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possível convivência entre “israelitas” e egípcios no mesmo território. Entretanto,
Martin Noth afirma que:
[...] na realidade, é de pouca utilidade perguntar-se quais foram as tribos
israelitas que viveram no Egito, pois essas tribos não se constituíram em
unidades definidas até o seu assentamento na Palestina. Então atribuiu-se
um nome a elas, circunstancia que pode ser provada para algumas dessas
tribos, enquanto que para as outras fica no terreno da hipótese. É evidente
que no Egito não pôde existir tribos que não tenham se criado
posteriormente, e assim resulta mais difícil saber quais foram as tribos que
residiram verdadeiramente em tal país. Só é possível afirmar que se tratava
de elementos que logo figuraram entre os componentes das tribos depois
da ocupação da Palestina, mas com toda probabilidade não foi uma tribo
isolada nem mesmo um grupo de tribos, mas sim certos elementos que se
infiltraram no conjunto de todas as tribos israelitas (tradução própria).
52
De fato, a tradição do êxodo é demasiadamente marcante no AT, o que
supostamente pode indicar que o referido evento não configura apenas de mera
ficção
53
. A informação já citada sobre nomes egípcios no censo de Efraim e
Manassés possivelmente preserva um conteúdo histórico. Os textos de Js 24.33
54
e
1Sm 2.34
55
trazem os nomes Hofni e Finéias, ambos de raiz egípcia. Além disso, a
tradição do êxodo é perceptivelmente forte no Reino do Norte
56
o que pode indicar
que foram os grupos estabelecidos nessa região os quais participaram da saída do
52
[...] en realidad, resulta ocioso preguntarse cuáles fueron las tribus israelitas que vivieron en
Egipto, porque dichas tribus no se constituyeron en unidades definidas hasta su asentamiento en
Palestina. Entonces se les asignó un nombre, circunstancia que puede probarse para algunas de
ellas, mientras que en otras queda en el terreno de la hipótesis. Es evidente que en Egipto no
pudieron existir unas tribus que no se crearon hasta más tarde, y todavía resulta más difícil saber
quiénes fueron las que verdaderamente residieron en tal país. Sólo es posible afirmar que se trataba
de elementos que luego figuraron entre los componentes de las tribus después de la ocupación de
Palestina, pero con toda probabilidad no fue una tribu aislada ni tampoco de un grupo de tribus, sino
ciertos elementos que se infiltraron en el conjunto de todas las tribus israelitas. NOTH, 1966, p. 118.
53
G. von Rad em uma análise da Teologia do Antigo Testamento, afirma que: “Javé conduziu Israel
para fora do Egito. [...] Na realidade esta declaração tem sempre o sentido de uma máxima,
proveniente, em muitos casos, de um hino. Por outro lado, oferece a particularidade de ser
extremamente variável e elástica, como podemos ver pela diversidade de suas formulações. Esta
confissão pode resumir-se em três palavras ou expressar-se num hino de certa amplitude. O extremo,
em que se esgotam todas as suas possibilidades de desenvolvimento, é a exposição do Hexateuco
em Ex 1ss. Aí o tema foi elevado ao nível de perfeita composição polifônica, mediante a introdução
de todas as tradições acessíveis. Israel viu na saída do Egito a garantia do futuro, qualquer que fosse
ele, garantia inviolável essa da vontade salvadora de Javé e um penhor para a fé nos períodos de
tribulação (Sl 74.2)” RAD, 1973-1974, p. 183.
54
Segundo a Bíblia de Jerusalém: “Morreu depois Eleazar, filho de Aarão, e spultaram-no em Gaabá,
cidade de seu filho Finéias, que lhe foi dada na montanha de Efraim”.
55
Conforme a Bíblia de Jerusalém: “O que acontecerá aos teus dois filhos Hofni e Finéias será para ti
o sinal destas coisas: morrerão ambos no mesmo dia”.
56
Confira, por exemplo, em: SCHMIDT, 2004, p. 67.