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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA NATUREZA
DEPARTAMENTO DE SISTEMÁTICA E ECOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO ZOOLOGIA
BIOECOLOGIA DA ICTIOFAUNA DO
AÇUDE TAPEROÁ II, SEMI-ÁRIDO
PARAIBANO, BRASIL
ANA KARLA ARAUJO MONTENEGRO
ORIENTADOR(A): PROFa. Dra. MARIA CRISTINA CRISPIM
CO-ORIENTADOR(A): PROFa. Dra. MALVA ISABEL MEDINA HERNANDEZ
JUNHO 2007
Foto: Ana K. A. Montenegro
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ANA KARLA ARAUJO MONTENEGRO
BIOECOLOGIA DA ICTIOFAUNA DO
AÇUDE TAPEROÁ II, SEMI-ÁRIDO
PARAIBANO, BRASIL
Dissertação apresentada à
Coordenação do curso de Pós-
Graduação em Ciências
Biológicas – UFPB, como parte
dos requisitos necessários para
a obtenção do título de Mestre
em Ciências Biológicas, área de
concentração Zoologia.
ORIENTADOR(A): PROFa. Dra. MARIA CRISTINA CRISPIM
CO-ORIENTADOR(A): PROFa. Dra. MALVA ISABEL MEDINA HERNANDEZ
JUNHO 2007
Foto: Ana K. A. Montenegro
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M777b Montenegro, Ana Karla Araújo.
Bioecologia da ictiofauna do açude Taperoá II, semi-
árido paraibano, Brasil / Ana Karla Araújo Montenegro. –
João Pessoa, 2007.
143p.: il.
Orientadoras: Maria Cristina Crispim, Malva Isabel
Medina Hernandez
Dissertação (mestrado) UFPB/CCEN
1. Zoologia. 2. Bioecologia. 3. Ictiofauna – Açude
T
ape
r
II
(
PB
).
ANA KARLA ARAUJO MONTENEGRO
BIOECOLOGIA DA ICTIOFAUNA DO AÇUDE
TAPEROÁ II, SEMI-ÁRIDO PARAIBANO,
BRASIL
Aprovado em: ______/______/______
BANCA EXAMINADORA
_____________________________ _______________________________
Dr. Ricardo de Souza Rosa Dra. Sathyabama Chellappa
(UFPB) (UFRN)
Examinador Examinador(a)
_______________________________________
Dr. Maria Cristina Crispim Basílio da Silva
(UFPB)
Orientador(a)
______________________________ ______________________________
Roberto Sassi Dr. Francisco José Pegado Abílio
(UFPB) (UFPB)
(Examinador – Suplente) (Examinador – Suplente)
Montenegro, A. K. A., 2007. Biecologia da ictiofauna do açude Taperoá II...
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A Deus, a minha família, a Nilson e à vida...
Montenegro, A. K. A., 2007. Biecologia da ictiofauna do açude Taperoá II...
2
Agradecimentos
Primeiramente a Deus por ter me dado forças e saúde para realizar este
trabalho, e entusiasmo para encarar os próximos que virão.
Aos meus pais, Roseane e Geraldo por terem me apoiado e tido muita
paciência, e compreensão comigo, durante todo este tempo da minha vida.
A Paulinho, meu IRMÃO, que eu tanto amo e sempre me apóia em tudo que
faço, alegrando os meus dias com a sua companhia. Assim como, ao meu novo
irmão Juninho por tornar a minha vida mais doce.
Aos meus avós (Geraldo Dias e João Belísio – in memorian, Creusa – minha 2ª
mãe e Lêda) tios, tias (Ceicinha, Lêdinha e Magna, principalmente), meus primos e
demais familiares por terem acreditado em mim e me apoiado.
A Nilson por todo amor, carinho, paciência e dedicação que me tem
dispensado nesta curta, mas especial convivência.
À professora, amiga e orientadora Drª. Maria Cristina Crispim, carinhosamente
Cris, pela orientação e ensinamentos, pela atenção que me tem tido, apoio,
incentivo, calma, respeito, e principalmente, pelo exemplo de humildade,
competência e dedicação ao que faz.
A professora, amiga e co-orientadora Drª Malva Isabel Medina Hernandez que
veio a agregar muitos conhecimentos na construção deste trabalho, sempre me
contagiando com a sua boa energia ao trabalhar. Obrigada também pela
reciptividade durante a minha estadia em Florianópolis, paciência e primeiros
ensinamentos em Estatística.
A Jane Torelli por todo o apoio, orientação, além do carinho, atenção,
paciência, amizade, incentivo, assim como, pelo exemplo de profissional e pessoa
que é, pelos primeiros ensinamentos em ictiologia e muitos outros que servirão para
o resto da minha vida.
Ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas – área de
concentração Zoologia, pelo apoio fornecido;
À CAPES pela bolsa concedida.
Ao PELD/Caatinga – Estrutura e Funcionamento pelo fomento para realização
deste trabalho.
Ao Laboratório de Ecologia Aquática pela infra-estrutura disponibilizada.
Aos Profs. Drs., Takako Watanabe, José Etham de Lucena Barbosa (UEPB)
pelas primeiras orientações na minha caminhada científica e ao Prof. Dr. Francisco
José Pegado Abílio (UFPB) pelos ensinamentos valorosos e orientação ao longo da
licenciatura, bibliografia, incentivo e amizade, além da identificação dos
macroinvertebrados bentônicos deste trabalho.
Ao professor Dr. Ricardo de Souza Rosa pela identificação de algumas
espécies de peixes.
Aos meus amigos e colegas do Laboratório de Ecologia Aquática: Carol e
Lydiane (amigas e companheiras de mestrado), Sofia, Flávia, Bianca, Aline,
Michelle, Liliane, Neto, Betinho, Antonio, Hugo, Hênio, Thiago, Márcio, Feliz,
Francisco, a técnica Creuza e a todos que já passaram pelo Laboratório, e que de
alguma forma colaboraram com o meu trabalho.
A Artur, Darlan e Leonardo, que além de companheiros de Laboratório,
auxiliaram-me na identificação dos macroinvertebrados bentônicos e do
zooplâncton.
A Randolpho, meu amigão e companheiro de Ictiologia, que desde o início
esteve presente colaborando e descontraindo a nossa rotina diária para que tudo
Montenegro, A. K. A., 2007. Biecologia da ictiofauna do açude Taperoá II...
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saísse da melhor forma possível, e que principalmente, me deu a mão nas horas
mais difíceis.
Aos professores da graduação e pós-graduação pelos ensinamentos e
experiências transmitidas, que com certeza se refletiram neste trabalho e
certamente, em toda a minha vida profissional.
Aos meus amigos e colegas de turma de graduação e pós-graduação.
Aos motoristas que nos conduziram ao local das coletas, Ivanildo, Reginaldo e
Ednaldo.
Ao pescador que nos auxiliou nas coletas, Isaías.
Ao apoio dado pela comunidade ribeirinha do açude Taperoá II, ambiente de
estudo deste trabalho, principalmente, ao garoto Márcio e o Sr. Manoel - os
canoeiros, que juntamente com a sua família, nos acolheram e colaboraram para a
realização deste trabalho.
OBRIGADA A TODOS!!!
Ana Karla A. Montenegro
Montenegro, A. K. A., 2007. Biecologia da ictiofauna do açude Taperoá II...
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Eh... Taperoá...
Tanta coisa pra contar
Tanta estrada para andar
Muita coisa pra fazer
Muitos dados a coletar
Eh... Taperoá...
Terra de gente retada
Gente que vive sorrindo
Contando histórias
Em uma terra cheia de lendas
Todas centradas na água
Que a seca todo ano relembra
A dor da fome se mágoa...
Eh... Taperoá...
Terra de gente retada
Terra de gente sofrida
Das latas às rodilhas
Das piabas aos curimatãs
A seca que mata a novilha
É a mesma que seca os açudes
A mesma que faz armadilha
Para nós pesquisadores estudar...
Eh... Taperoá...
Terra de gente retada
Terra de gente sofrida
Terra de seca danada...
Água que é fonte de vida
Vida cheia de encanto
Peixes, zoo e fitoplâncton
Cadeia bem atrevida
Da base vem a energia
Para o ventre vai a esperança
Que converte tudo em bonança
Fartura para toda esta gente
Em tudo encontrar sobrevivente
Na cara sorrisos de quem um dia
Fome passou sem anestesia...
Eh... Taperoá...
Terra de gente retada
Terra de gente sofrida
Terra de seca danada
Terra de sol que castiga
Um dia quero voltar para lá
Comer bode com o Primo
Tudo que me faz recordar
Beber a água coada
Ouvir a alegria do povo
Ver um mundo novo
Que nasce no caminho das águas
Ter a certeza que fiz minha parte
Estudando isto que é arte
De modo a fazer da cidade
Referência sem igualdade
Eh... Taperoá...
Terra de gente retada
Terra de gente sofrida
Terra de seca danada
Terra de sol que castiga
Terra... É o que resta
Se de nada for feito
Para acabarmos com o desrespeito
Em nossos mananciais...
Ênio Wocyli Dantas (24/01/2007)
Montenegro, A. K. A., 2007. Biecologia da ictiofauna do açude Taperoá II...
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Localização do açude Taperoá II, Taperoá - PB, semi-árido. ................................5
Figura 2. Visão geral do açude Taperoá II, Taperoá – PB, durante o período de estiagem,
outubro de 2005......................................................................................................6
Figura 3. Vegetação dominante no semi-árido paraibano, caatinga arbustiva arbórea
aberta, outubro de 2006..........................................................................................7
Figura 4. Índices pluviométricos do município de Taperoá – PB, registrados durante o
período
estudado..................................................................................................................8
Figura 5. Volume do açude Taperoá II, Taperoá – PB, durante o período
estudado..................................................................................................................9
CAPITULO I
Figura 1. Composição da ictiofauna do açude Taperoá II, Taperoá – PB ao longo do
período estudado ..........................................................................................23 e 24
Figura 2. Abundância relativa das famílias de peixes do açude Taperoá II, Taperoá – PB,
durante o período estudado..................................................................................27
Figura 3. Biodiversidade da ictiofauna do açude Taperoá II, Taperoá – PB, durante o
período
estudado................................................................................................................31
Figura 4. Dendrograma de similaridade de Bray-Curtis da ictiofauna do açude Taperoá II,
Taperoá - PB, entre os meses analisados............................................................33
CAPITULO II
.
Figura 1. Diagramas de caixa indicando a distribuição dos valores do Comprimento Padrão
(cm) das espécies constantes do açude Taperoá II, Taperoá – PB, durante o
período estudado ..................................................................................................47
Figura 2. Freqüência de ocorrência de Leporinus piau por classes de comprimento no
período
estudado................................................................................................................48
Figura 3. Freqüência de ocorrência de Astyanax bimaculatus por classes de comprimento
no período estudado..............................................................................................50
Figura 4. Freqüência de ocorrência de Astyanax fasciatus por classes por comprimento no
período estudado...................................................................................................51
Figura 5.
Freqüência de ocorrência de Characidium bimaculatum por classes de
comprimento durante o período estudado.............................................................52
.
Figura 6. Freqüência de ocorrência de Steindachnerina notonota por classes de
comprimento durante o período estudado.............................................................53
Figura 7. Freqüência de ocorrência Hoplias malabaricus por classe por comprimento
durante o período estudado..................................................................................54
Figura 8. Freqüência de ocorrência de Poecilia vivipara em classes por comprimento
durante o período estudado..................................................................................55
Montenegro, A. K. A., 2007. Biecologia da ictiofauna do açude Taperoá II...
6
Figura 9. Freqüência de ocorrência de Oreochromis niloticus por classes de comprimento
durante o período estudado..................................................................................56
Figura 10. Relação peso-comprimento de Leporinus piau do açude Taperoá II, Taperoá –
PB, durante o período estudado............................................................................58
Figura 11. Relação peso-comprimento de Astyanax bimaculatus do açude Taperoá II,
Taperoá – PB, durante o período estudado..........................................................59
Figura 12. Relação peso-comprimento de Astyanax fasciatus do açude Taperoá II, Taperoá
– PB, durante o período estudado.........................................................................60
Figura 13. Relação peso-comprimento de Characidium bimaculatum do açude Taperoá II,
Taperoá – PB, durante o período estudado..........................................................60
Figura 14. Relação peso-comprimento de Steindachnerina notonota do açude Taperoá II,
Taperoá – PB, durante o período estudado..........................................................61
Figura 15. Relação peso-comprimento de Hoplias malabaricus do açude Taperoá II, Taperoá
– PB, durante o período estudado.........................................................................62
Figura 16. A e B - Relação peso-comprimento de Poecilia vivipara do açude Taperoá II,
Taperoá – PB, durante o período estudado..........................................................63
Figura 17. Relação peso-comprimento de Oreochromis niloticus do açude Taperoá II,
Taperoá – PB, durante o período estudado..........................................................64
Figura 18. Proporção sexual de Leporinus piau do açude Taperoá II, Taperoá – PB, durante
o período estudado................................................................................................65
Figura 19. Proporção sexual de Astyanax bimaculatus do açude Taperoá II, Taperoá – PB,
durante o período estudado..................................................................................66
Figura 20. Proporção sexual de Astyanax fasciatus
do açude Taperoá II, Taperoá – PB,
durante o período estudado..................................................................................67
Figura 21. Proporção sexual de Characidium bimaculatum do açude Taperoá II, Taperoá –
PB, durante o período estudado............................................................................68
Figura 22. Proporção sexual de Steindachnerina notonota do açude Taperoá II, Taperoá –
PB, durante o período estudado............................................................................70
Figura 23. Proporção sexual de Hoplias malabaricus do açude Taperoá II, Taperoá – PB,
durante o período estudado..................................................................................71
Figura 24. Proporção sexual de Poecilia vivipara do açude Taperoá II, Taperoá – PB,
durante o período estudado..................................................................................72
Figura 25. Proporção sexual de Oreochromis niloticus do açude Taperoá II, Taperoá – PB,
durante o período estudado..................................................................................73
CAPITULO III
Figura 1. Atividade alimentar X atividade reprodutiva de L. piau do açude Taperoá II,
Taperoá – PB, durante o período estudado..........................................................86
Figura 2. Atividade alimentar X atividade reprodutiva de A. bimaculatus do açude Taperoá
II, Taperoá – PB, durante o período estudado......................................................87
Figura 3. Atividade alimentar X atividade reprodutiva de A. fasciatus do açude Taperoá II,
Taperoá – PB, durante o período estudado..........................................................88
Montenegro, A. K. A., 2007. Biecologia da ictiofauna do açude Taperoá II...
7
Figura 4. Atividade alimentar X atividade reprodutiva de C. bimaculatum do açude Taperoá
II, Taperoá – PB, durante o período estudado......................................................89
Figura 5. Atividade alimentar X atividade reprodutiva de S. notonota do açude Taperoá II,
Taperoá – PB, durante o período estudado..........................................................90
Figura 6. Atividade alimentar X atividade reprodutiva de H. malabaricus do açude Taperoá
II, Taperoá – PB, durante o período estudado......................................................91
Figura 7. Atividade alimentar X atividade reprodutiva de P.vivipara do açude Taperoá II,
Taperoá – PB, durante o período estudado..........................................................92
Figura 8. Atividade alimentar X atividade reprodutiva de O. niloticus do açude Taperoá II,
Taperoá – PB, durante o período estudado..........................................................92
Figura 9. Alguns itens alimentares ingeridos pela ictiofauna do açude Taperoá II, Taperoá –
PB, durante o período estudado....................................................................95 e 96
Figura 10. Mapa espacial referente às dietas alimentares das espécies analisadas no
período de estiagem de 2005, açude Taperoá II, Taperoá – PB........................124
Figura 11. Mapa espacial referente às dietas alimentares das espécies analisadas no
período chuvoso de 2006, açude Taperoá II, Taperoá – PB...............................125
Figura 12. Mapa espacial referente às dietas alimentares das espécies analisadas no
período de estiagem de 2006, açude Taperoá II, Taperoá – PB........................126
.
Figura 13. Teia alimentar da ictiofauna do açude Taperoa II, Taperoá – PB durante o período
estudado..............................................................................................................128
Figura 14. Espécies de peixes de pequeno porte (Characidium bimaculatum e Poecilia
vivipara, principalmente), capturadas em meio a macrófita Ceratophylum sp....129
LISTA DE TABELAS
CAPITULO I
Tabela I. Composição da ictiofauna registrada no açude Taperoá II, Taperoá - PB,
durante o período estudado, com os seus respectivos nomes
populares..................................................................................................................... .22
Tabela II. Abundância de indivíduos da ictiofauna do açude Taperoá II, Taperoá – PB,
coletados durante o período estudado..........................................................................26
Tabela III. Índice de constância das espécies coletadas no açude Taperoá II, Taperoá -
PB, durante o período estudado....................................................................................29
CAPITULO II
Tabela I. Tabela de contingência mostrando a relação entre a proporção sexual de
Leporinus piau do açude Taperoá II, Taperoá – PB, durante o período
estudado........................................................................................................................65
Tabela II. Tabela de contingência mostrando relação entre a proporção sexual de
Astyanax bimaculatus do açude Taperoá II, Taperoá – PB, durante o período
estudado........................................................................................................................67
Montenegro, A. K. A., 2007. Biecologia da ictiofauna do açude Taperoá II...
8
Tabela III. Tabela de contingência mostrando a relação entre a proporção sexual de
Astyanax fasciatus do açude Taperoá II, Taperoá – PB, durante o período
estudado........................................................................................................................68
Tabela IV. Tabela de contingência mostrando a relação entre a proporção sexual de
Characidium bimaculatum do açude Taperoá II, Taperoá – PB, durante o período
estudado........................................................................................................................69
Tabela V. Tabela de contingência mostrando a relação entre a proporção sexual de
Steindachnerina notonota do açude Taperoá II, Taperoá – PB, durante o período
estudado........................................................................................................................70
Tabela VI. Tabela de contingência mostrando a relação entre a proporção sexual de
Hoplias malabaricus do açude Taperoá II, Taperoá – PB, durante o período estudado
.......................................................................................................................................71
Tabela VII. Tabela de contingência mostrando a relação entre a proporção sexual de
Poecilia vivipara do açude Taperoá II, Taperoá – PB, durante o período estudado.....72
Tabela VIII. Tabela de contingência mostrando a relação entre a proporção sexual de
Oreochromis niloticus do açude Taperoá II, Taperoá – PB, durante o período
estudado........................................................................................................................74
LISTA DE QUADROS
CAPÍTULO III
Quadro I. Relação da freqüência de ocorrência (Fo), freqüência de pontos (Fp) e
Índice de importância alimentar (IAi) dos itens alimentares de Leporinus piau
registrados no açude Taperoá II, Taperoá – PB, durante o período
estudado................................................................................................................97 a 99
Quadro II. Relação da freqüência de ocorrência (Fo), freqüência de pontos (Fp) e
Índice de importância alimentar (IAi) dos itens alimentares de Astyanax bimaculatus
registrados no açude taperoá II, Taperoá – PB, durante o período
estudado............................................................................................................100 a 102
Quadro III. Relação da freqüência de ocorrência (Fo), freqüência de pontos (Fp) e
Índice de importância alimentar (IAi) dos itens alimentares de Astyanax fasciatus,
registrados no açude taperoá II, Taperoá – PB, durante o período
estudado............................................................................................................105 e 106
Quadro IV. Relação da freqüência de ocorrência (Fo), freqüência de pontos (Fp) e
Índice de importância alimentar (IAi) dos itens alimentares de Characidium
bimaculatun, registrados no açude Taperoa II, Taperoá – PB, durante o período
estudado............................................................................................................107 e 108
Quadro V. Relação da freqüência de ocorrência (Fo), freqüência de pontos (Fp) e
Índice de importância alimentar (IAi) dos itens alimentares de
Steindachnerina
notonota, registrados no açude Taperoá II, Taperoá – PB, durante o período
estudado............................................................................................................110 a 112
Quadro VI. Relação da freqüência de ocorrência (Fo), freqüência de pontos (Fp) e
Índice de importância alimentar (IAi) dos itens alimentares de Hoplias malabaricus,
registrados no açude taperoa II, Taperoá – PB, durante o período
estudado......................................................................................................................113
Quadro VII. Relação da freqüência de ocorrência (Fo), freqüência de pontos (Fp) e
Índice de importância alimentar (IAi) dos itens alimentares de Poecilia vivipara,
registrados no açude Taperoa II, Taperoá – PB, durante o período
estudado............................................................................................................115 a 117
Montenegro, A. K. A., 2007. Biecologia da ictiofauna do açude Taperoá II...
9
Quadro VIII. Relação da freqüência de ocorrência (Fo), freqüência de pontos (Fp) e
Índice de importância alimentar (IAi) dos itens alimentares de Oreochromis niloticus,
registrados no açude Taperoá II, Taperoá – PB, durante o período
estudado............................................................................................................118 a 120
Quadro IX. Abundância da ictiofauna por categoria trófica no açude Taperoá II durante
o período
estudado......................................................................................................................128
Montenegro, A. K. A., 2007. Biecologia da ictiofauna do açude Taperoá II...
10
SUMÁRIO
RESUMO
ABSTRACT
1. INTRODUÇÃO GERAL...................................................................................................1
2. OBJETIVOS.................................................................................................................4
2.1. OBJETIVO GERAL..........................................................................................4
2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS...............................................................................4
3. ÁREA DE ESTUDO.......................................................................................................5
4. COLETAS DOS ESPÉCIMES...........................................................................................8
5. REFERÊNCIAS...........................................................................................................11
CAPÍTULO I
1. INTRODUÇÃO............................................................................................................17
2. OBJETIVOS...............................................................................................................19
3. MATERIAL E MÉTODOS..............................................................................................19
3.1. COMPOSIÇÃO DA ICTIOFAUNA......................................................................19
3.2. ABUNDÂNCIA E DOMINÂNCIA DA ICTIOFAUNA................................................19
3.3. CONSTÂNCIA DAS ESPÉCIES........................................................................20
3.4. ANÁLISE DA DIVERSIDADE ÍCTICA................................................................20
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO......................................................................................22
4.1. C
OMPOSIÇÃO DA ICTIOFAUNA................................................................................22
4.2. A
NÁLISE DA DIVERSIDADE ÍCTICA...........................................................................30
5. C
ONCLUSÕES...........................................................................................................34
6. R
EFERÊNCIAS...........................................................................................................35
CAPÍTULO II
1. INTRODUÇÃO............................................................................................................41
2. OBJETIVOS...............................................................................................................43
3. MATERIAL E MÉTODOS..............................................................................................43
3.1. ESTRUTURA EM CLASSES DE COMPRIMENTO...........................................................43
3.2. RELAÇÃO PESO-COMPRIMENTO.............................................................................43
3.3. PROPORÇÃO SEXUAL............................................................................................44
4. R
ESULTADOS E DISCUSSÃO......................................................................................46
Montenegro, A. K. A., 2007. Biecologia da ictiofauna do açude Taperoá II...
11
4.1. ESTRUTURA EM CLASSES DE COMPRIMENTO................................................46
4.1.1. Leporinus piau..........................................................................47
4.1.2. Astyanax bimaculatus..............................................................49
4.1.3. Astyanax fasciatus...................................................................50
4.1.4. Characidium bimaculatum.......................................................51
4.1.5. Steindachnerina notonota........................................................52
4.1.6. Hoplias malabaricus.................................................................54
4.1.7. Poecilia vivipara........................................................................53
4.1.8. Oreochromis niloticus..............................................................56
4.2. RELAÇÃO PESO-COMPRIMENTO..................................................................57
4.2.1. Leporinus piau..........................................................................58
4.2.2. Astyanax bimaculatus..............................................................58
4.2.3. Astyanax fasciatus...................................................................59
4.2.4. Characidium bimaculatum.......................................................60
4.2.5. Steindachnerina notonota........................................................61
4.2.6. Hoplias malabaricus.................................................................61
4.2.7. Poecilia vivipara........................................................................62
4.2.8. Oreochromis niloticus..............................................................63
4.3. PROPORÇÃO SEXUAL..................................................................................64
4.3.1. Leporinus piau..........................................................................64
4.3.2. Astyanas bimaculatus..............................................................66
4.3.3. Astyanax fasciatus....................................................................67
4.3.4. Characidium bimaculatum.......................................................68
4.3.5. Steindachnerina notonota........................................................69
4.3.6. Hoplias malabaricus.................................................................70
4.3.7. Poecilia vivipara........................................................................72
4.3.8. Oreochromis niloticus..............................................................73
5. CONCLUSÕES...........................................................................................................75
6. REFERÊNCIAS...........................................................................................................76
CAPÍTULO III
1. INTRODUÇÃO............................................................................................................80
2. OBJETIVOS...............................................................................................................82
3. MATERIAL E MÉTODOS..............................................................................................82
Montenegro, A. K. A., 2007. Biecologia da ictiofauna do açude Taperoá II...
12
3.1. ÉPOCAS E LOCAL DE COLETA.....................................................................82
3.2. ATIVIDADE ALIMENTAR X ATIVIDADE REPRODUTIVA......................................82
3.3. ANÁLISE DO CONTEÚDO ESTOMACAL...........................................................83
3.4. SOBREPOSIÇÃO DE NICHOS ECOLÓGICOS.....................................................84
3.5. TEIA ALIMENTAR..........................................................................................85
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO.......................................................................................86
4.1. RELAÇÃO ENTRE A ATIVIDADE ALIMENTAR X REPRODUTIVA DAS ESPÉCIES....86
4.1.1. Leporinus piau...........................................................................86
4.1.2. Astyanax bimaculatus...............................................................87
4.1.3. Astyanax fasciatus.....................................................................88
4.1.4. Characidium bimaculatum.........................................................89
4.1.5. Steindachnerina notonota.........................................................89
4.1.6. Hoplias malabaricus..................................................................90
4.1.7. Poecilia vivipara.........................................................................91
4.1.8. Oreochromis niloticus...............................................................92
4.2. ANÁLISE DO CONTEÚDO ESTOMACAL............................................................94
4.2.1. DIETA ALIMENTAR DE Leporinus piau............................................97
4.2.2. DIETA ALIMENTAR DE Astyanax bimaculatus.............................100
4.2.3. DIETA ALIMENTAR DE Astyanax fasciatus..................................104
4.2.4. DIETA ALIMENTAR DE Characidium bimaculatum......................107
4.2.5. D
IETA ALIMENTAR DE Steindachnerina notonota.......................109
4.2.6. D
IETA ALIMENTAR DE Hoplias malabaricus................................113
4.2.7. D
IETA ALIMENTAR DE Poecilia vivipara.......................................115
4.2.8. D
IETA ALIMENTAR DE Oreochromis niloticus.............................118
4.2.9. DIETA ALIMENTAR DE Hypostomus SP., Cichlassoma orientale E
Prochilodus brevis.............................................................................121
4.3. SOBREPOSIÇÃO DE NICHOS ECOLÓGICOS....................................................123
4.4. TEIA ALIMENTAR.........................................................................................127
5. CONCLUSÕES...........................................................................................................132
6. REFERÊNCIAS...........................................................................................................134
A
NEXO..............................................................................................................................I
Montenegro, A. K. A., 2007. Biecologia da ictiofauna do açude Taperoá II...
13
RESUMO
As características climáticas do semi-árido paraibano restringem a composição
ictiofaunística às espécies capazes de subsistirem às suas condições adversas. Os
vários aspectos da estratégia de vida das espécies podem ser interpretados a partir
de análises da estrutura populacional, enquanto que, estudos de alimentação de
peixes, proporcionam informações acerca do funcionamento trófico de um
ecossistema, já que estes têm função chave nas cadeias alimentares. O presente
trabalho tem por objetivo analisar a diversidade, a estrutura populacional e a
estrutura alimentar da ictiofauna do açude Taperoá II, bacia do rio Taperoá, semi-
árido paraibano, ao longo de um ciclo hidrológico anual. Foram realizadas seis
coletas entre os meses de outubro de 2005 e outubro de 2006. A ictiofauna do
açude Taperoá II foi representada por 11 táxons específicos, sendo a maioria
constante durante o estudo. A diversidade foi considerada média e relativamente
constante. Espécimes jovens e adultos de quatro espécies foram capturados
principalmente, em outubro de 2006 (estiagem), indicando um recrutamento recente.
As espécies Astyanax bimaculatus e Oreochromis niloticus apresentaram um
crescimento do tipo alométrico positivo, enquanto que o de Hoplias malabaricus foi
isométrico e as demais apresentaram crescimento alométrico negativo. As espécies
cujas populações apresentaram uma maior proporção de fêmeas foram mais
freqüentemente capturadas. A maioria das espécies não interrompeu ou diminuiu a
sua atividade alimentar durante o período reprodutivo. Análises acerca da dieta
alimentar revelaram sete categorias tróficas: onívoro, Leporinus piau; onívoro com
tendência a herbivoria, A. bimaculatus e A. fasciatus; onívoro com tendência a
planctivoria, O. niloticus; herbívoro, Poecilia vivipara; insetívoro, Characidium
bimaculatum; carnívoro, H. malabaricus; e detritívoro, Steindachnerina notonota,
contudo a maioria foi onívora. Na estiagem de 2005 observou-se sobreposição
alimentar entre as espécies A. bimaculatus, A. fasciatus e L. piau; e entre P. vivipara
e C. bimaculatum; no período chuvoso de 2006, entre A. bimaculatus, A. fasciatus,
L. piau, S. notonota, P. vivipara e O. niloticus, provavelmente ocasionada pelo maior
volume de água do açude que dificultou as chances dos peixes encontrarem suas
presas; enquanto que, no período de estiagem de 2006 observou-se sobreposição
entre as espécies A. bimaculatus, A. fasciatus e P. vivipara.
Palavras chave: ictiofauna, diversidade, estrutura populacional, dieta alimentar, semi-árido.
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14
ABSTRACT
Climatic caracteristics of paraiban semi-arid region decreased the icthyofauna to
resistant species to these adverse environmental conditions. The different aspects of
species life history are known, through the population structure analyzes, while that,
studies about fish feeding gives us information about trophic function of an
environment, since these have function key in the alimentary chains. The aim of this
work is to analyze the diversity, population structure and feeding habits of
ichthyofauna of Taperoa II dam, basin of the river Taperoá, in paraiban semi arid
region, along a annual hidrological cycle. Six collections had been enters the months
of october of 2005 and october of 2006. The ichthyofauna was represented by 11
specifics taxons, being most constant along the study. Diversity was considered
medium and relatively constant. Juveniles and adult specimens of four species were
caught, especially in October 2006 (dry period), showing a recent recruitment. The
species Astyanax bimaculatus and Oreochromis niloticus presented a positive
alometric growth, while for Hoplias malabaricus it was isometric and for others,
negative alometric. Species which were represented mainly for female, had been
more frequent captured. The majority of species did not stop or decreased their
feeding activity during the reproduction period. Food diet analysis revealed seven
trophic classification habits: omnivorous, Leporinus piau; omnivorous with
herbivorous tendency, A. bimaculatus and A. fasciatus; omnivorous with
planktivorous tendency, O. niloticus; herbivorous, Poecilia vivipara; insectivorous,
Characidium bimaculatum; carnivorous; and detritivorous, Steindachnerina notonota,
nevertheless the majority was omnivorous. In the dry period of 2006 food overlap
was observed among the species A. bimaculatus, A. fasciatus and L. piau; and
between P. vivipara e C. bimaculatum; in the rainy period among A. bimaculatus, A.
fasciatus, L. piau, S. notonota, P. vivipara and O. niloticus, probably due the higher
amount of water present in the environment which decreased the probability of prey
encountering. In the dry period of 2006, niche overlap was observed among the
species A. bimaculatus, A. fasciatus and P. vivipara.
Key Words: ichthyofauna, diversity, population structure, diet food, semi arid.
Montenegro, A. K. A., 2007. Biecologia da ictiofauna do açude Taperoá II...
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1. INTRODUÇÃO GERAL
Diante da grande diversidade de espécies, heterogeneidade, abundância e
mobilidade, os peixes têm uma função chave nas cadeias alimentares dos
ecossistemas aquáticos (SOARES et al., 1986), sendo muitas vezes um importante
parâmetro biológico na caracterização trófica do ecossistema aquático (DIAS et al.,
2005). Contudo, estima-se que este grupo já perdeu cerca de 20% da sua
diversidade mundial, principalmente pela degradação dos habitats, a sobrepesca
dos estoques e a introdução de espécies exóticas, (FERNANDO, 1991; LATINI,
2001), assim como, segundo Rosa et al. (2005), os programas de erradicação de
espécies, que possivelmente levaram a desestruturação ou até mesmo a extinção
de espécies nativas.
De acordo com Cunico et al. (2002), regiões tropicais são caracterizadas por
variações sazonais relativamente pequenas na temperatura e fotoperíodo em
comparação com ambientes de regiões temperadas, entretanto, a dinâmica destas é
dada principalmente pelo regime dos ventos e flutuações das chuvas.
Segundo Agostinho et al. (2007), as espécies de peixes neotropicais
apresentam elevada plasticidade trófica, bem como reprodutiva, ocasionando
apenas modificações na composição e estrutura da assembléia, impedindo que
ocorram extinções massivas.
Em comunidades de peixes tropicais de água doce, os principais agentes
seletivos parecem ser os efeitos bióticos da competição por recursos (alimento e
espaço físico) e a predação, interagindo com os efeitos abióticos da seca, da
dessecação e da desoxigenação (LOWE-McCONNEL, 1987).
Segundo Britski et al. (1984), as águas interiores do Brasil ocupam uma área
inundada de aproximadamente três milhões de hectares, esses autores estimam que
tais ambientes sejam habitados por milhares de espécies de peixes e ressaltam
ainda que o Brasil contém a mais rica ictiofauna de água doce do mundo, porém,
segundo Menezes (1996), a avaliação e compreensão dessa rica diversidade são
negativamente afetadas pelo conhecimento incompleto de sua ecologia, biologia e
sistemática.
Segundo Rosa et al. (2005), a ictiofauna da Caatinga inclui representantes de
diferentes grupos neotropicais típicos, mas que com exceção dos peixes da família
Montenegro, A. K. A., 2007. Biecologia da ictiofauna do açude Taperoá II...
2
Rivulidae, apresenta-se bem menos diversificada quando comparada à de outros
ambientes brasileiros.
Na região do semi-árido do Nordeste brasileiro, mais conhecida como
Polígono das Secas, na qual se acham incluídos 9 estados da Federação (área total
de 936.993 km
2
), correspondente a 11% do território nacional, o Departamento
Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS) vem construindo açudes desde 1909.
Estes têm sido utilizados para múltiplos fins, como a irrigação, a energia elétrica, o
abastecimento público, o controle de enchentes, a perenização dos rios, a
agricultura de vazante, a recreação e a produção de pescado (GURGEL, 2006).
Os açudes, por serem ecossistemas artificiais, modificam diferentes aspectos
de uma bacia hidrográfica, alterando desde os parâmetros físicos e químicos da
água até a estrutura das comunidades de peixes. Muitas vezes, a barragem constitui
uma barreira intransponível para os peixes, isolando áreas que certas espécies
freqüentavam para a reprodução ou em busca de alimento, sendo as espécies de
piracema as mais afetadas (SMITH & PETRERE JÚNIOR, 2001).
O monitoramento biológico da ictiofauna é essencial para identificar as
respostas do ambiente aos impactos causados pela ação antrópica, além de
fornecer subsídios para a regulamentação dos usos dos recursos hídricos,
possibilitando o desenvolvimento de alternativas para minimizar a degradação dos
mesmos (ANGERMEIER & KARR, 1984).
Segundo Villacorta-Correa & Saint-Paul (1999), o entendimento da biologia e
do ciclo de vida da ictiofauna é um fator essencial para o estabelecimento de
políticas adequadas para a regulamentação da pesca, bem como, para a viabilidade
dos cultivos.
A falta de conhecimento acerca da ictiofauna de água doce Neotropical é
mais evidente quando se considera a região Nordeste do Brasil (SÁ, 2000). Nesta
região, estudos relacionados com a ictiofauna vêm sendo desenvolvidos, visando,
principalmente, subsidiar a exploração comercial e/ou criação de espécies de peixes
para o repovoamento de reservatórios (RODRIGUES, 1987).
No cariri paraibano, mais especificamente, vários estudos vêm sendo
desenvolvidos em diversos ecossistemas, conforme demonstram os trabalhos
realizados por Torelli et al. (2002; 2004), Siqueira et al. (2003), Cardoso et al, (2003;
2005), Marinho et al. (2004; 2005a e 2005b), Chaves (2004), Montenegro et al.
(2005; 2007), Silva et al. (2005), dentre outros, com o apoio do PELD (Programa de
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3
Pesquisas Ecológicas de Longa Duração) – Caatinga - Estrutura e funcionamento.
Contudo, poucos trabalhos priorizaram a estrutura e dinâmica da assembléia de
peixes em um dado ambiente.
Segundo Marques et al. (2001), os estoques pesqueiros representam para o
homem uma importante fonte alimentar, sendo assim, de grande relevância garantir
e prolongar a exploração deste recurso, que vem sendo progressivamente
comprometido por ações antrópicas, como o barramento de rios, a poluição, o
desmatamento, dentre outras. Frente aos distúrbios que os ambientes aquáticos
sofreram nas últimas décadas e os conseqüentes impactos causados sobre a
ictiofauna, é cada vez mais relevante o entendimento da biologia e ecologia de
peixes nestes ecossistemas (FERREIRA, 2004).
Diante do exposto, faz-se necessário um estudo mais aprofundado sobre a
diversidade, estrutura populacional e alimentar da assembléia de peixes do açude
Taperoá II, semi-árido paraibano (Caatinga), considerando-se a escassez de
trabalhos que abordem esta perspectiva e a existência de espécies de importância
econômica para a região, como fontes importantes de proteína animal na dieta
alimentar da população local, bem como, sob o aspecto ecológico que as mesmas
desempenham neste ambiente.
O presente trabalho encontra-se estruturalmente dividido em três capítulos
isolados e complementares, permitindo delinear três futuros artigos: o primeiro
refere-se a uma análise da composição íctica do açude Taperoá II e a aplicação de
índices de biodiversidade, com a finalidade de se obter conhecimentos acerca das
espécies presentes no ambiente, suas relações entre si e com este; o segundo
capítulo propõe uma análise de aspectos da estrutura populacional das espécies de
peixes registradas constantemente, visando acompanhar a dinâmica das populações
no ambiente; o terceiro e último capítulo refere-se à determinação de aspectos da
atividade, dieta e regime alimentar das espécies, culminando com a elaboração de
uma teia alimentar que evidencia o papel de cada espécie no fluxo de energia. O
presente estudo em sua totalidade, e juntamente com os demais aqui mencionados
e os que estão em andamento, contribuirão com importantes subsídios para futuros
manejos ambientais na região.
Montenegro, A. K. A., 2007. Biecologia da ictiofauna do açude Taperoá II...
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2. OBJETIVOS
2.1. OBJETIVO GERAL
Objetivou-se analisar a diversidade, a estrutura populacional e a estrutura
alimentar da ictiofauna do açude Taperoá II, semi-árido paraibano, ao longo de um
ciclo hidrológico anual.
2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Capítulo I – Diversidade da ictiofauna
Definir a composição, riqueza, abundância, o grau de dominância e
constância da ictiofauna do açude;
Determinar os índices de diversidade, de equitabilidade e de similaridade de
espécies entre os meses de coleta;
Capítulo II – Estrutura e Dinâmica Populacionais (das espécies encontradas
constantemente):
Determinar a estrutura populacional das espécies, com base nas classes de
comprimento;
Estabelecer a relação peso-comprimento das espécies;
Determinar a proporção sexual entre os indivíduos das populações;
Capítulo III – Estrutura Alimentar (das espécies constantes):
Relacionar a atividade alimentar com o período reprodutivo das espécies;
Identificar a dieta e determinar o regime alimentar das espécies presentes no
açude Taperoá II;
Determinar a sobreposição de nichos ecológicos entre as espécies
analisadas;
Construir uma teia alimentar com base nas espécies analisadas e seus itens
alimentares.
Montenegro, A. K. A., 2007. Biecologia da ictiofauna do açude Taperoá II...
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3. ÁREA DE ESTUDO
A bacia do rio Taperoá (Fig. 1) situa-se no nordeste brasileiro, na porção
central do Estado da Paraíba. Os seus limites ocorrem com as bacias do Espinharas
e do Seridó a oeste, com a do Alto Paraíba do sul, com as bacias do Jacu e
Curimataú ao norte, e com a bacia do Médio Paraíba a leste. Seu principal rio é o
Taperoá, de regime intermitente, que nasce na Serra do Teixeira e desemboca no
rio Paraíba, no açude de Boqueirão (Presidente Epitácio Pessoa). A bacia drena
uma área de aproximadamente 7.316 Km
2
(PARAÍBA, 1997).
Figura 1 – Localização do açude Taperoá II, Taperoá - PB, semi-árido. Fonte: (Leonardo L. Ribeiro).
Barragem
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O açude Taperoá II é parte integrante da bacia do rio Taperoá e está situado
no município de Taperoá, na região central do Estado da Paraíba (Fig. 2), entre as
latitudes 07°11’44”S e 07°13’44”S e as longitudes 36°52’03”W e 36°50’09”W.
Encontra-se localizado a uma altitude de 578 m, possui uma capacidade máxima de
15.148.900 m
3
de acumulação, com profundidade máxima de 5,7 m e média de 1,4
m. A superfície do açude é de 4,6 km
2
, sendo utilizado, principalmente, para
abastecimento humano (PARAÍBA, 1997).
Figura 2 – Visão geral do açude Taperoá II, Taperoá – PB, durante o período de estiagem, outubro
de 2005 (Fonte: Ana Karla A. Montenegro).
A região do semi-árido paraibano apresenta duas estações climáticas bem
definidas, a chuvosa, com duração de três a quatro meses, e a de estiagem na
maior parte dos meses do ano (BARBOSA, 2002), compreendendo a região com os
menores índices pluviométricos do Brasil, cerca de 300 mm/ano (DANTAS et al.,
2003).
O clima da região é do tipo BSh’, o que indica um clima semi-árido, quente e
seco com estação chuvosa no verão-outono (KÖPPEN, 1900). Na bacia
predominam solos rasos, pedregosos, altamente suscetíveis à erosão e de alto risco
de salinização. A vegetação dominante é a caatinga arbustiva arbórea aberta, que
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se encontra bastante antropizada (Fig. 3), mostrando indicativos crescentes de
processos de desestruturação ambiental, social e econômica (BARBOSA, 2002).
Figura 3 – Vegetação dominante no semi-árido paraibano, caatinga arbustiva arbórea aberta,
outubro de 2006 (Foto: Ana Karla A. Montenegro).
Segundo Lacerda (2003), a importância do açude Taperoá II é representada
pelos seguintes papéis: ser a fonte de abastecimento de água do setor urbano, das
comunidades próximas a sua bacia, de algumas comunidades rurais e ainda de
outros municípios em épocas de seca; permitir a dessedentação animal; possibilitar
a irrigação e a prática de agricultura de vazante na época de estiagem; representar
uma fonte de alimentação; ofertar à comunidade próxima à sua bacia a chamada
água de gasto para os trabalhos domésticos (lavar louça, tomar banho e cozinhar); e
ainda servir como recurso para a lavagem de roupas. Além disso, o açude
representa uma fonte de renda através da comercialização da água bruta e de seus
produtos pesqueiros.
Montenegro, A. K. A., 2007. Biecologia da ictiofauna do açude Taperoá II...
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4. COLETAS DOS ESPÉCIMES
O trabalho de campo contou com o apoio logístico do PELD/Caatinga (Projeto
de Pesquisas Ecológicas de Longa Duração) - Estrutura e Funcionamento e do
Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas – Zoologia, da UFPB.
Conforme apresentado na figura 4, as coletas dos espécimes foram
realizadas durante os meses de outubro e dezembro de 2005, março e junho de
2006, e agosto e outubro de 2006 que correspondem, de acordo com os índices
pluviométricos determinados para a região, à estação de estiagem de 2005, à
chuvosa de 2006 e a de estiagem de 2006. Os dados das coletas foram agrupados
na referidas estações com o intuito de facilitar as análises.
Os índices pluviométricos do município de Taperoá e os dados de volume do
açude Taperoá II, foram fornecidos pelo Laboratório de Meteorologia e
Sensoriamento Remoto da Paraíba (LMRS-PB), disponíveis no site da Agência
Executiva de Gestão das Águas do Estado da Paraíba (AESA, 2007).
O volume do açude Taperoá II apresentou grandes oscilações ao longo do
estudo, de 3.930.838 m
3
em dezembro de 2005 a 15.148.900 m
3
em maio,
junho e
julho de 2006, (quando houve transbordamento ou sangramento, como o evento é
conhecido na região), contudo não chegou a secar completamente (Fig. 5).
Figura 4 – Índices pluviométricos do município de Taperoá – PB, registrados durante o período
estudado, (AESA, 2007). Períodos de amostragem: estação de estiagem 2005 (círculos vermelhos);
estação chuvosa de 2006 (círculos azuis); e de estiagem de 2006 (círculos vermelhos).
0,0
50,0
100,0
150,0
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250,0
300,0
350,0
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0
6
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Os espécimes de peixes foram coletados com as seguintes artes de pesca:
tarrafa (com malha de rede de 15 mm entre nós adjacentes), rede de arrasto e puçá
(confeccionados com sacos de nylon com 0,2 mm de abertura) e redes de espera
(malhas de 15, 20, 25, 35 e 40 mm, entre nós adjacentes). Estas redes foram
utilizadas para incluir toda a assembléia de peixes presente no ambiente, já que elas
capturam desde indivíduos de pequenos tamanhos até de grande porte.
As coletas foram realizadas durante 24 horas, com despescas das redes de
espera a cada 4 horas (em média), garantindo desta forma, uma maior fidelidade
nas amostragens, principalmente pelo fato das espécies apresentarem horários de
atividade próprios. A cada intervalo entre uma despesca e outra, foram utilizados
nas regiões marginais o puçá e a rede de arrasto, 30 e 15 vezes, respectivamente;
enquanto que, a tarrafa foi utilizada 10 vezes, tanto nas regiões marginais do açude
quanto nas mais profundas.
Após as coletas dos espécimes foi realizada a triagem, biometria e
etiquetagem dos espécimes. Das espécies identificadas, no próprio local, em cerca
de 38% do material coletado foram extraídas as vísceras para as análises gonadais
e estomacais, em seguida, foram fixadas com solução de formalina a 10%.
Posteriormente, foram transportados para o Laboratório de Ecologia
Aquática/DSE/UFPB, onde foi revisada a identificação taxonômica das espécies,
Figura 5 – Volume do açude Taperoá II, Taperoá – PB, durante o período estudado, AESA
(2007). Períodos de amostragem: estação de estiagem 2005 (círculos vermelhos); estação
chuvosa de 2006 (círculos azuis); e de estiagem de 2006 (círculos vermelhos).
0
2.000.000
4.000.000
6.000.000
8.000.000
10.000.000
12.000.000
14.000.000
16.000.000
Volume do açude (m3)
o
ut
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05
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z/
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ja
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ago/06
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t/06
Transbordamento
do açude
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baseando-se em Fowler (1954), Britiski et al. (1972; 1984), Vari (1991), Nakatani et
al., (2001), bem como, através de especialistas da área.
Nos espécimes não identificados no campo, injetou-se solução de formalina a
10% de imediato, ao longo de todo o corpo do animal e principalmente, na região
visceral. Alguns representantes das espécies analisadas foram enviados à Coleção
Ictiológica da UFPB.
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5. REFERÊNCIAS
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Montenegro, A. K. A., 2007. Biecologia da ictiofauna do açude Taperoá II...
16
CAPÍTULO I: DIVERSIDADE DA
ICTIOFAUNA DO AÇUDE TAPEROÁ II
Foto: Ana K. A. Montenegro
H
o
p
lias malabaricus
(
Bloch
,
1794
)
Montenegro, A. K. A., 2007. Biecologia da ictiofauna do açude Taperoá II...
17
1. INTRODUÇÃO
A Região Neotropical, que possui a maior diversidade de peixes do planeta,
foi ironicamente a que recebeu a maior quantidade de espécies exóticas (25,3% do
total mundial), sendo o Brasil, o país com maior incidência dessas introduções, com
a finalidade de aumentar da produção pesqueira, incrementar a pesca esportiva e
para suprir as necessidades alimentares da população (AGOSTINHO & JÚLIO,
1996).
Segundo Paiva (1978), diversos fatores têm influenciado na redução da fauna
de água doce brasileira, como a ocupação do espaço físico, a crescente pressão
demográfica, a exploração florestal, bem como, a destruição dos ecossistemas.
A falta de conhecimento no que diz respeito à ictiofauna de água doce
Neotropical é mais evidente quando se considera a região Nordeste do Brasil. Em
mapas de distribuição de espécies, é comum observar lacunas na distribuição de
vários grupos na região Nordeste, simplesmente por não haver registro de coletas
na área (SANTOS, 2005).
Considera-se que no nordeste brasileiro está situado, indubitavelmente, o
habitat aquático mais alterado do país. Diante das características climáticas que se
impõem nesta região, já restringindo a composição ictiofaunística de seus rios aos
peixes capazes de subsistirem às suas condições adversas, também é nesta região
que o homem intencionalmente realizou as ações modificadoras mais drásticas do
Brasil. Dentre estas, destaca-se o longo processo de desmatamento ocorrido na
região (GURGEL et al., 2002), além das introduções de espécies exóticas, da prática
da açudagem e da erradicação de piranhas (ROSA et al.2005).
Dentre as micro-regiões do Nordeste, as regiões áridas ou semi-áridas sofrem
grandes limitações de seus recursos hídricos, devido em sua maioria, aos baixos
índices pluviométricos e à alta taxa de evaporação de suas águas o que aumenta os
processos de eutrofização. O fluxo de água pode oscilar desde a ausência total do
fluxo (seca) até grandes descargas da lâmina d’água (cheia) na maioria dos
ambientes.
Segundo Crispim & Watanabe (2000), o ciclo hidrológico tem início com o
período chuvoso, quando estes ambientes recebem água e em seguida, por meio da
evaporação, ela é perdida gradualmente, levando a uma alteração no estado trófico
do ambiente ao longo do tempo. Esses eventos exerceram importante papel na
Montenegro, A. K. A., 2007. Biecologia da ictiofauna do açude Taperoá II...
18
organização e funcionalidade destes ecossistemas, fazendo com que as espécies
presentes desenvolvam estratégias de sobrevivência, gerando muitas vezes
competições intra e inter-específica, alterações na estrutura das comunidades e na
disponibilidade de recursos alimentares presentes no meio (MEDEIROS, 1999).
Em decorrência desses eventos, nestas regiões foram construídos diversos
reservatórios por iniciativa do DNOCS (Departamento Nacional de Obras Contra as
Secas), com a finalidade de acumular água para o abastecimento, irrigação,
consumo animal e produção pesqueira, introduzindo diversas espécies exóticas,
principalmente a tilápia nilótica, sem qualquer monitoramento adequado (GURGEL,
1998).
Alguns estudos vêm sendo desenvolvidos acerca da diversidade de peixes
em diferentes ambientes do semi-árido paraibano, como Medeiros & Maltchik,
(1998); Medeiros, (1999); Costa, (2001); Torelli et al, (2002); Siqueira et al, (2003);
Cardoso et al. (2005), Marinho et al. (2004; 2005a, b; 2007) e Montenegro et al.
(2007).
Segundo Teixeira et al. (2005), a determinação da diversidade, especialmente
das assembléias de peixes e dos seus padrões de variações espaciais e temporais,
é de grande relevância para avaliar a qualidade ambiental, uma vez que os peixes
ocupam variadas posições na teia trófica.
O estudo de comunidades de um determinado ecossistema envolve uma
síntese dos fatores ambientais e das interações bióticas, que podem ser analisadas
sobre vários aspectos, utilizando-se parâmetros como diversidade, riqueza e
eqüitabilidade (WOOTTON, 1990).
Diante do apresentado faz-se necessário analisar e avaliar a diversidade das
populações de peixes do açude Taperoá II, semi-árido paraibano, por considerar o
relevante papel de cada espécie para a manutenção do equilíbrio deste
ecossistema, bem como, a grande importância destas para a economia da
população local.
Montenegro, A. K. A., 2007. Biecologia da ictiofauna do açude Taperoá II...
19
2. OBJETIVOS
Definir a composição, abundância, o grau de dominância de espécies e
constância da ictiofauna do açude Taperoá II;
Determinar os índices de diversidade, riqueza, equitabilidade e similaridade
de espécies entre os meses de coleta.
3. MATERIAL E MÉTODOS
3.1. C
OMPOSIÇÃO DA ICTIOFAUNA
Após a coleta dos espécimes foi realizada a triagem, medição, pesagem e
etiquetagem dos mesmos e a fixação com solução de formalina a 10%.
Posteriormente, foram transportados para o Laboratório de Toxicologia
Aquática/DSE/UFPB, onde foi revisada a identificação taxonômica das espécies,
baseando-se em Fowler (1948), Britiski et al. (1972; 1984), Vari (1991), Nakatani et
al., (2001), bem como, com auxílio de especialistas da área.
Alguns representantes das espécies analisadas foram depositados na
Coleção Ictiológica da UFPB (números de tombo: 6175, 6176, 6177, 6178, 6179,
6180, 6181, 6182, 6183, 6184 e 6185).
3.2. ABUNDÂNCIA E DOMINÂNCIA DA ICTIOFAUNA
A abundância da ictiofauna foi determinada de acordo com o número total de
indivíduos capturados por espécie e por coleta. Para verificar a variação na
freqüência de captura das diferentes espécies temporalmente, utilizou-se a
correlação de Spearman.
A fim de estabelecer o grau de dominância (D) entre as espécies aplicou-se o
Índice de Dominância de Simpson segundo McNaughton (1968):
Y/)yy(D 100
21
×
+
=
Onde:
y
1
= abundância da 1ª espécie mais abundante;
y
2
= abundância da 2º espécie mais abundante;
Montenegro, A. K. A., 2007. Biecologia da ictiofauna do açude Taperoá II...
20
Y= abundância total de todas as espécies.
3.3. CONSTÂNCIA DAS ESPÉCIES
Para a determinação das espécies constantes no açude Taperoá II durante o
período estudado, aplicou-se o Índice de Constância (C) (DAJOZ, 1973) que é
utilizado para a determinação das espécies residentes e migrantes, através da
fórmula:
(
)
100
×
=
PpC
Onde:
C = é o valor de Constância de cada espécie
p = é o numero de coletas contendo a espécie estudada
P = é o numero total de coletas efetuadas
No qual, uma espécie foi considerada constante quando apresentou o índice
de Constância (C) > 50%, entre 25 e 50% acessórias e quando (C) < 25 % foram
consideradas acidentais.
3.4. ANÁLISE DA DIVERSIDADE ÍCTICA
Para a determinação dos valores do índice de diversidade em cada coleta
calculou-se o índice de diversidade de Shannon (H’), utilizando-se logaritmos de base
2 (bits/ind). Segundo Pinto-Coelho (2000), quando o índice é maior do que 3 a
diversidade pode ser considerada alta; entre 3,0 e 2,0, a diversidade é média; entre
2,0 e 1,0 a diversidade é baixa e menor que 1,0 a diversidade é muito baixa.
Aplicou-se o índice de eqüitabilidade (E’) de Camargo com a finalidade de
determinar a distribuição dos indivíduos nas espécies. Podendo variar entre 0 e 1,
quando mais próximo de 1, mais uniforme será a distribuição dos indivíduos nas
espécies (PINTO-COELHO, 2000). Os valores dos índices de diversidade, assim
como dos índices de eqüitabilidade de Camargo (E’) foram calculados utilizando-se o
software Ecological Methodology (KENNEY & KREBS, 2000).
A correlação de Spearman (0,05 de significância), foi realizada entre os
valores dos índices de diversidade, assim como, os de equitabilidade, com os
valores da pluviosidade e volume do açude. Posteriormente, realizou-se a análise de
Montenegro, A. K. A., 2007. Biecologia da ictiofauna do açude Taperoá II...
21
agrupamento a partir da matriz de similaridade de Bray Curtis, entre as populações
de peixes e as suas diferenças sazonais (índices de diversidade), através do
software Primer.
O índice de riqueza específica foi determinado de acordo com o número de
espécies por coleta.
Montenegro, A. K. A., 2007. Biecologia da ictiofauna do açude Taperoá II...
22
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1. COMPOSIÇÃO DA ICTIOFAUNA
O levantamento taxonômico da comunidade íctica do açude Taperoá II foi
representado por 11 táxons específicos, compreendidos em quatro ordens, nove
famílias e dez gêneros (Tab. I).
Táxon Nome Popular
Characiformes
Anostomidae
Leporinus cf. piau (Fowler, 1941) Piau
Characidae
Astyanax bimaculatus (Linnaeus, 1758) Piaba do rabo amarelo
Astyanax fasciatus (Cuvier, 1819) Piaba do rabo vermelho
Crenuchidae
Characidium bimaculatum (Fowler, 1941) Canivete
Curimatidae
Steindachnerina notonota (Miranda-Ribeiro, 1937) Sagüiru, Saburú
Erythrinidae
Hoplias malabaricus (Bloch, 1794 ) Traíra
Prochilodontidae
Prochilodus brevis (Steindachner, 1875) Curimatã
Cyprinodontiformes
Poeciliidae
Poecilia vivipara (Bloch & Schneider, 1801) Guarú, Barrigudinho
Perciformes
Cichlidae
Cichlasoma orientale (Swainson, 1839) Cará
Oreochromis niloticus (Linnaeus, 1978) Tilápia nilótica (espécie introduzida)
Siluriformes
Loricariidae
Hypostomus sp. Cascudinho, Chupa pedra
Tabela I – Ictiofauna registrada no açude Taperoá II, Taperoá - PB, durante o período estudado,
com os seus respectivos nomes populares.
Montenegro, A. K. A., 2007. Biecologia da ictiofauna do açude Taperoá II...
23
Figura 1 – Ictiofauna do açude Taperoá II, Taperoá – PB ao longo do período
estudado: AAstyanax bimaculatus; B - A. fasciatus; C - Cichlasoma orientale, D -
Characidium bimaculatum; E - Poecilia vivipara; F Leporinus cf. piau; G - Hoplias
malabaricus; H - Prochilodus brevis; I - Steindachnerina notonota; J - Hypostomus
sp.; K - Oreochromis niloticus. Fotos: Ana K. A. Montenegro.
AB
C
D
EF
GH
Montenegro, A. K. A., 2007. Biecologia da ictiofauna do açude Taperoá II...
24
Ao longo do estudo observou-se uma variação no número de espécies
coletadas nos diferentes meses, variando de 6 espécies (junho de 2006) a 10
espécies (março e agosto de 2006). A análise de correlação entre o número de
espécies e a pluviosidade mostrou-se não significativa [r
S
= 0,19; p = 0,71], assim
como com o volume do açude [r
S
= -0,32; p = 0,53].
Cinco destas espécies também foram capturadas por Marinho et al. (2005a),
analisando a diversidade da ictiofauna do açude Taperoá II em 2002 e 2003, os
quais registraram os seguintes táxons: AnostomidaeLeporinus cf. piau (Fowler,
1941); CurimatidaePsectrogaster rhomboides e Curimata sp.; Characidae
Astyanax bimaculatus (Linnaeus, 1758); CichlidaeOreochromis niloticus
(Linnaeus, 1978), Geophagus brasiliensis e Crenicichla sp.; ErythrinidaeHoplias
malabaricus (Bloch, 1794) e Loricariidae - Hypostomus sp., enquanto que, em 2004
registraram: AnostomidadeLeporinus piau; CurimatidaeSteindachnerina
notonota; Characidae - A. bimaculatus; Cichlidae - O. niloticus e ErithrinidaeH.
malabaricus. Estes dados demonstram que a composição de peixes do açude altera-
Figura 1 – Ictiofauna do açude Taperoá II, Taperoá – PB ao longo do período
estudado: AAstyanax bimaculatus; B - A. fasciatus; C - Cichlasoma orientale, D -
Characidium bimaculatum; E - Poecilia vivipara; F Leporinus cf. piau; G - Hoplias
malabaricus; H - Prochilodus brevis; I - Steindachnerina notonota; J - Hypostomus
sp.; K - Oreochromis niloticus. Fotos: Ana K. A. Montenegro.
K
J I
Montenegro, A. K. A., 2007. Biecologia da ictiofauna do açude Taperoá II...
25
se ao longo dos anos, possivelmente respondendo a variação dos índices
pluviométricos ao longo dos anos na região.
Contudo, segundo Rosa et al. (2005), lamentavelmente não existe
documentação completa da diversidade pretérita da ictiofauna, de tal modo que os
dados atuais revelam apenas uma parcela do que existia antes das alterações de
origem antrópica.
Agostinho et al. (2007), afirmaram que em reservatórios brasileiros, cerca de
85% apresentam uma riqueza total inferior a 40 espécies de peixes, e quase metade
tem entre 20 e 40, com média em torno de 30 espécies por reservatório. Raros
foram aqueles com mais de 80 espécies e consideram ainda que, um número
inferior a 40 por reservatório é relativamente baixo.
No presente estudo observou-se uma sucessão ecológica, em termos de
abundância, entre as espécies Leporinus cf. piau e Steindachnerina notonota
(Miranda-Ribeiro, 1937) (Tab. II), a qual pode ter ocorrido produto da competição por
nichos ecológicos, pois ambas se alimentam no substrato do açude, embora a
primeira apresente hábito onívoro, enquanto que a segunda, detritívoro.
Ao longo do estudo foi coletado um total de 889 indivíduos, sendo que, a
freqüência de captura das diferentes espécies variou temporalmente, havendo uma
correlação negativa significativa entre a precipitação e o número de indivíduos [r
S
= -
0,81; p < 0,05], ressaltando-se uma diminuição no número de indivíduos capturados
no período chuvoso (78 e 109 exemplares em março e junho de 2006
respectivamente), fato que pode estar relacionado com o sangramento do açude e a
dispersão das espécies, principalmente as relacionadas com as migrações
reprodutivas (Tab. II).
Montenegro, A. K. A., 2007. Biecologia da ictiofauna do açude Taperoá II...
26
Tabela II – Abundância de indivíduos da ictiofauna do açude Taperoá II, Taperoá – PB, coletados
durante o período estudado.
Estiagem/2005 Chuvosa/2006 Estiagem/2006
Espécies
Out/05 Dez/05 Mar/06 Jun/06 Ago/06 Out/06
Total
Leporinus cf. piau
5 6 4 - 28 46
89
Astyanax bimaculatus
72 10 8 25 48 37
200
Astyanax fasciatus
17 6 12 - 79 28
142
Characidium bimaculatum
7 - 4 41 34 36
122
Steindachnerina notonota
45 43 26 1 3 2
120
Hoplias malabaricus
6 23 9 7 7 7
59
Prochilodus brevis
- - 1 - - -
1
Poecilia vivipara
7 36 10 15 45 10
123
Cichlassoma orientale
- 1 - - 1 2
4
Oreochromis niloticus
- 1 3 20 1 1
26
Hypostomus sp.
- 1 1 - 1 -
3
Total de Indivíduos 159 127 78 109 247 169 889
Total de espécies 7 9 10 6 10 9
Observou-se que H. malabaricus apresentou maior abundância no período de
menor volume de água do açude, estiagem de 2005 (Fig. 5, Intodução Geral).
Welcome (1979), afirma que a abundância relativa de predadores piscívoros tende a
aumentar na estação seca em razão da alta taxa de forrageamento.
A variação na abundância das espécies nas diferentes estações pode estar
relacionada com o uso de diferentes recursos, que permite a coexistência. As
espécies Astyanax bimaculatus e Astyanax fasciatus (Cuvier, 1819), foram mais
abundantes nos períodos de estiagem, fato que está possivelmente associado a
maior capacidade que estas apresentam de resistirem as condições imposta pelo
meio. As referidas espécies pertencem à Família Characidae, as quais neste estudo
representaram 18,18% das espécies capturadas, foram também as mais abundantes
no ambiente 38,47% (grau de dominância) (Fig. 2).
Montenegro, A. K. A., 2007. Biecologia da ictiofauna do açude Taperoá II...
27
Este padrão foi observado por Rosa et al. (2005), ao estudar a diversidade da
ictiofauna da Caatinga, na qual a família Characidae foi a mais diversificada (50
espécies); num estudo realizado por Hoffmann et al. (2005), no reservatório
Capivara do rio Paranapanema, bacia do alto rio Paraná; resultados semelhantes
foram verificados por Galetti Jr. et al. (1990), numa análise comparativa entre a
ictiofauna de duas lagoas marginais do rio Mogi-Guaçu – SP; por Agostinho et al.
(1997a) no reservatório de Segredo, no qual duas espécies de Astaynax foram
fortemente dominantes; por Agostinho et al. (1997b), na planície de inundação do
Alto Rio Paraná, na qual os Characiformes representaram 55% do número total de
espécies, bem como, um maior número de indivíduos capturados e a elevada
freqüência de A. bimaculatus; por Smith & Petrere (2001), num estudo realizado no
reservatório de Itupararanga – SP, sendo as espécies mais abundantes Astyanax
fasciatus, Cyphocharax modestus e Oligossarcus paranensis; por Perez Júnior
(2002), ao estudar a composição da ictiofauna de um afluente do rio Mogi Guaçu –
SP e Schifino et al. (2004), num estudo acerca da ictiofauna da lagoa Fortaleza –
RS, nos quais a ordem Characiformes foi a mais abundante; assim como, num
estudo realizado por Teixeira et al. (2005) em unidades geográficas do rio Paraíba
do sul.
Diferindo do presente estudo, Vieira (2002) ao estudar a ictiofauna de um rio
amazônico, constatou a presença de muitas espécies raras (89) e poucas
abundantes (10), perfazendo estas últimas 70% do total das capturas. Este maior
0
10
20
30
40
50
Char
a
cida
e
Crenuchidae
A
n
ostomidae
E
r
y
t
h
ri
n
i
d
a
e
Curimatidae
Prochi
l
o
d
ontid
a
e
L
o
ri
ca
ri
i
d
a
e
Ci
c
hlidae
Poeciliida
e
% de indiduos
Figura 2 – Abundância relativa das famílias de peixes do açude Taperoá II, Taperoá – PB, durante
o período estudado.
Montenegro, A. K. A., 2007. Biecologia da ictiofauna do açude Taperoá II...
28
número de espécies raras indica melhores condições do ambiente para suportar
uma maior diversidade.
Segundo Agostinho et al. (2007), o número de espécies dominantes em
reservatórios brasileiros é baixo, com variação entre 2 e 22, e média de 6 espécies
em cada assembléia. De acordo com os mesmos autores, a dominância da
assembléia por um baixo número de espécies é fenômeno recorrente em
reservatórios, onde espécies de comportamento flexível (oportunistas) se adaptam
melhor ao novo ambiente e conseguem sobrepujar numericamente as demais.
Nestes reservatórios, em média, 25% das espécies de uma assembléia contribuem
com mais de 80% da abundância total.
A destacada participação da Família Characidae, entre os Characiformes, é
decorrente da ampla distribuição de suas espécies em água doce, além do fato
desta família incluir a maioria das espécies de águas interiores do Brasil (BRITSKI,
1972), predominando espécies de pequeno porte e/ou capazes de concluir o ciclo de
vida em ambientes lênticos, como evidenciado por Araújo & Santos (2001).
Espécies como Astyanax bimaculatus apresentam grande plasticidade de
hábitos alimentares e capacidade de reprodução em diversos habitats
(BENNEMANN et al., 2000), o que deve ter permitido a sua freqüente participação
neste ambiente, assim como a sua maior abundância nas capturas. Agostinho et al.
(2007), observaram que A. altiparanae (= A. bimaculatus) foi à espécie mais
freqüente, presente entre as dominantes em 44% dos reservatórios brasileiros
analisados. Os mesmos autores também chamam atenção, para alta freqüência da
espécie A. fasciatus.
Diferentemente dos resultados aqui obtidos, num estudo sobre a ictiofauna de
um riacho urbano no Sul do Brasil, Oliveira & Bennemann (2005) registraram 15
espécies de peixes, sendo que as mais abundantes foram Poecilia reticulata,
Phalloceros caudimaculatus e estas juntamente com Bryconamericus Iheringii,
Tilapia rendalli, e Astyanax scabripinnis representaram 89% do total de exemplares
capturados. Segundo Luiz et al. (2003), o reservatório de Alagados no Estado do
Paraná apresentou dominância de Astyanax scabripinnis paranae contribuindo com
cerca de 86% do total capturado; e a segunda espécie, Geophagus brasiliensis,
somente com 8%.
Durante o período estudado, de acordo com o Índice de Constância, oito
espécies foram consideradas constantes, duas acessórias e uma acidental (Tab. III).
Montenegro, A. K. A., 2007. Biecologia da ictiofauna do açude Taperoá II...
29
Espécie C% Categoria
Astyanax bimaculatus
100,00 Constante
Astyanax fasciatus
83,33 Constante
Hoplias malabaricus
100,00 Constante
Poecilia vivipara
100,00 Constante
Characidium bimaculatum
83,33 Constante
Steindachnerina notonota
100,00 Constante
Leporinus piau
83,33 Constante
Cichlasoma orientale
50,00 Acessória
Oreochromis niloticus
83,33 Constante
Hypostomus sp.
50,00 Acessória
Prochilodus brevis
16,67 Acidental
Em oposição ao presente estudo, Galetti et al. (1990), registraram poucas
espécies constantes em lagoas no estado de São Paulo. Na Lagoa do Infernão, por
exemplo, cinco espécies foram consideradas constantes, quatro acessórias e sete
acidentais, enquanto que na Lagoa do Diogo, seis foram constantes, cinco
acessórias e oito acidentais. Bertoletti et al. (1989) registraram na usina hidrelétrica
de Itá (rio Uruguai superior – SC), um total de 69 espécies, sendo que 24 destas
foram consideradas constantes.
No açude Taperoá particularmente, esta grande maioria de espécies
constantes reflete um bom estado de conservação do açude. Vieira (2002), discorda
que um grande número de espécies constantes num dado ambiente possa reflitir o
estado de conservação, já que comparou biótopos não impactados com um número
de espécies constantes bem menor do que em outros impactados.
Segundo Lemes & Garutti (2002), a constância de alguns táxons reflete a
habilidade biológica que cada espécie tem nas diferentes fases ontogenéticas em
explorar os recursos ambientais disponíveis num determinado momento no
ambiente.
É válido ressaltar que o açude Taperoá II pertence a uma região onde
ocorrem os menores índices pluviométricos do Brasil (cerca de 300 mm/ano), com
drásticas oscilações do volume de suas águas ao longo de um ciclo hidrológico,
variando de situações como o transbordamento até a seca completa. Diante desta
dinâmica, as espécies são forçadas a desenvolver habilidades para explorarem o
ambiente de acordo com as suas exigências, inclusive estratégias de dormência
para superarem os períodos inóspitos.
Tabela III – Índice de constância das espécies coletadas no açude Taperoá II,
Taperoá - PB, durante o período estudado.
Montenegro, A. K. A., 2007. Biecologia da ictiofauna do açude Taperoá II...
30
4.2. ANÁLISE DA DIVERSIDADE ÍCTICA
A aplicação de índices ecológicos não tem sido muito utilizada em pesquisas
com a ictiofauna Neotropical, contudo, pode ser uma ferramenta muito útil no
entendimento da dinâmica das populações. Quanto menos uniforme é a ocorrência
dos indivíduos, entre as várias espécies, menores são os valores do índice de
diversidade e de eqüitabilidade (LEMES & GARUTTI, 2002).
No açude Taperoá II, o índice de diversidade apresentou valores
considerados médios (H’ = 2,41 bits/ind, em média), sem grandes variações ao
longo do período estudado (variação temporal), nem correlações com a precipitação
[r
S
= 0,32; p = 0,54] ou o volume do açude [r
S
= - 0,20; p = 0,70]. O maior índice de
diversidade foi registrado durante o mês de março de 2006 (H’ = 2,80 bits/ind), pico
do período chuvoso de 2006, quando houve uma alta riqueza de espécies (10
espécies), fato provavelmente associado a uma maior disponibilidade de alimentos
neste período decorrente do carreamento produzido pelas chuvas na região (Fig. 3).
Entretanto, o menor índice foi registrado em outubro de 2005 (período de estiagem,
H’ = 2,11 bits/ind), coincidindo com baixa riqueza de espécies (7 espécies) com
exclusão das espécies Cichlassoma orientale (Swainson, 1839), Oreochromis
niloticus, Hypostomus sp. e Prochilodus brevis (Steindachner, 1875).
O mesmo padrão foi constatado por Marinho et al. (2007), analisando a
comunidade íctica de um açude da mesma região, no qual registraram o maior
índice de diversidade no período chuvoso (março de 2005). Assim como, maiores
índices de diversidade foram registrados por Marinho et al. (2006) no açude
Namorados (neste mesmo período), ocasião na qual foram registradas sete
espécies, em contrapartida ao período de diminuição das chuvas (abril de 2005),
onde identificaram apenas cinco espécies.
Montenegro, A. K. A., 2007. Biecologia da ictiofauna do açude Taperoá II...
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Barbiere & Kronemberg (1994), afirmam que no período chuvoso ocorre um
aumento da diversidade de habitats, com o nível da água atingindo a vegetação
marginal e colocando à disposição dos peixes abrigos e habitats estruturalmente
mais complexos, bem como, recursos alimentares não disponíveis no período de
seca.
Marinho et al. (2005a), analisando a biodiversidade de peixes do açude aqui
estudado, observaram que nos períodos de chuva e estiagem dos anos de 2002 e
2003, os índices de diversidade apresentaram-se relativamente baixos (H’=1,5),
enquanto que em 2004, os valores foram ainda mais baixos e diferiram entre os
períodos de chuva e estiagem (H’=1; H’=0,3). Mesmo tendo sido registrado um
grande volume de chuvas (atípicas) no início de 2004, a baixa diversidade neste ano
foi atribuída à seca que assolou a região no final do ano de 2003 deixando o açude
Taperoá II completamente seco por alguns meses.
O fato do açude Taperoa II não ter secado completamente desde este período
(2003) até o momento do presente estudo, possivelmente foi o fator responsável
pelo aumento da diversidade íctica nesse intervalo de tempo. Ou seja, a
permanência da água no ambiente, mesmo que em baixos volumes, é um fator
determinante na promoção de maiores valores de diversidade. Corroborando com a
afirmação de Odum (2001), que propõe que a diversidade tende a ser reduzida
quando ocorre estresse ou alterações na dinâmica ambiente aquático.
Figura 3 – Diversidade da ictiofauna do açude Taperoá II, Taperoá – PB, durante o período
estudado.
0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50
3,00
out/05 dez/05 mar/06 jun/06 ago/06 out/06
Shannon´s (H´) Camargo (E´)
Montenegro, A. K. A., 2007. Biecologia da ictiofauna do açude Taperoá II...
32
As oscilações do nível da água, certamente obrigaram não só as populações
ícticas, mas todos os organismos presentes no açude, a utilizarem mecanismos de
auto-ajuste para suportar as modificações impostas ao longo do tempo pelo ciclo
hidrológico da região (CRISPIM & WATANABE, 2000).
Contudo, tem-se observado que comparações sobre a biodiversidade entre
trabalhos distintos, com diferentes esforços de coleta, podem ser pouco confiáveis
com relação ao aspecto quantitativo, enquanto que qualitativamente tenha
importância relevante.
Assim como o índice de diversidade, os valores do índice de eqüitabilidade
não apresentaram grandes variações ao longo do estudo, não tendo correlação com
a pluviosidade [r
S
= 0,40; p = 0,42], nem com o volume do açude [r
S
= 0,48; p = 0,33],
sendo a maior homogeneidade entre a abundância de espécies registrada no mês
de junho de 2006 (período chuvoso, E’ = 0,60), e a menor em dezembro/2005
(período de estiagem, E’ = 0,44). Mesmo assim, no geral, os valores do índice de
eqüitabilidade ao longo do estudo foram considerados baixos, o que significa que
houve dominância de algumas espécies sobre as outras (Fig. 3).
Segundo Agostinho et al. (2007), a equitabilidade tem sido registrada como
muito baixa em alguns reservatórios brasileiros, como no de Samuel, bacia
Amazônica, no Tucuruí na bacia do rio Tocantins e no reservatório de Lajes no rio
Paraíba do Sul.
Lemes & Garutti (2002), afirmam que os índices de similaridade revelam
aspectos interessantes das variações (semelhanças ou diferenças) que ocorrem na
ictiofauna, tanto espacialmente como temporalmente, no mesmo biótopo ou entre
biótipos diferentes. Contudo, Vieira (2000) ressalta a fragilidade destas análises em
função de numerosos fatores que interferem nas comunidades tais como migrações
ou piracemas, variação nictimeral ou temporal, sazonal, fase lunar, diferenças de
biótopos, de aparelhos de captura e metodologias utilizadas, bem como da atividade
humana sobre o ambiente inerte e a biota.
A análise de agrupamento, realizada apartir da matriz de similaridade entre os
meses de coleta, mostrou, através do dendograma, a formação de três grupos (Fig.
4). O menor índice de similaridade foi registrado entre o mês de junho de 2006 e os
demais. Este mês apresentou a menor riqueza de espécies, com baixa diversidade e
alta eqüitabilidade, apresentando-se como o somatório da precipitação durante o
período de chuvas, sendo provavelmente um dos meses no qual o açude acumulou
Montenegro, A. K. A., 2007. Biecologia da ictiofauna do açude Taperoá II...
33
mais água, tornando-o diferenciado dos outros meses. Ressalta-se que o açude
estava sangrando neste mês.
jun/06
ago/06
out/06
out/05
dez/05
mar/06
50 60 70 80 90 100
Similaridade
A análise mostrou semelhanças na ictiofauna entre os meses de agosto de
2006 e outubro de 2006, os quais apresentaram caraterísticas de biodiversidade
semelhantes, bem como, uma maior freqüência de espécies constantes e
acessórias. Neste período o açude igualmente encontrava-se com grande volume de
água, contudo não mais sangrava (Fig. 4, Introdução Geral). Um terceiro grupo se
observou incluindo os meses de março de 2006 e dezembro de 2005, juntamente
com o mês de outubro de 2005; estes meses, embora apresentassem índices
bastante diferentes, demonstraram semelhanças na estrutura geral da ictiofauna a
qual pode ter sido influenciada pelo baixo volume de água do açude.
Figura 4 – Dendrograma de similaridade de Bray-Curtis da ictiofauna do açude Taperoá II,
Taperoá - PB, entre os meses analisados.
Montenegro, A. K. A., 2007. Biecologia da ictiofauna do açude Taperoá II...
34
5. CONCLUSÕES
9 A comunidade íctica do açude Taperoá II foi representada por 11 taxa,
sendo a maioria deles considerados constante durante o período
estudado, refletindo uma grande adaptabilidade frente às variações
ambientais advindas do ciclo hidrológico;
9 Houve uma menor abundância de indivíduos capturados no período
chuvoso;
9 A Família Characidae foi a dominante durante o período estudado,
sendo representada pelas espécies Astyanax bimaculatus e A.
fasciatus;
9 O índice de diversidade foi considerado médio e se manteve
relativamente constante ao longo do estudo, sendo o maior registrado
em março de 2006;
9 A comunidade íctica apresentou-se bastante homogênea durante o
período estudado, contudo maiores valores de eqüitabilidade foram
observados no período chuvoso (março e junho de 2006);
9 As semelhanças quanto à estrutura da ictiofauna formaram dois
grupos, enquanto o mês de junho de 2006 isolou-se pelas suas
diferenças. Estes grupos estiveram relacionados fortemente com o
volume de água do açude.
Montenegro, A. K. A., 2007. Biecologia da ictiofauna do açude Taperoá II...
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CAPÍTULO II: ESTRUTURA
POPULACIONAL DA ICTIOFAUNA DO
AÇUDE TAPEROÁ II
Foto: Ana K. A. Montenegro
A
st
y
anax
f
asciatus
(
Cuvier
,
1819
)
Montenegro, A. K. A., 2007. Biecologia da ictiofauna do açude Taperoá II...
41
1. INTRODUÇÃO
Para a preservação de estoques naturais de peixes, visando a sua
exploração permanente, são necessários conhecimentos específicos de biologia e
dinâmica populacional. Dessa maneira, estudos de crescimento, alimentação e
reprodução, fornecem importantes subsídios ao dimensionamento dos estoques e à
administração dos recursos naturais, pois segundo Gurgel (2004), além de
esclarecer aspectos relacionados à biologia das espécies, fornecem informações
valiosas sobre possíveis alterações ambientais.
De acordo com Benedito-Cecílio & Agostinho (1997), os vários aspectos da
estratégia de vida das espécies na alocação de energia, seja para o crescimento,
reprodução ou manutenção, são interpretados a partir de análises da estrutura
populacional. Os mesmos autores afirmam que a distribuição de freqüência de
comprimento de uma espécie fornece subsídios indispensáveis à interpretação da
idade e crescimento, especialmente para peixes jovens. Tais distribuições e suas
prováveis alterações no tempo e espaço conduzem ao entendimento da dinâmica
das populações e à identificação de problemas como falha de uma classe etária ou
baixo recrutamento, crescimento lento, ou excessiva mortalidade anual.
O conhecimento de aspectos quantitativos, como a relação peso-
comprimento, fator de condição, de crescimento, recrutamento e de mortalidade de
uma espécie de peixe, é uma importante ferramenta para os estudos da biologia
pesqueira, necessários para o manejo e para a preservação de um ambiente
(LIZAMA & AGOSTINHO, 2003).
A relação peso-comprimento é muito freqüentemente usada em biologia
pesqueira com várias finalidades, dentre elas: descrever o desenvolvimento ao longo
dos estágios de vida das espécies, indicar os níveis de estoques populacionais,
além de serem bons indicativos de atividades alimentares e reprodutivas (VICENTIN,
et al., 2004).
Segundo Rossi–Wongtschowski (1977), a procura de uma fórmula para
expressar a relação peso-comprimento e prover meios de converter medidas de
comprimento em peso (ou vice-versa), tem revelado complexidade entre as inter-
relações de peso-comprimento e fase de maturação sexual do peixe.
A reprodução representa um dos aspectos mais importantes da biologia de
uma espécie, visto que de seu sucesso dependem o recrutamento e,
Montenegro, A. K. A., 2007. Biecologia da ictiofauna do açude Taperoá II...
42
consequentemente, a manutenção de populações viáveis. Falhas na reprodução por
anos consecutivos causadas principalmente por modificações no habitat podem
levar os estoques naturais à depleção ou mesmo à extinção (WELCOMME, 1979;
AGOSTINHO et al., 1995; AGOSTINHO, 1997).
A proporção sexual, assim como a estrutura da população em tamanho são
informações básicas para a avaliação do potencial reprodutivo e para estimar o
tamanho do estoque das populações de peixes (VICENTINI & ARAUJO, 2003).
Segundo Vazzoler (1996), a proporção entre os sexos em peixes altera-se ao
longo do ciclo de vida em função de acontecimentos sucessivos, que agem de
maneira diferente sobre os indivíduos de cada sexo. Estudos relacionados com este
aspecto podem fornecer importantes informações para a caracterização da estrutura
de uma espécie ou população, além de constituir subsídios para a avaliação do
potencial reprodutivo e as estimativas de tamanho do estoque.
Espera-se que espécies estreitamente relacionadas apresentem no mínimo
estratégias e táticas comportamentais diferenciadas, que permitam a coexistência
(BALASSA et al., 2004; HAHN et al., 2004). Sabe-se que a sobrevivência das
espécies depende do seu sucesso adaptativo às condições impostas pelo ambiente
em que vivem.
No semi-árido paraibano, o ciclo hidrológico tem grande influência sobre as
estruturas populacionais das comunidades ícticas, visando à obtenção de
informações a esse respeito, alguns estudos vêm sendo realizados na região, a
exemplo de Cardoso et al. (2004), Torelli et al. (2004) e Silva et al. (2005), contudo
ainda são insuficientes e além de não abordarem aspectos de uma comunidade,
relacionaram-se apenas a algumas espécies de importância econômica.
Observa-se, portanto, a necessidade e a importância do conhecimento acerca
destes aspectos, tendo em vista que estes fatores poderão ser utilizados como base
para mecanismos de conservação dos estoques pesqueiros, criação de leis de
pesca apropriadas, bem como, para a viabilidade dos cultivos.
Montenegro, A. K. A., 2007. Biecologia da ictiofauna do açude Taperoá II...
43
2. OBJETIVOS
Determinar a estrutura populacional das espécies constantes no ambiente,
com base nas classes de comprimento;
Estabelecer a relação peso-comprimento nestas espécies;
Determinar a proporção sexual.
3. MATERIAL E MÉTODOS
3.1. ESTRUTURA EM CLASSES DE COMPRIMENTO
Para o conhecimento da estrutura populacional, as espécies foram
classificadas em classes de comprimento verificando-se o comprimento padrão (cm)
dos exemplares com o auxílio de um paquímetro e/ou ictiômetro.
Após a obtenção desses dados, estabeleceu-se o crescimento populacional
da comunidade íctica, através da distribuição do comprimento em classes de
tamanho, com o intuito de verificar a freqüência relativa de jovens e adultos na
população de cada espécie entre as estações do ano (estiagem de 2005, chuvosa
de 2006 e estiagem de 2006).
Aplicou-se a análise de variância (ANOVA unifatorial) para testar se houve
diferenças quanto ao tamanho médio de cada espécie entre as estações.
3.2. RELAÇÃO PESO-COMPRIMENTO
A relação peso-comprimento foi estabelecida com base nos valores de
comprimento padrão (cm) dos exemplares e o peso total (g) medido através de uma
balança Sartorius, com capacidade máxima de 1 kg, bem como, uma balança de
precisão utilizada para indivíduos menores. Os indivíduos foram amostrados
independentemente do sexo.
Foi calculada a relação peso-comprimento, utilizando-se a expressão
matemática Pt = a CP
b
(SANTOS, 1978) e a curva potência de ajustamento no
programa Excel Office 2003 do Windows Xp.
Onde: Pt = peso total do indivíduo
Montenegro, A. K. A., 2007. Biecologia da ictiofauna do açude Taperoá II...
44
a = coeficiente linear
b = coeficiente angular, sendo b um valor alométrico, que define o
tipo de crescimento da espécie (fator de condição).
CP = comprimento padrão
Segundo Benedito-Cecílio & Agostinho (1997), o valor do coeficiente angular
(b), particular para cada espécie, é geralmente constante e tende a assumir valores
próximos a 3,0 quando há taxas iguais de incremento em peso das diferentes partes
do corpo do peixe, expressando o tipo de incremento dito isométrico. Quando (b)
assume valores acima de 3,0 é considerado crescimento do tipo alométrico positivo,
quando abaixo, alométrico negativo, com isso, o ganho de peso está ocorrendo de
forma a não manter as proporções corpóreas.
A relação peso-comprimento para Poecilia vivipara foi realizada
separadamente de acordo com o sexo, pois a mesma é uma espécie vivípara e
diante deste fato algumas fêmeas podem apresentar pesos bem maiores quando
comparados aos dos machos, resultando num baixo ajuste da equação. Os dados
para esta espécie resultaram da análise de 62 indivíduos.
3.3. PROPORÇÃO SEXUAL
A identificação do sexo dos indivíduos coletados foi determinada após uma
incisão abdominal, em que foram retiradas e observadas macroscopicamente as
gônadas, determinando o sexo, segundo Vazoller (1996), e posteriormente, foi
estabelecida a proporção sexual dos indivíduos. Estas análises foram realizadas em
apenas 38% do material coletado, perfazendo um total de 344 indivíduos, 74 no
período de estiagem de 2005, 84 no período chuvoso e 182 no de estiagem de
2006.
Para verificar a existência de diferenças significativas entre a proporção
sexual das populações de cada espécie, foi utilizado o teste “qui-quadrado” (χ
2
),
partindo do pressuposto que as proporções esperadas seriam de 50% machos e
50% fêmeas. Posteriormente foi aplicado um outro teste “qui quadrado” para testar
se houve mudanças significativas ao longo das estações do ano (agrupando as
coletas em estiagem de 2005, chuva de 2006 e estiagem de 2006) em relação à
Montenegro, A. K. A., 2007. Biecologia da ictiofauna do açude Taperoá II...
45
proporção sexual de cada espécie. Estes testes estatísticos foram realizados usando
o programa “Statistica for Windows, versão 6.0” (STATSOFT, 1998).
Montenegro, A. K. A., 2007. Biecologia da ictiofauna do açude Taperoá II...
46
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1. ESTRUTURA EM CLASSES DE COMPRIMENTO
Durante as seis coletas realizadas (outubro e dezembro de 2005, março,
julho, agosto e outubro de 2006), foram capturados 889 indivíduos, sendo que, 286
indivíduos foram capturados nas duas primeiras coletas (estiagem 2005), 187 no
período de (chuva de 2006) e 416 nas duas últimas coletas (estiagem de 2006).
Os exemplares capturados apresentaram comprimentos (padrão) que variaram
de 0,4 com na espécie Poecilia vivipara (Bloch & Schneider, 1801) a 34,2 cm em
Hoplias malabaricus (Bloch, 1794).
A assembléia de peixes apresentou duas espécies de grande porte: Leporinus
cf. piau (Fowler, 1941) e H. malabaricus, com valores de mediana de 14 cm e 22 cm
respectivamente. Outras quatro espécies tiveram tamanhos intermediários, não
ultrapassando o valor de 10,7 cm de comprimento padrão, com medianas variando
de 5,7 em Astyanax bimaculatus (Linnaeus, 1758), 6,2 cm em Oreochromis niloticus
(Linnaeus, 1978), 7,3 cm em Astyanax fasciatus (Cuvier, 1819) e 8,3 cm em
Steindachnerina notonota (Miranda-Ribeiro, 1937). Finalmente houve duas espécies
de pequeno porte, Characidium bimaculatum (Fowler, 1941) com mediana de 2,5 cm
e P. vivipara com 1,9 cm (Fig. 1). De uma forma geral, os indivíduos menores
estiveram em zonas mais superficiais próximas à margem, enquanto que os de
maior comprimento em zonas mais profundas do açude.
Montenegro, A. K. A., 2007. Biecologia da ictiofauna do açude Taperoá II...
47
L. piau
A. bimaculatus
A. fasciatus
C. bimaculatum
S. notonota
H. malabaricus
P. vivipara
O. niloticus
0
5
10
15
20
25
30
35
Comprimento Padrão (cm)
Mediana
25%-75%
Min-Max
Figura 1 - Distribuição dos valores do Comprimento Padrão (cm) das espécies constantes do açude
Taperoá II, Taperoá – PB, durante o período estudado.
Segundo Benedito-Cecílio & Agostinho (1997), analisar uma população
através de sua estrutura em comprimento, fornece indicativos qualitativos do
desenvolvimento da espécie, uma vez que o indivíduo ou a população refletem em
seu crescimento as condições ambientais vigentes.
4.1.1. Leporinus piau
Os indivíduos de Leporinus piau, conhecido popularmente como piau
verdadeiro, apresentaram comprimento que variou entre 6,15 cm e 22 cm durante o
período estudado, valores mínimo e máximo respectivamente, tendo uma amplitude
total de 15,85 cm e com valor modal de 15,0 cm. Observou-se um maior número de
indivíduos de pequeno porte, jovens, com comprimentos entre 4 e 12 cm nos
períodos de estiagem (2005 e 2006) sugerindo um recrutamento recente.
No período de estiagem de 2005 (meses de outubro e dezembro) a distribuição
em classes de comprimento, foi representada por indivíduos de tamanhos
intermediários, indicando uma população juvenil. Enquanto que no período chuvoso
de 2006, mais especificamente no mês de março, foram capturados apenas quatro
Montenegro, A. K. A., 2007. Biecologia da ictiofauna do açude Taperoá II...
48
indivíduos e estes foram de comprimentos maiores (adultos). No mês de junho, a
referida espécie não foi registrada, fato que possivelmente está relacionado com
aspectos migratórios da reprodução.
No período de estiagem de 2006, agosto e outubro, observou-se uma maior
variação no comprimento dos indivíduos, assim como, a presença de indivíduos de
menor porte, indicando um recrutamento recente (Fig. 2), pois segundo Benedito-
Cecílio & Agostinho (1997), inferências sobre o recrutamento podem ser obtidas a
partir da freqüência espaço-temporal de indivíduos jovens.
A análise de variância (ANOVA) comparando as médias de tamanho nas
três estações estudadas mostrou que os indivíduos desta espécie
apresentaram em média, um maior tamanho durante o período chuvoso [F
(2; 86)
= 4,53; p = 0,013]. A partir do teste de Tukey aplicado a posteriori observou-se
que os indivíduos coletados nos períodos de estiagem de 2005 (12,6 cm em
média) e estiagem de 2006 (12,8 cm) foram significativamente menores que os
indivíduos do período chuvoso de 2006, atingindo 17,7 cm em média, indicando
processos reprodutivos neste último período.
0
5
10
15
20
25
30
Nº de indiduos
Estiagem/2005 Chuvosa/2006 Estiagem/2006
4|--8 8|--12 12|--16 16|--20 20|--24
Figura 2 – Número de indivíduos de Leporinus piau por classes de comprimento no período
estudado.
Montenegro, A. K. A., 2007. Biecologia da ictiofauna do açude Taperoá II...
49
4.1.2. Astyanax bimaculatus
Astyanax bimaculatus, conhecido como ”piaba-do-rabo-amarelo”,
apresentou ao longo do período estudado, uma amplitude no comprimento
padrão de 7,65 cm, variando de 1,65 cm a 9,3 cm, com valor modal de 6,5 cm
(Fig.1).
Gurgel et al. (2005) ao estudarem uma comunidade de peixes de um
trecho do rio Ceará Mirim – RN, observaram que a referida espécie apresentou
comprimentos semelhantes aos registrados neste estudo, que variaram de 2,3
cm a 9,2 cm. Benedito-Cecilio & Agostinho (1997), no Reservatório de
Segredo, verificaram comprimentos que variaram entre 5,6 cm e 9,1 cm;
Enquanto que, no estudo realizado por Zanibone-Filho et al. (2004), a espécie
A. bimaculatus apresentou comprimentos maiores, que variaram entre 2,4 cm e
17,5 cm. Acredita-se que essas variações espaciais no tamanho da referida
espécie são resultado das diferentes condições ambientais a que esta se
encontra submetida.
A. bimaculatus, apresentou uma maior variação no comprimento na
estiagem de 2006 (outubro). No período chuvoso de 2006 a maioria dos
indivíduos apresentou comprimentos entre 4 cm e 6 cm (no mês de junho,
foram capturados indivíduos entre 4,2 cm e 6,5 cm, apenas). Exemplares com
comprimento entre as classes de 4 cm a 6 cm e de 6 cm a 8 cm foram
freqüentes em todas as coletas; enquanto que, os de pequeno porte foram
quase que exclusivos no período de estiagem de 2006 (recrutamento) (Fig. 3).
Montenegro, A. K. A., 2007. Biecologia da ictiofauna do açude Taperoá II...
50
A ANOVA mostrou que houve diferenças significativas quanto ao tamanho
médio dos indivíduos nas diferentes estações do ano [F
(2; 197)
= 9,70; p < 0,001].
As médias durante o período chuvoso (5,16 cm) foram menores do que nos
períodos de estiagem (2005: 6,19 cm e 2006: 5,70 cm).
4.1.3. Astyanax fasciatus
A espécie A. fasciatus, popularmente conhecida como “piaba-do-rabo-
vermelho”, apresentou indivíduos com tamanhos (comprimento padrão) entre
2,6 cm e 8,3 cm, valores mínimo e máximo respectivamente, tendo uma
amplitude total de 5,7 cm, com maiores freqüências naqueles próximos a 6 cm
e 8 cm e apresentou valor modal foi de 7,5 cm.
Gurgel et al. (2005), observaram indivíduos de tamanhos semelhantes aos
registrados neste estudo para esta espécie, no qual variou de 2,7 cm a 7,5 cm
(Rio Ceará Mirim – RN). Enquanto que, num estudo acerca dos peixes do Alto
rio Uruguai observou-se indivíduos de A. fasciatus com comprimentos que
variaram de 1,5 cm a 16,8 cm (ZANIBONE–FILHO et al. 2004), ou seja, uma
amplitude de 15,3 cm de comprimento, muito maior do que a observada no
presente estudo.
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
Nº de indiduos
Estiagem/2005 Chuvosa/2006 Estiagem/2006
0|--2 2|--4 4|--6 6|--8 8|--10
Figura 3 – Número de indivíduos de Astyanax bimaculatus por classes de comprimento no
período estudado.
Montenegro, A. K. A., 2007. Biecologia da ictiofauna do açude Taperoá II...
51
Durante as coletas dos períodos de estiagem (2005 e 2006), Astyanax
fasciatus apresentou indivíduos com comprimentos padrão menores, o que
sugere um recrutamento neste período (Fig. 4). A classe de comprimento de 6
a 8 cm foi a melhor representada nesta espécie, principalmente na estiagem de
2006, quando a abundância foi maior. A análise de variância comparando as
médias de comprimento dos peixes desta espécie nas três estações de coleta
mostrou que não há diferenças ao longo do estudo [F
(2; 139)
= 2,35; p = 0,10].
Os meses de dezembro de 2005 e agosto de 2006 (períodos de estiagem)
foram representados apenas por indivíduos de maiores comprimentos.
4.1.4. Characidium bimaculatum
Characidium bimaculatum, conhecido popularmente como “canivete”,
apresentou comprimentos que variaram de 1,0 cm a 3,5 cm, com valor modal
de 2,9 cm, em todo o estudo. Indivíduos com tamanhos de 2,5 cm a 3,5 cm
estiveram presentes em todos os meses analisados, com exceção do mês de
dezembro, estiagem de 2005, onde a espécie não foi registrada (Fig. 5). Os
menores comprimentos foram observados no período de estiagem de 2006,
mais especificamente no mês de outubro, evidenciando um recrutamento
recente.
0
20
40
60
80
100
120
Nº de indiduos
Estiagem/2005 Chuvosa/2006 Estiagem/2006
2|--4 4|--6 6|--8 8|--10
Figura 4 – Número de indivíduos de Astyanax fasciatus por classes por comprimento no
período estudado.
Montenegro, A. K. A., 2007. Biecologia da ictiofauna do açude Taperoá II...
52
O fato da espécie não ter sido registrada no mês de dezembro de 2005,
provavelmente deu-se devido ao baixo volume de água que o açude
apresentou neste período, sendo o menor registrado durante todo o estudo,
ocasionando uma baixa disponibilidade de habitat e alimento, já que a mesma
alimenta-se nas regiões marginais em meio as macrófitas (neste período estas
áreas encontravam-se bastante reduzidas); ou ainda, favorecendo um aumento
na predação desta espécie.
Os resultados da ANOVA mostraram que não houve diferença significativa
entre os tamanhos dos indivíduos nos períodos estudados [F
(2; 119)
= 2,28; p =
0,11]. As médias foram: estiagem de 2005, 2,85 cm; e na estação chuvosa de
2006, de 2,40 cm e estiagem de 2006, 2,44 cm.
4.1.5. Steindachnerina notonota
Conhecida popularmente como “sagüiru” e “saburú”, S. notonota
apresentou comprimentos que variaram de 2,2 cm a 10,7 cm, com uma
amplitude de variação de 8,5 cm, com valor modal de 7,8 cm. No período de
estiagem, mais precisamente o mês de outubro de 2005, apresentou indivíduos
com comprimentos mais variados (jovens e adultos), embora as menores faixas
de comprimento entre 2 cm e 6 cm não tenham sido capturadas (Fig. 6).
0
5
10
15
20
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30
35
Nº de indiduos
Estiagem/2005 Chuvosa/2006 Estiagem/2006
1|--1,5 1,5|--2 2|--2,5 2,5|--3 3|--3,5 3,5|--4
Figura 5 – Número de indivíduos de Characidium bimaculatum por classes de comprimento
durante o período estudado.
Montenegro, A. K. A., 2007. Biecologia da ictiofauna do açude Taperoá II...
53
A referida espécie apresentou comprimentos que variaram de 3,2 cm a
11,0 cm num estudo realizado por Gurgel et al. (2005) no rio Ceará Mirim – RN,
ou seja, indivíduos com tamanhos maiores do que os aqui registrados.
A população de S. notonota apresentou elevada ocorrência nas
capturas, sugerindo-se o sucesso reprodutivo no ambiente. Observou-se a
presença de indivíduos adultos principalmente, no período de estiagem de
2005 e no início da estação chuvosa de 2006 (março). Em seguida, observou-
se o recrutamento da espécie evidenciado pela presença de indivíduos de
pequeno porte no período chuvoso de 2006 e no início da estiagem de 2006
(agosto).
Verificou-se que a maioria dos indivíduos de S. notonota apresentou
comprimentos entre 8,0 cm e 9,0 cm.; enquanto que, Holzbach et al. (2005),
caracterizando a população de S. insculpta registrou que a maioria dos
indivíduos desta espécie apresentaram comprimentos entre 9,0 cm e 11,0 cm.
A ANOVA não pôde ser realizada porque a variação de tamanho da
espécie durante o período de estiagem 2006 foi muito maior do que a variação
de tamanho nas outras coletas. Portanto, o pressuposto da homocedasticidade
não foi cumprido, impossibilitando a análise.
0
5
10
15
20
25
30
35
40
Nº de indiduos
Estiagem/2005 Chuvosa/2006 Estiagem/2006
2|--3 5|--6 6|--7 7|--8 8|--9 9|--10 10|--11
Figura 6 – Número de indivíduos de Steindachnerina notonota por classes de comprimento
durante o período estudado.
Montenegro, A. K. A., 2007. Biecologia da ictiofauna do açude Taperoá II...
54
4.1.6. Hoplias malabaricus
Os comprimentos dos exemplares capturados de Hoplias malabaricus,
conhecida popularmente por “traíra”, variaram de 2 cm a 34,2 cm, com uma
amplitude de 32,2 cm e valor modal de 22 cm. Diferindo de um estudo
realizado por Chaves (2004), sobre a dinâmica populacional da referida
espécie, no mesmo ambiente (açude Taperoá II), no qual foram registrados
indivíduos maiores, cujos comprimentos totais variaram de 14,0 cm a 42,4 cm;
assim como, nem estudo realizado por Benedito-Cecílio & Agostinho (1997), no
Reservatório de Segredo, no qual H. malabaricus apresentou comprimentos
que variaram entre 9,0 cm e 50,0 cm.
Gurgel et al. (2005), observaram que num trecho do rio Ceará Mirim - RN
H. malabaricus apresentou comprimentos maiores do que os exemplares do
presente estudo, de 4,1 cm a 35,5 cm.
Os indivíduos com tamanhos entre 19 cm a 25 cm foram os mais
freqüentes durante todo o período de estudo. Na estação de estiagem de 2005
(agosto e outubro) observou-se indivíduos jovens e adultos. Enquanto que, no
período chuvoso e de estiagem de 2006, foram mais freqüentes indivíduos de
pequeno porte, indicando um recrutamento recente (Fig. 7).
0
5
10
15
20
25
Nº de indiduos
Estiagem/2005 Chuvosa/2006 Estiagem/2006
1|--7 7|--13 13|--19 19|--25 25|--31 31|--37
Figura 7 – Número de indivíduos de Hoplias malabaricus por classe por comprimento durante
o período estudado.
Montenegro, A. K. A., 2007. Biecologia da ictiofauna do açude Taperoá II...
55
A ANOVA não apontou diferença significativa entre os tamanhos dos
indivíduos nos períodos amostrados [F
(2; 56)
= 0,67; p = 0,52], pois os peixes
foram em média do mesmo tamanho (estiagem de 2005: 21,58 cm; chuvosa de
2006: 20,70 cm; e estiagem de 2006: 18,81 cm).
4.1.7. Poecilia vivipara
P. vivipara é uma espécie de pequeno porte e popularmente conhecida
como “guarú” ou “barrigudinho”, apresentou indivíduos com comprimentos de
0,4 a 4 cm, mínimo e máximo, com amplitude variação de 3,6 cm em todos os
períodos amostrados e valores modais de 1,8 cm e 1,9 cm.
No período de estiagem de 2005 (outubro) a referida espécie apresentou
indivíduos cujos comprimentos médios variaram de 1,5 a 3,0 cm, enquanto
que, no período de estiagem de 2006 (outubro), foram registrados indivíduos
de 0,4 a 4 cm, assim como, observou-se uma maior participação dos jovens na
população durante este último período (Fig. 8). Contudo, foram observados
indivíduos jovens em todos os períodos analisados, indicando recrutamento
contínuo durante o estudo.
A ANOVA sobre os dados de comprimento desta espécie não apresentou
diferenças entre as médias de tamanho [F
(2; 119)
= 2,10; p = 0,13], com médias
Figura 8 – Número de indivíduos de Poecilia vivipara em classes por comprimento durante
o período estudado.
0
5
10
15
20
25
30
35
Nº de indiduos
Estiagem/2005 Chuvosa/2006 Estiagem/2006
0|--0,5 1|--1,5 1,5|--2 2|--2,5 2,5|--3 3|--3,5 4|--4,5
Montenegro, A. K. A., 2007. Biecologia da ictiofauna do açude Taperoá II...
56
de 1,88 cm na estiagem de 2005; 1,73 cm na estação chuvosa de 2006 e 1,92
cm na estiagem de 2006.
4.1.8. Oreochromis niloticus
A espécie Oreochromis niloticus, comumente conhecida como tilápia
nilótica, apresentou uma baixa freqüência de captura durante todo o estudo,
não sendo registrada no mês de outubro de 2005 (período de estiagem).
Os comprimentos dos indivíduos variaram de 1,25 cm a 9,4 cm, com
amplitude de 8,15 cm e com valores modais de 5,8, 6, 6,1 e 7,4 cm,
representando uma população jovem em sua maioria. Enquanto que os
indivíduos de O. niloticus registrados por Zanibone-Filho et al. (2004),
apresentaram comprimentos que variaram de 7,7 cm a 20,0 cm, sendo,
portanto, maiores que os observados no presente estudo.
A maioria dos indivíduos capturados durante o estudo, apresentaram
comprimentos de 5 cm a 7 cm (junho de 2006, estação chuvosa), assim como,
foram observados comprimentos mais variados nesta mesma estação, fato que
esteve possivelmente associado com as chuvas que carrearam indivíduos
desta espécie de tanques-rede localizados nas proximidades do açude (Fig. 9).
0
2
4
6
8
10
12
Nº de indiduos
Estiagem/2005 Chuvosa/2006 Estiagem/2006
1|--3 3|--5 5|--7 7|--9 9|--11
Figura 9 – Número de indivíduos de O. niloticus por classes de comprimento durante o
período estudado.
Montenegro, A. K. A., 2007. Biecologia da ictiofauna do açude Taperoá II...
57
Observou-se diferenças significativas quanto ao tamanho médio da
espécie nas três estações estudadas [F
(2; 23)
= 12,76; p < 0,001]. Embora as
amostras da estiagem apresentassem poucos indivíduos, pode-se observar
que os peixes em média, foram maiores durante o período chuvoso (6,78 cm).
Na estiagem de 2005 só foi capturado um indivíduo com 4,5 cm de
comprimento e na estiagem de 2006, o tamanho médio dos indivíduos foi de
1,9 cm.
Segundo Benedito-Cecílio & Agostinho (1997), a distribuição de
freqüência de ocorrência e suas prováveis alterações ao longo do tempo e no
espaço fornecem informações acerca da dinâmica das populações e à
identificação de problemas como falha de uma classe etária ou baixo
recrutamento, crescimento lento, ou excessiva mortalidade anual.
4.2. RELAÇÃO PESO-COMPRIMENTO
A relação peso-comprimento pode ainda estimar de forma indireta o
ritmo de crescimento do peixe, assim como calcular o peso a partir do
comprimento ou vice-versa. Esta relação é bastante útil também na indicação
de investimentos energéticos para crescimento e/ou reprodução de fenômenos
normalmente cíclicos nas populações de peixes (SANTOS et al., 2004).
Segundo Le Cren (1951, apud. VILLACORTA-CORREA, 1999), os
valores de “b” podem variar em peixes de diferentes locais, diferentes sexos e
classes de comprimento, desenvolvimento gonadal, podendo representar
diferenças taxonômicas e para refletir fases de crescimento diferenciadas no
desenvolvimento de uma espécie.
Para as espécies de peixes capturados no açude Taperoá II, os valores
do coeficiente angular (b), fator de condição, variaram de 1,57 em P. vivipara
(fêmeas) a 3,33 em O. niloticus. Das oito espécies analisadas, apenas H.
malabaricus teve um crescimento do tipo isométrico. Estes dados corroboram
um estudo acerca da ictiofauna do reservatório de Segredo realizado por
Benedito-Cecílio & Agostinho (1997), no qual dentre as 30 espécies analisadas,
21 delas apresentaram crescimento do tipo alométrico.
Montenegro, A. K. A., 2007. Biecologia da ictiofauna do açude Taperoá II...
58
4.2.1. Leporinus piau
Foram registrados indivíduos de L. piau com 9 g e 271,8 g (peso total),
menor e maior respectivamente, com uma amplitude de variação de 262,8 g,
assim como, observou-se um crescimento do tipo alométrico negativo para a
espécie, b = 2,73 (Fig. 10), indicando que o ganho de peso está ocorrendo de
forma desproporcional entre as diferentes partes do corpo do animal.
4.2.2. Astyanax bimaculatus
A. bimaculatus apresentou indivíduos com peso entre 0,15 e 25 g, menor
e maior respectivamente, com amplitude de variação de 24,85 g e um
crescimento do tipo alométrico positivo, b = 3,04 (Fig. 11).
Figura 10. Relação peso-comprimento de Leporinus piau do açude Taperoá II, Taperoá – PB,
durante o período estudado.
y = 0,0544x
2,7341
R
2
= 0,9527
0
50
100
150
200
250
300
0 5 10 15 20 25
Comprimento (cm)
Peso (g)
Montenegro, A. K. A., 2007. Biecologia da ictiofauna do açude Taperoá II...
59
Contrariamente aos resultados obtidos por Benedito-Cecílio & Agostinho
(1997), num estudo sobre a ictiofauna do reservatório de Segredo, que
verificaram que Astyanax bimaculatus apresentou um crescimento do tipo
alométrico negativo (b = 2,82); igualmente ao observado por Gurgel (2004),
cujo tipo de crescimento foi alometrico negativo (b = 2,59).
4.2.3. Astyanax fasciatus
A espécie A. fasciatus apresentou indivíduos com peso de 0,7 a 15,7 g,
com amplitude de variação de 15 g e um crescimento alométrico negativo, com
b = 2,81 (Fig. 12), sendo este último padrão semelhante ao encontrado por
Gurgel (2004), ao estudar a estrutura populacional e época reprodutiva da
espécie no rio Ceará Mirim – RN.
Figura 11 - Relação peso-comprimento de Astyanax bimaculatus do açude Taperoá II, Taperoá –
PB, durante o período estudado.
y = 0,0316x
3,0463
R
2
= 0,9623
0
5
10
15
20
25
30
0246810
Comprimento (cm)
Peso (g)
Montenegro, A. K. A., 2007. Biecologia da ictiofauna do açude Taperoá II...
60
4.2.4. Characidium bimaculatum
Os indivíduos de C. bimaculatum apresentaram pesos totais de 0,03 a
0,8 g, menor e maior peso respectivamente, com amplitude de 0,7 g e um
crescimento do tipo alométrico negativo, onde b = 2,69 (Fig. 13).
Figura 13. Relação peso-comprimento de Characidium bimaculatum do açude Taperoá II,
Taperoá – PB, durante o período estudado.
y = 0,0268x
2,6946
R
2
= 0,879
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
01234
Comprimento (cm)
Peso (g)
Figura 12 - Relação peso-comprimento de Astyanax fasciatus do açude Taperoá II, Taperoá –
PB, durante o período estudado.
y = 0,0454x
2,8128
R
2
= 0,9378
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
0246810
Comprimento (cm)
Peso (g)
Montenegro, A. K. A., 2007. Biecologia da ictiofauna do açude Taperoá II...
61
4.2.5. Steindachnerina notonota
S. notonota apresentou indivíduos com pesos de 0,31 a 43,1 g, menor e
maior peso respectivamente, com amplitude de variação de 42,8 g e um
crescimento do tipo alométrico negativo, b = 2,82. Contudo, observou-se que
este resultado foi bastante influenciado pela presença de algumas fêmeas
maduras, que apresentaram pesos maiores (Fig. 14).
Num estudo realizado por Holzbach et al. (2005), com uma espécie do
mesmo gênero, S. insculpta, observou-se também um crescimento do tipo
alométrico negativo, tanto para as fêmeas como para os machos (b = 2,79 e b
= 1,97, respectivamente).
4.2.6. Hoplias malabaricus
A espécie H. malabaricus apresentou indivíduos com pesos de 0,20 a
775,2 g, com amplitude de 775 g, sendo a única espécie a apresentar um
crescimento do tipo isométrico, b = 2,96 (Fig. 15). Ocorreram taxas iguais de
incremento das diferentes partes do corpo. Esres resultados corroboram o
trabalho realizado por Benedito-Cecílio & Agostinho (1997), no qual H.
malabaricus também apresentou um crescimento do tipo isométrico.
Figura 14. Relação peso-comprimento de Steindachnerina notonota do açude Taperoá II,
Taperoá – PB, durante o período estudado.
y = 0,045x
2,8293
R
2
= 0,8894
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
024681012
Comprimento (cm)
Peso (g)
Montenegro, A. K. A., 2007. Biecologia da ictiofauna do açude Taperoá II...
62
4.2.7. Poecilia vivipara
Os indivíduos capturados de P. vivipara apresentaram pesos de 0,06 g e
1,97 g, nas fêmeas, com amplitude de variação de 1,91 g; e de 0,06 g a 0,55g
nos machos, com amplitude de variação de 0,49 g.
Devido a espécie ser vivípara, optou-se por estabelecer a relação peso-
comprimento de forma separada para fêmeas e machos. O crescimento
registrado foi do tipo alométrico negativo para ambos os sexos, contudo b =
1,57 nas fêmeas e b = 2,54 nos machos (Fig. 16A e B, respectivamente). Como
se esperava a alometria foi mais acentuada nas fêmeas, devido principalmente,
à presença de algumas delas com embriões, o que se refletiu no baixo valor do
ajuste da equação (R
2
= 0,4), já que estas apresentaram um peso muito maior
ao estimado. Assim como, devido à presença de indivíduos jovens, que
segundo Nunes & Hartz (2006) aumenta a alometria ao do longo
desenvolvimento ontogenético.
Figura 15. Relação peso-comprimento de Hoplias malabaricus do açude Taperoá II,
Taperoá – PB, durante o período estudado.
y = 0,0209x
2,9532
R
2
= 0,991
0
100
200
300
400
500
600
700
800
900
010203040
Comprimento (cm)
Peso (g)
Montenegro, A. K. A., 2007. Biecologia da ictiofauna do açude Taperoá II...
63
4.2.8. Oreochromis niloticus
Oreochromis niloticus apresentou indivíduos com pesos de 0,041 a 31,5
g, com uma amplitude de 31,4 g e um crescimento do tipo alométrico positivo, b
= 3,33 (Fig. 17).
y = 0,0946x
1,5715
R
2
= 0,476
0
0,5
1
1,5
2
2,5
012345
Comprimento (cm)
Peso (g)
y = 0,0432x
2,5488
R
2
= 0,5999
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5
Comprimento (cm)
Peso (g)
A
B
Figura 16. Relação peso-comprimento de Poecilia vivipara do açude Taperoá II, Taperoá
– PB, durante o período estudado. A – Fêmeas e B – Machos.
Montenegro, A. K. A., 2007. Biecologia da ictiofauna do açude Taperoá II...
64
4.3. PROPORÇÃO SEXUAL
De acordo com os resultados obtidos, observou-se que a proporção
sexual apresentou grande variação não só entre espécies, mas também, dentro
da mesma espécie com relação às diferentes épocas de estudo, havendo na
maioria das espécies o predomínio de fêmeas.
Segundo Raposo e Gurgel (2001), essa variação pode ser atribuída a
vários fatores, como: diferença na taxa de mortalidade e no comportamento de
fêmeas e machos, ou mesmo a captura seletiva.
4.3.1. Leporinus piau
Houve um predomínio significativo de machos de L. piau durante o
período estudado [X
2
= 9,93; g.l. = 1; p < 0,01], numa proporção de 2.4:1.0 (Fig.
18).
Figura 17. Relação peso-comprimento de Oreochromis niloticus do açude Taperoá II, Taperoá
– PB, durante o período estudado.
y = 0,0237x
3,335
R
2
= 0,9945
0
5
10
15
20
25
30
35
40
0246810
Comprimento (cm)
Peso (g)
Montenegro, A. K. A., 2007. Biecologia da ictiofauna do açude Taperoá II...
65
Nos períodos de estiagem de 2005 e 2006, observou-se um maior
número de fêmeas, em contrapartida ao período chuvoso (Tab.I). O teste do
“qui-quadrado” não pode ser realizado devido aos dados não cumprirem os
requisitos do referido teste.
Tabela I - Tabela de contingência mostrando a relação entre a proporção sexual de Leporinus
piau do açude Taperoá II, Taperoá – PB, durante o período estudado.
Sexo
Estiagem/2005 Chuvosa/2006 Estiagem/2006
Total
3 3 11 17
F
50,00% 100,00% 22,45%
3 0 38 41
M
50,00% 0,00% 77,55%
Total
6 3 49 58
Com relação ao comprimento padrão dos indivíduos, o máximo
observado foi de 22 cm e de 19 cm para fêmeas e machos, respectivamente.
Contudo, não se observaram diferenças significativas entre os comprimentos
médios de ambos (t = 1,67; g.l. = 56; p = 0,09), sendo 14,5 cm e 12,9 cm, para
fêmeas e machos, respectivamente.
O fato das fêmeas apresentarem comprimentos maiores segundo
Vicentin et al. (2004) num estudo com a espécie Prochilodus lineatus, pode
ser explicado por um comportamento típico de espécies de piracema e que
29%
71%
F
M
Figura 18 - Proporção sexual de Leporinus piau do açude Taperoá II, Taperoá – PB,
durante o período estudado.
Montenegro, A. K. A., 2007. Biecologia da ictiofauna do açude Taperoá II...
66
realizam longas migrações sazonais reprodutivas. Com isso as fêmeas
possuem gônadas maiores e tem um gasto energético mais acentuado em
reprodução, necessitando ter maiores proporções corporais para comportar
grandes ovários, garantindo assim, uma maior fecundidade.
4.3.2. Astyanax bimaculatus
Em A. bimaculatus ocorreu uma maior proporção de fêmeas durante
todo o período de estudo, apresentando diferenças significativas [X
2
= 11,53;
g.l. = 1; p < 0,01], numa proporção entre machos e fêmeas de 1.0:2.2 (Fig. 19).
Ao longo do estudo observou-se que houve diferenças significativas
entre a proporção sexual e as estações analisadas [X
2
= 9,42; g.l. = 2; p <
0,01]. Nos períodos de estiagem de 2005 e 2006, observou-se um maior
número de fêmeas, em contrapartida ao período chuvoso (Tab.II). Um aumento
na freqüência de captura de fêmeas parece estar relacionado com o período
reprodutivo da espécie.
69% 31%
F
M
Figura 19 – Proporção sexual de Astyanax bimaculatus do açude Taperoá II, Taperoá – PB,
durante o período estudado.
Montenegro, A. K. A., 2007. Biecologia da ictiofauna do açude Taperoá II...
67
Tabela II - Tabela de contingência mostrando relação entre a proporção sexual de Astyanax
bimaculatus do açude Taperoá II, Taperoá – PB, durante o período estudado.
Sexo
Estiagem/2005 Chuvosa/2006 Estiagem/2006 Total
17 13 24 54
F
94,44% 76,47% 55,81%
1 4 19 24
M
5,56% 23,53% 44,19%
Total
18 17 43 78
O comprimento padrão máximo observado foi de 9,3 cm e de 7,9 cm
para fêmeas e machos, respectivamente. Com relação ao comprimento médio
entre os sexos observaram-se diferenças significativas (t = 2,52; g.l. = 76; p =
0,01), sendo 6,1 cm para as fêmeas e 5,2 cm para os machos.
4.3.3. Astyanax fasciatus
Observou-se um número significativamente maior de fêmeas durante
todo o período de estudo [X
2
= 3,76; g.l. = 1; p = 0,05], numa proporção entre
machos e fêmeas de 1.0:1.6 (Fig. 20).
O teste do “qui-quadrado” não pode ser realizado devido aos dados de
proporção sexual nas diferentes estações não cumprirem os requisitos do
62%
38%
F
M
Figura 20 – Proporção sexual de Astyanax fasciatus do açude Taperoá II, Taperoá – PB,
durante o período estudado.
Montenegro, A. K. A., 2007. Biecologia da ictiofauna do açude Taperoá II...
68
referido teste. No entanto, no período de estiagem de 2006, observou-se uma
proporção entre machos e fêmeas de 1.0:1.0 (Tab.III).
Tabela III - Tabela de contingência mostrando a relação entre a proporção sexual de
Astyanax fasciatus do açude Taperoá II, Taperoá – PB, durante o período estudado.
Sexo
Estiagem/2005 Chuvosa/2006 Estiagem/2006 Total
9 9 24 42
F
81,82% 100,00% 50,00%
2 0 24 26
M
18,18% 0,00% 50,00%
Total
11 9 48 68
O comprimento padrão máximo observado foi de 8,3 cm e de 8,1 cm
para fêmeas e machos, respectivamente. Com relação ao comprimento médio
entre os sexos não se observaram diferenças significativas (t = -0,01; g.l. = 48;
p = 0,9), sendo 7,0 cm para ambos.
4.3.4. Characidium bimaculatum
A espécie C. bimaculatum apresentou uma tendência a um maior
número de machos durante o estudo, contudo não apresentando diferenças
significativas [X
2
= 0,02; g.l. = 1; p = 0,88]. Sendo, portanto, a proporção entre
machos e fêmeas de 1.0:1.0 (Fig. 21),.
49%
51%
F
M
Figura 21 – Proporção sexual de Characidium bimaculatum do açude Taperoá II, Taperoá –
PB, durante o período estudado.
Montenegro, A. K. A., 2007. Biecologia da ictiofauna do açude Taperoá II...
69
O teste do “qui-quadrado” não pode ser realizado devido aos dados de
proporção sexual nas diferentes estações não cumprirem os requisitos do
referido teste. No período chuvoso de 2006, observaram-se uma maior
proporção de machos em relação as fêmeas, 2.3 : 1.0 (Tab.IV).
Tabela IV - Tabela de contingência mostrando a relação entre a proporção sexual de
Characidium bimaculatum do açude Taperoá II, Taperoá – PB, durante o período estudado.
Sexo
Estiagem/2005 Chuvosa/2006
Estiagem/2006
Total
4 4 15 23
F
57,14% 30,77% 55,56%
3 9 12 24
M
42,86% 69,23% 44,44%
Total
7 13 27 47
Com relação ao comprimento padrão máximo, as fêmeas apresentaram
valores de 3,5 cm e os machos de 3,1 cm. Com relação ao comprimento
médio, entre os sexos não se observou diferenças significativas (t = 1,68; g.l.
= 35; p = 0,09), sendo 2,7 e 2,4 cm para as fêmeas e machos,
respectivamente.
4.3.5. Steindachnerina notonota
Steindachnerina notonota apresentou uma quantidade significativamente
maior de fêmeas durante todo o estudo [X
2
= 14,25; g.l. = 1; p < 0,01], numa
proporção entre machos e fêmeas de 1.0:3.0 (Fig. 22).
O teste do “qui-quadrado” não pode ser realizado devido aos dados de
proporção sexual nas diferentes estações não cumprirem os requisitos do
referido teste. Contudo, observou-se uma maior proporção de fêmeas em
todos os períodos analisados (Tab.V).
Montenegro, A. K. A., 2007. Biecologia da ictiofauna do açude Taperoá II...
70
Tabela V - Tabela de contingência mostrando a relação entre a proporção sexual de
Steindachnerina notonota do açude Taperoá II, Taperoá – PB, durante o período estudado.
Sexo Estiagem/2005
Chuvosa/2006 Estiagem/2006 Total
26 15 3 44
F
81,25% 65,22% 75,00%
6 8 1 15
M
18,75% 34,78% 25,00%
Total
32 23 4 59
O comprimento padrão máximo observado foi de 10,7 cm e de 9,7 cm
para fêmeas e machos, respectivamente. Com relação ao comprimento médio
entre os sexos não se observaram diferenças significativas (t = 1,97; g.l. = 58;
p = 0,053), sendo 8,8 cm nas fêmeas e 8,1 cm nos machos.
4.3.6. Hoplias malabaricus
Durante todo o estudo foi registrada uma tendência a um maior número
de machos, contudo a proporção entre machos e fêmeas foi de 1.0:1.0, não
apresentando diferenças significativas [X
2
= 0,09; gl = 1; p = 0,76] (Fig. 23).
Figura 22 – Proporção sexual de Steindachnerina notonota do açude Taperoá II, Taperoá –
PB, durante o período estudado.
75%
25%
F
M
Montenegro, A. K. A., 2007. Biecologia da ictiofauna do açude Taperoá II...
71
Houve uma tendência a uma maior proporção de machos apenas na
estiagem de 2005, mas o teste mostrou não haver diferenças significativas
quanto à proporção sexual entre as estações [X
2
= 1,52; gl = 2; p = 0,46] (Tab.
VI).
Tabela VI - Tabela de contingência mostrando a relação entre a proporção sexual de Hoplias
malabaricus do açude Taperoá II, Taperoá – PB, durante o período estudado.
Sexo Estiagem/2005 Chuvosa/2006 Estiagem/2006 Total
13 5 5 23
M
61,90% 41,67% 45,45%
8 7 6 21
F
38,10% 58,33% 54,55%
Total 21 12 11 44
Com relação ao comprimento padrão máximo, as fêmeas apresentaram
valores de 34,2 cm e os machos de 31 cm. Com relação ao comprimento
médio entre os sexos, observaram-se diferenças significativas (t = -2,64; g.l. =
42; p = 0,01), sendo 24,7 e 20,2 cm para fêmeas e machos, respectivamente.
48%
52%
F
M
Figura 23 – Proporção sexual de Hoplias malabaricus do açude Taperoá II, Taperoá – PB,
durante o período estudado.
Montenegro, A. K. A., 2007. Biecologia da ictiofauna do açude Taperoá II...
72
4.3.7. Poecilia vivipara
A espécie P. vivipara apresentou uma proporção sexual
significativamente maior de fêmeas durante todo o período estudado [χ
2
=
21,73; g.l. = 1; p < 0,01], sendo a proporção sexual de 1.0:3.7 (Fig. 24).
O teste do “qui-quadrado” não pode ser realizado devido aos dados de
proporção sexual nas diferentes estações não cumprirem os requisitos do
referido teste. Nas diferentes estações estudadas observou-se um maior
número de fêmeas (Tab. VII).
Tabela VII - Tabela de contingência mostrando a relação entre a proporção sexual de Poecilia
vivipara do açude Taperoá II, Taperoá – PB, durante o período estudado.
Sexo Estiagem/2005 Chuvosa/2006 Estiagem/2006 Total
12 17 21 50
F
70,59% 70,83% 95,45%
5 7 1 13
M
29,41% 29,17% 4,55%
Total 17 24 22 63
O comprimento padrão máximo observado foi de 4,0 cm e de 3,2 cm
para fêmeas e machos, respectivamente. Com relação ao comprimento médio
79%
21%
F
M
Figura 24 – Proporção sexual de Poecilia vivipara do açude Taperoá II, Taperoá – PB,
durante o período estudado.
Montenegro, A. K. A., 2007. Biecologia da ictiofauna do açude Taperoá II...
73
entre os sexos não se observaram diferenças significativas (t = -1,61; g.l. = 60;
p = 0,11), sendo 1,8 cm nas fêmeas e 2,1 cm nos machos.
4.3.8. Oreochromis niloticus
Oreochromis niloticus durante o período estudado, apresentou uma
população significativamente representada por machos [χ
2
= 15,21; g.l. = 1; p <
0,01], ocorrendo apenas uma fêmea no período chuvoso de 2006 (junho) (Fig.
25).
O teste do “qui-quadrado” não pode ser realizado devido aos dados de
proporção sexual nas diferentes estações não cumprirem os requisitos do
referido teste. Entretanto, observou-se uma maior proporção de machos em
nas diferentes estações (Tab.VIII). Este fato pode estar relacionado com o
escape de indivíduos da referida espécie de tanques-rede que se localizam nas
margens do rio Taperoá, já nas proximidades do açude. Ressaltando-se que
indivíduos para estes fins são sempre sexados (todos machos), de modo a
evitar o direcionamento de energia para a reprodução em lugar do crescimento
individual, além de problemas como a superpopulação comprometendo assim a
produção.
Figura 25 – Proporção sexual de Oreochromis niloticus do açude Taperoá II, Taperoá – PB,
durante o período estudado.
5%
95%
F
M
Montenegro, A. K. A., 2007. Biecologia da ictiofauna do açude Taperoá II...
74
Tabela VIII - Tabela de contingência mostrando a relação entre a proporção sexual de
Oreochromis niloticus do açude Taperoá II, Taperoá – PB, durante o período estudado.
Sexo
Chuvosa/2006 Estiagem/2006 Total
16 2 18
M
94,12% 100,00%
1 0 1
F
5,88% 0,00%
Total
17 2 19
Com relação ao comprimento padrão máximo, as fêmeas apresentaram
valores de 6,6 cm e os machos de 9,4 cm. Com relação ao comprimento
médio entre os sexos não se observou diferenças significativas (t = -0,01; g.l.
= 17; p = 0,98), sendo 6,6 e 6,5 cm para fêmeas e machos, respectivamente.
Na ictiofauna do açude Taperoá II observou-se que as espécies nas
quais predominaram fêmeas ao longo do estudo, as populações expressaram
um maior sucesso no ambiente, tornando-se mais freqüentes em relação às
demais. Dentre as mais abundantes estiveram: P. vivipara, A. bimaculatus e A.
fasciatus. Estes resultados corroboram os obtidos por Raposo e Gurgel (2001),
que afirmaram que, mediante os resultados obtidos acerca da proporção sexual
de uma população, pode-se deduzir se está ocorrendo crescimento ou não, em
que uma maior freqüência de fêmeas indica uma resposta da população às
condições favoráveis fornecidas pelo meio.
Montenegro, A. K. A., 2007. Biecologia da ictiofauna do açude Taperoá II...
75
5. CONCLUSÕES
9 A espécie Astyanax fasciatus apresentou indivíduos jovens e adultos
durante os períodos de estiagem (outubro de 2005 e 2006);
9 A. bimaculatus apresentou ao longo do estudo grande variação de
comprimentos (jovens e adultos), indicando que a espécie possui
recrutamento constante;
9 Espécimes jovens e adultos foram capturados em outubro de 2006 das
seguintes populações, C. bimaculatum, P. vivipara, A. bimaculatus e H.
malabaricus, indicando recrutamentos recentes;
9 A população de S. notonota foi representada por indivíduos jovens e
adultos no mês de outubro de 2005 (estiagem) e a renovação dos seus
estoques deu-se na estação chuvosa de 2006, sendo confirmada pela
captura indivíduos jovens nos meses seguintes (junho e agosto de
2006);
9 No período chuvoso de 2006, registraram-se comprimentos mais
variados de Oreochromis niloticus, evento que certamente esteve
relacionado com escape de indivíduos de tanques-redes situados nas
proximidades do açude;
9 A. bimaculatus e O. niloticus apresentaram um crescimento em peso do
tipo alométrico positivo, enquanto que, H. malabaricus isométrico. As
demais espécies apresentaram um crescimento do tipo alométrico
negativo;
9 As fêmeas Poecilia vivipara apresentaram uma maior alometria no
crescimento do que os machos, fato atribuído ao caráter de viviparidade
da espécie, cujas fêmeas com embriões apresentaram pesos maiores;
9 Nas populações em que se registrou uma maior proporção de fêmeas,
observou-se um maior sucesso no ambiente, foram elas: P. vivipara, A.
bimaculatus e A. fasciatus.
Montenegro, A. K. A., 2007. Biecologia da ictiofauna do açude Taperoá II...
76
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79
CAPÍTULO III: DIETA E REGIME
ALIMENTAR DA ICTIOFAUNA DO
AÇUDE TAPEROÁ II
Foto: Ana K. A. Montenegro
Montenegro, A. K. A., 2007. Biecologia da ictiofauna do açude Taperoá II...
80
1. INTRODUÇÃO
Estudos de alimentação de peixes, em particular os que privilegiam
diretamente a dieta e os hábitos alimentares, proporcionam informações para
estimar o funcionamento trófico de um ecossistema, ou seja, o conjunto de
relações de predação e competição entre os organismos indicando o fluxo de
energia, uso de habitat, disponibilidade de alimentos e alguns aspectos do
comportamento (PREJS & COLOMINE, 1981; HAHN et al., 2004; PEREIRA et
al., 2004).
O crescente interesse nos estudos de alimentação natural tem por
finalidade contribuir com o desenvolvimento de estratégias para o manejo
sustentável dos ecossistemas, auxiliando ecologistas, administradores de
recursos pesqueiros e piscicultores (HAHN & DELARIVA, 2003; PERET, 2004).
A maior parte do conhecimento sobre ecologia trófica de peixes no Brasil
se restringe a espécies de grande porte em rios e lagos, ou seja, espécies de
maior interesse comercial e alguns estudos sobre os impactos decorrentes da
construção de hidrelétricas (FERREIRA, 2004). Contudo, segundo Hofling et al.
(2000), apesar de muitas espécies de peixes não apresentarem importância
econômica, informações sobre a alimentação são importantes na avaliação de
estoques pesqueiros, uma vez que podem ser potenciais competidores ou
predadores de espécies exploradas comercialmente, interferindo na taxa de
mortalidade das mesmas.
Embora teias alimentares em águas tropicais sejam freqüentemente
complexas, elas podem ser baseadas em relativamente poucas fontes
alimentares, havendo numa cadeia alimentar raramente mais que quatro ou
cinco elos (LOWE-McCONNELL, 1987).
Bennemann et al. (2006), comentam que em estudos de ecologia trófica
de peixes geralmente o objetivo é determinar qual o item de maior importância
e, desta forma, obter informações para a descrição da dieta e hábito alimentar
de uma dada espécie.
O período necessário para que indivíduos de uma geração atinjam um
dado comprimento para que seja vulnerável à captura, pode estar relacionado,
entre outros fatores, com a disponibilidade de alimentos e a densidade
Montenegro, A. K. A., 2007. Biecologia da ictiofauna do açude Taperoá II...
81
populacional (NARAHARA, 1983). A divisão de recursos naturais entre as
espécies coexistentes tem sido sugerida, segundo Agostinho et al. (2003),
como um dos processos responsáveis pela estrutura das populações e,
consequentemente, das comunidades.
Sendo assim, os estudos de alimentação de peixes, incluindo dieta e
atividade alimentar fornecem importantes contribuições para o entendimento do
funcionamento do ecossistema e podem auxiliar na aplicação de técnicas de
manejo de populações naturais e no cultivo intensivo em cativeiro (HAHN et.
al.,1997a).
Segundo Zavala-Camin (1996), analisar a dieta reflete, ainda, não
apenas a oferta de alimento disponível no ambiente, mas também a escolha do
alimento mais apropriado às necessidades nutricionais dos peixes.
Apesar de em ambientes tropicais existirem peixes com especializações
tróficas marcantes, a maioria exibe grande flexibilidade alimentar (AGOSTINHO
et al., 1995). Muitos habitats de água doce, ao contrário da maioria daqueles
terrestres, são marcados por elevada variabilidade em seus atributos
hidrológicos e limnológicos, o que provavelmente impediu que as espécies de
peixes seguissem trilhas evolutivas rumo à especialização trófica
(AGOSTINHO et al., 2007).
Esta plasticidade alimentar, segundo Luz et al. (2001), constitui-se numa
interação entre a qualidade/quantidade de alimento disponível no ambiente e o
grau de restrições morfológicas – comportamentais exibidas pelas espécies,
este último passível de variações ontogenéticas. Segundo Abelha et al. (2001),
essas variações são decorrentes das diferenças na demanda energética e nas
limitações morfológicas, implicando em dietas diferenciadas durante o
desenvolvimento.
Os peixes, de forma geral, têm a habilidade de se adaptar a uma grande
variedade de fontes de alimento (GERKING, 1994), podendo ocorrer mudanças
na dieta dependendo das circunstâncias como, por exemplo, as possivelmente
ocasionadas pelo ciclo hidrológico do semi-árido paraibano.
Alguns estudos acerca da dieta de algumas espécies de peixes foram
realizados nesta região, Cardoso et al. (2003), Chaves (2004), Marinho et al.
(2006; 2007), Montenegro et al. (2005; 2007a; 2007b), dentre outros; entretanto
nenhum deles abordou aspectos tróficos de uma comunidade.
Montenegro, A. K. A., 2007. Biecologia da ictiofauna do açude Taperoá II...
82
Diante disto, faz-se necessário o estudo da dieta alimentar da
comunidade íctica do açude Taperoá II, visando incrementar o conhecimento
das relações tróficas existentes na mesma com a dinâmica do ambiente
perante o ciclo hidrológico, bem como, contribuir para manejos futuros.
2. OBJETIVOS
Avaliar as relações entre a atividade alimentar com o período
reprodutivo das espécies;
Identificar a dieta e determinar o regime alimentar das espécies
presentes no açude Taperoá II;
Determinar a sobreposição de nichos ecológicos entre as espécies
analisadas.
Construir uma teia alimentar com base nas espécies analisadas e seus
itens alimentares.
3. MATERIAL E MÉTODOS
3.1. ÉPOCAS E LOCAL DE COLETA
Das espécies identificadas no próprio local, em cerca de 38% do material
coletado (344 indivíduos), foram extraídas as vísceras para as análises
estomacais e gonadais, logo em seguida foram fixadas com solução de
formalina a 10%. Estas análises foram realizadas apenas nas espécies
consideradas constantes (Capítulo I).
3.2. ATIVIDADE ALIMENTAR X ATIVIDADE REPRODUTIVA
A atividade alimentar foi estabelecida a partir das análises do grau de
repleção dos estômagos e a atividade reprodutiva com base no grau de
maturação das gônadas.
O grau de repleção dos estômagos foi classificado segundo Hahn et al.
(1997a): Vazio (1) - quando não contiver nenhum conteúdo no seu interior,
Montenegro, A. K. A., 2007. Biecologia da ictiofauna do açude Taperoá II...
83
Parcialmente Vazio (2) - quando contiver até aproximadamente 25%,
Parcialmente Cheio (3) - entre 25% e 70% e acima de 70% do volume
estomacal ocupado – Cheio (4) - chegando a distender as paredes do mesmo.
Foram considerados em atividade alimentar os indivíduos cujos
estômagos apresentaram grau de repleção 2, 3 e 4 e em atividade reprodutiva,
apenas os indivíduos cujas gônadas estavam maduras ou esgotadas (pós-
desova) (VAZZOLER, 1996). Por fim, relacionou-se a atividade alimentar com
os estádios de maturação gonadal dos indivíduos coletados ao longo período
estudado.
Para avaliar a relação entre a atividade alimentar e reprodutiva das
espécies, utilizou-se à correlação de Spearman com 0,05 de significância,
sobre os valores da porcentagem de indivíduos em atividade alimentar e
reprodutiva ao longo do período estudado.
3.3. ANÁLISE DO CONTEÚDO ESTOMACAL
Para o conhecimento da estrutura trófica (dieta e regime alimentar) foram
utilizados os estômagos extraídos de cerca de 38% do material coletado (344
indivíduos), que foi imediatamente fixado em solução de formalina a 10%, no
campo.
Em seguida, o conteúdo estomacal foi retirado dos estômagos e
preservado em álcool a 75%. Posteriormente, realizou-se a análise macro e
microscópica com o auxílio de um estereomicroscópio Zeiss e um microscópio
binocular, sendo este último com capacidade de aumento de até 1000x. Os
itens alimentares foram identificados até a menor categoria taxonômica
possível, com o auxílio de bibliografia especializada (EDMONSON, 1959;
GERMAIN, 1981; MENEZES & DIAS, 2001), bem como, de especialistas.
Para a determinação da dieta alimentar das espécies capturadas foram
aplicados: o método de freqüência de ocorrência dos itens alimentares
consumidos, através da relação do nº de vezes que cada item alimentar ocorre
pelo total de estômagos analisados (ZAVALA-CAMIM, 1996) e o método de
pontos (HYNES, 1950; FUGI et al., 1996; RESENDE et al., 2000; ESTEVES &
PINTO-LÔBO, 2001; VITULE & ARANHA, 2002; GOMES & VERANI, 2003;
PERET, 2004), que foi estimado visualmente pelo volume que cada item
Montenegro, A. K. A., 2007. Biecologia da ictiofauna do açude Taperoá II...
84
representa no volume total de cada estômago analisado, segundo a escala de
1 (até 10%), 2 (entre 10 e 25%), 3 (entre 25 e 50%) e 4 (maior que 50%).
Segundo Andrian et al. (1994), para minimizar as diferenças entre os
graus de repleção (desde quase vazios a repletos), o ponto de cada item será
multiplicado pelo peso do estômago que o contiver.
Para evidenciar os itens alimentares mais importantes na composição da
dieta dos peixes, aplicou-se o índice de importância alimentar (IAi)
(KAWAKAMI & VAZZOLER, 1980), obtido a partir da combinação entre os
valores dos métodos de freqüência de ocorrência e de pontos. A utilização
destes dois métodos teve por objetivo minimizar possíveis erros de
interpretação dos resultados obtidos individualmente.
Foram utilizadas as seguintes equações:
¾ Método de freqüência de ocorrência:
×=
niio
nnF 100
i
¾ Método de pontos:
×=
ni
i
p)(pFp 100
¾ Índice de importância alimentar:
×= )()FpFo(FpFoIAi 100
Onde: n
i
= número de estômagos que o item ocorreu
n
ni
= Σ das ocorrências de todos os itens
p
i
= Σ dos pontos de cada item
p
ni
= Σ dos pontos de todos os itens
Fo = freqüência de ocorrência
Fp = freqüência de pontos
IAi = índice de importância relativa
3.4. SOBREPOSIÇÃO DE NICHOS ECOLÓGICOS
A sobreposição de nichos ecológicos foi calculada entre as espécies por
estação (estiagem de 2005, chuvosa de 2006 e estiagem de 2006), utilizando-
se o índice de Morisita Simplificado (nível de significância de 0,7), através do
Montenegro, A. K. A., 2007. Biecologia da ictiofauna do açude Taperoá II...
85
Software Ecological Methodology (KENNEY & KREBS, 2000). Sobre os valores
obtidos foi aplicado o método do escalonamento Multidimensional (MDS),
através do Software Primer. O resultado da análise é avaliado pela medida de
STRESS (Standardized Residual Sum of Squares), valores de referência
(KRUSKAL, 1964):
Stress (%) Qualidade de ajuste
20,0 Ruim
10,0 Razoável
5,0 Bom
2,5 Excelente
0,0 Perfeito
3.5. TEIA ALIMENTAR
A teia alimentar foi elaborada com base nas dietas alimentares
(freqüência de ocorrência % dos itens) de cada espécie analisada.
Montenegro, A. K. A., 2007. Biecologia da ictiofauna do açude Taperoá II...
86
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1. RELAÇÃO ENTRE A ATIVIDADE ALIMENTAR X REPRODUTIVA DAS ESPÉCIES
Estudos acerca da relação entre a atividade alimentar (repleção dos
estômagos) e reprodutiva (estágios de maturação gonadal) fornecem
importantes informações acerca do comportamento alimentar dos peixes
(CASSINI,1998), principalmente, se estes cessam a atividade alimentar quando
estão no período reprodutivo ou não, contribuindo muitas vezes, para o
aprimoramento de técnicas de cultivo e manejo.
No presente estudo, a maioria das espécies, A. fasciatus, A. bimaculatus,
S. notonota, C. bimaculatum e H. malabaricus, não interrompeu ou sequer
diminuiu a sua atividade alimentar durante o período reprodutivo, mas L. piau,
P. vivipara e O. niloticus apresentaram uma pequena diminuição na atividade
alimentar no pico de atividade reprodutiva (Figs 1-8.).
4.1.1. Leporinus piau
Durante o estudo L. piau apresentou um pico reprodutivo no mês de
março, coincidindo com uma diminuição na atividade alimentar (Fig. 1).
0
20
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out/05
n
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ev/06
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i/06
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jul/06
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s
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t
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0
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(%)
Atividade Alimentar Atividade reprodutiva
Figura 1 – Atividade alimentar X atividade reprodutiva de L. piau do açude Taperoá II, Taperoá
– PB, durante o período estudado.
Montenegro, A. K. A., 2007. Biecologia da ictiofauna do açude Taperoá II...
87
Durante o estudo L. piau apresentou uma alta atividade alimentar
durante todo o período estudado, tendo uma diminuição no mês de março
coincidindo com tendo um pico reprodutivo, mas esta relação não foi
significativa quando analisada através de uma correlação de Spearman [r
s
= -
0,50; p = 0,39].
4.1.2. Astyanax bimaculatus
Durante o estudo Astyanax bimaculatus apresentou uma alta atividade
alimentar durante todo o período estudado, com picos nos meses dezembro de
2005 e agosto de 2006. Durante o pico reprodutivo da espécie (dezembro de
2005), não foi observada diminuição da atividade alimentar (Fig. 2), mas sim,
um pico. A relação entre a atividade alimentar e a reprodutiva não foi
significativa quando analisada através de uma correlação de Spearman [r
s
= -
0,11; p = 0,82].
Corroborando com um estudo realizado por Silva et al. (2007), A.
bimaculatus apresentou uma maior atividade reprodutiva e alimentar no
período de estiagem. Contudo, os mesmos autores verificaram uma diminuição
Figura 2 – Atividade alimentar X atividade reprodutiva de A. bimaculatus do açude Taperoá II,
Taperoá – PB, durante o período estudado.
0
20
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nov/
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0
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out/06
(%)
Atividade alimentar Atividade Reprodutiva
Montenegro, A. K. A., 2007. Biecologia da ictiofauna do açude Taperoá II...
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na atividade reprodutiva e um brusco aumento na atividade alimentar durante o
período chuvoso.
Em contraste ao presente estudo, Artioli et al. (2003), estudando o
período reprodutivo e a alimentação de A. alburnus no Canal dos Cornélios –
Rio Grande do Sul, registraram uma sincronia entre os períodos reprodutivos e
os de maior abundância de alimentos nos estômagos.
4.1.3. Astyanax fasciatus
Durante o período estudado A. faciatus apresentou um pico reprodutivo
no mês de março, contudo foi observada uma alta atividade alimentar neste
período (Fig. 3). A relação entre a atividade alimentar e a reprodutiva foi
significativamente negativa quando analisada através de uma correlação de
Spearman [r
s
= - 0,89; p = 0,04].
É válido ressaltar que tanto A. fasciatus quanto A. bimaculatus
apresentaram alta atividade alimentar ao longo do estudo, assim como,
apresentaram conteúdo alimentar em grande parte dos estômagos,
corroborando um estudo realizado por Ferreira (2004), no qual o lambarí A.
Figura 3 – Atividade alimentar X atividade reprodutiva de A. fasciatus do açude Taperoá II,
Ta
p
eroá
PB, durante o
p
eríodo estudado.
0
10
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40
50
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t
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(%)
Atividade Alimentar Atividade Reprodutiva
Montenegro, A. K. A., 2007. Biecologia da ictiofauna do açude Taperoá II...
89
paranae proveniente de córregos da bacia do Passa-Cinco (SP), apresentou as
mesmas características.
4.1.4. Characidium bimaculatum
Ao longo do estudo C. bimaculatum apresentou um pico reprodutivo no
mês de março, coincidindo com um período de alta atividade alimentar (Fig. 4).
A relação entre a atividade alimentar e reprodutiva não foi significativa quando
analisada através de uma correlação de Spearman [r
s
= 0,67; p = 0,21].
Apesar da espécie ter apresentado pico reprodutivo, registrou-se
atividade reprodutiva durante todo o período estudado, assim como, num
estudo realizado por Vicentin et al. (2004), com indivíduos do mesmo gênero
sugerindo um mecanismo de adaptação às condições ambientais da região.
4.1.5. Steindachnerina notonota
Durante o período estudado a atividade alimentar de S. notonota quase
não foi influenciada pela atividade reprodutiva (Fig. 5). A relação entre a
Figura 4 – Atividade alimentar X atividade reprodutiva de C. bimaculatum do açude Taperoá II,
Taperoá – PB, durante o período estudado.
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Atividade Alimentar Atividade Reprodutiva
Montenegro, A. K. A., 2007. Biecologia da ictiofauna do açude Taperoá II...
90
atividade alimentar e reprodutiva não foi significativa quando analisada através
de uma correlação de Spearman [r
s
= 0,05; p = 0,92].
4.1.6. Hoplias malabaricus
Nos picos reprodutivos não foi observada diminuição da atividade
alimentar (Fig. 6), corroborando com um estudo realizado por Chaves (2004)
com a referida espécie.
A relação entre a atividade alimentar e a reprodutiva em Hoplias
malabaricus não foi significativa quando analisada através de uma correlação
de Spearman [r
s
= 0,02; p = 0,95].
Figura 5 – Atividade alimentar X atividade reprodutiva de S. notonota do açude Taperoá II,
Taperoá – PB, durante o período estudado.
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20
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ut/05
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v/05
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mar/06
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(%)
Atividade alimentar Atividade reprodutiva
Montenegro, A. K. A., 2007. Biecologia da ictiofauna do açude Taperoá II...
91
Barbieri et al. (1982) observaram alimentação contínua durante o
período reprodutivo de Hoplias malabaricus.
4.1.7. Poecilia vivipara
Durante o estudo P. vivipara apresentou um pico reprodutivo nos meses
de outubro e dezembro de 2005, coincidindo com uma diminuição na atividade
alimentar (Fig. 7). A relação entre a atividade alimentar e a reprodutiva foi
significativamente negativa quando analisada através de uma correlação de
Spearman [r
s
= - 0,92; p = 0,007].
Figura 6 – Atividade alimentar X atividade reprodutiva de H. malabaricus do açude Taperoá II,
Taperoá – PB, durante o período estudado.
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out
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0
5
nov/
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ja
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mar/06
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set
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(%)
Atividade Alimentar Atividade Reprodutiva
Montenegro, A. K. A., 2007. Biecologia da ictiofauna do açude Taperoá II...
92
4.1.8. Oreochromis niloticus
Ao longo do estudo O. niloticus apresentou um pico reprodutivo no mês
de março de 2006 (período chuvoso), coincidindo com uma diminuição da
atividade alimentar (Fig. 8). A correlação de Spearman não pôde ser realizada
devido à presença de poucos indivíduos em atividade reprodutiva ao longo do
estudo.
Figura 7 – Atividade alimentar X atividade reprodutiva de P.vivipara do açude Taperoá II,
Taperoá – PB, durante o período estudado.
0
20
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(%)
Atividade Alimentar Atividade Reprodutiva
Figura 8 – Atividade alimentar X atividade reprodutiva de O. niloticus do açude Taperoá II,
Taperoá – PB, durante o período estudado.
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Atividade Alimentar Atividade Reprodutiva
Montenegro, A. K. A., 2007. Biecologia da ictiofauna do açude Taperoá II...
93
No geral, os indivíduos de O. niloticus que apresentaram atividade
reprodutiva durante o estudo, encontravam-se em atividade alimentar (Tab.
VIII). Estes resultados corroboram com os obtidos por Silva et al. (2007), nos
quais a espécie apresentou intensa atividade alimentar nos períodos
reprodutivos.
Com relação aos picos de atividade reprodutiva de todas as espécies
estudadas, estes ocorreram no mês de março de 2006 (período chuvoso) em
A. fasciatus, L. piau, C. bimaculatum, (75,0, 67,0 e 100,0%, respectivamente);
em dezembro de 2005 (estiagem), em A. bimaculatus, 67,0%; em junho de
2006 (período chuvoso), O. niloticus, 47,0%; P. vivipara em outubro e
dezembro de 2005 (estiagem), 60,0 e 66,7% respectivamente; e H.
malabaricus, apresentou dois picos reprodutivos durante o período estudado,
um em outubro de 2005, 60,0%, e outro em março de 2006, 43,0%. Para a
espécie S. notonota não foi evidenciado nenhum pico reprodutivo.
No mês de junho (estação chuvosa), a maioria das espécies apresentou
uma redução da atividade reprodutiva, ou até mesmo, esta foi ausente na
maioria dos casos, fato que esteve provavelmente relacionado com a presença
de indivíduos jovens nesse período, indicando recrutamentos recentes. A
exceção deu-se devido a O. niloticus ter apresentado um pico reprodutivo neste
período e às demais espécies que não foram capturadas (A. fasciatus e L.
piau).
Os taxa Cichlassoma orientale e Hypostomus sp., apesar de terem sido
coletados, foram considerados acessórios, ou seja, apresentaram uma baixa
freqüência nas capturas. Segundo Hoffmann et al. (2005), o caráter reofílico
dos cascudos (Hypostomus sp.) explica, pelo menos em parte, suas baixas
freqüências em áreas represadas, a exemplo do açude Taperoá.
Da espécie Prochilodus brevis foi capturado apenas um indivíduo no
mês de março de 2006, sendo, portanto, considerada uma espécie acidental.
Diante disto, estes taxa não receberam estudos mais detalhados da estrutura
de suas populações.
No geral observou-se que a maioria das espécies apresentou um
considerável investimento em reprodução, principalmente pela presença de
algumas fêmeas maiores, a fim de subsistirem às condições hidrológicas
Montenegro, A. K. A., 2007. Biecologia da ictiofauna do açude Taperoá II...
94
imprevisíveis que são comuns na região em que se encontra o açude Taperoá
II.
4.2. ANÁLISE DO CONTEÚDO ESTOMACAL
Para analisar a dieta alimentar dos peixes, vários métodos foram
discutidos por Hynes (1950), baseando-se em ocorrências, número,
dominância, volume e peso dos itens alimentares, grau de repleção dos
estômagos e “pontos”. Com isso, concluiu-se que, para os principais itens
alimentares, todos esses métodos apresentaram resultados semelhantes.
Diante disto, no presente estudo optou-se pela combinação dos métodos
de freqüência de ocorrência e de pontos, principalmente, pelo fato do presente
estudo referir-se à análise da dieta alimentar de uma assembléia de peixes, ou
seja, espécies de regime alimentar variado e conseqüentemente, gerando
dificuldades na uniformização, sobretudo, das análises quantitativas do
conteúdo estomacal.
Foram analisados os conteúdos estomacais de 344 exemplares
pertencentes a 11 taxa registrados no açude Taperoá II (Astyanax fasciatus, A.
bimaculatus, Leporinus piau, Steindachnerina notonota, Characidium
bimaculatum, Poecilia vivipara, Hoplias malabaricus, Oreochromis niloticus,
Ciclassoma orientale, Hypostomus sp. e Prochilodus brevis), sendo coletados,
78 exemplares no período de estiagem de 2005, 84 no período chuvoso de
2006 e 182 na estiagem de 2006. As espécies C. orientale, Hypostomus sp. e
P. brevis em virtude da baixa freqüência nas capturas não tiveram as suas
dietas bem definidas.
Foi identificado um total de 129 itens alimentares provenientes da
análise dos conteúdos estomacais da ictiofauna do açude Taperoá II, sendo
que, 100 destes itens ocorreram no período de estiagem de 2005, 108 no
período chuvoso de 2006 e 81 itens no período de estiagem de 2006 (Fig. 9).
Montenegro, A. K. A., 2007. Biecologia da ictiofauna do açude Taperoá II...
95
C
D
A
B
Figura 9 – Alguns itens alimentares ingeridos pela ictiofauna do açude Taperoá II, Taperoá –
PB, durante o período estudado. A Microcystis aeruginosa; B Navicula sp.; C Closterium
sp.; D Melosira granulata; E – Lecane bulla; F Keratella americana; G – Polimirtarcidae
(Ephemeroptera); H – Libellulidae; I – Nematoda; J – Hydracarina; K - Larva de Chironomidae;
L – Hymenoptera.
C
D
E
F
Montenegro, A. K. A., 2007. Biecologia da ictiofauna do açude Taperoá II...
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J
Figura 9 – Alguns itens alimentares ingeridos pela ictiofauna do açude Taperoá II, Taperoá –
PB, durante o período estudado. A Microcystis aeruginosa; B Navícula sp.; C Closterium
sp.; D Melosira granulata; E – Lecane bulla; F Keratella americana; G – Polimirtarcidae
(Ephemeroptera); H – Libellulidae; I – Nematoda; J – Hydracarina; K - Larva de Chironomidae;
L – Hymenoptera.
G
H
I
J
K
G H
L
Montenegro, A. K. A., 2007. Biecologia da ictiofauna do açude Taperoá II...
97
No período de estiagem de 2005 os itens alimentares mais utilizados
pela ictiofauna foram as microalgas: Chlorella vulgaris (consumida por todas as
espécies), Cyclotella meneghiniana e Melosira granulata, restos vegetais, ovos,
e restos de insetos (consumidos por 7 das 8 espécies); no período chuvoso de
2006 foram: restos vegetais (7 espécies) e Chlorella vulgaris, e Conchostraca
(6 espécies); enquanto que, no período de estiagem de 2006 foram: matéria
orgânica (consumido por todas as espécies), restos vegetais e restos de
insetos (7 espécies), Melosira granulata, Cyclotella meneghiniana e Nematoda
(6 espécies).
4.2.1. DIETA ALIMENTAR DE Leporinus piau
Os espécimes de L. piau utilizados nas análises dos conteúdos
estomacais, um total de 28 indivíduos, apresentaram tamanhos que variaram
entre 7,6 cm e 22,0 cm e mediana de 13,85 cm.
A dieta alimentar de L. piau constou de um total de 59 itens, sendo
74,58% destes, registrados na estação de estiagem de 2005, 22,03% na
estação chuvosa de 2006 e 66,10% dos itens registrados na estiagem de 2006
(Quadro I). Observou-se claramente uma dieta alimentar mais ampla nos
períodos de estiagem (2005 e 2006), possivelmente associada a eutrofização
natural que ocorre neste período, propiciando a presença de uma maior
variedade e abundância de itens alimentares, favorecendo o seu consumo.
Estação Estiagem/05
Chuvosa/06
Estiagem/06
Nº de estômagos analisados 7 2 19
Itens Fo Fp IAi Fo Fp Iai Fo Fp Iai
Detritos 42,9 0,30
2,05
50 8,36
5,41
10,53 0,97
0,25
Escamas de peixes 28,6 0,20
0,91
5,26 0,15
0,02
Matéria orgânica 85,7 0,60
8,22
50 1,31
0,85
73,68 11,43
20,39
Ovos 85,7 0,60
8,22
100 6,23
8,07
36,84 3,21
2,86
Restos Vegetais 114,3 0,81
14,61
100 6,89
8,92
42,11 3,25
3,31
Sementes 28,6 0,20
0,91
100 4,10
5,31
31,58 2,91
2,23
FITOPLANCTON
Bacylariophyceae
Cyclotella meneghiniana
100,0 0,71
11,19
100 3,44
4,46
26,32 1,66
1,06
Cymbella sp. 14,3 0,10
0,23
50 2,79
1,80
Quadro I – Relação da freqüência de ocorrência (Fo), freqüência de pontos (Fp) e Índice de
importância alimentar (IAi) dos itens alimentares de Leporinus piau registrados no açude Taperoá
II, Taperoá – PB, durante o período estudado.
Montenegro, A. K. A., 2007. Biecologia da ictiofauna do açude Taperoá II...
98
Cont. Quadro I
Denticula sp.
10,53 1,33
0,34
Ephitemia sp.
50 2,79
1,80
Gomphonema sp.
10,53 0,71
0,18
Gyrosigma sp. 14,3 0,10
0,23
5,26 0,70
0,09
Mastogloia smithii
10,53 1,33
0,34
Melosira granulata
42,9 0,30
2,05
100 3,44
4,46
89,47 4,98
10,79
Melosira italica
5,26 0,60
0,08
Navícula sp1.
28,6 0,20
0,91
50 0,66
0,42
21,05 1,64
0,84
Navícula sp2.
28,6 0,20
0,91
Nitzschia sp. 14,3 0,10
0,23
10,53 1,48
0,38
Pinnularia sp. 28,6 0,20
0,91
Surirella sp. 14,3 0,10
0,23
10,53 0,86
0,22
Synedra sp2. 42,9 0,30
2,05
Chlorophyceae
Algas filamentosas 42,9 0,30
2,05
50 1,31
0,42
31,58 2,11
1,61
Ankistrodemus convolutus
28,6 0,20
0,91
Ankistrodesmus falcatus
28,6 0,20
0,91
31,58 1,21
0,93
Chlorela vulgaris
100,0 0,71
11,19
100 3,44
4,46
57,89 4,24
5,94
Chrocooccus sp. 14,3 0,10
0,23
Coelastrum sp. 14,3 0,10
0,23
Kirchneriella contorta
42,9 0,30
2,05
Spyrogira sp. 28,6 0,20
0,91
Cianophyceae
Anabaena sp.
5,26 0,08
0,01
Lyngbia sp. 28,6 0,20
0,91
Mycrocistis aeruginosa
28,6 0,20
0,91
Oscillatoria sp1. 57,1 0,40
3,65
5,26 0,60
0,08
Oscillatoria sp2. 28,6 0,20
0,91
Euglenophyceae
Euglena sp. 14,3 0,10
0,23
Phacus sp. 14,3 0,10
0,23
Trachelomonas sp. 71,4 0,50
5,71
50 0,66
0,42
15,79 1,55
0,59
ZOOPLANCTON
Rotifera
Conochilus sp. 28,6 0,20
0,91
Brachionus sp. 14,3 0,10
0,23
Keratella americana
5,26 0,51
0,06
Keratella tropica
5,26 0,05
0,01
Cladocera
Cladocera não identificado 28,6 0,20
0,91
10,53 0,77
0,20
ZOOBENTOS
Arachnidae 14,3 0,10
0,23
Chaoboriidae
10,53 0,75
0,19
Diptera Ceratopogonidae
10,53 0,32
0,08
Ephemeroptera
15,79 6,58
2,52
Gastropoda 28,6 0,20
0,91
10,53 0,79
0,20
Hydracarina
5,26 0,7
0,09
Hymenoptera
5,26 1,4
0,18
Larva de Chironomidae 42,9 0,30
2,05
57,89 9,01
12,63
Melanoides tuberculata
14,3 0,10
0,23
15,79 2,25
0,86
Nematoda 14,3 0,10
0,23
21,05 1,32
0,67
Ninfa de Chironomidae 14,3 0,10
0,23
Montenegro, A. K. A., 2007. Biecologia da ictiofauna do açude Taperoá II...
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Cont. Quadro I
Oligochaeta
5,26 0,32
0,04
Pupa de Chironomidae
5,26 1,20
0,15
Odonata 28,6 0,20
0,92
31,58 8,47
6,48
Restos de insetos 57,1 0,40
3,65
63,16 10,09
15,43
Ostracoda 57,1 0,40
3,65
Conchostraca 28,6 0,20
0,91
42,11 7,53
7,68
Total de itens 44 13 39
No período de estiagem de 2005, os itens de maior importância na dieta
de L. piau foram: restos vegetais (14,61%), C. vulgaris (11,10%), Cyclotella
meneghiniana (11,19%), matéria orgânica (8,22%) e ovos (8,22%). No período
chuvoso de 2006, os itens alimentares mais importantes foram, restos vegetais
(8,92%), ovos (8,07%), detritos (5,41%) e sementes (5,31%). No período de
estiagem de 2006, os principais itens da dieta de L. piau foram, matéria
orgânica (20,39%), Melosira granulata (10,39%), restos de insetos (15,43%),
larva de Chironomidae (12,63%) e Conchostraca (7,68%). A não repetição dos
principais itens nos períodos analisados revela que esta espécie é bastante
versátil e que faz uso do que o ambiente disponibiliza em maior quantidade.
Ressalta-se a importância de itens provenientes do substrato na dieta
desta espécie, demonstrando uma preferência alimentar. Contudo, ela se
alimentou de itens variados, principalmente, com relação à variação temporal
da dieta, sugerindo onivoria e oportunismo, corroborando um estudo realizado
por Gerking (1994), no qual afirma que os peixes bentívoros apresentam a
maior diversidade de modalidades alimentares entre os peixes.
Os resultados obtidos corroboram com um estudo realizado por Melo &
Röpke (2004), com outras espécies do mesmo gênero da planície do Bananal,
cujos hábitos alimentares foram generalistas, o tipo de alimento ingerido
dependente da disponibilidade do ambiente e a dieta apresentou semelhanças
com a da espécie do presente estudo. Assim como, Balassa et al. (2004) ao
estudarem quatro espécies do mesmo gênero, verificaram que todas
apresentaram um amplo espectro alimentar, sendo a dieta composta por
vegetais, detritos, insetos de diferentes ordens, invertebrados aquáticos e
peixes, no entanto, Alvim & Peret (2004), classificaram L. piau como uma
espécie de hábito herbívoro, assim como, A. bimaculatus e A. fasciatus.
Montenegro, A. K. A., 2007. Biecologia da ictiofauna do açude Taperoá II...
100
Dias et al. (2005), afirmam que, o fato de ter insetos de origem terrestre
e seus restos presentes nos estômagos, bem como sementes, mostra que o
peixe desta espécie está indo em direção à superfície do ambiente aquático
litorâneo para se alimentar.
Segundo um estudo realizado por Gomes & Verani (2003), no
reservatório de Três Marias, L. piau mostrou-se basicamente herbívoro, mas
com grande tendência a onivoria, sendo as algas filamentosas os itens de
maior importância na alimentação da espécie, enquanto que, Mérona & Rankin-
de-Mérona (2004) analisando os recursos alimentares de uma comunidade de
peixes de um lago de várzea da Amazônia Central, L. friderici e L. piau
apresentaram uma dieta composta principalmente por frutos, flores e outros
materiais vegetais; a primeira espécie diferenciou-se da segunda pelo fato de
ter uma dieta mais ampla, na qual estiveram presentes, insetos, invertebrados
terrestres, invertebrados aquáticos, camarão, ovos e peixe.
4.2.2. DIETA ALIMENTAR DE Astyanax bimaculatus
Os espécimes de A. bimaculatus utilizados nas análises dos conteúdos
estomacais, totalizando 78 indivíduos, apresentaram tamanhos que variaram
de 2,7 cm a 9,3 cm, com mediana de 5,4 cm.
A dieta alimentar da referida espécie constou de um total de 88 itens,
sendo 72,72% destes registrados na estação de estiagem de 2005, 46,59% na
estação chuvosa de 2006 e 54,54% na estação de estiagem de 2006 (Quadro
II).
Estiagem/05 Chuvosa/05
Estiagem/06
Número de estômagos 16 17
45
Itens Fo Fp IAi Fo Fp IAi Fo Fp IAi
Detritos 12,5 1,37
0,41
4,44 0,89
0,07
Escamas de peixes 18,8 3,99
1,78
11,76 2,71
0,83
8,89 0,77
0,12
Matéria orgânica 43,8 3,99
4,15
64,71 13,47
22,71
95,56 28,18
47,17
Ovos 50,0 3,36
3,99
23,53 6,11
3,75
22,22 3,09
1,20
Restos Vegetais 81,3 8,40
16,23
70,59 10,10
18,58
75,56 18,82
24,91
Sedimento 18,8 2,21
0,98
2,22 0,24
0,01
Sementes 43,8 4,41
4,59
29,41 7,80
5,98
40,00 7,09
4,97
Quadro II – Relação da freqüência de ocorrência (Fo), freqüência de pontos (Fp) e Índice de
importância alimentar (IAi) dos itens alimentares de Astyanax bimaculatus registrados no açude
taperoá II, Taperoá – PB, durante o período estudado.
Montenegro, A. K. A., 2007. Biecologia da ictiofauna do açude Taperoá II...
101
Cont. Quadro II
FITOPLANCTON
Bacylariophyceae
Achnanthes sp. 6,3 0,21
0,03
Amphora sp. 6,3 0,53
0,08
2,22 0,34
0,01
Cocconeis sp. 6,3 0,32
0,05
Cyclotella meneghiniana
31,3 0,84
0,62
17,65 1,05
0,48
11,11 0,89
0,17
Cymbella sp. 18,8 0,95
0,42
Denticula sp. 6,3 0,21
0,03
Ephitemia sp. 12,5 0,53
0,16
4,44 0,51
0,04
Eunotia pectinalis
2,22 0,13
0,01
Fragillaria sp. 18,8 1,16
0,51
Gomphonema sp. 6,3 0,32
0,05
Gyrosigma sp. 50,0 2,73
3,25
5,88 0,34
0,05
2,22 0,34
0,01
Mastogloia smithii
31,3 2,63
1,95
Melosira granulata
50,0 3,78
4,49
41,18 3,73
4,00
13,33 0,86
0,20
Melosira itálica
12,5 0,84
0,25
Navicula sp1.
43,8 2,31
2,40
11,76 1,36
0,42
2,22 0,34
0,01
Navicula sp2.
18,8 0,84
0,37
Nitzschia sp. 12,5 0,21
0,06
Pinnularia sp. 31,3 1,47
1,09
5,88 0,17
0,03
6,67 1,33
0,16
Rhopalodia sp. 6,3 0,63
0,09
2,22 0,34
0,01
Stauroneis sp. 12,5 0,95
0,28
Surirella sp. 12,5 0,84
0,25
Synedra sp1 12,5 2,10
0,62
Synedra sp2. 25,0 0,32
0,19
Chlorophyceae
Algas filamentosas 68,8 9,14
14,93
52,94 3,94
5,44
31,11 2,77
1,51
Ankistrodemus convolutus
12,5 0,74
0,22
2,22 0,33
0,01
Ankistrodesmus falcatus
6,3 0,21
0,03
17,65 0,87
0,40
4,44 0,07
0,01
Ankistrodesmus spiralis
6,3 0,11
0,02
Chlorela vulgaris
87,5 4,73
9,83
76,47 5,46
10,88
53,33 5,48
5,12
Chrocooccus sp. 6,3 0,84
0,12
5,88 0,17
0,03
Coelastrum sp. 25,0 1,05
0,62
2,22 0,18
0,01
Cosmarium sp.
4,44 0,34
0,03
Crucigenia sp. 6,3 0,32
0,05
5,88 0,17
0,03
Crucigenia tetrapedia
6,3 0,95
0,14
Eudorina elegans
12,5 0,63
0,19
5,88 0,68
0,10
2,22 0,22
0,01
Kirchneriella sp. 6,3 0,63
0,09
Oocystis sp. 12,5 0,95
0,28
Scenedesmus bijugatus
6,3 0,32
0,05
Scenedesmus quadricauda
12,5 0,42
0,12
Spirulina sp.
2,22 0,30
0,01
Spyrogira sp. 81,3 7,14
13,79
5,88 1,36
0,21
Cianophyceae
Anabaena sp. 37,5 1,58
1,40
5,88 0,51
0,08
2,22 0,08
0,00
Aphanocapsa sp. 6,3 0,32
0,05
Calotrix sp.
6,3 0,32
0,05
Chrocooccus sp. 6,3 0,21
0,02
Cylindrospermopsis raciborskii
12,5 0,32
0,09
Montenegro, A. K. A., 2007. Biecologia da ictiofauna do açude Taperoá II...
102
Cont. Quadro II
Gloetrichia sp. 12,5 0,21
0,06
5,88 0,68
0,10
Lyngbia sp. 6,3 1,16
0,17
Merismopedia sp. 6,3 0,32
0,05
5,88 0,68
0,10
Mycrocistis aeruginosa
12,5 0,11
0,03
11,76 1,53
0,47
20,00 1,59
0,56
Oscillatoria sp1. 50,0 2,10
2,50
11,76 1,04
0,32
2,22 0,24
0,08
Oscillatoria sp2. 18,8 1,47
0,66
Euglenophyceae
Euglena sp.
23,53 1,70
1,04
2,22 0,22
0,01
Phacus sp.
5,88 0,51
0,08
2,22 0,18
0,01
Trachelomonas sp. 12,5 1,05
0,31
23,53 2,41
1,48
8,89 1,32
0,21
Clamydomonas sp.
5,88 0,68
0,10
ZOOPLANCTON
Rotifera
Conochilus sp.
2,22 0,03
0,00
Lecane sp.
2,22 0,04
0,00
Keratella americana
2,22 0,13
0,01
Keratella tropica
6,3 0,32
0,05
Cladocera
Ceriodaphnia cornuta
2,22 0,22
0,01
Cladocera não identificado 6,3 0,21
0,03
17,65 1,19
0,55
2,22 0,29
0,01
Diaphanosoma spinulosum
23,53 1,68
1,03
Moina minuta
2,22 0,13
0,01
Copepoda
Copepoda não identificado
0,02 0,12
0,00
4,44 0,44
0,03
Náuplio de Copepoda
11,76 1,52
0,47
2,22 0,04
0,00
Ovo de Copepoda 6,3 0,21
0,03
ZOOBENTOS
Hydracarinae 6,3 0,53
0,08
11,76 1,43
0,44
2,22 0,43
0,02
Biomphalaria sp.
5,88 2,03
0,31
Chaoboriidae
2,22 0,04
0,00
Gastropoda
11,76 1,87
0,57
4,44 3,05
0,24
Hemiptera
17,65 2,17
1,00
2,22 0,05
0,00
Hymenoptera
11,76 1,02
0,31
Melanoides tuberculata
18,8 2,42
1,08
6,67 1,59
0,19
Nematoda 6,3 0,95
0,14
17,65 1,53
0,70
51,11 5,36
4,80
Odonata
6,67 0,40
0,05
Restos de insetos 31,3 1,04
0,45
52,94 9,84
13,57
44,44 10,26
7,99
Larva de Chironomidae
17,65 1,63
0,75
Pupa de Chironomidae 6,3 1,05
0,16
Trichoptera 6,3 0,53
0,08
5,88 0,51
0,08
Conchostraca 20 0,29
0,19
23,53 2,58
1,58
2,22 0,24
0,01
Ostracoda 60 7,03
13,61
17,65 2,08
0,96
Total de itens 64 41 48
No período de estiagem de 2005, os itens alimentares de maior
importância na dieta de A. bimaculatus foram, restos vegetais (IAi = 16,23%),
algas filamentosas (IAi = 14,93%), Spyrogira sp. (IAi = 13,79%), Ostracoda (IAi
Montenegro, A. K. A., 2007. Biecologia da ictiofauna do açude Taperoá II...
103
= 13,61%), e Chlorella vulgaris (IAi = 9,83%). Resultados semelhantes foram
obtidos por Gurgel et al. (2005), com relação aos dois primeiros itens de maior
importância alimentar aqui citados.
No período chuvoso de 2006, os itens alimentares mais importantes
foram, matéria orgânica (IAi = 22,71%), restos vegetais (IAi = 18,58%), restos
de insetos (IAi = 13,57%) e Chlorella vulgaris (IAi = 10,88%), respectivamente.
Esta variação sazonal segundo Andrian et al. (2001), reflete o caráter
oportunista da espécie, que busca os alimentos mais disponíveis, de acordo
com a oferta nas diferentes épocas do ano.
Enquanto que, no período de estiagem de 2006, igualmente ao período
chuvoso de 2006, A. bimaculatus apresentou uma dieta composta
principalmente, por matéria orgânica (IAi = 47,17%), restos vegetais (IAi =
24,91%), restos de insetos (IAi = 7,99%), Chlorella vulgaris (IAi = 5,12%) e
Nematoda (IAi = 4,80).
A. bimaculatus apresentou uma dieta bastante ampla em todos os
períodos analisados, sendo considerada onívora, mas com forte tendência a
um regime de herbivoria. Segundo Agostinho et al. (2007), esta espécie foi
considerada generalista, podendo haver diferentes tipos de tendências,
inclusive a herbivoria, dependendo do ambiente.
Dieta semelhante foi verificada por Gurgel et al. (2005) para a referida
espécie, na qual foram registrados basicamente dois itens alimentares,
vegetais superiores (IAi = 0,53) e algas (IAi = 0,37), enquanto que insetos
tiveram uma participação secundária (IAi = 0,07).
Hahn et al. (1997b) obtiveram resultados diferentes, nos quais A.
bimaculatus apresentou uma dieta composta principalmente, por: insetos e
peixes (> 60%), e vegetais superiores (de 30 a 60%). Roche et al. (2005), no
reservatório de Barra Bonita, registraram que os indivíduos jovens desta
espécie alimentavam-se principalmente, de algas e detritos, seguidos de
Copepoda, enquanto que, os adultos de grandes quantidades de ovos, insetos
aquáticos e matéria inorgânica. Ainda segundo os mesmos autores, no
reservatório Salto Grande os itens alimentares mais importantes para a espécie
foram as algas e as larvas de Diptera, como também, o consumo de Cladocera
foi maior nos indivíduos menores.
Montenegro, A. K. A., 2007. Biecologia da ictiofauna do açude Taperoá II...
104
Restos de insetos, restos vegetais e restos de invertebrados, foram os
itens mais freqüentes na dieta de A. bimaculatus do reservatório de Ribeirão
das Lajes – RJ, e restos de insetos foi o item de maior percentual numérico,
segundo Dias et al. (2005). A dieta de A. bimaculatus das lagoas marginais do
médio São Francisco foi constituída principalmente de macrófitas aquáticas e,
em menor quantidade, de peixes, escamas, algas, frutos e insetos aquáticos
(POMPEU & GODINHO, 2003).
Como foi observado no presente estudo, mais especificamente no
período chuvoso de 2006, A. bimaculatus tem hábito herbívoro-insetívoro; o
mesmo foi registrado por Andrian et al. (2001), sendo o alimento principal de
origem vegetal, porém com grande contribuição de insetos compondo o item
matéria animal.
A diferença registrada entre os dois períodos de estiagem pode estar
relacionada com o estado trófico do ambiente, que veio a diminuir ao longo do
estudo (pela presença das chuvas), apresentando cada vez mais macrófitas
submersas na região litorânea o que pode ter favorecido a presença de uma
maior quantidade de invertebrados.
4.2.3. DIETA ALIMENTAR DE Astyanax fasciatus
Os espécimes de A. fasciatus utilizados nas análises dos conteúdos
estomacais apresentaram comprimentos que variaram de 2,6 cm a 8,3 cm, com
mediana de 7,2 cm, totalizando 46 indivíduos.
Durante o período estudado, a dieta alimentar de A. fasciatus, constou
de um total de 54 itens, sendo 55,55% destes, registrados na estação de
estiagem de 2005, 33,33% na estação chuvosa de 2006 e 74,07% na estação
de estiagem de 2006 (Quadro III), demonstrando que, a referida espécie
apresenta uma dieta mais diversificada nos meses de menor precipitação
pluviométrica ou de ausência de chuvas, provavelmente associada a uma
maior concentração dos itens alimentares nesse período, ocasionada pelo
menor volume de água do açude.
Montenegro, A. K. A., 2007. Biecologia da ictiofauna do açude Taperoá II...
105
Estação Estiagem/05 Chuvosa/06
Estiagem/06
Nº de estômagos analisados 8 9 29
Itens Fo Fp IAi Fo Fp IAi Fo Fp IAi
Restos Vegetais 75 12,13
19,19
77,78 31,02
49,63
86,21 13,05
15,95
Ovos 37,5 6,07
4,80
66,67 9,63
13,20
24,14 2,75
0,94
Detritos 25 1,67
0,88
10,34 1,7
0,25
Sementes 25 1,46
0,77
33,33 6,42
4,40
6,90 1,13
0,11
Matéria orgânica 37,5 7,74
6,12
11,11 1,07
0,24
93,10 35,04
46,24
PEIXES
Restos de peixes
3,45 0,01
0,00
FITOPLANCTON
Bacylariophyceae
Cocconeis sp. 12,5 0,21
0,06
Cyclotella meneghiniana
50 1,46
1,54
3,45 0,23
0,01
Ephitemia sp.
17,24 1,92
0,47
Eunotia pectinalis
6,90 0,35
0,03
Gyrosigma sp. 37,5 2,93
2,32
22,22 2,67
1,22
Mastogloia smithii
37,5 1,46
1,16
3,45 0,23
0,01
Melosira granulata
62,5 5,65
7,45
31,03 1,98
0,87
Melosira itálica
25 0,63
0,33
Navicula sp1. 25 0,84
0,44
Navicula sp2. 25 2,30
1,21
Pinnularia sp. 37,5 2,51
1,99
Rhopalodia sp. 25 0,84
0,44
3,45 0,45
0,02
Surirella sp. 25 2,30
1,21
3,45 0,23
0,01
Eudorina elegans
22,22 2,14
0,98
Eunotia pectinalis
5,88 0,23
0,02
Synedra sp1.
11,11 1,07
0,24
Chlorophyceae
Algas filamentosas 25 4,81
2,54
22,22 2,67
1,22
27,59 6,97
2,73
Ankistrodesmus falcatus
6,90 0,44
0,04
Chlorela vulgaris
87,5 5,44
10,04
44,44 4,81
4,40
41,38 29,28
17,17
Closterium sp.
10,34 0,93
0,14
Coelastrum sp. 25 1,67
0,88
Spyrogira sp. 62,5 11,72
15,44
10,34 1,44
0,21
Cianophyceae
Anabaena sp.
6,90 0,72
0,07
Oscillatoria sp1. 37,5 1,67
1,32
10,34 0,86
0,13
Mycrocistis aeruginosa
12,5 0,21
0,06
13,79 0,81
0,16
Planktothrix sp.
3,45 0,23
0,01
Euglenophyceae
Strombomonas sp.
3,45 0,50
0,02
Trachelomonas sp. 50 3,56
3,75
6,90 0,68
0,07
ZOOPLANCTON
Rotifera
Brachionus falcatus
3,45 0,42
0,42
Keratella americana
6,90 0,15
0,01
Keratella valga
3,45 0,01
0,00
Lepadella sp.
3,45 0,01
0,00
Quadro III – Relação da freqüência de ocorrência (Fo), freqüência de pontos (Fp) e Índice de
importância alimentar (IAi) dos itens alimentares de Astyanax fasciatus, registrados no açude
taperoá II, Taperoá – PB, durante o período estudado.
Montenegro, A. K. A., 2007. Biecologia da ictiofauna do açude Taperoá II...
106
Cont. Quadro III
Simocephalus sp.
3,45 0,08
0,00
Cladocera
Ceriodaphnia cornuta
12,5 1,46
0,39
11,11 3,21
0,73
Cladocera não identificado
33,33 6,42
4,40
3,45 0,03
0,00
Diaphanosoma spinulosum
5,88 0,69
0,05
Moina minuta
3,45 0,03
0,00
Copepoda
3,45 0,37
0,02
Copepoda não identificado
11,11 2,14
0,49
3,45 0,42
0,02
ZOOBENTOS
Arachnidae 12,5 1,46
0,39
Hydracarinae
11,11 1,07
0,24
Chaoboriidae
3,45 0,38
0,02
Larva de Chironomidae 12,5 1,26
0,33
3,45 1,47
0,07
Chironomidae adulto
11,11 3,21
0,73
Nematoda 37,5 4,39
3,47
11,11 3,21
0,73
24,14 1,33
0,46
Conchostraca
11,11 2,14
0,49
Pupa de Chironomidae 12,5 1,26
0,33
Odonata 12,5 0,42
0,11
11,11 3,21
0,73
3,45 0,59
0,03
Restos de insetos 50 10,46
11,03
55,56 13,90
15,89
58,62 16,46
13,68
Total de itens 30 18 40
Nos períodos de estiagem de 2005 e 2006, observou-se uma maior
variedade de itens na dieta de A. fasciatus, este fato pode estar relacionado
tanto com uma maior atividade alimentar no período, quanto uma maior
disponibilidade de recursos no ambiente devido à diminuição da lâmina d’água
no período.
Os itens de maior importância alimentar na dieta de A. fasciatus no
período de estiagem de 2005 foram, restos vegetais (IAi = 19,19%), Spyrogira
sp. (IAi = 15,44%) e restos de insetos (IAi = 11,03%); enquanto que, no período
chuvoso de 2006, foram respectivamente, restos vegetais (IAi = 49,63%),
restos de insetos (IAi = 15,89%) e ovos (IAi = 13,20%); e no período de
estiagem de 2006 foram, matéria orgânica (IAi = 46,24%), Chlorella vulgaris
(IAi = 17,17%), restos vegetais (IAi = 15,25%) e restos de insetos (IAi =
13,68%) Sendo, portanto, considerada uma espécie onívora, mas com forte
tendência a herbívora.
Dieta semelhante foi observada por Gurgel et al. (2005), analisando a
dieta desta mesma espécie num trecho do Rio Ceará Mirim – RN, na qual, os
itens, algas (IAi = 0,55), vegetais superiores (IAi = 0,30), insetos (IAi = 0,06) e
crustáceos (IAi = 0,05) foram os itens de maior importância alimentar.
Montenegro, A. K. A., 2007. Biecologia da ictiofauna do açude Taperoá II...
107
No entanto, Bennemann et al. (2005), estudando a referida espécie e
outras do mesmo gênero, provenientes de rios da bacia do rio Tibagi,
verificaram que, A. fasciatus teve como principal item da sua dieta, restos de
insetos, seguido de plantas aquáticas, restos de vegetais superiores e
sementes, entretanto, teve a sua dieta considerada principalmente, herbívora,
corroborando com os dados obtidos no presente estudo. Diferentemente,
Pompeu & Godinho (2003), estudando a dieta da ictiofauna de três lagoas
marginais do Médio São Francisco, observaram que A. fasciatus apresentou
uma dieta composta principalmente por insetos aquáticos, algas filamentosas,
frutos, sementes e insetos terrestres.
4.2.4. DIETA ALIMENTAR DE Characidium bimaculatum
Os espécimes de C.bimaculatum utilizados nas análises dos conteúdos
estomacais, totalizando 47 indivíduos, apresentaram tamanhos que variaram
de 1,0 cm a 3,5 cm, apresentando uma mediana de 2,53 cm.
A dieta alimentar da referida espécie, durante o período estudado,
constou de um total de 33 itens, sendo 32,35% destes, registrados na estação
de estiagem de 2005, 41,17% na chuvosa de 2006 e 64,70% na estação
chuvosa de 2006 (Quadro IV).
Estação Estiagem/05
Chuvosa/06 Estiagem/06
Nº de estômagos analisados 5
17 25
Itens Fo Fp IAi Fo Fp IAi Fo Fp IAi
Escamas de peixes
5,88 0,66
0,15
4 2,55
0,47
Matéria orgânica
52 4,6
11,04
Restos Vegetais 80 23,22
25,52
5,88 0,63
0,15
16 4,60
3,40
Ovos 20 3,12
0,86
FITOPLANCTON
Bacylariophyceae
Cyclotella meneghiniana
20 3,12
0,86
8 1,79
0,66
Eunotia pectinalis
4 0,26
0,55
Melosira granulata
20 2,83
0,78
Navicula sp.
20 2,05
0,56
Chlorophyceae
Algas filamentosas 20 2,05
0,56
Ankistrodesmus falcatus
5,88 0,63
0,15
Quadro IV – Relação da freqüência de ocorrência (Fo), freqüência de pontos (Fp) e Índice de
importância alimentar (IAi) dos itens alimentares de Characidium bimaculatun, registrados no açude
Taperoa II, Taperoá – PB, durante o período estudado.
Montenegro, A. K. A., 2007. Biecologia da ictiofauna do açude Taperoá II...
108
Cont. Quadro IV
Chlorela vulgaris
40 5,17
2,84
5,88 0,32
0,07
Cosmarium sp.
4 1,34
0,25
Cianophyceae
Mycrocistis aeruginosa
4 0,64
0,12
ZOOPLANCTON
Rotifera
Rotifera não identificado 20 2,83
0,78
Cladocera
Ceriodaphnia cornurta
4 0,77
0,14
Cladocera não identificado
24 1,72
1,91
Diaphanosoma spinulosum
4 4,98
0,92
Moina minuta
12 16,35
9,06
Copepoda
Náuplio de Copepoda
4 0,64
0,12
ZOOBENTOS
Díptera Ceratopogoniidae
4,00 1,72
0,32
Ephemeroptera
5,88 0,28
0,07
20 5,87
5,42
Hemiptera
5,88 1,84
0,43
Hymenoptera
5,88 42,78
9,96
4 2,3
0,42
Larva de Chironomidae 100 44,49
61,13
64,71 28,8
73,79
52 16,09
38,62
Nematoda
4 0,89
0,16
Odonata
20,00 17,94
16,56
Restos de insetos 40 7,41
4,08
5,88 2,03
0,47
20,00 2,49
2,30
Restos de peixes
5,88 1,27
0,30
Pupa de Chironomidae 40 3,71
2,04
11,76 8,07
3,76
Ninfa de Chironomidae
4 2,68
0,49
Chironomidae adulto 11,76 2,31
1,08
Ostracoda 29,41 4,68
5,45
8 4,41
1,63
Conchostraca
17,65 5,98
4,18
24 5,36
5,94
Total de itens 11
14 22
Os itens alimentares de maior importância na dieta de C. bimaculatum
durante o período de estiagem de 2005 constaram de larva de Chironomidae
(IAi = 61,13%) e restos vegetais (IAi = 25,52%); enquanto que, no período
chuvoso de 2006 além do item larva de Chironomidae (IAi = 73,79%),
observou-se Hymenoptera (IAi = 9,96%) e Ostracoda (IAi = 5,45%); e no
período de estiagem de 2006, o item de maior importância também foi larva de
Chironomidae (IAi = 38,62%), Odonata (IAi = 16,56%) e matéria orgânica (IAi =
11,04%).
Diante destes resultados, pode-se afirmar que a referida espécie
apresenta um hábito alimentar insetívoro bastante especializado, pois o item
larva de Chironomidae foi o mais importante em todos os períodos analisados;
e segundo Abílio (2003), num estudo acerca dos invertebrados bentônicos em
Montenegro, A. K. A., 2007. Biecologia da ictiofauna do açude Taperoá II...
109
açudes do semi-árido paraibano, os chironomídeos foram dominantes no açude
Taperoá II. A ingestão de outros recursos ocorreu provavelmente, por estes
estarem em quantidades disponíveis no ambiente. Fato semelhante foi
observado por Vilella (2001), ao estudar uma espécie do mesmo gênero em
três lagoas do Paraná, Characidium aff. zebra, o “canivetinho”, que também
apresentou hábito insetívoro; Enquanto Silva (1993), estudando algumas
espécies do igarapé Candirú, no Amazonas, observou que a espécie
congenérica Characidium pteroides, consumiu preferencialmente invertebrados
bentônicos (100%).
Num estudo realizado por Fogaça et al. (2003), acerca da ictiofauna do
rio do Quebra – PR, as espécies C. lanei e C. pterostictum apresentaram uma
dieta na qual a maior freqüência foi o do item insetos aquáticos imaturos, ou
seja, larvas de Chironomidae e ninfas de Ephemeroptera. Os mesmos autores
afirmam que, estas espécies são predadoras de espreita, mantendo-se junto ao
fundo ou à margem, movendo-se pouco ou esperando que a presa surja, e
deste modo, corroborando com os dados obtidos no presente estudo.
Galina & Hahn (2004), ao estudarem a atividade de forrageamento de
um peixe insetívoro (Triportheus spp.) do reservatório de Manso – MT,
afirmaram que a utilização dos peixes como ferramenta para amostrar a
entomofauna colabora com o conhecimento dos insetos e da oferta de recursos
disponíveis na cadeia alimentar aquática.
4.2.5. D
IETA ALIMENTAR DE Steindachnerina notonota
Os espécimes de S. notonota utilizados nas análises dos conteúdos
estomacais apresentaram tamanhos que variaram de 2,2 cm a 10,7 cm,
apresentando uma mediana de 8,4 cm, totalizando 44 indivíduos.
De acordo com a análise da dieta alimentar de S. notonota, durante o
período estudado, registrou-se um total de 88 itens, sendo 81,81% destes,
registrados na estação de estiagem de 2005, 67,04% na estação chuvosa de
2006 e 27,72% na estação de estiagem de 2006 (Quadro V).
Montenegro, A. K. A., 2007. Biecologia da ictiofauna do açude Taperoá II...
110
Estação Estiagem/05
Chuvosa/06 Estiagem/06
Nº de estômagos analisados 19
20 5
Itens Fo Fp Iai Fo Fp Iai Fo Fp Iai
Detritos 84,2 14,10
19,82
95 14,67
23,11
100 22,47
33,51
Escamas de peixes 5,3 0,81
0,07
15 1,21
0,30
Matéria orgânica 68,4 5,07
5,79
75 6,69
8,31
60,00 11,87
10,62
Ovos 89,5 3,70
5,53
80 5,85
7,76
80,00 9,68
11,55
Restos vegetais 100 9,99
16,68
95 13,65
21,50
80 10,55
12,59
Sedimento 57,9 4,41
4,27
Sementes 47,4 2,99
2,37
35 3,16
1,83
FITOPLANCTON
Bacylariophyceae
Amphora sp. 15,8 0,46
0,12
Cocconeis sp.
20,00 0,59
0,18
Cyclotella meneghiniana
68,4 2,54
2,90
40 2,04
1,35
40,00 2,51
1,50
Cymbella sp. 10,5 0,51
0,09
60,00 4,98
4,46
Diploneis sp.
5 0,46
0,04
Ephitemia sp. 5,3 0,20
0,02
40,00 3,06
1,83
Eunotia pectinalis
5,3 0,20
0,02
5 0,28
0,02
20 2,19
0,65
Fragillaria sp. 10,5 0,46
0,08
Gomphonema sp.
5 0,46
0,04
Gyrosigma sp. 68,4 2,54
2,90
20 1,21
0,40
Mastogloia smithii
31,6 1,67
0,88
5 0,46
0,04
40,00 1,46
0,87
Melosira granulata
89,5 4,52
6,74
95 3,90
6,14
100 5,62
8,38
Melosira italica
26,3 0,86
0,38
Navicula sp1.
52,6 2,44
2,14
15 0,74
0,18
40,00 1,46
0,87
Navicula sp2.
26,3 0,96
0,42
10 0,84
0,14
Neidium sp.
5 0,46
0,04
Nitzschia sp. 15,8 0,51
0,13
20 0,84
0,28
20,00 0,59
0,18
Pinnularia sp. 31,6 1,42
0,75
25 1,11
0,46
40,00 2,24
1,34
Surirella sp. 26,3 1,07
0,47
10 0,74
0,12
40,00 1,46
0,87
Synedra sp1 47,4 1,47
1,16
10 0,65
0,11
Synedra sp2. 5,3 1,01
0,09
10 0,46
0,08
Chlorophyceae
Algas filamentosas 31,6 1,47
0,78
20 1,30
0,43
40,00 2,79
1,66
Ankistrodemus convolutus
15,8 0,71
0,19
5 0,09
0,01
Ankistrodesmus falcatus
21,1 0,86
0,30
5 0,65
0,05
20,00 0,59
0,18
Ankistrodesmus spiralis
5,3 0,10
0,01
Chlorela vulgaris
100 4,16
6,94
100 4,27
7,08
60 1,51
0,59
Chrocooccus sp. 15,8 0,36
0,09
10 0,56
0,09
Chrocooccus turgidus
10,5 0,61
0,11
Closterium sp.
10,5 0,41
0,07
10 0,28
0,05
Cosmarium sp.
20,00 0,59
0,18
Eudorina elegans
0,5 0,19
0,00
Kirchneriella contorta
10,5 0,30
0,05
Kirchneriella sp.
5 0,37
0,03
Q
Quadro V – Relação da freqüência de ocorrência (Fo), freqüência de pontos (Fp) e Índice de
importância alimentar (IAi) dos itens alimentares de Steindachnerina notonota, registrados no açude
Taperoá II, Taperoá – PB, durante o período estudado.
Montenegro, A. K. A., 2007. Biecologia da ictiofauna do açude Taperoá II...
111
Cont. Quadro V
Scenedesmus bijugatus
5 0,46
0,04
Scenedesmus quadricauda
5,3 0,10
0,01
5 0,46
0,04
Schroederia setigera
5 0,19
0,02
Selenastrum sp.
5 0,19
0,02
Spyrogira sp.
5 0,46
0,04
Cianophyceae
Anabaena sp. 84,2 3,04
4,28
35 1,67
0,97
Calotrix sp.
5,3 0,20
0,02
Cylindrospermopsis raciborskii
68,4 1,98
2,26
30 1,30
0,65
Gloetrichia sp. 36,8 1,32
0,81
5 0,46
0,04
Lyngbia sp. 10,5 0,25
0,04
5 0,46
0,04
Merismopedia sp. 10,5 0,20
0,04
5 0,37
0,03
Mycrocistis aeruginosa
21,1 0,71
0,25
15 0,65
0,16
Oocystis sp. 10,5 0,41
0,07
Oscillatoria sp1. 84,2 2,49
3,49
40 2,51
1,66
40,00 3,06
1,83
Oscillatoria sp2. 26,3 2,08
0,91
30 0,56
0,28
Planktothrix sp. 5,3 0,10
0,01
Euglenophyceae
Euglena sp. 10,5 0,41
0,07
Phacus sp. 21,1 0,46
0,16
30 1,21
0,60
Trachelomonas sp. 31,6 1,12
0,59
20 0,84
0,28
Strombomonas sp.
5 0,09
0,01
ZOOPLANCTON
Rotifera
Bdelloidea 5,3 0,20
0,02
Hexarthra mira
5,3 0,15
0,01
Keratella americana
5 0,19
0,02
60,00 4,70
4,21
Keratella tropica
5,3 0,10
0,01
5 0,37
0,03
20 4,11
1,23
Keratella valga
20 0,59
0,18
Lecane monostila cornuta
5,3 0,15
0,01
Lecane setenroosi
5,3 0,20
0,02
Lecane sp. 36,8 1,32
0,81
Platyias sp.
5,3 0,20
0,02
Rotifera não identificado 36,8 1,57
0,97
10 0,37
0,06
Tintinidae 5,3 0,10
0,01
Cladocera
Cladocera não identificado
45 2,04
1,19
Ceriodaphnia cornuta
10 0,19
0,03
10 0,19
0,03
Diaphanosoma spinulosum
10,5 0,61
0,11
45 1,95
1,46
Moina minuta
5,3 0,30
0,03
45 1,39
1,04
Restos de Cladocera 31,6 0,66
0,35
Copepoda
Copepoda 10,5 0,36
0,06
90 4,00
5,56
Náuplio de Copepoda 10,5 0,61
0,11
5 0,37
0,03
Ovo de Calanoida 5,3 0,25
0,02
Restos de Copepoda 31,6 1,37
0,72
ZOOBENTOS
Chironomidae adulto 5,3 0,20
0,02
Conchostraca 5,3 0,10
0,01
50 1,86
1,54
Montenegro, A. K. A., 2007. Biecologia da ictiofauna do açude Taperoá II...
112
Cont. Quadro V
Larva de Chironomidae 5,3 0,61
0,05
Nematoda 31,6 1,22
0,64
40 2,41
1,60
20 1,92
0,57
Oligochaeta
15 1,21
0,30
Ostracoda 10,5 0,71
0,12
70 3,62
4,20
Pupa de Chironomidae 5,3 0,20
0,02
Restos de insetos 31,6 1,01
0,53
10 0,28
0,05
Total de itens 72
59 20
Além da maior amplitude da dieta no período de estiagem de 2005,
alguns itens alimentares foram exclusivos, sedimento, algumas algas (Amphora
sp., Melosira italica, Oocystis sp., dentre outras), larva e pupa de
Chironomidae, etc, fato que, segundo Teixeira & Gurgel (2004), está
relacionado com a maior atividade alimentar da espécie nos meses de menor
precipitação pluviométrica. Contudo, este fato não foi observado no período de
estiagem de 2006, devido provavelmente, ao grande volume de água presente
no açude e com isso, a conseqüente diluição dos itens alimentares no
ambiente.
A espécie apresentou uma dieta alimentar muito variada, sendo que, os
itens detritos e restos vegetais (Quadro VII), respectivamente, foram os de
maior importância alimentar para a mesma em todos os períodos analisados,
indicando um regime alimentar detritívoro.
Teixeira & Gurgel (op. cit.), estudando a dinâmica da nutrição de S.
notonota do açude Riacho da Cruz (RN), verificaram que uma dieta à base
principalmente de detritos, corroborando com o presente estudo, em que este
item foi o de maior importância alimentar. O mesmo se verificou em trabalhos
de Montenegro et al. (2007a; b), estudando a influência da metodologia sobre a
análise da dieta da referida espécie, no próprio açude Taperoá II; e Gurgel et
al. (2005) observaram uma dieta composta basicamente formada por
sedimentos (IAi = 0,53) e algas (IAi = 0,35).
Estudos com diferentes espécies do mesmo gênero, realizados por
Giora & Fialho (2003) e Melo et al. (2004), revelaram dietas semelhantes à da
espécie estudada no que diz respeito ao item preferencial, detritos e seus
inúmeros itens associados.
Montenegro, A. K. A., 2007. Biecologia da ictiofauna do açude Taperoá II...
113
4.2.6. DIETA ALIMENTAR DE Hoplias malabaricus
O comprimento dos espécimes de H. malabaricus utilizados nas análises
dos conteúdos estomacais variou de 2,0 cm a 34,2 cm, apresentando uma
mediana de 21,5 cm, totalizando 29 indivíduos.
De acordo com os resultados obtidos, a dieta alimentar de H.
malabaricus constou de um total de 19 itens, sendo 52,63% destes registrados
na estiagem de 2005, 57,89% na estação chuvosa de 2006 e 36,84% na
estação de estiagem de 2006 (Quadro VI).
Estação Estiagem/05
Chuvosa/06 Estiagem/06
Nº de estômagos analisados 11 9 9
Itens Fo Fp IAi Fo Fp IAi Fo Fp IAi
Matéria orgânica 27,3 25,50
24,72
100 4,29
12,67
Restos Vegetais
11,11 3,19
2,71
Sementes
20 0,30
0,18
PEIXES
Restos de peixes 54,5 26,54
51,44
22,22 4,25
7,23
Escamas de peixes 9,1 2,28
0,74
40 2,59
3,06
Astyanax bimaculatus
11,11 19,53
16,62
20,00 15,94
9,42
Characidium bimaculatum
9,1 5,25
1,70
11,11 0,25
0,21
20,00 7,97
4,71
Cichlidae 9,1 11,61
3,75
11,11 15,37
13,08
Steindachnerina notonota
11,11 27,95
23,78
Synbranchus sp.
11,11 6,05
5,15
FITOPLANCTON
Bacylariophyceae
Cyclotella meneghiniana
9,1 2,90
0,94
Eunotia pectinalis
9,1 2,90
0,94
Chlorophyceae
Chlorela vulgaris
27,3 6,98
6,76
ZOOBENTOS
Ephemeroptera
11,11 0,368
0,31
20 0,90
0,53
Odonata
22,22 0,49
0,83
Odonata (Gomphidae)
11,11 9,77
8,31
Melanoides tuberculata
22,22 12,79
21,76
Nematoda 9,1 4,15
1,34
Restos de insetos 18,2 11,89
7,68
80 29,39
69,44
Total de itens 10
11 7
Em relação ao regime alimentar da espécie, o principal item da dieta foi
peixes (restos de peixes, IAi = 51,44%), tanto no período de estiagem de 2005,
Quadro VI – Relação da freqüência de ocorrência (Fo), freqüência de pontos (Fp) e Índice de
importância alimentar (IAi) dos itens alimentares de Hoplias malabaricus, registrados no açude
taperoa II, Taperoá – PB, durante o período estudado.
Montenegro, A. K. A., 2007. Biecologia da ictiofauna do açude Taperoá II...
114
quanto no período chuvoso de 2006, desde os não-identificados a identificados,
evidenciando com isso, o hábito piscívoro. Apesar disso, no período chuvoso
de 2006 observou-se um incremento na dieta por parte de algumas espécies
de organismos zoobentônicos, principalmente Melanoides tuberculata (IAi =
21,76%), devido à população de H. malabaricus ser representada na ocasião
por alguns indivíduos de tamanhos menores.
Porém, no período de estiagem de 2006, o hábito de H. malabaricus foi
insetívoro (restos de insetos, IAi = 69,44%), este fato se deve a variação
ontogenética desta espécie, na qual indivíduos jovens alimentam-se
preferencialmente de insetos associados às macrófitas, que foi o caso da
maioria dos indivíduos coletados neste período. Estes dados corroboram com
os resultados obtidos por Abílio (2003), nos quais um maior número de
chironomídeos foi encontrado associado a macrófita Najas sp. no período de
estiagem no açude Taperoá II. Diante desta variação observada na dieta, a
referida espécie foi considerada carnívora.
Diferentemente do observado no presente estudo, Costa (2001)
registrou a ingestão de insetos apenas na fase úmida e atribuiu este fato à
maior probabilidade de sucesso no ataque a este tipo de presa, o que não
ocorreria se as presas apresentassem uma maior eficiência de mobilidade e
fuga, como os peixes. Atribui-se essa discordância aos tamanhos dos
exemplares capturados, os quais foram maiores do que os aqui registrados
(variação ontogenética); este tipo de variação é citada por Prejs & Colomine
(1981), quando afirma que os hábitos alimentares podem mudar em uma
mesma espécie, de acordo com a localidade, as condições de alimento, a
sazonalidade, a idade e o sexo.
Resultados similares aos do presente estudo foram registrados por
Gurgel (2004), estudando a alimentação de espécies de peixes do rio Ceará
Mirim – RN, no qual a referida espécie alimentou-se essencialmente de
crustáceos (IAi = 0,57), peixes (IAi = 0,32) e insetos (IAi = 0,10); Hahn et al.
(1997a) no reservatório de Segredo – SC; Costa (2001) em rios intermitentes
do semi-árido paraibano; Assim como, Hahn et al. (1997b), num estudo sobre a
ecologia trófica de peixes da planície de inundação do Alto Rio Paraná,
também observaram a importância do item peixes na dieta de H. malabaricus;
Vilella (2001), em três lagoas marginais do rio Paraná - PR; Alvim & Peret
Montenegro, A. K. A., 2007. Biecologia da ictiofauna do açude Taperoá II...
115
(2004), no Alto rio São Francisco – MG; Cardoso et al. (2004), em dois açudes
paraibanos; Cassemiro et al. (2005), no reservatório do Salto Caxias - PR;
Chaves (2004), num estudo sobre a dinâmica populacional da mesma espécie
em açudes paraibanos; Gurgel et al. (2005), num trecho do rio Ceará Mirim –
RN; e Fogaça et al. (2003), estudando a ictiofauna do rio do Quebra - Paraná,
observaram que a referida espécie alimentou-se de camarão e peixes.
Contudo, Pereira et al. (2004) estudando o hábito alimentar de nove
espécies de peixes do reservatório de Três Irmãos – SP, observaram que a
referida espécie apresentou um hábito carcinófago, ou seja, alimentaram-se de
crustáceos. Mérona & Rankin-de-Mérona (2004), observaram num estudo
sobre a alimentação de peixes da planície de inundação da Amazônia Central,
que H. malabaricus apresentou uma dieta piscívora à base principalmente, de
peixes e em menor proporção de camarão, ovos e restos vegetais.
4.2.7. DIETA ALIMENTAR DE Poecilia vivipara
Os espécimes de P. vivipara utilizados nas análises dos conteúdos
estomacais apresentaram tamanhos que variaram de 0,4 cm a 4,0 cm,
apresentando uma mediana de 2,0 cm, totalizando 49 indivíduos.
Em relação à dieta alimentar de P. vivipara, registrou-se um total de 61
itens, sendo 22,95% destes foram registrados na estação de estiagem de 2005,
77,04% na estação chuvosa de 2006 e 59,01% na estação de estiagem de
2006 (Quadro VII).
Estação Estiagem/05
Chuvosa/06 Estiagem/06
Nº de estômagos analisados 11
19 19
Itens Fo Fp IAi Fo Fp IAi Fo Fp IAi
Detritos
5,26 21,17
2,14
10,53 2,74 0,54
Escamas de peixes 9,1 1,43
0,20
5,26 0,03
0,00
5,26 0,38
0,04
Matéria orgânica
100,0 15,91
30,56
78,95 26,09
38,37
Ovos 9,1 3,14
0,44
5,26 0,04
0,00
21,05 3,12
1,22
Restos Vegetais 90,9 66,71
92,72
100,0 20,24
38,88
84,21 21,42
33,60
Sedimento
47,37 4,84
4,40
Sementes
5,26 0,16
0,02
FITOPLANCTON
Bacylariophyceae
Amphora sp.
10,53 0,06
0,01
10,53 1,35
0,26
Quadro VII – Relação da freqüência de ocorrência (Fo), freqüência de pontos (Fp) e Índice de
importância alimentar (IAi) dos itens alimentares de Poecilia vivipara, registrados no açude Taperoa II,
Taperoá – PB, durante o período estudado.
Montenegro, A. K. A., 2007. Biecologia da ictiofauna do açude Taperoá II...
116
Cont. Quadro VII
Caloneis sp.
5,26 0,02
0,00
Crucigenia tetrapedia
5,26 0,25
0,03
Cyclotella meneghiniana
27,3 4,07
1,70
15,79 5,10
1,55
15,79 1,89
0,56
Cymbella sp.
10,53 0,98
0,19
Ephitemia sp.
36,84 3,69
2,53
Eunotia pectinalis
10,53 0,52
0,10
Fragillaria sp.
10,53 0,05
0,01
Gomphonema sp.
5,26 0,02
0,00
5,26 0,19
0,02
Mastogloia smithii
31,58 2,42
1,47
Melosira granulata
9,1 1,43
0,20
63,16 2,56
3,11
47,37 3,34
2,95
Navicula sp1.
57,89 2,84
3,16
31,58 2,24
1,32
Nitzschia sp.
21,05 1,58
0,62
Pinnularia sp.
52,63 0,74
0,75
10,53 1,07
0,21
Rhopalodia sp.
5,26 0,79
0,08
Stauroneis sp.
42,11 0,57
0,46
Surirella sp.
5,26 0,04
0,00
Synedra sp1 9,1 1,43
0,20
10,53 0,42
0,08
Tetraedron sp.
15,79 0,25
0,08
Chlorophyceae
Algas filamentosas 18,2 6,07
1,69
52,63 2,51
2,54
47,37 5,2
4,59
Botryiccocus braunii
5,26 0,03
0,00
Chlorela vulgaris
18,2 4,86
1,35
52,63 2,53
2,56
63,16 5,39
6,34
Chrooccocus turgidus
15,79 1,94
0,59
Closterium sp.
15,79 1,94
0,59
Coelastrum sp.
5,26 0,4
0,04
Cosmarium sp.
15,79 0,23
0,07
36,84 3,31
2,27
Crucigenia sp.
5,26 0,4
0,04
Crucigenia tetrapedia
5,26 0,25
0,03
Eudorina elegans
5,26 0,16
0,02
Pediatrum sp.
5,26 0,04
0,00
Pleurotaenium ehrenbergii
10,53 0,42
0,08
Spirulina sp.
5,26 0,4
0,04
Spyrogira sp.
10,53 0,42
0,08
5,26 0,28
0,03
Cianophyceae
Anabaena sp.
5,26 0,02
0,00
Cylindrospermopsis raciborskii
5,26 0,16
0,02
Oscillatoria sp1.
36,84 2,47
1,75
21,05 1,51
0,59
Oscillatoria sp2. 9,1 1,43
0,20
16,67 1,85
0,65
Mycrocistis aeruginosa
9,1 1,43
0,20
63,16 2,67
3,24
10,53 0,50
0,10
Euglenophyceae
Phacus sp.
10,53 0,03
0,01
Trachelomonas sp.
21,05 2,34
0,95
10,53 1,51
0,30
ZOOPLANCTON
Rotifera
Brachionus patulus
5,26 0,12
0,01
Keratella americana
5,26 1,01
0,10
Tintinidae
9,1 1,57
0,22
Cladocera
Restos de Cladocera 9,1 1,43
0,20
5,26 0,03
0,00
ZOOBENTOS
Chironomidae adulto
5,26 1,16
0,12
Montenegro, A. K. A., 2007. Biecologia da ictiofauna do açude Taperoá II...
117
Cont. Quadro VII
Conchostraca
5,26 0,81
0,08
10,53 0,95
0,19
Copepoda
15,79 0,46
0,14
Hydracarinae
5,26 0,02
0,00
26,32 1,23
0,06
Larva de Chironomidae 9,1 4,29
0,60
Larva de Diptera
5,26 0,09
0,01
Náuplio de Copepoda
5,26 0,17
0,02
Nematoda
5,26 0,02
0,00
5,26 1,7
0,06
Ninfa de Chironomidae
8,33 1,39
0,13
5,26 0,38
0,26
Ostracoda 9,1 0,71
0,10
10,53 0,03
0,01
Restos de insetos
15,79 1,15
0,35
21,05 4,82
1,89
Total de itens 14
47 36
Alguns itens alimentares foram exclusivos do período chuvoso de 2006,
como detritos, sedimento e algumas microalgas (Amphora sp., Caloneis sp.,
Crucigenia sp., Fragillaria sp., Mastogloia smithii, dentre outras).
No período de estiagem de 2005, o item alimentar de maior importância
na dieta de P. vivipara foi restos vegetais (IAi = 92,72%); enquanto que, no
período chuvoso de 2006, além de restos vegetais (IAi = 38,88%) observou-se
também a importância dos itens matéria orgânica (IAi = 30,56%) e sedimento
(IAi = 4,40%); e no período de estiagem de 2006, matéria orgânica (IAi =
38,37%) foi o item mais importante, seguido de restos vegetais (IAi = 33,60%) e
Chlorella vulgaris (IAi = 6,34%). Os resultados obtidos sugerem um regime
alimentar herbívoro para a referida espécie.
Corroborando com os dados fornecidos pela Alcon (2006), a família
Poeciliidae é representada por espécies de hábito onívoro; Oliveira &
Bennemann (2005), num estudo realizado sobre a ictiofauna de um riacho
urbano no Sul do Brasil, observaram que uma espécie do mesmo gênero
(Poecilia reticulata) apresentou uma dieta constituída principalmente por
detritos, restos de insetos, Coleoptera e Chironomidae, respectivamente. Vilella
(2001), estudando uma espécie pertencente à mesma Família (Poeciliidae),
Phallotorynus sp., o “barrigudinho”, registrou um regime alimentar herbívoro,
semelhante ao registrado para Poecilia vivipara no presente estudo.
Montenegro, A. K. A., 2007. Biecologia da ictiofauna do açude Taperoá II...
118
4.2.8. DIETA ALIMENTAR DE Oreochromis niloticus
O tamanho dos espécimes de O. niloticus utilizados nas análises dos
conteúdos estomacais variou de 1,25 cm a 9,4 cm, apresentando uma mediana
de 6,4 cm, totalizando 19 indivíduos.
A dieta alimentar de O. niloticus, durante o período estudado, constou de
um total de 77 itens, sendo 25,97% destes registrados na estação de estiagem
de 2005, 92,20 na estação chuvosa de 2006 e 9,09% na estação de estiagem
de 2006 (Quadro VII).
Estação Estiagem/05
Chuvosa/06 Estiagem/06
Nº de estômagos analisados 1 17
1
Itens Fo Fp IAi Fo Fp IAi Fo Fp IAi
Detritos 100 12,05
12,05
17,65 2,42
0,74
Escamas de peixes
35,29 1,92
1,17
Matéria orgânica 100 8,03
8,03
100,00 9,64
16,65
50 10,71
10,73
Ovos 100 4,02
4,02
35,29 0,85
0,52
Restos de peixes 100 4,02
4,02
Restos Vegetais 100 8,03
8,03
88,24 11,16
17,01
50 14,29
14,31
Sedimento
17,65 1,07
0,33
Sementes 100 7,60
7,60
29,41 2,17
1,10
FITOPLANCTON
Bacylariophyceae
Achnanthes sp.
23,53 0,36
0,15
Amphora sp.
23,53 0,99
0,40
Caloneis sp.
11,76 0,17
0,03
Cyclotella meneghiniana
70,59 2,70
3,29
Cymbella sp.
17,65 0,36
0,11
Diploneis sp.
5,88 0,28
0,03
Eudorina elegans
Fragillaria sp.
5,88 0,43
0,04
Frustulia sp.
5,88 0,43
0,04
Gomphonema sp.
29,41 1,14
0,58
Gyrosigma sp.
11,76 0,21
0,04
Mastogloia smithii
64,71 2,20
2,46
Melosira granulata
100 4,02
4,02
76,47 2,49
21,11
50 3,57
3,58
Navicula sp1.
82,35 2,72
3,87
Neidium sp.
5,88 0,21
0,02
Nitzschia sp.
17,65 0,64
0,20
Pinnularia sp.
76,47 2,49
3,29
Rhopalodia sp.
17,65 0,28
0,09
Stauroneis sp.
23,53 0,85
0,35
Surirella sp.
23,53 0,50
0,20
Quadro VIII – Relação da freqüência de ocorrência (Fo), freqüência de pontos (Fp) e Índice de
importância alimentar (IAi) dos itens alimentares de Oreochromis niloticus, registrados no açude
Taperoá II, Taperoá – PB, durante o período estudado.
Montenegro, A. K. A., 2007. Biecologia da ictiofauna do açude Taperoá II...
119
Cont. Quadro VIII
Synedra sp1
41,18 1,92
1,37
Chlorophyceae
Alga filamentosa 100 4,02
4,02
88,24 3,22
4,91
Ankistrodesmus falcatus
5,88 0,14
0,01
Botryoccocus braunii
5,88 0,11
0,01
Chrocooccus sp.
11,76 0,14
0,03
Chrooccocus turgidus
5,88 0,78
0,08
Chlorela vulgaris
100 4,02
4,02
76,47 2,30
3,04
Closterium sp.
5,88 0,14
0,01
Coelastrum sp.
11,76 0,57
0,12
Cosmarium sp.
17,65 0,85
0,26
Eudorina elegans
100 4,02
4,02
17,65 0,50
0,15
Oocystis sp. 100 4,02
4,02
Scenedesmus acuminatus
5,88 0,14
0,01
Scenedesmus quadricauda
35,29 1,21
0,74
Schroederia setigera
5,88 0,43
0,04
Selenastrum sp.
11,76 0,21
0,04
Spirulina sp.
29,41 1,53
0,78
Spyrogira sp.
47,06 1,56
1,27
Stephanodiscus sp.
5,88 0,05
0,01
Cianophyceae
Anabaena sp.
29,41 0,92
0,47
Cylindrospermopsis raciborskii
5,88 0,28
0,03
Gloetrichia sp.
5,88 0,02
0,00
Lyngbia sp.
11,76 0,71
0,14
Merismopedia sp.
5,88 0,43
0,04
Mycrocistis aeruginosa
35,29 1,09
0,66
Nostoc sp.
5,88 0,07
0,01
Oscillatoria sp1. 100 4,02
4,02
64,71 2,74
3,06
Euglenophyceae
Phacus sp.
11,76 0,28
0,06
Trachelomonas sp.
52,94 1,73
1,58
ZOOPLANCTON
Rotifera
Lecane sp. 100 4,02
4,02
11,76 0,09
0,02
Cladocera
Cladocera não identificado 100 8,04
8,04
17,65 0,38
0,12
Ceriodaphnia cornuta
100 4,02
4,02
5,88 0,21
0,02
Diaphanosoma spinulosum
100 4,02
4,02
23,53 1,35
0,55
Moina minuta
23,53 1,56
0,63
Copepoda
Restos de Copepoda 100 4,02
4,02
ZOOBENTOS
Conchostraca
41,18 2,49
1,77
Copepodito
11,76 0,43
0,09
Copepoda
29,41 1,99
1,01
Ephemeroptera
50 32
32,05
Gastropoda
11,76 0,28
0,06
Hydracarinae 100 4,02
4,02
23,53 1,35
0,55
50 7,14
7,15
Montenegro, A. K. A., 2007. Biecologia da ictiofauna do açude Taperoá II...
120
Cont. Quadro VIII
Larva de Chironomidae
17,65 0,44
0,13
50 21,43
21,46
Larva de Diptera
5,88 0,42
0,04
Náuplio de Copepoda
5,88 0,07
0,01
Nematoda
23,53 1,09
0,44
Ninfa de Naucoridae
5,88 0,36
0,04
Oligochaeta
17,65 0,71
0,22
Ostracoda
47,06 1,92
1,56
Restos de insetos 100 4,02
4,02
50 10,71
10,73
Total de itens 20 71 7
As amostras de O. niloticus obtidas no período de estiagem de 2005 e
2006 não foram representativas, de modo a não permitir análises mais
acuradas, pois um baixo número de indivíduos foi coletado. Contudo, no
período chuvoso de 2006, foi possível inferir acerca da maior importância dos
itens, Melosira granulata (21,11%), restos vegetais (17,01%) e matéria orgânica
(16,65%). Juntamente com estes materiais, foram encontrados itens como,
outras microalgas, zooplâncton e zoobentos.
Estes dados corroboram com os registrados por Cardoso et al. (2004),
que ao estudarem a estrutura trófica de dois açudes paraibanos, observaram
que a referida espécie alimentou-se principalmente de macrófitas, diatomáceas
e clorofíceas, e em menor proporção de detritos, insetos e microcrustáceos,
determinando um regime alimentar onívoro com tendência a planctivoria.
A dieta registrada por Câmara & Chellappa (1996) para O. niloticus do
estuário do rio Ceará-Mirim, foi composta exclusivamente por fitoplâncton e
zooplâncton.
Espécies como O. niloticus, L. piau, A. fasciatus e A. bimaculatus
apresentaram um regime alimentar onívoro, porém cada uma com as suas
tendências. Segundo Santos (2005), esta flexibilidade na dieta de espécies
sujeitas a variações ambientais cíclicas pode ser um indicador da sua
resiliência potencial em condições de distúrbio.
Montenegro, A. K. A., 2007. Biecologia da ictiofauna do açude Taperoá II...
121
4.2.9. DIETA ALIMENTAR DE Hypostomus SP., Cichlassoma orientale E
Prochilodus brevis
Devido à baixa freqüência de captura foram analisados apenas 2
indivíduos de Hypostomus sp., 3 de Cichlassoma orientale e 1 de Prochilodus
brevis durante todo o período de estudo, portanto, não foi possível uma análise
mais detalhada da dieta alimentar dos mesmos, sendo apenas relatada aqui a
relação dos itens que foram registrados.
A dieta alimentar de Hypostomus sp. constituiu-se, principalmente, de
detritos e organismos planctônicos (Melosira granulata, M. italica, Navicula sp.
Surirella sp., algas filamentosas, Nitzschia sp., Chlorella vulgaris, Cyclotella
meneghiniana, Scenedesmus quadricauda, Oocystis assimetrica,
Trachelomonas sp., Anabaena sp., Closterium sp. e Phacus sp, o rotífero
Keratella sp. e Cladocera), além de, restos vegetais e matéria orgânica.
Resultados diferentes foram observados por diversos autores, Mérona &
Rankin-de-Mérona (2004), para uma espécie do mesmo gênero (Hypostomus
plecostomus) observaram uma dieta à base apenas de detritos; Silva (1993),
verificaram que os loricarídeos (que inclui o gênero Hypostomus), coletados no
igarapé do Candiré, Amazonas, consumiram apenas algas filamentosas;
Casatti et al. (2005), estudando o uso do habitat por duas espécies de
Hypostomus (H. ancistroides e Hypostomus sp.), observaram que cianofíceas,
clorofíceas, diatomáceas e materiais vegetais foram os itens principais da dieta;
e Hahn et al. (2004), observaram que loricarídeos da Planície de Inundação do
Alto Rio Paraná alimentaram-se principalmente de detritos.
Cichlassoma orientale apresentou uma dieta composta por: restos
vegetais, Gastropoda, sementes, matéria orgânica, restos de insetos,
Hymenoptera, Melosira granulata e Euglena sp, enquanto que, a dieta
alimentar de Prochilodus brevis, foi constituída principalmente pelo item
detritos, associado a conchostraca, Biomphalaria sp., sementes, restos de
insetos, matéria orgânica, restos vegetais, pupa de Chironomidae e Nematoda.
Hahn et al. (2004), ao analisarem a dieta de Prochilodus lineatus da planície de
inundação do Alto Rio Paraná também observaram uma dieta baseada
principalmente em detritos. Mérona & Rankin-de-Mérona (2004), estudando a
espécie P. nigricans de um lado de várzea da Amazônia Central, registraram
Montenegro, A. K. A., 2007. Biecologia da ictiofauna do açude Taperoá II...
122
uma dieta a base principalmente, de detritos, frutos, flores e invertebrados
aquáticos.
Em termos gerais, considerou-se que a maioria das espécies de peixes
do açude Taperoá II são oportunistas, corroborando com o trabalho de Lowe-
McConnell (1987), que relata que em ambientes de água doce que passam por
grandes instabilidades este fato é comum. Semelhante foi citado por Dias et al.
(2005) para o reservatório de Lajes, em que a maioria das espécies apresentou
hábito alimentar onívoro (micrófago).
Em um ciclo anual, os eventos fisiológicos da alimentação seguem o
ritmo imposto pelas características sazonais do ambiente, as quais mudam
diariamente ao longo do ciclo, fazendo com que tais eventos acompanhem
essas mudanças (RABELO & ARAÚJO-LIMA, 2002), além da influência dos
fatores bióticos (MARGALEF, 1983). Segundo Hahn et al. (1997a), na seca, a
proporção entre os recursos alimentares altera-se modificando as interações
bióticas e levando os diferentes organismos, incluindo os peixes, a respostas
distintas frente às novas condições.
Segundo Medeiros (1999), períodos alternados de precipitações e
secas, que são característicos de regiões semi-áridas, podem provocar
grandes flutuações de espaço, competição, concentrações de O
2
, uréia e
consequentemente, a disponibilidade de alimento. Essas diferenças na
abundância de alimento entre as estações seca e chuvosa afetam diretamente
as comunidades tropicais. Como uma resposta a estas variações, espécies
oportunistas mudam suas dietas de acordo com a disponibilidade alimentar
(POMPEU, 1999).
Este fato foi bem visível no presente trabalho, no qual verificaram-se de
uma forma geral, diferenças entre os períodos seco e chuvoso, mas a
instabilidade ambiental não permitiu que mesmo em estações iguais (períodos
de estiagem de 2005 e 2006) o regime alimentar fosse igual para a maioria das
espécies.
Peret (2004) salientou a importância da plasticidade no comportamento
alimentar favorecendo a sobrevivência da espécie, ao mesmo tempo em que
pode se constituir no mecanismo de aceleração da incorporação de nutrientes
alóctones do ambiente aquático.
Montenegro, A. K. A., 2007. Biecologia da ictiofauna do açude Taperoá II...
123
Corroborando um estudo realizado por Gomes & Verani (2003), estes
observaram uma grande importância dos itens autóctones na dieta das
espécies de peixes, ao mesmo tempo em que a influência das variações
sazonais na oferta de alimento se fez notar. Ressalta-se a interação entre o
ambiente aquático e áreas marginais e o papel das mesmas nos fluxos de
materiais, como locais de alimentação e abrigo para alevinos, peixes menores
e invertebrados em geral. Os insetos apresentaram um papel destacado na
dieta dos peixes, servindo como elo importante entre os ambientes aquáticos e
terrestres, uma vez que os ciclos de vida de muitos deles envolvem fases
distintas nesses dois ambientes.
4.3. SOBREPOSIÇÃO DE NICHOS ECOLÓGICOS
No Brasil, os estudos sobre alimentação de peixes de água doce se
intensificaram nos últimos anos, contudo, os que se referem às inter-relações
entre os membros da comunidade ainda são raros (AGOSTINHO et al., 1997).
Segundo Krebs (1989), medidas de sobreposição no uso de recursos
alimentares são procedimentos importantes na compreensão da estrutura de
comunidades.
No período de estiagem de 2005, através do MDS (STRESS = 0,02,
excelente), observou-se que as espécies A. fasciatus, A. bimaculatus e L. piau
apresentaram alta sobreposição de nichos, alimentando-se preferencialmente
de restos vegetais, restos de insetos, alga filamentosa, matéria orgânica e ovo
(Fig. 10). As espécies P. vivivipara e C. bimaculatum também apresentaram
sobreposição de nichos alimentando-se preferencialmente de restos vegetais,
ovos, algas filamentosas, larva de Chironomidade e algumas microalgas
(clorofíceas e bacilariofíceas).
O. niloticus e S. notonota não apresentaram sobreposição de nicho,
provavelmente devido a uma maior variedade de itens consumidos por estas
em relação às dietas das demais espécies, a exemplo da ingestão de
indivíduos zooplanctônicos.
H. malabaricus também não apresentou sobreposição de nicho com
nenhuma das outras espécies, este fato se deveu a uma dieta
preferencialmente piscívora.
Montenegro, A. K. A., 2007. Biecologia da ictiofauna do açude Taperoá II...
124
No período chuvoso de 2006, o MDS (STRESS = 0,01; excelente)
indicou que as espécies A. fasciatus, A. bimaculatus, L. piau, S. notonota, P.
vivipara e O. niloticus apresentaram alta sobreposição de nichos, alimentando-
se preferencialmente de restos vegetais, matéria orgânica, Chlorella vulgaris,
Mastogloia smithii, Conchostraca e sementes (Fig. 11). Enquanto que as
espécies C. bimaculatum e H. malabaricus não apresentaram sobreposição de
nichos entre si, nem com as demais espécies; a primeira alimentou-se
preferencialmente de larva de Chironomidae, enquanto que a segunda, de
peixes como S. notonota e A. bimaculatus (dentre outros), e Melanoides
tuberculata.
Figura 10 – Mapa espacial referente às dietas alimentares das espécies analisadas no
período de estiagem de 2005, açude Taperoá II, Taperoá – PB. (Tabela X -
sobreposição de nichos ecológicos utilizando o índice simplificado de Morisita, em
anexo).
Montenegro, A. K. A., 2007. Biecologia da ictiofauna do açude Taperoá II...
125
No período de estiagem de 2006, MDS (STRESS = 0,04; excelente),
indicou que as espécies A. fasciatus, A. bimaculatus e Poecilia vivipara
apresentaram alta sobreposição de nichos, alimentando-se preferencialmente
de algas filamentosas, restos vegetais, matéria orgânica, restos de insetos,
Chlorella vulgaris e ovos (Fig. 12). Neste mesmo período, as espécies C.
bimaculatum, O. niloticus, S. notonota, H. malabaricus e L. piau, não
apresentaram sobreposição de nichos entre si, nem com as demais. C.
bimaculatum alimentou-se preferencialmente de larva de Chironomidade, O.
niloticus de Ephemeroptera, S. notonota de detritos, H. malabaricus de restos
de insetos e L. piau de matéria orgânica.
Figura 11 - Mapa espacial referente às dietas alimentares das espécies analisadas no
período chuvoso de 2006, açude Taperoá II, Taperoá – PB. (Tabela XI - sobreposição de
nichos ecológicos utilizando o índice simplificado de Morisita, em Anexo).
Montenegro, A. K. A., 2007. Biecologia da ictiofauna do açude Taperoá II...
126
Ressalta-se a sobreposição alimentar entre as espécies A. bimaculatus
e A. fasciatus em todos os períodos analisados, já que ambas foram
consideradas onívoras com tendência a herbivoria e observou-se a ingestão de
itens alimentares semelhantes entre elas. Vilella et al. (2002), num estudo
sobre a dieta de espécies do gênero Astyanax, também observaram dietas
similares entre as duas espécies acima mencionadas.
Acredita-se que o maior número de espécies apresentando
sobreposição de nichos no período chuvoso de 2006, ocorreu devido a maior
diluição em que se encontravam os itens alimentares, ocasionada pelo maior
volume de água do açude (menor densidade ecológica) o que acabou por
dificultar as chances dos peixes de encontrarem suas presas.
Figura 12 - Mapa espacial referente às dietas alimentares das espécies analisadas no
período de estiagem de 2006, açude Taperoá II, Taperoá – PB. (Tabela XII -
sobreposição de nichos ecológicos utilizando o índice simplificado de Morisita, em
A
nexo
)
.
Montenegro, A. K. A., 2007. Biecologia da ictiofauna do açude Taperoá II...
127
4.4. TEIA ALIMENTAR
Teias alimentares não têm sido registradas nos trabalhos relacionados
com ecologia trófica de ambientes do semiárido paraibano, até porque esses
estudos abordam apenas uma espécie ou poucas (CARDOSO et al. 2003;
CHAVES, 2004; COSTA, 2001; MARINHO et al. 2006; e MONTENEGRO et al.
2005).
A ictiofauna do açude Taperoá II foi representada pelas seguintes
categorias tróficas: onívoro, L. piau; onívoro com tendência a herbivoria, A.
bimaculatus e A. fasciatus; onívoro com tendência a planctivoria, O. niloticus;
herbívoro, P. vivipara; insetívoro, C. bimaculatum; carnívoro, H. malabaricus; e
detritívoro, S. notonota.
Lowe-McConnell (1987), afirma que, em termos de alimentação, os
ambientes de água doce, devido à grande instabilidade intrínseca, influenciam
em grande extensão o surgimento de dietas generalistas, em detrimento da
especialização. Fato este observado no açude Taperoá II, no qual 51,98% das
capturas foram de espécies pertencentes às categorias: onívora, onívora com
tendência a herbivoria e a planctivoria (Quadro IX), demonstrando com isso a
habilidade destas em mudar rapidamente de alimento frente às possíveis
alterações promovidas pela dinâmica hidrológica do ambiente, em virtude do
regime pluviométrico irregular da região, por estes motivos não poderiam ser
grandes especialistas.
Segundo Gerking (1994), hábitos alimentares especialistas evidenciam-
se quando a disponibilidade de alimentos é alta e hábitos alimentares
generalistas quando a disponibilidade de alimentos é reduzida.
Montenegro, A. K. A., 2007. Biecologia da ictiofauna do açude Taperoá II...
128
Quadro IX – Abundância da ictiofauna por categoria trófica no açude Taperoá II durante o
período estudado.
Categoria trófica
Espécies out/05 dez/05 mar/06 jun/06 ago/06 out/06 Total
Onívoro
L. piau
5 6 4 28 46
89
Onívoro
(tend. herbivoria)
A. bimaculatus
e
A. fasciatus
89 16 20 25 127 66
343
Onívoro
(tend. planctivoria)
O. niloticus
1 3 20 1 1
26
Herbívoro
P. vivipara
7 36 10 15 45 10 123
Insetívoro
C. bimaculatum
7 4 41 34 36 122
Piscívoro
H. malabaricus
6 23 9 7 7 6 58
Detritívoro
S. notonota
45 43 26 1 3 2 120
Através da análise das dietas com base em grandes grupos de itens
alimentares consumidos pela ictiofauna, observou-se que a maioria das
espécies foi generalistas (Fig. 13); certamente, o mecanismo de coexistência
entre as mesmas, reside na capacidade de repartição dos itens alimentares a
níveis mais específicos.
Figura 13 – Teia alimentar da ictiofauna do açude Taperoa II, Taperoá – PB durante o período
estudado.
Montenegro, A. K. A., 2007. Biecologia da ictiofauna do açude Taperoá II...
129
A categoria, onívoro com tendência a herbivoria foi a mais abundante
nas capturas, sendo esta a única representada por mais de uma espécie, A.
bimaculatus e A. fasciatus, demonstrando com isso a importância da vegetação
marginal, macrófitas (Ceratophylum sp.) (Fig. 14), como fonte de alimento
essencial à manutenção destas espécies. Reforçando esta afirmativa, os
peixes pertencentes à segunda e a terceira categorias de maior abundância
nas capturas foi a herbívora (P. vivipara) e a insetívora (C. bimaculatum),
respectivamente, sendo os insetos observados fortemente associados a esta
vegetação. Com destaque para os chironomídeos, os quais segundo Abílio
(2003) foram dominantes no açude Taperoá II.
Estes resultados corroboram o estudo realizado por Vilella et al. (2002),
no qual a dieta de seis espécies do gênero Astyanax no rio Maquié (RS) foi
considerada onívora, sendo os insetos e vegetais superiores os itens
alimentares mais importantes. Estes autores ainda sugerem que as espécies
possam estar atuando como dispersoras de sementes, principalmente de
macrófitas, sendo A. bimaculatus a espécie com maior tendência a herbivoria.
Resultado semelhante foi registrado por Cunico et al. (2002) na planície
de inundação do alto rio Paraná, no qual as lagoas marginais foram
caracterizadas pela alta disponibilidade de abrigo suprindo as necessidades
biológicas e ecológicas das populações como, por exemplo, reprodução
alimentação e crescimento; por Hofling et al. (2000) no reservatório de Salto
Grande – SP, no qual Poecilia vivipara foi registrada juntamente com outras
Figura 14 – Espécies de
peixes de pequeno porte
(Characidium bimaculatum e
Poecilia vivipara, principal-
mente), capturadas em meio a
macrófita Ceratophylum sp.
Montenegro, A. K. A., 2007. Biecologia da ictiofauna do açude Taperoá II...
130
espécies de pequeno porte em áreas rasas próximas às margens; e por
Agostinho et al. (2007), que afirmam que espécies de pequeno e médio porte
são geralmente observadas em associação a algum tipo de substrato, como
troncos, rochas, macrófitas aquáticas e até mesmo junto ao sedimento,
encontrando nesses locais de proteção, a alimento e superfície adequada para
a deposição dos ovos.
No período de estiagem de 2005, restos vegetais seguido de larva de
Chironomidae, respectivamente, foram os itens mais consumidos pela
ictiofauna do açude Taperoá II; no período chuvoso de 2006, os mais
consumidos foram restos vegetais e matéria orgânica; enquanto que, no
período de estiagem de 2006 matéria orgânica e restos de insetos foram os
itens mais consumidos.
Lowe-MConnell (1999), afirma que as cadeias alimentares em águas
tropicais são muito complexas, mas as fontes alimentares não são numerosas
e os principais alimentos consumidos constituem-se de material vegetal
alóctone, insetos aquáticos e terrestres, lodo e detritos.
Agostinho et al. (2007), demonstraram num estudo que a categoria
onívora era a de maior ocorrência, presente na ictiofauna dominante de quase
todos os 77 reservatórios brasileiros, foi representada principalmente por:
Astyanax, Geophagus e Pimelodus, seguida pelas categorias piscívora
(Serrasalmus, Plagioscion Oligossarcus e Cichla), detritívora/iliófaga
(Apareiodon, Cyphocharax, Steindachnerina, Prochilodus) e herbívora
(Astyanax, Myleus, Metynnis e Schizodon).
Contudo, as categorias tróficas aqui apresentadas não concebem
classificações estáticas, visto que, as mesmas podem mudar em função da
elevada adaptabilidade trófica demonstrada por boa parte das espécies em
resposta às variações ambientais.
Segundo Agostinho et al. (2007), somente conhecendo os limites da
variabilidade da dieta dos peixes e os principais fatores responsáveis por estas
variações, é que se pode fazer inferências mais precisas acerca da ecologia
trófica das espécies, podendo inclusive predizer impactos antropogênicos
sobre a dieta e, por fim, predizer modificações na estrutura populacional das
assembléias.
Montenegro, A. K. A., 2007. Biecologia da ictiofauna do açude Taperoá II...
131
Os resultados aqui apresentados tiveram o intuito de ampliar os
conhecimentos já desenvolvidos acerca da ecologia da ictiofauna do açude
Taperoá II, de modo a contribuir para um melhor entendimento da dinâmica da
mesma, bem como, do ambiente em questão e suas relações.
Montenegro, A. K. A., 2007. Biecologia da ictiofauna do açude Taperoá II...
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5. CONCLUSÕES
9 A maioria das espécies, A. fasciatus, A. bimaculatus, S. notonota, C.
bimaculatum e H. malabaricus, não interrompeu ou sequer diminuiu a
sua atividade alimentar durante o período reprodutivo, mas L. piau,
P. vivípara e O. niloticus apresentaram uma pequena diminuição na
atividade alimentar no pico de atividade reprodutiva.
9 Astyanax fasciatus e Leporinus piau apresentaram uma dieta mais
ampla nos períodos de estiagem (2005 e 2006), fato associado ao
menor volume de água do açude e conseqüentemente, concentração
dos itens preferíveis por estas;
9 A. fasciatus e A. bimaculatus apresentaram um regime alimentar
onívoro com tendência a herbivoria, sendo o mais freqüente nas
capturas ao longo do estudo;
9 L. piau apresentou um regime alimentar onívoro e oportunista, e
Steindachnerina notonota detritívoro;
9 Characidium bimaculatum e Poecilia vivipara ampliaram as suas
dietas durante o período chuvoso de 2006, principalmente por
habitarem as regiões marginais do açude, e conseqüentemente,
receberem a oferta alimentar carreada pela chuva;
9 C. bimaculatum teve um regime alimentar insetívoro e P. vivipara
herbívoro;
9 Hoplias malabaricus apresentou hábito alimentar carnívoro, com
variação ontogenética na dieta, na qual indivíduos juvenis foram
insetívoros e indivíduos adultos piscívoros;
9 A espécie Oreochromis niloticus apresentou um regime alimentar
onívoro com tendência a planctivoria;
9 Ao longo do período estudado, as dietas foram em sua maioria
onívoras, certamente influenciadas pela dinâmica hidrológica, e
conseqüentemente pela disponibilidade de itens presentes no
ambiente;
9 No período de estiagem de 2005 observou-se sobreposição de
nichos entre as espécies A. bimaculatus, A. fasciatus e L. piau; e
Montenegro, A. K. A., 2007. Biecologia da ictiofauna do açude Taperoá II...
133
entre P. vivpara e C. bimaculatum; no período chuvoso de 2006
entre, A. bimaculatus, A. fasciatus, L. piau, S. notonota, P. vivipara e
O. niloticus; enquanto que, no período de estiagem de 2006
observou-se sobreposição entre as A. bimaculatus, A. fasciatus e P.
vivipara.
Montenegro, A. K. A., 2007. Biecologia da ictiofauna do açude Taperoá II...
134
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Montenegro, A. K. A., 2007. Biecologia da ictiofauna do açude Taperoá II...
CXLIV
ANEXO
1 2 3 4 5 6 7 8
1
1
2
0,833 1
3
0,757 0,643 1
4
0,257 0,276 0,289 1
5
0,566 0,47 0,521 0,278 1
6
0,381 0,323 0,352 0,191 0,911 1
7
0,147 0,093 0,176 0,051 0,035 0,001 1
8
0,465 0,466 0,522 0,28 0,251 0,161 0,232 1
1 2 3 4 5 6 7 8
1
1
2
0,618 1
3
0,405 0,448 1
4
0,603 0,577 0,477 1
5
0 0,027 0,14 0,016 1
6
0,708 0,795 0,265 0,644 0,004 1
7
0,064 0,039 0,025 0,046 0 0,055 1
8
0,44 0,656 0,357 0,568 0,046 0,733 0,037 1
1 2 3 4 5 6 7 8
1
1
2
0,946 1
3
0,657 0,586 1
4
0,328 0,368 0,285 1
5
0,234 0,24 0,585 0,084 1
6
0,877 0,949 0,52 0,433 0,22 1
7
0,397 0,291 0,428 0,042 0,081 0,163 1
8
0,366 0,385 0,552 0,182 0,572 0,401 0,266 1
* 1 – A. fasciatus; 2 – A. bimaculatus; 3 – L. piau; 4 – S. notonota; 5 – C. bimaculatum; 6
– P. vivipara; 7 – H. malabaricus; 8 – O. niloticus.
* 1 – A. fasciatus; 2 – A. bimaculatus; 3 – L. piau; 4 – S. notonota; 5 – C. bimaculatum; 6 –
P. vivipara; 7 – H. malabaricus; 8 – O. niloticus.
Tabela XI – Índice de sobreposição de nichos (Morisita Simplificado) entre as dietas das
espécies analisadas no período chuvoso de 2006, açude Taperoá II, Taperoá – PB.
Tabela XII – Índice de sobreposição de nichos (Morisita Simplificado) entre as dietas das
espécies analisadas no período de estiagem de 2006, açude Taperoá II, Taperoá – PB.
* 1 – A. fasciatus; 2 – A. bimaculatus; 3 – L. piau; 4 – S. notonota; 5 – C. bimaculatum; 6
P. vivipara; 7 – H. malabaricus; 8 – O. niloticus.
Tabela X – Índice de sobreposição de nichos (Morisita Simplificado) entre as dietas das
espécies analisadas no período de estiagem de 2005, açude Taperoá II, Taperoá – PB.
I
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