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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA NATUREZA
DEPARTAMENTO DE FÍSICA
REBECA DOURADO GONÇALVES
ESTUDO DE IMPUREZAS DE CARBONO EM
NANOESTRUTURAS DE BN
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
JOÃO PESSOA, PB
21 DE AGOSTO DE 2008
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REBECA DOURADO GONÇALVES
ESTUDO DE IMPUREZAS DE CARBONO EM
NANOESTRUTURAS DE BN
Trabalho apresentado ao Programa de Pós-
graduação em Física do Departamento de
Física da UNIVERSIDADE FEDERAL DA
PARAÍBA como requisito parcial para obtenção
do grau de Mestre em Física.
Orientador:
Prof. Dr. Fernando Jorge Sampaio Moraes
Co-orientador:
Prof. Dr. Sérgio André Fontes Azevedo
JOÃO PESSOA, PB
21 DE AGOSTO DE 2008
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REBECA DOURADO GONÇALVES
ESTUDO DE IMPUREZAS DE CARBONO EM
NANOESTRUTURAS DE BN
Trabalho apresentado ao Programa de Pós-
graduação em Física do Departamento de
Física da UNIVERSIDADE FEDERAL DA
PARAÍBA como requisito parcial para obtenção
do grau de Mestre em Física.
Data de aprovação: __ /__ /____
BANCA EXAMINADORA
Prof. Dr. Fernando Jorge Sampaio Moraes
DEPARTAMENTO DE FÍSICA - UFPB
Prof. Dr. Sérgio André Fontes Azevedo
DEPARTAMENTO DE FÍSICA - UEFS
Prof. Dr. Cláudio Benedito Silva Furtado
DEPARTAMENTO DE FÍSICA - UFPB
Prof. Dr. Mário Sérgio de Carvalho Mazzoni
DEPARTAMENTO DE FÍSICA - UFMG
Aos meus queridos avós Natanael e Mizinha.
ii
Agradecimentos
Gostaria de agradecer ao Professor Sérgio Azevedo, não apenas pela orientação recebida
na realização deste trabalho, mas pela sua fundamental participação em toda minha formação
acadêmica, e por ser para mim, acima de tudo, um exemplo de ser humano. Ao Professor Fer-
nando Moraes pelo aprendizado, apoio constante e orientação recebida. Ao Professor Marildo
pelo incentivo constante desde o segundo semestre de gradução. Agradeço aos Professores Ana
Tereza, Nazareno, Jorge Kaschny, Álvaro e Zé Carlos, com certeza se não fosse pela competên-
cia de vocês não teria conseguido chegar até aqui.
Ao amigo Anibal, pela grande ajuda dispensada no difícil começo do curso de Mestrado,
e pela amizade, muito obrigada. Aos colegas de sala, Cleverson e Marcelo. Aos colegas de
pós graduação, pelas discussões, pelas preocupações compartilhadas e pelo convívio, Rubens,
Daniel, Thiago, Farinaldo, Marco Aurélio, Herondy e Carlos. Às amigas "pano preto” Fabíola
e Soraya, pela amizade, e pela grande ajuda nos difíceis momentos. Aos professores Eugênio
e Alexandre Rosas pelo aprendizado. Aos colegas do GENM, Danilo, Marcelo, Jemima,
Roberto e Lilika pelas produtivas discussões e por ter tornado o ambiente de trabalho mais
descontraído.
Agradeço em especial á minha mãe Nilvana, pelo grande amor e pelo apoio incondicional.
Aos meus irmãos Israel, Tiago e Josué por todo amor e por sempre poder contar com vocês.
Ao meu pai, Pedro Filho, in memorian. Aos meus avós Natanael e Mizinha, pela grande im-
portância que tem em minha vida. Agradeço de coração à minha tia Valquíria por estar sempre
me ajudando de alguma maneira. Aos meus tios Sávio, Paulo, Júnior, Airton in memorian, Lu-
ciano, Renata, Nádia, Lucila, Vera, Graça, Veima, Iraci e Isabel por terem sempre me ajudado
por toda minha vida cada um do seu jeito. Aos primos queridos Naiara, Paulinha e Jakson,
pelos ótimos momentos que tivemos nesse período de mestrado.
Agradeço ao meu namorado Eduardo por ser essa pessoa admirável e por ter me dado a
minha princezinha Luiza, obrigada por estar presente em minha vida. A Matheus e Geane pela
amizade sincera e por ter contado com vocês em muitos momentos.
Aos amigos de Irecê Sandro, Daniel, Thiago, Vinicinho, Ananias, Paulinha, Cezário, Edite,
Michele e Hanaléia. A Aline e Meg pela amizade e pelo ótimo convívio nesses últimos meses,
foi muito bom ter conhecido vocês.
À UFPB, ao CNPq e à UEFS.
“Toda a nossa ciência, comparada com a realidade, é primitiva e infantil -
e, no entanto, é a coisa mais preciosa que temos.
—ALBERT EINSTEIN (1879-1955)
iv
Resumo
Neste trabalho, fizemos uma análise da estabilidade estrutural e eletrônica de nanoestru-
turas de Nitreto de Boro (BN), tais como planos, tubos e cones, quando dopadas com carbono,
através do uso de cálculos de primeiros princípios como implementado no código SIESTA. En-
contramos que a dopagem substitucional de carbono por boro ou nitrogênio provoca mudanças
significativas nas propriedades condutoras de cada material. Tais substituições transformam o
material que antes era isolante, em condutor do tipo n, doador de elétrons, para o boro substi-
tuído pelo carbono, e do tipo p, receptor de elétrons, para a substituição do nitrogênio. Além
disso, realizamos cálculos com polarização de spin e verificamos ocorrência de magnetização
espontânea de 1µ
B
para todas as estruturas dopadas, com exceção do tubo (6,0) que apresentou
um momento magnético de 0,2µ
B
. Essa magnetização é atribuída ao elétron desemparelhado
localizado no orbital p
z
do carbono. Foi verificado também que os planos dopados se tornam
mais estáveis energeticamente à medida que o número de átomos aumenta. Para os tubos, o
aumento da estabilidade ocorre com o aumento do diâmetro combinado com o consequente
aumento do número de átomos. nos cones, a estabilidade energética é diminuída com o au-
mento do ângulo de disclinação. Esses efeitos são fruto de uma combinação entre porcentagem
de concentração do defeito e do maior ou menor grau de hibridização.
Palavras-chave: Nitreto de Boro, Dopagem, Polarização de Spin
v
Abstract
In this work, we performed an analysis of the structural and electronic stability of nanos-
tructures of Boron Nitride (BN), such as layers, tubes and cones, when doped with Carbon,
through first-principles calculations as implemented in code SIESTA. We found that substitu-
tional doping of Carbon for either a single Boron or a single Nitrogen atom produces significant
changes in the conductive properties of each material. Such replacement process transforms the
formerly insulating material, in a n-type conductor, donnor of electrons, for Boron replaced by
Carbon, and the p-type, acceptor of electrons, for the Nitrogen substitution. Furthermore, we
also performed calculations with spin-polarization and found occurrence of spontaneous mag-
netization of 1µ
B
for all doped structures, except for tube (6,0), which presented a magnetic
moment of 0,2µ
B
. This magnetization is attributed to the unpaired electron located in the p
z
orbital of carbon. It was also noted that the doped layers become more energetically stable as
the number of atoms increases. To the tubes, increased stability occurs with the increase in
diameter combined with the consequent increase in the number of atoms. At the cones, stability
energy is reduced with the increase in the angle of disclination. These effects are the result
of a combination of percentage concentration of the defect and the greater or lesser degree of
hybridization.
Keywords: Boron nitride, Doping, Spin-polarization
vi
Sumário
Resumo iv
Abstract v
Lista de Figuras viii
Lista de Tabelas xii
INTRODUÇÃO 1
1 INTRODUÇÃO 3
1.1 O Carbono . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
1.2 Nanotubo de Carbono . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
1.3 Nanocone de Carbono . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
1.4 Estruturas de BN . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
2 METODOLOGIA 16
2.1 Aproximação de Born-Oppenheimer . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
2.1.1 O Princípio de Exclusão de Pauli . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
2.2 A aproximação de Hartree-Fock . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
2.3 Teoria do Funcional da Densidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
2.4 As Equações de Kohn-Shan . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
2.4.1 Aproximações na Teoria do Funcional da Densidade . . . . . . . . . . 24
2.5 Pseudopotencial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
2.6 Combinação Linear de Orbitais Atômicos - Método LCAO . . . . . . . . . . . 29
2.7 SIESTA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
3 ESTUDO DE IMPUREZAS DE CARBONO EM NANOESTRUTURAS DE BN 31
3.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
3.2 Planos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
3.2.1 Estabilidade do Defeito . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
3.2.2 Estrutura de Bandas e DOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
3.3 Tubos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
3.3.1 Estabilidade do Defeito . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
SUMÁRIO vii
3.3.2 Estrutura de Bandas e DOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
3.4 Cones . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
3.4.1 Estabilidade do Defeito . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
3.4.2 DOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS 63
A O PRINCÍPIO VARIACIONAL 65
Referências Bibliográficas 66
viii
Lista de Figuras
1.1 Estrutura do diamante mostrando hibridização sp
3
. . . . . . . . . . . . . . . . 5
1.2 Estrutura do grafite mostrando hibridização sp
2
. . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
1.3 Estrutura do fulereno mostrando hibridização sp
2
ligeiramente deformada. . . . 6
1.4 Modelo para a molécula C
60
a esquerda e C
70
a direita. . . . . . . . . . . . . . 6
1.5 Estrutura de um nanotubo de carbono , mostrando hibridização sp
2
ligeiramente
deformada. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
1.6 Modelos de nanotubos SWNT e MWNT da esquerda para direita. . . . . . . . 7
1.7 Representação de uma folha de grafeno que ao ser enrolada forma um nanotubo. 7
1.8 Nanotubos de cadeia hexagonal: imagens TEM (a), (b) e (c) para três nanotubos
de múltiplas camadas (MWNTs) da primeira descoberta feita por Ijima em 1991
[2]; imagem TEM (d) para um nanotubo de única camada (SWNT) da primeira
descoberta feita por Ijima et al. em 1993 [3]; e imagem de resolução atômica
STM (e) para um SWNT. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
1.9 (a) Ilustração do grafeno no espaço real; a
1
e a
2
são os vetores unitários da
rede no espaço real; (b) representação no espaço recíproco do grafeno. A região
hachurada representa a Zona de Brillouin; b
1
e b
1
são os vetores da rede recíproca. 9
1.10 Folha de grafeno. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
1.11 Tipos de nanotubos: (a)armchair , (b)zigzag e (c)quiral. . . . . . . . . . . . . . 10
1.12 Células unitárias dos nanotubos (8,0) e (4,4) determinadas pelos vetores T e C
h
. 11
1.13 Resumo das propriedades condutoras para alguns tipos de nanotubo. Nesse
vemos que a maior parte dos nanotubos apresenta um caráter semicondutor. . . 12
1.14 Forma útil para visualizar a construção de um nanocone a partir do processo de
"corte e colagem", conhecido como processo de Volterra [10]. . . . . . . . . . 13
2.1 Localização dos elétrons e núcleos num sistema de coordenadas. . . . . . . . . 17
2.2 Esquema Autoconsistente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
2.3 Modelo do pseudopotencial. Os núcleos e os elétrons ligados fortemente ao
núcleo são tratados como quimicamente inertes. O modelo do pseudopotencial
descreve somente os elétrons de valência, quimicamente ativos. . . . . . . . . . 25
2.4 Comparação entre a pseudofunção de onda e a função de onda real. . . . . . . . 26
LISTA DE FIGURAS ix
3.1 Representação esquemática de uma célula de monocamada de nitreto de boro.
Os átomos de boro e nitrogênio são representados pela cor cinza e azul. O
comprimento das ligações entre os átomos de B e N é 1,45 Å. Esta célula possui
80 átomos e corresponde ao nanotubo (10,0) desenrolado. . . . . . . . . . . . . 33
3.2 Representação esquemática de uma célula de monocamada de nitreto de boro
com defeitos. Os átomos de boro, nitrogênio e carbono são representados pela
cor cinza, azul e amarelo, respectivamente. As figuras mostram defeitos de car-
bono substitucional nos átomos de B em (a) e N em (b). Estas células possuem
80 átomos cada uma e correspondem ao nanotubo (10,0) desenrolado. . . . . . 33
3.3 Energia de formação por átomo em função do número de átomos que compõe a
célula, para os planos de BN sem dopagem (BN
puro
) e dopados (C
B
e C
N
) num
ambiente rico em N (a) e num ambiente rico em B (b). . . . . . . . . . . . . . 35
3.4 Estrutura de bandas calculadas para uma camada BN pura (a), com carbono
substituindo um boro (b) e um nitrogênio (c). A linha tracejada corresponde ao
nível de Fermi. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
3.5 DOS referentes às bandas da figura 3.4, onde (a), (b) e (c) também correspon-
dem às estruturas de BN pura, com um carbono no lugar do boro e no lugar do
nitrogênio, respectivamente. A linha tracejada corresponde ao nível de Fermi. . 37
3.6 Distribuição eletrônica referente ao intervalo de energia correspondente ao es-
tado que aparece na banda (ver figura 3.4 (b)) com a dopagem C
B
. . . . . . . . 38
3.7 Distribuição eletrônica referente ao intervalo de energia correspondente ao es-
tado que aparece na banda (ver figura 3.4 (c)) com a dopagem C
N
. . . . . . . . 38
3.8 Estrutura de bandas calculadas para uma camada BN pura (a), com carbono
substituindo um boro (b) e um nitrogênio (c). As linhas mais preenchidas cor-
respondem a spin-up e spin-down, juntas. A linha mais fina corresponde a
spin-up, e a linha logo acima corresponde a spin-down. A linha tracejada cor-
responde ao nível de Fermi. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
3.9 DOS referentes às bandas da figura 3.8, onde (a), (b) e (c) também correspon-
dem às estruturas de BN pura, com um carbono no lugar do boro e no lugar do
nitrogênio, respectivamente. A linha tracejada corresponde ao nível de Fermi. . 39
3.10 Polarização de spin líquido com a dopagem C
B
. . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
3.11 Polarização de spin líquido com a dopagem C
N
. . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
3.12 Representação esquemática de um tubo de nitreto de boro. Os átomos de boro
e nitrogênio são representados pela cor cinza e azul, respectivamente. Este tubo
corresponde ao (10,0) e possui 80 átomos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
LISTA DE FIGURAS x
3.13 Representação esquemática de um tubo de nitreto de boro com defeitos. Os
átomos de boro, nitrogênio e carbono são representados pela cor cinza, azul
e amarelo, respectivamente. As figuras mostram defeitos de carbono substitu-
cional nos átomos de B em (a) e N em (b). Estes tubos são do tipo (10,0) e
possuem 80 átomos cada um. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
3.14 Energia de formação por átomo em função do diâmetro, para os tubos de BN
sem dopagem (BN
puro
) e dopados (C
B
e C
N
) num ambiente rico em N (a) e num
ambiente rico em B (b). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
3.15 Energia de strain por átomo em função do diâmetro dos tubos. . . . . . . . . . 45
3.16 Estruturas de bandas calculadas para nanotubos zigzag de BN puro (BN), com
carbono substituindo o boro (C
B
) e com carbono substituindo o nitrogênio (C
N
).
As linhas pontilhadas correspondem ao nível de Fermi. O tipo do tubo é especi-
ficado logo acima do gráfico. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
3.17 Estruturas de bandas calculadas para nanotubos zigzag de BN puro (BN), com
carbono substituindo o boro (C
B
) e com carbono substituindo o nitrogênio (C
N
).
As linhas pontilhadas correspondem ao nível de Fermi. O tipo do tubo é especi-
ficado logo acima do gráfico. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
3.18 Densidade estados projetada (PDOS). As linhas verde, vermelha, azul e preta
correspondem às densidades relativas ao carbono, nitrogênio, boro e total do
nanotubo, respectivamente. As linhas pontilhadas correspondem ao nível de
Fermi. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
3.19 Densidade estados projetada (PDOS). As linhas verde, vermelha, azul e preta
correspondem às densidades relativas ao carbono, nitrogênio, boro e total do
nanotubo, respectivamente. As linhas pontilhadas correspondem ao nível de
Fermi. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
3.20 Distribuição eletrônica correspondente ao intervalo de energia do estado que
corta o nível de Fermi que aparece no gráfico das bandas de energia correspon-
dentes aos tubos especificados em cada figura. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
3.21 Distribuição eletrônica correspondente ao intervalo de energia do estado que
corta o nível de Fermi que aparece no gráfico das bandas de energia correspon-
dentes aos tubos especificados em cada figura. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
3.22 Estruturas de bandas calculadas para nanotubos zigzag de BN puro (BN), com
carbono substituindo o boro (C
B
) e com carbono substituindo o nitrogênio (C
N
).
As linhas pontilhadas correspondem ao nível de Fermi. O tipo do tubo é especi-
ficado logo acima do gráfico. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
LISTA DE FIGURAS xi
3.23 Estruturas de bandas calculadas para nanotubos zigzag de BN puro (BN), com
carbono substituindo o boro (C
B
) e com carbono substituindo o nitrogênio (C
N
).
As linhas pontilhadas correspondem ao nível de Fermi. O tipo do tubo é especi-
ficado logo acima do gráfico. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
3.24 Densidade de estados de spin up e down para cada nanotubo. A linha tracejada
corresponde ao nível de Fermi. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
3.25 Densidade de estados de spin up e down para cada nanotubo. A linha tracejada
corresponde ao nível de Fermi. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
3.26 Representação esquemática de cones de nitreto de boro. Os átomos de boro e
nitrogênio são representados pela cor cinza e azul, respectivamente. Os átomos
azul claro na borda se referem ao hidrogênio. (a) corresponde ao cone com
disclinação de 120º com 112 átomos e (b) corresponde ao cone com disclinação
240º com 140 átomos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
3.27 Representação esquemática de cones de nitreto de boro. Os átomos de boro,
nitrogênio e carbono são representados pela cor cinza, azul e amarelo, respec-
tivamente. Os átomos azul claro na borda se referem ao hidrogênio. (a) e (c)
correspondem ao cone com disclinação de 120º C
B
e C
N
respectivamente e (b)
e (d) ao cone com disclinação de 240º C
B
e C
N
respectivamente. . . . . . . . . 59
3.28 Energia de formação por átomo em função do ângulo de disclinação, para os
cones sem dopagem (BN
puro
) e dopados (C
B
e C
N
) num ambiente rico em N (a)
e num ambiente rico em B (b). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
3.29 DOS correspondentes aos cones estudados. A linha tracejada corresponde ao
nível de Fermi. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
3.30 Distribuição eletrônica referente ao intervalo de energia correspondente ao es-
tado que surge com a dopagem C
B
e C
N
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
3.31 DOS correspondentes aos cálculos com polarização de spin dos cones estuda-
dos. A linha tracejada corresponde ao nível de Fermi. . . . . . . . . . . . . . . 62
xii
Lista de Tabelas
1.1 A tabela abaixo mostra o número de pentágonos, coluna, ângulo de discli-
nação, 2ª coluna, e ângulo do cone, 3ª coluna. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
3.1 Informações sobre os planos: Número de átomos das camadas de BN e respec-
tivos |C
h
|. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
3.2 Informações sobre os tubos: Tipos dos tubos e correspondentes números de
átomos e diâmetros. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
3.3 Dados das curvas traçadas nos gráficos da figura 3.14, onde em cada caso é
obedecida a relação aD
b
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
3.4 Gap indireto entre os níveis spin-up ocupados e spin-down desocupados [Fig.
3.22 e 3.23]. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
1
INTRODUÇÃO
“Nenhuma grande descoberta foi feita jamais sem um
palpite ousado.
—ISAAC NEWTON
Nos últimos tempos, um número cada vez maior de cientistas despertaram para o estudo
de estruturas do tamanho de uns poucos nanômetros, ou mais especificamente, para aquilo que
chamamos de Nanociência. Dentre estes cientistas estão Biólogos, Químicos e Físicos que estão
unindo as contribuições de cada disciplina num único campo de estudo, todas com um objetivo
comum. Uma fração significativa de prêmios Nobel, nestes últimos anos, em Física, Química e
Medicina, que foram oferecidos a descobertas realizadas por pesquisas na nanoescala são uma
prova do quão promissor é os estudos nesta direção.
A história da Nanotecnologia teve início com a descoberta dos fulerenos[1] em 1985 por
Harold Kroto, Richard Smalley e Robert Curl. Usando a mesma técnica de produção, mais
tarde, em 1991 Sumio Ijima[2] conseguiu produzir em laboratório o nanotubo de múltiplas
camadas (MWNT, do inglês multi-walled nanotubes) e pouco depois juntamente com Toshinari
Ichihashi em 1993 [3] produziu o nanotubo de uma única camada (SWNT, do inglês single-wall
nanotubes).
O grande interesse no estudo das nanoestruturas pode ser explicado pelo seu grande poten-
cial de aplicabilidade dentre os quais é possível citar [4].
Materiais
Catálise, purificação e separação química e biológica.
Armazenamento de energia tal como células de combustível e bateria de lítio.
Compostos para revestimento, preenchimento e estruturação de materiais.
Dispositivos
Sondas, sensores e atuadores para imagem molecular.
INTRODUÇÃO 2
Transistores, memórias, dispositivo lógico e outros dispositivos nanoeletrônicos.
Dispositivos de emissão de campo para instrumentos de raio-x, display de tela e outras
aplicações nanoeletrônicas.
As vantagens dessas aplicações se devem principalmente ao seu pequeno tamanho, baixa
energia, baixo peso e alta performance e foram comprovadas através de diversos trabalhos ex-
perimentais que têm sido realizados. Mas para que esses experimentos sejam feitos com o
melhor aproveitamento possível, o estudo teórico de determinadas condições podem ser im-
prescindíveis, pois desta forma é possível prever de antemão em quais condições determinados
materiais podem ser construídos e as suas propriedades correspondentes.
Em um dos focos das pesquisas recentes está o estudo teórico de estruturas dopadas. Este
é um dos temas que mais têm recebido atenção de estudiosos principalmente devido a uma
variedade de possibilidades de mudanças, que diversos materiais têm apresentado, em suas
propriedades. Com essa motivação, nosso trabalho tem o objetivo de fazer uma análise das
mudanças ocorridas, nas propriedades estruturais e eletrônicas, com a dopagem substitucional
do B(N) por carbono em nanoestruturas de Nitreto de Boro (BN). Isso vai ser feito através de
um estudo da estrutura eletrônica de planos, cones e nanotubos, com os dados fornecidos pelo
SIESTA (Spanish Initiative for Eletronic Simulations with Thousands of Atoms) através de uma
simulação computacional.
No capítulo 1 daremos ênfase a uma descrição detalhada das estruturas aqui trabalhadas. No
capítulo 2 apresentaremos todo método usado na simulação computacional pelo SIESTA. No
capítulo 3 apresentaremos os resultados obtidos e por fim no capítulo 4 as principais conclusões
do trabalho.
3
CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO
“A vida sem ciência é uma espécie de morte.
—SÓCRATES (470 A.C. - 399 A.C.)
Nos últimos tempos, um número cada vez maior de cientistas têm despertado para o estudo
de estruturas do tamanho de uns poucos nanômetros, ou mais especificamente, para aquilo que
chamamos de nanoestruturas. Dentre estes cientistas, estão Biólogos, Químicos e Físicos que
estão unindo as contribuições de cada disciplina num único campo de estudo, todas com um
objetivo comum. Uma fração significativa de prêmios Nobel, nestes últimos anos, em Física,
Química e Medicina, foram oferecidos a descobertas realizadas por pesquisas em nanoescala,
que provam o quão promissor são os estudos nesta direção.
A história da Nanotecnologia teve início com a descoberta dos fulerenos[1] em 1985 por
Harold Kroto, Richard Smalley e Robert Curl. Usando a mesma técnica de produção, mais
tarde, em 1991, Sumio Ijima[2] conseguiu produzir em laboratório o nanotubo de múltiplas
camadas (MWNT, do inglês multi-walled nanotubes) e pouco depois juntamente com Toshinari
Ichihashi, em 1993 [3], produziram o nanotubo de uma única camada (SWNT, do inglês single-
wall nanotubes).
O grande interesse no estudo das nanoestruturas pode ser explicado pelo seu grande poten-
cial de aplicabilidade dentre os quais é possível citar [4].
Materiais
Catálise, purificação e separação química e biológica.
Armazenamento de energia tal como células de combustível e bateria de lítio.
Compostos para revestimento, preenchimento e estruturação de materiais.
Dispositivos
Sondas, sensores e atuadores para imagem molecular.
Transistores, memórias, dispositivo lógico e outros dispositivos nanoeletrônicos.
1.1 O CARBONO 4
Dispositivos de emissão de campo para instrumentos de raio-x, display de tela e outras
aplicações nanoeletrônicas.
As vantagens dessas aplicações se devem principalmente ao seu pequeno tamanho, baixa
energia, baixo peso e alta performance, que foram comprovadas através de diversos trabalhos
experimentais. Mas, para que esses experimentos sejam feitos com o melhor aproveitamento
possível, o estudo teórico de determinadas condições são imprescindíveis. Desta forma, é pos-
sível prever de antemão em quais condições determinados materiais podem ser construídos e
quais as suas propriedades correspondentes.
Em um dos focos das pesquisas recentes, está o estudo teórico de estruturas dopadas. Este é
um dos temas que mais têm recebido atenção de estudiosos, principalmente devido à variedade
de possibilidades de mudanças que diversos materiais têm apresentado em suas propriedades.
Com essa motivação, nosso trabalho tem o objetivo de fazer uma análise das mudanças ocorridas
nas propriedades estruturais e eletrônicas, em nanoestruturas de BN quando dopada por C. Isso
vai ser feito através do estudo por primeiros princípios de planos, cones e nanotubos.
Na sequência deste capítulo daremos ênfase a uma descrição detalhada das estruturas aqui
investigadas. No capítulo 2 apresentaremos todo método usado na simulação computacional
pelo SIESTA. No capítulo 3 apresentaremos os resultados, e por fim, no capítulo 4, as principais
conclusões do trabalho.
1.1 O Carbono
O carbono é um dos elementos mais importantes da natureza pela sua versatilidade em re-
alizar ligações químicas, com a capacidade de formar compostos totalmente diferentes, tanto
na estrutura quanto nas propriedades. Ele é o primeiro elemento químico da família IV A, o
que significa que, no seu estado fundamental, ele possui dois elétrons fortemente ligados ao
nível 1s
2
e quatro elétrons na banda de valência da forma 2s
2
e 2p
2
. De todos os elementos da
família IV A, é o único que pode ter hibridização sp
1
, sp
2
e sp
3
. Isto acontece porque apenas
ele não contém elétrons internos tipo p, neste grupo. Estes tipos de ligações são responsáveis
por estruturas do tipo diamante, grafite, fulerenos e nanotubos.
No diamante, os quatro elétrons de valência de cada átomo de carbono ocupam o orbital
híbrido sp
3
(ver Figura 1.1) e criam quatro ligações covalentes σ equivalentes que conectam a
outros carbonos nas quatro direções tetraédricas. Ele é um material duro, resistente, tem alta
condutividade térmica, e é um isolante.
No grafite, os átomos de carbono estão arranjados em camadas hexagonais com um átomo
de carbono em cada vértice ligado a três outros vizinhos formando um ângulo de 120
o
. Podem
1.1 O CARBONO 5
Figura 1.1 Estrutura do diamante mostrando hibridização sp
3
.
formar ligações simples ou duplas em que os elétrons ocupam o orbital híbrido sp
2
(ver Figura
1.2). Constituindo três ligações tipo σ no plano e, com os orbitais p
z
, formam ligações tipo
π com elétrons mais deslocalizados, distribuídos na superfície do grafeno. Esse orbital é o
responsável pela ligação entre as camadas de grafite através das forças de van der Waals, que
são muito fracas. Isso explica porque as camadas de grafite deslizam umas sobre as outras
quando uma força externa é aplicada. O comprimento da ligação carbono-carbono nas camadas
é de 1,42 Å e a distância entre as camadas é de 3, 35 Å. O grafite é um bom condutor de
calor e eletricidade ao longo das camadas, e tem várias aplicações incluindo contatos elétricos,
equipamentos para altas temperaturas e lubrificantes, entre outras.
Figura 1.2 Estrutura do grafite mostrando hibridização sp
2
.
Até a metade da década de 1980, eram conhecidos dois alótropos do carbono: o dia-
mante e o grafite. Porém, em 1985 Harold Kroto, Richard Smalley e Robert Curl anunciaram
a descoberta de uma nova forma alotrópica. Essa nova variedade era bem diferente das outras
duas. Em vez de cristais com uma infinidade de átomos unidos (como o diamante e o grafite),
o novo alótropo é constituído por moléculas com 60 átomos de carbono (C
60
) [1]. Foi nomeado
buckminsterfulereno, porém é mais conhecido como fulereno.
A molécula de fulereno (conhecida como buckyball) se parece com uma bola de futebol
microscópica formada por 20 faces pentagonais e 12 hexagonais. Seu diâmetro é de aproxi-
madamente 0,7nm e a ligação é sp
2
assim como no grafite mas com algumas ligações sp
3
por
causa da alta curvatura provocada pelos pentágonos (ver Figura 1.3). Desde essa descoberta,
outros fulerenos foram sintetizados, como por exemplo, o C
70
. Sua molécula não é tão es-
férica como a do C
60
, lembrando mais o aspecto de um ovo, ver Figura 1.4.
As estruturas especiais ligadas nas moléculas de fulereno têm apresentado várias surpresas,
tais como transição metal-isolante, correlações magnética incomuns, uma variedade de estrutura
1.1 O CARBONO 6
Figura 1.3 Estrutura do fulereno mostrando hibridização sp
2
ligeiramente deformada.
Figura 1.4 Modelo para a molécula C
60
a esquerda e C
70
a direita.
de banda e propriedades óticas, funcionalizações químicas e empacotamento molecular. Devido
a essas propriedades, os fulerenos têm sido amplamente explorado para aplicações eletrônica,
magnética, ótica, química, biológica e médica.
Kroto, Smalley e Curl receberam o Prêmio Nobel em 1996 por suas pesquisas e descobertas
com fulerenos.
Os nanotubos de carbono são originados a partir de fulerenos alongados. Sua descoberta
é atribuída a Sumio Ijima [2] que em 1991 os produziu utilizando o método de descarga por
arco e conseguiu visualizá-los através do microscópio eletrônico de transmissão. As ligações
dos nanotubos são essencialmente sp
2
(ver Figura 1.5). Entretanto, a curvatura causa confina-
mento quântico e rehibridização σ π no qual o orbital π é mais deslocado para fora do tubo.
Isto faz com que os nanotubos sejam mecanicamente forte, eletricamente e termicamente mais
condutor, e quimicamente e biologicamente mais ativo do que o grafite. Além disso, eles per-
mitem defeitos topológicos tais como pentágonos e heptágonos incorporados podendo formar
caps (estruturas que fecham os nanotubos) de nanotubos, dobras e nanotubos helicais onde os
elétrons ficam localizados nos pentágonos e heptágonos devido à redistribuição dos elétrons π.
Na próxima seção faremos uma abordagem mais detalhada sobre os nanotubos.
1.2 NANOTUBO DE CARBONO 7
Figura 1.5 Estrutura de um nanotubo de carbono , mostrando hibridização sp
2
ligeiramente deformada.
1.2 Nanotubo de Carbono
Exitem dois tipos de nanotubos: o nanotubo de múltiplas camadas (MWNT, do inglês multi-
walled nanotubes) [2] e o nanotubo de uma única camada (SWNT, do inglês single-wall nan-
otubes) [3] Figura 1.6.
Figura 1.6 Modelos de nanotubos SWNT e MWNT da esquerda para direita.
O nanotubo de uma única camada pode ser visualizado como um cilindro, formado pelo
enrolamento de uma folha de grafite sobre si mesma, também conhecida como grafeno, Figura
1.7. Ela é composta por hexágonos onde cada vértice possui um carbono ligado a outros três por
ligações sp
2
, formando um ângulo de 120
o
entre elas. A distância entre dois carbonos vizinhos
é de 1,42 Å
Figura 1.7 Representação de uma folha de grafeno que ao ser enrolada forma um nanotubo.
Existem diversas formas de visualizar os nanotubos, Figura 1.8,
1.2 NANOTUBO DE CARBONO 8
Microscopia eletrônica de transmissão (TEM).
Microscopia eletrônica de escaneamento (SEM).
Microscopia de força atômica (AFM).
Microscopia de escaneamento de tunelamento (STM).
Alguns métodos utilizados para estudá-los incluem
Difração de elétron.
Difração de raio-X.
Espectroscopia Raman e outras espectroscopias óticas.
Figura 1.8 Nanotubos de cadeia hexagonal: imagens TEM (a), (b) e (c) para três nanotubos de múltiplas
camadas (MWNTs) da primeira descoberta feita por Ijima em 1991 [2]; imagem TEM (d) para um
nanotubo de única camada (SWNT) da primeira descoberta feita por Ijima et al. em 1993 [3]; e imagem
de resolução atômica STM (e) para um SWNT.
Na Figura 1.9a mostramos a célula unitária do grafeno e na Figura1.9b a zona de Brillouin
correspondente. Os vetores a
1
e a
2
são vetores unitários no espaço real e b
1
e b
2
são vetores da
rede recíproca. No plano (x,y) expressamos
a
1
= (
3
2
a,
a
2
) e a
2
= (
3
2
a,
a
2
), (1.1)
onde a =|a
1
| = |a
2
| = d
cc
3 (d
cc
= 1, 42Å). Usando 1.1, os vetores b
1
e b
2
da rede recíproca
serão dados por
b
1
= (
2π
3a
,
2π
a
) e b
2
= (
2π
3a
,
2π
a
), (1.2)
1.2 NANOTUBO DE CARBONO 9
Figura 1.9 (a) Ilustração do grafeno no espaço real; a
1
e a
2
são os vetores unitários da rede no es-
paço real; (b) representação no espaço recíproco do grafeno. A região hachurada representa a Zona de
Brillouin; b
1
e b
1
são os vetores da rede recíproca.
com uma constante de rede de 4π/
3a no espaço recíproco.
Figura 1.10 Folha de grafeno.
O nanotubo é caracterizado univocamente pelo vetor C
h
, chamado de vetor quiral, que é
escrito em termos de um conjunto de dois números inteiros (n,m), Figura 1.10. Tal vetor pode
1.2 NANOTUBO DE CARBONO 10
ser escrito em termos dos vetores do grafite a
1
e a
2
, como
C
h
= na
1
+ ma
2
. (1.3)
O nanotubo pode ser construído pelo enrolamento de uma folha, de tal forma que os dois
pontos extremos do vetor C
h
se encontram, ou seja, a união do ponto (n,m) ao ponto (0,0). Este
tubo é denotado como (n,m) com diâmetro dado por
D = |C
h
|/π = a(n
2
+ nm + m
2
)
1/2
/π. (1.4)
Podemos formar diferentes estruturas em função das coordenadas (n,m), Figura 1.11. Os
tubos com m = n são comumentes referidos como tubos armchair, por terem um formato pare-
cido com o de uma poltrona no decorrer da circunferência. Os tubos com m = 0 são chamados
zigzag, por terem um formato zigzag. Os restantes, com m = n são chamados de tubos quirais e
apresentam helicidades no decorrer do tubo ao longo do eixo. O ângulo θ, em geral, é definido
como aquele entre o vetor C
h
e a direção zigzag a
1
. Assim, θ é 0 para os tubos zigzag (m = 0)
e 30º para os armchair (m = n). Por convenção, é usado n m .
Figura 1.11 Tipos de nanotubos: (a)armchair , (b)zigzag e (c)quiral.
A célula unitária do nanotubo é definida pelo retângulo formado pelo vetor quiral C
h
e pelo
vetor de translação T, Figura 1.10. O vetor T é dado por
T = t
1
a
1
+t
2
a
2
(t
1
,t
2
), (1.5)
com t
1
e t
2
inteiros e relacionados com (n,m) por
t
1
=
2m + n
d
R
e t
2
=
2n + m
d
R
. (1.6)
1.2 NANOTUBO DE CARBONO 11
As coordenadas acima são obtidas usando o fato que C
h
.T = 0, e d
R
é o máximo divisor comum
(MDC) de (2m + n) e (2n + m).
Tomando d como o MDC entre os índices n e m, podemos determinar d
R
a partir de d pela
seguinte relação
d
R
=
d se (n-m) não for múltiplo de 3d
3d se (n-m) for múltiplo de 3d.
(1.7)
A célula unitária é formada pelo vetor C
h
(ao longo da direção circunferencial) e T (ao longo
do eixo). Na Figura 1.12 podemos observar dois exemplos de células unitárias definidas por
esses dois vetores.
Para determinar o número de hexágonos por célula unitária para cada nanotubo, basta dividir
o valor da área da célula unitária definida por |C
h
×T|, pela área de um hexágono (|a
1
×a
2
|).
Ou seja,
|C
h
×T|
|a
1
×a
2
|
=
2
d
R
(n
2
+ nm + m
2
) = N (1.8)
Figura 1.12 Células unitárias dos nanotubos (8,0) e (4,4) determinadas pelos vetores T e C
h
.
Em geral, os nanotubos com índices quirais (n,m) onde
nm
3
é um número inteiro, são metáli-
cos. Assim, os tubos (n,n) têm caráter metálico e os (n,0) têm caráter semicondutor se n não
for múltiplo de 3 [5]. na Figura 1.13 temos um diagrama mostrando alguns tubos metálicos e
semicondutores.
1.3 NANOCONE DE CARBONO 12
Figura 1.13 Resumo das propriedades condutoras para alguns tipos de nanotubo. Nesse vemos que a
maior parte dos nanotubos apresenta um caráter semicondutor.
1.3 Nanocone de Carbono
Uma das maneiras de se modelar as pontas dos nanotubos é através de estruturas conhecidas
como nanocones. Feitos de carbono, foram observados pela primeira vez em 1992 [3, 6]. Eles
são construídos através da incorporação de defeitos do tipo anéis atômicos pentagonais, entre
outros defeitos topológicos, e apresentam propriedades diferentes para cada defeito específico
[7]. Uma estrutura cônica pode ser geometricamente construída pelo processo de "corte e co-
lagem", conhecido como processo de Volterra [10], como mostra a Figura 1.14, onde a partir de
uma folha de grafeno faz-se um corte semelhante ao realizado em uma fatia de pizza, com ân-
gulos múltiplos de 60º, e une-se as extremidades. Essas estruturas cônicas podem existir tanto
como caps quanto como estruturas isoladas [8, 9], e têm atraído considerável interesse, uma vez
que estados eletrônicos peculiares (picos ressonantes), relacionados a esses defeitos topológicos
na rede do grafite, foram previstos teoricamente [11]. Tais picos ressonantes na densidade de
estados foram subsequentemente observados em nanotubos de paredes únicas [12] e múltiplas
[13]. Nanocones de carbono com ângulos (θ) de 19º, 39º, 60º, 85º e 113º foram observados
em uma amostra de carbono gerada por pirólise de hidrocarbonetos [14]. As disclinações to-
tais de todas essas microestruturas grafíticas cônicas são múltiplas de +60º, correspondentes à
presença de um dado número (P > 0) de pentágonos nos ápices dos cones. Considerando-se a
simetria da folha de grafite e o teorema de Euler, apenas cinco tipos de cones (no que tange ao
valor do ângulo) podem ser criados a partir de uma folha contínua de grafite, correspondente aos
valores de P entre um e cinco. O ângulo do cone (θ) é dado por sin(θ/2) = 1 P/6, conforme
tabela 1.1.
1.4 ESTRUTURAS DE BN 13
Figura 1.14 Forma útil para visualizar a construção de um nanocone a partir do processo de "corte e
colagem", conhecido como processo de Volterra [10].
Tabela 1.1 A tabela abaixo mostra o número de pentágonos, coluna, ângulo de disclinação, coluna,
e ângulo do cone, 3ª coluna.
Número de pentágonos Ângulo de disclinação Ângulo do cone
0 180º
1 60º 112.86º
2 120º 83.62º
3 180º 60º
4 240º 38.94º
5 300º 19.19º
6 360º
Uma das mais promissoras aplicações dos nanocones de carbono, envolve a sua utilização
como minúsculas pontas emissoras de elétrons para uso nos chamados mostradores por emissão
de campo. Nesse tipo de dispositivo, elétrons são arrancados pelos altíssimos campos elétricos
criados nas pontas dos nanotubos e acelerados até colidirem com uma tela de fósforo, que, com
o choque, se iluminam, um processo semelhante ao que ocorre nos tubos de televisão [15].
1.4 Estruturas de BN
Similarmente ao carbono, os compostos III-V da tabela periódica podem ser encontrados na
estrutura hexagonal, podendo levar as mesmas estruturas microscópicas tubulares formadas por
1.4 ESTRUTURAS DE BN 14
carbono [18]. O material III-V mais semelhante ao carbono é o nitreto de boro (BN), o qual,
assim como o carbono é encontrado formando estruturas com ligações sp
2
e sp
3
. O boro é
um elemento da família IIIA e precisa de três elétrons para atingir a estabilidade. O nitrogênio
faz parte da família VA e também precisa de três elétrons na última camada para se tornar
estável. Além disso, combinações estequiométricas de C, B e N podem ser usadas para criar
híbridos grafíticos de carbono e BN [20]. Por causa da grande ionicidade do BN e do grande
gap (5,8 eV na fase hexagonal [21]), os tubos e os cones correspondentes são mais uniformes
nas propriedades eletrônicas do que os correspondentes de carbono.
A quiralidade e o diâmetro dos tubos de BN são univocamente especificados pelo vetor
C
h
= na
1
+ma
2
, com os dois pontos extremos conectados, onde a
1
e a
2
são os vetores unitários
da folha de BN. O diâmetro do tubo é definido por d = |C
h
|/π = a
3(n
2
+ m
2
+ nm)/π, onde
a = 1,45Å é a distância boro-nitrogênio na folha de BN hexagonal. Os tubos não quirais,
correspondem a (n,0), onde n significa que a circunferência do tubo contém n hexágonos. No
tubo (n,n), o número de átomos é a mesma para o tubo (n,0), mas o raio do tubo é maior.
Em cálculos para nanotubos de carbono, [5, 22, 23] os tubos (n,n) são todos metálicos,
enquanto que os tubos (n,0) oscilam entre metálicos e semicondutores com gap pequeno a
médio. Nos tubos de BN, os valores calculados do gap de energia variam entre 1 eV a 4 eV e
satura no gap de banda para BN hexagonal (h-BN) com o n e o raio crescente.
Em geral, o gap de energia cresce com o ângulo quiral. Para tubos com n pequenos
um pequeno acréscimo linear com m, enquanto a inclinação diminui, quando crescemos n, e
se torna praticamente constante para tubos (10,m). Para tubos pequenos, um acréscimo no
raio altera o gap significativamente, enquanto o gap de tubos maiores permanecem constantes.
Consequentemente, o gap de energia de tubos (n,m), com n pequeno, modificam-se mais signi-
ficativamente com m, do que em tubos (n,m) maiores.
A incorporação de anéis atômicos pentagonais e outros defeitos topológicos em uma cadeia
hexagonal de nanotubos de carbono, modifica a curvatura local, levando ao fechamento de
nanotubos [6]. A estrutura do cap depende do defeito incluso, mas geralmente tem o aspecto
de uma superfície cônica com propriedades eletrônicas que são diferentes das do material sem
o defeito. O mesmo se aplica a nanocones de BN, os quais podem formar caps em nanotubos
de BN [26] ou como estruturas livres.
Diversos trabalhos têm sido realizados com o intuito de investigar as propriedades eletrôni-
cas e estruturais de nanocones de BN [16]. Eles são particularmente interessantes, devido ao
fato de possuirem dois tipos de elementos na formação de sua estrutura, possuindo assim mais
possibilidades de configurações do que os compostos de carbono.
Entre as diversas propriedades de interesse, no estudo de nanoestruturas, está o efeito provo-
cado pela dopagem substitucional. Alguns trabalhos teóricos e experimentais já foram realiza-
dos com a dopagem de nanotubos de carbono com boro e nitrogênio [27, 28, 29, 30, 31, 32].
1.4 ESTRUTURAS DE BN 15
Nanotubos de carbono, dopados com nitrogênio são todos metálicos e exibem fortes estados
doadores de elétrons perto do nível de Fermi. Eles têm sido sintetizados através do processo
de pirólise. Também tem sido mostrado que a dopagem com boro em nanotubos de carbono de
múltiplas camadas, resulta na adição de estados aceitadores perto da banda de valência [33, 34].
Outros métodos, tais como dopagem através de defeitos topológicos, resultam na introdução de
estados eletrônicos do defeito [35, 36]. Esses dopantes têm sido preditos teoricamente como
responsáveis pelo surgimento dos estados doadores e aceitadores perto do nível de Fermi [37].
16
CAPÍTULO 2
METODOLOGIA
“Duvidar de tudo ou crer em tudo. São duas soluções
igualmente cômodas, que nos dispensam ambas de refle-
tir.
—HENRI POINCARÉ (1854-1912)
A equação de Schroendiger independente do tempo para uma molécula poliatômica com-
posta por N elétrons e M núcleos é
ˆ
Hψ(r,R) = Eψ(r,R), (2.1)
onde
ˆ
H é o operador hamiltoniano total não relativístico, ψ(r,R) é a função de estado do sis-
tema, r = (r
1
,r
2
,...,r
N
) e R = (R
1
,R
2
,...,R
M
) são as coordenadas dos elétrons e dos núcleos,
respectivamente. A expressão do hamiltoniano, em unidades atômicas, é
ˆ
H =
ˆ
T
N
+
ˆ
T
e
+
ˆ
V
Ne
+
ˆ
V
e
+
ˆ
V
N
, (2.2)
onde
ˆ
T
N
=
M
A=1
1
2M
A
2
A
, (2.3)
é o operador energia cinética nuclear com M
A
representando a massa do núcleo A.
O operador de energia cinética eletrônica é dado por
ˆ
T
e
=
1
2
N
i=1
2
i
. (2.4)
Com
2
i
=
2
r
i
e r
i
sendo a posição do elétron i.
O terceiro, quarto e quinto termos do lado direito da equação 2.2 são dados por
ˆ
V
Ne
=
N
i=1
M
A=1
Z
A
|r
i
R
A
|
, (2.5)
ˆ
V
e
=
N
i=1
N
j<i
1
|r
i
r
j
|
. (2.6)
2.1 APROXIMAÇÃO DE BORN-OPPENHEIMER 17
Figura 2.1 Localização dos elétrons e núcleos num sistema de coordenadas.
ˆ
V
N
=
M
A=1
M
B<A
Z
A
Z
B
|R
A
R
B
|
(2.7)
onde o
ˆ
V
Ne
é o operador referente a atração elétron-núcleo, Z
A
a carga do núcleo A,
ˆ
V
e
o operador
da energia potencial repulsiva elétron-elétron e
ˆ
V
N
o operador de energia potencial repulsiva
núcleo-núcleo.
A equação de Schroendiger pode ser resolvida exatamente para o átomo de hidrogênio, mas
não pode ser resolvida analiticamente para nenhuma molécula, pois a molécula mais simples,
H
+
2
, é constituída por três partículas (dois núcleos e um elétron). Para superar esta dificul-
dade, adotaremos a aproximação de Born-Oppenheimer, a qual leva em consideração a grande
diferença entre as massas dos núcleos e elétrons.
2.1 Aproximação de Born-Oppenheimer
A hipótese básica da aproximação de Born-Oppenheimer, é que a razão entre as massas
do elétron e do núcleo é suficientemente pequena de forma que os núcleos não acompanham
a rápida mudança dos elétrons e podem ser considerados fixos. Considera-se que os elétrons
são os responsáveis pela energia cinética do sistema e que estão sujeitos à energia potencial
2.1 APROXIMAÇÃO DE BORN-OPPENHEIMER 18
devido às interações elétron-elétron e a energia potencial externa, devido aos núcleos. Assim,
na solução do problema eletrônico. Dentro desta aproximação, o termo de energia cinética
nuclear em 2.3,
ˆ
T
N
é muito menor que os outros termos e tem-se, para M
A
,
ˆ
H =
ˆ
T
N
+
ˆ
T
e
+
ˆ
V
Ne
+
ˆ
V
e
+
ˆ
V
N
ˆ
T
e
+
ˆ
V
Ne
+
ˆ
V
e
+
ˆ
V
N
=
ˆ
H
T
(2.8)
ou seja, o hamiltoniano total é
ˆ
H
T
=
ˆ
H
ele
+
ˆ
V
N
(2.9)
onde
ˆ
H
ele
=
ˆ
T
e
+
ˆ
V
Ne
+
ˆ
V
e
(2.10)
é denominado hamiltoniano eletrônico.
Na aproximação de Born-Oppenheimer, a função de onda total é escrita como um produto
da função de onda dos núcleos, ψ
n
, multiplicada pela função de onda dos elétrons.
Φ = ψ
n
ψ
e
(2.11)
A equação de Schrodinger para a parte eletrônica pode ser escrita como
ˆ
H
ele
ψ
e
(r
i
,R
A
) = E
ele
(R
A
)ψ
e
(r
i
,R
A
), (2.12)
onde E
ele
(R
A
) é a energia eletrônica. A energia total do sistema, inclui a constante de repulsão
nuclear e será dada por:
E
total
= E
ele
+
1
2
M
A=1
M
B=1
Z
A
Z
B
|R
A
R
B
|
(2.13)
2.1.1 O Princípio de Exclusão de Pauli
Para uma completa descrição de um estado eletrônico é necessário incluir também sua quan-
tização de spin. No contexto da teoria não relativístiva, isto é feito introduzindo duas funções
de spin α e β, que devem ser consideradas como graus de liberdade interno do sistema com
dois possíveis estados, spin up e spin down, respectivamete. Desta forma um elétron é descrito
não somente pelas coordenadas espaciais r, mas também por uma coordenada de spin. Denota-
mos por spin-orbital, φ(x), a função de onda, para um elétron, que descreve ambas coordenadas
espaciais e de spin, onde x indica as coordenadas espaciais e de spin. Entretanto, para que as
funções spin-orbital dos elétrons tenham um significado físico, essas devem obedecer o Princí-
pio de Exclusão de Pauli, que diz que um orbital não pode ser ocupado por mais do que dois
elétrons, e no caso de estar com dois elétrons, os spins destes elétrons devem estar emparelhados
(com spins opostos).
2.2 A APROXIMAÇÃO DE HARTREE-FOCK 19
Para cada orbital espacial, ψ(r), pode-se formar dois diferentes spin-orbitais, um correspon-
dendo a spin up e outro a spin down, multiplicando o orbital espacial pela função de spin α ou
β, respectivamente, isto é,
φ(x) = ψ(r)
α
β.
ou (2.14)
Devido o tratamento não relativístico, o operador hamiltoniano não faz referência ao spin.
Neste formalismo, para se obter as funções spin-orbital obedecendo ao Princípio de Pauli, as
funções de onda dos elétrons devem ser anti-simétricas com respeito a trocas da coordenada em
φ(x) de qualquer dois elétrons,
Φ(x
1
,..., x
i
,..., x
j
,..., x
N
) = Φ(x
1
,..., x
j
,..., x
i
,..., x
N
), (2.15)
de acordo com o fato que elétrons são partículas indistinguíveis obedecendo a estatística de
Fermi-Dirac.
2.2 A aproximação de Hartree-Fock
O problema quântico de muitos corpos obtido desta primeira aproximação (Aproximação de
Born-Oppenheimer) é muito mais simples que o original, no entanto ainda é de difícil solução.
Existem vários métodos para tornar a solução da equação encontrada na seção anterior a uma
forma que seja tratável computacionalmente. Uma das abordagens para resolve-la é a aproxi-
mação de Hartree- Fock (HF), cujas técnicas foram propostas por D. R. Hartree e depois modi-
ficadas por V. Fock, para levar em conta, corretamente, o Princípio de Pauli. Neste abordagem,
a função de onda é assumida como sendo um determinante dos orbitais de partícula única (de-
terminante de Slater).
O método de Hartree-Fock transforma o problema de N corpos em N problemas de um
corpo. Mas ele não a solução exata da equação de Shroedinger para os N elétrons. O
erro na aproximação de Hartree-Fock é conhecido como “correlação”, pois perde-se o efeito
de correlação, entre os elétrons, que o potencial coulombiano exato visto por um elétron
varia quando os outros se movem. Existem vários métodos que permitem incluir os efeitos de
correlação eletrônica, dentre eles podemos citar a teoria do Funcional da Densidade (DFT).
2.3 TEORIA DO FUNCIONAL DA DENSIDADE 20
2.3 Teoria do Funcional da Densidade
A teoria do funcional da densidade (sigla inglesa DFT) é uma técnica ab initio (livre de
parâmetros empíricos ou arbitrários). Tem sido reconhecida nos últimos anos como uma das
técnicas mais amplamente utilizadas nos cálculos de estrutura molecular. Suas vantagens in-
cluem um menor esforço computacional, consumindo menos tempo de computação e, em al-
guns casos, um melhor acordo com os valores experimentais que o obtido por procedimentos
baseados no método de Hatree-Fock. Neste método, a função de onda não é mais o objeto
fundamental, o foco central da DFT está na densidade eletrônica, ρ. O termo funcional, vem
do fato de a energia de uma molécula ser uma função da densidade eletrônica, representada por
E[ρ]. A densidade eletrônica, por sua vez, é uma função da posição, ρ(r).
A teoria do funcional da densidade está alicerçada em dois teoremas propostos em 1964 por
Hohenberg e Kohn [38]. Tais teoremas, são enunciados e provados a seguir.
Teorema 1. o potencial externo υ(r) sentido pelos elétrons é um funcional único da densidade
eletrônica ρ(r), ou seja
υ(r) = υ[ρ(r)]. (2.16)
Para a prova deste teorema supõe-se o contrário, ou seja, que dois potenciais externos difer-
entes, v(r) e v
(r), levam à mesma densidade ρ(r) para o estado fundamental. Os dois potenciais
definem os hamiltonianos H e H’ os quais têm como função de onda do estado fundamental ψ
e ψ’, respectivamente. Temos então que ψ|H|ψ = E e ψ
|H
|ψ
= E
. Pelo teorema varia-
cional descrito no apêndice A, escrevemos:
E = ψ|
ˆ
T +
ˆ
U +
ˆ
V|ψ < ψ
|
ˆ
T +
ˆ
U +
ˆ
V|ψ
E
= ψ
|
ˆ
T +
ˆ
U +
ˆ
V
|ψ
< ψ|
ˆ
T +
ˆ
U +
ˆ
V
|ψ
ou
ψ|
ˆ
H|ψ < ψ
|
ˆ
H|ψ
= ψ
|
ˆ
H
|ψ
+ ψ
|
ˆ
V
ˆ
V
|ψ
(2.17)
Lembrando que:
ρ(r) = ψ|
N
i=1
δ(rr
i
)|ψ e
ˆ
V =
N
i=1
υ(r
i
) (2.18)
Assim,
ψ|
ˆ
V|ψ =
N
i=1
d
3
r
1
...
d
3
r
N
ψ
(r
1
...r
N
)υ(r
i
)ψ(r
1
...r
N
)
=
N
i=1
d
3
r
d
3
r
1
...
d
3
r
i
υ(r)δ(rr
i
)
d
3
r
i+1
...
d
3
r
N
ψ
ψ
=
ρ(r)υ(r)d
3
r. (2.19)
2.3 TEORIA DO FUNCIONAL DA DENSIDADE 21
Utilizando o resultado (2.17), temos:
E < E
+
[υ(r) υ
(r)]ρ(r)d
3
r. (2.20)
Se repetirmos o procedimento para ψ
|
ˆ
H
|ψ
, teremos:
E
< E +
[υ
(r) υ(r)]ρ(r)d
3
r. (2.21)
Somando-se as desigualdades acima temos,
E + E
< E
+ E (2.22)
o que é absurdo. Ou seja, a proposição inicial de que dois potenciais externos diferentes v(r) e
v
(r) podem corresponder à mesma densidade ρ(r) mostrou-se incompatível. v(r) é funcional
único de ρ(r). Do ponto de vista prático, um observável físico qualquer
ˆ
O é determinado por
O = ψ|
ˆ
O|ψ = O[ρ(r)], sendo portanto um funcional único da densidade.
Teorema 2. A energia do estado fundamental E
0
[ρ] é mínima para densidade ρ(r) exata,
E
0
[ρ] = ψ|
ˆ
T +
ˆ
U +
ˆ
V|ψ (2.23)
A prova desse teorema também é bastante direta. Como foi mostrado pelo primeiro
teorema, qualquer observável de um sistema é um funcional único da densidade. Sendo assim,
a energia total pode ser escrita como
E[ρ] = ψ[ρ]|
ˆ
T +
ˆ
U|ψ[ρ]+ ψ[ρ]|
ˆ
V|ψ[ρ] ou E[ρ] = F[ρ] + ψ[ρ]|
ˆ
V|ψ[ρ], (2.24)
onde F[ρ] é um funcional universal (o mesmo para qualquer sistema coulombiano de N elétrons)
e o termo ψ[ρ]|
ˆ
V|ψ[ρ] depende do sistema em questão. Para o estado fundamental do sistema
a energia é dada por
E[ρ
0
] = F[ρ
0
] + ψ
0
|
ˆ
V|ψ
0
, (2.25)
onde ψ[ρ
0
] é a função de onda do estado fundamental. Como ρ
0
determina ψ
0
e ρ determina
ψ, assumindo que tanto ρ
0
como todos os ρ são determinados por algum potencial externo (ou
seja, que são υ-representáveis), então podemos aplicar o teorema variacional,
E[ψ
0
] < E[ψ]
ψ
0
|
ˆ
T +
ˆ
U|ψ
0
+ ψ
0
|
ˆ
V|ψ
0
< ψ|
ˆ
T +
ˆ
U|ψ+ ψ|
ˆ
V|ψ
F[ρ
0
] + ψ
0
|
ˆ
V|ψ
0
< F[ρ] + ψ
ˆ
V|ψ
E[ρ
0
] < E[ρ]. (2.26)
A energia calculada para qualquer densidade ρ que não a densidade do estado fundamental
sempre será maior ou igual a energia do estado fundamental, ou seja, se calcularmos o valor
2.4 AS EQUAÇÕES DE KOHN-SHAN 22
esperado da energia do estado fundamental usando uma densidade que não a do estado fun-
damental, nunca obteremos uma energia que seja menor que a energia do estado fundamental.
um infinito número de densidades possíveis, no entanto apenas uma, a densidade do es-
tado fundamental, é a densidade que minimiza E[ρ]. Isso acontecerá se a forma para F[ρ]
for conhecida. Mas, tendo encontrado ρ, todo conhecimento a respeito do sistema estará ao
alcance. Assim, minimizando a energia em relação à densidade, teremos a energia do estado
fundamental.
Os dois teoremas mostram que é possível, a partir da densidade eletrônica, obter as infor-
mações relevantes do estado fundamental de um sistema de N partículas, mas ainda resta o
problema de saber como escrever os operadores como função da densidade. Essa dificuldade
foi abordada por Kohn e Sham [39], que propuseram o esquema Kohn-Sham, considerado um
dos maiores avanços para a aplicabilidade da DFT
1
.
2.4 As Equações de Kohn-Shan
Motivado pelo fato que as interações de Coulomb são de longo alcance, é possível escrever
o funcional universal F[ρ],
F[ρ] =
1
2
ρ(r)ρ(r
)
|rr
|
d
3
rd
3
r
+ G[ρ], (2.27)
tal que
E[ρ] =
v(r)ρ(r)d
3
r +
1
2
ρ(r)ρ(r
)
|rr
|
d
3
rd
3
r
+ G[ρ]. (2.28)
Aqui G[ρ] também é um funcional universal e pode ser escrito na forma
G[ρ] T
0
[ρ] + E
xc
[ρ], (2.29)
onde T
0
[ρ] é a energia cinética de um sistema de elétrons não interagentes com densidade ρ(r),
e E
xc
[ρ] contém as energias de exchange e correlação de um sistema interagente com densidade
ρ(r).
Usando a condição
δρ(r)dr = 0, (2.30)
e a propriedade estacionária da eq.2.28, obtemos
δρ(r){ξ(r) +
δT
0
[ρ]
δρ(r)
+ µ
xc
(ρ(r))}dr = 0, (2.31)
1
A demonstração desses teoremas podem ser encontrados nos artigos originais de Konh, Hohenberg e Sham.
Neste trabalho utilizamos como base os artigos originais e a demonstração no livro [40]
2.4 AS EQUAÇÕES DE KOHN-SHAN 23
onde
ξ(r) = v
ext
(r) +
ρ(r
)
|rr
|
dr
(2.32)
e
µ
xc
(ρ) = d(ρε
xc
(ρ))/dρ (2.33)
é a contribuição de troca e correlação do potencial químico do gás de elétrons uniforme de
densidade ρ.
Dados ξ e µ, podemos obter as densidades ρ(r) que satisfazem as equações 2.30 e 2.31
simplesmente resolvendo a equação de Schrodinger para uma única partícula, ou seja
{−
1
2
2
+ [ξ(r) + µ
xc
(ρ(r))]}ψ
i
(r) = ε
i
ψ
i
, (2.34)
onde
ρ(r) =
N
i=1
|ψ
i
|
2
(2.35)
e N é o número de elétrons.
As equações 2.32-2.35 podem ser resolvidas autoconsistentemente. Inicialmente assumi-
mos uma densidade ρ(r), a seguir constrói-se ψ(r) de 2.32 e µ
xc
de 2.33, e acha-se uma nova
densidade ρ(r) de 2.34 e 2.35 como podemos visualizar através do esquema na figura 2.2.
Figura 2.2 Esquema Autoconsistente
2.5 PSEUDOPOTENCIAL 24
A energia final será dada por
E =
i
ε
i
1
2
ρ(r)ρ(r
)
|rr
|
drdr
ρ(r)[ε
xc
(ρ(r)) µ
xc
(ρ(r))]dr. (2.36)
2.4.1 Aproximações na Teoria do Funcional da Densidade
Apesar de fornecer resultados muito melhores do que a teoria de Hartree-Fock, a teoria
do funcional da densidade não fornece a expressão exata do funcional da energia de troca e
correlação. Dentre as aproximações utilizadas para se calcular o termo de troca e correlação
estão a LDA (Local Density Aproximation) e os vários tipos de GGA (Generalized Gradient
Aproximation).
A aproximação LDA assume que E
xc
depende somente do valor local de ρ. Neste caso,
considera-se o sistema de muitos corpos não homogêneo, similar aos sistemas homogêneos de
gás de elétrons interagentes. Assim, escrevemos
E
LDA
xc
[ρ(r)] =
ρ(r)ε
LDA
xc
d
3
r, (2.37)
onde ε
LDA
xc
é a energia de troca e correlação por elétron de um gás de elétrons homogêneo de
densidade ρ = ρ(r). Dentro da aproximação LDA, a densidade de energia de troca e correlação,
ε
LDA
xc
, é determinada a partir do valor da densidade eletrônica em cada ponto r.
Como pode ser visto a partir da equação 2.37, a aproximação LDA descreve bem sistemas
em que a densidade eletrônica é aproximadamente uniforme. Para casos em que a densidade
eletrônica não pode ser bem descrita por um modelo homogêneo, utiliza-se a aproximação
GGA. Esta aproximação leva em conta não somente o valor da densidade eletrônica no ponto
r, mas também o gradiente da densidade eletrônica no ponto r, onde a densidade de energia de
troca e correlação está sendo calculada. Em outras palavras, dentro da aproximação GGA, o
termo de troca e correlação é uma função da densidade eletrônica ρ(r), e seu gradiente ∇ρ(r) é
E
GGA
xc
[ρ] =
f (ρ(r),∇ρ(r))d
3
r. (2.38)
Entre as várias propostas para o funcional E
GGA
xc
, atualmente as mais utilizadas são baseadas
nos trabalhos de Perdew-Burke-Erzenhof, de Lee-Yang-Parr-Becke, de Perdew e Wang, de
Perdew e de Becke [40].
2.5 Pseudopotencial
A teoria do pseudopotencial foi densenvolvida para simplificar cálculos de estrutura eletrônica.
Essa teoria é sustentada fisicamente no fato que os elétrons mais internos dos átomos são quimi-
camente inertes, ou seja, ele elimina os estados eletrônicos de caroço. Um átomo é constituído
2.5 PSEUDOPOTENCIAL 25
pelo núcleo positivo (prótons e nêutrons) e pela eletrosfera negativa (elétrons). Grande parte
das propriedades dos sistemas físicos e químicos dependem quase que unicamente dos elétrons
de valência. Então, além de reduzir os cálculos computacionais, costuma-se tratar o átomo
como sendo constituído por um caroço interno acrescido dos elétrons de valência. Este caroço
é formado pelo núcleo atômico e pelos elétrons internos (ver Figura 2.3). Este tratamento re-
duz em muito o custo computacional dos cálculos, que somente os elétrons de valência são
tratados explicitamente, ao conjunto elétrons internos + núcleo - o caroço - atribui-se um pseu-
dopotencial. Este pseudopotencial deve reproduzir os estados de valência do átomo real. O
pseudopotencial de norma conservada deve satisfazer ás seguintes características, independente
da energia [41]:
1. os autovalores, real e pseudo, devem concordar para uma certa configuração atômica
escolhida;
2. as funções de onda atômica, real e pseudo, concordam além de um certo raio de corte r
c
,
Figura 2.4;
ψ
PP
(r) = ψ
real
(r), r > r
c
, (2.39)
3. as integrais de 0 a r das densidades de carga real e pseudo concordam para r > r
c
para
cada estado de valência (norma conservada);
4. as derivadas logarítmicas das funções de onda real e pseudo e suas derivadas primeiras
em relação à energia concordam para r > r
c
. d(logu) = du/u.
Figura 2.3 Modelo do pseudopotencial. Os núcleos e os elétrons ligados fortemente ao núcleo são
tratados como quimicamente inertes. O modelo do pseudopotencial descreve somente os elétrons de
valência, quimicamente ativos.
2.5 PSEUDOPOTENCIAL 26
Um teste da transferibilidade dos pseudopotenciais atômicos (onde ele é determinado) para
um sistema cristalino, envolvendo as propriedades (3) e (4) é dado através da comparação
dos estados excitados dos átomos real e pseudo. Para que o pseudopotencial possa ser usado em
cálculos cristalinos autoconsistentes é necessário que as propriedades (3) e (4) sejam satisfeitas,
isso garantirá uma boa tranferibilidade através de diferentes ambientes químicos.
Figura 2.4 Comparação entre a pseudofunção de onda e a função de onda real.
Os pseudopotenciais podem ser construídos dentro do formalismo da DFT, utilizando-se
tanto LDA quanto GGA. Mas, em princípio, GGA é sempre melhor do que LDA, e serve para
resgatar alguns dos aspectos de não localidade de alguns átomos, dentro do potencial de troca e
correlação. Se desejarmos construir o pseudopotencial para um átomo isolado, então primeira-
mente utilizamos as equações de Kohn e Sham para um életron para este átomo. Para um átomo
de número atômico Z teríamos
¯
h
2m
2
Ze
2
r
+V
H
(r) +V
xc
[r,ρ(r)]
ψ
n
(r) = ε
n
ψ
n
(r), (2.40)
onde V
H
é o conhecido potencial de Hartree ou potencial Coulombiano, e V
xc
é o potencial de
troca e correlação, que podem ser determinados a partir da densidade de carga eletrônica, e os
autovalores ε
i
e as autofunções ψ
i
, podem ser usados para determinar a energia eletrônica total
2.5 PSEUDOPOTENCIAL 27
do átomo. Sabemos que a densidade é dada por
ρ(r) = e
n,ocupad
|ψ
n
(r)|
2
,
sendo a soma sobre os estados ocupados. O potencial de Hartree é então determinado por
2
V
H
(r) = 4πeρ(r). (2.41)
que descreve a interação eletrostática de um elétron com a densidade de carga do sistema
2
.
Para o potencial de troca e correlação, pode-se utilizar tanto a aproximação de densidade
local, quanto GGA. Para LDA, geralmente, separa-se o termo de troca do termo de corre-
lação, onde o termo de correlação é obtido a partir de Simulações Monte Carlo para um gás
de elétrons livres. Conhecidos esses termos, calcula-se então a equação de Kohn-Sham para
este átomo, utilizando um procedimento autoconsistente para os potenciais de Hartree e troca
e correlação. As pseudofunções são construídas de tal forma que a seguinte equação 2.39 seja
satisfeita, garantindo que as pseudofunções de onda tenham as propriedades idênticas a função
de onda real (de todos os elétrons). Para r < r
c
, altera-se a função de onda de todos os elétrons,
garantindo que nesta região ela não tenha nós e singularidades. Outra condição é
|ψ
PP
(r)|
2
dr =
|ψ
real
(r)|
2
dr, r > r
c
. (2.42)
Para que esta seja obedecida, a integral da pseudodensidade de carga dentro do núcleo deve
ser igual a integral da densidade de carga real, este critério é conhecido como conservação da
norma.
Foi Kerker em 1980, que propôs um método direto para construir pseudopotenciais de den-
sidade local com o critério da conservação da norma. Ele sugeriu que,
ψ
PP
(r) = r
l
·e
p(r)
r < r
c
(2.43)
com p(r) = a
0
r
4
a
1
r
3
a
2
r
2
a
3
e
ψ
PP
(r) = ψ
real
(r) para r > r
c
. (2.44)
Ele também propôs critérios para encontrar os parâmetros (a
0
,a
1
,a
2
e a
3
), que são (i) a
função de onda deve ter norma conservada; (ii) As funções de onda reais e as pseudofunções
de onda devem ter o mesmo autovalor de valência; (iii) A pseudofunção de onda seja sem nós e
iguais a funções de onda reais para r > r
c
; (iv) as pseudofunções de onda devem ser contínuas
assim como sua primeira e segunda derivada em r
c
.
Não somente Kerker propôs esse método, mas também muitos outros autores. portanto
uma certa flexibilidade para construir os pseudopotenciais, pois a construção para r < r
c
não é
2
escrito em unidades gaussianas
2.5 PSEUDOPOTENCIAL 28
única, e isto pode ser explorado para otimizar a convergência de pseudopotenciais para bases
de interesse. É necessário saber qual o critério para construir um pseudopotencial “ótimo”. Um
pseudopotencial ótimo é o que minimiza o número de funções de bases necessárias para encon-
trar a meta desejada, que encontre a energia total convergida sem prejudicar a transferabilidade
entre o átomo e ambientes de matéria condensada [42].
Uma aproximação direta para otimizar o pseudopotencial é impor certos vínculos ao polinômio
p(r) supondo que,
p(r) = c
0
+
N
n=1
c
n
r
n
. (2.45)
Assim, teremos que truncar a série em algum ponto, e este ponto é escolhido de acordo com
o problema a ser escolhido (por exemplo impor uma convergência mais rápida do pseudopoten-
cial no espaço recíproco). Em [43] foi sugerido uma diferente aproximação para p(r),
p(r) = c
0
+
6
2n
c
2n
r
2n
, (2.46)
vinculando-se os coeficientes para a conservação da norma. Além disso, exigiu a continuidade
das pseudofunções de onda, da primeira e quarta derivada em r
c
, e exigiu um pseudopotencial
de curvatura zero na origem. Assim esses potenciais são suaves e convergem muito rapidamente
no espaço recíproco.
De posse das funções de onda dadas por (2.43, 2.44) inverte-se a equação de Kohn-Sham e
obtém-se o pseudopotencial para o núcleo e os elétrons do núcleo, V
ion,PP
:
V
n
ion,PP
= ε
n
V
H
V
xc
+
¯
h
2
2
ψ
n,PP
2mψ
n,PP
(2.47)
que é resolvido autoconsistentemente com a pseudodensidade de carga dada por
ρ(r) = e
n,ocupad
|ψ
n,PP
(r)|
2
(2.48)
e dando um autovalor ε
n
e uma pseudofunção de onda ψ
n,PP
, que por construção concorda com
a função de onda real.
Nesta construção dos pseudopotenciais, encontramos o potencial que depende do estado do
sistema (depende do número quântico n), e os potenciais são diferentes para cada subcamada
(elétrons s, p, d). A não localidade aparece na dependência angular do potencial, mas não
na dependência radial. As interações entre os elétrons de valência e o núcleo e os elétrons
do núcleo, podem ser separadas em um potencial local não dependente de l(número quântico
do momento angular), e uma forma do pseudopotencial não-local de Kleinman e Bylander no
espaço real dependente de l,
V
ion,PP
(r) = V
ion,local
+
l
V
KB
nlocal,l
(r) (2.49)
2.6 COMBINAÇÃO LINEAR DE ORBITAIS ATÔMICOS - MÉTODO LCAO 29
com
V
KB
nlocal,l
(r) =
|V
nlocal,l
u
PP
l
(r)u
PP
l
(r)V
nlocal,l
|
u
PP
l
(r)|V
nlocal,l
|u
PP
l
(r)
(2.50)
onde u
PP
l
(r) é a pseudofunção de onda para o qual V
nlocal,l
foi calculado.
2.6 Combinação Linear de Orbitais Atômicos - Método LCAO
A grande maioria dos cálculos de estrutura eletrônica é baseada na teoria de orbitais molecu-
lares em que os estados são escritos em uma dada base [45]. Encontrar uma base que represente
bem um orbital molecular pode ser uma barreira pouco trivial. Para resolver esse problema, J.
J. Roothaan (1951) propôs um método conhecido como combinação linear de orbitais atômicos
(LCAO, Linear Combination of Atomic Orbitals). No método LCAO expandimos os autoesta-
dos que satisfazem a equação de Kohn-Shan em uma combinação linear de funções semelhantes
a orbitais atômicos localizadas sobre os sítios atômicos. Assim, podemos escrever:
|ψ
i
=
n
µ
C
|φ
µ
, (2.51)
onde C
correspondem aos coeficientes da combinação linear que representarão os orbitais e
|φ
µ
o µ-ésimo orbital atômico. O objetivo é encontrar um conjunto de coeficientes C
de
forma que o funcional energia eletrônica encontre um mínimo, aplicando o teorema variacional.
Utilizando a expansão 2.51 e aplicando o princípio variacional, obtemos
HC
i
=
n
µ
SC
ε
, (2.52)
onde S é a matriz de sobreposição, dada por
S
µη
=
φ
µ
φ
η
dv, (2.53)
escrevendo na forma matricial:
[H ε
i
S]C
i
= 0. (2.54)
O problema tem solução quando o sistema tiver solução não trivial:
[H εS] = 0. (2.55)
A equação secular 2.55 fornece os autovalores ε
i
para um dado k. Dados os autovalores é
possível encontrar os coeficientes C
i
.
2.7 SIESTA 30
2.7 SIESTA
O SIESTA (Spanish Initiative for Eletronic Simulations with Thousands of Atoms) é um pro-
grama de computador que implementa um método para executar cálculos de estrutura eletrônica
e simulações de dinâmica molecular de moléculas e sólidos [46]. Todo seu formalismo é funda-
mentado na teoria do funcional da densidade, usando como padrão pseudopotenciais de norma
conservada e um conjunto de bases numéricas obtidas da combinação linear de orbitais atômi-
cos. O termo de exchange e correlação são tratados com a aproximação da densidade de spin
local ou pela aproximação do gradiente generalizado.
Em nosso estudo, usamos o pseudopotencial de norma-conservada de Troullier-Martins [43]
na forma fatorizada por Kleinman e Bylander [44] e um conjunto de bases double ζ compostas
de orbitais numéricos atômicos de cadeia finita. A polarização de orbitais são inclusos para
todos os átomos e fizemos uso da aproximação generalizada do gradiente [49] para o potencial
de exchange-correlação. A estruturas dopadas e não dopadas foram obtidas pela minimização
da energia total usando força de Hellman-Feymman. A otimização estrutural foi feita usando o
procedimento do gradiente conjugado até obter uma força residual com valores menores do que
0.1eV /Å.
31
CAPÍTULO 3
ESTUDO DE IMPUREZAS DE CARBONO EM
NANOESTRUTURAS DE BN
“Os conceitos e princípios fundamentais da ciência são
invenções livres do espírito humano.
—ALBERT EINSTEIN (1879-1955)
3.1 Introdução
Similarmente ao que ocorre em estruturas de carbono, estruturas de nitreto de boro não
são livres de defeitos. Recentemente, com o uso da microscopia eletrônica de alta resolução
foi mostrado "in situ", sob irradiação eletrônica, a formação de pontos e defeitos extendidos
em nanotubos de única camada [69]. Além disso, Jimenez et al. [70, 71] em um trabalho
experimental investigou e identificou a presença de vacâncias de nitrogênio e intersítios em h-
BN, após o bombardeamento de N
+
2
. Tais defeitos têm sido estudado teoricamente em outros
trabalhos [72, 73, 74]. Foi verificado que os defeitos nativos, em condições de crescimento rica
em B ou N, o átomo de C substitucional é o mais favorável de ser incorporado numa camada de
BN [50].
O intuito do presente trabalho é, usando cálculos de primeiros princípios baseados na DFT,
realizar uma investigação da estabilidade energética e estrutura eletrônica em nanoetruturas
de BN. Estudaremos o efeito da substituição de B(N) por átomos de carbono em tubos com
os diâmetros diferentes, em camadas de BN, e em cones. Também analisaremos a possível
ocorrência de magnetização devido à presença da impureza de carbono.
Recentemente, alguns grupos experimentais têm descoberto ferromagnetismo em fulerenos
[51, 52] e em sistemas de grafite [57]. Alguns estudos teóricos tentando encontrar magnetismo
em sistemas potencialmente não magnéticos também tem sido levado em consideração [60].
Porém a origem do ferromagnetismo nestes sistemas está ainda sob debate em ambos os
campos experimental e teórico [51, 66]. Este interesse é justificado principalmente pelo po-
tencial de aplicação como ímãs em altas temperaturas, uma vez que ímãs metálicos perdem seu
ferromagnetismo em altas temperaturas. Esquinazi et al. [75], detectou um sinal ferromagnético
de um grafite orientado, que se comporta completamente diferente das impurezas magnéticas
3.2 PLANOS 32
conhecidas, sugerindo uma origem intrínseca do magnetismo no grafite. Na tentativa de enten-
der o magnetismo inesperado no sistema de carbono, alguns cálculos de DFT foram realizados
por Lehtinen et al. [76, 77], através de cálculos ab initio com aproximação da densidade de spin
local (LSDA), para estudar as propriedades de uma folha de grafite e um nanotubo de carbono
com átomos de carbono adicionados e foi encontrado que estes são spin polarizados em ambos
os casos. Isto foi importante no entendimento do magnetismo observado experimentalmente no
grafite. Mais recentemente, Ma et al. [61] estudou as propriedades magnéticas de vacâncias em
grafite e nanotubos de carbono. Para o grafite, a vacância é spin polarizada com uma momento
magnético de 1µ
B
. A vacância nos nanotubos de carbono também podem induzir magnetismo,
dependendo da quiralidade dos nanotubos e da configuração com relação ao eixo do tubo.
Um outro modelo produzido recentemente é o nanotubo C-BN heteroestruturado [78], onde
foi calculada a estrutura eletrônica de nanotubos (9,0) C
1
(BN)
1
, e C
2
(BN)
2
usando DFT, e foi
encontrada a ocorrência de magnetismo nos tubos zigzag no contorno conectando carbono e
nitreto de boro. Entretando, devido às condições de crescimento dos nanotubos de nitreto de
boro e carbono, a sua fabricação pode ser impraticável.
Também através de cálculos baseados na DFT [79] foi realizado o estudo do efeito da sub-
stituição de carbono em dois tipos de nanotubos de BN, o (5,5) e o (9, 0). Foi encontrado que a
substituição do boro ou do nitrogênio pelo carbono induz magnetização no sistema dopado, com
um momento magnético total de 1µ
B
. Comparado a modelos prévios de materiais não metáli-
cos, os nanotubos de BN dopados com carbono são experimentalmente acessíveis na medida
em que a configuração estrutural é construída. Faremos um trabalho análogo, mas analisaremos
o efeito da dopagem em diversos diâmetros de tubos, além de planos e cones como já foi dito.
3.2 Planos
Em nosso trabalho, estudamos monocamadas de BN de diferentes tamanhos. A célula
unitária é mostrada na figura 3.1. Tais estruturas correspondem aos tubos desenrolados de mó-
dulo T = 8,65Å, e o módulo de C
h
é mostrado na tabela 3.1. Assim com o número de átomos
correspondentes. As células foram escolhidas de tal forma para que haja garantia de que os
defeitos estejam isolados um do outro, a fim de evitar possíveis interações defeito-defeito.
Tabela 3.1 Informações sobre os planos: Número de átomos das camadas de BN e respectivos |C
h
|.
Número de átomos 48 56 64 72 80 88 96 104 112
|C
h
|(Å) 15,07 17,58 20,09 22,60 25, 11 27, 63 30,14 32,65 35,16
3.2 PLANOS 33
3.2.1 Estabilidade do Defeito
Realizamos uma análise comparativa da estabilidade energética de estruturas com defeitos,
tomando como referência o plano sem defeito, como ilustrado nas figuras 3.1 e 3.2. Usare-
mos a abordagem termodinâmica, de temperatura zero, baseado na determinação do potencial
químico como descrita nas referências [80, 81, 82, 83]. Temos um ambiente rico em boro ou
em nitrogênio, dependendo do reservatório atômico empregado especificamente.
Figura 3.1 Representação esquemática de uma célula de monocamada de nitreto de boro. Os átomos de
boro e nitrogênio são representados pela cor cinza e azul. O comprimento das ligações entre os átomos
de B e N é 1,45 Å. Esta célula possui 80 átomos e corresponde ao nanotubo (10,0) desenrolado.
Figura 3.2 Representação esquemática de uma célula de monocamada de nitreto de boro com defeitos.
Os átomos de boro, nitrogênio e carbono são representados pela cor cinza, azul e amarelo, respectiva-
mente. As figuras mostram defeitos de carbono substitucional nos átomos de B em (a) e N em (b). Estas
células possuem 80 átomos cada uma e correspondem ao nanotubo (10,0) desenrolado.
3.2 PLANOS 34
No meio rico em N, µ
N
é obtido do nitrogênio na fase gasosa e é igual a 270,51 eV,
enquanto o boro metálico na fase α β é usado como reservatório para o ambiente rico em B
onde teremos 77,22 eV . Em ambos os casos µ
N
e µ
B
obedecem a relação termodinâmica
µ
N
+ µ
B
= µ
camada
BN
, (3.1)
onde µ
camada
BN
é o potencial químico por par BN em uma camada planar infinita de BN e é igual a
350.75 eV. Similar ao par BN, o potencial químico para o par CC é obtido do cálculo de uma
camada de carbono infinita, o qual resulta em µ
camada
CC
= 309,72 eV, logo µ
C
= 154,86 eV.
Portanto, a energia de formação da monocamada com defeitos nativos pode ser escrita como
E
f orm
= E
tot
n
B
µ
B
n
N
µ
N
n
C
µ
C
+ q(µ
e
+ e
v
), (3.2)
onde E
tot
é a energia total calculada da estrutura de nitreto de boro com um defeito nativo, e n
B
,
n
N
e n
C
são o número de átomos de B, N e C, respectivamente. Na equação 3.2, µ
e
é o potencial
químico medido com relação ao topo da banda de valência (e
v
) e q é a carga do sistema. Além
disso, no presente caso, é assumido que o sistema é neutro (q = 0). Considerando apenas o
estado de carga neutra, não levamos em conta em nossos cálculos a dependência da energia de
formação no potencial químico eletrônico. Portanto, podemos reescrever a equação 3.2 como
E
f orm
= E
tot
n
B
µ
B
n
N
µ
N
n
C
µ
C
. (3.3)
A energia de formação por átomo, num ambiente rico em nitrogênio é dada por
E
f orm
= (E
tot
n
B
µ
B
n
N
µ
N
n
C
µ
C
)/n
B
. (3.4)
Por outro lado, num ambiente rico em boro, temos
E
f orm
= (E
tot
n
B
µ
B
n
N
µ
N
n
C
µ
C
)/n
N
. (3.5)
Onde as duas estruturas são consideradas tanto num ambiente rico em boro, quanto num
ambiente rico em nitrogênio.
É importante frisar que estamos usando uma camada planar infinita, sem defeito, de nitreto
de boro como referência, atribuindo um valor nulo para esta energia de formação.
Através dos resultados obtidos, empregando cálculos de primeiros princípios para a energia
de formação de monocamadas de BN com impurezas substitucionais de carbono, construímos
dos gráficos mostrados na figura 3.3.
Podemos observar que a energia de formação para os planos de BN, sem dopagem, condiz
com o que foi adotado, resultando num valor nulo em todas as estruturas. Analisando o gráfico
(a), figura 3.3, vemos que a energia de formação para as estruturas C
B
, num ambiente rico
em nitrogênio, é menor do que para as estruturas C
N
. Obervamos ainda que à medida que a
3.2 PLANOS 35
Figura 3.3 Energia de formação por átomo em função do número de átomos que compõe a célula, para
os planos de BN sem dopagem (BN
puro
) e dopados (C
B
e C
N
) num ambiente rico em N (a) e num ambiente
rico em B (b).
porcentagem de concentração de defeitos diminui, fato que ocorre quando o número de átomos
de BN é aumentado, a energia de formação decresce tanto para C
B
quanto para C
N
. Quando
traçamos uma curva, encontramos que ambas decaem obedecendo a relação aN
b
onde N o
número de átomos da supercélula, com a = 11.7 e b = 1.4 para C
B
e a = 12.5 e b = 1.1 para
C
N
. Consequentemente, tal resultado permite concluir que a estrutura C
B
, num ambiente rico
em N, é mais estável do que C
N
.
3.2 PLANOS 36
Podemos observar da figura 3.3, que no ambiente rico em B, ocorre o contrário do que
ocorre no ambiente rico em N. Nesse caso, a energia de formação, é menor para C
N
do que para
C
B
. Neste ambiente, a energia de formação também decai com o aumento do número de átomos
e a curva obedece a relação aN
b
, com b aproximadamente igual a 1 nas duas configurações,
e a = 8.5 para C
B
e a = 4.6 para C
N
. Agora a curva de C
B
cai mais depressa do que para C
N
,
também tendendo a zero a medida que o número de átomos cresce.
Temos então que do ponto de vista energético, é mais favorável obter uma dada camada de
BN dopada com carbono no lugar no boro, num ambiente rico em nitrogênio, e no lugar no
nitrogênio, num ambiente rico em boro, o que foi previsto por Azevedo et al. [50]. E entre
estas duas estruturas, a energia de formação é mínima para estruturas C
B
num ambiente rico em
nitrogênio.
Um outro ponto que podemos observar é que a substituição de carbono tanto no lugar do N
quanto no lugar do B faz com que haja um pequeno deslocamento ao longo das ligações no local
da substituição. O comprimento das ligações com o átomo de C são levemente diferentes das
distâncias BN numa camada ideal. Essas mudanças podem ser entendidas com uma combinação
de um efeito local e um efeito eletrônico.
3.2.2 Estrutura de Bandas e DOS
Nesta seção, faremos um estudo da estrutura eletrônica das monocamadas de BN com im-
purezas de carbono. Podemos observar as bandas, para as estruturas sem polarização de spin,
através da figura 3.4. Em (a) temos uma estrutura de BN sem defeito, onde é apresentado um
gap de 4, 6 eV, aproximadamente. Quando um boro é substituído pelo carbono, aparece um
estado que cruza o nível de Fermi, figura 3.4 (b), o que nos faz concluir que o plano passa de
isolante a metal com a dopagem. Isso acontece, porque quando o boro é retirado e o carbono
é colocado no lugar, há um acréscimo de um elétron na estrutura, surgindo um estado ocupado
na região do gap de energia, o que faz com que o material se torne um condutor tipo n, ou seja,
doador de elétrons. Pela DOS, figura 3.5 (b), podemos ver que a estrutura eletrônica destes
planos foram fortemente modificadas pela inclusão desses estados doadores de elétron perto do
fundo da banda de condução. quando substituímos um nitrogênio por um carbono, figura
3.4 (c), neste caso ausência de um elétron. Também um surgimento de um estado que
cruza o nível de Fermi, o que nos leva a concluir que esta configuração também faz com que
esta se torne um metal. Esta ausência do elétron faz ainda com que um estado que antes estava
ocupado passe a ficar desocupado, fazendo com que o material se torne um condutor do tipo p,
ou seja, receptor de elétrons. Através da DOS, figura 3.5 (c), vemos que a estrutura eletrônica
destes planos foram fortemente modificadas pela inclusão desses estados aceitadores de elétron
perto do topo da banda de valência. Podemos observar ainda que o nível de Fermi diminui, isto
3.2 PLANOS 37
acontece porque há diminuição do número de elétrons. Através das figuras 3.6 e 3.7 é mostrado
a distribuição do estado na região do gap. É possível verificar que os estados que aparecem
nessa região para ambos os defeitos, estão fortemente localizados no átomo de carbono e estão
associados ao orbital p
z
.
Figura 3.4 Estrutura de bandas calculadas para uma camada BN pura (a), com carbono substituindo um
boro (b) e um nitrogênio (c). A linha tracejada corresponde ao nível de Fermi.
Figura 3.5 DOS referentes às bandas da figura 3.4, onde (a), (b) e (c) também correspondem às estru-
turas de BN pura, com um carbono no lugar do boro e no lugar do nitrogênio, respectivamente. A linha
tracejada corresponde ao nível de Fermi.
3.2 PLANOS 38
Figura 3.6 Distribuição eletrônica referente ao intervalo de energia correspondente ao estado que
aparece na banda (ver figura 3.4 (b)) com a dopagem C
B
.
Figura 3.7 Distribuição eletrônica referente ao intervalo de energia correspondente ao estado que
aparece na banda (ver figura 3.4 (c)) com a dopagem C
N
.
3.2 PLANOS 39
As monocamadas de BN, onde o átomo de carbono substitui um átomo de B ou N, apre-
sentam um elétron desemparelhado, que induz um estado ocupado localizado entre a banda de
valência e a de condução, para C
B
e C
N
, como podemos ver através das bandas de energia com
spin-polarização, conforme exibido na figura 3.8. O defeito C
B
introduz dois níveis na região
do gap, sendo que o nível ocupado (spin-up) está cerca de 2,7eV acima da energia da banda
de valência enquanto o nível desocupado (spin-down) aparece 3,5eV acima da banda de valên-
cia. Neste caso, todos os níveis abaixo de 6,0 eV estão totalmente ocupados, e portanto não
contribuem para a polarização de spin. O defeito C
N
introduz um par de níveis de um elétron
na região do gap: um nível ocupado (spin-up) perto do topo da banda de valência, e um nível
desocupado (spin-down) afastado do ocupado por 0,9 eV, conforme figura 3.8 (c).
Figura 3.8 Estrutura de bandas calculadas para uma camada BN pura (a), com carbono substituindo um
boro (b) e um nitrogênio (c). As linhas mais preenchidas correspondem a spin-up e spin-down, juntas. A
linha mais fina corresponde a spin-up, e a linha logo acima corresponde a spin-down. A linha tracejada
corresponde ao nível de Fermi.
Figura 3.9 DOS referentes às bandas da figura 3.8, onde (a), (b) e (c) também correspondem às estru-
turas de BN pura, com um carbono no lugar do boro e no lugar do nitrogênio, respectivamente. A linha
tracejada corresponde ao nível de Fermi.
A polarização de spin também pode ser claramente vista da DOS, como mostrado na figura
3.9. Para o carbono substituindo o boro [Fig. 3.9 (b)], alguns picos de estado ocupados
spin-up logo abaixo do nível de Fermi. Abaixo deste picos , as densidade de estados spin-up
e spin-down são essencialmente idênticas. Algo análogo acontece para a estrutura com um
3.2 PLANOS 40
carbono substituindo um nitrogênio [Fig.3.9 (c)], aqui também observamos que perto do nível
de Fermi, a DOS do spin-up excede a do spin-down.
A substituição do carbono, em ambos os casos, induz polarização de spin no sistema dopado,
com um momento magnético total de 1µ
B
, que está localizado no orbital p
z
do carbono tanto
para C
B
quanto para C
N
, como podemos ver através das figuras 3.10 e 3.11, que mostram a
densidade eletrônica de spin-up - spin-down.
Figura 3.10 Polarização de spin líquido com a dopagem C
B
.
Figura 3.11 Polarização de spin líquido com a dopagem C
N
.
3.3 TUBOS 41
3.3 Tubos
Realizamos uma análise de tubos de BN zigzag com diâmetros diferentes, como podemos ver
através da tabela 3.2. Esses tubos correspondem aos planos, vistos na seção anterior, enrolados.
Nosso intuito principal é verificar as relações entre as propriedades dos tubos com o diâmetro
quando dopados substitucionalmente com carbono substituindo o boro (C
B
) e substituindo o
nitrogênio (C
N
).
Tabela 3.2 Informações sobre os tubos: Tipos dos tubos e correspondentes números de átomos e diâmet-
ros.
Tubos Nº de átomos Diâmetro (Å)
(6,0) 48 4,80
(7,0) 56 5,60
(8,0) 64 6,40
(9,0) 72 7,20
(10,0) 80 7,99
(11,0) 88 8,79
(12,0) 96 9,59
(13,0) 104 10,39
(14,0) 112 11,19
3.3.1 Estabilidade do Defeito
Usando a abordagem termodinâmica e temperatura zero, baseado na determinação do poten-
cial químico conforme referências [80, 81, 82, 83], fizemos uma análise comparativa da estabil-
idade energética de estruturas com defeitos, relativa aos tubos sem defeito, como ilustrado nas
figuras 3.12 e 3.13. Devido ao número de átomos de boro ser diferente do de nitrogênio, usamos
um ambiente rico em boro ou em nitrogênio, dependendo do reservatório atômico empregado
especificamente.
Análogo ao que foi feito para os planos, no meio rico em N, µ
N
é obtido do nitrogênio na
fase gasosa e é igual a 270,51 eV, enquanto o boro metálico na fase α β é usado como
reservatório para o ambiente rico em B onde temos para µ
B
, 77,22 eV . Em ambos os casos
µ
N
e µ
B
obedecem a relação termodinâmica da equação 3.1
µ
N
+ µ
B
= µ
camada
BN
,
onde µ
camada
BN
é o potencial químico por par BN em um camada infinita de BN e é igual a
350.75 eV. Similar ao par BN, o potencial químico para o par CC é obtido do cálculo de
3.3 TUBOS 42
Figura 3.12 Representação esquemática de um tubo de nitreto de boro. Os átomos de boro e nitrogênio
são representados pela cor cinza e azul, respectivamente. Este tubo corresponde ao (10,0) e possui 80
átomos.
Figura 3.13 Representação esquemática de um tubo de nitreto de boro com defeitos. Os átomos de
boro, nitrogênio e carbono são representados pela cor cinza, azul e amarelo, respectivamente. As figuras
mostram defeitos de carbono substitucional nos átomos de B em (a) e N em (b). Estes tubos são do tipo
(10,0) e possuem 80 átomos cada um.
uma camada de carbono infinita, o qual resulta em µ
camada
CC
= 309,72 eV, resultando num
µ
C
= 154,86 eV. A energia de formação do tubo com defeitos, assim como para os planos na
equação 3.2, pode ser escrita como
E
f orm
= E
tot
n
B
µ
B
n
N
µ
N
n
C
µ
C
+ q(µ
e
+ e
v
),
onde E
tot
é a energia total calculada da estrutura de nitreto de boro com um defeito nativo,
e n
B
, n
N
e n
C
são o número de átomos de B, N e C, respectivamente. Nesta equação, µ
e
é
o potencial químico medido com relação ao topo da banda de valência (e
v
) e q é a carga do
sistema. Além disso, aqui também, é assumido que o sistema é neutro (q = 0). Considerando
apenas o estado de carga neutra, não levamos em conta em nossos cálculos a dependência da
3.3 TUBOS 43
energia de formação no potencial químico eletrônico. Portanto, podemos reescrever a equação
acima como 3.3
E
f orm
= E
tot
n
B
µ
B
n
N
µ
N
n
C
µ
C
.
De acordo as esquações 3.4 e 3.5, a energia de formação, num ambiente rico em N, é dada
por
E
f orm
= (E
tot
n
B
µ
B
n
N
µ
N
n
C
µ
C
)/n
B
,
num ambiente rico em B
E
f orm
= (E
tot
n
B
µ
B
n
N
µ
N
n
C
µ
C
)/n
N
.
É importante frisar que para os cálculos com os tubos, também usamos uma camada planar
infinita sem defeito de nitreto de boro como referência, atribuindo um valor nulo para esta
energia de formação.
Através dos resultados obtidos de cálculos de primeiros princípios, construímos dois grá-
ficos com a energia de formação para os nove tubos em função do diâmetro, nas três configu-
rações, como podemos ver através da figura 3.14.
Analisando os dois gráficos, observamos que em qualquer ambiente as estruturas de BN
puras têm menor energia de formação. Semelhante ao que ocorre aos planos, num ambiente
rico em nitrogênio [Fig. 3.14 (a)], as estruturas com carbono substituindo o boro, tem energia
de formação menor do que para o carbono substituindo o nitrogênio para um dado diâmetro. Por
outro lado, se observarmos o gráfico (b) da figura 3.14, vemos que acontece o contrário, num
ambiente rico em boro a energia de formação é menor para os tubos com carbono substituindo
um nitrogênio, do que para um tubo com carbono substituindo um boro, se ambos tiverem o
mesmo diâmetro. Traçamos uma curva para o conjunto de pontos de cada estrutura dopada, a
fim de verificar a relação que rege seu comportamento e verificamos que em ambos os gráficos
é obedecida a relação aD
b
, onde D corresponde ao diâmetro do tubo. As informações de a e b
correspondentes à cada configuração estão contidas na tabela 3.3.
Tabela 3.3 Dados das curvas traçadas nos gráficos da figura 3.14, onde em cada caso é obedecida a
relação aD
b
.
Rico-N Rico-B
BN C
B
C
N
BN C
B
C
N
a 10,07 8,41 8,39 10,07 7,81 8,99
b 1,98 1,80 1, 61 1,98 1,61 1,78
Pela tabela 3.3, podemos verificar que para as estruturas dopadas que apresentam energia
de formação menor, ambas decaem com o diâmetro com 1,80 aproximadamente, enquanto as
3.3 TUBOS 44
Figura 3.14 Energia de formação por átomo em função do diâmetro, para os tubos de BN sem dopagem
(BN
puro
) e dopados (C
B
e C
N
) num ambiente rico em N (a) e num ambiente rico em B (b).
outras duas decaem com 1,61. Podemos conlcuir que quanto maior for o diâmetro do tubo,
menor será sua energia de formação para qualquer estrutura, havendo ainda uma tendência,
com o crescimento do diâmetro, em se aproximar da energia de formação primeiramente do
tubo sem dopagem, continuando a decair até atingir a energia de formação do plano, que é
zero. Analisando a tabela 3.3 e os gráficos na figura 3.14, podemos inferir ainda que dos tubos
dopados, para um dado diâmetro, que a estrutura C
B
num ambiente rico em nitrogênio é mais
3.3 TUBOS 45
favorável energeticamente do que uma estrutura C
N
num ambiente rico em boro, uma vez que
esta última possui uma energia de formação maior.
Ainda fazendo uma análise da estabilidade energética das estruturas, fizemos um gráfico
[Fig. 3.15] com a energia de strain para cada estrutura, em função do diâmetro. A energia de
strain é o custo energético envolvido no dobramento da camada, e é definida como a diferença
entre a energia do nanotubo e a energia da camada correspondente que o forma. Assim, como
para os tubos grafíticos, foi encontrado que a energia de strain decresce proporcionalmente ao
inverso do quadrado do diâmetro, sendo que para os três nanotubos de menor diâmetro seu valor
é de pouco mais de 0.2 eV/átomo como pode ser visto no gráfico da figura 3.15. A energia de
strain para as três configurações, é praticamente a mesma para um dado diâmetro sendo um
pouco maior apenas para tubos de BN seguidos dos tubos C
N
para diâmetros bem pequenos,
com essa diferença tendendo a zero à medida que este cresce.
Figura 3.15 Energia de strain por átomo em função do diâmetro dos tubos.
Muitos autores têm usado o valor de E
strain
como critério para definir a possibilidade de
obtenção de estruturas tubulares. A idéia é comparar o seu valor com o obtido para nanotubos
de carbono. Este tipo de comparação entre a E
strain
de nanotubos de carbono e de BN foi feita
por Blase et al. [19]. Chegou-se à conclusão que para um mesmo diâmetro, a energia de strain
calculada de nanotubos de BN é menor que a energia de strain de tubos grafíticos. Desta forma,
é energeticamente mais favorável dobrar uma camada h-BN em uma geometria de nanotubo do
que formar um nanotubo de carbono de uma camada de grafite.
3.3 TUBOS 46
3.3.2 Estrutura de Bandas e DOS
Fizemos uma análise da estrutura de bandas sem e com spin-polarização. Nas figuras 3.16
e 3.17 é mostrado a estruturas de bandas, sem polarização de spin, para todos os tubos. Foram
realizados para cada tubo com diferentes diâmetros, as bandas de BN puros, C
B
e C
N
. Podemos
observar que todos os tubos puros apresentam um gap direto variando de 3,7 a 5,3 eV, o que
confirma que todos são isolantes independente do raio. A não constância do gap, se deve ao fato
dos tubos terem o diâmetro muito pequeno o que provoca hibridização π
-σ
fazendo reduzir
significativamente o gap. Com o decréscimo da curvatura do tubo, o efeito de hibridização é
menos importante. Para tubos (n, 0) com n > 12 (o qual corresponde ao diâmetro maior que
9,5 Å), o estado híbrido não desempenha qualquer papel na determinação do gap de tubos BN
[19].
Observamos ainda através dos gráficos das figuras 3.16 e 3.17, que a dopagem C
B
e C
N
em
todos os nanotubos faz surgir um estado que cruza o nível de Fermi, ou seja, em tais casos
os nanotubos passam de isolante a metal com a dopagem. No caso C
B
, isso acontece porque
quando o boro é substituído pelo carbono, um acréscimo de um elétron na estrutura, o que
vai fazer com que o material se torne um condutor tipo n, ou seja, doador de elétrons. Para o
C
N
diminuição de um elétron com a dopagem, fazendo com que o material tipo p, ou seja,
aceitador de elétrons. Analisando os gráficos da densidade de estados projetada (sigla inglesa
PDOS), nas figuras 3.18 e 3.19, podemos ver que em ambos os casos uma concentração
no carbono do estado correspondente ao que aparece cortando o nível de Fermi nas bandas de
energia para nanotubos dopados com qualquer diâmetro. Tudo isso nos mostra, que a curvatura
não desempenha qualquer papel no efeito provocado pela dopagem. Ele se deve exlusivamente
à substituição do átomo pelo carbono.
As figuras 3.20 e 3.21 mostram a densidade eletrônica, para cada nanotubo dopado, referente
ao intervalo de energia do estado que surge na região dopada, como é possível se observar
nos gráficos das bandas. Os estados que aparecem para ambos os defeitos, como nos planos,
estão fortemente localizados na impureza de carbono e correspondem ao orbital p
z
em todos os
nanotubos.
Também para os nanotubos as células com defeitos exibem um elétron desemparelhado de-
vido à impureza, ocupando o estado localizado entre a banda de valência e a de condução, para
C
B
e C
N
, como podemos ver através das bandas construídas a partir de cálculos com polarização
de spin, nas figuras 3.22 e 3.23. O defeito C
B
introduz dois níveis no gap de banda. O nível ocu-
pado (spin-up) está dentro do gap da banda enquanto o nível desocupado (spin-down) aparece
alguns eV acima, perto do fundo da banda de condução, como é mostrado nas figuras. Neste
caso, todas as bandas abaixo de 5,0 eV são spin degeneradas e estão ocupadas totalmente, e
portanto não contribuem para a spin-polarização. O defeito C
N
introduz um par de níveis de um
3.3 TUBOS 47
elétron no gap de banda: um nível ocupado (spin-up) perto do topo da banda de valência e um
nível desocupado (spin-down) afastado do ocupado, como pode ser visto através das figuras. A
tabela 3.4 apresenta os gaps indiretos para todos os nanotubos dopados. Para as estruturas C
B
,
o gap aumenta à medida que o diâmetro aumenta, nas estruturas C
N
acontece o inverso, o
gap diminui à medida que o diâmetro aumenta. Se observarmos as bandas de energia do nan-
otubo (6,0), para o caso C
B
, na figura 3.16, vemos que não há uma separação significante entre
spin-up e spin-down na região do gap, como acontece para os demais casos. O momento mag-
nético é de 0,2µ
B
, ou seja, a substituição do boro pelo carbono para nanotubo com o diâmetro
correspondente ao (6,0) provoca uma polarização muito pequena.
A polarização de spin também pode ser claramente vista da DOS, como mostrado nas figuras
3.24 e 3.25 . Para o carbono substituindo o boro, alguns picos de estado ocupados spin-up,
logo abaixo do nível de Fermi. Abaixo deste picos, as densidade de estados spin-up e spin-
down são essencialmente idênticas. Algo análogo acontece para a estrutura com um carbono
substituindo um nitrogênio, aqui também observamos que perto do nível de Fermi, a DOS
do spin-up excede a do spin-down. A substituição do carbono, em ambos os casos, induz
magnetização, no sistema dopado, com um momento magnético total de 1µ
B
, exceto para o
nanotubo (6,0) com carbono substituindo o boro como já comentado.
3.3 TUBOS 48
Figura 3.16 Estruturas de bandas calculadas para nanotubos zigzag de BN puro (BN), com carbono sub-
stituindo o boro (C
B
) e com carbono substituindo o nitrogênio (C
N
). As linhas pontilhadas correspondem
ao nível de Fermi. O tipo do tubo é especificado logo acima do gráfico.
3.3 TUBOS 49
Figura 3.17 Estruturas de bandas calculadas para nanotubos zigzag de BN puro (BN), com carbono sub-
stituindo o boro (C
B
) e com carbono substituindo o nitrogênio (C
N
). As linhas pontilhadas correspondem
ao nível de Fermi. O tipo do tubo é especificado logo acima do gráfico.
Tabela 3.4 Gap indireto entre os níveis spin-up ocupados e spin-down desocupados [Fig. 3.22 e 3.23].
Tubos gap (eV) C
B
gap (eV) C
N
(6,0) 0,97
(7,0) 0,39 0,98
(8,0) 0,64 0,90
(9,0) 0,81 0,89
(10,0) 0,92 0,87
(11,0) 0,98 0,85
(12,0) 0,99 0,84
(13,0) 1,00 0,84
(14,0) 1,02 0,82
3.3 TUBOS 50
Figura 3.18 Densidade estados projetada (PDOS). As linhas verde, vermelha, azul e preta correspondem
às densidades relativas ao carbono, nitrogênio, boro e total do nanotubo, respectivamente. As linhas
pontilhadas correspondem ao nível de Fermi.
3.3 TUBOS 51
Figura 3.19 Densidade estados projetada (PDOS). As linhas verde, vermelha, azul e preta correspondem
às densidades relativas ao carbono, nitrogênio, boro e total do nanotubo, respectivamente. As linhas
pontilhadas correspondem ao nível de Fermi.
3.3 TUBOS 52
Figura 3.20 Distribuição eletrônica correspondente ao intervalo de energia do estado que corta o nível
de Fermi que aparece no gráfico das bandas de energia correspondentes aos tubos especificados em cada
figura.
3.3 TUBOS 53
Figura 3.21 Distribuição eletrônica correspondente ao intervalo de energia do estado que corta o nível
de Fermi que aparece no gráfico das bandas de energia correspondentes aos tubos especificados em cada
figura.
3.3 TUBOS 54
Figura 3.22 Estruturas de bandas calculadas para nanotubos zigzag de BN puro (BN), com carbono sub-
stituindo o boro (C
B
) e com carbono substituindo o nitrogênio (C
N
). As linhas pontilhadas correspondem
ao nível de Fermi. O tipo do tubo é especificado logo acima do gráfico.
3.3 TUBOS 55
Figura 3.23 Estruturas de bandas calculadas para nanotubos zigzag de BN puro (BN), com carbono sub-
stituindo o boro (C
B
) e com carbono substituindo o nitrogênio (C
N
). As linhas pontilhadas correspondem
ao nível de Fermi. O tipo do tubo é especificado logo acima do gráfico.
3.3 TUBOS 56
Figura 3.24 Densidade de estados de spin up e down para cada nanotubo. A linha tracejada corresponde
ao nível de Fermi.
3.3 TUBOS 57
Figura 3.25 Densidade de estados de spin up e down para cada nanotubo. A linha tracejada corresponde
ao nível de Fermi.
3.4 CONES 58
3.4 Cones
Nesta seção investigaremos cones de BN que não apresentem ligações B-B ou N-N. Conse-
quentemente, faremos cálculos para estruturas com disclinações de 120º e outro com disclinação
de 240º, como representado na figura 3.26.
3.4.1 Estabilidade do Defeito
Faremos cálculos para fazermos uma análise da estabilidade dos cones, representados na
figura 3.27. Para tal, introduziremos os potenciais químicos teoricamente calculado µ
N
, µ
B
, e
µ
C
para o nitrogênio, o boro e o carbono, respectivamente. O potencial químico µ
N
, é obtido do
nitrogênio sólido na fase α para um ambiente rico em nitrogênio, enquanto um αβ metálico é
usado para obter o potencial químico µ
B
para um ambiente rico em boro. O potencial químico µ
C
é obtido de uma camada planar de carbono. Conforme descrito nas referências [80, 81, 82, 83],
usaremos os valores para os potenciais químicos obtidos anteriormente.
Figura 3.26 Representação esquemática de cones de nitreto de boro. Os átomos de boro e nitrogênio
são representados pela cor cinza e azul, respectivamente. Os átomos azul claro na borda se referem ao
hidrogênio. (a) corresponde ao cone com disclinação de 120º com 112 átomos e (b) corresponde ao cone
com disclinação 240º com 140 átomos.
Como estamos investigando estruturas com tamanhos finitos, usaremos átomos de hidrogênio
para saturar as ligações nas bordas. Para levar as ligações HN e HB, introduzimos os respectivos
potenciais químicos, µ
HN
e µ
HB
, o que nos permite escrever a energia de formação
E
f orm
= E
tot
n
B
µ
B
n
N
µ
N
n
C
µ
C
n
HB
µ
HB
n
HN
µ
HN
, (3.6)
onde E
tot
é a energia total do cone, obtido dos cálculos de primeiros princípios. Na expressão
acima, n
B
e n
N
são os números de átomos de boro e nitrogênio respectivamente e n
C
é o número
3.4 CONES 59
Figura 3.27 Representação esquemática de cones de nitreto de boro. Os átomos de boro, nitrogênio
e carbono são representados pela cor cinza, azul e amarelo, respectivamente. Os átomos azul claro
na borda se referem ao hidrogênio. (a) e (c) correspondem ao cone com disclinação de 120º C
B
e C
N
respectivamente e (b) e (d) ao cone com disclinação de 240º C
B
e C
N
respectivamente.
de átomos de carbono. n
HB
e n
HN
são os números de ligações H-B e H-N, respectivamente.
Também aqui tomamos o plano de BN como referência, atribuindo um valor nulo para a mesma.
Através dos resultados obtidos de cálculos de primeiros princípios, obtivemos a energia de
formação para os dois cones, em função do ângulo de disclinação, nas três configurações, como
podemos ver através dos gráficos na figura 3.28.
Analisando os gráfico (a), Fig. 3.28, podemos verificar que a energia de formação para as
estruturas C
B
, num ambiente rico em nitrogênio, é menor do que para as estruturas C
N
. Além
disso, observamos que um aumento no valor da energia com o ângulo de disclinação, ou
seja, a energia de formação aumenta quando a curvatura do cone é aumentada. Isto é facilmente
explicado pelo fato de que é mais fácil, dobrar uma folha de BN com disclinação de 120º do
que com o ângulo de 240º.
No gráfico (b) da figura 3.3, observamos que no ambiente rico em B ocorre o contrário do
que ocorre no ambiente rico em N, a energia de formação, neste caso, é menor para C
N
. Neste
ambiente, a energia de formação também aumenta com o aumento do ângulo de disclinação.
3.4 CONES 60
Figura 3.28 Energia de formação por átomo em função do ângulo de disclinação, para os cones sem
dopagem (BN
puro
) e dopados (C
B
e C
N
) num ambiente rico em N (a) e num ambiente rico em B (b).
Em ambos os casos a energia de formação é menor para o cone de BN sem dopagem.
Temos então que do ponto de vista energético, é mais favorável obter uma dado cone de
BN dopado com carbono no lugar no boro num ambiente rico em nitrogênio, e no lugar no
nitrogênio num ambiente rico em boro. E entre estas duas estruturas dopadas, a energia de
formação é mínima para estruturas C
B
num ambiente rico em nitrogênio.
3.4 CONES 61
3.4.2 DOS
Através da DOS, figura 3.29, podemos ver que quando substituímos um boro por um car-
bono, um surgimento de um estado que cruza o nível de Fermi, o que nos leva a concluir
que esta configuração faz com que o cone de BN se torne um metal. Podemos também observar
que neste caso, a estrutura eletrônica dos cones C
B
foram fortemente modificadas pela inclusão
de estados doadores de elétron perto do fundo da banda de condução. No outro caso, quando
substituímos um nitrogênio por um carbono, também há um surgimento de um estado que cruza
o nível de Fermi, o que nos leva a concluir que esta configuração também faz com que este se
torne um metal. Esta ausência do elétron, faz ainda com que um estado que antes estava ocu-
pado passe a ficar desocupado, fazendo com que o material se torne um condutor do tipo p, ou
seja, receptor de elétrons. Através da DOS, figura 3.29, vemos que a estrutura eletrônica destes
cones foram fortemente modificadas pela inclusão desses estados aceitadores de elétron perto
do topo da banda de valência. Podemos observar ainda que o nível de Fermi diminui, pois
diminuição do número de elétrons. Através da figura 3.30, é possível observar que os estados
eletrônicos que aparecem na região do gap para ambos os defeitos, estão fortemente localizados
na impureza de carbono e correspondem ao orbital p
z
.
Figura 3.29 DOS correspondentes aos cones estudados. A linha tracejada corresponde ao nível de
Fermi.
A polarização de spin é outra propriedade que pode ser claramente vista da DOS, como
mostrado na figura 3.31. Para o carbono substituindo o boro C
B
, alguns picos de estado
ocupados spin-up, logo abaixo do nível de Fermi. Abaixo deste picos , as densidade de estados
spin-up e spin-down são essencialmente idênticas. Algo análogo acontece para a estrutura com
3.4 CONES 62
Figura 3.30 Distribuição eletrônica referente ao intervalo de energia correspondente ao estado que surge
com a dopagem C
B
e C
N
.
um carbono substituindo um nitrogênio C
N
, aqui também observamos que perto do nível de
Fermi, a DOS do spin-up excede a do spin-down.
A substituição do átomo de boro ou nitrogênio por um átomo de carbono, induz um elétron
desemparelhado provocando o aparecimento de um momento magnético total com valor de 1µ
B
.
Figura 3.31 DOS correspondentes aos cálculos com polarização de spin dos cones estudados. A linha
tracejada corresponde ao nível de Fermi.
63
CAPÍTULO 4
CONSIDERAÇÕES FINAIS
“Não tenho receio de considerar como questão final se,
por fim no futuro distante, nós pudermos arranjar os áto-
mos da maneira que quisermos (...). O que aconteceria
se pudéssemos arranjar os átomos, um por um, do jeito
que quiséssemos?”
—RICHARD FEYNMAN (1918-1988)
Em nosso trabalho, realizamos cálculos de primeiros princípios basedado na teoria do fun-
cional da densidade para investigar o efeito da dopagem substitucional de carbono, na estrutura
eletrônica e energética de nanoestruturas de BN com, e sem curvatura. Foi encontrado que a
dopagem modifica tais propriedades de todas as nanoestruturas. Todas elas possuem um gap
considerável entre o topo da banda de valência e o fundo da banda de condução, quando puros,
mas quando dopados com carbono no lugar do boro (C
B
) por exemplo, o surgimento e um
estado cortando o nível de Fermi. O mesmo acontecendo para o caso da substituição de ni-
trogênio por carbono (C
N
). Aqui também um surgimento de um estado cortando o nível de
Fermi. Tal ocorrência nos leva a concluir que a estrutura passa de isolante a metal quando a
dopagem C
B
ou C
N
é feita. Com a dopagem C
B
, o aumento de um elétron em relação à
estrutura de BN sem defeito, fazendo com que o material se torne um condutor do tipo n, ou
seja, doador de elétrons. com a dopagem C
N
diminuição de um elétron, o que faz com
que o material seja um condutor tipo p, ou seja, receptor de elétrons. Chegamos à conclusão
também de que o estado que surge com a dopagem está localizado sobre o carbono, como pode
ser verificado pelas figuras da DOS referente à esse intervalo de energia correspondente, o que
reforça a importância do carbono nas mudanças ocorridas.
Através dos gráficos da energia de formação das estruturas encontramos que do ponto de
vista energético, é mais favorável obter uma dada estrutura de BN dopada com carbono no lu-
gar no boro, num ambiente rico em nitrogênio, e no lugar no nitrogênio num ambiente rico
em boro. E entre estas duas configurações, a energia de formação é mínima para estruturas C
B
num ambiente rico em nitrogênio. Nos planos, a energia de formção decresce com o número
de átomos, e nos tubos decresce com o diâmetro. Uma possível explicação é que a energia de
formação dos planos diminui com a porcentagem da concentração de carbono. Nos tubos, a
CAPÍTULO 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS 64
diminuição acontece também por esse motivo e por causa do aumento do diâmetro, e com a
diminuição na curvatura, os efeitos de hibridização diminui. Para os cones, verificamos que a
energia de formação cresce com o ângulo de disclinação, ou seja, mesmo diminuindo a porcent-
agem da concentração do carbono na estrutura, com o aumento do número de átomos, o efeito
da curvatura se sobrepõe, tornando mais difícil, do ponto de vista energético, formar cones com
alto grau de disclinação.
Ainda fazendo uma análise da estabilidade energética dos tubos, foi encontrado que assim
como para os tubos grafíticos, a energia de strain decresce proporcionalmente ao inverso do
quadrado do diâmetro, sendo que para os três nanotubos de menor diâmetro seu valor é de
pouco mais de 0.2 eV/átomo. A energia de strain para as três configurações é praticamente a
mesma, para um dado diâmetro, sendo um pouco maior apenas para tubos de BN seguidos dos
tubos C
N
para diâmetros bem pequenos, com essa diferença tendendo a zero à medida que este
cresce.
Um outro aspecto analisado, foi a ocorrência de polarização de spin com a dopagem. Foi en-
contrado que, exceto para o tubo (6,0) com defeito C
B
, que apresentou um momento magnético
de 0,2µ
B
, todas as estruturas dopadas apresentaram um momento magnético de 1µ
B
. Essa polar-
ização de spin, conforme verificamos independe do local da substituição e do tipo de estrutura.
Voltando ao tubo (6,0) C
B
, concluimos que esta estrutura apresenta um momento magnético in-
ferior em relação aos demais, devido a combinação do tipo de substituição, C
B
, com o pequeno
diâmetro do tubo, fazendo com que houvesse grande aumento da curvatura e consequente re-
hibridização de orbitais, fazendo com que a polarização de spin fosse minimizada.
Em resumo foi verificado, através da análise da estrutura eletrônica dos compostos BN, que
o efeito da substituição de B ou N, por átomos de carbono, é o mesmo para planos, tubos e
cones. Ou seja, aparentemente, a curvatura não induz estados eletrônicos na região do gap, ou
polarização de spin. Tais efeitos deve-se apenas, ao elétron livre que surge, devido à incorpo-
ração do carbono.
65
APÊNDICE A
O PRINCÍPIO VARIACIONAL
Se desejarmos calcular a energia do estado fundamental E
0
para um sistema descrito pelo
operador Hamiltoniano
ˆ
H, sem estar habilitado para resolver a equação de Schroedinger inde-
pendente do tempo, utilizamos o princípio varacional.
Teorema A.0.2.1. Dada uma função de onda normalizada Φ que satisfaz as condições de con-
torno apropriadas, então o valor esperado do hamiltoniano é o limite superior para a energia do
estado fundamental exato, isto é, se
Φ|Φ = 1 (A.1)
então
E
0
Φ|H|Φ (A.2)
A igualdade só é satisfeita quando Φ é idêntica a Φ
0
. Para provar o teorema acima devemos
considerar o fato de que as autofunções desconhecidas de
ˆ
H formam um conjunto completo,
pois podemos expressar Φ como uma combinação linear delas:
Φ =
n
c
n
φ
n
, com
ˆ
Hφ
n
= E
n
φ
n
Como Φ é normalizada temos
1 = Φ|Φ =
m
c
m
φ
m
|
n
c
n
φ
n
=
m
n
c
m
c
n
φ
m
|φ
n
=
n
|c
n
|
2
Além disso,
ˆ
H =
m
c
m
φ
m
|
ˆ
H
n
c
n
φ
n
=
m
n
c
m
E
n
c
n
φ
m
|φ
n
=
n
E
n
|c
n
|
2
.
Mas a energia do estado fundamental é por definição, o autovalor mais baixo, assim E
0
E
n
, e
consequentemente
ˆ
H E
0
n
|c
n
|
2
= E
0
.
O princípio variacional permite-nos concluir que a energia de uma autofunção aproximada
é sempre mais alta. Portanto quanto menor a energia, “melhor” a função de onda. A base
do método variacional é, portanto, testar uma função de onda normalizada Φ, que depende de
certos parâmetros e variar esses parâmetros até que Φ|
ˆ
H|Φ seja mínimo, o valor mínimo de
Φ|
ˆ
H|Φ será portanto a energia do estado fundamental estimada.
66
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60
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