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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
FACULDADE DE VETERINÁRIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS VETERINÁRIAS
ALTERNATIVAS PARA INDUÇÃO DA OVULAÇÃO E DO ESTRO EM
NOVILHAS DE CORTE PERIPÚBERES
DIEGO MOREIRA DE AZEREDO
Porto Alegre, 2008
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
FACULDADE DE VETERINÁRIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS VETERINÁRIAS
ALTERNATIVAS PARA INDUÇÃO DA OVULAÇÃO E DO ESTRO EM
NOVILHAS DE CORTE PERIPÚBERES
Tese apresentada como requisito
parcial para a obtenção do título
de Doutor em Ciências
Veterinárias, sob orientação do
Prof. Dr. Ricardo Macedo
Gregory
DIEGO MOREIRA DE AZEREDO
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Porto Alegre, 2008
Dedicatória
Dedico este trabalho à minha mãe Denise, porque sempre foi a base de
sustentação e incentivo para que pudéssemos alcançar a maior parte de nossos objetivos.
Agradecimentos
Agradeço a Deus, pela vida.
A minha família: Maria Eunice, pelo incessante apoio e incentivo, Ana Cândida,
Rafael e Ana Laura, pela parceria de trabalho e carinho, são todos muito importantes. In
memorian a meu pai Marco Paulo, guardo sempre presentes muitos de seus conselhos e
ensinamentos. A minha avó Cecília, pela companhia.
A minha namorada Miriana, pelo apoio, amor e tranqüilidade que me transmite.
Ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias, FAVET/UFRGS, pela
oportunidade de aprimorar e alcançar conhecimentos.
Ao orientador Dr. Ricardo Macedo Gregory, pela orientação, e, sobretudo, pela
incondicional confiança e amizade.
Ao Dr. Rodrigo Costa Mattos, pela co-orientação.
Aos professores Dr. Cláudio Alves Pimentel e Dr. José Carlos Ferrugem Moraes,
pelo desprendimento, atenção e participação com importantes críticas e sugestões,
sempre no sentido de melhora nos trabalhos.
A Dra. Maria Inês Mascarenhas Jobim, pela confiança e inúmeras considerações,
primando pela qualidade das informações apresentadas.
Aos professores Dra. Vera Wald, pela contribuição com as análises estatísticas, e
Dr. Francisco Lhullier, pelo apoio com as análises laboratoriais.
Ao Sr. Luiz Henrique Sesti e a Parceria Macedo Cuervo, pelo desprendimento de
abrirem suas propriedades e colocarem à disposição tudo que precisamos para a
realização de experimentos.
Um agradecimento especial ao colega e amigo Dimas Corrêa Rocha, pela parceria
de estudo, trabalho e amizade. Que ela continue por muitos anos.
Aos colegas de trabalho e amigos da equipe de Reprodução de Bovinos: Andrei,
Fernanda, Márcio, Débora, Pablo, Giovana, Luciano, Joana, Paola, Brunna e Cardozo.
Aos demais colegas e amigos do Laboratório de Reprodução Animal: Bianca,
Cristina, Gabriella, Tamarini, Maria Carolina, Eduardo, Gabriel, Maciel, Motta, Marília,
Fabiana, Gustavo, Ênio, Adriana, Wagner. Enfim, a todos os amigos que pude fazer
durante todo este tempo de convívio.
SUMÁRIO
RESUMO...........................................................................................................................2
ABSTRACT......................................................................................................................5
1. INTRODUÇÃO.............................................................................................................8
2. REVISÃO DE LITERATURA...................................................................................10
2.1. IMPORTÂNCIA DA EFICIÊNCIA REPRODUTIVA...........................................10
2.2. FISIOLOGIA REPRODUTIVA DA FÊMEA BOVINA.........................................12
2.3. INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL E SINCRONIZAÇÃO DE ESTROS....................13
2.4. REQUISITOS PARA A ENTRADA NA PUBERDADE.......................................15
2.5. IMPORTÂNCIA DA ANTECIPAÇÃO DA CONCEPÇÃO EM NOVILHAS......21
2.6. AVALIAÇÃO DO ESCORE DE TRATO REPRODUTIVO.................................22
2.7. MONITORAMENTO DO STATUS PUBERAL ATRAVÉS DO PERFIL DE
PROGESTERONA..........................................................................................................24
2.8. AVALIAÇÃO DO STATUS REPRODUTIVO POR ULTRA-SOM.....................25
2.9. INDUÇÃO HORMONAL DA PUBERDADE........................................................27
2.9.1. Protocolos à Base de Acetato de Melengestrol.....................................................30
2.9.2. Indução da Puberdade com Protocolos à Base de Norgestomet............................34
2.9.3. Indução da Puberdade com a Administração de Progesterona..............................39
2.9.4. Comparação Entre Diferentes Progestágenos e a Progesterona............................42
2.9.5. Protocolos de Indução da Ovulação à Base de GnRH...........................................44
2.9.6. A Aplicação das Prostaglandinas e seus Efeitos...................................................51
2.10. INFLUÊNCIA DO PESO CORPORAL E IDADE SOBRE A PUBERDADE.....52
2.11. EFEITO DO GANHO DE PESO E DESENVOLVIMENTO...............................55
2.12. EFEITO DA CONDIÇÃO CORPORAL SOBRE O DESEMPENHO
REPRODUTIVO.............................................................................................................59
2.13. VARIAÇÕES ESTACIONAIS NA CICLICIDADE OVARIANA......................61
2.14. DIFERENÇAS EM COMPORTAMENTO REPRODUTIVO DEVIDAS AOS
GENÓTIPOS...................................................................................................................62
2.15. UTILIZAÇÃO DE SUPLEMENTAÇÃO COM GORDURA NA DIETA...........63
3. ARTIGO 1. EFEITO DA SINCRONIZAÇÃO E DA INDUÇÃO DE ESTROS EM
NOVILHAS SOBRE A PRENHEZ E O ÍNDICE DE REPETIÇÃO DE CRIAS NA
SEGUNDA ESTAÇÃO REPRODUTIVA.....................................................................65
4. ARTIGO 2. EFEITO DE UM PRÉ-TRATAMENTO COM NORGESTOMET
SOBRE A TAXA DE PRENHEZ DE NOVILHAS DE CORTE
PERIPÚBERES...............................................................................................................71
5. ARTIGO 3. EFEITO DO PRÉ-TRATAMENTO COM MAP OU PROGESTERONA
ANTERIOR A UM PROTOCOLO PARA IATF EM NOVILHAS DE CORTE
PERIPÚBERES...............................................................................................................88
6. ARTIGO 4. EFEITO DA SUPLEMENTAÇÃO COM GAMMA-ORIZANOL
SOBRE A TAXA DE PRENHEZ EM NOVILHAS DE CORTE................................106
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................123
REFERÊNCIAS............................................................................................................125
ALTERNATIVAS PARA INDUÇÃO DA OVULAÇÃO E DO ESTRO EM
NOVILHAS DE CORTE PERIPÚBERES
RESUMO
O experimento 1 verificou o efeito de um protocolo de indução e sincronização de
estros em novilhas sobre a cronologia das parições e a repetição de crias como
primíparas. 194 novilhas Hereford e Braford foram divididas em 2 grupos: Tratamento,
submetido a um protocolo misto de observação e sincronização de estros e inseminação
artificial a tempo fixo (IATF); e Controle, submetido ao manejo convencional de
inseminação artificial (IA). Ambos grupos foram submetidos a repasse por touros. O
Experimento 2 avaliou o efeito de um pré-tratamento com norgestomet (NOR), prévio a
um protocolo de sincronização para IATF em novilhas, sobre as taxas de prenhez,
assim como os efeitos de características relacionadas com a reprodução. 74 novilhas
Angus e cruzas, 18 e 24 meses de idade, com peso médio de 276 kg, condição corporal
(CC) mínima de 3 (1-5) e avaliadas por ultra-som para o status ovariano, onde
utilizaram-se somente novilhas 2 e 3 (1-3). Pesagens a cada 30 dias, desde os 60 dias
anteriores aos serviços. Coletado sangue para dosagem de progesterona. Os animais
foram divididos em 2 grupos: Tratamento, que recebeu um implante com 6 mg de NOR,
na orelha direita, permanecendo por 14 dias; e Controle, que não recebeu implante.
Dez dias após a retirada dos implantes, todas as novilhas foram a um protocolo para
IATF, com uma injeção de GnRH, 7 dias depois uma aplicação de prostaglandina
(PGF) e 48 horas mais tarde, as IATF e outra aplicação de GnRH. Quatorze dias após
iniciou-se repasse com 2 touros, por mais 45 dias. O Experimento 3 avaliou o efeito da
suplementação com progestágeno (acetato de medroxi-progesterona; MAP) ou
progesterona, anteriormente a um protocolo para IATF, e verificou o efeito de
características associadas à reprodução de novilhas, e de distintos manejos alimentares
sobre as taxas de prenhez. Utilizaram-se 102 novilhas Angus, cruzas Angus e Braford,
22-24 meses, peso médio 241 kg e CC mínima de 2,5. Pesagens a cada 30 dias, a partir
dos 60 dias anteriores aos serviços e ultra-som para o status ovariano (1-3). Quarenta
e cinco dias antes da estação foram divididas em 2 grupos, Sem Suplementação, com 27
novilhas exclusivamente sobre pastagem natural, e Com Suplementação, com 75
novilhas consumindo 1% do peso em concentrado. Coletas de sangue para dosagem de
progesterona. Grupos novamente divididos em 3, para receber dispositivo com
progesterona, ou uma esponja intravaginal com MAP, ambos por 10 dias. O grupo
Controle não recebeu nenhum tratamento. Na retirada dos implantes, todas as novilhas
receberam PGF, e 4 dias depois, foram a um protocolo para IATF, com 2 mg de
benzoato de estradiol na colocação de uma esponja com MAP. Sete dias depois, a
esponja foi retirada, sendo aplicada PGF, seguindo-se nova aplicação de BE 24 horas
depois, e IATF 52-56 horas após a PGF. Observação de estros 2 vezes por dia, desde a
PGF até a IATF. Passados 14 dias, iniciou repasse por 4 touros, durante 45 dias. O
Experimento 4 avaliou o efeito da suplementação de novilhas de corte com gamma-
orizanol, sobre o desempenho reprodutivo, assim como o efeito de outras
características sobre a reprodução. Utilizaram-se 84 novilhas Angus, Hereford,
Braford e Angus x Hereford, com 24 meses, peso médio de 283 kg e CC 3. Pesagens a
cada 30 dias, desde 60 dias antes até o início dos serviços, coletas de sangue para
dosagem de progesterona. Duas avaliações da espessura de gordura subcutânea, sobre
a região P8 por ultra-som, com intervalo de 30 dias. Animais foram divididos em 2
grupos: Tratamento, que recebeu desde 45 dias antes até o início da estação
reprodutiva, 150 ml/dia de gamma-orizanol junto à 1 kg de concentrado; e Controle,
com 150 ml/dia de melaço, junto à 1 kg do mesmo concentrado. Observações de estros
2 vezes/dia e IA. Dez dias após aplicou-se PGF a todas ainda não observadas em estro,
prosseguindo-se a observação e IA por mais 25 dias. Após, repasse por 2 touros por 45
dias. Diagnósticos de gestação por ultra-som, 30 dias após as IATF ou IA, e
novamente, 30 dias depois de retirados os touros. No experimento 1, a porcentagem de
prenhez na primeira estação reprodutiva foi semelhante para os 2 grupos. Entretanto, a
repetição de crias nas primíparas do grupo Tratamento foi significativamente maior.
No Experimento 2, não foram observadas diferenças entre as taxas de prenhez à IATF e
final, e conforme a idade e o status ovariano. No Experimento 3, taxas de estro
superiores para o grupo Progesterona em relação ao Progestágeno e Controle.
Entretanto, taxas de prenhez semelhantes entre os grupos. Foi encontrada diferença
entre o peso 24 dias antes dos serviços, para as novilhas que emprenharam em relação
às que permaneceram vazias e para os pesos das novilhas ao final da temporada. As
novilhas com status ovariano 2 e 3 foram mais pesadas em relação ao 1, mas as taxas
de prenhez não diferiram com o status ovariano. O concentrado proporcionou superior
GMD para o grupo Com Suplementação, mas sem diferenças para as taxas de prenhez.
No Experimento 4, taxas de prenhez semelhantes para Tratamento e Controle. Novilhas
prenhas foram as que acumularam maior quantidade de gordura na região P8.
Concluindo, o manejo com sincronização de estros e IATF na primeira estação
reprodutiva em novilhas, apesar de apresentar índices idênticos de prenhez ao final da
temporada, proporcionou diferença significativa nos índices de prenhez na segunda
estação. O pré-tratamento com norgestomet não proporcionou superiores taxas de
prenhez em novilhas. Da mesma forma, o priming com progesterona ou MAP, não
proporcionou taxas de prenhez superiores, assim como a utilização de suplementação
alimentar. O peso corporal antes ou dos serviços, foi superior para as novilhas que
emprenharam. Novilhas com status ovariano 2 e 3, foram mais pesadas. O
fornecimento de gamma-orizanol não proporcionou superiores taxas de prenhez ou
peso corporal, entretanto, novilhas que resultaram prenhas, acumularam maior
quantidade de gordura antes da estação reprodutiva.
Palavras-chave: novilhas de corte, progesterona, progestágenos, suplementação,
prenhez.
ALTERNATIVES TO ESTRUS AND OVULATION INDUCTION IN
PERIPUBERTAL BEEF HEIFERS
ABSTRACT
Experiment 1 verified the effect of an estrus synchronization protocol in heifers on
parturition chronology and primiparous reproductive performance. 194 Hereford and
Braford heifers were divided into 2 groups: Treatment group, submitted to an estrus
observation and synchronization to fixed-time artificial insemination (FTAI) protocol;
and Control group, submitted to a conventional artificial insemination (AI)
management. All groups were submitted to a bull’s clean-up period. Experiment 2
evaluated the norgestomet (NOR) priming effect, before a fixed-time artificial
insemination protocol (FTAI) in heifers, on pregnancy rates, as well as the effects of
reproductive related characteristics. 74 Angus and cross-bred heifers, 18 and 24
months old, with 276 kg of body weight, body condition score (BCS) minimum of 3 (1-
5), and ovarian status evaluated by US. Only the 2 or 3 class heifers were used (1-3).
Heifers were weighted at 30 days intervals, starting 60 days before the reproductive
period. Blood was collected for progesterone assay. Heifers were divided in 2 groups:
Treatment group, that received an ear implant with 6 mg of NOR, in the right ear,
removing it 14 days after; and Control group, did not receive the implant. Ten days
after the implants removal, all heifers were submitted to FTAI protocol, which including
a GnRH i.m. injection, 7 days after the prostaglandin (PGF) aplication, and 48 hours
later, FTAI and a second GnRH injection. Fourteen days later, started a clean-up
period with 2 bulls, for 45 days more. Experiment 3 evaluated the progestin (medroxi-
progesterone acetate; MAP) or progesterone suplementation effect, before a FTAI
protocol, and evaluated the effects of reproductive associated characteristics in heifers,
and feeding managements over pregnancy rates. 102 Angus, cross-bred Angus and
Braford heifers, 22-24 months old were used, with an average body weight of 241 kg,
and a minimum BCS of 2,5. Heifers were weighted at 30 days intervals, starting 60 days
before the breeding period and an ecography was performed to evaluate ovarian status.
Fourty five days before the season, heifers were divided into 2 groups, Without
Suplementation group, with 27 heifers, only over natural pastures, and With
Suplementation group, with 75 heifers receiving suplementation (72% TDN and 15%
GP) about 1% body weight. Blood was collected for progesterone assay. Groups were
again divided into 3, to receive a progesterone device or an intravaginal MAP sponge,
for 10 days. The Control group, not received the treatment. At the implants removal, all
heifers received PGF, and 4 days later were submitted to a FTAI protocol, with 2 mg
estradiol benzoate with an intravaginal MAP sponge aplication. Seven days later, the
sponge was removed, and PGF was injected, with a new EB injection, 24 hours later,
and FTAI 52-56 hours after PGF. Estrus was observed from PGF injection to FTAI. A
clean-up period started 14 days after with 4 bulls, for more 45 days. Experiment 4
evaluated the gamma-orizanol suplementation effects and other reproductive associated
characteristics on fertility of beef heifers. 84 Angus, Angus x Hereford, Hereford and
Braford heifers, 24 months old were used, with an average body weight of 283 kg and
BCS 3. Heifers were weighted at 30 days intervals, to register ADG, and blood
samples were collected for progesterone assay. Two subcutaneous fat thickness
ecographic evaluations were performed at P8 region, with a 30 days interval. Animals
were divided into 2 groups: Treatment group, that received 150 ml/day of gamma-
orizanol with 1 kg of concentrate since 45 days before the reproductive season start ;
and Control group, with 150 ml/day of molasses with 1 kg of concentrate during the
same period. Estrus control was done twice for day with AI of estrous heifers. Ten days
later PGF was applied to all heifers that did not show estrus. The AI management
continued for 25 days. In sequence, a clean-up period with 2 bulls was performed for 45
days. Gestational diagnostics by ecography at 30 days after FTAI, and again at 30 days
after bulls removal. In experiment 1, pregnancy rates were similar between groups after
first reproductive season. However, the repetition of Treatment group was significantly
higher. In Experiment 2, were not observed differences between groups in FTAI and
final pregnancy rates, without differences for age or ovarian status. In Experiment 3,
Progesterone group presented the higher estrus rates than Progestin and Control
groups. However, were not observed differences in pregnancy rates among the groups.
At the same experiment, difference on weights before mating was found between the
heifers that became pregnant compared to heifers that stayed non pregnant. Heifers
with ovarian status 2 and 3 had higher average weight than heifers with status 1. The
suplementation enhanced ADG in the With Suplementation group, but it did not produce
differences on pregnancy rates. In Experiment 4, pregnancy rates were similar between
groups. Heifers which became pregnant acumulated more fat amount in P8 region,
during the treatment period. In conclusion, the first breeding season management with
synchronization to FTAI in heifers, since being presented identical final pregnancy
rates, produced signifficative differences on pregnancy rates in the second breeding
season. The priming with norgestomet did not enhance pregnancy rates in beef heifers,
as well the progesterone or progestin primings and the different feeding managements.
Heifers with ovarian status 2 and 3, had higher body weights. Gamma-orizanol
supplementation did not enhanced pregnancy rates, ADG neither body weight. Heifers
that became pregnant, acumulated more fat amount on P8 region before the
reproductive season.
Key-words : beef heifers, progesterone, progestins, suplementation, pregnancy.
1. INTRODUÇÃO
A bovinocultura de corte vem sofrendo forte concorrência, em termos de
utilização territorial, de outras culturas como vem sendo o caso da produção de grãos
nas regiões de melhores solos (BARCELLOS et al., 2003) e, mais recentemente, a
produção madeireira, uma realidade que tem invadido áreas menos aptas à agricultura e
que mantinham até então uma vocação francamente voltada à exploração pecuária.
Dentro deste contexto, e aliado ao fato do menor volume de exportações praticados pelo
Rio Grande do Sul (ANUALPEC, 2007), fica cada vez mais clara a necessidade de
aumento na produção, com controle dos custos, como forma de compensar as
dificuldades apresentadas.
Esta realidade recai não apenas sobre a terminação de animais para abate, como
também afeta a etapa de cria, no sentido da manutenção da viabilidade econômica da
atividade (MORAES, 2002). O aumento da produção e produtividade passa por uma
aceleração das etapas do ciclo produtivo dos bovinos, com a redução da idade de abate e
do primeiro parto das fêmeas, minimizando o espaço de tempo em que permanecem
sem contribuir para o desfrute do rebanho, ou seja, sem a contribuição em quilos de
carne para a venda (BERETTA et al., 2001; LOBATO & AZAMBUJA, 2002). Deste
modo, como forma de produzir cada vez mais, e com qualidade, é fundamental utilizar o
que há de melhor em termos de genética disponível.
É comprovada a utilidade da inseminação artificial como técnica difusora de
material genético superior, além de proporcionar um melhor controle produtivo aos
rebanhos que dela fazem uso (GREGORY & ROCHA, 2004). Esta tecnologia continua
sendo muito pouco empregada, principalmente no caso da bovinocultura de corte.
Alguns dos principais empecilhos para a utilização da inseminação artificial são a alta
incidência de anestro pós-parto nas vacas, a baixa eficiência na detecção de estros e a
puberdade tardia nas novilhas. Esta última, relacionada aos aspectos nutricionais, biótipo
e perfil hormonal da fêmea bovina. A dificuldade na correta detecção de estros passou a
ser contornada a partir da utilização de protocolos de inseminação artificial a tempo fixo
(IATF), apesar de seu desempenho estar também na dependência dos fatores
anteriormente relacionados (BARUSELLI & MARQUES, 2002; BÓ et al., 2003a).
O Brasil tem o maior rebanho bovino comercial do mundo e se consolida como o
maior exportador mundial de carne. Dados recentes mostram que apenas 1,2% das
multíparas e 9,4% das novilhas são inseminadas. Esta técnica é utilizada por cerca de
25% dos criadores (UFRGS.IEPE, 2005).
Apesar das alternativas hormonais utilizadas no sentido de que novilhas e vacas
apresentem períodos de estro agrupadamente serem uma realidade comercial, os
produtores têm-se mostrado lentos na adoção desta prática de manejo. Este fato é devido,
possivelmente, à incorreta aplicação, resultante da utilização dos protocolos em fêmeas
que ainda não haviam atingido a puberdade, ou reiniciado a atividade cíclica após o
parto. A sincronização de estros e a inseminação artificial permanecem, entretanto, como
as mais importantes e aplicáveis biotecnologias reprodutivas disponíveis (SEIDEL,
1995).
Análises dos resultados de programas de IATF indicam que é possível obter
porcentagens de prenhez médias de 50% à primeira inseminação, tanto em vacas com
cria ao pé como em novilhas Bos taurus de dois anos de idade (CUTAIA et al., 2003a).
A inseminação artificial provê a oportunidade de acasalar novilhas com touros
selecionados, com diferenças esperadas na progênie (DEPs) para baixo peso ao nascer,
com alta confiabilidade. Esta prática minimiza a incidência e a severidade das
dificuldades ao parto, diminuindo as perdas de produtos resultantes de distocia
(PATTERSON et al., 1999).
Alternativas de manejo para antecipação da concepção de novilhas, fazendo com
que venham a parir mais cedo dentro da estação reprodutiva seguinte, desmamando
produtos mais pesados e aumentando suas possibilidades de repetição de prenhez como
primíparas e sua vida reprodutiva como um todo, seriam de muita utilidade. Da mesma
forma, segundo Quintans et al. (2004), seria importante um acompanhamento do
desenvolvimento das fêmeas durante a recria, e suas possíveis implicações sobre o
desempenho reprodutivo das mesmas quando de sua entrada na etapa de cria.
O presente trabalho objetivou avaliar a possibilidade da antecipação da concepção
de novilhas de corte dentro da estação reprodutiva, através da utilização de alternativas
de manejo como a suplementação com progestágenos ou progesterona, realizada
anteriormente a um protocolo de sincronização para a aplicação da IATF, e a
suplementação energética, fornecida através de diferentes fontes de energia, previamente
ao início da temporada reprodutiva.
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1. Importância da Eficiência Reprodutiva
A partir das mudanças que vêm influenciando a utilização dos recursos naturais
pelos sistemas de produção na pecuária de corte, a cria bovina tem sido conduzida à
utilização de áreas marginais. À agricultura e à fase de terminação são destinados os
melhores solos e pastagens. Como conseqüências, as estratégias de manejo da cria,
agora em ambientes mais limitados, tornam-se cada vez mais importantes para a
eficiência dos sistemas. Hoje, além de aumentar a produtividade, é necessário produzir
com sustentabilidade, garantindo a continuidade da exploração animal num dado espaço
geográfico (MORAES, 2002; BARCELLOS et al., 2003).
A eficiência reprodutiva é um dos principais fatores que contribuem para
melhorar os resultados das empresas pecuárias. Os objetivos dos procedimentos de
manejo reprodutivo devem ser os de otimizar a eficiência reprodutiva do rebanho (BÓ et
al., 2003a; CUTAIA et al., 2003b). Aumentadas taxas de desmame representam o
melhor valor de ajuste econômico para produtores na etapa de cria, simplesmente porque
sem terneiros para vender, nenhuma outra característica tem muito significado
(MELTON, 1995). Sendo assim, o principal alvo de um manejo reprodutivo é obter o
máximo número de fêmeas prênhes em curto período de tempo. Aumentar a taxa de
concepção é difícil, então o meio mais factível de elevar a taxa de prenhez é
aumentando-se a detecção de estros ou o número de vacas em estro (CAVESTANY et
al., 2003).
Após o desmame, bezerras de corte normalmente perdem peso quando manejadas
sobre pastagens naturais durante o inverno. Isto produz um atraso no início da atividade
reprodutiva, podendo comprometer a possibilidade de redução na idade ao primeiro
serviço (QUINTANS et al., 2004). No Rio Grande do Sul, as novilhas são acasaladas
pela primeira vez, na maioria das situações, com uma idade média de 36 meses. A
principal conseqüência disto é a manutenção de um maior número de categorias
improdutivas no rebanho, ocasionando um maior custo de manutenção do sistema e, com
isso, uma dificuldade em aumentar a receita (LOBATO & AZAMBUJA, 2002). A
seleção e o manejo de novilhas de reposição envolvem decisões que afetam a futura
produtividade do rebanho inteiro. Programas para o desenvolvimento de novilhas de
reposição, em gado de corte, devem estar focados nos processos fisiológicos que
influenciam na puberdade (PATTERSON et al., 1999).
Quando o sistema produtivo se baseia na primeira parição aos 4 anos de idade, o
desfrute do rebanho fica em torno de 10%. Este índice pode ser quase duplicado, se a
primeira parição ocorrer aos 3 anos de idade, atingindo até 40% em sistemas onde o
primeiro parto ocorre aos 2 anos de idade da novilha. Para a redução da idade de
acasalamento e, portanto, a intensificação dos sistemas de cria, em geral tornam-se
necessárias as incorporações de novos recursos alimentares ou modificações do biotipo
com que se trabalha, para uma maior produtividade e eficiência (FRIES &
ALBUQUERQUE, 1999; BARCELLOS et al., 2003).
A produtividade do sistema de cria, em termos de peso de terneiro desmamado
por área, aumenta conforme diminui a idade ao primeiro parto das fêmeas, mas a
magnitude desta resposta é dependente da taxa de natalidade do rebanho. Somente com
altas taxas de natalidade é justificável, do ponto de vista biológico, reduzir a idade ao
primeiro parto de 3 para 2 anos. As características mais relacionadas ao resultado
econômico da cria, como as porcentagens de natalidade, desmame e o peso ao desmame,
não são afetadas pela idade ao primeiro parto (BERETTA et al., 2001; BARCELLOS et
al., 2003).
A redução da idade ao primeiro parto é necessária para a obtenção da máxima
produtividade na vida útil da fêmea. Se a novilha parir aos 2 anos, ao invés de 3 anos de
idade, haverá um aumento no retorno econômico do sistema de criação de bovinos de
corte. A redução da idade de parição aumenta a produtividade, antecipa a recuperação do
investimento, aumenta a vida produtiva, além de permitir uma maior pressão de seleção
sobre as fêmeas, por diminuir o intervalo entre gerações. As alternativas de manejo que
afetarão a produtividade na vida útil e o desempenho reprodutivo de novilhas iniciam ao
nascimento e incluem decisões que envolvem desde implantes para promover o
crescimento, até suplementações alimentares, tipo racial e seleção dentro da raça, data de
nascimento e peso ao desmame, interações sociais e tratamentos hormonais para
sincronização ou indução de estros (PATTERSON et al., 1992; NOGUEIRA, 2004).
A taxa de concepção em bovinos depende de dois fatores fundamentais: o
primeiro, é a manifestação de estro, que inclui todo um condicionamento fisiológico
prévio indicativo de que a fêmea está apta a ovular; e, o segundo, é a taxa de fertilização
dos oócitos ovulados, o que é dependente da qualidade biológica dos gametas e de
condições propícias para sua fusão e formação do zigoto, bem como de um ambiente
uterino adequado para sua manutenção. Assim, a eficácia dos métodos de reprodução é
uma decorrência do percentual de fêmeas em estro e da taxa de fertilização, ou
alternativamente, da taxa de fertilização em sistemas de indução ou sincronização da
ovulação (MORAES, 2002).
2.2. Fisiologia Reprodutiva da Fêmea Bovina
As fêmeas bovinas são poliéstricas anuais, apresentando estros em intervalos
regulares de 21 dias. Durante o ciclo estral ocorre uma cadeia de eventos que se repetem
até o impedimento da luteólise pela gestação. O Dia 0 é designado como o dia da
ocorrência do estro, e a ovulação ocorre no Dia 1. O ciclo é dividido entre a fase
luteínica, que vai da ovulação até a luteólise por volta do Dia 17, e a fase folicular, que
compreende o período que vai da luteólise até a ovulação. A fase folicular tem início
após a luteólise promovida pela prostaglandina F2α, com conseqüente queda nos níveis
sangüíneos de progesterona, abaixo de 1 ng/ml, entre 12 e 36 horas após o início da
regressão do corpo lúteo, seja ela natural ou induzida (DIELEMAN et al., 1986).
Segundo revisão de Moraes et al. (2002), o ciclo estral pode ser dividido em quatro
fases, sendo o pró-estro com duração de aproximadamente 3 dias, estro de 6 a 18 horas,
metaestro 2 dias e diestro 15 dias. O ciclo estral é dinâmico, havendo crescimento
folicular constante durante todas as etapas (GONÇALVES et al., 2000; MORAES et al.,
2002).
As quantidades crescentes de estradiol secretadas pelos folículos ovarianos
induzem o estro e, através de retroalimentação positiva no eixo hipotalâmico-
hipofisário, um pico do hormônio luteinizante (LH), o qual leva à ovulação e posterior
formação do corpo lúteo. A presença do corpo lúteo caracteriza a fase luteínica do ciclo
estral. Nesta fase, o corpo lúteo produz progesterona em quantidades crescentes do
quarto ao décimo dia do ciclo estral, se mantendo estável até que ocorra a luteólise entre
o décimo quinto e o vigésimo dia (HAFEZ, 1993).
Os folículos ovarianos com diâmetro maior que 3 mm, respondem ao estímulo
gonadotrófico do hormônio folículo estimulante (FSH) e, em cerca de uma semana,
atingem o tamanho ovulatório. Embora alguns folículos sofram atresia durante esta fase
de crescimento, a maior parte da atresia ocorre ao final desse período, quando um
folículo dominante é selecionado a partir de um grupo de uma onda de crescimento
folicular (PIMENTEL, 2002).
O estro é um complexo de sinais fisiológicos e comportamentais que ocorre
momentos antes da ovulação. Os sinais de estro são a imobilidade da fêmea quando
montada, vulva edemaciada, mucosa vaginal hiperêmica, descarga de muco vaginal claro
e elástico, inserção da cauda arrepiada, inquietude, formação de grupos, lordose e
algumas vezes redução no consumo de alimentos e na produção de leite. Muitos desses
sintomas podem estar presentes no pró-estro, por isso o sintoma da fêmea ficar imóvel
quando montada é o mais característico e confiável da ocorrência de estro. Estes sinais
são induzidos pela elevação da concentração de estradiol na circulação, proveniente do
folículo pré-ovulatório. A ação do estradiol é potencializada pela pré-exposição a
progesterona, fato esse, que é lógico e não traz maiores conseqüências quando de um
ciclo estral normal, mas que tem implicações quando da indução de estro, notadamente
durante períodos de anestro (MORAES et al., 2002).
2.3. Inseminação Artificial e Sincronização de Estros
A inseminação artificial é uma técnica consagrada e viável para acelerar o avanço
genético e o retorno econômico da bovinocultura. Entretanto, em todo o mundo, existem
relatos que indicam a baixa taxa de serviços em bovinos, devido principalmente, a
comprometimentos na eficiência da detecção de estros. Este problema é ainda mais
destacado em rebanhos Bos indicus ou suas cruzas, devido às particularidades no
comportamento reprodutivo, como cio de curta duração com elevada porcentagem de
manifestação noturna (BARUSELLI & MARQUES, 2002; BÓ et al., 2003a).
Para evitar os problemas da detecção de cios em rebanhos de cria, foram
desenvolvidos protocolos de sincronização, que permitem inseminar um grande número
de animais num período de tempo estabelecido. Estes tratamentos são conhecidos como
protocolos de inseminação artificial a tempo fixo (IATF), e se dividem entre os que
utilizam combinações do hormônio liberador de gonadotropinas (GnRH) e
prostaglandina F2α, e os que utilizam dispositivos com progesterona ou progestágenos e
estradiol (BARUSELLI & MARQUES, 2002; BÓ et al., 2003a).
Em bovinos de corte, tão importante quanto a própria prenhez, é como esta se
distribui durante a estação reprodutiva. A sincronização de estros se constitui numa
técnica que contribui para otimizar a utilização do tempo, mão-de-obra e recursos
financeiros por encurtar o período de parição, proporcionando aumento do peso e da
uniformidade dos produtos (DAHLEN et al., 2003; PEREZ et al., 2005).
Adicionando um protocolo de sincronização de estros ao início da estação
reprodutiva de novilhas, inseminadas artificialmente ou expostas a touros, Perez et al.
(2005) obtiveram um aumento, tanto na porcentagem de novilhas em cio nos primeiros 5
dias da estação (70,8% x 25,8% das controles), como na taxa de prenhez neste período,
que foi de 32,5% para o grupo sincronizado e inseminado após observação de estro,
44,6% para o grupo submetido à IATF, 13,3% para o grupo que não foi sincronizado,
mas foi inseminado após observação de estro, e de 7,8% para o grupo exposto somente à
monta natural. Apesar do tratamento não ter influenciado a porcentagem de novilhas
prênhes ao final da estação de monta, este influenciou a distribuição da prenhez ao longo
da estação.
Montgomery et al. (1985) observaram uma interação significativa entre a época
de parição e a nutrição no retorno à ciclicidade ovariana após o parto, afirmando que a
parição cedo dentro da estação influencia a resolução da atividade ovariana pós-parto,
sempre a um constante plano nutricional, interagindo com este, sendo os efeitos da
estação mais notáveis sob nutrição deficiente.
Para a obtenção do maior número possível de concepções no início da estação
reprodutiva, deve ser considerado o uso de manejos que objetivam a indução e
sincronização da ovulação. Obviamente estes recursos só encontram indicação uma vez
preenchidos outros requisitos, em especial aqueles associados ao manejo nutricional.
Tratamentos com progestágenos induzem à puberdade quando administrados próximos
ao tempo em que esta ocorreria normalmente, sendo mais efetivos quando combinados a
dietas com alto conteúdo energético (PATTERSON et al., 1990; GREGORY &
ROCHA, 2004).
2.4. Requisitos para a Entrada na Puberdade
O primeiro acasalamento da novilha passa obrigatoriamente pela idade à
puberdade, que é uma característica considerada de baixa herdabilidade e, assim como as
demais características reprodutivas, dependente de fatores ambientais, entre os quais
exerce maior efeito o nível nutricional. De um modo geral, a novilha está apta para o
acasalamento ao alcançar, no mínimo, 60 a 65% do peso vivo da vaca adulta. No entanto,
para as raças sintéticas, em particular produto de raças britânicas e zebuínas, esse
percentual pode ser levemente superior (BARCELLOS et al., 2003). Somente quando as
novilhas atingem um peso alvo pré-determinado geneticamente, altas taxas de prenhez
podem ser obtidas (PATTERSON et al., 1999).
Geralmente, um grande número de novilhas apresentadas para sincronização de
estros não estão aptas para tal, dentre os fatores que concorrem para esta situação
encontram-se a prenhez por acasalamentos desconhecidos, anomalias anatômicas do trato
reprodutivo, mas, principalmente, ovários pequenos e inativos associados ao útero
infantil caracterizando novilhas pré-púberes (DAILEY et al., 1983).
O desenvolvimento do sistema reprodutivo da novilha ocorre em duas etapas:
uma de crescimento de todo o trato reprodutivo, aos 3-4 meses de idade, seguindo-se
uma outra fase em que o crescimento diminui de intensidade, antecedendo uma nova fase
de aceleração, anterior à primeira ovulação. O número de receptores para estrógenos no
hipotálamo e na hipófise, dentro do citoplasma das células, diminui à medida que a
puberdade se aproxima. Ocorrem alterações na resposta a neurotransmissores
estimulatórios e inibitórios, que dependem da idade da novilha e da disponibilidade de
energia no meio interno (NAKADA et al., 2001; RAWLINGS et al., 2003).
A maturidade tem sido definida como o momento em que ocorre a primeira
ovulação com manifestação estral, seguida pelo desenvolvimento de um corpo lúteo
funcional. O crescimento folicular ocorre em ondas precedidas por um pico do FSH.
Estas ondas já ocorrem em fêmeas de apenas 2 semanas de idade, sendo que o número
de pequenos, médios, grandes folículos (3-5, 6-8 e >9 mm em diâmetro,
respectivamente) e o diâmetro do maior folículo, aumentam de 2 para 14 semanas de
idade. Entre as 6 e 24 semanas, há um marcado aumento nas concentrações de LH e
FSH, sendo que a liberação do LH se dá através de pulsos, com aumentos de amplitude
até a puberdade. Em 30 a 80 dias antes da primeira ovulação, aumenta também a
freqüência dos pulsos de LH, assim como o diâmetro folicular e a concentração de
estrógeno circulante, até o momento em que ocorre a ovulação. A concentração
plasmática de FSH, entretanto, permanece praticamente estável. Antes da primeira
ovulação não há estro, o corpo lúteo é pequeno e tem vida curta, seguindo-se uma fase
luteal de duração normal. Aumentos precoces na secreção de gonadotropinas (FSH e
LH) parecem ser subseqüentemente suprimidos por retroalimentação negativa, enquanto
as novilhas não estão ainda aptas à reprodução. O responsável por esta retroalimentação
negativa parece ser o estrógeno em adultos, mas no caso dos animais jovens, parece
atuar um mecanismo opióide estrógeno-dependente. Nos 40-80 dias que precedem a
primeira ovulação, a sensibilidade da secreção de LH à retroalimentação negativa
diminui, permitindo que a freqüência de pulsos de LH aumente, alcançando-se o
desenvolvimento antral do folículo e a secreção de estrógeno. E este aumento na
concentração de estrógeno circulante, resulta no pico pré-ovulatório de LH (SCHILLO,
1992; GONÇALVES et al., 2000; KASTELIC, 2004).
Segundo Rasby et al. (1998), as concentrações de GnRH e o número de seus
receptores hipofisiários não mudam durante a maturação sexual em novilhas. Os níveis
de FSH aumentam quando o folículo dominante emerge, atingem um pico no dia da
emergência e caem nos dias seguintes (KULICK et al., 1999). Adicionalmente, Evans et
al. (1994) citam que a emergência de ondas de desenvolvimento folicular, foi precedida
por picos na concentração plasmática de FSH em bezerras de duas semanas de idade,
sendo este perfil menos claro em idades mais avançadas. Em vacas de corte pós-parto,
existem receptores para FSH, e o FSH endógeno, segundo Yavas et al. (1999) também
não seria um fator limitante para a ocorrência da ovulação. Bergfeld et al. (1994) citam
que o IGF-I, um fator de crescimento semelhante à insulina, parece modular os efeitos
do FSH no crescimento folicular, sendo diretamente influenciado pelo plano nutricional.
O IGF-I aumentaria a sensibilidade das células da granulosa à estimulação pelo FSH.
Em estudo de Roberts et al. (1997), a concentração de IGF-I circulante foi
menor em vacas não cíclicas mantidas sob um plano nutricional baixo e tenderam a ser
menores, mesmo em um plano nutricional elevado, nas vacas não cíclicas em relação às
vacas cíclicas pós-parto. Neste sentido, a concentração do hormônio de crescimento
(GH), envolvido na regulação da concentração de IGF-I, foi menor nas vacas não
cíclicas do que nas vacas cíclicas, e no plano nutricional baixo em relação ao elevado.
Os autores comentam que, talvez diminua a sensibilidade do IGF-I ao GH em vacas sob
elevado plano nutricional, entretanto, a secreção hipotalâmica de GH não foi afetada
pela nutrição. As concentrações circulantes de certos componentes do eixo GH-IGF-
IGFBP podem ser indicativos da competência da nutrição no restabelecimento da
atividade cíclica ovariana durante o período pós-parto de bovinos de corte. Também é
relatada a importância da eficiência metabólica individual, que poderia influenciar a
habilidade em restabelecer a ciclicidade pós-parto.
A divergência folicular estaria relacionada, segundo Kulick et al. (1999), à
responsividade ao LH, pela presença de receptores nos folículos, mas não é sabido o
exato momento em que isto ocorre. A concentração de LH aumenta e permanece
elevada por vários dias na divergência, sem ocorrer, entretanto, aumentos na
concentração de estrogênio. O LH circulante atinge um platô 24 horas após a
divergência, caindo posteriormente.
A redução na retroalimentação negativa do estrogênio sobre o LH, ocorre mais
cedo nas raças taurinas em comparação com as zebuínas, existindo uma forte relação do
LH com a nutrição, observada através da perda de peso ou aumento do perfil nutricional
de novilhas induzidas ao anestro em estudo de Bossis et al. (2000).
Assim, em novilhas de corte, o início da puberdade é o evento primário que
determina se a prenhez ocorrerá e quando esta ocorrerá (WOOD-FOLLIS et al., 2004).
Já Hall et al. (1997) definem a entrada na puberdade como além da ocorrência de estro
seguido da formação de corpo lúteo, a presença de uma concentração plasmática de
progesterona superior a 1 ng/ml. Bergfeld et al. (1994). Destacam a ocorrência de um
rápido aumento no peso uterino 50 dias antes da puberdade, associado a um aumento no
diâmetro máximo do folículo dominante e uma maior concentração plasmática de
estrógeno. Segundo estes autores, o desenvolvimento uterino anterior à puberdade, é
provavelmente relacionado à sua capacidade de secreção de prostaglandina F2α.
O início da atividade sexual na novilha ocorre de maneira gradativa, sendo a
condição corporal, idade e fatores ambientais responsáveis por acelerarem ou atrasarem
a puberdade. A nutrição é um dos fatores fundamentais para a atividade reprodutiva,
sendo que animais bem nutridos atingem a puberdade mais precocemente do que
aqueles que sofrem restrições alimentares (GONÇALVES et al., 2000).
Garcia et al. (2002), destacam a concentração circulante de leptina, um
hormônio sinalizador da quantidade de tecido de reserva de que o animal dispõe, como
um dos maiores responsáveis pela entrada na puberdade, sendo superado em
importância apenas pelo peso vivo, e estando ambos correlacionados entre si. Segundo
os autores, 16 semanas antes da ocorrência da puberdade, a concentração de leptina no
plasma sangüíneo começa a aumentar linearmente, atingindo o valor de 6,4 ng/ml na
semana em que ocorre a puberdade. A concentração de leptina não se alterou durante
todo o ciclo estral em vacas ou novilhas, mas entre as fases do ciclo, foi menor durante
a fase luteal precoce. Os autores apontam ainda, que a leptina pode ter um papel
importante no processo de maturação sexual, sinalizando o status energético do animal
ao eixo reprodutivo central.
A incompleta atividade ovariana em novilhas pré-púberes, está associada à baixa
freqüência de pulsos de LH, em decorrência da inibição da liberação de GnRH pelo
hipotálamo. Estes pulsos aumentam com a idade, sendo esta, juntamente com o peso
corporal, dois dos requisitos fundamentais para a entrada na puberdade das novilhas.
Dois meses antes da puberdade, não há sinais de liberação de LH, mediada pelos
esteróides gonadais. O grau de desenvolvimento folicular dos animais ao início de um
tratamento de indução da ovulação é outro fator crucial, ocorrendo uma baixa
porcentagem de novilhas com folículos menores que 10 mm, em estro e resultando em
prenhez, em relação às novilhas que apresentam folículos maiores que 10 mm (RAO et
al., 1986; KINDER et al., 1987; HALL et al., 1994; DAHLEN et al., 2003). Em seu
estudo, Bergfeld et al. (1994) relatam que conforme se aproxima a primeira ovulação, o
maior diâmetro do folículo dominante, em novilhas pré-púberes, aumenta de forma
linear. O mesmo padrão de desenvolvimento, segundo Hall et al. (1994), é demonstrado
pelos demais folículos presentes, aumentando também o número de folículos maiores
que 10 ou 5 mm. O desenvolvimento folicular determina a função do futuro corpo lúteo
formado após a ovulação, e sua capacidade de secreção de progesterona (DISKIN et al.,
2003).
Da mesma forma, em vacas à pasto e sob condições de estresse nutricional, o
primeiro folículo dominante pós-parto falha em ovular, sendo este fato também
relacionado à baixa freqüência de pulsos de LH, insuficiente para estimular a secreção
de estrogênio pelo folículo, para que este possa induzir o pico pré-ovulatório de LH
(XU et al., 2000).
Devido a estes fatores, a entrada na puberdade é determinante na taxa de prenhez
de novilhas, sendo superiores as taxas de concepção naqueles animais que já tenham
desenvolvido dois ou mais ciclos estrais anteriores à época de acasalamento, quando
comparadas às daquelas acasaladas no cio púbere. O ideal seria que estas novilhas
concebessem o mais cedo possível dentro da estação reprodutiva, para que as chances
de repetirem prenhez aumentem e estas possam permanecer no sistema. Novilhas de
maturação tardia apresentam menor eficiência reprodutiva por não atingirem a
puberdade, ou a atingirem tarde dentro da primeira estação de cria. Alternativas de
manejo que visam induzir a puberdade em novilhas tendem a aumentar sua eficiência
reprodutiva, por proporcionar o primeiro estro – subfértil – antes do início da estação
reprodutiva, fazendo que concebam mais cedo, desmamando produtos mais pesados e
podendo repetir a prenhez na estação subseqüente. Estes tratamentos tendem a aumentar
a proporção de novilhas com corpo lúteo de duração normal após a ovulação, reduzindo
a incidência de ciclos curtos (PATTERSON et al., 1990; RASBY et al., 1998;
LOBATO & AZAMBUJA, 2002; GREGORY & ROCHA, 2004). Hall et al. (1994)
consideram fase luteal de duração normal quando a mesma leva aproximadamente 10
dias.
Stahringer et al. (1990) trabalhando com novilhas de 16-17 meses de idade em
uma fase transicional entre o anestro e a puberdade, suplementadas com concentrado e
expostas à rufiões, observaram uma elevada porcentagem de anormalidades em seu
comportamento sexual, como estros sem formação de corpo lúteo, anestro ou ambos
durante este período. Da mesma forma, Del Vecchio et al. (1992) observaram elevada
freqüência de ciclos com duração anormal, trabalhando com novilhas leiteiras,
principalmente durante o primeiro e segundo ciclos, tanto mais curtos quanto mais
longos após o primeiro estro, e mais ciclos curtos após o segundo estro. Também
relatam a ocorrência, além de cios sem posterior formação de corpo lúteo, corpos lúteos
de curta duração, cios silenciosos e atividade estral com elevada concentração de
progesterona na circulação. Após o terceiro cio, todas as novilhas apresentaram ciclos
de duração normal, com concentração de progesterona circulante superior em relação ao
primeiro estro.
Segundo Kastelic (2004), é notada uma maior fertilidade em novilhas que
apresentam ciclos estrais com 3 ondas de crescimento folicular, devido ao menor
intervalo para o desenvolvimento do folículo ovulatório e/ou da diferenciação na
regressão do corpo lúteo. Bergfeld et al. (1994) observaram que, novilhas apresentando
ciclos estrais com duração entre 16 e 25 dias, após a primeira ovulação, desenvolveram
3 a 4 ondas de crescimento folicular entre duas ovulações.
A elevação nos níveis de progesterona plasmáticos, que ocorre antes do início da
puberdade na novilha, e antes da ciclicidade ovariana normal na vaca amamentando
pós-parto, é pré-requisito para o desenvolvimento de ciclos estrais normais
(PATTERSON et al., 1990). Bergfeld et al. (1996) observaram um significativo
aumento na liberação pulsátil de LH em vacas, após a redução na concentração de
progesterona liberada através de dispositivos, quando retiraram dois dispositivos
comerciais com progesterona (PRID
®
) anteriormente colocados e os substituíram por
1/2 PRID
®
. Existe uma relação inversa entre a concentração de progesterona plasmática
e a freqüência de pulsos de LH em fêmeas bovinas. Em um ciclo estral típico, a
concentração de progesterona é alta e baixa a freqüência de pulsos de LH durante a fase
luteal média, em relação à fase luteal inicial. A comunicação entre o ovário e o eixo
hipotalâmico-hipofisiário é rápida após a redução na concentração de progesterona na
circulação, fazendo com que ocorram mudanças na freqüência de pulsos de LH dentro
de 6 horas. A própria concentração de progesterona, parece não ser tão importante
quanto o efeito de sua redução.
A relação estrogênio: progesterona é outro importante fator que afeta as taxas de
concepção e sobrevivência embrionária durante o período transicional para a puberdade
em novilhas (DEL VECCHIO et al., 1992). Tanaka et al. (1995) observaram uma maior
concentração plasmática de estrogênio em novilhas que apresentaram 2 ciclos estrais,
quando comparadas àquelas que haviam apresentado um ciclo, ou que não haviam
ciclado anteriormente. Kulick et al. (1999) observaram um aumento na concentração
plasmática de estrogênio durante a fase luteal precoce em novilhas. Segundo Bergfeld et
al. (1996), a progesterona é mais efetiva na supressão da freqüência de pulsos de LH
e/ou do pico pré-ovulatório de LH em presença de estrogênio. Entretanto, sob elevadas
concentrações de estrogênio, a progesterona somente pode exercer seus efeitos
inibitórios também em elevadas concentrações. Para Bergfeld et al. (1994), a
concentração de estrogênio circulante está relacionada com o tamanho do folículo
dominante presente, e o aumento verificado em mm dos folículos dominantes, conforme
se aproxima a puberdade, coincide com uma maior secreção de 17β estradiol por estes
folículos, o que resultaria na redução da retroalimentação negativa do estradiol sobre a
secreção de LH, prévia à puberdade. O declínio pré-puberal na retroalimentação
negativa do estradiol, seria seguido por um período de retroalimentação positiva após a
puberdade nas novilhas.
Segundo Patterson et al. (1990) e Imwalle et al. (1998), novilhas têm maiores
taxas de concepção quando inseminadas no terceiro em relação ao primeiro estro púbere,
por sua aumentada taxa de fertilização dos oócitos. Assim, as porcentagens de prenhez
em grupos de novilhas jovens, como as manejadas para acasalamento aos 15 meses,
poderiam ser maiores se estas mesmas novilhas fossem induzidas à puberdade aos 12-13
meses de idade, ou seja, 60 a 90 dias antes.
2.5. Importância da Antecipação da Concepção em Novilhas
O peso ao desmame, além de envolver características herdáveis de crescimento,
também é influenciado pela idade do bezerro. Deste modo, os animais que nascem ao
início da estação de parições, certamente serão os mais pesados no momento do
desmame (WILTBANK, 1985).
A parição no início da segunda temporada aumenta as chances de repetição de
crias das vacas primíparas (LOBATO & AZAMBUJA, 2002). Assim, Randle (1993)
sugere que o manejo da reprodução em bovinos de corte deve ter como objetivo principal
a obtenção de 70% das vacas parindo nos primeiros 21 dias da estação reprodutiva.
Sendo assim, para Cavestany et al. (2003), o principal objetivo de um bom manejo
reprodutivo é obter-se o número máximo de fêmeas prênhes no mais curto período de
tempo possível.
De acordo com Mialot et al. (2003), é observada uma maior ciclicidade em vacas
primíparas e multíparas com um intervalo pós-parto de pelo menos 75 dias ao início da
estação de serviços, quando comparadas àquelas com parto ocorrido a menos de 75 dias,
em relação à mesma data. Assim, quanto mais tardios forem os partos, menores serão as
probabilidades de manifestações de estro antes do término da estação reprodutiva
(MORAES, 2002).
2.6. Avaliação do Escore de Trato Reprodutivo
A avaliação do escore de trato reprodutivo tem a função de estimar o status
puberal de novilhas e seu subseqüente potencial para acasalamento, através da palpação
por via retal dos cornos uterinos, ovários e, com o auxílio do ultra-som, as estruturas
ovarianas (ANDERSON et al., 1991). O escore do trato reprodutivo pode ser útil
também, na determinação do protocolo de sincronização de estros mais adequado a ser
adotado (PATTERSON et al., 1999). A classificação em uma escala de 1 a 5 pontos,
atribui a pontuação 1 para novilhas imaturas, sem tônus uterino ou estruturas ovarianas
palpáveis; 2, para novilhas com diâmetro dos cornos uterinos entre 20 e 25 mm, sem
tônus uterino e com folículos menores que 8 mm; 3, para novilhas com leve tônus
uterino e folículos de 8-10 mm de diâmetro; 4, para novilhas com diâmetro de cornos
uterinos de 30 mm, presença de tônus uterino e folículos maiores que 10 mm; e 5, para
novilhas com presença de corpo lúteo palpável. A partir destas informações, novilhas
classificadas entre os escores 1, 2 e 3 são consideradas pré-púberes e aquelas
classificadas entre 4 e 5 como púberes, estas últimas apenas diferindo quanto ao estágio
do ciclo estral em que se encontram no momento da realização do exame (ANDERSON
et al., 1991; ROSENKRANS & HARDIN, 2003).
Uma metodologia envolendo apenas a avaliação do status ovariano de vacas ou
novilhas através da ultra-sonografia, foi descrita por Cutaia et al. (2003b), onde eram
utilizadas 3 classificações: 1 para animais sem estruturas palpáveis (< 8 mm de
diâmetro), 2 para animais com folículos palpáveis (> 8 mm de diâmetro), e 3 para
animais com corpo lúteo.
Novilhas que foram avaliadas quanto ao escore de trato reprodutivo, um mês
antes da estação reprodutiva e, posteriormente, sincronizadas para inseminação artificial
com protocolo à base de progesterona e estradiol, em estudo desenvolvido por Lefever
& Odde (1986), apresentaram uma porcentagem de estro de 90% entre as classificadas
nos escores reprodutivos 4 e 5, alcançando 50% de concepção, e porcentagem de estro
inferior à 80%, com 37% de concepção, para as novilhas classificadas em 1, 2 ou 3. A
avaliação do escore do trato reprodutivo de novilhas realizada previamente à temporada
reprodutiva, evita que animais com baixo potencial reprodutivo sejam utilizados, o que
poderia acarretar em maiores custos com manejo da reprodução (ROSENKRANS &
HARDIN, 2003).
Em estudo de Dahlen et al. (2003), após uma avaliação prévia,
aproximadamente 40 dias antes do início da temporada de reprodução, foram removidas
do grupo experimental todas as novilhas com escore de trato reprodutivo igual a 1. Foi
observada uma elevação na porcentagem de estro, conforme aumentava o escore do
trato reprodutivo das novilhas, até alcançar pontuação igual a 4 (2, 3, 4 e 5 com 26, 38,
63 e 50% de estros, respectivamente). Também a taxa de prenhez à IATF, foi maior
para o escore reprodutivo 4 do que para os escores 2 ou 3. Entretanto, a taxa de prenhez
após um período de repasse por touros, foi semelhante para os escores 3 e 4, com 87,9 e
89,2%, respectivamente, sendo estas taxas superiores à do escore 2, de 71,9%. Para cada
unidade de escore reprodutivo aumentada, a porcentagem de prenhez à inseminação
artificial aumentou 9,6% e a prenhez após o repasse 6,9%. Novilhas com escores de
trato reprodutivo iguais ou inferiores a 3, responderam pouco à sincronização de estros,
apresentando menor fertilidade quando inseminadas, sendo que estas representavam
73,3% do total dos animais.
Patterson et al. (1999) sincronizando novilhas com acetato de melengestrol
(MGA) e prostaglandina para inseminação artificial, obtiveram 83 e 86% de estros para
os escores reprodutivos 4 e 5, respectivamente, caindo significativamente e de forma
linear este percentual para 76, 66 e 54% nos escores 3, 2 e 1, respectivamente.
Entretanto, em outro experimento, Dahlen et al. (2003) ressaltaram que não
havia diferenças em tamanho do maior folículo presente ou no número de folículos
classe I (2-5 mm), II (6-9 mm) ou III (> 9 mm) entre novilhas com diferentes escores
reprodutivos, indicando a importância do diâmetro e do tônus uterino dentro da
avaliação do escore do trato reprodutivo.
Em novilhas cruzas indicus com 15 meses de idade, examinadas com ultra-som
no Dia 0 de um protocolo de sincronização para IATF à base de progesterona e
benzoato de estradiol (BE), Cutaia et al. (2007) encontraram uma tendência a maior
taxa de prenhez nas novilhas com diâmetro dos cornos uterinos superior à 1,5 cm
(52,2%) em relação às que possuíam diâmetro menor que 1 ou entre 1 e 1,5 cm (33,3 e
31,9%, respectivamente). Os mesmos autores não encontraram, entretanto, diferenças
quanto a taxa de prenhez à IATF, no que corresponde às medidas dos ovários e as
estruturas ovarianas encontradas (corpo lúteo, folículo 8 mm ou folículos <8 mm).
Quando consideradas na análise somente as novilhas com corpo lúteo presente no Dia 0,
as taxas de prenhez foram superiores para as com cornos uterinos maiores que 1,5 cm
em diâmetro (61,1 x 28,9 e 0%, para as novilhas com diâmetro <1 e 1-1,5 cm,
respectivamente). Estes dados indicam que devem ser tomados em conta outros fatores,
além da presença ou ausência de corpo lúteo, para indicar a maturidade de novilhas de
15 meses e poder determinar sua inclusão ou não em programas de IATF.
O escore de trato reprodutivo é uma técnica que possui boa repetibilidade por
veterinários e entre veterinários, apresentando uma sensibilidade de aproximadamente
82%, onde com 18% de falsos negativos, algumas novilhas examinadas podem ser
classificadas como pré-púberes, quando na verdade são púberes (ROSENKRANS &
HARDIN, 2003).
2.7. Monitoramento do Status Puberal Através do Perfil de Progesterona
A concentração de progesterona após a coleta, em amostras de sangue bovino, já
apresenta declínios a uma temperatura de 22
º
C e depois de passado um período de
tempo entre 12 e 48 horas (WISEMAN et al., 1983). Em estudo de Díaz et al. (1986),
novilhas cruzas apresentaram níveis plasmáticos médios de progesterona de 0,5 ng/ml
no Dia 0 do ciclo estral, 8,7 ng/ml no Dia 13, e 0,4 ng/ml no Dia 21 do ciclo. A
concentração de progesterona no sangue de novilhas, semelhante ao que ocorre nas
vacas, varia de acordo com o desenvolvimento do corpo lúteo, aumentando do Dia 3 ao
Dia 13 (a uma taxa aproximada de 0,76 ng/ml/dia) e iniciando um declínio já a partir do
Dia 11, em alguns animais.
Reed et al. (1985) observaram uma baixa repetibilidade dos níveis plasmáticos
de progesterona, em novilhas leiteiras no Dia 7 do ciclo estral, sendo a maior variação
em função da raça, e não em função da duração do ciclo estral. Outras possíveis fontes
de variação na concentração de progesterona circulante podem ser a duração do estro,
flutuações individuais diárias no status metabólico e nutricional dos animais ou
flutuações diárias nos próprios níveis de progesterona.
A baixa concentração de progesterona plasmática e intervalos curtos entre as
ovulações, principalmente entre a primeira e segunda ovulação, sugerem alteração
funcional, com a formação de um corpo lúteo de curta duração, semelhante ao que
ocorre em ovulações induzidas por GnRH e, conseqüentemente, não sustentando uma
gestação (DUBY et al., 1985). Conforme já comentado anteriormente, é observada uma
maior concentração de progesterona plasmática após o primeiro estro em novilhas, do
que a observada após o terceiro estro (DEL VECCHIO et al., 1992).
Novilhas com concentrações de progesterona circulante superiores a 1 ng/ml são
consideradas cíclicas, pela caracterização da ocorrência de atividade luteal, e aquelas
com concentrações inferiores a 1 ng/ml, como pré-púberes ou não cíclicas (NEIBERGS
& REEVES, 1988; WHISNANT & BURNS, 2002). Tanaka et al. (1995), utilizaram
uma outra metodologia para a classificação do status puberal em novilhas através da
dosagem da progesterona plasmática, definindo-as como sem resposta após 2 dosagens
inferiores a 1 ng/ml de plasma; novilhas de um ciclo, quando uma das amostras foi
superior a 1 ng/ml de progesterona; e 2 ciclos quando duas amostras consecutivas, com
intervalo de 18 dias entre as mesmas, apresentaram concentração de progesterona
superior a 1 ng/ml. Entretanto, Rosenkrans & Hardin (2003) recomendam a utilização
de um intervalo de 10 dias entre duas coletas, como forma de assegurar que uma delas
seja realizada durante a fase luteal, no caso de novilhas que já estejam ciclando.
Bridges et al. (1999), trabalhando com vacas no pós-parto, consideraram como
já tendo apresentado uma ovulação, animais que apresentaram concentração de
progesterona plasmática superior a 0,5 ng/ml e, posteriormente, concentração pelo
menos duas vezes superior à inicial em uma segunda amostra, utilizando um intervalo
de 7 dias entre ambas. Mialot et al. (1999), para vacas Holandês em lactação, adotaram
os parâmetros de 1,5 ng/ml de progesterona plasmática e de 2 ng/ml no leite produzido,
como correspondentes à presença de corpo lúteo funcional. A palpação do corpo lúteo,
segundo Sprecher et al. (1989) geralmente não se corresponde com os níveis
plasmáticos de progesterona, como forma de poder prever sua susceptibilidade à ação
da prostaglandina.
2.8. Avaliação do Status Reprodutivo por Ultra-Som
O diagnóstico ultra-sonográfico provê uma forma pouco invasiva, de acesso
visual da cérvix, útero e ovários, para a avaliação da fisiologia e alterações ocorridas no
trato reprodutivo da fêmea bovina (KASTELIC et al., 1988). À ultra-sonografia, o
corpo lúteo é definido como uma estrutura circunscrita de ecogenicidade homogênea
(SPRECHER et al., 1989).
Rosenkrans & Hardin (2003) observaram uma leve superioridade da ultra-
sonografia, em relação à palpação retal, na identificação da presença do corpo lúteo em
vacas. Um corpo lúteo em desenvolvimento pode ser palpado entre o Dia 1 e o Dia 4 do
ciclo estral, e confundido com um corpo lúteo maduro. Entretanto, no desenvolvimento,
o corpo lúteo não secreta ainda grandes quantidades de progesterona. O corpo lúteo em
regressão pode permanecer palpável no ciclo estral subseqüente, mas a secreção de
progesterona cessa próximo ao Dia 17 do ciclo.
A ultra-sonografia, segundo Pierson & Ginther (1987), tendeu a superestimar em
mais ou menos um folículo, o número de folículos maiores que 2 mm em diâmetro por
ovário, em relação à técnica do slice (dissecção realizada através de cortes). Quanto à
localização do corpo lúteo, as duas técnicas foram iguais e 100% corretas. A ultra-
sonografia parece ser uma técnica extremamente segura para estimar a população
folicular ovariana maior ou igual a 2 mm, e detectar corpos lúteos maduros e suas
cavidades centrais.
Kulick et al. (1999), monitorando a emergência folicular da primeira onda de
crescimento em novilhas, encontraram o maior folículo em média com 4,2 mm de
diâmetro, contra 3,6 mm do segundo maior folículo. A partir daí, ambos apresentaram
crescimento semelhante, a uma taxa de 0,5 mm em 8 horas, durante aproximadamente
61 horas. A diferença em crescimento entre os dois maiores folículos aumenta
abruptamente quando um deles atinge aproximadamente 8,5 mm de diâmetro, ao que se
denomina divergência, sendo este um diâmetro decisivo. No início da divergência, o
maior folículo apresentava diâmetro médio de 8,3 mm contra 7,8 mm do segundo maior
folículo.
A palpação retal apresenta uma precisão mais baixa, com um maior número de
diagnósticos falsos negativos, e também maior número de erros envolvendo ovários
pequenos. Da mesma forma, uma baixa sensibilidade para diferenciar folículos com
diâmetro superior a 15 mm e com aparência de corpo lúteo, mas com simultânea baixa
concentração de progesterona presente no leite. Mais erros tendem a ocorrer quando um
baixo status de progesterona é diagnosticado (SPRECHER et al., 1989).
2.9. Indução Hormonal da Puberdade
Novilhas acasaladas quando muito jovens, freqüentemente resultam em
acasalamentos no estro púbere, e a fertilidade dentro desta etapa tende a ser bem menor
do que para aquelas acasaladas no terceiro estro. Deste modo, as novilhas deveriam
atingir a puberdade 1 a 3 meses antes da idade média em que seriam colocadas em
reprodução. Reduzidas idades à puberdade, em relação ao início da temporada
reprodutiva, indicam que uma elevada porcentagem das novilhas está ciclando e que os
efeitos da menor fertilidade potencial ao primeiro estro estão minimizados (SHORT et
al., 1990; PERRY et al., 1991).
A primeira proposta referente a um método capaz de manipular o ciclo estral na
fêmea bovina partiu de Christian & Casida em 1948, que sugeriram a utilização da
progesterona com o intuito de bloquear a função reprodutiva. A partir da suspensão da
medicação boa parte dos animais apresentava sintomas de estro. Mais tarde, em 1968,
Wiltbank & Kasson verificaram que a adição de estrógeno (valerato de estradiol), ao
início de um tratamento com progesterona, através de seu efeito luteolítico, aumentava a
incidência de estros nos animais tratados e permitia a redução do período de bloqueio.
Alguns estudos têm indicado a associação de estrógenos a progesterona, ou
progestágenos, para elevar a taxa de manifestação de cio e os índices de prenhez em
novilhas próximas à puberdade (PATTERSON et al., 1990; RASBY et al., 1998).
Dentro destes protocolos, conforme citado por Gregory (2002), a progesterona ou
progestágeno atua promovendo uma regulação na liberação de LH durante o período de
administração, permitindo a ocorrência do desenvolvimento folicular normal. Após a
retirada do implante contendo o hormônio, e a aplicação de uma dose de prostaglandina,
ocorre uma queda na concentração do mesmo na circulação da fêmea, sinalizando ao
eixo hipotalâmico-hipofisiário para que ocorra a liberação do LH na forma de um pico,
proporcionando o desenvolvimento final do maior folículo dominante presente, e a
ovulação.
A associação com o benzoato de estradiol, na dose de 0,5 mg aplicada ao final
do período de bloqueio com a progesterona, ou progestágeno, determina um incremento
significativo na porcentagem de novilhas em estro (MORAES, 2002). No entanto, é
possível que seja verificado maior percentual de retorno ao estro em situações
peculiares, já que é evidenciado comportamento diferenciado dos tratamentos entre
propriedades. No que concerne à idade das novilhas, aquelas com 14 meses mostram
significativo incremento na manifestação de cios, sem redução na taxa de concepção ao
primeiro serviço, quando esta é estimada pelo percentual de retorno ao cio. Os
resultados obtidos indicam este protocolo para novilhas jovens próximas à puberdade
(PATTERSON et al., 1990; RASBY et al., 1998). O próprio 17β estradiol, segundo
Patterson et al. (1990), provoca a liberação de LH em novilhas pré-púberes, mas não a
ovulação sem uma pré-exposição a um progestágeno.
Uma duração prolongada do folículo dominante pode ser associada a uma
diminuição na taxa de concepção. Da mesma forma, este efeito negativo pode ser
observado quando ocorre a indução prematura da ovulação (XU et al., 2000). Elevadas
doses de estradiol reduzem a retroalimentação negativa do estrógeno sobre a secreção
de LH em novilhas pré-púberes, alterando a responsividade central ao estrógeno, que é
um evento primário na regulação da entrada na puberdade (RASBY et al., 1998). O
estabelecimento de padrões fásicos da secreção de LH requer um priming, ou uma pré-
exposição, a progesterona (PATTERSON & CORAH, 1992).
Os tratamentos com progestágenos induzem à puberdade, quando administrados
próximos ao tempo em que esta ocorreria normalmente, sendo mais efetivos quando
combinados a dietas com alto teor de energia (PATTERSON et al., 1990). A indução da
puberdade através do tratamento com progestágenos, tendem a apresentar melhores
resultados conforme aumenta a idade dos animais (WOOD-FOLLIS et al., 2004). Os
progestágenos reduzem os efeitos da retroalimentação negativa da baixa concentração
de estrógenos sobre o hipotálamo, em novilhas peripúberes (RASBY et al., 1998). O
aumento na liberação pulsátil de LH, que ocorre em resposta ao tratamento com
progestágenos em novilhas peripúberes, resulta num decréscimo no número de
receptores para estrógeno dentro dos sistemas neuronais, mediadores da ação de
retroalimentação negativa do estrógeno sobre a liberação de GnRH (ANDERSON et al.,
1996).
O eCG (gonadotropina coriônica eqüina), anteriormente conhecido como
PMSG, estimula o desenvolvimento folicular e aumenta a liberação de LH por
estimulação da produção endógena de estrógenos. Os progestágenos associadamente,
suprimem a liberação de LH, resultando num gradual aumento na sua concentração
plasmática, culminando num pico de LH e ovulação após a retirada do bloqueio.
Entretanto, o LH induz a ovulação somente se um folículo desenvolvido estiver
presente. A liberação induzida de LH resulta em luteinização prematura de um folículo
não ovulatório, resultando em função luteal inadequada. Este fato, associado à
insuficiência na liberação de LH pela hipófise, pode provocar o retorno ao anestro
(RAO et al., 1986).
A taxa de sucesso para a indução da puberdade através de tratamentos com
esteróides é variável, mas sugere que os tratamentos poderiam ser efetivos. Algumas das
variações nas respostas entre estudos poderiam ser devidas às diferenças entre raças,
ambientes e taxas de crescimento das novilhas (WHISNANT & BURNS, 2002).
Segundo Rao et al. (1986), a indução hormonal da puberdade é possível em novilhas
Nelore (Bos indicus) ainda longe da idade e peso mínimos para alcançar a puberdade,
sendo a efetividade do tratamento influenciada além destes fatores, pela estação do ano.
Em protocolos de sincronização, quando o pico pré-ovulatório de LH não é
síncrono com o estro, são reduzidas as taxas de concepção, ainda que as concentrações
de progesterona sejam normais nos Dias 7 e 14 após o estro (RENTFROW et al., 1987).
Conforme Colazo et al. (2006), existe considerável evidência de que a posterior
concentração de progesterona plasmática está positivamente correlacionada com o
desenvolvimento embrionário e a produção de interferonτ, envolvido no
reconhecimento materno da gestação.
Em trabalho de Lucy et al. (1990), vacas que ovularam de 1 a 2 dias após a
remoção de um implante com progesterona (CIDR
®
), tiveram um folículo grande
desenvolvendo-se entre o dia da colocação e o quinto dia de permanência do implante, e
que se manteve durante o tratamento. Os folículos são capazes de ovular depois de
longos períodos de bloqueio com progesterona, entre 10 a 15 dias, entretanto, longos
tratamentos com progesterona ou progestágenos podem provocar a formação de cistos
foliculares, além da redução na fertilidade. Da mesma forma, segundo Mihm et al.
(1994), após a luteólise, a presença de concentrações de progesterona subluteais ou
progestágenos, resulta num estendido período de dominância ou na persistência do
folículo dominante.
Mihm et al. (1994) estudaram os efeitos de uma prolongada exposição à
progestágenos, sobre a porcentagem de prenhez à inseminação artificial em novilhas,
administrando implantes com norgestomet às mesmas no Dia 16 do ciclo estral e
mantendo estes implantes por 12 dias, comparando, finalmente, o desempenho destas
novilhas com o de um grupo de novilhas controle. As taxas de prenhez obtidas após a
inseminação foram de 23,3% para as novilhas tratadas com norgestomet contra 76,9%
das controle, confirmando que o aumento na duração do período de dominância
folicular provoca uma redução na porcentagem de prenhez.
Os tratamentos para induzir a puberdade em novilhas proporcionam aumento na
eficiência reprodutiva destas pela ocorrência do primeiro estro, subfértil, antes do início
da estação reprodutiva (RASBY et al., 1998). Entretanto, Burfening (1979) considera
que a puberdade é uma característica herdável, logo a indução da puberdade em
novilhas de reposição, por várias gerações, poderia resultar em situações em que o
alcance da puberdade poderia ser difícil sem um tratamento hormonal, sendo este um
fato que não poderia ser totalmente descartado. Entretanto, segundo Patterson et al.
(1990), existe uma necessidade de explorar tratamentos para induzir a puberdade em
raças de maturação tardia, mas que apresentem suficiente idade e peso corporal ao início
do tratamento, como forma de permitir o sucesso na aplicação.
O investimento em tempo e recursos financeiros em uma novilha, desde o
desmame até o acasalamento, requer que esforços sejam realizados em seu manejo
como forma de facilitar o alcance da puberdade, e maximizar a probabilidade de
prenhez. Neste cenário, um método de indução da puberdade, poderia servir como
valioso instrumento para aumentar o desempenho reprodutivo de novilhas
(PATTERSON et al., 1999).
2.9.1. Protocolos à Base de Acetato de Melengestrol
A suplementação de novilhas com acetato de melengestrol (MGA) por 14 dias, e
a aplicação de uma dose de prostaglandina 17 dias após sua suspensão, foi testada por
Patterson & Corah (1992), encontrando uma elevada porcentagem das novilhas tratadas
apresentado concentração de progesterona circulante superior em relação às controle.
Apesar disto, e de que todas as novilhas apresentavam elevada concentração de
progesterona plasmática no momento da aplicação da prostaglandina, nem todas
apresentaram estro. Este fato, segundo os autores, poderia ser atribuído a uma luteólise
incompleta após a prostaglandina, ovulação sem manifestação de estro ou ainda, falhas
na detecção de estros.
A administração via alimentar do progestágeno MGA, é recomendada para a
sincronização de estros em novilhas próximas à entrada na puberdade ou já púberes. Um
pressuposto para a utilização deste tratamento é que o estabelecimento de padrões
fásicos de LH, requereria uma pré-exposição à progesterona ou, neste caso, a um
progestágeno. Atualmente, o protocolo de utilização mais recomendado para o MGA,
prevê o fornecimento de 0,5 mg do progestágeno por animal, diariamente durante 7
dias, preferencialmente misturado a uma ração farelada. No sétimo dia, após a
suspensão do MGA, administra-se uma dose de prostaglandina, visando a lise de corpos
lúteos eventualmente presentes em animais que já estavam ciclando quando do início do
tratamento. Quatro dias após a aplicação da prostaglandina, administra-se 100 mcg de
GnRH, com o objetivo de induzir a ovulação ou a luteinização folicular. Uma nova
aplicação de prostaglandina é realizada 7 dias após o GnRH e, finalmente, a
inseminação artificial é realizada com controle de estros por 48 a 96 horas após a última
injeção de prostaglandina. Entretanto, existe dificuldade no estabelecimento de um
consumo regular do MGA por todos os animais do grupo, além de sua utilização
implicar na necessidade de uma estrutura e manejo diferenciados, principalmente para a
situação de sistemas de criação extensivos. Outro fator a ser considerado, é a baixa taxa
de concepção quando a inseminação artificial é realizada ao primeiro estro após o
tratamento com MGA (PATTERSON et al., 1990; PATTERSON & CORAH, 1992;
GREGORY, 2002; MORAES, 2002).
Trabalhando com novilhas de um ano de idade e peso corporal médio de 285 kg,
tratadas com MGA, Imwalle et al. (1998) obtiveram 100% de ovulação nas novilhas
que consumiam o progestágeno, contra 44% de ovulação nas novilhas controle. Nos
Dias 0 e 7, a concentração de LH na circulação não foi diferente entre tratadas e
controle, sendo que no Dia 9, a concentração de LH foi superior para as novilhas que
receberam o tratamento com MGA. Quanto à freqüência na liberação de pulsos de LH,
esta foi maior para as novilhas controle no Dia 0, sem diferenças no Dia 7 e, maior para
as tratadas, no Dia 9, apresentando estas um aumento linear significativo. O diâmetro do
maior folículo não apresentou diferenças entre os grupos ao início do tratamento e ao
Dia 3, mas foi maior no Dia 6 para as novilhas que receberam o MGA, sendo
novamente semelhante entre os grupos ao Dia 8. Segundo os autores, a eficácia do
progestágeno em iniciar a ciclicidade nas novilhas, estaria dependente da idade
fisiológica dos animais tratados, que neste caso, eram mantidos sob um elevado plano
nutricional e apresentavam excelente escore de condição corporal. Os progestágenos
poderiam, desta forma, facilitar a entrada na puberdade, mas não iniciar este evento
crítico levando à primeira ovulação.
Neibergs & Reeves (1988) utilizando novilhas cíclicas e pré-púberes, com 361-
369 kg de peso vivo, observaram um maior número de novilhas apresentando boa
resposta à sincronização entre as cíclicas. Nas novilhas pré-púberes foram detectados
91% de estros entre as tratadas com MGA e prostaglandina (MGA/PGF) contra 67%
nas tratadas somente com prostaglandina (PGF) e controle, durante os 34 dias do
período de inseminação artificial. Nenhuma novilha que recebeu o tratamento
MGA/PGF foi detectada em cio durante o período de consumo do MGA. Não houve
diferenças entre as taxas de prenhez ao primeiro serviço para os tratamentos MGA/PGF
e PGF, assim como para novilhas cíclicas e pré-púberes, e nem diferenças quanto ao
retorno ao estro após a inseminação artificial entre os grupos. Foi observada uma maior
porcentagem de estros para as novilhas de 18 meses, em relação às novilhas de 14
meses de idade, mas sem diferenças quanto à repetição de serviços. Não foram
observadas vantagens da sincronização de estros com MGA e prostaglandina, sobre
aquela que utilizou somente a prostaglandina.
Patterson et al. (1990) estudaram novilhas cruzas Angus x Hereford e Brahman
x Hereford, com 55 ou 65% do peso adulto do rebanho de origem, observando estros
por 160 dias e coletando amostras de sangue para dosagem de progesterona, nos Dias 0
e 10 do início do tratamento. Assim, novilhas que não exibiram estros e apresentaram
concentração de progesterona circulante inferior a 1ng/ml foram tratadas com MGA e
salina ou MGA e GnRH. As novilhas tiveram acesso a 0,5 mg de MGA por dia,
misturado à ração, durante 7 dias. Posteriormente, foram aplicadas aos animais 500 mcg
de GnRH ou 5 ml de solução salina, 48 horas após a última ingestão do MGA.
Seguiram-se observações diárias de estros por 45 dias após o protocolo, sendo as
novilhas, durante este período, expostas a rufiões e submetidas à inseminação artificial
12 horas após a detecção de estro. Não foram observadas diferenças quanto à
porcentagem de novilhas em estro até o Dia 7 do experimento, mas uma maior
porcentagem das novilhas que receberam MGA/salina exibiu estro até o Dia 14. A
porcentagem de novilhas que apresentaram uma elevada concentração de progesterona
plasmática ao Dia 7 e Dia 14, foi maior entre as tratadas com MGA/GnRH, não
havendo, entretanto, diferenças quanto às taxas de concepção ao primeiro serviço entre
salina e GnRH (24 x 18%). Uma relativamente alta porcentagem de novilhas apresentou
ciclos estrais curtos, com menos de 17 dias de duração, após o primeiro estro (37 x
53%, para salina e GnRH, respectivamente) e, subseqüentemente, novos ciclos curtos
(44 x 50% destas para salina e GnRH, respectivamente). A porcentagem de prenhez
obtida foi semelhante entre os grupos, após os 45 dias do período de estudos (63 x 53%,
para salina e GnRH, respectivamente).
Ainda Patterson et al. (1990), concluíram que o MGA iniciou a ciclicidade em
novilhas pré-púberes, entretanto, destacam que, a liberação induzida de LH nas novilhas
tratadas com MGA e GnRH pode ter causado a luteinização prematura de folículos,
resultando desta forma, em função luteal inadequada. Um maior número de novilhas
tratadas com salina exibiu estros comportamentais, em relação às novilhas tratadas com
GnRH, tendo este último, entretanto, induzido com sucesso a ovulação na maior parte
dos animais.
Utilizando novilhas Angus e Simmental, com 13 meses de idade e pesando entre
302 e 350 kg, Wood-Follis et al. (2004) desenvolveram um experimento onde os
animais recebiam 0,5 mg de MGA junto à 1,8 kg de suplemento, diariamente, durante
14 dias e administravam uma injeção de prostaglandina (PGF) 19 dias após a suspensão
do MGA, ou GnRH aos 12 dias e prostaglandina aos 19 dias (GnRH/PGF), sendo todas
as novilhas submetidas à inseminação artificial com observação de estros. Não
encontraram diferenças entre tratamentos, quanto à resposta em porcentagem de
manifestação de estros, tendo, entretanto, as novilhas pré-púberes, exibido estro mais
tardiamente em relação às púberes, dentro do tratamento com GnRH/PGF. Entre os
grupos, a ocorrência de estro foi maior para as novilhas pré-púberes tratadas com
GnRH/PGF (92 x 56% das PGF), mas sem diferenças quanto à taxa de prenhez à
inseminação artificial (75 e 72%, para GnRH/PGF e PGF, respectivamente) e após
período de repasse por monta natural (97 e 94%, para GnRH/PGF e PGF,
respectivamente). Não foi observada associação entre a concentração de progesterona
plasmática presente e o intervalo para a ocorrência do estro. Também não foi observada
diferença entre os tratamentos, para a porcentagem de novilhas que apresentaram
elevada concentração de progesterona plasmática aos Dias 12 e 19 após suspensão do
MGA, sugerindo que o GnRH não influencia o número de novilhas com alta
concentração de progesterona circulante, 7 dias após a aplicação.
2.9.2. Indução da Puberdade com Protocolos à Base de Norgestomet
O norgestomet é um potente progestágeno sintético, utilizado através de um
implante de silicone impregnado com pelo menos 3 mg do princípio ativo. Estes
implantes são administrados por via subcutânea, na região auricular, durante um período
aproximado de 9 dias e, assim como os dispositivos intravaginais, têm a finalidade de
manter altos os níveis sangüíneos do progestágeno, suprimindo desta forma a liberação
endógena de LH e simulando a fase luteínica do ciclo estral. O implante de silicone
provoca a liberação do hormônio de forma homogênea e linear (BARUSELLI &
MARQUES, 2002; GREGORY, 2002).
Estudos como o de Tanaka et al. (1995), demonstram que cerca de 90% das
novilhas pré-púberes podem ser induzidas ao estro através do tratamento com
norgestomet, alcançando aproximadamente 50% de prenhez, em 5 dias após a remoção
dos implantes. O norgestomet associado ao eCG, Tibary et al. (1992), foi efetivo em
induzir estro fértil em novilhas pré-púberes de várias raças. Seguin et al. (1989) tratando
novilhas, cíclicas ou em anestro, com um implante com norgestomet ou duas aplicações
de prostaglandina, não encontraram diferenças quanto à porcentagem de prenhez total
obtida (38 e 42%, respectivamente), mas sim, uma diferença entre a taxa de prenhez das
novilhas cíclicas em relação às em anestro, com 53 e 18% de prenhez, respectivamente,
no grupo tratado com prostaglandina, e 45 e 21% de prenhez, respectivamente, no grupo
que recebeu norgestomet, sugerindo que os dois tratamentos são igualmente efetivos na
sincronização de estros em novilhas cíclicas, e inefetivos em novilhas pré-púberes ou
em anestro.
Rao et al. (1986) tentaram induzir a puberdade em novilhas Bos indicus pré-
púberes, através da utilização de implantes com norgestomet associados a uma
aplicação de eCG. Após a inseminação artificial, as novilhas que não conceberam
voltaram à aciclia, mas em menor proporção quando comparadas às novilhas controle,
que não receberam o tratamento. A liberação induzida de LH, nas novilhas tratadas,
poderia resultar em uma função luteal inadequada, e a partir daí o retorno ao anestro. Os
autores afirmam que o grau de desenvolvimento folicular presente ao início do
tratamento é fator crucial, assim como a idade e o peso corporal dos animais, obtendo-se
melhores resultados de estro e prenhez em novilhas que possuem folículos maiores que
10 mm de diâmetro neste momento. Apesar disto, é comprovado que a indução
hormonal da puberdade é possível em novilhas ainda longe da idade e peso
considerados ideais, sendo a efetividade do tratamento influenciada por outros fatores
além dos já mencionados, como a estação do ano, por exemplo.
Trabalhando com novilhas tratadas com norgestomet e 400 UI de eCG e
mantendo touros vasectomizados junto ao grupo, Rao et al. (1986) realizaram estudo
onde era realizada detecção de estros 4 vezes ao dia, durante 5 dias após o tratamento,
seguindo-se a partir daí, um padrão de duas observações ao dia, verificando a ocorrência
de ovulação por palpação dos ovários, entre 8 a 10 dias após a aplicação do tratamento.
Os pesquisadores obtiveram 100% de estro entre as 48-72 horas da remoção dos
implantes, sendo que, 75% com ovulação, confirmada pela presença de um corpo lúteo
palpável em um dos ovários. Do total de novilhas estudadas, apenas 25% mantiveram a
atividade cíclica após o tratamento e o primeiro estro. Não foram observadas diferenças
quanto ao número de serviços por concepção, subseqüentemente. Apesar de que muitos
animais voltaram à condição de anestro após a ovulação induzida, foi constatado que, os
animais controle também mostraram irregularidade quanto aos sinais de ciclicidade.
Em um outro experimento, Rao et al. (1986) obtiveram 100% de estro e 63% de
prenhez à IATF em um grupo semelhante de novilhas, porém desta vez sem nenhuma
posterior manutenção da ciclicidade entre as novilhas não prênhes. Nas novilhas
controle, a taxa de prenhez obtida foi de 33%. Ainda, em um novo trabalho
desenvolvido na seqüência, os mesmos autores obtiveram 88% de estro, 75% de
ovulação e 25% de taxa de prenhez à IATF, em novilhas peripúberes submetidas ao
mesmo tratamento associando eCG ao implante com norgestomet. Desta vez,
observaram 10% de prenhez nas novilhas controle, com 90% de aciclia nestas, contra
38% de aciclia nas tratadas. Porém, o peso corporal foi superior para as novilhas
prênhes, sendo observada uma melhor fertilidade durante a estação fria, em relação aos
períodos mais quentes do ano. Em ambos os experimentos, as novilhas eram
consideradas muito jovens e muito leves para que pudessem atingir a puberdade, mas
foi constatada uma alta efetividade do tratamento com eCG após a remoção dos
implantes, sobre as taxas de prenhez obtidas nas novilhas.
Tratando novilhas cíclicas com norgestomet, Rentfrow et al. (1987) observaram
que as novilhas que receberam o implante exibiram estro dentro de 72 horas de sua
remoção, com corpos lúteos detectados nas novilhas tratadas e controle, entre 8 a 12
dias após a ocorrência do estro. O norgestomet não afetou os níveis circulantes de LH
entre as 0 e 12 horas após o estro nas novilhas, mas as tratadas apresentaram menor
concentração de LH nas 12 horas, em relação às controle. Da mesma forma, as novilhas
tratadas demonstraram um pico pré-ovulatório de LH 4,8 horas antes das controle, mas
sem diferenças quanto à amplitude de liberação do hormônio, mas requerendo a
utilização de um prazo diferenciado para a realização da inseminação artificial, ao invés
das 12 horas após o estro. As concentrações máximas circulantes de progesterona foram
inferiores nas novilhas tratadas, não estando claro se devido ao tratamento, ou resultado
da alta concentração de progesterona observada no maior número de novilhas controle
prênhes. De outra parte, a alteração no tempo do pico pré-ovulatório de LH, poderia
responder pela menor taxa de concepção ao primeiro serviço nas novilhas tratadas (18,2
x 72,7% das controle). Modificações no padrão endócrino normal, provocadas pelo
tratamento, poderiam ter sido responsáveis por esta inferior taxa de concepção neste
grupo de novilhas. Neste sentido, a reduzida atividade luteal após o tratamento, poderia
ser a causa primária para a menor fertilidade, assim como a alteração da função folicular
provocada pelo mesmo.
Para Hall et al. (1997), a aplicação de implantes com norgestomet a novilhas de
9,5; 11 e 12,5 meses de idade, produziu um aumento na freqüência de pulsos de LH
entre 24 e 72 horas após sua remoção nas novilhas tratadas, em relação às controle, que
não receberam o progestágeno. Apesar disto, a amplitude dos pulsos não foi afetada
pelo norgestomet, apresentando um valor médio de 2,61 ng/ml para ambos os grupos. O
norgestomet também proporcionou um aumentou no número de folículos maiores que 8
mm de diâmetro e no tamanho do maior folículo, nas novilhas tratadas. Foi verificada
ainda, uma tendência ao aumento no tamanho médio dos demais folículos, mas não no
número de folículos entre 4 e 7 mm.
Ghallab et al. (1984) trabalharam com novilhas cruzas, com peso corporal
aproximado de 285 kg, entre os 12-14 meses de idade, púberes ou não. Os animais
foram tratados com duas aplicações norgestomet, permanecendo durante 8 dias com
cada implante, respeitando um intervalo de 16 dias entre uma aplicação e a outra,
permanecendo outro grupo de novilhas como controle, sendo todas expostas a touros
férteis desde a retirada do primeiro implante do grupo tratamento. Os pesquisadores
obtiveram taxas de prenhez de 61% para as novilhas tratadas não púberes, 75% para as
tratadas cíclicas, 73% para as controles cíclicas e, finalmente, diferindo estatisticamente
dos demais grupos, 33% de prenhez nas novilhas controle não púberes, ou em anestro,
ao início do experimento. O tratamento apresentou vantagem, por proporcionar uma
taxa de prenhez superior após a aplicação do segundo implante nas novilhas. Além
disso, os tratamentos repetidos com norgestomet aumentaram as taxas de prenhez nas
novilhas que previamente estavam em anestro. Entretanto, Purvis & Whittier (1997)
citam que o norgestomet pode induzir ao comportamento de estro algumas novilhas não
púberes, tendo encontrado uma baixa porcentagem de prenhez para novilhas que
tiveram a puberdade induzida pelo progestágeno.
O norgestomet produziu uma elevada concentração de estrógeno circulante, 96
horas após a remoção dos implantes, em novilhas pré-púberes que haviam apresentado
um ou 2 ciclos estrais após o tratamento com o progestágeno, em experimento realizado
por Tanaka et al. (1995). Apesar disto, metade das novilhas não apresentou um aumento
na concentração de progesterona plasmática após o tratamento, o que pode ser devido ao
fato de que eram novilhas bastante jovens (11 meses) e leves (252 kg de peso corporal),
para que pudessem manter um padrão de ciclicidade e secreção hormonal. Destas
novilhas, 20% desenvolveram um ciclo e retornaram ao anestro. Talvez a baixa
concentração de estrógeno verificada após a retirada do implante em algumas novilhas
que desenvolveram apenas um ciclo, signifique que o folículo dominante não atingiu
seu potencial máximo, em parte por insuficientes concentrações circulantes de FSH e,
principalmente, LH para atingir a maturação e a ovulação.
Novilhas cruzas, pesando aproximadamente 300 kg e com 12,5 meses de idade,
que responderam ao tratamento com norgestomet para a entrada na puberdade,
apresentaram estro seguido de formação de corpo lúteo, concentração plasmática de
progesterona superior a 1 ng/ml e continuaram ciclando após o período experimental,
em estudo de Hall et al. (1997). Segundo os autores, a habilidade do progestágeno em
induzir a puberdade, aumenta e se torna mais consistente em novilhas com idade
superior aos 12 meses. Entretanto, as diferenças na resposta ao progestágeno em
novilhas pré-púberes, podem resultar de diferenças na maturidade fisiológica, mais do
que na idade cronológica dos animais. A menor freqüência de pulsos e concentração
plasmática de LH encontradas nas novilhas mais jovens (9,5 meses), em relação às de
mais idade (11 e 12,5 meses), sugerem que o eixo hipotalâmico-hipofisiário, seria
incapaz de responder ao norgestomet com aumento na liberação de LH. Novilhas com
11 meses de idade não foram capazes de continuar aumentando os níveis de LH, até
atingir um pico, conforme indicou a freqüência de pulsos do hormônio, 72 horas após a
remoção dos implantes. A diminuição na sensibilidade à retroalimentação negativa do
estradiol, e o aumento na freqüência de pulsos de LH, ocorrem rapidamente antes da
puberdade. Talvez, o pulso gerador de GnRH nas novilhas de 11 meses, tivesse
respondido ao norgestomet, porém a sensibilidade à retroalimentação negativa do
estradiol continuou elevada, impedindo o pico de LH e a ocorrência da ovulação.
Alternativamente, a exposição à baixas concentrações médias de LH, poderia ter
resultado em níveis de estradiol abaixo de um limiar para que fosse induzido o pico de
LH.
Da mesma forma, o crescimento folicular em resposta ao progestágeno, parece
aumentar com a idade em novilhas. Animais que atingiram a puberdade após tratamento
com implantes de norgestomet, em estudo de Hall et al. (1997), tinham uma
aparentemente maior maturidade fisiológica, conforme demonstraram seus elevados
níveis circulantes de LH e seu maior desenvolvimento folicular. Para os autores, o
norgestomet pareceu induzir a puberdade nestas novilhas, sustentando os aumentos na
freqüência de pulsos de LH e o desenvolvimento folicular.
Em um grupo novilhas Santa Gertrudis cíclicas, tratadas com implantes com
norgestomet ou injeções de prostaglandina F2α, Tibary et al. (1992) obtiveram,
respectivamente, 89 e 61% de estros. Em novilhas acíclicas, utilizando o norgestomet
ou uma associação deste com eCG, obtiveram 60% de estros para o primeiro, contra
75% para o segundo tratamento. As taxas de prenhez foram maiores para as novilhas
cíclicas com norgestomet e acíclicas com norgestomet e eCG (43% para ambos grupos),
do que para as novilhas cíclicas tratadas com a prostaglandina F2α (21%), ou as
acíclicas tratadas somente o implante com norgestomet (20%). As taxas de prenhez,
entretanto, foram elevadas para todas as novilhas, após um período de 90 dias de
serviços com touros, sendo superiores nas novilhas acíclicas que foram tratadas com
norgestomet e eCG (86%). Uma pequena dose de eCG pode ser benéfica para promover
o desenvolvimento folicular e a ovulação em novilhas acíclicas. Somente o
norgestomet, não previne o retorno ao anestro em novilhas sob pobres condições
nutricionais, sendo talvez necessário, para isto, repetir o tratamento nas novilhas que
não conceberam após o estro sincronizado. Os autores ressaltam, entretanto, que a
utilização do eCG oferece o risco da ocorrência de prenhezes múltiplas.
Para Purvis & Whittier (1997), pode haver uma menor fertilidade em fêmeas
tratadas com progestágeno em uma fase tardia do ciclo estral (por volta do Dia 17), fato
este que estaria relacionado à persistência de um grande folículo dominante. Isto ocorre
sempre que não é realizada a aplicação de um tratamento para induzir uma nova onda de
crescimento folicular, no momento em que é colocado o implante com o progestágeno.
2.9.3. Indução da Puberdade com a Administração de Progesterona
A utilização de progestágenos e progesterona para a sincronização de estros de
bovinos data de antes dos anos 50, sendo inicialmente administrados por um período de
11 a 20 dias de duração (CHRISTIAN & CASIDA,1948). Posteriormente, em
decorrência dos baixos índices de fertilidade após a sincronização, o período de
administração passou para 7 a 9 dias, com uma melhoria na fertilidade. Os principais
métodos de administração utilizados, para a suplementação com estes compostos são:
esponjas intravaginais impregnadas com acetato de medroxiprogesterona (MAP) ou
progesterona natural, administração de progestágenos no alimento (MGA), implantes
subcutâneos com norgestomet e dispositivos intravaginais de silicone com liberação
lenta de progesterona (GREGORY, 2002; MORAES, 2002).
Para Rasby et al. (1998), o tratamento de novilhas com dispositivos intravaginais
de progesterona, aumentou a porcentagem de animais com corpos lúteos de duração
normal após sua aplicação. Além disso, a progesterona também reduziu a ocorrência de
ciclos estrais curtos, aumentou a taxa de estros e diminuiu a freqüência dos estros
silenciosos. A progesterona associada ao estradiol, proporciona a entrada na puberdade
da maior parte das novilhas tratadas, provocando a liberação tônica de GnRH e, por sua
vez, de LH. Assim, 55% das novilhas tratadas tiveram sua função luteal induzida.
Segundo Yavas et al. (1999) e Xu et al. (2000), a concentração de progesterona quando
mantida dentro de um nível intermediário, em vacas adultas, proporciona um aumento
na freqüência de pulsos de LH, estendendo a vida do folículo dominante. Este efeito,
entretanto, pode levar ao aparecimento de folículos persistentes, de forma semelhante ao
que ocorre quando vacas cíclicas são tratadas com reduzidas concentrações de
progesterona, na ausência de um corpo lúteo funcional. Para Yavas et al. (1999), os
animais tratados com progesterona apresentaram uma maior taxa de ovulação em
relação ao controle, desenvolvendo a seguir um ciclo estral normal, com a manutenção
da ciclicidade. A adição de FSH ao tratamento, aumentou o número de folículos grandes
(maiores que 10 mm) que, por sua vez, atingiram o diâmetro máximo mais cedo, em
comparação com as vacas tratadas somente com progesterona. Este fato sugere a
ocorrência de uma sinergia entre o FSH e a progesterona, dentro do tratamento.
Entretanto, os autores ressaltam que altas concentrações de progesterona e 17β
estradiol, devidas à presença de um corpo lúteo e múltiplos folículos grandes após a
remoção do dispositivo, podem levar à atresia folicular prematuramente.
Colazo et al. (2003) trabalhando com novilhas cruzas Angus, de 13-15 meses de
idade e pesando entre 350 e 500 kg, classificadas entre pré-púberes e púberes e
sincronizadas para a inseminação artificial com um dispositivo intravaginal com
progesterona (CIDR
®
) e, cipionato de estradiol ou benzoato de estradiol no momento da
retirada do dispositivo, não encontraram diferenças quanto às taxas de prenhez obtidas,
segundo a classe de novilhas ou o tratamento.
Em estudo desenvolvido por Whisnant & Burns (2002), todas as novilhas tratadas
com implantes de progesterona apresentaram comportamento de estro após sua retirada
e, subseqüentemente, elevada concentração de progesterona plasmática, consistente com
a formação de um corpo lúteo após a ovulação. Entretanto, nas novilhas tratadas
somente com estradiol, o estro observado, em menor proporção e sem diferença em
relação às controle, não foi associado com formação de tecido luteal, baseando-se na
concentração de progesterona circulante. Foi observado um rápido aumento e declínio –
sharp – na concentração de progesterona, com níveis plasmáticos semelhantes aos
encontrados em uma fase luteal normal (4-5 ng/ml), nas tratadas com a progesterona,
permitindo um bom desenvolvimento folicular, e apontando para uma boa sincronia dos
estros. Tanto a progesterona, quanto a sua associação com o estradiol, foram igualmente
efetivos em induzir atividade luteal.
Colazo et al. (2003) observaram um maior diâmetro do folículo dominante, em
novilhas púberes tratadas com CIDR
®
durante 9 dias, em relação às novilhas que
receberam o implante por 8 dias (12,8 mm x 10,8 mm, respectivamente), sem
entretanto, apresentar significância estatística, bem como diferenças em diâmetro
imediatamente antes da ovulação. Apesar disto, o intervalo entre a remoção do implante
e a ovulação foi menor para as novilhas tratadas com o dispositivo durante 9 dias, sendo
também menor nas que receberam 0,5 mg de cipionato de estradiol no momento da
remoção do dispositivo, quando comparadas às que receberam o cipionato de estradiol
24 horas mais tarde. Da mesma forma, o cipionato de estradiol proporcionou um menor
intervalo entre a remoção do CIDR
®
e o estro e ovulação, em relação ao grupo controle,
assim como um intervalo mais curto para a ocorrência do pico pré-ovulatório de LH, e
uma maior concentração de LH circulante (16,2 ng/ml nas tratadas com cipionato de
estradiol a 0 hora; 17,2 ng/ml nas tratadas com cipionato de estradiol às 24 horas; e 6,8
ng/ml nas controle).
A utilização de uma aplicação de progesterona injetável, juntamente com a
inserção de um CIDR
®
, em novilhas, resultou em um significativamente maior intervalo
entre a remoção do CIDR
®
e o estro, em comparação com o grupo controle, em trabalho
desenvolvido por Colazo et al. (2006). Da mesma forma, sua adição ao tratamento
também resultou em menores taxas de estro comportamental e de concepção, com uma
subseqüente menor taxa de prenhez.
Uma das possíveis causas para os inferiores resultados obtidos, com a
sincronização para a IATF em novilhas, poderia estar relacionada ao fato de que altos
níveis de progesterona circulantes durante o tratamento suprimem a freqüência e
magnitude dos pulsos de LH, afetando de forma negativa o crescimento do folículo
dominante, a ovulação e a formação de um corpo lúteo competente (BURKE et al.,
1994). Segundo Cutaia et al. (2007) esta situação seria mais grave em animais de menor
tamanho metabólico, como é o caso das novilhas e, em geral, nas que se encontram
ainda cíclicas. Por outro lado, Baruselli et al. (2005) descreve que animais com sangue
zebuíno, têm menor capacidade de metabolizar a progesterona, o que poderia resultar
em menores índices de ovulação e fertilização nos protocolos realizados utilizando estes
genótipos.
Tratando novilhas com outro tipo de dispositivo com progesterona (PRID
®
)
durante 12 ou 14 dias, associando ou não uma cápsula com estrógeno ao tratamento,
Ireland & Roche (1982) monitoraram os padrões de liberação de LH e FSH dos animais,
constatando que não houve uma correlação entre as concentrações de progesterona e as
concentrações de LH circulantes. As amplitudes de liberação do LH e do FSH, não
foram afetadas pela redução na concentração de progesterona durante os tratamentos,
mas o número ou a freqüência de liberações de LH aumentou. Após a remoção do
PRID
®
, a amplitude dos pulsos de LH e FSH aumentou, reforçando que a progesterona
é parte de um complexo de retroalimentação negativa sobre a secreção de LH em
fêmeas bovinas e que, este efeito, é aparentemente mediado pela freqüência de pulsos
de liberação de LH.
Bridges et al. (1999) em estudo com vacas tratadas com progesterona no pós-
parto, encontraram uma menor porcentagem de prenhez para as que ainda não haviam
ovulado e foram tratadas com dispositivos intravaginais por 5 dias, em relação àquelas
tratadas com progesterona durante 7 dias, tendo as primeiras apresentado ainda, um
menor diâmetro do folículo pré-ovulatório.
Em trabalho de Higgins et al. (1986), foi encontrada uma maior porcentagem de
estros entre as 48 e 72 horas, para as novilhas tratadas com progesterona e
prostaglandina, em relação às controle ou as tratadas apenas com prostaglandina. Da
mesma forma, foi observada uma maior taxa de acúmulo de estros até as 130 horas após
a prostaglandina, e um menor intervalo entre sua aplicação e o aparecimento do estro
(média de 47 horas). O comportamento intenso de estro nas novilhas submetidas à
sincronização, entretanto, provocou o aparecimento de cios falsos, sem ovulação, nas
novilhas controle, com uma conseqüentemente baixa porcentagem de prenhez quando
inseminadas.
2.9.4. Comparação Entre os Distintos Progestágenos e a Progesterona
Alguns progestágenos já foram utilizados na tentativa de induzir o estro em
novilhas peripúberes, sendo muitas vezes combinados a estrógenos, como forma de
mimetizar as alterações fisiológicas que ocorrem nas concentrações hormonais
circulantes, no período próximo à puberdade. Os progestágenos permitem que ocorra
um aumento no crescimento folicular que resulta, subseqüentemente, em uma
aumentada secreção de estradiol pelos folículos ovarianos (PATTERSON et al., 1999).
A partir do fornecimento a novilhas de 0,5 mg de MGA por dia, durante 16, 15
ou 14 dias, e uma aplicação de prostaglandina, 17 ou 16 dias após a suspensão do MGA,
ou ainda, da colocação de implantes com norgestomet durante 9 dias, e observação de
estros 4 vezes ao dia, por um período de 5 dias após a injeção de prostaglandina ou a
remoção do norgestomet, Brown et al. (1988) obtiveram porcentagens de sincronização
semelhantes entre os grupos, com intervalo um mais curto entre o final do tratamento e
a ocorrência do estro, para os animais tratados com norgestomet, em relação aos demais
tratamentos. As taxas de sincronização, de concepção e de prenhez, foram superiores
para as novilhas tratadas com MGA e prostaglandina, mas a taxa de prenhez foi
semelhante ao final do período de 60 dias de temporada reprodutiva, entre todos os
grupos. As novilhas que não estavam ciclando e foram tratadas com MGA e
prostaglandina, demonstraram uma menor porcentagem de estros e taxa de
prenhez/sincronização, em comparação com as novilhas que estavam ciclando.
Entretanto, os resultados foram semelhantes entre as novilhas cíclicas e acíclicas
tratadas com norgestomet, apenas com tendência a uma menor porcentagem de prenhez
nas acíclicas. Segundo os autores, o norgestomet parece ser mais efetivo do que o MGA
em induzir a ciclicidade em novilhas não cíclicas.
De outra parte, Purvis & Whittier (1997) não encontraram diferenças quanto à
porcentagem de prenhez, em novilhas sincronizadas e tratadas para ressincronização de
estros com MGA, norgestomet ou controle, que não receberam nenhum tratamento. Da
mesma forma, não observaram diferenças quanto à taxa de prenhez final entre os
grupos, após um período de repasse por touros.
Comparando outras fontes de bloqueio hipotalâmico-hipofisário, Sanchez et al.
(1995) e Martínez et al. (2004) encontraram que a progesterona induz a um maior
crescimento folicular, por diferenças na resposta ovariana e no efeito supressivo sobre a
secreção de LH, em relação à progestágenos como o MAP ou o norgestomet
(CAVESTANY et al., 2003). Já Kojima et al. (1995) comentam que, o MGA tem se
mostrado menos efetivo do que a progesterona na supressão da concentração de LH em
bovinos que não possuam corpos lúteos presentes, resultando em folículos persistentes.
Para contornar este problema, os autores comentam que têm sido incluídos
conseqüentemente, tratamentos com estradiol, GnRH ou LH ao início dos protocolos
que envolvem a suplementação com MGA, proporcionando incrementos da ordem de
14% nas taxas de concepção, em relação aos tratamentos exclusivamente à base de
MGA em bovinos.
Resultados obtidos por Bartol et al. (1995), trabalhando com fêmeas muito
jovens, indicaram claramente que a exposição crônica de bezerras a progesterona ou ao
estradiol, iniciada ao redor dos 45 dias de idade, reduziu o peso do útero e da cérvix e
alterou a histologia da parede uterina. É especialmente importante notar que, estes
efeitos foram observados nos animais, quando eram já novilhas com 15 meses de idade,
muito tempo depois a primeira exposição aos esteróides. Independentemente da etapa de
desenvolvimento em que tenha iniciado o tratamento, a administração crônica de
progesterona e estrogênio apresentou reflexos sobre a parede uterina das fêmeas, através
da significativa redução em áreas do miométrio e endométrio, e na densidade de
glândulas uterinas. Mesmo que o estudo não tenha sido desenvolvido com a finalidade
de avaliar o efeito de implantes hormonais sobre a fertilidade de bovinos, as alterações
produzidas nas novilhas não podem ser consideradas como efeitos desejáveis, pois tanto
os tecidos quanto as secreções uterinas maternais apresentam, reconhecidamente, um
papel crítico no suporte ao desenvolvimento do concepto.
2.9.5. Protocolos de Indução da Ovulação à Base de GnRH
A partir da utilização de um análogo do GnRH, no sentido de alterar a dinâmica
folicular, foram conhecidas as bases para o desenvolvimento de novos métodos de
sincronização da ovulação em bovinos (WILTBANK et al., 1989; MACMILLAN &
THATCHER, 1991). A aplicação de GnRH, em estágios aleatórios do ciclo estral, causa
a ovulação do folículo dominante presente naquele momento, e induz a emergência de
uma nova onda de crescimento folicular dentro de 2 a 3 dias após o tratamento
(WILTBANK et al., 1989).
O protocolo Ovsynch, consiste na aplicação de um análogo de GnRH para
sincronizar a onda de desenvolvimento folicular, seguida de uma injeção de
prostaglandina 6 ou 7 dias após, para provocar a luteólise, e uma segunda injeção de
GnRH 36 a 48 horas depois da prostaglandina, no sentido de sincronizar a ovulação.
Porém, estes protocolos não têm sido recomendados para novilhas que ainda não
apresentem estros com intervalos regulares, devido à sua baixa resposta ovulatória após
o tratamento com o GnRH, e ao fato de que a ausência de ovulação não sincroniza o
desenvolvimento de uma nova onda de crescimento folicular (BARUSELLI &
MARQUES, 2002; BÓ et al., 2003a; CUTAIA et al., 2003b). Entretanto, a segunda
aplicação de GnRH pode induzir o pico pré-ovulatório de LH em novilhas pré-púberes,
induzindo à ovulação folículos com diâmetro igual ou superior à 10 mm presentes no
momento da aplicação (PATTERSON et al., 1992).
Em um estudo realizado com novilhas peripúberes, onde 73% destas eram
acíclicas, Dahlen et al. (2003) encontraram uma maior taxa de prenhez nas novilhas
tratadas com GnRH, quando comparada à daquelas que receberam duas aplicações de
prostaglandina. Da mesma forma, Stevenson et al. (2000), em experimento utilizando
vacas em anestro, e tratando-as com GnRH e prostaglandina ou com duas aplicações de
prostaglandina, obtiveram taxas de prenhez de 27,3 e 12,4%.
Peters & Pursley (2003) não observaram diferença entre as taxas de sincronização
de estros em vacas lactantes, que receberam a segunda aplicação de GnRH no Dia 9 ou
no Dia 7, em relação ao início do protocolo, no mesmo momento em que foi aplicada
uma dose de prostaglandina. O diâmetro do folículo ovulatório, entretanto, foi maior
para o grupo Ovsynch padrão (GnRH no Dia 9), assim como a taxa de prenhez, que foi
de 31,3%, contra 14,7% do grupo tratado com GnRH no Dia 7. Testando os efeitos do
momento da segunda aplicação de GnRH entre 0, 12, 24 ou 36 horas após a aplicação
da prostaglandina, e com a inseminação artificial ocorrendo sempre 12 horas após a
injeção do GnRH, os mesmos autores não observaram diferença quanto à porcentagem
de sincronização de estros nas vacas. Entretanto, aumentando-se o intervalo entre a
prostaglandina e o segundo GnRH, houve aumento no diâmetro do folículo ovulatório
em mm, de forma linear significativa. Da mesma forma, as taxas de prenhez
encontradas apresentaram um crescimento linear, conforme aumentava o intervalo entre
a aplicação de prostaglandina e o segundo tratamento com GnRH. Para Moreira et al.
(2000), a realização da segunda aplicação de GnRH às 36 horas, seria uma forma de
reduzir-se os retornos mais rápidos ao estro, assim como uma menor ocorrência de
fêmeas em estro antes da aplicação do GnRH.
A flexibilidade na aplicação do segundo GnRH do protocolo Ovsynch, é
limitada a 36-48 horas após a aplicação da prostaglandina. Segundo Peters & Pursley
(2003), o impacto negativo sobre as porcentagens de prenhez, da redução no tempo para
a administração do GnRH, é possivelmente devida à elevada porcentagem de vacas que
desenvolvem uma fase luteal de curta duração, que resultaria na ovulação de um
folículo pequeno. Por sua vez, o aumento no intervalo entre a regressão luteal,
provocada pela injeção de prostaglandina, e o pico de pré-ovulatório de LH, produzido
pelo GnRH, poderia favorecer a sobrevivência e o transporte dos espermatozóides no
trato reprodutivo da fêmea.
A aplicação do GnRH 7 dias antes da prostaglandina, altera o desenvolvimento
folicular, proporcionando a ocorrência de folículos pré-ovulatórios mais homogêneos,
estrógeno ativos e dominantes em relação aos encontrados em animais não tratados com
o GnRH. Esta associação de hormônios, também produz uma redução na variabilidade
do intervalo entre a aplicação da prostaglandina e o estro. Entretanto, o protocolo
Ovsynch não se mostrou efetivo na sincronização da ovulação em novilhas leiteiras
(MIALOT et al., 1999).
Deste modo, a menor efetividade dos protocolos à base de GnRH quando
aplicados sobre novilhas, parece dever-se, de acordo com Martínez et al. (2004), à
pobre sincronização da onda de crescimento folicular produzida pela primeira aplicação
do GnRH, e ao intervalo variável entre a aplicação da prostaglandina e a ocorrência de
estro. Também é observada a ocorrência de muitas novilhas em estro entre a primeira
aplicação de GnRH e a prostaglandina, com uma conseqüente inferior taxa de prenhez à
IATF, e assincronia no crescimento folicular após a segunda aplicação de GnRH.
Existe, segundo os autores, a possibilidade de uma significativa melhora nos resultados,
quando se utiliza uma suplementação com progestágeno associada ao protocolo
Ovsynch. Prova disto, são os resultados de um experimento em que obtiveram uma taxa
de prenhez de 68%, quando utilizaram um implante com progestágeno entre a primeira
injeção de GnRH e a injeção de prostaglandina, contra 39% de prenhez nas novilhas
submetidas ao protocolo Ovsynch padrão.
Apesar de que as razões para a reduzida fertilidade à IATF, após a utilização do
protocolo Ovsynch em novilhas não estão ainda totalmente compreendidas, a falha da
primeira aplicação de GnRH em produzir a ovulação consistentemente, a prematura
luteólise e o estro precoce em relação ao horário programado para a IATF, são
acreditados como contribuintes para esta pobre fertilidade (AMBROSE et al., 2005). A
ovulação e estro prematuros poderiam ser prevenidos pela administração de
progesterona exógena. Para isto, Ambrose et al. (2005) trataram novilhas leiteiras
associando o protocolo Ovsynch a uma fonte de progesterona (CIDR
®
), não tendo
verificado comportamento prematuro de estro, até as 12 horas que precederam a IATF.
Adicionalmente, observaram que o LH porcino (pLH) ou o cipionato de estradiol,
poderiam ser utilizados em lugar do GnRH, ou dentro de um protocolo que utiliza
GnRH associado ao CIDR
®
, podendo apresentar benefícios em comparação com o
GnRH.
Em estudo realizado por Ambrose et al. (2005), utilizando novilhas Holandês,
tratadas com 100 μg de GnRH ao início de um protocolo de sincronização de estros,
associando um CIDR durante 7 dias, foi verificada a ocorrência de uma taxa de 50% de
ovulação após o tratamento, contra 0% de ovulação nas novilhas tratadas inicialmente
com 0,5 mg de cipionato de estradiol, 5 mg de pLH ou 2 ml de solução salina.
Entretanto, ao final do experimento, 100% das novilhas sincronizadas em todos os
grupos apresentaram ovulação, exceção feita às novilhas que receberam uma aplicação
de salina ao início do protocolo. O intervalo médio apresentado até o aparecimento da
ovulação, foi de 70; 66; 56,6 e 102 horas, para os tratamentos com salina, cipionato de
estradiol, GnRH e pLH, respectivamente, sendo que apenas o tratamento que utilizou o
pLH diferiu estatisticamente dos demais. Apesar de não significativo estatisticamente, o
intervalo até a ovulação foi mais variável para o cipionato de estradiol, em relação à
salina e ao GnRH. O máximo diâmetro do folículo ovulatório, do folículo dominante
não ovulatório e o prazo médio para o estabelecimento de um novo folículo dominante,
foram similares entre os tratamentos. Enquanto a concentração média de LH circulante
não diferiu entre tratamentos, o pico médio de LH apresentou menor amplitude nas
novilhas tratadas com pLH. O uso do GnRH proporcionou o mais agudo e síncrono
aumento na concentração de LH plasmático, após o segundo tratamento, tendo a salina e
o cipionato de estradiol produzido um perfil de LH muito mais variável. As
concentrações de progesterona circulantes foram semelhantes entre os tratamentos, do
dia da IATF até 48 horas depois, sendo apenas inferiores a partir das 72 horas, nas
novilhas tratadas com pLH. Da mesma forma, não foram encontradas diferenças entre
os tratamentos, quanto ao diâmetro dos corpos lúteos formados posteriormente.
Presumivelmente, segundo Ambrose et al. (2005), 5 mg de pLH não seja uma
dose para provocar a ovulação em novilhas. Também a ausência de ovulação após a
aplicação do cipionato de estradiol, ao início do protocolo de sincronização, poderia ser
esperada devido ao fato de que o estradiol exógeno raramente estimula um pico de LH,
em presença de altas concentrações de progesterona na circulação. Em estudo
desenvolvido por Martínez et al. (1999), com novilhas de corte, somente as novilhas
que ovularam em resposta à primeira aplicação de GnRH, tiveram a emergência de uma
nova onda de crescimento folicular. Neste experimento, o cipionato de estradiol
aplicado ao final do protocolo a um dos grupos, efetivamente sincronizou a ovulação em
novilhas de corte.
Ainda Ambrose et al. (2005), variando a dose inicial de pLH no momento da
colocação de um CIDR
®
, entre 12,5 e 25 mg, observaram um maior diâmetro do
folículo dominante (>9 mm) no momento da aplicação da segunda dose de pLH, 48
horas após a remoção do CIDR
®
. A ovulação ocorreu dentro das 48 horas após a última
aplicação de pLH, para 75 e 100% das novilhas tratadas, respectivamente, com 12,5 ou
25 mg do hormônio. Uma das novilhas tratadas com 12,5 mg de pLH, que não havia
ovulado dentro deste período, ovulou nas 24 horas seguintes. A concentração de LH
circulante permaneceu elevada por um longo período nas novilhas tratadas,
diferentemente do que ocorre após a aplicação do GnRH, quando normalmente esta
retorna a um nível basal dentro das 5 horas seguintes ao tratamento. Com exceção de
uma novilha tratada com 12,5 mg e uma tratada com 25 mg de pLH, todas as novilhas
ovularam após a segunda aplicação. As novilhas que receberam 12,5 mg de pLH,
apresentaram menores concentrações de progesterona circulantes após a IATF e
ovulação, em relação às que receberam 25 mg de pLH, indicando que nestas, foi
induzida a formação de um corpo lúteo que secretou mais progesterona, resultando em
uma maior concentração de progesterona plasmática precocemente no diestro, podendo
este efeito contribuir para um melhor desenvolvimento embrionário e fertilidade.
A utilização de 1 mg de cipionato de estradiol, em substituição à segunda
aplicação de GnRH, dentro de um protocolo Ovsynch, apresenta sucesso na
sincronização da ovulação, segundo Colazo et al. (2003). Entretanto, ao início de um
protocolo de sincronização, quando se compara a utilização do cipionato com o 17β
estradiol, o primeiro apresenta uma emergência da onda folicular mais variável e com
tendência a ocorrer mais tardiamente. Isto pode se dar em decorrência das elevadas
concentrações de estrógeno produzidas pelo tratamento com cipionato de estradiol, que
provocariam uma menor concentração de FSH circulante e sua liberação durante um
intervalo mais longo, retardando assim a emergência da onda folicular. No tratamento
com o 17β estradiol, as concentrações de estrógeno mantêm-se altas por um período
mais breve. Alternativamente, o maior diâmetro do folículo dominante foi superior nas
novilhas tratadas com o cipionato de estradiol (11,3 x 9,8 mm, nas tratadas com o 17β
estradiol), porém sem diferenças entre os grupos quanto às taxas de prenhez obtidas. As
novilhas tratadas com cipionato de estradiol apresentaram ainda 13% de ovulações
duplas.
No protocolo Ovsynch, cerca de 10% das fêmeas tendem a apresentar estro
antes do tempo alvo. Animais tratados com GnRH em uma etapa precoce do ciclo estral,
secretam menos progesterona até a aplicação de prostaglandina, têm elevadas
concentrações de estrógeno ao estro e mostram um intervalo mais curto entre a injeção
de prostaglandina e o estro. Já a adoção do protocolo Ovsynch dentro de uma etapa mais
tardia do ciclo, leva à regressão luteal antes da aplicação de prostaglandina, com uma
assincronia entre a ovulação e a IATF. Mesmo a adição de MAP a um protocolo
Ovsynch, não pôde reproduzir um ambiente normal semelhante ao proporcionado pela
progesterona, como forma de prevenir ovulações prematuras. Assim, é reforçada a
importância da fase do ciclo estral em que se encontram os animais, ao início de um
protocolo de sincronização, com relação à qualidade da subseqüente resposta ovariana.
É possível que no sentido de otimizar os resultados da IATF, um tratamento de pré-
sincronização seja útil (CAVESTANY et al., 2003). Da mesma forma, a indução da
ovulação de um folículo dominante em novilhas, também é dependente do estágio do
ciclo (MOREIRA et al., 2000).
Em experimento de Cavestany et al. (2003), uma terça parte das vacas tratadas
não respondeu à primeira aplicação de GnRH do protocolo Ovsynch, estando a variação
nesta resposta relacionada ao estágio do ciclo estral em que se encontravam os animais.
Vacas no metaestro, apenas com folículos pequenos presentes nos ovários, não
responderam à aplicação de GnRH, continuando com seu desenvolvimento folicular
normal. Já as vacas que se encontravam no final do diestro ao início do protocolo
Ovsynch, apresentavam em um dos ovários, um folículo dominante em regressão, que
naturalmente foi à atresia.
Moreira et al. (2000) utilizaram o protocolo Ovsynch em novilhas Holandês
cíclicas, e que haviam sido submetidas anteriormente, a um tratamento para
sincronização de estros baseado em duas aplicações de prostaglandina. Assim, as
mesmas novilhas variavam, ao momento em que foi iniciado o protocolo Ovsynch, entre
os Dias 2, 5, 10, 15 e 18 do ciclo estral. As taxas de ovulação observadas nos animais
após a primeira aplicação de GnRH, foram de 0% para as novilhas tratadas no Dia 2;
100% para as tratadas no Dia 5; 25% para as novilhas tratadas no Dia 10; 60% para as
tratadas no Dia 15 e, finalmente, 100% de ovulação para as novilhas que receberam a
primeira aplicação de GnRH quando estavam no Dia 18 do ciclo estral. Segundo os
autores, as novilhas tratadas no Dia 2 do ciclo, não tinham um ainda folículo dominante
estabelecido, visto o diâmetro médio de 4,6 mm para o maior folículo presente, não
ovularam e apresentavam uma baixa concentração de progesterona plasmática. As
novilhas iniciadas no protocolo no Dia 5 do ciclo estral, apresentavam concentração de
progesterona em ascensão, e o folículo dominante presente ovulou. Ao Dia 10,
coincidiu a aplicação do GnRH com a emergência da segunda onda de crescimento
folicular, porém as novilhas apresentavam folículos desenvolvidos no dia em que foi
aplicado o GnRH (9 mm para as que ovularam), estando a maioria delas com o maior
folículo da primeira onda de desenvolvimento em atresia, e não respondendo à injeção
de GnRH. As próprias elevadas concentrações de progesterona circulantes apresentadas
por estes animais, indicavam a presença de um corpo lúteo ativo. As novilhas tratadas
no Dia 15 do ciclo, tinham também níveis elevados de progesterona plasmática no dia
da aplicação do GnRH, porém com a presença de um folículo dominante originado da
segunda onda de crescimento folicular, com emergência e seleção mais variável em
relação à primeira onda. Ao Dia 18 do ciclo estral, com a aplicação de GnRH ocorrendo
dentro do pró-estro, havia baixas concentrações de progesterona plasmática presentes,
produzindo-se elevadas taxas de ovulação entre as novilhas.
Uma associação do GnRH com o norgestomet e a prostaglandina, foi utilizada
por Stevenson et al. (1997), e comparados seus resultados com os de um protocolo
baseado em duas aplicações de prostaglandina, em vacas e novilhas em anestro. Os
pesquisadores obtiveram uma taxa de prenhez superior à inseminação artificial, para o
protocolo que utilizou a associação de hormônios, com 62,6% contra 26,5% de prenhez
para o protocolo exclusivamente à base de prostaglandina. Segundo Dahlen et al.
(2003), a presença de um corpo lúteo e de um folículo maior que 8 mm, no momento da
aplicação da prostaglandina do protocolo Ovsynch, é indicador se uma novilha
responderá ao protocolo de sincronização, podendo vir a conceber.
2.9.6. A Aplicação das Prostaglandinas e seus Efeitos
Pelo fato de que, em um grupo de novilhas manejadas extensivamente, em um
período que antecede o início de uma temporada reprodutiva, muitos animais poderiam
não ser púberes e mesmo algumas novilhas estar prenhas, a aplicação de tratamentos
com prostaglandina, sem um prévio exame do trato reprodutivo, poderiam não ter
sentido. Além disso, 25-30% das novilhas deverão apresentar folículos ou corpos lúteos
em uma etapa de regressão. Desta forma, apenas metade das novilhas remanescentes
poderiam responder a uma única injeção de prostaglandina (DAILEY et al., 1983). No
entanto, Pinheiro et al. (1998) utilizando duas aplicações de prostaglandina com
intervalo de 11 dias entre uma e outra, em vacas Nelore com corpo lúteo funcional,
observaram uma baixa taxa de manifestação de estros, inferior a 50%.
De acordo com o resultado de estudo desenvolvido por Rentfrow et al. (1987),
novilhas Bos indicus (Brahman) que tiveram os estros sincronizados com uma aplicação
de cloprostenol, um análogo da prostaglandina, apresentaram posteriormente, corpos
lúteos de menor tamanho, com uma baixa capacidade de secreção de progesterona, e
uma baixa concentração de progesterona plasmática presente durante a fase luteal
subseqüente, em comparação com um grupo de novilhas controle.
A sincronização de estros provocada pela prostaglandina em dose única,
apresenta grande variação quanto ao aparecimento do cio e conseqüentemente da
ovulação, podendo ocorrer desde 42 até 102 horas após o tratamento (BARUSELLI et
al., 2000). Segundo Macmillan & Henderson (1984), mais de 70% das vacas lactantes
que receberam prostaglandina no Dia 7 (diestro precoce) ou no Dia 16 do ciclo estral
(diestro tardio), demonstraram estro entre as 48 e 72 horas da aplicação do hormônio. A
variabilidade na resposta à prostaglandina, geralmente decresce com o diestro avançado.
A probabilidade de ocorrência de um folículo em um estágio menos avançado de
desenvolvimento, no momento da aplicação da prostaglandina, é maior em animais
tratados durante o diestro intermediário.
Dados de experimentos de Moreno et al. (2002) e Cutaia et al. (2004) indicam
que mediante a aplicação de uma dose de prostaglandina, respectivamente, 4 dias antes
da remoção de um dispositivo com progesterona ou no momento da inserção do
dispositivo, poderia ser obtida uma maior taxa de crescimento do folículo dominante, do
que quando a prostaglandina é administrada no momento da remoção do dispositivo
com progesterona. O que foi demonstrado por Cutaia et al. (2007), tratando novilhas
cruza Bos indicus com dispositivos contendo 1 g de progesterona, e fracionando a dose
de prostaglandina em duas aplicações, uma administrada no dia da inserção do
dispositivo e outra no dia da retirada, obtiveram neste grupo de animais uma maior taxa
de prenhez à IATF em relação às novilhas que receberam a dose total de prostaglandina
no momento da retirada dos implantes (62,7 x 49,6% de prenhez, respectivamente).
Entretanto, em outros dois experimentos, Cutaia et al. (2007) não encontraram
diferenças entre as taxas de prenhez obtidas utilizando os mesmos tratamentos (35,3 x
40,8%; e 45,6 x 49%, para prostaglandina no D0/8 e no D8, respectivamente).
Adeyemo (1987), estudando os efeitos da aplicação da prostaglandina sobre os
níveis de progesterona plasmática em novilhas, observaram que nas tratadas a
progesterona plasmática caiu de 2 ng/ml uma hora antes da injeção de prostaglandina,
para 0,7 ng/ml 24 horas após e 0,2 ng/ml ao terceiro dia. Nas novilhas que não
manifestaram estro, antes da aplicação da prostaglandina os níveis de progesterona
variavam entre 0,2 a 0,9 ng/ml no plasma. Após o tratamento, os níveis plasmáticos de
progesterona nos animais aumentaram para 3,3 ng/ml. O pico de progesterona seguinte,
após a injeção de prostaglandina, foi observado antes nas novilhas que entraram em cio
(4-5 dias) em relação às novilhas que não entraram (6-7 dias). De outra parte, não houve
diferenças nos níveis de progesterona entre ciclos estrais não sincronizados e os
desenvolvidos após a aplicação de prostaglandina, sugerindo que o desenvolvimento do
corpo lúteo e a secreção hormonal não são influenciados ou alterados pela
prostaglandina exógena.
2.10. Influência do Peso Corporal e Idade sobre a Puberdade
Estipula-se, em geral, que as novilhas deveriam apresentar pesos corporais pré-
acasalamento correspondentes a 65% do peso maduro registrado para aquele genótipo.
Assim, apenas quando novilhas atingem um peso alvo pré-determinado geneticamente,
altas porcentagens de prenhez podem ser obtidas nesta categoria animal (PATTERSON
et al., 1999). Para a ocorrência da primeira ovulação na novilha, o peso é mais
importante do que a idade, devido ao fato de que a nutrição inadequada provoca atrasos
na puberdade. Em contrapartida, a melhora no nível nutricional proporciona um
crescimento e desenvolvimento corporal mais rápido, antecipando a maturação sexual
(NOGUEIRA, 2004). Em estudo conduzido por Chelikani et al. (2003), a maioria das
novilhas utilizadas atingiu a puberdade dentro de uma faixa de peso corporal
semelhante, entre 270 e 330 kg, de forma consistente com o fato de que a puberdade
ocorreria a um peso corporal crítico.
Burfening (1979) trabalhando com grupos de novilhas estratificadas por
categorias de peso corporal de 334 a 407 kg, para as novilhas classificadas como
pesadas, e de 239 a 243 kg, para as leves, e aplicando às mesmas um protocolo de
sincronização para a inseminação artificial utilizando implantes com norgestomet,
encontrou boas porcentagens de estros em ambos os grupos, com 91 e 81%,
respectivamente. Da mesma forma, obteve boas porcentagens de prenhez nas novilhas,
que foram de 67% para as pesadas e 63% para as novilhas leves. Acompanhando ainda,
o desempenho reprodutivo posterior destes animais na temporada seguinte, observou
um intervalo entre o parto e o primeiro estro 24 dias mais curto para as novilhas
anteriormente classificadas como leves, em relação às pesadas. Entretanto, foi
verificada uma taxa de sobrevivência de bezerros 16% inferior, para o grupo de novilhas
que eram mais leves ao início do experimento.
Rao et al. (1986) encontraram um peso corporal significativamente superior
para as novilhas que resultaram prênhes, em relação às novilhas que não emprenharam
após a aplicação de um protocolo de indução e sincronização do estro e da ovulação
para a inseminação artificial. Os autores observaram ainda, uma melhor fertilidade entre
os animais inseminados durante a estação fria. Neste trabalho, porém, as novilhas
utilizadas eram consideradas muito jovens e leves para que pudessem atingir a
puberdade. Entretanto, Tanaka et al. (1995), após um período de avaliações, não
observaram diferenças quanto ao peso corporal e à idade, no que corresponde à secreção
de estrógeno e progesterona, em novilhas de corte pré-púberes, que tiveram a
ciclicidade ovariana induzida por um tratamento com norgestomet.
O tratamento com somatotropina bovina (bST) em estudo de Buskirk et al.
(1996), proporcionou uma tendência ao aumento no peso à puberdade, de novilhas
tratadas em relação às controle. Entretanto, não foram verificadas, segundo os autores,
diferenças no que corresponde à porcentagem de novilhas púberes no período anterior à
estação reprodutiva, na taxa de concepção após o primeiro serviço e na porcentagem de
prenhez.
Avaliando os efeitos do peso corporal, idade, altura da cernelha, perímetro
torácico e condição corporal, sobre as taxas de prenhez à inseminação artificial e
posterior período de repasse por touros, em novilhas cruzas, Moraes et al. (2005)
verificaram que nenhuma das variáveis medidas apresentou efeito significativo sobre a
taxa de manifestação de estro. No que concerne às taxas de prenhez, apenas o peso
corporal apresentou efeito significativo, sendo o peso médio de 291 kg nas novilhas não
prênhes, e de 306 kg nas novilhas que emprenharam. Neste contexto, os autores
afirmam que para novilhas de 2 anos de idade e oriundas de cruzamentos, é necessário
que o peso corporal ao primeiro serviço seja superior aos 300 kg, no sentido da
obtenção de bons índices reprodutivos.
Neste mesmo sentido, Dahlen et al. (2003) trabalhando com novilhas
peripúberes, observaram que a variação no peso corporal relacionava-se com o escore
do trato reprodutivo e suas implicações sobre o desempenho reprodutivo, sendo que
para cada 18 kg de aumento no peso corporal, era verificado um aumento
correspondente a uma unidade, ou um ponto, no referido escore, mostrando ser esta
correlação alta e semelhante à correlação genética entre ambas as características (0,53).
Assim, novilhas mais pesadas tiveram melhores escores reprodutivos e por sua vez, uma
superior taxa de prenhez.
Dailey et al. (1983) encontraram que, novilhas púberes foram mais pesadas
(399 x 314 kg), tinham uma maior altura na cernelha e maior frame (5 x 3,2, em uma
escala de 1 a 9), em relação a um grupo de novilhas pré-púberes, sendo a maior
variabilidade no status puberal explicada pela regressão linear do peso corporal. As
demais variáveis contribuíram pouco, mas tiveram relativa importância para a entrada
na puberdade, como a idade, o frame e a altura. Apesar do frame e da altura terem sido
relacionados ao status puberal, o peso foi o mais seguro preditor da puberdade.
A idade à puberdade é um fator que passa a ser bastante importante como
característica de produção, quando as novilhas são acasaladas para parição aos 2 anos de
idade, e em sistemas que impõem períodos reprodutivos restritos. A decisão de acasalar
novilhas em idades muito jovens envolve uma cuidadosa consideração dos aspectos
econômicos da produção, além do status reprodutivo e do genótipo dos animais
envolvidas (PATTERSON et al., 1992; 1999).
Em experimento de Hall et al. (1997), em que foram utilizadas novilhas cruzas,
com peso corporal aproximado de 300 kg e idade entre 9,5 e 12,5 meses, tratadas com
implantes com norgestomet por 10 dias, observou-se um maior número de novilhas
púberes após a remoção dos implantes entre as que tinham 12,5 meses de idade, em
relação às novilhas mais jovens. Da mesma forma, foi observada uma interação entre a
idade e o ganho de peso sobre o número de novilhas ciclando, depois de terminado o
período de tratamento. O número total de novilhas ciclando, aumentou conforme
aumentou a idade após o tratamento. Apesar disso, as concentrações circulantes e a
amplitude dos pulsos de LH foram semelhantes, para as 24 e 72 horas após a remoção
dos implantes, entre as novilhas de 9,5 e 11 meses de idade, dado este, que não foi
avaliado nas novilhas que tinham 12,5 meses de idade.
2.11. Efeito do Ganho de Peso e Desenvolvimento
Dos fatores ligados à atividade reprodutiva, que estão relacionados com o
ambiente, o mais importante é o status nutricional e seus efeitos relacionados com as
taxas de crescimento e o desenvolvimento (PATTERSON et al., 1992). O crescimento e
o ganho de peso estão integrados, tanto nos eventos reprodutivos, quanto na obtenção de
uma maior produtividade. Coletivamente, sugere-se que períodos de melhora na
qualidade do nível nutricional são necessários, dentro dos quais altos níveis de
suplementação são utilizados em fases críticas do crescimento e desenvolvimento
(BELLOWS, 1987).
Novilhas cruzas Angus x Hereford foram divididas em 3 grupos de tratamento,
objetivando a obtenção de distintas taxas de ganho médio diário (GMD), sendo estes:
perda de peso (-222 g/dia), ganho de peso moderado (116 g/dia) ou ganho elevado (650
g/dia), em estudo de Quintans et al. (2004). Ao final do experimento as novilhas
apresentavam, respectivamente, 259, 265 e 308 kg de peso corporal, sendo a
porcentagem de atividade luteal entre os grupos de 8,3% nas novilhas que perderam
peso, 45% nas novilhas que experimentaram um ganho de peso moderado, e de 100%
para as novilhas manejadas para atingir elevados ganhos de peso durante o inverno.
Apesar do peso final semelhante, entre as novilhas que perderam peso e as que tiveram
ganho moderado, a atividade ovariana foi superior para o segundo grupo, das novilhas
que não passaram por uma severa restrição nutricional. Assim, os autores sugerem que
sob condições comerciais, o GMD invernal poderia ser tomado em conta quando se
preconiza uma redução na idade ao primeiro serviço.
Chelikani et al. (2003) trabalharam com novilhas Holandês, criadas desde os
103 kg de peso vivo e 104 dias de idade, com GMD de 500, 800 ou 1100 g em uma
primeira etapa do experimento, até alcançar o peso corporal de 330 kg ou os 12 meses
de idade. A partir daí, todas as novilhas que ainda não houvessem demonstrado estro,
foram manejadas nutricionalmente para a obtenção de um GMD de 800 g, em uma
segunda etapa do experimento. Deste modo, todas as novilhas que ganharam 800 ou
1100 g de peso vivo por dia, atingiram a puberdade dentro da primeira etapa do
experimento, sem diferenças quanto ao peso corporal ao primeiro estro, assim como
porcentagem de gordura corporal e taxa de crescimento. As novilhas mantidas sob o
GMD de 1100 g atingiram a puberdade, em média, aos 9 meses de idade, as com GMD
de 800 g aos 11 meses e, as novilhas com GMD de 400 g, atingiram a puberdade aos 16
meses de idade, ou seja, durante a segunda etapa do experimento, e após acessarem uma
dieta para ganhos diários de 800 g de peso vivo. Já em estudo de Hall et al. (1994),
novilhas Angus manejadas para um GMD de 750 g, atingiram a puberdade 53 dias antes
em relação às que ganhavam 500 g/dia.
As novilhas manejadas para um GMD de 400 g, dentro das observações de
Chelikani et al. (2003), apresentaram menor porcentagem de gordura corporal, em
relação às manejadas para os GMD de 800 ou 1100 g. A puberdade foi alcançada pelas
novilhas, à semelhantes porcentagens de gordura e proteína corporal, sendo que o
GMD, o peso e a porcentagem de gordura corporal, explicaram 98% da variação na
idade à puberdade. A espessura de gordura subcutânea e a porcentagem de proteína
corporal, não influenciaram significativamente a idade à puberdade. O diâmetro do
folículo dominante foi menor para as novilhas submetidas ao GMD de 400 g, sem
diferenças entre os grupos quanto ao tamanho do corpo lúteo após 2 ciclos estrais.
Ocorreu, porém, um ciclo estral mais curto e com formação de menor massa de tecido
luteal no primeiro ciclo, em relação ao segundo para todas as novilhas. A concentração
de progesterona plasmática, monitorada após a segunda ovulação, foi semelhante entre
as novilhas com GMD de 800 e 1100 g, sendo inferior nas novilhas que atingiram a
puberdade na segunda fase do experimento. Entretanto, a progesterona circulante foi
maior no segundo ciclo, em relação ao primeiro, para todas as novilhas.
A taxa de regressão do maior folículo presente, em novilhas taurinas cruzas, pré-
púberes, não foi afetada pela taxa de crescimento dos animais, em estudo desenvolvido
por Bergfeld et al. (1994), utilizando tratamentos para ganhos médios diários de 900 ou
300 g de peso corporal. Entretanto, o máximo diâmetro atingido foi menor nos folículos
dominantes das novilhas submetidas ao GMD mais baixo. As novilhas que ganharam
900 g/dia, apresentaram este maior diâmetro folicular, a uma idade inferior em relação
às que ganharam 300 g/dia, porém, os dois grupos não exibiram tamanhos foliculares
diferentes quando comparados à idades fisiológicas fixas, ou seja, 30, 60, 90 ou 120 dias
antes de atingirem a puberdade. As novilhas mantidas sob o GMD mais alto, atingiram
assim a puberdade, a uma menor idade e maior peso corporal do que as novilhas
manejadas sob o GMD mais baixo, fazendo-o com 372 dias de idade e 263 kg, contra
435 dias de idade e 221 kg das últimas, respectivamente.
Bergfeld et al. (1994) não encontraram, entretanto, diferenças significativas
quanto ao diâmetro do folículo ovulatório entre dois grupos de novilhas, sendo de 12,6
mm para as mantidas sob GMD de 900 g, e 12,4 mm para as novilhas com GMD de 300
g. No grupo com GMD de 900 g, 60% das novilhas apresentaram uma fase luteal de
curta duração após a primeira ovulação (12 dias), e 20% uma fase luteal prolongada (34
dias), entretanto, nenhuma das novilhas com GMD de 300 g apresentou fase luteal de
duração anormal após ter ovulado, a menos que estes ciclos ocorressem com duração
inferior a 7 dias, e não sendo assim detectados, dentro do regime de coletas de sangue
utilizado no experimento. Talvez, segundo os autores, o elevado GMD leve a um
acelerado desenvolvimento dos eventos da puberdade, o que levaria a um anormal e
encurtado ciclo estral subseqüente, tendo o alcance desta etapa, nas novilhas com
menores ganhos, ocorrido mais lenta e gradualmente.
A fase luteal anormal após a primeira ovulação, nas novilhas mantidas sob um
elevado GMD, também poderia estar relacionada a alteradas secreções de
prostaglandina pelo útero. Apesar disso, Bergfeld et al. (1994) não verificaram
diferenças quanto às concentrações de progesterona plasmáticas entre os dois grupos de
novilhas, tanto antes como após a puberdade. Da mesma forma, as novilhas que
apresentaram uma fase luteal de curta duração, não apresentaram diferença, em relação
às demais, quanto aos níveis de progesterona circulante.
Não foi observado, em experimento conduzido por Hall et al. (1997), um efeito
do padrão de ganho de peso sobre a resposta ao tratamento com norgestomet, em
novilhas entre 9,5 e 12,5 meses de idade. Neste estudo, um grupo de novilhas foi
submetido ao GMD de 820 g durante todo o período, e outro grupo, submetido
inicialmente a um GMD de 410 g, sendo em uma fase posterior do experimento,
manejado para um GMD de 820 g. Os autores observaram, entretanto, após o
tratamento, um maior número de novilhas púberes entre aquelas mantidas durante todo
o período sob um GMD mais elevado, em relação ao grupo que experimentou duas
taxas de ganho de peso distintas. Entretanto, não foi verificado efeito do GMD sobre os
níveis circulantes de LH, 24 e 72 horas após a remoção dos implantes, bem como
efeitos do ganho, sobre a freqüência e amplitude dos pulsos do hormônio.
No mesmo estudo, Hall et al. (1997) não observaram efeitos dos distintos
padrões de ganho de peso (820 g, ou 410 g depois 820 g), sobre o número de folículos
maiores que 8 mm em diâmetro, tamanho do maior folículo e número de folículos entre
4 e 7 mm, em novilhas tratadas com norgestomet. Segundo os autores, a nutrição ou o
GMD podem não ter sido fatores limitantes para a resposta ao norgestomet,
especialmente nas novilhas de 12,5 meses de idade. Alternativamente, o efeito do
progestágeno sobre a entrada na puberdade em animais crescendo normalmente, pode
ser dependente do GMD após uma idade específica.
Apesar de que, novilhas requerem certo nível de gordura e proteína corporal
para atingirem a puberdade, em trabalho de Chelikani et al. (2003), novilhas com GMD
inicial em torno de 400 g, que atingiram a puberdade somente após acessarem dietas
formuladas para a obtenção de ganhos de 800 g por dia, além de serem mais leves à
puberdade, apresentavam um menor escore de condição corporal, em relação às
novilhas manejadas sob um GMD mais elevado. Frisch (1980) considera a porcentagem
de gordura corporal como uma característica crítica para a entrada na puberdade, em
outras espécies. Além disso, cita que concomitantemente com as adaptações somáticas
que se desenvolvem, antes das fêmeas alcançarem a etapa de entrada na puberdade,
ocorre uma rápida maturação do eixo hipotalâmico-hipofisiário-gonadal.
Roberson et al. (1991) observaram uma interação entre a exposição de novilhas
a touros e o ganho de peso corporal, sobre a idade à puberdade. Porém não houve
interação entre a presença de touros e o GMD, para o peso à puberdade, porcentagem de
prenhez e data de ocorrência dos partos das novilhas. Foi sim observada, uma maior
porcentagem de fêmeas púberes dentro do grupo sob maior GMD (800 g), em relação à
porcentagem obtida entre as novilhas manejadas sob um ganho de peso corporal um
pouco mais baixo (600 g/dia).
Quando compararam novilhas mantidas sob um GMD de 1200 g, com novilhas
manejadas para um GMD de 800 g, antes de sua primeira temporada reprodutiva,
Buskirk et al. (1996), observaram que as primeiras desmamaram, no ano seguinte,
produtos 16 kg mais leves. Segundo os autores, as práticas de manejo nutricional que
incluem uma elevada ingestão de energia antes da puberdade, podem implicar na futura
produção de leite e no desenvolvimento dos bezerros, pela redução no parênquima da
glândula mamária das fêmeas.
2.12. Efeito da Condição Corporal sobre o Desempenho Reprodutivo
É conhecida a importante relação existente, entre o nível nutricional das fêmeas
e sua fertilidade. A condição corporal de um animal se relaciona com a quantidade de
tecido de reserva de que este dispõe. O estado corporal influencia diretamente a
fertilidade, através da partição de nutrientes, orientada primeiramente a manter a vida da
novilha ou vaca e logo, à propagação da espécie. Os ciclos estrais geralmente podem ser
alcançados e mantidos, se a condição corporal é igual a no mínimo 2, em uma escala de
1 à 5 pontos, ainda que isto possa diferir em função de outros fatores como a raça, e se o
animal está em um plano de aumento ou diminuição de peso (BÓ et al., 2003a;
CUTAIA et al., 2003b). Segundo Bronson & Manning (1984), uma fêmea jovem não
pode ovular pela primeira vez, enquanto não acumular uma quantidade crítica de
gordura relativa à sua massa corporal. Da mesma forma, a fêmea adulta não ovularia se
suas reservas energéticas caíssem abaixo de um nível crítico.
Pobres escores de condição corporal têm sido relacionados a baixas taxas de
prenhez (LÓPEZ-GATIUS et al., 2003). Ramírez Iglesia et al. (1992) verificaram uma
maior porcentagem de estros e de prenhez em vacas primíparas, com uma condição
corporal próxima a 3 (1 a 5), em relação a escores mais baixos. Segundo McDougall &
Loeffler (2004), vacas com boa condição corporal são mais facilmente detectadas em
estro. Apesar disto, os autores citam que a variação na condição corporal não tem se
relacionado com a taxa de concepção.
A correlação encontrada entre a porcentagem de prenhez e a condição corporal,
foi positiva em experimento de Cutaia et al. (2003a). Neste trabalho foram observadas
taxas de prenhez crescentes entre as condições corporais de 1,5 a 3 (escala de 1 a 5):
condição corporal 1,5 (27,8%), condição corporal 2 (46,5%), condição corporal 2,5
(52,3%) e condição corporal 3 (57,7%). Seguindo a escala de condição corporal, para os
escores 3,5 e 4 as taxas de prenhez não diferiram em comparação à do escore 3 e
mantiveram a estabilidade nos escores 3,5 (57,7%) e 4 (57,6%).
Segundo resultados obtidos por Dahlen et al. (2003), novilhas com condição
corporal acima de 5, em uma escala de 1 à 9, tiveram maior porcentagem de prenhez à
inseminação artificial (21,5 x 10,1%, respectivamente), assim como porcentagem de
prenhez final, após período de repasse por touros (85,5 x 68,1%, respectivamente), em
relação às novilhas com condição corporal inferior à 5 pontos. Os autores observaram
que, para cada unidade de aumento no escore de condição corporal, a taxa de prenhez à
inseminação artificial aumentou 6,8% e a taxa de prenhez final aumentou 8,3%.
Alternativamente, Dahlen et al. (2003) consideraram além do peso e da condição
corporal, a área pélvica como índice para seleção de novilhas peripúberes a serem
utilizadas em um protocolo de sincronização e indução de estro e ovulação.
Em estudo conduzido por López-Gatius et al. (2003), avaliando resultados de
trabalhos realizados com vacas leiteiras, foi observado que animais com baixo escore de
condição corporal, necessitaram 6 dias a mais para conceber em relação aos que se
encontravam em uma condição corporal intermediária, que também conceberam 6 dias
mais tarde quando comparadas às vacas com elevado escore de condição corporal. Este
último grupo de animais apresentou também um intervalo entre o parto e a concepção
significativamente menor. Entretanto, segundo os autores, uma perda moderada de
condição corporal após o parto não se relacionou com um aumento no número de dias
abertos, ou seja, dias entre o parto a concepção seguinte. Vacas que demonstraram
severa perda de condição corporal após o parto, tiveram 10 dias abertos a mais em
relação às vacas com uma moderada perda de reservas corporais.
2.13. Variações Estacionais na Ciclicidade Ovariana
Apesar da menor sensibilidade ao fotoperíodo apresentada pelos bovinos, em
relação a outras espécies como os eqüinos e os ovinos, se observa nestes uma maior
atividade sexual com o aumento da temperatura e luminosidade ambientes, e uma baixa
atividade sexual durante o inverno, onde os dias são mais curtos. Talvez este fato ocorra
pela adaptação da espécie a ambientes tropicais, com os nascimentos acontecendo
durante a estação mais favorável do ano. Alguns animais possivelmente apresentem
maior susceptibilidade aos fatores inibitórios do ambiente, apresentando principalmente
no inverno, um menor perfil de progesterona circulante, e desenvolvendo estros sem a
posterior formação de corpos lúteos funcionais (STAHRINGER et al., 1990).
Os aumentos em temperatura e luminosidade ambientais relacionam-se com uma
elevação da atividade sexual, especialmente em novilhas. Entretanto, é maior a
incidência de ciclos anovulatórios durante o verão, em relação ao inverno, enquanto
que, neste último período, é mais freqüente a ocorrência de cios silenciosos, ocorrendo
ovulações sem manifestações comportamentais (STAHRINGER et al., 1990).
Semelhantemente ao que ocorre com as raças taurinas, de acordo com Stahringer
et al. (1990), as raças índicas também exibem variações estacionais na atividade
reprodutiva, como a aciclia no final do inverno e início da primavera. A menor atividade
estral no inverno, pela menor duração dos dias, decorre de uma adaptação a ambientes
tropicais, correspondente a diversos fatores, entre eles a alimentação. Sobre as raças
índicas, também se mostra importante o efeito negativo das temperaturas ambientais
mais baixas, já que estas raças apresentam uma zona de conforto térmico entre 16 e
27
º
C, ou seja, 7
º
C acima da zona de conforto térmico das raças taurinas.
Alguns estudos, como o de Stahringer et al. (1990), apontam para a presença de
uma maior concentração plasmática de progesterona durante o inverno, em relação ao
verão, em fêmeas bovinas. É possível que alguns animais tenham normalmente um
menor perfil de progesterona circulante, com maior susceptibilidade aos fatores
inibitórios do ambiente, como temperatura e luminosidade. Estes animais apresentam,
conseqüentemente, uma maior porcentagem de anestro ou estros sem posterior
formação de corpo lúteo funcional, coincidindo com as variações na concentração de
progesterona plasmática observadas.
As distintas regiões geográficas, segundo Short et al. (1990), produzem
diferenças na idade com que as novilhas são expostas à reprodução pela primeira vez,
variando conforme o sistema de manejo, a qualidade e disponibilidade de forragem e a
adaptação dos respectivos tipos raciais a condições ambientais específicas. Em alguns
casos, as vantagens econômicas do acasalamento e da parição de novilhas muito jovens,
podem ser superadas pelas limitações fisiológicas dos animais e pelas restrições
ambientais e de manejo.
2.14. Diferenças em Comportamento Reprodutivo Devidas aos Genótipos
A maior parte das fêmeas Bos indicus, como as da raça Brahman, por exemplo,
têm demonstrado uma antecipada ocorrência da ovulação em relação ao horário do
início do estro, assim como uma menor amplitude no pico pré-ovulatório de LH, corpo
lúteo de menor tamanho e uma inferior secreção de progesterona, quando comparadas a
fêmeas Bos taurus (RENTFROW et al., 1987). Apesar de todos estes fatores, do ponto
de vista prático dentro de um sistema extensivo de criação, há dificuldades em se
caracterizar a primeira ovulação da novilha, para que esta possa ser utilizada como
ferramenta no melhoramento genético (NOGUEIRA, 2004).
De acordo com resultados de estudos como os realizados por Galina et al. (1996)
e Pinheiro et al. (1998), os rebanhos Bos indicus apresentam além do estro com curta
duração, um elevado percentual de manifestações estrais durante o período da noite, o
que na prática também contribui para dificultar a detecção dos estros, fazendo com que
diminua conseqüentemente, a taxa de ventres inseminados dentro de um rebanho.
Assim, o biotipo dos animais com que se trabalha, é um fator que influi sobre
as porcentagens de prenhez à inseminação artificial. Bó et al. (2003a) encontraram uma
menor porcentagem de prenhez, após inseminações artificiais realizadas em rebanhos de
animais cruzas de raças índicas, do que em rebanhos de raças britânicas (taurinas). A
menor porcentagem de prenhez nas fêmeas cruza índica, segundo os autores, poderia ser
devida a uma soma de fatores entre os quais se encontram seu temperamento, fisiologia
reprodutiva e condições ecológicas às quais estão expostas. Na maioria dos casos, estes
tipos de animais se encontram em zonas subtropicais úmidas ou semi-áridas, e as
complicações relacionadas com a subnutrição e deficiências minerais, são mais comuns
em bovinos criados nestas regiões. Da mesma forma, tampouco se deve descartar o fato
de que os zebuínos não se adaptam tão bem como os Bos taurus a um manejo freqüente
de encerre (curral), o que poderia desencadear situações de estresse, resultando em
alteração ou inibição do pico pré-ovulatório de LH e da ovulação.
Os animais Bos indicus desenvolvem freqüentemente, quatro ondas de
crescimento folicular em cada ciclo estral, apresentando folículos dominantes e corpos
lúteos menores quando comparados aos Bos taurus (BÓ et al., 2003b; KASTELIC,
2004). Da mesma forma, a menor concentração de progesterona circulante encontrada
nas raças índicas, seria devida a diferenças quanto à resposta a estrógenos, além da já
mencionada menor amplitude do pico pré-ovulatório de LH, entre outros fatores
(KASTELIC, 2004).
2.15. Utilização de Suplementação com Gordura na Dieta
Os possíveis mecanismos para o efeito da suplementação com gordura na dieta,
sobre o desempenho reprodutivo de novilhas e vacas, ocorreriam através do aumento no
status energético destes animais, aumento na esteroidogênese, na manipulação da
insulina estimulando o desenvolvimento folicular e através da estimulação ou inibição
da produção e liberação de prostaglandina F2α, e sua influência sobre a persistência do
corpo lúteo (STAPLES et al., 1998).
A suplementação da dieta com gordura aumentaria a concentração plasmática de
colesterol, que é precursor da progesterona, por exemplo (GRUMMER & CARROLL,
1988; 1991). Elevados níveis de progesterona na circulação têm sido associados a altas
taxas de concepção em ruminantes (STAPLES et al., 1998), entretanto, Carroll et al.
(1992) sugerem que o colesterol não seria limitante para a síntese de progesterona
nestes animais.
Os resultados de estudos envolvendo a suplementação com gorduras, mais
precisamente ácidos graxos insaturados, são variados, sendo que, de acordo com Staples
et al. (1998), a maioria destes aponta para aumentos nas taxas de concepção à IATF e
prenhez. Scott et al. (1995) reportaram aumento dos sinais de estro e maior atividade
ovariana em vacas suplementadas com gorduras em relação às controle (71,4 x 65,6%
de manifestação de estro; e 75,4 x 69,5% de ciclicidade, respectivamente). Nos estudos
de Armstrong et al. (1990), Ferguson et al. (1990) e Sklan et al. (1991), o número
médio de inseminações artificiais por concepção diminuiu com a inclusão da
suplementação com gordura à dieta dos animais. A inclusão de 2 a 3% de gordura na
matéria seca total da dieta, durante os primeiros 30 dias pós-parto, resultou em
aumentos nas taxas de concepção e de prenhez. Da mesma forma, o desenvolvimento
dos folículos ovarianos durante o pós-parto precoce, tem sido consistentemente
estimulado pelas gorduras. Para Lucy et al. (1991), o número de folículos médios (6-9
mm) aumentou, e o número de folículos pequenos (3-5 mm) diminuiu, antes dos 25 dias
pós-parto em vacas. Durante um protocolo de sincronização de estros, aos 25 dias pós-
parto, o número de folículos pequenos e grandes (>15 mm) aumentou nas vacas
suplementadas com gordura.
De outra parte, ainda relacionando esta fonte de suplementação energética com a
atividade ovariana dos animais, Staples et al. (1998) relatam que o diâmetro do maior
folículo e do segundo maior folículo ovarianos aumentou nas vacas tratadas com
gordura, em relação às controle (18,2 x 12,4 mm do maior folículo; e 10,9 x 7,4 mm do
segundo maior folículo, respectivamente). Em seu estudo, as vacas eram mantidas sob
semelhante status energético na dieta. Ainda o número de corpos lúteos e o tamanho do
maior corpo lúteo, também foram superiores para as vacas tratadas. Hightshoe et al.
(1991) e Wehrman et al. (1991) confirmaram, respectivamente, este mesmo efeito sobre
o número e o tamanho dos folículos ovarianos em vacas de corte Simmental e cruzas
Brahman, consumindo gordura na alimentação, em dietas isocalóricas em relação à de
animais controle.
O consumo de gorduras ou óleos em quantidades superiores a 5% da matéria
seca (MS) total, segundo Garcia et al. (2003), podem reduzir marcadamente a
quantidade de fibra presente no rúmen. Entretanto, para os autores, possíveis problemas
com a digestibilidade ruminal podem ser contornados pela administração de sementes
oleaginosas, que produzem uma liberação mais lenta de óleo no rúmen.
3. ARTIGO 1
EFEITO DA SINCRONIZAÇÃO E DA INDUÇÃO DE ESTROS EM NOVILHAS
SOBRE A PRENHEZ E O ÍNDICE DE REPETIÇÃO DE CRIAS NA SEGUNDA
ESTAÇÃO REPRODUTIVA
Diego Moreira de Azeredo, Dimas Corrêa Rocha, Maria Inês Mascarenhas Jobim,
Rodrigo Costa Mattos e Ricardo Macedo Gregory
Artigo publicado – Ciência Rural, Santa Maria, v. 37, n. 1, p. 201-205, jan-
fev, 2007.
Efeito da sincronização e da indução de estros em
novilhas sobre a prenhez e o índice de repetição de
crias na segunda estação reprodutiva
Estrous induction and synchronization in beef heifers and their
effects on the pregnancy rate and at their performance on the
second reproductive season
Diego Moreira de Azeredo
I
; Dimas Corrêa Rocha
I
; Maria Inês Mascarenhas
Jobim
I
; Rodrigo Costa Mattos
I
; Ricardo Macedo Gregory
I,
1
I
Programa de Pós-graduação em Ciências Veterinárias (PPGCV), Laboratório de
Reprodução Animal (REPROLAB), Faculdade de Veterinária (FAVET), Universidade
Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Av. Bento Gonçalves, 9090, 91540-000,
Porto Alegre, RS, Brasil.
RESUMO
O objetivo deste trabalho foi verificar o índice de prenhez em novilhas de corte
submetidas a um protocolo de indução e sincronização de estros sobre a cronologia
das parições e seu efeito sobre a repetição de crias na estação reprodutiva
subseqüente como vacas primíparas. Foram utilizadas 194 novilhas Hereford e
Braford divididas em dois grupos. O grupo tratamento constou de um protocolo
misto de observação e sincronização de estros e inseminação artificial a tempo fixo
(IATF). O grupo controle foi submetido ao manejo convencional de inseminação
artificial, com observação de estros e inseminação no turno seguinte. Ambos os
grupos foram submetidos a repasse com touros. A porcentagem de prenhez na
primeira estação reprodutiva para os dois grupos foi de 91,7%. No grupo
tratamento, 82% das vacas pariram dentro dos primeiros 40 dias da estação
reprodutiva, contra 51,7% dos animais controle. A repetição de crias nas
primíparas do grupo tratamento em comparação às do controle foi
significativamente maior (73% x 55%). O manejo com sincronização de estros e
IATF na primeira estação monta em novilhas, apesar de apresentar índices
idênticos de prenhez ao final da temporada, proporcionou, porém, diferença
significativa nos índices de prenhez na segunda estação reprodutiva.
Palavras-chave: novilhas, estação reprodutiva, sincronização de estros.
ABSTRACT
This research was aimed at verifying the pregnancy rate in beef heifers submitted
to a protocol for estrus induction and synchronization on the parturition period and
its effect on the repetition of pregnancy at the second reproductive season. The
experimental animals where composed of 194 Hereford and Braford heifers divided
in two groups. The treatment group included a protocol of estrus observation and
synchronization and fixed-time insemination (FTAI). The control group was
submitted to a conventional artificial insemination management, with estrus
observation and insemination in the next turn. Both groups were submitted to a
natural mating period with clean-up bulls. The heifers were also observed as
primiparous on the next reproductive season. The pregnancy rate was 91.7% in the
first season for both groups. In the treatment group, 82% of the treated cows
calved on the first 40 days of the groups calving season, against 51.7% of the
control animals, resulting in a better conception rate in treated heifers (73 vs.
55%) in the second breeding season. The estrus synchronization and FTAI
management on the first breeding season of beef heifers produce better pregnancy
results also on the second breeding season.
Key words: heifers, breeding season, estrus synchronization.
INTRODUÇÃO
O total de quilogramas de bezerro desmamado constitui-se na forma mais precisa
de se avaliar a produtividade da etapa de cria na exploração pecuária de corte. O
peso ao desmame, além de envolver características herdáveis de crescimento,
também é influenciado pela idade do bezerro. Deste modo, os bezerros que nascem
ao início da estação de parições, certamente serão os mais pesados no momento do
desmame (Wiltbank,1985). Outro fator a ser considerado é a uniformidade dos
bezerros, ou seja, quanto menor o período de parições, mais homogêneos serão os
produtos ao desmame (Gregory & Rocha, 2004).
A parição no início da segunda temporada aumenta as chances de repetição de
crias das vacas primíparas (Lobato & Azambuja, 2002). Assim, Randle (1993)
sugere que o manejo da reprodução em bovinos de corte deve ter como objetivo
principal a obtenção de 70% das vacas parindo nos primeiros 21 dias da estação
reprodutiva.
