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sociedade latino-americana que, na época de Eisenhower, haviam
sido a mais influente fonte de opinião antiamericana. Não tinha havido
este sentimento pró-americano desde os anos Roosevelt [Franklin
Delano]. Mas o embaixador Mann demonstrou pouca paciência com
intelectuais mexicanos e com o esforço de estabelecer um honesto e
livre intercâmbio de idéias. No aerograma A-407, de 02 de outubro de
1963, ele argumentou contra a tradução em espanhol e possível
distribuição pela USIA de um livro de Daniel James, México e os
Americanos. James, é preciso lembrar, é um conhecido escritor
anticomunista e atualmente é secretário executivo da organização
direitista Comitê Cuba Livre. O embaixador Mann escreve: ‘a
proposta de nosso programa de tradução de livros é de melhorar o
entendimento no estrangeiro do sistema político, econômico e social
dos Estados Unidos, para conquistar apoio em relação à nossa
política externa e ao american way of life. Eu acredito que nós não
alcançaremos este objetivo disseminando material que enfatize
equívocos e falhas dos Estados Unidos, sejam eles reais ou não.
Talvez auto-exame e autocrítica feitas por norte-americanos da
política norte-americana seja necessária para os norte-americanos.
Mas a minha opinião é que, de acordo com os limites dos programas
da USIA, nós seguramente podemos deixar esta tarefa de auto-crítica
ao setor privado e àqueles estrangeiros que parecem estar gastando
dinheiro e tempo com esta tarefa (...)’.
As concepções de política de informação do embaixador Mann são
completamente diferentes da USIA sob a direção do senhor Murrow
[diretor da USIA]. (...). A embaixada no México confunde
independência de opinião com pró-comunismo. Eu não precisaria
mencionar isso mas, se esta atitude for generalizada para toda a
América Latina, os efeitos sobre os esforços de conquistar a
comunidade intelectual latino-americana serão desastrosos.
4. Em suma, isto tudo pode ser entendido na América Latina como
um retorno às políticas da administração Eisenhower, para a qual o
embaixador Mann tão habilmente serviu. A política de Eisenhower,
em essência, pregava que o desenvolvimento viria através de
investimentos privados; que seriam desejáveis os governos que
garantissem o clima para investimentos privados externos; que os
latino-americanos são crianças e precisam de disciplina; e que
governos autoritários de direita, embora teoricamente indesejáveis,
são necessários na América Latina para proteger os investidores
estrangeiros e tomar atitudes duras contra os ‘esquerdistas’. Estas
visões estão em acirrado conflito com as premissas da Aliança
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“I think it would be an error to give him [Thomas Mann] this assignment because I believe
that he is not only out of touch with the vital forces in contemporary Latin America – the
democratic left, labor, the students, the youth, the intellectuals – but actively unsympathetic to
these forces. His association has been in the main with the past of Latin America, not with its
future. In particular: 1. His economic philosophy is conservative – a good deal more
conservative, I would judge, than that of the New Deal or the New Frontier. He is a “true
believer” in the virtue of a substantially unregulated private enterprise system. He also believes
strongly in the obligation of the United States Government to take aggressive measures to
advance American business interests in Latin America even in circumstances when Latin
American governments themselves are engaged in legitimate attempts at regulation and
control. In Airgram A-435 (September 28, 1962) he condemns ‘the failure of both the United
States Government and U.S. private business enterprise over a long period of years to protect
United States investments’. He would reverse this supine policy and enlist the full force of the
American government to back American business: “our objective should be to mobilize United
States economic power in both the private and public sectors, so that our economic power, like
our military power, will be a threat in being, enabling us in a fair and flexible way to further the
objectives of our foreign policy by using it to require of Mexico and other governments
cooperation of their part. (…). 3. A major effect of our policy since January 1961 has been to