Download PDF
ads:
UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS
DEPARTAMENTO DE GEOCIÊNCIAS
PROGRAM DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOCIÊNCIAS
COMPOSIÇÃO QUÍMICA E ISÓTOPOS DE ESTRÔNCIO DAS
ÁGUAS AO LONGO DO RIO SOLIMÕES NA REGIÃO ENTRE
MANACAPURU E ALVARÃES – AMAZONAS - BRASIL
MARIA MIREIDE ANDRADE QUEIROZ
MANAUS
2006
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
ii
UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS
DEPARTAMENTO DE GEOCIÊNCIAS
PROGRAM DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOCIÊNCIAS
MARIA MIREIDE ANDRADE QUEIROZ
COMPOSIÇÃO QUÍMICA E ISÓTOPOS DE ESTRÔNCIO DAS
ÁGUAS AO LONGO DO RIO SOLIMÕES NA REGIÃO ENTRE
MANACAPURU E ALVARÃES – AMAZONAS - BRASIL
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Geociências da Universidade
Federal do Amazonas, como requesito parcial
para obtenção do título de Mestre em
Geociências.
Área de concentração: Geologia Ambiental.
Orientadora: Profa. Dra. Adriana Maria Coimbra Horbe
Co-orientador: Prof. Dr. Candido Augusto V. Moura
MANAUS
2006
ads:
iii
MARIA MIREIDE ANDRADE QUEIROZ
COMPOSIÇÃO QUÍMICA E ISÓTOPOS DE ESTRÔNCIO DAS
ÁGUAS AO LONGO DO RIO SOLIMÕES NA REGIÃO ENTRE
MANACAPURU E ALVARÃES – AMAZONAS - BRASIL
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Geociências da Universidade
Federal do Amazonas, como requesito parcial
para obtenção do título de Mestre em
Geociências.
Área de concentração: Geologia Ambiental
BANCA EXAMINADORA
Orientadora: Profa. Dra. Adriana Maria Coimbra Horbe
Universidade Federal do Amazonas - UFAM
Prof. Dr. Carlos Edwar de Carvalho Freitas
Universidade Federal do Amazonas - UFAM
Prof. Dr. Geraldo Rezende Boaventura
Universidade de Brasília – UnB
iv
Ofereço
À Deus
Humildemente
Aos meus pais, meus irmãos, sobrinhos
e amigos pelo incentivo para a
realização deste trabalho.
dedico
v
AGRADECIMENTOS
À Deus pela dádiva da vida;
À Profa. Dra. Adriana M. Coimbe Horbe, pela orientação, revisões e os
incentivos para desenvolvimento dessa dissertação;
À Universidade Federal do Amazonas (UFAM), através meio do Programa
de Pós-Graduação em Geociências do DEGEO, pela oportunidade de
aprendizado;
À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
(CAPES), pela concessão da bolsa de estudo;
Ao pesquisador Dr. Candido Augusto V. Moura, pela amizade e co-
orientação;
A todos os pesquisadores do departamento que de forma direta ou indireta
auxiliaram na formação desta dissertação;
À minha amiga Fernanda Guilhon por todo o apoio, principalmente no
trabalho de laboratório e, acima de tudo pelo coleguismo durante a maior
parte deste trabalho;
À Rosimeire Brabo Monteiro (técnica) e Adriana Bordalo do Laboratório de
Geologia Isotópica da UFPA, pelo precioso auxílio nas análises de isótopos
de estrôncio;
Aos amigos Edson, Benícia, Isabella, Marcos (técnico), Ângela
(colombiana), Joelma (lanchonete), Ângela (graduação), Dorian, Ercila, J.B,
Deborah, pelo bom convívio e acima de tudo por todos os momento bons em
que estivemos juntos;
A todos que contribuíram direta ou indiretamente para realização deste
trabalho.
vi
O trabalho sem amor, te faz escravo.
O êxito sem amor, te faz arrogante.
A autoridade sem amor, te faz tirano.
A justiça sem amor, te faz implacável.
A riqueza sem amor, te faz ávaro.
A fé sem amor, te deixa fanático.
A beleza sem amor, te deixa ridículo.
A vida sem amor... não tem sentido.
Autor desconhecido.
ABSTRACT
The present study evaluated the physical-chemical aspects of 64 water samples from
the Solimões, Purus rivers and their tributaries and Japurá river (29 from the surface, 27
from sediments in suspension and 8 of wells and springs), collected in November 2004 in
the state of Amazonas between the cities of Manacapuru and Alvarães as well as Anamã
and pirarauara. Chemical analyses of the higher elements, trace-elements, rare earth
elements, Sr isotopes, were carried out in addition to mineralogical composition analyses
on the sediments in suspension collected according to the rules in Standard Methods for
Examination of Water and Wastewater. The studied waters were divided into two groups:
black-water and white-water. The former, which includes the Solimões and Purus rivers
tributaries presents a higher SiO
2
, Fe, and Al concentration, whereas the latter portrays the
highest concentration in Ca
2+
, Na
+
, K
+
, Mg
2+
, HCO
3-
, Mn, Ba, Sr, B, Ce and As. In general,
the Solimões river tributaries present higher chemical load than those of Purus river, and
white waters more than black waters. The results obtained on the isotopic ratios
87
Sr/
86
Sr
showed higher ratios in the Solimões rives white waters whereas its tributaries are less
radiogenic than those of the Purus river. Kaolinite is the most abundant mineral in the
sediments in suspension, with a higher rate in the Solimões river tributaries tha in the other
investigated ones. The suspended material in Ti, Zn, Ba and V, represents 98% of the total
chemical composition, since Ge is negligible in all studied waters.
KEYWORDS: Amazônia, black and white waters, trace-elements.
RESUMO
O presente estudo procurou avaliar os aspectos físico-químico de 64 amostras
(29 de águas superficiais, 27 de sedimentos em suspensão e 8 de poços e fontes),
coletado em novembro de 2004 no Estado do Amazonas entre as cidades de
Manacapuru-Alvarães e Anamã-Pirarauara. Foram realizadas análises de elementos-
traço, isótopos de estrôncio, elementos terras raras, composição mineralógica e
análise de componentes principal (PCA) nas águas e sedimentos coletados de
acordo com as normas contidas no Standard Methods for Examination of Water and
Wastewater. As águas estudadas dividiram-se dois grupos. O primeiro constituindo
as águas pretas e o segundo as brancas. No primeiro grupo as águas têm menor
concentração de materiais em suspensão, pH, condutividade elétrica, turbidez, SiO
2
.
No segundo, há maior concentração em Ca
2+
, Na
+
, K
+
, Mg
2+
, HCO
3
-
, Al, Mn, Ba, Sr,
B, Ce e As. Nos elementos-traço, o Fe e Al predominam em todas as drenagens
investigadas, com maior concentração nas águas pretas. De modo geral, os
afluentes do Solimões têm maior carga química que os do Purus. Os resultados
obtidos nas razões isotópicas
87
Sr/
86
Sr evidenciaram razões mais elevadas nas
águas brancas do rio Solimões que os demais rios, enquanto nos seus afluentes
ocorreu o inverso. Os resultados obtidos a partir das análises mineralógica conclui-se
que a caulinita predomina em todas as drenagens investigadas, com maior
proporção nos afluentes do rio Solimões e em menor nos do Purus e nos rios
Solimões, Purus, Japurá e furo Parati Grande. O material em suspensão apresentou
grande variação na concentração dos elementos-traço, especialmente em Ti, Zn, Ba
e V, que representam 98% do total da composição química desse material, já o Ge é
inexpressivo em todas as águas estudadas.
PALAVRAS-CHAVE: Amazônia, Águas pretas e brancas; elementos-traço.
1
LISTA DE FIGURAS
Figura 1- Mapa de localização das amostras coletadas.................................................22
Figura 2 - Esquema adotados para análises físicas e químicas das amostras ..............28
Figura 3 - Distribuição dos valores de pH nas águas estudadas....................................34
Figura 4 - Condutividade elétrica das amostras de água ...............................................35
Figura 5 - Turbidez das amostras de água.....................................................................36
Figura 6 - Distribuição dos cátions; Ca , Na , K e Mg nas águas estudadas
2+ + + 2+
............38
Figura 7 - Distribuição de ânions; HCO , SO , SiO , PO e Cl nas águas estudadas
3
-
4
2-
2 4
3- -
...................................................................................................................................41
Figura 8 – Mapa de localização das amostras com valores de δ Sr
87
............................48
Figura 9 – Sr/ Sr vs 1/Sr de amostras de água pretas e brancas dos afluentes dos
Solimões e Purus e rios Solimões, Purus e Japurá em relação a rochas e sedimentos
(Henderson, 1984; Faure, 1988 e Allègre et al. 1996).
87 86
..............................................50
Figura 10– Difratograma de Caulinita, Illita, Muscovita e Quartzo da amostra de
sedimento em suspensão do igarapé Água Fria
........................................................52
Figura 11 - Fracionamento dos ETR em relação aos condritos no sedimento em
suspensão em µg L
(A), (B), (C) e (D)
-1
.....................................................................60
Figura 12- Fracionamento dos ETR em relação à média crustal no sedimento em
suspensão em µg L
(A), (B), (C) e (D)
-1
.....................................................................60
Figura 13 - Fracionamentos dos ETR em relação a NASC no sedimento em suspensão
em µg L
(A), (B), (C) e (D)
-1
........................................................................................61
Figura 14 - PC1 versus PC2 das amostras de águas estudadas...................................65
Figura 15 - PC1 versus PC2 das amostras de sedimentos em suspensão....................67
2
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Relação entre pH e espécie química.............................................................15
Tabela 2 - Pontos de coletas, classificação das águas e coordenadas* ........................27
Tabela 3 - Parâmetros, métodos e equipamentos utilizados neste trabalho ..................29
Tabela 4 - Parâmetros físicos das águas analisadas .....................................................33
Tabela 5 - Parâmetros químicos dos elementos em mg L
-1
...........................................37
Tabela 6 - Parâmetros químicos dos elementos em mg L
-1
...........................................40
Tabela 7 - Composição dos elementos-traço das águas estudadas em µg L
-1
..............43
Tabela 8 - Composição dos elementos-traço das águas estudadas em µg L
-1
..............44
Tabela 9 - Composição dos elementos-traço das águas estudadas em µg L
-1
..............45
Tabela 10 - Razão isotópica de Sr/ Sr nas águas fluviais amostradas
87 86
......................47
Tabela 11 – Composição mineralógica dos sedimentos em suspensão ........................51
Tabela 12 - Composição dos elementos-traço dos sedimentos em suspensão em µg..53
Tabela 13 - Composição dos elementos-traço dos sedimentos em suspensão em µg..54
Tabela 14 - Composição dos elementos-traço dos sedimentos em suspensão em µg..55
Tabela 15 - Razões de sedimentos em suspensão e material dissolvido analisados ....57
Tabela 16 - Concentrações dos ETR em sedimentos em suspensão em µg (N.A.: Não
Analisado)
..................................................................................................................59
Tabela 17 - Razões dos ETR Normalizados ..................................................................62
Tabela 18 - Análise de componentes principais das amostras de água.........................64
Tabela 19 - Análise de componentes principais das amostras de sedimentos ..............67
Tabela 20 - Normalização (CONDRITOS) dos ETR em sedimentos em suspensão em
µg (N.A.: Não Analisado)
...........................................................................................75
Tabela 21 - Normalização (MÉDIA CRUSTAL) dos ETR em sedimentos em suspensão
em µg (N.A.: Não Analisado)
.............................................................................76
Tabela 22 - Normalização (NASC) dos ETR em sedimentos em suspensão em µg (N.A.:
Não Analisado)
...........................................................................................................77
3
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ..........................................................................................................5
2 ÁGUAS AMAZÔNICAS.............................................................................................7
2.1 Características Gerais........................................................................................7
2.2 Relação com o Ambiente Geológico..................................................................9
2.3 Relação com as Áreas inundadas e os Solos..................................................10
3 GEOQUÍMICA ISOTÓPICA DO ESTRÔNCIO EM ÁGUAS NATURAIS.................11
3.1 Características Gerais......................................................................................11
4 PARÂMETROS ANALÍTICOS DAS ÁGUAS ...........................................................14
4.1 Temperatura ....................................................................................................14
4.2 Condutividade Elétrica (CE).............................................................................14
4.3 Potencial Hidrogênio Iônico (pH) .....................................................................14
4.4 Alcalinidade......................................................................................................15
4.5 Turbidez ...........................................................................................................16
4.6 Cloreto (Cl )
-
......................................................................................................16
4.7 Sulfato (SO )
4
2-
..................................................................................................16
4.8 Fosfato (PO )
4
3-
.................................................................................................17
4.9 Cálcio (Ca )
2+
....................................................................................................17
4.10 Sódio (Na )
+
......................................................................................................18
4.11 Potássio (K )
+
....................................................................................................18
4.12 Magnésio (Mg )
2+
..............................................................................................19
4.13 Metais ..............................................................................................................19
5 OBJETIVOS............................................................................................................20
6 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA EM ESTUDO ........................................................21
6.1 Geologia local ..................................................................................................23
6.1.1 Formação Solimões ..................................................................................23
6.1.2 Formação Içá............................................................................................24
6.1.3 Depósitos Quaternários ............................................................................24
7 MATERIAIS E MÉTODOS ......................................................................................26
7.1 Amostragens....................................................................................................26
7.2 Procedimentos Laboratoriais de Análises ........................................................28
4
7.3 Análise de Isótopos de Sr ................................................................................30
7.3.1 Preparação da Coluna de Cromatográfica................................................30
7.3.2 Separação Cromatográfica do Sr..............................................................30
7.4 Difratometria de Raios-X..................................................................................31
8 RESULTADOS E DISCUSSÃO ..............................................................................32
8.1 PARÂMETROS FÍSICOS.................................................................................32
8.1.1 Temperatura, pH, Condutividade elétrica, Turbidez..................................32
8.2 PARÂMETROS QUÍMICOS.............................................................................36
8.2.1 Cálcio, Potássio, Sódio e Magnésio..........................................................36
8.2.2 Bicarbonato, Sulfato, Sílica, Fosfato e Cloreto..........................................39
8.3 ELEMENTOS-TRAÇO .....................................................................................42
8.4 ISÓTOPOS DE ESTRÔNCIO ..........................................................................46
8.5 MATERIAIS EM SUSPENSÃO ........................................................................50
8.5.1 Composição Mineralógica.........................................................................50
8.5.2 Elementos-traço nos sedimentos em suspensão......................................52
8.5.3 Elementos terras raras..............................................................................58
8.6 ANÁLISE ESTATÍSTICA MULTIVARIADA ......................................................63
8.6.1 Águas........................................................................................................63
8.6.2 Sedimentos...............................................................................................66
9 CONCLUSÃO .........................................................................................................68
10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................69
11 ANEXOS .................................................................................................................74
5
1 INTRODUÇÃO
A água é uma das principais características da paisagem na Amazônia. O rio
Amazonas e seus afluentes formam o maior sistema de rios da terra. Suas áreas
inundadas (várzeas) cobrem cerca de 6 milhões de km
2
. Um sexto de toda água doce
transportada pelos rios para o oceano passa pelo rio Amazonas (Sioli, 1985). As
planícies ao longo do rio Amazonas encerram aproximadamente 6.500 igarapés e
lagos, os quais variam em dimensões e forma. Apenas nos últimos 400 km dos quatro
maiores tributários (Japurá, Purus, Negro e Madeira) encontram-se aproximadamente
2.400 igarapés e lagos (Sippel et al. 1992).
Os rios da Amazônia foram classificados por Sioli em função da cor de suas
águas e das suas propriedades limnológicas em rios de água branca, preta e clara. Os
rios de água branca são limnologicamente eutróficos, situam-se dominantemente no
sudoeste da Amazônia, voltados para região andina, enquanto os de água preta são
oligotróficos e estão a noroeste e os de água clara na região oriental (Sioli & Klinger,
1962). Os principais exemplos de rios com águas brancas são Amazonas, Solimões,
Marañon e Ucayali e seus afluentes Javari, Juruá, Purus e Madeira ao sul, e Içá, Japurá
e o Branco ao norte; de águas claras o Tapajós, Xingu e Tocantins ao sul e Trombetas,
Maicuru, Paru e Jari ao norte; e de águas pretas o Negro e Uatumã ao norte, além de
inúmeros afluentes menores de toda a bacia Amazônica.
Apesar de diversos estudos descreverem a hidrologia e geoquímica dos rios da
Amazônia e seus principais tributários (Forsberg et al. 1988; Gaillardet et al. 1997), um
levantamento bibliográfico detalhado, revelou que há poucas informações sobre os
tributários dos rios Solimões e Purus. Com vista a preencher essa lacuna, foram
6
selecionados vários afluentes dos rios Solimões e Purus no Estado do Amazonas,
localizados entre as cidades de Manacapuru e Alvarães e Anamã e Pirarauará,
respectivamente. Esses afluentes refletem a geoquímica local, ao contrário dos maiores
que recebem influência de vários afluentes, misturando diversos ambientes.
7
2 ÁGUAS AMAZÔNICAS
2.1 Características Gerais
A bacia Amazônica é a maior bacia hidrográfica do mundo, com uma drenagem
de 5,8 milhões de km², sendo 3,9 milhões no Brasil. Suas nascentes estão localizadas
na Venezuela, Colômbia, Equador, Peru e Bolívia. No Brasil, abrangem os Estados do
Amazonas, Pará, Amapá, Acre, Roraima, Rondônia e Mato Grosso. Como é transverso
à linha do Equador, o rio Amazonas apresenta afluentes nos dois hemisférios do
Planeta. Segundo Irion (1984), os principais afluentes da margem esquerda, são os rios
Japurá, Negro e Trombetas e na margem direita, Juruá, Purus, Madeira, Xingu e
Tapajós.
Na Amazônia encontram-se três tipos de águas superficiais, classificadas por
Sioli (1967), como águas brancas, pretas e claras.
Os rios de águas brancas, que tem suas cabeceiras nas regiões andinas,
carreiam sedimentos e os depositam nas extensas áreas alagadas da Amazônia
durante as enchentes, compondo os solos férteis das várzeas (Sioli, 1960). Esses rios
apresentam nas margens sedimentação e erosão intensas e simultâneas. A erosão
ocorre nas margens em sentido horizontal e em alguns grandes rios ocorre o fenômeno
das “terras caídas”, formando “ilhas flutuantes”. Tais águas têm abundante material em
em suspensão, coloração marom-amarelada e são relativamente ricas em
concentrações de sais minerais com uma grande percentagem de metais alcalinos
terrosos, principalmente cálcio, com uma alta percentagem de bicarbonato e são
chamadas águas carbonatadas com pH neutro (Sioli, 1968). Aproximadamente 85-95%
dos sedimentos transportados em suspensão está na faixa granulométrica de silte e
8
argila e os sedimentos mais grossos são encontrados no fundo, próximos da foz (Gibbs,
1967).
Os rios de águas pretas nascem nos escudos pré-cambrianos das Guianas e do
Brasil Central. Possuem coloração marrom e quando a profundidade ultrapassa dois
metros, as águas parecem realmente pretas. Apresentam fraco processo de erosão que
é reduzido ainda mais pela densa mata fluvial, o que acarreta baixa carga de
sedimentos e grande transparência. Água derivada dessas áreas é pobre em elementos
minerais, especialmente em metais alcalinos terrosos, tendo baixo valor de pH. A
acidez e a cor real das águas pretas é atribuída, segundo Walker (1987), a presença de
ácidos húmicos, originados de substâncias orgânicas não mineralizadas no solo da
floresta. Não formam várzeas e sim praias, por quase não possuírem sedimentos em
suspensão.
Os rios de águas claras possuem cor verde-azulada, são mais transparente que
os de águas brancas. Carreiam poucos materiais em suspensão e tem origem na
Amazônia Central, que em virtude do relevo mais regular oferece menor possibilidade
de erosão. O rio que tem sua origem na própria bacia Amazônica tem águas
transparentes e muito ácidas, com baixas concentrações de minerais dissolvidos e são
carentes em partículas suspensas. Não formam várzeas e sim praias, possuem poucos
lagos e igapós, na sua planície de inundação têm pouca produção de material orgânico
e o gás predominante em suas águas é o oxigênio (Sioli, 1960).
Em virtude das correntes, as águas dos rios estão em permanente renovação e
mistura, enquanto que as dos lagos permanecem por mais tempo na mesma área.
Assim, os rios são considerados como sistemas abertos, com características de
descarga, enquanto lagos são considerados sistemas fechados, com características de
9
acumulação (Hutchinson, 1975). Desse modo, as águas dos lagos estão fortemente
submetidas a processos bióticos e abióticos internos, que podem oxidar ou reduzir
substâncias por meios diferentes daqueles que ocorrem nos rios (Junk & Furch, 1985).
Na Amazônia, todo lago está em função de seu rio e todo o rio, biologicamente, está em
função das várzeas, praias e igapós (Santos & Ribeiro, 1988). Os lagos da Amazônia
recebem água quando os rios sobem, estocam água e a retornam em parte para o rio,
quando o nível volta a baixar. Conseqüentemente, influenciam também os parâmetros
hidroquímicos dos rios a que estão ligados (Junk & Furch, 1985).
2.2 Relação com o Ambiente Geológico
Segundo Sioli & Klinge (1962), apesar das características dos três tipos de águas
descritos anteriormente, estarem relacionadas à geologia, elas não são sempre
claramente diferenciáveis entre si. Na natureza, existem zona de transição entre águas
brancas e claras, bem como entre claras e pretas e também pode ocorrer variação de
tipo, ocasionalmente, devido às variações sazonais. Diferenças no quimismo dos rios
da Amazônia, como no material em suspensão, revelam as acentuadas
heterogeneidades geoquímicas existentes no interior da bacia. As águas que procedem
dos Andes são caracterizadas por elevadas turbidez, devido à alta concentração de
material em suspensão, possuem pH em torno de 7 e são quimicamente mais ricas em
material dissolvido do que as oriundas do Brasil Central e Amazônia Central. Águas
negras e claras possuem baixo conteúdo de íons e são caracterizadas pelas altas
percentagens de metais alcalinos, principalmente sódio e potássio, e altas
percentagens de metais, tais como Fe, Mg, Cu, Zn e Al. Concentrações de bicarbonato
são geralmente muito baixas nesses tipos de água (Gibbs, 1972).
10
2.3 Relação com as Áreas inundadas e os Solos
O solo da floresta é coberto de resíduos vegetais em decomposição, formando o
húmus, que se deposita em uma camada de poucos centímetros de espessura. Na
época das grandes chuvas e enchentes, os rios inundam as margens, num período de
três a quatro meses do ano, o que favorece a decomposição do material e a liberação
de nutrientes, a presença de partículas inorgânica em suspensão e material húmico
colorido em solução para os rios. Portanto, tem importante influência nas águas dos rios
e lagos. Durante a vazante, a vegetação se desenvolve na margem dos rios que,
posteriormente, na cheia morre e se decompõe e volta para a fase aquática auxiliando
a aumentar os nutrientes do sistema (Junk, 1980).
11
3 GEOQUÍMICA ISOTÓPICA DO ESTRÔNCIO EM ÁGUAS NATURAIS
3.1 Características Gerais
O Sr é um metal alcalino terroso do grupo IIA. Seu raio iônico (1,13 Å) é maior
que o do Ca (0,99 Å), ao qual ele substitui em muitos minerais (plagioclásio, apatita,
carbonatos de cálcio). Contudo essa substituição é restrita devido ao Sr
2+
preferir sítios
de coordenação octaédrica, enquanto que o Ca
2+
preenche também as coordenações
hexaédricas. O Sr
2+
pode substituir também o K
+
, porém, esta substituição precisa ser
acompanhada da troca de Si
4+
por Al
3+
, para preservar a neutralidade elétrica (Faure,
1986).
O Sr tem quatro isótopos estáveis que ocorrem naturalmente
88
Sr,
87
Sr,
86
Sr e
84
Sr. O isótopo mais abundante é o
88
Sr com 82,53% e o de menor abundância é o
84
Sr,
que perfaz apenas 0,26% do total dos átomos de Sr. Somente o
87
Sr é radiogênico,
sendo proveniente do decaimento do
87
Rb pela emissão de uma partícula negativa (β
-
)
como mostra a equação:
87
Rb Æ
87
Sr + β
-
+ ν + Q, onde β
-
é a partícula beta, ν é um
antineutrino e Q é a energia de decaimento. Devido ao
87
Sr ser produto de decaimento
radioativo, a razão
87
Sr/
86
Sr varia com o tempo e em função da razão Rb/Sr do material.
Atualmente, as razões
87
Sr/
86
Sr medidas do Sr dissolvido na água do mar situam-se na
faixa de 0,709177 e 0,70923 (KAWASHITA et al. 1997). Essa razão é considerada
homogênea devido ao longo tempo de residência do Sr nos oceanos, de cerca de 10
3
anos (Thomas Filho et al. 1995).
O Sr está presente em águas naturais em quantidades variáveis. Nos oceanos
apresenta concentração média de 7,7 ppm (Faure, 1986). Nos rios da Amazônia a sua
concentração nos materiais em suspensão varia de 40 a 176 ppm e em solução entre
12
4,3 e 39 ppm (Allégre et al. 1996). A concentração de Sr oriunda das rochas ígneas em
águas subterrâneas varia de 6 a 980 ppb, de acordo com os trabalhos de Bullen et al.
(1996) nos Estados Unidos e de Banner et al. (1994) nas Antilhas.
Nas águas continentais a composição isotópica do Sr é variável e depende da
idade e da razão Rb/Sr das rochas por onde as águas percolam ou escoam, bem como
da solubilidade relativa dos diferentes minerais em contato com a água. Nas águas dos
rios da Amazônia a razão
87
Sr/
86
Sr no material em suspensão varia entre 0,71319 ±
0,00002 e 0,75640 ± 0,00002 e tem sempre mais Sr radiogênico que no material
dissolvido cuja razão é 0,708776 ± 25 e 0,733172 ± 29. Isso pode ser explicado pelo
fato do material dissolvido conter uma parte significativa de Sr derivado de águas
pluviais, que possuem baixa razão
87
Sr/
86
Sr (Allégre et al. 1996).
A composição isotópica do Sr em água subterrânea é bastante variável e, em
geral, é uma mistura da composição isotópica do Sr da água de recarga e da
composição isotópica da rocha que a água percola. Nas águas subterrâneas de
Wisconsin (EUA), a razão
87
Sr/
86
Sr varia de 0,70741 e 0,71213 (Bullen et al. 1996),
enquanto que nas águas subterrâneas da Austrália, Collerson et al. (1988) encontrou,
valores entre 0,70446 ± 7 e 0,71176 ± 4. Os valores mais baixos foram interpretados
como resultado da mistura entre a água de recarga do aqüífero com rochas ígneas
máficas cenozóicas que apresentam uma assinatura isotópica
87
Sr/
86
Sr juvenil.
Segundo Lyons et al. (1995) a variação na composição isotópica do Sr tem sido
usada para determinar: 1) a fonte de Sr de um particular corpo de água; 2) a história
geoquímica dessas águas (interação rocha-água); e 3) o potencial de mistura dessas
águas. Diversos trabalhos realizados registram as aplicações dos isótopos do Sr no
13
estudo do sistema de águas superficiais e subterrâneas. Palmer & Edmond (1992),
estudaram a composição isotópica do Sr em diferentes bacias de drenagem que
alimentam o oceano, para investigar os mecanismos que resultam no aumento da razão
87
Sr/
86
Sr nas águas dos rios.
14
4 PARÂMETROS ANALÍTICOS DAS ÁGUAS
Os parâmetros analíticos fornecem informações sobre o meio ambiente estudado
e avaliam as possíveis alterações que nele ocorrem.
4.1 Temperatura
A temperatura afeta muitos parâmetros de qualidade, pois a velocidade das
reações químicas e bioquímicas aumenta com a temperatura, assim como a
solubilidade dos minerais, enquanto que a solubilidade dos gases diminui com a
elevação de temperatura.
4.2 Condutividade Elétrica (CE)
A condutividade elétrica da água expressa em µS cm
-1
, é a medida da
capacidade da água conduzir eletricidade a uma determinada temperatura, sendo
portanto dependente do conteúdo iônico. Assim, quanto maior a quantidade de íons
dissolvido, maior a condutividade da água.
4.3 Potencial Hidrogênio Iônico (pH)
O pH da água é definido como a medida da concentração do íon H
+
em solução,
[- log (H
+
)] e determina a capacidade da água em atacar mineral e rochas (Levinson,
1974).
A dissociação do ácido carbônico (H
2
CO
3
), produto da dissolução do CO
2
na
água tem papel fundamental no controle do pH da água, que ocorre de acordo com as
reações abaixo (Hem, 1970; Levinson, 1974).
15
CO
2
+ H
2
O H
2
CO
3
H
2
CO
-
3
H
+
+ HCO
-
3
HCO
-
3
H
+
+ CO
3
-2
O valor numérico do pH está diretamente relacionado com o balanço entre a
contribuição de íon hidrogênio, que provoca aumento de acidez, e as espécies com
propriedades básicas, como os íons Ca
2+
, Na
+
, e K
+
que causam diminuição de acidez
do meio.
4.4 Alcalinidade
Alcalinidade é a medida da concentração de íons carbonatos (CO
3
²
-
),
bicarbonatos (HCO
3
-
) e hidróxidos (OH
-
) na água. Somente dois deles podem estar
presentes simultaneamente numa mesma amostra, pois haveria reação entre hidróxidos
e bicarbonatos, que levaria a formação de carbonatos (Macedo, 2003). A concentração
destes íons caracteriza a capacidade tampão da água, isto é, a capacidade de manter o
pH estável. Se a quantidade de carbonatos hidrogenados e íons carbonatos forem
pequenos, o valor de pH da água pode decrescer consideravelmente (queda ácida)
provocando problemas para os peixes e invertebrados. A relação entre o pH e as
diversas formas de alcalinidade é representada na tabela 1 a seguir.
Tabela 1 - Relação entre pH e espécie química
Faixa de pH Espécie Química
4,4 – 8,3 Bicarbonato
8,3 – 9,4 Carbonatos e bicarbonatos
> 9,4 Hidróxidos e carbonatos
16
Os teores de bicarbonatos são obtidos a partir da determinação da alcalinidade
total pela fórmula: HCO
3
-
(mg L
-1
) = alcalinidade total (mg L
-1
) x 1,22, que é a
concentração de carbonatos e bicarbonatos, que ocorrem entre pH 4,40 e 7,80
(Esteves, 1988) e correspondem aos limites mínimos e máximos das águas estudadas,
o que justifica a transformação da alcalinidade total em bicarbonato.
4.5 Turbidez
A turbidez se caracteriza pela "nebulosidade" da água e pode ser interpretada
como a ausência de claridade ou brilho. Ela é causada pela presença de substâncias
suspensas e coloidais tais como argila, matéria orgânica e inorgânica, organismos
microscópicos e algas.
4.6 Cloreto (Cl
-
)
O Cl
-
está presente em todas as águas naturais, com valores situados entre 10 e
250 mg L
-1
nas águas doces. O Cl
-
, em geral, é muito solúvel e muito estável em
solução, logo, dificilmente precipita. Não oxida e nem se reduz em águas naturais. É
proveniente da lixiviação de minerais ferromagnesianos de rochas ígneas e de rochas
evaporíticas tal como sal-gema. O Cl
-
é um bom indicador de poluição para aterros
sanitários e lixões. Altas concentrações de cloreto são tóxicas para a maioria dos
vegetais, inibindo o seu crescimento.
4.7 Sulfato (SO
4
2-
)
Origina-se da oxidação do enxofre presente nas rochas e da lixiviação de
compostos sulfatados (gipsita e anidrita). Seus compostos são moderadamente solúveis
17
a muito solúveis, exceto os sulfatos de estrôncio (SrSO
4
) e os de bário (BaSO
4
). Em
água doce o sulfato de cálcio (CaSO
4
) satura a 1500 mg L
-1
e pode chegar até 7200 mg
L
-1
em águas salinas. Em meio redutor, com abundante matéria orgânica, pode ser
reduzido por ação bacteriana a S ou S
2-
porém em geral é estável.
4.8 Fosfato (PO
4
3-
)
Segundo Mathess & Harvey (1982), devido à ação dos microrganismos, a
concentração de fosfato deve ser baixa (< 0,5 mg L
-1
) em águas naturais. Sua
concentração varia entre 0,01 e 1 mg L
-1
, podendo chegar a 10 mg L
-1
. Valores acima
de 1,0 mg L
-1
, são indicativos de águas poluídas.
O fosfato apresenta uma nítida tendência de formar compostos com vários íons e
coligações forte como os minerais de argila.
4.9 Cálcio (Ca
2+
)
O cálcio é o elemento mais abundante existente na maioria das águas e rochas
do planeta Terra. Os sais de cálcio possuem moderada a elevada solubilidade, sendo
muito comum precipitar como carbonato de cálcio (CaCO
3
). É um dos principais
constituintes da água e o principal responsável pela dureza. Apresenta-se em geral, sob
a forma de bicarbonato (HCO
3
-
) e raramente como carbonato (CO
3
2-
).
Ocorre principalmente nos minerais calcita, aragonita e dolomita, em rochas
calcárias, sendo o plagioclásio e apatita as maiores fontes de cálcio de rochas ígneas.
18
4.10 Sódio (Na
+
)
O sódio está presente em todas as águas, predominantemente em algumas,
devido as suas características como:
Distribuição ampla nos minerais fontes;
Baixa estabilidade química dos minerais que o contém;
Solubilidade elevada e difícil precipitação da maioria dos seus compostos
químicos em solução.
Ocorrem principalmente sob forma de cloretos nas águas subterrâneas e seus
minerais fontes em rochas ígneas são essencialmente os feldspatos plagioclásios,
feldspatóides (nefelina e sodalita), anfibólios e piroxênios.
O sódio é o principal responsável pelo aumento constante da salinidade das
águas naturais do ponto de vista catiônico.
4.11 Potássio (K
+
)
Apesar do potássio e sódio pertencerem ao mesmo grupo (metais alcalinos),
seus comportamentos nos processos de solubilidade são diferentes. O potássio é o
sexto colocado na escala de abundância dos metais nas rochas ígneas. Ocorre em
pequena quantidade ou está ausente nas águas subterrâneas, devido à sua
participação intensa em processos de troca iônica, além da facilidade de ser adsorvido
pelos minerais de argila e, ainda, de seus sais serem bastante utilizados pelos vegetais.
Ocorre principalmente nos feldspatos potássicos e leucitas, em rochas ígneas e
metarmórficas. Altas concentrações de potássio podem ser encontradas nos minerais
de carnalitas e silvinita, em evaporitos.
19
4.12 Magnésio (Mg
2+
)
O magnésio apresenta propriedades similares ao cálcio, porém é mais solúvel e
difícil de precipitar. Quando em solução, tem a tendência de nela permanecer,
produzindo o enriquecimento dos seus sais nas águas dos oceanos.
Os minerais fontes de magnésio mais freqüentes são: magnesita, biotita,
granada, hornblenda, clorita, alanita e olivina. O magnésio ocorre principalmente em
rochas carbonáticas. Juntamente com o cálcio é responsável pela dureza e produz
gosto salobro nas águas. Ocorre sob a forma geral de bicarbonato.
4.13 Metais
Os metais existem em pequenas quantidades na crosta terrestre e são,
geralmente dúcteis e maleáveis, eletropositivos, bons condutores de calor e
eletricidade, e tem tendência a formar compostos iônicos.
20
5 OBJETIVOS
A presente dissertação tem como objetivo básico aumentar o acervo de
conhecimentos sobre os aspectos físico-químico e isotópico dos principais afluentes
dos rios Solimões, Purus e Japurá. Desse modo, realizou-se estudos concernentes a:
Caracterização física e química das águas dos rios Solimões, Purus e Japurá e dos
seus principais afluentes (igarapés e lagos), águas de poços e fontes encontrados entre
as cidades de Manacapuru e Alvarães e Anamã e Pirarauará, respectivamente;
Analisar o comportamento da razão isotópica de
86
Sr e
87
Sr, bem como avaliar o seu
uso como traçador hidrológico nas águas estudadas;
Correlacionar esses dados com os demais rios da região;
Caracterização mineralógica e geoquímica dos sedimentos em suspensão dos rios
Solimões, Purus e Japurá em alguns de seus afluentes.
21
6 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA EM ESTUDO
A região de estudo localiza-se no Estado do Amazonas e engloba os principais
afluentes do rio Solimões entre as cidades de Manacapuru e Alvarães e no rio Purus
entre Anamã e Pirarauara com posição geográfica limitada pelas latitudes 2º a 6º Sul e
longitudes 66º a 59º16’48“ Leste (Fig. 1)
O acesso aos locais de coleta só foi possível por via fluvial a partir de Manaus
em barco de médio porte. Para o acesso aos rios, lagos e igarapés foi utilizado um
pequeno bote de alumínio a motor.
A gênese da bacia do Solimões ainda é incerta, porém a hipótese mais recente
admite a possibilidade de sua origem estar relacionada à subsidência regional, devido
ao regime flexural progressivo de oeste para leste em decorrência de um rifteamento
paralelo à borda oeste do continente Gonduana, no Ordoviciano (Campos et al. 1991;
Eiras, 2000). A bacia homônima teria se formado na fase de subsidência
termomecânica que sucedeu esse rifteamento, juntamente com outras depressões
interiores e bacias marginais. Devido não ser encontrado registro de sedimentação Juro
- Triássica na bacia do Solimões, pois nestes períodos atuaram processos erosivos
causados pelo soerguimento resultante da orogenia tardiherciniana (magmatismo
Penecatecua) e intrusões de extensas soleiras de diabásio (Eiras et al. 1994). Logo,
portanto, o substrato Proterozóico sobre o qual se implantou a bacia do Solimões é
parte de um núcleo mais antigo, denominado província Amazônica Central (Eiras et al.
2000).
BRASIL
Figura 1- Mapa de localização das amostras coletadas
22
23
6.1 Geologia local
A área estudada envolve as Formações Solimões e Içá, além dos depósitos
quaternário das planícies de inundação dos rios da região.
6.1.1 Formação Solimões
A Formação Solimões esta dividida em duas unidades (inferior e superior) que
são discordantes sobre os depósitos da Formação Alter do Chão e subjazem com
discordância erosiva à Formação Içá (Maia et al. 1977). A extensão desta formação
ainda é discutida, porém o limite proposto se estende até a região do alto rio Purus. A
unidade inferior consiste de argilitos de cor cinza claro, cinza, cinza esverdeado e
linhitos intercalados em camadas de até 2 m de espessura. A face arenosa na parte
superior da seção é constituída por arenito fino a médio, amarelo avermelhados e
siltitos, localmente com conglomerados intraformacionais avermelhados, separados
entre si, por uma superfície erosiva a transicional, a qual é claramente observada ao
longo dos afloramentos no rios Solimões e Purus (Caputo, 1984; Nogueira et al. 2003).
Este último autor descreve a presença de estratificação inclinada heterolítica nos
depósitos próximos ao município de Coari/AM que são característicos de ambiente
estuarino e que comprovam o último evento transgressivo no Mioceno Médio (Gingras
et al.2002). Os estudos palinológicos realizados por Daemon & Contreiras (1971)
sugerem idade Paleoceno-Pleistoceno, porém ostracodes encontrados nas camadas de
linhito indicam idade Miocêno a Plioceno Superior, enquanto que a parte superior da
unidade tem idade Pleistoceno a Holoceno (Caputo 1984). Outros autores (Hoorn,
1994; Arai et al. 2003) com base nos mesmos estudos posicionam-na no Mioceno,
enquanto que Silveira (2005) a coloca no Mioceno Superior.
24
6.1.2 Formação Içá
Almeida (1975) denominou de Formação Içá os sedimentos sotopostos
discordantes da Formação Solimões que ocorrem na porção oeste da bacia do
Solimões e Acre em conveniência da denominação Sanozama. Posteriormente, para
que não houvesse equívocos, Maia et al. (1977) sugeriu agrupar a seqüência pelítica na
Formação Solimões a cobertura arenosa representada por arenitos silto-argilosos de
cor amarelo avermelhados, conglomeráticos, depositados em ambiente fluvial na
Formação Içá.
Segundo Maia et al. (1977), a Formação Içá apresenta regionalmente uma
seqüência psamítica, intercalados com pelitos e conglomerados, cujo contraste textural
em imagem de radar permite delinear seu contato com a Formação Solimões.
Levantamentos do Projeto Carvão no Alto Solimões executado pelo DNPM –
Departamento Nacional de Produção Mineral em parceria com o CPRM – Serviço
Geológico do Brasil (Maia et al. 1977), indicam que os afloramentos da Formação Içá
estão expostos ao longo do rio homônimo até sua foz no rio Solimões, a qual, pelo
conteúdo fossilífero, data do Cretáceo (Daemon & Contreiras, 1971). No entanto,
Silveira (2005) com base em análises palinológicas, identificou o pólen Alnus, o qual
aparece durante o Pleistoceno e permite atribuir essa idade a referida formação.
6.1.3 Depósitos Quaternários
Os sedimentos quaternários que afloram na região podem ser, genericamente,
divididos em quaternário antigo e recente, representado respectivamente pela planície
de inundação e ilhas/barras. Franzinelli & Potter (1989), ao estudarem as areais
recentes dos rios da Bacia Amazônica mostraram que os sedimentos apresentam alta
25
heterogeneidade, maturidade textural e mineralógica entre a nascente do rio Solimões
nos Andes (Peru) e a foz do rio Amazonas (Pará). Segundo estes autores os depósitos
sedimentares recentes da calha do rio Solimões-Amazonas são compostos por quartzo,
K-feldspato, plagioclásio, mica, hematita, fragmentos de rochas sedimentares (siltitos e
arenitos), metamórficas (xistos) e vulcânicas, além de raros fragmentos de rochas
carbonáticas.
26
7 MATERIAIS E MÉTODOS
7.1 Amostragens
A amostragens de águas e sedimentos foi realizada entre os dias 2 e 12 de
novembro de 2004 no fim do período de estiagem, quando o rio atinge seu nível mais
baixo.
Foram coletados 64 amostras (29 de água e 27 de sedimentos em suspensão e
8 de poços e fontes) ao longo dos rios Solimões e Purus e alguns de seus afluentes e
no rio Japurá (Tab. 2). As amostras foram retiradas de jusante para montante com
aproximadamente 15 centímetros de profundidade e coletadas em garrafas de
polietileno de 1 L e 4,5 L previamente desmineralizadas com solução de ácido nítrico
(HNO
3
) a 25% (v/v), lavadas com água deionizada e seca. Durante a amostragem os
recipientes foram lavados três vezes com a própria amostra.
As amostras de 1 L e 4,5 L seguiram duas abordagens distintas. Na primeira
abordagem, na amostras de 1 L foram efetuadas medições de temperatura, pH,
condutividade elétrica, cloreto e alcalinidade, posteriormente foram filtradas com auxílio
de uma bomba de vácuo do tipo A-45 plus aspirador de marca Olidef CZ em filtro de
membrana de celulose de 0,45 µm. Os primeiros 10 mL foram descartados, para
diminuir a malha do filtro, no qual foram filtradas e acidificadas. Dessa mesma amostra
filtrada, usou-se 400mL para digestão com HNO
3
de qualidade analítica e destilada
reduzida para 100 mL para determinação de metais, análise isotópica de Sr, sílica,
sulfato, fosfato e alcalinidade. Na segunda abordagem, com as amostras de 4,5 L,
foram acrescentados 1 mL de sulfato de alumínio 10% (m/v) em cada amostra com o
objetivo de provocar a precipitação do sedimento em suspensão. Esse precipitado das
27
amostras foi submetido a análises químicas e identificação mineralógica, segundo o
fluxograma mostrado na figura 2.
Tabela 2 - Pontos de coletas, classificação das águas e coordenadas*
Coordenadas Geográficas
Pontos Local da coleta
Latitude Longitude
1 ig. Manacapuru 3°12’39 60°44’40
2 ig. Cabaliana 3°18’7 60°45’8
6 ig. Anamã 3°33’41 61°24’55
16 ig. Anori 3°56’9 61°38’3
17 ig. Badajós 3°43’28 62°17’39
20 Ig. Coari 4°3’47 63°9’42
21 Ig. Copeá 3°50’47 63°20’33
23 ig. Ipixuna 3°50’55 63°52’34
24 Ig. Catuá 3°45’18 64°7’00
25 ig. Caiambé 3°32’26 64°25’33
26 ig. Tefé 3°21’22 64°45’56
27 ig. Alvarães
Afluentes do rio Solimões
3°12’7 64°50’13
9 Ig. Matias 4°16’25 61°42’44
10 Ig. Itapuru 4°16’30 61°49’12
11 ig. Água Fria 4°26’40 61°53’51
12 ig. Paricatuba 4°25’11 61°55’12
13 Lago Aiapuá I
ÁGUAS PRETAS
4°26’41 62°7’55
14 Lago Aiapuá II 4°23’40 62°6’53
15 Lago Aiapuá III
A. Purus
4°25’57 62°11’52
3 rio Solimões I 3°32’39 60°50’8
5 rio Solimões II 3°35’28 61°18’31
18 rio Solimões III 3°47’12 62°19’33
19 rio Solimões IV 3°55’13 62°54’42
22 rio Solimões V 3°51’26 63°31’5
28 rio Solimões VI 3°9’22 64°50’5
7 Rio Purus I 3°44’15 61°27’48
8 Rio Purus II 4°2’31 61°31’56
29 Rio Japurá 3°7’49 64°46’43
4 furo Parati Gd.
ÁGUAS BRANCAS
3°41’17 61°3’43
1P Beruri 3°54’36 61° 21’36
2P Itapuru 4°02’24 61° 29’24
3P Codajás 3°49’12 62° 00’36
4P Coari 3°07’12 63° 09’36
5P Tefé 3°23’24 64° 41’24
6P Alvarães
POÇO
3°13’48 64° 52’12
1F Itapuru 4°14’17 61°44’10
2F Solimões
F.
3°52’39 63°39’16
Ig.: igarapé; A. Purus: Afluentes do rio Purus; F.: Fonte.
* As amostras estão relacionadas no sentido de jusante para montante do rio Solimões.
28
Coletar amostras
(
(
1
1
L
L
e
e
4
4
,
,
5
5
L
L
)
)
1. Temperatura, pH, condutividade elétrica
2. Turbidez
P
P
R
R
I
I
M
M
E
E
I
I
R
R
A
A
A
A
B
B
O
O
R
R
D
D
A
A
G
G
E
E
M
M
S
S
E
E
G
G
U
U
N
N
D
D
A
A
A
A
B
B
O
O
R
R
D
D
A
A
G
G
E
E
M
M
Amostras de
1L
Amostras de
4,5 L
Determinação de
SiO
2
, SO
4
-2
, PO
4
-3
,
Cl
-
, alcalinidade...
Determinação
de Metais (ICP –
MS –
LMTG/França)
nálise isotópica
Sr (UFPA)
Identificação Mineralógica
(DRX-UFAM)
2. Adicionar HNO
3
dest. até pH 2
1. Filtrar 1L p/ cada amostra
2. Recolher o precipitado
1. Adicionar Al
2
(SO
4
)
3
a 10%
Análise Química (ICP
MS
LMTG/FRANÇA)
Figura 2 - Esquema adotados para análises físicas e químicas das amostras
7.2 Procedimentos Laboratoriais de Análises
Foram medidas no campo as temperaturas, pH, condutividade elétrica,
alcalinidade total e cloreto, enquanto que no Laboratório de Geoquímica da UFAM
mediu-se o potencial redox (Eh), turbidez, fosfato (PO
4
3-
) e o sulfato (SO
4
2-
) das águas
naturais. A mineralogia do sedimento em suspensão foi investigado no Laboratório de
Difração de Raios-X da Universidade Federal do Amazonas. A sílica (SiO
2
), os
elementos em água (Li, B, Mg, Al, Si, Ca, Sc,V, Cr, Mn, Fe, Co, Cu, Zn, Ge, As, Se, Rb,
, Sr, Mo, Cd, Sb, Cs, Ba, La, Ce, Pb, U, K e Na) e sedimentos em suspensão (Ca, Sc,
Ti, V, Cr, Co, Ni, Cu, Zn, Ga, Ge, Rb, Sr, Y, Zr, Nb, Cd, Sn, Cs, Ba, ETR, Hf, Ta, Pb, Tl,
Bi, Th, e U) no Laboratoire des Mécanismes de Transfert en Géologie (LMTG) –
29
Université Paul Sabatier – Toulouse – França. Os isótopos de estrôncio das águas dos
rios, igarapés e lagos foram verificados no Laboratório de Geologia Isotópica do Centro
de Geociências da UFPA – Pará-Iso.
As amostras de água foram analisadas obedecendo aos padrões sugeridos nos
manuais técnicos: Methods for physical and Chemical Analysis of Fresh Waters
(Golterman et al. 1978) e Standard Methods for the Examination of Wastewater (Apha,
Awwa, Wpcf, 1985).
Os parâmetros, métodos analíticos e equipamentos utilizados para a análise dos
constituintes dissolvidos encontram-se na tabela 3.
Tabela 3 - Parâmetros, métodos e equipamentos utilizados neste trabalho
Parâmetros / Constituintes Métodos Equipamentos / Marca
pH Potenciométrico HANDYLAB 1 – Schott
Temperatura (ºC) Termômetro de Hg HANDYLAB 1 – Schott
Condutividade Elétrica (µS cm
-1
)
Condutimétrico LF 37 – Leitfähigkeit
Alcalinidade Total (mg L
-1
) Titulométrico ----------
Turbidez (UNT) Turbidimétrico AP 1000 II – Polilab
Na
+
(mg L
-1
) Espectrométrico INTRALAB AA-1475
K
+
(mg L
-1
) Espectrométrico INTRALAB AA-1475
Cl- (mg L
-1
) Titulométrico ----------
PO
4
3-
(mg L
-1
) Fotométrico B 382 – Micronal
SO
4
2-
(mg L
-1
) Fotométrico B 382 – Micronal
SiO
2
(mg L
-1
) Espectrométrico (ICP-MS) PERKIN ELMER ELAN-600
Elementos (1) e (2) Espectrométrico (ICP-MS) PERKIN ELMER ELAN-600
Mineralogia do Sedimento Difratomêtrico XRD 6000 - Shimadzu
Isótopos de Sr Espectrometria de massa FINNIGAN MAT 262
(1) Elementos das Águas: Li, B, Mg, Al, Si, Ca, Sc,V, Cr, Mn, Fe, Co, Cu, Zn, Ge, As, Se, Rb, Sr,
Mo, Cd, Sb, Cs, Ba, La, Ce, Pb, e U.
(2) Elementos dos Sedimentos: Ca, Sc, Ti, V, Cr, Co, Ni, Cu, Zn, Ga, Ge, Rb, Sr, Y, Zr, Nb, Cd,
Sn, Cs, Ba, ETR, Hf, Ta, Pb, Tl, Bi, Th, e U.
30
7.3 Análise de Isótopos de Sr
Da amostra filtrada foram separados 50 mL. Estas foram evaporadas
completamente na chapa de grafite em temperatura em torno de 100 ºC em béqueres
de teflon. Em seguida foram solubilizadas com 1 mL de HNO
3
bidestilado a 3,5 N para
posterior separação cromatográfica do Sr em coluna de teflon utilizando resina
específica de Sr, fabricada pela indústria Eichrom tem nome comercial Sr. Spec.
7.3.1 Preparação da Coluna de Cromatográfica
Adicionou-se 300 µL da resina Sr.spec nas colunas. O objetivo do uso da resina
é separar o Sr sem interferências de metais, como cálcio, alumínio e ferro, mesmo que
esses metais estejam presentes em quantidades que excedam a capacidade da coluna.
Essa propriedade faz com que a Sr.spec seja ideal para a separação de Sr envolvendo
amostras ambientais. Efetuou-se a limpeza da resina com duas lavagens consecutivas
de 500 µL de água ultra pura, tendo o cuidado de esperar descer toda a água para a
segunda lavagem. Após a descida da água, condicionou-se a resina com 500 µL de
HNO
3
bidestilado a 3,5 N.
7.3.2 Separação Cromatográfica do Sr
Antes de iniciar a separação, todas as amostras foram solubilizadas com 1 mL
de HNO
3
. Adicionou-se 500 µL da amostra e enxaguou a coluna quatro vezes
consecutiva com 300 µL de HNO
3
bidestilado a 3,5 N. Esperou a descida total de cada
parcela para fazer a introdução da seguinte e após a última lavagem retirou-se o
recipiente que coleta os líquidos que passaram pela coluna, os quais serão descartados
e trocados por béqueres de teflon para a coleta da porção enriquecida de Sr.
31
Iniciou-se a eluição do Sr introduzindo duas vezes 500 µL de água ultra pura
para a coleta da solução concentrada de Sr e adicionou-se 10 µL de ácido ortofósforico
(H
3
PO
4
) a 0,1 M. Descartou-se a resina e lavou-se a coluna com água ultra pura.
Colocou-se os béqueres na chapa aquecedora a 100 ºC até secura. Encaminhou-se os
béqueres da chapa aquecedora para análise espectrométrica (Tab. 2).
7.4 Difratometria de Raios-X
A determinação de minerais do sedimento em suspensão via difração de raio-X
foi realizado no Laboratório de Difratometria de Geociência da Universidade Federal do
Amazonas, utilizou-se o difratômetro modelo XRD-6000-Shmadzu do tipo θ-2θ, com
tubo de cobre (Cuk
1
- 1,5405 Å). A interpretação dos difratogramas é feita com o
auxilio do software da Shimadzu e ICCDD-PDF. As condições instrumentais aplicadas
nas análises das amostras foram: Voltagem: 40,0 (Kv), amperagem: 30 (mA), fendas
usadas: 1,0 – 1,0 – 0,15, scan range: 3° a 60° (°2 θ), passo: 0,2 °2 θ, velocidade: 2°
2θ/mim.
32
8 RESULTADOS E DISCUSSÃO
8.1 PARÂMETROS FÍSICOS
8.1.1 Temperatura, pH, Condutividade elétrica, Turbidez
A temperatura na área de estudo mostra que as águas pretas dos afluentes dos
rios Solimões e Purus variam, respectivamente de 28,2 ºC (igarapé Alvarães) a 33,3 ºC
(igarapé Cabaliana) e 29,3 ºC (lago Aiapuá I) a 34,5 ºC (lago Aiapuá II) (Tab. 4). Os rios
e igarapés de água branca variam de 28,9 ºC (rio Solimões V) a 33,5 ºC (rio Purus II).
Essas características indicam que não há variação significativa na temperatura segundo
os tipos de água e a localização. As amostras com temperaturas acima de 30 ºC
correspondem àquelas coletadas após as 10 horas, horário de maior incidência dos
raios solares, o que indica influência direta do período do dia de coleta na temperatura.
As águas pretas dos afluentes dos rios Solimões apresentaram pH (5,9-7,2)
menos ácido que os do Purus (5,3-6,7), enquanto as águas brancas dos rios Solimões,
Purus, Japurá e furo Parati Grande têm menor variação e são ainda mais básicas (6,5-
7,1) (Tab. 4 e Fig. 3) . Esses valores são compatíveis com os encontrados nas águas
pretas e brancas por Forti et al. (1997), Gaillardet et al. (1997), Küchler et al. (2000),
entre outros na Amazônia.
33
Tabela 4 - Parâmetros físicos das águas analisadas
Pontos
Local da
Coleta
Temp.
(ºC)
pH
C.E.
(µS/cm)
Turb.
(NTU)
1 Ig. Manacapuru 30,7 6,1 12,8 9
2 ig. Cabaliana 33,3 7,2 56,8 4
6 ig. Anamã 30,8 6,9 86,4 8
16 ig. Anori 32,9 6,3 40,8 15
17 ig. Badajós 31,1 6,4 39,0 3
20 ig. Coari 29,6 6,5 21,8 4
21 ig. Copeá 29,5 6,4 61,3 12
23 ig. Ipixuna 31,9 6,2 26,0 10
24 ig. Catuá 31,0 6,7 22,7 7
25 ig. Caiambé 32,3 6,1 17,6 3,6
26 ig. Tefé 31,6 6,1 15,2 13
27 ig. Alvarães 28,2 5,9 23,4 6
Média
Afluentes do rio Solimões
31,07 --- 35,31 7,88
9 ig. Matias 32,2 5,9 14,7 7
10 ig. Itapuru 32,3 6,7 40,5 10
11 ig. Água Fria 33,8 5,5 13,3 18
12 ig. Paricatuba 34,4 6,4 33,5 14
13 lago Aiapuá I 29,3 5,3 24,6 16
14 lago Aiapuá II 34,5 6,3 39,5 14
15 lago Aiapuá III
ÁGUAS PRETAS
A. Purus
32,2 6,4 17,2 6
Média 32,67 --- 26,18 12,14
3 rio Solimões I 30,1 6,6 86,0 N.A.
5 rio Solimões II 29,3 7,0 92,8 14
18 rio Solimões III 29,8 6,8 94,0 11
19 rio Solimões IV 29,6 6,5 94,7 15
22 rio Solimões V 28,9 6,7 103,3 38
28 rio Solimões VI 29,2 6,7 122,4 24
Média 29,48 --- 98,86 20,4
7 rio Purus I 30,9 6,7 51,7 8
8 rio Purus II 33,5 6,6 47,0 14
29 rio Japurá 29,7 6,5 80,5 15
4 furo Parati Gd.
ÁGUAS BRANCAS
31,2 7,1 108,0 5
Média 31,32 --- 71,80 10,50
1P Beruri N.A. 5,5 41,8 0,4
2P Itapuru N.A. 6,2 137,3 3,1
3P Codajás N.A. 5,9 90,8 0,5
4P Coari N.A. 5,0 32,5 0,9
5P Tefé N.A. 4,3 130,0 0,9
6P Alvarães
POÇO
N.A. 4,7 33,5 0,6
Média --- --- 77,65 1,06
1F Beruri N.A. 6,5 58,1 0,5
2F Itapuru
F.
N.A. 6,1 24,7 0,4
Média --- --- 41,10 0,45
Temp.: Temperatura; C.E.: Condutividade elétrica; Turb.: Turbidez; Gd.: Grande; N.A.: Não
Analisado.
34
As amostras poços e fontes (4,3-6,5) apresentaram maior acidez e tendem a
assemelhar-se com as águas pretas estudadas. A maior acidez está nos poços Tefé e
Alvarães mais a montante do rio Solimões.
Figura 3 - Distribuição dos valores de pH nas águas estudadas
As águas brancas do rio Solimões destacam-se por terem à condutividade
elétrica mais elevada (98,86 µS cm
-1
), seguida pelos rios Purus, Japurá e furo Parati
Grande (71,80 µS cm
-1
) e as águas pretas dos afluentes dos rios Solimões (35,31 µS
cm
-1
) e as menos condutivas são os afluente do Purus (26,18 µS cm
-1
) (Tab. 4 e Fig.
4). Esses valores estão dentro da margem de variação da águas brancas e pretas
encontrados por Santos & Ribeiro (1988) e Lopes (1992).
Nos poços e fontes a condutividade elétrica apresentou-se acentuada (24,7-
137,3 µS cm
-1
) (Tab. 4 e Fig. 4). Essas águas são as que possuem maior quantidade de
íons dissolvidos, devido ao contato direto com as rochas, como será visto adiante.
35
Figura 4 - Condutividade elétrica das amostras de água
As águas superficiais analisadas evidenciaram menor turbidez para as pretas
das drenagens do rio Solimões (7,88 NTU) seguidas dos afluentes do rio Purus (12,14
NTU). As águas brancas do Solimões (20,4 NTU) são as mais turbidas, seguidos dos
rios Purus, Japurá e furo Parati Grande (10,50 NTU) (Tab. 4 e Fig. 5). Os poços e
fontes (0,75 NTU) são menos turvas, em média são três a nove vezes menos turbidas
que as águas superficiais avaliadas neste estudo. A redução da turbidez para os poços
e fontes deve-se a capacidade de filtração das rochas percoladas que retém o material
em suspensão, enquanto, os rios têm maior contribuição dos sedimentos carreados por
erosão para as bacias.
36
Figura 5 - Turbidez das amostras de água
8.2 PARÂMETROS QUÍMICOS
8.2.1 Cálcio, Potássio, Sódio e Magnésio
Em relação aos cátions, o Ca
2+
é o íon mais abundante seguido do Na
+
nas
águas brancas, onde representa 63,9% da carga total de cátions. Devem-se destacar,
ainda, as águas brancas dos rios Purus e Japurá que apresentam maior similaridade
entre K
+
e Na
+
e o furo Parati Grande que se comporta quimicamente semelhante ao rio
Solimões por ser um furo deste (Tab. 5 e Fig. 6).
Na maioria das águas pretas Ca
2+
e Na
+
se alternam como os mais abundantes,
perfazem 41,9% dos cátions e são seguidos do K
+
e Mg
2+
. Contudo há exceções, nos
igarapés Catuá, Alvarães e Água Fria, o K
+
é o mais abundante seguido do Na
+
. No
Tefé, o Na
+
e K
+
são semelhantes. Enquanto no igarpé Ipixuna e Coari, o Na
+
é maior
que o K
+
. No igarapé Paricatuba, o K
+
predomina e é seguido de Na
+
e Ca
2+
.
