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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU
LIDIANE CRISTINA BARRAVIERA RODRIGUES
A produção da fala nas diferentes modalidades de reabilitação oral
BAURU
2008
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LIDIANE CRISTINA BARRAVIERA RODRIGUES
A produção da fala nas diferentes modalidades de reabilitação oral
BAURU
2008
Dissertação apresentada à Faculdade de
Odontologia de Bauru da Universidade de
São Paulo para a obtenção do título de
MESTRE em Fonoaudiologia.
Linha de Pesquisa: Processos e Distúrbios
da Voz e das Funções Orais
Área de concentração: Motricidade Orofacial
Orientador: Profª Drª Katia Flores Genaro
Rodrigues, Lidiane Cristina Barraviera
R618a A produção da fala nas diferentes modalidades de
reabilitação oral / Lidiane Cristina Barraviera Rodrigues.
-- Bauru, 2008.
104p. : il. ; 30cm
Dissertação. (Mestrado) -- Faculdade de Odontologia
de Bauru. Universidade de São Paulo.
Orientador: Profª Drª Katia Flores Genaro
Autorizo, exclusivamente para fins acadêmicos e científicos, a reprodução total
ou parcial desta dissertação, por processos fotocopiadores e outros meios
eletrônicos.
Assinatura:
Data: 06/08/2008
Comitê de Ética da FOB-USP
Protocolo nº: 047/2007
Data: 02 de julho de 2007
LIDIANE CRISTINA BARRAVIERA RODRIGUES
31/10/1981 Nascimento em Brasília – D.F.
Filiação Osvaldemir Goçalo Rodrigues
Marilene Aparecida Barraviera Rodrigues
2001-2004 Graduação em Fonoaudiologia pela
Faculdade de Odontologia de Bauru,
Universidade de São Paulo
2002-2003 Bolsista de Iniciação Científica (PIBIC-
CNPQ), sob orientação do Prof. Dr.
Gérson Francisco de Assis (Histologia),
Faculdade de Odontologia de Bauru,
Universidade de São Paulo
2003 Bolsista de Iniciação Científica (PIBIC-
2004 CNPQ), sob orientação da Profª Drª Maria
Cecília Bevilacqua (Fonoaudiologia),
Faculdade de Odontologia de Bauru,
Universidade de São Paulo
2005 Aprimoramento em Malformões
Congênitas, Hospital de Reabilitação em
Anomalias Craniofaciais, Universidade
de São Paulo
2006-2008 Especialização em Motricidade Orofacial,
com enfoque em Fonoaudiologia
Neonatal, Centro de Estudos e Pesquisas
em Fonoaudiologia (CEPEF)
2006-2008 Curso de Mestrado em Fonoaudiologia,
Área de Concentração em Motricidade
Orofacial, Faculdade de Odontologia de
Bauru, Universidade de São Paulo
DEDICO ESTE TRABALHO
à minha família,
Mãe, Pai, Poly, Júnior e Tadeu,
meu porto seguro,
meus amigos,
meus confidentes,
minha vida,
minha força,
meu incentivo,
minha alma,
o meu viver....
À Tia Si e Tio Paulinho, Tia Marilda e Tio Enoch, pessoas
maravilhosas, que me acolhem como filha, obrigada!
À Bruna, Vitor, Ivan e Bianca, pela alegria, diversão e por sempre
estarem comigo. Obrigada primos!
À D. Fátima, Sr. Moacyr, Simone, Silvano, Osmar, Renato e Renata,
Sarah, Samuel, João e Rafael, que são parte da minha família para
sempre. Pela amizade, alegria e pelo apoio, obrigada!
Aos meus avós Elídia, Belmiro, Isabel e Manoel (in Memoriam),
exemplos de luta e honestidade.
AGRADECIMENTO ESPECIAL
A Deus,
que ilumina meu caminho,
guia meus passos,
e está sempre comigo
em todos os momentos.
Agradeço sempre, Senhor, pela sua presença infinita em minha vida.
“Senhor,
Eu sei que tu me sondas
Sei que também me conheces
Se me assento ou me levanto
Conheces meus pensamentos
Quer deitado ou quer andando
Sabes todos os meus passos
E antes que haja em mim palavras
Sei que tudo me conheces
Senhor eu sei que tu me sondas
Deus, tu me cercastes em volta
Tuas mãos em mim repousam
Tal ciência, é grandiosa
Não alcanço de tão alta
Se eu subo até o u
Sei que ali também te encontro
Se no abismo está minh'alma
Sei que aí também me amas
Senhor eu sei que tu me amas”
AGRADECIMENTOS
À Prof
a
Dr
a
Kátia Flores Genaro, exemplo de mestre, seriedade e
responsabilidade. Pela confiança e ensinamentos, o meu muito
obrigado!
À Tatiane Totta, amiga, irmã e companheira de todas as horas,
profissional exemplar e dedicada. Obrigada Flor!
À Andréa Joaquim e Fabiani Figueiredo Magalhães, colegas e
companheiras de pesquisa. Obrigada pela força!
À Prof
a
Dr
a
Giédre Berretin-Felix e Prof
a
Dr
a
Alcione Ghedini
Brazollotto.
À todos os meus professores do Curso de Fonoaudiologia.
À Aveliny e Trixy, pelos seus conhecimentos e atenção dispensada.
À Faculdade de Odontologia de Bauru, na pessoa do Prof Dr Luiz
Fernando Pegoraro.
Aos Funcionários do Departamento de Fonoaudiologia e da Clínica
de Fonoaudiologia desta Faculdade.
Aos funcionários da Biblioteca pelo auxílio sempre cordial e eficiente.
Aos amigos da XII turma de Fonoaudiologia desta casa.
À minha amiga Stella e sua família, por terem me acolhido, muito
obrigada!
Aos queridos pacientes, motivo maior para minha incansável
dedicação à Fonoaudiologia. Muito obrigada!
RESUMO
RESUMO
Estudou-se a fala de idosos submetidos a diferentes modalidades de reabilitação oral para
verificar se o tipo de modalidade interferiu na produção da fala. Após aprovação do Comi
de Ética em Pesquisa, 36 idosos (média=68 anos) foram avaliados, formando-se 3 grupos:
13 com dentes naturais no mínimo até o 2º pré-molar (A) e outros dois grupos de
desdentados reabilitados, sendo um com 13 usuários de prótese total mucosossuportada
superior e inferior (B) e outro com 10 usuários de prótese total mucosossuportada superior e
implantossuportada inferior (C). Excluíram-se casos com histórico de doenças neurológica,
oncogica da região da cabeça e pescoço e psiquiátrica; realização de cirurgia laríngea;
etilismo; usuários de medicamentos que causasse xerostomia; malformação craniofacial,
oclusão e disfunção velofaríngea; dificuldade auditiva ou usuário de Aparelho de
Amplificação Sonora Individual e alteração cognitiva. A estabilidade das próteses foi
avaliada por um cirurgião-dentista e amostras de fala foram registradas e analisadas por 5
fonoaudiólogos, orientados a: identificar articulação exagerada ou fechada, redução dos
movimentos labiais e falta de controle salivar na fala espontânea; determinar a freqüência de
alteração dos fones na análise da repetição de vocábulos e frases para o cálculo da
Porcentagem de Consoantes Corretas (PCC); e a detectar troca de ponto articulatório,
projeção lingual, ceceio, desvio mandibular ou distorção acústica na repetição de vocábulos
e frases e na contagem de números. Análise acústica do fone [s] também foi realizada pela
gravação digital das palavras-chave “sapo”, “suco”, “siga”, inseridas na frase-veículo: “Digo
____ aqui, considerando-se os parâmetros: duração e freqüência do fone [s]. Segundo a
opinião da maioria dos juízes observaram-se em todos os grupos poucos casos com alguma
alteração de fala, com maior freqüência no grupo C, sendo a articulação travada verificada
em todos os grupos, a redução dos movimentos labiais em dois grupos (A e B) e a
articulação exagerada e a falta de controle salivar em um dos grupos (C e B). A
concordância quanto à PCC entre os juízes foi verificada pela Estatística Kappa,
observando-se variação entre concordância regular a quase perfeita. Verificou-se menor
valor da PCC para os fonemas linguodentais nos grupos B e C, portanto com maior
ocorrência de alteração, seguido dos fonemas alveolares. Houve predomínio de casos sem
alteração no grupo A, contrariamente aos grupos B e C, nas duas amostras de fala
estudadas, sendo a projeção lingual e o ceceio os tipos de alteração que mais ocorreram. A
comparação entre os grupos não mostrou diferença. Quanto às próteses, a maioria do grupo
B estava com a prótese inferior insatisfatória, não havendo associação entre alteração de
fala e prótese insatisfatória. Em relação à análise acústica, a comparação dos valores da
duração e da freqüência do fone [s] entre os grupos não mostrou diferea e, quando
comparada à presença ou ausência de alteração na produção do [s] com a duração e a
freqüência, também não se observou diferença. Apesar da amostra estudada ser pequena,
pode-se concluir que o tipo de prótese, bem como a estabilidade desta parece não interferir
na produção da fala.
Palavras-chave: Fala. Astica da fala. Prótese dentária.
ABSTRACT
ABSTRACT
Speech production in different oral rehabilitation modalities
In order to study the speech production of subjects submitted to different oral
rehabilitation modalities, and to verify whether the modality type used would interfere in
speech production, 36 elderly (average age = 68 years), both gender, were evaluated after
the Research Ethics Committee’s approval. The sample was divided into 3 groups: group A,
composed by 13 subjects with natural teeth, at least up to second premolar; group B, with 13
edentate subjects using maxillary and mandibular conventional denture; and group C, with
10 edentate subjects using maxillary conventional denture and mandibular implant-supported
prosthesis. Exclusion criteria were medical history of neurological diseases, head and neck
oncologic disease, psychiatric disease; laryngeal surgery; alcoholism; users of any drugs
whose side effects could cause xerostomia; craniofacial malformation, malocclusion, and
velopharyngeal dysfunction; hearing disorders or hearing aid users and cognitive alteration.
A dentist evaluated the prosthesis stability. Recorded speech samples were obtained
through spontaneous speech, vocable and sentences repetition, and counting of numbers.
The analysis was executed by 5 speech pathologists. They were guided to perform a general
impression of the spontaneous speech, identifying articulation, labial movements, and saliva
control alterations. Besides that, they had to identify the frequency of phonemes alterations
through the vocable and phrase repetition sample, and to detect the phonemes alterations
types such as: articulation point changes, tongue projection, lisp or mandibular deviation, in
the vocable and phrase repetition as well as in the counting of numbers. Analysis of the
alterations frequency involved the calculation of Percentage of Correct Consonants (PCC), to
verify the agreement among the observers, besides the comparison among groups, and
between the association of alteration presence or absence, in the spontaneous speech, and
the prosthesis stability. Acoustic analysis of the phoneme /s/ was also performed, through
digital record of the speech. For that, a sentence-vehicle (“Digo ____ aqui”) reading or
repetition was used, where Portuguese language key-words were inserted (“sapo”, “suco”,
siga”). Duration and frequency parameters of the phoneme /s/ were considered and
compared among groups. Also, the alteration presence or absence in the /s/ production was
compared to the duration and frequency of this phoneme. The results showed that, in
spontaneous speech, there was a large speech alteration in group C. However, the
alterations types were found in few occurrences, but in all of the studied groups. Speech
alterations presence was identified in the vocable and phrase repetition as well as in the
counting of numbers. A smaller Percentage of Correct Consonants value was observed for
the linguodental phonemes, in groups B and C, therefore with a larger alteration occurrence,
followed by the alveolar phonemes. There was a prevalence of occurrences without
alterations in group A, contrarily to groups B and C, in the two speech samples studied, with
the lisp and tongue projection being the most occurred alteration types. The comparison
among groups, in relation to alteration frequency, showed no significant differences in the
vocable and phrase repetition and counting of numbers. Dental evaluation showed that the
majority of group B subjects had an unsatisfactory mandibular prosthesis, but an association
could not be observed between speech alteration and unsatisfactory maxillary and
mandibular prosthesis. There were no significant statistical differences in duration and
frequency of the phoneme /s/ among groups. Comparison between alteration presence or
absence in /s/ production and duration and frequency showed no significant statistical
differences. In conclusion, despite the small sample, it appears that prosthesis type as well
as stability does not interfere in speech production.
keywords: Speech. Speech acoustics. Dental prosthesis.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
- FIGURAS
Figura 1 -
Figura 2 -
Figura 3 -
Figura 4 -
Figura 5 -
Janela Praat objects com o arquivo importado...........................
Forma de onda da amostra de fala gravada, com a seleção da
frase-veículo com a palavra chave “sapo”..................................
Janela Textgrid contendo a forma de onda e o espectrograma
das palavras-chave “sapo”, “suco” e “siga”................................
Selecionado o espectrograma correspondente ao início e final
do fone [s] na palavra-chave “sapo”. A seta representa a linha
criada para analisar a duração e a freqüência do [s] em cada
palavra........................................................................................
Cursor na região medial da forma de onda do [s] da palavra
“sigae a barra vertical criada para extrair o centro de
gravidade, determinando a freqüência do fone [s] nessa
palavra........................................................................................
49
49
50
51
51
- GRÁFICO
Gráfico 1 -
Freqüência de alteração durante a fala espontânea nos
grupos estudados.......................................................................
55
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 -
Tabela 2 -
Tabela 3 -
Tabela 4 -
Tabela 5 -
Tabela 6 -
Tabela 7 -
Tabela 8 -
Tabela 9 -
Tabela 10 -
Tabela 11 -
Tabela 12 -
Tabela 13 -
Tabela 14 -
Caracterização da amostra.............................................................
Freqüência dos tipos de alteração durante a fala espontânea nos
grupos estudados............................................................................
Concordância entre os juízes para a Porcentagem de
Consoantes Corretas nos diferentes grupos para os fones
analisados.......................................................................................
Valores individuais do grupo A referentes à mediana da
PCC...............................................................................................
Valores individuais do grupo B referentes à mediana da
PCC...............................................................................................
