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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
ESCOLA DE VETERINÁRIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL
AVALIAÇÃO LAPAROSCÓPICA DAS ADERÊNCIAS INTRAPERITONEAIS
PÓS-CIRÚRGICAS EM CADELAS: EMPREGO DE DUAS DOSES DE
SOLUÇÃO DE AZUL DE METILENO A 1% NA PROFILAXIA
Marco Augusto Machado Silva
Orientador: Prof. Dr. Olízio Claudino da Silva
GOIÂNIA
2008
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ii
MARCO AUGUSTO MACHADO SILVA
AVALIAÇÃO LAPAROSCÓPICA DAS ADERÊNCIAS INTRAPERITONEAIS
PÓS-CIRÚRGICAS EM CADELAS: EMPREGO DE DUAS DOSES DE
SOLUÇÃO DE AZUL DE METILENO A 1% NA PROFILAXIA
Dissertação apresentada para
obtenção do grau de Mestre em
Ciência Animal junto à Escola de
Veterinária da Universidade Federal
de Goiás.
Área de concentração:
Patologia, Clínica e Cirurgia
Orientador:
Prof. Dr. Olízio Claudino da Silva
Comitê de Orientação:
Prof. Dr. Luiz Antônio Franco da Silva
GOIÂNIA
2008
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iii
iv
DEDICATÓRIA
Dedico esta obra, com todo amor, a meus pais, Paulo e
Irene, meu irmão, Gustavo, pelo apoio e conforto
incondicionais durante a realização desse trabalho; a meus
mestres, Professores Olízio, Luiz Franco, Afonso, Maurício
Brun e José Belarmino, pela amizade e contribuição
sensível em minha formação profissional; aos amigos que
moram do lado esquerdo de meu peito, em especial a
Paula Marina; e respeitosamente aos animais que fizeram
parte desse estudo.
v
AGRADECIMENTOS
Primeiramente, agradeço a Deus, por iluminar nossos caminhos e por
nunca nos abandonar em momentos cruciais de nossa jornada.
Agradeço especialmente a minha Família, meus pais, Paulo e Irene e meu
irmão, Gustavo, pelo apoio incondicional em todos os momentos de minha vida e
pelo exemplo de caráter, perseverança, honestidade e humildade. Amo muito
vocês.
Deixo também agradecimentos especiais ao “meu Staff”, companheiros
sem os quais a presente obra não teria sido realizada:
Exímios funcionários da Escola de Veterinária: Sheila, Dª. Carmita, Dª. Vilda e
Carlito;
Estagiários, amigos e futuros colegas de profissão: Lorena Karine Soares,
Késia Sousa Santos, Rafael Amanso da Conceição, Sheila Caputo e Oliveira,
Daniel Silva Goulart, Daniel Augusto de Medeiros Vieira, Cátia Oliveira
Guimarães, Gustavo Henrique Coutinho, Leandro Batista Caetano, Michelly
Aires Ribeiro, Carolina Rodrigues Carrijo e Adriano Oliveira Favoretto;
Ao Leandro Guimarães Franco e aos Grandes amigos e colaboradores: as
irmãs Ângela Ribeiro Neves e Isabela Ribeiro Neves (pela contribuição
fundamental na realização das ultrassonografias para seleção dos animais); Dr.
João Bosco Bittencourt (pela concessão do Sistema de Aquecimento de
Flúidos); Gabriela Silva Uchôa (grande amiga e profissional, Médica Veterinária
de Brasília-DF), Raquel Cunha Ribeiro (residente de Clínica e Cirurgia do HV-
EV-UFG), Cássia Maria Coelho Molinaro, Maria Ivete de Moura, Lucas Abud e
Gustavo Lages pelo apoio no desenvolver do experimento; Hélio Germano
Júnior (ilustrações do presente trabalho); e com muito carinho, Paula Marina
Brito Jorge, companheira incondicional e meu porto seguro nos momentos mais
delicados e especiais.
Diretora e vice-diretor do Hospital Veterinário, Prof. Drª. Naida Cristina Borges
e Prof. Dr. Adilson Donizeti Damasceno, pela concessão do espaço e apoio
durante o período experimental do presente estudo.
Deixo explícito aqui toda minha gratidão às empresas que contribuíram de
forma significativa e decisiva para a realização do presente estudo:
vi
Aos Drs. Ricardo Pacheco de Carvalho, Marcelo Pacheco de Carvalho ao
Grupo VB pelo fornecimento da ração da linha Finotrato Gold
®
de forma
integral durante o presente estudo, a qual demonstrou ser de boa
digestibilidade e palatabilidade.
À Drª. Naiana Tassara e à Vetbrands Saúde Animal pela concessão de
produtos da linha Mypet
®
e Canex
®
para controle ecto e endoparasitário, os
quais demonstraram grande eficácia, mesmo estando os animais submetidos
constantemente a ambiente de grande desafio parasitário;
À Drª. Síntia e à Vetnil Saúde Animal pela concessão de vacinas e dos
suplementos Organew e Probióticos Vetnil.
E finalmente, porém não menos importante, ao Sr. Edmar e à Medline, pelo
fornecimento dos fios de sutura empregados no presente estudo, produtos
extremamente finos, de fácil manuseio e excelente aplicação em
procedimentos cirúrgicos de rotina.
Agradeço, cordialmente, aos professores e mestres que contribuíram
sensivelmente com minha formação acadêmica como cirurgião, extensionista e
pesquisador, Luiz Antônio Franco da Silva, Olízio Claudino da Silva, Afonso
Henrique Miranda, Maria Clorinda Soares Fioravanti, Naida Cristina Borges,
Adilson Donizeti Damasceno, e a dois grandes amigos por minha iniciação em
videolaparoscopia e cirurgia laparoscópica, José Belarmino da Gamma Filho e
Maurício Veloso Brun.
A todos vocês, deixo aqui explícito meus sinceros gestos de gratidão,
amizade e respeito, por fazerem parte de minha vida e por contribuírem direta ou
indiretamente para a realização do presente trabalho. Com muito carinho...
vii
"Chegará o dia em que o homem
conhecerá o íntimo de um animal. E,
nesse dia, todo o crime contra um animal
será um crime contra a humanidade.”
Leonardo da Vinci
viii
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO.................................................................................................... 1
2 REVISÃO DE LITERATURA............................................................................... 3
2.1 Aspectos morfológicos e fisiológicos do peritônio parietal e visceral.............. 3
2.2 Caracterização e conseqüências da formação de aderências
intraperitoneais................................................................................................ 3
2.3 Fisiopatologia da formação de aderências pós-cirúrgicas............................... 5
2.3.1 Cicatrização peritoneal normal versus alterada............................................ 5
2.3.2 Relação entre coagulação e fibrinólise após lesão peritoneal e fatores
adesiogênicos associados............................................................................. 7
2.3.3 Influência dos espécimes reativos do oxigênio (ROS) na formação de
aderências pós-cirúrgicas.............................................................................. 10
2.4 Formação de aderências na espécie canina................................................... 12
2.5 Técnicas de indução da formação de aderências intraperitoneais e sua
classificação em modelos experimentais.................................................... 14
2.5.1 Modelos experimentais de indução da adesiogênese.................................. 14
2.5.2 Métodos de avaliação pós-cirúrgica da adesiogênese................................. 15
2.5.3 Critérios de classificação das aderências..................................................... 16
2.6 Profilaxia da formação de aderências..............................................................17
2.6.1 Métodos de barreira...................................................................................... 18
2.6.2 Soluções antiinflamatórias e pró-fibrinolíticas de baixo peso molecular...... 20
2.7 Efeitos do azul de metileno na formação de aderências intraperitoneais em
diferentes modelos experimentais...................................................................22
3 OBJETIVOS........................................................................................................ 24
4 MATERIAL E MÉTODOS....................................................................................25
4.1 Local de realização do experimento, aquisição e manejo dos animais........... 25
4.2 Preparo da solução de azul de metileno a 1%................................................. 26
4.3 Período pré-operatório..................................................................................... 27
4.4 Procedimentos cirúrgicos e indução da formação de aderências................... 27
4.5 Distribuição dos animais entre grupos e finalização do procedimento
cirúrgico........................................................................................................... 28
4.6 Manejo pós-operatório..................................................................................... 30
4.7 Avaliação laparoscópica da formação de possíveis aderências
intraperitoneais................................................................................................ 30
4.8 Classificação das aderências intraperitoneais pós-cirúrgicas......................... 32
4.9 Avaliação estatística dos dados obtidos.......................................................... 34
4.9.1 Laparoscopia na classificação das aderências intraperitoneais................... 34
4.9.2 Efeito da solução de azul de metileno a 1% na profilaxia da
Adesiogênese................................................................................................ 34
4.9.3 Freqüências dos principais sítios de formação de adesões......................... 34
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO.......................................................................... 35
5.1 Laparoscopia na classificação das aderências intraperitoneais...................... 35
5.2 Efeito da solução de azul de metileno a 1% na profilaxia da adesiogênese... 38
5.3 Freqüências dos principais sítios de formação de adesões............................ 46
6 CONCLUSÕES................................................................................................... 55
REFERÊNCIAS......................................................................................................56
ANEXOS................................................................................................................ 71
ix
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Representação esquemática da fisiopatologia da formação de
aderências pós-cirúrgicas, adaptado de THOMPSON (1998).......... 7
Figura 2 Representação esquemática da ativação e inibição da fibrinólise.
Setas tracejadas em branco representam inibição. Seta cinza
indica a importância dos ativadores do plasminogênio para a
fibrinólise, em ordem decrescente. Adaptado de THOMPSON
(1998) e SOBEL (2001).................................................................... 9
Figura 3 Escarificação de segmento de oito centímetros do cólon com
lâmina de bisturi (A) e gaze (B) para remoção da serosa cólica;
aspecto da cavidade abdominal de cadelas após administração
intraperitoneal de 1 mg/kg (C) e 5 mg/kg (D) de solução
esterilizada a 1% de azul de metileno, após omentectomia, ovário-
histerectomia e escarificação do cólon................................... 29
Figura 4 Emprego de malha tubular hidrofóbica para proteção da ferida
cirúrgica, vestida em uma cadela no pós-operatório imediato, após
curativo local com solução salina e colocação de fita adesiva com
microporos, antes da recuperação anestésica.................................29
Figura 5 Transiluminação abdominal da região hipocôndrica esquerda (A)
para incisão precisa da pele, sem lesionar ramos das veias e
artérias epigástricas superficiais (B), e posterior inserção vídeo-
assistida do trocarte de 6 mm. Observa-se na imagem intra-
abdominal o detalhe da ponta piramidal do mandril do trocarte,
indicado pela seta (C), e o trocarte no instante da inserção (D)...... 31
Figura 6 Representação esquemática do posicionamento das cadelas para
inspeção dos pedículos ovarianos. Para inspeção do pedículo
ovariano direito, fixou-se o membro torácico direito ao esquerdo,
promovendo leve rotação do tórax para a esquerda (A); para
exame do CAVO esquerdo, realizou-se manobra oposta (B).......... 32
Figura 7
A
derências de tecido conectivo, classificadas como múltiplas,
densas e vascularizadas, localizadas entre dois segmentos de
alças intestinais. Observa-se detalhadamente presença de
neovascularizações distribuídas ao longo do tecido conectivo das
adesões (setas)................................................................................ 36
Figura 8 Aderências formadas em uma das cadela pertencentes ao grupo
GIII, submetida a intensa manipulação visceral para hemostasia
do pedículo ovariano esquerdo. Presença de fortes adesões
fibrosas entre três segmentos de alça intestinal (1, 2 e 3) (A);
adesão granulomatosa entre alça intestinal (ai), coto uterino (ut),
bexiga (be) e cólon (cn) (B); granuloma entre o complexo artério-
venoso ovariano esquerdo (seta), a cápsula do rim esquerdo (cr)
e segmento de alça intestinal (ai) (C); adesões fibrosas e
vascularizadas entre segmentos de alça intestinal (ai) (D).............. 44
x
LISTA DE FIGURAS
Figura 9 Aderência granulomatosa e vascularizada entre o sítio de
escarificação do cólon (CL) e o coto uterino (seta) em animal
pertencente ao GIII (A); serosa do cólon cicatrizada (seta) sem
formação de adesões em animal pertencente ao GI (B).................... 49
Figura 10 Granuloma envolvendo pedículo ovariano esquerdo (seta), cápsula
do rim esquerdo (re) e o mesentério (me) (A); adesão
granulomatosa entre o CAVO esquerdo (seta) e segmento de alça
intestinal (ai) (B); finas aderências avasculares entre o coto uterino
(ut) e a bexiga (be). Observa-se a ponta do fio de poliéster azul
empregado na ligadura do coto uterino (seta) (C); cicatriz (seta) na
serosa do cólon (co), sem formação de adesões (D); aderências
entre o pedículo ovariano direito (seta) e o pâncreas (pa), próximo
ao rim direito (rd) (E); aderências fibrosas (seta) entre segmentos
de alças intestinais (ai) e a parede abdominal ventral esquerda
(pe), sem o envolvimento da linha de sutura (F)................................ 54
xi
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 Estabelecimento de escores para quantificação da magnitude da
formação de aderências peritoneais, segundo metodologia
estabelecida por MORENO et al. (1996)...........................................17
Quadro 2 Sistema de classificação laparoscópica por pontuação de
aderências intraperitoneais em cadelas submetidas a
omentectomia, ovário-histerectomia e escarificação do cólon,
seguido por infusão intraperitoneal de 1 mg/kg de azul de metileno
1% (GI), 5 mg/kg da mesma solução (GII) ou sem tratamento (GIII,
controle), adaptado de MORENO et al. (1996)................................. 33
xii
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Resultado do teste de Kruskal-Wallis, ao nível de significância
de 5%, para comparação entre grupos de cadelas submetidas a
omentectomia, ovário-histerectomia e escarificação do cólon,
seguido por infusão intraperitoneal de 1 mg/kg (GI) ou 5 mg/kg
(GII) de solução de azul de metileno 1% ou controle
(GIII)..............................................................................................40
Tabela 2 Teste do Chi-quadrado para comparação das freqüências
absoluta e relativa de cadelas portadoras de aderências
envolvendo o(s) pedículo(s) ovariano(s), coto uterino ou o
cólon, 15 dias após ressecção do ligamento falciforme,
omentectomia, ovário-histerectomia e escarificação do cólon,
seguido por infusão intraperitoneal de 1 mg/kg (GI) ou 5 mg/kg
(GII) de solução de azul de metileno 1% ou controle (GIII)........ 48
Tabela 3 Freqüência de aderências intraperitoneais em cadelas
submetidas a omentectomia, ovário-histerectomia e
escarificação do cólon, seguida por infusão intraperitoneal de 1
mg/kg (GI) ou 5 mg/kg (GII) de solução de azul de metileno 1%
ou controle (GIII) em função dos diferentes sítios
adesiogênicos............................................................................... 50
xiii
LISTA DE ABREVIATURAS
ALT Alanina-amino-transferase
AM Azul de metileno
CAT Catalase
CAVO Complexo artério-venoso ovariano
COBEA Colégio Brasileiro de Experimentação Animal
COX-1 e 2 Cicloxigenase 1 e 2
DNA Ácido desoxirribonucleico
EAS Elementos anormais e sedimentoscopia urinária
EGF Fator de crescimento endotelial
FA Fosfatase alcalina
FGF Fator de crescimento fibroblástico
FXIIa Fator de Hageman ativado
GSH Glutationa
GSH-Px Glutationa peroxidase
H
2
O
2
Peróxido de hidrogênio
HMW-C Cininogênio de alto peso molecular
IL-1, 6 e 8 Interleucinas 1, 6 e 8
IM Intramuscular
kg Quilogramas
L/min Litros por minuto
MCP-1 Proteína quimiotáxica de monócitos tipo 1
mg Miligramas
mg/kg Miligramas por quilograma de peso corporal
mL Mililitros
mm Milímetros
mmHg Milímetros de mercúrio
MØ Macrófagos
NADPH-oxidase Nicotinamida adenosina dinucleotídeo fosfato-oxidase
NO Óxido nítrico
n-PA Lanoteplase (ativador do plasminogênio)
O
2
-
Ânion superóxido
OH
.
Radical hidroxila
OHE Ovário-histerectomia
OPG Contagem de ovos por grama
PAI-1, 2 e 3 Inibidores 1, 2 e 3 dos ativadores do plasminogênio
PMN Células polimorfonucleares
pO
2
Pressão de oxigênio
PVP-I Polivinilpirrolidona-iodo
ROS Espécimes reativos do oxigênio
r-PA Reteplase (ativado do plasminogênio)
SID Administração de medicamentos uma vez ao dia
SOD Superóxido dismutase
TGF-β
1
Fator de crescimento tansformador β
1
TNF-α Fator de necrose tumoral α
t-PA Ativador tecidual do plasminogênio
u-PA Uroquinase ativadora do plasminogênio
xiv
RESUMO
Aderências intraperitoneais são feixes de tecido conectivo que frequentemente se
formam após procedimentos cirúrgicos pélvico-abdominais e promovem uniões
entre estruturas intra-abdominais, podendo ocasionar desde dificuldades durante
nova celiotomia ao desenvolvimento de síndromes obstritivas do trato
gastrintestinal, biliar e urinário. A solução de azul de metileno a 1% possui eficácia
comprovada na profilaxia da adesiogênese em modelos experimentais com ratos
e coelhos. Todavia, efeitos de sua aplicação intraperitoneal em caninos para esse
fim são desconhecidos. O presente estudo objetivou avaliar a eficácia da solução
a 1% de azul de metileno na prevenção da formação de aderências
intraperitoneais pós-cirúrgicas em cadelas. Paralelamente, avaliou-se a
viabilidade da laparoscopia diagnóstica na classificação das adesões
intraperitoneais e determinou-se os principais sítios adesiogênicos pós-cirúrgicos.
