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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
CENTRO TECNOLÓGICO
MESTRADO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
VALDECY PEREIRA
ANÁLISE DA GESTÃO DA PROPRIEDADE INTELECTUAL E DE TRANSFERÊNCIA
DE TECNOLOGIA NAS UNIVERSIDADES DO RIO DE JANEIRO.
NITERÓI
2008
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VALDECY PEREIRA
ANÁLISE DA GESTÃO DA PROPRIEDADE INTELECTUAL E DE TRANSFERÊNCIA
DE TECNOLOGIA NAS UNIVERSIDADES DO RIO DE JANEIRO.
Dissertação apresentada ao curso de Mestrado em
Engenharia de Produção da Universidade Federal
Fluminense como requisito parcial para a obtenção do
Grau de Mestre em Engenharia de Produção. Área de
Concentração: Tecnologia, Inovação e Trabalho.
Orientador: Prof. PhD. JOSÉ MANOEL CARVALHO DE MELLO
Niterói
2008
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VALDECY PEREIRA
ANÁLISE DA GESTÃO DA PROPRIEDADE INTELECTUAL E DA TRANSFERÊNCIA
DE TECNOLOGIA NAS UNIVERSIDADES DO RIO DE JANEIRO
Dissertação apresentada ao curso de Mestrado em
Engenharia de Produção da Universidade Federal
Fluminense como requisito parcial para a obtenção do
Grau de Mestre em Engenharia de Produção. Área de
Concentração: Tecnologia, Inovação e Trabalho.
Aprovada em
BANCA EXAMINADORA
_____________________________________________
Prof. Dr. Fernando Toledo Ferraz
Universidade Federal Fluminense
____________________________________________
Prof. Dr. Marcelo Gonçalves do Amaral
Universidade Federal Fluminense
___________________________________________
Prof. Dr. Francisco José Batista de Sousa
Universidade Gama Filho
Niterói
2008
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus por me dar forças para realizar esse trabalho.
Agradeço aos meus pais por acreditarem no meu potencial e por me apoiarem
em tudo que faço.
Agradeço ao Professor. José Manoel por me orientar e por me mostrar o quão
belo é o trabalho de um pesquisador.
Agradeço a Carolina e Carlos Alberto, os bolsistas do NEICT cujas
competências me ajudaram em muito para o cumprimento desse trabalho.
Agradeço ao Alexandre, o meu dedicadíssimo revisor de textos e irmão.
RESUMO
A inovação firma-se no cenário internacional como uma necessidade que não diz
respeito somente a sobrevivência de empresas, mas também a sobrevivência de nações. O
mundo globalizado e as tecnologias atuais permitiram um avanço na velocidade de
propagação e difusão do conhecimento e assim fica cada vez mais evidente, através dos
sistemas de proteção a propriedade intelectual estabelecidas em vários países, que esse
conhecimento deve ser protegido e estimulado a crescer, pois do seu estímulo e do seu
crescimento é que ditará no futuro a prosperidade. Tendo essa preocupação como pano de
fundo, esse estudo pretende investigar através de um estudo de caso, os Núcleos de Inovação
Tecnológica de quatro universidades do estado do Rio de Janeiro. Verificando a sua
adequação e levantando os principais problemas advindos das exigências impostas pela Lei de
Inovação.
Palavras-chave: Inovação. Patentes. Transferência de Tecnologia.
ABSTRACT
The innovation firm in the international scene as a need that concerns not only the
survival of companies but also the survival of nations. The globalized world and current
technologies have enabled a breakthrough in speed propagation and dissemination of
knowledge and thus the increasingly evidences in systems to protect intellectual property in
several countries, that knowledge must be protected and encouraged to grow because of its
stimulus and its growth is that dictate the future prosperity. With that concern in the
background, the study aims to investigate through a case study, the Centers for Technological
Innovation of four universities in the state of Rio de Janeiro. Noting its adequacy and raising
the main problems arising from the requirements imposed by the Law of Innovation.
Key-words: Innovation. Patent. Technology Transfer.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO, p. 15
1.1O NOVO CENÁRIO IMPOSTO PELA LEI DE INOVAÇÃO, p.15
1.2 O PROBLEMA DA PESQUISA, p. 16
1.3 OBJETIVO GERAL DA PESQUISA, p. 17
1.4 OBJETIVOS ESPECÍFICOS DA PESQUISA, p. 17
1.5 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA, p. 18
1.6 A RELEVÂNCIA DA PESQUISA, p. 19
1.7 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO, p. 21
2 INOVAÇÃO, p. 22
2.1 A INOVAÇÃO E O SEU PAPEL EM RELAÇÃO AO DESENVOLVIMENTO
ECONÔMICO, p. 22
2.2 INCENTIVOS AO SISTEMA DE INOVAÇÃO BRASILEIRO, p. 26
2.2.1 A Lei de Inovação, p. 30
2.2.2Os Núcleos de Inovação Tecnológica, p. 33
2.3 FATORES DE INTERAÇÃO UNIVERSIDADE EMPRESA, p. 37
3 A PROPRIEDADE INTELECTUAL, p. 41
3.1 DEFINIÇÕES E PRINCIPAIS MARCOS LEGAIS, p. 41
3.2 A PROPRIEDADE INTELECTUAL NO BRASIL HISTÓRICO E LEIS, p. 45
3.2.1 A propriedade intelectual no Brasil Direito Autoral Direitos de Autor e Direitos
Conexos, p. 48
3.2.2 A propriedade intelectual no Brasil Propriedade Industrial – Patentes Invenção,
Modelo de Utilidade e Desenho Industrial, p. 49
3.2.3 A propriedade intelectual no Brasil Propriedade Industrial Marcas, p. 51
3.2.4 A propriedade intelectual no Brasil Propriedade Industrial Indicações Geográficas e
Denominações de Origem, p. 52
3.2.5 A propriedade intelectual no Brasil - Proteção Sui Generis Programas de Computador,
p. 52
3.2.6 A propriedade intelectual no Brasil - Proteção Sui Generis Cultivares, p. 53
3.2.7 A propriedade intelectual no Brasil - Proteção Sui Generis Cultivares Topografia de
Circuito Integrado, p. 53
3.3 A PROPRIEDADE INTELECTUAL E O DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO, p. 54
4-A PATENTE, p. 57
4.1 AS PATENTES E A SUA RELAÇÃO COM O MERCADO, p. 57
4.2 MONITORAMENTO DE PATENTES, p. 58
4.3 TRANSFERÊNCIA DE TECNOLOGIA, p. 61
4.3.1 Licenciamento, p. 62
5 METODOLOGIA DE PESQUISA, p. 65
5.1 UNIDADES DE ESTUDO, p. 65
5.2 TIPO DE PESQUISA, p. 65
5.3 COLETA DE DADOS, p. 67
5.4 METODOLOGIA DO TRABALHO, p. 69
6. ESCRITÓRIOS DE TRANSFERÊNCIA DE TECNOLOGIA, p. 72
6.1 OS ESCRITÓRIOS DE TRANSFERÊNCIA DE TECNOLOGIA E ANÁLISE DOS
RESULTADOS DA PESQUISA, p. 72
6.2 A UFF UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE - APRESENTAÇÃO, p. 74
6.2.1 A UFF Universidade Federal Fluminense CPCT, p. 75
6.2.2 Escritório de Transferência de Conhecimento ETco, p. 76
6.2.3 Observações relevantes da entrevista, p. 77
6.3 A UFRJ UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO APRESENTAÇÃO,
p. 82
6.3.1 A UFRJ Universidade Federal do Rio de Janeiro PR5, p. 83
6.3.2 Agência UFRJ de inovação, p. 84
6.3.3 Observações relevantes da entrevista, p. 86
6.4 A UERJ UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
APRESENTAÇÃO, p. 91
6.4.1 A UERJ Universidade do Estado do Rio de Janeiro SR2, p. 92
6.4.2 Programa de Propriedade Intelectual e Transferência de Tecnologia PITT, p. 93
6.4.3 Observações relevantes da entrevista, p. 94
6.5 A PUC-RIO PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO DE JANEIRO -
APRESENTAÇÃO, p. 100
6.5.1 A PUC-RIO Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro CTC, p. 101
6.5.2 Escritório de Negócios em Propriedade Intelectual ENPI, p. 101
6.5.3 Observações relevantes da entrevista, p. 103
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS, p. 109
7.1 CONCLUSÕES, p. 109
7.2 SUGESTÕES DE TRABALHOS FUTUROS, p. 114
8. REFERÊNCIAS, p. 115
9 ANEXOS, p. 123
LISTA DE FIGURAS
Figura 3.1 - Estrutura legal da propriedade intelectual, p. 46
Figura 3.2 - O processo da propriedade intelectual, p. 54
Figura 6.1 - Sítio do PITT, p. 97
LISTA DE QUADROS
Quadro
-
Sumário de atividades
dos escritórios da UFF e da UFRJ
, p. 110
Quadro 7.2 - Sumário de atividades dos escritórios da UFF e da UFRJ, p. 112
LISTA DE TABELAS
Tabela
-
Dados das atividades dos escritórios
, p. 108
LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS
ABDI
Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial
BPC
Banco de Produção Científica
CAPES
Coordenadoria de Aperfeiçoamento de Pessoal de Ensino Superior
CAPI
Coordenação de Atividade e Propriedade Intelectual
CCT
Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia
CTC
Centro de Tecnologia e Ciências
CENPES
Centro de Pesquisas da Petrobrás
C
EADS
Centro de Estudos Ambientais e de Desenvolvimento Sustentável
CNPq
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnol
ógico
COPPE
Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós
-
Graduação e Pesquisa de Engenharia
COPPETEC
Fundação Coordenação de Projetos, Pesquisas e Estudos Tecnológicos
CPCT
Coordenação de Projetos Científicos e Tecnológicos
CTC
Centro Técnico
-
Científico
CTI
Centro Tecnológico para Informática
CUB
Convenção da União de Berna
CUP
Convenção da União de Paris
DAG
Divisão de Atividades Gerenciais
DCARH
Departamento de Capacitação e Apoio à Formação de Recursos Humanos
DCE
Divisão de Cultura e Esporte
DCI
Dep
artamento de Cooperação Internacional
DE
Divisão de Educação
D
EPESQ
Departamento de Apoio à Produção Científica e Tecnológica
D
EPG
Departamento de Fomento ao Ensino para Graduados
DI
Desenho Industrial
DIUC
Divisão de Integração Universidade Comunidad
e
DPITT
Divisão de Propriedade Intelectual e Transferência de Tecnologia
ENPI
Escritório de Negócios em Propriedade Intelectual
EP
Exploração de Patentes
EPO
European Patent Office
E
SDI
Escola Superior de Desenho Industrial
ETco
Escritório de Transf
erência do Conhecimento
ETT
Escritório de Transferência de Tecnologia
FINEP
Financiadora de Estudos e Projetos
FORTEC
Fórum de Gestores de Inovação e de Transferência de Tecnologia
FRA
Franquia
FT
Fornecimento de Tecnologia
IES
Instituições de Ensino
Superior
INPI
Instituto Nacional de Propriedade Industrial
ICT
Instituições de Ciência e Tecnologia
MIT
Massachusetts Institute of Technology
MCT
Ministério da Ciência e Tecnologia
MU
Modelo de Utilidade
NEICT
Núcleo de Estudos em Inovação , Conheci
mento e Trabalho
NEP
Núcleo de Estudos e Pesquisas
NIT
Núcleo de Inovação Tecnológica
NUPEM
Núcleo de Pesquisas Ecológicas de Macaé
OCDE
Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico
OMC
Organização Mundial do Comércio
ONU
Organização da
s Nações Unidas
PADIS
Programa de Apoio ao Desenvolvimento da Indústria de Semicondutores
PATVD
Programa de Apoio ao Desenvolvi
mento Tecnológico da Indústria
para a TV
Digital
PBDCT
Plano Básico de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
PCT
Patent Co
operation Treaty
PI
Privilégio de Invenção
P
IBIC
Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica
PICTE
Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior
PITT
Programa de Propriedade Intelectual e
Transferência
de Tecnologia
PLT
Patent L
aw Treaty
PND
Plano Nacional de Desenvolvimento
PNPG
Programa Nacional de Pós
-
graduação
PR5
Pró
-
Reitoria de Extensão
PROPP
Pró
-
Reitoria de Pesquisa e Pós
-
Graduação
PUC
-
Rio
Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro
REDEL
Reestruturação Produt
iva e Desenvolvimento Econômico Local
REPICT
Rede de Propriedade Intelectual, Cooperação, Negociação e Comercialização
de Tecnologia
RPI
Revista de Propriedade Industrial
SAT
Serviços de Assistência Técnica e Científica
SEI
Secretaria Especial de Inf
ormática
SNDCT
Sistema Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
SR2
Sub
-
reitoria de Pós
-
graduação e Pesquisa
TLT
Trademark Law Treaty
TRIPS
Trade Related Aspects of Intellectual Property Rights
UDF
Universidade do Distrito Federal
UE
Univ
ersidade
-
Empresa
UEG
Universidade do Estado da Guanabara
UERJ
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
UFF
Universidade Federal Fluminense
UFRJ
Universidade Federal do Rio de Janeiro
UM
Uso de Marcas
URJ
Universidade do Rio de Janeiro
USPTO
United S
tates Patent and Trademark Office
WCT
WIPO Copyright Treaty
WIPO
World Intelectual Propety Office
15
1 INTRODUÇÃO
1.1 O NOVO CENÁRIO IMPOSTO PELA LEI DE INOVAÇÃO
A universidade é um centro que gera conhecimento e capacita recursos humanos para
a ciência e para a tecnologia. A universidade, através de atividades acadêmicas e parcerias
com organizações públicas e privadas, desenvolvem resultados de pesquisa e inovações que
ajudam a gerar empregos e riquezas.
Em anos recentes as parcerias entre universidades e empresas vêm sendo estimuladas
pelo governo através de incentivos fiscais ao desenvolvimento de inovação tecnológica, como
por exemplo, em 2004, quando houve a regulamentação da Lei nº 10.973 a “Lei de Inovação”.
Com a Lei de Inovação de 2004, as universidades públicas brasileiras vêm se
adequando a uma nova perspectiva da gestão da sua produção científica. Agora existe uma
crescente preocupação em se transformar o conhecimento gerado em aplicações para o
mercado, ou seja, as diretrizes legais e organizacionais da propriedade intelectual e da
cooperação tecnológica estão em mudança para poder atender as novas exigências.
O grande objetivo da Lei é transformar o potencial acadêmico de pesquisa em
produção tecnológica inovadora e ajudar a diminuir os riscos de perda de investimento nas
relações entre universidades, empresas e governo (APPOLONI, 2003). Alguns pontos da Lei:
Empresas poderão compartilhar laboratórios e equipamentos com as
instituições públicas de pesquisa, mediante remuneração;
16
Pesquisadores de instituições públicas poderão ter autorização para afastar-se e
colaborar com pesquisas em outras instituições ou empresas, e tirar licença não
remunerada se quiserem constituir uma empresa de base tecnológica;
Produtos e processos inovadores a serem obtidos por instituições de pesquisa
poderão ser adotados por empresas privadas.
A Lei de Inovação representa um marco na legislação brasileira, pois estreita os laços
de interação entre universidades e empresas; converge a visão do que é inovação; regulamenta
que o conhecimento gerado dentro da instituição deve ser protegido antes de ser publicado e
enfatiza que a proteção também é um modo seguro de divulgação desse conhecimento.
A Lei de Inovação obriga a criação de NITs (Núcleo de Inovação Tecnológica) em
todas as universidades públicas federais, o NIT funcionará como uma ponte oficial de
comunicação com o setor empresarial e, principalmente, com a própria instituição, sobre
questões que envolvam propriedade intelectual, proteção do conhecimento e inovação.
A autarquia e os diferentes perfis das universidades brasileiras fazem com que frente
às exigências da Lei da Inovação, as universidades tomem medidas próprias de gestão de
propriedade intelectual e portanto, criem modelos de gestão de maneira diferenciada. O
presente estudo pretende mostrar, através de métodos investigativos e comparativos, as
melhores práticas envolvendo a gestão desses NITs, bem como identificar as principais
barreiras encontradas na implantação e no gerenciamento pelas IES estudadas.
1.2 O PROBLEMA DA PESQUISA
A pesquisa desenvolvida por esse trabalho se fundamenta na seguinte pergunta:
Como as principais IES do RJ estão se adequando para gerenciar a nova cultura de
Proteção a Propriedade Intelectual, frente ao cenário imposto pela Lei da Inovação?
E tendo a seguinte hipótese levantada:
17
Dadas as exigências da Lei de Inovação, as universidades estudadas se adequarão de
maneiras diferentes, para atender tais exigências. Como a infra-estrutura, o comportamento,
o perfil e o histórico de cada universidade são únicos; os pontos fortes e fracos de cada
modelo de gestão dos escritórios poderão contribuir, de um modo geral, a construir melhores
práticas de gestão.
1.3 OBJETIVO GERAL DA PESQUISA
As análises feitas permitirão identificar as barreiras para o aperfeiçoamento da
transferência de tecnologia, disseminação da cultura de propriedade intelectual e implantação
de boas práticas de gestão dos NITs nessas universidades.
Visto que a Lei da Inovação afeta todas as universidades federais, espera-se que os
modelos de gestão apresentados mostrem-se úteis para complementar a implementação das
melhores práticas em outras universidades públicas do país, bem como para universidades
estaduais ou universidades privadas que queiram utilizar algumas dessas práticas na gestão de
propriedade intelectual da sua organização. Para que se atingisse esse objetivo geral, o
delineamento dos seguintes objetivos específicos tornou-se relevante.
1.4 OBJETIVOS ESPECÍFICOS DA PESQUISA
Para que se atenda o objetivo geral é necessário levantar os seguintes objetivos
específicos:
Identificar as singularidades dos escritórios estudados;
Identificar quais são as práticas de disseminação e estímulo da proteção à propriedade
intelectual;
18
Identificar quais são as competências do RH do escritório percepção de cada
entrevistado;
Verificar qual é a infra-estrutura ideal para a realização das atividades do escritório
na percepção de cada entrevistado;
Identificar quais são as atividades desempenhadas pelo escritório e quais são
terceirizadas;
Levantar as atividades de marketing institucional, realizado pelo escritório;
Verificar qual é a posição da política institucional referente à propriedade
intelectual.
1.5 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA
Para entender as particularidades da gestão de propriedade intelectual serão tomadas
como foco de estudo os escritórios de transferência de tecnologia de quatro universidades do
Estado do Rio de Janeiro, sendo estas escolhidas devido à facilidade de acesso geográfico.
São eles:
Escritório de Transferência do Conhecimento (ETCO) Escritório da UFF
(Universidade Federal Fluminense);
Agência UFRJ de Inovação Escritório da UFRJ (Universidade Federal do Rio
de Janeiro);
Programa de Propriedade Intelectual e Transferência de Tecnologia (PITT)
Escritório da UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro);
Escritório de Negócios em Propriedade Intelectual (ENPI) Escritório da PUC
Rio (Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro).
19
Serão levantadas as principais informações sobre a gestão da propriedade intelectual,
disseminação da cultura de propriedade intelectual, patenteamento, comercialização das
patentes e parcerias empresariais, através de entrevistas com os responsáveis pelos Escritórios
de Transferência de Tecnologia (ETT) nas respectivas universidades.
A escolha de se investigar os ETTs é que tais escritórios têm competências e
finalidades que se encaixam perfeitamente com as competências e finalidades a serem
desempenhadas pelos NITs, como por exemplo, apoio para o relacionamento com o setor
privado, oportunidades para a incubação de empresas, controle de patentes, acompanhamento
do processamento de pedidos de patentes e acompanhamento da manutenção dos títulos de
propriedade intelectual da instituição.
Além do mais, esses escritórios são pioneiros quanto à proteção da propriedade
intelectual, pois suas datas de criação antecedem a Lei de Inovação e por isso são detentores
de um valioso know-how sobre o tema dessa pesquisa.
1.6 A RELEVÂNCIA DA PESQUISA
As universidades públicas estão sendo estimuladas a patentearem os resultados de suas
pesquisas que são passíveis de proteção, a desenvolverem projetos de pesquisa em cooperação
com empresas e estão sendo obrigadas a implementar seus núcleos de proteção ao
conhecimento, pela Lei de Inovação.
Um retorno financeiro virá por meio da transferência de tecnologias que ocorre com a
concessão de licenças exclusivas ou não, ou com a venda dos direitos conferidos pelas
patentes geradas nas universidades públicas e que serão objetos de exploração comercial.
Com a formação de parcerias com o setor privado, o acesso a várias informações e
know-how complementares, haverá um retorno de conhecimento à sociedade principalmente,
por meio de spillovers e spin-offs.
Garantindo-se a propriedade sobre a pesquisa, se permite uma recompensa dos
esforços dos pesquisadores, através da sua comercialização. Dado o tempo para a exploração
econômica, ocorre a abertura do conteúdo da patente, disponibilizando suas informações a
todos.
20
Um sistema patentário eficiente ajuda a atrair investidores estrangeiros, pois a
inovação não seria atraente devido aos riscos e incertezas oriundos das despesas de P&D. A
patente se torna uma garantia de lucros e um incentivo a um novo ciclo de investimentos em
pesquisas.
O número de patentes é internacionalmente considerado como um dos indicadores
relevantes para se avaliar a capacidade de o país transformar o conhecimento científico em
produto ou resultado tecnológico. A despeito de esse indicador possuir algumas limitações,
tendo em vista que não há um comportamento homogêneo entre as empresas de diferentes
setores de atividade econômica frente às patentes, ele permite uma aproximação razoável dos
resultados da atividade inovativa de um país (MCT, 2006).
O Brasil detém um enorme potencial intelectual ocupando o 17º lugar em produções
de papers e o 23º lugar em citações no mundo. O Thomson Scientific indexou entre o período
de 2002 e 2006, cerca de 70 mil papers com pelo menos um autor brasileiro. Sendo os de
maior impacto pertencentes às áreas de: Física, Ciências Ambientais, Geofísica, Matemática e
Engenharia. A despeito desse potencial, existe ainda um grande abismo na transformação
dessa produção em inovações tecnológicas.
A publicação e não o patenteamento, historicamente, é o que avalia o prestígio do
pesquisador e também é o meio pelo qual ele pode adquirir visibilidade perante o mundo
científico, por isso, por enquanto, a patente não tem o mesmo valor e não o prestigia da
mesma maneira do que uma publicação. Ao longo do tempo a produção científica por meio de
papers tem sido mais difundida do que o uso da patente como modo de divulgação, o que
acarreta na pobre cultura de proteção a propriedade intelectual no país.
1.7 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO
No capítulo 2, será feito um breve comentário sobre a geração de conhecimento e a
sua importância para a sociedade contemporânea, depois será discutido a valorização da
inovação como fonte de desenvolvimento econômico e de sobrevivência empresarial
No capítulo 3, será abordado o histórico do desenvolvimento da propriedade
intelectual, e das suas leis no âmbito mundial e no Brasil. Serão abordados também, os planos
21
econômicos e as leis que ajudaram a construir o sistema patentário nacional, com uma ênfase
especial sobre a Lei de Inovação.
No capítulo 4, será abordado mais profundamente, o tema sobre a importância das
patentes e como elas podem ajudar as organizações nas estratégias comerciais, estratégias de
concorrência e no desenvolvimento de P&D interno.
No capítulo 5, será relatada a metodologia desse trabalho que foi inspirada na
metodologia de autores chaves que serviram para estruturar os passos da pesquisa.
No capítulo 6, será abordado o problema da pesquisa e as informações levantadas
através de pesquisas documental, bibliográficas e da pesquisa de campo que foram necessárias
para responder a pergunta do problema.
No capítulo 7, a presente dissertação será encerrada e serão apresentados os pontos
conclusivos destacados, seguidos de recomendações para estudos futuros.
22
2 INOVAÇÃO
2.1 A INOVAÇÃO E O SEU PAPEL EM RELAÇÃO AO DESENVOLVIMENTO
ECONÔMICO.
Usando a metáfora de ondas, o escritor e visionário do marketing, Alvin Toffler
(1980), já identificava três grandes mudanças vividas pelo homem: a Sociedade Agrícola, a
primeira onda, que se caracterizou pela utilização da terra como sua principal base econômica,
com reduzida capacidade de gerar conhecimento; a segunda onda, a Sociedade Industrial, que
se caracterizou por uma mais elevada capacidade de relacionamento entre o homem e a
natureza uma vez que, através da utilização da máquina, aumentava-se a capacidade de
produção e de geração de excedente econômico; e o momento atual, a terceira onda, que
corresponde à Sociedade do Conhecimento, onde o conhecimento assume a importância do
principal recurso econômico e a riqueza construída pela sociedade passa a ser produto do
conhecimento.
A este conjunto de conhecimento e informações que podem advir do saber individual
ou coletivo, e que agregam e produzem valor mediante a aplicação da inteligência, chama-se
Capital Intelectual. O termo começou a ser fixado na década de 90 pelo americano Thomas
Stewart (1997), e hoje é a principal fonte de riqueza dos profissionais e empresas na
sociedade do conhecimento.
O mercado atual tem como característica, mudanças rápidas e crescentes de empresas
que em busca de fatias cada vez maiores do mercado, tentam desenvolver uma vantagem
sustentável para se distinguir em seus setores (HEERDT, 2002).
23
Percebe-se que a informação e o conhecimento geradores da inovação constituem os
pilares de sustentação do desenvolvimento de países, sociedades e empresas. Eles refletem a
constatação de que a gestão eficiente do conhecimento é cada vez mais fundamental
(BARBAIS e SOUSA, 2006).
Os processos de inovação são bastante complexos, pois envolvem variáveis e atributos
de naturezas distintas, como: sociedade, cultura, economia, política, educação, etc. Porém a
inovação depende especificamente da criação e do uso do conhecimento.
A agregação de valor, feita por diferentes atores da economia consegue, desenvolvê-la
como um todo. Nos últimos anos as mudanças políticas, sociais e tecnológicas influenciaram
diretamente na maneira pela qual as organizações desenvolvem as suas atividades e praticam
a inovação, provocando assim uma necessidade de adaptação ao novo ambiente de negócios.
Schumpeter (1934) sugeriu, no início do século XX, a teoria de que o
desenvolvimento econômico por meio da inovação se baseia na capacidade de determinados
seres humanos em liderar as mudanças no modo de produção. Supondo que tais mudanças
dependiam exclusivamente de certos requisitos pessoais sendo caracterizado por três etapas: a
invenção, a inovação e a difusão. O indivíduo toma uma dimensão diminuta, trocando-se o
individual pelo coletivo, assim, ao invés de se ter pessoas com certos requisitos, existem hoje
organizações com requisitos para gerar a inovação.
As organizações representam o conjunto de hábitos, rotinas, regras, normas, leis,
práticas estabelecidas e padrões, consolidado por meio da cultura de grupos, que regula e
norteia a ação individual e coletiva. (EDQUIST, 1992).
Segundo Ferraro e Costamagna (2002), as empresas estão sendo confrontadas, não só
por fatores micro-ecômicos, mas também por fatores macro-econômicos e meso-econômicos
(organizações e instituições atuantes ao ambiente externo das empresas). Ciência, tecnologia e
inovação tornaram-se elementos de peso para o crescimento, para a competitividade e para o
desenvolvimento de um País, pois o desenvolvimento e a difusão de novas tecnologias são
essenciais para o crescimento da produção e aumento da produtividade.
As inovações são consideradas como um importante driver para a economia, sendo
então consideradas críticas na ordem política. Por isso a compreensão e o monitoramento dos
processos de produção, difusão e uso de conhecimentos científicos, tecnologias e inovações
passaram a constituir-se em processos de acentuada relevância (VIOTTI, 2003).
24
Todas as organizações podem inovar, como por exemplo, hospitais, universidades e
governos, pois a inovação é abrangente e pode ocorrer em diferentes níveis das atividades das
organizações, como com: a compra de novos equipamentos, agregação de novos serviços aos
produtos existentes, uso de um software mais avançado, etc. (ABDI, 2005).
Mas inovações de ordem econômica, segundo Schumpeter (1934) ocorrem quando:
Existe a introdução de um novo bem, o qual o consumidor não está familiarizado ou
uma nova qualidade do bem;
Existe a introdução de um novo método de produção;
Existe a abertura de um novo mercado, que pode ser um mercado totalmente novo ou
um mercado inédito para aquela economia;
Existe a conquista de uma nova fonte de matéria-prima, que pode ser inédita a aquela
economia ou ter sido criada;
Ou quando surge uma nova estrutura organizacional, como por exemplo, a criação ou
quebra de uma posição de monopólio.
As inovações de ordem econômica normalmente criam condições competitivas que
deixam o inovador em posição privilegiada, se a organização descobre um tipo de matéria-
prima com um menor custo ela pode se beneficiar com um lucro mais alto ou pode ganhar
mais penetração, competindo com preços mais baixos.
Os produtos ou processos decorrentes da inovação, não encontram concorrentes
competitivos o bastante para ameaçar sua posição, seja devido à redução de custo gerada pela
inovação de processo seja pelo ineditismo do produto lançado que pode até levar a extinção
dos produtos previamente estabelecidos no mercado.
As novas tecnologias também competem acirradamente entre si, havendo o risco da
sua extinção por diversos fatores, como os vistos na recente guerra entre o HD-DVD e o BLU
RAY (formatos da nova geração de disco óptico com grande capacidade de armazenamento),
que teve o BLU RAY como tecnologia vitoriosa, basicamente porque grandes estúdios de
filmagem e posteriormente revendedores americanos, decidiram optar por esse tipo de
formato. A Sony também teve um papel importante na popularização desse formato quando
decidiram incorporar os BLU-RAY players nos seus videogames Playstation 3.
25
A inovação e o conhecimento estão envolvidos diretamente com o desenvolvimento
das organizações, sendo ambos os processos de aprendizagem contínua, dinâmica,
influenciáveis por outras organizações e que possuem características próprias do mercado,
setores e país em que está inserido
Em um país, a inovação está ligada a um sistema nacional de inovação, que consiste
em uma rede de instituições públicas e privadas cujas atividades e interações iniciam,
modificam e difundem novas tecnologias (FREEMAN, 1997). Um sistema de inovação
também pode ser definido como um conjunto de instituições distintas que conjuntamente e
individualmente contribuem para o desenvolvimento e difusão de tecnologias. Este conjunto
constitui o quadro de referência no qual o governo forma e implementa políticas visando
influenciar o processo inovativo (CASSIOLATO e LASTRES, 1999).
Ciência, tecnologia e inovação são estruturadas de diferentes maneiras em diferentes
países, mas todos convergem para um único objetivo: incentivar seus sistemas de inovação
para se tornarem mais competitivos tecnologicamente (OCDE, 2004).
Segundo Davila (2006) as empresas buscam e medem sua capacidade de inovação
através do desempenho e do alcance no cumprimento de objetivos e metas estabelecidas por
elas.
Mas para que ocorra essa estruturação, é necessário mais do que boas idéias ou
criatividade por parte das organizações, é necessário que exista as ões por parte delas que as
levem a uma renovação do ciclo de inovação, evitando-se assim segundo Schumpeter, a
estagnação e futura extinção da mesma, por um processo de destruição criativa em que o
velho modo de fazer as coisas é destruído e substituído por novas maneiras. Em função disso
à inovação precisa ter ferramentas, regras e disciplina que levem a contínua existência da ação
promotora de inovação (DAVILA, 2006).
Drucker (1969) identi?cou que a economia baseada no conhecimento se tornou
qualitativamente e quantativamente mais importante do que nunca, assim a informação e a
velocidade de acesso a informação se tornam fundamentais no desenvolvimento econômico,
sendo reconhecidas como fontes essenciais a inovação.
É notado que a inovação envolve riscos, devido à existência de competidores que
também inovam e devido aos altos investimentos feitos em P&D. É importante que haja a
proteção desse novo conhecimento adquirido através da pesquisa, pois a proteção garantirá
26
por que os investimentos feitos sejam recuperados e, como conseguintes reinvestidos em
novas pesquisas para que gerem inovações.
A propriedade intelectual é uma ferramenta utilizada para esses casos. A proteção ao
conhecimento deve andar lado a lado com o sistema de inovação porque, por servir também
como estímulo a geração de pesquisa e, por fim a geração de inovação. Os objetivos a serem
perseguidos devem buscar estimular a criação de conhecimento que seja resultante da
combinação do conhecimento científico e tecnológico com o conhecimento sobre as
oportunidades de mercado.
2.2 INCENTIVOS AO SISTEMA DE INOVAÇÃO BRASILEIRO
Em meados de 1950, o Brasil abriu-se aos investimentos estrangeiros, através do Plano
de Metas do então presidente Juscelino Kubitschek, que tinha o célebre lema "Cinqüenta anos
em cinco”. Dentre outros objetivos, o Plano se baseava no incentivo a entrada e atração de
capital estrangeiro, via subsídios implícitos na taxa cambial, houve então a entrada maciça de
empresas multinacionais no país, que objetivavam atender basicamente o mercado interno, e
não de desenvolver suas atividades de P&D.
Entre 1962 e 1968, os investimentos estrangeiros recuaram no país, devido às
incertezas políticas e econômicas da época, retornando somente por causa da estabilização da
inflação, do crescimento econômico e de leis que regulamentavam o capital estrangeiro
(NONNEMBERG, 2003).
Em 1973 o Plano Básico de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (I PBDCT),
vinculado ao Plano Nacional de Desenvolvimento (I PND) foi lançado com o propósito de
promover uma reestruturação industrial brasileira para que o Brasil pudesse competir no
mercado internacional.
Nesse plano foi privilegiado o incentivo à pesquisa e à capacitação industrial, com os
objetivos de ampliar a capacidade de inovação das empresas públicas e privadas, de acelerar
as transferências de tecnologia com política de patentes, e de integrar indústria-pesquisa-
universidade, vinculando educação, ciência e tecnologia e empresa.
27
Em 1976 era lançado o II PBDCT, vinculado ao II PND, que trouxe além dos
objetivos anteriores, inovações como a criação do Sistema Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico (SNDCT) e do Programa Nacional de Pós-graduação, (PNPG)
O SNDCT, tendo como órgão central o Conselho Nacional de Pesquisa (CNPq), com
o assessoramento do Ministério do Planejamento e Coordenação Geral, é formado pelo
conjunto das entidades que possuem interface com a geração de conhecimentos, desde a
ciência básica até a aplicação deste conhecimento na produção industrial. Incluem as
universidades e faculdades, os centros de pesquisa e desenvolvimento, as agências de fomento
e as empresas, muitas das quais contam com incentivos fiscais para esta finalidade.
O principal instrumento das políticas concebidas no âmbito do SNDCT, de estímulo à
pós-graduação e à pesquisa, foi o financiamento por contrato, concedido pelas agências
governamentais especializadas através da negociação direta com as instituições beneficiadas,
fortalecendo áreas específicas cujos resultados são passíveis de serem avaliados, estimulando
a competitividade entre as instituições e aprimorando seu desempenho.
Mais tarde, o CNPq foi transformado em Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico, órgão de assessoramento superior para formulação de política
setorial, na forma de fundação, e criou-se o Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia
(CCT), como instância de representação do SNDCT. O PNPG ficou responsável pela
expansão do sistema nacional de pós-graduação.
Já o III PBDCT objetivava expandir a oferta de recursos em C&T e reforçava as
condições tecnológicas das empresas nacionais. Esse Plano diferiu dos dois anteriores na
medida em que, ao invés de especificar as ações do Governo na forma de programas, projetos
e atividades prioritárias, estabelecia um conjunto de diretrizes políticas para orientar as ações
dos setores públicos e privados que resultaram de um processo mais participativo de decisão
que, de alguma forma, envolveu cientistas, técnicos, empresários e membros de órgãos
vinculados ao SNDCT.
Em 1984, a Secretaria Especial de Informática (SEI), por força da Lei n° 7.232,
estabeleceu os objetivos da Política Nacional de Informática, que visa a capacitação nacional
nas atividades de informática, em proveito do desenvolvimento social, cultural, político,
tecnológico e econômico da sociedade brasileira.
28
Essa política surgiu da necessidade do Brasil se adequar à nova realidade internacional
da tecnologia de informação. A lei também autoriza a criação da Fundação Centro
Tecnológico para Informática (CTI), servindo para incentivar o desenvolvimento da pesquisa
científica e tecnológica informática.
Em 1985 é criado o Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) pelo Decreto nº
91.146, com o objetivo de coordenar as ações relacionadas ao desenvolvimento científico e
tecnológico brasileiro devido à dispersão e desarticulação das organizações públicas e
privadas, que contavam com pouca supervisão e controle.
As áreas priorizadas pelo MCT envolviam: O desenvolvimento do patrimônio
científico e tecnológico e a política de cooperação e intercâmbio, a política de ciência e
tecnologia, com a coordenação de políticas setoriais e as políticas nacionais de informática, de
cartografia, de biotecnologia e de pesquisa, desenvolvimento, produção e aplicação de novos
materiais e serviços de alta tecnologia, como a química fina, a mecânica de precisão e alguns
outros setores de tecnologia avançada (RAU, 2001).
Dahlman e Frischtak (1993) verificam que o Brasil, até 1990, já havia construído um
sistema nacional de C&T&I sofisticado, mas incompleto, formado por um sistema
universitário, um sistema de pós-graduação e de instituições de pesquisa que colocaram o país
num lugar confortável no meio acadêmico internacional.
Os principais problemas percebidos se destacavam: os poucos investimentos em
inovação, vindos do setor privado, resultando em pouca atividade patentária e o mau
gerenciamento dos esforços de coordenação em C&T&I.
Nos final dos anos 90, acompanhando as tendências internacionais, foi feito um grande
movimento em relação ao fomento para inovação através de leis de incentivo a pesquisadores
e a instituições de pesquisa, leis que estabeleceram incentivos fiscais para as empresas
investidoras em atividades de P&D e em tecnologias da informação realizadas no país e leis
de proteção a propriedade intelectual, como por exemplo:
Lei nº 9.279, de 14/05/96 - Lei de Propriedade Industrial -. Esta Lei regula proteção
dos direitos relativos à propriedade industrial, considerado o seu interesse social e o
desenvolvimento tecnológico e econômico do País, efetuando-se mediante à:concessão
29
de patentes de invenção e de modelo de utilidade; concessão de registro de desenho
industrial; concessão de registro de marca; repressão às falsas indicações geográficas;
e repressão à concorrência desleal;
Lei nº 9.456, de 25/04/97 - Lei de Proteção de Cultivares A Lei garante proteção dos
direitos relativos à propriedade intelectual referente a cultivar, efetuando-se mediante
a concessão de Certificado de Proteção de Cultivar, considerado bem móvel para todos
os efeitos legais e única forma de proteção de cultivares e de direito que poderá obstar
a livre utilização de plantas ou de suas partes de reprodução ou de multiplicação
vegetativa, no País;
Lei nº 9.609, de 19/02/98 - Lei de Proteção de Propriedade Intelectual de Programa de
Computador A Lei determina a proteção de programas de computador, sendo estes, a
expressão de um conjunto organizado de instruções em linguagem natural ou
codificada, contida em suporte físico de qualquer natureza, de emprego necessário em
máquinas automáticas de tratamento da informação, dispositivos, instrumentos ou
equipamentos periféricos, baseados em técnica digital ou analógica, para fazê-los
funcionar de modo e para fins determinados;
Lei nº 9.610, de 19/02/98 - Lei de Direitos Autorais A Lei regula os direitos autorais,
entendendo-se sob esta denominação os direitos de autor e os que lhes são conexos.
Para os efeitos desta Lei, considera-se: publicação, transmissão ou emissão,
retransmissão, distribuição, comunicação ao público, reprodução, contrafação, obra,
fonograma, editor, produtor, radiodifusão e artistas intérpretes ou executantes.
Em 1999 foram criados os Fundos Setoriais de Ciência e Tecnologia, que são
instrumentos de financiamento de projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação no país.
Há 16 Fundos Setoriais, sendo 14 relativos a setores específicos e dois transversais. Destes,
um é voltado à interação universidade-empresa Fundo Verde-Amarelo (FVA), enquanto o
outro é destinado a apoiar a melhoria da infra-estrutura de Instituições de Ciência e
Tecnologia (ICT).
Os Fundos Setoriais foram criados na perspectiva de serem fontes complementares de
recursos para financiar o desenvolvimento de setores estratégicos para o país. Desde sua
implementação nos anos recentes, os Fundos Setoriais têm se constituído no principal
30
instrumento do Governo Federal para alavancar o sistema de C&T&I do país. Eles têm
possibilitado a implantação de milhares de novos projetos em ICTs, que objetivam não
somente a geração de conhecimento, mas também sua transferência para empresas.
A criação dos Fundos Setoriais representa o estabelecimento de um novo padrão de
financiamento para o setor, sendo um mecanismo inovador de estímulo ao fortalecimento do
sistema de C&T nacional. Seu objetivo é garantir a estabilidade de recursos para a área e criar
um novo modelo de gestão, com a participação de vários segmentos sociais, além de
promover maior sinergia entre as universidades, centros de pesquisa e o setor produtivo
(MCT, 2008a).
Em 2003, a PITCE (Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior) é
implantada, com o objetivo de executar ações para a implantação de novos instrumentos
financeiros, para o desenvolvimento institucional e para a construção de uma base legal
adequada. Procurava-se com a PITCE, entre outras diretrizes, harmonizar a base legal
referente à inovação, garantir recursos para a política de inovação, fortalecer e re-estruturar as
instituições públicas e ampliar o debate nacional sobre ciência, tecnologia e inovação
(PEREIRA, 2007).
Em 2004, foi criada a ABDI (Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial)
composta por órgãos do governo e órgãos civis e órgãos privados, é responsável pela
execução e acompanhamento da PITCE.
Ainda em 2004 a Lei Nº 10.973 (regulamentada pelo Decreto nº 5.563 de 11 de
outubro de 2005), a Lei de Inovação, entre outros aspectos, surgiu com um propósito de
(expressa em seu Art.1º) estabelecer medidas de incentivo à inovação e à pesquisa científica e
tecnológica no ambiente produtivo, com vistas à capacitação e ao alcance da autonomia
tecnológica e ao desenvolvimento industrial do País, nos termos dos Arts. 218 e 219 da
Constituição.
2.2.1 A Lei de Inovação
A Lei de Inovação reflete a necessidade do país em contar com dispositivos legais
eficientes que contribuam para o delineamento de um cenário favorável ao desenvolvimento
31
científico, tecnológico e ao incentivo à inovação. O desafio de se estabelecer no país uma
cultura de inovação está amparado na constatação de que a produção de conhecimento e a
inovação tecnológica passaram a ditar crescentemente as políticas de desenvolvimento dos
países.
Nesse contexto, o conhecimento é o elemento central das novas estruturas econômicas
que surgem e a inovação passa a ser o veículo de transformação desse conhecimento em
riqueza e melhoria da qualidade de vida das sociedades. A Lei propõe, entre outros objetivos,
o de melhorar a eficiência de setor produtivo do país de forma a capacitá-lo tecnologicamente
para a competição externa, assim como na necessária ampliação de suas exportações,
mediante a inserção competitiva de bens e serviços com base em padrões internacionais de
qualidade, maior conteúdo tecnológico e, portanto, com maior valor agregado (MCT, 2008b).
A Lei de Inovação é um conjunto de medidas voltadas para estimular a aproximação
da universidade com o setor produtivo, procurando eliminar uma série de entraves
burocráticos e fomentando o sistema nacional de inovação através e da interação entre
empresas do setor privado e as ICTs (órgãos ou entidades da administração pública que tenha
por missão institucional, dentre outras, executar atividades de pesquisa básica ou aplicada de
caráter científico ou tecnológico), seguindo o foco de três vertentes.
A primeira vertente implica na constituição de um ambiente propício às parcerias
estratégicas entre as universidades, institutos tecnológicos e empresas. Nessa linha a Lei
contempla diversos mecanismos de apoio e estímulo à constituição de alianças estratégicas e
ao desenvolvimento de projetos cooperativos entre universidades, institutos tecnológicos e
empresas nacionais, buscando a estruturação de redes e projetos internacionais de pesquisa
tecnológica; promover ações de empreendedorismo tecnológico e fomentar a criação de
incubadoras e parques tecnológicos.
São também criadas facilidades para que as instituições de ciência e tecnologia possam
compartilhar, mediante remuneração, seus laboratórios, instalações, infra-estrutura e recursos
humanos com empresas (inclusive micro e pequenas empresas) e organizações privadas sem
fins lucrativos seja para atividades de incubação, seja para atividades de pesquisa conforme a
situação especificada na Lei.
A segunda vertente implica no estímulo à participação de instituições de ciência e
tecnologia no processo de inovação. Nessa vertente, a Lei faculta as ICTs celebrar contratos
32
de transferência de tecnologia e de licenciamento de patentes de sua propriedade, prestar
serviços de consultoria especializada em atividades desenvolvidas no âmbito do setor
produtivo, assim com estimular a participação de seus funcionários em projetos onde a
inovação seja o principal foco.
Com o propósito de viabilizar essa situação e também de gerir a política de inovação
da ICT, a Lei determina que cada ICT, constitua um NIT (Núcleo de Inovação Tecnológica)
próprio ou em associação com outras ICTs.
Os pesquisadores vinculados as ICTs, quando envolvidos nas atividades de prestação
de serviços empreendidas por suas instituições, poderão, em casos específicos, beneficiar-se
do resultado financeiro dos serviços prestados, independentemente da remuneração percebida
em face do vínculo com a instituição. Da mesma forma, enquanto criador ou inventor, o
pesquisador poderá fazer jus a uma parcela dos ganhos pecuniários auferidos por sua ICT,
quando da exploração comercial de sua criação.
E finalmente a terceira vertente, implica no incentivo à inovação na empresa. Os
dispositivos legais explicitados nessa vertente buscam estimular uma maior contribuição do
setor produtivo em relação à alocação de recursos financeiros na promoção da inovação.
A Lei prevê para tal fim, a concessão, por parte da União, das ICTs e das agências de
fomento, de recursos financeiros, humanos, materiais ou de infra-estrutura, para atender às
empresas nacionais envolvidas em atividades de pesquisa e desenvolvimento. Mediante
contratos ou convênios específicos tais recursos serão ajustados entre as partes, considerando
ainda as prioridades da política industrial e tecnológica nacional.
Além do esforço do governo federal, abaixo estão listados alguns estados brasileiros
que em face à nova realidade de inovação do país, aprovaram Leis estaduais de Inovação, que
complementam a Lei de Inovação, como por exemplo:
Amazonas: Lei Estadual nº 3.095, de 17 de novembro de 2006, dispõe sobre
incentivos à inovação e à pesquisa científica e tecnológica no ambiente produtivo no
âmbito do Estado do Amazonas;
33
Mato Grosso: Lei Complementar nº 297, de 7 de janeiro de 2008 dispõe sobre
incentivos à inovação e à pesquisa científica e tecnológica visando alcançar autonomia
tecnológica, capacitação e o desenvolvimento do Estado;
Santa Catarina: Lei nº 14.348, de 15 de janeiro de 2008, sobre incentivos à pesquisa
científica e tecnológica e à inovação no ambiente produtivo no Estado de Santa
Catarina;
Minas Gerais: Lei nº 17.348, de 17 de janeiro de 2008, dispõe sobre o incentivo à
inovação tecnológica no Estado.
A Lei representa um amplo conjunto de medidas cujo objetivo maior é ampliar e
agilizar a transferência do conhecimento gerado no ambiente acadêmico para a sua
apropriação pelo setor produtivo, estimulando a cultura de inovação e contribuindo para o
desenvolvimento industrial do país.
2.2.2 Os Núcleos de Inovação Tecnológica
De acordo com Art. 16 da Lei, a ICT deverá dispor de um NIT, próprio ou em
associação com outras ICTs, com a finalidade de gerir sua política de inovação. Tendo como
competências mínimas, de zelar pela manutenção da política institucional de estímulo à
proteção das criações, licenciamento, inovação e outras formas de transferência de tecnologia;
avaliar e classificar os resultados decorrentes de atividades e projetos de pesquisa para o
atendimento das disposições da Lei; avaliar solicitação de inventor independente para adoção
de invenção, o NIT da ICT avaliará a invenção, a sua afinidade com a respectiva área de
atuação e o interesse no seu desenvolvimento, havendo o inventor independente o
comprometimento, mediante contrato, compartilhar os ganhos econômicos da exploração
industrial da invenção protegida; opinar pela conveniência e promover a proteção das criações
desenvolvidas na instituição; opinar quanto à conveniência de divulgação das criações
desenvolvidas na instituição, passíveis de proteção intelectual e acompanhar o processamento
dos pedidos e a manutenção dos títulos de propriedade intelectual da instituição.
34
Além disso, ficará sob responsabilidade do NIT, por intermédio do Ministério ou
órgão ao qual seja subordinado ou vinculado, manter o MCT informado, de forma
consolidada e anualmente, (ressalvadas as informações sigilosas) quanto à política de
propriedade intelectual da instituição; às criações desenvolvidas no âmbito da instituição; às
proteções requeridas e concedidas e aos contratos de licenciamento ou de transferência de
tecnologia firmados (MCT, 2008a).
O artigo estabelece o direito do NIT em opinar sobre a promoção e proteção de
criações passíveis de proteção intelectual, significando implicitamente que haverá algum nível
de controle a ser feito em relação à publicação.
A proteção e a disseminação da cultura de propriedade intelectual envolvem
diretamente o desenvolvimento do bom relacionamento entre os pesquisadores da ICT e o
NIT, sendo o próprio um agente principal de fomento cujas ações devem estimular e
demonstrar aos pesquisadores que o NIT é um parceiro útil, competente e necessário para o
desenvolvimento salutar da pesquisa.
Existe cronicamente um desamparo quanto à melhor forma de montagem estruturação
e gerenciamento desses núcleos, pois a Lei regula a proteção e estímulo à inovação sem dar as
diretrizes de como fazê-lo, e a maioria das ICTs não está preparada para desempenhar essa
nova função.
Ainda pode ser destacado, que em artigo algum a Lei impõe sansões ou punições para
as universidades que descumprirem qualquer tipo de atribuição relevante ao NIT da
instituição, podendo esse fato se tornar um obstáculo à aplicação efetiva da Lei.
Os NITs se encontram basicamente em fase de estruturação, a infra-estrutura e a
capacidade dos recursos humanos não estão totalmente adaptadas as oportunidades e aos
desafios referentes à propriedade intelectual como, por exemplo, definir procedimentos e
rotinas; manter e elaborar base de dados, estudar e acompanhar procedimentos de
transferência e comercialização de tecnologia.
Segundo dados dos relatórios técnicos do workshop sobre propriedade intelectual
promovido pelo MCT em 2005 foram encontrados quatro problemas principais enfrentados
pelos NITs em relação à execução de projetos:
35
1) Comunicação e Disseminação:
a) Dificuldade em analisar a transferência de tecnologia, devido sua singularidade caso a
caso;
b) Interação entre universidades e empresas ainda muito mistificadas;
c) Necessidade de conscientização da importância da propriedade intelectual como
elemento comum na academia;
d) Necessidade de sensibilização das empresas sobre a importância em buscar pesquisas nas
universidades;
e) Baixa demanda do mercado por propriedade intelectual.
2) Custos e Recursos Financeiros:
a) Apoio limitado em termos de recursos financeiros;
b) Aquisição de bases de dados privadas de informação tecnológica para subsidiar buscas
e mapear tecnologias;
c) Os custos de atendimento podem não ser atrativos a futuros clientes;
d) Custos onerosos da manutenção da proteção, principalmente de patentes no exterior;
e) Custos das atividades (processos de registro, buscas, mão-de-obra especializada,
eventos, infra-estrutura, programas e softwares, etc.);
3) Recursos Humanos:
a) Descontinuidade de equipes, exigindo reconstrução permanente;
b) Necessidade de se criar mecanismos de absorção de profissionais capacitados;
36
c) Falta de capacitação e recursos humanos especializados, para lidar com uma grande
variedade de instituições, com diversas políticas institucionais, particularidades e
diferentes áreas do conhecimento;
d) Capacitação insuficiente dos membros das ICTs para lidar com aspectos
mercadológicos (planos de negócios, estratégia de mercado, impactos da tecnologia,
demanda de tecnologia, etc.);
e) Informalidade dos acordos entre pesquisadores;
f) Falta de visão e conhecimento por parte dos pesquisadores e das empresas sobre a
importância da proteção da propriedade intelectual;
g) Falta de conhecimento na área jurídica das ICTs em propriedade intelectual e
transferência de tecnologia;
4) Burocráticos ou Institucionais:
a) Apoio institucional: ainda tímido;
b) Trabalho lento e gradativo;
c) Pouca articulação com as demais estratégias institucionais;
d) Demora no processo da concessão da patente;
e) Dificuldade em comercializar o que foi patenteado;
f) Ausência de modelos de políticas de transferência de tecnologia;
g) Ausência de conhecimento específico da área contábil, pelos gestores de projeto;
h) Falta de apoio da administração central das ICTs;
i) Alta motivação dos pesquisadores para desenvolverem atividades docentes
tradicionais;
j) Cultura da gestão pública em rejeitar parcerias com a esfera privada;
37
k) Impedimento na contratação de antigos bolsistas;
l) Uniformização das políticas de propriedade intelectual no âmbito federal e das
instituições de ensino e pesquisa (MCT, 2005).
A gestão dos NITs atualmente necessita de uma grande concentração de esforços que
estejam voltados a buscar boas práticas e mantê-las no dia-a-dia organizacional, pois essas
práticas não são comuns as rotinas acadêmicas clássicas, exigindo dos integrantes dos NITs
qualificação e competências específicas para a sua gestão e funcionamento.
2.3 FATORES DE INTERAÇÃO UNIVERSIDADE EMPRESA
As empresas e as universidades possuem diferenças advindas da sua estruturação e
organização, que apesar dos esforços governamentais, impedem ou criam barreiras para a sua
interação e, por fim, para a geração da inovação.
A cooperação UE, desta forma, é complexa e sensível, uma vez que envolve etapas
que devem ser observadas com cuidado para que se evite e previna equívocos que gerarão
complicações futuras, impedindo a obtenção da máxima produtividade e qualidade possível
em tal tipo de arranjo. Além de que envolvem culturas e objetivos organizacionais também
distintos.
A resistência de algumas correntes acadêmicas quanto à aproximação entre
universidade e empresa, vem do temor de que essa aproximação implique na modificação da
missão universitária, desviando-a do ensino e da pesquisa.
A universidade serviria apenas como mais um instrumento para a alavancagem das
empresas e os conflitos gerados pelos interesses privados de pesquisa e os interesses
acadêmicos de pesquisa curiosity driven divergem de tal maneira que muitos
pesquisadores se sentem ameaçados com essa aproximação.
A cooperação, no entanto busca o benefício das duas partes, o temor quanto à relação
UE, segundo Prager e Omenn (1980) é injustificado, pois para a universidade essa relação
gera: Suporte mais descomplicado para pesquisas de longo prazo; auxílio da empresa para a
38
formação de novos conhecimentos úteis; ampliação da experiência educacional; surgimento
de tópicos para dissertações e oportunidades potenciais de emprego para estudantes;
possibilidade de interação com profissionais do mercado; acesso aos equipamentos
especializados da empresa.
E em relação às empresas, as universidades serão fontes adicionais de idéias,
conhecimentos e tecnologias os quais são bases potenciais para novos produtos e processos;
um alto benefício de rateio de custo quando comparado com construir unidades de pesquisa; a
proximidade com cientistas competentes; a possibilidade da conexão com uma fonte potencial
de executores de pesquisas fiéis às necessidades da empresa.
Quando parceiros contratuais dividem a responsabilidade de alcançar um objetivo
comum, unindo os seus esforços para alcançá-lo surgem, no caso da UE, características únicas
de parceria que incluem, entre outras, a transferência mútua de tecnologia, informações e
know-how complementares que contribuirão para retornar à sociedade o conhecimento
gerado, por meio de spillovers e spin-offs.
Os spillovers (efeito transbordamento) são com base no modelo de Cohen e Levinthal
(1989), a maior padronização das tecnologias adotados pelos diversos produtores. A presença
de externalidades tecnológicas aumenta a capacidade de absorção das firmas para um mesmo
montante de P&D despendido internamente, na medida em que favorece a compatibilização
dos padrões cognitivos e dos procedimentos de busca adotados pelos diferentes agentes.
As externalidades favorecem uma maior coordenação das estratégias tecnológicas
implementadas, possibilitando explorar de forma coordenada os ganhos vinculados à
determinada trajetória. Em conseqüência, os conhecimentos gerados tendem a estar mais bem
calibrados em relação às necessidades das firmas, o que favorece o processo de absorção.
O acesso a conhecimentos externos a indústria, a partir dos quais são vislumbradas
novas oportunidades tecnológicas, é facilitado, na medida em que, é possível focalizar de
maneira mais precisa eventuais pontos de estrangulamento a ser corrigidos. Há indícios de
que, na presença das externalidades, torna-se possível incrementar o desempenho tecnológica
dos processos produtivos, por meio de uma otimização logística baseada na difusão de
técnicas de gerenciamento da produção adaptadas aos padrões tecnológicos vigentes na
indústria.
39
Além do mais, a intensificação de relacionamentos permite o transbordamento
(spillover) de determinadas vantagens auferidas por alguns agentes dentro do cluster, como a
difusão tecnológica, a capacitação do corpo funcional ou a própria inserção internacional do
arranjo (FERREIRA, 2004).
As spin-offs acadêmicas são empresas fundadas para explorar comercialmente algum
item (normalmente uma patente) advindo da pesquisa feita em uma instituição acadêmica. Ou
seja, assim que uma pesquisa é feita e é geradora de uma patente que é usada para a solução
de um problema ou demanda mercadológica, uma empresa pode ser fundada com o intuito de
explorá-la comercialmente (SHANE, 2004). Para a OCDE (Organização para a Cooperação e
Desenvolvimento Econômico), spin-offs o:
Firmas criadas por pesquisadores do setor público (pessoal do staff, professores ou
estudantes);
Empresas emergentes que dispõem de licenças de exploração de tecnologias geradas
no setor público;
Empresas emergentes sustentadas por uma participação direta de fundos públicos ou
que foram criadas a partir de instituições públicas de pesquisa.
A importância da interação, desses dois entes tão distintos, tem como um papel
secundário provocar o surgimento e desenvolvimento de inovações nem sempre planejadas
desde o princípio.
As inovações surgidas desse relacionamento e da troca de know-how são um ponto a
ser considerado no desenvolvimento da inovação, pois fortalecem o sistema nacional de
inovação através da validação e encorajamento de formação de laços entre empresas e
universidades, e da exportação para o mercado de empresas com características tecnológicas
de P&D fortemente arraigadas a cooperação com outros centros de pesquisa (CÂNDIDO,
2001).
Outra barreira surgida contra a cooperação corresponde quanto aos conflitos nas
políticas de propriedade, principalmente quando se trata da titularidade do resultado das
40
pesquisas. Afinal uma vez que as empresas financiam as pesquisas das novas tecnologias, elas
entendem que não seriam obrigadas a pagar pelo seu uso através das licenças ou royalties,
além dos desembolsos adicionais para que o produto seja lançado no mercado.
Enquanto as universidades se reservam ao direito de serem gratificadas pelo
desenvolvimento da pesquisa, graças ao uso de seus pesquisadores e dependências, para poder
proteger os investimentos anteriores (oriundos de financiamento público) em infra-estrutura,
educação e know-how, implícitos no desenrolar das pesquisas.
Em relação à inovação da tecnologia a ser licenciada é que quanto mais inovadora,
mais incertezas e custos de implantação ela trará para o licenciado, o risco da perda de tempo
e dinheiro no seu desenvolvimento e de sua comercialização, pode não ser aceitável
organizacionalmente.
Mesmo sabendo que a inovação pode levar a empresa a um novo patamar no mercado
e que parte dos riscos será dividida com a universidade, a sua atratividade respeita níveis de
riscos impostos pelos tomadores de decisão da empresa.
Dentre esses setores que se utilizam da ciência e tecnologia, seja para o lucro ou para o
desenvolvimento social, existe uma convergência de interesses que são resultantes da falta de
recursos em pesquisas das universidades e da competição acirrada enfrentada pelas empresas,
tais convergências favorecem a procura da cooperação.
Tal cooperação só faz sentido quando os investimentos para adquirir e desenvolver
novos conhecimentos, são protegidos, pois tais investimentos influenciam a preço final do
produto tornando-o mais caro na sua introdução no mercado, e se a concorrência tivesse livre
acesso a esse conhecimento lançaria no mercado um produto parecido e mais barato.
41
3 A PROPRIEDADE INTELECTUAL
3.1 DEFINIÇÕES E PRINCIPAIS MARCOS LEGAIS
A propriedade intelectual é um direito próprio do ser humano, nascido da criatividade
e do esforço de pesquisas feitas para solucionar problemas, sendo em todos os casos, um bem
intangível passível de proteção, para que se possa garantir e defender os direitos dos seus
detentores. O Código Civil Brasileiro não traz um conceito sobre a propriedade intelectual,
limitando-se somente a enumerar os poderes do proprietário.
A Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI) que constitui uma das
dezesseis organizações da Organização das Nações Unidas (ONU) define propriedade
intelectual como a soma dos direitos relativos às obras literárias, artísticas e científicas, às
interpretações dos artistas intérpretes e às execuções dos artistas executantes, aos fonogramas
e às emissões de radiodifusão, às invenções em todos os domínios da atividade humana, às
descobertas científicas, aos desenhos e modelos industriais e às marcas industriais e
comerciais. (OMPI, 2008).
A propriedade intelectual é o direito de gozar, dispor, usar e reaver de quem
impropriamente possua, todo bem que surja da atividade inventiva e do trabalho do ser
humano advindas de qualquer área de conhecimento. Reforçado por dois fundamentos: o
econômico (exploração comercial garantida pelas leis) e o moral (reconhecimento do trabalho
dos autores), (SILVA e CARVALHO, 2004).
42
Para Epsztejn (1998) a propriedade intelectual é um nome coletivo para um conjunto
de direitos relacionados às atividades industriais ou comerciais do indivíduo ou companhia.
A propriedade intelectual divide-se em dois grandes ramos: direitos autorais e a
propriedade industrial. O direito do autor refere-se aos trabalhos literários e artísticos.
(VIEIRA, 2003). Para proteções que não se encaixem em nenhum desses dois ramos, como
por exemplo, os cultivares, foi necessário criar leis específicas enquadradas como proteção sui
generis.
Em contrapartida, a propriedade industrial abrange o nome coletivo para conjunto de
direitos relacionados com as atividades industriais ou comerciais do indivíduo ou companhia
que são as patentes, marcas, desenho industrial, indicações geográficas e proteção de
cultivares. Trata de assuntos como às invenções; aos modelos de utilidade; aos desenhos
industriais; às marcas de produto ou de serviço; de certificação e coletivas; à repressão às
falsas indicações geográficas e demais indicações; e à repressão à concorrência desleal
(WANGHON, 2008)
Quanto aos chamados “conhecimentos tradicionais, ainda não possuem uma
definição no atual sistema de proteção da propriedade intelectual. É objeto de discussão entre
juristas, comunidades locais e organizações mundiais de proteção da propriedade intelectual a
adequação desse tema ao sistema patentário atual (ESTRELLA, 2008).
O marco histórico da propriedade industrial foi a Convenção da União de Paris (CUP)
realizada em 1883. A Convenção foi assinada na época por 11 Países: Bélgica, Brasil, El
Salvador, Espanha, França, Guatemala, Itália, Países Baixos, Portugal, Sérvia e Suíça. A
convenção tem hoje 172 Países membros, fazendo dele um dos tratados internacionais mais
adotados no mundo e é atualmente administrado pela ONU através da OMPI (KANITAR,
2005).
Um dos motivos que gerou a CUP foi o incidente na cidade de Viena na Áustria em
1873, durante a Exposição Mundial (Expo), onde se focava a exposição de invenções
tecnológicas e avanços na ciência. Na ocasião muitos inventores, não apresentaram suas
descobertas, pois não existia nenhuma Lei que lhes garantisse seus direitos sobre suas
invenções, caso outros inventores se apropriassem de suas idéias obtendo lucros com a
exploração em outros países (DI BLASI, 1982).
43
A CUP teve como principal função proteger os direitos da propriedade industrial
(patentes, modelos de utilidade, desenhos industriais, marcas e indicações geográficas e os
nomes comerciais), tendo como três pilares principais:
1) Independência de Privilégios ou princípio da territorialidade, garante que a haja a
prevalência da legislação nacional dos países signatários sobre as patentes depositadas
por outros países em seu território;
2) Trato Igual igualdade de tratamento quanto aos direitos e punições aplicáveis as
patentes depositadas por pesquisadores nacionais ou estrangeiros;
3) Prioridade Unionista garante ao pesquisador do país signatário um período de graça
(intervalo de tempo para efetuar o depósito do mesmo invento em países signatários
que lhe interesse, sem prejuízo do quesito de novidade) (MACEDO e BARBOSA,
2000).
Além da função de proteger os direitos da propriedade industrial, atualmente a
Convenção também objetiva o combate a concorrência desleal.
Outro marco em relação à propriedade intelectual foi a Convenção de Berna relativa à
proteção das obras literárias e artísticas, também chamada de Convenção da União de Berna
(CUB), estabeleceu o reconhecimento do direito de autor entre nações soberanas, foi adotada
na cidade de Berna, na Suíça, em 1886.
Atualmente, quase todas as nações signatárias são membros da Organização Mundial
do Comércio (OMC), pelo que o acordo nos aspectos comerciais da propriedade intelectual
requer que os não-membros aceitem quase todas as condições da Convenção de Berna. Em
Abril de 2007, eram 163 os países signatários da Convenção.
O objetivo da CUB é a proteção das obras literárias e artísticas, incluindo as de caráter
científico, qualquer que seja o seu modo de expressão. Assim, não só os livros e as esculturas,
mas também a multimídia, as produções a laser ou qualquer outra criação com auxílio a
tecnologias futuras, caiem no âmbito da Convenção, desde que redutíveis à noção de artístico
ou literário.
44
A primeira regra é a da não exigência de qualquer formalidade para obter a proteção,
assim o resultado deste princípio é que ao contrário do que acontece, por exemplo, com as
patentes o direito exclusivo nasce da criação sem exigência de qualquer outra formalidade,
para ser protegido.
A CUB prevê a proteção dos direitos patrimoniais e dos direitos morais, sendo estes
últimos, essencialmente, o direito de nominação (ou de paternidade da obra) e o de
integridade da obra, face de eventuais alterações.
Outros tratados e acordos foram feitos e revisados ao longo do tempo a destacar:
1891 – Acordo de Madri Acordo criou um registro internacional de marcas;
$FRUGRGH+DLD $FRUGRUHIHUHQWHDRGHSyVLWRLQWHUQDFLRQDOGHGHVHQKRVH
modelos industriais;
1957 - Acordo de Nice Acordo de classificação de bens e serviços com vistas ao
registro de marcas;
1958 Acordo de Lisboa - Acordo relativo à proteção das denominações de origem e
ao seu registro internacional;
1961 - Convenção de Roma de Direitos Conexos - Protege intérpretes, produtores de
fonogramas e organizações de tele e rádio-difusão; ela articula os direitos de autor
àqueles que lhes são conexos;
1968 Acordo de Locarno - Acordo sobre a classificação internacional para desenhos
Industriais;
1970 - Patent Cooperation Treaty (PCT) - Permite ao inventor realizar apenas um
único pedido de depósito, bem como uma única publicação, evitando a repetição de
tais etapas quando se busca proteger o mesmo invento nos diversos países membros de
tal acordo. Dispõe-se ainda das vantagens de proceder-se a uma busca de anterioridade
no(s) país(es) escolhido(s) pelo depositante;
1971 Acordo de Estrasburgo Acordo que estabelece um sistema de classificação
por ramo de técnica para ser adotado nos países membros;
45
1973 Acordo de Viena Acordo sobre classificação internacional de elementos
figurativos de marcas;
1977 - Tratado de Budapeste Acordo que estabelece procedimentos e exigências
para depósito e guarda de microorganismos para fins de proteção patentária;
1994 - Trademark Law Treaty (TLT) Acordo que simplifica e harmoniza os
procedimentos relativos aos pedidos nacionais de proteção às marcas de bens e
serviços;
1994 Trade Related Aspects of Intellectual Property Rights (TRIPS) - o TRIPS
estabelece padrões mínimos de proteção, e em caso de arbitragem estabelece que o
foro seja a OMC;
1996 - WIPO Copyright Treaty (WCT) Tratado que resultou da conferência
diplomática sobre questões relativas aos direitos de autor e direitos conexos de 1996; é
decorrente do desenvolvimento científico e tecnológico alcançado nas décadas de 70 e
80;
2000 - Patent Law Treaty (PLT) Tratado que harmoniza internacionalmente os
procedimentos formais para o pedido de depósito de patentes. (YAMAMURA et al.,
2008).
3.2 A PROPRIEDADE INTELECTUAL NO BRASIL HISTÓRICO E LEIS
O alvará de 28 de abril de 1809 expedido por D. João VI, iniciou o esforço do Brasil
em buscar favorecer a industrialização, dando aos pesquisadores e para aqueles que
introduzissem novas máquinas no País, especialmente para tecnologias que favorecessem o
desenvolvimento agrícola, um privilégio de quatorze anos de exploração comercial
(NOVAIS, 2005).
O Império brasileiro em sua 1ª Constituição em 1824 regulava que os inventores
teriam a propriedade de suas descobertas ou das suas produções, pois a Lei lhes assegurará
um privilégio exclusivo temporário, ou lhes remunerará em ressarcimento da perda que hajam
de sofrer pela vulgarização.
46
Com base na constituição foi feita a Lei de 28 de agosto de 1830, que regulava a
concessão dos privilégios industriais e os direitos decorrentes, garantindo ao pesquisador de
uma indústria útil, a propriedade e o uso exclusivo de sua descoberta ou invenção; reconhecia
também direitos idênticos às pessoas que aperfeiçoassem as descobertas e as invenções e
premiava aquele que implantasse, no Brasil, alguma indústria estrangeira, proporcional à
dificuldade e à utilidade da dita introdução. A duração dos privilégios, dependendo do grau de
inovação, variava entre cinco e vinte anos de proteção, podendo este ser estendido. A
caducidade da patente acontecia se, houvesse má fé sobre a explicação de como a patente
funcionava, se houvesse a ocultação sobre qualquer item na sua descrição, se a patente não
fazia o que era descrito ou se a patente não fosse explorada no prazo de dois anos (CRUZ,
1982).
A Lei n.º 3129 de 14 de outubro de 1882, introduzia modificações significativas, como
o reconhecimento da prioridade unionista:
Art. 24 - Os inventores privilegiados em outras nações
poderão obter a confirmação de seus direitos no Império, contanto que
preencham as formalidades e condições desta lei
§ 1º. - A prioridade do direito de propriedade do inventor
que, tendo requerido patente em nação estrangeira, fizer igual pedido
ao Governo Imperial dentro de sete meses, não será invalidada por
fatos, que ocorram durante esse período, como sejam outro igual
pedido, a publicação da invenção e o seu uso ou emprego.
Mesmo antes da CUP de 1883 o Brasil já estava em harmonia com as percepções de
propriedade intelectual da época, estabelecidas pela convenção.
Em 1970, o INPI foi criado pela Lei nº 5.648, como órgão responsável pela execução
das normas que regulam a propriedade industrial.
Após várias revisões sobre a proteção da propriedade intelectual chega-se até a Lei n.º
5.772 de 21 de dezembro de 1971 que modificava a regulação da propriedade industrial, que
estabelecia proteção aos modelos de utilidade e proibia o patenteamento de substâncias,
matérias ou produtos alimentícios, químico, farmacêuticos e medicamentos, de qualquer
espécie, bem como os respectivos processos de obtenção e modificação.
47
Em 1994, após o acordo TRIPS, que definiu regras os Países membros da OMC em
relação à proteção à propriedade intelectual, o Brasil precisou adequar a legislação vigente de
1971, para poder cumprir as regras fixadas pelo acordo.
Em 1995 foi criada a Lei de Biossegurança nº 8.974 que dispõe sobre o uso de técnicas
de engenharia genética e liberação de organismos modificados no meio ambiente.
Em 1996 foi criada a Lei 9.279, a Lei da Propriedade Industrial que regula os direitos
e obrigações relativos à propriedade industrial no país. Considerado o interesse social e o
desenvolvimento tecnológico e econômico do Brasil a lei engloba a proteção, baseada em
cinco pontos:
1) Concessão de patentes de invenção e de modelo de utilidade;
2) Concessão de registro de desenho industrial;
3) Concessão de registro de marca;
4) Repressão às falsas indicações geográficas; e
5) Repressão à concorrência desleal.
A figura a seguir demonstra como se estrutura legalmente a cadeia de propriedade
intelectual no país:
48
Figura 3.1Estrutura Legal da Propriedade Intelectual
3.2.1 A propriedade intelectual no Brasil Direito Autoral Direitos de Autor e Direitos
Conexos
A Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998, a Lei de direitos autorais, define direito
autoral como o direito que todo criador de uma obra intelectual tem sobre a sua criação.
É constituído por um direito moral (inalienável, como por exemplo, o. direito de
modificar a obra) e um direito patrimonial (alienável e passível de utilização e fruição por
terceiros, como por exemplo, a cessão de direitos autorais de publicação e venda de
determinado livro, exposição de filmes).
O direito autoral usado em conjunto com um produto, o valoriza, como por exemplo,
um caderno de um personagem de um filme. Ele traz a história autoral do(s) personagem(ens)
fazendo com que tenha diferenciação em relação a outros produtos similares.
Os direitos conexos, também conhecidos como vizinhos ou análogos (aos direitos de
autor), são os direitos dos artistas, intérpretes e executantes, que ganham proteção semelhante
à dos direitos de autor propriamente ditos.
Direitos de Autor
Direitos Autoral
Direitos Conexos
Propriedade Intelectual
Propriedade Industrial
Patentes de Invenção
Modelos de Utilidade
Desenhos Industriais
Marcas
Indicações Geográficas
Denominações de Origem
Proteção Sui Generis
Programas de Computador
Cultivares
Topografia de Circuito
Integrado
49
A obra para ser protegida deve ser original e exteriorizada, expressa em certa forma ou
fixada em qualquer suporte, tangível ou não, conhecido ou que se invente no futuro, isto
porque a idéia em si não é passível de proteção jurídica. A obra é protegida durante toda a
vida do autor. Por se direito patrimonial é transferível a herdeiros (os filhos, o cônjuge e os
pais herdam os direitos vitaliciamente), a duração da proteção relativa ao direito de fruição
econômica da obra perdurará por setenta anos contados de 1º de janeiro do ano subseqüente
ao de seu falecimento. Sendo que os direitos morais permanecem perpetuamente.
3.2.2 A propriedade intelectual no Brasil Propriedade Industrial Patentes Invenção,
Modelo de Utilidade e Desenho Industrial
Uma patente é um direito exclusivo em relação a um invento, que pode ser um produto
ou um processo, que proporciona um novo e inventivo modo de fazer algo, ou oferece uma
nova e inventiva solução técnica a um problema (INPI, 2008).
Patentes criam incentivos a indivíduos possibilitando que obtenham reconhecimento
por sua criatividade e recompensa material por seus inventos com aproveitamento comercial.
Esse direito garante que dada à comercialização, possa ser feito um retorno financeiro dos
investimentos feitos durante a pesquisa da patente, validada por força da Lei que permite um
monopólio temporal para o detentor dos seus direitos.
Esses incentivos estimulam a inovação, o que assegura que a qualidade da vida
humana seja continuamente melhorada. Por outro lado, titulares de patentes são obrigados, em
troca da proteção patentária, a revelar publicamente todas as informações quanto ao seu
invento.
O titular de uma patente pode, em princípio, excluir terceiros de fabricar, utilizar,
oferecer à venda, importar ou vender o invento sem o seu consentimento, no território coberto
pela patente. Mais ainda, o titular de uma patente pode dar permissão ou licenciar para
terceiros utilizarem a patente em termos mutuamente acordados. O titular pode, também,
vender os direitos sobre o invento a qualquer pessoa, que então se tornará o novo titular da
patente (OMPI, 2008).
50
Esse sempre crescente corpo de conhecimento público promove mais criatividade e
inovação por parte de pesquisadores e inovadores futuros, as naturezas de proteção segundo a
legislação brasileira são:
Privilégio de Invenção (PI) Um invento que seja novo e inédito, que não tenha sido
utilizado e não seja de conhecimento prévio, resultante da ação criativa humana que
represente um avanço tecnológico atendendo a três requisitos:
1) Novidade: Novo em relação ao estado da técnica (O estado da técnica é constituído
por tudo aquilo tornado acessível ao público antes da data de depósito do pedido de
patente, por descrição escrita ou oral, por uso ou qualquer outro meio, no Brasil ou no
exterior,);
2) Atividade Inventiva: Invenção que não seja evidente ou óbvia do estado da técnica;
3) Aplicação Industrial: Pode ser utilizada ou produzida industrialmente.
Desenho Industrial (DI) - Considera-se desenho industrial a forma plástica ornamental
de um objeto ou do conjunto ornamental de linhas e cores que possa ser aplicado a um
produto, proporcionando resultado visual novo e original na sua configuração externa e que
possa servir de tipo de fabricação industrial. O desenho industrial é considerado original
quando dele resulte uma configuração visual distintiva, em relação a outros objetos anteriores.
O resultado visual original poderá ser decorrente da combinação dos elementos conhecidos.
Modelo de Utilidade (MU) Qualquer modificação introduzida em um produto
conhecido que lhe dê novas características em relação a sua forma ou disposição diferente e
que, obrigatoriamente resulte na sua melhor utilização ou em sua fabricação;
E não é patenteável, o que for contrário à moral, aos bons costumes e à segurança, à
ordem e à saúde públicas; as substâncias, matérias, misturas, elementos ou produtos de
qualquer espécie, bem como a modificação de suas propriedades físico-químicas e os
respectivos processos de obtenção ou modificação, quando resultantes de transformação do
núcleo atômico e o todo ou parte dos seres vivos, exceto os microorganismos transgênicos
que atendam aos três requisitos de patenteabilidade (novidade, atividade inventiva e aplicação
industrial) e que não sejam mera descoberta.
51
A patente de invenção vigora pelo prazo de vinte anos não renováveis e a de modelo
de utilidade pelo prazo de quinze anos ambos contados a partir da data de depósito. O desenho
industrial é válido por dez anos e prorrogável por três períodos de cinco anos. A proteção
dada pelo registro de propriedade intelectual ajuda o acadêmico a divulgar sua pesquisa a
sociedade, e também retorna ganhos econômicos fazendo com que a tecnologia seja
disponibilizada para o mercado, servindo como incentivo a novas pesquisas.
3.2.3 A propriedade intelectual no Brasil Propriedade Industrial Marcas
A marca registrada garante ao proprietário o direito de uso exclusivo em todo o
território nacional em seu ramo de atividade econômica, usadas para diferenciá-lo de outros
idênticos, semelhantes ou afins, de origem diversa. Sendo considerado na era do
conhecimento um bem intangível passível à proteção, de extrema importância, pois se tem
implicitamente associado à marca, a reputação da empresa.
Para Zylberstajn (2000), a reputação pode ser medida com o valor presente de um
fluxo de caixa futuro advindo do valor da marca e da imagem pública de uma organização.
Tal fluxo, no entanto, pode ser tanto positivo como negativo.
Para efeito de registro é considerada qualquer palavra, forma, desenho, sinal, etc. A
não ser que a mesma seja semelhante ou idêntica a outra marca existente por uma empresa
com a mesma atividade fim no mercado ou que seja proibida por Lei (BARBOSA, 1996).
As marcas de produto ou serviço são divididas em quatro partes:
1) Marca nominativa que é aquela constituída por uma ou mais palavras incluindo
neologismos e combinações de letras ou algarismos; Existem países que utilizam
também as marcas olfativas, sonoras, hologramas;
2) Marca mista que é a combinação de elementos nominativos e figurativos;
3) Marca tridimensional, constituída pela forma plástica de produto ou de embalagem;
52
4) Marca figurativa que é aquela constituída por desenho, figura ou qualquer forma
estilizada de letra e número.
Sendo o registro de marcas proibido por Lei, nos seguintes casos: brasão, armas,
medalhas, letra, data, algarismos isolados, expressões contrárias aos bons costumes, sigla de
órgão público, título de estabelecimento ou nome de empresa, sinal de uso comum ou
necessário, sinal de propaganda, cores, nome de evento esportivo ou cultural, moeda, nome
civil, pseudônimo notório, título de obra artística, literária e científica, termo técnico, marca
alheia com acréscimo ou decréscimo e dualidade de marca.
O prazo de validade do registro de marca é de dez anos, este direito exclusivo habilita
o titular a proibir que outros utilizem sinal idêntico ou semelhante, apto a causar confusão na
clientela. O tempo de registro é contado a partir da data de concessão, sendo esse prazo
prorrogável, a pedido do titular por períodos iguais e sucessivos (INPI, 2008).
3.2.4 A propriedade intelectual no Brasil Propriedade Industrial Indicações Geográficas e
Denominações de Origem
As indicações geográficas no Brasil são dividas em, Indicações de Procedência
Quando se considera o nome geográfico de um país, cidade, região ou localidade cujo
território tenha se tornado conhecido como centro de extração, produção ou fabricação de
determinado produto ou de prestação de determinado serviço.
E Denominações de Origem Considera-se denominação de origem o nome
geográfico de país, cidade, região ou localidade de seu território que designe produto ou
serviço cujas qualidades ou características se devam exclusiva ou essencialmente ao meio
geográfico, incluídos fatores naturais e humanos.
3.2.5 A propriedade intelectual no Brasil - Proteção Sui Generis Programas de Computador
A Lei 9.609 de 19 de fevereiro de 1998., define que um programa de computador é a
expressão de um conjunto de instruções em linguagem natural ou codificada, contida em
53
suporte físico de qualquer natureza, de emprego necessário em máquinas automáticas de
tratamento da informação, dispositivos, instrumentos ou equipamentos periféricos, baseados
em técnica digital ou analógica, para fazê-los funcionar de modo e para fins determinados. O
programa de computador é originário da inteligência humana e sua proteção faz-se mediante a
Lei de Direito Autoral e por expressa disposição do texto legal, a proteção jurídica dos
programas de computador é a mesma conferida aos autores, nos termos da Lei de Direitos
Autorais.
3.2.6 A propriedade intelectual no Brasil - Proteção Sui Generis Cultivares
A Lei 9.456 de 28 de abril de 1997, a Lei dos Cultivares, os caracteriza como sendo a
variedade de qualquer gênero ou espécie vegetal superior. A proteção dos direitos relativos à
propriedade intelectual referente a cultivar se efetua mediante a concessão de Certificado de
Proteção de Cultivar, considerado bem móvel para todos os efeitos legais e única forma de
proteção de cultivares e de direito que poderá obstar a livre utilização de plantas ou de suas
partes de reprodução ou multiplicação vegetativa, no País.
A proteção de cultivar vigorará, a partir da data da concessão do Certificado
Provisório de Proteção, pelo prazo de quinze anos, excetuadas as videiras, as frutíferas, as
árvores florestais e as árvores ornamentais, inclusive, em cada caso, o seu porta-enxerto, para
as quais a duração será de dezoito anos.
A proteção de novas variedades de plantas é outro aspecto dos direitos da propriedade
intelectual e, como tal, visa reconhecer os desenvolvimentos dos criadores de novas
variedades de plantas, conferindo-lhes, por um determinado prazo, um direito exclusivo. Este
prazo é de vinte e cinco anos para árvores e trepadeiras e vinte anos para outras plantas.
3.2.7 A propriedade intelectual no Brasil - Proteção Sui Generis Cultivares Topografia de
Circuito Integrado
A Lei 11.848 de 31 de Maio de 2007 cria proteção para as topografias, tendo como
requisitos: originalidade, novidade e suficiência descritiva, a Lei dispõe sobre os incentivos às
54
indústrias de equipamentos para TV Digital e de componentes eletrônicos semicondutores e
sobre a proteção à propriedade intelectual das topografias de circuitos integrados, instituindo
o Programa de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico da Indústria de Semicondutores
(PADIS) e o Programa de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico da Indústria de
Equipamentos para a TV Digital (PATVD).
Os circuitos integrados são conjuntos organizados de interconexões, transistores e
resistências, dispostos em camadas sobre uma peça de material semicondutor, que visam
realizar funções eletrônicas em equipamentos. A proteção ocorre quanto à topografia do
circuito integrado, ou seja, a configuração tridimensional das camadas que o compõem.
Com a aprovação desse registro, após o transcorrer de processo administrativo no
INPI, o titular terá a proteção da respectiva topografia pelo prazo de dez anos, a contar do
depósito de pedido do registro ou da primeira exploração, o que ocorrer primeiro.
3.3 A PROPRIEDADE INTELECTUAL E O DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
Segundo a USPTO (2008), a inovação no mundo está crescendo em um passo
acelerado, os investimentos feitos em P&D resultaram em inovações tecnológicas que
aumentaram o desenvolvimento econômico e a criação de empregos no mundo todo,
principalmente nos Estados Unidos.
O crescimento econômico através da inovação faz com que o mercado do País aonde
ele se desenvolve se torne atraente, não só aos investimentos internos, mas também aos
investimentos feitos por empresas estrangeiras. A economia agregada a rigorosas Leis
vinculadas ao desenvolvimento e a proteção do sistema de propriedade intelectual, traz
benefícios e prosperidade ao mercado em que ele está inserido.
A USPTO (2008) sugere que para que se desenvolva o sistema de proteção e estímulo
de propriedade intelectual voltado ao crescimento econômico, deve haver em primeiro lugar:
Um ambiente propício a inovação e ao estímulo de pesquisa de novos produtos e
serviços;
55
Em segundo lugar:
Deve haver uma disseminação da cultura de propriedade intelectual, visando o
crescimento do registro de patentes através de fundos, Leis e comprometimento de
empresas e do governo;
Em terceiro lugar:
O processo burocrático de emissão de patentes deve ser otimizado para poder dar
margem a um fluxo constante e dinamismo a novos investimentos em pesquisa;
E finalmente em quarto lugar:
Com as patentes disponibilizadas seja estabelecida uma cultura de pesquisa de
informação no banco de dados de patentes, que servirá como um motor que otimizará
o tempo e diminuirá os custos de outras pesquisas em outras empresas.
E, no final do processo, haverá um crescimento econômico advindo dos avanços da
ciência e da tecnologia que irão realimentar todo o processo novamente. Na figura a seguir,
uma representação do fluxo do desenvolvimento do processo da propriedade intelectual:
56
Figura 3.2 – O processo da propriedade intelectual
57
4-A PATENTE
4.1 AS PATENTES E A SUA RELAÇÃO COM O MERCADO
Como afirmado anteriormente, as patentes, em relação à inovação, servem como uma
ferramenta legal para incentivá-la. Quando o pesquisador pede os direitos pela patente, a ele é
reservado um monopólio temporal, possibilitando ao pesquisador reaver os investimentos
feitos na pesquisa.
O senso comum sugere que se uma empresa não pode proteger seus próprios inventos,
será menos provável que haja investimento em pesquisa de inovações. Mas por causa da
proteção das patentes, as empresas têm a possibilidade desenvolver e aperfeiçoar as suas
invenções, resultando em produtos melhores e em oportunidades para o seu crescimento.
Hoje, a economia é cada vez mais baseada no conhecimento e a propriedade
intelectual, sob a forma de patentes, que desempenha um papel essencial para esse
crescimento. Entre 1992 e 2002, o número de pedidos de patente depositado na Europa, Japão
e os Estados Unidos cresceram mais de 40%. O número de patentes registradas no EPO
(European Patent Office) reflete essa tendência, passando de cerca de 10.000 pedidos, em
1997, para quase 193.000 em 2005. Isto devido, em parte, pela percepção da importância e do
impacto econômico da patenteabilidade das inovações feitas pelos inventores, pequenas,
médias e grandes empresas e instituições de pesquisa.
O EPO (2008) define algumas utilizações possíveis de patentes:
58
Uso interno - A patente é explorada internamente para fins comerciais ou industriais e
podem ser utilizadas em processos de produção ou ainda que seja incorporada em
produtos comercializados.
Licenciamento - A patente não é utilizada internamente pelo inovador, mas é
licenciado para o outro.
Bloqueio da concorrência - A patente não é utilizada (nem internamente, nem para a
concessão de licenças). Em vez disso, ela é utilizada a fim de bloquear concorrentes.
Sleeping Patent. A patente está "dormindo", no sentido de que não é empregada em
nenhuma das utilizações descritas acima.
Dentre essas utilizações o EPO define que a utilização mais importante é a exploração
comercial das inovações, porque remunera a pesquisa feita pela empresa e previne a imitação.
Outra razão para o patenteamento é o de bloquear concorrentes que possam patentear
inovações semelhantes, o que sugere que as patentes são importantes por razões
concorrenciais.
4.2 MONITORAMENTO DE PATENTES
Segundo o EPO (2008), as informações colhidas das patentes são vitais para muitos
tipos de diferentes profissionais, como: técnicos, pesquisadores, advogados, gerentes, etc.
As informações colhidas no documento das patentes são informações técnicas e legais
que podem vir a ajudar profissionais de várias maneiras como, por exemplo, decidir
estrategicamente quando e como investir em pesquisa de novos produtos:
Verificando o estado da técnica, buscando alguém com a pesquisa feita ou o que já
existe sobre ela;
Frente a um problema técnico, descobrir se houve soluções encontradas e quais são
essas soluções para esse problema;
59
Saber se sua invenção não está infringindo, as patentes de outrem;
Manter-se informado sobre quem está fazendo o quê.
Os detalhes técnicos das pesquisas feitas pelos competidores podem constar nos
documentos de patente bem antes do produto ser lançado no mercado. Ao acompanhar os
documentos de patente, é possível monitorar a concorrência ou localizar possíveis parceiros.
Sem falar na possibilidade em usar informações contidas em patentes que caíram em
domínio público e, por último, acompanhando as publicações de patentes, é possível detectar
tendências da tecnologia ou do mercado, numa fase precoce.
As patentes podem favorecer a inovação e o crescimento econômico em determinadas
condições e dificultá-los sob outros. O impacto das patentes na inovação e no desempenho
econômico é tão complexo que aperfeiçoar um sistema de patentes é fundamental para
garantir o máximo de benefícios para um país na economia global e das suas empresas
(ARAÚJO, 2005 apud CÔRREA e GOMES, 2007).
Em um mundo ideal, quanto maior o número de patentes, maior será o nível de
inovação em um país. Este, por sua vez, conduz ao crescimento econômico e mais dinheiro
investido em pesquisa e desenvolvimento - um círculo virtuoso que só pode existir quando há
um nível suficientemente elevado para a entrada de patentes, mas existem alguns problemas
enfrentados pelas economias mais maduras em relação ao número de patentes, segundo dados
da OECD (2004) existem certas áreas industriais que fazem um depósito muito elevado de
patentes (patentes com pouca qualidade feitas somente como estratégia de proteção
comercial), pois as empresas desses setores absorvem facilmente o custo dos pedidos.
Esse número elevado de patentes (patenteamento defensivo) aliado a burocracia
institucional cria um significativo atraso nas análises de patentes feitas pelos órgãos
responsáveis pelo registro, devido ao consumo de tempo e recursos despendidos para tais fins.
Outro problema é o Patent Troll, um neologismo pejorativo, usado para pessoas ou
empresas detentoras de patentes, mas que não os manufaturam e que se utilizam das Leis para
punir financeiramente os “desavisados”, que laçam produtos com tecnologia parecida, eles
exploram agressivamente uma carteira de patentes, tendo como o seu foco a obtenção de
lucros obtidos por processos penais pelas utilizações de tecnologias que empresas
60
ingenuamente utilizam sem saber que foram patenteadas, não visando à obtenção de lucros
pela produção e pelas novas aplicações da inovação (WILLIAMS e GARDNER, 2006).
A grande preocupação em relação aos Patent Trolls, é que eles estão uma posição para
negociar taxas de licenciamento que estão claramente fora de alinhamento com a sua
contribuição em relação aos custos feitos nas pesquisas do produto (SAG e ROHDE, 2006).
Fazendo com que o risco de pagar preços elevados pelos processos envolvendo patentes que
não se tinha conhecimento e os custos para se manter o monitoramento de tecnologias, eleve
demais o preço do produto.
Alguns afirmam que essa prática beneficia o sistema de patentes e a economia,
sugerindo que eles incentivam o investimento em trazer novos produtos ao mercado, ao criar
um mercado secundário para as patentes, fazendo com que haja um monitoramento
permanente por demandas tecnológicas e fomentando a interação das empresas com os órgãos
de patenteamento (USDOJ, 1995).
O monitoramento de patentes é um processo de acompanhamento numa base periódica
das recém-emitidas patentes, para se verificar se algumas dessas patentes possam ser de
interesse à empresa e podem ser feitos em qualquer base periódica sendo muito comum em
empresas que associam as patentes como vantagem competitiva e como estratégia
empresarial, pois se durante o monitoramento for concluído que existe a possibilidade da
tecnologia pesquisada estar infringindo alguma patente, pode-se:
Modificar seus produtos ou processos para que estes não infrinjam as patentes;
Procurar obter uma licença do detentor da patente;
Verificar se é possível de se encontrar evidências de que essa patente não é válida,
como por exemplo, demonstrando que já existia estado da arte antes do
patenteamento.
O sistema de patentes ainda é o melhor método existente de transferência de
tecnologia, a patente oferece a melhor relação custo-benefício. As opções além do
patenteamento são, entre outras, o know-how e o segredo industrial. O know-how traz a
61
desvantagem de que o comprador não sabe o conteúdo nem os limites do conhecimento
comprado. O segredo industrial apresenta uma desvantagem intrínseca, pois o segredo tem
que ser mantido tanto na empresa quanto por meio de cláusulas específicas nos acordos de
licenciamento com terceiros. As patentes não possuem estas duas últimas desvantagens do
know-how nem do segredo industrial (BRUGIONI, 2006)
4.3 TRANSFERÊNCIA DE TECNOLOGIA
Segundo o MCT, transferência de tecnologia é uma transferência formal de novas
descobertas e/ou inovações resultantes de pesquisa científica administrada pelas instituições
de pesquisa ou empresas para o setor industrial e comercial. Patentear e autorizar o uso das
inovações é uma forma de as instituições de pesquisa transferir tecnologia pronta.
Para Afshari (2003), o termo de transferência de tecnologia denota a um procedimento
formal de transferência de novas descobertas científicas e inovações resultantes da
investigação realizada nas universidades para o setor comercial, sendo que um dos possíveis
canais de transferência seria através da comercialização de patentes pelos escritórios de
transferência de tecnologia.
Para isso o ETT precisaria desenvolver competências na análise e avaliação de
pesquisas com base em inovações, a fim de identificar aqueles com potencial em serem
comercializados. O escritório também precisa adotar uma abordagem proativa, no sentido de
entrar em contato e manter vínculos de relacionamento com pesquisadores, com o objetivo de
identificar as descobertas ou invenções com chances de serem comercializadas. Muitas
oportunidades são perdidas porque os pesquisadores simplesmente ignoram o mercado ou
porque lhes falta tino comercial.
Ainda segundo Afshari, as melhores práticas dos escritórios de transferência de
tecnologia escritório, devem seguir as seguintes linhas de ação:
Proteção a propriedade intelectual - Esta tarefa implica na capacidade do escritório em
desenvolver e implementar rapidamente estratégias de gestão adequadas à propriedade
intelectual. Essas estratégias podem envolver não só no depósito patente, mas também
na proteção do direito autoral, do registro de marcas, da negociação de acordos
62
envolvendo segredos industriais, etc. Freqüentemente, a fim de facilitar a
comercialização de uma determinada tecnologia, será necessário criar portfólios de
patentes em colaboração com outras instituições.
Aumento do valor da propriedade intelectual - A fim de maximizar a comercialização
de patentes e de aumentar as chances de se infiltrar no mercado, antes de entrar em
contato com as indústrias, o escritório poderá aumentar ainda mais o valor da patente,
realizando: prototipagens, ensaios, pesquisa de campo, estudos de mercado e fomento
a novos estudos e pesquisas tecnológicas baseadas nas novas patentes.
Nova maneira de comercializar as tecnologias promissoras - Normalmente, a
comercialização de novas tecnologias é habilitada através de parcerias estabelecidas
com as empresas. No entanto, atualmente e com mais freqüência do que antes,
estabelecer acordos de licenciamento com os agentes industriais existentes pode não
maximizar o potencial comercial da inovação. Em tais casos, as boas práticas
consistem em reconhecer a necessidade de tomar a inovação para o mercado através
de novos canais, como a criação de spin-offs.
Os estudos de Afshari se baseiam nos escritórios de transferência de tecnologia do
Canadá e muitas das suas observações refletem a realidade do sistema patentário e a cultura
da relação universidade-empresa canadenses, mas as boas práticas listadas acima podem ser
vistas como futuras metas ou como novas perspectivas para os escritórios nacionais que
tenham competências para realizar tais tarefas.
4.3.1 Licenciamento
Licenciamento é a autorização de uso da propriedade intelectual desenvolvida pelo
inventor, ou seja: a produção e a exploração comercial de produtos e/ou processos e/ou
serviços que utilizem a propriedade intelectual; o licenciador representa o proprietário da
propriedade intelectual que autoriza a alguém utilizá-la, pelo contrato de licenciamento. E,
finalmente, licenciado denomina a empresa que obtiver o licenciamento para utilizar e
usufruir da propriedade intelectual (LACERDA, 2008).
63
Os licenciamentos feitos por empresários tendem a ser mais bem sucedidos do que
quando feitos pelos próprios inventores. Porém, o inventor-empreendedor pode ser uma
segunda opção quando bem orientado e informado e desde que faça um plano de negócio
sólido do empreendimento O perigo do fracasso do inventor-empreendedor provinha do fato
de a invenção não ser eficiente, as invenções pouco eficientes eram licenciadas pelos
inventores universitários, enquanto as patentes mais eficientes eram licenciadas por empresas
(SHANE, 2002 apud LACERDA, 2008).
Segundo Page (2007), a Stanford University, conhecida pela sua gestão dos escritórios
de transferência de tecnologia, voltada totalmente para a comercialização, tem como receita
de sucesso, a sua grande habilidade em fazer negociações com empresas e sendo o seu
principal trabalho plantar sementes. Como não se tem certeza quais tecnologias terão sucesso
é necessário fechar o máximo de acordos de comercialização quanto possíveis.
Na Stanford University apenas sete patentes geram mais de um milhão de dólares por
ano, representando somente 10% do portfólio de patentes da universidade; têm o potencial em
gerar esse nível de receita. Alguns acordos com baixos retornos financeiros são responsáveis
por cerca de 20 a 30% das comercializações e o restante, cerca de 60 a 70% não geram
receitas significativas (PAGE, 2007).
Outro exemplo é o MIT (Massachusetts Institute of Technology), que possui uma
política muito forte em se comercializar tecnologia, mas não consegue gerar mais do que entre
2 e 5% do seu orçamento total em de pesquisa (NELSEN, 1986).
Nas universidades de maior sucesso dos Estados Unidos, as maiorias dos ETTs
normalmente geram pequenas receitas, não chegando nem ao break even point. E o grande
driver dos ETTS americanos é de primeiramente levar as tecnologias desenvolvidas pelas
universidades ao mercado, e a obtenção de receitas acaba sendo um objetivo secundário
(CORREA, 2007).
Correa (2007) ainda afirma que em países de com baixas atividades de P&D, as Leis
parecidas com a Lei americana, podem levar as universidades a mudar o seu foco, dando
preferência somente a pesquisas comercializáveis, sem houvesse um equilíbrio entre os
interesses e a missão acadêmica e os interesses empresariais.
A implementação de transferência de tecnologia nas universidades estrangeiras foi
iniciada sobre políticas e sistemas organizacionais diferentes, mas na maioria dos casos
64
estudados a decisão foi tomada pela direção central, empenhada e delegando poderes aos
departamentos ou órgãos responsáveis pela transferência de tecnologia para tomarem
iniciativas necessárias na execução da transferência de tecnologia. Outro fator importante foi
a existência, nos respectivos países, de legislação definindo as regras para elaboração dos
licenciamentos. No Brasil, não existe lei específica para definição de licenciamento e
transferência de tecnologia da Administração Pública para o setor privado. O artigo 37 da
Constituição Federal/1988 define os princípios da Administração Pública os quais exige da
entidade pública só executar o definido em lei, e da forma definido em lei. Se não existe lei
para definição dos procedimentos de licenciamento e transferência de tecnologia, os setores
jurídicos de análise do processo ficam sem amparo legal para análise dos contratos de
licenciamento (LACERDA, 2008).
65
5 METODOLOGIA DE PESQUISA
5.1 UNIDADES DE ESTUDO
Essa pesquisa foi baseada em um estudo qualitativo das melhores práticas de gestão de
propriedade intelectual dos ETTs pertencentes às principais universidades do RJ. O estudo
procurou detectar características únicas de práticas de gestão e singularidades de cada
escritório, que poderiam ser replicados ou adaptados por outros escritórios que enxerguem
nessas práticas e singularidades, uma oportunidade de melhoria ou otimização das suas
atividades.
O estudo também aponta os principais problemas enfrentados pelos escritórios e como
alguns deles foram contornados. Segundo Demo (2000), como nenhuma pesquisa é auto-
suficiente os pesquisadores mesclam um conjunto de métodos de pesquisa acentuando-se
mais um ou outro tipo em particular.
5.2 TIPO DE PESQUISA
Esse trabalho é uma pesquisa qualitativa, e uma pesquisa qualitativa é aquela em que
se tem o ambiente natural como sua fonte direta de dados, tais dados coletados acabam sendo
predominantemente descritivos e o significado que as pessoas dão às coisas ganha uma
atenção especial do pesquisador cuja análise dos dados tende a seguir um processo indutivo
(BIKLEN, 1982).
66
Esse trabalho também pode ser considerado um estudo de caso múltiplo, pois estão
sendo procurados os “comos” e os “porquês”, dentro da realidade das unidades estudas, e
cada unidade possui a sua identidade própria, o seu essencial e o seu característico
(MARTINS, 2008). Por ser um estudo de caso múltiplo, não significa que esse estudo é
macroscópico ou generalista, o que é generalizado é apenas a meta da pesquisa (YIN, 2001).
Um estudo de caso se caracteriza pelo seu alto teor descritivo, pois não existe a
intervenção do pesquisador sobre a situação observada, existindo somente a descrição de
como essa situação ocorre e posteriormente a sua análise (MARTINS, 2008).
O estudo de caso também pode ter a sua análise confrontada com outros estudos de
caso feitos ou com novas teorias ou com teorias existentes; onde se pretende estimular o
entendimento do que foi analisado e também possibilitar novos estudos mais profundos e
elaborados.
Baseados nas observações de Tellis (2008) existem quatro características essenciais
que devem ser levadas em consideração durante um estudo de caso:
1) Adaptabilidade: Mesmo que o estudo tenha pressupostos teóricos sólidos, ainda existe
a grande possibilidade de surgir novos elementos que irão requerer novas perguntas e
respostas para que o trabalho seja desenvolvido;
2) Contextualização: O problema estudado está mergulhado em um contexto, ou seja,
existe um recorte situacional que justifica e influencia o problema, a multiplicidade de
fatos que o envolvem e o determinam devem ser considerados e analisados. Não se
podendo também deixar de levar em conta que o comportamento humano e as
competências humanas têm um peso fundamental a ser considerado;
3) Coleta: Para que se tenha um entendimento mais complexo sobre o estudo, é
necessário obter uma variedade de dados, com fontes diversificadas e em diferentes
momentos da pesquisa, lembrando que existem dados que poderão não ser relevantes a
pesquisa. A base de dados obtida orienta a pesquisa e ajuda a responder a questões
como: Que coisas devem ser observadas? Que outros dados precisarão ser colhidos?
Que perguntas precisarão ser feitas?
4) Utilidade Indutiva: As experiências relatadas e as conclusões obtidas pelo pesquisador
não poderão ser generalizadas, mas cada leitor poderá indutivamente fazer a sua
67
generalização naturalística, procurando o que se pode ou não se pode aplicar a sua
realidade e também aproveitar insights oriundos do relato, pois a realidade pode ser
vista sob diferentes perspectivas, não havendo uma única que seja a verdadeira.
Antes de se começar a investigação do estudo de caso, será necessário formar um
protocolo de estudo, que primariamente guiará a pesquisa, delimitando-a e assegurando que
esta tenha mais chances de atingir as metas estabelecidas. Um protocolo de estudo
primeiramente deve ter um tópico geral sobre o que se está pesquisando e os objetivos da
pesquisa precisam ser bem definidos, daí se poderá direcionar mais eficazmente a pesquisa de
campo para começar a coleta de dados, com as fontes diretamente relacionadas ao problema
proposto; pois o pesquisador não tem como prever a qualidade da coleta de dados,
disponibilidade ou acesso aos mesmos; e por isso precisará ter acesso as pessoas que
proporcionarão a maior margem de sucesso nessa coleta (YIN, 2001).
5.3 COLETA DE DADOS
A coleta de dados feita antes da pesquisa pode vir de diferentes fontes, como por
exemplo, documentos, sítios da internet, artigos, teses, dissertações folhetos, etc. Qualquer
documento ou evidências que contribuam de alguma forma para a preparação das pesquisas
de campo, sendo que se deve observar a atualização e veracidade dos dados coletados, para
que o pesquisador não seja levado a cometer erros.
Em relação a essa coleta ela pode ser dividida em pesquisa bibliográfica pesquisa
documental e entrevistas. A pesquisa bibliográfica é um conjunto trabalhos científicos que
foram feitos sobre o problema da pesquisa, sua relevância vem do fato que tais trabalhos
podem fornecer dados atuais e pontos de vista relevantes ao tema escolhido (LUNA,1999).
Já a pesquisa documental, são documentos sobre os tópicos e as unidades estudadas
que não sofreram tratamento analítico, tendo como sua principal característica fontes que são
muito diversificadas e dispersas, como por exemplo, documentos de circulação interna ou
informações em sítios. As entrevistas preparadas com teorias estudadas ou dados coletados
são as fontes mais relevantes de informação durante a pesquisa de campo, pois os dados
68
qualitativos podem ser percebidos mais facilmente, dependendo é claro, da conduta da
entrevista. E quanto à classificação podem ser entrevistas não-estruturadas, estruturadas e
semi-estruturadas.
Nas entrevistas não-estruturadas pesquisador ouve abertamente a fonte, fazendo
perguntas somente para redirecionar a entrevista ou esclarecer alguns pontos, e tendo como
guia para a entrevista, tópicos abrangentes que incitem a conversa.
O pesquisador através dos tópicos permite a fonte ter a liberdade para falar livremente,
onde a informalidade é meio pelo qual se obtém repostas as metas da pesquisa através dos
olhos da fonte e com o maior número possível de dados. A principal vantagem da entrevista
não-estruturada é que se obtêm um maior volume de dados e dados mais abrangentes sobre o
tópico da pesquisa além da espontaneidade das respostas que podem fazer surgir questões de
interesses não contempladas previamente.
Nas entrevistas semi-estruturadas, o pesquisador possui como guia perguntas abertas e
fechadas, que são usadas pelo pesquisador com o intuito de cobrir de maneira mais
direcionada os tópicos de interesse a serem investigados através de explicações ou opiniões.
As questões apesar de serem previamente definidas são feitas dentro de uma conversa
quase informal, pois quando o pesquisador acha que juntou um volume informações
suficientes sobre um tópico ele pode mudar o foco da entrevista para outro ponto de interesse
através de outra pergunta, direcionando a entrevista de maneira que as metas sejam
alcançadas.
As suas vantagens e desvantagens se parecem com as das entrevistas não-estruturadas,
exceto quanto ao volume de dados obtidos que são comedidos à revelia do pesquisador.
Nas entrevistas estruturadas, o pesquisador conta com perguntas fechadas, que são
perguntas bem elaboradas e claramente definidas, sugerindo um leque de respostas menos
abrangentes, respostas simples e diretas ou um número pré-determinado de respostas a partir
das quais que a fonte tem de fazer sua escolha, para que assim haja a possibilidade de se fazer
uma comparação que tenha em foco a divergência de opinião. As perguntas devem ter um
sentido lógico, buscando ter seqüência de pensamento, produzindo uma entrevista contínua e
com um bom fluxo, o mais próximo possível de uma conversa natural.
69
A preparação da entrevista é outro ponto a ser destacado; ela deve prever que os
tópicos ou as perguntas possam tentar direcionar a fonte a atender as metas objetivadas pela
pesquisa, o tema deve ser familiar tanto a fonte quanto ao pesquisador para que não haja ruído
na comunicação dos dois lados, a disponibilidade da fonte e o local onde será realizada a
entrevista têm uma grande importância para que a entrevista decorra com calma e em um
ambiente sem ou com um mínimo de interrupções. O bom desempenho da entrevista varia
diretamente com a preparação prévia das perguntas, do entrevistador e com a colaboração da
fonte.
5.4 METODOLOGIA DO TRABALHO
Nesse trabalho buscaram-se identificar:
1) Singularidades de cada escritório, práticas de disseminação da cultura de propriedade
intelectual;
2) Qualificação do RH;
3) Infra-estrutura ideal para a realização de atividades;
4) Marketing institucional;
5) Políticas institucionais de fomento a proteção de propriedade intelectual.
As lições aprendidas e boas práticas vivenciadas pelas atividades dos escritórios
também serão analisadas.
A Lei de Inovação como visto anteriormente teve uma grande influência na criação
desse pano de fundo em que se encontram os ETTs. Vários documentos bibliográficos foram
usados, como teses, dissertações, artigos e apresentações feitas em seminários pelo país. Sua
importância foi de extrema relevância, pois ajudaram a visualizar a atual situação dos ETTs
no país.
Uma pesquisa documental também foi feita antes e durante a pesquisa, visando reunir
dados sobre os ETTs e sobre as universidades as quais pertenciam, foram coletados também
70
documentos cedidos pelos entrevistados que serviram como apoio a análise das entrevistas
feitas. As entrevistas feitas foram entrevistas semi-estruturadas com perguntas baseadas nos
questionários on-line realizados pelo Fórum de Gestores de Inovação e de Transferência de
Tecnologia (FORTEC) e pela Associação Nacional de Pesquisa, Desenvolvimento e
Engenharia das Empresas Inovadoras (ANPEI), que visavam levantar informações dos NITs
no território nacional. Tais questionários apesar de conterem muitas perguntas fechadas
serviram como um guia para realizar perguntas de cunho mais qualitativo.
As quatro entrevistas tiveram como sujeitos os coordenadores dos escritórios, ou com
os membros mais antigos do staff, que são pessoas que estão diretamente ligadas à gestão da
propriedade intelectual na universidade estudada. Foram feitas ao total quatro entrevistas
entre os meses de Abril e Junho de 2008, tendo como duração média de 50 minutos.
Durante as entrevistas foi explicada a natureza do projeto e o conteúdo das perguntas,
também foi utilizado um gravador a fim de se evitar a perda de dados ou informações
importantes que não estavam contempladas no escopo do questionário, informações surgidas
de forma natural ou informações estritamente vinculadas a atividades particulares do dia-a-dia
dos escritórios.
As entrevistas foram feitas no ambiente de trabalho de cada participante e todos
participantes concordaram com a gravação da mesma. Posteriormente, para o tratamento de
dados, foi feita uma transcrição parcial das partes mais relevantes das entrevistas, para que
houvesse uma melhor análise das sutilezas e subjetividades das informações, bem como ouvir
as gravações a repetidas vezes (tantas quanto necessário).
Bourdieu (1999) ressalta que a transcrição de entrevista não deve ser um ato mecânico
e sim um ato que transcreva também sentimentos e entrelinhas, a fim de traduzir uma
fidelidade que é essencial para a análise qualitativa da pesquisa. O autor defende também a
legibilidade da transcrição, ou seja, limpar o texto de certas frases confusas, redundâncias
verbais, maneirismos e tiques de linguagem.
Tais análises tiveram como base a comparação e destacamento das melhores práticas
de cada escritório em sua ação sobre os assuntos relacionados à propriedade intelectual.
O tratamento dos dados teve cunho qualitativo, feito através de análise e revisões do
ponto de vista gerencial. Informações sobre os escritórios, suas vinculações e sobre a
universidade a qual pertenciam foram colhidas em seus respectivos sítios ou sítios das
71
instituições a qual eram subordinadas caso não dispusessem de página própria, essas
informações serviram para dar mais robustez, praticidade e profundidade as entrevistas.
Foi pesquisado também se a universidade possuía regulamentações de propriedade
intelectual e transferência de tecnologia, pois a universidade expressa por meio de portarias e
resoluções a importância do aspecto legal para uma gestão adequada interna e externa,
especialmente por se tratarem de entes públicos e ao exercer suas atividades, as universidades
devem estar amparadas em suas normas legais e praticá-las por meio de atos administrativos
(SANTOS e SOLLEIRO, 2004).
72
6. ESCRITÓRIOS DE TRANSFERÊNCIA DE TECNOLOGIA
6.1 OS ESCRITÓRIOS DE TRANSFERÊNCIA DE TECNOLOGIA E ANÁLISE DOS
RESULTADOS DA PESQUISA
O movimento de criação dos ETTs no Brasil inicia-se a partir da década de 90 em
vigor de novas leis regentes da propriedade intelectual, introduzidas em conseqüência do
acordo TRIPS. Em particular a Lei de Propriedade Industrial, a Lei nº 9.279/96, em vigor
desde 15/05/97, que regula os direitos e obrigações relativas à propriedade industrial no país e
o decreto 2.553/98, que regulamenta o compartilhamento dos ganhos sobre os resultados de
pesquisa, com o teto de 1/3 para os pesquisadores (SANTOS, 2002).
Para cumprir tais demandas legislativas as universidades passaram a estabelecer suas
políticas institucionais relacionadas ao tema, adequando suas estruturas administrativas,
implementando procedimentos no sentido de proteger e comercializar resultados de pesquisas
e realizando um intenso trabalho de sensibilização sobre a importância do registro da
propriedade intelectual, surgindo assim nesse contexto à mobilização para a criação dos ETTs
no Brasil (RENAULT, 2006).
Os ETTs das instituições estudadas não seguem um modelo padrão de gestão, se
adequando de maneira personalizada a sua realidade e a sua política de gestão de propriedade
intelectual, porém segundo Lahorgue (2005), existem objetivos comuns por trás da
implementação dos ETTs nessas universidades, sendo eles:
73
Prospectar oportunidades no mercado para realização de transferências de tecnologia;
Identificar tecnologias já disponíveis nas universidades passíveis de serem transferidas
para empresas;
Auxiliar no processo de negociação e elaborar os contratos de transferência de
tecnologia;
Elaborar estudos de viabilidade e potencialidades das invenções geradas nas
universidades para fornecer insumos à decisão de patenteamento;
Acompanhamento da implementação dos contratos;
Realização de marketing institucional (voltado para seu público);
Viabilizar a proteção intelectual do conhecimento gerado nas universidades.
Este capítulo se refere à apresentação dos ETTs analisados e dos resultados obtidos
pela pesquisa de campo feita através de entrevistas, com os gestores ou coordenadores dos
escritórios, tendo as seguintes universidades como objeto de estudo: UFF, UERJ, UFRJ e
PUC-Rio.
Procuraram-se identificar, através das percepções alcançadas pelas entrevistas, as
melhores práticas de cada escritório bem como os principais problemas enfrentados na sua
rotina de atividades.
A transferência de tecnologia, nesse caso, toma o enfoque exclusivo sobre o
comportamento e desempenho desses escritórios considerando-se que as futuras atividades
que irão ser desempenhadas pelos NITs convergem com muitas das atividades
desempenhadas atualmente pelos escritórios, como por exemplo: apoio para o relacionamento
com o setor privado, oportunidades para a incubação de empresas, controle de patentes e de
publicações, acompanhamento do processamento de pedidos de patentes e acompanhamento
da manutenção dos títulos de propriedade intelectual da instituição.
A apresentação do tema da pesquisa é feito da seguinte forma: primeiro a apresentação
da universidade estudada; segundo é apresentado o departamento ao qual o escritório é
subordinado, contendo suas competências e atribuições; em terceiro é feita a apresentação do
74
escritório contendo a descrição do mesmo e as suas particularidades; por último é feita uma
consolidação e análise das entrevistas feitas logo abaixo da transcrição da entrevista.
Os escritórios de transferência de tecnologia servem à universidade como um
facilitador e um fomentador de relações com empresas do setor privado, porém os escritórios
necessitam de práticas e de pessoas com competências associadas ao universo desse setor.
As entrevistas feitas pretendem demonstrar parte know-how adquiridos pelos
escritórios por meio do esforço e determinação dos membros que compõe as equipes de cada
instituição. As entrevistas foram dividas em cinco tópicos:
1) Singularidades Busca identificar as principais competências desenvolvidas pelo
escritório, e contém informações relevantes que não se encaixam em nenhum dos
tópicos abaixo.
2) Disseminação Busca identificar as principais práticas de disseminação de
propriedade intelectual, seus métodos de abordagem e escopo.
3) RH Busca levantar quais são as atividades terceirizadas e também identificar o
dimensionamento e capacitação dos recursos humanos do escritório.
4) Infra-estrutura Busca verificar se os escritórios estão capacitados para atender a
demanda interna e se os recursos disponíveis são suficientes para o seu funcionamento
pleno.
5) Política Busca verificar qual é o posicionamento da universidade frente à questão de
proteção à propriedade intelectual e até onde esta questão é importante, em relação aos
objetivos da gestão administrativa atual.
Os tópicos a serem desenvolvidos abaixo, tentam na medida do possível extrair as
principais informações de conteúdo considerado pertinente a gestão e manutenção de ETTs. A
ordem da apresentação das análises foi feita de acordo com a ordem cronológica das
entrevistas feitas, ficando da seguinte maneira: UFF, UFRJ, UERJ e PUC-Rio.
6.2 A UFF UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE - APRESENTAÇÃO
75
A Universidade Federal Fluminense é uma instituição pública de Ensino Superior com
sede em Niterói, no Estado do Rio de Janeiro, atualmente, a UFF é constituída por quatro
centros universitários - estudos gerais, estudos sociais aplicados, Tecnológico e Ciências
Médicas. Nestes Centros, situam-se 26 unidades universitárias, 84 departamentos de Ensino,
69 cursos de graduação, 43 programas de pós-graduação stricto sensu, sendo 21 de
mestrado/doutorado e 22 de mestrado, 161 cursos de pós-graduação lato sensu, 115 cursos de
extensão e 2 colégios agrícolas.
Em 2006, a UFF contava, no ensino superior, com 2.287 docentes em seu quadro
permanente, sendo que 84,7% são doutores e mestres. O corpo discente era formado por
23.697 alunos de graduação, 3.185 de pós-graduação stricto sensu e 4.133 alunos de pós-
graduação lato sensu especialização (dado de dezembro de 2001), 124 de residência médica e
609 de ensino técnico (Colégio Agrícola Nilo Peçanha - 312 e Colégio Técnico Agrícola
Ildefonso Bastos Borges - 297).
A pós-graduação stricto e lato sensu cresce de maneira significativa, tanto em
números como em reconhecimento acadêmico, conforme demonstram os conceitos obtidos na
avaliação da CAPES. No conjunto de indicadores adotados pelo CNPq, FINEP e MEC, a UFF
vem galgando posições destacadas no conjunto das universidades brasileiras.
O reconhecimento por parte da comunidade, em nível regional, do ensino que ministra
é hoje motivo de satisfação. Os cursos de graduação que a UFF oferece são majoritariamente
avaliados de forma bastante positiva pelos mecanismos oficiais. A demanda pelos cursos da
UFF supera, em determinados casos, a de instituições congêneres mais tradicionais do estado.
6.2.1 A UFF Universidade Federal Fluminense CPCT
A Coordenação de Projetos Científicos e Tecnológicos (CPCT), ligada à Pró-Reitoria
de Pesquisa e Pós-Graduação (PROPP), promove atividades de inovação e de pesquisa
científica e tecnológica desenvolvidas em parceria com empresas, universidades, centros de
pesquisa, órgãos governamentais e entidades. Tendo como alguns objetivos específicos:
76
Integrar as atividades de pesquisa e desenvolvimento tecnológicos feitas na
universidade com a Incubadora de Empresas da UFF e o Escritório de Transferência
do Conhecimento. Uma das prioridades é identificar conhecimentos, tecnologias e
idéias desenvolvidas que possam dar origem a novas empresas e produtos inovadores.
Buscar a transferência de conhecimento produzido na UFF para as empresas incubadas
através de assessoria e projetos de cooperação.
Identificar, estimular e/ou desenvolver empreendedores, tanto empresários quanto
estudantes, através de parcerias com os laboratórios e grupos de pesquisa da UFF;
Propiciar sinergia entre o Laboratório de REDEL (Reestruturação Produtiva e
Desenvolvimento Econômico Local), com o NEICT (Núcleo de Estudos em Inovação,
Conhecimento e Trabalho), com o ETco (Escritório de Transferência do
Conhecimento), com o Núcleo de Empreendedorismo UFF e, finalmente, com as
Empresas Juniores, estruturas estas que são partes integrantes da UFF, de forma a
construir um ambiente mais favorável à identificação de conhecimentos e tecnologias,
bem como da transferência destas tecnologias para as empresas.
Realizar um workshop com objetivos de promover a aproximação entre pesquisadores
e empresários de forma que possam a partir daí, firmar parcerias com as empresas
incubadas, divulgando conseqüentemente a incubadora.
Gerenciar o Projeto de Incubadoras de Empresas da UFF e do Escritório de
Transferência do Conhecimento. Esta coordenação é a instância preferencial de
contato e informação seja para as empresas ou órgãos governamentais que desejam
estabelecer algum tipo de cooperação com a UFF, seja para professores que buscam
desenvolver alguma atividade de pesquisa e desenvolvimento tecnológico em
cooperação com a iniciativa privada
6.2.2 Escritório de Transferência de Conhecimento ETco
O ETco criado em 2003 e ligado à CPCT, da PROPP é o órgão responsável por
estabelecer políticas de estímulo à transferência de tecnologia e pela regulamentação dos
direitos relativos à propriedade industrial e aos programas de computador no âmbito da
77
Universidade Federal Fluminense, sendo um escritório de registro de patentes que tem como
prioridade identificar conhecimentos, tecnologias e idéias desenvolvidas no âmbito da UFF
que possam dar origem a inovações tecnológicas com potencial mercadológico e que podem e
devem se tornar produtos acessíveis à sociedade.
Cabe ao ETco a incumbência da formalização, encaminhamento e acompanhamento
dos pedidos da UFF junto ao INPI e a outros órgãos encarregados de registrar a propriedade
industrial no País e no exterior, bem como registrar os programas de computador.
Quando algum pesquisador desenvolve alguma invenção, modelo de utilidade,
desenho industrial ou programa de computador, deve-se contactar o ETco para conseguir
informações de como proceder para a proteção da propriedade intelectual.
A CPCT, através do ETco, se incumbe da formalização, encaminhamento e
acompanhamento dos pedidos da UFF junto ao INPI e a outros órgãos encarregados de
registrar a propriedade industrial no país e no exterior, bem como registrar os programas de
computador.
O objetivo do ETco é o estímulo às inovações que possam efetivamente se transformar
em produtos, todo projeto potencial é analisado do ponto de vista técnico e comercial.
Sendo uma das atribuições desse escritório encontrar parceiros para investir no
desenvolvimento e na comercialização do produto ou orientar o autor da inovação a incubar
uma empresa na Incubadora de Empresas de Base Tecnológica da UFF. As inovações que
tenham relevância tecnológica e um amplo impacto social podem ser protegidas, mesmo se o
pesquisador não tenha o interesse expresso em comercializá-las.
6.2.3 Observações relevantes da entrevista
A entrevista foi realizada com a coordenadora do ETco: MARIA HELENA
TEIXEIRA DA SILVA GOMES.
Quanto às singularidades:
“Quanto à seleção de pedidos de patente, nós
adotamos a seguinte política os pesquisadores que nos procuram
com inventos que tem uma base sólida de pesquisa são selecionados
78
porque só assim é possível redigir um pedido de patente bem
fundamentado. Houve um caso de uma pessoa que desenvolveu um
tipo de curativo, e esse curativo dava certo e era utilizado no
Hospital, mas não tinha pesquisa para sustentá-lo e sem isso não
consigo nem começar a escrever o pedido.”
“Escrever um pedido de patente não é algo que eu
consiga escrever sozinha, normalmente isso é algo que eu faço junto
com o professor, por exemplo, na hora de checar a anterioridade é
fundamental estar junto do professor para que se possa identificar
claramente se existe algum produto que já tenha sido patenteado.
Também são fornecidos pelos professores, trabalhos anteriores sobre
o invento para que eu possa ir montando o pedido de patente, mas
chega um momento que é preciso uma aproximação maior com eles
para se conseguir dados específicos. Alguns professores que tem certo
conhecimento em redação de patentes e conseguem adiantar meu
trabalho estruturando um rascunho para o pedido de patente.”
“Eu acredito que os documentos de patente têm um
papel de disseminar o conhecimento na sociedade, tornando público o
desenvolvimento do invento. Porque permite que as pessoas tenham
acesso a esse conhecimento, pois não necessariamente aqueles que
patenteiam são aqueles que se importam em publicar a pesquisa,
afinal não está escrito que todas as pesquisas partem de
acadêmicos.”
“Existe também a possibilidade de que empresas se
interessem em investir em uma área, elas poderão através das
patentes conhecerem o estado da técnica hoje. E se quiserem produzir
coisas novas; que partam dali ou usem patentes que caíram em
domínio público.”
“Tenho interesse também em comercializar as
patentes e pretendo entrar em contato com a incubadora para tentar
realizá-lo. Não faz sentido gastar dinheiro sem ter nenhum retorno,
pois a função social do escritório e fornecer esse conhecimento
tecnológico para a sociedade através do mercado.”
“Para mim todas as coisas são tão novas que eu não
me atrevo dizer que isso ou aquilo é melhor. Mas uma coisa que valeu
a pena ter feito foi o contato com escritórios privados e a relação com
os professores na hora de redigir as patentes.”
Quanto às práticas de disseminação:
“No passado fizemos ações de disseminação que foram
possíveis graças à situação que era um pouco melhor. Nós realizamos
cinco encontros na UFF, que eram seminários para discussão de
propriedade intelectual que tinham como convidadas pessoas de
outras universidades não só do RJ, mas também de outros estados.”
“Participo também de algumas aulas de graduação em que
eu faço uma aula sobre propriedade intelectual, dentre essas tenho
um espaço fixo no calendário de uma disciplina que pertencente à
área de engenharia mecânica. Tenho me esforçado para que outros
professores me incluam para fazer parte das aulas deles e também
ministro uma disciplina eletiva que fala sobre propriedade intelectual,
em particular a propriedade industrial.”
“Devido a situação atual do ETco, eu mesma vou aos locais
de trabalho dos professores para investigar o trabalho da patente e
79
com isso sempre acabo fazendo um pouco de publicidade do trabalho
do escritório, pois não é difícil algum professor me procurar depois
para esclarecer alguma dúvida.”
“Eu não sei se os professores têm resistência. em relação à
proteção da propriedade intelectual. Eu não tenho dados para
afirmar nada, mas o que os professores conhecem é a publicação; e
os órgãos do governo incentivam isso. O que acontece é que poucos
sabem o que é propriedade intelectual e o valor que a patente tem
hoje em dia para o pesquisador. Existe muito desconhecimento.”
Quanto ao RH:
“Minha área de formação não me dá muito suporte na parte
de redação de patentes e por isso a relação com os pesquisadores é
fundamental.”
“Os processos de licenciamento, apesar de nunca terem sido
feitos, pois não temos patentes, aqui somente pedidos de patentes, têm
um conhecimento muito particular pelo o que pude perceber. São
necessários conhecimentos sobre contratos, sobre pesquisa de
mercado; enfim uma parte toda complicada demais para que eu possa
dar conta sozinha.”
“O escritório costumava ter uma aproximação maior com a
procuradoria, pois esse setor também é o responsável pelos contratos
de licenciamento que envolve a titularidade da UFF. Aproximar o
trabalho do ETco com a procuradoria é meta que eu tenho, pois não
tenho a fantasia de que poderei adquirir tais conhecimentos legais.”
“Até um tempo atrás, nós tínhamos uma estagiária de
economia que estava sendo treinada para atuar na área de pesquisa
de mercado, procurando as demandas tecnológicas existentes, mas
depois do fim do período do estágio ela nos deixou e foi trabalhar em
um ETT privado. Isso é um problema porque os estagiários levam
certo tempo para serem treinados, e depois simplesmente levam o
conhecimento embora com o fim do estágio.”
“Tínhamos um acordo de cavalheiros com um ETT privado
que nos abriu portas para conversar com profissionais da área, como
pessoas que entendiam de capital de risco.”
“Se eu pudesse sonhar com um RH ideal para o escritório,
eu escolheria pessoas da universidade que tivessem um vínculo
estável com ela, e que elas fossem da área de direito, economia,
biblioteconomia, português ou informática. Gostaria de pessoas que
pudessem montar também um banco de dados para ser usado pelo
escritório, de maneira que à medida que as pessoas saíssem o
trabalho não precisaria ser começado do zero. Ter estagiários aqui
também é fundamental para que o escritório possa preparar pessoas
para enfrentar esse mercado.”
“Existe uma possibilidade aberta pela universidade de que se
possa contratar escritórios privados com experiência em administrar
a propriedade intelectual, porém esses escritórios possuem a
desvantagem de não terem a mínima obrigação de contratar
estagiários da UFF, e é um espaço que não funcionaria dentro da
universidade. A UFF deve ter pessoas e conhecimentos para poder
lidar com essa área porém, não posso afirmar o que seria melhor.”
80
Quanto à infra-estrutura:
“O escritório está restrito a esse local, sem comunicação a
Internet e sem computador. O telefone foi instalado no mês passado e
hoje em dia, apenas eu estou trabalhando aqui.”
“Hoje em dia estimular os professores a vir aqui é temerário,
porque eles irão me procurar e não existe infra-estrutura. O que eu
posso fazer é atender quem me procura e não posso fazer uma
propaganda, pois não vou conseguir responder a demanda.”
“Estamos disponíveis no site da PROPP e como estamos sem
telefone, é passado o meu celular para que eu possa atender aos
professores.”
“Um grande problema que tivemos foram às constantes
mudanças de local do escritório, porque a cada mudança perdíamos a
referência e contatos com grupos de interesse, pois as pessoas não
sabiam como nos achar.”
“Eu acredito que essa é uma fase temporária, pois estamos
construindo um prédio para o setor de propriedade intelectual onde
será inserido o escritório e a incubadora de empresas. Mas não me
aventuro, a incentivar a procura dos professores porque pode até
causar um efeito negativo.”
“Os recursos disponibilizados para o escritório são todos
bancados exclusivamente pela UFF.”
Quanto à política:
“Eu acredito que com a Lei da Inovação e as
obrigatoriedades impostas por ela, à universidade e a sua política
podem ter um papel fundamental na disseminação da propriedade
intelectual, pois hoje em dia apesar da boa-vontade da administração
não existe esse estímulo. Só que os problemas em relação à
disseminação são mais estruturais do que políticos.”
Segundo a norma interna 518, a titularidade da patente de
um produto desenvolvido dentro da universidade é da universidade,
sendo os autores os inventores da patente. Mas a norma deixa
brechas para a discussão da titularidade ou qualquer outro tipo de
discussão de negociação”
“O benefício econômico do pedido de patente é dividido
entre inventores, departamentos e o ETT devido às despesas que o
pedido de patente envolve.”
Consolidação de dados e análise da entrevista:
Quanto à checagem de anterioridade e a redação do pedido de patentes, é estabelecida
uma relação entre o próprio pesquisador e o RH do escritório no desenvolver dos dois
processos. Essa prática tem como principais vantagens, a aproximação entre o escritório e o
pesquisador, um maior entendimento pelo pesquisador em relação à difícil tarefa de redigir a
81
patente, um marketing em relação às atividades desempenhadas pelo escritório e a
oportunidade dada ao pesquisador de poder desenvolver uma nova perspectiva sobre o seu
trabalho.
A busca da anterioridade, pode em algum momento promover o hábito no pesquisador
em usar esse procedimento durante suas pesquisas, visando verificar o atual estado da arte e
também economizar os recursos públicos despendidos durante sua pesquisa, além de poupar
tempo.
É percebido que tais práticas originam-se da grande demanda de competências
exigidas das atividades do escritório que envolve a gestão da proteção à propriedade
intelectual na universidade e também por causa da precária infra-estrutura.
Contando com apenas um profissional o ETco, não tem meios de lidar de forma plena,
com a pluralidade de detalhes dessas atividades. Mesmo se capacitando e se reciclando com
cursos, fica evidente a necessidade de formação de equipes multidisciplinares e a presença de
membros que tenham algum conhecimento em lidar com o mercado.
A instabilidade da equipe também foi um ponto abordado, como uma fonte de
problemas para o escritório, pois a perda de know-how desarticula o desempenho do escritório
ocorrendo um dispêndio de esforços para se capacitar profissionais sem que haja um retorno.
A documentação de procedimentos e a formação de um banco de dados pode ser uma das
alternativas quanto à instabilidade da equipe, porém não foi sugerida na entrevista, a formação
de equipes via concursos públicos.
Uma possível solução mencionada seria a terceirização de algumas atividades, através
dos escritórios privados, com a possível desvantagem de haver um enfraquecimento de
vínculos com a universidade. O que provavelmente não ocorreria com pessoas que já fossem
vinculadas (como os advogados da procuradoria), mas o contato com esses escritórios não é
de todo descartado pois o seu know-how se mostrou de extrema importância, servindo como
um ponto de apoio contra as barreiras encontradas pelo ETco.
Outro problema apontado foi quanto à infra-estrutura do escritório, até o período da
entrevista se encontrava em situação crítica, e é um bloqueio às suas atividades. No momento,
este aspecto está sendo a sua principal fraqueza e o principal entrave para a sua atuação. As
constantes mudanças da localização do escritório contribuíram com perda de contato com os
pesquisadores.
82
O escritório carece de um sítio próprio mais elaborado, pois o sítio atual não contém
informações sobre a propriedade intelectual ou contém informações erradas, como por
exemplo, o endereço. Não há também informações sobre realizações do ETco e como é sua
atuação.
A atuação atual sobre a disseminação da proteção à propriedade intelectual acontece,
principalmente, através de uma disciplina oferecida ao curso de graduação da engenharia
mecânica, e da oferta de uma disciplina eletiva. No passado o escritório atuou promovendo
seminários de propriedade intelectual com a presença de profissionais de outras
universidades.
O escritório até o período da entrevista não teve ainda nenhuma patente
comercializada, mas manifestou uma primeira intenção em fazer a comercialização através da
incubadora de empresas da UFF. Hoje o escritório depende totalmente da universidade para
conseguir seus recursos.
Quanto à política há uma percepção do escritório sobre a pouca participação da
universidade em relação à disseminação da cultura de proteção à propriedade intelectual,
principalmente pela falta de infra-estrutura. O apoio da universidade e a sua política refletem
diretamente no atual estado do escritório.
6.3 A UFRJ UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO APRESENTAÇÃO
A Universidade Federal do Rio de Janeiro possui dois campi (Ilha do Fundão e Praia
Vermelha) e unidades isoladas na cidade do Rio de Janeiro como a Faculdade de Direito, o
Instituto de Filosofia e Ciências Sociais, o Museu Nacional, o Observatório do Valongo e o
Núcleo de Pesquisas Ecológicas de Macaé (NUPEM).
A UFRJ compreende, além dos cursos de graduação e pós-graduação, o Museu
Nacional, no bairro carioca de São Cristóvão, e 8 hospitais universitários: Hospital
Universitário Clementino Fraga Filho, Hospital-Escola São Francisco de Assis, Instituto de
Ginecologia, Instituto de Neurologia Deolindo Couto, Instituto de Psiquiatria, Instituto de
Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira, Instituto de Doenças do Tórax e Maternidade-
Escola, além de outras unidades distribuídas pela cidade.
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A UFRJ possui 3.156 docentes, 33.590 alunos da graduação e 14.363 alunos da pós-
graduação. Entre os. A editora da universidade publica 18 livros por ano, em média e várias
empresas mantêm centros de pesquisa no campus da Ilha do Fundão, como o CENPES
(Centro de Pesquisas da Petrobrás).
6.3.1 A UFRJ Universidade Federal do Rio de Janeiro PR5
A Pró-Reitoria de Extensão (PR5) é responsável pela coordenação de programas e
projetos de extensão, supervisão e controle de sua execução pelos centros e unidades
universitárias; planejamento e supervisão do programa de atividades culturais, desportivas,
recreativas e extracurriculares no âmbito da extensão; articulação com entidades públicas e
privadas com vistas a elaborar planos para inserção do corpo discente em atividades de
extensão associadas a programas e projetos oriundos de políticas públicas, bem como, com
outros segmentos do setor produtivo para a viabilização de parcerias no âmbito da extensão.
A UFRJ entende que, a extensão, é uma atividade acadêmica identificada com os fins
da universidade e é um processo educativo, cultural e científico, articulado com o ensino e a
pesquisa, de forma indissociável, ampliando a relação entre a universidade e a sociedade.
Apresentando-se como uma via de mão dupla na qual a comunidade acadêmica tem a
oportunidade de aplicar seus conhecimentos em benefício da sociedade. No retorno à
universidade, docentes, discentes e técnicos administrativos trazem um aprendizado que
submetido à reflexão teórica se acrescenta àquele conhecimento, possibilitando a geração de
novos saberes.
O PR5 é formado por 8 departamentos:
1) Gabinete de Pró-Reitora de Extensão;
2) Superintendência Geral de Extensão;
3) Superintendência Acadêmica de Extensão;
4) Divisão de Cultura e Esporte DCE;
84
5) Divisão de Integração Universidade Comunidade DIUC;
6) Divisão de Educação DE;
7) Divisão de Propriedade Intelectual e Transferência de Tecnologia DPITT (Agência
UFRJ de Inovação);
8) Divisão de Atividades Gerenciais DAG.
6.3.2 Agência UFRJ de inovação
Em função da relevância da propriedade intelectual numa conjuntura econômica
globalizada e, em particular, para o desenvolvimento tecnológico do país e da demanda
reprimida da UFRJ, onde os pesquisadores procuravam a Reitoria para proteger suas criações
intelectuais além da crescente demanda esperada de pesquisadores querendo resguardar seus
direitos sobre as tecnologias desenvolvidas na universidade surgiu à necessidade da criação de
um núcleo de apoio, com estratégia de atuação alinhada a outras instituições públicas.
Foi criada a Agência UFRJ de Inovação subordinada a Pró-Reitoria de Extensão -
PR5, conhecida anteriormente como Divisão de Propriedade Intelectual e Transferência de
Tecnologia (DPITT), e criada como Coordenadoria de Atividades de Propriedade Intelectual
(CAPI) em 2001. Tem como atribuição: coordenar as atividades de proteção e transferência
dos direitos de propriedade intelectual de titularidade da UFRJ. Anteriormente a criação da
CAPI, a Fundação Bio Rio efetuou o depósito de algumas patentes da UFRJ, sendo que as
mesmas já foram resgatadas e hoje são acompanhadas pela agência.
A Agência UFRJ de Inovação vem trabalhando no sentido de disseminar entre seus
pesquisadores, a cultura de proteção de suas criações intelectuais. A proposta do escritório é:
primeiro proteger e depois publicar, alavancar o número de depósitos de patentes da UFRJ. E,
como objetivo final, licenciar as tecnologias geradas para o setor produtivo, a fim de auferir
ganhos econômicos (royalties).
As invenções, novos usos para tecnologias existentes e produções com utilização
industrial podem ser registradas, fazendo com que seu uso comercial só seja permitindo
85
mediante licença do proprietário. A titularidade da tecnologia é da universidade onde ela foi
desenvolvida e os pesquisadores constam como seus inventores.
Atribuições da Agência:
Zelar pela manutenção da política institucional de estímulo à proteção das criações,
licenciamento, inovação e outras formas de transferência de tecnologia;
Classificar os resultados decorrentes de atividades e projetos de pesquisa para o
atendimento das disposições da Lei nº. 9.279/96 Lei de Propriedade Industrial;
Opinar quanto à conveniência da publicação das criações desenvolvidas na UFRJ,
passíveis de proteção intelectual, antes das devidas proteções;
Promover a proteção das criações desenvolvidas na UFRJ;
Acompanhar o processamento dos pedidos e a manutenção dos títulos de propriedade
intelectual da UFRJ;
Criar a Comissão de Avaliação de Propriedade Intelectual com a finalidade de avaliar
a pertinência da proteção legal do resultado da pesquisa no âmbito da UFRJ;
Criar Banco de Patente como instrumento de informação tecnológica;
Participar junto com os inventores, assessoria jurídica e empresa das negociações dos
contratos de licenciamento das tecnologias de propriedade da UFRJ.
Promover a distribuição dos ganhos econômicos (royalties) resultantes das
negociações entre UFRJ e o Setor Produtivo;
Coordenar a criação e implementação do NIT/UFRJ em articulação com as unidades
da UFRJ;
Promover a divulgação dos resultados obtidos com a proteção e negociação das
criações intelectuais;
Difundir no âmbito da UFRJ a cultura de proteção, através de seminário de
conscientização do sistema patentário;
86
Participar da elaboração do relatório anual da PR-5.
Inoportunamente, durante a mudança de gestão na reitoria da UFRJ, em 2003, os
trabalhos desenvolvidos ficaram estagnados durante oito meses. O escritório, não pôde
receber nenhuma nova demanda e apenas manteve os processos já existentes.
6.3.3 Observações relevantes da entrevista
A entrevista foi realizada com o coordenador-adjunto da Agência UFRJ de Inovação:
ROGÉRIO FILGUEIRAS.
Quanto às singularidades:
“Em 2006 ganhamos o prêmio da FINEP, o edital de
estruturação dos núcleos de inovação, e com esse prêmio iniciamos
uma obra de ampliação do escritório, pois o espaço disponibilizado
anteriormente era muito menor. Se não me engano o projeto é de
quase 400 mil reais para dois anos.”
“Angela Uller assim que veio para a Pró-Reitoria de Pós-
Graduação e Pesquisa, fez uma proposta a reitoria de criar uma
Agência de Inovação, tal agência absorveria o DPITT e seria
responsável por outras funções, além de proteger e transferir
conhecimento, como por exemplo, captar recursos por meio de
monitoramento de editais, criação de empresas juniores, trabalhos de
pré-incubação de empresas e difusão de conhecimento.”
“Existe uma quantidade muito grande de recursos advindos
de editais nacionais e internacionais, faltando apenas existir mais a
divulgação deles. No último encontro do FORTEC em Gramado, o
Presidente da CAPES chamou a atenção dos NITs em relação à
grande disponibilidade de recursos disponíveis na CAPES, que não
estão sendo usados pelos núcleos. Porém, não se sabe se foi uma
falha dos núcleos em monitorar os editais ou uma falha da CAPES em
divulgá-los.”
“Recentemente estivemos com a Beatriz Amorim que
trabalhou no INPI, mas agora está na OMPI, coordenando o setor
responsável pelo treinamento em propriedade intelectual na América
Latina, ela afirmou que existem muitos recursos disponíveis, mas
ninguém os pede. Realmente existe um grande desconhecimento nessa
área.”
A Agência ainda não realiza estudos de mercado por
demandas tecnológicas, normalmente trabalhamos com as empresas e
pesquisadores que vêm nos procurar, nós também orientamos as
empresas, quando necessário, a entrar em contato com empresas
juniores ou incubadoras. No futuro pretendemos articular, as
87
incubadoras, as empresas juniores e a Agência de Inovação, a fim de
direcionar os esforços para um mesmo fim, além de fazer um
levantamento sobre as principais linhas de pesquisa e o que as
pessoas estão desenvolvendo dentro da UFRJ.”
“A demanda aqui na UFRJ é reprimida, e que ainda virá em
quantidade. Temos uma grande discussão interna, em relação ao
depósito de patentes, nós fazemos o pedido caso ele tenha alguma
consistência técnica sem muita preocupação em comercializá-lo, mas
o que acontece é que os pedidos de patentes e as patentes paradas
dão muita despesa, por isso pretendemos fazer um comitê de
avaliação de patentes para avaliar a comercialização delas,
possivelmente através de um estudo de mercado, conseguindo assim
mais recursos para o escritório. A proposta da formação do comitê de
avaliação, no entanto tem um forte teor político, e na verdade
precisaria ter um conteúdo mais técnico e por isso a idéia de criar o
comitê precisaria amadurecer um pouco, principalmente para
podermos orientar mais consistentemente os pesquisadores.”
“Conhecemos pessoas de NITs de todo o país, todo mundo
começando e querendo aprender. A comunidade é muito unida e é
com certeza um patrimônio intangível muito valioso.”
“A iniciativa de comercializar as patentes acabam partindo
da própria pessoa, que se interessa em utilizar a nova tecnologia. Por
enquanto, nós só ajudamos na articulação.”
“Com algumas empresas, como a Petrobrás, por exemplo,
que quando desenvolve e investe na pesquisa, exige a titularidade da
patente, é uma relação muito difícil, pois eles entendem que como eles
investiram na pesquisa, as patentes deveriam pertencer a eles. O
problema é que nem sempre eles comercializam as patentes usando
elas apenas com estratégia de mercado. Isso não é interessante para a
universidade, pois o objetivo é transferir o conhecimento para a
sociedade.”
“A proatividade é uma característica essencial, pois hoje
tudo é muito novo e muitas das perguntas ainda não tem resposta,
algumas coisas eu sei, outras sei onde encontrar, e as demais temos
que descobrir juntos, afinal o escritório trata com a inovação.
Precisamos também nos espelhar em experiências que tenham sido
bem sucedidas aqui e no exterior e criar o nosso próprio sistema, pois
a UFRJ pelo seu tamanho se encontra um pouco defasada.”
Quanto às práticas de disseminação:
“Nós estamos criando uma página na Internet e também
temos um logo, esperamos com isso ter a nossa identidade visual.
Pretendemos também disponibilizar o nosso portfólio de patentes on-
line através do nosso site na internet e no futuro talvez juntar o
portfólio de toda UFRJ.”
As empresas juniores servem para nós como canais de
divulgação para os alunos, sobre a propriedade intelectual. E os
alunos por sua vez, nos servem também como agentes disseminadores
para mais alunos.
O boca-a-boca acaba sendo o nosso principal instrumento.
Estamos levantando em todas as unidades disciplinas que tem em sua
ementa algum assunto sobre propriedade intelectual, para podermos
88
utilizá-los como veículos de disseminação e também vamos criar
disciplinas específicas sobre o assunto.”
Quanto ao RH:
Infelizmente, o escritório perdeu musculatura, pois da
equipe antiga, o único que permaneceu no escritório fui eu. Então eu
trouxe todo esse know-how de como a gente trabalhava, mas. com a
entrada da nova equipe, se perde tempo em treinamento e a
consistência do trabalho vai embora. Hoje temos um novo
coordenador, além de mim como coordenador adjunto; temos também
uma pessoa que trata da inovação social e das empresas juniores;
temos uma secretária administrativa; temos três estagiárias
conseguidas através do edital da FINEP, pertencentes às áreas de
biofísica, engenharia química e farmácia; contratamos uma pessoa
que tem conhecimento em propriedade intelectual vinda da
COPPETEC que será responsável pela parte de patentes;
contratamos também mais dois advogados através do edital da
FINEP com bolsa do CNPq e que serão responsáveis pela área de
contratos; e teríamos mais uma pessoa responsável pela parte técnica
e com experiência em trabalhos envolvendo propriedade intelectual,
pois toda essa parte hoje é terceirizada.”
O pesquisador passa um formulário para a gente e nós o
encaminhamos para um escritório privado que nos ajuda a elaborar o
pedido. Nesse momento, no entanto nossa capacidade já se encontra
esgotada, devido à estrutura atual do RH. No futuro e aos poucos
pretendemos usar cada vez menos o escritório privado, mas sem
perder o contato com as pessoas de lá, pois para os depósitos no
exterior precisaremos dos correspondentes internacionais.”
“A apesar de que trabalhar ou não com um escritório
terceirizado depende muito da estratégia e visão do gestor do
escritório, mas caso o escritório não tenha recursos para formar uma
equipe, terceirizar algumas partes vale a pena. Só que na UFRJ
terceirizar não se justifica devido ao porte da universidade.”
A diversidade de disciplinas que envolvem as pesquisas de
patente faz com que nós procurássemos diversificar o nosso RH, como
acontece, por exemplo, com a formação das estagiárias que vêm de
diferentes áreas e também pela contratação de profissionais que
variam de acordo com os projetos conseguidos, e para manter esse
pessoal temos que fazer uma ginástica para conseguir novos projetos
e também abrir concursos e criar uma carreira para se ter uma
equipe fixa, e aí sim, falar em treinamento e capacitação e evitar a
perda de know-how.”
Quanto à infra-estrutura:
“Pretendemos mostrar a cara na universidade, ir até as
unidades e divulgar o nosso trabalho, hoje a postura reativa se dá em
relação à infra-estrutura que não acolheria a demanda da
universidade.”
“Estamos pensando no futuro em criar postos avançados do
escritório para melhor atender os pesquisadores que se encontram
dispersos nas diferentes unidades da universidade. Sem falar que no
escritório atual só cabem nove pessoas e logo, estaremos com a
capacidade máxima.”
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“A infra-estrutura antes das reformas feitas através dos
recursos da FINEP também atrapalhava o desenvolvimento dos
trabalhos do escritório, pois o espaço era muito reduzido e tínhamos
apenas dois computadores. Com a obra compramos mais dois e
ampliamos o nosso espaço.”
“Os recursos da universidade são poucos e os recursos
gerados pela comercialização de patentes não é muito, mas ajudam a
manter o escritório. Existe aqui uma pequena autonomia, mas
estamos longe de ser independentes, pois se nós quisermos crescer vai
faltar dinheiro e por isso procuramos desenvolver projetos grandes
que alavanquem os nossos recursos, o lema da agência é: começar
pequeno, pensar grande e andar rápido.”
Quanto à política:
“Houve uma mudança na estrutura organizacional do
escritório, que mudou da PR3 (Pró-Reitoria de Pesquisa) para a PR5
(Pró-Reitoria de Extensão), motivada pela troca do Pró-Reitor, que
de certa forma não queria dar continuidade ao nosso trabalho.
Surgindo assim com a mudança de Pró-Reitoria a agência, não tendo,
no entanto, nenhuma formalização por meio de portaria.”
“Eu enxergo que um gargalo aqui talvez fosse a cultura da
propriedade intelectual, pois algumas pessoas ainda não aceitam bem
a idéia de proteger o conhecimento através das patentes e da
aproximação com empresas. Eu pessoalmente não vejo desvantagem
nisso mas a discussão é positiva, e é assim que se melhora.”
“Mas tarde pretendemos fazer indicadores de desempenho,
mas não temos estrutura ainda, precisamos fazer uma resolução e
criar normas, mas temos que aproveitar uma oportunidade quando
surgir um bom momento político.”
Consolidação de dado e análise da entrevista:
A agência recorreu a editais disponibilizados por órgãos de fomento para conseguir
recursos para o seu funcionamento e aumento de infra-estrutura. A prática de monitoramento
de editais, está incorporada nas atribuições da agência, pois se mostrou um meio eficiente de
se captar recursos, visto que segundo informações da entrevista, as disponibilidades de
recursos nacionais e internacionais estão sendo subutilizados.
Atualmente a agência não prioriza a comercialização de patentes, pois espera que
futuramente com a criação de um comitê de avaliação, que tenha competência técnica, sanar
esse problema e assim poder gerar mais recursos advindos da comercialização.
O ato de comercialização depende principalmente do empreendedorismo do
pesquisador, que consegue enxergar melhor o mercado em que vai inserir os frutos da sua
pesquisa, e se utiliza da agência como um órgão articulador e facilitador do processo.
90
Isso não quer dizer que a agência ignora o fato da importância em se comercializar as
patentes como meio de transferir conhecimento para a sociedade, existindo uma preocupação
que haja realmente seu uso no mercado e que ela não seja meramente uma ferramenta
estratégica de competição.
A agência se preocupa em melhorar primeiro a sua infra-estrutura, antes de começar a
agir, dado o tamanho da produção científica existente na universidade, a infra-estrutura que
será preparada servirá também como meio de integrar e direcionar os esforços fragmentados
da universidade em relação ao monitoramento da produção científica e de proteção à
propriedade intelectual na universidade.
Existe um esforço da agência em promover a sua identidade visual, através de um sítio
e um logo, pretendendo ter mais visibilidade nos campi e também para empresas que
estiverem interessadas em seu portfólio, que será disponibilizado on-line. O sítio atual, apesar
de conter informações sobre suas atividades e sobre a propriedade intelectual, se encontra
desatualizado contendo ainda dados da sua gestão anterior. Um fato a ser notado é que a
agência possui um lema, esse lema estabelece metas que norteiam as suas ações em relação
aos projetos que envolvem a proteção à propriedade intelectual. Pretende-se também usar
disciplinas dos cursos de graduação para promover uma cultura de propriedade intelectual e
também criar disciplinas específicas sobre o assunto.
A timidez da agência, que tem uma posição reativa quanto às atividades de proteção à
propriedade intelectual, recai novamente sobre a infra-estrutura e recursos humanos atuais que
não suportariam a demanda. Pela carência de pessoal especializado na área, utiliza-se o
suporte de consultoria externa, para orientar a preparação dos pedidos de patentes ou registros
de marcas, assessorar nas negociações de tecnologias e orientar a preparação de contratos de
licenciamentos de uso das tecnologias desenvolvidas pela UFRJ.
A equipe do RH, robusta se comparada com os outros escritórios, tem como meta de
ser auto-suficiente em relação a trabalhos hoje terceirizados. A agência tem a percepção de
que dado a dimensão da universidade, ela teria meios de captar mais recursos humanos (por
meio de concursos públicos) para compor um quadro de relativa estabilidade, evitando-se a
perda de membros que nos casos dos escritórios de transferência de tecnologia tem um valor
intangível muito grande.
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A agência enfrentou problemas políticos quanto a sua atuação num período prévio a
criação da Lei de Inovação, a falta de apoio do Pró-Reitor da reitoria de pesquisa demandou
uma manobra, envolvendo a mudança hierárquica da agência para a pró-reitoria de extensão,
para que seus esforços não fossem extintos. Até o momento a agência aguarda um espaço
político para a regulamentação da sua resolução.
6.4 A UERJ UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO APRESENTAÇÃO
Quase 23.000 estudantes da Universidade do Estado do Rio de Janeiro têm à
disposição uma das maiores estruturas de ensino do estado, com 31 cursos de graduação, que
se desdobram em diferentes habilitações, licenciaturas e bacharelados e 63 cursos de pós-
graduação stricto sensu, sendo 41 mestrados, dois mestrados profissionalizantes e 23
doutorados. A instituição possui 92 cursos de pós-graduação lato sensu em Ciências
Humanas, Sociais, Biológicas e Exatas.
Além da graduação e da pós-graduação, a Universidade oferece ensinos fundamental e
médio pelo Instituto de Aplicação Fernando Rodrigues da Silveira a, aproximadamente, 1.000
estudantes matriculados. A unidade se destaca pela alta qualidade, comprovada pelo elevado
índice de aprovação de seus alunos no vestibular.
A UERJ possui uma ampla infra-estrutura de apoio à formação acadêmica e cultural
de seus alunos, com salas de recursos áudios-visuais, auditórios, salas de informática,
laboratórios e escritórios-modelo. Conta também com a Rede Sirius, composta por vinte e
uma bibliotecas.
A excelência acadêmica do corpo docente é outra marca da instituição. Para incentivar
o aperfeiçoamento técnico e científico do seu quadro de educadores, a universidade
desenvolve os programas de capacitação docente e de qualificação institucional, que
possibilitam o afastamento remunerado ou bolsas de estudo para os docentes que cursam pós-
graduação stricto sensu.
A cada ano, a Universidade do Estado do Rio de Janeiro amplia sua infra-estrutura em
pesquisa, com a instalação de novos laboratórios, assinatura de convênios técnico-científicos,
criação de grupos de pesquisa e incremento nos programas de apoio. O resultado é o aumento
92
da produção científica da universidade. Atualmente, a UERJ conta com, aproximadamente,
200 grupos de pesquisa e mais de 1.000 pesquisadores cadastrados no CNPq.
Como suporte à produção científica dos seus alunos, a universidade dispõe de cerca de
600 bolsas de pós-graduação stricto sensu, oferecidas pelo CNPq e pela Capes, e 700 bolsas
para alunos de graduação vinculados ao PIBIC (Programa Institucional de Bolsas de Iniciação
Científica), financiado pela UERJ e pelo CNPq.
Uma das formas de estímulo aos docentes da universidade é o programa de incentivo à
produção científica e tecnológica. Criado em 1996, o programa possibilita dedicação
exclusiva para o desenvolvimento de pesquisas e projetos, paralelamente às atividades em sala
de aula. Hoje, atende a 359 bolsistas.
Outra iniciativa é o programa Professor Visitante, que permite às unidades acadêmicas
contratar temporariamente docentes com vasta experiência científica a fim de incrementar
programas de pós-graduação e grupos de pesquisa.
6.4.1 A UERJ Universidade do Estado do Rio de Janeiro SR2
A Sub-reitoria de Pós-graduação e Pesquisa (SR2) é responsável por gerenciar
atividades de pesquisa realizadas pela universidade. Isso inclui atuar como mediadora de
professores e alunos junto às agências de fomento à pesquisa, incentivar a capacitação
docente e a iniciação científica de estudantes de graduação, supervisionar e incentivar o
desenvolvimento de novos cursos de pós-graduação e coordenar as bolsas de pós-graduação,
entre outras tarefas.
Departamentos:
Departamento de Apoio à Produção Científica e Tecnológica DEPESQ;
Departamento de Capacitação e Apoio à Formação de Recursos Humanos DCARH;
Departamento de Cooperação Internacional DCI;
Departamento de Fomento ao Ensino para Graduados DEPG.
93
6.4.2 Programa de Propriedade Intelectual e Transferência de Tecnologia PITT
O programa Programa de Propriedade Intelectual (PITT) tem como missão, criar e
manter uma linha de comunicação direta (através de uma infra-estrutura institucional) clara e
produtiva entre as potencialidades acadêmicas e as necessidades da sociedade, mais
especificamente, objetiva o estímulo e apoio ao desenvolvimento de projetos inovadores e
criativos pelo corpo acadêmico da universidade, no atendimento às demandas sociais como
um todo e, simultaneamente, a proteção destes projetos e sua comercialização dentro dos
parâmetros estipulados por lei. Além de ser o responsável direto pela disseminação,
sensibilização e dos procedimentos de proteção e transferência de tecnologia e de
conhecimento na universidade.
O PITT é vinculado à SR2 através do DEPESQ, e a fim de estimular e apoiar o
desenvolvimento de projetos inovadores e criativos na universidade, bem como a
transferência de seus resultados para a sociedade, tem como visão desenvolver na
universidade uma competência de conhecimento técnico na área de propriedade industrial e
intelectual, criar estratégias e procedimentos de proteção e transferência das tecnologias
negociáveis, mas, sobretudo implantar uma cultura sobre produção e produtividade como
retorno ao investimento da sociedade, na cultura e educação.
Atividades e funções:
Mapear as unidades potenciais no desenvolvimento de tecnologias;
Reconhecer e estabelecer o tipo de propriedade, o tipo de direito de propriedade e o
tipo de produto;
Elaborar e atualizar catálogo de potencialidades e sítio dos produtos ou serviços
desenvolvidos, patentes e outros registros;
Realizar os procedimentos de proteção.
94
Objetivos estratégicos:
Criar e manter comunicação direta, clara e produtiva entre as potencialidades
acadêmicas e as necessidades da sociedade;
Informar e orientar as unidades acadêmicas da UERJ sobre as questões ligadas à
propriedade intelectual;
Identificar, a partir de levantamentos, as potencialidades da produção do conhecimento
visando à sua proteção e à comercialização de seus resultados;
Assistir aos pesquisadores com relação aos pedidos de patentes e outras formas de
proteção de propriedade intelectual, analisando o interesse e a visibilidade de sua
exploração, com a transferência de tecnologia;
Gerenciar todo o processo de proteção desenvolvido no âmbito da universidade junto
ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial INPI.
As várias formas de propriedade e autoria, bem como suas conceituações, leis e
procedimentos de proteção passam a ser responsabilidade e competência do programa PITT,
que sob a orientação da SR2, leva às unidades da UERJ todas as informações e orientações
concernentes ao tema.
6.4.3 Observações relevantes da entrevista
A entrevista foi realizada com a coordenadora do PITT: MARINILZA CARVALHO
BRUNO.
Quanto às singularidades:
“O catálogo de potencialidades são projetos que a UERJ
tem, em relação às áreas potenciais em que podem ser desenvolvidos
pedidos de patentes. O catálogo é distribuído para empresas e para
qualquer pessoa que se interesse em desenvolver suas
potencialidades, temos inclusive uma mala direta que usamos para
distribuir um catálogo digital para quase 60 empresas.”
95
“Em relação ao cadastro das potencialidades, nem todos os
professores incluem seus projetos nele, essa é uma cultura que ainda
está sendo desenvolvida. O catálogo anterior o de 2006, continha
menos professores do que o deste ano e em 2009 eu espero que
consigamos atingir a totalidade, e assim poder fazer um pregão
eletrônico onde as empresas possam ver o que as interessa.”
“O cadastro é feito on-line no site do PITT pelos próprios
professores, durante um período determinado do ano, em que o
cadastro está aberto. Estamos realizando um trabalho em conjunto
com a CNPq, em que nos permite filtrar na Plataforma Lattes tudo o
que é relacionado à UERJ, e utilizar essas informações no banco de
dados do catálogo de potencialidades, assim os professores só irão
utilizar o cadastro no site caso não tenham atualizado na Plataforma
Lattes.”
“Sobre as demandas tecnológicas, nós realizamos um estudo
de negociação cuja função é buscar empresas que queiram
desenvolver os protótipos das nossas potencialidades.”
“Nós temos que trabalhar muito os pesquisadores porque
eles mesmos não querem explorar ou negociar suas pesquisas, eles
não desejam sair da universidade ou cumprir exigências do mercado
como prazo, preencher relatórios, ou seja, fazer coisas que estão fora
do seu dia-a-dia.”
“No último encontro do REPICT, existiu uma proposta de se
trabalhar num balcão de negócios, e é até uma proposta antiga, mas
nós ainda não conseguimos viabilizar tal proposta devido à falta de
interesse das próprias universidades, pois o mercado tem um tempo e
a universidade tem outro. É preciso alinhar os interesses.”
Em relação às pesquisas do catálogo de potencialidades,
normalmente eu começo o trabalho com professores que tenham
interesse em desenvolvê-las e nós os ajudamos a levá-las para o
mercado.”
“Outra maneira de se trabalhar é quando eu vejo que o
pesquisador tem um produto interessante e eu tenho que convencê-lo
a fazer negócio. Até hoje não tive a oportunidade de conseguir
convencer nenhum pesquisador, apesar de ter identificado produtos
que valeriam a pena de serem comercializados.”
“A nossa meta hoje, não é registrar patentes. A nossa
missão, hoje é divulgar a cultura de propriedade intelectual. O escopo
da nossa disseminação envolve tanto pesquisadores quanto alunos,
em relação aos alunos nós oferecemos conteúdos de propriedade
intelectual nas ementas de disciplinas que possam abordar o assunto
como, por exemplo, empreendedorismo, planejamento estratégico,
além de uma pós-graduação lato sensu e um mestrado em
propriedade intelectual. Uma disciplina pura em propriedade
intelectual não sobreviveria, pois não chamaria a atenção de
ninguém.”
“O escritório não tem interesse em criar spin-offs, pois a
UERJ já possui quatro incubadoras, e a nossa visão é que nós
possamos ser os interlocutores e não os desenvolvedores. Por isso
assim que identificarmos uma demanda, nós levaremos os projetos
tanto para as nossas incubadoras quanto para incubadoras de outras
instituições.”
96
“A missão do escritório é devolver a sociedade tudo o que a
UERJ produz, levando os produtos dos pesquisadores ao mercado,
buscando empresas que tenham interesse em desenvolver os produtos,
através da interface do escritório que serve como um gestor de
negócios entre pesquisadores e empresas.”
“Via de regra os pesquisadores não procuram diretamente
as empresas, o que acontece é que o escritório faz a negociação e o
contrato no lugar deles, pois muitos pesquisadores não desejam sair
da universidade para desenvolver seus produtos. A estratégia é deixar
o pesquisador à vontade de fazer o quiser, ou seja, ficar no
laboratório ou trabalhar em conjunto com a empresa.”
Os oito anos que se passaram desde a criação do NIT,
serviram para instalá-lo e difundir a cultura de propriedade
intelectual na UERJ, essa foi uma fase de identificação do NIT, as
pessoas sabem que ele existe, elas só não sabem ainda o que ele faz e
qual é o potencial dele. Essa questão sobre o que o NIT faz, e o qual é
sua importância, será o foco da segunda fase de gestão do NIT.”
“O nosso plano de ação para esse ano é, primeiro juntar o
banco de potencialidades em um cadastro único com todos os
pesquisadores da universidade. Este não será apenas um banco de
dados do PITT, mas também da SR2. A segunda meta é documentar e
atualizar os procedimentos, atualizar o site e também atualizar a
documentação do NIT, além realizar um segundo seminário de
inovação tecnológica, o que já é bem ousado já que temos uma verba
apertada.”
“Fazemos também orientações sobre contratos de sigilo,
contratos de parceria entre orientadores e orientandos, contratos de
imagem, isso e muitas outras coisas começaram a ser difundidas e de
certa forma cultuadas. Hoje existe uma corrente muito forte sobre
contratos de parcerias entre professores e alunos, é impressionante o
número desses contratos que vem aqui para o escritório.”
Quanto às práticas de disseminação:
“Aqui já está bem difundido o conceito de que, publicar e
patentear são um acordo possível. Temos uma série de procedimentos
em que orientamos os professores, de uma maneira tal, que eles
possam publicar sem problemas enquanto nós fazemos o pedido de
patente.”
“O grande problema é os pesquisadores não conseguem
discernir ou definir o que é patenteável e o que se pode publicar sem
problema, o que acaba demandando muito tempo do escritório em
avaliar esses casos.”
“A universidade tem quatro centros onde estão alocadas as
faculdades e os institutos, são eles o centro biomédico, o centro de
tecnologia e ciência, o centro de ciências sociais e o centro de
educação. Nos últimos anos temos feitos semestralmente seminários
itinerantes internos de inovação tecnológica em que apresentamos os
centros a palestrantes de fora, que são normalmente alguém do INPI
ou um amigo que venha falar sobre o assunto.”
“Durante os encontros ou seminários procuramos falar em
cada centro o que interessa a cada um deles: se existe alguma
novidade, como são os procedimentos de implementação de uma nova
97
tecnologia, etc. Aqui o que ficou muito forte foi à proteção de marcas,
só no ano passado foram registradas cerca de quarenta marcas.
“O que acontece também é que muitos pesquisadores não
praticam o ato de proteger, mas eles conhecem e sabem dessa
importância e sabem a quem recorrer quando necessitam de apoio.”
“O marketing do NIT quer atingir os pesquisadores de modo
que eles sejam conscientizados de que aquele material que ele
desenvolveu deve ser retornado para a sociedade. Quanto às
orientações, nós sugerimos que os orientandos devem se desenvolver
por si, mas caso seja de interesse de ambos fazer parceria que façam
um contrato de parceria.”
Quanto ao RH:
“Nós estamos criando uma comissão de avaliação de
patentes, no momento quem dá o aval para iniciar o pedido de patente
sobre uma pesquisa, sou eu e a Vice-Reitora. À medida que a
demanda crescer vai se tornar essencial a criação dessa comissão que
também será responsável sobre o estudo da possibilidade de
comercializar as patentes no mercado.”
“A equipe é chefiada pela Vice-Reitora, tendo eu como
coordenadora do NIT, e ainda temos uma advogada, uma secretária
administrativa, dois estagiários e um consultor especializado na área
de propriedade intelectual.”
“O pedido de patente é redigido pelo meu apoio jurídico e o
especialista em propriedade intelectual junto ao próprio pesquisador.
Até agora todos os pedidos foram redigidos por esse conjunto,
quando existe alguma necessidade de um apoio externo ou dúvida,
nós recorremos a alguns amigos do REPICT ou do próprio INPI;
seria uma consultoria sazonal.”
“No futuro quando houver crescimento e o redesenho do
escritório, provavelmente abriremos um concurso público para o
preenchimento de vagas.”
Quanto à infra-estrutura:
“As patentes por enquanto não geram recursos suficientes
para o escritório, o orçamento vem diretamente da universidade.”
Quanto à política:
“A Lei de Inovação, ela está muito boa, mas o jurídico das
instituições não está preparado para acompanhá-la ainda, devido à
grande burocracia.”
“Seguindo a Lei de Inovação, e até mesmo antes da Lei, pelo
Decreto 888 nós criamos uma deliberação interna, que é uma
premiação de autor no âmbito da universidade que divide o lucro
advindo da comercialização das patentes em 1/3 para o autor; 1/3
para a unidade e 1/3 para a universidade.”
“A Reitora me criou, ela me deu carta branca para que eu
pudesse redigir as normas do PITT e liberdade para que eu pudesse
agir, como por exemplo, criar o site do escritório.”
98
Consolidação de dados e análise da entrevista:
Uma das boas práticas do escritório é o levantamento dos projetos de pesquisa da
UERJ, que tem potencialidade de serem patenteados; tal levantamento é disponibilizado por
meio de um catálogo que pode ser adquirido através de uma versão impressa ou pode ser
adquirido também como arquivo digital, no sítio do escritório.
O sítio do PITT representa a sua forte presença na universidade em termos de
disseminação e identidade visual. O sítio contém informações sobre a propriedade intelectual
e as principais atualidades sobre o tema; possui informações sobre as atividades do escritório
e o catálogo de potencialidades da universidade.
Figura 6.1Sítio do PITT
O catálogo funciona como um mostruário para empresas que caso tenham interesse
por algum projeto, poderão por intermédio do escritório desenvolvê-lo. O catálogo e as suas
atualizações são fornecidos para as empresas tanto fisicamente como virtualmente.
99
O alcance das potencialidades não atinge a totalidade dos pesquisadores da
universidade; para o pesquisador o ato de disponibilizar o projeto através do catálogo ainda é
uma cultura a ser aceita. Por esse motivo, o escritório fez um acordo com o CNPq, que liberou
uma busca através do seu banco de dados da Plataforma Lattes, para que fossem localizados
os currículos que envolvam os pesquisadores da UERJ e assim o escritório teria conhecimento
sobre a maior parte das pesquisas realizadas pelos pesquisadores da universidade.
O escritório funciona como interface entre os pesquisadores da UERJ e o mercado,
servindo também como facilitador e fomentador de transferência de tecnologia. Normalmente
para que se acelere a comercialização de patentes, o escritório procura trabalhar com quem
tenha interesse em comercializar suas pesquisas, para em seguida tentar comercializar aquelas
pesquisas que tem boas chances de poder ir ao mercado, mas que possuem certa resistência
por parte dos pesquisadores. Essa resistência gerada, surge da vontade em não querer ter que
se envolver com o mundo corporativo, tendo assim, que haver por parte do escritório uma
garantia que o modus vivendi do pesquisador não mudará.
O escritório tem se esforçado em disseminar a cultura de que é possível haver a
publicação e a proteção do conhecimento de modo harmônico, e também tenta conscientizar
os pesquisadores que a produção científica gerada por recursos públicos, deve ser retornada
ao público. Outro problema que veio à tona, é que muitos deles ainda não desenvolveram a
capacidade de discernir o que pode, e o que não pode ser patenteado.
Apesar do foco não estar sendo direcionado para a comercialização, o escritório tem
uma tendência em oferecer as pesquisas do catálogo em um balcão de negócios, que tem
como principal vantagem, a facilidade de acessar clientes específicos. O foco do escritório é o
de disseminar a cultura de propriedade intelectual na universidade, tendo em seu escopo
funcionários, pesquisadores e alunos da graduação.
São feitos seminários itinerantes aos centros da universidade, mostrando-se assuntos
de interesse a cada centro, através de palestras com especialistas e outros convidados. São
oferecidas ementas em disciplinas obrigatórias, falando de propriedade intelectual em cursos
da graduação, já que o escritório crê que oferecer disciplinas eletivas não atingirá alunos
suficientes, por falta da procura e interesse. A universidade também atinge os alunos da pós-
graduação através de uma pós lato sensu e um mestrado stricto sensu em propriedade
intelectual.
100
Um traço interessante do escritório é a sua forma de delegar a transferência de
tecnologia, que visa criar empresas tanto para as incubadoras da UERJ, quanto para
incubadoras de outras universidades.
Em relação ao RH do escritório, para a atual demanda ele se porta de maneira auto-
suficiente, sendo que eventuais problemas são resolvidos com o apoio de alguns profissionais
que disponibilizam parte do seu tempo para fornecer gratuitamente ou por meio de consultoria
paga, ajuda ao escritório. A construção desse intangível relacional também merece ser
destacado. Para que possa haver continuidade no desempenho das atividades do escritório,
quando houver um futuro crescimento, cogita-se na possibilidade de abrir concursos públicos
para o preenchimento das vagas do RH.
A política institucional deu margem para o crescimento do escritório desde o começo,
pois foi dada a coordenadora do escritório poderes para que as metas e os projetos instituídos
fossem alcançados de modo bem planejado apesar dos poucos recursos financeiros, que
advêm exclusivamente da UERJ. Esse apoio político se mostrou um grande diferencial, no
sentido que permitiu que o escritório se alinhasse com os interesses e possibilidades de ação,
da própria universidade.
6.5 A PUC-RIO PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO DE JANEIRO -
APRESENTAÇÃO
A Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro é uma instituição de direito
privado sem fins lucrativos que prima pela produção e transmissão do saber, baseando-se no
respeito aos valores humanos e na ética cristã, visando acima de tudo o benefício da
sociedade.
A PUC-Rio é uma instituição dedicada ao ensino, à pesquisa e à extensão. É uma
universidade particular e confessional, que tem ademais um caráter comunitário, enquanto
está ligada a um grupo social que aceita a inspiração da tradição humanístico-cristã da Igreja
Católica e, ainda, enquanto em sua atuação se concebe como uma instituição prestadora de
um serviço de interesse público.
