Download PDF
ads:
UNIVERSIDADE FEDERAL DE S
˜
AO CARLOS
CENTRO DE CI
ˆ
ENCIAS EXATAS E DE TECNOLOGIA
PROGRAMA DE P
´
OS-GRADUAC¸
˜
AO EM MATEM
´
ATICA
Estimativas
´
Otimas para certos Teoremas Generalizados
de Borsuk-Ulam e Ljusternik-Schnirelmann
Fab´ıolo Moraes Amaral
Disserta¸ao apresentada ao Programa
de os-Gradua¸ao em Matem´atica da
UFSCar como parte dos requisitos
para obten¸ao do t´ıtulo de Mestre em
Matem´atica.
ao Carlos - SP
Julho de 2005
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
Ficha catalográfica elaborada pelo DePT da
Biblioteca Comunitária da UFSCar
A485eo
Amaral, Fabíolo Moraes.
Estimativas ótimas para certos teoremas generalizados
de Borsuk-Ulam e Ljusternik-Schnirelmann/ Fabíolo Moraes
Amaral. -- São Carlos : UFSCar, 2005.
83 p.
Dissertação (Mestrado) -- Universidade Federal de São
Carlos, 2005.
1. Topologia algébrica. 2. Gênus de um Z
p
-espaço. 3.
Aplicações equivariantes. 4. Teorema de Ljusternik-
Schnirelmann. I. Título.
CDD: 514.2 (20
a
)
ads:
Agradecimentos
Agrade¸co a Deus, por ter me concedido sabedoria, sa´ude e for¸ca ne-
cess´arias para a realiza¸ao deste trabalho e principalmente por ter colocado
pessoas ao especiais em meu caminho, as quais agrade¸co:
Ao meu orientador, Prof. Tomas Edson Barros, que conduziu-me
passo a passo com toda aten¸ao, seguran¸ca e paciˆencia, sempre respeitando
meus limites.
Aos meus pais Orlando e Relma, que ao o agrade¸co mas tamb´em
dedico este trabalho, pois me proporcionaram todo apoio, incentivo e seguran¸ca
principalmente nos momentos mais dif´ıceis.
Aos meus irm˜aos Fab´ıola e Thiago, que amo muito.
Aos meus avˆos e av´os, a todos os meus tios em especial Riedelma e
Lenilton, e aos meus primos.
Aos professores do Departamento de Matem´atica desta Institui¸ao,
Pedro Pergher, Pedro Malagutti, Dirceu Penteado, esar Kondo, Ivo Machado
e aos meus professores do Departamento de Ciˆencias Exatas-UESC que me
proporcionaram base e incentivo.
Ao Prof. Emerson Leal pela colabora¸ao neste trabalho.
As minhas queridas afilhadas Jennifer e Giovanna e a sua ae Dul-
cin´eia.
Aos colegas do Departamento Gustavo, Paulo, Ana Cl´audia, Eliza,
3
arcio entre os quais destaco Eduardo Palmeira pela amizade desde a gradua¸ao.
Agrade¸co tamb´em aos meus amigos Gildson, Neto, Darlan, Lizandro,
Eduardo Botelho, que sempre me apoiaram, pois acreditaram em mim.
`
A C´elia e Irma (secret´arias) que sempre nos tratam com carinho,
fazendo sempre mais que seu trabalho.
E ao poderia deixar de agradecer `a uma pess oa especial que muito
amo, por todo carinho que dedica a mim e principalmente por ter compreendido
minhas ausˆencias ao necess´arias para a realiza¸ao deste trabalho. Obrigado,
Renata.
Ao CNPq pelo apoio financeiro.
O ´unico lugar onde o sucesso vem antes do trabalho ´e no dicion´ario.”
Resumo
Os conhecidos Teoremas de Borsuk-Ulam e de Ljusternik-Schnirelmann
possuem diversas generaliza¸oes, dentre elas destacam-se aquelas dadas por C.
Schupp [12] e H. Steinlein [14]. Schupp generaliza o Teorema de Borsuk-Ulam,
substituindo a ao livre de Z
2
na esfera S
n
por uma ao livre de Z
p
, sendo
p um n´umero primo qualquer. Na generaliza¸ao do Teorema de Ljusternik-
Schnirelmann feita por Steinlein, a esfera S
n
´e substitu´ıda por um espa¸co
normal M onde Z
p
atua livremente. Exploramos nesta Disserta¸ao os resul-
tados posteriores de H. Steinlein [15] no qual ao provados que as estimativas
do Teorema de Schupp ao as melhores poss´ıveis e que as estimativas para o
Teorema de Steinlein podem ser melhoradas para certas situa¸oes e al´em dis so
vale uma esp´ecie de rec´ıproca do Teorema de Steinlein. O conceito de enus de
um Z
p
-espa¸co ´e fundamental para estes teoremas, sendo que o enus da esfera
n-dimensional ´e igual a n + 1, independentemente do primo p e da Z
p
ao
livre em S
n
. Percebemos que os m´etodos empregados para a demonstra¸ao
desse resultado pode ser usado para estimar um majorante para o enus de
uma n-variedade topol´ogica que admite uma Z
p
-a¸ao livre.
Abstract
The classic Theorems of Borsuk-Ulam and Ljusternik-Schnirelmann
have many generalizations, among which we point out that given by C. Schupp
[12] and H. Steinlein [14]. Schupp generalizes the B orsuk-Ulam Theorem by
replacing the Z
2
-free action on the n-sphere by a Z
p
-free action, where p is any
prime number. In the generalization of the Ljusternik-Schnirelmann Theorem
maden by Steinlein, the n-sphere is replaced by a normal space M on which Z
p
acts freely. We explore in this dissertation the subsequent results of Steinlein
[15] in which is proved that the estimates of the Schupp’s Theorem are the
best possible and the estimates for the Steinlein’s Theorem can be improved
in certain cases, furthermore a sort of converse of the Steinlein Theorem is
valid. The concept of genus of a Z
p
-space is fundamental for these theorems
and the genus of the n-sphere is n + 1 independently of the prime number
and the Z
p
-free action on S
n
. We realize that the method employed in the
proof on this result can be used to estimate an upper bound for the genus of
a topological n-manifold that admits a Z
p
-free action.
Sum´ario
1 Preliminares 9
1.1 Homotopia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
1.2 Grau de uma aplica¸ao entre esferas de mesma dimens˜ao . . . . 11
1.3 ao de um grupo topol´ogico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
1.4 Extens˜ao de aplica¸oes cont´ınuas . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
1.5 Dimens˜ao topol´ogica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
1.6 Categoria de um espa¸co . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
1.7 Fibrados e Fibrados Principais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
2 Uma boa estimativa do teorema de Borsuk-Ulam 29
3 O gˆenus de um Z
p
espa¸co 40
3.1 Defini¸oes e exemplos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
3.2 O enus e aplica¸oes equivariantes . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
4 A categoria do espa¸co S
n
/f 62
5 A propriedade K
m,p
67
5.1 O Teorema de Ljusternik-Schnirelmann . . . . . . . . . . . . . . 67
5.2 O enus e a propriedade K
m,7
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70
Referˆencias Bibliogr´aficas 82
Introdu¸ao
Esta disserta¸ao tem dentre os seus objetivos o estudo dos teore-
mas de Borsuk-Ulam generalizado devido a C. Schupp [12] e de Ljusternik-
Schnirelmann generalizado, devido a Steinlein [14]. O primeiro teorema diz
que se a esfera S
n
admite uma Z
p
-a¸ao livre gerada por f : S
n
S
n
, sendo
p um primo, e n (m 1)(p 1) + 1 enao para qualquer fun¸ao cont´ınua
h : S
n
R
m
existe x S
n
tal que h(x) = h(f(x)). a o Teorema de Steinlein
diz que se M ´e um espa¸co normal que admite uma Z
p
-a¸ao livre para algum
primo p, gerada por f : M M e M ´e coberta por m fechados F
1
, F
2
, . . . , F
m
tais que F
i
f(F
i
) = i = 1, 2, . . . , m enao
g(M, f)
(m 3)
(p1)
2
+ 1 se p = 3
(m 3)
(p1)
2
+ 2 se p > 3
(1)
sendo g(M, f) o enus do Z
p
-espa¸co (M, f), o qual ´e definido por A. S.
ˇ
Svarc
em [17].
Em 1984 Steinlein [15] mostrou que a estimativa dada por Schupp ´e a
melhor poss´ıvel, no entanto a estimativa dada em (1) ao ´e a melhor poss´ıvel
em certos casos. O estudo destas estimativas conduz a uma certa rec´ıproca do
Teorema de Steinlein.
Nosso interesse foi estudar estas estimativas e as propriedades do enus
de um Z
p
-espa¸co.
7
8
O trabalho ´e organizado como segue. O cap´ıtulo 1 ser´a dedicado
aos conceitos preliminares, que envolvem no¸oes de homotopia, grau de uma
aplica¸ao entre esferas de mesma dimens˜ao, ao de um grupo topol´ogico,
extens˜ao de aplica¸oes cont´ınuas, dimens˜ao topol´ogica, categoria de um espa¸co
e fibrados, necess´arios para o bom entendimento desta disserta¸ao.
No cap´ıtulo 2 exibimos a demonstra¸ao de que a estimativa do Teo-
rema de Schupp ´e a melhor poss´ıvel.
No cap´ıtulo 3 ´e definido o gˆenus de um espa¸co de Hausdorff de duas
maneiras e demonstramos que estas defini¸oes coincidem se o espa¸co em quest˜ao
for normal. O resultado mais importante deste cap´ıtulo relaciona o gˆenus n de
um Z
p
-espa¸co M com a existˆencia de aplica¸oes equivariantes P : M F
n,p
,
sendo F
n,p
uma classe especial de Z
p
-espa¸co.
No cap´ıtulo 4, com aux´ılio de um resultado devido a Krasnosel’skiˇı
[5], mostramos que o gˆenus da esfera n-dimensional S
n
´e igual a n + 1, inde-
pendentemente do primo p e da Z
p
-a¸ao livre em S
n
. Percebemos que nesta
demonstra¸ao se p ode majorar o enus de uma Z
p
-variedade n-dimensional
por n + 1.
No ´ultimo cap´ıtulo verificamos que vale de um certo modo a rec´ıproca
do teorema de Ljusternik-Schnirelmann generalizado e que a estimativa do
gˆenus para um espa¸co com uma Z
7
ao livre que tem base enumer´avel e
uma propriedade K
m,7
, propriedade essa que equivale `as hip´oteses do Teorema
de Steinlein enunciado acima, pode ser melhorada.
Cap´ıtulo 1
Preliminares
Este cap´ıtulo tem como finalidade definir os conceitos asicos que
ser˜ao usados no presente trabalho. Iniciaremos com a defini¸ao de homotopia,
na se¸ao posterior definiremos grau de uma aplica¸ao entre esferas de mesma
dimens˜ao e listaremos algumas de suas propriedades. O grau que definimos
aqui ´e bastante conhecido na literatura como o grau de Brower. Definiremos
tamem grupos topol´ogicos e ao de tais grupos em um espa¸co topol´ogico, ´e
a partir dessa defini¸ao e de alguns resultados inerentes ao grau que veremos
que o grupo topol´ogico (Z
2
, +) ´e o ´unico grupo ao trivial que pode atuar
livremente na esfera n-dimensional S
n
se n ´e par, e isto vai ser de grande
utilidade no nosso trabalho. A se¸ao 1.4 ´e dedicada a extens˜ao de aplica¸oes
cont´ınuas, nela veremos algumas consequˆencias do teorema de extens˜ao de H.
Tietze. Nas trˆes ´ultimas se¸oes daremos ˆenfase aos conceitos de dimens˜ao
topol´ogica, categoria de um espa¸co e fibrados, respectivamente.
Ao leitor familiarizado com tais defini¸oes fica a seu crit´erio dispensar
ou ao a leitura deste primeiro cap´ıtulo, retornando ao mesmo conforme a
necessidade.
Para maiores detalhes sobre os assuntos mencionados neste cap´ıtulo
9
10
ver [1], [2], [3], [4], [6], [8], [9], [10], [11] e [20].
1.1 Homotopia
Sejam X e Y espa¸cos topol´ogicos e f, g : X Y aplica¸oes cont´ınuas,
dizemos que f ´e homot´opica `a g quando existe uma aplica¸ao cont´ınua
H : X ×I Y (sendo I o intervalo fechado [0, 1] R) tal que H(x, 0) = f(x)
e H(x, 1) = g(x) para todo x X.
A aplica¸ao H ´e uma homotopia entre f e g e, ´e denotada por f
H
g
ou simplesmente f g.
Exemplo 1.1.1 Se Y R
n
´e convexo ent˜ao todas as aplicoes cont´ınuas de
X em Y ao homot´opicas , pois sejam f, g : X Y ent˜ao basta definirmos
H : X × I Y por H(x, t) = tf(x) + (1 t)g(x).
Observemos tamem que, a rela¸ao de homotopia ´e compat´ıvel com
composi¸ao de fun¸oes, ou seja, dadas as aplica¸oes cont´ınuas f, f
: X Y
e g, g
: Y Z tais que f f
e g g
enao g f g
f
.
Defini¸ao 1.1.1 Dizemos que dois espcos topol´ogicos X e Y possuem o
mesmo tipo de homotopia se existem aplicoes cont´ınuas f : X Y e
g : Y X tais que:
f g id
Y
e g f id
X
sendo id
X
e id
Y
as aplicoes identidade de X e Y , respectivamente.
A aplica¸ao f ´e chamada equivalˆencia homot´opica e denotamos os
espa¸cos topol´ogicos com mesmo tipo de homotopia por X Y .
Exemplo 1.1.2 Se X e Y ao homeomorfos ent˜ao possuem o mesmo tipo de
homotopia.
11
Exemplo 1.1.3 R
n
{0} e S
n1
possuem o mesmo tipo de homotopia. De
fato, consideremos f : S
n1
R
n
{0} a inclus˜ao e g : R
n
{0} S
n1
dada por g(x) =
x
x
. Assim, f g id
R
n
−{0}
e g f id
S
n1
.
Defini¸ao 1.1.2 Um espco topol´ogico X ´e contr´atil se a aplicao identi-
dade id
X
: X X ´e homot´opica a uma aplicao constante.
Observao 1.1.1 Um espco X tem o mesmo tipo de homotopia que um
ponto se e somente se X ´e contr´atil.
1.2 Grau de uma aplica¸ao entre esferas de
mesma dimens˜ao
Defini¸ao 1.2.1 Sejam S
n
a esfera unit´aria ndimensional, f : S
n
S
n
uma aplicao cont´ınua, f
: H
n
(S
n
) H
n
(S
n
) o homomorfismo induzido
de f na n´esima homologia de S
n
e α H
n
(S
n
)
=
Z um gerador.
O grau de f ´e definido como sendo o ´unico inteiro grau(f) Z tal que
f
(α) =grau(f) .
Propriedades:
(1) Se f : S
n
S
n
´e homeomorfismo, enao grau(f) = ±1.
(2) grau(id
S
n
) = 1, sendo id
S
n
: S
n
S
n
a aplica¸ao identidade.
(3) Se f, g : S
n
S
n
ao cont´ınuas e homot´opicas,enao grau(f)=grau(g).
(4) Se f, g : S
n
S
n
ao cont´ınuas, ent˜ao grau(g f)=grau(g).grau(f).
(5) grau(A) = (1)
n+1
, sendo A : S
n
S
n
a aplica¸ao ant´ıpoda dada por
A(x) = x .
12
Lema 1.2.1 Sejam f, g : S
n
S
n
aplicoes cont´ınuas tais que
grau(f)+(1)
n
.grau(g)= 0. Ent˜ao x S
n
tal que f(x) = g(x).
Demonstra¸ao: Suponhamos que f(x) = g(x) x S
n
, ent˜ao o segmento de
reta ligando f(x) a g(x) ao passa pela origem, sendo assim podemos definir
a aplica¸ao cont´ınua F : S
n
×[0, 1] S
n
dada por F (x, t) =
(1t)f(x)tg(x)
(1t)f(x)tg(x)
.
Observe que F ´e uma homotopia entre f e aplica¸ao Ag sendo A : S
n
S
n
dada por A(x) = x. Portanto, segue de (3), (4) e (5) que grau (f)=grau
(A g)=grau (A).grau (g)=(1)
n+1
grau (g), ou seja, grau (f)+(1)
n
grau
(g)= 0, o que ´e um absurdo.
Lema 1.2.2 Seja f : S
2n
S
2n
uma aplicao cont´ınua tal que grau (f) 0.
Ent˜ao x S
2n
tal que f(x) = x.
Demonstra¸ao: Seja id
S
2n
: S
2n
S
2n
a aplica¸ao identidade. Como o
grau (id
S
2n
)= 1 temos que grau (f)+(1)
2n
grau (id
S
n
)=grau (f)+1= 0. Us-
ando o Lema acima podemos afirmar que x S
2n
tal que f(x) = id
S
2n
(x) =
x, ou seja, f tem ponto fixo.
1.3 c˜ao de um grupo topol´ogico
Defini¸ao 1.3.1 Um grupo topol´ogico (G, ) ´e um grupo que tamb´em ´e
espco topol´ogico, satisfazendo as propriedades abaixo:
(i) A operao : G × G G do grupo G ´e uma aplicao cont´ınua.
(ii) A aplicao G G dada por g → g
1
´e uma aplicao cont´ınua.
Exemplo 1.3.1 O grupo (Z, +) ´e um grupo topol´ogico, sendo Z o conjunto
dos n´umeros inteiros.
13
Exemplo 1.3.2 (S
1
, .) ´e um grupo topol´ogico, sendo S
1
o espco de todos os
umeros complexos z tal que z = 1.
Defini¸ao 1.3.2 Uma ao `a esquerda (direita) de um grupo topol´ogico
(G, ) em um espco topol´ogico X ´e uma aplicao cont´ınua G × X X
(usualmente denotada por (g, x) → gx) ((g, x) → xg)) que satisfaz as seguintes
propriedades:
(i) e
G
x = x (xe
G
= x) x X, sendo e
G
o elemento neutro do grupo G.
(ii) (g
1
g
2
)x = g
1
(g
2
x) (x(g
1
g
2
) = (xg
1
)g
2
) x X e g
1
, g
2
G.
Quando uma tal ao ´e dada dizemos que G atua no espa¸co X pela
esquerda (direita) .
As observoes, defini¸oes e teoremas abaixo ser˜ao dados considerando-
se oes `a esquerda, no entanto tudo permanece alido para as correspondentes
oes `a direita.
Observao 1.3.1 Se a ao definida acima satisfaz a seguinte propriedade
abaixo:
gx = x para algum x X = g = e
G
enao dizemos que a ao ´e livre, ou que G atua livremente no espa¸co X, e
neste caso dizemos que X ´e um G-espa¸co.
Uma ao G × X X ´e dita ser propriamente descont´ınua
se para todo x X existe U X aberto tal que x U e U gU =
g G, g = e
G
, sendo gU = {gy X ; y U}.
Lema 1.3.1 Se X ´e um espco de Hausdorff e G ´e um grupo finito ent˜ao toda
ao livre de G em X ´e propriamente descont´ınua.
14
Prova: Seja G = {e
G
, g
1
, ..., g
k
}. Dado x X, como a ao ´e livre devemos
ter x = g
j
x para todo j = 1, 2, . . . , k. Como X ´e um espa¸co de Hausdorff
existem abertos U
j
e V
j
de X tais que x U
j
, g
j
x V
j
e U
j
V
j
= para todo
j = 1, 2, . . . , k. Seja U =
k
j=1
[U
j
(g
1
j
V
j
)], temos ent˜ao que U ´e aberto e
x U. Al´em disso, U g
j
U = j = 1, 2, . . . , k, pois se existisse y U g
j
U
enao y U
j
e y g
j
U g
j
(g
1
j
V
j
) = V
j
o que ´e um absurdo.
Pode ser demonstrado sem dificuldades o seguinte teorema:
Teorema 1.3.1 Seja (G, ) um grupo topol´ogico atuando em um espco
topol´ogico X.
(i) A rela¸ao em X definida por x y gx = y para algum g G ´e uma
rela¸ao de equivalˆencia.
(ii) Para cada x X, G
x
= {g G ; gx = x} ´e um subgrupo de G, chamado
subgrupo de isotropia de x G.
Teorema 1.3.2 Se um grupo topol´ogico (G, ) atua no espco topol´ogico X,
ent˜ao esta ao induz um homomorfismo (G, ) (Homeo(X), ), sendo
(Homeo(X), ) o grupo de todos os homeomorfismos de X em X munido da
operao de composi¸ao.
Demonstra¸ao: Seja g G, a aplica¸ao τ
g
: X X dada por τ
g
(x) = gx ´e
uma bije¸ao, onde (τ
g
)
1
= τ
g
1
. Al´em disso, τ
g
´e cont´ınua, pois ´e a composi¸ao
da aplica¸ao cont´ınua λ : X G × X dada por λ(x) = (g, x) com aplica¸ao
G × X X dada por (g, x) → gx, o mesmo ocorre com τ
g
1
. O conjunto
Bij(X, X) das bije¸oes de X em X ´e um grupo com a opera¸ao composi¸ao
e Homeo(X) = {h : X X; h ´e homeomorfismo } ´e um subgrupo do
grupo Bij(X, X). Considere agora a aplica¸ao φ : G Homeo(X) dada por
15
φ(g) = τ
g
e note que φ(g
1
g
2
) = τ
g
1
g
2
= τ
g
1
τ
g
2
= φ(g
1
) φ(g
2
), logo φ ´e um
homomorfismo como quer´ıamos.