37
Tabela 5 - Parâmetros químicos dos elementos em mg L
-1
Pontos
Local da
Coleta
Ca
2+
Na
+
K
+
Mg
2+
Σ
+
1 ig. Manacapuru 0,50 0,76 0,39 0,13 1,78
2 ig. Cabaliana 6,32 1,84 0,98 1,31 10,45
6 ig. Anamã 8,99 2,79 0,96 1,34 14,08
16 ig. Anori 3,97 1,76 0,92 0,64 7,29
17 ig. Badajós 1,94 2,00 0,84 0,52 5,30
20 ig. Coari 0,63 1,46 1,30 0,27 3,66
21 ig. Copeá 5,56 1,84 0,88 0,85 9,13
23 ig. Ipixuna 0,69 1,69 1,44 0,33 4,15
24 ig. Catuá 0,81 1,38 1,61 0,38 4,18
25 ig. Caiambé 7,21 1,15 1,30 0,27 9,93
26 ig. Tefé 0,57 1,00 1,07 0,14 2,78
27 ig. Alvarães 0,94 1,46
1,78
0,28 4,46
Média
Afluentes do rio Solimões
3,17 1,59 1,12 0,53 6,41
9 ig. Matias 0,32 0,5 0,46 0,11 1,39
10 ig. Itapuru N.A 1,69 0,92 N.A 2,61
11 ig. Paricatuba 0,47 0,57 0,84 0,1 1,98
12 ig. Água Fria 2,46 1,07 1,05 0,56 5,14
13 lago Aiapuá III 1 1,69 0,96 0,28 3,93
14 lago Aiapuá II 1,13 2,62 1,23 0,38 5,36
15 lago Aiapuá I 0,33 1,23 0,78 0,12 2,46
Média
ÁGUAS PRETAS
A. Purus
0,95 1,33 0,89 0,25 3,26
3 rio Solimões I 8,24 2,71 1,01 1,25 13,21
5 rio Solimões II 9,00 2,79 0,65 1,33 13,77
18 rio Solimões III 9,50 2,96 1,05 1,21 14,72
19 rio Solimões IV 9,86 2,96 1,05 1,20 15,07
22 rio Solimões V 11,90 3,22 1,28 1,52 17,92
28 rio Solimões VI 13,62 3,30 1,25 1,70 19,87
Média 10,35 2,99 1,04 1,36 15,76
7 rio Purus I 4,29 1,76 1,28 1,10 8,43
8 rio Purus II 4,28 1,61 1,51 0,87 8,27
29 rio Japurá 8,11 1,00 0,88 1,08 11,07
4 furo Parati Grande 10,44 3,05 0,93 1,95 16,37
Média
ÁGUAS BRANCAS
6,78 1,85 1,15 1,25 11,03
1P Beruri 0,72 1,38 2,50 0,71 5,31
2P Itapuru 9,33 4,49 4,16 3,51 21,49
3P Codajás 4,76 3,81 2,91 1,56 13,04
4P Coari 0,35 1,30 1,66 0,93 4,24
5P Tefé 0,51 9,36 0,60 0,27 10,74
6P Alvarães 0,46 1,69 1,00 0,25 3,40
Média
POÇO
2,68 3,67 2,13 1,20 9,70
1F Itapuru 8,10 2,96 0,20 2,53 13,79
2F Solimões 2,00 0,26 1,66 0,34 4,26
Média
F.
5,05 1,61 0,93 1,43 9,02
N.A.: Não Analisado.
38
Figura 6 - Distribuição dos cátions; Ca
2+
, Na
+
, K
+
e Mg
2+
nas águas estudadas
Nos poços, constatou-se que o Ca
2+
é mais elevado no Itapuru (9,33 mg L
-1
) e
Codajás (4,76 mg L
-1
), enquanto o Na
+
predomina em Tefé (9,36 mg L
-1
) e Alvarães
(1,69 mg L
-1
) e Mg
2+
no Beruri e Coari. Nos poços predomina a Ca
2+
seguido de Na
2+
e
Mg
2+
, no de Itapuru e de K
+
no Solimões (Tab. 5). Os teores de cátions observados nas
águas de poços e fontes, em geral são mais elevados que as médias obtidas nas águas
fluviais, por estarem em contato direto com as rochas.
A somatória dos cátions é maior nas águas brancas (13,85 mg L
-1
) e se
assemelha mais às águas dos poços e fontes, apesar de haver variações acentuadas
39
nestas últimas (Tab. 5). Nos igarapés de água preta, a somatória é um pouco maior nos
afluentes do Solimões que nos do Purus.
8.2.2 Bicarbonato, Sulfato, Sílica, Fosfato e Cloreto
Na maioria das águas superficiais, o HCO
3
-
é o ânion mais abundante exceto nos
afluentes do Purus onde predomina o SO
4
2-
e o HCO
3
-
está abaixo do limite de detecção
(< 0,02 mg L
-1
) (Tab. 6 e Fig. 7). Nos afluentes do Solimões também há exceções, no
igarapé Manacapuru predomina o SO
4
2-
seguido do SiO
2
e no Caiambé e Tefé ocorre o
inverso. No Coari e Catuá predomina o SiO
2
seguido de HCO
3
-
e SO
4
2-
. Os teores
anômalos de HCO
3
-
, SiO
2
, PO
4
3-
no Itapuru, pode ser atribuída à contaminação
antrópica, visto que as amostras foram coletadas próximo ao município de Itapuru.
Em relação ao SiO
2
, as águas pretas (3,57-10,30 mg L
-1
) têm em geral teores
mais elevados que as brancas (3,64-5,20 mg L
-1
) e o conteúdo desses elementos é
maior no Solimões (4,07-4,46 mg L
-1
) que as dos seus afluentes (3,87-10,30 mg L
-1
).
Nestes últimos observa-se, inclusive, tendência de aumento de SiO
2
para os mais a
montante. Nos poços e fonte somente o SiO
2
é mais elevado que as águas superficiais.
O conteúdo de PO
4
3-
é similar nas águas estudadas, contudo há variação mais
acentuada nas águas pretas do Solimões (0,50-1,65 mg L
-1
) onde é em média mais
elevado (até 1,00 mg L
-1
) que nas do Purus (0,70 mg L
-1
). As maiores concentrações de
SiO
2
estão nas águas de poços e fontes (4,50-19,63 mg L
-1
)
por estarem em contato
direto com as rochas (Tab. 6 e Fig. 7). O PO
4
3-
apesar dos valores mais altos estarem
nos poços e na fonte de Itapuru (2,62 - 2,34 mg L
-1
, respectivamente), não indicam
associação direta com as rochas.
40
Tabela 6 - Parâmetros químicos dos elementos em mg L
-1
Pontos
Local da
Coleta
HCO
3
-
SO
4
2-
SiO
2
PO
4
3-
Cl
-
Σ
-
1 ig. Manacapuru < 0,02 5,31 4,02 0,71 0,20 10,24
2 ig. Cabaliana 15,16 5,00 5,87 0,50 0,40 26,93
6 ig. Anamã 25,19 5,42 4,31 0,70 0,80 36,42
16 ig. Anori 10,07 8,79 5,48 1,33 0,50 26,17
17 ig. Badajós 6,30 5,00 4,33 0,55 0,70 16,88
20 ig. Coari 5,07 3,72 7,79 0,51 0,40 17,49
21 ig. Copeá 12,60 6,38 3,87 1,12 0,20 24,17
23 ig. Ipixuna 3,50 5,00 10,30 0,65 0,20 19,65
24 ig. Catuá 5,11 5,09 8,83 1,65 0,60 21,28
25 ig. Caiambé 0,02 3,82 7,21 1,45 0,50 13
26 ig. Tefé 0,02 5,10 6,38 1,44 0,70 13,64
27 ig. Alvarães 26,40 3,29 9,64 1,39 0,50 41,22
Média
Afluentes do rio Solimões
9,12 5,16 6,50 1,00 0,47 22,25
9 ig. Matias < 0,02 3,93 3,57 0,55 0,50 8,55
10 ig. Itapuru < 0,02 5,85 N.A 0,83 0,70 7,38
11 ig. Água Fria < 0,02 7,12 5,54 0,66 0,40 13,72
12 ig. Paricatuba < 0,02 6,91 5,41 0,54 1,40 14,26
13 lago Aiapuá I < 0,02 7,91 6,18 0,88 0,30 15,27
14 lago Aiapuá II < 0,02 6,59 5,77 0,96 0,30 13,62
15 lago Aiapuá III
A.Purus
< 0,02 15,78 4,39 0,50 0,70 21,37
Média
ÁGUAS PRETAS
0,02 7,72 5,14 0,70 0,61 13,45
3 rio Solimões I 20,16 5,74 4,07 0,90 0,50 31,37
5 rio Solimões II 18,78 6,80 4,25 0,83 0,30 30,96
18 rio Solimões III 21,37 8,35 4,20 0,90 0,20 35,02
19 rio Solimões IV 23,97 7,02 4,46 0,84 1,00 37,29
22 rio Solimões V 28,90 6,27 4,44 1,08 0,80 41,49
28 rio Solimões VI 36,51 8,57 4,07 1,72 0,50 51,37
Média 24,94 7,12 4,28 1,04 0,55 37,91
7 rio Purus I 12,65 7,69 4,83 0,30 0,40
25,87
8 rio Purus II 13,82 4,04 4,91 1,52 0,40 24,69
29 rio Japurá 20,22 5,21 3,64 1,54 0,40 31,01
4 furo Parati Gd. 37,71 5,85 5,20 0,54 0,50 49,8
Média
ÁGUAS BRANCAS
21,10 5,69 4,65 0,97 0,42 32,84
1P Beruri < 0,02 5,42 12,65 1,30 0,20 19,57
2P Itapuru 93,25 7,23 19,63 2,62 0,10 122,83
3P Codajás 12,60 4,68 16,62 0,96 0,70 35,56
4P Coari < 0,02 5,42 8,59 0,86 0,80 15,67
5P Tefé < 0,02 5,74 4,50 0,90 2,00 13,14
6P Alvarães < 0,02 5,00 7,75 0,94 0,50 14,19
Média
POÇO
14,47 6,69 11,62 1,26 0,71 36,82
1F Itapuru < 0,02 9,67 13,38 2,34 0,10 25,49
2F Solimões < 0,02 4,89 7,20 1,46 0,20 13,75
Média
F.
0,02 7,28 10,29 1,90 0,15 19,62
41
Figura 7 - Distribuição de ânions; HCO
3
-
, SO
4
2-
, SiO
2
, PO
4
3-
e Cl
-
nas águas estudadas
O Cl
-
é o íon que apresentou a menor concentração dentre os ânions, sem
variações entre águas pretas e brancas. A somatória dos ânions é maior nas águas
brancas, enquanto os afluentes do Purus têm os menores e em ambos há tendência de
aumento para montante (Tab. 6 e Fig. 7).
Na somatória da carga total dissolvida há predominância dos ânions sobre os
cátions, especialmente nas águas brancas do rio Solimões, com somatória média de
37,91 mg L
-1
. Essa diferença na carga química, que pode ser atribuída à falta de
quantificação de NH
4
+
, DOC
-
, HPO
4
2-
, é natural nos rios de água clara e preta na
Amazônia (Campos, 1994; Dupré et al. 1996; Silva et al. 1999 e Küchler et al. 2000).
42
A composição química das águas estudadas é similar a de Furch (1984),
Gaillardet et al. (1997) e Külcher et al. (2000).
8.3 ELEMENTOS-TRAÇO
Dos elementos-traço analisados na fração dissolvida (Li, B, Al, Sc, V, Cr, Mn, Fe,
Co, Cu, Zn, As, Se, Rb, Sr, Mo, Cd, Sb, Cs, Ba, Pb, La, Ce e U), Fe, Al, Zn, Mn, Ba, Sr,
Cu e B apresentaram teores mais elevados (> 0,75 µg L
-1
), Li, Sc, V, Cr, Co, As, Se, Rb,
Pb, Mo, Cd, Sb, Cs, La, Ce e U mais baixos < 9,23 µg L
-1
e somente o Ge ficou abaixo
do limite de detecção (< 0,03 µg L
-1
) (Tabs. 7 a 9).
Apesar das variações acentuadas, o Fe é o elemento mais abundante (entre
17,4 e 2061 µg L
-1
) nas drenagens estudadas, seguido do Al (entre 7,0 e 861 µg L
-1
)
(Tab. 7).
Ambos representam pelo menos 68,12% das cargas dos elementos traço nas
águas brancas e 81,68% nas águas pretas, contudo somente o Al, mais elevado no
Solimões, permite diferenciá-la das demais drenagens analisadas. Nos poços e fontes
os teores desses elementos são mais baixos, exceto no poço do Beruri onde o Fe
atinge valor anômalo de 2061 µg L
-1
e na fonte de Itapuru o Fe alcança 1900 µg L
-1
e Al
861 µg L
-1
. Os teores de Fe e Al encontrados neste estudo estão na mesma unidade de
grandeza que os de Gaillardet et al. 1997; Elbaz-Poulichet et al. 1998 e Mortati & Probst
2003.
Dentre os afluentes de águas pretas, apesar das variações acentuadas Zn, Ba e
Sr predominam em geral nos do rio Solimões, enquanto o Mn nos do Purus. Nas águas
brancas a distribuição desses elementos é bem mais homogênea e Mn, Ba e Sr tendem
a ser mais elevados que nas pretas, enquanto o Zn tem teores similares (Tab. 7).
43
Tabela 7 - Composição dos elementos-traço das águas estudadas em µg L
-1
Pontos
Local da
Coleta
Fe Al Zn Mn Ba Sr
1 ig. Manacapuru 84 58 49 7 4 6
2 ig. Cabaliana 408 N.A. 180 34 34 33
6 Ig. Anamã 216 99 43 37 53 35
16 ig. Anori 356 82 27 45 24 29
17 ig. Badajós 189 27 11 24 19 17
20 ig. Coari 238 51 15 7 9 12
21 Ig. Copeá 677 188 39 64 32 32
23 Ig. Ipixuna 917 71 27 11 12 20
24 ig. Catuá 860 63 22 16 12 22
25 ig. Caiambé 293 52 29 9 9 18
26 ig. Tefé 134 52 27 14 5 12
27 ig. Alvarães 386 84 23 12 14 25
Média
Afluentes do rio Solimões
396 75 41 23 19 22
9 Ig. Matias 108 51 32 12 2 7
10 Ig. Itapuru N.A. N.A. N.A. N.A. N.A N.A
11 ig. Água Fria 667 128 25 15 2 10
12 ig. Paricatuba 532 96 25 64 15 30
13 Lago Aiapuá I 474 N.A. 29 43 8 18
14 Lago Aiapuá II 367 71 22 28 15 17
15 Lago Aiapuá III
A. Purus
429 N.A. 19 26 4 9
Média
ÁGUAS PRETAS
429 87 25 31 8 15
3 rio Solimões I 265 98 30 43 37 50
5 rio Solimões II 195 121 26 30 37 55
18 rio Solimões III 592 170 22 56 40 55
19 rio Solimões IV 547 156 25 74 45 57
22 rio Solimões V 758 258 43 98 55 69
28 rio Solimões VI 359 136 21 48 51 78
Média 453 157 28 58 44 61
7 rio Purus I 53 26 32 14 35 27
8 Rio Purus II 152 54 29 24 34 24
29 rio Japurá 263 77 12 52 34 50
4 Furo Parati Gd 32 18 22 N.A. 38 66
Média
ÁGUAS BRANCAS
125 43,75 24 30 35 42
1P Beruri 2061 21 25,35 N.A. 77,05 11,65
2P Itapuru N.A. 19 460 N.A. 143 152
3P Codajás 239 7 50 62 138 116
4P Coari 11,8 9 22 12 51 11
5P Tefé 17,4 74 15 17 36 7
6P Alvarães 134 34 49 33 51 14
Média
POÇO
493 27 104 31 83 52
1F Itapuru 1900 861 68 153 118 66
2F Solimões 172 13 11 172 29 12
Média
F.
1036 437 40 163 74 39
N.A.: Não Analisado.
44
Tabela 8 - Composição dos elementos-traço das águas estudadas em µg L
-1
Ptos
Local da
Coleta
Cu Li B Sc V Cr Co Ce La U
1 ig. Manacapuru 2,14 0,50 2,60 1,30 0,57 0,31 0,11 0,31 0,19 0,02
2 Ig. Cabaliana 12,73 0,79 4,91 1,94 1,82 1,3 0,27 1,3 2,28 0,11
6 Ig. Anamã 3,17 1,07 6,77 1,41 1,84 0,54 0,24 0,54 0,30 0,08
16 ig. Anori 3,75 1,09 3,36 1,79 1,81 0,49 0,34 0,49 0,22 0,07
17 ig. Badajós 2,98 1,01 3,6 1,38 0,76 0,26 0,15 0,26 0,16 0,03
20 ig. Coari 1,02 1,46 3,23 2,4 0,6 0,49 0,13 0,49 0,25 0,02
21 Ig. Copeá 6,44 0,83 4,63 1,28 1,95 1,46 0,57 1,46 0,63 0,11
23 Ig. Ipixuna 1,37 2,09 3,55 3,46 1,07 1,03 0,21 1,03 0,47 0,02
24 Ig. Catuá 0,87 1,98 2,63 2,88 0,61 0,88 0,17 0,88 0,41 0,02
25 ig. Caiambé 1,34 1,31 2,37 2,29 0,64 0,69 0,16 0,69 0,36 0,02
26 ig. Tefé 1,04 1,03 2,09 2,05 0,45 0,74 0,20 0,74 0,37 0,02
27 ig. Alvarães 2,3 1,32 3,93 3,00 0,91 0,77 0,40 0,77 0,68 0,02
Média
Afluentes do rio Solimões
3,26 1,20 3,63 2,09 1,08 1,55 0,24 0,74 0,52 0,04
9 Ig. Matias 1,71 1,43 2,21 1,07 0,37 0,52 0,26 0,52 0,24 0,03
10 Ig. Itapuru N.A. N.A. N.A. N.A. N.A. N.A. N.A. N.A. N.A. N.A.
11 Ig. Água Fria 2,1 1,72 2,98 1,75 1,21 0,67 0,51 0,67 0,33 0,06
12 ig. Paricatuba 2,09 1,45 3,17 1,73 1,17 0,82 0,6 0,82 0,36 0,06
13 Lago Aiapuá I 3,1 1,48 5,15 1,84 1,23 0,59 0,52 0,59 0,28 0,03
14 Lago Aiapuá II 2,12 1,69 6,46 1,96 1,02 0,55 0,34 0,55 0,26 0,04
15 Lago Aiapuá III
A. Purus
1,66 1,25 3,30 1,43 0,83 0,27 0,4 0,27 0,14 0,02
Média
ÁGUAS PRETAS
2,13 1,50 3,87 1,63 0,97 1,58 0,43 0,57 0,26 0,04
3 Rio Solimões I 4 1,16 6,74 1,35 1,7 0,72 0,34 0,66 0,32 0,09
5 Rio Solimões II 3,92 1,07 9,51 1,31 1,68 0,65 0,29 0,58 0,28 0,09
18 Rio Solimões III 4,04 1,16 7,12 1,52 2,39 0,89 0,51 1,26 0,54 0,12
19 rio Solimões IV 5,12 1,37 7,24 1,51 2,38 1,6 0,15 1,26 0,86 0,14
22 Rio Solimões V 5,21 N.A. 8,23 1,76 2,97 1,37 0,82 2,01 0,86 0,17
28 rio Solimões VI 4,57 1,56 9,62 1,61 2,55 0,93 0,4 0,89 0,4 0,13
15
4,47 1,26 8,07 1,51 2,27 1,02 0,41 1,11 0,54 0,12
7 Rio Purus I 2,1 1,87 2,82 1,51 0,69 0,34 0,15 0,15 0,11 0,05
8 Rio Purus II 1,84 1,82 2,77 1,6 0,91 0,68 0,24 0,36 0,19 0,06
29 rio Japurá 2,64 0,91 5,41 1,22 1,43 0,93 0,23 0,69 0,31 0,08
4 Ig. Parati Gd 1,9 1,21 6,18 1,68 0,67 1,19 0,19 0,07 0,05 0,04
Média
ÁGUAS BRANCAS
2,12 1,45 4,29 1,5 0,92 0,78 0,2 0,31 0,16 0,05
1P Beruri 2,3 4,12 1,25 4,55 0,06 2,04 7,68 0,42 0,19 0,02
2P Itapuru 10,65 4,07 16,22 6,61 0,13 2,49 0,67 0,1 0,06 0,01
3P Codajás 9,34 2,64 1,58 4,78 0,94 2,57 0,44 0,04 0,07 0,01
4P Coari 13,73 5,31 7,06 2,24 0,04 2,71 2,78 0,16 0,15 0,01
5P Tefé 13,16 3,03 1,36 1,25 0,23 0,95 1,67 3,12 2,22 0,08
6P Alvarães 44,42 1,28 5,1 2,08 0,14 2 2,41 1,24 0,55 0,03
Média
POÇO
15,6 3,4 5,42 3,58 0,25 2,12 2,6 0,84 0,54 0,02
1F Itapuru 29,24 4,66 13,55 3,9 8,41 2,16 6,08 6,08 2,45 0,38
2F Solimões 1,21 1,15 1,03 1,82 0,11 2,19 0,3 0,3 0,15 0,01
Média
F.
15,22 2,90 7,29 2,86 4,26 2,17 3,19 3,19 1,3 0,19
Ge ,03 µg L
-1
exceto o ponto 2 dos poços com 0,11; N.A.: Não Analisado.
45
Tabela 9 - Composição dos elementos-traço das águas estudadas em µg L
-1
Pontos
Local da
Coleta
As Se Rb Mo Cd Sb Cs Pb Σ
1 ig. Manacapuru 0,23 0,14 1,34 0,06 0,07 0,03 0,01 0,23 2,11
2 ig. Cabaliana 1 0,22 2,67 1,12 0,16 0,5 0,03 1,32 7,02
6 ig. Anamã 1,03 0,44 1,85 0,04 0,07 0,27 0,02 0,53 4,25
16 ig. Anori 1,1 0,09 1,83 0,04 0,09 1,19 0,02 0,33 4,69
17 ig. Badajós 0,74 0,12 2,02 0,04 0,04 0,37 0,02 0,16 3,51
20 ig. Coari 0,24 N.A. 3,36 0,01 0,02 0,38 0,02 0,22 4,25
21 ig. Copeá 0,98 N.A. 2,14 0,09 0,08 0,28 0,04 0,63 4,24
23 ig. Ipixuna 0,34 0,12 4,22 0,05 0,03 0,65 0,03 0,25 5,69
24 ig. Catuá 0,28 0,04 4,51 0,02 0,02 0,22 0,03 0,18 5,3
25 ig. Caiambé 0,18 0,05 4,11 0,03 0,17 0,34 0,03 0,45 5,36
26 ig. Tefé 0,17 0,03 2,82 0,02 0,1 0,51 0,02 0,53 4,2
27 ig. Alvarães 0,16 0,1 4,59 0,03 0,04 0,33 0,04 0,33 5,62
Média
Afluentes do rio Solimões
0,53 0,13 2,95 0,12 0,07 0,42 0,02 0,43 4,67
9 ig. Matias 0,23 0,08 2,04 0,04 0,14 0,19 0,02 0,75 3,49
10 ig. Itapuru N.A. N.A. N.A. N.A. N.A. N.A. N.A. N.A. N.A.
11 ig. Água Fria 0,28 N.A. 2,82 0,04 0,24 0,91 0,04 1,24 5,57
12 ig. Paricatuba 0,7 N.A. 2,95 0,1 0,03 2,31 0,04 0,25 6,38
13 Lago Aiapuá I 0,63 0,72 2,77 0,05 0,06 0,46 0,04 0,4 5,13
14 Lago Aiapuá II 0,55 0,2 3,44 0,06 0,07 0,44 0,02 0,37 5,15
15 Lago Aiapuá III
A. Purus
0,2 0,05 2,44 0,12 0,03 2,23 0,02 0,15 5,24
Média
ÁGUAS PRETAS
0,43 0,26 2,74 0,06 0,09 1,09 0,03 0,52
5,22
3 rio Solimões I 0,93 0,34 2,09 0,05 0,08 0,2 0,02 0,48 4,19
5 rio Solimões II 1 0,45 1,86 0,09 0,07 0,17 0,02 0,42 4,08
18 rio Solimões III 1,16 0,04 2,04 0,06 0,05 0,38 0,03 0,45 4,21
19 rio Solimões IV 1,16 0,1 2,16 0,05 0,07 0,83 0,03 0,47 4,87
22 rio Solimões V 1,51 0,25 2,4 0,06 0,08 0,88 0,05 0,57 5,8
28 rio Solimões VI 1,37 0,37 2,19 0,06 0,09 1,25 0,03 0,5 5,86
Média 1,18 0,25 2,12 0,06 0,07 0,61 0,03 0,48 4,80
7 rio Purus I 0,55 0,23 3,17 0,05 0,05 0,17 0,02 0,32 4,56
8 rio Purus II 0,64 0,07 3,02 0,03 0,05 0,84 0,03 0,25 4,93
29 rio Japurá 1,28 0,1 1,83 0,05 0,03 0,81 0,03 0,27 4,4
4 furo Parati Gd. 3,3 0,23 2,25 0,09 0,05 0,11 0,01 0,11 6,15
Média
ÁGUAS BRANCAS
1,44 0,15 2,56 0,05 0,04 0,48 0,02 0,23 4,97
1P Beruri 0,87 N.A. 9,23 0,19 0,15 0,55 0,13 0,29 11,41
2P Itapuru 1,68 0,05 6,54 0,13 0,06 1,2 0,04 4,82 14,52
3P Codajás 0,19 N.A. 6,05 0,1 0,25 0,44 < 0,01 0,16 7,19
4P Coari 0,01 N.A. 8,71 0,11 0,12 0,15 0,16 0,24 9,5
5P Tefé 0,09 0,52 2,82 0,03 0,14 1,19 0,1 0,59 5,48
6P Alvarães 0,04 0,07 5,34 0,04 0,09 1,4 0,21 1,99 9,18
Média
POÇO
0,48 0,21 6,44 0,1 0,13 0,82 0,1 1,34 9,62
1F Itapuru 0,52 0,26 1,63 0,15 0,54 0,61 0,04 0,84 4,59
2F Solimões 0,69 N.A. 6,09 0,04 0,05 3,12 0,07 0,06 10,12
Média
F.
0,6 0,26 3,86 0,09 0,29 1,86 0,05 0,45 7,46
N.A.: Não Analisado.
46
O Cu, B, V, As e U também com variações acentuadas, especialmente o primeiro,
predominam nas águas do Solimões, contudo valores similares a estes ou mais altos de
Cu são encontrados no igarapé Cabaliana (12,73 µg L
-1
) e no Copeá (6,44 µg L
-1
) (Tab.
8).
Os rios Purus, Japurá e furo Parati Grande, a concentração desses elementos se
assemelha as águas pretas. Li, Sc, Cr, Co, Se, Rb, Pb, Mo Cd, Sb e Cs quase não tem
variações entre as águas estudadas (Tabs. 8 e 9). Os poços e fontes têm variações
acentuadas de teores de elementos-traço, mas de modo geral, eles têm teores mais
elevados que nas águas das drenagens. Os poços Beruri, Itapuru e Codajás em geral
têm os teores mais elevados, assim como a fonte do Itapuru (Tabs. 8 a 10).
8.4 ISÓTOPOS DE ESTRÔNCIO
Os resultados obtidos da razão isotópica
87
Sr/
86
Sr e δ
87
Sr para as amostras de
água superficiais analisadas variaram, em geral respectivamente de 0,708674 a
0,714461 e -0,025 a 7,418 ‰, os valores mais elevados estão nas águas brancas do rio
Solimões (0,708861 a 0,714461 e -0,369 a 7,418 ‰) e os mais baixos nos rios Purus e
Japurá (0,711135 a 0,713150 e -0,143 a 5,569 ‰). Os afluentes do rio Purus tem
razões
87
Sr/
86
Sr e δ
87
Sr entre 0,708685 a 0,713293 e -0,726 a 5, 771 ‰, enquanto os
do rio Solimões são um pouco mais baixas (0,708674 a 0,710980 e -0,025 a 2,509 ‰)
(Tab. 10 e Fig. 8).
Os valores encontrados para
δ
87
Sr, foram calculados com auxílio da seguinte
formula: δ
87
Sr = {[(
87
Sr/
86
Sr)
a
/ (
87
Sr/
86
Sr)
am
] – 1} x 1000
47
Onde (
87
Sr/
86
Sr)
a
é a razão isotópica da amostra e (
87
Sr/
86
Sr)
am
é a razão
isotópica da água recente do mar (0,70920).
Tabela 10 - Razão isotópica de
87
Sr/
86
Sr nas águas fluviais amostradas
Pontos Local da Coleta
Razão isotópica
87
Sr/
86
Sr
δ
87
Sr
(‰)
Sr
(µg L
-1
)
1 ig. Manacapuru (E)
0,709153±34
-0,066 5,51
2 ig. Cabaliana (E)
0,709013±16
-0,263 32,52
6 ig. Anamã (E)
0,709053±19
-0,207 35,05
16 ig. Anori (E) N.A N.A. 29,2
17 ig. Badajós (E)
0,709399±41
0,28 16,63
20 ig. Coari (D)
0,710980±15
2,509 11,94
21 ig. Copeá (E)
0,709182±68
-0,025 32,46
23 ig. Ipixuna (D)
0,708961±01
-0,336 20,14
24 ig. Catuá (D)
0,710691±09
2,102 22,32
25 ig. Caiambé (D)
0,708674±09
-0,741 17,94
26 ig. Tefé (D)
0,710493±01
1,823 11,89
27 ig. Alvarães (D)
Afluentes do rio Solimões
0,709067±19
-0,187 24,72
Média
0,709515±21
0,444
21,69
9 ig. Matias (D)
0,711244±58
2,882 7,4
10 ig. Itapuru (D)
0,710894±46
2,388 N.A
11 ig. Água Fria (D)
0,713118±62
5,524 9,85
12 ig. Paricatuba (D)
0,708685±63
-0,726 30,32
13 lago Aiapuá I (D)
0,713293±43
5,771 18,27
14 lago Aiapuá II (D)
0,711426±14
3,138 17,49
15 lago Aiapuá III (D)
A. Purus
0,711347±60
3,027 8,77
Média
ÁGUA PRETA
0,711429±49
3,142
15,35
3 rio Solimões I
0,708938±26
-0,369 50,2
5 rio Solimões II
0,710659±38
1,93 55,15
18 rio Solimões III
0,708861±64
-0,478 55,37
19 rio Solimões IV
0,710698±67
2,112 56,61
22 rio Solimões V
0,709219±19
0,026 69,32
28 rio Solimões VI
0,714461±81
7,418 78,04
Média
0,710275±50
1,770
61,48
7 rio Purus I (D) N.A N.A. 27,29
8 rio Purus II (D)
0,711135±96
2,728 24,39
29 rio Japurá (E)
0,713150±56
5,569 49,99
4 furo Parati Gd. (D)
0,709098±60
-0,143 65,73
Média
ÁGUA BRANCA
0,7121425±76 2,718
33,89
D.:direita; E.:Esquerda; N.A.: Não Analisado.
BRASIL
48
Figura 8 – Mapa de localização das amostras com valores de δ
87
Sr
49
Os afluentes que se localizam a margem esquerda do rio Solimões possuem
87
Sr/
86
Sr mais baixas, enquanto os igarapés da margem direita, exceto Ipixuna e
Caiambé são maiores. Os afluentes da margem esquerda e direita do rio Purus não
apresentam variação significativa na razão isotópica, exceto o igarapé Paricatuba que
junto com o Caiambé apresentam as menores razões. Considerando-se a direção de
escoamento do rio Solimões, as amostras VI, IV e II, indicam uma tendência de redução
da razão isotópica (de 0,714461 para 0,709098) em direção a jusante. O rio Japurá
(0,713150) tem razão isotópica mais elevada que a do Purus (0,711135) e aproxima-se
da amostra Solimões VI (0,714461), o que reforça a tendência das águas terem razões
87
Sr/
86
Sr mais elevadas a montante. Essa razão isotópica do rio Purus é menor que
dos seus afluentes, exceto em relação ao Itapuru (0,710894) (Tab. 10).
Com relação à figura 9, que normalmente é usada para avaliar a mistura de
águas que percolam regiões geologicamente distintas (Faure, 1986) em geral as
amostras estudadas estão acima da razão isotópica dos Andes (0,707 - Allègre et al.
1996) e abaixo da média crustal (0,7123 – Allègre et al. 1996). Em relação à água do
mar (0,709211 a 0,709241) as amostras analisadas têm razões mais elevadas, exceto
nos igarapés Manacapuru, Cabaliana, Anamã, Copeá, Ipixuna, Caiambé, Alvarães,
Paricatuba, furo Parati Grande e rio Solimões I,II e V, que estão concentradas sobre
e/ou próximas da razão isotópicas dos calcários (0,7082 - Allègre et al. 1996). Destaca-
se que todas as amostras estão abaixo da razão isotópica dos rios Solimões (0,71319 -
Allègre et al., 1996) e Negro (0,71698 - Allègre et al. 1996).
50
Figura 9
87
Sr/
86
Sr vs 1/Sr de amostras de água pretas e brancas dos afluentes dos
Solimões e Purus e rios Solimões, Purus e Japurá em relação a rochas e sedimentos
(Henderson, 1984; Faure, 1988 e Allègre et al. 1996).
8.5 MATERIAIS EM SUSPENSÃO
8.5.1 Composição Mineralógica
Os minerais encontrados nos sedimento em suspensão da área de estudo foram
quartzo, caulinita, illita e muscovita, sendo que os dois primeiros são os predominantes
(Tab. 11). Nas análises mineralógicas o quartzo apresenta reflexões mais intensas
devido este ser o mineral mais abundante, favorecido por sua natureza cristalina. Por
esta razão as reflexões dos argilominerais apresentam intensidade intermediária a fraca
51
(caulinita, illita e muscovita) (Fig. 10). Esses minerais são os normalmente encontrados
nos rios e nos sedimentos da região (Gaillardet et al. 1997).
Tabela 11 – Composição mineralógica dos sedimentos em suspensão
Pontos Local da Coleta Quartzo Caulinita Illita Muscovita
1 Ig. Manacapuru
xxx
2 ig. Cabaliana
xxx xx
6 ig. Anamã
xxx xx x
16 ig. Anori
xxx
17 ig. Badajós
M.I M.I M.I M.I
20 ig. Coari
xx xxx x
21 ig. Copeá
xxx xx x
23 ig. Ipixuna
xxx xx
24 ig. Catuá
xxx xx x
25 ig. Caiambé
xxx
26 ig. Tefé
xxx
27 ig. Alvarães
Afluentes do Solimões
xxx xx
9 ig. Matias
xxx xx
10 ig. Itapuru
xxx xx
11 ig. Água Fria
xxx xx x
12 ig. Paricatuba
xxx xx
13 lago Aiapuá I
xxx xx x
14 lago Aiapuá II
M.I M.I M.I M.I
15 lago Aiapuá III
A. Purus
ÁGUA PRETA
xx xxx x
3 rio Solimões I
xxx xx x
5 rio Solimões II
xxx xx x
18 rio Solimões III
xxx xx x
19 rio Solimões IV
xxx xx x
22 rio Solimões V
xxx xx x
28 rio Solimões VI
xxx xx
7 rio Purus I
xxx xx x
8 rio Purus II
xxx
29 rio Japurá
xxx xx
4 furo Parati Gd.
ÁGUA BRANCA
xxx xx x
xxx: Reflexão intensa; xx: intermediária; x: fraca; M.I.: Material Insuficiente.
52
Figura 10– Difratograma de Caulinita, Illita, Muscovita e Quartzo da amostra de
sedimento em suspensão do igarapé Água Fria
8.5.2 Elementos-traço nos sedimentos em suspensão
O Ti, Zn, Ba e V apresentaram os teores mais elevados (até 8040 µg) e
representam 98% do total da composição química desse material. São seguidos do Zr,
Sr, Rb, Cr, Cu, Ni, Pb e Ga (até 573 µg) (Tabs. 12 e 13). O Sc, Co, Y, Nb, Th, Sn, Cs
tem teores menores (até 73 µg) e Tl, U, Hf, Cd, Bi e Ge são os mais baixos (até 36 µg)
todos, em geral, estão abaixo da média crustal, com exceção do Zn (Tab. 13 e 14).
53
Tabela 12 - Composição dos elementos-traço dos sedimentos em suspensão em µg
Local da
Pontos
Coleta
Ti Zn Ba V Zr Sr Rb Cr Cu
1 ig. Manacapuru 3882 656 249 334 106 77 65 135 109
2 ig. Cabaliana 3599 557 423 405 107 97 83 86 151
6 ig. Anamã 6203 635 899 545 162 229 184 127 132
16 ig. Anori 4829 674 471 407 142 125 141 113 147
17 ig. Badajós 1169 544 140 288 41 53 29 61 110
20 ig. Coari 1565 607 141 187 45 46 32 80 76
21 ig. Copeá 7875 842 918 404 196 269 197 142 131
23 ig. Ipixuna 4156 742 376 296 118 88 98 109 90
24 ig. Catuá 4385 639 432 367 102 88 105 121 75
25 ig. Caiambé 1587 635 120 260 50 36 29 67 92
26 ig. Tefé 5432 969 399 323 139 82 117 141 97
27 ig. Alvarães 3553 644 183 404 89 58 41 158 86
Média
Afluentes do rio Solimões
4020 679 396 352 108 104 93 112 108
9 ig. Matias 2693 N.A 263 422 78 64 79 102 71
10 ig. Itapuru 4266 1160 438 318 143 92 145 120 148
11 ig. Água Fria 6559 674 696 486 172 124 207 169 111
12 ig. Paricatuba N.A. N.A. N.A. N.A. N.A. N.A N.A N.A. N.A
13 Lago Aiapuá I 4675 832 408 426 153 97 143 129 131
14 Lago Aiapuá II N.A. N.A. N.A. N.A. N.A. N.A N.A N.A. N.A
15 Lago Aiapuá III
A. Purus
7227 936 1799 418 208 139 196 174 141
Média
ÁGUAS PRETAS
5084 901 721 414 151 103 154 139 120
3 rio Solimões I 7021 706 804 386 182 243 180 130 132
5 rio Solimões II 7502 661 N.A. 573 186 254 196 146 130
18 rio Solimões III 7472 677 863 509 190 250 193 140 131
19 rio Solimões IV 8040 637 962 470 199 288 199 138 114
22 rio Solimões V 6466 843 784 373 189 211 161 121 158
28 rio Solimões VI 6987 791 856 442 202 248 216 145 129
Média 7248 719 854 459 191 249 191 137 132
7 rio Purus I 5969 841 607 450 290 121 171 138 108
8 rio Purus II 5574 937 629 422 156 131 206 136 124
Média 5772 889 618 436 223 126 188 137 116
28 rio Japurá 7047 693 945 381 194 271 216 142 134
4 furo Parati Gd. 6955 730 806 544 183 203 191 144 127
Média
ÁGUAS BRANCAS
7001 712 876 463 189 237 204 143 131
Ti Zn Ba V Zr Sr Rb Cr Cu
Média Crustal
44x10
5
8x10
4
58x10
4
15x10
4
15x10
4
3x10
5
15x10
4
1x10
5
5x10
4
N.A.: Não Analisado; Unidade da Média Crustal:mg L
-1
.
54
Tabela 13 - Composição dos elementos-traço dos sedimentos em suspensão em µg
Local da
Pontos
Coleta
Ni Pb Ga Sc Co Y Nb Th Sn Cs
1 ig. Manacapuru 58 51 49 22 11 11 13 14 14 9
2 ig. Cabaliana 54 97 31 19 15 19 12 14 12 8
6 ig. Anamã 70 67 42 31 22 32 21 23 78 16
16 ig. Anori 49 59 52 23 17 23 17 18 14 14
17 ig. Badajós 22 28 20 8 8 9 4 6 9 3
20 ig. Coari 36 41 22 8 9 8 6 7 10 3
21 ig. Copeá 66 56 50 30 29 32 27 23 15 16
23 ig. Ipixuna 45 54 61 19 17 17 15 14 15 12
24 ig. Catuá 46 46 46 19 16 17 16 15 16 13
25 ig. Caiambé 20 32 29 9 9 9 5 8 10 4
26 ig. Tefé 45 63 59 24 22 19 21 19 10 17
27 ig. Alvarães 51 38 35 13 17 10 11 8 10 6
Média
Afluentes do rio Solimões
47 47 53 41 19 16 17 14 14 18
9 ig. Matias 37 56 63 14 7 7 10 11 13 12
10 ig. Itapuru 60 81 57 24 23 21 15 17 15 18
11 ig. Água Fria 60 66 60 32 16 18 29 20 20 25
12 ig. Paricatuba N.A N.A N.A N.A. N.A. N.A. N.A. N.A. N.A. N.A.
