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BEATRIZ FACINCANI CAMACHO
ESTUDO COMPARATIVO DE EXPRESSÕES IDIOTICAS DO
PORTUGUÊS DO BRASIL E DE PORTUGAL E DO FRANCÊS
DA FRANÇA E DO CANA
Dissertação apresentada ao Instituto de Biociências, Letras e
Ciências Exatas da Universidade Estadual Paulista, Câmpus de
São José do Rio Preto, para obtenção do título de Mestre em
Estudos Lingüísticos (Área de Concentração: Análise
Lingüística)
Orientador: Prof
a
. Dr
a
. Claudia Maria Xatara
São José do Rio Preto
2008
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Camacho, Beatriz Facincani.
Estudo comparativo de expressões idioticas do português do Brasil
e de Portugal e do francês da França e do Canadá / Beatriz Facincani
Camacho. - São José do Rio Preto : [s.n], 2008
167 f. ; 30 cm.
Orientador: Claudia Maria Xatara
Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual Paulista, Instituto de
Biociências, Letras e Ciências Exatas
1. Expressões idioticas. 2. Língua portuguesa - Expressões
idiomáticas. 3. Língua francesa - Expressões idiomáticas. 4.
Lexicografia. 5. Fraseologia. I. Xatara, Claudia Maria. II.
Universidade Estadual Paulista, Instituto de Biociências, Letras e
Ciências Exatas. III. Título.
CDU - 81’373.72
Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca do IBILCE
Campus de São José do Rio Preto - UNESP
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COMISSÃO JULGADORA
Titulares
Prof
a
. Dr
a
. Claudia Maria Xatara - Orientadora
Profª. Drª. Maria Cristina Parreira da Silva
Prof. Dr. Oto Araújo Vale
Suplentes
Profª. Drª. Claudia Zavaglia
À minha mãe Ivany.
Aos meus avós, Augusta, Neyde,
Eduardo e Pedro.
Agradecimentos
Gostaria de deixar meus sinceros agradecimentos a todos que de alguma forma contribuíram
com este trabalho:
Aos meus pais, Ivany e Eduardo, pelo amor incondicional e apoio desde o início.
À minha orientadora Prof
a
. Dr
a
. Claudia Xatara pela confiança no meu trabalho, pela
paciência, pelo carinho e, acima de tudo, pelo exemplo profissional e pessoal que me inspirou
a seguir este caminho.
As minhas irmãs, Mônica e Luisa, pelo companheirismo e amizade.
Aos meus familiares pelo carinho. Em especial, à minha Neyde pelas velinhas acesas e à
minha tia Inalda pelas palavras de incentivo.
Aos meus amigos Alexandre Sampaio, Aline Cavalcanti, Andréia Rui, Angélica Cattini,
Bruce Kasama, Bruna Rangel, Claire Martins, Diego Oliveira, Fernanda Lima, José Guirão,
Marisa Correa e Ricardo Montagnoli pela amizade, cumplicidade, e pelos inúmeros
momentos felizes que nunca serão esquecidos.
Dentre os amigos, um agradecimento especial à Marina Caproni, pela amizade sincera e pela
confiança, e ao Deni Kasama, amigo desde o primeiro trabalho da graduação, ao meu lado em
todos os momentos. Não há palavras que possam expressar minha gratidão a vocês.
À Prof
a
. Dr
a
. Claudia Zavaglia pela valiosa contribuição, não somente no exame de
qualificação, mas também para o meu crescimento profissional com suas aulas e conversas.
À Prof
a
. Dr
a
. Maria Cristina Parreira da Silva pelas observações precisas feitas no exame de
qualificação e na defesa. E, principalmente, pelo incentivo à execução deste trabalho desde as
aulas da graduação.
Ao Prof. Dr. Oto Araújo Vale pela participação na banca de defesa e pela avaliação criteriosa
que contribuiu para a finalização deste trabalho.
Ao Prof. Dr. Nelson Luis Ramos por alimentar meu interesse pela cultura quebequense.
À Prof
a
. Dr
a
. Maria Celeste Augusto pela disponibilidade em ajudar sempre que necessário e
pelo interesse em nosso trabalho.
À Fapesp pela bolsa de estudo concedida para que esta pesquisa fosse realizada.
SUMÁRIO
Introdução........................................................................................................................... 09
Capítulo I - Expressão Idiomática e Fraseologia.................................................................. 12
1. A indecomponibilidade ..............................................................................................18
2. A conotação ............................................................................................................... 19
3. A cristalização............................................................................................................ 22
Capítulo II - Expressão Idiomática e Lexicografia............................................................... 24
1. Lexicografia e interdisciplinaridade............................................................................ 24
2. Os dicionários na história ........................................................................................... 25
3. Tipologia dos dicionários ...........................................................................................28
3.1. Dicionários gerais de língua............................................................................... 29
3.2. Dicionários especiais .........................................................................................30
3.3. As EIs nos dicionários ....................................................................................... 31
Capítulo III Aspectos tradutológicos e freqüenciais na elaboração de um dicionário
multilíngüe de expressões idiomáticas................................................................................. 35
1. Tradução e Lexicografia Bilíngüe: a questão da equivalência ..................................... 35
2. O reconhecimento e a tradução lexicográfica de expressões idiomáticas..................... 38
3. Os problemas de tradução nos dicionários bilíngües/multilíngües............................... 42
4. Línguas em contraste.................................................................................................. 44
5. Freqüência de uso e corpora.................................................................................... 47
Capítulo IV - Materiais e Métodos ...................................................................................... 53
1. Nomenclatura em português do Brasil e em francês da França.................................... 53
2. Levantamento de equivalentes em português de Portugal a partir de expressões
idiomáticas brasileiras ................................................................................................ 54
3. Levantamento de equivalentes em francês do Quebec a partir de expressões idiomáticas
francesas .................................................................................................................... 55
4. Localização e verificação da freqüência dos equivalentes em português de Portugal e em
francês do Quebec ...................................................................................................... 56
5. Organização lexicográfica do inventário final............................................................. 59
Capítulo V – Inventário final...............................................................................................61
Capítulo VI - Análise do inventário final........................................................................... 132
1. Diferenças e paralelismos culturais e lingüísticos ..................................................... 132
2. Brasil x Portugal....................................................................................................... 135
2.1 Expressões semelhantes: traços quase universais.............................................. 135
2.2. Expressões semelhantes formalmente, mas com sentidos diferentes................. 138
2.3. Expressões diferentes: traços não universais .................................................... 139
2.4. Expressões diferentes: traços específicos ......................................................... 141
3. França x Canadá....................................................................................................... 142
3.1 Expressões semelhantes: traços quase universais.............................................. 143
3.2. Expressões diferentes: traços não universais .................................................... 144
3.3. Expressões diferentes: traços específicos ......................................................... 147
4. Francês x Português................................................................................................. 148
4.1. Expressões semelhantes: traços emprestados de outra cultura........................... 149
4.2. Expressões semelhantes: traços quase universais.............................................. 150
4.3. Expressões diferentes: traços não universais .................................................... 151
4.4. Expressões diferentes: estereótipos .................................................................. 152
Considerações Finais......................................................................................................... 154
Referências Bibliográficas ................................................................................................ 157
Bibliografia....................................................................................................................... 163
Corpus para as EIs em português de Portugal.................................................................... 164
Corpus para as EIs em francês do Quebec ......................................................................... 166
RESUMO
Esta pesquisa tem como objetivo principal fazer um levantamento de expressões idiomáticas
equivalentes em português de Portugal e em francês do Canadá (Quebec) aos idiomatismos
em português do Brasil e em francês da França que compõem a nomenclatura do Dictionnaire
électronique d’expressions idiomatiques français-portugais / portugais-français (XATARA,
2007). Para tanto, considerou-se o conceito de expressão idiomática segundo os estudos
fraseológicos e a freqüência de uso das equivalências propostas.
Palavras-chave: expressão idiomática, Lexicografia, Fraseologia.
RÉSUMÉ
Cette recherche fait l’objet d’un inventaire d’expressions idiomatiques en portugais du
Portugal et en français du Canada (Québec), équivalentes aux expressions en portugais du
Brésil et en français de France qui composent les entrées du Dictionnaire électronique
d’expressions idiomatiques français-portugais / portugais-français (XATARA, 2007). Pour
cela on a considéré le concept d’expression idiomatique d’après les études phraséologiques et
la fréquence d’usage des équivalences proposées.
Mots-clé: expression idiomatique, Lexicographie, Phraséologie.
INTRODUÇÃO
Se uma lexia complexa for indecomponível, não permitindo quase nenhuma operação
de substituição, inclusão ou exclusão de elementos componentes; se o significado literal dessa
lexia não puder ser compreendido ou causar algum estranhamento, ao passo que seu sentido
global conotativo puder ser reconhecido pelos usuários; e se essa lexia tiver sido cristalizada
por determinada comunidade lingüística, estaremos diante de uma expressão idiomática (EI).
Podemos observar que as EIs de uma língua ocorrem, com freqüência, em variados
tipos de texto: livros, quadrinhos, revistas, jornais, revistas de divulgação científica,
propagandas, noticiários, filmes, etc. Portanto, fazem parte do nosso dia-a-dia, estando
totalmente inseridas na linguagem comum de registro informal, tanto na modalidade oral
quanto na escrita.
Apesar disso, por muito tempo elas não contaram com o interesse de especialistas:
fraseólogos ou lexicólogos, lexicógrafos ou gramáticos. Entretanto, confiáveis estudos da
léxico-gramática, cujo axioma fundamental elege a frase como unidade mínima de
significação, comprovaram empiricamente que as expressões idiomáticas são tanto ou mais
numerosas que as construções livres (GROSS, 1994).
As pesquisas mais recentes a respeito são, sobretudo, as de Ranchhod (1990), Bárdosi
(1992), Mel’chuk, Clas & Polguère (1995), Gaston Gross (1996), Boogards (1997), Cowie
(1998), Moon (1998), Xatara (1998), Vale (2001), Čermák (2001), Tutin (2004), Odijk
(2004). Atualmente, por conseguinte, não se questiona que os idiomatismos devam ser
tratados com o devido relevo na pesquisa lingüística ou no ensino/aprendizagem da língua
materna e de uma língua estrangeira.
10
No que concerne a uma abordagem propriamente lexicográfica das EIs, destaca-se o
paradoxo da necessária inclusão maciça de idiomatismos nos dicionários gerais de língua, o
que levaria ao dobro de seu volume, e a seleção tão restritiva dessas unidades como
subentradas.
Para deixar a questão ainda mais lacunar, segundo uma perspectiva contrastiva, quase
não se encontra material lexicográfico bilíngüe especial em nosso país, isto é, dicionários que
façam determinados recortes no léxico da língua geral para se ocupar em detalhes das
unidades lexicais pertencentes a esses diferentes recortes. Mesmo no cotejo com o inglês, não
uma produção muito significativa de obras de referência em português brasileiro, e a
elaboração de dicionários português-francês-português é bem menos representativa ainda.
Por isso, acreditamos que nossa pesquisa possa representar uma contribuição
importante para os estudos lexicográficos e fraseológicos.
O principal objetivo deste trabalho foi fazer um levantamento de equivalentes em
português europeu e em francês quebequenses aos idiomatismos brasileiros e franceses
encontrados no Dictionnaire électronique d’expressions idiomatiques français-
portugais/portugais-français [DEEI] (XATARA, 2007).
Para tanto, antes do início das buscas por esses equivalentes, determinamos alguns
critérios para a seleção dos idiomatismos que comporiam o inventário final.
O primeiro critério foi a escolha do conceito de fraseologismo a ser adotado, que
este ainda não é uma unanimidade entre os lingüistas. Dessa maneira, adotamos o conceito de
EI proposto por Xatara (1998) de que para ser considerada uma EI o fraseologismo deve ser
uma lexia complexa indecomponível, conotativa e cristalizada por uma comunidade
lingüística.
O segundo critério, a definição do limiar de freqüência, determinaria a inclusão ou não
de um idiomatismo em nosso inventário. Para isso, baseamo-nos em diversas pesquisas sobre
11
Lingüística de Corpus e sobre o uso da Internet como corpus para chegarmos ao número
mínimo de 14 ocorrências na web para que uma EI seja considerada freqüente em Portugal e
ao mínimo de 7 ocorrências para que seja considerada freqüente no Canadá (Quebec).
Após a finalização do levantamento de EIs, a partir dos resultados alcançados,
realizamos algumas análises contrastivas que nos trouxeram algumas informações culturais e
lingüísticas sobre os 4 países envolvidos na pesquisa.
Estruturalmente falando, a presente dissertação discute a definição e as peculiaridades
das EIs no capítulo I. No capítulo II, procura verificar o espaço que ocupam na práxis
lexicográfica, seja referente aos dicionários de língua geral, seja aos especiais, mono ou
bilíngües. As implicações com a busca por equivalentes em uma língua estrangeira e a com a
determinação de idiomatismos de fato usuais encontram-se no capítulo III. Para a execução do
inventário de EIs proposto, nas duas línguas pré-estabelecidas e suas duas variantes, o
capítulo IV aponta as decisões lexicográficas adotadas em relação à escolha da nomenclatura
e do modelo microestrutural, além de detalhar quais foram as fontes de consulta. Em seguida,
no capítulo V, apresentamos o inventário final a que chegamos e, para o capítulo VI, trazemos
nossas reflexões sobre vários aspectos (lingüísticos, freqüenciais, culturais) que esse
inventário indicou.
Por fim, nas considerações finais, abordamos justamente que o propósito de um
dicionário bilíngüe que trate exclusivamente das EIs é um reflexo da importância desse tipo
de fraseologismo e, ao mesmo tempo, da necessidade de tentar diminuir o déficit deste
material no mercado editorial, além de chamar atenção para as particularidades culturais do
universo idiomático das línguas em contraste.
CAPÍTULO I
EXPRESSÃO IDIOMÁTICA E FRASEOLOGIA
O principal foco de nossa pesquisa são as EIs, unidades lexicais (ULs) especiais ou
fraseológicas que fazem parte do léxico geral. Este é o campo de estudo da Lexicologia, que
estuda o léxico das línguas de forma completa e integrada. No entanto, o estudo do léxico não
é somente o estudo do vocabulário de uma língua, mas também o estudo de todos os aspectos
que o envolvem, como seus significados, a relação entre as palavras, a relação entre o
vocabulário e outras áreas de descrição, a fonologia, a morfologia e a sintaxe.
A Lexicologia aborda as palavras como um instrumento de construção e detecção de
uma “visão de mundo”, de uma ideologia, de um sistema de valores, como geradora e reflexo
de sistemas culturais.
Podemos comparar o léxico a uma intersecção de caminhos, um ponto de encontro de
diversas informações que chegam de todos os lados. Elas vêm dos sons (fonética e fonologia),
dos significados (semântica), dos morfemas (morfologia), das combinações sintagmáticas
(sintaxe) ou do uso da ngua em situações comunicativas (pragmática). Se uma unidade
lexical (UL), esses elementos estarão presentes, e a variação desses elementos faz com que as
palavras se diferenciem (LORENTE, 2004).
A partir dessas diferenças, comprovamos as diversas perspectivas no estudo do léxico,
mas nem por isso essas diferenças implicam em contradições. Cada perspectiva refere-se a
uma parte de um todo e essa divisão tem sido importante, não na Lexicologia, mas em
outras áreas também, para que possamos nos aprofundar no estudo de uma parte específica e
depois relacioná-la ao todo.
13
No caso desta pesquisa, para a descrição e análise dos idiomatismos, com suas
características e peculiaridades, encontramos na Lexicologia uma subárea que trata
especificamente desse tipo de léxico especial, a Fraseologia.
De acordo com Alvarez (2000), os russos foram os primeiros a definirem Fraseologia,
com base nos estudos das combinações estáveis, cujas pesquisas serviram de fundamentação
para todas aquelas que vieram posteriormente. E, na década de 40, a inseriram como
disciplina lingüística. Antes disso, na década de 30, Polivánov definiu a Fraseologia como
uma disciplina especial da área da linguagem que se serviria da expressão dos conceitos
individuais (significações lexicais). O termo idiomática era usado pelo autor como um
sinônimo de fraseologia.
Saussure (1969), em seu famoso Curso de Lingüística Geral, também escreveu sobre
os fraseologismos ao mencionar as chamadas frases feitas, destacando o fato de essas
combinações não poderem ser improvisadas nem alteradas, mas representarem frutos de uma
tradição.
O lingüista suíço ainda acrescentou que essas locuções não eram fatos da fala, que
dependem do exercício livre dos indivíduos, mas sim, fatos da língua, já que são combinações
sintagmáticas impostas pelo uso coletivo, compostas por duas ou mais unidades consecutivas,
que estabelecem um encadeamento de caráter linear. Entretanto, admitiu que é difícil definir
limites ente o fato de fala e a marca de uso coletivo, confirmando assim a complexidade de
delimitação dessas unidades.
Apesar do pioneirismo russo, é Charles Bally que é considerado o fundador da
Fraseologia, uma vez que se aprofundou na delimitação dos objetos de estudos abarcados por
esse domínio. Foi ele quem atentou para a existência de expressões fixas e de combinação
estável e instituiu a Fraseologia como um dos domínios da Lexicologia.
14
Segundo Bally (1951), a Fraseologia seria uma submacroárea da Lexicologia e se
dividiria em “Fraseologia popular”, que estuda os idiomatismos, os provérbios, as gírias, os
ditados, e em “Fraseologia técnico-científica”, que estuda as expressões terminológicas.
Ainda de acordo com ele, as combinações lexicais apresentariam diferentes graus de
coesão, sendo os mais extremos a saber: (i) combinações livres, ou seja, aquelas que se
decompõem imediatamente após terem sido criadas, cujas palavras presentes servem para
novas combinatórias e (ii) combinações estáveis, isto é, aquelas cujas palavras perdem
totalmente sua independência, vinculando-se entre si e adquirindo sentido somente nessa
estruturação. Este último caso tornou-se o objeto de estudo por excelência da Fraseologia.
Partindo, então, das combinações estáveis, Bally (1951) propôs características para
reconhecermos as locuções fraseológicas:
6. unidade formada por várias palavras (termo utilizado pelo autor)
1
;
7. as palavras devem estar dispostas numa ordem invariável e não podem ser
separadas por outras;
8. nenhuma palavra pode ser substituída por outra;
9. a equivalência da unidade a uma única palavra denominada de termo de
identificação;
10. esquecimento do sentido desses elementos – o falante não pensa em palavras
isoladas;
11. presença de arcaísmos e elipses;
12. a recorrência – freqüência com a qual que é utilizada.
1 Esclarecemos que em nosso trabalho optamos por utilizar o termo lexia, em detrimento à palavra, pois este
termo ainda causa controvérsias no campo da Lexicologia. De acordo com Greimas e Courtés (1979) lexias
são: “unidades de conteúdo (...) que poderiam ser definidas, paradigmaticamente, por sua possibilidade de
substituição interior de uma classe de lexemas dados (...) e sintagmaticamente, por sua espécie de
recursividade léxica, podendo as unidades de nível hierarquicamente superior ser reproduzidas no nível
lexemático (p. 254).
15
Muitos outros estudiosos tentaram formular uma teoria fraseológica, porém
observamos em todos eles uma grande heterogeneidade de critérios.
Pottier (1974), na sua classificação, considerou as lexias como unidades lexicais
memorizadas e as dividiu em quatro grupos: “lexia simples”, “lexia composta”, “lexia
complexa” (onde estão classificadas as EIs) e “lexia textual”.
Lyons considerava os fraseologismos um todo indecomponível e os denominava
enunciados estereotipados. Fillmore considerava-os convencionais e memorizados. Danlos
referia-se a eles como expressões cristalizadas, partindo do significado global de seus
componentes. E Fiala baseou-se nas idéias desses autores e propôs uma definição de
fraseologismo que representa um avanço em sua análise: formas complexas, figuradas ou não,
recorrentes e com diferentes graus de fixação/estabilidade. Ainda acrescentou que os
fraseologismos não constituem expressões lexicais isoladas, podendo, portanto, compor um
paradigma (RIOS, 2003).
Para Dobrovols'kij a “Idiomática” era apenas uma parte da Fraseologia, cujos
componentes, de uma maneira muito particular, sofreriam um afastamento de seus
significados iniciais. A “Idiomática” estaria ligada aos textos sobre folclore e, por isso, está
relacionada a imagens do mundo, da cultura, da vida e das fantasias de uma determinada
comunidade (ALVAREZ, 2000).
Como vemos, sempre houve dificuldades em definir consensualmente e classificar os
fraseologismos e em estabelecer características comuns a tudo o que é considerado uma
unidade fraseológica, ora sem qualquer sentido figurado (como as colocações, por exemplo:
“recusar categoricamente”, “terminantemente proibido”), ora com o significado todo (como as
EIs e também os provérbios, as gírias, etc).
No entanto, para Alvarez (2000), dentre esses vários critérios diferentes, pode-se
encontrar alguns pontos em comum, a partir das quais resumimos as principais características
16
das unidades fraseológicas: sintagmas indivisíveis semanticamente, compostos por duas ou
mais ULs, normalmente muito recorrentes e cristalizados pelo uso, podendo apresentar
conotação ou não e aceitando apenas eventualmente a inserção de um elemento quando o
sentido da unidade não for afetado.
A Fraseologia, portanto, não possui limites claros, pois as ULs que ela abrange
apresentam certas características manifestadas em maior ou menor grau, mas dificilmente
contêm todas as características definidoras (RUIZ, 1998; COWIE, 1998). Isso explicaria as
próprias controvérsias que o termo Fraseologia ainda causa entre os lingüistas. Para alguns, as
unidades fraseológicas são apenas as EIs como “burro como uma porta” ou “entortar o
caneco”. para a maioria deles, os provérbios como “Deus ajuda quem cedo madrugaou
“Quem com ferro fere, com ferro será ferido”, as gírias como “mané”, além das locuções
como “desde então” ou “a ponto que” também podem ser considerados tipos de
fraseologismos.
Neste trabalho entenderemos o conceito de Fraseologia como uma ciência que estuda
um conjunto de ULs especiais, sejam lexias simples ou complexas, com particularidades
expressivas. Entretanto, somente as EIs, um tipo de construção fraseológica, serão analisadas
e começaremos por identificar alguns critérios para sua definição.
Em primeiro lugar, devemos observar, se trata-se de uma lexia complexa
indecomponível (duas ou mais ULs), pois uma única UL jamais será suficiente para
caracterizar um idiomatismo. Assim, selecionaremos somente combinatórias fechadas, nas
quais a substituição ou o acréscimo de qualquer UL poderá causar um prejuízo para a
interpretação semântica.
A questão da conotação é outra característica essencial das EIs, pois vários outros
tipos de fraseologismos que também podem ser lexias complexas indecomponíveis e
cristalizadas, mas são denotativos e, por isso, distinguem-se das EIs. Para ilustrar, citamos
17
alguns ditados: “Quanto mais se tem mais se quer”, “A pressa é inimiga da perfeição” e
algumas unidades lexicais terminológicas como sistema solar”, “balão de oxigênio”, “meio
ambiente”, que por não prescindirem de nenhum nível de abstração para a compreensão do
seu significado global, não podem ser classificados como idiomatismos.
Outra característica importante das EIs é a sua cristalização, ou seja, a sua aceitação
por parte de uma comunidade lingüística, tornando-a freqüente e seu sentido estável. Em
alguns casos, as EIs são cristalizadas de forma que não podem sofrer modificações. De fato, a
EI “pôr o dedo na ferida”, por exemplo, não pode transformar-se em “pôr a unha na ferida”.
Nem podemos acrescentar elementos, como em “pôr o dedo [indicador] na ferida”. em
alguns casos, as modificações são feitas de maneira inusitada para se chamar atenção e criar
um efeito de linguagem. Analisaremos mais detalhadamente essa questão adiante.
Dessa forma, adotamos a seguinte definição de EI: “lexia complexa indecomponível,
conotativa e cristalizada em um idioma pela tradição cultural” (XATARA, 1998a).
As EIs são indispensáveis para a comunicação entre as pessoas, pois apesar de a língua
dispor de meios para se expressar objetivamente sobre qualquer assunto, essas expressões
saciam a necessidade do falante de comunicar suas experiências de maneira mais expressiva,
lançando mão de combinatórias inusitadas. O falante procura recursos para tornar sua fala
mais persuasiva, como em: Não “feche os olhos” para os problemas ambientais. Ou para ficar
mais próximo de seu interlocutor: Nós, eleitores brasileiros, estamos todos “no mesmo
barco”. Também são utilizadas para despertar sentimentos como emoção: Após conquistar a
medalha, estava “feliz como uma criança”; comoção: A situação de sua mãe era de “cortar o
coração”; ironia: Era alto como um “pintor de rodapé”; irritação: Durante a reunião saiu
“cuspindo fogo” e amor: Como nos contos de fada, foi “amor à primeira vista”, etc.
Klare (1989) afirma que a expressividade dos idiomatismos resulta das figuras de
linguagem neles contidas. Alvarez (2000) acredita que realmente existam fundamentos
18
sociais, subjacentes a cada EI de uma língua, que determinam a maneira com que o sujeito se
relaciona com o extra-lingüístico ao seu redor e que o conjunto de EIs possui os elementos
fundamentais das metáforas que regem o cotidiano de um grupo lingüístico. A força da
tradição seria revelada pelas metáforas repetidas por esse grupo.
Ao escolher uma EI o indivíduo revelaria, então, sua identidade e se mostraria
solidário com sua comunidade lingüística, provando aceitar as imagens que lhe foram
passadas, por meio das EIs. Dessa maneira, o repertório de EIs empregado por uma pessoa
revela muito mais do que apenas o modo de falar ou de uma escolha lexical; antes, revela seu
modo de pensar e o modo de ver o mundo.
Abaixo, detalhamos os três principais elementos caracterizadores das EIs.
1. A indecomponibilidade
As EIs constituem lexias complexas indecomponíveis porque representam uma
combinatória fechada em que qualquer dissociação de suas partes pode acarretar prejuízo para
sua interpretação semântica.
Isso significa que os idiomatismos ou não aceitam nenhuma inserção ou omissão de
qualquer elemento (EIs de distribuição única, por exemplo, “menino [homem] de rua”,
“cutucar onça [leoa] com vara curta [longa]”) ou apresentam raras possibilidades de
substituição por associação paradigmática (EIs de distribuição restrita) (XATARA, 1998a).
A aceitação de variações das EIs dependerá do grau de cristalização. Assim, as
variações podem ocorrer em diversos níveis, tais como nos modos e tempos verbais, nos
advérbios, nas pessoas do verbo, etc. Em algumas EIs, essas variações são necessárias para
atender as necessidades sintáticas, ou seja, adequações textuais e também para fins estilísticos.
19
Citamos, como exemplo, os casos de EIs com variações pronominais e variações de
expressividade, como, por exemplo, em “armar o [maior] barraco”, “arriscar a [própria, sua,
minha] pele”, “bater [logo] as botas”, “atirar-se [me, te] aos pés de”.
Acrescentamos que é muito comum haver uma ruptura da idiomaticidade com fins
estilísticos. As variações são bem vindas quando permitem que o interlocutor entenda, além
do primeiro significado conotativo da EI, as alterações propositais que o remetem a uma outra
significação, que também é passível de compreensão pelos falantes da língua. Essas alterações
são muito utilizadas pela imprensa, tanto falada quanto escrita, e pela publicidade, para dar
um ar humorístico ou dramático, dependendo da situação, sempre com o intuito de chamar a
atenção do público, conseguindo dessa forma persuadi-lo.
Um exemplo de como essas alterações são utilizadas pela mídia para causar um
impacto é a EI “acabar em tapioca”, uma variação da EI “acabar em pizza”, que significa “não
resultar em nada”. Essa modificação, produzida recentemente, remete a mais uma
investigação que não chegou a nenhuma conclusão; desta vez, sobre a compra de tapioca feita
por um ministro com um cartão corporativo do governo federal.
2. A conotação
Biderman (2001) define as EIs como combinatórias de lexemas que o uso consagrou
numa determinada seqüência e cujo significado não se na simples somatória das suas
partes, ou seja, desconsiderando suas partes como unidades semânticas. Em alguns casos, o
sentido literal até pode ajudar no entendimento conotativo da expressão, porém, muitas vezes,
a soma das palavras componentes de uma EI nos leva a uma interpretação totalmente
20
equivocada. Como no caso da EI “pagar o pato”, que significa “sofrer as conseqüências dos
atos de outras pessoas” e não comprar um pato e pagar por ele.
Aliás, sempre que uma EI também puder ser entendida em um sentido denotativo, por
exemplo, quando dizemos “lavar a roupa suja” diante uma pilha de roupa suja, ela deixará de
ser classificada como EI, marca fraseológica restrita a contextos em que significa “discutir
assuntos desagradáveis apenas com os que estão envolvidos”.
Segundo Roncolatto (2001), a conotação é uma das características principais das EIs,
pois elas são frutos de um processo metafórico de criação. Então, se considerarmos o plano da
expressão da linguagem conotativa como um sistema de significação, a conotação pode ser
considerada um segundo nível de significação, que se situa além do primeiro significado de
uma lexia.
Quanto à diferença entre a conotação idiomática da linguagem cotidiana e da
linguagem literária, percebemos que a primeira faz parte do sistema lingüístico, não sendo
original na criação, mas sim no uso. em relação à segunda, essa é normalmente consciente
e refletida (XATARA; OLIVEIRA, 2002).
Quando uma combinação de ULs de sentido metafórico é lexicalizada, cada um de
seus componentes perde sua função nominativa, ou sua relação com o objeto que representa
em favor do significado global próprio da EI. Esse fenômeno é conhecido como
dessemantização. Na EI “acender uma vela a Deus e outra ao diabo”, todas as ULs
componentes acender, vela, Deus, diabo dessemantizam-se, perdem o seu significado
habitual e passam a significar apenas em conjunto, no sentido de “atender dois grupos de
interesses contrários”.
Uma EI é, portanto, uma representação figurada da realidade e caracteriza de forma
pitoresca o que pretende expressar. Segundo Alvarez (2000), a conotação não é ocasional,
pois quando uma EI é lexicalizada, a metáfora nela contida passa a ter lugar no próprio léxico
21
(como quando uma expressão idiomática é dicionarizada). Quando o uso metafórico de uma
frase é repetido várias vezes, por várias pessoas, por exemplo, pode-se chegar à lexicalização,
tornando a expressão parte do léxico de uma língua. Quanto aos graus de conotação de um
idiomatismo, Xatara (1998a) propôs uma subdivisão entre as fortemente e as fracamente
conotativas:
a) fortemente conotativas: todos os componentes estão semanticamente ausentes, havendo
uma dificuldade em se recuperar a motivação metafórica. O sentido literal fica bloqueado pela
realidade extra-lingüística.
Percebemos nessas EIs “opacas” (ALVAREZ, 2000), um alto grau de metaforização,
pois é impossível recuperar ou até mesmo criar as imagens às quais elas se referem. No caso
da EI “pagar um mico”, o sentido de cada UL analisada separadamente não nos leva de modo
algum a compreender a expressão como “passar vergonha na frente de outras pessoas”.
b) fracamente conotativas: componentes semanticamente presentes, de valor denotativo, estão
associados a componentes semanticamente ausentes, de valor conotativo.
Nesse caso de expressões mais “transparentes” (ALVAREZ, 2000), a conotação é
construída pela soma dos elementos de significação denotativa e dos de significação
conotativa, como em “aceitar o jogo”, “enfrentar a parada”, “escolher a dedo”, etc, em que
temos elementos de sentido literal (aceitar, enfrentar e escolher) acompanhados de ULs de
sentido figurado (jogo, parada, a dedo). Nesse tipo de expressões, a denotação de alguns
elementos não anula o sentido conotativo da EI como um todo.
22
3. A cristalização
Para que uma expressão seja considerada idiomática, é imprescindível que ela seja
consagrada pela tradição cultural de uma comunidade lingüística. A freqüência do uso das EIs
pelos falantes das comunidades é também o fator responsável pelo seu processo de
lexicalização, que as tornam estáveis em suas significações.
Deve-se ter em mente, porém, que essa estabilidade é relativa, pois a língua está em
constante evolução. As EIs, desse modo, refletem o lado dinâmico da língua e podem se
adaptar às necessidades comunicacionais do momento, algumas podendo até desaparecer
certo tempo após o seu surgimento, o que lhes configura certo caráter efêmero (ALVAREZ,
2000).
A grande maioria das EIs, entretanto, permanece no léxico e é incorporada de vez pela
língua, apresentando um significado estável em uma perspectiva sincrônica por ser resultado
de uma convenção social e não uma proposição individual, idiossincrática. Apenas na
diacronia da língua, os significados dos componentes de uma EI podem não ter estabilidade,
ou seja, as EIs podem mudar de significado, perdendo ou acrescentando significações, na
evolução semântica da língua (RIVA, 2004).
A expressão “abrir as portas” é um exemplo de acréscimo de significação. Ela pode
significar tanto “iniciar uma atividade comercial em um estabelecimento” quanto “dar uma
oportunidade, aceitar a participação de alguém”.
Por outro lado, mesmo diacronicamente, pode ocorrer uma cristalização não apenas da
forma do idiomatismo, mas também de seu significado. É o caso de EIs que permaneceram na
língua sempre com o mesmo sentido.
Segundo Xatara (1998a, p. 22): “a lexicalização das EIs é motivada pela lacuna lexical
de uma língua para expressar, provocando um efeito de sentido (...), certas nuanças de
23
pensamento dos falantes, que retêm tais combinações em sua memória coletiva”. Por esse
motivo, as EIs se perpetuam, indo sempre do individual para o coletivo, como modo de dizer
tradicional cristalizado, mesmo que não representem “verdades universais”, papel que cabe
aos provérbios.
A cristalização de uma EI pela tradição cultural de uma comunidade lingüística
garante seu automatismo, mas não garante ao receptor sua interpretação correta. O que
permite a compreensão de um idiomatismo é a adequação contextual do uso da EI pelo
usuário da língua. Ou seja, para interpretarmos corretamente uma EI devemos levar em conta
o contexto em que é utilizada, como no caso da expressão “mudar de time”, que podemos
empregar tanto para dizer que alguém mudou radicalmente de posição (“virou a casaca”) ou
para dizer que alguém virou homossexual (“saiu do armário”).
Por fim, ressaltamos ainda que uma EI possui a verdade do discurso idiomático
assegurada pelo seu saber implícito. É ele que faz de uma expressão qualquer uma EI e não o
contexto ou a situação (ALVAREZ, 2000).
CAPÍTULO II
EXPRESSÃO IDIOMÁTICA E LEXICOGRAFIA
Durante muito tempo, as EIs não contaram com a atenção de especialistas, sendo
relegadas a subentradas e misturados a outros tipos de fraseologismos. Porém, há cerca de 15
anos atrás, essa realidade começou a mudar.
Estudos como os de Xatara (1994; 1998), Gross (1996), Boogards (1997), Moon (1998),
entre outros, colaboraram com o avanço da Lexicografia e da Fraseologia e, então, as EIs
passaram a receber um tratamento mais adequado e, aos poucos, foram ocupando um lugar de
relevo nos estudos lingüísticos e, hoje, contam com dicionários especiais dedicados
exclusivamente a elas.
13. Lexicografia e interdisciplinaridade
A Lexicografia é definida grosso modo como uma técnica de elaboração de
dicionários. De fato, a técnica lexicográfica surgiu da necessidade prática de se fazer
dicionários de uma maneira empírica. Porém, com os avanços dessa área da Lingüística nas
últimas décadas, essa definição tornou-se muito restritiva, uma vez que a Lexicografia dispõe
de todos os pressupostos teóricos, objeto e metodologia específicos requeridos por uma
ciência, o que contribuiu para melhoras significativas nos produtos lexicográficos
contemporâneos.
Assim como qualquer outra área do conhecimento, a Lexicografia também depende de
outras áreas para avançar. A Lexicologia é uma delas, pois percebemos uma relação intrínseca
e evidente entre essas duas áreas: o lexicólogo é o responsável pelo fornecimento dos
25
instrumentos de análise do léxico, principal fonte para a constituição de um dicionário. Para o
lexicógrafo selecionar o que pretende descrever, ele necessita de uma concepção teórica do
conjunto lexical sobre o qual trabalha (RIVA, 2004).
Além da Lexicologia, para produzirmos um dicionário, utilizamos conceitos da
Fonética (descrição fonética das palavras), da Etimologia (descrição da origem e da evolução
das palavras), da Morfologia (descrição da classe das palavras), da Semântica (descrição dos
significados) e da Pragmática (descrição do uso). Esta última é uma das responsáveis pelas
novas edições de um dicionário, que sempre leva em conta os usos e desusos mais recentes
dos falantes. Incluímos nestes casos os neologismos, os arcaísmos e os estrangeirismos, que
exemplificam a entrada e saída de palavras em dado momento da língua. São modificações
que ocorrem tanto na macro quanto na microestrutura de um dicionário e, portanto, são bem
significativas (XATARA, 2006).
Por fim, para provar a incontestável interdisciplinaridade da Lexicografia, basta
repararmos na imensa quantidade de colaboradores, das mais diversas áreas, que participam
na elaboração de um grande dicionário.
Apesar do auxílio de outras áreas e dos avanços já alcançados, existe ainda uma
carência em relação aos estudos lexicográficos no Brasil. E um dos nossos objetivos nesta
pesquisa é justamente colaborar para a evolução da Lexicografia, particularmente a
Lexicografia fraseológica.
2. Os dicionários na história
De acordo com Rios (2003), atribui-se aos sumerianos a criação da primeira obra
lexicográfica, em 3.300 a.C. Tão velhas quanto a própria escrita, essas listas lexicais eram
26
gravadas com tijolos e separadas pela sua temática, que variava de animais, vegetais e objetos
até economia e profissões. Essas primeiras listas desenvolvidas pelos sumerianos eram
monolíngües, mas depois de algum tempo eles passaram a desenvolver listas bilíngües, com
uma tradução para cada palavra.
Os egípcios também produziram listas monolíngües e bilíngües. Na cultura árabe,
encontraram-se mais trabalhos bilíngües, porém, feitos por outros povos que mantinham
contato com os árabes. Além desses, também foram encontrados trabalhos lexicográficos na
Índia, na Etiópia, na Grécia e no Império Romano.
Uma das principais responsáveis pela produção e pelo avanço das obras lexicográficas
foi a religião. Isso ocorreu entre os séculos IX e XI, primeiramente quando os mulçumanos
começaram a dominar o Ocidente, desafiando a civilização bizantina e, em seguida, com a
expansão do cristianismo e do latim como a língua oficial da Igreja Cristã. Com o
Iluminismo, no século XVIII, as enciclopédias e os grandes dicionários monolíngües
tradicionais proliferaram-se.
Chegando ao século XX, encontramos uma Lexicografia bastante desenvolvida, com a
publicação de diversas obras, nas mais variadas línguas. Com a ampliação do alcance da
educação, a Lexicografia adaptou-se às diferentes necessidades, fazendo surgir dicionários de
vários tipos, tornando-os mais democráticos e “consumíveis” (de fácil acesso).
Atualmente, os dicionários contam com a ajuda da tecnologia para serem
desenvolvidos. Os dicionários on line e em cd room ocupam um espaço cada vez maior na
preferência dos consumidores, pois são mais práticos, mais abrangentes (não tem a
preocupação de espaço do impresso) e podem ser acessados de qualquer computador, no caso
dos on line.
27
Portanto, concluímos que o desenvolvimento científico, somado ao crescente
intercâmbio entre os povos, fez aumentar a necessidade de dicionários e, conseqüentemente,
promoveu a evolução da Lexicografia.
Nos dias de hoje, vimos os dicionários de língua geral como produtos culturais. De
acordo com Biderman (1992), o léxico é um tesouro de signos lingüísticos que registram o
conhecimento de uma comunidade lingüística sobre o mundo, sendo as unidades lexicais
presentes no dicionário um testemunho real de uma dada cultura.
Desse modo, o dicionário, encarado como produto cultural destinado ao consumo,
deve ter uma função social e ser obrigatório nas escolas, pois além de ampliar o vocabulário
do indivíduo, amplia-lhe os recursos para a utilização adequada do vocabulário aprendido.
Xatara (2006) afirma que o léxico de uma língua é um patrimônio sociocultural e que
o prestígio de uma nação, de uma sociedade, pode ser medido por meio da qualidade e da
quantidade de dicionários produzidos por essa sociedade. Ou seja, quanto mais estudos
lexicográficos se desenvolverem em um país, maior a produção de dicionários e maior o
prestígio internacional de uma língua.
Infelizmente, existe ainda certo preconceito do usuário em relação ao dicionário, que é
visto como um ditador de regras lingüísticas e criticado por sua incompletude. Porém, o que
encontramos no dicionário elaborado segundo critérios descritivos nada mais é do que o
registro do léxico parcial de uma língua. Essa é uma característica naturalmente intrínseca a
qualquer obra de referência. Pois, jamais, um dicionário conseguirá abarcar o léxico de uma
língua na sua totalidade, registrando todos os conceitos lingüísticos e não-lingüísticos, de
todos os referentes do mundo físico e do universo cultural, criado por todas as sociedades
humanas atuais e do passado.
28
3. Tipologia dos Dicionários
Segundo Biderman (1998), os dicionários constituem uma organização sistemática do
léxico, representando na verdade uma tentativa de descrever o léxico de uma ngua. É papel
do dicionário registrar a norma lingüística e lexical vigente na sociedade para o qual é
elaborado, documentando a práxis lingüística dessa sociedade. Por isso, a Lexicografia
contemporânea considera o dicionário sob uma ótica distinta daquela que se tinha no passado,
em que o dicionário ditava o que deveria ser usado.
E, como o dicionário é também um produto comercial por ser normalmente destinado
ao consumo do grande público, são as necessidades dos consumidores as determinantes na
hora de se estabelecer os objetivos da obra, ou seja, o tipo de dicionário que será produzido.
A escolha de um dicionário apropriado pode aumentar as chances de se encontrar
aquilo que se procura, de se obter uma consulta mais satisfatória. Os diversos tipos de
dicionários, glossários, vocabulários estão à nossa disposição justamente para otimizar as
buscas.
Os dicionários podem ser divididos em dicionários de língua e dicionários
especializados. Estes últimos tratam das línguas de especialidade, ou seja, termos específicos
de uma determinada área e são elaborados por terminólogos.
Em nosso trabalho, levaremos em conta apenas os dicionários de língua, elaborados
por lexicógrafos e/ou lexicólogos. Esses dicionários tratam basicamente da língua de uso
comum e são classificados em monolíngües, que descrevem o léxico de uma ngua, ou
plurilíngües, que têm como finalidade a comunicação interlingüística e intercultural, podendo
ser classificados em bilíngües (duas línguas) ou multilíngües (três ou mais línguas)
(HAENSCH, 1982). Tantos os mono quanto os multilíngües podem ser ainda diferenciados
pelo número de entradas (thesaurus, minidicionários), pelo percurso da relação entrada-
29
definição (semasiológicos, onomasiológicos), pelo tipo de microestrutura (enciclopédicos,
lingüísticos) ou, ainda, pelo público-alvo (escolares, tradutores).
A seguir, fazemos uma descrição sobre a tipologia das obras lexicográficas e qual o
espaço dedicado às EIs em cada uma delas.
3.1. Dicionários gerais de língua
Para todo e qualquer dicionário, é preciso estabelecer critérios significativos para a
seleção da sua nomenclatura, ou seja, das suas entradas. No entanto, existe uma grande
dificuldade no estabelecimento desses critérios, principalmente quando se trata de ULs
fraseológicas, dentre as quais as EIs. A verificação da cristalização e da freqüência dessas
unidades seria, portanto, de grande utilidade.
Nos dicionários monolíngües, o recorte do léxico para a composição de um dicionário
é inevitável e muitas vezes as ULs especiais, em particular as conotativas, acabam sendo
preteridas. E mesmo as que são incluídas sofrem com as restrições dos dicionaristas, que
atendendo a determinações editoriais, não as classificam em todas as suas especificidades,
além de nunca as colocarem como entradas.
Os dicionários de língua bilíngües são muitas vezes contestados por lingüistas e
teóricos da tradução por tentarem propor equivalentes “perfeitos” entre palavras e expressões
de duas línguas.
Evidentemente, quando se trata de mais de uma língua, os sistemas lingüísticos, as
diferentes culturas e visões de mundo causam divergências ao se nomear uma realidade.
Assim, se devemos levar em conta as inevitáveis diferenças socioculturais, um dicionário
bilíngüe composto apenas por enumerações sinonímicas é insuficiente, embora ainda exista a
30
crença de que toda tradução possui necessariamente uma equivalência sempre possível
(XATARA, 1998a).
Quase sempre os dicionários bilíngües recorrem à sinonímia interlingüística, podendo
ser divididos em: unidirecionais (dicionários de decodificação ou codificação) e bidirecionais
(dicionários que se valem da decodificação e da codificação). No caso da decodificação, o
usuário possui uma atitude passiva em relação à utilização, em que o desconhecido (língua
fonte) é levado ao conhecido (tradução). No caso da codificação (emprego da palavra no
contexto apropriado), o usuário possui uma atitude ativa na utilização, pois a partir de itens da
língua fonte, ele substitui os equivalentes desconhecidos da língua de chegada (RÉZEAU,
1989).
3.2. Dicionários especiais
Tantos os dicionários especiais monolíngües quanto os bilíngües têm como objetivo
descrever apenas uma parte do léxico geral. Os monolíngües trabalham somente com uma
língua e estão em maioria no mercado editorial. Já os bilíngües por lidarem com duas línguas,
e tudo o que isso envolve, são mais raros e ainda apresentam certa deficiência no mercado
editorial. E em relação aos dicionários especiais, a Lexicografia ainda tem muito a contribuir.
Nesse tipo de dicionário, podemos elencar dicionários históricos, analógicos, fraseológicos,
entre outros.
Segundo Boulanger (1995), a seleção das ULs registradas se baseia em algumas
características específicas, no plano funcional ou semântico e suas informações são sempre do
mesmo tipo. Por esse motivo, os dicionários especiais podem registrar um número maior
(porém, ainda não total) de ULs especiais e descrevê-las de modo mais adequado, por haver
31
princípios e limites definidos, proporcionando uma rapidez e uma praticidade à consulta.
Desse modo, o registro dos idiomatismos realmente freqüentes, por exemplo, seria menos
falho e incompleto.
Além disso, nos dicionários especiais, o lexicógrafo pode, sem imposições de espaço,
avaliar o comportamento, o significado e o uso de unidades específicas da ngua, refletindo
sobre as peculiaridades das ULs a serem registradas nesse tipo de obra.
No caso específico dos dicionários bilíngües especiais, as traduções das entradas
tendem a ser mais minuciosas e precisas, ao invés de simplesmente parafrásicas. Ressaltamos
também que esse tipo de dicionário auxilia, mais que o usuário comum, os tradutores e os
pesquisadores da área.
3.3. As EIs nos dicionários
No caso das EIs em dicionários monolíngües de língua geral, na maioria das vezes,
temos de buscá-las pela palavra-chave, o que normalmente gera dúvidas no consulente. “A
ferro e fogo”, por exemplo, deveria constar como subentrada do primeiro ou do segundo
substantivo? “Comer o pão que o diabo amassou”, deveria ter “comer”, “pão ou “diabo”
como palavra-chave?
Ao analisar como são tratadas algumas EIs no Houaiss
2
e no Aurélio
3
(dois dos
principais dicionários monolíngües brasileiros), verificamos que a palavra-chave geralmente é
o primeiro substantivo do idiomatismo: caso das EIs “fazer ouvidos de mercador/moucos”
(ouvido), “conseguir seu lugar ao sol” (lugar), pedra no sapato” (pedra) e “dar a mão à
palmatória” (mão). Na maioria dos casos constam apenas os significados e são raras as
2 HOUAISS, A.; VILLAR, M. S. Dicionário Houaiss da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.
3 FERREIRA, A. B. H. Novo Aulio século XXI: O dicionário da língua portuguesa. 3ª edição. Rio de Janeiro:
Editora Nova Fronteira, 1999.
32
indicações de nível de linguagem e/ou exemplos (e o Aurélio nos traz mais exemplos que o
Houaiss). Também é raro aparecer antes da EI uma indicação de que aquilo se trata de um
fraseologismo (fras.).
Uma enorme surpresa foi constatar a ausência das EIs “armar um barraco” e “dizer
cobras e lagartos” no dicionário Houaiss, apesar de comprovadamente freqüentes.
Porém, isso não ocorre somente em dicionários brasileiros. Dicionários reconhecidos
internacionalmente também possuem suas imperfeições no que diz respeito ao tratamento das
EIs, como no caso do dicionário francês Le Petit Robert
4
e do inglês Longman
5
, onde
pesquisamos as mesmas EIs procuradas nos dicionários brasileiros.
Comecemos pelo dicionário francês, no qual constatamos que a palavra-chave é
também, geralmente, o primeiro substantivo do idiomatismo: faire une place au soleil (place)
“conseguir um lugar ao sol”, ombre au tableau (ombre) “pedra no sapato”. Esses dois
exemplos, assim como nas EIs brasileiras, possuem dois substantivos. Já as EIs francesas
faire la sourde oreille (oreille) “fazer ouvidos de mercador e faire amende honorable
(amende) “dar a mão à palmatória”, possuem um substantivo na equivalente francesa,
sendo, portanto, este a palavra-chave.
Em nossas buscas, encontramos uma EI francesa em que a palavra-chave é o segundo
substantivo: oeil du maître (sua tradução em português, “olho do dono”, não é encontrada em
nenhum dos dicionários brasileiros consultados). Exemplos e indicações do nível de
linguagem são escassos e EIs comuns como lancer des éclairs (“cuspir fogo”) e jouer de
pipeau (“passar conversa”) não estão presentes.
No dicionário Longman, de língua inglesa, as expressões a thorn in one’s flesh/side
“pedra no sapato”, turn a deaf ear to “fazer ouvidos de mercador/moucos” e to get (find) a
place in the sun “conseguir um lugar ao sol” possuem como palavras-chaves os primeiros
4 LE ROBERT. Le Petit Robert: Dictionnaire de la langue française. Paris: Le Robert, 2001.
5 LONGMAN (ed.). Longman Dictionary of Contemporary English: the living dictionary. 3rd ed. London:
Longman, 2004.
33
substantivos: thorn, deaf e place. Das três expressões encontradas somente to get a place in
the sun trazia o nível de linguagem (informal) e somente a expressão turn a deaf ear to
continha exemplo.
Ao procurar a expressão equivalente à “dar a mão à palmatória” no dicionário
eletrônico <http://dictionary.reverso.net/english-portuguese>, encontramos uma definição
(to admit one's mistake). Partimos, então, para a busca de uma expressão similar, “dar o braço
a torcer”, e o dicionário trazia como tradução to give in, o que para nossa pesquisa não é
relevante já que não se trata de uma expressão idiomática.
Nos dicionários bilíngües de língua geral, as inadequações acima mencionadas são
semelhantes, embora os idiomatismos se encontrem presentes como subentradas nas obras de
referência desde o século XVI (XATARA, 1998b).
Atualmente, para o tratamento lexicográfico adequado dessas unidades, como objeto
de estudo específico da Fraseologia, aponta-se os dicionários fraseológicos, um dos tipos de
dicionários especiais de língua. No entanto, muitas vezes, esses dicionários incluem também
outros tipos de lexias complexas, como provérbios, gírias, ditados, frases feitas, sem oferecer
as devidas informações para que o consulente saiba diferenciar cada uma delas.
Entendemos que nesse caso da Lexicografia fraseológica deve-se evitar a
heterogeneidade na natureza das entradas, pois isso pode confundir o usuário ou informá-lo
incorretamente. Ou, então, deve-se incluir uma classificação da natureza de cada unidade
descrita. Além disso, nos dicionários bilíngües de EIs, o lexicógrafo deve tentar propor
equivalentes tão idiomáticos quanto os da língua de partida. Para isso, ele se vale de diversas
fontes: sua competência lingüística, a competência lingüística dos informantes, outros
dicionários e os corpora.
Seguindo essas orientações, procuramos durante a elaboração do nosso dicionário
estabelecer alguns critérios que determinaram a seleção das EIs, como um limiar de
34
freqüência mínimo. Em relação a cada equivalência apresentada em português de Portugal e
em francês do Quebec, para as EIs do Brasil e da França, apenas não é também idiomática se
não tiver sido encontrada tal correspondência em nenhuma fonte ou informante consultado.
CAPÍTULO III
ASPECTOS TRADUTOLÓGICOS E FREQÜENCIAIS NA ELABORAÇÃO DE UM
DICIONÁRIO MULTILÍNGÜE DE EXPRESSÕES IDIOMÁTICAS
1. Tradução e Lexicografia Bilíngüe: a questão da equivalência
Para esta pesquisa, por tratar-se de uma perspectiva contrastiva entre mais de uma
língua, damos maior destaque aos dicionários bilíngües.
De fato, outra área da Lingüística que possui estreita relação com a Lexicografia
Bilíngüe é a Tradução. E elas possuem muito mais em comum do que a própria longevidade.
Além de terem surgido antes da própria Lingüística como área de estudo, ambas deparam-se
com imagens sociais complexas, amplamente intuitivas, provocadas por finalidades
pragmáticas e mantidas por sistemas de valores sócio-históricos, mas que nunca apoiaram-se
em modelos teóricos coerentes (XATARA, 1998a).
Segundo a mesma autora, devemos considerar que tanto a Lexicografia Bilíngüe
quanto a Tradução trabalham com culturas e ideologias “que organizam semanticamente os
discursos de um grupo social, em oposição a outras culturas e ideologias que estão na base
dos discursos de outro grupo social” (op.cit. p. 01).
Mas, as práticas lexicográficas e tradutórias começaram a basear-se em alicerces
metalexicográficos e metatradutórios somente após a segunda metade do século XX. E toda
essa evolução nos permite hoje encontrar teóricos da Lexicografia e da Tradução que se põem
a refletir sobre seu objeto e fornecem subsídios para obras de referência e traduções mais bem
elaboradas.
36
Os dicionários de língua bilíngües geralmente procuram estabelecer uma relação
idealmente eqüitativa entre corpora lexicográficos de línguas diferentes, apresentando essa
relação como uma justaposição de formas paralelas sem dar acesso a detalhamentos da
significação das entradas e sem organizar o universo semântico do idioma. Apenas os
chamados semibílingües, ainda incipientes no mercado, têm essa proposta (DURAN;
XATARA, 2005).
A tarefa de propor equivalentes idiomáticos pode parecer, à primeira vista,
relativamente fácil, mas, são as diferenças de descrições, recortes e denominações que cada
língua faz da realidade extra-lingüística, percebida por todos de modo semelhante ou não, que
devem ser levadas em conta na elaboração dos verbetes dos dicionários bilíngües (DUVAL,
1990).
Somente dessa forma, o usuário seria devidamente avisado de que cada um dos
equivalentes propostos equivale à entrada apenas em parte, pois geralmente não
superposição das áreas semânticas entre as palavras de línguas diferentes (sobretudo quando
uma palavra for mais motivada que a sua pretensa correspondente em outro sistema
lingüístico). Ou seja, a tradução proposta normalmente não recobrirá na totalidade o sentido
do termo da outra língua (DARBELNET, 1970).
Para Werner (in: HAENSCH et al., 1982) a principal dificuldade encontrada pela
Tradução na elaboração de dicionários bilíngües (DBs) está no fato de que as estruturas
lexicais de línguas diferentes não são correspondentes. Entretanto, sabemos que seria
impossível enumerar para cada UL todas as possibilidades de tradução, levando em
consideração cada contexto específico e descrevendo cada diferença e cada semelhança entre
duas ou mais línguas.
Ainda de acordo com esse autor, a solução mais viável na elaboração dos DBs seria
dar para cada UL os seus respectivos equivalentes de tradução. Para ele, equivalente é uma
37
lexia da língua que contem pelo menos um semema (traço semântico) em comum com o
semema de uma UL da língua de partida. Porém, faz uma ressalva, frisando que esse termo é
consagrado pelo uso, mas que não é o mais indicado, pois as relações lexicais interlingüísticas
não se tratam de relações de equivalência.
Devemos ressaltar que o termo “equivalência” não é uma unanimidade entre os
lexicógrafos e os teóricos da Tradução.
Nos estudos sobre tradução mais tradicionais, a concepção do termo “equivalência
pressupunha que seria possível uma relação perfeita entre elementos de línguas diferentes
(RIOS, 2003). No entanto, Rodrigues (2000) contesta esse conceito apontando a relatividade
dos significados e a problemática da significação ao afirmar que:
[...] seria ilusória a crença de que as referências de termos de línguas diferentes podem ser
objetivamente comparadas [...] pois o significado não pode ser uma entidade
objetiva, na medida em que está vinculado ao comportamento dos usuários e à
sociedade (p. 175).
Ainda segundo a autora, atribuir um mesmo valor a palavras de duas línguas diferentes
seria impensável, pois nada ancora os signos aos referentes e o sistema é quem estabelece os
limites entre os signos. Não sendo possível, portanto, que um sistema lingüístico organize
seus componentes de modo a espelhar exatamente a organização de outro sistema.
Ao levar em conta essas afirmações, poderíamos concluir que a prática da
Lexicografia Bilíngüe seria inexeqüível. Porém, ela existe e, cada vez mais, encontramos
pesquisas sobre o assunto. Como, então, explicar esse paradoxo?
Por outro lado, podemos relativizar as afirmações de Rodrigues (ibidem), para quem o
significado de um texto não está fixo nele, sendo sua interpretação inevitável e produtora de
tudo o que consideramos produto, uma vez que não atribuímos às ULs significados quaisquer;
38
ao contrário, os significados são comunitários e convencionais, pois os usuários de uma
língua são todos dependentes de pressuposições institucionalmente determinadas.
Deparamo-nos, então, com uma questão terminológica: como chegar a um consenso
em relação ao termo “equivalente de tradução”, entendido de diferentes maneiras pela
Lexicografia Bilíngüe e pelos estudos da Tradução?
Rios (2003) propõem o termo “correspondência idiomática interlingüística”, a fim de
tentar achar um meio termo entre as duas áreas envolvidas. Porém, no que diz respeito à
Lexicografia Bilíngüe, o termo “equivalente” é perfeitamente cabível e amplamente utilizado.
Portanto, manteremos o termo “equivalente” por se tratar de uma pesquisa que tem como base
a Lexicografia.
Esse termo atenderia aos propósitos desta pesquisa, que, ao mesmo tempo,
estabeleceria e apresentaria uma reciprocidade entre ULs de diferentes línguas, ao analisar
suas semelhanças e propor traduções que possuam uma relação harmônica entre elas e não
que sejam rigorosamente iguais.
Visamos com este trabalho elaborar uma obra de referência com equivalentes
idiomáticos interlíngüísticos nas línguas portuguesa e/ou francesa, facilitando o trânsito não
somente entre duas línguas, mas, entre quatro culturas distintas. Por esta razão, nossa proposta
é um dicionário multilíngüe, uma vez que acreditamos que esta equivalência seja possível,
apesar de as línguas poderem possuir imagens diferentes para expressar os mesmos conceitos.
(LOFFLER-LAURIAN; PINHEIRO-LOBATO; TUKIA, 1979).
2. O reconhecimento e a tradução lexicográfica de expressões idiomáticas
39
A identificação e a tradução de uma EI em língua estrangeira merecem uma atenção
especial, pois trabalham com divergências culturais que se acentuam em razão da história de
cada língua, ou melhor, de cada povo. Normalmente, as línguas não recortam a mesma
realidade extralingüística, por isso é “indiscutível que os sistemas lingüísticos, a cultura e a
visão de mundo na nomeação da realidade divirjam” (XATARA, 1998a, p. 04).
Segundo Rey-Debove (1998), em um DB, o estabelecimento das relações entre os
signos de línguas diferentes não tem a preocupação com o referencial (extralingüístico).
Tenta-se conservar aproximadamente o mesmo conteúdo, na passagem de um signo a outro
(de línguas diferentes), tendo em vista que não é possível a sinonímia entre línguas diferentes.
No DB, então, são apresentadas equivalências lexicais por meio da transcodificação de uma
língua para uma UL de outra.
De acordo com Blanco (1997), a relação entre unidades de línguas diferentes só
interessa se apoiada por outros dados complementares que tornem possível a leitura e a
compreensão das relações intersígnicas propostas e evidenciadas nas obras lexicográficas.
Assim, o consulente poderá com sua busca realizar tarefas como a decodificação
(compreensão), a codificação (produção) e a tradução de formas que pertencem a um discurso
e não apenas buscar por uma “equivalência” de uma palavra em outra língua.
Lembramos que o objetivo de um dicionário bilíngüe não é estabelecer relações de
igualdade entre línguas diferentes e assim neutralizar as suas diferenças. Ao contrário, por
meio de comparações interlingüísticas, ele deve apontar semelhanças e diferenças entre as
línguas, o que facilita a sua compreensão e nos faz enxergar a sua grandeza.
No entanto, sabemos que as línguas não apresentam somente diferenças, visto que
todos os seres humanos vivem no mesmo planeta, no qual a realidade fenomênica, na maioria
das vezes, comum em parte do mundo, é quem motiva a criação lingüística. Segundo Szende
40
(in: JOINT; THOIRON, 1996), todos nós estamos confrontados com a realidade da terra e
do céu, do frio e do calor, com noções de espaço e tempo, entre outras situações.
Temas como a morte e o nascimento, por exemplo, são comuns a qualquer pessoa,
embora possam ser tratados de maneira distinta pelas diversas culturas e as expressões
correspondentes formuladas com imagens bastante diferentes. É o caso das EIs “dar à luz” e
“pôr no mundo”, que significam “parir”: com certeza haverá em outra língua uma expressão
equivalente, por tratar-se de uma condição vivida por todo ser humano, assim como
expressões referentes à morte como “vestir o paletó de madeira”, “ir desta para melhor” e
assim por diante.
Como sabemos, os valores são construídos em uma cultura pelo sujeito de maneira
particular e os significados não são intrínsecos às lexias. Mas, para que a tradução se torne
uma possibilidade real, defendemos que os valores lexicais são construídos de modo
semelhante por cada sujeito, seja em uma mesma cultura, seja em culturas diferentes. Isso
porque dependemos de pressuposições convencionais de nossa sociedade e os fenômenos que
motivam a produção lingüística são muito parecidos nas diversas culturas, embora as línguas
tenham recortes variados. Dessa forma, são os traços comuns dos significados comunitários e
convencionais de lexias de línguas diferentes que estão presentes na correspondência
interlingüística.
Galisson (1989) acredita que os idiomatismos, por serem lexias conotativas que fazem
parte da cultura compartilhada de um povo, apresentam uma certa dificuldade para os
tradutores e estudiosos de línguas estrangeiras.
De acordo com esse autor, por meio dessa cultura compartilhada, que rege o cotidiano,
os indivíduos de um grupo sociocultural se identificam, se reconhecem e aproximam-se uns
dos outros. Daí a dificuldade de um estrangeiro em se comunicar com falantes nativos, pois
ele não possui essa cultura cotidiana.
41
Os implícitos culturais presentes na linguagem cotidiana, começam a ser considerados
mais atentamente pela Lexicografia Bilíngüe atual e pelo ensino de língua estrangeira, que
toda e qualquer UL de uma língua carrega uma carga cultural compartilhada (GALISSON,
ibidem). E é nesta carga cultural compartilhada que são encontradas as conotações das
palavras, normalmente compreendidas somente pelos nativos.
Para podermos traduzir não as EIs, como também qualquer UL de uma língua para
outra, devemos primeiramente identificá-las, tanto em relação ao seu significado, quanto ao
seu papel no sistema lingüístico. É imprescindível, portanto, reconhecer a EI na língua como
sendo um idiomatismo e não apenas uma expressão similar com sentido conotativo (RIOS;
RIVA, 2002).
Depois, a equivalência idiomática proposta pela tradução de um idiomatismo deve
conter o maior número de elementos que sustentem a nossa escolha, sempre observando se a
tradução está apoiada e cerceada pela cultura da comunidade interpretativa na qual o
lexicógrafo/tradutor se insere e para qual ele destina seu trabalho” (RIOS; RIVA, 2002, p.
97).
Portanto, para que se possa haver uma proposta de equivalência, seria ideal que as
lexias apresentassem, nas diferentes línguas, além do mesmo estatuto no sistema lingüístico,
valores estilísticos e situacionais correspondentes.
A expressão comer grama pela raiz”, por exemplo, que significa “morrer”, pode
encontrar na expressão francesa manger les pissenlits par la racine sua equivalente, que as
duas referem-se à morte, possuem elementos semânticos correspondentes como “comer /
manger” e “raiz / racinee remetem a uma situação parecida, a de estar embaixo da terra, ou
seja, enterrado, e por isso comer grama pela raiz, que também se localiza debaixo da terra.
42
3. Os problemas de tradução nos dicionários bilíngües/multilingües
É inquestionável a importância do uso de dicionário, seja ele bilíngüe, monolíngüe,
terminológico, especial ou geral, para um tradutor (iniciante ou experiente), um estudante ou
qualquer pessoa que queira aprender mais sobre uma língua.
E apesar da preferência por dicionários monolíngües, que estes conseguem dar
conta de um recorte muito maior das línguas que abrangem, nem sempre é possível a sua
utilização exclusiva. Principalmente no caso de tradutores aprendizes ou alunos iniciantes em
língua estrangeira que ainda não conseguem compreender muito bem a nova língua. Nessas
situações é sempre plausível o uso de dicionários bilíngües para complementar a busca.
A questão é que se deve ter consciência das imperfeições dos dicionários bilíngües e
da insuficiência de muitos modelos que não abarcam convenientemente uma realidade
empírica complexa, realidade esta que ultrapassa a própria linguagem e esbarra em problemas
semióticos (PICOCHE, 1994).
Apesar de contestados, os equivalentes entre ULs e expressões idiomáticas de duas ou
mais línguas são buscados a todo momento. Seria inviável que um texto traduzido contivesse
somente as definições das palavras ou enumerações sinonímicas, que, o recurso aos
dicionários bilíngües visa assegurar precisão na tradução de termos que melhor designam, na
língua de chegada, a noção apresentada na língua de partida.
Os usuários, mais precisamente o tradutor, buscam nesses dicionários um equivalente,
mas muitas vezes têm de optar, num paradigma sinonímico, entre um estrangeirismo, um
empréstimo, um decalque ou um vernáculo (CARVALHO, 1989).
43
Os lexicógrafos devem elaborar materiais de consulta que auxiliem os usuários por
meio de indicação das imagens que em línguas diferentes remetem a conceitos semelhantes. E
devem estar atentos aos problemas mais comuns de tradução para garantir uma boa qualidade
do material.
Por isso, Xatara (1998b) afirma que é preciso prestar atenção à questão dos sinônimos
justapostos, separados unicamente por vírgulas sem uma indicação de diferenças de
significados e usos. Para resolver esse problema, a autora sugere que se coloque no início ou
no final de cada tradução uma definição (mesmo que abreviada por questões de espaço) que
indique o sentido e o emprego. Essa medida ajudaria o consulente na hora de procurar a
melhor tradução para seu texto e o conscientizaria de que aquele termo equivale apenas em
parte à entrada, que não superposição de áreas semânticas entre palavras de línguas
diferentes.
Os dicionários semibilíngües, apesar de ainda escassos no mercado, apareceram para
preencher essas lacunas e são vistos como uma alternativa aos dicionários bilíngües atuais.
Esse tipo de dicionário utiliza orações-modelo e definições nos verbetes, o que auxilia os
consulentes (principalmente os aprendizes) a compreenderem melhor o significado na língua
de chegada e as diferenças entre as duas línguas envolvidas no processo. E, principalmente,
define com mais clareza o contexto em que são empregados, não apenas listando alternativas
tradutórias, sem nenhum critério e fora do contexto, como fazem os bilíngües (DURAN;
XATARA, 2005).
Xatara (1998b) também propõe que se evite que as definições ocupem o lugar das
traduções, mesmo no caso de decalques, pois isso não resolve o problema dos tradutores que,
na maioria das vezes, procura uma UL correspondente e não uma explicação, o que ele
encontraria no dicionário monolíngüe da língua de chegada.
44
No caso das EIs, particularmente, muitos dicionários bilíngües trazem somente as
definições, as quais servem apenas para elucidar o que elas querem dizer, mas não ajudam em
nada o tradutor, que deve colocar no seu texto expressões de igual valor idiomático, para que
o texto não perca sua característica estilística. No Dicionário escolar francês-português /
português-francês
6
, de Corrêa e Steiberg (1982), a expressão francesa prendre racine possui
como definição “enraizar-se”; “arraigar-se”. Porém, não há nenhuma indicação de que se trata
de um idiomatismo e não oferece ao consulente uma EI equivalente em português (que seria
“criar raízes”), o que garantiria o mesmo nível de expressividade ao texto traduzido.
Outras informações como ilustrações, nível de linguagem, freqüência e marcas
cronológicas também são de bastante importância, devendo ser inseridas na microestrutura
sempre que possível.
4. Línguas em contraste
Quanto às línguas que estão em contraste, a portuguesa de Portugal e do Brasil e a
francesa da França e do Canadá, de mesma origem, a latina, sabe-se que são praticadas por
civilizações distantes geográfica e culturalmente. Entretanto, ao lado de previsíveis diferenças
entre muitas expressões, principalmente aquelas ligadas ao passado sociocultural de cada
povo, podemos encontrar formulações idiomáticas quase idênticas. Fenômenos que ocorrem
também no interior de uma mesma língua: entre idiomatismos do português europeu e do
brasileiro, do francês gaulês ou canadense, do espanhol peninsular ou hispânico, etc.
De acordo com Tagnin (1989), as conotações podem ser distintas em culturas diversas,
que, algumas vezes, uma imagem pode possuir significados diferentes em outras culturas.
6 CORRÊA, R. A.; STEIBERG, S. H. Dicionário escolar francês-português / português-francês. 7.ed. Rio de
Janeiro: FENAME, 1982.
45
Chamamos atenção, ainda, para o fato de Tagnin ter usado a palavra cultura e não língua,
pois, como observamos neste trabalho, mesmo dentro do francês e do português percebemos
diferenças nas EIs, pois são empregadas em sociedades distintas.
Vejamos o exemplo da EI brasileira “a passos de tartaruga”: em Portugal encontramos
5 equivalentes, sendo que dois deles remetem ao mesmo tipo de animal – a passos de
tartaruga e a passos de cágado - porém, os outros não a passos de caracol, a passos de
lesma e a passo de boi.
Na língua francesa, o mesmo fenômeno ocorre: na França temos as EIs à pas comptés,
à pas mesurés; à pas de fourmi e à pas de tortue. No francês quebequense encontramos 3 EIs
iguais às da França (exceto à pas de fourmi) e três diferentes: au pas de la grise, au pas de la
blanche e (avancer) petit-peta.
Observamos também a existência dos falsos cognatos idiomáticos: idiomatismos que,
em duas culturas diferentes, recorrem à mesma imagem, mas que possuem significados
distintos. A EI “passar de pato a (para) ganso” no Brasil quer dizer “mudar de um assunto
para outro”, enquanto no português europeu significa “piorar de situação”.
Também encontramos diferentes EIs numa mesma língua, falada num mesmo país,
mas que significam a mesma coisa. É o caso da EI brasileira “meter a colher”, utilizada em
quase todo o país, mas que também encontramos no Ceará como equivalente a EI “botar
catinga”.
Desse modo, esperamos que este trabalho comparativo revele a riqueza fraseológica
do português de Portugal, ajudando-nos a resgatar um pouco da diversidade lingüístico-
cultural de nosso idioma, assim como ressalte a importância da língua francesa, não em
território francês, mas também em outro país de bastante relevo na conjuntura mundial, o
Canadá.
46
Como sabemos, esse país conserva muito bem suas origens francesas e orgulha-se
muito delas: isso é confirmado pelo fato de o francês ser uma das línguas oficiais, pelo grande
incentivo do governo às pesquisas sobre a província de Quebec e também pelo oferecimento
de bolsas de estudos e oportunidades de emprego para quem pretende trabalhar na região
“francesa” do país.
No entanto, apesar de todos os estímulos aos estudos do fenômeno da francofonia pelo
mundo, ainda muitas diferenças lingüísticas entre o francês quebequense e o francês da
França a serem focalizadas sob diversos aspectos. Pois, as variantes de uma língua, seja o
português, seja o francês, procuram numa atitude plurilingüista, sustentar suas identidades,
um movimento contrário à inevitável globalização, que parece buscar também por uma
padronização mundial da cultura.
No Quebec a luta contra o domínio norte-americano talvez seja a mais desleal, por ser
vizinho dos Estados Unidos e por fazer parte de um país onde a maioria dos seus habitantes
fala o inglês. No entanto, a região do Quebec sempre defendeu arduamente sua identidade,
que está intimamente ligada à língua francesa, frente às tentativas de monopolização do
inglês. Na França, também existem medidas para se evitar a invasão da língua inglesa e, na
medida do possível, elas têm sido eficazes. no Brasil e em Portugal, apesar das tentativas,
ainda não vingaram projetos que visem proteger a língua portuguesa, e o que notamos, cada
dia mais, é uma grande disposição em aceitar tudo o que vem do exterior.
Esperamos que com esta pesquisa as diferenças lingüísticas e culturais comecem a ser
vistas com outros olhos: não mais como algo negativo, que possa vir a atravancar o
relacionamento entre os povos, mas sim como um aspecto que amplie nossos conhecimentos e
que nos faça enxergar novas perspectivas.
Dessa forma, ao pesquisar os idiomatismos e ao produzir dicionários especiais que
insiram duas variantes da língua portuguesa e duas da língua francesa, apresentamos nossa
47
contribuição para o desenvolvimento lexicográfico não no Brasil, mas ainda nos outros
países envolvidos. Além disso, esperamos colaborar com a conservação de nossas raízes
culturais para, assim, podermos entender um pouco melhor nossa história.
Outra importante contribuição desta pesquisa refere-se à atualização dos
conhecimentos sobre os instrumentais da Lingüística de Corpus para a análise de dados
empíricos, mais especificamente na computação da freqüência das EIs consideradas
equivalentes.
5. Freqüência de uso e corpora
A tecnologia tem ajudado muito no desenvolvimento da Lexicografia, e de várias
outras áreas da Lingüística, com a criação de programas computacionais que processam a
linguagem humana.
Segundo Kilgarrif (2002), a Lexicografia e a Tecnologia da Linguagem beneficiam-se
uma da outra e, cada vez mais, podemos enxergar a cooperação entre essas duas áreas. A
Tecnologia da Linguagem utiliza-se da Lexicografia, pois precisa conhecer a fundo as
palavras: desde como são soletradas e a sua freqüência até a sua pronúncia e como se
relacionam com outras palavras. E onde melhor encontrar essas informações se não em um
dicionário? Por outro lado, a Lexicografia utiliza-se das ferramentas da Tecnologia da
Linguagem para a análise da língua.
Ultimamente, todo grande projeto de dicionário tem como base um corpus. Com
efeito, mais de 20 anos os corpora têm sido usados para essa função, desde a criação, no
início dos anos 80, do corpus Cobuild (em torno de 7 milhões de palavras, em inglês), que
transformou a maneira de se fazer dicionários (KILGARRIF, 2002). De para cá, o número
48
de corpora tem aumentado, assim como o número de palavras compreendidas por eles (já
se estimam centenas de milhões de palavras), cujo manejo viabiliza-se apenas por meio de
ferramentas tecnológicas.
A Lingüística de Corpus, portanto, ocupa-se da coleta e da exploração de dados
lingüísticos textuais, que podem servir para a pesquisa de uma língua ou variedade lingüística
e para descrever os mais variados aspectos da linguagem. (BERBER SARDINHA, 2004).
Como, então, a descrição da linguagem e a computação da freqüência são duas das
áreas de pesquisa privilegiadas pela Lingüística de Corpus, consideramos bastante pertinente
para esta pesquisa recorrer aos seus subsídios teórico-práticos e utilizar um corpus
representativo e adequado aos nossos propósitos. Entretanto, detectamos a inexistência de um
corpus escrito, nas quatro línguas, que denote privilegiadamente a linguagem coloquial
cotidiana, principal fonte de EIs.
Segundo Sinclair (1991), é muito mais fácil encontrarmos materiais com linguagens
formal e literária, ou mesmo jornalística, do que materiais com linguagens informal e
coloquial. Como os idiomatismos compreendem características bastante peculiares - são
combinações de palavras situadas no universo lexical da língua geral, que perderam sua
independência e adquiriram um sentido global -, eles necessitam de um corpus imenso para
assegurar evidências suficientes com vistas a um tratamento estatístico. Por isso, apesar de
serem muito comuns na linguagem cotidiana, o raros mesmo em corpora relativamente
grandes.
De fato, pudemos observar que as bases textuais conhecidas realmente não computam
grande quantidade de textos coloquiais e a indicação da freqüência das EIs nesses corpora
não revela adequadamente a recorrência de seu emprego. Abaixo, um trecho do quadro de
Berber Sardinha (2004, p. 09) sobre as dimensões dos principais corpora eletrônicos do
português brasileiro:
49
Palavras
Composição
Localização
240 milhões
PB, escrito e falado
PUC/SP
200 milhões
PB, escrito
UNESP/Araraquara
100 milhões
PB, escrito e falado
UNESP/Araraquara
Tabela (1)
para se ter uma idéia da escassez de EIs em corpora tradicionais, no corpus do
Laboratório de Lexicografia da Unesp de Araraquara, um dos maiores do país, o idiomatismo
“botar chifres em (alguém)” não foi encontrado. Mesmo alterando o verbo (colocar, meter,
pôr), os tempos verbais e até reduzindo o idiomatismo à palavra “chifre”, não foi encontrada
nenhuma ocorrência (RIVA, 2004).
Além disso, programas de gerenciamento de bases textuais, como o Wordsimth Tools,
o Folio Views ou o Hyperbase, também não são muito eficazes na identificação de Uls
complexas, sendo necessário recorrermos a um outro tipo de corpus que começa a ganhar
espaço nos estudos sobre Lingüística de Corpus: a World Wide Web.
Colson (2003) afirma que, atualmente, para o estudo de fraseologismos o único corpus
que pode nos oferecer resultados satisfatórios é a Web, na qual podemos encontrar mais de 60
bilhões de palavras escritas nas mais diversas línguas. E, apesar do autor acreditar que a Web
não oferece ainda uma solução perfeita para pesquisar fraseologismos, sua imensidão e
característica multilíngüe deverão, em breve, transformá-la em um competidor imbatível para
os corpora tradicionais. (COLSON, 2007).
50
Berber Sardinha (2004), para quem a dimensão da Web responde mais adequadamente
à verificação de hipóteses em uma amostragem da ngua que precise ser suficientemente
abrangente para validar uma pesquisa, complementa:
A Internet, mais especificamente a World Wide Web, tornou-se um vasto depósito
de textos dos mais variados tipos. Já há, inclusive, propostas de encarar a www
como um corpus em si, variado e multingüe, que pode ser acessado pelo usuário
sem necessidade de ter os arquivos gravados em sua máquina. (BERBER
SARDINHA, 2004, p. 45)
Além da quantidade dos seus dados textuais, a Web também pode nos oferecer uma
demonstração do idiomatismo em um contexto real e pode apresentar informações
importantes concernentes à significação e ao uso de cada EI: em poucos segundos temos à
nossa disposição centenas de exemplos, sobretudo de textos, seja da imprensa ou de
propagandas, seja de entrevistas ou de conversas, que podem ser utilizados como informação
metalingüística (COLSON, 2003).
Todos esses fatores corroboram a utilização da Web como base textual. Ainda que não
seja um conjunto controlado de textos (isto é, um agrupamento sistemático de textos,
exploráveis por uma máquina, preparados, codificados e armazenados de acordo com regras
predefinidas) e que as informações encontradas na rede não sejam totalmente confiáveis,
podendo ser temporárias, conter imprecisões e, até mesmo, erros ortográficos. Porém, o que
nos interessa não é a precisão gramatical dos textos, mas sim atestar o quanto uma EI é de fato
reincidente para determinada comunidade lingüística, a fim de selecioná-la ou não como
idiomatismo freqüente.
Entretanto, ainda persiste um grande problema entre os lexicógrafos definir o limiar
de freqüência de uma determinada UL para garantir sua presença em um dicionário, visto que
51
sua freqüência envolve diversos fatores, como o meio social, contextos, preferências pessoais,
entre outros (MESSELAAR, 1988).
Há mais de 30 anos, para a elaboração do primeiro dicionário de freqüência do
português (DUNCAN, 1972), foi estabelecido como 20 o limiar mínimo de ocorrência para
uma palavra ser considerada freqüente. Mas, ainda aqui, tratava-se de lexias simples ou
compostas, não de lexias complexas.
Os estudos de Colson (2003), no entanto, retomando proposições de Moon (1998),
felizmente nos esclarece o seguinte:
A Lingüística de Corpus oferece um padrão útil para medir a freqüência idiomática: o
número de ocorrências por milhão de palavras (PMW, em inglês). Muitos idiomatismos
verbais do inglês, do francês e do holandês (e provavelmente de todas as línguas
européias) apresentam uma freqüência de menos que 1 PMW, ou seja, sua ocorrência no
corpus é inferior a um, em um milhão de palavras. Vale saber que um corpus de um
milhão de palavras corresponde, aproximadamente, ao texto de dez romances
(COLSON, 2003, p. 47)!7
Ainda de acordo com Colson (2003), 70% das EIs frasais têm freqüência inferior a 1
PMW e os pesquisadores não conseguem detectar muitos idiomatismos comuns nos bancos de
corpora eletrônicos tradicionais. E conclui:
Idiomatismos, como um todo, costumam ser muito freqüentes em qualquer tipo de
texto. Isso não significa, entretanto, que um idiomatismo específico aparecerá
freqüentemente, mesmo em grandes corpora. Linistas ou estudantes que procuram
vários contextos do mesmo idiomatismo têm de usar corpora de bilhões de palavras. A
Web é, atualmente, o único corpus gigante que pode atingir essa meta. (COLSON, 2003,
p. 59). 8
7 Tradução nossa de Corpus linguistics offers a useful standard for measuring idiom frequency: the
number of occurrences per million words (PMW). Many verbal idioms of English, French and Dutch
(and probably of all European languages) correspond to a frequency of less than 1 PMW, i.e. their
occurrence in a corpus is inferior to one in a million words. It is worth nothing that a corpus of a one
million words roughly corresponds to the text of ten novels”!
8 Tradução nossa de Idioms as a whole turn out be very frequent in any given text. This does not
mean, however, that a specific idiom will appear frequently, even in large corpora. Linguists or
students looking for many contexts of the same idiom have to use corpora of billions of words. The
Web is presently the only gigantic corpus that can stand up to that goal”.