Utilizou-se 21 cadelas, alocadas em três grupos de sete animais: GI, GII e GIII.
Submeteu-se os animais a omentectomia, ovário-histerectomia e escarificação de
segmento do cólon. Os caninos do GI receberam 1 mg/kg intraperitoneal de azul
de metileno, as cadelas do GII, 5 mg/kg da mesma solução e via de administração
idêntica e o GIII representou o controle. Após 15 dias de pós-operatório, as
cadelas foram submetidas a laparoscopia para determinação do escore de
aderência, empregando-se sistema de classificação adaptado para o presente
estudo. A laparoscopia mostrou-se de grande valia na classificação das
aderências intraperitoneais em cadelas, não sendo necessário eutanasiar os
animais para determinação dos escores. As médias dos escores de adesões do
grupo GI foi 14.67, sendo que do GII foi 23.14 e do GIII, 22.00. Contudo, não
houve diferença significativa (p > 0.05) entre os tratamentos avaliados e o grupo
controle. Dentre os prováveis sítios adesiogênicos, houve maior freqüência de
adesões entre o pedículo ovariano esquerdo e segmento(s) de alça(s)
intestinal(is). Concluiu-se que a solução a 1% de azul de metileno não foi eficaz
na prevenção da formação de aderências intraperitoneais pós-cirúrgicas em
cadelas. Contudo, a laparoscopia pode ser empregada para classificar as
adesões e o principal sítio adesiogênico foi o pedículo ovariano esquerdo.
Palavras-chave: adesões, azul de metileno, caninos, intra-abdominais, prevenção.
xv
ABSTRACT
Intraperitoneal adhesions are scar tissue fibers that usually form following pelvic-
abdominal surgery and promote unions among intra-abdominal structures, which
may cause difficulties in new laparotomy and development of gastrointestinal,
biliary and urinary chronic obstructive syndromes. Methylene blue 1% solution has
proven to be efficient on the prophylaxis of adhesiogenesis in experimental models
with rats and rabbits. However, the effects of its intraperitoneal administration for
this purpose in canines are unknown. The aim of this study was to evaluate the
efficacy of methylene blue 1% solution on intraperitoneal post surgical adhesion
formation in bitches. Concomitantly, the viability of diagnostic laparoscopy on the
classification of intraperitoneal adhesions was evaluated and the main post
surgical adhesiogenic sites were determined. 21 bitches, equally distributed in
three groups (GI, GII and GIII) were used. The animals were submitted to
omentectomy, ovariohysterectomy and scarification of a colonic segment. The
canines from GI group were received 1 mg/kg methylene blue intraperitoneally, the
GII bitches were given 5 mg/kg of the same solution intraperitoneally and the
animals allocated in GIII group represented the control group. On the 15
th
post
operative day, the bitches were submitted to laparoscopy for the determination of
adhesion scores. A modified adhesion classification system was adapted and
used in this study. Laparoscopy has proven to be a precise method on the
classification of intraperitoneal adhesions in bitches. Besides that, no euthanasia
was required to determinate de adhesion scores in the animals. The mean
adhesion scores were: GI group, 14.67; GII group, 23.14; GIII group, 22.00.
However, there was no significant difference (p > 0.05) between the evaluated
treatment groups and the control group. Among the probable adhesive sites, there
was larger frequency of adhesions between the left ovarian pedicle and bowel
segment(s). In conclusion, methylene blue 1% solution was not efficient on the
prevention of intraperitoneal post operative adhesion formation in bitches.
Nonetheless, laparoscopy is useful for adhesions’ classification and the main
adhesive site was the left ovarian pedicle.
Key words: adhesions, canines, intra-abdominal, methylene blue, prevention.
1
1 INTRODUÇÃO
Enfoques recentes da técnica operatória, como base para procedimentos
empregados na clínica cirúrgica humana, animal e na cirurgia experimental visam
reduzir o trauma cirúrgico e o tempo de convalescença, controlar a dor, evitar
complicações pós-operatórias, e promover o bem-estar dos pacientes e a
satisfação dos clientes.
A minimização da lesão peritoneal é considerada a base da técnica
cirúrgica moderna em procedimentos abdominais, constituindo-se em
componente fundamental na da prevenção ou redução da formação de
aderências pós-cirúrgicas. Apesar dessa preocupação, o trauma das superfícies
serosas é inevitável, tanto em procedimentos cirúrgicos convencionais quanto nos
minimamente invasivos, podendo resultar na formação de aderências em maior
ou menor quantidade. Estas, sem dúvidas constituem-se em uma das
complicações pós-operatórias mais freqüentes, tanto em pacientes humanos
quanto em animais de estimação e de experimentação (THORNTON et al., 1998).
A preocupação de profissionais clínicos e cirurgiões com as conseqüências
da formação de aderências pós-operatórias começou a ser relatada a partir do
final do século XIX. Em estudo realizado por GRUND et al. (1990), foram
encontrados cerca de 700 trabalhos publicados em periódicos sobre o estudo da
patogenia das aderências, entre os anos de 1888 e 1989. De 1990 a 2007,
atingiu-se cerca de 2.500 artigos científicos em periódicos especializados
envolvendo os termos “aderências” e “intraperitoneais” (PUBMED, 2007).
Os procedimentos cirúrgicos pélvico-abdominais, acessados por
laparotomia ou técnicas minimamente invasivas, resultam em lesão do peritônio
parietal e visceral, bem como das serosas das vísceras abdominais. Além desse
aspecto, a exposição das superfícies viscerais à atmosfera do ambiente cirúrgico,
isquemia de pedículos vasculares promovida por ligaduras, talco anti-séptico
utilizado para facilitar o calçamento das luvas cirúrgicas durante a paramentação,
uso de eletro-cautério em vísceras abdominais, lavagem peritonial com soluções
anti-sépticas e/ou antibióticas concentradas ou abrasivas, presença concomitante
de processo inflamatório supurativo visceral, presença de material exógeno, como
fios de sutura e biomateriais para implantes e o tempo cirúrgico prolongado, são
2
apontados como variáveis que estimulam a formação de aderências
intraperitoneais.
Mesmo após décadas de estudos e o desenvolvimento de diversos
protocolos terapêuticos profiláticos, a formação de aderências pós-cirúrgica
ocorre comumente e pode ser fonte de considerável morbidade em seres
humanos e animais. No âmbito da Medicina Veterinária, poucos estudos foram
realizados com o intuito de se estabelecer protocolos satisfatórios que pudessem
ser empregados rotineiramente na prevenção de aderências em pacientes
atendidos em clínicas e centros cirúrgicos veterinários. Associados a essa
carência, os custos dos biomateriais e soluções comumente empregados em
Medicina Humana com o objetivo de prevenir a adesiogênese são de custo
elevado, tornando portanto seu emprego limitado na rotina veterinária. Dessa
forma, o estudo da formação das aderências pós-cirúrgicas em pacientes caninos
e o desenvolvimento de medidas profiláticas de boa relação custo-benefício
constituem-se em campo promissor para realização de futuras pesquisas.
O emprego intraperitoneal da solução de azul de metileno consiste em um
método eficaz de redução da formação de adesões intraperitoneais pós-
operatórias em modelos experimentais empregando-se ratos e coelhos (RAŞA et
al., 2002; HEMADEH et al. 2006). Porém, seu real efeito no organismo da espécie
canina para este fim não foi satisfatoriamente estudado.
Acredita-se ainda que a vídeolaparoscopia constitua uma técnica de
diagnóstico minimamente invasiva para avaliação pós-operatória da formação de
aderências intraperitoneais, não fazendo-se necessário eutanasiar as unidades
experimentais para esse fim.
3
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Aspectos morfológicos e fisiológicos do peritônio parietal e visceral
O peritônio tem origem embrionária mesodérmica, sendo constituído por
uma única camada celular mesenquimal de revestimento, denominado mesotélio,
que é nutrido por sua lamina basal e tecido conectivo adjacente. O peritônio
parietal reveste a cavidade abdominal, enquanto o visceral, também denominado
serosa, recobre os órgãos intraperitoneais (VAN DER WAL & JEEKEL, 2007).
As células mesoteliais são unidas entre si por desmossomos e junções que
permitem a passagem de macromoléculas, como gamaglobulinas e albumina,
além de macrófagos, água e eletrólitos. A principal função do peritônio é formar
uma superfície de revestimento protetora entre as estruturas intraperitoneais.
Todavia, está envolvido no transporte de solutos e células, na apresentação de
antígeno, no processo inflamatório e reparo tecidual, na coagulação e fibrinólise,
além de recrutamento e adesão a células tumorais (MUTSAERS, 2004).
2.2 Caracterização e complicações da formação de aderências
intraperitoneais
Aderências são faixas fibrinosas, compostas por depósitos de fibrina, ou
fibrosas, constituídas por tecido conjuntivo vascularizado e, em alguns casos,
inervado, que surgem em decorrência de processo inflamatório e/ou isquêmico
após lesão ao peritonio parietal e/ou visceral, promovendo uniões anormais entre
superfícies que comumente são revestidas por serosa (CROWE JR. &
BJORLING, 1998; VAN DER WAL & JEEKEL, 2007). Conforme HENDERSON
(1996), todos os procedimentos cirúrgicos abdominais e pélvicos, em maior ou
menor grau, culminam com a formação desses feixes de tecido conjuntivo.
Histologicamente, as aderências fibrinosas são formadas por feixes de
fibrina, sobre as quais encontram-se células mesoteliais, macrófagos (MØ),
fibroblastos e polimorfonucleares (PMN). Decorridos sete a nove dias da lesão
peritoneal, essa constituição tissular é alterada para a predominância de fibras
4
colágenas, reticulares e elásticas e vascularização, principalmente pela ação
principal dos fibroblastos, sintetizadores de matriz extra-celular (DIZEREGA &
CAMPEAU, 2001).
Em pacientes humanos, são grandes os gastos anuais com tratamento de
seqüelas provocadas pelas aderências intraperitoneais decorrentes de
procedimentos cirúrgicos abdominais e pélvicos (WILSON et al., 2002). De acordo
com LIAKAKOS et al. (2001), a incidência de aderências intraperitoneais varia de
67% a 93% após procedimentos cirúrgicos abdominais gerais, e ultrapassa 97%
em procedimentos ginecológicos pélvicos abertos.
No pós-operatório, aderências se formam em mais de 80% das mulheres,
podendo levar a infertilidade, obstrução intestinal, dor pélvica crônica e
dificuldades técnicas à reintervenção (VAN GOOR, 2007). Além disso, a
reintervenção para adesiólise aumenta o tempo anestésico e de recuperação,
causando maior risco ao paciente, incluindo hemorragia e danos viscerais,
incluindo lesão de bexiga, fístulas enterocutâneas e ressecção acidental de alças
intestinais (LIAKAKOS et al., 2001). Em um estudo no Reino Unido, ELLIS (2000)
constatou que até 35% das mulheres submetidas a procedimentos cirúrgicos
ginecológicos abertos foram reoperadas cerca de 1,9 vezes ao longo de dez anos
após a primeira intervenção, em razão de processos mórbidos relacionados a
aderências.
O estudo da formação das aderências em Medicina Veterinária é restrito e
a real ocorrência dessa moléstia em pacientes veterinários é questionável, visto
que vários profissionais dispensam pouca atenção ao assunto por atribuírem
pouca relevância, por desconhecerem a fisiopatologia e a importância do
estabelecimento de medidas profiláticas adequadas ou mesmo por nunca terem
vivenciado as complicações secundárias inerentes a esse processo em pacientes
veterinários. Em eqüinos portadores de abdome agudo, as aderências
intraperitoneais pós-operatórias constituem-se em problema particularmente
grave, sendo observadas adesões entre intestino delgado e omento, entre alças
intestinais envolvendo intestino e parede abdominal, que podem estar presentes
em 90% dos cavalos operados (SOUTHWOOD & BAXTER, 1997). BRUN et al.
(2004) e JORGE et al. (2007) relataram a presença de aderências entre vísceras
na cavidade peritoneal de cadelas submetidas a laparotomia, cirurgia
5
laparoscópica e/ou vídeo-assistida, sem apresentarem conexão com queixas de
sinais clínicos compatíveis. Contudo, COOLMAN et al. (1999) afirmaram que,
quando presentes, tais complicações representam risco potencial à sobrevida do
animal, especialmente no envolvimento de obstruções/estrangulamentos
intestinais.
2.3 Patogenia da formação de aderências pós-cirúrgicas
2.3.1 Cicatrização peritoneal normal versus alterada
Didaticamente, o processo cicatricial do peritônio parietal e visceral ocorre
basicamente em três etapas: a latente, dividida entre as fases inflamatória e
catabólica, que se prolonga pelo período de três a quatro dias; a logarítmica ou
proliferativa, quando ocorre o anabolismo tecidual; e a de maturação, que se
acentua a partir do 14º dia do pós-operatório (HENDERSON, 1996; VAN DER
WAL & JEEKEL, 2007).
O peritônio e a membrana serosa visceral são constituídos de uma única
camada de células mesoteliais, seguida por membrana basal e tecido conectivo
frouxo adjacente. Quando ocorre descontinuidade desse conjunto de tecidos, há
inicialmente a coagulação da microcirculação regional, com posterior ativação do
sistema fibrinolítico (ESMON et al., 1999). Em seguida, ocorre a fase inflamatória,
que se inicia desde o surgimento da lesão até as 48 horas seguintes (VAN DER
WAL & JEEKEL, 2007). Nesta etapa, há ativação, diapedese e quimiotaxia de
células polimorfonucleares (PMN) e mononucleares, que se acumulam no foco da
lesão. As primeiras predominam nas 12 a 24 horas iniciais e as últimas, em
particular os macrófagos (MØ), em períodos posteriores a 24 horas, dependendo
do grau da agressão peritoneal. Os MØ se distribuem sobre as redes de fibrina e
promovem a remoção de debris celulares na fase seguinte, denominada
catabólica. Ilhotas de células mesoteliais e mesenquimais também são
encontradas nesta etapa, cerca de três a quatro dias após o início do processo
(MUTSAERS, 2004).
6
A recomposição do mesotélio parietal e a regeneração de sua membrana
basal adjacente se completam entre cinco e seis dias. Para DIZEREGA (1997), a
renovação da camada simples de células mesoteliais viscerais e o ressurgimento
de sua membrana basal ocorre entre cinco e oito dias. Em processo de
cicatrização peritoneal normal, a fibrinólise completa-se e o peritônio readquire
aspecto semelhante ao normal entre oito e dez dias, os macrófagos não são
encontrados entre dez e 14 dias, e a revascularização termina entre o sexto e o
sétimo dia após a lesão. Contudo, essa divisão demarcada da dinâmica celular
após a lesão peritoneal apresenta caráter didático, uma vez que as diferentes
fases desse processo se sobrepõem.
Segundo HENDERSON (1996), o animal submetido a qualquer condição
que resulte em estresse, bem como à dor pós-operatória, possui maior propensão
a desenvolver aderências. KHORRAM-MANESH et al. (2006) provaram que o
controle da dor pós-operatória pela administração de opióides resultou na redução
da formação de aderências intraperitoneais em ratos submetidos abrasão
cirúrgica do ceco, principalmente através do aumento da atividade do fator
ativador tecidual do plasminogênio (t-PA).
De acordo com ESMON et al. (1999) e VAR DER WAL & JEEKER (2007),
o processo inflamatório incrementa a cascata de coagulação a partir do aumento
da expressão dos fatores pró-coagulantes teciduais, inibe os mecanismos
anticoagulantes pela diminuição da produção de trombomodulina e heparina, e
suprimie a fibrinólise através do aumento da α
1
-antitripsina (inativadora da
plasmina) e pelo aumento da expressão dos inibidores dos ativadores do
plasminogênio tipos um, dois e três (PAI-1, PAI-2 e PAI-3). Ademais, o
prolongamento da fase inflamatória torna-se favorável à formação de aderências
fibrosas na cavidade peritoneal. A persistência de infecção bacteriana
concomitante prolonga a fase inflamatória da cicatrização local e, com isso,
aumenta o tempo de cicatrização peritoneal e a extensão da formação de
aderências, sobretudo entre as alças intestinais (MUIR et al., 1991).
As lesões isquêmicas, como as provocadas por ligaduras de pedículos
vasculares, e a vasta abrasão do peritônio parietal e/ou visceral promovem
intensa produção de espécimes reativas do oxigênio (ROS), tais como radicais
hidroxila (OH
.
), ânion superóxido (O
2
-
), peróxido de hidrogênio (H
2
O
2
) e óxido
7
nítrico (NO), ampliando a reação inflamatória e reduzindo a atividade fobrinolítica
peritoneal. Os ROS promovem instabilidade da membrana celular e liberação do
ácido araquidônico para metabolismo pela via das cicloxigenases 1 e 2 (COX-1 e
COX-2) e lipoxigenase, resultando na liberação de prostaglandinas,
prostaciclinas, tromboxanos, leucotrienos e moléculas quimiotáxicas, o que
incrementa ainda mais a inflamação peritoneal (BINDA et al., 2003).
2.3.2 Relação entre coagulação e fibrinólise após lesão peritoneal e fatores
adesiogênicos associados
A formação de aderências fibrosas pós-operatórias (Figura 1), a dissolução
do coágulo de fibrina e a resolução completa da lesão peritoneal estão
intimamente relacionadas ao contrabalanço entre a coagulação e a fibrinólise.
Este equilíbrio sofre influência de uma gama de fatores inerentes à integridade do
peritônio. O trauma cirúrgico ou a infecção peritoneal reduzem drasticamente a
atividade fibrinolítica do fluido peritoneal e dos tecidos adjacentes (BUCKMAN et
al., 1976; DURON, 2007).
