTT ..A.G..T.. .T..T....C .C.ACA..AT GC......G. .....A..CC .C.TGTCC..
#mussu2_{F. simplex} .ACC....TA TGT.T..TTT ..A.G..T.. .T..T....C .C.ACA..AT GC......G. .....A..CC .C.TGTCC..
#mussu3_{F. simplex} .ACC....TA TGT.T..TTT ..A.G..T.. .T..T....C .C.ACA..AT GC......G. .....A..CC .C.TGTCC..
#ara1_{F. obscurus s.s.} .A..TA..G. TAT.T..TTT .GA..A.TAG G...TTGA.. AC.A.AGCA. G.T..T.TT. .T..GAT.C. .C...TAG.C
#ara2_{F. obscurus s.s.} .A..TA..G. TAT.T..TTT .GA..A.TAG G...TTGA.. AC.A.AGCA. G.T..T.TT. .T..GAT.C. .C...TAG.C
#ara3_{F. obscurus s.s.} .A..TA..G. TAT.T..TTT .GA..A.TAG G...TTGA.. AC.A.AGCA. G.T..T.TT. .T..GAT.C. .C...TAG.C
#ara5_{F. obscurus s.s.} .A..TA..G. TAT.T..TTT .GA..A.TAG G...TTGA.. AC.A.AGCA. G.T..T.TT. .T..GAT.C. .C...TAG.C
#rcb2_{F. obscurus s.s.} .A..TA..A. TAT.T..TTT .GA..A.TAG A...TTGA.. AC.A.AGCA. G.T..T.TT. .T..GAT.C. .C...TAG.C
#rcb3_{F. obscurus s.s.} .A..TA..A. TAT.T..TTT .GA..A.TAG A...TTGA.. AC.A.AGCA. G.T..T.TT. .T..GAT.C. .C...TAG.C
#rcb4_{F. obscurus s.s.} .A..TA..A. TAT.T..TTT .GA..A.TAG A...TTGA.. AC.A.AGCA. G.T..T.TT. .T..GAT.C. .C...TAG.C
#rcb5_{F. obscurus s.s.} .A..TA..A. TAT.T..TTT .GA..A.TAG A...TTGA.. AC.A.AGCA. G.T..T.TT. .T..GAT.C. .C...TAG.C
#tapa1_{F. obscurus s.s.}GA..TA..G. TAT.T...TT .GA..A.TA. A...TTGG.. AC.A.AGCA. A.T..T.TT. .T..GAT.C. GC...TAG.C
#tapa2_{F. obscurus s.s.}GA..TA..G. TAT.T...TT .GA..A.TA. A...TTGG.. AC.A.AGCA. A.T..T.TT. .T..GAT.C. GC...TAG.C
#tapa3_{F. obscurus s.s.}GA..TA..G. TAT.T...TT .GA..A.TA. A...TTGG.. AC.A.AGCA. A.T..T.TT. .T..GAT.C. GC...TAG.C
#tapa4_{F. obscurus s.s.}GA..TA..G. TAT.T...TT .GA..A.TA. A...TTGG.. AC.A.AGCA. A.T..T.TT. .T..GAT.C. GC...TAG.C
#tapa6_{F. obscurus s.s.}GA..TA..G. TAT.T...TT .GA..A.TA. A...TTGG.. AC.A.AGCA. A.T..T.TT. .T..GAT.C. GC...TAG.C
#iaha1_{F. obscurus s.s.}GA..TA..G. TAT.T...TT .GA..A.TA. A...TTGG.. AC.A.AGCA. A.T..T.TT. .T..GAT.C. GC...T.G.C
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#iaha4_{F. obscurus s.s.}GA..TA..G. TAT.T...TT .GA..A.TA. A...TTGG.. AC.A.AGCA. A.T..T.TT. .T..GAT.C. GC...TAG.C
#iaha5_{F. obscurus s.s.}GA..TA..G. TAT.T...TT .GA..A.TA. A...TTGG.. AC.A.AGCA. A.T..T.TT. .T..GAT.C. GC...T.G.C
#rjx2_{F. obscurus s.s.} GA..TA..G. TAT.T...TT .GA..A.TA. A...TTGG.. AC.A.AGCA. A.T..T.TT. .T..GAT.C. GC...TAG.C
#rjx3_{F. obscurus s.s.} GA..TA..G. TAT.T...TT .GA..A.TA. A...TTGG.. AC.A.AGCA. A.T..T.TT. .T..GAT.C. GC...TAG.C
#rjx4_{F. obscurus s.s.
} GA..TA..G. TAT.T...TT .GA..A.TA. A...TTGG.. AC.A.AGCA. A.T..T.TT. .T..GAT.C. GC...TAG.C
#rjx5_{F. obscurus s.s.} GA..TA..G. TAT.T...TT .GA..A.TA. A...TTGG.. AC.A.AGCA. A.T..T.TT. .T..GAT.C. GC...TAG.C
#mao1_{F. zonatus} .CC....G.A TG...C...T A.AG.GG.A. A..C.T...C GC.A.AC... ....CT.... .T....T.C. ..G.CT.CA.
#mao2_{F. zonatus} .CC....G.A TG...C...T A.AG.GG.A. A..C.T...C GC.A.AC... ....CT.... .T...AT.C. ..G.CT.CA.
#mao3_{F. zonatus} .CC....G.A TG...C...T A.AG.GG.A. A..C.T...C GC.A.AC... ....CT.... .T....T.C. ..G.CT.CA.
#mao4_{F. zonatus} .CC....G.A TG...C...T A.AG.GG.A. A..C.T...C GC.A.AC... ....CT.... .T....T.C. ..G.CT.CA.
#mao5_{F. zonatus} .CC....G.A TA...C...T A.AG.GG.A. A....T...C AC.A.AC... ....CT.... .T....TGC. ...TCT.CA.
95
#eva1_{F. zonatus} .CC....G.A TA...C...T A.AG.GG.A. A..C.T..CC AC.A.AC... ....CT.... .T....TGC. ...TCT.CA.
#eva2_{F. zonatus} .CC....G.A TA...C...T A.AG.GT.A. A..C.T...C AC.A.AC... ....CT.... .T....TGC. ...TCT.CA.
#eva3_{F. zonatus} .CC....G.A TA...C...T A.AG.GT.A. A..C.T...C AC.A.AC... ....CT.... .T....TGC. ...TCT.CA.
#eva4_{F. zonatus} .CC....G.A TA...C...T A.AG.GG.A. A..C.T..CC AC.A.AC... ....CT.... .T....TGC. ...TCT.CA.
#eva5_{F. zonatus} .CC....G.A TG...C...T A.AG.GG.A. A..C.T...C GC.A.AC... ....CT.... .T....T.C. ..G.CT.CA.