A PUC-Rio é um pólo de estímulo à criatividade e à iniciativa empreendedora,
contando com sessenta grupos de pesquisa consolidados, diversos institutos que agregam
101
competências complementares de vários departamentos e unidades de ensino e pesquisa, entre
os quais está o Instituto Gênesis, que promove atividades relacionadas ao empreendedorismo,
onde estão as incubadora de empresas de base tecnológica, cultural e social, além, do Núcleo
de Estudos e Pesquisas (NEP).
6.5.1 A PUC-RIO Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro CTC
O Centro de Tecnologia e Ciências (CTC) desenvolve um novo perfil profissional para
o Engenheiro PUC, ou seja, o engenheiro empreendedor de base científica, preparado para
acompanhar as rápidas mudanças tecnológicas e adaptar-se ao mercado de trabalho. O CTC é
composto pelos departamentos de Matemática, Física, Química, Engenharia Civil, Engenharia
Mecânica, Engenharia Elétrica, Engenharia Industrial, Informática e Ciências dos Materiais e
Metalurgia, além do Instituto Tecnológico, que oferece apoio de infra-estrutura a vários
departamentos.
A integração entre departamentos de engenharia, informática e ciências básicas, a
integração entre a graduação e a pós-graduação, bem como, a integração com empresas em
projetos de tecnologia de ponta geram um ambiente multidisciplinar de pesquisa e projeto,
atrelado ao estudo dos alunos. Há flexibilidade em relação à quantidade de disciplinas
eletivas, permitindo ao aluno orientar sua formação de acordo com seu interesse.
Há, também, a possibilidade do aluno cursar um conjunto de disciplinas formadoras de
atitude empreendedora e participar de programas específicos do Instituto Gênesis, que visam
treinar e facilitar a criação de novas empresas.
6.5.2 Escritório de Negócios em Propriedade Intelectual ENPI
O Escritório de Negócios em Propriedade Intelectual (ENPI) tem como missão,
promover a disseminação da cultura da propriedade intelectual, formular políticas e
implementar ações destinadas à proteção, valoração e comercialização de bens intelectuais
oriundos do conhecimento gerado na PUC-Rio.
102
Entre os objetivos específicos do ENPI, destacam-se:
A disseminação de uma cultura de valoração, proteção e utilização da propriedade
intelectual no âmbito da universidade, a exemplo do que foi feito com a cultura do
empreendedorismo, em benefício da instituição, da academia e da sociedade;
A criação de um ambiente favorável à conversão dos resultados de pesquisas,
realizadas na PUC-Rio, em inovações tecnológicas, ou em bens de valor econômico
passíveis de comercialização;
A realização de um levantamento e diagnóstico do acervo de conhecimento gerado na
PUC-Rio, nos últimos anos, com vistas a proceder à sua valoração, proteção,
divulgação e comercialização;
A implementação de ações na interface da universidade, com empresas ou entidades
industriais, comerciais e prestadoras de serviços, assessorando e intermediando o
estabelecimento de joint ventures, o licenciamento e a comercialização de patentes,
marcas e direitos autorais, com a finalidade de gerar ganhos de imagem para a
universidade e seus colaboradores, além do retorno financeiro e das parcerias que
viabilizem a sustentabilidade da pesquisa, a geração de emprego e renda;
Implementar programas de capacitação em propriedade intelectual, comercialização e
propriedade de transferência de tecnologia;
Estimular a realização de estudos e pesquisas relativos à propriedade intelectual,
comercialização e transferência de tecnologia.
A modelo de operação do ENPI baseia-se no estabelecimento de parcerias com
entidades similares, existentes em outras universidades e institutos de pesquisa, no país e no
exterior, visando à assimilação de procedimentos eficazes no trato das tarefas a que se propõe.
O ENPI também atua com escritórios e consultores especializados em proteção, valoração,
divulgação e comercialização de propriedade intelectual e com o Instituto Gênesis da PUC-
Rio, a fim de que possa funcionar com uma equipe mínima, contratando terceiros para a
103
realização de serviços altamente especializados, de natureza eventual, para reduzir os seus
custos fixos.
Prevê-se, ainda, a realização de seminários, viagens de estudos e a participação em
congressos e encontros que tratem desse tema, em especial no que tange à operacionalização
de entidades assemelhadas.
Embora esteja localizado no CTC, o ENPI prevê implantação de suas atividades de
forma a atender todas as unidades da PUC-Rio. Alguns contatos já estão sendo articulados
através dos departamentos de Administração e Direito, sendo este último, com vistas à oferta
de disciplinas vinculadas à legislação e práticas inerentes ao Direito da Propriedade
Intelectual, para que dessa forma a disseminação da cultura de propriedade intelectual possa
ser disseminada, através da exposição, aos alunos de pós-graduação e dos cursos de
empreendedorismo, dos temas relacionados à propriedade intelectual.
6.5.3 Observações relevantes da entrevista
A entrevista foi realizada com a coordenadora do ENPI: SHIRLEY VIRGÍNIA
COUTINHO.
Quanto às singularidades:
“Os contatos dos pesquisadores com as empresas são as
maiores fontes de parcerias, porque eles se encontram em congressos
e em feiras. Além disso, as empresas quando tem alguma necessidade
de resolver um problema específico, elas sabem quem são as pessoas
de competência que elas devem procurar.”
“Até o momento nós temos atendido os professores que vêm até
nós quando julgam que têm algo que deve ser patenteado ou
protegido. E o volume da procura não é tão grande assim, nós
procuramos identificar se existe alguma perspectiva de
comercialização para a patente, pois uma formação de portfólio de
patentes geradoras só de custos não nos interessa. A perspectiva é de
comercialização, e comercializar com o menor prazo possível, e é
claro que nem sempre comercializar é possível, mas essa é a nossa
perspectiva.”
“A comercialização pode ser por meio de licenciamento ou de
incubação, pois as empresas incubadas são uma fonte de
transferência de novas tecnologias. A geração de novas empresas é a
melhor maneira de se transferir tecnologia.”
104
“Nós fizemos um levantamento de potencialidades que foi muito
além do que uma pesquisa de projetos na Plataforma Lattes, durante
o levantamento nós entrevistamos os líderes dos sessenta grupos de
pesquisa aqui da PUC e eles indicaram quais eram os professores
mais ativos, no sentido de verificar entre o que eles estavam
produzindo o que era passível de proteção. Cada entrevista
funcionava como um seminário sobre propriedade intelectual foi um
momento de troca de impressões, esclarecimentos, etc. Conseguimos
catalogar muitos projetos com potencialidade de serem
comercializados, mas a grande maioria vem da área de programa de
computador que é mais difícil do que qualquer outro de ser
comercializado. O que é preciso agora é fazer com que essa prática
de proteção seja feita com mais freqüência, pois essa cultura de
revelação é difícil de se introduzir, a mudança de cultura demanda
muito tempo.”
“Ainda não temos indicadores, mas nós procuramos alcançar as
metas estabelecidas, por exemplo, as metas que estabelecemos para o
primeiro projeto, foram de capacitação, disseminação de cultura e
proteção da propriedade intelectual e todas elas foram cumpridas.
Agora nesse segundo projeto além de proteção e disseminação da
cultura, temos uma meta de comercialização.”
“O que valeu a pena desenvolver aqui foi o traquejo na
negociação, pois essa área é muito difícil e negociar não é uma
atividade trivial. Os pesquisadores reconhecem o escritório por essa
habilidade e nos procuram sabendo que nós podemos ajudar.”
“O licenciamento com as empresas é controlado através do
contrato, onde nós controlamos as cláusulas e até fazemos
auditorias.”
“Em relação à demanda de tecnologia, contamos com a ajuda
dos próprios pesquisadores, pois eles sabem melhor do que ninguém
quais são as tecnologias que podem ser demanda de mercado e eles
próprios estimulam empresas a desenvolver tais tecnologias. O maior
sucesso aqui é quando surgem empresas criadas por alunos ou
professores que visam essas demandas.”
Quanto às práticas de disseminação:
“Um dos objetivos do escritório é exatamente disseminar a
cultura da propriedade intelectual, por exemplo, no próprio
lançamento do escritório foi feito um seminário aqui dentro do
campus. Também já foram promovidos diversos cursos, eventos e
seminários outros onde convidamos toda a comunidade acadêmica e
também pessoas de fora.”
“O CTC é o maior gerador de tecnologia protegível, mas hoje as
parcerias da PUC envolvem outras áreas como psicologia, desenho
industrial, etc.”
“Nos seminários de propriedade intelectual nós também
objetivamos atingir os alunos, e agora estamos promovendo um curso
de MBA em empreendedorismos inovador, pois o empreendedorismo
é uma das formas de disseminar a cultura de propriedade
intelectual.
Até hoje não foi formal oferecer uma disciplina em propriedade
intelectual, já houve uma tentativa aqui na PUC, de oferecer uma
disciplina na área de Direito mas não obteve sucesso pois era muito
105
voltada para a área de computação e não teve muito apelo. Agora
estamos tentando introduzir no currículo, nem que sejam como
optativas, principalmente nas carreiras tecnológicas, disciplinas que
pelo menos dêem uma noção geral.”
“No mestrado de metrologia que já tem uma vertente muito
afincada à propriedade intelectual já existe disciplinas disponíveis, ou
seja, estamos aos poucos introduzindo essa disseminação, não na
velocidade que gostaríamos, mas já demos esse passo. Queremos
oferecer disciplinas para todos os cursos de graduação e pós-
graduação o quanto antes, mas de preferência nos cursos de pós-
graduação da área tecnológica.”
“Temos um convênio com INPI que prevê que ele nos forneça
pessoal para dar vários cursos de todas as formas de proteção de
propriedade intelectual aqui dentro do campus.”
“Nós temos também uma previsão de lançar um site, com um
prazo de até um ano e meio.”
“A capacitação é menos grave aqui, ele é grave no sentido da
equipe. A disseminação de cultura é um problema, mas já avançamos
muito, hoje não conseguimos atender a demanda das pessoas que nos
procuram, em termos de disseminação conseguimos criar um
ambiente elaborado, o que precisamos mais e capacitar às pessoas, a
saber, o que realmente o escritório faz, para evitar confusões, pois
elas sabem o que é, mas não sabem direito o que ele faz.”
Quanto ao RH:
“Do primeiro projeto que nós tivemos apoio do CNPq e do
fundo setorial Verde-Amarelo, a equipe era formada cinco pessoas e
não tem mais ninguém a não ser eu, pois acabaram-se as bolsas e foi
todo mundo embora. Entre o final do projeto anterior e esse projeto
eu permaneci no escritório sozinha tendo somente um assessoramento
de um escritório contratado pela PUC, agora nesse segundo projeto
de consolidação que nós ganhamos um financiamento, nós temos um
bolsista com ânimo em permanecer, temos uma advogada, um
administrador e eu. Aumentar a equipe permanente dependerá
diretamente da comercialização das patentes e da obtenção de
recursos das mesmas.
“A permanência do RH é um grande problema que tem sido
levado ao governo inclusive e aos órgãos de apoio para sensibilizar
sobre a necessidade de se tentar reter essas pessoas de alguma
maneira.”
“O custo fixo de manter alguém em tempo integral para
redigir uma patente é muito grande, como o RJ tem uma boa
quantidade de escritórios que oferecem esse serviço e devido aos
poucos recursos, a diversidade das áreas de conhecimento que
envolve a descrição e ao pouco volume de pedidos de patentes, nós
preferimos terceirizar essa etapa.”
“Todas as pessoas que estão aqui fazem todos os cursos que
são possíveis e oferecidos, sobretudo aqui no RJ. Nós promovemos
alguns que tem como foco a disseminação e a capacitação de
recursos humanos, sejam nossos ou não, pois como a equipe é
pequena nós abrimos esses cursos para outras pessoas.”
106
Quanto à infra-estrutura:
“Sobre a captação de recursos em editais, a PUC como
instituição privada ficou impedida de participar, porque eles foram
exclusivos das ICTs públicas e nós levamos essa reclamação ao
governo. Esse problema é parecido com a Lei do Bem do MEC que
beneficia empresas privadas, mas as universidades particulares
estavam impedidas de participar, pois foi usada a definição de ICTs
contida na Lei de Inovação que contempla apenas as instituições
públicas.”
“Com os recursos que obtivemos dos projetos que seriam
desenvolvidos, a PUC nos apoiou e investiu cerca de uma e vez e meia
do total dos recursos que recebemos. A PUC também emprega 15%
do dinheiro referente à parte dela pela comercialização de patentes,
para o andamento de atividades que não são custeadas pelo projeto,
provavelmente a PUC irá gastar cerca de duas vezes mais do que os
recursos conseguidos pelo projeto.”
Quanto à política:
“Existe uma portaria na PUC desde abril 1999 que nós
estamos adaptando para a Lei da Inovação, e ela prevê que toda a
propriedade intelectual, que é desenvolvida na PUC feita através de
recursos materiais e humanas, é da PUC. E na hipótese de
comercialização, os primeiros 10 mil reais vão para o pesquisador ou
pesquisadores, e acima desse valor então a divisão é de 30% para os
pesquisadores, 15% para o departamento ou unidade, 15% para o
centro onde está localizado e a PUC fica em torno de 30 a 40%;
porque a PUC tem um maior dispêndio, tendo em vista as despesas
futuras com os pedidos de patentes e com as patentes.”
“Os primórdios do escritório surgiram de uma necessidade
em gerar recursos para financiar pesquisas, com pouca verba do
governo e sem sobrecarregar a universidade, pois a pesquisa não
poderia ser financiada apenas pelas anuidades dos alunos. Foi feita
uma reunião com pessoas que tinham trabalhado com empresas que
tinham interação com universidades e essa reunião objetivava buscar
nas parcerias com as empresas recursos para o financiamento de
pesquisas.”
“Esse grupo mais tarde foi formalizado como um escritório,
que buscava também fomentar a interação entre empresas e
universidades, pois é óbvio que em uma universidade como a PUC,
existiam parcerias entre alguns professores e algumas empresas, mas
essas parcerias surgiram mais por uma iniciativa própria do que uma
iniciativa institucional. O Decano resolveu naquela época foi
institucionalizar as parcerias através de diversas atividades visando
parcerias com os empresários do estado do RJ, e inicialmente o
escritório não lidava com a proteção da propriedade intelectual.”
Consolidação de dados e análise da entrevista:
107
O escritório reconhece o valor do contato entre pesquisadores e empresas, assim como
o prestígio individual de cada um deles. Esse contato ajuda na interação, no desenvolvimento
de relações e entre empresas e a universidade e também contribui para harmonizar as
pesquisas feitas em relação a demandas mercadológicas.
O escritório tem uma forte tendência em proteger pesquisas que tenham uma maior
possibilidade de ser comercializadas, e de preferência em um curto período de tempo. A
comercialização encontra normalmente dois caminhos, ou ocorre por meio de licenciamento,
ou ocorre por meio da criação de spin-offs, que é o método que o escritório considera mais
eficiente. Quando ocorre o licenciamento, é necessário criar mecanismos de controle, esses
mecanismos aparecem na forma de contratos, cláusulas e auditorias.
Para se levantar o potencial acadêmico da universidade, foi feito um trabalho com os
líderes dos grupos de pesquisa da PUC, esse trabalho visava identificar nesses grupos de
pesquisa, quais eram os professores mais ativos em relação a projetos, que teriam uma maior
possibilidade de serem protegidos.
Com a identificação desses profissionais, foram feitas entrevistas que ajudaram a
explicitar o papel do escritório frente à propriedade intelectual, a catalogar projetos passíveis
de serem comercializados e também a disseminar a importância da proteção da propriedade
intelectual gerada na universidade.
As práticas de disseminação usadas pelo escritório envolvem seminários, cursos e
eventos, que servem também como treinamento e troca de informações com profissionais de
outros escritórios. Abrangendo ainda mais o escopo de disseminação, além das áreas de
ciências exatas, que são os maiores geradores de tecnologia protegível, as outras áreas da
universidade também são levadas em consideração.
Os alunos da graduação também estão evolvidos na disseminação, sendo convidados a
participar de tais eventos e sendo oferecidas disciplinas optativas sobre propriedade
intelectual. A grande concentração de esforços fica, no entanto com os alunos dos cursos de
pós-graduação, principalmente da área tecnológica, por ter uma maior probabilidade de
geração de patentes.
O novo sítio está programado para ser lançado em até um ano e meio, o sítio atual
apenas faz uma apresentação do escritório e não possui maiores informações sobre suas
atividades ou sobre a propriedade intelectual.
108
O problema de estabilidade dos recursos humanos do escritório, se mostra mais
agravado na PUC, pois como não é uma universidade pública, não pode se garantir em
concursos para tentar formar equipes que tenham mais estabilidade. Mas por ser uma
universidade privada, a PUC oferece melhores condições para a capacitação do seu pessoal e
também melhores condições de infra-estrutura.
A prática de terceirização de algumas atividades do escritório como, por exemplo, a
etapa de redação de patentes se dá principalmente pelo alto custo de se ter esse tipo de
profissional permanentemente na equipe. Os recursos conseguidos vêm principalmente da
própria PUC e quando legalmente possível, de editais.
O passado da criação do escritório está relacionado ao levantamento de recursos para
pesquisa, tendo como principal foco a parceria com empresas. Estas parcerias estavam
fragmentadas pela universidade pois dependiam de iniciativas próprias, de alguns professores.
Esse passado ajudou a formar a forte iniciativa que o escritório tem, em relação à
comercialização de patentes e a auto-sustentabilidade. Consolidação dos dados quantitativos
dos ETTs:
Os dados quantitativos sobre a proteção de propriedade intelectual, obtidos dos
escritórios serão apresentados na tabela a seguir, porém muitos não puderam ser obtidos
devido a natureza confidencial das informações ou não foram disponibilizados antes do
fechamento desse trabalho:
Tabela 6.1 – Dados das atividades dos escritórios
109
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
7.1CONCLUSÕES
A adequação das universidades está acontecendo em estágios diferentes, as práticas de
gestão de propriedade intelectual de cada escritório e os itens levantados por esse trabalho
demonstram que nenhum deles conseguiu atender plenamente as exigências da Lei de
Inovação, no entanto cada escritório se mobilizou de maneira única, na tentativa de consegui-
lo.
Nos quadros a seguir, serão mostradas as ações de cada escritório em relação aos
objetivos específicos desse trabalho:
110
Quadro 7.1 – Sumário de atividades dos escritórios da UFF e da UFRJ
111
Quadro 7.2 – Sumário de atividades dos escritórios da UERJ e da PUC-Rio
Dentre todos os tópicos analisados, o apoio político é indubitavelmente o item de
maior peso, pois ele dita as condições de infra-estrutura, o tamanho do RH e os recursos
disponíveis para as atividades do escritório.
A política institucional também é a receita de sucesso do escritório, pois se dando
liberdade de ação e suporte político a sua atividade consegue promover caminhos menos
tortuosos para o alcance e a superação das metas traçadas.
Na UFF foi verificado que a falta de apoio da administração, desarticulou várias vezes
o escritório, mudando-o de lugar e cortando-lhe recursos até o ponto de estagnar suas
atividades.
112
Na UFRJ, o problema político conseguiu travar as atividades do escritório e se não
fosse por uma manobra interna de mudança de Pró-Reitoria, talvez estivesse extinto. A infra-
estrutura só atingiu seu estado atual devido à capacidade do escritório em captar recursos por
meio de editais.
Na UERJ, apesar do apoio orçamental ser limitado, a apoio político foi fundamental
para que o escritório pudesse atingir de maneira satisfatória, as suas metas estabelecidas, que
eram: disseminar os principais conceitos de proteção à propriedade intelectual e vencer certas
barreiras culturais como a dicotomia entre publicar ou proteger.
Na PUC-Rio, sem o apoio não seria possível realizar nenhum dos projetos feitos pelo
escritório. Os gastos que envolvem a manutenção e funcionamento do ENPI, são muitos altos
para que se tenha sustentabilidade e autonomia, nesse primeiro momento.
Mas apesar de todas as adversidades, todos os escritórios conseguiram de certa
maneira desenvolver práticas únicas no desenrolar da sua existência:
Aproximação e envolvimento do pesquisador no processo de patenteamento, a ponto
de fazê-lo refletir sobre maiores possibilidades sobre sua própria pesquisa;
Monitoramento de editais como meio de captação de recursos extras;
Desenvolvimento das relações com outros escritórios e profissionais da área de
propriedade intelectual;
Estabelecimento de metas realistas e de planos de ação que ajudam a direcionar as
ações do escritório;
Levantamento da capacidade científica da universidade, com intuito de conhecer o seu
potencial científico e de identificar pesquisas com potencial de serem comercializadas;
Formação da identidade visual e a abertura de canais de comunicação on-line, tanto
para pesquisadores quanto para empresas, facilitando o acesso ao corpo de pesquisa da
universidade;
Estabelecimento de ações voltadas à comercialização de patentes, através de
licenciamento ou de spin-offs;
Formação de processos de negociação, transparentes e ágeis tanto para os
pesquisadores quanto para as empresas. Pois ambos precisam enxergar os ETTs como
parceiros eficientes;
113
Valorização do pesquisador como fonte de informação para a comercialização de
patentes, bem como sua parceria com o mercado que facilita a introdução das novas
tecnologias;
Formação de carteiras de patentes com potencial de comercialização e não apenas a
formação de carteiras geradoras apenas de custos.
A adequação atual dos escritórios quanto às exigências da Lei de Inovação é muito
insatisfatória, excluindo-se o escritório da PUC-Rio, os demais não se preocupam, no
momento, em comercializar patentes, suas metas ainda envolvem a disseminação da
propriedade intelectual ou melhorar a estruturação das suas equipes e as condições infra-
estruturais de trabalho.
Mas nenhum dos escritórios conseguiu atingir completamente as exigências da Lei, em
relação ao que seria o funcionamento pleno de um NIT, tal defasagem também pode ser
atribuída às políticas institucionais que falharam em comunicar aos escritórios ou desenvolver
a percepção de que a sua principal missão é a de, comercializar tecnologias em função do bem
estar econômico e social.
Em relação às decisões de patenteamento, a avaliação de como, onde e quando
patentear deve ser analisado por um corpo de avaliadores capacitados tecnicamente e com
experiência no mercado. Os ETTs privados, cujo conhecimento especializado é fundamental
nesse assunto e seria uma boa escolha para promover uma otimização na transferência de
tecnologia.
É necessário um investimento em longo prazo das universidades para que os
escritórios tenham algum tipo de receita, e mesmo assim como visto nas experiências
internacionais mencionadas nesse trabalho, não seriam grandes geradores de recursos para a
pesquisa, tendo somente uma grande importância como geradores de impactos sociais e
econômicos.
A geração de patentes é uma conseqüência direta do investimento que cada
universidade faz em relação às suas pesquisas. Quanto maior o investimento, maiores são as
chances de surgirem patentes. Porém as universidades públicas apresentam não só diferenças
em relação aos investimentos feitos como também apresentam diferenças na sua vocação
tecnológica.
114
Considerando essa pequena amostra de escritórios, das universidades estudadas, pode-
se especular que cada universidade, desenvolve diferentes tipos de escritórios. A prova desse
fato é a discrepância de estruturação, desempenho e gestão dos ETTs analisados em relação à
adequação as exigências da Lei de Inovação.
7.2 SUGESTÕES DE TRABALHOS FUTUROS
Recomenda-se para estudos futuros, investigar a situação do gerenciamento da
propriedade intelectual em outras regiões do Brasil, para que seja verificado o estágio de
adequação dessas universidades, tentando assim vislumbrar os reais impactos da Lei de
Inovação no país.
115
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123
9 ANEXOS
124
ANEXO 1
Questionário utilizado nas entrevistas durante pesquisa de campo.
1) O Escritório de Transferência de Tecnologia estimula a parceria entre
pesquisadores e empresa?
2) Como ocorre a divisão de lucros entre a universidade, empresa e pesquisador?
3) Qual é o crivo para o registro de patentes?
4) De quem é a patente?
5) O Escritório realiza atividades que ajudam na disseminação da Propriedade
Intelectual?
6) Qual é o escopo da disseminação?
7) Existe alguma interação freqüente com outros Escritórios?
8) Existem regras internas (portaria, resolução ou outro) para a exploração comercial
de patentes?
9) Existe estímulo para a criação de empresas que comercializem as patentes geradas?
10) O Escritório possui auto-suficiência de RH qualificado para o atendimento?
11) Como é feita a capacitação e manutenção do RH?
12) Como se busca a parceria com as empresas (marketing institucional)?
13) Existem outras atividades de interação?
125
14) Como normalmente é o relacionamento com as empresas?
15) Quais as principais dificuldades de relacionamento com as mesmas?
16) O escritório tem posição proativa em relação a demandas tecnológicas?
17) O Escritório possui orçamento próprio?
18) Ele gera parte dos seus recursos?
19) Existe algum relacionamento com incubadoras e/ou empresas jr.?
20) Qual foi a experiência que o escritório teve que mais agregou valor a sua gestão?
21) Existe algum tipo de gestão baseada em indicadores como, por exemplo, número
de licenciamentos?
22) Existe algum tipo de gestão baseada em indicadores como, por exemplo, número
de o número de patentes?
23) Quais são os gargalos existentes para a transferência de tecnologia? O RH é um
gargalo? Inexperiência em lidar com o mercado? Sustentabilidade? Cultura de
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