13 Lago Aiapuá I 58 65 80 27 26 19 16 19 17 17
14 Lago Aiapuá II N.A N.A N.A N.A. N.A. N.A. N.A. N.A. N.A. N.A.
15 Lago Aiapuá III
A. Purus
77 69 73 38 39 25 26 23 21 22
Média
ÁGUAS PRETAS
58 67 67 27 22 18 19 18 17 19
3 rio Solimões I 63 74 48 32 27 30 23 22 8 15
5 rio Solimões II 77 68 50 33 28 32 25 25 16 17
18 rio Solimões III 78 59 45 31 28 32 25 23 14 15
19 rio Solimões IV 63 54 43 31 29 32 27 23 15 15
22 rio Solimões V 61 55 42 28 25 24 22 19 15 12
28 rio Solimões VI 75 58 50 31 26 31 25 24 16 17
Média 80 61 46 31 27 30 25 23 14 15
7 rio Purus I 68 71 53 33 28 24 21 19 19 19
8 rio Purus II 60 54 59 28 28 26 21 20 16 22
Média 64 63 56 30 28 25 21 19 17 20
29 rio Japurá 71 59 49 32 29 32 25 24 17 17
4 furo Parati Gd 75 74 52 32 30 33 24 24 17 18
Média
ÁGUAS BRANCAS
73 66 50 32 30 32 24 24 17 17
Ni Pb Ga Sc Co Y Nb Th Sn Cs
Média Crustal
75x10
3
1x10
4
26x10
3
13x10
3
25x10
3
3x10
4
2x10
4
1x10
4
2x10
3
3x10
3
N.A.: Não Analisado; Unidade da Média Crustal:mg L
-1
.
55
Tabela 14 - Composição dos elementos-traço dos sedimentos em suspensão em µg
Local da
Pontos
Coleta
Tl U Hf Cd Bi Ge
1 ig. Manacapuru 1,2 2,9 3,2 1,9 1,2 0,7
2 ig. Cabaliana 3,5 4,5 2,7 1,6 1,8 0,7
6 ig. Anamã 2,6 5,2 3,7 1,3 1,5 2
16 ig. Anori 1,2 4,9 3,1 0,9 1,7 1,2
17 ig. Badajós 0,4 2,2 1 1 1,4 0,5
20 ig. Coari 0,4 1,8 1,1 0,7 1 0,4
21 ig. Copeá 1,9 5,5 4,3 1,4 1,7 1,2
23 ig. Ipixuna 1,2 3,2 2,8 1,1 1,5 1,1
24 ig. Catuá 1,4 2,9 2,6 1,1 1,2 1,6
25 ig. Caiambé 0,4 1,9 1,2 0,9 1,6 0,4
26 ig. Tefé 23,1 3,8 3,2 0,9 1,3 0,3
27 ig. Alvarães 0,7 2,3 2 0,9 1,3 0,8
Média
Afluentes do rio Solimões
3,1 3,4 2,5 1,1 1,4 0,9
9 ig. Matias 1,3 2,1 2,1 7,2 1,1 1
10 ig. Itapuru 1,2 4,6 3,5 1,8 2,2 1,4
11 ig. Água Fria 29,9 3,9 4 1,1 1,8 2
12 ig. Paricatuba N.A. N.A. N.A. N.A. N.A. N.A.
13 Lago Aiapuá I 1,4 4,3 4 3,7 1,7 1,1
14 Lago Aiapuá II N.A. N.A. N.A. N.A. N.A. N.A.
15 Lago Aiapuá III 15,5 5 5,1 0,9 1,6 1,7
Média
ÁGUAS PRETAS
A. Purus
9,8 3,9 3,7 2,9 1,6 1,4
3 rio Solimões I 3,2 5,5 4,3 1,2 1,6 0,4
5 rio Solimões II 2 6 4,4 1,3 2,1 2,2
18 rio Solimões III 35,5 5,6 4,2 1,3 1,6 1,6
19 rio Solimões IV 2,1 5,3 4,4 1,4 1,5 1,7
22 rio Solimões V 2,1 4,9 4,1 1,2 1,4 1,2
28 rio Solimões VI 4 5,5 4,4 1,2 1,6 2,1
Média 8,1 5,4 4,3 1,2 1,6 1,5
7 rio Purus I 1,8 5 6,3 4,8 1,5 1,8
8 rio Purus II 1,6 4,6 3,7 1,1 1,8 2,4
Média 1,7 4,8 5 2,9 1,6 2,1
29 rio Japurá 2,1 5,4 4,2 1,3 1,6 1,7
4 furo Parati Gd. 1,9 6 4,4 1,7 1,8 1,8
Média
ÁGUAS BRANCAS
1 5,7 4,3 1,5 1,7 1,7
Ti U Hf Cd Bi Ge
Média Crustal
0,45x10
3
2,5 x10
3
3x10
3
0,1x10
3
0,1 x10
3
2x10
3
N.A.: Não Analisado; Unidade da Média Crustal:mg L
-1
.
56
Dentre os tipos de água, a distribuição dos elementos-traço em suspensão é em
geral mais homogênea e elevada nas brancas. O Ti (5574 e 8040 µg), Zn (637 e 937
µg), Ba (607 e 962 µg) e V (373 e 573 µg) apresentam neste grupo proporção muito
mais elevada que nas águas pretas que variam entre Ti (1169 e 7875 µg), Zn (544 e
1160 µg), Ba (120 e 1799 µg) e V (187 e 545 µg) (Tab.12). Uma característica marcante
é que o material em suspensão dos afluentes de água preta do Solimões tem teores de
elementos-traço menores que os afluentes do Purus. Em relação ao Solimões, o Purus
tem em geral teores menores de Ba, Sr, Nb e Tl, enquanto Ga, Cs e Hf são maiores, os
demais elementos têm teores variáveis entre os dois. O rio Japurá e o furo Parati
Grande possuem composição química variável entre o Solimões e Purus (Tabs. 12 a
14). Os teores de Zn, Ba, V, Cr, Co, Ni, Cu, Rb, Sr e U encontrados por Seyler et al.
(2003) nos rios Solimões, Purus e Japurá são inferiores aos obtidos neste trabalho.
O resultado das razões entre a composição química do sedimento em suspensão
em relação ao material dissolvido (Zn, Ba, V, Sr, Cr, Cu, Sc, Co, Cs e Cd) (Tab. 15),
mostram que as razões foram mais elevadas para V, Cr e Cs (> 66) e mais baixas para
Sr (<14) e Sc (< 27). Os afluentes do rio Purus tem em geral as razões de Zn, Ba, V, Sr
e Cr mais elevadas, enquanto nos do rio Solimões são mais baixas, exceto Co. O rio
Solimões, dentre os de água branca, é o que apresentou menores razões, enquanto o
Purus as mais altas, especialmente em V, Cr, Co e Cs. Essas razões tendem a
aumentar para jusante, exceto Zn, Ba, Sr e Sc (Tab. 15).
57
Tabela 15 - Razões de sedimentos em suspensão e material dissolvido analisados
Local da Razões
Pontos
Coleta Zn Ba V Sr Cr Cu Sc Co Cs Cd
1 ig. Manacapuru 13 65 586 14 435 51 17 100 900 27
2 ig. Cabaliana 3 13 223 3 66 12 10 56 267 10
6 ig. Anamã 15 17 296 7 235 42 22 92 800 19
16 ig. Anori 25 19 225 4 231 39 13 50 700 10
17 ig. Badajós 48 8 379 3 235 37 6 53 150 25
20 ig. Coari 41 17 312 4 163 75 3 69 150 35
21 ig. Copeá 22 29 207 8 97 20 23 51 400 18
23 ig. Ipixuna 28 31 277 4 106 66 5 81 400 37
24 ig. Catuá 29 35 602 4 138 86 7 94 433 55
25 ig. Caiambé 22 14 406 2 97 69 4 56 133 5
26 ig. Tefé 36 78 718 7 191 93 12 110 850 9
27 ig. Alvarães 29 14 444 2 205 37 4 43 150 23
Média
Afluentes do rio Solimões
26 28 390 5 183 52 11 71 444 23
9 ig. Matias I N.A. 135 1141 9 196 42 13 27 N.A. 51
10 ig. Itapuru N.A N.A N.A N.A 218 N.A N.A 68 N.A N.A
11 ig. Água Fria 27 309 402 13 252 53 18 31 625 5
12 ig. Paricatuba N.A N.A N.A N.A N.A N.A N.A N.A N.A N.A
13 Lago Aiapuá I 29 50 346 5 219 42 15 50 425 62
14 Lago Aiapuá II N.A N.A N.A N.A N.A N.A N.A N.A N.A N.A
15 Lago Aiapuá II 50 472 504 16 644 85 27 98 N.A. 30
Média
ÁGUAS PRETAS
A. Purus
35,3 242 598 11 306 56 18 55 525 37
3 rio Solimões I 24 21 227 5 181 33 24 79 750 15
5 rio Solimões II 25 N.A 341 5 225 33 25 97 850 19
18 rio Solimões III 31 21 213 5 157 32 20 55 500 26
19 rio Solimões IV 25 21 197 5 86 22 21 193 500 20
22 rio Solimões V 19 14 126 3 88 30 16 30 240 15
28 rio Solimões VI 37 17 173 3 156 28 19 65 567 13
Média 27 19 213 4 149 30 21 87 568 18
7 rio Purus I 26 17 652 4 406 51 22 187 950 96
8 rio Purus II 33 19 464 5 200 67 18 117 733 22
Média 30 18 558 5 303 59 20 152 842 59
29 rio Japurá 58 28 266 5 153 51 26 126 567 43
4 furo Parati Gd. 34 21 812 3 121 67 19 158 1800 34
Média
ÁGUAS BRANCAS
46 25 539 4 137 59 23 142 1184 39
N.A.: Não Analisado.
58
8.5.3 Elementos terras raras
Dos ETR determinados nos sedimentos em suspensão La, Ce e Nd
apresentaram as concentrações mais elevadas (até 140,3 µg/L) que representam
aproximadamente 81% do total desse material. São seguidos de Pr e Sm (até 16,6
µg/L). O Eu, Gd, Tb Dy, Ho, Er, Tm, Yb e Lu tem teores mais baixos (até 9,8 µg L
-1
)
(Tab. 16).
Os sedimentos em suspensão nas águas brancas têm teores mais elevados e
homogêneos que as pretas em ETR. O rio Purus dentre os de água branca é o que
apresentou menor média de teor (Σ 253,6 µg/L) e dentre os afluentes de águas pretas
os do Solimões tem menor. Isto sugere que os afluentes não influenciam o conteúdo de
ETR no rio principal.
A normalização dos ETR em relação aos condritos, (Evensen et al. 1978 apud
Henderson 1984) (Tab. 20 e Fig. 10), resultou em curvas paralelas com discreta
concavidade para cima, suave anomalia negativa em Eu (Eu/Eu*~0,14) e evidente
fracionamento com enriquecimento de leves em relação aos pesados. Em relação à
média crustal (Tab. 21 e Fig. 11), aos padrões NASC (Tab. 22 e Fig. 12), o
fracionamento é menos significativo com leve tendência de anomalia positiva de Er no
primeiro e de Pr e Sm no segundo.
59
Tabela 16 - Concentrações dos ETR em sedimentos em suspensão em µg (N.A.: Não Analisado)
Pontos
Local da
Coleta
La Ce Pr Nd Sm Eu Gd Tb Dy Ho Er Tm Yb Lu Σ
1 ig. Manacapuru 30,9 55,8 6,3 23,2 4,6 0,7 3,1 0,5 2,9 0,6 1,6 0,2 1,5 0,2 132,1
2 ig. Cabaliana 40,5 76,2 9,2 35,4 7,1 1,5 5,8 0,9 4,8 1 2,8 0,4 2,4 0,4 188,4
6 ig. Anamã 69,5 131,3 16,3 60,6 11,7 2,4 9 1,3 7,5 1,5 4,1 0,6 3,9 0,6 320,3
16 ig. Anori 47,6 88,8 11 40,9 7,9 1,6 6,3 0,9 5,3 1,1 2,9 0,4 2,7 0,4 217,8
17 ig. Badajós 15,9 29,2 3,8 15,2 3,2 0,8 2,7 0,4 2,3 0,5 1,2 0,2 1,1 0,2 76,7
20 ig. Coari 17,8 35,7 4,5 17,6 3,5 0,7 2,8 0,4 2,3 0,4 1,2 0,2 1 0,1 88,2
21 ig. Copeá 70,8 140,3 16,6 63,7 12,2 2,4 8,9 1,3 7,5 1,5 4,2 0,6 3,9 0,6 334,5
23 ig. Ipixuna 43,5 86,5 10 37,4 7,1 1,5 5,4 0,8 4,4 0,9 2,3 0,3 2 0,3 202,4
24 ig. Catuá 42,5 81,8 9,3 34,2 6,6 1,4 4,9 0,7 3,9 0,8 2,1 0,3 1,9 0,3 190,7
25 ig. Caiambé 72,2 40,4 5,1 19,6 4 0,9 3,1 0,5 2,6 0,5 1,3 0,2 1,1 0,1 151,6
26 ig. Tefé 51,7 94,4 10,8 39,8 7,6 1,7 5,7 0,8 4,7 0,9 2,5 0,4 2,2 0,3 223,5
27 ig. Alvarães 24,9 47,7 5,8 21,1 4 0,9 3,1 0,5 2,6 0,5 1,4 0,2 1,3 0,2 114,2
Média
Afluentes do rio Solimões
43,9 75,6 9 34 6,6 1,3 5 0,7 4,2 0,8 2,3 0,3 2 0,3
186
9 ig. Matias 27,3 49,6 5,6 19,9 3,8 0,6 2,5 0,4 2 0,4 1,1 0,2 1,1 0,2 114,7
10 ig. Itapuru 45,1 81,3 10,2 38,7 7,7 1,8 6,2 0,9 5,3 1,1 3 0,4 2,8 0,4 204,9
11 ig. Água Fria 57,7 102,8 11,9 42,4 7,8 1,5 5,2 0,8 4,4 0,9 2,6 0,4 2,6 0,4 241,4
12 ig. Paricatuba 54 104,3 12,8 48,6 10 1,8 7,5 1,1 6,5 1,3 3,6 0,5 3,4 0,5 255,9
13 Lago Aiapuá I 46,1 88,8 10,6 40,1 8 1,7 6,2 0,9 5,2 1 2,8 0,4 2,5 0,4 214,7
14 Lago Aiapuá II N.A. N.A N.A. N.A. N.A. N.A. N.A. N.A. N.A. N.A. N.A. N.A. N.A. N.A. N.A.
15 Lago Aiapuá III
A. Purus
54 104,3 12,8 48,7 10 1,9 7,5 1,1 6,5 1,3 3,6 0,5 3,4 0,5 256,1
Média
ÁGUAS PRETAS
47,3 88,5 10,6 39,7 7,8 1,5 5,8 0,8 4,9 1 2,7 0,4 2,6 0,4
214
3 rio Solimões I 65,1 126,8 15,2 58,1 11,3 2,4 8,9 1,3 7,4 1,5 4,1 0,6 3,7 0,6 307
5 rio Solimões II 72,5 140,2 17 63,2 12,5 2,6 9,8 1,4 7,8 1,6 4,4 0,6 4 0,6 338,2
18 rio Solimões III 66,8 129,8 16 60,2 11,7 2,4 9,3 1,3 7,5 1,5 4,2 0,6 3,8 0,6 315,7
19 rio Solimões IV 69 134,6 16,2 61,5 12 2,2 9,2 1,3 7,6 1,5 4,2 0,6 3,9 0,6 324,4
22 rio Solimões V 48,1 97,3 12,3 46,6 9,5 1,8 7,1 1,1 6,1 1,2 3,4 0,5 3,2 0,5 238,7
28 rio Solimões VI 67,1 126,7 15,4 58,1 11,2 1,9 8,3 1,2 6,9 1,4 3,8 0,6 3,7 0,5 306,8
Média 64,7 125,9 15,3 57,9 11,3 2,2 8,7 1,2 7,2 1,4 4 0,5 3,7 0,5
304,5
7 rio Purus I 52,2 99,8 12,4 46,8 9,7 1,7 7,5 1,1 6,2 1,2 3,4 0,5 3,1 0,5 246,1
8 rio Purus II 57,8 106,3 13,2 49,8 9,6 2 7,5 1,1 6 1,2 3,2 0,5 2,9 0,4 261,5
Média 55 103 12,8 48,3 9,6 1,8 7,5 1,1 6,1 1,2 3,3 0,5 3 0,4
253,6
29 rio Japurá 67,2 128,8 15,7 59,2 11,3 2,5 8,8 1,2 7,2 1,5 4 0,6 3,7 0,6 312,3
4 furo Parati Gd 71,3 137,3 16,6 62,9 12,2 2,6 9,7 1,4 7,9 1,6 4,5 0,6 4 0,6 333,2
Média
ÁGUAS BRANCAS
69,2 133 16,1 61 11,7 2,5 9,2 1,3 7,5 1,5 4,2 0,6 3,8 0,6
322,2
60
Figura 11 - Fracionamento dos ETR em relação aos condritos no sedimento em suspensão
em µg L
-1
(A), (B), (C) e (D)
Figura 12- Fracionamento dos ETR em relação à média crustal no sedimento em
suspensão em µg L
-1
(A), (B), (C) e (D)
61
edimento em suspensão em
µg L
-1
aos ETRP e entre os La/Eu e Gd/Lu são
/Yb
n
= 4,71 a 46,48, Gd
n
/Yb
n
=
ab. 17). Essas relações indicam
pesados em todos os rios e
padrões de ETR
Figura 13 - Fracionamentos dos ETR em relação a NASC no s
(A), (B), (C) e (D)
Os fracionamentos dos ETRL em relação
mais acentuados entre os afluentes do rio Solimões em La
n
1,68 a 3,9 e La
n
/Yb
n
= 9,76 a 44,30, respectivamente (T
maior enriquecimento dos mais leves em relação aos mais
afluentes, especialmente nos afluentes do Solimões.
As características mencionadas acima mostram similaridade nos
entre as amostras de águas brancas e pretas.
62
Tabela 17 - Razões dos ETR Normalizados
CONDRITOS MÉDIA CRUSTAL NASC
Pontos Local da Coleta
LaN/YbN LaN/EuN GdN/LuN LaN/YbN LaN/EuN GdN/LuN LaN/YbN LaN/EuN GdN/LuN
1 ig. Manacapuru 1,93 2,06 1,77 2,06 1,77 1,44 2,00 1,71 1,43
2 ig. Cabaliana 1,80 1,69 1,08 1,69 1,08 1,34 1,63 1,05 1,34
6 ig. Anamã 1,86 1,78 1,16 1,78 1,16 1,39 1,73 1,12 1,38
16 ig. Anori 1,96 1,76 1,19 1,76 1,19 1,46 1,71 1,15 1,45
17 ig. Badajós 1,68 1,45 0,80 1,45 0,80 1,25 1,40 0,77 1,25
20 ig. Coari 3,48 1,78 1,02 1,78 1,02 2,59 1,72 0,99 2,58
21 ig. Copeá 1,84 1,82 1,18 1,82 1,18 1,37 1,76 1,14 1,37
23 ig. Ipixuna 2,24 2,18 1,16 2,18 1,16 1,67 2,11 1,12 1,66
24 ig. Catuá 2,03 2,24 1,21 2,24 1,21 1,51 2,17 1,18 1,51
25 ig. Caiambé 3,85 6,56 3,21 6,56 3,21 2,87 6,36 3,11 2,86
26 ig. Tefé 2,36 2,35 1,22 2,35 1,22 1,76 2,28 1,18 1,75
27 ig. Alvarães
Afluentes do Solimões
1,93 1,92 1,11 1,92 1,11 1,44 1,86 1,07 1,43
9 ig. Matias 1,86 1,59 1,14 1,59 1,14 1,39 1,54 1,10 1,38
10 ig. Itapuru N.A. N.A. N.A. N.A. N.A. N.A. N.A. N.A. N.A.
11 ig. Água Fria 1,93 1,84 1,08 1,84 1,08 1,44 1,79 1,05 1,43
12 ig. Paricatuba 1,86 1,59 1,20 1,59 1,20 1,39 1,54 1,16 1,38
13 lago Aiapuá I 1,62 2,22 1,54 2,22 1,54 1,20 2,15 1,49 1,20
14 lago Aiapuá II 1,93 1,61 1,00 1,61 1,00 1,44 1,56 0,97 1,43
15 lago Aiapuá III
A. Purus
ÁGUA PRETA
1,55 2,48 1,82 2,48 1,82 1,16 2,40 1,76 1,15
3 rio Solimões I 1,84 1,76 1,09 1,76 1,09 1,37 1,70 1,05 1,37
5 rio Solimões II 2,03 1,81 1,12 1,81 1,12 1,51 1,76 1,08 1,51
18 rio Solimões III 1,93 1,76 1,11 1,76 1,11 1,44 1,70 1,08 1,43
19 rio Solimões IV 1,91 1,77 1,25 1,77 1,25 1,42 1,71 1,22 1,42
22 rio Solimões V 1,76 1,50 1,07 1,50 1,07 1,31 1,46 1,04 1,31
28 rio Solimões VI 2,06 1,81 1,41 1,81 1,41 1,54 1,76 1,37 1,53
7 rio Purus I 1,86 1,68 1,23 1,68 1,23 1,39 1,63 1,19 1,38
8 rio Purus II 2,33 1,99 1,16 1,99 1,16 1,74 1,93 1,12 1,73
29 rio Japurá 1,82 1,82 1,08 1,82 1,08 1,36 1,76 1,04 1,35
4 furo Parati Gd.
