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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação
Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Informação
Geórgia Geogletti Cordeiro Dantas
A BUSCA E O USO DA INFORMAÇÃO EM REDE:
seguindo o trajeto do internauta em revista científica eletrônica
Porto Alegre
2008
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Geórgia Geogletti Cordeiro Dantas
A BUSCA E O USO DA INFORMAÇÃO EM REDE:
seguindo o trajeto do internauta em revista científica eletrônica
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação
em Comunicação e Informação (Linha de Pesquisa
Informação, Tecnologias e Práticas Sociais), da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, como
requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em
Comunicação e Informação.
Orientadora: Profª. Drª. Sônia Elisa Caregnato
Porto Alegre
2008
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação
Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Informação
A Banca Examinadora, abaixo assinada, aprova a Dissertação intitulada A busca e o
uso da informação em rede: seguindo o trajeto do internauta em revista científica eletrônica,
elaborada como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Comunicação e
Informação.
___________________________________________________________________________
Profª. Drª. Sônia Elisa Caregnato (Orientadora)
Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Informação/Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Doutora em Information Studies pela University of Sheffield
___________________________________________________________________________
Profª. Drª. Ida Regina Chitto Stumpf
Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Informação/Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Doutora em Ciências da Comunicação pela Universidade de São Paulo
___________________________________________________________________________
Profª. Drª. Helen Beatriz Frota Rozados
Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Informação/Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Doutora em Comunicação e Informação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul
___________________________________________________________________________
Prof. Dr. Rafael Port da Rocha
Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação/Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Doutorado em Ciências da Computação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul
___________________________________________________________________________
Prof. Dr. Valdir Jose Morigi (Suplente)
Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Informação/Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Doutor em Sociologia pela Universidade de São Paulo
14 de abril de 2008
A Ewerton e Geovanna, pela tolerância, paciência, amor, apoio e inspiração.
A José e Josefa pela lição de vida e de amor incondicional.
AGRADECIMENTOS
À Deus, pela bênção de mais um objetivo atingido e por todo o aprendizado recebido
nessa experiência, tanto para a minha vida acadêmica quanto para a minha vida pessoal.
À minha orientadora, Profa. Dra. Sônia Elisa Caregnato, pela dedicação e confiança
prestadas durante esses dois anos, sempre com valiosas lições que me fizeram crescer
imensamente como pesquisadora e como pessoa. Aos professores doutores Ida Regina Chittó
Stumpf, Helen Beatriz Frota Rozados e Rafael Port Rocha, por terem aceitado participar da
banca – ápice de minha trajetória no mestrado.
À equipe do SciELO, por sua postura de incentivo à pesquisa. Sem os dados
fornecidos pela equipe esse estudo não poderia ser realizado. À Jaqueline Leta pelos valiosos
conselhos e auxílio.
Aos professores doutores Lisiane Bizarro, William B. Gomes, Silvia H. Koller e à
bibliotecária Viviane C. Castanho pelas entrevistas concedidas, fundamentais para a
realização desta pesquisa.
A meu noivo Ewerton, pelo amor, paciência e incentivo, por sua cumplicidade nos
planos e sonhos e por sua determinação em torná-los realidade. Sem sua ajuda e estímulo essa
dissertação seria um objetivo distante.
Ao José e à Josefa, que não estão mais nesse mundo, mas que foram os principais
incentivadores na minha caminhada acadêmica. Seu apoio tornaram minhas conquistas
possíveis.
À minha família, Marinaldo, Goretti, Mônica, Geovanna, por todo o apoio aos meus
estudos e pela paciência para suportar os anos de saudades. Aos meus amigos/primos/irmãos,
Matheus, Henrique, Fabiano, Rodrigo, Felipe, pelo amor e amizade, sempre presentes nas
lágrimas e nos sorrisos. À Fernanda, minha irmã de coração, pelos puxões de orelha, pelo
ombro amigo e pela disposição a ajudar no que fosse necessário.
A Delma, Dinalva, Carlos e Naia, o amor de meus avós se faz presente em vocês.
Quero que saibam o quanto lhes sou grata.
À professora doutora Mirian de Albuquerque Aquino, por ter sido a primeira a me
apresentar o mundo da pesquisa. Por sua generosidade, confiança, amizade e incentivo.
A Silvia, Euclides, Aracy, Fabrício e Gabriel, por terem sido uma família para meu
noivo e eu durante nossa estadia no Rio Grande do Sul. À família Salvador, pelo amor e
orações.
A Danielle Sandri Reule, Cristiane Lindemann, Maria Clara Jobst de Aquino, Cleusa
Pavan e Vivian Beatriz Temp, por todo o companheirismo, alegrias, consolos, enfim, por
todas as experiências que pudemos partilhar juntas durante a nossa caminhada no mestrado.
Um agradecimento especial à Cleusa, pelas parcerias e discussões construtivas.
Ao grupo de pesquisa em Comunicação Científica, pelas trocas e experiências de
aprendizado que estimularam a minha curiosidade epistemológica.
Aos queridos funcionários do Programa de Pós-graduação em Comunicação e
Informação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, que me atenderam e ajudaram em
momentos delicados, me acolhendo de forma calorosa desde meu primeiro dia em uma cidade
nova. Ao PPGCOM/UFRGS, pela acolhida do projeto, e à CAPES, pela concessão da bolsa
de estudo, que possibilitou minha dedicação exclusiva à realização dessa pesquisa.
"A primeira técnica é a última, o iniciante e o mestre comportam-se
do mesmo jeito. O conhecimento é um círculo completo."
Myamoto Musashi
RESUMO
O periódico eletrônico ganha cada vez mais credibilidade no campo da informação científica,
e muitas são as iniciativas para a criação de novos periódicos. Contudo, apesar desse
crescimento em número, são poucos os estudos que abordam a busca e o uso de informação
realizados nas versões eletrônicas destes produtos, assim como o internauta que os acessa. A
análise de logs é um método que objetiva identificar as ações dos usuários de um site através
da investigação dos arquivos de logs do servidor web. Esse tipo de análise pode auxiliar no
levantamento de informações sobre a utilização de um periódico eletrônico, mas poucas foram
as pesquisas brasileiras que adotaram este método. Dessa forma, torna-se necessário também
avaliar esse método aplicado ao estudo de periódicos. O foco da pesquisa é analisar o
comportamento de busca e uso da informação em periódicos científicos eletrônicos por meio
da análise de logs da revista Psicologia: reflexão e crítica. Esse trabalho objetiva também
levantar as diferentes formas de acesso ao periódico, verificar o número de acessos e sua
distribuição pelo território nacional, verificar a freqüência de uso do periódico, verificar os
tipos de internauta a visitar o periódico, levantar os padrões de comportamento de busca e uso
possíveis. As bases teóricas para essa pesquisa são os conceitos de comportamento de busca e
uso da informação, periódico científico eletrônico e visibilidade. A metodologia utilizada é a
análise de logs fornecidos pela Scientific Electronic Library Online (SciELO), para a
obtenção de dados quantitativos, e entrevistas, para a obtenção de dados qualitativos. Por
meio da metodologia aplicada chegou-se a um panorama geral da busca e uso do periódico,
onde foram determinadas a freqüência de visitação, quem utiliza, quais suas ações no
periódico e a origem desses internautas. Constatou-se também a existência de oito padrões de
comportamento informacional, que são as seqüências de ações com maior probabilidade de
serem realizadas pelos usuários do periódico.
Palavras-chaves: Periódico científico eletrônico. Comportamento de busca e uso de
informação. Análise de logs. Visibilidade. Estratégia analítica. Estratégia de browsing.
ABSTRACT
The electronic journals are increasingly gaining more credibility in the information science
field, and there are many initiatives for the creation of new journals. However, despite this
growth in quantity, there are only a few studies on the information search and use performed
in the electronic version of these products, as well as the user who access them. The log
analysis is a method which aims to identify the actions of the users of a site through the
investigation of the web server’s log files. This type of analysis can help in obtaining
information regarding the use of an electronic journal, but there are only a few Brazilian
studies which adopted this method. Hence, it is also necessary to evaluate this methodology
applied to the journals study. The focus of this research is to analyze the information search
and use behavior in scientific electronic journals through the logs analysis of the journal
Psicologia: reflexão e crítica. This work also aims to identify the different forms of accessing
the journal, to verify the access number and its distribution in the national territory, to verify
the frequency of use of the journal, to verify the types of users that visit the journal, and to
identify the patterns of the possible information search and use behavior. The theoretic basis
for this research are the concepts of information search and use behavior, scientific electronic
journal and visibility. The used methodology is the analysis of the logs provided by the
Scientific Electronic Library Online (SciELO), for gathering the quantitative data, and
interviews, for gathering the qualitative data. Through the applied methodology we have
reached a general view of information search and use behavior in the journal, and in this
occasion it was determined the visiting frequency, who uses it, what were his/her actions in
the journal and the origin of there users. It was also identified the existence of eight patterns
of informational behavior, which are the sequences of actions with the biggest probability of
being performed by the users of the journal.
Keywords: Scientific electronic journals. Information search and use behavior. Log analysis.
Visibility. Analytical strategy. Browsing strategy.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 - Modelo de comportamento informacional..............................................................39
Quadro 1 – Estudos de uso de periódicos utilizando análise de logs......................................58
Figura 2Home do periódico Psicologia: reflexão e crítica no SciELO................................72
Quadro 2 - Etapas realizadas na presente pesquisa.................................................................74
Figura 3 – Média de visitas realizadas por hora......................................................................81
Figura 4 – Porcentagem de visitas por dia da semana.............................................................83
Figura 5 – Porcentagem de páginas visualizadas por mês.......................................................84
Figura 6 – Porcentagem de páginas visualizadas por dia da semana.......................................86
Figura 7 – Média de penetração por mês.................................................................................88
Figura 8 – Média de penetração por dia da semana.................................................................89
Quadro 3 – Páginas visualizadas por domínio.........................................................................91
Quadro 4 – Os dez países com mais visualizações de páginas................................................92
Quadro 5 – Os dez estados/províncias com mais visualizações de páginas............................95
Quadro 6 – Páginas visualizadas por instituição.....................................................................96
Quadro 7 – As dez páginas/URLs mais acessadas................................................................101
Quadro 8 – As dez páginas mais utilizadas como entrada do periódico...............................103
Quadro 9 – As dez páginas mais utilizadas como saída do periódico...................................104
Figura 9 – Distribuição do número de visitas por seções......................................................105
Quadro 10 – Os dez artigos mais acessados..........................................................................108
Quadro 11 – Os dez volumes mais acessados.......................................................................110
Quadro 12 – Palavras-chaves dos dez artigos mais acessados..............................................111
Figura 10
-
Esquema de possíveis padrões de comportamento de busca e uso no
periódico..................................................................................................................................125
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Histórico mensal....................................................................................................80
Tabela 2 – Páginas visualizadas por hora................................................................................86
Tabela 3 – Duração das visitas.................................................................................................99
Tabela 4 – Origem dos acessos..............................................................................................113
Tabela 5 – As dez ferramentas de busca mais utilizadas.......................................................114
Tabela 6 – Os dez links de páginas externas que mais geraram visualizações......................115
Tabela 7 – Dez sites que geraram mais visualizações de páginas.........................................116
Tabela 8 – As dez palavras mais utilizadas em buscas..........................................................119
Tabela 9 – Dez frases mais utilizadas em buscas...................................................................120
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................14
1.1 Justificativa........................................................................................................................18
1.1.1 Orientação e finalidade da pesquisa...............................................................................20
1.1.2 Razões para a pesquisa...................................................................................................21
1.2 Definição do problema de pesquisa.................................................................................22
1.3 Objetivos............................................................................................................................23
1.3.1 Objetivo geral..................................................................................................................23
1.3.2 Objetivos específicos........................................................................................................23
1.4 Contexto.............................................................................................................................24
1.4.1 SciELO.............................................................................................................................25
1.4.2 Psicologia: reflexão e crítica..........................................................................................26
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA......................................................................................29
2.1 Busca e uso da informação...............................................................................................29
2.1.1 Busca da informação......................................................................................................30
2.1.1.1 Estratégias Analíticas....................................................................................................34
2.1.1.2 Estratégias de Browsing................................................................................................35
2.1.2 Uso da informação..........................................................................................................37
2.1.3 Comportamento de busca e uso......................................................................................38
2.1.4 Leitor – Usuário – Internauta.........................................................................................40
2.2 Periódicos científicos.........................................................................................................45
2.3 Periódicos científicos eletrônicos.....................................................................................48
2.4 Estudos de busca e uso em periódicos eletrônicos..........................................................51
2.5 Estudos brasileiros de busca e uso em periódicos..........................................................59
2.6 Visibilidade de periódicos científicos eletrônicos...........................................................61
2.7 Análise de logs...................................................................................................................65
3 METODOLOGIA................................................................................................................71
3.1 Tipo de estudo....................................................................................................................71
3.2 Corpus e sujeitos...............................................................................................................72
3.3 Etapas e Instrumentos de Coleta de Dados....................................................................73
3.3.1 Coleta de dados quantitativos: Avaliação de acesso......................................................74
3.3.2 Coleta de dados qualitativos: Entrevistas.......................................................................76
3.4 Procedimentos para Análise dos Dados..........................................................................77
4 RESULTADOS.....................................................................................................................79
4.1 Quando acontecem as buscas...........................................................................................79
4.2 Quem busca.......................................................................................................................90
4.3 Tipos de navegação...........................................................................................................98
4.4 Origem das buscas..........................................................................................................112
4.5 O internauta e os padrões de comportamento de busca e uso....................................122
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................127
REFERÊNCIAS....................................................................................................................134
APÊNDICE – Modelo de Entrevista...................................................................................148
ANEXO - Os dez artigos mais acessados de fevereiro de 1998 a junho de 2007.............151
14
1 INTRODUÇÃO
No século XVII, originaram-se as comunidades científicas no continente europeu.
Com a fundação das primeiras sociedades e academias quebrou-se o monopólio do saber das
ordens religiosas. As primeiras sociedades, como a Academia del Cimento, na cidade de
Florença (1657), a Royal Society, em Londres (1660) e a Royale des Sciences, em Paris
(1666), deram destaque aos meios de comunicação manuscritos como veículos de
disseminação do conhecimento. Nessas academias “[...] começaram a ser difundidos textos
voltados para educação e divulgação científica.” (MAIA, M., 2006, p.46), o que revela a
importância que começava a ser atribuída à comunicação da ciência ao público.
A comunicação tem parte ativa na evolução da ciência, na transmissão do que Wolton
(2003, p. 91) chama de “informação-conhecimento”. Segundo o autor, este tipo de informação
está ligado ao aumento e à especialização de conhecimentos em todos os domínios. “Esta
informação, ao contrário da informação-notícia, é o resultado de um saber e de uma
construção.” (WOLTON, 2003, p. 91). A informação-conhecimento apenas gera crescimento
na sociedade se transmitida. Para Meadows (1999, p. vii), a comunicação encontra-se no
coração da ciência: “É para ela tão vital quanto a própria pesquisa, pois a esta não cabe
reivindicar com legitimidade este nome enquanto não houver sido analisada e aceita pelos
pares.”
A comunicação científica possui basicamente dois tipos de canais: formais, que são os
periódicos, livros, vídeos, folhetos, entre outros; e informais, que podem ser conversas, cartas,
reuniões etc. A aceitação por pares é uma característica dos canais formais de comunicação
científica. A principal vantagem da comunicação por meio de canais formais é a permanência
da publicação, facilitando sua localização e recuperação, além da comprovação de autoria e
reconhecimento para o autor. Stumpf (2000) aponta que, desta forma, o pesquisador pode
consultar trabalhos realizados por outros cientistas e divulgar seus próprios resultados. Em
síntese, os canais formais facilitam o registro, a divulgação e a recuperação do conhecimento,
constituindo-se, também, como reconhecimento de autoria e recompensa para o autor.
Os canais informais são efêmeros e, por isto, geralmente, têm pouco ou nenhum valor
para a comprovação de dados. Entretanto, Oliveira e Noronha (2005, p.3) apontam que a
evolução das tecnologias da informação e comunicação (TICs), particularmente a Internet,
“[...] tem modificado o processo de comunicação, tanto a informal quanto a formal,
estabelecendo uma nova categoria na comunicação científica: a comunicação eletrônica”.
15
Com a Internet, ícone de uma era engendrada pelas TICs, a comunicação científica
tem seus canais formais e informais reconfigurados. Orkut, MSN, ICQ, Social bookmarks,
dentre tantos outros, são espaços de agregações sociais e trocas informais de informação
1
.
Contudo, quando se trata de comunicação formal, sua transposição para o mundo digital é um
processo mais lento e delicado.
O periódico estabeleceu-se como o principal meio de comunicação e divulgação da
produção científica. Sua importância na divulgação de informações de qualidade para a
construção do conhecimento é apontada por Tenopir e King (2002, p. 260, tradução nossa):
“Existe uma correlação entre ler artigos de periódicos e realizações profissionais – ganhadores
de prêmios lêem 53% mais artigos que não ganhadores”. Além disso, o periódico científico se
consolidou como um sistema de recompensa por reconhecimento dos pares. Com o advento
das TICs e o barateamento dos custos de produção de um periódico eletrônico, foi possível
disponibilizá-lo a mais pessoas ao mesmo tempo. Ademais, instituições mundiais voltadas à
pesquisa aderem à publicação eletrônica de periódicos, endossando esse novo meio, mais
rápido e de maior alcance na divulgação dos resultados de pesquisas.
Em trabalho realizado, Tenopir e King (2002) apontaram que 77,1% dos sujeitos
entrevistados responderam não saber julgar a qualidade dos periódicos eletrônicos. A maioria
dos sujeitos restantes julgou-os inferiores aos impressos. Em contrapartida, no ano de 2001,
Rogers (2001
2
apud TENOPIR; KING, 2002) detectou um crescimento da aceitação de
periódicos científicos eletrônicos entre professores e graduandos. Mas foi apenas nos últimos
anos que a comunicação científica eletrônica, e em particular os periódicos eletrônicos,
ganhou status e credibilidade.
Acerca da publicação científica eletrônica, destacam-se duas características
relativamente novas, a saber: a possibilidade de acesso aberto
3
e o download do texto
completo dos artigos de periódico. O uso de periódicos eletrônicos foi revitalizado a partir da
disponibilização de uma grande coleção de artigos científicos a usuários remotos em nível
1
Neste trabalho emprega-se o termo informação de maneira geral, de forma que inclui objetos no mundo, o que
é transferido de um indivíduo ou objeto para o sistema cognitivo de outro indivíduo e como o componente de
conhecimento interno à mente humana. (Marchionini, 1995)
2
Rogers, S. A. Electronic journal usage at Ohio State University. College and Research Libraries, v. 62, n. 1,
p. 25–34, 2001 apud TENOPIR, Carol; KING, Donald W. Reading behavior and electronic journals. Learned
Publishing, England, v. 15, n. 4, p. 259-265, oct. 2002.
3
“Desde o encontro pioneiro que ficou conhecido como Budapest Open Access Initiative, ocorrido em dezembro
de 2001, outros se seguiram, ampliando o movimento. Vários países, tais como o Reino Unido e mais
recentemente os Estados Unidos, entre outros, estão discutindo e implementando formas legais de condicionar a
concessão de financiamento público da pesquisa ao depósito dos resultados em repositórios de acesso aberto,
independentemente de sua publicação em outros canais.” (MUELLER, 2006, p. 36). As propostas de acesso
aberto visam um mundo mais democrático, ao menos no que concerne ao acesso à informação.
16
global, causando, dessa maneira, alterações nos padrões de comportamento de busca e uso de
informação em indivíduos de diferentes áreas (TENOPIR; KING, 2002). Essas novas formas
de uso, assim como novas formas de busca, surgem como uma adaptação ao ambiente em
rede. Estudos como o de Marchionini (1995), Ellis et al (1993) e Nachmias (2002), entre
outros, constataram formas de conduzir buscas em ambientes eletrônicos. Pesquisas que têm
por objetivo compreender o comportamento informacional
4
(WILSON, 2000) de usuários em
rede adquirem grande relevância, pois a cada avanço tecnológico esses comportamentos são
reformulados.
Os conteúdos dos periódicos eletrônicos, assim como dos impressos, variam de acordo
com a diversidade temática do programa ou instituição responsável por sua publicação. As
estratégias e as táticas utilizadas para busca e uso da informação também variam de acordo
com a acessibilidade da fonte, a área de interesse do indivíduo e o contexto em que está
inserido. Diante da falta de conhecimento sobre o tema, verifica-se a necessidade de conhecer
as diversas configurações de estratégias e táticas dos usuários, assim como conhecer o
contexto do sujeito que as emprega durante sua interação com os periódicos, possibilitando,
assim, a construção de um panorama geral do comportamento de busca e uso de indivíduos
nesses serviços eletrônicos.
Marchionini (1995) afirma que o termo busca (search) é empregado tanto para as
manifestações comportamentais de humanos envolvidos em busca da informação
(information seeking
5
), como para as ações realizadas por computadores no processo de
recuperação e disponibilização da informação. Para Wilson (2000), o uso consiste nos atos
físicos e mentais envolvidos na incorporação da informação às estruturas de conhecimento do
indivíduo. Para González Teruel (2005) e Wilson (2000), ambas são atividades para a
satisfação de uma necessidade de informação. Nicholas, Huntington e Watkinson (2003)
falam de uso em termos de atividade em meio eletrônico, no entanto este “uso” não deixa de
ser motivado por uma necessidade informacional.
Apontam-se, também, a importância e necessidade de compreender as diferentes
configurações de busca e uso de informações de acordo com as diferentes áreas. A presente
pesquisa procura contribuir para a compreensão do comportamento de busca e uso de
informação em periódicos científicos eletrônicos, por meio do estudo dos logs de acesso, que
são registros de eventos feitos pelo próprio sistema computacional. O objetivo, então, é
4
Para Wilson (2000), os comportamentos de busca e uso da informação estão contidos no comportamento
informacional.
5
Seeking refere-se ao processo de adquirir conhecimento. O termo é orientado ao problema de forma que a
resposta pode ser encontrada ou não (MARCHIONINI, 1995).
17
fornecer informações que embasem o programa e a instituição responsável por sua
publicação, assim como obter um conhecimento mais aprofundado sobre seus usuários e a
utilização do periódico, possibilitando a tomada de decisões conscientes para
desenvolvimento do mesmo.
A dissertação apresenta-se da seguinte maneira: no primeiro capítulo, expõe-se a
justificativa, o problema e seus objetivos gerais e específicos; no capítulo a seguir, faz-se uma
revisão de literatura, a partir dos conceitos de comportamento de busca de informação
(information seeking behaviour) de Wilson (2000) e uso da informação (information use
behaviour) de Nicholas, Huntington e Watkinson (2003), e dos padrões de comportamento de
busca e uso do Institute for the future (2002), além de apresentar os tipos de
usuários/internautas (SANTAELLA, 2004) que utilizam os serviços eletrônicos. Emprega-se
também o conceito de análise de logs para o monitoramento de interação humano-computador
de acordo com Peters (2002), dentre outros autores; na metodologia são detalhados os
procedimentos metodológicos empregados na pesquisa, particularmente a análise de logs e as
entrevistas, utilizadas para oferecer a base para compreensão dos resultados obtidos; a seguir
apresenta-se o capítulo de resultados, no qual são descritos e analisados os dados quantitativos
provenientes da análise de logs e os dados qualitativos provenientes das entrevistas realizadas;
no último capítulo, as considerações finais, pretende-se fornecer uma visão geral do estudo
realizado e dos resultados obtidos, assim como os elementos limitadores do estudo e
sugestões para pesquisas futuras. Finalmente, seguem as referências, anexos e apêndices, para
melhor compreensão da realização da pesquisa.
18
1.1 Justificativa
Em um contexto mundial, periódicos científicos eletrônicos recebem grande parte
dos investimentos de órgãos responsáveis pelo acesso ao conhecimento científico, como as
bibliotecas, por exemplo. Os periódicos eletrônicos de acesso aberto vêm diminuir os custos
de aquisição dessas publicações e potencializar o acesso à informação. Eles passam a ocupar
um importante espaço no processo da comunicação científica e muitas são as iniciativas para
criar novos títulos.
Contudo, Wolton (2003, p. 92) lembra que: “A Web leva a crer na urgência de
satisfazer as necessidades de informação do público, e que todo o mundo precisa ser
informado a qualquer hora, mas no conjunto a oferta supera em muito a demanda.” Para o
autor, apesar de haver necessidade de disponibilizar informações no meio eletrônico, esta não
atinge as dimensões que fazem crer os entusiastas da Sociedade da Informação e
Comunicação. Segundo o autor, “[...] existe uma demanda dos públicos especializados, mas
em proporções mais limitadas. Isto explica as formidáveis acrobacias para tentar suscitar esta
demanda e principalmente para legitimá-las.” (WOLTON, 2003, p. 92).
Diante da grande oferta de informação que se encontra em formato de periódicos
científicos, observa-se que poucas são as pesquisas em âmbito nacional referentes aos
comportamentos de busca e uso dos usuários desses serviços. Ainda que estatísticas de uso,
com base em hits
6
, sejam apresentadas, diversos são os fatores que influenciam seu uso, como
por exemplo, a área do conhecimento que representam. Aponta-se também a escassez de
pesquisas que lançam o olhar sobre o acesso, o download e a possível utilização da
informação disponibilizada. Sem estudos aprofundados sobre esses processos, é possível que
haja interpretação dos usos de tais recursos, até mesmo prejudicando o desenvolvimento
dessas publicações.
Desta forma, salienta-se a importância de analisar os dados de uso que fornecem
informações massivas sobre comportamentos dentro do periódico. Segundo Lawrence (2001a,
2001b), a disponibilidade livre online contribui com o acesso. Assim, entende-se os
periódicos de acesso aberto como um campo de atividade intensa que deve ser analisada. Os
dados que evidenciam essa atividade, por sua vez, devem ser contextualizados para formar um
6
Utiliza-se o termo hit no lugar de “ocorrência”.
19
panorama mais próximo do real
7
uso do periódico em questão. Estudos que buscam a
compreensão desses dados justificam-se: pela importância de compreender como os usuários
adaptam-se às novas interfaces de busca, oferecendo subsídios para o design de interfaces
mais condizentes com os processos cognitivos desses indivíduos; pela importância de
compreender quem utiliza e por que utiliza, a fim de se traçarem estratégias visando manter e
atrair novos usuários; pela importância de compreender o que o usuário busca em termos de
conteúdo ao acessar determinado periódico. Além disso, pesquisas dessa natureza permitem à
comissão editorial tomar decisões para otimizar o uso e agregar valor ao periódico diante de
seu usuário.
O campo da Ciência da Informação no Brasil ainda possui poucos estudos sobre o
comportamento informacional em periódicos científicos eletrônicos de texto completo.
Quanto a estudos sobre periódicos utilizando análise de logs como método, estes não são
comuns no Brasil. A análise de logs possibilita estudos longitudinais dos registros de logs, as
“pegadas” do usuário enquanto utilizando um serviço eletrônico. Conseguiu-se levantar
apenas quatro estudos brasileiros que empregam este método para o estudo de comportamento
de busca e uso em periódicos. Estes são: Dias (2002), Vilhena et al. (2003), Maia (2005) e
Ferreira (2007), os três últimos tendo sido realizados com portais de periódicos inteiros e não
com um periódico em profundidade. Com base nisso, afirma-se que a validade deste método,
como uma ferramenta na pesquisa em comunicação científica, está ainda por ser reconhecida.
No que se refere aos periódicos científicos da Universidade Federal do Rio Grande do
Sul (UFRGS), não foi encontrado nenhum estudo aprofundado sobre o comportamento
informacional de seus usuários. Desta forma, a presente pesquisa visa também contribuir com
o campo, ampliando o conhecimento sobre o assunto. Destaca-se que segundo pesquisa
realizada na base de dados Library and Information Science Abstracts (LISA) e no banco de
teses e dissertações da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
(CAPES), ainda há carência de estudos sobre a busca e uso em periódicos na área de
humanidades. A realização de pesquisas sobre o comportamento informacional nessa área
ajudará a construir uma imagem da variedade total de práticas de busca e uso (TENOPIR et
al., 2003).
7
Subentende-se que existem várias circunstâncias que impedem a construção de um panorama completo do uso
de um determinado periódico: tempo para realização da pesquisa, múltiplos formatos em que é oferecido,
usuários interdisciplinares etc.
20
1.1.1 Orientação e finalidade da pesquisa
Os estudos de busca podem ser orientados tanto ao sistema quanto aos usuários. As
pesquisas orientadas para o sistema vêem a informação como “[...] uma entidade externa,
objetiva, que tem uma realidade própria, baseada no conteúdo, independente dos usuários ou
dos sistemas sociais.” (CHOO, 2003, p.68). Esta modalidade de pesquisa coloca em foco o
que ocorre no ambiente externo ao indivíduo (instrumentos, serviços e práticas). Nas
pesquisas orientadas para o usuário, a informação é uma construção subjetiva, elaborada na
mente do mesmo. O valor da informação corresponde às relações que o usuário constrói entre
si mesmo e uma determinada informação. Este tipo de pesquisa analisa as preferências e as
necessidades cognitivas e psicológicas do indivíduo, assim como seu efeito sobre a busca e
os padrões de comunicação da informação.
Quanto à finalidade da pesquisa, Choo (2003, p. 70) aponta dois tipos de estudos:
integrativos ou dirigidos a tarefas. A pesquisa integrativa abrange todo o processo desde o
surgimento de uma necessidade informacional até a busca e utilização da informação. A
pesquisa com essa finalidade objetiva entender o contexto que levou ao reconhecimento da
necessidade de informação. A proposta é “[...] examinar as atividades de busca e
armazenamento da informação e analisar como a informação é utilizada para resolver
problemas, tomar decisões e criar significado.” (CHOO, 2003, p. 70).
Pesquisas que têm por finalidade compreender tarefas são concentradas em
determinados comportamentos e atividades que fazem parte do processo de busca da
informação. O ponto comum de pesquisas orientadas a tarefas é identificar as fontes de
informação externas e internas selecionadas e usadas, intensivamente, por determinado grupo
de pessoas, ou também, examinar os modos formais e informais de partilhar e comunicar
informação em determinadas profissões e organizações.
Desta forma, o autor estabelece como ponto de referência os seguintes tipos de
pesquisa: estudos centrados em sistemas e orientados para tarefas; estudos centrados em
usuários e orientados para tarefas; estudos integrativos e centrados em sistemas; estudos
integrativos e centrados no usuário (CHOO, 2003). O presente estudo é orientado ao usuário
e tem por finalidade o exame de tarefas tendo em vista que, através dos métodos empregados,
busca-se compreender as ações do usuário no ambiente de um periódico eletrônico.
21
1.1.2 Razões para a pesquisa
Mais de 75% dos internautas realizam buscas na Internet (SULLIVAN, 2000),
porcentagem esta que tende a crescer à medida que as TICs são disseminadas. Esta realidade
impõe o desafio de tentar compreendê-la para potencializar seus benefícios. A atividade de
pesquisa em nível acadêmico é intensa e cumulativa e cada novo achado serve de suporte para
o questionamento de suas teorias e início a uma nova busca. Para a presente pesquisa, foi
selecionada a área de Psicologia, que, entre outras razões, apresenta um crescimento do
interesse dos usuários da área por periódicos eletrônicos. Em pesquisa realizada sobre o uso
de periódicos, em 2004, na base de dados do OhioLINK, um consortium da universidade de
Ohio, das bibliotecas da universidade e da State Library of Ohio, Nicholas et al. (2005a)
comprovaram a forte presença de periódicos de Psicologia entre os dez mais utilizados.
Nacionalmente, constata-se o estabelecimento de diversas iniciativas visando
fortalecer a publicação eletrônica na área. Como exemplos podem ser citados: a criação
oficial da Associação Brasileira de Editores Científicos em Psicologia (ABECiP)
8
, com o
apoio da biblioteca Virtual de Psicologia (BVS-Psi) e da Associação Nacional de Pesquisa e
Pós-graduação em Psicologia (ANPEPP)
9
; a criação do Portal Eletrônico de Periódicos de
Revistas de Psicologia e áreas afins (PePSIC), produto da parceria entre a BVS-Psi e a
ABECiP, com o apoio do Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências
da Saúde (BIREME), que concedeu a metodologia Scientific Electronic Library Online
(SciELO) para a publicação de periódicos em formato eletrônico e sua disponibilização
gratuita via Web. Outra razão para a seleção dessa área foi a constatação de que o periódico
Psicologia: reflexão e crítica, publicado pelo Programa de Pós-Graduação em Psicologia da
UFRGS, tem grande visibilidade, sendo, no primeiro semestre de 2007, a quarta home (página
inicial) mais acessada no SciELO e a publicação de Psicologia mais citada dentro do próprio
SciELO. Esta escolha justifica-se também porque, apesar da utilização de periódicos nas
humanidades ter aumentado (MEADOWS, 1999) por serem essenciais para a comunicação
científica, este uso ainda gera relativamente poucas pesquisas.
8
“A ABECiP foi uma iniciativa surgida em agosto de 2004, no I Encontro de Editores de Revistas Científicas da
Área de Psicologia, quando o PePSIC e o Manual dos Editores e Autores Psi foram projetados.” (BIZZARO,
2006, p. iii).
9
A apresentação do estatuto e a aclamação da diretoria ocorreram durante o II Encontro de Editores de Revistas
Científicas da Área de Psicologia, realizado em São Paulo no dia 10 de março de 2006. Nesse encontro
salientou-se, entre outros tópicos, a importância da editoração eletrônica e a disponibilização eletrônica gratuita,
e a importância de aumentar o número de citações de revistas de acesso livre e participação em associações que
publiquem ou assinem revistas de acesso livre.
22
A aceitação dos periódicos eletrônicos cresceu muito, assim como a leitura e uso
destes. Contudo, Tenopir e King (2002) apontam que pesquisadores continuam a buscar
periódicos tradicionais, seja em seu formato impresso ou eletrônico. Se a busca e o uso de
periódicos consolidados são mais intensos, o estudo desses periódicos pode fornecer um
retrato mais completo dos comportamentos informacionais de seus usuários. Diante disso,
fez-se um levantamento das publicações da UFRGS presentes no SciELO e constatou-se que
atualmente a UFRGS possui três títulos disponibilizados no sistema, os quais possuem
conceito A ou B de circulação internacional pelo Qualis
10
(http://qualis.capes.gov.br/webqualis/), estes são: Psicologia: reflexão e crítica, Horizontes
Antropológicos e Sociologias. Para Gruszynski e Golin
11
(2007):
[...] ao estarem disponíveis através do SciELO, [os periódicos] destacam-se
pela publicação eletrônica de suas edições completas, pela possibilidade de
recuperação de textos, por seu conteúdo, pela preservação de seus arquivos
eletrônicos e também pela disponibilidade de indicadores estatísticos de uso
e de impacto.
Os fatores citados pelas autoras contribuíram para a escolha de um desses periódicos
como objeto de estudo. Dentre os três títulos destaca-se Psicologia: reflexão e crítica, por sua
visibilidade nacional e internacional na área, sendo o periódico da instituição com maior
quantidade de acessos.
Packer e Meneghini (2006) comentam a importância de privilegiar os periódicos locais
com pesquisas para contribuir com sua visibilidade e impacto. Os autores apontam, ainda, que
a visibilidade de uma universidade “[...] está relacionada diretamente com a visibilidade dos
periódicos onde são publicados os resultados das suas pesquisas.” (PACKER; MENEGHINI,
2006, p. 237). Desta forma, justifica-se a escolha de um periódico da UFRGS por ser um
objeto ainda carente de contribuições acadêmicas.
1.2 Definição do problema de pesquisa
Diante da realidade exposta, vários são os questionamentos que surgem. Dentre eles,
indaga-se acerca do perfil dos usuários que fazem a busca e uso nesse periódico; do contexto
em que encontram-se inseridos; das informações que buscam; da forma e do período em que
10
Todos os anos o sistema Qualis avalia periódicos de diferentes áreas em categorias A, B e C nos âmbitos local,
nacional e internacional.
11
Documento eletrônico não paginado.
23
utilizam essas revistas; do caminho percorrido até chegarem aos periódicos; e, finalmente, das
possíveis estratégias e táticas empregadas.
Entende-se que para buscar respostas que permitam avançar o conhecimento nessa
área é necessário compreender a interação entre o usuário e esse recurso eletrônico
12
. Levanta-
se, então, a seguinte questão de pesquisa: quais os padrões de comportamento de busca e uso
de informação no periódico eletrônico, Psicologia: reflexão e crítica?
1.3 Objetivos
Para a realização da presente pesquisa foram elaboradas metas que contribuíram para a
construção do panorama de busca e uso de informação. Estas são: o objetivo geral e os
objetivos específicos.
1.3.1 Objetivo geral
Analisar o comportamento de busca e uso da informação no periódico científico
eletrônico Psicologia: reflexão e crítica por meio da análise de logs.
1.3.2 Objetivos específicos
a) Identificar as diferentes formas de acesso ao periódico;
b) Verificar o número de acessos ao periódico e sua distribuição pelo território nacional;
c) Verificar a freqüência de uso do periódico;
d) Verificar os tipos de internauta a visitar o periódico;
12
Neste texto os termos recurso eletrônico e serviço informacional eletrônico (ROWLEY; ULQUHART, 2007)
serão eventualmente utilizados como sinônimos para periódico eletrônico, já que este é considerado um tipo de
recurso eletrônico e serviço informacional. É necessário, contudo, salientar o plural dos termos como
representações de toda a gama de recursos e serviços disponíveis online.
24
e) Analisar padrões de busca e uso de informação que expliquem o comportamento dos
internautas no periódico.
1.4 Contexto
Em 1949, foi fundado por Emílio Mira y López o primeiro periódico brasileiro
dedicado à Psicologia, os Arquivos Brasileiros de Psicotécnica (ROSAS, 1995). O periódico
pertencia ao Instituto de Seleção e Orientação Profissional (ISOP) da Fundação Getúlio
Vargas, fundado pelo próprio Mira Y López em 1947. Segundo Gomes (2006)
13
: “Até então,
os artigos em Psicologia eram encaminhados preferencialmente para a Revista Brasileira de
Estudos Pedagógicos”.
A primeira publicação periódica em Psicologia do Rio Grande do Sul apareceu em
1966: o Boletim da Sociedade de Psicologia do Rio Grande do Sul. Para Gomes (2006)
14
:
A Sociedade de Psicologia do Rio Grande do Sul (SPRGS) havia sido
fundada em 1959 e estava em franco crescimento, com suas atividades
prestigiadas pelos psicólogos gaúchos. O Boletim circulou até 1970.
Em 1971, foi fundada a revista Psico, do Instituto de Psicologia da Pontifícia
Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), em circulação até o presente
momento. Entre 1973 e 1975, circularam os Cadernos de Psicologia Aplicada do Centro de
Orientação e Seleção Profissional da UFRGS. Onze anos depois a revista Psicologia:
Reflexão e Crítica foi lançada pelo então Departamento de Psicologia da UFRGS. Essa
revista, segundo Gomes (2006), nos últimos anos tem-se consagrado como o mais importante
periódico na área, com base nas avaliações da CAPES. O periódico é também indexado por
diversos índices bibliográficos que possuem credibilidade, condição que atesta a visibilidade e
o reconhecimento do periódico como referência na área, de acordo com Packer e Meneghini
(2006).
Antes de se iniciar a revisão de literatura que embasa este trabalho, considera-se
necessário ambientar o leitor ao objeto de pesquisa, o periódico Psicologia: reflexão e crítica.
O SciELO, um dos indexadores que disponibilizam o periódico, também será abordado para a
13
Documento eletrônico não paginado.
14
Documento eletrônico não paginado.
25
melhor compreensão do mesmo como critério de corte e como um dos principais fornecedores
de dados para a realização dessa pesquisa.
1.4.1 SciELO
O SciELO é uma biblioteca eletrônica que abrange uma coleção seleta de periódicos
científicos eletrônicos brasileiros. A biblioteca surgiu em 1997 e é o resultado de um projeto
da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) em parceria com o
Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde (BIREME).
Desde 2002, o projeto recebe apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico (CNPq).
O projeto visa ao desenvolvimento de uma metodologia comum para preparação,
armazenamento, disseminação e avaliação de periódicos em formato eletrônico. Com o
avanço das atividades, sua coleção ampliou-se e, cada vez mais, novos títulos de periódicos
estão sendo incorporados. O SciELO é um projeto sem fins lucrativos, assumindo um papel
fundamental na ampliação do acesso e da visibilidade da literatura científica brasileira. A
biblioteca
disponibiliza dez coleções certificadas de periódicos online e tem seis em
desenvolvimento
15
. As coleções internacionais certificadas correspondem aos seguintes
países: Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Cuba, Portugal, Espanha e Venezuela. As
coleções totalizam mais de 450 títulos de periódicos certificados e mais de 130 mil artigos em
textos completos online
16
(SciELO, 2007).
Um dos produtos da aplicação da metodologia para preparação de publicações
eletrônicas, no módulo de interface Internet, é o site da biblioteca, que se encontra disponível
em três idiomas: português, espanhol e inglês. O objetivo do site é proporcionar um amplo
acesso a coleções de periódicos como um todo, assim como aos textos completos dos artigos.
Esse acesso pode ser realizado por meio de índices de autor. Também pode ser realizado
através de formulários de busca dos títulos dos periódicos: por assunto, pelos nomes das
instituições responsáveis e pelo local de publicação, assim como através de um formulário de
busca de artigos por autor, palavras do título, assunto, palavras do texto e ano de publicação.
15
Dados referentes a Julho de 2007.
16
Incluindo artigos científicos originais, de revisão, editoriais e outros tipos de comunicações.
26
Por meio do SciELO, são elaborados mecanismos alternativos e
complementares às
bases de dados internacionais, v
isando promover, assim, o acesso e a visibilidade
da
literatura brasileira
nacional e
internacionalmente, contribuindo também para o aumento
do seu
impacto. Este é medido por meio de indicadores bibliométricos que têm por base os
registros bibliográficos dos artigos e das citações bibliográficas neles contidas. Costa (2007)
aponta que os indicadores bibliométricos adotados como padrão pelo SciELO são
equivalentes aos do
Journal Citation Reports
(JCR), publicados pela Thomson ISI.
Desta forma, pode-se constatar uma grande preocupação em fornecer dados de uso à
comunidade usuária da biblioteca. Na opção “uso do site”, encontram-se os relatórios de
utilização do
site
, assim como nas
homes
de cada periódico indexado, em que a opção
“estatísticas” oferece dados mais específicos sobre o periódico. Estes dados e relatórios foram
utilizados nesta pesquisa, juntamente com os dados provenientes dos
logs
de acessos obtidos
junto ao SciELO.
1.4.2 Psicologia: Reflexão e Crítica
17
O periódico teve início em 1986 no Departamento de Psicologia do Instituto de
Filosofia e Ciências Humanas, na forma impressa. Sua criação foi resultado de uma política
de incentivo à setorização das publicações do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da
UFRGS. A Revista do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, fundada em 1973, seria
mantida
com a condição de que cada departamento passaria a ter sua própria publicação
dentro das características de suas respectivas áreas.
O primeiro editor foi o prof. William B. Gomes. Em seu primeiro número, a revista foi
apresentada em seu Editorial (p. iv) como um “[...] fórum para os psicólogos gaúchos
debaterem e se informarem dos progressos, mudanças e redundâncias da Psicologia em nossa
região [...] sem, contudo, abandonar o caráter científico e imparcial”. Na época, havia em
Porto Alegre um intenso debate de idéias entre psicólogos, porém não havia muitos registros
impressos destes debates. Gomes (2006)
18
afirma que com aquele editorial
[...] justificava-se o título de Reflexão e Crítica. A possível redundância dos
termos reflexão e crítica era, na verdade, uma paródia à indefinição dos
17
Disponível em: <http://www6.ufrgs.br/seerprc/ojs/about.php>
18
Documento eletrônico não paginado.
27
títulos dos periódicos brasileiros na área, diante do fantasma da
especialização, ou seja, escolher uma área temática qualquer e não conseguir
sustentar a publicação por falta de artigos.
Seu título é um aforismo que enaltece a reflexão e a crítica, colocando-as no contexto
do inquérito e da lógica científica, seja de natureza quantitativa ou qualitativa (GOMES,
1997)
19
. O objetivo inicial do periódico de criar um espaço dedicado ao debate nunca foi
alcançado. Contudo, ele logo se converteu em um importante veículo na divulgação de artigos
científicos nacionais.
Apesar de vinculado a um programa de pós-graduação da UFRGS, o periódico não
objetiva dar vazão à produção da instituição. Na verdade essa publicação nunca assumiu o
compromisso de priorizar a produção dos professores do Programa de Pós-Graduação em
Psicologia, como se espera de uma publicação vinculada a uma instituição. Seu compromisso
é de atender a comunidade nacional.
Em 1995, começou a receber recursos do Programa de Apoio a Publicações
Científicas CNPq/FINEP, momento em que a tiragem passou de 500 para 1000 exemplares.
Durante o período em que Sílvia
Helena
Koller (1996-2002) foi editora, o periódico se
consolidou como o mais importante do país na área, segundo as avaliações da CAPES. Houve
também um notável esforço para a indexação nos mais diferentes veículos e países. Indexado
no SciELO a partir de junho de 1999, atualmente é o periódico da UFRGS mais acessado em
sua biblioteca. Contudo, o SciELO é, apenas, uma das bases de dados onde o periódico
encontra-se indexado. Outras se encontram listadas a seguir:
Biblioteques UAB. Revistes
digitals
;
Elsevier Science Direct Electronic Journal
;
Social Science Online Periodicals
;
PSICODOC - Colegio Oficial de Psicólogos de Madrid
; PsycInfo (
Psychological Abstracts
);
Sociological Abstracts
e CSA;
Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde
(LILACS/BIREME); Index-Psi Periódicos (CFP);
Latin American Periodicals Tables of
Contents
(
LAPTOC
);
Child Development Abstracts and Bibliography
(SRCD).
Disponível em formato eletrônico desde 1992, passou a ter periodicidade
quadrimestral em 2002, sob a editoração de Cleonice Alves Bosa. Hoje é publicado pelo
Programa de Pós-Graduação em Psicologia da UFRGS, com o apoio da Sociedade Brasileira
de Psicologia do Desenvolvimento (SBPD) e do CNPq, e sua editora é Lisiane Bizarro. No
periódico são publicados, em português e em inglês, trabalhos originais na área de Psicologia:
artigos, comunicações breves e resenhas, objetivando apresentar à comunidade científica
textos que apresentem contribuições significativas para a área.
19
Documento eletrônico não paginado.
28
Gomes (2006) salienta que a independência editorial continua sendo uma característica
importante do periódico. Contudo, o autor acredita que, apesar dessa independência, a revista
Psicologia: reflexão e crítica tornou-se a principal contribuição do Programa de Pós-
Graduação em Psicologia da UFRGS à psicologia brasileira. Para o autor, atualmente o
periódico é uma indicação da vitalidade do Programa. A publicação está em seu décimo nono
volume, consolidada como canal de expressão das reflexões e críticas teóricas e
metodológicas de uma área.
29
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A revisão de literatura sobre comportamento de busca e uso da informação, periódicos
científicos eletrônicos, visibilidade, entre outros assuntos relevantes à pesquisa, estabelece a
base sobre a qual esse estudo será construído. A sessão a seguir explicita os conceitos que
estruturam a pesquisa.
2.1 Busca e uso da informação
Não se pode realizar a presente pesquisa sem apresentar os conceitos de busca e uso da
informação, pois estes são os dois itens dentre os elementos constituintes do comportamento
informacional que serão abordados constantemente. Estudos sobre o comportamento de
busca de informação de cientistas remontam ao final da década de 40. Os primeiros estudos
desta natureza eram patrocinados por associações profissionais que precisavam se preparar
para responder à explosão informacional, mas também eram utilizados por bibliotecários ou
administradores de unidades de informação que precisavam de dados para planejar seu
serviço. Ao longo da história foi amplo o espectro de estudos dessa natureza realizados.
Wilson (2000) afirma ser possível identificar artigos sobre o assunto antes mesmo de se
cunhar o termo Ciência da Informação.
A busca e o uso da informação são processos presentes no cotidiano do ser humano.
Eles fazem parte das atividades sociais e humanas e, por meio destas, tornam-se úteis para
um grupo ou indivíduo. A forma com que esses processos se desenvolvem depende das
condições do contexto em que as informações são utilizadas pelo usuário. Estas condições
são altamente mutáveis, que dependem da ação do individuo sobre o contexto, tornando
busca e uso não processos separados, mas um continuum dinâmico, não-linear.
Os estudos de comportamento informacional comumente abrangem a necessidade, a
busca e o uso da informação, entre outros fatores envolvidos no processo. Diversas pesquisas
foram realizadas nessa área e vários aspectos do comportamento informacional dos
pesquisadores foram analisados. Inicialmente os estudos centravam-se no sistema. Utilizando
métodos de pesquisa quantitativa, o foco estava em saber o número de visitas a bibliotecas,
de assinaturas de periódicos ou contextualizando para os dias de hoje, a quantidade de
hits
de
30
uma página. Estes números fornecem dados relevantes, mas pouco dizem do uso real das
informações. Recentemente, as pesquisas têm se centrado no indivíduo, seus sentimentos e
motivações, entre outros fatores, significando uma mudança dos métodos de pesquisa
quantitativos para os qualitativos ou a combinação de ambos.
Como foi observado, vários fatores influenciam na eficiência de uma busca
informacional de forma positiva ou negativa. Wilson (1981) define barreiras que podem
interferir no comportamento de busca e uso da informação como barreiras pessoais,
interpessoais e do contexto no qual o indivíduo encontra-se inserido. Além disso, cada área
do conhecimento possui padrões de comportamentos de busca e uso, assim como elementos
no processo de recuperação da informação, que lhe são característicos.
Em resumo, a fonte de informação, os assuntos de interesse do indivíduo, a tecnologia
da qual dispõe e o contexto em que se encontra inserido são alguns dos contingentes que
influenciam em seu comportamento de busca e uso, tornando estes processos dinâmicos e
não lineares.
2.1.1 Busca da informação
Gonzalez Teruel (2005) define a busca como a sucessão de etapas em um processo
para satisfazer uma carência de informação. Krikelas (1983) possui definição semelhante ao
falar de atividades que um indivíduo realiza para identificar mensagens que satisfaçam
necessidades percebidas. Segundo Marchionini (1995) e Choo (2003), a busca da informação
é um processo no qual humanos envolvem-se intencionalmente para mudar o seu estado atual
de conhecimento.
Para Wilson (2000), o comportamento de busca surge a partir da percepção de uma
necessidade. Segundo o autor, este comportamento
é guiado por um objetivo conseqüente a
uma necessidade de informação. No processo de busca, o pesquisador pode interagir com
sistemas tradicionais de informação (jornais, revistas, biblioteca etc.), ou sistemas eletrônicos
(como a
World Wide Web
). A busca é determinada pela interação concorrente de vários
fatores, e ela é orientada ao uso (MARCHIONINI, 1995). A leitura é uma forma de uso e fim
31
para o qual as ações de busca são realizadas, Tenopir et al. (2003, tradução nossa)
20
observam
esta orientação:
Leitores podem navegar por volumes eletrônicos ou impressos, fazer o
download ou fazer cópias de artigos interessantes, ou no caso de sistemas
avançados imprimir uma cópia em sua impressora. Outros buscam em
índices e bases de dados de resumos por artigos, os quais, quando
identificados, devem ser localizados e obtidos antes de poderem ser lidos.
São muitas as definições para o termo busca, e muitos os autores que trabalham com o
tema. Porém, nenhum modelo exclui a afirmação de que buscas são conduzidas para
encontrar informação útil ao usuário.
As TICs são incorporadas ao processo de busca da informação, modificando-o. Elas
podem ser feitas em diversas mídias, cada uma variando em velocidade e qualidade,
influenciando no tipo de resultado. Além disso, grupos de pessoas, de acordo com a natureza
de suas atividades, possuem pressupostos comuns que influenciam em seu comportamento de
busca. Surge a questão de como esses sistemas de busca da informação podem ser adequados
às necessidades de determinadas comunidades, em particular a comunidade científica. Para
esta, a aprendizagem é contínua
21
, ou seja, a busca de informação não é uma fase pontual, ela
permeia toda a evolução de suas pesquisas. Isto se torna mais evidente com a possibilidade
de o próprio usuário realizar as buscas. Até o advento dos computadores pessoais, as buscas
eletrônicas eram realizadas por um intermediário, o bibliotecário ou especialista da
informação. Mas esta situação modificou-se. É cada vez mais comum os usuários, membros
de comunidades científicas e acadêmicas, fazerem suas próprias buscas. A recuperação se
torna mais ágil e cômoda, podendo ser realizada em computador institucional ou de sua
própria residência, aumentando sua independência.
Recorre-se cada vez mais a recursos e canais eletrônicos e, à medida que esses
sistemas conectam-se em rede, muitas interações com outras pessoas e com instituições são
realizadas. certa dependência da tecnologia para auxiliar a encontrar informações, assim
como para representá-la de forma a ser compreensível a humanos. uma tensão entre os
objetivos de pesquisa e os recursos informacionais empregados para alcançá-los. A
informação eletrônica é abundante, porém complexa. Se por um lado está mais acessível, por
outro lado, achar a informação necessária está mais difícil.
20
Documento eletrônico não paginado.
21
A aprendizagem deve ser contínua em todos os momentos da vida. Aqui, meramente, comenta-se a
necessidade da aprendizagem contínua da comunidade científica por sua necessidade constante de conduzir
buscas por informação, atividade intrínseca à pesquisa científica.
32
Para Choo (2003), a acessibilidade e a qualidade são dois critérios importantes para a
escolha da fonte de informação. Taylor (1991 apud CHOO, 2003)
22
identifica seis categorias
de critérios para a seleção de fontes: facilidade de uso, redução de ruídos, qualidade,
adaptabilidade, economia de tempo e de custo. Porém, cada área do conhecimento, por que
não dizer cada indivíduo, possui seus próprios critérios para escolha de fontes. Ellis et al.
(1993) apontam que os cientistas sociais priorizam as fontes de acordo com os seguintes
critérios: pelo assunto, pela abordagem ou perspectiva, e pelo nível, qualidade ou tipo de
tratamento. Para Choo (2003, p. 105): “A diferenciação geralmente depende das experiências
anteriores ou iniciais com as fontes, de recomendações fornecidas por contatos pessoais e de
resenhas publicadas por outras fontes”. No comentário do autor destacam-se critérios
informais para a seleção de uma fonte como experiência pessoal (sujeita a inúmeros fatores
humanos) e recomendações de conhecidos.
Goulart e Hetem Jr. (2007)
23
afirmam que “[...] uma forma de melhorar o
entendimento sobre o processo de busca é estudar o comportamento do pesquisador [...]”. O
indivíduo que conduz a própria busca, o faz de acordo com suas infra-estruturas de
informação pessoais (MARCHIONINI, 1995), que consistem da coleção individual de
habilidades, experiência e recursos para reunir, usar e comunicar informação. É a coleção
individual de modelos mentais
24
que interagem entre si de acordo com um sistema de
informação; modelos mentais para eventos, experiências e domínios do conhecimento;
habilidades cognitivas gerais
25
e específicas relacionadas à organização e ao acesso à
informação; recursos materiais como os sistemas de informação, dinheiro e tempo; recursos
metacognitivos
26
para planejamento e monitoramento de pensamentos e ações; e atitudes
como a busca da informação e a aquisição de conhecimento (MARCHIONINI, 1995).
Para Marchionini (1995), a busca da informação (
information seeking
27
) depende das
interações entre buscadores de informação (
information seekers
) e outras pessoas e/ou
sistemas para representação da informação. É um processo intimamente relacionado com a
aprendizagem e a solução de problemas. Muito embora a aprendizagem possa ocorrer de
22
TAYLOR, R. S. Information use environments. In: DERVIN, B.; VOIGT, M. J. (Org.). Progress in
communication science. Norwood: Ablex Publishing, 1991 apud CHOO, Chun Wei. A organização do
conhecimento: como as organizações usam a informação para criar significado, construir conhecimento e tomar
decisões. São Paulo: Senac, 2003.
23
Documento eletrônico não paginado.
24
Esses modelos são representações mentais dinâmicas do mundo real.
25
Inferência, reconhecer relevância.
26
Atividade metacognitiva refere-se à habilidade de refletir sobre os próprios pensamentos e ações no passado,
monitorá-las enquanto procedem e planejar quais são as mais adequadas às necessidades.
27
Prefere-se o termo busca da informação (Information seeking) por ser mais orientado aos usuários.
33
forma direta ou incidental, a busca de informação geralmente é intencional. duas maneiras
de aprender de forma incidental segundo o autor: a primeira seria através dos sentidos que
estão, constantemente, juntando informações sobre o ambiente e possíveis perigos necessárias
à sobrevivência; a segunda, à medida que se busca informação de forma intencional, são
encontradas muitas unidades de informação em perspectiva que são filtradas e comparadas.
Muitas dessas informações são lembradas automaticamente, apesar do esforço para ignorá-las,
tornando-se necessário encontrar maneiras de minimizar e rotular essas informações. O acesso
descompromissado a um
site
conhecido pode, também, ser considerado uma tática de busca
28
,
se em determinado momento a informação captada de forma incidental se tornar útil.
No que se refere à natureza das buscas realizadas, Meadow, Boyce e Kraft (2000)
identificam quatro tipos básicos de busca em base de dados: a busca de item conhecido, a
busca de informação específica, a busca de informação geral e a busca para exploração. Na
maioria dos casos, usuários que buscam informação não diferenciam entre esses tipos de
busca e podem migrar de um tipo para outro durante uma busca.
Embora o autor tenha se referido a bases de dados, acredita-se que essa tipologia possa
ser estendida a outras fontes de informação eletrônica. De forma genérica, é possível tomar os
primeiros três tipos como buscas com estratégias analíticas e o quarto como busca com
estratégia de
browsing
29
. No entanto, é necessário ser cuidadoso ao fazê-lo, pois estratégias
analíticas e estratégias de
browsing
são termos empregados por Marchionini (1995) para
qualificar e diferenciar estratégias de busca e as duas podem se aplicar a todos os quatro tipos
básicos de busca descritos por Meadow, Boyce e Kraft (2000).
Entre os métodos de preferência dos usuários, sabe-se que houve uma crescente
adoção do
browsing
. Tenopir et al. (2003), em pesquisa realizada entre 2001 e 2002 com uma
amostra de 508 cientistas, apontaram que 39% destes descobriram seus artigos para leitura
através de ferramentas de busca (considerada uma estratégia analítica), 20,6% descobriram
através de
browsing
, 21,1% descobriram através de colegas, 16% descobriram através de
citações. Outros meios correspondem a 3,3%. Contudo, em pesquisa realizada com 397
professores e funcionários de três universidades americanas (
University of Tennessee,
University of Pittsburgh, Drexel University
) no período de 2000 a 2003, King et al. (2003)
apontam que 48,7% descobriram seus artigos através de
browsing
, 23,7% descobriram através
28
Estratégia é o planejamento geral para se chegar a um objetivo. Táticas são ações direcionadas a metas de
curto prazo e manobras (BATES, 1979).
29
Browsing é o processo de esquadrinhamento do conteúdo (objetos ou representações) e/ou estrutura de um
espaço de recursos, possivelmente resultando em um conhecimento inesperado, novo conteúdo ou caminho nesse
espaço. (CHANG; RICE, 1993).
34
de ferramentas de busca, 11,5% descobriram através de citações, 13% descobriram através de
colegas, 3,1% utilizaram outros meios para descobrir seus artigos de leitura. A presente
pesquisa tem o objetivo de abordar apenas estratégias de busca analíticas e de
browsing
.
2.1.1.1 Estratégias Analíticas
Mesmo diante dos padrões de busca baseados em
browsing,
Tenopir et al. (2003)
consideram que a proporção de artigos encontrados por buscas
online
aumenta. Com a
ampliação de recursos de armazenamento e disseminação de informação científica em
formato eletrônico, esta informação passa pelo controle e incremento de seus fluxos.
Gruszynski e Golin (2007)
30
apontam que “[...] diante da quantidade de informações
disponíveis para pesquisa, a racionalização dos processos de busca, consulta e navegação é
fundamental para evitar a sobrecarga cognitiva.” Uma expressão dessa racionalização seriam
as estratégias analíticas, uma forma sistemática de encontrar informação relevante dentre a
espantosa quantidade de dados disponíveis em rede.
A estratégia de busca analítica (MARCHIONINI, 1995) – ou estratégia de busca direta
(BATES, 2002) é aquela utilizada em situações ou “ambientes” onde existem formas de
organização, descrição e/ou indexação da informação, ou seja, que apresentam as condições
necessárias para a utilização de uma ferramenta de busca (BATES, 2002). A autora cita como
técnicas clássicas desse tipo de estratégia as buscas por assunto em serviços como índices
bibliográficos e bases de dados de resumos, assim como a busca por autor.
Segundo Marchionini (1995), as estratégias analíticas dependem de um planejamento
cuidadoso, da precisão dos termos utilizados nas buscas em relação às questões formuladas,
de reformulações iterativas das questões e do exame dos resultados. Apesar disso, as
estratégias analíticas são mais utilizadas por usuários experientes, mesmo sendo menos
interativas do que o
browsing
. Para a realização de uma busca mais sistemática em ambiente
eletrônico é necessário o auxílio de ferramentas que ajudam na construção do conhecimento.
Santaella (2004) utiliza o termo operador para essas ferramentas, pois, para a autora, o termo
evoca mecanismos não só manuais, mas também mentais. Operadores o notações formais,
por exemplo, palavras ou ícones “[...] que correspondem a regras heurísticas que o usuário usa
30
Documento eletrônico não paginado.
35
para passar de um estado a outro. Nos processos de navegação, os operadores funcionam
como indicadores de ação.” (SANTAELLA, 2004, p.66)
Segundo a autora, os dois processos que fundamentam a busca de informação são: a
compreensão do estado das coisas e a busca para se chegar a um alvo. O processo de busca é
conduzido pelo processo de compreensão, que gera a representação interna que o indivíduo
tem do problema. A compreensão leva à geração de operadores utilizados no processo de
busca, que, por sua vez, pode levar a representação interna da solução (VANLEHN, 1989
31
apud SANTAELLA, 2004).
Existem algumas informações essenciais para a realização das estratégias de buscas
analíticas. Segundo Santaella (2004, p. 67) “[...] não se pode assumir que é necessário que a
compreensão se complete antes que a busca comece.” Quer dizer, se o usuário não possui
todas as informações necessárias à compreensão do problema, a aquisição dessas pode ser
adicionada como meta no processo de busca. Partindo desse ponto, percebe-se a importância
do
browsing
antes da formulação de uma estratégia. Nessa situação, o
browsing
pode ser
utilizado como ação preliminar para conhecer melhor a área de conhecimento ou a fonte de
informação.
2.1.1.2 Estratégias de
Browsing
As estratégias de
browsing
são heurísticas e oportunistas e dependem do
reconhecimento de informação relevante. Essas estratégias são mais interativas e requerem
uma menor carga cognitiva para começar e uma quantidade de atenção mais constante
durante o processo de busca da informação (MARCHIONINI, 1995). Para o autor, apesar de,
na prática, os usuários geralmente aplicarem diversas estratégias combinadas, a maioria dos
usuários tem uma inclinação ao
browsing.
Pode-se constatar isso nas mencionadas
pesquisas (TENOPIR; KING, 2002, TENOPIR et al., 2003; KING et al., 2003). Em uma de
31
VANLEHN, Kurt. Problem solving and cognitive skill acquisition. In: POSNER, Michael I. (ed.).
Foundations of cognitive sciences. Cambridge, Mass.: MIT Press, 1989 apud SANTAELLA, Lucia. Navegar
no ciberespaço: o perfil cognitivo do leitor imersivo. São Paulo: Paulus. 2004.
36
suas pesquisas, Tenopir et al. (2003) identificaram que os autores apontam o aumento do
browsing
, correspondendo à metade das leituras, na fase “avançada”
32
dos periódicos.
O
browsing
é uma abordagem natural porque coordena os recursos físicos, emotivos e
cognitivos do ser humano. Também pode ser uma abordagem eficaz, pois os ambientes,
particularmente os criados por humanos, “[...] são geralmente organizados e muito
redundantes especialmente ambientes informacionais que são desenhados de acordo com
princípios organizacionais.” (MARCHIONINI, 1995, p. 100, tradução nossa), desta forma
favorecendo o
browsing
. As estratégias de
browsing
são particularmente eficazes para
problemas mal formulados ou interdisciplinares, quando o objetivo da busca é obter um
panorama sobre determinado assunto ou para se manter atualizado sobre inovações no tópico
desejado. Tenopir et al. (2003) chamam atenção para o fato de que a estratégia de
browsing
é
freqüentemente conduzida para a pesquisa de base, para estar ciente do que ocorre nas áreas
de interesse e para se manter em dia com a literatura. Pode-se dizer que essa estratégia não
tem um compromisso maior em atender a necessidades imediatas, mas é muito importante na
ampliação do conhecimento sobre o campo ou assunto. Segundo os autores, o
browsing
é
menos utilizado para suporte imediato e para escrita.
Mas, por que utilizar o
browsing?
Marchionini (1995) cita as principais razões para
isso: ter um panorama (da área do conhecimento, da fonte de informação); monitorar um
processo; deslocar/compartilhar carga cognitiva; esclarecer um problema informacional;
desenvolver uma estratégia formal; descobrir/aprender; por influência do ambiente. O autor
cita também as limitações dessa estratégia: demanda muita atenção; ineficiência para
recuperação bem definida; possíveis distrações; possível sobrecarga de informação;
influência de pré-conceitos e inércia cognitiva; sistemas presentes não foram desenhados para
dar assistência; sujeito a retornos menores.
Devido à enorme quantidade de texto com a qual pesquisadores devem lidar, técnicas
de
browsing
acabam sendo a primeira medida a ser adotada em uma fonte de informação.
Marchionini (1995) salienta que alguns periódicos requerem organização específica e, devido
a sua estrutura, promovem o
browsing
de várias formas. Uma delas é a ausência de
mecanismos de busca em vários periódicos eletrônicos. As estratégias de
browsing
vêm
possibilitar, ao usuário que utiliza esses periódicos, fazer julgamentos imediatos sobre a
relevância dos textos.
32
Tenopir et al. (2003) dividem as fases dos sistemas de periódico em: Early system phase; Evolving system
phase; e Advanced system phase. Esta classificação não foi adotada na presente pesquisa, pois não condiz com a
realidade dos sistemas atuais.
37
Em um breve resumo, pode-se destacar três técnicas que possibilitam uma grande
vantagem para as estratégias de
browsing
: capacidade de busca textual, termos realçados no
texto e
links
de hipertexto. Entre as táticas dessa estratégia Marchionini (1995) cita as
seguintes: o
scaneamento
, a observação, a navegação e o monitoramento. Contudo, por ser
uma abordagem altamente interativa, as distinções entre os subprocessos de busca da
informação são nebulosas no
browsing.
2.1.2 Uso da informação
Taylor (1991) apresenta uma visão pragmática do uso da informação. Segundo ele, o
uso está relacionado à seleção de mensagens entre um grupo maior de mensagens que o
usuário recebe ou acompanha. Para Choo (2003, p. 118): “o uso da informação ocorre quando
o indivíduo seleciona e processa informações ou mensagens que produzem uma mudança em
sua capacidade de vivenciar e agir ou reagir à luz desses novos conhecimentos.” O autor
aponta ainda que o uso é um processo confuso e desordenado e que está sujeito aos caprichos
da natureza humana. Wilson (2000) define o comportamento de uso da informação como o
ato mental e físico envolvido em incorporar a informação à base de conhecimentos existentes
de um indivíduo. Autores como Brenda Dervin, Carol Kuhlthau e Robert Taylor analisaram
os processos de busca e uso da informação previamente. O que as três perspectivas
apresentam em comum é que os pensamentos e sentimentos dos usuários são os locais para a
construção da informação, que ficará disponível no ambiente de trabalho e na vida do
indivíduo (CHOO, 2003). As condições destes indivíduos ditam o uso e a utilidade da
informação. Percebe-se, através da visão dos citados autores, que a informação útil é aquela
empregada conforme as necessidades do indivíduo. Na presente pesquisa, adota-se a visão de
que o uso está ligado ao acesso útil à informação, ou seja, a característica que define o uso é a
atividade (NICHOLAS; HUNTINGTON; WATINSON, 2003).
Para Marchionini (1995), a evolução tecnológica afeta as infra-estruturas de
informação pessoais em todos os níveis. Ela afeta tanto os aspectos físicos como os
cognitivos de diversas formas: provendo assistência em rede na seleção e uso de fontes de
informação; aumentando a proximidade das redes pessoais; estendendo nosso conhecimento
pessoal; e mudando as estratégias que usamos para buscar e adquirir informação. A
tecnologia também muda nossas expectativas e, estas, por sua vez, modificam as ações de
38
busca de informação, assim como a informação criada e usada. Desta forma, verifica-se que o
uso de serviços, a exemplo dos periódicos eletrônicos, gera a necessidade de voltar os olhares
a essas ações, para descobrir como ocorrem e como potencializá-las. Para isto, é necessário
não apenas compreender o sistema do ponto de vista de seu usuário, mas compreender todo o
processo de sua interação com a fonte de informação (para propósitos desta pesquisa, os
periódicos científicos eletrônicos de acesso aberto).
2.1.3 Comportamento de busca e uso
O comportamento de busca da informação é um tema muito abordado entre
pesquisadores da área, como por exemplo: Krikelas (1983), Ellis (1989), Kuhlthau (1991),
entre outros. Muitas das pesquisas realizadas resultaram na elaboração de modelos de busca e
uso da informação. Diversos modelos apresentam um caráter holístico, por exemplo,
examinando a relação entre os estímulos do meio na busca (KRIKELAS, 1983), ou seguindo
o cognitivismo (KUHLTHAU, 1991; WILSON, 2000). Após algumas reformulações, no ano
2000, Wilson apresenta seu modelo mais atualizado. Este se baseia em tendências
cognitivistas e trabalha vários conceitos básicos como: necessidade; comportamento
informacional; teorias de tensão/solução; de risco/recompensa; de aprendizagem social;
processamento e uso da informação.
O modelo de Wilson (Figura 1) é um modelo amplo e complexo que se baseia nos
modelos de Ellis (1989) e Kuhlthau (1991). Os aspectos dele aplicáveis a esta pesquisa são o
“Processamento e uso da informação” e “Busca ativa”, esta última contida no
“comportamento de busca da informação”. O processamento e uso da informação consistem
das ações físicas e mentais envolvidas na incorporação da informação-conhecimento
encontrada pelo usuário. Esse aspecto é relevante a esta pesquisa porque nele Wilson coloca
em foco os atos físicos realizados pelos internautas, elemento este que se tentou determinar
através da análise dos
logs
. a Busca ativa envolve ações conscientes com o propósito de
chegar à informação-conhecimento. O fato de este ser o único tipo de busca possível de ser
monitorada através da metodologia empregada neste estudo é o que tornou esse aspecto
relevante para a pesquisa.
39
Figura 1: Modelo de comportamento informacional
Fonte: Wilson (2000, p.53)
Salazar et al. (2007) definem comportamento como ações de um sujeito, que podem
mudar ou se manterem constantes. No relatório do
Institute for the future
(2002), detectaram-
se padrões de comportamentos de busca e uso (JAMALI; NICHOLAS; HUNTINGTON,
2005). Acredita-se que os padrões encontrados no relatório têm aplicação na presente
pesquisa e que esses estariam inseridos nas etapas “Busca ativa” e “Uso e processamento da
informação” do modelo de Wilson (2000). No subtópico 2.1.2, falou-se de uso como sendo
definido pela atividade e ações do usuário. Os padrões do
Institute for the future
(2002) foram
traçados a partir das ações dos usuários enquanto utilizando um serviço eletrônico, ou seja, os
padrões de comportamento foram definidos pelo uso do periódico.
Processamento
e uso da
informação
Comportamento
de busca da
informação
Contexto das
necessidades de
informação
Mecanismos
de ativação
Mecanismos
de ativação
Variáveis
que intervêm
Contexto
pessoal
Teoria da
tensão / solução
Psicológicas
Demográficas
Papéis sociais
ou
interpessoais
Meio
ambiente
Características
da fonte
Teoria do risco
/ recompensa
Teoria da
aprendizagem
social
Auto-eficiência
Atenção
passiva
Busca
passiva
Busca
ativa
Busca em
curso
40
Os três padrões definidos no relatório foram observados por meio da análise de
log
(uma das etapas do
Stanford E-Journal Users Study
, descrito no subtópico 2.4) realizada em
sites
de periódicos científicos eletrônicos nas áreas de ciências médicas e biológicas:
a)
home do periódico
sumário
texto completo em HTML
texto completo em
PDF;
b)
indexador
texto completo em HTML
texto completo em PDF;
c)
home do periódico
busca
texto completo em HTML
texto completo em PDF.
Estes padrões indicam a seqüência de ações do usuário até chegar à informação
desejada. Como se pode observar, o padrão A favorece o
browsing
. Nesse padrão, tanto a
primeira ação no serviço eletrônico como a segunda favorecem o
browsing,
não indicando o
uso de táticas analíticas de busca. Nos padrões B e C pode-se observar o acesso a ambientes
que possibilitam buscas ativas empregando táticas analíticas. No B, o primeiro acesso é feito
ao indexador, no caso estudado por eles, o
Pubmed
. Já no C, constata-se como segunda ação a
utilização da ferramenta de busca interna ao periódico.
Estudos como esses têm sido particularmente interessantes para melhor compreender
os comportamentos de busca analítica e
browsing
dos usuários em periódicos. Os resultados
do relatório mostraram que duas importantes portas de entrada em um periódico são sua
home
e o indexador. O relatório também afirma que os acessos ao texto completo em HTML
resultaram no acesso ao texto completo em PDF, este tido como objetivo final da pesquisa
(
INSTITUTE FOR THE FUTURE
, 2002). Esses padrões de comportamento de busca e uso de
periódicos, pelas suas características e pelo fato de terem sido elaborados com base na análise
de
logs
, tornam-se os mais adequados para uma comparação com os resultados alcançados
durante a presente pesquisa.
2.1.4 Leitor – Usuário – Internauta
Desde a revolução industrial, o desenvolvimento das técnicas de impressão e sua fusão
com as imagens fotográficas resultaram na multiplicação dos meios impressos de massa: os
jornais e as revistas. Com a evolução da tecnologia esses meios foram disponibilizados em
novos suportes. Diante dessas transformações, que novas disposições, habilidades e
41
competências de leitura estão aparecendo? Que novo tipo de leitor está surgindo no universo
das redes e conexões eletrônicas?
Para delinear um perfil mais realista desse leitor é necessário ampliar a concepção
mesma do que seja prática da leitura. Desde os livros ilustrados, passando pelos jornais e
revistas, o ato de ler tornou-se mais que a simples decifração de letras, ele passou a
incorporar, cada vez mais, as relações entre palavra e imagem, desenho e tamanho de tipos
gráficos, texto e diagramação.
Através da história, os leitores atravessam diferentes etapas, desde os leitores de livros
nas bibliotecas, os leitores de jornais, pôsteres e
outdoors
, até os leitores de telas de
computadores. Para Santaella (2004, p.21):
[...] o efeito que o texto é capaz de produzir em seus receptores não é
independente das formas materiais que o texto suporta. Essas formas
materiais e o contexto em que se insere contribuem largamente para modelar
o tipo de legibilidade do texto.
Diante disso, o atual leitor atinge um nível de complexidade ainda maior. Leitor das
telas eletrônicas, ele transita pelas redes e navega nas arquiteturas alineares do ciberespaço.
Este leitor pode ser chamado de leitor imersivo, ou seja, um leitor em estado de prontidão,
livre em suas escolhas entre nexos, tem suas iniciativas de buscas de direções e rotas num
roteiro multilinear, multiseqüencial e labiríntico, construído por ele ao interagir com os
recursos hipermidiáticos (SANTAELLA, 2004).
Com a evolução das tecnologias, o leitor passa a ser usuário, dividido por Santaella
(2004) nas seguintes categorias: usuário novato, usuário leigo e usuário experto. O usuário
novato não possui nenhuma intimidade com a rede, para ele tudo é novidade. O usuário fica
perplexo diante da tela, navega aleatoriamente, sem compreender quais operadores são
aplicados a cada estado. Parece faltar-lhe compreensão dos signos, dos lugares que ocupam,
por que ocupam esses lugares e o que significam.
O usuário leigo sabe como entrar na Internet. Porém, lentos e hesitantes, realizam
repetidamente operações de busca, avançam, erram e se auto-corrigem, retornam e tentam
outro caminho para encontrar uma solução. Este usuário memoriza algumas rotas específicas
para a realização de determinadas ações, ou seja, é capaz de usar regras situacionais para
diminuir a aleatoriedade de suas escolhas. Contudo ainda não é familiar às situações e nem
competente na resolução destas como um usuário experto. Este último conhece os
significados de cada mínimo sinal que aparece na tela. A autora o define como o usuário que
42
detém estratégias globais desenvolvidas e precisas, assim como possui o conhecimento do
conjunto. Isto lhe permite tomar decisões imediatas quando as escolhas são necessárias.
Os usuários das tecnologias passam a internautas
33
a partir de seu contato com a rede
mundial de computadores. Santaella (2004) elaborou também a seguinte classificação de
internautas, que passa a ser utilizada nesta pesquisa: a) o internauta errante, aquele que pratica
a arte da adivinhação; b) o internauta detetive, aquele que segue pistas e aprende com a
experiência; e c) o internauta previdente, aquele que sabe antecipar as conseqüências de suas
ações.
A característica que marca o primeiro tipo de internauta, o internauta errante, é a
abdução. De acordo com Peirce (1931-58
34
apud SANTAELLA, 2004), a abdução é um
instinto racional. Produto de nossa razão criativa simultaneamente instintiva e racional, o
processo de abdução passa pelas seguintes etapas: a) a observação criativa de um fato; b) uma
inferência que tem a natureza de uma adivinhação; c) a avaliação da inferência reconstruída.
A abdução possui duas faces, inferencial e originária. Embora abduções sejam inferências, por
serem feitas inconscientemente, elas chegam a nossa consciência como se fossem originárias,
quer dizer, primeiras premissas. Elas são falíveis, mas são fonte de descobertas. O campo
associativo da mente deste internauta é semelhante ao de um
brainstorm
. Ele vai adivinhando
o que fazer no processo, utilizando o ensaio e o erro como método, sem memórias ou registro
dos caminhos percorridos.
[...] Navegar de maneira errante é derivar na ausência de um rumo pré-
determinado, o que significa que esse internauta não traz consigo o suporte
da memória, pois ele navega como quem percorre territórios ainda
desconhecidos. (SANTAELLA, 2004, p. 178)
Para o segundo tipo de internauta, o detetive, a indução é sua característica marcante.
A indução é um processo que parte de dados teóricos e mede o grau de concordância da teoria
com fatos concretos. Trata-se, pois, de um processo de investigação voltado para experiência
que contribui para suposições teóricas. Este tipo de raciocínio, por ser resultado de
inferências, chega até uma conclusão aproximada que, ao longo do tempo, pode levar à
verdade.
33
O termo internauta passa a ser utilizado como sinônimo de usuário, pois este também utiliza as tecnologias da
informação e comunicação.
34
Peirce, C. S. Collected papers. Cambridge, Mass.: Harvard University Press, 1931-58 apud SANTAELLA,
Lucia. Navegar no ciberespaço: o perfil cognitivo do leitor imersivo. São Paulo: Paulus. 2004.
43
Peirce (1931-58
35
apud SANTAELLA, 2004) classifica a indução em rios tipos.
Contudo, para os propósitos desta pesquisa, só se falará da indução qualitativa. Esta se
encontra envolvida na elaboração de uma hipótese e a criação de condições para verificação
dessa hipótese, chegando à conclusão de que ela será verificada tão freqüentemente quanto ela
se encontrar experimentalmente verificada. Desta forma, o autor relaciona a indução com a
formação de hábitos. No caso do internauta detetive, ao utilizar um programa de busca, por
exemplo, ele recupera uma considerável quantidade de resultados, diante dos quais segue
algumas indicações para refinar a busca. Ao recuperar o assunto mais específico, incorpora
essas ações, repetindo-as até se tornarem hábito.
Castells (2003) chama de conectividade auto-dirigida a capacidade do internauta de
encontrar seu destino na rede; ele se auto-organiza à medida que vai se consumando. O
método deste internauta constrói-se no ato da busca, ele está em estado de alerta para as
pistas. Para ele, os
links
são índices remissivos às respostas desejadas. “Por meio desse
aprendizado, o navegador detetive vai gradativamente transformando as dificuldades em
adaptação.” (SANTAELLA, 2004, p. 179).
O internauta previdente, o último, segundo a tipologia adotada, possui como
característica marcante a dedução. Esta dedução consiste na construção de uma imagem que
esteja de acordo com um preceito geral e na percepção de certas relações entre a imagem e
partes não explicitamente estabelecidas no preceito, e em acreditar que estas relações sempre
ocorrerão quando aquele preceito for seguido. Através da dedução, o hábito cumpre com a sua
função de chamar por certas reações em determinadas circunstâncias. Dessa forma, a
navegação de rotina desse internauta requer os seguintes passos: acionar o esquema
apropriado, adaptá-lo à situação que se apresenta e executar os procedimentos adequados.
Hábil em suas inferências dedutivas, tendo passado pelo processo de aprendizagem,
se tornou de tal forma familiar com os ambientes informacionais que neles navega seguindo a
lógica da previsibilidade. Sua navegação se dá em percursos sistematizados, orientando-se por
sua memória de longo prazo. O internauta previdente registra traços da situação dada e os usa
na instanciação. Segundo Santaella (2004, p. 120):
Todo processo de reconhecimento e instanciação de um esquema é uma
forma de elaboração porque o esquema não muda a situação, mas aumenta a
habilidade do internauta para a performance imediata dos procedimentos.
35
Peirce, C. S. Collected papers. Cambridge, Mass.: Harvard University Press, 1931-58 apud SANTAELLA,
Lucia. Navegar no ciberespaço: o perfil cognitivo do leitor imersivo. São Paulo: Paulus. 2004.
44
Os tipos de usuários apresentados por Santaella não estão diretamente relacionados
aos tipos de internautas também definidos por ela. Apesar do domínio dos recursos de
navegação ser um pré-requisito para um internauta previdente, a natureza dispersiva e
abrangente da rede torna possível a transformação deste em um internauta errante. Contudo,
ele não pode voltar a se tornar um usuário novato. É comum ter a atenção capturada por
algum detalhe defrontado com uma informação inesperada, o que faz com que a rotina dos
passos dedutivos seja quebrada. A liberdade propiciada pela rede possibilita a este internauta
interromper o fluxo de sua busca, e ingressar por um
link
marginal. A errância volta a entrar
em ação, seguida pela busca de pistas
Santaella (2004) chama a atenção para o fato de que sua classificação dos internautas
não significa que o perfil cognitivo destes esteja dividido nessas três modalidades, uma
excluindo a outra. Por exemplo, o detetive pode, a qualquer momento, reencarnar o papel do
flâneur
descompromissado. Por outro lado, se repetido com persistência, seu método
investigativo ocasionará no desenvolvimento de habilidades como navegador previdente.
Por essa razão, não se pode pensar que o internauta previdente deixe por completo de
realizar procedimentos de busca. Para Santaella (2004, p. 120): “Estes [procedimentos] se
fazem necessários quando o previdente se defronta com uma situação fora da rotina, do que
resulta a ambigüidade no acionamento do esquema mental e impasses quanto ao esquema a
ser selecionado.”
Após falar dos tipos de internauta a navegar a rede, é necessário chamar atenção aos
comportamentos deste em relação ao
site
, ou, no caso desta pesquisa, o periódico. Estes
comportamentos podem ser comuns a todos os tipos citados de usuários. Nicholas et al.
(2007) discriminam estes comportamentos em: compromissado (
engaged
) e
bouncing
.
O comportamento compromissado se refere à freqüência de retornos ao mesmo
site
ou
periódico. Nicholas et al. (2007) atribuem níveis a esse comportamento: usuário
moderadamente compromissado (
Moderately engaged user
), usuário compromissado
(
Engaged user
), usuário seriamente compromissado (
Seriously engaged user
). Este último
realiza o que Zauberman (2003) chama de
lock-in
, indicando que o usuário não está inclinado
a buscar outros
sites
.
Nicholas et al. (2007) chamam atenção para o comportamento de
bouncing
. Esta é
uma forma de descrever a conduta de usuários que visitam algumas poucas páginas do vasto
número disponível e não voltam ao mesmo
site
freqüentemente, algumas vezes sequer voltam.
Os autores ainda especificam que o comportamento de
bouncing
está ligado ao
browsing
.
45
Nicholas et al. (2007) apontam que o
browsing
de monitoramento é o menos provável de
favorecer o
bouncing
.
Segundo os autores, as únicas explicações para o
bouncing
das quais se tem evidência
são: a considerável quantidade de escolhas em formato eletrônico; os mecanismos de busca; o
próprio ato de navegar na
Web
; a visibilidade das informações em formato eletrônico, que têm
seus próprios critérios; o alcance da rede; buscas limitadas, pobres, superficiais; e outros
fatores como confiabilidade e visual da página, por exemplo.
Não se tem como ambição desta pesquisa desenhar o perfil destes usuários através dos
dados quantitativos e qualitativos obtidos. Contudo, busca-se pistas e evidências da passagem
dos tipos de internautas citados, assim como de seu comportamento para com o periódico.
2.2 Periódicos científicos
É comum que a comunicação científica se inicie em canais informais de comunicação,
seja por meio de uma conversa entre pesquisadores ou através da divulgação de resultados em
seminários e reuniões. Porém, a comunicação de maior credibilidade se estabelece “[...] pela
publicação em canais formais, principalmente nos periódicos, considerados como o principal
meio de comunicação e divulgação do conhecimento científico.” (OLIVEIRA; NORONHA,
2005, p. 2). Nesta configuração, o periódico ocupa a importante posição de principal
disseminador do conhecimento. É através da publicação nesse meio que a pesquisa de um
autor é reconhecida como de relevância para a área e que uma descoberta científica obtém
destaque (MERTON,1957).
Criadas no século XVII com o surgimento das primeiras sociedades, as revistas
científicas passaram a coexistir com os livros, as cartas e a comunicação oral. O
Journal des
Savants
foi o primeiro, criado em 1665 na França. Inicialmente bastante abrangente,
posteriormente colocou seu foco em áreas específicas do conhecimento. O segundo periódico
a ser publicado, acredita-se, foi o protótipo do periódico científico moderno, as
Philosophical
Transactions: Giving Some Accompt of the Present Undertakings, Studies and Labors of the
Ingenious in Many Considerable Parts of the World.
Criado em 1665 pela
Royal Society
, a
publicação desde seu início buscava manter o caráter científico (MEADOWS, 1999).
Além de fonte privilegiada de produção científica, “[...] o periódico científico pode ser
considerado um espaço institucional da ciência, pois se insere dentro do universo das
46
realizações e comunicação das atividades científicas.” (FREITAS 2006, p. 54). No Brasil, os
periódicos
36
surgem no século XIX, ocasião em que a política colonial portuguesa torna-se
menos gida, com a transformação brasileira de colônia à sede da Corte, em 1808. Nessa
época, devido ao transplante das instituições portuguesas para o país, com o intuito de
atender às necessidades da Corte portuguesa, deu-se o início da institucionalização da cultura
brasileira e o estímulo aos brasileiros para elaborarem uma identidade nacional e se
organizarem como nação (FREITAS 2006).
A Corte portuguesa possibilitou a existência da imprensa no Brasil e a criação de
instituições científicas, as quais estabeleceram a prática e o estudo das ciências. A
comunicação da ciência no Brasil começa no século XIX em jornais cotidianos, que tinham
como foco assuntos gerais e voltados ao grande público. A Gazeta do Rio de Janeiro,
inaugurada em 1808, foi o primeiro periódico impresso no País e funcionava como um diário
oficial, realizando o papel de divulgador dos assuntos científicos, noticiando a produção de
obras, a realização de cursos, a produção e a venda de livros e textos científicos, além das
notícias, alusões e memórias científicas.
Após o surgimento da Gazeta do Rio de Janeiro, teve inicio a época que ficou
conhecida como a Idade d’Ouro do Brasil. Foram impressas na Bahia revistas como As
Variedades ou Ensaios de Literatura, assim também como o primeiro jornal literário
brasileiro. A Impressão Régia, até 1821, foi a maior tipografia brasileira. Ela imprimiu o
primeiro periódico nacional destinado a publicar textos de ciência, história e literatura,
intitulado O Patriota, Jornal Litterario, Politico, Mercantil & c. do Rio de Janeiro, editado de
1813 a 1814 (FREITAS, 2006). A autora menciona ainda a singularidade da realização dos
estudiosos brasileiros do século XIX, ao editarem publicações em áreas diversas das ciências
em um país pobre, recém-liberto das limitações impostas pelo colonialismo agrário,
escravocrata e desprovido de estrutura política, administrativa, educacional e científica.
Durante o século XIX, foram diversas as tentativas de criar um periódico brasileiro que
veiculasse informações pertinentes aos estudiosos da época. Contudo, segundo Freitas (2006,
p.64):
A realidade sociopolítica brasileira, até a década de 30, o se mostrava
propícia aos periódicos especializados. E assim, o Brasil teve de esperar
mais alguns anos para que aparecessem novos periódicos a difundir a ciência
brasileira. E, para que se firmassem, foi necessário que estivessem apoiados
em agremiações científicas, as quais fundaram um novo jornalismo
científico, a partir de então. Nesta década, foram elas, principalmente, a
36
Não no sentido em que hoje são conhecidos pela comunidade.
47
Sociedade Auxiliadora Nacional (com seu periódico Auxiliador da Indústria
Nacional, iniciado em 1833 e publicado até 1892), o Instituto Histórico e
Geográfico Brasileiro (com a Revista Trimensal de Historia e Geographia ou
Jornal do Instituto Historico Geographico Brasileiro, iniciada em 1839 e
publicada até hoje) e a Academia Imperial de Medicina do Rio de Janeiro
(que publicou inúmeros periódicos, iniciando com o Semanario de Saude
Publica, em 1831). Essas três instituições tiveram um papel fundamental
tanto na formação, quanto na comunicação da ciência no Brasil.
despontava a estrutura que formaria a configuração atual em que os periódicos
científicos têm uma relação profunda com instituições de ensino superior e centros de
pesquisa. A maioria deles, inclusive, sendo organizada e mantida por instituições
universitárias (GOMES, 1997)
37
.
Na atualidade, o periódico científico é definido por Targino (1998, p.98) como um:
[...] canal de comunicação formal dos resultados de estudos e pesquisas em
cada área do conhecimento, tendo como principal público os cientistas, e que
dispõe de mecanismos de controle e aferição de qualidade das informações
veiculadas.
Para Ziman (1979), o periódico científico cria a organização adequada para o
desenvolvimento do método científico. O periódico permite a publicação separada de etapas
da pesquisa, possibilita que pesquisadores atualizem-se em recentes descobertas e métodos, e
também permite que estes pesquisadores confiram o panorama da produção em seus campos
de estudo.
Com o surgimento das TICs, os periódicos sofrem mudanças tanto em sua
apresentação como nos processos envolvidos na publicação. Os periódicos passam a ser
oferecidos em vários suportes diferentes, facilitando o acesso e influenciando nas formas de
utilização das informações. Segundo Tenopir e King (2002), apesar das mudanças drásticas
sofridas pelo sistema dos periódicos científicos nas últimas décadas, o valor que a
comunidade acadêmica dá às informações disponibilizadas por este meio é evidente, quer seja
em formato impresso ou em formato eletrônico.
37
Weitzel (2006) chama atenção para o fato de os novos protagonistas do cenário tecnológico e de iniciativas,
como os arquivos abertos e o movimento pelo acesso livre, serem resultados de pesquisas financiadas com
recursos públicos.
48
2.3 Periódicos científicos eletrônicos
Para Marchionini (1995, p. 1, tradução nossa): “As conseqüências gerais da
sociedade da informação são três: maior volume de informação, novas formas e agregações de
informação, e novas ferramentas para trabalhar com a informação.” Atualmente, o periódico
científico assume novas configurações, tendendo a migrar do impresso para o eletrônico. O
autor passa a incorporar às suas práticas científicas o papel de produtor, disseminador e
usuário (WEITZEL, 2005). Segundo a autora, a adoção das TICs: otimiza o processo de
geração, disseminação e uso da informação; transparência a esses processos,
redimensionando o processo de avaliação pelos pares, antes centrado no corpo editorial dos
títulos científicos; proporciona acesso livre à literatura científica, entre outros benefícios.
Cada vez mais periódicos são criados e sua disponibilização
online
facilita o acesso
aos mesmos, aumentando potencialmente seu público. Meadows (1999, p. 232) observa que:
[...] o uso da literatura científica em países desenvolvidos tem sido cada vez
mais afetado pela introdução de métodos eletrônicos de processamento de
informação, que já começam a ter influência nos países em
desenvolvimento.
Para Lancaster (1995), no entanto, a idéia de periódico eletrônico não é tão nova.
Segundo ele, os primeiros autores a elaborarem um conceito foram Sondak e Schawartz, em
1973. Estes apresentaram o conceito do periódico sem papel (
paperless journal
) cuja
distribuição seria através de artigos em formato eletrônico, que seriam lidos em computadores
nas bibliotecas e também em microfichas por usuários individuais.
variações de formatos de periódicos eletrônicos. Estes podem ser réplicas de suas
versões impressas, apresentando os artigos em formato PDF para impressão, podem
disponibilizar ferramentas de busca (eficientes ou não), podem ter um design funcional, cor,
gráficos,
links
para bases de dados, entre outros. Alguns possibilitam buscar e fazer o
browsing
, enquanto que em outros há uma das duas alternativas. Lancaster (1995) defende
que os periódicos científicos eletrônicos são definidos como qualquer periódico existente em
formato eletrônico. Para Gruszynski e Golin (2007), o periódico científico eletrônico é aquele
em formato digital que se encontra disponível
online
. Este adota padrões de cientificidade e é
de responsabilidade de instituições afins (universidades, sociedades e órgãos de pesquisa,
entre outros), independentemente de possuir uma versão impressa ou não.
49
Contudo, para ser considerado como um periódico de credibilidade no meio científico
é necessário:
[...] seguir critérios, adotar padrões, como a avaliação por pares e possuir um
corpo editorial adequado. Somente seguindo este caminho é que um
periódico científico ganhareconhecimento, destaque em uma comunidade
científica e cumprirá sua função. (CRESPO; CAREGNATO, 2004
38
)
O processo que apóia a comunicação científica continua, desta forma, assegurando a
permanência dos três pilares que garantem sustentação à produção científica nesse novo
formato: acessibilidade, confiabilidade e publicidade (WEITZEL, 2005). Porém, o que
compõe e caracteriza este serviço? Crespo e Caregnato (2004) apontam algumas das
características desses recursos eletrônicos: agilidade na publicação; interação; diversidade de
formatos/mídias; recuperação da informação; facilidade de acesso; dimensão do documento;
apresentação do documento. Tenopir e King (2002) também apontam o que consideram ser as
melhores características dos periódicos eletrônicos: facilidade de acesso, conveniência,
capacidade de busca, acesso direto e possibilidade de impressão. Para os autores, os
periódicos eletrônicos permitem uma forma de comunicar informação nova, editada e
revisada por pares. Como muitos artigos são lidos anos depois de sua publicação, esses
serviços ainda oferecem arquivos permanentes com informações recuperáveis.
Com o rumo da tecnologia observa-se, cada vez mais, a disponibilização de artigos de
periódicos científicos em repositórios institucionais ou temáticos de acesso livre, ampliando
as formas de busca e uso da informação.
Segundo Weitzel (2005) os repositórios de
e-prints
39
têm uma trajetória de dez anos.
Nos últimos anos, a
Open Archives Iniciative
(OAI)
40
está amadurecida o suficiente para
prover o instrumental técnico-operacional necessário à implantação de seus modelos de
negócios, assim como sua institucionalização. São várias as entidades, instituições e
sociedades científicas que assumem a função de solucionar problemas relacionados com a
interoperabilidade entre arquivos abertos, objetivando ampliar o acesso à produção científica,
desta forma conferindo legitimidade às ações da OAI e apoiando movimentos voltados para o
acesso livre à informação científica.
38
Documento eletrônico não paginado.
39
Os e-prints abrangem tanto os documentos pre-prints, quanto os pós-prints, que são artigos de periódicos
científicos publicados.
40
Esta é uma iniciativa que surgiu com a Convenção de Santa (1999). Juntamente com o Movimento de
Acesso Livre, iniciado com a Declaração de Budapest (2001), ambos visam o acesso livre e gratuito à
informação científica. (GRUSZYNSKI; GOLIN, 2007)
50
Estudos sobre o uso dos periódicos eletrônicos têm demonstrado que a utilização,
apesar de inicialmente restrita, sofreu um significativo aumento na segunda metade da década
de 90 e continua a crescer. Tenopir et al. (2003) apontam que cerca de 87,3% da leitura da
coleção de periódicos de bibliotecas é feita em formato eletrônico. Montgomery e King
(2002) chegam a afirmar que algumas bibliotecas têm coleções de periódicos quase que
inteiramente eletrônicas.
Tenopir et al. (2003) também evidenciam que a leitura de periódicos eletrônicos por
cientistas tem aumentado substancialmente, sendo que o principal uso dessas leituras é
pesquisa de base. Para Tenopir e King (2002), o tempo dedicado à leitura de um trabalho é
uma forma de atribuir valor a este. Segundo os autores, o tempo médio para leitura de artigos
em formato impresso e eletrônico, por parte dos cientistas, é quase igual.
Para King et al. (2003) mesmo que as ciências tenham liderado o caminho para a
utilização de periódicos científicos eletrônicos, outras áreas seguirão, cada vez mais, o
exemplo a partir do momento em que este recurso estiver mais amplamente disponível.
Contudo, cada área do conhecimento possui peculiaridades e, em algumas delas, o periódico é
menos utilizado, independente de estar em meio impresso ou eletrônico. Historicamente, o
uso de periódicos na área de humanas é menos freqüente que em áreas como ciências da
saúde ou ciências exatas. Os pesquisadores das humanidades tradicionalmente utilizam mais
informações contidas em livro. Entretanto, recentemente, as TICs têm possibilitado algumas
mudanças nessa área, especialmente por favorecerem mais a publicação eletrônica de
periódicos do que de livros. Segundo Crespo e Caregnato (2004)
41
:
Os periódicos eletrônicos estão ocasionando uma modificação na utilização
de títulos que antes eram considerados obscuros. Este fato se deve, em
grande parte, à facilidade de uso e à exposição que é alcançada com a
Internet. O processo de publicação é geralmente menos complexo que o
desenvolvido nos periódicos impressos, em muitos casos existe a redução
dos custos e também a criação de bases de dados que permitem o acesso a
diversos títulos, o que muitas vezes pode acabar divulgando os que possuíam
pouca visibilidade ou aceitação para um determinado público.
Numa fase inicial, a utilização das TICs, por parte dos pesquisadores da área de
humanidades, restringia-se ao uso de computadores isolados por causa de seus recursos de
processamento de textos. “No entanto, há algum tempo que está disponível o acesso em linha
a textos, e vem aumentando a variedade de outros recursos de informação em humanidades
nessa mesma modalidade.” (MEADOWS, 1999, p.76). O autor ainda afirma que na primeira
41
Documento eletrônico não paginado.
51
metade da década de 90, cerca de dois terços de todos os periódicos eletrônicos
online
eram
dedicados a temas das humanidades.
No contexto brasileiro, podem-se apontar diversas iniciativas para a consolidação do
periódico eletrônico como importante recurso de pesquisa para a comunidade acadêmica
nacional e até mesmo internacional. O Portal de periódicos da CAPES, sendo o maior deles,
oferece aos professores, pesquisadores, alunos e funcionários de 163 instituições de ensino
superior e de pesquisa em todo o País, acesso
online
à produção científica mundial
atualizada. “O uso do Portal é livre e gratuito para os usuários das instituições participantes.
O acesso é realizado a partir de qualquer terminal ligado à Internet localizado nas
instituições ou por elas autorizado.” (CAPES, 2004). Outra iniciativa brasileira bem-
sucedida é a do SCiELO, descrita anteriormente.
No que diz respeito à posição brasileira quanto ao OAI, a declaração de Salvador
sobre acesso livre, aprovada em seminário internacional que se realizou junto com o
Congresso Internacional de Bibliotecas e Informação em Saúde, em Salvador, Bahia, reitera
as posições que têm sido defendidas pelos simpatizantes desse movimento internacional, ou
seja, que a pesquisa financiada com recursos públicos seja disponibilizada através de acesso
livre; que o custo da publicação seja incluído como parte do custo de pesquisa; que haja
fortalecimento dos periódicos nacionais de acesso livre, de repositórios e de outras iniciativas
pertinentes; e que seja promovida a integração da informação científica dos países em
desenvolvimento no escopo mundial do conhecimento (SALVADOR..., 2005).
Atualmente não há informações mais aprofundadas ou gerais referentes ao uso de
periódicos eletrônicos na área de ciências humanas no Brasil, tendo em vista que a maioria
das pesquisas acerca do assunto são feitas nas áreas da saúde ou exatas, onde a utilização de
periódicos é mais intensa.
2.4 Estudos de busca e uso em periódicos eletrônicos
Falou-se sobre os comportamentos de busca e uso de informação, mas pouco se sabe
sobre o comportamento dos usuários em periódicos eletrônicos. São muitos os estudos
realizados que focalizam bibliotecas ou bases de dados, entre outros. Com o advento das
TICs, os serviços de informação eletrônicos vão inspirar ricos estudos para retratar a
realidade dos padrões de comportamento nesses novos serviços. Garvey e Gottfredson (1976)
52
falam da comunicação científica como um ciclo contínuo que vai desde a publicação até a
promoção de novos usos. Os periódicos científicos eletrônicos, por suas próprias
especificidades, têm influenciado o comportamento de busca e uso de seus usuários, gerando
estudos para a compreensão desses comportamentos. Para Mahé
42
(2003), a realização desses
estudos deve permitir o aumento do conhecimento sobre o uso desses periódicos.
Com as TICs, a presença sica do usrio vem diminuindo, desta forma promove-se
o emprego de técnicas para a realização de estudos tais como registro de transação de
logs
,
citações, questionário e entrevista, em detrimento das estatísticas de empstimos de bibliotecas
(COSTA, 2007). Em se tratando de todo de pesquisa para estudo de comportamento
informacional, a aplicação de questionários é utilizada mesmo antes da introdução dos
periódicos eletrônicos. Contudo, segundo Costa (2007), este método, apesar de fornecer
interessantes dados qualitativos, não permite traçar um panorama geral, é apenas uma
conclusão parcial em um determinado contexto. Para o autor, este método é muito trabalhoso
por conseqüência da impaciência dos respondentes, tornando necessária a limitação do
número de participantes. Outra desvantagem é que parte do pressuposto de que o respondente
esteja expondo a verdade, o que diversas vezes não ocorre. Os estudos de Tenopir e King
(2002; 2001), apresentados posteriormente, utilizaram este método que, apesar de suas
limitações, contribuiu com a recuperação de dados significativos sobre o uso de periódicos.
Smith (2003) também o adotou, realizando sua pesquisa em um período de tempo mais
limitado e em contexto mais específico que os de Tenopir e King, constatando mudanças nos
hábitos de leitura frente ao meio eletrônico.
Outro método utilizado em estudos de busca e uso de periódicos é a entrevista.
Embora trabalhosa, ela permite um aprofundamento da visão do estudo. Tenopir et al. (2003),
utilizando este método, analisaram o desenvolvimento do uso de periódicos eletrônicos sob
três fases evolucionárias – cedo (1980-1995), média (1996-1999) e avançada (1999 em
diante). Mahé (2003), através de entrevistas aos pesquisadores da
Commissariat à l`Energie
Atomique
(CEA), apresenta uma integração entre a tipologia de usos de periódicos eletrônicos
e uma tipologia de atividades de informação dos pesquisadores. Mahé (2000) indica, por meio
deste estudo, em que momento da pesquisa (na pesquisa básica e aplicada) se utiliza mais o
periódico eletrônico.
A análise de citação também é utilizada em estudos de uso de periódicos. Este método
tem suas limitações, a saber: não representa completamente o uso, quer dizer, o autor não cita
42
Documento eletrônico não paginado.
53
tudo que e em alguns casos não o que cita. Como o questionário, é um método parcial,
porém possibilita a verificação da influência do meio eletrônico na produção do conhecimento
científico. Lawrence (2001a, 2001b), baseado nas premissas de que o uso aumenta na
proporção que o acesso seja mais conveniente, vem desenvolvendo estudos na área da ciência
da computação, no sentido de verificar o impacto de periódicos eletrônicos na produção e
comunicação científica. Shin (2004) também verificou a influência da publicação eletrônica
em dois indicadores de citação, para isso utilizou dados da Thomson ISI. Este estudo foi feito
em periódicos da área de Educação, abrangendo um período de nove anos (1995-2003). O
estudo de Shin concluiu que o Índice de Imediaticidade aumentou de forma impressionante
nesse período, enquanto que o Fator de Impacto permaneceu quase inalterado.
Tenopir (2003), em relatório para o
Council on Library and Information Resources
(CLIR), traçou um panorama dos estudos de busca e uso realizados com fontes de informação
eletrônica que considera de maior destaque:
a)
SuperJournal
um projeto que reúne um grupo de estudos sobre uso de periódicos
eletrônicos. Teve início em 1995 no Reino Unido, em resposta à explosão
informacional e a restrições orçamentárias. Os pesquisadores utilizaram uma grande
variedade de métodos, incluindo
surveys
, entrevistas, grupos focais e análise de
logs
,
entre outros. O objetivo era estudar como usuários acadêmicos interagiam com
periódicos eletrônicos
e a que características eles davam valor.
b)
Digital Library Federation/Council on Library and Information Resources/Outsell
(DLF/CLIR/
Outsell
) Pesquisa conduzida pela
Outsell
, Inc., entre 2001 e 2002,
sobre o uso de informação na
Digital Library Federation
e no
Council on Library
and Information Resources.
Foram entrevistados, através do telefone, 3.234
professores, alunos de graduação e pós-graduação de sete disciplinas diferentes, em
instituições públicas e privadas. Este estudo detectou diferenças no uso de periódicos,
de acordo com as disciplinas.
c)
HighWire/eJUSt
-
The Stanford E-Journal Users Study
(
e-JUSt
), publicado pela
HighWire Press
. Este estudo, realizado entre 2000 e 2002, utilizou uma grande
variedade de métodos para melhor compreender o uso de periódicos, inclusive
surveys
qualitativos
online
, análise de
logs
de transação e um estudo etnográfico de
uso acadêmico de periódicos. Os participantes incluíram estudantes, professores e
clínicos de universidades, hospitais, instituições de pesquisa governamentais e
acadêmicas de 99 países. A partir deste estudo foram elaborados padrões de
54
comportamento de busca e uso de informação em periódicos científicos eletrônicos
(
INSTITUTE FOR THE FUTURE
, 2002).
d)
Pew Internet and American Life (OCLC/Harris,
e
Urban Libraries Council)
este
projeto conduziu dois estudos sobre como os estudantes de ensino fundamental, de
ensino médio, de graduação, de instituições de ensino superior, públicas e privadas,
usavam a Internet.
e)
OhioLINK
- Para o estudo, foi utilizada análise de
logs
de transação para medir o
número de artigos baixados dos periódicos disponibilizados pelo
OhioLINK’s
Electronic Journal Center
. Este centro é uma parte integrante do
Ohio Library and
Information Network
, iniciado em 1998 e ainda ativo. Esse consortium atende cerca
de 500.000 usuários entre estudantes, professores e funcionários, em mais de 80
instituições de ensino superior.
f)
Estudos de Tenopir e King Essas pesquisas, iniciadas em 1977, são uma série de
surveys
realizadas
com mais de 16.000 cientistas, engenheiros, profissionais médicos
e cientistas sociais, em ambientes de pesquisa universitários e não universitários. As
pesquisas medem leitura e padrões de autoria através de questões de incidente crítico,
de demografia e de uso.
g)
LibQUAL+™ - Conduzida pela
Association of Research Libraries
(ARL) em
conjunção com
Texas A & M University
.
Esta
foi uma pesquisa realizada em 2002,
com cerca de 70.000 estudantes, professores e funcionários de várias instituições de
ensino superior dos EUA e com os usuários da
New York Public Library
. As questões
feitas foram a respeito do uso das bibliotecas físicas e eletrônicas e da satisfação dos
usuários com o serviço.
h)
JSTOR - O sistema JSTOR disponibiliza arquivos eletrônicos de volumes antigos de
periódicos científicos. Esse sistema utiliza análise de
logs
dos artigos acessados e
impressos para caracterizar o uso desse material. Em 2000, JSTOR realizou uma
pesquisa com mais de 4.000 usuários acadêmicos nas áreas de humanidades, ciências
sociais e economia, para descobrir padrões de uso e preferências dos professores de
universidade.
55
Mais recentemente, foi realizado o EPIC (EPIC, 2004
43
apud ROWLEY;
URQUHART, 2007), uma
survey online
com estudantes de graduação e pós-graduação nas
áreas de ciências políticas, relações internacionais e ciências ambientais em universidades
dispersas pelos EUA. A pesquisa concluiu que estudantes são muito dependentes de recursos
eletrônicos para a realização de seus cursos. Entre 1999 e 2004 também foi realizado um
estudo por dois laboratórios, Jubilee (2004) e Justeis (2004), no qual se desenvolveu uma
metodologia para o monitoramento de comportamento de uso e uma estrutura de avaliação
para o
Joint Information Systems Committee
(JISC). Esta metodologia é detalhada em Rowley
e Urquhart (2007).
Observando os estudos listados acima é possível constatar a adoção de análise de
logs
em vários deles. A utilização deste tipo de análise é anterior até mesmo aos periódicos
eletrônicos de texto completo. Entretanto, Jamali, Nicholas e Huntington (2005) apontam que
não houve muitas pesquisas desse tipo e traçam o panorama de algumas delas (Quadro 1).
Abaixo destacam-se aquelas citadas por eles que não foram revisadas por Tenopir (2003):
a)
The University Licensing program
(TULIP) o TULIP durou de 1991 a 1995. Seu
objetivo era testar um sistema de entrega eletrônica de informações de periódicos
para o
desktop
de um usuário em um ambiente acadêmico, assim como descobrir o
comportamento de seu usuário (TULIP, 1996);
b) Zhang (1999) o autor utilizou o
software
proprietário
44
, Gestat, para analisar os
dados de
logs
referentes a um período de nove meses de um periódico na área da
Ciência da Informação. Esta pesquisa reuniu dados sobre o tipo de uso (sumário,
download
de artigos, entre outros serviços) e a distribuição geográfica dos acessos;
c) Watters, Watters e Carr (1998) seu estudo usou programação em
Perl
para
investigar três meses de
logs
de acesso do periódico
The South Pacific Journal of
Psychology
. O foco do estudo era o uso em geral e descobrir a localização geográfica
dos usuários do periódico;
d) Morse e Clintworth (2000) - filtraram os registros de
logs
de transação da Ovid,
referentes a 194 periódicos em um período de seis meses, na
Norris Medical Library
at the University of Southern California
. O objetivo da pesquisa era comparar os
43
EPIC. The electronic publishing initiative at Columbia (EPIC) online survey of college students:
executive summary. 2004. Disponível em: <http://www.epic.columbia.edu/eval/find09/find09.html>. Acesso
em: 20 jul. 2007 apud ROWLEY, Jennifer; URQUHART, Christine. Understanding student information
behavior in relation to electronic information services: Lessons from longitudinal monitoring and evaluation,
Part 1. Journal of the American Society for Information Science and Technology, v. 58, n. 8, p. 1162-1174,
2007.
44
Software proprietário é aquele cuja cópia, redistribuição ou modificação são controlados pelo seu criador ou
distribuidor.
56
padrões de uso dos periódicos impressos e eletrônicos, limitando-se a analisar as
quantidades de
downloads
;
e) Obst (2003) estudo que levantou estatísticas de uso
online
de 270 periódicos de
cinco editoras diferentes. A pesquisa visava examinar a correlação entre uso de um
conjunto de títulos em formato impresso e eletrônico, a validade das estatísticas de
uso de periódicos eletrônicos e o impacto da utilização destes no uso de periódicos
impressos;
f)
Taiwan ScienceDirect Online
(TSDO) nesse estudo, Ke et al. (2002) pesquisaram
1.300 periódicos por nove meses, objetivando os detalhes das buscas tais como os
campos utilizados, a duração, os operadores e refinamento, assim como a ocorrência
dos termos;
g)
Finnish National Electronic Library
(FinELib) - Kortelainen (2004), em seu estudo,
utilizou os dados de uso dos periódicos eletrônicos para investigar as vantagens,
compatibilidades, complexidades e visibilidade de periódicos eletrônicos, assim como
sua influência no uso;
h) Gargiulo (2003) a autora utilizou autenticações de IP, nomes de usuários e senhas
para identificação de usuários. O objetivo era extrair os dados de uso para avaliar a
eficiência das assinaturas do
Big Deal
45
. As únicas análises feitas nesse estudo foram
a quantidade de
downloads
de artigos e a quantidade de
downloads
por título;
i) Estudos de Davis o autor realizou diversos estudos sobre a utilização de periódicos
eletrônicos. Em 2003, Davis e Solla analisaram três meses de
logs
de 29 periódicos
da
American Chemistry Society
(ACS) na
Cornell University
. Davis (2004b) também
se utilizou dos
logs
de transações para estudar o comportamento de busca de
pesquisadores da área de Química da
Cornell University,
com o objetivo de
identificar como e quais recursos levam os pesquisadores a chegarem a um periódico
eletrônico. Em outro estudo, Davis (2004a) pesquisou em 2003 dados de uso de
periódicos de 16 universidades nos Estados Unidos, Reino Unido e Suécia, mostrando
que havia uma relação entre número de
downloads
e número de usuários;
j) Estudos do
Centre for Information Behaviour and the Evaluation of Research
(CIBER) os estudos mais recentes têm sido realizados pela equipe do CIBER, no
45
O Big Deal foi desenvolvido em 1997 pelo Library Consortium OhioLink e Academic Press, mais tarde foi
assumido por outros como Elsevier Science, Blackwell Sinergy e Emerald Insight. O acordo (deal) seria que as
editoras continuassem a receber a mesma quantia em dinheiro das bibliotecas do consórcio pelas versões
impressas dos periódicos e, por uma pequena taxa adicional, as bibliotecas receberiam também acesso as versões
eletrônicas dos periódicos.
57
qual uma nova metodologia foi desenvolvida e amplamente aplicada, a
Deep Log
Analysis
(DLA). Esta metodologia foi utilizada para uma série de estudos conduzidas
junto a
Emerald Insight
e
Blackwell Sinergy
para avaliar o impacto do
Big Deal
no
comportamento de usuários e descobrir o comportamento de busca de informação de
usuários de periódicos digitais (NICHOLAS; HUNTINGTON; WATKINSON, 2003,
2005; NICHOLAS et al., 2005a, 2005b). A equipe do CIBER também realizou
estudos no
OhioLINK
utilizando essa metodologia (NICHOLAS et al., 2005a). Neste
tipo de análise, mais atenção é dada aos usuários e é destacada a importância dos
retornos e os usuários que demonstram comportamento de
bouncing
.
Jamali, Nicholas e Huntington (2005) destacam que alguns estudos como o
Taiwan
ScienceDirect Online
(TSDO), as pesquisas do laboratório CIBER, o e-JUST e estudos
conduzidos por Gargiulo (2003) avaliaram serviços existentes utilizados pelo usuário. No
projeto TSDO (Ke et al., 2002), o interesse dos pesquisadores era nos detalhes das operações
de busca, incluindo os campos, operadores e refinamento e ocorrência dos termos. O
e-JUST
foi descrito, contudo vale chamar atenção para os padrões de uso de periódicos que foram
encontrados nessa pesquisa e que foram abordados em uma subseção anterior.
58
Pesquisa Inicio
Período de
tempo
Número de
periódicos
Software de
análise
Tipo de dados
analisados
TULIP 1991 4 anos 43 Log
Superjournal 1996 2 anos 49 SPSS Log
Zhang 1996 9 meses 1 Getstats Log
Watters,
Watters e Carr.
1997 3 meses 1 Perl Scripts Log
Morse e
Clintworth
1999 6 meses 194 Log
Obst 1999
Variado (5 a 24
meses)
270
Dados de uso
cedidos pela
editora
Taiwan Science
Direct
2000 9 meses 1.300
Um programa
com linguagem
C
FinElib 2001 2 anos 8.400
Dados de uso
cedidos pelo
portal da
biblioteca
Gargiulo 2002 18 meses + 1.000 SAS Log
Davis e Solla 2002 3 meses 29 SPSS, Excel
Dados de uso
(baseados em
IP)
e-Just 2002 1 dia 14 Log
CIBER Emerald
Insight
2002 1 ano + 100 SPSS Log
CIBER
Blackwell
Sinergy
2003 2 meses + 700 SPSS Log
Quadro 1Estudos de uso de periódicos utilizando análise de logs
Fonte: Jamali; Nicholas e Huntington (2005, p. 561).
Costa (2007) aponta que a junção de métodos para realizar estudos de uso, embora
seja um processo muito trabalhoso, também se revela proveitoso. Em 2003, Siebenberg,
Galbraith e Brady (2004) compararam as estatísticas de empréstimos da coleção impressa
antes da chegada das estatísticas de acesso geradas a partir dos
logs
de transações. O objetivo
da pesquisa era verificar o impacto de uso do
Big Deal
em relação à coleção impressa da
universidade de Washington (EUA). A junção desses dois métodos possibilitou a verificação
de hipóteses como a de que se um periódico estiver disponível em formato eletrônico, seu uso
aumenta a custa dos periódicos de igual relevância disponíveis somente no formato impresso;
e de que o uso da coleção impressa sofreu uma redução.
59
2.5 Estudos brasileiros de busca e uso em periódicos eletrônicos
Existem diversos estudos descritos na literatura que têm como objeto periódicos
científicos. Com a migração desta fonte de informação para o meio eletrônico e as
possibilidades de acesso aberto que as TICs oferecem, este campo constitui-se em uma área
vasta e fértil de pesquisas. Contudo, dentre os estudos brasileiros realizados até agora, poucos
são centrados nos comportamentos de busca e uso nesses periódicos.
As pesquisas iniciais nesta área apresentavam panoramas gerais do uso das TICs,
como a Internet, por pesquisadores. Stumpf (1997) avaliou o uso da Internet na pesquisa
universitária, tendo como campo de estudo a UFRGS. Pesquisa semelhante foi realizada por
Maia (2001) junto aos docentes da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). A
Embrapa Monitoramento por Satélite, há mais de uma década, monitora o uso de seu
web site,
utilizando a análise de
logs
para gerar indicadores que permitam traçar o perfil de seu usuário
(PIEROZZI JUNIOR et al., 2003). Em 2004, Coeli et al. realizaram uma análise exploratória
do acesso a uma página na Internet, desenvolvida para apoiar o ensino de Epidemiologia no
curso de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Com o crescimento de ações, no sentido de acesso democrático à produção científica,
a
Web
tornou-se fonte de informação científica confiável por meio de iniciativas como o
Portal de Periódicos CAPES. Este gerou estudos como os de Maia (2005), Maia e Cendon
(2005), que avaliaram o uso do portal por professores da UFMG através de questionários e
análise de
logs
, e de Reis (2005), que avaliou o seu uso por professores do Acre.
Considerando o estudo de uso de coleções de bibliotecas digitais, também a pesquisa de
Böhmerwald (2005) que combinou diversos métodos para avaliação da usabilidade e
comportamento de busca da informação na Biblioteca Digital da Pontifícia Universidade
Católica de Minas Gerais (PUC-Minas). Pode-se salientar, também, a pesquisa de Crespo e
Caregnato (2006), que estudou o comportamento de busca e uso de informação em base de
dados nas áreas de biologia molecular e biotecnologia, assim como a pesquisa de Garcia e
Silva (2005), cujo foco era verificar o comportamento de recuperação temática da informação,
em bases de dados bibliográficos, por alunos de pós-graduação da Universidade Estadual
Paulista “Julio de Mesquita Filho” (UNESP). Mais recentemente, Ferreira (2007) apresentou
dados de um primeiro estudo do uso do Portal de Revistas Eletrônicas em Ciências da
Comunicação (Portal Revcom), coordenado pela Rede de Informação em Ciências da
60
Comunicação dos Países de Língua Portuguesa (Portcom), utilizando como método a análise
dos
logs
de acesso ao portal.
O apoio de universidades e instituições de pesquisa à criação de periódicos baseados
na filosofia OAI propiciou o crescimento do número de publicações, assim como de usuários
reais deste recurso eletrônico. Estes usuários podem ter acesso às publicações de bibliotecas
digitais como o SCiELO de qualquer terminal de computador. Com relação ao uso de
periódicos eletrônicos pode-se citar Castro (2001), que estudou o uso de periódicos de Física
por docentes de programas de pós-graduação no Nordeste. Há também o trabalho de Vilhena
et al. (2003), que avalia o acesso aos periódicos eletrônicos assinados pelo Serviço de
Biblioteca e Documentação da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (SBD-
FMUSP). Para isto as autoras analisaram as estatísticas de acesso cedidas pela OVID e pelas
inscrições feitas pelos usuários na base de dados.
Salienta-se, ainda, as pesquisas de Dias (2002a), que realizou uma avaliação do acesso
ao periódico eletrônico Informação & Sociedade pela análise dos
logs
. No estudo, ele
apresentou relatórios sobre os
downloads
de usuários; quais os textos mais acessados em cada
mês, durante o período de oito meses, entre outros dados de uso. Segundo o autor, os
periódicos são subutilizados, pois os usuários não o lêem
na tela, mas o imprimem para
leitura posterior
(DIAS, 2002b).
Apontam-se também os trabalhos de Araújo et al. (2006), que
analisaram, através de dados coletados via questionário, o impacto provocado pelo acesso/uso
do mesmo periódico, Informação & Sociedade: Estudos na comunicação científica da Ciência
da Informação e de áreas relacionadas. Araújo, Colaço e Dias (2004), argumentam que até
mesmo por causa da subutilização do periódico eletrônico, a técnica de análise de
logs
de
transação pode ser melhor
aproveitada em estudos de uso se acompanhada por
um método
qualitativo.
Mais recentemente, pode-se citar a pesquisa realizada por Costa (2007), que analisa o
uso de periódicos em dissertações e teses. Para o autor, essa análise é um método que pode
representar fielmente a influência do periódico eletrônico e do controle das grandes editoras
na produção do conhecimento científico nacional. Segundo ele, as pesquisas que analisam
teses e dissertações requerem, normalmente, dois tipos de dados estruturados, a saber: dados
bibliográficos e dados de citação.
O estudo de comportamento de busca e uso em periódicos eletrônicos é um tema rico e
relevante à comunicação científica. Contudo, baseando-se na literatura nacional sobre o tema,
pode-se observar que apesar de existirem estudos relevantes, este é um tema ainda pouco
explorado e carente de contribuições.
61
2.6 Visibilidade de periódicos científicos eletrônicos
A migração dos periódicos do formato impresso, com seus volumes lineares e
fechados, para o fluxo contínuo dos meios eletrônicos (MEADOWS, 2001), gera a
necessidade de encontrar novas estratégias de busca pela visibilidade em um campo
especializado e cada vez mais competitivo. Packer e Menechini (2006, p.237) definem
visibilidade como a representação da capacidade de exposição que “[...] uma fonte ou fluxo de
informação possui de, por um lado, influenciar seu blico alvo e, por outro, ser acessada em
resposta a uma demanda de informação”. Assim, a visibilidade de periódicos científicos
torna-se estratégica no desenvolvimento editorial de uma publicação. Esse conceito de
visibilidade é relevante a esta pesquisa precisamente por suas características, que são fatores
determinantes no uso de um periódico.
Para os autores, a visibilidade ocorre em duas dimensões: quando é construída uma
reputação de qualidade e credibilidade em uma área de conhecimento, ou seja, o periódico é
uma referência na área; e quando o periódico encontra-se em indexadores de prestígio
nacional e internacional. Ambos os fatores são necessários para que um periódico alcance e
mantenha a condição de veículo preferencial e confiável para publicação, leitura e citação de
resultados originais de pesquisa. É um processo que atualiza ao mesmo tempo em que reflete
a posição de uma comunidade científica composta por usuários que são seus próprios autores
e leitores. (PACKER; MENEGHINI, 2006)
Na atual sociedade, a tecnologia assume um papel de destaque na comunicação do
conhecimento e a presença na Internet torna-se pré-requisito para ser “visível”. Gruszynski e
Golin (2007)
46
comentam que “[...] se qualidade e credibilidade são características intrínsecas
a uma publicação de referência, sua visibilidade depende também da capacidade de ser
acessado em bases de dados e índices.” Dessa forma, percebe-se que questões tecnológicas
passam a assumir um papel determinante na localização das informações, freqüentemente
realizada por meio de mecanismos de busca e indexação.
Não obstante, depois de disponibilizado na Internet, como saber se o serviço
informacional está sendo utilizado? Segundo Packer e Meneghini (2006), alguns atributos e
indicadores podem ajudar a chegar a essa resposta. Neste trabalho, devido à metodologia
aplicada, não será possível detectar todos esses elementos. Contudo, os indicadores e atributos
46
Documento eletrônico não paginado.
62
dos quais se acharam indícios na análise de dados encontram-se descritos no decorrer da
subseção e serão abordados novamente nos capítulos que seguem.
Packer e Meneghini (2006) destacam como primeiro dos atributos e indicadores a
sociedade científica, organização, grupo ou empresa editora responsável pela publicação do
periódico, que podem indicar autoridade, sustentação e visibilidade ao mesmo. Assim como o
prestígio da sociedade ou organização responsável por um periódico, o prestígio e a
representatividade do editor responsável e do corpo editorial, junto à comunidade científica,
são o segundo atributo e indicador do potencial de visibilidade do periódico (PACKER;
MENEGHINI, 2006).
O terceiro atributo e indicador citado por Packer e Meneghini (2006) é o idioma de
publicação, que pode determinar o público que o periódico pode atingir. Os autores citam
também o número de acessos como o quarto atributo e indicador de visibilidade e do uso
desse serviço. Eles comentam que o número de
downloads
é um dado fundamental na
visibilidade de um periódico na
Web
.
Para potencializar o acesso é preciso aumentar a quantidade de
links
na W
eb
que
referenciam o periódico. Para tal, é necessário que o mesmo seja incluído, por exemplo, em
coleções internacionais de qualidade comprovada:
As revistas das coleções SciELO apresentam uma média de dois milhões de
visitas por mês, muitas delas provenientes de índices e buscadores como
LILACS, Web of Science, Portal CAPES, PubMed, entre outros. O fator de
impacto da maioria dos periódicos SciELO aumentou a partir da existência
da coleção. (GRUSZYNSKI; GOLIN, 2007)
47
.
Segundo as autoras, participar de bibliotecas digitais do nível da SciELO, ou do Portal
de periódicos da CAPES, é uma forma de consolidar qualidade e credibilidade, ganhando
visibilidade pela exposição e pelo intercâmbio estratégico com índices científicos
internacionais. As autoras reforçam a afirmação de Packer e Meneghini (2006), segundo os
quais o número de indexadores nacionais e internacionais que indexa um periódico é o quinto
atributo e indicador de desempenho e visibilidade. Estar presente em um indexador de
credibilidade é receber seu endosso diante da comunidade científica.
Os autores citam também a publicação eletrônica e o acesso aberto como sendo o
sexto atributo e indicador essencial de visibilidade e acessibilidade (PACKER; MENEGHINI,
2006). O fato de um periódico estar disponível na Internet significa que muito mais
pesquisadores terão acesso à produção acadêmica em questão, fazendo com que esta produção
47
Documento eletrônico não paginado.
63
seja mais utilizada. Salazar et al. (2007) avaliam que a falta de uma fonte de fácil acesso pode
inibir completamente a busca de informação. Para Choo (2003), a facilidade de acesso é
determinante na escolha de uma fonte. Tenopir e King (2002) também atribuem o aumento da
quantidade de leituras em diversas áreas à prevalência de periódicos eletrônicos e fontes
eletrônicas de artigos. Um exemplo disso é a utilização da
Astrophysics Data System
(ADS),
indexador mantido pela
National Aeronautics and Space Administration
(NASA), disponível
gratuitamente
online.
Tenopir et al. (2003) apontam que 92% dos astrônomos utilizam essa
base de dados. Diante dessas e outras evidências, torna-se importante que as comissões
editoriais de periódicos invistam na migração para o novo suporte, qualifiquem a inclusão dos
metadados e fiscalizem a precisão dos dados oferecidos por
links
distintos (GRUSZYNSKI;
GOLIN, 2007).
O acesso também pode influir na quantidade de citações. As pesquisas realizadas por
Lawrence (2001b) na área de Ciência da Computação identificaram que o número médio de
citação por artigos impressos é de 2,74, enquanto que o de artigos eletrônicos é de 7,03, ou
seja, um aumento de 157%. Para o autor, os artigos disponíveis gratuitamente na Internet são
mais citados (LAWRENCE, 2001a). Contudo, apesar dos resultados encontrados por
Lawrence, acredita-se que apenas estar disponível em rede, gratuitamente, não fará um
periódico ser lido. O volume de informação na Internet é considerável, o que faz com que a
comunicação científica se torne mais acelerada. Sua presença em indexadores, como já
mencionado, atribui valor a este serviço diante da comunidade acadêmica. Outro fator que
determina se um periódico será “visível” dentre a enorme quantidade de conteúdo na rede é a
qualidade de seu conteúdo. Para Siebenberg, Galbraith e Brady (2004) mesmo que a
disponibilidade
online
tenha aumentado o acesso aos periódicos, isso por si não garante
que um título seja mais utilizado. Segundo os autores, assim como para Shin (2004),
qualidade e pertinência ainda são fatores dominantes no uso de uma publicação.
O sétimo atributo e indicador de visibilidade mencionado por Packer e Meneghini
(2006) é o número de citações recebidas e fator de impacto do periódico eletrônico. Os
usuários descobrem artigos também por meio de citações em publicações, através de
conversas com seus pares ou por outros meios de identificação de artigos (TENOPIR et al.,
2003). Não obstante, na era das TICs, tão importante quanto o número de citações é quem cita
ou quem “linka”. Os
links
passam a assumir um caráter semelhante ao da citação quando se
64
tornam uma forma de endossar as idéias ou discordar de alguém ou algo. Um
link
é feito
quando se quer chamar atenção às idéias, fatos ou itens expostos em determinada URL
48
.
Em seu artigo, Walker (2002) discute como os
links
se relacionam à visibilidade e
influenciam na composição topológica da rede. Teoricamente, todos os nós da rede
encontram-se disponíveis em termos de organização e linguagem, porém alguns sites são mais
acessíveis do que outros em função da quantidade de
links
externos que a eles se encontram
vinculados. Este sistema é fundamental para mecanismos de busca como o
Google
, que utiliza
a linkagem como sistema de valoração.
O
Google
possui o mais conhecido algoritmo de ranqueamento, o
PageRank
. Este tem
como principal característica explorar a estrutura do hipertexto de uma gina para
representar associações desta e, a partir daí, quantificar e propagar a importância do
documento pela
web
, processo esse que é conhecido como
voting
(MELO, 2006, p. 6). O
autor explica o processo da seguinte forma:
Uma página A que possui um link, ou referência, para uma página B, é
contada como um “voto” para a página B. Entretanto, não apenas essa
informação é levada em consideração, mas também a pontuação ou
importância das páginas que referenciaram B, neste caso, o escore da página
A influencia no escore da página B.
Esta característica evita que o ranqueamento seja distorcido pela referência de um
conjunto de páginas vazias, completamente irrelevantes ou até mesmo criadas com esse
propósito. Ou seja, a idéia é que páginas que possuem conteúdo reconhecido “linkem” outra
que também tenha um padrão de qualidade reconhecido pela primeira. Quanto mais páginas,
reconhecidas por sua credibilidade “linkarem-na”, mais visibilidade ela iobter no
Google
.
Entretanto, esse mecanismo armazena muito mais informações sobre os documentos da
web
do que outros mecanismos de busca. Primeiramente, de posse da localização da informação
para todos os resultados, é feito uso extensivo da proximidade dessa informação com as
informações fornecidas. Depois, o
Google
analisa detalhes de representação visual como
tamanho e destaque das palavras buscadas na gina encontrada, palavras em fontes maiores
ou em negrito recebem maior pontuação do que outras palavras. Estes pontos são combinados
com o
PageRank
para definir a pontuação final do documento ou gina. No final o resultado
consiste nas páginas que deram destaque ao assunto buscado em seu texto e que são
reconhecidas por outros
sites
pertinentes como sendo de qualidade e de credibilidade. Dessa
48
Uniform Resource Locator (URL) é constituída por instruções que indicam o nome do protocolo de serviço e
parâmetros a ele serem repassados, sendo responsável pela localização de um recurso na Internet.
65
forma, os primeiros lugares são mais “visíveis”, pois foram as páginas que melhor atenderam
a esses quesitos. A postura do SciELO de disponibilizar acesso livre aos artigos dos
periódicos possibilita ao
Google
e a outros mecanismos de busca
a fácil recuperação dessa
produção científica no ato da busca, o que também contribui para a popularidade da
ferramenta.
2.7 Análise de logs
Muitos dos usuários das unidades de informação não são mais visíveis aos olhos, pois
utilizam remotamente seus serviços e recursos. Peters (2002) acredita que a única maneira de
saber como eles estão utilizando estes recursos é através de registros de
logs
. Estes registros
podem ser definidos como a habilidade do próprio computador em monitorar a interação
humano-computador.
Para
Maia (2005, p.48): “O log consiste numa listagem de eventos
gerada pelo aplicativo servidor que é o responsável por disponibilizar e gerenciar as
informações utilizando o protocolo
Web
na Internet.” Estas informações, inicialmente
utilizadas para fins de monitoramento e de correções de erros, passaram a ter grande valor na
geração de estatísticas, de forma a obter um panorama mais preciso do uso do
site
e a orientar
os responsáveis na busca dos melhores caminhos para a evolução dos serviços de informações
eletrônicos.
Ao se referirem à aplicação de análise de
log
de transação
(Transaction log analysis)
no campo da Ciência da Informação, Peters et al. (1993
49
apud JAMALI; NICHOLAS;
HUNTINGTON, 2005, p. 556, tradução nossa) falam de um “[...] estudo de interações
eletronicamente registradas entre sistemas
online
de recuperação da informação e a pessoa
que procurou a informação encontrada nesses sistemas.” Peters et al. (1993) defendem que
este método tem sido utilizado desde 1960 para diferentes propósitos. O autor dividiu o
desenvolvimento da análise de
logs
de transação em três fases principais:
a)
da metade da cada de 60 até o fim dos anos 70: caracterizado pela ênfase em
avaliação da performance do sistema;
49
PETERS, T.A. The history and development of transaction log analysis. Library HiTech, Berlin, vol. 11 n.. 2,
p. 41-66, 1993 apud JAMALI, Hamid R.; NICHOLAS, David; HUNTINGTON, Paul. The use and users of
scholarly e-journals: a review of log analysis studies. Aslib Proceedings: New Information Perspectives, v. 57,
n. 6, p. 554-571, 2005.
66
b)
do fim dos anos 70 até a metade da década de 80: a análise de
logs
de transação foi
aplicada aos estudos de OPACS. Em geral, os primeiros pesquisadores estavam
igualmente interessados em como o sistema era utilizado e no comportamento de
busca dos usuários;
c)
da metade da década de 80 ao começo da década de 90: período caracterizado pela
diversificação. Alguns pesquisadores concentraram-se em comportamento de busca
específico, grupos de usuários específicos ou outros tipos de sistemas ou plataformas
de informação. Foi durante esta fase que começaram a aparecer replicações de
prévias análises de
logs
de transação e estudos longitudinais. Nesse mesmo período,
análises de sistemas co-existiam com análises de comportamento de usos, às vezes,
no mesmo projeto.
Peters et al. (1993) salientam a necessidade de aplicar a análise de
logs
para o estudo
de usos da Internet, uma necessidade percebida também por outros pesquisadores, pois na
última década a análise de
logs
da
Web
(
Web log analysis
) foi desenvolvida como uma forma
para estudar serviços eletrônicos. Jamali, Nicholas e Huntington (2005) descrevem esta como
a quarta fase no desenvolvimento dessa metodologia.
O foco da maioria das pesquisas nesta fase, especialmente nos últimos anos,
tem sido no comportamento de busca da informação de usuários de toda uma
gama de diferentes recursos baseados na Web, incluindo OPACs, bibliotecas
digitais, periódicos eletrônicos, mecanismos de busca, sites da Web, e assim
por diante. (JAMALI; NICHOLAS; HUNTINGTON, 2005, p.556, tradução
nossa).
Em relação aos periódicos científicos eletrônicos, a habilidade de observar os acessos,
essencialmente, demoliu o mito de que artigos de periódicos não são lidos (KING; TENOPIR;
CLARKE, 2006). Os
logs
são registros concretos das ações de usuários, não o que eles
pensam ter feito.
Contudo, a metodologia, apesar de rica em dados, não está isenta de limitações, das
quais se destacam: a dificuldade de identificação do acesso de um usuário ao sistema,
a falta
de conhecimento das razões do usuário, medidas inexatas de volume de uso, a falta de
informação sobre o contexto no qual os dados foram obtidos.
Ao se analisar um
log
de um sistema
Web
, a exemplo de um periódico eletrônico de
acesso aberto, no qual, na maioria dos casos, os usuários não necessitam de autenticação,
devem-se considerar os computadores que se conectam a esse sistema como seus usuários. A
identificação desses computadores é possível porque informações do computador que está
67
sendo utilizado para acessar o sistema são registradas nos
logs
, tais como endereço IP e
alguns detalhes do
web browser
que está sendo usado (NICHOLAS; HUNTINGTON;
WATKINSON, 2005). Entretanto, alguns problemas podem ser detectados quando da
utilização dessa abordagem (NICHOLAS et al., 2000):
a)
a dificuldade de diferenciar performance do usuário da performance do sistema:
uma
tarefa difícil, às vezes impossível de ser realizada. Deve ser levado em consideração,
no caso de análises de
Web log,
que os usuários virtuais da
Web
são computadores ou
rede de computadores. Os arquivos de
logs
nos servidores
Web
são os registros das
ações desses computadores ou redes e não do usuário final;
b)
as dificuldades de identificação do usuário: o mesmo usuário pode utilizar terminais
diferentes ou rios usuários podem utilizar o mesmo terminal, eventos comuns em
unidades de informação como bibliotecas. O problema é agravado pelo fato de o
log
não fornecer informações sobre início e fim de cada visita.
c)
a dificuldade de identificação do IP da máquina. Determinado conjunto de máquinas
podem compartilhar um mesmo conjunto de endereços IP (chamados “IPs dinâmicos”
ou IPs flutuantes”). Desta forma, cada uma dessas máquinas faz uso de um endereço
IP por um período de tempo determinado. Ao expirar esse período, existe a
possibilidade de que uma mesma máquina obtenha outro endereço IP, ficando
registrado no
log
como se fosse outro usuário, apesar de se referir à mesma máquina
de antes.
A ausência de identificação do usuário, ao se conectar a um periódico de acesso
aberto, dificulta a aplicação de métodos individuais como questionários ou entrevistas, mesmo
porque não qualquer forma de contatar esse usuário. Em casos como este, uma forma
possível é a delimitação de uma amostra de pesquisa de prováveis usuários segundo critérios
como: a área do conhecimento na qual o periódico se encontra inserido, a graduação dos
estudantes/pesquisadores aos quais a publicação se destina, entre outros.
Mesmo que sistemas não armazenem informações acerca de seus usuários, é possível
inferir, com um grau aceitável de precisão, a localização e a instituição de origem das
máquinas que estão acessando o recurso eletrônico pesquisado, através de seu endereço IP.
Porém, Haigh e Megarity (1998
50
apud JAMALI; NICHOLAS; HUNTINGTON, 2005)
indicam que essa localização pode ser inexata se o terminal estiver em local geográfico
50
HAIGH, S.; MEGARITY, J. Measuring web site usage: logfile analysis. Network Notes, Canadá, n. 57, ago.,
1998 apud JAMALI, Hamid R.; NICHOLAS, David; HUNTINGTON, Paul. The use and users of scholarly e-
journals: a review of log analysis studies. Aslib Proceedings: New Information Perspectives, v. 57, n. 6, p. 554-
571, 2005.
68
diferente do qual seu IP foi registrado. Os servidores
proxy
51
são outro fator que frustra a
identificação do usuário. Quando agindo como intermediário entre o usuário e o
site
desejado,
o servidor
proxy
, após o primeiro acesso, guarda em
cache
as páginas acessadas. Isto significa
que, se houver outro acesso a esse
site
, o
proxy
responde com a página armazenada em
cache
sem enviar um novo pedido ao
site
. Desta forma, os servidores
proxy
são a representação de
uma agregação de usuários individuais em dados de uso (JAMALI; NICHOLAS;
HUNTINGTON, 2005).
Firewalls
52
também podem dificultar a identificação do usuário
que, dependendo da sua configuração, bloqueiam informações como números de IPs.
Quanto à falta de conhecimento das razões do usuário, a análise de
logs
apenas
registra a interação entre um sistema de informação e um usuário de identidade, geralmente,
não definida. Desta forma, essa metodologia não fornece dados qualitativos sobre o usuário,
como por exemplo, suas percepções e grau de satisfação. Contudo, métodos como a
deep log
analysis
são capazes de calcular visitas repetidas, o que pode fornecer alguma informação
sobre satisfação do usuário, levando em consideração que, se não houvesse interesse, não
voltariam. (JAMALI; NICHOLAS; HUNTINGTON, 2005).
Com relação às medidas de volume serem inexatas, softwares como o
Internet
Explorer
ou
Mozilla Firefox
colocam todas as páginas solicitadas em
cache
nos terminais,
para assim aumentar a eficiência e rapidez do
browsing
. Desta forma, ocorre o mesmo
problema já apresentado pelos servidores
proxy
: cada novo acesso será feito aos dados
armazenados em
cache
, conseqüentemente, este uso não será registrado nos
logs
no servidor,
o que pode levar à omissão de grande parte dos dados de uso.
As limitações acima mencionadas dependem de vários fatores para ocorrer, incluindo,
entre outros, o
software
empregado para a análise, o método para apuração dos dados, o
objetivo da análise, a natureza do sistema do qual se mantém registro etc. Algumas dessas
limitações podem ser contornadas se a escolha da estratégia da análise for apropriada, ou seja,
a metodologia empregada para análise deve levar todos esses fatores em consideração, de
forma a extrair a maior quantidade de informação possível dos dados disponíveis (JAMALI;
NICHOLAS; HUNTINGTON, 2005).
Apesar dos problemas, uma série de vantagens no uso desse tipo de análise. Os
dados de
logs
são abundantes, possibilitando a pesquisadores a oportunidade de estudar
usuários de uma diversidade de serviços de informação eletrônicos, ou mesmo o próprio
51
È um sistema de computador ou a aplicação de um programa que provê as solicitações dos computadores
clientes por meio do encaminhamento de solicitações para outros servidores.
52
É um dispositivo de uma rede de computadores que tem por objetivo aplicar uma política de segurança a um
determinado ponto de controle da rede.
69
sistema. Jamali, Nicholas e Huntington (2005) apontam alguns dos principais atributos que
tornam os
logs
uma valiosa fonte de dados:
a)
dados de
logs
não são filtrados, mas sim coletados automaticamente, não havendo
interferência humana no processo. Esta interferência ocorre apenas na interpretação;
b)
dados de
logs
não são intrusivos. Porém, fornecem ao pesquisador informação sobre
as ações de milhares de pessoas, não o que eles fariam ou poderiam fazer, não o que
eles são levados a dizer e não o que eles pensam ter feito;
c)
quando combinada a
surveys
e entrevistas, a análise de
logs
é um método eficiente de
detectar discrepância entre as falas do usuário e suas ações no sistema. A análise de
logs
é um método adequado para levantar questões a serem feitas em questionários,
surveys
ou entrevistas aos sujeitos;
d)
análise de
logs
é uma forma eficiente de juntar dados de uso longitudinal, desde que
exista o arquivo de
logs
;
e)
é um bom método para testar hipóteses, por exemplo, determinar se a
disponibilização de mais terminais em uma biblioteca aumenta o acesso vindo de
dentro desta instituição;
f)
análise de
logs
é um método eficiente baseado em evidências para avaliação da
performance de um sistema em relação a seus objetivos;
g)
o método é adequado ao estudo e à comparação do comportamento de busca de
informação de grupos de usuários. Dados de
logs
fornecem ao pesquisador
informação detalhada sobre diferentes aspectos do comportamento de busca de
informação de usuários.
Nicholas, Huntington e Williams (2003) chamam atenção também à possibilidade que
esse método oferece de avaliar a penetração em um sistema de informação. Para os autores
este é um aspecto muito importante do uso, especialmente, para saber quão além da
home
o
usuário está navegando até chegar à “informação”.
Diante dessas possibilidades, pode-se compreender os
logs
dos registros da interação
humana com o sistema como um importante método para a compreensão dessa interação e do
comportamento humano a partir desse evento. Neste contexto, compreende-se como
interatividade a propensão de agir em uníssono com objetos externos ou outras pessoas
(MARCHIONINI, 1995). O autor comenta que a busca da informação é fundamentalmente
um processo interativo dependente de iniciativas do usuário, retroalimentação do serviço e
decisões tomadas a partir dessa retroalimentação.
70
Nos próximos capítulos, observa-se especialmente a interação do ser humano com
serviços informacionais eletrônicos, especificamente os periódicos científicos eletrônicos.
Pretende-se, também, comparar os padrões de comportamento de busca e uso apresentados
pelo projeto
e-JUST
com aqueles encontrados neste estudo.
71
3 METODOLOGIA
As questões de pesquisa, assim como o ambiente em que ela é realizada, seja este
ambiente interno ou externo ao indivíduo
53
, ditam o método empregado. Desta forma,
levando-se em consideração a questão da pesquisa proposta e o ambiente externo ao
indivíduo, no qual a pesquisa foi executada, definem-se a seguir os procedimentos
metodológicos adotados.
3.1 Tipo de estudo
A fim de estudar o comportamento de busca e uso de informações em periódicos
científicos eletrônicos, adotou-se, como estratégia de pesquisa, o estudo de caso (YIN, 2001).
Esta estratégia foi escolhida porque tem lugar de destaque em pesquisas de avaliação e pela
sua capacidade de lidar com uma ampla variedade de evidências, tanto quantitativas quanto
qualitativas.
O maior problema que se aponta comumente sobre estudos de caso é a dificuldade de
generalização a partir do estudo de um único caso. Porém, observa-se que a grande maioria
dos fatos científicos não se baseia em um estudo ou experimento único, mas em conjunto de
estudos que observou o mesmo fenômeno sob condições diferentes (YIN, 2001). Assim, este
trabalho sendo um estudo único e não geral, pretende contribuir com o entendimento do tema
mais amplo.
O estudo de caso se mostra uma estratégia de pesquisa abrangente, que possibilita a
flexibilidade necessária na adoção de métodos para análise de fenômenos contemporâneos. Os
fenômenos estudados nessa pesquisa são as ações e as circunstâncias que ajudam a traçar os
padrões de comportamento de busca e uso da informação dos usuários. Buscou-se assim,
aplicar teorias e padrões existentes aos dados obtidos através da coleta de dados quantitativos
e qualitativos junto ao periódico científico eletrônico Psicologia: reflexão e crítica.
53
Ambiente interno (aspectos cognitivos, emocionais etc.), externo (contexto, atividades, informações
registradas etc.).
72
3.2 Corpus e sujeitos
A fim de se definir o título do periódico para estudo, foi realizada uma busca dos
títulos publicados pela UFRGS presentes no SciELO, no primeiro semestre de 2007.
Estabeleceu-se, como critério de corte, o conceito A internacional na classificação de
periódicos da CAPES e o fato de estarem disponíveis para acesso livre. Em seguida, realizou-
se uma pesquisa preliminar nos dados de acesso disponibilizados no site do SciELO
54
e se
verificou que o periódico Psicologia: reflexão e crítica (Figura 2) destacou-se entre os
periódicos da UFRGS presentes na base, ocupando o lugar em acessos a sua
Home
, o 14°
lugar em acessos a sua
Table of contents
(TOC)
55
,
e 16° lugar em acessos a seus artigos,
dentre todos os periódicos disponíveis no SciELO
56
. Além disso, ele é o periódico da área
mais citado em periódicos indexados no SciELO, com um total, até então, de 750 citações.
Figura 2 Home do periódico Psicologia: reflexão e crítica no SciELO
Fonte: SciELO
57
. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_serial&pid=0102-
7972&nrm=iso>.
54
Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielolog.php?script=sci_journalstat&lng=en&nrm=iso&order=2&dti=199802&dtf=2007
07>.
55
Aqui se utilizou Table of contents (TOC) pois é o termo adotado no ranking da SciELO. Nos próximos
capítulos se adotará o termo sumário quando em referência a TOC.
56
É preciso salientar que a pesquisa foi realizada no primeiro semestre de 2007. Desta forma, esses dados estão
sujeitos a variações.
57
Documento eletrônico não paginado
73
Assim, se decidiu pela realização do estudo junto ao periódico Psicologia: reflexão e
crítica a partir dos dados dos
logs
de acesso do SciELO. Alguns dados estão disponíveis ao
público no próprio
site
do SciELO, a exemplo dos títulos dos artigos e seções mais acessados.
Contudo, foi necessário contatar a equipe que mantém o periódico na Internet para se obter a
maioria dos dados de
logs
. O contato foi feito através de
e-mail
com a equipe da biblioteca
digital. A equipe do SciELO realizou a extração dos dados do periódico e os organizou em
tabelas antes de disponibilizá-los. Estabeleceu-se o período de janeiro de 2007 a junho do
mesmo ano como amostra, devido às limitações de tempo para realização da pesquisa, e com
base em estudos como o de Morse e Clintworth (2000), que utilizaram uma amostra de seis
meses, assim como os estudos de Watters, Watters e Carr. (1998), Davis (2002) e Davis e
Solla (2003), que utilizaram uma amostra de três meses. Além dos dados dos
logs
, optou-se
por complementar a pesquisa quantitativa com os dados obtidos por meio de entrevistas com
quatro sujeitos que estão ou estiveram envolvidos com a publicação do periódico: a atual
editora, dois antigos editores e uma ex-membro da comissão editorial, antiga bibliotecária da
biblioteca setorial de Psicologia. A escolha do período delimitado justifica-se também por ser
uma memória mais recente para os entrevistados.
3.3 Etapas e Instrumentos de Coleta de Dados
Pode-se definir três etapas na realização da pesquisa: a pesquisa teórica, a avaliação do
acesso e a avaliação do usuário. Em um esquema:
74
Quadro 2 - Etapas realizadas na presente pesquisa
Estas etapas não foram, necessariamente, consecutivas, algumas delas sendo realizadas
simultaneamente. A etapa 1 é uma constante que foi realizada ao longo da pesquisa. As etapas
2 e 3 consistiram na coleta de dados realizada de acordo com o tipo de dados. Para os dados
quantitativos, foi realizada a coleta de
logs
nos servidores
Web
hospedeiros do periódico no
SciELO. A análise destes dados embasou a formulação das questões da entrevista, aplicada na
fase da coleta de dados qualitativos. Estas forneceram informações que foram comparadas e
relacionadas aos dados quantitativos obtidos. A combinação dos dois métodos é necessária,
pois a análise dos
logs
mostra as ações de busca e uso do
site
, porém as entrevistas podem
apontar razões ou justificativas para tais ações.
3.3.1 Coleta de dados quantitativos: Avaliação de acesso
Como método para a coleta de dados quantitativos, foi utilizada a análise de
logs
. A
decisão por empregar este método justifica-se pela diversidade de dados que podem ser
recuperados através desta técnica. Os
logs
são evidências abundantes do comportamento de
busca e uso e são um registro imediato e concreto da atividade do pesquisador, não o que ele
pensa ter feito ou gostaria de ter feito.
Etapas de
pesquisa
Corpus/sujeitos Método Objetivo
1
Pesquisa teórica
Levantamento do
referencial teórico e
fichamentos.
Embasar
teoricamente a
pesquisa.
2
Avaliação de
acesso
Logs de acesso à revista
Psicologia: reflexão e
crítica de janeiro de 2007
a junho de 2007.
Estudo dos dados
fornecidos pelos logs de
acesso do periódico
eletrônico no Scielo.
Analisar a utilização
do
periódico online.
3
Entrevistas
Atual editora; dois dos
antigos editores; uma ex-
membro da comissão
editorial, a antiga
bibliotecária de
Psicologia.
Entrevistas presenciais
semi-estruturadas.
Analisar a utilização
do periódico do ponto
de vista de indivíduos
envolvidos com sua
publicação, visando
apontar razões ou
justificativas para os
dados quantitativos
encontrados.
75
A coleta foi realizada junto à equipe do SciELO, a qual extraiu os
logs
referentes ao
periódico Psicologia: reflexão e crítica dos seus servidores
Web
e realizou a alimentação
desses dados no
software
AWStats. Posteriormente, os resultados gerados por esse
software
foram disponibilizados para realização da pesquisa. O AWStats é um
software
livre analisador
de
logs
que gera gráficos e estatísticas avançadas de servidores
web
,
streaming
, ftp ou
mail
.
Vale salientar que este
software
possibilita a visualização da maioria das informações
possíveis de serem recuperadas a partir de arquivos de
logs
em páginas
web
gráficas.
Para melhor entender os dados apresentados e sua posterior análise, torna-se
necessário compreender os campos do
software
, assim como outros conceitos importantes e
norteadores. A seguir, algumas definições de trabalho (AWSTATS..., 2007):
a) Visitante único:
este é um computador que fez pelo menos um
hit
em uma página do
site durante o período de tempo registrado. Mesmo que ele faça várias visitas no
período, seu IP é contabilizado como apenas um visitante.
b) Visitas
: também chamada sessão, é quando um IP único acessa a gina ou
site
e
navega por outras páginas internas com um intervalo de menos de uma hora entre suas
ações. Todas as páginas visualizadas nesse espaço de tempo são incluídas na “visita”.
c) Páginas
: este campo compreende o mero de páginas internas ao
site
visualizadas
por um visitante. Apenas as páginas que não apresentam código de erro (4xx – erro de
cliente, 5xx erro de servidor) são contadas. Geralmente são consideradas páginas
HTML ou CGI e não imagens ou outros arquivos solicitados como resultado para abrir
a página.
d) Hits
: é qualquer arquivo solicitado do servidor (inclusive arquivos que o páginas),
com exceção daqueles que são listados no parâmetro de configuração chamado
SkipFiles
.
e) Largura de banda:
número total de bytes por página, imagem e arquivo solicitado
durante um acesso.
f) Página de entrada:
é a primeira página visualizada por um visitante. Uma observação
que vale mencionar, pois pode gerar uma margem de erro nos resultados da análise
dos
logs
, é que na passagem de um mês para o seguinte, o
software
registra a página
de entrada de um visitante, mas não a página de saída, o que pode gerar uma aparente
inconsistência, pois se observaria um mero maior de páginas de entrada do que de
páginas de saída.
g) Página de saída
: é a última página visualizada por um visitante. Esse campo também
está sujeito à aparente inconsistência descrita acima.
76
h) Duração da sessão
: corresponde ao tempo que um visitante passou dentro do
site
. A
duração de algumas visitas é desconhecida porque nem sempre podem ser calculadas.
Uma das principais razões é quando a visita tem início após às 23h do último dia do
mês. Nesse caso, limitações técnicas do
software
impedem o cálculo.
i) Acesso direto / Favoritos
: esse campo representa a quantidade de
hits
de uma visita
feita através de acesso direto. Isso significa que a primeira página do site foi
“chamada” por meio da digitação da URL na barra de endereços do navegador, por
meio da URL, salva na pasta favoritos do visitante, através do clique em um link que
esteja em um e-mail ou por meio do clique no endereço que esteja disponível em
algum lugar, que não seja outra página
web
(um link em um documento, em uma
aplicação, por exemplo).
j) Penetração no site
: é a média de páginas visualizadas por visita. Representa quão
além da primeira página acessada vai um internauta quando em visita ao periódico
(NICHOLAS; HUNTINGTON; WILLIAM, 2003, NICHOLAS et al., 2006a,
NICHOLAS et al., 2006b).
Além do AWStats, tornou-se necessário adotar ferramentas auxiliares, como a
ferramenta
Web
IP-adress.com (http://www.ip-adress.com/) para identificar os números IPs
disponíveis. O AWStats, apesar de melhorar e sistematizar a visualização dos dados, não
permite análises mais profundas, pois muitos dos dados dizem respeito a meses individuais e
não ao todo, ou não estão identificados como, por exemplo, as instituições usuárias. Adotou-
se o
software
Microsoft Excel pela sua capacidade de produzir tabelas, planilhas e gráficos, e
também pela facilidade na realização dos cálculos. Foi a partir do Microsoft Excel que se
elaborou as tabelas e gráficos de acordo com as categorias estabelecidas.
3.3.2 Coleta de dados qualitativos: Entrevistas
Apesar das evidências fornecidas pelos
logs
, Wilson (1999) observa que apenas dados
quantitativos não trazem informações suficientes sobre o comportamento de busca e uso da
informação dos indivíduos. Para tal, foram combinados os dados quantitativos, que segundo
Peters (2002) são a única forma de dizer o quanto e como estão sendo usados esses
77
periódicos, com métodos qualitativos de pesquisa, para poder chegar a um panorama mais
realista dessa interação.
Diante das limitações de tempo da pesquisa, a entrevista foi considerada a melhor
escolha para coleta de dados complementares. Por ser um método que fornece dados
qualitativos, as entrevistas permitiram apontar possíveis justificativas ou, até mesmo,
constatar comportamentos, do ponto de vista dos entrevistados, sem razões aparentes.
Utilizou-se a técnica chamada “bola de neve” para selecionar os entrevistados
(SILVANO, 2001). Em primeiro momento optou-se por um indivíduo que tivesse uma visão
geral da revista, ou seja, a editora atual, a Prof.ª Dr.ª Lisiane Bizarro. Durante a entrevista,
solicitou-se que a editora apontasse outros nomes que tivessem uma visão geral da publicação
e da área do conhecimento para acrescentar à pesquisa. Dessa forma, chegou-se aos nomes
dos dois ex-editores, atualmente membros da comissão editorial e do comitê editorial,
respectivamente, os Professores Doutores Silvia H. Koller e William B. Gomes, além da ex-
bibliotecária da biblioteca setorial de Psicologia e ex-membro da comissão editorial Viviane
C. Castanho. Outros nomes foram apontados, mas em vista dos resultados obtidos, avaliou-se
que não trariam informações adicionais que ampliassem a análise.
Para a realização das entrevistas planejou-se uma lista de tópicos com questões
formuladas a partir dos resultados da análise de
logs
, incorporando questões específicas sobre
o comportamento de busca e o uso de informações em periódicos eletrônicos. Além disso,
foram impressos tabelas e gráficos de forma a cobrir os fins e objetivos da pesquisa para
serem apresentados aos entrevistados. As entrevistas foram semi-estruturadas, as tabelas,
gráficos e perguntas foram apenas guias, de modo que, à medida que surgissem outros tópicos
de interesse, era dada liberdade ao sujeito para se aprofundar em sua fala, sem perder de vista
os objetivos. A lista de tópicos encontra-se descrita no Apêndice A.
3.4 Procedimentos para Análise dos Dados
O tratamento dos dados quantitativos coletados foi feito por meio da categorização
(FLICK, 2004) e cotejado com dados qualitativos, quando considerado relevante. As
categorias foram elaboradas a partir daquelas encontradas no
software
AWStats e das análises
que foram surgindo no processo de tratamento dos dados. A partir da análise dos
logs,
foram
observados o internauta e suas ações dentro e fora do periódico, indícios dos comportamentos
78
de busca e uso. Para a melhor compreensão desse comportamento, a análise foi dividida nas
seguintes categorias ou dimensões de acesso e uso do periódico:
a) Quando acontecem as buscas:
Nessa categoria, buscou-se calcular os seguintes
campos de trabalho: visitas, páginas visualizadas e penetração do periódico. Esses
campos foram analisados em relação a hora, dia e mês registrados. Nessa categoria
também se estabeleceu um histórico mensal geral desses campos;
b) Quem busca:
Categoria pela qual se procurou elucidar a “identidade” do usuário do
periódico. O objetivo também foi abordar os campos de trabalho páginas visualizadas,
hits
e largura de banda em relação aos domínios, países, estados e instituições
usuárias;
c) Tipos de navegação:
Essa categoria visou à análise das ações e a trajetória do usuário
no periódico. Verificou-se a duração das visitas, o tipo de arquivos acessados e
quantidade de
downloads
58
de PDFs. Além disso, procurou-se identificar as páginas de
entrada e saída do periódico, as URLs mais acessadas, assim como as seções, volumes
e artigos mais visitados. Também se listam as palavras-chave que identificam esses
artigos;
d) Origem das buscas:
Categoria na qual se procurou mostrar de onde estão vindo os
visitantes da publicação e como estes chegaram até o periódico, reunindo indícios do
trajeto do internauta. Define-se os buscadores mais utilizados,
links
e
sites
que mais
geraram visualizações de páginas. Nessa categoria, identifica-se também as frases e
palavras mais utilizadas em buscas que levaram ao periódico.
Após, descrita a metodologia utilizada para a realização da pesquisa e estabelecidas as
categorias, assim como o que nelas está contido, apresenta-se o resultado das análises, no
capítulo a seguir.
58
Compreende-se como download o ato realizado pelo internauta de salvar uma cópia de um arquivo em seu
computador.
79
4 RESULTADOS
A análise, como descrito previamente, está subdivida nas seguintes categorias: quando
acontecem as buscas; quem busca; tipos de navegação e origem das buscas. A seguir,
apresentam-se os resultados das análises realizadas nos dados dos
logs
, segundo a literatura
que fundamenta a pesquisa.
4.1 Quando acontecem as buscas
Na primeira categoria,
Quando acontecem as buscas
, em primeiro momento
construiu-se um histórico geral mensal, semanal e diário do tráfego no Psicologia: reflexão e
crítica. São abordados os campos visitas, páginas visualizadas e penetração do periódico e a
distribuição desses campos por mês, dia da semana e hora do dia.
Analisando-se o histórico mensal (Tabela 1), pode-se comprovar um tráfego intenso
no periódico, como é de se esperar de uma publicação disponibilizada pela SciELO. Apenas
nos primeiros seis meses do ano de 2007, 444.612 visitantes únicos acessaram o
site
,
realizando 11.987.738
hits
e movimentando 82,37GB.
O número de visitantes únicos é calculado com base no registro do IP de origem,
sendo que cada IP é contabilizado apenas uma vez. Tendo sido expostas, previamente, as
dificuldades de se identificar o usuário apenas com esse número, é possível inferir que a
quantidade de usuários deste periódico seja ainda maior que o valor obtido, caso esses IPs
sejam de servidores
proxy
ou mais de uma pessoa tenha utilizado o mesmo terminal. Por outro
lado, é possível também que o mesmo usuário tenha acessado o periódico de diversos
computadores diferentes, contabilizando mais de uma vez. Apesar de todos esses fatores, esse
valor é o mais próximo ao número real de usuários que se pode chegar através dos métodos
empregados.
80
Tabela 1 – Histórico mensal
Mês
Visitantes Únicos
Número de visitas
Páginas
Média de
penetração
Hits
GBytes
Jan 38.439 8,65% 46.844 8,18% 79.631 6,87% 1,70 808.733 6,75% 6,35 GB 7,71%
Fev 50.784 11,42% 61.959 10,82% 110.586 9,54% 1,78 1.046.365 8,73% 8,65 GB 10,50%
Mar 96.299 21,66% 126.014 22,01% 255.555 22,05% 2,03 2.602.040 21,71% 17,79 GB 21,60%
Abr 89.596 20,15% 115.822 20,23% 246.958 21,31% 2,13 2.560.769 21,36% 15,56 GB 18,89%
Mai 96.595 21,73% 128.048 22,36% 270.547 23,34% 2,11 2.828.134 23,59% 19,51 GB 23,69%
Jun 72.899 16,40% 93.879 16,40% 195.796 16,89% 2,09 2.141.697 17,87% 14,51 GB 17,62%
Total
444.612 100% 572.566 100% 1.159.073 100% 2,02 11.987.738 100% 82,37 GB 100%
Fonte: Dados fornecidos pelo SCiELO (2007)
81
Ainda na Tabela 1, quanto à distribuição dos visitantes nos meses em que essa
pesquisa se dispôs a monitorar, foi possível observar que 21,73% destes correspondem ao mês
de maio, 21,66% ao s de março, 20,15% ao mês de abril, 16,40% a junho, 11,41% a
fevereiro e, apenas 8,65% correspondem ao mês de janeiro. Percebe-se, assim, que mais
usuários visitaram o
site
, principalmente, durante os meses do meio do semestre acadêmico
(março, abril e maio). Não é possível afirmar que esse comportamento esteja relacionado
somente a alunos de graduação ou de s-graduação, mas indícios de relações com o
semestre letivo. Considera-se a afirmação de Rowley e Ulquhart (2007), segundo as quais o
desenvolvimento do comportamento informacional intrínseco é feito através de uma forte
necessidade de aprender, como durante a realização de uma pesquisa. Para elas,
comportamento informacional mais sofisticado pode ser observado entre estudantes
pesquisadores, o que poderia reforçar a relação entre as visitas e o semestre letivo.
Entre os meses de janeiro e junho de 2007, foram registradas 572.566 visitas. Este
número é superior ao número de visitantes únicos, implicando que o mesmo IP realizou mais
de uma visita.
Na distribuição do número de visitas por hora (Figura 3) o mês de maio apresentou
uma média de 363,64 visitas por hora. Março segue como o segundo mês de acesso mais
intenso, com 343,49 visitas por hora, seguido de abril, com 343,00. Em último lugar na figura,
vem o mês de janeiro, com uma média de 107,03 visitas por hora.
107,03
164,56
343,49 343,00
363,64
271,94
0,00
50,00
100,00
150,00
200,00
250,00
300,00
350,00
400,00
Jane
i
r
o
Fever
e
iro
Março
A
b
ril
Maio
Jun
ho
Figura 3 – Média de visitas realizadas por hora
82
Observa-se que a diferença entre a quantidade de visitantes únicos registrados e a
quantidade de visitas ao periódico é de apenas 127.954. A média é de apenas 1,29 visitas por
visitantes únicos, ou seja, menos de duas visitas por internauta em um período de seis meses.
Isto representa uma média consideravelmente baixa, pois reflete um alto nível de
comportamento de
bouncing
, ou seja, baixo índice de retorno. Em resumo, apesar do grande
número de acessos, os usuários, em sua maioria, não retornam com freqüência ao periódico.
Esse
bouncing
pode ser atribuído, segundo a literatura anteriormente revisada, ao
browsing
proveniente da considerável quantidade de fontes em formato eletrônico; dos mecanismos de
busca que levaram ao periódico; do próprio ato de navegar na
Web
; da visibilidade das
informações apresentadas; do alcance da rede; de buscas limitadas, pobres, superficiais; e de
outros fatores como confiabilidade e o visual da página. É possível também que a quantidade
de visitas esteja relacionada ao nível de familiaridade com o periódico, ocorrendo visitas
esporádicas por usuários apenas interessados em monitorar atualizações.
Observa-se na Figura 4 que a ocorrência de visitas durante a semana é bastante
equilibrada. Não surpresas ao se afirmar que os dias úteis apresentam maior número de
visitas que os finais de semana. É possível perceber que as visitas ao periódico crescem a
partir da segunda-feira para atingir seu ápice nas terças-feiras, com 17,11% do total de visitas.
As quartas-feiras estão em segundo lugar em mero de visitas, com 16,76%. Os dias que se
seguem apresentam uma gradual diminuição, sendo que sábado, com apenas 9,71%, é o dia
com a menor quantidade de visitas. A explicação que pode ser dada a esse fato é a de que os
usuários estão provavelmente acessando o periódico de seus locais de trabalho e/ou estudo.
83
Dom
Seg Ter
Qua
Qui Sex
Sab
11,5
4
%
16
,
19
%
1
7,1
1
%
16,7
6
%
15
,
63
%
13,0
7
%
9
,
7
1%
0,00%
2,00%
4,00%
6,00%
8,00%
10,00%
12,00%
14,00%
16,00%
18,00%
Figura 4 – Porcentagem de visitas por dia da semana
Em um primeiro momento, pode-se observar na Tabela 1 que, dentre os meses
analisados, o mês que se destacou em todos os campos foi maio. No campo Páginas (Figura
5), a situação não é diferente: do total de 1.159.073 páginas, maio corresponde a 23,34%,
março a 22,05% e abril corresponde a 21,31%. Estes são os meses que possuem a maior
quantidade de páginas visualizadas por usuários. Janeiro, por sua vez, é o mês com menor
número de páginas visualizadas, com apenas 6,87% do total. A média de páginas por mês é de
193.178,83.
84
6,
8
7%
9,54%
22
,05%
21
,31%
23
,34
%
1
6
,
8
9
%
0,00%
5,00%
10,00%
15,00%
20,00%
25,00%
Jan Fev Mar Abr Mai Jun
Figura 5 – Porcentagem de páginas visualizadas por mês
Considerando a crescente visualização de páginas desde janeiro até maio, decrescendo
novamente em junho, pode-se fazer uma relação com o semestre letivo. De acordo com a
professora Silvia H. Koller:
[...] eu acho que janeiro e fevereiro são meses de férias. Então,
naturalmente, diminui o acesso à revista, a toda a parte eletrônica, porque o
pessoal está de férias. Eu acho que março, abril e maio porque são os meses
mais fortes do início do semestre. Os alunos começam a ter muito mais
acesso também, os professores, a preparação de aulas, a preparação de
trabalhos, organização de pesquisa... Basicamente, por uma demanda muito
grande que eles têm de cumprir tarefas, que eu acho que esses meses são os
mais acessados. O mês de junho volta a baixar um pouco, não muito,
porque o pessoal tem mais provas, então não têm mais tempo de ficar
lendo e fazendo trabalho.
Este é um fenômeno que não surpreendeu a ex-bibliotecária da Psicologia e atual
chefe da biblioteca central, Viviane C. Castanho. Segundo a bibliotecária:
Esse gráfico me parece confirmar todas as estatísticas de uso que a gente vê
aqui para os periódicos que nós assinamos e disponibilizamos para a
comunidade. Janeiro e fevereiro sempre são meses que os títulos têm menor
consulta, em função do calendário acadêmico. Eu não saberia explicar essa
diminuição de junho em relação aos três meses que o antecedem março,
abril e maio, isso eu o sei. Mas esse comportamento fica bem de acordo
para o que a gente vê para os demais periódicos.
85
No entanto, para a professora Lisiane Bizarro, podem existir outros fatores para este
fenômeno:
Especificamente do ano de 2007 eu diria que isso está relacionado com o
lançamento dos números online dos últimos números de 2006. Eu acho que
a gente encaminhou com atraso para o SciELO. Um em janeiro ou
fevereiro, que era o número 2, e o número 3 mais em março ou abril. Então
houve um ano e tanto. Março de 2007, eu acho que a gente encaminhou os
dois números que faltavam em 2006, então eu acredito que isso seja relativo
aos números atrasados.
É necessário ressaltar que a ausência de dados de semestres anteriores ou posteriores
não permite a confirmação da relação entre as visitas e visualizações de páginas e o semestre
letivo.
A respeito da rotina de páginas visualizadas por dia da semana (Figura 6), quando
comparada com os estudos realizados por Nicholas, Huntington e Watkinson (2003) sobre o
uso de periódicos do
Big deal
e sobre o uso da biblioteca digital da
Blackwell Sinergy
,
percebe-se algumas diferenças. Na atual pesquisa, a distribuição do número total de páginas
pelos dias da semana não difere de sua distribuição por número de visitas. Aparentemente,
quanto maior o número de visitas, maior o número de páginas a serem acessadas, mesmo
porque cada usuário visualizará no mínimo uma página que seria sua página de entrada no
site
. Como se pode observar, os dados da Figura 4 se repetem na Figura 6, as terças-feiras são
o ápice da semana, apresentando o maior número de ginas visualizadas, com 16,85%.
Apesar de não haver uma explicação mais exata para este fato, a professora Silvia H. Koller
aponta que esse é um fenômeno que já havia observado antes:
[...] quando eu fui diretora científica da biblioteca virtual de psicologia, e
acontecia a mesma coisa na biblioteca, a gente mesmo se perguntava, por
que na terça-feira, esse ápice. [...]
Nas pesquisas realizadas por Nicholas, Huntington e Watkinson (2003; 2005),
contudo, o ápice ocorria nas segundas-feiras com, respectivamente, 17% e 18% da atividade.
Uma semelhança que se pode apontar entre aquelas pesquisas e o estudo atual é a constatação
de que os três primeiros dias da semana são os mais ativos na utilização dos periódicos. Para o
periódico Psicologia: reflexão e crítica, o sábado novamente é o dia da semana de menor
acesso, com apenas 10,05% de páginas visualizadas.
86
11,
3
1%
1
6
,
41%
1
6
,
85%
16,42%
1
5
,
61%
1
3
,
36%
10,05%
0,00%
2,00%
4,00%
6,00%
8,00%
10,00%
12,00%
14,00%
16,00%
18,00%
Dom Seg Ter Qua Qui Sex Sab
Figura 6 – Porcentagem de páginas visualizadas por dia da semana
Analisando-se a distribuição das páginas visualizadas por hora do dia, também se
observa variações. Na Tabela 2
59
, destaca-se um intervalo de 10 horas diárias em que ocorre
maior atividade. Esse período tem início às 10 horas da manhã e vai até às 18 horas, havendo
um intervalo na intensidade de acesso e retomando às 20 horas. na pesquisa de Nicholas,
Huntington e Watkinson (2003), detecta-se que o período mais ativo é entre as 07 horas e às
16 horas, que corresponde a mais de 50% do uso diário.
Tabela 2 Páginas visualizadas por hora
Horas Páginas
16h 87654 7,56%
15h 84889 7,32%
17h 80956 6,98%
14h 76746 6,62%
11h 76506 6,60%
10h 70300 6,07%
13h 68641 5,92%
12h 68181 5,88%
18h 67737 5,84%
20h 67628 5,83%
19h 65810 5,68%
21h 64065 5,53%
22h 55526 4,79%
9h 53655 4,63%
23h 44301 3,82%
59
A Tabela 2 foi elaborada com base na hora oficial do Brasil.
87
8h 32244 2,78%
0h 30512 2,63%
1h 17294 1,49%
7h 14333 1,24%
2h 9134 0,79%
6h 6925 0,60%
3h 6866 0,59%
5h 4869 0,42%
4h 4301 0,37%
Total
1159073 100,00%
Fonte: Dados referentes ao período de janeiro a junho de 2007, obtidos através de contato com a equipe do
SciELO.
Apesar de haver atividade durante todo o dia, a intensidade de visualizações no
período de dez horas destacado é bastante significativa, correspondendo a 64,64% do total das
visualizações diárias. É preciso comentar também que o período da tarde é o de maior
importância, a partir das 14 horas até às 17 horas, atingindo o ápice às 16 horas. Nicholas,
Huntington e Watkinson (2003), em sua pesquisa, apontam o período das 12 horas às 14 horas
como de maior uso, atingindo o ápice às 14 horas. Pode-se observar, com base nos dados
apresentados, que a rotina de pesquisas dos usuários brasileiros se inicia mais tarde no dia
talvez como reflexo da cultura local.
Não obstante, deve-se salientar que não se tem uma explicação definitiva para tal
rotina, apenas hipóteses como a da professora Lisiane Bizarro:
[...] eu acho que além de ser os horários de trabalho, imaginando assim... que parte
dos usuários estão em universidades... é onde essas pessoas tem 100% de acesso à
rede rápida. Então, nem todo mundo tem computador em casa, os que têm podem
não ter rede rápida, e para baixar um PDF, ou fazer buscas no SciELO, para não
gastar muito em pulsos, é necessário uma rede rápida. Então eu acho que isso está
relacionado com as instituições, é o acesso via instituições. E esse horário é o
mais provável, de acessar lá... o horário da nossa biblioteca, por exemplo, é mais ou
menos esse. Fecha às seis da tarde.
Para Viviane C. Castanho esse dado foi algo diferente do que esperava, porém a
bibliotecária alerta:
Surpreende-me, porque eu achei que o pico fosse mais, eu diria assim, entre às 18h
e às 20h, não é [...] É difícil, porque eu sei, mais ou menos, o que acontece aqui na
universidade, mas eu não sei se esse comportamento se reproduz em outras regiões
do país e pra outras instituições de ensino.
Tendo analisado o número de visitas e a quantidade de ginas visualizadas, pode-
se avaliar a penetração de usuários no periódico. O cálculo é feito por meio da divisão de
88
páginas visualizadas pelo número de visitas, chegando-se à média de visualização de páginas
por visita, ou seja, o índice de penetração. É necessário considerar que a primeira página
visualizada, ao entrar no periódico, vai afetar o vel de penetração. Por exemplo, um usuário
que entrou direto no artigo desejado pode não sentir necessidade de realizar buscas adicionais
(NICHOLAS et al., 2006b). Esta situação pode ser considerada como comportamento de
bouncing
, por parecer uma busca superficial e limitada, mas sem dados sobre se a informação
recuperada satisfez a necessidade do internauta, pode ser precipitado fazer esse julgamento.
Para a revista Psicologia: reflexão e crítica, a média geral é de apenas 2,02
visualizações de páginas por visita, ou seja, a cada visita a maioria dos internautas não navega
por mais que duas páginas. Nicholas et al. (2007) atribuem a cada uma de suas categorias de
usuário uma quantidade determinada de páginas visualizadas:
bouncing
, de 1 a 3 páginas
visualizadas; moderadamente compromissado, de 4 a 10 páginas visualizadas;
compromissado, de 10 a 20 páginas visualizadas; e seriamente compromissado, mais de 21
páginas visualizadas. Diante disso, com base no resultado alcançado para o periódico,
acredita-se que a média de penetração em Psicologia: reflexão e crítica é baixa. Isso pode
significar que uma grande quantidade de usuários
bouncers
e poucos usuários
compromissados (o nível de comprometimento é impossível de ser determinado com base
apenas nos dados obtidos).
O cálculo mostrou alguns resultados interessantes para o periódico. Como se pode
observar na Figura 7, o mês de abril, que até agora havia figurado em terceiro lugar em termos
de visitas e número de visualização de páginas, passa a ser o primeiro, com uma média de
2,13 páginas visualizadas por visita. Apesar de ainda ser uma média baixa, é superior à dos
outros meses que seguem, a exemplo de maio, com 2,11 visualizações de páginas por visita, e
junho, com 2,09 visualizações por visita. O mês de janeiro é o último, com apenas 1,70.
1,70
1,78
2,03
2,13
2,11
2,09
0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50
Jan Fev Mar Abr Mai Jun
89
Figura 7 – Média de penetração por mês
Nos dias da semana também ocorrem alterações (Figura 8). Sábado, o dia da
semana com menor número de visitas e de visualizações de páginas, é o dia com maior índice
de penetração no periódico, 2,10 visualizações de ginas por visita. Segundo a professora
Silvia H. Koller: “É porque talvez as pessoas estejam com mais tempo até para a leitura e
aprofundamento e durante a semana seja mais aquela coisa de buscar”. Para Viviane C.
Castanho:
[...] a gente tem muito aluno de pós-graduação que é de fora de Porto Alegre. Então
no fim de semana o pessoal vai para casa e aproveita esse tempo, ou o seu
computador em casa. Enfim, é quando o pessoal aprofunda os estudos. [...] eu
acredito que isso deva se reproduzir nos grandes centros, ou seja, sul e sudeste que
são os maiores acessos, também acredito que em São Paulo e Rio aconteça a
mesma coisa, que tenha muita gente do interior do estado que vai pra casa e
aproveite o fim de semana pra trabalhar na sua tese ou dissertação.
Segundo dados da presente pesquisa, existe de fato uma representativa quantidade
de visitas de instituições. Contudo, este tópico será abordado na próxima categoria.
Ainda sobre a penetração do periódico durante a semana, a sexta-feira fica em
segundo lugar, com 2,07 visualizações por visita. Terça-feira, que até então era o ápice da
semana em visitas e visualizações de página, fica apenas em quinto lugar em penetração do
periódico. Quarta e domingo empatam como os dias de menor penetração no periódico, com
apenas 1,98 visualizações.
1,98
2,05
1,99
1,98
2,02
2,07
2,10
1,92
1,94
1,96
1,98
2
2,02
2,04
2,06
2,08
2,1
Dom Seg Ter Qua Qui Sex Sab
Figura 8 – Média de penetração por dia da semana
90
Pode-se observar nos últimos dois gráficos que períodos de tempo que antes não se
destacavam nas outras categorias, assumem a dianteira em penetração do periódico.
Tomando-se como exemplo as terças-feiras e as quartas-feiras, dias de intenso acesso,
constata-se que número de visitas e de visualizações de página não é igual a aprofundamento
no periódico. Também não se pode dizer que menos visitas geram uma navegação mais
profunda. Contudo, é fato que sábado, o dia da semana com menos acessos de usuário, gerou
visitas mais aprofundadas. Outro fato é que abril, mês com maior média de penetração, foi o
mês no qual houve mais visualizações nos fins de semana. Supõe-se que o acesso nos fins de
semana é feito muito provavelmente de computadores pessoais domésticos. Santaella (2004)
fala do leitor que navega a tela, programa leituras num universo com informações
eternamente disponíveis, desde que não se perca a rota até elas. Uma hipótese é que a
pesquisa realizada em dias como sábado é uma pesquisa mais minuciosa e em profundidade,
ou seja, visitas são realizadas durante a semana para ter uma visão da informação buscada,
enquanto as do sábado são dedicadas ao uso propriamente dito. Diante disso, levanta-se o
questionamento: uma relação entre ambiente utilizado para navegação e aprofundamento
no uso do periódico? Infelizmente o método não nos permite responder esta pergunta com
exatidão.
4.2 Quem busca
A segunda categoria a ser abordada é
Quem busca
, na qual se procura identificar que
nação, estado e, se possível, instituição acessa o periódico. No primeiro item dessa categoria,
o domínio, constatou-se que o acesso provém de aproximadamente 134 domínios diferentes.
No Quadro 3 pode-se constatar os 10 domínios que visualizaram maior número de páginas.
Os usuários brasileiros são os mais freqüentes, com 777.866 das visualizações. Há uma
grande quantidade de usuários cujos IPs não puderam ser reconhecidos. Estes o
responsáveis por 294.740 visualizações, ficando em segundo lugar. Portugal fica em terceiro
lugar, com 45.034 visualizações, seguido pelos domínios
.net
que apresentam 11.852 das
visualizações. Os domínios comerciais
.com
ficam em quinto lugar, com 7.845 das
visualizações. Estes dois últimos podem pertencer a vários países, dependendo apenas da
política de registro de domínio existente, não sendo, necessariamente, todos provenientes dos
91
Estados Unidos da América (EUA). Os domínios terminados em
.edu
aparecem em nono
lugar e são atribuídos pelo AWStats aos EUA, para designar as instituições de ensino superior
(IES) desse país. Apesar disso não se pode afirmar que a maior quantidade de acessos,
proveniente dos EUA, vêm de suas IES, por não ser possível identificar todos os países dos
domínios
.net
e
.com
.
Países/Domínios Páginas Hits
Brasil br 777.866 8.728.706
Desconhecido ip 294.740 2.388.537
Portugal pt 45.034 553.978
Network net 11.852 97.685
Comercial com 7.845 55.534
Suíça ch 2.728 6.611
Moçambique mz 2.588 9.906
México mx 1.678 19.643
EUA Educacional edu 1.488 9.915
França fr 1.074 5.156
Quadro 3Páginas visualizadas por domínio
Fonte: Dados referentes ao período de janeiro a junho de 2007, obtidos através de contato com a equipe do
SciELO.
Com base nos dados de domínios fornecidos através do AWStats, é possível produzir
uma lista dos países que acessaram o periódico. O total de países que utilizaram o serviço é de
110, dos quais se destacam os dez que mais visualizaram páginas (Quadro 4).
92
Países /Domínios Páginas Hits
Brasil br 777.866 8.728.706
Portugal pt 45.034 553.978
Suíça ch 2.728 6.611
Moçambique mz 2.588 9.906
México mx 1.678 19.643
EUA 1.593 10.624
França fr 1.074 5.156
Argentina ar 1.036 7.289
Reino Unido uk 899 5.455
Austrália au 675 5.433
Quadro 4 Os dez países com mais visualizações de páginas
Fonte: Dados referentes ao período de janeiro a junho de 2007, obtidos através de contato com a equipe do
SciELO.
Nota: Os EUA não possui domínio característico.
O Brasil continua sendo o país com o maior número de visualizações de páginas. Em
seguida aparecem Portugal, Suíça, Moçambique, México, EUA, França, Argentina, Reino
Unido e Austrália. Observa-se que entre os primeiros dez países predominam a Europa, com
quatro representantes, a América do Sul e a América do Norte, ambas possuem dois
representantes. África e Oceania têm apenas um representante cada. Como esperado, países de
língua portuguesa figuram forte no quadro, Portugal em segundo lugar e Moçambique em
quarto. Isso reforça a afirmação de Packer e Menechini (2006) de que o idioma da publicação
terá influência em sua visibilidade, agindo como determinante do uso. De acordo com a
professora Lisiane Bizarro:
várias razões para gente publicar em português. Uma delas é produzir
ciência em uma língua que seja acessível a 100% da população brasileira que
lê, e também atingir Portugal, pela mesma razão.
93
Não obstante, a Suíça ocupar a terceira posição do quadro é uma surpresa, pois não
existe uma razão explícita, seja o idioma ou proximidade paradigmática
60
para tal uso. O
professor William B. Gomes levanta algumas hipóteses com base no Quadro 4:
A psicologia brasileira foi influenciada pela psicologia Suíça na primeira
metade do século XX, com o funcionalismo psicológico. E vieram
psicólogos suíços para o Brasil. Teve uma influência de psicólogos suíços
ou com formação na Suíça, mesmo se eles vieram de outros países [...] Mas
isso foi na primeira metade do século XX. Aqui, eu estou muito surpreso.
A professora Lisiane Bizarro também traz questões de proximidade paradigmática
como possíveis explicações para os resultados obtidos:
[...] existem áreas na psicologia em que a Suíça... um exemplo que eu acho
que pode ser pertinente é, por exemplo, artigos relacionados à psicologia
cognitiva, que são uma produção bem significativa, e talvez interesse a esse
público da Suíça
Para o professor William B. Gomes, além da Suíça houve outros resultados
inesperados:
[...] eu esperava mais países africanos. entrou Moçambique, que
certamente tem melhores veis de desenvolvimento do que Angola. Dos
países latino-americanos eu senti a falta do Chile, mas o México era
esperado e a Argentina era esperada. O México está na frente porque [...] o
México tem uma visão mais abrangente da psicologia do que a Argentina,
porque [a Argentina] ficou muito mais fechada nela mesma e na psicanálise.
Agora, com relação aos Estados Unidos, eu diria que isso deve ter certa
presença de brasileiros que estudam lá. A mesma coisa no Reino Unido. Ou
brasileiros ou latino-americanos que estudam lá... Pessoas que possam ter
acesso à língua portuguesa, porque por eles mesmos os acessos seriam
baixos.
Em seus estudos com a
Emerald Insight
, a
Balckwell Sinergy
, o
OhioLink
e a
Science
Direct
,
Nicholas et al. (2007) constatam que os grandes usuários desses recursos são a
América do Sul, com 60%, e a Ásia, com 56% do uso total. No entanto, as pesquisas
realizadas por Nicholas e sua equipe têm maiores dimensões, pois lidam com diversas
60
Neste trabalho utiliza-se a definição de Vanz (2004) para proximidade paradigmática. Segundo a autora, esta é
a relação que um pesquisador ou um grupo de pesquisadores mantém com determinados autores, teorias,
paradigmas, metodologias, tendências de pesquisa entre outros.
94
coleções de periódicos disponíveis em indexadores de visibilidade, credibilidade e alcance
mundial.
Ao se buscar localizar os endereços IPs, alguns podem ser impossíveis de serem
identificados pelas razões já apresentadas nessa pesquisa. Os
hosts
61
foram localizados a partir
do endereço IP, o que permitiu constatar que 29.346 ginas visualizadas foram creditadas a
IPs inválidos. No entanto, foi possível identificar a maioria deles, determinando-se assim os
estados que mais visualizaram páginas no periódico. No Quadro 5, identifica-se os dez
estados/províncias mais ativos em termos de visualizações de páginas. Dentre eles é possível
ver que São Paulo possui vantagem significativa sobre os outros, tendo 54.605 visualizações a
mais do que o segundo colocado. O número de visualizações gerado por São Paulo chega a
superar o número total de visualizações gerado por Portugal, segundo colocado na lista de
países que utilizam o serviço eletrônico. Não obstante, quando se compara esse dado com os
das instituições, observa-se que grande parte do acesso é proveniente da própria Bireme
(Quadro 6). Isso pode ocorrer devido à realização de consultas internas ou externas (a Bireme
possui um Serviço de atendimento ao usuário), para monitoração do
site
, entre outros
motivos. Seguem na lista do Quadro 5, respectivamente, os seguintes estados brasileiros:
Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Goiás, Bahia, Rio de Janeiro. Braga (Portugal) e St. Gallen
(Suíça), duas províncias estrangeiras, superam os demais estados brasileiros em visualizações
de páginas.
61
Host é qualquer máquina ou computador conectado a uma rede.
95
Estado/País Páginas
São Paulo (SP), Brasil 61.123
Minas Gerais (MG), Brasil 6.518
Rio Grande do Sul (RS),
Brasil 5.269
Goiás (GO), Brasil 4.654
Bahia (BA), Brasil 4.482
Rio de Janeiro (RJ), Brasil 3.078
Braga, Portugal, Brasil 2.798
St. Gallen, Suíça, Brasil 2.451
Paraná (PR), Brasil 2.223
Santa Catarina (SC), Brasil 1.920
Quadro 5Os dez estados/províncias com mais visualizações de páginas
Fonte: Dados referentes ao período de janeiro a junho de 2007, obtidos através de contato com a equipe do
SciELO.
Constata-se a predominância da região Sudeste, representada por São Paulo, Minas
Gerais e Rio de Janeiro, totalizando 70.719 visualizações de páginas. A região sul encontra-se
em segundo, representada por Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina, totalizando 9.412
visualizações. O Centro-oeste encontra-se representado por Goiás, e o Nordeste pela Bahia. A
região Norte não possui representante no Quadro 5.
Quanto às instituições que originaram o acesso e conseqüente visualização, foi
possível identificar as mais ativas. Observa-se, no Quadro 6, vinte instituições responsáveis
por um número significativo de visualizações. Dentre elas, oito são provenientes do estado de
São Paulo. Em primeiro lugar, com grande vantagem, encontra-se a Bireme. A bibliotecária
Viviane C. Castanho explica que: “[...] todas as checagens da base, tudo que é “Reflexão e
Crítica” é indexado aqui [Bireme], a LILACS e o IndexPsy, e até a própria SciELO entraria
aqui nesse número. Então a Bireme conta peso aqui por causa da SciELO, da LILACS e até
do IndexPsy [...]”.
Em segundo lugar está a Universität St. Gallen (Suíça), provavelmente a responsável
pela Suíça encontrar-se em terceiro lugar no quadro de países. A professora Lisiane Bizarro
credita este fato à disponibilidade na Internet: “estando disponível, as pessoas têm uma
tendência de visitar mais”. Confirmando a afirmação de Packer e Meneghini (2006), de que
publicar na Internet e disponibilizar artigos em texto completo são indicadores essenciais de
visibilidade e acessibilidade. Segundo os autores, estes indicadores são condições essenciais
96
para atender a demanda dos pesquisadores em geral. No entanto, esse fato sozinho não
esclarece o porquê dessa instituição em particular figurar em tal colocação.
Origem do acesso Páginas
Bireme, SP 28.739
Universität St. Gallen, Suíça 2.451
Universidade Paulista 2.139
Universidade Federal da Bahia - UFBA 1.915
União Brasiliense de Educação e Cultura, Núcleo
Bandeirante, Distrito Federal
1.897
Unisul 1.649
Universidade Estadual Paulista Julio de Mesquita
Filho – UNESP, Campus de Bauru, Faculdade de
Ciências.
1.632
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul
– PUCRS
1.605
Pontifícia Universidade Católica de Campinas - PUC
CAMPINAS
1.536
Sociedade de Ensino Superior Estácio de Sá, Rosário,
RJ
1.526
Universidade de São Paulo - USP 1.343
Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS 1.321
Associação Teresinense de Ensino, Teresina, Piauí 1.126
Universidade do Vale do Itajaí - Univali, SC 1.095
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo –
PUCSP
1.053
Institut français de recherche pour l'exploitation de la
mer
1.012
Universidade Metodista de São Paulo 980
Universidade Federal do Pará - UFPA 950
Sociedade de Ensino Superior de Pernambuco, Recife,
Pernambuco
902
Centro Universitário Nove de Julho – UNINOVE, SP 851
Quadro 6Páginas visualizadas por instituição
Fonte: Dados referentes ao período de janeiro a junho de 2007, obtidos através de contato com a equipe do
SciELO.
Observa-se, também, uma predominância de IES particulares. Apenas três são
universidades federais e apenas uma é estadual. Com exceção das federais, somente quatro
das instituições listadas no quadro têm acesso ao Portal de Periódicos da CAPES, o que pode
justificar a procura por periódicos eletrônicos de acesso aberto, tais como os oferecidos pela
SciELO. Aqui se enfatiza novamente a importância que assume a publicação eletrônica na
97
Internet com acesso aberto (PACKER; MENEGHINI, 2006), pois supre as necessidades dos
usuários em geral, possibilitando a esses a construção da informação-conhecimento.
Para a professora Silvia H. Koller, as visitas estão relacionadas também à existência de
cursos de graduação e pós-graduação:
[...] a maioria dessas universidades tem curso de graduação e de s-
graduação em psicologia [...] Então acho que está muito relacionado com a
presença de cursos de graduação e de pós-graduação na área da psicologia,
educação e outras áreas, como das ciências humanas, sociais e da saúde, que
tenham a ver com a Psicologia.
Um fato interessante é que nenhuma instituição do Paraná ou Minas Gerais encontra-
se entre as vinte que geram mais visualizações, apesar de os dois estados encontrarem-se
presentes no Quadro 5, Minas Gerais inclusive ocupando a segunda colocação. Outro ponto
que merece atenção é o fato de estados que não chegaram a aparecer no Quadro 5, a exemplo
de Pernambuco e Piauí, encontrarem-se representados por instituições no Quadro 6. Levando
em consideração esses fatos, pode-se inferir que em estados como Paraná e Minas Gerais o
acesso e conseqüente visualização de páginas é realizado principalmente a partir de
computadores domésticos, enquanto que em estados como Piauí e Pernambuco o acesso é
feito a partir das IES, possivelmente em horários comerciais. Essa hipótese encontra base nas
falas de Lisiane Bizarro e Viviane C. Castanho sobre a categoria anterior (ver ginas 87 e
89).
Esse fenômeno pode ser um reflexo das desigualdades apontadas pelo Mapa das
Desigualdades Digitais do Brasil (WAISELFISZ, 2007). Segundo ele, dentre os usuários com
mais de dez anos, nas regiões Norte e Nordeste, apenas 4,9% e 5,7%, respectivamente,
possuem acesso à Internet desde seus domicílios. Este índice, nas regiões Sul e Sudeste,
chega, respectivamente, a 18,6% e 20,8%. Para Wolton (2003, p.106): “Quanto mais ele [o
internauta] pode circular livremente na
Web
, mais os seus deslocamentos mais rotineiros são
restritos [...]”, ou seja, a possibilidade de navegar na Internet, a partir da comodidade de seu
domicílio, pode restringir a necessidade de se deslocar até uma instituição que provê esse
mesmo serviço.
98
4.3 Tipos de navegação
A navegação é a categoria que potencialmente pode mostrar mais do comportamento
do internauta dentro do periódico. O primeiro ponto a ser abordado é a duração das visitas
(Tabela 3). Como se pode constatar, a grande maioria das visitas tem duração entre 0 a 30
segundos. Apenas no mês de janeiro, 76,8% das visitas tiveram essa duração. Um tempo tão
curto pode representar visitas por
bots
de ferramentas de buscas, ou pode representar acesso
por usuários que apenas monitoram atualizações. Dependendo da página de entrada no
periódico, não se exclui a possibilidade de
browsing
, porém é muito provável que não haja
penetração na revista devido ao tempo muito limitado. Nicholas et al. (2006b) acreditam que
os usuários que mais retornam ao periódico são responsáveis pelos maiores índices de
penetração do mesmo. Contudo, para Johnson, Bellman e Lohse (2003), quanto mais os
internautas visitam o
site
, menor é o tempo da visita, pois se tornam mais eficientes na
navegação. O curto período de duração das visitas pode também ser devido ao acesso pelo
que se compreende como usuários
bouncers
.
99
Tabela 7 – Duração das visitas
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Total
0s-30s
35.979 76.8 % 46.740 75.4 % 88.317 70% 79.809 68.9 % 88.300 68.9 % 64.283 68.4 % 403.428 70,47%
30s-
2min
1.301 2.7 % 1.904 3% 3.821 3% 7.914 6.8 % 10.812 8.4 % 5.191 5.5 % 30.943 5,40%
2min-
5min
1.914 4% 2.152 3.4 % 4.333 3.4 % 6.765 5.8 % 10.357 8% 8.737 9.3 % 34.258 5,98%
5min-
15min
3.389 7.2 % 4.400 7.1 % 9.920 7.8 % 9.327 8% 8.734 6.8 % 8.178 8.7 % 43.948 7,68%
15min-
30min
2.700 5.7 % 4.497 7.2 % 13.439 10.6 % 6.846 5.9 % 4.546 3.5 % 3.393 3.6 % 35.421 6,19%
30min-
1h
1.197 2.5 % 1.734 2.7 % 4.620 3.6 % 3.837 3.3 % 3.901 3% 2.907 3% 18.196 3,18%
1h+
364 0.7 % 532 0.8 % 1.564 1.2 % 1.324 1.1 % 1.398 1% 1.126 1.1 % 6.308 1,10%
Fonte: SCiELO (2007)
100
Lindgaard et al. (2006) realizaram uma pesquisa para determinar a velocidade com a
qual internautas tomavam a decisão sobre a relevância de um
site
. Segundo os autores, uma
decisão confiável pode ser feita em 50 ms, ou seja,
web designers
têm menos de um segundo
para conquistar um internauta. Quando se trata de artigos científicos, supõe-se que se leva
mais tempo, já que é necessário julgar a informação disponível. Porém, com base nos estudos
de Lindgaard et al. (2006) e na afirmação do relatório do
Institute for the future
(2002), de que
a visita a um periódico termina rapidamente após a recuperação do texto completo, não é
difícil considerar que essa decisão, em relação a periódicos científicos, também seja tomada
em poucos segundos. Segundo o relatório (
INSTITUTE FOR THE FUTURE
, 2002), o texto
completo é o provável objetivo de uma visita. Depois que esse objetivo é atingido os
internautas deixam o periódico para continuar sua busca. É possível que de 0 a 30s seja
suficiente para fazer o
browsing
de scaneamento do artigo, também não se pode excluir o
browsing
de navegação ou busca analítica.
Para Tenopir e King (2002), o tempo estimado em 2000 para realizar o
browsing
em
artigos científicos eletrônicos era 13,3 min por leitura. Quando esse processo envolvia
atividade como localizar, visualizar, realizar o
download
ou imprimir o tempo gasto era 17,7
min por artigo eletrônico. Apesar dos autores afirmarem que ler na tela do computador ainda é
um problema para os usuários, Tenopir e King (2002) apontam que cerca de 38% da leitura
dos periódicos eletrônicos é feita na tela e tende a ser mais rápida (20 min.).
Com base nos autores citados, destacam-se as durações superiores a 15min - 30min
(quinze a trinta minutos) presentes na Tabela 3, pois podem representar uma maior penetração
no periódico, ou seja, é possível que ocorra o
browsing
de navegação ou a realização de uma
busca analítica. Podem indicar também, como se acredita ser o caso, a leitura
online
, se
levarmos em consideração que a média de visualização de páginas, apresentada na
categoria
Quando acontecem as buscas
, é de apenas 2,02 por usuário, tornando improvável
uma navegação mais profunda. Além disso, a média de penetração por visita atinge seu ápice
em abril, diferindo dos meses que possuem visitas com os períodos de duração mais extensos,
estes têm seu ápice em março, com 10,6% das visitas durando de quinze a trinta minutos.
Nesse mês, 15,4% das visitas superaram os quinze minutos de duração. Contudo, em um
panorama geral apenas a minoria das visitas tem períodos de duração mais longos, sendo que
os acessos com duração acima de 15 min. correspondem apenas a 10,47% do total.
O próximo tópico a ser abordado nesta categoria é o levantamento das URLs mais
visitadas. Observando o Quadro 7, que mostra as dez URLs mais acessadas, constata-se a
importância da
home
do periódico que ocupa a terceira e a nona posição no quadro devido a
101
sua disponibilização em mais de um idioma. Em segundo lugar, destaca-se a ferramenta de
busca como um serviço bastante procurado no
site
. Contudo, é necessário esclarecer alguns
pontos. Como se pode observar no quadro, algumas das URLs são na verdade arquivos que
remetem a várias páginas visualizadas pelo usuário. Uma parte dos arquivos listados remetem
para diversas páginas distintas, como é o caso do
/scielo.php
,
que pode ser considerada um
radical de vários endereços de sessões do
site
, como a
Home
, sumário dos volumes, os
resumos e os artigos em si. Isto justifica o número de acessos a
/scielo.php
ser tão superior às
outras URLs. Isso também ocorre com a URL
/cgi-bin/wxis.exe/
que está nos endereços da
ferramenta de busca e da opção S
end results.
Páginas/URL Acessos
/scielo.php Home, navegação por volumes, artigos 984.561
/cgi-bin/wxis.exe/iah/
/cgi-bin/wxis.exe/
Buscas e send results 122.108
/scielo.php/script_sci_serial/pid_0102-
7972/lng_pt/nrm_iso
/scielo.php/script_sci_serial/lng_pt/pid_0102-
7972/nrm_iso
Home do periódico em português 17.856
/applications/scielo-
org/pages/services/sendMail.php
Serviços de e-mail 9.828
/oai/scielo-oai.php Open Archive Initiative 3.229
/cgi-bin/fbpe/fbtext Redirecionamentos de links antigos para os atuais 3.110
/scielo.php/script_sci_serial/pid_0102-
7972/lng_en/nrm_iso
Home do periódico em inglês 2.379
/scieloOrg/php/related.php Artigos relacionados 1.994
Quadro 7 As dez páginas/URLs mais acessadas
Fonte: Dados referentes ao período de janeiro a junho de 2007, obtidos através de contato com a equipe do
SciELO.
Algumas das URLs listadas não remetem a páginas HTML visíveis aos usuários, o que
pode indicar que esses arquivos são implementações de serviços internos ao funcionamento
do SCiELO. Pode se constatar esse fato com a presença dos Serviços de
e-mail
em sexta
102
colocação. O protocolo de colheita de metadados (OAI-PMH)
62
também figura na sétima
posição, além da presença do serviço Artigos relacionados em décima posição. A presença
dessas URLs no quadro implica que os serviços do periódico são procurados pelos usuários,
embora haja uma grande diferença em relação ao primeiro e até mesmo o segundo colocado
no quadro.
Para entrar no
site
do periódico é necessário uma porta de entrada, ou seja, a primeira
página a ser acessada dentro do site quando vindo de um mecanismo de busca, página externa
ou diretamente. No Quadro 8, encontram-se as páginas que foram utilizadas como entrada no
periódico, identificadas como:
Home
, navegação por volumes, artigos; buscas e
send results
;
Home
do periódico em português,
Home
do periódico em inglês e serviços do SciELO.
62
O protocolo Open Archives Initiative Protocol for Metadata Havesting (OAI-PMH) permite a transferência
dos dados entre diferentes sistemas associados à iniciativa, assegurando a interoperabilidade (GRUSZYNSKI;
GOLIN, 2007).
103
Páginas de entrada
Acessos
/scielo.php Home, navegação por volumes, artigos 537.835
/cgi-bin/wxis.exe/iah/ Buscas e send results 16.198
/scielo.php/script_sci_serial/pid_0102-
7972/lng_pt/nrm_iso
/scielo.php/script_sci_serial/lng_pt/pid_0102-
7972/nrm_iso
Home do periódico em português 7.229
/scielo.php/script_sci_serial/pid_0102-
7972/lng_en/nrm_iso
Home do periódico em inglês 4.306
/cgi-bin/fbpe/fbtext
/cgi-bin/fbpe/fbsite
Redirecionamentos de links antigos para os
atuais
2.464
/revistas/prc/pinstruc.htm Instruções aos autores 1.323
/scielolog.php estatísticas de acesso 747
/scielo.php/lng_en
Home, navegação por volumes, artigos em
inglês
214
Quadro 8 As dez páginas mais utilizadas como entrada do periódico
Fonte: Dados referentes ao período de janeiro a junho de 2007, obtidos através de contato com a equipe do
SciELO.
Como foi explicado antes, algumas das URLs funcionam como radicais de endereços
e, por essa razão, uma única URL é apresentada como tendo diversas funções. Como se pode
observar no Quadro 8, o primeiro lugar é ocupado por
/scielo.php
. Apesar de este ser radical
da URL da
home
e ser responsável por uma grande quantidade de entradas, não significa que
as
homes
do periódico são a principal porta de entrada (ver Figura 9). Contudo, a
home
figura
no quadro em mais de um idioma, tornando-se um importante ponto de entrada. Para Jamali,
Nicholas e Huntington (2005), entrar em um periódico pela
home
leva ao
browsing
ou à
busca. O relatório do
Institute for the future
(2002) aponta as ações a partir da
home
de um
periódico: a) fazer o
browsing
dos sumários; b) realizar uma busca; c) ou utilizar algum
serviço do periódico (ex. RSS)
63
. Segundo o mesmo relatório, as ações a) e b) são as mais
freqüentes. O periódico, Psicologia: reflexão e crítica favorece as duas estratégias de busca,
63
Really simple syndication (RSS), é um subconjunto de "dialetos" XML que servem para agregar conteúdo
permitindo aos usuários da internet se inscrever em sites que fornecem feeds (fontes) RSS.
104
pois possibilita o
browsing
, assim como possui boas ferramentas de busca. Com base nisso,
vale destacar que as páginas de busca ocupam segundo lugar no Quadro 7 das URLs mais
visitadas, indicando que no caso estudado o mesmo padrão estaria ocorrendo.
No Quadro 9, pode-se observar as ginas ou URLs que mais freqüentemente são
utilizadas como portas de saída para os usuários, ou seja, são as últimas páginas visitadas.
Páginas de saída Acessos
/scielo.php Home, navegação por volumes, artigos
535.920
/cgi-bin/wxis.exe/
/cgi-bin/wxis.exe/iah/
Buscas e send results 24.264
/scielo.php/script_sci_serial/pid_0102-7972/lng_pt/nrm_iso
/scielo.php/script_sci_serial/lng_pt/pid_0102-7972/nrm_iso
Home do periódico em português 3.614
/applications/scielo-org/pages/services/sendMail.php Serviços de e-mail 1.973
http://www.scielo.br/rss.php Serviço rss 1.323
/scielo.php/script_sci_serial/pid_0102-7972/lng_en/nrm_iso
Home do periódico em inglês 1.144
/revistas/prc/pinstruc.htm Instruções aos autores 528
/scieloOrg/php/related.php Artigos relacionados 436
Quadro 9 As dez páginas mais utilizadas como saída do periódico
Fonte: Dados referentes ao período de janeiro a junho de 2007, obtidos através de contato com a equipe do
SciELO.
Os quadros 8 e 9, quando analisadas conjuntamente, podem levar a algumas
inferências. O primeiro lugar nos dois quadros é
/scielo.php
, que pode indicar:
home
,
navegação por volumes e artigos. Na Figura 9, gráfico da distribuição do número de visitas
por seções, observa-se o grande número de acessos à seção de artigos. É possível deduzir,
então, que uma quantidade representativa de usuários está entrando na revista através dos
artigos, e deixando o periódico também através desses artigos, diferentemente da idéia de que
o tráfego é gerado a partir da
home,
como no estudo do
Institute for the future
, 2002. Com
base nesses dados, considera-se que muitos usuários estão entrando no periódico com o
propósito de obter/ler um artigo completo do qual possuem o endereço, e saindo logo após.
Para o
Institute for the future
(2002), mais da metade das visitas conduzidas em periódico
terminou com a solicitação do texto completo, seja em PDF ou HTML. Isso pode justificar os
105
dados encontrados na presente pesquisa, pois, se em sua primeira visualização o objetivo foi
alcançado, não há motivação para o internauta continuar a navegação pela revista.
35.629
23.628
658.687
93.519
0
100.000
200.000
300.000
400.000
500.000
600.000
700.000
Home Sumário Artigos Outros
Figura 9 – Distribuição do número de visitas por seções
Outros dados, porém, sugerem que navegação em URLs que indicam buscas e
send
results
,
por exemplo.
Nessas URLs mais saídas (Quadro 9) do que entradas (Quadro 8),
indicando que o usuário percorreu um caminho para chegar até ali. Pode-se observar também
que nas
homes
, tanto em inglês quanto em português, o número de entradas é
consideravelmente superior ao de saídas, ou seja, ao entrar através da página principal do
periódico, os usuários prosseguem ao acesso de outras seções do mesmo. Situação semelhante
ocorre com a URL
/revistas/prc/pinstruc.htm
onde se encontram as instruções para autores.
A grande maioria dos usuários que entram na revista por essa seção não sai por ela, o que é
um indício de navegação.
Outras páginas de saída nos mostram a utilização pelos usuários de serviços do
periódico, como o envio por
e-mail
, por exemplo. Um item em destaque no Quadro 9 é o
RSS, um serviço que permite que o usuário esteja atualizado sobre mudanças no periódico. O
RSS é um recurso eletrônico que aprimora a monitoração do periódico, aumentando a
capacidade do usuário de acompanhar sua área de interesse a partir de ferramentas, como
sistema de avisos automáticos, via
e-mail
, ou avisos no navegador da Internet. Tenopir et al.
(2003) apontam que o
browsing
de periódicos é um dos meios mais comuns de pesquisadores
descobrirem artigos. Diante disso, um questionamento que pode ser levantado é se recursos
como o RSS diminuem o
browsing
de monitoração (MARCHIONINI, 1995),
conseqüentemente reduzindo as visitas de usuários compromissados (em seus diversos
106
níveis). No entanto, não é possível responder a essa questão com os métodos empregados
nesta pesquisa.
Diante dos dados apresentados, é possível afirmar que a maioria dos usuários está
realmente entrando diretamente através dos artigos, seja para arquivá-los em seu computador,
para lê-los ou para imprimi-los. A maioria dos usuários parece estar lendo o texto completo
sem antes buscar um resumo. Este, entre outros fatores, contribui para a grande quantidade de
visitas aos artigos.
Constatou-se que os artigos geraram a maior parte dos acessos durante o período de
janeiro a junho de 2007. No estudo do
Institute for the future
(2002), a visualização do artigo
em HTML geralmente precede a solicitação do PDF, seja para arquivo ou impressão, sendo
que esse último é tido como o objetivo final de uma visita. Pesquisas afirmam, ainda, que o
PDF é o formato de preferência para os usuários de periódicos eletrônicos e que gera mais uso
que o HTML (
INSTITUTE FOR THE FUTURE
, 2002; DAVIS; SOLLA, 2003; NICHOLAS
et al., 2003). Pode-se observar essa mesma preferência em pesquisa realizada por Nicholas,
Huntington e Watkinson (2005) com os periódicos da
Blackwell Sinergy,
na qual os artigos
em arquivos PDF eram responsáveis por 21% das visualizações, enquanto os artigos HTML
eram responsáveis apenas por 10% das visualizações. King, Tenopir e Clarke (2006) também
apontam para o maior uso dos arquivos PDF ao afirmarem que usuários que se dão ao
trabalho de realizar o
download
estão mais inclinados a ler todo o texto.
No caso do Psicologia: reflexão e crítica, apesar das visitas aos artigos serem intensas,
apenas 510 PDFs foram salvos, ou seja, dos 658.687 acessos a artigos, apenas 0,08%
resultaram em
download
do PDF. É importante citar, no entanto, que quatro volumes da
revista, dentre os onze disponíveis no SciELO, não oferecem a opção de
download
em PDF, e
que sete dos dez artigos mais visitados encontram-se nos volumes sem a opção de PDF.
Independente destes fatores, ainda que o HTML seja parte da trajetória normal para se chegar
a um PDF, a disparidade encontrada é muito grande entre os dois formatos. Uma explicação
para isso pode estar em Nicholas, Huntington e Watkinson (2003), que argumentam que a
grande maioria dos usuários faz pouco uso do formato PDF, mesmo considerando que o PDF
tem maiores probabilidades de resultar em leituras. Ou ainda em Nicholas et al. (2006b), que
afirmam que alunos de graduação usam mais as versões em HTML do que professores ou
pesquisadores. O professor William B. Gomes não se surpreende com o dado. Para ele essa é
a realidade do uso. Para a professora Silvia H. Koller as rotinas de utilização do arquivo de
cada usuário influenciam:
107
[...] muita gente lê na tela, muita gente abre o artigo, uma olhadinha,
“não é isso o que eu quero”, ou até faz a cópia do HTML mesmo. Eu vi
gente copiar o HTML, colar num e-mail, mandar pra outra pessoa, ou colar
num arquivo do Word.
Em relação aos artigos visualizados, é possível identificar os títulos que se destacaram
no período. Aqui se falaem visualizações, pois não foi possível identificar se esses artigos
foram salvos de outra forma que não em PDF. No Anexo A, encontra-se disponível a listagem
dos dez artigos mais acessados desde o início da indexação do periódico pela SciELO. No
Quadro 10, reuniu-se os dez periódicos mais acessados no período de janeiro a junho de 2007.
É possível perceber que não existe alteração nas três primeiras colocações entre os dois
quadros. Inclusive, seis dos dez artigos do Quadro 10 encontram-se também na listagem do
Anexo A, comprovando a afirmação de Tenopir et al. (2003)
64
: “[…] indicadores de valor dos
artigos lidos são relativamente estáveis através das fases [dos periódicos eletrônicos],
indicando que o conteúdo da informação pode não mudar significantemente.” Em resumo,
independente do período pesquisado, a lista dos artigos visitados tende a não sofrer grandes
alterações.
64
Documento eletrônico não paginado.
108
Número de
visualizações
Referência do artigo
14.898
BORUCHOVITCH, Evely. Estratégias de aprendizagem e desempenho escolar: considerações
para a prática educacional. Psicol. Reflex. Crit., v.12, n.2, p.361-376. 1999. ISSN 0102-7972.
(*)
7.045
CORREA, Jane; MACLEAN, Morag. Aprendendo a ler e a escrever: a narrativa das crianças
sobre a alfabetização. Psicol. Reflex. Crit., v.12, n.2, p.273-286. 1999. ISSN 0102-7972. (*)
6.581
MALUF, Maria Regina; BARRERA, Sylvia Domingos. Consciência fonológica e linguagem
escrita em pré-escolares. Psicol. Reflex. Crit., v.10, n.1, p.125-145. 1997. ISSN 0102-7972.
(*)
6.344
DEL PRETTE, Zilda A. Pereira et al. Habilidades sociais do professor em sala de aula: um
estudo de caso. Psicol. Reflex. Crit., v.11, n.3, p.591-603. 1998. ISSN 0102-7972. (*)
5.429
CORREIA, Mônica F. B; LIMA, Anna Paula Brito; ARAÚJO, Claudia Roberta de As
Contribuições da Psicologia Cognitiva e a Atuação do Psicólogo no Contexto Escolar. Psicol.
Reflex. Crit.,v.14, n.3, p.553-561. 2001. ISSN 0102-7972.
5.307
ALMEIDA, Angela Maria de Oliveira; CUNHA, Gleicimar Gonçalves. Representações
sociais do desenvolvimento humano. Psicol. Reflex. Crit, v.16, n.1, p.147-155. 2003. ISSN
0102-7972. (*)
5.208
ALVES, Paola Biasoli. A ecologia do desenvolvimento humano: experimentos naturais e
planejados. Psicol. Reflex. Crit., 1997, vol.10, no.2, p.369-373. ISSN 0102-7972.
4.993
VELOZ, Maria Cristina Triguero; NASCIMENTO-SCHULZE, Clélia Maria; CAMARGO,
Brigido Vizeu. Representações sociais do envelhecimento. Psicol. Reflex. Crit., v.12, n.2,
p.479-501. 1999. ISSN 0102-7972. (*)
4.671
BORGES, Livia Oliveira et al. A síndrome de burnout e os valores organizacionais: um
estudo comparativo em hospitais universitários. Psicol. Reflex. Crit., v.15, n.1, p.189-200.
2002. ISSN 0102-7972.
4.615
ARENDT, Ronald J. J. Psicologia Comunitária: teoria e metodologia. Psicol. Reflex. Crit.,
v.10, n.1, p.7-16. 1997. ISSN 0102-7972.
Quadro 10 Os dez artigos mais acessados
Fonte: Dados referentes ao período de janeiro a junho de 2007, obtidos através de contato com a equipe do
SciELO.
Nota: Os artigos destacados por asterisco estão presentes no quadro dos dez artigos mais acessados desde o
início da indexação do periódico no SciELO (Anexo A).
Em relação aos artigos mais visitados, a professora Lisiane Bizarro aponta o uso
interdisciplinar do periódico:
[...] alguns são quase que únicos em português. Por exemplo, esse aqui
“Ecologia do Desenvolvimento Humano e Experimentos Naturais e
Planejados” é uma área super nova em psicologia, então ele é super
acessado. Esse do Camargo,
Representações sociais do envelhecimento”
,
bom... é o último grito, vamos dizer assim, em pesquisa em áreas de
medicina, enfermagem, psicologia. É super importante. Um comentário
sobre os primeiros... A área de educação é uma área muito vasta.
pessoas que gostariam de ter mais conhecimento, vamos dizer assim, sobre
educação. Professores de escolas e mesmo pessoas que são professores de
universidades, de pedagogia e de outras áreas, de licenciatura em geral,
precisam muito de artigos desse tipo aqui.
109
O professor William B. Gomes também considera que os dados do quadro são
aceitáveis. De acordo com ele:
[...] a Jane Correia é uma psicóloga do Rio de Janeiro, e pega uma questão
sobre aprendizagem de ler e escrever em crianças, quer dizer, um assunto
altamente extenso [...], o da Maluf também é nessa área de educação, de
aprendizagem. O Del Prette, esse moço aqui ele vem trabalhando com
habilidades sociais, mas, novamente, o que ele vai trabalhar nesse
específico capítulo mantém a mesma seqüência dos que vêm em cima [no
quadro]: tem a ver com situação de aprendizagem, situação em sala de aula.
[...] Aí vamos para esse daqui [Almeida; Cunha], aqui você tem uma
mudança de área. O que é interessante aqui é que todos esses se referem à
escola. São nomes muito conhecidos na psicologia, mas eu acho que é
aquela coisa da escola. Esse aqui introduziu um tema novo [Alves], que foi
essa ecologia do desenvolvimento humano. É um tema que se divulgou
muito [...] Eu acho que faz muito sentido isso daqui.
Quanto à idade dos artigos acessados, Tenopir et al. (2003) afirmam que, segundo
pesquisa realizada com cientistas em 2002, os artigos mais recentes são os mais lidos.
Segundo os autores, os artigos com cerca de um ano de publicação o lidos por cerca de
63,8% dos cientistas, ou seja, a leitura ocorre logo após a publicação. Contudo, enquanto nas
ciências os artigos mais novos podem trazer importantes inovações, nas ciências humanas
trabalhos clássicos podem ter uma relevância muito maior. No caso do periódico Psicologia:
reflexão e crítica, dentre seus 31 volumes disponíveis no SciELO, os mais acessados têm, no
mínimo, quatro anos de publicação (Quadro 11), sendo que o mais acessado é um número
publicado em 1999. Em relação a esse número, é interessante apontar que três dos artigos do
Quadro 10 foram publicados nesse número e são responsáveis por 49,32% dos seus acessos.
110
Volume Visualizações
vol.12 n.2 1999 54.618
vol.16 no.1 2003 39.907
vol.11 n.3 1998 39.578
vol.13 n.1 2000 37.474
vol.15 no.1 2002 37.068
vol.15 no.2 2002 33.400
vol.14 no.1 2001 33.001
vol.13 n.3 2000 32.771
vol.10 n.1 1997 31.561
vol.16 no.2 2003 29.723
Quadro 11 Os dez volumes mais acessados
Fonte: Dados referentes ao período de janeiro a junho de 2007, obtidos através de contato com a equipe do
SciELO.
Ainda sobre a idade de publicação dos artigos lidos, para King et al. (2003) não há
diferença na distribuição temporal do uso com o advento dos periódicos eletrônicos. Isto,
contudo, pode mudar com a disponibilização de um acervo cada vez maior de volumes
antigos, que, para Wolton (2003), a tecnologia define os conteúdos comunicados.
Considera-se haver certa influência da tecnologia sobre os conteúdos consultados. Não apenas
por essa tecnologia permitir o aumento de acervo disponível como indicado por King et al.
(2003), mas também como fator que influencia nas escolhas de leitura dos internautas. Isso
pode ser observado nos resultados das buscas realizadas no
Google
, que são provenientes da
aplicação de um complicado algoritmo. Essa influência pode ser observada também em
rankings
de visitas a artigos, como exemplo o Quadro 10. A professora Silvia H. Koller
aconselha cautela ao utilizar
rankings
de visitas para definir o valor de um artigo:
Tem gente que, para que o seu artigo apareça com uma posição melhor, põe
como página inicial do seu computador. Então, toda vez que tu ligas o teu
computador, que tu entras no Internet Explorer, no Mozilla, no Firefox,
entra no teu artigo. Então isso é uma coisa meio hipócrita, não é? Quantas
pessoas fazem. Eu já vi.
111
Esse é um alerta de que, apesar de
rankings
e
links
para artigos serem formas de
conferir valor à determinada informação eletrônica, estes são suscetíveis a inconsistências.
Infelizmente o próprio acesso aberto dá margem a tal comportamento.
Após ser feita uma análise das palavras-chave dos dez artigos mais acessados (Quadro
12), pôde-se comprovar que os cinco primeiros possuem temas relacionados à educação e à
infância e que pelo menos dois deles, o sexto e o oitavo, estão relacionados a representações
sociais. As palavras alfabetização e representações sociais são as que se repetem.
Número do artigo
Palavras-chave
1
Estratégias de aprendizagem; desempenho escolar; metacognição; crianças brasileiras;
ensino fundamental.
2 Narrativas; criança; alfabetização.
3 Consciência fonológica; linguagem escrita; alfabetização; pré-escolares.
4
Habilidades sociais; formação continuada do professor; Psicologia Escolar e Educacional;
interação professor-aluno; construção social de conhecimento.
5 Atuação do psicólogo; contexto escolar; teorias psicogenéticas.
6 Representações sociais; desenvolvimento humano; curso da vida.
7
8 Representações sociais; envelhecimento; velhice; idoso.
9
Valores organizacionais; síndrome de burnout; análise de regressão; estresse; cultura
organizacional.
10 Psicologia Social; comunidade; teoria; metodologia.
Quadro 12 Palavras-chave dos dez artigos mais acessados
Fonte: Dados referentes ao período de janeiro a junho de 2007, obtidos através de contato com a equipe do
SciELO.
Nota: O sétimo colocado, por se tratar de uma resenha, não possui palavras-chave.
Apesar da presente pesquisa não se dispor a aprofundar a análise sobre palavras-chave
dos artigos mais acessados, observá-las é interessante para conhecer melhor o que o usuário
considera assuntos relevantes para sua pesquisa. Há, aparentemente, uma tendência de uso
interdisciplinar dos artigos. O periódico se dispõe a estudar, entre outros tópicos, a Psicologia
do desenvolvimento, área da Psicologia que pode atrair usuários interdisciplinares. De acordo
com a professora Lisiane Bizarro
112
[...] ela é uma corrente forte na psicologia, mas ela também é uma área
interdisciplinar. [...] eu acho que também existe uma carência, da educação,
de boas revistas em português. Então a gente era bem cotado. Eu me lembro
que na avaliação anterior, de 2003 se não me engano, a gente era
internacional pela CAPES, não na psicologia, como também na
educação. Não sei como está agora. Então a área de educação avalia a nossa
revista como internacional, e ela tem uma boa visibilidade.
Mais uma vez, os indícios dos acessos, assim como as falas das entrevistas, sugerem a
utilização do periódico por usuários de outros campos do conhecimento. Outras evidências
desse uso interdisciplinar, como as páginas que originaram as visitas, serão apresentadas na
próxima subseção.
4.4 Origem das buscas
A última categoria analisada é a origem das visitas feitas ao periódico. Com base nos
dados fornecidos a partir dos
logs
é possível determinar essa origem, isto é, a gina de onde
o usuário partiu para chegar ao periódico. As origens, no caso de Psicologia: reflexão e crítica
podem ser: lista de favoritos ou acesso direto;
link
de um buscador, compreendidas aqui
ferramentas de buscas
online
de cunho genérico;
link
de página externa ao periódico,
considerado aqui, além das ginas que referenciam a revista, também indexadores e portais
temáticos de cunho científico, assim como outras sessões do SCiELO que sejam externas ao
periódico. Na Tabela 4, pode-se observar as porcentagens de páginas visualizadas, que
correspondem a cada um desses tipos de origem. Os
links
de buscadores constituem o
principal canal para se chegar até o periódico, sendo responsáveis por originar 52,72% das
visualizações de páginas, confirmando a afirmação de Tenopir et al. (2003) de que a
utilização dessa estratégia aumenta com o avanço da tecnologia. Os
links
de páginas externas
seguem com 33,38% e as visualizações de páginas, a partir da lista de favoritos ou acesso
direto, ficam em terceiro lugar com 13,84%.
113
Tabela 4 Origem dos acessos
Origem Páginas Porcentagem
Hits Porcentagem
Endereço direto / Favoritos 160.372 13,84% 160.384 1,34%
Link de um Buscador
65
611.105 52,72% 641.130 5%
Link de uma página externa (outros sites que não
buscadores) 386.954 33,38% 11.185.580
93%
Origem Desconhecida 642 0,06% 644 0%
Total
1.159.073
100,00% 11.987.738
100,00%
Fonte: Dados referentes ao período de janeiro a junho de 2007, obtidos através de contato com a equipe do
SciELO.
Considera-se que buscas por meio de ferramentas como o
Google
são buscas ativas
que podem ser utilizadas como tática analítica se houver certo grau de racionalização
envolvido no processo, inclusive pelo emprego de “operadores” (SANTAELLA, 2004) que
envolvem planejamento. Diante disso, as táticas analíticas nessa pesquisa mostram força por
meio dos resultados obtidos dos
logs
(Tabela 4), onde as ferramentas de busca representam
mais da metade da origem das visitas.
Diferentemente do resultado da presente pesquisa, Nicholas, Huntington e Watkinson
(2005) descobriram que a quantidade de visitas provindas de ferramentas de busca para a
Blackwell Sinergy
era ínfima. Contudo, King et al. (2003) apontam que pesquisadores, cada
vez mais, utilizam buscadores
online
para encontrar artigos científicos para leituras. Isto pode
incluir bases de dados de resumos e texto completo, indexadores e periódicos, desde que
disponibilizem o conteúdo ao acesso aberto. Em Nicholas et al. (2007), os autores apontam os
buscadores
online
como responsáveis por 82% dos acessos de
bouncers
. Certamente esta
afirmação encontra embasamento no resultado da análise dos
logs
do SciELO. Combinando-
se o alto índice de utilização de buscadores com a baixa média de penetração e a curta
duração das visitas, o comportamento de
bouncing
parece ser
o quadro. Porém, este não é o
comportamento de todos os usuários. Como mencionado por Nicholas Huntington e
Watkinson (2003), a minoria dos usuários é responsável pela maior porcentagem do uso.
Ao analisar os buscadores utilizados (Tabela 5), pode-se observar uma grande
diversidade de ferramentas de busca. Contudo, é evidente a preferência dos usuários pelo
Google
. Este é responsável por cerca de 95,41% das páginas visualizadas através de
buscadores, seguido pelo Yahoo com apenas 4,26%. Não surpresa quanto a esse fato, pois
65
O software Awstats desconsidera automaticamente acessos identificados como provenientes de bots de
buscadores da Web, como por exemplo Google e Yahoo.
114
o
Google
é a única ferramenta de busca referenciada em pesquisas como a de Nicholas,
Huntington e Watkinson (2005), Nicholas et al. (2006b). O Yahoo também é mencionado em
Nicholas et al. (2007). Os autores justificam, ainda, a preferência pelo
Google
, pela idéia geral
de que este seria superior a outras ferramentas de busca. Apesar da diversidade de buscadores
encontrados, a grande maioria não atinge sequer 1% das visualizações de páginas.
Tabela 5 As dez ferramentas de busca mais utilizadas
Referências em
ferramentas de busca
Páginas Porcentagem
Hits Porcentagem
Google 583.069 95,41% 612.377 95,52%
Yahoo 26.021 4,26% 26.665 4,16%
AltaVista 1.151 0,19% 1.166 0,18%
Unknown search engines 665 0,11% 712 0,11%
AOL 71 0,01% 82 0,01%
MSN 59 0,01% 59 0,01%
AllTheWeb 16 0,00% 16 0,00%
Earth Link 9 0,00% 9 0,00%
Netscape 8 0,00% 8 0,00%
Dogpile 8 0,00% 8 0,00%
Fonte: Dados referentes ao período de janeiro a junho de 2007, obtidos através de contato com a equipe do
SciELO.
É preciso observar também que as páginas visualizadas creditadas ao
Google
podem
ser subdivididas, uma parte delas sendo proveniente do
Google
Imagens. Curiosamente,
nenhuma página visualizada teve origem no
Google
Acadêmico, ferramenta especializada em
pesquisas acadêmicas. Não base para explicações quanto a essa preferência. Contudo,
pode-se especular que o
Google
Acadêmico ainda é pouco conhecido do público em geral,
tendo sido lançado no Brasil apenas em 2006.
Como se de perceber, ferramentas de busca são o método mais comum para os
usuários chegarem até o periódico, porém isso não exclui o
browsing
do processo, pois, como
mencionado, as estratégias de busca analíticas e de
browsing
podem ser usadas
complementarmente. O
browsing
pode ser utilizado antes, para ter uma visão geral e definir o
que se está procurando, e pode ser usado após a recuperação dos resultados.
Um outro ponto que vale a pena analisar mais profundamente o os acessos
provenientes de
links
de páginas externas, ou
sites
externos, que correspondem a 33,38% das
páginas visualizadas. Na Tabela 6, vê-se os dez endereços que geraram mais ginas
115
visualizadas. É preciso apontar que, dentre eles, sete posições são ocupadas por ginas do
próprio SCiELO. Isto nos leva a concluir que os acessos são originados da navegação pelo
SCiELO, seus índices, ferramentas de busca
66
,
entre outros serviços. Em quarto lugar aparece
a ferramenta de busca do portal UOL, seguido pelo site do Centro de Referência em Educação
Mario Covas e pela ferramenta de busca da Biblioteca Virtual em Saúde
.
Tabela 6 – Os dez links de páginas externas que mais geraram visualizações
Páginas diferentes Páginas Porcentagem Hits Porcentagem
http://www.scielo.br/scielo.php 165.100 42,67% 10.528.010
94,12%
http://www.scielo.br/cgi-bin/wxis.exe/iah/ 138.412 35,77% 236.927 2,12%
http://www.scielo.br/scielo.php/script_sci_serial
/pid_0102-7972/lng_pt/nrm_iso
10.908 2,82% 65.430 0,58%
http://www.scielo.br/scielo.php/script_sci_serial
/lng_pt/pid_0102-7972/nrm_iso
6.140 1,59% 69.987 0,63%
http://busca.uol.com.br/www/index.html 5.944 1,54% 5.944 0,05%
http://www.crmariocovas.sp.gov.br/alf_l.php 4.969 1,28% 4.969 0,04%
http://bases.bireme.br/cgi-
bin/wxislind.exe/iah/online/
4.872 1,26% 4.872 0,04%
http://www.scielo.br/applications/scielo-
org/pages/services/sendMail.php
4.378 1,13% 49.311 0,44%
http://www.scielo.br/scielo.php/script_sci_alpha
betic/lng_pt/nrm_iso
3.859 1,00% 3.859 0,03%
http://www.scielo.br/scielo.php/script_sci_subje
ct/lng_pt/nrm_iso
3.724 0,96% 3.724 0,03%
Fonte: Dados referentes ao período de janeiro a junho de 2007, obtidos através de contato com a equipe do
SciELO.
66
È necessário salientar que o software Awstats diferencia ferramentas de busca, como Google, de ferramentas
internas a um site, a exemplo das ferramentas de busca do SCiELO.
116
Com base na lista de páginas externas que originaram visitas, foi possível estabelecer
uma lista de
sites
67
mais utilizados pelo usuário para chegar até o periódico (Tabela 7). Nela se
pode ver que 88,87%, das páginas visualizadas foram de visitas originadas a partir de páginas
do próprio SCiELO, uma mostra da ocorrência de
browsing
de navegação ou buscas analíticas
utilizando a ferramenta de busca do próprio indexador. Neste ponto cabe questionar a média
de penetração no periódico, quer dizer, uma navegação pelos periódicos oferecidos pela
biblioteca digital pode ser um fator que influencia a média de penetração. A ampla gama de
títulos oferecidos pelo indexador pode levar o internauta ao acesso superficial de alguns deles.
Tabela 7 Dez sites que geraram mais visualizações de páginas
Páginas de origem Páginas
Porcentagem
Hits Porcentagem
SciELO 34.3878
88,87% 11.006.905
94,12%
UOL 7.508 1,94% 7.509 0,07%
Biblioteca Virtual em Saúde 6.226 1,61% 7.589 0,07%
Centro de Referência em Educação Mario Covas
4.970 1,28% 4.970 0,04%
Biblioteca Virtual en Salud 2.998 0,77% 2.998 0,03%
Portal de periódicos da Capes 2.640 0,68% 2.640 0,02%
Terra 2.480 0,64% 2.481 0,02%
IG 1.062 0,27% 1.062 0,01%
Directory of Open Access Journals 868 0,22% 868 0,01%
UFRGS 858 0,22% 859 0,01%
Fonte: Dados referentes ao período de janeiro a junho de 2007, obtidos através de contato com a equipe do
SciELO.
A respeito dos
sites
que originaram mais visualizações de páginas, a professora Silvia
H. Koller mostra um pouco de surpresa:
Então eu acho que o UOL e a Biblioteca Virtual em Saúde estarem no
mesmo lugar é estranho. Na verdade, eu preferia ver aqui a Biblioteca
Virtual em Saúde e Psicologia, que é a biblioteca direta da psicologia, e não
a da Bireme, que é outra coisa. Então isso é uma coisa que surpreende. A
UFRGS também estar embaixo também me parece estranho, porque é
conhecido num consciente coletivo, digamos assim, que a revista está
dentro da UFRGS.
Em adição, o professor William B. Gomes aponta que esperava mais de alguns
sites
:
67
Neste parágrafo entende-se site como sendo o conjunto de páginas e serviços compreendidos sobre um mesmo
domínio.
117
[...] eu esperava um pouco mais do Portal de Periódicos da CAPES, que é
onde a gente procura. Mas que quando você esprocurando coisas em
português, você dificilmente vai precisar entrar aqui, porque você entra
direto nesse IndexPsy.
Pesquisas como a realizada pelo
Institute for the future
(2002), assim como a de
Nicholas, Huntington e Watkinson (2005), apontam os indexadores como um dos principais
responsáveis pela geração de visitas a um periódico. Packer e Meneghini (2006) não
apontam a presença de um periódico em um indexador como indicador de visibilidade,
qualidade e credibilidade, como também afirmam ser esse um dos fatores que mantém a
condição de um periódico como veículo preferencial e confiável. Contudo, isso não ficou
claro nos resultados dessa pesquisa, conforme se observa na fala do professor William B.
Gomes, com exceção do SciELO, que gerou uma porcentagem representativa de visualizações
de páginas.
O UOL, em segundo lugar, surpreende por sua proposta ser mais geral, seguido em
terceiro pela Biblioteca Virtual de Saúde. Vale destacar o Centro de Referência em Educação
Mario Covas que, como o nome especifica, tem como objetivo ser um referencial
pedagógico na disseminação da informação educacional. Esse fato sugere, juntamente com o
levantamento das palavras-chave dos artigos mais visualizados, um acesso interdisciplinar
provindo de áreas que se relacionam com educação e infância. Ao ser questionado sobre o
acesso proveniente desse centro de referência, o professor William B. Gomes confirma as
palavras da professora Lisiane Bizarro: “o pessoal de educação se interessa muito por esse
tema de psicologia do desenvolvimento, que é forte na Reflexão e Crítica... muitos artigos
publicados sobre psicologia do desenvolvimento”.
Contudo, o que chama mais atenção pela peculiaridade é o
site
que aparece em décimo
primeiro lugar: o Orkut. Embora ausente da tabela ele aparece com 685 páginas, ou seja,
0,18% do total de
links
de páginas externas. O aparecimento de um
site
de relacionamentos
como determinante no acesso a uma publicação é sem precedentes em outros estudos de uso
de periódicos eletrônicos. Apesar de não ser uma porcentagem realmente representativa, o
resultado mostra um potencial do Orkut ainda pouco explorado: o potencial como canal de
informação científica. A respeito desse resultado, a professora Lisiane Bizarro fala sobre o
site de relacionamento:
Acho que tem várias interfaces aí: tem gente que coleta dados no Orkut, tem
gente que recruta sujeitos de pesquisa no Orkut. E certamente pegou...
Vamos dizer assim, junto ao pessoal da graduação e da pós-graduação. Eu
118
até me lembro... Eu acho que tem uma página da revista com o logo
antigo. Mas honestamente eu não sei nem quem é que a mantém.
Quanto às buscas realizadas em buscadores, a análise de
logs
permite o estudo das
palavras e das frases utilizadas nessas buscas. A busca por palavras, por ser feita com termos
soltos e fora de contexto, é difícil de interpretar. As palavras utilizadas em buscas são, para o
usuário, a representação de sua necessidade informacional, ou “operadores” que evocam os
mecanismos mentais do internauta (SANTAELLA, 2004). Contudo, ao analisarmos as
palavras soltas, o processo cognitivo que levou o usuário a determinar uma palavra como
representante dessa necessidade é abstraído, tornando qualquer inferência sobre o assunto
superficial. Na Tabela 8, vê-se termos amplos como
Psicologia
,
reflexão
,
author
,
teoria
. No
entanto, pode-se destacar o termo
desenvolvimento
, que determina a área da psicologia, o
foco principal do periódico, a psicologia do desenvolvimento. Destacam-se também os termos
aprendizagem
e
crianças
. Nota-se, mais uma vez, a presença forte de assuntos referentes à
educação e à infância. Apesar de três dos entrevistados concordarem que essas palavras estão
coerentes com as frases de busca, o professor William B. Gomes faz uma ressalva. Para ele,
não são palavras sobre assuntos, mas sim buscas por um caminho que leve ao periódico.
Como um usuário que busca seu caminho em meio as estantes de uma biblioteca
convencional, que precisa com o mínimo de dados descobrir a trilha até a informação
desejada, para isso recorrendo a catálogos e bases de dados. Esses são artifícios para encontrar
uma via que leve até a fonte de informação desejada. Em resumo as palavras presentes na
tabela acabam por se tornar apenas atalhos para chegar até a fonte de informação.
119
Tabela 8 As dez palavras mais utilizadas em buscas
Palavras-chave Pesquisa
Porcentagem
Psicologia 75.594 2,71%
desenvolvimento
24.157 0,87%
aprendizagem 17.381 0,62%
social 16.370 0,59%
author 13.101 0,47%
intitle 13.056 0,47%
reflexão 12.318 0,44%
crianças 12.264 0,44%
comportamento 11.956 0,43%
teoria 10.257 0,37%
Fonte: Dados referentes ao período de janeiro a junho de 2007, obtidos através de contato com a equipe do
SciELO.
Com base nas análises realizadas a partir das referências dos artigos mais visitados,
das frases e palavras usadas em buscas, pode-se observar uma forte tendência dos usuários à
pesquisa de temas relacionados à educação e à infância. Contudo, não se pode especificar a
área desses usuários, assim como suas razões para busca, apenas com os métodos adotados
nesta pesquisa.
Na Tabela 9, listou-se as frases mais utilizadas. Ignorando preposições e artigos, com
base na lei de Zipf (GUEDES; BORSCHIVER, 2005), aponta-se
psicologia
como o termo
mais utilizado, seguido por
reflexão
. Observa-se que quatro colocações são referentes ao
título do periódico, o que pode sugerir uma falta de familiaridade com o SciELO e com outros
indexadores do periódico. A partir do quinto lugar, percebe-se que os termos estão
direcionados à busca por assuntos, e as frases sete e oito ambas estão relacionadas à educação.
120
Tabela 9 Dez frases mais utilizadas em buscas
Frases Pesquisa
Porcentagem
psicologia 5.781 1,02%
reflexão 3.550 0,63%
avaliação psicológica família 1.510 0,27%
psicologia comunitária 1.396 0,24%
psicologia reflexão e crítica 1.293 0,23%
Bronfenbrenner 1.225 0,22%
dificuldade de aprendizagem 1.004 0,18%
author boruchovitch intitle estratégias de aprendizagem e desempenho escolar ...
916 0,16%
autismo 645 0,11%
interação social do autista 550 0,10%
Fonte: Dados referentes ao período de janeiro a junho de 2007, obtidos através de contato com a equipe do
SciELO.
Essa tabela lembra a afirmação de Packer e Meneghini (2006) de que as sociedades
científicas, organizações, grupos ou empresas responsáveis por uma publicação são
indicadores e atributos de sua visibilidade. Os autores também citaram o editor responsável e
o corpo editorial como atributos e indicadores da visibilidade de um periódico. Pode-se ver os
reflexos da teoria dos autores na fala da professora Lisiane Bizarro, que relaciona muitos dos
assuntos buscados com os interesses de pesquisa dos editores do periódico e do programa de
pós-graduação e estabelece uma relação com a lista de artigos mais visitados:
Esse aqui, o Bronfenbrenner, tem a ver com aquele artigo da Alves, por
exemplo, que é um dos mais acessados, psicologia ecológica, tem uma
quantidade muito escassa de material em psicologia ecológica que esse
autor, o Bronfenbrenner, aqui é o representante. E um dos grupos do Brasil
que mais se destaca na psicologia ecológica é aqui na nossa pós-graduação.
Então acho que tem tudo a ver, por exemplo, com o tipo de publicação. [...]
O Borucovich aqui é a primeira mais acessada. [...] Autismo eu acho que
tem a ver com o pouco material no Brasil e a revista tem uma boa
quantidade de publicações nessa área, e tem o nome da editora vinculada a
esse tema, o que também ajuda. Psicologia comunitária não é
necessariamente a nossa praia, mas a gente também publica nisso. [...] Os
outros temas, quer dizer, a avaliação psicológica, a avaliação psicológica
familiar, não está aqui, mas é uma das áreas que a nossa pós-graduação
também se destaca. [...] Tem uma editora anterior que é a Sílvia Koller, ela
produz em psicologia ecológica, nesse autor, Bronfenbrenner. Então acho
que tem o peso da pós-graduação, e tem o peso das editoras, da linha de
pesquisa das editoras. Claro, tu és a pessoa que mais faz propaganda da
121
revista. Então, onde tu vais tem lá... os exemplares, e tu falas com as
pessoas, e elas acabam vinculando... Isso também está acontecendo comigo.
Essa área de processos psicológicos básicos é a área onde eu pesquiso.
Então nos congressos que eu vou eu divulgo para as pessoas da minha área.
Daí o que acontece: tem um maior número de submissões de artigos da área
de processos psicológicos básicos. É natural que incremente. Então é o pós-
graduação e é também o editor, que é um membro do pós-graduação. Eu
acho que as duas coisas andam juntas.
A professora Silvia H. Koller também faz algumas das mesmas relações, fortalecendo
o argumento da professora Lisiane Bizarro. Segundo ela, a configuração do programa de pós-
graduação da UFRGS influi na revista. O internauta que utiliza o periódico realiza buscas
sobre temas que são ligados às pesquisas conduzidas no programa. Nas palavras da professora
Silvia H. Koller: “Porque aqui tem o pessoal que trabalha com aprendizagem, tem o pessoal
que trabalha com psicologia comunitária, com autismo e os outros... avaliação psicológica,
família [...]”.
Não obstante, na Tabela 9 são encontradas construções de “operadores” mais
complexas, as quais proporcionam resultados mais exatos e outros tipos de análise. Com um
segundo olhar, mais criterioso, para as frases utilizadas na busca, pode-se ver indícios dos
tipos básicos de busca de Meadow, Boyce e Kraft (2000). A quinta frase,
psicologia reflexão
e crítica
, por exemplo, mostra a busca por item conhecido. A sexta palavra da tabela, que é na
verdade um nome,
Bronfenbrenner
, pode ser interpretado como uma busca de informação
específica sobre aquele autor, seus artigos e outras produções científicas. A palavra
reflexão
,
em segundo lugar da Tabela 9, pode ser uma busca de informação geral, pois o escopo de
resultados recebidos de uma busca como essa deverá ser muito grande. A utilização de
assuntos mais específicos na busca, por exemplo,
dificuldade de aprendizagem
, pode levar a
crer na realização de uma busca para exploração do tema. É necessário lembrar que a
aplicação da tipologia de busca às frases mais utilizadas é apenas inferência, sem que haja
informação contextual para refutá-la ou confirmá-la. Também especulou-se anteriormente que
a tipologia de busca dos autores citados poderia ser aplicada a estratégias de
browsing
, porém
não há forma de deduzir essa aplicação com base apenas na análise de
logs.
A fim de refazer o percurso do usuário, realizou-se uma experiência com as frases de
busca, colocando-as no
Google
. A primeira constatação é que oito dos dez itens da tabela
recuperaram o periódico Psicologia: reflexão e crítica nas primeiras duas páginas de
resultados da ferramenta de busca. Com base no conhecimento que se tem sobre o algoritmo
de ranqueamento do
Google
e, diante da grande quantidade de resultados para essas buscas,
estar nas primeiras páginas pode ser considerado um indício de credibilidade e visibilidade do
122
periódico nas áreas buscadas. Significa que outros serviços eletrônicos,
sites
, entre outros,
“votaram” em Psicologia: reflexão e crítica, reconhecendo-o como veículo de informação
relevante sobre o assunto, influenciando assim nas escolhas do usuário no que diz respeito aos
resultados obtidos.
Esse ranqueamento pode ser reflexo da relação de certos assuntos com o periódico e
com o programa de pós-graduação responsável pela publicação. Quando um periódico ou
pesquisador vinculado a este possui autoridade em uma determinada área, é natural que outros
sites
, periódicos, editoras do campo confiram a ele credibilidade em sua área de conhecimento
através de
links
e citações.
4.5 O internauta e os padrões de comportamento de busca
Depois de construídos e analisados os quadros, gráficos e tabelas referentes às quatro
dimensões ou categorias de análise, é possível perceber algumas pistas ou pegadas dos tipos
de internauta que freqüentam o periódico
68
. A partir da visão geral das categorias, também é
possível delinear alguns trajetos realizados, ou seja, o comportamento de busca e uso dos
usuários do periódico.
Para compreender as ações dos usuários no periódico, busca-se embasamento nos
perfis dos internautas definidos por Santaella (2004). Primeiramente, se falará em internauta
errante, o internauta que deriva da ausência de rumo pré-determinado, guiado por suas
abduções. A presença deste internauta pode ser constatada a partir de algumas evidências
encontradas. Um ponto a ser destacado é a pouca duração da maioria das visitas, algo
provável para buscas feitas com base em abduções erráticas. Esta hipótese encontra reforço no
fato de que a
home
e os artigos são as principais portas de entrada e saída para o periódico.
Outro ponto é a origem dos acessos: 33,38% das visitas vêm de uma página externa ao
periódico. Isso por si não é evidência. Porém, dentre os dez
sites
que geram acessos,
encontram-se o UOL, Terra e IG. Estes são portais de provedores cuja proposta é serem
portais de variedades. Eles não são especializados em nenhum assunto, sequer possuem um
caráter científico. A presença do Orkut na lista geral também pode ser vista como um método
não formal e errático de chegar até a informação. A simples concepção de que um internauta
68
Apesar dos métodos nesta pesquisa adotados, não é possível identificar o vel do usuário com relação à
tecnologia: novato, leigo ou experto.
123
buscaria uma comunidade do Orkut como uma forma de obter informação científica um
caráter de improviso à pesquisa.
O internauta detetive também se encontra dentre os usuários do periódico. Mais
experiente que o errante, o internauta detetive realiza suas pesquisas com base na indução. Ele
realiza operações de busca analítica pela informação e, com base em seus resultados, começa
a adquirir hábitos. O principal indício da passagem desse usuário é a presença de mecanismos
de buscas como a forma mais comum de chegar ao periódico. Ferramentas de busca
online
utilizadas como táticas analíticas são métodos de pesquisa relacionados ao internauta detetive
(SANTAELLA, 2004), pois, o hábito o ensina que: quão maior a racionalização e
especificação de sua busca, mais perto da informação ele chegará. A presença indiscutível do
Google
como buscador mais utilizado demonstra o hábito engendrado de utilizar essa
ferramenta, a mais popular. Observando as frases e palavras utilizadas na busca, pode-se
também perceber níveis de domínio da ferramenta. A busca por palavras é muito ampla e traz
um número espantoso de resultados. O internauta detetive pode encontrar algo interessante,
mas o progresso normal na pesquisa é ser cada vez mais específica. Observando as frases
utilizadas na busca, percebe-se que muitos procuram pelo título do periódico e não por um
assunto, o que indica familiaridade com o periódico, mas não idéias claras acerca do objetivo
da busca. Contudo, buscas realizadas a partir de operadores como, por exemplo, “avaliação
psicológica família” tendem a produzir resultados mais exatos, levando à evolução do
internauta como pesquisador.
As ferramentas de busca são método comum para o internauta detetive, mas isso não
significa que o internauta previdente não as use. A grande diferença é a capacidade do último
de adaptar sua estratégia à situação que se apresenta. Este internauta, tendo passado pelo
processo de aprendizado, sabe como acionar o esquema adequado de acordo com o ambiente
informacional em que se encontra. É possível e provável que certa quantidade das buscas
analíticas realizadas possa ser atribuída a esse usuário. Entretanto, outras pistas nos levam a
perceber a presença de usuários que não estão melhor capacitados para a realização de
pesquisas, mas sabem como utilizar ferramentas e serviços para potencializar seus resultados.
Nesse sentido, observa-se a biblioteca digital SciELO, a Biblioteca Virtual em Saúde, o Portal
de periódicos CAPES sendo utilizados por alguns. Outro exemplo é a visita a URLs de
serviços eletrônicos como os serviços de
e-mail
, RSS e artigos relacionados. Outra
possibilidade para um internauta previdente é a de salvar o periódico nos favoritos, evitando
uma nova busca sempre que necessário consultá-lo, mostrando um comportamento
compromissado com a revista. Claro, não se pode excluir a possibilidade de que mesmo um
124
internauta previdente possa realizar o
bouncing
por falta de interesse no periódico. Um
exemplo seria um usuário interdisciplinar interessado em apenas um determinado artigo.
Os perfis dos internautas podem variar entre terem um comportamento de
bouncing
ou
serem compromissados com o periódico em algum nível. Em princípio não se pode afirmar
categoricamente que haja um comportamento pico para cada perfil. Contudo, uma
tendência ao comportamento de
bouncing
, pois a média de visitas é baixa: apenas 1,29 visitas
por visitante único. Apesar de não haver uma definição do que seria uma média ideal de
visitas, espera-se que pesquisadores desenvolvam um comportamento padrão na busca por
informação. A média de penetração por visita também não é muito alta, apenas 2,02, média
típica de
bouncing,
segundo Nicholas et al. (2007). Em resumo, no período de janeiro a junho
de 2007 houve menos de duas visitas por usuário, e em cada visita foram visualizadas não
mais que duas páginas. Além disso, recursos como o RSS reduzem a possibilidade de visitas
para
browsing
de monitoramento, tornando o comportamento de
bouncing
mais provável.
No que diz respeito ao comportamento de busca, depois de analisadas as páginas de
entrada e saída, assim como as URLs e as seções mais acessadas, é possível enxergar algumas
evidências de padrões de comportamento. Em comparação com os padrões picos observados
na pesquisa do
Institute for the future
(2002), semelhanças e diferenças. Relembrando os
padrões encontrados no projeto
e-JUST
, estes são:
a) home do periódico
sumário
texto completo em HTML
texto completo em PDF;
b) indexador
texto completo em HTML
texto completo em PDF;
c) home do periódico
busca
texto completo em HTML
texto completo em PDF.
O relatório apontou dois grandes pontos para o início da navegação no periódico, os
quais são a
home
e o indexador. Segundo o
Institute for the future
(2002), pontos iniciais
diferentes levam a ações diferentes, pois as escolhas de página são limitadas. Com base nisto,
fez-se a comparação desses padrões com os padrões possíveis no periódico Psicologia:
reflexão e crítica e, a princípio, o padrão B não se enquadra. Isso ocorre devido ao fato de o
Institute for the future
(2002) mencionar apenas o indexador, não levando em consideração
outras origens externas de acesso, tais como ferramentas de busca
online
ou acesso direto.
A Figura 10 apresenta um esquema dos possíveis comportamentos de busca e uso do
periódico Psicologia: Reflexão e Crítica, considerando as origens dos acessos. As caixas com
fundo cinza correspondem às origens das visitas, e as setas provenientes delas indicam os
pontos de entrada mais comuns: a
home
e os artigos em HTML. As caixas com fundo branco
125
representam as seções internas da revista mais frequentemente acessadas. As setas
representam as possíveis transições existentes ao se navegar no interior da mesma. Por
exemplo, a seta que relaciona a caixa cinza Indexador à caixa branca
Home
indica que o
usuário pode ingressar nessa a partir de um
site
indexador externo ao periódico. Já a
representação da relação entre as caixas
Home
e Serviço eletrônico (RSS, serviço de
e-mail
,
etc.) indica que um usuário pode ir da página da
Home
à página do serviço, ou vice-versa.
Figura 10 - Esquema de possíveis padrões de comportamento de busca e uso no periódico.
Como se pode observar, a navegação pode ser intensa e os padrões possíveis são
diversos. No entanto, baseando-se nos padrões do
Institute for the future
(2002), buscou-se
traçar os padrões de comportamento de busca e uso internos ao periódico mais prováveis.
Considerou-se que a aplicação dos padrões A e C do estudo
e-JUST
são válidas e não
contraditórias com os dados encontrados na revista. Desta forma, empregam-se A e C como
padrões de comportamento de busca e uso possíveis no Psicologia: reflexão e crítica, além de
se elaborarem outros, a saber:
a)
home
do periódico
sumário
texto completo em HTML
texto completo em PDF;
b)
home
do periódico
sumário
serviço eletrônico do periódico;
c)
home
do periódico
busca
texto completo em HTML
texto completo em PDF;
d)
home
do periódico
sumário;
e)
home
do periódico
busca;
Indexador
Ferramenta
de busca
Acesso
direto /
favoritos
Sumário
Busca
Serviço
eletrônico
HTML PDF
Indexador
Ferramenta
de busca
Acesso
direto /
favoritos
Home
126
f)
home
do periódico
serviço eletrônico do periódico
g) texto completo em HTML
serviço eletrônico do periódico;
h) texto completo em HTML
texto completo em PDF;
Como se pode observar, os padrões vão de quatro níveis de penetração (quatro páginas
visualizadas) até apenas dois (duas páginas visualizadas). Não se pode afirmar qual é o
comportamento exato de busca e uso da informação do usuário deste periódico. Buscou-se
mapear caminhos possíveis de acordo com os dados da interação do usuário com a revista
recuperados por meio da análise de
logs
. É interessante destacar que a maioria dos padrões
favorecem o
browsing
. Uma observação que deve ser feita é a de que, apesar do
Institute for
the future
(2002) apontar o artigo em PDF como “ponto final” mais comum da busca, isso é
improvável que ocorra em Psicologia: reflexão e crítica, de acordo com os registros de
download
apresentados. Não obstante, é necessário manter em mente que o arquivo PDF pode
ou não ser acessado, dependendo apenas da preferência do usuário e sua disponibilização
online
. Desta forma, deixou-se o item
texto completo em PDF
nos padrões citados, mas faz-
se o alerta de que esta última ação está sujeita a diversas variáveis e, conseqüentemente, pode
não ocorrer, levando o padrão E ao menor nível de penetração possível: uma página (texto
completo em HTML).
Quanto às estratégias de busca analítica e de
browsing
, leva-se em consideração a
aplicação de ferramentas de busca
online
, a exemplo do
Google
, como tática de busca
analítica, quando feita com a racionalização necessária. Esta tática ganha destaque por ser o
principal meio de chegar até o periódico. Os contornos da tipologia de Meadow, Boyce e
Kraft (2000) também podem ser vistos nas frases mais utilizadas para realização de buscas; as
estratégias de
browsing
tornam-se perceptíveis nas curtas durações das visitas, nos indícios de
navegação e nos padrões apresentados. Este tipo de estratégia se faz presente na navegação
por sumários, no
browsing
de monitoramento de atualizações e ao realizar o
browsing
de
scaneamento em um artigo para avaliar sua relevância. Ambos os tipos de estratégia são
importantes na busca por informação e estão intrinsecamente relacionadas aos padrões de
comportamento apresentados.
127
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
No capítulo que conclui a pesquisa, se faz uma breve revisão dos pontos mais
importantes abordados neste trabalho, assim como se comenta algumas questões que devem
ser abordadas. Primeiramente, esta pesquisa possibilitou verificar as ações dos pesquisadores
que utilizam o periódico Psicologia: reflexão e crítica. A escolha de um único periódico
consolidado na área de Psicologia permitiu uma visão mais exata do que ocorre em recursos
eletrônicos de visibilidade e credibilidade, revelando os possíveis padrões de comportamentos
adotados por seus usuários.
Por meio da metodologia aplicada obteve-se uma grande diversidade de dados,
quantitativos e qualitativos. Os dados da análise de
logs
forneceram evidências da busca e uso
no periódico, enquanto as entrevistas lançaram luz sobre alguns dos resultados encontrados.
Contudo, ambos os métodos possuem fraquezas e limitações, e uma visão holística de todo o
processo ainda não foi possível.
O tratamento e a análise dos dados coletados de janeiro a junho de 2007 deram-se em
quatro dimensões:
Quando acontecem as buscas
;
Quem busca
;
Tipos de navegação
; e
Origem das buscas
. A partir destas, foi possível fazer algumas inferências pertinentes aos
objetivos traçados. Na primeira categoria,
Quando acontecem as buscas
, estabeleceu-se a
freqüência do uso do periódico. Maio destacou-se na porcentagem de visitantes únicos, de
visitas e de páginas visualizadas. Contudo, foi abril o mês em que ocorreu maior penetração
no periódico, com uma média de 2,13 ginas visualizadas por visita. Fenômeno semelhante
ocorre nos dias da semana: as terças-feiras são o ápice da semana em termos de visitas e
visualizações de ginas, porém, é nos sábados que ocorre maior penetração no periódico por
parte de seus usuários, com uma média de 2,10 visualizações de páginas por visita. Desta
forma, a média de penetração em um periódico ou outro serviço eletrônico não é proporcional
ao número de páginas visualizadas. Está, na verdade, condicionada à relação entre páginas
visualizadas e quantidade de visitas. Outro ponto que vale salientar é que abril é o mês com
maior quantidade de visitas com até trinta segundos de duração. Assim, pode não haver
relação entre aprofundamento no periódico e longos períodos de duração das visitas.
Na segunda categoria,
Quem busca
, comprova-se que a maior quantidade de acessos
ao Psicologia: reflexão e crítica vem do Brasil, com 777.866 páginas visualizadas. Observa-se
nessa categoria a influência do idioma no uso do periódico, através do aparecimento de outros
países da comunidade lusófona como Portugal e Moçambique dentre os países que mais
128
geraram visualizações, confirmando o idioma de publicação como indicador de visibilidade e
como fator determinante da opção do usuário por um artigo ou periódico (PACKER;
MENECHINI, 2006). Outros dos itens citados por Packer e Meneghini (2006) como por
exemplo a publicação eletrônica na Internet, o acesso aberto e a presença em índices
referenciais também comprovam sua importância na busca por visibilidade. A presença da
Suíça em terceiro lugar na tabela dos dez países que mais visualizaram páginas no periódico
foi uma surpresa para todos os sujeitos entrevistados. Na realidade, este fato levanta mais
questões do que fornece respostas. Qual o perfil desse usuário? Quais os seus assuntos de
interesse? Que razões o levou a Psicologia: reflexão e crítica? Existe realmente uma
proximidade paradigmática na produção dos dois países, Brasil e Suíça? No entanto, os
métodos empregados nessa pesquisa não possibilitam chegar a essas respostas.
Ainda nessa mesma categoria, pode-se observar uma interessante discrepância entre os
estados e as instituições que mais geraram visualizações. Estados como Paraná e Minas
Gerais, apesar de gerarem muitas visualizações, não possuem representantes na tabela de
instituições, o oposto do que ocorre com Piauí e Pernambuco. Acredita-se na hipótese de que
estados com maior índice de acesso à Internet em domicílio podem apresentar menor índice
de utilização de serviços informacionais a partir de instituições, pela falta da necessidade de
deslocamento.
Na categoria
Tipos de navegação
, constatou-se que 70,47% das visitas não duraram
mais que 30 segundos, sugerindo que a decisão sobre a relevância de um artigo leva apenas
alguns segundos para ser tomada. Apesar da ocorrência de visitas de longa duração, que
podem indicar uma navegação mais aprofundada ou leitura
online
, estas são minoria.
A seção mais visitada é a de artigos, no entanto apenas 0,08% da visitas resultaram no
download
do PDF, apesar de o relatório do
Institute for the future
(2002) e os estudos
realizados pela equipe do CIBER apontarem este como objetivo principal de uma visita.
Nicholas et al. (2006b) apontam o amplo uso do HTML como característica da graduação.
Isso justificaria a configuração do histórico de uso do semestre apresentado na categoria
Quando acontecem as buscas
. Porém, não embasamento para afirmar que este seja o
quadro que se apresenta.
Na última categoria, a
Origem das buscas
, observou-se que 52,72% das visitas
provinham de ferramentas de busca, principalmente o
Google
. Outras fontes de acesso
representativas foram os
links
de páginas externas e os acessos diretos ou via pasta de
favoritos. Dentre as páginas externas houve surpresas, como por exemplo, o segundo lugar
ocupado pelo portal do UOL, e o Orkut, colocando em perspectiva o potencial de
sites
de
129
relacionamento para a comunicação científica. As palavras e as frases utilizadas nas buscas
auxiliaram a fechar o quadro que retrata o caminho do usuário até o periódico, apresentando
as buscas analíticas com ferramentas de busca como principal via nesse percurso.
As categorias aqui citadas são dimensões de um mesmo processo, que compõem um
mosaico representativo do comportamento informacional do usuário no periódico. A partir do
estudo desse mosaico fez-se algumas considerações. Sobre a questão da visibilidade de um
periódico científico eletrônico, em diversos momentos confirma-se a influência dos atributos
e indicadores listados por Packer e Meneghini (2006). No que diz respeito ao papel do editor,
corpo editorial e programa de pós-graduação a que a revista está vinculada, confirmou-se a
sua importância por meio dos depoimentos dos entrevistados. A significativa quantidade de
visitas feitas ao periódico em seis meses demonstra a importância da disponibilidade
eletrônica de um periódico em acesso aberto. Essa característica assume grande destaque
quando se observa a quantidade de visualizações de páginas provenientes de IES particulares,
que não têm acesso ao Portal de Periódicos da CAPES.
A importância do índice também fica evidente, pois, segundo os resultados obtidos, o
SciELO é origem da maior quantidade de acessos provenientes de páginas externas ao
Psicologia: reflexão e crítica, com 88,87% das ginas visualizadas. O número de acessos a
artigos, segundo Packer e Meneghini (2006) é um indicador por excelência de visibilidade na
Internet. Diante disso, um dos fatos mais intrigantes encontrados na análise foi a quantidade
de visitas aos artigos, que é muito superior a de qualquer outra seção do periódico. No
entanto, essas visitas geram poucos
downloads
de PDF. Isto pode ser prejudicial ao periódico
se for confirmado que há uma relação entre a quantidade de
downloads
e o número de
citações. Segundo Brody, Harnad e Carr (2006), as estatísticas de artigos salvos podem ser
um sinal do impacto nas citações. Em contraponto, o Psicologia: reflexão e crítica é o mais
citado em sua área dentro do próprio SciELO o que pode significar que a afirmação dos
autores não valha para esse caso ou que os
downloads
estão sendo feitos em formato HTML.
Não dados suficientes para falar do último dos atributos citados por Packer e Meneghini
(2006), as citações ao periódico, contudo os
links
externos recebidos foram um determinante
na visibilidade do periódico no
Google
. Assim, sintetizou-se as evidências encontradas que
exemplificam algumas das teorias de Packer e Meneghini (2006) sobre a visibilidade de
periódicos científicos eletrônicos, seus indicadores e atributos.
Sobre o uso interdisciplinar do periódico, não é possível tirar conclusões definitivas.
Contudo, acredita-se haver evidências suficientes para deduzir que este uso ocorre, e de forma
intensa. Por exemplo, as palavras-chaves dos artigos mais acessados sugerem a presença de
130
temas relacionados à educação e à infância. Outra evidência é a presença do Centro de
Referência em Educação Mario Covas em quarto lugar da tabela de
sites
externos que
geraram visualizações, com 1,28% do total. Contudo, sem uma interação mais direta com o
usuário da Psicologia: reflexão e crítica, torna-se difícil determinar o perfil desse usuário
interdisciplinar.
Por meio da análise dos dados foi possível encontrar as pegadas dos internautas.
Apesar da impossibilidade de identificar o nível do usuário com relação à tecnologia, foi
possível discernir os contornos da tipologia de internautas definida por Santaella (2004). A
partir da visão geral dos resultados obtidos se reconhece alguns comportamentos relacionados
ao internauta errante, que deriva na ausência de rumo pré-determinado guiado por suas
abduções. Estes são os mais prováveis para utilizar caminhos não convencionais, como por
exemplo, portais de variedades como UOL e IG, além de sites de relacionamento como Orkut
para chegar até a informação. Pôde-se discernir também ações atribuídas ao internauta
detetive dentre os usuários do periódico. Mais experiente que o errante, o internauta detetive
realiza operações de busca analítica e com base em seus resultados começa a adquirir hábitos.
O principal indício da passagem desse usuário é a ampla utilização de ferramentas de busca
como forma de chegar ao periódico. Também se pode apontar algumas evidências da
passagem do internauta previdente no periódico. Este internauta, tendo passado pelo
processo de aprendizado, sabe como acionar o esquema adequado de acordo com o ambiente
informacional em que se encontra. Observa-se evidências como utilização de índices e portais
especializados em informação científica dentre as origens das visitas, como por exemplo, a
biblioteca digital SciELO, a Biblioteca Virtual em Saúde, o Portal de periódicos CAPES.
Observa-se, também, a utilização de serviços de
e-mail
, RSS e artigos relacionados, recursos
mais avançados de um periódico eletrônico. Outra possibilidade para um internauta
previdente é a de salvar o periódico nos favoritos, evitando um nova busca sempre que
necessário consultá-lo.
Os internautas, independente do tipo, podem ter um comportamento de
bouncing
ou
ser compromissados com o periódico em algum dos níveis descritos por Nicholas et al.
(2007). É provável que haja usuários compromissados com o periódico, contudo, uma
tendência ao comportamento de
bouncing
. Chegou-se a esta conclusão pela baixa média de
visitas, apenas 1,29 visitas por visitante único, a grande maioria delas não durando mais que
trinta segundos. A média de penetração por visita também não é muito alta, apenas 2,02, o
que para Nicholas et al (2007) é uma média típica de
bouncing
.
131
Sobre a aplicação de táticas de busca analíticas e de
browsing
, as ferramentas de busca
são o método mais comum para os usuários chegarem até o periódico, sendo responsáveis por
52,72% das páginas visualizadas. Pode-se observar a utilização do
Google
como principal
ferramenta de busca, representando 95,41% das páginas visualizadas. Porém, é necessário
destacar que isso pode ocorrer pela política de acesso aberto adotada pelo SciELO, pois em
pesquisas como a de Nicholas, Huntington e Watkinson (2005) realizada na
Blackwell
Sinergy
, cujo acesso é restrito ao assinante, ferramentas de busca como o
Google
representavam uma quantidade mínima das visitas. Mesmo a ampla adoção de ferramentas de
busca não exclui o
browsing
do processo, pois as estratégias de buscas analíticas e de
browsing
podem ser usadas complementarmente. As estratégias de
browsing
podem ser
percebidas nas curtas durações das visitas e nos indícios de navegação. Um desses indícios é a
discrepância entre os números de entradas e saídas que sugere que os internautas não estão
saindo pelas mesmas páginas pelas quais entraram no periódico. As táticas de
browsing
se
fazem presentes no
browsing
de navegação por sumários, no
browsing
de monitoramento de
atualizações e ao realizar o
browsing
de scaneamento em um artigo para avaliar sua
relevância (MARCHIONINI, 1995). É preciso salientar que a metodologia empregada nesta
pesquisa não permite avaliar a utilização do
browsing
de observação, uma das táticas de
browsing
citadas por Marchionini (1995). Ambos os tipos de estratégia de busca são
importantes e se complementam, representando importante papel nos padrões de busca e uso
elaborados.
Os resultados do relatório do
Institute for the future
(2002)
apontaram
a
home
e o
indexador como os principais pontos para o início do processo de navegação. No presente
trabalho detectou-se que o principal ponto de entrada é o próprio artigo, seguido da
home
do
periódico. O esquema apresentado nessa pesquisa foi elaborado com base nos padrões de
busca e uso encontrados pelo
Institute for the future
(2002) e nos resultados das análises de
dados. O esquema demonstra comportamentos informacionais externos (de onde estão vindo e
por onde entram os usuários) e internos (o que usam no
site
) ao periódico. Dentre esses
comportamentos destacaram-se oito padrões prováveis de seqüência de ações do usuário em
seu uso do periódico. Os padrões encontrados vão de quatro níveis de penetração no periódico
(quatro páginas visualizadas), podendo chegar até apenas um nível. Não há um caminho único
e definido para o internauta, apenas mapeou-se caminhos possíveis de acordo com os dados
recuperados através da análise de
logs
.
Quanto ao método, análise de
logs
, cabe fazer algumas considerações adicionais,
sendo necessário apontar alguns problemas na metodologia aplicada. A utilização da análise
132
de
logs
mostrou o que realmente ocorreu no periódico Psicologia: reflexão e crítica durante
seis meses, porém apesar da transparência dos fatos, os “porquês” continuam obscuros. O
esquema criado a partir da análise de
logs
utilizado na pesquisa ignora todo o aspecto
cognitivo do usuário, tornando este uma incógnita. Apesar do método qualitativo aplicado na
pesquisa, pouco se sabe da mente do usuário, de suas razões e necessidades. Para futuras
pesquisas sugere-se que, em complemento à análise de
logs
, sejam adotados métodos que
permitam uma maior compreensão do usuário, seus processos cognitivos, e que permitam
obter uma visão mais completa da interação do usuário com o sistema como, por exemplo,
questionários ou entrevista. Apesar da grande quantidade e variedade de dados obtidos com
esse método e da facilidade obtida com o tratamento prévio realizado pelo SciELO ao
implementar os dados no AWStats, o ideal seria trabalhar com dados dos
logs
brutos, pois
eles podem conter informações de outra forma descartadas. Contudo, cabe salientar que a
dificuldade no tratamento desses dados aumentaria consideravelmente.
Outro aspecto a ser destacado é o período de tempo escolhido para coleta de dados.
Apesar das diversas pesquisas realizadas utilizando a análise de
logs
em períodos de tempo
que vão de um dia a vários anos, sugere-se para estudos futuros que a duração mínima para
estabelecer bases para comparação seja de um ano, pois assim se pode observar se fenômenos
que ocorreram em um semestre se repetem no outro. Entretanto, não se questiona a riqueza
dos dados obtidos, nem sua veracidade. Os
logs
retratam a realidade do uso do periódico e
fornecem uma ampla variedade de informação em grande quantidade, como se pôde constatar.
Acredita-se que esse método, ainda pouco utilizado na área da comunicação científica
e especificamente em estudos de periódico, pode fornecer informações relevantes e
diversificadas com base em registros da atividade
online
. Seria interessante e enriquecedor
para a área dos estudos de periódicos a realização de pesquisas semelhantes com revistas de
áreas diferentes, vinculados ou não a IES, que possuam acesso restrito ou disponibilizem seu
conteúdo a acesso aberto. Presume-se que esse trabalho contribui com a avaliação desse
método na pesquisa de comportamento de busca e uso de informação, com a abordagem de
dimensões ainda pouco pesquisadas no campo dos estudos de uso de periódicos brasileiros.
Espera-se também que o estudo seja útil para o Psicologia: reflexão e crítica, sua editora e
comissão editorial, para monitorar e avaliar o desempenho do periódico.
Por fim, acredita-se que a pesquisa cumpre os objetivos propostos e abre espaços para
novos estudos em um campo ainda bastante fértil: o estudo de busca e uso de informação em
periódicos científicos eletrônicos, empregando uma metodologia ainda pouco utilizada no campo
da comunicação científica e da Ciência da Informação, a análise de logs. Entende-se também que
133
este trabalho tenha contribuído com o levantamento de novas questões no estudo de periódicos
científicos eletrônicos, seja no campo da Psicologia ou qualquer outra área do conhecimento.
134
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ZIMAN, John Michael.
Conhecimento público
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147
APÊNDICE
148
APÊNDICE – Modelo de Entrevista
1.
De acordo com os dados apresentados na figura abaixo, os meses de março, abril e
maio tiveram os números mais altos de visitas. O que você considera poder justificar
esse fato?
2.
Os sábados e domingos são os dias da semana com menor número de visitas, enquanto
segunda, terça e quarta-feira são os dias em que mais visitas. A que você atribui a
preferência por esse dias demonstrados na Figura?
3.
Segundo as estatísticas o período do dia em que ocorrem maior número de acessos ao
periódico é entre 15 e 17 horas. O que você pensa sobre isso?
4.
O quadro mostra os dez países que mais visualizaram páginas no periódico. Existe
alguma razão prática ou até mesmo paradigmática que justifique a presença destes
países e sua posição na tabela? O periódico tem esses países como público-alvo?
5.
O quadro mostra as vinte instituições que mais visualizaram páginas no periódico.
Observando o quadro, você atribui o acesso por estas instituições a algum vínculo
acadêmico ou proximidade paradigmática?
6.
As páginas mais acessadas da revista são:
Home
, navegação por volumes, artigos;
Buscas e
send results
;
Home
do periódico em português,
Home
do periódico em inglês
e serviços do SciELO. Esses resultados expressam o que você esperava da navegação
do periódico?
7.
A seção de artigos da revista foi a mais acessada durante o período de janeiro a junho
de 2007. No entanto, apenas 510 PDFs foram salvos, ou seja, dos 658.687 acessos a
artigos apenas 0,08% resultam em
download
do PDF. A que você atribui isso?
8.
As páginas mais acessadas para entrar no periódico são:
Home
, navegação por
volumes, artigos; Buscas e
send results
;
Home
do periódico em português,
Home
do
periódico em inglês e serviços do SciELO. Estes resultados refletem o que espera do
site
do periódico?
9.
No quadro encontram-se os artigos mais acessados no período de janeiro a junho de
2007. Qual a relevância desses autores e/ou artigos na área? Em sua opinião quais as
razões para estes artigos serem os mais acessados?
149
10.
Na tabela encontram-se os dez buscadores mais utilizados pelos usuários. Você atribui
a escolha desses buscadores a alguma razão específica?
11.
Os usuários seguem uma rota ou caminho na Internet para chegar ao periódico.
Abaixo, encontram-se os dez
sites
dos quais os usuários vieram para chegar até o
periódico. Os resultados refletem o que se esperava?
12.
Esta tabela apresenta as dez frases mais utilizadas para a realização de busca. O que
essas frases lhe dizem sobre os assuntos buscados pelos usuários? Essas frases
condizem com a temática do periódico?
13.
Esta tabela apresenta as dez palavras mais utilizadas para a realização de busca. O que
essas palavras lhe dizem sobre os assuntos buscados pelos usuários? Essas palavras
condizem com a temática do periódico? Elas estão coerentes com as frases das buscas?
150
ANEXO
151
ANEXO – Os dez artigos mais acessados de fevereiro de 1998 a junho de 2007
Número de
visitas
Referência do artigo
49710
BORUCHOVITCH, Evely. Estratégias de aprendizagem e desempenho escolar: considerações
para a prática educacional. Psicol. Reflex. Crit., v.12, n.2, p.361-376. 1999. ISSN 0102-7972. (*)
27442
CORREA, Jane; MACLEAN, Morag. Aprendendo a ler e a escrever: a narrativa das crianças
sobre a alfabetização. Psicol. Reflex. Crit., v.12, n.2, p.273-286. 1999. ISSN 0102-7972. (*)
26811
MALUF, Maria Regina; BARRERA, Sylvia Domingos. Consciência fonológica e linguagem
escrita em pré-escolares. Psicol. Reflex. Crit., v.10, n.1, p.125-145. 1997. ISSN 0102-7972. (*)
24949
VELOZ, Maria Cristina Triguero; NASCIMENTO-SCHULZE, Clélia Maria; CAMARGO,
Brigido Vizeu. Representações sociais do envelhecimento. Psicol. Reflex. Crit., v.12, n.2, p.479-
501. 1999. ISSN 0102-7972. (*)
21632
NORONHA, Ana Paula Porto; VENDRAMINI, Claudette Maria Medeiros. Parâmetros
psicométricos: estudo comparativo entre testes de inteligência e de personalidade. Psicol. Reflex.
Crit., v. 16, n. 1, p.177-182. 2003. ISSN 0102-7972
21078
CORREIA, Mônica F. B.; LIMA, Anna Paula Brito; ARAÚJO, Claudia Roberta de As
Contribuições da Psicologia Cognitiva e a Atuação do Psicólogo no Contexto Escolar. Psicol.
Reflex. Crit., v.14, n.3, p.553-561. 2001. ISSN 0102-7972
21065
DEL PRETTE, Zilda A. Pereira et al. Habilidades sociais do professor em sala de aula: um estudo
de caso. Psicol. Reflex. Crit., v.11, n.3, p.591-603. 1998. ISSN 0102-7972. (*)
19459
DIAS, Ana Cristina Garcia; GOMES, William B. Conversas, em família, sobre sexualidade e
gravidez na adolescência: percepção das jovens gestantes. Psicol. Reflex. Crit., v.13, n.1, p.109-
125. 2000. ISSN 0102-7972.
18988
ALMEIDA, Angela Maria de Oliveira; CUNHA, Gleicimar Gonçalves. Representações sociais do
desenvolvimento humano. Psicol. Reflex. Crit, v.16, n.1, p.147-155. 2003. ISSN 0102-7972. (*)
17157
MERLO, Álvaro Roberto Crespo; JACQUES, Maria da Graça Corrêa; HOEFEL, Maria da Graça
Luderitz Trabalho de grupo com portadores de LER/DORT: relato de experiência. Psicol. Reflex.
Crit., v.14, n.1, p.253-258. 2001. ISSN 0102-7972
Livros Grátis
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