Valores individuais do grupo C referentes à mediana da
PCC.................................................................................................
Mediana, valor mínimo e máximo da PCC para cada fone, nos
diferentes grupos, bem como o resultado do
ANOVA............................................................................................
Freqüência dos tipos de alteração, concordância entre os juízes
e análise da variância da freqüência de alteração entre os
grupos, durante a repetição de vocábulos e
frases..............................................................................................
Freqüência dos tipos de alteração, concordância entre os juízes
e análise da variância da freqüência de alteração entre os
grupos, durante a contagem de números.......................................
Condição das próteses quanto à estabilidade................................
Associação entre a alteração na fala espontânea e a estabilidade
das próteses....................................................................................
Valores individuais, médias e desvio pado (X±DP) do grupo A,
referentes à duração (segundos) e à freqüência (Hertz) do fone
[s], nas palavras analisadas............................................................
Valores individuais, médias e desvio pado (X±DP) do grupo B,
referentes à duração (segundos) e à freqüência (Hertz) do fone
[s], nas palavras analisadas............................................................
Valores individuais, médias e desvio padrão (X±DP) do grupo C,
referentes à duração (segundos) e à freqüência (Hertz) do fone
[s], nas palavras analisadas............................................................
46
56
56
58
59
60
61
62
63
63
64
65
65
66
Tabela 15 -
Tabela 16 -
Tabela 17 -
Tabela 18 -
Médias (X) e desvios padrão (±DP) dos grupos estudados
referentes à duração (segundos) do fone [s], bem como o
resultado da análise da variância nas palavras analisadas............
Médias (X) e desvios padrão (±DP) dos grupos estudados
referentes à freqüência (Hertz) do fone [s], bem como o resultado
da análise da variância nas palavras analisadas............................
Comparação entre a presença ou ausência de alteração do fone
[s] e a duração deste fone [s] nos grupos estudados.....................
Comparação entre a presença ou ausência de alteração do fone
[s] e a freqüência deste fone nos grupos estudados......................
66
67
67
67
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 27
2 MATERIAL E MÉTODOS 43
2.1 CASUÍSTICA 45
2.2 PROCEDIMENTOS 46
2.3 ANÁLISE DOS DADOS 47
2.3.1 Filmagem 47
2.3.2 Análise Acústica 48
2.3.3 Análise Estatística 52
3 RESULTADOS 53
4 DISCUSSÃO 69
5 CONCLUSÕES 81
REFERÊNCIAS 85
APÊNDICES 95
ANEXOS 101
1 INTRODUÇÃO
1 Introdução
29
1 INTRODUÇÃO
A produção da fala exige movimentos coordenados de lábios, língua,
mandíbula e véu palatino, juntamente com a atividade das pregas vocais e músculos
respiratórios. O correto posicionamento desses órgãos pode modificar ou
interromper a corrente aérea vinda dos pulmões, com o objetivo de produzir os sons
de fala (SILVA, 2005), denominados fones, sendo essa produção denominada
articulação (BALL, 1993). Para esse processo, necessidade da participação dos
articuladores veis, destacando-se, dentre outros, os lábios e a língua, além dos
articuladores fixos, como o palato duro e os dentes (KENT, 2000).
O fluxo reo expiratório é modificado na cavidade oral, permitindo o
estabelecimento de duas classes de sons: as vogais, resultantes da passagem livre
do ar; e as consoantes que, contrariamente, se dá pela obstrução total ou parcial da
corrente de ar por meio da ação de dois articuladores (CALLOU; LEITE, 2005;
SILVA, 2005). Durante a produção das vogais, o som gerado na laringe é
amplificado e modificado pela posição da língua, podendo ser anterior, central ou
posterior (ÖZBEK et al., 2003); pela altura da língua, sendo alta, média ou baixa;
assim como pelo arredondamento dos lábios (CALLOU; LEITE, 2005; SILVA, 2005).
Por outro lado, durante a produção das consoantes, o local da aproximão
de dois articuladores denomina-se ponto articulatório, gerando diferentes sons na
dependência do local onde a corrente aérea expiratória é bloqueada. Assim, os
fones bilabiais como [p], [b] e [m] são produzidos a partir da aproximação dos lábios
superior e inferior; os labiodentais, como [f] e [v], são produzidos pela aproximão
dos dentes superiores e o lábio inferior; nos alveolares, como no caso do [s], [z], [l] e
[r], o ápice da língua toca o rebordo alveolar; nos velares, como [k], [g] e [R], há
contato entre dorso da língua e o véu palatino; os linguodentais, como [t], [d] e [n],
são produzidos pela aproximação do ápice da língua com os dentes incisivos
superiores e rebordo alveolar; e para a produção dos palatais, como [], [], [] e [],
a parte média da língua toca a porção final do palato duro (CALLOU; LEITE, 2005;
SILVA, 2005).
As consoantes tamm são classificadas segundo o modo como a corrente
aérea proveniente dos pulmões é bloqueada ao passar pela cavidade oral para a
1 Introdução
30
produção dos fones. Assim, denomina-se oclusivo ou plosivo quando há obstrução
total da corrente de ar pelos articuladores, como em [p], [t] e [k], dentre outros;
fricativo, quando a obstrução da corrente aérea é parcial e contínua, como em [f], [s]
e [v], entre outros; africado, quando inicialmente obstrução completa à passagem
do ar seguido da obstrução parcial, como em [t] e [d]; lateral, quando o ar é
obstruído na linha central do trato vocal, sendo o ar direcionado pelas laterais da
língua como em [l] e []; vibrante, quando um articulador móvel toca repetidas vezes
um articulador fixo, podendo ser simples, produzido apenas com um toque no
articulador, como em [r], ou múltipla, produzido com vários toques, como em [R]; e
nasal, quando o fluxo aéreo é distribuído tanto na cavidade oral quanto nasal, como
em [m], [n] e [] (CALLOU; LEITE, 2005; SILVA, 2005).
A produção da fala também é um fenômeno acústico, pois a vibração das
pregas vocais gera uma onda sonora que é modificada ao longo do trato vocal. Essa
onda possui diferentes características. A energia gerada pela corrente aérea vinda
dos pulmões e pela vibração das pregas vocais está relacionada à intensidade
sonora. O número de ondas sonoras geradas pela vibração das pregas vocais em
um determinado tempo relaciona-se à freqüência (DOUGLAS, 2002). Além disso, o
fenômeno de ressonância está relacionado à passagem e modificação do som pelo
trato vocal, amplificando certas regiões do som e diminuindo outras (BEHLAU et al.,
2004).
As vogais são regiões de amplificação inseridas na energia glótica que
representam grupos de harmônicos amplificados no trato vocal, denominados
formantes do som, que são definidos principalmente por seus picos de freqüências
na posição articulatória específica da vogal falada. São expressos pelo seu valor
médio em Hertz (Hz) e designados por F
1
, F
2
, F
3
,..., F
n
. A produção dos formantes é
um mecanismo articulatório. Por isso, o grau de abertura da boca e a movimentação
da língua durante a produção de uma vogal têm relação direta com o primeiro
formante (F
1
). Além disso, o quanto a faringe está livre ou não pelo deslocamento da
língua, tem relação direta com o segundo formante (F
2
). Na produção das vogais,
somente esses dois formantes estão envolvidos (BEHLAU et al., 2004).