ÁGUA BRANCA
2,01 1,78 1,10 1,78 1,10 1,50 1,73 1,06 1,49
N.A.: Não Analisado.
8.6 ANÁLISE ESTATÍSTICA MULTIVARIADA
8.6.1 Águas
A análise estatística multivariada é uma ferramenta essencial que auxilia a avaliar,
organizar, interpretar e analisar um grande número de dados. Esse método reduz a
complexidade do problema em questão, sem acarretar perda relevante de informação, ao
mesmo tempo em que evidencia as relações entre as variáveis constituintes da base de
dados (Neto & Moita, 1987). Um dos métodos estatísticos muito utilizados é a análise
multivariada por componentes principais (ACP), que tem como objetivo principal reduzir a
dimensão dos dados originais permitindo a fácil visualização das informações mais
importantes em um número menor de fatores ou componentes (Neto & Moita, 1997).
De todas as variáveis analisadas nas amostras de água (pH, C.E., transparência,
Ca
2+
, Na
+
, K
+
, Mg
2+
, HCO
3
-
, SO
4
2-
, PO
4
3-
, Cl
-
, Zn, Ba, Sr, Cu, B, Sc, V, Cr, Co, Ce, La, U, As,
Rb, Mo, Cd, Cs, Sb e Pb) foram consideradas somente pH, C.E., Ca
2+
, Mg
2+
, HCO
3
-
, SO
4
2-
,
PO
4
3-
, Cl
-
, Ba, Sr, Cu, Sc, V, Co, Mo e Sb (Tab. 21). Essas variáveis foram as que
apresentaram autovalores ± 0,6 por serem as que têm maior número de correlações
significativas entre si e, assim são as mais representativas das características das águas.
Essas variáveis estão agrupadas em dois componentes principais que representaram entre
47% e 24% da variança total (Tab.21).
63
64
Tabela 18 - Análise de componentes principais das amostras de água
Variáveis CP1 CP2 Variáveis CP1 CP2
pH -0,148 B -0,398 -0,225 0,669
C.E 0,384 Sc 0,316 -0,694 -0,792
Transp. 0,018 0,487 V -0,569 -0,684
Ca
2+
Cr -0,400 0,573 -0,610 0,646
Na
+
-0,465 0,158 Co -0,496 -0,656
K
+
-0,575 -0,594 Ce -0,318 -0,356
Mg 0,258 La -0,322 0,293 -0,928
HCO
3
-
0,259 U -0,249 0,243 -0,929
SO
4
2-
0,180 As -0,384 0,582 -0,758
SiO
2
-0,137 0,313 Rb -0,430 0,454
PO
4
3-
Mo -0,231-0,655 -0,620 -0,887
Cl
-
-0,136 Cd -0,191 0,099 -0,646
Zn 0,216 0,045 Cs -0,001 -0,104
Ba -0,195 Sb -0,065-0,746 -0,604
Sr -0,170 Pb -0,011 -0,190 -0,898
Cu 0,177
Prp.Totl 47% 24%
-0,880
Com base nessas variáveis mais significativas das águas foram obtidos os escores
das amostras nos dois primeiros componentes principais. Esses escores indicaram que as
amostras se agrupam de acordo com o tipo de água e local de ocorrência (Fig. 13). O CP1
separa as amostras de poços e fontes, com cargas negativas das do sistema fluvial (Fig.
14). Logo, a separação dos poços e fontes ao longo do CP1 é influenciada pela
condutividade elétrica, Ca
2+
, Mg, HCO
3
-
, SO
4
2-
, PO
4
3-
, Cl
-
, Ba, Sr, Cu, Sc, V e Co todos com
cargas negativas. No geral todas essas variáveis aumentam da direita para esquerda
exceto SO
4
2-
e V. No CP2, é possível observar que as amostras de água branca dos rios
Solimões, Purus, Japurá e furo Parati Grande, localizadas na parte inferior da figura 13 em
conseqüência das cargas do CP2 ser negativa, formam um grupo separado em relação às
águas pretas. Essa separação é influenciada pelas variáveis pH, Ca
2+
,
PO
4
3-
, Mo e Ba onde
o valor dos dois primeiros
é inversamente proporcional a carga do componente principal,
enquanto os demais aumentam juntamente com a carga, ou seja, estes são mais elevados
nas águas brancas. As águas pretas são as mais dispersas e se entendem entre o
65
segundo, terceiro e quarto quadrante (Tab. 21) ou seja, tem carga positiva no CP1 e
negativas e positivas no CP2. Essa dispersão pode estar relacionada à grande distância
geográfica (300 Km) entre elas e, conseqüentemente a maior variedade de ambientes
percolados (Fig. 1). As águas brancas são quimicamente mais homogêneas e estão
restritas aos terceiro e quarto quadrante. A homogeneidade delas pode ser conseqüência
de representarem apenas 3 rios, o Solimões (6 amostras), Purus (2 amostras), Japurá (1
amostra) o Parati Grande que é um furo do primeiro (1 amostra).
Figura 14 - PC1 versus PC2 das amostras de águas estudadas
66
8.6.2 Sedimentos
Nos sedimentos em suspensão foi aplicado o mesmo procedimento. As variáveis
mais significativas foram Ti, Zn, V, Zr, Sr, Rb, Cr, Cu, Ni, Sc, Co, Y, Nb, Th, Cs, Tl, U, Hf, Cd
e Ge, todas com cargas negativas >0,6 dispostas nos dois primeiros componentes
principais que representam 70% e 10%, respectivamente da variança total (Tab. 22). Os
escores das amostras, também nos dois primeiros componentes principais, separaram os
sedimentos em suspensão dos afluentes do rio Solimões em relação aos demais em função
do CP1 (Fig. 14) que representa o Ti, V, Zr, Sr, Rb, Cr, Cu, Ni, Sc, Co, Y, Nb, Th, Cs, Tl, U,
Hf e Ge cujos teores são inversamente proporcionais às cargas ou seja, este grupo de
amostras é o que tem a menor concentração desses elementos-traço.
As demais amostras (afluentes do Purus e as águas brancas) que correspondem as
que tiveram cargas negativas no CP1 e conseqüentemente as maiores concentrações em
Ti, V, Zr, Sr, Rb, Cr, Cu, Ni, Sc, Co, Y, Nb, Th, Cs, Tl, U, Hf e Ge não têm no sedimento em
suspensão características químicas que permitam diferenciá-las em grupos separados. O
CP2 representado pelo Zn e Cd apesar de terem cargas elevadas (-0,81 e -0,87) não foram
capazes de influenciar significativamente na separação de grupos de amostras em função
da composição química dos sedimentos em suspensão. Pode-se concluir, ainda que os
sedimentos em suspensão nos afluentes do Purus e nas águas brancas são quimicamente
similares.
67
Tabela 19 - Análise de componentes principais das amostras de sedimentos
Parâmetros CP1 CP2 Parâmetros CP1 CP2
Ti 0,052 Co 0,105 -0,956 -0,898
Zn 0,258 Y 0,247 -0,806 -0,911
Ba 0,064 Nb -0,008 -0,850 -0,946
V -0,266 Th 0,020 -0,745 -0,972
Zr -0,076 Sn -0,331 -0,039 -0,917
Sr 0,242 Cs -0,307 -0,796 -0,852
Rb -0,020 Tl -0,343 -0,076 -0,966
Cr -0,208 U 0,187 -0,768 -0,935
Cu 0,394 Hf -0,140 -0,639 -0,922
Ni 0,000 Cd 0,060 -0,929 -0,870
Pb -0,594 -0,131 Bi -0,531 0,238
Ga -0,528 -0,593 Ge -0,172 -0,721
Sc -0,050
Prp.Totl 70% 10%
-0,983
Figura 15 - PC1 versus PC2 das amostras de sedimentos em suspensão
68
9 CONCLUSÃO
As águas estudadas, de modo geral, podem ser divididas em dois grupos. O primeiro
constituindo as águas pretas (afluentes dos rios Solimões e Purus) e o segundo as brancas
(rios Solimões, Purus, Japurá e furo Parati Grande). No primeiro grupo as águas têm maior
concentração SiO
2
, Fe e Al. No segundo, há maior concentração em Ca
2+
, Na
+
, K
+
, Mg
2+
,
HCO
3
-
, Mn, Ba, Sr, B, Ce e As já eram esperados por serem águas brancas e ricas em
sedimentos em suspensão.
O furo Parati grande é equivalente ao rio Solimões, por ser um canal deste. O rio
Solimões à medida que recebe tributários de águas pretas dilui suas águas, diminuindo as
concentrações pH, Na
+
e Mg
2+
.
Nos elementos-traço, o Fe e Al predominam em todas as drenagens investigadas,
com maior concentração nas águas pretas. De modo geral, os afluentes do Solimões têm
maior carga química que os do Purus.
Os resultados obtidos nas razões isotópicas
87
Sr/
86
Sr evidenciaram razões mais
elevadas nas águas brancas do rio Solimões que os demais rios, enquanto nos seus
afluentes ocorreu o inverso.
Os resultados obtidos a partir das análises mineralógica, químicas e interpretações
de trabalhos sobre sedimentos em suspensão na Amazônia, conclui-se que a caulinita
predomina em todas as drenagens investigadas, com maior proporção nos afluentes do rio
Solimões e em menor nos do Purus e nos rios Solimões, Purus, Japurá e furo Parati
Grande. O material em suspensão apresentou grande variação na concentração dos
elementos-traço, especialmente em Ti, Zn, Ba e V, que representam 98% do total da
composição química desse material, já o Ge é inexpressivo em todas as águas estudadas.
69
10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALLÉGRE, C.J.; DUPRÉ, B.; NÉGREL, P.; GAILLARDET, J. 1996. Sr-Nd-Pb isotopes
systematics in Amazon and Congo river sistems: Constrain about erosion proceses,
Chemical Geology, 131: 93-112
ALMEIDA, L. F. G. 1975. Implicações tectônicas do Cráton Guianense na Bacia do Alto
Amazonas – Conferência Geológica. Interguianas – Belém PA.
ARAI, M.; NOGUEIRA, A.C.R.; SILVEIRA, R.R.; HORBE, A.M. 2003. Considerações
cronoestratigráficas e paleoambientais da Formação Solimões com base em palinomorfos,
região de Coari, estado do Amazonas. In: 8º Simpósio de Geologia da Amazônia. Resumos
expandidos e CD.
APHA, AWWA, WPCF. 1985. Standard methods for the examination of water and
wastewater including botton sediments and sludges, 14ed., New York, 936p.
BANNER, J.L.; MUSGROVE, M.; CAPO, .C. 1994. Tracing grownwater evolution in a
limestone aquifer using Sr is otopes: Effect of multiple sources of dissolved ions and mineral
– solution reactios, Geology, 22: 687-690.
BULLEN, T.D.; KRABBENHOFT, D.P.; K da ENDALL, C. 1996. Kinetic and mineralogic
controls of the evolution of grou ndwater chemistry and
87
Sr/
86
Sr in a sandy silicate aquifer,
northern Wisconsin, Geochemistry et Cosm. Acta, 60: 1807-1821.
CAMPOS, Z. E. S. 1994. Parâmetros Físico-químicos em igarapés de água clara e
preta ao longo da rodovia BR 174 entre Manaus e Presidente Figueiredo – AM. INPA
CAMPOS, J. N. P., MURAKAMI, C. Y., MAURO FILHO, A, BARBOSA, C. M. 1991.
Evolução tectono-sedimentar, habitat do petróleo e exploração da Bacia do Solimões.
Manaus: Petrobras/Denoc. Relatório Nº 131-08015.
CAPUTO, M. V. 1984. Stratigraphy, tectonics, paleoclimatology andpaleogeography of
northern basins of Brazil. Santa Barbara. 583 p. (Doctor of Philosofy Thesys, University of
California)
COLLERSON, K.D.; ULLMAN, W.J.; JORGERSEN, T. 1988. Groundwaters with
unradiogenic
87
Sr/
86
Sr ratios in the Great Artesian Basin, Autrália, Geology, 16: 59-63.
CORNU, S.; LUCAS, Y.; AMBROSI, J. P. e DESJARDINS, T. 1999. Transfer of
dissolved Al, Fe and Si in two Amazonian Florest enveronments in Brazil. European Journal
of Soil Scienc, September, 49, 377-384.
DAEMON R,F. & CONTREIRAS C. J. A. 1971. Zoneamento palinológico da Bacia do
Amazonas. In: SBG, Cong. Brás. Geol., 25, São Paulo, Anais, 3:79-88.
70
DUPRÉ, B.; GAILLARDET, J.; ROUSSEAU, D.; ALLÉGRE, J. 1996. Major and trace
elements of river-borned material: The Congo Basin. Geochimica et Cosmochimica Acta,
60:1301-1321.
EIRAS, J. F, BECKER C. R., SOUZA. E. M, GONZAGA. F. G. DA SILVA. J. G. F,
DANIEL. L. M. F.; 1994. Bacia do Solimões. B. Geoci. Petrobrás, rio de janeiro, 8 (1): 17-45,
jan./mar.
EIRAS, J.F. 2000. Tectônica sedimentação e sistemas petrolíferos da bacia do
Solimões estado do amazonas, Cenário geológico nas bacias sedimentares no Brasil em:
Apostila sobre prospecção e desenvolvimento de campos de petróleo e gás (Shlumberger),
Cap. 2. Segunda Parte.
ESTEVES, F.A. 1998. Fundamentos de Limnologia. 2º ed.,vol 1, editora interciências
LTDA, Rio de Janeiro – RJ. 39p.
EVENSEN, N.M.; HAMILTON, P.J.; O'NIONS, R. K. 1978. Rare earth abundances in
chondritic meteorites. Geochim. Cosmochim. Acta, 42: 1199-1212.
FAURE, G. 1986. Principles of Isotope Geology, 2
a
Ed. New York, John Wiley & Sons,
Inc. 589p.
FRANZINELLI, E. & POTTER, P. E. 1985. Areias recentes dos rios da bacia
amazônica: Composições petrográfica, textural e química. Revista Brasileira de
Geociências. nº 15. v 3. p 213 – 220.
FORTI, M. C.; MELFI, A. J. e AMORIN, P.R.N. 1997. Hidroquímica das águas de
drenagem de uma pequena bacia hidrográfica no nordeste da Amazônia (Estado Amapá,
Brasil): efeitos da sazonalidade. Geochimica Brasiliensis, vol. 3, 11, 311-340
FURCH, K, 1984. Water chemistry of the Amazon Basin: the distribution of chemical
elements among freshwaters. In: Sioli, H. (ed.). The Amazon Limnology and landscape
ecologyof a mighty tropical river and its basin. Junk, Dordrecht: p.167-169.
GAILLARDET, J.; DUPRÉ, B.; ALLÈGRE, C.; NÉGREL, P.1997. Chemical and
physical denudation in the Amazon River Basin.Chemical Geology 142:141-173.
GERAD M., SEYLER P., BENEDETTI M.F., ALVES V.P., BOAVENTURA G.R.,
SONDAG F. 2003 Rare Earth Elements in the Amazon Basin 2002 Hydrological Processes
17, 1379-1392
71
GIBBS, R. J. 1967. Geochemistry of the Amazon River system, parte I. The factor that
control the salinity and composition and contration of the suspended solids. Geol. Soc. Am.
Bull. 78: 1203 a 1232.
GINGRAS, M. K. RÄSÄNEN. M, RANZI. A. 2002. The significance of bioturbated
Inclinated Heterolithic Stratification in the Southern Part of the Miocene Solimões Formation,
Rio Acre, Amazônia Brasil . Palaios 17:591-601
GIBBS, R. J. 1972. Water chemistry of Amazon river. Geochim. Cosmochimica Acta
36: 1061 a 1066.
GOLTERMAN, H.L.; CLYMO, R.S. e OHNSTAD, M. A. M. 1978. Methods for physical
and chemical analysis of fresh water. IBP handbook n. 8, Blackwell Scientific publications,
213p.
HEM, J.D. 1970. Study and interpretation of the chemistry characteristics od natural
waters, 363 p. (U. S. Geol. Surv. Water-Supply Paper 1473).
HENDERSON, P. 1984. Rare earth element geochemistry. Amsterdam, Elsevier. p.
510.
HERUT, B.; STARINSKY, A.; KATZ, A. 1993. Strontium in rainwater from Israel:
Sources, isotopes and chemistry, Earth and planet. Sci. Lett., 120: 77-84.
HOORN, C. 1994. Miocene palynostratigraphy and paleoenvironments of Northwestern
Amazônia. Evidence for marine incursions and the influence of Andean tectonics. PhD
thesis, Univ. of Amsterdam, p. 156
HUTCHINSON, G. E. 1975. A treatise on limnology. New York: John Wiley & Sons. 2v.
IRION, G. 1984. Sedimentation and sediments of amazonian rivers and evolution of
Amazonian landscape sice Pliocene times. The Amazon. K. Academic publischers Goup –
Dordrecht, Boston. Lancaster.
JUNK, W.J. 1980. Áreas inundáveis – um desafio para a Limnologia. Acta Amazônica,
10 (4): 775-795.
JUNK, W.J.; FURCH, K. 1985. Química da água e macrófitas aquáticas de rios e
igarapés na bacia Amazônica e nas áreas adjacentes. Acta amazônica, 10 (3): 611-633.
KAWASHITA, K.; MARQUES, F.; SOARES, E.; PINTO, M.S. 1997. Propostas para
valores de consenso para
86
Sr/
87
Sr em carbonatos de strôncio NBS-987 e SrN (E&A), In:
acta X Semana de Geoquímica / IV Congresso de Geoquímica dos Países de Língua
Portuguesa, Braga, Portugal: 397-400.
72
KULCHER, I.L.; MIEKELEY, N.; FORSBERG, B. 2000. A contribution to the chemical
characterization of rivers in the rio Negro basin, Brazil. J. Braz. Chem. Soc., 11:286-292.
LEVINSON, A.A. 1974. Introduction to explofation geochemistry. Illinois, Applied. Publ.
614p.
LYONS, W.B.; TYLER, S.W.; GAUDETTE, H.E.; LONDG, T. 1995. The use of
strontium isotopes in determining groundwater mixing and brine fingering in playa spring
zone, Lake Tyrrell, Austrália, Journal of Hidrology, 187: 225-239.
LOPES, U.B. 1992. Aspectos Físicos, Químicos e Ecológicos das misturas naturais de
águas físico-quimicamente diferentes, na Amazônia. INPA – Pós- Graduação em Ciências
Biológicas. Tese de Doutorado, 49p.
MACÊDO, J.A.B.2003. Piscinas - Água & Tratamento & Química. Belo Horizonte:
CRQ-MG, 235p.
MAIA, R. G. N.; GODOY, H. K.; YAMAGUTI, H. S.; MOURA, P. A.; COSTA, F. S. F.;
HOLANDA, M. A.; COSTA, J. A. 1977. Projeto Carvão no alto Solimões. Relatório Final,
CPRM-DNPM, 137p.
MATHESS, G.; HAVEY, A. 1982. The properties of Groundwater. 1 ed.
MORTATTI, J.; PROBST, J. L. 2003. Silicate rock weathering and atmospheric/soil
CO2 uptake in the Amazon Basin estimated from river water geochemistry: seasonal and
spatial variations. Chemical Geology, Estados Unidos, v. 197, p. 177-196.
NETO, J. M. M.; MOITA, G. C. 1998. Uma introdução á Análise Exploratória de Dados
Multivariados. Química Nova, 21 (4).
NORDSTROM, K.F. 1977. The use of grain-size statistics to distinguish betweenhigh-
and-moderate-energy beach environments. 7. Sed. Petrol.,47:1287-1294
NOGUEIRA, A. C. R.; ARAI, M.; HORBE, A. M. C.; HORBE, M. A.;SILVEIRA, R. R.;
SILVA, J. S.; MOTTA M. B. 2003. A Influência Marinha nos Depósitos da Formação
Solimões na Região de Coari (AM.): Registro da Transgressão Miocênica na Amazônia
Ocidental. VIII Simpósio de Geologia da Amazônia, sessão temática: Sedimentologia e
Estratigrafia.
PALMER, M.R.; EDMOND, J.M. 1992. Controls over the strontium isotope composition
of river water.Geochemistry Et Cosm. ActaN., 56: 2099-2111.
ROSSETTI, D. de F., TOLEDO, P. M.,GÓES, A. M. 2004. New geological framework
for Western Amazônia(Brazil) and implications for biogeography and evolution. Quaternary
Research, p. 1-10.
73
SANTOS, U. M. ; RIBEIRO, M. N. G. 1988. A Hidroquímica do rio Solimões –
Amazonas. Acta Amazônica, 18 (3-4): 145 – 172.
SEYLER, P., BOAVENTURA, G. R. 2003. Distribution and partition of trace Metals in
the Amazon Basin. Hydrological Processes, England, v. 17, p. 1345-1361.
SILVA, M.S.R.; RAMOS, J.P.; PINTO, A.G..N. 1999. Metais de transição nos
sedimentos de igarapés de Manaus-AM. Acta Limnologica Brasiliensis, 11:89-100.
SILVEIRA, R.R. 2005. Cronoestratigrafia e Paleoecologia da Formação Solimões
(Mioceno) na Região de Coari, Bacia do Solimões. Dissertação (Mestrado em Geologia) -
Universidade Federal do Amazonas.
SIOLI, H. 1960. Pesquisas limnológicas na região da Estrada de Ferro de Bragança,
Estado do Pará– Brasil. Bol. Tec. Inst. Agron. Norte, (37):1-73.
SIOLI, H. 1967. Studies in Amazonian waters. In:SIMPÓSIO SOBRE A BIOTA
AMAZÔNICA. Belém, 1996. Atas. Rio de Janeiro, CNPq, 1967. v.3, p.9-50.
SIOLI, H. 1968 Hydrochemistry and Geology in the Brazilian Amazon Region.
Amazoniana Bd. I H. 3:267–277.
SIOLI, H. 1985. Amazônia. Fundamentos de ecologia da maior região de floretas
tropicais. Rio de janeiro: Ed. Vozes.
SIOLI, H.; KLINGE, H. 1962. Solos, tipos de vegetação e águas na Amazônia. Boletim
do Museu Paraense Emílio Goeldi. Série Avulsa Belém, (1):27-41.
SIPPEL, S.J.; HAMILTON, S.K.; MELACK, J.M. 1992. Inundation area and
morphometry of lakes on the Amazon river floodplain, Brazil. Arch. Hydrobiol., 123(4):385-
400.
THOMAS FILHO, A, MIZUSAKI, A.M.P, KAWASHITA, K.; TORQUATO, J.R.1995.
Geocronologia Nuclear, Revista de Geologia, 8: 213-219.
VILLAS BOAS, P. F.; MELO, A. F. F. 1994. Caracterização e distribuição da Formação
Içá na porção noroeste do Estado do Amazonas. Simpósio de Geologia da Amazônia, 4.
Boletim de Resumos Expandidos. Sociedade Brasileira de Geologia – Núcleo Norte, 210 –
211.
WALKER, I. 1987. The biology of streams as part of Amazonian forest ecology.
Experientiae, (73): 279-287.
YABE, M. J. S e OLIVEIRA, E. 1998. Metais pesados em águas superficiais como
estratégia de caracterização de bacias hidrográficas. Química Nova, v.21, p.551-556.
11
74
ANEXOS
Tabela 20 - Normalização (CONDRITOS) dos ETR em sedimentos em suspensão em µg (N.A.: Não Analisado)
Local da
Ptos.
Coleta
La Ce Pr Nd Sm Eu Gd Tb Dy Ho Er Tm Yb Lu
1
ig. Manacapuru
126,3286 87,4745 65,3730 48,9658 29,8701 12,0648 15,1737 13,3511 11,4128 10,5820 9,6385 7,8094 9,0854 7,8771
2 ig. Cabaliana 165,5764 119,4545 95,4653 74,7150 46,1039 25,8531 28,3896
24,0320
18,8902 17,6366 16,8674 15,6189 14,5366 15,7542
6 ig. Anamã 284,1373 205,8316 169,1398 127,9021 75,97403 41,3650 44,0528
34,7129
29,5159 26,4550 24,698 23,4283 23,6220 23,6313
16 ig. Anori 194,6034 139,2068 114,1434 86,3233 51,2987 27,5767 30,8370
24,0320
20,8579 19,4003 17,4698 15,6180 16,3537 15,7542
17 ig. Badajós 65,0040 45,7752 39,4313 32,0810 20,7792 13,7883 13,2158
10,6809
9,0515 8,8183 7,2289 7,8094 6,6626 7,8771
20 ig. Coari 72,7718 55,9648 46,6950 37,1464 22,7272 12,0648 13,7053
10,6809
9,0515 7,0546 7,2289 7,8094 6,0569 3,9385
21 ig. Copeá 289,4521 219,9404 172,2528 134,4449 79,2207 41,3650 43,5633
34,7129
29,5159 26,4550 25,301 23,4283 23,6220 23,6313
23 ig. Ipixuna 177,8413 135,6012 103,7667 78,9362 46,1039 25,8531 26,4317
21,3618
17,3160 15,8730 13,8554 11,7141 12,1138 11,8156
24 ig. Catuá 173,7530 128,2333 96,5030 72,1823 42,8571 24,1296 23,9843
18,6915
15,3482 14,1093 12,6506 11,7141 11,5081 11,8156
25 ig. Caiambé 295,1757 63,3328 52,9210 41,3676 25,9740 15,5118 15,1737
13,3511
10,2321 8,8183 7,8313 7,8094 6,6626 3,9385
26 ig. Tefé 211,3649 147,9856 112,0681 84,0016 49,3506 29,3002 27,9001
21,3618
18,4966 15,8730 15,0602 15,6180 13,3252 11,8156
27 ig. Alvarães 101,7989 74,7766 60,1847 44,5335 25,9740 15,5118 15,1737
13,3511
10,2321 8,8183 8,4337 7,8094 7,8740 7,8771
Média
Afluentes do rio Solimões
179,8173 118,6314 93,9953 71,8833 43,0194 23,6987 24,8001 20,0267 16,6601 14,9911 13,8554 13,0157 12,6186 12,1438
9 ig. Matias 111,6108 77,7551 58,1093 42,0008 24,6753 10,34126 12,2369
10,6809
7,8709 7,0546 6,6265 7,8094 6,6626 7,8771
10 ig. Itapuru 184,3827 127,4494 105,8421 81,6800 50,0000 31,0237 30,3475
24,0320
20,8579 19,4003 18,0722 15,6189 16,9594 15,7542
11 ig. Água Fria 235,8953 161,1538 123,4824 89,4892 50,6493 25,8531 25,4527
21,3618
17,3160 15,8730 15,6626 15,6189 15,7480 15,7542
12 ig. Paricatuba 220,7686 163,5053 132,8214 102,5749 64,9350 31,0237 36,7107
29,3724
25,5804 22,9276 21,6867 19,5236 20,5935 19,6927
13 Lago Aiapuá I 188,4710 139,2068 109,9927 84,6348 51,9480 29,3002 30,3475
24,0320
20,4643 17,6366 16,8674 15,6189 15,1423 15,7542
14 Lago Aiapuá II N.A. N.A. N.A. N.A. N.A N.A. N.A.
N.A.
N.A N.A. N.A N.A. N.A. N.A.
15 Lago Aiapuá III
A. Purus
220,7686 163,5053 132,8214 102,7860 64,9350 32,7473 36,7107
29,3724
25,5804 22,9276 21,6867 19,5236 20,5935 19,6927
Média
ÁGUAS PRETAS
193,6495 138,7626 110,5116 83,8609 51,1904 26,7149 28,6343 23,1419 19,6117 17,6366 16,7670 15,6189 15,9499 15,7542
3 rio Solimões I 266,1488 198,7772 157,7254 122,6256 73,3766 41,3650 43,5633
34,7129
29,1223 26,4550 24,6988 23,4283 22,4106 23,6313
5 rio Solimões II 296,4022 219,7837 176,4034 133,3896 81,1688 44,8121 47,9686
37,3831
30,6965 28,2186 26,5060 23,4283 24,2277 23,6313
18 rio Solimões III 273,0989 203,4802 166,0268 127,0578 75,9740 41,3650 45,5212
34,7129
29,5159 26,4550 25,3012 23,4283 23,0163 23,6313
19 rio Solimões IV 282,0932 211,0049 168,1021 129,8016 77,9220 37,9179 45,0318
34,7129
29,9094 26,4550 25,3012 23,4283 23,6220 23,6313
22 rio Solimões V 196,6475 152,5317 127,6331 98,3537 61,6883 31,0237 34,7528
29,3724
24,0063 21,1640 20,4819 19,5236 19,3821 19,6927
28 rio Solimões VI 274,3254 198,6205 159,8008 122,6256 72,7272 32,7473 40,6265
32,0427
27,1546 24,6913 22,8915 23,4283 22,4106 19,6927
Média 264,7860 197,3664 159,2819 122,3090 73,8095 38,2052 42,9107 33,8228 28,4008 25,5731 24,1967 22,7775 22,5116 22,3185
7 rio Purus I 213,4096 156,4509 128,6707 98,7758 62,9870 29,3002 36,7107
29,3724
24,3998 21,1640 20,4819 19,5236 18,7765 19,6927
8 rio Purus II 236,3041 166,6405 136,9721 105,1076 62,3376 34,4708 36,7107
29,3724
23,6127 21,1640 19,2771 19,5236 17,5651 15,7542
29 rio Japurá 274,7342 201,9125 162,9138 124,9472 73,3766 43,0885 43,0739
32,0427
28,3353 26,4550 24,0963 23,4283 22,4106 23,6313
4 furoParati Gd. 291,4963 215,2375 172,2528 132,7564 79,2207 44,8121 47,4792
37,3831
31,0901 28,2186 27,1084 23,4283 24,2277 23,6313
Média
ÁGUAS BRANCAS
253,9861
185,0604 150,2023 115,3968 69,4805 37,9179 40,9936 32,0427 26,8595 24,2504 22,7409 21,4759 20,7450 20,6774
75
76
Tabela 21 - Normalização (MÉDIA CRUSTAL) dos ETR em sedimentos em suspensão em µg (N.A.: Não
Analisado)
Pontos
Local da
Coleta
La Ce Pr Nd Sm Eu Gd Tb Ho Er Tm Yb Lu
1 ig. Manacapuru 1,030 0,930 0,768 0,829 0,767 0,583 0,574 0,556 0,500 0,571 0,417 0,500 0,400
2 ig. Cabaliana 1,350 1,270 1,122 1,264 1,183 1,250 1,074 1,000 0,833 1,000 0,833 0,800 0,800
6 ig. Anamã 2,317 2,188 1,988 2,164 1,950 2,000 1,667 1,444 1,250 1,464 1,250 1,300 1,200
16 ig. Anori 1,587 1,480 1,341 1,461 1,317 1,333 1,167 1,000 0,917 1,036 0,833 0,900 0,800
17 ig. Badajós 0,530 0,487 0,463 0,543 0,533 0,667 0,500 0,444 0,417 0,429 0,417 0,367 0,400
20 ig. Coari 0,593 0,595 0,549 0,629 0,583 0,583 0,519 0,444 0,333 0,429 0,417 0,333 0,200
21 ig. Copeá 2,360 2,338 2,024 2,275 2,033 2,000 1,648 1,444 1,250 1,500 1,250 1,300 1,200
23 ig. Ipixuna 1,450 1,442 1,220 1,336 1,183 1,250 1,000 0,889 0,750 0,821 0,625 0,667 0,600
24 ig. Catuá 1,417 1,363 1,134 1,221 1,100 1,167 0,907 0,778 0,667 0,750 0,625 0,633 0,600
25 ig. Caiambé 2,407 0,673 0,622 0,700 0,667 0,750 0,574 0,556 0,417 0,464 0,417 0,367 0,200
26 ig. Tefé 1,723 1,573 1,317 1,421 1,267 1,417 1,056 0,889 0,750 0,893 0,833 0,733 0,600
27 ig. Alvarães 0,830 0,795 0,707 0,754 0,667 0,750 0,574 0,556 0,417 0,500 0,417 0,433 0,400
Média 1,466 1,261 1,105 1,216 1,104 1,146 0,938 0,833 0,708 0,821 0,694 0,694 0,617
15 Lago Aiapuá III 1,800 1,738 1,561 1,739 1,667 1,583 1,389 1,222 1,083 1,286 1,042 1,133 1,000
13 Lago Aiapuá I 1,537 1,480 1,293 1,432 1,333 1,417 1,148 1,000 0,833 1,000 0,833 0,833 0,800
12 ig. Paricatuba 1,800 1,738 1,561 1,736 1,667 1,500 1,389 1,222 1,083 1,286 1,042 1,133 1,000
11 ig. Água Fria 1,923 1,713 1,451 1,514 1,300 1,250 0,963 0,889 0,750 0,929 0,833 0,867 0,800
10 ig. Itapuru 1,503 1,355 1,244 1,382 1,283 1,500 1,148 1,000 0,917 1,071 0,833 0,933 0,800
9 ig. Matias 0,910 0,827 0,683 0,711 0,633 0,500 0,463 0,444 0,333 0,393 0,417 0,367 0,400
Média
ÁGUAS PRETAS
1,579 1,475 1,299 1,419 1,314 1,292 1,083 0,963 0,833 0,994 0,833 0,878 0,800
3 rio Solimões I 2,170 2,113 1,854 2,075 1,883 2,000 1,648 1,444 1,250 1,464 1,250 1,233 1,200
5 rio Solimões II 2,417 2,337 2,073 2,257 2,083 2,167 1,815 1,556 1,333 1,571 1,250 1,333 1,200
18 rio Solimões III 2,227 2,163 1,951 2,150 1,950 2,000 1,722 1,444 1,250 1,500 1,250 1,267 1,200
19 rio Solimões IV 2,300 2,243 1,976 2,196 2,000 1,833 1,704 1,444 1,250 1,500 1,250 1,300 1,200
22 rio Solimões V 1,603 1,622 1,500 1,664 1,583 1,500 1,315 1,222 1,000 1,214 1,042 1,067 1,000
28 rio Solimões VI 2,237 2,112 1,878 2,075 1,867 1,583 1,537 1,333 1,167 1,357 1,250 1,233 1,000
Média 2,159 2,098 1,872 2,070 1,894 1,847 1,623 1,407 1,208 1,435 1,215 1,239 1,133
7 rio Purus I 1,740 1,663 1,512 1,671 1,617 1,417 1,389 1,222 1,000 1,214 1,042 1,033 1,000
8 rio Purus II 1,927 1,772 1,610 1,779 1,600 1,667 1,389 1,222 1,000 1,143 1,042 0,967 0,800
29 rio Japurá 2,240 2,147 1,915 2,114 1,883 2,083 1,630 1,333 1,250 1,429 1,250 1,233 1,200
4 furo Parati Gd. 2,377 2,288 2,024 2,246 2,033 2,167 1,796 1,556 1,333 1,607 1,250 1,333 1,200
Média
ÁGUAS BRANCAS
2,071 1,968 1,765 1,953 1,783 1,833 1,551 1,333 1,146 1,348 1,146 1,142 1,050
77
Tabela 22 - Normalização (NASC) dos ETR em sedimentos em suspensão em µg (N.A.: Não Analisado)
Ptos.
Local da
Coleta
La Ce Pr Nd Sm Eu Gd Tb Dy Ho Er Tm Yb Lu
1 ig. Manacapuru 126,329 87,475 65,373 48,966 29,870 12,065 15,174 405,174 11,413 10,582 9,639 7,809 9,085 7,877
2 ig. Cabaliana 165,576 119,455 95,465 74,715 46,104 25,853 28,390 758,067 18,890 17,637 16,867 15,619 14,537 15,754
6 ig. Anamã 284,137 205,832 169,140 127,902 75,974 41,365 44,053 1176,311 29,516 26,455 24,699 23,428 23,622 23,631
16 ig. Anori 194,603 139,207 114,143 86,323 51,299 27,577 30,837 823,418 20,858 19,400 17,470 15,619 16,354 15,754
17 ig. Badajós 65,004 45,775 39,431 32,081 20,779 13,788 13,216 352,893 9,052 8,818 7,229 7,809 6,663 7,877
20 ig. Coari 72,772 55,965 46,695 37,146 22,727 12,065 13,705 365,964 9,052 7,055 7,229 7,809 6,057 3,939
21 ig. Copeá 289,452 219,940 172,253 134,445 79,221 41,365 43,563 1163,241 29,516 26,455 25,301 23,428 23,622 23,631
23 ig. Ipixuna 177,841 135,601 103,767 78,936 46,104 25,853 26,432 705,787 17,316 15,873 13,855 11,714 12,114 11,816
24 ig. Catuá 173,753 128,233 96,503 72,182 42,857 24,130 23,984 640,436 15,348 14,109 12,651 11,714 11,508 11,816
25 ig. Caiambé 295,176 63,333 52,921 41,368 25,974 15,512 15,174 405,174 10,232 8,818 7,831 7,809 6,663 3,939
26 ig. Tefé 211,365 147,986 112,068 84,002 49,351 29,300 27,900 744,997 18,497 15,873 15,060 15,619 13,325 11,816
27 ig. Alvarães 101,799 74,777 60,185 44,534 25,974 15,512 15,174 405,174 10,232 8,818 8,434 7,809 7,874 7,877
Média
Afluentes do rio Solimões
179,817 118,631 93,995 71,883 43,019 23,699 24,800 662,220 16,660 14,991 13,855 13,016 12,619 12,144
15 Lago Aiapuá III 220,769 163,505 132,821 102,786 64,935 32,747 36,711 980,260 25,580 22,928 21,687 19,524 20,594 19,693
14 Lago Aiapuá II N.A. N.A. N.A. N.A. N.A N.A. N.A. N.A. N.A N.A. N.A N.A. N.A. N.A.
13 Lago Aiapuá I 188,471 139,207 109,993 84,635 51,948 29,300 30,348 810,348 20,464 17,637 16,867 15,619 15,142 15,754
12 ig. Paricatuba 220,769 163,505 132,821 102,575 64,935 31,024 36,711 980,260 25,580 22,928 21,687 19,524 20,594 19,693
11 ig. Água Fria 235,895 161,154 123,482 89,489 50,649 25,853 25,453 679,647 17,316 15,873 15,663 15,619 15,748 15,754
10 ig. Itapuru 184,383 127,449 105,842 81,680 50,000 31,024 30,348 810,348 20,858 19,400 18,072 15,619 16,959 15,754
9 ig. Matias
A. Purus
111,611 77,755 58,109 42,001 24,675 10,341 12,237 326,753 7,871 7,055 6,627 7,809 6,663 7,877
Média
ÁGUAS PRETAS
193,650 138,763 110,512 83,861 51,190 26,715 28,634 764,602 19,612 17,637 16,767 15,619 15,950 15,754
3 rio Solimões I 266,149 198,777 157,725 122,626 73,377 41,365 43,563 1163,241 29,122 26,455 24,699 23,428 22,411 23,631
5 rio Solimões II 296,402 219,784 176,403 133,390 81,169 44,812 47,969 1280,872 30,697 28,219 26,506 23,428 24,228 23,631
18 rio Solimões III 273,099 203,480 166,027 127,058 75,974 41,365 45,521 1215,522 29,516 26,455 25,301 23,428 23,016 23,631
19 rio Solimões IV 282,093 211,005 168,102 129,802 77,922 37,918 45,032 1202,452 29,909 26,455 25,301 23,428 23,622 23,631
22 rio Solimões V 196,648 152,532 127,633 98,354 61,688 31,024 34,753 927,979 24,006 21,164 20,482 19,524 19,382 19,693
28 rio Solimões VI 274,325 198,621 159,801 122,626 72,727 32,747 40,627 1084,821 27,155 24,691 22,892 23,428 22,411 19,693
Média 264,786 197,366 159,282 122,309 73,810 38,205 42,911 1145,814 28,401 25,573 24,197 22,778 22,512 22,319
7 rio Purus I 213,410 156,451 128,671 98,776 62,987 29,300 36,711 980,260 24,400 21,164 20,482 19,524 18,777 19,693
8 rio Purus II 236,304 166,641 136,972 105,108 62,338 34,471 36,711 980,260 23,613 21,164 19,277 19,524 17,565 15,754
29 rio Japurá 274,734 201,913 162,914 124,947 73,377 43,089 43,074 1150,171 28,335 26,455 24,096 23,428 22,411 23,631
4 ig. Parati Gd 291,496 215,238 172,253 132,756 79,221 44,812 47,479 1267,802 31,090 28,219 27,108 23,428 24,228 23,631
Média
ÁGUAS BRANCAS
253,986 185,060 150,202 115,397 69,481 37,918 40,994 1094,623 26,860 24,250 22,741 21,476 20,745 20,677
78
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo