Download PDF
ads:
ELIAS DE PÁDUA MONTEIRO
A EXTENSÃO RURAL E AS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E
COMUNICAÇÃO - Possibilidades e limites de utilização
VIÇOSA
MINAS GERAIS – BRASIL
2007
Dissertação apresentada à Universidade
Federal de Viçosa, como parte das
exigências do Programa de Pós-Graduação
em Extensão Rural, para obtenção do título
de Magister Scientiae.
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
ELIAS DE PÁDUA MONTEIRO
A EXTENSÃO RURAL E AS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E
COMUNICAÇÃO - Possibilidades e limites de utilização
APROVADA: 26 de fevereiro de 2007.
_________________________________ _________________________________
José Ambrósio Ferreira Neto Geraldo Magela Braga
_________________________________ _________________________________
José Norberto Muniz Sheila Maria Doula
(Co-orientador) (Co-orientadora)
_________________________________
José Benedito Pinho
(Orientador)
Dissertação apresentada à Universidade
Federal de Viçosa, como parte das
exigências do Programa de Pós-Graduação
em Extensão Rural, para obtenção do título
de Magister Scientiae.
ads:
ii
A minha amada esposa
Vívian de Faria Caixeta
e a minha valiosa filha
Vivianne Caixeta Monteiro.
iii
AGRADECIMENTO
A Deus, pela força, coragem e perseverança com que me conduziu.
À minha família pela tolerância e amor a mim dedicados.
Ao Professor orientador José Benedito Pinho e aos conselheiros José Norberto Muniz e
Sheila Maria Doula, pela fonte de inspiração, entusiasmo, alegria, dedicação e
competência.
Aos professores do Programa de Pós-graduação em Extensão Rural que sempre me
trataram com respeito durante o período de realização do curso.
Aos funcionários do DER, pelo apoio e pela contribuição.
À Escola Agrotécnica Federal de Ceres pela liberação e apoio a mim prestado.
Aos meus colegas, pela convivência, tolerância e integração, num processo de trocas e
buscas comuns, com o mesmo objetivo de se tornarem elementos transformadores da
sociedade e agentes da democratização do saber.
Expresso o meu reconhecimento, estima e consideração a todos que direta e
indiretamente contribuíram para a realização deste trabalho. E peço perdão àqueles a
quem não citei nominalmente, mas que tenham a certeza de que a tônica constante em
todas as fases de realização deste trabalho foi a sua presença e principalmente, o amor
fraterno encontrado em cada um.
iv
BIOGRAFIA
ELIAS DE PÁDUA MONTEIRO, filho de Norival Augusto Monteiro
e Elza de Pádua Monteiro, nasceu em 06 de novembro de 1968, em Ceres (GO).
Concluiu o Curso de Pós-Graduação Lato-Senso em Língua
Portuguesa em 2004 pela Universidade Salgado de Oliveira – UNIVERSO
(Goiânia – GO) e em 1995 especializou-se em Planejamento Educacional pela
mesma Universidade. A graduação em Letras Modernas foi realizada na
Faculdade de Filosofia do Vale de São Patrício (Ceres – GO).
Iniciou suas atividades profissionais no Conselho de Engenharia,
Arquitetura e Agronomia de Goiás (CREA-GO), onde permaneceu no período de
1988 a 1989. Em 1992, ingressou na Associação Educativa Evangélica como
professor de 1.º e 2.º graus onde permaneceu até o ano de 1995. Nesse período,
atuou também como professor no Colégio Imaculada Conceição de Ceres (GO).
Em 1995 foi aprovado em concurso público para professor da Escola
Agrotécnica Federal de Ceres onde atua até a presente data.
Em 2005, ingressou no Programa de Mestrado em Extensão Rural, do
Departamento de Economia Rural da Universidade Federal de Viçosa,
defendendo sua dissertação em fevereiro de 2007.
v
A resposta para a tensão entre igualdade e diferença
é a de defender a igualdade sempre que a diferença gerar inferioridade,
e defender a diferença sempre que igualdade implicar descaracterização.
Boaventura de Sousa Santos
vi
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS.........................................................................................viii
LISTA DE TABELAS...........................................................................................x
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS...........................................................xi
RESUMO............................................................................................................xiv
ABSTRACT........................................................................................................xvi
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................1
i Aspectos Gerais................................................................................................1
ii Objetivos .........................................................................................................4
iii Justificativa ....................................................................................................5
iv Organização do Trabalho ...............................................................................7
2 EXTENSÃO RURAL: Conceitos, Modelos e Rumos.......................................9
2.1 Olhando a História........................................................................................9
2.2 A Extensão Rural Brasileira......................................................................11
2.3 O Sistema de Extensão Rural em Goiás.....................................................17
2.4 A Extensão Rural em Debate .....................................................................20
3 COMUNICAÇÃO HUMANA E ORGANIZACIONAL................................30
3.1 Comunicação..............................................................................................30
3.2 Definições de Comunicação.......................................................................32
3.3 Modelos de Processos de Comunicação.....................................................34
3.4 Formas de Comunicação ............................................................................39
3.5 Comunicação Organizacional.....................................................................40
3.5.1 Comunicação Interna nas Organizações..................................................43
vii
4 TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NAS
ORGANIZAÇÕES...............................................................................................47
4.1 A Sociedade da Informação .......................................................................47
4.1.1 Teoria Sistêmica e Teoria Geral de Redes ..............................................49
4.2 A Informação e o Conhecimento nas Organizações ..................................53
4.3 Sistemas de Informação nas Organizações ................................................56
4.4 As Tecnologias da Informação e Comunicação.........................................58
4.5 Comunicação, Colaboração e Aprendizado em Rede................................64
5 PERCURSO METODOLÓGICO....................................................................68
5.1 Opção Metodológica e Trajetória da Pesquisa...........................................69
5.2 Processo de Pesquisa de Campo.................................................................73
5.2.1 Elaboração, Validação e Aplicação do Instrumento de Pesquisa............74
5.3 Indicadores de Impactos.............................................................................76
6 ANÁLISE DOS DADOS..................................................................................78
6.1 Caracterização das Agências de ATER......................................................78
6.2 Comunicação Organizacional nos escritórios da AGENCIARURAL do
Vale de São Patrício .........................................................................................88
6.3 As TIC’s nas Governamentais de ATER do Vale (AGENCIARURAL) ..95
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS.........................................................................104
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...............................................................109
APÊNDICES......................................................................................................116
viii
LISTA DE FIGURAS
Figura 1
Modelo de Comunicação de Shannon e Weaver........................ 36
Figura 2
Modelo de comunicação como interação.................................... 37
Figura 3
Modelo de comunicação como transação................................... 38
Figura 4
Dados, informação e conhecimento............................................ 55
Figura 5
Visão esquemática de um sistema de informação...................... 57
Figura 6
Microrregiões do Estado de Goiás.............................................. 70
Figura 7
Microrregião de Ceres................................................................ 71
Figura 8
Beneficiários envolvidos com as atividades da
AGENCIARURAL no Vale de São Patrício..............................
80
Figura 9
Ponderação de ocorrência das principais linhas de atuação da
AGENCIARURAL.....................................................................
82
Figura 10
Métodos de escolha das prioridades de ATER utilizados pela
AGENCIARURAL....................................................................
83
Figura 11
Utilização de mecanismo de diagnóstico, planejamento e
avaliação pela AGENCIARURAL.............................................
84
Figura 12
Ponderação dos canais ou meios de comunicação encontrados
no fluxo descendente..................................................................
91
Figura 13
Ponderação dos canais ou meios de comunicação encontrados
no fluxo ascendente....................................................................
93
Figura 14
Principais ferramentas e instrumentos presentes na
comunicação externa da AGENCIARURAL.............................
94
Figura 15
Principais utilizações do computador pelos técnicos
extensionistas da AGENCIARURAL.........................................
96
Figura 16
Principais canais/meios de comunicação utilizados para
realizar os serviços de ATER e os que despertam maior
interesse por parte dos beneficiários...........................................
98
ix
Figura 17
Ponderação dos meios e procedimentos utilizados pelos
técnicos extensionistas para a obtenção de informações
técnicas........................................................................................
100
Figura 18
Principais dificuldades encontradas pelos técnicos
extensionistas na utilização das TIC’s........................................
101
x
LISTA DE TABELAS
Tabela 1
Caracterização sumária dos três períodos que marcam o
processo evolutivo da extensão rural no Brasil....................
24
Tabela 2 Categorias do Sistema de Extensão Rural............................ 71
Tabela 3
Categorias das instituições encontradas nas cidades do
Vale de São Patrício.............................................................
73
Tabela 4
Número de instituições identificadas e número de
questionários enviados e devolvidos....................................
76
Tabela 5
Recursos humanos dos escritórios da AGENCIARURAL
do Vale de São Patrício........................................................
79
Tabela 6
Principais linhas de atuação da AGENCIARURAL............
80
Tabela 7
Entraves para uma melhor atuação da AGENCIARURAL.
84
Tabela 8
Apreciação dos técnicos extensionistas sobre os canais e
fluxos da comunicação interna da AGENCIARURAL.......
88
Tabela 9
Canais ou meios de comunicação encontrados no fluxo
descendente..........................................................................
90
Tabela 10
Canais ou meios de comunicação encontrados no fluxo
ascendente............................................................................
92
Tabela 11
Principais serviços de ATER realizados pelos
extensionistas da AGENCIARURAL..................................
98
Tabela 12
Principais meios utilizados pelos extensionistas para a
obtenção de informações técnicas........................................
99
Tabela 13
Nível de conhecimento para realizar atividades no
computador...........................................................................
101
xi
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABCAR Associação Brasileira de Crédito e Assistência Rural
ACAR Associação de Crédito e Assistência Rural
ACAR Associação de Crédito e Assistência Rural
ADSL
Asymmetric Digital Subscriber Line
AGENCIARURAL Agência Goiana de Desenvolvimento Rural e Fundiário
AIA
International Association for Economic and Social
Development
ANCAR Associação Nordestina de Crédito e Assistência Rural
ASBRAER
Associação Brasileira das Entidades Estaduais de
Assistência Técnica e Extensão Rural
ASCAR Associação Sulina de Crédito e Assistência Rural
ASTER Associações de Assistência Técnica e Extensão Rural
ATER Assistência Técnica e Extensão Rural
ATES
Assessoria Técnica, Social e Ambiental à Reforma
Agrária
AVA
Ambientes Virtuais de Aprendizagem
CONTAG
Confederação Nacional dos Trabalhadores na
Agricultura
xii
DIER Departamento de Infra-Estrutura e Extensão Rural
DNPE Departamento Nacional de Pesquisas Agropecuárias
EAD
Ensino à Distância
EAFCeres
Escola Agrotécnica Federal de Ceres
EMATER Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural
EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias
EMBRATER
Empresa Brasileira de Assistência Técnica e Extensão
Rural
ESAV Escola Superior de Agricultura e Veterinária de Viçosa
FAZER
Sindicatos dos Trabalhadores da Extensão Rural e do
Setor Público Agrícola do Brasil
FTP
File Transfer Protocol
IBGE Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IDAGO
Instituto de Desenvolvimento Agrário, de Regularização
Fundiária
IGAPE Instituto de Defesa Agropecuária
INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária
INEXSK
INfrastrucuture, EXperience, Skills, Knowledge
MDA Ministério de Desenvolvimento Agrário
ONG Organização não Governamental
PNATER
Política Nacional de Assistência Técnica e Extensão
Rural
PRONAF
Programa nacional de fortalecimento da agricultura
familiar
SAF Secretaria da Agricultura Familiar
SENAR Serviço Nacional de Aprendizagem Rural
SEPLAN
Secretaria de Estado do Planejamento e
Desenvolvimento do Estado de Goiás
SIBRATER
Sistema Brasileiro de Assistência Técnica e Extensão
Rural
TI
Tecnologias da Informação
xiii
TIC’s Tecnologias da Informação e Comunicação
UREMG Universidade Rural do Estado de Minas Gerais
WWW
World Wide Web
xiv
RESUMO
MONTEIRO, Elias de Pádua, M.Sc., Universidade Federal de Viçosa. Fevereiro
de 2007. A Extensão Rural e as tecnologias da informação e
comunicação - possibilidades e limites de utilização. Orientador: José
Benedito Pinho. Co-orientadores: José Norberto Muniz e Sheila Maria
Doula.
Face ao crescimento exponencial da informação a que se assiste neste
momento, à diversidade de suportes e de linguagens por meio das quais ela é
veiculada e aos novos modos de comunicação (a chamada Sociedade da
Informação), a proposta central desse trabalho consiste em identificar o estado da
arte da temática das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC’s) no
contexto dos sistemas de extensão rural, especificamente na Região do Vale de
São Patrício. Partiu-se da caracterização das instituições públicas e privadas que
trabalham com Ater nessa Região (quem atendem, como trabalham, qual a infra-
estrutura e quais os limites da sua atuação) para em decorrência analisar como
esses sistemas têm incorporado as TIC’s em suas práticas, identificando os
benefícios, as possibilidades e os limites dessa interação. A metodologia utilizada
para a realização da pesquisa, baseou-se, primeiramente, em leituras
bibliográficas que levassem a suscitar as aplicações dessas tecnologias nas
xv
organizações. Dentre as várias ferramentas disponíveis para os pesquisadores
sociais, optou-se pelo método de survey, uma vez que a pesquisa partiu da
interrogação direta das pessoas. Procedeu à solicitação de informações a um
grupo significativo de pessoas acerca do problema estudado para em seguida,
mediante análises quantitativa e qualitativa, obter conclusões correspondentes
dos dados pesquisados. Pelos dados levantados e analisados e pelas entrevistas
realizadas foi possível constatar que o setor público - por sua capilaridade, infra-
estrutura e posição institucional - permanece como fundamental na ATER
voltada para agricultores familiares na Região e, com maior ou menor
intensidade, as TIC’s estão presentes nas organizações estudadas, sendo usadas
principalmente como ferramentas administrativas e de comunicação. Porém,
ainda podem ser usadas de maneira mais efetiva se forem mais bem gerenciadas.
Sendo assim, acredita-se que são grandes as possibilidades de contribuição e
incertos os limites da utilização dessas tecnologias como canais e fluxos de
informação e conhecimento no Sistema de Extensão Rural.
xvi
ABSTRACT
MONTEIRO, Elias de Pádua, M.Sc., Universidade Federal de Viçosa. February
2007. The Rural Extension and the information and communication
technologies - possibilities and limits of its use. Adviser: José Benedito
Pinho. Co-adviser: José Norberto Muniz and Sheila Maria Doula.
Facing the information increasing that we observe during these days
and the diversity of supports and languages which are transmitted as the new
communication ways (that we call Information Society), the main propose of the
present work is to identify the side of the thematic art of the Information and
Communication Technologies (ICTs) in the context of the Rural Extension
systems, specifically in the region of Vale de São Patrício. We started
characterizing the public and private institutions which works with ATER in the
mentioned region (who do they assist, how do they work, which infrastructure do
they have and which are the limits that they can act), to analyze how these
systems have incorporated the ICTs in their practices, still identifying the
benefits, the possibilities and the limits of this interaction. The methodology that
we used in this research is first based on the bibliographic readings that could
raise the application of theses technologies in the organizations. Within the many
xvii
available tools that the social researchers can find we choose the survey method,
in a context that the research started questioning directly the people. We asked
some information of a significant group about the researched problem to, soon
after, using the qualitative and quantitative analysis, obtain corresponding
conclusions of the researched data. Through the evaluated data and the
interviews it was possible to verify that the public sector – for its infrastructure,
its ramifications and institutional position – continues fundamental to the ATER
turned to the family farmers of the region and, with a better or lesser intensity,
the ICTs are present in the studied organizations, being used mainly as
administrative and communicative tools. However, they can still be used in a
more effective way if they will be better managed. In this way, we believe that
there are great possibilities for its contribution, as the existence of the uncertain
limits of the use of these technologies as channels and flows of information and
knowledge in the Rural Extension system.
1
1 INTRODUÇÃO
Este trabalho está organizado contemplando uma Introdução
organizada por partes. A primeira, “Aspectos gerais”, tece considerações, no
contexto da Extensão Rural, sobre a importância das Tecnologias da Informação
e Comunicação (TIC’s) para o sistema de extensão rural na região do Vale de
São Patrício
1
. A segunda, “Objetivos”, cita resumidamente as intenções
pretendidas por este trabalho. A terceira, “Justificativas”, objetiva sensibilizar
quanto à importância de se conhecer as ações da Extensão Rural, sobretudo na
incorporação das TIC’s na realização de suas atividades fins. A quarta e última
parte, “Organização”, mostra a estrutura de apresentação adotada nesta
pesquisa.
i Aspectos Gerais
A Extensão Rural brasileira nasceu sob forte influência norte-
americana e visava superar o atraso na agricultura. Desempenhou um papel no
desenvolvimento rural, onde buscava combater a pobreza atuando diretamente
1
Segundo Sebrae-GO (1999), o Vale de São Patrício está localizada em Goiás, na Messoregião do Centro
Goiano e Microrregião de Ceres. É composto por 27 municípios que apresentam características similares
e têm na agropecuária, principalmente na bovinocultura, a atividade econômica de destaque. Trata-se de
uma região com sinais evidentes de desenvolvimento, com um grande potencial econômico, com
estruturas econômicas, sociais e culturais em evolução, envolvendo principalmente os setores: agrícola,
comercial e industrial.
2
nas unidades familiares, na tentativa de persuadi-las a mudar seu tradicional e
“atrasado” modo de vida com a adoção de “modernos” métodos científicos na
produção e melhorias na habitação e na administração do lar (RODRIGUES,
1997).
Em mais de cinqüenta anos de existência, desde a criação da
Associação de Crédito e Assistência Rural - ACAR em 1948, no Estado de
Minas Gerais, a Extensão Rural passou por diversas fases. As principais
características destas fases foram identificadas por Rodrigues (1997) em três
momentos distintos, relacionados à orientação filosófica e ao modelo operacional
predominante em cada um deles, os quais denominou de: 1) Humanismo
assistencialista; 2) Difusionismo produtivista; 3) Humanismo crítico.
Hoje, como em outros tempos, a Extensão Rural no Brasil se vê em
meio a debates e mudanças no que diz respeito à sua missão institucional,
definição de público, forma de atuação, modelagem de gestão e estrutura
organizacional. Discute-se uma nova proposta de extensão rural de caráter
educativo e transformador que preconize a construção partilhada de
conhecimento. Para tanto, novas competências técnicas, cognitivas e políticas são
exigidas aos profissionais agrários visando à construção de soluções para o
enfrentamento dos problemas éticos e socioambientais decorrentes da
modernização (COELHO, 2005).
Tudo isso é um grande desafio para os sistemas de extensão rural,
denominado aqui como sendo os agentes de ensino, pesquisa e extensão - com
múltiplas interações - que prestam serviços diretos ou indiretos ao meio rural,
promovidos e desenvolvidos pelos setores públicos federal, estadual e municipal,
bem como pelas Organizações não Governamentais (ONG’s) e pelo setor
privado.
As discussões sobre o sistema de extensão rural de Goiás, assim
como no Vale de São Patrício, não diferem muito do contexto nacional. Os
serviços de Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER) são diversificados e as
instituições Governamentais de ATER são as de maior importância e abrangência
de atuação. Prestam serviços públicos e gratuitos, voltados prioritariamente para
3
o público de agricultores familiares e assentados. Há uma estreita relação com as
prefeituras no desenvolvimento local, que são vistas como alternativas de
complementação de recursos (BRASIL, 2003a).
Outras instituições, como Organizações Não Governamentais,
Instituições Prestadoras de Serviço, Universidades Públicas, Escolas
Agrotécnicas, Cooperativas, Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR)
realizam ATER, mas não como principal atividade ou, muitas vezes, não se
reconhecem como participantes do Sistema Brasileiro de Assistência Técnica e
Extensão Rural (SIBRATER).
Os debates sobre as mudanças vivenciadas na Extensão Rural
perpassam pela idealização de um novo perfil de extensionista. Novas
competências técnicas como utilizar eficaz e eficientemente os meios
audiovisuais, informáticos e comunicacionais, ou seja, as Tecnologias da
Informação e Comunicação (TIC’s) passam a ser “necessárias” em seu cotidiano.
Conseqüentemente, a utilização dessas tecnologias como forma de potencializar
a atuação do técnico extensionista e ainda como ferramenta com o poder de
contribuir para o desenvolvimento local e regional, começou ser pensada
(LAUDON; LAUDON, 2005).
As TIC’s prometem às organizações redução de custos, aumento da
competitividade e tornam-se quase “indispensáveis” na vida moderna. Neste
contexto, a questão a ser colocada é como essas tecnologias têm sido utilizadas
pelos sistemas de extensão rural, apresentando-se como instrumentos
facilitadores para o processo de realização de suas atividades-fins e/ou como
ferramentas operacionais para apoio ao processo de comunicação e informação
entre os diferentes atores institucionais pertencentes ao sistema de extensão rural
da Região do Vale de São Patrício.
4
ii Objetivos
As atividades desenvolvidas no sentido de viabilizar a realização do
presente trabalho foram norteadas pelo seguinte objetivo geral:
- verificar como o Sistema de Extensão Rural do Vale de São Patrício
tem incorporado as TIC’s em suas práticas diárias, particularizando o
impacto e o empowerment
2
que essas tecnologias oferecem às
organizações e aos seus beneficiários.
Para a concretização do objetivo geral mencionado foram
estabelecidos os seguintes objetivos específicos:
- identificar quais são as instituições públicas e privadas que trabalham
com ATER na Região do Vale de São Patrício, a quem atendem,
como trabalham, qual a infra-estrutura e quais são os limites de sua
atuação.
- verificar os benefícios do uso das TIC’s como canais e fluxos de
informações e conhecimento, bem como ferramentas pedagógicas no
sistema de extensão rural.
- Analisar as possibilidades da utilização das TIC’s, pelos agentes de
desenvolvimento rural, como ambientes virtuais colaborativos
voltados à aprendizagem no sistema de extensão rural.
- verificar as possibilidades de ação que as TIC’s disponibilizam ao
sistema de extensão rural, por meio do uso de suas principais
ferramentas
3
.
2
O empowerment é uma abordagem de projeto de trabalho que objetiva a delegação de poder de decisão,
autonomia e participação dos funcionários na administração das empresas. Busca-se o comprometimento
dos empregados em contribuir para as decisões estratégicas, com o objetivo de melhorar o desempenho da
organização. O novo paradigma está focado na desburocratização, na descentralização, na flexibilização e
na inovação (CUNNINGHAM; HYMAN, 1999).
3
Principais ferramentas: Controle Remoto (Telnet); IRC-chat (bate-papo); Voz e busca- (ICQ – I-seek-
you); Áudio e vídeo – Videoconferência; Quadro branco – Whiteboard; GroupWeb – Web em grupo;
Realidade Virtual em texto – MOO; Ambientes Virtuais Colaborativos – CVE; correio eletrônico (e-
mail); lista de discussão; Newsgroup; Transferência de arquivos - FTP, WWW – Word Wild Web;
fóruns; vídeo sob demanda etc.
5
iii Justificativa
O novo espaço surgido com o advento da Internet, o ciberespaço, tem sido
utilizado pela educação como um ambiente de ensino-aprendizagem por oferecer, além
de novas formas de comunicação e acesso à informação, meios de coordenar as
interações nesse universo online de conhecimentos. Logo, pensar as TIC’s como
ferramentas enriquecedoras desse processo educativo, parece algo plausível, uma vez
que elas permitem a integração em rede das comunidades que dela participam e
têm colaborado para a difusão do saber; a partilha de informação e
conhecimento; necessidades; experiências e recursos, permitindo a introdução de
estratégias didáticas anteriormente impossíveis e com uma velocidade nunca
antes vista (VECHIATTI, 2005).
Para Paulo Freire, o projeto extensionista se define como um processo
educacional, onde a educação “é diálogo, na medida em que não é transferência
de saber, mas um encontro de sujeitos interlocutores que buscam a significação
dos significados” (FREIRE, 1997, p. 69). O mesmo autor afirma ainda que o
papel da educação é humanizar o homem na ação consciente que este deve fazer
para transformar o mundo. Assim, a ação do educador deve ser a de
comunicação, se quiser chegar ao homem como ser concreto, inserido em uma
realidade. Educar não é o ato pelo qual um sujeito transformado em objeto recebe
dócil e passivamente os conteúdos que outro lhe dá ou lhe impõe. O
conhecimento, pelo contrário, exige uma presença curiosa do sujeito em face do
mundo. Requer sua ação transformadora sobre a realidade, demandando uma
busca constante, que implica invenção e reinvenção.
Nas organizações, o uso das TIC’s proporciona explorar os benefícios
dessas tecnologias para obter vantagem competitiva em relação aos concorrentes
por meio da eficácia organizacional, internamente à organização, e da
competitividade, no ambiente externo da organização. Nas organizações
públicas, essas tecnologias podem ser utilizadas na sua perpetuação em função
dos serviços prestados. Isto significa que, além de melhorias no ambiente interno
da organização, pelo aumento da eficácia organizacional (agilização de
6
processos, da estrutura, da comunicação e a eliminação da rotina inflexível), o
uso estratégico das TIC’s pode melhorar o atendimento da população e os
serviços prestados ao cidadão (TURBAN; RAINER JR; POTTER, 2005).
As TIC’s oferecem novas fontes de informação que podem abrir
outros canais de comunicação às comunidades rurais e organizações agrícolas.
Esta rede oferece um meio para atenuar falhas, caso existam, na formação dos
extensionistas, na capacitação da população rural e dos produtores agrícolas, por
meio do diálogo e da interação. Possibilitam a promoção de novas alianças e
redes interpessoais, além de ligações transversais e paralelas entre organizações,
permitindo a partilha de necessidades e conhecimentos locais. Os benefícios
almejados incluem uma maior eficiência no uso dos recursos para o
desenvolvimento, menor duplicação de atividades e custos reduzidos de
comunicação, assim como um acesso global à informação e aos recursos
humanos.
Essas ferramentas podem contribuir para uma ação institucional capaz
de implantar e consolidar estratégias de desenvolvimento rural sustentável,
estimulando a geração de renda e de novos postos de trabalho. Além disso, as
TIC’s podem ser úteis na comunicação organizacional. Para Curvello (2002),
essa forma de comunicação é utilizada como uma estratégia para a construção de
um universo simbólico, que, aliado às políticas de administração de recursos
humanos, contribui para aproximar e integrar os públicos aos princípios e
objetivos centrais da organização.
Nesse sentido, o composto da comunicação organizacional
4
possibilita
a melhoria da qualidade e oportunidade das fontes de informação e dos canais de
comunicação à disposição dos atores envolvidos nos processos extensionistas.
Essas melhorias podem levar a um aumento da qualidade das decisões e ações
que repercutem na população rural, facilitando a participação direta desta no
desenvolvimento. Num momento em que a Extensão Rural se vê em meio a
4
Kunsch (2003) defende a tese da Comunicação Integrada, entendendo-a como “uma filosofia que
direciona a convergência das diversas áreas, permitindo uma atuação sinérgica”. Sob essa perspectiva
pressupõe uma junção da “comunicação institucional, da comunicação mercadológica, da comunicação
interna, comunicação administrativa, que formam o mix, o composto da comunicação organizacional”
(KUNSCH, 2003, p. 150).
7
debates e mudanças, onde preconiza a construção de uma “consciência crítica”
do extensionista e de se trabalhar em propostas de construção partilhada de
conhecimento, as TIC’s apresentam-se como ferramentas que possibilitam um
ambiente de aprendizagem. Acredita-se que nesse ambiente possa haver troca
democrática de idéias, de saberes, de pontos de vista sobre temas previamente
escolhidos, culminando em socialização e no desenvolvimento do empowerment.
Observa-se que existe uma grande diversidade de atores institucionais
realizando Extensão Rural no Brasil, gerando uma riqueza enorme de
experiências e possibilidades. No entanto, a inclusão social da população rural
brasileira menos favorecida ainda não é uma realidade. Este fato é agravado pelas
diferenças regionais alarmantes e pelas proporções continentais do Brasil. As
TIC’s apresentam-se como canais e fluxos de informações, desterritorializando e
aproximando pessoas, mercados e nações.
Para tanto, conhecer as ações da Extensão Rural, sobretudo no que diz
respeito a incorporação das TIC’s na realização de suas atividades fins, é
importante para se compreender como essas organizações estão agindo em
tempos da sociedade em rede, como essas se apropriam das tecnologias e como
essas tecnologias são capazes de efetivamente colaborarem no contexto de ação
do Sistema de Extensão Rural do Vale de São Patrício.
iv Organização do Trabalho
Este trabalho está organizado contemplando na Introdução, uma
abordagem sucinta do conjunto, mostrando a questão de pesquisa, os objetivos
geral e específicos e a pertinência do tema no contexto do sistema de extensão
rural.
O segundo capítulo apresenta a Extensão Rural em perspectivas,
trabalhando conceitos, modelos e rumos dessa prática desde sua implantação no
8
Brasil até as discussões mais recentes sobre sua base teórica, público prioritário e
referencial metodológico.
No terceiro capítulo, delineia-se a comunicação com sua importância
para a consolidação da natureza social do homem. Pela dificuldade de
delimitação e definição do vocábulo comunicação, são apresentados alguns
conceitos e contemplados alguns modelos. No final do capítulo é trabalhado o
conceito de comunicação organizacional e a importância da comunicação para as
organizações.
No quarto capítulo apresenta-se a Sociedade da Informação apoiada,
predominantemente, nas TIC’s, as quais são conceituadas e os seus principais
“serviços” apresentados. Faz-se também, uma incursão sobre o conceito de rede e
sobre a importância que tem a gestão da informação para as organizações
contemporâneas.
O percurso metodológico se apresenta no quinto capítulo e nele
relatam-se os caminhos percorridos visando à consecução do objetivo geral e dos
objetivos específicos.
No sexto capítulo, faz-se a discussão dos dados obtidos, apresentando
no sétimo capítulo as considerações finais e as possíveis corroborações do
trabalho.
9
2 EXTENSÃO RURAL: Conceitos, Modelos e Rumos
Nos últimos anos, vários conceitos e funções foram atribuídos à
Extensão Rural. Essa multiplicidade mostra que os conceitos são construídos
pelas pessoas e que elas podem enxergar um mesmo fenômeno de maneiras
distintas (DIAS, 2006). Outra discussão acalorada diz respeito à concepção de
extensão rural que é bastante abrangente. Nesta pesquisa, a concepção de
extensão rural utilizada inclui todas as instituições que realizam trabalhos e/ou
atividades junto à população rural, no sentido de contribuir para a melhoria da
produção agrícola, da comercialização, do manejo de recursos naturais, da gestão
dos estabelecimentos, da gestão social do território e do desenvolvimento local;
bem como do apoio/fortalecimento das instituições rurais na negociação de
políticas públicas voltadas para o desenvolvimento rural.
2.1 Olhando a História
Enquanto prática “educativa”, instituída para a transferência de
informações técnicas na agropecuária, a Extensão Rural assumiu características
diversas na história da humanidade. Para Caporal (1994), o trabalho de extensão,
com papéis determinados e especificidades inerentes ao modo de produção e ao
10
desenvolvimento das forças produtivas em cada momento, já foi desempenhado
pelo homem, mesmo sem ter este nome, desde o período Neolítico, embora não
fosse uma atividade sistematizada cientificamente.
Sua afirmação se baseia no período da pré-história compreendido
aproximadamente entre 12000 a.C. e 4000 a.C. chamado de Neolítico ou Idade
da Pedra Polida. Durante este período surgiu a agricultura, o que permitiu às
populações um aumento do tempo de lazer, devido à disponibilidade de alimento.
Ohlweiler (1987, p.98) afirma que “o aspecto revolucionário do Neolítico foi a
introdução da prática da agricultura – o cultivo da terra e a criação de animais – e
a correlata sedentarização das comunidades humanas em aldeias”.
Em decorrência desta “revolução agrícola neolítica”, o homem não
tinha mais que mudar constantemente de lugar e tornou-se, então, sedentário.
Passou a usar fibras vegetais e pêlos de animais para fazer tecidos de algodão ou
lã e a desenvolver técnicas de cultivo e utensílios necessários para o trabalho da
terra. Em suas incursões migratórias: para formação de novos aldeamentos; nos
contatos exigidos pelo incipiente mercado de trocas ou ainda em razão da
coexistência de grupos sedentários com grupos nômades, esses, em princípio,
praticavam uma forma de “extensão”, uma vez que trocavam informações sobre
o desenvolvimento de suas relações com a natureza e o uso dos materiais de
trabalho, passando de uns para os outros os aperfeiçoamentos alcançados.
Já no Continente Europeu, o surgimento da extensão rural se dá em
conseqüência do problema da fome ocasionado pelas sucessivas perdas de safra
na cultura da batata. Fato esse que levou o governo irlandês a implementar
planos emergenciais para pequenos produtores, arrendatários e proprietários
rurais falidos. Dentre esses planos, figurava um serviço de treinamento para
introduzir novas práticas agrícolas junto aos pequenos produtores atingidos pela
fome (JONES, 1989).
Na América, a extensão teve seu marco inicial nos Estados Unidos a
partir do final da Guerra Civil Americana (Guerra da Secessão 1861 – 1865).
Segundo Fonseca (1985), a extensão objetivava a melhoria de vida da população
rural e foi formalizada, em 1914, como Serviço Cooperativo de Extensão Rural.
11
Tinha como pressupostos a difusão de conhecimentos úteis e práticos
relacionados à agricultura, pecuária e economia doméstica, propiciando a adoção
de novos hábitos e atitudes que levassem a modos mais eficientes de
administração da propriedade rural e do lar, adequando-as à estrutura mercantil e
capitalista em formação (FONSECA, 1985).
Os serviços de extensão norte americanos seguiram dois modelos: o
“Cooperative Extension Service” e o “Farm Security Administration”.
Constituem o chamado modelo clássico americano de extensão rural e
trabalhavam sob o enfoque da corrente teórica neoclássica que defendia o
progresso técnico como único caminho para promover o desenvolvimento e o
processo de modernização em si seria um fator de mudanças sociais,
independentemente das estruturas sócio-econômicas e políticas existentes
(FIGUEIREDO, 1984).
2.2 A Extensão Rural Brasileira
A idéia de extensão com conteúdo educativo surgiu no Brasil, pela
primeira vez, em 1930, na Escola Superior de Agricultura e Veterinária de
Viçosa (ESAV), no Estado de Minas Gerais. O trabalho teve início por meio da
orientação de seu fundador, Profº. Peter Henry Holfs, que organizou, junto com
professores e líderes rurais, a Semana do Fazendeiro
5
. Em 1948 a Escola
Superior de Agricultura e Veterinária de Viçosa transformou-se em Universidade
Rural do Estado de Minas Gerais (UREMG) e contava com um Departamento de
Extensão, no sentido de integração Ensino-Pesquisa-Extensão.
A primeira experiência extensionista de campo no Brasil
6
iniciou-se
em 1948, nos municípios paulistas de Santa Rita do Passa Quatro e de São José
5 A Semana do Fazendeiro é um evento realizado pela Universidade Federal de Viçosa desde 1930 que
consiste em uma reunião anual de agricultores que recebem aulas práticas com demonstrações de métodos
sobre assuntos agropecuários.
6 Para redação do histórico da Ater no Brasil, foram usados principalmente os textos de Araújo, 1981;
Queda, 1982; Figueiredo, 1984; Fonseca, 1985; Olinger, 1996 e Caporal, 2004.
12
do Rio Pardo. Enfatizavam a difusão de tecnologia para a solução dos problemas
de alimentação do gado na seca. O trabalho foi conduzido com base em
demonstração, sob forma cooperativa, e com apoio de experiências e recursos
dos próprios criadores, de firmas locais e de prefeituras municipais. Contava
ainda com a assistência da International Association for Economic and Social
Development (AIA) e a cooperação do Governo do Estado deo Paulo.
A experiência paulista ensejou as bases para que a Associação
Internacional Americana – AIA, entidade privada do grupo Rockfeller
7
, passasse
a cooperar permanentemente na criação do serviço de Extensão Rural no Brasil.
Foi escolhido o Estado de Minas Gerais para o lançamento da idéia por já ter
sido, de forma pioneira, iniciada pela Universidade Rural de Viçosa (UREMG), a
qual constituía, à época, um centro de apoio importante à extensão futura do
serviço.
Dessa forma, em 06/12/1948, um convênio entre a AIA e o governo
do Estado de Minas Gerais conduziu à criação da Associação de Crédito e
Assistência Rural –ACAR/MG, como entidade civil, sem fins lucrativos, mas que
recebia suporte financeiro do Estado. A finalidade da ACAR/MG era de
“estabelecer um programa de assistência técnica
8
e financeira que possibilitasse a
intensificação da produção agropecuária e a melhoria das condições econômicas
e sociais da vida rural”. (ARAÚJO et al. 1981, p. 13). Sendo assim, objetivava
melhorar as condições de vida no campo por meio do aumento da produtividade
das lavouras e da educação da família rural, utilizando a assistência técnica e o
crédito supervisionado como instrumento de ação. (FONSECA, 1985). Na
descrição de Glauco Olinger, os escritórios funcionavam nos municípios
em instalações modestas, com um agrônomo, uma moça treinada em economia
doméstica (curso de 2º grau), e uma auxiliar de escritório e um veículo (jipe). A
equipe (agrônomo e economista doméstica) visitava as propriedades rurais para
conhecer de perto os problemas sentidos pelos agricultores e suas comunidades;
7 Fonseca (1985) destaca “a trajetória de Nelson Rockefeller” como empresário, “filantropo” e
representante dos Estados Unidos, na articulação com o Estado brasileiro, para a implantação do serviço
de extensão rural.
8 A literatura geralmente identifica a assistência técnica como um trabalho de orientação aos agricultores
de maneira mais pontual, visando principalmente a resolução de problemas relacionados à esfera da
produção, enquanto a extensão rural seria um processo de longo prazo e de caráter educativo, apoiando o
desenvolvimento rural nos seus diversos aspectos (CAPORAL, 1998).
13
organizava reuniões para levantar os problemas e ajustar com os participantes as
soluções viáveis; fazia demonstrações práticas e palestras visando aumentar a renda
das famílias e mostrar às donas de casa como melhorar sua qualidade de vida;
identificava líderes para conseguir seu apoio e ajudava pequenos agricultores a
conseguirem o financiamento bancário através de planos de empréstimo’
(OLINGER,1996, pp 50-51).
A ACAR tinha o princípio de que, com crédito, assistência técnica e
por meio de processo educativo, era possível elevar o nível de vida das famílias
rurais mineiras. Mas, de acordo com Fonseca (1985), a ACAR funcionava como
entidade creditícia, isto é, tinha por objetivo principal fazer empréstimos aos
agricultores e não educar o agricultor, palavra até então desconhecida. Isto é, a
prática extensionista brasileira ainda estava presa ao modelo clássico e ao
crédito.
Em 1956, a experiência mineira já estava consolidada e havia se
espalhado por vários outros Estados brasileiros. Surgiram, assim, a Associação
Nordestina de Crédito e Assistência Rural (ANCAR), para os estados
nordestinos, e a Associação Sulina de Crédito e Assistência Rural (ASCAR),
para os Estados do sul. Este fato exigiu a criação de um órgão coordenador no
âmbito nacional que levou o governo brasileiro a idealizar a Associação
Brasileira de Crédito e Assistência Rural (ABCAR), para coordenar as Unidades
Estatais de Extensão Rural em todo o país. A terminologia “Associação de
Crédito e Assistência Rural”, está consubstanciada aos primeiros programas de
extensão porque foram implantados vinculados ao crédito rural supervisionado,
dada a sua importância no financiamento e melhoria da renda do produtor rural.
Com a criação da ABCAR, todas as Associações de Crédito e
Assistência Rural dos Estados (serviços estaduais de extensão) a ela se filiaram e
passaram a fazer parte do órgão máximo de direção da ABCAR, que era sua
junta governativa.
A finalidade principal da ABCAR era coordenar a Extensão Rural no Brasil,
preservando sua filosofia, princípios, normas e metodologia de ação,
acompanhando o desempenho das filiadas, realizando avaliações de resultados e
buscando novos caminhos para aumentar a eficácia dos serviços. A ABCAR era,
ainda, responsável pela obtenção e distribuição dos recursos financeiros de origem
federal, internacional e de outras fontes. Promovia o intercâmbio de conhecimentos
entre os técnicos das filiadas e do exterior [...]. A ABCAR procurou expandir a
Extensão Rural nos Estados, estimulando a assinatura de convênios com os
14
governos que ainda não dispunham de tais serviços [...]” “Esse foi o melhor
período da Extensão no Brasil, em termos de expansão e qualidade dos serviços
prestados. É um fato histórico que precisa ser avaliado, sem tendenciosidade, para
obter-se algumas lições úteis sobre a condução de serviços financiados pelo poder
público (OLINGER, 1996, p. 59-61).
No final da década de 1960 e início da década de 1970, o Sistema
Brasileiro de Extensão Rural contava com a ABCAR e mais 21 Associações de
Crédito e Assistência Rural, 1025 escritórios locais e 138 regionais, atuando em
regime de cooperação com o governo federal. Ricardo Pinto Ribeiro relata que
em 1960, o Plano Diretor 1961-1965 da ABCAR definia
a extensão Rural como um processo de educação informal, destinado a
agricultores, donas-de-casa, jovens rurais e demais interessados no melhoramento
da agricultura e do lar em melhores condições de vida para as populações
rurais[...]. Conforme o Plano Diretor para o SIBER, seria o desenvolvimento do
meio rural, através da valorização do homem, contribuindo, desta forma, para o
desenvolvimento do país (RIBEIRO, 1985, p. 15).
O avanço da modernização no Brasil, na década de 1970, exigiu
instrumentos mais eficientes e uma articulação mais eficaz para atender a essa
necessidade. Isso levou o governo brasileiro a criar, em 1973, a Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária – EMBRAPA, vinculada ao Ministério da
Agricultura, com personalidade jurídica de direito privado, a EMBRAPA deveria
dar ênfase à pesquisa aplicada, delegando às universidades parte da pesquisa
básica. Com a criação da EMBRAPA extinguiam-se os institutos de pesquisa
agropecuária do Departamento Nacional de Pesquisas Agropecuárias – DNPE.
Ela seria “o órgão executivo central do governo para promover e executar as
tarefas de pesquisa no País, de forma integrada com os Estados, instituições
privadas e universidades, propiciando apoio técnico e financeiro” (OLINGER,
1996. p. 88).
Em 1975, ainda dentro da política do governo militar de
fortalecimento dos poderes do Estado e centralização de estruturas, o serviço de
extensão brasileiro passou por profundas transformações estruturais. A ABCAR
se transformou na Empresa Brasileira de Assistência Técnica e Extensão Rural
(EMBRATER). Vinculada ao Ministério da Agricultura, essa empresa pública
federal tornou-se o órgão de coordenação nacional do serviço de extensão rural,
15
cuja execução nos Estados e municípios passou para a responsabilidade da
Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (EMATER), antiga ACAR, e
das Associações de Assistência Técnica e Extensão Rural (ASTER), no âmbito
dos territórios. Esse conjunto constituiu o Sistema Brasileiro de Assistência
Técnica e Extensão Rural (SIBRATER). Desse modo,
As empresas estaduais que viessem a ser constituídas deveriam absorver o acervo
físico, técnico e administrativo e os encargos trabalhistas do órgão integrante do
sistema Brasileiro de Extensão Rural da respectiva Unidade da Federação, salvo
deliberação em contrário da Associação de Crédito e Assistência Rural Interessada.
Com essa medida estava determinado a criação das EMATERs, nos estados, com a
extinção das associações civis, sem fins lucrativos (Sistemas ACAR, ANCAR e
ASCAR) (OLINGER, 1996, p. 94).
Em 1991 ocorreu a extinção da EMBRATER pelo governo Collor,
deixando acéfalo o Sistema Brasileiro de Assistência Técnica e Extensão Rural.
Esse fato acarretou danos ao serviço, com reflexos diretos nas instituições
estaduais de ATER e no trabalho por elas executado, uma vez que houve uma
diminuição drástica de recursos na esfera federal. Inicialmente as atribuições da
extinta EMBRATER foram repassadas para a EMBRAPA, onde
institucionalmente a extensão encontrou pouco espaço.
Na ausência do apoio federal aos serviços oficiais de ATER e diante
da inexistência de uma política nacional para o setor, alguns Estados da
federação reestruturaram os serviços, dando-lhes diversas formas institucionais e
criando novos mecanismos de financiamento e operacionalização das empresas
oficiais, além de apoiarem outras entidades emergentes. Nesse mesmo período,
surgiram e se expandiram várias iniciativas, visando suprir a carência e o vácuo
deixado pelo Estado, destacando-se aquelas patrocinadas por prefeituras
municipais, por organizações não-governamentais e organizações de agricultores.
Em 1994, a ATER no âmbito federal passou para a competência do
Departamento de Infra-Estrutura e Extensão Rural (DIER), do Ministério de
Agricultura, onde contou com recursos bastante limitados. Em 1997 duas
iniciativas buscaram alternativas para a ATER oficial no Brasil. A primeira foi o
projeto Lumiar, promovido pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma
Agrária (INCRA), que buscava prestar assistência técnica descentralizada para os
16
assentados dos programas de reforma agrária. Teve seu encerramento de forma
abrupta em conseqüência de denúncias sobre desvio de recursos e, quatro anos
após sua implementação, “o Projeto Lumiar renasce – revisto e atualizado – na
proposta de institucionalização dos serviços de ATES defendida pelo Incra”
(DIAS, 2004, p. 516).
A segunda iniciativa foi a realização de um grande seminário
nacional
9
das instituições de ATER e movimentos sociais em todo país,
organizado pela Associação Brasileira das Entidades Estaduais de Assistência
Técnica e Extensão Rural (ASBRAER), pela Confederação Nacional dos
Trabalhadores na Agricultura (CONTAG) e pela Federação das Associações e
Sindicatos dos Trabalhadores da Extensão Rural e do Setor Público Agrícola do
Brasil (FAZER). Esse seminário tinha como objetivo “definir as referências
básicas para uma proposta de política de extensão rural voltada para o
desenvolvimento rural sustentável centrado no fortalecimento da agricultura
familiar” (ASBRAER et al, 1997, p.8). Mesmo as recomendações do seminário
não sendo implementadas, “elas são reconhecidas por muitos como ponto de
partida nas discussões sobre o futuro da ATER e das instituições oficiais de
ATER no Brasil” (BRASIL, 2003, p. 20).
Nesse contexto de busca de alternativas, outros fatores determinaram a
necessidade de construção de uma política nacional de ATER, dentre os quais: as
novas exigências da sociedade em relação aos papéis que deve assumir o Estado
diante do desafio de apoiar estratégias de desenvolvimento sustentável; assuntos
relacionados à condução e execução de política de reforma agrária; um novo
imperativo socioambiental; a transferência do Ministério da Agricultura para o
Ministério de Desenvolvimento Agrário (MDA), da competência sobre os
serviços de extensão rural no âmbito do Serviço Público Federal.
A partir de 2003 houve a recomposição do serviço de extensão rural
público pelo Ministério de Desenvolvimento Agrário (MDA), logo após o
governo Lula assumir o 1.º mandato. Em 13 de junho de 2003, pelo Decreto n. o
9
Ver mais ASBRAER, CONTAG, FASER, FAO,MA/SDR/DATER, PNUD. Workshop Nacional
‘Uma Nova Assistência Técnica e Extensão Rural Centrada na Agricultura Familiar. Proposta.
Brasília: PNUD, 1997. 47p.
17
4.739, o governo criou o serviço de Assistência Técnica e Extensão Rural,
coordenado pela Secretaria da Agricultura Familiar (SAF), ligada ao Ministério
do Desenvolvimento Agrário. Esse serviço está voltado para o público da
agricultura familiar, assentados, quilombolas, pescadores artesanais, povos
indígenas, seringueiros, povos de florestas e outros (BRASIL, 2004).
O MDA coloca esses serviços públicos à disposição dos seus
beneficiários, visando abrir caminho para a participação e o controle social das
políticas públicas, por parte de seus usuários. Nesse sentido, com a coordenação
do MDA, foi elaborada uma Política Nacional de Assistência Técnica e Extensão
Rural (PNATER), consolidando uma proposta de desenvolvimento sustentável
centrado na agricultura familiar.
2.3 O Sistema de Extensão Rural em Goiás
O Estado de Goiás está localizado na região Centro-Oeste, ocupa
cerca de 4,2% da área total do País e com extensão de 340.165,3 km².
Atualmente, o Estado está dividido em 246 municípios, distribuídos em 18
microrregiões homogêneas e 5 mesorregiões. Para a Fundação Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 12,12% dos 5.306.459 habitantes de
Goiás representam o contingente rural do Estado, mas é preciso considerar que
mais de dois terços da população do Estado, classificada como urbana, vivem em
municípios cujas atividades produtivas são essencialmente agrícolas, embora
desenvolva, secundariamente, atividades terciárias e secundárias (IBGE, 2006).
Para a Secretaria de Estado do Planejamento e Desenvolvimento do
Estado de Goiás (SEPLAN), a agropecuária de Goiás tem se diversificado e
ocupado posições importantes, alcançando significativo aumento na área
cultivada, na produção e no rendimento de produtos agrícolas. Dentre outros,
contribuíram para esse crescimento: o domínio da utilização dos solos de
cerrado; a pesquisa agropecuária; a expansão do mercado interno, associada à
18
política governamental de ocupação do cerrado; o crédito rural; a expansão do
mercado externo e o serviço de ATER (SEPLAN, 2004). Todavia a Agência
Goiana de Desenvolvimento Rural e Fundiário (AGENCIARURAL) considera
que este crescimento ainda não foi capaz de distribuir renda suficiente dentro do
próprio setor, levando-o a autonomia, e nem conseguiu uma elevação adequada
do padrão de vida humano, especialmente no que se refere à produção rural
familiar e à agricultura de subsistência (AGENCIARURAL, 2006).
Dos 111.791 estabelecimentos rurais existentes no Estado de Goiás,
71% estão enquadrados na categoria familiar, considerando somente o critério de
4 módulos fiscais
10
. A agricultura familiar responde por 40% de tudo o que é
produzido no campo e gera 7 de cada 10 ocupações no meio rural
(AGENCIARURAL, 2006).
Em relação a ATER em Goiás, sua história está bastante relacionada
com o contexto da história mais geral de ATER no Brasil. No dia 03 de março de
1959, sob os auspícios da ABCAR e do Governo do Estado de Goiás, nasce a
Associação de Crédito e Assistência Rural do Estado de Goiás (ACAR-Goiás).
Lançou-se então em solo goiano a semente da Extensão Rural.
A década de 1965 a 1974 foi bastante fértil para a ACAR-GO no
Estado, pois, neste período, o número de escritórios locais elevou-se de 13 para
81 e o de escritórios regionais de 2 para 12. A força de trabalho no campo
elevou-se de 36 para 279 extensionistas até o final do decênio 1965/75. Para essa
grande expansão, a ACAR-GO necessitava de apoio estrutural o que se
concretizou com a construção do Edifício Extensão Rural, iniciada em 1966 e
concluído em 1970; e, ainda, com a aquisição da área onde hoje está em
funcionamento o Centro de Treinamento (Campus II), com a transferência dos
cursos de pré-serviço e de capacitação de pessoal de Viçosa-MG para Goiás, bem
10
A Lei Agrária de 1993 foi elaborada com o objetivo de especificar e sistematizar aquilo que foi
estabelecido pela Constituição de 1988, no que tange à questão agrária. Essa lei reafirma o princípio da
função social da terra e introduz o conceito de Módulo Fiscal (M. F.), que corresponde ao módulo rural
médio por município. Essa unidade de medida varia de tamanho segundo a região: o menor módulo fiscal
do país apresenta 5 hectares e o maior chega a 110 hectares. Para efeito de classificação da propriedade
rural, ficam definidos os seguintes conceitos: a) minifúndio - propriedade rural menor que o módulo
fiscal; b) pequena propriedade - área entre 1 e 4 módulos fiscais; c) média propriedade - área entre 4 e 15
módulos fiscais; d) grande propriedade - área superior a 15 módulos fiscais.
19
como com a formação de pessoal especializado. Tais medidas foram
complementadas com a instalação das primeiras unidades de extensão no Norte
Goiano consolidando, definitivamente, a ACAR-GO no Estado (EMATER/GO,
1995).
Já dentro do Sistema SIBRATER, foi criada em dezembro de 1975, a
EMATER – GO, resultado da fusão da antiga ACAR - GO com a Coordenadoria
de Assistência Técnica da então Secretaria da Agricultura. Em 1995, houve a
incorporação à EMATER – GO, da Empresa Goiana de Pesquisa Agropecuária
(EMGOPA) e dos serviços de Classificação de Produtos de Origem Vegetal da
Secretaria de Agricultura e Abastecimento. Em novembro de 1999 foi criada a
Agência Goiana de Desenvolvimento Rural e Fundiário (AGENCIARURAL),
resultado da fusão da EMATER – GO, do Instituto de Defesa Agropecuária
(IGAPE) e do Instituto de Desenvolvimento Agrário, de Regularização Fundiária
(IDAGO). A EMATER – GO se encontra em liquidação em função de dívidas e
seus bens estão em comodato para a Agenciarural.
Os serviços de ATER em Goiás são bem diversificados e abrangem
desde ações pontuais – como a elaboração de um projeto de crédito ou um curso
rápido sobre uma cultura qualquer – até o acompanhamento contínuo a
comunidades rurais ou o apoio institucional a organizações de agricultores
(AGENCIARURAL, 2006). Pensada dessa forma, eles não estão restritos às
instituições oficiais de extensão rural, mas estão sendo realizados por vários
outros tipos de instituições, que freqüentemente se especializam para
desempenhar funções específicas. Não raramente, algumas dessas instituições
não se reconhecem como ‘ instituições de ATER’ e identificam seu trabalho com
outros termos, que de certa forma, marcam a sua inserção: “difusão”,
“transferência”, “comunicação tecnológica”, “assessoria técnica”, “educação”,
“formação ou capacitação profissional”, “extensão universitária” (BRASIL,
2003).
20
2.4 A Extensão Rural em Debate
A dinâmica das transformações das atividades agropecuárias e das
demais ações vinculadas aos desafios do desenvolvimento sustentável exigem
dos setores público e privado que trabalham com a extensão rural um contínuo
aperfeiçoamento para que possam atender a novas exigências da sociedade. Para
Caporal e Costabeber (2004, p. 5), “essas mudanças exigem uma revisão das
bases teóricas da extensão rural, de seu público prioritário e de um novo
referencial metodológico que possa outorgá-la um espaço no qual a extensão
apareça como socialmente útil”.
Essa discussão, porém, não é nada recente. A própria conceituação de
extensão rural caminha de longas datas. Freitas (1990, p. 101), buscando uma
concepção de extensão rural e utilizando-se do método de Delfos
11
, verificou que
há um grau de 97% de concordância entre aqueles que consideram a Extensão
Rural como sendo: “a arte de interagir tecnicamente junto aos produtores rurais, a
partir do conhecimento da realidade em todos os níveis, na incessante busca de
combinar saber científico com o saber popular, visando o aumento da produção,
produtividade e da melhoria de vida da família rural, sem agressão ao meio
ambiente”. Todavia 94% de consenso compartilha o conceito que define
Extensão Rural como sendo: “um serviço público de caráter técnico prestado às
famílias de pequenos e médios produtores rurais, por profissionais devidamente
qualificados, visando ajudá-los a melhorar os níveis de vida”.
Freire(1997) aborda os vários significados do termo "extensão",
conforme o seu contexto, em uma análise semântica, partindo de pontos
diferentes, como o sentido lingüístico da palavra. Mostra como seu significado
engloba ações que transformam o agricultor em objeto e não como coadjuvante
da ação educativa de caráter libertador. Nesse sentido, o autor destaca ainda o
papel do extensionista como educador, o qual deve se colocar no mesmo nível do
11
O Método Delfos consiste em entrevistar especialistas sobre um tema polêmico, editar as respostas,
voltá-las aos especialistas que as reexaminam, até que se chegue a um consenso ou a um balizamento de
opiniões diferenciadas. (WOUDENBERG, 1991).
21
aprendiz, na produção do conhecimento, e de ações geradoras de autonomia, que
é proporcionada pelo diálogo. Esta postura pedagógica do educador promove o
confronto entre o conhecimento empírico e o conhecimento científico, na
construção de um novo conhecimento.
No entanto, verifica-se que a concepção de extensão rural esteve
diretamente ligada ao momento por ela vivenciada, pois em mais de cinqüenta
anos de existência, a Extensão Rural passou por diversas fases. As principais
características destes estágios foram classificadas por Rodrigues (1997) em três
momentos distintos, relacionados à orientação filosófica e ao modelo operacional
predominante em cada um deles, os quais denominou de: 1) Humanismo
assistencialista; 2) Difusionismo produtivista; 3) Humanismo crítico. Estas fases
não ocorreram de forma linear, homogênea e excludente. O processo evolutivo se
deu dentro das instituições de extensão, coexistindo simultaneamente traços
característicos de cada período de sua história, com a predominância de
determinada fase.
No Brasil, o modelo clássico de Extensão Rural foi implantado após a
Segunda Guerra Mundial, como parte da estratégia Norte-americana de diminuir
as possibilidades de expansão do comunismo junto à empobrecida população
rural da América Latina. Os objetivos eram os mesmos do modelo clássico norte-
americano, tendo como principal suporte o uso do crédito rural supervisionado. O
humanismo assistencialista teve o seu predomínio desde o início da extensão
rural em 1948, até o começo da década de 60. A extensão era caracterizada como
uma modalidade informal e integral de educação, dirigida ao público de
agricultores, jovens rurais e donas de casa. Tinha como objetivo a auto-realização
desses atores, mediante a aceitação de novas idéias e conhecimentos, a renovação
de hábitos e atitudes, no interesse da melhoria das condições da propriedade e do
lar e da elevação do nível de vida das populações rurais (RODRIGUES, 1997).
A característica mais marcante dessa fase era a presença de uma
equipe local de trabalho formada de um extensionista agrícola, uma extensionista
doméstica, e o uso do crédito rural supervisionado para dar suporte à
administração da propriedade e do lar. O planejamento das atividades era vertical
22
ascendente, partindo da situação em que se encontravam as famílias assistidas e
os problemas parte desta situação; dos objetivos das famílias em relação a estes
problemas e definição de soluções alternativas a serem perseguidas. Geralmente,
eram propostas pelos extensionistas. A consolidação dessas atividades em níveis
municipal, estadual e nacional conformava os planos anuais da extensão rural
para o País.
Em suma, a postura humanista desta fase estaria caracterizada pela
preocupação com a melhoria das condições de vida da população rural. O
assistencialismo está presente no caráter tutelar que a Extensão Rural estabelece
na sua relação com a comunidade. Este caráter tutelar é, na verdade, uma falsa
generosidade que faz das pessoas objetos do humanismo, mantendo desta
maneira a situação de opressão da população rural e impedindo a sua
humanização, isto é, sua desalienação e afirmação como pessoas (FREIRE,
1997). Este período inicial da Extensão Rural corresponde, também, àquele em
que se iniciou o processo de modernização da agricultura brasileira. A
importação de tratores e fertilizantes para aumentar a produtividade das culturas
foram os primeiros passos para uma grande mudança na base técnica de
produção (KAGEYAMA e BERGAMASCO, 1990).
A fase seguinte da Extensão Rural brasileira se delineia justamente a
partir do momento em que o processo de modernização tecnológica da
agricultura passa a ser prioridade do Estado. O difusionismo produtivista norteou
a ação dos extensionistas para introduzir práticas “modernas” na agricultura
brasileira. O carro-chefe deste processo foi a introdução dos pacotes tecnológicos
recheados de insumos industrializados, máquinas, equipamentos, agrotóxicos,
fertilizantes e outros, que trouxeram mudanças radicais para agricultura
brasileira, com reflexos diretos no modo de vida da população rural. Nessa fase,
a extensão rural se distanciou do processo educativo e funcionou como
instrumento indutor do homem rural na dinâmica da economia de mercado
(RODRIGUES, 1997).
O segmento formado por grandes e médios agricultores passa a ser o
público preferencial da extensão rural, para o qual é estruturado um amplo
23
programa de crédito rural orientado. Rodrigues (1997) aponta o ano de 1963
como aquele em que o enfoque produtivista prevalece sobre o enfoque
humanista. Em 1963 o número de contratos de crédito rural orientado,destinado à
modernização da base técnica da agricultura, supera o número de operações com
o crédito rural supervisionado criado no período inicial da extensão rural e
voltado à melhoria das unidades familiares.
Proliferam-se as unidades locais especializadas, formadas por equipes de
agrônomos, veterinários e técnicos agrícolas que substituem as equipes “casadas”
de um profissional da agropecuária para uma economista doméstica, sinalizando a
prioridade para atividades econômicas. Procede-se a uma revisão nas atividades
referentes à economia doméstica, excluindo-se os projetos de administração do lar
e outras ações assistenciais voltadas para a dona de casa. Com a redução do quadro
de economistas domésticas, os trabalhos na área de bem-estar concentram-se nos
aspectos de nutrição, saúde e educação, utilizando a estrutura dos órgãos
especializados já existentes e atuantes nestas áreas. Registra-se o afastamento das
agências norte-americanas da Junta Governativa da ABCAR, apagando os
resquícios de influência na filosofia e ação do Sistema que passa a atuar como um
braço do governo no campo (RODRIGUES, 1997, p. 125).
O terceiro período, caracterizado pelo humanismo crítico, que deveria
prevalecer na Nova República com sua política de redemocratização do país após
mais de duas décadas do regime militar autoritário, foi apenas esboçado. Sofreu
nítida virada com a reforma ministerial, que fez retornar uma política agrícola
voltada para a obtenção de “supersafras”, deixando de lado os antigos
“compromissos sociais” que o Sistema Brasileiro de Assistência Técnica e
Extensão Rural (SIBRATER) insistia em abraçar. Teve seu predomínio a partir
de meados da década de 1980, com a crise econômica que abateu o país,
provocando a desaceleração do processo de tecnificação da agricultura. Em
conseqüência, houve a redução do volume de crédito rural e com a retirada do
subsídio, principal instrumento do processo de modernização agrícola, resultou
no esgotamento do modelo difusionista produtivista da extensão rural
(RODRIGUES, 1997).
Surge o humanismo crítico como uma nova proposta de "Repensar da
Extensão", na tentativa de incluí-la no processo de desenvolvimento e de
promover as maiorias demográficas do meio rural, especialmente o pequeno
agricultor, sem paternalismo, numa perspectiva educativa libertadora. Segundo
24
essa abordagem, o agricultor, como cidadão e sujeito de suas ações,
problematiza, critica sua realidade e toma as decisões que melhor lhe convierem.
O extensionista se apresenta não mais como um “agente de mudança” e sim
como o interlocutor tecnicamente competente de um relacionamento dialógico
horizontal democrático. Assim, passa a ser imprescindível que o público-alvo da
extensão rural reflita e tome parte na seleção e resolução dos seus problemas.
Tabela 1 – Caracterização sumária dos três períodos que marcam o processo
evolutivo da extensão rural no Brasil.
Especificação
Humanismo
assistencialista
Difusionismo
Produtivista
Humanismo crítico
Prevalência
1948-1962 1963-1984 1985-1989
Público
preferencial
Pequenos
agricultores
Grandes e médios
Agricultores
Pequenos e médios
agricultores
Unidade de
Trabalho
Família Rural Produtor rural Família Rural
Orientação
Pedagógica
“Ensinar a fazer
fazendo”
Difusionista
Dialógica,
problematizadora
Papel do agente
de extensão
Indutor de
mudanças de
comportamento
Elaborador de
projetos de crédito
rural
Catalisador de
processos sociais
Tipo de
planejamento
Vertical ascendente
Vertical
Descendente
Circular
Papel da
Tecnologia
Apenas subjacente;
instrumento para
melhorar as
condições de vida
da família rural
Finalístico:
modernizar o
processo produtivo
aumentando a
produtividade da
terra e do trabalho
Essencial, mas dentro
de padrões de
equilíbrio ecológico,
energético e social
Tipo e uso do
crédito rural
Supervisionado;
cobre
investimentos no
lar e na
propriedade
(produtivos ou não)
Orientado; voltado
para produtos com
o fim de viabilizar
tecnologias de uso
intensivo de capital
Orientado; voltado
preferencialmente
para
viabilizar tecnologias
“apropriadas”
Organização da
População
Cria grupos de
agricultores, donas
de casa e jovens
rurais
Não se preocupa
com este tipo de
ação
Estimula a
organização
e o associativismo
rural autônomos
Fonte: Rodrigues, 1997, p. 122.
Desde então, sem conseguir dar conseqüência prática ao discurso e a
partir de uma compreensão equivocada da realidade, “a extensão não se deu
conta de que contribui para o agravamento dos danos ambientais e para o
acelerado processo de diferenciação social na agricultura” (CAPORAL e
25
COSTABEBER, 1994, p. 74). As crises econômicas e socioambientais geradas
pelos estilos convencionais de desenvolvimento, recomendam uma clara ruptura
com o modelo extensionista/difusionista e com os tradicionais pacotes
tecnológicos, substituindo-os por novos enfoques metodológicos e outro
paradigma tecnológico.
As entidades governamentais e não-governamentais de extensão rural
passaram a incluir em seus projetos técnicos, metas destinadas à capacitação de
técnicos e agricultores familiares para transição da agricultura convencional para
agricultura de base ecológica. Ao mesmo tempo, neste mesmo contexto, as
práticas de extensão rural foram deixando de ser atividade exclusiva do Estado, e
passando a fazer parte das atividades dos sindicatos, associações de produtores,
cooperativas, agroindústrias e ONGs, por exemplo. Sendo assim, estas “passaram
a montar equipes de extensionistas e também a diversificar os modos como a
extensão rural e a assistência técnica vinham sendo tradicionalmente concebidas
e praticadas” (DIAS, 2006, p. 6). Assim, sobre a influência deste contexto, novas
reorientações possíveis à Extensão Rural foram levantadas na busca de dirimir
esses problemas.
Dentre as novas reorientações teórico/conceitual da extensão rural,
Muniz e Stringheta (2004) defendem a adoção de um modelo pautado em uma
inovação organizacional e tecnológica centrada na capacidade e na exploração da
potencialidade transformadora da tecnologia e das instituições por meio de
intervenções sócio-institucionais. Vislumbra-se, neste caso, uma contribuição
significativa para o grande salto que se pretende dar no tocante à extensão rural
por meio do desenvolvimento local e na “construção de uma nova concepção de
organização diante de uma síntese complexa” (MUNIZ, 1999, p. 61).
Altieri (2001) acrescenta o enfoque de Extensão Rural Agroecológica.
Define-a como um processo de intervenção de caráter educativo e transformador,
baseado em metodologias de investigação-ação participante, que permitam o
desenvolvimento de uma prática social mediante a qual os sujeitos do processo
buscam a construção e sistematização de conhecimentos. Essas ações visam levar
o sujeito a incidir conscientemente sobre a realidade, com o objetivo de alcançar
26
um modelo de desenvolvimento socialmente eqüitativo e ambientalmente
sustentável. Adota os princípios teóricos da Agroecologia como critério para o
desenvolvimento e seleção das soluções mais adequadas e compatíveis com as
condições específicas de cada agroecossistema e do sistema cultural das pessoas
implicadas em seu manejo.
Frente aos desafios impostos pela necessidade de implementar
estratégias de produção agropecuária que sejam compatíveis com os ideais do
desenvolvimento sustentável e buscando atender às novas exigências da
sociedade, os aparatos públicos da ação de Assistência Técnica e Extensão Rural
buscaram transformar sua prática convencional e introduziram mudanças
institucionais.
Nesse sentido, o Ministério de Desenvolvimento Agrário (MDA) vem
implementando nova Política Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural
(PNATER), que está sendo conduzida pelo Departamento de ATER, da
Secretaria de Agricultura Familiar(SAF), que propõe serviços públicos gratuitos;
o respeito à pluralidade e às diversidades sociais, econômicas, étnicas, culturais e
ambientais do país; a expansão e o fortalecimento da agricultura familiar com
ações e metas relacionadas à agroecologia, conservação e uso sustentável da
biodiversidade, manejo sustentável de uso múltiplo, manejo comunitário
participativo e sistemas agroflorestais; metodologias participativas e
desenvolvimento rural sustentável, entre outros (BRASIL, 2004).
A missão desse serviço público de Assistência Técnica e Extensão
Rural foi definida como sendo a de:
Participar na promoção e animação dos processos capazes de contribuir para a
construção e execução de estratégias de desenvolvimento rural sustentável,
centrado na expansão e fortalecimento da agricultura familiar e das suas
organizações, por meio de metodologias educativas e participativas, integradas às
dinâmicas locais, buscando viabilizar as condições para o exercício da cidadania e
melhoria da qualidade de vida da sociedade (BRASIL, 2004, p.9).
Em relação ao objetivo geral, definiu-se que deveria:
Estimular, animar e apoiar iniciativas de desenvolvimento rural sustentável, que
envolvam atividades agrícolas e não-agrícolas, pesqueiras, de extrativismo e outras,
tendo como centro o fortalecimento da agricultura familiar, visando à melhoria da
27
qualidade de vida e adotando os princípios de agroecologia como eixo orientador
das ações (BRASIL, 2004, p.9).
Nas ações da PNATER destacam-se, também, como diretrizes, a
segurança alimentar, o respeito à pluralidade e às diversidades sociais,
econômicas, étnicas, culturais e ambientais do país, o que implica a necessidade
de incluir enfoque de gênero, geração, raça e etnias nas orientações dos projetos
(BRASIL,2004).
Outro aspecto relevante, com relação aos princípios e diretrizes dessa
política, é a mudança do eixo do desenvolvimento, que propõe uma ruptura com
o modelo extensionista baseado na Teoria de Difusão de Informações e com os
tradicionais pacotes da "Revolução Verde". Sugere, assim, a adoção de
metodologias participativas e de diagnóstico da realidade nos processos de
intervenção. Revisa a postura profissional diante dos agricultores, adotando um
“papel educativo com ênfase na pedagogia da prática, promovendo a geração e
apropriação coletiva de conhecimentos, a construção de processos de
desenvolvimento sustentável e a adaptação e adoção de tecnologias voltadas para
a construção de agriculturas sustentáveis” (BRASIL, 2003, p. 11).
Nessa ótica, a “nova ATER” deverá organizar-se na forma de um
“Sistema Nacional Descentralizado de ATER Pública, do qual participem
entidades estatais e não estatais que tenham interesse e protagonismo no campo
da Assistência Técnica e Extensão Rural” (BRASIL, 2004, p. 8). Para tanto,
exige-se que as instituições demonstrem alinhamento às condições estabelecidas
na Política da PNATER, ou seja, tenham como natureza principal de suas
atividades a relação permanente e continuada com os agricultores familiares e
demais públicos da extensão e desenvolvam um amplo espectro de ações
exigidas para o fortalecimento da agricultura familiar e para a promoção do
desenvolvimento rural sustentável, em toda a sua complexidade.
Fica nítida a clientela preferencial dos serviços e práticas da extensão
rural da ATER Pública, o que, para Caporal e Costabeber (2004), seria a primeira
e grande tarefa para a construção de uma “nova extensão rural”. Mas importante
se faz ressaltar que a indicação explicita quanto ao desejo de direcionar o
28
trabalho de ATER Pública para a agricultura familiar não é indicativo que isso
vai culminar em desenvolvimento. Um exemplo pode ser observado ao longo da
história da extensão rural quando em seu “repensar” na década de 1980 apontava
preferência em trabalhar com o pequeno produtor. A iniciativa não teve êxito e
um dos motivos, apóia-se na ausência de instrumentos “metodológicos
necessários aos extensionistas, bem pela falta de decisão política clara quanto a
adoção das diretrizes do repensar” que levou a extensão a ampliar nos últimos
anos a “distância entre o seu discurso e a sua prática” (CAPORAL e
COSTABEBER, 2004, p. 13).
Porém, a Extensão Rural nos últimos 50 anos exerceu outras funções
além de procurar integrar os agricultores familiares aos processos agroindustriais
e aos mercados (MOREIRA, 2003, p. 11). Funções essas que em seu percurso na
dinâmica econômica do capitalismo contemporâneo buscava garantir o bom uso
do crédito bancário; a difusão tecnológica e a ampliação de mercados de bens de
produção industriais para a agricultura. No entanto, mesmo “elegendo
prioritariamente o pequeno agricultor, a extensão rural, historicamente, tem dado
preferência àqueles mais abertos para adotar as inovações tecnológicas”
(CAPORAL e COSTABEBER, 2004, p. 15).
Essa distorção precisa ser corrigida uma vez que para os médios e
grandes agricultores a falta, do ponto de vista da ‘modernização’, da intervenção
do Estado com ações de fomento ou transferência de tecnologias não seria tão
sentida. Esses “já tomam iniciativas para continuar ou manter o processo de
‘modernização’ de seus negócios indo atrás, quando lhes convém, das novas
opções tecnológicas” (CAPORAL, 2003, p.03). Outra justificativa é o fato de que
os médios e grandes agricultores possuem maior acesso ao setor privado de
serviços de Assistência Técnica e Escritórios de Planejamento Agropecuário.
Para esses dois últimos tipos de público já “não raro os extensionistas são
inclusive criticados por não estarem atualizados o suficiente com respeito às
últimas novidades das indústrias de máquinas, equipamentos e agroquímicos”
(CAPORAL, 2003, p. 02).
29
Essas discussões levam a percepção que a Extensão Rural no Brasil se
vê em meio a debates e mudanças no que diz respeito à sua missão institucional,
definição de público, forma de atuação, modelagem de gestão e estrutura
organizacional. Perpassam pela construção de um novo perfil de extensionista,
quando novas competências técnicas, novos instrumentos metodológicos e uma
forma de atuação diferenciada passam a ser exigidos desse técnico. A lista de
atribuições do que pode vir a ser o trabalho do extensionista cada vez mais se
torna complexa, recaindo-lhe enormes expectativas e responsabilidades para o
desenvolvimento rural. Associam ao trabalho do extensionista a função de
educador, difusor de tecnologias, assessor, conselheiro, consultor, agente de
desenvolvimento, dentre outras.
Sejam quais forem as atribuições, recaem sobre o extensionista enormes
expectativas e responsabilidades a respeito da promoção do desenvolvimento rural.
Estas expectativas são, obviamente, relacionadas às enormes carências dos
agricultores (sem terra, assentados, com pouca terra, assalariados rurais,
extrativistas etc.) que sempre foram mal atendidos ou deixados à margem dos
processos de desenvolvimento promovidos pelo Estado (DIAS, 2006, p. 12).
Esse processo tem levado o extensionista a uma reflexão sobre suas
práticas, uma vez que, para a PNATER, a Extensão Rural é vista como um
processo educativo emancipador, construtivista e democrático. Processo esse que
é realizado mediante técnicas e metodologias participativas e capazes de
contribuir para o fortalecimento da cidadania e a construção de estilos de
desenvolvimento rural e de agriculturas sustentáveis, baseados nos princípios da
Agroecologia.
30
3 COMUNICAÇÃO HUMANA E ORGANIZACIONAL
3.1 Comunicação
Toda a história do homem sobre a Terra constitui permanente esforço
de comunicação. Desde o momento em que o ser humano passou a viver em
sociedade, a comunicação tornou-se imperativa. Essa necessidade de comunicar-
se é tão antiga que remonta às primeiras civilizações onde, por meio das
inscrições rupestres ou de forma oral, as comunidades primitivas revelavam seus
modos de vida e tentavam preservar suas culturas.
Essa necessidade das sociedades primitivas de trocarem informações e
relacionarem entre si levou o homem a desenvolver, há cerca de 5.000 anos, a
habilidade de comunicação. Segundo Mattelart e Mattelart (1999), em primeiro
lugar a humanidade desenvolveu a fala, que passou das formas mais primitivas
de grunhidos até a consecução da linguagem atual. Em segundo lugar, os seres
humanos sentiram o imperativo de deixar registrado, de forma mais permanente,
o que acontecia nas suas comunidades e, por isso, criaram signos primitivos, o
que mais tarde veio a tornar-se a escrita.
A comunicação faz parte da natureza social do homem (VYGOTSKY,
1987; SAVOIA e CORNICK, 1989). Fernback e Thompson (1995)
31
complementam, dizendo que a transmissão de algum tipo de informação é o
primeiro caminho para que um indivíduo possa estabelecer contato com outro e,
assim, desenvolver esse contato para uma relação social. Isto porque o homem,
como ser das relações, desafiado pela natureza, transforma-a com seu trabalho e
o resultado dessa transformação constitui seu mundo, o mundo da cultura que se
prolonga no mundo da história. Este mundo não existiria e o conhecimento seria
impossível sem o mundo da comunicabilidade, pois é por meio deste que o
homem consegue trocar idéias e experiências. Assim, a intersubjetividade ou a
intercomunicação é a característica primordial deste mundo cultural e histórico
(FREIRE, 1997).
O esforço dos homens de se comunicarem é de tal forma intenso que,
não satisfeitos de compartilhar entre si, no presente, entregaram à comunicação a
tarefa de sobreviverem no futuro. Desta forma, o mundo humano é o mundo de
comunicação. “Corpo consciente (consciência intencionada ao mundo, à
realidade), o homem atua, pensa e fala sobre sua realidade, que é a mediação
entre ele e outros homens, que também atuam, pensam e falam” (FREIRE, 1997,
p. 66). Nesta perspectiva, além do sujeito pensante, do objeto, há como
exigência, a presença de outro sujeito pensante, representado na expressão de
companhia, cuja ação incidente no objeto seria, por isto mesmo, co-participada.
Como não há homem isolado, também não há pensamento isolado,
uma vez que todo ato de pensar exige um sujeito que pensa, um objeto pensado,
que mediatiza o primeiro sujeito do segundo, e a comunicação entre ambos, que
se dá por meio de signos lingüísticos. O sujeito pensante não pode ser sozinho,
não pode pensar sem a co-participação de outros no ato de pensar sobre o objeto.
Não existe um “penso”, mas um “pensamos”. Esta co-participação dos sujeitos
no ato de pensar se dá na comunicação.
Assim, o objeto não é uma incidência terminativa do pensamento de
um sujeito, mas o mediatizador da comunicação. Nessa perspectiva, a
comunicação implica uma reciprocidade que não é rompida e a compreensão do
pensamento deve-se dar em sua dupla função: cognoscitiva e comunicativa.
Logo o mundo humano é um mundo de comunicação, onde não há pensamento
32
isolado, bem como não há homem isolado, havendo, dessa forma, a
participação/interação de outros sujeitos tanto no ato de pensar como no processo
comunicativo (FREIRE, 1997). Logo, “o existir do homem só é possível por
meio da comunicação”, pois é por meio dela que existe a ligação e integração da
humanidade, na medida em que está presente em qualquer momento e lugar onde
exista vida humana (RABAÇA; BARBOSA, 2002, p. 156).
E para que a ação comunicativa seja efetiva, é necessário um acordo
recíproco entre os sujeitos, ou seja, uma expressão verbal significativa e comum
a ambos os envolvidos no processo. Se não há esse acordo, não ocorre, por sua
vez, a compreensão entre os sujeitos, impossibilitando a comunicação. “Só se
comunica o inteligível na medida em que este é comunicável.” “Ou o signo tem o
mesmo significado para os sujeitos que se comunicam, ou a comunicação se
torna inviável entre ambos por falta da compreensão indispensável” (FREIRE,
1997, pp 68, 71).
3.2 Definições de Comunicação
Todos os comportamentos e atitudes humanas e mesmo não humanas,
intencionais ou não intencionais, podem ser entendidos como comunicação.
Sendo assim, a comunicação confunde-se como a própria vida, mas a consciência
de sua essencialidade e até mesmo o conhecimento do significado do termo em
questão não é algo natural. A definição da palavra comunicação dada pelos
dicionários é bastante abrangente, apresentando o conceito, a forma de como se
processa o repasse das informações e quais os meios utilizados para a sua
realização. Conforme o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, comunicação
significa o ato
ou efeito de comunicar-se; ação de transmitir uma mensagem e, eventualmente,
receber outra mensagem como resposta; (subacepção) processo que envolve a
transmissão e a recepção de mensagens entre uma fonte emissora e um destinatário
receptor, no qual as informações, transmitidas por intermédio de recursos físicos
(fala, audição, visão etc.) ou de aparelhos e dispositivos técnicos, são codificadas
33
na fonte e decodificadas no destino com o uso de sistemas convencionados de
signos ou símbolos sonoros, escritos, iconográficos, gestuais etc. (...) (HOUAISS e
VILLAR, 2001, p. 781).
Outra definição do Dicionário de Comunicação (2002) se preocupa
em descrever as reações que são produzidas no ser durante o processo
comunicativo. Essa abordagem contempla a maneira como o ser responde à
interferência e o que acontece quando o processo é interrompido. Neste caso não
existe a preocupação em definir o termo, mas em explicar como ele se processa e
quais são seus efeitos. Nessa perspectiva, a comunicação é
a resposta discriminativa de um organismo a um estímulo. Ocorre comunicação
quando alguma perturbação ambiental (o estímulo) vai de encontro a um
organismo e o organismo faz alguma coisa a esse respeito (dá uma resposta
discriminativa). Se o estímulo é ignorado pelo organismo, não há comunicação. A
prova é uma reação diferencial de alguma espécie. A mensagem que não tem
resposta não é comunicação (RABAÇA e BARBOSA, 2002, p. 156).
A comunicação não se refere somente à transmissão verbal, explícita e
intencional de mensagens, mas inclui todos os processos por meio dos quais as
pessoas influenciam outras pessoas. Essa definição se baseia na premissa de que
todas as ações ou eventos têm aspectos comunicativos, assim que são percebidos.
Deve-se considerar ainda que a comunicação apresenta dois momentos distintos.
Enquanto processo comunicacional tem como função promover a aproximação
entre as pessoas, o que propicia também o desenvolvimento intelectual por meio
da troca de experiência mútua. Como ciência, seu objetivo é o estudo dos
processos e análise dos meios de comunicação por meio dos quais as
informações são repassadas por um ser humano; implica, além disso, que tal
percepção modifica a informação que o indivíduo possui e, por conseguinte,
influencia esse indivíduo (RABAÇA e BARBOSA, 2002).
Segundo Melo (1970, p.13), a “Comunicação, estando presente em
todas as relações sociais, desempenha em cada processo, funções as mais
diferentes”. Cada ciência, cada corrente filosófica utiliza a sua própria
perspectiva, a sua própria terminologia e os seus conceitos específicos.
Etimologicamente, a palavra comunicação deriva do latim
communicare, cujo significado seria “tornar comum”, “partilhar”, “repartir”,
34
“associar”, “trocar opiniões”, “conferenciar”. Comunicar implica em participação
(communicatio tem o sentido de “participação”), em interação, em troca de
mensagens, em emissão ou recebimento de informações novas. Esse conceito
preza o fato das pessoas poderem entender umas as outras, expressando
pensamentos e até mesmo unindo o que está isolado, o que está longe da
comunidade (RABAÇA e BARBOSA, 2002).
Outra forma de pensar a comunicação passa por duas asserções: 1) “A
comunicação como o processo em que comunicadores trocam propositadamente
mensagens codificadas (gestos, palavras, imagens...), através de um canal, num
determinado contexto, o que gera determinados efeitos”; e 2) “A comunicação
como uma atividade social, onde as pessoas, imersas numa determinada cultura,
criam e trocam significados, respondendo, desta forma, à realidade que
quotidianamente experimentam” (GILL e ADAMS, 1998, p. 41). Estas duas
proposições não são, porém, estanques, mas sim complementares.
Em suma, a comunicação liga as pessoas à rede de seres humanos,
começando nas células familiares imediatas e continuando pelos amigos, pela
sociedade e pelo mundo inteiro. A forma como os seres humanos se desenvolvem
como indivíduos depende muito do grau de sucesso com que esses constroem
suas redes. “A comunicação não é apenas uma troca de informações "duras", mas
também a partilha de pensamentos, sentimentos, opiniões e experiências" (GILL
e ADAMS, 1998, p. 42).
3.3 Modelos de Processos de Comunicação
O conceito de processo está relacionado com a movimentação das
coisas, com a sua evolução em interação. A comunicação é um processo
precisamente porque se desenvolve num contínuo espaço-temporal em que
coexistem e interagem permanentemente múltiplas variáveis e, enquanto
processo, é indissociável do universo em que ocorre. Qualquer ato comunicativo
está ligado ao todo.
35
Os elementos do processo de comunicação podem entender-se como
variáveis, porque apresentam contínuas mudanças no tempo, enquanto interagem
uns com os outros. Além disso, a comunicação não tem princípio e fim bem
definidos porque as cadeias de causas e conseqüências de um ato comunicativo
são parcialmente indetermináveis e, de algum modo, infinitas (BERLO, 1985, pp
33-37).
No entanto, para tornar compreensíveis os atos comunicativos, os
teóricos têm desenvolvido vários modelos (ou paradigmas) dos processos
comunicacionais. Esses não são, porém, mais do que artefatos imaginativos
criados intelectualmente pelo homem para compreender e estudar a realidade
comunicacional. Os modelos do processo de comunicação não podem ser
entendidos como espelhos do real, pois não são completos e perfeitos (SOUSA,
2006). São uma reconstrução intelectual e imaginativa da realidade que procuram
dissociar, artificialmente, os atos comunicativos do seu entorno e representá-los
como se fosse possível congelar um instante do processo.
Existem dezenas de modelos do processo de comunicação que tentam
representar realidades diferentes. Aristóteles, citado por Sousa (2006), teorizou o
primeiro modelo histórico da comunicação que segundo o filósofo, para estudar,
compreender e cultivar a retórica há que olhar pra três elementos essenciais do
processo comunicativo: o que fala, o que se tenta dizer e o que escuta. Esta
abordagem traduz a essência de qualquer modelo posterior do processo de
comunicação:
Emissor ÎMensagemÎReceptor
No tocante a comunicação eletrônica, destaca-se o modelo criado em
1949 pelo matemático Claude Shannon e pelo engenheiro Warren Weaver.
Tratava-se de um modelo voltado para a comunicação eletrônica que concebe a
comunicação como uma transmissão de sinais. No entanto, o modelo pode ser
aplicado ao estudo de outras formas de comunicação. Para Shannon e Weaver
(1963), o processo de comunicação eletrônica pode ser descrito graficamente da
seguinte maneira:
36
Fonte: Shannon e Weaver, 1963, p. 7.
Figura 1 – Modelo de Comunicação de Shannon e Weaver.
Trata-se de um modelo linear de comunicação em que o processo
comunicativo é abordado a partir da idéia de transmissão de informação de uma
fonte a um receptor, mediante o uso de um canal e com a incidência de ruídos no
processo. Segundo o esquema, a fonte de informação elabora e envia uma
mensagem; a mensagem chega a um transmissor, que a transforma num sinal. O
sinal pode estar sujeito a ruído (interferências). Por esta razão, o sinal emitido
pode ser diferente do sinal captado pelo receptor. O receptor capta o sinal e o faz
retornar à forma inicial da mensagem, de maneira a que esta possa ser
recepcionada e compreendida pelo receptor.
Esse modelo é amplamente aplicável, podendo se verificar na
comunicação de massa
12
, interpessoal ou mesmo na comunicação processada
entre máquinas. Mas, mesmo no âmbito da comunicação de massa, o modelo foi
questionado por não considerar aspectos relacionados ao significado da
mensagem e aos modos prováveis de produção de sentido desta, atendo-se
predominantemente ao domínio quantitativo da informação. Outro aspecto
negativo desse modelo é a inconveniência de confundir a comunicação com a
informação e o fato de ver o receptor como ser passivo. Bakhtin (2002) critica a
passividade do receptor nos esquemas comunicacionias defendendo que essa
passividade não corresponde a certos aspectos reais da comunicação.
Ao se considerar os desdobramentos prováveis dos recursos atuais de
linguagem do meio e usos mais adequados dos já existentes, a idéia de
12
Para Rabaça & Barbosa (2002, p. 172) a comunicação de massa é a comunicação dirigida a um público
amplo, heterogêneo e anônimo, por intermediários técnicos e a partir de uma fonte organizadora
(geralmente ampla e complexa). Possuem quatro características básicas: sistemas que se organizam
enquanto empresas; comunicação mediada por máquinas; capacidade de a emissão atingir um grande
público simultaneamente e comunicação unilateral.
Sinal
Recebido
Mensagem
Sinal
Mensagem
Fonte de
Informa
ç
ão
Canal
Transmissor
Receptor
Destino
Fonte de
Ruído
37
transmissão tende a ser substituída por algo como interatividade homem-
máquina-homem, levando a adição de elementos ao processo de comunicação,
culminando em outro tipo de representação denominado de Comunicação como
Interação. Nesse, as informações, em vez de serem transmitidas, passam a ser
construídas coletivamente, em um processo circular onde se evidencia uma
interação contínua e processual entre emissor e receptor os “quais podem adaptar
ou ajustar suas mensagens por meio da retroalimentação” (PINHO, 2006, p. 67).
Nos modelos lineares, a eficácia da comunicação é colocada toda sob a
responsabilidade do emissor; já nos modelos circulares, que contemplam o
feedback, a eficácia da comunicação assenta na compreensão entre emissor e
receptor.
Fonte: Fonte: Adaptado de Pinho, 2006, p. 67.
Figura 2 – Modelo de comunicação como interação.
Porém, a rapidez e o enorme desenvolvimento dos meios de
comunicação revolucionam os modos comunicacionais e imprimem um ritmo de
pensamento/ação de tal modo que os modelos até então apresentados não
traduzem certos aspectos da comunicação. Nessa “revolução”, as TIC’s
apresentam-se como parte dos sistemas e instrumentos da comunicação social
mediada e funcionam como suporte, ponte, estrada e como um medium. As suas
características diferem-se dos meios de comunicação de massa como o jornal ou
a televisão, mas funcionam também como um mediador. Distanciam-se dos
meios interpessoais tradicionais, como o telefone e prometem reunir parte dos
Ruído
Codifica a
mensagem
Decodifica a
mensagem
Receptor
Destinatário o
Receptor
Destinatário
Codifica a
mensagem
Decodifica a
mensagem
Canal
Fonte
Canal
Fonte
38
outros meios pelas vias da tecnologia. Está distante de ser o meio convergente,
onde todos os outros se encontram, mas enquanto suporte, têm permitido até
agora estimular a inversão constante e quase simultânea de emissor e receptor,
num emaranhado de alterações de papéis que, até então, não se tinha presenciado
na história da mídia.
Para tanto, outros modelos foram desenvolvidos buscando refletir o
processo de comunicação como um todo. Modelos que deixam de ver a
comunicação como um processo linear ou circular atribuindo simultânea e
continuamente aos seus elementos alternância entre emissor e receptor. Dentre
esses, o modelo de Dean Barnlund denominado de comunicação como transação
reflete a dinâmica da comunicação humana, constituindo-se, além da alternância
entre emissor e receptor, o princípio de que “a comunicação tem passado,
presente e futuro” e que “os participantes desempenham papéis”, ou seja, o papel
exercido por determinada pessoa influencia, em parte, a forma como ela organiza
e interpreta as mensagens (PINHO, 2006, p. 69).
Fonte: Adaptado de Pinho, 2006, p. 68.
Figura 3 – Modelo de comunicação como transação.
Informação
interna
Informação
externa
Fonte
receptor
Informação
interna
Informação
externa
Canal
Canal
Mensagem
não-verbais
Mensagens
não-verbais
Fonte
receptor
Mensagens
verbais
Mensagens
verbais
Ruído
39
3.4 Formas de Comunicação
A comunicação é um processo de construção e disputa de sentidos.
Uma vez em interação, os atores envolvem-se em uma atividade de interpretação
e construção da realidade que permite aos envolvidos, compreender a situação
que vivenciam, imprimindo significado à situação e a seus agentes
(BALDISSERA, 2000). No entanto, a comunicação é um processo extremamente
complexo, que envolve, dentre outros, elementos psicológicos, mentais, culturais,
políticos e sociais.
Afinal, a complexidade desse processo implica observar inúmeras
variáveis que, dessa forma, só fariam sentido se articuladas. Por isso, as teorias
da comunicação tentam captar essa complexidade ao privilegiar aspectos
distintos, tendo em vista possuírem premissas por vezes inconciliáveis. Sendo
assim, a comunicação humana ocorreria em contextos distintos, embora não
excludentes, e poderiam ser classificados em seis formas: intrapessoal;
extrapessoal; interpessoal; grupal; social e organizacional (SOUSA, 2006).
Na modalidade do contexto intrapessoal, a comunicação ocorreria de
alguém consigo mesmo por meio de mecanismos conscientes ou inconscientes.
Nessa, usa-se frases introspectivas e formas de pensamento automático. Já no
contexto interpessoal, a comunicação se efetivaria por meio da interação face a
face, onde cada pessoa possui uma percepção das outras, existindo níveis
diversos de atração entre elas. É a comunicação entre dois indivíduos dentro de
um pequeno grupo geralmente informal, servindo, por exemplo, para criar e
sustentar relações pessoais. É geralmente direta e sempre interativa, mas pode ser
mediada (telefone, carta, e-mail) e pressupõe a existência de feedback (resposta)
constante. Segundo Jorge Pedro Sousa, o conceito:
pode ser aplicado à relação de um indivíduo com um determinado meio de
comunicação, por exemplo à situação concreta de um indivíduo ao interagir com o
computador quando joga, ou navega na Internet, etc. Já o feedback tem a ver com a
idéia de resposta do receptor ao emissor, o que pressupõe interatividade. Na
comunicação mediada, o feedback, quando existe, pode não ser imediato, mas sim
retardado (SOUSA, 2006, p. 36).
40
No contexto de grupo, trata-se do processo em que a comunicação é
efetuada no interior de pequenos grupos (amigos, família, pequena associação).
Uma vez que os indivíduos se identificam com grupos diversos, em âmbito
profissional e/ou sócioemocional, a comunicação via grupo oferece análises
empíricas sobre como os membros de um dado segmento emitem e recebem
informações.
A comunicação social é desenvolvida de forma simultânea para
grupos grandes, anônimos e heterogêneos de pessoas. Essa forma de
comunicação volta-se para a massa de receptores que fisicamente podem estar
bastante separados, sendo, habitualmente, diminutas as possibilidades de
interação e feedback do receptor com o emissor (SOUSA, 2006).
A comunicação organizacional é aquela que se estabelece no seio das
organizações e destas para o exterior, concebendo a organização como sistema de
grupos que interagem por intermédio da comunicação. É de vital importância
para as organizações, sendo “multifacetada e pode ser entendida como uma
combinação de processo, pessoas, mensagens, significados e propósitos”
(PINHO, 2006, p. 28). Tanto as organizações privadas como as públicas têm na
comunicação um elemento estruturante, inclusive para a tomada de decisão. Pela
natureza deste trabalho, a comunicação organizacional necessita ser abordada de
forma mais aprofundada o que será feito no tópico a seguir.
3.5 Comunicação Organizacional
A comunicação é, antes de tudo, interação, diálogo, tornar comum.
Não pode ser confundida com a simples transmissão unilateral de informações.
No ambiente das organizações, abrange todas as formas de comunicação
utilizadas pela organização para relacionar-se e interagir com seus públicos, com
o meio ambiente e, também, com suas próprias partes mediante processos
internos (SOUSA, 2006; MARÍN, 1997; KUNSCH, 1992; HALLIDAY, 1980).
41
Tem assumido nas sociedades pós-industriais um valor econômico vital “porque
cada vez mais, trabalhar é manejar a informação” (PINHO, 2006, p. 27).
Para Kunsch (2003, p. 149), não se faz, no Brasil, distinção entre as
terminologias: comunicação organizacional, comunicação empresarial e
comunicação corporativa, empregadas para “designar todo trabalho de
comunicação levado a efeito pelas organizações em geral”. Por isso, neste estudo
tratar-se-á todos esses termos como sinônimos. Para a autora, em um conceito
mais abrangente, a comunicação organizacional pode ser definida como um
fenômeno inerente aos agrupamentos de pessoas que integram uma organização ou
a ela se ligam. A comunicação organizacional configura as diferentes modalidades
comunicacionais que permeiam sua atividade. Compreende, dessa forma, a
comunicação intera e a comunicação administrativa (KUNSCH, 2003
, p. 150).
Mas o que é organização? Uma organização, na definição de Gill e
Adams (1998, p. 122), “é um grupo de grande dimensão, que possui um
propósito definido e requer elementos com competências diferentes. São
unidades sociais criadas, mobilizadas e coordenadas para atingir objetivos
específicos comuns, que orientam as atividades ou as ações dos vários tipos de
grupos”. As organizações e os grupos mantêm-se enquanto os seus membros
cooperam e se coordenam, comunicando, para atingir seus fins. Grupos e
organizações, contudo, estão em constante evolução, acompanhando a contínua
reorganização e reorientação dos seus membros. Em uma definição mais técnica,
uma organização “é uma estrutura social estável e formal que retira os recursos
do ambiente e os processa para produzir resultados” (LAUDON e LAUDON,
2005, p. 75).
Em função das mudanças implementadas nas organizações, ampliou-
se nos últimos anos o estudo da comunicação praticada nesse grupo, pois essa se
constitui num dos elementos essenciais no processo de criação, transmissão e
cristalização do universo simbólico. Para Curvello (2002), a comunicação
organizacional, de mero instrumento gerencial para transmissão de ordens e
informações, passou a ser vista como estratégica para a construção de um
universo simbólico, que, aliado às políticas de administração de recursos
42
humanos, contribui para aproximar e integrar os públicos aos princípios e
objetivos centrais da organização.
Conforme visto, a comunicação organizacional possui diversas
abordagens e uma variedade de definições que para Pinho (2006, p. 29) podem
ser destacados alguns elementos comuns, a saber:
1. A comunicação organizacional ocorre dentro de um sistema aberto complexo, o
qual é influenciado e influencia o seu ambiente, tanto interno (a chamada cultura
organizacional) como externo.
2. A comunicação organizacional envolve mensagens e seus fluxos, propósitos,
direções e mídia.
3. A comunicação organizacional envolve pessoas e suas atitudes, sentimentos,
relacionamentos e habilidades.
Para Sousa (2006), uma organização não é um sistema isolado e
necessita comunicar com o exterior para sobreviver. Essa sobrevivência depende,
também, da capacidade da organização em proporcionar um ambiente facilitador
de comunicação eficiente dentro dela própria. Assim sendo, podem distinguir-se
duas formas de comunicação principais nas organizações: comunicação interna
(comunicação que ocorre dentro das organizações) e comunicação externa
(comunicação das organizações para o exterior e do exterior para a organização).
Kunsch (2003) defende a tese da Comunicação Integrada, entendendo-
a como “uma filosofia que direciona a convergência das diversas áreas,
permitindo uma atuação sinérgica”. Sob essa perspectiva pressupõe uma junção
da “comunicação institucional, da comunicação mercadológica, da comunicação
interna, comunicação administrativa, que formam o mix, o composto da
comunicação organizacional” (KUNSCH, 2003, p. 150).
A comunicação institucional permite a organização ter um conceito e
um posicionamento favorável perante a opinião pública, isto é, “a construção de
sua credibilidade, enquanto que a comunicação mercadológica volta-se para a
divulgação dos produtos e serviços, compreendendo toda a manifestação gerada
em torno dos objetivos de venda de uma organização. Ambas, ressalvando as
suas diferenças e especificidades implementam ações destinadas aos públicos
externos da organização” (KUNSCH, 1995, p. 92).
43
Ao contrário das modalidades anteriores, a comunicação
administrativa e interna necessitam priorizar os públicos internos. A
comunicação administrativa envolve procedimentos comunicacionais que
ocorrem na organização, “reunindo papéis, cartas internas, memorandos”
(TORQUATO, 2002, p.34). A comunicação interna se desenvolve paralelamente
à comunicação administrativa, e “visa proporcionar meios para promover maior
integração dentro da organização mediante diálogo, à troca de informações e
experiências e à participação de todos os níveis.” É planejada em torno de
“propósitos claramente definidos, para viabilizar toda a interação possível entre a
organização e seus colaboradores lançando mão de metodologias e técnicas de
comunicação institucional e até da comunicação mercadológica” (KUNSCH
1999, p. 77).
3.5.1 Comunicação Interna nas Organizações
Conforme Pinho (2006), no tocante aos elementos do processo de
comunicação, o canal é o meio pelo qual a mensagem é transmitida do emissor
para o receptor. Dentre os canais, a conversa face a face tem uma alta pontuação
em relação à riqueza do canal, pois nela, além dos sinais de informação que se vê
e escuta como as palavras, posturas, expressão facial, gestos e entonações, tem-se
também o feedback (verbal ou não verbal), proporcionado pelo ato presencial.
A comunicação pode fluir em duas direções: vertical e horizontal. O
fluxo vertical pode ser dividido em descendente, gerenciais que se dá de um nível
hierárquico superior para os subordinados (como acontece com as ordens de
serviços) e a ascendente que se dá dos níveis mais baixos aos mais altos, ou seja,
dos membros de uma equipe para as lideranças (como acontece com um
colaborador). Já a comunicação horizontal ou lateral caracteriza-se pela sua
maior informalidade, podendo ocorrer entre equipes, entre funcionários da
mesma área ou entre integrantes da mesma equipe (PINHO, 2006).
44
A esses, soma-se o fluxo transversal ou longitudinal que, segundo
Kunsch (2003, p. 86), se verifica ns organizações orgânicas e flexíveis, para
“permitir que a comunicação ultrapasse as fronteiras tradicionais do tráfego de
informações”. Trata-se de um fluxo que se dá em todas as direções, por meio
daqueles citados anteriormente, nas diferentes posições da arquitetura
organizacional.
No entanto, para que a comunicação flua em todos os sentidos na
organização, é necessário que haja um equilíbrio entre as redes formal e
informal. Assim, a comunicação interna flui segundo duas grandes redes dentro
da empresa, uma rede formal e outra informal. Na formal a comunicação passa
por canais oficiais de comunicação e tem caráter mais organizacional. São
verticais e seguem a hierarquia da empresa e/ou instituição, ou seja, retratam a
cadeia de autoridade. Na informal a comunicação pode se dar por vias informais
ou até por veículos oficiais da organização, como o e-mail. É a comunicação
corriqueira, bate-papo, conversas e tem caráter mais personalizado. Fluem em
qualquer direção, passando, muitas vezes, por cima dos níveis de autoridade. As
duas processam de formas diferentes, em situações próprias e com projetos
específicos (ROBBINS, 2002).
Em relação às funções básicas da comunicação na organização ou em
um grupo, Robbins (2002) aponta quatro funções: (1) controle - a comunicação
atua no controle do comportamento das pessoas de diversas maneiras, a começar,
pela hierarquia que as organizações possuem fazendo com que o funcionário
saiba a quem comunicar primeiro uma informação ou acontecimento; (2)
motivação - a comunicação facilita a motivação na medida em que esclarece aos
funcionários o que deve ser feito, avalia a qualidade do seu desempenho e orienta
sobre como melhorá-lo; (3) - expressão emocional - é por meio da comunicação
que os funcionários expressam seus sentimentos de satisfação ou frustrações e (4)
informação - a comunicação facilita a tomada de decisão, uma vez que
proporciona à pessoa (ou grupo) as informações que ela necessita.
Mas apesar da crescente importância atribuída à comunicação,
existem algumas barreiras organizacionais a um livre fluxo de idéias e opiniões.
45
Dentre essas as contradições inerentes ao trabalho que segundo Aktouf (1996) se
produziriam na separação produtor/produto de seu trabalho, na perda do sentido
do trabalho (separação trabalhador/ação), no corte com a natureza (o tempo do
trabalho subverte o tempo biológico) e na separação trabalhador/proprietário.
Outra barreira é a ideologia gerencial ou o modo de pensar dominante
no ambiente da administração, em que toda questão é avaliada a partir da
perspectiva da racionalidade econômica, por meio da otimização dos meios, com
rapidez, em busca da eficácia. Essa racionalidade, aliada às estruturas
burocráticas, acaba por impor barreiras ao livre trânsito de informações. Só
circulam livremente aquelas informações e aquelas idéias voltadas para a
produtividade. Tudo o mais é visto como desperdício (CHANLAT e BEDARD,
1992).
Ainda podem ser listadas como barreiras à comunicação
organizacional a própria linguagem administrativa – jargão, caracterizada pela
normatização, com o rebuscamento e o excesso de preocupação com a forma em
detrimento ao conteúdo, impondo canais e interlocutores definidos previamente a
partir da hierarquia funcional; as culturas organizacionais apoiadas na autoridade
e na norma e o excesso de objetividade (levando a uma reificação da
comunicação e a uma redução do processo comunicativo à razão instrumental) ou
falta de objetividade (levando a uma falsa democracia em que todos falam sem
chegar a um entendimento) (AKTOUF, 1996).
Além desses obstáculos listados, interessante se faz a ressalva da
utilização da comunicação organizacional, tal como é conduzida, teorizada e
tradicionalmente ensinada, visando somente o controle e a dominação das
situações e dos empregados do que "colocar em comum" (AKTOUF, 1996,
p.136).
Para Bueno (2005), a comunicação interna deveria merecer um local
de destaque na comunicação empresarial. Em primeiro lugar, os diferentes
públicos internos constituem naquilo que é mais importante em uma organização.
Os funcionários são parceiros nos negócios e, sem eles, as organizações não
sobrevivem. Para o autor supracitado, os funcionários são efetivamente
46
formadores e multiplicadores de imagem e são os maiores interessados no
sucesso das organizações por razões não apenas econômicas, mas porque
convivem com elas a maior parte de seu tempo e vêem nelas uma alternativa para
seu crescimento pessoal e profissional. Em suma, a comunicação organizacional
exerce um papel estratégico para a saúde das organizações.
47
4 TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NAS
ORGANIZAÇÕES
4.1 A Sociedade da Informação
A Sociedade da Informação é um conceito utilizado para descrever
uma sociedade e uma economia que faz o melhor uso possível das Tecnologias
de Informação e Comunicação e que toma a informação como elemento central
de toda atividade humana (CASTELLS, 2000). Muitos nomes já foram atribuídos
a este novo modelo social e diferentes metáforas tentaram compreendê-lo, dentre
eles: “aldeia global, sociedade informática, terceira onda, pós-modernidade”
(ORTIZ, 2000, p.114).
Para Gouveia e Gaio (2004) a Sociedade da Informação apóia-se
predominantemente nas tecnologias da informação e comunicação para a troca de
informação em formato digital, suportando a interação entre indivíduos e entre
estes e as instituições. Para tanto, recorre a práticas e métodos em construção
permanente e apresenta características como a utilização intensiva das
tecnologias de informação e comunicação, apropriação da informação como
recurso estratégico, interação indivíduos e instituições predominantemente
48
digital, reorrendo a formas diversas de “fazer as ‘mesmas e novas’ coisas”,
baseadas no digital.
Necessário se faz discutir, também, o conceito de tecnologia. Para
Figueiredo (1989, p. 03), “tecnologia seria um conjunto de meios ou atividades
através dos quais o homem procura mudar ou manipular seu ambiente”. É parte
da vida em sociedade em diferentes tempos e lugares onde o “conhecimento
científico é usado para especificar as vias de se fazerem coisas de uma maneira
reproduzível”. Entre as tecnologias da informação inclui-se “o conjunto
convergente de tecnologias em microeletrônica, computação (software e
hardware), telecomunicações/ radiodifusão e optoeletrônica” (CASTELLS,
2000, p. 49).
A Sociedade da Informação é marcada por transformação e o cerne
desta revolução atual refere-se às tecnologias da informação, processamento e
comunicação ou Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC’s). Essas são
para a atual revolução o que as novas fontes de energia foram para as Revoluções
Industriais sucessivas, do motor a vapor à eletricidade, aos combustíveis fósseis e
até mesmo à energia nuclear, visto que a geração e distribuição de energia foi o
elemento principal na base da sociedade industrial. “O capitalismo passa por um
processo de profunda reestruturação caracterizado por maior flexibilidade de
gerenciamento; descentralização das empresas e sua organização em redes tanto
internamente quanto em suas relações com outras empresas” (CASTELLS, 2000
p. 21).
O que caracteriza a atual revolução tecnológica não é a centralidade
de conhecimentos e informação, mas a aplicação desses conhecimentos e dessa
informação para a geração de conhecimentos e de dispositivos de
processamento/comunicação da informação, em um ciclo de realimentação
cumulativo entre a inovação e seu uso. Há um aspecto adicional que caracteriza a
revolução das TIC’s quando comparadas a seus antecessores históricos. Mokyr,
citado por Castells (2000), demonstrou que as revoluções tecnológicas ocorreram
apenas em algumas sociedades e foram difundidas em uma área geográfica
49
relativamente limitada, muitas vezes ocupando espaço e tempo isolados em
comparação a outras regiões do planeta.
Ao contrário, as TIC’s difundiram-se pelo globo com a velocidade da
luz. Isso aconteceu em menos de duas décadas, entre meados dos anos de 1970 e
1990, por meio de uma lógica que é característica dessa revolução tecnológica: a
aplicação imediata no próprio desenvolvimento da tecnologia gerada, conectando
o mundo por meio da tecnologia da informação. Na verdade, porém, há grandes
áreas do mundo e consideráveis segmentos da população que estão
“desconectados” do novo sistema tecnológico. Além disso, a velocidade da
difusão tecnológica é seletiva tanto social quanto funcionalmente.
Parte dessa “revolução” das TIC’s está relacionada à lógica de redes.
A morfologia da rede parece estar bem adaptada à crescente complexidade de
interação e aos modelos imprevisíveis do desenvolvimento derivado do poder
criativo dessa interação. Essa configuração topológica, a rede, agora pode ser
implementada materialmente em todos os tipos de processos e organizações
graças a recentes tecnologias da informação. Sem elas, tal implementação seria
bastante complicada. E essa lógica de redes, contudo, é necessária para estruturar
o não estruturado, porém preservando a flexibilidade, pois o não estruturado é a
força motriz da inovação na atividade humana.
4.1.1 Teoria Sistêmica e Teoria Geral de Redes
As redes têm sido saudadas, nas duas ultimas décadas, como a mais
significativa inovação humana no campo da organização da sociedade. Percebe-
se, porém, que o conceito de rede varia conforme o instrumental analítico e as
bases teóricas das várias áreas do conhecimento humano. Para Martinho (2003),
encontra-se o vocábulo “rede” empregado em diferentes lugares e com diversos
significados. Fala-se de rede de computadores, de redes neurais artificiais, de
50
redes sociais, de redes organizacionais, de sociedade-rede, de empresa-rede, de
trabalho em rede, de rede de redes.
Para Capra (2002) todas as formas de vida – desde as células mais
primitivas até as sociedades humanas, suas empresas e estados nacionais, até
mesmo sua economia global – organizam-se segundo o mesmo padrão e os
mesmos princípios básicos: o padrão em rede. O autor desenvolve uma
compreensão sistêmica e unificada que integra as dimensões biológica, cognitiva
e social da vida e demonstra claramente que a vida, em todos os seus níveis, é
inextricavelmente interligada por redes complexas. Demonstra como a circulação
de informações de forma não-linear é capaz de produzir um processo de
aprendizagem crescente que leva à reorganização dos próprios elementos do
sistema. Partindo de um aspecto morfológico para chegar a uma propriedade
organizacional da rede, demonstra que o conjunto de nós e linhas produz
organização. Para o autor:
A primeira e mais óbvia propriedade de qualquer rede é a sua não-linearidade – ela
se estende em todas as direções. Desse modo, as relações num padrão de rede são
relações não-lineares. Em particular, uma influência, ou mensagem, pode viajar ao
longo de um caminho cíclico, que poderá se tornar um laço de realimentação. (...)
Devido ao fato de que as redes de comunicação podem gerar laços de
realimentação, elas podem adquirir a capacidade de regular a si mesmas. Por
exemplo, uma comunidade que mantém uma rede ativa de comunicação aprenderá
com seus erros, pois as conseqüências de um erro se espalharão por toda a rede e
retornarão para a fonte ao longo de laços de realimentação. Desse modo, a
comunidade pode corrigir seus erros, regular a si mesma e organizar a si mesma.
Realmente, a auto-organização emergiu talvez como a concepção central da visão
sistêmica da vida, e, assim como as concepções de realimentação e auto-regulação,
está estreitamente ligada a redes (CAPRA, 2002, p.78).
Outra dimensão importante da lógica organizacional das redes, e que
as definições que levam em conta apenas os aspectos formais também não
consideram, é a sua diferenciação em relação à hierarquia. Capra (2002, pág. 44)
identifica essa distinção entre rede e hierarquia na sua análise dos sistemas vivos
mostrando que “tendemos a arranjar esses sistemas (...), num sistema hierárquico,
colocando os maiores acima dos menores, à maneira de uma pirâmide. Mas isso é
uma projeção humana. Na natureza, não há 'acima' ou 'abaixo', e não há
hierarquias. Há somente redes aninhadas dentro de redes”.
51
A capacidade de operar sem hierarquia parece ser assim, uma das mais
importantes propriedades distintivas da rede. Entretanto, se é correto afirmar,
como Capra (2002), que não há hierarquia na natureza, o mesmo não se pode
dizer das sociedades humanas. Ao contrário, pirâmides são um desenho
institucional bastante comum, e a hierarquia, desde sempre, parece ser o "modo
natural" da organização dos relacionamentos humanos. Porém, quando se estuda
o funcionamento das redes sociais, em particular aquelas de caráter estritamente
informal e não-institucional, passa-se a ver também a emergência de fenômenos
organizativos não-verticais, isto é, não-hierárquicos, funcionando produtivamente
na sociedade.
Castells (2000), que também é uma das referências dos estudos de
redes no campo das ciências sociais, analisa a nova configuração da sociedade a
partir da difusão do uso das novas tecnologias da informação e da comunicação,
que permitiram o crescimento vertiginoso dos fluxos financeiros e de informação
e incrementaram os processos da globalização capitalista. Para ele, essas
tecnologias fornecem hoje a base material para a impregnação em toda a
estrutura social de uma “lógica de redes”, o que seria determinante para a
emergência de uma “sociedade em rede”. Relata Castells que:
Uma estrutura social com base em redes é um sistema aberto altamente dinâmico
suscetível de inovação sem ameaças ao seu equilíbrio. Redes são instrumentos
apropriados para a economia capitalista baseada na inovação, globalização e
concentração descentralizada; para o trabalho, trabalhadores e empresas voltadas
para a flexibilidade e a adaptabilidade; para uma cultura de desconstrução e
reconstrução contínuas; para uma política destinada ao processamento instantâneo
de novos valores e humores públicos; e para uma organização social que vise a
suplantação do espaço e a invalidação do tempo (CASTELLS, 2000, p. 498).
Castells ressalta que, embora pessoas, atividades e locais do mundo
sejam vivenciados concretamente, “seu sentido estrutural deixa de existir,
incluído na lógica invisível da metarrede em que se produz valor, criam-se
códigos culturais e decide-se o poder”. Para ele, a nova ordem, esta “sociedade
em rede”, cada vez mais se apresenta como uma “metadesordem social” (p. 505)
para a maior parte das pessoas. As redes “são estruturas abertas capazes de
expandir de forma ilimitada, integrando novos nós desde que consigam
52
comunicar-se dentro da rede, ou seja, desde que compartilhem os mesmos
códigos de comunicação” (CASTELLS, 2000, p. 498).
Com toda essa discussão conceitual sobre o vocábulo “rede”, acaba-se
por chegar ao termo network (rede em inglês). Esse termo parece ter sido
adotado, de modo natural, precisamente para descrever associações fluidas,
complexas e ricas em relações tais como cérebros, linguagens, comportamento
pessoal e grupos sociais – que “sistema” não ilustra tão bem. Conotações de
estrutura, controle e previsibilidade acompanham o conceito de sistema,
qualidades importantes para o entendimento de muitas entidades físicas
concretas.
No entanto, o conceito de network representa processos dinâmicos,
estruturas soltas e entidades imprevisíveis, pontos de vista essenciais para o
entendimento das realidades abstratas e humanas. O que o conceito de network
parece fazer tão bem é oferecer um contexto para a percepção dos
relacionamentos intra-sistêmicos e intersistêmicos de todos e partes
reconhecíveis em fenômenos abstratos e concretos (LIPNACK e STAMPS,
1994).
Network, no sentido moderno, é uma teia de participantes autônomos,
unidos por valores e interesses compartilhados. Trabalhar em rede de conexões
significa pessoas conectando-se com pessoas, unindo idéias e recursos. Além de
unir as pessoas com necessidades e recursos complementares, o trabalho numa
rede de conexões é também usado como uma alternativa consciente para a
organização verticalizada.
As pessoas se comunicam nos networks como nodos e elos, termos
que a teoria da comunicação usa para descrever o funcionamento das redes
físicas. Enquanto fonte ou receptora de informações, uma pessoa é um nodo.
Enquanto portadora de informações, fazendo uma conexão entre nodos, uma
pessoa é um elo. Um aglutinador invisível, imensurável e intangível mantém um
network unido. Esses aglutinadores são os valores compartilhados (LIPNACK e
STAMPS, 1994).
53
4.2 A Informação e o Conhecimento nas Organizações
A gestão da informação é, nos dias atuais, um fator crítico de sucesso
para as organizações e tem demonstrado, tanto na integração de suas técnicas
quanto no planejamento, ser uma das ferramentas vitais para qualquer tipo de
organização (LAUDON e LAUDON, 2005). As profundas mudanças científicas
e tecnológicas colocaram não só questões práticas para a vida cotidiana, mas
também, levantaram novas problemáticas. Algumas dessas problemáticas estão
relacionadas a novas linguagens tornadas operacionais pela tecnologia.
Além disso, Lévy (1999) afirma que estas transformações estão
criando uma nova cultura e modificando as formas de produção e apropriação
dos saberes. Para ele está surgindo um novo espaço sociológico onde poderá se
realizar uma nova cultura e a verdadeira democracia. Os sujeitos deste espaço
"do saber" (Ciberespaço) formam também uma inteligência coletiva
(Cibercultura).
O ciberespaço (que também chamarei de "rede") é o novo meio de comunicação
que surge da interconexão mundial dos computadores. O termo especifica não
apenas a infra-estrutura material da comunicação digital, mas também o universo
oceânico de informações que ela abriga, assim como os seres humanos que
navegam e alimentam esse universo. Quanto ao neologismo "cibercultura",
especifica aqui o conjunto de técnicas (materiais e intelectuais), de práticas, de
atitudes, de modos de pensamento e de valores que se desenvolvem juntamente
com o crescimento do ciberespaço (LÉVY, 1999, p. 17).
Já Baudrillard (1997) alega que as TIC’s representam apenas um
mundo de simulação de liberdade e descoberta. Na verdade tudo para ele é
preestabelecido. É uma espécie de jogo sem fim e sem finalidade.
Há no ciberespaço a possibilidade de realmente descobrir alguma coisa? Internet
apenas simula um espaço de liberdade e de descoberta. Não oferece, em verdade,
mais do que um espaço fragmentado, mas convencional, onde o operador interage
com elementos conhecidos, sites estabelecidos, códigos instituídos. Nada existe
para além desses parâmetros de busca. Toda pergunta encontra-se atrelada a uma
resposta preestabelecida. Encarnamos, ao mesmo tempo, a interrogação automática
e a resposta automática da máquina (BAUDRILLARD,1997, p. 148).
54
Esta relação é a da incerteza, da incompletude, do “mais por fazer”, e
da impressão de que é preciso atualizar sempre, acompanhar o movimento
incessante, rápido, intenso, multifocal, multimídia. Informar-se mais, o que não
significa conhecer mais, mas pode significar adquirir elementos para a
construção do conhecimento.
Dias (2001) defende que as TIC’s, como sistema de comunicação,
promovem um melhor acesso aos sistemas de informação e de recuperação da
informação e que o uso indiscriminado de expressões do tipo “um mundo de
informações”, conduz a um entendimento equivocado de que as TIC’s geram por
si próprias um fluxo informacional. Já Barreto (2002) afirma que as
configurações, que relacionam a informão com a geração de conhecimento, são
as que melhor explicam sua natureza,
pois são associadas ao desenvolvimento do indivíduo e à sua liberdade, pelo poder
de decidir sua vida. Aqui a informação é qualificada como instrumento
modificador da consciência do homem. Quando adequadamente apropriada, produz
conhecimento e modifica o estoque mental de saber do indivíduo; traz benefícios
para seu desenvolvimento e para o bem-estar da sociedade em que ele vive
(BARRETO, 2002, p. 70).
Nas organizações, Turban, McLean e Wetherbe (2004, p. 63)
defendem que há a transformação de dados em informação e conhecimento nos
sistemas de informação. Os autores classificam dados como uma “descrição
primária de objetos, eventos, atividades e transações que são gravados,
classificados e armazenados, mas não chegam a ser organizados de forma a
transmitir algum significado específico”. A informação nasceria a partir dos
dados processados e seria “todo conjunto de dados organizados de forma a terem
sentido e valor para seu destinatário”, ou seja, são dados oportunos e precisos. O
conhecimento “consiste de dados e informações organizadas para transmitir
compreensão, experiência, aprendizado acumulado e técnica. Para Turban,
Rainer Jr e Potter (2005, p. 100) o conhecimento seria a “informação contextual,
relevante e acionável. Colocando de forma simples, conhecimento é informação
em ação”.
55
Fonte: Adaptado de Turban, Rainer Jr e Potter, 2005, p. 101.
Figura 4 Dados, informação e conhecimento.
Sendo assim, o profissional da sociedade da informação e do
conhecimento terá de assegurar uma gestão da informação eficiente e eficaz,
tendo como resultado a disponibilização ao gestor da informação pertinente, no
momento oportuno e no formato adequado. Gerir a informação será, pois, decidir
o que fazer com base em informação e decidir o que fazer sobre a informação. A
organização tem que estar ciente das mudanças que vêm ocorrendo em sua
estrutura no tocante ao gerenciamento do sistema de informação, uma vez que,
até então, o foco recaia sobre “a captura, o armazenamento, a gestão e o relato do
conhecimento explicito”, mas o contexto levam-nas a reconhecerem a
“necessidade de integrar o conhecimento explícito e tácito em sistemas de
informações formais” (TURBAN, RAINER JR e POTTER, 2005, p. 101). Essa
nova interpretação do sistema é chamada pelos autores supracitados de “sistemas
de gestão de conhecimento”.
A gestão do conhecimento aumenta a capacidade da organização de
aprender com seu ambiente. É um processo que ajuda as organizações a
“identificar, selecionar, organizar, disseminar, transferir e aplicar informações e
experiências importantes que fazem parte da memória da organização e que
normalmente residem dentro da organização de uma maneira desestruturada”
(TURBAN, RAINER JR e POTTER, 2005, p. 100). À medida que o
conhecimento passa a ser considerado um bem importante e se torna um
patrimônio essencial e estratégico para as organizações, essas passaram a
estruturá-los e geri-los como vantagem competitiva. Sendo assim, as TIC’s
assumem um papel importante na gestão do conhecimento “como habilitadora de
Relevantes e acionáveis
Dados relevantes e acionáveis
Processados
CONHECIMENTO
INFORMAÇÕES
DADOS
56
processos (...) para otimizar a criação, o fluxo, a aprendizagem, a proteção e o
compartilhamento do conhecimento” (LAUDON e LAUDON, 2005, p. 325).
4.3 Sistemas de Informação nas Organizações
Um sistema de informação pode ser definido como um “conjunto de
componentes inter-relacionados que coleta (ou recupera), processa, armazena e
distribui informações destinadas a apoiar a tomada de decisões, a coordenação e
o controle de uma organização” (LAUDON e LAUDON, 2005, p. 7). Não é
necessariamente computadorizado, embora a maioria o seja e quando o é utiliza a
tecnologia de computador para realizar tarefas planejadas utilizando-se dos
recursos: hardware, software, banco de dados, rede, procedimentos e pessoas
para executar atividades de entrada, processamento, saída, armazenamento e
controle. Convertem recursos de dados em produtos de informação.
No tocante às funções básicas, a entrada ou inputs (dados, instruções
etc.) são captados dentro ou fora de uma organização e colocados em um sistema
de computadores. Os dados são organizados, analisados e manipulados
objetivando uma forma de disposição mais significativa e útil na fase de
processamento. A saída ou outputs (cálculos, relatórios etc.) as informações
processadas e os resultados são usados para a tomada de decisão. O controle é o
feedback sobre as atividades de entrada, processamento, saída e armazenamento
que deve ser monitorado e avaliado, determinando o sistema de desempenho.
Além de serem úteis para a tomada de decisão, coordenação e controle, os
sistemas de informação podem ainda auxiliar os gestores e demais recursos
humanos das organizações na análise de problemas, na visualização de questões
complexas e na criação de novos produtos e serviços (TURBAN, RAINER JR e
POTTER, 2005).
57
Fonte: Adaptado de Turban, McLean e Wetherbe, 2004, p. 39.
Figura 5 – Visão esquemática de um sistema de informação.
Os sistemas de informação apóiam os processos de gestão de
informação podendo ser classificados de diversas formas. Uma das
possibilidades consiste em agrupá-los segundo o nível de gestão em que são
utilizados e o grupo de utilizadores que servem. Tradicionalmente pode-se
estruturar uma organização em quatro níveis a que correspondem outros tantos
grupos de utilizadores distintos. Desde o nível estratégico, que visa
compatibilizar as mudanças no ambiente externo da organização até ao nível
operacional, onde se objetiva responder a perguntas de rotina e acompanhamento
do fluxo de transações pela organização. Entre os níveis estratégico e operacional
tem-se o denominado nível gerencial que atende às atividades de monitoramento,
controle e tomada de decisões, amparado por sistemas de informação, e o
chamado nível do conhecimento, em que o trabalho técnico ou especializado se
concentra dando suporte à incorporação de novas tecnologias e na organização e
fluxo de documentos (LAUDON e LAUDON, 2005).
Inputs
Problemas do
Negócio:
Dados
Informações
Instruções
Oportunidades
Processamento
Programas
Pessoas
Equipamento
Armazenamento
Outputs
Soluções:
Relatórios
Gráficos
Cálculos
Posicionamento
Táticas
Controle
Tomadores de
Decisão
Autocontrole
58
4.4 As Tecnologias da Informação e Comunicação
As Tecnologias da Informação e Comunicação ou simplesmente
Tecnologias da Informação (TI) podem ser definidas como sendo a reunião dos
meios audiovisuais, informáticos e comunicacionais que permitem criar,
armazenar, recuperar e transmitir informação a grande velocidade e em grandes
quantidades. Entre elas destacam-se “processadores de texto e editoração
eletrônica, telefones celulares, pager, assistente pessoal digital (PDA), sistema de
computadores em rede, telecomunicação, teleconferência, Internet, redes extranet
e intranet, correio eletrônico (e-mail), groupware, e-business, comércio
eletrônico (e-commerce) e troca eletrônica de dados” (PINHO, 2006, p. 329).
Esses avanços tecnológicos se refletem em mudanças marcantes que
influenciam a geração, a transformação, o armazenamento, a transmissão e a
recuperação da informação. Em uma definição mais restrita, “diz respeito ao
aspecto tecnológico de um sistema de informação. Ela inclui hardware, banco de
dados, software, redes e outros dispositivos” (TURBAN, McLEAN e
WETHERBE, 2004, p. 40) Não raro, as TIC’s são usadas para representar um
sistema de informação ou um conjunto de diversos sistemas de informação.
As TIC’s têm na Internet o seu maior expoente. A Internet, ou
simplesmente “a Net”, é uma rede mundial de computadores ligados entre si e
que usam um protocolo de ligação comum (TCP/IP), partilhando dados de
diversas ordens. Estar ligado a esta rede global significa ter acesso a um novo
mundo de possibilidades, que eram impensáveis alguns anos. A Internet veio
revolucionar o mundo de comunicação, possibilitando o acesso a bibliotecas,
livrarias, universidades, grupos de investigação, professores etc., dos mais
variados cantos do mundo.
A Internet é extremamente elástica, não tem gerenciamento central e
sua aceitação e disseminação está vinculada ao desenvolvimento do recurso
World Wide Web (conhecida como WWW, Web ou W3). A Web e a Internet não
são a mesma coisa. Esta funciona como um mecanismo de transporte enquanto
aquela “é uma aplicação que usa essas funções de transporte”. Neste trabalho,
59
porém, não se faz essa diferenciação, tomando os vocábulos Internet e Web como
“sinônimos”.
Hoje, constituiu-se em uma plataforma de grande versatilidade
permitindo “armazenar, recuperar, formatar e exibir informações por meio de
uma arquitetura baseada em cliente/servidor” (TURBAN, McLEAN e
WETHERBE, 2004, p. 567). Dentro deste modelo encontram-se os servidores,
chamados de Web-Server, que têm a tarefa de armazenar e distribuir as páginas e
os usuários, enquanto clientes, ou Web-Clients, que acessam os serviços
disponibilizados pelo servidor, utilizando-se de um software específico para esta
finalidade, denominado browser.
A Internet tem se tornado um veículo de grande eficiência para as
pessoas e organizações que oferecerem seus produtos, acedem à comunicação e
informação por meio de e-mail, fóruns, conversações interativas ao vivo entre
outros. É utilizada para:
Comunicar e colaborar – enviar mensagens por correio eletrônico; transferi
documento e dados; participar de conferências eletrônicas.
Acessar informações
– pesquisar documentos, bancos de dados e catálogos de
bibliotecas; ler folhetos, manuais, livros e anúncios eletrônicos.
Participar de discussões
– participar de grupos de discussão interativos; realizar
transmissão de voz.
Fornecer informações
– transferir arquivos de texto, programas de computador,
elementos gráficos, animações, som ou vídeos.
Divertir-se
– participar de videojogos interativos; ver clipes de vídeo de curta
duração; ouvir clipes sonoros e de música; ler revistas e livros ilustrados e até
mesmo animados.
Realizar transações de negócios
– anunciar, vender e comprar bens e serviços
(LAUDON e LAUDON, 2005, p. 18).
Nas organizações, a Internet proporciona uma conectividade global
em uma base flexível para um fluxo de informações contínuo por toda a
organização e entre ela e seus parceiros. Surge como uma ferramenta eficaz na
redução de custos no composto da comunicação, aumentado a velocidade do
processo bem como facilitando o acesso a informação. Tem colaborado, também,
na coordenação das atividades das organizações possibilitando, dentre outros, “o
monitoramento dos empregados e o processamento de grandes quantidades de
dados” (PINHO, 2006, p. 321). Outro aspecto interessante em relação à Internet
é que pesquisadores e trabalhadores de conhecimento estão percebendo-a como
60
uma forma rápida e barata para coletar e disseminar conhecimento (LAUDON e
LAUDON, 2005).
Nas organizações os serviços mais importantes para a comunicação,
segundo Laudon e Laudon (2005), são:
e-mail – Mensagem pessoa a pessoa:compartilhamento de documentos.
Grupos de discussão Usenet – Grupos de discussão em painéis eletrônicos de
notícias.
Listservs – Grupos de discussão e serviço de mensagem que utilizam servidores de
listas de endereços de e-mail.
Bate-papo – Conversações interativas.
Telnet – Fazer log em um sistema de computador e trabalhar em outro.
FTP – Transferir arquivos de um computador para outro.
World Wide Web – Extrair, formatar e apresentar informações (incluindo texto,
áudio, elementos gráficos e vídeo) usando links de hipertexto ( LAUDON e
LAUDON, 2005, p. 291).
O Correio eletrônico (e-mail) foi desenvolvido originalmente para
que os usuários de computadores em rede pudessem trocar mensagens baseadas
em texto. Contudo, sua utilização inicial foi extrapolada, podendo-se anexar
arquivos variados e diversos tipos de mídia (imagens, sons, vídeos etc.). Possui
um poder de multiplicação da comunicação que impressiona: uma mensagem
recebida por um usuário pode ser transmitida para uma terceira pessoa de forma
bastante simples e assim por diante. O processo de troca de mensagens
eletrônicas é rápido e fácil, necessitando apenas de um programa de correio
eletrônico e do endereço eletrônico dos envolvidos.
Por meio de correio eletrônico, também é possível utilizar outros
serviços de rede, tais como listas de discussão, Usenet News e archie. A difusão
de um texto eletrônico via rede é extremamente rápida e eficiente, crescendo com
a constante aceleração da velocidade de transmissão de dados, da ordem de
milhares a milhões de bits por segundo, demonstrando a forte tendência de
ampliação desse tipo de serviço que já se mostra bastante utilizado, trazendo
incontáveis benefícios para as organizações (TURBAN, McLEAN e
WETHERBE, 2004).
Para Pinho (2006), um e-mail pode
informar os mais diversos públicos sobre atualizações no site Web da companhia,
divulgar junto aos prospects o lançamento de um novo produto ou mesmo
61
comunicar aos clientes os melhoramentos realizados em determinado produto. Ele
é também um instrumento eficiente para divulgar notícias importantes para as
audiências internas da organização, bem como pode contribuir para estabelecer e
manter um clima de participação e entendimento entre a empresa e o público
interno (PINHO, 2006, p. 340).
Os Grupos de discussão (Usenet) são comumente usados como meio
de comunicação entre pessoas interessadas em distribuir informação de grupos de
notícias por meio do correio eletrônico. Os grupos de discussão, conhecidos
como listas, podem envolver até milhares de pessoas as quais compartilham
idéias e informações sobre um tópico definido. As listas são implantadas por
meio de programas conhecidos como servidores ou processadores de listas e
qualquer pessoa pode inserir mensagens para que outras possam ler (LAUDON e
LAUDON, 2005).
Os grupos de notícias podem
ser úteis em pesquisas com consumidores ou para que a empresa se mantenha
atualizada sobre novidades na sua área. A Usenet é ainda muito valiosa par
identificar queixas e rumores antes que eles fiquem fora de controle. Participando
dos grupos de notícias as pessoas trocam livremente informações umas com as
outras, muitas vezes usando a Usenet como fórum de reclamações contra empresas,
produtos e serviços. Assim, acompanhando as discussões, a empresa eventualmente
atingida pode promover a sua defesa ou desfazer imediatamente boatos infundados
ou maldosos (PINHO, 2006, p. 344).
O Listserv é um outro tipo de fórum que mantém uma lista de
endereços eletrônicos de todos os usuários que estão inscritos em uma lista de
discussão. Quando um usuário envia uma mensagem para o endereço de uma
lista, o processador automaticamente redistribui essa mensagem a todos os seus
participantes. Ao encontrar um tópico que interesse, o usuário se inscreve e
receberá por e-mail todas as mensagens referentes a esse assunto e assim
sucessivamente (LAUDON e LAUDON, 2005).
Bate-papo (Chat) é um serviço que reúne usuários conectados
simultaneamente no mesmo serviço para troca de mensagens em tempo real.
Como ocorre a necessidade de se conversar em razão de uma urgência, e não se
pode esperar a resposta do correio eletrônico, a exemplo do uso tradicional do
telefone, foram desenvolvidos softwares de comunicação on-line. É um modo de
comunicação interativa que possibilita o diálogo, em tempo real, entre dois
62
usuários da rede, independentemente da localização geográfica destes. É um
recurso utilizado principalmente nas chamadas interurbanas ou internacionais,
devido a seu baixo custo, quando comparado com as ligações telefônicas. No
contexto das organizações,
as salas de bate-papo privadas podem ser muito úteis, por exemplo, para reuniões
ou para promover eventos interativos como uma entrevista com o presidente da
empresa, onde ele pode conversar em tempo real com repórteres de todo mundo,
respondendo perguntas e discutindo questões relevantes ... participar de
conversações e prestar informações sobre assunto às pessoas interessadas (PINHO,
2006, pp. 339, 240).
O Telnet permite que um usuário, por meio da rede, possa trabalhar
como se estivesse diante de um terminal ligado diretamente a um computador de
uma instituição, que pode estar a poucos metros ou a milhares de quilômetros,
sendo que as informações podem aparecer no monitor de outro computador por
meio da Internet. Permite também que o usuário conecte com seu computador de
trabalho a partir de um computador remoto quando estiver em trânsito
(LAUDON e LAUDON, 2005).
O protocolo de transferência de arquivo (FTP) é a abreviação de
File Transfer Protocol (FTP). É uma maneira mais rápida de transferir dados
entre computadores interligados à Internet. Com a devida permissão, o usuário
pode copiar arquivos de um computador à distância para o seu computador ou
transferir um arquivo (textos, planilhas, bancos de dados, videoclipes, animações,
ilustrações e fotos) do seu computador para um computador remoto. Para tanto, o
usuário deve ter permissão de acesso ao computador remoto. O FTP é baseado no
sistema cliente/servidor, no qual o programa cliente envia comandos ao servidor
FTP e o servidor responde ao que se pediu. Por meio do FTP, instituições podem
disponibilizar aos seus beneficiários planilhas que os ajudem a acompanhar custo
de produção, finanças da propriedade entre outros.
A World Wide Web ( Web) está no núcleo da explosão da utilização
da Internet pelas organizações. A Web é um serviço baseado em hipertextos que
permite ao usuário buscar e recuperar informações distribuídas por diversos
computadores da rede. O hipertexto é uma forma de apresentação gráfica de
63
informação que contém palavras com ligações subjacentes com outros textos, o
que torna possível leituras diversas, não-lineares. O usuário pode selecionar uma
das palavras que aparece assinalada e ter acesso a um novo documento, associado
com o termo selecionado. O novo documento por sua vez é um outro hipertexto
com novas palavras assinaladas. Assim, a Web pode se interligar com diversos
outros servidores WWW possibilitando ao usuário a navegação em informações
disponíveis na rede.
O documento recuperado não precisa ser necessariamente um texto;
ele também pode conter outros tipos de informações, tais como hipermídia,
elementos gráficos, imagens e sons. “Pode administrar todos os tipos de
comunicação digital, ao mesmo tempo que facilita a conexão com recursos que
estão do outro lado do mundo” (LAUDON e LAUDON, 2005, p. 293). Além
disso, através de um servidor WWW, é possível não só o acesso a documentos
como também aos demais serviços da rede, como ftp, wais, gopher, telnet, entre
outros. A Web “é uma ferramenta muito influente e de grande utilidade, podendo
melhorar em muito o desempenho da organização e na administração” e no
relacionamento das instituições com seus beneficiários (PINHO, 2006, p. 346).
A Intranet é uma rede privada montada por algumas organizações que
utilizam o software e os protocolos da Internet e as denominam de Intranet. Uma
Intranet deve ter, basicamente, uma rede de computadores com o protocolo
TCP/IP, um servidor Web onde se armazenam as informações para os usuários na
forma de páginas (home pages) e um programa de acesso (browser) a essas
informações. A Intranet, como rede corporativa, apresenta-se como importante
instrumento para as instituições, pois permite o acesso às informações a um baixo
custo, com flexibilidade e agilidade. As potencialidades oriundas do uso da
Intranet são inúmeras, principalmente no que diz respeito à melhoria da
comunicação interna, “pois oferece uma comunicação dialógica e facilmente
compartilhada pelos funcionários” (PINHO, 2006, p. 349).
A “Teleconferência é uma forma de comunicação eletrônica que
permite uma conferência simultânea entre duas ou mais pessoas em locais
diferentes” (TURBAN, McLEAN e WETHERBE, 2004, p. 139). Com a
64
evolução da informática tem ampliado sobremaneira as possibilidades de
comunicação em todos os níveis, como, por exemplo, nas instituições/empresas,
cujas filiais estão distantes da matriz, nas quais o gerente/chefe já pode fazer uma
conferência com os demais colaboradores a ele subordinados, utilizando recursos
de telecomunicação. Uma videoconferência pode ser ponto a ponto, multiponto,
com ou sem compartilhamento de arquivos durante a conferência, com
transmissão via Internet ou por uma rede privada. Assuntos para os quais seriam
necessárias reuniões, demandando tempo e custos com viagens e estada, são
solucionados em breves instantes, por meio do acionamento de botões. Este é um
dos aspectos da evolução na área de telecomunicação, para o qual se prevê um
aperfeiçoamento cada vez maior com a ampliação da velocidade nos canais de
comunicação.
4. 5 Comunicação, Colaboração e Aprendizado em Rede
A necessidade de comunicação é algo que está presente na vida do ser
humano desde os tempos mais remotos. Trocar informações, registrar fatos,
expressar idéias e emoções são fatores que contribuíram para a evolução das
formas de se comunicar. Essa capacidade foi aperfeiçoada no decorrer dos
tempos e se adaptando às necessidades do homem. Este assunto, comunicação,
foi trabalhado na primeira parte deste trabalho e falar sobre o mesmo é algo
extremamente complexo, uma vez que existem várias formas de comunicação. O
objetivo aqui, é apenas discutir sobre o quanto a informação, a troca de
mensagens e o relacionamento humano são importantes para a evolução de novos
conceitos, como por exemplo, o trabalho colaborativo (trabalho em equipe) e o
ensino a distância (e-learning) que promovem uma maior democracia nos
relacionamentos entre as pessoas e a diminuição do espaço físico/temporal.
A Internet tem se tornado um importante dispositivo de suporte das
comunicações interativas. Cada vez mais os usuários da Net executam atividades
65
que até então eram feitas em outros suportes (ligações telefônicas pela Internet,
telefones celulares inteligentes, videoconferência, rádio, TV e outras mídias).
Como suporte à comunicação em uma determinada organização ou grupos de
usuários são utilizadas várias ferramentas que podem ser agrupadas segundo suas
características temporais e locais em: (1) síncronas - que oferecem oportunidade
de atividades comuns acontecendo ao mesmo tempo, ou sincronizadas,
oferecidas por telefones, mensagem instantânea on-line, teleconferência e
reuniões presenciais etc. (2) assíncronas - as que não dependeriam de um dado
referencial de tempo, como e-mail e boletins eletrônicos (TURBAN, McLEAN e
WETHERBE, 2004).
Ainda em relação a essa estrutura tempo local, pode-se dividir as
TIC’s em quatro células onde cada uma contém uma tecnologia representativa.
Mesmo tempo/mesmo local. Nessa configuração, os participantes se encontram
face a face em um mesmo lugar e ao mesmo tempo. Um exemplo é a comunicação
em uma sala de reunião, que pode ser oferecida eletronicamente por sistema de
grupo.
Mesmo tempo/local diferente. Essa configuração refere-se a uma reunião cujos
participantes estão em lugares diferentes, mas se comunicam na mesma hora. Uma
chamada de conferência por telefone, videoconferência por desktop, salas de bate-
papo e mensagens instantâneas são exemplos dessa situação.
Tempo diferente/mesmo local. Essa configuração pose se materializar quando as
pessoas trabalham em turnos. O primeiro turno deixa mensagens eletrônicas ou por
voz para o segundo turno.
Tempo diferente/local diferente. Os participantes estão em locais diferentes, e
enviam e recebem mensagens (por exemplo, via Internet) em tempos diferentes
(TURBAN, McLEAN, e WETHERBE, 2004, pp. 129, 130).
Quando se pensa nas organizações, a necessidade de comunicação
aumenta consideravelmente, pois uma organização tem por característica básica
um grupo de pessoas na busca de objetivos em comum. E, para que os objetivos
comuns sejam alcançados, uma pré-condição é que todas as pessoas envolvidas
estejam sintonizadas com os mesmos objetivos e este tipo de sintonia só pode ser
estabelecido por meio de uma comunicação objetiva, clara e eficiente. Esse nível
de comunicação é muito complexo, pois existem barreiras culturais, sociais,
tecnológicas, geográficas, temporais, dentre outras, que dificultam as pessoas se
comunicarem. Portanto um dos maiores desafios de uma organização, no tocante
à comunicação, é transpor estas barreiras.
66
Outro aspecto a ser obesrvado no âmbito das organizações é o
trabalho em equipe. Essa forma de trabalho integrado passou a ser uma
necessidade nas organizações modernas baseada em uma administração
transparente, onde as tarefas e atividades a serem desenvolvidas pelo grupo
tenham uma gestão centralizada, porém compartilhada. (SILVA e NEVES,
2003). Esse recurso, trabalhar em equipe, vem crescendo em importância nas
organizações que centram na idéia de colaboração para a realização de certas
tarefas. Vários benefícios são atribuídos a essa forma de trabalhar como:
Os grupos entendem melhor os problemas do que um indivíduo.
As pessoas são responsáveis pelas decisões das quais participam.
Os grupos descobrem erros mais facilmente do que um indivíduo isolado.
Um grupo possui mais informação (conhecimento) do que qualquer membro e,
consequentemente, mais alternativas são apresentadas para a resolução de
problemas.
Pode-se produzir sinergia, de modo que a eficiência e/ou a qualidade do trabalho de
grupo seja maior que a soma da produção dos vários indivíduos.
O trabalho em grupo pode estimular os participantes e o processo.
Os membros do grupo têm seu ego embutido nas decisões que tomam, de forma
que estarão comprometidos com a implantação (TURBAN, McLEAN e
WETHERBE, 2004, p. 135).
Turban, Rainer Jr e Potter (2005, p. 133) chamam a atenção para a
colaboração virtual (ou e-collaboration) que é o uso de tecnologias “que
permitem que organizações e indivíduos planejem, projetem, desenvolvam,
gerenciem e consultem de forma colaborativa, produtos, serviços e aplicações
inovadoras”. Segundo esses autores, existem várias vantagens da colaboração
virtual, dentre elas, a redução de custos. Para a realização dessas atividades,
utiliza-se de sistemas colaborativos que são ferramentas de software utilizadas
em redes de computadores para facilitar a execução de trabalhos em grupos.
Essas ferramentas devem ser especializadas o bastante, a fim de
oferecer aos seus usuários formas de interação, facilitando o controle, a
coordenação, a colaboração e a comunicação entre as partes envolvidas que
compõem o grupo, tanto no mesmo local, como em locais geograficamente
diferentes e que as formas de interação aconteçam tanto ao mesmo tempo ou em
tempos diferentes. Percebe-se com isso que o objetivo dos sistemas colaborativos
67
é diminuir as barreiras impostas pelo espaço físico e o tempo (LAUDON e
LAUDON, 2005).
Também há nas organizações modernas um esforço para melhorar o
desempenho humano e educacional. Isso pautado no princípio que todos dentro
da organização tenham acesso ao conhecimento, quando, onde e na forma que
melhor convier, além de ajudar e motivar os detentores de conhecimento a
codificarem parte de seu conhecimento e colaborarem com outros (TERRA e
GORDON, 2002). Para tanto, os sistemas baseados na Web tornam o
conhecimento acessível aos que precisam dele e permitem inúmeras aplicações
relacionadas com descobrimento, comunicação e colaboração.
Duas aplicações importantes são o Ensino a Distância (EAD) ou
Aprendizado a Distância (AD) e o e-learning. A Educação a Distância, baseada
na Web, é suportada por programas aplicativos e por ferramentas de interação
síncronas e assíncronas incorporadas, normalmente, em sistemas de EAD
informatizados, chamados Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVA) que são
orientados para a construção e o gerenciamento de cursos a distância. É uma
forma de ensino onde professores e alunos não se encontram face a face e que
possibilita a auto-aprendizagem, com a mediação de recursos didáticos
sistematicamente organizados.
O e-learning caracteriza-se pelo uso de novas tecnologias multimídias
e da Internet para melhorar a qualidade da aprendizagem mediante o acesso a
recursos e serviços, além das colaborações e intercâmbios à distância. Ele pode
ser feito dentro da sala de aula como um suporte para o ensino convencional e
também em salas virtuais em que todo o curso é feito on-line. Essas ferramentas
podem ser úteis tanto como um ambiente par facilitar o aprendizado nas escolas
quanto como um ambiente eficiente e efetivo para o treinamento nas
organizações (TURBAN, RAINER JR e POTTER 2005).
68
5 PERCURSO METODOLÓGICO
Uma das grandes dificuldades de quem se propõe a uma investigação
com a finalidade de elaborar uma dissertação a ser apresentada publicamente é a
escolha de um tema que cause certo fascínio ao pesquisador. Para Popper (1992,
p. 42), só há um caminho para isso: “encontrar um problema, ver a sua beleza e
apaixonarmo-nos por ele; casarmos-nos com ele, até que a morte nos separe – a
não ser que encontremos outro problema ainda mais fascinante, ou a não ser que
obtenhamos uma solução”.
O tema da pesquisa surgiu com a observação de um professor da
Escola Agrotécnica Federal de Ceres (EAFCeres) a respeito de sua biblioteca. A
Escola situa-se na zona rural e possui uma biblioteca com poucos títulos,
principalmente livros da área técnica. Essa preocupação empírica não pode ser
resolvida com o deslocamento dos interessados até a cidade mais próxima,
porque a mesma, também, não detém bibliotecas que satisfaçam essa
necessidade. Observou-se, então, que alguns alunos passaram a utilizar a Internet
como meio de minimizar as deficiências estruturais das bibliotecas mencionadas,
ou seja, como fonte de pesquisa.
Ademais, a EAFCeres está vinculada à atividade de ensino e realiza
ações de ATER como complemento da formação dos alunos. Na disciplina
Estágio Curricular Supervisionado houve o primeiro contato do pesquisador com
69
o objeto de estudo e, consequentemente, o suscitar do tema abrangendo as
possibilidades e limites da utilização das TIC’s como canais e fluxos de
informações e conhecimento no sistema de extensão rural.
Sendo assim, essa escolha não se fez aleatória, ou distante da
realidade vivenciada pelo pesquisador, mas conforme admite Triviños (1995, p.
93), “a prática cotidiana e as vivências dos problemas no desempenho
profissional diário ajudam, de forma importantíssima, a alcançar a clareza
necessária ao investigador na delimitação e resolução do problema”.
5.1 Opção Metodológica e Trajetória da Pesquisa
O delineamento empírico desta pesquisa seguiu duas etapas. A
primeira se inicia com a investigação descritiva que buscou caracterizar o
Sistema de Extensão Rural do Vale de São Patrício. Foram identificados os
órgãos e empresas que desenvolviam atividades de extensão rural e quais as
cidades que são atendidas. O survey, segunda etapa do desenho desta pesquisa, se
constituiu no procedimento metodológico para a coleta dos dados sobre a
incorporação das TIC’s nas práticas diárias dos agentes no sistema estudado. No
caso específico deste trabalho, teve-se como objetivo adicional, fazer asserções
explicativas sobre os objetivos propostos.
O objeto desta pesquisa foi composto pelas instituições do Sistema de
Extensão Rural do Vale de São Patrício, sendo as unidades de análise
constituídas pelos funcionários desse sistema. Os técnicos/extensionistas e os
gestores das instituições que compõem o sistema foram os elementos sobre os
quais se solicitaram as informações. Fez-se necessário, porém, a definição de
ATER e do que vem a ser esse sistema. A concepção de ATER utilizada nesta
pesquisa foi abrangente e incluiu
“as instituições que realizam trabalhos e/ou atividades junto à população rural,
com o intuito de contribuir para a melhoria da produção agrícola, da
70
comercialização, do manejo recursos naturais, da gestão dos estabelecimentos, da
gestão social do território e do desenvolvimento local, bem como do apoio/
fortalecimento das instituições rurais na negociação de políticas públicas voltadas
para o desenvolvimento rural” (BRASIL, 2003a, p. 13).
Logo, o Sistema de Extensão Rural do Vale de São Patrício é
composto pelos agentes de ensino, pesquisa e extensão - com múltiplas
interações - que realizam trabalhos e/ou atividades de ATER supracitadas. O
Vale, conforme Sebrae-GO (1999), é composto de 27 municípios
13
que ocupam
uma área de 27.529 Km², com uma população de 463.329 habitantes e está
localizada na Mesoregião do Centro Goiano, Microrregião de Ceres, número 6.
Fonte: Adaptado de SEPLAN/SEPI, 2006.
Figura 6 Microrregiões do Estado de Goiás.
13
Os municípios que compõem a Região do Vale de São Patrício são: Barro Alto, Campos Verdes, Carmo
do Rio Verde, Ceres, Crixás, Goianésia, Guarinos, Heitoraí, Hidrolina, Itaguari, Itaguaru, Itapaci,
Itapuranga, Jaraguá, Morro Agudo, Nova América, Nova Glória, Pilar de Goiás, Rialma, Rianápolis,
Rubiataba, Santa Isabel, Santa Terezinha, São Luís do Norte e Uruana
71
Fonte: Adaptado de SEPLAN/SEPI, 2006.
Figura 7 Microrregião de Ceres.
Segundo Brasil (2003), as instituições que realizam trabalhos e/ou
atividades de ATER no Brasil podem ser agrupadas em 11 categorias,
considerando como critérios para agregação a missão institucional e o caráter
público ou privado da prestação de serviço. A Tabela 1 demonstra as categorias
identificas em Goiás.
Tabela 2 – Categorias do Sistema de Extensão Rural de Goiás.
Categoria Descrição
Número de
instituições
identificadas
Governamentais de ATER
Nesta categoria encontram-se as instituições
de ATER pública estadual, com grande
capilaridade, trabalhando prioritariamente
com agricultura familiar.
246
Prefeituras
Secretarias de Agricultura, de
Desenvolvimento Rural etc., freqüentemente
atuando em programas de fomento, mas
desenvolvendo um trabalho importante de
ATER em muitos municípios.
9
ONG’s
Organizações sem fins lucrativos que têm
como ponto comum o trabalho com
desenvolvimento sustentável e solidário. A
ATER pode ser atividade principal ou não.
Abrangência limitada, mas geralmente com
adoção de práticas inovadoras.
7
Continua...
72
Tabela 2 – Cont.
Categoria Descrição
Número de
instituições
identificadas
Representativas
Fazem parte desta categoria instituições como
Sindicatos de trabalhadores Rurais e
Federações, MST e associações locais. A
ATER é uma atividade recente e secundária,
realizada em geral com poucos recursos.
9
Prestadoras de Serviços
A categoria engloba escritórios de
planejamento e cooperativas de técnicos. Têm
como atividade principal a elaboração e
acompanhamento de projetos de crédito,
prestando assistência técnica mediante
remuneração. Atende setores da agricultura
mais capitalizada e patronais, mas as
cooperativas de técnicos têm como público
principal agricultores assentados.
127
Cooperativas de Produção
Atuação forte na área de comercialização e
transformação da produção, mas várias
trabalhando com ATER, nos aspectos
técnicos e gerenciais da produção.
30
Ensino e Pesquisa
Fazem parte desta categoria universidades,
instituições estaduais e federais de pesquisa,
EFAs, CFR e Agrotécnicas. Trabalho com
ATER é secundário, mas geralmente
inovador.
8
Outras públicas
Engloba instituições públicas, de ação
estadual ou regional, tais como Secretarias
Estaduais de Agricultura, Institutos de Terras,
órgãos como Ceplac etc, que realizam ATER
voltada para as questões específicas da sua
área de atuação.
1
Sistema S
Incorpora as instituições Sebrae e Senar, que
trabalham principalmente com capacitação.
4
Fonte: Adaptado de Brasil, 2003, p.10.
De posse dessa categorização, fez-se o levantamento nos 27
municípios que compõem a Região do Vale de São Patrício com o intuito de
identificar quais instituições que potencialmente poderiam realizar atividades de
ATER e, conseqüentemente, compunham o Sistema de Extensão dessa região.
Em decorrência do levantamento constatou-se que algumas categorias não se
faziam presentes nas cidades do Vale e que a categoria Governamentais de
ATER, que em Goiás é representada pela AGENCIARUAL, estava presente em
todas.
73
Tabela 3 – Instituições que realizam ATER encontradas nas cidades do Vale de
São Patrício.
Categorias Instituições Número
Governamentais de ATER – AGENCIARURAL 27
Prefeituras
– Secretaria Municipal de
Agricultura de Goianésia
1
ONG’s
– Núcleo de Desenvolvimento
Comunitário
1
Representativas 0
Prestadoras de Serviços
–Terra Planejamento e Projeto
– Projetagro
2
Cooperativas de Produção
– Cooperaf
– Cooperafi
2
Ensino e Pesquisa
– EAFCeres
– FACER
2
Cooperativas de Crédito 0
Agroindústria 0
Outras públicas 0
Sistema S 0
Total 35
Fonte: Dados da pesquisa.
De cada instituição investigada nos 27 municípios (Tabela 3) foi
solicitado a um técnico extensionista e a um gestor que respondessem o
instrumento de coleta de dados. Como a categoria Governamentais de ATER
(AGENCIARURAL) foi a mais representativa na região, apresentado escritórios
em todas as cidades do Vale e com uma infra-estrutura semelhante, optou-se em
analisar o quesito comunicação organizacional e a apropriação das TIC’s nas
atividades-fins do sistema de extensão apenas nessa categoria.
5.2 Processo de Pesquisa de Campo
Como forma de efetivar o presente trabalho, inicialmente foram feitas
5 visitas e entrevistas às instituições que realizam trabalhos e/ou atividades de
ATER na cidade de Ceres (GO), buscando conhecer a realidade em questão e
suscitar temas importantes para a discussão ora apresentada. Essa entrevista
74
serviu, também, de orientação para a elaboração da técnica de investigação
(Questionários – Apêndices B e C)
Em um segundo momento, o instrumento de pesquisa foi enviado às
instituições identificadas na Tabela 3. O envio e recebimentos dos questionários
deram-se entre a primeira e última semana do mês de novembro de 2006. No
questionário foi anexada uma carta explicando o objetivo e a importância da
pesquisa; a importância da colaboração do informante; o nome da instituição de
ensino à qual a pesquisa estava vinculada (em função da imagem respeitável da
instituição); o compromisso com o anonimato dos sujeitos envolvidos na
pesquisa; a privacidade e a confidencialidade dos dados coletados, bem como a
promessa de envio dos resultados e contribuições da pesquisa.
5.2.1 Elaboração, Validação e Aplicação do Instrumento de Pesquisa
As duas versões do instrumento (“A” para os técnicos extensionistas
com 40 questões e “B” para o gestor da instituição com 39 questões) possuíam
questões comuns e específicas de cada área de atuação. Procurou-se observar um
tempo máximo de 20 minutos para preenchimento o que foi confirmado durante
o pré-teste onde o tempo de preenchimento variou de 13 a 20 minutos. Na
redação das questões, foram considerados alguns aspectos relevantes como:
conter um único pensamento; ser conciso, curto e simples; vocabulário
apropriado aos respondentes; frases completas e não ser ambíguo.
Antes de ser aplicado definitivamente, o instrumento foi submetido a
um pré-teste com o intuito de validar o conteúdo e a apresentação. Os
informantes foram escolhidos por conveniência e disponibilidade e
representavam as seis categorias encontradas na Região estudada. O pré-teste foi
aplicado a 6 informantes, perante o preenchimento do instrumento e posterior
entrevista do mesmo pelo pesquisador. Como algumas categorias apresentaram
um número pequeno de representantes, não foi possível escolher os informantes
75
p
=
respeitando, proporcionalmente, sua formação (4 técnicos agropecuários, 1
auxiliar administrativo e 1 agrônomo) e ainda tomou-se o cuidado de não
escolher a pessoa que contribuiu no pré-teste par responder o questionário
definitivo.
Os questionários continham perguntas que solicitava do informante
que enumerasse as indicações de respostas em ordem crescente de prioridade
(1;2;3;4;5). Como as indicações passaram a ter uma importância ou peso relativo
diferente, houve a necessidade de se fazer a média aritmética ponderada, onde
multiplicou-se o número da freqüência de resposta encontrado nas prioridade (1,
2, 3, 4, 5) pelo peso ou importância relativa (p
1
=5, p
2
=4, p
3
=3, p
4
=2, p
5
=1). A
média aritmética ponderada
p
de um conjunto de números x
1
, x
2
, x
3
,..., x
n
cuja
importância relativa ("peso") é respectivamente p
1
=5, p
2
=4, p
3
=3, p
4
=2, p
5
=1 foi
calculada da seguinte maneira:
O informante foi solicitado a manifestar sua opinião assinalando
alternativas que melhor refletia sua experiência ou convicção. Foram utilizadas
as seguintes possibilidades: Concordo Plenamente (CP), Concordo (C), Indeciso
ou Indiferente (I), Discordo (D), Discordo Plenamente (DP). O objetivo dessa
operacionalização foi a de confrontar as reais utilizações das TIC’s pelos
informantes em suas atividades fins com possíveis contribuições atuais e futuras
dessas tecnologias para o trabalho extensionista e ao sistema de extensão rural
como um todo.
Para cada instituição, foram enviados 2 questionários. Um (modelo –
A) para ser respondido pelo técnico/extensionista e outro (modelo – B) para ser
respondido pelo gestor da instituição. Houve uma taxa de 80%de devolução dos
questionários do modelo A e de 74% do modelo B. Os números dos
questionários enviados e devolvidos estão expressos na Tabela 4.
76
Tabela 4 – Número de instituições identificadas e número de questionários
enviados e devolvidos.
Categoria N. de
Instituições
Questionário
A
Questionário
B
Enviados Devolvidos Retorno
%
Enviados Devolvidos Retorno
%
Agenciarural 27 27 20
74 %
27 18
66,6%
Prefeitura 1 1 1
100%
1 1
100%
ONG’s 1 1 1
100%
1 1
100%
Prestadoras de
Serviços
2 2 2
100%
2 2
100%
Cooperativas
de Produção
2 2 2
100%
2 2
100%
Ensino e
Pesquisa
2 2 2
100%
2 2
100%
Total 35 35 28 35 26
Fonte: Dados da pesquisa.
O tratamento dos dados obtidos por meio do questionário foi realizado
com o auxílio do software SPSS, o que agilizou o trabalho e os questionários que
apresentaram questões não preenchidas foram inclusos sem o preenchimento das
mesmas (BABBIE, 2005).
5.3 Indicadores de Impactos
Diante dos pressupostos que fundamentam esta investigação, tornou-
se importante a identificação de indicadores que norteassem a observação
empírica. Na literatura encontram-se vários modelos dentre os quais o modelo
INfrastrucuture, EXperience, Skills, Knowledge (INEXSK) que procura
identificar indicadores para o acompanhamento do crescimento de uma sociedade
da informação nos países em desenvolvimento. Esse modelo foi desenvolvido
para analisar comparativamente a difusão de TIC’s em diferentes países, a partir
das seguintes variáveis: infra-estrutura, experiência, habilidades e conhecimento
(MANSELL e WEHN, 1998).
Os principais indicadores desenvolvidos focalizam, principalmente, o
aparato associado à produção das TIC’s, privilegiando, dentro desta área, as
atividades, bens e serviços mais visíveis e facilmente mensuráveis. Novos
indicadores vêm sendo progressivamente desenvolvidos incluindo os indicadores
77
sobre uso e difusão das TIC’s pelas demais atividades econômicas, pelo governo
e administração pública, assim como nas áreas de saúde, transporte, educação,
emprego e cidadania (LASTRES, LEGEY e ALBAGLI, 2003).
Sendo assim, fez-se o uso de alguns indicadores: (a) indicadores de
uso - proporcionam informação acerca dos tipos de uso prevalecentes. As
variáveis referem-se à freqüência de uso, conhecimento e uso das ferramentas
disponíveis, a quantidade de recursos econômicos disponíveis para a utilização,
democratização e difusão das informações recebidas e ao tipo de informação que
disponibiliza com a utilização das TIC’s; (b) indicadores de gestão - indicam
como se administram e os fins que guiam o uso da rede. As variáveis principais
são relacionadas à como são incorporadas na prática individual e institucional as
decisões acerca do uso e proibições, a vinculação com os objetivos e fins
organizacionais e pessoais e a percepção e nível de eficiência/eficácia. Estes
indicadores permitem inferências sobre as modificações nas práticas pessoais e
organizacionais, a observação das resistências e limitações ao uso e, que ou quem
impõe esta restrição; (c) indicadores tecnológicos - medem fundamentalmente a
infra-estrutura técnica disponível e como afeta a disponibilidade e acessibilidade
às TIC’s (LASTRES, LEGEY e ALBAGLI, 2003).
78
6 ANÁLISE DOS DADOS
6.1 Caracterização das Agências de ATER
Com o intuito de atingir os objetivos propostos, este capítulo
apresenta a análise dos dados obtidos segundo a metodologia e a fundamentação
teórica apresentadas anteriormente. Inicialmente, optou-se em apresentar as
instituições que compõem o Sistema de Extensão Rural do Vale de São Patrício
com base na pesquisa de campo realizada. Foram encontradas representantes de
apenas 6 categorias no Vale: governamentais de ATER, prefeituras, ONG’s,
prestadoras de serviços, cooperativas de produção e ensino e pesquisa (Tabela 3).
Instituições Governamentais de ATER (AGENCIARURAL)
A AGENCIARURAL é a instituição mais antigas no Vale, originária
das ACARs e EMATERs. É a de maior importância e abrangência de atuação e
possui maior infra-estrutura, volume de recursos e quadro de servidores atuando
com ATER.
79
Tabela 5 – Recursos humanos dos escritórios da AGENCIARURAL do Vale de
São Patrício.
Área de
atuação/formação
Número Sexo
Atuando com o
público-alvo
M F
N. % N. % N. %
Pessoal de apoio
15 27,8 6 11,2 9 16,4
- -
Técnico Agropecuário
13 24,0 13 24,0 - -
13 24,0
Agronomia
10 18,5 10 18,5 - -
10 18,5
Veterinária
47,4 35,6 12,0
4 7,4
Zootecnia
23.7 23,7 --
2 3,7
Sociologia
35,6 -- 35,6
3 5,6
Educação/Pedagogia
35,6 -- 35,6
3 5,6
Outros.
47,4 23,7 23,7
4 7,4
Total/Base 54 100% 36 66,7% 18 33,3% 39 72,2%
Fonte: Dados da pesquisa.
Quanto à faixa etária dos respondentes, a maior incidência se encontra
na faixa etária entre 31 a 40 anos (50%), seguida pela faixa entre 41 e 50 anos
(33,3%) e com mais de 51 anos (16,7%).
A AGENCIARURAL apresenta maior capilaridade e cobertura
geográfica, com uma rede de escritórios que lhe possibilita uma atuação em todas
as cidades do Vale. Possui escritórios locais em todos os municípios do Vale e
um escritório regional na cidade de Ceres (GO). Todos os escritórios apresentam
prédio próprio, carros de passeio, computadores de mesa e ligados à Internet, fax
e DVD/videocassete.
Na AGENCIARURAL, a ATER é a principal atividade realizada.
Trabalha com o apoio e assessoramento aos agricultores familiares e suas
organizações (90%) para a construção e adaptação de tecnologias de produção
ambientalmente sustentáveis e para a otimização do uso e manejo dos recursos
naturais. Atende, também, agricultores patronais (39%) e microempresas rurais
(15%). O atendimento aos assentados (75%) é feito da mesma forma como são
atendidos os agricultores familiares, não constando um planejamento específico
para esses. Mulheres (90%) e jovens (60%) são grupos bem priorizados pela
AGENCIARURAL.
80
15%
30%
60%
75%
90%
90%
0% 20% 40% 60% 80% 100%
Microempresas rurais
Agricultores patronais
Jovens
Assentados
Mulheres
Agricultores familiares
Figura 8 – Beneficiários envolvidos com as atividades da AGENCIARURAL no
Vale de São Patrício.
As principais atividades realizadas pela AGENCIARURAL no Vale
(Tabela 6) encontram-se na área de técnicas e práticas produtivas; elaboração de
projetos; educação rural; manejo e conservação dos recursos naturais (recursos
hídricos, florestas, solos) e apoio institucional a organizações de agricultores.
Não foram indicadas as linhas de crédito e microcrédito; planejamento regional e
gestão territorial; habitação saúde e nutrição e turismo rural.
Tabela 6 – Principais linhas de atuação da AGENCIARURAL.
Prioridade*
Linhas de atuação
Prioridade
1 2 3 4 5
N. % N. % N. % N. % N. %
Elaboração de projetos
3
16,6
9
50,0
3
16,6
3
16,6
-
-
Manejo e conservação dos
recursos naturais (recursos
hídricos, florestas, solos)
-
-
-
-
6
33,4
3
16,6
9
50,0
Técnicas e práticas produtivas
9
50,0
6
33,4
-
-
-
-
-
-
Educação rural
6
33,4
-
-
-
-
6
33,6
-
-
Continua...
81
Tabela 6 – Cont.
Prioridade*
Linhas de atuação
Prioridade
1 2 3 4 5
Apoio institucional a organizações
de agricultores
-
-
3
16,6
-
-
3
16,6
3
16,6
Comercialização/ certificação
-
-
-
-
-
-
-
-
6
33,4
Transformação de produção
(agroindústria, artesanato)
-
-
-
-
6
33,4
-
-
-
-
Gestão de estabelecimento
(planejamento, administração)
-
-
-
-
3
16,6
-
-
-
-
Acompanhamento,
monitoramento e proposição de
políticas públicas
-
-
-
-
-
-
3
16,6
-
-
Total/Base
18
100%
18
100%
18
100%
18
100%
18
100%
Fonte: Dados da pesquisa.
* As indicações das linhas de atuação foram enumeradas, pelos respondentes, em ordem
crescente de prioridade (1,2,3,4,5).
As indicações das principais linhas de atuação possuem importância
ou peso relativo diferente. Com a ponderação, a atividade técnicas e práticas
produtivas teve a maior média entre as linhas de atuação da AGENCIARURAL.
Acredita-se que essa ocorrência esteja relacionada, em parte, ao fato de ser a área
que a maioria do corpo técnico recebe formação acadêmica e, também,
corresponder à visão mais tradicional da extensão rural (COELHO, 2005).
A indicação da atividade elaboração de projetos, com a 2.ª maior
média ponderada, está relacionada à criação do Programa Nacional de
Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) que é um programa de apoio ao
desenvolvimento rural, a partir do fortalecimento da agricultura familiar como
segmento gerador de postos de trabalho e renda. A ATER pública tem sido
mobilizada para viabilizar a elaboração de projetos de crédito, criando uma
grande demanda para as instituições.
82
0,4
0,4
0,6
1,2
1,4
2,2
2,8
4,4
4,6
05
Comercialização/ certificação
Acomp., monit. e
Gestão de estabelecimento
Transformação de produção
Apoio institucional
Manejo e cons. recursos
Educação rural
Elaboração de projetos
Técnicas e práticas produtivas
Fonte: Dados da pesquisa.
Figura 9 – Ponderação de ocorrência das principais linhas de atuação da
AGENCIARURAL.
Para a AGENCIARURAL, a ATER é vista como um processo
educativo. Essa linha de atuação aparece inter-relacionada com outras práticas e
deveria ser mais do que algo isolado em termos de difusão de tecnologia. A
educação rural é voltada preferencialmente para público de assentados e
agricultores familiares. Com a implantação da PNATER, o campo da gestão dos
recursos naturais ligados à atividade agrícola passou a ter grande importância
(BRASIL, 2004) e a AGENCIARURAL tem dado ênfase à agroecologia e ao
manejo dos recursos naturais.
No tocante aos métodos utilizados pela AGENCIARURAL, dois
aspectos orientaram a análise nesta pesquisa: o enfoque tecnológico e o grau de
participação dos beneficiários. De maneira genérica e simplista, tentou-se
distinguir metodologias alinhadas a modelos difusionistas em oposição aos
enfoques participativos (CAPORAL e COSTABEBER, 2004).
Ficou evidenciada a preocupação da AGENCIARURAL em trabalhar
com desenvolvimento rural associado às linhas: elaboração de projetos e técnicas
e práticas produtivas. Essa ação prioritária demonstra conseqüências sobre
métodos e o enfoque tecnológico preconizados, inspirados na abordagem de
transferência de tecnologia (difusionismo). Ainda, ao serem indagados sobre
como a instituição escolhia as prioridades de ATER, a totalidade dos informantes
83
16,6%
0%
100%
50%
0% 25% 50% 75% 100%
Resposta a solicitações institucionais
Resposta a editais públicos
Demanda de agricultores e/ou suas
organizações
Elaboração de diagnósticos
afirmou que era por meio de demanda de agricultores e/ou suas organizações e
50% mencionaram que era pela elaboração de diagnóstico.
Fonte: Dados da pesquisa. Admite respostas múltiplas.
Figura 10 – Métodos de escolha das prioridades de ATER utilizados pela
AGENCIARURAL .
Por outro lado, ficou evidente o interesse da AGENCIARURAL em
incorporar a participação dos agricultores nos processos de compreensão da
realidade e avaliação dos resultados, uma vez que em sua totalidade, os
entrevistados afirmaram que os beneficiários desempenham alguma atividade de
difusão e/ou geração de tecnologia/conhecimento apoiado pela instituição.
Também afirmaram que o público-alvo participa dos processos de tomada de
decisão no tocante a linhas e prioridades de atuação e essa participação se dá por
meio de reuniões sistemáticas com as comunidades.
Os mecanismos de diagnóstico, planejamento e monitoramento se
encontram relativamente bem difundidos na AGENCIARURAL. Assim como a
linha de atuação: manejo e conservação dos recursos naturais. Essas práticas
estariam pautadas em um enfoque agroecológico, no qual a preservação do meio
ambiente, o conhecimento e a participação dos agricultores ocupariam um lugar
de grande importância (ALTIERI, 2001).
84
83%
100%
72%
0%
25%
50%
75%
100%
Diagnóstico Planejamento Avaliação
Fonte: Dados da pesquisa. Admite respostas múltiplas.
Figura 11 – Utilização de mecanismo de diagnóstico, planejamento e avaliação
pela AGENCIARURAL.
Ao analisar os métodos adotados pela AGENCIARURAL, faz-se
necessário considerar a distância que pode existir entre o discurso e a prática. A
internalização de conceitos que orientam práticas metodológicas pode acontecer
de maneiras distintas nos diferentes níveis hierárquicos das organizações. É
complexa a questão, mas os indicativos supracitados sugerem que, no tocante aos
métodos utilizados pela AGENCIARURAL para a realização das atividades de
ATER no Vale, há a adoção de uma abordagem mista (difusionismo;
agroecologia).
Tabela 7 – Entraves para uma melhor atuação da AGENCIARURAL.
Tipos de entraves N.
%
Tecnológicos (carência de pesquisa/conhecimento/alternativas)
13 34,2%
Institucionais (problemas internos da instituição, dificuldade de
trabalho em parcerias)
14 36,8%
Políticas públicas específicas para o setor (preços, crédito,
armazenamento)
25 65,7%
Políticas públicas em geral (educação, saúde, estrada, eletrificação)
8 21%
Volume de recursos financeiros (equipe ou infra-estrutura insuficiente)
33 86,8%
Continuidade dos recursos financeiros (financiamentos incertos e de
curto prazo)
14 36,8%
Fonte: Dados da pesquisa. Admite respostas múltiplas.
85
A AGENCIARURAL está presente em todos os municípios do Vale e
esses possuem uma economia predominantemente rural. Esta presença, aliada ao
peso institucional dessa organização, tem contribuído de forma relevante para o
desenvolvimento do meio rural da Região. No entanto os entraves mais
significativos levantados nessa instituição foram os volumes de recursos
financeiros (equipe ou infra-estrutura insuficiente) (86,8%); seguido pelas
políticas públicas específicas para o setor (preços, crédito, armazenamento)
(65,7%). Confirma a primeira opção o fato do quadro técnico da
AGENCIARURAL ter sido pouco renovado nos últimos anos, onde 89,4% dos
entrevistados relataram que trabalham há mais de 10 anos na instituição.
Prefeituras
Das 27 prefeituras do Vale, somente 1 foi identificada com uma
secretaria destinada exclusivamente à agricultura (Prefeitura Municipal de
Goianésia). Essa possuía equipe de técnicos próprios e desenvolvia trabalho de
ATER independente do governo do Estado (apoio às associações de produtores
rurais; apoio às feiras livres; implantação de viveiro de mudas; desenvolvimento
de ações territoriais e apoio à agricultura familiar). As demais atuam em
convênio com a AGENCIARURAL. Suas atividades são caracterizadas “pelo
apoio aos agricultores familiares e/ou suas organizações, especialmente a partir
de conservação de estradas, serviços de patrulha mecanizada, promoção de feiras,
transporte de insumos ou produção, manutenção de viveiros municipais, entre
outros” (BRASIL, 2003a, p.14).
Um dado que chama a atenção é a citação, por parte de todos os
servidores entrevistados da AGENCIARURAL, de parcerias com as prefeituras.
Geralmente essas parcerias visam à prestação de serviços e envolvem certos
acordos (as prefeituras cedem, principalmente, funcionários administrativos).
ONG’s
Conforme mencionado, somente uma Organização Não
Governamental (ONG) foi identificada no Vale (Núcleo de Desenvolvimento
86
Comunitário). Essa foi criada recentemente em função de problemáticas
regionais (questões sociais ligadas à luta pela terra e ambientais ligadas à
conservação de nascentes). A ATER surgiu como desdobramento desse trabalho
e não é sua principal atividade. Desenvolve projetos sociais na área de geração de
renda e capacitação profissional de jovens e adultos. Os beneficiários envolvidos
em suas ações são “as comunidades rurais (assentados), acampamentos rurais,
sem-terra e agricultores familiares” (Relato da entrevista).
Prestadoras de serviços
Foram identificadas 2 Prestadoras de serviço na Região (Terra
Planejamento e Projeto; Projetagro). Atuam prioritariamente na elaboração e
acompanhamento de projetos de crédito. Essas Instituições – geralmente
denominadas de Empresas de Planejamento e Consultoria Técnica – têm como
principal fonte de recursos a porcentagem do crédito destinada ao pagamento de
assistência técnica. Como em geral prestam assistência individual, necessitam de
valores de projetos elevados para tornar seu trabalho viável, o que faz com que
atendam um público de faixa de renda maior. Apresentam grande instabilidade e
flexibilidade institucional, se expandindo ou “encolhendo” conforme a dinâmica
do crédito e possui importância reduzida quando analisada do ponto de vista da
agricultura familiar, já que os serviços em geral são vinculados ao crédito e
pouco acessíveis aos agricultores familiares. Não se reconhecem como
praticantes de ATER (Dados da pesquisa).
Cooperativas de produção
Para as Cooperativas de produção identificadas (Cooperaf; Cooperafi),
a ATER está subordinada à sua atividade principal que é a de baratear custos de
produção e a de conseguir melhores condições de venda. Oferecem serviços que
incluem o fornecimento de insumos, assistência técnica e comercialização dos
produtos. O público-alvo de suas atividades depende muito do interesse de
87
criação de cada cooperativa. Das 2 identificadas, uma trabalhava exclusivamente
com a agricultura familiar e tinha como missão “unir os agricultores para
baratear custos de produção e armazenamento e conseguir melhores condições de
comercialização dos produtos” (Relato de entrevista). A outra, exclusivamente,
comercializava a produção de uma instituição técnica de ensino.
A primeira possuía prédio próprio, carro de passeio, computadores
ligados à Internet, fax e projetor de multimídia. Apresentava um quadro de
servidores composto por 4 funcionários de apoio, 2 técnicos em agropecuária e 1
agrônomo. Destaca-se também uma grande preocupação em desenvolver práticas
pautadas em um enfoque agroecológico. A que comercializava a produção de
uma instituição de ensino utilizava da infra-estrutura da instituição e não estava
atuando em conseqüência de problemas legais.
Ensino e pesquisa
As instituições vinculadas às atividades de ensino e pesquisa que
realizam ações de ATER no Vale, são representadas por uma universidade
privada (FACER) e uma escola agrotécnica (EAFCeres). Na escola, a ATER é
um complemento da formação dos alunos, sendo eles próprios os agentes de
ATER a custos baixos e atingindo tanto o público jovem quanto o agricultor
familiar. Parecem apresentar um grande potencial, uma vez que se estabelecem
próximas aos agricultores e podem incentivar o trabalho dos alunos em suas
localidades de origem, direcionando os estudos para o atendimento de demandas
locais. A universidade realiza ações de ATER por meio de extensão universitária
e projetos de pesquisa que vão desde programas/projetos mais permanentes e
contínuos até pequenos cursos de extensão rural.
88
6.2 Comunicação Organizacional nos escritórios da AGENCIARURAL do
Vale de São Patrício
A categoria Governamentais de ATER é a mais representativa e a
única que apresenta escritórios em todas as cidades do Vale e com uma infra-
estrutura semelhante. Sendo assim, optou-se por analisar o quesito comunicação
organizacional apenas nessa categoria.
Outro aspecto que precisa ser mencionado é o fato que não consta
como objetivo desta pesquisa analisar minuciosamente o composto da
comunicação organizacional do Sistema de Extensão Rural do Vale de São
Patrício, mas tão somente verificar a percepção, dos técnicos/extensionistas e dos
gestores das instituições estudadas, sobre a comunicação organizacional aberta
(interna e externa) e a utilização das TIC’s nesse processo.
Tabela 8 – Apreciação dos técnicos extensionistas sobre os canais e fluxos da
comunicação interna da AGENCIARURAL.
Canais e
fluxos
Apreciação
Canais de
comunicação
adequados
Comunicação
vertical
apropriada
Comunicação
interna
eficiente
Comunicação
horizontal
adequada
Capacitado a
dar
informações
da instituição
N. % N. % N. % N. % N. %
Não - - - - - - - - - -
Pouco - - 2 10% - - - - - -
Regular 2 10% 8 40% 16 80% 10 50% - -
Muito 14 70% 6 30% - - 6 30% 18 90%
Totalmente 4 20% 4 20% 4 20% 4 20% 2 10%
Total/Base 20 100% 20 100% 20 100% 20 100% 20 100%
Fonte: Dados da pesquisa.
A comunicação interna – constituída pelos processos comunicativos
realizados no interior das organizações – pode ser utilizada para aumentar a
eficiência das operações da AGENCIARURAL, promovendo uma maior
integração dentro da organização mediante diálogo, à troca de informação e
89
experiências e à participação de todos os níveis. Essa afirmação se baseia no fato
de 80% dos informantes atribuírem um conceito “Regular” a esse processo.
No que se refere à comunicação horizontal, a percepção é que o seu
desempenho, também, não é tão positivo, uma vez que 50% dos informantes lhe
atribuem um conceito “Regular”, demonstrando que ela não atinge todos os seus
propósitos como o de coordenar as tarefas entre os diversos setores e unidades de
uma organização; solucionar problemas vivenciados no dia-a-dia; trocar
informações necessárias para o adequado desempenho das atividades e
solucionar possíveis conflitos.
Percebe-se que a comunicação entre os pares, na AGENCIARURAL,
poderia ser mais eficiente, sinalizando aspectos negativos. Para Pinho (2006),
diversos fatores podem limitar a eficácia da comunicação horizontal como a
rivalidade que impede a disseminação de determinados dados e informações; a
crescente especialização que cria dificuldades para o entendimento e a
comunicação entre os diversos grupos profissionais e a falta de motivação que
pode ter sua raiz na falta de encorajamento por parte da administração.
Acredita-se em que esses fatores supracitados podem contribuir para a
ineficácia da comunicação horizontal na AGENCIARURAL, principalmente a
falta de incentivo por parte da administração, uma vez que, durante as
entrevistas, nenhuma ação administrativa formal foi identificada para reverter
esse quadro. Destaca-se, porém, que a pesquisa não está apta a confirmar essa
suposição.
A comunicação vertical – entre pessoas de diferentes níveis
hierárquicos – apresentou 10% dos informantes relatando que ela acontece
pouco; 40% que acontecem de forma regular; 30% de forma muito freqüente e
20% de forma exemplar. Vale ressaltar que em entrevista foram observadas duas
formas de interpretação desse tópico.
Existe uma interpretação da comunicação vertical dentro de um
escritório local, o que foi representado pelos números acima. A outra
interpretação diz respeito à comunicação vertical dentro do escritório regional
que engloba os 22 escritórios municipais. Nas 5 visitas e entrevista realizadas
90
como orientação para a elaboração do questionário, conversou-se, também, sobre
os processos comunicativos da instituição e os entrevistados relataram que está
assegurada a comunicação vertical dentro da organização, mas o fluxo
descendente – dos níveis mais altos para os mais baixos – não acontece de forma
satisfatória. Esse problema pode estar relacionado com a “quantidade de espaço
organizacional a ser coberto pela informação” (PINHO, 2006, p. 109).
Tabela 9 – Canais ou meios de comunicação encontrados no fluxo descendente.
Prioridade*
Canal/Instrumento
Indicações
1 2 3 4 5
N. % N. % N. % N. % N. %
Telefone
9
23,7
15
39,3
4
10,5
-
-
2
5,3
Memorandos
12
31,5
4
10,5
-
-
10
26,3
-
-
Intranet
5
13,2
7
18,5
2
5,3
2
5,3
10
26,3
E-mail
5
13,2
2
5,3
12
31,5
7
18,3
-
-
Fax
-
-
2
5,3
8
21
10
26,3
2
5,3
Circulares
-
-
-
-
3
7,9
2
5,3
14
36,8
Reunião em grupo
4
10,5
2
5,3
5
13,2
2
5,3
4
10,5
Conversas individuais
3
7,9
4
10,5
2
5,3
-
-
4
10,5
Quadro de aviso/Mural
-
-
-
-
-
-
5
13,2
2
5,3
Treinamentos
-
-
2
5,3
2
5,3
-
-
-
-
Total/Base
38
100%
38
100%
38
100%
38
100%
38
100%
Fonte: Dados da pesquisa.
* As indicações dos canais ou meios de comunicação foram enumeradas, pelos respondentes,
em ordem crescente de prioridade (1,2,3,4,5).
São freqüentes os casos de organizações que priorizam os canais
virtuais como fonte de informações para os funcionários. Essa é uma tendência
que apresenta vantagens inquestionáveis como a agilidade na atualização das
notícias, a redução dos custos de produção/distribuição e a maior interatividade,
que fomenta um fluxo de informações mais intenso. No entanto, os estudos que
indicam a preferência dos funcionários à comunicação face a face e sua maior
eficiência não podem ser negligenciados. (KUNSCH, 2003; PINHO, 2006).
91
0,8
0,9
1,8
2,7
3,4
3,6
4,9
5,5
6,4
7,9
0510
Quadro de aviso/Mural
Treinamentos
Circulares
Conversas individuais
Reunião em grupo
Fax
Intranet
E-mail
Memorandos
Telefone
Verifica-se que os canais ou meios de comunicação (Tabela 9) que
viabilizam a comunicação face a face (reunião em grupo e conversas individuais)
não figuram entre as primeiras indicações. Esse quadro contribui para a
ineficiência da comunicação interna, uma vez que para a comunicação interna
atender de maneira eficaz todas as necessidades dos funcionários, é preciso
integrá-la à comunicação face a face (NASSAR, 2003).
Fonte: Dados da pesquisa.
Figura 12 – Ponderação dos canais ou meios de comunicação encontrados no
fluxo descendente.
Dos canais ou instrumentos de comunicação, o telefone, o
memorando, o e-mail, a Intranet, e o fax – nessa ordem – foram indicados como
sendo os mais importantes e utilizados pela administração das Governamentais
para a comunicação do chefe com o subordinado. Alguns canais não tiveram
nenhuma indicação (boletins, cartas, jornal interno, manuais e videoconferência).
O canal Intranet não tinha sido relacionado no questionário, mas foi facultado ao
informante apontar outros canais que o mesmo visualizava como importante. Daí
seu aparecimento nas Tabelas 9 e 10.
Os canais diferem em relação à capacidade de transmitir informações
e na sua escolha deve-se considerar a suscetibilidade a ruídos e interferência bem
como a sua capacidade de transportar informações (ROBBINS, 2002). O telefone
é um canal de comunicação que tem uma alta pontuação em riqueza do canal
uma vez que permite, além da oralidade, o enriquecimento da comunicação com
92
a entonação de voz e o feedback imediato. Foi indicado por 78,8% dos
informantes como sendo o mais utilizado no fluxo descendente. Possui a
desvantagem de onerar o processo comunicacional.
A significativa indicação do memorando (68,3%) se justifica, em
parte, no fato da comunicação descendente traduzir a filosofia, as normas e
diretrizes da instituição e caracterizar-se, sobretudo, como comunicação
administrativa oficial (KUNSCH, 2003).
Tabela 10 – Canais ou meios de comunicação encontrados no fluxo ascendente.
Prioridade*
Canal/Instrumento
Indicações
1 2 3 4 5
N. % N. % N. % N. % N. %
Telefone
8
21,1
20
52,5
-
-
3
7,9
-
-
Memorandos
8
21,1
2
5,3
-
-
2
5,3
8
21,1
Intranet
-
-
3
7,9
17
44,7
7
18,4
15
39,5
E-mail
5
13,2
2
5,3
15
39,5
4
10,5
-
-
Fax
-
-
5
13,2
-
-
20
52,6
-
-
Reunião em grupo
4
10,5
2
5,3
2
5,3
2
5,3
9
23,6
Conversas individuais
13
34,1
4
10,5
4
10,5
-
-
4
10,5
Quadro de aviso/Mural
-
-
-
-
-
-
-
-
2
5,3
Total/Base
38
100%
38
100%
38
100%
38
100%
38
100%
Fonte: Dados da pesquisa.
* As indicações dos canais ou meios de comunicação foram enumeradas, pelos respondentes,
em ordem crescente de prioridade (1,2,3,4,5).
No fluxo vertical ascendente – processo em que as pessoas situadas na
posição inferior da estrutura organizacional enviam à cúpula suas informações –
não houve alterações significativas em relação aos canais ou meios de
comunicação utilizados. A novidade é a indicação, em 2.º lugar, de canais ou
meios de comunicação mais ricos como conversas individuais. Alguns canais não
93
0,1
3,1
4,0
4,0
5,7
6,1
6,5
8,4
035810
Quadro de aviso/Mural
Reunião em grupo
Memorandos
Fax
E-mail
Intranet
Conversas individuais
Telefone
tiveram nenhuma indicação (cartas, treinamentos, circulares, quadro de
aviso/mural, boletins, jornal interno, manuais e videoconferência).
Fonte: Dados da pesquisa.
Figura 13 – Ponderação dos canais ou meios de comunicação encontrados no
fluxo ascendente.
É consenso que nada substitui um contato face a face, onde as
exigências e as influências de ambas as partes podem ser expostas e discutidas de
forma mais clara. Essa afirmação sugere que as videoconferências, por exemplo,
fossem ter espaço garantido no cotidiano das organizações para realizar diversas
atividades com seus pares. No entanto, nenhuma organização afirmou já ter feito
uso desta tecnologia, o que se explica graças às dificuldades enfrentadas
sobretudo no tocante à velocidade de transmissão de dados por meios
convencionais de acesso à rede utilizados pelas Governamentais pesquisadas,
alto custo do equipamento e falta de capacitação técnica.
É importante destacar que tanto no fluxo ascendente como no
descendente, o e-mail e a Intranet estiveram presentes como um dos cinco canais
mais utilizados na comunicação interna das Governamentais. Essa opção ao e-
mail e a Intranet se justifica na diminuição de trâmite de papéis; na facilidade de
disponibilização e acesso à informação; na melhoria da comunicação interna; na
bidirecionalidade; no aumento da produtividade devido à integração dos diversos
94
83,3%
33,3%
16,7%
16,7%
0%
0%
50%
0% 30% 60% 90%
Feiras e exposições
Assessoria de imprensa
Propaganda institucional
Marketing
Editoração multimídia
Jornalismo empresarial
Relações públicas
setores de uma instituição e na possibilidade de realização de programas de
treinamento. (TURBAN, McLEAN e WETHERBE, 2004).
Fonte: Dados da pesquisa. Admite respostas múltiplas.
Figura 14 – Principais ferramentas e instrumentos presentes na comunicação
externa da AGENCIARURAL.
A comunicação organizacional engloba algumas modalidades
(comunicação institucional, mercadológica, interna e administrativa) e suas
ferramentas e instrumentos (KUNSCH, 2003). Nota-se que os servidores das
Governamentais demonstraram uma baixa percepção desses, na comunicação
organizacional. Apenas 5 ferramentas/instrumentos foram identificados, dentre
os quais se destaca “feiras e exposições” com 83,3% de aquiescência. Houve,
ainda, citações de instrumentos como: relações públicas, assessoria de imprensa,
propaganda institucional e marketing.
Porém, as indicações não evidenciam a utilização das ferramentas e
instrumentos da comunicação organizacional com o intuito de proporcionar um
relacionamento com todo o público da organização por meio de estratégias que
permitam a utilização da linguagem correta, do canal mais adequado e do
momento ideal, culminando em uma comunicação dirigida eficiente.
Uma alternativa seria a utilização da rede (Internet e Intranet) como
ferramentas de divulgação de informações, compartilhamento de recursos e
95
habilidades, integração, agilização de processos e de redução de custos
operacionais. A AGENCIARURAL já possui essa rede, e os servidores até
percebem o seu valor, mas ela (a rede) ainda contribui pouco na eficiência do
composto da comunicação organizacional.
6.3 As TIC’s nas Governamentais de ATER do Vale (AGENCIARURAL)
As TIC’s assumem, de forma crescente, um papel fundamental no seio
das organizações empresariais permitindo, a sua utilização adequada, racionalizar
custos, otimizar processos de “fabricação e distribuição de bens, de
armazenamento e gerenciamento de dados, e de comunicação entre os mais
diversos públicos” (PINHO, 2006, p. 313) levando as organizações a atingirem
níveis de desempenho mais elevados.
Para verificar como a AGENCIARURAL tem usufruído das TIC’s em
suas práticas diárias, várias perguntas foram feitas aos técnicos extensionistas e
aos gestores dos escritórios locais. De uma lista de aparelhos eletrônicos
(telefone, fax, filmadora, celular, projetor de multimídia, computador de mesa,
computador portátil, máquina fotográfica digital, celular com câmera, MP3
players e DVD/Videocassete), foi solicitado que indicassem qual já havia sido
utilizado por eles no local de trabalho. Os aparelhos: telefone, fax, computador
de mesa e DVD/Videocassete tiveram 100% respostas positivas.
A totalidade dos informantes utiliza o computador de mesa no local de
trabalho para a realização de suas atividades diárias, sendo que 90% dos
entrevistados o utilizam todos os dias. Relataram ainda que os computadores
estão conectados à Internet e 80% a utilizam todos os dias. 70% fazem uso
também em casa, sendo que 50% desses possuem acesso à Internet. A tecnologia
de banda larga por meio do formato Asymmetric Digital Subscriber Line (ADSL)
é a utilizada por 92,5% escritórios pesquisados. O ADSL ou simplesmente DSL é
uma família de tecnologias que fornecem um meio de transmissão digital de
dados aproveitando a própria rede telefônica que chega às residências. Para
96
100%
40%
10%
10%
10%
30%
90%
100%
70%
30%
0% 25% 50% 75% 100%
Digitar documentos
Acessar notícias
Participar de cursos
Entretenimento
Comunicar com os parceiros
Página na Internet
E-mail
Intranet
Obter informões técnicas
Confeccionar material
Santos (2005) a massificação da banda larga é essencial para o desenvolvimento
econômico do país porque é o sistema nervoso da nova economia globalizada.
Fonte: Dados da pesquisa. Admite respostas múltiplas.
Figura 15 – Principais utilizações do computador pelos técnicos extensionistas da
AGENCIARURAL.
Os resultados apontados por esta pesquisa sugerem que as principais
atividades realizadas, com o auxílio do computador, na AGENCIARURAL,
estão em nível operacional, relacionadas a práticas administrativas como digitar
documentos e a Intranet (100%). Em seguida está a utilização da comunicação
eletrônica via e-mail (90%) e o emprego do computador na obtenção de
informações técnicas (70%).
No tocante ao e-mail, é notável sua popularização apoiada na rapidez
da troca de mensagens e, geralmente, a um custo inferior ao equivalente postal ou
na utilização do telefone. Esse serviço viabiliza a colaboração e intercâmbios à
distância e havia uma expectativa de uma maior utilização dessa ferramenta com
o intuito de promover uma comunicação interativa, mas na AGENCIARURAL,
apenas 10% dos entrevistados citaram que a utilizam para comunicar com os
parceiros.
As principais informações e serviços acessados pelos informantes na
Internet estão relacionados à obtenção de informações de autoridades e órgãos
97
públicos (80%); realização de atividades de ATER (80%) e acesso a informações
sobre bens e serviços (50%). A alta indicação do item “realização atividades de
ATER – 80%” esta relacionada à utilização do computador de mesa e da Intranet
para a elaboração de projetos de crédito fomentados pelo Pronaf.
Fora do local de trabalho, outras atividades são realizadas pelo
informante na Internet como: participar de chats (30%); participar de lista de
discussão (30%); enviar mensagens instantâneas (50%); usar telefone via
Internet/videoconferência (20%) e criar ou atualizar blogs (10%). Contudo, o
correio eletrônico continua sendo uma das principais aplicações de uso da
Internet pelos informantes (100%).
O acesso a um leque maior de informação e comunicação leva a uma
maior produção de serviços e produtos, identificados sobretudo sobre a forma de
eventos (cursos, seminários) que por meio da rede são divulgados entre as
organizações, principalmente via grupos de discussão e fóruns. Na
AGENCIARURAL, esses são de caráter quase sempre presencial, o que efetiva a
visão reduzida das potencialidades das TIC’s ao setor. A utilização dessa mídia
poderia ser mais bem trabalhada no sentido inclusive da realização de muitos
desses eventos por meio da própria rede.
Ainda que se esteja numa escalada crescente de tecnologias
disponíveis e avanços, as organizações apropriam-se gradativamente das
tecnologias disponíveis, limitadas por questões financeiras e técnicas, mesmo que
não exclusivamente. As TIC’s, embora com todo seu potencial, apresentam um
início relativamente lento nas Governamentais, devido entre outros, a obstáculos
relacionados, principalmente, à administração da informação, tanto recebida
quanto oferecida.
98
10%
0%
10%
0%
10%
60%
0%
70%
90%
100%
10%
10%
30%
50%
100%
20%
100%
10%
10%
10%
70%
90%
100%
0%
0% 25% 50% 75% 100%
Manuais
Quadro de aviso/Mural
Memorandos
Cartas
Fax
E-mail
Boletins informativos
Telefone
Treinamentos
Reuniões em grupo
Conversas face a face
Visitas a campo
Maior interesse Utilizados
Tabela 11 – Principais serviços de ATER realizados pelos extensionistas da
AGENCIARURAL.
Serviços de ATER
Total Porcentagem
Assistência técnica/crédito rural
16 80%
Cursos de profissionalização
12 60%
Trabalhos de organização rural
12 60%
Orientação dos produtores para sustent. do meio ambiente
10 50%
Desenvolvimento animal e vegetal
8 40%
Difusão de tecnologia
7 35%
Apoio a assentamentos rurais
6 30%
Ações de estímulo ao agronegócio
6 30%
Ações de incentivo à implantação de agroindústrias
4 20%
Produção de sementes e mudas para a pequena produção
4 20%
Programa Nacional de Crédito Fundiário
4 20%
Desenvolvimento social
2 10%
Pesquisa agropecuária
2 10%
Fonte: Dados da pesquisa. Admite respostas múltiplas.
Para a realização dos serviços de ATER, há uma maior utilização de
canais ou instrumentos de comunicação informais consagrados em muitos anos
de atuação da extensão rural. Os mais utilizados nos serviços de ATER foram a
visita a campo (100%), a conversa face a face (100%), a reunião em grupo (90%)
e treinamento (70%). Esses mesmos canais foram, também, os que mais
despertaram interesse por parte dos beneficiários.
Fonte: Dados da pesquisa. Admite respostas múltiplas.
Figura 16 – Principais canais/meios de comunicação utilizados para realizar os
serviços de ATER e os que despertam maior interesse por parte dos beneficiários.
99
Os canais/meios de comunicação que utilizam as TIC’s como suporte
praticamente não são empregados na realização dos serviços de ATER. Essa não
utilização, em parte, está relacionada ao fato de ser grande a proporção de
informantes (70%) que obtiveram as habilidades necessárias para lidar com os
computadores “por conta própria, aprendendo usando”. Em relação à Internet, o
percentual ainda é maior (80%).
Porém, não se pode desconsiderar que, para os informantes, as
contribuições atuais e futuras das TIC’s no trabalho extensionista são
promissoras, uma vez que, em sua totalidade, os respondentes acreditam nessas
tecnologias como ferramentas didático/pedagógicas facilitadoras do trabalho
extensionista e vêem a Internet como uma boa ferramenta para tirar dúvidas e
desenvolver debates sobre assuntos técnicos ligados ao serviço de ATER.
Para todos os entrevistados as TIC’s surgem, também, como
ferramentas para a Extensão Rural no desenvolvimento de ações em tempo real –
pela Internet – e com maior número de participantes em forma simultânea,
contribuindo para a criação de redes colaborativas mais horizontais, com a
possibilidade de produzir intercâmbios entre vários participantes e ainda
incrementando os potenciais dos membros dessas redes.
Tabela 12 – Principais meios utilizados pelos extensionistas para a obtenção de
informações técnicas.
Prioridade*
Canal/Instrumento
Indicações
1 2 3 4 5
N. % N. % N. % N. % N. %
Internet e mídia eletrônica
12
60,0
6
30,0
2
10,0
-
-
-
-
Assessoria técnica
4
20,0
2
10,0
4
20,0
2
10,0
6
30,0
Experiência dos agricultores
(conhecimento local)
-
-
2
10,0
-
-
14
70,0
-
-
Livros e outros documentos
impressos
2
10,0
6
30,0
6
30,0
2
10,0
-
-
Pesquisa/experimento da
própria instituição
2
10,0
-
-
6
30,0
2
10,0
6
30,0
Instituições de pesquisa
-
-
4
20,0
2
10,0
-
-
8
40,0
Total/Base*
20
100%
20
100%
20
100%
20
100%
20
100%
Fonte: Dados da pesquisa.
* As indicações dos principais meios utilizados para a obtenção de informações técnicas foram
enumeradas, pelos informantes, em ordem crescente de prioridade (1,2,3,4,5).
100
2
2,4
2,5
3,3
3,7
6
0 2,5 5 7,5 10
Instituições de pesquisa
Experiência dos agricultores
Pesquisa/experimento da instituição
Assessoria técnica
Livros e documentos impressos
Internet e mídia eletrônica
Fonte: Dados da pesquisa.
Figura 17 – Ponderação dos meios e procedimentos utilizados pelos técnicos
extensionistas para a obtenção de informações técnicas.
Para a obtenção de informações técnicas as TIC’s aparecem com
grande indicação e a Internet como a mais utilizada e a com maior média
ponderada. Reforça essa afirmação o fato de 60% dos entrevistados indicarem as
TIC’s como possíveis meios de atenuar falhas na formação do técnico e ainda
serem vistas (90% dos informantes) como um avanço para a realização de
seminários, congressos, debates e intercâmbios de experiências sem o
deslocamento dos envolvidos, culminando em uma redução sensível de custos e
com ganho de tempo.
Na opinião dos informantes as TIC’s podem enriquecer a
interatividade entre os envolvidos no processo extensionista, flexibilizando e
personalizando a aquisição/disseminação de informações e conhecimentos,
permitindo a introdução de estratégias didáticas anteriormente impossíveis e nos
eventos sociais e políticos constituem uma importante ferramenta de mobilização
de pessoas e grupos em torno das lutas sociais.
101
10%
10%
30%
50%
50%
70%
80%
0% 25% 50% 75% 100%
Falta de habilidade
Custo benefício não compensa
Barreira da língua
Assistência técnica
Cultura desfavorável
Equipamento caro
Falta de treinamento
Fonte: Dados da pesquisa. Admite respostas múltiplas.
Figura 18 – Principais dificuldades encontradas pelos técnicos extensionistas na
utilização das TIC’s.
As principais dificuldades, indicadas pelos técnicos extensionistas,
que influenciam na não utilização das TIC’s foram a falta de treinamento (80%);
equipamento caro (70%); cultura desfavorável (50%) e falta de mão-de-obra com
habilidade técnica na região (50%). A falta de prática e treinamento trazem
reflexos no nível de conhecimento que os informantes possuem para realizarem
atividades ligadas ao computador/Internet e deixa os servidores inseguros,
fazendo-os evitá-las (TIC’s) nas realizações dos serviços de ATER. Como os
extensionistas da AGENCIARURAL trabalham principalmente com agricultores
familiares, outra barreira citada está relacionada aos aspectos da vida social
(costumes), gerando dificuldades – funcionais ou não – em utilizar essas
tecnologias.
Tabela 13 – Nível de conhecimento para realizar atividades no computador.
Nível de conhecimento
Recurso
Nenhum Básico Razoável Avançado
Total/Base*
Escrever e formatar textos
usando um editor e imprimir
-
-
4
20%
12
60%
4
20%
20
100%
Utilizar planilhas eletrônicas
-
-
6
30%
8
40%
6
30%
20
100%
Construir e editar gráficos
4
20%
8
40%
4
20%
4
20%
20
100%
Elaborar apresentações no
PowerPoint
6
30%
4
20%
6
30%
4
20%
20
100%
Configurações (instalar
periféricos, mudar “papel de
parede”, proteção de tela etc.)
2
10%
8
40%
2
10%
8
40%
20
100%
Continua...
102
Tabela 13 – Cont.
Nível de conhecimento
Recurso
Nenhum Básico Razoável Avançado
Total/Base*
Organizar arquivos por meio
de criação de pastas e atalhos.
2
10%
8
40%
2
10%
8
40%
20
100%
Enviar e receber e-mail,
encaminhar e-mail recebidos,
anexar arquivos para envio por
e-mail
2
10%
6
30%
2
10%
10
50%
20
100%
Conectar-se à Internet e
navegar por diferentes páginas
2
10%
4
20%
4
20%
10
50%
20
100%
Efetuar pesquisa na Internet,
utilizando mecanismos de
busca
2
10%
4
20%
4
20%
10
50%
20
100%
Participar e/ou criar
listas/grupos de discussão
16
80%
4
20%
-
-
-
-
20
100%
Criar uma página na Internet
18
90%
2
10%
-
-
-
-
20
100%
Fonte: Dados da pesquisa.
*Compreende os técnicos extensionistas das instituições entrevistadas.
Algumas habilidades relacionadas à comunicação e à Internet são
possuídas em alto grau pela maioria dos respondentes (Tabela 13). Usar editores
de texto também não constitui grande dificuldade, só que há maiores
competências desenvolvidas, e de forma mais autônoma, relacionadas à Internet
do que no uso de editores, ferramentas consideradas mais simples pelos
especialistas.
Percebe-se a tendência de apropriação das TIC’s caracterizada pelo
aproveitamento das vantagens mais simples e mais fáceis de operacionalizar (as
menos exigentes em termos das competências necessárias para a sua exploração)
e que obviamente não serão aquelas que se traduzirão nos mais relevantes
acréscimos em nível de comunicação, colaboração e aprendizado em rede.
De um modo geral, os dados apresentados nesta seção sugerem que as
TIC’s são utilizadas nas Governamentais de ATER, mas de forma ainda
incipiente. As TIC’s são utilizadas principalmente como ferramentas
administrativas, para comunicar e acessar informações e pouco ou nunca para
fomentar discussões, fornecer informações e como ferramentas nos serviços de
103
ATER. Mesmo 70% dos informantes terem relatado que utilizam as TIC’s como
canais de comunicação entre as instituições do sistema de extensão rural, foi
observado que categorias diferentes desempenhavam a mesma atividade em uma
determinada comunidade e uma não sabia da atuação da outra.
Em relação à comunicação, colaboração e aprendizado em rede, os
quesitos: (1) criação de ambientes de ensino-aprendizagem que utilizam as TIC’s
para mediatizar as interações no ciberespaço; (2) criação de redes colaborativas
entre a instituição; (3) utilização das TIC’s para uma interação dialógica no
ciberespaço entre usuários, imagem, texto e conhecimento não tiveram indicação
por parte dos informantes. Somente 10% indicaram que utilizam as TIC’s para
coordenar informações sobre regiões específicas com a criação de bancos de
dados e outros.
104
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A compreensão da realidade não se faz com a fotografia de um só
momento, em virtude do dinamismo com que o homem constrói e reconstrói sua
vida e seu mundo. Mas é preciso, de alguma forma, apreender um pouco desse
contexto em que se está inserido e por isso registra-se o instante, por mais fugaz
que ele seja.
E se o fez, neste trabalho de pesquisar, delimitando espaços e tempos,
é porque se acreditou que, com esse esforço, houve uma contribuição na
construção de outros caminhos. Caminhos esses que possam conduzir a uma
reflexão sobre as práticas da Extensão Rural pautadas em um processo educativo
emancipador, construtivista e democrático, capazes de contribuir para o
fortalecimento da cidadania e a construção de estilos de desenvolvimento rural e
de agricultura sustentável.
Sendo assim, esse estudo procurou conhecer melhor o Sistema de
Extensão Rural do Vale de São Patrício. A análise dos dados aponta para o fato
de que o setor público permanece como fundamental na ATER voltada para
agricultores familiares na Região, seja em termos do peso das instituições
públicas, seja em termos de cobertura, infra-estrutura e das políticas públicas
voltadas para a agricultura.
As instituições do Vale têm dificuldade em mensurar o impacto de
suas ações, porém a contribuição delas para o desenvolvimento rural é inegável.
105
A maior parte das instituições está preparada para desenvolver um trabalho
agrícola e técnico, mas, para que haja uma melhor contribuição com a
diversidade de processos e atividades do meio rural da Região, há necessidade de
que sejam apoiadas para realizarem algumas modificações nas suas estruturas e
métodos de trabalho.
No tocante à incorporação das TIC’s pelo Sistema de Extensão Rural,
acredita-se que as redes informáticas podem enriquecer notavelmente a
interatividade entre os envolvidos no processo extensionista, flexibilizando e
personalizando a disseminação de informações e conhecimentos, permitindo a
introdução de estratégias didáticas anteriormente impossíveis. Com uma
interação dialógica no ciberespaço entre usuários, imagem, texto e
conhecimentos; a participação, a intervenção, a colaboração, a bidirecionalidade
e a multiplicidade de conexões surgem como possibilidades significativas,
principalmente no que se refere à participação individual do cidadão.
A capacitação de agentes de desenvolvimento por meio de realização
de seminários, congressos, debates, intercâmbios de experiências sem o
deslocamento dos envolvidos passa a ser uma possibilidade. Seguindo esse
raciocínio, as TIC’s surgem como ferramentas para a Extensão Rural no
desenvolvimento de muitas ações de forma virtual e a distância. Permite a
realização de ações em tempo real, pela Internet, e com maior número de
participantes em forma simultânea, contribuindo para a criação de redes
colaborativas mais horizontais, com a possibilidade de produzir intercâmbios de
participantes localizados de forma dispersa, baixando custos e incrementando os
potenciais dos membros dessas redes.
As TIC’s oferecem novas fontes de informação que podem abrir
outros canais de comunicação para os agentes de desenvolvimento. Esta rede
oferece um meio para atenuar possíveis falhas na formação dos extensionistas, na
capacitação da população rural e dos produtores agrícolas, por meio do diálogo e
da interação. Possibilita a promoção de novas alianças e redes interpessoais, além
de ligações transversais e paralelas entre organizações, permitindo a partilha de
necessidades e conhecimentos locais. Os benefícios almejados incluem uma
106
maior eficiência no uso dos recursos para o desenvolvimento, menor duplicação
de atividades e custos reduzidos de comunicação, assim como um acesso global à
informação e aos recursos humanos.
De maneira geral, as organizações pesquisadas são unânimes com
relação à importância das TIC’s como ferramentas que facilitam o trabalho de
ATER, porém, os dados levam a inferir que a generalização de uso efetivo dessa
oportunidade tecnológica é ainda um desafio para as Governamentais de ATER.
Essa ineficiência está associada a diversos fatores como a falta de preparo do
servidor, aspectos financeiros e dificuldades de ordem técnica/operacional. Esses
elementos sugerem o impedimento das organizações em utilizar de maneira mais
efetiva o potencial das tecnologias para as ações de maximizar sua comunicação
interna e com seu público-alvo, que na maioria das vezes, constitui-se em
pessoas de baixa renda, nível educacional restrito e quase sempre, imerso em
barreiras culturais.
A apropriação das TIC’s vai além do domínio de técnicas. Sendo
assim, há a necessidade de fomentar uma maior universalização de serviços,
concebendo soluções e promovendo ações que envolvam a ampliação e melhoria
da infra-estrutura de acesso; a capacitação do servidor, para que este, informado
e consciente, possa utilizar os recursos disponibilizados pelas tecnologias e o
desenvolvimento de ferramentas para publicação de conteúdos na Internet.
Nota-se que as TIC’s são muitas vezes pouco familiares aos membros
do Sistema. As barreiras econômicas e tecnológicas são limitantes constatados na
pesquisa. Entretanto, há de se destacar que no caso específico das
Governamentais de ATER, o uso efetivo dessas tecnologias passa por uma maior
apropriação e capacitação técnica do agente de desenvolvimento, uma vez que as
instituições já possuem certa infra-estrutura.
É importante ressaltar que as TIC’s não podem ser pensadas como
substitutas de outros meios de comunicação informal. Dependendo da
complexidade do assunto tratado, da proximidade geográfica e do quanto se
necessita do feedback, outros canais e instrumentos de comunicação se fazem
mais eficazes.
A disponibilização de uma ferramenta específica, por mais
107
alinhada que esteja com o estado da arte da tecnologia da informação, não é
suficiente para resolver e endereçar todas as questões relacionadas ao
processamento das informações nas organizações.
Apenas quando as tecnologias apropriadas são utilizadas em conjunto
com práticas efetivas (e isto envolve não apenas a capacidade de criar, mas de
observar práticas já existentes), a organização pode fazer com que seus
profissionais, individual e coletivamente, tirem o melhor proveito de seus
conhecimentos. Configura-se assim, não a fragmentação comumente utilizada de
sujeitos que utilizam tecnologias ou de tecnologias que "adaptam" sujeitos, mas
conjuntos sujeitos-tecnologias que fazem parte da rede de relações cujos efeitos
podem ser ou não positivos para os próprios profissionais e organizações.
A relação entre informação e autonomia não é algo gerado a partir do
simples acesso/uso da informação. Tal relação exige reflexão e análise crítica por
parte do usuário. Das possibilidades às práticas, há a necessidade da construção
crítica por parte dos sujeitos sociais, da importância de se colocar tais elementos
a serviço do bem estar coletivo. Porém, aperfeiçoar a qualidade e oportunidade
das fontes de informação e dos canais de comunicação e recursos à disposição
dos agentes de desenvolvimento, pode levar a um aumento da qualidade das
decisões e ações.
Essa “autonomia” favorece a construção de caminhos para a melhoria
contínua e para o estabelecimento de relações de confiança entre todos os
membros de uma organização, levando-os a tomarem decisões em seu trabalho,
que reflitam contribuições sábias, inteligentes e apropriadas aos objetivos da
organização - o empowerment. Nas Governamentais de ATER o empowerment
não foi identificado como um programa planejado pelo fato de não ter sido
observado nenhum programa formal intitulado empowerment ou algo
semelhante. Esse episódio, porém, não exclui a possibilidade da organização,
como um todo, possuir essa abordagem de projeto de trabalho, mas não foi
percebido por parte dos informantes.
Percebe-se que há um leque enorme de possibilidades de pesquisas
efetivas a serem desenvolvidas junto ao Sistema de Extensão Rural do Vale de
108
São Patrício no tocante ao uso de tecnologias, seja na questão da capacitação de
usuários; na implantação e manutenção de sistemas de informação; na
abordagem da comunicação como colaboração e aprendizado em rede e em
questões de gestão, comunicação e marketing.
Porém, em um momento em que a Extensão Rural se vê em meio a
debates e mudanças, onde preconiza a construção de uma “consciência crítica”
do extensionista e de se trabalhar em propostas de construção partilhada de
conhecimento, as TIC’s apresentam-se como ferramentas que possibilitam um
ambiente de aprendizagem, desterritorializando e aproximando pessoas,
mercados e nações. Sendo assim, acredita-se que são grandes as possibilidades de
contribuição e incertos os limites da utilização dessas tecnologias como canais e
fluxos de informação e conhecimento no Sistema de Extensão Rural.
109
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AGENCIARURAL. Gerência de Informática. Histórico. Disponível em:
<http://www. agenciarural.go.gov.br/site/site/site/index.php? pagina=historico>
Acesso em 23 ago.2006.
AKTOUF, Omar. A administração entre a tradição e a renovação. São Paulo:
Atlas, 1996.
ALTIERI, Miguel. A. Agroecologia: a dinâmica produtiva da agricultura
sustentável. 3.ed. Porto Alegre: Editora da Universidade – UFRGS, 2001.
ARAÚJO, José Geraldo Fernandes de; BRAGA Geraldo Magela; SANTOS,
Marinho Miranda dos. Extensão rural no desenvolvimento da agricultura
Brasileira. Viçosa (MG): Univ. Fed. Viçosa, 1981, 58 p.
ASBRAER, CONTAG, FASER, FAO,MA/SDR/DATER, PNUD. Workshop
Nacional ‘Uma nova assistência técnica e extensão rural centrada na
agricultura familiar’. Proposta. Brasília: PNUD, 1997.
BABBIE, Earl. Métodos de Pesquisa de Survey. Trad. Guilherme Cezarino.
Belo horizonte: UFMG, 2005.
BAKHTIN, Mikhail. (V. N. Volochínov). Marxismo e filosofia da linguagem:
problemas fundamentais do método sociológico na ciência da linguagem. 10. ed.
Trad. Michel Lahud e Yara Frateschi Vieira. São Paulo: Hucitec, 2002 .
BALDISSERA, Rudimar. Comunicação organizacional: o treinamento de
recursos humanos como rito de passagem. São Leopoldo: Unisinos, 2000.
110
BARRETO, Aldo de Albuquerque. A condição da informação. São Paulo em
Perspectiva, São Paulo, v.16, n.3, p.67-74, jul./set., 2002.
BAUDRILLARD, Jean. Tela total. Campinas: Porto Alegre, 1997.
BERLO, David K. O processo da comunicação. São Paulo: Livraria Martins
Fontes, 1985.
BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA). Secretaria de
Agricultura Familiar (SAF). Grupo de Trabalho Ater. Política nacional de
assistência técnica e extensão rural. Versão final. Brasília, 2004. 22 p.
BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Agrário/ Food and Agriculture
Organization. Perfil das instituições de assistência técnica e extensão rural
para agricultores familiares e assentados no Brasil. Brasília, 2003. 159p.
BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Agrário/ Food and Agriculture
Organization. Perfil das instituições de assistência técnica e extensão rural
para agricultores familiares e assentados no Brasil. Relatório da Região
Centro-Oeste. Brasília, 2003a. 182p.
BUENO, Wilson da Costa. Comunicação empresarial no Brasil: uma leitura
crítica. São Paulo: All Print, 2005.
CAPORAL, Francisco Roberto. Bases para uma nova ATER pública. Santa
Maria: PRONAF, 2003. 19 p. Disponível em <http://www.pronaf.gov.br/ater/
Docs/Bases%20NOVA% 20ATER.doc>. Acesso em: 22 ago. 2006.
CAPORAL, Francisco Roberto; COSTABEBER, José Antônio. Agroecologia e
extensão rural: contribuições para a promoção do desenvolvimento rural
sustentável. Brasília: MDA/SAF/DATER-IICA, 2004.
CAPORAL, Francisco Roberto. La extensión agraria del sector público ante
los desafíos del desarrollo sostenible: el caso de Río Grande do Sul, Brasil.
Córdoba, España, 1998. 517p. Tese (Doctorado en Agroecologia, Campesinado e
História) - ISEC-ETSIAN, Universidade de Córdoba.
CAPORAL, Francisco Roberto; COSTABEBER, José Antônio. Por uma nova
extensão rural: fugindo da obsolescência. In: REFORMA AGRÁRIA. Revista
da Associação Brasileira de Reforma Agrária, v. 24, n.2, p. 70-90, set/dez., 1994.
CAPRA, Fritjof. A teia da vida: uma nova compreensão científica dos sistemas
vivos. São Paulo: Cultrix/Amana-Key, 2002.
CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede. 4.ed. São Paulo: Paz e Terra, 2000.
111
CHANLAT, Alain; BEDARD, Rennée. Palavras: a ferramenta do executivo. In:
Chanlat, Jean F. (coord), O Individuo na Organização - dimensões esquecidas.
São Paulo: Atllas, 1992. pp.125-148.
COELHO, France Maria Gontijo. A arte das orientações técnicas no campo:
concepções e métodos. Viçosa: UFV. 2005.
CUNNINGHAM, Ian; HYMAN, Jeff. The poverty of empowerment? A critical
case study. Personal Review, v. 28, n. 3, p. 192-207, jul./set., 1999.
CURVELLO, João José. Comunicação interna e cultura organizacional. São
Paulo: Scortecci, 2002.
DIAS, Eduardo Wense. Contexto digital e tratamento da informação. (Versão
eletrônica) DataGranaZero, v.2, n.5, out., 2001. Recuperado em 16 out. de
2006. Disponível em: <http://www.datagramazero.org.br> Acesso em: 16 out.
2006.
DIAS, Marcelo Miná. Uma abordagem introdutória sobre concepções e
práticas da extensão rural no Brasil. CPDA/UFRJ, 2006.
EMATER/GO. Programa de assistência técnica e extensão rural/PROATER.
Goiânia: EMATER/PROATER, 1995, 41p. (Série Documentos, 6).
FERRÃO, Romário Gava. Metodologia científica. 2.ed. Vitória: INCAPER,
2005.
FERNBACK, Jan; THOMPSON, Brad. Virtual Communities: Abort, Retry,
Failure? 1995. Disponível em http://www.well.com/user/hlr/texts/VCcivil.html.
Acesso em: 25 out. 2006.
FIGUEIREDO, Vilma. Produção social da tecnologia. São Paulo: EPU, 1989.
FIGUEIREDO, Romeu Padilha de. Extensão rural no Brasil: novos tempos.
Brasília, Rev. Brás. Tec., v.15, n.4, jul/ago., 1984.
FONSECA, Maria Tereza Lousa da. A extensão rural no Brasil: um projeto
educativo para o capital. São Paulo: Loyola, 1985.
FREIRE, Paulo. Extensão ou comunicação? Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1997.
FREITAS, Maria Leonice. Conceito de extensão rural e perfil do extensionista
para o Estado do Rio Grande do Norte: um estudo Délfico. Santa Maria (RS),
1990. 164 p. Dissertação (Mestrado em extensão rural). CPGER – UFSM.
112
GILL, David; ADAMS, Bridget. ABC of communication studies. 2.ed.
Walton-on-Thames: Thomas Nelson & Sons. 1998.
GOUVEIA, Luís Borges; GAIO, Sofia (orgs.). Sociedade da informação:
balanço e implicações. Porto: Universidade Fernando Pessoa, 2004.
HALLIDAY, Tereza Lúcia. Comunicação organizacional: uma orientação
bibliográfica. Recife: UFPE-DLCH, 1980.
HOUAISS, Antônio; VILLAR, Mauro de Salles. Dicionário Hoauiss da Língua
Portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.
IBGE. O Brasil estado por estado. Disponível em
http://www.ibge.gov.br/estadosat/perfil.php?sigla=go. Acesso em: 25 out. 2006.
JONES, Gwyn E. A Carta de Clarendon. In: Cadernos CPGER - UFSM, Santa
Maria, v.1, n.1, p. 1-10, ago., 1989.
KAGEYAMA, Ângela; BERGAMASCO, Sônia M. P. A estrutura de produção
no campo em 1980. São Paulo: Perspectiva, 1990.
KUNSCH, Margarida Maria Krohling. Planejamento de Relações Públicas na
Comunicação Integrada. 4.ed. São Paulo: Summus, 2003.
KUNSCH, Margarida Maria Krohling. Gestão integrada da comunicação
organizacional e os desafios da sociedade contemporânea. In: Comunicação e
sociedade. São Bernardo do Campo: Universidade Metodista de são Paulo
(UMESP), n. 32, p. 71-88, jul./dez., 1999.
KUNSCH, Margarida Maria Krohling. Comunicação integrada nas organizações
modernas: avanços e perspectivas no Brasil. In: Comunicação para o mercado,
instituições, mercado, publicidade. São Paulo: EDICON, 1995.
KUNSCH, Margarida Maria Krohling. Universidade e comunicação na
edificação da sociedade. São Paulo: Loyola, 1992.
LASTRES, Helena. M. M.; LEGEY, Liz-Rejane; ALBAGLI, Sarita. Indicadores
da economia e sociedade da informação, conhecimento e aprendizado. In:
VIOTTI, Eduardo Baumgratz; MACEDO, Mariano de M. (Org.). Indicadores
de ciência, tecnologia e inovação no Brasil. São Paulo: Unicamp, 2003.
LAUDON, Kenneth C.; LAUDON, Jane P. Sistemas de informação gerenciais:
administrando a empresa digital. 5.ed. Trad. Arlete Simille Marques. São Paulo:
Prentice Hall, 2005.
LÉVY, Pierre. Cibercultura. São Paulo: Ed.34, 1999.
113
LIPNACK, Jéssica; STAMPS, Jeffrey. Networks: redes de conexões - pessoas
conectando-se com pessoas. São Paulo: Aquariana, 1994.
MANSELL, Robin; WEHN, Uta. Knowledge societies: information technology
for sustainable development. Oxford: University Press, 1998.
MARÍN, Antônio Lucas. La comunicación en la empresa y en las
organizaciones. Barcelona: Bosch, 1997.
MARTINHO, Cássio. Redes: uma introdução às dinâmicas da conectividade e
da auto- organização (mimeo), WWF - Brasil 2003.
MATTELART, Armand; MATTELART, Michéle. História das teorias da
comunicação. 6. ed., São Paulo: Loyola, 1999.
MELO, José Marques de. Comunicação social: teoria e pesquisa. Petrópolis:
Vozes, 1970.
MOREIRA, Roberto José. Cultura, Política e Extensão Rural na
Contemporaneidade. In: TORTON, Ricardo; CIMADEVILLA, Gustavo (Ed.).
La extensión rural em debate, retrospectivas, câmbios y estratégias para el
Mercosul. Buenos Aires: ediciones INTA, 2003.
MUNIZ, José Norberto. & STRINGHETA, P. C. Inovação organizacional e
tecnologia na fruticultura orgânica. Viçosa (MG), (mimeo). 2004.
MUNIZ, José Norberto. A extensão rural em tempos de mudanças. Informe
Agropecuário, Belo Horizonte, v. 20, n.199, p. 56-61, jul./ago. 1999.
NASSAR, Paulo. Comunicação interna: a força das empresas. São Paulo:
Aberje editorial, 2003.
OHLWEILLER, Otto Alcides. Humanidade e lutas sociais. Porto Alegre:
TCHÊ, 1987.
OLINGER, Glauco. Ascensão e decadência da extensão rural no Brasil.
Florianópolis: EPAGRI,1996.
ORTIZ, Renato. Um outro território: ensaios sobre a mundialização. São Paulo:
Olho d'Água, 2000.
PINHO, J.B. Comunicação nas organizações. Viçosa: UFV, 2006.
POPPER, K . O realismo e o objetivo da ciência. Lisboa: Don Quixote.1992.
114
QUEDA, Oriowaldo. Extensão Rural: para que e para quem serve? Cadernos da
Anped, Rio de Janeiro, v. 1, p. 17-22, 1982.
RABAÇA, Carlos Alberto; BARBOSA, Gustavo Guimarães. Dicionário de
comunicação. 2.ed. (Revista e atualizada). São Paulo: Campus, 2002.
RIBEIRO, Ricardo Pinto. O Sistema brasileiro de assistência técnica e
extensão rural: Uma análise retrospectiva. Brasília: EMBRATER,1985.
ROBBINS, Stephen P. Comportamento organizacional. 9. ed. São Paulo:
Prentice Hall, 2002.
RODRIGUES, C.M. Conceito de seletividade de políticas públicas e sua
aplicação no contexto da política de extensão rural no Brasil. In: Cadernos de
Ciências & Tecnologia. Brasília, v.14, n.1, p. 113-154. 1997.
SANTOS, Rogério Santana. A tecnologia de banda larga é essencial para o
desenvolvimento econômico do país. In: SANTOS, Rogério Santana. (Coord.).
Pesquisa sobre o uso das tecnologias da informação e da comunicação no
Brasil 2005. Brasília: cgi.br, 2005. Disponível em: <
http://www.cetic.br>.
Acesso em: 20 dez.2006.
SAVOIA, Mariângela Gentil; CORNICK, Maria Angela C. Pallotta. Psicologia
social. São Paulo: McGraw-Hill, 1989.
SEBRAE-GO, Diagnóstico do Vale de São Patrício. Goiânia: CDI/GO. 1999.
SEPLAN/SEPI. Goiás em dados 2004. Goiânia: SEPLAN, 2004. Disponível
em: <www.seplan.go.gov.br>. Acesso em: 14. nov. 2006.
SHANNON, C. e WEAVER, W. The mathematical theory of communication.
Urbana: The University of Illinois Press. 1963.
SILVA, Ricardo Vidigal da; NEVES, Ana. Gestão de empresas na era do
conhecimento. Lisboa: Serinews, 2003.
SOUSA, Jorge Pedro. Elementos de teoria e pesquisa da comunicação e dos
media. 2. ed. Porto: Universidade Fernando Pessoa. 2006.
TERRA, José C.; GORDON, Cindy. Portais corporativos: a revolução na
gestão do conhecimento. São Paulo: Negócio, 2002.
TORQUATO, Gaudêncio. Tratado de comunicação organizacional e política.
São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2002.
TRIVIÑOS, Augusto Nivaldo Silva. Introdução à pesquisa em ciências
sociais: a pesquisa qualitativa em ação. São Paulo: Atlas, 1995.
115
TURBAN, Efraim; McLEAN, Ephraim; WETHERBE, James. Tecnologia da
informação para gestão: transformando negócios na economia digital. 3.ed.
Trad. Renate Schinke. Porto Alegre: Bookman, 2004.
TURBAN, Efraim; RAINER JÚNIOR, R. Kelly; POTTER, Richard E.
Administração de tecnologia da informação: teoria e prática. Trad. Daniel
Vieira. Rio de Janeiro: Campus, 2005.
VECCHIATTI, Cássio Jordão Motta. A revolução silenciosa... In: SANTOS,
Rogério Santana. (Coord.). Pesquisa sobre o uso das tecnologias da
informação e da comunicação no brasil 2005. Brasília: cgi.br, 2005.
Disponível em: <
http://www.cetic.br>. Acesso em: 20 dez.2006.
VYGOTSKY, Lev. La imaginación y el arte en la infancia. Madrid: Akal,
1987.
WOUDENBERG, F. An evaluation of Delphi. Tecnological Forecasting and
Social Change, New York, v. 40, n. 2, p. 131-150, 1991.
116
APÊNDICES
117
APÊNDICE A – CARTA ENVIADA AOS INFORMANTES
Caro colega
Sou professor da Escola Agrotécnica Federal de Ceres e este questionário é parte
da pesquisa de dissertação realizada por mim, Elias de Pádua Monteiro, para obtenção do grau
de mestre em Extensão Rural no Departamento de Economia Rural da Universidade Federal de
Viçosa.
Solicito sua gentileza em contribuir com esta pesquisa, que aborda AS
POSSIBILIDADES E OS LIMITES DA UTILIZAÇÃO DAS TECNOLOGIAS DA
INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO - TIC’s COMO CANAIS E FLUXOS DE
INFORMAÇÕES E CONHECIMENTO NO SISTEMA DE EXTENSÃO RURAL.
As Tecnologias da Informação e Comunicação – TIC’s podem ser definidas como
sendo a reunião dos meios audiovisuais, informáticos e comunicacionais que permitem criar,
armazenar, recuperar e transmitir informação a grande velocidade e em grandes quantidades -
processadores de texto e editoração eletrônica, telefones celulares, pager, sistema de
computadores em rede, telecomunicação, teleconferência, Internet, redes extranet e intranet,
correio eletrônico (e-mail), groupware, e-business, comércio eletrônico (e-commerce), troca
eletrônica de dado etc.
Suas informações serão de grande valor para esta pesquisa, que espero em futuro
breve, possa refletir em contribuições para o sistema de extensão rural na incorporação dessas
tecnologias para realização de suas atividades-fins, bem como ferramentas operacionais para
apoio ao processo de comunicação e informação entre os diferentes atores institucionais do
sistema.
Assumo o compromisso com a privacidade e a confidencialidade dos dados que
serão coletados, preservando integralmente o anonimato de todos os que responderem os
questionários e a garantia de que as informações obtidas somente serão utilizadas para o projeto
ao qual se vinculam. Comprometo-me, ainda, em estar lhe enviando os resultados e
contribuições desta investigação.
Saliento que sua participação é importantíssima para a realização deste estudo e
agradeço antecipadamente sua valiosa contribuição.
Elias de Pádua Monteiro
Departamento de Economia Rural
Universidade Federal de Viçosa
118
APÊNDICE B – MODELO DE QUESTIONÁRIO
(Técnico/extensionista)
1. CARACTERIZAÇÃO
1.1) Identificação do Entrevistado/Instituição
Nome da instituição: _________________________________________________Sigla______________
Endereço: ____________________________________________________________________________
Município: _______________________________________________Estado:______________________
CEP: __________________Telefone: (___) _______ _______ Fax: (___) ______ _______
E-mail: __________________Home Page: ___________ Tempo de serviço na Instituição _______anos
Nome do entrevistado: __________________________________________________________________
Cargo/Função_____________________ Idade:________Sexo:____________
Escolaridade (assinale apenas o último curso concluído):
( ) Ensino Médio ( ) Graduação ( ) Especialização ( ) Mestrado ( ) Doutorado
2. COMUNICAÇÃO INTERNA NA INSTITUIÇÃO
2.1 Quais os 5 canais ou meios de comunicação mais utilizados pela administração na comunicação
interna nesta Instituição? (Enumere em ordem crescente de prioridade: 1,2,3,4,5)
( ) Circulares ( ) Boletins informativos ( ) Reuniões em grupo
( ) Quadro de aviso/Mural ( ) Jornal interno ( ) Conversas individuais
( ) Memorandos ( ) Manuais ( ) Treinamentos
( ) Cartas ( ) Videoconferência ( ) Telefone
( ) Fax ( ) E-mail
( ) Outros. Quais? ___________________________________________________________________
2.2 Quais os 5 canais ou instrumentos de comunicação mais utilizados para conversar com seu
chefe/subordinado? (Enumere em ordem crescente de prioridade: 1,2,3,4,5)
( ) Circulares ( ) Boletins informativos ( ) Reuniões em grupo
( ) Quadro de aviso/Mural ( ) Jornal interno ( ) Conversas individuais
( ) Memorandos ( ) Manuais ( ) Treinamentos
( ) Cartas ( ) Videoconferência ( ) Telefone
( ) Fax ( ) E-mail
( ) Outros. Quais? ___________________________________________________________________
2.3 Assinale os 5 serviços de Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER), realizados por esta
Instituição, nos quais o(a) senhor(a) participa diretamente?
(1) Assistência técnica/crédito rural (9) Desenvolvimento social
(2) Cursos de profissionalização (10) Ações de incentivo à implantação de
agroindústrias
(3) Trabalhos de organização rural (11) Ações de estímulo ao agronegócio
(4) Orientação dos produtores para
sustentabilidade do meio ambiente
(12) Produção de sementes e mudas para a pequena
produção
(5) Projetos de engenharia rural (13) Difusão de tecnologia
(6) Desenvolvimento animal e vegetal (14) Pesquisa agropecuária
(7) Apoio a assentamentos rurais (15) Regularização fundiária
(8) Apoio às comunidades indígenas e quilombolas (16) Programa Nacional de Crédito Fundiário
(17) Outros. Quais? _____________________________________________________________________
2.4 Quais os 5 canais ou instrumentos de comunicação mais utilizados pelo(a) senhor(a) para a
realização dos serviços de ATER assinalados na questão anterior? (Enumere em ordem crescente de
prioridade: 1,2,3,4,5)
( ) Circulares ( ) Boletins informativos ( ) Reuniões em grupo
( ) Quadro de aviso/Mural ( ) Jornal interno ( ) Conversas face a face
( ) Memorandos ( ) Manuais ( ) Treinamentos
119
( ) Cartas ( ) Videoconferência ( ) Telefone
( ) Fax ( ) E-mail ( ) Visitas a campo
2.5 Em sua opinião, quais os 5 canais ou instrumentos de comunicação que despertam maior
interesse nos beneficiários dos serviços de ATER? (Enumere em ordem crescente de prioridade:
1,2,3,4,5)
( ) Circulares ( ) Boletins informativos ( ) Reuniões em grupo
( ) Quadro de aviso/Mural ( ) Jornal interno ( ) Conversas face a face
( ) Memorandos ( ) Manuais ( ) Treinamentos
( ) Cartas ( ) Videoconferência ( ) Telefone
( ) Fax ( ) E-mail ( ) Visitas a campo
( ) Outros. Quais? ___________________________________________________________________
2.6 Os canais de comunicação desta instituição são adequados para atingir o público-alvo dos
projetos e/ou serviços de extensão?
(1) Não (2) Pouco (3) Regular (4) Muito (5) Totalmente
2.7 Nesta instituição está assegurada a comunicação em ambas as direções da escala hierárquica, de
cima para baixo e de baixo para cima?
(1) Não (2) Pouco (3) Regular (4) Muito (5) Totalmente
2.8 A comunicação interna é constituída pelos processos comunicativos realizados no interior das
organizações. Visa proporcionar meios para promover maior integração dentro da organização
mediante diálogo, à troca de informações e experiências e à participação de todos os níveis. Em sua
opinião, a comunicação interna é eficiente nesta instituição?
(1) Não (2) Pouco (3) Regular (4) Muito (5) Totalmente
2.9 A comunicação horizontal (entre pessoas do mesmo nível hierárquico) desempenha um conjunto
de propósitos dentro da organização. Entre eles, a coordenação de tarefas entre os diversos setores e
unidades de uma organização, a solução de problema vivenciado no dia-a-dia, a troca de
informações necessárias para o adequado desempenho das atividades e solução de possíveis conflitos.
Em sua opinião, a comunicação horizontal é utilizada com esses propósitos nesta instituição?
(1) Não (2) Pouco (3) Regular (4) Muito (5) Totalmente
2.10 O(a) senhor(a) sente-se CAPACITADO, ao ser entrevistado, a dar informações sobre o trabalho
realizado por esta instituição para outras pessoas?
(1) Não (2) Pouco (3) Regular (4) Muito (5) Totalmente
3. COMUNICAÇÃO EXTERNA DA INSTITUIÇÃO
3.1 Quais destes meios e procedimentos o(a) senhor(a) utiliza para obter informações técnicas?
(Enumere em ordem crescente de prioridade: 1,2,3,4,5...)
( ) Instituições de pesquisa ( ) Assessoria técnica
( ) Livros e outros documentos impressos ( ) Experiência dos agricultores/conhecimento local
( ) Internet e mídia eletrônica ( ) Pesquisa/experimento da própria instituição
( ) Outros. Quais? _____________________________________________________________________
3.2 Quais os 5 principais meios que o(a) senhor(a) utiliza para comunicar/informar os beneficiários
dos serviços de ATER? (Enumere em ordem crescente de prioridade: 1,2,3,4,5)
( ) Cartilhas ( ) Página na Internet ( ) Carta/memorandos
( ) Jornal ( ) Visitas técnicas ( ) Lista/grupo de discussão
( ) Programa de Rádio ( ) E-mail ( ) ICQ/ComVC/Instant Messenger (MSN)
( ) Telefone ( ) Videoconferência ( ) Produção de vídeos e audiovisuais
( ) Conversa face a face ( ) Folhetos ( ) Boletins
( ) Outros. Quais? ____________________________________________________________________
3.3 Como o(a) senhor(a) se relaciona/trabalha com os beneficiários dos serviços de ATER:
(1) Interpessoal (face a face) (3) Social (grandes grupos - associações, sindicatos etc.)
(2) Grupal ( pequena associação) (4) Outros. Quais? ___________________________________
120
3.4 Em sua opinião, as Tecnologias de Informação e Comunicação – TIC’s (computador, data-show,
Internet, DVD etc.) podem colaborar em quais processos/ações do/no sistema de ATER? (Enumere em
ordem crescente de prioridade: 1,2,3,4,5...)
( ) Comunicação/Ensino ( ) Capacitação ( ) Captação de recursos
( ) Gestão ( ) Articulação política ( ) Marketing
( ) Articulação institucional ( ) Outros. Quais? ________________________________________
3.5 Em quais processos as TIC’s estão sendo usadas nesta Instituição? (Enumere em ordem crescente
de prioridade: 1,2,3,4,5)
( ) Comunicação/Ensino ( ) Capacitação ( ) Captação de recursos
( ) Gestão ( ) Articulação política ( ) Marketing
( ) Articulação institucional ( ) Outros. Quais? ________________________________________
4. UTILIZAÇÃO DAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO
4.1 Quais destas tecnologias o(a) senhor(a) já utilizou em suas atividades diárias
(1) Telefone (5) Projetor de multimídia (data-show) (9) Celular com câmera
(2) Fax (6) Computador de mesa (desktop/PC)* (10) MP3 Players
(3) Filmadora (7) Computadores portáteis (laptop, notebook/ table PC)* (11) DVD/Videocassete
(4) Celular (8) Máquina fotográfica digital (12) Outros. Quais?
*Caso tenha assinalado os itens (6) e (7) na questão anterior, prossiga respondendo
as questões abaixo.
*Caso NÃO tenha assinalado os itens (6) e (7) na questão anterior, vá para a questão
de número (5).
4.2 Quais os locais que o(a) senhor(a) utiliza computador em suas atividades diárias? (Enumere em
ordem crescente de prioridade: 1,2,3,4)
( ) Em casa ( ) No trabalho
( ) Locais de acesso público ( ) Outros. Quais? ________________________
4.3 Qual é o nível de conhecimento que o(a) senhor(a) tem para realizar as seguintes atividades
ligadas ao computador?
Nível de conhecimento
Recurso
Nenhum Básico Razoável Avançado
Escrever e formatar textos usando um editor e imprimir (1) (2) (3) (4)
Utilizar planilhas eletrônicas (1) (2) (3) (4)
Construir e editar gráficos (1) (2) (3) (4)
Elaborar apresentações no PowerPoint (1) (2) (3) (4)
Configurações (instalar periféricos, mudar “papel de
parede”, proteção de tela etc.)
(1) (2) (3) (4)
Organizar arquivos por meio de criação de pastas e
atalhos.
(1) (2) (3) (4)
Enviar e receber e-mail, encaminhar e-mail recebidos,
anexar arquivos para envio por e-mail
(1) (2) (3) (4)
Conectar-se à Internet e navegar por diferentes páginas (1) (2) (3) (4)
Efetuar pesquisa na Internet, utilizando mecanismos de
busca
(1) (2) (3) (4)
Participar e/ou criar listas/grupos de discussão (1) (2) (3) (4)
Criar uma página na Internet (1) (2) (3) (4)
4.4 Qual a utilização do computador pelo(a) senhor(a) na Instituição? (Enumere em ordem crescente de
prioridade: 1,2,3,4,5...)
( ) Digitar documentos ( ) Página na Internet ( ) Comunicar com o público-alvo
( ) Acessar notícias (Internet) ( ) MSM (Messenger) ( ) Obter informações técnicas
( ) Participar de cursos ( ) E-mail ( ) Participar de Chats de relacionamento
( ) Entretenimento ( ) Videoconferência ( ) Confeccionar material didático
( ) Comunicar com os parceiros ( ) Intranet ( ) Confeccionar material publicitário
( ) Fazer ligações via PC ( ) Outros. Quais? ________________________________________
121
4.5 Em média, com que freqüência o(a) senhor(a) usou um computador nos últimos 7 dias?
(1) Todos os dias
(2) Pelo menos uma vez nos últimos 7 dias
(3) Pelo menos três vezes nos últimos 7 dias
(4) Pelo menos cinco vezes nos últimos 7 dias
4.6 Onde ou como o(a) senhor(a) obteve as habilidades para utilizar um computador?
(1) Em uma instituição formal de ensino (escola, colégio, colegial técnico)
(2) Em cursos de treinamento para adultos (mas não pelo empregador)
(3) Em cursos de treinamento oferecidos pelo empregador
(4) Por conta própria, lendo livros, cd-roms etc.
(5) Por conta própria, aprendendo usando
(6) Com parentes, amigos ou colegas de trabalho
(7) Em uma escola de informática
(8) Em cursos de treinamento oferecidos pelo governo
4.7 O(a) senhor(a) utiliza a Internet em suas atividades diárias?
*(1) Sim *(2) Não
* Caso tenha assinalado SIM na questão anterior, prossiga respondendo as questões abaixo.
* Caso tenha assinalado NÃO na questão anterior, vá para a questão de número (4.17).
4.8 Quais atividades o(a) senhor(a) realizou na Internet nos últimos 7 dias? (Enumere em ordem
crescente de prioridade: 1,2,3,4,5...)
( ) Enviar e receber e-mail
( ) Participar de chats
( ) Enviar mensagens instantâneas
( ) Participar de lista de discussão
( ) Usar o Telefone via Internet/videoconferência
( ) Criar ou atualizar blogs
( ) Criar ou atualizar websites
( ) Participar de sites de comunidades e relacionamentos (ex.: orkut)
4.9 Em quais locais o(a) senhor(a) utiliza a Internet em suas atividades diárias? (Enumere em ordem
crescente de prioridade: 1,2,3,4)
( ) Em casa
( ) No trabalho
( ) Locais de acesso público
( ) Outros. Quais? ______________________________________________________________________
4.10 Em média, com que freqüência o(a) senhor(a) usou a Internet nos últimos 7 dias?
(1) Todos os dias
(2) Pelo menos uma vez nos últimos 7 dias
(3) Pelo menos três vezes nos últimos 7 dias
(4) Pelo menos cinco vezes nos últimos 7 dias
4.11 Nos últimos 7 dias, quantas horas aproximadamente o(a) senhor(a) acessou a Internet?
(1) Menos de 1h por semana
(2) Entre 1h e 5h por semana
(3) Entre 6h e 10h por semana
(4) Entre 11h e 15h por semana
(5) Entre 16h e 20h por semana
(6) Mais de 40h por semana
4.12Onde ou como o(a) senhor(a) obteve as habilidades para utilizar a Internet?
(1) Em uma instituição formal de ensino (escola, colégio, colegial técnico)
(2) Em cursos de treinamento para adultos (mas não pelo empregador)
(3) Em cursos de treinamento oferecidos pelo empregador
(4) Por conta própria, lendo livros, cd-roms etc.
(5) Por conta própria, aprendendo usando
(6) Com parentes, amigos ou colegas de trabalho
(7) Em uma escola de informática
122
(8) Em cursos de treinamento oferecidos pelo governo
4.13 Quais as informações e serviços o(a) senhor(a) busca na Internet? (Enumere em ordem crescente
de prioridade: 1,2,3,4,5...)
( ) Procurar informações sobre bens e serviços
( ) Ouvir rádio e/ou assistir televisão
( ) Fazer download de jogos, músicas e softwares
( ) Usar bancos ou outros serviços financeiros
( ) Obter informações de autoridades e órgãos públicos
( ) Realizar atividades de ATER
( ) Fazer cursos da área técnica
( ) Comunicar com o meu chefe/subordinado
4.14 Com quais propósitos o(a) senhor(a) usou a Internet nos últimos 7 dias? (Enumere em ordem
crescente de prioridade: 1,2,3,4,5)
( ) Trabalho remunerado ou negócios (consultoria)
( ) Educação ou estudos
( ) Trabalho voluntário ou comunitário
( ) Pessoal ou privado
( ) Entretenimento
4.15 O(a) senhor(a) já utilizou a Internet para realizar algum tipo de curso
de qualificação/treinamento/Atualização?
(1) Sim (2) Não
4.16 Quais das seguintes atividades/processos ligadas(os) à ATER o(a) senhor(a)
executou/participou com o auxílio das TIC’s?
(1) Capacitação de agentes de desenvolvimento por meio de realização de seminários, congressos, debates,
intercâmbios etc., via TIC’s
(2) Utilização das TIC’s para uma interação dialógica no ciberespaço entre usuários, imagem, texto e
conhecimento
(3) Criação de ambientes de ensino-aprendizagem que utilizam as TIC’s para mediatizar as interações no
ciberespaço
(4) Criação de redes colaborativas entre a Instituição e o público-alvo
(5) Utilização das TIC’s para coordenar informações sobre regiões específicas com a criação de bancos de
dados e outros
(6) Utilização das TIC’s como canais de comunicação entre as instituições do sistema de extensão rural
(7) Utilização das TIC’s como canais de comunicação entre a Instituição e o público-alvo
4.17 Quais as cinco maiores dificuldades encontradas pelo(a) senhor(a) na utilização das TIC’s?
(Enumere em ordem crescente de prioridade: 1,2,3,4,5)
( ) Não tenho interesse pelas TIC’s
( ) Os custos do equipamento e da assistência técnica são muito elevados
( ) Não tenho habilidades com o computador e outros equipamentos
( ) Falta de mão-de-obra com habilidade técnica na região
( ) Deficiência física
( ) Barreira da língua (associada com o domínio de uma nova e não familiar maneira de comunicação
escrita)
( ) Falta de treinamento
( ) Cultura desfavorável (aspecto da vida social – costumes)
( ) O custo benefício do uso das TIC’s não compensa
( ) O tipo de serviço prestado não necessita das TIC’s
( ) Outros motivos. Quais?
4.18 As dificuldades listadas na questão anterior podem ser agrupadas em três blocos. Em sua
opinião, qual exerce uma maior influência na não utilização das TIC’s em sua prática diária?
(1) Barreiras econômicas: associadas com o custo inicial para se adquirir o equipamento adequado
(microcomputador, placas de som e vídeo, dispositivo de comunicação – modem, acesso telefônico)
(2) Barreiras tecnológicas: associadas com o aprendizado do uso dos equipamentos e softwares em
123
conjunção com infra-estrutura de telecomunicações;
(3) Barreiras sócio-psicológicas-culturais: associadas com o domínio de uma nova técnica e uma maneira
não familiar de
comunicação escrita.
5. Manifeste sua opinião assinalando nas alternativas a que melhor reflita sua experiência
ou convicção. Ao assinalar uma das alternativas, considere os parâmetros básicos: (CP)
Concordo Plenamente, (C) Concordo, (I) Indeciso ou Indiferente, (D) Discordo, (DP)
Discordo Plenamente.
5.1
Questão CP C I D DP
1 As tecnologias da Informação e Comunicação – TIC’s (computador,
data-show, Internet, DVD etc.) surgem como ferramentas
didático/pedagógicas que facilitam o trabalho de ATER.
2 A Internet é uma boa ferramenta para tirar dúvidas e desenvolver
debates sobre assuntos técnicos, ligados ao serviço de ATER.
3 A maior dificuldade na utilização das TIC’s recai na falta de preparo
do servidor.
4 A maior dificuldade na utilização das TIC’s recai nos altos preços
dessas tecnologias.
5 A maior dificuldade na utilização das TIC’s recai na falta de domínio
de uma nova e não familiar maneira de comunicação escrita.
6 Através do e-mail há uma quebra de hierarquia de comunicação, uma
vez que posso conversar diretamente com o meu chefe/subordinado.
7 As TIC’s podem ser utilizadas como meio de atenuar possíveis falhas
na formação do técnico.
8 O maior acesso às informações pode conduzir a sociedade a ter
relações sociais mais democráticas.
9 A principal vantagem que vejo nas TIC’s é a redução de custos no
compartilhamento de informações.
10 As TIC’s estão afetando os processos de geração, organização e
difusão do conhecimento.
11 Na minha Instituição, utilizamos as TIC’s para preparar aulas/cursos,
palestras, estudos bem como as utilizamos para a apresentação de
trabalhos.
12 As TIC’s facilitam o desempenho de tarefas (serviços),
proporcionando maior agilidade.
13 Não consigo mais imaginar a realização das atividades administrativas
diárias de minha Instituição sem as TIC’s.
14 As TIC’s podem enriquecer a interatividade entre os envolvidos no
processo extensionista, flexibilizando e personalizando a
aquisição/disseminação de informações e conhecimentos, permitindo a
introdução de estratégias didáticas anteriormente impossíveis.
15 As TIC’s permitem a realização de seminários, congressos, debates e
intercâmbios de experiências sem o deslocamento dos envolvidos,
culminando em uma redução sensível de custos e a um ganho de
tempo.
16 As TIC’s surgem como ferramentas para a Extensão Rural no
desenvolvimento de ações em tempo real – pela Internet – e com maior
número de participantes em forma simultânea, contribuindo para a
criação de redes colaborativas mais horizontais, com a possibilidade de
produzir intercâmbios entre vários participantes e ainda incrementando
os potenciais dos membros dessas redes.
5.2 Em sua opinião, quais os principais entraves para uma melhor atuação da Instituição?
(1) Tecnológicos (ex.: carência de pesquisa/conhecimento/alternativas)
(2) Institucionais (ex.: problemas internos da instituição, dificuldade de trabalho em
parcerias)
124
(3) Políticas públicas específicas para o setor (ex.: preços, crédito, armazenamento)
(4) Políticas públicas em geral (ex.: educação, saúde, estrada, eletrificação)
(5) Estrutura agrária da região (ex.: conflitos fundiários, ausência de regularização)
(6) Volume de recursos financeiros (ex.: equipe ou infra-estrutura insuficiente)
(7) Continuidade dos recursos financeiros (ex.: financiamentos incertos e de curto prazo)
(8) Outros. Especificar.
5.3 Em sua opinião, quais as contribuições atuais e futuras das Tecnologias da Informação e
Comunicação no seu trabalho extensionista e ao sistema de extensão rural como um todo?
5.4 Em sua opinião, quais as principais dificuldades encontradas pelo(a) senhor(a)
na utilização das TIC’s?
5.5 Em sua opinião, como enfrentar esses desafios?
5.6 Sugestões, dúvidas, esclarecimentos:
125
APÊNDICE C – MODELO DE QUESTIONÁRIO
(Gestor)
6) CARACTERZAÇÃO E HISTÓRICO
6.1) Identificação da Instituição/Entrevistado
Nome da instituição: _________________________________________________Sigla______________
Endereço: ____________________________________________________________________________
Município: _______________________________________________Estado:______________________
CEP: __________________Telefone: (___) _______ _______ Fax: (___) ______ _______
E-mail: __________________Home Page: ___________ Tempo de serviço na Instituição _______anos
Nome do entrevistado: __________________________________________________________________
Cargo/Função_____________________ Idade:________Sexo:__________
Escolaridade (assinale apenas o último curso concluído):
( ) Ensino Médio ( ) Graduação ( ) Especialização ( ) Mestrado ( ) Doutorado
6.2) Qual o ano de criação desta Instituição?
6.3) Esta Instituição é:
(1)
Governamental (1.1) Federal (1.2) Estadual (1.3) Municipal
(2)
Não-Governamental
(3)
Privada
6.4) Como pode ser classificada esta Instituição:
(1) Participante da ASBRAER (8) Cooperativa de Serviço
(2) Secretaria de Governo (9) Instituição de pesquisa
(3) Associação civil sem fins lucrativos (10) Instituição de Ensino Superior
(4) Organização sindical (11) Instituição de Ensino Médio
(5) Organização representativa (12) Outro tipo de instituição pública
(6) Cooperativa de Produção (13) Empresa
(7)
Cooperativa de Credito
(14)
Outra. Qual?
________________________
6. 5 A ATER (Assistência Técnica e Extensão Rural) é a principal atividade desta
Instituição?
(1) Sim
(2) Não
6.6 Quais as outras atividades realizadas por esta Instituição?
6. 7 Desde que ano esta Instituição trabalha com ATER?
______________________________
126
7. ABRANGÊNCIA E PÚBLICO
7.1 Abrangência:
(1) Local (3) Municipal (3) Regional (4) Estadual (5) Interestadual (6) Nacional
7.2 Quais são os beneficiários envolvidos com as atividades de ATER desta Instituição?
(1) Assentados (5) Agricultores familiares (9) Agricultores patronais
(2) Comunidades indígenas (6) Quilombolas (10) Extrativistas
(3) Ribeirinhos (7) Pescadores (11) Artesões
(4) Mulheres (8) Jovens (12) Micro-empresas rurais
(13) Outros. Quais? ____________________________________________________________________
8. TRABALHO DE ATER REALIZADO E MÉTODOS DE TRABALHO
8.1 Quais são as principais linhas de atuação desta Instituição (Enumere em ordem crescente de
prioridade: 1,2,3,4,5)
( ) Técnicas e práticas produtivas ( ) Manejo e conservação dos recursos naturais (recursos hídricos,
florestas, solos)
( ) Educação rural ( ) Gestão de estabelecimento (planejamento, administração)
( ) Comercialização/
certificação
( ) Transformação de produção (agroindústria,
artesanato)
( ) Crédito/Microcrédito ( ) Apoio institucional a organizações de agricultores
( ) Planejamento regional e
gestão territorial
( ) Acompanhamento, monitoramento e proposição de
políticas públicas
( ) Elaboração de projetos ( ) Turismo rural
( ) Habitação, saúde e
nutrição
( ) Outras atividades rurais não-agrícolas. Especificar:
_________
( ) Outros. Especificar: __________________________________
8.2 Como esta Instituição escolhe as prioridades da ATER?
(1) Resposta a solicitações institucionais (3) Por meio de demanda de agricultores e/ou suas
organizações
(2) Resposta a editais públicos (4) Por meio da elaboração de diagnósticos
(5) Outros. Quais: _____________________________________________________________________
8. 3 Esta Instituição se relaciona/trabalha com seus beneficiários:
(1) Interpessoal (face a face) (3) Social (grandes grupos - associações, sindicatos etc.)
(2) Grupal ( pequena associação) (4) Organizacional (empresarial, corporativa)
(4) Outros. Quais: _______________________________________________________________________
8. 4 Esta Instituição utiliza algum destes instrumentos:
Diagnóstico (1) Sim (2) Não Planejamento (1) Sim (2) Não Avaliação/monitoramento(1) Sim (2) Não
8.5 Os beneficiários desempenham alguma atividade de difusão e/ou geração de
tecnologia/conhecimento apoiado pela Instituição:
(1) Sim (2) Não
8.6 O público-alvo participa dos processos de tomada de decisão desta
Instituição no tocante a linhas e prioridades de atuação?
(1) Sim (2) Não
8.7 Em caso positivo, como?
(1) Diretamente nas instâncias decisórias da instituição
(2) Por meio de reuniões sistemáticas com as comunidades
(3) Respondendo a demandas formuladas por organizações de beneficiários
(4) Outras. Quais? ______________________________________________________________________
8.8 A Instituição realiza trabalhos em parceria com outros
órgãos ou instituições?
(1) Sim (2) Não
127
8.9 Em caso positivo, quais as instituições? 8.10 Qual a finalidade desta parceria?
8.11 A Instituição tem conhecimento dos trabalhos realizados na região pelos parceiros?
(1) Sim (2) Não
9. ESTRUTURA DA INSTITUIÇÃO
9.1 A sua Instituição tem:
Especificação
Número
Especificação
Número
(1) Prédio próprio
(8) Fax
(2) Prédio alugado (9) Computadores de mesa (desktop/PC)*
(3) Carros de passeio (10) Computadores ligados na Internet*
(4) Caminhonetes (11) Computadores portáteis (laptop, notebook/ table PC)
(5) Motos (12) Projetor de multimídia (Data-show)
(6) Linhas telefônicas (13) DVD/Videocassete
(7) TV (14) Filmadora
(15) Outros. Quais? ____________________________________________________________________
9.2 *Caso tenha assinalado “Computadores ligados na Internet”, qual é o tipo de rede utilizada nesta
Instituição?________________________________
(1) Cliente-servidor (2) Ponto-a-ponto (3) Barramento (4) Anel (5) Estrela
9.3 Qual é o tipo de conexão utilizada para acessar a Internet na Instituição?
(1) Modem Tradicional (acesso discado através de uma linha telefônica normal)
(2) Banda larga de alta velocidade através de Serviço Digital de Rede Integrada (ISDN)
(3) Banda larga de alta velocidade através de linha Digital para Assinante (DSL)
(4) Banda larga de alta velocidade através de cabo
(5) Através de um acesso/ serviço sem fio
(6) Através de Internet via satélite
(7) Alguma outra conexão. Qual? ____________________________________________________
10. RECURSOS HUMANOS
10.1 Quantos funcionários trabalham nesta Instituição?
____________________________________
10.2 Formação acadêmica
Sexo
Tempo de
Serviço na
Instituição
Atuando
Diretamente
Público-alvo
(Número)
Área de
Atuação/Formação
Número
MF
Pessoal de apoio
Técnico Agropecuário
Nível de Formação
A – Especialização
B – Mestrado
C – Doutorado
Técnicos de 2.º Grau (outros)
A B C
Agronomia
Veterinária
Zootecnia
Engenharia Florestal
Engenharia Agrícola
Sociologia
Economia
Educação/Pedagogia
Saúde/Nutrição
Comunicação/Jornalismo
Outros.
128
10.3 Qual o processo adotado para o aperfeiçoamento/capacitação/atualização da equipe?
Tipo Freqüência Número de pessoas envolvidas
(1) Seminários *(a) *(b) *(c) *(d) *(e)
(2) Palestras *(a) *(b) *(c) *(d) *(e)
(3) Grupos de Estudo *(a) *(b) *(c) *(d) *(e)
(4) Oficinas *(a) *(b) *(c) *(d) *(e)
(5) Graduação *(a) *(b) *(c) *(d) *(e)
(6) Especialização *(a) *(b) *(c) *(d) *(e)
(7) Mestrado *(a) *(b) *(c) *(d) *(e)
(8) Doutorado *(a) *(b) *(c) *(d) *(e)
Outros: *(a) *(b) *(c) *(d) *(e)
*(a) = semanal; *(b) = mensal *(c) = semestral *(d) = anual *(e) = outros (especificar)
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
10.4 A instituição ofereceu algum curso de curta duração aos seus servidores nos
últimos 12 meses?
(1) Sim (2) Não
10.5 Caso tenha respondido SIM na questão anterior, qual/quais curso(s)?
11. COMUNICAÇÃO INTERNA NA INSTITUIÇÃO
11.1 Quais os 5 canais ou meios de comunicação mais utilizados pela Instituição para as informações
da natureza administrativas? (Enumere em ordem crescente de prioridade: 1,2,3,4,5)
( ) Circulares ( ) Boletins informativos ( ) Reuniões em grupo
( ) Quadro de aviso/mural ( ) Jornal interno ( ) Conversas individuais
( ) Memorandos ( ) Manuais ( ) Treinamentos
( ) Cartas ( ) Videoconferência ( ) Telefone
( ) Fax ( ) E-mail
( ) Outros. Quais?
11.2 Quais os 5 canais ou meios de comunicação mais utilizados para comunicar com seu
chefe/subordinado? (Enumere em ordem crescente de prioridade: 1,2,3,4,5)
( ) Circulares ( ) Boletins informativos ( ) Reuniões em grupo
( ) Quadro de aviso/mural ( ) Jornal interno ( ) Conversas individuais
( ) Memorandos ( ) Manuais ( ) Treinamentos
( ) Cartas ( ) Videoconferência ( ) Telefone
( ) Fax ( ) E-mail
( ) Outros. Quais?
12. COMUNICAÇÃO EXTERNA DA INSTITUIÇÃO
12.1 A comunicação organizacional engloba algumas modalidades (comunicação mercadológica,
comunicação interna e a comunicação administrativa) e seus instrumentos. Quais destas ferramentas
e instrumentos estão presentes em sua instituição?
(1) Relações públicas (6) Marketing
(2) Jornalismo empresarial (7) Feiras e exposições
(3) Assessoria de imprensa
(4) Editoração multimídia
(5) Propaganda institucional
(8) Outros. Quais? __________________________
__________________________________________
__________________________________________
129
12.2 Quais destes meios ou procedimentos a sua instituição utiliza para obter informações técnicas?
(Por ordem de prioridade: 1,2,3,4,5...)
( ) Instituições de pesquisa ( ) Assessoria técnica
( ) Livros e outros documentos impressos ( ) Experiência dos agricultores/conhecimento local
( ) Internet e mídia eletrônica ( ) Pesquisa/experimento da própria instituição
( ) Outros. Quais? _____________________________________________________________________
12.3 Quais os 5 canais ou instrumentos de comunicação que a Instituição utiliza para
comunicar/informar com os parceiros? (Enumere em ordem crescente de prioridade: 1,2,3,4,5)
( ) Página na Internet (WWW) ( ) Fax ( ) Intranet
( ) Reuniões em grupo ( ) Jornal/Boletins ( ) Conversas face a face
( ) Cartas/Memorandos ( ) Bate-papo (Chat) ( ) Lista de discussão (Listservs)
( ) Programa de Rádio ( ) Telnet ( ) Grupo de discussão (Usenet)
( ) Treinamentos ( ) E-mail ( ) Videoconferência
( ) Telefone ( ) Circulares ( ) ICQ/ComVC/Instant Messenger (MSN)
( ) Outros. Quais? ________________________________________
12.4 As tecnologias de Informação e Comunicação – TIC’s (computador, data-show, Internet, DVD etc.)
podem colaborar em quais processos/ações administrativas? (Por ordem de prioridade: 1,2,3,4,5...)
( ) Comunicação/Ensino ( ) Capacitação ( ) Captação de recursos
( ) Gestão ( ) Articulação política ( ) Articulação Institucional
( ) Treinamento ( ) Marketing
( ) Outros. Quais? ____________________________________________________________________
12.5 Em quais processos administrativos as TIC’s, de maneira potencial, estão sendo usadas nesta
Instituição? (Por ordem de prioridade: 1,2,3,4,5...)
( ) Comunicação/Ensino ( ) Capacitação ( ) Captação de recursos
( ) Gestão ( ) Articulação política ( ) Articulação Institucional
( ) Treinamento ( ) Marketing
( ) Outros. Quais? ____________________________________________________________________
13. OPINIÃO
13.1 Em sua opinião, quais as contribuições atuais e futuras das Tecnologias da Informação e
Comunicação ao sistema de extensão rural?
13.2 Em sua opinião, quais as principais dificuldades encontradas por esta
Instituição na utilização das TIC’s?
13.3 Em sua opinião, como enfrentar esses desafios?
130
13.4 Em sua opinião, quais as perspectivas em relação ao uso das TIC’s nesta
Instituição?
13.5 Em sua opinião, quais os principais entraves para uma melhor atuação da Instituição?
(1) Tecnológicos (ex.: carência de pesquisa/conhecimento/alternativas)
(2) Institucionais (ex.: problemas internos da instituição, dificuldade de trabalho em
parcerias)
(3) Políticas públicas específicas para o setor (ex.: preços, crédito, armazenamento)
(4) Políticas públicas em geral (ex.: educação, saúde, estrada, eletrificação)
(5) Estrutura agrária da região (ex.: conflitos fundiários, ausência de regularização)
(6) Volume de recursos financeiros (ex.: equipe ou infra-estrutura insuficiente)
(7) Continuidade dos recursos financeiros (ex.: financiamentos incertos e de curto prazo)
(8) Outros. Especificar.
13.6 Sugestões, dúvidas, esclarecimentos:
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo