de distensão do executivo como uma adesão de Golbery aos movimentos de esquerda,
exemplificando a repercussão do caso Vladimir Herzog e Manoel Fiel Filho em que foi
contrário à demissão do General Ednardo D’Ávila. Segundo Fro ta, o governo Geisel era
leniente com os esquerdistas.
A complacência criminosa com a infiltração comunista e a propaganda
esquerdista que se revitaliza, diariamente, na imprensa, nos setores
estudantis e nos próprios órgãos governamentais, os quais acolh em, no
momento, nos escalões de assessoramento e de direção, noventa e sete
comunista, conforme comuniquei ao Serviço Nacional de Informação,
marxistas que permanecem intocáveis, em suas atividades
desagregadoras. (Frota, 2006: 548)
Frota se assumia també m como um dos principais aliados de Costa e Silva, o
“grupo dos onze”, que Heitor de Aquino associaria aos homens da linha -dura. Frota
define o golpe de 1964 assim:
A ação militar foi realizada para defender a democracia, para resguardá -
la da ameaça iminente do assalto comunista às nossas instituições,
finalmente, para evitar uma revolução marxista. Veio, portanto, para
preservá-la. Não foi desencadeada visando implantar algo de novo, mas
sim restaurar. Entretanto, as correntes militares por ela responsáve is não
se aperceberam ou não souberam compreender que essa democracia, cujo
trono nós, com a força de nossas baionetas e o apoio quase unânime do
nosso povo, sustentáramos de pé naquela época, tinha graves lesões no
campo social que precisavam de imediato, ser curadas. (Frota, 2006: 630)
Corroborando a esta visão do golpe, o militar defendeu que os assassinatos de
Herzog e Fiel Filho foram suicídios, comprovado pelo IPM instaurado no Ministério.
Em 25 de outubro, porém, nas dependências do Centro de Opera ções de
Defesa Interna do II Exército, suicidou -se o jornalista Wladimir Herzog,
como provado ficou em inquérito policial militar de que foi encarregado
o general de brigada Fernando Guimarães de Cerqueira Lima. (...) As
autoridades militares foram as prim eiras a tomar providências para
investigar as causas do falecimento jornalista, apurar responsabilidades e
e Geisel na desmontagem do aparato da ditadura. Para nós, antes de ser uma ação deliberada de dois generais, os
processos de lutas sociais que caracterizaram o fim da década de 70 tivera diversas causas a ser considerada. Além do
empobrecimento massivo de parte da população, a reorganização do movimento estudantil e a efetiva, mas limitada,
representatividade do MDB, a política de Geisel era um reflexo dos rumos que a política americana adotou com a
eleição do presidente Jimmy Carter, condenando as d itaduras da América Latina.