52
Então, para se obter a computação léxica desejada, trabalhamos com o buscador
Google, comprovadamente de grande capacidade de pesquisa (mais de 4,28 billhões de
páginas indexadas, dentre livros, jornais, revistas, agências de notícias on-line, blogs, páginas
pessoais, etc), ultrapassando em muito o número total de palavras de qualquer banco textual
(Super Interessante, 2004).
Portanto, baseando-nos nos estudos de Moon (1998) e Colson (1999, 2001, 2003),
propusemos utilizar como parâmetro para medir a freqüência idiomática o número de
ocorrências por milhão de páginas da Web, uma vez que podemos supor que cada resultado
(ocorrências por página) apresentado nas buscas por determinada EI corresponda a pelo
menos uma ocorrência desta EI no conjunto de textos da página.
Esta pesquisa de freqüência observou os dados reunidos por Grefenstette (2000,
2004), por Evans et al. (2004) e pela União Latina (2006), que estimam que exista na Web
cerca de 157 milhões de páginas em francês da França e 56 milhões em português brasileiro.
Dessa forma, aplicando o coeficiente de 1 PMW, estabeleceu-se o limiar de freqüência em 56
ocorrências para o português e 157 para o francês, visto que, normalmente, cada EI ocorre
pelo menos uma vez em cada página da Web.
Esses parâmetros foram utilizados para a composição do DEEI Dictionnaire
électronique d'expressions idiomatiques français-portugais / portugais-français (XATARA,
2007), o dicionário que nos serviu de base para esta pesquisa.
Na tabela abaixo, ilustramos como, baseados nos estudos de Colson (2003), chegamos
ao limiar de freqüência exigido para que uma EI fosse considerada freqüente e, assim,
pudesse constar em nosso dicionário.
53
País
Número de páginas na Web
(em milhões)
Limiar de freqüência
baseado em PMW
Brasil
56
56
França
156,1
157
Portugal
14
14
Canadá (Quebec)
6,6
7
Tabela (2)
Foram considerados freqüentes, portanto, os idiomatismos lusitanos com no mínimo
14 resultados e os idiomatismos quebequenses que apresentaram pelo menos 7 ocorrências.
As EIs que não obtiveram esse número mínimo de ocorrências foram descartadas.
CAPÍTULO IV
MATERIAL E MÉTODOS
A fim de melhor detalharmos os procedimentos metodológicos a serem observados,
explicitamos abaixo como determinamos a nomenclatura em português do Brasil e em francês
da França. Assim como explicamos como foi feito o levantamento de equivalentes em
português de Portugal, com base em expressões idiomáticas brasileiras, e de equivalentes em
francês do Quebec, considerando expressões idiomáticas francesas.
Também demonstramos neste capítulo como foi verificada a freqüência dos
equivalentes em português de Portugal e em francês do Quebec e como localizamos as EIs.
Além disso, relatamos em que condições recorremos a informantes portugueses e
quebequenses. E, por último, apresentamos a microestrutura dos verbetes do inventário final.
1. Nomenclatura em português do Brasil e em francês da França
Para estabelecermos a nomenclatura em português do Brasil e em francês da França,
baseamos-nos na nomenclatura elaborada pelo DEEI (XATARA, 2007), assim como nas
definições parafrásicas propostas para os verbetes deste dicionário, o que otimizou nossa
pesquisa em termos de tempo hábil para sua execução.
Avaliamos que se trata de uma fonte confiável por ser fruto de anos de reflexão sobre
o assunto, fundamentado em pesquisas de mestrado, doutorado, publicação nacional de
dicionário impresso, pós-doutorado e publicação on-line de dicionário em site de renome
internacional. Além disso, a nomenclatura apresentada apoiou-se em análise freqüencial
também na Web, etapa da pesquisa da qual participamos em estágio de iniciação científica, e
55
as definições sugeridas subsidiaram-se em análise pragmática dos contextos que utilizam
idiomatismos, procedimentos que garantem maior cientificidade aos dados obtidos.
2. Levantamento de equivalentes em português de Portugal a partir de expressões
idiomáticas brasileiras
Num primeiro momento, nos valemos de fontes secundárias, ou seja, dicionários de
língua geral e dicionários fraseológicos do português de Portugal (v. Corpus para EIs em
português de Portugal). Num segundo momento, para todas as equivalências dúbias ou não
encontradas, entramos em contato com informantes nativos: portugueses residentes no Brasil
e/ou em Portugal, jovens e adultos, leigos ou especialistas (professores, pesquisadores,
lexicógrafos).
Nossa primeira informante contatada foi a búlgara Yovka Batista Valverde, filha de
portugueses, que desenvolve pesquisa sobre idiomatismos com a orientação do Prof. João
Malaca Casteleiro, diretor do Departamento de Língua e Cultura Portuguesa - Faculdade de
Letras / Universidade de Lisboa.
Através da Profa Margarita Correia (pesquisadora do grupo Léxico e Modelização
Computacional do ILTEC Instituto de Linguística Teórica e Computacional), em Lisboa,
entramos em contato com alguns alunos do curso de Letras da Universidade de Lisboa:
Miguel Filipe Gonçalves Arranhado, Brigite Martins, Ana Matafome e Irene Candeias.
Além desses informantes, obtivemos a ajuda de mais dois portugueses de outras áreas:
Sabrina Correia d'Agostino (formada em Turismo pela Escola de Hotelaria e Turismo do
Algarve - Inftur) e Hugo Virgilio Pereira Roupar Leite (mestrando em Engenharia de
Comunicações pela Universidade do Minho, em Portugal).
56
Contamos ainda com a valiosa colaboração da Profa. Maria Augusto Celeste,
lexicógrafa portuguesa vinculada à Universidade de Utrecht – Holanda.
3. Levantamento de equivalentes em francês do Quebec a partir de expressões
idiomáticas francesas
Também com base na nomenclatura do DEEI, fizemos um levantamento das EIs do
francês quebequense que correspondem a cada entrada em francês da França. Como já
explicamos no capítulo anterior, nossa busca limitou-se à província do Quebec ou às
expressões quebequenses, por tratar-se da região francesa mais representativa do Canadá.
Para tanto, partimos inicialmente para pesquisa em obras lexicográficas (v. Corpus
para EIs em francês do Quebec) e posteriormente a informantes nativos, da mesma forma
que procedemos para procurar todos os equivalentes em português europeu: quebequenses
residentes no Brasil e/ou no Canadá, jovens e adultos, leigos ou especialistas (professores,
pesquisadores, lexicógrafos).
Para a verificação das equivalências em francês quebequense das EIs, contamos com
alguns informantes do Quebec: Sylvie Boudreau, pós-doutoranda em Tradução com ênfase
em Terminologia e membro do grupo de estudos de Alain Polguère (professor titular do
Departamento de Lingüística e Tradução da Université de Montréal), Robert Thivierge
formado em Administração Pública (École Nationale d’Administration Publique) e,
atualmente, diplomata especializado em Desenvolvimento Internacional, além do Prof.
Jacques Leclerc, formado em Lingüística (Université de Montréal), pesquisador do Office
québécois de la langue française (OQL) e membro do Trésor de la langue française au
Québec.
57
Também foram realizados por nossa orientadora, Profa. Claudia Xatara, encontros de
discussão acadêmica, em sua visita a três centros lexicográficos: ao Observatoire de
Linguistique Sens-Texte na Université de Montréal (discussões coordenadas pelo Prof. Alain
Polguère), ao Franqus na Université de Sherbrooke (cujas pesquisas são dirigidas pelos
professores Hélène Cajolet-Laganière, Chantal-Edith Masson e Pierre Martel) e ao Trésor de
la Langue Française au Québec na Université de Laval (sob a supervisão do Prof. Claude
Poirier e da Profa. Geneviève Joncas).
E além dos informantes quebequenses, contamos também com o auxílio de três
brasileiros: Lara Rizzi, estudante do curso de Tradução (Universidade Estadual Paulista
UNESP) e morou durante algum tempo no Quebec, Prof. Dr. Nelson Luís Ramos, professor
de Língua e Cultura francesas na UNESP e especialista em literatura canadense (formado
em Tradução pela Universidade Estadual Paulista UNESP) e Edvani Brito, formada em
Letras pela Universidade Estadual Paulista UNESP, atualmente reside em Montreal,
casada com um quebequense.
4. Localização e verificação da freqüência dos equivalentes em português de Portugal e
em francês do Quebec
Para verificarmos a freqüência das EIs utilizamos o buscador Google como um
gerenciador de texto. E, conforme explicitamos no capítulo III, item 5, utilizamos o parâmetro
ocorrência/páginas da Web, adaptando a proposta de Colson (2003) de se medir a freqüência
de fraseologismos complexos no ambiente da Web por PMW.
A procura das EIs portuguesas foi realizada em sites estritamente portugueses, pelo
<www.google.pt>, tomando o cuidado de restringir o domínio a .pt e optando na ferramenta
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Preferências pelo português (Portugal). Sem essas precauções, podem aparecer algumas
páginas do Brasil e até páginas em espanhol. Para se confirmar a freqüência das EIs
portuguesas eram necessárias 14 ocorrências, no mínimo.
Da mesma forma, no caso das expressões do Quebec, recorremos ao
<www.google.ca> e escolhemos na ferramenta Preferências o idioma francês. Para precisar
ainda mais a busca, escolhemos na ferramenta Pesquisar a opção páginas do Canadá. O
limiar de freqüência para as EIs quebequenses era de 7 ocorrências.
o procedimento para a busca das EIs em si pode ser feito de várias maneiras,
contudo a mais eficaz é digitar o núcleo da EI entre aspas, o que agiliza o trabalho, evitando
precisar se conjugar as várias formas de um verbo, até encontrarmos o número mínimo de
ocorrências.
Assim, pode-se digitar “contra moinhos de vento”, apenas a parte nuclear da expressão
completa “lutar conta moinhos de vento”, que consta como entrada do dicionário, e obtemos
346 ocorrências, ao invés de tentar localizar a expressão inteira, incluindo a forma verbal
“lutar” no infinitivo, para a qual teríamos apenas 147 ocorrências.
É evidente, portanto, que localizar as outras 199 ocorrências para se chegar ao número
total indicado acima seria um esforço desnecessário e exigiria digitar várias formas
flexionadas do mesmo verbo.
Mas nem sempre a busca é evidente. Citamos como exemplo a expressão brasileira
“estar atravessado na garganta” (que significa incomodar, não ser admitido): quando digitada,
exatamente dessa forma, no Google de Portugal, encontramos apenas uma ocorrência, porém,
ao tentarmos procurar somente o núcleo “atravessado na garganta”, encontramos 1280
ocorrências e percebemos que a EI também é utilizada freqüentemente com dois outros verbos
como “ficar” e “ter” (no sentido de ter algo atravessado na garganta), além do verbo “estar”
também se mostrar freqüente em Portugal quando conjugado e não no infinitivo.
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No caso de EIs substantivas, valemo-nos das variações no plural e/ou no feminino,
assim como para as EIs adjetivas, pois ao contrário das verbais, é mais difícil selecionar um
núcleo nestas expressões. Em um dos casos em que pudemos localizar uma EI substantiva,
buscando-a pelo núcleo, tivemos uma surpresa: a busca por “ano de vacas magras” com a
digitação apenas de “vacas magras” resultou em 663 ocorrências, mas 459 destas se referiam
a “tempo de vacas magras” e não a “ano, sendo, portanto, a expressão com a UL “tempo” a
mais utilizada pelos lusitanos.
Por fim, achamos interessante registrar que, na busca por uma expressão equivalente
em português europeu, após verificar que determinada EI brasileira não era usual em Portugal,
tentávamos localizar no <google.pt> uma “tradução” da expressão em francês, utilizando a
mesma figura de linguagem da expressão francesa. Para exemplificar, citamos o caso da
expressão brasileira “andar com as próprias pernas”, que em nossas buscas revelou-se não ser
freqüente em Portugal. Então, optamos pela busca partindo da EI francesa voler de ses
propres ailes e, finalmente, encontramos uma equivalente portuguesa: “voar com suas
próprias asas”, que seria uma tradução literal da EI francesa.
O mesmo foi feito em relação às EIs do Quebec, quando constatávamos que as EIs da
França não eram freqüentes por lá. Porém, neste caso, quando não encontrávamos
equivalentes quebequenses a partir das EIs francesas, procurávamos pistas a partir de EIs da
língua inglesa. E assim percebemos que muitas EIs quebequenses foram assimiladas do inglês
(anglicismos): seja a expressão inteira (no caso uma tradução para o francês) ou apenas parte
dela (com toda a expressão em francês e uma palavra em inglês ou a palavra em inglês
“afrancesada”). No Quebec, por exemplo, a expressão coûter un bras – custar um braço – que
significa “custar muito caro”, aproxima-se da expressão inglesa to cost an arm and a leg
custar um braço e uma perna – ao passo que a equivalente francesa coûter la peau des fesses –
custar a pele das nádegasse aproxima mais da expressão lusitana “custar couro e cabelo”.
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Este procedimento, de procurar as equivalentes em outras línguas, nos trouxe, muitas
vezes, resultados positivos, nos levando a crer que a proximidade territorial entre duas línguas
pode ocasionar semelhanças entre certo número de idiomatismos.
5. Organização lexicográfica do inventário final
Segundo Rey-Debove (1971), a microestrutura de um dicionário é um conjunto de
informações ordenadas que se segue à entrada de um verbete e são, portanto, aplicadas a todas
as outras entradas de um dicionário.
Nosso protótipo de dicionário difere-se dos demais por estar disposto em uma tabela
(do tipo Tabela em lista 3) dividida em 4 colunas. O inventário de EIs foi organizado de modo
que:
- a entrada, EI em português do Brasil, vem em negrito, seguida de sua definição parafrásica,
ou seja, uma outra expressão explicativa que poderia substituir o próprio idiomatismo.
- os equivalentes seguem coloridos: verde para as EIs em português de Portugal, azul para as
do francês da França e vermelho para as expressões do francês do Quebec.
Abaixo, uma amostra da estrutura proposta para os verbetes:
PORTUGUÊS DO
BRASIL
PORTUGUÊS DE
PORTUGAL
abaixar a cabeça:
aceitar com resignação,
não reagir
baixar a cabeça; baixar a
crista; meter o rabo entre
as pernas
abaixar a guarda:
parar de se preocupar,
descuidar-se
baixar a guarda
Nas EIs brasileiras em que ocorrem variações de verbos, substantivos e adjetivos, cada
variante (comprovadamente freqüente) foi considerada uma entrada, porém indicada como
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uma remissiva da primeira por ordem alfabética ou por ser mais usual (quando uma variante
for claramente mais freqüente que a outra).
No caso das outras línguas, todas as variantes foram colocadas no verbete da variante
do português brasileiro indicado pela remissiva. A remissiva foi feita da seguinte maneira: ao
lado da variante (em negrito) colocamos à frente um V. e, em seguida, a indicação da EI a ser
consultada (em itálico). Nesta EI indicada, podemos encontrar todas as EI equivalentes de
todas as línguas. Por exemplo:
baixar a bola de: fazer
alguém se calar ou
diminuir o tom
baixar a crista de V.
baixar a bola de
As EIs foram ordenadas por ordem alfabética, com os verbos no infinitivo nos casos
de EIs verbais (exceto quando o verbo da EI tiver sido cristalizado conjugado) e,
preferencialmente, no masculino singular no caso das EIs adjetivas e substantivas.
Quando uma EI possuir dois significados diferentes, a entrada é dividida por números, para
indicar as diferenças, como exemplificamos a seguir:
abrir as portas
1. iniciar uma atividade
comercial em um
estabelecimento
2. dar uma
oportunidade,
aceitar a participação
de alguém
E, por fim, optamos por colocar informações sobre o registro, pois as consideramos
fundamentais para o uso correto das EIs.
Como a maior parte dos idiomatismos é coloquial, nossa classificação baseou-se no
que seriam desvios dessa marca de uso. Portanto, só classificamos as EIs de registro vulgar ou
culto, subentendendo-se que as outras seguem a norma da coloquialidade.
CAPÍTULO V
INVENTÁRIO FINAL
Neste capítulo apresentamos os resultados obtidos: as equivalências em português de
Portugal e em francês do Quebec e os verbetes estruturados, segundo a proposta do item 5 do
capítulo IV.
Esclarecemos ainda que não organizamos este capítulo como um anexo, porque
acreditamos que a elaboração de dicionários não consiste apenas na execução de técnicas
lexicográficas, mas no cumprimento rigoroso de várias premissas cuidadosamente definidas
em projeto, o que, aliás, consome o maior tempo de uma pesquisa.
As EIs para as quais não foram encontrados idiomatismos equivalentes estão
sinalizadas com o sinal de vazio. No entanto, mesmo após o término da pesquisa, elas ainda
continuarão a ser procuradas para futuros trabalhos.
E lembramos uma vez mais que o inventário a que chegamos deverá contar ainda, em
futura pesquisa de doutorado, com contextos das expressões para todos os equivalentes, além
das marcas de registro e de um sistema de remissivas para indicar EIs similares e opostas. O
resultado final será, então, o Dicionário contrastivo de expressões idiomáticas: português do
Brasil e de Portugal / francês da França e do Quebec.
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Letra A
PORTUGUÊS DO
BRASIL
PORTUGUÊS DE
PORTUGAL
FRANCÊS DA FRAA
FRANCÊS DO CANA
abaixar a cabeça:
aceitar com resignação,
não reagir
baixar a cabeça; baixar a
crista; meter o rabo entre
as pernas
baisser la tête; courber la
tête; courber l’échine; plier
l’échine
baisser la tête; courber la
tête; courber l’échine;
plier l’échine
abaixar a guarda:
parar de se preocupar,
descuidar-se
baixar a guarda
baisser la garde
baisser la garde
abaixar as calças:
ceder, humilhando-se
baixar as calças
baisser sa culotte;
baisser son froc
baisser son froc; se
mettre à quatre pattes
[devant quelqu'un]
abaixar o tom:
modalizar o discurso
baixar o tom
mettre un bémol
mettre un bémol
abandonar a causa:
deixar de lutar por aquilo
em que acredita
abandonar a causa;
baixar os braços
tirer l’échelle
baisser les bras; baisse
pavillon; déclarer forfait;
lancer la serviette; tirer
l’échelle [derrière soi]
abandonar o barco:
desistir de uma
empreitada já iniciada
abandonar o barco
quitter la partie
abandonner la partie;
quitter la partie
à beça V. a dar com pau
à beira do abismo:
diante de um perigo
iminente
à beira do abismo; à
beira do precipício
au bord du gouffre
au bord du gouffre
à beira do precipício V. à
beira do abismo
abrir a boca: falar o que
sente, o que pensa ou o
que sabe
abrir a boca; abrir o bico
ouvrir la bouche
donner l'heure [à
quelqu'un]; ouvrir la
bouche; ouvrir la trappe
abrir a cabeça: aceitar
novas idéias
abrir a caba; ter a
mente aberta
ouvrir l’esprit
être open; ouvrir l’esprit
abrir a mão: dar com
generosidade
ser um mãos-largas
donner à pleines mains
donner à pleines mains
abrir a porteira V. abrir as
portas
abrir as portas
1. iniciar uma atividade
comercial em um
estabelecimento
2. dar uma oportunidade,
aceitar a participação
de alguém
abrir as portas
abrir as portas; abrir o
caminho
ouvrir ses portes
ouvrir la (les) porte(s);
ouvrir la voie
ouvrir ses portes
ouvrir la (les) porte(s);
ouvrir la voie
abrir fogo: começar a
atirar
abrir fogo
ouvrir le feu
ouvrir le feu
abrir o bico V. abrir a
boca
abrir o caminho V. abrir
as portas [2]
abrir o (seu) coração
1. confiar os seus
sentimentos, desabafar
2. ser receptivo
abrir a alma; abrir o
(seu) coração
abrir o coração; estar de
peito aberto
ouvrir son coeur [1]; parler à
coeur ouvert
ouvrir son coeur [2]
ouvrir son coeur [1];
parler à coeur ouvert
ouvrir son coeur [2]
abrir o jogo: revelar a
verdade
abrir o jogo; mostrar o
jogo
afficher la couleur; jouer
franc jeu; mettre [se] à table
afficher les couleurs;
cracher le morceau; jouer
cartes sur table; jouer
franc jeu; mettre [se] à
table; montrer le jeu;
montrer les cartes
abrir os braços: dar
acolhida
abrir os braços a
ouvrir les bras
ouvrir les bras
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abrir os horizontes:
conhecer coisas novas
abrir os horizontes
ouvrir les horizons
ouvrir les horizons
abrir os olhos: estar
bem atento
abrir os olhos
ouvrir l’oeil
ouvrir l’oeil (les yeux)
abrir os ouvidos:
sensibilizar pela audição
abrir os ouvidos
ouvrir l’oreille
ouvrir l’oreille (les
oreilles)
abrir um parêntese:
introduzir um comentário
paralelo em um raciocínio
abrir um parêntese
ouvrir une parenthèse
ouvrir une parenthèse
acabou-se o que era
doce: não há nada mais a
fazer para impedir o fim de
um acontecimento ou de
uma situação
acabou-se a papa doce;
acabou-se a mama
les carottes sont cuites
les carottes sont cuites
aceitar o jogo: aceitar o
que foi acordado por
alguém, por um grupo ou
uma sociedade
aceitar o jogo; entrar no
esquema; entrar no jogo;
jogar o jogo
entrer dans le jeu;
entrer dans le système;
jouer le jeu
entrer dans le jeu;
entrer dans le système;
jouer le jeu
acender uma vela a Deus
e outra ao diabo: atender
dois grupos de interesses
contrários
agradar gregos e
troianos; dar uma no
cravo e outra na
ferradura
ménager la chèvre et le
chou
ménager la chèvre et le
chou
acertar as contas:
corrigir ou punir alguém
que, na nossa opinião, fez
por merecer isso
acertar as contas;
ajustar as contas
régler son compte
régler son compte
acertar em cheio:
acertar total e
precisamente,
conseguindo atingir
seus objetivos
acertar em cheio;
acertar na mosca;
acertar no alvo
faire mouche; mettre
dans le mille
faire mouche; frapper
de plein fouet; mettre
dans le mille; toucher
de plein fouet
acertar na mosca V.
acertar em cheio
acertar no alvo V. acertar
em cheio
a céu aberto: sem
proteção ou disfarce
a céu aberto; ao ar livre; ao
fresco
à ciel ouvert
à ciel ouvert
a coisa está feia:
a situação está ruim
a coisa está feia; a coisa
está preta; o caldo es
entornado; o caso está mal
parado
la trouver mauvaise;
l’avoir mauvaise
ça va mal à shop
a coisa está preta V. a
coisa está feia
a coisa está ruça V. a
coisa está feia
a conta-gotas V. a doses
homeopáticas
a dar com pau: em
grande quantidade
à beça; a dar com (um)
pau; à larga (escala); aos
molhos; aos montes; a
pontapés; a potes; a
rodo(s); às dúzias; às
pazadas; às pencas; à
tripa forra; em barda; pra
chuchu; pra dar e vender;
um sem números
à gogo; à la pelle; à
revendre
au tombereau; en titi; à
gogo; à la pelle; à
revendre
advogado do diabo:
aquele que defende a
causa contrária que
acaba de escutar
advogado do diabo
avocat du diable
avocat du diable
a ferro e fogo:
brutalmente
à bruta; a ferro e fogo; à lei
da bala; a pulso; à
valentona; à viva força
par le fer et par le feu
par le fer et par le feu
à flor da idade:
na juventude
na flor da idade
dans la fleur de l’âge
dans la fleur de l’âge
agora a coisa vai: tudo
agora a coisa vai
la mayonnaise prend
la mayonnaise prend
65
coma a engrenar
agradar gregos e
troianos V. acender uma
vela a Deus e outra ao
diabo
água com açúcar:
ingênuo, bobo
Ø
à l’eau de rose
à l’eau de rose
agüentar a barra:
suportar as
adversidades as
dificuldades, sem
fraquejar
agüentar a barra;
agüentar o tranco;
segurar a barra;
segurar a onda; segurar
as pontas
prendre son mal en
patience; tenir bon
prendre son mal en
patience; tenir bon
agüentar a mão V.
agüentar a barra
agüentar as pontas V.
agüentar a barra
agüentar o repuxo V.
agüentar a barra
agüentar o rojão V.
agüentar a barra
agüentar o tranco V.
agüentar a barra
agulha no palheiro: algo
impossível de
encontrar em meio a
tantas outras coisas
semelhantes
agulha no palheiro
aiguille dans une botte
de foin
aiguille dans une botte
de foin
aí tem truta: há algo
escondido e suspeito
aqui (aí) há gato
il y a (avait) anguille sous
roche
il y a (avait) anguille sous
roche
a jato: muito
rapidamente
a jato; a marchas
forçadas; a todo vapor;
a trote; como uma
flecha; como um
foguete; como um raio;
de fugida; de um pulo;
de roldão; em dois (três)
tempos; enquanto o diabo
esfrega um olho; num abrir
e fechar de olhos; num ai;
num ápice; num átimo;
num fósforo; num pronto;
num pulo num relâmpago
à fond de train; à fond la
caisse; à fond les baskets; à
fond les manettes; à plein
gaz; à tire-d’aile; à tombeau
ouvert; à toutes jambes; à
toute vapeur; au pas de
charge; en deux temps (et
trois mouvements); en
quatrième (vitesse); le
pied au plancher; plein pot
à bride abattue; à fond
de train; à fond la caisse;
à fond les manettes; à
plein gaz; à pleine pine;
à plein pot; à tire-d’aile;
à tombeau ouvert; à
toutes jambes; à toute
vapeur; au pas de
charge; au plus coupant;
au plus sacrant; en criant
lapin; en deux temps; en
quatrième (vitesse); en
un clin d'œil; vite comme
l'éclair
algo que está
pegando: algo que não
está bem, que incomoda
Ø
(avoir) de l’eau dans le gaz;
(avoir) quelque
chose qui cloche
(avoir) de l’eau dans le
gaz; (avoir) quelque
chose qui cloche
alma gêmea: pessoa
com quem se tem
profundas afinidades,
geralmente do sexo
oposto
alma gémea
âme soeur
âme soeur
altas esferas: meio de
influência dos poderosos
altas esferas
hautes sphères
hautes sphères
altas horas V. hora morta
altos e baixos:
alternâncias de bom e de
mau estado (relativo à
saúde, humor, negócios)
altos e baixos
des hauts et des bas
des hauts et des bas
amarrar a cara
V. fechar a cara
amarrar cachorro com
lingüiça: esbanjar ou
facilitar demais para se
apoderarem ilicitamente
de bens, dinheiro
deixar a raposa a guardar
o galinheiro
attacher son chien
avec des saucisses
Ø
amigo da onça: aquele
amigo da onça; amigo de
faux frère
faux frère
66
que trai os amigos
Peniche
amor à primeira vista:
paixão repentina por algo
ou alguém
amor à primeira vista
coup de foudre
coup de foudre
andar com as
próprias pernas: agir
sem a proteção de
alguém
voar com as (suas)
próprias asas
voler de ses propres
ailes
voler de ses propres
ailes
andar de casa em
casa V. bater em todas as
portas
andar nas nuvens V.
viver com a cabeça nas
nuvens
andar no mundo da lua
V. viver com a cabeça nas
nuvens
ano de vacas gordas:
tempos de fartura, de
prosperidade
tempo de vacas gordas
année de vaches
grasses
année de vaches
grasses; période de
vaches grasses
ano de vacas magras:
tempos difíceis
tempo de vacas magras
année de vaches
maigres
année de vaches
maigres; période de
vaches maigres; temps
de vaches maigres
ao ar livre V. a céu aberto
a olho nu: visto apenas
com os olhos, sem a ajuda
de equipamentos
a olho nu
à l’oeil nu
à l'oeil nu
a olhos vistos: bem mais
rápido que o normal
a olhos vistos
à vue d’oeil
à vue d’oeil
ao pé da letra:
literalmente
ao pé da letra; à letra; à
risca
à la lettre; au pied de la
lettre
à la lettre; au pied de la
lettre
aos montes V. a dar com
pau
ao pé do ouvido: em voz
baixa e em segredo
ao pé do ouvido; ao
ouvido
dans le tuyau de l’oreille
dans le tuyau de l’oreille
aos quatro cantos V. aos
quatro ventos
aos quatro ventos:
em todas as direções, de
todos os lados
aos quatro cantos; aos
quatro ventos
aux quatre vents; à tous les
vents
aux quatre vents; à tous
les vents
aos soquinhos: pouco a
pouco e de modo
irregular
aos bochechos
à bâtons rompus
à bâtons rompus
apanhar com a boca na
botija: surpreender
alguém em flagrante num
ato ilícito
apanhar com a boca na
botija
prendre la main dans le sac;
prendre sur le fait
prendre la main dans le
sac; prendre sur le fait
aparar as arestas:
solucionar as diferenças
limar as arestas
arrondir les angles
arrondir les angles
a passos de gigante:
rapidamente
a passos largos
à pas de géant
à pas carrés
a passos de tartaruga:
lentamente
a passo de boi; a passo de
cágado; a passo de
caracol; a passo de lesma
à pas comptés; à pas de
fourmi; à pas de tortue; à
pas mesurés
à pas comptés; à pas de
fourmi; à pas de tortue; à
pas mesurés; (avancer)
comme un escargot
a passos largos V. a
passos de gigante
apertar o cerco: seguir
ou perseguir a curta
distância, exercendo uma
pressão física ou
moral
apertar o cerco
serrer de près [2]
serrer de près [2]
apertar o cinto: privar-se
de algo para fazer
economia
apertar o cinto; apertar os
cordões à bolsa
serrer [se] la ceinture [2]
serrer [se] la ceinture [2]
67
apertar o coração:
provocar tristeza e
angústia em alguém
apertar-[se] o coração
serrer le coeur
serrer le coeur
a peso de ouro:
muito caro
a peso de ouro; a preço de
ouro
à prix d’or
(c’est) pas donné; à prix
d’or
a portas fechadas: sem
acesso do público
a portas fechadas; entre
quatro paredes
à huis clos
à huis clos
a preço de bananas:
bem barato
a preço de banana; ao
preço da uva mijona; dez
réis de mel coado
pour une bouchée de
pain
à bon compte; à vil prix;
pour trois fois rien; pour
une bouchée de pain;
pour une chanson
a preço de ouro V. a
peso de ouro
apunhalar pelas costas
V. atacar pelas costas
armar o barraco: fazer
um esndalo
armar a (uma) barraca;
fazer uma peixeirada
faire du foin; faire du suif
brasser de la marde;
faire de la marde
arma secreta: meio
astucioso de se sair
bem de uma situação
arma secreta
botte secrète
botte secrète
armar um circo V.
armar o barraco
à risca V. ao pé da letra
a rodo V. a dar com o
pau
arrastar a asa V. cair
matando
arregaçar as mangas:
preparar-se para
trabalhar com afinco
arregaçar as mangas
retrousser ses manches
retrousser ses manches
arriscar a (própria, sua)
pele: expor-se a um risco
arriscar a pele
risquer sa peau
risquer sa peau
arrumar a casa: colocar
as coisas em ordem
arrumar a casa; pôr a
casa e ordem
serrer les boulons
serrer la vis
arrumar a trouxa:
preparar-se para ir
embora
arrumar a trouxa; fazer a
trouxa
plier bagage
paqueter ses petits
(p’tits); plier bagage;
prendre se cliques et ses
claques; ramasser ses
affaires
a sete chaves: muito
bem guardado
a sete chaves
à double tour
à double tour
a sete palmos
(debaixo da terra): no
túmulo, enterrado
a sete palmos de terra
à six pieds sous terre
à six pieds sous terre
à sombra de: sob a
proteção
à sombra de
à l’ombre de; sous l’aile
de
à l’ombre de; sous l’aile
de
a sorte está lançada:
tudo o que podia ser
feito já foi feito, resta
apenas esperar os
resultados
a sorte está lançada
le sort en est je
le sort en est je
as paredes têm
ouvidos: alguém pode
ouvir o que deve
permanecer em segredo
as paredes têm ouvidos
les murs ont des
oreilles
les murs ont des oreilles
assistir de camarote:
poder apreciar um
acontecimento,
acompanhando-o de perto
assistir de camarote
être aux premres loges
être aux premres loges
à sua altura: de seu
mesmo nível
à sua altura
à sa taille
à sa taille; (chaussure) à
son pied
às voltas com: em luta
contra
às voltas com
aux prises avec
aux prises avec
atacar pelas costas:
apunhalar pelas costas
tirer dans les dos
tirer dans les dos
68
trair alguém
covardemente
até a raiz dos cabelos:
totalmente, inteiramente
(referente a alguma
característica de uma
pessoa que se apresenta
muito acentuada)
até a raiz dos cabelos; até
a ponta dos cabelos; até
os ossos
jusqu’au bout des doigts;
jusqu’au bout des ongles;
jusqu’au trognon; jusqu’aux
yeux
jusqu’au bout des doigts;
jusqu’au bout des
ongles; jusqu’au trognon;
jusqu’aux yeux
até a última gota: ao
esgotamento
até a última gota; até o
osso
jusqu’à la corde;
jusqu’à la dernière
goutte; jusqu’à la moelle
jusqu’à la corde; jusqu’à
la dernière goutte;
jusqu’à la moelle
até as tampas:
completamente
(totalmente aborrecido,
exasperado)
até às orelhas; até o
pescoço
jusqu’à la garde; jusqu’au
cou
jusqu’à la garde; jusqu’au
cou; jusqu’au trognon
até o caroço V. até a
última gota
até o osso V. até a última
gota
até o pescoço V. até as
tampas
até o sabugo V. até a
última gota
até os ossos V. até a raiz
dos cabelos
atirar-se aos pés:
submeter-se a alguém,
suplicar-lhe
atirar-se aos pés
jeter [se] aux pieds
jeter [se] aux pieds
a toda V. a jato
a todo vapor V. a jato
atolado até o
pescoço: em situação
desfavorável,
comprometedora
com a corda no
pescoço; enterrado até
ao pesco; na merda
(vulgar)
dans la merde jusqu’au
cou
dans la merde jusqu’au
cou; être dans le trouble
atrás das grades:
na cadeia
atrás das grades
dans les fers; derrière les
barreaux
dans les fers; derrière
les barreaux
atravessar o Rubicão:
tomar uma decisão
irreversível
atravessar o Rubicão
franchir le Rubicon
franchir le Rubicon
aviso aos navegantes:
aviso amigável par
alertar alguém em
relação a algo
aviso aos navegantes
avis aux amateur
avis aux amateur
Letra B
baixar a bola de: fazer
alguém se calar ou
diminuir o tom
baixar a bola; baixar a
crista
rabattre le caquet à
rabattre le caquet à;
rabattre le taquet à
baixar a crista de V.
baixar a bola de
baixar o pau: falar mal de
alguém ou de alguma
coisa
dizer bocas; mandar bocas
casser du sucre sur le
dos; déchirer à belles
dents; descendre en
flammes; renvoyer dans
les cordes
casser du sucre sur le
dos; déchirer à belles
dents; descendre en
flammes; parler dans les
dos [de quelq’un]
baixar o sarrafo V.
baixar o pau
banho de gato: banho
tomado de modo muito
superficial
banho à gato
toilette de chat
toilette de chat
69
barril delvora: perigo
eminente
barril de pólvora
soupe au lait
soupe au lait
bate boca V. bateção de
boca
bateção de boca:
discuso, altercação
bate boca
prise de bec
prise de bec
bater as botas: morrer
bater a bota; dar o berro;
dar o último suspiro;
esticar o pernil; ir desta
para melhor; ir para o céu;
ir para o maneta; ir para os
anjinhos; perder a vida
casser sa pipe;
descendre au tombeau;
passer l’arme à gauche
casser sa pipe;
descendre au tombeau;
manger les pissenlits par
la racine; partir les pieds
devant; passer l’arme à
gauche; peter au frette
bater com a cara na
porta: não encontrar a
pessoa com quem se quer
falar
bater com o nariz na porta;
dar com o nariz na porta
casser [se] le nez à la porte
de
cogner [se] le nez à la
porte de
bater com o nariz na
porta V. bater com a cara
na porta
bater em todas as
portas: recorrer a
muitas pessoas
andar de casa em casa;
bater a todas as portas;
bater de porta em porta
frapper à toutes les portes
frapper à toutes les
portes
bater na mesma tecla:
recomeçar sempre uma
explicação para se fazer
entender ou para
convencer alguém
bater na mesma tecla
enfoncer le clou
enfoncer le clou
bater um papo V. jogar
conversa fora
batismo de fogo: prova
difícil que se passa pela
primeira vez
batismo de fogo
baptême du feu
baptême du feu
bêbado como um
gambá: muito bêbado
bêbado como um cacho;
podre de bêbado; podre de
bêbedo
bourré un coing; plein
comme une barrique; plein
comme une huître; soûl
comme un boudin
saoul comme une botte;
saoul comme un cochon;
plein comme un boudin
beijar a lona: sair
derrotado em uma luta,
em uma disputa
ir ao tapete
aller au tapis; mordre la
poussière
aller au tapis; mordre la
poussière
beijo de Judas: gesto de
falsidade
beijo de Judas
baiser de Judas
baiser de Judas
besta quadrada: ingênuo
e muito pouco inteligente
besta quadrada
bête à manger du foin;
bouché à l’émeri
bête à manger du foin;
bête comme ses pieds
bobo da corte: vítima em
algum caso ou negociação
que é motivo de chacota
bobo da corte
dindon de la farce
dindon de la farce
boca de siri: sem dizer
nada, sem revelar nada
bico calado; boca de siri
bouche cousue
bouche cousue; muet
comme une carpe
boca do lobo: local
perigoso para se
freqüentar
boca do lobo
gueule du loup
gueule du loup
bode expiatório: pessoa
sobre quem recaem os
erros de outrem
bode expiatório; bombo
da festa; saco de pancada
bouc émissaire
bouc émissaire
bola de neve: problema
que se agrava
progressivamente
bola de neve
boule de neige
boule de neige
bola fora: gafe, aquilo que
destoa do conjunto a que
se refere
pé na argola
fausse note
fausse note
bom de bico: que só diz
futilidades e tem quase
sempre segundas
intenções
bom de bico
beau parleur [2]
beau parleur [2]
borrar as calças: ter
muito medo
apanhar um cagaço
avoir chaud aux fesses
(vulgaire); faire dans sa
avoir chaud aux fesses
(vulgaire); avoir la
70
culotte; faire dans son froc
chienne; chier dans son
forc; faire dans son froc;
donner la chair de poule;
serrer les fesses
botar a boca no mundo:
falar algo para todo mundo
botar a boca no mundo
crier sur les toits
crier sur les toits
botar a boca no
trombone V. botar a boca
no mundo
botar na cabeça: fazer
alguém compreender algo,
persuadi-lo, influenciá-lo
colocar na cabeça; meter
na cabeça; pôr na cabeça
mener en bateau
mener en bateau
braço direito: pessoa de
confiança que ajuda em
vários assuntos
braço direito
bras droit
bras droit
brincar com fogo: meter-
se com algo perigoso
brincar com fogo
jouer avec le feu
jouer avec le feu
brigar com unhas e
dentes: esforça-se
tenazmente para
conseguir seus objetivos
lutar como um leão;
lutar com unhas e
dentes
faire des pieds et des
mains; battre [se]
comme un lion
faire des pieds et des
mains
brincar de gato e rato:
fazer com que seja
procurado
brincar ao gato e ao rato
jouer au chat et à la
souris
jouer au chat et à la
souris
brincar de médico: tocar
e se deixar tocar partes
mais íntimas
brincar de médico
jouer au docteur
jouer au docteur
burro como uma porta:
muito pouco inteligente,
ignorante
burro como uma porta
bête comme um âne;te
comme ses pieds
bête comme um âne;
bête comme ses pieds
Letra C
caba de melão V.
caba de vento
caba de vento: muito
distraído, sem juízo
caba de abóbora;
caba de alho chocho;
caba de vento; cabeça
de burro
cervelle de moineau; cervelle
d’oiseau; tête creuse; tête de
linotte; tête en l’air
cervelle de moineau;
cervelle d’oiseau; tête à
Papineau; tête carrée;
tête creuse; tête de
linotte; tête folle; tête en
l’air
caba oca V. caba de
vento
caba quente: nervoso,
irritação
caba quente
tête brûlée
tête brûlée
caça às bruxas:
procura de culpados pelo
problema
caça às bruxas
chasse aux sorcières
chasse aux sorcières
caçador de talentos:
pessoa que procura por
pessoas talentosas
caçador de talentos
chasseur de têtes
chasseur de têtes
café pequeno: pessoa ou
coisa sem
importância, sem valor
café pequeno
petite bière; pipi de chat
petite bière; pipi de chat
cair como uma luva V.
servir como uma luva
cair da cama: acordar
inabitualmente muito cedo
cair da cama
tomber du lit
se jeter au bas du lit
cair das nuvens: ficar
estupefato
apanhar um susto; cair
das nuvens; ficar de boca
aberta; ficar de olhos em
tomber à la renverse; tomber
de haut; tomber de la lune;
tomber des nues; tomber du
tomber à la renverse;
tomber de la lune; tomber
des nues
71
bico; ficar de queixo caído;
tomar um susto
ciel [2]
cair de cama: estar muito
doente
cair de cama; estar de
cama; estar de molho
être sur le flanc
être sur le flanc
cair de costas V. cair das
nuvens
cair de pau: criticar
duramente
entrar a matar; ser duro
tirer à boulets rouges;
tomber à bras raccourcis
tirer à boulets rouges;
tomber à bras raccourcis
cair de pé: sair-se bem de
uma situação difícil
cair de
retomber sur ses pattes;
retomber sur ses pieds
retomber sur ses pattes;
retomber sur ses pieds
cair do céu: chegar de
repente e a propósito
cair do céu
tomber du ciel [1]
tomber du ciel [1]
cair duro V. cair das
nuvens
cair fora: ir embora
rapidamente
cair fora; dar ao slide; dar
de frosques; dar o fora [1];
fugir a sete pés; dar corda
aos sapatos
faire [se] malle; ficher le
camp; foutre le camp; mettre
les bouts; mettre les voiles;
prendre la clef des champs;
tourner les talons
sacrer son camp; ficher
le camp; foutre le camp;
prendre la clef des
champs; tourner les
talons; s’ aller [en] la
queue sur les fesses
(dos)
cair matando
1. V. cair de pau
2. paquerar
arrastar a asa
Ø draguer
chanter la pomme; se
faire chanter la pomme
cair na ratoeira V. ir na
conversa
cair na o: ficar à
disposição
cair nas mãos; chegar às
mãos
tomber sous la main
tomber sous la main
cair na rede V. ir na
conversa
cair nas costas: atribuir
algo a alguém
lançar sobre as costas
tomber sur le dos
tomber sur le dos
cair no laço V. ir na
conversa
cair no mundo V. cair
fora
cair por terra:
fracassar, não servir
para mais nada
cair por terra; deitar por
terra; pôr por terra; dar
com os burros n’água; ficar
em águas de bacalhau; ir a
pique; ir por água abaixo
être à l’eau; tomber à
l’eau; tomber dans le lac
être à l’eau; tomber à
l’eau
calar a boca V. tapar a
boca
calcanhar de Aquiles:
ponto fraco de alguém,
parte vulnerável de
alguma coisa
calcanhar de Aquiles; lado
fraco; ponto fraco; telhado
de vidro
talon d’Achille; point
faible
talon d’Achille
caminhar com as
próprias pernas V. andar
com as próprias pernas
canoa furada:
empreendimento arriscado
canoa furada
planche pourrie
planche pourrie
cantar de galo V. falar
grosso
cantar vitória: comemorar
precipitadamente
cantar vitória
crier victoire
crier victoire
cara de enterro:
semblante triste
cara de enterro
gueule d’enterrement
fale basse; face
d’enterrement; taquet bas
cara de velório V. cara de
enterro
carne de pesco:
pessoa difícil de tolerar, de
superar
carne de pescoço; osso
duro de roer
dur à cuire
dur à cuire
carne de vaca: lugar-
vulgar de Lineu
tarte à la crème
Ø
72
comum
carregar sua cruz:
enfrentar dificuldades
levar a (sua) cruz ao
calvário
porter sa croix
porter sa croix
carregar um peso (nas
costas): suportar uma
carga da qual não se pode
desvencilha
carregar nas costas
traîner comme un
boulet
traîner comme un
boulet
carta aberta: carta
dirigida a todos
carta aberta
lettre ouverte
lettre ouverte
carta branca: liberdade
de ação, plenos poderes
carta branca
carte blanche
carte blanche
cartas na mesa:
condições pré-
determinadas para se
jogar com lealdade e
sinceridade
cartas na mesa
cartes sur table
cartes sur table
casa da mãe Joana: local
sem ordem
casa da Joana; casa da
mãe Joana
comme dans un moulin
comme dans un moulin
casa da sogra V. casa da
mãe Joana
casa de tolerância: casa
de prostituição
casa de passe; casa de
tolerância
maison close; maison de
passe; maison de rendez-
vous; maison de tolérance
maison close; maison de
passe; maison de
rendez-vous; maison de
tolérance
casamento branco:
união não consumada
casamento branco
mariage blanc
mariage blanc
casca de ferida: pessoa
sensível demais, que se
sente ofendida facilmente
flor de cheiro
écorché vif
écorché vif
castelo de cartas: projeto
frágil e efêmero
castelo de cartas; castelo
de vidro; castelo na areia
château de cartes
château de cartes
castelo no ar: projetos,
sonhos quiméricos
castelo no ar
châteaux en Espagne
châteaux en Espagne
centro das atenções:
objeto ou pessoa visado
pelo público
centro das atenções
point de mire
point de mire
cercar por todos os
lados V. apertar o cerco
cereja do bolo: detalhe
que coroa alguma
atividade
cereja em cima do bolo
cerise sur le gâteau
cerise sur le gâteau
chamar a morte:
desejar a morte e chamar
por ela
chamar a morte
hurler à la mort
hurler à la mort
chamar na chincha:
dar uma lição em alguém
dar uma descasca; chamar
[alguém] à ordem; puxar as
orelhas; dar um raspanete;
pregar um sermão
apprendre à vivre; dire deux
mots; faire une scène;
passer un savon; prendre à
partie; remonter les bretelles;
sonner les cloches
dire deux mots; faire une
scène; passer un savon;
prendre à partie;
remonter les bretelles
chegar ao fundo do
poço: ficar numa situação
muito ruim
chegar ao fundo do poço
toucher le fond
toucher le fond
cheio de altos e baixos:
instável
cheio de altos e baixos
en dents de scie
en dents de scie
cheio de cor: pitoresco,
vivaz
cheio de cor
haut en couleur
haut en couleur
cheirar mal: despertar a
desconfiança, parecer
suspeito
cheirar a esturro
sentir le brûlé; sentir le
roussi
sentir le brûlé; sentir le
roussi
chorar as pitangas:
reclamar
chorar miséria
crier misère; pleurer misère
crier misère; pleurer
misère
chorar miséria V.
chorar as pitangas
chover a cântaros:
chover muito forte
chover a cântaros;
chover a potes; chover
canivetes
pleuvoir à seau;
pleuvoir à verse;
pleuvoir comme une vache
mouiller à boire debout;
pleuvoir à boire debout;
pleuvoir à seaux;
73
qui pisse (vulgaire); tomber
des cordes
pleuvoir à verse; pleuvoir
comme une vache qui
pisse (vulgaire); pleuvoir
des cordes; tomber des
cordes
chover canivete(s) V.
chover a cântaros
chover no molhado:
repetir algo que todos
sabem
chover no molhado
faire double emploi
faire double emploi
chumbo trocado: troca
de ofensas
chumbo trocado
coup fourré
coup fourré
chupar o sangue:
aproveitar-se
sugar até ao tutano
sucer le sang
sucer le sang
cintura de pilão: cintura
muito fina
cintura de vespa
taille de guêpe
taille de guêpe
cintura de vespa V.
cintura de pilão
círculo vicioso: situação
interminável, raciocínio
circular
círculo vicioso
cercle vicieux
cercle vicieux
classe A V. de
primeira linha
coçar o saco: ficar à toa
(vulgar)
coçar os tomates
coincer la bulle
coincer la bulle
coisa de outro mundo:
coisa muito difícil de se
fazer
coisa de outro mundo
la mer à boire
la mer à boire
colcha de retalhos: algo
constituído por elementos
de natureza diversa
colcha de retalhos
de bric et de broc
de bric et de broc
colocar a carroça na
frente dos bois: antecipar
inconvenientemente
algumas etapas
pôr o carro à frente dos
bois; pôr a carroça à frente
dos bois
mettre la charrue avant les
boeufs
mettre la charrue avant
(devant) les boeufs
colocar a casa em ordem
V. arrumar a casa
colocar a mão na massa:
intervir num trabalho
pôr a mão na massa
mettre la main à la pâte
mettre la main à la
charrue; mettre la main à
la pâte; mettre l’épaule à
la roue
colocar contra a
parede: acuar,
encurralar
encostar à parede
mettre au pied du mur
mettre au pied du mur
colocar em jogo:
comprometer algo
importante em
determinada situação
colocar em jogo
mettre en jeu
mettre en jeu
colocar gasolina no fogo
V. colocar lenha na
fogueira
colocar lenha na
fogueira: inflamar
conflitos existentes ou
complicar umasituação
tensa
deitar achas na fogueira;
deitar lenha na fogueira;
meter lenha na fogueira;
pôr lenha na fogueira
ajouter de l’huile sur le feu;
jeter de l’huile sur le feu;
mettre de l’huile sur le feu;
mettre le feu aux poudres
ajouter de l’huile sur le
feu; jeter de l’huile sur le
feu; mettre de l’huile sur
le feu; mettre le feu aux
poudres
colocar na cabeça V.
botar na cabeça
colocar na linha: obrigar
a seguir uma disciplina,
uma determinada ordem
pôr na linha
mettre au pas
mettre au pas
colocar na mesa: colocar
um assunto em discussão
colocar na mesa; pôr na
mesa
mettre sur le tapis
mettre sur le tapis
colocar no mesmo saco:
considerar, julgar uns e
outros do mesmo modo
meter no mesmo saco; pôr
no mesmo saco
mettre dans le même panier;
mettre dans le même sac
mettre dans le même
panier; mettre dans le
même sac
74
colocar nos trilhos V.
colocar na linha
colocar o carro na frente
dos bois V. colocar a
carroça na frente dos bois
colocar o coração:
dedicar-se a algo com
entusiasmo
colocar o coração
mettre du coeur (à l’ouvrage)
mettre du coeur (à
l’ouvrage)
colocar o dedo na ferida:
indicar a causa precisa de
um problema complicado
colocar o dedo na
ferida; pôr o dedo na
ferida
enfoncer le couteau dans la
plaie; mettre le doigt sur la
plaie; remuer le couteau
dans la plaie; retourner le
couteau dans la plaie
enfoncer le couteau dans
la plaie; mettre le doigt
sur la plaie; remuer le
couteau dans la plaie;
retourner le couteau dans
la plaie
colocar o pão na mesa
assegurar a subsistência
da família
ganhar o pão de cada dia
faire boullir la marmite
faire boullir la marmite
colocar o rabo entre as
pernas (vulgar) V. abaixar
a cabeça
colocar panos quentes:
acalmar os ânimos,
contemporizar
deitar água na fervura; pôr
água na fervura
calmer le jeu
calmer le jeu
colocar-se na pele de:
estar no lugar de alguém
colocar-se na pele de;
estar na pele de
être dans la peau; mettre
[se] dans la peau de
être dans la peau; mettre
[se] dans la peau de
colocar todos os ovos
na mesma cesta: investir
todos os recursos em uma
só empresa, correndo o
risco de perder tudo
pôr todos os ovos no
mesmo cesto
mettre tous les œufs dans le
même panier
mettre tous ses (les)
œufs dans le même
panier
colocar uma pedra em
cima: deixar algo de lado,
não fazer conta de alguma
coisa
pôr uma pedra em cima
mettre une croix
mettre une croix
colocar um ponto final:
concluir, dar fim a alguma
coisa
pôr (um) ponto final
mettre um point final
mettre um point final
com a barriga roncando:
com muita fome
com a barriga a dar horas;
morto de fome
claquer du bec
crever la dalle
com a cabeça erguida:
com orgulho
com a caba erguida; de
caba erguida; de cabeça
alta; com a caba
levantada; de cabeça
levantada
bille en tête
bille en tête
com a cobertura de:
protegido por alguém
ao abrigo de
sous le couvert de [1]
sous le couvert de [1]
com a corda no
pescoço: com
dificuldades financeiras
com a corda na
garganta; com a corda no
pescoço
la corde au cou
la corde au cou
com água na boca: com
muita vontade
com água na boca
l’eau à la bouche
l’eau à la bouche
com a língua de fora:
muito cansado, exausto
com a língua de fora
à bout de course; à bout de
souffle; à la peine
à bout de course; à bout
de souffle
comandar o barco: ter o
comando da situação
governar o barco; ter as
rédeas
être à la barre; mener la
danse; tenir la barre; tenir
les ficelles; tenir les rênes
être à la barre; mener la
danse; tenir la barre; tenir
les ficelles;
tenir les rênes
com as mãos abanando:
sem nada para oferecer
com as mãos a abanar;
com uma mão à frente e
outra atrás; de mãos a
abanar; de mãos
vazias
les mains vides
les mains vides
com as mãos atadas:
impossibilitado de agir
com as mãos atadas; de
mãos atadas; de pés e
mão atadas
les mains liées; pieds et
poings liés
les mains liées; pieds et
poings liés
75
comer capim pela raiz V.
bater as botas
comer com os olhos:
olhar com cobiça
comer com os olhos
manger des yeux
manger des yeux
comer gato por lebre: ser
enganado,
frustrando suas
expectativas
comer gato por lebre;
comprar gato por lebre
prendre des vessies pour
des lanternes
prendre des vessies pour
des lanternes
comer grama pela raiz V.
bater as botas
comer o pão que o diabo
amassou: levar uma vida
miserável, de privações
comer o pão que diabo
amassou; passar as
passas do Algarve; passar
(por) maus bocados
manger de la vache
enragée
manger de la vache
enragée
com fogo no rabo: muito
agitado
com fogo no rabo
agité du bocal
agité du bocal
com letras de fogo 1. V.
com letras de ouro
com letras de fogo 2.:
com palavras duras (culto)
com letras de fogo
en lettres de feu
en lettres de feu
com letras de ouro: para
ficar sempre presente na
memória (culto)
com letras de ouro; em
letras de ouro
en lettres d’or
en lettres d’or
com mão de mestre:
com grande habilidade e
perfeição
com mão de mestre
de main de maître
de main de maître
com meias palavras:
expressar a própria
opinião
com meias palavras
à demi-mot
à demi-mot
com o cantar do galo: de
manhã bem cedo
com o cantar do galo
heure du laitier
heure du laitier
como cão e gato: como
inimigos
como cão e gato
comme chien et chat
comme chien et chat
com o pé direito: com
sorte
com o pé direito
du bon pied; du pied droit
du bon pied; du pied droit
com o pé esquerdo: com
azar
com o pé esquerdo
du mauvais pied; du pied
gauche
du mauvais pied; du pied
gauche
com o pé na tábua V. a
jato
com o próprio bolso:
com o próprio dinheiro
do próprio bolso
de ses propres deniers
de ses propres deniers
com o rabo entre as
pernas: sentindo
vergonha por ter
fracassado
com o rabo entre as
pernas; de rabo entre as
pernas
la queue basse; la queue
entre les jambes
la queue basse; la queue
entre les jambes
com os bofes de fora V.
com a língua de fora
com os nervos à flor da
pele: muito nervoso
com os nervos à flor da
pele
les nerfs à fleur de peau; les
nerfs à vif; les nerfs en boule
les nerfs à fleur de peau;
les nerfs à vif; les nerfs
en boule
com os pés em duas
canoas: entre dois
partidos opostos, sem se
engajar de fato nem em
um nem em outro
entre duas águas
entre deux eaux
entre deux eaux
com os s nas costas:
com facilidade
com uma perna às
costas; com os olhos
fechados; de olhos
fechados
haut la main; les doigts dans
le nez
haut la main; les deux
doigts dans le nez
como um peixe fora
d’água: bem
constrangido, nada à
vontade em alguma
atividade
como peixe fora d´água
comme un poisson hors de
l’eau
comme un poisson hors
de l’eau
como um peixe na água:
bem à vontade em alguma
como um peixe na
água
comme un poisson dans
l’eau
comme un poisson dans
l’eau
76
atividade
como um raio V. a jato
comprar gato por lebre
V. comer gato por lebre
com quantos paus se faz
uma canoa: (mostrar,
saber) as qualidades, os
sentimentos, os hábitos
com que se age
com quantos paus se faz
uma canoa
de quel bois je me chauffe
de quel bois je me
chauffe
com todas as letras:
explicitamente
com todas as letras; sem
papas na língua; em
portugs claro
en toutes lettres; en bon
français
en toutes lettres; en bon
québecois
conduzir o barco V.
comandar o barco
confiar no seu taco:
sentir-se competente,
confiante
ser o senhor de si
toucher sa bille
toucher sa bille
conhecer como a palma
da mão: conhecer algo ou
alguém nos detalhes
conhecer como a palma da
mão; conhecer de ginjeira
connaître comme sa poche
connaître comme sa
poche
conhecer o terreno:
conhecer bem tudo o que
envolve um assunto ou as
intenções de uma pessoa
conhecer o terreno
connaître le terrain
connaître le terrain
conseguir um (seu) lugar
ao sol: conseguir uma
posição estável
conseguir um lugar ao sol
faire [se] une place au soleil
faire [se] une place au
soleil
conseguir uma
boquinha: conseguir uma
oportunidade na
sociedade
arranjar uma cunha
faire son trou
faire son trou
construir sobre a rocha:
ter uma formação sólida,
bem fundamentada
construída em pedra e cal
bâtir sur le roc
bâtir sur le roc
contar com o ovo antes
da galinha botar: dar por
certo um resultado
esperado, mas ainda
hipotético
contar com ovo no cu da
galinha; esperar por
sapatos de defunto;
deitar foguetes antes
da festa
vendre la peau de l’ours
avant de l’avoir tué
vendre la peau de l’ours
avant de l’avoir tué
contar com o ovo dentro
da galinha V. contar com
o ovo antes da galinha
botar
conversa de surdos:
conversa onde ningm
se entende
conversa de surdos
dialogue de sourds
dialogue de sourds
conversa fiada
1. história ilógica, falaciosa
ou inverossímil na qual
não dá para acreditar
2. conversa banal,
superficial
contos da carochinha;
histórias da carochinha;
conversa de chacha;
conversa fiada; conversa
mole; conversa pra boi
dormir; trinta e um de boca
conversa fiada; conversa
mole [2]; conversa de
chacha
conte à dormir debout;
histoire à dormir debout
langue de bois
conte à dormir debout;
histoire à dormir debout
langue de bois
conversa mole
1. V. conversa fiada
2. V. conversa fiada [2]
conversa pra boi
dormir V. conversa fiada
[1]
cor local: conjunto de
detalhes característicos de
um local ou de uma época
cor local
couleur locale
couleur locale
77
coração de gelo:
insensível
coração de gelo; coração
de pedra
coeur de glace
coeur de glacê
coração de ouro:
bondade
alma de ouro; coração de
ouro; coração de pomba
coeur d’or
coeur d’or
coração de pedra V.
coração de gelo
coração partido: grande
desolação
coração partido
coeur déchiré
coeur déchiré
corda sensível: ponto,
assunto delicado (culto)
corda sensível
corde sensible
corde sensible
correr atrás: procurar
obter algo por todos os
meios
correr atrás
courir après
courir après
corrida contra o relógio:
atividade obstinada contra
o tempo
corrida contra o relógio
course contre la montre
course contre la montre
corrida de obstáculos:
uma série de dificuldades
corrida de obstáculos
course d’obstacles
course d’obstacles
cortar a palavra:
interromper
cortar a palavra; tomar a
palavra
couper la chique (la parole) à
(qqn)
couper la parole à (qqn);
couper le sifflet à
cortar o coração:
deixar triste
cortar a alma; cortar o
coração; partir o coração;
quebrar o coração
fendre le coeur; déchirer le
coeur
fendre le coeur; déchirer
le coeur
cortar o cordão
(umbilical): tornar-se
adulto, autônomo
cortar o cordão umbilical
couper le cordon
couper le cordon
cortar o mal pela raiz:
acabar com as principais
causas do problema
cortar o mal pela raiz
crever l’abcès (culto);
prendre le mal à la racine;
vider l’abcès (culto)
crever l’abcès (culto);
prendre le mal à la
racine; vider l’abcès
(culto)
cortar os laços:
interromper qualquer
relação com alguém ou
alguma coisa
cortar os laços
couper les ponts; rompre les
ponts
couper les ponts; rompre
les ponts
crescer como bola de
neve: complicar-se
progressivamente
crescer como uma bola de
neve
faire boule de neige
faire boule de neige
criar corpo: desenvolver-
se, tomar um aspecto real
ganhar corpo; tomar
corpo
prendre corps
prendre corps
criar raízes: passar a ter
vínculos emocionais
geralmente com lugar ou
cultura em que se nasceu
ou viveu
criar raízes
prendre racine
prendre racine
criar um clima: favorecer
certo tipo de atmosfera
moral
criar um clima
créer un climat
créer un climat
cruzar os braços: não
fazer nada
cruzar os braços
croiser [se] les bras; tourner
[se] les pouces
croiser [se] les bras;
tourner [se] les pouces
cuidar da (sua) vida:
se preocupar com o que
lhe diz respeito
cuidar da (sua) vida
occuper [s’] de ses oignons
mêler [se] de ses
oignons; occuper [s’] de
ses oignons
cuspido e escarrado:
muito parecido
cuspido e escarrado; como
duas gotas de água; sem
tirar nemr
tout crac
tout crac
cuspir fogo V. estar fulo
da vida
cuspir no prato que
comeu: ser ingrato
cuspir no prato que comeu
cracher dans la soupe
cracher dans la soupe;
mordre la main qui nourrit
cuspir pra cima: falar
algo que pode vir
acontecer futuramente
cuspir para cima
cracher en l’air
cracher en l’air
custar caro: trazer graves
conseências para
alguém
custar caro; sair caro a
(alguém); pagar caro
coûter cher
coûter cher
cutucar a onça com vara
cutucar onça com vara
tenter le diable
tenter le diable
78
curta: abusar da situação,
estar em perigo iminente
curta
Letra D
Letra D
da boca pra fora: falar por
falar, sem embasamento
ou verdade
da boca pra fora
du bout des lèvres
du bout des lèvres
da mesma laia V. farinha
do mesmo saco
dar a lua V. dar o céu
dar à luz: gerar
dar à luz; pôr no mundo;
trazer ao mundo
donner le jour; mettre au
monde
donner le jour; mettre au
monde
dar a outra face: expor-se
a novo ultraje sem reagir
dar a outra face
tendre la joue gauche;
tendre l’autre face
tendre la joue gauche
dar as costas V. virar as
costas
dar a última cartada:
fazer uma última tentativa
para conseguir algo
jogar a última cartada
jouer sa dernière carte
jouer sa dernière carte
dar a volta por cima:
recuperar-se
dar a volta por cima
remettre [se] en selle;
reprendre du poil de la
bête
remettre [se] en selle;
reprendre du poil de la
bête
dar bandeira: deixar
transparecer algo que
deveria ficar oculto
dar bandeira; dar nas
vistas
porter le drapeau
porter le drapeau
dar bode: haver problema
dar bode; dar raia
faire long feu
faire long feu
dar bola: dar confiança a
alguém
dar bola; dar corda; fazer
caso de; ligar importância
faire de l’oeil; faire les yeux
doux
faire de l’oeil; faire les
yeux doux
dar bola fora: cometer
gafes
meter o na argola
avoir tout faux
avoir tout faux
dar brecha: dar
oportunidade para ocorrer
comentários, ataques
abrir brecha; abrir
margem; dar margem
donner matière; donner
prise; prêter le flanc
donner matière; donner
prise; prêter le flanc
dar chabu V. dar bode
dar com a cara na porta:
não ser atendido em algum
lugar
bater com a cara na
porta; dar com o nariz
na porta
casser [se] le nez à la porte
cogner [se] le nez à la
porte
dar com o nariz na porta
V. dar com a cara na porta
dar com os burros
n’água V. cair por terra
dar corda V. dar bola
dar corpo: dar forma ou
consistência a algo,
materializá-lo,
concretizá-lo
dar corpo
donner corps
donner corps
dar crepe V. dar bode
dar de bandeja: facilitar
ao máximo, ceder
facilmente
dar de bandeja; dar de
mão beijada
apporter (porter) sur un plat
d’argent; apporter sur um
plateau; offrir en pâture
offrir sur un plat d’argent;
apporter sur um plateau;
offrir enture
dar de ombros: mostrar
indiferença
dar de ombros; encolher
os ombros
hausser les épaules
hausser les épaules
dar de mão beijada V. dar
de bandeija
dar dinheiro: ter sucesso
e render
dar dinheiro
faire recette
faire recette
dar (um) duro V. suar
79
sangue
dar em água de barrela V.
cair por terra
dar em cima: paquerar
com insinuões
freqüentes
dar em cima
faire du rentre-dedans
faire du rentre-dedans
dar frio na espinha:
causar assombro, medo
dar um frio na espinha
donner froid dans le dos
donner froid dans le dos
dar galho V. dar bode
dar lado V. dar brecha
dar mão à palmaria:
reconhecer seu erro, sua
culpa
dar a mão à palmatória;
dar o braço a torcer
faire amende honorable
faire amende honorable
dar margem V. dar brecha
dar mastigadinho:
explicar algo
detalhadamente para
facilitar a alguém a
compreensão e a
assimilação
dar a papinha feita
mâcher la besogne;
mâcher le travail
mâcher la besogne;
mâcher le travail
dar mole: facilitar (muito
usual na negativa)
dar mole
ne pas faire de cadeau
ne pas faire de cadeau
dar moleza V. dar mole
dar na cara: deixar
transparecer
dar bandeira; dar nas
vistas
accuser le coup
accuser le coup
dar na vista V. dar na cara
dar nó em pingo d’água:
ter muita habilidade e dar
um jeitinho em tudo
saber levar a água ao seu
moinho
avoir plus d’un tour dans son
sac
avoir plus d’un tour dans
son sac
dar no pé V. cair fora
dar nos nervos:
exasperar alguém
dar cabo nos nervos;
mexer com os nervos;
moer a paciência a (de)
[alguém]; moer o juízo
faire tourner en bourrique;
mettre à bout; porter sur les
nerfs; porter sur le système;
pousser à bout; taper sur les
nerfs; taper sur le système
faire tourner en
bourrique; mettre à
bout (de nerfs);
porter sur les nerfs;
porter sur le système;
pousser à bout taper sur
les nerfs; taper sur le
système
dar o ar da graça:
reaparecer em público
após um tempo ausente
dar um ar da sua graça;
dar um arzinho da sua
graça
refaire surface
refaire surface
dar o bolo: não
comparecer a um
compromisso
dar uma (a) tampa; deixar
[alguém] pendurado
faire faux bond [1]
faire faux bond; poser un
lapin
dar o braço a torcer V.
dar a ão à palmatória
dar o céu: querer fazer até
o impossível por quem se
ama
dar a lua
décrocher la lune
décrocher la lune
dar o chute inicial:
tomar uma atitude que
desencadeia alguns fatos
dar o pontapé inicial; dar o
pontapé de saída
lancer le bal
lancer le bal
dar o exemplo: servir de
modelo
dar o exemplo
donner l’exemple
donner l’exemple
dar o fora V. cair fora
dar o pontapé inicial V.
dar o chute inicial
dar o que tinha dar: estar
no final de sua atividade ou
de sua vida
dar o que tinha que dar
avoir fait son temps
avoir fait son temps
dar o tom: determinar a
conduta a ser seguida
dar o tom
donner le la; donner le ton
donner le la
dar o troco [fazer para
dar o troco; pagar com a
rendre la monnaie (de
rendre la monnaie (de sa
80
alguém o mesmo lhe
fizeram] (geralmente:
sentido negativo)
mesma moeda;
responder à letra
sa pièce); rendre la
pareille
pièce); rendre la pareille
dar ouvidos: levar em
conta
dar ouvidos; prestar
ouvidos; dar crédito
prêter l’oreille
prêter l’oreille
dar pitaco: intrometer
se
dar (um) pitaco; meter a
colher; meter a
colherada; meter a foice
em seara alheia; meter o
bedelho; meter o bico;
meter o nariz (onde não é
chamado); meter-se onde
não é chamado
ajouter son grain de sel;
mettre son grain de sel;
fourrer son nez
ajouter son grain de sel;
mettre son grain de sel;
fourrer son nez
dar pra trás: desistir, no
último momento, de fazer o
que havia sido confirmado
anteriormente
roer a corda
faire faux bond [2]
faire faux bond [2]
dar pro gasto: assegurar
alguma renda suficiente
para viver
dar para o gasto
nourrir son homme
nourrir son homme
dar-se as mãos: ajudar-se
mutuamente em uma
tarefa comum
dar (-se) as mãos
serrer [se] les coudes; tenir
[se] les coudes
serrer [se] les coudes;
tenir [se] les coudes
dar-se bem: ser
favorecido, ter êxito
dar-se bem; sair-se bem
sortir [se] bien
sortir [se] bien
dar-se mal: fracassar
dar-se mal; sair-se mal
faire chou blanc
faire chou blanc
dar sinal de vida:
dar notícias
dar sinal de vida; dar sinal
de si
donner signe de vie
donner signe de vie
dar sopa pro azar:
facilitar que um problema
aconteça
desafiar a sorte
laisser la porte ouverte
Ø
dar sua palavra:
prometer
dar a sua palavra
donner sa parole
donner sa parole
dar tempo ao tempo:
esperar sem pressa
dar tempo ao tempo
donner du temps au
temps
donner du temps au
temps
dar um baile em: fazer
algo muito melhor que
alguém
dar uma abada; dar um
baile em; dar um banho
em; dar um bigode
faire la pige à
faire la pige à
dar um banho V. dar um
baile
dar um basta: impedir
firmemente a continuação
de um problema
dar um basta
prendre à bras-le
corps; saisir à bras-le
corps
prendre à bras-le
corps; saisir à bras-le
corps
dar um empurrãozinho:
ajudar alguém a se
estabelecer, a conseguir
fazer algo
dar um empurrãozinho
mettre en selle; mettre le
pied à l’étrier; pousser à la
roue
mettre le pied à l’étrier;
pousser à la roue
dar um pito: repreender
dar uma desanda; dar
uma descasca; dar um
raspanete
dire deux mots
dire deux mots
dar um salto: tomar uma
decisão importante, ter
uma atitude decisiva que
implica uma mudança
brusca
dar um salto
faire le saut
faire le saut
dar um tempo:
interromper algo
temporariamente
dar um tempo
mettre en sommeil
mettre en sommeil
dar um toque: dar uma
sugestão
dar um toque
donner l’éveil
donner l’éveil
dar uma banana: deixar
de se importar com alguém
após ter feito falsas
promessas
dar uma banana; fazer
um manguito
payer en monnaie de
singe
payer en monnaie de
singe
dar uma canja: dar uma
facilitada para alguém
dar abébias
faire une fleur
faire une fleur
81
dar uma cartada V. dar a
última cartada
dar uma colher de chá V.
dar uma canja
dar uma dura V. chamar
na chincha
dar uma geral: abordar
brevemente todas as
questões sobre um
assunto
abordar pela rama; dizer
por alto
faire un tour d’horizon
faire un tour d’horizon
dar uma rasteira: utilizar
procedimentos desleais
para conseguir algo
dar uma rasteira; passar a
perna; passar uma rasteira
couper l’herbe sous le pied;
savonner la planche
couper l’herbe sous le
pied; savonner la planche
dar uma respirada:
estar temporariamente livre
de pressões
apanhar ar
donner [se] de l’air
donner [se] de l’air
dar vazão: extravasar
dar vao
donner libre cours
donner libre cours
dar voltas: fazer rodeios
dar voltas
tourner autour du pot
tourner autour du pot
dar xeque-mate:
impedir algm de
continuar fazendo algo
dar xeque-mate
faire échec
faire échec
de antenas ligadas:
prestando atenção em tudo
que está ao redor
com as antenas ligadas;
de antenas ligadas
l’oeil aux aguets; l’oreille aux
aguets
l’oeil aux aguets; l’oreille
aux aguets
de araque: fajuta, sem
convicção
de araque
en peau de lapin
en peau de lapin
de arrasar: fantástico,
formidável
de arrasar; de arrebentar
à tout casser; du feu de
Dieu; du tonnerre (de Dieu)
à tout casser; du feu de
Dieu; du tonnerre (de
Dieu)
de arrebentar (a boca do
balão) V. de arrasar
de arrepiar os cabelos:
de provocar medo
de arrepiar os cabelos; de
pôr os cabelos em pé; de
deixar o(s) cabelo(s) em
à faire dresser les cheveux
sur la tête
à faire dresser les
cheveux sur la tête
debaixo da asa V. à
sombra de
debaixo do nariz: muito
perto
debaixo do (seu) nariz
sous le nez
sous le nez
de boca aberta:
surpreso ou admirado
de boca aberta; de queixo
caído
bouche bée
bouche bée
de bom coração:
generoso
de bom coração; de
coração (bom)
de coeur
de coeur
de braço dado: de acordo
com
de braço(s) dado(s)
bras dessus bras dessous
bras dessus bras
dessous
de cabeça: de cor (depois
de verbos como dizer,
falar, saber)
de cabeça; de cor
par coeur
par coeur
de cabeça erguida V. com
a cabeça erguida
de cabo a rabo: do início
ao fim
de cabo a rabo; de fio a
pavio; de fora a fora; de
ponta a ponta; de mar a
mar
de fond en comble
de fond en comble
de cara limpa: sem
vergonha
de cara limpa
à visage découvert
à visage découvert
de carne e osso: real,
sensível
de carne e osso
de chair et de sang; de chair
et d’os
de chair et de sang; de
chair et d’os
de cor V. de caba
de coração
1. V. de bom coração
2. sinceramente
de coração; de coração
aberto; de todo coração;
do fundo do coração
de bon coeur; de grand
coeur; de tout coeur
de bon coeur; de grand
coeur; de tout coeur
de coração aberto V. de
82
coração [2]
de coração para coração:
com sinceridade
de coração pra coração
coeur à coeur
coeur à coeur
de corpo e alma:
completamente,
inteiramente
de corpo e alma
corps et âme
corps et âme
de deixar o cabelo em pé
V. de arrepiar os cabelos
de dois gumes:
argumento ou modo de
agir que pode produzir um
efeito contrário ao
esperado
de dois gumes
à double tranchant
à double tranchant
de encher os olhos V. de
primeira linha
de fachada: que
mantém a aparência da
realidade
de fachada
de façade
de façade
de família: de família
honesta, bem considerada
de família
fils de bonne famille
fils de bonne famille
defensor dos fracos e
oprimidos: defensor das
minorias
defensor dos fracos e
oprimidos; defensor dos
pobres e oprimidos
défenseur de la veuve et de
l’orphelin
défenseur de la veuve et
de l’orphelin
defensor dos pobres e
oprimidos V. defensor dos
fracos e orpimidos
de fininho V. pé ante
de fôlego: de muita
perseverança e esforço
de fôlego
de longue haleine
de longue haleine
deixar a poeira
abaixar: esperar a
situação melhorar
deixar a poeira baixar
laisser pisser (lês
mérinos)
laisser pisser (lês
mérinos)
deixar a poeira baixar: V.
deixar a poeira
abaixar
deixar a porta aberta V.
dar sopa pro azar
deixar barato: não se
importar, não demonstrar
interesse por (muito usual
na negativa)
dar de barato
faire bon marché
faire bon marché
deixar cair a scara V.
tirar a máscara
deixar com a pulga atrás
da orelha: deixar alguém
desconfiado
deixar com a pulga atrás
da orelha
mettre la puce à l’oreille
mettre la puce à l’oreille
deixar de cabelo em pé:
deixar estupefato
de pôr o cabelo em pé
faire dresser lês
cheveux sur la tête
faire dresser les cheveux
sur la tête
deixar de fora:
desconsiderar como
integrante de alguma
coisa
deixar de fora
mettre sur la touche
mettre sur la tablette;
mettre sur la touche
deixar de lado:
abandonar, desprezar,
desconsiderar
deixar de lado; deixar de
parte; pôr de lado; pôr de
parte
laisser de côté
laisser de côté
deixar na gaveta: não
utilizar algo por certo
tempo
meter na gaveta;r na
prateleira
laisser au vestiaire
laisser au vestiaire
deixar na mão
1. decepcionar, desistir no
último momento de fazer o
que havia sido confirmado
anteriormente
2. V. dar pra trás
deixar na mão
faire faux bond [2]; laisser en
plan; laisser en rade
faire faux bond [2];
laisser en plan; laisser
en rade
83
deixar na(s) mão(s) de
deixar algo ou algm sob
a responsabilidade de
alguém
deixar na(s) mão(s)
laisser aux mains de; laisser
entre les mains
laisser aux mains de;
laisser entre les mains
deixar o barco correr:
deixar acontecer
deixar correr o marfim
laisser couler
laisser couler
deixar o campo livre:
eliminar os obstáculos
deixar o campo livre
laisser le champ libre
laisser le champ libre
deixar por conta da sorte
V. deixar o barco correr
deixar por conta de V.
deixar na(s) mão(s) de
deixar por menos V.
deixar barato
deixar pra lá: abandonar,
desprezar, desconsiderar
atirar para trás das
costas; deixar pra lá;
deitar para trás das
costas; deixar para trás
das costas
laisser tomber
laisser tomber
deixar-se levar V. ir na
conversa
deixar uma pilha (de
nervos) V. dar nos nervos
de levantar defunto: de
animar, de fazer sair de um
estado de apatia
de ressuscitar (um)
morto
à réveiller un mort
à réveiller un mort
de mala e cuia: com tudo
o que se precisa
de mala e cuia
avec armes et bagages
avec armes et bagages
de mãos abanando V.
com a mãos abanando
de mãos amarradas:
impossibilitado de agir
com as mãos atadas; de
mãos atadas
les mains liées
les mains liées
de mãos atadas V. de
mãos amarradas
de mãos vazias
1. sem conquistas
2. V. com as mãos
abanando
de mãos vazias
les mains vides [1]
les mains vides [1]
de mansinho V. pé ante
de marca: de qualidade
garantida
de marca; de alto gabarito;
de alto coturno
de marque [1]
de marque [1]
de meia idade: entre os
30 e os 50 anos
de meia idade; de certa
idade
entre deux âges
entre deux âges
de meia-pataca V. de
meia tigela
de meia-tigela: de pouco
valor, fajuto
de meia tigela; de meia
pataca; de tuta e meia
à la graisse de hérisson; à la
flan; à la mords-moi le
noeud; au rabais; de bouts
de ficelle; de quatre sous
à la mords-moi le noeud;
au rabais; de bouts de
ficelle; de quatre sous
de molho
1. sem ser utilizado por um
certo período, em estado
latente
2. quietinho, sem sair de
casa
de molho
de molho
en sommeil
au chaud
en sommeil
au chaud
denominador comum:
elemento, aspecto comum
a duas ou mais coisas,
pessoas
denominador comum
dénominateur commun
dénominateur commun
de olhos fechados
1. em total confiança, sem
ter verificado
com os olhos fechados; de
olhos fechados
les yeux fermés
les yeux fermés
84
2. V. com os pés nas
costas
de outro mundo V. oitava
maravilha do mundo
de pai para filho: de uma
geração a outra
de pai para filho
de père en fils
de père en fils
de palavra: que honra
seus compromissos
de palavra
de parole
de parole
de pé firme: sem receio
à pé firme
de pied ferme
de pied ferme
de pernas pro alto: sem
fazer nada, na ociosidade
de pernas esticadas
les doigts de pieds en
éventail
les doigts de pieds en
éventail
de pernas pro alto 2.:
bagunçado, desorganizado
de pernas pro ar
sens dessus dessous
sens dessus dessous
de pernas pro ar 1. V. de
pernas pro alto
de pés e mãos atados V.
com as mãos atadas
de peso: de renome
de peso
de marque [2]; de taille
de marque [2]; de taille
de primeira linha: de
ótima qualidade
de encher as medidas; de
encher o olho; de mão
cheia; de primeira água;
de primeira apanha; de
primeira linha; de primeiro
nível; de trás da orelha
de premier plan; haut de
gamme
de premier plan; haut de
gamme
de primeira mão:
adquirido diretamente, sem
intermedrios
de primeira mão; em
primeira mão
de première main [2]
de première main [2]
de primeira ordem:
importante, relevante
de primeira ordem
de premier ordre
de premier ordre
de primeiro nível V. de
primeira linha
de pulso: decidido,
resoluto, autoritário
de pulso
à poigne
à poigne
de queixo caído V. de
boca aberta
de rabo de olho: com
desconfiança
de rabo de olho
du coin de l’oeil
du coin de l’oeil
desaparecer no ar: estar
em local desconhecido,
deixar de existir
desaparecer no ar
être dans la nature [1];
disparaître dans la nature
disparaître dans la nature
desatar o nó: resolver o
problema
desatar o nó
démêler l’écheveau
démêler l’écheveau
descer a lenha V.
baixar o pau
descer ao fundo do
poço: ficar em uma
situação muito ruim, sem
qualquer prestigio
chegar ao fundo do poço
descendre la pente
descendre la pente
descer ao túmulo V. bater
as botas
descer o pau V. baixar
o pau
descobrir a América:
propor algo conhecido
como se fosse uma
novidade
descobrir a pólvora;
inventar a roda
inventer la poudre;
inventer le fil à couper le
beurre
inventer la poudre;
inventer le fil à couper le
beurre
descobrir a lvora V.
descobrir a América
desde que o mundo é
mundo: desde sempre
desde que o mundo é
mundo
depuis que le monde est
monde
depuis que le monde est
monde
desenferrujar as
pernas: fazer exercícios
desenferrujar as
pernas
dégourdir [se] les
jambes
dégourdir [se] les
jambes
de se tirar o chau:
admirável
de se tirar o chapéu
de derrière les fagots
de derrière les fagots
de segunda categoria: de
importância ou de
de segunda ordem; de
segunda categoria
de second ordre
de second ordre
85
qualidade inferior
de segunda ordem V. de
segunda categoria
desfiar o rosário: falar
tudo o que pensa e estava
guardado
desfiar o rosário
vider son sac
vider son sac
de sol a sol:
continuamente
de sol a sol
d’arrache-pied
d’arrache-pied
destilar seu veneno:
criticar
deitar (o) veneno
cracher son venin
cracher son venin
de tirar o fôlego: deixar
surpreso
de tirar o fôlego
à couper le souffle
à couper le souffle
de todo o coração V. de
coração [2]
de todos os diabos:
extrema, excessivo
dos diabos
de tous les diables; du
diable
de tous les diables; du
diable
de um dia para o outro V.
de uma hora para outra
de uma hora para outra:
repentinamente
de uma hora para outra;
de um dia para o outro
du jour au lendemain; d’une
minute à l’autre
du jour au lendemain;
d’une minute à l’autre
devorar com os olhos:
olhar fixamente, com
grande interesse, cobiça
ou indignação
comer com os olhos;
devorar com os olhos
dévorer de yeux
dévorer de yeux
dia D: dia decisivo
dia D
jour J
jour J
dicionário ambulante:
pessoa que usa palavras
complicadas, obsoletas
dicionário ambulante;
enciclopédia viva
encyclopédie vivante
encyclopédie vivante
dizer amém: concordar,
consentir
dizer amém a
dire amen
dire amen
dizer cobras e lagartos:
dizer coisas muito
ofensivas ou injuriosas à
(ou sobre) alguém
dizer cobras e lagartos;
dizer horrores de [alguém]
engueuler comme du
poisson pourri
engueuler comme du
poisson pourri
dizer umas verdades:
dizer francamente a
alguém o que se pensa
dele e de sua má conduta
dizer as verdades; atirar à
cara; atirar às bochecha;
dizer do bom e do bonito
dire son fait
dire son fait
doce como mel: suave,
meigo
doce como mel; mais doce
que o mel
doux comme le miel
doux comme le miel
do fundo do coração V.
de coração [2]
dois pesos e duas
medidas: duas formas de
julgamento, de acordo com
a ocasião
dois pesos e duas
medidas
deux poids et deux mesures
deux poids et deux
mesures
do mesmo barro V.
farinha do mesmo saco
do mesmo calibre: do
mesmo valor
do mesmo calibre
de même acabit; de même
calibre
de même acabit; même
calibre
do mesmo estofo V.
farinha do mesmo saco
do mesmo naipe V. do
mesmo calibre
dono do cofre:
responsável pelo dinheiro
dono do dinheiro
grand argentier
grand argentier
dono do dinheiro V. dono
do cofre
do próprio bolso V. com o
próprio bolso
dormir acordado V.
dormir com um olho aberto
e outro fechado
dormir a sono solto:
dormir longa e
dormir a sono solto
dormir comme une
marmotte; dormir comme un
dormir comme une
marmotte; dormir
86
profundamente
loir
comme un loir
dormir com um olho
aberto e outro fechado:
manter um sono bem leve
para continuar atento ao
que acontece
(dormir) com um olho
aberto e outro fechado
ne dormir que d’un oeil
ne dormir que d’un oeil
dormir como uma pedra:
dormir muito
profundamente
dormir como uma pedra
dormir à poings fermés
dormir à poings fermés;
dormir sur ses deux
oreilles
dormir no ponto: estar
desatento e perder
oportunidades
dormir acordado; dormir
na forma; marcar bobeira;
marcar passo
louper le coche; manquer le
coche; marquer le pas; rater
le coche
louper le coche; manquer
le coche; marquer le pas;
rater le coche
dormir sobre os louros:
descansar após ser bem-
sucedido
dormir à sombra da
bananeira
endormir [s’]sur ses lauriers;
reposer [se] sur ses lauriers
endormir [s’]sur ses
lauriers; reposer [se] sur
ses lauriers
dourar a pílula: tentar
melhorar a aparência de
algo
adoçar a pílula; dourar a
pílula
dorer la pilule
dorer la pilule
duro de engolir: difícil de
aceitar
difícil de engolir; duro de
roer
dur à avaler; tiré par les
cheveux
dur à avaler; tiré par les
cheveux
duro de ouvido: um
pouco surdo
duro de ouvido
dur de la feuille
dur de la feuille
duro de roer V. duro de
engolir
duro na queda: difícil de
ser convencido, derrotado
duro na queda
dur de dur; solide au
poste
dur de dur
Letra E
é canja:
é extremamente fácil
é canja, é sopa; é fichinha; é
moleza
c’est du billard; c’est du
gâteau
c’est du gâteau
economia de palitos:
economia sórdida e
irrisória
Ø
économie de bouts de
chandelle
économie de bouts de
chandelle
é fichinha V. é canja
em boas mãos: aos
cuidados de alguém
competente
em boas mãos
en (de) bonnes mains
en (de) bonnes mains
em campo aberto:
sem esconderijo nem
proteção
em campo aberto
en rase campagne
en rase campagne
em carne e osso: em
pessoa
em carne e osso
en chair et en os
en chair et en os
em cheio: com
precisão
em cheio
de plein fouet
de plein fouet
em cima do muro:
entre duas exigências
opostas, de interesses
contraditórios, sem se
definir
em cima do muro
entre deux chaises
entre deux chaises
em dois tempos V. a
jato
em doses
homeopáticas: em
pequenas quantidades
em doses homeoticas; a
conta gotas
au compte-gouttes
au compte-gouttes
em duas palavras:
resumidamente, em
poucas palavras
em duas (quatro)
palavras
en quatre mots, un,
trois, deux
en deux (trois; quatre)
mots; en un mot
em forma: em boas
condições físicas
em forma
bon pied bon oeil; en
forme
bon pied bon oeil; en
forme
eminência parda:
indivíduo com muita
eminência parda
éminence grise
éminence grise
87
influência, mas que
permanece anônimo,
que não se mostra nem
age claramente (culto)
em letras de ouro V.
com letras de ouro
em linha direta: sem
intermedrio ou desvio
em linha directa
en droite ligne
en droite ligne
em maus lençóis: em
situação embaraçosa
em maus lençóis
dans de beaux draps
dans de beaux draps
em odor de santidade:
como se fosse santo
(culto)
em odor de santidade
en odeur de sainteté
en odeur de sainteté
é mole V. é canja
é moleza V. é canja
em pé de guerra:
prestes a reagir com
hostilidade
em pé de guerra
sur le pied de guerre
sur le pied de guerre
em pêlo: sem qualquer
roupa, completamente
nu
em pelota; em pelote
dans le plus simple
appareil
dans le plus simple
appareil
empinar o nariz: adotar
postura de arrogância ou
superioridade
empinar o nariz
pousser [se] du col
péter de la broue; péter
plus haut que le trou
em primeira mão: antes
de todos
em primeira o
de première main [1]
de première main [1]
em tempo hábil:
período que atende ao
estabelecido pela lei
em tempo hábil; em
tempo útil
en temps utile
en temps utile
em tempo útil V. em
tempo hábil
em 31 de fevereiro
V. no dia deo Nunca
em uma palavra V. em
duas palavras
em xeque: em dúvida
em xeque
en cause
en cause
encher a cabeça
1. importunar
insistentemente
2. tentar enganar
alguém com idéias ou
histórias falsas
encher a paciência encher o
saco; moer a paciência;
pegar no
encher a caba
casser la tête; casser les
burnes; casser les couilles
(vulgar); casser les oreilles;
casser les pieds; chauffer
les oreilles; chier dans les
bottes (vulgar); foutre les
boules; peler le jonc; pomper
l’air; prendre la tête
bourrer le crâne
casser la tête; casser les
couilles (vulgar); casser
les oreilles; casser les
pieds; foutre les boules;
pomper l’air; prendre la
tête
bourrer le crâne
encher a cara: beber
muito
apanhar a (uma) puta
(vulgar); encher a cara;
molhar os pés; tomar um
porre
boire comme un trou; lever le
coude; prendre une cuite
boire comme un trou;
lever le coude; péter la
balloune; prendre une
brosse
encher a lata V. encher
a cara
encher as vistas V.
encher os olhos
encher a paciência V.
encher a caba [1]
encher lingüiça: fazer
algo que não serve para
nada
encher lingüiça
enfiler des perles
enfiler des perles
encher o saco V.
encher a caba [1]
88
encher os olhos:
agradar, atrair a atenção
encher a vista; encher o olho
taper dans l’œil
taper dans l’œil
encostar na parede
V. colocar contra a
parede
endireitar a vida: sair
de uma situação
moralmente lamentável
ou financeiramente
difícil
endireitar a vida; mudar de
vida
remettre [se] à flot
remettre [se] à flot
enfiar a mão no bolso:
dar dinheiro a
contragosto
abrir os cordões à bolsa;
alargar os cordões à bolsa
cracher au bassinet
cracher au bassinet
enfiar o pé: acelerar ao
máximo
pisar fundo
appuyer sur le champignon;
mettre la gomme; mettre les
gaz
appuyer sur le
champignon; mettre la
gomme; mettre les gaz;
mettre la pédale au
plancher; peser sur le
gaz
enfiar o rabo entre as
pernas (vulgar) V.
baixar a cabeça
enfrentar a parada V.
agüentar a barra
engolir a língua: ficar
obstinadamente
silencioso
guardar silêncio; fechar o
bico; perder o pio
avaler sa langue
avaler sa langue
engolir goela abaixo:
receber uma informação
desagradável sem
reclamar
engolir goela abaixo
avaler la pilule
avaler la pilule
engolir sapo: tolerar
situações desagradáveis
sem reclamar
engolir sapos
avaler des couleuvres
avaler des couleuvres
engrossar as fileiras:
agrupar-se para
enfrentar as dificuldades
cerrar fileiras
grossir les rangs; serrer les
rangs
grossir les rangs; serrer
les rangs
entender do riscado:
ser competente em
certo domínio
saber da poda
connaître [en] un bout;
connaître [en] un rayon
connaître [en] un bout;
connaître [en] un rayon
entortar o caneco V.
encher a lata
entrar areia V. dar bode
entrar de cabeça:
empreender algo com
empenho ou sem refletir
entrar de caba
foncer tête baise;
sauter à pieds joints
foncer tête baise;
sauter à pieds joints
entrar em cena:
participar, atuar, intervir
entrar em cena
entrer en jeu; entrer en piste
entrer en jeu; entrer en
piste
entrar em jogo V. entrar
em cena
entrar na daa:
adequar-se a algo já em
curso
entrar na dança
entrer dans la danse; entrer
dans la ronde
entrer dans la danse;
entrer dans la ronde
entrar na faca:
submeter-se a uma
cirurgia
ir à faca
passer sur le billard
passer sur le billard
entrar na roda V. entrar
na dança
entrar no casulo: ficar
encimesmado
fechar [se] em copas
rentrer dans sa coquille
rentrer dans sa coquille
entrar no esquema V.
aceitar o jogo
entrar no jogo V.
aceitar o jogo
entrar pela janela:
comar uma atividade
entrar pela janela;
entrar pela porta do cavalo
entrer par la petite porte
entrer par la petite porte
89
de modo irregular
entrar pela porta da
frente: começar uma
atividade dignamente,
corretamente
entrar pela porta grande
entrer par la bonne
porte; entrer par la
grande porte
entrer par la bonne
porte; entrer par la
grande porte
entrar pela porta dos
fundos V. entrar pela
janela
entrar por um ouvido e
sair pelo outro: não ser
levado em consideração
entrar por um ouvido e sair
pelo (por) outro
tomber dans l’oreille
d’un sourd
tomber dans l’oreille
d’un sourd
entre a cruz e a
caldeirinha V. entre a
cruz e a espada
entre a cruz e a
espada: entre dois lados
opostos e ambos
prejudiciais
entre a cruz e a espada;
entre a espada e a parede;
entre Cila e Caríbdis
entre l’arbre et l’écorce;
entre le marteau et
l’enclume
entre l’arbre et l’écorce;
entre le marteau et
l’enclume
entre aspas:
hipoteticamente
entre aspas
entre guillemets
entre guillemets
entre a vida e a morte:
em iminente risco de
perder a vida
a dar nas últimas; às portas
da morte; com os pés para a
cova; em artigo de morte;
entre a vida e a morte
entre la vie et la mort
entre la vie et la mort
entre dois fogos: entre
dois perigos
entre dois fogos; em fogo
cruzado; sob fogo cruzado
entre deux feux
entre deux feux
entregar o ouro: revelar
um segredo, denunciar
uma combinação
entregar o ouro
vendre la mèche
vendre la mèche
entregar os pontos:
desistir no meio de uma
atividade difícil
entregar os pontos
donner sa langue au chat;
jeter l’éponge; lever le bras
donner sa langue au
chat; jeter l’éponge; lever
le bras
entregue às moscas:
abandonado, esquecido
entregue às moscas;
entregue às traças
ravitaillé par les
corbeaux
coin mort ravitaillé par
les corbeaux
entregue às traças V.
entregue às moscas
entre o martelo e a
bigorna V. entre a cruz
e a espada
entre parênteses: de
lado, excluído
entre parênteses
entre parenthèses
entre parenthèses
entre quatro paredes:
dentro de casa, na
intimidade
entre (quatro) paredes
entre quatre murs
entre quatre murs
enxergar longe: prever
com perspicácia as
conseências de uma
situação, de um
acontecimento
enxergar longe; ver longe
voir loin
voir loin
enxugar gelo: aplicar-se
em algo que não
resultará em nada
enxugar gelo
faire du vent [1]
faire du vent [1]
erguer a bandeira
branca: pôr fim às
hostilidades
hastear a bandeira
branca
enterrer la hache de
guerre
enterrer la hache de
guerre
erguer a cabeça: agir
com coragem, sem mais
se deixar intimidar
erguer a caba;
levantar a cabeça
relever la tête
relever la tête
escapar pelos dedos:
perder algo que se tinha
por certo
escapar pelos dedos;
escorrer entre os dedos
couler entre les doigts; filer
entre les doigts; passer sous
le nez
couler entre les doigts;
filer entre les doigts;
passer sous le nez
escolher a dedo:
escolher
cuidadosamente
escolher a dedo
trier sur le volet
trier sur le volet
esconder o jogo:
ocultar as verdadeiras
esconder o jogo
cacher son jeu
cacher son jeu
90
intenções
escorrer entre os
dedos V. escapar pelos
dedos
esfregar na cara 1.:
objetar algo a alguém
atirar à cara; jogar na cara
jeter à la face [1]
jeter à la face [1]
esfregar na cara 2.:
fazer algo de propósito
para mostrar a alguém
que se é capaz
esfregar na cara
jeter à la face [2]
jeter à la face [2]
esperar a poeira
abaixar V. deixar a
poeira abaixar
esperar a poeira
assentar V. deixar a
poeira abaixar
esperar a poeira
baixar V. deixar a
poeira abaixar
espírito de
contradição: pessoa
que está sempre em
desacordo, que gosta
de contestar, de
contrariar
espírito de contradição
esprit de contradiction
esprit de contradiction
espírito de corpo
V. espírito de equipe
espírito de equipe:
desejo de colaborar em
um trabalho que se
realiza coletivamente
espírito de corpo;
espírito de equipe;
espírito de grupo
esprit de corps; esprit
d’équipe
esprit de corps; esprit
d’équipe
espírito de grupo V.
espírito de equipe
espírito de seqüência:
seqüência em uma idéia,
atitude ou ação
fio da meada
esprit de suite
esprit de suite
esquentar a caba:
preocupar-se demasiado
esquentar a cabeça
faire [se] de la bile; faire [se]
du mauvais sang
faire [se] de la bile; faire
[se] du mauvais sang
está no papo: é muito
fácil vencer
está no papo
c’est dans la poche; c’est du
tout cuit
c’est dans la poche; c’est
du tout cuit
estar alto: estar
bêbado
estar bezano
avoir la dalle en pente; avoir
le gosier en pente; avoir son
plein
être chaud; être pacté
(paquete); être saoul
mort
estar atravessado na
garganta: incomodar,
não ser admitido, aceito
estar atravessado na
garganta; ficar atravessado
na garganta
rester en travers (de la
gorge)
rester en travers (de la
gorge)
estar bem de vida: ter
uma boa situação
financeira
estar bem de vida
avoir pignon sur rue
avoir pignon sur rue
estar cagando e
andando V. o estar
nem(vulgar)
estar caidinho por V.
estar de quatro por
estar chumbado V.
estar alto
estar com a barriga
roncando: estar faminto
estar com a barriga a dar
horas; ter a barriga a dar
horas
avoir la dent; avoir les crocs;
avoir les dents longues; avoir
l’estomac
dans les talons
avoir les crocs; avoir
l'estomac dans les
talons
estar com a bola toda:
estar com prestígio
estar com moral; estar
com tudo
avoir la cote
avoir la cote
estar com a corda
toda: estar disposto,
com energia
estar com a corda toda
avoir la frite
avoir la frite; avoir la
pêche
estar com a espada na
estar entre a espada e a
avoir le couteau sous la
avoir le couteau sous la
91
caba: estar sob forte
pressão
parede
gorge
gorge
estar com a faca e o
queijo na mão: estar
com todas as vantagens
ter a faca e o queijo na mão
tenir le bon bout
tenir le bon bout
estar com a macaca:
estar muito excitado,
alterado
estar com a pica toda; estar
eléctrico
bouffer du lion
bouffer du lion
estar com a vida feita
V. estar bem de vida
estar com moral V.
estar com a bola toda
estar com o diabo no
corpo: estar com muita
energia
ter o diabo no corpo
avoir le diable au corps
avoir le diable au corps
estar como peixe
n’água: estar bem à
vontade
estar como peixe na água;
sentir-se como peixe n’água
être bien dans ses
baskets
être bien dans ses
baskets
estar com o pé na
cova: estar prestes a
morrer
estar a dar o berro; estar
com os pés para a cova;
estar entre a vida e a morte;
estar na últimas
avoir un pied dans la tombe;
sentir le sapin
avoir un pied dans la
tombe; sentir le sapin
estar com todo o gás
V. estar com a corda
toda
estar com tudo V. estar
com a bola toda
estar com um nó na
garganta: não conseguir
expressar-se; estar triste
com algo
ter um nó na garganta; sentir
um nó na garganta
avoir la gorge serrée
avoir la gorge serrée
estar de caba virada:
só pensar em alguém ou
em alguma coisa
Ø
mettre [se] la tête è
l’envers
mettre [se] la tête è
l’envers
estar de cama V. cair de
cama
estar de cara nova: ser
reformado, reformulado
estar de cara nova
habiller(s’) de neuf
habiller(s’) de neuf
estar de fora: ter sido
impedido de participar
de algum negócio
estar de fora; ficar de fora
être sur la touche
être sur la touche
estar de molho V. cair
de cama
estar de pé atrás:
manifestar uma
prevenção contra algo
ou alguém
estar de pé atrás
prendre en grippe
prendre en grippe
estar de quatro por:
sentir-se muito atraído
por alguém
estar caidinho por
être coiffé de
avoir un kick; être coiffé
de
estar de roupa nova V.
estar de cara nova
estar de saco cheio:
não suportar mais algo
que incomoda
estar de saco cheio
avoir [en] assez; avoir les
boules; avoir [en] marre;
avoir [en] plein le dos; avoir
[en] plein les bottes; avoir
[en] plein les couilles; avoir
ras la casquette
avoir [en] assez; avoir
[en] marre; avoir [en] par-
dessus la tête; avoir [en]
plein le dos; avoir [en]
plein les bottes; avoir [en]
plein son casque; avoir
[en] ras la casquette;
avoir [en] ras le bol
estar do mesmo lado:
compartilhar das
opiniões de alguém, de
alguma entidade política,
social ou ideológica
estar do mesmo lado
être du même bord
être du même bord
estar duro: estar sem
andar teso; estar de tanga;
être à sec; être à fond de
avoir de la misere à
92
dinheiro
estar liso; estar teso; não ter
cheta; não ter um tostão
cale
joindre les deux bouts;
être à sec; être cas: ne
pas avoir un radis
estar em jogo: correr
riscos
estar em jogo
être en jeu
être en jeu
estar escrito: estar
fixado pelo destino
estar escrito
être écrit
être écrit
estar fulo da vida: estar
furioso
estar fulo
être à cran; être en pétard;
fâcher [se] tout rouge
être à cran; être en
pétard; être enragé noir;
être vert de rage;cher
[se] tout rouge
estar liso V. estar duro
estar louco da vida V.
estar fulo da vida
estar mal das pernas: ir
mal
não estar muito católico
avoir du plomb dans l’aile;
battre de l’aile; branler dans
le manche
avoir du plomb dans
l’aile; battre de l’aile; Y en
mène pas large
estar mamado V. estar
alto
estar na cara: ser óbvio,
evidente
estar na cara; ser claro como
água
tomber sous le sens
tomber sous le sens
estar na direção certa:
saber como conseguir,
realizar algo
estar na direcção certa
être sur la bonne route
être sur la bonne route
estar na direção
errada: enganar-se nos
métodos para se
conseguir realizar algo
estar no caminho errado
faire la fausse route
être dans les patates
estar na fossa: estar
muito triste, deprimido
estar na fossa
avoir le bourdon; avoir le
cafard; broyer du noir
avoir les bleus; avoir le
bourdon; avoir le cafard;
broyer du noir
estar na pele de V.
colocar-se na pele de
estar nas nuvens: estar
muito feliz
estar nas nuvens; estar no
céu; estar no paraíso
être au ciel; être au septième
ciel; être aux anges; être sur
un petit nuage
être au ciel; être au
septième ciel; être aux
anges; être aux oiseaux;
être sur un petit nuage
estar nas últimas V.
estar com o pé na cova
estar no ar: estar sendo
cogitado
estar no ar
être dans l’air
être dans l’air
estar no céu V. estar
nas nuvens
estar no escuro: não
saber o que es
acontecendo
estar às escuras
être dans le noir
être dans le noir
estar no fim V. estar
com o pé na cova
estar no mesmo
barco: estar na mesma
situação delicada que
outrem, ser
companheiro
estar no mesmo barco
être dans le me bateau;
être logé à la même
enseigne
être dans le me
bateau; être logé à la
même enseigne
estar no paraíso V.
estar nas nuvens
estar no sangue: ser
inato
estar na massa do sangue;
estar no sangue; ter no
sangue
avoir dans le sang
avoir dans le sang
estar no vermelho:
estar sem fundos
estar no vermelho
être dans le rouge
être dans le rouge
estar num bom dia:
estar num período em
que tudo dá certo
estar num dia bom
être dans un bon jour
être dans un bon jour
estar num mau dia:
estar num período em
estar num dia mau; não
estar nos seus dias
être dans un mauvais jour
être dans un mauvais
jour
93
que tudo sai errado
estar por conta V. estar
fulo da vida
estar por dentro: estar
a par das novidades
estar por dentro
être à la page; être au
parfum
être à la page; être au
parfum
estar por um fio: faltar
pouco tempo para que
algo aconteça
estar por uma unha negra;
estar por um fio; ser por uma
unha negra
tenir à un fil
tenir à un fil
estar pra cima: ter
confiança; estar otimista
estar com a pica toda; estar
de bem com a vida; estar de
alto astral
avoir le moral
avoir le moral
estar redondo:
funcionar direito
estar redondo
tourner rond
tourner rond
estar sem moral V.
estar com nada
estar sem saída: não
ter outras perspectivas
estar num beco sem saída
être fait (comme un rat); être
sans issue
être fait (comme un rat);
être sans issue
estar só o pó: sem
energia, sem forças
estar murcho
être à plat; être sur les nerfs
être à plat; être sur les
nerfs
estar um caco V. estar
só o
estar um trapo V. estar
só o
estender a mão 1.: ter
uma atitude cordial e
conciliadora
estender a mão
tendre la main [1]
tendre la main [1]
estender a mão 2.:
oferecer ajuda
dar a mão; dar uma mão; dar
uma mãozinha; estender a
mão
tendre la main [2]; tendre la
perche; tendre les bras
tendre la main [2]; tendre
la perche; tendre les
bras
esticar as canelas V.
bater as botas
estourar os miolos:
matar(-se)
estourar os miolos
faire [se] sauter la
cervelle
faire [se] sauter la
cervelle
estudar o terreno:
procurar conhecer bem
um assunto a tratar ou
as inteões de alguém
apalpar o terreno;
estudar o terreno;
explorar o terreno;
sondar o terreno
tâter le pouls; tâter le terrain
tâter le pouls; tâter le
terrain
exame de consciência:
análise da própria
conduta
exame de consciência
examen de conscience
examen de conscience
Letra F
falar ao coração:
emocionar
falar ao coração
aller droit au coeur;
parler au cœur
aller droit au coeur; parler
au cœur
falar como uma
matraca V. falar mais do
que a boca
falar com seus botões:
falar consigo mesmo
pensar com seus botões
parler à son bonnet
parler à son bonnet
falar com uma porta:
falar emo
falar para as paredes; falar
para o boneco
parler à un mur; parler à un
sourd
parler à un mur; parler à
un sourd
falar direto ao
coração V. falar direto
ao coração
falar grosso:
expressar-se de modo
grosseiro, fazer-se de
valente
cantar de galo; falar grosso
avoir le verbe haut
avoir le verbe haut
falar mais do que a
boca: falar muito
falar pelos cotovelos
avoir la langue bien
pendue; ne pas avoir sa
langue dans sa poche
avoir la langue bien
pendue; ne pas avoir sa
langue dans sa poche
94
falar no vazio: falar
sem efeito
falar ao ar
parler dans le vide;
parler en l’air
parler dans le vide;
parler en l’air
falar para as
paredes V. falar
com uma porta
falar pelos cotovelos V.
falar mais do que a boca
farinha do mesmo
saco: da mesma
natureza (pejorativo)
da mesma laia; do mesmo
barro; farinha do mesmo
saco
de la même eau; de la même
étoffe; du même tabac; du
même tonneau
de la même eau; de la
même étoffe; du même
tonneau
fazer a cabeça:
persuadir alguém de
alguma coisa
fazer a cabeça
travailler au corps
travailler au corps
fazer bonito: ter um
ótimo desempenho
fazer bonito
faire des étincelles
faire des étincelles
fazer cara feia V.
fechar a cara
fazer caridade com (o)
chau alheio: procurar
tirar proveito das
vantagens e méritos que
cabem a outrem
Ø
parer [se] des plumes du
paon
parer [se] des plumes du
paon
fazer cera V. fazer
corpo mole
fazer coro: manifestar
se verbalmente com
outras pessoas, juntar
se a elas
fazer coro
faire chorus
faire chorus
fazer corpo mole:
esquivar-se às suas
obrigações
fazer cera; fazer corpo mole
tirer au flanc
tirer au flanc
fazer cortesia com
(o) chau alheio
V. fazer caridade
com (o) chapéu
alheio
fazer disso um cavalo
de batalha: exagerar as
dificuldade de algo
fazer disso um cavalo de
batalha
faire [en] des (dix) caisses;
faire [en] une maladie; faire
[en] une montagne; faire [en]
un fromage
faire [en] des (dix)
caisses; faire [en] une
maladie; faire [en] une
montagne; faire [en] un
fromage
fazer (cu) doce:
bancar o difícil frente a
algo que normalmente é
apreciado (vulgar)
fazer cú doce (vulgar)
faire la fine bouche
faire la fine bouche
fazer época: ser
marcante na história ou
na vida
fazer época; marcar época
faire date; faire époque
faire date; faire époque
fazer escola:
ter discípulos ou
imitadores (culto)
fazer escola
faire école
faire école
fazer face: estar em
condições de responder,
de se sustentar diante
um problema
fazer face; fazer frente
faire face; faire front
faire face; faire front
fazer fé: testemunhar
como verdadeiro
fazer fé
faire foi
faire foi
fazer feio: ter um
péssimo desempenho
fazer feio
tomber à plat
tomber à plat
fazer frente: opor-se,
defender-se, enfrentar
algo ou alguém
fazer frente
tenir tête
tenir tête
fazer furor: obter
grande sucesso,
agradar
extraordinariamente
fazer furor
faire fureur
faire fureur
95
fazer nero: procurar
distinguir-se, afetando
personalidade ou
hábitos que não se têm
fazer gênero; fazer tipo
faire du genre
faire du genre
fazer jogo duplo: falar
uma coisa e fazer outra;
mostrar apenas uma
parte da verdade
fazer jogo duplo
jouer double jeu
jouer double jeu
fazer número: servir
simplesmente para
aumentar o número de
pessoas
fazer figura de corpo
presente; fazer número
faire nombre
faire nombre
fazer o jogo de:
compactuar com
fazer o jogo de
faire le jeu de
faire le jeu de
fazer o jogo do
contente: procurar ver
algo bom mesmo nos
momentos de infortúnio
fazer o jogo do contente
faire contre mauvaise
fortune bon coeur
faire contre mauvaise
fortune bon coeur
fazer onda: provocar
alvoroço, criar caso
fazer ondas
faire des vagues
faire des vagues
fazer ouvidos de
mercador: ignorar o que
dizem, recusar atender
um pedido
fazer orelhas moucas;
fazer ouvidos de mercador;
fazer ouvidos moucos
faire la sourde oreille
faire la sourde oreille
fazer ouvidos moucos
V. fazer ouvidos de
mercador
fazer pender a balança:
inclinar para uma
determinada escolha
fazer pender a balança
faire pencher la balance
faire pencher la balance
fazer pouco de:
menosprezar alguém
fazer pouco de
payer [se] la poire de
(se faire) rire dans la face
de
fazer propaganda de:
mostrar algo com
ostentação para
provocar admiração
dos outros
fazer propaganda
faire étalage de
faire étalage de
fazer-se de morto:
fingir que não sabe de
nada para não intervir
fazer-se de desentendido;
fazer-se de morto
faire le mort
faire le mort
fazer-se de rogado:
fingir não estar disposto
fazer-se de rogado
faire [se] tirer l’oreille
faire [se] tirer l’oreille
fazer seu nome: obter
fama
fazer nome
faire [se] un nom
faire [se] un nom
fazer sombra: inspirar
despeito em alguém por
diminuir sua importância
fazer sombra
porter ombrage
porter ombrage
fazer suas
necessidades: urinar
e/ou defecar
fazer suas necessidades
faire ses besoins
(naturelles)
faire ses besoins
fazer tábua rasa:
rejeitar algo que antes
era aceito
fazer tábua rasa
faire table rase
faire table rase
fazer uma chupeta:
praticar felação em um
homem
Ø
pomper le dard; pomper le
gland; pomper le nœud; tirer
une pipe
pomper le dard; pomper
le nœud; tirer une pipe
fazer uma corrente:
unir-se para manifestar
um mesmo sentimento,
um mesmo pensamento
fazer uma corrente
faire la chaîne
faire la (une) chaîne
fazer uma limpeza:
retirar o que não é
correto
fazer uma limpeza
faire place nette
faire place nette
fazer uma ponte:
conciliar
fazer uma ponte
jeter un pont
jeter un pont
fazer uma salada:
Ø
faire une salade
faire une salade
96
confundir as coisas e
provocar mal entendidos
fazer vista grossa:
procurar ignorar
fazer vista grossa; fechar os
olhos a
fermer les yeux
fermer les yeux
fechar a boca: diminuir
a quantidade de
alimentos ingerida
fechar a boca
serrer [se] la ceinture [1]
serrer [se] la ceinture [1]
fechar a cara:
emburrar, manifestar
seu mau humor ou seu
descontentamento
fazer cara feia; fechar a cara
faire la gueule; faire la
moue; faire la tête
chiquer la guenille; faire
la baboune; faire du
boudin faire la gueule;
faire la moue; faire la tête
fechar as portas
1. falir
2. negar uma
oportunidade
fechar as portas
fechar as portas
fermer boutique; fermer les
portes [1]
fermer les portes [2]
fermer boutique; fermer
les portes [1]
fermer les portes [2]
fechar o bico V.
engolir a língua
fechar o parêntese: pôr
fim a uma digressão
fechar o parêntese
fermer la parenthèse
fermer la parenthèse
fechar os olhos V. fazer
vista grossa
fechar os ouvidos V.
tapar os ouvidos
fechar-se em copas:
calar-se por
conveniência
fechar-se em copas
garder le silence
garder le silence
feijão com arroz: algo
comum, rotineiro
feijão com arroz
monnaie parlée
monnaie courante
feio de doer: muito feio
feio como (que nem) um
bode; feio que dói
laid comme un pou
laid comme un singe; laid
comme un pou
feio que dói V. feio de
doer
feliz como uma
criança: muito feliz
feliz como criança
heureux comme un pape;
heureux comme un poisson
(dans l’eau); heureux comme
un roi
heureux comme un
enfant; heureux comme
un pape; heureux comme
un poisson (dans l’eau);
heureux comme un roi
ficar branco de medo:
estar com muito medo
morrer de medo
avoir une peur bleue
avoir une peur bleue
ficar com a pulga atrás
da orelha: preocupar-
se, ficar desconfiado
deixar com a pulga atrás da
orelha; ficar com a pulga
atrás da orelha; ficar de
sobreaviso
avoir la puce à (derrière)
l’oreille
avoir la puce à (derrière)
l’oreille
ficar com cara de
tacho: ficar estupefato
ficar com cara de parvo
rester [en] comme deux
ronds de flan
rester bête
ficar com dedos: agir
com cuidados para se
relacionar com alguém
Ø
mettre des gants
mettre des gants
(blancs)
ficar de cama: ficar em
repouso quando doente
estar de molho; ficar de
cama
garder la chambre
garder la chambre
ficar de cara amarrada
V. fechar a cara
ficar de cara fechada V.
fechar a cara
ficar de cara feia V.
fechar a cara
ficar de cara virada V.
fechar a cara
ficar de fora: o fazer
parte de algo, não ser
incluído
ficar de fora
être sur la touche; ne pas
être dans le coup; rester sur
la touche
rester sur la tablette; être
sur la touche; mettre sur
la tablette; ne pas être
dans le coup; rester sur
la touche
ficar de olho: vigiar
constantemente
ficar de olho
avoir à l’oeil; avoir l’œil
dessus; veiller au grain
avoir à l’oeil; avoir l’œil
dessus; garder à l’oeil
97
(dessus); veiller au grain
ficar de orelha em pé:
ficar atento
ficar de orelha em
dresser l’oreille
dresser l’oreille
ficar elas por elas:
tem-se a contrapartida
andar elas por elas;
responder na mesma
moeda; ser elas por elas
c’est un prêté pour un rendu
c’est un prêté pour un
rendu
ficar em segundo
plano: ser deixado pra
depois
ficar em segundo plano
rester en plan
rester en plan
ficar entalado na
garganta V. estar
atravessado na garganta
ficar para as calendas
gregas V. ficar para o
dia de São Nunca
ficar para o dia de São
Nunca: adiar para uma
data indeterminada, para
nunca
adiar para as calendas
gregas; atirar para as
calendas gregas; ficar para
as calendas gregas
remettre aux calendes
grecques; renvoyer aux
calendes grecques
remettre aux calendes
grecques; renvoyer aux
calendes grecques
remettre aux calendes
grecques; renvoyer aux
calendes grecques
ficar para trás: ficar em
desvantagem, não
progredir como os outros
do grupo
ficar para trás
rester à la traîne
rester à la traîne
ficar plantado: esperar
em pé, no mesmo lugar,
por um bom tempo
ficar plantado
faire le pied de grue;
faire le poireau
faire le pied de grue; faire
le poireau
ficar por baixo: ser
derrotado, vencido em
um combate físico,
intelectual
levar a pior
avoir le dessous
avoir le dessous
ficar por cima: ter
vantagem sobre algm
ficar por cima; levar a melhor
avoir le dessus; avoir le
meilleur; emporter le
morceau; enlever le
morceau; prendre le
meilleur
avoir le dessus; avoir le
meilleur; emporter le
morceau; enlever le
morceau; prendre le
meilleur
ficar pra titia: ficar
solteira
ficar para tio(a)
coiffer sainte Catherine
coiffer sainte Catherine
ficar todo cheio (de si):
ficar muito satisfeito,
muito contente de si
mesmo
estar cheio de si
avoir les chevilles qui
enflent; avoir les chevilles
qui gonflent; boire du petit
lait
avoir les chevilles qui
enflent; avoir les
chevilles qui gonflent;
boire du petit lait
ficar uma pilha: ficar
muito nervoso
ficar uma pilha
mettre [se] en boule
mettre [se] en boule
fila indiana: fila em que
um se coloca atrás do
outro
fila indiana
file indienne
file indienne
filhinho(a) de (da)
mamãe: jovem ou
adulto mimado, que
não trabalha e tem tudo
o que quer
Ø
gosse de riche; fils à
papa
gosse de riche; fils à
papa
filhinho(a) de (do)
papai V. filhinho(a) de
(do) mae
fio condutor: princípio
que orienta uma
conduta, uma busca
fio condutor; fio de Ariadne
fil conducteur; fil d’Ariane
fil conducteur; fil d’Ariane
fio de Ariadne V. fio
condutor
fogo cruzado: situação
conflituosa entre lados
opostos
fogo cruzado
feu croisé
feu croisé
fogo de palha: algo que
dura pouco
fogo de palha; fogo de
de vista; sol de pouca
feu de paille
feu de paille
98
dura
fome de leão: fome
exagerada
fome canina; fome de leão
appétit de loup; appétit
d’ogre; faim de loup
appétit de loup; appétit
d’ogre; faim de loup
fora de ação: sem
condições de fazer
qualquer coisa, sem
poder fazer nada
fora de aão
hors de combat
hors de combat
fora de alcance:
impossível de realizar
fora do alcance
hors de portée
hors de portée
fora de combate V.
fora de ação
fora de órbita: em
estado anormal, alheio à
realidade
fora de órbita; fora do ar
à cote de ses pompes
à cote de ses pompes
fora de série:
excepcional
fora de série
hors concours; hors pair;
hors série [1]
hors concours; hors pair;
hors série [1]
fora de si:
transtornado, sem
conseguir se controlar
fora de si
hors de soi
hors de soi
fora do ar V. fora de
órbita
forçar a barra:
exagerar, passar dos
limites
forçar a barra; forçar a mão;
forçar a nota
tirer sur la corde; tirer sur la
ficelle
tirer sur la corde; tirer sur
la ficelle
frio de rachar: frio
intenso
frio de rachar
froid de canard
froid de canard
fruto proibido:
qualquer coisa que, por
ser proibida, se mostra
mais cobiçada e
tentadora
fruto proibido
fruit défendu
fruit défendu
fugir da raia: evitar
enfrentar ou escapar de
situação adversa ou
compromisso
fugir da raia
passer à travers les mailles
du filet
passer à travers les
mailles du filet
fundir a cuca: pensar
muito para procurar
resolver um problema
puxar pela caba;
quebrar a cabeça
creuser [se] la cervelle;
creuser [se] la tête
creuser [se] la cervelle;
creuser [se] la tête
fundo do baú: onde
estão coisas antigas, de
pequeno valor
fundo do baú
fond de tiroir
fond de tiroir
Letra G
galinha dos ovos de
ouro: aquilo que
proporciona riqueza
galinha dos ovos de
ouro
assiette au beurre;
vache à lait
assiette au beurre;
vache à lait
ganhar a vida: viver de
seu trabalho
ganhar a vida
gagner sa vie
gagner sa vie
ganhar o pão (de cada
dia): trabalhar duro para
ganhar o suficiente para
sua subsistência
ganhar o pão de cada
dia
gagner sa croûte
gagner sa croûte
ganhar terreno:
avaar enquanto se
espera por algo
conquistar terreno;
ganhar terreno
gagner du terrain
gagner du terrain
gastar sola de sapato:
andar muito à procura de
alguém, de algo ou de
uma solução
correr Seca e Meca
battre la semelle
battre la semelle
golpe baixo:
ato desonesto
golpe baixo; golpe sujo
coup bas; mauvais coup
coup bas; mauvais coup
99
golpe de mestre: ação
que denota grande
habilidade
golpe de mestre
coup de maître; tour de force
coup de maître; tour de
force
golpe de misericórdia:
ação feita para acabar
com algo que já estava
em decadência
golpe de misericórdia; tiro de
misericórdia
coup de grâce
coup de grâce
golpe duro: situação
difícil, decepcionante
golpe duro
coup dur; sale coup
(pour la fanfare)
coup de vache; coup dur;
sale coup (pour la
fanfare)
golpe sujo V. golpe
baixo
gostar de sombra e
água fresca: ser
preguiçoso, gostar só
do que é fácil
gostar de sombra e água
fresca
avoir un poil dans la main
avoir un poil dans la
main
gosto de cabo de
guarda-chuva na boca:
gosto ruim na boca
(seco e amargo) após
uma bebedeira
com a boca a saber a papéis
de música; gosto de cabo de
guarda-chuva na boca
gueule de bois
gueule de bois
gota d’água que faz
transbordar:
acontecimento que
torna uma situação
insustentável
gota (de água) que faz
transbordar
goutte d’eau qui fait
déborder (le vase)
goutte d’eau qui fait
déborder (le vase)
grão de loucura: um
pouco de
irresponsabilidade e
atrevimento (culto)
grão de loucura
grain de folie
grain de folie
gritar aos quatro
cantos V. botar a boca
no mundo
guerra de nervos:
disputa em que se
pretende fazer o
adversário perder o
auto-controle
guerra de nervos
guerre de nerf
guerre de nerf(s)
Letra H
história da carochinha
V. conversa fiada [1]
história do arco-da-
velha: histórias
interessantes e
fantásticas
histórias do arco da velha
histoire de brigand
histoire à dormir debout
história pra boi
dormir V. conversa
fiada [1]
homem da rua:
indivíduo que pertence
à camada popular da
sociedade
homem da rua; homem do
povo
homme de la rue
homme de la rue
homem da sociedade:
indivíduo que pertence à
elite social
homem de sociedade
homme du monde
homme du monde
homem de bem:
indivíduo honesto
homem de bem; homem de
palavra; homem direito
homme de bien
homme de bien
homem de branco:
médicos e enfermeiros
homem de branco
homme en blanc
homme en blanc
homem de cor:
homem de cor
homme de couleur
homme de couleur
100
indivíduo de outra raça
que o a branca, mas
principalmente os
negros
homem de letras:
homem dedicado à
literatura e à filosofia
(culto)
homem de letras
homme de lettres
homme de lettres
homem de pulso:
indivíduo firme,
enérgico e que se
impõe por sua
autoridade
homem de pulso
homme à poigne
homme à poigne
homem direito V.
homem de bem
homem do povo V.
homem da rua
homem feito: jovem que
se torna adulto
homem feito
homme fait
homme fait
homem reto V. homem
de bem
hora da verdade:
momento decisivo
quando a verdade será
revelada
hora da verdade
heure de vérité
heure de vérité
hora do rush: período
de trânsito intenso
hora de ponta; hora do rush
heure de pointe
heure de pointe
hora H: momento exato
em que algo acontece e
em que se é colocado à
prova
hora H
heure H
heure H
hora morta: durante a
madrugada
altas horas; fora de horas;
hora(s) morta(s)
heures creuses
heures creuses
humor de cão: grande
mau humor
humor de cão
humeur de chien
humeur de chien
Letra I
idade do lobo: idade
em que se manifesta
certa exacerbação
sentimental e sexual
(masculino)
idade do lobo
démon de midi
démon de midi
idéia fixa: idéia que vem
sempre ao pensamento,
como uma obseso
idéia fixa
idée fixe
idée fixe
ilustre desconhecido:
completamente
desconhecido
ilustre desconhecido
illustre inconnu
illustre inconnu
inimigoblico
número 1: aquele que
constitui ameaça à
ordem social
inimigo público número 1
ennemi public numéro 1
ennemi public numéro 1
invadir seara alheia:
entrar abusivamente no
domínio de competência
de outrem
meter (a) foice em seara
alheia
marcher sur les plate
bandes
marcher sur les plate
bandes
inventar a roda V.
descobrir a América
ir a fundo: ir até as
últimas conseqüências
ir (a) fundo
donner [se] à fond
donner [se] à fond
ir a pique V. cair por
101
terra
ir às mil maravilhas:
estar muito bem
correr às mil maravilhas;
funcionar às mil maravilhas
baigner dans l’huile
baigner dans l’huile;
marcher comme sur des
roulettes; rouler dans
l’huile
ir às ruas: protestar
ir às ruas
battre le pavé;
descendre dans la rue
battre le pavé;
descendre dans la rue
ir com a cara de: ter
simpatiza por
ir com a cara
avoir à la bonne
avoir à la bonne
ir de cabeça V. entrar
de cabeça
ir desta para melhor V.
bater as botas
ir direto ao ponto: não
fazer rodeios
ir direto ao ponto; não fazer
cerimônia(s)
ne pas y aller par quatre
chemins
arrêter de tataouiner; ne
pas y aller par quatre
chemins
ir fundo V. ir a fundo
ir longe: progredir,
prosperar
ir longe
aller loin
aller loin
ir longe demais:
exagerar, ultrapassar o
que é conveniente
ir longe demais; passar da
conta
aller [y] fort; aller trop loin;
pousser le bouchon un peu
loin
aller [y] fort; aller trop
loin; pousser le bouchon
un peu loin
irmão de leite: criança
alimentada pelo leite da
mesma mãe sem ser
seu irmão legítimo
irmão colaço; irmão de leite
frère de lait
frère de lait
irmão de sangue:
aquele que tem os
mesmos progenitores
irmão de sangue; irmão
germano
frère de sang
frère de sang
ir na conversa: deixar-
se enganar
cair na ratoeira; cair no
conto-do-vigário; cair no
laço; cair no logro; deixar-se
levar; ir na cantiga; ir na
conversa; ir na onda
laisser [s’en] conter;
mordre à l’hameçon;
tomber dans le filet;
tomber dans le
panneau
laisser [s’en] conter;
mordre à l’hameçon;
tomber dans le filet;
tomber dans le panneau;
se faire passer un
Québec; se faire passer
un sapin
ir na onda V. ir na
conversa
ironia do destino: fato
tão incongruente que
parece brincadeira
ironia do destino
ironie du sort
ironie du sort
ir para a cidade dos
pés juntos V. bater as
botas
ir para o céu V. bater as
botas
ir por água abaixo V.
cair por terra
ir pra(s) cucuia(s): não
ter êxito, não virar nada
ir para as cucuias
partir en couille
partir en couille
ir pro beleléu V. ir
pra(s) cucuias
ir pro brejo V. cair por
terra
ir pro buraco V. cair
por terra
isso é grego: isso é
muito difícil, complicado
isto é chinês
c’est de l’hébreu; c’est du
chinois
c’est de l’hébreu; c’est du
chinois
Letra J
janela aberta: ocasião
janela aberta
fenêtre ouverte
fenêtre ouverte
102
de compreender, de
descobrir
jardim secreto
1. lugar ou atividade
preferida que se busca
sempre
2. o mais íntimo de sua
personalidade
jardim secreto
jardim secreto
jardin secret [1]
jardin secret [2]
jardin secret [1]
jardin secret [2]
jogado às traças V.
entregue às traças
jogar água na fervura
V. colocar panos
quentes
jogar aos leões: deixar
alguém numa situação
difícil
atirar ao leões
jeter aux lions
jeter aux lions
jogar areia: dificultar o
andamento de algum
negócio
jogar areia
mettre des bâtons dans les
roues; mettre des grains de
sable dans les rouages
mettre des bâtons dans
les roues
jogar areia nos olhos
V. jogar poeira nos olhos
jogar a toalha V.
entregar os pontos
jogar confete(s): exaltar
algo ou alguém
jogar confete
faire des fleurs
faire des fleurs
jogar conversa fora:
conversar sobre
assuntos corriqueiros
jogar conversa fora; bater
um papo
causer de la pluie et du
beau temps; parler de la
pluie et du beau temps
discuter de la pluie et
du beau temps;
parler de la pluie et
du beau temps
jogar gasolina no fogo
V. colocar lenha na
fogueira
jogar na cara
1. V. esfregar na cara [1]
2. V. esfregar na cara [2]
jogar na lama: denegrir,
difamar
arrastar pela lama
traîner dans la boue
traîner dans la boue
jogar nas costas:
atribuir injustamente a
responsabilidade de
algo a alguém
lançar às costas
mettre sur le dos
mettre sur le dos
jogar no lixo V. jogar
pela janela
jogar o jogo V. aceitar o
jogo
jogar pela janela:
ignorar, desperdiçar,
não aproveitar algo
jogar pela janela; jogar no
lixo
jeter par les fenêtres
jeter par les fenêtres
jogar poeira nos olhos:
desviar a atenção do
que realmente tem
importância
jogar areia nos olhos
jeter de la poudre aux yeux
jeter de la poudre aux
yeux
jogar por terra V. jogar
pela janela
jogar-se aos pés V.
atirar-se aos pés
jogar-se nos braços:
confiar-se a alguém
lançar-se nos braços
jeter [se] au cou
jeter [se] au cou
jogar verde para
colher maduro: dar
dissimuladamente
elementos para levar
alguém a dizer a
verdade
puxar pela língua
prêcher le faux pour savoir le
vrai
prêcher le faux pour
savoir le vrai
103
jogo de forças: disputa
entre dois pólos
antagônicos e
poderosos
jogo de forças
jeu de force
jeu de force
jóia rara: alguém ou
alguma coisa admirável
e incomum
jóia rara
oiseau rare
oiseau rare
jovem de esrito:
disposto apesar da idade
jovem de espírito
jeune dans sa tête
jeune dans sa tête
Letra L
lágrimas de crocodilo:
choro hipócrita
lágrimas de crocodilo
larmes de crocodile
larmes de crocodile
lamber as botas:
bajular alguém para ter
alguma vantagem
dar graxa; engraxar as
botas; lamber as botas;
lamber os pés; puxar o saco
cirer les bottes; cirer les
pompes; lécher les bottes;
passer de la pommade;
passer la main dans le dos
cirer les bottes; cirer les
pompes; lécher les
bottes; passer de la
pommade; passer la
main dans le dos
lamber os pés V.
lamber as botas
lançar âncora:
estabelecer-se, fixar-se
lançar âncora
jeter l’ancre
jeter l’ancre
lançar luz sobre:
elucidar o que es
confuso ou enigmático
(culto)
fazer luz sobre; lançar luz
sobre; trazer luz à
faire la lumière sur; mettre
en lumière [2]
faire la lumière sur;
mettre en lumre [2]
lançar-se ao mar:
ousar, arriscar (culto)
jogar-se ao mar
jeter [se] à l’eau
jeter [se] à l’eau
largar de mão: desistir,
parar de tentar algo
largar mão
lâcher pied; lâcher prise
lâcher pied; lâcher prise
largar mão V. largar de
mão
lata velha: carro velho
lata velha
tas de boue; tas de ferraille;
tas de merde
tas de boue; tas de
ferraille
lavar as mãos: eximir
se de qualquer
responsabilidade
lavar as mãos
laver [s’en] les mains
laver [s’en] les mains
lavar roupa suja (em
casa): discutir certos
assuntos apenas com os
que envolvidos
lavar roupa suja
laver son linge sale (en
famille)
laver son linge sale (en
famille)
lei da selva: situações
em que os mais fortes
são favorecidos
lei da selva
loi de la jungle
loi de la jungle
lei do silêncio: decisão
de não denunciar
crimes ou criminosos
por medo de represo
ou vingaa
lei do silêncio
loi du silence
loi du silence
ler nas entrelinhas:
saber interpretar o que é
dito ou está escrito
ler nas entrelinhas
lire entre les lignes
lire entre les lignes
letra de médico: letra
ininteligível
letra de dico
écrire comme un chat; écrire
comme un cochon; écrire
comme un porc
écrire comme un chat
letra morta: leis ou
regras que não são
levadas em conta
(culto)
letra morta
lettre morte
lettre morte
levantar a caba V.
erguer a caba
104
levantar acampamento:
preparar-se para ir
embora
levantar acampamento;
levantar âncora
lever le camp
lever le camp
levantar a mão:
ameaçar bater
levantar a mão
lever la main
lever la main
levantar âncora V.
levantar acampamento
levar a melhor V. ficar
por cima
levar a pior V. ficar por
baixo
levar na cara: ser
prejudicado
Ø
prendre [en] plein la gueule
prendre [en] plein la
gueule
levar na conversa V.
botar na cabeça
levar no bico V. botar
na cabeça
levar no papo V. botar
na cabeça
levar tinta: fracassar
Ø
prendre une gamelle;
prendre une pelle;
prendre une veste
prendre une débarque;
prendre une gamelle;
prendre une pelle;
prendre une veste
levar uma dura: ser
repreendido
levar nas orelhas
prendre [en] pour son grade
prendre [en] pour son
grade
levar uma rasteira: ser
enganado, traído,
prejudicado
levar uma rasteira
faire [se] avoir; faire [se]
entuber; foutre [se] dedans
faire [se] avoir; faire [se]
entuber; foutre [se]
dedans
limpar a barra:
salvaguardar a
dignidade após
exposição a uma
situação
comprometedora
salvar a face
sauver la face; sauver
la mine
sauver la face; sauver
la mine
ngua de cobra:
comentários sempre
maledicentes sobre os
outros
língua ferina; língua viperina
langue de vipère; mauvaise
langue
langue de vipère;
mauvaise langue
língua ferina V. língua
de cobra
língua solta: pessoa
que fala demais e a torto
e a direito
língua de palmo; língua solta
moulin à paroles
moulin à paroles
linha de fogo: centro
das atenções, foco
linha de fogo
ligne de mire
ligne de mire
lista negra: lista de
nomes suspeitos ou a
serem observados de
perto
lista negra
liste noire
liste noire
livrar a cara V. limpar a
barra
livre como um
pássaro: sem restrições
nem controle
livre como um ssaro; livre
como um passarinho
libre comme l’air
libre comme l’air
louco de pedra: aquele
que tem um
comportamento ou
idéias muito
extravagantes,
completamente
disparatadas
louco varrido
fou à lier
fou à lier
louco varrido V. louco
de pedra
lugar ao sol: ter
oportunidade de
lugar ao sol
place au soleil
place au soleil
lutar como um leão V.
105
brigar com unhas e
dentes
lutar com unhas e
dentes V. brigar com
unhas e dentes
lutar contra moinhos
de vento: tentar algo
inutilmente (culto)
lutar contra moinho de vento
battre [se] contre les moulins
à vent
battre [se] contre les
moulins à vent
luz no fim do túnel:
possibilidade de
resolver um problema;
saída de uma situação
complicada
luz no fim do túnel
(lumière au) bout du tunnel
(lumière au) bout du
tunnel
Letra M
macaco velho: aquele
que possui grande
experiência em
determinado domínio
macaco velho; raposa velha;
velho de guerra
vieux routier
il a déjà vu neiger; vieux
routier
machucar os ouvidos:
incomodar, ofender
aquele que escuta
Ø
écorcher les oreilles
écorcher les oreilles
mais pra do que pra
V. últimos
momentos
mal do século:
melancolia profunda
que a juventude
romântica sente (culto)
mal do século
mal du siècle
mal du siècle
mandar às favas:
livrar-se rispidamente
de alguém importuno
(mandar) ir chatear Camões:
mandar lamber sabão;
mandar às favas; mandar
[alguém] abaixo de Braga;
mandar bugiar; mandar
passear; mandar pastar;
mandar pentear macacos
envoyer balader;
envoyer paître; envoyer
promener; envoyer sur les
roses; envoyer valse
envoyer balader; envoyer
paître; envoyer
promener; envoyer sur
les roses; envoyer valse
mandar catar coquinho
V. mandar às favas
mandar chupar prego
V. mandar às favas
mandar lamber sabão
V. mandar às favas
mandar passear V.
mandar às favas
mandar pastar V.
mandar às favas (vulgar)
mandar pentear
macacos V. mandar às
favas
mandar tomar banho
(na soda (cáustica) V.
mandar às favas
manter a linha: manter-
se magro e elegante
manter a linha
garder la ligne
garder la ligne
mão de ferro: poder
exercido com rigor e
inflexibilidade
mão de ferro
bras de fer [2]; peau de
vache
bras de fer [2]; peau de
vache
marcar bobeira V.
dormir no ponto
marcar época V. fazer
época
106
marcar passo V. dormir
no ponto
marcar pontos: sair-se
bem, ter mérito
reconhecido
marcar pontos
faire un carton
faire un carton
maré de azar: definitivo,
irreversível
maré de azar
série noire
série noire
marinheiro de primeira
viagem: aquele que faz
algo pela primeira vez
marinheiro de primeira
viagem
premier communiant
premier communiant
martelar nos ouvidos:
aborrecer repetindo
sempre a mesma coisa
martelar nos ouvidos
rebattre les oreilles
rebattre les oreilles
matar a galinha dos
ovos de ouro: acabar
com uma fonte de lucros
por gancia ou
impaciência
matar as galinhas dos ovos
de ouro
tuer la poule aux œufs d’or
tuer la poule aux œufs
d’or
matar dois coelhos
(com uma cajadada
só): resolver dois
problemas diferentes de
uma só vez
matar dois coelhos com uma
cajadada (só)
faire coup doublé; faire d’une
pierre deux coups
faire coup doublé; faire
d’une pierre deux coups
matar no ninho: impedir
que algo se desenvolva
Ø
tuer dans l’oeuf
tuer dans l’oeuf
matar o tempo: ocupar
o tempo para que ele
passe mais facilmente
matar o tempo; passar o
tempo; queimar o tempo
passer le temps; tuer le
temps
passer le temps; tuer le
temps
matar um leão: ser
combativo e cheio de
energia
matar um leão
manger du lion
être comme une queue
de veau
mau pedaço: maus
momentos
maus bocados; maus
pedos; na mó de baixo;
passas do Algarve
mauvais quart d’heure
mauvais quart d’heure
maus bocados V. mau
pedo
medir as palavras:
ponderar o que dizer
medir as palavras; pesar as
palavras
peser ses mots
peser ses mots
meio alto: levemente
alcoolizado
com os copos
en goguette
en goguette
memória de elefante:
extraordinária
capacidade de se
lembrar de tudo
memória de elefante
mémoire d’éléphant
mémoire d’éléphant
menino de rua: criança
que não tem família ou
que foge para viver nas
ruas
menino de rua
gamin des rues
gamin des rues
mensageiro do
apocalipse: aquele que
está sempre anunciando
a infelicidade, contando
os eventos funestos
Ø
prophète de malheur
prophète de malheur
meter a boca V. baixar
o pau
meter a boca no
trombone V. botar a
boca no mundo
meter a colher V. dar
pitaco
meter a lenha V. baixar
o pau
meter a mão V. passar
a mão
meter o bedelho V. dar
pitaco
107
meter o bico V. dar
pitaco
meter o nariz V. dar
pitaco
meter o pau V. baixar o
pau
meter os pés pelas
mãos: abordar sem
sutileza um assunto
delicado, tomar atitudes
intempestivas
meter o na argola; meter
os pés pelas mãos
mettre les pieds dans les
plats; prendre [se] les pieds
dans le taspis
mettre les pieds dans les
plats; prendre [se] les
pieds dans le taspis
mexer com os nervos
V. dar nos nervos
mexer em casa de
marimbondo: provocar
propositalmente grande
agitação, grande
inquietude
Ø
donner un coup de pied dans
la fourmilière
donner un coup de pied
dans la fourmilière
mexer os pauzinhos:
recorrer a influências e
manobras para
conseguir o que se
pretende
mexer os pauzinhos
tirer les ficelles
tirer les ficelles
mina de ouro: negócio
vantajoso com o qual se
pode ter lucro
mina de ouro
mine d’or
mine d’or
molhar a mão: dar
dinheiro para alguém em
troca de favores escusos
untar as mãos
graisser la patte
graisser la patte
monstro sagrado:
grande artista de
renome
monstro sagrado
monstre sac
monstre sacré
morder a isca V. ir na
conversa
morder a língua:
arrepender-se de ter
falado o que não devia
dobrar a língua; morder a
língua
mordre [se] la langue [2]
mordre [se] la langue [2]
morrer de medo V. ficar
branco de medo
morto de fome V. com
a barriga roncando
mostrar as garras:
mostrar agressividade
mostrar as garras; mostrar
os dentes
montrer les dents [1]; sortir
les griffes
montrer les dents [1];
sortir les griffes
mostrar as unhas V.
mostrar as garras
mostrar com quantos
paus se faz uma canoa
V. chamar na chincha
mostrar os dentes
1. V. mostrar as garras
2. sorrir abertamente
arreganhar os dentes;
mostrar os dentes
montrer les dents [2]
montrer les dents [2]
mostrar servo: fazer
até mais do que é
necesrio para
aparecer (pejorativo)
mostrar serviço
faire du zèle
faire du zèle
mover céus e terra:
fazer todo o possível
para conseguir algo
mover céus e terra; mover
mundos e fundos
remuer ciel et terre
remuer ciel et terre
mover mundos e
fundos V. mover céus e
terra
mudaa de cenário:
mudança
mudança de cenário
changement de décor
changement de décor
mudar da água pro
mudar da água para o vinho
passer du noir au blanc
passer du noir au blanc
108
vinho: mudar
completamente, passar
de um extremo a outro
mudar de ares: mudar
de um lugar para outro,
em busca de melhores
condições de vida
mudar de ares
changer d’air
changer d’air
mudar de cor: ficar
pálido ou ruborizado
devido a uma forte
emoção
mudar de cor
passer par toutes les
couleurs (de l’arc-en-ciel)
passer par toutes les
couleurs (de l’arc-en-ciel
mudar de pato para
ganso: mudar de
assunto
Ø
passer du coq à l'âne; sauter
du coq à l'âne
passer du coq à l'âne;
sauter du coq à l'âne
mudar de vida V.
endireitar a vida
mudar o disco: mudar
odiscurso, já por muitas
vezes repetido
mudar o disco; virar o disco
changer de disque
changer de disque
mudar o tom: mudar o
modo de falar
mudar o tom
changer de ton
changer de ton
mula manca: pessoa
muito ignorante
Ø
âne bâté
âne bâté
mulher da rua V.
mulher da vida
mulher da sociedade:
mulher criada no luxo
da alta sociedade
mulher da sociedade
femme du monde
femme du monde
mulher da vida:
prostituta
mulher da rua; mulher da
vida; mulher da zona; mulher
de má vida mulher pública
femme de mauvaise vie; fille
de joie; fille de mauvaise vie;
fille publique; fille soumise
femme de mauvaise vie;
fille de joie; fille de
mauvaise vie; fille
soumise
mulher de vida fácil V.
mulher da vida
mulher fatal: mulher
muito atraente e
sedutora
mulher fatal
femme fatale
femme fatale
murro em ponta de
faca: esforço inútil
murro em ponta de faca
coup d’ée dans l’eau
coup d’ée dans l’eau
Letra N
na berlinda: em uma
situação delicada,
passando por uma
reanálise
na berlinda; na corda bamba
sur la sellette
sur la sellette
na cara de: na presea
de
na cara de; nas barbas de;
nas ventas de;
au nez et à la barbe de
au nez et à la barbe de
na cola de V. nos
calcanhares de
na corda bamba: em
situação difícil, delicada
e instável
na corda bamba
sur la corde raide
sur la corde raide
nadar contra a
correnteza V. nadar
contra a corrente
nadar contra a
corrente: opor-se à
maioria
ir contra a corrente; nadar
contra a corrente; remar
contra a corrente; ir contra a
maré; nadar contra a maré;
remar contra a ma
remonter le coloquial
aller à contre-courant
nadar contra a maV.
109
nadar contra a corrente
na faixa: gratuitamente
de borla
pour pas un rond; sans
bourse délier
pour pas un rond; sans
bourse délier
na lama: em
situação
na lama; na sarjeta; no fundo
do poço
dans la boue; dans la
mélasse
dans la boue; dans la
mélasse
na lona V. na pior
na maciota:
tranqüilamente, sem
muito esforço ou
dificuldades
nas calmas
en (père) peinard
en père peinard
na maior folga V. de
pernas pro alto
na marra: à força
à viva força; na bruta; na
marra
du bout des dents
du bout des dents
na moita V. na surdina
não bater bem (da
caba): ser meio
maluco
não bater bem (da cabeça);
não regular bem (da
caba); não ser bom da
caba; ter miolo mole; ter
pancada (na bola); ter um
parafuso a menos
avoir une araignée au
(dans le) plafond; avoir
une case en moins; être
tombé sur la tête; travailler
du chapeau
avoir une araignée au (dans
le) plafond; avoir une case
en moins; être tombé sur la
tête; travailler du chapeau
não caber em si V.
estar nas nuvens
não chegar aos pés:
ser inferior a alguém
não chegar aos calcanhares;
não chegar aoss
ne pas arriver à la
cheville
ne pas arriver à la
cheville
não cheirar bem V.
cheirar mal
não dar a mínima: não
se preocupar, não se
importar
não dar a mínima; não dar
bola; não estar nem aí; não
ligar a mínima; não ligar
patavina; não ligar a peva
n’en avoir rien à battre;
n’en avoir rien à branler
(vulgar); n’en avoir rien à
cirer; n’en avoir rien à
foutre; n’en avoir rien à
secouer
n’en avoir rien à battre; n’en
avoir rien à branler; n’en
avoir rien à cirer; n’en avoir
rien à foutre; n’en avoir rien
à secouer
não dar bola V. o dar
a mínima
não dar um pio: não
dizer nada, não
responder nada
não abrir a boca
ne souffler mot
ne souffler mot
não entender patavina:
não entender nada de
um assunto, de uma
situação
não entender patavina; não
perceber patavina; não
pescar nada; não ver um boi
n’y voir que du bleu; n’y
voir que du feu
n’y voir que du bleu; n’y voir
que du feu
não entrar na cabeça:
não parecer lógico,
aceitável
não entrar a cabeça
ne pas entrer dans la tête
ne pas entrer dans la tête
não enxergar um
palmo diante do nariz:
não ser capaz de ter um
bom discernimento
não ver um palmo diante do
nariz
ne pas voir plus loin que
le bout de son nez
ne pas voir plus loin que le
bout de son nez
não estar com nada:
estar sem prestígio
não estar com nada
Ø ne pas avoir de
prestige
Ø ne pas avoir de
prestige
não estar nemV. não
dar a mínima
não estar nos seus
dias V. estar num mal
dia
não é uma Brastemp:
não é nada de
extraordinário
não é grande coisa
ce n‘est pas du caviar
Ø
não fazer mal a uma
mosca: ser incapaz de
prejudicar quem quer
que seja
não fazer mal a uma mosca
ne pas faire de mal à une
mouche
ne pas faire de mal à une
mouche
não largar do pé:
seguir alguém por todo
lado
não largar a braguilha; não
largar a labita
ne pas lâcher d’une
semelle; ne pas quitter
d’une semelle
ne pas lâcher d’une semelle;
ne pas quitter d’une semelle
110
não levantar um dedo:
não fazer absolutamente
nada para ajudar alguém
ou em prol de alguma
coisa
não mexer um dedo; não
mover uma palha
ne pas bouger le petit
doigt; ne pas lever le petit
doigt
ne pas bouger le petit doigt;
ne pas lever le petit doigt
não ligar a mínima V.
não dar a mínima
não medir as palavras:
expressar-se claramente
e sem reservas
não medir (as) palavras
ne pas mâcher ses
mots
ne pas mâcher ses
mots
não mexer nem um
dedo V. não levantar um
dedo
não mexer uma palha
V. não levantar um dedo
não mover uma palha
V. não levantar um dedo
não nascer ontem: não
ser ingênuo
não nascer ontem
n’ être pas né (tombé) de
la dernière pluie
n’ être pas né (tombé) de la
dernière pluie
não pregar o olho: não
dormir
não pregar o olho
ne pas fermer l’oeil
ne pas fermer l’oeil (de la
nuit)
não redondo: recusa
veemente
não redondo
fin de non recevoir
fin de non recevoir
não regular bem V. não
bater bem
não ser a sua praia:
não interessar, não
convir
não interessar nem ao
menino Jesus
ce n'est pas sa tasse de
thé; ce n'est pas son trip;
ce n'est pas son truc
ce n'est pas sa tasse de thé;
ce n'est pas son truc
não ser a sua seara V.
não ser a sua praia
(culto)
não ser de se jogar
fora
1. ter certa beleza,
sensualidade
2. ser considerável,
importante
não ser de deitar-se fora
não ser de deitar -se (fora);
não ser para deitar-se
ne pas être pas de bois
ne pas être de la
roupie de sansonnet
ne pas être pas de
bois
ne pas être de la
roupie de sansonnet
não ser deste mundo
V. viver num outro
mundo
não ser flor que se
cheire: não inspirar
confiança
não ser flor que se cheire
ne pas être en odeur de
sainteté
ne pas être en odeur de
sainteté
não ter palavra: não
cumprir suas
promessas, seus
engajamentos
não ter palavra
avoir deux paroles
ne pas avoir de parole
não ter pra onde correr
V. estar sem saída
não ter saída V. estar
sem saída
não ter um tostão V.
estar duro
não valer o pão que
come: não ter valor, ser
indigno
não valer a ponta de um
corno; não valer puto; não
valer um peido (vulgar); não
valer um tostão
être à la mie de pain
Ø
na pele de: estar no
lugar de
na pele de
dans la peau
dans la peau
na pindaíba V. na pior
na pior: em situação
precária
na rua da amargura; na
de baixo na sarjeta; no fundo
do poço; no sufoco
à la nage; au bout du
rouleau; au trente-sixième
dessous; aux abois; dans
la dèche; dans la mouise;
dans la panade; dans le
au bout du rouleau; au
trente-sixme dessous; aux
abois; dans la dèche; dans la
mouise; dans la panade;
dans le pétrin; sur la paille
111
pétrin; sur la paille
na reta final: na parte
final de uma tarefa
na reta final
dans la dernière ligne
droite
dans la dernière ligne
droite
nariz de tucano: nariz
pontudo e recurvado
nariz de papagaio
nez au bec d’aigle
nez (au bec) d’aigle
na rua da amargura V.
na pior
na sarjeta V. na pior
nas barbas de V. na
cara de
nascer virado pra lua:
ter muita sorte
nascer sob uma (boa)
estrela; nascer (com a
bunda, com o cú, com o
rabo) virado para lua (vulgar)
avoir une chance de cocu;
naître coiffé; naître sous
une bonne
(heureuse) étoile
avoir une chance de cocu;
naître coiffé; naître sous une
bonne étoile
nas costas de
1. secretamente ou
hipocritamente
2. sob a
responsabilidade de
pelas costas
às costas de
derrière les dos de
sur le dos de
dans le dos de
sur le dos de
nas coxas: com
desleixo
em cima do joelho; sobre o
joelho
par-dessous la jambe
par-dessous la jambe
nas garras de: sob o
poder de
nas garras de
sous la griffe de
sous la griffe de
na surdina: discreta ou
dissimuladamente
à calada; a furto; às
escondidas; à socapa; às
ocultas; à sorrelfa; à surdina;
em segredo; em surdina; na
moita; na sombra
en douce; en tapinois
en douce; en tapinois
navegar no escuro: não
saber mais exatamente
o que faz
andar à nora
foncer dans le
brouillard
conduire dans le
brouillard
negócio da China:
aquilo que dá muito lucro
negócio da china;
negócio de ocasião
affaire en or
affaire en or
nem feder nem cheirar:
ser indiferente a alguém
não (nem) aquecer,
nem arrefecer
ne faire ni chaud ni froid
ne faire ni chaud ni froid
nem tudo são
espinhos: nem tudo é
difícil, ruim
nem tudo são espinhos
tout n’est pas noir
tout n’est pas noir (et blanc)
nem tudo são flores:
nem tudo é fácil, bom
nem tudo são flores
tout n’est pas rose
tout n’est pas rose
nem tudo são rosas V.
nem tudo são flores
nem uma letra:
absolutamente nada
nem uma letra; nem uma
vírgula
pas un iota
pas un iota
nem uma vírgula V.
nem uma letra
ninho de cobras:
grupo de pessoas que
procuram se prejudicar
umas às outras
ninho de cobras; ninho de
ratos; ninho de víboras
nid de vipères; panier de
crabes
nid de vipères; panier de
crabes
ninho de ratos
1. lugar sujo e
miserável
2. V. ninho de cobras
ninho de ratos
Ø bicoque
Ø
ninho de víboras V.
ninho de cobras
no calor do momento:
no momento em que as
emoções são intensas
no calor do momento
dans le feu de l’action
(culto)
dans le feu de l’action (culto)
no dia de São Nunca:
jamais
quando as galinhas tiverem
dentes; no dia de São nunca
(à tarde); semana dos nove
dias
la semaine de quatre
jeudis; tous les trente-six
du mois
tous les trente-six du mois
no duro: falando sério
no duro
blague à part; blague
blague à part; blague dans le
112
dans le coin; sans
déconner
coin; sans déconner
no fim do mundo: em
local muito distante, de
difícil acesso
no cabo do mundo; no
calcanhar do mundo; no fim
do mundo; no meio do
mundo; nos confins do
inferno; nos confins do
mundo; onde Judas perdeu
as botas; para lá do sol
posto
au bout du monde; au
diable vauvert
au bout du monde; au
diable vauvert
no fundo: considerando
bem, em última análise
no fundo; no íntimo
dans le fond
dans le fond
no fundo do poço V. na
pior
noite em branco V.
noite em claro
noite em claro: noite
passada sem dormir
noite em branco; noite em
claro
nuit blanche
nuit blanche; nuit sur la
corde à linge
nome de guerra:
pseudônimo
nome de guerra
nom de guerre
nom de guerre
no mesmo pé: na
mesma situação
em banho-maria; na mesma
como a lesma; no mesmo
pé;
de pair avec
de pair avec
nos braços de Morfeu:
no sono (culto)
nos braços de Morfeu (culto)
dans les bras de
Morphée
dans les bras de
Morphée
nos calcanhares de:
bem atrás
na cola de; na esteira de; na
peugada de
sur les talons de
sur les talons de
nos trinques
1. em ótimo estado
2. cuidadosamente
vestido
nos trinques; novo em folha;
num brinquinho
nos trinques
Ø en très bon état
sur son trente-et-un; tiré à
quatre épingles
Ø en très bon état
sur son trente-six; tiré à
quatre épingles
no sufoco: passando
por dificuldade
no sufoco; numa camisa
de onze varas
au bout du rouleau
au bout du rouleau
nota 10 V. classe A
nota fora V. bola fora
no vácuo:
imediatamente após
no vácuo
dans la foulée
dans la foulée
nu e cru:
autêntico, exato, sem
dissimulação
nu e cru
pur et dur; sans fard
pur et dur; sans fard
num abrir e fechar de
olhos V. em dois
tempos
numa fria: situação
adversa, embaraçosa
numa fria
dans le bain
dans le bain
num pau só V. a jato
num piscar de olhos V.
em dois tempos
num pulo V. em dois
tempos
Letra O
o alfa e o ômega:
aquilo que é mais
relevante em um
assunto (culto)
o ABC (de algum
assunto)
l’alpha et l’oméga
l’alpha et l’oméga
ocupar a primeira fila:
botar figura; fazer um
tenir le haut du pa
tenir le haut du pa
113
ocupar em um grupo,
um lugar ou posição de
destaque
figurão
ocupar o terreno:
fazer parte
conquistar terreno;
ocupar terreno
occuper le terrain
occuper le terrain
oitava maravilha do
mundo: algo de
extraordinário
do outro mundo; oitava
maravilha do mundo
huitième merveille du
monde
huitième merveille du
monde
olhar (de)
atravessado: olhar
com hostilidade,
desaprovação
olhar atravessado; olhar
de banda; olhar de
esguelha
regarder de travers
regarder de travers
olhar de cima:
ostentar superioridade
sobre outrem ou sobre
algo
olhar de cima; olhar por
cima do ombro
prendre de haut
prendre de haut
olhar para o próprio:
rabo cuidar da própria
vida, julgar-se a si
mesmo em vez de
julgar o pximo
olhar para o umbigo
balayer devant sa
porte
balayer devant sa
porte
olhar para o próprio
umbigo: dar muita
importância para si
próprio
olhar para o próprio
umbigo
regarder [se] le nombril
regarder [se] le nombril
olhar para si mesmo
V. olhar para o próprio
rabo
olhar por cima dos
ombros: olhar com
desm, com desprezo
olhar por cima do ombro
regarde par-dessus
l’épaule
regarde par-dessus
l’épaule
olho do dono: as
atenções do patrão,
seu engajamento
pessoal
a voz do dono
oeil du maître
oeil du maître
olho no olho: encontro
direto com quem se
deseja falar
olhos nos olhos
entre quatre yeux
en tête à tête; entre quatre
yeux
olhos de lince: visão
perspicaz
olho vivo; olho(s) de lince
yeux de lynx
oeil d’aigle; oeil de faucon;
oeil de lynx
olho vivo V. olhos de
lince
o mundo dá voltas: a
situação muda, as
posições se invertem
o mundo dá voltas
la roue tourne
la roue tourne
onde Judas perdeu as
botas V. no fim do
mundo
onde o calo (lhe) dói:
problema que mais
incomoda
onde o sapato (lhe)
aperta
où le bât le blesse
où le bât le blesse
onde o sapato (lhe)
aperta V. onde o calo
(lhe) dói
os dados estão
lançados V. a sorte
está lançada
osso duro de roer V.
carne de pescoço
ossos do ofício:
obrigações que cabem
a uma determinada
função ou profissão;
aquilo que dificulta
algum tipo de função,
atividade, trabalho etc
ossos do ofício
aléas du métier
aléas du métier
114
o tempo fechou: havia
um clima de
desentendimento e as
brigas comaram
saltou a tampa
il y a (avait) de l’orage
dans l’air
il y a (avait) de l’orage
dans l’air
o último dos
moicanos: o último
representante
o último dos moicanos
le dernier des mohicans
le dernier des mohicans
ouro em: alguém
ou alguma coisa de
muito valor
de ouro; ouro sobre azul
or en barre
or en barre
ouvir o bom senso:
deixar-se convencer
por conselhos
razoáveis
ouvir a voz da razão
entendre raison
entendre raison
ovelha desgarrada:
aquele que se desviou
de certa linha de
conduta
ovelha desgarrada
brebis égarée
brebis égarée
ovelha negra: pessoa
diferente das outras
que a cercam por
alguma qualidade
considerada prejudicial
(culto)
ovelha negra; ovelha
ranhosa
brebis galeuse
brebis galeuse; mounton
noir
ovo de Colombo:
solução de um
problema óbvia e
inovadora ao mesmo
tempo (culto)
ovo de Colombo
oeuf de Colomb
oeuf de Colomb
ovo frito: seio muito
pouco volumoso
ovos estrelados
oeuf sur le plat
Ø
Letra P
paciência de Jô:
resignão extrema
paciência de; paciência
de Job; paciência de santo
patience d’ange
patience d’ange
pagar com a mesma
moeda V. dar o troco
pagar o pato: sofrer as
conseências dos atos
de outra pessoa
pagar as favas; pagar o
pato
payer les pots cassés
payer les pots cassés
pagar um mico: passar
vergonha na frente de
outras pessoas
pagar mico; fazer figura de
urso; fazer figura de parvo
passer un sale moment
passer un sale moment
palavra de honra:
declaração verbal de
compromisso para com
alguém
palavra de honra; palavra
de rei
parole d’honneur
parole d’honneur
palco de batalha: lugar
de lutas, de rivalidades
palco de batalha
foire d’empoigne
foire d’empoigne
palmo a palmo:
acirradamente
palmo a palmo
pied à pied
pied à pied
pano de fundo:
conjunto dos
acontecimentos vividos
pano de fundo
fond de tableau
fond de tableau
pão e água: o mínimo
para o tratamento ou a
sobrevivência de alguém
a pão e água; a pão e
laranjas
portion congrue
portion congrue
pão e circo: símbolos
dos dois apetites
primários do povo:
alimentar-se e se divertir
pão e circo
du pain et des jeux
du pain et des jeux
115
(culto)
pão nosso de cada dia:
o mínimo que mantém a
existência de alguém
o pão nosso de cada dia
pain quotidien
pain quotidien
para dar e vender V. a
dar com pau
para inglês ver: apenas
aparentemente
para inglês ver; para
salvar as aparências
pour la frime
pour la frime
parte do bolo: parte dos
lucros
parte do bolo
part du gâteau
part du gâteau
parte do leão: a parte
melhor e/ou mais
significativa em uma
partilha
parte do leão
part du lion
part du lion
partir o coração V.
cortar o coração
passar a bandeira:
passar para outrem a
responsabilidade de dar
continuidade a algo
passar a batata quente
(quando é algo negativo);
passar a pasta; passar a
bola
passer le flambeau;
transmettre le flambeau;
refiler le bé
passer le flambeau;
transmettre le flambeau;
refiler le bé
passar a bola V. passar
a bandeira
passar a conversa:
mentir, enganar com
histórias
atirar poeira nos olhos;
comer as papas da cabeça
jouer du pipeau
jouer du pipeau
passar a mão:
apoderar-se de algo,
roubar
meter a mão; fazer mão
baixa
faire main basse
faire main basse
passar a perna V. dar
uma rasteira
passar da conta V. ir
longe demais
passar da medida V. ir
longe demais
passar desta para
melhor V. bater as botas
passar fogo: dar uma
rajada de tiros em
alguém
abrir fogo
balancer la purée
balancer la purée
passar o chapéu: pedir
ajuda financeira,
doações
passar o chau
faire la manche
faire la manche
passar o pente fino:
analisar minuciosamente
para averiguar se não
irregularidades
passar [alguma coisa] a
pente fino; passar o pente
fino em
passer au peigne fin
passer au peigne fin
passar o tempo V.
matar o tempo
passar por cima:
derrotar
inescrupulosamente uma
pessoa que seria um
obstáculo
passar por cima
passer sur le ventre
passer sur le ventre
passar por poucas e
boas: passar por
momentos difíceis
passar as passas do
Algarve; passar maus
bocados
passer un mauvais quart
d’heure
passer un mauvais quart
d’heure
passar pra trá V. dar
uma rasteira
passar sebo nas
canelas: apressar-se
dar à(s) canela(s); dar
corda aos sapatos
prendre ses jambes à
son cou
prendre ses jambes à son
cou
passar uma borracha:
esquecer algo ou
alguém, não mais
considerado importante
passar uma borracha
passer l’éponge; tirer
un trait
passer l’éponge; tirer
un trait
passar uma rasteira V.
dar uma rasteira
116
passo em falso:
deslize, erro
passo em falso
faux pas
faux pas
patinar na lama: fazer
esforços em vão
patinar na lama
pédaler dans la
choucroute; pédaler
dans la semoule;
pédaler dans le yaourt
pédaler dans la
choucroute; pédaler
dans la semoule
patinho feio: algo ou
alguém em desarmonia
com um determinado
conjunto
patinho feio
vilain petit canard
vilain petit canard
pé ante pé:
vagarosamente, de
modo a não ser
percebido
com pés (pezinhos) de lã;
de fininho; de mansinho;
de manso; pé ante pé
à pas de loup
à pas de loup
pedir água V. entregar
os pontos
pedir a mão de: pedir
alguém em casamento
pedir a mão de
demander la main de
demander la main de
pedir a palavra: solicitar
oportunidade para falar
pedir a palavra
demander la parole
demander la parole
pedir arrego V. entregar
os pontos
pedir as contas: pedir
demissão do emprego
pedir a conta
rendre son tablier
rendre son tablier
pedra angular:
essência e um dado
pensamento que o
legitima (culto)
pedra angular
pierre angulaire
pierre angulaire
pedra de toque: critério
utilizado para determinar
a qualidade ou a
genuinidade de algo
(culto)
pedra de toque
pierre de touche
pierre de touche
pedra no meio do
caminho: obstáculo
para a execução de uma
tarefa
pedra (no meio) do
caminho
pierre d’achoppement’
(culto)
pierre d’achoppement’
(culto)
pedra no sapato:
obstáculo que importuna
incessantemente
pedra no sapato
ombre au tableau
ombre au tableau
pegar com a boca na
botija V. apanhar com a
boca na botija
pegar com a mão na
cumbuca V. apanhar
com a boca na botija
pegar fogo: causar
grande entusiasmo
pegar fogo
péter le feu
péter le feu
pegar no pé V. encher a
caba [1]
pegar no ponto fraco:
falar algo para magoar,
ofender alguém
tocar na corda sensível;
tocar no ponto fraco
piquer au vif
piquer au vif
pegar no pulo V.
apanhar com a boca na
botija
pegar o bonde
andando: associar-se
oportunamente a uma
ação já em curso
avaado
apanhar o comboio em
andamento
prendre le train en
marche
prendre le train en marche
pegar o touro à unha:
enfrentar com coragem
as situações difíceis
pegar o touro pelos cornos
prendre le taureau par
les cornes
prendre le taureau par les
cornes
pegar o touro pelos
chifres V. pegar o touro
117
à unha
pegar pesado: agir com
certa brutalidade,
imoderadamente
pegar pesado
ne pas y aller avec le dos
de la cuiller; ne pas y
aller de main morte
ne pas y aller avec le dos
de la cuiller; ne pas y aller
de main morte
pé na tábua: pisando
fundo no acelerador ao
dirigir ou agilizando ao
máximo uma atividade
pé na tábua
pied au plancher
pied au plancher
pensamentos negros:
pensamentos negativos,
pessimistas
idéias negras;
pensamentos negros
idées noires
idées noires
perder a cabeça: agir
irrefletidamente por estar
muito nervoso
perder a caba; subir o
sangue a cabeça
perdre la boule; perdre la
tête; péter les plombs
perdre la boule; perdre la
tête; péter les plombs; virer
su' le top
perder a esportiva:
irritar-se ao extremo
chegar a mostarda ao
nariz; ficar fulo; ir aos
arames; perder as
estribeiras
sortir de ses gonds
pogner les nerfs; sortir de
ses gonds
perder a face: estar
com a imagem
denegrida, sem boa
reputação (culto)
perder a face
perdre la face
perdre la face
perder a linha V. perder
a esportiva
perder as estribeiras V.
perder a esportiva
perder o chão: não
saber o que fazer, ficar
desorientado
perder o chão; perder o
norte
perdre la boussole;
perdre la carte; perdre le
Nord; perdre son latin
perdre la boussole; perdre
la carte; perdre le Nord
perder o fio (da
meada): atrapalhar-se
num raciocínio, nas suas
ações
perder o fio da meada;
perder o fio à meada
perdre le fil; perdre les
pédales
perdre le fil; perdre les
pédales
perder o norte V. perder
o chão
perder o pé (da
situação): não dominar
mais a situação, os
acontecimentos
perder o pé
perdre pied
perdre pied
perder o rumo V. perder
o chão
perder tempo:
desperdiçar tempo
perder o latim; perder
tempo
perdre son temps; perdre
son latin
perdre son temps; perdre
son latin
perder terreno: recuar
forçadamente, perder
uma posição de prestígio
ceder terreno; perder
terreno
perdre du terrain
perdre du terrain
perna de saracura:
perna magra e longa
perna de canivete
jambe de coq
grandes cannes
pesar na balança:
ponderar e ver se vale a
pena
pesar na balança
peser dans la balance
peser dans la balance
pescador de homens:
aquele que converte as
pessoas para a doutrina
cristã
pescador de homens
pêcheur d’hommes
pêcheur d’hommes
pescar em águas
turvas: tentar obter
vantagem de uma
situação desfavorável
Ø
pêcher en eau trouble
pêcher en eau trouble
peso morto: aquele que
é inútil
peso morto
bouche inutile; poids
mort
bouche inutile; poids
mort
pilha de nervos: pessoa
muito estressada ou
nervosa
pilha de nervos
paquet de nerfs
paquet de nerfs
pintor de roda:
rodas baixas; taco de pia
bout d’homme
bout d’homme; haut
118
pessoa de estatura baixa
comme trois pomme
pisar em falso: não se
basear em bons
argumentos ou fazer
algo que possa acarretar
conseências
desagradáveis
dar um passo em falso
porter à faux
porter à faux
pisar em ovos: agir com
bastante cautela
pisar ovos
jouer serré
jouer serré
pisar fundo V. enfiar o
pobre de espírito: que
tem valores pouco
louváveis
pobre de espírito
pauvre d’ esprit; pauvre
en esprit
pauvre d’ esprit; pauvre en
esprit
pobre diabo: pessoa
infeliz, desventurada
pobre diabo
pauvre diable
pauvre diable
poço de sabedoria:
pessoa que conhece a
fundo vários assuntos
poço de sabedoria
puits de science
puits de science
política do avestruz:
atitude de quem prefere
não enfrentar um
problema
política de avestruz
politique de l’autruche
politique de l’autruche
pomo de discórdia:
causa de disseões,
desacordos
pomo da discórdia
pomme de discorde
pomme de discorde
ponta de lança: o que é
mais dinâmico e
importante em um
conjunto (culto)
ferro de lança
fer de lance
fer de lance
ponta do iceberg: o
como de algo
ponta do iceberg
partie cachée de l’iceberg
partie cachée de l’iceberg
pontapé inicial: ato que
estimula o início de algo
pontapé de saída; ponta
inicial
coup d’envoi
coup d’envoi
ponto de interrogação:
aquilo que é incerto,
duvidoso
ponto de interrogão
point d’interrogation
point d’interrogation
ponto fraco V.
calcanhar de Aquiles
ponto pacífico: o que
pode ser facilmente
verificado
ponto assente; ponto
pacífico
fait acquis
fait acquis
ponto sem volta:
situação ou lugar de que
não se pode mais
desistir
beco sem saída; nó cego
point de non-retour
point de non-retour
pôr a mão na massa V.
colocar a mão na massa
pôr as cartas na mesa
V. abrir o jogo
pôr as mãos
1. capturar alguém
2. apoderar-se de algo
pôr as mãos
r as mãos
mettre le grappin [1]
mettre le grappin [2]
mettre le grappin [1]
mettre le grappin [2]
por baixo da mesa:
secretamente,
ilicitamente
por baixo da mesa; por
baixo do pano
sous le manteau
sous le manteau
por baixo do pano V.
por baixo da mesa
por debaixo da mesa V.
por baixo da mesa
por debaixo do pano V.
por baixo da mesa
por desencargo de
consciência: para não
ter arrependimento ou
por descargo de
consciência
par acquit de conscience
par acquit de conscience
119
remorso futuro
pôr em dia: atualizar
pôr a escrita em dia; pôr
em dia
mettre à jour
mettre à jour
pôr lenha na fogueira
V. colocar lenha na
fogueira
pôr na balança:
colocar duas coisas em
comparação
colocar na balaa
mettre dans la balance
mettre dans la balance
pôr na cabeça V. levar
na conversa
pôr na linha V. colocar
na linha
pôr na rua 1.: expulsar
alguém
pôr na rua; pôr no olho
da rua
ficher à la porte; jeter à la
porte [1]; jeter à la rue
[1]; jeter sur le pa [1];
mettre à la porte [1];
mettre à la rue [1]
jeter à la porte [1]; jeter à la
rue [1]; jeter sur le pavé [1];
mettre à la porte [1]; mettre
à la rue [1]
pôr na rua 2.: despedir
do emprego
pôr na rua; pôr no olho da
rua
jeter à la porte [2]; jeter à
la rue [2]; jeter sur le
pavé [2]; mettre à la porte
[2]; mettre à la rue [2]
jeter à la porte [2]; jeter à la
rue [2]; jeter sur le pavé [2];
mettre à la porte [2]; mettre
à la rue [2]
pôr no lixo V. jogar pela
janela
pôr no mundo V. dar à
luz
pôr nos trilhos V.
colocar nos trilhos
pôr o dedo na chaga V.
colocar o dedo na ferida
pôr o dedo na ferida V.
colocar o dedo na ferida
pôr o nariz pra fora:
sair de dentro de casa,
aparecer
sair do ninho
mettre le nez dehors;
montrer (le bout de) son
nez
mettre le nez dehors;
montrer (le bout de) son
nez
pôr os pingos nos is:
deixar claro um ponto
confuso
pôr os pingos nos is; pôr
os pontos nos is
mettre les points sur les i
mettre les points sur les i
pôr panos quentes V.
colocar panos quentes
pôr pra baixo:
desanimar, provocar
melancolia
deitar abaixo
donner le bourdon
donner le bourdon;
donner le cafard
pôr pra correr: expulsar
mandar pôr ao fresco; pôr
na rua
botter le train
botter le train
porta dos fundos: ânus
o sim, Senhor
oeil de bronze; porte de
derrière
porte de derrière
pôr uma pedra em
cima V. colocar uma
pedra em cima
por um fio: quase sem
conseguir
por um fio
à un fil [v. tenir à un fil]
à un fil [v. tenir à un fil]
pôr um paradeiro V. dar
um basta
pôr um ponto V. colocar
um ponto final
por um triz: por muito
pouco
por uma unha negra; por
um fio; por um triz
à un poil près; de
justesse
à un poil pres; de justesse
pregar no deserto: falar
em vão, a quem não
quer ouvir
bradar no deserto; pregar
aos peixes; pregar no
deserto
crier dans lesert ;
prêcher dans le désert
crier dans lesert;
prêcher dans le désert
pra chuchu V. a dar
com pau
pra dar e vender V. a
dar com pau
preparar o terreno: agir
preparar o terreno
poser des jalons
poser des jalons
120
com cuidado, precaão
presea de espírito:
capacidade de agir de
maneira inteligente
frente a uma
adversidade ou situação
inesperada
presença de espírito
présence d’esprit
présence d’esprit
preto no branco: de
uma maneira
incontestável
preto no branco
noir sur blanc
noir sur blanc
primeiro passo:
primeira providência
para se obter algo
primeiros passos
premier pas
premier pas
prometer a lua: fazer
promessa de dar o que
não se pode dar
prometer a lua; prometer o
céu e a terra
promettre la lune
promettre la lune
prometer mundos e
fundos: fazer promessa
de dar muitas coisas e
não cumprir
prometer este mundo e o
outro; prometer mundos e
fundos; prometer tudo e
mais alguma coisa
promettre monts et
merveilles
promettre monts et
merveilles
prometer o céu e a
terra V. prometer a lua
provar por A mais B:
apresentar provas para
uma afirmação
demonstrar por A + B;
provar por A + B
démontrer par A + B
démontrer par A + B
pular no pescoço
1. brigar com alguém
2. V. jogar-se nos braços
agarrar o pescoço
sauter au cou [1]
sauter au cou [1]
punhalada nas costas:
traição por parte de
alguém de confiança
punhalada nas costas
coup de poignard dans
le dos
coup de poignard dans
le dos
puxar a brasa para sua
sardinha: falar em
interesse próprio
chegar a brasa à sua
sardinha; puxar a brasa à
sua sardinha
prêcher pour sa paroisse
prêcher pour sa paroisse
puxar as orelhas V.
chamar na chincha
puxar o carro V. cair
fora
puxar o saco V.
lamber as botas
puxar o tapete V. dar
uma rasteira
Letra Q
quebrar a cabeça V.
fundir a cuca
quebrar a cara: não
conseguir atingir seus
propósitos
partir a cara ; quebrar a
cara
casser [se] la gueule
casser [se] la gueule
quebrar a cara de:
bater violentamente em
alguém
partir a cara (à)
casser la gueule à
casser la gueule à
quebrar o gelo: acabar
com um mal-estar entre
duas pessoas
quebrar o gelo
rompre la glace
rompre la glace
quebrar o pau: brigar
verbal ou fisicamente
ir à cara (à); ir às fuças de;
ir às trombas a (de)
foutre [se] sur la gueule
foutre [se] sur la gueule
queimar o (seu, um)
último cartucho V. dar
a última cartada
121
queimar todos os
cartuchos: utilizar todos
os recursos para
conseguir algo
queimar todos os
cartuchos
faire feu de tout bois;
faire flèche de tout bois
faire feu de tout bois; faire
flèche de tout bois;
Letra R
raposa no galinheiro:
alguém que pode
facilmente ser desonesto
num determinado lugar
ou cargo
raposa no galinheiro
loup dans la bergerie
loup dans la bergerie
reatar o fio da meada:
reencontrar o ponto a
partir do qual a situação
ficou confusa
retomar o fio à meada
raccrocher les wagon
raccrocher les wagon
recarregar as baterias:
recuperar suas forças
recarregar as baterias
recharger les accrus;
recharger les batteries
recharger les batteries
recomeçar da estaca
zero: recomeçar do
início
voltar à estaca zero; voltar
ao ponto de
partida
remettre les compteurs à
zéro; repartir à zero;
revenir à la case départ
remettre les compteurs à
zero; revenir à la case
départ
redoma de vidro: local
onde se isola alguém
que quer evitar contatos
e engajamentos
redoma de vidro; torre de
marfim (culto)
tour d’ivoire
tour d’ivoire
reduzir a cinzas:
aniquilar, destruir, ruinar
reduzir à cinzas; reduzir à
réduire en bouillie;
réduire en cendres;
réduire en poussière
réduire en bouillie; réduire
en cendres; réduire en
poussière
reduzir a pó V. reduzir a
cinzas
refrescar a cabeça:
espairecer
refrescar a caba; tomar
ar
prendre un bol d’air
prendre un bol d’air
remar contra a maV.
nadar contra a corrente
renascer das cinzas:
reaparecer, voltar a se
manifestar
renascer das cinzas;
ressurgir das cinzas
renaître de ses
cendres
renaître de ses
cendres
repartir o bolo: repartir
os lucros
repartir o bolo
partager [se] le gâteau
partager [se] le gâteau
retrato vivo: reprodução
fiel de algo ou de alguém
retrato vivo; imagem viva
portrait vivant
portrait vivant
reverso da medalha: o
lado desagradável e
inconveniente de algo
que só havia mostrado
seu aspecto positivo
reverso da medalha
revers de la daille
revers de la daille
rio(s) de dinheiro:
muito dinheiro
rios de dinheiro
des mille et des cents
des mille et des cents
rir amarelo: sorrir a
contra-gosto
sorrir amarelo
rire jaune
rire jaune
rir às bandeiras
despregadas: rir muito
sem parar (culto)
morrer de riso; rebetar a
rir; rebolar(-se) de riso; rir
à(s) bandeiras
despregadas; rir como um
perdido
rire à gorge déploe;
rire aux éclats
rire à gorge déploe; rire
aux éclats
rodar a bolsinha:
trabalhar na rua como
prostituta
rodar bolsinha
faire la rue; faire le tapin;
faire le trottoir
faire la rue; faire le tapin;
faire le trottoir
roer a corda V. dar pra
tràs
rolo compressor:
aquele que revela
rolo compressor
rouleau compresseur
rouleau compresseur
122
grande dinamismo, sem
se deter frente a
qualquer dificuldade
Letra S
saber em que pé está:
determinar o andamento
de uma questão, de uma
situação
saber em que pé está;
saber em que ponto está
faire le point [2]
faire le point [2]
saco de batata: pessoa
gorda e de má aparência
saco de batata(s)
pot à tabac
pot à tabac
saco de gatos:
confusão, desordem
saco de gatos
sac d’embrouilles; sac
de noeuds
sac d’embrouilles; de
noeuds
saia justa: situação
embaraçosa
saia justa
petits souliers
petits souliers
sair à francesa:
retirar-se discreta e
rapidamente para fugir
de alguém ou escapar a
alguma coisa
sair de fininho
filer à l’anglaise
filer à l’anglaise
sair da lama: sair de
uma situação deplorável
sair da lama; sair do
atoleiro; sair do sufoco
remonter la pente
remonter la pente
sair de fininho V. sair à
francesa
sair do armário:
assumir sua preferência
homossexual
sair do armário
sortir du placard
sortir du placard
sair do atoleiro V. sair
da lama
sair do fundo do poço
V. sair da lama
sair do sufoco V. sair
da lama
sair do tom: estar em
desarmonia com um
conjunto
não bater a bota com a
perdigota
sortir du ton
sortir du ton
sair do vermelho: cobrir
o déficit
sair do vermelho
sortir du rouge
sortir du rouge
sair no braço: bater em
alguém em uma briga
dar uma arraial de porrada;
ir às fuças
jouer des poings
jouer des poings
sair pelos olhos: ser
muito excessivo
farto até os olhos
sortir par les trous de
nez; sortir par les yeux
sortir par les trous de
nez; sortir par les yeux
sair-se bem V. dar-se
bem
sair-se mal V. dar-se
mal
sal da terra: o que há
de mais puro e íntegro, a
elite moral
sal da terra
sel de la terre
sel de la terre
saltar aos olhos:
ser fácil de ser
compreendido, notado
saltar aos olhos; saltar às
vistas
sauter aux yeux
sauter aux yeux
saltar às vistas V. saltar
aos olhos
salvar a face (culto) V.
limpar a barra
salvar a pele: evitar
uma situação perigosa
ou embaraçosa
salvar a pele
sauver sa peau
sauver sa peau
salvar as aparências:
salvar as aparências
sauver les apparences
sauver les apparences
123
esconder tudo o que
possa prejudicar a
reputação
salvo pelo gongo: livre
de uma situação
desagradável no último
minuto
salvo pelo gongo
sau par le gong
sau par le gong
sangue azul: nobre
ascenncia
sangue azul
sang bleu
sang bleu
são e salvo: ileso
fisicamente, fora de
perigo
são e salvo
sain et sauf
sain et sauf
são outros quinhentos:
trata-se de um outro
assunto
são outros quinhentos
c’est une autre paire de
manches
c’est une autre paire de
manches
saúde de ferro: saúde
perfeita e boa resistência
física
saúde de ferro
santé de fer
santé de fer
segredo de alcova:
segredo íntimo
segredo(s) de alcova
secret d’alcôve
secret d’alcôve
segredo de
polichinelo: falso
segredo pois todo
mundo sabe a respeito
segredo de polichinelo
secret de polichinelle
secret de polichinelle
seguir os passos:
seguir o exemplo, a
maneira de viver de
alguém
seguir as passadas; seguir
as pegadas; seguir as
pisadas; seguir a trilha;
seguir os passos
marcher sur les pas;
marcher sur les traces;
suivre les pas; suivre les
traces
marcher sur les pas;
marcher sur les traces;
suivre les pas; suivre les
traces
seguir seu curso:
prosseguir em seu
destino
seguir seu curso
suivre son cours; suivre
son train de vie
suivre son cours; suivre
son train de vie
seguir suas
inclinações: entregar-se
às suas tendências
seguir suas inclinações
suivre sa pente
suivre sa pente
segunda intenção:
verdadeira intenção que
se dissimula
segunda intenção
idée derrière la tête
idée derrière la tête
segurar a barra V.
agüentar a barra
segurar a onda V.
agüentar a barra
segurar as pontas V.
agüentar a barra
segurar a língua:
conter-se para não falar
segurar a língua
mordre [se] la langue [1]
mordre [se] la langue [1]
segurar vela: pessoa
que acompanha um
casal enamorado,
obrigada ou
fortuitamente
segurar vela
tenir la chandelle
tenir la chandelle
sem coração:
insensível, maldoso
sem coração
sans coeur
sans coeur
sem eira nem beira:
sem domicílio fixo e sem
origem social definida
sem eira nem beira
sans aveu; sans feu ni
lieu
sans aveu; sans feu ni lieu
sem freio: sem controle
sem freio
en roue libre
en roue libre
sem gás: sem energia,
sem forças
de rastos
[être] à plat; [être] sur les
nerfs
[être] à plat; [être] sur les
nerfs
sem mais nem menos
1. de repente
2. sem explicação
plausível
sem mais nem menos
sem dizer água vai; sem
mais aquelas; sem mais
nem menos; sem mais
nem porquê
sans crier gare; tout à
trac
sans rime ni raison
sans crier gare; tout à trac
sans rime ni raison
sem mais nem porquê
124
V. sem mais nem menos
[2]
sem máscara V. nu e
cru
sem pé nem cabeça:
idéias sem uma
seqüência lógica
sem eira nem beira; sem
pé nem cabeça
sans queue ni tête
sans queue ni tête; ça n’a
pas d’allure
sem pestanejar: sem
hesitar
sem pestanejar
sans sourciller
sans sourciller
sempre a mesma
história: sempre as
mesmas desculpas
sempre a mesma história
toujours la même
chanson
toujours la même
chanson
sem preço: de um valor
inestimável
sem preço
sans prix
sans prix
sem sair de cima:
continuamente, sem
parar
a martelar; a bater no
ceguinho
sans débander; sans
désemparer
sans débander; sans
désemparer
sem tirar nem pôr V.
cuspido e escarrado
sem volta: definitivo,
irreversível
sem volta
sans retour
sans retour
sentir o terreno V.
estudar o terreno
sentir-se em casa:
estar completamente à
vontade em um lugar ou
atividade bastante
conveniente
sentir-se em casa
être dans son élément
être dans son élément
separar o joio do trigo:
distinguir o bem do mal,
o verdadeiro do falso
separar o joio do trigo;
separar o trigo do joio
séparer le bon grain de
l’ivraie
séparer le bon grain de
l’ivraie
ser a cara de V. ter a
cara de
ser a sombra de:
acompanhar fielmente
algo ou alguém
ser a sombra de
être l’ombre de
être l’ombre de
ser cabeça dura: ser
teimoso
ser cabeça dura
avoir la tête dure
avoir la tête dure
ser colocado contra a
parede: ser pressionado
a tomar uma decisão, a
agir
ser encostado à parede
être au pied du mur
être au pied du mur
ser como são To:
não acreditar em algo
antes de ver as provas
ser como São To
être comme Saint
Thomas
être comme Saint
Thomas
ser curto e grosso: ser
direto
ser curto e grosso
couper court
couper court
ser de lua: ser de humor
inconstante
ser tehudo; ter venetas
avoir ses têtes
avoir ses têtes
ser largo: ter muita
sorte
ter nascido (com o rabo)
virado para a lua
avoir de la veine
avoir de la veine
ser mais realista que o
rei: seguir uma doutrina
com um rigor excessivo
ser mais papista que o
papa
être plus royaliste que le
roi
être plus royaliste que le
roi
ser o fim do mundo V.
ser um deus-nos-acuda
ser pão, pão, queijo,
queijo: ser certo, sem
dúvidas
ser pão, pão, queijo queijo
appeler les choses par
leur nom; appeler un
chat un chat
appeler les choses par
leur nom; appeler un chat
un chat
ser santinha do pau
oco: agir como se
tivesse medo do amor
carnal (pejorativo;
mulher)
santo do pau oco
être une sainte
nitouche
être une sainte
nitouche
ser só pele e osso:
estar muito magro
ser só pele e osso
n’avoir que la peau sur
les os
gros comme un
manche à balai;
125
n’avoir que la peau sur
les os
ser uma geladeira: ser
extremamente insensível
ser de pedra
être de glace
être de glace
ser um deus-nos-
acuda: ser muito
confuso, complicado
ser um Deus nos acuda;
ser o fim do mundo
être la croix et la
bannière
être la croix et la bannière
ser um monte de
merda: ser insignificante
ou covarde (vulgar)
ser um monte de merda
(vulgar)
prendre [s’y] comme un
manche
prendre [s’y] comme un
manche
ser vaquinha de
presépio: estar sempre
de acordo, sem
questionar nada
ser Maria-vai-com-as-
outras; ser marionete
opiner du bonnet
opiner du bonnet
servir como uma luva:
adaptar-se exatamente a
alguma coisa, ser muito
apropriado
assentar como uma luva;
cair como uma luva;
encaixar como uma luva;
servir como uma luva
aller comme un gant
aller comme un gant
servir de ponte: ser um
intermedrio entre
pessoas ou coisas
servir de ponte
servir de pont
servir de pont
silêncio de morte:
silêncio absoluto que
provoca certo mal-estar
silêncio de morte; silêncio
sepulcral
silence de mort
silence de mort
sinal dos tempos
1. traço característico de
uma época
2. indício profético do fim
do mundo
sinal dos tempos
sinal dos tempos
signe des temps
signes des temps
signe des temps [1]
signe des temps [2]
sinal verde: permissão
para se fazer algo
luz verde
feu vert
feu vert
sob o cajado de V. nas
garras de
sob o mesmo teto: na
mesma casa
sob o mesmo teto
sous le même toit
sous le même toit
sob o signo de: num
ambiente criado por
sob o signo de
sous le signe de
sous le signe de
sob todos os ângulos:
em todos os sentidos,
sob todos os pontos de
vista
sob todos os ângulos
sur toutes les coutures
sur toutes les coutures
soltar as rédeas: deixar
alguém livre, não ficar
controlando os atos de
ninguém
dar rédea larga; soltar a(s)
rédea(s)
laisser la bride sur le
cou
laisser la bride sur le cou
sondar o terreno V.
estudar o terreno
sono de pedra: sono
profundo
sono pesado
sommeil de plomb
sommeil de plomb
sono eterno: a morte
considerada fim também
para o espírito
sono eterno; último sono
dernier sommeil; sommeil
éternel
dernier sommeil; sommeil
éternel
sono pesado V. sono
de pedra
sorriso Colgate: sorriso
perfeito, deixando à
mostra belos dentes
sorriso Colgate
sourire Colgate
sourire Colgate
sossegar o facho
1. levar uma vida menos
agitada e mais regular
que antes
2. aquietar-se, acalmar-
se
tomar rumo; tomar tino
sossegar o facho
ranger [se] des voitures
mettre [se] en veilleuse
ranger [se] des voitures
mettre [se] en veilleuse
suar sangue: esforçar-
dar (um) duro; suar sangue
suer sang et eau
suer sang et eau
126
se ao máximo
subir nas tamancas:
encolarizar-se e falar
alto
chegar a mostarda ao nariz
monter surs ses grands
chevaux
monter surs ses grands
chevaux
subir pelas paredes:
ficar muito excitado
sexualmente
subir pelas paredes
grimper aux rideaux
avoir de la mine dans le
crayon; grimper aux
rideaux
sujar a barra V. perder
a face (culto)
sujar as mãos:
comprometer-se com
algum ato ilícito
sujar as mãos
salir [se] les mains
salir [se] les mains
Letra T
tábua de salvação:
último recurso em uma
situação de desespero
tábua de salvação
ballon d’oxygène; bouée
de sauvetage; planche
de salut
ballon d’oxygène; bouée
de sauvetage; planche de
salut
taco a taco V. palmo a
palmo
tapar a boca: apresentar
provas irrefutáveis para
alguém
calar a boca; tapar a boca;
reduzir ao silêncio (culto)
couper le sifflet
couper le sifflet
tapar os ouvidos: não
querer ouvir
fechar os ouvidos; tapar os
ouvidos
fermer l’oreille
fermer l’oreille
tempestade em um
copo d’água: reação
exagerada para algo
sem importância
tempestade num copo de
água; ferver em pouca
água
tempête dans un verre
d’eau
tempête dans un verre
d’eau
tempo de vacas
gordas V. ano de
vacas gordas
tempo de vacas
magras V. ano de vacas
magras
tempo morto: período
de inatividade
tempo morto
temps mort
temps mort
ter a cabeça no lugar:
ter bom senso, ser
realista, equilibrado
ter cabeça no seu lugar
avoir la tête sur les
épaules
avoir la tête sur les épaules
ter a cara de: ter
características que
remetem a algo ou
alguém
ser a cara de; ter cara de
avoir la tête de [quelqun];
avoir l’air et la chanson
de [quelque chose]
avoir la tête de [quelqu'un]
ter a chave do cofre: ter
acesso ao dinheiro do
país, da família etc e
poder dispor-se como
bem entender
ser o dono da bola
tenir les cordons de la
bourse
tenir les cordons de la
bourse
ter à mão: ter ao seu
alcance, à sua
disposição
ter à mão
avoir sous la main
avoir sous la main
ter as rédeas (nao)
V. comandar o barco
ter a última palavra:
dizer algo que põe fim ao
debate
ter a última palavra
avoir le dernier mot
avoir le dernier mot
ter bom ouvido
(musical): distinguir com
facilidade os sons, ser
sensível para a música
ter bom ouvido
avoir de l’oreille
(musicale)
avoir de l’oreille (musicale)
ter cara para V. ter
127
topete
ter cartas na manga: ter
outros meios para
conseguir seu objetivo
ter [alguma coisa] na
manga
avoir plusieurs cordes
à son arc
avoir plusieurs cordes
à son arc
ter como líquido e
certo: acreditar
ingenuamente em
alguma coisa
ser certo e sabido
accepter pour argent
comptant; prendre
pour argent comptant
prendre pour argent
comptant; prendre pour du
cash
ter costas largas:
suportar muitas
adversidades
ter as costas largas
avoir bon dos
avoir bon dos
ter duas caras: ter duas
atitudes contraditórias
ter duas caras
avoir deux faces
avoir deux faces; avoir un
visage à deux faces
ter estômago: suportar
o que é repulsivo,
repugnante
ter estômago
avoir le coeur bien
accroché; avoir l’estomac
bien accroché
avoir le coeur bien
accroché; avoir l’estomac
bien accroché
ter macaquinhos no
sótão V. não bater bem
ter miolo mole V. não
bater bem
ter na palma da mão:
estar assegurado de algo
ter na mão
avoir dans sa poche
avoir dans sa poche
ter olho clínico: ser
muito perspicaz na
análise
ter olho clínico
avoir le compas dans
l’oeil
avoir le compas dans
l’oeil
ter os pés em duas
canoas: garantir um
interesse em dois lados
opostos para não perder
nada
jogar com pau de dois
bicos
jouer sur les deux
tableaux
jouer sur les deux
tableaux
ter os pés no chão:
desejar algo dentro das
possibilidades
verdadeiramente
existentes
ter os pés (assentes) na
terra
avoir les deux pieds sur
terre
avoir les deux pieds sur
terre
ter pavio curt:oirritar-se
muito por pouco
ter pavio curto; ter sangue
na guelra; ter sangue nas
veias
prendre la mouche
prendre la mouche
ter peito: ter coragem,
audácia, firmeza
ter o peito; ter raça
avoir du coffre; avoir du
cran
avoir du coffre; avoir du
cran
ter pra quem puxar: ter
algo em comum com
algum parente
ter a quem sair
avoir de qui tenir
avoir de qui tenir
ter pulso (firme, forte):
ser enérgico, rigoroso
ter pulso
trancher dans le vif
trancher dans le vif
ter raça V. ter peito
terreno escorregadio:
situação delicada em
que se corre o risco de
não ser imparcial
terreno escorregadio
terrain glissant
terrain glissant
ter sangue nas veias V.
ter pavio curto
ter sangue quente V. ter
pavio curto
ter topete: ser muito
audacioso
ter cara para; ter topete
ne pas avoir froid aux
yeux [1]; ne pas manquer
d’air; ne pas manquer de
souffle
ne pas avoir froid aux
yeux [1]
ter uma só palavra:
manter
escrupulosamente
aquilo que foi dito
ter uma palavra
n’avoir qu’une parole
n’avoir qu’une parole
ter um estalo: ocorrer (a
alguém) uma idéia
repentina
cair a moeda
faire tilt
faire tilt
128
ter um nó na garganta
V. estar com um nó na
garganta
ter um parafuso a
menos V. o bater
bem
ter voz: expressar a
própria opinião
ter voz (activa)
avoir voix au chapitre
avoir voix au chapitre
tirar a máscara: mostrar
a verdade
deixar cair a máscara; tirar
a máscara
faire tomber le masque
faire tomber le masque
tirar a sorte grande: ter
uma boa razão para se
sentir privilegiado
tirar a sorte (grande)
gagner le gros lot
gagner le gros lot
tirar dorio: inflamar
alguém
tirar do sério
chauffer à blanc
chauffer à blanc
tirar o corpo fora: livrar-
se de ser envolvido em
uma situação delicada
tirar a água do capote
tirer son épingle du jeu
tirer son épingle du jeu;
tirer son aiguille du jeu
tirar o pé da lama V.
sair da lama
tirar o pé do acelerador
V. sossegar o facho
tirar o seu da reta
(vulgar) V. tirar o corpo
fora
tirar sarro: zombar
tirar sarro
faire des gorges
chaudes; foutre [se] de la
gueule
faire des gorges chaudes;
foutre [se] de la gueule
tirar uma pestana: tirar
uma soneca
passar pelas brasas
piquer un roupillon
piquer un roupillon
titica de galinha V. café
pequeno
tocar a vida (pra
frente): seguir seus
objetivos sem muita
ansiedade
tocar a vida; tratar da vida
aller son bonhomme de
chemin; continuer son
bonhomme de chemin;
suivre son bonhomme de
chemin
continuer son bonhomme
de chemin; faire son
bonhomme de chemin;
(pour)suivre son
bonhomme de chemin
tocar no ponto fraco V.
pegar no ponto fraco
tocar o barco: continuar
a fazer algo, dar
prosseguimento
tocar o barco
tourner la boutique
tourner la boutique
tocar o bonde V. tocar o
barco
tocar para (para) frente
V. tocar o barco
tocar siririca:
masturbar-se (vulgar;
mulher)
bater uma pívia
taquiner [se] le bouton
se rouler la bille
toma lá, dá cá:ão de
dar algo esperando
retorno
toma lá dá
donnant donnant
donnant donnant
tomar chá de sumiço:
desaparecer
levar sumiço
disparaître dans la
nature; prendre la
poudre d’escampette
disparaître dans la nature;
prendre la poudre
d’escampette
tomar o bonde errado:
enganar-se quanto ao
encaminhamento dado a
um assunto
sair o tiro pela culatra
faire fausse route
faire fausse route
tomar outro rumo:
mudar seu modo de agir
tomar outro rumo
renverser la vapeur
renverser la vapeur
tomar todas V. encher a
cara
tomar um ar V. refrescar
a cabeça
tomar um chá de
tomar um chá de cadeira
faire tapisserie
faire tapisserie
129
cadeira: não ser
chamado a participar de
uma atividade ou
discuso coletiva e ficar
esperando por isso
tomar um porre V.
encher a lata
torcer o nariz:
desaprovar
torcer o nariz
tordre le nez
tordre le nez
torre de marfim: local
ou situação afastada das
coisas práticas e
concretas
torre de marfim
tour d’ivoire
tour d’ivoire
tortura chinesa: tortura
física ou moral com
requintes de crueldade
tortura chinesa
supplice chinois
supplice chinois
trabalho de formiga:
trabalho longo e
minucioso
trabalho de formiga
travail de fourmi
travail de fourmi
trabalho de rcules:
trabalho que exige
grandes esforços
trabalho de Hércules
travail d’Hercule
travail d’Hercule
tratar da vida V. tocar a
vida (pra frente)
tratar na palma da mão:
cuidar de alguém com
diligência
tratar [alguém] nas
palminhas
être aux premres loges
être aux premres loges
trazer à baila: dar a
conhecer
chamar à baila; trazer à
baila; trazer à colação
mettre au jour; mettre
en lumière
mettre au jour; mettre en
lumière [1]
trazer à luz
1. V. trazer à baila (culto)
2. V. lançar luz sobre
(culto)
3. V. dar à luz
trazer ao mundo V. dar
à luz
trazer à tona V. trazer à
baila
troca de gentilezas:
serviços prestados em
relação mútua
troca de gentilezas
échange de bons
procédés
échange de bons procédés
trocar as bolas:
confundir-se, não
dominar uma tarefa
complexa
meter os pés pelas mãos;
misturar alhos com
bugalhos
mélanger les pétales;
mélanger les pinceaux
mélanger les pinceaux
Letra U
última cartada: útimo
recurso, última tentativa
última cartada
dernière carte; dernière
cartouche
dernière carte;
dernière cartouche
última moda: o que há
de mais moderno
na berra; em voga; última
moda; última palavra
dernier cri
dernier cri
última morada:
o túmulo
última morada
dernière demeure
dernière demeure
última palavra
1. a opinião que
prevalece sobre todas
2. o que há de mais
novo sobre algo
última palavra
última palavra
dernier mot
dernier cri
dernier mot
dernier cri
130
último cartucho V.
última cartada
último sono V. sono
eterno
últimos momentos:
momentos antes da
morte
às portas da morte; em
artigo de morte; mais para
lá do que para cá; últimos
momentos
dernière heure
dernière(s) heure(s)
utilizar as mesmas
armas: ter as mesmas
condições que os
adversários
utilizar as mesmas armas
battre [se] à armes
égales
battre [se] à armes
égales
Letra V
vai ou racha: ou se
acaba bem, ou se acaba
mal
ou vai ou racha
ça passe ou ça casse
ça passe ou ça casse
valer quanto pesa: ter o
seu devido valor
valer quanto pesa
valoir son pesant d’or
valoir son pesant d’or
velho de guerra
1. V. macaco velho
2. amigo de longa
data
verdade nua e crua: a
pura realidade
verdade nua e crua;
verdade pura; verdade
verdadeira; verdade
verdadinha
vérité toute nue
vérité toute nue
verdade verdadeira V.
verdade nua e crua
vencer pelo cansaço:
conseguir convencer
alguém por insistência
vencer pelo canso
avoir à l’usure
avoir à l’usure
ver o que é bom pra
tosse: sofrer algo
penoso ou doloroso
ver como elas lhe mordem
la sentir passer
la sentir passer
ver tudo azul: ver
apenas os aspectos
positivos das coisas
ver tudo cor-de-rosa
voir la vie en rose; voir
tout rose
voir la vie en rose
ver estrelas: estar
atordoado por um golpe,
sentir muita dor
ver estrelas
voir trente-six chandelles
voir trente-six chandelles
vestir o pijama de
madeira V. bater as
botas
viga mestra: aquilo de
que depende a
existência, o equilíbrio
de algo ou de alguém
viga mestra
clé de voûte
clé de voûte
vinho da mesma pipa
V. farinha do mesmo
saco
virar a cabeça de:
influenciar o
comportamento de
alguém
dar a volta ao miolo
faire tourner la tête
faire tourner la tête
virar (a) casaca: mudar
de partido, de opinião,
renegando suas idéias
por oportunismo
virar a casaca; ser um vira-
casacas
retourner sa veste;
tourner casaque
être un vire-capot;
retourner sa veste; tourner
casaque; virer son capot
de bord
virar a página: mudar
virar a página
tourner la page
tourner la page
131
de assunto, de situação
virar as costas V. cair
no mundo
virar as costas para:
deixar de dar atenção a
algo ou alguém
dar as costas; virar as
costas; voltar as costas
tourner les dos à
tourner les dos à
virar o bicho V. perder
a esportiva
virar o disco V.
mudar o disco
virar o jogo:tornar
favorável uma situação
ruim
virar o jogo
renverser le jeu
renverser le jeu
virar pó: desaparecer
completamente
virar pó
tomber en poussière
tomber en poussière
virar presunto V. bater
as botas
vir à tona: manifestar-
se, aparecer
vir à tona
venir au jour
venir au jour
vitória suada: vitória
difícil de se conseguir
vitória suada
victoire à la Pyrrhus
victoire à la Pyrrhus
viver com a cabeça nas
nuvens: ser sonhador,
distraído, viver longe da
realidade
andar na lua; andar nas
nuvens; andar com a
caba na lua; andar com
a cabeça nas nuvens;
andar com a cabeça no ar;
viver na lua; viver nas
nuvens; viver noutro
mundo
avoir la tête ailleurs;
avoir la tête dans les
nuages; être dans la
lune; être dans les
nuages
avoir la tête ailleurs; avoir
la tête dans les nuages;
être dans la lune; être
dans les nuages
viver de ar V. viver de
brisa
viver de brisa: não se
preocupar com nada material
para garantir sua subsistência
viver de ar
vivre de l’air du temps
vivre de l’air du temps
viver na lua V. viver
com a caba nas
nuvens
viver nas nuvens V.
viver com a cabeça nas
nuvens
viver no mundo da lua
V. viver com a cabeça
nas nuvens
viver num outro
mundo: parecer muito
diferente, estranho,
incomum
não ser deste mundo
vivre dans un autre
monde
vivre dans un autre
monde
voar com as próprias
asas V. andar com as
próprias pernas
voltar à baila: ser
novamente comentado
nas rodas
voltar à baila;voltar à cena
revenir sur le tapis
revenir sur le tapis
voltar à cena V. voltar à
baila
voltar à vaca fria:
retomar o assunto inicial
após uma digressão
voltar à vaca fria
retourner à ses
moutons; revenir à ses
moutons
revenir à ses moutons
voltar ao ponto de
partida V. recomeçar
da estaca zero
voltar atrás: desistir de
continuar e voltar à
situação anterior
voltar atrás
faire machine arrière
faire machine arrière
voltar de mãos
abanando: voltar sem
voltar com asos a
abanar; voltar com uma
revenir bredouille
revenir bredouille
132
ter conseguido nada do
que se queria
mão à frente e outra atrás;
voltar de mãos a abanar;
voltar de mãos vazias
voz da consciência:
diretrizes da consciência
relativas às ações de
cada um
voz da consciência
voix de la conscience
voix de la conscience
voz do coração: os
sentimentos mais
íntimos
voz do coração
cri du coeur
cri du coeur
Letra X
Letra Z
zero à esquerda:
alguém que não faz
diferença alguma em
seu meio, que não serve
para nada
zero à esquerda
cinquième roue du
carrosse
cinquième roue du
carrosse; un gros zéro
CAPÍTULO VI
ANÁLISE DO INVENTÁRIO FINAL
Nossa busca por equivalentes teve como ponto de partida as 1451 expressões
brasileiras (que serviram de entrada para nosso dicionário) e as 2456 expressões francesas
presentes no DEEI, e com base nelas iniciamos a procura por equivalentes lusitanas e
quebequenses.
Além dessas entradas, acrescentamos 98 EIs brasileiras, comprovadamente freqüentes
na Web, todas equivalentes de alguma entrada já inclusa. Por isso, aparecem sempre com uma
remissiva.
A seguir, detalhamos algumas características observadas e fazemos considerações
importantes acerca do resultado final do trabalho.
1. Diferenças e paralelismos culturais e lingüísticos
As expressões idiomáticas refletem e determinam pensamentos, valores e posturas de
grupos socioculturais e são umas das responsáveis pela sustentação da identidade e da
diversidade léxico-cultural. Além disso, representam o retrato vivo da evolução das línguas,
pois se atualizam no discurso.
Partindo desse pressuposto, podemos explicar as diferenças entre línguas faladas em
países diferentes ou, mais explicitamente, entre uma mesma língua falada em países
diferentes, como no caso do português do Brasil e o de Portugal, o francês da França e o do
Quebec, o inglês da América e o da Inglaterra e assim por diante.
134
E mesmo tratando-se de uma língua, observamos diferenças notáveis nas
expressões idiomáticas e a mesmo no léxico geral, porque, com o tempo, ela assimila
características próprias do lugar em que é falada e adapta-se, pois o léxico precisa retratar o
mundo daquela língua. Os idiomatismos confirmam a preexistência de um universo de
representações mentais únicas e específicas a cada comunidade lingüística, porém a existência
de um elo entre o modo de viver de uma sociedade e a língua que ela fala é freqüentemente
ignorada.
Todos os sistemas lingüísticos apresentam traços específicos e exclusivos, em relação
ao binômio ngua-cultura, mas também dividem entre eles um conjunto de conceitos. A
escolha dos elementos utilizados nas expressões é uma indicação de que língua e cultura estão
intimamente ligadas entre si, por isso que, às vezes, o adjetivo/substantivo usado parece
estranho aos falantes de outras comunidades.
Para ilustrar essa condição, damos como exemplo a expressão brasileira “dormir sobre
os louros”, onde o elemento para se caracterizar onde se descansa é o “louro”. Já na expressão
portuguesa equivalente, o elemento utilizado é outro: “dormir à sombra da bananeira”.
Esse tipo de comparação entre expressões, permite constatar como é, mais ou menos,
arbitrária a escolha do elemento de comparação. E quanto mais distantes forem as línguas
comparadas, mais nítida será essa percepção.
É com base na maneira como uma comunidade conceitualiza a realidade, que se
escolhe o elemento a ser usado nas expressões. E para melhor observarmos alguns traços
comparativos, como se constroem as diferenças e semelhanças entre as EIs e, assim, explicar
de maneira mais clara os resultados, fundamentamo-nos em uma lista de evidências:
a - traços objetivos, reais e quase universais: no caso de EIs que se referem a um
mesmo conceito apresentando elementos lexicais constitutivos semelhantes em mais
de uma língua;
135
b - traços objetivos, reais, mas não universais: quando as EIs, apesar de referirem-se a
um mesmo conceito, utilizam elementos lexicais diversos em línguas diferentes;
c traços específicos a uma comunidade lingüística: quando os traços usados referem-
se à história, geografia ou à cultura de uma determinada comunidade, não sendo
encontrados em nenhum outro lugar;
d - traços emprestados de um outro tipo universal: tendem a se manter parecidos, pois
se trata de uma realidade específica, como por exemplo a Bíblia. Outro tipo universal
muito utilizado para compor expressões idiomáticas é a Mitologia;
e - generalização específica de uma língua, tendo ligação direta com a percepção de
uma comunidade e que se torna um estereótipo: geralmente, essas idéias são baseadas
em uma realidade antiga e que não mais representam a atualidade. Se referentes a um
povo, essas idéias podem tornar-se preconceitos.
De um modo geral, no entanto, não podemos negar que a maioria das expressões
equivalentes em português europeu é semelhante às expressões brasileiras, assim como as da
França são semelhantes às do Quebec. Isso porque a ngua portuguesa é uma só, possui uma
estrutura única, apesar das singularidades encontradas em cada país em que ela é falada e que
a torna mais rica. O mesmo ocorre com o francês, que também é falado em diversos países,
nos mais diferentes continentes.
Ressaltamos, porém, que encontramos muitas diferenças entre os idiomatismos,
quando estes descrevem as experiências cotidianas, os lugares, a identidade de uma nação.
Portanto, ao conhecê-los também identificamos melhor o seu povo, a sua cultura, a sua língua
e as suas diversas formas de expressividade. A identidade de uma língua é construída nas
diferenças, e as EIs ilustram essas diferenças, cujas múltiplas formas de expressão e variações
a enriquecem. Em tempos de globalização e, conseqüentemente, de esvaziamento das
136
fronteiras, essa afirmação da identidade torna-se necessária para resgatar o passado, a história
e os valores culturais de um país. São essas diferenças que iremos abordar abaixo.
2. Brasil x Portugal
Primeiramente, gostaríamos de esclarecer que, em nosso trabalho, utilizamos os
termos “expressões brasileirase “expressões lusitanas” para nos referirmos à expressões que
são usadas nesses países e não que tenham, necessariamente, origem neles.
Grosso modo, durante nossa busca pelos equivalentes, percebemos que a maior parte
dos idiomatismos brasileiros também é falada em Portugal. Além disso, observamos que
dessa maioria semelhante, uma parte considerável possuía outros equivalentes diferentes nas
duas variantes. E somente uma pequena parte das expressões brasileiras possuía equivalentes
portugueses totalmente diferentes.
Dessa maneira, utilizando os critérios de traços comparativos acima mencionados,
ilustramos, a seguir, algumas características encontradas que julgamos interessantes.
2.1. Expressões semelhantes: traços quase universais
Começamos nossas considerações pelas expressões semelhantes, pois, apesar de
parecer que não muito a ser dito, que são praticamente iguais, elas podem nos ilustrar
alguns aspectos em relação à grafia, à fonética e à gramática dessas duas variantes do
português.
137
Em primeiro lugar, descrevemos EIs semelhantes nos dois países que apresentam
pequenas diferenças na grafia e que, conseqüentemente, levam a diferenças fonéticas. Por
exemplo, as expressões brasileiras “linha direta” e “fora de açãoencontram em Portugal os
equivalentes “linha directa” e “fora de acção”, uma vez que no português europeu a letra c
ainda permanece em algumas seqüências consonantais interiores, apesar de não ser sempre
pronunciada.
Diferenças na acentuação de algumas palavras também são bastante comuns, porém,
nesta pesquisa, encontramos somente um caso: alma gêmea” escreve-se “alma gémea” em
Portugal, onde nas sílabas tônicas seguidas de m e n, o som é sempre aberto.
Essa diferenciação da grafia entre as variantes do português acabará quando passar a
vigorar a proposta da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) de “padronizar”
o português escrito, que deverá ser totalmente implantada até 2014.
Entre as mudanças estão a exclusão, no português europeu, das letras p e c nas
palavras em que não são pronunciadas (caso das palavras exemplificadas acima). Em relação
aos acentos, a regra do acento agudo continua valendo em Portugal, assim como a do
circunflexo no Brasil. Deve-se ressaltar que as mudanças serão apenas gráficas, e as
pronúncias continuarão as mesmas em cada país.
Em segundo lugar, quanto às diferenças gramaticais, elas podem ser observadas em
expressões que contém o gerúndio, menos utilizado no português europeu do que no
brasileiro. Os portugueses preferem o uso do verbo no infinitivo precedido pela preposição a,
em detrimento ao gerúndio, mais presente na escrita. A expressão brasileira “de mãos
abanando”, por exemplo, tem como equivalente em Portugal a EI “de mãos a abanar” ou
“com as mãos a abanar”.
Assim como em expressões que utilizam a preposição a indicando movimento: os
brasileiros geralmente usam a preposição em + a/o, como em “cair nas costas”. os
138
lusitanos, utilizam a preposição a: “pôr às costas”. O mesmo ocorre com a preposição para,
mais comum no Brasil (“puxar brasa para sua sardinha”), enquanto em Portugal é mais
freqüente o uso da preposição a (“puxar brasa à sua sardinha”).
Além disso, encontramos a clássica diferença da colocação dos pronomes oblíquos
átonos: os brasileiros, especialmente na fala, os colocam antes do verbo e os portugueses
sempre depois. Porém, neste trabalho essa diferença não é tão visível, pois todos os verbos
pronominais do dicionário estão no infinitivo, e o pronome sempre na 3
ª
pessoa, como, por
exemplo, nas expressões “atirar-se aos pés de”, “colocar-se na pele” e “dar-se bem”.
Para as buscas, no entanto, foram feitas várias conjugações para conseguirmos o
número mínimo de freqüência e também para observarmos a utilização desses pronomes em
vários contextos, o que confirmou os diferentes usos nas duas variantes. Quando
procurávamos as EIs brasileiras, colocávamos os pronome antes, como em “me atirei aos pés
de”, se colocou na pele”; para a pesquisa das EIs portuguesas fizemos o contrário,
colocando o pronome depois como em “atirei-me aos pés de”, colocou-se na pele.
Em terceiro lugar, ainda no campo das expressões semelhantes, deparamo-nos com
EIs quase idênticas, porém com uma variação de número. A expressão “bater as botas”, no
Brasil, utiliza o substantivo no plural, enquanto em Portugal é mais freqüente usar essa EI
com o substantivo no singular “bater a bota”; são 436 ocorrências para o substantivo no plural
contra 686 no singular.
A mesma variação ocorre com a EI brasileira “encher os olhos”, que também é mais
comum com o substantivo no singular em Portugal, “encher o olho”. O contrário também
ocorre, como no caso da EI “engolir sapo”, no singular, mais freqüente no Brasil, em
Portugal a ocorrência é de 835 páginas para “engolir sapo” contra 1.780 de “engolir sapos”,
no plural.
139
Por fim, encontramos idiomatismos semelhantes, mas com verbos diferentes.
Geralmente, esses verbos são sinônimos, o que não modifica o conteúdo da expressão, o seu
conceito e os traços permanecem os mesmos, por isso, podem ser consideradas EIs
semelhantes. Por exemplo, a equivalente lusitana da EI brasileira “brigar com unhas e dentes
é “lutar com unhas e dentes”. Nesse caso, a mudança no verbo não modificou a imagem da
expressão ou seu conteúdo conotativo.
O mesmo processo de substituição acontece com a expressão brasileira “jogar na
cara”, que significa “objetar algo a alguém”. Em Portugal, além dessa forma encontrada no
Brasil, eles também utilizam a EI “atirar à cara”.
E, ainda em relação aos verbos, em todas as EIs brasileiras que contêm o verbo
“botar”, na variante lusitana esse verbo é substituído pelo verbo “colocar” ou “meter”.
Na seqüência abordamos ainda as expressões semelhantes, porém, com certas
características específicas no que diz respeito aos traços comparativos e aos universais
comparados.
2.2. Expressões semelhantes formalmente, mas com sentidos diferentes
Trata-se de expressões idiomáticas semelhantes, mas que possuem um sentido
diferente em cada continente. Isso ocorre devido à evolução das EIs juntamente com a língua
e, portanto, podem mudar de sentido no decorrer do tempo, diferenciando-se das EIs faladas
em outros países de mesma língua, por terem sofrido outros tipos de influências.
Porém, o que importa para a nossa pesquisa são os significados atuais das EIs e não o
seus históricos de mudanças e/ou manutenção dos sentidos.
140
A EI “dar na cara” exemplifica bem um idiomatismo com mais de um significado, que
nem sempre são os mesmos nas duas variantes. Os brasileiros utilizam-na com o sentido de
“deixar transparecer algo” e também de “esbofetear alguém”, mas os lusitanos a utilizam
com o sentido de “esbofetear”.
a EI “passar de pato para ganso” possui apenas um significado em cada variante:
expressão brasileira significa “mudar de um assunto para outro”, e a lusitana (que não é
encontrada no nosso inventário, pois não nenhuma EI brasileira equivalente) significa
“piorar de situação, descer de categoria”, como perder um cargo numa empresa, por exemplo.
E para finalizar, o caso do idiomatismo “o alfa e o ômega”, que remete a uma
passagem da Bíblia e, portanto, deveria ter um significado semelhante, mas que não ocorre
neste caso. Em Portugal, ele traduz mais fielmente o conceito bíblico de ser “o início e o fim
de algo”, ao contrário do Brasil onde ele significa “aquilo que é mais relevante em um
assunto”.
2.3. Expressões diferentes: traços não universais
Neste subitem demonstramos algumas EIs diferentes no Brasil e em Portugal, que
indicam a “ruptura” da língua portuguesa em duas variantes: a variante brasileira e a variante
lusa. Essa divisão é totalmente compreensível, se levarmos em consideração a predisposição
de transformação da língua e o trajeto percorrido por ela nesses dois países. Cada nação teve a
sua história e sofreu influências diversas.
Portugal, por ter sido uma grande potência marítima no século XVI e porta de saída da
Europa para as Américas, teve contato com as mais diferentes culturas, o que, inegavelmente,
trouxe mudanças à língua portuguesa. O Brasil, que era habitado antes dos portugueses
141
chegarem, recebeu, durante quase três séculos, uma imensa quantidade de imigrantes dos
mais variados países. Portanto, seria impossível uma língua resistir a essas influências sem
nenhuma mudança.
Desse modo, é compreensível que haja idiomatismos diferentes, para indicar um
mesmo conceito, nos dois países falantes do português. Como, por exemplo, a EI brasileira
“entender do riscado”, que significa “ser competente em certo domínio”, e que em português
europeu fala-se “saber da poda”.
Nas EIs referentes à morte, existem três equivalentes iguais nas duas variantes do
português: “bater as botas”, “esticar o pernil” e “ir desta para melhor”. Porém, também
observamos a existência de algumas diferenças: em Portugal encontramos três expressões que
significam “morrer”, e que não são utilizadas no Brasil: “dar o berro”, “ir para o maneta” e “ir
para os anjinhos”. Esta última parece relacionar-se com a expressão brasileira “ir para o céu”,
geralmente usada para explicar a morte para uma criança.
E, para finalizar, atentamos para a ocorrência de EIs que mantêm um léxico
parcialmente parecido, mas que expressam imagens diferentes sobre o mesmo conceito. Por
exemplo, o equivalente lusitano do idiomatismo brasileiro “estar com a barriga roncando”,
que indica “estar com muita fome”, é “estar com a barriga a dar horas”. Os dois possuem a
lexia “barriga”, mas isso não é o suficiente para que criem uma mesma imagem, pois as outras
lexias que a acompanham ajudam a causar uma divergência de imagens. No caso da EI
brasileira, o verbo “roncar” faz alusão a uma reação do organismo à fome, e, na EI
portuguesa, o verbo “dar” e o substantivo “horasconstroem a imagem em cima do tempo
que uma pessoa já está sem comer.
142
2.4. Expressões diferentes: traços específicos
Como já dito anteriormente, as expressões idiomáticas de uma língua refletem a
identidade de um povo, preservam e ilustram uma história que vai além do sentido
idiomático. Elas carregam consigo as características de uma comunidade lingüística que as
diferem das outras.
Durante esta pesquisa, deparamo-nos com expressões bastante curiosas que remetem à
cultura portuguesa e que se utilizam de fatos históricos, geográficos, políticos e sociais de
Portugal para tomarem forma. Esses elementos são fundamentais para a construção de uma
imagem e para a identificação da população com o idiomatismo em questão.
Por isso, somente em Portugal iremos escutar a expressão “passar as passas do
Algarve”, que seria o mesmo que “passar grandes dificuldades” ou, como se diz no Brasil,
“comer o pão que o diabo amassou”.
Para caracterizar algo muito antigo, em Portugal, usam-se as EIs “ser mais velho que
a de Braga” ou “ser do tempo dos Afonsinhos”, que, claramente, valem-se de referências
geográficas e históricas lusitanas. E quando estão chateados, os portugueses “estão com os
azeites”, assim como, quando não estão para brincadeira vão logo dizendo para “ir chatear
Camões” ou mandam “ir abaixo de Braga”, enquanto utilizamos no Brasil os equivalentes “ir
catar coquinho” e “mandar às favas”.
No Brasil, quando alguma coisa saiu errada, ela “deu com os burros n’água”, mas em
Portugal ela “ficou em águas de bacalhau”. E a EI brasileira “amigo da onça”, ou seja, aquele
que trai os amigos, para os lusitanos é “amigo de Peniche”.
Esses exemplos nos mostram a riqueza da língua portuguesa e da cultura lusitana,
muito bem representada pelos idiomatismos.
143
3. França x Canadá
A França e o Quebec possuem muitas características em comum: dividem a mesma
língua, defendem a francofonia e a diversidade cultural, além de ambos terem sido terras de
imigração e caracterizarem-se pela diversidade étnica.
Existem hoje, no Canadá, cerca de 6 milhões de francófonos, sendo que 5 milhões
deles vivem na região do Quebec. O francês, juntamente com o inglês, é considerado a língua
oficial do Canadá, mesmo em regiões onde não é maioria. Porém, desde 1977, somente o
francês é considerado a língua oficial na região do Quebec.
E para entender melhor o caminho percorrido pelo francês falado no Quebec
descrevemos um pouco de sua história, que foi decisiva para moldá-lo.
Quando os primeiros colonos franceses chegaram ao Canadá (nomeado inicialmente
de Nouvelle-France, ou seja, “Nova-França”), logo perceberam a necessidade de se
comunicarem em uma língua comum, que cada um deles vinha de uma província francesa
diferente e, portanto, falavam dialetos diferentes.
Desse modo, escolheu-se o dialeto mais prestigiado, aquele falado pelo rei (o
françois), em detrimento ao francês dos escritores e filósofos. Além disso, por ser a maioria
dos colonos da região da Normandia, o dialeto falado por também teve muita influência na
composição do “novo” francês. E então, o francês quebequense começou a criar uma
identidade própria e a acrescentar diversas particularidades ao seu modo de se expressar.
Contudo, após a conquista britânica em 1759, o Quebec encontrou-se privado do
contato com a França e deparou-se com a sua ngua tendo de evoluir por ela mesma, sem
influência da matriz e alimentada somente pelo falar dos colonos franceses.
144
Houve, na época, uma resistência muito grande ao contato com os ingleses e,
conseqüentemente, os colonos franceses fecharam-se entre si na tentativa de proteger seus
costumes (a religião, principalmente) e a sua língua. Por um lado, essa tentativa foi bem
sucedida, pois conseguiram manter o francês como uma das línguas faladas no Canadá.
Entretanto, por outro lado, com o tempo, foi inevitável a influência do inglês em seu
vocabulário, além de terem permanecido muitos arcaísmos e regionalismos, retrato do francês
que continuou sendo utilizado por aquela região e que não acompanhou as evoluções do
francês da França.
Ainda hoje, o Quebec luta contra a dominação da anglofonia, que é uma tendência
mundial, e mantém-se firme no propósito de proteger e expandir sua identidade lingüística e,
para atingir esse propósito, criou até uma comissão (Commission Gendron), que trata
exclusivamente da questão lingüística do Quebec.
Conhecida a formação do francês quebequense, descrevemos abaixo algumas
características dessas duas variantes do francês, da mesma forma como fizemos com o
português europeu e o brasileiro. Lembramos também que quando nos referimos a expressões
quebequenses, não estamos nos referindo às suas origens, mas, sim, ao fato de serem
utilizadas no Quebec.
3.1. Expressões semelhantes: traços quase universais
Como era esperado, considerando os resultados obtidos na pesquisa das variantes
portuguesas, observamos que a maioria das EIs do Quebec é a mesma utilizada na França, e
que a quantidade de EIs semelhantes entre as variantes do francês é maior do que entre as
variantes do português.
145
Talvez isso se deva as inúmeras medidas de proteção ao francês no Quebec e ao fato
de que, durante muito tempo, o francês quebequense permaneceu fechado as influências de
outras línguas e culturas.
Entre as EIs semelhantes, existem as que apresentam apenas uma pequena diferença
entre si, como, por exemplo, a variação de número. Caso da EI francesa afficher la couleur
(equivalente à “abrir o jogo”, em português), e que no Quebec é muito mais freqüente no
plural: afficher les couleurs. O mesmo ocorre com a EI francesa ouvrir l’oeil (“abrir os olhos”
no português brasileiro), também mais freqüente no plural na variante quebequense ouvrir les
yeux.
Outra pequena diferença encontrada nas EIs semelhantes é o uso de verbos sinônimos,
mas que não alteram o conceito e a imagem dos idiomatismos, como na expressão francesa
casser [se] le nez à la porte, que significa “não encontrar a pessoa com quem se quer falar”
(“bater com a cara na porta”), e que no Quebec é mais freqüente cogner [se] le nez à la porte.
Acrescentamos ainda a EI francesa occuper [s’] de ses oignons, que no francês quebequense
também diz-se mêler [se] de ses oignons e que equivale à EI brasileira cuidar de sua vida”,
ou seja, “só se preocupar com o que lhe diz respeito”.
3.2. Expressões diferentes: traços não universais
Como explicamos anteriormente, após a conquista do Canadá pelos ingleses, os
franceses da região do Quebec foram obrigados a lutar pela sobrevivência de sua cultura no
país, o que incluía a língua, os costumes e a religião, pois os ingleses eram em sua maioria
protestantes e os franceses católicos. A região francesa, então encurralada por uma cultura em
franca ascensão, tentou fechar-se em si mesma para evitar o seu desaparecimento.
146
Essa medida de “isolamento” conseguiu atingir seu objetivo principal, pois a cultura e
língua francesas resistiram bravamente ao domínio anglófono. Em contrapartida, o francês
falado no Quebec teve de evoluir sozinho por mais de 250 anos, longe de Paris, longe da
França, lutando pela sua sobrevivência. Portanto, é absolutamente normal que tenha
percorrido um caminho diferente do francês europeu.
Dessa maneira, o desligamento forçado com a França e a inevitável influência inglesa
deixaram suas marcas no francês quebequense, que podem ser notadas no grande número de
anglicismos incorporado pela língua, na manutenção de palavras arcaicas e na pronúncia de
alguns fonemas, emprestada do francês antigo.
O anglicismo é uma palavra, expressão ou construção própria da língua inglesa
emprestada à outra língua. Esses empréstimos lingüísticos são bastante comuns quando duas
línguas estão em contato, porém, na maioria das vezes, a língua que empresta mais (no caso, a
inglesa) é aquela que possui um domínio maior do que a ngua que toma emprestado. Além
disso, o domínio lingüístico vem acompanhado, geralmente, de um domínio cultural,
econômico e político.
Nesta dissertação, tratamos apenas dos anglicismos fraseológicos, que são
empréstimos de locuções fixas ou de imagens próprias do inglês. São considerados
anglicismos fraseológicos desde expressões inteiras, traduzidas literalmente, como a
quebequense avoir les bleus, traduzida da inglesa to have the blues (equivalentes à estar na
fossa”), até expressões com apenas uma palavra inglesa: a EI quebequense prendre pour du
cash (“ter como quido e certo”), onde a palavra cash substitui a palavra argent comptant,
utilizada na expressão francesa prendre pour argent comptant.
Também são consideradas anglicismos expressões em que uma palavra inglesa é
adaptada ao francês. Por exemplo, a palavra inglesa trap transformou-se em trappe no francês
147
do Quebec, e é utilizada na expressão ouvrir la trappe (“abrir a boca”, em português),
equivalente à ouvrir la bouche no francês da França.
Os arcaísmos e regionalismos remanescentes no francês quebequense são resultado do
isolamento canadense, que acabou por fixar palavras e construções que caíram em desuso ou
que eram muito provincianas para os locutores parisienses.
Durante o século XIX, a chegada maciça de religiosos determinou uma conduta
diferente da dos franceses, considerados revolucionários demais, e, assim, impediam a
divulgação de uma literatura não-religiosa ou mais “avançada”.
Essas particularidades chamam atenção para o afastamento em relação ao francês
comum, seja no tempo (arcaísmos) ou no espaço (regionalismos) e fizeram com que a região
do Quebec guardasse algumas palavras que desapareceram completamente na França ou que
conservaram seu uso apenas em algumas regiões. Assim, no Quebec, o verbo mouiller ainda é
utilizado como sinônimo de pleuvoir (chover, em português). A EI quebequense equivalente à
brasileira “chover a cântaros” (que significa “chover muito”) pode ser tanto mouiller à boire
debout quanto pleuvoir à boire debout, ambas são freqüentes. Na França, no entanto, utiliza-
se somente o verbo pleuvoir: pleuvoir à seau ou pleuvoir à verse.
E, ainda no campo dos idiomatismos completamente diferentes nas duas variantes
francesas, citamos a EI quebequense marcher comme sur des roulettes, que não se parece em
nada com sua equivalente francesa baigner dans l’huile. As duas são equivalentes da EI
brasileira “ir às mil maravilhas”, que significa “estar muito bem”.
Outro exemplo é a EI francesa nuit blanche, equivalente da brasileira “noite em claro”,
ou seja, passar a noite acordado, que no Quebec é nuit sur la corde à linge. Do mesmo modo
que as EIs francesas equivalentes à EI brasileira “ir direto ao ponto” também são diferentes
nos dois países: diferem a francesa ne pas aller par quatre chemins da quebequense arrêter
de tataouiner
148
3.3. Expressões diferentes: traços específicos
A combinação vocabulário arcaico e regional, anglicismos e a prática comum de
inventar termos novos para não utilizar palavras inglesas contribuíram para a criação de uma
identidade própria do francês do Quebec. E da mesma maneira que observamos nas EIs
lusitanas idiomatismos exclusivos referentes à geografia, história ou à cultura local, também
encontramos nas EIs quebequenses.
Ilustrando uma situação bastante comum para os canadenses, muitas EIs do Quebec
fazem referência ao frio, à neve e à chuva. Essas EIs, exemplificadas logo abaixo, não
possuem equivalentes no português (e talvez em nenhuma outra língua), pois refletem uma
realidade única do Canadá. Esses exemplos, todavia, não são encontrados em nosso
inventário, que a sua nomenclatura parte do português do Brasil para as demais línguas.
No entanto, consideramos importante mencioná-las.
E para uma melhor compreensão desses idiomatismos, explicamos os seus
significados e os traduzimos literalmente, entre parênteses, para que se tenha uma noção da
imagem pretendida pela EI.
Iniciamos pelas expressões sobre a neve, presente durante boa parte do ano na vida
dos canadenses. Quando a neve cai em flocos grossos, formando uma camada branca no chão,
eles dizem tomber des peaux de lièvre (algo como “cair peles de lebre”). E quando a neve está
escorregadia a EI é la glace est coulant (“a neve está derretendo”).
Dentre as EIs referentes à neve, observamos uma bem peculiar: il a déjà vu neiger
(traduzindo literalmente, “ele viu nevar”). Essa EI teria como equivalente brasileira a EI
“macaco velho”, utilizada para qualificar alguém com grande experiência em um assunto.
Se ocorrer de uma pessoa estar mal vestida para enfrentar o frio rigoroso, o
quebequense a aconselha: baisse ta jupe les gambes te gèlent (“abaixe tua saia que tuas
149
pernas estão congelando”). E no caso de esperar que faça um tempo bom, uma crença popular
do Canadá diz para mettre le chapelet sur la corde à linge ou “colocar o terço num varal”.
No campo da moda, se alguém está mal vestido, no Quebec, ele está habillé comme la
chienne à Jacques (“vestido como a cachorra de Jacques”).
As EIs se fait passer un Québec ou se fait passer un sapin são utilizadas quando um
quebequense deixa-se enganar por alguém, ou seja, é “levado no bico”.
No quesito embriaguês, são vários os idiomatismos para indicar o estado alcoólico de
uma pessoa. No Quebec, os equivalentes de “encher a cara” (beber muito) são prendre une
brosse e péter la balloune. Quando um quebequense está muito bêbado, ou “bêbado como um
gambá”, ele poder estar saoul comme une botte, saoul comme un cochon ou plein comme un
boudin. Para caracterizar um quebequense por “estar mamado” (estar bêbado) existem ainda
três opções: être pacté, être chaud ou être saoul mort.
E para completar os exemplos de EIs do Quebec, notamos que o coelho é um animal
presente nas quebequenses, inclusive já tendo aparecido em um exemplo acima, em que
citamos a lebre, uma raça próxima ao coelho. Além dessa citada, a EI do Quebec equivalente
à brasileira “dar o bolo”, ou seja, faltar a um compromisso marcado, também utiliza o
coelho: poser un lapin (sendo essa EI também utilizada na França). E para dizer que algo foi
feito rapidamente ou “em dois tempos”, diz-se no Quebec en criant lapin.
4. Francês x Português
Se é possível encontrar diferenças em uma mesma língua falada em dois países
distintos, não é de se admirar o contraste que existe entre duas línguas, faladas em quatro
150
países. Neste subcapítulo, discutimos não apenas as diferenças entre as EIs do português e do
francês e suas quatro culturas envolvidas, mas também as suas semelhanças.
Especificamente, em relação a essas línguas, a origem (o latim) é o principal fator que
as aproxima e promove as semelhanças. No entanto, o contato com outras civilizações, a
miscigenação cultural e a história de cada país acabam as afastando, criando as previsíveis
diferenças.
4.1. Expressões semelhantes: traços emprestados de outra cultura
Os idiomatismos relacionados à Bíblia tendem a permanecer iguais (mesmo traço
comparativo), pois envolvem um outro tipo universal definido e que é passado de geração
para geração, o que dificilmente as farão mudar de significado ou desaparecer
completamente.
A expressão “fruto proibido”, por exemplo, significa “qualquer coisa que, por ser
proibida, se mostra mais cobiçada e tentadora”, e nos remete à tentação sofrida por Adão no
Éden. Essa EI mantém a imagem do fruto nas duas línguas: “fruto proibido” nas duas
variantes do português e fruit défendu nas duas variantes do francês.
O mesmo ocorre com a EI “ser como São Tomé”, que quer dizer “não acreditar em
algo antes de ver as provas”, pois na Bíblia está escrito que São Tomé acreditaria na
existência de Deus se visse Jesus. As EIs do português do Brasil e de Portugal, então, seguem
iguais e as francesas também: être comme Saint Thomas. Lembrando que os nomes bíblicos,
normalmente, são traduzidos, adaptando-se à fonética de cada língua.
a expressão “paciência de Jó”, que significa “resignação extrema”, não possui uma
EI semelhante no francês tanto da França quanto do Canadá. As equivalentes à essa EI no
151
francês é patience d’ange (“paciência de anjo” seria a tradução literal) e aproximam-se
apenas de uma das equivalentes lusitanas: “paciência de santo”. Em Portugal, essa EI possui
mais duas variantes: “paciência de Jó”, como no Brasil, e “paciência de Job”. A título de
curiosidade o nome Job também é utilizado na expressão espanhola (paciência de Job) e na
inglesa (patience of Job), o que podemos deduzir que seja uma das traduções do nome Jó.
Além da Bíblia, outro tipo de universal presente nas EIs é a mitologia. Com suas
histórias peculiares, muitas delas base para a cultura grega, a mitologia é um campo que,
ainda hoje, desperta interesse e que, assim como as histórias da Bíblia, nunca serão
esquecidas.
Pergunte a qualquer pessoa sobre o “calcanhar de Aquiles” ou talon d’Achille, em
francês, que logo chegaremos a uma resposta: refere-se a um “ponto fraco, vulnerável”.
Assim como o “fio de Ariadne”, no francês fil d’Ariane, que em várias línguas representa
“aquilo que orienta uma conduta, uma busca”.
No próximo item, continuamos com as comparações das semelhanças das duas línguas
e suas variantes.
4.2. Expressões semelhantes: traços quase universais
Por serem heranças do latim, o francês e o português possuem muitas características
em comum: radicais de palavras, estruturas gramaticais e sintáticas parecidas, além de
partilharem várias expressões idiomáticas. Muitos idiomatismos vieram da ngua latina e se
adaptaram às novas línguas que foram surgindo a partir dela, portanto podemos dizer que
algumas EIs são quase que traduções literais do latim, ou seja, possuem a mesma imagem,
utilizam os mesmos elementos de comparação, etc. A EI “abrir fogo”, por exemplo, que
152
significa “começar a atirar”, no francês é ouvrir le feu. Assim como “as paredes têm ouvidos
e sua equivalente em francês les murs ont des oreilles, que utilizam a mesma imagem (a de
uma parede com ouvidos) para remeter à possibilidade de alguém ouvir um segredo.
São inúmeros os casos de EIs semelhantes nessas duas nguas, afinal possuem uma
relação de “parentesco” que não pode ser ignorada. Além disso, notamos uma relação muito
interessante entre as EIs de Portugal e as da França, provavelmente devido à proximidade
geográfica entre os dois países.
Durante nossas buscas por equivalentes lusitanos, quando não os encontrávamos
partindo das EIs brasileiras, traduzíamos literalmente a EI francesa e procurávamos no site
português. Em algumas ocasiões, esse procedimento mostrou-se muito útil, como no caso da
EI brasileira “andar com as próprias pernas”, que em Portugal diz-se “voar com a próprias
asas”, muito mais próxima da EI francesa voler de ses propres ailes.
O mesmo foi feito com a EI “nascer sob uma boa estrela”, equivalente lusitana da EI
brasileira “nascer virado para lua”, que foi encontrada a partir da tradução da EI francesa
naître sous une (bonne) étoile.
Também resaltamos o caso da EI do Brasil “com os pés em duas canoas”, ou seja,
estar entre dois partidos opostos, sem se engajar de fato nem em um nem em outro, e que em
Portugal fala-se “entre duas águas”, assim como na França diz-se entre deux eaux.
4.3. Expressões diferentes: traços não universais
Em capítulos anteriores, detalhamos alguns dos motivos para as diferenças entre as
EIs das duas línguas e o por que das visões de mundo de cada país e suas variantes
153
determinarem as imagens e os traços comparativos diferentes. Apresentamos, então, alguns
exemplos dessas EIs.
A EI brasileira para caracterizar uma pessoa que apenas os aspectos positivos das
coisas é “ver tudo azul”. no francês, a cor escolhida é o rosa, voir tout rose, a mesma cor
utilizada em Portugal, “ver tudo cor-de-rosa”.
Quando retomamos um assunto inicial após uma digressão, brasileiros e lusitanos
dizem “voltar à vaca fria”. Porém, os franceses e os quebequenses valem-se de outro animal,
o carneiro, para representar essa imagem: retourner (revenir) à ses moutons.
Ainda no campo dos animais, os equivalentes da EI brasileira “feio de doer”, que
significa “pessoa muito feia”, utilizam-se da imagem de diversos animais para a
caracterização: em Portugal, é “feio como um bode”, no Quebec, laid comme un singe
(literalmente, feio como um macaco”), e na França, laid comme un pou (“feio como um
piolho”).
4.4. Expressões diferentes: estereótipos
É comum encontrarmos estereótipos na construção das EIs, que acabam utilizando a
imagem que um país tem de outro para caracterizar algo. Como na EI brasileira e lusitana
“sair à francesa”, que na França e no Quebec é filer à l’anglaise (a tradução literal seria “sair
à inglesa”). Essa EI, que significa “retirar-se discreta e rapidamente para fugir de alguém ou
escapar a alguma coisa”, anteriormente possuía um sentido positivo, quando uma pessoa saía
de uma reunião ou festa sem incomodar os outros, sem ter que fazer alguma cerimônia; com o
tempo, porém, ela adquiriu um sentido negativo.
154
Observamos também que cada língua projeta uma imagem sobre um conceito abstrato,
por exemplo, sobre o que é difícil ou complicado. Para os brasileiros algo muito complexo
parece grego (“isso é grego”), para os portugueses, assim como para os franceses, é chinês
(“isso é chinês” / c'est chinois) e para os quebequenses é hebreu (c'est hebreu).
E um exemplo de que os estereótipos também podem ser compartilhados por mais de
uma língua é o da EI “perder seu latim”, encontrada em Portugal, e que significa “desperdiçar
tempo”. No francês mantém-se a mesma imagem e o equivalente é praticamente uma tradução
quase literal: perdre son (le) latin.
Esse capítulo teve, então, como principal objetivo, descrever com mais detalhes o que
foi observado durante toda a pesquisa, principalmente, nas buscas por equivalentes, além de
demonstrar os resultados a que chegamos, por meio de alguns exemplos. Passemos adiante às
considerações finais.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As EIs podem ser utilizadas como forma de reconhecimento de visões de mundo de
grupos lingüísticos diferentes. Os modelos sociais e culturais refletem-se nas estruturas das
línguas, por isso, todo estudo sobre a civilização de um povo, em qualquer forma, é também
um estudo sobre a linguagem humana e o sistema lingüístico.
Os idiomatismos são indispensáveis para a comunicação entre as pessoas, pois
expressam as experiências pessoais de uma maneira peculiar, além de revelar as identidades, o
modo de pensar e de ver o mundo dos indivíduos. Portanto, devem ser tratados com a devida
relevância em pesquisas lingüísticas, no ensino e aprendizagem de nguas estrangeiras (e
também da materna), ou em traduções.
No entanto, apesar de toda a importância que exercem na identidade lingüística de
um país, as EIs ainda não contam com muita exclusividade quando o assunto é dicionários.
Geralmente, elas estão perdidas em dicionários gerais ou têm de dividir espaços com outros
fraseologismos em dicionários (especiais) de ”expressões” ou “gírias”, termos utilizados sem
critérios científicos.
Por esses motivos, nossa pesquisa procurou trazer uma colaboração para a
Lexicografia e chamou a atenção para a necessidade de não somente incluir as EIs nos
dicionários, o que nos dicionários de língua gerais é inviável pelo número de idiomatismos
existentes, mas de dispensar a elas um tratamento mais cuidadoso e abrangente, o que é
possível somente em dicionários especiais.
Acrescentamos também que a produção de dicionários por uma comunidade
lingüística reflete o prestígio de uma nação: quanto mais dicionários, maior o prestígio. Isso
156
15
6
acontece, pois, os dicionários englobam o léxico, que é o maior patrimônio cultural de um
povo, demonstrando mais uma vez a importância dos estudos lexicográficos.
Essa afirmação, portanto, pode esclarecer nossa dificuldade em encontrar dicionários
especiais de idiomatismos lusitanos e brasileiros, além de serem raros os estudos sobre as
diferenças das EIs nas duas variantes do português.
Por outro lado, um grande interesse por parte dos falantes em relação a esse assunto
foi observado por meio de sites que tratam das diferenças entre os vocabulários dos dois
países, mas sem uma distinção clara entre palavra, gíria, idiomatismo, colocando-os de forma
aleatória, sem distingüi-los. Seria, então, de extrema valia que mais estudos sobres as EIs do
português do Brasil e de Portugal fossem realizados e mais dicionários produzidos.
Situação um tanto diversa ocorre em relação aos dicionários específicos quebequenses,
que são muito numerosos, assim como os sites quebequenses sobre EIs (tanto os de
universidades, feitos com extremo rigor, quanto os de pessoas comuns interessadas no
assunto).
Entretanto, em ambos os contextos de produção lexicográfica especial, há uma mistura
(algumas vezes conscientes, outras não) de diversos tipos de fraseologismos, sem um critério
muito claro para as escolhas. E a respeito dos dicionários contrastivos entre os dois franceses,
ainda são poucos, o que reforça a importância desta nossa pesquisa.
Em relação especificamente à perspectiva contrastiva, atentamos ainda para o fato
de que se os dicionários monolíngües especiais são escassos, os bilíngües são bem mais, pois
requerem um trabalho muito maior.
Nos dicionários bilíngües especiais as entradas precisam ser mais precisas e
explicativas e não somente parafrásicas. Desse modo, os dicionários especiais bilíngües
impressos deveriam aproveitar a menor restrição que têm para o espaço dos verbetes, não
157
15
7
para incluir os significados das entradas, mas também os níveis de linguagem e os contextos
em que as EIs são utilizadas, por meio de exemplos, para facilitar o uso.
Acreditamos, por fim, que o uso de dicionários fraseológicos tornou-se
indispensável no aprendizado da ngua materna e/ou estrangeira para iniciantes e até para
falantes nativos, assim como é uma ferramenta de trabalho muito importante para tradutores e
especialistas da língua, pois as EIs estão presentes em grande quantidade, e ao conseguir
assimilá-las, conseguimos também aprender um pouco mais sobre a cultura, sobre a história e
sobre o modo de viver de uma comunidade lingüística.
Por isso acreditamos que uma das contribuições dessa pesquisa tenha sido o estudo
sobre as línguas e culturas pesquisadas, ao enfatizar que as diferenças entre países e culturas
devem ser cada vez mais valorizadas, reforçando suas identidades e particularidades e
evitando o efeito padronizador da globalização.
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Autorizo a reprodução deste trabalho.
São José do Rio Preto, 4 de agosto de 2008
BEATRIZ FACINCANI CAMACHO
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