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UMA ANÁLISE OTIMALISTA UNIFICADA PARA MESCLAS LEXICAIS DO
PORTUGUÊS DO BRASIL
Katia Emmerick Andrade
Rio de Janeiro, UFRJ/Fac. de Letras, 1º semestre de 2008.
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UMA ANÁLISE OTIMALISTA UNIFICADA PARA MESCLAS LEXICAIS DO
PORTUGUÊS DO BRASIL
Katia Emmerick Andrade
Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa
de Pós-Graduação em Letras Vernáculas da
Universidade Federal do Rio de Janeiro como
quesito para a obtenção do Título de Mestre em
Letras Vernáculas (Língua Portuguesa).
Orientador: Prof. Doutor Carlos Alexandre Victorio
Gonçalves.
Rio de Janeiro
Fevereiro de 2008
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3
DEFESA DE DISSERTAÇÃO
ANDRADE, Katia Emmerick. Uma Análise
Otimalista Unificada para Mesclas Lexicais
do Português do Brasil. Rio de Janeiro,
UFRJ, 151p. mimeo. 2008. Dissertação de
Mestrado em Língua Portuguesa.
.
BANCA EXAMINADORA
___________________________________________________________________________
Professor Doutor Carlos Alexandre V. Gonçalves - Programa de Letras Vernáculas – UFRJ
Orientador
___________________________________________________________________________
Professora Doutora Margarida Maria de Paula Basílio – PUC-Rio
___________________________________________________________________________
Professora Doutora Marília Lopes da Costa Facó Soares – Museu Nacional/UFRJ
___________________________________________________________________________
Professora Doutora Maria Lúcia Leitão de Almeida – UFRJ
___________________________________________________________________________
Professora Doutora Carmen Teresa Dorigo – UFRRJ
Defendida a Dissertação:
Conceito:
Em: 29/02/2008
4
Ao João Fernando, “output ótimo” de marido.
5
AGRADECIMENTOS
A Deus, pela vida.
Às companheiras de curso Vanessa Candida de Souza e Ana Lúcia de Oliveira Cruz Rimes,
pelo incondicional estímulo para eu seguir adiante.
Às queridas professoras Eliete Silveira e Lilian Manes, responsáveis indiretas por mais esta
conquista.
E, especialmente, ao meu mais querido professor Carlos Alexandre Gonçalves, pela
orientação impecável e, mais do que isso, por ter acreditado em mim desde o primeiro
momento.
6
O bicho alfabeto tem vinte e três patas
O bicho alfabeto
Tem vinte e três patas
Ou quase
Por onde ele passa
Nascem palavras e
Frases
Com frases
Se fazem asas
Palavras
O vento leva
O bicho alfabeto
Passa
Fica o que não se escreve
Paulo Leminski
(La vie em close, 1991, ed. Brasiliense)
7
ANDRADE, Katia Emmerick. Uma Análise Otimalista Unificada para Mesclas Lexicais
do Português do Brasil. Rio de Janeiro, UFRJ, 151p. mimeo. 2008. Dissertação de Mestrado
em Língua Portuguesa.
RESUMO
O trabalho objetiva analisar a natureza do cruzamento de duas palavras morfológicas pré-
existentes no léxico do português do Brasil, dando origem a uma palavra morfológica, que, ao
mesmo tempo, reproduz e instaura novos significados, a exemplo de portunhol (< português
+ espanhol) e namorido (< namorado + marido). Utiliza, para tanto, os pressupostos básicos
da Teoria da Correspondência (McCARTHY & PRINCE, 1995), extensão da Teoria da
Otimalidade (PRINCE & SMOLENSKY, 1993) aplicada à morfologia não-concatenativa.
Defende-se, no trabalho, que os diferentes padrões de cruzamento nada mais são do que faces
de um mesmo processo e, conseqüentemente, propõe uma hierarquia de restrições única para
regular a saída das melhores formas dos dados analisados.
PALAVRAS-CHAVE: Cruzamentos vocabulares; Hierarquia de Restrições; Morfologia não-
concatenativa; Teoria da Otimalidade; Teoria da Correspondência.
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ANDRADE, Katia Emmerick. Uma Análise Otimalista Unificada para Mesclas Lexicais
do Português do Brasil. Rio de Janeiro, UFRJ, 151p. mimeo. 2008. Dissertação de Mestrado
em Língua Portuguesa.
ABSTRACT
This work aims to analyze the nature of lexical blend in Brazilian Portuguese, a morpho-
phonological process that, by two source forms, generates one morphologycal and prosodic
word that simultaneously reproduces and grows up a new meaning. Creations such as
portunhol from português “Portuguese” with espanhol “Spanish” and namorido from
namorado “date” with maridohusband” are examples of word-formation blends. For this, it
applies the framework of Correspondence Theory (McCARTHY & PRINCE, 1995), an extent
of Optimality Theory (PRINCE & SMOLENSKY, 1993) applied to non-concatenative
morphology. This Master Dissertation claims that different types of lexical blends are faces of
the same morpho-phonological process and, consequently, intends to consider a unique
constraints hierarchy to regule the best outputs for analyzed data-base.
KEY-WORDS: Lexical blends; Constraints hierarchy; Non-concatenative morphology;
Optimality Theory; Correspondence Theory.
9
SINOPSE
Proposta de sistematização para os
diferentes padrões de mesclas
lexicais em português. Análise
otimalista do processo.
10
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................12
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.............................................................................................17
2.1 CRUZAMENTO VOCABULAR...............................................................................17
2.2 CRUZAMENTO VOCABULAR E OUTROS PROCESSOS...................................25
2.2.1 Composição.....................................................................................................25
2.2.2 Recomposição.................................................................................................31
2.3 ALGUMAS ABORDAGENS SOBRE O CRUZAMENTO VOCABULAR............32
2.3.1 Posicionamento de Sandmann.........................................................................32
2.3.2 Posicionamento de Henriques.........................................................................34
2.3.3 Posicionamento de Basílio..............................................................................36
2.3.4 Novos enfoques...............................................................................................39
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.......................................................................................44
3.1 TEORIA DA OTIMALIDADE...................................................................................45
3.1.1 Natureza das restrições....................................................................................53
3.1.2 Fidelidade e Marcação.....................................................................................53
3.2 RESTRIÇÕES DE FIDELIDADE NA TEORIA DA ORRESPONDÊNCIA............57
3.3 CRUZAMENTOS VOCABULARES NA TEORIA DA OTIMALIDADE..............59
3.3.1 Sob a ótica de Piñeros.....................................................................................59
3.3.2 Sob a ótica de Gonçalves.................................................................................65
4 ANÁLISE DOS DADOS.....................................................................................................70
4.1 DESCRIÇÃO DO CORPUS.......................................................................................72
4.2 ESTRUTURA MORFOLÓGICA DOS CRUZAMENTOS VOCABULARES.........75
5 CONCLUSÃO....................................................................................................................101
11
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...............................................................................104
7 ANEXOS............................................................................................................................107
7.1 ANEXO I – Relação de todas as palavras recolhidas................................................107
7.2 ANEXO II – Tableaux dos cruzamentos semelhantes..............................................112
7.3 ANEXO III – Tableaux dos cruzamentos dessemelhantes........................................140
7.4 ANEXO IV Tableaux das analogias..................................................................... 145
7.5 ANEXO V – Tableaux das palavras com seqüências em vias de gramaticalização.148
7.5.1 Tableaux das palavras com seqüências DT...................................................148
7.5.2 – Tableaux das palavras com seqüências DM..................................................149
7.6 ANEXO VI Tableaux das palavras com aparente sufixação..................................151
12
1 INTRODUÇÃO
Este trabalho propõe-se a descrever o processo de formação de palavras nem sempre
apontado nos manuais de morfologia: a mesclagem lexical. A mescla lexical pode ser
compreendida como uma palavra morfológica resultante da fusão de duas outras palavras
morfológicas, que, ao mesmo tempo, reproduz e cria novos significados a partir das palavras
que lhe serviram de fonte, como, por exemplo, chafé (< chá + café), portunhol (< português
+ espanhol), namorido (< namorado + marido) etc.
A formação dessas palavras revela criatividade no uso da língua materna e sua força
expressiva resulta da síntese de significados e do inesperado que se consegue com a
combinação. Quase sempre com finalidade expressiva particular e circunstancial, as palavras
mescladas não só podem ser encontradas na linguagem coloquial, humorística e publicitária
como também na linguagem literária, exprimindo um certo tom de lirismo, a exemplo de
deleitura (< deleite + leitura) e falavra (< fala + palavra)
1
, entre várias outras.
O léxico de uma língua constitui um conjunto aberto de palavras que está disponível
para atuação de regras morfofonológicas, onde estão sempre surgindo palavras novas ou
novos significados para as antigas. Observam-se ainda casos em que as palavras deixam de
ser usadas, arcaizando-se, e o inventário lexical é constituído de todas elas: as palavras novas,
as arcaicas e as de sempre.
A originalidade e a expressividade pretendidas pelos falantes estão na forma de
combinar e reaproveitar a gama de recursos lingüísticos disponíveis na língua materna (e, às
vezes, em outras línguas), construindo um sistema de comunicação eficiente, mas, sobretudo,
instigante e inovador. O aparecimento de palavras novas reflete as inovações que ocorrem na
sociedade. Contudo, para um falante, numa dada sincronia, os arcaísmos não existem e os
neologismos têm status precário, uma vez que a integração de novas palavras ao idioma nem
1
Exemplos de Martins (2003, p. 124).
13
sempre se processa de forma pacífica, visto limitar-se, freqüentemente, a fatores de ordem
social, requerendo, assim, argumentos de autoridade para tal.
Os recursos gramaticais para formação de novas palavras são muito variados e
praticamente inesgotáveis. Das operações semânticas (como a metáfora, a metonímia ou a
extensão semântica), que atribuem às formas já existentes novos conteúdos referenciais, à
cristalização de expressões sintáticas, sobra espaço para muita inovação lexical, possibilitando
uma constante renovação da língua.
Não raro, surgem palavras, consideradas “mal-comportadas” morfologicamente
(Spencer, 1991), que ampliam o léxico de maneira considerável. Tais palavras são geradas por
processos não descritos de forma sistemática e interpretados como arbitrários e imprevisíveis
pela maioria dos estudiosos que lhes deram alguma atenção. Entre eles, figura o curioso
processo de formação por mesclagem lexical.
Em oposição ao que prega a maior parte dos estudiosos em morfologia, o presente
trabalho entende a mesclagem como um processo regular e passível de sistematização. A
análise lingüística aqui desenvolvida leva em conta a relação de fatores morfológicos com
fatores prosódicos, na tentativa de estabelecer as regularidades que atuam na criação desse
tipo de palavra.
As mesclas lexicais apresentam, pelo menos, três diferentes tipos de formação,
rotuladas genericamente de cruzamento vocabular (doravante CV), a saber: por interposição
(ou entranhamento ou impregnação lexical); por combinação truncada; e por substituição
sublexical (ou reanálise ou analogia).
O primeiro mecanismo de cruzamento, por interposição lexical, é responsável pela
maioria das formações mescladas, pois, conforme Gonçalves (2005b, p. 17), “80% dos
cruzamentos vocabulares do português brasileiro são caracterizados pelo aproveitamento de
pelo menos um segmento comum às palavras-matrizes”. São CVs resultantes da interposição
14
de duas bases que compartilham material fonológico, sejam silabas, rimas ou até mesmo
porções fônicas sem status próprio, as quais se fundem de tal modo que estabelecem, no nível
da forma cruzada, relações de correspondência de um-para-muitos entre os constituintes das
formas de base e da forma resultante. A maior ou menor quantidade de material
compartilhado está diretamente relacionada ao grau de semelhança fônica entre as palavras-
fonte. Participam desse processo palavras como namorido (< namorado + marido),
apertamento (< aperto + apartamento), burrocracia (< burro + burocracia) etc.
O segundo tipo de cruzamento, por combinação truncada, responde por formações
mais isoladas na língua. “Esse processo, que se assemelha, bem mais que o primeiro, à
composição, não necessariamente envolve o compartilhamento de material fonológico.”
(GONÇALVES & ALMEIDA, 2007, p. 3). Nesses casos, se as formas de base são do mesmo
tamanho, ocorre fragmentação em ambas: chocotone (< choco
late + panetone); caso
contrário, a maior sofre truncamento e a menor, sem perder massa fônica, se concatena
inteiramente a maior: forrogode (< forró + pagode).
Por fim, denomina-se substituição lexical (ou analogia ou reanálise)
2
o processo pelo
qual a seqüência de uma dada palavra é reintrerpretada e substituída por outra. Em outras
palavras, um fragmento da base é promovido à condição de radical, a exemplo de
“comemorar”, em que a primeira parte da palavra é reinterpretada, como se tivesse um
elemento comum a “comer”, podendo, assim, ser oposta a “beber”. Tem-se então, como
resultado, a formação analógica “bebemorar” para designar, expressivamente, uma situação
de festejo regado a muita bebida. Ao interpretar esse novo vocábulo, o ouvinte acessa o
significado das duas formas “concorrentes” para alcançar o objetivo comunicativo pretendido.
São mais raros os CVs formados por esse processo.
Na contramão do que se vem postulando, levanta-se a hipótese de que a formação de
2
Alguns estudiosos, entre eles Gonçalves (2004; 2005a; 2005b) e Basílio (2003), distinguem analogia de
cruzamento vocabular.
15
um CV constitui um processo morfológico único, ao pressupor que fatores morfológicos
interagem com fatores prosódicos na criação de uma palavra mesclada, a fim de se detectar a
atuação ou não de regularidade e de previsibilidade nessa relação.
Desse modo, fundamentado nos subsídios teóricos da Teoria da Correspondência
(McCARTHY & PRINCE, 1995), associados à Teoria da Otimalidade aplicada à morfologia
não-concatenativa (GONÇALVES, 2004; 2005a; 2005b), o presente trabalho propõe uma
nova interpretação dos cruzamentos vocabulares, com o objetivo central de apresentar uma
análise que opere com um ranking de restrições capaz de traduzir as propriedades gerais das
mesclas lexicais. Portanto, a proposta pretende contribuir com a teoria lingüística,
implementando uma hierarquia de restrições única que exclua mecanismos especiais para
lidar com cada padrão de formação arrolado acima.
Para tanto, constitui corpus do estudo de vocábulos cruzados (englobando aí as
formações analógicas), os quais foram retirados dos trabalhos de Gonçalves (op. cit.),
Sandmann (1988; 1992; 1993), Basílio (2003; 2005), Assunção (2006), Álvaro (2003),
Silveira (2002) e Araújo (2000). Além dessas fontes, que podem ser chamadas de secundárias,
compõem o corpus deste trabalho formações recolhidas, ao longo do período de elaboração da
pesquisa, de situações de fala as mais variadas: textos de jornais e revistas, conversações
espontâneas, nomes de produtos comerciais etc. A relação completa dessas palavras encontra-
se no anexo I e a análise de todas elas, distribuídas por tipo, nos anexos II (173 CVs do tipo
1), III (29 CVs do tipo 2) e IV (17 reanálises), perfazendo um total de 218 palavras formadas
pelo processo de cruzamento vocabular.
Por decisão metodológica, os tableaux utilizados na análise otimalista dos dados
apresentam no máximo seis candidatos a serem comparados: o candidato ótimo e quatro ou
cinco outros gerados dentro das possibilidades de boa-formação em português. O trabalho,
então, encontra-se organizado em três partes.
16
A primeira parte traça uma breve revisão bibliográfica acerca do processo da
mesclagem lexical, enfatizando o tratamento que Basílio (op. cit.), Henriques (2007) e
Sandmann (op. cit.) dedicam a ele, que, pela complexidade, está sujeito a controvérsias.
Na segunda parte, resumem-se os pressupostos básicos da Teoria da Otimalidade, bem
como a descrição das restrições necessárias à análise. Entre elas, as correlacionadas à Teoria
da Correspondência, que amplia as restrições de Fidelidade clássicas para dar conta dos
processos morfológicos não-concatenativos, já que trabalham com imposições de identidade
entre duas formas: a base sobre a qual atuam as regras morfofonológicas e o produto de uma
operação morfológica, que, no caso em questão, é a forma resultante do cruzamento
vocabular. Ainda, nesta parte, encontram-se resumidos os trabalhos de Gonçalves (op. cit.) e
de Piñeros (2002), que também fazem uma abordagem do fenômeno sob o enfoque da
otimalidade.
A última parte destina-se à análise otimalista das mesclas lexicais com os três padrões
estruturais pré-definidos: os formados a partir de palavras semelhantes fonicamente; os
formados por palavras totalmente diferentes do ponto de vista segmental; e os formados por
substituições sublexicais, objetivando mostrar quais restrições são responsáveis pela seleção
das melhores formas de cruzamento vocabular, bem como se são realmente padrões de
construção distintos ou não.
17
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Antes mesmo de apresentar as premissas básicas da Teoria da Otimalidade, faz-se
necessário abordar o processo da mesclagem lexical no conjunto dos demais mecanismos de
formação de palavras, sobretudo a composição e a recomposição, objetivando verificar não só
a concepção de diversos autores a respeito do fenômeno, mas também a classificação
atribuída por eles às formações vocabulares que se originam da fusão de dois itens lexicais
preexistentes na língua.
Os cruzamentos vocabulares não são descritos de maneira uniforme em português,
uma vez que seu status de processo de formação de palavra autônomo ainda é discutido. A
maioria dos estudiosos, quando dá alguma atenção ao processo, o considera irregular e
imprevisível, e nem sempre adota o mesmo critério para a classificação dessas novas palavras.
Assim, far-se-á, inicialmente, uma breve revisão bibliográfica sobre os cruzamentos
vocabulares, apresentando os diferentes pontos de vista de autores que se preocupam com o
assunto.
2.1 CRUZAMENTO VOCABULAR
O fenômeno recebe variadas denominações: Cruzamento Vocabular (SANDMANN,
1988; 1992; 1993; HENRIQUES, 2007; BASÍLIO, 2003), Blend (GONÇALVES, 2003;
2004; 2005a; 2005b), Palavra-Valise (ALVES, 1994), Mistura (SÂNDALO, 2005),
Amálgama (AZEREDO, 2000; MONTEIRO, 2002); Fusão vocabular (BASÍLIO, 2005) e
Portmanteau (PIÑEROS, 2002; ARAÚJO, 2000). Seja como for denominado, tem-se uma
mescla lexical quando duas palavras, pertencentes ou não a mesma classe gramatical, se
18
fundem num todo fonético, com um único acento, à semelhança de um composto formado por
aglutinação, mas sem perder, contudo, os traços semânticos das formas de base que lhes
deram origem
3
.
Diferentemente dos compostos, produtos de um processo morfológico concatenativo
(por aglutinação ou por justaposição), gerados por meio da adição de uma forma de base à
outra, as mesclas lexicais resultam de uma operação não-concatenativa, cuja sucessão de
bases pode ser, e muitas vezes o é, rompida por sobreposições, dando origem a palavras que
condensam o significado de seus constituintes.
Embora pareça ser um processo arbitrário, em que as bases se combinam
aleatoriamente, o que se defende aqui é que se trata de um processo regular e passível de
sistematização, visto estar subordinado a condições prosódicas, sendo “regido, sobretudo, pela
semelhança fônica entre as bases” (GONÇALVES, 2005b, p. 19).
Em geral, as unidades lexicais formadas por esse processo têm valor depreciativo,
irônico, a exemplo de chattoso, “o pretinho básico”
4
, em que se verifica uma modificação
feita no nome próprio “Mattoso”. Fica nítida, nessa nova nomeação, a atitude subjetiva do
falante, que forma um tipo pejorativo de cruzamento vocabular, ao mesclar o adjetivo “chato”
com o sobrenome do conceituado lingüista brasileiro Joaquim Mattoso Câmara Jr, para se
referir ao seu essencial livro Estrutura da Língua Portuguesa, considerado por muitos
universitários de Letras, entediante e de difícil compreensão.
Segundo Sandmann (1992, p. 59), o “traço que caracteriza muitos cruzamentos
vocabulares é a sua especificidade semântica, isto é, eles vêm muitas vezes carregados de
emocionalidade, sendo que esta é depreciativa, às mais das vezes, e com pitadas de ironia”.
Mas, ao lado da grande maioria de mesclas lexicais que expressam atitude pejorativa do
3
Segundo Rio-Torto (1998), Villalva (2000) e Gonçalves (2005a; 2005b), os compostos aglutinados, cujo
resultado é uma só palavra prosódica, não são produtivos em português.
4
Devido à cor da capa e às informações essenciais tanto para o estudo de Fonologia quanto para o de
Morfologia, o referido livro também é conhecido por “pretinho básico”, em uma alusão ao vestuário feminino
que pode ser usado em qualquer ocasião social, portanto imprescindível.
19
falante frente ao enunciado (p.ex. “mautorista < mau + motorista”; “crionça < criança +
onça”; “batatalhau < batata + bacalhau”), encontram-se também formações mais isoladas,
indicando atitude neutra (“chocotone < chocolate + panetone”; “toboágua < tobogã + água”;
“frambúrguer < frango + hambúrguer”) ou até mesmo atitude positiva do falante em relação
ao objeto da fala, a exemplo de “chocolícia < chocolate + delícia”; “deliçoca < delícia +
paçoca”. Logo, pode-se afirmar que, em geral, os CVs funcionam como expressões
indicativas de intenções, sentimentos e atitudes do falante em relação ao seu discurso.
Além de exercer, nos termos de Basílio (1987), função sobretudo discursiva, o
processo de mesclagem desempenha ainda função lexical, ao criar novas unidades lexicais,
que, embora, na maioria das vezes, não sobrevivam no código lingüístico de uma
comunidade, “limitando-se, via de regra, como uma criação artística, carregada de jocosidade,
ironia ou desapreço, ao momento ou contexto para o qual ou no qual foram criadas”
(SANDMANN, 1992, p. 60), uma vez que renova o inventário lexical com neologismos
institucionalizados, que, muitas vezes, passam a ser registrados nos dicionários, como é o
caso de futevôlei, sacolé e portunhol. Dessa forma, as palavras mescladas cumprem o papel de
denominar e/ou caracterizar seres, ações ou estados – função básica do léxico –, permitindo
categorizações cada vez mais particulares.
A operação de mesclagem parece não ser peculiar à língua, já que pode ser observada
em qualquer área do conhecimento humano: matemática, botânica, química, física etc. Só
para citar um exemplo da zoologia, recentemente foi apresentado no zoológico de Bielefeld,
na Alemanha, um híbrido de cavalo e zebra, com uma pelagem mista. Em geral, o cruzamento
feito entre as duas espécies, na maioria das vezes por métodos artificiais, resulta em animais
inteiramente listrados. A “zégua”, filhote da zebra Eclipse com o cavalo Ulisses, batizada
acertadamente de Eclyse, chama a atenção por ser um espécime concebido de forma natural
(cf. VEJA, 4 de julho de 2007, p. 88) e por ser um exemplo de denominação em que o
20
significante não confunde o significado. O próprio recorte de mundo, refletido nesse
significante, acompanha o significado, que nem sempre as ciências atribuem às palavras.
Ao contrário dos animais híbridos, que são estéreis, as mesclas lingüísticas, em alguns
casos, permitem novas formações, como, por exemplo, sucolé (< suco + sacolé), referência de
alto teor semântico a um tipo de picolé em saco, pois, quem o enuncia, refere-se a um sacolé
diferente porque produzido com puro suco de frutas; pelo menos, acredita nisso ou quer
convencer alguém disso, e o faz com bastante criatividade e clareza.
Em relação à constituição morfológica, muitas formações neológicas não recebem o
mesmo tratamento por parte dos estudiosos. Por exemplo, recentes construções, vinculadas
semanticamente pelos mesmos princípios, como paitrocínio (< pai + patrocínio = patrocinado
pelo pai), tiotrocínio (< tio + patrocínio = patrocinado pelo tio), autotrocínio (< auto +
patrocínio = patrocinado por si) e familiotrocínio (< família + patrocínio = patrocinado pela
família), suscitam questionamentos quanto ao processo de formação. Esses neologismos
lexicais, de acordo com Henriques (2007, p. 139-140), aproximam-se dos neologismos
sintáticos, nos termos de Alves (1990), uma vez que envolvem o uso de afixos ou de
combinação de radicais. A produção em série de tais palavras, segundo Henriques (loc. cit.),
podem representar o início da “gramaticalização de um radical “-trocínio” (= financiador)”,
uma vez que, por redução fonológica do vocábulo patrocínio
5
, o falante o interpreta como um
sufixo e o cliticiza a substantivos, sugerindo que tais neologismos são formados pelo processo
de derivação.
É bem mais provável, todavia, que o falante não reconheça os elementos componentes
do vocábulo patrocínio, ainda que a etimologia revele o seu traço de composição. Tanto é
assim que cruza pai e patrocínio para se referir “a algo custeado pelo pai”. Logo, pressupõe-
se que, de acordo com a necessidade comunicativa, o falante, influenciado pela forma
5
Conforme Houaiss (2001), o substantivo patrocínio, formado pelo radical culto “patrocin-”, cuja raiz é “pater”,
contém na sua etimologia referência a “pai”.
21
lingüística paitrocínio, crie, talvez pelo princípio da analogia, defendido em Basílio (1997),
outros vocábulos semelhantes.
Enfim, as mesclas lexicais podem ser reconhecidas como criações autorizadas pelas
informações que se tem na memória acerca das entidades envolvidas. Ao mesmo tempo em
que traduzem uma maneira criativa de se fazer referência às entidades, objetos, eventos, ações
do mundo extralingüístico, funcionam também como uma espécie de qualificação, ou melhor,
uma espécie de avaliação (positiva ou negativa) do falante, com base nos elementos
pertinentes à circunstância de interação. O conhecimento da situação e dos episódios do dia-a-
dia é que é mais significativamente mobilizado na criação e/ou interpretação dessas novas
palavras.
Contudo, a dependência, quase categórica, de um contexto apropriado não impede o
reconhecimento da natureza lexical que caracteriza as formações mescladas, pois, como
observam Gonçalves & Almeida (2007, p. 8),
A necessidade de contexto se deve ao grau de novidade da forma criada.
Como são frutos da criatividade do falante, não há um armazenamento
anterior do signo; no entanto, a tarefa de construir o significado dessas
palavras é facilitada pelo fato de seus inputs serem oriundos do vocabulário
cotidiano. Some-se a isso o fato de as duas palavras serem transparentes na
construção, uma vez que, em função do compartilhamento de material
fonológico, quase todos os segmentos que as caracterizam aparecem na
forma resultante.
No tocante à natureza composicional, são raros os cruzamentos de duas formas de base
constituídas com mesmo número de sílabas. Via de regra, formam-se a partir de palavras
metricamente desiguais, de maneira que, enquanto a palavra mais curta aparece maximamente
representada na forma resultante, não sofrendo, portanto, nenhuma perda segmental, como,
por exemplo, boilarina (< boi + bailarina), cartomente (< cartomante + mente), presidengue
(< presidente + dengue) etc.; a base mais longa, apesar de sempre experimentar alguma perda
de segmentos, empresta à forma cruzada, na maioria das vezes, suas estruturas métrica e
22
silábica, dando origem a palavras com idêntico número de sílabas e mesma pauta acentual da
forma mais longa, como em aborrescente (< aborrecer + adolescente), pedragogia (< pedra
+ pedagogia), bestarel (< besta + bacharel) etc.
Como foi exposto na introdução, de acordo com processo morfológico a que se
submete, um CV pode ser formado, em geral, mediante três mecanismos distintos: por: 1-
interposição (ou entranhamento ou impregnação lexical), recurso muito produtivo; 2-
combinação truncada, responsável por formações mais isoladas; 3- analogia (reanálise ou
substituição sublexical), fenômeno mais raro de ocorrer.
As mesclas lexicais do tipo 1 e tipo 2 distinguem-se entre si, do ponto de vista
fonológico, pelo grau de semelhança fônica entre as bases envolvidas (cf. GONÇALVES,
2005b).
Nas do tipo 1, em que há semelhança fônica de sílabas e/ou pauta acentual, se as duas
palavras de base forem monossilábicas, a quebra é determinada pela rima, como no único
exemplo de que se tem notícia pãe (< pai + mãe); ao passo que, se não-monossilábicas, a
ruptura se dá na sílaba comum a ambas, preservando suas sílabas tônicas, ou no segmento
compartilhado da sílaba tônica, como se verifica em sacolé (< saco + pico) e cantriz (<
cantora + atriz), nesta ordem.
Tomando-se como exemplo um CV de padrão 1 namorido (< namorado + marido),
observa-se a ambimorfemia
6
dessas formações, isto é, o compartilhamento de um ou mais
segmento entre as formas de base e a forma cruzada, conforme a representação a seguir, em
(01), na qual linhas sólidas indicam elementos ambimorfêmicos:
6
Termo cunhado por Piñeros (2002), cujo conceito foi aplicado à morfologia por Gonçalves (2005a; 2005b),
que se refere ao compartilhamento de unidades fonológicas (sons, sílabas, seqüências) comuns a mais de um
morfema em decorrência da interposição das palavras matrizes.
23
(01) N A M O R A D O + M A R I D O
N A M O R I D O
Já nas do tipo 2, em que as bases não necessariamente apresentam segmentos
coincidentes, há casos em que ambas as bases são encurtadas, a exemplo de Brasgentina = (<
Brasil + Argentina), ou apenas uma o é, como ocorre em showmício (< show + comício).
Quanto às mesclas do tipo 3, nem sempre consideradas cruzamentos vocabulares
propriamente ditos, por não serem resultantes da fusão de duas palavras morfológicas, mas
envolver apenas uma forma de base e parte dela ser reinterpretada e substituída (cf.
Gonçalves, 2005b). Dessa reinterpretação, seguida de oposição de sentidos, é que surge um
novo conteúdo referencial, insólito, inesperado, para objetos, seres e eventos extralingüísticos,
uma espécie de “mímese identitária”, paralela e, ao mesmo tempo, diferente do teor semântico
da palavra-matriz. Contudo, observa-se que, nesse tipo de formação, embora não haja
compartilhamento de segmentos nem tampouco truncamento, já que envolve uma só palavra-
matriz, o produto gerado constitui-se sempre de duas formas livres na língua.
A força de expressão contida nas formações analógicas pode ser atestada com a
seguinte série de palavras, criadas, ao que parece, por necessidades comunicacionais e
pragmáticas similares: boacumba (< macumba); boadrasta (< madrasta); boadrinha (<
madrinha), em que o falante reinterpreta a seqüência “ma-”, como se fosse uma base,
agregando a ela o valor pejorativo de crueldade, e, por meio da oposição com o item lexical
“boa”, reforça o valor semântico que pretende dar à nova palavra, em busca da expressividade
e da produção de um certo efeito de sentido.
A propósito, cabe lembrar que há casos de neologismos mal-sucedidos
morfologicamente, por suscitar dúvidas quanto a sua formação. O neologismo “gastoso” seria
um bom exemplo, pois, além de seu sentido estar atrelado às circunstâncias do momento,
24
tanto pode ser analisado como um derivado imediato do verbo gastar, formado com
acréscimo do sufixo “oso”, que indica sentido de abundância, ao morfema lexical “gast”, ou,
como um CV de formação analógica, em que o falante, tomando como modelo a gíria gostoso
(aquele cuja beleza dá prazer), identifica pontos de semelhanças entre as seqüências “gosto” e
“gasto”, substituindo uma pela outra, para atingir seus propósitos comunicativos: aludir a
homens maduros que atraem mulheres jovens não pelas características físicas, mas pela
condição financeira privilegiada que eles detêm (aquele cujo dinheiro dá prazer).
O termo em questão, diga-se de passagem, bastante preconceituoso, integra o irônico
comentário (transcrito abaixo) do re/conhecido político brasileiro Roberto Jefferson sobre o
escândalo desencadeado pelo suposto pagamento das despesas particulares do então
presidente do Senado, Renan Calheiros, por um lobista de uma empreiteira, vindo a público o
relacionamento extraconjugal que o senador mantivera com a jornalista Mônica Veloso, do
qual nasceu uma filha:
“Machista alagoano, o bobo do Renan não fez vasectomia e dançou. Agora,
foi se esconder debaixo da saia da mulher. Bobocas, cuidado com elas, nós
somos ‘gastosos’ e não gostosos. Pelo menos, façam vasectomia. Eu já fiz.”
(Roberto Jefferson, presidente do PTB, VEJA, 6 de junho de 2007, p. 60).
As construções sob o rótulo de CV, além de apresentarem mecanismos de formação
diferentes, também, de um viés semântico, conforme Gonçalves & Almeida (2007, p. 13),
desempenham papéis discursivos distintos para designar um referente, pois
os entranhamentos lexicais são predicativos. Neles, a predicação atua de
duas maneiras: (a) acentua propriedades inerentes ou possíveis do
determinado ou, em vez disso, (b) atribui propriedades implausíveis a ele,
através de extensões metafóricas ou metonímicas. Ao contrário do
entranhamento, as combinações truncadas e as reanálises têm em comum,
em relação ao referente que designam, um caráter mais descritivo e menos
avaliativo.
25
Enfim, o cruzamento vocabular é um recurso lingüístico muito produtivo entre os
falantes da língua materna, sobretudo em situações comunicativas mais informais,
diferentemente do que, talvez, ocorra em situações de maior formalidade. É, portanto, um
processo de formação de palavras que merece maior atenção por parte dos estudiosos, com a
finalidade de se fornecer indicação, senão exata, pelo menos rigorosa, dos mecanismos que
governam a associação inédita das palavras implicadas no processo.
Cabe às gramáticas a descrição dos mecanismos de formação de quaisquer palavras,
mesmo daquelas que não se rendem aos processos considerados mais básicos pelos quais se
renova o léxico: a composição e a derivação.
A seção a seguir aponta as diferenças entre o CV e os processos de composição e
recomposição (espécie de composição) que têm em comum o fato de combinarem duas ou
mais palavras de livre curso na língua. A discussão de o cruzamento ser um processo especial
de formação de palavras, distinto da composição ou, ao contrário, tratar-se de um tipo especial
de composição é uma questão fundamental para o desenvolvimento deste trabalho. Constam,
na literatura especializada, argumentos tanto a favor da primeira tese quanto da segunda.
2.2 CRUZAMENTO VOCABULAR E OUTROS PROCESSOS
2.2.1 Composição
As gramáticas tradicionais não dão tratamento adequado às formações por
composição, pois, ao descrever essas unidades morfológicas, utilizam, na maioria das vezes,
critérios de ordem semântica, o que, de certo modo, as impede de encontrar uma definição
rigorosa para o fenômeno, bem como de identificar as estruturas que o caracterizam.
26
Acrescente-se a isso o fato de descreverem diacronicamente formações ditas compostas que
na língua atual não passam de formas primitivas, ou seja, formas que não podem ser
depreendidas em bases autônomas de significado no uso corrente da língua, e, portanto,
deveriam ser investigadas de um ponto de vista sincrônico, a exemplo de fidalgo e vinagre.
Nunca é demais ressaltar que a formação de compostos envolve, em seu modelo: a
lexicologia, uma vez que o léxico se constitui de entidades lexicais suscetíveis de construir
novas palavras; a morfologia, já que a construção de novas palavras implica alterações tanto
na estrutura das bases quanto em suas dimensões fonológicas e semânticas; a sintaxe, não só
porque os compostos se enquadram em categorias sintáticas, como também porque se
constituem por uma combinatória de elementos; e a pragmática, visto esta focalizar a língua
em uso, e a formação de neologismos nada mais é que um poderoso instrumento de interação.
Para melhor compreender a opção de cada um dos autores estudados sobre a questão
de considerar ou não o fenômeno de CV como um tipo de formação por composição, faz-se
necessário partir de um conceito de composição aceito pela maioria dos lingüistas. Devido,
porém, à complexidade do assunto, não serão discutidos os critérios que distinguem nomes
compostos de locuções, pois, como assinala Monteiro (2002, p. 188-189),
a união de duas ou mais bases em que há especialização de sentido não se
explica de modo pleno e satisfatório dentro da morfologia. [...] A ruptura dos
limites de cada estrato da língua, associada à mistura de critérios, cria por
vezes contradições e equívocos. Ao estudar o mecanismo da composição,
nossas gramáticas o enquadram na parte referente à morfologia,
apresentando exemplos que, por força das relações de concordância ou
regência, não constituem vocábulos morficamente compostos, porém grupos
sintáticos ou sintagmas locucionais.
De acordo com Cunha & Cintra (1985, p. 104), a composição “consiste em formar
novas palavras pela união de dois ou mais radicais
7
. A palavra composta representa sempre
7
Radicais são compreendidos, aqui, como morfemas lexicais, isto é, morfemas situados no léxico, portadores do
27
uma idéia única e autônoma, muitas vezes dissociada das noções expressas pelos seus
componentes”. Entre os vários exemplos citados pelos autores, encontram-se amor-perfeito
(nome de flor), criado-mudo (tipo de mobília), milfolhas (doce) e pé-de-galinha (ruga no
canto do olho).
Entretanto, Villalva (2000, p. 345) combate tal definição, considerando-a precária. E
fundamenta sua opinião com os seguintes argumentos: o conceito “de idéia única e autônoma”
é vago, passível de múltiplas interpretações; o fato de a significação de um composto estar
“muitas vezes dissociada das noções expressas pelos seus componentes” não caracteriza
apenas os compostos; afeta qualquer unidade morfológica complexa cristalizada; e, por fim,
entre inúmeras formas que têm estruturas idênticas, umas são classificadas de compostas e
outras não, como, por exemplo, pé-de-galinha e coração de galinha, amor-perfeito e amor
fraterno, respectivamente.
Deixando a discussão teórica incitada por Villalva (ibidem), de modo amplo, o
composto apresenta sempre uma unidade de significação na qual um dos elementos não pode
ser suprimido, e, na maioria das vezes,o é possível permuta de posição de seus
constituintes, sem que com isso o significado se altere.
Considerando-se ainda o significado veiculado pelos compostos, cuja unidade de
significação decorre da fusão semântica dos morfemas lexicais, de acordo com Lee (1997),
que retoma Sandmann (1990), os compostos compreendem duas classes: compostos
endocêntricos e compostos exocêntricos. Os primeiros são aqueles que apresentam um novo
significado relacionado, com maior ou menor nitidez, ao significado de pelo menos uma das
bases envolvidas (p.ex. guarda-chuva e pára-quedas). Por outro lado, os exocêntricos evocam
novos sentidos por transferência metafórica ou metonímica: copo-de-leite (tipo de flor);
maria-mole (doce) etc.
valor semântico da palavra.
28
Com efeito, um composto se distingue de um CV, a princípio, porque este, mesmo
expressando um novo significado com traços que só nele estão presentes, sempre deixa
transparecer os traços semânticos das palavras que lhes deram origem. No entanto, muito
embora os critérios semânticos sejam ferramentas decisórias numa análise lingüística, não
podem ser o ponto de partida para a descrição dos mecanismos de formação de uma palavra.
Do ponto de vista fonológico, a composição se dá por justaposição ou por aglutinação
das palavras combinadas. Na justaposição, as palavras precedentes conservam a autonomia
fonética, isto é, o acento e os fonemas que os constituem, persistindo, na forma composta, a
delimitação vocabular entre as bases, como em girassol, passatempo, guarda-roupa e copo-
de-leite. Já na aglutinação, as bases envolvidas perdem a limitação vocabular entre elas,
devido à supressão ou alteração de algum segmento, por sândi interno, como se verifica em
pontiagudo (< ponte + agudo), por neutralização da oposição entre /e/ e /i/ da vogal átona
final; planalto (< plano + alto), por elisão, e aguardente (< água + ardente), por crase, da
vogal final com a inicial seguinte, sujeitando-se a um único acento lexical.
Com relação a essa divisão, Villalva (2000, p. 347) atenta para o fato de as gramáticas
tradicionais confundirem os conceitos de composição com os de lexicalização, e, por isso, não
se dão conta de que justaposição e aglutinação não são processos distintos, mas de dois
estados ou graus em que as palavras compostas se encontram dentro de um mesmo processo:
o de lexicalização. Nas palavras da autora,
O que, na verdade, se constata é que os compostos por justaposição sofrem
apenas uma lexicalização semântica, enquanto que, nos compostos por
aglutinação, a lexicalização não é só semântica, mas também formal, ou seja,
a estrutura morfológica do composto é perdida
(loc. cit.).
Sob esse prisma, pode-se concluir que formas inicialmente compostas, uma vez
lexicalizadas, ao atingirem o final de sua trajetória de lexicalização, dão origem a uma palavra
29
com pauta acentual única e de significado particular. Como tal processo está comprometido
com a mudança do sistema lingüístico, essas unidades morfológicas raramente surgem em
uma dada sincronia, sendo, portanto, improdutivas. Sinalizando que ainda se encontram em
processo de lexicalização, essas palavras costumam admitir duas grafias, como é o caso de
hidroelétrica ou hidrelétrica e hidroavião ou hidravião.
De uma perspectiva morfossintática, não há consenso entre os lingüistas sobre o
processo de composição. Monteiro (2002, p. 186), por exemplo, entende o composto como “o
vocábulo que admitir a pluralização apenas do último componente” e quando permite “o
acréscimo de algum sufixo derivacional afeta o composto como um todo”. Por esse critério,
não são compostos, mas locuções, por admitirem flexão de plural e acréscimo do sufixo “-
zinho” entre os seus componentes, as seguintes formações, dentre várias outras
tradicionalmente classificadas de composto: salário-família, cabra-cega, pé-de-moleque
(exemplos fornecidos pelo autor).
Lee (1997), baseado nos pressupostos da Morfologia Lexical, dá um tratamento mais
convincente à análise dos compostos do português brasileiro, defendendo a existência de dois
tipos de compostos: Compostos Lexicais e Compostos Pós-Lexicais. Segundo ele, os
compostos lexicais são formados no léxico e são sintaticamente opacos, ou seja, comportam-
se como uma palavra simples em relação a processos morfossintáticos, pois não permitem
flexão, derivação, nem concordância entre os constituintes. Por outro lado, os compostos pós-
lexicais são formados no componente pós-lexical e, portanto, sintática e morfologicamente
transparentes (permitindo flexão, derivação e concordância); esses compostos resultam da
atuação da regra de formação de palavras não-morfológicas.
A partir daí, pode-se entender que, morficamente, um CV assemelha-se a um
composto lexical, já que, em relação a processos morfossintáticos, se comporta também como
uma palavra comum, ao permitir flexão exclusiva do último componente e derivação
30
relacionada à palavra resultante como um todo. Nesse sentido, um CV seria como um
composto regular, na medida em que também são opacos para operações sintáticas.
Grosso modo, as diferenças entre os compostos e os vocábulos cruzados podem ser
assim resumidas:
– sob um olhar semântico, os compostos regulares, por justaposição, diferentemente
dos vocábulos mesclados, podem dissociar-se, total ou parcialmente, dos significados
de seus componentes, como ocorre, respectivamente, em pé-de-moleque (exocêntrico)
e guarda-noturno (endocêntrico);
– sob um olhar fonológico, os compostos justapostos podem carregar dois acentos,
enquanto a palavra resultante da mesclagem lexical carrega só um;
– sob um olhar morfossintático, os compostos pós-lexicais caracterizam-se pela
peculiaridade de admitir processos morfológicos em seu primeiro componente, como
se verifica em peixes-espada (flexão de plural) e peixinho-espada (derivação por
acréscimo de sufixo), enquanto os vocábulos cruzados, bem como os compostos
lexicais, não os permitem.
Essa breve introdução sobre as formações compostas facilita compreender com maior
clareza a opção de cada um dos autores estudados e perceber que entre os compostos e os CVs
há semelhanças e particularidades de formação que justificam os posicionamentos sobre a
questão.
Embora os limites entre composição e cruzamento sejam tênues, ainda mais quando se
tem em mente a justaposição e a aglutinação, assume-se com Gonçalves (2005b) que os
compostos aglutinados são improdutivos e, portanto, não serão levados em conta nesta
abordagem. Desse modo, consideram-se composição e CV processos distintos, porque,
enquanto a composição regular dá origem a palavras prosódicas complexas, isto é, com dois
acentos lexicais, o cruzamento, pelo contrário, gera uma única palavra prosódica, com apenas
31
um acento. A questão será retomada na subseção 3.3.2, na qual se detalha a análise feita por
Gonçalves (2005b), em que ele defende ser essa a “diferença crucial” entre os dois processos.
2.2.2 Recomposição
Monteiro (2002, p. 191) define recomposição como sendo “uma espécie de
composição, com uma diferença bastante específica”. A diferença entre os dois processos
consiste na alteração de significado que uma das bases envolvidas na recomposição
experimenta. Certas formações compostas de bases presas, que combinam radicais gregos e
latinos, têm parte delas reduzida devido à braquissemia, isto é, ao mecanismo pelo qual uma
palavra sofre subtração de morfes, por apócope, aférese ou síncope, dando origem a uma
forma abreviada que passa a valer semanticamente por toda palavra de que antes era elemento
constituinte. Por exemplo, os vocábulos compostos fotografia e fotofobia têm em sua
constituição o elemento foto (do grego fhõto) com o sentido original de luz. O primeiro,
todavia, pelo princípio de economia da linguagem devido ao uso freqüente, foi abreviado para
foto. Essa forma reduzida tornou-se independente e passou a ser empregada com o valor
semântico de todo o composto, no caso em questão, com o sentido de imagem obtida por um
sistema óptico, em uma série de novos compostos ou recomposições: fotocópia, fotonovela,
fotogravura, fotojornalismo etc. A esses elementos que assumem o sentido global da palavra
da qual provém, Cunha & Cintra (1985, p. 111) denominam de pseudoprefixos ou
prefixóides.
Nesse enfoque, formações que combinam um pseudoprefixo e uma palavra
preexistente na língua podem ser classificadas de recomposição ou de CV. No primeiro
processo, a palavra resultante apresenta as duas formas integralmente, como se verifica em
32
aerolula (< aero + Lula = “avião presidencial”); no segundo, a outra base sofre alteração ou
perda de material fônico, a exemplo do que ocorre na formação dos seguintes CVs: aerobu (<
aero + (uru)bu = “urubu responsável por acidentes aéreos”), monocelha (< mono +
(sobran)celha = “sobrancelha contínua, em bloco”), monocrático (< mono + (demo)crático =
“político distante do povo” ).
O envolvimento de um pseudoprefixo aproxima os dois processos, visto que, do ponto
de vista sintático, a base presa, por ser sempre determinante, impõe que a cabeça lexical
figure à direita da palavra resultante. Contudo, o que define se uma nova palavra se constrói
por recomposição ou por cruzamento é a preservação ou não da estrutura morfológica das
bases-fonte.
2.3 ALGUMAS ABORDAGENS SOBRE O CRUZAMENTO VOCABULAR
2.3.1 Posicionamento de Sandmann
Sandmann (1992, p. 51-61) dedica-se, no capítulo denominado de “Tipos especiais de
formação de palavras”, às formações por siglagem, por analogia, por reduplicações, e por CV,
ou seja, às que não são explicitadas regularmente pelas gramáticas, e que, segundo o autor,
não são muito produtivas, com exceção das abreviações formadoras de siglas.
Para o autor, os cruzamentos vocabulares são,
no fundo, um tipo de composição, diferençando-se desta, porque no
cruzamento vocabular as bases que entram na formação de nova unidade
lexical, ou ao menos uma, sofrem diminuição, não sistemática ou regular, de
seu corpo fônico. (SANDMANN, 1992, p. 58).
E ressalta que o corte das bases é feito por opção exclusiva de quem cria a palavra,
33
desde que seja respeitada a estrutura silábica da língua, considerando, apropriadamente, o
cruzamento uma espécie de “manufatura de palavras”, pelo cuidado como é produzido, um a
um. Para o autor, não há necessidade de que os elementos formadores sejam todos abreviados
e, de acordo com o grau de semelhança fônica entre as matrizes, subdivide os CVs em
homófonos e não-homófonos.
Os primeiros apresentam uma parte comum mais ou menos longa, como é o caso de
Hospitaú (< hospital + Itaú), em que o componente hospital foi abreviado para hosp, e de
limonik (< limon
ada + Sputnik, tipo de vodka), em que as duas formas de base sofreram corte;
os segundos referem-se a cruzamentos cujos constituintes não contêm segmento fonético
comum, a exemplo de democradura (< democra
cia + ditadura), em que as duas matrizes
foram abreviadas, e de showmício (< show + comício), em que só se eliminou a sílaba inicial
de comício, enquanto show ficou inalterada.
Com relação à estrutura sintática dos cruzamentos, Sandmann (1993, p. 76) afirma
que, assim como os compostos – substantivos ou adjetivos –, formados de substantivo mais
substantivo, os CVs podem ser copulativos ou determinativos. Tem-se um CV copulativo
quando há fusão de elementos do mesmo nível, ou melhor, uma coordenação: Belíndia (<
Bélgica + Índia), termo usado para se referir ao Brasil, que, à semelhança da Bélgica, tem
uma pequena elite, e, tal qual a Índia, uma grande população marginalizada. Já os
determinativos são construídos pela junção de dois elementos de nível diferente, uma
subordinação, com seqüência DM-DT ou DT-DM
8
. O determinante (adjunto) pode preceder
ao determinado (núcleo): bestarel (< besta + bacharel = “bacharel metido a besta”) ou seguir-
se a ele: pescópia (< pesquisa + cópia = “expressão depreciativa para pesquisas escolares”).
Os exemplos citados pelo autor reiteram o fato de que os elementos formadores de um
CV nem sempre estão numa relação mútua de conteúdo, mas, uma vez fundidos, estabelecem
8
DT e DM constituem abreviações de Determinado e Determinante, respectivamente.
34
uma relação conceitual apropriada, garantindo, com isso, a força expressiva dos vocábulos
formados.
2.3.2 Posicionamento de Henriques
Henriques (2007, p. 156) caracteriza o cruzamento morfológico como
um processo que consiste na reunião entre, pelo menos, uma base e um afixo
ou entre bases lexicais diferentes, com o objetivo de explorar
inovadoramente suas cargas semânticas. Esses cruzamentos, como se vê pela
definição dada, se enquadram a rigor nos processos de derivação e de
composição.
O autor defende que os CVs se formam tanto por derivação quanto por composição.
Os primeiros são constituídos de uma ou mais bases e um afixo, com as mesmas
características dos epônimos ambíguos, isto é, espécie de derivação homonímica, cuja
formação se dá sempre por influência de um antropônimo, mas que, contudo, não perdem seus
vínculos semânticos com os substantivos comuns com os quais foram cruzados (p.ex.
geraldino < subst. geral + sufixo –ino; arquibaldo < arqui (do subst. arquibancada) + baldo
(de Arquibaldo); macário < subst. maca + sufixo -ário). Para ele, a diferença entre um
epônimo ambíguo e a forma resultante de um cruzamento por derivação está em este não se
identificar com um antropônimo, mas com um vocábulo homônimo ou parônimo de qualquer
classe e cita como exemplo faxcilitar (< verbo derivado da palavra fax pela associação fônica
entre fax e fácil). No entanto, essa classificação não fica tão clara nos casos de geraldino e
macário, apresentados pelo autor.
Já os cruzamentos por composição reúnem duas bases lexicais, em que ocorre uma
aglutinação neológica, ou melhor, as “duas bases são privadas de algum elemento silábico (a
35
primeira delas perde a parte final; a segunda perde a parte inicial) para constituírem um novo
item lexical” (loc. cit.). Mas, logo a seguir, o autor faz uma ressalva a essa conceituação e
afirma que, contanto que a palavra-base tenha mais de duas sílabas, basta que se aproveite
uma parte do seu radical, caso contrário, não há perda de material silábico, acrescentando que
também a posição da sílaba tônica interfere na forma resultante. E exemplifica com as
seguintes formações: chocotone (< chocolate + panetone); dedoches (< dedo + fantoches);
showmício (< do estrangeirismo show + comício); recifolia (< Recife + folia); Japaréia (<
Japão + Coréia) etc.
O autor faz referência ainda aos neologismos semânticos, denominando-os de palavra-
valise-sem-fundo. O falante emprega esses falsos cruzamentos, em geral, com finalidade
humorística, ao explorar a camada fônica de algumas palavras, imprimindo-lhes,
intencionalmente, novos valores semânticos. Henriques (2007, p. 157) cita como exemplos
desse uso alguns vocábulos utilizados por Millôr Fernandes: dogmatizar (misturar cães
ingleses), paisagem (progenitores atuam), e por Mário Prata: armarinho (vento que vem do
mar), edifício (antônimo de “é fácil”).
Nem Sandmann nem Henriques enfatizam, em suas análises, as mudanças operadas
por fatores fonológicos (elisão, crase, ditongação, haplologia) e/ou por fatores morfológicos
que freqüentemente as bases envolvidas em um processo morfológico de formação vocabular
experimentam. Outra questão relevante, sobretudo para a formação de um CV, que também
não é cogitada pelos autores, seria a de saber qual dos componentes tende a ocupar, na palavra
resultante, as posições de núcleo e adjunto, já que essa relação pode ser de coordenação ou de
subordinação. Com efeito, não se elucida por que um CV apresenta uma seqüência e não
outra: por que emerge a forma canecopo e não coponeca, ao se mesclar copo e caneca?
Embora, na maioria dos casos, a distribuição posicional dos componentes esteja ligada,
naturalmente, a critérios semânticos, a descrição dos contextos morfofonológicos que a
36
motivam é fundamental para comprovar ou refutar a visão de que o CV se trata de um
fenômeno morfológico arbitrário.
2.3.3 Posicionamento de Basílio
Para Basílio (2003, p. 1),
o cruzamento vocabular pode ser considerado como um tipo de composição,
na medida em que sua formação envolve duas palavras, e o processo
correspondente envolve o mecanismo de formar uma nova palavra cujo
significado e forma final decorrem diretamente da combinação de duas
palavras.
Embora defenda que exemplos análogos aos utilizados em seu texto como enxadachim
(< enxada + espadachim), presidengue (< presidente + dengue) e pitboy (< pitbull + boy)
também admitam outras classificações (trocadilhos, composições e formações analógicas), a
autora aponta a necessidade de se considerar a mesclagem lexical como um fenômeno distinto
das composições em geral, dado que a palavra resultante do cruzamento é sobredeterminada
pelas propriedades fonológica e semântica dos dois elementos que são tomados como base.
Segundo ela, somente a análise de cruzamentos vocabulares como reestruturações
mórficas e integrações conceptuais é capaz de captar os elementos simultaneamente
necessários para alcançar o efeito expressivo desejado, admitindo-se que o padrão de estrutura
da composição exerce importante função nessas construções.
Basílio (op. cit.) levanta a hipótese de os CVs serem baseados numa construção
morfológica bem sucedida que conduz a uma quebra simultânea de expectativas, na medida
em que a reestruturação morfológica feita força uma reestruturação conceptual. Assim, as
melhores formas de CV são aquelas em que “a projeção conceitual a ser reestruturada vai por
um caminho não apenas inesperado mas insólito, embora inexorável” (op. cit, p. 2).
37
Assunção (2006) demonstra, a partir dos CVs presentes na coluna de Agamenon
9
, que,
de fato, na maior parte das vezes, em uma reconstrução vocabular bem sucedida, uma das
partes – a palavra inesperada – predica ou caracteriza a palavra básica hospedeira, criando um
desfecho inusitado, a exemplo de “febre afurtosa”, termo surgido da combinação de aftosa e
furto que critica, com humor, as denúncias de corrupção deflagradas no primeiro governo
Lula, confirmando assim a tese defendida por Basílio (2004, p. 1) de que, nos cruzamentos
bem sucedidos, a restruturação formal imprime um novo e inconfundível efeito de sentido ao
resultado final.
Quanto à distinção entre cruzamento e composição, a autora prefere assumir a posição
de que “a separação ou não dos fenômenos é de caráter terminológico e pode depender dos
objetivos da descrição, para a qual a relevância maior estará nos pontos de semelhança ou nos
pontos de diferença” (loc. cit.) e ocupa-se, sobretudo, da descrição de padrões apresentados
pelos diferentes tipos de cruzamento.
Do ponto de vista fonológico, concorda com a argumentação quanto à relevância de o
processo ser não-concatenativo. Contudo, sob o prisma morfológico lexical, defende que, se
for comparado com a derivação e a composição sobre a possibilidade de emergência de
significado, a composição e os cruzamentos ficarão de um lado e a derivação de outro, graças
ao teor semântico pré-determinado nas formações derivadas, ao contrário das compostas.
A autora questiona as definições de Bauer (1988), para quem o cruzamento vocabular
é “um novo lexema formado de partes de dois ou mais lexemas”, e de Kemmer (2003),
segundo o qual, diferentemente da composição, o cruzamento vocabular combina partes das
palavras de base, mas, nessa combinação, só predominam as propriedades fonológicas em
detrimento da estrutura morfológica. Com efeito, postula que o traço caracterizador comum
9
Coluna criada pelos humoristas Hubert e Marcelo Madureira, do grupo Casseta e Planeta, publicada aos
domingos no jornal O Globo, na qual se critica, irreverentemente, o cenário econômico e político da atualidade.
38
de uma fusão vocabular é a perda da expressão fonológica de pelo menos um de seus
elementos formadores.
Para ela, as diferenças entre cruzamentos e composições ficam reduzidas pelo fato de
a grande maioria dos CVs reestruturar morfologicamente apenas uma das bases, aproveitando
a configuração geral da outra, e de apresentar, na maior parte das vezes, o elemento
predicador na primeira parte da palavra resultante, e, na segunda, o elemento qualificado, a
exemplo de boilarina (< boi + bailarina) e mãedrasta (mãe + madastra), semelhantemente aos
compostos de base presa
10
(p.ex. agrotóxico, lipoaspiração, eco-sistema etc.).
A esse processo morfológico, em que a combinação de duas bases – a interferente e a
hospedeira – resulta da incorporação integral do significante, sempre de caráter predicador, da
interferente na hospedeira, que, mesmo sofrendo encurtamento, mantém a sua integridade
denotativa, a autora denomina de recomposição. Assim, em tristemunho, triste- qualifica
testemunho, e -munho representa testemunho na recomposição. O mesmo ocorre em
apertamento, lixeratura, chafé, aborrescente, burrocracia etc.
No entanto, Basílio (2005, p. 4) ressalta a existência de um grupo de palavras
problemático quanto à estruturação mórfica, constituído de palavras não tão produtivas, de
função mais descritiva que avaliativa, que parece ser formado pela combinação de partes de
duas bases, seguindo a definição Bauer (op. cit.). Incluem-se, nesse grupo, palavras do tipo
lambaeróbica (< lamba(da) + aeróbica) e portunhol (< portu(guês) + (espa)nhol), cujas bases
são abreviadas em pontos que a autora considera não previsíveis.
Desse modo, postula que existem dois mecanismos distintos de cruzamento vocabular:
um, por incorporação predicativa, e outro, por combinação de partes de palavras.
O primeiro mecanismo, que a autora prefere denominar de fusão vocabular, refere-se
às formações em que se verifica
10
Formas lingüísticas tradicionalmente chamadas de radicais gregos e latinos: eco-; hidro-; hipo-; demo-; -og(ia)
-latr(ia) etc.
39
interposição de uma forma sobre a outra, na qual uma alteração fonológica
mínima permite ativar ambas, a hospedeira e a predicativa simultaneamente,
daí resultando uma força expressiva maior na predicação. As condições de
produtividade deste processo são definidas com precisão (BASÍLIO, 2005,
p. 5).
O segundo diz respeito à junção de partes de duas ou mais palavras, resultando uma
outra palavra, cujo conteúdo referencial surge da combinação dos significados das partes
selecionadas, à semelhança de uma composição truncada.
Na opinião da autora, ambos os casos devem ser investigados como processos
morfológicos, tais como a sufixação, a composição, a prefixação, já que também são
mecanismos disponíveis na língua para formar novas palavras, cujo valor expressivo é
resultado da integração fonológica que espelha e reforça a integração conceptual entre as
palavras pré-existentes envolvidas.
2.3.4 Novos enfoques
O tratamento dado ao processo de formação vocabular por cruzamento, ultimamente,
vem alcançando uma maior latitude, pois, além de contemplar o indiscutível caráter morfo-
semântico do fenômeno, vem aliando critérios cognitivos e/ou fonológicos à sua descrição,
como em Araújo (2000), Silveira (2002), Álvaro (2003), Gonçalves & Almeida (2004; 2007)
e Gonçalves (2003, 2004, 2005a, 2005b).
Para Araújo (2000), os cruzamentos podem ser vistos como palavras compostas, que
se diferem, porém, destas, por apresentarem uma certa opacidade estrutural devido à maior
perda de massa fônica das formas matrizes. Observa que a principal característica dos
cruzamentos é a amalgamação das bases, mas que isso não se processa linearmente, uma vez
que a concatenação das bases se realiza após o encurtamento de pelo menos uma delas. A
40
partir de uma análise morfo-fonológica do processo, com base na teoria da Otimalidade e da
Correspondência, o autor destaca que a maior dificuldade em descrever as formações cruzadas
relaciona-se ao local de quebra das bases, visto os cruzamentos tenderem a compartilhar
segmentos fonológicos (fonemas, traços, sílabas), sobrepondo-os.
De uma perspectiva morfo-pragmática, Silveira (2002) mapeia as fronteiras entre
cruzamento vocabular, analogia, composição e recomposição e afirma que a composição é o
processo que mais se parece com o cruzamento vocabular. Segundo a autora, a diferença
fundamental entre os dois processos seria a fronteira de marcas fonológicas, assumindo com
Gonçalves (2001 apud Silveira, 2002, p. 2) que o CV se sustenta como um processo
diferenciado a partir de fatores como constituição silábica e acento.
Silveira (loc. cit.) postula que os compostos regulares preservam o acento primário dos
seus componentes, pois, embora conservem a cabeça lexical da palavra da direita, mantêm o
acento da palavra da esquerda que passa a índice de sub-tonicidade na pauta acentual da
palavra resultante. Já os compostos por aglutinação, assim como os cruzamentos, são
marcados pela perda de massa fônica, promovendo a desacentuação da primeira base.
Contudo, nos compostos aglutinados, em oposição aos CVs, as seqüências suprimidas podem
ser facilmente recuperadas, dado a perda do material fônico ser justificada pelos processos
fonológicos regulares; em geral, por crase e elisão.
No que tange ao aspecto semântico, Silveira (op. cit. p. 25) constata que o cruzamento
vocabular é, por excelência, um processo gerador de palavras figuradas, uma vez que a
maioria dos vocábulos cruzados não admite uma interpretação literal. E cita como um dos
exemplos o CV boilarina (< boi + bailarina), em que se torna impossível fazer a leitura literal
de suas bases, já que, segundo ela, não se pode caracterizar nenhum ser pelo traço +Humano/-
Humano, sendo interpretado apenas figuradamente: comparação depreciativa de uma bailarina
a um boi, por não ter silhueta adequada à profissão.
41
Ao final de sua pesquisa, a autora sustenta que o cruzamento vocabular é um processo
de formação de palavras sistemático e essa regularidade é obtida somente a partir de aspectos
fonológicos.
Álvaro (2003) examina os cruzamentos, fundamentada na hipótese sócio-cognitivista e
na teoria dos espaços-mentais. Resumindo muito o seu trabalho, que vale ser lido na íntegra, a
autora defende que as palavras formadas por cruzamento e por composição são produtos de
uma combinação lexical (CL). Concentra-se em analisar as combinações de bases livres
constituídas de substantivo-sustantivo (S-S), substantivo-adjetivo (S-A) e substantivo-
preposição-substantivo (S-prep-S). Segundo ela, tais combinações realizam-se metonímica ou
metaforicamente. As primeiras tanto podem apresentar-se “amalgamadas léxico-
fonologicamente”, denominadas de CLs metonímicas hiperbólicas, como nos casos de
cruzamentos, que se formam por um processo não-concatenativo, quanto não-amalgamadas,
como nos compostos, que se constroem por encadeamento linear; as segundas, CLs
metafóricas de S-S, tal qual as metonímicas hiperbólicas de S-A e S-prep-S, são sempre
amalgamadas.
As CLs metonímicas hiperbólicas caracterizam-se pela maximização do atributo do
domínio base sobre o alvo
11
e pela presença do termo referente no bloco lexical resultante, a
exemplo do CV apertamento, em que se maximiza a qualidade de ser apertado (domínio base
– o adjunto) sobre a condição de ser apartamento (domínio alvo – o núcleo); ao passo que as
CLs metafóricas caracterizam-se pela mescla conceptual de domínios dos termos envolvidos
na referenciação, levando à recategorização semântico-pragmática do referente, como o que
ocorre no cruzamento showmício, combinação lexical amalgamada, na terminologia de
11
Grosso modo, para a Lingüística Cognitiva, mais especificamente para a teoria dos espaços mentais, a
metáfora conceptual estrutura-se internamente por domínios, denominados de domínio base ou origem e de
domínio alvo ou destino. A metáfora, então, é entendida como uma projeção – correspondência ontológica ou
epistêmica – de parte das informações de um domínio conceptual (base) para o outro (alvo). Conceitos
pertencentes ao domínio base são mais concretos e ao domínio alvo são mais abstratos. Os processos por
metonímia e por metáfora conceptual distinguem-se porque neste associam-se entidades provenientes de dois
domínios distintos, naqueles, pelo contrário, relacionam-se entidades conceptualmente contíguas de um mesmo
domínio (cf. CUERCA & HILFERTY, 1999, p. 100-111).
42
Álvaro. Este é um exemplo em que emerge um novo referente resultante da interpenetração
conceptual das características de atividades políticas com as de um evento artístico, gerando
um terceiro significado que, embora partilhe características de ambos os domínios (base: show
e alvo: comício), se recategoriza ao adquirir um sentido mesclado que lhe é peculiar.
Nessa perspectiva, deduz-se que a diferença entre cruzamentos e compostos seria a de
que estes são combinações lexicais não-amalgamadas, de realização conceptual estritamente
metonímica, cuja referência se dá pragmaticamente, uma vez que o referente não aparece no
produto da composição, como, por exemplo, dedo-duro, couve-flor, Pão-de-Açúcar etc.;
enquanto aqueles são combinações amalgamadas, realizadas tanto metafórica quanto
metonimicamente, sendo que, se operacionalizados por metonímia, particularizam-se pela
maximização das características do domínio base sobre o alvo. Enfim, na criação de um CV,
dois conceitos – da base e do alvo – são associados por metáfora ou relacionados por
metonímia para formar um terceiro conceito, o qual não diverge completamente dos primeiros
como parece ocorrer na maior parte das palavras compostas.
A partir do que foi arrolado até aqui, pode-se afirmar que CV é um processo de
formação de palavras regular que possui características próprias: licencia o entrecruzamento
das seqüências comuns às bases, cuja quebra ocorre no ponto em que mais se assemelham
fonologicamente; gera apenas uma palavra prosódica, com um único acento lexical; nos casos
em que as bases são diferentes metricamente, tende a preservar em seu interior toda a base
menor; apesar de haver perda de massa fônica das bases, impossibilitando a sua recuperação
estrutural, semanticamente, adquirem sempre um novo significado, sem, com isso, se
distanciar dos significados de cada uma das palavras matrizes.
Com se vê, a mescla lexical diferencia-se, sob vários aspectos, da composição e da
recomposição, mas a questão que se coloca é se, de fato, os CVs são formados por padrões
diferentes, já que há casos de cruzamento em que as palavras-base não apresentam segmentos
43
em comum, denominados de CVs dessemelhantes, e outros, em que as bases se sobrepõem
devido à correspondência de segmentos entre elas, os semelhantes fonicamente. Nos
primeiros, a fidelidade às bases é fundamental para determinar um ponto de fusão que permita
a recuperação dessas bases e de um ponto de quebra, de acordo com a melhor possibilidade de
rastreamento das palavras matrizes; nos segundos, por não haver um ponto de quebra
previsível, a fusão se dá no segmento coincidente.
Optou-se, então, por investigar esses padrões com os instrumentos da Teoria da
Otimalidade (Prince & Smolensky 1993), mais especificamente com os da Teoria da
Correspondência (McCarthy & Pince, 1995; Benua, 1995), uma vez que esse modelo teórico
licencia não somente avaliar a semelhança formal e prosódica de inputs e outputs, mas
também a das palavras resultantes e os inputs que lhe servem de base.
A escolha de uma investigação nos moldes da Otimalidade deve-se ao fato de que o
processo de cruzamento vocabular representa um dos maiores desafios para uma abordagem
estritamente morfológica, por se tratar de uma operação de formação de palavras que quase
sempre se submete a pressões pragmáticas, prosódicas e morfológicas. Na seqüência, serão
apresentados os pressupostos da teoria supracitada, modelo representacional baseado em
hierarquia de restrições, bem como a análise otimalista proposta por Gonçalves (2003;
2005b), na qual as considerações estarão fortemente baseadas, já que revela a produtividade
do modelo, permitindo investigar de forma adequada e natural fenômenos situados na
interface da fonologia com a morfologia.
44
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
O presente capítulo apresenta as premissas básicas da Teoria da Otimalidade (Prince
& Smolensky 1993), e, por extensão, as da Teoria da Correspondência (McCarthy & Pince,
1995; Benua, 1995), uma espécie de aprimoramento da Teoria da Otimalidade clássica
(doravante TO), que amplia a noção de fidelidade, até então estabelecida, para dar conta das
operações morfológicas que freqüentemente levam a modificações no conteúdo material das
bases envolvidas.
Processos não-concatenativos, situados na interface da fonologia com a morfologia,
são analisados de modo bastante natural com os instrumentos da Teoria da Correspondência
(TC) por esta suportar referência a outras entidades representacionais, além das formas de
base (elementos morfológicos subjacentes) e das formas de superfície (produtos finais da
operação). Pontos cruciais deste trabalho tomam como referência os artigos de Gonçalves
(2003; 2005a; 2005b) e de Gonçalves & Almeida (2004; 2007), por isso mesmo, apresentam-
se, nas seções a seguir, os principais pontos teóricos da TO, de uma forma geral, e da TC,
mais especificamente.
A proposta se baseia na idéia de que o processo de CV, no português do Brasil, pode
ser explicado mediante um conjunto de restrições que avaliam construções moldadas em
planos fonológicos e morfológicos. A análise parte da hipótese de que a configuração
estrutural dos candidatos a output, observadas as relações ditadas pela hierarquia prosódica e
morfológica, reflete o sistema de estruturação mórfica dos cruzamentos vocabulares.
Antes, porém, de se delinear essa proposta, à qual será dedicado o próximo capítulo, é
necessário que se trace um perfil geral da TO, base teórica desta abordagem.
Este capítulo está organizado da seguinte forma: primeiramente será apresentada uma
revisão geral da TO com suas principais características e arquitetura, seguida de aspectos do
modelo que permitem a abordagem dos cruzamentos vocabulares. Na seqüência, serão
45
comentadas as análises feitas por Piñeros (2002), para os CVs criados em língua espanhola, e
as de Gonçalves (op. cit.), que focaliza esse tipo de formação no português brasileiro.
3.1 TEORIA DA OTIMALIDADE
A TO, inovador programa lingüístico gerativo, proposto por Prince & Smolensky
(1993), revela-se um quadro teórico capaz de explicitar um modelo de descrição gramatical,
que, embora venha sendo aplicado, em especial, ao componente fonológico, permite
aplicabilidade a todos os níveis da gramática.
Assim como outros modelos formais de investigação gerativa, a idéia básica da TO é
de que os falantes possuem habilidade tácita para distinguir os elementos possíveis em seu
idioma daqueles que não o são. Tal habilidade constitui um dos sinais da existência de uma
Gramática Universal, característica da linguagem humana.
O aspecto inovador da TO consiste na assunção de que os princípios gramaticais
podem ser violados, sem que com isso sejam gerados resultados agramaticais. Os vários
modelos lingüísticos, existentes até então, entendem como gramatical apenas a estrutura que
obedece a todas as regras ou princípios da gramática em análise, e, para dar conta de
eventuais conflitos que se podem estabelecer entre esses padrões ou princípios, que, muitas
vezes são definidos de forma independente, estipulam uma ordem de aplicação entre eles.
Diferentemente, a TO surge como uma alternativa de se verificar de que maneira tais regras se
inter-relacionam, contemplando a possibilidade de formalizar o tipo de interação que se dá
entre elas.
Por conseguinte, ao contrário das teorias derivacionais pautadas em regras que se
aplicam ordenadamente a partir de uma forma de input (forma subjacente) a fim de se
46
alcançar a forma de output aceitável (forma de superfície), a TO abandona qualquer tipo de
processo serial, caracterizando-se por ser um modelo baseado em restrições avaliativas em
paralelo; portanto, não vislumbra processos seqüenciados para determinar a melhor forma de
superfície de uma representação subjacente. A estrutura de superfície passa então a ser
determinada por meio de restrições universais e violáveis que interagem em uma hierarquia.
Assim, em oposição aos modelos seriais que direcionam a atenção para a forma subjacente, a
TO tem como foco principal o output e para ele todas as restrições estão voltadas.
Face aos modelos seriais apresentarem, em determinadas situações, regras
morfofonológicas que conspiram contra ou a favor de uma determinada condição para que
uma forma de superfície menos marcada seja atingida, a TO apresenta a vantagem de fixar-se
diretamente no output, já que a hierarquia de restrições é a tradução da gramática que fornece
direta e precisamente um output. Em síntese, a TO centra-se na idéia de que a Gramática
Universal consiste de um conjunto de restrições que expressam a exigência de boa-formação
do output, sendo estas restrições compartilhas por todas as línguas.
Como, no modelo, as restrições universais são ranqueadas em uma ordem específica
para cada língua, a TO propõe que a diferença entre os vários idiomas se reduza a diferentes
hierarquizações dos princípios da gramática, determinando e caracterizando as propriedades
universais da linguagem, bem como os limites de variação lingüística entre as línguas
naturais.
47
Assim, se a gramática de uma língua é regulada por um determinado ranqueamento,
já, em uma outra, a gramática pode ser determinada por uma diferente ordem das mesmas
restrições. Por exemplo, tomando-se X e Y como restrições universais relevantes, a hierarquia
de uma dada gramática pode ser definida através de uma hierarquização em que X domina Y
(X»Y) ou vice-versa (Y»X). Toda língua natural é, pois, a expressão de um ranqueamento
particular.
São três os instrumentos básicos envolvidos na determinação de uma gramática, na
perspectiva da TO: GEN (GENerator = gerador), AVAL (EVALiator = avaliador) e CON
(CONstraint = conjunto de restrições).
O mecanismo chamado de GEN aplica-se ao input com o objetivo de fornecer um
conjunto de candidatos a output potencial e logicamente possível. Esse componente tem como
propriedade essencial a liberdade para gerar, a partir de um dado input, candidatos a serem
avaliados por AVAL, desde que estes candidatos correspondam a expressões lícitas, ou seja,
obedeçam a processos morfofonológicos conhecidos no idioma investigado.
Por exemplo, para o CV portunhol, que tem como input duas palavras matrizes:
(português + espanhol), GEN poderia compor uma lista de prováveis candidatos, dentre
vários outros, com as seguintes palavras prosódicas: espaguês, espanholguês, portuespa e
poranhol. Todas elas são representações lexicais possíveis em português. Portanto, GEN
desempenha, na TO, o papel de fornecer expressões a serem analisadas, projetando um input
em vários outputs, dos quais apenas uma forma será eleita como gramatical.
O conjunto de candidatos fornecidos por GEN é avaliado pelo mecanismo
denominado AVAL, cuja função é selecionar um output ideal para um dado input, eliminando
os candidatos que não são aceitáveis na língua em causa. Cagliari (2002, p. 134) define
AVAL como sendo o componente responsável pela
48
criação de uma ordem (ou ranking) entre as restrições de acordo com sua
relativa harmonia, ou seja, de acordo com o poder que cada uma delas tem
de agir, permitindo ou não violações e, desta forma, fazendo as devidas
seleções entre os candidatos do output.
Esse processo de avaliação é apresentado, na TO, na forma de uma tabela, que recebe
o nome de tableau, onde se projetam, na horizontal, as restrições por ordem de dominância e,
na vertical, o conjunto de candidatos que será submetido à análise, a partir de um dado input.
Cada violação é assinalada com um asterisco (*) e as violações fatais, responsáveis pela
eliminação de um candidato, são marcadas por um ponto de exclamação (!) após o asterisco
(*!). O candidato vencedor é indicado com o símbolo ).
CON corresponde ao conjunto universal de restrições violáveis que definem a
estrutura gramatical de todos os idiomas. Cabe lembrar que restrições não são regras, mas
descrições estruturais de boa-formação. Regras são específicas de uma língua, enquanto
restrições são universais. Uma restrição pode ser formulada pelo aspecto positivo, a exemplo
de ONSET, que exige que todas as sílabas tenham ataque; ou pelo aspecto negativo
(proibitivo), como NOCODA ou *CODA
12
, que proíbe sílabas com coda. Do ranqueamento
entre as restrições, surge, então, a descrição gramatical de um fenômeno lingüístico peculiar
de um dado idioma.
Em suma, a partir do input, a função GEN gera um conjunto de candidatos que será
submetido à avaliação de AVAL com base na hierarquia de restrições. Todos os candidatos
são avaliados em paralelo, de forma que nenhum estágio ou representação intermediária
ocorra. A hierarquia de restrições retrata a disputa dos candidatos a output, em que a violação
a uma restrição mais alta na hierarquia pode ser fatal e eliminar o candidato que incorrer em
tal infração, ganhando o candidato que viola a restrição ranqueada mais baixo na hierarquia, e,
por cometer uma violação mínima, emerge como output ótimo.
12
O asterisco colocado antes da restrição indica que se trata de uma restrição de caráter negativo (proibitiva).
49
A fundamentação básica da TO, em cuja arquitetura figuram os componentes CON,
GEN e EVAL, é sustentada por alguns princípios (Prince & Smolensky, 1993), os quais
funcionam como uma espécie de registro de identidade do modelo: Universalidade,
Violabilidade, Hierarquização, Inclusividade e Paralelismo.
Consoante o princípio da Universalidade, todas as restrições propostas no modelo
devem ser universais, ou seja, devem ser válidas para todos os idiomas. Todavia, como uma
estrutura pode ser encontrada em uma língua e ser agramatical em outra, uma restrição
definida de forma abrangente pode não dar conta satisfatoriamente de estruturas específicas,
sendo necessário, então, o uso de restrições mais particularizadas.
Violabilidade e Hierarquização são os princípios que sustentam a idéia de que as
restrições universais são violáveis, mas essa violação deve ser mínima, o que, de acordo com
McCarthy & Prince (1993), define-se a partir do próprio ranqueamento das restrições. Dessa
forma, o output ótimo será selecionado pelo conjunto de restrições de boa-formação
ranqueadas em uma hierarquia, respeitada a relevância de cada restrição, de modo que a
restrição em posição mais baixa pode ser violada para assegurar a obediência a uma restrição
em posição mais alta.
Sendo assim, a violabilidade das restrições pode ser vista como conseqüência natural
do conflito que se estabelece entre elas, com base na sua hierarquização. Por convenção, na
TO, tem-se uma situação de conflito “quando
duas restrições fazem exigências contraditórias
entre si, é dominante aquela que determina a escolha do melhor output.” (COLLISHONN &
SCHWINDT, 2003, p. 22). Por exemplo, tomem-se as restrições de marcação
*COMPLEX
onset
, que proíbe ataque silábico com mais de uma consoante, e *CODA, que não
permite consoantes na coda silábica, inseridas em um ranqueamento hipotético para a escolha
do cruzamento dicionarizado sacolé (< saco + picolé). GEN, apagando o núcleo da sílaba em
que ocorre o corte, poderia gerar um output com uma sílaba de onset complexo: saclé. Como
50
o padrão silábico universalmente ideal é o formado por uma consoante e uma vogal (CV),
considera-se *COMPLEX
onset
uma restrição dominante; logo, se funcional em uma dada
hierarquia, essa restrição ocupa posição mais alta em relação a outras que também focalizam
os aspectos fonotáticos.
(01) Relação de dominância entre restrições
input: /saco/ + /picolé/ *COMPLEX *CODA
a. as.clé *!
) b. as.co.lé
Nesse tableau, que deve ser visto apenas como ilustração da dominância e do conflito
de restrições, e nada tem a ver com a natureza do fenômeno, o candidato (a) viola a restrição
dominante *COMPLEX
onset
e é imediatamente eliminado da disputa. Embora, nessa análise
muito simplificada, o candidato vencedor não tenha violado nenhuma restrição, não é isso o
que acontece em geral. Um output selecionado como ótimo, na maioria das vezes, desobedece
a restrições, mas vence os outros candidatos porque as restrições violadas por ele são menos
importantes na hierarquia.
Por outro lado, restrições que não estão em conflito não devem ser crucialmente
hierarquizadas, uma vez que inversões não alteram o resultado. Nesses casos, são indicadas,
no tableau, por uma linha pontilhada. Quando restrições não dominantes entre si atuam na
eliminação de um candidato, só o fazem em conjunto, ou seja, sai da disputa o candidato que
apresentar, em relação aos seus concorrentes, a maior soma de violações a elas,
concomitantemente. Observe-se, a título de exemplo, o tableau (02), em que se alterou a
configuração silábica do candidato (a) a fim de se demonstrar um caso de não-dominância
entre restrições. O candidato vencedor (b) pode satisfazer ONSET sem necessariamente violar
*CODA.
51
(02) Relação de não-dominância entre restrições
A Inclusividade é o princípio que garante a análise dos candidatos que são admitidos
por considerações gerais de boa-formação estrutural, sem que nenhuma regra ou estratégia de
reparo seja aplicada. Como GEN restringe-se somente à formação de candidatos que
respeitam as propriedades lingüísticas, diferentemente dos modelos derivacionais, a TO
distingue condições gerais de boa-formação de outras condições de avaliação de estruturas,
daí submeter à análise apenas o conjunto de candidatos a output bem formados
estruturalmente.
Já o Paralelismo é um dos pontos cruciais em que a TO se diferencia dos modelos
anteriores baseados em regras. Paralelismo indica que não há derivação serial, ou seja, todos
os possíveis candidatos são comparados em paralelo de acordo com a hierarquia de restrições.
Até o candidato ser eliminado da disputa, ele será avaliado por cada restrição presente na
hierarquia.
Cabe frisar que não existe nenhuma restrição em relação às representações
subjacentes, uma vez que as restrições não focalizam o input, o que garante a formação de
outputs possíveis na gramática de uma dada língua. Em outras palavras, a TO é uma teoria
voltada para o output, estando, pois, qualquer tipo de limitação ou proibição atrelada às
formas de superfície, não às formas subjacentes.
Devido à Riqueza da Base (richness of the base), uma das premissas básicas da TO,
não se observa qualquer tipo de “proibição a determinados segmentos ou a determinadas
propriedades prosódicas no input” (COLLISHONN & SCHWINDT, 2003, p. 35). Todas as
generalizações sobre o inventário de elementos permitidos na estrutura de superfície provêm
input: /saco/ + /picolé/ *ONSET *CODA
a. sac.olé * *
) b. sa.co.lé
52
da interação entre as restrições de Marcação (voltadas para as estruturas menos marcadas) e
de Fidelidade (que buscam a identidade entre input e output), as quais controlam os
mapeamentos fiéis e infiéis às formas de base, preservando ou eliminando os contrastes input-
output que, por ventura, ocorram.
A Riqueza da Base, então, dá suporte para o que a teoria defende: que é por meio do
ranqueamento particular do inventário de restrições universais de CON que se obtém a
descrição das diferenças sistemáticas entre as línguas, e não pelas representações subjacentes
admissíveis em seu componente lexical, postura que pode dar margem a um conjunto de
inputs (o inventário lexical) ilimitado.
Em contrapartida, a TO propõe, que, na ausência de evidência empírica para um input
sobre outro, o input selecionado deve ser aquele mais semelhante ao output, procedimento que
minimiza violações a restrições de Fidelidade, denominado de Otimização Lexical (PRINCE
& SMOLENSKY, 1993), cuja ação ainda não está bem definida. O modo de se constituir “o
input em TO ainda é um tema em debate, haja vista que nada impediria que restrições de um
caráter especial atuassem sobre ele” (COLLISHONN & SCHWINDT, 2003, p. 36). Por
enquanto, o modelo vem lançando mão de estratégias da fonologia gerativa para definir as
formas de representação subjacente (cf. CAGLIARI, 2002, p. 139).
De um lado, a Riqueza da Base prediz que as línguas (os inventários do léxico) se
distinguem apenas pela hierarquia de restrições universais e os contrastes são produzidos
pelas interações de restrições nas formas de saída; por outro, a Otimização do Léxico prega
que o input possível é selecionado entre os mais próximos do melhor output, na ausência de
evidências empíricas para uma forma subjacente.
De fato, como assinala Kager (1999), embora Otimização Lexical e Riqueza da Base,
compreendidas, respectivamente, como mecanismos de restrição e de ampliação do léxico,
pareçam ser premissas contraditórias, na verdade, não o são, uma vez que a escolha de outputs
53
ótimos compete às restrições e não aos inputs. Portanto, qualquer limitação aparente aos
inputs decorre da interação entre as restrições de Marcação e de Fidelidade, detalhadas a
seguir.
3.1.1 Natureza das restrições
De acordo com o papel desempenhado pelas restrições, a TO as agrupa em famílias:
(a) Fidelidade – reúne restrições que exigem correlação de identidade de segmentos, de traços,
de acento, de propriedades morfológicas etc. nas linhas input-output (I-O) e output-output (O-
O); (b) Marcação – engloba as restrições voltadas para as exigências estruturais, ou seja, as
reguladoras da boa-formação de estruturas segmentais e/ou prosódicas, levando à escolha de
outputs menos marcados; (c) Alinhamento – agrupa as restrições que governam a ordem dos
elementos e as fronteiras entre duas variáveis, ou melhor, entre duas categorias (do mesmo
nível ou de níveis diferentes); e (d) Combinação – família de restrições que controlam as
relações de dominação de categorias.
3.1.2 Fidelidade e Marcação
Os dois tipos básicos de restrições são Fidelidade e Marcação, pois é do conflito entre
elas, numa dada hierarquia, que se poderá definir o output ótimo.
As restrições de fidelidade impedem que duas estruturas ou representações sejam
diferentes entre si, de maneira que possa ser acessada a identidade dos seus elementos
correspondentes. Essa identidade pode ser alcançada em várias dimensões, incluindo
54
fidelidade entre o input e o output, o que é traduzido, basicamente, pelas restrições IDENT-
IO, MAX-IO, DEP-IO, definidas por McCarthy & Prince (1995), conforme abaixo, em (03),
ou pelas restrições de correspondência entre dois outputs, descritas adiante no item 3.2.
(03) Restrições de Fidelidade Input-Output
IDENT-IO: os traços [nasal, coronal, sonoro etc.] do input devem ser mantidos no
output;
MAX-IO: cada elemento do input tem um correspondente no output (anti-
apagamento);
DEP-IO: cada elemento do output tem um correspondente no input (anti-epêntese).
Ao lado das restrições de Fidelidade, figuram as de Marcação, estritamente voltadas
para o output, exigindo que o candidato ótimo seja o mais perfeito estruturalmente.
Por exemplo, restrições típicas de marcação como *CODA, ONSET e *COMPLEX
preferem um candidato que apresenta padrão silábico menos marcado: *CODA proíbe sílabas
terminadas em consoante (CVC), por considerá-las mais marcadas do que sílabas terminadas
em vogal (CV), uma vez que CV é o formato silábico inicial no processo de aquisição da
estrutura silábica; ONSET prioriza outputs com sílabas iniciadas por consoante, dado o fato
de que sílabas do tipo CV são menos marcadas do que sílabas do tipo V; e *COMPLEX
bane
candidatos com coda ou onset complexos, por serem estas estruturas altamente marcadas.
Desse modo, mesmo que haja alguma modificação no output com relação ao input, as
restrições de marcação sempre advogam a favor de um candidato menos marcado; isso porque
o que elas focalizam é a composição estrutural do output e não a do input. A emergência de
um candidato não-marcado “é importante pois traz evidências a favor da tese de que todas as
restrições estão presentes em todas as línguas” (COLLISHONN & SCHWINDT, 2003, p. 33).
55
Em contrapartida, nos processos lingüísticos, em que Fidelidade domina Marcação,
emergem padrões lexicalmente especificados. Costa (2000), seguindo Prince e Smolensky
(1993), demonstra como a dominância de Fidelidade sobre Marcação é capaz de gerar todos
os padrões silábicos existentes, uma vez que a tipologia das estruturas silábicas deriva sempre
da interação de três restrições: FIDELIDADE
13
hierarquizada crucialmente com as restrições
de marcação ONSET e *CODA.
Para exemplificar o conflito entre Fidelidade e Marcação, considere-se uma língua em
que não admita segmentos na coda (*CVC), preferindo sílabas menos marcadas CV, mesmo
tendo um input CVC. Imagine-se, então, a escolha de um output ótimo para a representação
subjacente /rapto/. Há duas maneiras de se chegar ao melhor output: (1) apagando-se o
segmento medial da palavra, a consoante [p] ([ra.to]), ou (2) inserindo-se uma vogal após a
consoante em questão, transformando-a em onset de outra sílaba ([ra.pV.to]). Veja-se como se
dá a escolha nos tableaux (04) e (05), a seguir:
(03) Primeiro caso (apagamento do segmento em posição medial)
input: /rapto/ *CODA MAX-IO
)
a. ra.to *
b. rap.to *!
(04) Segundo caso (inserção de uma vogal após consoante final)
input: /rapto/ *CODA DEP-IO
)
a. ra.pV.to *
b. rap.to *!
13
Em sua análise, Costa (2000) define o restritor FIDELIDADE de modo genérico, não considerando, portanto,
a natureza da discrepância entre input e output. Por isso mesmo, FIDELIDADE abarca restrições como MAX,
DEP e IDENT, entre outras.
56
No primeiro caso, tableau (04), MAX-IO está em conflito com a restrição *CODA,
que proíbe codas preenchidas. Com o posicionamento da restrição de Marcação *CODA antes
da restrição de Fidelidade MAX-IO, sai vitorioso da disputa o candidato (a), menos marcado
em relação ao perdedor, embora infiel ao input.
O candidato (b), apesar de fiel ao input, apresenta uma estrutura mais marcada, já que
uma sílaba CVC é universalmente mais marcada do que CV, violando, portanto, a restrição de
marcação, ranqueada em posição mais alta. Já o candidato (a), mesmo infiel ao input, pois
infringe a restrição de fidelidade, é o vencedor da disputa; mas, como MAX-IO está em
posição mais baixa na hierarquia, a violação é irrelevante para a escolha do vencedor. O
ranqueamento inverso geraria o candidato (b), totalmente fiel ao input.
No segundo caso, tableau (05), a restrição de marcação *CODA continua em jogo,
mas o conflito se dá com a restrição de fidelidade DEP-IO, que milita contra a inserção de
elementos na representação vencedora.
Pelos tableaux, em (04) e (05), acima, pode-se constatar que outputs vencedores
violam restrições. O tableau (05), em que *CODA domina DEP-IO, demonstra que *CODA é
prioritária em relação a DEP, e esta, por sua vez, é violada exatamente numa situação em que
a obediência a ambas torna-se impossível. O mesmo raciocínio se aplica ao tableau em (04).
Dessa forma, comprova-se que só há uma hierarquia única possível para avaliação de um
determinado fato em uma dada língua; qualquer outra ordem instaurada não retrataria
fidedignamente a realidade do idioma analisado.
Interessante observar que, mesmo sendo uma análise de uma situação hipotética, na
fala corrente, é comum o desfazimento de sílabas com coda, fato que pode ser explicado pela
tendência universal de otimização da estrutura silábica CV. Isso também vem ocorrendo no
português do Brasil, sobre o qual atuam processos fonológicos não representados na
modalidade escrita, quer pelo apagamento de consoantes em posição final de sílaba (cantá <
57
cantar), quer pela inserção vocálica entre consoantes em fronteira silábica (rítimo < ritmo).
3.1.2 RESTRIÇÕES DE FIDELIDADE NA TEORIA DA CORRESPONDÊNCIA
McCarthy & Prince (1995) implementam o modelo clássico da TO, propondo
restrições de Fidelidade que possibilitem o tratamento de operações morfológicas. É fato que,
dentre os componentes da gramática, a morfologia é aquele em que se encontra o maior
número de distorções de identidade, uma vez que
“operações gramaticais não apenas cancelam ou apagam segmentos, mas
podem também (a) inverter a ordem linear (metátese), (b) alterar a
especificação de um traço (sonorização, nasalização) e (c) fazer com que um
elemento de uma camada esteja vinculado a mais de um elemento na outra
camada”. (GONÇALVES, 2005a, p. 25).
Por reconhecerem que, nesses processos, representações subjacentes nunca são
exatamente iguais às de superfície, os autores redefinem os restritores de Fidelidade de modo
que seja possível acessar informações de identidade não só entre as formas de input e as de
output (fidelidade I-O) mas também entre as formas de output (fidelidade O-O).
Gonçalves (2005a), ao analisar os processos morfológicos não-concatenativos, nos
quais as formas de bases estão sujeitas à perda de massa fônica não justificável por processos
fonológicos segmentais, tais como a Reduplicação, o Truncamento, a Hipocorização e o
Cruzamento Vocabular (CV), mostra que relações de correspondência podem ser
multiplicadas, dando origem a conjuntos completos de fidelidade específicos nas relações
formais próprias de cada processo. Para uma abordagem completa das restrições de
correspondência entre duas camadas segmentais, ver Benua (1995) e Gonçalves (op. cit.).
O cruzamento vocabular, sendo uma operação gramatical não-aglutinativa, na qual
58
restrições de fidelidade não se aplicam satisfatoriamente, visto que formas de base sofrem
redução “e essa perda segmental é responsável pela expressão de um conteúdo”
(GONÇALVES, 2005b, p. 34), configura-se um fenômeno que promove alterações formais,
por motivação morfológica, entre as representações subjacentes e superficiais nas dimensões
input-output e output-output.
Dessa maneira, restrições de fidelidade responsáveis pela combinação de formas não
podem ter como alvo apenas as formas que servem de base para o fenômeno e o produto
(dimensão I-O): também devem atentar para a relação entre elas na própria construção
resultante (como se combinam, que ordem ocupam na estrutura formada, como se alinham em
termos de margens etc – dimensão O-O). Portanto, o modo como se contempla a questão da
identidade pela TC mostra-se mais adequado para a investigação do cruzamento vocabular.
Na análise aqui proposta, três tipos de restrição de fidelidade, na correspondência de
uma representação para outra, são fundamentais para a escolha da melhor forma cruzada, ou
seja, da forma menos opaca em relação às bases-fonte: duas da família MAX, que confere o
número de apagamentos, e outra da família IDENT, que controla a permuta de traços, entre os
domínios envolvidos. Outros restritores também se fazem necessários – um de Marcação, dois
de Alinhamento e um de natureza morfológica. Tais restritores serão formulados no capítulo
dedicado à análise do corpus.
Como já mencionado, as representações superficiais oriundas de processos
morfológicos não guardam identidade perfeita com as subjacentes, devido a pressões de
ordem prosódica, morfológica e semântica, e com o cruzamento vocabular não é diferente. A
especificidade desse fenômeno está no ponto de quebra, cujo local da “fusão de palavras-
matrizes sempre ocorre no ponto em que elas apresentam maior semelhança fônica, pois é só
assim que o cruzamento pode alcançar perfeita satisfação de fidelidade nas restrições MAX
(FB-BL) e IDENT (FB-BL)” (Gonçalves, 2005b, p. 18). No entanto, essas e outras restrições
59
de fidelidade podem ser violadas em função da emergência de uma palavra que veicule o
significado desejado da melhor forma possível.
Nas próximas seções, são resenhadas duas análises otimalistas sobre o fenômeno: (a) a
de Piñeros (2002), sobre o espanhol, e (b) a de Gonçalves (op. cit.), sobre o português
brasileiro. Tais resenhas são importantes para mostrar (1) de que maneira a TO possibilita
analisar fenômenos como o cruzamento vocabular e, sobretudo, (2) as diferenças e as
especificidades deste trabalho em relação aos demais sobre o assunto.
3.3 CRUZAMENTOS VOCABULARES NA TEORIA DA OTIMALIDADE
Processos como o CV, que não operam necessariamente com o encadeamento de
porções morfológicas, não se ajustam bem aos estudos morfológicos mais tradicionais, de
maneira que vem despertando o interesse de vários estudiosos brasileiros sob diferentes
enfoques: quanto aos aspectos morfo-semânticos, o de Basílio (2003; 2005) e Araújo (2000);
semântico-cognitivos, o de Gonçalves & Almeida (2004; 2007) e Álvaro (2003); morfo-
fonológicos, o de Gonçalves (2003; 2005a; 2005b), cuja análise, à luz da TO, encontra-se
resumida no subitem 3.3.2. As pesquisas desses lingüistas têm em comum a perspectiva de
que os CVs não são formações assistemáticas, mas, pelo contrário, estão sujeitas a processos
fonológicos e semânticos regulares.
3.3.1 Sob a ótica de Piñeros
A partir dos instrumentos da TO (Prince & Smolensky, 1993) e da TC (McCarthy &
60
Prince, 1995), Piñeros (2002) propõe uma análise da estrutura interna dos cruzamentos
vocabulares em língua espanhola, cujo processo de formação, tal qual em português, não
recebe um tratamento homogêneo por parte dos estudiosos.
Assume com Algeo (1977) a existência de dois tipos de cruzamentos: os telescopes e
os portmanteaux
14
; contudo, não analisa a formação do primeiro tipo, focalizando apenas a
estruturação interna dos segundos.
Segundo o autor, o processo de formação de um cruzamento vocabular não faz parte
da morfologia das línguas naturais, já que se trata de uma operação morfológica em que não
se identificam padrões regulares. Tanto os telescopes quanto os portmanteaux são expressões
peculiares a que ele denomina de “playful language”, a língua plena, o discurso.
Os telescopes consistem na junção de duas palavras que aparecem em seqüência na
cadeia da fala, sendo um determinado (DM) e um determinante (DT), a exemplo de
[kristaola] (< [kristaleira] = cristaleira, DM + [espaola] = espanhola, DT) e de
[kwenasjonales] (< [kwenos] = flautas ameríndias, DM + [nasjonales] = nacionais, DT). As
palavras resultantes desse padrão são sempre menores que a soma das duas bases, porém,
tanto podem ser maiores que cada uma das palavras-fonte quanto serem metricamente
idênticas a elas.
14
Termo utilizado por Piñeros (2002) e Araújo (2000) para batizar o processo de formação de novas palavras
que não se identifica nem com a composição propriamente dita, nem tampouco com a derivação. Originalmente,
o termo portmanteau (do francês ‘cabide’) foi introduzido por Hockett (1963, apud CABRAL, 1974, p. 115)
para denominar um morfe que corresponde a dois ou mais morfemas. Esses morfemas apresentam os mesmos
traços gramaticais de outros que vem em seqüência em certos contextos. É o caso da crase em português. Daí
chamarem de portmanteaux os vocábulos cruzados que apresentam segmentos ambimorfêmicos às bases.
61
Já os portmanteaux referem-se a um processo não usual, em que morfemas são
combinados, caracterizados por relações associativas a partir de palavras com propriedades
segmentais em comum. Esse ponto de interseção pode ser um morfema, sons similares e/ou
significados próximos, como, por exemplo, os seguintes portmanteaux colhidos em Bogotá,
na Colômbia: [lokombja] (< [loko] = louco + [kolômbja] = Colômbia) e [ladronalds] (<
[ladron] = ladrão + [makdonalds] = Mc Donalds), em que se verifica o compartilhamento de
segmentos entre as palavras de base: [ko], no primeiro, e [dron] / [don], no segundo caso.
Em vez de duas palavras seguirem uma ordem seqüencial, como as dos membros de
uma composição (p.ex. [[bòka][káye]] = rua transversal), um portmanteau implementa uma
parte de uma das palavras simultaneamente a outra. Como conseqüência, há a subtração de
um portmanteau que não pertence exclusivamente a um dos vocábulos, mas aos dois. A
porção do portmanteau resultante, então, é ambimorfêmica, pois, nela, verifica-se a
correspondência de muitos-para-um entre segmentos das formas de base e segmentos do
vocábulo cruzado. É o caso de [bruxéres] (< [bruxa] = bruxa + [muxéres] = mulheres), em
que [u] e [x] pertencem às duas palavras matrizes.
No que diz respeito à estrutura interna, esses cruzamentos assemelham-se aos
compostos, visto que ambos constituem palavras morfológicas complexas. Ademais, os
portmanteaux possuem um núcleo sintático e semântico, tal qual em [lokombja]. [kolombja] é
tanto núcleo sintático quanto semântico, pois os falantes usam essa palavra para se referirem à
Colômbia como um país louco. Por haver compartilhamento de morfemas (ambimorfemia), o
cruzamento apresenta o mesmo número de sílabas e o padrão acentual de uma das palavras-
fonte, mais especificamente aquela que funciona como núcleo. Isso explica o fato de
[lokombja] conservar a pauta acentual de [Kolombja] e não a de [loko].
Por outro lado, cruzamentos e compostos diferem porque nestes não se observa
nenhuma porção morfológica relacionada a dois morfemas, ou seja, neles não ocorre
62
ambimorfemia. Assim, Piñeros (2002) evidencia o fato de o CV compartilhar segmentos,
contrariando, contundentemente, o que prediz a disjuntividade morfêmica: não ser permitido
sobreposição de conteúdo morfêmico em uma dada forma.
Na TO, essa restrição morfológica é prevista por MORPHDIS que proíbe relações de
um-para-muitos entre representações subjacentes e superficiais. Em outras palavras, impede
que porções morfológicas sejam compartilhadas na geração do produto de uma operação
morfológica.
A violação à MORPHDIS por parte dos cruzamentos vocabulares, que apresentam
apenas um acento lexical, está estritamente ligada à restrição de ALINHAMENTO (ALIGN),
que parte da correspondência entre as margens esquerda e direita das palavras morfológicas
(as bases) com a palavra prosódica (palavra resultante), a fim de evitar a recursividade de
acentos. Daí, em um ranking de restrições para avaliação de um CV, ALIGN ocupará sempre
posição privilegiada na hierarquia.
Com base nessa evidência, Piñeros (loc. cit.) concentra a análise dos portmanteaux na
ambimorfemia. E, por ser, indiscutivelmente, um caso de identidade entre formas, o autor
apresenta restrições de correspondência da família de maximização, formuladas em (06), com
o intuito de atenuar a gravidade dos apagamentos necessários quando se cruzam duas formas
de base. Outra restrição ligada à correspondência é a de identidade de traços, destacada em
(07).
(06) MAX (pros): cada unidade prosódica da palavra núcleo deve ter um correspondente
no cruzamento vocabular.
MAX (seg): cada segmento da palavra-base não nuclear deve ter um correspondente
no output.
63
(07) IDENT: identidade de traços entre o cruzamento e a base. Não pode haver permuta de
traços das formas de base e o cruzamento.
Com o propósito de demonstrar a real dimensão da ambimorfemia dentro da TO
atuando na formação de CVs menos opacos, o autor, então, relaciona essas restrições de
fidelidade com o tableau, em (08), a seguir, tomando como exemplo o cruzamento
[čàn.da.fé], que combina [čàn.da] (sórdido, ruim) com [sàn.ta.fé], time de futebol.
(08)
Nesse tableau, MAX (pros) e MAX (seg) não estão crucialmente hierarquizadas, pois,
de acordo com Piñeros, já que pertencem a níveis estruturais diferentes, a satisfação de uma
não exclui a satisfação da outra restrição. Ambas dominam IDENT, violada pelo candidato
vencedor, que mesmo com o custo de permutar traços da base, satisfaz plenamente as
restrições de maximização que ocupam posição mais alta no ranking.
Se o candidato (b), que compartilha segmentos, não estivesse incluído na disputa, o
candidato (c) seria o vencedor, uma vez que, no nível fônico, ele é idêntico à forma
efetivamente realizada na língua, pois (a) viola MAX (pros), ao contrário de (c). Esse
raciocínio demonstra a vantagem da abordagem ambimorfêmica, que resolve entraves desse
tipo.
A primeira restrição é violada duas vezes por (a), pois, como se pode ver, o candidato
conserva as duas sílabas iniciais da palavra não-nuclear. A primeira violação já é suficiente
Input:
[čàn.da] + [sàn.ta.fé]
MAX (pros) MAX (seg) IDENT
a. [čàn.da.fé] σ!σ
) b. [čàn.da.fé] [č s], [d t]
c. [sàn.ta.fé] č!àn.da
64
para eliminá-lo, uma vez que os demais não infringem tal restrição. Apenas (c) viola MAX
(seg), por não ter preservado nenhum segmento da palavra–base que não funciona como
núcleo ([čàn.da]). Como (b) adota a ambimorfemia, não viola essa restrição. A única restrição
violada pelo candidato vencedor é IDENT devido à não-correspondência entre [č] e [s] e [d] e
[t]. No entanto, essas infrações são irrelevantes para sua vitória, pois a primeira violação de
(c) a MAX (seg) já foi suficiente para determinar a escolha de (b). Deve-se observar que
IDENT não poderia ter posição hierárquica superior, fato que implicaria a eliminação do
candidato ótimo.
Contudo, a previsão de mais candidatos requer o estabelecimento de novas restrições.
Imagine-se, por exemplo, um candidato [sàn.ta.fé] (com segmentos das duas primeiras sílabas
ambimorfêmicos). Inevitavelmente, ele seria o vencedor, juntamente com [čàn.da.fé], em uma
disputa nos moldes do tableau (08), o que evidenciaria um caso de variação. Como isso não
corresponde à realidade, é necessário verificar o que veta esse candidato. Para sanar o
problema, o autor amplia a hierarquia apresentada no tableau anterior com a restrição
UNIQUENESS, que privilegia candidatos fonologicamente distintos de cada uma de suas
palavras-base.
Observe-se, então, o ranqueamento completo no tableau (09), abaixo:
(09)
Os candidatos (c), (d) e (e) não aparecem no tableau anterior. O candidato (c), como
dito, sairia vencedor com (b), mas como é idêntico a uma das bases viola UNIQ e sai da
Input:
[čàn.da] + [sàn.ta.fé]
MAX (pros) MAX (seg) IDENT UNIQ
a. [čàn.da.fé] σ!σ
) b. [čàn.da.fé] [č s], [d t]
c. [sàn.ta.fé] [s č], [t d] *!
d. [sàn.ta.pé] [s č], [t d], [p f]!
e. [sa.ta.fé] n! [s č], [t d]
65
disputa. Já (d) não infringe UNIQ, porém viola três vezes IDENT. Os candidatos (a) e (e)
saem da disputa logo nas duas primeiras restrições, não-hierarquizadas. O primeiro infringe
MAX (pros) duas vezes, uma vez que não preserva duas sílabas da palavra-núcleo e (e) viola
MAX (seg) por apagar o /n/ da palavra não-nuclear.
Com a eleição de [čàn.da.fé] como forma ótima para o cruzamento de [čàn.da] com
[sàn.ta.fé], constata-se o fundamental papel das restrições que controlam as relações de
identidade entre as formas envolvidas na operação morfológica de cruzamento lexical.
Embora a solução encontrada por Piñeros (loc. cit.) dê conta da formação dos CVs que se
caracterizam pela ambimorfemia, não parece ser uma solução econômica, uma vez que ele
lança mão de duas restrições não-hierarquizadas de maximização: MAX (pros) e MAX (seg).
Por conseguinte, Gonçalves (op. cit.) propõe, para esses casos, a restrição
MORPHCON, em espelho a MORPHDIS, que, ao contrário desta, milita a favor da
conjuntividade morfêmica, isto é, porções fonológicas devem estar relacionadas a mais de um
morfema, garantindo, com isso, uma maior identidade entre as formas envolvidas no
processo, conforme será visto a seguir.
3.3.2 Sob a ótica de Gonçalves
Também com base na TC, Gonçalves (2005b) analisa o CV, denominado por ele de
blend lexical, distinguindo-o da composição e da formação analógica. Refuta, assim, os
posicionamentos de Sandmann (1988, 1992, 1993), que afirma ser o cruzamento um tipo de
composição em português, e de Henriques (2007), que entende a mesclagem lexical como um
processo de composição e derivação.
Da mesma forma que Piñeros (2002) constata para o espanhol, Gonçalves (op. cit.)
66
defende haver dois padrões de blends no português do Brasil: (a) um para os casos de
impregnação lexical, em que as palavras matrizes apresentam algum tipo de semelhança
fônica estrutural (os portmanteaux), e (b) outro para os dessemelhantes estruturalmente, em
que as bases são totalmente diferentes do ponto-de-vista segmental, formados por
truncamento lexical (os telescopes). Gonçalves (2005b, p. 19) destaca ainda que “essa
(des)semelhança fônica determinará o ponto de quebra” das palavras matrizes, chamando a
atenção para o modo de interpretação dessa semelhança fônica, que deve ser vista não como
mera presença de um segmento comum às bases, mas como uma semelhança em termos de
posição na estrutura silábica.
Embora blends e compostos tenham duas palavras servindo de input para a formação
de uma terceira, o autor, ao analisar a estrutura interna dos primeiros, evidencia diferenças
entre eles: (a) os blends participam de uma operação não-concatenativa, em que a sucessão de
bases pode ser rompida por sobreposições, enquanto os compostos são formados por um
processo linear, em que a ligação das bases se dá por encadeamento; (b) nos compostos, as
bases são potencialmente livres, equivalendo-se a palavras morfológicas, ao passo que, nos
blends, a combinação de palavras provoca ruptura na ordem linear – uma das bases se realiza
simultaneamente com uma parte da outra –, portanto, não se pode afirmar que haja duas
palavras morfológicas, pois, mesmo permitindo a recuperabilidade semântica das bases, a
integridade delas não é preservada; (c) para garantir fidelidade às formas de base, os blends
exploram a possibilidade de um único segmento do vocábulo resultante da junção
corresponder a dois ou mais segmentos das formas de base, ou seja, ser ambimorfêmico,
minimizando os efeitos de opacidade no rastreamento das palavras-matrizes.
Em resumo, o autor considera os blends lexicais produtos de um processo econômico
que acessa informações fonológicas, como a posição do acento nas palavras tomadas como
base, o grau de semelhança fônica e a natureza estrutural da seqüência compartilhada entre
67
elas, preservando, com isso, a estrutura prosódica e segmental das bases.
Nessa perspectiva, os blends diferenciam-se também das formações analógicas. Isso
porque, para o autor, aqueles são produtos da junção de dois vocábulos em “planos
alternativos”, ao contrário destas, produtos da junção de vocábulos em “planos competitivos”.
Como já visto no capítulo referente à revisão bibliográfica, nas substituições sublexicais, uma
parte da palavra é reinterpretada, possibilitando a inclusão de uma seqüência que funcionará
em “competição” com a seqüência que a substitui no produto final dessa junção. Esse é o caso
de tricha, em que tri- se opõe ao sentido reinterpretado de bi- (= duas vezes), imprimindo uma
espécie de gradação de intensidade do comportamento homossexual. Pode-se deduzir, então,
que a diferença entre os dois fenômenos – blend lexical e formação analógica – seria o
recurso da reinterpretação de uma das partes do vocábulo, reforçada pela semelhança fônica
entre as seqüências competidoras.
Analisando os blends do português do Brasil, com base na TC, Gonçalves (2005b)
propõe a utilização das restrições de fidelidade MAX (FB-BL), MAX (FBmin-BL), e HEAD-
MAX (FB-BL), formuladas a seguir, em (10), a de marcação NOPWD* e a de alinhamento
ALIGN (MP), definidas abaixo, em (11), e a de natureza morfológica MORPHCON, que
admite correspondência de muitos-para-um do input para o output, dando prioridade a formas
que compartilhem segmentos.
(10) MAX (FBmin-BL): cada segmento da menor forma de base deve apresentar um
correspondente no BL. Não pode haver apagamento do domínio FBmin para o
domínio BL. (anti-apagamento).
MAX (FB-BL): cada elemento das formas de base deve apresentar um correspondente
no BL. Não pode haver apagamento do domínio FBs para o domínio BL. (anti-
apagamento).
HEAD-MAX (FB-BL): todo o segmento da cabeça das formas de base (FB) tem um
correspondente no blend (BL), isto é, as sílabas tônicas das bases não podem ser
apagadas na palavra resultante.
68
(11) NOPWD*: proíbe recursividade no domínio da Pwd (palavra prosódica), ou seja,
outputs não podem apresentar nódulos PWD* (palavra prosódica complexa), isto é,
mais de um acento lexical. Única restrição que não pode ser violada na formação de
blends.
ALIGN (MP): preconiza o alinhamento, margem a margem, das palavras
morfológicas (MWd) com a palavra prosódica (PWd); impede, portanto, o
desalinhamento das margens da categoria MWd no interior da categoria PWd.
Somente na formação de compostos regulares, em que todas as margens de MWd
coincidem com as margens de PWd, o alinhamento (MP) é plenamente satisfeito.
Veja-se, na reprodução do tableau
15
abaixo, em (12), proposto por Gonçalves (2005b,
p. 34), a aplicação dessas restrições na construção morfológica, já consagrada pelo uso, de
sacolé, resultante do cruzamento de saco com picolé.
(12)
De acordo com esse tableau, o candidato (d) é sumariamente eliminado da disputa, já
que realiza duas palavras prosódicas, sendo, portanto, um candidato ideal para o processo de
composição. ALIGN (MP), que advoga a favor da sobreposição de bases, mesmo que, para
isso, seja necessário apagar alguns segmentos, não é capaz de arbitrar, visto todos os
candidatos remanescentes apresentarem duas margens de MWd desalinhadas no interior do
BL. A decisão, então, fica por conta de MORPHCON, que bane os candidatos (a), (c) e (e)
por não compartilharem segmentos com as bases. Dessa forma, já que concorre apenas com
candidatos que apresentam disjuntividade morfológica, (b) sai vitorioso, fazendo com que as
restrições de fidelidade se tornem irrelevantes. No entanto, em avaliações em que há mais de
15
No referido tableau, os colchetes demarcam margens de palavras prosódicas e as chaves, de palavras
morfológicas.
Input: [{saco}] [{picolé}]
NO-
PWD*
ALIGN
(MP)
MORPH
CON
MAX
(FB-BL)
MAX
(Min)
HEAD-
MAX
a. [{{pico}{ssaco}}] ** *!
) b. [{{sa{co}lé}}] ** pi
c. [{{sa}{lé}}] ** *! copico co
d. [{{saco}] [{picolé}}] *!
e. [{{sa}{picolé}}] ** *! co co
69
um candidato com “acesso à ambimorfemia”, MORPHCON pode não ser suficiente para
definir o candidato ótimo, transferindo a decisão para as restrições de fidelidade, ranqueadas
em posição mais baixa, que dão preferência a candidatos que apagam menos segmentos das
formas de base.
Nas palavras do autor, o efeito da ambimorfemia, na formação de CVs,
pode ser confirmado pela alta produtividade do padrão de formação que
prioriza o compartilhamento de porções fonológicas.[...] Dessa maneira,
constituem formações mais isoladas ‘brasiguaio’ e ‘portunhol’, casos de
fusão lexical sem acesso à ambimorfemia. (GONÇALVES, 2005b, p. 33).
Como se pode conferir, as propostas de Gonçalves (2005b) e de Piñeros (2002) não
focalizam os casos de CVs dessemelhantes. Em vista disso, numa tentativa de simplificar a
descrição do processo de mesclagem lexical, a análise otimalista ora proposta, conteúdo do
capítulo seguinte, pretende estabelecer uma hierarquia única que dê conta de todos os dados
colhidos, ou, pelo menos, da maioria deles, formados a partir de padrões distintos de fusão
não-linear de bases: com ou “sem acesso à ambimorfemia”.
A nova proposta se pauta, substancialmente, na otimização do alinhamento das
palavras morfológicas envolvidas no fenômeno: ampliar o modo de compartilhamento do
material fônico presente no input, para assegurar, dentro do possível, uma maior
correspondência entre as formas de base e a palavra resultante, miniminizando, com isso, o
número de apagamentos, o que vem possibilitar, de maneira mais natural, a saída de formas
cruzadas menos opacas com relação às bases, como será visto a seguir.
70
4 ANÁLISE DOS DADOS
Neste capítulo, apresenta-se a proposta para lidar com os padrões, ditos diferentes, de
mescla lexical. Defende-se que o CV pode ser explicado a partir de um ranqueamento único,
disciplinado por um pequeno número de restrições, em que para formação de mesclas
vocabulares ótimas não há a necessidade de controlar, diretamente, se as formas de base
funcionam como núcleo ou adjunto, ou se apresentam conjuntividade ou disjuntividade
morfológica. Com isso em mente, será detalhada a análise estrutural de CVs tipo 1
(semelhantes fonicamente) para depois aplicá-la ao padrão de CV tipo 2 (dessemelhante) e à
analogia, descartando a utilização de restrições especiais como MORPHCON, MAX (pros) e
MAX (seg). A abordagem se fundamenta no fato de que a vinda à superfície da forma
desejada subordina-se, na maior parte dos casos, aos princípios reguladores do alinhamento
das bases, juntamente com a hierarquia de restrições, definida a partir do tamanho das bases e
do grau de semelhança fônica entre elas.
Para tanto, optou-se por compartilhar não apenas os segmentos que se caracterizam
pelos mesmos traços fonológicos e mesma planilha silábica, como se observa em fuscasa (<
fusca + casa), em que os segmentos da sílaba “ca” apresentam traços fonológicos idênticos e
estão ligados aos mesmos pontos na estrutura silábica de ambas as bases. Outros segmentos,
apesar de não-idênticos fonologicamente, caso não apresentem diferença distribucional em
suas respectivas sílabas, igualmente serão considerados ambimorfêmicos.
Cabe destacar que o sistema de traços adotado é o defendido pelos modelos
fonológicos não-lineares, em que não mais se considera o conjunto de traços desordenados
ou matrizes de traços caracterizadores de um fonema como unidade básica, mas sim a noção,
estendida, de traço distintivo (fonológico e/ou supra-segmental), definidos a partir de
propriedades articulatórias, tal qual proposto por Clements e Hume (1995) na Geometria de
71
Traços. Nessa geometria, “alguns traços são binários (podem ser representados em termos de
presença (+) ou ausência (-)) e outros são monovalentes (só permitem a representação em
termos de presença)” (BISOL, 2005, p. 50).
Assim, com base na hierarquização interna existente entre os traços que compõem
determinados segmentos, observada por Clements e Hume (1995), segmentos que se
contrapõem por pelo menos um traço, a exemplo das consoantes homorgânicas /p/ e /b/, cuja
oposição se relaciona ao vozeamento (surdo e sonoro), ou das consoantes nasais /m/ e /n/,
cujo contraste diz respeito ao local de articulação (ponto de C) ([labial] e [coronal]); ou
segmentos caracterizados por mais traços diferentes entre si, desde que inseridos em
contextos fonológicos semelhantes, como é o caso de Carnatal, cruzamento de “carnaval”
com “Natal”. Nesse exemplo, as consoantes /t/ e /v/, embora se distingam, respectivamente,
quanto ao ponto de C ([coronal] e [labial]), à cavidade oral ([-contínuo] e [+contínuo]), e ao
nó laríngeo ([-vozeado] e [+vozeado]), são interpretadas como segmentos ambimorfêmicos
devido à semelhança fônica dos ambientes em que se encontram – a circunvizinhança de
vários segmentos permite que /t/ e /v/ estejam em relação de correspondência.
Seguindo uma linha oposta à traçada por Piñeros (2002), segmentos que ocupam
diferentes posições na estrutura silábica, ainda que possuam quase todos ou todos os traços
fonológicos iguais, serão interpretados como não-correspondentes, a exemplo do que ocorre
no cruzamento al
colância, de “álcool” com “ambulância”. Nesse cruzamento, as laterais /l/
presentes nos inputs, representadas graficamente sempre da mesma forma, não configuram
uma situação de identidade fonológica, visto ocuparem posições silábicas diferentes: na
primeira forma de base, posicionam-se em coda e, na segunda, a lateral ocupa o onset da
sílaba, sendo ilícito, portanto, estabelecer qualquer correspondência entre elas.
Em suma, a presente análise passa a considerar ambimorfêmicos os segmentos que
ocupam a mesma posição na estrutura silábica e cuja circunvizinhança fônica é total ou
72
parcialmente idêntica. A solução adotada, referente ao compartilhamento dos segmentos das
palavras morfológicas, permite um tratamento homogêneo para os diferentes padrões de
cruzamento, que, por conseguinte, podem ser explicados por meio de uma hierarquia
unificada de restrições.
4.1 DESCRIÇÃO DO CORPUS
Como já destacado, este trabalho analisa 218 CVs, recolhidos de várias abordagens
sobre o tema, dos meios de comunicação (jornais, revistas, televisão) e, ainda, de conversas
informais entre pessoas conhecidas. Excluíram-se da análise as ocorrências que suscitam
dúvidas quanto às palavras-base que lhes deram origem, como, por exemplo, os CVs
informercial, cosmocêutico e frangarel. O primeiro, porque tanto pode ser produto do
cruzamento de “informativo” com “comercial” quanto de “informática” com “comercial”; o
segundo, de “cosmos” com “farmacêutico” ou de “cosmonauta” com “farmacêutico”, dentre
várias outras possibilidades e, o último, que pode ter sido formado a partir do cruzamento das
palavras “frango” ou “frangueiro”, termo muito usado no futebol, com o nome do popular
goleiro “Taffarel”. Só a realização de um teste de competência lexical poderia detectar os
elementos formadores dessas palavras, elucidando tal dúvida.
Também não foram acolhidos pela análise os neologismos que possuem características
de recomposição, ou seja, formados pela combinação de um pseudoprefixo e uma palavra de
livre curso na língua, conforme o exposto no subitem 2.2.2. Incluem-se, nesse grupo, os
vocábulos que combinam as seqüências fônicas “caipi-” (< “caipirinha”), “choco-” (<
“chocolate”), “lamba-” (< “lambada”), “pit-” (= “agressivo”, < pitbull), “psico” (<
“psicologia”) e, quem sabe, a seqüência “fran-” (< “frango”) com uma palavra pré-existente
no léxico.
73
Tais seqüências, embora reduzidas fonologicamente, carregam consigo,
metonimicamente, o sentido de toda a palavra, bem como, sintaticamente, funcionam sempre
como determinante no sintagma em que se inserem. Participam de formações em série em que
se verifica (a) preservação de material fônico da palavra combinada, à semelhança da
recomposição, como nos casos de caipilima, caipivodka, lambafunk, lambareggae,
lambaeróbica; pitboy, pitbaby, pitfamília, pitbabá e franfilé ou (b) perda de segmentos da
palavra hospedeira, a exemplo de chocolícia (“choco” + “delícia”), chocotone (“choco” +
“panetone”), chocólatra (“choco” + “alcoolátra”), chococo (“choco” + “coco”), chocrilhos
(“choco” + “sucrilhos”), franlitos (“fran” + “palitos”) e frambúrguer (“fran” +
“hambúrguer”), assemelhando-se, sobremaneira, aos cruzamentos vocabulares, uma vez que,
na combinação, as reduções não levam consigo o acento lexical.
Desse modo, abriu-se um parêntese para as palavras relacionadas em (b), sendo, então,
analisadas como cruzamentos, com a ressalva de ter sido tomada a seqüência reduzida como
uma das matrizes na formação, não toda a palavra, enquanto as relacionadas em (a) até foram
avaliadas, mas não integram o corpus.
Igualmente, a análise não contemplou combinações que envolvem seqüências fônicas
portadoras de significado, que, diferentemente das arroladas acima, passam a funcionar como
o elemento determinado da nova formação. Esse é o caso de “-trocíneo”, “-búrguer”, “-
escente”, “-gate”, e por que não “-lé”, observadas, respectivamente, nas seguintes criações, a
partir de paitrocíneo: tiotrocíneo, familiatrocíneo e autotrocíneo; de hambúrguer:
frambúrguer e x-búrguer; de aborrescente: adultescente e envelhescente; de Watergate:
Irangate, Lulagate, Mogigate; de sacolé: sucolé, caipilé (“caipirinha feita com picolé”)
16
.
Nessa perspectiva, os neologismos frambúrguer e caipilé configurariam uma espécie de
recomposição em que duas seqüências reduzidas conquistam status de palavra morfológica e
16
Ao contrário do que se observa nos cruzamentos, como demonstraram Silveira (2002) e Almeida (2005), em
que a relação determinado-determinante (DM-DT) não é sistemática, as formações, tais como as exemplificadas
acima, apresentam uma relação pré-determinada em termos de núcleo e adjunto.
74
se juntam para formar uma palavra fonológica.
De antemão, pode-se afirmar que, por não envolverem mecanismos de construção
típicos do cruzamento vocabular, são raras as formas construídas com essas seqüências que
emergem, de acordo com a hierarquia proposta, como ótimas. Para simples verificação, os
tableaux com a análise desses dados estão reproduzidos no anexo V.
O papel sistemático exercido por tais reduções fonológicas, na criação de palavras,
permite a assunção de que são seqüências em vias de gramaticalização, já que tais reduções
vêm assumindo funções cada vez mais gramaticais, o que corrobora a idéia de que, no
processo de combinação de palavras, podem-se visualizar, paralelamente, dois grandes
grupos: o da composição e o da recomposição. Com base em critérios prosódicos, participam
do primeiro, a justaposição e a aglutinação; do segundo, a recomposição propriamente dita e o
cruzamento vocabular. No primeiro estágio de cada grupo, são preservadas a estrutura e a
pauta acentual das palavras combinadas, o que resulta duas palavras prosódicas e uma
morfológica; no segundo estágio, as palavras-fonte perdem material fônico e,
conseqüentemente, os seus acentos lexicais, prevalecendo isomorfia entre a palavra prosódica
e a morfológica.
Convém, ainda, esclarecer que, neste trabalho, os vocábulos combinados em que
atuam o processo fonológico da haplologia, ou seja, os que se caracterizam pela queda de
material fônico em fronteira de palavras, a exemplo de gelouco (< gelo
+ louco), fuscasa (<
fusca
+ casa), chococo (choco “redução já assentada de chocolate” + coco), são formados
pelo processo de cruzamento vocabular. Compõem, portanto, o corpus analisado, sendo
submetidos à avaliação. Na hierarquia proposta, as formas haplológicas emergem como as
mais harmônicas, confirmando a hipótese de que são construções que envolvem estruturas de
cruzamento.
75
4.2 ESTRUTURA MORFOLÓGICA DOS CRUZAMENTOS VOCABULARES
De acordo com Gonçalves (2005b, p. 18), na formação da grande maioria dos
cruzamentos, identificam-se três elementos morfológicos: as duas formas de base e a
resultante, dado o fato de o conteúdo segmental, prosódico e significativo de duas palavras
morfológicas (MWds) se fundirem para formar uma nova palavra morfológica complexa
(MWd*). Essa complexidade refere-se ao valor semântico adquirido pela palavra resultante,
que, mesmo veiculando um novo significado, não se desassocia dos conteúdos significativos
das MWds primitivas. A fusão, portanto, não se dá apenas no nível estrutural, mas também
no semântico, conforme a representação elucidativa para a formação de cacaína (cocaína de
péssima qualidade), cruzamento de “caca” com “cocaína”, proposta pelo autor e
reproduzida, na íntegra, em (01):
(01) PWd
Σ Σ
Estrutura Prosódica
σ σ σ σ
C A C A Í N A Camada Segmental
MWd MWd
“caca” “cocaína” Estrutura Morfológica
MWd*
“cocaína = excremento (caca)” Interpretação
76
Embora tal combinação torne as fronteiras das palavras morfológicas imprecisas,
devido a interposições recorrentes, Gonçalves (2005b, p. 21) defende que “o fenômeno
apresenta estrutura morfológica composicional. Os inputs das MWds permanecem no
cruzamento de acordo com a análise MWd* MWd MWd”. A imanência de uma
estrutura interna corrobora a proposição de que o conteúdo significativo de um cruzamento é
composicional, como se pode observar nas formações abaixo, em (02), citadas pelo autor.
(02) analfabeto + burro Æ analfaburro
“iletrado” “idiota” “analfabeto idiota”
gay + garoto Æ gayroto
“homossexual” “menino” “menino com trejeitos homossexuais
Apesar de apresentarem estrutura composicional, os cruzamentos vocabulares se
distinguem dos compostos justamente porque estes admitem recursividade na estrutura
prosódica, visto preservarem as palavras prosódicas (PWd) que contribuem para formá-los.
Por outro lado, os cruzamentos são constituídos de apenas uma palavra prosódica, refletindo
a tendência de evitar projeções de nós PWd*. São raros os cruzamentos que emergem com
duas palavras prosódicas, fato que só se verifica quando uma das formas de base já apresenta
uma PWd complexa, seja porque resulta de uma composição, como em analfaburro, fusão
do composto, oriundo do grego, “analfabeto”, com “burro” para caracterizar alguém,
pejorativamente, de “analfabeto idiota”; seja porque se trata de uma base presa, que, por ser
determinante, requer sempre a presença de uma cabeça lexical, a exemplo de aerobu,
combinação de “aero” com “urubu”, realizada [a´εro´bu], com duas proeminências
acentuais. No entanto, como tais casos são isolados, os concorrentes às melhores formas de
CVs devem satisfazer a restrição de marcação NO-PWd*, formalizada em (11) do capítulo
anterior, que milita contra recursividade acentual no domínio da palavra prosódica.
Cabe frisar que se compreende por palavra prosódica qualquer porção fonológica
77
subordinada a um único acento lexical e caracterizada pela presença de pelo menos um pé.
Clíticos não constituem palavra prosódica porque não têm acento próprio, formando
palavra fonológica com um hospedeiro.
Diferentemente dos constituintes prosódicos situados abaixo do nível da palavra
(sílabas e pés), que são produzidos com base em informação puramente fonológica, a palavra
prosódica constitui o domínio privilegiado de interface entre a fonologia, a morfologia e o
léxico, sendo, portanto, o constituinte mais baixo da escala prosódica.
Assim, os seguintes fatores, adaptados de Vigário (2002), serão levados em conta para
a existência de mais de uma palavra prosódica no interior dos candidatos avaliados:
(a) pausa sensível entre os pés constituintes;
(b) alongamento interssilábico;
(c) alteração nos padrões de alternância rítmica, geralmente ocasionada por colisões
acentuais (clashes);
(d) encontro de vogais ou consoantes que produz efeito acústico desagradável;
(e) abertura vocálica na posição pretônica;
(f) neutralizaçào de átonas postônicas finais;
(g) presença de determinados padrões estruturais de constituição silábica que tendem
atrair o acento, como, por exemplo, as sílabas pesadas, constituídas de vogais longas,
ditongos, sílabas com coda etc;
(h) presença de morfemas portadores de acento próprio, como a maioria dos prefixos e
os sufixos –mente, –zinho e -íssimo.
Cada constituinte morfológico tende a ter apenas um pico acentual, e como toda
proeminência acentual corresponde a um constituinte prosódico, a recursividade da palavra
prosódica (PWd) se impõe na combinação de duas palavras morfológicas (MWd
1
+
MWd
2
=
78
MWd*), visto toda palavra lexical equivaler a uma palavra prosódica
17
. Com efeito, os
“vocábulos cruzados ótimos precisam encontrar uma alternativa que possibilite o
licenciamento das três palavras morfológicas sem, com isso, projetar um nó PWd*”
(GONÇALVES, 2005b, p. 22), de maneira que somente um dos picos acentuais fique
preservado na palavra prosódica.
A solução desse impasse está na possibilidade de o licenciamento prosódico ser
medido margem a margem, em vez de categoria a categoria. Com três palavras morfológicas e
apenas uma palavra prosódica para licenciá-las, as bases de um cruzamento devem ser
dispostas de modo a maximizar o uso das duas margens de PWd disponíveis. Entre as
restrições da família de alinhamento, há uma de substancial importância denominada ALIGN
(MP), também já formalizada em (11) do capítulo anterior, que licencia a coincidência de
bordas esquerda/direita dos constituintes morfológicos com a borda esquerda/direita do
constituinte prosódico. No cruzamento, a sobreposição das bases à esquerda ou à direita
garante o melhor alinhamento e, com isso, minimiza violações de licenciamento.
Gonçalves (op. cit.) destaca a interação das condições NOPWD* (Prince &
Smolensky, 1993) e ALIGN (MP) (McCarthy & Prince & Smolensky, 1995). A primeira,
porque vai de encontro à formação de palavras prosódicas complexas, ou seja, com duas
cabeças lexicais; a segunda, porque requer alinhamento perfeito das margens das palavras
morfológicas com as margens da única palavra prosódica resultante. A utilização, em
conjunto, dessas duas restrições garante a projeção de apenas uma palavra prosódica; logo,
devem estar sempre em jogo quando se trata da formação de vocábulos cruzados e, não serão
descartadas da análise aqui proposta, que prioriza o tamanho das formas de base e a
semelhança fônica entre elas, maximizando, dentro do possível, o compartilhamento de seus
segmentos.
17
No âmbito da TO, a relação entre MWD e PWd é tratada por uma restrição da Gramática Universal: LEXEMA
PWd (LX PR), segundo a qual toda palavra de conteúdo lexical deve portar acento.
79
A partir desse ponto, os tableaux utilizados na análise apresentam as seguintes
convenções:
– os colchetes demarcam os limites da PWd;
– as chaves demarcam os limites da MWd
1
e da MWd
2
no interior da PWd;
– o ponto demarca as fronteiras silábicas da MWd*;
– os inputs aparecem representados fonologicamente e os outputs, foneticamente;
– os segmentos ambimorfêmicos aparecem em negrito e estão sublinhados.
No tableau abaixo, em (03), ratifica-se a hierarquia NOPWd* >> ALIGN (MP),
proposta por Gonçalves (2005b), aplicada, aqui, na escolha do output ótimo para o
cruzamento de ‘mau’ com ‘motorista’. Antes, porém, de proceder à análise, vale ressaltar
que a não-hierarquização desses restritores em nada influenciaria o resultado da seleção,
uma vez que não se encontram em situação de conflito; pelo contrário, complementam-se, a
fim de evitar a projeção de uma palavra prosódica complexa no cruzamento.
(03)
O candidato (a), ainda que apresente alinhamento perfeito, dado haver coincidência
total de margens das palavras-matrizes, fato recorrente na formação dos compostos, é
imediatamente eliminado da disputa, uma vez que comete uma violação fatal à NOPWd*, que
impede recursividade no domínio da palavra prosódica, pois (a), para conseguir alinhamento
satisfatório, fornece uma palavra prosódica para cada palavra morfológica, incluindo a
Input: /´mau/ + /mOtO´riSta/
NO-
PWd*
ALIGN
(MP)
a. [{[{´maw}] [{mo.to.´ris.ta}]}] *!
b. [{{{maw}.to.´ris.ta}}] ( *
c. [{{maw}.{ to.´ris.ta}}] **!
d. [{{maw}.{´ris.ta}}] **!
e. [{[{´m].tu}] [{´maw}]}]
*! **
80
projeção de uma PWd*, que, por sua vez, tem suas margens também coincidindo com as da
MWd*.
Dos candidatos avaliados, (e) tem a pior participação, visto que, talvez na tentativa de
ser mais fiel ao input maior, reduz fonologicamente /mOtO´riSta/ para /´m]tU/, e, por isso,
tornam-se necessárias a abertura da pretônica []] e a aplicação da regra de neutralização da
postônica final, de modo que uma PWd complexa é projetada no cruzamento, levando-o a
cometer uma violação fatal em NOPWd*. Como se não bastasse, duas margens permanecem
desalinhadas na PWd, fazendo-o, ainda, desrespeitar duas vezes a condição ALIGN (MP).
Os candidatos remanescentes satisfazem NOPWd*, já que projetam apenas uma
palavra prosódica no domínio do output, mas (c) e (d) cometem dupla violação em ALIGN
(MP); muito embora tentem maximizar o uso das margens da única PWd para obter melhor
alinhamento, duas das margens ainda ficam desalinhadas, pois as palavras-matrizes não
iniciam ou terminam no mesmo ponto. Assim, o vencedor da disputa é o concorrente (b) pelo
fato de usar maximamente as margens da palavra prosódica disponíveis para alinhamento.
Como a bilabial /m/ se associa plenamente às duas formas de base, estas, então, podem
alinhar-se à esquerda. Mesmo tendo sido violada uma vez, ALIGN (MP)
18
desempenha
papel decisivo na seleção do output ótimo, pois, se assim não fosse, a forma (c) sairia
vencedora juntamente com (b), já que ambas são idênticas foneticamente. Mas, como as
margens esquerdas das bases de (b) sobrepõem-se na margem esquerda da palavra prosódica,
somente uma margem fica desalinhada em seu interior. A quantidade de infrações à ALIGN
(MP) está proporcionalmente relacionada com a quantidade de margens desalinhadas no
interior da PWd, e quanto mais sobreposições forem possíveis, mais chances o candidato terá
de sair vencedor da disputa.
18
Nos cruzamentos, o número de violações a esta restrição oscila entre um e dois. Incorre em apenas uma violação o
candidato que apresenta as margens E/D dos inputs alinhadas com a margem E/D da PWd resultante.
81
As restrições apontadas acima são apenas exemplos de como a TC lida com uma
situação aparentemente insolúvel: permitir o licenciamento prosódico de três palavras
morfológicas, projetando um único nó PWd. No entanto, outras restrições devem estar
presentes na hierarquia a fim de que não somente essas propriedades sejam contempladas,
mas também cada particularidade concernente ao cruzamento de palavras. Entre as restrições
utilizadas, uma de base morfológica precisa constar da avaliação dos candidatos, uma vez que
não são raros os cruzamentos de palavras que já sofreram algum tipo de derivação
19
. Daí a
necessidade de incluir a condição *MWD AFFIX, adaptada de Sherand (1997),
formalmente definida, em (04), nos seguintes termos:
(04) *MWD AFFIX: o cruzamento não deve ser constituído de nenhuma palavra
morfológica (MWd) equivalente a um afixo da língua. Não licencia o aproveitamento
de apenas partes das MWds semelhantes a prefixos e sufixos.
20
Cumpre destacar que a restrição *MWD AFFIX não foi contemplada nas análises
otimalistas de que se tem notícia, o que caracteriza inovação na proposta ora apresentada.
Veja-se a atuação dessa restrição no tableau a seguir, em (05), para a formação morfológica
horrorível, cruzamento de “horroroso” com “terrível”, termo muito empregado,
coloquialmente, para reforçar a péssima qualidade de algo ou alguém.
(05)
19
A título de simplificação, considera-se, neste trabalho, a prefixação um tipo de derivação, seguindo a linha
proposta pela NGB.
20
Na análise, violam essa restrição todos os candidatos cujas MWds sejam exatamente iguais a um afixo ou que
apresentem uma seqüência em que apenas um segmento destoe da forma original de um afixo.
Input: /OxO´rozU/ + /te´xivew/
NO-
PWd*
ALIGN
(MP)
*MWD
AFFIX
a. [{{o.xo.´{r}i.vew}}] **
b. [{{o.xo.´r]}.{vew}}]
** *!
c. [{{te.{x}o.´ro.zu}}] **
d. [{{o.xo}.{´ri.vew}}] **
e. [{{te.xi}.{´ro.zu}}] ** *!
82
Na avaliação dos candidatos propostos, nem NOPWd* nem ALIGN (MP) são
capazes de arbitrar na escolha do melhor output, pois nenhum deles viola a primeira
restrição e todos cometem dupla infração à segunda. A disputa, então, só começa de fato
quando *MWD AFFIX entra em jogo e bane os concorrentes (b) e (e), este por apresentar
a MWd
2
com a seqüência “rozo”, semelhante ao sufixo “oso”, recorrente na formação de
adjetivos derivados, expressando a noção de provido ou cheio de X; aquele, porque a MWd
2
é formada pela seqüência fônica “vel”, análoga ao sufixo produtivo na geração de adjetivos,
indicando a possibilidade de sofrer ou praticar uma ação. A condição morfológica *MWD
AFFIX exerce papel relevante na avaliação da maioria dos vocábulos cruzados oriundos de
formas de base submetidas ao processo de derivação. Com essa hierarquia, ainda
incompleta, não se pode apontar empiricamente o vencedor da disputa, mas (a) e (c) têm
grandes chances de ganhá-la, uma vez que aproveitam o fato de a vibrante <r> apresentar
três correspondentes nas palavras-fonte: duas múltiplas /x/, uma em “terr
ível” e uma em
“horroroso”, e uma simples /r/ em ‘horroroso’, o que abre várias possibilidades de
compartilhamento ente elas. Oportunamente, o efeito dessas correspondências será
comentado quando outras restrições determinantes para a seleção do candidato vitorioso
forem incluídas na hierarquia.
Contudo, existem situações, embora bem menos numerosas, em que a referida
restrição se torna inativa para seleção da forma desejada. Isso se verifica nos casos de
cruzamentos de palavras derivadas, em que as MWds se apropriam tão-somente de partes das
palavras matrizes equivalentes a sufixos, a exemplo de sincericida (< “sinceridade” +
“homicida” = “sinceridade que mata”), gatoso (< “gato” + “idoso” = “quarentão charmoso,
gatão de meia-idade”), prostitutriz (< “prostituta” + “meretriz”, criação de Guimarães Rosa
para designar uma “prostituta muito vulgar”), bobageira (< “bobagem” + “besteira”) e
83
trambicador (< “trambiqueiro” + “trabalhador”)
21
. São formações que apresentam as
características formais de um cruzamento, mas desvinculam-se, semanticamente, de tal
maneira de uma de suas palavras-fonte, que não conseguem emergir como formas ótimas,
devido, talvez, ao aparente mecanismo de sufixação operado em sua construção. O
comportamento não-exemplar dessas construções pode ser observado nos tableaux constantes
do anexo VI.
Nos cruzamentos, a semelhança segmental entre as formas de base e o produto final é
de suma importância para a interpretação do conteúdo semântico da nova formação. Por
conseguinte, as relações de correspondência devem ser preservadas da melhor maneira
possível em qualquer domínio que envolva identidade de formas (cf. Fuzukawa, 1997 apud
Gonçalves, 2005b). Dessa maneira, as restrições de MAXIMIZAÇÃO são indispensáveis para
a explicação do fenômeno porque demandam que uma das formas de base se realize
plenamente no produto final da combinação. Por exemplo, a restrição MAX (FBmin-BL), já
descrita em (11) do capítulo referente à revisão bibliográfica, retomada em (06), impõe maior
fidelidade à menor forma de base.
(06) MAX (FBmin-BL): cada segmento da menor forma de base deve apresentar um
correspondente no BL. Não pode haver apagamento do domínio FBmin para o
domínio BL (anti-apagamento).
Como os apagamentos são imanentes na formação de CVs e a maior parte deles
envolve palavras matrizes metricamente diferentes, a manutenção da menor forma na palavra
resultante é fundamental para a recuperabilidade das bases. O tableau, em (07), ilustra como
essa restrição assume papel preponderante na seleção do candidato desejado para o
cruzamento de “camarão” ou “camaron”
22
e “maionese”: camaronese = “salada de maionese
21
Na análise, esses exemplos não foram considerados cruzamentos vocabulares e, portanto, não se somam ao
número de palavras analisadas.
22
Forma de representação subjacente, estabelecida pela teoria gerativa, para o vocábulo “camarão”. Vale
84
com bastante camarão”.
(07)
Como pode ser observado no tableau acima, o candidato (c) é logo eliminado da
disputa pela restrição mais bem cotada na hierarquia, NOPWd*, por projetar uma PWD
complexa com duas palavras morfológicas acentuadas: a MWd
1
realiza a abertura da vogal
pretônica [ε] e se submete à regra de neutralização da pôstonica final <e>, pronunciada [i], e a
MWd
2
é projetada integralmente, recebendo, por isso, um acento. Como todos os candidatos
possuem duas margens desalinhadas na PWd, ALIGN (MP) se torna inoperante nessa
disputa. Em seguida, (f) é eliminado em *MWD AFFIX visto a MWd
2
assemelhar-se ao
sufixo aumentativo -ão. Os concorrentes (a), (b), (d) e (e) resistem até o momento de serem
avaliados por MAX (FBmin-BL), mas somente (a) passa incólume por essa restrição, uma vez
que tanto (b) quanto (d) eliminam a sílaba final de “camarão”, a menor forma de base. O
candidato (e) também é banido por MAX (FBmin-BL), já que não promove correspondência
entre os segmentos idênticos /n/ e /e/, constituintes de ambas as formas, optando por excluí-
los da base menor. Assim, (a) sai vencedor visto não apagar nenhum segmento da palavra-
matriz mais curta, pois consegue compartilhar quase todos os seus segmentos, possibilitando
maior transparência à base mais curta. Semelhante situação acontece no cruzamento de "Luís"
(Inácio da Silva - Lula) e "uísque", como se vê a seguir, em (08):
ressaltar que, de acordo com a hierarquia proposta, a emergência do output “camaronese”, bem como de outros
cruzamentos ótimos a partir de bases constituídas de ditongo nasal, independe da forma de input adotada.
Input: /kama´roN/ + /maio´nεzI/
NO-
PWd*
ALIGN
(MP)
*MWD
AFFIX
MAX
(FBmin-BL)
a. [{{ka.{ma.ron}ε.zi}}] ( **
b. [{{ka.{ma}y.o.´nε.zi}}] ** r!oN
c. [{[{´nε.zi}][{ka.ma.´rãw}]}] *! **
d. [{{ka.ma}.{´nε.zi}}] ** r!oN
e. [{{ka.ma.ro}.{´nε.zi}}] ** N!
f. [{{may.o.ne}.{´rãw}}] ** *! kama
85
(08)
No tableau acima, ainda não definitivo para a escolha do vencedor, todos os
candidatos estão nivelados até a avaliação de MAX (FBmin-BL), que elimina as formas (c)
e (d), já que apagam a sílaba final de “luís”, a menor forma de base, incorrendo em duas
violações de MAX (FBmin-BL), por não promoverem a correspondência dos segmentos
idênticos /i/ e /S/ para com as duas formas de base. Isso comprova que segmentos
ambimorfêmicos diminuem violações à MAXIMIZAÇÃO, pois atenuam distorções de
identidade entre as linhas de representação lingüística. Já o candidato (b), embora também
não compartilhe segmentos, não comete infração nesse ponto da disputa porque apresenta a
MWd
2
idêntica à forma de base menor.
Devido à interposição de bases, necessária à operação de cruzamento vocabular,
segmentos são comumente excluídos, sejam eles constituintes da menor ou da maior base.
Acrescente-se a isso o fato de que nem sempre as matrizes dos cruzamentos são
metricamente diferentes. Há casos de cruzamento de palavras, se bem que em muito menor
escala, que apresentam o mesmo número de sílabas, como, por exemplo, batatalhau (<
“batata” + “bacalhau”), brasiguaio (< “brasileiro” + ”paraguaio”), bradescravo (<
“Bradesco” + “escravo”), baianeiro (< “baiano” + “mineiro”), politicanagem (< “política” +
“sacanagem”), entre alguns outros. Desse modo, outra restrição de correspondência da
família MAX se impõe na hierarquia descritiva do processo: MAX (FB-BL), tal como
expressa em (10) do capitulo 3 e repetida a seguir, em (09).
Input: /lu´iS/ + /u´iSki/
NO-
PWd*
ALIGN
(MP)
*MWD
AFFIX
MAX
(FBmin-BL)
a. [{{l{uis}ki}}] **
b. [{{lu.´is}{ki}}] **
c. [{{lu}.{´is.ki}}] ** i!S
d. [{{is.´ki}.{lu}}] ** i!S
e. [{{ki}.{lu.´is}}] **
86
(09) MAX (FB-BL) – Maximização das Formas de Base: cada elemento das formas de
base deve apresentar um correspondente no BL. Não pode haver apagamento do
domínio FBs para o domínio BL. (anti-apagamento).
Segundo Gonçalves (2005, p. 26), “para atender a exigência imposta por MAX (FB-
BL), o cruzamento deve fornecer correspondentes para todos os segmentos das palavras-
matrizes, sendo fiel a ambas, uma vez que as duas fazem parte do input”. Para demonstrar a
relação que se estabelece entre a ambimorfemia morfológica e a fidelidade, incluiu-se tal
restrição no tableau apresentado em (08), repetido abaixo, em (10), no qual, dentre os
candidatos remanescentes para o CV luísque, dois apresentam estruturas morfológicas
diferentes, embora sejam foneticamente idênticos.
(10)
Dos três candidatos que permanecem no páreo, apenas (a) passa pelo crivo de MAX
(FB-BL), que tem a função de controlar a correspondência entre as bases do output e seus
equivalentes no input. O candidato (a) vence a disputa visto explorar a possibilidade de os
segmentos /u/, /i/ e /S/ do vocábulo resultante atuar na correspondência das duas formas de
base, tornando-se ambimorfêmicos, já que permitem ser associados a mais de um morfema.
O candidato (b), na tentativa de alcançar um melhor alinhamento com a PWd à esquerda do
input, não compartilha os segmentos, incorrendo, com isso, em três infrações de MAX (FB-
BL). O concorrente (e), para preservar a forma mínima, apaga segmentos da maior forma de
base, violando também três vezes a restrição em foco. Este é um bom exemplo para
Input: /lu´iS/ +
/u´iSkI/
NO-
PWd*
ALIGN
(MP)
*MWD
AFFIX
MAX
(FBmin-BL)
MAX
(FB-BL)
a. [{{l{uis}ki}}] ( **
b. [{{lu.´is}{ki}}] ** u!iS
c. [{{lu}.{´is.ki}}] ** i!S iS
d. [{{is.´ki}.{lu}}] ** i!S iS
e. [{{ke}.{lu.´is}}] ** u!iS
87
justificar a razão de, na hierarquia ora proposta, MAX (FBmin-BL) dominar MAX (FB-BL).
Voltando, então, ao tableau (05), reproduzido em (11), pode-se observar a atuação
das restrições da família MAX na seleção de horrorível, para o cruzamento de “horroroso” e
“terrível”.
(11)
Dentre os candidatos – (a), (b) e (c) – que permaneceram na disputa, (c) é banido por
MAX (FBmin-BL) porque, mesmo compartilhando o segmento idêntico de ambas as
formas, a vibrante múltipla, o ponto em que se dá a quebra não favorece a identidade da
forma mínima, resultando no apagamento de quatro de seus segmentos /i/, /v/, /e/ e /l/. Ainda
nesse momento da avaliação, a forma (d), assim como a (a), comete duas infrações por
deletar a sílaba “te” da menor forma, mas o fazem por vias diferentes: (d) porque não
compartilha nenhum segmento entre as formas e (a), não desperdiçando a correspondência
possível entre a vibrante múltipla da forma mais curta com a vibrante simples da mais longa,
opera correspondência entre elas, fato que contribui, decisivamente, para a sua vitória. Sob
inspeção de MAX (FB-BL), (d) deixa de apresentar seis segmentos das formas de base,
enquanto (a), um a menos, emergindo, portanto, como o melhor output. Mais uma vez,
evidencia-se que, na formação de cruzamentos bem-sucedidos, alternativas devem ser
encontradas para minimizar apagamentos das formas de base.
A hierarquia parcial NO-PWd* >> ALIGN (MP) >> *MWD AFFIX >> MAX
Input: /OxO´rozU/ +
/tE´xivew/
NO-
PWd*
ALIGN
(MP)
*MWD
AFFIX
MAX
(FBmin-BL)
MAX
(FB-BL)
a. [{{o.xo.´{r}i.vew}}] (
**
tE ozUtE
b. [{{o.xo.´r]}.{vew}}]
** *!
tExi
c. [{{te.{x}o.´ro.zu}}] **
ive!w
d. [{{o.xo}.{´ri.vew}}] **
tE rozUt!E
e. [{{te.xi}.{´ro.zu}}] ** *!
vew
88
(FBmin-BL) >> MAX (FB-BL), detalhada até aqui, dá conta de aproximadamente 45% dos
dados analisados. No entanto, verificou-se que alguns deles projetam uma palavra prosódica
com pé idêntico ao da palavra morfológica mais longa na borda direita. Para um maior
controle desses dados, num primeiro momento da análise, lançou-se mão da restrição de
fidelidade FID-METR (FBmax-BL), que demanda mesma estruturação métrica da palavra
cruzada com a maior forma de base, isto é, o produto do cruzamento deve apresentar a mesma
divisão em pés, coincidindo com ela tanto no número de sílabas quanto na posição do acento.
Entretanto, na aplicação dessa restrição, observou-se que muitas palavras resultantes, apesar
de conservarem todo o pé da forma mais longa, não preservavam a estrutura silábica.
Dessa maneira, sentiu-se a necessidade de substituí-la por uma outra restrição de
correspondência que contemplasse não mais toda a palavra prosódica, mas a escansão e a
direcionalidade apenas do pé silábico. Para dar conta disso, propõe-se, então, a restrição
ALIGN D-Σ (FBmax), D-Σ (BL), formulada abaixo, em (12), obedecendo ao esquema de
criação de restrições de Alinhamento Generalizado (ALIGN) postulado por McCarthy &
Prince (1993a apud BISOL, 2005, p. 268), no qual as restrições demandam que bordas e
constituintes devam coincidir. Os tipos de constituintes que podem ser alinhados incluem
tanto os de categoria prosódica – mora (µ), sílaba (σ), pé (Σ) e palavra prosódica (ω) –, quanto
os de categoria gramatical – afixo, raiz, radical e palavra morfológica.
(12) ALIGN, D-Σ (FBmax), D-Σ (BL): alinhe a borda direita do cruzamento com todo o
pé nuclear
23
da maior forma de base, ou seja, a palavra resultante deve apresentar o
mesmo pé da base maior. A identidade diz respeito à estrutura silábica e aos
segmentos constituintes do pé métrico da base maior.
O efeito dessa restrição, também novidade desta análise em relação aos trabalhos de
Gonçalves (2005b) e Piñeros (2002), é estabelecer pés nucleares iterativos entre a maior
23
A restrição focaliza apenas o pé nuclear das palavras referidas, ou seja, aquele que projeta o acento lexical.
89
palavra morfológica do input e a palavra prosódica projetada, o que pode ser observado no
tableau em (13), abaixo, para a escolha do output ótimo do cruzamento ovonese (< “ovo” +
“maionese”).
Cabe ainda ressaltar que devido ao fato de, nos cruzamentos, as bases se relacionarem
tanto por coordenação quanto por subordinação, ALIGN D-Σ (FBmax), D-Σ (BL) contribui,
peremptoriamente, para uma organização adequada dos componentes no interior da palavra
resultante.
(13)
Verifica-se nesse tableau que o candidato (d) é imediatamente excluído em NOPWd*,
por projetar um nó na PWd resultante: MWd
1
conserva o acento da forma menor, já que
aplica a regra de neutralização na postônica final, e MWd
2
, devido à presença de uma sílaba
pesada /mai/, adquire tonicidade e forma PWd independente. ALIGN (MP) e *MWD
AFFIX não são capazes de arbitrar, aquela porque todos candidatos em disputa apresentam
duas margens desalinhadas no interior da PWd, esta porque nenhum deles fornece MWds
semelhantes a um afixo. O concorrente (e) é banido em MAX (FBmin-BL), por deletar o
segmento /o/ da forma mínima A disputa, então, toma corpo em MAX (FB-BL), que elimina
(b) e (c), visto ambos apagarem quatro segmentos da maior forma de base, um a mais que os
candidatos (a) e (e), deixando a decisão para ALIGN D-Σ (FBmax), D-Σ (BL), que, por sua
Input: /´ovU/ +
/maio´n
εzI/
NO-
PWd*
ALIGN
(MP)
*MWD
AFFIX
MAX
(FBmin-
BL)
MAX
(FB-BL)
ALIGN,
D-Σ (FBmax),
D-Σ (BL)
a. [{{o.v{o}.´nε.zi}}] (
** mai
b. [{{o.vo}.{´nε.zi}}]
** maio!
*
c. [{{may.{´o}.vu}}] ** nεzI! *
d. [{[{´o.vu}][{´may.o}]}] *! ** nεzI! *
e. [{{may.o. ´nε}.{vu}}]
** o!
zIo *
f. [{{may.o.´n}{o.vu}}] ** εzI *!
90
vez, bane (e), um sério candidato em termos de estrutura, por não apresentar um pé à direita
coincidente segmental e prosodicamente com o pé da palavra-matriz mais longa.
Como já dito, uma importante decisão tomada para o desenvolvimento da análise ora
apresentada foi a de otimizar o compartilhamento segmental entre as formas-base e o
cruzamento. Conseqüentemente, alguns segmentos do vocábulo cruzado podem apresentar
correspondência não-idêntica com as formas de base. Em outros termos, como o modo de
compartilhar se processa em função de um alinhamento mais exemplar, a fim de minimizar
o número de apagamentos, fazendo com que a palavra resultante alcance maior identidade
com as bases, um ou mais segmentos do cruzamento passam a apresentar múltiplos
correspondentes nas palavras-matrizes. O custo de se tornarem ambimorfêmicos é a não-
identidade absoluta de alguns traços. E, para que a não-identidade dos segmentos
compartilhados transcorra à revelia, IDENT (FBmin-BL), outra restrição de
correspondência, se mostra imprescindível à descrição, tal como formulada em (14):
(14) IDENT (FBmin-BL): identidade de traços entre FB menor e BL; segmentos
correspondentes têm o mesmo valor para o traço F. Não pode haver permuta de traços
das formas de base menores (FBmin) para o blend (BL): a especificação dos
segmentos de BL deve preservar a estabelecida em FBmin.
Observe-se, no tableau
24
em (15), o papel decisivo de IDENT (FBmin-BL) na
escolha bem-sucedida do cruzamento aborrescente (< “aborrecer” + “adolescente” =
“característica inerente de quem está na adolescência – ser contra tudo e contra todos, enfim,
aborrecer).
24
Para uma melhor visualização do alinhamento proposto, em todos os tableaux utilizados na análise, a(s)
permuta(s) de traços dos segmentos da maior forma de base está(ão) apontada(s) logo abaixo do candidato que
a(s) promoveu.
91
(15)
25
Aborrescente:
Por meio desse tableau, tem-se a oportunidade de demonstrar que o
compartilhamento dos segmentos não se processa fortuitamente. Os candidatos (a), (b) e (c),
foneticamente diferentes por promoverem correspondência de segmentos entre os outputs e
seus respectivos inputs alternadamente, do ponto-de-vista formal são idênticos, uma vez que
participam de correspondências possíveis com as bases, razão pela qual travam entre si uma
disputa acirrada. No primeiro (a), os sete primeiros segmentos do cruzamento – /a/, /b/, /O/,
/x/, /e/ e /s/ – estão em perfeita correspondência com os constituintes da forma de base mais
curta. Mas, para que isso ocorra, o candidato compartilha segmentos não-idênticos da maior
forma com os da menor: (1) /b/ e /d/ quanto ao ponto de C [labial] e [coronal] nesta ordem;
(2) /x/ e /l/, basicamente, quanto ao nó de raiz [-soante, -aproximante], e [+soante,
+aproximante], quanto ao ponto C [dorsal] e [coronal], e, por fim, em relação ao nó laríngeo
[-vozeado] [+vozeado]. Por outro lado, os candidatos (b) e (c), para minimizarem a perda de
identidade com a forma mais longa, compartilham com ela apenas um segmento da menor
forma: (b) faz a correspondência entre os segmentos /x/ e /l/, e (c), entre os segmentos /b/ e
25
Neste tableau, e em outros, a vibrante múltipla, quando posicionada no onset silábico, é representada,
fonologicamente, por /x/.
Input: /abOxe´seR/ +
/adOlE´seNtI/
NO-
PWd*
ALIGN
(MP)
*MWD
AFFIX
MAX
(FBmin-
BL)
MAX
(FB-BL)
ALIGN,
D-Σ
(FBmax),
D-Σ (BL)
IDENT
(FBmin-
BL)
a. [{{{a.bo.xes}.ti}}] (
Ident FBmax: bd; xl
* R R ẽ≠e
b. [{{{a.do.xes}.ti}}]
Ident FBmax: xl
* R R ẽ≠e;
db!
c. [{{{a.bo.les}.ti}}]
Ident FBmax: bd
* R R ẽ≠e;
lx!
d. [{{a.bo.xe}.{´s.ti}}]
**! * seR seRadOlE
e. [{{a.bo}.{le.´s.ti}}]
**! xeseR xeseRadO
f. [{{a.do.l}{e.´seh}}]
**! * aboOx EseNtIabOx *
92
/d/, respectivamente, da menor para a maior forma, promovendo, assim, maior
descaracterização à forma mínima.
Os três candidatos cometem o mesmo número de infração tanto em MAX (FBmin-BL)
quanto em MAX (FB-BL), por apagarem um único segmento, o /r/ final da forma mínima.
Não violam ALIGN D-Σ (FBmax), D-Σ (BL), uma vez que o pé da forma maior está
totalmente contido nas PWds projetadas por eles. Portanto, embora ocupe posição não
privilegiada no ranking, IDENT (Fbmin-BL) passa a ser responsável pela escolha da forma
mais harmônica, ao eleger (a) vencedor e eliminar os candidatos (b) e (c), visto estes
permutarem traços de segmentos da menor forma de base. Essa restrição opera quando as
formas de base apresentam muitos segmentos semelhantes e várias possibilidades de permuta
entre os segmentos da menor forma com a da maior e vice-versa.
Como se pôde observar, a hierarquia NO-PWd* >> ALIGN (MP) >> *MWD
AFFIX >> MAX (FBmin-BL) >> MAX (FB-BL) >> ALIGN D-Σ (FBmax), D-Σ (BL) >>
IDENT (FBmin-BL) dá conta dos vocábulos cruzados a partir do padrão 1, ou seja, daqueles
que exploram maximamente o alinhamento e a semelhança fônica entre as formas de base,
favorecendo o mecanismo de conjuntividade morfológica. No entanto, existem cruzamentos
em que não há sobreposições de bases e, conseqüentemente, não há segmentos
ambimorfêmicos – são os definidos como cruzamento do tipo 2, por Gonçalves (2003, 2004,
2005b) ou telescopes, por Piñeros (2002).
Para comprovar que o cruzamento pode ser visto como um processo único e
sistemático de formação de palavras, passa-se à análise de dois cruzamentos dessemelhantes
fonicamente (padrão 2): showmício (< “show” + “comício”), em (16) e pescotapa (<
“pescoço” + “tapa”), em (17). Em seguida, são submetidos à mesma hierarquia dois
cruzamentos formados por substituição sublexical, um do padrão 1 (com formas de base
totalmente diferentes do ponto de vista segmental) e outro do padrão 2, respectivamente:
93
bebemorar (< “beber” + “comemorar”), em (18) e enxadachim (< “enxada” + “espadachim”),
em (19).
(16) Showmício:
O tableau acima, produzido para avaliar o candidato mais harmônico da combinação
de show com comício, em que não se verifica semelhança fônica entre as bases, evidencia a
eliminação imediata dos candidatos (c), (e) e (f) em NOPWd*, uma vez que suas MWds
apresentam proeminências acentuais, o que resulta em uma PWd complexa na palavra
cruzada
26
. Os três candidatos que continuam na disputa cometem o mesmo número em
infrações em ALIGN (MP) e não violam *MWD AFFIX, submetendo-se, portanto, às
exigências de MAX (FBmin-BL), que bane o candidato (b) por apagar a semivogal [w] da
menor forma de base. A decisão, então, fica por conta de MAX (FB-BL) que, por sua vez,
elimina o candidato (d), já que este exclui três segmentos da maior forma de base: /s/, /i/ e
<o>, realizado [u], devido à neutralização da postônica final. A forma (a) vence a disputa já
que apaga menos segmentos que o seu concorrente mais sério (d). Nos casos de cruzamentos
de vocábulos dessemelhantes fonologicamente, são as restrições de MAXIMIZAÇÃO, que,
26
A complexidade acentual dos candidatos pode ser explicada da seguinte maneira: no candidato (c), a seqüência
da MWd
1
apresenta uma sílaba pesada, além de neutralizar a postônica final e a MWd
2
copia integralmente a
menor base; em (e), tanto a MWd
1
quanto MWd
2
são iguais a uma palavra morfológica e, por fim, em (f), a
construção resultante equivale a um sintagma fonológico cujo núcleo é foneticamente idêntico à 3
ª pessoa do
singular do presente do indicativo do verbo “comer”.
Input: ou / +
/ko´misiU/
NO-
PWd*
ALIGN
(MP)
*MWD
AFFIX
MAX
(FBmin
-BL)
MAX
(FB-BL)
ALIGN,
D-Σ
(FBmax),
D-Σ (BL)
IDENT
(FBmin
-BL)
a. [{{ow}{´mi.siu}}] (
** ko
b. [{{o}{´mi.siu}}]
** u!
uko
c. [{[{´mi.siu}][{´ow}]}]
*!
** ko *
d. [{{´ow}{´ko.mi}}]
** siU!
*
e. [{[{´ow}][{´siu}]}]
*!
** * komi *
f. [{[{´ko.mi}][{´ow}]}]
*!
** siU *
94
em geral, desempenham papel decisivo na seleção do candidato ótimo.
(17) Pescotapa:
Esse tableau avalia também um cruzamento dessemelhante, pescotapa, em que os
contextos fonológicos das palavras-matrizes em nada contribuem para que seja estabelecida
qualquer correspondência entre elas; portanto, a decisão pelo melhor candidato será tomada
por uma restrição da família MAX.
Descrevendo, então, o referido tableau, verifica-se que a forma (d) é eliminada
sumariamente por NOPWD*, uma vez que se constitui de duas MWds acentuadas: ambas
recebem acento devido à pausa marcante entre a sílaba “pa” da primeira e a sílaba “pes” da
segunda, além de a primeira vincular a forma verbal “tapa”, de “tapar”. Os demais
candidatos, sem exceção, violam ALIGN (MP) duas vezes porque deixam duas margens
desalinhadas no interior de suas PWds. A forma (f) não respeita *MWD AFFIX, sendo
eliminada, porque sua MWd
2
é constituída da seqüência “ço”, equivalente ao sufixo “–aço”,
formador de substantivos aumentativos com força pejorativa. A disputa prossegue com os
candidatos (a), (b), (c) e (e), ainda no páreo.
As palavras-matrizes não têm o mesmo número de sílabas e, por isso, a perda de
segmentos da mais curta pode tornar opaca sua identificação no cruzamento. É o que
acontece com o candidato (e), em que a menor base contribui apenas com uma sílaba,
Input: /pES´kosU/ + /´tapa/
NO-
PWd*
ALIGN
(MP)
*MWD
AFFIX
MAX
(FBmin
-BL)
MAX
(FB-BL)
ALIGN,
D-Σ
(FBmax),
D-Σ (BL)
IDENT
(FBmin
-BL)
a. [{{pes.ko}.{´ta.pa}}] ( ** sU *
b. [{{pes}.{´ta.pa}}] ** kos!U *
c. [{{ta.´{p}es.ko.su}}] ** a! a
d. [{[{´ta.pa}][{´pes.ko}]}] *! ** sU *
e. [{{pes.ko.´so}.{pa}}] ** t!a ta
f. [{{ta.´pa}.{su}}] ** *! peSko *
95
fazendo com que a mais longa fique inteiramente preservada, a fim de melhor satisfazer
MAX (FB-BL). Como o “rastreamento das formas de base é feito não apenas em função
dos traços especificados no input, mas também da mínima contribuição de material fônico”
(GONÇALVES, 2005b, p. 32), torna-se difícil rastrear “tapa” a partir do cruzamento
“pescoçopa”, que preserva integralmente a forma mais longa “pescoço”, prejudicando a
identidade de “tapa”. Por conseguinte, é eliminado pela restrição MAX (FBmin-BL), já que
apaga dois segmentos da base menor.
Já o candidato (c) tenta uma saída que satisfaça ambas as restrições de
MAXIMIZAÇÃO: compartilha o segmento /p/ com os inputs, excluindo apenas um
segmento da menor base e conserva toda a forma mais longa. Contudo, a estratégia, embora
coerente, não evita que seja eliminado da disputa, pois comete uma mínima infração em
MAX (Fbmin-BL) ao apagar vogal /a/ da menor base. Este é mais um exemplo que justifica
a dominância de MAX (Fbmin-BL) perante MAX (FB-BL).
A definição da vitória mais uma vez fica por conta de MAX (FB-BL), que elimina o
candidato (b) por excluir mais segmentos da forma de base maior do que o (a), consagrado o
melhor output para o cruzamento em análise.
Objetivando comprovar a tese de que, morfologicamente, substituições sublexicais e
cruzamentos têm a mesma estrutura, passa-se à aplicação da hierarquia proposta para a
escolha de duas formações de inquestionável origem analógica.
(18) Bebemorar:
Input: /bE´beR/ +
/kOmEmO´raR/
NO-
PWd*
ALIGN
(MP)
*MWD
AFFIX
MAX
(FBmin-
BL)
MAX
(FB-BL)
ALIGN,
D-Σ
(FBmax),
D-Σ (BL)
IDENT
(FBmin
-BL)
a. [{{be.be}.{mo.´rah}}] ( ** R RkOme
b. [{{be.be}.{´rah}}] ** *! R RkOmEmO
c. [{{be}.{me.mo.´rah}}] ** be!R beRkO
d. [{{ko}.{be.´beh}}] ** *! mEmOraR *
e. [{{ko.me.mo}.{´beh}}] ** *! bE raRbe *
f. [{[{be.´ber}][{mo.´rah}]}] *! ** kOmE
96
Nesse tableau, submetem-se à avaliação seis possíveis formas para o cruzamento
bebemorar. Examinando-as, verifica-se que todas elas violam ALIGN (MP), uma vez que,
no interior de suas PWds, figuram duas margens de MWd desalinhadas. O candidato (f) é o
único a infringir NO-PWd* por ser constituído de duas MWds acentuadas: duas formas
verbais livres de ocorrer isoladamente. Logo em seguida, a condição morfológica *MWD
AFFIX bane os candidatos (b), (d) e (e), visto (b) e (e) apresentarem, suas respectivas MWds
2,
seqüências semelhantes aos sufixos formadores de verbos de 1ª conjugação “-ar” e de 2ª
conjugação “-er”. O concorrente (d) também não respeita essa condição, apresentando uma
MWd com a mesma forma do prefixo de origem latina “co-”, que indica contigüidade ou
companhia. Prosseguem, na disputa, os candidatos (a) e (c), mas é (a) o vencedor, mesmo
cometendo uma infração em MAX (FBmin-BL) por apagar o /R/ final da palavra menor
“beber”, registra menos violações do que seu melhor concorrente (c). Interessante observar
que, se MAX (FB-BL) dominasse MAX (FBmin-BL), quem sairia vencedor seria (c), o que
não retrataria fielmente a já consagrada expressão bebemorar.
(19) Enxadachim:
Input:
/EN´ada/ +
/ESpada´iN/
NO-
PWd*
ALIGN
(MP)
*MWD
AFFIX
MAX
(FBmin-
BL)
MAX
(FB-BL)
ALIGN,
D-Σ
(FBmax),
D-Σ (BL)
IDENT
(FBmin
-BL)
a. [{{{.a.da}.´ ĩ }}] (
Ident. FBmax: NS; p
*
b. [{{.a}.{da. ´ ĩ}}]
**!
da daeSpa
c. [{{.a}.{´ ĩ }}]
**!
da daeSpada
d. [{{{.pa.da}.´ ĩ }}]
Ident. FBmax: NS
*
∫≠p!
e. [{[{´ ĩ ] [{a.da}]}]
*!
** eSpa *
f. [{{es.pa.d}{a.da}}]
**! *
eN aeN
*
97
Essa formação foi tomada como exemplo propositalmente, uma vez que, à
semelhança do cruzamento aborrescente, analisado no tableau em (14), enxadachim permite
associações de segmentos entre a forma de base menor com a maior e vice-versa,
prevalecendo o output que mantém maior identidade com a palavra-matriz mais curta.
No tableau ora comentado, encontram-se seis saídas fonéticas possíveis para a
criação de Guimarães Rosa enxadachim, cruzamento de “enxada” com “espadachim”. O
candidato (e), o mais mal-sucedido de todos, é sumariamente eliminado por NOPWd*, por
ter projetado uma PWd complexa – MWd
1
constituída pela sílaba pesada
27
iN/ e MWd
2
exatamente igual ao input /EN´
ada/. Os candidatos (b), (c) e (f) são excluídos logo a seguir
por ALIGN (MP), uma vez que suas PWds não aproveitam a possibilidade de
alinhamento à esquerda com as margens das MWds do input, fazendo com deixem duas
bordas desalinhadas no output. Assim, os concorrentes (a) e (d) são os prováveis vencedores,
pois apresentam o mesmo desempenho na competição, visto otimizarem o alinhamento,
aproveitando, ao máximo, as margens das três palavras morfológicas com a única palavra
prosódica disponível. Com três margens de MWd alinhadas à esquerda e duas à direita,
somente a borda da forma menor permanece desalinhada. Para tanto, (a) torna
ambimorfêmicos todos os segmentos da menor palavra-matriz “enxada”, compartilhando os
segmentos da maior /S/ e /p/ com os segmentos /N/ e // da menor, enquanto (d) prioriza a
identidade da maior forma de base, compartilhando apenas o /N/ da menor com o segmento
/S/, próprio da maior. Com isso, ambas as formas, (a) e (d), passam incólume pelas
restrições de MAXIMIZAÇÃO, uma vez que tais segmentos estão relacionados às duas
formas de base. Passam também por ALIGN D-Σ (FBmax), D-Σ (BL), porque o pé nuclear
da palavra-matriz mais longa “espadachim” está integralmente contido em suas PWds. A
27
Consideram-se, aqui, sílabas pesadas, que têm a propriedade de atrair acento, aquelas que apresentam rima
ramificada, ou seja, sílabas terminadas em consoante, ou formadas por ditongo ou por vogal longa ou, ainda, por
vogal nasal.
98
decisão, então, fica a cargo de IDENT (FBmin-BL), que desclassifica o candidato (d), não
pelo fato de ele trocar segmentos diferentes quanto à cavidade oral // [+ contínuo] e /p/ [-
contínuo] e, quanto ao ponto C, este [labial] e aquele [dorsal], permuta aceitável, já que se
inserem em contextos fonológicos bastante semelhantes, mas porque a troca ocorreu na
menor forma de base. Na maioria dos cruzamentos que envolve palavras metricamente
diferentes, há a tendência de emergir como forma ótima a que preservar, da melhor maneira
possível, a menor palavra-matriz.
A análise dessas duas analogias autoriza a afirmação de que, embora sejam criações
motivadas de modo variado, substituições sublexicais e cruzamentos vocabulares envolvem
apenas um padrão morfológico porque são governados por um único conjunto hierarquizado
de restrições, sendo, por isso, estruturados de modo idêntico. Ressalte-se, ainda, que a
hierarquia mostrou-se eficaz para todos os casos de analogia (7% dos dados analisados),
talvez pelo fato de a grande maioria apresentar inputs com palavras metricamente desiguais.
Os tableaux com a análise de todas as formações analógicas recolhidas podem ser
conferidos no anexo IV.
Os vocábulos cruzados a partir de matrizes com segmentos ambimorfêmicos (79%
dos dados acolhidos) ajustaram-se satisfatoriamente à hierarquia, uma vez que apenas cinco
cruzamentos, relacionados abaixo em (20), de um total de 173 dados avaliados,
apresentaram, além da forma usual, uma outra estruturalmente possível. Em termos
estatísticos, a hierarquia proposta foi capaz de explicar, de modo bem natural, 97% dos
casos de cruzamentos semelhantes fonicamente. Os resíduos não são considerados desvios
de formação, uma vez que, ao lado da forma inesperada, emerge a reconhecida como ótima.
A análise de todos esses dados pode ser constatada nos tableaux reproduzidos no Anexo II.
99
(20)
Cruzamento Formas de base Saídas
1. bau bom + mau /´bau/ /´moN/
2. pãe pai + mãe /´pãe/ /´mai/
3. larango laranja + morango /la´raNgU/ /mo´raNa/
4. vampeta vampiro + capeta /vaN´peta/ /vaN´pita/
5. zégua zebra + égua /´zελua/ /´brελua/
Quanto aos dados dessemelhantes, ou melhor, aos que não permitem qualquer
correspondência segmental entre as formas de base (14% das palavras analisadas), somente
dois dados dos 29 incluídos nesse grupo – bótimo e portunhol – não demonstraram total
adequação à hierarquia. O CV bótimo, cruzamento de “bom” e “ótimo”, não emergiu como
vencedor, cedendo o lugar para bôntimo, forma que talvez não tenha sido consagrada pelo
uso porque não se estrutura de acordo com padrões fonológicos gerais da língua. Muito
raramente encontram-se, em português, palavras proparoxítonas que apresentam a vogal
média /o/ em sílaba travada por /N/, a exemplo dos incomuns vocábulos “côncavo” e
“recôndito”. Já portunhol, cruzamento de “português” com “espanhol”, emergiu juntamente
com o candidato “gespanhol”, visto ambos apagarem o mesmo número de segmentos das
formas de bases. A identidade total da estrutura dessas formas e o fato de não terem nenhum
segmento que possa ser compartilhado, torna imprevisível o ponto de quebra e,
conseqüentemente, o ponto de juntura das bases. Contudo, isso não tira a eficácia da
hierarquia proposta, uma vez que, dentre os casos de cruzamentos dessemelhantes (29
palavras), a análise deu conta, sem distorções, de 93% dos dados avaliados, conforme os
tableaux apresentados no Anexo III.
Com a pretensão de investigar, unificadamente, os três padrões de cruzamento, fez-se
necessário estabelecer uma hierarquia diferente das já propostas por Gonçalves (2005b) e
Piñeros (2002). Em suas análises, esses autores focalizam apenas as formações que acessam
a ambimorfemia, visto que, se comparadas com as de outros tipos, além de bem mais
100
produtivas, são formal e semanticamente mais ricas, suscitando maior interesse de pesquisa.
Para finalizar, cabe ressaltar que, tendo em vista o controle de todos os dados, a
hierarquia aqui proposta jamais poderia ser a mesma das análises anteriores, uma vez que,
por abordar não apenas os cruzamentos de palavras com segmentos ambimorfêmicos, houve
a necessidade de incluir outras restrições, a exemplo de *MWD AFFIX e ALIGN D-Σ
(FBmax), D-Σ (BL). Em contrapartida, compreende-se que, estruturalmente, os diferentes
padrões de cruzamento configuram um mesmo processo, o que justifica a manutenção das
restrições NOPWd* e ALIGN (MP) neste modelo inovador, cujo objetivo foi o de
examinar todos os tipos de mesclas lexicais.
101
5 CONCLUSÃO
Ao longo deste trabalho, analisou-se o processo de cruzamento vocabular a partir dos
pressupostos da Teoria da Otimalidade, mais especificamente, da Teoria da Correspondência.
Ainda que tenha utilizado as mesmas ferramentas de análises precedentes, o estudo
apresentado saiu do âmbito dos cruzamentos que acessam a ambimorfemia e propôs uma
investigação mais ampla, relativa à constituição de vocábulos cruzados também por
combinação truncada e por substituição sublexical (ou reanálise ou analogia), delineando um
panorama descritivo acerca do processo de cruzamento como um todo.
De acordo com resultados obtidos, os pontos mais pertinentes serão retomados com a
finalidade de resumir o comportamento de mesclas lexicais, independentemente de serem
construídas a partir de bases semelhantes fonicamente ou dessemelhantes.
Nesta análise, reforçou-se a proposta de Gonçalves (2005b), na qual a restrição de
marcação NOPWd*, que advoga contra a recursividade de acento na palavra prosódica
projetada no cruzamento, e a de alinhamento, ALIGN (MP), que milita a favor de
alinhamentos perfeitos entre palavras morfológicas e prosódicas, desempenham funções
expressivas porque, juntas, impedem a formação de uma palavra prosódica complexa, já que,
para preservar duas palavras morfológicas sob um único acento lexical, as formas ótimas
lançam mão da sobreposição de bases. A interposição das bases na borda esquerda/direita da
única palavra prosódica projetada garante um melhor alinhamento.
Conseqüentemente, quanto menos margens ficarem desalinhadas, mais segmentos
poderão ser compartilhados, minimizando, desse modo, apagamentos desnecessários. Por
conseguinte, decidiu-se ampliar a correspondência entre os segmentos das bases, promovendo
ambimorfemia não apenas a segmentos totalmente idênticos, mas também àqueles que,
embora não sejam caracterizados pelos mesmos traços, ocupam a mesma posição na estrutura
102
silábica e se inserem em contextos fonológicos similares. Tal estratégia se mostrou eficaz,
uma vez que, na maioria dos casos, deixou-se de verificar apagamentos que comprometeriam
a seleção da forma mais harmônica.
Na fusão de duas bases, encurtamentos sempre ocorrem. Desse modo, a fim de evitar a
emergência de vocábulos cruzados opacos semântica e formalmente, dificultando o
rastreamento das bases envolvidas, lançou-se mão de uma restrição morfológica que impede a
projeção de palavras morfológicas, no interior do cruzamento, com apenas seqüências
esvaziadas de conteúdo lexical, equivalentes a afixos, já que, em muitos dados analisados, os
inputs apresentam alguma espécie de derivação.
Outro ponto relevante na análise foi constatar que a melhor acessibilidade ao input é
garantida por meio da preservação das bases mais curtas, que tendem a se realizar plenamente
na maioria dos cruzamentos, em função da exigência imposta por MAXmin-BL. Nos casos de
cruzamentos de vocábulos dessemelhantes fonologicamente, são as restrições de
MAXIMIZAÇÃO, que, em geral, desempenham papel decisivo na seleção do candidato
ótimo.
Observou-se, ainda, que muitos cruzamentos preservam o pé métrico nuclear da maior
forma de base, o que levou à inclusão de uma outra restrição de alinhamento na hierarquia,
ALIGN D-Σ (FBmax), D-Σ (BL). Esta restrição, além de impor o estabelecimento de pés
iterativos entre as palavras morfológicas e a prosódica, concorre para a formação de mesclas
lexicais em que a disposição das palavras matrizes se dê o mais adequadamente possível, uma
vez que uma das características dos cruzamentos é a não pré-determinação de as bases
exercerem função sintática de núcleo e de adjunto.
Por fim, evidenciou-se que, embora o compartilhamento otimizado de segmentos seja
uma boa estratégia para resolver a questão da opacidade da palavra cruzada em relação às
bases, refletindo violações às restrições de maximização, a correspondência segmental só se
103
processa dentro das concretas possibilidades oferecidas pelas estruturas silábica e fonológica
dos inputs envolvidos no processo.
Assim, com os instrumentos da TC, pode-se concluir que o processo morfológico não-
concatenativo de CV, por meio da junção de palavras matrizes dessemelhantes ou
semelhantes fonicamente, não é arbitrário; pelo contrário, é regido por princípios lingüísticos
que interagem, sistematicamente, na emergência de cruzamentos vocabulares ótimos,
selecionados a partir de um ranking único de restrições morfológicas, prosódicas e de
correspondência.
104
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107
7 ANEXOS
7.1 ANEXO I – Relação das 243 palavras recolhidas
Legendas utilizadas para a categorização dos cruzamentos (tipo):
AMB Æ formas de base semelhantes fonicamente (173 dados)
DES Æ formas de base dessemelhantes (28 dados)
ANAL Æ analogias (17 dados)
GPREFIX Æ formas de base com seqüência DT = 11
GSUFIX Æ formas de base com seqüência DM = 10
PSUFIX Æ formas de base já sufixadas = 5
DADO FORMAS DE BASE TIPO TAMANHO
DAS FBs
No anexo II:
Aborrescente 1 aborrecer + adolescente AMB DIF
Aerobu 2 aero + urubu AMB DIF
Afurtosa 3 aftosa (febre) + furto AMB DIF
Alcoolância 4 álcool + ambulância AMB DIF
Almanhaque 5 almanaque + manhã AMB DIF
Amorizade 6 amor + amizade AMB DIF
Analfaburro 7 analfabeto + burro AMB DIF
Analfilático 8 anal + anafilático AMB DIF
Anãofabeto 9 anão + analfabeto AMB DIF
Apertamento 10 aperto + apartamento AMB DIF
Argentinhas 11 Argentina + gentinhas AMB DIF
Áspedras 12 ásperas + pedras AMB DIF
Baianeiro 13 baiano + mineiro AMB IGUAIS
Balavilhosa 14 bala + Cidade Maravilhosa AMB DIF
Barriguel 15 barriga + aluguel AMB IGUAIS
Batatalhau 16 batata + bacalhau AMB IGUAIS
Bau 17 bom (bon) + mau AMB IGUAIS
Bestadistas 18 besta + estadistas AMB DIF
Bestarel 19 bacharel + besta AMB DIF
Boilarina 20 boi + bailarina AMB DIF
Boquetel 21 boquete + coquetel AMB IGUAIS
Bostafogo 22 bosta + botafogo AMB DIF
Bradescravo 23 Bradesco + escravo AMB IGUAIS
Brasiloche 24 Brasil + Bariloche AMB DIF
Briluz 25 brilho + luz (in Jaguardarte, de Augusto dos Campos) AMB DIF
Bringar 26 brincar + brigar AMB IGUAIS
Brinquedação 27 brinquedo + liquidação AMB DIF
Briolho 28 brilho + olho AMB IGUAIS
Brotossauro 29 broto + brontossauro AMB DIF
Brutuguês 30 bruto + português AMB DIF
Bruxava 31 bruxa + brochava AMB DIF
Burrichello 32 Burro + Barrichello AMB DIF
Burrocracia 33 burro + burocracia AMB DIF
Cacaína 34 caca + cocaína AMB DIF
Caipiroca 35 caipi(rinha) + piroca AMB DIF
Caligrafeia 36 caligrafia + feia AMB DIF
Camaronese 37 camarão (camaron) + maionese AMB DIF
Camicleta 38 caminhão (caminhon) + bicicleta AMB DIF
108
Canecopo 39 caneca + copo AMB DIF
Cansástico 40 Fantástico + cansativo AMB IGUAIS
Cantriz 41 cantora + atriz AMB DIF
Cariocatura 42 carioca + caricatura AMB DIF
Cariúcho 43 carioca + gaúcho AMB DIF
Carnatal 44 carnaval + Natal AMB DIF
Cartomente 45 cartomante + mente AMB DIF
Celebutante 46 celebração + debutante AMB DIF
Chafé 47 chá + ca AMB DIF
Chattoso 48 chato + Mattoso AMB DIF
Chevelho 49 Chevete + velho AMB DIF
Chococo 50 choco(late) + coco onêonimo AMB IGUAIS
Chocrilhos 51 sucrilhos + choco(late) onêonimo AMB DIF
Ciscarelli 52 ciscar + Cicarelli AMB DIF
Coponheiro 53 companheiro + copo AMB DIF
Craquético 54 craque + caquético AMB DIF
Crilouro 55 crioulo + louro AMB DIF
Crionça 56 criança + onça AMB DIF
Currompido 57 cu + corrompido AMB DIF
Currupção 58 cu + corrupção AMB DIF
Daslucro 59 Daslu + lucro AMB IGUAIS
Dedoche 60 dedo + fantoche AMB DIF
Deleitura 61 deleite + leitura AMB IGUAIS
Deliçoca 62 delícia + paçoca AMB IGUAIS
Democradura 63 democracia + ditadura AMB IGUAIS
Detonauta 64 detonador + internauta AMB IGUAIS
Diligentil 65 diligente + gentil AMB DIF
Esclitóris 66 escritório + clitóris AMB DIF
Escragiário 67 escravo + estagiário AMB DIF
Espanglês 68 espanhol + inglês AMB DIF
Esquerdofrênico 69 esquerda + esquizofrênico AMB DIF
Estagflação 70 estagnação + inflação AMB DIF
Estragonofe 71 estrogonofe + estrago AMB DIF
Estrogobofe 72 estrogonofe + bofe AMB DIF
Expoesia 73 exposição + poesia AMB DIF
Falavra 74 fala + palavra AMB DIF
Febendiru 75 Feben + Carandiru AMB DIF
Flumineiro 76 Fluminense + mineiro AMB DIF
Fuscasa 77 fusca + casa AMB IGUAIS
Fuscleta 78 fusca + bicicleta AMB DIF
Futevôlei 79 futebol + vôlei AMB DIF
Gayroto 80 gay + garoto AMB DIF
Gayúcho 81 gay + gaúcho AMB DIF
Gelouco 82 gelo + louco AMB IGUAIS
Globeleza 83 Globo + beleza AMB DIF
Glorionha 84 glória + medonha AMB DIF
Goianobil 85 Goiânia + Chernobil AMB IGUAIS
Hackademia 86 hacker + academia AMB DIF
Horrorível 87 horroroso + terrível AMB DIF
Hospitaú 88 hospital + Itaú AMB IGUAIS
Imprevilho 89 imprevisto + empecilho AMB IGUAIS
Incubatória 90 incubadora + laboratório AMB IGUAIS
Indioleta 91 índio + borboleta AMB DIF
Indiscroto 92 indiscreto + escroto AMB DIF
Inutensílio 93 inútil + utensílio AMB DIF
Irmiga 94 irmã (irman) + inimiga AMB DIF
Jeguerino 95 jegue + Severino (Cavalcanti) AMB DIF
109
Ladruf 96 ladrão + Maluf AMB IGUAIS
Larango 97 laranja + morango AMB IGUAIS
Lexicopédia 98 léxico + enciclopédia AMB DIF
Limonik 99 limão (limon) + Sputnik AMB DIF
Lixeratura 100 lixo + literatura AMB DIF
Loucomotiva 101 louco + locomotiva AMB DIF
Luísque 102 Luís (Inácio da Silva) + uísque AMB DIF
Luxuosso 103 luxuoso + osso AMB DIF
Macarronese 104 macarrão (macarron) + maionese AMB DIF
Mãedrasta 105 mãe + madrasta AMB DIF
Malufioso 106 Maluf + mafioso AMB DIF
Malular 107 malufar + Lula AMB DIF
Masturbatona 108 maratona + masturbação AMB IGUAIS
Matel 109 mato + hotel AMB IGUAIS
Mautorista 110 mau + motorista AMB DIF
Melda 111 lua-de-mel + merda AMB DIF
Merdalhão 112 medalhão (medalhon) + merda AMB DIF
Merdonça 113 merda + Mendonça (Duda) AMB DIF
Mial 114 Pedro Bial [biau] + miau AMB IGUAIS
Miserite 115 miséria + holerite AMB DIF
Moitel 116 moita + hotel AMB IGUAIS
Monstruação 117 monstro + menstruação AMB DIF
Moranguva 118 morango + uva AMB DIF
Motel 119 motorista (moto) + hotel AMB DIF
Namorido 120 namorado + marido AMB DIF
Nepetismo 121 nepotismo + petê (PT) AMB DIF
Novelha 122 novela + velha AMB DIF
Oligarcia 123 oligarquia + Garcia Neto AMB DIF
Ovonese 124 ovo + maionese AMB DIF
Pãe 125 pai + mãe (mane) (rima) AMB IGUAIS
Paitrocíneo 126 pai + patrocíneo AMB DIF
Paulistério 127 paulista + ministério AMB DIF
Paurioca 128 paulista + carioca AMB DIF
Pedragogia 129 pedra + pedagogia AMB DIF
Pescópia 130 pesquisa + cópia AMB DIF
Petelho 131 petê (PT) + pentelho AMB DIF
Pijânio 132 pijama + Jânio AMB DIF
Pilantropia 133 pilantra + filantropia AMB DIF
Pinton 134 Bill Clinton + pinto AMB IGUAIS
Politicanagem 135 política + sacanagem AMB IGUAIS
Politicanalha 136 política + canalha AMB DIF
Presidengue 137 presidente + dengue AMB DIF
Pretuguês 138 preto + português AMB DIF
Privataria 139 privatização + pirataria AMB DIF
Professorror 140 professor + horror AMB DIF
Prostiputa 141 prostituta + puta AMB DIF
Provoquente 142 provocante + quente AMB DIF
Rateen 143 ratinho + teen [tim] AMB DIF
Recifolia 144 Recife + folia AMB IGUAIS
Morangurte 145 morango + iogurte AMB DIF
Ronalducho 146 Ronaldo + gorducho AMB IGUAIS
Roubanos 147 roubo + romanos (apostólicos) AMB DIF
Rouberto 148 roubo + Roberto (Jefferson) AMB DIF
Sacolé 149 saco + picolé AMB DIF
Séxta-feira 150 sexta-feira + sexo AMB IGUAIS
Showcolate 151 show + chocolate AMB DIF
Sofressor 152 sofredor + professor AMB IGUAIS
110
Sonologia 153 sono + fonologia AMB DIF
Sorteria 154 sorte + loteria AMB DIF
Sorvetone 155 sorvete + panetone AMB DIF
Terrir 156 terror + rir AMB DIF
Tortográfico 157 torto + ortográfico AMB DIF
Tortoruga 158 torto + tartaruga AMB DIF
Tradizer 159 traduzir + dizer AMB DIF
Tranquilômetros 160 tranqüilo + quilômetros AMB DIF
Transpet 161 transporte + pet AMB DIF
Traumartirizado 162 trauma + martirizado AMB DIF
Tristemunho 163 triste + testemunho AMB DIF
Tubalhau 164 tubarão (tubaron) + bacalhau AMB IGUAIS
Tuberculepra 165 tuberculose + lepra AMB DIF
Uisquerda 166 uísque + esquerda AMB IGUAIS
Urinálise 167 urina + análise AMB DIF
Urubuservar 168 urubu + ob(i)servar AMB DIF
Vampeta 169 vampiro + capeta AMB IGUAIS
Velhocidade 168 velho + velocidade AMB DIF
Velhoso 169 velho + Veloso (Caetano) AMB DIF
Verifuncional 172 verificação + funcional AMB DIF
Zégua 173 zebra + égua AMB DIF
No anexo III:
Autobol 1 automóvel (auto) + futebol DES DIF
Belíndia 2 Bélgica + Índia DES DIF
Bótimo 3 bom (bon) + ótimo DES DIF
Brasgentina 4 Brasil + Argentina DES DIF
Brasiguaio 5 brasileiro + paraguaio DES IGUAIS
Caipiceta 6 caipi(rinha) + buceta DES DIF
Chocolícia 7 choco(late) + delícia onêonimo DES DIF
Chocotone 8 choco(late) + panetone DES DIF
Docudrama 9 documentário + drama DES DIF
Forrogode 10 forró + pagode DES DIF
Franlitos 11 fran(go) + palitos DES DIF
Funebrilho 12 funeral + brilho DES DIF
Janecrete 13 Jane Corso + chacrete DES DIF
Japaréia 14 Japão + Coréia DES DIF
Macuncrente 15 macumbeiro + crente DES DIF
Mauriçola 16 mauricinho + boiola DES DIF
Mortalecido 17 mortal + falecido DES DIF
Nescafé 18 Nestlé + café onêonimo DES IGUAIS
Pescotapa 19 pescoço + tapa DES DIF
Portinglês 20 português + inglês DES DIF
Portunhol 21 português + espanhol DES IGUAIS
Psicogélico 22 p(i)sicólogo + evangélico (psico) DES IGUAIS
Psiquiartista 23 psiquiatra + artista DES DIF
Secretanha 24 secretária + piranha DES DIF
Selemengo 25 seleção + Flamengo DES IGUAIS
Showmício 26 show + comício DES DIF
Toboágua 27 tobogã + água DES DIF
Vagaranha 28 vagabunda + piranha DES DIF
No anexo IV:
Bebemorar 1 beber + comemorar ANAL DIF
Boacumba 2 boa + macumba ANAL DIF
Boadrasta 3 boa + madrasta ANAL DIF
Boadrinha 4 boa + madrinha ANAL DIF
Bucetante 5 buceta + picante ANAL IGUAIS
Chocólatra 6 choco(late) + alcoólatra ANAL DIF
111
Enxadachim 7 enxada + espadachim ANAL DIF
Frambúrguer 8 fran(go) + hambúrguer ANAL DIF
Halterocopismo 9 halterofilismo + copo ANAL DIF
Metroviário 10 metrô + ferroviário ANAL DIF
Monocelha 11 mono + sobrancelha ANAL DIF
Monocrático 12 mono + democrático ANAL DIF
Raboplégico 13 rabo + paraplégico ANAL DIF
Rejuvelhescimento 14 rejuvenescimento + velho ANAL DIF
Siteografia 15 site + bibliografia ANAL DIF
Tucanóptero 16 tucano + helicóptero ANAL DIF
Videasta 17 vídeo + cineasta ANAL DIF
No anexo V:
a) DT
Caipifruta 1 caipi(rinha) + fruta GPREFIX IGUAIS
Caipilima 2 caipi(rinha) + lima GPREFIX IGUAIS
Caipivodka 3 caipi(rinha) + vodka GPREFIX IGUAIS
Franfilé 4 fran(go) + filé GPREFIX IGUAIS
Lambaeróbica 5 lamba(da) + aeróbica GPREFIX DIF
Lambafunk 6 lamba(da) + funk GPREFIX DIF
Lambarregue 7 lamba(da) + regue (reggae) GPREFIX IGUAIS
Pit-babá 8 pit (= agressivo) + babá GPREFIX DIF
Pit-baby 9 pit (= agressivo) + baby GPREFIX DIF
Pit-boy 10 pit (= agressivo) + boy GPREFIX DIF
Pit-família 11 pit (= agressivo) + família GPREFIX DIF
b) DM
Adultescente 1 adulto + adolescente GSUFIX DIF
Autotrocíneo 2 auto + pai(trocíneo) GSUFIX DIF
Caipilé 3 caipi(rinha) + pico(lé) GSUFIX DIF
Envelhescente 4 envelhecer + adol(escente) GSUFIX DIF
Familiatrocíneo 5 família + pai(trocíneo) GSUFIX DIF
Irangate 6 Iran + (gate) GSUFIX IGUAIS
Lulagate 7 Lula + gate GSUFIX IGUAIS
Mogigate 8 Mogi das Cruzes + (gate) GSUFIX IGUAIS
Sucolé 9 suco + saco(lé) GSUFIX DIF
Tiotrocíneo 10 tio + pai(trocíneo) GSUFIX DIF
No anexo VI:
Bobageira 1 bobagem + besteira PSUFIX IGUAIS
Gatoso 2 gato + idoso PSUFIX DIF
Prostitutriz 3 prostituta + meretriz PSUFIX DIF
Sincericida 4 sinceridade + homicida PSUFIX DIF
Trambicador 5 trambiqueiro + trabalhador PSUFIX IGUAIS
112
7. 2 ANEXO II – Análise de CVs com segmentos ambimorfêmicos (172 palavras)
INPUTS OUTPUTS NO-
PWD*
ALIGN
(MP)
*MWD
AFFIX
MAX
(FBmin-
BL)
MAX
(FB-BL)
ALIGN,
D-Σ
(FBmax),
D-Σ (BL)
IDENT
(FBmin
-BL)
aborrescente =
/abOxE´seR/ +
/adOlE´seNtI/
a. [{{{a.bo.xes}.ti}}] (
Ident FBmax: bd; xl
* R R ẽ≠e
metr. dif. b. [{{{a.do.xes}.ti}}]
Ident FBmax: xl
* R R ẽ≠e;
db!
c. [{{{a.bo.les}.ti}}]
Ident FBmax: bd
* R R ẽ≠e;
lx!
d. [{{a.bo.xe}.{´s.ti}}]
**! * seR seRadOlE
e. [{{a.bo}.{le.´s.ti}}]
**! xeseR xeseRadO
f. [{{a.do.l}{e.´seh}}]
**! * abOx EseNtIabOx *
1
aerobu = /a´εrU/ +
/Urubu/
a. [{[{a.´ε.{ru}][´bu}]}] (
* ** U
metr. dif. b. [{[{a.´ε.ru}][{´bu}]}] * ** Ur!u
c. [{[{u.´ru}][{a.´ε.ru}]}] * ** bu! *
d. [{[{ru.´bu}][{ a.´ε.ru }]}] * ** u *!
e. [{[{a.´e.ro}][{ru.´bu}]}] * ** U
Uo!
f. [{[{´bu}][{ a.´ε.ru }]}] * ** U!ru *
2
afurtosa = /af
i
´t]za/ +
/´fuRtU/
a. [{{a.{fur.´t]}.za}}] (
**
U≠]
metr. dif. b. [{[{af
i
.
´
to}] [{´fur.tu}]}] *! ** za *
c. [{{fur.´t]}.{za}}]
**
a!ft]
d. [{{fur.´t}{]. za}}]
** *! U
Uaft]
e. [{{fur.{´t]
). za}}]
** a!f
U≠]
f. [{{ af
i
.to }.{´fuh}}] ** t!U zatU *
g. [{{fur.t}{af
i.´
t].za}}]
** U!
U
3
alcolância = /´alkol/ +
/aNbu´laNsia/
a. [{{{aw.ko}.´lã.sia}}] (
Ident FBmax: lN
* l lbu
metr. dif. b. [{{{ã.ko}.´lã.sia}}]
Ident FBmax: Nl
* l lbu Nl!
c. [{[{´aw.kow}] [{´ã.bu}]}] *! ** laNsia *
d. [{[{´aw.kow}][{´lã.sia}]}] *! ** aNbu
e. [{{aw.ko}.{´lã.sia}}] **! l laNbu
f. [{{aw}.{´lã.sia}}] **! kol kolaNbu
4
almanhaque =
/alma´na.kI/ +
/ma´aN/
a. [{{aw.{ma
a}.ki}}] (
Ident FBmax: ≠n
**
ãa
metr. dif.
b. [{{aw. {ma}.´ã} }]
** n!akI
c.
[{{ma.´a}{w.ma}}]
** a!nakI
d. [{{ma.´ã}.{na.ki}}]
** a!lma
e. [{{na.ke}.{ma.´ã}}]
** a!lma
haplo f. [{{aw.ma.{´}.a}}]
Ident FBmax: mn
** k!I
5
amorizade = /a´moR/ +
/ami´zadI/
a. [{{{a.mo.r}i.´za.di}}] ( *
metr. dif. b. [{{{a.mo}. ´za .di}}] * *! R Rami
c. [{{a.mo.r}{i.´za.di}}] **! am
d. [{{a.mo.´ r}{a.di}}] **! * amiz *
haplo
e. [{{a.mo}.{mi.´za.di}}] **!
R Ra
f. [{{a.mi.z}{a.´moh}}] **!
adI *
6
113
INPUTS OUTPUTS NO-
PWD*
ALIGN
(MP)
*MW
D
AFFIX
MAX
(FBmin-
BL)
MAX
(FB-BL)
ALIGN,
D-Σ
(FBmax),
D-Σ (BL)
IDENT
(FBmin
-BL)
analfaburro =
/a´nalfa´bεtU/ +
/´buxU/
a. [{[{a.´naw.fa][{´bu}.xu}]}]
(
Ident. FBmax: uε
* ** tU *
metr. dif. b. [{[{a.´naw.fa}][{´bu.xu}]}] * ** bεt!U *
c. [{[{a.´naw}][{´bu.xu}]}] * ** fab!εtU *
d. [{[{´bu.xu}][{a.´naw.fa}]}] * ** bεt!U *
e. [{[{´bu.xu}][{´bε.tu}]}] * ** ana!wfa
f. [{[{´bu.xu}][{a.´naw}]}] * ** fab!εtU *
7
analfilático = /a´nal/
+ /anafi´latikU/
a. [{{[{aw}][fi.´la.ti.ku}]}]
(
Ident. FBmax: ãa
* *
metr. dif. b. [{{[{anaw}] [´la.ti.ku}]}] * * f!i
c. [{{[{a.´naw}] [´la.ti.ku}]}] * * a!nafi
d. [{[{fi.´la.ti}] [{´naw}]}] * **! * a anakoa *
e. [{[{fi.´la.ti.ko}] [{a.´naw}}] * **!
ana *
f. [{[{a.´naw}] [{fila.ti.ku}}] * **! ana
8
anãofabeto =
/a´nãw/ +
/a´nalfa´bεtU/
a. [{{[{anãw}] [fa.´bε.tu}]}]
(
Ident. FBmax: aã
* *
metr. dif. b. [{[{a.´nãw}] [{fa.´bε.tu}]}] * **! anal
c. [{[{aw}] [{´bε .tu}]}] * **! lfa
d. [{[{fa.´bε .tu }] [{a.´nãw}]}] * **! anal *
e. [{[{a.´nãw.fa.bε.´t}] [{ãw}]}] * **! * an anu *
f. [{[{a.´nõ}] [{fa.´bε.tu}]}] * **! anal
9
apertamento =
/a´peRtU/ +
/apaRta´meNtU/
a. [{{{a.per.t}a.´m.tu}}] (
Ident. FBmax: ea
* U U
metr. dif. b. [{{a.per.t}{a ´m.tu }}] **! U U
c. [{{a.per.to}.{´m.tu }}] **! * apaRta
haplo
d. [{[{a.´per.tu}] [{ta.´m.tu
}]}]
*!
** apaR
e. [{{a.per}.{ta.´m.tu }}] **! tU tUapaR
f. [{{a.´per.tu}.{a.´par.t}}] *! ** ameNtU
10
argentinhas =
/aRʒeN´tina/ +
/ʒeN´tiaS/
a. [{{ar.{ʒ.´ti
.as}}}] (
Ident FBmax: ≠n
*
metr. dif.
b. [{{ar.{ʒ
}.´ti.as}}]
**!
tina
c. [{[{ʒ.´ti.as}][{ar.´ʒ}]}]
*! ** tina *
d. [{[{´ti.na}][{ʒ.´ti.as}]}]
*!
**
aRʒeN
e. [{{ar.ʒ.{´ti
}.as}}]
**!
ʒeN naʒeN
f. [{{ar.ʒ.´ti}.{as}}]
**! *
ʒeNti naʒeNti
11
áspedras =
/´aSperaS/ +
/´pεdraS/
a. [{{ás{pe.dras}}}] ( * *
eε
metr. dif. b. [{{´as}{pe.dras}}] **! peraS *
c. [{{pe}{´as.pe.ras}}] **! draS draS
d. [{[{´pε.dras}] [{´as.pe}]}] *! ** raS *
e. [{{´as{pe}dras}}] **! raS *
eε
haplo
f. [{[{´as.pe}] [{´pε.dras}]}] *!
** raS *
12
114
INPUTS OUTPUTS NO-
PWD*
ALIGN
(MP)
*MWD
AFFIX
MAX
(FBmin
-BL)
MAX
(FB-BL)
ALIGN,
D-Σ
(FBmax),
D-Σ (BL)
IDENT
(FBmin
-BL)
baianeiro =
/bai´anU/ + /mineirU/
a. [{{bai..a.{´n}ey.ru}}] ( ** * Umi
metr. iguais b. [{[{bay.´ã.no}][{´ney.ru}]}] *! ** * mi
c. [{[{bay.´ã.no}][{´ey.ru}]}] *! ** * min
d. [{{mi.ney}.{´ã.nu}] ** * rUba!i
e. [{[{mi.´ney}][{´bay.a}]}] *!
** * rUnU
f. [{{a.no}.{´ney.ru}}] ** * baim!i
13
balavilhosa = /´bala/
+ /maravi´λ]za/
a. [{{{ba
.la}.vi.´λ].za}}] (
Ident FBmax: bm
*
metr. dif.
b. [{{{ma
.la}.vi.´λ].za }}]
Ident FBmax: lr
*
mb!
c. [{{ba.la}.{vi.´λ].za}}]
**! mara
d. [{{ba.la}.{´λ].za}}]
**! maravi
e. [{{ba}.{ma.ra.vi.´λ].za}}]
**! la la
f. [{{ma.ra.vi}.{´ba.la}}] **!
λ]za
*
14
barriguel = /ba´xiλa/
+ /alu´λεw/
a. [{{ba.xi.´{λ}εw}}] (
** aalu
metr. iguais
b. [{{a.lu}.{´xi.λa}}]
**
λεwba!
c. [{{ba}.{lu.´λεw}}]
**
xiλaa!
haplo d. [{[{ba.´xi.λa}][{´λεw}]}]
*!
** alu
e. [{[{ba.´xi}][{a.luλεw}]}]
*! **
λa
f. [{{bar}.{´λεw}}]
**
riλaal!u
15
batatalhau = /ba´tata/
+ /baka´λau/
a. [{{{ba
.ta.ta}.´λau}}] (
Ident FB-BL: tk
*
metr. iguais b. [{{{ba.ka}.´ta.ta}}] *
λ!au
c. [{{{ba
.ta}.´λau}}]
Ident FB-BL: tk
* t!ak
d. [{{ba.ka}.{´ba.ta}}] **!
λauta
e. [{{ba.ta}.{ka.´λau}}]
**! taba
f. [{{ba.ta}.{´ba.ka}}] **!
taλau
16
bau = /´boN/ + /´mau/ a. [{{´{b}aw}}] (
Ident. FB-BL: bm
* oN
metr. iguais b. [{{´{m}õ}}] (
Ident. FB-BL: mb
* aw
c. [{´{b}{aw}}] **! oNm
d. [{´{m}{õ}}] **! awb
e. [{{bo}.{´maw}}] **! N
rima f. [{{ma}.{´bõ}}] **! w
17
bestadista = /´beSta/ +
/Esta´diSta/
a. [{{b{es.ta}.´dis.ta}}] ( **
metr. dif. b. [{{bes.ta}.{´dis.ta}}] ** *! besta
c. [{{es.ta}.{´bes.ta}}] ** d!ista *
haplo
d. [{[{´bes.ta}][{ta.´dis.ta}]}] *!
** es
e. [{{ bes.´t}{is.ta}}] ** *! a aEstad *
f. [{{ bes}.{´dis.ta}}] ** t!a taEsta
18
115
INPUTS OUTPUTS NO-
PWD*
ALIGN
(MP)
*MWD
AFFIX
MAX
(FBmin
-BL)
MAX
(FB-BL)
ALIGN,
D-Σ
(FBmax),
D-Σ (BL)
IDENT
(FBmin
-BL)
bestarel = /barεl/ +
/´beSta/
a. [{{{be
s.ta}.´rεw}}] (
Ident. FBmax: ea; t
*
metr. dif.
b. [{[{´bes.ta}] [{´ba.a}]}]
*! ** rεl *
c. [{[{´ba.a}] [{´bes.ta}]}]
*! ** rεl *
d. [{[{´rεw}] [{´bes.ta}]}] *! **
baa
*
e. [{{´xεw}{ta}}] **! beS
baabeS
*
f. [{{´bes.ta}][{a.´rεw}}]
*! ** ba
19
boilarina = /´boi/ +
/baila´rina/
a. [{{{boy}.la.´ri.na}}] (
Ident. FBmax: oa
*
metr. dif. b. [{{boy}.{la.´ri.na}}] **! bai
c. [{{{bo}.la.´ri.na}}] **! i ibai
d. [{{boy}.{´ri.na}}] **! * baila
e. [{[{´bay.la}] [{´boy}]}] *! ** rina *
f. [{[{´boy}] [{´bay.la}]}] *! ** rina *
20
boquetel = /bo´kεtI/ +
/kOkE´tεl/
a. [{{{bo.kitε}w}}] ( *
metr. iguais b. [{{{bo.ke}.´tεw}}] * t!I
c. [{{bo.ke}.{´tεw }}] **! * kOkE
haplo
d. [{{ko.ke}.(´kε.ti}}] **!
tεwkO
e. [{{´tεw}{´b].ke}}]
*! ** kOkEtI
haplo
f. [{{ke}.{ki.´tεw}}] **!
botIkO
21
bostafogo =
/´b]ta´foλU/ + /´b]Sta/
a. [{{{´b]
s.ta}][´fo.λu}}] (
* *
metr. dif.
b. [{{´b]s.ta}][{´fo.λu}}]
* **!
b]ta
c. [{{´fo.λu}][{´b]s.ta}}]
* **!
b]ta
*
d. [{{´b].ta}][{´b]s.ta}}]
* **! fogU *
e. [{{{´b]
.ta][´f]}s.ta}}]
* *
λ!U
*
f. [{{´b].ta.fo.´{b]
}s.ta}}]
Ident. FBmax: bλ; ]U
* **!
*
22
bradescravo =
/bra´deSkU/ +
/ES´kravU/
a. [{{bra.d{esk}ra.vu}}] ( ** U
metr. iguais b. [{{bra.des}.{´kra.vu}}] ** kU!ES
c. [{{bra}{s.´kra.vu}}] ** de!SkU
d. [{{es.kra.´v}{es.ku}}] ** U! brad
e. [{{ko}.{es.´kra.vu}}] ** *! bradeS
f. [{{bra.´des}.{vu}}] ** kU!ESkra
23
brasiloche = /bra´zil/
+ /bari´lOI/
a. [{{{b
ra.zi}.´l].i}}] (
Ident. FBmax: rz
* l l
metr. dif.
b. [{{bra.zi}.{´l].i}}]
**! l lbari
c. [{{bra.´ziw}.´l].i}}]
*! bari
d. [{{bra}.{ri.´l].i}}]
**! zil zilba
e. [{{bra.´ziw}] [{´ba.ri}}] *! **
lOi
*
f. [{{´l].i}][{bra.´ziw}}]
*!
** bari *
g. [{{{b
ra.ri}.´l].i}}]
* l l zr!
24
116
INPUTS OUTPUTS NO-
PWD*
ALIGN
(MP)
*MWD
AFFIX
MAX
(FBmin
-BL)
MAX
(FB-BL)
ALIGN,
D-Σ
(FBmax),
D-Σ (BL)
IDENT
(FBmin
-BL)
briluz = /´briλU/ +
/´luS/
a. [{{bri.{´lu
}s}}] (
Ident. FBmax: l≠λ
** *
metr. dif.
b. [{{bri.{´λu
}s}}]
** *
l≠λ!
c. [{{bri}.{´lus}}] **
λ!o
*
d. [{{´lus}.{bri}}] **
λ!o
*
e. [{{i.λo}.{´lus}}]
** b!r *
f. [{[{´bri.λu}][{´lus}]}]
*! ** *
25
bringar = /briN´kaR/
+ /bri´λaR/
a. [{{{brĩ
}.´λah}}] (
Ident. FB-BL: λk
*
metr. iguais
b. [{{brĩ}.{´λah}}]
**! * brikar
c. [{{bri}.{´kah}}] **! *
λarbriN
d. [{{{brikah}}]
Ident. FB-BL: λk
* N!
e. [{{bri.λa}.{´kah}}]
**! * RbriN
f. [{{{brĩ
.ka}´λah}}]
* R!
haplo
g. [{{bri}.{brin.´kah}}] **!
λaR
26
brinquedação =
/briN´kedU/ +
/likida´sãw/
a. [{{brĩ.{ke}.da.´sãw}}] ( ** dU dUli
metr. dif. b. [{{brĩ.{ki}.da.´sãw}}] ** dU dUli
ie!
c. [{{li.ki.da}.{´ke.du}}] ** br!iN sãwbriN *
d. [{{brĩ.ke.do}{´sãw}}] ** *! likida
ou
e. [{{brĩ.ke}.{ki.da.´sãw}}] ** dU dUlik!i
f. [{{brĩ.ke}.{li.´ki.da}}] ** dU dUsãw! *
27
briolho = /´briλU/ +
/´oλU/
a. [{{bri.{´o.λu}}}] (
*
*
metr. dif.
b. [{{bri}.{´o.λu}}}]
**!
λU
*
c. [{{´br}{o.λu}}}]
**!
iλU
*
d. [{{´o.λo}] [{´bri}}]
*! **
iλU
*
e. [{{λo}.{´bri.λu }}]
**! o o
f. [{{bri.´λo}.{λu}}}]
**! o o *
28
brotossauro =
/´brotU/ +
/broNto´saurU/
a. [{{{bro.to}.´sau.ru}}] ( * N
uo
metr. dif. b. [{{bro.to}.{´sau.ru}}] **! broNto
c. [{{bro.to}.{´brõ.tu}}] **!
sauro *
d. [{{bro{to}.´sau.ru}}] **!
broN
uo
e. [{{to}.{´sau.ru}}] **! bro brobroNto
f. [{{bro}.{´sau.ru}}] **! tU tUbroNto
29
brutuguês = /´brutU/
+ /portu´λueS/
a. [{{bru.{tu
}.´λues}}] (
** por
metr. dif.
b. [{{bru.tu}.{´λues}}]
** *! portu
c. [{[{´bru.tu}] [{´por.tu}]}] *! **
λueS
*
haplo d. [{[{´bru.tu}.{tu.´λues}]}]
*!
** por
e. [{{λues}.{´bru.tu}}]
** port!u *
f. [{[{´por.tu}] [{´bru.tu}]}] *! **
λueS
*
30
117
INPUTS OUTPUTS NO-
PWD*
ALIGN
(MP)
*MWD
AFFIX
MAX
(FBmin
-BL)
MAX
(FB-BL)
ALIGN,
D-Σ
(FBmax),
D-Σ (BL)
IDENT
(FBmin
-BL)
bruxava = /´brua/ +
/bro´ava/
a. [{{{brua}.va}}] (
*
metr. dif.
b. [{{bru.´a}.{va}}]
**! *
broa
c. [{{bru}.{bro.´a.va}}]
**!
a a
haplo d. [{{bru.a}.{´a.va}}]
**!
bro
e. [{{bru}.{´a.va}}]
**!
a abru
f. [{[{´bru.a}].[{´br].a}]}]
*!
**
ava
*
31
burrichelo = /´buxU/
+ /baxi´εlU/
a. [{{{bu
.x}i.´ε.lu}}] (
* U
U
metr. dif.
b. [{{{bu
}.xi.´ε.lu}}]
* xU!
xUa
c. [{{bu.{x
}i.´ε.lu}}]
**!
U Ubaxi
d. [{[{´ε.lu}] [{´bu.xu}]}]
*! ** baxi
e. [{{bu.xo}.{´ε.lu}}]
**! baxi
f. [{{bu}.{´ε.lu}}]
**! xU xUbaxi
32
burrocracia =
/´buxU/ +
/burokra´sia/
a. [{{{bu.xo}.kra.´sia}}] (
Ident. FBmax: xr
*
oU
metr. dif. b. [{{bu}.{kra.´sia}}] **! xU xUburo
c. [{[{kra.´sia}] [{bú.xu}]}] *! **
buro *
haplo
d. [{[{bú}] [{bu.ro.kra.´sia}]}] *!
** xU
e. [{{bu.xu}.{kra.´sia}}] **! buro
f. [{{bu.xo}.{´sia}}] **! * burokra
oU
33
cacaína = /´kaka/ +
/kOka´ina/
a. [{{{ka.ka}.´i.na}}] (
Ident. FBmax: ao;
*
metr. dif. b. [{{ka.ka}.{´i.na }}] **! * kOka
c. [{{ka.{k}o.ka.´i.na }] **! a a
e. [{{ka.{k}a.´i.na }}] **! a akO
d. [{[{ka.´i.na}] [{´ka.ka}]}] *! ** kO *
f. [{[{´ka.ka}] [{´k].ka}]}]
*! ** ina *
34
caipiroca = /´kaipi/
/pi´r]ka/
a. [{[{´kay.{pi
}] [´r].ka}]}] (
* **
metr. dif.
b. [{[{pi.´r].ka}] [{´kay.pi}]}]
* ** *!
c. [{[{´kay}] [{pi.´r].ka}]}]
* ** p!i pi
d. [{[{´kay.pi}] [{´r].ka}]}]
* ** p!i
e. [{[{´r].ka}] [{´kay.pi}]}]
* ** p!i
f. [{[{´kay}] [{´r].ka}]}]
* ** p!i
pipi
35
caligrafeia =
/kaligra´fia/ + /´feia/
a. [{{ka.li.gra.{´fey.a}}}] ( * i *
metr. dif. b. [{{ka.li.gra.´f}{ey.a}}] **! f iaf *
c. [{{ka.li.gra}.{´fey.a}}] **! fia *
d. [{[{´fey.a}] [{gra.´fia}]}] *! ** kali
e. [{[{´fey.a}] [{ka.´li.gra}]}] *! ** fia *
f. [{{ka.li}.{´fey.a}}] **! grafia *
36
camaronese =
/kama´rãw/ +
/maio´nεzI/
a. [{{ka.{ma.r}onε.zi}}] ( ** ãw ãwi
metr. dif. b. [{{ka.{ma}y.o.´nε.zi}}] ** r!ãw rãw
c. [{[{ka.ma.rãw}] [´nε.zi}]}] *! ** maio *
d. [{{ka.ma}.{´nε.zi}}] ** r!ãw rãwmaio
e. [{(may.o.ne}.{´ka.ma}}] ** r!ãw zIrãw *
f. [{{may.o.ne}.{´rãw}}] ** *! kama zIkama *
37
118
INPUTS OUTPUTS NO-
PWD*
ALIGN
(MP)
*MWD
AFFIX
MAX
(FBmin-
BL)
MAX
(FB-BL)
ALIGN,
D-Σ
(FBmax),
D-Σ (BL)
IDENT
(FBmin
-BL)
camicleta =
/kami´ãw/ +
/bisi´klεta/
a. [{{kã.m{i}.´klε.ta}}] ( **
ãw ηãwbis
metr. dif.
b. [{[{mi.´ãw] [{´klε.ta}]}]
*! ** ka kabisi
c. [{{ka}.{si.´klε.ta}}] **
mi!ãw
miãwbi
d. [{[{´klε.ta}] [{´kã.mi}]}] *! **
ãw bisiãw
*
e. [{{bi.si}.{´kã.mi}}] **
ãw klεta!ãw
*
f. [{[{´klε.ta}] [{mi.´ãw}]}]
*! ** ka bisika *
g. [{{kle.ta}.{´ãw }}]
** *! kami bisikami *
38
canecopo = /ka´nεka/
+ /´k]pU/
a. [{{ka.ne.{´k
}].pu}}] (
** a
*
metr. dif.
b. [{{ka.ne.´k}{].pu}}]
** ak! *
c. [{{ka}.{´k].pu}}]
** nε!ka *
d. [{{ko.po}.{´nε.ka}}] ** *! ka!
e. [{[{´k]}] [{ka.´nε.ka}]}]
*! ** * pU pU
f. [{{ko}.{´nε .ka}}] ** **! pU pUka
39
cansástico =
/faN´taStikU/ +
/kaNsa´tivU/
a. [{{k{ãsa}s.ti.ku}}] (
Ident. FB-BL: st; kv
**
metr. iguais b. [{{fã.´tas.{ti}.vu}}] ** *! kUkaNsa
c. [{{kã.´sa.t{i}.{ku}}] ** *! vUfaNtasti
t~s d. [{{kã}.{´tas.ti.ku}}] ** s!ativUfaN
[-cont] [+cont] e. [{{fã}.{sa.´ti.vu}}] ** t!astikUkaN
f. [{{fã.´ta}.{ti.vu}}] ** s!tikUkaNsa
40
cantriz = /kaN´tora/ +
/a´triS/
a. [{{k{ã´t}ris}}] ( ** ora *
ãa
metr. dif. b. [{{kã.{´tris}}] ** *! tora *
c. [{{k{a}.´tris}}] ** Ntor!a *
d. [{{a.´tris}.{ka}}] ** Ntor!a *
e. [{{a.tris}.{´to.ra}}] ** *! kaN
f. [{[{a.´tris}] [{´kã.tu}]}] *!
** ra *
41
cariocatura =
/kari´]ka/ +
/karika´tura/
a. [{{{ka.ri.o.ka}.´tu.ra}}] (
*
metr. dif. b. [{{{ka.ri.o}.ka.´tu.ra}}] * k!a ka
c. [{{ka.´ri.ka}][{´].ka}}]
*! ** * kari turakari *
d. [{{ka.ri}.{´tu.ra}}}] **! * oka okakarika
e. [{{´tu.ra}][{ka.ri.´].ka}}]
*! ** karika *
f. [{{ka.tu.{r
}{i.´].ka}}]
** k!a
kariaka *
42
cariúcho = /kari´]ka/
+ /λa´uU/
a. [{{{ka.ri}.´u.u}}] (
*
*
gk
metr. dif.
b. [{{ka.ri}.{´u.u}}]
**! ga okaga *
c. [{{ka}.{´u.u}}}]
**! g garioka *
k~g
d. [{{ka.ri.´]}.{λa}}]
**!
uu kauu
*
[+son, -son]
e. [{{λa.´u.}][{´].ka}]}]
*! ** * ukari
f. [{{{ga
w.´∫]}ka}}]
Ident. FBmax: kg
* r!i
43
119
INPUTS OUTPUTS NO-
PWD*
ALIGN
(MP)
*MWD
AFFIX
MAX
(FBmin
-BL)
MAX
(FB-BL)
ALIGN,
D-Σ
(FBmax),
D-Σ (BL)
IDENT
(FBmin-BL)
carnatal =
/kaRna´val/ +
/na´tal/
a. [{{kar.{nataw}}}] (
Ident. FBmax: vt
*
metr. dif. b. [{{kar.na}.{´taw}}] **! na valna *
c. [{{na.ta}.{´vaw}}] **! l karna
d. [{[{na.´taw}] [{kar.´na}]}] *! ** val *
e. [{[{´na.va}] [{na.´taw}]}] *! ** karl *
haplo
f. [{{kar.na}.{na.´taw}}] **!
val *
44
cartomente =
/kaRto´maNtI/ +
/´meNtI/
a. [{{kar.to.{m.ti}}}] (
Ident. FBmax: ẽ≠ã
* *
metr. dif. b. [{{mã.te}.{m.ti}}] **! * karto *
c. [{{kar.to}.{m.ti}}] **! * maNtI *
d. [{{kah}.{m.ti}}] **! * tomaNtI *
e. [{[{m.ti}] [{´kar.to}]}] *! ** maNtI *
f. [{[{m.ti}] [{to.mã.ti}]}] *! ** kar
45
celebutante =
/selebra´sãw/ +
/debu´taNtI/
a. [{{se.{le
.b}u.´tã.ti}}] (
Ident. FB-BL: ld
** rasãw
metr. iguais b. [{{se.le}.{bu.´tã.ti}}] ** brasãw!de
c. [{{se.le.bra}.{´tã.ti}}] ** *! sãwdebu
d. [{{de.bu}.{bra.´sãw}}] ** taNtIse!le
e. [{[{de.bu.´tã.ti}] [{´saw}]}] *! ** * selebra
f. [{{de.bu.ta}.{´sãw}}] ** *! selebra
46
chafé = /´a/ +
/ka´fε/
a. [{{(a}.´fε}}] (
** k
metr. dif.
b. [{[{´fε}] [{´a}]}]
*! ** ka *
c. [{[{´a}] [{´fε}]}]
*! ** ka
d. [{{ka}.{´a}}]
** fε! *
e. [{{´a}.{ka}}]
** fε!
e. [{[{ka.´fε}] [´a}]}]
*! ** *
47
chatoso = /´atU/
+ /ma´tozU/
a. [{{{ato}.zu}}] (
Ident. FBmax: m
*
≠m;
oU
metr. dif.
b. [{{a.{´to
}.zu}}]
**!
ma
oU
c. [{{a.´t{o.zu}}]
**! * mato
d. [{{ma.to}.{´a.tu}}]
**! zu *
e. [{[{´to.zu}][{´a.tu}]}]
*!
** ma *
f. [{{ma.{a.´to
}.zu}}]
**!
oU
haplo g. [{[{´á.tu}][{´to.zu}]}]
*!
** * ma
48
chevelho =
/e´vεtI/ + /´vελU/
a. [{{e.{´vε
}.λu}}] (
** tI *
metr. dif.
b. [{{e.´ve}.{λu}}]
** v!ε vεtI *
c. [{[{´vε.λu}] [{´vε.ti}]}]
*! **
e
haplo d. [{[{´ε.vi}][{´vε.λu}]}]
*!
** tI *
haplo e. [{{ve}.{´vε.λu}}]
**
et!I
*
haplo
f. [{{ve}.{´vε.ti}}] **
λ!U λUe
g. [{{e.{´te
}.λu}}]
** vε * tv; eI!
49
120
INPUTS OUTPUTS NO-
PWD*
ALIGN
(MP)
*MWD
AFFIX
MAX
(FBmin
-BL)
MAX
(FB-BL)
ALIGN,
D-Σ
(FBmax), D-
Σ (BL)
IDENT
(FBmin
-BL)
chococo = /´okU/
+ /´kokU/
a. [{{o.{´ko}.ku}}] (
**
oU
metr. dif.
b. [{{o.´ko}.{ku}}]
** k!U
haplo c. [{{´o.ku}.{´ko.ku}}]
*!
**
d. [{{´ko.ku}.{´o.ku}}]
*! **
haplo
e. [{{ko}.{´ko.ku}}] ** *!
o
f. [{{ko.´ko}{ku}}] **
!o
50
chocrilhos =
/sukri´λUS/ +
okU/
a. [{{{o
k}ri.λus}}] (
Ident. FBmax: s; uo
* U U
metr. dif.
b. [{{o}.{´kri.λus}}]
**! kU kUsu
c. [{{o.ko}.{´kri.λus}}]
**! su
~s d. [{{´su.kri}{´o.ku}}]
*!
**
λUS
*
[- ant, +ant]
e. [{{´kri.λus}.{´o.ku}}]
*! ** su *
f. [{{{so
k}ri.λus}}]
Ident. FBmax: uo
* U U
∫≠s!
51
ciscareli = /siS´kaR/
+ /sika´rεlI/
a. [{{{sis.ka}.´rε.li}}] ( * R R
metr. dif. b. [{{{sis.´kah}.li}}] * rε! *
c. [{{[{si.ka.´rε.li}]s´kah}}] *! * *
d. [{{sis.{ka.r}ε.li}}] **! si
e. [{{sis.ka}.{rε.li}}] **! R Rsika
f. [{{re.li}.{sis.´kah}}] **! sika *
52
coponheiro =
/koNpa´eirU/ +
/´k]pU/
a. [{{{ko
.po}.´ey.ru}}] (
Ident. FBmax: oa
*
N
]≠o;
Uo
metr. dif.
b. [{{[{´k]
.pa].êi.ru}}]
*!
*
N
Ua
c. [{{´k].po}.{ei.ru}}]
**! * koNpa
d. [{[{´k].po}] [{pa.´ey.ru}]}]
*! ** koN
e. [{{{kõ.pa}.{´k].pu}}]
**!
ηeirU
*
f. [{{{ko}{pa.´ey.ru}}]
**! * pU pUkoN
g. [{{[{
.po}].´ey.ru}}]
Ident. FBmax: oa
*!
*
õ≠]
Uo
53
craquético = /´krakI/
+ /ka´kεtikU/]
a. [{{{krakε}.ti.ku}}] ( *
Iε
metr. dif. b. [{{kra.{´kε}.ti.ku}}] **! ka
c. [{{´kra}.{ti.ku}}] **! * kI kIkakε
d. [{{kra.ke}{´kε.ti.ku}}] **! ka
e. [{[{ka.´kε.ti] [´{k}{ra.ki}]}] *! ** k Uk *
f. [{{ko}}.{´kra.ke}}] **! * kakεti *
54
crilouro = /kri´oulU/
+ /´lourU/
a. [{{kri.{´low.ru}}}] ( *
metr. iguais b. [{{kri.{´low}.ru}}] **! lU *
c. [{{kri.{´ow}.ru}}] **! llU *
d. [{{kri},{´low.ru}}] **! oulU *
e. [{{´low}.{lu}}] **! rUkriou *
55
121
INPUTS OUTPUTS NO-
PWD*
ALIGN
(MP)
*MWD
AFFIX
MAX
(FBmin
-BL)
MAX
(FB-BL)
ALIGN,
D-Σ
(FBmax),
D-Σ (BL)
IDENT
(FBmin-
BL)
crionça =
/kri´aNsa/ +
/´oNsa/
a. [{{kri.{´õ.sa}}}] (
Ident. FBmax: õã
*
metr. dif. b. [{{kri}.{´õ.sa}}] **! aNsa *
c. [{[{´ã.sa}][{´õ.sa}]}] *! ** kri *
d. [{[{´õ.sa}][{´kri}]}] *! ** aNsa *
e. [{{sa}{´õ.sa}}] **!
kriaN *
f. [{{õ.´sa}{kri}}] **! aNsa *
56
currompido = /´ku/
+ /kOxON´pidU/
a. [{{{ku}.xõ.´pi.du}}] ( *
metr. dif. b. [{{ku}.{xõ.´pi.du}}] **! kO
c. [{{ku}{´pi.du}}] **! kOxON
d. [{{ko.xõ.pi}.{´ku}}] **! dU *
e. [{[{xõ.´pi.du}] [{´ku}]}] *! ** kO *
f. [{{k}.{õ.´pi.du}}] **! u ukOx
57
currupção = /´ku/ +
/kOxup
i
´sãw/
a. [{{{ku
}.xup
i
.´sãw}}] (
*
metr. dif. b. [{{ku}.{ xup
i
.´sãw }}] **! kO
c. [{{ku}{p
i
.´sãw }}] **! kOxu
d. [{{ko. xup
i
}.{´ku}}] **! sãw *
e. [{[{xup
i
.´sãw }][{´ku}]}] *! ** kO *
f. [{{ku}.{´sãw }}] **! * kOxup
i
58
daslucro = /daS´lu/
+ /´lukrU/
a. [{{das.{´lu}.kru}}] ( **
metr. iguais b. [{{lu}.{´lu.kru}}] ** d!as
c. [{{´lu.kro}.{das}}] ** l!u
d. [{{das}.{´kru}}] ** l!ulu
e. [{{das.´lu}.{kru}}] ** l!u
f. [{{das.lu}.{´lu}}] ** k!rU
59
dedoche = /´dedU/
+ /faN´toI/
a. [{{de.{´d]
}.i}}] (
Ident. FBmax: td
** faN
U≠]
metr. dif.
b. [{{de}.{´t].i}}]
** d!U dUfaN
c. [{[{´de.du}] [{´t].i}]}]
*! ** faN
d. [{{de.do}.{fã}}] **
toI!
*
e. [{{do}.{´fã.to}}] ** d!e
deI
*
f. [{{fã.´t]}.{de}}]
** d!U
IdU
*
60
deleitura =
/de´leitI/ /lei´tura/
a. [{{de.{leyt}u.ra}}] ( ** I
metr. iguais b. [{{de.{ley}.{´tu.ra}}] ** *! tI
c. [{{de.ley.´t}{u.ra}}] ** *! Ileit
d. [{[{´ley.ti}] [{´tu.ra}]}] *! ** * delei
e. [{[{de.´ley.ti}] [{´tu.ra}]}] *! ** * lei
f. [{[{´ley.tu}] [{´ley.ti}]}] *! ** rade
61
deliçoca =
/dE´lisia/ +
/pa´s]ka/
a. [{{de.li.´{s
}].ka}}] (
** * paia
metr. iguais
b. [{{de.li.´s}{].ka}}]
** * iapas!
c. [{[{de.´li}][{pa.´s].ka}]}]
*! ** sia
d. [{[{de.´li.sia}][{´s].ka}]}]
*! ** * pa
oneônimo f. [{{pa }.{´li.sia}}] ** *
s]kad!E
62
122
INPUTS OUTPUTS NO-
PWD*
ALIGN
(MP)
*MWD
AFFIX
MAX
(FBmin-
BL)
MAX
(FB-BL)
ALIGN,
D-Σ
(FBmax),
D-Σ (BL)
IDENT
(FBmin
-BL)
democradura =
/demokra´sia/ +
/dita´dura/
a. [{{de.mo.kr{adu.ra}}] ( ** ciadit
metr. iguais b. [{{de.mo}.{´du.ra}}] ** *! kraciadita
c. [{{di.ta}.{kra.´sia}}] ** duradem!o
d. [{{de.mo}.{ta.´du.ra}}] ** kraciad!i
e. [{{di.ta.du}.{´sia}}] ** *! rademokra
f. [{{du.ra}.{kra.´sia}}] ** ditadem!o
63
detonauta =
/dEtona´doR/ +
/iNtER´nauta/
a. [{{de.to.{´na}w.ta}}] ( ** doRiNtER
metr. iguais b. [{{´naw.ta}.{de.to}}] ** iNtERnadoR!
c. [{{´naw.ta}.{na.doh}}] ** iNtERdEto!
d. [{{de.to}.{´naw.ta}}] ** nadoRiNt!ER
e. [{[{de.´to.na}][{ĩ.teh}]}] *! ** doRnauta
f. [{{ĩ.ter}.{na´doh}}] ** nautadEto!
64
diligentil =
/dili´ʒeNtI/ +
/ʒeN´til/
a. [{{di.li.{ʒ
ti}w}}] (
**
*
metr. dif.
b. [{{di.li}.{ʒ.´tiw}}]
**
ʒ!eNtI
*
c. [{{di.li}.{´ʒ}]
** t!il
ʒeNtItil
*
d. [{[{´ʒ.ti}] [{´tiw}]}]
*! ** *
diliʒeN
*
GR
e. [{{di.li.ʒ}.{ʒ.´ti}}]
** t!I *
f. [{{di.li}.{´tiw}] ** *!
ʒeN ʒeNtIʒeN
*
65
esclitóris =
/ESkri´t]riU/ +
/kli´t]riS/
a. [{{es.{kli
t].ri}s}}] (
** U *
metr. dif.
b. [{{es.{kri
t].ri}s}}]
** U *
lr!
c. [{{es. kri}.{´t].ris}}]
** k!li
klit]riU
*
d. [{{es.{kli
t].ri}u}}]
** S!
S
e. [{{es.kri.´t]}.{ris}}]
**
k!lit]
riUklit]
*
haplo f. [{{kli.to}.{´t].riu}}]
** r!iS
ESkririS
66
escragiário =
/ES´kravU/ +
/EStai´ariU/
a. [{{{es
.kra}.ʒi.´a.riu}}] (
* vU vU
metr. dif.
b. [{{es.kra}.{ʒi.´a.riu}}]
**! vU EStavU
c. [{[{es
.´kra.vo}][ʒi.´a.riu}]}]
*!
* ta
d. [{{es.kra.vo}.{´a.riu}}] **! *
EStaʒi
e. [{{es.ta.ʒi}.{´kra.vu}}]
**! ES ESariU *
f. [{{es.ta}.{´kra.vu}}] **! ES
ʒiariUES
*
67
espanglês =
/ESpa´]l/ +
/iN´λleS/
a. [{{es.p{ã
}.´λles}}] (
**
ol
* ã≠ĩ
metr. dif.
b. [{[{es.´pa}] [{ĩλles}]}]
*! **
ol
*
c. [{{ĩ.λle}.{´]w}}]
** S! ESpa
d. [{[{´]w }][{´λles }]}]
*! ** * iN espaiN *
e. [{{es.pã}.λles }}]
** *! iN owiN *
f. [{{λl{es
}.pã.´]w}}]
** iN!
IN
68
123
INPUTS OUTPUTS NO-
PWD*
ALIGN
(MP)
*MWD
AFFIX
MAX
(FBmin
-BL)
MAX
(FB-BL)
ALIGN,
D-Σ
(FBmax),
D-Σ (BL)
IDENT
(FBmin
-BL)
esquerdofrênico =
/ES´keRda/ +
/ESkizo´frenikU/
a. [{{{es.ker.d}o.´fre.ni.ku}}] (
Ident. FBmax: ei; dz
* a a
metr. dif. b. [{[{es.ker.da}][{´fre.ni.ku}]}] **! ESkizo
c. [{[{es.´ker.da}] {es.´ki.zo}]}] *! ** frenikU
d. [{{{es.ker}.zo.´fre.ni.ku}}]
Ident. FBmax: ei
**! da da
e. [{{es.ker.d}{o.´fre.ni.ku}}] **! a aESkiz
f. [{{fre.ni.´{k}er.da}] **! ES ESkizo
69
estagflação =
/EStaλna´sãw/ +
/iNfla´sãw/
a. [{{{is
.taλ}.fla.´sãw}}] (
*
na
ns
metr. dif.
b. [{{is.taλ}.{fla.´sãw}}]
**! iN nasãwiN
c. [{{{taλ}.{ĩ.fla.´sãw}}]
**! esnasãw
d. [{{is.ta.λ}.{ĩ.fla.´sãw}}]
**! nasãw
e. [{{is.taλ.na}.{fla.´sãw}}]
**! iN sãwiN
f. [{[{ĩ.fla.´sãw}][{is.´taλ}]}]
*! ** nasãw
70
estrogobofe =
/EStroλo´n]fI/ +
/´b]fI/
a. [{{es.tro.λo.{´b]
.fi}}}] (
Ident. FBmax: bn
*
metr. dif.
b. [{{es.tro.λo}.{´b].fi}}]
**!
n]fI
*
c. [{{bo.f{e}s.´tro.λo}}]
**!
n]fI
*
d. [{{es.tro}.{´b].fi}}]
**!
gon]fI
*
e. [{[{´b].fi}][λo.´n].fi}]}]
*! ** EStro
f. [{[{´b].fi}][{´n].fi}]}]
*! ** EStro
71
estragonofe =
/EStroλo´n]fI/ +
/ES´traλU/
a. [{{{es
.tra.λo}.´n].fi}}] (
Ident. FBmax: ao
*
oU
metr. dif.
b. [{{es.tra.{λo
}.´n].fi}}]
**!
EStro
oU
c. [{{es.tra}.{λo.´n].fi}}]
**!
λU λUEStro
haplo d. [{{{es.tro.´λo}.{λu}}]
**!
EStra
EStran]fI
e. [{[{es.tra.λu}][{´n].fi}]}]
*! ** EStrogo
f. [{[{´n].fi}][{es.´tra.λu}]}]
*! ** EStrogo *
72
espoesia =
/ESpozi´sãw/ +
/pOE´zia/
a. [{{es.{po}.e.´zia}}] ( ** zisãw *
metr. dif. b. [{{es.p}{e.´zia}}] ** p!O pOozisãw *
haplo
c. [{[{es.´po}][{po.e.´zia}]}] *!
** zisãw *
haplo
d. [{{es.po.zi}.{´zia}}] ** *!
pOE pOEsãw *
e. [{[{po.e.´zia}[{´es.po}]}] *! ** ESpozi
f. [{{po.e.zi.a}.{´sãw}}] ** *! ESpozi
73
falavra = /´fala/ +
/pa´lavra/
a. [{{{fala}.vra}}] ( *
metr. dif. b. [{{fa.´la}.{vra}}] **! pala
c. [{{fa.{´la}.vra}}] **! pa
haplo
d. [{[{´fa.la
}] [{´la.vra}]}] *! ** pa
e. [{{pa
}.{´fa.la}}] **! lavra *
f. [{{fa}.{´pa.la}}] **! lavra *
74
124
INPUTS OUTPUTS NO-
PWD*
ALIGN
(MP)
*MWD
AFFIX
MAX
(FBmin
-BL)
MAX
(FB-BL)
ALIGN,
D-Σ
(FBmax),
D-Σ (BL)
IDENT
(FBmin
-BL)
febendiru = /fe´beN/
+ /karaNdi´ru/
a. [{{fe.b{}.di.´ru}}] (
Ident. FBmax: ẽ≠ã
** kar
metr. dif. b. [{{fe.b}.{di.´ru}}] ** kara!N
c. [{{ka.ra}.{fe.´b}}] ** Ndir!u *
d. [{{b}{di.´ru}}] ** f!e fekara
e. [{[{fe.´b}][{rã.di.´ru}]}] *! ** N ka
f. [{{fe.b{ã}.di.´ru}}] ** kar ẽ≠ã!
75
flumineiro =
/flumi´neNsI/ +
/mi´neirU/]
a. [{{flu.{mine}y.ru}}] ( ** NsI *
metr. dif. b. [{{n.se}.{´ney.ru}}] ** *! mi flumimi *
c. [{{flu.mi}.{´ney.ru }}] ** *! mi neNsImi *
d. [{{flu}.{mi.´ney.ru }}] ** mine!NsI *
e. [{{mi.ney.r}{.si}}] ** *! U Uflumin *
f. [{{mi.ney}.{n.si}}] ** r!U rUflumin
76
fuscasa = /´fuSka/ +
/´kaza/
a. [{{fus.{´ka}.za}}] ( **
metr. iguais b. [{{fus.´ka}.{za}}] ** k!a
c. [{{´ka.za}.{´fus}}] *! ** ka
d. [{{ka}.{´fus.ka}}] ** z!a
e. [{{ka.´za}.{ka}}] ** f!us
haplo
f. [{{´fus.ka}][{´ka.za}}] *!
77
fuscleta = /´fuSka/ +
/bisi´klεta/
a. [{{fus.{´klε.ta}}}] ( * bisi
metr. dif. b. [{{fus}.{´bi.si}}] **! ka kaklεta *
c. [{{fus.ka}.{´bi.si}}] **! klεta *
haplo
d. [{{fus.ka}.{´klε.ta}}] **!
bisi
e. [{{bi.si}.{´fus.ka}}] **! klεta *
f. [{{bi.si}.{´fus}}] **! ka kaklεta *
78
futevôlei = /futE´b]l/
+ /´volei/
a. [{{fu.te.{´vo
}.ley}}] (
Ident. FBmax: vb
** l *
metr. dif. b. [{{fu.te}.{´vo.ley}}] **
b]!l
*
c. [{{fu.te}.{´v]
}w}}]
** l!ei
lei
d. [{{fu}.{´vo.ley}}] **
tE!b]l
*
v~b e. [{{´vo.ley}{´fu.ti}}] *! **
b]l
*
[+cont –cont]
f. [{{vo{te
}.´b]w}}]
** i!
ifu tl
79
gayroto = /´λei/ +
/λa´rotU/
a. [{{{λey}.´ro.tu}}] (
Ident. FBmax: ea
*
metr. dif.
b. [{{λey}.{´ro.tu}}]
**!
λei
c. [{{λa.ro}.{´λey}}]
**! tU *
d. [{{{λa.ro.´t}ey}}]
* U! *
e. [{{λa
}{´λey}}]
**!
rotU *
f. [{[{´λey}] [{λa´ro.tu}]}]
*!
80
gayúcho = λei/ +
/λa´uU/
a. [{{{λey}.´u.u}}] (
Ident. FBmax: ea
*
metr. dif.
b. [{{λei}.{´u.u}}]
**!
λei
c. [{{u.o}.{´λey }}]
**!
λei
*
d. [{{λaw.´}{ey}}]
**!
λ
λU
*
e. [{{λaw}.{´λey}}]
**!
U
*
f. [{´λey}] [{[{λa.´u.u}]}]
*!
81
125
INPUTS OUTPUTS NO-
PWD*
ALIGN
(MP)
*MWD
AFFIX
MAX
(FBmin
-BL)
MAX
(FB-BL)
ALIGN,
D-Σ
(FBmax),
D-Σ (BL)
IDENT
(FBmin
-BL)
gelolouco = /´ʒelU/ +
/´loukU/
a. [{{ʒe.{´lo}w.ku}}] (
**
metr. iguais
b. [{{ʒe.´lo}.{ku}}]
** l!ou
c. [{{ʒe.´lo}{w.ku}}]
** l!U
d. [{{low}.{´ʒe.lu}}]
** k!U
haplo
e. [{[{´ʒe.lu}] [{´low.ku}]}]
*!
82
globeleza = /´λlobU/
+ /be´leza/
a. [{{λlo.{be}.´le.za}}] (
**
Ue
metr. dif.
b. [{{λlo.{b
}e.´le.za}}]
** U!
U
c. [{{λlo.bo}.{´le.za}}]
** *! be
d. [{{bo}.{´le.za}}] ** *!
λlo
bobe
e. [{[{´λlo.bu}] [{´bε.le}]}]
*!
** z!a *
f. [{{be.le}.{´λlo.bu}}]
** z!a *
83
glorionha = /´λl].ria/
+ /me´doa/
a. [{{λlo.ri}.{´õ.a}}] (
** * a amed
*
metr. dif.
b. [{[{´λlo.ria}] [{´do.a}]}]
*! ** me
c. [{{´λlo}.{a}}]
** * ri!a riamedo *
d. [{{λlo.´ri}.{a}}]
** * a amedo! *
e. [{{λlo}.{´dõ.a}}]
** * ri!a riame
84
goianobil = /λoi´ania/
+ /Erno´biw/
a. [{{goy.ã.{n
}o.´biw}}] ( **
iaEr
metr. iguais b. [{{goy.ã}.{no.´biw }}] **
niaEr!
c. [{[{goy.â.nia}][{´biw }]}] *! ** *
Erno
d. [{{er.no}.{´ã.nia}}]
** *! biwgoi
e. [{[{no.´biw}][{´ã.nia}]}] *! ** *
Ergoi
85
hackademia =
/´xakeR/ +
/akade´mia/
a. [{{x{a.ka}.de.´mia}}] ( ** R R
ea
metr. dif. b. [{{xa.k}{a.de.´mia}}] ** eR! eRak
c. [{{xa.ke}.{de.´mia}}] ** *! R eaka
d. [{{xa.k}{e.´mia}}] ** *! eR eRakade
e. [{[{a.ka.´de}][{´xa.keh}]}] *! ** mia *
f. [{[{´xa. keh}] [{ka.de.´mia ]}] *! ** a
86
horrorível =
/OxO´rozU/ +
/tE´xivel/
a. [{{o.xo.´{r}i.vew}}] ( ** tE ozUtE *
xr
metr. dif.
b. [{{o.xo.´r]}.{vew}}]
** *! tExi zUtExi *
c. [{{te.{x}o.´ro.zu}}] ** ive!l ivelo
d. [{{o.xo}.{´ri.vew}}] ** tE rozUtE! *
e. [{{te.xi}.{´ro.zu}}] ** *! vel velOxO
f. [{{´xi.vew}.{´ro.zu}}] *! ** * tE tEoxO
87
hospitaú = /oSpi´tal/
+ /ita´u/
a. [{{os.p{i.ta}.´u}}] ( ** l
metr. dif. b. [{{os.p}{i.ta.´u }}] ** it!al
c. [{{pi.{ta}.´u }}] ** oS!l
d. [{{os.pi}.{ta.´u }}] ** i! ital
e. [{{i.ta}.{pi.´taw}}] ** u!
uoS
88
126
INPUTS OUTPUTS NO-
PWD*
ALIGN
(MP)
*MWD
AFFIX
MAX
(FBmin
-BL)
MAX
(FB-BL)
ALIGN,
D-Σ
(FBmax),
D-Σ (BL)
IDENT
(FBmin
-BL)
imprevilho =
/ENpre´viStU/ +
/ ENpe´siλU/
a. [{{{ĩ
.previ}.λu}} (
* StU
metr. iguais
b. [{{ĩ.pre.´v}{i.λu}}]
**! iStUENpes
c. [{{ĩ.pre.vi}.{´si.λu}}]
**! StUENpe
d. [{{ĩ.pe.si}.{´vis.tu}}] **!
λUENpre
e. [{{ĩ.pre}.{´si.λu}}]
**! viStUENpe
f. [{{ĩ.pe}.{´vis.tu}}] **!
siλUENpre
89
incubatório =
/ENkuba´dora/ +
/labOra´t]riU/
a. [{{ĩ.ku.b{a
t].r}iu}}] (
Ident. FB-BL: td
** alabOr
metr. iguais
b. [{{ĩ.ku.ba}.{´t].riu}}]
** doralab!Ora
c. [{{ĩ}{la.bo.ra.´t].riu}}]
** *! kubadora
d. [{[{ĩ.kú.ba}] [{ra.´t].riu}]}]
*! ** doralabO
e. [{{la.bo.ra}{´do.ra}}] ** *!
t]riUENkuba
f. [{{la.bo}.{ĩ.ku.ba.´do.ra}}] **
rat]riU!
90
indioleta = /´iNdiU/
+ /bORbO´leta/
a. [{{ĩ.di{o}.´le.ta}}] ** bORb Uo
metr. dif.
b. [{{ĩ.di.´]}.{ta}}]
** bOrbO!le *
c. [{{ĩ.dio}.{´le.ta}}] ** *! bOrbO
d. [{[{ĩ.diu}][{´le.ta}]}] *! ** * bORbO
e. [{[{ĩ.dio}][{bo.´le.ta}]}] *! ** bOR
f. [{{bor.bo}{´ĩ.dio}}] ** leta *!
91
indiscroto =
/iNdiS´krεtU/ +
/ES´krotU/
a. [{{ĩ.d{is.´kro.tu}}}](
Ident. FBmax: o≠ε
*
metr. dif. b. [{{ĩ.dis}.{´kro.tu}}] **! ES krεtUES *
c. [{{i.n}{es.´kro.tu}}}] **! * diskrεtU *
d. [{[{ĩ.´dis}][{es.´kro.tu}]}] *! ** krεtU *
e. [{[{is.´kro.to}][{´krε.tu}]}] *! ** iNdiS
f. [{{es.kro}.{´krε.tu}}] **!
tU tUiNdiS
92
inutensílio =
/i´nutil/ +
/uteN´siliU/
a. [{{i.n{u.t}.´si.liu}}] ( ** l l i≠ẽ
metr. dif. b. [{{i.nu}.{t.´si.liu}}] ** ti!l tilu
c. [{{i.n}{u.t.´si.liu}}] ** *! util util
d. [{[{i.´nu.tiw}][{´si.liu}]}] *! ** uteN
e. [{{t.´si.liu }{i.´nu.tiw}}] *! ** u *
f. [{{i.nu.ti}{´si.liu}}] ** l ut!eN
93
irmiga = /iR´maN/
+ /ini´miλa/
a. [{{ir.´m
}i.λa}}] (
*
aN aNni
metr. dif.
b. [{{ir.´m}( i.λa}}]
**! aN aNinimi *
c. [{[{ir.´mã}] [{´mi.λa}]}]
*! ** ini
d. [{[{i.ni.´mi.λa}] [{´mã}]}]
*! ** iR iR *
e. [{{i.ni.m{i}r.´mã}}] **!
λa
*
94
jeguerino = /´ελI/
+ /sEvErinU/
(Cavalcanti)
a. [{{{ʒe
.ge}.´ri.nu}}] (
*
Ie
metr. dif.
b. [{{ʒe.ge}.{´ri.nu }}]
**! * sEvE
c. [{{ʒe.ge}{´sε.ve}}]
**! rinU *
d. [{{ʒe.ge}{ve.´ri.nu }}]
**! sE
e. [{{ri.no}{´ʒε.λe}}]
**! * sEvE *
95
127
INPUTS OUTPUTS NO-
PWD*
ALIGN
(MP)
*MWD
AFFIX
MAX
(FBmin
-BL)
MAX
(FB-BL)
ALIGN,
D-Σ
(FBmax),
D-Σ (BL)
IDENT
(FBmin
-BL)
ladruf =
/la´drãw/ +
/ma´lufI/
a. [{{la´dr}u.fi}}] (
Ident. FB-BL: ml
* ãw
metr. iguais b. [{{la}.{´lu.fi}}] **! drãwma
c. [{{la.dr}{a}.´lu.fi}}] **! wm
d. [{{la.´dr}{u.fi}}] **! awmal
e. [{{{ma}.´drãw}}]
Ident. FB-BL: lm
* lufI!
96
larango =
/la´raNʒa/ +
/mo´raNλU/
a. [{{la{´}.λU}}] (
**
ʒamo
metr. iguais
b. [{{mo.{´
}.ʒa}}] (
** gola
c. [{{la.´rã}.{λU}}]
**
ʒamor!aN
. toranja
d. [{{mo.´rã}.{ʒa}}]
** golar!aN
e. [{{la.´rã}.{mo}}] **
ʒaraN!gu
97
lexicopédia =
/´lεsikU/ +
/ENsiklo´pεdia/
a. [{{le{si.klo}.´pε.dia}}] ( ** EN Uo
metr. dif. b. [{{le.si.{ko}.{´pε.dia}}] ** ENs!iklo
c. [{le.si.ko}{´di.a}] ** *! ENs!iklopε *
d. [{{´lε}{si.klo}}] ** s!ikU sikUENpεdia *
e. [{{.si.klo}{´lε.si.ko}}] ** pεd!ia *
98
limonik =
/li´moN/ +
´/ESputi´nik/
a. [{{li.mo}.{´pik}}] ** N NESputi
metr. dif. b. [{[{li.´mõ}] [{ti.´nik}]}] *! ** ESpu
c. [{[{li.´mãw}][{ti.´nik}]}] *! **
d. [{[{pu.ti.´nik}][{li.´mãw}]}] *! ** ES *
e. [{{is.pu.ti}.{´mãw}}] ** l!i nik *
f. [{[{is.´pu.ti}][{li.mo}]}] *! ** N Nnik *
99
lixeratura =
/´liU/ +
/litEra´tura/
a. [{{{li
.}e.ra.´tu.ra}}] (
Ident. FBmax: t
*
U U
metr. dif.
b. [{{li.o}.{ra.tú.ra}}]
**! litE
c. [{[{ô}][{li.te.ra.tú.ra}]}]
*! ** li li
d. [{{li.o}.{tú.ra}}]
**! * litEra
e. [{li.te.ra}.{lí.u}}]
**! tura *
100
loucomotiva =
/´loukU/ +
/lokomo´tiva/
a. [{{{lou.ko}.mo.´ti.va}}] ( *
Uo
metr. dif. b. [{{lou.ko}.{mo.´ti.va }}] **! loko
c. [{{mo.´ti.va }.{´low.ku}}] *! ** loko
d. [{{lo.ko}.{´ti.va }}] **! * u ulokomo
haplo
e. [{{´low.ko}.{ko.mo.´ti.va }}] *!
** lo
101
luísque = /lu´iS/
(Inácio da Silva)
+ /u´iSkI/
a. [{{l{uis}ki}}] ( **
metr. dif. b. [{{lu.´is}{ki}}] ** u!iS
c. [{{lu}.{´is.ki}}] ** i!S iS
d. [{{is.´ki}.{lu}}] ** i!S iS *
e. [{{ke}.{lu.´is}}] ** u!iS *
102
128
INPUTS OUTPUTS NO-
PWD*
ALIGN
(MP)
*MWD
AFFIX
MAX
(FBmin-
BL)
MAX
(FB-BL)
ALIGN,
D-Σ
(FBmax),
D-Σ (BL)
IDENT
(FBmin-
BL)
luxuosso =
/uu´ozU/ + /´osU/
a. [{{lu
.u.{´o.su}}}] (
Ident. FBmax: zs
*
*
metr. dif.
b. [{{lu.u}.{´o.so}}]
**! ozo *
c. [{{u}.{´o.so}}]
**! luozo *
d. [{{lu.´u}.{so}}]
**! o ozoo *
e. [{{{o.so}.{´lu.u }}]
**! ozo *
103
macarronese =
/maka´xãw/ +
/maio´nεzI/
a. [{{{ma.ka.x}o.´nε.zi}}] ( * i
metr. dif. b. [{{ma.ka.x}{o.´nε.zi}}] **! xoN xoNmaio
c. [{{´nε.zi }{ma.ka.´xãw}}] *! ** maio *
d. [{{ma.ka}.{´nε.zi}}] **! xoN xoNmaio
e. [{{ma.ka.xa}.{´nε.zi }}] **! w Nmaio
f. [{(mai.o.ne}.{´ma.ka}}] **! xoN zIxoN *
g. [{{mai.o.ne}.{´rãw}}] **! * ma zekama *
104
mãedrasta = /´mãE/ +
/ma´draSta/
a. [{{{y}.´dras.ta}}] ( *
aã
metr. dif. b. [{{mãy}.{´dras.ta}}] **! ma
c. [{[{´dras.ta}][{´mãy}]}] *! ** ma *
d. [{{mãy}.{´ma.dra}}] **! Sta *
e. [{{ma}.{´mãy}}] **! draSta *
f. [{[{´madra}] [{´mãy}]}] *! *
105
malufioso =
/ma´lufI/ + /mafi´ozU/
a. [{{{ma.lu.fi}.´o.zo}}] ( *
metr. dif. b. [{{ma.lu.f}.{´o.zu}}] **! * maf
c. [{{ma.lu.{f}i.´o.zu}}] **! ma
d. [{[{fi.´o.zu}][{ma.lú.fi}]}] *! ** ma *
e. [{{lu.{fi}.´o.zo}}] **! ma ma
f. [{[{ma.´lu.fi}] [{´ma}]}] *! ** fiozU *
106
malular = /malu´faR/ +
/´lula/
a. [{{ma.{lula}h}}] (
Ident. FBmax: fl
**
fl
metr. dif. b. [{{lu.la}.{´fah}}] ** *! malu
c. [{{lu}.{ma.lu.´fah}}] ** l!a
la
d. [{{lu.la}.{lu.´fah}}] ** m!a
e. [{[{ma.{´lu.la}][´fah}]}] *! **
f. [{[{´lu.la}] [{ma.lu.´fah}]}] *!
107
129
INPUTS OUTPUTS NO-
PWD*
ALIGN
(MP)
*MWD
AFFIX
MAX
(FBmin
-BL)
MAX
(FB-BL)
ALIGN,
D-Σ
(FBmax),
D-Σ (BL)
IDENT
(FBmin
-BL)
masturbatona =
/mara´tona/ +
/maStuRba´sãw/
a. [{{{mas.tur.ba}´to.na}}] ( * sãw
metr. iguais b. [{{mas.tur.ba}{´to.na}}] **! * sãwmara
c. [{{mas.tur}.{ra.´to.na}}] *! ** basãwma
d. [{{ma.ra}.{tur.ba.´sãw}}] **! tonamas
e. [{{ma}.{tur.ba.´sãw}}] **! ratonamas
f. [{{ma.ra.to.na}.{´sãw}}] **! * maSturba
108
matel = /´matU/ +
/O´tεl/
a. [{{m{at}εw}}] ( ** UO
metr. iguais b. [{{ma}.{´tεw}}] ** tUO!
c. [{{´tεw}.{ma}}] ** OtU!
d. [{{´ma.to}.{´tεw}}] *! ** * O
e. [{{´tεw }.{´ma.tu}}] *! ** O
f. [{[{´ma.t[{o}]´tεw}]}] *! ** Uo
109
mautorista = /´mau/ +
/mOtO´riSta/
a. [{{{maw}.to.´ris.ta}}] (
* O
metr. dif. b. [{{{maw}.{to.´ris.ta}}] **! mO
c. [{{{maw}.{´ris.ta}}] **! * mOtO
d. [{{{´m].tu}.{´maw}}]
*! ** riSta *
e. [{{to.´ris.ta}.{´maw}}}] *! ** mO *
110
melda (lua-de) =
/´mεl/ + /´mεRda/
a. [{{{´mεw}.da}}] ( * R
metr. dif. b. [{{´mεw}.(da}}] **! mεR
c. [{{mer}.{´mεw}}] **! da *
d. [{{mer.´d}{εw}}] **! m am *
e. [{{da}{´mεw}}] **! mεR *
111
merdalhão =
/mEda´λãw/ +
/´mεRda/
a. [{{{me
r.da}.´λãw}}] (
*
metr. dif.
b. [{{{mer.da}.{´λãw }}]
**! meda
c. [{{{mer}.{da.´λãw }}]
**!
da dame
d. [{{{me.da}.(´mεr.da}}] **!
λãw
*
e. [{{{da.´λãw }.{´mεr.da}}]
*!
** mE *
112
merdonça = /´mεRda/
+ /meN´doNsa/
(Duda)
a. [{{{merd}õ.sa}}]
Ident. FBmax: RN
* a a
metr. dif. b. [{{mer.´d}{õ.sa}}] **! a ameN
c. [{{mer}.{´dõ.sa}}] **! da dameN
d. [{{mer.dã}.{sa}}] **! * meNdo
e. [{{´mεr.da}{´dõ.sa}}] *! **
meN
113
miau = Pedro /bi´al/ +
/mi´au/
a. [{{m{i.´aw}}}] ( *
b
metr. iguais b. [{{bi}.{mi.´aw}}] **!
* al
s. [{{mi}.{bi.áw}}] **!
au
d. [{{mi.´aw}{bi}}] **!
al
e. [{{bi.´aw}{mi}}] **!
au
114
130
INPUTS OUTPUTS NO-
PWD*
ALIGN
(MP)
*MWD
AFFIX
MAX
(FBmin
-BL)
MAX
(FB-BL)
ALIGN,
D-Σ
(FBmax),
D-Σ (BL)
IDENT
(FBmin
-BL)
miserite =
/mi´zεria/ +
/ole´ritI/
a. [{{mi.z{eri}.ti}}] ( **
a aol
metr. dif. b. [{{mi.ze}{´ri.ti}}] ** *!
ria riaole
s. [{{mi.ze}{le.´ri.ti }}] **
ri!a riao
d. [{{mi.ze}{o.le.´ri.ti }}] **
ri!a ria
e. [{[{mi.´ze.ria}] [{´ri.ti}]}] *! ** *
riaole
f. [{[{o.le.´ri.te }] [{´zε.ria}]}] *! **
mi *
115
moitel = /´moita/
+ /o´tell/
a. [{{m{oy.´tε}w}}] (
Ident. FB-BL: ε≠a
**
metr. iguais b. [{{m{o}.´tεw}}] ** i!ta
s. [{{moy.ta}.{´tεw }}] ** *!
e. [{{o.´tεw }.(mo}}] ** i!ta
f. [{[{´tεw }][(´moy.ta}]}] *! ** o
116
monstruação =
/´moNStrU/ +
/meNStrua´sãw/
a. [{{{mõs.tru}.a.´sãw}}] (
Ident FBmax: oe
*
metr. dif. b. [{{mõs.tru}{a.´sãw}}] **! * meNStr
s. [{[{ms.´tru.a}][{´mõs}]}] *! ** trU sãwtrU *
d. [{{ms .tru.á}.{tro}}] **! moNS asãwmoNS *
e. [{{mõs.tro}.{a.´sãw}}] **! * meNStru
f. [{{mõs.tr}.{a.´sãw}}] **! * U UmeNStru
117
moranguva =
/mOraNgU/ +
/´uva/
a. [{{mo.rã.´g{u}.va}}] ( ** *
metr. dif. b. [{{mo.´rã}.{´u.va}}] *! ** g!U *
s. [{{u.´v{ã}.gu}}] ** m!Or aã
d. [{{mo.´rã}.{va}}] ** u! gU *
e. [{{u.va}.{´rã.gu}}] ** m!O
118
motel =
/mOtO´riSta/ +
/O´tεl/
a. [{{m{ot}εw}}] ( ** orista *
metr. dif. b. [{{mo.to.ris}.{´tεw}}] ** *! o ota *
s. [{[{o.´tεw }][{´ris.ta}]}] *!
** moto
d. [{[{´m].tu}][{o.´tεw}]}]
*! ** rista *
e. [{[{o.´tεw }][{´m].tu}]}]
*!
** orista *
f. [{{mo.to}.{´tεw}}] ** *! o rista *
119
namorido =
/mamO´radU/ +
/ma´ridU/
a. [{{na.{mori.du}}}] (
Ident. FBmax: ia
*
*
oa
metr. dif. b. [{{na.mo}.{´ri.du}}] **! * ma radUma *
s. [{{na.mo}.{ma.´ri.du }}] **! radU *
d. [{{ma.ri.do}.{´ra.du}}] **! * namO
e. [{{{na}.´ri.du }}] * m!OradU *
mn
f. [{{na.{m
o.´r}i.du}}}] * a! aa *
120
nepetismo =
/nEpO´tiSmU/ +
/pe´te/ (PT)
a. [{{ne.{pet}is.mu}}]
Ident. FBmax: eo
** e e
metr. dif. b. [{{ne.´po}.{pe.´te}}] *! ** tiSmU *
c. [{{´tis.mu}.{pe.´te}}] *! ** nEpO *
d. [{{pe.´te}.{´nε.po}}] *! ** tiSmU *
e. [{{pe.te}.{´tis.mu}}[ ** *! nEpO
121
131
INPUTS OUTPUTS NO-
PWD*
ALIGN
(MP)
*MWD
AFFIX
MAX
(FBmin-
BL)
MAX
(FB-BL)
ALIGN,
D-Σ
(FBmax),
D-Σ (BL)
IDENT
(FBmin
-BL)
novelha =
/nO´vεla/ + /´vελa/
a. [{{no.{´vε
.λa}}}] (
Ident. FBmax: l≠λ
*
metr. dif.
b. [{{no.{´vε
}.λa}}]
**!
la *
c. [{{no.´vε}.{λa}}]
**! vε vεla *
haplo d. [{[{´no.ve}][{´vε.λa}]}]
*!
** la *
e. [{{λa}.{no.´vε.la}}]
**! vε
f. [{[{´vε.λa}][{´vε.la}]}]
*! ** nO
122
oligarcia =
/OliλaR´kia/ +
/λaR´sia/ (Neto)
a. [{{o.li.{garsia}}}] (
Ident. FBmax: sk
*
metr. dif. b. [{{o.li.{gar}.´sia}}] **! kia *
c. [{[{gar.´si.a}] [{li.´λah}]}]
*! **! Okia *
d. [{[{gar.´sia}] [{´kia}]}] *! ** *
OliλaR
e. [{{o.li.λar}.{´sia}}]
**! *
λaR kiaλaR
*
f. [{{λar}.{´kia}}]
**! * sia
siaOliλaR
123
ovonese = /´ovU/ +
/maio´nεzI/
a. [{{o.v{o}.´nε.zi}}] ( ** mai
oU
metr. dif. b. [{{ne.ze}.{´o.vu}}] ** maio! *
s. [{{may.´{o}.vu}}] ** nεzi! *
d. [{{o.vu}.{´may.o}}] *! ** nεzi! *
e. [{{may.o.´nε}.{vu}}] ** o! zi *
f. [{{may.o.´n}{o.vu}}] ** εzi *!
124
pãe = /´pai/ +
/´mãe/
a. [{{´p{ã}y}}] ( ** m
metr. iguais b. [{{´m{a}y}}] ( ** p
rima
125
paitrocíneo = /´pai/
+ /patrO´sinEU/
a. [{{{pay}.tro.´si.niu}}] ( *
metr. dif. b. [{{pay}.{tro.´si.niu}}] **! pa
c. [{{pay}.{´si.niu}}] **! * patrO
d. [{{pa.tro}.{´pay}}] **! sinEU *
e. [{[{tro.´si.niu}] [{´pay}]}] *! ** pa *
f. [{{pay}.{´pa.tro}}] **! sinEU *
126
paulistério =
/pau´liSta/ +
/miniS´tεriU/
a. [{{paw.{list}ε.riu}}] (
Ident. FBmax: ln
** a mi
metr. dif. b. [{{paw.lis}.{´tε.riu}}] ** *! ta taminiS
c. [{{mi.nis.te}.{´lis.ta}] ** *! pau riupau
d. [{{paw}.{´tε.riu}}] ** *! liSta liStaminiS
e. [{{paw.lis.´ta}.{riu}}] ** *! miniStεr
f. [{{paw.{nist}ε.riu}}] ** a mi ln!
127
paurioca =
/pau´liSta/ +
/kari´]ka/
a. [{{{pa
w.{ri}.´].ka}}] (
**
sta lr
metr. dif.
b. [{{paw}.{ri.´].ka}}]
** k!a kaliSta
s. [{{pau.lis.´t}{].ka }}]
** *! kari akari
d. [{ka.rio}.{´lis.ta}}] ** *! ka kapau *
l~r [+lat –lat] e. [{ka.ri}.{´lis.ta}}] ** *!
]ka ]kapau
*
128
132
INPUTS OUTPUTS NO-
PWD*
ALIGN
(MP)
*MWD
AFFIX
MAX
(FBmin
-BL)
MAX
(FB-BL)
ALIGN,
D-Σ
(FBmax),
D-Σ (BL)
IDENT
(FBmin
-BL)
pedragogia = /´pεdra/
+ /pEdaλia/
a. [{{{pe
.dra}.λo.´ʒia}}] (
*
eε
metr. dif.
b. [{{pe.da.λo.{´pε.dra}}}]
*
ʒ!ia
*
c. [{{pe.dra}.{λo.´ʒia}}]
**! pEda
d. [{{pe.dra}.{´ʒia}}]
**! * pEdago
e. [{{pe.da}.{´pε.dra}}] **!
λoʒia
*
f. [{[{´pε.dra}][{da.λo.´ʒia}]}]
*! ** pE
129
pescópia =
/pES´kiza/ + /´k]pia/
a. [{{pes.´{k
}].pia}}] (
** iza
*
metr. dif.
b. [{[{pes.´ki}] [{´k].pia}]}]
*! ** za *
c. [{[{´k].pia}] [{´pεs.ki}]}]
*! ** za *
d. [{[{´k].pia}] [{´ki.za}]}]
*!
** * pES
e. [{{ko{p}es.´ki.za}}] ** i!a ia
f. [{{pes}.{´k].pia}]
** kiza! *
130
petelho = /pe´te/ (PT)
+ /peN´teλU/]
a. [{{pe
te}.λu}}] (
*
N
metr. dif.
b. [{{pe.te}.{´te.λo}}]
**! peN
c. [{{pe.´te}.{λo}}]
**! peNte
d. [{[{pe.´te}] [{´p}]}] *! **
teλU
*
e. [{{p.te}{´te}}] **! pe
λUpe
*
f. [{{´te}{λo}}]
**! pe pepeNte
131
pijânio = /pi´ʒama/ +
ʒaniU/
a. [{{pi.{´ʒã}.niu}}] (
** ma
*
metr. dif.
b. [{{pi}.{´ʒã.niu}}]
**
ʒam!a
*
c. [{{ʒa}{pi.´ʒã.ma}}]
** n!iu niu
d. [{{´ʒã.ma}{´ʒã.niu}}]
*! ** pi *
e. [{{´ʒã.nyu}{´ʒã.ma}}]
*! ** pi
f. [{{pi.ʒa.´mã}.{niu}}]
** *!
ʒa ʒa
*
132
pilantropia =
/pi´laNtra/ +
/filaNtro´pia/
a. [{{{pi..tr}o.´pia}}] (
Ident. FBmax: fp
* a a
metr. dif. b. [{{{pi..tra}{´pia}}]
Ident. FBmax: fp; ao
**! filaNtro
f ~ p d. [{{p{i..tr}o.´pia}}] **! a af
[+cont –cont] e. [{{tro.´pia}] [{´lã.tra}}] *! ** pi pifilaN *
f. {{tro.{pi}.´lã.tra}} **! filaNa *
133
Pinton = (Bill)
/´kliNtoN/ + /´piNtU/
a. [{{p{ĩ.t}õ}}] ( ** kl
metr. iguais b. [{{kli}.{pĩ.tu}}] ** toN!
. c. [{{kli}.{pĩ}}] ** toN!tU
d. [{[{´pĩ.tu}] [{´klĩ}}] *! ** toN
e. [{{pi}.{´klĩ.tõ}}] ** NtU!
f. [{{´pĩ}] [{´klĩ}}] *! ** tUtoN
134
poliicanagem =
/pO´litika/ +
/saka´naʒeN/
a. [{{po.li.ti.{ka
}.´na.ʒ}}] (
**
sa
metr. dif.
b. [{{po.li.ti.´k}{a.ʒ}}]
** *! a asakan
c. [{{po.li}.{´na.ʒ}}]
** *! tika tikasaka
d. [{{ti.{ka
}.´na.ʒ}}]
** p!Oli
pOlisa
e. [{{sa.ka}.{´li.ti.ka}}] ** *! pO
naʒeNpO
*
f. [{{po.li.ti.}{´na.ʒ}}]
** *! ka kasaka
135
133
INPUTS OUTPUTS NO-
PWD*
ALIGN
(MP)
*MWD
AFFIX
MAX
(FBmin
-BL)
MAX
(FB-BL)
ALIGN,
D-Σ
(FBmax),
D-Σ (BL)
IDENT
(FBmin
-BL)
politicalha =
/pO´litika/ +
/ka´naλa/
a. [{{po.li.ti.{´ka
}.λa}}] (
**
na na *
metr. dif.
b. [{{po.li.ti.´k}{a.λa}}]
** *! kan akan *
c. [{{po.li}.{´na.λa }}]
** *! ka tikaka *
d. [{{ti.{ka
}.{´na.λa }}]
** *!
ka pOlika *
e. [{{ka.na.´λa}.{ti.ka}}]
** *!
pOli *
136
presidengue =
/prezi´deNtI/ +
/deNλuI/
a. {{pre.zi.{´d
.λui}}} (
Ident. FBmax: λ≠t
*
metr. dif.
b. [{{pre.zi}.{´d.λui}}]
**! deNtI *
c. [{{´d.λue}][{zi.´d.ti}}]
*! ** pre
d. [{{ge}{zi.´d.ti}}] **! deN deNpre
e. [{{d.g}{.ti}}] **! * uI uIprezid *
f. [{{d.ti}{d.gui}}] *!
** prezi *
137
pretuuês =
/´pretU/ +
/poRtu´λues/
a. [{{pre.{tu
}.´λes}}] (
** por
metr. dif.
b. [{{pre}.{tu.´λues}}]
**! * tU portu
haplo c. [{{pre.tu}.{tu.´λues}}]
*!
** por
d. [{{´por.tu}.{´pre.tu}}] *! **
λues
*
e. [{{λues}.{´pre.tu}}]
** p!ortu *
138
privataria =
/privatiza´sãw/ +
/pirata´ria/
a. [{{{pri.va.t}a.´ria}}] ( * izasãw *
rv
metr. dif. b. [{{{pi.ra.t}i.za.´sãw}}]
Ident. FBmax: rv
* r!aria raria
c. [{{pri.va.{t}a.´ria}}] **! * pira piraizasãw *
d. [{{{pi.ra.{t}i.za.´sãw}}] **! aria apriva
e. [{{pri.v{a.t}a.´ria}}] **! pir izasãw *
f. [{{pi.ra.ta}.{´sãw}}] **!
* ria riaprivatiza
139
134
INPUTS OUTPUTS NO-
PWD*
ALIGN
(MP)
*MWD
AFFIX
MAX
(FBmin
-BL)
MAX
(FB-BL)
ALIGN,
D-Σ
(FBmax),
D-Σ (BL)
IDENT
(FBmin-BL)
professorror =
/profe´soR/ +
/o´xoR/
a. [{{pro.fe.s{ox}oh}}] ( ** * xR
metr. dif. b. [{{pro.fe.so}.{´xoh}}] o! R *
c. [{{pro.fe}.{o.´xoh}}] ** so!R *
d. [{{pro.´fe}.{xoh}}] ** o! soRo *
e. [{{o.xo}.{´soh}}] ** *! R Rprofe
f. [{[{o.´xoh}] [{fe.´soh}]}] *! ** pro
140
prostiputa =
/proSti´tuta/ +
/´puta/
a. [{{pros.ti.{´pu.ta}}}] (
Ident. FBmax: pt
*
metr. dif. b. [{{pros.ti}.{´pu.ta}}] **! tuta
c. [{[{´pu.ta}] [{ti.´tu.ta}]}] *! ** proS
d. [{{pros}.{´pu.ta}}}] **! * tituta *
e. [{{tu.ta}.{´pu.ta}}}] **! proSti *
141
provoquente =
/provo´kaNtI/ +
/´keNtI/
a. [{{{pro.vo.{´k.ti}}] (
Ident. FBmax: ẽ≠ã
* *
metr. dif. b. [{{pro.vo}.{´k.ti}}] **! * kaNtI *
c. [{{pro}.{´k.ti }}] **! * vokaNtI *
d. [{[{´k.ti }] [{´kã.ti}]}] *! ** * provo
e. [{[{´kã.ti}] [{´k.ti }]}] *! ** * provo *
f. [{{ke}.{vo.´kã.ti}}] **! NtI NtIpro
142
rateen =
/xa´tiU/ + /´tiN/
a. [{{xa.{´tĩ}}}] ( * U
metr. dif. b. [{{xa.ti}.{´tĩ}}] **!
U
c. [{[{´ti.u}] [{´tĩ }]}]
*! ** xa
d. [{{xa.t}{ĩ}}] **! * xa
e. [{{tĩ}.(´xa.ti}}] **!
U
f. [{[{´tĩ}] [{´ti.u}]}]
*! ** xa
143
recifolia =
/xE´sifI/ +
/fO´lia/
a. [{{xe.si.{f}o.´li.a}}] ( ** I
metr. iguais b. [{{xe.si}.{fo.´li.a}}] ** fI!
c. [{{fo}.{´si.fi}}] ** xE!lia
d. [{{xe.si.fe}.{´li.a}}] ** *! fI
f. [{{xe}.{fo.´li.a}}] ** *! sifI
144
morangurte =
/mOraNλU/ +
/´io´λuRtI/
a. [{{mo.rã.´{λu
}.r.ti}}] (
** io
metr. iguais
b. [{{mo.´rã}.{λur.ti}}]
**
λUI!io
c. [{{io}{mo´rã.λu}}
**
λuR!tI
d. [{{mo.´rã}.{io.´λur.ti}}]
*! **
λU
e. [{{io.gu}.{´rã.λu}}]
** RtI!mO
f. {{λur.ti}{rã.λu}}
** iom!O
145
135
INPUTS OUTPUTS NO-
PWD*
ALIGN
(MP)
*MWD
AFFIX
MAX
(FBmin-
BL)
MAX
(FB-BL)
ALIGN,
D-Σ
(FBmax),
D-Σ (BL)
IDENT
(FBmin
-BL)
Ronalducho =
/xo´naldU/
+
/λoR´duU/
a. [{{xo.naw.{
}.u}}] (
**
λoR
metr. Iguais.
b. [{{xo.naw.´{d
}u.u}}]
**
UλoR!d
c. [{{xo.naw}.{´du.u}}]
**
dUλo!R
d. [{{xo.´naw.{u}}]
**
dUλo!Rdu
e. [{{´du.u}{´naw.du}}]
*! **
λoRxo
haplo f. [{{xo.´naw.do}{´du.u}}]
*!
**
λoR
146
roumanos =
/´xoubU/ +
/xo´manUS/
(apostólicos)
a. [{{{xow.´b}ã.nus}}] (
Ident Fbmax: mb
** U
metr. dif. b. [{{xow.´b}{ã.nus}}] ** *! U Uxom
c. [{{xou}.{´mã.nus}}] ** b!U bUxo
d. [{{´xow.bu}.{´mã.nus}}] *! ** xo
e. [{{ma.´n]s}.{bu}}]
** x!ou xoxou *
f. [{{´xo.ma}.{´xow.bu}}] *! ** nUS *
147
rouberto =
/´xoubU/ +
/xO´bεRtU/
(Jefferson)
a. [{{{xow.´b}εr.tu}}] ( * U
metr. dif. b. [{{xow.´b}{εr.tu}}] **! U xOb
c. [{{xow}.{´bεr.tu}}] **! bU bUxO
d. [{{xo.be}.{´xow.bu}}] **! RtU *
e. [{{ber.´to}{w.bu}}] **! xO xOxo *
haplo
f. [{{xou.b{o
}{´bεr.tu}}] **! x oU
148
sacolé = /´sakU/
+ /piko´lε/
a. [{{sa.{ko}.{´lε}}] ( ** pi oU
metr. dif. b. [{{pi.ko}.{´sa.ku}}] ** lε *!
c. [{{sa}.{´lε}}] ** k!U kopiko
d. [{{sa}.{pi.ko.´lε}}] ** k!U kU
e. [{{ko}.{pi.´lε}}] ** *! sa sako
f. [{{sa}.{´pi.ku}}] ** k!U kUl!ε *
149
sexy-feira =
/´seSta/ (feira) +
/´sek
i
si/
a. [{{´se
{k
i
}s.ta}}] ( ** i
metr. iguais b. [{{´ta}{k
i
si}}] ** seS!sε
c. [{{ses}.{´sε.k
i
si}}] ** ta!
d. [{{ta}.{´sε.k
i
si}}] ** se!S
150
showcolate =
ou/ +
/oko´latI/
a. [{{{o
w}.ko.´la.ti}}] (
*
metr. dif.
b. [{{ow}.{ko.´la.ti}}]
**!
o
c. [{{o.ko}{´ow}}]
**! lati
d. [{{ow}.{´la.ti}}]
**!
oko
e. [{[{´la.ti}] [{´ow}]}]
*! **
oko
151
136
INPUTS OUTPUTS NO-
PWD*
ALIGN
(MP)
*MWD
AFFIX
MAX
(FBmin
-BL)
MAX
(FB-BL)
ALIGN,
D-Σ
(FBmax),
D-Σ (BL)
IDENT
(FBmin
-BL)
sofressor =
/sofre´doR/ +
/profe´soR/
a. [{{s{o.fresoh}}}] (
Ident FB-BL: sd
** pr
metr. iguais b. [{{so.fre}.{´soh}}] ** *! doRprofe
c. [{{pro.fe}.{´doh}}] ** *! sorsofre
haplo
d. [{{so.fre}.{fe.´soh}}] ** doR!pro
e. [{{so.fr{e}.´soh}}] ** doR!prof
haplo
f. [{{pro.fe}.{fre.´doh}}] ** soR!so
152
sonologia = /´sonU/
+ /fonolO´ia/
a. [{{{so
.no}.lo.´ia}}] (
Ident FBmax: fs
*
oU
metr. dif.
b. [{{so.no}.{lo.´ia}}]
**! fono
c. [{{so.no}.{´ia}}]
**! fonolO
s~f [-cor +cor] d. [{{fo.no.lo}.{´so.no}}] **!
ia
*
e. [{{so.no}.{´fo.no}}] **!
lOia
*
f. [{{so.{no
}.lo.´ia}}]
**!
fo
oU
153
sorteria = /´s]RtI/ +
/lOte´ria/
a. [{{sor.{te
}.´ria}}] ** lO
eI
metr. dif. b. [{{sor.te}.{´ria}}] ** *! lote
haplo c. [{[{´s]r.te}] [{te.´ria}]}]
*!
**
lo
d. [{{lo.te}.{´s]r.ti}}]
** ri!a *
e. [{[{lo.te.´ri}] [{´s]r.ti}]}]
*! ** a *
f. [{[{te.´ria }] [{´s]r.ti}]}]
*! ** lo *
154
sorvetone =
/soR´vetI/ +
/pane´tonI/
a. [{{sor.{vet}o.ni}}] (
Ident FBmax: nv
** I Ipa
metr. dif. b. [{{sor.ve}.{´to.ni}}] ** tI! tIpane
c. [{{sor.{ve}.´to.ni}}]
Ident FBmax: nv
** tI! tIpane
d. [{[{sor.´ve.ti}] [{´pã.ni}]}] *! ** tonI *
haplo
e. [{[{sor.´ve.ti}] [{´to.ni}}] *!
** pane *
f. [{{ve.te}.{´pã.ni}}] ** so!R soRtonI *
155
terrir = /te´xoR/ +
/´xiR/
a. [{{te.{´xih}}}] (
Ident FBmax: io
* *
metr. dif. b. [{[{´xoh}] [{´xih}]}] *! ** te *
c. [{{te.xo}.{´rih}}] **! R *
d. [{{xi}.{´xoh}}] **! R Rte
e. [{[{´xih}] [{´teh}]}] *! ** roR
156
tortográfico =
/´tortU/ +
/ORtO´grafikU/
a. [{{t{or.to}.´gra.fi.ku}}] ( ** oU
metr. dif. b. [{{tor.to}.{´gra.fi.ku}}] ** O!RtO
c. [{[{grá.fi.ku}] [{´tor.tu}]}] *! ** ORtO *
d. [{{or.to}.{´tor.tu}}] ** g!rafikU *
e. [{{tor.to}{´fi.ku}}] ** *! ORtOgra
haplo
f. [{[{´tor.tu}] [{to.´gra.fi.ku}]}] *!
** OR
157
137
INPUTS OUTPUTS NO-
PWD*
ALIGN
(MP)
*MWD
AFFIX
MAX
(FBmin
-BL)
MAX
(FB-BL)
ALIGN,
D-Σ
(FBmax),
D-Σ (BL)
IDENT
(FBmin
-BL)
tortoruga = /´toRtU/
+ /taRta´ruλa/
a. [{{tor
.to}.´ru.λa}}}] (
Ident. FBmax: ao; ao
*
oU
metr. dif.
b. [{{tor.to}.{´ru.λa}}]
**! taRta
c. [{{{tor
.t}a.´ru.λa}}]
Ident. FBmax: ao
* U!
U
d. [{{tar.ta}.{´tor.tu}}] **!
ruλa
*
e. [{{ta.ru}.{´tor.tu}}] **!
taRλa
*
f. [{[{´tor.tu}] [{´tar.ta}]}] *! **
ruλa
*
158
tradizer = /tradu´ziR/
+ /di´zeR/
a. [{{tra.{dizeh}}}] (
Ident. FBmax: iu; ei
*
metr. dif. b. [{{tra.{dizih}}}]
Ident. FBmax: iu
*
ie!
c. [{{tra.d}{i.´zeh}}] **! d uziR *
d. [{{tra}.{di.´zeh}}] **! duziR
GR e. [{{tra.du}.{di.´zeh}}] **! ziR
159
tranquilômetro =
/traN´k
w
ilU/ +
/ki´lometrU/
a. [{{trã.{ki
lo}.me.tro}}] ( **
metr. dif. b. [{{{trã.{´lo}.metro}}] ** k
w
!i k
w
iki
c. [{{{trã.´k
w
i}.{me.tro}}] ** l!U lUkilo
d. [{{{trã}.{´lo.me.tro}}] ** k
w
!ilU kiloki
haplo
e. [{{{ki.lo}.{´lo.me.tro}}] ** t!raN
traNk
w
i
f. [{[{´mεtro}] [{trã.k
w
i.lu}]}] *! ** kilo
160
transpet =
/traNS´p]RtI/ + /´pεt
i
/
a. [{{trãs.{´p
εt
i
}}}]( *
]RI
*
metr. dif. b. [{trãs.{´p}εt
i
}}] **!
]RtI
*
c. [{trãs}.{´pεt
i
}}] **! *
p]RtI
*
d. [{[{´pεt
i
}] [{´trãs}]}] *! **
p]RtI
*
e. [{[{´pεt
i
}] [{´p]r.ti}]}]
*!
** traNS
f. [{{trãs.poh}.{´pεt
i
}}] **! tI *
161
traumartirizado =
/´trauma/ +
/maRtiri´zadU/
a. [{{traw.{ma}r.ti.ri.´za.du}}] ( **
metr. dif. b. [{{traw.ma}{r.ti.ri.´za.du}}] ** m!a
c. [{{traw.ma}{ti.ri.´za.du}}] ** m!aR
d. [{{mar.ti.ri}.{´traw. ma}}] ** r!izadU *
e. [{{traw.ma
}.{ti.zá.do}}] ** R!ri
162
tristemunho = /´triStI/
+ /teSte´muU/
a. [{{t
ris.te}.´mu.o}}}] (
*
eI
metr. dif.
b. [{{tris.te}.{´mu.o}}]
**! teSte
c. [{{tris.{te
}.´mu.o}}]
**!
teS
eI
haplo d. [{{tris.te}{te.´mu.o}}]
**!
teS
e. [{[{´mu.o}][{´tris.te}]}]
*! ** teSte
f. [{{tris}.{te.´mu.o}}]
**! tI tIteS
163
tubalhau = /tuba´rãw/
+ /baka´λau/
a. [{{tu{.ba
λaw}}}] (
Ident. FB-BL:r≠λ; ãa
** ka
metr. iguais b. [{[{´ba.ka}][{´tu.ba}]}] *! **
λaurãw
c. [{{tu.{ba
}.ka.´λaw}}] (
** rãw!
d. [{{tu}.{ba.ka.´λaw}}]
** bar!ãw
e. [{{λaw}.{´tu.ba}}]
** bak!arãw
f. [{{ba.ka}{´rãw}}] ** *!
λautuba
164
138
INPUTS OUTPUTS NO-
PWD*
ALIGN
(MP)
*MWD
AFFIX
MAX
(FBmin
-BL)
MAX
(FB-BL)
ALIGN,
D-Σ
(FBmax),
D-Σ (BL)
IDENT
(FBmin
-BL)
tuberculepra =
/tubeRku´l]zI/ +
/´lεpra/
a. [{{tu.ber.ku.{´lε}.pra}}] (
Ident. FBmax: ε≠]
** zI *
metr. dif. b. [{{tu.ber.ku}.{´lε.pra}}] ** loz!I *
c. [{{tu.ber}.{´lε .pra}}] **
kul!] zI
*
d. [{{le.pra}{´l].ze}}]
** *!
tuberku
e. [{{tu.ber.ku.{´l]
}.pra}}]
** zI *
ε≠]!
165
uisquerda =
/u.´iSkI/ +
/ES´keRda/
a. [{{u.{iske}r.da}}] ( **
Ie
metr. dif. b. [{{u.is.´ke}{r.da}}] ** E!Ske
c. [{{u.ís.ke}.{´ker.da}}] *! ** ES
d. [{{es.ker.´da}{ki}}] ** u!iS
uiS
e. [{{u.is.{´ke
}r.da}}] ** E!S
Ie
166
urinálise = /u´rina/
+ /a´nalizI/
a. {{u.ri.{´na}.li.ze}} ( ** a
metr. dif. b. {{u.ri.´na}.{li.ze}} ** *! ana
c. {{u.ri.na}.{´i.ze}} ** *! anal *
d. {{u.ri}.{´li.ze}} ** *! na ana
e. {{a.na}.{´ri.na}} ** *! u lizI *
167
urubuservar =
/Uru´bu/ +
/Ob
i
seR´vaR/
a. [{{u.ru.bu}.{ser.´vah}}] ( ** Ob
i
metr. dif. b. [{{u.ru.{b}
i
.ser.´vah}}] ** u! uO
c. [{{ru.bu}.{ser.´vah}}] ** u! Ob
i
d. [{{u.ru}{b
i
.ser.´vah}}] ** b!u buO
e. [{{u.ru.bu}.{´vah}}] ** *! Ob
i
seR
168
vampeta =
/vaN´pirU/ +
/ka´peta/
a. [{{vã.{´pe}.ta}}] (
Ident. FB-BL: ie
** rUka
metr. iguais b. [{{vã.{´p}e.ta}}] ** *! irukap
c. [{{vã.´pi}.{ta}}] ** rukap!e
d. [{{vã.{´
}.ta}}] (
Ident. FB-BL: ei
** rUka
e. [{[{vã.´pi}] [{´pe.ta}]}] *!
** rUka
f. [{{vã.´p}{e.ta}}] ** *!
irUkap
g. [{{ka.pe}.{´vã}}] ** tapir!U
169
velhocidade =
/´vελU/ +
/velosi´dadI/
a. [{{{ve
.λo}.si.´da.di}}] (
*
Uo
metr. dif.
b. [{{ve
.λo}.{ci.´da.di}}]
**!
velo
Uo
c. [{[{ve.´lo.si}][{´ve.λu}]}]
*! ** dadi *
d. [{{ve.λo}.{´da.di}}]
**! * velosi
haplo e. [{[{´vε.λo}][{lo.ci.dá.di}]}]
*!
** ve
170
139
INPUTS OUTPUTS NO-
PWD*
ALIGN
(MP)
*MWD
AFFIX
MAX
(FBmin
-BL)
MAX
(FB-BL)
ALIGN,
D-Σ
(FBmax),
D-Σ (BL)
IDENT
(FBmin
-BL)
verifuncional =
/vErifika´sãw/ +
/fuNsio´nal/
a. [{{ve.ri.{f}uN.si.o.´naw}}] ( * ** ikasãw *
metr. dif. b. [{{ve.ri}{fũ.si.o.´naw}}] * ** fikasãw! *
c. [{{ve}{fũ.si.o.´naw}}] * ** rifikasã!w *
d. [{{fũ.si.o.´naw}{´sãw}}] * ** *! lvErifika
e. [{{ve.ri.fí.ka}{si.o.´naw}}] * ** f!uN sãwfuN *
171
velhoso = /´vελU/
+ /ve´lozU/
(Caetano)
a. [{{{veλo}.zu}}] (
Ident, FBmax: l≠λ
*
Uo
metr. dif.
b. [{{ve.´λ{o}.zu}}]
**! * velo
c. [{{ve.lo}{´vε.λu}}]
**! zo
d. [{{lo.zo}{´vε.λu}}]
**! ve
haplo e. [{{{ve.λo}.{´lo.zu}}]
**!
* ve
172
zégua = /´zebra/ +
εgua/
a. [{{´z{ε}.λwa}}] (
Ident, FB-BL: eε
** bra
metr. iguais
b. [{{´z}{ε.λwa }}]
** ebra!
c. [{{´zε}.{ gwa }}] ** braε!
d. [{{´br}{ε.gwa }}] ( ** zea
e. [{[{´bra}] [{´ε.gwa }]}] *! ** ze
173
140
7.3 ANEXO III – Cruzamentos dessemelhantes (28 dados)
INPUTS OUTPUTS NO-
PWD*
ALIGN
(MP)
*MWD
AFFIX
MAX
(FBmin
-BL)
MAX
(FB-BL)
ALIGN,
D-Σ
(FBmax),
D-Σ (BL)
IDENT
(FBmin
-BL)
autobol =
autU/ (móvel)
+ /futE´b]l/
a. [{{aw.to}.{´b]w}}] (
**
futE *
metr. dif. b. [{[{´aw.to}][{´fu.ti}]}] *! **
b]l
*
c. [{{aw.{t
}e.´b]w}}]
** U!
Ufu *
d. [{[{´b]w}] [{´aw.to}]}]
*! ** futE
e. [{[{´fu.te}] [{´aw.to}]}] *! **
b]l
f. [{{aw}{fu.te.´b]w}}]
** t!U tU *
1
Belíndia =
/´bεlika/ +
/´iNdia/
a. [{{be.´l}{ĩ.dia}}] (
**
ika
*
metr. dif.
b. [{[{´bεw.[´}{ĩ.dia}]}]
*! ** ika *
c. [{[{´ĩ.dia}][{´i.ka}]}]
*! ** bεl
d. [{{ ĩ.dia }][{´bεw}]}] *! **
ika
*
e. [{(ĩ}.(´bεw.i.ka}}]
** *! dia dia
f. [{[{´bεw. i}.{dia}]}]
** i!N iNka *
2
bótimo =
/´boN/ +
/]´timU/
a. [{{´b}{].ti.mu}}]
** oN!
oN
metr. dif. b. [{{bõ}.{ti.mu}}] ( ** o *
c. [{[{´ti.mu}][{bõ}]}] *! **
]
*
não ok
d. [{[{´].ti}][{bõ}]}]
*! ** mU *
3
Brasgentina =
/bra´zil/ +
/aRgeN´tina/
a. [{{bras}.{ .´ti.na}}] (
** il ilaR
metr. dif.
b. [{{ar..ti.´n}{iw}]
** *! braz braza *
c. [{{bras}.{´ti.na}}] ** *! il
ilaReN
d. [{[{bra.´ziw}][{´ti.na}]}] *! ** *
aReN
e. [{{ar.}.{´bras}}]
** il iltin!a *
f. [{{bra.z}.{ar.}}]
** il iltin!a *
4
brasiguaio =
/brazi´lei.rU/ +
/para´λuaiU/
a. [{{bra.zi}.{´λway.o}}] (
** * leirUpara
metr. iguais
b. {[[{´λway.o}][{zi.´ley.ru}]}]
*! ** parabra
c. [{{bras}.{´λway.o}}]
** * ileirUpara!
d. [{[{bra.´zi}][{´pa.ra}]}] *! **
leiruλuaiu
e. [{[{´bra}][{pa.ra.´gway.o}]}] *! ** zileirU
f. [{[{bra.zi.´ley}][{´gway.o}]}] *! ** rUpara
g. [{{pa.ra}.{ley.ru}}] ** *!
λuaiUbrazi
5
caipiceta =
kaipi/ (rinha)
+ /bu´seta/
a. [{[{´kay.pi}] [{´se.ta}]}] ( * ** bu
metr. dif. b. [{[{´kay.pi}] [{´bu.si}]}] * ** ta *!
c. [{[{´se.ta}] [{´kay.pi}]}] * ** bu *!
d. [{[{bu.´se}] [{´kay.pi}]}] * ** ta *!
6
141
INPUTS OUTPUTS NO-
PWD*
ALIGN
(MP)
*MWD
AFFIX
MAX
(FBmin
-BL)
MAX
(FB-BL)
ALIGN,
D-Σ
(FBmax),
D-Σ (BL)
IDENT
(FBmin
-BL)
chocolícia =
okU/ + /dE´lisia/
a. [{{o.ko}.{´li.sia}}] (
** dE
metr. dif.
b. [{{o.ko}.{´dε.li}}]
** sia! *
c. [{{de.li}.{´o.ku}}]
** sia! *
d. [{{´li.sia}{´o.ku}}]
*! ** dE *
onêonimo
e. [{{o.´k]}.{sia}}]
** *! dEli
f. [{{o}.{´li.sia}}]
** kU kUd!E
7
chocotone =
okU/ +
/pane´tonI/
a. [{[{´o.ko}][{´to.ni}]}] (
* ** pane
metr. dif.
b. [{[{´o.ko}][{´pa.ni}]}]
* ** tonI *!
c. [{[{´to.ni}][{´o.ku}]}]
* ** pane *!
d. [{[{´o.ku}][{pã}]}]
*
** etonI! *
e. [{[{´pa.ne}][{´o.ku}]}]
* ** tonI *!
8
docudrama =
/dokumeN´tariU/ +
/´drama/
a. [{{do.ku}.{´dra.ma}}] ( ** meNtariU *
metr. dif. b. [{{dra.ma}.{´ta.riu}}] ** *! documeN
c. [{{do.ku.m}.{´dra.ma}}] *! ** tariU *
d. [{{ku}.{´dra.ma}}] ** domeNtari!U *
e. [{{dra.´ma}.{do.ku}}] ** *! meNtariU *
9
forrogode = /fo´x]/
+ /pa´godI/
a. [{{fo.xo}.{´λ].di}}] (
** pa
metr. dif.
b. [{[{´λ
].di}][{fo.´x]}]}]
*!
** pa *
c. [{{fo}.{pa.´λ
].di}}]
**
x!] x]
d. [{{pa.go.de}.{´x]}}]
** f!o fo *
e. [{{pa.λ{o
}.´x]}}]
** f!
dIf *
]o
f. [{{pa}.{fo.´x]}}]
**
g]d!I
*
g. [{{fo.´x{]
}.di}}]
** pag!
*
10
franlito = /´fraN/ +
/pa´litU/
a. [{{frã}{´li.tu}}] ( ** pa
metr. dif. b. [{[{´li.tu}] [{frã}]}] *! ** pa *
c. [{{frã}{tu}}] ** pal!i
*
d. [{[{frã}] [{pa.´li.tu}}] *! **
e. [{{frã}{´pa.li}}] ** tU *!
11
funebrilho =
/funE´ral/ +
/´briλU/
a. [{{fu.ne}.{´bri.λu}}] (
** ral *
metr. dif.
b. [{{bri.λo}{´raw}}]
** *! fune
c. [{{fu.´ne}.{λu}}]
** b!ri ralbri *
d. [{{bri}.{ne.´raw}}] **
λ!U
λUfu
e. [{{´bri.λu}{ne.´raw}}]
*! ** fu
12
Janecrete =
anI/ (Corso) +
/a´krεtI/
a. [{{a.ne}.{´krε.ti}}] (
**
a
metr. dif.
b. [{{´krε.ti}.{´a.ni}}]
*! **
a
*
c. [{{´a}.{a.´krε.ti}}]
*! ** nI nI
d. [{{ne}.{´krε.ti}}] **
!a
aa
e. [{{a.ne}.{á}}]
** krε!tI
13
142
INPUTS OUTPUTS NO-
PWD*
ALIGN
(MP)
*MWD
AFFIX
MAX
(FBmin
-BL)
MAX
(FB-BL)
ALIGN,
D-Σ
(FBmax),
D-Σ (BL)
IDENT
(FBmin
-BL)
Japaréia =
/a´pãw/ +
/kO´rεia/
a. [{{ʒa.pa}{´rεy.a}}] (
** w wkO
metr. dif.
b. [{[{ʒa.´pãw}][{´rεy.a}]}]
*! ** kO
c. [{[{´ʒa.pa}][{´k].re}]}]
*! ** w wia *
d. [{{ʒa}.{´rεy.a}}]
** pã!w pãwkO
e. [{{ko.re}.{´ʒa.pa}}]
** w iaw *!
f. [{[{´ʒa}][{ko.´rεy.a}]}]
*! ** pãw pãw
14
macuncrente =
/makuN´beirU/
+ /´kreNti/
a. [{{ma.kũ}.{´kr.ti}}] ** beirU *
metr. dif. b. [{{ma.ku}.{´kr.ti}}] ** NbeirU! *
c. [{{kũ}.{´kr.ti}}] ** mabeir!U *
d. [{{´kr.ti}.{ma.´kũ}}] *! ** beirU *
e. [{{kr.te}.{´bey.ro}}] ** *! makuN
f. [{{ma.(´k}r.ti}] ** uNbeir!U
15
mauriçola =
/mauri´siU/ +
/boi´]la/
a. [{{maw.ri.´s}{].la}}]
** * boi
boiiU
*
metr. dif.
b. [{{maw.ri}.{´].la}}]
** * boi
boisiU!
*
c. [{[{´maw}] [{boy.´].la}]}]
*! **
risiU
*
d. [{[{maw.´ri}] [{boy.´].la}]}]
*! **
siU
*
e. [{[{boy.´].la}] [{´siu}]}]
*! ** mauri
16
mortalecido =
/mOR´tal] +
/falE´sidU/
a. [{{mor.ta}.{le.´si.du}}] ( **
l lfa
metr. dif. b. [{{fa.le}.{´taw}}] ** *! mOR morsidU *
c. [{[{mor.´taw}] [{´si.du}]}] *! ** * falE
d. [{{mor.t}{e.´si.du}}] ** *! al alfal
e. [{{mor}.{le.´si.du}}] ** tal talf!a
f. [{{mor.}.{fa.le.´si.du}}] ** t!al tal
17
Nescafé =
/neS´tle/ +
/ka´fε/
a. [{{nes}.{ka.´fε}}] ( ** tle
metr. dif. b. [{[{´tle}][{ ka.´fε}]}] *! ** neS
c. [{{nes}.{´fε}}] **
tlek!a
onêonimo d. [{{´nes}.{ka}}] ** tlef!ε
e. [{[{ka.´fε}][{´tle}]}] *! ** neS
18
pescotapa =
/peS´kosU/ +
/´tapa/
a. [{{pes.ko}.{´ta.pa}}] ( ** sU *
metr. dif. b. [{{pes}.{´ta.pa}}] ** kos!U *
c. [{{ta.´p}es.ko.su}}] ** a! a
d. [{[{´ta.pa}][{´pes.ko}]}] *! ** sU *
e. [{{pes.ko.´so}.{pa}}] ** t!a ta
f. [{{ta.´pa}.{su}}] ** *! pesko *
19
143
INPUTS OUTPUTS NO-
PWD*
ALIGN
(MP)
*MWD
AFFIX
MAX
(FBmin-
BL)
MAX
(FB-BL)
ALIGN,
D-Σ
(FBmax
), D-Σ
(BL)
IDENT
(FBmin
-BL)
portinglês =
/poRtu´λueS/ +
/iN´λleS/
a. [{{por.t}{ĩλles}}] (
**
uλueS
metr. dif.
b. [{{por.tu}{{´λles}}]
** *!
λuueSiN λueSiN
*
c. [{{ĩ}.{por.tu.´λes}}]
** *!
λleS λleS
d. [{[{ĩλles}] [{´port
i
}]}]
*!
**
uλueS
*
e. [{[{´por.tu}] [{ ĩλles}]}]
*! **
λueS
*
20
portunhol =
/poRtu´λueS/ +
/ESpa´]l/
a. [{{por.tu}{´]w}}] (
**
λueSESpa
metr. iguais b. [{[{´por.tu}] [{´es.pa}]}] *! **
gueS]l
c. [{{es.pa}.λues}}]
** *!
]lpoRtu
d. [{{es}.{por.´tu}}] ** *!
pa]lλueS
e. [{{tu.´λues}] [{´]w}]}]
*! ** poRESpa
f. [{{λues}.{pa.´]w}}] (
** poRtuES
21
psicogélico = /
/´p
i
sikU/ +
/evaN´εlikU/
a. [{{p
i
si.ko}.{´ε.li.ku}}] (
** evaN
metr. dif.
b. [{{ p
i
si.´k]}.{li.ku}}]
** *!
evaNε
c. [{{ ´p
i
si.ku}.{´e.vã}}] *! **
εliku
*
d. [{{´ε.li.ku}.{´p
i
si.ku}}]
*!
** evaN *
e. [{{p
i
si}.{´ε.li.ku}}]
** k!U
kUevaN
g. [{[{e.vã.´ε}][{p
i
si.ku}]}]
** liku *!
22
psiquiartista =
/p
i
siki´atra/ +
/aR´tiSta/
a. [{[{´p
i
si.ki}] [{ar.´tis.ta}]}] ( * ** atra *
metr. dif. b. [{[{´p
i
si}] [{ar.´tis.ta}]}] * ** kiatr!a *
c. [{[{ar.´tis.ta}] [{´p
i
si.ki }]}] * ** kiatr!a *
d. [{[{´p
i
sí.ki.] [a.{´t}is.ta}]}] * ** *! aR raaR *
e. [{[{ar.´tis.ta}] [{´a.tra}] * ** *!
p
i
sik!i
f. [{[{ar.´tis}] [{ki.´a.tra}]}] * ** t!a
tap
i
si
23
secreranha =
/sEkrE´taria/ +
/pi´raa/
a. [{{se.kre}.{´ra.a}}] (
** pi tariapi *
metr. dif.
b. [{[{´ra.a}][{se.´kre}]}]
*! ** pi táriapi *
c. [{[{´ra.a}][{se.´kre.ta}]}]
*! ** pi riapi *
d. [{{pi.ra}.{´ta.ria}}] ** *!
raa raasekre
*
e. [{[{se.´krε}][{pi.´ra.a}]}]
*! taria *
f. [{[{se.´krε.ta}][{´ra.a}]}]
*! ** pi riapi *
24
selemengo =
/selE´sãw/ +
/fla´meNgU/
a. [{{se.le}.{m.λu}}] (
** sãw sãwfla
metr. dif.
b. [{[{´m.λu}][{´sε.le}]}]
*! ** sãw flasãw *
c. [{{se.´l{
}.λu}}]
** sãw sãwflam!
*
d. [{{se}{´m.λu }}]
** lEsã!w lEsãwfla
e. [{{fla.m}.{sãw}}] ** *! selE selEgU
f. [{{se.le}.{´fla}}] ** sãw meNgUsã!w *
25
144
INPUTS OUTPUTS NO-
PWD*
ALIGN
(MP)
*MWD
AFFIX
MAX
(FBmin
-BL)
MAX
(FB-BL)
ALIGN,
D-Σ
(FBmax),
D-Σ (BL)
IDENT
(FBmin
-BL)
showmício = /´ou/
+ /ko´misiU/
a. [{{ow}{´mi.siu}}] (
**
ko
metr. dif.
b. [{{o}{´mi.siu}}]
** u! uko
c. [{[{´mi.siu}][{´ow}]}]
*! ** ko *
d. [{{´ow}{´ko.mi}}]
** siU! *
e. [{[{´ow}][{´siu}]}]
*! ** * komi *
f. [{[{´ko.mi}][{´ow}]}]
*! ** siU *
26
toboágua =
/tobo´gaN/ +
/´aλua/
a. [{{to.bo}.{´a.λwa}}] (
** gaN
*
metr. dif.
b. [{{to.bo.´gã}.{λwa}}]
** a! a *
c. [{{to.bo.´{λ
}wa}}]
** a!
aN *
d. [{{to.´b}{a.λwa}}]
** ogaN! *
e. [{[{´a.λua}] [{´to.bo}]}]
*!
** gaN *
f. [{{to.bo.{λ
wã}}}]
** a!
a aã
27
vagaranha =
/vaλa´buNda/ +
/pi´raa/
a. [{{va.λa}.{´ra.a}}] (
** pi pibuNda
*
metr. dif.
b. [{{bũ.dã}{a }}]
** pir!a
pivaλa
*
c. [{[{´ra.a}] [{´va.λa}]}]
*! ** pi pibuNda *
d. [{{va.´λã}.{a}}]
** pir!a buNdapira *
e. [{[{´va.λa}][{pi.´ra.a}]}]
*! ** buNda *
f. [{[{´bũ.da}][{´ra.a }]}]
*! ** pi
pivaλa
*
28
145
7.4 ANEXO IV – Analogias (17 dados)
INPUTS OUTPUTS NO-
PWD*
ALIGN
(MP)
*MWD
AFFIX
MAX
(FBmin-
BL)
MAX
(FB-BL)
ALIGN,
D-Σ
(FBmax),
D-Σ (BL)
IDENT
(FBmin-
BL)
bebemorar =
/bE´beR/ +
/kOmEmO´raR/
a. [{{be.be}.{mo.´rah}}] ( ** R RkOme
metr. dif. b. [{{be.be}.{´rah}}] ** *! R RkOmEmO
c. [{{be}.{me.mo.´rah}}] ** be!R
beRkO
d. [{{ko}.{be.´beh}}] ** *! mEmOraR *
e. [{{ko.me.mo}.{´beh}}] ** *! bE raRbe *
f. [{[{be.´ber}] [{mo.´rah}]}] *! ** kOmE
1
boacumba =
/´boa/ +
/ma´kuNba/
a. [{{bo.a}.{´kũ.ba}}] ( ** ma
metr. dif. b. [{{kũ.{´b}{o.a}}] ** maa! *
c. [{{bo.a}.{ma.´kũ}}] ** ba *!
d. [{{bo.a}.{´kũ}}] ** mab!a *
e. [{{bo.a}.{´ũ.ba}}] ** mak! *
f. [{[{´kũ.ba}][{´boa}]}] *! ** ma *
2
badrasta =
/´boa/ +
/ma´draSta/
a. [{{bo.a}.{´dras.ta}}] ( ** ma
metr. dif. b. [{{ma.dra}.{´boa}}] ** ta *!
c. [{{dras.ta}.{´boa}}] ** ma *!
d. [{{bo.a}.{´ma.dra}}] ** Sta! *
e. [{{bo.´a}{s.ta}}] ** *! madra *
f. [{{bo}.{´dras.ta}}] ** a! ama
3
boadrinha =
/´boa/ +
/ma´dria/
a. [{{boa}.{´dri.a}}] (
** ma
metr. dif.
b. [{[{´dri.a}] [{´boa}]}]
*! ** ma *
c. [{{bo.´ã}.{ma}}] **
dri!a
*
d. [{{bo.a}.{´ma.dri}}] **
a
*!
e. [{{boa}.{´ri.a}}]
** mad!
f. [{{boa}.{´i.a}}]
** *!
4
bucetante =
/bu´seta/ +
/pi´kaNtI/
a. [{{bu.se.{}.ti}}] (
Ident. FB-BL: ãa; tk
** pi
metr. iguais b. [{{bu.se.´tã}.{ti}}] ** *! pika
. c. [{[{bu.´se.ta}][{´kã.ti}]}] *! ** pi
d. [{{bu.ce.t{ã}.ti}}]
Ident. FB-BL: ãa
** *! pik
e. [{{bu.se}.{kã.ti}}] ** tap!i
f. [{{bu}.{pi.´kã.ti}}] ** set!a
5
chocólatra =
okU/ +
/aw´k]latra/
a. [{{o.{´k]
}.la.tra}}] (
** aw
U]
metr. dif.
b. [{{o.´k}{].la.tra}}]
** *! U
Uawk]
c. [{{o.ko}.{´aw.kow}}]
** lat!ra *
d. [{{o.ko}.{´].la.tra}}]
** awk!
e. [{[{´la.tra}] [{´o.ku}]}]
*! **
awk]
*
haploÆ
f. [{[{´o.ko}] [{´k].la.tra}]}]
*! ** aw
6
146
INPUTS OUTPUTS NO-
PWD*
ALIGN
(MP)
*MWD
AFFIX
MAX
(FBmin-
BL)
MAX
(FB-BL)
ALIGN,
D-Σ
(FBmax),
D-Σ (BL)
IDENT
(FBmin-
BL)
enxadachim =
/EN´ada/ +
/Espada´iN/
a. [{{{
.a.da}.´ ĩ }}] (
Ident. FBmax: NS; p
*
metr. dif.
b. [{{.a}.{da.´ ĩ}}]
**! da daESpa
c. [{{.a}.{´ ĩ }}]
**! da daESpada
d. [{{{
.pa.da}.´ ĩ }}]
Ident. FBmax: NS
*
∫≠p!
e. [{[{´ ĩ ] [{a.da}]}]
*! ** ESpa *
f. [{{es.pa.´d}{a.da}}] **! *
EN aEN
*
7
frambúrguer =
/´fraN/ (frango) +
/aN´buRλueR/
a. [{{fr{ã
.}´bur.λuer}}] (
**
metr. dif.
b. [{{frã}.{´bur.λuer}}]
** a!N
c. [{[{´frã}] [{ã.´bur.λuer}]}]
*!
d. [{[{´bur.λuer}] [(frã}]}]
*! ** *
e. [{{frã}.{´λuer}}]
** b!uR
*
8
halterocopismo =
/awtErOfi´liSmU/
+ /´k]pU/
a. [{{aw.te.ro.{ko
p}is.mu}}] (
Ident. FBmax: kf; pl
** * U U *
]≠o
metr. dif.
b. [{[{´aw.te.ro][{ko
p]}s.mu}]}]
Ident. FBmax: kf; oi; lp; ]i
*!
** * fili *
c. [{[{´k].pu}] [{´lis.mu}]}]
*! ** * fi
d. [{[{´k].p{o
}] [fi.´lis.mu}]}]
*!
** awtEr Uo
e [{[{aw.te.{´k]
.po}] [´lis.mu}]}]
Ident. FBmax: kf; ]i; lp, oi
*!
** * rOfi
f. [{{aw.te.ro.{´k]
}.´lis.mu}}]
Ident. FBmax: kf; ]i
** * p!U
pU
9
metroviário =
/me´tro/ +
/fExOvi´ariU/
a. [{{me.tr{o}.vi.´a.riu}}] ( ** fEx
metr. dif. b. [{{me.tro}.{vi.´a.riu}}] ** fExO!
c. [{{me.tro}.{´a.riu}}] ** *! fExOvi
d. [{{fe.xo}.{´mε.tru}}] ** viar!iU *
e. [{{me.tro}.{´fε.xu}}] ** viar!iU *
f. [{{tro}.{vi.´a.riu}}] ** m!e mefExO
10
monocelha =
/´monU/ +
/sobraN´seλa/
a. [{{[{´mo
.no}][´se.λa}]}] (
Ident. FBmax: ms
* *
* braN
Uo
metr. dif. b. [{[{´mo.no}] [´so.bra}]}] * **! *
Nseλa
*
b. [{[{´mo.no}] [{´se.λa}]}]
* **! * sobraN
d. [{[{´mo.no}] [{brã.´se.λa}]}]
* **! * so
e. [{[{´so.bra}] [{´mo.nu}]}] * **!
Nseλa
*
f. [{[{´se.λa}] [{´mo.nu}]}]
* **! sobraN *
11
147
INPUTS OUTPUTS NO-
PWD*
ALIGN
(MP)
*MWD
AFFIX
MAX
(FBmin
-BL)
MAX
(FB-BL)
ALIGN,
D-Σ
(FBmax),
D-Σ (BL)
IDENT
(FBmin-
BL)
monocrático =
/´monU/ +
/dEmO´kratikU/
a. [{[{´mo.{no}][´kra.ti.ku}]}] (
Ident. FBmax: mn
* ** * dE
Uo
metr. dif. b. [{[{´mo.no}] [{´kra.ti.ku}]}] * ** * dEm!O
c. [{[{´kra.ti.ku}] [{´mo.nu}]}]
*
** * dEm!O
*
d. [{[{´mo.no}][{´de.mu}]}] * ** * kra!tikU *
e. [{[{´mo.nu}][{´ti.ku}]}] * ** * dEm!Okra
12
raboplégico = /´xabU/
+ /para´plεikU/
a. [{{xa.bo}.{´plε.i.ku}}] (
** para
metr. dif.
b. [{{xa}.{´plε.i.ku }}]
** b!U bUpara
c. [{{xa.´bo}.{i.ku}}]
** *!
paraplε *
d. [{[{´plε.i.ku }][{´xa.bu}]}]
*!
** para *
e. [{[{´i.ku}] [{´xa.bu}]}]
*!
** paraplε
*
f. [{{xa.´bo}.{pa.ra}}] **
plεi!kU
*
13
rejuvelhescimento =
/xEuvEnEsi´meNtu/
+ /´vελU/
a. [{{xe.ʒu.{ve
.λe}.si.´m.tu}}] (
Ident. FBmax: λn
**
Ue
metr. dif.
b. [{[{xe.ʒu.{´vε
.λo}][ne.si.´m.tu}]}]
*!
**
c. [{{ve.λo}.{´m.tu}}]
** *!
xEuvEnEsi
d. [{[{{´vε
.λu}][si.´m.tu}]}]
Ident. FBmax: ε≠E
*!
*
xEunE
e. [{[{si.´m.tu}][{´vε.λu }]}]
*! **
xEuvE
*
f. [{{xe.ʒu.{´vε
}.λu }}]
Ident. FBmax: ε≠E
** nE!simeNtu
*
14
siteografia = /´saitI/ +
/bibliOλra´fia/
a. [{{say.t{i}o.gra.´fia}}] ( ** bibl
metr. dif. b. [{{say.ti}.{gra. ´fia}}] ** bibli!O
c. [{[{´say.ti}] [{bli.o.gra. ´fia}]}] *! ** bi
d. [{{bi.bli.o}.{´say.ti}}] ** grafi!a *
e. [{[{gra.´fia}] [{´say.ti}]}] *! ** bibliO *
pausa
f. [{[{bi.blio.´λra}] [{´say.ti}]}]
*! ** fia *
15
tucanóptero =
/tu´kanU/ +
/Eli´k]p
i
tErU/
a. [{{tu.ka.{´n]
}p
i
.te.ru}}] (
Ident. Fbmax: nk
** Eli
U≠]
metr. dif.
b. [{{tu.ka.´n{]
}p
i
.te.ru}}]
** Elik!
U≠]
c. [{{tu.ka.´n{]
}.{te.ru}}]
**
Elik!p
U≠]
d. [{{tu.ka.´n}{]p
i
.te.ru}}]
** U Uelik
e. [{[{´tu.ka}] [{´k]p
i
.te.ru}]}]
*! ** nU
16
videasta = /´vidEU/ +
/sinE´aSta/
a. [{{{vi.de}.´as.ta}}] ( * * U Ee
metr. dif. b. [{[{´vi.diu}][{´as.ta}]}] *!
c. [{{{vi.de}.{´as.ta}}] **!
* U sinE
d. [{{vi.´dε}.{s.ta}}] **!
* o sinEa *
e. [{{as.ta}.{´vi.diu}}] **!
* SinE
*
f. [{[{´vi.diu}][{´si.ni}]}] *!
** * aSta
*
17
148
7.5 ANEXO V – seqüências em vias de gramaticalização (21 dados)
7.5.1 – determinantes . recomposição (11 dados)
INPUT OUTPUT NO-
PWD*
ALIGN
(MP)
*MWD
AFFIX
MAX
(FBmin-
BL)
MAX
(FB-
BL)
ALIGN,
D-Σ
(FBmax
), D-Σ
(BL)
IDENT
(FBmin
-BL)
caipifruta =
/´kaipi/
(caipirinha) +
/´fruta/
a. [{[{´kay.pi}][{´fru.ta}]}] *!
metr. iguais b. [{[{´fru.ta}][{´kay.pi }]}] *!
c. [{[{´kay}] [{´fru.ta}]}] *! ** pi
cai.pi + lima d. [{{fru}.{´kay.pi}}] ( ** ta
cai.pi + vodka e. [{{ta}.{´kay.pi}}] ** fru!
f. [{[{´kay.pi}][{´fru}]}] *!
** ta
1, 2, 3
franfilé =
fraN/
(ferango) +
/fi´lε/
a. [{[{´frã}] [{fi.´lε}]}] ( *
metr. dif. b. [{[{fi.´lε}] [{´frã}]}] * *!*
d. [{[{´frã}][{´lε}]}] * *!* fi
e. [{[{´frã}][{´fi}]}] * *!* lε
f. [{[{´fi}][{´frã}]}] * *!* lε
4
lamaérobica =
/´laNba/
(lambada) +
/aE´robika/
a. [{[{´lã.ba}][{e.´ro.bi.ka}]}] ( * ** a
metr. dif. b. [{[{´lã.ba}][{´ro.bi.ka}]}] * ** aE!
c. [{[{´lã.ba}][{´bi.ka}]}] * ** aE!ro
d. [{[a.´ε.ro}][{´lã.ba}]}] * ** bi!ka
5
lambafunk =
/´laNba/
(lambada) +
/´faNk/
a. [{[{´lã.ba}][{´fãk
i
}]}] ( *
metr. iguais b. [{[{´fãk
i
}][{´lã.ba}]}] *
lam.ba +
re.ggae
c. [{[{´lã}][{´fãk
i
}]}] * *!* ba
d. [{[{´lã.ba}][{´fã}]}] * *!* k
6, 7
/´pit
i
/ + /ba´ba/ a. [{[{´pit
i
}][{ba.´ba]}] ( *
metr. dif. b. [{[{ba.´ba}][{´pit
i
}]}] * *!*
pit + baby c. [{[{´pit
i
}}][{´ba]}] * *!* ba
pit + boy c. [{[{´ba}}][{´pit
i
]}] * *!* ba
8, 9, 10
/´pit
i
/ +
/fa´milia/
a. [{[{´pit
i
}][{fa.´mi.lia]}] *!
metr. dif. b. [{[{fa.´mi.lia}][{´pit
i
}]}] *! **
c. [{[{´pit
i
}}][{´mi.lia]}] *! ** fa
d. [{[{´pit
i
}}][{lia}]}] (
** * fami
11
149
7.5.1 determinados . sufixação (10 dados)
INPUT OUTPUT NO-
PWD*
ALIGN
(MP)
*MW
D
AFFIX
MAX
(Fbmin-
BL)
MAX
(FB-BL)
ALIGN,
D-Σ
(Fbmax),
D-Σ (BL)
IDENT
(Fbmin-
BL)
adulescente =
/a´dultU/ +
/adOlE´seNtI/
a. [{{{a.duw.t}e.´s.ti}}] (
Ident. FBmax: uo; tl
*
U U
metr. dif. b. [{[{a.´duw.tu}][{´s.ti}]}] *! ** * adOlE
c. [{{a.duw}.{´s.ti}}] **! * tU tUadOlE
d. [{[{a.´duw.tu}][{le.´s.ti}]}] *! ** adO
e. [{{a.do.le}.{´duw.tu}}}] ** a se!NtIa
f. [{{{a.dow.t}e.´s.ti}}]
Ident. FBmax: tl
* U U
ou!
1
autotrocíneo =
/´autU/ +
/paitro´sinEU/
a. [{{au.to}.{tro.´sí.niu}}] ( ** pa
metr. dif. b. [{{au.to}.{´si.niu}}] ** pat!ro
c. [{[{´pa.tro}][{´aw.to}]}] *! ** cíneo
d. [{[{´si.nio}][{´aw.to}]}] *! ** patro
e. [{{au.{tro}.´si.niu}}] ( ** pa
2
caipilé = /´kaipi/
(caipirinha) +
/piko´lε/
a. [{{´kai.pi}.{´lε}}] *! ** piko
metr. dif.
b. [{[{pi.ko.´lε}][{´kai.pi}]}] *!
** *
c. [{[{´kai.{pi}][ko.´lε}]}] *! **
d. [{[{´kai.pi}][{ko.´lε}]}] *! ** pi
e. [{[{´kai.{pi}.{ko}}] ( ** lε *
3
envelhescente =
/ENvEλe´seR/ +
/adOlE´seNtI/
a. [{{.ve.{λe
s}.ti}}] (
Ident. FBmax: λ≠l
** R RadO ẽ≠e
metr. dif. b. [{{.ve.{les}.ti}}] R RadO
λ≠l;
ẽ≠e!
c. [{{s.t{
}.´vε.λi }}]
** se!R
adOleseR *
d. [{{.ve}.{le.´s.ti}}] **
λe!seR
λeseRadO
e. [{{.ve}.{´s.ti}}] ** *!
λeseR λeseRadOlE
f. [{{}.{le.´s.ti}}] ** *!
veλEseR
ReseRadO
g. [{{a.do.l}{e.´seh}}] ** *!
ENveλe seNtIENvEλ
*
4
150
INPUT OUTPUT NO-
PWD*
ALIGN
(MP)
*MWD
AFFIX
MAX
(FBmin-
BL)
MAX
(FB-BL)
ALIGN,
D-Σ
(FBmax),
D-Σ (BL)
IDENT
(FBmin-
BL)
familiatrocíneo
= /fa´milia/ +
/paitro´sinEU/
a. [{[{fa.´mi.lia}][{tro.´si.niu}]}] *! ** paitro
metr. dif. b. [{[{fa.´mi.lya}] [{´si.niu}]}] *! ** paitro
c. [{[{´pa.tro}] [{fa.´mi.lia}]}] *! ** sinEU
d. [{[{´si.neo}] [{fa.´mi.lia}]}] *! ** paitro
e. [{{fa.mi}.{´si.niu}}] ( ** lia paitro
f. [{[(fa.´mi.lia}] [{´pay.tro}]}] *! ** sinEU
5
Mogigate =
/mO´i/ +
λeiti/
a. [{[{mo.´i}] [{´λey.ti}]}]
*!
**
Lula + gate
b. [{[{´λey.ti }] [{mo.´i}]}]
*! **
Iran + gate ...
c. [{[{mo.´i}] [{´λey}]}]
*! ** ti
metr. iguais
d. [{{mo}.{´λey.ti}}] (
**
i
6, 7, 8
sucolé = /´sukU/
+ /sako´lε/
a. [{{{su.ko}.´lε}}] (
Ident. FBmax: ua
* oU
metr. dif. b. [{{su.ko}.{´lε}}] **! sako
c. [{{su.{ko}.{´lε}}] **! sa
d. [{{le}.(´su.ku}] **! sako *
9
tiotrocíneo =
/´tiU/ +
/paitro´sinEU/
a. [{{´tyo}.{tro.´si.niu}}] ( ** pai
metr. dif. b. [{{tyo}.{´si.niu}}] ** pait!ro
c. [{{pa.tro}.{´tyo}}] ** sin!EU
d. [{[{´si.niu}][{´tyu}]}] *! ** paitro
e. [{[{tro.´si.niu}][{´tyu}]}] *! ** pai
10
151
7. 6 ANEXO VI – aparente sufixação (5 dados)
INPUTS OUTPUTS NO-
PWD*
ALIGN
(MP)
*MDW
AFFIX
MAX
(FBmin-
BL)
MAX
(FB-BL)
ALIGN,
D-Σ
(FBmax),
D-Σ (BL)
IDENT
(FBmin-
BL)
bobageira =
/bO´baeN/ +
/beS´teira/
a. [{{bo.ba.´{e
}y.ra}}] (
** NbeSt
metr. iguais b. [{{bo.ba}.{´tey.ra}}] **
ʒeNbeS!
c. [{{bes.tei.´r{a
}.{}}]
** *!
bOba
d. [{{bo.{b}es.´tey.ra}}] ( **
aʒeN
e. [{{bes.´t}{a.}}]
** eirabO!b
f. [{{bes}.{ba.}}]
** teirab!O
1
gatoso = /´λatU/
+ /i´dozU/
a. [{{ga.{´to
}.zu}}] (
Ident. FBmax: td
** i oU
metr. dif. b. [{{ga.to}.{´do.zu}}] ( ** i
c. [{{i.do}.{´ga.tu}}] ** z!U
d, [{{ga.to}.{´i.do}}] ** *! zU
e. [{{ga}.{´do.zu}] ** t!U tUi
2
prostitutriz =
/proSti´tuta/ +
/mE´rEtriS/
a. [{{pros.ti.tu.{´t}ris}}] ** *! mErE amErE *
metr. dif. b. [{{pros}.{me.re.´tris}}] ** *! tituta *
c. [{[{me.re.´tris}][{´tu.ta}]}] *! ** proSti
d. [{{me.re}.{´tu.ta}}] ( ** triS triSproSt
e. [{{pros.ti.{´t}riz}}] ** *! mErE utamErE *
f. [{{pros.ti.}.{´triz}}] ** *! mErE
3
sinsericida =
/siNsEri´dadI/ +
/Omi´sida/
a. [{{sĩ.se.r{i}.´si.da}}] ** O!m dadIOm *
metr. dif. b. [{{sĩ.se}.{mi.´si.da}}] ** O! ridadIO *
c. [{{sĩ.se.r}{o.mi.´si.da}}] ( ** idadI *
d. [{{sĩ.se.ri}.{mi.´si.da}}] ** O! dadIO *
e. [{{o.mi.si.{´da
}.di}}] ** siNsEr!i
f. [{{o.m{i
}.´da.di}}] ** s!ida siNsEsida
g. [{{o.mi}.{ri.´da.di}}] ** s!ida sidasiNsE
4
trambicador =
/traNbi´keirU/ +
/trabaλa´doR/
a. [{{trã.bi.k}{a.´doh}}] **!
*
eirUtrabaλ
metr. iguais
b. [{{trã.bi}.{λa.´doh}}]
**! keirUtraba
c. [{{trã.bi.key.{´doh}}] **! *
rUtrabaλa
d. [{{tra.ba}.{key.ru}}] **!
*
λadoRtraNbi
e. [{{{trã
.b}a.λa.´doh}}] (
* * ikeirU
f. [{{tra.ba.λa}.{´key.ru}}]
**! * doRtraNbi
5
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