É dentro das relações sociais, de acordo com Bruhns, que a realidade do
homem deve ser procurada, onde “agindo sobre as atitudes corporais e os
movimentos, devemos ter em mente que estamos tocando o ser social” (1986, p.
82). Percebi na fala dos participantes uma certa preocupação em realizar os
movimentos para os outros, bem como a expectativa que a dança auxilie, através
dos movimentos expressivos, a tornarem-se desinibido e ter mais coordenação,
como nos trechos abaixo:
“Acho que pela desinibição, ser uma pessoa desinibida. Eu acho que a dança ajuda; claro,
têm vários fatores. Mas, eu acho que principalmente o fato de desinibir as pessoas, isso, isso é
uma coisa incrível. [...] Prá se defender, que de para não passar vergonha. [...] O medo de errar,
mas, às vezes, tu sabe a técnica certinha, mas, o que aconteceu esses tempos atrás, eu tava
dançando no CTG e... dançar de bota é complicado, né, porque a única parte firme do pé é a sola
do pé, a sola da parte do peito do pé e, eu pisei de, com o calcanhar e... fui...Não cheguei a cair,
mas isto é tão comum, tipo num CTG que ninguém parou para olhar o que aconteceu e coisa e tal,
continuamos a dançar e o pessoal também continuou a dançar. Quer dizer, ali no meio é uma
coisa normal, mas de repente tu vai numa sociedade que não entende este tipo de situação, é
complicado. Aí, ainda tenho um pouco de vergonha por causa disto. De não ter a técnica correta,
de saber certinho e, acaba errando e de repente né. [...] Por, por mais engraçado que possa
parecer, eu sempre fui meio tímido, ainda tenho, conservo um pouco dessa timidez”. (Felipe, 31
anos)
“Eu acho que são, tenho bastante coordenação, prá dança eu não tenho muito, né (risos),
eu acho, acho que prá dança, eu sou um pouco descoordenado, mas é porque eu nunca dancei
quase sabe. Tipo danças gauchescas que a gente vai, até agora assim oh, essas aulas que a
gente teve, já melhora um pouco, os ritmos dos passos, aquelas coisas todas. Agora, por exemplo,
no futebol, tem, tem que ter coordenação né. E pro futebol eu tenho sabe. Agilidade, coordenação,
equilíbrio bastante. E, isso ajuda também, né. Reflete nas aulas também, né.” (Eduardo, 25 anos)
“Ai, eu sou meio pateta (Risos) [...] Hã, eu tenho dificuldade, não tenho domínio,
principalmente com as pernas, assim, né, nossa, é bem complicado! Com as mãos já não tanto,
mas eu sou meio atrapalhada, assim, meio descoordenada!” (Liamara, 20 anos)
“[...] Pra mim então, quanto mais eu aprender a ter coordenação motora, ter movimentos
mais centrados, em saber programar, em saber como fazer, sem ter tanta dificuldade, pra mim é
bom. Então, qualquer coisa diferente, tipo, dança... ginástica... bom, acho que todos os esportes
envolvem um pouco de coordenação ou sempre pelo menos, acabam evoluindo ela. Então pra
mim... isso é essencial”. .(Ronaldo, 20 anos)