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RESUMO
O Parque Estadual do Rio da Onça (PERO) localiza-se no município de Matinhos
(25º45’ e 25º50’ S e 48º30’ e 48º35’ W), e abrange uma área de 118,50 ha na planície
litorânea do estado do Paraná. A área está praticamente ao nível do mar e distante deste
apenas 400 metros. A temperatura média anual mínima é de 17ºC e a máxima 27ºC; os
valores médios anuais de precipitação oscilam entre 2000 e 3000 mm e da umidade
relativa do ar acima de 85%. A vegetação é remanescente da Floresta Ombrófila Densa
com predomínio da formação de Terras Baixas, intercalada com áreas de formações
pioneiras representadas por restingas, caxetais e brejos com gramíneas. Neste trabalho
foi realizado o levantamento florístico das áreas de restinga, incluindo os caxetais e
áreas brejosas, com exceção da Floresta Ombrófila Densa das Terras Baixas situada na
porção oriental da unidade. Priorizou-se os indivíduos férteis, sendo eles de qualquer
forma biológica, que foram coletados através de caminhadas ao longo das trilhas e em
variadas incursões pelo interior das áreas de vegetação. Para cada espécime
descriminou-se, através de uma etiqueta, os dados do local, coletor, data e
características do material, bem como a forma biológica e sua posição no cordão
litorâneo ou depressão. A análise estrutural de um trecho da vegetação da restinga foi
outro objetivo deste trabalho. Para isso foram instaladas 20 parcelas de 10x5 m, em
porções intermediárias entre o ápice e a depressão de alguns cordões litorâneos,
totalizando 0,1 ha. O critério de inclusão aplicado foi o perímetro a 1,3 m do solo (PAP)
igual ou maior a 10 cm, sendo registrados a espécie, PAP e altura total. No
levantamento da flora foram identificadas 179 espécies distribuídas em 134 gêneros e
73 famílias, sendo Orchidaceae, Bromeliaceae e Myrtaceae as mais representativas. Em
relação à distribuição das espécies ao longo do sistema de cordões litorâneos e
depressões foi constatado que o maior número de espécies ocorreram nas porções mais
elevadas, diminuindo rumo à depressão. A forma biológica predominante foram as
arbóreas (56 espécies, ou 31,3% do total), seguida pelas herbáceas (45 espécies, ou
25,1%), epífitas (41 espécies, ou 23%), lianas (16 espécies, ou 9%), arbustivas (10
espécies, ou 5,6%) e parasitas (1 espécie, ou 0,5%). Dez espécies apresentaram hábitos
tanto arbóreos como arbustivos (5,5%). Na análise fitossociológica foram amostrados
512 indivíduos, que apresentaram densidade total de 5.112 ind./ha e área basal total de
37,31 m
2
/ha. Registrou-se 37 espécies distribuídas em 25 famílias, sendo que Myrtaceae
(6 espécies) e Aquifoliaceae (3 espécies) foram as que apresentaram maior número de
espécies e as demais (23) uma ou duas. Ocotea pulchella foi a espécie com maiores
valores de dominância, densidade e freqüência (Valor de Importância=53,05), seguida
por Cyathea atrovirens (VI=32,31), Ilex theezans (VI=30,85) e Clusia parviflora
(VI=27,36). Juntas, estas espécies representaram 56% do número de indivíduos e 47,8%
do VI da amostra; 32% das espécies foram representados por apenas um ou dois
indivíduos. Os indivíduos mortos obtiveram o quinto lugar em VI (21,86%), ocorrendo
em 85% das parcelas (17). A eqüidade (J) foi 0,76 e o índice de diversidade de Shannon
(H’) foi 2,74 nats/ind., valores próximos aos encontrados em trabalhos realizados nas
restingas.
Palavras-chave: Restinga, fitossociologia, florística, Paraná