36
Os arbores do século XX registraram os primeiros movimentos grevistas,
instrumento desconhecido dos antigos senhores de escravos, educados no regime
de dominação e de submissão de sua força de trabalho. Esses movimentos foram
recebidos como uma doença grave que precisaria ser extirpada e criminalizada. Já
em 1.904 deu-se a greve da Companhia Docas de Santos, convocada pela recém-
criada Sociedade Internacional União dos Operários que terminou com centenas de
prisões de participantes. Em 1.905 a mesma sociedade convoca uma nova greve na
cidade de Santos combatida pela polícia, marinheiros e fuzileiros navais. Os anos de
1.906, 1.907 e 1.909 registraram novos movimentos paredistas que culminou com a
primeira grande greve brasileira, a greve geral de 1.917 que paralisou a cidade de
São Paulo. O movimento foi duramente reprimido pelas forças policiais, mas, ao final
forçou o patronato a negociar e a ceder em diversas reivindicações, entre elas, a
jornada de trabalho de 8 horas e o descanso semanal. Everardo Dias, citando M.
Bandeira, na obra História das Lutas Sócias no Brasil, escreve:
São Paulo é uma cidade morta: sua população está alarmada, os rostos denotam apreensão e pânico,
porque tudo está fechado, sem o menor movimento. Pelas ruas, afora transeuntes apressados, só
circulam veículos militares, requisitados pela Cia. Antarctica e demais indústrias, com tropas armadas
de fuzis e metralhadoras. Há ordem para atirar quem fique parado na rua. Nos bairros fabris do Brás,
Mooca, Barra Funda, Lapa, sucederam-se tiroteios com grupos de populares; em certas ruas já
começaram fazer barricadas com pedras, madeiras velhas, carroças viradas e a polícia não se atreve a