Ao contrário dessas, as regiões de incremento de energia das consoantes
não representam grupos de harmônicos amplificados pela característica da fonte
friccional, mas simplesmente áreas de alta intensidade (RUSSO; BEHLAU, 1993) e
1 Introdução
31
possuem diferenças acústicas umas das outras pelo modo e ponto articulatório
particular de cada consoante (KENT, 1997).
Portanto, os sons de fala são produzidos pela ação de um complexo sistema
acústico chamado trato vocal. Qualquer mudança nas características acústicas do
sinal de fala representamovimento dos órgãos fonoarticulatórios (BAKEN;
ORLIKOFF, 2000). Em relação aos estudos dos sons da fala, especial atenção tem
sido dada à produção dos sons fricativos, uma vez que são aqueles que mais
freqüentemente ocorrem em diferentes línguas (MEHRINGER, 1963; FERNANDES;
POLIDO; WERTZNER, 1999), possuem alta freqüência e são formados pelo
direcionamento do fluxo aéreo por uma separação incisal mínima (MEHRINGER,
1963).
Especificamente na produção do fone [s], a energia produzida não é gerada
nas pregas vocais, mas pela turbulência da passagem do ar no trato vocal, neste
caso, a partir da obstrução parcial do ar através da aproximação do ápice da língua
nos dentes incisivos superiores e rebordo alveolar (KENT, 1997). Na língua
portuguesa falada no Brasil, trata-se de um som de freqüências altas, variando entre
4500Hz e 8000Hz (BEHLAU et al., 2004), sendo muito estudado, por ser um som
comum em várias línguas (RUNTE et al., 2001).
A análise acústica da onda sonora vocal mais utilizada é realizada por meio
da espectrografia acústica, que consiste na decomposição da onda sonora em seus
componentes básicos. O registro dessa análise é o espectrograma, um gráfico
tridimensional que mostra a sucessão de espectros unitários, apresentando o tempo
no eixo horizontal, a freqüência no eixo vertical e a intensidade no grau de
escurecimento das marcas do registro (BAKEN; ORLIKOFF, 2000, BEHLAU, 2004).
A produção de espectrogramas é um processo matemático baseada na
transformão de Fourier, um matemático francês que provou que as ondas
periódicas podem ser analisadas em seus diferentes componentes. A transformão
de Fourier é um cálculo matemático que converte a forma de onda (amplitude por
tempo) no espectro (freqüência por amplitude). Com isso, oferece a amplitude das
diversas freqüências componentes do som (KENT; READ, 1992; BEHLAU et al.,
2004). No entanto, as ondas de fala o são periódicas, o que exige uma adaptação
da análise de Fourier, sendo nesse caso, realizada a Transformação Rápida de
Fourier (Fast Fourier Transform FFT), que produz um espectro mostrando a
1 Introdução
32
amplitude de cada harmônico da freqüência fundamental, sendo que a diferença
entre dois harmônicos resulta na freqüência fundamental (BEHLAU et al., 2004).
Os espectrógrafos acústicos sempre foram utilizados com objetivos
científicos e, com o surgimento de programas computadorizados, foi possível a sua
aplicação clínica (BEHLAU et al., 2004), proporcionando melhor compreensão do
processo de produção dos sons, assim como tem complementado as informações
obtidas na avaliação e diagnóstico (LIMA, 2006), oferecendo medidas objetivas para
complementar o julgamento perceptivo da fala (LEE et al., 2002).
A análise espectral também tem sido utilizada para avaliar os efeitos das
próteses dentárias sobre a produção dos sons da fala (CHIERICI; PARKER;
HEMPHILL, 1978; GHI; McGIVNEY, 1979; PETROVIC, 1985; ICHIKAWA; KOMODA;
HORIUCHI; MATSUMOTO, 1995; BAUM; McFARLAND, 1997; POMILIO; EL-
GUINNDY, 1998; BAUM; McFARLAND, 2000; RUNTE et al., 2001; JINDRA; EBER;
PEÁK, 2002; AASLAND; BAUM; McFARLAND, 2006).
Para que os fenômenos acústico e motor da fala aconteçam sem alterações,
integridade e harmonia das estruturas participantes da produção de fala são de
fundamental importância. Marchesan (2004) relatou que alterações nas estruturas
musculares ou ósseas e nas funções orofaciais podem interferir na fala, destacando
dentre as possíveis causas: má ocluo, movimentos mandibulares alterados,
quantidade de saliva, falta de elementos dentários e uso de prótese dentária.
Uma das estruturas orais importantes para a produção da fala são os
dentes, articuladores que determinam a produção de diferentes sons.
Especificamente para a produção do fone [s], as bordas laterais da língua se
adaptam ao rebordo alveolar e à face palatina dos dentes superiores e posteriores
com o intuito de selamento lateral; concomitantemente, forma-se um sulco mediano
no dorso da língua, através do qual o ar é direcionado anteriormente (RUNTE et al.,
2001; TRÓIA JR et al., 2003). Se essa relação estiver alterada, distorções sonoras
podem acontecer denominando-se ceceio (FELÍCIO, 1998; SOCIEDADE
BRASILEIRA DE FONOAUDIOLOGIA, 2007).
Além da importância dos dentes como articuladores de alguns fones, quando
se faz exodontia são eliminados exteroceptores, receptores importantes situados no
ligamento periodontal. Deste modo, a perda dos dentes também contribui com as
1 Introdução
33
alterações da fala, pois a articulação é dependente da coordenação entre a
retroalimentação tátil e cinestésico (GHI; McGIVNEY, 1979; JACOBS et al., 2001).
Por isso, a ausência de propriocepção provocada pela perda dos dentes afeta a
precisão dos movimentos da fala na produção dos fones, em especial o [s] (GHI;
McGIVNEY, 1979).
Em indivíduos idosos ocorrem mudanças anatômicas e/ou funcionais no
mecanismo orofacial, sendo comum a ausência dos dentes, além de outras
alterações decorrentes da senilidade, como diminuição da quantidade de saliva na
boca e a redução do tato e paladar, e atrofia dos músculos mastigatórios, que
podem resultar em problemas fonoarticulatórios (SCHIFFMAN, 1997; CUNHA;
FELÍCIO; BATAGLION, 1998), afetando também outras funções estomatogticas
além da fala (JALES et al., 2005).
Cerqueira, Assencio-Ferreira e Marchesan (2001) avaliaram 12 idosos com e
sem próteses dentárias totais e removíveis, a partir da mensuração da pressão
durante o sopro e sucção, utilizando um vacuomanômetro. A maior parte da amostra
utilizava as próteses totais há mais de 10 anos e, em menos da metade da amostra,
a prótese o estava bem adaptada. Os resultados mostraram maior eficiência na
execução do sopro e da sucção, com maior variação da amplitude das pressões
quando os idosos utilizavam as próteses dentárias, e também no sexo masculino.
Estudos que avaliaram as mudanças freqüentemente percebidas na fala dos
idosos, mediante avaliação de parâmetros como: produção de vogais, início do
tempo vocal, características temporais da fala, duração, inteligibilidade e velocidade
de fala verificaram que as alterações dos mesmos foram associadas às mudanças
anatômicas e fisiológicas advindas da senilidade (SHUEY, 1989; MORRIS, 1994;
BENJAMIN, 1997; HARNSBERGER et al; 2006).
Castro, Santos e Gonçalves. (2004) estudaram as modificações sofridas
pelo sistema estomatognático no processo de envelhecimento e suas implicações na
fala. Alteração no tônus de bochechas, má oclusão, falta parcial de elementos
dentários e uso de prótese parcial foram encontrados nesses indivíduos. Segundo
os autores, a maior parte dos idosos apresentava adaptações como um mecanismo
compensatório para o problema funcional. Além disso, de maneira geral, nesta
amostra de idosos, não houve limitação na fala mesmo na presença de algum
disrbio do sistema estomatognático.
1 Introdução
34
Quando há falta de dentes, cabe à Odontologia atuar na reposição dessas
estruturas, a fim de devolver a estética e a funcionalidade. Para essa finalidade,
existem as próteses parciais e totais, fixas ou removíveis (TURANO; TURANO,
2004). Mais recentemente foram desenvolvidas as próteses implantossuportadas e
implantorretidas, sendo fundamental conhecer as necessidades dos pacientes para
a indicação do procedimento mais apropriado para cada caso (TELLES; HOLLWEG;
CASTELLUCCI, 2004).
Tanto as próteses parciais como as totais devem eliminar as alterações
presentes na fala (JINDRA; EBER; PESÁK, 2002). Deste modo, a fala deve ser um
fator a ser considerado durante a adaptação da prótese, porém esse fato nem
sempre foi considerado, sendo verificado muitas vezes apenas quando havia queixa
por parte do paciente (TANAKA, 1973).
Em alguns casos, a colocação da prótese total provoca distúrbio na fala, não
ocorrendo, ao longo do tempo, adaptação funcional da mesma, o que pode levar ao
abandono do seu uso (NOGUEIRA et al., 1991). Os problemas na fala decorrentes
do uso de próteses referem-se aos casos em que há prejuízos na adaptação
(SCHIFFMAN, 1997; CUNHA; FELÍCIO; BATAGLION, 1998). De acordo com
Tanaka (1973), os sons africados e fricativos são os mais afetados quando o
contorno da área palatina da prótese está imperfeito.
Se a prótese estiver bem confeccionada, as alterações na fala serão de
breve duração, pois ocorrerá um processo de compensação, especialmente da
posição da língua, que leva à adaptação funcional (DOUGLAS 2002).
A colocação de próteses dentárias pela primeira vez, assim como a
substituição das antigas por novas, pode provocar alteração na fala (FELÍCIO, 1998)
e, assim aspectos como articulação e ressonância podem sofrer alteração (ÖZBEK
et al., 2003). No entanto, o efeito, favovel ou não, da prótese sobre a fala é
determinado por características morfológicas e pelo relacionamento que a mesma
mantém com as estruturas da cavidade oral (RUSSI; LOMBARDO; NOGUEIRA,
1992).
De acordo com Marchesan (2004), a prótese pode afetar a fala como um
todo, pois, para não perder a estabilidade, os indivíduos necessitarão falar com a
1 Introdução
35
boca mais fechada, levando à imprecisão articulatória e, na tentativa de melhorar a
fala, poderão desenvolver movimentos alterados da mandíbula e dos lábios.
Os sons fricativos [s] e [z] tem sido foco de estudo envolvendo a fala após a
reabilitação oral, em decorrência da precisão quanto ao posicionamento da língua,
necessário ao controle da corrente aérea, além da precisão dos movimentos da
mandíbula (MANDERS et al., 2003). O fone [s] freqüentemente se apresenta
acusticamente distorcido devido ao ajuste motor fino particular que a língua realiza
para sua produção, necessitando de habilidades neuromusculares e psicoauditivas
(RUNTE et al., 2001).
As vogais, como são produzidas sem constrição do trato vocal, a localização
e a forma da prótese podem provocar um pequeno impacto na articulação das
mesmas (HEYDECKE et al., 2004).
Um estudo realizado por Heydecke et al. (2004) avaliou a fala de 30
desdentados totais, com idades entre 30 a 60 anos, adaptados com prótese
removível implantossuportada na maxila, sem a cobertura palatina, e, em outro
momento, com prótese fixa; além da prótese removível no arco inferior. Tamm
foram avaliados 15 indivíduos adaptados com overdenture com e sem a cobertura
palatina na maxila, em diferentes momentos, além de prótese fixa
implantossuportada na mandíbula. Constataram que a presença ou ausência da
cobertura palatina não provoca diferença na produção da fala.
Por outro lado, Aasland, Baum e McFarland (2006) avaliaram a produção do
fone [s] com dois tipos de palatos artificiais, sendo um com 6mm de espessura na
região alveolar e outro com 1mm de espessura em todo palato. Observaram que
quando o palato artificial era mais espesso, havia mais alterações na produção do
[s], com freqüências e qualidade significantemente mais baixas nessa condição.
Para que o contorno da área palatina da prótese total maxilar não provoque
alterações na fala, Kong e Hansen (2008) descreveram uma técnica que utiliza
resina acrílica autopolimeralizante para a correção do contorno da área palatina,
quando este influenciar na fala. A palatografia é uma técnica de avaliação, sendo
solicitado ao paciente repetir palavras contendo o som fricativo [s] para obter a
impressão dinâmica da língua e o seu contato com a resina, reproduzindo a área
funcional do contorno palatal da maxila na prótese. Na opinião dos autores, a
1 Introdução
36
modificação do contorno palatino da prótese superior não causa impacto significante
na mastigação, deglutição ou retenção. Além disso, esta técnica pode ser utilizada
para se obter uma melhor produção de fala em usuários de prótese total superior.
Um outro aspecto a ser considerado, uma vez que interfere na produção da
fala refere-se à inclinação dos incisivos superiores (PETROVIC, 1985; RUNTE et al.,
2002; MARCHESAN, 2004). Modificações de 2mm para a região vestibular além da
posição de referência dos incisivos superiores, e aumento de 1mm da espessura da
placa palatina causam distorções na fala (PETROVIC, 1985). Runte et al. (2001)
verificaram maior ocorrência de distorção acústica na produção do fone [s] quando
os incisivos centrais estavam vestibularizados ao ins de lingualizados. Por isso,
alguns autores sugerem que os dentes das próteses sejam construídos o mais
próximo possível da posição dos dentes originais (RUNTE et al., 2002).
A dimensão vertical de oclusão (DVO) tamm é outro importante parâmetro
a ser considerado no processo de confecção e adaptação das próteses dentárias,
pois uma vez aumentada ou diminuída pode levar à alteração na fala (MEHRINGER,
1963; CHIERICI, LAWSON, 1973; FELÍCIO, 1996). Além disso, a diminuição da
DVO interfere tamm na aparência estética do indivíduo e na condição postural da
mandíbula (CUNHA; FELÍCIO; BATAGLION, 1998).
Para determinar a DVO o método fonético é muito utilizado. Oliveira (1994)
comparou quatro técnicas diferentes para determinar a DVO, todas baseadas em
sons da fala, sendo utilizados os fones [s], [f], [m], além da vogal [i]. Os achados
mostraram que quando utilizado o fone [s], os resultados mais se aproximaram aos
da literatura internacional. O autor considerou os métodos fonéticos subjetivos,
recomendando a associação de outros métodos para a determinação da DVO. Além
disso, refere que quando utilizados, necessidade de pessoas com conhecimento
em fonética para que bons resultados sejam alcançados.
Os movimentos mandibulares após a instalação de próteses totais foram
estudados em 8 pacientes, durante o período de adaptação funcional (LELES et al.,
2003). Registros foram obtidos durante a abertura e fechamento analisando-se a
amplitude e a velocidade dos movimentos; movimento da mandíbula entre a posição
de repouso postural e a máxima intercuspidação; movimento da mandíbula durante
a mastigação e registro do limite de movimento mandibular de abertura e
fechamento, lateralidade e protrusão. Os pacientes foram avaliados com as próteses
1 Introdução
37
antigas, no período imediato à instalação das próteses e nos períodos de
aproximadamente 30 dias e 6 meses após a instalação. Os resultados mostraram
que o padrão dos movimentos pouco se altera entre os períodos estudados,
sugerindo que as dificuldades funcionais após a instalação das próteses totais não
se relacionam a alterações no padrão de coordenação dos movimentos
mandibulares. Assim, a adaptação dos pacientes após a instalação de próteses
totais não se relaciona propriamente a alterações funcionais, mas a características
intrínsecas das próteses e a aspectos subjetivos individuais.
Utilizando um cinesiográfico para registrar os movimentos mandibulares,
Souza e Compagnoni (2004) estudaram a associação entre o espaço de pronúncia
do som [s] e o espaço funcional livre. Avaliaram 61 dentados e 33 usuários de
próteses totais. O espaço funcional livre foi determinado solicitando-se ao indivíduo
que ocluísse os dentes a partir da posição de repouso postural. O espaço de
pronúncia do [s] foi aferido durante a pronúncia da palavra “seis”, registrado como a
posição mandibular média para o som [s] em relação à máxima intercuspidação. A
DVO foi determinada de duas formas: solicitando ao indivíduo permanecer em
posão de repouso após deglutir e emitir o fone [m] para que fosse realizada a
medida da distância do queixo à base do nariz; e pelo método fonético durante a
produção de sons sibilantes. Os resultados mostraram fraca correlação entre o
espaço funcional livre e o espaço de pronúncia do [s] para o grupo de dentados, mas
forte correlação para o grupo usuário de prótese total. O espaço funcional livre e o
espaço de pronúncia do [s] foram diferentes entre os dentados, mas não entre os
usuários de prótese. Os autores relataram que mudanças anatômicas após o
procedimento protético provocaram uma adaptação funcional, sendo que esse
processo adaptativo aproximou as duas variáveis – espaço de pronúncia do [s] e
espaço funcional livre.
A idade e outros fatores podem interferir na habilidade de controlar a prótese
durante as funções orais (SCOTT; HUNTER, 2008).
Assim sendo, faz-se necessário considerar vários aspectos durante a
confecção das próteses totais mucosossuportadas, desde a perfeita moldagem, a
fim de não provocar distorções na fala (JINDRA; EBER; PESÁK, 2002). As queixas
quanto à qualidade de fala não se restringem aos usuários de próteses totais
1 Introdução
38
mucosossuportadas, mas também aqueles que utilizam próteses
implantossuportadas (FELÍCIO, 1998).
Tanto as próteses fixas implantossuportadas quanto as implantorretidas
podem provocar alterações na fala quando os princípios protéticos básicos não
forem seguidos. Nas próteses fixas implantossuportadas, o espaço necessário para
a higiene oral, existente entre a prótese e o rebordo alveolar, pode provocar
distorções acústicas na fala, pois ocorre um excessivo escape de ar por esse
espaço (DeBOER, 1993), principalmente durante a produção dos sons plosivos e
fricativos alveolares e palatais (HEYDECKE et al., 2004).
No entanto, as alterações podem ser diferentes quando comparadas à
utilização de próteses totais fixas implantossuportadas na maxila ou na mandíbula,
pois quando adaptada na maxila pode provocar alteração na produção dos fones [s]
e [z] (JACOBS et al., 2001; MANDERS et al., 2003) e, de acordo com Manders et al.
(2003) essa alteração pode ocorrer devido a influências da idade e fatores auditivos.
Por outro lado, quando adaptada na mandíbula, pode alterar os sons [t] e [d].
Estas diferenças são explicadas pela variada produção desses sons e o
envolvimento dos arcos superior e inferior em cada um deles (JACOBS et al., 2001).
Além disso, segundo alguns estudos, a fala de usuários de prótese implantorretida é
mais inteligível que a fala de usuários de próteses fixas implantossuportadas, se
aproximando do padrão de fala das pessoas com dentes naturais (JACOBS et al.,
2001; HEYDECKE et al., 2004).
Os aspectos miofuncionais orofaciais em 10 desdentados, com média de
idade de 54 anos, reabilitados com prótese fixa implantossuportada de carga
imediata na mandíbula foram avaliados por Sansone et al. (2006) antes da
reabilitação e após 1 a 4 meses da colocação dos implantes. Os resultados não
revelaram modificação significante dos aspectos investigados e os autores relataram
que a reabilitação por meio de próteses implantossuportadas produz um padrão
oclusal mais satisfatório, não provocando mudanças nos padrões funcionais.
No entanto, um outro estudo envolvendo indivíduos adaptados com próteses
fixas implantossuportadas de carga imediata na maxila mostrou que há melhor
produção da fala após 3 a 6 meses da colocação dos implantes (MOLLY et al.,
2008).
1 Introdução
39
Alguns estudos propõem a verificação da opinião dos usuários de diferentes
tipos de próteses implantossuportadas, a partir da aplicação de questionários de
qualidade de vida.
Cibirka, Razzoog e Lang (1997) observaram maior satisfação dos usuários
após a adaptação de ptese implantossuportada, comparado à época que faziam
uso de prótese total mucosossuportada.
Yi et al. (2001) observaram com relação às funções orais que os indivíduos
estavam satisfeitos e que o nível das funções de mastigação e fala, conforto oral e
estético estava similar ao grupo de indiduos dentados.
Berretin-Felix et al. (2008), com o objetivo de verificar as conseqüências da
reabilitação oral na qualidade de vida de idosos utilizaram três questionários de
qualidade de vida, sendo 2 relacionados à condições orais (Oral Impact on Daily
Performance - OIDP e o Oral Health Impact Profile, versão reduzida – OHIP - 14) e
um relacionado a aspectos globais (World Health Organization Quality of Life -
WHOQOL-BREF). Participaram do estudo 15 idosos desdentados totais reabilitados
com prótese total mucosossuportada na maxila e prótese fixa implantossuportada na
mandíbula. Os questionários foram aplicados antes, após 3, 6 e 18 meses da
colocação da prótese fixa implantossuportada. Foi verificado que a pontuação dos
questionários OIDP e OHIP-14 foi melhor após o tratamento; o questionário
WHOQOL-BREF foi menos sensível, confirmando que questionários específicos são
mais confveis. Assim, o tratamento com prótese fixa implantossuportada melhorou
a qualidade de vida dos idosos, sendo esse efeito melhor detectado por
instrumentos específicos.
Há alguns anos, vários estudos têm utilizado a análise acústica para avaliar
os efeitos das próteses dentárias sobre a fala (CHIERICI; PARKER; HEMPHILL,
1978; GHI; MCGIVNEY, 1979; PETROVIC, 1985; ICHIKAWA et al., 1995; BAUM,
MCFALARD, 1997; BAUM, MCFALARD, 2000; RUNTE et al., 2001; JINDRA, EBER,
PESÁK, 2002; AASLAND; BAUM; McFARLAND, 2006), sendo a espectrografia o
método mais viável para avaliar a reabilitação de fala dos desdentados que
receberam próteses novas (POMILIO; EL-GUINNDY, 1998).
Em conjunto com a avaliação perceptiva auditiva, a análise acústica
promove maior compreensão da articulação dos sons nessa população específica. O
1 Introdução
40
fone [s] foi analisado acusticamente por todos os estudos citados acima, pois, para a
sua produção, há participação dos dentes que, quando alterados ou mal
posicionados, alteram a produção desse som.
Com o objetivo de verificar a adaptação da produção do fones [s] na
inserção de uma prótese mais espessa que o normal na região de pronúncia do [s],
Baum e McFarland (1997) avaliaram 7 mulheres jovens. Realizaram análise acústica
e perceptiva da fala com a prótese. A sílaba [sa] era emitida em um intervalo de
tempo de 15 minutos, com o palato artificial no lugar adequado. Em seguida, era
solicitada a leitura do trecho de um texto onde o fone [s] aparecia muitas vezes, a
fim de promover adaptação à prótese modificada. Verificaram que pode ocorrer uma
rápida adaptação à mudanças estruturais se houver uma prática específica e
intensa. Diminuição nos centros de freqüências e na qualidade da produção do [s] foi
observada, comparada com a ausência de modificações do palato artificial.
Jindra, Eber e Peák (2002), em estudo realizado na República Checa,
compararam a análise acústica de sílabas em indivíduos com e sem a prótese
dentária. Verificaram alterações nas características acústicas das consoantes e
vogais nos sujeitos sem a prótese, sendo eliminadas com a colocação da mesma.
Mas, em alguns casos, essas alterações permaneceram, principalmente nos fones
alveolares.
Xue e Hao (2003) estudaram 38 idosos e 38 jovens, de ambos os sexos,
para estabelecer as mudanças no trato vocal humano e nos correlatos acústicos da
produção da fala relacionados ao envelhecimento. Os participantes foram solicitados
a repetir uma frase-veículo composta pela vogal [a] e palavras com a estrutura
consoante-vogal-consoante, por três vezes cada palavra; além de lerem um
parágrafo, por duas vezes. Foram analisados os formantes da vogal [a] e os picos
de freqüência associados à F
1
, F
2
e F
3
. Os resultados mostraram mudanças
semelhantes nos padrões acústicos para ambos os sexos na população idosa,
comparativamente aos sujeitos jovens, demonstradas pela redução das freqüências
dos formantes (especialmente F
1
) na produção de vogais vistas no grupo idoso.
Ungvári et al. (2007), a fim de estimar a influência da prótese total superior
na fala avaliaram acusticamente a pronúncia de palavras com e sem a prótese.
Observaram que os valores dos formantes tornaram-se maiores, assim como a
velocidade de pronúncia das palavras, quando a prótese estava na cavidade oral.
1 Introdução
41
Deste modo, a adaptação de diferentes modalidades de reabilitação oral
deve propiciar a melhora da qualidade de vida dos indivíduos, a partir do
restabelecendo tanto da estética quanto da funcionalidade, incluindo-se os aspectos
relacionados à produção da fala.
Tendo em vista que a produção da fala pode sofrer interferências das
condições dentárias e dos diferentes procedimentos de reabilitação oral realizados,
o propósito deste estudo foi estudar a produção da fala de indivíduos submetidos a
diferentes modalidades de reabilitação oral, a fim de verificar se o tipo de
modalidade utilizada interferiu na produção da fala.
2 MATERIAL E MÉTODOS
2 Material e Métodos
45
2 MATERIAL E MÉTODOS
2.1 CASUÍSTICA
Este estudo é parte de uma pesquisa financiada pela FAPESP (processo n
o
91/2006) intitulada em “Voz, fala e funções orofaciais de idosos submetidos a
diferentes estratégias de reabilitação oral protética”.
Foram avaliados 36 indivíduos, de ambos os sexos, com média de idade de
68 anos e 3 meses (60 a 82 anos), distribuídos em 3 grupos: 13 apresentando
elementos dentários naturais, no mínimo até o segundo pré-molar (grupo A) e outros
dois formados por desdentados totais reabilitados: um com 13 usuários de prótese
total mucosossuportada superior e inferior (grupo B) e outro com 10 usuários de
prótese total mucosossuportada superior e prótese total implantossuportada inferior
(grupo C), visualizado na tabela 1.
Os critérios de exclusão deste estudo foram:
- histórico de doenças neurológica, oncológica da região da cabeça e pescoço e
psiquiátrica;
- realização de cirurgia laríngea;
- etilismo;
- uso de medicamento que causasse xerostomia;
- malformação craniofacial, má oclusão e disfunção velofaríngea, esta última
percebida pelas características da fala durante a entrevista;
- dificuldade auditiva detectada na entrevista quando o indivíduo solicitava
repetições do enunciado, ou usuário de aparelho de amplificação sonora;
- alteração cognitiva verificada pela aplicação do Mini-Exame do Estado Mental
(LOURENÇO; VERAS, 2006), mostrado no anexo A, cujos escores deveriam estar
acima de 24 pontos para indiduos alfabetizados e acima de 18 para analfabetos.
2 Material e Métodos
46
Tabela 1 - Caracterização da amostra.
2.2 PROCEDIMENTOS
Este estudo foi realizado na Clínica de Fonoaudiologia da Faculdade de
Odontologia de Bauru da Universidade de São Paulo, após aprovação do Comitê de
Ética em Pesquisa, processo 047/2007 (anexo B), seguindo-se todas as
recomendações da resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde.
Os indivíduos foram recrutados a partir do contato telefônico com diferentes
clínicas odontológicas e com a Associação dos Aposentados, bem como com
familiares dos funcionários do campus USP da cidade de Bauru/SP.
Inicialmente foi realizada uma entrevista com os indivíduos visando investigar
a presença de alterações que os excluíssem da amostra. Em seguida, realizaram
avaliação odontológica, com um cirurgião-dentista, a fim de verificar a condição das
próteses dentárias quanto à sua estabilidade. Considerou-se estabilidade
insatisfatória se, ao falar, a prótese se deslocava, bem como diante da presença de
lesões na mucosa (inflamão ou ferida semelhante a afta).
Na seqüência, avaliou-se a fala, sendo as amostras desta registradas por
filmadora (Panasonic Palmcorder VJ98) posicionada à frente do indivíduo, sobre um
tripé, a 1m de distância do mesmo. Utilizou-se amostra de fala espontânea, coletada
por meio de uma conversa a partir de perguntas de referência (apêndice A).
Também foi solicitada a repetição de uma lista de vocábulos e frases (apêndice B),
bem como a contagem de números de 1 a 20.
Sexo
Tempo de uso das próteses
Média (Mínimo-Máximo)
Grupo n
Masculino Feminino Média (Mínimo-Máximo)
Superior Inferior
A
13 46,15% (n=6) 53,85% (n=7) 65a11m (60-80 anos) ---- ----
B
13 38,46% (n=5) 61,54% (n=8) 70a5m (61-82 anos) 7a3m (1m-22a) 7a3m (1m-22a)
C
10 40,00% (n=4) 60,00% (n=6) 68a6m (60-74 anos) 3a10m (2a-8a) 3a6m (2a-8a)
TOTAL
36
41,66%
(n=15)
58,33%
(n=21)
68a3m (60-82 anos) 5a9m (1m-22a) 5a7m (1m-22a)
2 Material e Métodos
47
A fim de analisar acusticamente o fone [s], foi realizada a gravação digital da
fala por outra fonoaudióloga, em sala acusticamente tratada, e com o indivíduo
sentado confortavelmente. Para tanto, utilizou-se a leitura ou repetição, no caso de
analfabetos, da frase-veículo “Digo ____ aqui, onde estavam inseridas as palavras-
chave sapo”, “suco”, siga”, contemplando sílabas tônicas com as vogais “a”, “i” e
“u” na posição inicial. Foram considerados os parâmetros: duração do fone [s], em
segundos, e a sua freqüência, em Hertz, extraída pela técnica FFT (Fast Fourier
Transform).
As gravações foram realizadas em um software de edição de audio
profissional (Sound Forge 7.0), com taxa de amostragem de 44.100Hz e canal Mono
em 16bit. Utilizou-se um microfone de cabeça AKG (modelo C 444 PP) unidirecional,
posicionado lateralmente a 10cm da comissura labial. Este se encontrava conectado
diretamente ao computador (processador Intel Pentium® 4, com 2.040 GHz e 256
MB de RAM, placa de som modelo Audiology II, marca Creative) do Laboratório de
Voz da Clínica de Fonoaudiologia da Faculdade de Odontologia de Bauru/USP.
2.3 ANÁLISE DOS DADOS
2.3.1 Filmagem
Os registros das amostras de fala foram digitalizados e gravados em DVD-R,
e cinco fonoaudiólogos com experiência em avaliação da fala as analisaram a partir
de um roteiro pré-estabelecido (apêndice C). Para a análise dos resultados foi
considerado o parecer da maioria dos fonoaudiólogos.
No momento da entrega do roteiro e do DVD-R, os fonoaudiólogos foram
orientados individualmente, recebendo as instruções por escrito (apêndice D), para
analisarem a fala em três momentos: no primeiro deveriam fazer uma análise
segundo a impressão geral durante a fala espontânea, sem se preocupar em
identificar alterações específicas em fones. Nessa etapa identificaram a presença de
alterações como: articulação exagerada, articulação fechada, redução dos
movimentos labiais e a falta de controle da saliva. Na segunda etapa deveriam
identificar a freqüência de alterações nos fones a partir da amostra de repetição de
2 Material e Métodos
48
vocábulos e frases. Na terceira e última etapa deveriam identificar o tipo de
alteração como troca de ponto articulatório, projão lingual (anterior, lateral, anterior
e lateral), ceceio (anterior, lateral, anterior e lateral), desvio mandibular (para anterior
e para lateral) e distorção articulatória, nas duas amostras de fala, ou seja, repetição
de vocábulos e frases e contagem de números.
Para a análise da freqüência das alterações foi calculada a Porcentagem de
Consoantes Corretas - PCC (SHRIBERG; KWIATKOWSKI, 1982) para cada fone:
2.3.2 Análise Acústica
Nesta análise utilizou-se o programa Praat versão 4.6.
20 (PRAAT, 2007),
desenvolvido no Instituto de Ciências Fonéticas da Universidade de Amsterdan por
Paul Boersma e David Weenink, que estava instalado no computador Acer, modelo
3690-2329, com processador Intel Celeron
®
(1,86GHz, 533MHz FSB, 1MB L2).
Ao iniciar o programa, duas janelas são abertas, sendo neste estudo utilizado
apenas a janela Praat objects, referente ao centro de controle dos dados. A partir
desta janela, importou-se o arquivo contendo os dados das frases-vculo com as
palavras-chave (figura 1), e, em seguida, pôde-se visualizar a forma de onda das
mesmas (figura 2). Neste momento, por meio de um cursor do próprio programa,
selecionou-se o segmento correspondente ao [s] de cada uma das palavras-chave
(“sapo”, “suco”, siga”) a partir do apoio visual e auditivo, ou seja, visualizando e
ouvindo o trecho selecionado ao clicar sobre ele. Cada segmento era armazenado
em arquivos separados.
Na seqüência, os três arquivos foram selecionados para visualizar, na mesma
tela da janela Textgrid, a forma de onda e o espectrograma das três palavras-chave
estudadas (figura 3).
PCC = _____número de consoantes corretas _____ x 100
número de consoantes incorretas + corretas
2 Material e Métodos
49
Figura 1 - Janela Praat objects com o arquivo importado.
Figura 2 - Forma de onda da amostra de fala gravada, com a seleção da frase-veículo com
a palavra chave “sapo”.
2 Material e Métodos
50
Figura 3 - Janela Textgrid contendo a forma de onda e o espectrograma das palavras-chave
“sapo”, “suco” e “siga”.
Em seguida, foi necessário criar uma linha abaixo das palavras-chave, para a
análise da duração e da freqüência. A seleção do som-alvo para a análise da sua
duração e freqüência baseou-se na utilizando-se da pista auditiva em conjunto com
a visual, separando o som-alvo da vogal que o acompanhava atentando para que o
mínimo das características vocálicas fossem deixadas junto com a consoante devido
ao efeito da coarticulação. Desta forma, os valores apresentados nos resultados
correspondem exclusivamente aos valores obtidos para a análise do som-alvo, ou
seja, do som [s], previamente separado da vogal.
Para verificar a duração do fone [s] de cada palavra-chave selecionou-se, por
meio do cursor do próprio programa, o início e o final dos segmentos
correspondentes a esse fone nos três contextos considerados e, automaticamente, o
programa apresentou o valor da duração, em segundos (figura 4).
A partir da seleção da imagem realizada para verificar a duração, houve a
necessidade de se criar uma barra vertical na linha abaixo da palavras-chave
colocando o cursor no centro do fone [s], a fim de se evitar transições com as
palavras que seguem ou precedem, para que a freqüência fosse extraída (figura 5).
Em seguida, por meio do centro de gravidade, que é uma medida da média das
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