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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
FACULDADE DE MEDICINA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS MÉDICAS:
PSIQUIATRIA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
ESTUDO DA INFLUÊNCIA DA CAFEÍNA SOBRE O EFEITO
ANTIDEPRESSIVO DA PRIVAÇÃO DE SONO EM PACIENTES DEPRIMIDOS.
ALEXANDRE WILLI SCHWARTZHAUPT
Porto Alegre, 2008
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
FACULDADE DE MEDICINA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS MÉDICAS:
PSIQUIATRIA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
ESTUDO DA INFLUÊNCIA DA CAFEÍNA SOBRE O EFEITO
ANTIDEPRESSIVO DA PRIVAÇÃO DE SONO EM PACIENTES DEPRIMIDOS.
Dissertação apresentada ao
Programa de Pós-Graduação em
Ciências Médicas:
Psiquiatria da Universidade
Federal do Rio Grande do Sul
como requisito parcial
para obtenção do título de
Mestre em Psiquiatria.
ALEXANDRE WILLI SCHWARTZHAUPT
Orientador: Dr. e Prof. Marcelo Pio de Almeida Fleck
2
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AGRADECIMENTOS
A Deus Todo Poderoso pela força e apoio constantes nesta jornada.
Aos meus pais pelo incentivo, amor e carinho que me dão de coração não nesta
jornada, bem como ao longo de toda minha formação da vida.
Ao meu Orientador Marcelo Pio de Almeida Fleck pela paciência, perseverança,
integridade e lealdade nesta jornada e pelas palavras e gestos fundamentais que
reforçaram a seguir lutando a concluir esta Dissertação de Mestrado. Também deixo
aqui o meu eterno agradecimento pelos cinco anos desde o R3 como aluno seguindo
como auxiliar voluntário no “front” nas 2°f à tarde na discussão prática dos casos do
ambulatório do PROTHUM com os R2s e R3, experiência em aprendizado diagnóstico-
terapêutico de uma grandiosidade imensurável.
Aos colegas Alice Schuh, Ellen, Leonardo, Marcos Caldieri no auxílio na coleta de
dados.
Ao HCPA por me permitir utilizar a sala de recreação do 4°Norte da Psiquiatria, local
da coleta dos dados, onde os pacientes passavam conosco as noites de privação de sono.
À Vânia pelo excelente apoio, interesse e trabalho na área de Bioestatística desta
Dissertação de Mestrado.
SUMÁRIO
Lista de abreviaturas 6
Resumo 9
Summary 11
1. Apresentação 13
2. Revisão da Literatura 15
2.1. Introdução: Transtorno depressivo maior na atualidade, sua repercussão na
população e os tratamentos usuais da pratica clínica 15
2.2. Tratamentos Alternativos para o Transtorno Depressivo Maior (TDM) 21
2.3. Privação do Sono (PdS) 33
2.3.1. Privação de Sono em indivíduos normais 43
2.3.2. PdS como tratamento isolado ou coadjuvante em pacientes com
TDM 46
2.3.3. Privação de Sono em pacientes com síndromes ansiosas ou transtornos de
ansiedade (TA) 53
2.4. Uso de cafeína em voluntários sadios 55
2.5. Uso da cafeína em pacientes com TDM 60
2.6. Uso da cafeína na Ansiedade e no Transtorno do Pânico (TP) 61
2.7. Hipótese Adenosinérgica e Neurobiologia dos Transtornos de Humor 62
3. Objetivos 67
4. Hipóteses 68
5. Considerações Éticas 68
6.1. Artigo (versão em Português) 69
6.2 Article (version in English) 89
7. Discussão Geral 108
8. Conclusões 114
9. Referências Bibliográficas 115
10. Anexo A TERMO DE CONSENTIMENTO INFORMADO AO PACIENTES
E SEUS FAMILIARES 135
10. Anexo B – Visual Analogic Scale (Escala de Humor de Lader) 138
10. Anexo C – HAM-D 6 itens 139
10. Anexo D - CGI 140
LISTA DE ABREVIATURAS
AD – Anxiety Disorders;
ADs – Antidepressivos;
ADTs – Antidepressivos Tricíclicos;
AG - Transtorno de Ansiedade Generalizada;
BAD – Bipolar Affective Disorder;
BDI – Beck Depressive Inventory;
BDNF -Brain-derived-neurotrophic factor;
BDZ – Benzodiazepines;
BHE - Barreira Hemato-Encefálica;
CGI – Clinical Global Impression;
CID-10 – Código Internacional das Doenças 10° edição;
Cross-over – cruzado;
DM II - Diabete Mellitus tipo II;
DSM-IV-TR – Manual Diagnóstico e Estatístico de transtornos mentais 4°ed. Revisada.
EA – Estudo Aberto;
Ea – Echium Amoenum;
ECR – Ensaio Clínico Randomizado;
ECT – Eletroconvulsoterapia;
EDM – Episódio Depressivo Maior;
EEG – Eletroencefalograma;
EHHT - Eixo Hipotálamo Hipófise Tireóide;
EMT – Estimulação Magnética Transcraniana;
ENV – Estimulação do Nervo Vago;
FDA – Food and Drug Admnistration;
FS - Fobia Social;
GDNF -Glial-derived-neurotrophic factor;
HAM-D – Hamilton depressão;
HAM-D 6 ítens – Hamilton depressão 6 ítens;
HAS - Hipertensão Arterial Sistêmica;
HDRS – Hamilton Depressive Ratio Scale;
IL-6 – Interleucina 6;
IMAO-A e B – Inibidores da Monoaminoxidase tipo A e tipo B;
IRSS – Inibidores da Recaptação Seletivos da Serotonina;
MADRS – Montgomery Asberg Depressive Rating Scale;
MDD - Major Depressive Disorder;
MDE - Major Depressive Episode;
MTHF – Metiltetrahidrofolato;
NIMH - National Institute of Mental Health;
NGF - Nerve Growth Factor;
NNT – Número Necessário para Tratar;
NREM – No Rapid Eye Moviment;
OMS – Organização Mundial de Saúde;
PA – Panic Attacks;
Pcc - Performance cognitiva psicomotora
PD – Panic Disorder;
PdS – Privação de Sono;
POMS - Profile of Mood States;
PSQI - Pittsburgh Sleep Quality Index;
PVT - Psychomotor Vigilance Task;
RCT - Randomized Clinical Trials;
REM – Rapid eye moviment;
RS – Risco de Suicídio;
SEES - Subjective Exercise Experiences Scales;
SD - Sleep deprivation;
SNC – Sistema Nervoso Central;
SNP – “nucleotídeos únicos de polimorfismos”;
SR – Acute Suicidal Risk;
S100B – proteínas protetoras do SNC;
TA – Transtornos de Ansiedade;
TAB – Transtorno Afetivo Bipolar;
TAD – Tricyclic Antidepressants;
TCC – Terapia Cognitivo-Comportamental;
TDCRP - Treatment of Depression Collaborative Research Program;
TDM – Transtorno Depressivo Maior;
TIP – Terapia Interpessoal;
TOC – Transtorno Obsessivo Compulsivo;
TP - Transtorno de Pânico;
T3 – L-Triiodotironina;
T4 – Tiroxina;
VAMS – Visual Analogic Scale;
VEGF – Vascular endothelial growth factor;
Wash-out – ausência de uso de medicação;
WHOQOL-100 – Instrumento de Qualidade de Vida desenvolvido pela OMS/Brasil;
5 –HT – Serotonina;
RESUMO
Introdução: A privação de sono (PdS) tem sido utilizada como um estratégia alternativa
para o tratamento do Transtorno Depressivo Maior (TDM), contudo sua eficácia e
efetividade carecem de estudos homogêneos e de bom delinemento para dar um grau de
evidência científica para seu uso na prática diária. Assim sendo, desde a primeira
publicação, em 1971, num relato de caso de um paciente com TDM grave tipo
melancólico, por Plug e Tölle, o mesmo estava assintomático no dia seguinte à privação
total de sono. Contudo, na noite seguinte de sono seus sintomas depressivos retornaram.
Nestes quase 40 anos desde esta publicação houve dezenas de estudos em sua maioria
relatos de caso, série de casos ou até estudos abertos que misturando pacientes com
TDM com Depressão Bipolar sem mesmo distinguir se tipo I ou II.
A cafeína com seu efeito estimulador poderia ser uma alternativa para facilitar
a privação de sono. No entanto, não dados sobre o sua potencial influência no efeito
antidepressivo da PdS. O objetivo deste estudo é avaliar o efeito da cafeína na PdS em
pacientes deprimidos unipolares moderados a graves não psicóticos.
Métodos: Ensaio Clínico randomizado, duplo cego, cruzado, comparando cafeína contra
placebo em pacientes deprimidos moderados a graves submetidos à privação total de
sono (PdS). Os pacientes foram avaliados por itens da escala de Lader, HAMD- 6 itens,
CGI Severidade e Melhora Global. Resultados: Foram avaliados 20 pacientes. Os
pacientes que usaram cafeína mantiveram o mesmo escore de energia pré e pós-privação
de sono (item energético-letárgico da escala de Lader) enquanto os do grupo placebo
diminuíram o escore de energia pós-privação de sono. (p = 0,0045). Não houve
diferença entre o grupo cafeína e placebo nos demais itens da escala de Lader.
Conclusão: O uso combinado de cafeína e PdS pode ser uma estratégia útil para manter
os pacientes mais acordados sem o prejuízo do cansaço da PdS em pacientes
ambulatoriais deprimidos. Contudo, mais estudos envolvendo pacientes que tenham
respondido à PdS são necessários para verificar se a cafeína também não interfere nos
resultados deste grupo.
Palavras Chaves: Transtorno Depressivo Maior, Transtornos de Humor, Alterações do
Ciclo Sono Vigília, Privação de Sono, Adenosina, Cafeína, Transtornos de Ansiedade,
Transtorno do Pânico, Tratamentos Alternativos, Neurobiologia e Neurociência.
SUMMARY
Introduction: Sleep deprivation (SD) has been used as an alternative approach to treat
major depressive disorder (MDD), however the efficacy and the effectiveness needs
studies with homogeneity and better delineament to strengthen the evidence based
medicine to the use in the practical daily use. Besides, since the puplication in 1971
of a case report, by Plug and Tölle, in that one patient with severe melancholic
depressive disorder achieved remission in the next day after a total sleep deprivation.
However his depressive sintomtology was back after the next night of sleep. Since this
almost 40 years, a lot of papers were puplished, and the majority where case report, case
reports and open trials with patients with MDD, bipolar depression without make
difference between tipe I or II.
Caffeine, due to its stimulating effect, could be an alternative to promote sleep
deprivation. However, there are no data about its potential influence on the
antidepressive effect of SD. The objective of this study is to assess the effect of caffeine
on SD in non-psychotic patients with moderate to severe unipolar depression.
Methods: Randomized, double-blind, crossover clinical trial comparing caffeine and
placebo in moderate to severe depressed patients who underwent total sleep deprivation
(SD). The patients were assessed with items of the Bond-Lader Scale, the 6-item
Hamilton Depression Rating Scale (HAMD-6), and the Clinical Global Impression
(CGI)-Severity/Improvement.
Results: Twenty patients participated in this study. The patients who consumed caffeine
presented the same score of energy before and after sleep deprivation (lethargic-
energetic item of the Bond-Lader scale), while the patients in the placebo group had a
reduced score of energy after sleep deprivation (p = 0.0045). There was no difference
between the caffeine and placebo groups in the other items of the Bond-Lader scale.
Conclusion: The combined use of caffeine and SD can be a useful strategy to keep the
patient awake without impairing the effect of SD on depressed outpatients. However,
further studies involving patients who have responded to SD are needed in order to
verify if caffeine also does not interfere with the results in this group.
Keywords: Major Depressive Disorder, Affective Disorders, Cicardian Cicle
Alterations, Sleep Deprivation, Adenosine, Caffeine, Anxiety Disorders, Panic
Disorder, Alternative Treatments, Neurobiology and Neuroscience.
1. APRESENTAÇÃO
O Transtorno Depressivo Maior (TDM) é atualmente a 4ª causa de incapacitação
funcional, com previsão, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a ser a
primeira causa em países em desenvolvimento e segunda em países desenvolvidos em
2020, (Fleck, 2006). É a causa de suicídio (Caliyurt e Guducu (a), 2005; OMS Saúde
Mental).
Além de sua gravidade, O TDM apresenta uma prevalência alta. A prevalência
anual em nosso meio é de 10% ao ano (Almeida-Filho et al, 1997) e de 17% na vida de
um indivíduo. Em geral, com os tratamentos antidepressivos atualmente empregados as
taxas de remissão obtidas variam de 30-40% com uso de 1 antidepressivo. Observa-se
também que 30 a 40% dos pacientes são resistentes a uma seqüência de estratégias
antidepressivas, vindo a necessitar estratégias mais complexas de polifarmacoterapia
com índices progressivamente menores de sucesso. Com isto, pelo menos 12% até 20 %
mantêm-se cronicamente sintomáticos (Fleck, 2006).
Assim sendo, a busca por tratamentos mais eficazes e eficientes aumenta cada
vez mais, tanto para novos medicamentos e psicoterapias como para tratamentos
alternativos.
A Privação do Sono (PdS) é um dos tratamentos alternativos possíveis. Possui
seus primeiros estudos publicados aproximadamente 30 anos, mas nos últimos
anos vem melhorando sua metodologia para avaliação quanto à sua aplicabilidade
clínica.
A presente dissertação consta de duas partes. A primeira é uma revisão
sistemática da literatura em relação ao uso da privação de sono no transtorno depressivo
maior unipolar. Na segunda parte é apresentado um ensaio clínico randomizado duplo
cego, cruzado, cafeína contra placebo em pacientes submetidos à restrição de sono
completa em pacientes deprimidos moderados a graves.
Esperamos poder ter algumas respostas sobre a restrição de sono em nosso meio
e sobre a interferência da cafeína sobre a restrição do sono em pacientes deprimidos
moderados a graves.
2. REVISÃO DA LITERATURA
Revisamos via PubMed, Bireme, PsychoINFO e Lylacs utilizando as seguintes
palavras chaves: Major depressive disorder AND sleep deprivation AND not bipolar,
Major depressive disorder AND adenosine, Major depressive disorder AND caffeine e
Major depressive disorder AND caffeine AND sleep deprivation, sem data de início até
23/09/2007, retringindo-se a seres humanos. Não conseguimos nenhum ensaio clínico
randomizado (ECR), estudo aberto (EA) ou série de casos com a tríade Major
depressive disorder AND caffeine AND sleep deprivation. Também o mesmo ocorreu
no cruzamento entre Major depressive disorder AND caffeine de onde obtivemos
apenas uma revisão (Broderick e Benjamin, 2004). Foram selecionados ensaios clínicos
randomizados (ECR), estudos abertos (EA) e na ausência de ambos série de casos de
pacientes com o cruzamento de Major depressive disorder AND sleep deprivation AND
not bipolar Também foram avaliados as principais revisões existentes. Foram excluídos
estudos que contenham na amostra pacientes bipolares pois estes parecem ter uma
resposta à PdS e evolução distinta do TDM. Também foram revisados os efeitos de sono
em pessoas saudáveis e indivíduos com ansiedade ou transtornos de ansiedade.
Finalmente revisou-se o papel da cafeína em indivíduos normais, em pacientes
deprimidos e pacientes ansiosos.
2.1. Introdução: Transtorno depressivo maior na atualidade, sua repercussão na
população e os tratamentos usuais da prática clínica.
O diagnóstico de TDM e seu equivalente “Episódio depressivo” consta nas duas
principais classificações internacionais: CID 10 e DSM IV – TR.
O TDM atualmente é entendido de forma dimensional desde a depressão
“normal”, ou seja, conjunto de sintomas com prejuízo funcional significativo que não
seja secundário a outros fatores (ex: episódio depressivo leve a moderado) a
depressões graves psicóticas. Este espectro leva em conta à intensidade, a duração, a
persistência e a interferência no funcionamento diário fisiológico e psicológico do
paciente e a desproporção da sintomatologia em relação ao fator desencadeante quando
este existente.
Os psicofármacos são a primeira escolha do tratamento do TDM tanto por sua
eficácia quanto pela sua universalidade de uso, apresentando nível de evidência I para
tratamento agudo da depressão moderada a grave. Abaixo seguem as categorias dos
mesmos com diferentes mecanismos de ação e seus respectivos medicamentos genéricos
associados para o tratamento do TDM (Medcenter, 2006):
1) Inibidores da Monoaminoxidase (I-MAO):
1A) I-MAO A: Tranilcipromina e Fenelzina (esta não comercializada no Brasil);
1B) I-MAO B: Moclobemida;
2) Antidepressivos Tricíclicos (ADT):
Amitriptilina, Clomipramina, Imipramina, Nortriptilina.
3) Inibidores Seletivos da Recaptação da Serotonina (ISRS):
Fluoxetina, Paroxetina, Sertralina, Fluvoxamina, Citalopram, Escitalopram.
4) Inibidor Seletivo da Recaptação de Noradrenalina (ISRN):
Reboxetina, Maprotilina (tetracíclico)
5) Inibidores da Recaptação da Serotonina e Noradrenalina (IRSN):
Venlafaxina, Milnaciprano (recentemente retirado do mercado brasileiro), Duloxetina.
6) Antagonistas Serotoninérgicos e Inibidores de Recaptação:
Trazodona e Nefazodona (antigo Serzone – fora do mercado brasileiro).
7) Inibidores da Recaptação de Dopamina e Noradrenalina:
Bupropiona
8) Ação Noradrenérgica e Serotoninérgica Específicas:
Mirtazapina e Mianserina.
9) Otimizador da Velocidade de Recaptação de Serotonina:
Tianeptina.
10) Inibidor Seletivo da Recaptação Pré-Sináptica de Dopamina:
Amineptina.
11) Agonista Melatoninérgico (MT1 e 2) e antagonista do receptor
serotoninérgico 5HT2c:
Agomelatina (a ser lançado no Brasil em 2008).
Além dos antidepressivos, outras formas de tratamento do episódio depressivo
maior (EDM) são bastante utilizadas e com eficácia reconhecida entre elas a
psicoeducação, psicoterapia e eletroconvulsoterapia.
A psicoeducação do paciente e sua família pelo médico ou profissional de saúde
demonstra resultados importantes na adesão ao tratamento (Fleck, 2006).
Existem diversos modelos de psicoterapia utilizados na depressão embora a
Terapia Interpessoal (TIP) e Terapia Cognitvo Comportamental (TCC) são as que
apresentam resultados mais bem documentados nestes últimos 30 anos (Weissman,
2007).
a Terapia Cognitiva Comportamental (TCC) é a forma de psicoterapia mais
estudada e também comprovadamente eficaz para o tratamento agudo do TDM
(Depression Guideline Panel, 1993; Friedman et al, 2006, Thase et al, 2007). A TCC
tem sido considerada uma alternativa para pacientes que não respondem à medicação
(Thase et al, 2007) de forma isolada ou em associação com medicação, especialmente
em pacientes com TDM leve a moderado. Seus resultados não diferem da mesma
estratégia de quem não respondeu à primeira tentativa de uso de AD quer trocando-o
por um outro quer potencializando-o com mais uma medicação no tratamento agudo
(Thase et al, 2007).
Uma revisão de 34 trabalhos demonstrou que a TCC em grupoterapia é superior
à ausência de tratamento, não confirmando superioridade à TIP ou psicofarmacoterapia.
Os autores colocam como próximo objetivo a criação de uma teoria prática para a
grupoterapia em TCC para o TDM (Oei e Dingle, 2007).
Existem vários estudos de eficácia da TIP na fase aguda da depressão quer
isolada quer com medicação. No primeiro estudo de DiMascio et al, 1979, a associação
de psicoterapia com imipramina se mostrou mais eficaz do que as monoterapias. Neste
estudo, a medicação agiu mais rapidamente nos sintomas neurovegetativos enquanto a
psicoterapia agiu no humor, apatia, ideação suicida, trabalho e interesse. Ao final, o
grupo com psicoterapia apresentou melhora funcional na área social. Após as 16
semanas de tratamento os pacientes entravam em wash-out e eram reavaliados em 1 ano
e se observava que não mantinham os índices de remissão e melhora do final das 16
semanas de tratamento.
O projeto mais importante que avaliou os resultados de psicoterapia nas
depressões foi desenvolvido pelo National Institute of Mental Health (NIMH) e é
conhecido como o Treatment of Depression Collaborative Research Program
(TDCRP). (Elkin et al, 1989; Fawcett et al, 1987; Hill et al, 1992). Resultados deste
projeto mostraram que, em pacientes com depressão leve a moderada, não houve
diferença entre os grupos imipramina isolada, imipramina em combinações com TIP ou
TCC, ou ainda TIP ou TCC isoladas. em pacientes mais severos a imipramina +
manejo clínico foi a estraégia com melhor desempenho sendo que a TIP foi superior ao
placebo, enquanto a TCC não foi superior ao placebo (Klein et al, 1993).
Shea et al, 1992, realizam um estudo agudo similar aos outros acima e seguiu a
coorte por 18 meses dos pacientes que tinham obtido remissão e encontrou taxas de
recaída de 36% para TCC, 33% para TIP; 50% para imipramina e 33% para o placebo.
Sotsky et al, 1991, acharam fatores de bom prognóstico de resposta à TIP
como uma baixa disfunção social no início do tratamento, bem como maior severidade
do TDM, maior prejuízo funcional e dificuldade no trabalho sendo estes últimos 3 na
associação da TIP mais imipramina. Os fatores de mau prognóstico são déficits sociais
severos no início do tratamento e pacientes graves com dificuldade de concentração.
Finalmente, Frank, 1991, observou que os terapeutas que mais se mantivessem no foco
da TIP apresentaram melhores resultados na fase aguda quanto na fase de manutenção
de 1 vez ao mês. Sotsky, 1997, mostrou o poder da aliança terapêutica para os
tratamentos (Weissman et al, 2000).
Um estudo foi realizado para avaliação do efeito agudo e principalmente do
efeito do tratamento de manutenção numa amostra de mulheres. Neste estudo 39% da
amostra preferiu realizar TIP semanal + IRSS e as demais somente TIP semanal. Na
fase aguda a TIP isolada teve uma taxa de remissão de 66%. Na fase de manutenção,
por 2 anos, as que remitiram foram randomizadas para TIP semanal, quinzenal ou
mensal até recaírem ou completarem os 2 anos. Das pacientes que fizeram TIP isolada
na fase aguda 26% tiveram recaída e das que usaram TIP + IRSS e seguiram
randomizadas com TIP 50% tiveram recaída. Contudo não houve diferença
estatística entre as diferentes dosagens de sessões entre os grupos na fase de
manutenção. Os autores concluem que quem realizou com sucesso o tratamento na faze
aguda com TIP parece razoável mantê-lo mensalmente na fase de manutenção,
contudo quem fez o tratamento com TIP + IRSS na fase aguda deve manter o AD + a
TIP mensal para tentar prevenir as taxas mais altas de recaída (Weissman et al, 2007).
Já a Eletroconvulsoterapia (ECT) está indicada para EDM graves e/ou
psicóticos, pacientes que também apresentem risco de suicídio (RS) grave, depressões
resistentes, refratárias ou pacientes com EDM que não toleram as medicações (Fleck,
2006). Meta-análises recentes tem mostrado que a ECT é a forma mais eficaz de
tratamento antidepressivo sendo superior a medicação (Geddes et al, 2003; Pagnin et al,
2004; Kho et al, 2003).
Como nenhum dos tratamentos classicamente utilizados tem índices de resposta
e remissão plenamente satisfatórios, a busca por tratamentos alternativos e seus
preditores de resposta permanecem justificada na literatura.
2.2. Tratamentos Alternativos para o TDM
Tratamentos alternativos recebem esta definição por serem tratamentos não
completamente consagrados, necessitando ainda estudos que permitam uma maior
confirmação quanto à sua eficácia, segurança e/ou efetividade para a prática diária.
Descreveremos a seguir brevemente os tratamentos alternativos para depressão.
2.2.1 – Estimulação Magnética Transcraniana (EMT):
A EMT é um método não-invasivo e indolor que consiste no uso de ondas
eletromagnéticas com o objetivo de estimular o córtex cerebral (quando utilizado em
alta freqüência) ou inibi-lo (quando utilizado em baixa freqüência) (Klein et al, 1999).
Não produz convulsões e tem tido melhores resultados quando direcionado a áreas
potencialmente disfuncionais como o giro do cíngulo no TDM tipo Melancólico. Tem
ainda resultados controversos conforme revisão sistemática da literatura (Martin et al,
2002), sendo ainda indicada para casos leves a moderados ou como terapia coadjuvante
(Sadock e Sadock, 2007).
Em 2005 Couturier em sua meta-análise novamente mostrou nos principais
estudos de ECRs não haver diferença estatisticamente significativa em relação aos
grupos “controles”.
2.2.2 – Fototerapia:
A fototerapia foi introduzida em 1984 e mostrou-se mais eficaz em pacientes
com TDM do tipo sazonal. Este tipo é mais comum em áreas que ficam por boa parte do
ano com períodos curtos de sol, como, por exemplo, latitudes acima do paralelo 50 do
hemisfério norte e sul. Em 75% dos casos são mulheres dos 40-55anos e a taxa de
melhora com fototerapia varia de aproximadamente 33% em unipolares a 90% em TAB
tipo II, com média de 60-80%. descrições na literatura de que esta forma de terapia
pode causar virada maníaca ou hipomaníaca. A amplitude em geral vai de 1500 a 10000
lux por sessão sendo que cada vez mais têm se utilizado faixas em torno de 2500 lux. O
paciente fica exposto por 1-2h de luz artificial antes do amanhecer, sendo orientado a
não olhar diretamente para a luz (Sartori e Poirrier, 1996). O tratamento por 2 semanas
aparentemente tem melhores resultados do que o de 1 semana. A fototerapia também
tem outras utilidades principalmente em problemas de sono em idosos e como
coadjuvante em tratamentos para TDM (Gross e Gysin; 1996; Sadock e Sadock, 2007).
Loving et al, 2005, publicaram um ECR de fototerapia contra placebo em 81
idosos e em diferentes escalas de depressão e não acharam diferença estatística entre os
grupos com taxa de melhora de 16%.
2.2.3. Estimulação do Nervo Vago (ENV):
Nos estudos em pacientes epilépticos a ENV passou a demonstrar efeito positivo
sobre o humor. Desde então, passou-se a utilizar desta intervenção mediante um
dispositivo eletrônico implantado na pele semelhante a um marcapasso. Estudos
preliminares têm demonstrado que um número significativo de pacientes com TDM
crônico recorrente obteve remissão com ENV. Alguns estudos mostram que o aumento
do tônus vagal, quer por efeito anticolinérgico dos ADTs quer em indivíduos que
apresentem na fase basal um tônus basal aumentado, melhoram a resposta
antidepressiva significativamente. (Chambers e Allen, 2002).
Nemeroff, 2006, em sua ampla revisão, destaca o crescente aumento de estudos
da ENV para pacientes com TDM resistente aprovada pelo FDA em julho de 2005.
Comenta a dificuldade da metodologia quanto a não poder realizar estudos duplos cegos
e que na maioria dos estudos a taxa de remissão em 10 a 12 semanas de aplicação foi de
aproximadamente 15% em pacientes com TDM resistente severos. E a taxa de resposta
em torno de 30%, levando em média 48 dias para obter estes resultados. A maioria dos
pacientes que responderam e seguiram com o tratamento de manutenção mantinha-se
estável ao final de 2 anos.
Não se sabe por qual mecanismo a ENV exerce seu papel antidepressivo apenas
que o nervo vago se conecta com o sistema nervoso entérico e quando estimulado pode
causar a liberação de peptídeos que atuam como neurotransmissores (Sadock e Sadock,
2007).
2.2.4. Acupuntura:
Até o dado momento, as evidências mais fortes do efeito da acupuntura são
sobre sua eficácia analgésica (Sadock e Sadock, 2007). No entanto, alguns estudos
(Sadock e Sadock, 2007) têm demonstrado eficácia em auxiliar os pacientes
dependentes de drogas (álcool, cocaína e opióides Stefani e Rinaldi, 1982; Lu et al,
2004) a aumentarem suas chances de conclusão das desintoxicações (Lu et al, 2004).
Além disso, a acupuntura parecere diminuir a fissura pelo álcool. (Trümpler et al, 2003;
Kunz et al, 2007).
Manber et al, 2004, realizou um ECR duplo-cego piloto em gestantes
depressivas (HAM-D 17 ≥ 14) durante 8 semanas (fase aguda) dividindo as 61 gestantes
em 3 grupos: A - Acupuntura especificada para depressão; B Acupuntura não
especificada para depressão e C Massagem. As pacientes eram consideradas
respondedoras se tivessem HAM-D < 14 ou uma redução ≥ 50% na HAM-D em relação
ao seu basal. Seus resultados foram promissores que o grupo A teve taxa de resposta
de 69%, o grupo B teve 47% de resposta e o grupo C teve 32% de resposta na fase
aguda, com NNT de 2,7. Nas pacientes que quiseram seguir por mais 10 semanas pós-
parto, o Grupo A foi estatisticamente superior ao grupo B com NNT de 2,8. Finalmente
estes dados preliminares indicam que a acupuntura pode vir a ser um método
antidepressivo durante a gestação e preventivo no puerpério. Replicações de estudos de
maior “n” e multicêntricos são necessários para confirmar estes resultados,
especialmente pois, neste estudo foi considerado taxa de resposta na HAM-D <14 e não
< que 8.
2.2.5. Vitaminas:
A deficiência de vitaminas (exs: folato, B12, B1) podem estar associado a um
episódio depressivo. As pessoas de maior risco são as que se submetem a cirurgias
gastrointestinais, as dependentes de álcool, os idosos sem suporte e as pessoas
cronicamente doentes.
A deficiência de niacina foi muito comum durante as expedições de
descobrimentos dos continentes e levava ao quadro clínico de pelagra com a tríade
característica de lesões cutâneas, distúrbios gastrointestinais e sintomatologia
psiquiátrica como irritabilidade, instabilidade emocional, progredindo para depressão
grave e desorientação, perturbações da memória, alucinações e paranóia.
A depleção fulminante de B12 pode levar a síndrome de Wernicke-Korsakoff.
Na síndrome de Wernicke temos a tríade ataxia, oftalmoplegia e em casos mais graves
confusão mental. a síndrome de Korsakoff pode levar a uma encefalopatia
permanente com amnésia retrógrada e anterógrada além de possíveis sintomas
psicóticos (Sadock e Sadock, 2007).
Em cirurgias gástricas pode se desenvolver a anemia perniciosa com sintomas de
apatia, mal-estar, humor deprimido, confusão e déficit de memória. A reposição de B12
de forma adequada tende a reverter o quadro.
A deficiência de folato apresenta como sintomas mais comuns à depressão e
demência. No decorrer destes pode acrecentar-se paranóia, psicose, agitação e confusão.
Anticonvulsivantes como fenitoína, primidona e fenobarbital podem contribuir na
depleção de folato. Além deles os anticoncepcionais orais e a reposição de estrógenos
também podem contribuir. A reposição adequada de folato tende a restaurar a saúde do
paciente (Sadock e Sadock, 2007).
Dados recentes confirmam a indicação do uso diário de folato (5mg/dia VO de
ácido fólico) em mulheres que planejam ter um filho podendo diminuir a chance de uma
mau formação fetal (Neuhouser e Beresford, 2001). Por outro lado, o uso de folato tem
sido contra-indicado em pacientes com câncer (Kim, 2006 e 2007).
Em pacientes deprimidos tem se encontrado um índice aumentado do
polimorfismo MTHFR C677T (Kelly et al, 2004), implicado na rota do metabolismo do
metiltetrahidrofolato (MTHF) a forma mais comum de atravessar a Barreira Hemato-
Encefálica (BHE). Mesmo as vezes com níveis séricos adequados os polimorfismos
impedem a equivalência com os níveis cerebrais (Mischoulon e Raab, 2007). Um ECR
duplo-cego fluoxetina 20mg/dia potencializado por acido fólico versus placebo em
pacientes com níveis basais de folato normais demonstrou que a associação ativa
reduziu os sintomas depressivos e os efeitos colaterais quando comparado à associação
placebo + fluoxetina de forma significativa em mulheres (Coppen e Bailey, 2000).
Semelhantemente, Alpert et al, 2002, tambêm potencializando pacientes que
responderam parcialmente ou não responderam a 4 semanas de fluoxetina utilizando
uma forma de acido fólico que se converte em MTHF e nesta amostra houve uma
importante redução dos sintomas e 19% tiveram remissão dos sintomas. Finalmente, a
potencialização dos AD com MTHF podem ajudar a melhorar os quadros depressivos e
reduzir seus efeitos colaterais, contudo mais estudos são necessários, incluindo outros
AD para confirmação destes resultados (Fava, 2007).
A descrição dos quadros também citados acima tem importância a seguirmos
alertas na investigação e tratamento em quadros depressivos com sintomatologia atípica
e especialmente à crescente realização de cirurgias bariátricas.
2.2.6. Aminoácidos:
O L-triptofano usado individualmente não mostrou resultados importantes e
satisfatórios no tratamento do TDM (Sadock e Sadock, 2007). No final de 1989 foi
descoberta sua relação com a síndrome de eosinofilia-mialgia devido às suas impurezas.
A mesma se apresenta por dores musculares intensas nas extremidades associado a
processos inflamatórios atingindo a pele (Kaufman et al, 1990), vasos (Smith et al,
1990), pulmões (Strumpf et al, 1991; Campagna et al, 1992), polineuropatias (Seidman
et al, 1991), músculos estriados (Seidman et al, 1991), músculos cardíaco (provocando
um caso de cardiomiopatia restritiva relatado por Berger et al, 1994, evoluindo para
insuficiência cardíaca congestiva grau III), através de esclerose e fasceíte destas áreas
afetadas, tendo um relato de caso de morte por insuficiência respiratória (Campagna et
al, 1992). A síndrome eosinofilia-mialgia causada pelo L-Triptofano e suas impurezas e
as graves conseqüências acima relatas fizeram o governo americano retirar o produto do
mercado (Sadock e Sadock, 2007).
a fenilalanina que se converte em tirosina tem sido utilizada com selegilina e
vem mostrando êxito em pacientes com TDM refratário (Sadock e Sadock, 2007).
Amsterdam tem realizado vários trabalhos com a IMAO-A, selegilina, e em parceria
com Bodkin e Amsterdam, 2002, realizou um estudo duplo cego selegilina 20mg/dia
transdérmica via adesiva versus placebo em pacientes com TDM em restrição de
tiramina e mostrou pela escala de HAM-D e MADRS a superioridade da droga de
forma estatisticamente significativa. O único efeito colateral foi do adesivo, não tendo
diferenças de hiper ou hipotensão entre os grupos.
2.2.7. Ervas:
O Hipericum perfuratum (erva de São-João) vem sendo testada sistematicamente
no uso em pacientes com TDM. Seus maiores problemas são a metodologia dos seus
estudos bem como a pureza do seu extrato. Até o momento, ela vem sendo considerada
como uma opção para pacientes com TDM leves/ leves - moderados (Linde et al, 1996)
como veremos a seguir:
Fava et al, 2005 realizaram um ECR duplo-cego de Hipericum perfuratum
300mg 3x/dia contra placebo e fluoxetina 20mg/dia. O objetivo principal era a melhora
na HAM-D 17ítens. O Hipericum perfuratum teve taxas superiores de melhora
estatisticamente significativas em relação à fluoxetina; contudo, não apresentou
diferença em relação ao placebo. Também houve uma tendência de maior remissão no
grupo do Hipericum perfuratum (38%) quando comparado à fluoxetina (30%) e placebo
(21%). Pontos interessantes deste estudo é que o efeito colateral mais comum do
Hipericum perfuratum foi a cefaléia ao invés da rash cutâneo que foi maior no placebo
do que no Hipericum perfuratum. Ao longo das 8 semanas não teve nenhum abandono
nos pacientes que usavam Hipericum enquanto que 4 pacientes abandonaram o estudo
por efeitos colaterais nos pacientes em uso de fluoxetina. Partindo de alguns destes
pressupostos Murck et al, 2005, fizeram uma análise secundária deste estudo separando
pacientes com sinais vegetativos/melancólicos de depressão em cada um dos grupos e
fizeram a re-análise dos dados (n = 27). A fluoxetina não teve diferença estatisticamente
significativa em relação ao placebo. A diferença global mostrou que o Hipericum
perfuratum foi estatisticamente superior à fluoxetina e ao placebo quando aplicado à
pacientes com sintomatologia vegetativa. Um ponto controverso deste estudo foi a
utilização de uma dose fixa de 20mg/dia de fluoxetina quando sabidamente alguns
pacientes se beneficiam de doses superiores (40 a 60 mg). Outro ponto chave no uso do
Hipericum perfuratum é o cuidado da contracepção que o mesmo anula o efeito dos
anticoncepcionais orais (Moore, et al, 2000).
Um ECR iraniano testou o extrato da erva Echium amoenum (Ea) que uma flor
que cresce nas montanhas do Norte do Iraque e é conhecida popularmente por seus
efeitos ansiolíticos e antidepressivos na região. Assim pesquisadores da Universidade de
Tehran, Sayyah et al, 2006, fizeram ECR duplo cego contra placebo do Ea na dose de
125mg 3x/dia por 6 semanas em pacientes com TDM com HAM-D 17 itens com escore
18. O Ea foi estatisticamente superior ao placebo na semana e teve forte tendência
de se manter superior na semana (P = 0.07). As limitações do estudo são o baixo n,
baixas doses e pouco tempo de estudo. Não houve diferença estatisticamente
significativa entre os grupos quanto aos efeitos colaterais.
2.2.8. Hormônios da Tireóide:
O tratamento com T3 e T4 vem sendo comprovado como método adjuvante no
tratamento de pacientes com TDM. Especialmente aqueles que associam T3 com ADTs
como segundo passo a quem não respondeu ao ADT apresenta resultados positivos
estatisticamente significativos (Joffe et al, 1993), corroborados pela meta-análise de
Aronson et al, 1996, que chegou a um NNT de 4,3. Nierenberg et al, 2006,
potencializando, pacientes resistentes a dois tratamentos com lítio ou T3 encontrou
remissão máxima com T3 de até 50Mcg/dia de 24,7% contra 15,9% com o lítio. Não
houve diferenças estatísticas entre os grupos.
2.2.9. Estrógenos e Progesterona:
A Progesterona tem demonstrado efeito depressogênico, especialmente no
período perimenopausa/menopausa (Gazner, 2005). os estrógenos têm resultados
muito conflitantes e não parecem ser mais eficazes que os antidepressivos neste período.
(Gazner, 2005). Agora com seus efeitos de aumento do risco de câncer de mama e
doença cardiovascular seus estudos e uso têm-se limitado (Sadock e Sadock, 2007).
2.2.10. Melatonina:
A melatonina é um hormônio liberado pela glândula pineal no início do sono e
se usado em doses 0.2 a 6mg pode ser um hipnótico. Em reação a seus efeitos
antidepressivos, Dolberg et al, 1998, demonstrou que a melatonina melhora a qualidade
do sono em pacientes com TDM, mas não a sintomatologia depressiva. Tan et al, 2007,
demonstra num estudo longitudinal controlado que o uso da fluoxetina 20mg/dia não
altera a secreção de melatonina ao após 4 semanas de uso. Lôo et al, 2002, em um
ensaio clínico compararam agomelatina (um agonista melatoninérgico de M1 e M2 e
antagonista seletivo do receptor 5HT2C) versus placebo em 711 pacientes com TDM
grave. A agomelatina foi estatiticamente superior ao placebo em 8 semanas de
tratamento pela MADRS e CGI na dose de 25mg/dia. Em recente ECR de Kennedy e
Emsley, 2006, confirmam estes resultados. Entretanto, estudos em andamento de
agomelatina a curto e longo prazo para comprovarem estes resultados, contudo até o
momento os estudos que vêm sendo publicados desta medicação apresentam problemas
metodológicos. Também a escolha da medicação de comparação (venlafaxina) propicia
o aumento de chances de melhores resultados nas escalas escolhidas que aferem o sono,
além da sintomatologia depressiva. que a venlafaxina piora o sono na fase aguda do
tratamento como veremos adiante (Salin-Pascual et al, 1997; Luthringer et al, 1996).
Mesmo assim, a agomelatina é um novo antidepressivo de uma nova classe que pode vir
a ser uma ferramenta importante no tratamento do TDM.
Em um outro ECR de descontinuação abrupta a agomelatina não demonstrou
síndrome de descontinuação quando comparado a paroxetina na semana (p < 0,001)
(Montgomery, et al., 2004). Aqui novamente vale lembrar que a paroxetina é
amplamente conhecida por sua síndrome de descontinuação na parada abrupta,
propiciando resultados positivos para a agomelatina.
2.2.11 Psicocirurgia:
Foi introduzida em 1935 por Jacobsen e Fulton para tratamento de epilepsias e
transtorno da dor crônica intratáveis. Até o fim dos anos 40 foram realizadas mais de 5
mil cirurgias/ano, em sua maioria a lobotomia (ablação do lobo frontal com efeito
calmante em pacientes extremamente agressivos). Com o surgimento dos antipsicóticos
e outras medicações nos anos 50 estas técnicas foram caindo em desuso (Sadock e
Sadock, 2007).
recentemente ressurgiu o interesse da psicocirurgia para pacientes
psiquiátricos devidos ao refinamento das técnicas e sua maior precisão através da
realização de implantes radioativos, criotestes, coagulação elétrica, feixe de prótons, e
ondas de ultra som (Sadock e Sadock, 2007).
A principal indicação é a presença de um transtorno mental intratável
debilitante, crônico, que não tenha respondido a qualquer outro tipo de tratamento. Uma
diretriz importante é que o quadro clínico deve ter-se mantido inalterado por 5 anos
apesar de todos os esforços e tentativas terapêuticas aplicadas. O TDM e o Transtorno
Obsessivo Compulsivo (TOC) intratáveis são 2 opções potencialmente responsivas à
psicocirurgia. A presença de sintomas vegetativos e ansiedade aumentam a chance de
sucesso (Sadock e Sadock, 2007).
Quando bem selecionados os pacientes tem uma probabilidade de êxito de 50 a
70% e apenas 3% pioram (Sadock e Sadock, 2007). A melhora pode seguir ao longo dos
próximos 1 a 2 anos e os pacientes podem voltar a responder a psicofarmacologia e
terapias comportamentais novamente. Convulsões ocorrem em menos de 1% (Sadock e
Sadock, 2007). As capacidades cognitivas tendem a melhorar e alterações indesejáveis
da personalidade não têm sido observadas (Sadock e Sadock, 2007).
2.2.12. Exercício físico:
As diferentes formas de exercício físico e sua freqüência e duração têm obtido
resultados interessantes quanto ao manejo no TDM. Bartholomew et al, 2005, testaram,
em um ensaio clínico com pacientes com TDM, 20 pacientes em repouso comparando
com 20 pacientes em exercício aeróbico em esteira com 60-70% de sua capacidade
cardíaca, todos estes avaliados pela escala de POMS (Profile of Mood States) para
avaliação aguda de humor e pela escala SEES (Subjective Exercise Experiences Scales).
O teste foi realizado durante 30 minutos em uma única vez e as escalas aplicadas 5
minutos antes do início, 5 minutos após o início, ao final dos 30 minutos e aos 60
minutos após o início. Ambos os grupos mostraram melhora na maioria das escalas sem
diferença estatisticamente significativa. Somente no aumento do vigor e na sensação de
bem-estar é que o grupo do exercício teve superioridade estatisticamente significativa.
o exercício crônico moderado e regular tem se demonstrado benéfico em
pacientes com TDM, inclusive em idosos (Blumenthal et al, 1999; North et al, 1990;
Sadock e Sadock, 2007). Babyak et al, 2000, mostraram que o exercício regular pode ter
ação preventiva contra o TDM.
2.3. Privação do Sono (PdS)
A associação entre depressão e alteração de sono é bastante prevalente. Por
exemplo, o sintoma de insônia de paciente com EDM chega a aproximadamente 90%.
Contudo, a insônia não pode ser considerada uma PdS e sim um sono fragmentado o
que pode explicar a ausência de ter um efeito antidepressivo.
Existe uma relação direta entre TDM e a arquitetura do sono (Benca et al, 1992;
Le Bon, 2005; Ringel e Szuba, 2001). Os achados mais constantes nos pacientes com
TDM são a fragmentação do sono, diminuição da eficiência do sono, dificuldade de
adormecer, aumento dos estágios 1 e 2 do sono, redução do sono profundo/ ondas lentas
(ou estágios 3 e 4), diminuição da latência do sono REM, aumento da atividade do sono
REM e aumento da duração do sono REM no início da noite. (Benca et al, 1992;
Caliyurt e Guduco, 2005b).
2.3.1. Subtipos de PdS, aplicações e suas diferenças:
A PdS começou a ser investigada no final da década de 60 principalmente em
pacientes bipolares TIPO I descrito no consagrado livro de Goodwin e Jamison, 1990.
Plug e Tölle, 1971, conseguiram reverter o estado depressivo unipolar melancólico
severo com insônia de um paciente que com a PdS estava assintomático no dia seguinte.
Atualmente tem-se uma estimativa de que a cada 100 pacientes que forem
submetidos a PdS por uma noite aproximadamente 60 deles estarão em remissão no dia
seguinte (Wu e Bonnye, 1990; Wehr, 1990).
Para podermos entender melhor como as alterações do sono e medicações
podem contribuir ou não para o efeito da PdS primeiro devemos nos inteirar de que a
maioria dos pacientes deprimidos tem sua arquitetura do sono alterada em relação aos
indivíduos sadios. Achados como aumento da latência para o sono; aumento da
porcentagem de sono REM e de sua densidade; diminuição da manutenção do sono;
diminuição da porcentagem de ondas lentas; diminuição da latência do sono REM são
as alterações mais usuais em pacientes depressivos (Calyurt e Guduco b, 2005). Estes
achados podem ter variação quanto ao sexo, idade, severidade do EDM, mas se
distinguem claramente dos indivíduos sadios e de outras patologias que também tem a
arquitetura de seu sono alterado como Transtorno do Pânico, Transtorno de Ansiedade
Generalizada, TOC, Esquizofrenia, Demência severa e Transtorno de Personalidade
Borderline (Bon, 2005). Contudo, os achados de alterações na arquitetura do sono não
distinguem o subtipo de depressão, exceto no caso da distinção entre depressão
psicótica de não psicótica (Stefos et al, 1998). Por exemplo, Bon, 2005, em sua revisão,
afirma que os achados de alteração na arquitetura do sono podem chamar-se de espectro
depressivo.
Ringel e Szuba, 2001, em sua revisão sobre o potencial mecanismo das terapias
do sono para a depressão colocam as diferentes formas de PdS estudadas e seus
resultados até aquele momento. Referem que a privação de sono total tem igual eficácia
do que a privação parcial do sono tardia (2:00 22:00). Novamente Ringel e Szuba,
2001, referem que a privação de sono precoce (22:00 02:00) mostra-se inefetiva para
o efeito antidepressivo.
Ainda que existam poucos dados, a privação do sono REM não apresenta um
efeito antidepressivo significativo após semanas de aplicação (Grözinger et al, 2002).
No entanto, a necessidade de acompanhamento através da polissonografia dificulta sua
aplicação na prática clínica. Outros métodos de privação de estágios do sono através da
polissonografia estão em estudo (Grözinger et al, 2002).
Um ponto que dificulta a aplicabilidade clínica da PdS é que os pacientes
precisam estar acompanhados durante a restrição para evitar cochilos que estes
reduzem o efeito antidepressivo. Mais detalhadamente Hemmeter et al, 1998, em seu
estudo com um grupo de 12 pacientes, sem controles, mediram através da Escala
Analógica Visual (Lader e Bond, 1971), Desempenho cognitiva psicomotor (Pcc) e
EEG (Eletroencefalograma) nos pacientes sob privação de sono das 01h30 da
madrugada até as 10h da noite, monitorando as aferições durante 3 dias, sendo a PdS no
2 dia. Observaram que quanto maior o índice de acúmulo de cochilos (microsleep)
avaliados pelo EEG, pior eram as chances de respostas positivas à PdS (p< 0,05) ,
especialmente no final da madrugada e na manhã . O índice de resposta tanto em relação
ao humor quanto aos aspectos cognitivos foi de 42%, sendo diretamente correlacionado
com a pequena taxa de cochilos (p < 0,05). Outro dado interessante é que os
acompanhantes não são capazes de perceber estes pequenos cochilos.
O uso de medicação de ação antidepressiva na noite seguinte à privação e o
conseqüente retorno ao sono faz com que os sintomas depressivos voltem em cerca de
47-59% (Wirz-Justice e van den Hoofdakker, 1999) . Wu e Bonnye, 1990, referem que
dentro de 2 dias após a noite de PdS a taxa de recaída chega a 83% em pacientes sem
medicação de ação antidepressiva, sendo que aqueles que após a PdS voltam a dormir
de manhã tem pior prognóstico dos que voltam a dormir a tarde ou à noite (Ringel e
Szuba, 2001).
Um dos grandes problemas nestes 30 a 40 anos de estudos em privação de sono
é a heterogeneidade da metodologia dos estudos envolvidos bem como a falta de
recursos para realizá-los (Wirz-Justice e van den Hoofdakker, 1999; Leibenluft e Wehr,
1992). Leibenluft e Wehr, 1992 comentam em sua análise de 13 artigos de PdS que
além das diversas dificuldades metodológicas nenhum destes estudos tinha grupo
controle tipo placebo, na época.
A própria definição de PdS está longe de obter um consenso: diversos
investigadores delimitam a quantidade de horas conforme suas diretrizes. Por exemplo,
Amsterdam et al, 2001, definem PdS total como deixando os pacientes acordados 36h e
na PdS parcial 19h. Usando esta definição, Amsterdam et al, 2001, usando PdS
(contudo não refere se total ou parcial) em pacientes resistentes a duas tentativas de
medicações antidepressivas mostraram uma taxa de resposta de 55%.
O trabalho de Kuhs e Tölle, 1991, e de Elsenga, 1997, mostram que a resposta à
PdS não é influenciada por sexo, idade, número prévio de hospitalizações e tratamentos
bem como duração ou severidade do episódio depressivo.
Os pacientes que não respondem ficam com o mesmo humor depressivo ou até
piores (Wirz-Justice e van den Hoofdakker, 1999). Entretanto, quando o paciente não
responde na vez ele tem 27% de chance de responder na PdS. E quando não
responde a 2 tentativas de PdS tem 20% de chance de responder a terceira. Finalmente
quando não respondeu a 3 tentativas de PdS terá então apenas 9% de chance de ter
sucesso na aplicação de PdS. (Pühringerl et al, 1975; Fähndrich, 1988; Gordijn et al,
1995).
O uso em pacientes depressivos bipolares parece ser mais efetivo do que em
pacientes com TDM em especial aqueles que tiveram pelo menos 3 EDMs (Barbini et
al, 1998). Contudo, estudos como o de Colombo et al, 1999, mostraram taxa de virada
maníaca de 4,9% e hipomaníaca de 5,8%, e nos cicladores rápidos as taxas de virada
podem chegar a 25% na PdS total (Wirz-Justice e van den Hoofdakker, 1999). Pacientes
bipolares chegam a ter taxas de resposta de 70% versus 42% dos unipolares. Os
pacientes com variação de humor ao longo do dia que ainda se mantém com
classificação de TDM tem boa resposta à PdS, sendo que talvez muitos destes possam
ser pacientes com transtorno afetivo bipolar tipo II (Barbini et al, 1998; Smeraldi et al,
1998).
O mais forte dos preditores de resposta à PdS é seu nível de alerta e de ativação
antes de iniciar a PdS. Quanto mais alerta e mais ativado e menos cansado mais chances
de resposta terá. (Szuba et al, 1991; Bouhuys et al, 1989 e 1995). Outros preditores de
resposta parecem ser a variabilidade do humor ao longo do dia, bem como ter o
diagnóstico de Transtorno Afetivo Bipolar (TAB), (Wirz-Justice e van den Hoofdakker,
1999). entre os pacientes com TDM os do tipo “melancólico”, (75% vs 48% - Wu e
Bunney, 1990), têm taxas de melhor resposta (Wirz-Justice e van den Hoofdakker,
1999). Nos estudos Phüringer, et al, 1975, e Fähndrich, 1988, com um total de 80
pacientes, os que responderam a uma PdS 44% passaram a ser respondedores
repetitivos.
Outros possíveis preditores de respostas têm sido o alto metabolismo no giro
anterior ventral bem como no córtex medial pré-frontal, achados congruentes em vários
estudos (Wu et al, 1999; Wirz-Justice e van den Hoofdakker, 1999; Ringel e Szuba,
2001).
As escalas de auto preenchimento parecem apresentar melhores resultados,
contudo, baixos níveis na urina ou no líquor de metabólitos da atividade
simpaticomimética periférica e demonstrações de altas concentrações de atividade
noradrenérgica tem-se fortalecido como um potencial preditor de resposta à PdS
(Beutler et al, 2003).
Christodolou et al, 1978, revelam em seu estudo de PdS total que a mesma pode
ter caráter profilático antidepressivo. Vários autores tem tentado usar o método da PdS
Total seguida nas noites seguintes a fase do sono é postergada em várias horas e assim
sucessivamente a cada noite aumentando a chance de sucesso entre 61 a 100% (Ringel e
Szuba, 2001).
Várias teorias tentam explicar de forma única ou de forma interdependente as
modificações ocorridas durante a PdS que levam a eutimia de forma abrupta (de um dia
para o outro) diferindo, em relação ao início de ação, da maioria das estratégias
antidepressivas clássicas.
- Dopamina – parece ser um dos neurotransmissores principais envolvido na PdS
pois nota-se que nos respondedores à PdS têm baixo índice de ácido homovalínico
(metabólico da dopamina) no líquor enquanto os não respondedores mantém níveis
normais. Ademais, no estudo de Benedetti et al, 1996, (em pacientes bipolares) a
Amineptina impediu o efeito antidepressivo da PdS. Além disso, na noite seguinte às
PdSs as taxas de ácido homovalínico tenderam a aumentar com o sono normal.
Finalmente parece que a PdS aumenta a liberação de dopamina pelos neurônios, o que
se nota na prática pela melhora dos sintomas parkinsonianos, inclusive o piscar dos
olhos (Ebert e Ebmeier, 1996; Ringel e Szuba, 2001);
- Serotonina dentro do estudo do papel da serotonina na PdS várias teorias
controversas sobre o papel da serotonina na PdS. Benedetti et al, 1999, recentemente
localizaram um polimorfismo no receptor do gen ativador 5-HT e o papel da ativação
sugere uma melhor resposta à PdS. Contudo, Neumeister et al, 1998, provocaram a
depleção experimental de triptofano a qual levou abruptamente a quedas nos níveis do
líquor do Sistema Nervoso Central (SNC) de triptofano e serotonina o que não impediu
a ação antidepressiva da PdS levando aos autores concluirem que existam outros
neurotransmissores e neuromoduladores envolvidos além da serotonina (Ringel e
Szuba, 2001).
- Norepinefrina o aumento da norepinefrina e de seus metabólitos encontrada
em respondedores da PdS tem que ser vista com cautela que pode ser secundária ao
aumento de atividade locomotora (Szuba et al, 1991). Além disso, o aumento da
atividade tireoidiana pode ser um viés de confusão nestes achados (Szuba et al, 1992;
Ringel e Szuba, 2001).
- Eixo Hipotálamo Hipófise Adrenal resultados ainda controversos não
permitem tirar uma conclusão sobre o papel deste eixo na PdS. Pode estar ligada a rota
da ação dopaminérgica (Bouhuys et al, 1990; Heiser et al, 2000; Kuhs et al, 1996).
- Eixo Hipotálamo Hipófise Tireóide (EHHT) A desregulação do EHHT é
visto em até 25 a 30% dos pacientes com depressão. Níveis mais altos de T4 geralmente
predizem uma chance de boa resposta a uma noite de PdS (Kasper et al, 1988). Ao
mesmo tempo uma resposta a PdS tende a aumentar os níveis de TRH, TSH, T4 e T3.
Esta teoria parece ser uma das mais promissoras, que o estudo de Szuba et al, 1992,
em que administrou TSH meia-noite produziu um rápido, robusto, apesar de
transitório, efeito antidepressivo mesmo na ausência da PdS.
- Alterações no ciclo do sono Vem-se confirmando que, em pacientes
deprimidos, uma redução na latência do sono REM, aumento de sua atividade
principalmente no início da noite (Calyurt e Guduco b, 2005) e uma diminuição nas
ondas lentas do sono NREM. As modificações após o sucesso da PdS parece ser de
aumento total do tempo de sono, redução na latência do sono, e aumento da ondas lentas
do sono NREM (Ringel e Szuba, 2001; Jindal e Thase, 2004).
Pacientes em EDM têm uma taxa de insônia de 90% e de hipersonia de 5-8%
(Thase e Kupfer, 1987). Pacientes com insônia crônica e trabalhadores de turnos e que
dormem poucas horas/dia m risco de desenvolverem depressão dentro do período de
1-3 anos (Ford e Kamerow, 1989).
Os medicamentos antidepressivos (AD) potencialmente podem influir no sono.
Quando os estudos de psicofarmacoterapia em pacientes com TDM associados com PdS
são revisados, nota-se que existem diferentes resultados com o mesmo fármaco
dependendo da metodologia utilizada. Em geral os antidepressivos (AD) pioram a
síndrome das pernas inquietas. Quanto aos mesmos veremos sua ação sobre o sono nas
principais classes abaixo, que cada vez mais estão sendo utilizados na PdS
conjuntamente (Bon, 2005):
I-MAO A: Fenelzina (ex) – diminui o sono REM ao longo de semanas (Akindele
et al, 1970; Bon, 2005);
I-MAO B: Moclobemida: dados controversos (Monti, 1989; Minot et al, 1993);
ADT: a supressão do sono REM é quase imediata neste grupo, sendo que a
Clomipramina produz uma profunda supressão do mesmo (Lacey et al, 1977). Contudo,
a longo prazo, os ADT parecem levar progressivamente a esta supressão do sono REM
(Lowy et al, 1971). Ao mesmo tempo os ADT aumentam o tempo de ondas lentas,
excetuando-se a Clomipramina (Passouant et al, 1975).
Tetracíclicos: a Maprotilina reduz o sono REM e tende a aumentar a fase 2 e o
sono delta dos pacientes depressivos (Nicholson e Pascoe, 1986).
IRSS:
- Fluvoxamina: suprime o sono REM, prolonga a latência do sono REM
porém não altera o sono delta (Kupfer et al, 1991);
- Paroxetina: reduz o tempo total de sono e a eficiência do sono em
pacientes com EDM, enquanto aumenta a latência para o sono, e o sono REM diminui
(Stanep et al, 1995; Sharpley et al, 1996).
- Fluoxetina: aumenta os despertares noturnos, diminui a eficiência do
sono, diminui o sono delta, sono REM é diminuído e a latência do mesmo é aumentada
(Rush et al, 1998; Armitage et al, 1997; Gillin et al, 1997).
- Sertralina: aumenta a latência do sono e diminui o tempo de sono REM
(Winokur et al, 1992).
- Citalopram: suprimi o sono REM (van Bemmel et al, 1993).
Os IRSS exacerbam a síndrome das pernas inquietas (Roth, 1997)
Trazodone: em baixas dose de 100 a 150mg/noite reduz o sono REM e aumenta
o sono de ondas lentas e subjetivamente é visto como um estimulador da qualidade do
sono (Montgomery et al, 1983). em doses maiores de 400-600mg/dia houve um
aumento total do tempo de sono e das ondas lentas sem modificação do sono REM
(Mouret et al, 1988).
IRSN: a Venlafaxina aumenta o tempo de ficar acordado bem como os estágios
do sono 1, 2 e 3 e o sono REM foi muito suprimido e latência do sono REM prolongada
(Salin-Pascual et al, 1997; Luthringer et al, 1996).
NaSSA: a Mirtazapina mostrou uma dimunuição da latência do sono (indução
facilitada) e aumento do sono delta (Ruigt et al, 1990). Houve menores despertares
noturnos. Em pacientes com TDM, a eficiência do sono e o tempo do sono melhoram
apesar de não haver alteração do sono REM (Winokur et al, 1998).
Tianeptina parece melhorar o sono de maneira subjetiva do ponto de vista dos
pacientes (Poirier et al, 1993).
A polissonografia pré-medicamentosa poderia auxiliar na escolha do melhor
medicamento a ser usado. Por exemplo, pessoas com aumento do sono delta geralmente
tem boa resposta (Bon, 2005). altos níveis de densidade de sono REM estariam
associados a um pior prognóstico.
Nissen et al, 2001, realizaram um ECR em que 16 pacientes passaram 2 noites
avaliando seu sono sob polisonografia e seus tipos de ondas, fases, duração e períodos
da noite. Após isso, realizaram uma noite de PdS e verificam que pacientes que tinham
ondas delta principalmente no ínicio da noite pré-PdS responderam melhor à Pds
(74,8%) pela HAM-D 6 que tinham poucas ondas delta pré-PdS (taxa de resposta de
12,9%). Finalmente tanto Nissen et al, 2001, quanto Bon, 2005, vêem os pacientes com
alta taxa de sono delta como potenciais bons respondedores à PdS, mas mais estudos
controlados são necessários para confirmar esta suposição de Bon (2005).
2.3.1. Privação de Sono em indivíduos normais:
A maioria da literatura em indivíduos normais advém principalmente pelos
potenciais danos que a PdS vem causando especialmente em trabalhadores de turnos. A
falta de um ciclo regular sono vigília de forma crônica acaba prejudicando a energia e
motivação, a capacitação processamento da informação e da memória do indivíduo e a
capacidade de realização de tarefas mais complexas (Wlodarczyk et al, 2002; Graw et
al, 2004). Além disso. os indivíduos tendem a ficar mais irritáveis e deprimidos bem
como mais suscetíveis a doenças físicas, (Buysse e Ganguli, 2002; Beutler et al, 2003)
como Diabete Mellitus tipo II (DM II), Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS), os
problemas cardíacos e a obesidade. Existem hipóteses que relacionam privação do sono
e dano ao sistema imunológico, além de evidências que relacionam prevenção de
doenças físicas com sono regular de 7h por noite. (Postgraduate Medicine 2002, Buysse
e Ganguli, 2002; Kripke et al, 2002).
Scott et al, 2006, foram mais longe em seu estudo cruzado avaliando a PdS e
exercício na cognição, performance motora e humor. Seus principais resultados foram
de que pacientes privados de 30h de sono sem exercício tiveram um tempo de reação
mais lento. Também os pacientes com PdS tiveram significativamente menos vigor,
mais fadiga e depressão, esta avaliada pela escala de POMS. Beutler et al, 2003, ainda
coloca a irritabilidade, sonolência, ansiedade e até dificuldade de pensar com clareza
como outros achados freqüentes na PdS aguda em sujeitos normais. No estudo de
Beutler et al, 2003, novamente um aumento no tempo de reação do pacientes
submetidos a PdS até 60h. Tanto a sonolência quanto o tempo de reação foram piorando
à medida que se aumentava a PdS. Houve um número importante de pacientes com
depressão moderada avaliada pela BDI.
É crescente na literatura o número de publicações referente a sujeitos que
trabalham em profissões de turnos associado a um número excessivo de horas de
trabalho. Rosen et al, 2006, avaliaram uma coorte de 47 residentes de medicina interna
que antes do início da residência e ao final do ano. Não houve prejuízo aparente na
mensuração das últimas 24 horas. No entanto, na última semana os residentes que
haviam dormido menos horas do que o usual da população apresentavam maior
sonolência, depressão moderada, exaustão emocional e menor preocupação com a
empatia. Não houve escalas para avaliar os potenciais prejuízos secundários destas
aferições contudo o comitê do Programa de Residência em Medicina Interna da
Universidade da Pensilvânia revelou que todos seus alunos obtiveram performances
adequadas para serem aprovados naquele ano. Entretanto, nada foi mencionado se em
algum ou em alguns desses residentes foi aferido se houve algum acidente de trabalho,
acidente de carro, ou mesmo uma pequena diminuição em seu desempenho.
Rétey et al, 2006, realizam um ECR duplo-cego, cruzado utilizando cafeína
contra placebo com 40h de privação de sono aplicando em 2 grupos saudáveis: um
sensível à cafeína e outro não-sensível, isto é, que usasse a cafeína à tarde e à noite e
não tivesse problemas de sono. Estes indivíduos foram avaliados pelo PVT
(Psychomotor Vigilance Task) e por variações na localização de ondas cerebrais e suas
freqüências durante o teste. A PdS piorou o desempenho no grupo placebo
especialmente nos pacientes sensíveis à cafeína. Em contrapartida foi nestes mesmos
pacientes que as 2 doses de 200mg de cafeína na privação de sono fez com que seus
testes tivessem melhora, ou seja, efeitos da cafeína em pacientes sensíveis à cafeína.
Finalmente, quanto maior o prejuízo nas tarefas neuro-comportamentais durante uma
privação de sono maior o potencial de melhora com o uso da cafeína. Associado a isso,
alterações na freqüência do EEG e sua distribuição no encéfalo tanto na PdS quanto no
voltar a dormir levou os autores a concluirem que a adenosina tem um papel importante
no ciclo sono-vigília em especial sua homeostase e nas tarefas diárias neurocognitivas.
Variações individuais importantes podem ocorrer devido à sensibilidade genética
individual relacionada a polimorfismos do gens envolvidos com a adenosina como, por
exemplo, o c.1976T>Cpolymorphism do gene do receptor A2a.
2.3.2. Privação de sono como tratamento isolado ou coadjuvante em pacientes com
TDM:
Os estudos que envolvem a privação de sono como tratamento isolado ou como
coadjuvante são relativamente poucos e a maioria com problemas metodológicos. Na
sua maioria, são séries de casos, estudos abertos, ou pequenos estudos randomizados ou
de cross-over. Além disso, apresentam amostras heterogêneas misturando pacientes
unipolares e bipolares e mesmo sem distingui-los se tipo I ou II. Os estudos que
envolvem pacientes bipolares não serão descritos nesta dissertação como foi
mencionado.
A privação de sono exclusiva do sono REM demonstrou-se efetiva em 3
semanas de tratamento no estudo de Vogel et al, 1975, sendo que o efeito antidepressivo
foi aparecendo mais ao final do estudo. Ou seja, são necessárias várias semanas para
que este tipo de privação de sono possa mostrar algum resultado.
Em contrapartida Grözinger et al, 2002, fizeram um ECR duplo cego controlado
em 10 dias consecutivos de acompanhamento do sono NREM (n=13) versus supressão
progressiva do sono REM (n=14) associado a 50mg de trimipramina em ambos os
grupos e não achou diferença estatisticamente significativa em relação ao grupo
controle. Concluiu que talvez este modelo de PdS necessite mais dias para apresentar
um resultado positivo. O total de perdas foi de n=3 em cada grupo e os efeitos colaterais
mais comuns foram ataques de pânico, ansiedade e insônia.
Graw et al, 1998, avaliaram em um ensaio longitudinal controlado de 11
mulheres com TDM tipo sazonal comparado com 8 controles, aplicando 40h de PdS. Os
pacientes foram avaliados com HAM-D 6 itens, Lader, CGI e escala de Von Zerssen,
1976. Os pacientes com depressão sazonal apresentaram resposta de 52% e taxa de
recaída na noite de recuperação de sono de 63%. Os autores concluem que estas taxas
não diferem das taxas da literatura quanto à resposta aos outros subtipos de TDM. Uma
limitação do estudo foi que pequenas variações nas escalas de depressão foram
consideradas como resposta à PdS.
O estudo de Wiegand et al, 2001, aplicam 6 PdS totais em 3 semanas em uma
série de 18 casos de pacientes com TDM em uso de Amitriptilina 150mg/dia/fixo. Dos
18 pacientes que entraram no estudo 12 seguiram até o final sendo que a maioria que
saiu foi por estar em remissão e outros por vontade própria (66% concluíram o estudo).
Neste estudo Wiegand et al, 2001, mostram ausência de padrão de seqüência de
resposta, entre respondedores e não respondedores, bem como ausência de um padrão
definido de resposta ao longo das semanas do experimento. O artigo levanta dúvidas
quanto aos preditores de resposta à PdS e questionamentos das porcentagens de
resposta a cada nova tentativa de PdS que falha.
Bump et al, 1997, em seu ensaio aberto confirmam a dificuldade de tratar
pacientes idosos que podem levar até 12 semanas para apresentar resposta ao
antidepressivo o que lhes causa grande sofrimento e maior taxa de abandono das
medicações. Em seus 13 pacientes idosos com TDM moderados a graves eles aplicaram
1 noite de privação de sono (36h) seguida por uma noite de recuperação de sono em que
os pacientes passavam a usar paroxetina 10mg/noite. Após 3 noites as doses eram
ajustadas de acordo com a necessidade de cada paciente (até 50mg/dia) avaliadas pela
HAM-D 17 itens. O objetivo principal era avaliar a melhora após 12 semanas de
tratamento e o objetivo secundário era verificar qual era a taxa de melhora após 2
semanas de tratamento. O método de aferição foi a escala Sleep deprivation depression
rating scale. Após 2 semanas de tratamento a taxa de melhora (HAM-D < 10) foi de
69% sendo estatisticamente significativa e após 12 semanas subiu para 85%. Os autores
acharam correlação significativa entre o uso de 36h de PdS seguidos de paroxetina e os
resultados positivos nas 2 primeiras semanas. Apesar do interessante resultado na
semana, falta um modelo teórico capaz de explicar de que forma 36h de PdS poderia ser
capaz, após a noite de recuperação de sono, de interferir na potencialização da
paroxetina iniciada posteriormente. Também nos pacientes que melhoraram houve uma
diminuição da latência do sono, um aumento na eficiência do sono e aumento do tempo
de sono delta. Em uma análise secundária do estudo de Bump et al, 1997, Hernandez et
al, 2000, realizaram a avaliação dos idosos após 2 semanas de wash-out (4 semanas para
fluoxetina), utilizando HAM-D 13 itens como medida basal, pós PdS e pós-noite de
recuperação do sono. Após isso, os pacientes passaram a usar paroxetina de 20 até
50mg/dia. O estudo mostrou que os pacientes após a PdS e após a noite de recuperação
de sono não tiveram correlação com a melhora ocorrida após quase 12 semanas de uso
de paroxetina.
Reynolds III et al, 2005, realizaram um ECR duplo cego em que compararam
três grupos após 10 dias de wash-out. O grupo A: PdS + paroxetina até 20mg/dia
(n=27); Grupo B: placebo + PdS (n=27); Grupo C; Paroxetina até 20mg/dia (n=26). Os
pacientes realizaram uma noite de PdS e seguiram os tratamentos por 14 dias, avaliados
pela escala de HAM-D 17 itens. O grupo da paroxetina (isolada) foi o que teve
melhores resultados com uma taxa de resposta de 46% e uma taxa de remissão de 38%.
o grupo placebo + PdS teve uma taxa de resposta de 41% e de remissão de 22%.
Finalmente o PdS + paroxetina teve uma taxa de resposta de 22% e de remissão 11%.
Dos 130 pacientes iniciais somente 80 seguiram o protocolo. Esses achados foram o
oposto da hipótese do estudo de que a paroxetina iria acelerar o processo de resposta e
remissão dos pacientes idosos com resultados conflitantes com o estudo de Bump et al,
1997. Apesar do bom delineamento uma possível crítica é a de que 14 dias é pouco
tempo para avaliação de resposta a tratamento.
Neste estudo, Reynolds III et al, 2005, apontam 5 itens, no seu ponto de vista,
necessários hoje para realizar um estudo de metodologia confiável na PdS.
1. Critérios pré-determinados para os resultados serem considerados clínica e
estatisticamente significativos;
2. Avaliações clínicas freqüentes;
3. Esquema de dosagens medicamentosas agressivas;
4. Tamanho adequado de amostras;
5. Presença de grupo placebo;
Em um estudo aberto, Calyurt e Guduco (a), 2005, compararam ao longo de 4
semanas 6 PdS parciais tardias (3x/semana) associadas a sertralina 50-100mg/dia com
sertralina isolada 50-100mg/dia. Foram seguidos 24 pacientes utilizando a HAM-D
21ítens e a HAM-A. Observou-se que no tratamento combinado a taxa de resposta (≥
50% de diminuição na HAM-D) foi de 85,81% versus 47,39% no grupo de monoterapia
com sertralina, resultado estatisticamente significativo. Neste mesmo estudo, avaliaram
a qualidade de vida dos pacientes em ambos os grupos através do instrumento
WHOQOL 100. No tratamento combinado 5 dos 6 domínios do instrumento
apresentaram diferenças estatisticamente significativa, sendo que apenas o domínio
Nível de Independência não apresentou.
Num segundo estudo com a mesma amostra, o objetivo principal foi o de avaliar
através do PSQI (Pittsburgh Sleep Quality Index) a qualidade subjetiva dos pacientes
quanto à melhora no sono após a aplicação do protocolo acima descrito em 4 semanas.
Diferente do esperado pelos autores, a monoterapia mostrou-se melhor aceita pelos
pacientes do que o grupo da associação de PdS parcial tardia. As escalas subjetivas
preenchidas pelos pacientes e o n° de sessões de PdS diferenciaram-se de uma avaliação
objetiva, por ex: EEG, após uma única noite de PdS. (Caliyurt e Guduco b, 2005).
Padberg et al, 2002, realizaram um estudo aberto com PdS tardia utilizando 33
pacientes com TDM com pelo menos 1 semana livre de medicação. Os pacientes foram
avaliados pela HAM-D 21 itens e 6 itens após a noite de PdS tardia, noite de
recuperação do sono e noite de recuperação do sono. Os escores de resposta foram
avaliados da seguinte maneira: HAM-D < 9, remissão; redução 50% na HAM-D,
resposta; redução 25% na HAM-D, resposta parcial e redução < 25% na HAM-D,
ausência de resposta. Após o dia da PdS tardia era iniciada as EMT 5 x na semana
por 2 semanas no total de 10 sessões, aplicando-se no córtex pré-frontal dorsolateral
esquerdo. Trinta e oito por cento dos pacientes responderam a PdS tardia mas ao final
do 5 dia tinham retornado a seus escores basais da HAM-D 6 itens. Quanto a EMT
repetitiva após 2 semanas 24 pacientes estavam em remissão, 42% tinham respondido
ao procedimento e 57% tinham resposta parcial. O interessante neste estudo é que os
pacientes que responderam à PdS tardia tiveram uma correlação inversa aos que
responderam a EMT repetitiva, não caracterizando uma noite de PdS Total efetiva como
preditora de resposta à EMT.
em relação ao uso conjunto do ECT e PdS estudos antigos eram mais
conflitantes e negativos. Gilabert et al, 2004, demonstram em seu ensaio clínico que a
PdS pode ser um potencializador do ECT especialmente por permitir manter níveis
necessários de energia baixos a serem aplicados ao paciente para se obter a convulsão,
não criando a tolerância a cada nova aplicação (Baghai et al, 2006).
Os estudos de Baxter et al, 1986, Benedetti et al, 1999, e Szuba et al, 1994, são
estudos que demonstram que a PdS associado ao lítio em pacientes em EDM ajuda a
manter o efeito AD, contudo nestes estudos presença significativa de pacientes com
TAB;
Giedke, 2004, em uma carta ao editor do Journal of Affective Disorders coloca
uma visão mais sombria sobre o uso da PdS. Apresenta como índice de resposta a uma
noite de PdS a taxa de 40 a 50% . Afirma que os pacientes geralmente se impressionam
menos com os resultados observados pelas escalas auto-aplicáveis do que os melhores
resultados obtidos pelas escalas aplicadas pelos observadores. Após dormir na noite
seguinte, um grande número de pacientes sente-se novamente deprimido, levando
uma pobre adesão à PdS.
Giedke comenta o estudo de Wiegand et al, 2001, em que a variação na HAMD-
6 itens e escalas auto aplicáveis de variação de humor não mostraram ser
estatisticamente significativas e não ter importância clínica após 5 PdS intercalados ao
longo de 2 semanas e meia. Salienta os problemas metodológicos da maioria dos
estudos e que isto dificulta delimitar uma recomendação baseada em evidência.
Finalmente, conclui que, baseado nos estudos disponíveis, é possível afirmar que PdS
pode oferecer um efeito moderado e passageiro. A PdS, a seu ver, terá seu uso
clínico expandido quando seus efeitos a longo prazo forem determinados.
Em contrapartida, Wiegand, 2004, responde em carta ao editor de Giedke,
dizendo concordar que com o nível de evidência científica até o momento, não seria de
propor a um paciente como uma escolha irrefutável o uso da PdS. No entanto, considera
que embora a evidência de eficácia seja fraca, ela não é inexistente, especialmente nos
protocolos de uso repetitivo.
Wiegand discorda de Giedke sobre a inexistência de dados que demonstrem
algum benefício a longo prazo da PdS. Ele coloca que existe uma discrepância nos
resultados entre as escalas de auto preenchimento e as preenchidas pelos observadores
no TDM e especialmente na PdS o que não invalida os dados. Finalmente Wiegand acha
que a PdS deve ser claramente discutida com o paciente quanto ao seu real potencial e
concorda com Giedke que há muito o que se fazer para reavaliar e fortalecer a evidência
científica sobre a PdS, especialmente com metodologias adequadas.
2.3.3. Privação de Sono em pacientes com síndromes ansiosas ou
transtornos de ansiedade (TA):
Roy-Byrne et al, 1986, comparararam três grupos: um de pacientes com
depressão, um de pacientes com transtorno de pânico e um grupo controle.
Evidenciaram uma melhora estatisticamente significativa após 40h de PdS no grupo
com depressão em relação aos outros grupos. O grupo de Transtorno de Pânico (TP)
teve piora de seus sintomas com taxa de 40% de ataques de pânico durante o dia
seguinte à PdS. Os grupos não usaram medição durante o procedimento e foram
monitorados por Eletroencefalograma (EEG) de cateter nasal para avaliar alterações
especialmente lobo temporal. Não foram encontradas alterações de EEG, nem mesmo
nos pacientes com ataques de pânico, mesmo quando faziam a hiperventilação ou foto
estimulação. Apesar do aumento da taxa de ataques de pânico e ansiedade no grupo dos
pacientes com Transtorno de Pânico a avaliação geral não demonstrou diferenças
estatisticamente significativas em relação ao grupo controle.
O ensaio clínico de Labbate et al, 1998, comparam três grupos de pacientes até
então nunca testados nesta metodologia: Ansiedade Generalizada (AG), Fobia Social
(FS) e um grupo controle. Estes grupos foram expostos a 32h de PdS. A única alteração
estatisticamente significativa foi de melhora na Hamilton Ansiedade no grupo AG,
sendo as demais comparações negativas. Os autores postulam que a PdS é um método
potencialmente eficaz nos transtornos afetivos, em especial TDM, mas ineficaz ou
potencialmente prejudicial nos Transtornos Ansiosos.
Labbate et al, 1997, em uma carta ao editor avaliam os estudos de PdS em
pacientes com TA. Destaca que os poucos estudos existentes não não demonstram
melhora como muitas vezes pode haver piora da sintomatologia ansiosa. Comenta o
estudo de Joffe que comparou três grupos: pacientes com TP, pacientes com Transtorno
Obssessivo Compulsivo (TOC) e grupo controle. Os 3 grupos foram acompanhados por
uma noite de PdS e o Grupo de TP teve 60% de ataques de pânico e o grupo de TOC
teve 1 paciente com ataque de pânico incompleto. Não houve diferenças
estatisticamente significativa entre os grupos.
2.4. Uso de cafeína em voluntários sadios:
Smith, 2002, na sua revisão sobre o efeito da cafeína no comportamento humano
observa um efeito benéfico se consumida em dosagens moderadas de 250mg/dia, com
melhor desempenho com 400mg/dia. Destaca que a existe uma predominância de
estudos da ação aguda da cafeína sobre indivíduos hígidos e muito pobre nos da ação de
efeitos crônicos. Alerta também sobre a heterogeneidade das metodologias aplicadas
nos estudos dificultando sua análise para a aplicabilidade clínica. Até o momento, os
dados sugerem que o uso moderado da cafeína pode exercer os seguintes efeitos sobre o
ser humano:
- deixar as pessoas mais alertas e menos cansadas (Rusted, 1999; Warburton e Templer,
1995);
- aumentar a ansiedade em doses acima de 300mg/dia também em indivíduos hígidos
(Lieberman, 1992).
- aumentar a tensão e irritabilidade para uns e ter um efeito positivo sobre o humor em
outros em doses acima de 600mg/dia usados agudamente (Loke, 1988; Sicard et al,
1996).
- modificar negativamente o humor, levando a ansiedade crônica semelhante ao
Transtorno de Ansiedade Generalizada (Greden, 1974; Lader e Bruce, 1986), bem como
dores de cabeça tipo enxaqueca em situações de abstinência nos dependentes da cafeína
(consumo de 1000 a 1500mg/dia de cafeína). Também na abstinência a aumento do
cansaço e sonolência. Além disso, a um prejuízo significativo no desempenho destes
indivíduos (Schuh e Griffiths, 1997).
Smith, 2002, refere que não a uma definição clara de uma síndrome de
abstinência específica o que pode afetar os achados até agora descritos. O efeito da
cafeína no desempenho do indivíduo hígido difere dos animais segundo o autor por
diferença no metabolismo da mesma, sendo a cafeína um bloqueador do
neuromodulador adenosina. Este bloqueio ativa várias outras vias entre elas as da
norepinefrina. Geralmente estas outras rotas são ativadas apenas quando o indivíduo é
exposto a doses 20 a 30 vezes maiores do que as doses usuais do dia a dia. Não
achados que comprovem que doses moderadas alterem a função sensorial dos
indivíduos. Contudo, em doses de 200-400mg/dia à melhora no tempo de reação dos
indivíduos e melhora na escolha dentro do tempo de reação destes indivíduos. Também
está claramente evidente que mesmo em baixas doses a cafeína melhora a vigilância. O
uso de cafeína também demonstra melhora no desempenho de tarefas cognitivas
simples, mas ainda não se provou ser efetiva em tarefas cognitivas complexas.
Finalmente, parece que a cafeína pode para alguns indivíduos causar tremores, ou piora
do controle motor fino (Smith, 2002).
Recentes achados têm apontado que a cafeína além de diminuir o tempo de
reação também diminui o tempo para o processamento de um novo estímulo e preparo
para reação (McLellan et al, 2005). Contudo, não se conseguiu provar que a cafeína
consiga reduzir a resistência à distração. A cafeína demonstrou ser eficaz em manter o
nível de atenção e vigilância do início dos testes ao final dos mesmos. Isto foi
demonstrado em testes em trabalhadores noturnos que precisavam manter a atenção e
vigilância em seus trabalhos para a segurança e eficácia dos mesmos (Lieberman, 1992).
Smith, 2002, também cita os trabalhos de Bonnet e Arand, 1994, que
demonstraram que um cochilo mais cafeína antes do trabalho são mais efetivos do que o
cochilo isolado. A cafeína aumenta a latência do sono e reduz o tempo de sono,
principalmente na primeira metade da noite. Essas alterações estão mais relacionadas
com o metabolismo de cada indivíduo do que com a dose ingerida. Doses usuais de
cafeína ingeridas pela maioria da população tendem a não causar distúrbios de sono.
Lorist e Tops, 2003, em seu artigo de revisão sobre cafeína, fadiga e cognição
destacam vários aspectos importantes.
A cafeína é rápida e quase totalmente (99%) absorvida no trato gastro intestinal
para a corrente sanguínea. O pico plasmático ocorre em 30-60 minutos e a meia vida é
de 3-5h. Atravessa as membranas biológicas como a barreira hemato-encefálica com
facilidade e é eliminada pelo fígado sendo que apenas 5% é encontrada inalterada na
urina. Nas dosagens usuais a cafeína age como um bloqueador dos receptores de
adenosina, mais especificamente A1 e A2a (ver item 2.9).
Lorist e Tops, 2003, confirmam os dados de Smith, 2002, de que usando doses
até 500mg melhora no desempenho do indivíduo. Acima dessas dosagens ocorre o
efeito contrário, como aumento de ansiedade e tensão (Patat et al, 2000). Além de
confirmarem a melhora na atenção sustentada, os autores (Marsden e Leach, 2000)
descrevem que doses de 250mg de cafeína tornam o sistema de processamento de
informação mais sensível aos estímulos relevantes. Os autores (Gevins et al, 2002)
chegam à mesma conclusão que Smith, 2002, de que a cafeína diminui o tempo para o
processamento de um novo estímulo e preparo para reação. Contudo, tarefas cognitivas
complexas ainda não foram comprovadas como sendo potencializadas pela cafeína, em
acordo com artigo de Smith, 2002. (Kastner et al, 1999; Gevins et al, 2002)
Quando o uso da cafeína é monitorado pelo EGG, foi observado que 600mg de
cafeína de liberação lenta foi capaz de bloquear os efeitos da PdS (36h) avaliado pelo
EEG (Patat et al, 2000).
O nível de vigilância e energia se mantém em pessoas submetidas a processos de
trabalho e desgaste. O contrário, segundo os autores (Gevins et al, 2002), também é
verdadeiro, ou seja, indivíduos fatigados ou sonolentos melhoram seus níveis de energia
e estado de alerta quando ingerem cafeína, novamente de acordo com Smith, 2002.
O sistema dopaminérgico parece exercer importante papel do efeito da cafeína,
especialmente em doses altas. Isto tem levado ao aumento de pesquisas do papel da
dopamina na fadiga e no gasto de energia. Tendo como um dos sintomas centrais a
fadiga doenças como síndrome da fadiga crônica, depressão atípica, Doença de
Parkinson e Esclerose Múltipla podem estar associados a um dano no funcionamento
cortiço-tálamo-estriato com diminuição da liberação de dopamina provavelmente
devido a um dano nos gânglios basais. Outro ponto que aponta a fadiga estar
relacionada com o sistema dopaminérgico é a diminuição da atividade do eixo
hipotálamo-hipófise-adrenal levando a baixos níveis de cortisol, o que se encontra em
várias síndromes com fadiga. A atividade dopaminérgica no núcleo accumbens é
dependente da modulação dos glicocorticóides. Assim a região mesolímbica fica
enfraquecida de prover dopamina causando fadiga nas síndromes de hipocortisolismo
(Lorist e Tops, 2003).
Um ensaio clínico duplo cego de cafeína 600mg versus placebo administrado e 2
grupos de 15 soldados canadenses durante 55h de treinamento militar com PdS mostrou
que, apesar das grandes perdas no estudo, a cafeína se demonstrou estatísticamente
superior ao placebo na maioria das ações militares mantendo seu desempenho basal na
atenção, vigilância, melhor tempo de reação, melhor performance do que o grupo
placebo que foi tendo essas capacidades deterioradas ao longo das 55h de treinamento.
(McLellan et al, 2005).
Outro trabalho é o ensaio clínico que compara 5 grupos de pessoas hígidas (10
cada) que ficaram 54,5h acordadas e realizaram testes de desempenho e atenção e
vigilância. Wesensten et al, 2002, compararam placebo, Modafinil em grupos de doses
de 100, 200 e 400mg e cafeína 600mg. Em seus resultados, tanto a cafeína quanto o
modafinil 200mg e 400mg foram superiores nos testes de desempenho, atenção e
vigilância, tendo apenas uma tendência para melhores resultados com maiores doses de
modafinil. Contudo, não houve diferenças estatisticamente significativa entre modafinil
200 e 400mg e cafeína 600mg.
Lagarde et al, 2000, estudou 24 jovens hígidos que se submeteram à 32h de
privação de sono e receberam placebo, 300 ou 600 mg de cafeína de liberação lenta. A
cafeína de liberação lenta de 300mg como de 600mg foram estatisticamente superior ao
placebo no nível de vigilância e nos testes de desempenho. A cafeína de liberação lenta
de 300mg foi considerada a dose de que reunia eficácia e menores efeitos colaterais.
Alsene et al, 2003, realizaram um ECR duplo-cego com cafeína 150mg versus
placebo em 94 indivíduos sadios infreqüentes usuários de cafeína. Observaram que a
cafeína aumentou a ansiedade nas escalas de POMS e Lader em relação à avaliação
basal e no grupo placebo os níveis eram significativamente mais baixos (p < 0,05),
Encontraram uma correlação de 2 polimorfismos do receptor A2a, especificamente
1976C>T e 2592C>T com estes achados.
2.5. Uso da cafeína em pacientes com TDM:
De uma forma geral, os pacientes psiquiátricos consomem 7x mais cafeína do
que a população em geral, estando consequentemente sob maior risco para os efeitos
negativos da cafeína (Larson e Carey, 1998). Nos pacientes depressivos unipolares
geralmente a cafeína tem sido usada como tentativa de auto-medicação, contudo quando
as doses passam de 500mg por dia dependendo da vulnerabilidade e sensibilidade
pessoal pode desenvolver tolerância e dependência pela cafeína (Piletta, 1983).
Inicialmente parece haver um rápido e leve alívio da depressão, mas com o uso crônico
a modificação dos neurotransmissores e neuromoduladores acabam por elevar o cortisol
e diminuir a serotonina (Broderick e Benjamin, 2004). Os sintomas depressivos ficam
mais evidentes quando da retirada da cafeína especialmente se abruptamente em pessoas
de uso crônico dose-dependente (Broderick e Benjamin, 2004).
2.6. Uso da cafeína na Ansiedade e no Transtorno do Pânico:
Foi comprovado que a cafeína aumenta a ansiedade não em pacientes
ansiosos mas também em pessoas vulneráveis e dose-dependentes de cafeína. (Alsene et
al, 2003; Broderick e Benjamin, 2004).
Parece que nos homens a ansiedade é mais dose dependente e nas mulheres não.
Isto pode ser por uma possível proteção estrogênica ligada à dopamina (Parra e Botella,
2003).
Charney et al, 1985, demonstrou que o uso da dose de 750mg de cafeína pode
causar crises de pânico em indivíduos normais (Broderick e Benjamin, 2004).
2.7. Hipótese Adenosinérgica e Neurobiologia dos Transtornos de Humor:
Os receptores A1 e A2A são encontrados em quase todos os órgãos. Uma
importante função do sistema adenosinérgico está associada à regulação do fluxo
sanguíneo e à regulação da atividade celular frente a um dano tecidual buscando a
homeostase, ou mesmo tentando mantê-la sob circunstâncias normais. (Jacobson e Gao,
2006).
Lara e Souza, 2000, em uma carta ao editor, sumarizam o papel do receptor de
adenosina A1 baseado em estudos em animais. Sendo este um neuromodulador
inibitório central antagonizado pelas xantinas como teofilina e cafeína propõe uma
possível relação entre a resposta antidepressiva da PdS e o receptor A1, sustentando sua
posição nos seguintes achados que estimularam o desenvolvimento da presente
Dissertação de Mestrado: (a) em animais (gatos), os níveis de adenosina aumentam
progressivamente à medida que a vigília é mantida por períodos prolongados; (b) em
animais (ratos) os receptores agonistas A1 simulam os mesmos efeitos no EEG da PdS;
(c) a cafeína suprime recuperação do sono após privação; (d) redução do
metabolismo cerebral em respondedores à PdS e (e) inibição neuronal secundária ao
aumento extracelular de adenosina.
Lara e Souza, 2000, propõem a hipótese de um déficit do tônus inibitório
adenosinérgico nos pacientes depressivos nas zonas cerebrais de alto metabolismo
supracitadas.
Os receptores de adenosina nas células gliais, no SNC, tem como principal
objetivo aumentar a resiliência e potencializar a plasticidade neuronal (von Calker e
Biber, 2005). Por exemplo, num trauma rapidamente são liberadas grandes quantidades
de adenosina extracelular levando os receptores A1 a diminuírem o consumo de energia
celular. Este poderia ser um mecanismo envolvido no TDM. Conforme hipótese acima
(Lara e Souza, 2000) um déficit do tônus inibitório do receptor agonista A1 poderia
auxiliar a ação dos receptores “facilitadores” A2A aumentando várias funções, entre
elas, a liberação de NT (Thompson et al, 1993). A cafeína bloquearia a ação inibitória
dos receptores A1 e pelo menos em parte dos receptores A2A, não estando claro quanto
aos outros subtipos de receptores de adenosina quer A2 ou demais. Assim sendo,
poderia haver uma hiperestimulação sináptica de vários NT trazendo prejuízo ao TDM
(um aumento ainda maior das zonas hiperestimuladas como córtex medial pré-frontal e
região anterior ventral do cíngulo) com o uso de Xantinas, provavelmente pelo bloqueio
maciço dos receptores A1 (Cunha, 2001).
Frente a um dano tecidual o receptor A1 reduz o consumo de energia celular
quebrando o ATP em adenosina, através da rota ecto-nucleoctidase (ex: Brunstein et al,
2007), e esta sendo liberada para fora da célula via difusão, sendo sua rota via
membrana bidirecional. (van Calker e Biber, 2005; Cunha, 2001).
A ação da adenosina nas células gliais expressam-se através da sua ação na
modulação do controle dos canais iônicos, do manejo do cálcio intracelular e da
regulação da proliferação, migração e apoptose glial (Fields e Stevens, 2000). Quando
dano cerebral, quantidades importantes de ATP são liberados e este estimula o P2X7
no astrócito e o P2Y na microglia resultando no aumento de CCL2 e IL-6,
respectivamente (Boucsein et al, 2003). Adenosina estimula o receptor A1 nos
neurônios resultando na redução do influxo de Ca++, uma inibição da liberação do
neurotransmissor glutamatérgico e um aumento do influxo de K+, causando
hiperpolarização, diminuindo o potencial de ativação de NT pelo neurônio. (Gerber e
Gahwiler, 1994; Trussell e Jackson, 1985; Park et al, 2001).
A Adenosina estimula os receptores A1, A2B, A3 nos astrócitos levando a um
aumento na produção de NGF (Nerve Growth Factor), S100B, IL-6, e CCL2. Receptor
A2A na microglia estimula um aumento na produção do BDNF (Brain-derived-
neurotrophic factor). A microglia em si também libera IL-6. S100B, CCL2, NGF
exercem efeitos neuroprotetivos nos neurônios. Já a IL-6 exerce neuroproteção
possivelmente através da “upregulation” dos receptores de adenosina A1. As proteínas
S100B também são estimuladas pelo receptor A1, nos astrócitos, promovendo entre
outras funções a sobrevivência celular (von Calker e Biber, 2005).
Anteriormente acreditava-se que estas células gliais causavam danos, mas, nos
últimos anos, claras evidências mostram que elas ajudam a suportar o dano e promover
suporte e sobrevida às células atingidas. Mesmo sem atividade de dano as células gliais
regulam a formação de sinapses, auxiliam no controle da neurotransmissão, induzem
neurogênese adulta, e determinam à direção da célula-tronco.
Existem vários fatores neurotróficos e citoquinas que a glia libera no sentido de
neuroproteção: NGF; Neurotrofinas 3 e 4; BDNF; GDNF; VEGF. Também várias
citoquinas têm sido descritas como neuroptotetivas: IL-1; IL-1β; IL-6; IL-10; TNF-;
TGF- β; Chemokina CCL2.
Atualmente, existe uma compreensão mais clara da função da IL-6 tem na
neuroproteção dependente da “upregulation” do receptor A1, como foi dito, sendo
que os neurônios corticais ficam protegidos do dano glutamatérgico desde que haja uma
completa ação nos receptores agonistas dos receptores A1. Anteriormente quando se
observava um aumento de IL-6 decorrente da Doença de Alzheimer e das convulsões e
se pensava que o processo inflamatório ligado ao processo imune fosse destrutivo.
Recentemente sabe-se que representa um papel importante no processo protetor,
fazendo a diferenciação e regeneração do tecido nervoso. Com o envelhecimento
aumenta o déficit inibitório dos receptores A1 e aumenta a ação dos receptores A2A,
promovendo provavelmente aumento da liberação de acetilcolina (Cunha, 2001).
O receptor A1 é um receptor de ação inibitória encontrado em quase todo o SNC
(Jacoboson e Gao, 2006). Bloqueado, provocaria o aumento das concentrações de
adenosina extracelular, o aumento da atividade de ondas do tipo delta no EEG durante o
sono. Isto indicaria um aumento da atividade dos receptores A1 diminuindo o
metabolismo cerebral e o acionamento dos receptores A2 que aumentariam o fluxo
cerebral funcionando como um mecanismo reparador. Esta diminuição de atividade
cerebral com ondas tipo delta atuaria mais em regiões hiperativadas em pacientes
deprimidos como córtex medial pré-frontal e região anterior ventral do cíngulo,
diminuindo sua hipermetabolização nos pacientes deprimidos com esta característica
(Gerber e Gahwiler, 1994). Em pessoas normais essas zonas poderiam ficar
hiperativadas. O aumento do fluxo cerebral se daria pela rápida dessensibilização dos
receptores A1 (van Calker e Biber, 2005). Logo se inicia um processo de
“upregulation” dos receptores agonistas A1 o que media a ativação dos astrócitos e a
liberação da IL-6 que segue potencializando a upregulation” dos receptores A1(van
Calker e Biber, 2005). Isto ocorreria de forma moderada na PdS isolada e potente no
ECT (Lewin e Bleck, 1981; During e Spencer, 1992). A perda proporcional na noite ou
nas noites seguintes se daria pelas altas concentrações de adenosina ativando uma
“downregulation” dos receptores A1. Em debate segue que as regiões acima descritas
hiperativadas nos deprimidos são de neurônios aceticolinérgicos o que tem levado a
discussões sobre ação de novos antidepressivos (von Calker e Biber, 2005).
Hamilton et al, 2004, relacionam polimorfismos no receptor A2 (ADORA2A) no
modelo de nucleotídeos únicos de polimorfismos (SNP) e encontra 3 haplótipos (1,4,5)
diretamente ligados ao Transtorno do Pânico (p= 0,029) em regiões próximas ao
cromossoma 22, local único do receptor 2A em um estudo feito com cafeína. Os
outros receptores de adenosina se encontram em outros cromossomos. Parece que o
modelo genético implicado é o recessivo. Contudo mais estudos são necessários para
confirmar estes achados.
Brunstein et al, 2007 em seu estudo comparando 26 pacientes usando clozapina
(n=12) ou antipsicóticos típicos (n=14) e 26 pacientes como grupo controle (pessoas
hígidas) encontraram um aumento na enzima adenosina deaminase que transforma
adenosina em iosina de forma estatisticamente significativa no grupo da clozapina. Esta
enzima está ligada ao receptor A1. A atividade da adenosina deaminase no líquor está
estatísticamente correlacionado com as concentrações dos metabólitos da dopamina,
ácido homovalínico, sugerindo que altas concentrações de adenosina inibem a liberação
de dopamina. Apesar das limitações do estudo, uma interessante hipótese levantada é se
os resultados de ECRs e da prática clínica do ótimo desempenho da clozapina nos
sintomas da Esquizofrenia e menor incidência de complicações pode estar relacionado a
este mecanismo. São necessários mais estudos com metodologia ampliada,
multicêntrica, para correlacionar resposta terapêutica com achados neurobioquímicos,
aumentando as chances de clarificar esta hipótese neurobiológica.
3. OBJETIVOS
1) Verificar se a cafeína é capaz de alterar o efeito da restrição de sono em
pacientes deprimidos unipolares moderados a graves não psicóticos.
2) Contribuir no avanço da compreensão do papel do sistema adenosinérgico na
depressão, tendo como foco seu papel sobre o sono.
4. HIPÓTESES
A hipótese que será testada neste estudo é a de que a cafeína possa bloquear o
efeito antidepressivo da PdS.
Em princípio o teste desta hipótese terá conseqüências clinicamente relevantes
quaisquer que sejam seus resultados, mesmo que a hipótese venha a ser refutada. Se a
cafeína impedir o efeito antidepressivo da privação de sono, significa que o uso da
cafeína é contra-indicado em pacientes que estejam se submetendo à privação de sono
com fins terapêuticos. Além disso, oferece uma evidência significativa de que o efeito
antidepressivo da privação de sono seja mediado pela adenosina, sugerindo que
fármacos que aumentem a atividade adenosinérgica venham a ter um efeito
antidepressivo de rápido início de ação. Por outro lado, se a cafeína não afetar o efeito
antidepressivo da privação de sono, ela pode ser usada até como auxiliar na promoção
do estado de alerta nos pacientes que se submetem a este tratamento.
5. CONSIDERAÇÕES ÉTICAS
O projeto de pesquisa (GPPG n°02-332) foi previamente aprovado pelo Grupo
de Pesquisa e Pós-Graduação – Comissão Científica e Comissão de Pesquisa e Ética em
Saúde do Hospital de Clínicas de Porto Alegre.
Todos os pacientes e indivíduos controles (placebo) assinaram um termo de
consentimento Pós-Informação antes de participar do estudo (Apêndice A).
6.1. Artigo (versão em Português)
Artigo Original
A cafeína altera o efeito da privação de sono em pacientes deprimidos moderados a
graves?
Alexandre W. Schwartzhaupt (1), Diogo R. Lara (2), Vânia N. Hirakata (3), Alice
Schuch (4), Ellen Almeida (1), Leonardo Silveira (4), Marco A.K. Caldieraro (1),
Marcelo P. Fleck (1).
(1) Programa de Pós Graduação em Psiquiatria da UFRGS, Porto Alegre, Brasil.
(2) Faculdade de Biociências, PUCRS, Porto Alegre, Brasil.
(3) Setor de Bioestatística do Grupo de Pesquisa e Pós-Graduação (GPPG), HCPA,
Porto Alegre, Brasil.
(4) Faculdade de Medicina, UFRGS, Porto Alegre, Brasil.
Resumo:
Introdução: A privação de sono (PdS) tem sido utilizada como um estratégia alternativa
para o tratamento do Transtorno Depressivo Maior (TDM). A cafeína com seu efeito
estimulador poderia ser uma alternativa para facilitar a privação de sono. No entanto,
não dados sobre o sua potencial influência no efeito antidepressivo da PdS. O
objetivo deste estudo é avaliar o efeito da cafeína na PdS em pacientes deprimidos
unipolares moderados a graves não psicóticos.
Métodos: Ensaio Clínico randomizado, duplo cego, cruzado, comparando cafeína contra
placebo em pacientes deprimidos moderados a graves submetidos à privação total de
sono (PdS). Os pacientes foram avaliados por itens da escala de Lader, HAMD- 6 itens,
CGI Severidade e Melhora Global. Resultados: Foram avaliados 20 pacientes. Os
pacientes que usaram cafeína mantiveram o mesmo escore de energia pré e pós-privação
de sono (item energético-letárgico da escala de Lader) enquanto os do grupo placebo
diminuíram o escore de energia pós-privação de sono. (p = 0,0045). Não houve
diferença entre o grupo cafeína e placebo nos demais itens da escala de Lader.
Conclusão: O uso combinado de cafeína e PdS pode ser uma estratégia útil para manter
os pacientes mais acordados sem o prejuízo do cansaço da PdS em pacientes
ambulatoriais deprimidos. Contudo, mais estudos envolvendo pacientes que tenham
respondido à PdS são necessários para verificar se a cafeína também não interfere nos
resultados deste grupo.
Palavras Chaves: Transtorno Depressivo Maior, Privação de Sono, Adenosina, Cafeína,
Transtornos de Ansiedade, Transtorno do Pânico, Tratamentos Alternativos,
Neurobiologia.
1. Introdução:
A Privação de Sono (PdS) é uma estratégia antidepressiva relativamente antiga,
embora ainda agrupada nos chamados “tratamentos alternativos”, por ainda depender de
estudos inequívocos que comprovem sua eficácia e efetividade, Inicialmente Plug e
Tölle, 1971, descreveram o caso de um paciente com depressão severa que após 1 noite
de PdS estava assintomático no dia seguinte. Desde lá, dezenas de artigos com PdS
foram publicados. No entanto, a grande maioria dos estudos apresenta amostras bastante
heterogêneas, incluindo pacientes com Transtorno Depressivo Maior Unipolar (TDM),
TDM com sintomas psicóticos e Depressões Bipolares. Embora 60% dos pacientes com
TDM não psicótico respondam a 1 noite de PdS estando em remissão no dia seguinte
(Wirz-Justice e Van den Hoofdakker, 1999), 83% dos pacientes tendem a recair em
depressão na noite seguinte após dormirem, caso não estejam em uso de medicação
antidepressiva. Um dos principais atrativos da PdS é seu início imediato de ação com
aplicação específica para o início do tratamento quando os medicamentos de ação
antidepressiva ainda não mostraram efeitos significativos, especialmente em casos
resistentes e graves (Wirz-Justice e Van den Hoofdakker, 1999).
Recentemente, alguns artigos com delineamentos adequados e seleção de
pacientes mais homogênea vêm permitindo encontrar preditores de resposta (Wirz-
Justice e Van den Hoofdakker, 1999; Ringel e Szuba, 2001; Beutler et al, 2003), bem
como métodos de tratamentos adjuvantes como os antidepressivos (AD) como a
sertralina (Calyurt e Guducu, 2005a) que parecem diminuir a taxa de recaída após a
noite de sono. Por outro lado, não uma unanimidade também na literatura sobre
como deve ser feita a PdS. Dentre as diferentes formas de PdS empregadas a PdS Total
ainda é a mais utilizada (Ringel e Szuba, 2001).
A cafeína, como as demais xantinas, são bloqueadores dos receptores A1 e A2a
do neuromodulador inibitório adenosina. Em pessoas hígidas em doses baixas a
moderadas (250mg a 400mg/dia) tende a aumentar a energia, a atenção, melhorar o
tempo de reação e a melhora no desempenho de tarefas cognitivas simples.
Revisando as bases de dados PubMed, Lylacs, e PsychoINFO não foram
encontrados nenhum ECR, estudo aberto ou série de casos envolvendo o uso de cafeína
em pacientes com TDM em PdS. Broderick e Benjamin, 2004, ao revisarem o tema
encontraram apenas relatos de casos, mostrando que pacientes deprimidos podem usar a
cafeína como auto-medicação. Inicialmente ela parece estar associada a um aumento de
energia e diminuição do cansaço. Com o uso continuado a tolerância pode fazer com
que os sintomas depressivos piorem.
O principal objetivo deste estudo é verificar se a cafeína interfere no efeito da
PdS em pacientes com TDM não psicóticos. Nossa hipótese é que sendo a adenosina um
neuromodulador inibitório a cafeína poderia ter um impacto negativo sobre a PdS, se
este efeito for mediado pelo sistema adenosinérgico, conforme proposto por Lara e
Diogo, 2000. Se a cafeína pode interromper o efeito antidepressivo da PdS, o consumo
de cafeína não seria recomendado para os pacientes que fossem se submeter à PdS com
este propósito terapêutico. Contudo, drogas que aumentassem a atividade
adenosinérgica poderiam ter um rápido início de ação antidepressiva. Por outro lado, a
cafeína pode ser neutra ou potencializar o efeito da PdS, sendo assim um método
adjuvante para pelo menos promover energia nos pacientes que recebem esta forma de
tratamento.
2. Métodos
2.1. Amostra
Os pacientes incluídos foram selecionados a partir de anúncio em jornais de
grande circulação no local Sul do Brasil, para participação em um estudo aberto para
uso de medicação antidepressiva. Os critérios de inclusão para o estudo aberto foram
idade entre 18 e 65 anos; episódio depressivo maior (EDM) segundo o M.I.N.I., com
escore > 17 na Escala de Hamilton para depressão-17itens (HAM-17) e ter sido
resistente a uma tentativa com Inibidores seletivos de recaptação da serotonina (ISRS).
Aos pacientes que não preencheram o critério de resistência a ISRS ou que não
quisessem participar do estudo aberto com o medicamento era oferecida a participação
neste estudo de Privação de Sono.
Além dos critérios de inclusão acima descritos para o estudo de Privação de
sono, foram critérios de exclusão: transtorno afetivo bipolar (TAB), risco de suicídio
grave (RS), presença atual de ataques de pânico (AP) ou diagnóstico de Transtorno do
Pânico (TP) ativo nos últimos 6 meses (como a cafeína pode provocar ataques de
pânico); cardiopatia ou uso de teofilina ou agonistas dopaminérgicos como amineptina
ou bupropinona (Benedetti et al, 1996).
Todos os pacientes assinaram um termo de consentimento informado aprovado
pelo comitê de ética do Hospital de Clínicas de Porto Alegre - HCPA/GPPG. A coleta
foi realizada de janeiro de 2004 a julho de 2004.
2.2. Instrumentos de avaliação
Escala de aferição Lader Visual Analogic Scale (Lader e Bond, 1972); (itens:
energético-letárgico; descontente-contente; tranqüilo-preocupado; mentalmente rápido-
mentalmente devagar; triste-feliz; entediado-interessado). Trata-se de uma escala
analógico-visual composta por uma reta de 0 a 100 mm sendo que cada item é composto
por uma palavra (ponto 0 da reta) seguida da reta em que na outra extremidade existe a
palavra com o sentido oposto (ponto 100). Como exemplo no item “energia” o ponto 0 é
“energético” e o ponto 100 é “letárgico”. O paciente assinala o ponto da reta que melhor
descreve seu estado no momento.
HAM-D 6 ítens (Bech, 1975): Trata-se da utilização dos 6 itens que se adequam ao
modelo de Rasch de unidimensionalidade e que consistem nos sintomas nucleares da
depressão: 1. ânimo deprimido; 2. sentimento de culpa; 3. trabalho e atividade; 4.
retardo psicomotor; 5. ansiedade psíquica; 6. sintomas somáticos gerais.
CGI Severidade (Guy, 1976): Trata-se de um instrumento de avaliação geral pelo
clínico composta de 7 pontos âncora que vão de 0 a 7.
Mini International Neuropschiatric Interview. M.I.N.I. Amorim, P . Brazilian version
5.0.0./ DSM IV/ Current (December, 1999). São 16 módulos correspondentes a 16
principais Transtornos ou Síndromes psiquiátricas baseados nos critérios do DSM-IV.
2.3. Delineamento e Procedimentos do Estudo
Foi realizado um ECR duplo cego cruzado cafeína contra placebo em pacientes
deprimidos ambulatoriais moderados a graves submetidos à privação total de sono (ver
tabela 1). Os pacientes que preenchiam os critérios para participar do estudo iniciavam
na 6° feira (dia 1) ao meio-dia restrição total do uso de qualquer tipo de
benzodiazepínico (BDZ) e de xantinas (café, energéticos, coca-cola ou similares, chá-
preto, guaraná). Suas demais medicações deviam continuar sendo tomadas
regularmente. Às 20h apresentavam-se no Hospital e iniciavam a avaliação inicial com
os instrumentos descritos adiante. Após, os pacientes seguiam acompanhados por
estudantes de Medicina, realizando tarefas neutras como leitura de livros, revistas,
jornais; montagem de quebra-cabeças; televisão e conversando com a equipe ao longo
de toda a noite de privação de sono no objetivo de mantê-los acordados. Receberam as
cápsulas da intervenção (3 cápsulas com placebo ou cafeína 150mg, de forma
randomizada) às 21h de 6°f (dia 1) e 01h e 05h de sábado (dia 2). Às 03h de sábado
recebiam um lanche sem xantinas. Todos os participantes estavam cegados quanto à
intervenção (duplo cego). A partir das 08h de sábado (dia 2) novamente o investigador
aferidor refazia as escalas descritas incluindo CGI melhora global. Os pacientes,
então, voltavam para suas casas e passavam a noite de sábado livres para dormir. A
partir de 12h de domingo (dia 3) se reiniciava todo o processo até o final da aferição na
2°feira de manhã (dia 4) quando os pacientes eram liberados do estudo. Ver Tabela 1.
Foi utilizado o desenho cruzado (cross-over). Assim, os pacientes que receberam
placebo na primeira noite, receberam cafeína na segunda privação de sono (terceira
noite).
3. Análise Estatística.
Para o cálculo do tamanho de amostra, estimou-se um nível de significância de
0.05, poder de 90%, diferença entre as médias de 40, razão entre as amostra de 1, desvio
padrão de 30 e 20 paras populações A e B. Chegou-se a um n de 8 em cada grupo
totalizando 16 indíviduos.
Foi realizada a média de todas as variáveis de aferição e seu delta e aplicada à
análise de variância de quadrado latino para ECR cruzados para o objetivo primário
pelo programa SPSS versão 14.0.
Nós usamos o teste “t” pareado com o grupo placebo para avaliar o efeito
antidepressivo da PdS.
A diferença de p <0.05 foi considerada estatisticamente significativa.
3. Resultados
A descrição das características dos 20 pacientes incluídos no estudo é
apresentada na tabela 2. Todos os pacientes compareceram na etapa 1 do estudo e 19
(97,5%) na etapa 2 do estudo.
Inicialmente nós usamos a etapa placebo do estudo para testar se havia um efeito
antidepressivo da PdS.
A PdS não modificou nenhum parâmetro utilizado exceto o item energético-
letárgico da escala de Lader, em que os pacientes após a privação de sono ficaram mais
letárgicos do que na noite anterior (tabela 3).
Quando foi comparado o efeito da PdS realizado na vigência da cafeína contra
placebo observou-se que, no grupo “cafeína”, os escores médios basais do item
energético-letárgico da escala de Lader mantiveram-se inalterados após a PdS,
enquanto que no grupo placebo houve uma queda em relação ao grupo “cafeína”
estatisticamente significativa (Tabelas 4),
A maioria dos efeitos colaterais referidos pelos pacientes foram leves a
moderados de forma isolada e passageira. Os mais freqüentes foram cefaléia e tontura.
Uma paciente (número 15) que teve episódios de náusea e vômitos na primeira etapa
(placebo) não compareceu na segunda etapa. Duas pacientes (número 7 e 20)
apresentaram crises de pânico uma na vigência de placebo e outra na de cafeína.
4. Discussão
No presente estudo, a Privação total de sono não apresentou efeito
antidepressivo medido pelos itens da escala analógico visual de Lader, Escala de
Hamilton 6 itens e CGI. Assim, não foi possível avaliar o efeito da cafeína sobre o
potencial efeito antidepressivo da PdS. No entanto, foi possível constatar que o efeito da
cafeína não apresenta diferença na quase totalidade dos itens medidos pelos diferentes
instrumentos quando comparados ao placebo. Apenas o item letárgico-energético
apresentou diferença estatisticamente significativa (p = 0,0045), mostrando que a
cafeína pode impedir o efeito letárgico que a privação de sono acarreta na manhã
seguinte. Este efeito da cafeína encontrado no presente estudo com pacientes
deprimidos ambulatoriais aproximou-se do efeito encontrado em sujeitos normais
(Rétey et al 2006).
A maioria dos estudos em PdS são compostos por pacientes com TDM e com
depressão bipolar com desenhos tipo série de casos ou estudos abertos com resultados
controversos.
O uso da PdS permanece uma estratégia com resultados contraditórios e de
aplicação clínica limitada. Giedke, 2004, e Wiegand, 2004, referem que uma taxa
importante dos pacientes sente-se novamente deprimido na noite seguinte à PdS,
levando-os a uma maior desesperança e a uma pobre adesão à PdS. Wiegand et al, 2001,
mostraram variações que não eram clinicamente nem estatisticamente significativas na
HAMD-6 itens e nas escalas auto-aplicáveis de humor após 5 PdS intercalados ao longo
de 2 semanas e meia. Giedke, 2004, comenta os problemas metodológicos de vários
estudos de PdS que dificultam delimitar uma recomendação baseada em evidência da
PdS. No entanto, trabalhos como o de Wiegand et al, 2001, com ECR com PdS seriadas
associadas a medicação podem trazer resultados mais promissores na medida que
avaliam os pacientes mais a longo prazo e utilizam a PdS como estratégia coadjuvante.
Grözinger et al, 2002, fez um ECR duplo cego contra controle em 10 dias
consecutivos de acompanhamento do sono NREM (n=13) versus supressão progressiva
do sono REM (n=14) associado a 50mg de trimipramina em ambos os grupos e não
achou diferença estatisticamente significativa em relação ao grupo controle. No estudo
de Calyurt e Guducu, 2005 (b), a monoterapia mostrou-se melhor aceita pelos pacientes
do que o grupo da associação de PdS parcial tardia. Reynolds III et al, 2005, obteve
taxas de resposta e de remissão com tendência maiores no grupo da monoterapia da
paroxetina versus tratamentos combinados com PdS ou PdS + Placebo. Neste estudo é
difícil entender o modelo teórico de como em apenas 1 noite de PdS seguida por uma
noite de recuperação de sono e então início da paroxetina em apenas 2 semanas de uso
pudessem trazer grandes diferenças de resultados entre os grupos e em cada grupo.
Um estudo de melhor metodologia mostrou resultados mais positivos no uso da
PdS especialmente se seriada e associada com antidepressivos (AD). Calyurt e Guduco
2005(a), comparando sertralina versus PdS 3x/semana por 2 semanas + sertralina
obtiveram na monoterapia, ao final de 4 semanas de estudo, 47,39% de resposta
enquanto no tratamento combinado 85,81% de resposta. Beutler et al, 2003, submete 48
sujeitos a 60h de PdS e de acordo com sua resposta depressiva os divide em 3 grupos
por gravidade e testa suas capacidades neurocogntivas. Seu único achado é que quanto
maior o nível de ativação pré-PdS melhor desempenho ao longo do estudo.
No entanto vários autores mostraram resultados positivos no em pacientes de
espectro bipolar (Barbini, 1996). Barbini et al, 1998, após aplicarem 3 noites de PdS
consecutivas demonstram índices maiores de resposta especialmente nos de espectro
bipolar (Tipo I e II) de 80% versus 53% nos pacientes de espectro unipolar. Colombo et
al, 1999 coloca que após 3 ciclos de PdS com ou sem medicação em 206 pacientes com
depressão bipolar a taxa de virada maníaca foi de 4,85% e hipomaníaca de 5,83%. Esta
taxa sobe para aproximadamente 10% quando a PdS é acompanhada por uso de
Antidepressivos Tricíclicos (ADT). Nós acreditamos que esta diferença em favor da
depressão bipolar pode estar ligada a um efeito hipomaníaco da PdS.
Contudo, não é completamente evidente porque esta discrepância de achados
na literatura. No entanto, os estudos são bastante heterogêneos em relação às
características clínicas das amostras, forma como foi realizada a privação, número de
noites que foram realizadas a privação, presença ou não de tratamentos coadjuvantes,
presença de comorbidades e a ausência de monitorização dos “micro-cochilos” que
poderiam interferir no efeito antidepressivo, mas que certamente restringem sua
potencial aplicabilidade clínica, que são muito difíceis de serem completamente
evitados (Hemmeter et al, 1998).
Nosso estudo apresenta algumas limitações que poderiam interferir nos
resultados. Apesar de nossa amostra ser composta por apenas pacientes com TDM, 60%
apresentavam comorbidades de TA. A presença de comorbidade com ansiedade mostra
resultados contraditórios em relação ao efeito antidepressivo da PdS (Roy-Byrne et al,
1986; Labbate et al, 1997). Estudos genéticos em pessoas hígidas mostram que o efeito
da cafeína está associado com polimorfismos dos receptores A2a quando causa
ansiedade medida pelas escalas de Lader e Profile of Mood States (POMS) (Alsene et
al, 2003). Já no transtorno do pânico Hamilton et al, 2004, localizou 3 polimorfismos do
receptor A2a nos haplótipos 1,4 e 5.
Além disso, estes 20 pacientes estavam em uso de diversos tipos de medicações.
Embora os pacientes tenham sido privados de sono, não foram controlados os
microcochilos que não utilizamos monitorização com EEG. Os microchilos parecem
estar associados com resposta insatisfatória ao PdS (Hemeter et al, 1998). Embora nosso
“n” seja relativamente pequeno, o cálculo de tamanho de amostra mostrou o poder
necessário para identificar as diferenças normalmente sugeridas na literatura. Some-se a
isto o fato de que na maioria dos estudos tenha sido utilizado um número de pacientes
semelhantes. Também não averiguamos o padrão prévio de sensibilidade ou
tolerabilidade à cafeína. Todos esses são fatores que podem, eventualmente, ter
interferido na ausência do efeito antidepressivo da PdS.
Por outro lado, um dos méritos do presente estudo foi o de estudar uma amostra
mais homogênea de pacientes, todos eles com depressão maior unipolar. Também,
nossa utilização da PdS aproximou-se das condições em que a PdS é aplicada por um
clínico no “mundo real”.
Embora não fosse um objetivo de nosso estudo, não encontramos mudanças em
itens relacionados mais especificamente ao humor com a presença da cafeína. Broderick
e Benjamin, 2004, sugerem que a cafeína para fazer importantes mudanças de humor
parece precisar de doses acima de 500mg/dia, superiores às do nosso estudo. Segundo
estudos baseados em relatos de casos e em animais, o humor é afetado posteriormente,
sendo as áreas neurocognitiva e motoras primeiramente afetadas. (Piletta, 1983).
O uso combinado da cafeína com a PdS pode ser uma estratégia útil para manter
o paciente acordado sem haver piora do desempenho da PdS em pacientes deprimidos
ambulatoriais. No entanto, mais estudos são necessários em pacientes que tenham
respondido à PdS, para avaliar se neste grupo também a cafeína não interfere nos
resultados.
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Conflitos de Interesse
Ausente.
Tabela 1. Procedimentos do ECR.
Dias Procedimento
Durante a
semana
Seleção da amostra para o fim de semana (entrevista diagnóstica,
MINI e termo de consentimento). Recebem a orientação de não
utilizar cafeína ou benzodiazepínicos das 12hs até as 20hs de sexta-
feira.
6°feira
(Dia 1)
20h – pacientes vão à recreação do HCPA para avaliação da HAM-D
e CGI e VAS
21h – conforme randomização recebem a 1
a
dose de cafeína (150mg)
ou placebo.
Mantêm-se durante a noite em privação total de sono, acompanhados
pelos acadêmicos de medicina, sob supervisão de plantão
psiquiátrico da unidade.
Sábado
(Dia 2)
01h – recebem 2
a
dose de cafeína (150mg) x placebo
05h – recebem 3
a
dose de cafeína (150mg) x placebo
08-10h – são reavaliados com a HAM-D, VAS e CGI
Após a reavaliação são liberados para voltarem para suas casas com
a combinação de não utilizar cafeína ou benzodiazepínicos das 12hs
até as 20hs de domingo
Domingo
(Dia 3)
20h retorno dos pacientes à unidade de recreação do 4
a
andar
norte onde são avaliados com a HAM-D, VAS e CGI
21h conforme randomização e cruzamento, recebem a 1
a
dose de
cafeína (150mg) ou placebo
Mantêm-se durante a noite em privação total de sono acompanhados
pelo acadêmico de medicina, sob supervisão de plantão psiquiátrico
2° feira
(Dia 4)
01h – recebem 2
a
dose de cafeína (150mg) x placebo
05h – recebem 3
a
dose de cafeína (150mg)* x placebo
08-10h – são reavaliados com a HAM-D, VAS e CGI
Recebem a 1
a
consulta e retornam as suas casas com reconsulta
marcada.
*150mg de cafeína equivalem a 2 cafés expressos
Tabela 2. Descrição das características clínicas e demográficas dos pacientes
N° do
Paciente
SEXO IDADE HAM-D
17ÍTENS
Outros
diagnósticos
Medicaçoes em uso
1. M 57 27 Impotência
RGE;
Antiácido SN
2. F 61 25 Obesidade -x-
3. F 37 22 Psoríase;
Varizes nas
pernas
Clordiazepóxido 5mg + 12,5mg de
cloridrato de amitriptilina
4. M 44 25 Fobia Social
TAG; TCAP;
HAS; RS leve
-x-
5. F 43 20 TAG; Hepatite C
positiva
-x-
6.
M
24 21 Fobia Social
TAG
-x-
7. F 43 22 Transtorno do
Pânico em
remissão
Fobia Social;
Amitriptilina 100mg/dia
Paroxetina 20mg/dia
8. F 54 19 Abstinente de
Abuso de Álcool
Fluoxetina 60mg/dia;
Topiramato 25mg/dia;
Clorpromazina 25mg/dia
9. F 49 23 Distimia;
Bulimia; TAG
-x-
10. F 32 22 TEPT/luto
complicado;
enxaqueca
Sertralina 150mg/dia;
Topiramato 50mg/dia;
Clonazepam 0,5mg SN
11. F 51 18 Fumante, Artrite
Paralisia Facial
AINEs SN & Clonazepam 1mg/dia
12. F 50 25 -x- -x-
13. M 63 19 TAG Cloridrato de Maprotilina 25mg/dia
14. F 43 27 Fobia Social -x-
15. F 57 25 luto complicado;
agorafobia
HAS
Captopril 25mg tid;
Metoprolol 50mg bid;
Bromazepam 9mg/dia
Propatilnitrato10mg SN p/ dor pré-
cordial – vasoespasmo? – cintilografia
miocárdica negativa
16. F 34 22 RS leve; TEPT
Alergia a iodo
Imipramina 25mg/dia
17. M 54 28 RGE severo;
Rinite Alérgica
Antiácido SN
18. F 51 27 HAS Captopril 12,5mg/dia
19. F 58 27 DM II
HAS
Metformina 850 tid;
Glibenclamida 5mg tid; Verapamil 80
tid; Captopril 25 tid
20. F 61 26 Agorafobia;
Alergia a iodo
Sertralina 25mg/d;
Clortalidona 12,5mg/d
Clonazepam 0,25mg/d
Siglas: tid (3x/dia); bid(2x/dia); AINEs (Antiinflamatórios Não Esteróides); RGE (Refluxo Gastro
Esofágico); TAG (Transtorno de Ansiedade Generalizada); TCAP (Transtorno Compulsório Alimentar
Periódico); HAS (Hipertensão Arterial Sistêmica); RS (Risco de Suicídio); TEPT (Transtorno de Estresse
Pós-Traumático); DM II (Diabete Melitus tipo II).
Tabela 3- Efeito da Privação de sono sobre os diferentes desfechos clínicos na presença
de placebo (n=19)
Variáveis Noite Manhã p
Energético
42± 29 62±21
0,005*
Descontente
56±26 63±23
0,258
Tranqüilo
45±32 37±27
0,213
Mentalmente rápido
59±25 68±21
0,107
Triste
55±28 54±24
0,791
Entediado
63±34 58±32
0,564
HAM6 – total
6,4±3,4 5,6±2,4
0,300
CGI severidade
3,3±1,0 3,1±0,6
0,262
*p < 0,05
Tabela 4 – Comparação do efeito da PdS (médias± dp) das aferições com
cafeína x placebo. (n=19)
Variáveis
Cafeína Placebo
Noite Manhã Variação Noite Manhã Variação
P*
Cafeína
X
Placebo
Energético
49 ± 30 43 ± 27 6 ± 20 42 ± 29 62 ± 21 -21 ± 28
0,0045°
Descontente
49 ± 27 69 ± 19 -20 ± 35 56 ± 26 63 ± 23 -7 ± 27
0,1538
Tranqüilo
49 ± 32 30 ± 29 19 ± 42 46 ± 32 38 ± 28 8 ± 27
0,3612
Mentalmente rápido
56 ± 25 51 ± 32 6 ± 30 59 ± 25 68 ± 22 -9 ± 22
0,1360
Triste
51 ± 25 63 ± 23 -12 ± 35 55 ± 28 54 ± 25 1 ± 16
0,2017
Entediado
69 ± 25 70 ± 26 -1 ± 32 64 ± 34 58 ± 32 6 ± 42
0,6028
HAM6 - total
6,1 ± 2,3 4,4 ± 3,4 1,6 ± 4,7 6,4 ± 3,4 5,6 ± 2,4 0,8 ± 3,2
0,5174
CGI severidade
3,2 ± 0,8 2,7 ± 0,9 0,4 ± 1,5 3,3 ± 1,0 3,1 ± 0,6 0,3 ± 1,0
0,4843
CGI melhora 3,3 ± 1,9 3,6 ± 1,6 0,6459
* Análise de variâncias para o delineamento quadrado-latino
°p< 0,05
6.2 Article (version in English)
Original Article
Does caffeine change the effect of sleep deprivation on moderate to severe depressed
patients?
Alexandre W. Schwartzhaupt (1), Diogo R. Lara (2), Vânia N. Hirakata (3), Alice
Schuch (4), Ellen Almeida (1), Leonardo Silveira (4), Marco A.K. Caldieraro (1),
Marcelo P. Fleck (1)
(1) Graduate Program in Psychiatry, Universidade Federal do Rio Grande do Sul
(UFRGS), Porto Alegre, Brazil
(2) School of Biosciences, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul
(PUCRS), Porto Alegre, Brazil
(3) Division of Biostatistics, Group of Research and Graduate Studies, Hospital de
Clínicas de Porto Alegre (HCPA), Porto Alegre, Brazil
(4) School of Medicine, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Porto
Alegre, Brazil
Abstract:
Introduction: Sleep deprivation (SD) has been used as an alternative approach to treat
major depressive disorder (MDD). Caffeine, due to its stimulating effect, could be an
alternative to promote sleep deprivation. However, there are no data about its potential
influence on the antidepressive effect of SD. The objective of this study is to assess the
effect of caffeine on SD in non-psychotic patients with moderate to severe unipolar
depression.
Methods: Randomized, double-blind, crossover clinical trial comparing caffeine and
placebo in moderate to severe depressed patients who underwent total sleep deprivation
(SD). The patients were assessed with items of the Bond-Lader Scale, the 6-item
Hamilton Depression Rating Scale (HAMD-6), and the Clinical Global Impression
(CGI)-Severity/Improvement.
Results: Twenty patients participated in this study. The patients who consumed caffeine
presented the same score of energy before and after sleep deprivation (lethargic-
energetic item of the Bond-Lader scale), while the patients in the placebo group had a
reduced score level of energy after sleep deprivation (p = 0.0045). There was no
difference between the caffeine and placebo groups in the other items of the Bond-
Lader scale. Conclusion: The combined use of caffeine and SD can be a useful strategy
to keep the patient awake without impairing the effect of SD on depressed outpatients.
However, further studies involving patients who have responded to SD are needed in
order to verify if caffeine also does not interfere with the results in this group.
Keywords: Major Depressive Disorder, Sleep Deprivation, Adenosine, Caffeine,
Anxiety Disorders, Panic Disorder, Alternative Treatments, Neurobiology.
1. Introduction:
Sleep Deprivation (SD) has been used as an antidepressant strategy for some
time; however it is still included in the category of the so-called “alternative treatments”
because of the lack of studies proving its efficacy and effectiveness. First, Pflug and
Tölle (1971) described the case of a patient with severe depression who was
asymptomatic after 1 night of SD. Since then, several articles on SD have been
published. Nevertheless, most of these studies present quite heterogeneous samples,
including patients with unipolar major depressive disorder (MDD), MDD with
psychotic symptoms, and bipolar depression. Although 60% of the patients with non-
psychotic MDD presented a positive response after 1 night of SD (Wirz-Justice and Van
den Hoofdakker, 1999), 83% of the patients tend to relapse after 1 night of sleep if they
are not using any antidepressant drug. One of the main reasons why SD is an attractive
treatment is its immediate effect, with specific administration at the beginning of the
treatment, when the antidepressant drugs have not yet produced significant effects,
mainly in resistant and severe cases (Wirz-Justice and Van den Hoofdakker, 1999).
Recently, some articles presenting appropriate design and more homogeneous
patient selection have found response predictors. (Wirz-Justice and Van den
Hoofdakker, 1999; Ringel and Szuba, 2001; Beutler et al, 2003). Also, adjuvant
treatments such as AD like sertraline (Caliyurt and Guducu, 2005a) seem to reduce the
relapse rate after six nights of SD in MDD. On the other hand, there is no consensus in
the literature on how SD should be administered. Among the different methods of SD
application, total SD remains as the most often used method (Ringel and Szuba, 2001).
Caffeine, similarly to other xanthines, is an A1 and A2a receptor blocker of the
inhibitory neuromodulator adenosine. The consumption of caffeine at low to moderate
doses (250 mg to 400 mg/day) by healthy subjects tend to increase energy and attention,
reduce the time of reaction, and improve the performance of simple cognitive tasks.
Our search of the PubMed, Lylacs and PsychoINFO databases did not find any
randomized clinical trials (RCT), open trials or case series on the use of caffeine in
patients with MDD receiving SD. Broderick and Benjamin (2004) reviewed this topic
and found only case reports showing that depressed patients might use caffeine as self-
medication. When one starts using caffeine, it seems that it is associated with increased
energy and reduced fatigue. As the individual continues using it, tolerance could make
the depressive symptoms worse (Broderick and Benjamin, 2004).
The main objective of this study is to verify if caffeine interferes with the effect
of SD in non-psychotic unipolar depressed patients. Our hypothesis is that, being an
inhibitory neuromodulator of adenosine, caffeine may have a negative impact on the
effect of SD if this effect is mediated by the adenosynergic system, as previously
proposed (Lara and Souza, 2000). If caffeine can hinder the antidepressant effect of
sleep deprivation, the consumption of caffeine would not be recommended for patients
who are undergoing sleep deprivation with therapeutic purposes. In addition, drugs that
can increase adenosynergic activity might have a fast onset antidepressant effect. On the
other hand, caffeine may be neutral or potentiate the effect of SD, therefore being a
useful adjuvant at least to promote alertness in the patients receiving this treatment.
2. Methods
2.1. Sample
The patients included in this study were selected through an advertisement
published in the local newspapers, in the South region of Brazil, calling for subjects
interested in participating in an open trial about the use of an antidepressant drug. The
inclusion criteria of the open trial were age between 18 and 65 years; major depressive
episode (MDE) according to the MINI, with score > 17 on the Hamilton Rating Scale
for Depression 17 items (HRSD-17); and resistance to treatment with Serotonin
Selective Reuptake Inhibitors (SSRI). Those patients who did not meet the criterion of
SSRI resistance or who refused to take part in the open trial with the antidepressant drug
were invited to participate in the present study on sleep deprivation.
In addition to the inclusion criteria mentioned above for the study on sleep
deprivation, the following exclusion criteria were applied: bipolar affective disorder
(BAD), acute suicidal risk (SR), current presence of panic attacks (PA) or diagnosis of
active panic disorder (PD) in the past 6 months (as caffeine may trigger panic attacks),
heart disease, use of theophylline or dopaminergic agonists such as amineptine or
bupropion (Benedetti et al., 1996).
Data were collected from January 2004 to July 2004. All patients signed a
written informed consent approved by the Ethics Research Committee of Hospital de
Clínicas de Porto Alegre – HCPA/GPPG.
2.2. Screening instruments
The Bond-Lader Visual Analogic Scale (Lader and Bond, 1972): (items: lethargic-
energetic; contented-discontented; troubled-tranquil; mentally slow-quick witted;
happy-sad, interested-bored). It is a visual analogic instrument consisting of a 0-100
mm scale, with each item consisting of one word (point 0 at the scale), and at the end of
the scale there is a word with the opposite meaning (point 100). For instance, in the item
“energy” point 0 is “energetic” and point 100 is “lethargic”. The patient chooses the
point in the scale that best describes his/her state at the moment.
The HAMD-6 (Bech, 1975): It consists of the use of 6 items that are adapted to the
Rasch model for unidimensionality and comprise the main symptoms of depression: 1.
depressed mood; 2. guilt feelings; 3. work and interest; 4. psychomotor retardation; 5.
anxiety (psychic); 6. physical symptoms.
The CGI Severity (Guy, 1976): It is a general screening instrument comprising 7 anchor
points from 0 to 7.
The Mini International Neuropsychiatric Interview. MINI (Amorim , 1999 ; Lecrubier
and Sheehan, 1999). It consists of 16 modules corresponding to the 16 main psychiatric
disorders and syndromes according to the DSM-IV criteria.
2.3. Study Design and Procedures
A double-blind, crossover RCT was conducted comparing caffeine and placebo
in moderate to severe depressed outpatients who underwent total sleep deprivation
(Table 1). The patients who met the criteria in order to take part in this study were not
allowed to use any kind of benzodiazepines (BDZ) and xanthines (coffee, energetic
drinks, coke or similar drinks, black tea, and guarana) beginning on Friday (day 1) at
noon. Other medications should not be discontinued. At 8 pm, the patients should go the
hospital to begin the initial assessment using the instruments mentioned above. Then,
the patients were followed by medical students. They performed neutral tasks such as
reading books, magazines, and newspapers; solving puzzles; watching TV; talking to
the medical team during the whole night of sleep deprivation with the purpose of
keeping them awake. The patients randomly received the intervention pills (placebo or
150-mg caffeine pills) at 9 pm on Friday (day 1) and 1 am and 5 am on Saturday (day
2). At 3 am, the subjects had a snack without xanthines. All participants were blind to
the intervention (double-blind). After 8 am on Saturday (day 2), the researcher
administered the scales mentioned above one more time, including the global
improvement CGI. Then, the patients went back home and could sleep on Saturday
night. At 12 am on Sunday (day 3), the procedure was repeated until the end of the
measurement on Monday morning (day 4), when the patients completed their
participation in the study (Table 1).
This was a crossover study. Therefore, the patients who received placebo at the
first night were given caffeine during the second sleep deprivation (third night).
3. Statistical Analysis
In order to calculate the sample size, we estimated a significance level of 0.05, a
90% power, the difference between the means was 40, the ratio between the samples
was 1, and the standard deviation was 30 and 20 for populations A and B. We
calculated a number of 8 individuals in each group totalizing 16 patients.
The mean and the delta of all measuring variables were calculated and applied to
the analysis of variance of the Latin square for crossover RCT for the primary objective
using the SPPS software version 14.0.
We used paired “T” test with placebo group to evaluate the antidepressant effect
of SD.
The difference of p < 0.05 was considered statistically significant.
3. Results
The description of the characteristics of the 20 patients included in the study is
shown on Table 2. All patients attended the first phase of the study and 19 (97,5%) were
present in the second phase.
Initially we used the placebo phase of the study to test the antidepressant effect
of SD.
SD did not change any parameters used, except for the lethargic-energetic item
of the Bond-Lader scale, since the patients became more lethargic after sleep
deprivation if compared to the previous night (Table 3).
The comparison between the effect of SD with the use of caffeine and placebo
showed that in the caffeine group the mean baseline scores on the lethargic-energetic
item of the Bond-Later scale did not change after SD, while the placebo group showed a
statistically significant decrease in energy as compared to the caffeine group (Table 4).
Most patients mentioned isolated and transient mild to moderate side-effects.
The most frequent side-effects were headache and dizziness. One patient (number 15)
had episodes of nausea and vomiting during the first phase (placebo) and did not attend
the second phase of the study. Two patients (numbers 7 and 20) had panic attacks. One
of the episodes occurred in the placebo group and the other in the caffeine group.
4. Discussion
In the present study, total sleep deprivation did not show any antidepressant
effects measured by the items of the Bond-Lader visual analogic scale, the HAMD-6
and the CGI. Therefore, it was not possible to assess the effect of caffeine on the
potential antidepressant effect of SD. However, we were able to verify that the effect of
caffeine shows no difference in almost all items measured by several instruments when
compared to placebo. Only the lethargic-energetic item demonstrated statistically
significant difference (p = 0.0045), showing that caffeine can hinder the lethargic effect
that sleep deprivation causes in the next morning. This effect of caffeine found in the
present study regarding depressed outpatients is similar to the effect found in healthy
subjects (Rétey et al., 2006).
The majority of the studies in SD are a cluster of patients with MDD and bipolar
depression in designs like case series and open trials with controversial results.
SD remains a therapeutic strategy with contradictory results and limited clinical
application. Giedke (2004) and Wiegand (2004) have mentioned that a significant
amount of patients feel depressed again at the night after SD, which makes them to be
hopeless and leads to poor adherence to SD. Wiegand et al. (2001) have shown
variations that were not clinically or statistically significant on the HAMD-6 and on the
self-administered mood scales after 5 intercalated nights of SD during 2 and a half
weeks. Giedke (2004) has commented on the methodological problems of several
studies on SD that make it difficult to define a recommendation based on SD evidence.
Nevertheless, studies such as the one by Wiegand et al. (2001), consisting of a RCT on
serial SD associated with the use of medication, can bring more promising results since
such studies are based on long-term assessment of the patients and use SD as an
adjuvant strategy.
Grözinger et al. (2002) have carried out a double-blind RCT using a control
group during 10 consecutive days of follow-up of NREM sleep (n = 13) versus
progressive REM sleep suppression (n = 14) associated with 50 mg of trimipramine in
both groups and have not found any statistically significant differences regarding the
control group. In the study by Caliyurt and Guducu (2005b), monotherapy has shown to
be the type of treatment best accepted by the patients as opposite to the association with
late partial SD. Reynolds III et al. (2005) have found higher response and remission
rates in the group receiving paroxetine monotherapy as compared to the group that
received combined treatment with SD or SD + placebo. It is difficult to understand how
a theoretical model involving only 1 night of SD followed by 1 night of sleep recovery
and treatment with paroxetine for only 2 weeks could cause significant differences in
the results between the groups and inside each group.
One study presenting better methodology have demonstrated more positive
results regarding the use of SD, mainly when using serial SD associated with
antidepressives. Caliyurt and Guduco (2005a) have compared sertraline with SD 3 times
a week for 2 weeks + sertraline and have found that the monotherapy showed a response
rate of 47.39% after 4 weeks of study, while the combined treatment showed a response
rate of 85.81%. Beutler et al. (2003) have studied 48 subjects who underwent 60 hours
of SD and, according to the patients’ depressive response, were divided into 3 groups of
different severity levels and had their neurocognitive abilities tested. The authors’ only
finding was that the higher the activation level before SD the better the performance
throughout the study.
However, several authors have found positive results in patients with bipolar
spectrum disorders (Barbini, 1996). Barbini et al. (1998), after administering 3
consecutive nights of SD, have demonstrated higher response rates in patients with
bipolar spectrum disorders (Type I and II) if compared to patients with unipolar
spectrum disorders, 80% versus 53%, respectively. Colombo et al. (1999) have shown
that after 3 cycles of SD with or without associated medication in 206 bipolar depressed
patients the manic switch rate was 4.85% and the hippomanic switch rate was 5.83%.
This rate increases about 10% when SD is associated with the use of tricyclic
antidepressives (TAD). We believe that this difference in favor of bipolar depression
may be linked to a hippomanic effect of SD.
However, the reason for such a difference in the findings is not completely clear.
Besides, the studies are rather heterogeneous regarding the clinical characteristics of the
samples, the method used to administer sleep deprivation, the number of nights of sleep
deprivation, the presence or absence of adjuvant treatments, the presence of
comorbidities, and the lack of monitoring of “microsleep” that could interfere with the
antidepressant effect, and that certainly limits its potential clinical applicability, since
“microsleep” is very difficult to be avoided (Hemmeter et al., 1998).
Our study has some limitations that might interfere with the results. Even though
our sample consists of patients presenting only MDD, 60% of them had Anxiety
Disorders (AD) comorbidities. The presence of anxiety comorbidities shows
contradictory results related to the antidepressant effects of SD (Roy-Byrne et al., 1986;
Labbate et al., 1997). Genetic studies involving healthy individuals have shown that the
effect of caffeine is associated to A2a receptor gene polymorphisms, causing anxiety
measured with the Bond-Later scale and the Profile of Mood Sates (POMS) (Alsene et
al., 2003). Regarding panic disorder, Hamilton et al. (2004) found three A2a receptor
gene polymorphisms in the haplotypes 1, 4 and 5.
In addition, these 20 patients were using several kinds of drugs. Although the
patients have undergone sleep deprivation, “microsleep” was not followed since we did
not use EEG monitoring. “Microsleep” episodes seem to be associated with negative
response to SD (Hemmeter et al., 1998). Although the number of subjects in our sample
is small, the calculation of the sample size showed the necessary power usually
recommended in the literature to identify differences. Moreover, it is important to point
out that most studies have used a similar sample size. We also did not check the
previous pattern of sensitivity or tolerance to caffeine. All these factors might have
interfered with the absence of SD antidepressant effect.
On the other hand, one of the main values of this study is that it assessed a more
homogeneous sample of patients, since all the patients had unipolar major depression.
In addition, our administration of SD was very similar to the SD administered by a
clinician in the “real world”.
Although it was not the objective of this study, we did not find changes in the
items more specifically related to mood in the patients who received caffeine. Broderick
and Benjamin (2004) have suggested that caffeine seems to need to be administered at
doses higher than 500 mg/day in order to cause significant mood changes, which is
higher than the doses of our study. According to some studies based on case reports and
animal studies, mood is affected later, and the neurocognitive and motor areas are
affected earlier (Piletta, 1983).
The combined use of caffeine and SD can be a useful strategy to keep the patient
awake without impairing the effect of SD on depressed outpatients. However, further
studies involving patients who have responded to SD are needed in order to verify if
caffeine also does not interfere with the results in this group.
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Conflict of interest
There is no conflict of interest with the pharmaceutical industry or any other
private or public institution in this study.
Table 1. RCT procedures
Days Procedure
During the
week
Sample selection for the weekend (diagnostic interview, MINI and
informed consent). The patients are instructed not to consume
caffeine or benzodiazepines from 12 pm to 8 pm on Friday.
Friday
(Day 1)
8 pm the patients attend the activities at the hospital in order to be
assessed with the HAM-D, the CGI and the VAS.
9 pm according to the randomization, the patients receive the 1
st
dose of caffeine (150 mg) or placebo.
The patients are kept in total sleep deprivation and are followed by
medical students under the supervision of the psychiatric team of the
hospital.
Saturday
(Day 2)
1 am the patients receive the 2
nd
dose of caffeine (150 mg) or
placebo.
5 am the patients receive the 3rd dose of caffeine (150 mg) or
placebo.
8 am to 10 am the patients are assessed again using the HAM-D,
the VAS and the CGI.
After being reassessed, the patients are allowed to go home and are
instructed not to use caffeine or benzodiazepines from 12 pm to 8
pm on Sunday.
Sunday
(Day 3)
8 pm the patients attend the hospital again where the HAM-D, the
VAS and the CGI are administered.
9 pm according to the randomization and crossover, the patients
receive the 1
st
dose of caffeine (150 mg) or placebo.
The patients are kept in total sleep deprivation and are followed by
medical students under the supervision of the psychiatric team of the
hospital.
Monday
(Day 4)
1 am the patients receive the 2
nd
dose of caffeine (150 mg) or
placebo.
5 am the patients receive the 3rd dose of caffeine (150 mg) or
placebo.
8 am to 10 am the patients are assessed again using the HAM-D,
the VAS and the CGI.
The patients participated in the first phase and they went back home
with a scheduled date to return to the hospital.
*150 mg of caffeine are equivalent to 2 small coffee cups.
Table 2. Clinical and demographic characteristics of patients
n of
patients
GENDER AGE HAM-
D
17
items
Other diagnosis Drugs being used
1. M 57 27 Impotence
GER
Antacid PRN
2. F 61 25 Obesity -x-
3. F 37 -{}-22 Psoriasis;
Varices of the legs
Chlordiazepoxide 5 mg + amitriptyline
12.5 mg
4. M 44 25 Social phobia
GAD; BED;
SAH; mild SR
-x-
5. F 43 20 GAD; positive
hepatitis C
-x-
6.
M
24 21 Social phobia;
GAD
-x-
7. F 43 22 Panic disorder
under remission;
Social phobia
Amitriptyline 100 mg/day
Paroxetine 20 mg/day
8. F 54 19 No alcohol abuse Fluoxetine 60 mg/day;
Topiramate 25 mg/day;
Chlorpromazine 25 mg/day
9. F 49 23 Dysthymia;
Bulimia; GAD
-x-
10. F 32 22 PTSD/difficult
mourning; migraine
Sertraline 150 mg/day;
Topiramate 50 mg/day;
Clonazepam 0.5 mg PRN
11. F 51 18 Smoker, Arthritis,
Facial palsy
NSAI PRN & Clonazepam 1 mg/day
12. F 50 25 -x- -x-
13. M 63 19 GAD Maprotiline chloride 25 mg/day
14. F 43 27 Social phobia -x-
15. F 57 25 Difficult mourning;
agoraphobia;
SAH
Captopril 25 mg tid;
Metoprolol 50 mg bid;
Bromazepam 9 mg/day
Propatylnitrate 10 mg PRN for
precoridal pain – vessel spasm? –
negative myocardial scintillography
16. F 34 22 Mild SR, PTSD,
Iodine allergy
Imipramine 25 mg/day
17. M 54 28 Severe GER;
Allergic rhinitis
Antacid PRN
18. F 51 27 SAH Captopril 12.5 mg/day
19. F 58 27 DM II
SAH
Metformin 850 tid;
Glibenclamide 5 mg tid; Verapamil 80
tid; Captopril 25 tid
20. F 61 26 Agoraphobia;
Iodine allergy
Sertraline 25 mg/day;
Chlortalidone 12.5 mg/d
Clonazepam 0.25 mg/day
Acronyms: tid (3 times a day); bid (twice a day); NSAI (Nonsteroidal anti-inflammatory); GER
(Gastroesophageal reflux); GAD (Generalized anxiety disorder); BED (Binge eating disorder); SAH
(Systolic arterial hypertension); SR (Suicidal risk); PTSD (Posttraumatic stress disorder); DM II
(Diabetes Mellitus type II); PRN (“pro re nata” – as needed)
Table 3 – Effect of sleep deprivation on different clinical outcomes using placebo
Variables Night Morning p
Energetic
42±29 62±21
0.005*
Discontented
56±26 63±23
0.258
Tranquil
45±32 37±27
0.213
Quick witted
59±25 68±21
0.107
Sad
55±28 54±24
0.791
Bored
63±34 58±32
0.564
HAM6 - total
6.4±3.4 5.6±2.4
0.300
CGI-Severity
3.3±1.0 3.1±0.6
0.262
*p< 0,05
Table 4 – Comparison of the effect of SD (means±sd) according to the
measurements of caffeine versus placebo (n=19)
Variables
Caffeine Placebo
Night Morning Variation Night Morning Variation
p*
Caffeine
X
Placebo
Energetic
49 ± 30 43 ± 27 6 ± 20 42 ± 29 62 ± 21 -21 ± 28
0.0045°
Discontented
49 ± 27 69 ± 19 -20 ± 35 56 ± 26 63 ± 23 -7 ± 27
0.1538
Tranquil
49 ± 32 30 ± 29 19 ± 42 46 ± 32 38 ± 28 8 ± 27
0.3612
Quick witted
56 ± 25 51 ± 32 6 ± 30 59 ± 25 68 ± 22 -9 ± 22
0.1360
Sad
51 ± 25 63 ± 23 -12 ± 35 55 ± 28 54 ± 25 1 ± 16
0.2017
Bored
69 ± 25 70 ± 26 -1 ± 32 64 ± 34 58 ± 32 6 ± 42
0.6028
HAM6 - total
6.1 ± 2.3 4.4 ± 3.4 1.6 ± 4.7 6.4 ± 3.4 5.6 ± 2.4 0.8 ± 3.2
0.5174
CGI-Severity
3.2 ± 0.8 2.7 ± 0.9 0.4 ± 1.5 3.3 ± 1.0 3.1 ± 0.6 0.3 ± 1.0
0.4843
CGI-Improvement 3.3 ± 1.9 3.6 ± 1.6 0.6459
* Analysis of variance for the Latin square design
°p< 0,05
7. DISCUSSÃO GERAL
O ECR original duplo cego, cruzado cafeína versus placebo em pacientes com
TDM moderado a grave sob PdS total de sono, objeto desta dissertação de Mestrado,
teve por objetivo tentar desvendar qual o papel da cafeína sobre a privação de sono.
Sendo a cafeína um antagonista adenosinérgico, se a mesma bloqueasse significamente
a privação de sono poderia indicar um papel do sistema neuromodulador inibitório
adenosinérgico envolvido na resposta aguda e imediata da PdS. Assim indicaria novos
estudos no sentido de comprovar esta teoria no sentido de tentar criar medicações à base
de agonistas adenosinérgicos que poderiam ter ação aguda sobre a depressão, não
precisando aguardar no mínimo 2-4 semanas para um início de efeitos como os demais
ADs. Contudo, o resultado do nosso estudo não mostrou na combinação placebo + PdS
qualquer alteração nas escalas de aferição quanto à melhora da PdS em pacientes
depressivos e na combinação de cafeína + PdS apenas no item energético letárgico os
pacientes sob uso de cafeína mantiveram seus escores médios de energia do inicio da
noite (basal) praticamente inalterados ao final da avaliação da manhã (p = 0,045). Os
pacientes sob placebo + PdS tiveram uma importante queda dos escores médios de
energia ao final da manhã, não confirmando o efeito antidepressivo da PdS em paciente
com depressão unipolar.
Pontos importantes que possam ter influenciado nossos resultados são os
chamados preditores de resposta que tem demonstrado aumentar a chance de resposta à
privação de sono. O preditor mais consistente é um elevado nível de estado de alerta e
de ativação antes de iniciar a PdS (Beutler, 2003). Além disso, alguns outros preditores
têm sido sugeridos: (a) elevado estado de vigilancia e de estado de alerta; (b)
variabilidade de humor ao longo do dia (Wirz-Justice e van den Hoofdakker, 1999); (c)
TAB (Wirz-Justice e van den Hoofdakker, 1999); (d) TDM tipo melancólico (Wu e
Bunney, 1990, Elsenga, 1992); (e) alto metabolismo no giro anterior ventral do cíngulo
bem como no córtex medial pré-frontal (Wu et al, 1992, 1994 e 1999); (f) baixos níveis
na urina ou no líquor da atividade simpaticomimética e altas concentrações da atividade
noradrenérgica (Kuhs e Tölle, 1991); (g) níveis aumentados de ondas deltas pré-PdS
(Nissen et al, 2001); (h) níveis altos de T4 (Kasper et al, 1988); (i) estar em uso de lítio
ou ADs (Wu e Bunney, 1990; Caliyurt e Guduco a, 2005); (j) ausência de cochilos e
microcohilos especialmente no final da manhã (Hemmeter et al, 1998).
Contudo nós não controlamos estes preditores.
Desde a descrição da PdS em um paciente com TDM grave com boa resposta
à PdS total por Plug e Tölle em 1971 este tinha o subtipo melancólico. Desde
dezenas de estudos, nestes quase 40 anos, em que sua maioria são relatos de casos ou
estudos abertos que misturam pacientes com TDM em seus vários subtipos e depressão
bipolar, ou seja, uma pobreza de metodologia e heterogeneidade de amostras que
dificulta fazer uma análise mais homogênea de seus resultados no TDM. Isto se faz
importante pelos estudos de Barbini et al, 1998 e Colombo et al, 1999 que mostram que
pacientes com depressão bipolar têm uma taxa de resposta de aproximadamente 70%
contra 42% nos paciente unipolares. Além disso, a taxa de virada maníaca chega a 4,9%
e hipomaníaca a 5,8%, podendo chegar a 10% nos pacientes em uso de ADTs (Colombo
et al, 1999). Em cicladores rápidos esta taxa pode chegar a 25% (Wirz-Justice e van den
Hoofdakker, 1999).
Pacientes hígidos sob privação de sono crônica ou sob a falta de um ciclo regular
de sono vigília acabam tendo sua energia, sua motivação, a capacidade de
processamento da informação e a capacidade de realização de tarefas simples e mais
complexas prejudicadas (Wlodarczyk et al 2002; Graw et al, 2004). Além disso, estes
indivíduos tendem a ficar mais irritáveis e deprimidos bem como suscetíveis a doenças
físicas como Diabete Mellitus tipo II, Hipertensão Arterial Sistêmica, problemas
cardíacos e obesidade (Buysse e Ganguli, 2002, Beutler et al, 2003). Estudos de Scott et
al, 2006 e Beutler et al, 2003 confirmam principalmente os danos agudos do prejuízo de
energia, motivação e capacidade de reação sendo horas dependente de PdS. Quando os
indivíduos alcançaram 60h de PdS alguns apresentavam depressão moderada na
avaliação aguda pela BDI (Beutler et al, 2003). No recente estudo de Rètey et al, 2006,
pacientes sensíveis à cafeína tiveram melhor desempenho nas tarefas neurocognitivas do
que os mesmos submetidos a placebo levando os autores a hipotetizar estas diferenças
poderiam ser devidas a polimorfismos do receptor A2a. Os mesmo concluem que a
adenosina pode ter um papel importante no ciclo sono-vigília, em especial na sua
homeostase e nas tarefas diárias neurocognitivas.
Reynolds III et al, 2005, em seu trabalho também não conseguiu mostrar efeito
de uma noite de PdS seguida por medicação comparada com PdS + placebo e
monoterapia medicamentosa, sendo que esta última foi a que obteve melhores
resultados em 14 dias. É difícil de entender qual o modelo teórico implicado neste
estudo que espera que à partir de uma única PdS seguida por medicação por 14 dias
traria grande diferença entre os três grupos. Ou seja, qual ou quais seriam os protocolos
mais adequados para o uso da PdS como coadjuvante no TDM? Estes autores colocam
os seguintes itens como necessários para homogeneização de futuros estudos:
1. Critérios pré-determinados para os resultados serem considerados clínica e
estatisticamente significativos;
2. Avaliações clínicas freqüentes;
3. Esquema de dosagens medicamentosas agressivas;
4. Tamanho adequado de amostras;
5. Usar grupos placebo;
O estudo de Wiegand et al, 2001, não preenchia estes critérios por ser um estudo
aberto da PdS com resultados não significativos.
o estudo aberto, Calyurt e Guduco (a), 2005, comparando em 4 semanas 6
PdS parciais tardias (3x/semana) associado a sertralina 50-100mg/dia versus sertralina
isolada 50-100mg/dia. Neste estudo, 24 pacientes foram avaliados pela HAM-D 21itens
e HAM-A do início ao final das 4 semanas e observou-se que no tratamento combinado
a taxa de resposta (≥ 50 de diminuição na HAM-D) foi de 85,81% versus 47,39% no
grupo de monoterapia com sertralina, resultado estatisticamente significativo. A PdS +
sertralina também mostrou significativa melhora na avaliação do instrumento
WHOQOL em relação à monoterapia contudo no estudo (b) a monoterapia foi
estatisticamente superior na avaliação da qualidade do sono do que a combinação de
PdS + sertralina ao final de 4 semanas.
Ou seja, apesar de poucos estudos com uma melhora da metodologia ainda não
temos a certeza de que a PdS é um método realmente eficaz no seu uso sistemático (2 a
3x/semana por 2 a 3 semanas isoladamente). Taxas de recaída sem medicação podem
chegar a 83%. Por outro lado, como método adjuvante para acelerar a resposta
antidepressiva, parece reduzir a taxa de recaída quando sob uso de AD para 47-59%.
Quanto à cafeína não podemos deixar de mencionar seu papel, pois manteve
nossos pacientes com os mesmos escores de energia do seu nível basal até o fim do
experimento. È a substância psicotrópica mais consumida no mundo e os pacientes
psiquiátricos tendem a consumir 7x mais que a população em geral. Em doses baixas de
250 a 400mg/dia parece aumentar a energia e atenção/concentração (Smith, 2002).
Contudo, em pacientes vulneráveis à ansiedade ou com Trasntornos de Ansiedade tende
a propiciar sua piora de forma dose dependente (Charney et al, 1985), geralmente
causando quadros similares a Transtorno de Ansiedade Generalizada (Greden, 1974;
Lader e Bruce, 1986) e mais freqüentemente Ataques de Pânico (Labbate et al, 1997 e
1998).
Alsene et al, 2003, que localizou dois polimorfismos ligados ao receptor A2a em
indivíduos hígidos expostos à cafeína (1976C>T e 2592C>T). Hamilton et al, 2004,
relacionam polimorfismos no receptor A2 (ADORA2A) no modelo de nucleotídeos
únicos de polimorfismos (SNP) e encontram 3 haplótipos (1,4,5) diretamente ligados ao
Transtorno do Pânico (p= 0,029) em regiões próximas ao cromossoma 22, local único
do receptor 2A. Os outros receptores de adenosina se encontram em outros
cromossomos. Parece que o modelo genético implicado é o recessivo. Contudo mais
estudos são necessários para confirmar estes achados (Hamilton et al, 2004).
Broderick e Benjamin, 2004, ressaltam que o uso de cafeína em pacientes
depressivos geralmente advém de uma busca de auto-medicação que inicialmente
parece aumentar a energia e concentração, entretanto, secundariamente acaba por piorar
a depressão podendo causar dependência e tolerância na busca do efeito antes obtido,
aumentando cada vez mais as doses e piorando a ansiedade e irritabilidade (Broderick e
Benjamin, 2004).
Enfim, não controlamos o uso prévio da cafeína da nossa amostra e a mesma
usava diversos medicamentos diferentes durante o experimento fatores que podem ter
alterado o resultado do estudo.
Contudo, ainda não temos uma evidência suficientemente forte para indicarmos
seguramente aos nossos pacientes a PdS como método eficaz e bem tolerado a ser
aplicado rotineiramente no início dos tratamentos do TDM (Wiegand, 2004; Giedge,
2004). Nossos achados apontam que em pacientes deprimidos que não respoderam à
privação de sono o efeito da cafeína foi semelhante àquele esperado em indivíduos não-
deprimidos.
8. CONCLUSÕES
1) A PdS não apresentou um efeito antidepressivo medido pela escala HAM-6, escala
Analógica de Lader e CGI numa amostra de pacientes com depressão maior de
moderada intensidade;
2) A cafeína teve um efeito de manter a energia pós PdS nos mesmos escores que
estavam antes da PdS diferentemente do que aconteceu no grupo que recebeu placebo
em que a energia apresentou escores inferiores aos basais.
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www. medcentereduca.com.br
National Institute of Mental Health – (on-line) -
www.who.int/mental_health/en/index.html
134
10. Anexo A
TERMO DE CONSENTIMENTO INFORMADO AO PACIENTES E SEUS
FAMILIARES
Informação sobre o experimento: Estudo da influência da cafeína sobre o efeito
antidepressivo da restrição de sono em pacientes deprimidos
Somos um grupo de pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul
(UFRGS) e do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) e estamos realizando um
estudo sobre o efeito antidepressivo da privação de sono. Pretendemos estudar se a
cafeína influencia o efeito terapêutico em pessoas deprimidas que ficam 1 noite sem
dormir.
Para podermos clarear esta questão, pretendemos passar duas noites acordados com
você intercalado por uma noite de sono. Não será necessária coleta de exames de
sangue. Após o estudo você receberá uma avaliação psiquiátrica por escrito e um
encaminhamento para seguimento de tratamento psiquiátrico posterior.
A participação no estudo se restringe a um fim de semana, quando você está na unidade
de internação do norte, na sexta-feira às 20h da noite. Sábado a noite você poderá
dormir normalmente e no domingo passaremos mais uma noite juntos acordados no
hospital sendo que você será novamente liberado para sua rotina normal de sono na
segunda-feira. Em cada uma destas duas noites, você deverá permanecer acordado e
contará com o auxílio de nossa equipe durante todo o processo para conseguir fazê-lo.
O tratamento consiste em tomar uma cápsula contendo 150 mg cafeína (equivalente a
dois cafés expresso) às 20 horas da noite, 1 hora e 5 horas da madrugada em uma das
noites e cápsulas de igual aparência contendo substância inerte (como farinha) na outra
135
noite. Nem você nem o psiquiatra que vai fazer as avaliações saberão quando você
tomará qual tipo de cápsula, o que será definido por sorteio. Os riscos associados à
ingestão destas doses de cafeína são em geral insignificantes, mas você pode sentir
palpitação, batimentos cardíacos acelerados, aumento da frequência e do volume de
urina, náuseas e ansiedade.
Se você quiser poderá ser acompanhado por um amigo ou familiar responsável durante
todo este processo.Você fica absolutamente livre para sair deste estudo quando o
desejar, sem necessidade de fornecer qualquer motivo.
Durante o fim de semana do procedimento você manterá sua medicação antidepressiva
em uso sem qualquer alteração. Contudo, os medicamentos chamados
benzodiazepínicos (ex: diazepam, bromazepam, clonazepam, entre outros) não poderão
ser utilizados durante o fim de semana de acompanhamento.
Em caso de qualquer dúvida, os voluntários são orientados a entrar em contato com o
pesquisador executor deste trabalho, Alexandre Willi Schwartzhaupt, no telefone 3228-
6004. Uma cópia deste Consentimento Informado ficará com você.
Termo de Consentimento
Eu, ____________________________________ (paciente) recebi todas as orientações
que julguei necessárias para entender o presente experimento, assim como li a
informação acima do mesmo. Entendo que ficarei acordado na noite de sexta-feira à
manhã de sábado, quando retomarei minhas atividades na unidade, podendo dormir
normalmente até domingo de manhã, momento em que passarei a ficar acordado das
12hs de domingo até até a manhã de segunda-feira.
136
Entendo ainda, que serei submetido(a) a avaliações psiquiátricas diagnósticas e sobre o
meu estado de Humor. Os pesquisadores me orientaram que sou livre para sair do
presente estudo se o desejar, sem necessidade de explicação.
Afirmo que recebi uma cópia do presente Consentimento Informado.
____________________________
_____________________________
Nome paciente
Alexandre Willi Schwartzhaupt
Data:____/____/____
Pesquisador executor
Telefone:3228-6004
______________________________________
Marcelo P. A Fleck
Pesquisador e Orientador
Telefone:3316-8413
137
138
139
140
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