#rbm1_{F. pygmaeus} .C.CTA..TA TATC.....T G.A..TG.A. ..C.T....C AC.A.A..AT A.A.A...A. ..T..A.... GC..GTCTAC
#rbm2_{F. pygmaeus} .C...A..T. TATTT....T GCA..TG.A. ....T....C ACTA.A..A. A.AGA...T. ...T.A..C. .C..GTCCAC
#rbm4_{F. pygmaeus} .C...A..TA TATTT....T GCA..TG.A. ....T....C AC.A.A..A. A.AGA...T. ...T.A..C. .C..GTCTAC
#rbm3_{F. pygmaeus} .C...A..TA TATTT....T GCA..TG.A. ....T....C AC.A.A..A. A.AGA...T. ...T.A..C. .C..GTCTAC
#rbm5_{F. pygmaeus} .C...A..TA TATTT....T GCA..TG.A. ....T....C AC.A.A..A. A.AGA...T. ...T.A..C. .C..GTCTAC
#rpi1_{F. pygmaeus} .C.CTA..TA TATC.....T G.A..TG.A. ..C.T....C AC.A.A..AT A.A.A...A. .....A.... GC..GTCTAC
#rpi2_{F. pygmaeus} .C...A..T. TATTT....T GCA..TG.A. ....T....C ACTA.A..A. A.AGA...T. ...T.A..C. .C..GTCCAC
#rpi6_{F. pygmaeus} .C...A..T. TATTT....T GCA..TG.A. ....T....C ACTA.A..A. A.AGA...T. ...T.A..C. .C..GTCCAC
#rpi3_{F. pygmaeus} .C.CTA..TA TATC.....T G.A..TG.A. ..C.T....C AC.A.A..AT A.A.A...A. .....A.... GC..GTCTAC
#rpi5_{F. pygmaeus} .C...A..T. TATTT....T GCA..TG.A. ....T....C ACTA.A..A. A.AGA...T. ...T.A..C. .C..GTCCAC
#jatu1_{F. pygmaeus} .C...A..TA TATTT....T GCA..TG.A. ....T....C AC.A.A..A. A.AGA...T. ...T.A..C. .C..GTCCAC
#jatu2_{F. pygmaeus} .C...A..TA TATTT....T GCA..TG.A. ....T....C AC.A.A..A. A.AGA...T. ...T.A..C. .C..GTCTAC
#jatu3_{F. pygmaeus} .C...A..TA TATTT....T GCA..TG.A. ....T....C AC.A.A..A. A.AGA...T. ...T.A..C. .C..GTCTAC
#jatu4_{F. pygmaeus} .C...A..TA TATTT....T GCA..TG.A. ....T....C AC.A.A..A. A.AGA...T. ...T.A..C. .C..GTCCAC
#jatu5_{F. pygmaeus} .C...A..T. TATTT....T GCA..TG.A. ...CT..T.C ACTA.A..A. A.AGA...T. ...T.A..C. .C..GTCCAC
[ 2222222233 3333333333 3333333333 3333333333 3344444444 4444444444 4444444444 445]
[ 7788999900 0111222233 3444445566 6677788889 9900011122 3334444566 6777788888 990]
[ 2547036902 5147036923 8145783623 5845703692 5814736958 1470349814 7016925678 470]
#curi2_{Fluviphylax sp} CACCTAACCG CTCGTAGGCC CATATCACCC GCCCACCACT AATTCCCTAA CCTCCAATTA CCCCTTTACT CCT
#curi4_{Fluviphylax sp} .......... .......... .......... .......... .......... .......... .......... ...
#curi1_{Fluviphylax sp} .......... .......... .......... .......... .......... .......... .......... ...
#curi3_{Fluviphylax sp} .......... .......... .......... .......... .......... .......... .......... ...
#curi5_{Fluviphylax sp} .......... .......... .......... .......... .......... .......... .......... ...
#maxi1_{Fluviphylax sp} .......... .......... ..C....... .......... .........G ......G... .......... ...
#maxi2_{Fluviphylax sp} .......... .......... ..C....... .......... .......... ......G... .......... ...
#maxi3_{Fluviphylax sp} .......... .......... ..C....... .......... .......... ......G... .......... ...
#maxi4_{Fluviphylax sp} .......... .......... ..C....... .......... .........G ......G... .......... ...
#maxi5_{Fluviphylax sp} .......... .......... ..C....... .......... .......... ......G... .......... ...
#mgc1_{Fluviphylax sp} .........A .......... TGC....... .......... .......... .......... .....C.... ...
#mgc2_{Fluviphylax sp} .......... .......... T.C....... .......... .......... .......... .....C.... ...
#mgc3_{Fluviphylax sp} .......... .......... T.C....... .......... .......... .......... .....C.... ...
#mgc4_{Fluviphylax sp} .........A ........T. TGC....... .......... .......... .......... .....C.... ...
#mgc5_{Fluviphylax sp} .........A .......... TGC....... .......... .......... .......... .....C.... ...
#ven1_{Fluviphylax sp} .......... T.....AA.. .CC....... ....G..... ........GG ........C. ....CC.... ...
96
#ven2_{Fluviphylax sp} .......... T.....AA.. .CC....... ....G..... ........GG ........C. ....CC.... ...
#ven3_{Fluviphylax sp} .......... T.....AA.. .CC....... ....G..... ........GG ........C. ....CC.... ...
#breu1_{F. simplex} ...T..G.T. .CTA.GCA.. .TCGC..... ..T.GT.C.. ...CT...GG .A.T...AC. ..T.CCC... .T.
#breu2_{F. simplex} ...T..G.T. .CTA.GCA.. .TCGC..... ..T.GT.C.. ...CT...GG .A.T...AC. ..T.CCC... .T.
#breu3_{F. simplex} ...T..G.T. .CTA.GCA.. .TCGC..... ..T.GT.C.. ...CT...GG .A.T...AC. ..T.CCC... .T.
#breu4_{F. simplex} ...T..G.T. .CTA.GCA.. .TCGC..... ..T.GT.C.. ...CT...GG .A.T...AC. ..T.CCC... .T.
#breu5_{F. simplex} ...T..G.T. .CTA.GCA.. .TCGC..... ..T.GT.C.. ...CT...GG .A.T...AC. ..T.CCC... .T.
#bacu1_{F. simplex} ...T..G.T. .C.A.GC... .TCGC..... ..T.GT.C.. ...CT...G. .A.T...ACG ..T.CCC... .T.
#bacu2_{F. simplex} ...T..G.T. .C.A.GC... .TCGC..... ..T.GT.C.. ...CT...G. .A.T...ACG ..T.CCC... .T.
#bacu3_{F. simplex} ...T..G.T. .C.A.GC... .TCGC..... ..T.GT.C.. ...CT...G. .A.T...ACG ..T.CCC... .T.
#bacu4_{F. simplex} ...T..G.T. .C.A.GC... .TCGC..... ..T.GT.C.. ...CT...G. .A.T...ACG ..T.CCC... .T.
#bacu5_{F. simplex} ...T..G.T. .C.A.GC... .TCGC..... A.T.GT.C.. ...CT...G. .A.T...ACG ..T.CCC... .T.
#kala1_{F. simplex} ...T..G.T. .CTA.GC... .TCGC..... ..T.GT.C.. ...CT...GG .A.....AC. ..T.CCC... .T.
#kala2_{F. simplex} ...T..G.T. .CTA.GC... .TCGC..... ..T.GT.C.. ...CT...GG .A.....AC. ..T.CCC... .T.
#kala3_{F. simplex} ...T..G.T. .CTA.GC... .TCGC..... ..T.GT.C.. ...CT...GG .A.....AC. ..T.CCC... .T.
#kala4_{F. simplex} ...T..G.T. .CTA.GC... .TCGC..... ..T.GT.C.. ...CT...GG .A.....AC. ..T.CCC... .T.
#kala5_{F. simplex} ...T..G.T. .CTA.GC... .TCGC..... ..T.GT.C.. ...CT...GG .A.....AC. ..T.CCC... .T.
#laa21_{F. simplex} ...T..G.T. .C.A.GC... .TCGC..... ..T.GT.C.. ...CT...G. .A.T...ACG ..T.CCC... .T.
#laa22_{F. simplex} ...T..G.T. .C.A.GC... .TCGC..... ..T.GT.C.. ...CT...G. .A.T...ACG ..T.CCC... .T.
#laa23_{F. simplex} ...T..G.T. .C.A.GC... .TCGC..... ..T.GT.C.. ...CT...G. .A.T...ACG ..T.CCC... .T.