Observao 1.3.2 Se ao ´e livre o homomorfismo φ do teorema acima ´e in-
jetor, al´em disso para cada elemento g = e
G
o homeomorfismo correspondente
τ
g
ao fixa ponto.
Defini¸ao 1.3.3 A ´orbita de x X, x = {gx ; g G} ´e a classe de
equivalˆencia de x da rela¸ao de equivalˆencia definida acima.
Denotamos por X/G ao conjunto de todas as ´orbitas x da ao G
sobre X, o qual ´e munido da topologia quociente induzida pela aplicao p :
X X/G que associa cada x X sua ´orbita x. O conjunto X/G munido
dessa topologia ´e chamado espco de ´orbitas da ao G × X X.
Teorema 1.3.3 Se um grupo topol´ogico G atua no espco topol´ogico X, ent˜ao
o cardinal da ´orbita de x X ´e o ´ındice [G : G
x
].
Demonstra¸ao: Sejam g, h G. Como
gx = hx (g
1
h)x = x g
1
h G
x
h G
x
= g G
x
segue que a aplica¸ao g G
x
→ gx ´e uma bije¸ao bem definida de G/G
x
em
x = {gx ; g G}.
Observao 1.3.3 Dada uma aplicao f : M M, ent˜ao para cada n N
denotamos f
n
: M M como sendo f
0
= id
M
e f
n
= f f
(n1)
se n > 0.
Teorema 1.3.4 Seja G = Z
p
= Z/pZ o grupo dos inteiros odulo p sendo p
um n´umero primo, seja M um espco topol´ogico e f : M M uma aplicao
cont´ınua tal que f
p
= id
M
e f(x) = x x M, ent˜ao G atua livremente em
M.
16
Demonstra¸ao: Definamos a seguinte aplica¸ao ψ : G ×M M dada por
ψ(k, x) = f
k
(x) x M. ao ´e dificil verificar que a aplica¸ao ψ satisfaz
as propriedades da defini¸ao 1.3.2; basta enao mostrar que essa ao ´e livre.
Pelo teorema de Lagrange, temos que |G| = [G : G
x
].|G
x
| x M(|G| denota
o cardinal de G), mas pelo teorema 1.3.3 temos que p = |x|.|G
x
|, da´ı segue
que |x| = 1 e |G
x
| = p ou |x| = p e |G
x
| = 1. Como a ´orbita de x M ´e dada
por x = {f
k
(x) ; k G} e f(x) = x x M podemos afirmar que |x| ´e no
m´ınimo 2. Portanto, necessariamente devemos ter |x| = p e |G
x
| = 1, ou seja,
G
x
= {0} e consequentemente ψ ´e uma ao livre.
Defini¸ao 1.3.4 Quando uma aplicao f : M M satisfaz `as hip´oteses
do teorema acima, ent˜ao dizemos que f gera uma Z
p
-ao livre em M.
Exemplo 1.3.3 Seja M = S
n
a esfera n-dimensional e A : S
n
S
n
a
aplicao ant´ıpoda dada por A(x) = x, observe que A ´e cont´ınua, A
2
= id
S
n
e A(x) = x x S
n
, logo A gera uma Z
2
-a¸ao livre em S
n
, ψ : Z
2
×S
n
S
n
dada por ψ(0, x) = x e ψ(1, x) = x.
Exemplo 1.3.4 Seja T o toro em R
3
formado pela rota¸ao do c´ırculo
(x 3)
2
+ z
2
= 1 sobre o eixo-z. Seja f : T T definida por f(x, y, z) =
(x, y, z) a reflex˜ao em torno da origem. A aplicao f gera uma Z
2
ao
livre em T .
Exemplo 1.3.5 Seja S
2n1
= {z = (z
1
, ..., z
n
) C
n
; z = 1}, e =
e
2πi
k
sendo k N
os naturais sem o zero. Considere q
1
, ..., q
n
umeros in-
teiros que ao primos relativos com k. Ent˜ao f : S
2n1
S
2n1
dada
por f(z
1
, ..., z
n
) = (
q
1
z
1
, ...,
q
n
z
n
) gera uma Z
k
ao livre em S
2n1
. O
espco de ´orbitas S
2n1
/Z
k
dessa ao ´e chamado espco lenticular de tipo
17
(k; q
1
, q
2
, . . . , q
n
) e denotado por
L(k; q
1
, q
2
, . . . , q
n
).
Teorema 1.3.5 Z
2
´e o ´unico grupo ao trivial que pode atuar livremente na
esfera n-dimensional S
n
se n ´e par.
Demonstra¸ao: Desde que o grau de um homeomorfismo deve ser ±1, a ao
de um grupo (G, ) em S
n
determina uma fun¸ao d : G 1} dada por
d(g) =grau τ
g
, onde τ
g
: S
n
S
n
´e um homeomorfismo e {−1, 1} ´e um grupo
com a multiplica¸ao usual. A aplica¸ao d ´e um homomorfismo, pois d(g
1
g
2
)
= grau (τ
g
1
g
2
) = grau (τ
g
1
τ
g
2
) = grau (τ
g
1
).grau(τ
g
2
)=d(g
1
).d(g
2
). Veremos
agora que quando n ´e par o n´ucleo do homomorfismo d ´e trivial. Para isso
suponha que exista g = e
G
tal que g N´ucleo(d) = {g G; d(g) = 1}, ou
seja, o grau (τ
g
) = 1. Usando o lema 1.2.2 temos que τ
g
tem um ponto fixo, o
que ´e um absurdo, pois a ao ´e livre. Portanto, quando n ´e par G ´e isomorfo
a d(G) que ´e um subgrupo de {−1, 1}.
1.4 Extens˜ao de aplica¸oes cont´ınuas
Um dos problemas mais importantes da topologia ´e o da extens˜ao
de aplica¸oes cont´ınuas. Nesse problema, ´e dada uma aplica¸ao cont´ınua
f : A Y , definida num subconjunto fechado A de um espa¸co topol´ogico X
e indaga-se sobre a possibilidade de estender f a X, ou seja, sobre a existˆencia
de f : X Y cont´ınua tal que a restri¸ao de f ao subconjunto A coincida
com f, ou s eja, f|
A
= f.
Resultados importantes concernentes `a extens˜ao de fun¸oes cont´ınuas
ao o famoso teorema de Tietze e suas consequˆencias imediatas os quais lista-
mos abaixo.
18
Teorema 1.4.1 (H. Tietze)([9]) Seja X um espco normal e A um subcon-
junto fechado de X.
(a) Qualquer aplica¸ao cont´ınua de A sobre o intervalo fechado [a, b] de R
pode ser estendida a uma aplica¸ao cont´ınua de X sobre [a, b].
(b) Qualquer aplica¸ao cont´ınua de A sobre R pode ser estendida a uma
aplica¸ao cont´ınua de X sobre R.
Antes de enunciar algumas consequˆencias asicas do teorema acima,
vamos fixar as seguintes nota¸oes:
I
n
= [a, b] × [a, b] × ... × [a, b], a, b R, a < b
S
n
= {(x
1
, ..., x
n
, x
n+1
) R
n+1
; x
2
1
+ ... + x
2
n
+ x
2
n+1
= 1}
S
n
+
= {(x
1
, ..., x
n
, x
n+1
) S
n
; x
n+1
0}
D
n
= {(x
1
, ..., x
n
) R
n
; (x
1
, ..., x
n
) 1}
Corol´ario 1.4.1 Seja X um espco normal e A X um subconjunto fechado.
Seja f : A I
n
cont´ınua, ent˜ao f pode ser estendida continuamente a X.
Prova: Note que f = (f
1
, ..., f
n
) onde f
i
: A [a, b] ´e cont´ınua i =
1, .., n. Sendo assim pelo teorema acima cada f
i
pode ser estendida para
uma aplica¸ao cont´ınua f
i
: X [a, b]. Defina f : X I
n
como sendo
f(x) = (f
1
(x), ..., f
n
(x)) x X. Como suas coordenadas ao cont´ınuas
podemos afirmar que f ´e cont´ınua, al´em disso dado a A temos f(a) =
(f
1
(a), ..., f
n
(a)) = (f
1
(a), ..., f
n
(a)) = f(a). Portanto, f ´e uma extens˜ao
cont´ınua de f.
Corol´ario 1.4.2 Seja X um espco normal e A X um subconjunto fechado.
Seja f : A R
n
cont´ınua, ent˜ao f pode ser estendida continuamente a X.
19
Prova: A prova ´e an´aloga a do corol´ario anterior.
Corol´ario 1.4.3 Seja X um espco normal e A X um subconjunto fechado
de X. Se Y ´e homeomorfo a R
n
ou a I
n
para algum n 1, ent˜ao toda fun¸ao
cont´ınua f : A Y possui extens˜ao cont´ınua f : X Y .
Prova: Suponhamos que h : Y R
n
seja um homeomorfismo entre Y e R
n
,
enao h f : A R
n
admite uma extens˜ao cont´ınua h f : X R
n
pelo
corol´ario acima. Defina f = h
1
h f : X Y e observe que f ´e cont´ınua
pois ´e composi¸ao de fun¸oes cont´ınuas, al´em disso dado a A temos f(a) =
(h
1
h f)(a) = h
1
((h f)(a)) = h
1
((h f)(a)) = (h
1
h)(f(a)) = f(a).
Portanto, f ´e uma extens˜ao cont´ınua de f. No caso em que Y ´e homeomorfo
a I
n
a prova ´e an´aloga.
Uma vez que,
S
n
{p} R
n
(p S
n
)
D
n
I
n
S
n
+
D
n
I
n
seguem os resultados abaixo, sendo que denota homeomorfismo.
Corol´ario 1.4.4 Seja X um espco normal e A X um subconjunto fechado.
Seja f : A S
n
cont´ınua e ao sobrejetora, ent˜ao f pode ser estendida
continuamente a X.
Corol´ario 1.4.5 Seja X um espco normal e A X um subconjunto fechado.
Seja f : A D
n
cont´ınua, ent˜ao f pode ser estendida continuamente a X.
Corol´ario 1.4.6 Seja X um espco normal e A X um subconjunto fechado.
Seja f : A S
n
+
cont´ınua, ent˜ao f pode ser estendida continuamente a X.
20
1.5 Dimens˜ao topol´ogica
Nesta se¸ao definiremos o conceito de dimens˜ao topol´ogica, e a partir
da´ı enunciaremos alguns resultados pertinentes a teoria da dimens˜ao.
Defini¸ao 1.5.1 Uma cole¸ao Γ de subconjuntos de um espco X ´e dito ter
ordem m + 1 se algum ponto de X est´a em m + 1 elementos de Γ, e nenhum
ponto de X est´a em mais do que m + 1 elementos de Γ.
Defini¸ao 1.5.2 Sejam Γ e β cole¸oes de conjuntos, dizemos que β refina Γ
se para cada B β, existe A Γ tal que B A.
Defini¸ao 1.5.3 Um espco X ´e dito ter dimens˜ao finita se existe algum
inteiro m tal que para toda cobertura aberta Γ de X, existe uma cobertura
aberta β de X que refina Γ e tem ordem menor ou igual a m + 1. A dimens˜ao
topol´ogica de X ´e definida como sendo o menor valor de m para que isto ocorra.
Observao 1.5.1 A dimens˜ao topol´ogica de um espco X ´e denotado por
dim X.
Exemplo 1.5.1 Todo conjunto com a topologia discreta tem dimens˜ao
topol´ogica igual a 0.
Listaremos abaixo alguns resultados que envolvem dimens˜ao topol´ogica.
Defini¸ao 1.5.4 Uma nvariedade topol´ogica ´e um espco M de Hausdorff
com base enumer´avel tal que para cada ponto p M existe uma vizinhan¸ca
aberta de p que ´e homeomorfa a um aberto do espco euclidiano R
n
.
Teorema 1.5.1 ([9]) Se M ´e uma n-variedade topol´ogica ent˜ao dim M = n.
Segue diretamente das defini¸oes de nvariedade topol´ogica e de ao
propriamente descont´ınua o seguinte resultado
21
Teorema 1.5.2 Se G ´e um grupo topol´ogico que atua sobre uma nvariedade
topol´ogica M de tal forma que essa ao ´e propriamente descont´ınua ent˜ao o
espco de ´orbitas M/G ´e ainda uma nvariedade topol´ogica.
Corol´ario 1.5.1 Se M ´e uma nvariedade topol´ogica que ´e um Gespco
sendo G um grupo finito, ent˜ao o espco de ´orbitas M/G ´e uma nvariedade
topol´ogica e portanto dim M/G = n = dim M.
Prova: Pelo lema 1.3.1 a ao ´e propriamente descont´ınua, logo pelos teoremas
1.5.2 e 1.5.1 acima segue o resultado.
1.6 Categoria de um espa¸co
Em 1930, Ljusternick e Schnirelmann ([8]) introduziram a no¸ao de
categoria de uma variedade M. Essa mesma defini¸ao se aplica a um espa¸co
topol´ogico arbitr´ario, al´em disso a categoria de um espa¸co X ´e um invariante
homot´opico.
Defini¸ao 1.6.1 A categoria de um espco topol´ogico X ´e o menor umero
de conjuntos fechados e contr´ateis em X que formam uma cobertura de X.
Observao 1.6.1 Na defini¸ao acima quando dizemos que F X ´e um
conjunto fechado ”contr´atil em X”, queremos dizer que a inclus˜ao j : F X
´e homot´opica a uma aplicao constante. Assim, por exemplo S
1
´e contr´atil
em S
2
, embora S
1
ao seja contr´atil.
Observao 1.6.2 Denotaremos a categoria de X por cat X.
Teorema 1.6.1 cat X = 1 se e somente se X ´e contr´atil.
22
Teorema 1.6.2 Se X tem o mesmo tipo de homotopia que Y ent˜ao
cat X = cat Y.
Prova: Como X Y ent˜ao existem aplica¸oes cont´ınuas f : X Y e
g : Y X tais que f g id
Y
e g f id
X
. Note que Y =
n
i=1
g
1
(A
i
),
sendo cada g
1
(A
i
) fechado em Y ,pois A
i
´e fechado em X e g ´e cont´ınua.
Verifiquemos que g
1
(A
i
) ´e contr´atil em Y para i = 1, ..., n. Seja a aplica¸ao
H
i
: A
i
× I X tal que H
i
(x, 0) = x e H
i
(x, 1) = e
x
sendo e
x
um caminho
constante. Consideremos agora F
i
: g
1
(A
i
) × I Y como sendo F
i
(y, t) =
(f H
i
)(g(y), t), assim F
i
(y, 0) = (f H
i
)(g(y), 0) = f(g(y)) = (f g)(y) e
F
i
(y, 1) = (f H
i
)(g(y), 1) = f(e
x
) = e
y
sendo e
y
um caminho constante.
Sendo G : Y × I Y uma homotopia entre f g e id
Y
, enao G|
g
1
(A
i
)×I
´e uma homotopia entre f g|
g
1
(A
i
)
e i : g
1
(A
i
) Y a inclus˜ao. Portanto
cat Y cat X, e de maneira an´aloga mostra-se que cat X cat Y .
Exemplo 1.6.1 cat S
n
= 2, n 0.
Exemplo 1.6.2 cat (R
n+1
{0}) = cat (D
n+1
{0}) = 2, porque ambos em
o mesmo tipo de homotopia da S
n
, sendo que D
n+1
= {x R
n+1
; x 1}.
Listaremos abaixo outro resultado pertinente a categoria de um espa¸co
(c.f.[4]).
Teorema 1.6.3 Se X ´e conexo por caminhos e paracompacto ent˜ao
cat X dim X + 1.
1.7 Fibrados e Fibrados Principais
A defini¸ao de fibrados que daremos nesta se¸ao pode ser encarada
como a generaliza¸ao de espa¸cos de recobrimento , ou seja, localmente como o
23
produto do espa¸co base por sua fibra.
Defini¸ao 1.7.1 Sejam X,B e F espcos (de Hausdorff ) e p : X B
uma aplicao cont´ınua. D izemos que p ´e uma fibrao localmente trivial
com fibra F se para cada b B existe uma vizinhan¸ca U tal que b U e um
homeomorfismo φ : U ×F p
1
(U) tal que p(φ(b, y)) = b para todo b U e
y F .
Observao 1.7.1 Observe que em p
1
(U), p corresponde `a proje¸ao
U × F U. Assim, a aplicao φ ´e chamada de trivializa¸ao local.
Observemos tamb´em que se b U ent˜ao a restri¸ao de φ a {b}×F p
1
(b)
´e um homeomorfismo , ou seja, se p : X B ´e uma fibrao localmente
trivial com fibra F , ent˜ao F p
1
(b) b B.
Exemplo 1.7.1 Seja p : B × F B dada por p(x, e) = x, ent˜ao p ´e
uma fibrao localmente trivial, pois dado b B existe U = B tal que
φ : B × F p
1
(U) = B × F dada por φ(x, e) = (x, e) ´e uma trivializa¸ao
local.
Exibiremos agora a defini¸ao de fibrado.
Defini¸ao 1.7.2 Seja G um grupo topol´ogico atuando livremente pela direita
num espco (de Hausdorff ) F como um grupo de homeomorfismos. Sejam
X e B espcos (de Hausdorff ). Um fibrado ξ sobre um espco base B,
com espco total X, fibra F e grupo estrutural G, consiste numa fibrao
localmente trivial p : X B junto com uma cole¸ao de trivializa¸oes
locais φ : U × F p
1
(U), chamadas cartas sobre U, tais que:
(i) cada ponto de B possui uma vizinhan¸ca sobre a qual existe uma carta em
.
24
(ii) se φ : U × F p
1
(U) est´a em e V U, ent˜ao a restri¸ao de φ `a
V × F est´a em .
(iii) se ψ, φ ao cartas sobre U, ent˜ao existe uma aplicao θ : U G
tal que ψ(u, y) = φ(u, yθ(u)).
(iv) o conjunto ´e maximal satisfazendo (i),(ii) e (iii).
Denotamos o fibrado acima por ξ = (X, p, B, F, G). Algumas vezes, o
espa¸co total de um fibrado ξ ´e denotado por E(ξ) e o espa¸co base por B(ξ).
Observao 1.7.2 Dadas as cartas φ e ψ sobre U, temos que
φ
1
ψ : U × F U × F ´e um homeomorfismo que comuta com a
proje¸ao π : U × F U. Assim, segue que φ
1
ψ(u, y) = (u, µ(u, y)), sendo
µ : U × F F a aplicao cont´ınua dada por µ = π
F
φ
1
ψ, com
π
F
: U ×F F a proje¸ao em F . Definindo θ : U G por yθ(u) = µ(u, y),
temos que θ do item (iii) da defini¸ao acima ´e completamente determinado
pelas cartas φ e ψ.
Exemplo 1.7.2 O Fibrado Produto ξ = (B × F, p, B, F, {id}).
a vimos que a fibrao localmente trivial ´e a proje¸ao na primeira vari´avel,
φ = id e U = B. Observe que o grupo estrutural consiste apenas do elemento
neutro (id : F F ).
Defini¸ao 1.7.3 Dados Gespcos X e Y , dizemos que uma fun¸ao cont´ınua
f : X Y ´e equivariante se f(g · x) = g · f(x) g G, x X, ou seja,
o diagrama
G × X
id
G
×f
φ
//
X
f
G × Y
ψ
//
Y
25
comuta, sendo φ e ψ as oes de G em X e Y respectivamente.
Teorema 1.7.1 Considere o fibrado ξ = (X, p, B, F, K), suponha que G atua
sobre F pela esquerda e que as oes G e K comutam ((g(yk) = (gy)k g
G, k K e y F ). Ent˜ao exi ste uma ´unica ao de G sobre X tal que
p(gx) = p(x) g G e x X e cada carta ϕ : U × F p
1
(U) ´e
equivariante [onde G atua em U × F por (g, (u, y)) → (u, gy)].
Prova: A ao ´e definida pela equivariˆancia das cartas e ´e suficiente provar
que esta independe da escolha das cartas sobre U. Sendo assim, ´e o mostrar
que cada ϕ
1
ψ : U × F U × F ´e equivariante. Mas
g(ϕ
1
ψ(u, y)) = g(u, yθ(u))
= (u, g(yθ(u)))
= (u, (gy)θ(u))
= ϕ
1
ψ(u, gy) = ϕ
1
ψ(g(u, y)).
Defini¸ao 1.7.4 Um fibrado ξ = (X, p, B, F, G) ´e chamado G-fibrado prin-
cipal se sua fibra F coincide com seu grupo estrutural G e a ao G×G G
´e dada pela multiplicao do grupo.
Por raz˜oes ´obvias denotaremos tal fibrado principal por (X, p, B, G).
Segue imediatamente do teorema 1.7.1 e da defini¸ao acima o seguinte
corol´ario
Corol´ario 1.7.1 Seja (X, p, B, G) um fibrado principal, ent˜ao existe uma
ao livre de G sobre X tal que p(gx) = p(x) g G e x X . A aplicao
26
p : X B induz um homeomorfismo X/G
B, sendo X/G o espco de
´orbitas da ao.
Reciprocamente, se X ´e um Gespco `a esquerda ent˜ao (X, π, X/G, G)
´e um Gfibrado principal, sendo π : X X/G a proje¸ao de X sobre o
espco de ´orbitas da ao.
Exemplo 1.7.3 Sejam G um grupo topol´ogico, X um espco topol´ogico e
G×G G a multiplicao de G ent˜ao se p : X ×G X ´e a proje¸ao natu-
ral temos que (X×G, p, X, G) ´e um Gfibrado principal, chamado Gfibrado
trivial sobre X e denotado por ε(X, G). A ao de G em X × G ´e dada por
g(x, h) = (x, gh).
Exemplo 1.7.4 (S
n
, π, RP
n
, Z
2
) ´e um Z
2
fibrado principal.
Exemplo 1.7.5 (S
2n1
, π, L(p, q
1
, . . . , q
n
), Z
p
) ´e um Z
p
fibrado principal
(c.f. exemplo 1.3.5).
Exemplo 1.7.6 Se ξ = (X, p, B, G) ´e um Gfibrado principal e A B um
subespco de B ent˜ao ξ|
A
= (p
1
(A), p|
p
1
(A)
, A, G) ´e tamb´em um Gfibrado
principal chamado restri¸ao de ξ ao subespco A.
Defini¸ao 1.7.5 Dados ξ = (X, p, B, G) e η = (Y, q, C, G) dois Gfibrados
principais, ent˜ao um morfismo de G-fibrados principais, ou um
G-morfismo de ξ em η ´e um par (
ˆ
f, f) : ξ η, sendo
ˆ
f : X Y
uma aplicao equivariante, f : B C cont´ınua tal que o diagrama
X
p
ˆ
f
//
Y
q
B
f
//
C
comuta, isto ´e, q
ˆ
f = f p.
27
Diz-se usualmente que uma aplica¸ao
ˆ
f satisfazendo `as condi¸oes acima
´e uma aplica¸ao que cobre f ou que f ´e coberta por
ˆ
f.
Se ξ = (X, p, B, G) e η = (Y, q, B, G) ao Gfibrados principais sobre
um mesmo espa¸co base B enao um Bmorfismo de ξ em η ´e um morfismo
de fibrados principais da forma (
ˆ
id
B
, id
B
).
Dois Gfibrados principais ξ = (X, p, B, G) e η = (Y, q, C, G) ao
isomorfos (not. ξ
=
η) se existe um Gmorfismo (
ˆ
f, f) : ξ η tal que
ˆ
f e f
ao homeomorfismos. Notemos que neste caso (
ˆ
f
1
, f
1
) : η ξ ´e tamb´em
um Gmorfismo.
Teorema 1.7.2 Todo Gmorfismo entre G fibrados principais sobre o
mesmo espco base B ´e um isomorfismo.
Defini¸ao 1.7.6 Sejam ξ = (X, p, B, G) um Gfibrado principal e
f : B
1
B uma fun¸ao cont´ınua. O fibrado induzido ou pull-back
de ξ por f, denotado por f
(ξ) = (X
1
, p
1
, B
1
, G) ´e o Gfibrado principal com
espco base B
1
, espco total X
1
= {(b
1
, x) B
1
×X ; f(b
1
) = p(x)} B
1
×X,
a ao livre G × X
1
X
1
´e dada por g(b
1
, x) = (b
1
, gx) e p
1
: X
1
B
1
´e
dada por p
1
(b
1
, x) = b
1
.
Observemos que
ˆ
f : X
1
X dada por
ˆ
f(b
1
, x) = x ´e uma aplica¸ao
equivariante e p
ˆ
f = f p
1
, ou seja, (
ˆ
f, f) : f
(ξ) ξ ´e um Gmorfismo
de f
(ξ) em ξ chamado morfismo canˆonico de um fibrado induzido.
Exemplo 1.7.7 Sejam ξ = (X, p, B, G) um Gfibrado principal e A B
um subespco de B. Se j : A B ´e a inclus˜ao ent˜ao j
(ξ)
=
ξ|
A
sendo
ˆ
j : p
1
(A) E(j
(ξ)) dada por
ˆ
j(x) = (p(x), x).
28
Exemplo 1.7.8 Sejam ξ = (X, p, B, G) um Gfibrado principal e
c : B
1
B uma aplicao constante igual a x
0
B. Ent˜ao c
(ξ)
=
ε(B
1
, G) = (B
1
× G, p
1
, B
1
, G), sendo ˆc : B
1
× G E(c
(ξ)) dado por
ˆc(b
1
, g) = (b
1
, φ(x
0
, g)), sendo φ : U × G p
1
(U) uma carta sobre uma
vizinhan¸ca U de x
0
.
O pr´oximo teorema que vamos enunciar abaixo vai se r de grande uti-
lidade no cap´ıtulo 4, a sua demonstra¸ao pode ser encontrada em [3].
Teorema 1.7.3 Sejam f, g : B B
duas aplicoes homot´opicas, sendo
B um espco paracompacto, e seja ξ = (X, p, B
, G) um G-fibrado principal
sobre B
. Ent˜ao f
(ξ) e g
(ξ) ao isomorfos.
Cap´ıtulo 2
Uma boa estimativa do teorema
de Borsuk-Ulam
Neste cap´ıtulo analisaremos uma generaliza¸ao do teorema cl´assico de
Borsuk-Ulam. O intuito aqui ao ´e provar o teorema, mas verificar que a
sua estimativa ao pode ser melhorada. Al´em disso, enunciaremos e provare-
mos um resultado que ser´a de grande utilidade no cap´ıtulo 5. Sendo assim,
comecemos enunciando o
Teorema 2.0.4 (Borsuk-Ulam) Seja
n m (2.1)
e h : S
n
R
m
uma aplicao cont´ınua. Ent˜ao existe um x S
n
com
h(x) = h(A(x)), sendo A : S
n
S
n
a aplicao ant´ıpoda dada por A(x) = x.
a vimos no Exemplo 1.3.3 que A : S
n
S
n
gera uma Z
2
-a¸ao livre
em S
n
, sendo assim ´e natural substituirmos a aplica¸ao A por uma aplica¸ao
f : S
n
S
n
gerando um Z
p
ao livre em S
n
e perguntarmos se para toda
aplica¸ao cont´ınua h : S
n
R
m
existe um x S
n
com h(x) = h(f(x)).
29
30
Essa quest˜ao tem sido extensivamente estudada ao somente para as
esferas, mas para espa¸cos mais gerais. Para as esferas temos o seguinte resul-
tado:
Teorema 2.0.5 (Borsuk-Ulam generalizado)(c.f. [7], [12]) Sejam p um umero
primo, m, n N com
n (m 1)(p 1) + 1 (2.2)
e seja f : S
n
S
n
gerando uma Z
p
- ao livre em S
n
. Ent˜ao para cada
aplicao cont´ınua h : S
n
R
m
, existe um x S
n
com h(x) = h(f(x)).
Observao 2.0.3 Para p = 2 a estimativa (2.2) ´e a melhor poss´ıvel, pois
neste caso se considerarmos n < (m 1)(p 1) + 1, teremos n < m, logo basta
tomarmos h : S
n
R
m
como sendo a inclus˜ao que ´e uma aplicao cont´ınua
e al´em disso tem-se que h(f(x)) = h(x) x S
n
.
O que faremos agora ´e verificar que a estimativa (2.2) no teorema de
Borsuk-Ulam generalizado tamem ao pode ser melhorada para p 3 sendo
p um n´umero primo.
Teorema 2.0.6 Sejam m N {0, 1}, p 3 um n´umero primo,
L := {(x
1
, x
2
, ..., x
p
) (R
m1
)
p
;
p
i=1
x
i
= 0 R
m1
}
S := S
(m1)p1
L
e ϕ : S S dada por ϕ(x
1
, x
2
, ..., x
p
) = (x
2
, ..., x
p
, x
1
). Ent˜ao existe uma
aplicao cont´ınua h : S R
m
com h(x) = h(ϕ(x)) x S.
Prova: Seja h
1
: S R
m1
dada por h
1
(x
1
, x
2
, ..., x
p
) = x
1
. Como h
1
´e a
primeira proje¸ao temos que h
1
´e cont´ınua. Considere tamb´em d : S R a
31
aplica¸ao cont´ınua definida por
d(x) = (h
1
(ϕ(x)) h
1
(x), h
1
(ϕ
2
(x)) h
1
(ϕ(x)), ..., h
1
(ϕ
p
(x)) h
1
(ϕ
p1
(x)))
= (x
2
x
1
, x
3
x
2
, ..., x
1
x
p
)
sendo  : (R
m1
)
p
R a norma euclidiana. Desde que (x
1
, x
2
, ..., x
p
) =
(0, 0, ..., 0) e x
1
+ x
2
+ ... + x
p
= 0 temos que d(x) = 0 x S. Observe
tamem que pela defini¸ao de d e ϕ temos d(x) = d(ϕ(x)) x S. Seja
α : R [0, 1] uma aplica¸ao cont´ınua com α(0) = 1 e α(t) = 0 t
p
p
.
Seja g : S R definida por
g(x) =
p2
i=0
i
j=0
α(
h
1
(ϕ
pj
(x)) h
1
(ϕ
pj1
(x))
d(x)
)
Observe que g ´e uma aplica¸ao cont´ınua, pois ´e soma, produto e composi¸ao
de fun¸oes cont´ınuas. Seja h : S R
m
a aplica¸ao cont´ınua dada por
h(x) = (h
1
(x), g(x)). Provaremos que h(x) = h(ϕ(x)) x S. De fato:
se h
1
(x) = h
1
(ϕ(x)) x S, ent˜ao a aplica¸ao h tem a propriedade desejada.
Suponhamos enao que exista x S tal que h
1
(x) = h
1
(ϕ(x)). Pela defini¸ao
de d e α deve existir j {0, 1, ..., p 1} com
α(
h
1
(ϕ
pj
(x)) h
1
(ϕ
pj1
(x))
d(x)
) = 0
pois, se j {0, 1, ..., p 1} tivermos α(
h
1
(ϕ
pj
(x))h
1
(ϕ
pj1
(x))
d(x)
) = 0, ent˜ao
α(
x
1
x
p
d(x)
) = 0, α(
x
p
x
p1
d(x)
) = 0, ... , α(
x
2
x
1
d(x)
) = 0
e da´ı, pela defini¸ao de α teremos
x
1
x
p
d(x)
<
p
p
,
x
p
x
p1
d(x)
<
p
p
, ... ,
x
2
x
1
d(x)
<
p
p
.
Como a fun¸ao f : [0, +) [0, +) dada por f(x) = x
2
´e crescente temos
x
1
x
p
2
(d(x))
2
+
x
p
x
p1
2
(d(x))
2
+...+
x
2
x
1
2
(d(x))
2
< (
p
p
)
2
+(
p
p
)
2
+...+(
p
p
)
2
= 1 .
32
Mas por outro lado, como d(x) = (x
2
x
1
, x
3
x
2
, ..., x
1
x
p
) e x
i
R
m1
i = 1, ..., p enao
x
1
x
p
2
(d(x))
2
+
x
p
x
p1
2
(d(x))
2
+ ... +
x
2
x
1
2
(d(x))
2
=
x
1
x
p
2
+x
p
x
p1
2
+...+x
2
x
1
2
(d(x))
2
= 1
ou seja, 1 < 1 o que ´e um absurdo. Sendo assim, para esse x S com
h
1
(ϕ(x)) = h
1
(x) temos que
0 =
p1
j=0
α(
h
1
(ϕ
pj
(x)) h
1
(ϕ
pj1
(x))
d(x)
)
=
p2
j=0
α(
h
1
(ϕ
pj
(x)) h
1
(ϕ
pj1
(x))
d(x)
)(
h
1
(ϕ
p(p1)
(x)) h
1
(ϕ
p(p1)1
(x))
d(x)
)
=
p2
j=0
α(
h
1
(ϕ
pj
(x)) h
1
(ϕ
pj1
(x))
d(x)
)(
h
1
(ϕ(x)) h
1
(x)
d(x)
)
=
p2
j=0
α(
h
1
(ϕ
pj
(x)) h
1
(ϕ
pj1
(x))
d(x)
)(0)
=
p2
j=0
α(
h
1
(ϕ
pj
(x)) h
1
(ϕ
pj1
(x))
d(x)
)
Ainda supondo que h
1
(x) = h
1
(ϕ(x)) temos que
g(ϕ(x)) =
p2
i=0
i
j=0
α(
h
1
(ϕ
pj+1
(x)) h
1
(ϕ
pj
(x))
d(ϕ(x))
)
= 1 +
p2
i=1
i
j=0
α(
h
1
(ϕ
pj+1
(x)) h
1
(ϕ
pj
(x))
d(x)
)
()
= 1 +
p3
i=0
i
j=0
α(
h
1
(ϕ
pj
(x)) h
1
(ϕ
pj1
(x))
d(x)
) + 0
()
= 1 +
p3
i=0
i
j=0
B
j
+
p2
j=0
α(
h
1
(ϕ
pj
(x)) h
1
(ϕ
pj1
(x))
d(x)
)
= 1 +
p2
i=0
i
j=0
α(
h
1
(ϕ
pj
(x)) h
1
(ϕ
pj1
(x))
d(x)
)
= 1 + g(x)
em particular g(ϕ(x)) = g(x). Portanto, se existe x S com h
1
(x) = h
1
(ϕ(x))
o que acabamos de ver acima nos garante que para esse x S teremos
h(x) = h(ϕ(x)), o que finaliza a prova do teorema.
33
() Seja A
j
= α(
h
1
(ϕ
pj+1
(x))h
1
(ϕ
pj
(x))
d(x)
) e B
j
= α(
h
1
(ϕ
pj
(x))h
1
(ϕ
pj1
(x))
d(x)
)
Note que, B
j
= A
j+1
j {0, 1, ..., p 1} e al´em disso para h
1
(x) = h
1
(ϕ(x))
temos A
0
= α(0) = 1, da´ı segue que
p2
i=1
i
j=0
A
j
=
1
j=0
A
j
+
2
j=0
A
j
+
3
j=0
A
j
+ ... +
p2
j=0
A
j
= A
0
.A
1
+ A
0
.A
1
.A
2
+ ... +
A
0
.A
1
.A
2
...A
p2
= A
1
+ A
1
.A
2
+ ... + A
1
.A
2
...A
p3
.A
p2
.
Por outro lado temos que
p3
i=0
i
j=0
B
j
=
0
j=0
B
j
+
1
j=0
B
j
+
2
j=0
B
j
+ ... +
p3
j=0
B
j
= B
0
+ B
0
.B
1
+ B
0
.B
1
.B
2
+... + B
0
.B
1
...B
p4
.B
p3
= A
1
+ A
1
.A
2
+ A
1
.A
2
.A
3
+ ... + A
1
.A
2
...A
p3
.A
p2
As pr´oximas duas afirma¸oes abaixo ao nos permitir tirar conclus˜oes
sobre a estimativa (2.2) do teorema de Borsuk-Ulam generalizado.
Afirma¸ao 2.0.1 S ´e uma esfera ((m 1)(p 1) 1) dimensional contida
em S
(m1)p1
.
Prova: Para m 2 e p um n´umero primo temos que (m 1)(p 1)
(m 1)p 1. Considere T : (R
m1
)
p
R
m1
dada por T (x
1
, x
2
, ..., x
p
) =
x
1
+ x
2
+ ... + x
p
. ao ´e dif´ıcil verificar que T ´e uma transforma¸ao linear
sobrejetora. Como o Ker T = L, o teorema do n´ucleo e da imagem nos garante
que dim L = (m 1)(p 1), ou seja, L ´e um subespa¸co vetorial de (R
m1
)
p
com dimens˜ao (m 1)(p 1). Logo podemos afirmar que S := S
(m1)p1
L
´e uma esfera ((m 1)(p 1) 1)) dimensional.
Afirma¸ao 2.0.2 A aplicao ϕ gera uma Z
p
-a¸ao livre em S.
Prova: Usando a defini¸ao da aplica¸ao ϕ temos que ϕ
p
(x
1
, x
2
, ..., x
p
) =
(x
1
, x
2
, ..., x
p
) x = (x
1
, x
2
, ..., x
p
) S. Al´em disso, ϕ ao tem ponto fixo,
34
pois se existir x S tal que ϕ(x) = x teremos:
ϕ(x
1
, x
2
, ..., x
p
) = (x
1
, x
2
, ..., x
p
) = (x
1
, x
2
, ..., x
p
) = (x
2
, x
3
, ..., x
1
) = x
1
=
x
2
= ... = x
p
o que ´e um absurdo, pois x
1
+ x
2
+ ... + x
p
= 0 e (x
1
, x
2
, ..., x
p
) =
(0, 0, ..., 0).
Observao 2.0.4 Se assumirmos que p 3, ent˜ao o umero (m 1)(p 1)
´e par para qualquer m N {0, 1}. Portanto pelo Teorema 1.3.5 ao existe
Z
p
-a¸ao livre na S
(m1)(p1)
para p 3.
Juntando o teorema 2.0.6, as duas afirma¸oes acima e a observao
que acabamos de fazer podemos afirmar que para p 3 o n ´umero n =
(m1)(p1)+1 da es timativa (2.2) do teorema de Borsuk-Ulam generalizado
´e o menor poss´ıvel, pois se n < (m 1)(p 1) + 1 podemos encontrar uma
Z
p
ao livre ϕ : S
(m1)(p1)1
S
(m1)(p1)1
e h : S
(m1)(p1)1
R
m
cont´ınua tal que h(x) = h(ϕ(x)) x S
(m1)(p1)1
.
O pr´oximo teorema que vamos enunciar e provar nos garante que dada
a Z
p
ao livre ϕ : S
(m1)(p1)1
S
(m1)(p1)1
como no teorema 2.0.6
existe uma cobertura da S
(m1)(p1)1
por fechados U
1
, ..., U
4m
com U
i
ϕ(U
i
) =
para i = 1, ..., 4m.
Teorema 2.0.7 Seja M um espco normal, p um n´umero primo, e seja
f : M M gerando uma Z
p
-a¸ao livre em M. Seja m N tal que existe
uma aplicao cont´ınua h : M R
m
com h(x) = h(f(x)) x M. Ent˜ao
existem conjuntos fechados U
1
, ..., U
4m
M com
4m
j=1
U
j
= M e U
j
f(U
j
) =
para j = 1, ..., 4m.
Demonstra¸ao: Seja g : M S
m1
definida por
g(x) =
h(f(x)) h(x)
h(f(x)) h(x)
= (g
1
(x), g
2
(x)..., g
m
(x)) .
35
Para cada l {1, ..., m} definamos os seguintes conjuntos
R
l
= {x M; |g
l
(x)|
1
m
}
W
+
l
= {x M; g
l
(x) 0}
W
l
= {x M; g
l
(x) 0}
e
R
±
l
= R
l
W
±
l
.
Cada subconjunto definido acima ´e fechado em M. Fixemos l {1, ..., m} e
consideremos primeiramente R
+
l
e W
l
.
Seja x M com f(x) R
+
l
. Ent˜ao para algum j {0, ..., p 1} devemos ter
(h(f
pj+1
(x)) h(f
pj
(x)))
l
0
sendo (h(f
pj+1
(x)) h(f
pj
(x)))
l
a l´esima coordenada de g(f
pj
(x)) mul-
tiplicado por h(f
pj+1
(x)) h(f
pj
(x)). De fato:
Como f(x) R
+
l
, ent˜ao
g
l
(f(x)) = (
h(f
2
(x)) h(f(x))
h(f
2
(x)) h(f(x))
)
l
1
m
ou seja,
1
m
.h(f
2
(x)) h(f(x)) (h(f
2
(x)) h(f(x)))
l
Suponha que (h(f
pj+1
(x)) h(f
pj
(x)))
l
= (h(f
pj+1
(x)))
l
(h(f
pj
(x)))
l
>
0 j {0, ..., p 1}. Da´ı segue que
1
m
.h(f
2
(x)) h(f(x)) (h(f
2
(x)) h(f(x)))
l
= (h(f
2
(x)))
l
(h(f(x)))
l
<
(h(f
3
(x)))
l
(h(x))
l
< (h(f
4
(x)))
l
(h(x))
l
< ... < (h(f
p1
(x)))
l
(h(x))
l
<
(h(x))
l
(h(x))
l
= 0, o que ´e um absurdo.
Como R
+
l
e W
l
ao fechados disjuntos, pelo Lema de Urysohn existe uma
aplica¸ao cont´ınua a
+
: M [0, 1] com a
+
|
R
+
l
= 1 e a
+
|
W
l
= 0. Sendo
36
assim, pelo que acabamos de ver acima, se x M com f(x) R
+
l
temos que
(g(f
pj
(x)))
l
0 para algum j {0, ..., p 1}, isto ´e, f
pj
(x) W
l
. Da´ı
segue que
0 =
p1
j=0
a
+
(f
pj
(x)) =
p2
j=0
a
+
(f
pj
(x))a
+
(f
p(p1)
(x))
=
p2
j=0
a
+
(f
pj
(x)).a
+
(f(x)) =
p2
j=0
a
+
(f
pj
(x)).1
=
p2
j=0
a
+
(f
pj
(x))
Defina a aplica¸ao cont´ınua b
+
: M R p or b
+
(x) =
p2
k=0
k
j=0
a
+
(f
pj
(x)).
Provaremos agora que se x M com f(x) R
+
l
, ent˜ao b
+
(f(x)) b
+
(x) = 1.
De fato:
b
+
(f(x)) b
+
(x) =
p2
k=0
k
j=0
a
+
(f
pj+1
(x))
p2
k=0
k
j=0
a
+
(f
pj
(x))
= 1 +
p2
k=1
k
j=0
a
+
(f
pj+1
(x))
p2
k=0
k
j=0
a
+
(f
pj
(x))
(∗∗)
= 1 +
p2
k=1
k
j=0
a
+
(f
pj+1
(x))
p3
k=0
k
j=0
B
j
p2
j=0
B
j
(∗∗)
= 1 +
p2
k=1
k
j=0
a
+
(f
pj+1
(x))
p3
k=0
k
j=0
a
+
(f
pj
(x)) 0
(∗∗)
= 1 +
p3
k=0
k
j=0
a
+
(f
pj
(x))
p3
k=0
k
j=0
a
+
(f
pj
(x))
= 1 + 0
= 1
(∗∗) Seja A
j
= a
+
(f
pj+1
(x)) e B
j
= a
+
(f
pj
(x)), note que A
0
= 1 e B
j
=
A
j+1
j {0, 1, .., p 1}, logo temos que
p2
k=1
k
j=0
a
+
(f
pj+1
(x)) =
p2
k=1
k
j=0
A
j
=
1
j=0
A
j
+
2
j=0
A
j
+ ... +
p2
j=0
A
j
= A
0
.A
1
+
A
0
.A
1
.A
2
+ ... + A
0
.A
1
A
2
...A
p2
= A
1
+ A
1
.A
2
+ ... + A
1
.A
2
...A
p2
.
Por outro lado temos que
37
p3
k=0
k
j=0
a
+
(f
pj
(x)) =
p3
k=0
k
j=0
B
j
=
0
j=0
B
j
+
1
j=0
B
j
+ ... +
p3
j=0
B
j
= B
0
+ B
0
.B
1
+... + B
0
.B
1
...B
p3
= A
1
+ A
1
.A
2
+ ... + A
1
.A
2
...A
p2
.
Defina c
+
: M S
1
por c
+
(x) = e
b
+
(x)πi
e os seguintes conjuntos
D
1
= {e
2πit
; 0 t
1
3
}
D
2
= {e
2πit
;
1
3
t
2
3
}
D
3
= {e
2πit
;
2
3
t 1}
Al´em disso defina tamb´em G
+
d,l
= R
+
l
c
1
+
(D
d
) para d {1, 2, 3} e l
{1, 2, ..., m}. Como c
+
´e cont´ınua temos que G
+
d,l
´e fechado em M para cada d.
Da mesma maneira que foi feito anteriormente podemos definir uma fun¸ao
a
: M [0, 1] com a
|
R
l
= 1 e a
|
W
+
l
= 0, obtendo-se ainda uma
fun¸ao b
: M R dada por b
(x) =
p2
k=0
k
j=0
a
(f
pj
(x)), tal que x M
com f(x) R
l
tem-se b
(f(x)) b
(x) = 1. Al´em disso podemos definir
c
: M S
1
por c
= e
b
(x)πi
e os conjuntos fechados G
d,l
= R
l
c
1
(D
d
)
para d = 1, 2, 3. Sendo assim, defina os seguintes conjuntos H
1,l
= G
+
1,l
G
1,l
,
H
2,l
= G
+
2,l
, H
3,l
= G
2,l
e H
4,l
= G
+
3,l
G
3,l
.
´
E obvio que os conjuntos H
i,l
ao
fechados em M para i = 1, 2, 3, 4, e al´em disso ´e acil ver que R
l
=
4
i=1
H
i,l
sendo l { 1, 2, ..., m}. a sabemos que se x M com f (x) R
+
l
teremos
b
+
(f(x)) = b
+
(x) + 1. Da´ı segue que b
+
(f(x))i = b
+
(x)i + πi. Logo
c
+
(f(x)) = e
b
+
(f(x))i
= e
b
+
(x)i
.e
πi
= e
b
+
(x)i
.(1) = e
b
+
(x)i
= c
+
(x), ou
seja, ao existe d {1, 2, 3} com c
+
(x), c
+
(f(x)) D
d
simultaneamente.
Afirma¸ao 2.0.3 H
i,l
f(H
i,l
) = i {1, 2, 3, 4} e l { 1, 2, ..., m}.
Prova: A prova desta afirma¸ao ser´a divida em dois casos:
Caso 1: G
+
d,l
f(G
+
d,l
) = d {1, 2, 3} e l {1, 2, ..., m}.
Suponha que exista x G
+
d,l
f(G
+
d,l
). Isso implica que x G
+
d,l
= R
+
l
c
1
+
(D
d
)
38
e x f(G
+
d,l
), ou seja, x = f(y) onde y G
+
d,l
. Como c
+
(x) = c
+
(f(y)) D
d
e
c
+
(y) D
d
, a discuss˜ao acima nos garante que isso ´e um absurdo. Portanto,
G
+
d,l
f(G
+
d,l
) = , e de maneira an´aloga mostra-se que G
d,l
f(G
d,l
) =
d {1, 2, 3}.
Caso 2: G
+
d,l
f(G
d,l
) = d {1, 3} e l {1, 2, ..., m}.
Suponha que x G
+
d,l
f(G
d,l
). Isso implica que x = f(y) onde y G
d,l
=
R
l
c
1
(D
d
) R
l
W
l
e x G
+
d,l
= R
+
l
c
1
+
(D
d
). Usando a defini¸ao
da aplica¸ao a
+
temos a
+
(f(y)) = 1 e a
+
(y) = 0. Assim para 1 k p 2
temos que
k
j=0
a
+
(f
pj+1
(y)) = a
+
(f(y)).a
+
(y).a
+
(f
p1
(y)) ... a
+
(f
pk+1
(y)) = 0
Logo, b
+
(f(y)) =
p2
k=0
k
j=0
a
+
(f
pj+1
(y)) = a
+
(f(y)) = 1 e consequentemente
c
+
(f(y)) = e
b
+
(f(y))πi
= e
πi
D
2
\D
1
D
3
, ou seja, f(y) G
+
2,l
\G
+
1,l
G
+
3,l
.
Portanto, G
+
d,l
f(G
d,l
) = e analogamente mostra-se que G
d,l
f(G
+
d,l
) =
d {1, 3}.
Afirma¸ao 2.0.4 M =
m
l=1
R
l
Prova: Basta mostar que M
m
l=1
R
l
. Para isso seja x M. Como
g : M S
m1
temos que g(x) = (g
1
(x), ..., g
l
(x), ..., g
m
(x)). Sendo assim
para algum l {1, ..., m} temos que g
l
(x)
1
m
ou g
l
(x)
1
m
. Isso implica
que x R
l
para algum l, ou s eja, x
m
l=1
R
l
.
Portanto, pela afirma¸ao acima M =
m
l=1
R
l
=
m
l=1
(
4
i=1
H
i,l
) =
(i,l)A
H
i,l
, sendo A = {1, 2, 3, 4} × {1, ..., m}. Como a cardinalidade de A
´e 4m o teorema ´e verdadeiro.
39
Corol´ario 2.0.2 Sejam m,p e S como no teorema 2.0.6. Ent˜ao existem
conjuntos fechados U
1
,...,U
4m
S com U
j
ϕ(U
j
) = j = 1, ..., 4m e
S =
4m
j=1
U
j
.
Cap´ıtulo 3
O gˆenus de um Z
p
espa¸co
Neste cap´ıtulo introduzimos duas no¸oes de gˆenus de um espa¸co com
uma Z
p
-a¸ao livre. Exploraremos algumas propriedades dessas no¸oes e a
rela¸ao entre ambas, b em como uma rela¸ao entre o enus de um Z
p
espa¸co
e a existˆencia de aplica¸oes Z
p
equivariantes.
3.1 Defini¸oes e exemplos
Nesta se¸ao daremos duas defini¸oes de gˆenus, e demonstraremos dois
lemas que relacionam as duas defini¸oes. Para finalizar a se¸ao veremos alguns
exemplos que permitem entender melhor a defini¸ao de gˆenus.
Defini¸ao 3.1.1 Seja p um n´umrero primo, ent˜ao definimos
H
p
= {(M, f) ; M ´e Hausdorff e f : M M gera uma Z
p
ao livre em M }
N
p
= {(M, f) H
p
; M ´e normal }
Vamos definir abaixo o primeiro conceito de enus:
40
41
Defini¸ao 3.1.2 Seja (M, f) H
p
ent˜ao definimos
L(M, f) = { G M ; existem fechados disjuntos G
0
, ..., G
p1
M com
G =
p1
i=0
G
i
e f
i
(G
0
) = G
i
i = 1, .., p 1}
S(M, f) = { L(M, f ) ; M =
G∈
G}
e o gˆenus g(M, f) ´e definido por
g(M, f) = min{card ; S(M, f )}.
Observao 3.1.1 Se g(M, f) = 1, ent˜ao existe τ S(M, f ) tal que card τ =
1, logo τ = {M}, mas como τ L(M, f) existem G
0
, ..., G
p1
M fechados
disjuntos com M =
p1
i=0
G
i
. Portanto, M ´e desconexo.
Observao 3.1.2 Seja (M, f) H
p
e x = {x, f(x), ..., f
p1
(x)} a ´orbita de
x. Considere τ = {x}
xM
. Como x L(M, f) para cada x M , temos que
τ S(M, f) e consequentemente g(M, f) card τ card M.
Antes de definirmos o segundo conceito de gˆenus, precisaremos antes
definir o que ´e uma cobertura admiss´ıvel.
Defini¸ao 3.1.3 Seja M um espco de Hausdorff. Dizemos que U 2
M
´e
uma cobertura admiss´ıvel de M se
(a) U ´e uma cobertura aberta de M
(b) existe uma fam´ılia (t
U
)
U∈U
de aplicoes cont´ınuas t
U
: M [0, 1] tal
que
(i) t
U
|
M U
= 0
(ii) para todo x M existe um U U com t
U
(x) = 1
42
Seja H o conjunto dos n´umeros cardinais e um objeto que ao
pertence a H. Seja H
=H∪{∞} com a ordem induzida da boa ordena¸ao de
H junto com α < , α ∈H.
Defini¸ao 3.1.4 Seja p um n´umero primo e (M, f) H
p
. Ent˜ao definimos
X
M,f
= {α H ; α ´e o cardinal de uma cobertura admiss´ıvel U 2
M
tal que
para todo U U existem abertos disjuntos U
0
, ..., U
p1
M com
p1
i=0
U
i
= U
e f
i
(U
0
) = U
i
i = 1, .., p 1}
se tal cobertura admiss´ıvel U existe, e X
M,f
= {∞} caso contr´ario.
Como X
M,f
H
´e ao vazio e H
´e um conjunto bem ordenado,
podemos afirmar que X
M,f
possui um elemento m´ınimo, sendo assim considere
a defini¸ao abaixo.
Defini¸ao 3.1.5 Seja p um n´umero primo e (M, f ) H
p
. Ent˜ao o gˆenus
g(M, f) ´e definido por
g(M, f) = minX
M,f
Observao 3.1.3 Se g(M, f) = 1 ent˜ao M ´e desconexo.
Os pr´oximos dois lemas que vamos enunciar e provar ao nos dizer
qual a rela¸ao entre os dois enus definidos acima . Al´em disso, os lemas ser˜ao
fundamentais para provar outros resultados neste e nos pr´oximos cap´ıtulos.
Lema 3.1.1 Seja (M, f) H
p
, ent˜ao g(M, f) g(M, f).
Prova: Se g(M, f) = o resultado ´e ´obvio. Suponha {D
λ
}
λ
cobertura
admiss´ıvel de M tal que λ existem abertos disjuntos D
λ
0
,D
λ
1
,...,D
λ
p1
tais que D
λ
= D
λ
0
D
λ
1
... D
λ
p1
e D
λ
i
= f
i
(D
λ
0
) para i = 1, .., p 1.
Defina Λ = {λ ; t
D
λ
(x) = 1 para algum x M}. Seja x M. Como
{D
λ
}
λ
´e cobertura admiss´ıvel de M, existe λ Λ tal que t
D
λ
(x) = 1. Al´em
43
disso, como t
D
λ
(M D
λ
) = 0, podemos afirmar que x D
λ
. Mas sabendo
que D
λ
= D
λ
0
D
λ
1
... D
λ
p1
podemos supor(reindexando se necess´ario)
que x D
λ
0
. Seja C
x
a componente conexa de x em D
λ
. Logo C
x
D
λ
0
.
Como t
D
λ
: M [0, 1] ´e cont´ınua ent˜ao t
D
λ
(C
x
) ´e conexo em [0, 1], logo
t
D
λ
(C
x
) ´e um intervalo em [0, 1], em outras palavras existe 0 ε
x
1 tal que
t
D
λ
(C
x
) = (ε
x
, 1] ou t
D
λ
(C
x
) = [ε
x
, 1]. Seja δ
x
=
ε
x
+1
2
. Enao [δ
x
, 1] t
D
λ
(C
x
).
Definamos agora o seguinte conjunto:
F
λ
0
= t
1
D
λ
([δ
x
, 1]) (M (D
λ
1
D
λ
2
... D
λ
p1
))
Desde que t
D
λ
´e uma aplica¸ao cont´ınua e [δ
x
, 1] ´e fechado em [0, 1] podemos
afirmar que F
λ
0
´e um conjunto fechado em M.
Afirma¸ao 3.1.1 F
λ
0
D
λ
0
Prova: Seja y F
λ
0
. Ent˜ao t
D
λ
(y) [δ
x
, 1] e y M (D
λ
1
D
λ
2
...D
λ
p1
).
Como δ
x
> 0 enao t
D
λ
(y) > 0, ou seja, y D
λ
, pois se y / D
λ
ter´ıamos que
t
D
λ
(y) = 0. Mas tamb´em y / D
λ
1
D
λ
2
... D
λ
p1
. Logo podemos afirmar
que y D
λ
0
, como quer´ıamos.
Defina os seguintes conjuntos: F
λ
i
= f
i
(F
λ
0
) i = 1, 2, ..., p1. Como f
´e um homemorfismo e F
λ
0
´e fechado em M podemos afirmar que F
λ
i
´e fechado
em M, i = 1, 2, ..., p 1.
Afirma¸ao 3.1.2 F
λ
i
D
λ
i
, i = 1, .., p 1.
Prova: Como F
λ
0
D
λ
0
e D
λ
i
= f
i
(D
λ
0
) podemos afirmar que F
λ
i
=
f
i
(F
λ
0
) f
i
(D
λ
0
) = D
λ
i
, ou seja, F
λ
i
D
λ
i
, i = 1, .., p 1.
Logo, pelas afirma¸oes acima temos que F
λ
=
p1
i=0
F
λ
i
p1
i=0
D
λ
i
=
D
λ
. Portanto, para todo x M existe λ Λ tal que x F
λ
, ou seja, M =
44
λΛ
F
λ
. Pela Defini¸ao 3.1.2 p odemos afirmar que g(M, f) card Λ card
= g(M, f), o que acaba a prova do lema .
Lema 3.1.2 Seja (M, f) N
p
, ent˜ao g(M, f) = g(M, f).
Prova: Basta mostrar que g(M, f ) g(M, f). Para isso suponha {U
λ
}
λ
cobertura fechada de M tal que para to do λ existam fechados disjuntos
U
λ
0
,U
λ
1
,. . . ,U
λ
p1
tais que U
λ
= U
λ
0
U
λ
1
··· U
λ
p1
e U
λ
i
= f
i
(U
λ
0
),
i = 1, ..., p 1. Desde que M ´e normal, existem abertos V
λ
0
,V
λ
1
,. . . ,V
λ
p1
tais
que U
λ
i
V
λ
i
i = 0, . . . , p 1 e V
λ
i
V
λ
j
= , i = j. Defina o seguinte
conjunto,
B
λ
0
= V
λ
0
f
1
(V
λ
1
) (f
2
)
1
(V
λ
2
) ··· (f
p1
)
1
(V
λ
p1
)
Como f
i
´e homeomorfismo i = 1, . . . , p 1, cada V
λ
i
´e aberto e como a
intersec¸ao ´e finita p odemos afirmar que B
λ
0
´e um conjunto aberto. Al´em disso,
U
λ
0
B
λ
0
pois, desde que f
i
(U
λ
0
) = U
λ
i
V
λ
i
temos que U
λ
0
(f
i
)
1
(V
λ
i
)
i = 1, . . . , p 1. Defina B
λ
i
= f
i
(B
λ
0
) i = 1, . . . , p 1. Como f
i
´e
homeomorfismo temos que cada B
λ
i
´e aberto em M .
Afirma¸ao 3.1.3 U
λ
i
B
λ
i
, i = 1, . . . , p 1.
Prova: Como U
λ
0
B
λ
0
e U
λ
i
= f
i
(U
λ
0
) podemos afirmar que U
λ
i
=
f
i
(U
λ
0
) f
i
(B
λ
0
) = B
λ
i
, ou seja, U
λ
i
B
λ
i
i = 1, . . . , p 1.
Logo, pela afirma¸ao acima temos que U
λ
=
p1
i=0
U
λ
i
p1
i=0
B
λ
i
= B
λ
e con-
sequentemente M
λ
U
λ
λ
B
λ
. Como M ´e normal e os conjuntos U
λ
e M B
λ
ao fechados disjuntos em M λ Ω, segue pelo lema de Uryshon
que existem aplica¸oes cont´ınuas t
B
λ
: M [0, 1] tais que t
B
λ
(U
λ
) = 1 e
t
B
λ
(M B
λ
) = 0. Portanto, {B
λ
}
λ
´e uma cobertura admiss´ıvel de M, sendo
assim g(M, f) card Ω= g(M, f), e o lema est´a provado.
45
Exemplo 3.1.1 Seja p 2 primo e identifiquemos S
1
como sendo S
1
=
{z C ; z = 1}. Seja f : S
1
S
1
dada por f(z) = ze
2πi
p
. a vimos
pelo Exemplo 1.3.5 que f gera uma Z
p
-a¸ao livre em S
1
. Mostraremos que
g(S
1
, f) = 2. Para isso basta mostrar que g(S
1
, f) = 2, pois S
1
´e um espco
normal. Considere os seguintes conjuntos
G
(1)
j
= {z S
1
;
2πj
p
arg z
π(2j + 1)
p
}, j = 0, . . . , p 1
e
G
(2)
j
= {z S
1
;
π(2j + 1)
p
arg z
2π(j + 1)
p
}, j = 0, . . . , p 1.
Temos que G
(1)
j
e G
(2)
j
ao fechados em S
1
. Aem disso G
(k)
j
G
(k)
i
=
j = i, k = 1, 2, f
j
(G
(1)
0
) = G
(1)
j
e f
j
(G
(2)
0
) = G
(2)
j
, j = 0, . . . , p1. Portanto,
tomando G
(1)
=
p1
j=0
G
(1)
j
e G
(2)
=
p1
j=0
G
(2)
j
temos que τ = {G
(1)
, G
(2)
}
S(S
1
, f) e consequentemente g(S
1
, f) 2. Por outro lado como S
1
´e conexo
a Observa¸ao 3.1.1 nos garante que g(S
1
, f) > 1. Portanto, g(S
1
, f) = 2.
Exemplo 3.1.2 Seja f : T T como no Exemplo 1.3.4, ent˜ao g(T, f) 2,
pois T ´e conexo e T = . Para verificar que g(T, f ) 2 considere os conjuntos
abaixo
G
(1)
0
= {(x, y, z) T ; y 0 e x 0}
G
(1)
1
= {(x, y, z) T ; y 0 e x 0}
G
(2)
0
= {(x, y, z) T ; y 0 e x 0}
G
(2)
1
= {(x, y, z) T ; y 0 e x 0}
Observe que cada G
(k)
j
´e fechado em T , k = 1, 2 e j = 0, 1. Al´em disso
f(G
(k)
0
) = G
(k)
1
k = 1, 2. Portanto, τ = {G
(1)
, G
(2)
} S(T, f) sendo G
(1)
=
G
(1)
0
G
(1)
1
e G
(2)
= G
(2)
0
G
(2)
1
, e consequentemente g(T, f) 2. Portanto,
g(T, f) = 2.
46
Observao 3.1.4 O pr´oximo exemplo que vamos colocar abaixo vai ser de
grande utilidade no ´ultimo cap´ıtulo.
Exemplo 3.1.3 Seja ϕ : S
1
S
1
definida por ϕ(z) = z.e
8πi
7
. a vimos pelo
Exemplo 1.3.5 que ϕ gera uma Z
7
-a¸ao livre em S
1
. Mostraremos agora que
g(S
1
, ϕ) = g(S
1
, ϕ) = 2. Como pelo mesmo argumento do exemplo anterior
temos que g(S
1
, ϕ) 2 basta mostrar que g(S
1
, ϕ) 2. Para isso considere
os seguintes conjuntos:
G
(1)
=
6
j=0
G
(1)
j
sendo G
(1)
j
= {z S
1
;
8πj
7
arg z
(8j + 1)π
7
}
G
(2)
=
6
j=0
G
(2)
j
sendo G
(2)
j
= {z S
1
;
(8j + 1)π
7
arg z
8(j + 2)π
7
}
Temos que cada G
(1)
j
e G
(2)
j
ao fechados em S
1
. Al´em disso, S
1
= G
(1)
G
(2)
.
Veremos agora que G
(1)
j
G
(1)
i
= para i, j = 0, . . . , 6 e i = j. De fato:
Sem perda de generalidade podemos supor que i < j. Logo teremos que
(8i+1)π
7
<
8πj
7
, pois como i < j e i, j ao umeros inteiros positivos temos
que j i >
1
8
, ou seja, 8j 8i > 1 e isso implica que
(8i+1)π
7
<
8πj
7
. Portanto,
se z G
(1)
j
G
(1)
i
ent˜ao arg z
(8i+1)π
7
e arg z >
(8i+1)π
7
o que ´e um absurdo.
De maneira an´aloga mostra-se que G
(2)
j
G
(2)
i
= para i, j = 0, . . . , 6 e i = j.
Para concluirmos que g(S
1
, ϕ) 2 o nos resta provar que ϕ(G
(1)
j
) = G
(1)
j+1
e
ϕ(G
(2)
j
) = G
(2)
j+1
. Mas isto segue direto da defini¸ao dos conjuntos G
(1)
j
e G
(2)
j
j = 0, . . . , 6.
Observao 3.1.5 No pr´oximo cap´ıtulo veremos que se (S
n
, f) N
p
, ent˜ao
g(S
n
, f) = n + 1.
3.2 O gˆenus e aplica¸oes equivariantes
A partir do Teorema 1.3.4 podemos reformular a defini¸ao 1.7.3 de
aplica¸ao equivariante entre Z
p
espa¸cos da seguinte forma:
47
Defini¸ao 3.2.1 Seja p um n´umero primo e (M
1
, f
1
), (M
2
, f
2
) H
p
. Dizemos
que P : (M
1
, f
1
) (M
2
, f
2
) ´e uma aplicao equivariante, se P : M
1
M
2
´e cont´ınua e P f
1
= f
2
P , ou seja o diagrama
M
1
f
1
P
//
M
2
f
2
M
1
P
//
M
2
comuta.
Verifica-se facilmente que se p ´e primo, (M
1
, f
1
), (M
2
, f
2
) H
p
e
P : (M
1
, f
1
) (M
2
, f
2
) ´e uma aplica¸ao equivariante, ent˜ao P f
k
1
= f
k
2
P ,
k N.
Lema 3.2.1 Seja p um umero primo e (M
1
, f
1
), (M
2
, f
2
) H
p
. Seja
P : (M
1
, f
1
) (M
2
, f
2
) uma aplicao equivariante. Ent˜ao, g(M
1
, f
1
)
g(M
2
, f
2
).
Prova: Se g(M
2
, f
2
) = ´e ´obvio que g(M
1
, f
1
) g(M
2
, f
2
). Suponha ent˜ao
que D = {D
λ
}
λ
seja cobertura admiss´ıvel de M
2
tal que λ existem
abertos disjuntos D
λ
0
,D
λ
1
,. . . ,D
λ
p1
tais que D
λ
= D
λ
0
D
λ
1
··· D
λ
p1
e
D
λ
i
= f
i
2
(D
λ
0
) i = 1, . . . , p 1.
Afirma¸ao 3.2.1 U ={P
1
(D
λ
)}
λ
´e uma cobertura aberta de M
1
.
Prova: Como P ´e cont´ınua temos que P
1
(D
λ
) ´e aberto em M
1
, λ Ω.
Seja x M
1
. Enao P (x) M
2
e como {D
λ
}
λ
´e uma cobertura aberta de
M
2
temos que P (x) D
λ
para algum λ Ω. Da´ı segue que x P
1
(D
λ
).
Afirma¸ao 3.2.2 Existe uma fam´ılia (t
P
1
(D
λ
)
)
P
1
(D
λ
)∈U
de aplicoes
cont´ınuas t
P
1
(D
λ
)
: M
1
[0, 1] tais que t
P
1
(D
λ
)
|
M
1
P
1
(D
λ
)
= 0 e x M
1
,
P
1
(D
λ
) U tal que t
P
1
(D
λ
)
(x) = 1.
48
Prova: Como D = {D
λ
}
λ
´e uma cobertura admiss´ıvel de M
2
existe uma
fam´ılia (t
D
λ
)
D
λ
D
de aplica¸oes cont´ınuas t
D
λ
: M
2
[0, 1] com
t
D
λ
|
M
2
D
λ
= 0 e x M
2
, D
λ
D com t
D
λ
(x) = 1. Sendo assim,
considere t
P
1
(D
λ
)
= t
D
λ
P : M
1
[0, 1] e note que se x M
1
P
1
(D
λ
)
enao P (x) / D
λ
, e da´ı segue que t
P
1
(D
λ
)
(x) = (t
D
λ
P )(x) = t
D
λ
(P (x)) = 0,
ou seja, t
P
1
(D
λ
)
(x) = 0 x M
1
P
1
(D
λ
). Note tamb´em que, se x M
1
e
portanto x M
2
enao existe D
λ
D tal que t
D
λ
(P (x)) = 1, ou seja, existe
P
1
(D
λ
) U tal que t
P
1
(D
λ
)
(x) = (t
D
λ
P )(x) = t
D
λ
(P (x)) = 1.
Como D
λ
= D
λ
0
D
λ
1
... D
λ
p1
com D
λ
i
D
λ
j
= i = j, temos que
P
1
(D
λ
) = P
1
(D
λ
0
)P
1
(D
λ
1
)...P
1
(D
λ
p1
) com P
1
(D
λ
i
)P
1
(D
λ
j
) =
, i = j. Sendo assim, para finalizar a prova do lema basta mostrar que
P
1
(D
λ
i
) = f
i
1
(P
1
(D
λ
0
)) i = 1, .., p 1. De fato:
P
1
(D
λ
i
) = P
1
(f
i
2
(D
λ
0
)) = ((f
i
2
)
1
P )
1
(D
λ
0
) =
= (f
pi
2
P )
1
(D
λ
0
) = (P f
pi
1
)
1
(D
λ
0
) =
= (P (f
i
1
)
1
)
1
(D
λ
0
) = f
i
1
(P
1
(D
λ
0
))
Portanto,
g(M
1
, f
1
) card Ω= g(M
2
, f
2
), e o lema est´a provado.
Definiremos a seguir um conjunto especial denotado por F
n,p
( onde p
´e primo e n N), e uma Z
p
-a¸ao livre ϕ
n,p
: F
n,p
F
n,p
. A partir da´ı exibire-
mos algumas propriedades desse conjunto e mostraremos que g(F
n,p
, ϕ
n,p
) n.
Al´em disso, dado (M, f) N
p
relacionaremos o gˆenus g(M, f) com a existˆencia
de uma aplica¸ao equivariante P : (M, f) (F
n,p
, ϕ
n,p
) para algum n N.
Defini¸ao 3.2.2 Seja n N e p um umero primo. Seja
l
2
= {z = (z
1
, z
2
, ...) C
N
;
j=1
|z
j
|
2
< ∞}
49
com a norma usual do espco de Hilbert. D efina
F
n,p
=
, se n = 0
{z = (z
1
, ..., z
n
2
, 0, ...) l
2
; z = 1} se n {2, 4, 6, ...}
{z = (z
1
, ..., z
(n+1)
2
, 0, ...) l
2
; z = 1, z
(n+1)
2
= |z
(n+1)
2
|e
(
k
p
)2πi
para algum k {0, 1, ..., p 1}}, se n {1, 3, 5, ...}
e ϕ
n,p
: F
n,p
F
n,p
dada por ϕ
n,p
(z) = (z
1
e
2πi
p
, z
2
e
2πi
p
, ...).
Propriedades:
(1) Se n ´e par F
n,p
´e a esfera S
n1
, independentemente do n´umero primo p.
(2) F
1,p
= {1, e
2πi
p
, e
4πi
p
, ..., e
2(p1)πi
p
} S
1
(3) Se n > 1 ´e ´ımpar, temos que F
n,p
S
n
e F
n,p
= X
0
X
1
... X
p1
sendo que X
0
= S
n1
+
e X
k
S
n1
+
para k = 1, ..., p1, sendo o conjunto
S
n1
+
= {(x
1
, ..., x
n
) S
n1
R
n
; x
n
0}.
Seja X
k
= {z = (z
1
, ..., z
(n+1)
2
, 0, ...) l
2
; z = 1, z
(n+1)
2
= |z
(n+1)
2
|e
(
k
p
)2πi
}
sendo k {0, ..., p 1}. Sendo assim ´e acil ver que X
0
= S
n1
+
.
Para k = 1, ..., p 1 considere a seguinte aplica¸ao h
k
: X
k
S
n1
dada por h
k
(z
1
, ..., z
(n1)
2
, z
(n+1)
2
, 0, ...) = (x
1
, x
2
, ...., x
n2
, x
n1
, |z
(n+1)
2
|)
sendo que z
1
= x
1
+ ix
2
, ..., z
(n1)
2
= x
n2
+ ix
n1
. Observe que h
k
´e cont´ınua, pois suas coordenadas ao cont´ınuas. Considere agora a
aplica¸ao h
1
k
: S
n1
+
X
k
dada por
h
1
k
(x
1
, ..., x
n1
, x
n
) = (z
1
, ..., z
(n1)
2
,
1 (x
2
1
+ ... + x
2
n1
)e
2i
p
, 0, ...) e
z
1
= x
1
+ ix
2
, ..., z
(n1)
2
= x
n2
+ ix
n1
. Como h
1
k
´e uma aplica¸ao
cont´ınua e h
k
h
1
k
= id
S
n1
+
e h
1
k
h
k
= id
X
k
podemos afirmar que h
k
´e homeomorfismo para k = 1, ..., p 1.
(4) X
k
X
s
= S
n2
para k, s = 0, ..., p 1 e k = s, sendo X
k
e X
s
definidos
como no item anterior.
50
Seja z = (z
1
, ..., z
(n1)
2
, z
(n+1)
2
, 0, ...) X
k
X
s
. Enao z
(n+1)
2
= |z
(n+1)
2
|e
2i
p
e z
(n+1)
2
= |z
(n+1)
2
|e
2sπi
p
. Como e
2i
p
= e
2sπi
p
temos que |z
(n+1)
2
| = 0, isto
´e, z
(n+1)
2
= 0 e consequentemente X
k
X
s
= {z = (z
1
, ..., z
(n1)
2
, 0, ...)
l
2
; z = 1} = S
n2
.
(5) Se n s ent˜ao F
n,p
F
s,p
, al´em disso ϕ
s,p
|
F
n,p
= ϕ
n,p
.
(6) F
n,p
´e um espa¸co normal.
Desde que F
n,p
l
2
e l
2
´e um espa¸co etrico, temos que F
n,p
´e um espa¸co
m´etrico com a m´etrica induzida de l
2
. Logo F
n,p
´e um espa¸co normal.
(7) ϕ
n,p
´e uma aplica¸ao cont´ınua.
Basta observar que suas coordenadas ao aplica¸oes cont´ınuas.
(8) ϕ
p
n,p
(z) = z, z = (z
1
, ..., z
j
, 0, ...) F
n,p
.
Segue direto da defini¸ao de ϕ
n,p
.
(9) ϕ
n,p
(z) = z, z = (z
1
, ..., z
j
, 0, ...) F
n,p
.
Suponha que exista z = (z
1
, ..., z
j
, 0, ...) F
n,p
tal que ϕ
n,p
(z) = z, isto
´e, (z
1
e
2πi
p
, ..., z
j
e
2πi
p
, 0, ...) = (z
1
, ..., z
j
, 0, ...). Como (z
1
, ..., z
j
, 0, ...) =
(0, ..., 0, 0, ...) ent˜ao existe algum z
j
= 0 tal que z
j
e
2πi
p
= z
j
. Isso implica
que e
2πi
p
1 = 0, ou seja,
2π
p
= 2πk onde k ´e inteiro. Da´ı segue que p =
1
k
o que ´e um absurdo, pois p 2 ´e um n´umero primo.
Defini¸ao 3.2.3 Seja (F
n,p
, ϕ
n,p
) N
p
como acima e k = 1, ..., n. Ent˜ao
definimos os seguintes conjuntos:
F
(k)
j
= {z F
n,p
; |z
(k+1)
2
|
2
2
n + 1
,
2πj
p
arg z
(k+1)
2
(2j + 1)π
p
}
se k ´e ´ımpar e
F
(k)
j
= {z F
n,p
; |z
k
2
|
2
2
n + 1
,
(2j + 1)π
p
arg z
k
2
2(j + 1)π
p
}
51
se k ´e par, e
F
(k)
=
p1
j=0
F
(k)
j
Afirma¸ao 3.2.3 F
n,p
=
n
k=1
F
(k)
.
Prova: Mostraremos para n um n´umero par. No caso em que n ´e um n´umero
´ımpar a prova ´e an´aloga. Note que
n
k=1
F
(k)
F
n,p
. Basta ent˜ao mostrar que
F
n,p
n
k=1
F
(k)
. De fato:
Seja z = (z
1
, ..., z
n
2
, 0, ...) F
n,p
. Ent˜ao |z
1
|
2
+ ... + |z
n
2
|
2
= 1. Da´ı segue
que |z
l
|
2
1
n
2
=
2
n
para algum l = 1, ...,
n
2
. Al´em disso temos que
2πj
p
arg z
l
(2j+1)π
p
ou
(2j+1)π
p
arg z
l
2(j+1)π
p
para algum j = 0, ..., p 1.
Portanto como
2
n
>
2
n+1
temos que z = (z
1
, ..., z
l
, ..., z
n
2
, 0, ...) F
(2l)
j
ou z =
(z
1
, ..., z
l
, ..., z
n
2
, 0, ...) F
(2l1)
j
para algum j = 0, ..., p 1. Em ambos os
casos temos que z = (z
1
, ..., z
l
, ..., z
n
2
, 0, ...) F
(k)
j
F
(k)
para algum k =
1, .., l, ..., 2l 1, 2l, ..., n.
Afirma¸ao 3.2.4 F
(k)
j
F
(k)
i
= i, j = 0, ..., p 1 com i = j.
Prova: Mostraremos para k um n´umero par. No caso em que k ´e um n´umero
´ımpar a prova ´e an´aloga. Suponha que z = (z
1
, ..., z
l
, 0, ...) F
(k)
j
F
(k)
i
. Da´ı
segue que |z
k
2
|
2
2
n+1
,
(2j+1)π
p
arg z
k
2
2(j+1)π
p
e
(2i+1)π
p
arg z
k
2
2(i+1)π
p
. Como i = j podemos supor sem perda de ge-
neralidade que i < j, logo teremos que
2(i+1)π
p
<
(2j+1)π
p
, pois como i < j e i, j
ao n´umeros inteiros positivos temos que j i >
1
2
, ou seja, 2j 2i > 1 e isso
implica que 2(i + 1) = 2i + 2 < 2j + 1. Consequentemente
2(i+1)π
p
<
(2j+1)π
p
.
Portanto, arg z
k
2
2(i+1)π
p
e arg z
k
2
>
2(i+1)π
p
o que ´e um absurdo.
Afirma¸ao 3.2.5 ϕ
n,p
(F
(k)
j
) = F
(k)
j+1
k = 1, ..., n e j = 0, ..., p 1.
Prova: Mostraremos para k um n´umero par. No caso em que k ´e um
n´umero ´ımpar a prova ´e an´aloga. Seja z ϕ
n,p
(F
(k)
j
). Da´ı segue que z =
52
ϕ
n,p
(z
1
, ..., z
l
, 0, ...) tal que (z
1
, ..., z
l
, 0, ...) F
(k)
j
. Sendo assim |z
k
2
|
2
2
n+1
e
(2j+1)π
p
arg z
k
2
2(j+1)π
p
. Observe que z = ϕ
n,p
(z
1
, ..., z
l
, 0, ...) =
(e
2πi
p
z
1
, ..., e
2πi
p
z
l
, 0, ...) F
n,p
e |e
2πi
p
z
k
2
|
2
= |e
2πi
p
|
2
|z
k
2
|
2
= |z
k
2
|
2
2
n+1
. Al´em
disso arg (e
2πi
p
z
k
2
) ´e dado por
(2j + 1)π
p
+
2π
p
arg (e
2πi
p
z
k
2
)
2(j + 1)π
p
+
2π
p
ou equivalentemente,
(2j + 3)π
p
arg (e
2πi
p
z
k
2
)
2(j + 2)π
p
Portanto, z = ϕ
n,p
(z
1
, ..., z
l
, 0, ...) F
(k)
j+1
= {z F
n,p
; |z
k
2
|
2
2
n+1
,
(2j+3)π
p
arg (e
2πi
p
z
k
2
)
2(j+2)π
p
} e consequentemente ϕ
n,p
(F
(k)
j
) F
(k)
j+1
. Por outro
lado, seja z = (z
1
, ..., z
l
, 0, ...) F
(k)
j+1
. Da´ı segue que z = (z
1
, ..., z
l
, 0, ...)
F
n,p
tal que |z
k
2
|
2
2
n+1
e
(2j+3)π
p
arg z
k
2
2(j+2)π
p
. Sendo assim,
tomemos w = (z
1
e
2πi
p
, ..., z
k
2
e
2πi
p
, ..., z
n
2
e
2πi
p
, 0, ...) F
n,p
se n ´e par e w =
(z
1
e
2πi
p
, ..., z
k
2
e
2πi
p
, ..., |z
(n+1)
2
|e
2(s1)πi
p
, 0, ...) F
n,p
para s {0, ..., p1} se n ´e
´ımpar. Observe que |e
2πi
p
.z
k
2
|
2
= |z
k
2
|
2
2
n+1
e
(2j+3)π
p
2π
p
arg (e
2πi
p
z
k
2
)
2(j+2)π
p
2π
p
, ou seja,
(2j+1)π
p
arg (e
2πi
p
z
k
2
)
2(j+1)π
p
e consequentemente
w F
(k)
j
. Portanto, ϕ
n,p
(w) = (z
1
, ..., z
k
2
, ..., z
n
2
, 0, ...) = z se n ´e par e
ϕ
n,p
(w) = (z
1
, ..., z
k
2
, ..., |z
(n+1)
2
|e
2sπi
p
, 0, ...) = z se n ´e ´ımpar, logo podemos
afirmar que F
(k)
j+1
ϕ
n,p
(F
(k)
j
).
Lema 3.2.2 Seja ϕ
n,p
: F
n,p
F
n,p
dada por ϕ
n,p
(z) = (z
1
e
2πi
p
, z
2
e
2πi
p
, ...).
Ent˜ao g(F
n,p
, ϕ
n,p
) = g(F
n,p
, ϕ
n,p
) n.
Prova: Como F
n,p
´e normal a sabemos que g(F
n,p
, ϕ
n,p
) = g(F
n,p
, ϕ
n,p
). Basta
enao mostrar que g(F
n,p
, ϕ
n,p
) n. Mas pelo fato que F
(k)
j
´e fechado em F
n,p
j = 0, ..., p 1 e k = 1, .., n, sendo os F
(k)
j
definidos como acima, temos
pelas trˆes afirma¸oes anteriores que g(F
n,p
, ϕ
n,p
) n.
53
Lema 3.2.3 Seja p um n´umero primo e (M, f) N
p
. Se s = g(M, f) ´e
finito, ent˜ao s ´e o menor umero tal que existe uma aplicao equivariante
P : (M, f) (F
s,p
, ϕ
s,p
).
Prova: Como s = g(M, f) temos que M =
s
j=1
G
(j)
sendo cada G
(j)
=
G
(j)
0
...G
(j)
p1
e G
(j)
t
ao subconjunos fechados disjuntos de M t = 0, ..., p1.
Al´em disso f
t
(G
(j)
0
) = G
(j)
t
. Mostraremos que para cada j {1, ..., s} existem
aplica¸oes P
j
:
j
i=1
G
(i)
F
j,p
com P
j
f|
j
i=1
G
(i)
= ϕ
j,p
P
j
. Observe
que se isto ocorrer teremos P = P
s
, pois M =
s
i=1
G
(i)
. Considere os passos
abaixo:
Passo 1: Para j = 1 considere a aplica¸ao cont´ınua P
1
: G
(1)
F
1,p
dada
por P
1
(x) = e
2tπi
p
se x G
(1)
t
onde t = 0, ..., p 1. Note que P
1
´e uma
aplica¸ao equivariante pois, se x G
(1)
t
enao f(x) f(G
(1)
t
) = f(f
t
(G
(1)
0
)) =
f
t+1
(G
(1)
0
) = G
(1)
t+1
. Logo (P
1
f)(x) = P
1
(f(x)) = e
2(t+1)πi
p
. Mas por outro lado,
temos que (ϕ
1,p
P
1
)(x) = ϕ
1,p
(P
1
(x)) = ϕ
1,p
(e
2tπi
p
) = e
2tπi
p
.e
2πi
p
= e
2(t+1)πi
p
.
Passo 2: Suponhamos que para j {1, ..., s 1} existam aplica¸oes cont´ınuas
P
j
:
j
i=1
G
(i)
F
j,p
com P
j
f|
j
i=1
G
(i)
= ϕ
j,p
P
j
. Mostraremos que existe
P
j+1
:
j+1
i=1
G
(i)
F
j+1,p
com P
j+1
f|
j+1
i=1
G
(i)
= ϕ
j+1,p
P
j+1
. Note que,
ainda para j {1, ..., s 1} temos que
j
i=1
G
(i)
j
i=1
G
(i)
G
(j+1)
0
e al´em
disso
j
i=1
G
(i)
´e fechado em
j
i=1
G
(i)
G
(j+1)
0
que ´e normal.
Passo 3: Se j {1, ..., s 1} ´e ´ımpar a vimos que F
j,p
S
j
= F
j+1,p
. Logo
pelo Corol´ario 1.4.4 podemos estender continuamente a aplica¸ao
P
j
:
j
i=1
G
(i)
F
j,p
S
j
para uma aplica¸ao cont´ınua
P
j+1
:
j
i=1
G
(i)
G
(j+1)
0
S
j
= F
j+1,p
.
Passo 4: Se j {1, ..., s 1} ´e par a vimos que F
j,p
= S
j1
S
j
+
F
j+1,p
. Logo pelo Corol´ario 1.4.6 podemos estender continuamente a aplica¸ao
P
j
:
j
i=1
G
(i)
F
j,p
S
j
+
para uma aplica¸ao cont´ınua
54
P
j+1
:
j
i=1
G
(i)
G
(j+1)
0
S
j
+
F
j+1,p
.
Passo 5: Defina P
j+1
:
j+1
i=1
G
(i)
F
j+1,p
como sendo
P
j+1
=
P
j+1
(x), se x
j
i=1
G
(i)
G
(j+1)
0
ϕ
l
j+1,p
(P
j+1
(f
pl
(x))), se x G
j+1
l
(l = 1, ..., p 1)
(1) Se x G
(j+1)
l
para l = 1, ..., p 1 temos que f
pl
(x) f
pl
(G
(j+1)
l
) =
f
pl
(f
l
(G
(j+1)
0
)) = f
p
(G
(j+1)
0
) = G
(j+1)
0
. Portanto faz sentido P
j+1
(f
pl
(x)),
e consequentemente ϕ
l
j+1,p
(P
j+1
(f
pl
(x))).
(2) Se x (
j
i=1
G
(i)
G
(j+1)
0
) G
(j+1)
l
= (
j
i=1
G
(i)
) G
(j+1)
l
para l =
1, ..., p 1 temos que
ϕ
l
j+1,p
(P
j+1
(f
pl
(x))) =
1
ϕ
l
j,p
(P
j
(f
pl
(x))) =
2
P
j
(f
l
(f
pl
(x))) = P
j
(f
p
(x)) =
P
j
(x) = P
j+1
(x)
Juntando os itens (1) e (2) acima podemos afirmar que a aplica¸ao
P
j+1
:
j+1
i=1
G
(i)
F
j+1,p
est´a bem definida e, al´em disso, pelo lema da
colagem P
j+1
´e cont´ınua. Sendo assim, veremos agora que P
j+1
f|
j+1
i=1
G
(i)
=
ϕ
j+1,p
P
j+1
. Para isso analisemos os trˆes casos abaixo:
Caso 1: Se x
j
i=1
G
(i)
´e acil ver que f(x)
j
i=1
G
(i)
. Da´ı segue que
(P
j+1
f)(x) = P
j+1
(f(x)) = P
j+1
(f(x)) = P
j
(f(x)) = (P
j
f)(x) =
= (ϕ
j,p
P
j
)(x) = ϕ
j,p
(P
j
(x)) = ϕ
j+1,p
(P
j
(x)) =
= ϕ
j+1,p
(P
j+1
(x)) = (ϕ
j+1,p
P
j+1
)(x)
1
Se x
j
i=1
G
(i)
enao f
pl
(x)
j
i=1
G
(i)
2
Desde que P
j
f |
j
i=1
G
(i)
= ϕ
j,p
P
j
enao P
j
f
l
|
j
i=1
G
(i)
= ϕ
l
j,p
P
j
55
Caso 2: Se x G
(j+1)
l
(l = 0, ..., p 2), f(x) f(G
(j+1)
l
) = f(f
l
(G
(j+1)
0
)) =
f
l+1
(G
(j+1)
0
) sendo l + 1 {1, ..., p 1}. Da´ı segue que
(P
j+1
f)(x) = P
j+1
(f(x)) = ϕ
l+1
j+1,p
(P
j+1
(f
p(l+1)
(f(x)))) =
= ϕ
j+1,p
(ϕ
l
j+1,p
(P
j+1
(f
pl
(x)))) =
= ϕ
j+1,p
(P
j+1
(x)) = (ϕ
j+1,p
P
j+1
)(x)
Caso 3: Se x G
(j+1)
p1
, f(x) f(G
(j+1)
p1
) = f(f
p1
(G
(j+1)
0
)) = f
p
(G
(j+1)
0
) =
G
(j+1)
0
. Da´ı segue que
(P
j+1
f)(x) = P
j+1
(f(x)) = P
j+1
(f(x)) =
= ϕ
j+1,p
(ϕ
p1
j+1,p
(P
j+1
(f
p(p1)
(x)))) =
= ϕ
j+1,p
(P
j+1
(x)) = (ϕ
j+1,p
P
j+1
)(x)
Portanto, existe P = P
s
: M F
s,p
equivariante. Para finalizar a prova
basta mostrar que s = g(M, f) = g(M, f) ´e o menor n´umero tal que existe
essa aplica¸ao P . Para isso, suponha que n < s e que exista P : M F
n,p
equivariante. Pelo Lema 3.2.1 e sabendo que g(F
n,p
, ϕ
n,p
) n temos que
s = g(M, f) g(F
n,p
, ϕ
n,p
) n, o que ´e um absurdo.
Definiremos abaixo quando um espa¸co topol´ogico M ´e nconexo para
n 0 e logo ap´os veremos em que condi¸oes dado (M, f) H
p
existe uma
aplica¸ao equivariante P : (F
n+2,p
, ϕ
n+2,p
) M.
Defini¸ao 3.2.4 Um espco topol´ogico M ´e dito ser nconexo n 0, se toda
fun¸ao cont´ınua f : S
j
M com j n admite uma extens˜ao cont´ınua
f : D
j+1
M.
Exemplo 3.2.1 A esfera S
n+1
´e nconexa.
56
Lema 3.2.4 Seja n N e p um umero primo. Seja (M, f) H
p
com M ao-
vazio e n-conexo. Ent˜ao existe uma aplicao P : (F
n+2,p
, ϕ
n+2,p
) (M, f)
equivariante.
Prova: Mostraremos que para m {1, ..., n + 2} existem aplica¸oes
P
m
: F
m,p
M equivariante. Observe que se isto ocorrer, teremos en-
contrado P = P
n+2
: F
n+2,p
M equivariante. Considere os passos abaixo:
Passo 1: Desde que M ´e ao-vazio existe x M. Sendo assim defina
P
1
: F
1,p
M como sendo P
1
(e
2i
p
) = f
k
(x) k = 0, ..., p 1. Notemos que
(P
1
ϕ
1,p
)(e
2i
p
) = P
1
(ϕ
1,p
(e
2i
p
)) = P
1
(e
2πi
p
.e
2i
p
) = P
1
(e
2(k+1)πi
p
) = f
k+1
(x) =
f(f
k
(x)) = f(P
1
(e
2i
p
)) = (f P
1
)(e
2i
p
)
Portanto, P
1
: (F
1,p
, ϕ
1,p
) (M, f) ´e uma aplica¸ao equivariante.
Passo 2: Sup onha que para 1 m n + 1 exista P
m
: F
m,p
M equivari-
ante. Mostraremos que existe P
m+1
: F
m+1,p
M tal que P
m+1
ϕ
m+1,p
=
f P
m+1
. Para isso considere os itens (a) e (b) abaixo:
(a) Se m ´e um n´umero par temos que S
m
+
F
m+1,p
. Al´em disso, sabemos
que, existe um homeomorfismo h
m
: S
m
+
D
m
tal que h
m
(F
m,p
) =
S
m1
, onde F
m,p
= S
m1
S
m
+
. Como por hip´otese de indu¸ao
m1 n e M ´e nconexo, a defini¸ao 3.2.4 nos garante que a aplica¸ao
P
m
h
1
m
: S
m1
M admite uma extens˜ao cont´ınua φ
m
: D
m
M.
Sendo assim, defina a aplica¸ao P
m+1
: F
m+1,p
M como sendo
P
m+1
(z) = (f
k
φ
m
h
m
ϕ
pk
m+1,p
)(z) z = (z
1
, ..., z
m
2
, |z
(m+2)
2
|e
2i
p
, 0, ...)
F
m+1,p
onde k = 0, ..., p 1. Para vermos que P
m+1
est´a bem definida
observe a afirma¸ao abaixo:
57
Afirma¸ao 3.2.6 ϕ
pk
m+1,p
(F
m+1,p
) S
m
+
para k = 0, ..., p 1, sendo
ϕ
m+1,p
: F
m+1,p
F
m+1,p
como na defini¸ao 3.2.2.
Prova: Dado z = (z
1
, ..., z
m
2
, |z
(m+2)
2
|e
2i
p
, 0, ...) F
m+1,p
enao pela defini¸ao
de ϕ
m+1,p
temos que
ϕ
pk
m+1,p
(z) = (z
1
e
2(pk)πi
p
, ..., z
m
2
e
2(pk)πi
p
, |z
m+2
2
|e
2(pk+k )πi
p
, 0, ...)
= (z
1
e
2(pk)πi
p
, ..., z
m
2
e
2(pk)πi
p
, |z
m+2
2
|, 0, ...)
Como |z
m+2
2
| 0 podemos afirmar que ϕ
pk
m+1,p
(z) S
m
+
.
Afirma¸ao 3.2.7 P
m+1
´e uma aplicao cont´ınua. Aem disso P
m+1
´e uma
aplicao equivariante.
Prova: Como P
m+1
´e composi¸ao de aplica¸oes cont´ınuas, logo ´e cont´ınua.
Seja z = (z
1
, ..., z
m
2
, |z
(m+2)
2
|e
2i
p
, 0, ...) F
m+1,p
. Ent˜ao pela defini¸ao de
ϕ
m+1,p
temos que ϕ
m+1,p
(z) = (z
1
e
2πi
p
, ..., z
m
2
e
2πi
p
, |z
(m+2)
2
|e
2(k+1)πi
p
, 0, ...) sendo
k {0, ..., p 1}. Por outro lado pela defini¸ao de P
m+1
temos que
(P
m+1
ϕ
m+1,p
)(z) = (f
k+1
φ
m
h
m
ϕ
pk1
m+1,p
)(ϕ
m+1,p
(z)) =
= (f
k+1
φ
m
h
m
ϕ
pk
m+1,p
)(z) =
= (f f
k
φ
m
h
m
ϕ
pk
m+1,p
)(z) =
= f((f
k
φ
m
h
m
ϕ
pk
m+1,p
)(z)) =
= f(P
m+
1
(z)) = (f P
m+1
)(z)
(b) Seja m um umero ´ımpar, enao F
m+1,p
= {z = (z
1
, ..., z
(m+1)
2
, 0, ...)
l
2
; z = 1}. Seja 0 s < 1 e k um n´umero natural. Defina o seguinte
conjunto:
S
k,s
= {z = (z
1
, ..., z
k
, 0, ...) l
2
; z = 1, 0 arg z
k
2πs}.
58
Da´ı segue que
S
(m+1)
2
,
1
p
= {z = (z
1
, ..., z
(m+1)
2
, 0, ...) F
m+1,p
; 0 arg z
(m+1)
2
2π
p
}
Sabemos que o argumento do n´umero complexo z = 0 ao est´a bem
definido, mas aqui assumimos que os elementos z = (z
1
, ..., z
(m1)
2
, 0, ...)
F
m+1,p
tamem pertencem ao conjunto S
(m+1)
2
,
1
p
.
Afirma¸ao 3.2.8 S
(m+1)
2
,
1
2
= S
m
+
.
Prova : Seja z = (z
1
, ..., z
(m1)
2
, z
(m+1)
2
, 0, ...) S
(m+1)
2
,
1
2
. Ent˜ao z
(m+1)
2
=
|z
(m+1)
2
|e
sendo 0 θ π. Como sen θ 0 θ [0, π], temos que z =
(z
1
, ..., z
(m1)
2
, |z
(m+1)
2
|cos θ, |z
(m+1)
2
|sen θ, 0, ...) S
m
+
. Logo S
(m+1)
2
,
1
2
S
m
+
.
Por outro lado, seja (x
1
, ..., x
m
, x
m+1
) S
m
+
. Considere z
1
= x
1
+ ix
2
, ...,
z
(m1)
2
= x
m2
+ ix
m1
, z
(m+1)
2
= x
m
+ ix
m+1
. Como x
m+1
0 temos que
arg z
(m+1)
2
[0, π]. Da´ı segue que (z
1
, ..., z
(m1)
2
, z
(m+1)
2
, 0, ...) S
(m+1)
2
,
1
2
. Por-
tanto, S
m
+
S
(m+1)
2
,
1
2
.
Afirma¸ao 3.2.9 A aplicao h
m
: S
(m+1)
2
,
1
p
D
m
dada por
h(z) = (Re z
1
, Im z
1
, ..., Re z
(m1)
2
, Im z
(m1)
2
, |z
(m+1)
2
|cos(
p
2
arg z
(m+1)
2
))
´e um homeomorfismo.
Prova: Seja g
m
: S
(m+1)
2
,
1
p
S
(m+1)
2
,
1
2
dada por g
m
(z
1
, ..., z
(m1)
2
, z
(m+1)
2
, 0, ...) =
(z
1
, ..., z
(m1)
2
, |z
(m+1)
2
|e
i
p
2
arg z
(m+1)
2
, 0, ...). Observe que g
m
´e cont´ınua, pois suas
coordenadas ao cont´ınuas. Al´em disso g
1
m
: S
(m+1)
2
,
1
2
S
(m+1)
2
,
1
p
dada por
g
1
m
(z
1
, ..., z
(m1)
2
, z
(m+1)
2
, 0, ...) = (z
1
, ..., z
(m1)
2
, |z
(m+1)
2
|e
i
2
p
arg z
(m+1)
2
, 0, ...) ´e uma
aplica¸ao cont´ınua. Como g
m
g
1
m
= id
S
(m+1)
2
,
1
2
e g
1
m
g
m
= id
S
(m+1)
2
,
1
p
temos
que g
m
´e um homeomorfismo. Sabendo que f : S
m
+
D
m
definida por
f(x
1
, ..., x
m
, x
m+1
) = (x
1
, ..., x
m
) ´e um homeomorfismo, pela afirma¸ao 3.2.8
59
podemos compor f g
m
, logo h
m
= f g
m
: S
(m+1)
2
,
1
p
D
m
dada por
h
m
(z
1
, ..., z
(m+1)
2
, 0, ...) = (z
1
, ..., z
(m1)
2
, |z
(m+1)
2
|cos(
p
2
arg z
(m+1)
2
)) ´e um homeo-
morfismo.
Afirma¸ao 3.2.10 Seja h
m
: S
(m+1)
2
,
1
p
D
m
dada como na afirma¸ao an-
terior. Ent˜ao
h
m
(S
(m+1)
2
,
1
p
F
m,p
) = h
m
({z S
(m+1)
2
,
1
p
| arg z
m+1
2
= 0 ou arg z
m+1
2
=
2π
p
}) =
S
m1
.
Prova: Seja z = h
m
(w) onde w = (z
1
, ..., z
(m+1)
2
, 0, ...) S
m+1
2
,
1
p
F
m,p
. Ent˜ao
h
m
(w) = (Re z
1
, Im z
1
, Re z
2
, Im z
2
, ...Re z
(m1)
2
, Im z
(m1)
2
, ±|z
(m+1)
2
|)
S
m1
, logo h
m
(S
(m+1)
2
,
1
p
F
m,p
) S
m1
. Por outro lado, seja (x
1
, ..., x
m1
, x
m
)
S
m1
. Ent˜ao considere z = x
1
+ ix
2
, ..., z
(m1)
2
= x
m2
+ ix
m1
e z
(m+1)
2
=
x
m
se x
m
0 ou z
(m+1)
2
= x
m
e
(2p)πi
p
se x
m
< 0. Da´ı segue que z =
(z
1
, ..., z
(m1)
2
, z
(m+1)
2
, 0, ...) S
(m+1)
2
,
1
p
F
m,p
, e h
m
(z) = (x
1
, ..., x
m1
, x
m
). Por-
tanto, S
m1
h
m
(S
(m+1)
2
,
1
p
F
m,p
).
Pela afirma¸ao acima faz sentido compormos a aplica¸ao
P
m
: F
m,p
M com h
1
m
: S
m1
S
(m+1)
2
,
1
p
F
m,p
F
m,p
. Sendo
assim P
m
h
1
m
: S
m1
M ´e uma aplica¸ao cont´ınua. Mas como por
hip´otese de indu¸ao m 1 n e M ´e nconexo, a defini¸ao 3.2.4 nos garante
que a aplica¸ao P
m
h
1
m
: S
m1
M admite uma extens˜ao cont´ınua
φ
m
: D
m
M. Defina a aplica¸ao P
m+1
: F
m+1,p
M como sendo
P
m+1
(z) = (f
k
φ
m
h
m
ϕ
pk
m+1,p
)(z) sabendo que
2
p
arg z
(m+1)
2
<
2(k+1)π
p
,
k {0, ..., p1}. Para vermos que P
m+1
est´a bem definida observe a afirma¸ao
abaixo:
Afirma¸ao 3.2.11 Seja ϕ
m+1,p
: F
m+1,p
F
m+1,p
como na defin¸ao 3.2.2,
ent˜ao
ϕ
pk
m+1,p
(F
m+1,p
) S
(m+1)
2
,
1
p
k = 0, .., p 1.
60
Prova : Dado z = (z
1
, ..., z
(m1)
2
, z
(m+1)
2
, 0, ...) F
m+1,p
temos que
ϕ
pk
m+1,p
(z
1
, ..., z
(m+1)
2
, 0, ...) = (z
1
e
2(pk)πi
p
, ..., z
(m+1)
2
e
2(pk)πi
p
, 0, ...). Sabendo que
2
p
arg z
(m+1)
2
<
2(k+1)π
p
para algum k {0, ..., p 1} , isso implica que
2
p
+
2(pk)π
p
arg z
(m+1)
2
e
2(pk)πi
p
<
2(k+1)π
p
+
2(pk)π
p
. Sendo assim podemos
afirmar que 0 arg z
(m+1)
2
e
2(pk)πi
p
<
2π
p
. Portanto, ϕ
pk
m+1,p
(z
1
, ..., z
(m+1)
2
, 0, ...)
S
(m+1)
2
,
1
p
.
Afirma¸ao 3.2.12 P
m+1
´e uma aplicao equivariante.
Prova: Como P
m+1
´e composi¸ao de aplica¸oes cont´ınuas, logo ´e cont´ınua.
Seja z = (z
1
, ..., z
(m+1)
2
, 0, ...) F
m+1,p
. Enao ϕ
m+1,p
(z
1
, ..., z
(m+1)
2
, 0, ...) =
(z
1
e
2πi
p
, ..., z
(m+1)
2
e
2πi
p
, 0, ...). Al´em disso temos que
2π
p
+
2kπ
p
arg z
(m+1)
2
e
2πi
p
<
2(k + 1)π
p
+
2π
p
ou equivalentemente
2(k + 1)π
p
arg z
(m+1)
2
e
2πi
p
<
2[(k + 1) + 1]π
p
para k {0, .., p 1}. Logo pela defini¸ao de P
m+1
temos que
(P
m+1
ϕ
m+1,p
)(z) = (f
k+1
φ
m
h
m
ϕ
pk1
m+1,p
)(ϕ
m+1,p
(z)) =
= (f
k+1
φ
m
h
m
ϕ
pk
m+1,p
)(z) =
= (f f
k
φ
m
h
m
ϕ
pk
m+1,p
)(z) =
= f((f
k
φ
m
h
m
ϕ
pk
m+1,p
)(z)) =
= f(P
m+
1
(z)) = (f P
m+1
)(z)
Portanto, existe P = P
n+2
: F
n+2,p
M equivariante, o que finaliza a prova
do lema.
O pr´oximo resultado ´e uma simples consequˆencia dos dois ´ultimos
lemas.
61
Lema 3.2.5 Seja m 2 inteiro e p um umero primo. Seja (S, ϕ) como no
Teorema 2.0.6 e (M, f) N
p
. Ent˜ao g(M, f) (m 1)(p 1) se, e somente
se, existe uma aplicao equivariante P : (M, f) (S, ϕ).
Prova: (=) Se n = g(M, f) (m 1)(p 1), enao pelo Lema 3.2.3
n ´e o menor n´umero tal que existe uma aplic˜ao equivariante
P
1
: (M, f) (F
n,p
, ϕ
n,p
). Como n (m 1)(p 1) e sabendo que
F
n,p
F
(m1)(p1),p
podemos considerar a inclus˜ao j : F
n,p
F
(m1)(p1),p
que ´e uma aplica¸ao equivariante, isto ´e, j ϕ
n,p
= ϕ
(m1)(p1),p
j. Al´em
disso como S ´e uma esfera ((m 1)(p 1) 1)-dimensional ent˜ao temos que
S ´e ((m 1)(p 1) 2)-conexo. Da´ı pelo Lema 3.2.4 existe uma aplica¸ao
equivariante P
2
: (F
(m1)(p1),p
, ϕ
(m1)(p1),p
) (S, ϕ). Usando a propriedade
equivariante de P
1
, P
2
e j mostraremos que P = P
2
j P
1
: (M, f) (S, ϕ)
´e uma aplica¸ao equivariante. De fato:
P ´e cont´ınua, pois ´e composi¸ao de aplica¸oes cont´ınuas. Al´em disso,
P f = P
2
j P
1
f = P
2
j ϕ
n,p
P
1
=
= P
2
ϕ
(m1)(p1),p
j P
1
=
= ϕ P
2
j P
1
= ϕ P.
Portanto, se g(M, f) (m1)(p1) existe P : (M, f) (S, ϕ) equivariante.
(=) Suponha que exista uma aplica¸ao equivariante P : (M, f) (S, ϕ).
Enao pelo Lema 3.2.1 e pela Observao 3.1.5 temos que g(M, f) g(S, ϕ) =
(m 1)(p 1).
Cap´ıtulo 4
A categoria do espa¸co S
n
/f
Seja f : S
n
S
n
cont´ınua, gerando uma Z
p
ao livre sobre S
n
.
Baseado num resultado de Krasnosel’skiˇı [5] ser´a mostrado neste cap´ıtulo que
se S
n
/f ´e o espa¸co de ´orbitas dessa ao enao a categoria de Ljusternik-
Schnirelmann de S
n
/f , cat (S
n
/f) ´e igual a n + 1, e como consequˆencia desse
resultado ser´a mostrado que g(S
n
, f) = n + 1 qualquer que seja a aplica¸ao
f : S
n
S
n
gerando Z
p
ao livre em S
n
. A t´ecnica usada nos permitir´a
obter um majorante para o gˆenus de uma classe ampla de Z
p
espa¸co.
Teorema 4.0.1 ([5]) Seja (S
n
, f) N
p
, e sejam G
(i)
j
S
n
i = 1, 2, ..., r e
j = 0, 1, ..., p1 subconjuntos fechados tais que S
n
=
r
i=1
G
(i)
, G
(i)
=
p1
j=0
G
(i)
j
e f
j
(G
(i)
0
) = G
(i)
j
i = 1, ..., r e j = 0, ..., p 1. Ent˜ao
r n + 1.
Corol´ario 4.0.1 Se (S
n
, f) N
p
ent˜ao g(S
n
, f) n + 1.
Corol´ario 4.0.2 Se (S
n
, f) N
p
ent˜ao cat (S
n
/f) = n + 1 .
Prova: Suponha que cat (S
n
/f) = r. Enao existem fechados U
1
,U
2
,...,U
r
de S
n
/f tais que as inclus˜oes q
i
: U
i
S
n
/f ao homot´opicas `a uma
62
63
aplica¸ao constante c
i
: U
i
S
n
/f dada por c
i
(x) = y
i
i = 1, .., r.
Sendo S
n
/f conexo por caminhos podemos considerar todos os pontos y
i
iguais a um ´unico ponto y S
n
/f. Consideremos o Z
p
fibrado principal
ξ
n
= (S
n
, p, S
n
/f, Z
p
) sendo p : S
n
S
n
/f a proje¸ao que leva cada ponto
x S
n
em sua classe. Segue do Teorema 1.5.2 que S
n
/f ´e uma nvariedade
topol´ogica, donde S
n
/f ´e paracompacto [18] e como todo subespa¸co fechado
de um espa¸co paracompacto ´e paracompacto segue que cada U
i
´e paracom-
pacto. Sendo q
i
c
i
o Teorema 1.7.3 nos garante que q
i
(ξ
n
) ´e isomorfo a
c
i
(ξ
n
) i = 1, ..., r. Mas pelo Exemplo 1.7.7 o Z
p
-fibrado principal q
i
(ξ
n
)
´e isomorfo ao Z
p
-fibrado principal ξ|
U
i
= (X
, p
, U
i
) sendo X
= p
1
(U
i
) e
p
= p|
p
1
(U
i
)
e pelo Exemplo 1.7.8 o Z
p
-fibrado principal c
i
(ξ
n
) ´e isomorfo
ao Z
p
-fibrado principal produto ε(U
i
, Z
p
) = (U
i
× Z
p
, p
1
, U
i
, Z
p
). Sendo
assim, existe um homeomorfismo h
i
: U
i
× Z
p
p
1
(U
i
) i = 1, ..., r tal
que sh
i
(x, k) = h
i
(s(x, k)), ou seja, f
s
h
i
(x, k) = h
i
(x, s + k). Notemos que
S
n
=
r
i=1
p
1
(U
i
)
e
p
1
(U
i
) = h
i
(U
i
× {0}) h
i
(U
i
× {1}) ... h
i
(U
i
× {p 1})
sendo a uni˜ao acima disjunta, e h
i
(U
i
× {k}) ´e fechado em p
1
(U
i
) k =
0, ..., p 1 e i = 1, ..., r, pois h
i
´e homeomorfismo e U
i
× {k} ´e fechado
em U
i
× Z
p
. Usando a defini¸ao das oes e a propriedade equivariante do
homeomorfismo h
i
temos tamb´em que
f
k
(h
i
(U
i
× {0})) = h
i
(U
i
× {k})
k = 0, ..., p 1 e i = 1, ..., r. Sendo assim, definamos:
64
G
(i)
k
= h
i
(U
i
× {k})
G
(i)
=
p1
k=0
G
(i)
k
.
Como S
n
=
r
i=1
G
(i)
e f
k
(G
(i)
0
) = G
(i)
k
k = 0, ..., p 1 temos pelo Teorema
4.0.1 que r n + 1, ou seja, cat (S
n
/f) n + 1. Pelo Corol´ario 1.5.1 e o
Teorema 1.6.3 temos que cat (S
n
/f) n + 1. Assim cat (S
n
, f) = n + 1.
Corol´ario 4.0.3 Se (S
n
, f) N
p
ent˜ao o g(S
n
, f) = n + 1.
Prova: Como cat (S
n
, f) = n+1, usando os mesmos argumentos do Corol´ario
4.0.2 encontramos fechados G
(1)
, G
(2)
, ..., G
(n+1)
S
n
tais que S
n
=
n+1
i=1
G
(i)
,
G
(i)
=
p1
k=0
G
(i)
k
e f
k
(G
(i)
0
) = G
(i)
k
k = 0, ..., p1 e i = 1, ..., n+1. Portanto,
pela defini¸ao do gˆenus g(S
n
, f) podemos afirmar que g(S
n
, f) n + 1. Mas
pelo Corol´ario 4.0.1 temos que g(S
n
, f) n+1 e consequentemente g(S
n
, f) =
n + 1.
Os argumentos empregados na demonstra¸ao do Corol´ario 4.0.2 nos
permitem concluir o seguinte resultado
Teorema 4.0.2 Sejam M uma nvariedade topol´ogica conexa por caminhos
e f : M M gerando uma Z
p
ao livre em M, ent˜ao
g(M, f) n + 1.
Prova: Suponha que cat (M/f) = r. Segue do Teorema 1.6.3 e Corol´ario
1.5.1 que
r = cat (M/f) dim (M/f) + 1 = n + 1
sendo M/f o espa¸co de ´orbitas da ao gerada por f. Tamem existem fecha-
dos F
1
,F
2
, ..., F
r
em M/f tais que as inclus˜oes q
i
: F
i
M/f ao homot´opicas
65
`a uma aplica¸ao constante c
i
: F
i
M/f, c
i
(x) = y
i
x F
i
e i =
1, ...r. Como F
i
´e paracompacto se gue do Teorema 1.7.3 que q
i
(ξ(M, f))
=
c
i
(ξ(M, f)) sendo ξ(M, f) o Z
p
fibrado principal (M, p, M/f, Z
p
). Pelos Exem-
plos 1.7.7 e 1.7.8 temos que os espa¸cos totais E(q
i
(ξ(M, f))) e E(c
i
(ξ(M, f)))
ao respectivamente equivariantemente homeomorfos a p
1
(F
i
) e F
i
×Z
p
. Por-
tanto existem homeomorfismos e quivariantes h
i
: F
i
× Z
p
p
1
(F
i
) donde
p
1
(F
i
) =
p1
j=0
h
i
(F
i
× {j})
Definindo G
(i)
= p
1
(F
i
) e G
(i)
j
= h
i
(F
i
× {j}) temos que
M =
r
i=1
G
(i)
G
(i)
=
p1
j=0
G
(i)
j
G
(i)
j
ao fechados de M
G
(i)
j
G
(i)
l
= se j = l i = 1, ..., r
f
j
(G
(i)
0
) = G
(i)
j
j = 0, ..., p 1, i = 1, ..., r.
Logo pela defini¸ao do gˆenus g(M, f) temos que g(M, f) r n + 1.
Exemplo 4.0.2 Para a esfera S
n
vimos acima que o g(S
n
, f) coincide com
o majorante n + 1 dado pelo Teorema 4.0.2 acima , qualquer que seja a ao
gerada por f.
Exemplo 4.0.3 Pelo Exemplo 3.1.2 exibimos uma f : T T gerando uma
Z
2
ao livre no toro T tal que g(T, f) = 2 < 2 + 1.
Exemplo 4.0.4 A ao do Exemplo 4.0.2 acima foi obtida pela restri¸ao da
ant´ıpoda A : R
3
R
3
no toro. O mesmo procedimento pode ser feito com o
bitoro, tritoro, etc., dispostos de maneira conveniente em R
3
de tal forma que
A : R
3
R
3
quando restrita a essas superf´ıcies tenham suas imagens ainda
66
contidas nas respectivas superf´ıcies. Isso fornece exemplos de Z
2
oes livres
em qualquer superf´ıcie compacta orientada bidimensional. Temos pelo Teorema
4.0.2 acima que o enus dessas superf´ıcies munidas por estas Z
2
oes livres
ou qualq uer outra Z
p
ao livre que possa existir deve ser menor ou igual a
3.
Cap´ıtulo 5
A propriedade K
m,p
Neste cap´ıtulo analisaremos o Teorema de Ljusternik-Schnirelmann
generalizado, provado por Steinlein [14]. A partir da´ı, definiremos quando um
espa¸co com uma Z
p
-a¸ao livre tem a propriedade K
m,p
, sendo p um n´umero
primo e m natural, e veremos como melhorar a estimativa do gˆenus para um
par (M, f) N
7
que tem a propriedade K
m,p
, m 3, quando M tem base
enumer´avel.
5.1 O Teorema de Ljusternik-Schn irelmann
Nesta se¸ao abordaremos uma generaliza¸ao do teorema cl´assico de
Ljusternick-Schinirelmann e veremos que de um certo modo vale a rec´ıproca
deste teorema generalizado.
Teorema 5.1.1 (Ljusternik-Schnirelmann) Sejam M
1
, ..., M
m
conjuntos fecha-
dos da S
n
tal que S
n
=
m
i=1
M
i
e M
i
A(M
i
) = para i = 1, ..., m, sendo
A : S
n
S
n
dada por A(x) = x. Ent˜ao
g(S
n
, A) = n + 1 m 1.
67
68
No Teorema acima surge a id´eia muito natural de substituirmos S
n
por
um espa¸co de Hausdorff M, e A : S
n
S
n
por uma aplica¸ao
f : M M gerando uma Z
p
ao livre e perguntarmos em que condi¸oes
existe uma cobertura de M por m fechados M
1
, ..., M
m
com M
i
f(M
i
) =
para i = 1, ..., m. Com este intuito considere a seguinte defini¸ao:
Defini¸ao 5.1.1 Seja m N e p um n ´umero primo. Dizemos que o par
(M, f) H
p
tem a propriedade K
m,p
, se existem M
1
, M
2
, ..., M
m
M conjun-
tos fechados tais que M =
m
i=1
M
i
e M
i
f(M
i
) = i = 1, ..., m.
Em [14] temos o seguinte resultado:
Teorema 5.1.2 (Ljusternik-Schnirelmann generalizado) Sejam m natural,
m 3 e (M, f) N
p
tal que (M, f) tem a propriedade K
m,p
. Ent˜ao
g(M, f)
(m 3)
p1
2
+ 1, se p = 3
(m 3)
p1
2
+ 2, se p > 3
Para responder se vale de um certo modo a rec´ıproca do Teorema
acima, comecemos definindo os seguintes n´umeros:
Defini¸ao 5.1.2 Seja m natural e p um umero primo. Defina ent˜ao
r
1
(m, p) = max{n N ; (M, f) N
p
com g(M, f) n
tem a propriedade K
m,p
}
r
2
(m, p) = max{n N ; (M, f) N
p
com g(M, f) = n e
(M, f) tem a propriedade K
m,p
}
O pr´oximo resultado que vamos enunciar e provar abaixo nos fornece
uma rela¸ao entre os n´umeros r
1
(m, p) e r
2
(m, p). Al´em disso, veremos que
r
1
(m, p) ([
m
4
] 1)(p 1) para p 3 e m 4.
69
Teorema 5.1.3 Seja m N, m 4 e p 3 um n´umero primo. Ent˜ao,
([
m
4
] 1)(p 1) r
1
(m, p) r
2
(m, p)
sendo [
m
4
] = max{n Z ; n
m
4
}.
Prova: Mostraremos inicialmente a primeira desigualdade. Seja (M, f) N
p
com g(M, f) ([
m
4
] 1)(p 1) e (S, ϕ) como no Teorema 2.0.6 com [
m
4
] em
vez de m. Pelo Lema 3.2.5, existe uma aplica¸ao equivariante P : (M, f)
(S, ϕ). Pelo Corol´ario 2.0.2 sabemos que S pode ser coberto por 4[
m
4
] m
conjuntos fechados V
1
, ..., V
4[
m
4
]
com V
i
ϕ(V
i
) = para i = 1, ..., 4[
m
4
]. Seja
U
i
= P
1
(V
i
). Como P ´e cont´ınua temos que cada U
i
´e fechado em M. Al´em
disso temos que
U
i
f(U
i
) = P
1
(V
i
)f(P
1
(V
i
))
1
P
1
(V
i
)P
1
(ϕ(V
i
)) = P
1
(V
i
ϕ(V
i
)) =
P
1
() = i = 1, ..., 4[
m
4
]. Como S =
4[
m
4
]
j=1
V
j
podemos afirmar que
M =
4[
m
4
]
j=1
U
j
. Se 4[
m
4
] < m podemos completar a cobertura {U
j
} de M com
U
4[
m
4
]+1
= U
4[
m
4
]+2
= ... = U
m
= , e assim concluimos que (M, f) tem a
propriedade K
m,p
donde vale a primeira desigualdade. Para mostrar a outra
desigualdade, suponha que r
2
(m, p) < r
1
(m, p). Da´ı segue que (M, f ) N
p
com g(M, f) > r
2
(m, p) ao existem conjuntos fechados M
1
, ..., M
m
com M =
m
i=1
M
i
e M
i
f(M
i
) = , i = 1, .., m. Em particular para g(M, f) = r
1
(m, p);
o que ´e um absurdo, pois contraria a defini¸ao do n´umero r
1
(m, p). Portanto,
r
1
(m, p) r
2
(m, p).
Segue imediatamente do Teorema acima o seguinte resultado
1
Basta observar que f(P
1
(V
i
)) P
1
(ϕ(V
i
)). Para tanto, seja x f(P
1
(V
i
)) =
y P
1
(V
i
) tal que x = f(y) = P (x) = P (f(y)) = ϕ(P (y)), pois P ´e equivariante. E
como y P
1
(V
i
) segue que P (y) V
i
, ou seja, P (x) ϕ(V
i
) donde x P
1
(ϕ(V
i
)).
70
Teorema 5.1.4 Seja (M, f) N
p
tal que g(M, f ) ([
m
4
] 1)(p 1) sendo
m 4 e p 3 um n´umero primo. Ent˜ao o par (M, f) tem a propriedade
K
m,p
.
O Teorema acima nos diz que de um certo modo vale a rec´ıproca do
teorema 5.1.2.
Corol´ario 5.1.1 Se (M, f) N
p
e M ´e uma nvariedade topol´ogica com
n ([
m
4
] 1)(p 1) 1, m 8 e p 3 um umero primo ent˜ao existem
fechados M
1
, M
2
, ..., M
m
tais que M =
m
i=1
M
i
e M
i
f(M
i
) = .
Observao 5.1.1 Algumas estimativas para o n´umero r
2
(m, p) tamb´em ao
conhecidas. Em [13] e [19] temos que
r
2
(m, 2) m 1, m N
e pelo Teorema 5.1.2 temos que para m 3
r
2
(m, p)
(m 3)
p1
2
+ 1, se p = 3
(m 3)
p1
2
+ 2, se p > 3
Diante da estimativa acima poder´ıamos nos perguntar se esta pode ser
melhorada. Na pr´oxima se¸ao nos restringiremos a verificar que a estimativa
para o n´umero r
2
(m, 7) sendo m 3 pode ser reduzida considerando que o
espa¸co M dos pares (M, f ) N
7
tem base enumer´avel.
5.2 O gˆenus e a propriedade K
m,7
Nesta se¸ao, nos dedicaremos a mostrar que dado um par (M, f) N
7
com a propriedade K
m,7
onde M tem base enumer´avel, g(M, f) 2(m 2),
71
m 3, e consequentemente pela defini¸ao do n´umero r
2
(m, 7) veremos
tamem que a sua estimativa pode ser reduzida em rela¸ao a a extistente em
[14].
Iniciemos com o seguinte resultado:
Lema 5.2.1 ([12]) Sejam p primo e (M, f ) N
p
. Sejam A
0
, A
1
, ..., A
n
M
subconjuntos fechados com = A
0
A
1
... A
n
= M, f(A
i
) = A
i
e
g(A
i
A
i1
, f) finito para i = 1, .., n. Ent˜ao g(M, f)
n
i=1
g(A
i
A
i1
, f).
Dado o par (M, f) N
p
com a propriedade K
m,p
, definiremos abaixo
conjuntos especiais A
j
para j = 0, ..., m tais que estes conjuntos satisfazem as
hip´oteses do Lema acima.
Defini¸ao 5.2.1 Seja (M, f) N
p
com a propriedade K
m,p
. Ent˜ao para j =
1, ..., m defina
A
j
= {x M; {x, f(x), ..., f
p1
(x)}
j
l=1
M
l
}
e A
0
= .
Para verificar que os conjuntos A
j
definidos acima satisfazem as hip´oteses
do Lema anterior observe as afirma¸oes abaixo:
Afirma¸ao 5.2.1 A
1
A
2
... A
m
= M.
Prova: Suponha que j < i para i, j = 0, ..., m e considere o conjunto
A
j
= {x M; {x, f(x), ..., f
p1
(x)}
j
l=1
M
l
}. C omo
j
l=1
M
l
i
l=1
M
l
podemos afirmar que A
j
A
i
. Para ver que o conjunto A
m
= M basta
observar que
m
l=1
M
l
= M.
Observao 5.2.1 A
1
= A
2
= . Para p 3, para ver que A
1
= basta
observar que se existe x A
1
ent˜ao, pela defini¸ao do pr´oprio A
1
, temos que
72
x, f(x) M
1
o que ´e um absurdo, pois M
1
f(M
1
) = . Para vermos que
A
2
= , observe que se existe x A
2
ent˜ao x M
1
ou x M
2
. Ssuponha que
x M
1
. Como M
1
f (M
1
) = e M
2
f (M
2
) = temos que f
k
(x) M
1
para todo k par. Logo pelo fato de que p 3 ´e ´ımpar teremos f
p1
(x) M
1
o
que ´e um absurdo, pois assim teremos x M
1
f(M
1
) = . No caso em que
x M
2
a prova ´e an´alga desde que M
2
f(M
2
) = .
Afirma¸ao 5.2.2 Os conjuntos A
j
ao fechados em M para j = 1, ..., m.
Prova: Mostraremos que M A
j
´e aberto em M para j = 1, ..., m. Para
isso considere a aplica¸ao cont´ınua f
k
: M M sendo k {0, ..., p 1}.
Como
j
l=1
M
l
´e fechado em M temos que M
j
l=1
M
l
´e aberto em M,
logo
p1
k=0
(f
k
)
1
(M
j
l=1
M
l
) ´e aberto em M. Portanto basta mostrar que
M A
j
=
p1
k=0
(f
k
)
1
(M
j
l=1
M
l
). Para isso seja x M A
j
. Ent˜ao
x / A
j
. Da´ı existe k = 0, ..., p 1 tal que f
k
(x) /
j
l=1
M
l
, ou seja,
x (f
k
)
1
(M
j
l=1
M
l
) e consequentemente x
p1
k=0
(f
k
)
1
(M
j
l=1
M
l
).
Logo M A
j
p1
k=0
(f
k
)
1
(M
j
l=1
M
l
).
Por outro lado, tomemos x
p1
k=0
(f
k
)
1
(M
j
l=1
M
l
). Enao x
(f
k
)
1
(M
j
l=1
M
l
) para algum k {0, ..., p 1}. Da´ı segue que f
k
(x)
M
j
l=1
M
l
, ou seja, x / A
j
e consequentemente x M A
j
. Logo
p1
k=0
(f
k
)
1
(M
j
l=1
M
l
) M A
j
.
Afirma¸ao 5.2.3 f(A
j
) = A
j
j = 1, ..., m.
Prova: Se x f(A
j
) ent˜ao x = f(a) sendo a A
j
, ou seja, o conjunto
{a, f(a), ..., f
p1
(a)}
j
l=1
M
l
. Como x = f(a) temos que f(x) = f
2
(a),
f
2
(x) = f
3
(a), ... , f
p1
(x) = f
p
(a) = a. Portanto, {f
p1
(x), x, ..., f
p2
(x)} =
{a, f(a), ..., f
p1
(a)}
j
l=1
M
l
e consequentemente x A
j
. Logo f (A
j
) A
j
.
73
Por outro lado, seja x A
j
. Como f ´e bije¸ao existe s M tal que
x = f(s). Basta ent˜ao mostrar que s A
j
. De fato:
s = f
p
(s) = f
p1
(f(s)) = f
p1
(x), f(s) = x, f
2
(s) = f (f(s)) = f(x), ... ,
f
p1
(s) = f
p2
(f(s)) = f
p2
(x)
Como {x, f(x), ..., f
p2
(x), f
p1
(x)}
j
l=1
M
l
temos que o conjunto
{s, f(s), ..., f
p1
(s)}
j
l=1
M
l
, ou seja, s A
j
e consequentemente o ponto
x = f(s) f(A
j
). Logo A
j
f(A
j
).
Observao 5.2.2 Como f ´e uma bije¸ao e f(A
j
) = A
j
, ao ´e dif´ıcil ver que
f(A
j
A
j1
) = A
j
A
j1
j = 1, ..., m.
Afirma¸ao 5.2.4 g(A
j
A
j1
, f) ´e finito para j = 1, ..., m.
Prova: g(A
1
A
0
, f) = g(A
2
A
1
, f) = 0 pois, A
0
= A
1
= A
2
= . Seja
(M, f) N
p
com a propriedade K
m,p
. Pelo Teorema 5.1.2 segue que g(M, f)
´e finito se m 3. Sendo assim, considere i : A
j
A
j1
M a aplica¸ao
inclus˜ao.
´
E acil ver que i ´e uma aplica¸ao equivariante. Logo pelo Lema 3.2.1
temos que g(A
j
A
j1
, f) g(M, f). Consequentemente g(A
j
A
j1
, f) ´e
finito j = 1, ..., m.
Portanto, pelo lema anterior temos g(M, f)
m
j=1
g(A
j
A
j1
, f) =
m
j=3
g(A
j
A
j1
, f), sendo os conjuntos A
j
como na Defini¸ao 5.2.1.
O nosso objetivo agora ´e estimar um majorante para g(A
j
A
j1
, f) e
a partir disso melhorar a estimativa da Observao 5.1.1 para r
2
(m, p), p 3,
m 3, supondo que os espa¸cos envolvidos tem base enumer´avel.
Afirma¸ao 5.2.5 Se x A
j
A
j1
ent˜ao {x, f(x), ..., f
p1
(x)} M
j
= .
Prova : Se x A
j
A
j1
temos que {x, f(x), ..., f
p1
(x)}
j
l=1
M
l
, e existe
i = 0, ..., p 1 tal que f
i
(x) M
j
pois, caso contr´ario, se i = 0, ..., p 1
74
tivermos f
i
(x) M
1
... M
j1
, enao {x, f(x), ..., f
p1
(x)} M
1
... M
j1
,
isto ´e, x A
j1
o que ´e um absurdo.
Fixado j {3, ..., m} definiremos abaixo uma subdivis˜ao especial de
A
j
A
j1
.
Defini¸ao 5.2.2 Seja N Z
p
qualquer subconjunto. Ent˜ao defina
< N >= {x A
j
A
j1
; f
a
(x) M
j
a N}
Observao 5.2.3 Para a
1
, ..., a
l
Z
p
escrevemos < a
1
, ..., a
l
> em vez de
< {a
1
, ..., a
l
} >.
Veremos abaixo algumas propriedades do conjunto < N >:
(1) < N >= = a ± 1 / N a N.
Prova: Suponha que a + 1 N para algum a N. Da´ı se existe
x < N > ent˜ao f
a
(x) M
j
e f(f
a
(x)) = f
a+1
(x) M
j
. Logo
M
j
f(M
j
) = , o que ´e um absurdo. O caso em que a 1 N ´e
an´alogo.
Observao 5.2.4 Pela propriedade (1) podemos afirmar que < N >= se
card N
p+1
2
sendo p 3. Basta observar que N Z
p
com card N
p+1
2
vai existir um elemento s N tal que s = a ± 1 para algum a N .
(2) Seja a Z
p
enao f(< a + 1 >) =< a >.
Prova: Mostraremos primeiramente que f(< a + 1 >) < a >. Para
isso, seja x f(< a + 1 >), enao x = f(y) sendo que o elemento y
pertence a < a + 1 >, ou seja, y A
j
A
j1
e f
a+1
(y) M
j
. Como
f(A
j
A
j1
) = A
j
A
j1
temos que x A
j
A
j1
e al´em disso f
a
(x) =
f
a
(f(y)) = f
a+1
(y) M
j
. Portanto, x < a >. Por outro lado, suponha
que
75
x < a >. Ent˜ao x A
j
A
j1
e f
a
(x) M
j
. Queremos mostrar
que existe y < a + 1 > tal que x = f(y). Tome y = f
p1
(x). Ob-
serve que f
a+1
(y) = f
a+1+p1
(x) = f
a
(f
p
(x)) = f
a
(x) M
j
, isto ´e,
y < a + 1 >. Portanto, x = f(y) f(< a + 1 >) e consequentemente
temos que < a > f(< a + 1 >).
(3) f
l
(< a
1
, a
2
, ..., a
q
>) =< p l + a
1
, p l + a
2
, ..., p l + a
q
>.
Prova: Mostraremos primeiramente que
f
l
(< a
1
, a
2
, ..., a
q
>) < p l + a
1
, p l + a
2
, ..., p l + a
q
> .
Para isso, seja x f
l
(< a
1
, a
2
, ..., a
q
>), ent˜ao x = f
l
(y) sendo
y < a
1
, a
2
, ..., a
q
>, ou seja, y A
j
A
j1
e f
k
(y) M
j
k
{a
1
, a
2
, ..., a
q
}. Como f(A
j
A
j1
) = A
j
A
j1
temos que x A
j
A
j1
e al´em disso f
pl+k
(x) = f
k
(y) M
j
k {a
1
, a
2
, ..., a
q
}, logo x
< p l + a
1
, p l + a
2
, ..., p l + a
q
>.
Por outro lado, suponha que x < p l + a
1
, p l + a
2
, ..., p l + a
q
>,
enao x A
j
A
j1
e f
pl+k
(x) M
j
k {a
1
, a
2
, ..., a
q
}. Queremos
mostrar que existe y < a
1
, a
2
, ..., a
q
> tal que x = f
l
(y). Tome y =
f
pl
(x). Observe que f
k
(y) = f
pl+k
(x) M
j
k {a
1
, a
2
, ..., a
q
}.
Reciprocamente se f
k
(y) M
j
teremos que f
pl+k
(x) M
j
, mas isso
implica que p l + k = p l + a
i
para algum i = 1, ..., q, logo k = a
i
para algum i = 1, ..., q. Assim x = f
l
(y) f
l
(< a
1
, a
2
, ..., a
q
>).
(4) Seja N Z
p
enao
N V Z
p
< V >
´e fechado em A
j
A
j1
.
Prova: Sejam N = {a
1
, ..., a
l
} Z
p
e o conjunto B dado por B =
76
(f
a
1
)
1
(M
j
) (f
a
2
)
1
(M
j
) ... (f
a
l
)
1
(M
j
). Mostraremos que
B
N V Z
p
< V > .
Para isso seja x B. Ent˜ao f
a
l
(x) M
j
a
l
N. Sej a V Z
p
tal que
f
a
(x) M
j
a V . Da´ı segue que N V e x < V >, ou seja,
x
N V Z
p
< V >. Mostraremos agora que
N V Z
p
< V > B.
Para isso seja x
N V Z
p
< V >. Enao existe V N tal que
x < V >. Da´ı segue que f
a
(x) M
j
, a V , em particular f
a
l
(x)
M
j
a
l
N V . Logo x B. Concluimos portanto que o conjunto
B =
l
i=1
(f
a
i
)
1
(M
j
) =
N V Z
p
< V > .
Como f
a
l
: A
j
A
j1
M ´e cont´ınua para todo a
l
N e M
j
´e fechado
em M, temos que B = (f
a
1
)
1
(M
j
) (f
a
2
)
1
(M
j
) ... (f
a
l
)
1
(M
j
) ´e
fechado e m A
j
A
j1
. Consequentemente,
N V Z
p
< V > ´e fechado
em A
j
A
j1
.
O pr´oximo resultado nos a uma estimativa para o g(A
j
A
j1
, f)
quando p = 7.
Teorema 5.2.1 Se (M, f) N
7
tem a propriedade K
m,7
m 3 e M tem
base enumer´avel, ent˜ao g(A
j
A
j1
, f) 2 para j = 3, ..., m, sendo os A
j
definidos como na Defini¸ao 5.2.1.
Prova: Definiremos uma aplica¸ao equivariante P : (A
j
A
j1
, f) (S
1
, ϕ)
sendo ϕ : S
1
S
1
a Z
7
-a¸ao livre definida por ϕ(z) = z.e
8πi
7
. Pela Afirma¸ao
77
5.2.5 e pela propriedade (1) do conjunto < N > temos que
A
j
A
j1
= < 0, 2, 4 > < 0, 2 > < 0, 4 > < 0 >
< 1, 3, 5 > < 1, 3 > < 1, 5 > < 1 >
< 2, 4, 6 > < 2, 4 > < 2, 6 > < 2 >
< 3, 5, 0 > < 3, 5 > < 3, 0 > < 3 >
< 4, 6, 1 > < 4, 6 > < 4, 1 > < 4 >
< 5, 0, 2 > < 5, 0 > < 5, 2 > < 5 >
< 6, 1, 3 > < 6, 1 > < 6, 3 > < 6 >
e pela defini¸ao de < N > temos que a uni˜ao acima ´e disjunta. Pela pro-
priedade (3) do conjunto < N > podemos rescrever o conjunto A
j
A
j1
como sendo
A
j
A
j1
= f(< 1, 3, 5 >) f (< 1, 3 >) f(< 1, 5 >) f (< 1 >)
< 1, 3, 5 > < 1, 3 > < 1, 5 > < 1 >
f
6
(< 1, 3, 5 >) f
6
(< 1, 3 >) f
6
(< 1, 5 >) f
6
(< 1 >)
f
5
(< 1, 3, 5 >) f
5
(< 1, 3 >) f
5
(< 1, 5 >) f
5
(< 1 >)
f
4
(< 1, 3, 5 >) f
4
(< 1, 3 >) f
4
(< 1, 5 >) f
4
(< 1 >)
f
3
(< 1, 3, 5 >) f
3
(< 1, 3 >) f
3
(< 1, 5 >) f
3
(< 1 >)
f
2
(< 1, 3, 5 >) f
2
(< 1, 3 >) f
2
(< 1, 5 >) f
2
(< 1 >)
Seja N = {1, 5} Z
7
. Pela propriedade (4) do conjunto < N > temos que
{1,5}⊆ V Z
7
< V > = < 1, 3, 5 > < 1, 5 >
78
´e fechado em A
j
A
j1
. Como f
l
: A
j
A
j1
A
j
A
j1
´e homeomorfismo
para l = 0, ..., 6 temos que f
l
(< 1, 3, 5 > < 1, 5 >) ´e fechado em A
j
A
j1
,
logo A =
6
l=0
f
l
(< 1, 3, 5 > < 1, 5 >) ´e fechado em A
j
A
j1
. Defina a
aplica¸ao P
1
: A S
1
por P
1
(x) = e
8πli
7
se x f
l
(< 1, 3, 5 > < 1, 5 >).
Mostraremos que P
1
´e equivariante. De fato:
P
1
´e uma aplica¸ao cont´ınua, pois em cada x f
l
(< 1, 3, 5 > < 1, 5 >)
l = 0, ..., 6 P
1
´e uma aplica¸ao constante e f
l
(< 1, 3, 5 > < 1, 5 >) f
k
(<
1, 3, 5 > < 1, 5 >) = k, l = 0, ..., 6 com k = l p ela propriedade (3) e
defini¸ao do conjunto < N >. Suponha que x f
l
(< 1, 3, 5 > < 1, 5 >)
para algum l {0, 1, ..., 6}, enao f(x) f
l+1
(< 1, 3, 5 > < 1, 5 >). Da´ı pela
defini¸ao de P
1
temos que P
1
(f(x)) = e
8π(l+1)i
7
. Por outro lado, pela defini¸ao de
ϕ temos que ϕ(P
1
(x)) = ϕ(e
8πli
7
) = e
8πli
7
.e
8πi
7
= e
8π(l+1)i
7
. Portanto, (P
1
f)(x) =
(ϕP
1
)(x) x A. O pr´oximo passo ´e estender P
1
continuamente ao conjunto
A < 1, 3 >. Para isso observe que A < 1, 3 > ´e um subespa¸co de M que ´e
regular e tem base enumer´avel, logo A < 1, 3 > ´e um espa¸co normal. Como
A ´e fechado em A
j
A
j1
temos que A ´e fechado em A < 1, 3 >. Ent˜ao pelo
Teorema de Extens˜ao de Tietze podemos estender continuamente P
1
para uma
aplica¸ao P
1
: A < 1, 3 > S
1
tal que P
1
(< 1, 3 >) {e
2i
; 0 d
1
7
}.
Defina ent˜ao a aplica¸ao P
2
:
6
l=0
f
l
(< 1, 3, 5 > < 1, 5 > < 1, 3 >) S
1
por:
P
2
(x) =
P
1
(x), se x A < 1, 3 >
ϕ
l
(P
1
(f
7l
(x))), se x f
l
(< 1, 3 >)(l = 1, ..., 6)
(1) Se x f
l
(< 1, 3 >) temos que f
7l
(x) f
7l
(f
l
(< 1, 3 >)) =< 1, 3 > para
l = 1, ..., 6. Portanto faz sentido P
1
(f
7l
(x)), e consequentemente, ϕ
l
(P
1
(f
7l
(x))).
(2) Se x (A < 1, 3 >) (f
l
(< 1, 3 >)) para l = 1, ..., 6 temos que
79
ϕ
l
(P
1
(f
7l
(x))) =
2
ϕ
l
(P
1
(f
7l
(x))) =
3
P
1
(f
l
(f
7l
(x))) = P
1
(f
7
(x)) = P
1
(x)
Juntando os itens (1) e (2) acima podemos afirmar que a aplica¸ao
P
2
:
6
l=0
f
l
(< 1, 3, 5 > < 1, 5 > < 1, 3 >) S
1
definida como acima
est´a bem definida e al´em disso, pelo lema da colagem, P
2
´e cont´ınua. Sendo
assim, veremos agora que P
2
f|
B
= ϕ P
2
sendo B o seguinte conjunto
B =
6
l=0
f
l
(< 1, 3, 5 > < 1, 5 > < 1, 3 >). Para isso analisemos os trˆes
casos abaixo:
Caso 1: Se x A
(P
2
f)(x) = P
2
(f(x)) = P
1
(f(x)) = P
1
(f(x)) =
= (P
1
f)(x) = (ϕ P
1
)(x) = ϕ(P
1
(x)) =
= ϕ(P
1
(x)) = ϕ(P
2
(x)) = (ϕ P
2
)(x)
Caso 2: Se x f
l
(< 1, 3 >)(l = 0, ..., 5)
f(x) f(f
l
(< 1, 3 >)) = f
l+1
(< 1, 3 >) sendo l + 1 {1, ..., 6}. Da´ı segue que
(P
2
f)(x) = P
2
(f(x)) = ϕ
l+1
(P
1
(f
7(l+1)
(f(x)))) =
= ϕ(ϕ
l
(P
1
(f
7l
(x)))) = ϕ(P
2
(x)) =
= (ϕ P
2
)(x)
2
Se x f
l
(< 1, 3, 5 > < 1, 5 >) ent˜ao f
7l
(x) A
3
ϕ
l
P
1
= P
1
f
l
80
Caso 3: Se x f
6
(< 1, 3 >)
f(x) f(f
6
(< 1, 3 >)) = f
7
(< 1, 3 >) =< 1, 3 >. Da´ı segue que
(P
2
f)(x) = P
2
(f(x)) = P
1
(f(x)) =
= ϕ(ϕ
6
(P
1
(f
76
(x)))) =
= ϕ(P
2
(x)) = (ϕ P
2
)(x)
Portanto, P
2
´e uma aplica¸ao equivariante. Veremos agora que P
2
pode ser
estendida continuamente ao conjunto B < 1 >. Para isso seja N = {1, 3}.
Enao pela propriedade (4) do conjunto < N > temos que
{1,3}⊆V Z
7
< V > =< 1, 3, 5 > < 1, 3, 6 > < 1, 3 >
´e fechado em A
j
A
j1
. Logo
6
l=0
f
l
(<
1, 3, 5 > < 1, 3, 6 > < 1, 3 >)
´e fechado em A
j
A
j1
, pois f
l
´e homeomorfismo para l = 0, ..., 6. Como o
conjunto B p ode ser escrito B =
6
l=0
f
l
(< 1, 3, 5 > < 1, 5 > < 1, 3 >) =
A (
6
l=0
f
l
(< 1, 3, 5 > < 1, 3, 6 > < 1, 3 >)) temos que B ´e fechado em
A
j
A
j1
e consequentemente ´e fechado em B < 1 >. Desde que B < 1 >
´e um sub es pa¸co normal, pois ´e regular e enumer´avel o Teorema de Extens˜ao
de Tietze nos garante que P
2
pode ser estendida continuamente para uma
aplica¸ao P
2
: B < 1 > S
1
tal que P
2
(< 1 >) {e
2i
; 0 d
2
7
}.
Defina enao P :
6
l=0
f
l
(< 1, 3, 5 > < 1, 5 > < 1, 3 > < 1 >) S
1
por:
P (x) =
P
2
(x), se x B < 1 >
ϕ
l
(P
2
(f
7l
(x))), se x f
l
(< 1 >)(l = 1, ..., 6)
De maneira an´aloga ao que foi feito para a aplica¸ao P
2
, podemos mostrar que
P ´e uma aplica¸ao que est´a bem definida, cont´ınua e equivariante. Portanto,
sabendo que A
j
A
j1
=
6
l=0
f
l
(< 1, 3, 5 > < 1, 5 > < 1, 3 > < 1 >)
81
acabamos de mostrar que existe uma aplica¸ao P : (A
j
A
j1
, f) (S
1
, ϕ)
equivariante. Logo pelo Lema 3.2.1 e Exemplo 3.1.3 podemos afirmar que
g(A
j
A
j1
, f) g(S
1
, ϕ) = 2.
Corol´ario 5.2.1 Se M tem base enumer´avel ent˜ao r
2
(m, 7) 2(m 2),
m 3.
Prova: Se m 3, r
2
(m, 7) ´e o maior n´umero pertencente ao conjunto N tal
que existe um par (M, f ) N
7
com g(M, f) = r
2
(m, 7) e tem a propriedade
K
m,7
. Mas para esse par (M, f ) N
7
podemos definir os conjuntos A
j
como
na Defini¸ao 5.2.1 e, al´em disso, como M tem base enumer´avel ent˜ao pe lo
Teorema acima temos que
r
2
(m, 7) = g(M, f)
m
j=3
g(A
j
A
j1
, f) 2(m 2)
No caso de p = 5 o Teorema anterior ´e demonstrado de maneira
anal´oga, ou seja, se um par (M, f) N
5
tem a propriedade K
m,5
e M tem
base enumer´avel ent˜ao r
2
(m, 5) 2(m 2), m 3, mas essa estimativa ´e
igual `a dada na Observao 5.1.1 .
No caso de um par (M, f) N
3
ter a propriedade K
m,3
e M tem base
enumer´avel, pode se mostrar sem maiores dificuldades que g(A
j
A
j1
, f) = 1,
j = 3, ...m, se ndo os A
j
como na Defini¸ao 5.2.1. Logo para esse par temos
que r
2
(m, 3) (m2), m 3, mas essa estimativa tamb´em ´e igual ´a dada na
Observao 5.1.1 . Portanto, para p = 3 e p = 5 a t´ecnica usada por Steinlein
e exposta acima para reduzir a estimativa do n´umero r
2
(m, 7) quando M tem
base enumer´avel ´e insuficiente para reduzir a estimativa dos n´umeros r
2
(m, 3)
e r
2
(m, 5).
Referˆencias Bibliogr´aficas
[1] Bredon, G. E., Introduction to compact transformation groups, Academic
Press. Inc. (1972).
[2] Bredon, G. E., Topology and Geometry, Graduate Texts in Mathematics
139, Springer-Verlag, New York, 1997.
[3] Husemoller, D., Fibre Bundles, 2
nd
ed., Graduate Texts in Mathematics
20, Springer-Verlag, New York, 1975.
[4] James, I. M., On category, in the sense of Ljusternik-Schnirelmann,
Topology 17, 331-348, 1978.
[5] Krasnosel’skiˇı, M. A., On special coverings of a finite-dimensional
sphere,Doklady Akad. Nauk SSSR103 (1955),961-964 (Russian).
[6] Lima, E. L., Grupo Fundamental e Espa¸cos de Recobrimento, Projeto
Euclides, IMPA, CNPq, Rio de Janeiro, 1998.
[7] Lusk, E. L. The mod p Smith index and a generalized Borsuk-Ulam
theorem, Michigan Math. J.22 (1975), 151-160.
[8] Ljusternick, L. and Schnirelmann, L., Meth´odes Topologiques dans les
Probl`emes Variationnels, Actualit`es Scientifiques et Industrielles, 188,
Paris, Hermann et cie, 1934.
82
83
[9] Munkres, J. R., Topology, a first course, Prentice Hall, Englewood Cliffs,
NJ (1975).
[10] Nagami, K., Dimension Theory, Academic Press , New York and London,
1970.
[11] Rotman, J. J., An Introduction to Algebraic Topology, Graduate Texts
in Mathematics 119, Springer-Verlag, New York, 1998.
[12] Schupp, C., Verallgemeinerungen des Borsuk-Ulamschen Koinziden-
satzes, Ph. D. Dissertation, University of Munich, 1981.
[13] Steinlein, H., Borsuk-Ulam atze und Abbildungen mit Kompakten
Iterierten, Habilitationsschrift, University of Munich, 1976.
[14] Steinlein, H., Some abstract generalizations of the Ljusternik-
Schnirelmann-Borsuk coverning theorem, Pacific J. Math. 83 (1979), 285-
296.
[15] Steinlein, H., On the Theorems of Borsuk-Ulam and Ljusternik-
Schnirelmann-Borsuk, Canad. Math. Bull. Vol. 27 (2), 1984.
[16]
ˇ
Svarc, A. S., Some estimates of the genus of a topological space in the
sense of Krasnosel’skiˇı, Usephi Mat. Nauk 12, 209-214, 1957(Russian).
[17]
ˇ
Svarc, A. S., The genus of a fiber space, English translation in Amer.
Math. Soc., Translat, II. Ser. 55 , 49-140, 1966.
[18] Warner, F. W., Foundations of Differentiable Manifolds and Lie Groups,
Graduate Texts in Mathematics 94, Springer-Verlag, New York, 1983. ,
49-140, 1966.
84
[19] Yang, Chung-Tao, On theorems of Borsuk-Ulam, Kakutani-Yamabe-
Yujobˆo and Dyson, I. Ann. Math. 60, 262-282, 1954.
[20] Zacheu, Viviane A., Nilpotˆencia em Espa¸cos de Classes de Homotopia,
Disserta¸ao de Mestrado, Departamento de Matem´atica-UFSCar, ao
Carlos, 1999.
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo