“guri(a)”, “piá”, “curumim”, menino(a)” que se remetem ao signo “criança” homem de
pouca idade. O contrário também é uma realidade, qual seja, na mesma forma
vocabular podem-se materializar diferentes signos, como por exemplo “botão” que
tanto pode se remeter a uma fase em que a flor ainda não desabrochou, quanto ao
produto manufaturado - de plástico, de madeira, de madrepérola ... - usado nas
vestimentas para fechar ou enfeitar blusas, vestidos, calça, camisa... . “Botão” é
ainda a forma vocabular por meio da qual se designam pequenas partes de um
artefatos mecânicos, - campainha de elevadores, por exemplo, - que acionados
pela pressão do dedo da mão funcionam para chamar pessoas ou para fazer um
elevador subir ou descer.
Nessa perspectiva, quando se toma um vocábulo isolado, fora do contexto do
uso dos processos de produção discursiva, isto é, na dimensão da palavra, ele
representa para seus usuários:
1) uma unidade de significação, cujo feixe semântico se define pela
experiência de uso, pela cultura, pela ideologia;
2) uma unidade morfológica, por possibilitar a ativação de traços categoriais
semânticos que implicam a possibilidade de estabelecer diferentes
encadeamentos, estando assim subordinada ou configurada pelas
categorias da frase e também às do enunciado, por isso se qualifica por
diferentes possibilidades de uso, visto que seus usuários conseguem
projetar as mais diferentes combinatórias para a palavra
descontextualizada, em diferentes espaços discursivos e/ou tipos de
discursos, isto é, diferentes contextos. (TURAZZA, 1998. p. 110)
Segundo a autora, a aquisição e uso de novos vocábulos, como é o caso dos
estrangeirismos, sempre se dá no fluxo dos processos de discursivização e tem por
ancoragem os conhecimentos prévios do aprendente, lingüisticamente designados
em sua língua materna. Tal conhecimento, arquivado na memória de longo prazo
sob a forma de esquemas de compreensão, faculta ao usuário interpretar o “novo”,
“o desconhecido” pelo “velho”, pelo “conhecido”:
(...) incorporados desde o nascimento a uma comunidade antropo–sócio–
cultural, os homens dela recebem um repertório de palavras que, se por um
lado, são portadoras de conteúdo pré-estabelecidos, por outro, essas
palavras veiculam ou ativam esquemas que possibilitam combiná-las em
unidades mais abrangentes: os quadros da discursividade”. (1998. p. 111).
Por conseguinte, ainda que desprovido da configuração espaço–temporal
modalizadora das práticas discursivas e de seus sentidos, os vocábulos sempre