FIGURA 1 – Representação esquemática da patogenia da formação de
aderências pós-cirúrgicas, adaptado de THOMPSON (1998)
Em organismos hígidos, lesões que atingem o tecido conectivo adjacente
ativam a cascata de coagulação sangüínea (SOBEL, 2001). Concomitantemente
Lesão peritoneal
Aderências
fibrinosas
Lise Organização
Resolução
Aderências
fibrosas
8
à produção de redes de fibrina, ocorre ativação do sistema fibrinolítico (Figura 2),
o qual culmina com dissolução dos coágulos e reorganização tecidual. Este
complexo enzimático tem início por meio da interação do fator de Hageman
ativado durante a cascata de coagulação (FXIIa) com a pré-calicreína sérica e o
cininogênio de alto peso molecular (HMW-C), ocorrendo a formação da calicreína,
uma enzima proteolítica que atua, dentre outros sistemas, na degradação das
malhas de fibrina. Porém, o maior responsável pela fibrinólise é a plasmina,
produzida a partir da clivagem do plasminogênio sintetizado no fígado pela
enzima ativadora tecidual do plasminogênio (t-PA) e/ou pela uroquinase ativadora
do plasminogênio (u-PA). A t-PA é sintetizada por células endoteliais e
mesoteliais, sendo encontrada no líquido peritoneal. A u-PA é produzida por
células do tecido conectivo submesotelial, células renais e macrófagos
(THOMPSON, 1998).
A eficiência da fibrinólise é determinada pela interação entre o t-PA com as
moléculas de plasminogênio aderidas às malhas de fibrina durante o processo de
coagulação, produzindo plasmina aderida ao coágulo. Esta plasmina liga-se
especificamente com o sítio de ligação do aminoácido lisina presente na molécula
de fibrina, promovendo assim separação das cadeias peptídicas e dissolução
eficaz do coágulo. Em contrapartida, o u-PA, a estreptoquinase, a anistreplase A,
a reteplase (r-PA), a lanoteplase (n-PA) e outras proteases, ativam em maiores
proporções o plasminogênio circulante, ou seja, não aderido à fibrina. Isto leva à
formação de plasmina livre, a qual tem pouca atividade fibrinolítica, porém grande
tropismo pelos sítios de ligação da lisina. Assim, ocorre a impossibilidade de
ligação da plasmina aderida ao coágulo a esse sítio e ineficácia da fibrinólise
(DIZEREGA, 1997; SOBEL, 2001). As observações de SALUIMAN et al. (2002),
corroboram a condição supracitada, pois tais autores relataram que ratos
submetidos a lesão peritoneal e deficiência sérica apenas de t-PA, apresentaram
maior formação de aderências e reação inflamatória crônica que aqueles
deficientes de u-PA, exclusivamente.
A atividade fibrinolítica é limitada principalmente pelos inibidores dos
ativadores do plasminogênio (PAI-1, 2 e 3) e através da inativação da plasmina
pela α
1
e α
2
-antiplasmina, pela nexina e por outras proteases inespecíficas. Estas
enzimas, em especial o PAI-1, são produzidas em maiores proporções no
9
ambiente peritoneal inflamado e nas lesões extensas do mesotélio, onde há
exposição da camada submesotelial (SOBEL, 2001; VAN DER WAL & JEEKEL,
2007).
Em estudos in vitro e in vivo, TIETZE et al. (1998) e ZEYNELOGLU et al.
(1998) comprovaram que a atividade fibrinolítica é reduzida pela ação de citocinas
e pelos fatores de crescimento, tais como interleucinas um, seis e oito (IL-1, IL-6 e
IL-8), fator de necrose tumoral alfa (TNF-α), fator de crescimento transformador
beta-1 (TGF-β
1
), fator de crescimento endotelial (EGF), fator de crescimento
fibroblástico (FGF) e a proteína quimiotáxica de monócitos tipo-1 (MCP-1),
sintetizados e liberados na inflamação aguda. INCE et al. (2002) acrescentaram
que essas moléculas produzidas por PMN, MØ, células endoteliais e pela camada
celular submesotelial incrementam a ação dos PAIs e reduzem a síntese e
liberação de t-PA mesotelial.
FIGURA 2 – Representação esquemática da ativação e inibição da fibrinólise.
Setas tracejadas em branco representam inibição. Seta cinza indica
a importância dos ativadores do plasminogênio para a fibrinólise,
em ordem decrescente. Adaptado de THOMPSON (1998) e SOBEL
(2001)
Ativadores do
plasminogênio
t-PA
u-PA
Calicreína
n-PA
r-PA
Plasmina
Fibrina
Inibidores da
ativação do
plasminogênio
PAI-1
PAI-2
PAI-3
Proteases
Nexina
α
1
e α
2
-antiplasmina
Produtos da degradação
da fibrina
Citocinas
(Inflamação
peritoneal)
IL-1
IL-6
IL-8
TNF-α
TGF-β
1
Plasminogênio
10
2.3.3 Influência dos espécimes reativos do oxigênio (ROS) na formação de
aderências pós-cirúrgicas
Os radicais derivados do oxigênio surgem principalmente pela ação da
xantina oxidase e nicotinamida adenosina dinucleotídeo fosfato-oxidase (NADPH-
oxidase), enzimas produzidas em maiores proporções na presença de lesão
tissular. Constituem um grupo de moléculas instáveis com um elétron não-
pareado, o qual abrange radicais hidroxila (OH
.
), ânion superóxido (O
2
-
), peróxido
de hidrogênio (H
2
O
2
) e o óxido nítrico (NO). Para se estabilizar, removem um
elétron de outra molécula estável, promovendo instabilidade dessa e,
conseqüentemente, formação de um novo radical, configurando uma reação em
cadeia. Este processo gera uma série de conseqüências deletérias ao organismo,
tais como inibição da proliferação celular, senilidade tecidual, danos a moléculas
importantes como o DNA, proteínas e lipídios e indução da apoptose celular
(SOUZA et al., 2003; DINC et al., 2006).
Diversas células possuem mecanismo de defesa fisiológico contra a
toxicidade proporcionada pelos ROS, que consiste da neutralização desses
radicais por compostos denominados ROS scavengers, tais como as enzimas
catalase (CAT), superóxido dismutase (SOD) e glutationa peroxidase (GSH-Px),
produzidos pela maioria das células, além de moléculas anti-oxidantes como
glutationa (GSH), carotenóides e as vitaminas A, C e E, ou ácido retinóico, ácido
ascórbico e tocoferol, respectivamente. O equilíbrio entre a produção de
ROS/ROS scavenges é o fator que determina a toxicidade dos radicais no
organismo. O processo mórbido resultante dessa atividade tóxica é denominado
estresse oxidativo (FORMAN & TORRES, 2002; BINDA et al., 2003).
Todo procedimento cirúrgico conota, em maior ou menor proporção, cursa
com aumento da produção dos ROS, podendo a presença destes ser comprovada
pela detecção sérica de ânions superóxido, de xantina oxidase, uma enzima
precursora da formação de radicais livres, e/ou de malondialdeído um marcador
sérico da síntese de ROS (SOUZA et al., 2003). O transplante de órgãos é
associado a grande formação de radicais livres derivados do oxigênio,
necessitando-se de terapêutica adjuvante direcionada à prevenção do estresse
oxidativo (BINDA et al., 2003). Algumas enfermidades cirúrgicas causadoras de
11
isquemia/reperfusão, tais como síndrome dilatação gástrica/vólvulo, torção
esplênica crônica e intussuscepção intestinal em cães, encarceramento de alça
intestinal em hérnias e enfermidades intestinais obstrutivas/estrangulativas em
eqüinos, além da torção do abomaso em bovinos, estão diretamente relacionadas
ao grande incremento sérico e tissular das concentrações de ROS (JONES et al.,
2000; WEBER, 2000; ETTINGER & FELDMAN, 2004).
A atividade dos radicais OH
.
, O
2
-
, do H
2
O
2
e do NO encontra-se aumentada
durante a laparotomia, devido ao meio hiperóxico ao qual o peritônio é submetido.
GUYTON & HALL (2000) comprovaram que a cavidade peritoneal em
procedimentos cirúrgicos abdominais abertos é exposta ao ar atmosférico, ou
seja, a 150 mmHg de pressão de oxigênio (pO
2
), enquanto os valores fisiológicos
desse parâmetro nas células mesoteliais de uma cavidade abdominal não exposta
à exploração cirúrgica encontra-se entre cinco e 40 mmHg. Além desse fator,
lesões de reperfusão após isquemia prolongada, na resposta imune celular frente
ao envolvimento de agente bacteriano e/ou parasitas intracelulares ou após
enxertias ou transplantes heterólogos, são condições que influenciam no aumento
da atividade dos ROS na cavidade peritoneal (BINDA et al., 2003).
O mecanismo pelo qual os ROS aumentam a formação de aderências
intra-abdominais pós-cirúrgicas ainda não foi corretamente elucidado, contudo
acredita-se que tais radicais ampliam a resposta inflamatória peritoneal. Acredita-
se que esse incremento da inflamação seja proporcionado pela instabilidade da
membrana celular com conseqüente liberação de ácido araquidônico e produção
de derivados eicosanóides vasoativos e quimiotáxicos, pela instabilidade e ruptura
da membrana lisossômica e pela indução da apoptose de células mesoteliais,
PMN e MØ, resultando em uma gama variada de lesões teciduais (BINDA et al.,
2003). Além disso, o NO é uma substância amplamente produzida por
macrófagos teciduais durante a resposta imune celular e pelas células endoteliais,
em resposta à lesão/hipóxia tecidual e à endotoxemia, atuando no combate a
microrganismos intracelulares e como vasodilatador sistêmico, respectivamente
(HOWE & BOOTHE JR., 2001).
A influência dos ROS no aumento da adesiogênese pós-cirúrgicas foi
comprovada em modelos experimentais animais, nos quais constatou-se redução
da formação de aderências intraperitoneais após a administração de ROS
12
scavengers (HEMADEH et al., 1993; ÖZÇELIK et al., 2003; DINC et al., 2006;
RAA et al., 2006). Além disso, TASKIN et al. (1999) compararam a
microlaparoscopia (emprego de óptica de 2 mm, apenas anestesia local e 10
mmHg de pressão de insuflação com CO
2
) à laparoscopia padrão (com óptica de
10 mm, anestesia geral e 15 mmHg de pressão intra-abdominal) em pacientes
humanos e observaram que a segunda gerou maior hipóxia peritoneal, reduziu os
níveis teciduais de ROS scavengers (GSH-Px, SOD, CAT e GSH) e promoveu
maior formação de aderências intraperitoneais.
2.4 Formação de aderências na espécie canina
Dentre as espécies animais mais empregadas em modelos experimentais
para estudo da profilaxia da formação de aderências, estão ratos e coelhos,
seguidas por cães e suínos (SCHIPPERS et al., 1998; FERLAND et al., 2001;
MÜLLER et al., 2002; DIOGO-FILHO et al., 2004). Diversos estudos foram
realizados comparando-se os métodos barreira às infusões antiinflamatórias e
pró-fibrinolíticas de baixo peso molecular em animais de experimentação, visando
elucidar dados relativos à farmacocinética e farmacodinâmica dos protocolos
terapêuticos para seu emprego como agentes anti-adesiogênicos para humanos
(VERCO et al., 2000; JOHNS et al., 2001; DURAN et al., 2002; KREIMER et al.,
2005). Outros trabalhos empregando-se cães, coelhos e ratos visaram comparar
diferentes técnicas cirúrgicas sobre a formação de aderências pós-operatórias
(LEON et al., 1994; LAUZ et al., 1999; MATTHEWS et al., 2002; AZEVEDO et al.,
2004).
De acordo com HENDERSON (1996) e PROUDMAN (2004), os distúrbios
secundários à formação de aderências acometem com maior freqüência animais
de grande porte, especialmente os eqüinos. Contudo, algumas enfermidades
secundárias às aderências pós-cirúrgicas foram relatadas em caninos, tais como
a obstrução do intestino delgado e cólon, dos canais pancreáticos e do sistema de
condução biliar extra-hepáticos e torção esplênica crônica (PEARSON, 1973;
OKKENS et al., 1981; VAN DER GAAG et al., 1981; HENDERSON, 1996;
COOLMAN et al., 1999; WEBER, 2000).
13
Dentre os procedimentos cirúrgicos rotineiramente realizados em clínicas
de pequenos animais, a ovário-histerectomia (OHE) é uma das mais freqüentes,
podendo apresentar complicações pós-operatórias entre 12,2% e 31,5% dos
casos (COOLMAN et al., 1999). Documentou-se que as OHEs tradicionais são
altamente invasivas e implicam em dor, formação de aderências e morbidade em
pacientes caninos em decorrência de trauma tecidual intenso, manipulação
visceral e inflamação (HARDIE et al., 1997; HANCOCK, 2005). A presença de
aderências abdominais em pacientes submetidos a esse procedimento pode
contribuir sensivelmente para a queda da qualidade de vida, pois podem
apresentar desde incontinência urinária até síndromes obstrutivas gastrintestinais
(PEARSON, 1973). MONTZ et al. (1991) obtiveram vasta formação de adesões
em cadelas submetidas a ovário-histerectomia, omentectomia e ressecção do
peritônio parietal pélvico e abdominal.
Em um relato de caso, OKKENS et al. (1981) diagnosticaram obstrução
dos ureteres por vastas aderências em uma cadela apresentando piometra
submetida à castração. COOLMAN et al. (1999) descreveram obstrução parcial
de cólon em duas cadelas e uma gata alguns meses após esse procedimento
cirúrgico. Os autores afirmaram ainda que a obstrução extra-mural de cólon
secundária à formação de aderências é uma enfermidade rara, porém de
conseqüências potencialmente graves. STONE et al. (1998) afirmaram que a
principal causa de incontinência urinária em cadelas submetidas à OHE é
resultante de aderências pós-cirúrgicas entre o coto uterino e a bexiga, levando à
alteração da motilidade vesical. WEBER (2000) relatou um caso de torção crônica
do pedículo esplênico em uma cadela ovário-histerectomizada, onde aderências
formadas após a castração eletiva favoreceram a torção e nova formação de
vastas adesões.
As anastomoses intestinais em caninos, independente da técnica de sutura
empregada resultam, desde aderências omentais simples até a formação de
vastas aderências granulomatosas entre alças intestinais (SCHIPPERS et al.,
1998; AZEVEDO et al., 2004). Além disso, WANG et al. (2003) obtiveram
aderências em todos os caninos submetidos a ressecção parcial do ceco.
Segundo HENDERSON (1996), para a redução das aderências intestinais pode-
se realizar omentalização das linhas de sutura das serosas.
14
2.5 Técnicas de indução da formação de aderências intraperitoneais e sua
classificação em modelos experimentais
2.5.1 Modelos experimentais de indução da adesiogênese
A classificação da formação de aderências pode variar de acordo com o
tipo e o local de indução da adesiogênese. Alguns modelos experimentais em
ginecologia e obstetrícia preconizaram a escarificação, cauterização ou secção
transversal seguida de anastomose dos cornos uterinos por laparotomia em
coelhas e ratas (GUVENAL et al., 2001; KUCUKOZCAN et al., 2004). Já
EWOLDT et al. (2004), optaram pela cauterização puntiforme multifocal do corno
uterino de ovelhas por laparoscopia, obtendo grande formação de aderências.
JORGE et al. (2007) observaram, por laparoscopia, adesões entre os pedículos
ovarianos e omento, mesentério ou alça intestinais e entre o coto uterino e bexiga,
cólon e/ou alças intestinais em seis cadelas submetidas a ovário-histerectomia em
que foi empregado fio de algodão ou abraçadeira de náilon na ligadura dos
pedículos vasculares e do coto uterino. MONTZ et al. (1991) empregaram cadelas
em modelo experimental de formação de aderências envolvendo ovário-
histerectomia, omentectomia e ressecção do peritônio parietal pélvico e
abdominal e obtiveram vasta formação de adesões na maioria dos animais.
Em cirurgia geral, alguns autores utilizaram a ressecção e anastomose
intestinal em caninos (SCHIPPERS et al, 1998). São citadas ainda a ressecção
colorretal convencional e laparoscópica (NEUDECKER et al., 2005), escarificação
cecal e da parede abdominal em coelhos (SCHNEIDER et al., 2006) e
anastomose cólica em ratos (WU et al., 2003). WANG et al. (2003) obtiveram
aderências em todos os cães submetidos a tiflectomia parcial e escarificação da
parede abdominal ventral, paralelo à linha de incisão, em ambos os lados.
Contudo, uma grande porcentagem dos estudos randomizados envolveu a
escarificação do ceco de ratos com gaze esterilizada (OZEL et al., 2005).
O omento desempenha um papel crucial na revascularização de lesões
nas serosas viscerais e doação de células mesoteliais e fibroblastos para a
cicatrização peritoneal, freqüentemente gerando aderências benéficas à
reparação cicatricial (HENDERSON, 1996). BRUN et al. (2004) descreveram a
15
formação de aderências entre omento e parede abdominal, nos sítios dos portais,
em caninos submetidos a colopexia laparoscópica. A ressecção do omento em
estudos experimentais de formação de aderências visa excluir sua interferência
para a avaliação da real influência das diferentes modalidades terapêuticas sobre
o controle da adesiogênese (MONTZ et al., 1991; SOUTHWOOD & BAXTER,
1997; OZEL et al., 2005). KARABULUT et al. (2006) obtiveram maior magnitude
de adesões de segmentos intestinais ao implante intraperitoneal de tela de
polipropileno em ratos submetidos a omentectomia do que nos animais não
omentectomizados, ressaltando a importância do omento na prevenção da
formação de aderências envolvendo os intestinos.
2.5.2 Métodos de avaliação pós-cirúrgica da adesiogênese
De acordo com OZEL et al. (2005), grande número de trabalhos
empregando ratos em diversos modelos experimentais apontaram a eutanásia,
seguida pela celiotomia em forma de “U” para posterior análise e quantificação de
aderências. SCHNEIDER et al. (2006) preconizaram a eutanásia e posterior
laparotomia mediana em estudo empregando-se coelhos.
Em um estudo clínico, JORGE et al., (2007) avaliaram por laparoscopia o
grau de formação de aderências em seis cadelas submetidas a OHE
convencional por celiotomia. Os autores constataram que o exame laparoscópico
permitiu adequada visualização macroscópica das lesões e não implicou na
necessidade de eutanásia dos animais para quantificação das aderências.
METTLER et al. (2004) procederam a laparoscopia em pacientes humanos
submetidos a miomectomia laparoscópica ou por celiotomia para avaliar a eficácia
da aplicação de um gel na profilaxia da adesiogênese. O método demonstrou-se
seguro e eficaz no diagnóstico e classificação das aderências.
Em humanos, a laparoscopia pós-cirúrgica é empregada para avaliação do
surgimento de aderências após procedimentos cirúrgicos abdominais e para
adesiólise prematura (TRIMBOS-KEMPER et al., 1985). EWOLDT et al. (2004)
procederam exame laparoscópico em ovelhas após indução de lesões por
cauterização de um dos cornos uterinos e afirmaram que esse método mostrou-se
16
eficiente na observação das aderências sem a necessidade de necrópsia.
BOURÉ et al. (2002) confirmaram a eficácia da laparoscopia no diagnóstico e
quantificação de adesões em modelo experimental de pôneis submetidos a
escarificação da serosa jejuno-ileal, sem necessidade de promover eutanásia dos
animais.
Devido à escassez de experimentos envolvendo classificação in vivo da
formação de aderências intraperitoneais na espécie canina, novos estudos são
necessários para comprovar a viabilidade da laparoscopia no diagnóstico da
adesiogênese pós-cirúrgicas. A avaliação laparoscópica pós-operatória consiste
de um método cirúrgico minimamente invasivo e conservador de classificação das
adesões intraperitoneais, sem necessidade de eutanasiar os pacientes para
posterior exame anatomopatológico.
2.5.3 Critérios de classificação das aderências
A procura por um modelo ideal de avaliação de formação de aderências
intraperitoneais pós-cirúrgicas tem sido tema de intenso debate e controvérsia
entre pesquisadores, uma vez que lesões semelhantes encontradas em unidades
experimentais distintas freqüentemente recebem classificações diferentes por dois
ou mais avaliadores. As pontuações ou escores diferem entre trabalhos quanto ao
número de aderências, constituição tissular, presença de vascularização,
estruturas e/ou órgãos envolvidos, espessura das fibras e a tensão necessária
para sua ruptura (THOMPSON, 1998; LIAKAKOS et al., 2001; OZEL et al., 2005).
O sistema de classificação por escores quantitativos e qualitativos
estabelecido por MORENO et al. (1996) consiste de atribuição complexa e
completa da magnitude dos sítios de adesões, o qual é citado por OZEL et al.
(2005) como um dos sistemas mais relevantes no estudo das aderências
intraperitoneais. O escore de aderência de cada unidade experimental era dado
através do somatório dos pontos recebidos em cada quesito (Quadro 1).
17
QUADRO 1 – Estabelecimento de escores para quantificação da magnitude da
formação de aderências peritoneais, segundo metodologia
estabelecida por MORENO et al. (1996)
CRITÉRIO PONTUAÇÃO
Número de aderências
1 para cada
Sítio de aderência
Gordura pélvica/parede abdominal 1
Omento/parede abdominal 2
Alça intestinal/parede abdominal 3
Gordura pélvica ou omento/alça intestinal 4
Alça Intestinal/alça intestinal 5
Vascularização
Ausente 0
Presente 1
Espessura (mm)
<3 1
3-5 2
>5 3
Tipo de ruptura
Tipo I (simples, sem dissecção) 1
Tipo II (dissecção necessária para separar áreas aderidas) 2
Tipo III (dissecção necessária para seccionar aderências) 3
2.6 Profilaxia da formação de aderências
Os gastos relativos à reintervenção e adesiólise são extremamente altos
em pacientes humanos portadores de aderências pós-cirúrgicas, sendo as
medidas profiláticas intra-operatórias fatores que minimizam dispêndios
decorrentes de novos procedimentos (WILSON et al., 2002). Algumas medidas
cirúrgicas profiláticas habituais devem ser consideradas quando se objetiva
reduzir a formação de aderências. Dentre elas incluem-se a manipulação
cautelosa dos tecidos, hemostasia adequada, remoção de coágulos, obtenção de
rigorosa assepsia, prevenção do ressecamento do peritônio visceral e parietal,
calçamento de luvas sem talco, minimização da isquemia e predileção por
técnicas minimamente invasivas (THOMPSON, 1998).
A laparoscopia possui numerosas vantagens sobre os procedimentos
efetuados por laparotomia. Contudo, a comparação da formação de aderências
entre esses acessos cirúrgicos ainda apresenta resultados controversos. TITTEL
et al. (1994) comparando a formação de aderências em cães submetidos à
18
laparoscopia e à laparotomia exploratória, concluíram que a técnica minimamente
invasiva demonstrou melhores resultados. SCHIPPERS et al. (1998)
acrescentaram que procedimentos cirúrgicos minimamente invasivos não
conotam exposição visceral ao ambiente do centro cirúrgico, reduzindo-se o
ressecamento e a infecção peritoneal. Porém, são necessários mais estudos que
suportem esses dados para a comprovação dos benefícios da cirurgia
laparoscópica sobre a adesiogênese.
Além das medidas profiláticas habituais, existem métodos terapêuticos
contra a formação de aderências intraperitoneais, os quais consistem no
isolamento da lesão em relação a outras superfícies serosas viscerais
(denominados métodos de barreira) e na aplicação intraperitoneal de infusões
antiinflamatórias e fibrinolíticas de baixo peso molecular (HELLEBRECKERS et
al., 2000).
Para se escolher a estratégia profilática mais adequada, algumas
considerações devem ser levantadas: tecidos submetidos a isquemia são
altamente vulneráveis à formação de aderências, contudo não possuem fluxo
sangüíneo e, logo, não são alvos de drogas sistêmicas; a membrana peritoneal
possui rápido clearence, ou seja, a drenagem de soluções aquosas de baixo peso
molecular é relativamente rápida, limitando a meia-vida e eficácia de vários
agentes administrados por via intraperitoneal; o agente anti-adesiogênico a ser
escolhido deve atuar exclusivamente sobre a prevenção da formação de
aderências, não interferindo nos processos normais de cicatrização peritoneal
(LIAKAKOS et al., 2001).
2.6.1 Métodos de barreira
Segundo HELLEBRECKERS et al. (2000), a barreira ideal deve possuir
propriedades anti-adesiogênicas, alta compatibilidade com o organismo, ser
absorvível, ter tropismo por sítios de lesão, ser eficiente em lubrificar superfícies
intra-abdominais, ser aplicável por laparoscopia, além de possuir baixa relação
custo-benefício. Entretanto, os autores afirmaram não haver método barreira que
contemple adequadamente estes quesitos.
19
Existem basicamente dois mecanismos de ação nesse método: a
hidroflotação e o isolamento físico dos focos potenciais de adesiogênese. O
princípio da hidroflotação é conhecido pela capacidade de manter a separação
dos tecidos abdominais lesionados com volume de líquido residual, não
permitindo dessa forma aderências inter-viscerais e entre vísceras e peritônio
parietal até a fibrinólise total e sua completa regeneração (HENDERSON, 1996;
TREW, 2006). As soluções barreira empregadas geralmente são polímeros
viscosos que revestem e lubrificam os tecidos e possuem princípios ativos de alto
peso molecular e de lenta degradação e absorção. Dentre essas soluções,
encontrou-se resultados satisfatórios no uso intraperitoneal de tampão-fosfato-
salino (PBS) associado ao ácido hialurônico, hialuronato férrico a 0,5%,
hialuronato sódico, dextrana 70 a 32% e icodextrina a 4% (THORNTON et al.,
1998; HELLEBRECKERS et al., 2000; VERCO et al., 2000; SAWADA et al.,
2001). Contudo, relatos de LIAKAKOS et al. (2001) apontaram que a solução de
dextrana 70 pode gerar alguns efeitos colaterais indesejáveis, tais como anafilaxia
e ascite.
A polivinilpirrolidona-iodo (PVP-I) é um polímero de alto peso molecular
amplamente empregado no Brasil na antissepsia cirúrgica e na lavagem
peritoneal, sobretudo em procedimentos potencialmente contaminados. No
entanto, TOPCU et al. (2006) obtiveram óbito de todos os ratos tratados com
PVP-I a 10% via intraperitoneal e maiores escores de aderências intestinais nos
tratados com as diluições 1% e 5%, quando comparados a outros antissépticos.
Dessa forma, são necessários melhores esclarecimentos sobre seu emprego
intraperitoneal.
Vários estudos preconizam o uso de membranas sintéticas biodegradáveis
e absorvíveis como isolantes dos focos de lesão tecidual potenciais para
formação de aderências (TREW, 2006). Os materiais mais empregados em
estudos experimentais como barreiras anti-adesiogênicas são a celulose oxidada
regenerada, a associação hialuronato/carboximetilcelulose, politetrafluoretileno
(conhecido como teflon), polietilenoglicol “spray”, filme de gelatina e náilon envolto
por silicone (HELLEBRECKERS et al., 2000; LIAKAKOS et al., 2001;
DEBODINANCE et al., 2002). Porém, THORNTON et al. (1998) afirmaram que
tais barreiras sólidas possuem como restrição a dificuldade de conhecimento e a
20
capacidade de previsão, por parte do cirurgião, dos sítios potencialmente
adesiogênicos para o isolamento adequado e eficaz. HELLEBRECKERS et al.
(2000) acrescentaram que as membranas de celulose regenerada-oxidada e de
polietilenoglicol e polipropilenoglico polimerizados não podem ser aplicadas na
presença de superfícies hemorrágicas e que o politetrafluoretileno expandido não
é bioabsorvível, permanecendo na cavidade peritoneal como corpo estranho,
necessitando de novo procedimento para removê-lo.
2.6.2 Soluções antiinflamatórias e pró-fibrinolíticas de baixo peso molecular
As soluções antiinflamatórias e pró-fibrinolíticas de baixo peso molecular
são conhecidas por possuírem menor eficácia na prevenção da formação de
aderências quando comparadas aos métodos barreira (LIAKAKOS et al., 2001;
CETIN, et al., 2003). Geralmente são rapidamente absorvidas para a circulação
sangüínea após aplicação intraperitoneal, exercendo ação anti-adesiogênica por
curto período. Contudo, são de fácil utilização e apresentam baixo custo-benefício
(THOMPSON, 1998, TREW, 2006).
Os cristalóides de baixo peso molecular são amplamente empregados para
lavagem peritoneal após procedimentos cirúrgicos abdominais. A solução salina
atua na remoção de coágulos sangüíneos quando utilizados na irrigação
peritoneal com posterior sucção. Há indicações do cloreto de sódio a 0,9% como
método barreira de prevenção de aderências. Entretanto, sua eficácia é
questionável devido à baixa capacidade de tamponamento intraperitoneal, ação
irritante à camada mesotelial e absorção completa em menos de 24 horas (VAN
WESTREENEN et al., 1999). Como a solução fisiológica, de igual forma, o ringer
lactato pode atuar como barreira, pelo princípio da hidroflotação, porém, possui
maior atividade tamponante sobre o peritônio inflamado (ambiente ácido) quando
comparado à solução fisiológica (VAN DER WAL et al., 2006).
Os agentes antiinflamatórios não-esteroidais (AINEs) atuam,
principalmente, inibindo a via das COX-1 e 2 e, dessa forma, reduzindo a
produção de prostaglandinas e reação inflamatória local (TASAKA, 1996).
BULBULOGLU et al. (2005) obtiveram resultados consistentes após aplicação
21
intraperitoneal de 2,0 mL (1,5 mg/animal) de lornoxicam em ratos submetidos a
cirurgia abdominal. GUVENAL et al. (2001) relataram diminuição da formação de
aderências após injeção intramuscular (0,5 mg/kg IM, SID, por cinco dias
consecutivos antes do procedimento cirúrgico) ou infusão intraperitoneal (0,5
mg/ml) de nimesulida, imediatamente após o procedimento cirúrgico, empregando
o mesmo modelo experimental.
Os corticosteróides interferem com a fase logarítmica da cicatrização ao
retardar a proliferação dos fibroblastos e a síntese e maturação do colágeno
(ELLISON, 1996). Assim, quando empregados via sistêmica nas doses e
concentrações adequadas, podem reduzir a formação de aderências
intraperitoneais. Em contrapartida, reduzem a cicatrização da parede abdominal,
aumentando os riscos de deiscência de ferida cirúrgica (HENDERSON, 1996).
Contudo, obteve-se redução da formação de aderências em ratas tratadas com
15 mg do esteróide medroxiprogesterona pela via intramuscular e submetidas a
laparotomia, sem a ocorrência de deiscência de ferida ou reações adversas
(MONTANINO-OLIVA et al., 1996), mas seu mecanismo de ação não foi
devidamente elucidado.
Anticoagulantes, tais como heparina e warfarina, são efetivos na prevenção
da formação de aderências, contudo seus empregos incorrem em riscos óbvios
de hemorragia intraperitoneal (THOMPSON, 1998). O uso de heparina
intraperitoneal associada ou não à sua aplicação subcutânea, não foi efetivo na
redução da formação de aderências na espécie canina (FLORÊNCIO et al.,
1991).
O emprego de antibióticos na cavidade peritoneal é controverso e seus
efeitos benéficos são questionáveis. Atuam localmente sobre a superfície
mesotelial exercendo ação bactericida ou bacteriostática (DIOGO-FILHO et al.,
2004). Para LIAKAKOS et al. (2001), os princípios ativos dos antibióticos são
extremamente tóxicos à superfície peritoneal, atuam como pró-inflamatórios e
adesiogênicos e nunca devem ser empregados em altas concentrações
isoladamente pela via intraperitoneal.
As enzimas ativadoras do plasminogênio aplicadas por via intraperitoneal,
reduzem a formação de aderências. LAI et al. (1998) testaram o t-PA na
concentração de 5 mg/L por via intraperitoneal em ratos e obtiveram significativa
22
diminuição destas, provando a eficiência dessa enzima no aumento da fibrinólise,
e por conseqüência, na prevenção de aderências.
2.7 Efeitos do azul de metileno sobre a formação de aderências
intraperitoneais em diferentes modelos experimentais
O azul de metileno (AM) é uma tintura orgânica parcialmente lipossolúvel
de baixo peso molecular que vem sendo aplicada na terapêutica clínica e cirúrgica
há mais de um século por possuir propriedades farmacológicas particularmente
interessantes e baixo índice de toxicidade e efeitos adversos (MENARDI et al.,
2006; SWEET & STANDIFORD, 2007). É um agente transportador de elétrons,
antioxidante, antisséptico, vasopressor, inibidor da síntese de óxido nítrico
(AMBIEL & PRADO, 1998) e fotossensibilizante, possibilitando sua aplicação em
procedimentos como coloração de vasos sangüíneos e tuba uterina (DURAN et
al., 2002), tratamento da malária (KWOK & HOWES, 2006), identificação de
adenomas de paratireóide em humanos (SWEET & STANDIFORD, 2007),
tratamento de neoplasias cutâneas por terapia fotodinâmica (CASTANO et al.,
2005), terapêutica da sepse/anafilaxia refratária a catecolaminas e inotrópicos
positivos (STOCCHE et al., 2004), reversor da metahemoglobinemia (CAMP,
2007). Também tem sido testado como adjuvante na profilaxia da formação de
aderências intraperitoneais pós-cirúrgicas (GALILI et al., 1998; DINC et al., 2006).
Vários estudos em animais foram realizados para aprimorar a profilaxia da
adesiogênese, apontando menor incidência de aderências com o uso de
membrana de sódio-hialuronato/carboximetilcelulose e azul de metileno. Porém,
ainda não há relatos de sua eficácia em humanos (DIOGO-FILHO et al., 2004).
Segundo HEYDRICK et al. (2007), a solução de AM intraperitoneal atenua o
estresse oxidativo, atuando como antioxidante e reduz a formação de aderências
intraperitoneais através do aumento da capacidade fibrinolítica do peritônio. DINC
et al. (2006) acrescentaram que o aumento da capacidade fibrinolítica peritoneal
e, conseqüentemente, redução da adesiogênese, provavelmente ocorre pela
diminuição do estresse oxidativo em decorrência da captação do elétron instável
da xantina oxidase ou da NADPH-oxidase pela molécula do AM. Esta molécula
23
estabilizada não permite a formação de radicais a partir de espécimes derivadas
do oxigênio, tais como o oxigênio molecular (O
2
) e o peróxido de hidrogênio
(H
2
O
2
). Essa propriedade antioxidante do AM foi comprovada e descrita por
SALARIS et al. (1991).
Ao avaliar diferentes doses de AM a 1%, RAŞA et al. (2002) obtiveram
redução notória da formação de adesões após utilização da dose intraperitoneal
de 1 mg/kg em ratos, em modelo experimental envolvendo a escarificação do
ceco com gaze esterilizada. Em outro estudo randomizado, HODJATI et al. (2006)
empregaram a dose de 5 mg/kg de AM a 1% para prevenir a formação de
aderências em coelhos inoculados com solução de silicato de magnésio
intraperitoneal e constataram que houve menores escores de adesões.
HEYDRICK et al. (2007), KLUGER et al. (2000) e DINC et al. (2006) utilizaram,
respectivamente, doses de 30, 50 e 70 mg/kg em ratos e obtiveram redução da
formação de aderências pós-cirúrgicas.
Apesar de ter sido amplamente estudado em diversos modelos
experimentais, os efeitos do AM intraperitoneal sobre a formação de aderências
revelaram dados inconsistentes em humanos, e inferiores quando comparados a
outros métodos profiláticos, tais como o uso intraperitoneal de Lipidol
®
(DURAN et
al., 2002). Além disso, nenhum estudo envolvendo o emprego da solução de AM
na prevenção da adesiogênese pós-cirúrgica foi encontrado empregando-se cães
como modelo experimental. Entretanto, à luz dos efeitos farmacológicos do AM
sobre a inibição da síntese de NO e neutralização dos ROS elucidados na
literatura consultada, acredita-se que esta solução possa representar uma
alternativa profilática de baixo custo e eficaz na prevenção da formação de
aderências em procedimentos cirúrgicos pélvico-abdominais em cães,
justificando, portanto, a realização de novos experimentos em diferentes modelos
experimentais de adesiogênese na espécie canina que comprovem sua eficácia.
24
3 OBJETIVOS
3.1 Objetivo geral
Este estudo objetivou avaliar, por laparoscopia, a eficácia da aplicação
intraperitoneal de diferentes doses da solução a 1% de azul de metileno na
prevenção da formação de aderências pós-cirúrgicas em cadelas submetidas a
omentectomia, ovário-histerectomia e escarificação de um segmento do cólon.
3.2 Objetivos específicos
Avaliar a laparoscopia diagnóstica como método de quantificação da
formação de aderências intraperitoneais em cadelas submetidas a
omentectomia, ovário-histerectomia e escarificação do cólon;
Comparar, por meio de avaliação laparoscópica, o grau de formação de
aderências entre as cadelas submetidas a doses intraperitoneais
distintas da solução de azul de metileno a 1%, após omentectomia,
ovário-histerectomia e escarificação do cólon;
Descrever os principais sítios de formação de aderências em cadelas
submetidas a omentectomia, ovário-histerectomia, escarificação do
cólon, seguida ou não de infusão intraperitoneal de duas doses distintas
de solução de azul de metileno a 1%.
25
4 MATERIAL E MÉTODOS
4.1 Local de realização do experimento, aquisição e manejo dos animais
O experimento foi realizado no Hospital Veterinário da Escola de
Veterinária da Universidade Federal de Goiás, no período entre fevereiro e abril
de 2007. O presente trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética em
Experimentação Animal da Universidade Federal de Goiás (protocolo PRPPG-
UFG nº 044/2007) e as recomendações do Colégio Brasileiro de Experimentação
Animal (COBEA) foram obedecidas.
Utilizou-se 21 cadelas provenientes dos Centros de Controle de Zoonoses
dos municípios de Goiânia e Aparecida de Goiânia. À ocasião da seleção nos
Centros de Controle de Zoonoses, 40 cadelas foram pré-selecionadas pela massa
corporal, avaliação clínica geral e ultrassonografia abdominal, sendo escolhidos
animais entre sete e 13 kg (média 9,4 kg ± 3,2 kg), de estado geral bom, não
gestantes e não portadores de doenças concomitantes do trato genital detectável
ao exame ultrassonográfico.
Após a chegada ao HV, as cadelas foram higienizadas com água corrente
e shampoo para caninos, tosadas, submetidas a aplicação tópica de D-fenotrina
e piriproxifen em spray (Mypet Spray
®
– Vetbrands Saúde Animal – São Paulo –
SP – Brasil) para o controle de ectoparasitos, uso oral de pamoato de pirantel,
febantel e praziquantel (Canex Plus 3
®
– Vetbrands Saúde Animal – São Paulo –
SP – Brasil) em comprimidos. Posteriormente, foram acomodadas nos canis de
experimentação e submetidas aos exames laboratoriais de triagem, constituídos
de hemograma com pesquisa de hematozoários, determinação da atividade
sérica da alanina-aminotransferase (ALT), fosfatase alcalina (ALP) e quantificação
da creatina sérica, urinálise de rotina (elementos anormais e sedimentoscopia, ou
EAS) e parasitológico de fezes (contagem de ovos por grama, ou OPG).
Adicionalmente, procedeu-se o acompanhamento do ciclo estral por avaliação
colpocitológica periódica em todas as cadelas, conforme metodologia preconizada
por SILVA et al. (1986). Participaram do experimento apenas aquelas de
apresentavam-se em anestro.
Após realização de todos os exames clínicos,
laboratoriais e complementares, segundo recomendações de ETTINGER &
26
FELDMAN (2004), 21 cadelas saudáveis foram escolhidas para integrar o
experimento. As 19 restantes foram devidamente tratadas e doadas.
Os animais eram alimentados duas vezes ao dia com ração balanceada
para cães adultos (Finotrato Gold
®
– Rações VB – Grupo VB – Jaciara – MT –
Brasil) e água ad libitum, e submetidos a dois passeios diários de cerca de dez
minutos cada. A limpeza dos canis era realizada rigorosamente duas vezes ao
dia, com água corrente, detergente neutro e hipoclorito de sódio a 3%. O controle
de carrapatos no ambiente era realizado a cada 21 dias, após a retirada dos
animais dos canis, empregando-se amitraz (Amipur
®
– Vetbrands Saúde Animal –
São Paulo – SP – Brasil). O controle de ectoparasitos nos animais era realizado a
cada 30 dias com D-fenotrina e piriproxifen tópico (Mypet stip on
®
– Vetbrands
Saúde Animal – São Paulo – SP – Brasil). Os animais selecionados passaram por
um período de adaptação final de, no mínimo, 15 dias.
4.2 Preparo da solução de azul de metileno a 1%
As soluções de azul de metileno foram preparadas no Laboratório de
Bacteriologia do Setor de Medicina Veterinária Preventiva, em capela de fluxo
laminar, a partir de água destilada esterilizada e azul de metileno em pó
esterilizado (Azul de metileno – Roche – São Paulo – SP – Brasil). Logo após a
obtenção da diluição a 1%, amostras da solução foram colocadas em placas de
cultura bacteriológica contendo os meios de ágar sangue e McConkey e
incubadas a 39ºC durante uma semana em anaerobiose e aerobiose para a
avaliação do crescimento de possíveis agentes contaminantes e, em seguida,
estocadas em refrigerador a 4ºC. Após confirmada ausência de crescimento
microbiológico, as soluções foram aquecidas a 38ºC em um sistema de
aquecimento de fluidos por oito horas antecedendo aos procedimentos cirúrgicos,
temperatura esta compatível com a do organismo animal para emprego
intraperitoneal.
27
4.3 Período pré-operatório
Para a realização dos procedimentos cirúrgicos, os caninos foram
submetidos a jejum hídrico e alimentar de oito horas, tricotomia da região
abdominal e medicação pré-anestésica com aplicação subcutânea de cloridrato
de tramadol (Tramadon
®
– Cristália – São Paulo – SP – Brasil) e intramuscular de
cloridrato de clorpromazina (Compaz
®
– Cristália – São Paulo – SP – Brasil), nas
doses de 2 mg/kg e 1 mg/kg, respectivamente. A indução anestésica foi realizada
com bolus intravenoso de 5 mg/kg de propofol (Propovan
®
– Cristália – São Paulo
– SP – Brasil) e manutenção com halotano (Thanohalo
®
– Cristália – São Paulo –
SP – Brasil) vaporizado com oxigênio a 100%, fluxo de 20 ml/kg de massa
corporal, em sistema de circuito semi-aberto, após intubação oro-traqueal.
4.4 Procedimentos cirúrgicos e indução da formação de aderências
Todos os procedimentos cirúrgicos com o propósito de avaliar possível
formação de aderências foram realizados por um único cirurgião para se evitar
variações na padronização das lesões e constaram de laparotomia retro-umbilical
mediana de, aproximadamente, oito centímetros de extensão, seguida pela
omentectomia total, excisão do ligamento falciforme, ovário-histerectomia e
escarificação do cólon.
Após a incisão de pele, o tecido subcutâneo foi divulsionado e a cavidade
abdominal acessada por meio de pequena incisão na linha alba da região
umbilical com bisturi, a qual foi ampliada cranio-caudalmente com tesoura de
Mayo reta e com pontas atraumáticas. Posteriormente, realizou-se omentectomia
total após ligadura omental em dois ou três pontos próximos ao baço e à
curvatura maior do estômago com fio de ácido poliglicólico 2-0 (Policryl
®
Polysuture – São Paulo – SP – Brasil), e ressecção com tesoura curva com
pontas atraumáticas. As aderências foram induzidas por meio de ovário-
histerectomia empregando-se fio adesiogênico e escarificação do cólon. Para a
ovário-histerectomia, empregou-se o método das três pinças hemostáticas sobre
os complexos artério-venosos ovarianos (CAVO) e coto uterino, conforme
28
mencionado por STONE et al. (1998), com posterior ligadura circular única com
nó de cirurgião e fio de poliéster azul número 0 (Poliéster revestido – Medline –
Goiânia – GO – Brasil). Após esta etapa, promoveu-se a exteriorização do cólon e
escarificação de um segmento de oito centímetros com o auxílio de lâmina de
bisturi número 21 (Figura 3A) e gaze esterilizada (Figura 3B), até o surgimento de
petéquias e hemorragias puntiformes. Todo o ato cirúrgico, de todas as cadelas,
foi descrito e anotado em relatórios de procedimento cirúrgico individuais (Anexo
I).
4.5 Distribuição dos animais entre grupos e finalização do procedimento
cirúrgico
Estabeleceu-se que a divisão dos três grupos seria realizada após o
reposicionamento do cólon, instantes antecedentes à laparorrafia. Os animais
pertencentes ao grupo GI foram submetidos a infusão intraperitoneal de 1 mg/kg
de solução a 1% de AM a 38ºC (Figura 3C), instantes antes da laparorrafia,
segundo descrito por RAŞA et al. (2002). Os caninos alocados no grupo GII,
receberam 5 mg/kg da mesma solução (Figura 3D), conforme preconizado por
HODJATI et al. (2006). As distribuídas alocadas no grupo GIII, compuseram o
grupo controle, nas quais não houve infusão intraperitoneal.
Após a aplicação do tratamento, procedeu-se a laparorrafia com fio
monofilamentar de náilon 2-0 (Nylon 2-0 agulhado – Medline – Goiânia – GO –
Brasil) em pontos interrompidos em padrão Sultan, oclusão do tecido subcutâneo
com fio de ácido poliglicólico 2-0 em padrão Cushing, e a dermorrafia com náilon
monofilamentar 2-0 com pontos interrompidos simples. Ao término do
procedimento, realizou-se curativo local com cloreto de sódio 0,9%, cobriu-se a
ferida cirúrgica com fita adesiva com poros. Colocou-se também colar elizabetano
e uma roupa protetora, confeccionada a partir de um segmento de malha tubular
hidrofóbica número três ou quatro, de acordo com o tamanho da cadela (Figura
4).
29
FIGURA 3 – Escarificação de segmento de oito centímetros do cólon com lâmina
de bisturi (A) e gaze (B) para remoção da serosa cólica; cavidade
abdominal de cadelas após administração intraperitoneal de 1 mg/kg
(C) e 5 mg/kg (D) de solução esterilizada a 1% de azul de metileno,
após omentectomia, ovário-histerectomia e escarificação do cólon
FIGURA 4 – Emprego de malha tubular hidrofóbica para proteção da
ferida cirúrgica, vestida em uma cadela no pós-
operatório imediato
D
A
B
C
30
4.6 Manejo pós-operatório
O pós-operatório constou de antibioticoterapia profilática com aplicação
intramuscular de 15 mg/kg de amoxicilina (Agemoxi
®
– Agener União – São Paulo
– SP – Brasil), a cada 24 horas, durante seis dias, analgesia com 2 mg/kg via
subcutânea de cloridrato de tramadol, a cada oito horas, durante três dias e
curativos locais com cloreto de sódio 0,9%, a cada 12 horas, até a retirada da
sutura ao décimo dia após o procedimento cirúrgico. Durante quinze dias de pós-
operatório antecedentes à avaliação laparoscópica, todos os animais eram
submetidos a exame clínico diário, que constou da aferição da freqüência
cardíaca, do pulso da artéria femoral, da freqüência respiratória e da temperatura
retal, além da avaliação da atividade/comportamento alimentar. Os dados obtidos
foram anotados em fichas individuais (Anexo II).
4.7 Avaliação laparoscópica da formação de possíveis aderências
intraperitoneais
Decorridos 15 dias dos procedimentos cirúrgicos, todas as cadelas foram
submetidas à avaliação vídeo-laparoscópica para quantificação das aderências e
descrição dos principais sítios adesiogênicos. Empregou-se os mesmos regimes
pré-operatórios, medicações pré-anestésicas e fármacos de indução e
manutenção anestésicas utilizados para a realização dos procedimentos
cirúrgicos abdominais.
O equipamento de vídeo-cirurgia empregado no presente experimento
constou de um sistema composto por monitor de 14 polegadas de alta-resolução
(Monitor de vídeo SONY), microcâmera de três chips e processador de vídeo de
alta resolução (Telecam SL – Karl Storz – Tuttlingen – Alemanha) fonte de luz de
xenon de 300 watts (Xenon Nova – Karl Storz – Tuttlingen – Alemanha) e
insuflador automático de CO
2
(Electronic Endoflator – Karl Storz – Tuttlingen –
Alemanha).
Após o preparo asséptico do campo operatório. As cadelas eram
posicionadas em decúbito dorsal, com a cabeça voltada para o monitor do
31
equipamento de vídeo-cirurgia para avaliação das estruturas situadas na região
pélvica e do cólon (Figura 5B). Procedeu-se uma mini-celiotomia mediana pré-
umbilical de, aproximadamente, 12 mm de extensão, cerca de dois centímetros
cranial à extremidade anterior da cicatriz da celiotomia, para inserção aberta da
camisa do trocarte de 11 mm e, através deste, do telescópio de 30º e 10 mm de
diâmetro. Para a visibilização adequada das estruturas intraperitoneais, a
cavidade abdominal foi insuflada com CO
2
a uma pressão de 10 mmHg e
velocidade de insuflação de 2 L/min, conforme preconizado por BRUN et al.
(2000) e MALM et al. (2004). Após inspeção geral da cavidade abdominal, inseriu-
se um segundo trocarte de 5 mm na região hipocôndrica esquerda (Figura 5A)
para pinça laparoscópica de apreensão atraumática para manipulação visceral.
FIGURA 5 – Transiluminação abdominal da região hipocôndrica esquerda (A)
para incisão de pele, sem lesionar ramos das veias e artérias
epigástricas superficiais (B), seguida de posterior inserção vídeo-
assistida do trocarte de 6 mm. Observa-se na imagem intra-
abdominal o detalhe da penetração da ponta piramidal do mandril
do trocarte, indicado pela seta (C), e o conjunto cânula-trocarte no
instante da inserção (D)
A
B
DC
32
O exame do pedículo ovariano direito era realizado após fixação do
membro torácico direito junto ao esquerdo, promovendo-se um giro sutil do plano
mediano do animal para a esquerda (Figura 6B). Esta manobra teve a finalidade
de facilitar o exame do pedículo ovariano direito, reduzindo-se o tempo e o risco
cirúrgico ocasionados por manipulação de alças intestinais que obstruíam e
retardavam a visualização pedicular. A avaliação do coto do pedículo ovariano
esquerdo foi procedida após adoção de manobra idêntica, promovendo-se,
contudo, giro do plano mediano para o lado direito (Figura 6C). Os animais eram
posicionados em decúbito dorsal sem rotação do plano mediano para visibilização
do cólon e do coto uterino.
FIGURA 6 – Representação esquemática do posicionamento das cadelas para
avaliação laparoscópica. Decúbito dorsal para visibilização das
estruturas pélvicas (A). Para inspeção do pedículo ovariano direito,
fixou-se o membro torácico direito ao esquerdo, promovendo leve
rotação do tórax para a esquerda (B); para exame do CAVO
esquerdo, realizou-se manobra oposta (C)
4.8 Classificação das aderências intraperitoneais pós-cirúrgicas
Para a caracterização dos escores de formação de aderências entre os
grupos e descrição dos principais prováveis sítios adesiogênicos, baseou-se no
33
sistema de classificação de aderências intraperitoneais proposto por MORENO et
al. (1996), adaptado para o presente estudo. O Quadro 2 demonstra os critérios
de pontuação segundo número, sítio de aderências, vascularização, extensão e
constituição/tipo de ruptura.
QUADRO 2 – Sistema de classificação laparoscópica por escores de aderências
intraperitoneais em cadelas submetidas a ressecção do ligamento
falciforme, omentectomia, ovário-histerectomia e escarificação do
cólon, seguido por infusão intraperitoneal de 1 mg/kg de azul de
metileno 1% (GI), 5 mg/kg da mesma solução (GII) ou sem
tratamento (GIII, controle), adaptado de MORENO et al. (1996).
CRITÉRIO PONTUAÇÃO
Número de aderências
1 para cada
Sítio de aderência
Gordura pélvica/parede abdominal 1
Gordura pélvica/cólon, coto uterino ou bexiga 2
Coto uterino/cólon 2
Mesentério/pedículo ovariano 2
Coto uterino/alça intestinal 3
Pedículo ovariano/alça intestinal ou pâncreas 3
Cólon ou alça intestinal/parede abdominal 4
Coto uterino/bexiga 4
Coto uterino/bexiga/alça intestinal/cólon 5
Vascularização
Ausente 0
Presente 2
Extensão
Única 1
Múltiplas 3
Constituição/tipo de ruptura
Tipo I (fina/simples, sem dissecção) 1
Tipo II (densa/dissecção para separar áreas aderidas) 2
Tipo III (granulomatosa/difícil dissecção) 3
A determinação dos escores de todos os animais, bem como a descrição
dos sítios de formação de aderências, foram atribuídos pelo mesmo cirurgião, o
qual não teve acesso à informação sobe a qual grupo cada cadela pertencia.
Após somatória dos pontos obtidos na ocasião da laparoscopia, a atribuição final
do escore de aderência de cada animal foi determinado e anotado em fichas
individuais.
Após o término das avaliações laparoscópicas, os animais foram avaliados
clinicamente por mais 15 dias, até o final do experimento. Na presença de
34
achados clínicos sugestivos de enfermidades secundárias à formação de
aderências, realizava-se anotações em fichas de pós-operatório individuais.
4.9 Avaliação estatística dos dados obtidos
4.9.1 Laparoscopia na classificação das aderências intraperitoneais
A avaliação da laparoscopia diagnóstica na classificação das adesões
intraperitoneais pós-cirúrgicas recebeu tratamento estatístico descritivo
(SAMPAIO, 1998).
4.9.2 Efeito da solução de azul de metileno a 1% na profilaxia da adesiogênese
Os escores de aderências foram comparados entre os grupos, GI, GII e
GIII, por meio do teste não-paramétrico de Kruskal-Wallis, ao nível de
significância de 5% (SAMPAIO, 1998), através do PROC NPAR1WAY do software
SAS (SAS, 2001).
4.9.3 Freqüências dos principais sítios de formação de adesões
As freqüências dos principais sítios de formação de aderências pós-
cirúrgicas entre os grupos GI, GII e GIII foram analisados descritivamente
(SAMPAIO, 1998).
35
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.1 Laparoscopia na classificação das aderências intraperitoneais
Dos 21 animais submetidos aos procedimentos cirúrgicos acessados por
laparotomia retro-umbilical mediana, um (14,3%) pertencente ao GI veio a óbito
em decorrência de complicações anestésicas no período trans-operatório,
momentos antes da aplicação intraperitoneal de 1 mg/kg de solução de azul de
metileno a 1%. Não houve óbito de nenhum animal durante o período pós-
operatório e durante as avaliações laparoscópicas. As suturas cutâneas de todos
os animais foram removidos aos 10 dias do pós-operatório e não sendo
observadas complicações relevantes, como intensa inflamação local, deiscência
de ferida, eventração ou evisceração.
Com relação à avaliação intra-abdominal pós-operatória, a
vídeolaparoscópica mostrou-se eficaz, de rápida e prática execução no
diagnóstico da formação de aderências intraperitoneais em todas as cadelas.
Além disso, permitiu avaliação minuciosa e acurácia na classificação das
adesões, uma vez que houve magnificação da imagem real em até 20 vezes,
conforme mencionado por FREEMAN (1999). Detalhes importantes e mínimos,
como a presença de fina rede vascular neoformada no tecido conectivo das
adesões (Figura 7), foram adequadamente visibilizados e permitiram a adaptação
do sistema de classificação das aderências atribuído por MORENO et al. (1996) à
realidade do modelo experimental aqui proposto. Ressalta-se que não houve
necessidade de se eutanasiar os animais, contrariando as recomendações de
OZEL et al. (2005), os quais preconizaram a eutanásia e posterior laparotomia em
forma de “U” para avaliação mais eficaz das estruturas abdominais em diversos
modelos experimentais.
36
FIGURA 7 – Aderências de tecido conectivo, classificadas como múltiplas, densas
e vascularizadas, localizadas entre dois segmentos de alças
intestinais, em uma cadela pertencente ao grupo GIII. Observa-se
detalhadamente presença de neovascularizações distribuídas ao
longo do tecido conectivo das adesões (setas)
O tempo médio da realização dos procedimentos laparoscópicos, desde a
incisão de pele até a completa drenagem do penumoperitônio foi de 11 minutos e
38 segundos (± 4’27”). O baixo tempo de exploração associado à baixa pressão
de pneumoperitônio empregada no presente experimento, de 10 mmHg,
resultaram em grande segurança e baixo risco anestésico/cirúrgico durante a
realização dos procedimentos laparoscópicos. Esse fato encontrou respaldo nas
afirmações de ISHIZAKI et al. (1993), os quais não observaram alterações
significativas nos parâmetros cardiovasculares em cães submetidos a pressões
intra-abdominais de 8 e 12 mmHg por até três horas de pneumoperitônio. NESEK-
ADAM et al. (2004) acrescentaram que baixas pressões de capnoperitônio não
conotam em alterações na circulação hepática e de enzimas séricas hepáticas em
cães submetidos a até 90 minutos de procedimento laparoscópico. De acordo
com PITOMBO (2005), pacientes portadores de necessidades especiais ou
37
enfermidades cardiopulmonares leves a moderadas podem ser submetidos a
procedimentos laparoscópicos com pressão intraperitoneal de até 10 mmHg, sem
apresentarem riscos cirúrgicos inerentes ao pneumoperitônio com CO
2
.
No presente estudo, os animais foram posicionados em decúbito dorsal
para a avaliação laparoscópica, segundo recomendações de BRUN et al. (2004).
Não foi necessário posicionar os caninos em posição de Trendelenburg, para a
avaliação das aderências envolvendo coto uterino, bexiga e cólon. Segundo
FREEMAN (1999), essa inclinação do paciente objetiva deslocar cranialmente as
vísceras abdominais, sobretudo alças intestinais e baço, para melhorar o campo
operatório e/ou a visibilização das estruturas pélvicas. SCOTT et al. (1966)
descreveu o aumento progressivo e ângulo-dependente da dificuldade respiratória
em pacientes submetidos a ventilação espontânea, devido à compressão do
músculo diafragma, redução do volume pulmonar e alteração hemodinâmica
pulmonar.
O jejum pré-operatório, associado à manipulação cautelosa das vísceras,
foi considerado medida satisfatória no diagnóstico e classificação laparoscópica
das adesões pélvicas em todas as cadelas. Segundo FREEMAN (1999), jejum
pré-operatório insatisfatório resulta em dificuldades ao exame laparoscópico, tais
como distensão de alças intestinais e riscos de lesões iatrogênicas às vísceras
pélvico-abdominais, fato este não observado no presente estudo. Adicionalmente,
empregou-se a rotação parcial do tórax no trans-cirúrgico para avaliação
laparoscópica dos pedículos ovarianos (Figura 6). As manobras de rotação dos
membros torácicos foram de rápida execução e de fundamental importância para
a visibilização completa e classificação das adesões envolvendo os CAVOs direito
e esquerdo e vísceras anexas, permitindo o emprego de apenas um portal auxiliar
e uma pinça para manipulação visceral.
A adoção de apenas um trocarte auxiliar de seis milímetros, inserido na
região hipocôndrica esquerda, mostrou ser o suficiente para manipulação das
vísceras abdominais com pinça de apreensão atraumática para avaliação mais
precisa das adesões presentes e, em sete (35%) cadelas, posterior adesiólise.
Todavia, ressalta-se que aderências fibrosas ou granulomatosas envolvendo
sítios mais delicados, como bexiga, alças intestinais ou cólon, podem requerer
mais de um portal de instrumental e ressecção mais cautelosa com a utilização de
38
laser, cautério bipolar ou bisturi harmônico/ultra-sônico, conforme orientações de
BOURÉ et al. (2002), SWANK & JEEKEL (2004) e PARKER et al. (2005).
Não houve complicações trans e pós-operatórias inerentes à avaliação
laparoscópica em nenhum animal e todos os caninos retornaram às suas
atividades normais, isto é, deambulação e ingestão de alimentos e água, cerca de
uma hora após o término dos procedimentos cirúrgicos. Acredita-se que a
analgesia preemptiva adotada na medicação pré-anestésica, com cloridrato de
tramadol na dose de 2 mg/kg, conforme sugerido por MASTROCINQUE &
FANTONI (2003), tenha contribuído para a pronta recuperação dos animais.
5.2 Efeito da solução de azul de metileno a 1% na profilaxia da
adesiogênese
A opção pelo estudo da solução de azul de metileno na profilaxia da
adesiogênese pós-cirúrgica em caninos fundamentou-se na fácil aquisição do
medicamento, baixo custo, alta segurança de sua administração, rápido
metabolismo, baixa toxicidade e por apresentar eficácia em modelos
experimentais distintos com outras espécies animais. OLIVEIRA NETO et al.
(2003), STOCCHE et al. (2004) e MENARDI et al. (2006) empregaram solução a
1% de AM pela via intravenosa, na dose de 1 a 5 mg/kg em pacientes portadores
de anafilaxia durante anestesia e em estudos experimentais em animais, e
enfatizaram a segurança do emprego terapêutico desse fármaco. Além dessas
indicações, VIANA (2003) recomendou emprego de azul de metileno nas espécies
canina e felina, como antisséptico das vias urinárias, na dose de 65 mg pela via
oral, no tratamento de eczemas e tumores benignos de crescimento rápido na
dose de 3 mg/kg diluídos em 250 ml de solução fisiológica e administrados pela
via intravenosa, ou 8,8 mg/kg pela mesma via no tratamento de
metahemoglobinemia. Apesar do conhecimento a cerca das aplicações clínicas
do azul de metileno na espécie canina, nenhuma informação relacionada à sua
aplicação intraperitoneal na profilaxia da formação de adesões pós-cirúrgicas foi
encontrada na literatura pesquisada.
39
A escolha da diluição a 1% encontrou respaldo nos resultados de KLUGER
et al. (2000), os quais relataram que esta concentração resultou em menor
formação de adesões pós-cirúrgicas em estudo dose-dependente em ratas
submetidas a escarificação do corno uterino. PRIEN et al. (1995) e GÜL et al.
(2000) afirmaram que diluições a 9% e 5%, respectivamente, resultaram em
aumento da formação de adesões em ratas. As doses avaliadas no presente
estudo, 1 e 5 mg/kg, foram referenciadas nos trabalhos de RAŞA et al. (2002) e
HODJATI et al. (2006), os quais obtiveram redução da adesiogênese em ratos e
coelhos utilizando essas doses pela via intraperitoneal, respectivamente.
No modelo experimental estudado, observou-se formação de aderência em
todos os 20 (100%) animais avaliados, independente do grupo ao qual
pertenciam. De forma semelhante, TREW (2006) afirmou que aderências se
formam após quase todos os procedimentos cirúrgicos abdominais e pélvicos em
seres humanos, podendo esta incidência chegar a 93% dos pacientes operados.
Em revisão de literatura, LIAKAKOS et al. (2001) citaram que estas adesões
imprimem grande dificuldade quando da necessidade de reintervenção cirúrgica,
podendo aumentar o tempo cirúrgico em média 18 minutos e acarretar risco de
lesões iatrogênicas de alças intestinais, mesmo para cirurgiões experientes.
ATTARD & MACLEAN (2007) acrescentaram que a ocorrência de aderências
intraperitoneais pós-cirúrgicas pode chegar a 100% dos pacientes operados,
conforme o encontrado no presente estudo. HENDERSON (1996) apontou que a
formação de aderências intraperitoneais é freqüente após laparotomia em cães,
apesar de não ter mencionado numericamente a sua ocorrência.
Ao comparar os grupos quanto aos escores de formação de aderências,
não se obteve diferença significativa (p > 0,05) após aplicação de 1 ou 5 mg/kg de
solução a 1% de azul de metileno pela via intraperitoneal, entre si e em
comparação ao grupo controle (Tabela 1). De forma semelhante ao encontrado no
presente estudo, DURAN et al. (2002), ao comparar a eficácia do azul de metileno
à do Lipidol
®
, um meio de contraste oleoso utilizado durante a salpingoscopia em
mulheres, como adjuvantes intraperitoneais no controle da adesiogênese após
cauterização de segmento de corno uterino em ratas, relataram que o segundo foi
eficaz, não havendo diferença no escore de adesões entre o grupo tratado com
azul de metileno e o controle. Contudo, os autores empregaram solução a 0,1%
40
na dose de 0,4 mg/kg de peso corporal, concentração e dose inferiores àquelas
empregadas no presente estudo e consideradas por KLUGER et al. (2000) como
insatisfatórias na prevenção da formação de aderências.
TABELA 1 – Resultado do teste de Kruskal-Wallis, ao nível de significância de
5%, para comparação entre grupos de cadelas submetidas a
omentectomia, ovário-histerectomia e escarificação do cólon,
seguido por infusão intraperitoneal de 1 mg/kg (GI) ou 5 mg/kg (GII)
de solução de azul de metileno 1% ou controle (GIII), no Hospital
Veterinário da EV-UFG, entre os meses de fevereiro e abril de
2007.
p = 0,0702; NS = 0,05.
Apesar de não ter sido eficaz na profilaxia da formação de aderências pós-
cirúrgicas em cadelas no modelo experimental proposto, acredita-se na
possibilidade de eficácia da solução de azul de metileno associada a outros
fármacos ou métodos anti-adesiogênicos na profilaxia da formação de adesões
também na espécie canina. Esta hipótese encontrou respaldo nos resultados de
um estudo randomizado em cães, realizado por GHOUL (2005). De acordo com o
autor, o emprego intraperitoneal da solução a 0,5% de azul de metileno associada
à solução de carboximetilcelulose a 1%, piroxicam, cefalosporina e heparina foi
eficaz na prevenção da formação de aderências entre vísceras abdominais e o
local da anastomose jejunal. Entretanto, o autor não especificou a dose em mg/kg
de peso corporal do AM nos animais estudados. CAO et al. (2005) avaliaram o
efeito do azul de metileno a 1% intraperitoneal, aprotinina e a combinação entre
solução de azul de metileno e aprotinina na prevenção da formação e aderências
intraperitoneais em 83 pacientes humanos submetidos a colectomia parcial e
ileostomia ou colostomia temporária, no primeiro momento cirúrgico, e posterior
anastomose, no segundo momento cirúrgico. Os autores relataram que o uso
isolado da solução de azul de metileno, tal como o da aprotinina, não implicou na
redução significativa da formação de adesões, resultado este semelhante ao
encontrado no presente estudo. Porém, a combinação entre as duas soluções
GRUPO N° DE UNIDADES EXPERIMENTAIS MÉDIA DOS ESCORES
GI 6 14,67
GII 7 23,14
GIII 7 22,00
41
reduziu satisfatoriamente a formação de aderências pós-cirúrgicas naqueles
pacientes.
As doses da solução de azul de metileno a 1% em água destilada
utilizadas no presente estudo, de 1 e 5 mg/kg, não revelaram diferença
significativa (p > 0,05) quando comparadas entre si e ao grupo controle.
Semelhantemente à metodologia utilizada no presente estudo, HEYDRICK et al.
(2007) empregaram azul de metileno diluído em água destilada pela via
intraperitoneal em ratos pesando entre 150 a 200 gramas, submetidos a isquemia
peritoneal parietal. Entretanto, os autores aplicaram 30 mg/kg de solução a 0,5%
de AM e obtiveram redução da formação de aderências intraperitoneais pós-
cirúrgicas, contrastando com e resultados obtidos no presente estudo. Em estudo
experimental em ratas, CETIN et al. (2003) compararam a solução a 1% de AM à
solução salina e ao gel de N,O-carboximetilquitosana na profilaxia da formação de
aderências no modelo experimental de cauterização do corno uterino e
concluíram que o azul de metileno e a N,O-carboximetilquitosana foram
igualmente eficazes na redução da formação de adesões. Porém, os autores
afirmaram que preparou-se a solução a 1% de AM a partir da dissolução do pó
em solução de NaCl a 0,9% e obteve-se redução da formação de aderências
após aplicação intraperitoneal de 100 mg/ml da solução, ou seja, dois mililitros de
solução no abdômen de cada rato de 200 gramas de peso corporal.
As doses, diluição e formulação utilizadas no presente estudo não foram
favoráveis à redução da adesiogênese pós-cirúrgica em cadelas submetidas a
omentectomia, ovário-histerectomia e escarificação do cólon. Todavia,
observando-se a diferença da média dos escores do grupo GI em relação aos
grupos GII e GIII (TABELA 1), acredita-se que com um número maior de animais
avaliados por grupo, tal diferença poderia ser alcançada. Em estudo dose-
dependente, RAŞA et al. (2002) relataram que a dose de 1 mg/kg de peso
corporal resultou na redução da adesiogênese em ratas submetidas a
escarificação da serosa cecal, contrariando com os achados do presente estudo.
De forma semelhante, DINC et al. (2006) afirmaram que a solução a 1% de AM
pela via intraperitoneal reduziu a formação de adesões em ratos submetidos à
escarificação do ceco, porém retardou a cicatrização de anastomoses intestinais
devido a diminuição da ação da enzima óxido nítrico sintetase (NOS), responsável
42
pelo incremento da reação inflamatória pós-trauma cirúrgico e produzida em
maiores proporções nos primeiros três dias após a lesão tissular. Já HODJATI et
al. (2006) relataram redução da formação e adesões em coelhos que receberam 5
mg/kg de solução de AM a 1%.
Diante das diferenças não significativas (p > 0,05) obtidas nesse estudo,
contrariando os resultados dos experimentos supracitados nos quais ratos e
coelhos foram utilizados como unidades experimentais, acredita-se que existam
diferenças com relação à farmacocinética e à farmacodinâmica da solução de
azul de metileno aplicada pela via intraperitoneal em cães em relação às outras
espécies animais estudadas. Contudo, informações relacionadas a estas
possíveis particularidades não foram mencionadas na literatura consultada.
Mesmo não havendo diferença significativa, os animais alocados no GII
apresentaram maior média de escore de formação de aderências que os caninos
do GI. Provavelmente, a dose de 5 mg/kg de solução a 1% de AM incrementou a
reação inflamatória nas camadas serosas viscerais nas cadelas estudadas em
comparação à dose de 1mg/kg. Esta hipótese pode ser embasada no estudo de
GÜL et al. (2000), os quais afirmaram que o azul de metileno promoveu ativação
e proliferação macrofágica no ambiente peritoneal em ratas e, conseqüentemente,
maior formação de aderências intraperitoneais, em doses superiores às
convencionais. Apesar dos mecanismos bioquímicos que culminam com a
formação de adesões não estarem completamente elucidados, TREW (2006)
relatou que os macrófagos peritoneais desempenham papel crucial na
adesiogênese por meio da secreção de citocinas e fatores de crescimento que
levam ao aumento da proliferação de fibroblastos secretores de matriz
extracelular e, conseqüentemente, à fibroplasia das aderências fibrinosas.
Acredita-se, portanto, que doses inferiores às empregadas no presente estudo
resultem em escores significativamente menores de formação de aderências
intraperitoneais em caninos. Todavia, doses inferiores a 1 mg/kg não foram
testadas no presente estudo. É possível que futuros estudos dose-dependentes,
utilizando-se doses intraperitoneais inferiores àquelas aqui empregadas, possam
elucidar de forma mais precisa a eficácia da solução de azul de metileno na
prevenção da formação de adesões pós-cirúrgicas na espécie canina.
43
Não se observou redução da formação de aderências pós-cirúrgicas em
cadelas que receberam 5 mg/kg dessa solução de baixo peso molecular. Ao
contrário, o grupo GII apresentou maior média de escore de adesões (p > 0,05).
RAŞA et al. (2002), em estudo dose-dependente, relataram que o emprego
intraperitoneal de solução de azul de metileno na dose de 5 mg/kg não reduziu a
formação de adesões pós-cirúrgicas em ratos submetidos à escarificação do
ceco, em comparação com o grupo controle. Esse resultado foi semelhante ao
apresentado no presente estudo. Contrastando com esses resultados, HODJATI
et al. (2006) afirmaram que o emprego de 5 mg/kg de peso corporal resultou na
diminuição significativa da formação de adesões em coelhos. Porém, os autores
promoveram a inoculação intraperitoneal de suspensão de silicato de magnésio,
principal constituinte químico do talco de luvas cirúrgicas, para promover reação
intra-abdominal tipo corpo estranho e conseqüente formação de aderências. Esse
método de indução da adesiogênese diferiu do utilizado no presente estudo com
cadelas e do empregado por RAŞA et al. (2002) em ratos, fator que deve ser
considerado na discrepância de resultados entre esses modelos experimentais.
Apesar de não terem ocorrido óbitos e complicações pós-operatórias em
nenhuma unidade experimental durante o estudo, em um animal pertencente ao
grupo GIII, houve liberação espontânea da ligadura do CAVO esquerdo no trans-
operatório, fazendo-se necessária ampliação da linha de incisão e maior
manipulação visceral para a realização da hemostasia efetiva desse pedículo
ovariano. Essa cadela obteve a maior pontuação de adesiogênese dentre todos
os caninos estudados, com presença de vastas adesões entre grandes
segmentos de intestino delgado, envolvendo o cólon, alças jejunais e bexiga,
pedículos ovarianos e alças intestinais e mesentério (Figura 8). Esses achados
corroboraram as afirmações de LIAKAKOS et al. (2001) e TREW (2006), os quais
alegaram que o extenso trauma às serosas viscerais constitui-se em um dos três
principais fatores adesiogênicos em procedimentos cirúrgicos pélvico-abdominais,
além da isquemia tecidual e presença de corpos estranhos. Esta informação
coincide com os resultados do estudo de GERVIN et al. (1973), os quais
relataram que cães submetidos a abrasão do peritônio parietal e visceral perdem
mais de 50% da capacidade fibrinolítica peritoneal, dada pela redução da síntese
de ativadores do plasminogênio (t-PA e u-PA), e apresentaram maior formação de
44
aderências pós-cirúrgicas. MONTZ et al. (1991) comprovaram que a
administração de ativadores do plasminogênio recombinantes reduzem a
adesiogênese após extensa lesão cirúrgica pélvica em cães. ORDOÑEZ et al.
(1997) acrescentaram que cirurgiões no início da fase de treinamento cirúrgico em
coelhos, promoveram maior trauma tissular intraperitoneal que cirurgiões em fase
final de treinamento, resultando em maior formação de aderências pós-
operatórias. Todavia, no presente estudo apenas um cirurgião realizou todos os
procedimentos cirúrgicos, com a colaboração de auxiliar, após treinamento
exaustivo durante meses, antes do início desse experimento.
FIGURA 8 – Aderências formadas em uma das cadela pertencentes ao grupo
GIII, submetida a intensa manipulação visceral para hemostasia do
pedículo ovariano esquerdo. Presença de fortes adesões fibrosas
entre três segmentos de alça intestinal (1, 2 e 3) (A); adesão
granulomatosa entre alça intestinal (ai), coto uterino (ut), bexiga (be)
e cólon (cn) (B); granuloma entre o complexo artério-venoso
ovariano esquerdo (seta), a cápsula do rim esquerdo (cr) e
segmento de alça intestinal (ai) (C); adesões fibrosas e
vascularizadas entre segmentos de alça intestinal (ai) (D)
1
2
3
ut
ai
cn
be
cr
ai
ai
ai
A B
C D
45
Além de não ter resultado na redução da formação de aderências pós-
cirúrgicas no presente modelo experimental, observou-se manifestação de sinais
clínicos deletérios associados ao emprego da solução aquosa esterilizada a 1%
de azul de metileno pela via intraperitoneal nas cadelas avaliadas. Dos seis
animais pertencentes ao GI, dois (33,3%) manifestaram náusea/vômito após
oferta de alimento, cinco (83,3%) apresentaram inapetência transitória com
retorno tardio à alimentação (após 12 horas do procedimento cirúrgico) e todos
(100%) apresentaram urina azulada/esverdeada durante a micção no primeiro dia
do pós-operatório.
Dentre as sete cadelas que receberam 5 mg/kg de solução a 1% de AM
(GII), três (42,8%) tiveram emese, seis (85,7%) se alimentaram após 12 horas do
procedimento cirúrgico, duas (28,5%) manifestaram diarréia esverdeada e todas
(100%) apresentaram urina de coloração azul durante a micção. Contudo, a
presença desses sinais clínicos se restringiram às primeiras 36 horas do pós-
operatório, não fazendo-se necessário uso de terapia suporte para a estabilização
do quadro clínico dos animais.
Com relação aos sete caninos que constituíram o grupo controle (GIII), três
(42,8%) se alimentaram nas primeiras seis horas e quatro (57,2%) entre sete e 12
horas decorridas do procedimento cirúrgico, sendo que nenhum animal
apresentou náusea/vômito, diarréia ou coloração anômala da urina no primeiro dia
do pós-operatório.
Os achados clínicos presentes nos animais pertencentes aos grupos GI e
GII corroboram as descrições de CAMP (2007), o qual considerou a coloração
azulada/esverdeada da urina e o vômito como conseqüências da administração
intravenosa de solução a 1% de azul de metileno. Porém, o autor citou que
complicações maiores decorrentes do emprego desse fármaco são incomuns em
pacientes humanos. Acrescente-se que, para WHITWAM et al. (1979), o azul de
metileno exerce ação oxidante sobre a hemoglobina quando empregado em
doses elevadas, cursando com metahemoglobinemia.
Entretanto, a segurança da administração de solução de azul de metileno
por diferentes vias, em doses semelhantes ou mesmo superiores àquelas
empregadas no presente estudo e em diversos modelos experimentais distintos,
foi testada e comprovada por RAŞA et al. (2002), DINC et al. (2006) e MENARDI
46
et al. (2006). CETIN et al. (2003) relataram não ter havido qualquer sinal clínico
associado à aplicação de até 50 mg/kg intraperitoneal de azul de metileno a 1%
em ratas submetidas a lesão dos cornos uterinos, exceto discreta alteração na
coloração da urina de amarelo citrino para verde. De forma semelhante, coelhas
inoculadas com infusão intraperitoneal de 5 mg/kg de azul de metileno a 1%
apresentaram apenas urina de coloração esverdeada nos primeiros dias de pós-
operatório, conforme descrito por HODJATI et al. (2006). Todavia, SWEET &
STANDIFORD (2007) descreveram desenvolvimento de encefalopatia
manifestada por cefaléia em cinco pacientes humanos de 132 submetidos a
infusão intravenosa de 3 a 5 mg/kg de solução de AM para paratiroidectomia. As
evidências encontradas na literatura pesquisada conduzem à hipótese de que a
solução a 1% de azul de metileno apresente diferentes reações sobre a serosa
visceral e/ou o peritônio parietal em cadelas, ratas e coelhas, fundamentando-se
sobretudo nos resultados de RAŞA et al. (2002) e HODJATI et al. (2006). Já
NOLAN (1995) descreveu o caso de uma mulher com dor abdominal aguda e
ascite após emprego de solução de AM nas tubas uterinas para diagnóstico de
infertilidade por obstrução tubária. O autor acrescentou que, durante laparotomia
de emergência, observou-se presença de exsudato inflamatório, sem lesão
visceral aparente e que o paciente apresentou melhora do quadro clínico após
terapia com corticóides e analgésicos.
5.3 Freqüências dos principais sítios de formação de adesões
No presente estudo, todas as 20 cadelas estudadas apresentaram, em
maior ou menor grau, adesões envolvendo diversas estruturas intra-abdominais.
Em estudo retrospectivo realizado por VAN DER GAAG et al. (1981), dentre as
109 cadelas que manifestaram complicações após ovário-histerectomia, 20
apresentaram distúrbios enterológicos associados à formação de aderências, das
quais dez foram submetidas a ressecção intestinal/anastomose e as dez
restantes, eutanaziadas em razão de complicações irreversíveis.
Complementando esta informação, COOLEMAN et al. (1999), afirmaram que
quando presentes, as complicações decorrentes da formação de aderências pós-
47
cirúrgicas em caninos representam risco potencial à vida do paciente.
HENDERSON (1996) acrescentou que a formação de aderências intraperitoneais
pós-cirúrgica em cães, apesar de raramente gerarem complicações secundárias,
não devem ser negligenciadas pelos cirurgiões veterinários.
No modelo experimental empregado no presente estudo, as ligaduras com
fio de poliéster revestido aplicadas sobre os pedículos ovarianos e coto uterino
para hemostasia preventiva durante a ovário-histerectomia, associadas à
escarificação de um segmento da serosa do cólon, resultaram na formação de
aderências, em maior ou menor grau, em todas as cadelas, independente do
grupo ao qual pertenciam. De forma semelhante, HEIDRICK et al. (2007)
promoveram formação de aderências em ratos submetidos a lesões isquêmicas
por ligadura de porções do peritônio parietal, empregando-se fio multifilamentoso
não-absorvível de algodão. Já GALILI et al. (1998), induziram adesiogênese após
lesão da serosa uterina em ratas. Segundo OZEL et al. (2005), a escarificação da
serosa visceral constitui-se em um dos métodos mais empregados e eficazes de
promoção de adesões em diversas espécies animais.
Houve maior formação de aderências resultantes da ovário-histerectomia
que da escarificação do cólon. Acredita-se que o fio de poliéster revestido
empregado para ligadura do complexo artério-venoso ovariano (CAVO) tenha
contribuído sensivelmente para essa variada gama de adesões intraperitoneais.
De acordo com BOOTHE (1998) e MARQUES (2005), o poliéster é um fio
multifilamentar não-absorvível que confere maior resistência à tração em
comparação com outros materiais de fios. Contudo, os autores acrescentaram
que é o material que gera maior reação tissular dentre os fios não-absorvíveis,
especialmente quando revestido com silicone, polibutilato ou politetrafluoroeltileno
(teflon), gerando cápsulas de tecido fibroso ao seu redor. Essa reação tecidual foi
encontrada no presente estudo, sobretudo nos pedículos ovarianos.
Dentre as 20 unidades experimentais avaliadas, 15 cadelas (75%)
apresentaram adesões entre o pedículo ovariano direito e/ou esquerdo e alça(s)
intestinal(is), mesentério ou pâncreas, 14 (70%) entre o coto uterino e bexiga,
gordura pélvica e/ou alças intestinais, e nove animais (45%) aderências
envolvendo o cólon e a camada de tecido adiposo do ligamento largo da bexiga
(gordura pélvica), bexiga e/ou alças intestinais (Tabela 2).
48
TABELA 2 – Teste do Chi-quadrado para comparação das freqüências absoluta e
relativa de cadelas portadoras de aderências envolvendo o(s)
pedículo(s) ovariano(s), coto uterino ou o cólon, 15 dias após
ressecção do ligamento falciforme, omentectomia, ovário-
histerectomia e escarificação do cólon, seguido por infusão
intraperitoneal de 1 mg/kg (GI) ou 5 mg/kg (GII) de solução de azul
de metileno 1% ou controle (GIII).
SÍTIOS
ADESIOGÊNICOS
GRUPOS
GI (n*=6) GII (n=7) GIII (n=7) TOTAL (n=20)
Nº* %*** % % %
Pedículos ovarianos
a
4 66,7 6 85,7 5 71,4 15 75,0
Coto uterino
4 66,7 6 85,7 4 57,1 14 70,0
Cólon
c
2 33,3 2 28,5 5 71,4 9 45,0
a
p = 0,705;
b
p = 0,495;
c
p = 0,216; *número de animais do grupo; **freqüência absoluta de animais
acometidos por aderências por cada sítio adesiogênico; ***freqüência relativa de animais no grupo
acometidos por aderências por cada sítio adesiogênico.
Não houve diferença significativa (p = 0,216) ao comparar os grupos
quanto à freqüência de animais portando adesões de cólon (Tabela 3). Contudo,
observou-se que os animais distribuídos nos grupos GI e GII apresentaram menor
número de cadelas com aderências quando comparados ao grupo controle. Dos
seis caninos que receberam 1 mg/kg intraperitoneal de solução a 1% de AM, dois
(33,3%) apresentavam adesões no cólon e, dos sete que receberam 5 mg/kg,
apenas dois (28,5%) tiveram formação de aderências cólicas. Em contrapartida,
cinco (71,4%) animais pertencentes ao GIII obtiveram adesões com envolvimento
do cólon (Figura 9). Acredita-se que este fato tenha ocorrido pela ação do azul de
metileno sobre a serosa cólica, promovendo aumento da capacidade fibrinolítica
da serosa visceral. Esta hipótese corrobora os relatos de HODJATI et al. (2006),
os quais afirmaram que o uso intraperitoneal dessa solução de baixo peso
molecular reduziu a formação de aderências em coelhos com extensa lesão da
camada serosa visceral, obtida pela inoculação intraperitoneal de solução de
silicato de magnésio. HEIDRICK et al. (2007) acrescentaram que o azul de
metileno diminuiu a formação de adesões pós-cirúrgicas em ratos submetidos a
isquemia peritoneal parietal, por meio da redução do estresse oxidativo e
aumento da capacidade fibrinolítica na cavidade peritoneal.
49
FIGURA 9 – Aderência granulomatosa e vascularizada entre o sítio de
escarificação do cólon (CL) e o coto uterino (seta) em animal
pertencente ao GIII (A); serosa do cólon cicatrizada (seta) sem
formação de adesões em animal pertencente ao GI (B)
Dentre os sítios de possível adesiogênese (Tabela 3), independente do
tratamento estabelecido, houve maior freqüência de formação de aderências (p >
0,05) entre o pedículo ovariano esquerdo e segmento(s) de alça intestinal (Figura
10B). Dez (50%) cadelas apresentaram adesões envolvendo essas estruturas
anatômicas. Essa freqüência foi semelhante à relatada por VAN DER GAAG et al.
(1981), os quais descreveram que 12 (60%) entre 20 cadelas reintervidas,
apresentando complicações enterológicas alguns meses decorridos da ovário-
histerectomia eletiva, eram portadoras de aderências granulomatosas entre os
pedículos ovarianos e alças intestinais. Esses resultados corroboram a afirmação
de PEARSON (1973), os quais descreveram que obstruções em segmentos de
intestino delgado podem se desenvolver em decorrência de adesões envolvendo
o pedículo ovariano.
Aderências entre o pedículo ovariano direito e segmentos intestinais
apresentaram menor freqüência no presente estudo, com dois (10%) casos.
Acredita-se que esse fato tenha ocorrido em razão da assimetria anatômica entre
os CAVOs direito e esquerdo. Segundo ELLENPORT (1986), pedículo ovariano
direito situa-se entre a parede abdominal dorsolateral e a porção direita do
duodeno, que propicia contato físico com esse segmento intestinal e, em alguns
casos com o pâncreas. O autor complementa que o CAVO esquerdo é mais
caudal e ventral que o direito, o que lhe proporciona contato físico com maior
número de alças intestinais. Dessa forma, acredita-se que esta localização
A
CL
B
50
anatômica seja favorável a maior incidência de formação de adesões entre o
pedículo ovariano esquerdo e alças intestinais jejuno-ileais.
TABELA 3 – Freqüência absoluta e relativa dos principais sítios de aderências
intraperitoneais em cadelas submetidas à ressecção do ligamento
falciforme omentectomia, ovário-histerectomia e escarificação do
cólon, seguida por infusão intraperitoneal de 1 mg/kg (GI) ou 5
mg/kg (GII) de solução de azul de metileno 1% ou controle (GIII) em
função dos diferentes sítios adesiogênicos.
SÍTIOS DE ADERÊNCIA
GRUPO
TOTAL
(n=20)
GI (n*=6) GII (n=7) GIII (n=7)
Nº** %*** % % %
Pedículo ovariano direito e alça
intestinal
0 0 1 14,3 1 14,3 2 10,0
Pedículo ovariano esquerdo e
alça intestinal
4 66,7 5 71,4 1 14,3 10 50,0
Pedículo ovariano direito e
mesentério
0 0 0 0 2 28,5 2 10,0
Pedículo ovariano esquerdo e
mesentério
0 0 0 0 1 14,3 1 5,0
Pedículo ovariano direito e
pâncreas
0 0 1 14,3 2 28,5 3 15,0
Coto uterino e cólon 2 33,3 2 28,5 2 28,5 7 35,0
Coto uterino e alças intestinais 2 33,3 4 57,1 1 14,3 7 35,0
Coto uterino e bexiga 2 33,3 4 57,1 3 42,8 9 45,0
Coto uterino e gordura pélvica 0 0 2 28,5 2 28,5 4 20,0
Cólon e alças intestinais 0 0 0 0 1 14,3 1 5,0
Cólon e bexiga 0 0 0 0 1 14,3 1 5,0
Cólon e gordura pélvica 1 16,7 2 28,5 3 42,8 6 30,0
Entre alças intestinais 0 0 2 28,5 1 14,3 3 15,0
Entre alça intestinal e parede
abdominal
0 0 1 14,3 0 0 1 5,0
*Número de animais do grupo; **número de animais acometidos por aderências por cada sítio
adesiogênico; ***percentual de animais no grupo acometidos por aderências por cada sítio
adesiogênico.
A segunda maior freqüência foi de aderências entre o coto uterino e a
bexiga (Figura 10C), com nove (45%) animais acometidos. Segundo PEARSON
(1973) e STÖCKLIN-GAUTSCHI et al. (2001), cadelas com aderências
granulomatosas envolvendo o coto uterino e bexiga podem gerar incontinência
urinária em cadelas ovário-histerectomizadas. Corroborando essa afirmação,
JORGE et al. (2007) relataram manifestação de incontinência urinária em uma
cadela castrada e portadora de aderência fibrosa entre o coto uterino e a serosa
vesical ventral, ao redor de dois meses após o procedimento cirúrgico. GADELHA
et al. (2004) descreveram o caso de uma fêmea canina ovário-histerectomizada
com histórico de estrangúria durante dois meses e suspeita de fístula
51
vesicovaginal. Os autores acrescentaram que nova laparotomia foi necessária
para desfazer a aderência granulomatosa entre o coto uterino e a bexiga e
reparar a fístula.
Dos 20 animais submetidos à escarificação do cólon, sete (35%)
apresentaram aderências dessa estrutura com o coto uterino, seis (30%) com o
tecido adiposo pélvico, uma (5%) com alça intestinal e uma (5%) com a bexiga.
Ao todo, nove cadelas (45%) obtiveram adesões envolvendo o cólon (Tabela 3).
Os demais animais tiveram cicatrização da escarificação, sem a presença de
aderências (Figura 10D). De acordo com OZEL et al. (2005), a escarificação da
serosa das vísceras abdominais consiste no método mais empregado em estudos
randomizados da profilaxia das aderências pós-cirúrgicas e freqüentemente gera
adesões. Para VRIJLAND et al. (2003), a motilidade de segmentos de alças
intestinais é um fator importante na lise de adesões fibrinosas, impedindo a
formação de aderências fibrosas.
A presença de adesões cólicas na minoria dos animais estudados, mesmo
mediante escarificação e lesão serosa de um segmento de oito centímetros do
cólon, pode ter ocorrido em função da lise das adesões fibrinosas pela motilidade
natural do cólon. Segundo JONES (2004), o cólon dos cães é um segmento do
trato gastrintestinal inferior que apresenta vigorosas contrações e grande
motilidade, exceto nos casos em que há megacólon, grande acúmulo de conteúdo
fecal ou peritonite, levando ao surgimento do íleo adinâmico permanente ou não
(JONES, 2004). De acordo com PARKER et al. (2007), aderências ao cólon
ocorrem com maior freqüência em pacientes submetidos a ressecção/anastomose
ou colonotomia. Em estudo envolvendo a escarificação da serosa de 15
segmentos do íleo em coelhos, SINGER et al. (1996) obtiveram formação de
aderências em todos os seis animais estudados. Contudo, os autores observaram
heterogeneidade no número de aderências formadas entre as unidades
experimentais do mesmo grupo.
Três cadelas (15%), sendo uma pertencentes ao GII e duas do GIII,
apresentaram adesões entre o CAVO direito e o pâncreas (Figura 10E). Na
literatura pesquisada, apenas JORGE et al. (2007) relataram presença de
aderência entre o pedículo ovariano direito e o pâncreas. De acordo com os
autores, a cadela foi ovário-histerectomizada empregando-se de fio de algodão
52
para hemostasia dos CAVOs e coto uterino. Provavelmente, a proximidade
anatômica entre o pâncreas e o pedículo ovariano direito, associado ao emprego
de fio de poliéster, constitui-se em um fator de risco para a formação de tais
aderências e, conseqüentemente, de possíveis complicações associadas à
obstrução pancreática ou pancreatite. Contudo, nenhum relato de obstrução
pancreática ou pancreatite associada a ovário-histerectomia em cadelas foi
encontrado.
Uma cadela (14,3%) do GII e uma (14,3%) do GIII apresentaram
aderências entre alças intestinais e a metade esquerda da parede abdominal
ventral, na região hipocôndrica esquerda, sem o envolvimento da linha de sutura
da laparotomia mediana (Figura 10F). De acordo com PLATELL et al. (2000), o
omento protege as vísceras abdominais contra a formação de adesões à parede
abdominal proporcionada pela isquemia peritoneal e presença de corpo estranho
do fio de sutura empregado na laparorrafia. Entretanto, no presente estudo não
houve adesões entre vísceras abdominais e a linha de sutura abdominal. Esse
achado corrobora os resultados de SILVA et al. (2007), os quais observaram que
caninos submetidos a omentectomia não obtiveram aderências à linha de sutura e
que cadelas não omentectomizadas apresentaram adesões entre o omento e a
parede abdominal ventral. BRUN et al. (2004) observaram aderências ente o
omento e a parede abdominal onde haviam sido inseridos os trocartes, em cães
submetidos a colopexia laparoscópica.
Apesar da grande variedade e quantidade de sítios de aderências
apresentadas no presente estudo, decorridos 30 dias de avaliação clínica dos
animais, não houve manifestação de sinais clínicos sugestivos de enfermidades
secundárias à formação de aderências, porém ressalta-se que suas
conseqüências podem surgir tardiamente, após meses ou até mesmo anos do
procedimento cirúrgico. De acordo com HENDERSON (1996), as aderências pós-
cirúrgicas podem aparecer apenas como um achado durante a celiotomia em
cães, sobretudo aqueles encaminhados à segunda exploração cirúrgica
abdominal, sem gerarem, contudo, sintomatologia compatível com sua presença.
Contrariando esta afirmação, COOLMAN et al. (1999) relataram casos de duas
cadelas e uma gata submetidas a ovário-histerectomia que apresentaram
obstrução extra-luminal do cólon por aderências envolvendo o coto uterino, meses
53
a anos decorridos da castração eletiva. Os autores complementaram que uma
das cadelas que apresentou obstrução extra-luminal de cólon havia sido castrada,
aproximadamente, oito anos antes do surgimento da síndrome.
54
FIGURA 10 – Granuloma envolvendo pedículo ovariano esquerdo (seta),
cápsula do rim esquerdo (re) e o mesentério (me) (A); adesão
granulomatosa entre o CAVO esquerdo (seta) e segmento de
alça intestinal (ai) (B); finas aderências avasculares entre o coto
uterino (ut) e a bexiga (be). Observa-se a ponta do fio de
poliéster azul empregado na ligadura do coto uterino (seta) (C);
cicatriz (seta) na serosa do cólon (co), sem formação de
adesões (D); aderências entre o pedículo ovariano direito (seta)
e o pâncreas (pa), próximo ao rim direito (rd) (E); aderências
fibrosas (seta) entre segmentos de alças intestinais (ai) e a
parede abdominal ventral esquerda (pe), sem o envolvimento
da linha de sutura (F).
A
B
C
D
E F
re
me
ai
ut
be
co
pa
rd
pe
ai
55
6 CONCLUSÕES
Considerando-se as condições em que se desenvolveu o presente estudo
e diante dos resultados obtidos, concluiu-se que:
1. A vídeo-laparoscopia diagnóstica demonstrou eficácia, precisão e segurança
na quantificação e descrição dos principais sítios adesiogênicos pós-cirúrgico
em cadelas submetidas a omentectomia, ovário-histerectomia e escarificação
do cólon.
2. O emprego intraperitoneal da solução a 1% de azul de metileno nas doses de
1 e 5% não resultaram na diminuição da formação de aderências
intraperitoneais pós-cirúrgicas em cadelas, de acordo com o modelo
experimental e avaliações propostas.
3. Cadelas submetidas a omentectomia, ovário-histerectomia e escarificação do
cólon apresentaram maior ocorrência de aderências entre os pedículos
ovarianos e mesentério e alça(s) intestinal(is), com maior freqüência entre o
complexo artério-venoso ovariano esquerdo e segmento de alça intestinal.
56
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1207, 1981.
122. VAN DER WAL, J. B. C.; JEEKEL, J. Biology of the peritoneum in normal
homeostasis and after surgical trauma. Journal of the Association of
Coloproctology of Great Britain and Ireland, Oxford, v. 9, (suppl. 2), p. 9-13,
2007.
123. VAN DER WAL, H.-C.; RAA, S. T.; JEEKEL, H. The impact of irrigants on
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124. VAN GOOR, H. Consequences and complications of peritoneal adhesions.
Journal of the Association of Coloproctology of Great Britain and Ireland,
Oxford, v. 9 (suppl. 2), p. 25-34, 2007.
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L.; JEEKEL, J.; LEGUIT, P. Perioperative lavage promotes intraperitoneal
adhesion in the rat. European Surgery Research, Basel, v. 31, n. 2, p. 196-
201, 1999.
126. VERCO, S. J. S.; PEERS E. M.; BROWN, C. B.; RODGERS, K. M.; RODA,
M.; DiZEREGA, G. S. Development of a novel glucose polymer solution
(icodextrin) for adhesion prevention: pre clinical studies. Human
Reproduction, Oxford, v. 15, n. 8, p. 1764-1772, 2000.
70
127. VIANA, F. A. B. Guia terapêutico veterinário. Lagoa Santa: Editora CEM,
2003. 324 p.
128. VRIJLAND, W. W.; JEEKEL, J.; VAN GELDORP, H. J.; SWANK, D. J.;
BONJER, H. J. Abdominal adhesions: intestinal obstruction, pain, and
infertility. Surgical Endoscopy, New York, v. 17, p. 1017–1022, 2003.
129. WANG, X. C.; GUI, C. Q.; ZHENG, Q. Z. Combined therapy of allantoin,
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Beijing, v. 9, n. 3, p. 568-571, 2003.
130. WEBER, N. A. Chronic primary splenic torsion with peritoneal adhesions in a
dog: case report and literature review. Journal of the American Animal
Hospital Association, Lakewood, v. 36, p. 390-394, 2000.
131. WHITWAM, J. G.; TAYLOR, A. R.; WHITE, J. M. Potential hazard of
methylene blue. Anaesthesia, London, v. 34, p. 181-182, 1979.
132. WILSON, M. S.; MENZIES, D.; KNIGHT, A. D.; CROWE, A. M.
Demonstrating the clinic and cost effectiveness of adhesion reduction
strategies. Colorectal Disease, Oxford, v. 4, p. 355-360, 2002.
133. WU, F. C.; AYRIZONO, M. L. S.; FAGUNDES, J. J.; COY, C. S. R.; GÓES, J.
R. N.; LEONARDI, L. S. Estudos biomecânicos da ação de aderências sobre
anastomose cólica. Trabalho experimental em ratos. Acta Cirúrgica
Brasileira, São Paulo, v. 18, n. 3, 2003.
134. ZEYNELOGLU, H. B.; SENTURK, L. M.; SELI, E.; ORAL, E.; OLIVE, D. L.;
ARICI, A. The role of monocyte chemotactic protein-1 in intraperitoneal
adhesion formation. Human Reproduction, Oxford, v. 13, n. 5, p. 1194-1199,
1998.
71
ANEXO I – RELATÓRIO DE PROCEDIMENTO CIRÚRGICO
Resenha
Nº do animal:
Peso:
Nome:
Grupo:
Exame clínico pré-cirúrgico
Mucosas:
FC:
TPC:
FR:
Turgor de pele (bom, regular ou ruim):
TR:
Estado geral (bom ou apático):
Outras observações:
Procedimento cirúrgico
Comprimento da linha de incisão
Omentectomia
o Fio empregado para ligadura omental (tipo e número):
o Outras observações:
Ovario-histerectomia
o Fio empregado para ligadura dos pedículos ovarianos e coto uterino (tipo e número):
o Hemorragia durante o procedimento: ______sim ______não
o Outras observações:
Escarificação do segmento intestinal com gaze e lâmina de bisturi
o Formação de petéquias: ______sim ______não
o Amplitude da escarificação (cm): _______
o Outras observações:
Emprego de solução intraperitoneal
o Sim, solução de azul de metileno 1%, 1 mg/kg (GI): ______
o Sim, solução de azul de metileno 1%, 5 mg/kg (GII): ______
o Não (GIII): ______
Laparorrafia
o Fio empregado (tipo e número):
o Padrão de sutura:
Redução do espaço morto
o Fio empregado (tipo e número):
o Padrão de sutura:
Dermorrafia
o Fio empregado (tipo e número):
o Padrão de sutura:
Pós-operatório imediato (checar os seguintes itens)
Curativo local com solução fisiológica: ( )
Fita adesiva microporo e malha tubular: ( )
Colar elizabetno: ( )
Analgesia (cloridrato de tramadol, 2 mg/kg, SC): ( )
Retorno anestésico (qualidade e tempo): ( )
Antibiótico (amoxicilina, 20 mg/kg, IM): ( )
Ingestão de alimentos após o procedimento cirúrgico:
o Nas primeiras 6 horas ( ) o Entre 7 e 12 horas ( ) o Após 13 horas ( )
Ingestão de água após o procedimento cirúrgico:
o Nas primeiras 6 horas ( ) o Entre 7 e 12 horas ( ) o Após 13 horas ( )
72
ANEXO II – RELATÓRIO DE PÓS-OPERATÓRIO
Resenha
Nº do animal:
Peso:
Nome:
Grupo:
Dia do pós-operatório (turno matutino: _____ turno vespertino: _____)
1º ( ) 2º ( ) 3º ( ) 4º ( ) 5º ( )
6º ( ) 7º ( ) 8º ( ) 9º ( ) 10º ( )
11º ( ) 12º ( ) 13º ( ) 14º ( ) 15º ( )
Exame clínico
Mucosas:
FC:
TPC:
FR:
Turgor de pele (bom, regular ou ruim):
TR:
Estado geral (bom ou apático):
Outras observações:
Aspecto da ferida cirúrgica
o Bom (ferida seca, pouco inflamada e com pontos firmes):_____
o Regular (ferida seca, ligeiramente hiperêmica, com pontos frouxos):_____
o Ruim (úmida, muito hiperêmica, com deiscência parcial ou total):_____
Observações durante o manejo
Ingeriu de alimento: _____sim _____não
Ingeriu de água: _____sim _____não
Passeou regularmente: _____sim _____não
Defecação
o Normalmente, fisiológico ( ) o Diarréia ( )
o Com dificuldade ou dor, tenesmo ( ) o Não defecou durante manejo ( )
o Sangue nas fezes, melena ( ) o Tentou, mas não conseguiu ( )
Micção
o Normal, fisiológico ( )
o Com dificuldade, estrangúria ( ) o Não urinou durante manejo ( )
o Urina escura, coloração ___________ ( ) o Tentou, mas não conseguiu ( )
Tratamento
o Antibiótico (amoxicilina, 20 mg/kg, IM):_____
o Analgésico (cloridrato de tramadol, 2 mg/kg, SC): _____
o Antitérmico (apenas se manifestar febre, dipirona gotas, 10 mg/kg, VO): _____
o Curativo local (solução fisiológica, gaze esteilizada): _____
73
ANEXO III – FICHA DE AVALIAÇÃO LAPAROSCÓPICA
1. IDENTIFICAÇÃO DOS ANIMAIS
Nome:
Grupo:
Número:
Data:
2. AVALIAÇÃO PRÉ-ANESTÉSICA:
Estado geral:
FC:
Turgor de pele:
FR:
Mucosas:
TR:
TPC:
Outras observações:
3. PROTOCOLO ANESTÉSICO EMPREGADO:
MPA (princípio, dose, via):
Indução (princípio, dose, via):
Manutenção (princípio, dose, via):
4. PROCEDIMENTO LAPAROSCÓPICO:
4.1. Estabelecimento do capnoperitônio (marcar com um “X”)
Agulha de Veress ______
Técnica aberta ______
Outras observações:
4.2. Locais de inserção dos trocartes (marcar com a caneta)
74
5. CLASSIFICAÇÃO DAS ADERÊNCIAS
Local 1
Descrição do local:
Extensão (quantidade): única _____ múltiplas _____
Vascularização: presente _____ ausente _____
Constituição: fina _____ densa _____ granulomatosa _____
Local 2
Descrição do local:
Extensão (quantidade): única _____ múltiplas _____
Vascularização: presente _____ ausente _____
Constituição: fina _____ densa _____ granulomatosa _____
Local 3
Descrição do local:
Extensão (quantidade): única _____ múltiplas _____
Vascularização: presente _____ ausente _____
Constituição: fina _____ densa _____ granulomatosa _____
Local 4
Descrição do local:
Extensão (quantidade): única _____ múltiplas _____
Vascularização: presente _____ ausente _____
Constituição: fina _____ densa _____ granulomatosa _____
Local 5
Descrição do local:
Extensão (quantidade): única _____ múltiplas _____
Vascularização: presente _____ ausente _____
Constituição: fina _____ densa _____ granulomatosa _____
Local 6
Descrição do local:
Extensão (quantidade): única _____ múltiplas _____
Vascularização: presente _____ ausente _____
Constituição: fina _____ densa _____ granulomatosa _____
Local 7
Descrição do local:
Extensão (quantidade): única _____ múltiplas _____
Vascularização: presente _____ ausente _____
Constituição: fina _____ densa _____ granulomatosa _____
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