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Já os trabalhos de Isaac Grínberg resultam de uma produção bastante
anterior. Nos anos de 1930 Grínberg era redator-chefe do jornal O Liberal
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. Alguns
anos mais tarde, em 1946, Isaac Grínberg se tornou um dos diretores responsáveis
pelo jornal Folha de Mogi. Grínberg circulou entre os grupos mais influentes na
cidade e, após 1930, já era jornalista de um órgão ligado ao PD (Partido
Democrático). Sua produção jornalística, ao longo de três décadas, foi a base para a
produção de sua principal obra, História de Mogi das Cruzes. Neste trabalho,
Grínberg se propõe a narrar a história local, desde a formação da Vila até o final dos
anos de 1950. Quando recua a meados do século XVI, o autor faz uso da produção
de vários estudos regionais e documentação bastante variada. Ao chegar ao século
XX, a narrativa passa a ser mais detalhada, em alguns casos chegando a separar
por meses os acontecimentos.
Sendo Grínberg o autor que mais produziu relatos sobre a vida local, trabalha,
em grande parte, com a reorganização, no final dos anos de 1950, das
representações da história local e, posteriormente, as reestrutura. Foi desse
processo que nasceu parte importante da obra deste autor.
Portanto, de memória estruturada ao longo de anos, as obras dos cronistas
passam à memória estruturante da história da cidade. A produção de Grínberg é
parte de uma série de trabalhos locais que, apesar da sua diversidade (crônicas,
biografias, textos históricos, etc.), e de seus diferentes períodos de produção,
compõem um repertório comum, que ajuda a fornecer um quadro e uma
interpretação da história local
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.
Uma série de novos trabalhos está sendo produzida no diálogo com a
produção consolidada, buscando reproblematizá-la, fornecendo releituras de novos
e velhos problemas da história local, em regra, são trabalhos produzidos nos cursos
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Em 1930, passou a circular o jornal O Liberal, em sua primeira fase, período em que esteve ligado ao Partido
Democrático (Grínberg, 1961), era de propriedade da empresa A. Melo & Cia. Este jornal tinha grande
circulação na cidade nos anos de 1930 e tornou-se uma das principais referências na imprensa mogiana do
período. (Carlo Filho & Rodrigues Filho, 1989, p.141)
Em 1939, O Liberal tinha como diretor-proprietário Francisco Affonso de Mello que vinha de família tradicional
na cidade, seu pai foi um político republicano influente em Mogi das Cruzes e Francisco Affonso de Mello deu
continuidade a participação e influência da família na cidade. Francisco Affonso de Mello era comerciante, foi
vereador e vice-prefeito de 1921 a 1927. Em 1930 apoiou Getúlio Vargas e foi indicado como prefeito da cidade
durante o ano de 1930. (Toledo, 2004, 50-53)
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BATALHA, Jair Rocha. 2002; CARLO FILHO, José de e RODRIGUES FILHO, José Maria. 1989;
FERREIRA, Emílio Augusto. 1935; FREIRE, Mello. 2002; GRÍNBERG, Isaac. 1961, 1974, 1977, 1980, 1981,
1983, 1992, 1993, 1995, 2001; TOLEDO, Regis de. 2004; SILVA, Duarte Leopoldo. 1937. E Notas de historia
ecclesiastica; Mogy das Cruzes e seus fundadores; baruery-parnahyba; cutia. Sao Paulo : Rev Tribunais