CAPÍTULO 1. PRELIMINARES 20
Seja H
m
= {(x
1
, . . . ,x
n
) ∈ R
m
| x
m
≥ 0}. Notemos que a fronteira de H
m
é
R
m−1
× 0.
Observação: Se f : U ⊂ H
m
→ V ⊂ H
m
é um difeomorfismo entre abertos de
H
m
, então f levará pontos interiores de H
m
em pontos interiores de H
m
, e pontos
de ∂H
m
em pontos de ∂H
m
. De fato, se x ∈ intH
m
, então, p ela nossa definição
de difeomorfismo, existe um aberto de R
m
, A, e F : A → V uma função suave
tal que F
A∩V
= f
A∩V
, e resultado análogo vale para f
−1
numa vizinhança de
f (x). Diminuindo A até que A ⊂ U segue, do teorema da função inversa, que
f : A →f (A) é um difeomorfismo, com f (A) aberto de R
m
. Desde que f (A) ⊂ V,
segue que f (A) ⊂ intH
m
=⇒f (x) ∈ intH
m
. Raciocinando por absurdo sobre pontos
de ∂H
m
, segue que pontos de fronteira são levados em pontos de fronteira.
Definição 1.1.9 Dizemos que X ⊂ R
k
é uma m-variedade com fronteira se cada
x ∈ X tem uma vizinhança U
x
⊂ X que é difeomorfa a um aberto V
x
de H
m
.
Definimos a fronteira de X, ∂X, como sendo o conjunto dos pontos de X correspon-
dentes a ∂H
m
pelos difeomorfismos que definem X.
Observação: ∂X está bem definida, e, mais ainda: (i) se ∂X = ∅, então ∂X é
uma m − 1-variedade e (ii) intX é uma m-variedade. De fato, para ver que ∂X está
bem definida, ela deve ser independente de coordenadas, o que é verdade, pois se φ
é uma coordenada de uma vizinhança de p, com φ(p) ∈ ∂H
m
, temos que para toda
ψ que mapeia uma vizinhança U de p em H
m
, podemos diminuir U e a vizinhança
mapeada por φ para um aberto L de tal forma que ψ ◦ φ
−1
: φ(L) → ψ(L) seja
um difeomorfismo entre abertos de H
m
. Daí, p ela observação anterior, temos que
ψ(p) = (ψ◦φ
−1
)(φ(p)) ∈ ∂H
m
, mostrando que um ponto p estar em ∂X independe
de coordenadas. Para ver (i), basta observar que para qualquer ponto p de ∂X,
existe, pela definição anterior, uma vizinhança U
p
que é difeomorfa a um aberto de
H
m
. Daí, pelo que acabamos de ver, U
p
∩∂X é difeomorfa a um aberto de ∂H
m
, que
pode ser identificado como R
m−1
, seguindo que ∂X é uma m − 1-variedade. Agora,
se p ∈ intX, a vizinhança U
p
∩ intX de p será difeomorfa a um aberto de intH
m
,
que é um aberto de R
m
, mostrando (ii).
Exemplo: Se M é uma m-variedade sem fronteira, então M é uma variedade com
fronteira. Sua fronteira é o conjunto vazio.
O epaço tangente TX
x
de X no ponto x será definido como antes: TX
x
=
dg
u
(R
m
), onde g é um difeomorfismo de um aberto de H
m
(vizinhança de u) em uma
vizinhança de x em X (notemos como podemos fazer tal definição mesmo num ponto
de fronteira, lembrando da observação logo depois da definição de difeomorfismo).
O próximo resultado nos ajudará a criar exemplos de variedades com fron-
teira e será essencial para a demonstração de uma versão da proposição 1.1.5 para
variedades com fronteira.
Lema 1.1.1 Sejam M uma m-variedade sem fronteira e g : M →R uma função
suave que tem 0 como valor regular, com 0 ∈ g(M). Então A = {x ∈ M | g(x) ≥ 0}
é uma m-variedade com fronteira, sendo sua fronteira igual a g
−1
{0}.