#laa24_{F. simplex} ...T..G.T. .C.A.GC... .TCGC..... ..T.GT.C.. ...CT...G. .A.T...ACG ..T.CCC... .T.
#laa25_{F. simplex} ...T..G.T. .C.A.GC... .TCGC..... ..T.GT.C.. ...CT...G. .A.T...ACG ..T.CCC... .T.
#laa26_{F. simplex} ...T..G.T. .C.A.GC... .TCGC..... ..T.GT.C.. ...CT...G. .A.T...ACG ..T.CCC... .T.
#laa27_{F. simplex} ...T..G.T. .C.A.GC... .TCGC..... ..T.GT.C.. ...CT...G. .A.T...ACG ..T.CCC... .T.
#laa28_{F. simplex} ...T..G.T. .C.A.GC... .TCGC..... ..T.GT.C.. ...CT...G. .A.T...ACG ..T.CCC... .T.
#laa29_{F. simplex} ...T..G.T. .C.A.GC... .TCGC..... ..T.GT.C.. ...CT...G. .A.T...ACG ..T.CCC... .T.
#laa210_{F. simplex} ...T..G.T. .C.A.GC... .TCGC..... ..T.GT.C.. ...CT...G. .A.T...ACG ..T.CCC... .T.
#laa211_{F. simplex} ...T..G.T. .C.A.GC... .TCGC..... ..T.GT.C.. ...CT...G. .A.T...ACG ..T.CCC... .T.
#laa212_{F. simplex} ...T..G.T. .C.A.GC... .TCGC..... ..T.GT.C.. ...CT...G. .A.T...ACG ..T.CCC... .T.
#laa11_{F. simplex} ...T..G.T. .C.A.GC... .TCGC..... ..T.GT.C.. ...CT...G. .A.T...ACG ..T.CCC... .T.
#laa12_{F. simplex} ...T..G.T. .C.A.GC... .TCGC..... ..T.GT.C.. ...CT...G. .A.T...ACG ..T.CCC... .T.
#laa13_{F. simplex} ...T..G.T. .C.A.GC... .TCGC..... ..T.GT.C.. ...CT...G. .A.T...ACG ..T.CCC... .T.
#laa14_{F. simplex} ...T..G.T. .C.A.GC... .TCGC..... ..T.GT.C.. ...CT...G. .A.T...ACG ..T.CCC... .T.
#jnci1_{F. simplex} ...T..G.T. .C.A.GC... .TCGC..... ..T.GT.C.. ...CT...G. .A.T...ACG ..T.CCC... .T.
#jnci3_{F. simplex} ...T..G.T. .C.A.GC... .TCGC..... ..T.GT.C.. ...CT...G. .A.T...ACG ..T.CCC... .T.
#jnci2_{F. simplex} ...T..G.T. .C.A.GC... .TCGC..... ..T.GT.C.. ...CT...G. .A.T...ACG ..T.CCC... .T.
#jnci4_{F. simplex} ...T..G.T. .C.A.GC... .TCGC..... ..T.GT.C.. ...CT...G. .A.T...ACG ..T.CCC... .T.
#jnci5_{F. simplex} ...T..G.T. .C.A.GC... .TCGC..... ..T.GT.C.. ...CT...G. .A.T...ACG ..T.CCC... .T.
#jnci6_{F. simplex} ...T..G.T. .C.A.GC... .TCGC..... ..T.GT.C.. ...CT...G. .A.T...ACG ..T.CCC... .T.
#jncii1_{F. simplex} ...T..G.T. .C.A.GC... .TCGC..... ..T.GT.C.. ...CT...G. .A.T...ACG ..T.CCC... .T.
97
#jncii2_{F. simplex} ...T..G.T. .C.A.GC... .TCGC..... ..T.GT.C.. ...CT...G. .A.T...ACG ..T.CCC... .T.
#jncii3_{F. simplex} ...T..G.T. .C.A.GC... .TCGC..... ..T.GT.C.. ...CT...G. .A.T...ACG ..T.CCC... .T.
#jncii4_{F. simplex} ...T..G.T. .C.A.GC... .TCGC..... ..T.GT.C.. ...CT...G. .A.T...ACG ..T.CCC... .T.
#jncii_5_{F. simplex} ...T..G.T. .C.A.GC... .TCGC..... ..T.GT.C.. ...CT...G. .A.T...ACG ..T.CCC... .T.
#jncii6_{F. simplex} ...T..G.T. .C.A.GC... .TCGC..... ..T.GT.C.. ...CT...G. .A.T...ACG ..T.CCC... .T.
#lua2_{F. simplex} ...T..G.T. .CTA.GC... .TCGC..... ..T.GT.C.. ...CT...GG .A.....AC. ..T.CCC... .T.
#lua4_{F. simplex} ...T..G.T. .C.A.GC... .TCGC..... ..T.GT.C.. ...CT...G. .A.T...ACG ..T.CCC... .T.
#lua1_{F. simplex} ...T..G.T. .C.A.GC... .TCGC..... ..T.GT.C.C ...CT...G. .A.T...ACG ..T.CCC... .T.
#lua3_{F. simplex} ...T..G.T. .CTA.GC... .TCGC..... ..T.GT.C.. ...CT...GG .A.....AC. ..T.CCC... .T.
#str1_{F. simplex} ...T..G.T. .C.A.GC... .TCGC..... ..T.GT.C.. ...CT...G. .A.T...ACG ..T.CCC... .T.
#str3_{F. simplex} ...T..G.T. .C.A.GC... .TCGC..... ..T.GT.C.. ...CT...G. .A.T...ACG ..T.CCC... .T.
#str2_{F. simplex} ...T..G.T. .C.A.GC... .TCGC..... ..T.GT.C.C ...CT...G. .A.T...ACG ..T.CCC... .T.
#str4_{F. simplex} ...T..G.T. .C.A.GC... .TCGC..... ..T.GT.C.. ...CT...G. .A.T...ACG ..T.CCC... .T.
#str5_{F. simplex} ...T..G.T. .C.A.GC... .TCGC..... ..T.GT.C.C ...CT...G. .A.T...ACG ..T.CCC... .T.
#sam1_{F. simplex} ...T..G.T. .CTA.GC... .TCGC..... ..T.GT.C.. ...CT...GG .A.....AC. ..T.CCC... .T.
#sam2_{F. simplex} ...T..G.T. .CTA.GC... .TCGC..... ..T.GT.C.. ...CT...GG .A.....AC. ..T.CCC... .T.
#sam3_{F. simplex} ...T..G.T. .CTA.GC... .TCGC..... ..T.GT.C.. ...CT...GG .A.....AC. ..T.CCC... .T.
#sam4_{F. simplex} ...T..G.T. .CTA.GT... .TCGC..... ..T.GT.C.. ...CT...GG .A.....AC. ..T.CCC... .T.
#sam5_{F. simplex} ...T..G.T. .CTA.GC... .TCGC..... ..T.GT.C.. ...CT...GG .A.....AC. ..T.CCC... .T.
#mussu1_{F. simplex} ...T..G.T. ACTA.GC... .TCGC..... ..T.GTTC.. ...CT...GG .A.T...AC. ..T.CCC..C .T.
#mussu2_{F. simplex} ...T..G.T. ACTA.GC... .TCGC..... ..T.GTTC.. ...CT...GG .A.T...AC. ..T.CCC..C .T.
#mussu3_{F. simplex} ...T..G.T. ACTA.GC... .TCGC..... ..T.GTTC.. ...CT...GG .A.T...AC. ..T.CCC..C .T.
#ara1_{F. obscurus s.s.} T......... ..TA..AATT T....TC... ATGT.TT..C .C...T.C.. ..CTT..... .....C.GTC ...
#ara2_{F. obscurus s.s.} T.....G... ..TA..AATT T....TC... ATGT.TT..C .C...T.C.. ..CTT..... .....C.GTC ...
#ara3_{F. obscurus s.s.} T......... ..TA..AATT T....TC... ATGT.TT..C .C...T.C.. ..CTT..... .....C.GTC ...
#ara5_{F. obscurus s.s.} T......... ..TA..AATT T....TC... ATGT.TT..C .C...T.C.. ..CTT..... .....C.GTC ...
#rcb2_{F. obscurus s.s.} T......... ..TA...ATT T....TC... ATGT.TT..C .C...T.C.. ..CTT..... .....C.GTC ...
#rcb3_{F. obscurus s.s.} T......... ..TA...ATT T....TC... ATGT.TT..C .C...T.C.. ..CTT..... .....C.GTC ...
#rcb4_{F. obscurus s.s.} T......... ..TA...ATT T....TC... ATGT.TT..C .C...T.C.. ..CTT..... .....C.GTC ...
#rcb5_{F. obscurus s.s.} T......... ..TA...ATT T....TC... ATGT.TT..C .C...T.C.. ..CTT..... .....C.GTC ...
#tapa1_{F. obscurus s.s.}T......T.. ..TA...ATT T.....C... ATGT..T..C .CC..T.C.. ..CTT..... .....C.GTC ...
#tapa2_{F. obscurus s.s.}T......T.. ..TA...ATT T.....C... ATGT..T..C .CC..T.C.. ..CTT..... .....C.GTC ...
#tapa3_{F. obscurus s.s.}T......T.. ..TA...ATT T.....C... ATGT..T..C .CC..T.C.. ..CTT..... .....C.GTC ...
#tapa4_{F. obscurus s.s.
}T......T.. ..TA...ATT T.....C... ATGT..T..C .CC..T.C.. ..CTT..... .....C.GTC ...
#tapa6_{F. obscurus s.s.}T......T.. ..TA...ATT T.....C... ATGT..T..C .CC..T.C.. ..CTT..... .....C.GTC ...
#iaha1_{F. obscurus s.s.}T......T.. ..TA...ATT T.....C... ATGT..T..C .CC..T.C.. ..CTT..... .....C.GTC ...
#iaha2_{F. obscurus s.s.}T......T.. ..TA...ATT T.....C... ATGT..T..C .CC..T.C.. ..CTT..... .....C.GTC ...
#iaha3_{F. obscurus s.s.}T......T.. ..TA...ATT T.....C... ATGT..T..C .CC..T.C.. ..CTT..... .....C.GTC ...
#iaha4_{F. obscurus s.s.}T......T.. ..TA...ATT T.....C... ATGT..T..C .CC..T.C.. ..CTT..... .....C.GTC ...
#iaha5_{F. obscurus s.s.}T......T.. ..TA...ATT T.....C... ATGT..T..C .CC..T.C.. ..CTT..... .....C.GTC ...
98
#rjx2_{F. obscurus s.s.} T......T.. ..TA...ATT T.....C... ATGT..T..C .CC..T.C.. ..CTT..... .....C.GTC ...
#rjx3_{F. obscurus s.s.} T......T.. ..TA...ATT T.....C... ATGT..T..C .CC..T.C.. ..CTT..... .....C.GTC ...
#rjx4_{F. obscurus s.s.} T......T.. ..TA...ATT T.....C... ATGT..T..C .CC..T.C.. ..CTT..... .....C.GTC ...
#rjx5_{F. obscurus s.s.} T......T.. ..TA...ATT T.....C... ATGT..T..C .CC..T.C.. ..CTT..... .....C.GTC ...
#mao1_{F. zonatus} T.TTCG...A .C........ ..C..T.TT. A.TT.T..TC C.....TCGG T..TT...C. ...TA.C..C ...
#mao2_{F. zonatus} T.TTCG.... .C........ ..C..T.TT. A.TT.T..TC C.....TCGG T..TT...C. ...TA.C..C ...
#mao3_{F. zonatus} T.TTCG...A .C........ ..C..T.TT. A.TT.T..TC C.....TCGG T..TT...C. ...TA.C..C ...
#mao4_{F. zonatus} T.TTCG...A .C........ ..C..T.TT. A.TT.T..TC C.....TCGG T..TT...C. ...TA.C..C ...
#mao5_{F. zonatus} T.TTCG.... .C....AA.. ..C..T.TT. ATTT.T..TC C.....TCGG T..TT...C. ...TA.C..C ...
#eva1_{F. zonatus} T.TTCG.... .C.A..AA.. ..C..T.TT. ATTT.T..TC C.....TCGG T..TT...C. ...TA....C ...
#eva2_{F. zonatus} T.TTCG.... .C....AA.. ..C..T.TT. ATTT.T..TC C.....TCGG T..TT...C. ...TA.C..C ...
#eva3_{F. zonatus} T.TTCG.... .C....AA.. ..C..T.TT. ATTT.T..TC C.....TCGG T..TT...C. ...TA.C..C ...
#eva4_{F. zonatus} T.TTCG.... .C....AA.. ..C..T.TT. ATTT.T..TC C.....TCGG T..TT...C. ...TA.C..C ...
#eva5_{F. zonatus} T.TTCG.... .C.A...... ..C..T.TT. A.TT.T..TC C.....TCGG T..TT...C. ...TA.C..C ...
#rbm1_{F. pygmaeus} .G.T..G.TA .CTA..AA.. ...GCT..TT A.TT.T..T. ..C...T.GG ...TTC.CCG TT.T.CC..C TTA
#rbm2_{F. pygmaeus} .G.T..G..A TCTAC.A.T. ...GCT...T A.TT.T.... ..C..TTCGG ....TC.... TT.T..C..C TTA
#rbm4_{F. pygmaeus} .G.T..G..A TCTAC.A.T. ...GCT...T A.TT.T..T. ..C..TTC.. ...TTC.... TT.T..C..C TTA
#rbm3_{F. pygmaeus} .G.T..G..A TCTAC.A.T. ...GCT...T A.TT.T..T. ..C..TTC.. ...TTC.... TT.T..C..C TTA
#rbm5_{F. pygmaeus} .G.T..G..A TCTAC.A.T. ...GCT...T A.TT.T..T. ..C..TTC.. ...TTC.... TT.T..C..C TTA
#rpi1_{F. pygmaeus} .G.T..G.TA .CTA..AA.. ...GCT..TT A.TT.T..T. ..C...T.GG ...TTC.CCG TT.T.CC..C TTA
#rpi2_{F. pygmaeus} .G.T..G..A TCTAC.A.T. ...GCT...T A.TT.T.... ..C..TTCGG ....TC.... TT.T..C..C TTA
#rpi6_{F. pygmaeus} .G.T..G..A TCTAC.A.T. ...GCT...T A.TT.T.... ..C..TTCGG ....TC.... TT.T..C..C TTA
#rpi3_{F. pygmaeus} .G.T..G.TA .CTA..AA.. ...GCT..TT A.TT.T..T. ..C...T.GG ...TTC.CCG TT.T.CC..C TTA
#rpi5_{F. pygmaeus} .G.T..G..A TCTAC.A.T. ...GCT...T A.TT.T.... ..C..TTCGG ....TC.... TT.T..C..C TTA
#jatu1_{F. pygmaeus} .G.T..G..A TCTAC.A.T. ...GCT...T A.TT.T..T. ..C..TTC.. ...TTC.... TT.T..C..C TTA
#jatu2_{F. pygmaeus} .G.T..G..A TCTAC.A.T. ...GCT...T A.TT.T..T. ..C..TTC.. ...TTC.... TT.T..C..C TTA
#jatu3_{F. pygmaeus} .G.T..G..A TCTAC.A.T. ...GCT...T A.TT.T..T. ..C..TTC.. ...TTC.... TT.T..C..C TTA
#jatu4_{F. pygmaeus} .G.T..G..A TCTAC.A.T. ...GCT...T A.TT.T..T. ..C..TTC.. ...TTC.... TT.T..C..C TTA
#jatu5_{F. pygmaeus} .G.T..G..A TCTAC.A.T. ...GCT...T A.TT.T.... ..C..TTCGG ....TC.... TT.T..C..C TTA
99
Apêndice C - Caracteres apomórficos das espécies de Fluviphylax baseados em seqüências da região controle.
Seqüências da região controle
Tipo de dados=Nucleotídeo
Número de seqüências=134
Número de sítios informativos para parcimônia=106
Identicação=. Missing=? Indel=-;
Domínio=Dados;
[ 11 1111111111 1111111111 1111111111 1111111111 11111]
[ 2224444455 6667777777 8999999900 0011111222 2223333444 4555555556 6666666678 99999]
[ 5891356936 7891234568 0234567956 7923567124 5683568458 9023456780 1234568915 01468]
#mgc1_Fluviphylax sp.1 ATTCTAAATA ATGAATTACT GAATTACTAT CTGGAAT-AC GTAAAAATAA TAGATAGATA TAA-TAAATA AAGCC
#mgc2_Fluviphylax sp.1 .......... .......... .......... .C.....-.. .......... .......... ...-...... .....
#mgc3_Fluviphylax sp.1 .......... .......... .......... .......-.. .......... .......... ...-...... .....
#mgc4_Fluviphylax sp.1 .......... .......... .......... .......-.. .......... .......... ...-...... .....
#mgc5_Fluviphylax sp.1 .......... .......... .......... .......-.. .......... .......... ...-...... .....
#ven6_Fluviphylax sp.1 ???....... .......... A.T.A..... ..C..T.-.. .......... C......... ...-...... .....
#CURI1_Fluviphylax sp.1 .......... .......... A..C...... .CA....-.. .......... ....C....T ...-...... .....
#CURI2_Fluviphylax sp.1 .......... .......... A..C...... .CA....-.. .......... ....C....T ...-...... .....
#CURI3_Fluviphylax sp.1 .......... .......... A..C...... .CA....-.. .......... ....C....T ...-...... .....
#CURI4_Fluviphylax sp.1 .......... .......... A..C...... .CA....-.. .......... ....C....T ...-...... .....
#CURI5_Fluviphylax sp.1 .......... .......... A..C...... .CA....-.. .......... ....C....T ...-...... .....
#MAXI1_Fluviphylax sp.1 .......... .......... A..C...... .CA....-.. .......... ....C....T ...-...... .....
#MAXI2_Fluviphylax sp.1 .......... .......... A..C...... .CA....-.. .......... ....C....T ...-...... .....
#MAXI3_Fluviphylax sp.1 .......... .......... A..C...... .CA....-.. .......... ....C....T ...-...... .....
#MAXI4_Fluviphylax sp.1 .......... .......... A..C...... .CA....-.. .......... ....C....T ...-...... .....
#MAXI5_Fluviphylax sp.1 .......... .......... A..C...... .CA....-.. .......... ....C....T ...-...... .....
#str1_F. simplex ...T....AC ...TT...AA ..G..T.... ..A..T.C.A T..G.T..GT ....A...CC ...-....A. .....
#str3_F. simplex ...T....AC ...TT...AA ..G..T.... ..A..T.C.A T..G.T...T ....A...CC ...-....A. .....
#str4_F. simplex ...T....AC ...TT...AA ..G..T.... ..A..T.C.A T..G.T..GT ....A...CC ...-....A. .....
#str5_F. simplex ...T....AC ...TT...AA ..G..T.... ..A..T.C.A T..G.T..GT ....A...CC ...-....A. .....
#BREU1_F. simplex ...T....AC ...TT...AA ..G..T.... ..A.GT.C.A T.CG.TT..T ....A...CC ...-....G. .....
#BREU2_F. simplex ...T....AC ...TT...AA ..G..T.... ..A.GT.C.A T.CG.TT..T ....A...CC ...-....G. .....
#BREU3_F. simplex ...T....AC ...TT...AA ..G..T.... ..A.GT.C.A T.CG.TT..T ....A...CC ...-....G. .....
#BREU4_F. simplex ...T....AC ...TT...AA ..G..T.... ..A.GT.C.A T.CG.TT..T ....A...CC ...-....G. .....
#BREU5_F. simplex ...T....AC ...TT...AA ..G..T.... ..A.GT.C.A T.CG.TT..T ....A...CC ...-....G. .....
100
#MUSSU1_F. simplex ...T.T..AC ...TT...AA ..G..T.... ..A..T.C.A T.CG.T..CT ....C...CC ...-....A. .....
#MUSSU2_F. simplex ...T.T..AC ...TT...AA ..G..T.... ..A..T.C.A T.CG.T..CT ....C...CC ...-....A. .....
#BACU1_F. simplex ...T....AC ...TT...AA ..G..T.... ..A..T.C.A T..G.T...T ....A...CC ...-....A. .....
#BACU2_F. simplex ...T....AC ...TT...AA ..G..T.... ..A..T.C.A T..G.T...T ....A...CC ...-....A. .....
#BACU4_F. simplex ...T....AC ...TT...AA ..G..T.... ..A..T.C.A T..G.T...T ....A...CC ...-....A. .....
#BACU5_F. simplex ...T....AC ...TT...AA ..G..T.... ..A..T.C.A T..G.T...T ....A...CC ...-....A. .....
#LAA2_1_F. simplex ...T....AC ...TT...AA ..G..T.... ..A..T.C.A T..G.T...T ....A...CC ...-....A. .....
#LAA2_2_F. simplex ...T....AC ...TT...AA ..G..T.... ..A..T.C.A T..G.T...T ....A...CC ...-....A. .....
#LAA2_3_F. simplex ...T....AC ...TT...AA ..G..T.... ..A..T.C.A T..G.T...T ....A...CC ...-....A. .....
#LAA2_4_F. simplex ...T....AC ...TT...AA ..G..T.... ..A..T.C.A T..G.T...T ....A...CC ...-....A. .....
#LAA2_5_F. simplex ...T....AC ...TT...AA ..G..T.... ..A..T.C.A T..G.T...T ....A...CC ...-....A. .....
#LAA2_6_F. simplex ...T....AC ...TT...AA ..G..T.... ..A..T.C.A T..G.T...T ....A...CC ...-....A. .....
#LAA2_7_F. simplex ...T....AC ...TT...AA ..G..T.... ..A..T.C.A T..G.T...T ....A...CC ...-....A. .....
#LAA2_8_F. simplex ...T....AC ...TT...AA ..G..T.... ..A..T.C.A T..G.T...T ....A...CC ...-....A. .....
#LAA2_9_F. simplex ...T....AC ...TT...AA ..G..T.... ..A..T.C.A T..G.T...T ....A...CC ...-....A. .....
#LAA2_10_F. simplex ...T....AC ...TT...AA ..G..T.... ..A..T.C.A T..G.T...T ....A...CC ...-....A. .....
#LAA2_11_F. simplex ...T....AC ...TT...AA ..G..T.... ..A..T.C.A T..G.T...T ....A...CC ...-....A. .....
#LAA2_12_F. simplex ...T....AC ...TT...AA ..G..T.... ..A..T.C.A T..G.T...T ....A...CC ...-....A. .....
#laa1_1_F. simplex ...T....AC ...TT...AA ..G..T.... ..A..T.C.A T..G.T...T ....A...CC ...-....A. .....
#LAA1_2_F. simplex ...T....AC ...TT...AA ..G..T.... ..A..T.C.A T..G.T...T ....A...CC ...-....A. .....
#LAA1_3_F. simplex ...T....AC ...TT...AA ..G..T.... ..A..T.C.A T..G.T...T ....A...CC ...-....A. .....
#LAA1_4_F. simplex ...T....AC ...TT...AA ..G..T.... ..A..T.C.A T..G.T...T ....A...CC ...-....A. .....
#LAA1_5_F. simplex ...T....AC ...TT...AA ..G..T.... ..A..T.C.A T..G.T...T ....A...CC ...-....A. .....
#LAA1_6_F. simplex ...T....AC ...TT...AA ..G..T.... ..A..T.C.A T..G.T...T ....A...CC ...-....A. .....
#trom1_F. simplex ???T.T..AC ...TT...AA ..G..T.... ..A..T.C.A T.CG.T..CC ....C.A.CC ...-....A. .....
#JNCII1_F. simplex ...T....AC ...TT...AA ..G..T.... ..A..T.C.A T..G.T...T ....A...CC ...-....A. .....
#JNCII2_F. simplex ...T....AC ...TT...AA ..G..T.... ..A..T.C.A T..G.T...T ....A...CC ...-....A. .....
#JNCII3_F. simplex ...T....AC ...TT...AA ..G..T.... ..A..T.C.A T..G.T...T ....A...CC ...-....A. .....
#JNCII4_F. simplex ...T....AC ...TT...AA ..G..T.... ..A..T.C.A T..G.T...T ....A...CC ...-....A. .....
#JNCII5_F. simplex ...T....AC ...TT...AA ..G..T.... ..A..T.C.A T..G.T...T ....A...CC ...-....A. .....
#JNCII6_F. simplex ...T....AC ...TT...AA ..G..T.... ..A..T.C.A T..G.T...T ....A...CC ...-....A. .....
#JNCI1_F. simplex ...T....AC ...TT...AA ..G..T.... ..A..T.C.A T..G.T...T ....A...CC ...-....A. .....
#JNCI2_F. simplex ...T....AC ...TT...AA ..G..T.... ..A..T.C.A T..G.T...T ....A...CC ...-....A. .....
#JNCI5_F. simplex
...T....AC ...TT...AA ..G..T.... ..A..T.C.A T..G.T...T ....A...CC ...-....A. .....
#JNCI6_F. simplex ...T....AC ...TT...AA ..G..T.... ..A..T.C.A T..G.T...T ....A...CC ...-....A. .....
#araca1_F. obscurus s.s. .AGT..G.AC ...T....GA ..G..T..T. ..A..T.CTT .AG.....C. ....A...CC ..-T...... .....
#araca2_F. obscurus s.s. .AGT..G.AC ...T....AA ..G..T..T. ..A..T.CTT .AG.....C. ....A...CC ..-T...... .....
#araca3_F. obscurus s.s. .AGT..G.AC ...T....AA ..G..T..T. ..A..T.CTT .AG.....C. ....A...CC ..-T...... .....
#araca4_F. obscurus s.s. .AGT..G.AC ...T....AA ..G..T..T. ..A..T.CTT .AG.....C. ....A...CC ..-T...... .....
#RJX2_F. obscurus s.s. .AGT..G.AC ...T....AA ..G..T..T. ..A..T.ATT .AG....... ....A...CC ..T-...... .....
101
#RJX3_F. obscurus s.s. .AGT..G.AC ...T....AA ..G..T..T. ..A..T.CTT .AG....... ....A...CC ..T-...... .....
#rjx4_F. obscurus s.s. .AGT..G.AC ...T....AA ..G..T..T. ..A..T.CTT .AG....... ....A...CC ..T-...... .....
#RJX5_F. obscurus s.s. .AGT..G.AC ...T....AA ..G..T..T. ..A..T.CTT .AG....... ....A...CC ..T-...... .....
#TAPA1_F. obscurus s.s. .AGT..G.AC ...T....AA ..G..T..T. ..A..T.ATT .AG....... ....A...CC ..T-...... .....
#TAPA2_F. obscurus s.s. .AGT..G.AC ...T....AA ..G..T..T. ..A..T.CTT .AG....... ....A...CC ..T-...... .....
#TAPA3_F. obscurus s.s. .AGT..G.AC ...T....AA ..G..T..T. ..A..T.CTT .AG....... ....A...CC ..T-...... .....
#TAPA4_F. obscurus s.s. .AGT..G.AC ...T....AA ..G..T..T. ..A..T.CTT .AG....... ....A...CC ..T-...... .....
#TAPA5_F. obscurus s.s. .AGT..G.AC ...T....AA ..G..T..T. ..A..T.CTT .AG....... ....A...CC ..T-...... .....
#TAPA6_F. obscurus s.s. .AGT..G.AC ...T....AA ..G..T..T. ..A..T.CTT .AG....... ....A...CC ..T-...... .....
#IAHA1_F. obscurus s.s. .AGT..G.AC ...T....AA ..G..T..T. ..A..T.CTT .AG....... ....A...CC ..T-C..... .....
#IAHA2_F. obscurus s.s. .AGT..G.AC ...T....AA ..G..T..T. ..A..T.CTT .AG....... ....A...CC ..T-C..... .....
#IAHA3_F. obscurus s.s. .AGT..G.AC ...T....AA ..G..T..T. ..A..T.ATT .AG....... ....A...CC ..T-...... .....
#IAHA4_F. obscurus s.s. .AGT..G.AC ...T....AA ..G..T..T. ..A..T.ATT .AG....... ....A...CC ..T-...... .....
#IAHA5_F. obscurus s.s. .AGT..G.AC ...T....AA ..G..T..T. ..A..T.CTT .AG....... ....A...CC ..T-C..... .....
#tz1_F. palikur CA.TA.G..C .AA.TA.-TA AGT.ATTCCA T.A.-TCT.A .AG.T...G. GTTTATTT.C AT.ACTGTA. .T.TT
#tz2_F. palikur CA.TA.G..C .AA.TA.-TA AGT.ATTCCA T.A.-TCT.A .AG.T..... GTTTATTT.C AT.ACTGTA. .T.TT
#tz3_F. palikur CA.TA.G..C .AA.TA.-TA AGT.ATTCCA T.A.-TCT.A .AG.T...G. GTTTATTT.C AT.ACTGTA. .T.TT
#tz4_F. palikur CA.TA.G..C .AA.TA.-TA AGT.ATTCCA T.A.-TCT.A .AG.T...G. GTTTATTT.C AT.ACTGTA. .T.TT
#tz5_F. palikur CA.TA.G..C .AA.TA.-TA AGT.ATTCCA T.A.-TCT.A .AG.T..... GTTTATTT.C AT.ACTGTA. .T.TT
#tg1_F. palikur CA.TA.G..C .AA.TA.-TA AGT.ATTCCA T.A.-TCT.A .AG.T...G. GTTTATTT.C AT.ACTGTA. .T.TT
#tg2_F. palikur CA.TA.G..C .AA.TA.-TA AGT.ATTCCA T.A.-CCT.A .AG.T...G. GTTTATTT.C AT.ACTGTA. .T.TT
#tg3_F. palikur CA.TA.G..C .AA.TA.-TA AGT.ATTCCA T.A.-TCT.A .AG.T...G. GTTTATTT.C AT.ACTGTA. .T.TT
#tg5_F. palikur CA.TA.G..C .AA.TA.-TA AGT.ATTCCA T.A.-CCT.A .AG.T..... GTTTATTT.C AT.ACTGTA. .T.TT
#amapa4_1_F. palikur CA.TA.G..C .AA.TA.-TA AGT.ATTCCA T.AA-TCT.A .AG.T..... GTTTATTT.C AT.ACTGTA. .T.TT
#amapa4_3_F. palikur CA.TA.G..C .AA.TA.-TA AGT.ATTCCA T.AA-TCT.A .AG.T..... GTTTATTT.C AT.ACTGTA. .T.TT
#amapa4_4_F. palikur CA.TA.G..C .AA.TA.-TA AGT.ATTCCA T.AA-TCT.A .AG.T..... GTTTATTT.C AT.ACTGTA. .T.TT
#amapa4_5_F. palikur CA.TA.G..C .AA.TA.-TA AGT.ATTCCA T.AA-TCT.A .AG.T..... GTTTATTT.C AT.ACTGTA. .T.TT
#amapa5_1_F. palikur CA.TA.G..C .AA.TA.-TA AGT.ATTCCA T.AA-TCT.A .AG.T...G. GTTTATTT.C AT.ACTGTA. .T.TT
#amapa5_2_F. palikur CA.TA.G..C .AA.TA.-TA AGT.ATTCCA T.AA-TCT.A .AG.T...G. GTTTATTT.C AT.ACTGTA. .T.TT
#amapa5_3_F. palikur CA.TA.G..C .AA.TA.-TA AGT.ATTCCA T.AA-TCT.A .AG.T...G. GTTTATTT.C AT.ACTGTA. .T.TT
#amapa5_4_F. palikur CA.TA.G..C .AA.TA.-TA AGT.ATTCCA T.AA-TCT.A .AGGT..... GTTTATTT.C AT.ACTGTA. .T.TT
#amapa5_5_F. palikur CA.TA.G..C .AA.TA.-TA AGT.ATTCCA T.AA-TCT.A .AG.T..... GTTTATTT.C AT.ACTGTA. .T.TT
#amapa10_1_F. palikur CA.TA.G..C .AA.TA.-TA AGT.ATTCCA T.AA-TCT.A .AG.T...G. GTTTATTT.C AT.ACTGTA. .T.TT
#amapa10_2_F. palikur
CA.TA.G..C .AA.TA.-TA AGT.ATTCCA T.AA-TCT.A .AG.T...G. GTTTATTT.C AT.ACTGTA. .T.TT
#amapa10_3_F. palikur CA.TA.G..C .AA.TA.-TA AGT.ATTCCA T.AA-TCT.A .AG.T...G. GTTTATTT.C AT.ACTGTA. .T.TT
#amapa10_4_F. palikur CA.TA.G..C .AA.TA.-TA AGT.ATTCCA T.AA-TCT.A .AG.T...G. GTTTATTT.C AT.ACTGTA. .T.TT
#amapa10_5_F. palikur CA.TA.G..C .AA.TA.-TA AGT.ATTCCA T.AA-TCT.A .AG.T...G. GTTTATTT.C AT.ACTGTA. .T.TT
#amapa11_1_F. palikur CA.TA.G..C .AA.TA.-TA AGT.ATTCCA T.AA-TCT.A .AG.T...G. GTTTATTT.C AT.ACTGTA. .T.TT
#amapa11_2_F. palikur CA.TA.G..C .AA.TA.-TA AGT.ATTCCA T.AA-TCT.A .AG.T...G. GTTTATTT.C AT.ACTGTA. .T.TT
#amapa11_3_F. palikur CA.TA.G..C .AA.TA.-TA AGT.ATTCCA T.AA-TCT.A .AG.T..... GTTTATTT.C AT.ACTGTA. .T.TT
102
#amapa11_4_F. palikur CA.TA.G..C .AA.TA.-TA AGT.ATTCCA T.AA-TCT.A .AG.T..... GTTTATTT.C AT.ACTGTA. .T.TT
#amapa11_5_F. paliku CA.TA.G..C .AA.TA.-TA AGT.ATTCCA T.AA-TCT.A .AG.T..... GTTTATTT.C AT.ACTGTA. .T.TT
#salv6_F. palikur CA.TA.G..C .AA.TA.-TA AGT.ATTCCA T.A.-TCT.A .AG.T..... GTTTATTT.C AT.AATGTA. .T.TT
#salv1_F. palikur CA.TA.G..C .AA.TA.-TA AGT.ATTCCA T.A.-TCT.A .AG.T..... GTTTATTT.C AT.AATGTA. .T.TT
#salv2_F. palikur CA.TA.G..C .AA.TA.-TA AGT.ATTCCA T.A.-TCT.A .AG.T..... GTTTATTT.C AT.AATGTA. .T.TT
#salv3_F. palikur CA.TA.G..C .AA.TA.-TA AGT.ATTCCA T.A.-TCT.A .AG.T..... GTTTATTT.C AT.AATGTA. .T.TT
#salv4_F. palikur CA.TA.G..C .AA.TA.-TA AGT.ATTCCA T.A.-TCT.A .AG.T..... GTTTATTT.C AT.AATGTA. .T.TT
#salv5_F. palikur CA.TA.G..C GAA.TA.-TA AGT.ATTCCA T.A.-TCT.A .AG.T..... GTTTATTT.C AT.ACTGTA. .T.TT
#calc1_F. palikur CA.TA.GG.C .AA.TA.-TA AGT.ATTCCA T.A.-CCT.A .AG.T..... GTTTATTT.C AT.ACTGTA. .T.TT
#calc2_F. palikur CA.TA.GG.C .AA.TA.-TA AGT.ATTCCA T.A.-CCT.A .AG.T..... GTTTATTT.C AT.ACTGTA. .T.TT
#calc3_F. palikur CA.TA.GG.C .AA.TA.-TA AGT.ATTCCA T.A.-CCT.A .AG.T..... GTTTATTT.C AT.ACTGTA. .T.TT
#calc4_F. palikur CA.TA.GG.C .AA.TA.-TA AGT.ATTCCA T.A.-CCT.A .AG.T..... GTTTATTT.C AT.ACTGTA. .T.TT
#calc5_F. palikur CA.TA.GG.C .AA.TA.-TA AGT.ATTCCA T.A.-CCT.A .AG.T..... GTTTATTT.C AT.ACTGTA. .T.TT
#marajo26_2_F. palikur CA.TA.G..C GAA.TA.-TA AGT.ATTCCA T.A.-TCT.A .AG.T..... GTTTATTT.C AT.ACTGTA. .T.TT
#marajo26_3_F. palikur CA.TA.G..C GAA.TA.-TA AGT.ATTCCA T.A.-TCT.A .AG.T..... GTTTATTT.C AT.ACTGCA. .T.TT
#marajo26_4_F. palikur CA.TA.G..C GAA.TA.-TA AGT.ATTCCA T.A.-TCT.A .AG.T..... GTTTATTT.C AT.ACTGTA. .T.TT
#marajo26_5_F. palikur CA.TA.G..C .AA.TA.-TA AGT.ATTCCA T.A.-TCT.A .AG.T..... GTTTATTT.C AT.ACTGTA. .T.TT
#RBM1_F. pygmaeus ...T..G.AC ....T.AGAA ..G..T..T. ..A..TATC. T......AC. ....A...C. .T.T...... CTC..
#RBM2_F. pygmaeus ...T..G.AC ....T...AA ..G..T..T. ..A..TATC. T.......G. ....A...CT .T.C.....T CTC..
#RBM3_F. pygmaeus ...T..G.AC ...GT...AA ..G..T..T. ..A..TATC. T.......G. ....A...CT .T.C.....T CTC..
#RBM4_F. pygmaeus ...T..G.AC ...GT...AA ..G..T..T. ..A..TATC. T.......G. ....A...CT .T.C.....T CTC..
#rbm5_F. pygmaeus ...T..G.AC ...GT...AA ..G..T..T. ..A..TATC. T.......G. ....A...CT .T.C.....T CTC..
#RPI1_F. pygmaeus ...T..G.AC ...GT...AA ..G..T..T. ..A..TATC. T.......G. ....A...CT .T.C.....T CTC..
#RPI2_F. pygmaeus ...T..G.AC ....T...AA ..G..T..T. ..A..TATC. T.......G. ....A...CT .T.C.....T CTC..
#RPI4_F. pygmaeus ...T..G.AC ....T.AGAA ..G..T..T. ..A..TATC. T......AC. ....A...C. .T.T...... CTC..
#RPI6_F. pygmaeus ...T..G.AC ....T...AA ..G..T..T. ..A..TATC. T.......G. ....A...CT .T.C.....T CTC..
#JATU1_F. pygmaeus ......G.AC ...GT...AA ..G..T..T. ..A..TATC. T.......G. ....A...CT .T.C.....T CTC..
#JATU2_F. pygmaeus ......G.AC ...GT...AA ..G..T..T. ..A..TATC. T.......G. ....A...CT .T.C.....T CTC..
#JATU4_F. pygmaeus ......G.AC ...GT...AA ..G..T..T. ..A..TATC. T.......G. ....A...CT .T.C.....T CTC..
[ 2222222222 2222222223 3333333333 3]
[ 1111222233 3445557770 0112223444 5]
[ 2478018903 6492341244 9125891389 5]
#mgc1_Fluviphylax sp.1 TAGAGTTTTC CTGCAAACTT CGCTTATCAC A
#mgc2_Fluviphylax sp.1 .......... .......... .......... .
#mgc3_Fluviphylax sp.1 .......... .......... .......... .
#mgc4_Fluviphylax sp.1 .......... .......... .......... .
#mgc5_Fluviphylax sp.1 .......... .......... .......... .
#ven6_Fluviphylax sp.1 .......... .......... .......... .
#CURI1_Fluviphylax sp.1 .......... ......G... .......... .
103
#CURI2_Fluviphylax sp.1 .......... ......G... .......... .
#CURI3_Fluviphylax sp.1 .......... ......G... .......... .
#CURI4_Fluviphylax sp.1 .......... ......G... .......... .
#CURI5_Fluviphylax sp.1 .......... ......G... .......... .
#MAXI1_Fluviphylax sp.1 .......... ......G... .......... .
#MAXI2_Fluviphylax sp.1 .......... ......G... .......... .
#MAXI3_Fluviphylax sp.1 .......... ......G... .......... .
#MAXI4_Fluviphylax sp.1 .......... ......G... .......... .
#MAXI5_Fluviphylax sp.1 .......... ......G... .......... .
#str1_F. simplex .......... .......... ........TT T
#str3_F. simplex .......... .......... ........TT T
#str4_F. simplex .......... .......... ........TT T
#str5_F. simplex .......... .......... ........TT T
#BREU1_F. simplex .......... .......... ........T. T
#BREU2_F. simplex .......... .......... ........T. T
#BREU3_F. simplex .......... .......... ........T. T
#BREU4_F. simplex .......... .......... ........T. T
#BREU5_F. simplex .......... .......... ........T. T
#MUSSU1_F. simplex .......... .......... ........TT T
#MUSSU2_F. simplex .......... .......... ........TT T
#BACU1_F. simplex .......... .......... ........TT T
#BACU2_F. simplex .......... .......... ........TT T
#BACU4_F. simplex .......... .......... ........TT T
#BACU5_F. simplex .......... .......... ........TT T
#LAA2_1_F. simplex .......... .......... ........TT T
#LAA2_2_F. simplex .......... .......... ........TT T
#LAA2_3_F. simplex .......... .......... ........TT T
#LAA2_4_F. simplex .......... .......... ........TT T
#LAA2_5_F. simplex .......... .......... ........TT T
#LAA2_6_F. simplex .......... .......... ........TT T
#LAA2_7_F. simplex .......... .......... ........TT T
#LAA2_8_F. simplex .......... .......... ........TT T
#LAA2_9_F. simplex .......... .......... ........TT T
#LAA2_10_F. simplex
.......... .......... ........TT T
#LAA2_11_F. simplex .......... .......... ........TT T
#LAA2_12_F. simplex .......... .......... ........TT T
#laa1_1_F. simplex .......... .......... ........TT T
#LAA1_2_F. simplex .......... .......... ........TT T
#LAA1_3_F. simplex .......... .......... ........TT T
#LAA1_4_F. simplex .......... .......... ........TT T
104
#LAA1_5_F. simplex .......... .......... ........TT T
#LAA1_6_F. simplex .......... .......... ........TT T
#trom1_F. simplex .......... .......... ........TT T
#JNCII1_F. simplex .......... .......... ........TT T
#JNCII2_F. simplex .......... .......... ........TT T
#JNCII3_F. simplex .......... .......... ........TT T
#JNCII4_F. simplex .......... .......... ........TT T
#JNCII5_F. simplex .......... .......... ........TT T
#JNCII6_F. simplex .......... .......... ........TT T
#JNCI1_F. simplex .......... .......... ........TT T
#JNCI2_F. simplex .......... .......... ........TT T
#JNCI5_F. simplex .......... .......... ........TT T
#JNCI6_F. simplex .......... .......... ........TT T
#araca1_F. obscurus s.s. ..CT.AA... ..T....... ........TT .
#araca2_F. obscurus s.s. ..CT.AA... ..T....... ........TT .
#araca3_F. obscurus s.s. ..CT.AA... ..T....... ........TT .
#araca4_F. obscurus s.s. ..CT.AA... ..T....... ........TT .
#RJX2_F. obscurus s.s. ..CT.AA... ..T....... ........TT .
#RJX3_F. obscurus s.s. ..CT.AA... ..T....... ........TT .
#rjx4_F. obscurus s.s. ..CT.AA... ..???????? ?????????? ?
#RJX5_F. obscurus s.s. ..CT.AA... ..T....... ........TT .
#TAPA1_F. obscurus s.s. ..CT.AA... ..T....... ........TT .
#TAPA2_F. obscurus s.s. ..CT.AA... ..T....... ........TT .
#TAPA3_F. obscurus s.s. ..CT.AA... ..T....... ........TT .
#TAPA4_F. obscurus s.s. ..CT.AA... ..T....... ........TT .
#TAPA5_F. obscurus s.s. ..CT.AA... ..T....... ........TT .
#TAPA6_F. obscurus s.s. ..CT.AA... ..T....... ........TT .
#IAHA1_F. obscurus s.s. ..CT.AA... ..T....... ........TT .
#IAHA2_F. obscurus s.s. ..CT.AA... ..T....... ........TT .
#IAHA3_F. obscurus s.s. ..CT.AA... ..T....... ........TT .
#IAHA4_F. obscurus s.s. ..CT.AA... ..T....... ........TT .
#IAHA5_F. obscurus s.s. ..CT.AA... ..T....... ........TT .
#tz1_F. palikur CCCT..AGGT AGTA.GGACA TTAGAGA.TT .
#tz2_F. palikur
CCCT..AGGT AGTA.GGACA TTAGAGA.TT .
#tz3_F. palikur CCCT..AGGT AGTA.GGACA TTAGAGA.TT .
#tz4_F. palikur CCCT..AGGT AGTA.GGACA TTAGAGA.TT .
#tz5_F. palikur CCCT..AGGT AGTA.GGACA TTAGAGA.TT .
#tg1_F. palikur CCCT..AGGT AGTA.GGACA TTAGAGA.TT .
#tg2_F. palikur CCCT..AGGT AGTA.GGACA TTAGAGA.TT .
#tg3_F. palikur CCCT..AGGT AGTA.GGACA TTAGAGA.TT .
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