A sincronização e a indução de estros na primeira estação reprodutiva é uma
metodologia capaz de auxiliar na repetição de crias nas primíparas, principalmente
por resultar na concentração das parições ao início da temporada. Os
procedimentos que prevêem a sincronização de estros e a indução da ovulação,
tanto em novilhas cíclicas como nas ainda em aciclia, pelos efeitos enumerados
anteriormente, podem fazer parte do manejo da reprodução, além de possibilitar a
utilização da inseminação artificial a tempo fixo (IATF) (Gregory & Rocha, 2004).
Entretanto, esses recursos só são indicados quando preenchidos outros requisitos,
em especial aqueles associados ao manejo nutricional.
Este estudo foi realizado com o objetivo verificar os efeitos da sincronização e da
indução de estros em novilhas, além de buscar o maior número de partos o mais
cedo e mais concentrado possível em parições de primíparas.
MATERIAL E MÉTODOS
Testou-se uma proposta de manejo para novilhas que constou da utilização de um
protocolo misto de observação de estros, da aplicação de prostaglandina (PGF) e da
inseminação artificial a tempo fixo com gestágenos. Foi realizado um experimento
em que foram utilizadas 194 novilhas Hereford e Braford, com 24-26 meses de
idade, manejadas extensivamente sobre pastagens naturais, na região da
Campanha do Rio Grande do Sul, e divididas aleatoriamente em dois grupos
experimentais. Os animais apresentavam peso médio de 312kg e uma condição
corporal de 3,5 (1-5). Todos os animais foram individualizados e identificados com
brincos numerados. O primeiro grupo, denominado tratamento, foi submetido ao
controle de estros tradicional (manhã e tarde) e a inseminação por sete dias,
recebendo todas as novilhas ainda não inseminadas, no sétimo dia, uma aplicação
de PGF (150ug D + Cloprostenol – Veteglan – Calier), seguindo-se a observação de
estros e a inseminação por mais cinco dias. Ao final do quinto dia, todas as novilhas
ainda não inseminadas, por não terem sido observadas em estro, foram submetidas
a uma aplicação de 2mg de benzoato de estradiol (BE) e à inserção de uma esponja
intravaginal impregnada com 250mg de acetato de medroxiprogesterona (MAP) por
7 dias. No momento da retirada das esponjas, foi aplicada PGF e, 24 horas após, foi
aplicado 1mg de BE. As novilhas foram inseminadas a tempo fixo (IATF), entre 52 a
56 horas após a retirada dos implantes. A partir de sete dias depois da IATF, as
novilhas foram submetidas a repasse durante 40 dias com dois touros Hereford de
fertilidade comprovada.
O segundo grupo, denominado controle, foi submetido a um manejo convencional
de inseminação artificial com observações de estros diárias, duas vezes ao dia, e
inseminação no turno subseqüente, durante 45 dias, seguidas de um período de
repasse com dois touros Hereford por mais 23 dias.
As novilhas prenhes de ambos os grupos foram acompanhadas quanto ao seu
comportamento reprodutivo como primíparas na temporada seguinte, quando
foram colocadas em serviço por um período de 70 dias com seis touros de
fertilidade comprovada. Observaram-se os animais quanto à data dos partos e à
repetição de crias de acordo com o período de parição nos dois grupos, na segunda
estação reprodutiva.
Os diagnósticos de gestação realizaram-se sempre após 45 dias de retirados os
touros, por ultra-sonografia com transdutor de 7,5Mhz. Os dados das taxas de
prenhez entre os grupos foram submetidos à análise estatística pelo teste do Qui-
quadrado, a um nível de 5% de significância (P<0,05).
RESULTADOS
Tanto no grupo tratado, como no grupo controle, resultaram 89 (91,7%) novilhas
prenhes. Os partos acumulados por intervalo de parições estão expressos na figura
1. Pode-se verificar que não ocorreram perdas de prenhez desde o diagnóstico de
gestação até o período das parições, assim como não houve perdas de bezerros até
o momento do desmame. Observou-se diferença significativa na concentração das
parições ocorridas nos primeiros 20 e até os 40 dias da temporada reprodutiva nas
novilhas submetidas à sincronização de estros quando do primeiro serviço
(P<0,05). O grupo de novilhas submetido à sincronização de estros, na primeira
temporada reprodutiva apresentou 82% dos partos durante os primeiros 40 dias da
temporada de parições, contra 51,7% das novilhas do grupo controle. Os
resultados de repetição de cria das vacas primíparas na segunda estação
reprodutiva estão representados na figura 2
.
Foi observada uma porcentagem significativamente superior (P<0,05) de repetição
de crias nas fêmeas que foram submetidas à sincronização de estros, quando da
primeira temporada de serviços, com 73% destas resultando prenhes contra 55%
das fêmeas do grupo controle.
DISCUSSÃO
Em programas reprodutivos de gado de corte, quando são utilizadas novilhas já
com atividade cíclica no início da temporada de monta, a aplicação de PGF na fase
lútea do ciclo estral resulta em alto percentual de estros. Por outro lado, quando
trabalha-se com animais peripúberes, os índices são desapontadores (Neibergs &
Reeves, 1988). Neste estudo, para o grupo experimental, utilizou-se um período de
sete dias de observação de estros antes da aplicação de PGF. Após um período de
observação de estros de sete dias, em se tratando de animais com atividade cíclica
regular, é de se esperar que todos os animais encontrem-se no diestro, com a
presença de um corpo lúteo capaz de responder ao tratamento com PGF.
A utilização da suplementação com progesterona, com o intuito de sincronizar
estros em novilhas, é uma medida a ser levada em consideração no manejo da
reprodução em bovinos de corte. O aumento de níveis circulantes de progesterona
plasmática parecem ser um pré-requisito para o desencadeamento de ciclos estrais
normais, tanto em novilhas pré-púberes, quanto em vacas no período pós-parto. A
progesterona, quando administrada a novilhas, inclusive às pré-púberes, é capaz de
iniciar a atividade estral, efeito este devido a um aumento na secreção pulsátil de
LH, que é responsável pela aceleração do crescimento folicular. Em novilhas pré-
púberes, a inatividade ovariana está associada à baixa freqüência dos pulsos de LH
(Rao et al., 1986; Patterson et al., 1990).
Segundo Brown et al. (1988), os resultados obtidos com a suplementação com
progestágenos não dependem da forma de administração e do tipo de
progestágeno utilizado. Esses autores compararam os tratamentos com acetato de
melengestrol (MGA) via oral, misturado ao alimento, e norgestomet (Syncromate-
B), na forma de implante subcutâneo. Entretanto, as porcentagens de
aparecimento de estros e prenhez parecem ser maiores quando se utilizam novilhas
já cíclicas em comparação àquelas ainda pré-púberes (Tibary et al., 1992; Tanaka
et al., 1995). Ainda, Chelikani et al. (2003) destacam que, no caso de novilhas pré-
púberes, outros fatores, como a idade e o peso ao momento do tratamento,
exercem um importante efeito sobre seu sucesso.
Outro ponto importante é o fato de que utilizando-se a sincronização e a indução do
estro e da ovulação, principalmente em novilhas que estão entrando na puberdade,
apesar de poder-se estar utilizando a primeira ovulação, de menor fertilidade,
dentro do protocolo de IATF, pode-se também estar fazendo com que a ocorrência
da terceira ovulação das novilhas, de fertilidade reconhecidamente superior em
relação à primeira e à segunda, seja antecipada dentro da temporada reprodutiva
(PATTERSON et al., 1990).
Na situação deste experimento, os resultados do tratamento de sincronização na
primeira temporada talvez não tenham sido mais evidentes por se tratarem de
novilhas que se apresentavam ao início do período de inseminação artificial com
excelente condição corporal. Cutaia et al. (2003), trabalhando tanto com vacas
como com novilhas, encontraram uma correlação de 0,9 entre a porcentagem de
prenhez e a condição corporal. Dahlen et al. (2003) verificaram que, para cada
unidade de aumento da condição corporal em novilhas (escala de 1-9), a
porcentagem de prenhez à inseminação artificial e ao final da temporada
reprodutiva, após repasse com touros, aumentava, respectivamente, 6,8 e 8,3%. O
bom escore corporal, no presente estudo, pode ter resultado em uma boa atividade
cíclica também no grupo controle. Esta condição não permitiu evidenciar o efeito de
priming da progesterona, observado em novilhas com estado reprodutivo marginal
ao início da temporada de monta. Patterson & Corah (1992) observaram este efeito
administrando MGA a novilhas pré-púberes.
O principal objetivo de um bom manejo reprodutivo é obter-se o número máximo
de vacas prênhes no mais curto período de tempo possível (Cavestany et al.,
2003). O manejo com sincronização dos estros, conforme indicam os resultados
obtidos no presente experimento, foi capaz de induzir a uma concentração
significativa das parições no início da temporada reprodutiva, o que resultou em um
índice de repetição de crias significativamente superior nas fêmeas submetidas à
sincronização e à indução de estros na primeira temporada de reprodução. Este
resultado pode ser atribuído a um maior período para recuperação pós-parto
proporcionado às primíparas que pariram no início da temporada, em relação ao
início de sua segunda temporada reprodutiva. Mialot et al. (2003) observaram uma
maior ciclicidade para vacas primíparas e multíparas que tinham pelo menos 75
dias pós-parto ao início da estação de serviços, em comparação com aquelas que
haviam parido a menos de 75 dias. Assim, quanto mais tardios forem os partos,
menores serão as probabilidades de ocorrência de estros antes do término da
estação de reprodutiva (Moraes, 2002).
Entretanto, cabe ressaltar que o sucesso de programas de sincronização de estros
para bovinos de corte depende de um bom planejamento da nutrição e da sanidade
dos animais (Moraes, 2002). A concentração das parições no início da estação
reprodutiva, como a verificada neste estudo, somente será obtida através de
programas de manejo que contemplem desde a criação da bezerra, com altos pesos
ao desmame, associando isso a ganhos de peso satisfatórios do desmame ao
primeiro acasalamento.
CONCLUSÕES
A sincronização e a indução de estros para programas de inseminação artificial em
novilhas na primeira estação reprodutiva, visando especialmente à antecipação e à
concentração das concepções, proporcionou resultados positivos. Na segunda
temporada reprodutiva, a concentração das parições resultou em um maior índice
de repetição de crias.
AGRADECIMENTOS
Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), pelo
apoio financeiro e pela concessão de bolsas aos autores.
REFERÊNCIAS
BROWN, L.N. et al. Comparison of melengestrol acetate-prostaglandin F2a to
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Recebido para publicação 29.03.05
Aprovado em 12.07.06
4. ARTIGO 2
EFEITO DE UM PRÉ-TRATAMENTO COM NORGESTOMET SOBRE A
TAXA DE PRENHEZ À IATF DE NOVILHAS DE CORTE PERIPÚBERES
Resumo
INTRODUÇÃO... O estudo objetivou avaliar o efeito de um pré-tratamento com
norgestomet, prévio a um protocolo de sincronização para inseminação artificial a
tempo fixo (IATF) em novilhas de corte, sobre as taxas de prenhez, assim como
acompanhar os efeitos de características relacionadas com o desempenho reprodutivo.
O experimento foi realizado em uma propriedade em Cachoeira do Sul, RS, Brasil,
onde se utilizaram 74 novilhas Angus e cruzas Angus, com 18 e 24 meses de idade,
manejadas sobre pastagem natural, com peso corporal médio de 276 kg, condição
corporal mínima de 3 (1-5) e avaliadas através do ultra-som para a determinação de
seu status ovariano, onde utilizaram-se somente novilhas entre as classes 2 e 3 (1-3).
Os animais foram pesados a cada 30 dias, desde os 60 dias anteriores ao início da
estação reprodutiva. Foram realizadas coletas de sangue para dosagem de
progesterona, 10 dias antes e no dia em que os animais foram divididos em 2 grupos
com 37 novilhas cada. O primeiro grupo, Tratamento, recebeu um implante com 6 mg
de norgestomet, na orelha direita, permanecendo com este durante 14 dias. O segundo
grupo, Controle, não recebeu nenhum implante. Dez dias após a retirada dos implantes
do grupo Tratamento, todas as novilhas foram submetidas a um protocolo para IATF,
consistindo de uma injeção de GnRH, seguindo-se 7 dias depois uma aplicação de
prostaglandina e 48 horas mais tarde, as inseminações artificiais e uma nova aplicação
de GnRH. Quatorze dias após iniciou-se período de repasse com 2 touros, por mais 45
dias. Os diagnósticos de gestação foram realizados por ultra-som, 30 dias após a IATF,
e novamente, 30 dias depois de retirados os touros. As dosagens de progesterona
apontaram 37,8% de animais com corpos lúteos. Não foram observadas diferenças
entre os grupos para as taxas de prenhez à IATF e final, sem diferenças em prenhez
conforme a idade e status ovariano. Da mesma forma, o peso inicial não diferiu entre
as novilhas que resultaram prenhas ou vazias após a IATF e ao final da temporada.
Sem diferenças para o ganho de peso médio diário (GMD) das novilhas que
emprenharam, em relação às vazias, ou efeito da composição racial sobre as taxas de
prenhez. O pré-tratamento com norgestomet não foi capaz de proporcionar superiores
taxas de prenhez em novilhas de corte. A idade não influenciou as taxas de prenhez das
novilhas, assim como o status ovariano, o peso corporal, o GMD e a composição
racial.
Palavras-chave: novilhas de corte, pré-tratamento, prenhez.
Introdução
A pecuária de corte vem sofrendo um momento de forte pressão sobre seu ciclo
produtivo, resultante da concorrência pela ocupação de espaço físico, que parte da
agricultura, principalmente da produção de grãos, nas regiões de solos com melhores
condições de fertilidade e, mais recentemente, outras culturas, que passam a competir
com a pecuária mesmo naquelas áreas de menor aptidão agrícola (BARCELLOS et al.,
2003).
Dentro deste contexto, passa-se a exigir cada vez mais produtividade dentro de
um sistema pecuário, sendo mais particularmente na etapa de cria, cada vez mais
importante objetivar-se a produção de um bezerro por vaca ano, ou algo muito próximo
a isto (BERETTA et al., 2001). Assim, no caso das novilhas, a entrada na puberdade
passa a ter um papel de grande importância, no sentido de se obter a concepção o mais
cedo possível dentro da temporada reprodutiva, e alcançar uma mais longa e eficiente
vida útil reprodutiva (LOBATO & AZAMBUJA, 2002). Dentre as principais causas que
levam à manifestação tardia da puberdade, estão a nutrição, principalmente a partir do
desmame, o biótipo animal com que se trabalha e o perfil hormonal da fêmea ao início
dos serviços (PATTERSON et al., 1990).
A dificuldade na detecção de estros, é um dos fatores que fazem com que a
inseminação artificial não seja utilizada em maior escala na pecuária de corte. O
desenvolvimento da técnica da inseminação artificial a tempo fixo (IATF), permitiu a
eliminação da necessidade de detecção de estros em esquemas de inseminação,
possibilitando ainda uma maior concentração dos serviços (BARUSELLI &
MARQUES, 2002; BÓ et al., 2003). No caso das novilhas, Imwalle et al. (1998) e
Patterson et al. (1999) sugerem que, fazendo-se com que a entrada na puberdade ocorra
1-3 meses antes da estação reprodutiva, os efeitos da conhecida menor fertilidade
poderiam ser minimizados quando da utilização da inseminação artificial, do primeiro
estro nesta categoria. Tal medida concorreria no sentido de uma maximização da
possibilidade de prenhez, proporcionando um mais rápido retorno do investimento
realizado na recria da fêmea de corte. Da mesma forma, Cavestany et al. (2003),
sugeriram que possivelmente uma “pré-sincronização” pudesse otimizar os resultados
obtidos com a IATF.
A utilização de progestágenos poderia induzir a puberdade em novilhas pré-
púberes e aumentar as taxas de concepção desta categoria animal durante a estação
reprodutiva (WOOD-FOLLIS et al., 2004). Tratamentos à base de progestágenos, como
o norgestomet, suprimem a liberação do hormônio luteinizante (LH) dentro do período
em que são administrados, resultando em gradual aumento em sua concentração
plasmática, culminando, após a retirada do progestágeno, no pico de LH e a ovulação
(RAO et al., 1986). Entretanto, o LH induz à ovulação somente se há um folículo
desenvolvido presente no momento de sua aplicação (PATTERSON et al., 1999).
Segundo Brown et al. (1988), o norgestomet parece ser mais efetivo em induzir
a ciclicidade em novilhas não cíclicas em relação a outros progestágenos, como o
acetato de melengestrol (MGA), proporcionando resultados de prenhez semelhantes
entre novilhas cíclicas e não cíclicas.
Os objetivos deste trabalho foram testar o efeito de um priming, ou pré-
tratamento, com o progestágeno norgestomet prévio a um protocolo de sincronização
para IATF em novilhas de corte, no sentido de se obter uma maior taxa de concepção,
buscando uma antecipação da prenhez dentro da temporada reprodutiva de novilhas,
assim como o acompanhamento dos efeitos de características relacionadas com o
desempenho reprodutivo, sobre os resultados obtidos.
Material e Métodos
O experimento foi realizado em uma propriedade localizada no município de
Cachoeira do Sul, Rio Grande do Sul, Brasil, onde se utilizaram 74 novilhas Angus e
cruzas índicas e taurinas, com 18 e 24 meses de idade, manejadas exclusivamente sobre
pastagem natural, dentro de um mesmo potreiro ocupado durante todo o experimento.
As 74 novilhas foram selecionadas dentro de um total de 109 novilhas e, adotando-se
como critérios de seleção, peso corporal mínimo de 250 kg (média de 276 kg), escore de
condição corporal igual ou superior a 2,5 em escala de 1 a 5 pontos (BÓ et al., 2003), e
a avaliação através da ultra-sonografia para a determinação do status ovariano,
utilizando-se 3 classificações: 1 para novilhas sem estruturas palpáveis (< 8 mm de
diâmetro), 2 para novilhas com folículos palpáveis (> 8 mm de diâmetro), e 3 para
novilhas com corpo lúteo, a partir de metodologia proposta por Cutaia et al. (2003).
As novilhas foram pesadas a intervalos regulares de 30 dias, a partir dos 60 dias
anteriores à data em que foi previsto o início da estação reprodutiva (PESO INICIAL),
consistindo de um total de três pesagens, com a finalidade de avaliar a dinâmica do peso
corporal, coletas de sangue para dosagem da concentração sérica de progesterona, em
todas as novilhas, 10 dias antes e no dia da formação dos grupos experimentais (Dias –
10 e 0), segundo metodologia de Rosenkrans & Hardin (2003). As amostras de sangue
foram centrifugadas a 800 g durante 5 minutos, dentro de 30 minutos após a coleta,
procurando desta forma evitar reduções na concentração plasmática de progesterona
pela possível degradação do esteróide no sangue. A seguir, as amostras foram
armazenadas à temperatura de –20
º
C, para posterior análise laboratorial através da
técnica do radioimunoensaio, conforme descrito por Tanaka et al. (1995).
Os animais foram então divididos em dois grupos de 37 novilhas cada um (Dia
0), homogêneos quanto à composição racial, peso e condição corporal e status ovariano.
As novilhas de um dos grupos receberam um implante subcutâneo de silicone, contendo
6 mg de norgestomet (Crestar
®
, Intervet, São Paulo-SP, Brasil), na orelha direita,
permanecendo com o implante durante 14 dias, sendo este grupo denominado como
grupo Tratamento. O segundo grupo de novilhas, não recebeu nenhum tratamento ou
implante, sendo denominado grupo Controle.
Vinte e quatro dias após a formação dos grupos, ou 10 dias após a retirada dos
implantes do grupo tratamento, todas as novilhas foram submetidas a um protocolo de
sincronização para inseminação artificial a tempo fixo (IATF). O protocolo, conhecido
como Ovsynch, foi aplicado no mesmo momento a ambos os grupos e consistiu de uma
injeção de análogo do hormônio liberador de gonadotropinas, ou GnRH (Fertagyl
®
,
Intervet, São Paulo-SP, Brasil), para sincronizar a nova onda de crescimento folicular,
seguindo-se 7 dias após, uma aplicação de prostaglandina (Preloban
®
, Intervet, São
Paulo-SP, Brasil), para provocar a luteólise de algum eventual corpo lúteo e, 48 horas
após a injeção de prostaglandina, os animais foram inseminados artificialmente, quando
foi considerado como iniciado o período reprodutivo (1º. de dezembro), e receberam
uma nova aplicação de GnRH, com o objetivo de sincronizar a ovulação. A inseminação
foi realizada por dois técnicos de forma alternada, iniciando-se 48 horas após a injeção
de prostaglandina. Para isto, utilizaram-se doses de sêmen do mesmo touro, de uma
mesma partida e previamente avaliada quanto à motilidade/vigor.
Passados 14 dias da data em que foi realizada a IATF, iniciou-se um período de
repasse por monta natural durante mais 45 dias, com 2 touros de fertilidade
comprovada.
Os diagnósticos de gestação foram realizados por ultra-sonografia (Scanner Pie
Medical 450; 5 MHz) 30 dias após a IATF, com a finalidade de conhecer-se a taxa de
prenhez obtida através da técnica e, novamente, 30 dias após retirados os touros,
permitindo-se saber a taxa de prenhez total obtida ao final da estação reprodutiva. As
taxas de prenhez foram comparadas estatisticamente através do teste Qui-quadrado, ao
nível de 5% de significância (P < 0,05). Para as relações entre pesos corporais e ganho
de peso médio diário das novilhas, e sua distribuição conforme os resultados de
diagnósticos de gestação foi utilizado o teste One-way ANOVA.
Resultados
As dosagens de progesterona realizadas através das amostras de sangue
coletadas das novilhas, respeitando o intervalo de 10 dias entre a primeira e a segunda
coleta, apontaram uma porcentagem de 37,8% (28/74) de animais com presença de
atividade luteal.
As taxas de prenhez obtidas após a realização da IATF e depois de terminado o
período de repasse por touros em monta natural, ao final da estação reprodutiva, não
diferiram entre os grupos (21,6% à IATF e 81,1% de prenhez final, respectivamente,
para ambos os grupos), conforme pode ser observado na Tabela 1.
Tabela 1. Taxas de Prenhez de Novilhas à Inseminação Artificial a Tempo Fixo (IATF) e Final Após
Repasse por Touros de Acordo com o Tratamento Antes do Início da Estação Reprodutiva
Tratamento IATF Final
n % n %
Norgestomet
8/37 21,6 30/37 81,1
Controle
8/37 21,6 30/37 81,1
Total 16/74 21,6 60/74 81,1
Teste Qui-quadrado ao nível de significância de 5%.
Apesar das diferenças numéricas encontradas entre as taxas de prenhez das
novilhas de 18 meses de idade e as de 24 meses (Tabela 2), principalmente em relação à
prenhez ao final da estação reprodutiva (93,3 vs. 78,0%, respectivamente), as médias
não diferiram. A Tabela 2 também demonstra que, tanto entre as novilhas de 18, quanto
as que tinham 24 meses de idade ao início do experimento, a maioria delas se
encontrava dentro do status ovariano 2 (56/74 novilhas), com relação à avaliação da
presença de estruturas ovarianas. Entretanto, não foram encontradas diferenças
estatísticas entre as taxas de prenhez das novilhas à IATF e após período de repasse por
touros (21,4 e 22,2% à IATF, e 80,4 e 83,3% de prenhez final, respectivamente), de
acordo com o status ovariano registrado quando da divisão entre os grupos tratamento e
controle, conforme apresentado na Tabela 3.
Tabela 2. Status Ovariano (Ovários) e Taxas de Prenhez de Novilhas à Inseminação Artificial a Tempo
Fixo (IATF) e Após Repasse por Touros Conforme a Idade
Idade n Ovários 2 Ovários 3 IATF Final
n n % %
18 meses
15 13 2 26,7 93,3
24 meses
59 43 16 20,3 78,0
Total 74 56 18 21,6 81,1
Teste Qui-quadrado ao nível de significância de 5%.
Tabela 3. Taxas de Prenhez de Novilhas à Inseminação Artificial a Tempo Fixo (IATF) e Após Repasse
por Touros de Acordo com o Status Ovariano (Ovários)
Ovários IATF Final
n % n %
2
12/56 21,4 45/56 80,4
3
4/18 22,2 15/18 83,3
Total 16/74 21,6 60/74 81,1
Teste Qui-quadrado ao nível de significância de 5%.
Relacionando o peso corporal 60 dias antes da data em que se iniciou a estação
reprodutiva das novilhas, e os resultados obtidos em prenhez à IATF e final, apesar de
uma diferença numérica encontrada a favor das novilhas que emprenharam após a
inseminação artificial (282,5 vs. 274,4 kg das vazias), as médias de peso corporal não
diferiram estatisticamente entre novilhas prenhas e vazias (Tabela 4). A mesma
tendência foi observada, quando comparados os pesos corporais registrados pelas
novilhas ao início da estação de reprodução, e de acordo à categoria em que se
distribuíam as mesmas após os diagnósticos de gestação, conforme demonstrado na
Tabela 5.
Tabela 4. Relação Entre o Peso Corporal de Novilhas 60 dias Antes do Início da Estação Reprodutiva e o
Diagnóstico de Gestação da Inseminação Artificial a Tempo Fixo (IATF) e Após Repasse por Touros
Categoria IATF Final
n Peso (kg) n Peso (kg)
Prenhas
16 282,5 ± 18,7 60 276,8 ± 17,4
Vazias
58 274,4 ± 15,8 14 273,6 ± 13,1
Total 74
276,2 ± 16,7
74
276,2 ± 16,7
Teste One-way ANOVA.
Tabela 5. Relação Entre o Peso Corporal de Novilhas ao Início da Estação Reprodutiva e o Diagnóstico
de Gestação da Inseminação Artificial a Tempo Fixo (IATF) e Após Repasse por Touros
Categoria IATF Final
n Peso (kg) n Peso (kg)
Prenhas
16 315,2 ± 18,5 60 310,5 ± 19,4
Vazias
58 307,6 ± 21,0 14 303,9 ± 25,4
Total 74
309,2 ± 20,6
74
309,2 ± 20,6
Teste One-way ANOVA.
Quando se relacionou o ganho de peso médio diário (GMD) das novilhas, em
gramas, com os resultados em prenhez obtidos na IATF e ao final do período de repasse
por monta natural, apesar do numericamente superior GMD apresentado pelas novilhas
que conceberam após sua exposição aos touros (Tabela 6), as médias não apresentaram
diferença estatística.
Tabela 6. Ganho de Peso Médio Diário (GMD) de Novilhas nos 30 Dias Anteriores à Estação
Reprodutiva e o Diagnóstico de Gestação da Inseminação Artificial a Tempo Fixo (IATF) e Após
Repasse por Touros
Categoria IATF Final
n GMD (g) n GMD (g)
Prenhas
16 881,3 ± 384,9 60 826,1 ± 331,9
Vazias
58 785,6 ± 351,4 14 721,4 ± 460,2
Total 74
806,3 ± 358,4
74
806,3 ± 358,4
Teste One-way ANOVA.
A raça, ou composição racial, das novilhas também não influenciou as taxas de
prenhez obtidas à IATF e ao final da estação reprodutiva. Mesmo com a tendência
numérica a melhores taxas de prenhez entre as novilhas Angus (26,7 vs. 20,3% à IATF,
e 86,7 vs. 79,7% para a prenhez final, respectivamente), observadas na Tabela 7, as
médias não foram diferentes estatisticamente.
Tabela 7. Porcentagens de Prenhez de Novilhas à Inseminação Artificial a Tempo Fixo (IATF) e Após
Repasse por Touros de Acordo com a Raça
Raça IATF Final
n % n %
Angus
4/15 26,7 13/15 86,7
Cruzas
12/59 20,3 47/59 79,7
Total 16/74 21,6 60/74 81,1
Teste Qui-quadrado ao nível de significância de 5%.
Discussão
No presente trabalho, administrando o norgestomet por um período anterior ao
da aplicação de um protocolo para inseminação artificial a tempo fixo (IATF), a um
grupo de novilhas peripúberes, não foi verificado um incremento na taxa de prenhez à
inseminação, sendo esta igual à das novilhas controle, que não receberam o implante
com norgestomet (21,6% para ambas). Da mesma forma, o priming de progestágeno
não foi capaz de produzir uma melhora na taxa de prenhez das novilhas tratadas, em
relação às controle, ao final do período de repasse com monta natural (81,1% de
prenhez para ambos os grupos).
Novilhas acíclicas tratadas com norgestomet, em trabalho de Tibary et al.
(1992), apresentaram 60% de estros após o tratamento, melhorando esta taxa para 75%
nas novilhas em que foi adicionada uma aplicação de eCG no momento da retirada dos
implantes auriculares. Neste último tratamento, a prenhez obtida após inseminação
artificial foi semelhante à obtida em novilhas que estavam ciclando ao início dos
tratamentos (43% para ambas). A taxa de prenhez foi de apenas 20% nas novilhas
acíclicas que receberam somente o tratamento com norgestomet. Os autores comentam
que, após um período de serviços de 90 dias, as taxas de prenhez mostraram-se
semelhantes entre os grupos. Estes resultados corroboram os achados no presente
experimento, onde as taxas de prenhez após a IATF e ao final do período reprodutivo
foram semelhantes. Segundo Ghallab et al. (1984), somente o norgestomet não é capaz
de prevenir o retorno ao anestro, havendo para isto a necessidade de repetir o tratamento
nas novilhas não prenhas.
Em estudo de Rao et al. (1986), utilizando novilhas Nelore pré-púberes, e
aplicando um tratamento para sincronização da ovulação à base de norgestomet e eCG
no momento da remoção do implante, foi observada uma taxa de 100% de estro, sendo
destes, 75% com ovulação, diagnosticada pela presença de um corpo lúteo palpável em
um dos ovários 8 a 10 dias após o tratamento. Do total das novilhas, 25% continuaram
com atividade cíclica após o primeiro estro, entretanto alguns animais voltaram à
condição de anestro após a ovulação induzida. Em um segundo experimento, os mesmos
autores relataram 100% de ocorrência de estro, tendo obtido nas novilhas inseminadas a
tempo fixo uma taxa de 63% de prenhez. Ainda assim, não houve uma posterior
manutenção de ciclicidade nas novilhas que não se tornaram prenhas através da técnica.
Entretanto, quando comparada à taxa de ciclicidade de um grupo de novilhas
sincronizadas para IATF com a de um grupo de novilhas controle (90 e 38%,
respectivamente), foi observada uma porcentagem superior para as novilhas tratadas,
indicando uma boa eficiência do tratamento no sentido de induzir a ciclicidade.
Já Purvis & Whittier (1997) relatam uma baixa porcentagem de prenhez em
novilhas com puberdade induzida pelo tratamento com norgestomet, comentando ainda
que o progestágeno poderia induzir um comportamento de estro em algumas novilhas
não púberes. Entretanto, este último aspecto não foi observado dentro do programa do
experimento.
Em novilhas Bos indicus cíclicas, Rentfrow et al. (1987) relatam que todos os
animais tratados com norgestomet exibiram estro dentro de 72 horas de removidos os
implantes, com corpos lúteos detectados em novilhas tratadas e controles 8 a 12 dias
após o estro. Entretanto, as concentrações de progesterona máximas circulantes foram
inferiores nas tratadas, não estando claro se devido ao tratamento ou resultado da
superior concentração de progesterona demonstrada pelo maior número de novilhas
controle prenhas. Segundo os autores, modificações no padrão endócrino das novilhas
pelo tratamento, poderiam ter sido responsáveis pela menor taxa de concepção. A
reduzida função luteal pós-tratamento poderia ser a causa primária para uma menor
fertilidade, resultando de uma alteração da função folicular durante o tratamento.
Em novilhas de 12-14 meses, cíclicas ou acíclicas, tratadas ou não com
norgestomet durante 8 dias, em dois tratamentos com intervalo de 16 dias entre ambos,
Ghallab et al. (1984) encontraram taxas de prenhez de 75 e 61% para as novilhas
tratadas, cíclicas e em anestro, respectivamente, e de 73 e 33% para as novilhas
controle, cíclicas e em anestro, respectivamente. Assim, foi observada uma vantagem do
tratamento em novilhas não cíclicas, pela maior taxa de prenhez obtida após a remoção
do segundo implante, concluindo os autores que, repetidos tratamentos com
norgestomet aumentaram os resultados de prenhez de novilhas em anestro.
Cutaia et al. (2007) avaliaram a alternativa de utilizar tratamentos longos com
progesterona, por 14 dias, como forma de simular uma fase luteal antes da IATF em
novilhas cruzas índicas cíclicas. Para isto, utilizaram dispositivos com o hormônio,
associados a uma aplicação de benzoato de estradiol, tanto para as novilhas que
receberam o dispositivo por 14 dias, como para as que foram tratadas por 7 dias
(controle). Os resultados de prenhez obtidos, para a IATF realizada às 54-56 horas de
retirados os implantes, foram superiores para as novilhas do grupo controle (58,5 vs.
45,4% das tratadas). Os autores comentam que, não foi possível alcançar um aumento
na taxa de prenhez com o protocolo de 14 dias em novilhas cíclicas, sugerindo ainda
que este protocolo devesse ser testado em novilhas pré-púberes.
Mesmo trabalhando com uma representativa proporção de novilhas pré-púberes,
dentro do grupo de animais utilizado no presente estudo, não foi possível a obtenção de
uma taxa de prenhez superior à IATF, nas novilhas tratadas com implantes com
norgestomet durante 14 dias, em relação às controle. De acordo com Martínez et al.
(2000), a utilização prolongada de progestágenos, por períodos como 14 ou até 21 dias,
resultaria em menor fertilidade nas fêmeas após o estro subseqüente, efeito este que
decorre aparentemente, do desenvolvimento de folículos persistentes.
Neste sentido, Mihm et al. (1994) salientam que, em novilhas cíclicas, o
aumento na duração do período de dominância folicular provocado por um tratamento
longo com progestágenos ou progesterona, produz uma menor porcentagem de prenhez
nas mesmas. Os folículos são capazes de ovular após longos períodos de bloqueio com
progestágenos, entretanto, de acordo com Lucy et al. (1990), estes tratamentos longos
podem provocar a formação de cistos foliculares e de uma redução na fertilidade. Ainda
que não diferindo do grupo de novilhas controle, a taxa de prenhez final no presente
estudo, após período de repasse por touros, das novilhas tratadas com progestágeno por
um prazo considerado longo foi satisfatória, superando a 80% de prenhez.
Comparando-se os pesos corporais das novilhas deste experimento, 60 dias antes
e ao início de da estação reprodutiva, conforme seu resultado após os diagnósticos de
gestação da IATF e final, em prenhas ou vazias, apesar de não significativa
estatisticamente, foi encontrada uma tendência a peso corporal superior para a categoria
de novilhas que emprenharam. Neste mesmo sentido, Rao et al. (1986), relataram um
peso corporal significativamente superior para as novilhas prenhas após o tratamento de
sincronização à base de norgestomet e a IATF, em relação ao peso das novilhas que não
emprenharam através da técnica.
Burfening (1979) tratando novilhas classificadas como leves (média de 243 kg)
com norgestomet durante 9 dias, com 11 dias de antecedência em relação ao início da
temporada reprodutiva, permanecendo um grupo de novilhas de superior peso corporal
como controle (média de 334 kg), encontrou 45 dias após o tratamento taxas de 91% de
estros para as controles e 81% de estro para as tratadas, com uma taxa de prenhez,
respectivamente, de 67 e 63%.
A idade não representou um efeito significativo sobre as taxas de prenhez das
novilhas, à IATF e após o período de serviços por monta natural, no presente estudo.
Entretanto, houve tendência a melhores resultados em prenhez para os animais de 18
meses de idade, em relação às novilhas com 24 meses, com maior destaque para a taxa
de prenhez final das mesmas.
Avaliando os efeitos do peso corporal, idade, altura da cernelha, perímetro
torácico e condição corporal, sobre as taxas de prenhez à inseminação artificial e
posterior período de repasse por touros, em novilhas cruzas, Moraes et al. (2005)
verificaram que apenas o peso corporal apresentou efeito significativo. Assim, os pesos
médios registrados foram de 291 kg nas novilhas não prênhes, e de 306 kg nas novilhas
que emprenharam. Neste contexto, os autores afirmam que para novilhas de 2 anos de
idade e oriundas de cruzamentos, é necessário que o peso corporal ao primeiro serviço
seja superior aos 300 kg, no sentido da obtenção de bons índices reprodutivos. Este
aspecto, talvez possa explicar em parte, as baixas taxas de prenhez à IATF obtidas entre
os animais do presente experimento.
Para a ocorrência da primeira ovulação na novilha, o peso é mais importante do
que a idade, baseado no fato de que a nutrição inadequada provoca atrasos na
puberdade. Em contrapartida, a melhora no nível nutricional proporciona um
crescimento e desenvolvimento corporal mais rápido, antecipando a maturação sexual
(NOGUEIRA, 2004). Entretanto, o padrão de ganho de peso médio diário (GMD), no
presente trabalho, no período que antecedeu ao da estação de reprodução, não foi
diferente entre as novilhas que resultaram prenhas ou vazias após a IATF e ao final da
temporada. Talvez, segundo Bergfeld et al. (1994), o elevado GMD leve a um acelerado
desenvolvimento dos eventos da puberdade, o que provocaria um anormal e encurtado
ciclo estral subseqüente, tendo o alcance desta etapa, nas novilhas com menores ganhos,
ocorrido mais lenta e gradualmente. A fase luteal anormal após a primeira ovulação, nas
novilhas mantidas sob um elevado GMD, também poderia estar relacionada a aberrantes
secreções de prostaglandina pelo útero.
Em estudo de Hall et al. (1997), um grupo de novilhas foi submetido ao GMD
de 820 g durante todo o período, e outro grupo, submetido inicialmente a um GMD de
410 g, sendo em uma fase posterior do experimento, manejado para um GMD de 820 g.
Os autores observaram, analisando os dados após o tratamento, um maior número de
novilhas púberes entre aquelas mantidas durante todo o período sob um GMD mais
elevado, em relação ao grupo que experimentou duas taxas de ganho de peso distintas.
Outra possível causa para o baixo desempenho após a aplicação do protocolo
para IATF no presente experimento, tanto para as novilhas tratadas, como para as
controle, decorra do fato de que a base hormonal escolhida (GnRH/prostaglandina), não
tenha sido a mais adequada para esta categoria animal, de acordo com alguns autores
como Stevenson et al. (1999), Moreira et al. (2000) e Cavestany et al. (2003).
Desta forma, para estudar as possíveis causas da baixa resposta de novilhas a
protocolos para IATF com base no GnRH, Moreira et al. (2000) utilizaram o protocolo
Ovsynch em novilhas Holandês cíclicas, e que haviam passado anteriormente por um
tratamento para sincronização de estros através de duas aplicações de prostaglandina.
Assim, as novilhas variaram quanto ao momento em que foi iniciado o protocolo
Ovsynch, entre os Dias 2, 5, 10, 15 e 18 do ciclo estral, sendo as taxas de ovulação após
a primeira aplicação de GnRH, de 0% para as tratadas no Dia 2; 100% para as tratadas
no Dia 5; 25% para as novilhas tratadas no Dia 10; 60% para as tratadas no Dia 15 e,
finalmente, 100% de ovulação para as novilhas que receberam a primeira aplicação de
GnRH quando estavam no Dia 18 do ciclo estral. Segundo os autores, as novilhas
tratadas no Dia 2 do ciclo, não tinham um folículo dominante estabelecido, não
ovularam e apresentaram menor concentração de progesterona plasmática. As novilhas
iniciadas no protocolo no Dia 5 do ciclo, apresentavam concentração de progesterona
em ascensão, e o folículo dominante presente ovulou. Ao Dia 10, coincidiu a aplicação
do GnRH com a emergência da segunda onda folicular, estando a maioria das novilhas
com o maior folículo da primeira onda de desenvolvimento em atresia, e não
respondendo ao GnRH. As próprias elevadas concentrações de progesterona circulantes
apresentadas por estes animais, indicavam a presença de um corpo lúteo ativo. As
novilhas tratadas no Dia 15 do ciclo, apresentavam também níveis elevados de
progesterona circulante no dia da aplicação do GnRH, porém com um folículo
dominante originado na segunda onda de desenvolvimento, com emergência e seleção
mais variável em relação à primeira onda. No Dia 18, com a aplicação do GnRH
ocorrendo no pró-estro, registraram-se elevadas taxas de ovulação.
Igualmente, Martínez et al. (1999) utilizando o protocolo Ovsynch em novilhas
de corte, observaram que somente as novilhas que ovularam em resposta à primeira
aplicação de GnRH tiveram a emergência de uma nova onda de crescimento folicular.
Mas em novilhas leiteiras, com exceção das que receberam o GnRH durante o
metaestro, quando o folículo dominante está ausente, a emergência sincronizada de uma
nova onda folicular ocorreu em todos os outros estágios do ciclo, independente de
ovulação.
Em experimento de Cavestany et al. (2003), 33,3% das vacas tratadas com
Ovsynch não responderam à primeira aplicação de GnRH, estando esta variação de
acordo com o estágio do ciclo estral em que se encontravam os animais, onde a maior
taxa de ovulação foi observada quando o tratamento foi iniciado no diestro precoce ou
intermediário e no pró-estro. Agregado a estes fatores, segundo Stevenson et al. (1999),
no protocolo Ovsynch cerca de 10% dos animais tendem a apresentar estro antes do
tempo alvo.
Ambrose et al. (2005) comentam que, apesar de que as razões para a reduzida
fertilidade à IATF, através do protocolo Ovsynch em novilhas, não estão totalmente
compreendidas, a falha da primeira aplicação de GnRH em causar a ovulação de forma
consistente, e a prematura luteólise e estro antes da inseminação, são fatores que
contribuem para os pobres resultados.
O presente trabalho conduziu uma avaliação prévia dos animais, com respeito ao
status ovariano, classificando as novilhas entre as classes 1, 2 e 3, tendo sido utilizadas
para o experimento somente aquelas com escore igual a 2 ou 3, baseado na presença de
estruturas ovarianas. Entretanto, não foram observadas diferenças entre as taxas de
prenhez à IATF e final obtida nas novilhas, de acordo com seu status ovariano. Ainda
assim, segundo, Rao et al. (1986), o grau de desenvolvimento folicular presente ao
início do tratamento de sincronização é fator crucial para um bom desempenho do
mesmo, assim como a idade e o peso das novilhas, tendo observado em seu estudo, uma
baixa porcentagem de novilhas com folículos menores que 10 mm manifestando estro e
resultando prenhas, em relação às novilhas com folículos maiores que 10 mm.
Dahlen et al. (2003), após uma avaliação prévia realizada aproximadamente 40
dias antes do início da temporada de reprodução, removeram do grupo experimental
todas as novilhas com escore de trato reprodutivo igual a 1. Partindo desta classificação,
a taxa de prenhez à IATF foi maior para o escore reprodutivo 4, do que para os escores
2 ou 3. Entretanto, as taxas de prenhez final, após um período de repasse por touros,
foram semelhantes para os escores 3 e 4 (87,9 e 89,2%, respectivamente), sendo
superiores à do escore 2 (71,9%).
Semelhante comportamento foi verificado em novilhas submetidas à avaliação
um mês antes da estação reprodutiva e, posteriormente, sincronizadas para inseminação
artificial com protocolo à base de progesterona e estradiol, em estudo desenvolvido por
Lefever & Odde (1986), que apresentaram uma porcentagem de estro de 90% entre as
classificadas nos escores reprodutivos 4 e 5, alcançando 50% de concepção, e
porcentagem de estro inferior à 80%, com 37% de concepção, para as novilhas
classificadas em 1, 2 ou 3.
Por fim, a raça, ou composição racial, não afetou de forma significativa as taxas
de prenhez das novilhas à IATF e final no presente trabalho. Apesar disto, as novilhas
Angus apresentaram uma discreta tendência numérica a resultados superiores em
relação às cruzas.
Conclusões
Nas condições do presente expeirmento, o priming, ou pré-tratamento, com
norgestomet não foi capaz de proporcionar taxas superiores de prenhez em novilhas de
corte, para o grupo tratado em relação ao controle. Da mesma forma, a idade não
influenciou as taxas de prenhez das novilhas, que foram semelhantes entre 18 e 24
meses. O status ovariano, o peso corporal, o ganho de peso e a composição racial
também não afetaram significativamente as taxas de prenhez.
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2004.
5. ARTIGO 3
EFEITO DO PRÉ-TRATAMENTO COM MAP OU PROGESTERONA
ANTERIOR A UM PROTOCOLO PARA IATF EM NOVILHAS DE CORTE
PERIPÚBERES
Resumo
O estudo objetivou avaliar o efeito de uma suplementação com progestágeno
(acetato de medroxi-progesterona; MAP) ou progesterona, realizada anteriormente a
um protocolo para inseminação artificial a tempo fixo (IATF). Do mesmo modo,
verificar o efeito de algumas características associadas ao desempenho reprodutivo de
novilhas de corte, assim como o efeito de distintos manejos alimentares sobre as taxas
de prenhez obtidas. Os trabalhos foram realizados em duas propriedades em Cachoeira
do Sul e Santa Margarida do Sul, RS, Brasil, sendo utilizadas 102 novilhas Angus,
cruzas Angus e Braford, com 22-24 meses de idade, peso médio de 241 kg e condição
corporal (CC) mínima de 2,5 (1-5). Foram realizadas pesagens dos animais a cada 30
dias, a partir dos 60 dias anteriores à estação reprodutiva, para aferição do ganho de
peso médio diário (GMD) entre os grupos e avaliação por ultra-som para
determinação do status ovariano (1-3). Quarenta e cinco dias antes da estação
reprodutiva as novilhas foram divididas em 2 grupos, sendo um Sem Suplementação,
com 27 novilhas manejadas exclusivamente sobre pastagem natural, e o segundo, Com
Suplementação, com 75 novilhas consumindo o equivalente a 1% do peso corporal em
concentrado (72% NDT e 15% PB). Foram realizadas coletas de sangue para dosagem
de progesterona, em 2 coletas por mês com intervalo de 10 dias. Os grupos de novilhas
foram novamente divididos em 3, para receber um dispositivo intravaginal com
progesterona (grupo Progesterona), ou uma esponja intravaginal impregnada com
MAP (grupo Progestágeno), ambos permanecendo por 10 dias. O terceiro grupo
(Controle) não recebeu nenhum tratamento hormonal. No dia da retirada dos
implantes, todas as novilhas receberam uma aplicação de prostaglandina (PGF), e 4
dias depois, foram submetidas a um protocolo para IATF, com 2 mg de benzoato de
estradiol (BE) na colocação de uma esponja intravaginal com MAP. Sete dias depois, a
esponja foi retirada, sendo aplicada uma dose de PGF, seguindo-se uma nova
aplicação de BE 24 horas depois, e a IATF 52-56 horas após a aplicação de PGF.
Observação de estros 2 vezes por dia, com intervalos de 12 horas, desde a última
aplicação de PGF até o momento da IATF. Passados 14 dias da IATF, teve início um
período de repasse por 4 touros, durante 45 dias. Os diagnósticos de gestação foram
realizados por ultra-som 30 dias após a IATF, e novamente, 30 dias depois de retirados
os touros. As porcentagens de novilhas com corpos lúteos foram de 61,5% nos 90 dias
antes da estação reprodutiva, 27,3% aos 60 dias e 100% aos 30 dias antes do início
previsto dos serviços. As taxas de estro após o protocolo para IATF, foram superiores
para o grupo Progesterona em relação aos grupos Progestágeno e Controle.
Entretanto, as taxas de prenhez após a IATF e repasse, foram semelhantes entre os
grupos. Foi encontrada diferença entre o peso corporal 24 dias antes da estação, para
as novilhas que emprenharam em relação às que permaneceram vazias. A mesma
diferença foi observada para os pesos das novilhas ao final da temporada. As novilhas
com status ovariano 2 e 3 tiveram maior peso corporal em relação às 1, entretanto, as
taxas de prenhez não diferiram de acordo com o status ovariano. A suplementação com
concentrado proporcionou superior GMD, entretanto, sem diferenças para as taxas de
prenhez ou relação entre o GMD total das novilhas e o resultado após diagnóstico de
gestação. A suplementação de novilhas com progesterona ou MAP, não foi capaz de
proporcionar taxas de prenhez superiores à do grupo Controle. Da mesma forma, a
utilização de concentrado na dieta, não apresentou resultado sobre a prenhez de
novilhas. De outra parte, o peso corporal registrado 24 dias antes ou ao início da
estação reprodutiva, foi superior para as novilhas que emprenharam, depois de
finalizado o período de repasse. As novilhas classificadas em status ovariano 2 e 3,
foram mais pesadas que as novilhas com status 1, entretanto, esta característica não
influenciou as taxas de prenhez obtidas.
Palavras-chave: novilhas, progesterona, acetato de medroxi-progesterona, prenhez.
Introdução
Após o desmame, bezerras de corte normalmente perdem peso quando
manejadas sobre pastagens naturais durante seu primeiro inverno. Isto produz um atraso
no início da atividade reprodutiva futura, podendo comprometer a possibilidade de
redução na idade ao primeiro serviço (QUINTANS et al., 2004).
A seleção e o manejo de novilhas de reposição envolvem decisões que afetam a
futura produtividade de um rebanho inteiro. Os programas para o desenvolvimento de
novilhas de reposição, em gado de corte, devem estar focados nos processos fisiológicos
que influenciam a puberdade (PATTERSON et al., 1999). Da mesma forma, o principal
objetivo de um manejo reprodutivo é obter o máximo número de fêmeas prenhas no
mais curto espaço de tempo (CAVESTANY et al., 2003). Como, de acordo com
Patterson et al. (1990), a fertilidade tende a aumentar até a ocorrência do terceiro estro
em novilhas, Imwalle et al. (1998) comentam que a porcentagem de prenhez poderia ser
maior se as mesmas fossem manejadas para se tornarem púberes cerca de 2 ou 3 meses
antes da temporada reprodutiva.
Assim, a utilização de tratamentos com progestágenos, por exemplo, poderia
induzir a puberdade em novilhas pré-púberes, contribuindo para um aumento das taxas
de concepção das mesmas dentro da estação reprodutiva (WOOD-FOLLIS et al., 2004).
Como uma alternativa, Hall et al. (1994) sugerem que, o aumento na secreção de LH
pré-puberal poderia ser modulado por planos nutricionais mais representativos que os
comumente utilizados na prática.
Para a obtenção do maior número possível de concepções no início da estação
reprodutiva, deve ser considerado o uso de medidas de manejo que objetivam a indução
e sincronização da ovulação (PATTERSON et al., 1999). Obviamente, estes recursos só
encontram indicação uma vez preenchidos outros requisitos fundamentais, em especial
aqueles associados ao manejo nutricional. Tratamentos com progestágenos induzem à
puberdade quando administrados próximos ao tempo em que esta ocorreria
normalmente, sendo mais efetivos quando combinados a dietas com alto conteúdo
energético (PATTERSON et al., 1990; GREGORY & ROCHA, 2004).
O presente trabalho objetivou avaliar a possibilidade da antecipação da
concepção de novilhas de corte dentro da estação reprodutiva, através da utilização de
uma suplementação com o progestágeno acetato de medroxi-progesterona (MAP) ou
com progesterona, realizada anteriormente a um protocolo de sincronização para
inseminação artificial a tempo fixo (IATF). Do mesmo modo, buscou verificar o efeito
de algumas características associadas com o desempenho reprodutivo de novilhas, assim
como o efeito de distintos manejos alimentares sobre as taxas de prenhez obtidas.
Material e métodos
O experimento foi realizado em duas propriedades localizadas nos municípios de
Cachoeira do Sul e Santa Margarida do Sul, Rio Grande do Sul, Brasil, sendo utilizadas
102 novilhas Angus, cruzas Angus e Braford, com idade de 22-24 meses, peso corporal
médio de 241 kg, e escore de condição corporal mínimo de 2,5 (1-5), conforme descrito
por Bó et al. (2003). Foram realizadas pesagens dos animais a intervalos regulares de 30
dias, a partir dos 60 dias anteriores ao início previsto da estação reprodutiva,
objetivando o acompanhamento do desenvolvimento e aferição do ganho de peso médio
diário (GMD) das novilhas, em gramas, para posterior comparação entre os grupos
experimentais. Da mesma forma, foi realizada avaliação através da ultra-sonografia para
a determinação do status ovariano, utilizando-se 3 classificações: 1 para novilhas sem
estruturas palpáveis (< 8 mm de diâmetro), 2 para novilhas com folículos palpáveis (> 8
mm de diâmetro), e 3 para novilhas com corpo lúteo, a partir de metodologia proposta
por Cutaia et al. (2003).
Quarenta e cinco dias antes do início da estação reprodutiva, as novilhas foram
divididas em dois grupos, sendo o primeiro grupo, denominado grupo Sem
Suplementação, constituído de 27 novilhas Angus e cruzas Angus, manejado
exclusivamente sobre pastagem natural com alta disponibilidade de forragem, até o
início dos serviços. O segundo grupo, ou grupo Com Suplementação, constituído por 75
novilhas Angus, cruzas Angus e Braford, foi manejado sobre pastagem natural com alta
disponibilidade de forragem, recebendo adicionalmente suplementação com
concentrado, contendo 72% de nutrientes digestíveis totais (NDT) e 15% de proteína
bruta (PB) (Novilho TC
®
, Dalquim, Porto Alegre, RS, Brasil), ao nível de 1% do peso
corporal ao dia.
Coletas sangue para dosagem da concentração sérica de progesterona, foram
realizadas por amostragem, correspondendo cada amostra à 20% do total de animais de
cada grupo, sendo efetuadas 2 coletas pareadas por mês, durante 3 meses, com intervalo
de 10 dias entre uma e outra coleta, segundo metodologia de Rosenkrans & Hardin
(2003), nos mesmos animais, em cada mês, como forma de garantir que pelo menos
uma das coletas fosse realizada dentro de uma etapa de possível elevada concentração
de progesterona plasmática, no caso de novilhas que estivessem ciclando. As amostras
de sangue foram centrifugadas a 800 g durante 5 minutos, dentro de 30 minutos após a
coleta, procurando desta forma evitar reduções na progesterona, pela degradação do
esteróide no sangue. Em seguida, as amostras foram armazenadas à temperatura de –
20
º
C, para posterior análise laboratorial através da técnica do radioimunoensaio,
conforme descrito por Tanaka et al. (1995).
Os grupos de novilhas foram novamente divididos em 3 subgrupos, para
aplicação de diferentes pré-tratamentos hormonais, tendo o primeiro subgrupo,
denominado Progesterona, recebido a aplicação de um dispositivo intravaginal de
silicone com 1 g progesterona natural (DIB
®
, Tecnopec, São Paulo-SP, Brasil), o
segundo subgrupo, denominado Progestágeno, recebeu a aplicação de uma esponja
intravaginal impregnada com 250 mg de acetato de medroxi-progesterona (MAP
®
,
Reprolab, Porto Alegre-RS, Brasil), ambos permanecendo durante 10 dias com os
animais. O terceiro subgrupo foi denominado Controle e não recebeu nenhum
tratamento hormonal. No dia da retirada dos implantes dos grupos tratados (Dia 10),
todas as novilhas receberam uma dose de prostaglandina (Prolise
®
, Tecnopec, São
Paulo-SP, Brasil), com a finalidade de produzir a lise de algum eventual corpo lúteo
presente nos animais durante o período do tratamento. Quatro dias após a aplicação da
prostaglandina (Dia 14), todas as novilhas foram submetidas a um protocolo de
sincronização para IATF.
O protocolo utilizado consistiu na aplicação de 2 mg de benzoato de estradiol
(BE
®
, Reprolab, Porto Alegre-RS, Brasil) no mesmo momento em que foi colocada uma
esponja intravaginal impregnada com 250 mg de MAP. Sete dias após, a esponja foi
retirada sendo aplicada uma dose de prostaglandina, seguindo-se uma nova aplicação de
1 mg de benzoato de estradiol 24 horas depois, e a inseminação a tempo fixo de todas as
novilhas entre as 28-32 horas após a última aplicação de estradiol.
Procedeu-se ainda, a observação de estros em parte das novilhas iniciando-se
após a última aplicação de prostaglandina, sendo esta realizada duas vezes ao dia nos
turnos da manhã e da tarde, com intervalo de 12 horas entre ambos, até o momento em
que se realizou a IATF, e como forma de verificar a ocorrência de diferenças entre os
grupos experimentais quanto à manifestação de estros e a sincronização dos mesmos.
Passados 14 dias da realização das inseminações, todas as novilhas foram
submetidas a um período de repasse por monta natural durante mais 45 dias, com 4
touros de fertilidade comprovada. Os diagnósticos de gestação foram realizados por
ultra-som (Scanner Pie Medical 450
®
; 5 MHz), 30 dias após a IATF, como forma de
verificar as taxas de prenhez obtidas através da técnica, e novamente, 30 dias após a
retirada dos touros, com o objetivo de se conhecer a taxa de prenhez total obtida ao final
da estação reprodutiva. As taxas de estro e de prenhez encontradas foram comparadas
estatisticamente entre si, através do método Qui-quadrado, ao nível de 5% de
significância (P < 0,05). Para as relações entre pesos corporais, escore do trato
reprodutivo, ganho de peso médio diário e manejo nutricional das novilhas, e sua
distribuição conforme os resultados de diagnósticos de gestação foi utilizado o teste
One-way ANOVA.
Resultados
A porcentagem de novilhas cíclicas avaliada por amostragem, através de
dosagens da progesterona sérica, foram de 61,5% aos 90 dias antes da estação
reprodutiva, 27,3% aos 60 dias, e de 100%, aos 30 dias antes do início previsto para a
estação reprodutiva das novilhas. Adicionalmente, considerando as 3 séries de coletas
de material para dosagem hormonal, 25,0%; 16,7%; e 30,0% das novilhas que
apresentaram concentrações de progesterona superiores a 1ng/ml de soro,
respectivamente aos 90; 60 e 30 dias, o fizeram nas duas amostras coletadas com
intervalo de 10 dias, caracterizando a ocorrência de ciclos estrais com duração
prolongada.
As taxas de estro apresentadas pelas novilhas após a aplicação do protocolo para
IATF, diferiram entre os tratamentos de priming, sendo superiores para os animais do
grupo Progesterona (94,1%), em relação aos grupos Progestágeno e Controle (70,6 e
50,0%, respectivamente), não sendo estes últimos, estatisticamente diferentes entre si,
conforme pode ser visto na Tabela 1. Entretanto, as taxas de prenhez obtidas após a
realização das inseminações, e depois de finalizado o período de repasse por touros, não
foram diferentes estatisticamente entre os tratamentos, sendo de 27,3; 22,2; e 24,2%
para a IATF, e de 51,5; 36,1; e 57,6% após repasse por touros, para os grupos
Progesterona, Progestágeno e Controle, respectivamente (Tabela 2).
Tabela 1. Porcentagens de Estro em Novilhas Antes da Inseminação Artificial a Tempo Fixo Conforme o
Tratamento Hormonal Administrado Anteriormente ao Início da Estação Reprodutiva
Tratamento Manifestação de Estro
n %
Progesterona
16/17 94,1a
Progestágeno
12/17 70,6b
Controle
8/16 50,0b
Total 36/50 72,0
Teste Qui-quadrado ao nível de significância de 5% (P < 0,05). Médias seguidas de letras distintas na
mesma coluna diferem entre si.
Tabela 2. Taxas de Prenhez de Novilhas à Inseminação Artificial a Tempo Fixo (IATF) e Após Repasse
por Touros Conforme o Tratamento Hormonal Administrado Antes do Início da Estação Reprodutiva
Tratamento IATF Final
n % n %
Progesterona
9/33 27,3 17/33 51,5
Progestágeno
8/36 22,2 13/36 36,1
Controle
8/33 24,2 19/33 57,6
Total 25/102 24,5 49/102 48,0
Teste Qui-quadrado ao nível de significância de 5%.
Relacionando-se o peso corporal das novilhas 24 dias antes do início da estação
reprodutiva, ou seja, na data em que foram designados os grupos de tratamento, e a
categoria em que se distribuíram as mesmas – prenhas ou vazias – depois de realizados
os diagnósticos de gestação, foi encontrada diferença estatística entre o peso corporal
das prenhas e vazias, sendo as novilhas que emprenharam ao final do período de
reprodução, mais pesadas em relação às que não se tornaram prenhas (255,5 vs. 243,1
kg, respectivamente; Tabela 3). A mesma diferença foi observada, quando comparados
os pesos obtidos ao final da estação reprodutiva, entre as novilhas prenhas e as vazias
(308,7 vs. 298,1 kg, respectivamente; Tabela 4).
Tabela 3. Relação Entre o Peso Corporal de Novilhas 24 Dias Antes do Início da Estação Reprodutiva e o
Diagnóstico de Gestação da Inseminação Artificial a Tempo Fixo (IATF) e Após Repasse por Touros
Categoria IATF Final
n Peso (kg) n Peso (kg)
Prenhas
25 255,6 ± 30,0 49 255,5 ± 26,5a
Vazias
77 247,0 ± 25,3 53 243,1 ± 25,6b
Total 102
249,1 ± 26,6
102
249,1 ± 26,6
Teste One-way ANOVA (P < 0,05). Médias seguidas de letras distintas na mesma coluna diferem entre si.
Tabela 4. Relação Entre o Peso Corporal de Novilhas ao Término da Estação Reprodutiva e o
Diagnóstico de Gestação da Inseminação Artificial a Tempo Fixo (IATF) e Após Repasse por Touros
Categoria IATF Final
n Peso (kg) n Peso (kg)
Prenhas
25 307,3 ± 22,2 49 308,7 ± 21,0a
Vazias
77 301,9 ± 22,5 53 298,1 ± 22,7b
Total 102
303,3 ± 22,4
102
303,3 ± 22,4
Teste One-way ANOVA (P < 0,05). Médias seguidas de letras distintas na mesma coluna diferem entre si.
Após a classificação das novilhas de acordo com o status ovariano, foi
verificado que aquelas relacionadas entre as classes 2 e 3, em uma escala de 1 a 3, eram
significativamente mais pesadas que as novilhas que apresentavam status ovariano igual
a 1 (253,0 e 261,1 kg para as classes 2 e 3, respectivamente, e 229,8 kg para a classe 1),
conforme apresentado na Tabela 5. A Tabela 6, mostra as taxas de prenhez obtidas com
as novilhas, sem diferença estatística de acordo com o status ovariano. Houve sim, uma
tendência numérica à maior taxa de prenhez ao final da estação reprodutiva, para as
classes 2 e 3 em relação à classe 1 (53,3 e 53,1% para as classes 2 e 3, respectivamente,
e 30,4% de prenhez para a classe 1).
Tabela 5. Peso Corporal de Novilhas 24 Dias Antes do Início da Estação Reprodutiva Conforme o Status
Ovariano (Ovários)
Ovários n Peso Corporal (kg)
1
23 229,8 ± 25,6b
2
64 253,0 ± 25,
3
15 261,1 ± 18,2ª
Total 102 249,1 ± 26,6
Teste One-way ANOVA (P < 0,001). Médias seguidas de letras distintas na mesma coluna diferem entre
si.
Tabela 6. Taxas de Prenhez de Novilhas à Inseminação Artificial a Tempo Fixo (IATF) e Após Repasse
Por Touros de Acordo Com o Status Ovariano (Ovários)
Ovários IATF Final
n % n %
1
7/23 30,4 7/23 30,4
2
15/64 23,4 34/64 53,1
3
3/15 20,0 8/15 53,3
Total 25/102 24,5 49/102 48,0
Teste Qui-quadrado ao nível de significância de 5%.
A suplementação com concentrado proporcionou um ganho de peso médio
diário (GMD) significativamente superior, para as novilhas que tiveram acesso a este
manejo nutricional diferenciado (1148,00 g), em relação àquelas manejadas
exclusivamente sobre pastagem natural (801,00 g; Tabela 7). Entretanto, não foi
encontrada uma relação significativa estatisticamente entre o GMD total das novilhas ao
final do período de reprodução, e sua distribuição, depois de realizados os diagnósticos
de gestação da IATF e final, entre prenhas e vazias, conforme pode ser visto na Tabela
8.
Tabela 7. Ganho Médio Diário (GMD) de Novilhas Manejadas Sobre Pastagens Naturais Com ou Sem
Suplementação Com Concentrado
Tratamento n GMD (g)
Com Suplementação
75 1148,00 ± 355,8a
Sem Suplementação
27 801,00± 275,2b
Total 102 1056,00 ± 368,5
Teste One-way ANOVA (P < 0,001). Médias seguidas de letras distintas na mesma coluna diferem entre
si.
Tabela 8. Relação Entre o Ganho Médio Diário (GMD) de Novilhas ao Término da Estação Reprodutiva
e o Diagnóstico de Gestação da Inseminação Artificial a Tempo Fixo (IATF) e Após Repasse por Touros
Categoria IATF Final
n GMD (g) n GMD (g)
Prenhas
25 979,0 ± 403,8 49 1043,0 ± 391,4
Vazias
77 1081,0 ± 355,5 53 1068,0 ± 349,3
Total 102
1056,0 ± 368,5
102
1056,0 ± 368,5
Teste One-way ANOVA.
As taxas de prenhez à IATF e final, não diferiram entre as novilhas que
receberam suplementação com concentrado, antes do início da estação reprodutiva, e as
que foram manejadas exclusivamente sobre pastagens naturais durante todo o período
(Tabela 9). Da mesma forma, não foram diferentes estatisticamente, de acordo com a
raça, ou composição racial das novilhas. Apesar da vantagem numérica que pode ser
observada na Tabela 10, a favor das novilhas cruzas Angus, principalmente no que diz
respeito à taxa de prenhez obtida ao final do período de repasse por monta natural (58,3
vs. 42,9 e 42,3% de prenhez das novilhas Angus e Braford, respectivamente).
Tabela 9. Taxas de Prenhez de Novilhas à Inseminação Artificial a Tempo Fixo (IATF) e Após Repasse
por Touros de Acordo com a Administração ou Não de Suplementação Alimentar
Tratamento IATF Final
% %
Com Suplementação
22,7 45,3
Sem Suplementação
29,6 55,6
Total 24,5 48,0
Teste Qui-quadrado ao nível de significância de 5%.
Tabela 10. Taxas de Prenhez de Novilhas à Inseminação Artificial a Tempo Fixo (IATF) e Após Repasse
por Touros de Acordo com a Raça
Raça IATF Final
n % n %
Angus
3/14 21,4 6/14 42,9
Cruzas Angus
10/36 27,8 21/36 58,3
Braford
12/52 23,1 22/52 42,3
Total 25/102 24,5 49/102 48,0
Teste Qui-quadrado ao nível de significância de 5%.
Discussão
A informação obtida através das dosagens de progesterona circulante das
novilhas, por amostragem, mostrou que em um período ainda distante da data prevista
para o início da estação reprodutiva (60-90 dias), não era muito elevada a porcentagem
de animais que apresentavam alguma atividade luteal. Entretanto, os resultados das
dosagens hormonais realizadas aos 30 dias antes do período dos serviços, apontaram
que todas as novilhas amostradas estavam ciclando, onde entre estas, 30% apresentaram
um período de atividade luteal prolongado, compatível com o demonstrado por novilhas
após a primeira ou a segunda ovulação, de acordo com Patterson et al. (1999).
De outra parte, a utilização de um pré-tratamento hormonal, simulando uma fase
luteal anterior à aplicação de um protocolo para IATF em novilhas, no presente estudo,
proporcionou uma taxa de manifestação de estros superior para o grupo de animais que
recebeu um implante com progesterona, em relação às novilhas tratadas com um
progestágeno (MAP) e as controle que, apesar da diferença numérica entre as taxas de
estro apresentadas entre si, não foram diferentes estatisticamente.
Tanto o tratamento de novilhas com progesterona e estradiol, quanto o que
utilizou apenas estradiol, em estudo de Whisnant & Burns (2002), resultou em 100% de
comportamento de estro em 1 a 2 dias após o tratamento nos animais. Entretanto, o estro
observado nas novilhas tratadas somente com estradiol, não foi associado com posterior
formação de tecido luteal. Segundo Higgins et al. (1986), em novilhas tratadas para
sincronização de estros com progesterona, o comportamento intenso de estro produzido
entre as novilhas tratadas, provocou o aparecimento de estros falsos, sem ovulação,
entre as novilhas controle, com baixa porcentagem de prenhez das mesmas quando
inseminadas.
Em contrapartida, quando comparadas as taxas de prenhez obtidas entre os
grupos, no presente experimento, tanto após a IATF, quanto ao final da estação
reprodutiva, com um período de 45 dias de repasse por touros em monta natural,
verificou-se que estas não foram significativamente diferentes, tendo até mesmo, as
taxas de prenhez final encontradas para o grupo de novilhas controle, superado
numericamente as taxas de prenhez obtidas nas duas alternativas de tratamento.
Analisando estes resultados, e tendo-se em consideração a elevada porcentagem
de animais com atividade cíclica, em um período anterior aos tratamentos e o protocolo
para IATF, pode-se dizer que as taxas de prenhez obtidas, tanto através da técnica,
como após o repasse por touros, foram baixas. De acordo com Cutaia et al. (2007), os
resultados de prenhez à IATF em novilhas têm sido inconsistentes e imprevisíveis,
sobretudo em animais indicus ou cruzas indicus, e em Bos taurus de 15 meses de idade.
Dentro das possíveis causas para estes resultados variáveis, podemos mencionar a
elevada taxa de imaturidade das novilhas no momento em que se quer inseminar. Ao
contrário, nas novilhas cíclicas, os resultados variáveis poderiam ser devidos à presença
de altos níveis de progesterona circulantes durante o tratamento, que suprimem a
freqüência e a amplitude dos pulsos de LH, afetando o crescimento do folículo
dominante, a ovulação e a posterior formação de um corpo lúteo capaz de sustentar o
início da gestação (BURKE et al., 1994; CUTAIA et al., 2007). Esta situação seria
muito mais marcada em novilhas de menor peso corporal e capacidade metabólica e que
tenham um corpo lúteo presente durante o tratamento, e em novilhas Bos indicus ou
cruzas Bos indicus, que têm demonstrado menor capacidade para metabolizar a
progesterona liberada por dispositivos em relação às novilhas Bos taurus (BARUSELLI
et al., 2005). Em ambos os casos o resultante seriam elevados níveis de progesterona no
sangue.
Neste sentido, Lucy et al. (1990) tratando vacas lactantes com implantes
intravaginais com progesterona, observaram uma concentração de progesterona média
circulante bastante superior nos animais que, durante o tratamento, apresentavam corpo
lúteo em um dos ovários (5,6 x 2,4 ng/ml das vacas sem corpo lúteo). Os níveis de
progesterona presentes na circulação de novilhas, segundo Díaz et al. (1986),
apresentam uma variação quantitativa de acordo com a fase do ciclo estral em que estas
se encontram, estando na dependência do desenvolvimento do corpo lúteo, semelhante
ao que também ocorre nas vacas.
Hall et al. (1997) e Imwalle et al. (1998) citam que, também a eficácia dos
progestágenos em induzir a puberdade de novilhas, dependeria da idade fisiológica dos
animais tratados, podendo estes tratamentos facilitarem a entrada na puberdade, mas
não iniciar este evento crítico levando à primeira ovulação. Para Hall et al. (1997), em
seu estudo, novilhas púberes após resposta ao tratamento com norgestomet foram
aparentemente mais maduras fisiologicamente, conforme seus padrões circulantes de
LH e o maior crescimento folicular apresentado.
Entretanto, o tratamento com progesterona e estradiol, de acordo com estudo de
Rasby et al. (1998), proporcionou a entrada na puberdade da maior parte das novilhas
tratadas, produzindo liberação tônica de GnRH e, por sua vez, de LH. Comprovando
esta afirmação, 55% das novilhas tratadas tiveram uma função luteal induzida,
posteriormente. Segundo os autores, os progestágenos também poderiam reduzir a
retroalimentação negativa, provocada pela baixa concentração de estrógeno, sobre o
hipotálamo em novilhas pré-púberes. Para Yavas et al. (1999), em trabalho
desenvolvido com vacas no pós-parto precoce, o tratamento com progesterona
aumentou a incidência de ovulação, seguida por um ciclo estral normal e posterior
manutenção da ciclicidade.
De outra parte, a aplicação de doses possivelmente elevadas de estradiol, dentro
dos esquemas de protocolos de sincronização para IATF, segundo Rasby et al. (1998),
poderiam reduzir a retroalimentação negativa do estrógeno sobre a secreção de LH em
novilhas pré-púberes, alterando a responsividade ao estrógeno, sendo este um fator
primário na regulação da entrada na puberdade. Os mesmos autores encontraram ainda,
que o estradiol aumentaria a efetividade da progesterona na indução da posterior
atividade luteal em novilhas.
Outro fator a ser considerado dentro do presente experimento, foi a ocorrência
de um período de estiagem bastante prolongado durante a primavera em que se
desenvolveu a etapa de campo, o que poderia ter interferido negativamente sobre as
taxas de manifestação de estro e prenhez. Outro aspecto que pode estar associado a
estiagem é de 90 dias antes da estação reprodutiva 61,5% das novilhas eram cíclicas,
caindo a um percentual de 27,3%, 30 dias após com um incremento importante para
100% de novilhas que estavam ciclando, até pelo menos 30 dias antes da aplicação dos
tratamentos.
O status ovariano não apresentou um efeito significativo sobre as taxas de
prenhez, à IATF e ao final da estação, observadas no presente trabalho. Apesar disto, a
tendência numérica encontrada, foi de melhores taxas de prenhez final para as classes 2
e 3, quando comparadas à da classe 1. Esta permaneceu inalterada em relação à IATF,
o que pode ser um indicativo de que, a ovulação que resultou em prenhez em cerca de
um terço destas novilhas, foi realmente induzida pelo protocolo, retornando a uma
condição de anestro após o tratamento e a IATF, aqueles animais que não emprenharam
através da técnica. Estes
achados encontram respaldo em experimento de Rao et al.
(1986), utilizando novilhas pré-púberes, onde testaram a indução da ovulação para
realização da IATF, através do tratamento com norgestomet. Acompanhando o
desempenho reprodutivo posterior dos animais, os autores observaram que 25% das
novilhas tratadas continuaram com atividade cíclica após o tratamento e a ovulação.
Alguns animais voltaram à condição de anestro após a ovulação induzida, sendo
observada também nas novilhas controle, irregularidade quanto ao comportamento
sexual. Num segundo estudo, os mesmos autores obtiveram uma taxa de 100% de estro,
com 63% de prenhez à IATF, em novilhas acíclicas tratadas com norgestomet, porém
sem posterior manutenção da ciclicidade nas novilhas que não emprenharam.
Colazo et al. (2003) trabalhando com novilhas cruzas Angus de 13-15 meses de
idade, pesando entre 350 e 500 kg e classificadas como pré-púberes ou púberes, pela
presença ou não de um corpo lúteo em um dos ovários, anteriormente à aplicação de um
protocolo para IATF à base de progesterona, também não encontraram diferenças entre
as taxas de prenhez obtidas entre ambos os grupos (61,2 x 64,1%, respectivamente).
O peso corporal registrado para os animais, 24 dias antes do início previsto para
a estação de reprodução no presente estudo, apresentou uma relação significativa com o
status ovariano. Assim, as novilhas classificadas, após o exame ultra-sonográfico, entre
os status 2 e 3, registraram médias de peso corporal superiores quando comparadas à
das novilhas com status ovariano igual a 1, ou seja, sem estruturas ovarianas
detectáveis.
Da mesma forma, em estudo de Dahlen et al. (2003), correlacionando o escore
do trato reprodutivo de novilhas com seu peso corporal, foram observados que para cada
aumento de 18,8 kg no peso corporal observa um aumento de uma unidade de escore
reprodutivo. Desta forma, novilhas mais pesadas tiveram superiores escores reprodutivo
e conseqüentemente, superior taxa de prenhez. Utilizando uma escala de escore de trato
reprodutivo de 1 a 5, os autores encontraram uma maior taxa de prenhez à inseminação
artificial para as novilhas com escore igual à 4, em relação àquelas com escore 2 ou 3.
Entretanto, a taxa de prenhez final, após período de repasse por touros, foi semelhante
entre os escores 3 e 4 (87,9 e 89,2%, respectivamente) e inferior para o escore 2
(71,9%). Para cada unidade de escore reprodutivo aumentada, a porcentagem de
prenhez à inseminação artificial aumentou 9,6%, e a prenhez final 6,9%. Novilhas com
escore reprodutivo igual ou inferior a 3 responderam pouco à sincronização, resultando
em reduzida fertilidade, ressaltando os autores que, neste estudo, os escores de trato
reprodutivo inferiores à 3 representavam 73% do total das novilhas. Neste experimento,
verificou-se igualmente um aumento no status ovariano proporcional ao peso.
Entretanto este não correspondeu a um maior índice de prenhez.
Neste sentido, Patterson et al. (1999), tratando novilhas com MGA e
prostaglandina, encontraram taxas de prenhez de 83 e 86% para as novilhas com escore
de trato reprodutivo igual a 4 e 5, respectivamente, caindo consideravelmente os índices
para 76; 66 e 54%, entre os escores 3; 2 e 1, respectivamente.
Quando comparados as médias de peso corporal registradas no presente estudo,
tanto 24 dias antes do início dos serviços, quanto ao final da estação reprodutiva, entre
as novilhas que resultaram prenhas ou vazias após finalizado o repasse por monta
natural, verificou-se médias de peso corporal superiores estatisticamente para as
prenhas. Rao et al. (1986) também encontraram um peso corporal significativamente
superior para as novilhas que resultaram prenhas, em relação às novilhas que não
emprenharam, após a aplicação de um protocolo de indução do estro e da ovulação para
a inseminação artificial.
Avaliando os efeitos do peso corporal, idade, altura da cernelha, perímetro
torácico e condição corporal, sobre as taxas de prenhez à inseminação artificial e
posterior período de repasse por touros, em novilhas cruzas, Moraes et al. (2005)
verificaram que apenas o peso corporal apresentou efeito significativo, sendo o peso
médio de 291 kg nas novilhas não prenhas, e de 306 kg nas novilhas que emprenharam.
Neste contexto, os autores afirmam que para novilhas de 2 anos de idade e oriundas de
cruzamentos, é necessário que o peso corporal ao primeiro serviço seja superior aos 300
kg, no sentido da obtenção de bons índices reprodutivos. A afirmação dos autores com
relação ao peso no inicio da temporada, explica em parte os baixos índices observados
neste trabalho, onde as novilhas tinham um peso médio de 249 kg.
O peso corporal e a condição corporal são de acordo com Simpson et al. (1998),
os principais responsáveis para a variação na idade à primeira concepção de novilhas,
podendo ser facilmente utilizados para predizer um desempenho reprodutivo.
Entretanto, estes fatores são diretamente influenciados pela nutrição.
O elevado ganho de peso médio diário (GMD) não foi indicador de melhora nas
taxas de prenhez, no presente estudo, já que o GMD significativamente superior
demonstrado pelas novilhas que receberam suplementação com concentrado, por um
período que antecedeu o início dos servos, não se refletiu em superiores taxas de
prenhez destas à IATF e após repasse por touros, em regime de monta natural.
Igualmente, comparando-se o GMD obtido desde o início do período de suplementação
ao grupo de novilhas que teve acesso a este manejo, até o final da estação reprodutiva,
entre as novilhas prenhas e as que permaneceram vazias, não foi observada diferença
estatística.
Entretanto, em trabalho de Buskirk et al. (1996) novilhas de 13,5 meses de idade
manejadas para um GMD de 1200 g, atingiram a puberdade mais cedo em relação às
que ganhavam 700 g/dia. Hall et al. (1994) encontraram que em novilhas manejadas
para um GMD de 750 g, a freqüência de pulsos de LH já apresentou aumentos entre os
10,5 e 12 meses de idade, quando comparada à das novilhas mantidas sob um GMD de
500 g, tendo o conteúdo energético da dieta influenciado a liberação de LH e a idade à
puberdade dos animais. Ainda assim, segundo os autores, a maioria das novilhas
manejadas sob o menor GMD também atingiu a puberdade após os 14 meses de idade, e
concebeu dentro dos primeiros 45 dias da temporada reprodutiva.
Quando comparados distintos padrões de GMD, a que dois grupos de novilhas
foram submetidos, com 820 g ou 410 g em um primeiro momento, e depois 820 g, Hall
et al. (1997) não encontraram efeito destes, sobre a resposta a um tratamento com
progestágeno (norgestomet) durante 10 dias. Entretanto, em um grupo de novilhas com
12,5 meses de idade, os autores observaram um maior número de novilhas púberes entre
as tratadas, após a remoção dos implantes, tendo estas também demonstrado um maior
número de folículos maiores que 8 mm, e diâmetro do maior folículo em relação às
controle. Segundo os autores, as novilhas que responderam ao tratamento continuaram
ciclando.
A raça, ou a composição racial das novilhas, não afetou significativamente as
taxas de prenhez das mesmas à IATF e ao final da estação. Ainda assim, foi observada
uma tendência numérica a melhores taxas de prenhez à IATF e, principalmente, após
repasse por monta natural, para as novilhas cruzas Angus, em relação às novilhas Angus
definidas e Braford.
Conclusões
Apesar da superior taxa de estro apresentada pelos animais que receberam o pré-
tratamento com progesterona, nas condições do presente experimento, tanto este último
como o que utilizou o MAP, não foram capazes de proporcionar taxas de prenhez
superiores à obtida para o grupo controle. Da mesma forma, a utilização de
suplementação com concentrado, não apresentou resultado sobre a prenhez à IATF e
final das novilhas. De outra parte, o peso corporal registrado aos 24 dias antes ou ao
término da estação reprodutiva, foi superior para as novilhas prenhas em relação àquelas
que permaneceram vazias após o período de exposição à monta natural. As novilhas
classificadas em 2 e 3 de acordo com o status ovariano, foram mais pesadas do que as
novilhas com status ovariano 1, entretanto, esta característica não influenciou
significativamente as taxas de prenhez obtidas.
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6. ARTIGO 4
EFEITO DA SUPLEMENTAÇÃO COM GAMMA-ORIZANOL SOBRE A TAXA
DE PRENHEZ DE NOVILHAS DE CORTE
Resumo
O estudo teve como objetivo avaliar o efeito da suplementação de novilhas de
corte com gamma-orizanol, sobre seu desempenho reprodutivo durante a inseminação
artificial (IA) e o período de repasse por touros, assim como o efeito de características
de desenvolvimento e aspecto nutricional sobre a reprodução de novilhas. No
município de Quarai, Rio Grande do Sul, Brasil, foram utilizadas 84 novilhas Angus,
Hereford, Braford e cruzas Angus x Hereford, com 24 meses de idade, peso corporal
médio de 283 kg e escore de condição corporal (CC) 3 (1-5), manejadas sobre
pastagem natural. Realizaram-se 3 pesagens com intervalos de 30 dias, desde os 60
dias antes até o início da temporada reprodutiva, como forma de aferir o ganho de peso
médio diário (GMD), coletas de sangue para dosagem de progesterona (P4) sérica.
Realizaram-se 2 avaliações da espessura de gordura subcutânea, medidas sobre a
região do músculo glúteo bíceps (P8) por ultra-som, respeitando o intervalo de 30 dias
entre ambas. Os animais foram divididos em 2 grupos de 42 novilhas cada, sendo que o
primeiro, grupo tratamento, recebeu desde 45 dias antes até o início da estação
reprodutiva, suplementação com 150 ml/dia de gamma-orizanol junto à 1 kg de
concentrado. O segundo grupo, controle, recebeu 150 ml/dia de melaço, junto à 1 kg do
mesmo concentrado. Procederam-se observações de estros 2 vezes/dia, intervalo de 12
horas, e IA das novilhas em estro. Dez dias após aplicou-se uma dose de
prostaglandina em todas as novilhas ainda não observadas em estro, prosseguindo-se
observação e IA por mais 25 dias. Após, as novilhas foram submetidas a repasse por 2
touros por outros 45 dias. Os diagnósticos de gestação foram realizados por ultra-som,
30 dias após a IA, e novamente, 30 dias depois de retirados os touros. Foi verificada
porcentagem semelhante de animais cíclicos entre os grupos ao final do período de
suplementação. As taxas de prenhez após a IA e o repasse não apresentaram
diferenças. Não houve efeito do tratamento sobre o peso corporal e GMD. A espessura
de gordura subcutânea e CC não apresentaram diferenças tanto na primeira quanto na
segunda avaliação, para as novilhas que ficaram prenhas ou vazias. Novilhas que
resultaram prenhas à IA e ao final da temporada, foram as que acumularam maior
quantidade de gordura na região P8. Não houve diferença para a espessura de gordura
em P8 conforme as raças, assim como diferenças quanto às raças nas taxas de prenhez.
A suplementação de novilhas de corte com gamma-orizanol não foi capaz de
proporcionar superior GMD e peso corporal, assim como melhores taxas de prenhez.
Foi observado, entretanto, que as novilhas que resultaram prenhas depois de terminada
a estação reprodutiva, acumularam maior quantidade de gordura durante o período da
suplementação, independente da fonte de energia.
Palavras-chave: novilhas, suplementação, gamma-orizanol, prenhez.
Introdução
Os principais ácidos graxos encontrados na alimentação de bovinos em
suplementação são o ácido linoléico (C 18:2) e o linolênico (C 18:3), classificados como
ácidos graxos essenciais. Entre 60 e 90% dos ácidos graxos insaturados é
biohidrogenada na passagem pelo rúmen, antes de chegar ao intestino delgado para a
absorção (MURPHY et al., 1987). O restante, entretanto, pode ser absorvido intacto e
liberado para o metabolismo (STAPLES et al., 1998).
Os possíveis mecanismos para o efeito da suplementação com gordura na dieta,
sobre o desempenho reprodutivo de novilhas e vacas, ocorreriam através do aumento no
status energético destes animais, aumento na esteroidogênese, na manipulação da
insulina estimulando o desenvolvimento folicular e através da estimulação ou inibição
da produção e liberação de prostaglandina F2α, e sua influência sobre a persistência do
corpo lúteo (STAPLES et al., 1998).
A suplementação da dieta com gordura aumenta a concentração plasmática de
colesterol (GRUMMER & CARROLL, 1988; 1991), que é precursor de hormônios
como a progesterona, por exemplo, sendo sua captação pelas células luteais
independente de receptores (CARROLL et al., 1992). Elevados níveis de progesterona
na circulação têm sido associados a altas taxas de concepção em ruminantes (STAPLES
et al., 1998), entretanto, Carroll et al. (1992) sugerem que o colesterol não seria
limitante para a síntese de progesterona nestes animais.
O aumento na concentração de ácido linoléico e linolênico poderia reduzir a
liberação de prostaglandina pelo útero, e aumentar a síntese de progesterona pelas
células da granulosa e células luteais (STAPLES et al., 1998).
O presente trabalho objetivou avaliar o efeito da suplementação alimentar de
novilhas de corte com gamma-orizanol, um óleo vegetal rico em ácidos graxos linoléico
e oléico, sobre o desempenho reprodutivo das mesmas durante um período de
inseminação artificial, com posterior repasse por touros. Da mesma forma, objetivou
avaliar o efeito de características de desenvolvimento e aspecto nutricional sobre a
reprodução em novilhas.
Material e métodos
O estudo foi realizado em uma propriedade localizada no município de Quaraí,
Rio Grande do Sul, Brasil, sendo utilizadas 84 novilhas Angus, Hereford, Braford e
cruzas de Angus x Hereford, com idade de 24 meses, pesando em média 283 kg de peso
corporal e com um escore de condição corporal igual ou superior a 3, em uma escala de
1 a 5 pontos conforme descrito por Bó et al. (2003), sendo manejadas sobre pastagem
natural. Foram realizadas três pesagens das novilhas, desde 60 dias antes até o início da
estação reprodutiva, com intervalos de 30 dias entre cada pesagem, com o objetivo de
acompanhar a dinâmica de peso corporal apresentada pelos animais, assim como
possibilitar o cálculo do ganho de peso médio diário (GMD).
Coletas de sangue para dosagem da concentração sérica de progesterona, foram
realizadas em todas as novilhas, sendo efetuadas 2 coletas pareadas por mês com um
intervalo de 10 dias entre uma e outra, segundo metodologia de Rosenkrans & Hardin
(2003), como forma de assegurar que alguma destas coletas fosse realizada dentro de
uma etapa de elevada concentração de progesterona, no caso de novilhas que estivessem
ciclando. As amostras de sangue foram centrifugadas a 800 g durante 5 minutos, dentro
de 30 minutos após a coleta, procurando desta forma evitar reduções na concentração de
progesterona nas mesmas pela degradação do esteróide no sangue. A seguir, as amostras
foram armazenadas à temperatura de –20
º
C, para posterior análise laboratorial através
da técnica do radioimunoensaio, conforme descrito por Tanaka et al. (1995).
Realizaram-se duas avaliações da espessura de gordura subcutânea em todas as
novilhas, medida instrumentalmente sobre a região do músculo glúteo bíceps P8
(picanha), com o auxílio do aparelho de ultra-som (Scanner Pie Medical 450; 5 MHz),
respeitando-se um intervalo de 30 dias entre as duas avaliações, como forma de
mensurar o acúmulo de gordura.
Os animais foram divididos em dois grupos de 42 novilhas cada um,
homogêneos quanto à raça ou cruzamento, peso e condição corporal. O primeiro grupo,
denominado grupo tratamento, recebeu a partir de 45 dias antes da data prevista para o
início da estação reprodutiva e até seu início (1º. de dezembro), suplementação com 150
ml ao dia de gamma-orizanol (Tabela 1), um óleo originado do arroz e rico em lipídios e
energia, junto a 1 kg de concentrado contendo 62% de nutrientes digestíveis totais
(NDT) e 14% de proteína bruta (PB). O segundo grupo de novilhas, ou grupo controle,
recebeu suplementação com 150 ml ao dia de melaço, da mesma forma rico em energia,
e com a finalidade de manter-se uma dieta isocalórica entre os dois grupos, junto a 1 kg
do mesmo concentrado fornecido ao grupo tratamento, durante os mesmos 45 dias. Para
isto, o potreiro no qual o grupo de 84 novilhas era manejado inicialmente, foi dividido,
com o auxílio de cerca eletrificada, em duas frações com a mesma superfície de
pastoreio, permanecendo 42 novilhas em cada uma, com semelhante disponibilidade de
pastagem, água e sombreamento entre ambas.
Tabela 1. Composição Lipídica do Óleo Vegetal Gamma-Orizanol
Lipídio %
Ácido Mirístico (C 14)
0,27
Ácido Palmítico (C 16)
20,12
Ácido Palmitoléico (C 16 : 1)
0,24
Ácido Esteárico (C 18)
1,77
Ácido Oléico (C 18 : 1)
41,66
Ácido Linoléico (C 18 : 2)
33,97
Ácido Linolênico (C 18 : 3)
0,98
Ácido Aráquico (C 20)
0,28
Ácido Cis-11-Eicosenóico ( C 20 : 1)
0,57
Ácido Behêmico (C 22)
0,14
Fonte: Helmut Tessman LTDA.
Iniciou-se o manejo de observação de estros duas vezes ao dia, nos turnos da
manhã e da tarde, com intervalo de 12 horas entre ambos, e inseminação artificial nas
novilhas detectadas em estro, 12 horas após sua ocorrência. Dez dias após o início dos
trabalhos de inseminação artificial, aplicou-se uma dose de prostaglandina (Sincrocio
®
,
Ouro Fino, São Paulo-SP, Brasil) a todas as novilhas ainda não observadas em estro,
prosseguindo-se a observação de estros e inseminação durante mais 25 dias.
Passado este período, as novilhas agora manejadas novamente em conjunto,
foram submetidas a repasse por monta natural com 2 touros de fertilidade comprovada,
durante mais 45 dias. Realizaram-se os diagnósticos de gestação, por ultra-som
(Scanner Pie Medical 450; 5 MHz), 30 dias após a última inseminação, como forma de
verificar o número de animais que conceberam através desta técnica entre os grupos e,
novamente, 30 dias após retirados os touros, com o objetivo de verificar a taxa de
prenhez final obtida entre os grupos após o término da estação reprodutiva. As taxas de
estro e prenhez registradas foram comparadas estatisticamente através do método Qui-
quadrado, ao nível de 5% de significância (P < 0,05). Para as relações entre pesos
corporais, ganho de peso médio diário, espessura e acúmulo de gordura subcutânea,
escore de condição corporal e raça das novilhas, e sua distribuição conforme os
resultados de diagnósticos de gestação foi utilizado o teste One-way ANOVA.
Resultados
A partir do resultado das dosagens de progesterona realizadas nas amostras de
sangue coletadas das novilhas, foi verificada, no momento da divisão dos grupos para a
aplicação dos tratamentos, uma porcentagem semelhante de animais cíclicos entre os
grupos, com 50% (21/42) para o grupo tratamento, e 52,4% (22/42) para o grupo
controle. Ao final do período de tratamento, estas porcentagens mantiveram-se
semelhantes, com 71,4% (30/42) de novilhas cíclicas para o grupo tratamento, e 73,8%
(31/42) para o grupo controle. Entre estas, 11 novilhas do grupo tratamento e 8 novilhas
do grupo controle, apresentaram concentrações de progesterona superiores a 1ng/ml de
soro, nas duas coletas com intervalo de 10 dias, realizadas próximo ao início dos
serviços, caracterizando ciclos estrais com duração prolongada.
As taxas de prenhez obtidas nas novilhas, após a inseminação artificial e o
período de repasse por monta natural, não apresentaram diferenças entre os distintos
tratamentos de suplementação com energia (Tabela 2). Entretanto, foi encontrada uma
diferença numérica entre as taxas de prenhez dos 2 grupos, principalmente na taxa de
prenhez final, favorável ao tratamento com gamma-orizanol (92,9 vs. 78,6% de prenhez
das novilhas suplementadas com melaço).
Tabela 2. Taxas de Prenhez de Novilhas à Inseminação Artificial (IA) e Após Repasse por Touros
Conforme a Fonte de Suplementação Energética Administrada
Fonte de Energia IA Final
n % n %
Melaço
25/42 59,5 33/42 78,6
Gamma-orizanol
30/42 71,4 39/42 92,9
Total 55/84 65,5 72/84 85,7
Teste Qui-quadrado ao nível de significância de 5%.
Relacionando-se o peso corporal das novilhas 60 dias antes da data prevista para
o início da estação de reprodução, e a distribuição das mesmas entre prenhas ou vazias,
após a realização dos diagnósticos de gestação da inseminação artificial e ao final do
período de repasse, não foram verificadas diferenças significativas entre as médias de
peso corporal encontradas de acordo com a categoria dos animais, conforme pode ser
visto na Tabela 3. Da mesma forma, não houve uma relação significativa
estatisticamente entre o peso corporal das novilhas no momento em que se iniciou o
manejo reprodutivo, e a distribuição das mesmas em prenhas ou vazias (Tabela 4).
Tabela 3. Relação Entre o Peso Corporal de Novilhas 60 Dias Anteriores ao Início da Estação
Reprodutiva e o Diagnóstico de Gestação da Inseminação Artificial (IA) e Após Repasse por Touros
Categoria IA Final
n Peso (kg) n Peso (kg)
Prenhas
55 283,3 ± 27,2 72 281,7 ± 24,9
Vazias
29 279,0 ± 20,2 12 282,8 ± 26,6
Total 84
281,9 ± 25,0
84
281,9 ± 25,0
Teste One-way ANOVA (P < 0,05).
Tabela 4. Relação Entre o Peso Corporal de Novilhas ao Início da Estação Reprodutiva e o Diagnóstico
de Gestação da Inseminação Artificial (IA) e Após Repasse por Touros
Categoria IA Final
n Peso (kg) n Peso (kg)
Prenhas
55 377,9 ± 32,0 72 376,2 ± 30,6
Vazias
29 371,2 ± 27,3 12 371,5 ± 30,5
Total 84
375,6 ± 30,4
84
375,6 ± 30,4
Teste One-way ANOVA (P < 0,05).
A fonte energética utilizada para a suplementação de novilhas, antes do período
de reprodução, não apresentou influência significativa sobre o peso corporal e o ganho
de peso médio diário (GMD) das mesmas durante o consumo da suplementação (Tabela
5). Da mesma forma, conforme dados da Tabela 6, não foi verificada diferença no GMD
apresentado anteriormente à estação reprodutiva das novilhas, entre aquelas que
resultaram prenhas ou vazias após a realização da inseminação artificial e o período de
repasse por monta natural.
Tabela 5. Relação Entre o Ganho Médio Diário (GMD) de Novilhas nos 30 Dias Anteriores ao Início da
Estação Reprodutiva e o Diagnóstico de Gestação da Inseminação Artificial (IA) e Após Repasse por
Touros
Categoria IA Final
n GMD (g) n GMD (g)
Prenhas
55 1646,0 ± 294,7 72 1645,0 ± 320,9
Vazias
29 1568,0 ± 373,6 12 1465,0 ± 312,5
Total 84 1619,0 ± 324,1 84 1619,0 ± 324,1
Teste One-way ANOVA.
Tabela 6. Peso Corporal ao Início da Estação Reprodutiva e Ganho Médio Diário (GMD) de Novilhas
Conforme a Fonte de Suplementação Energética Administrada
Fonte de Energia n Peso Corporal (kg) GMD (g)
Melaço
42 375,3 ± 31,0 1660,0 ± 314,9
Gamma-orizanol
42 375,8 ± 30,2 1578,0 ± 331,6
Total 84 375,6 ± 30,4 1619,0 ± 324,1
Teste One-way ANOVA.
A espessura de gordura subcutânea das novilhas, na região P8, 30 dias antes ou
ao início da estação reprodutiva, não apresentou uma relação significativa com a
ocorrência ou não de prenhez nestes animais, após a inseminação artificial e ao final do
período de repasse por touros (Tabelas 7 e 8).
Tabela 7. Relação Entre a Espessura de Gordura Subcutânea (EGS) na Região P8 30 Dias Antes da
Estação Reprodutiva e o Diagnóstico de Gestação da Inseminação Artificial (IA) e Após Repasse por
Touros
Categoria IA Final
n EGS (mm) n EGS (mm)
Prenhas
55 3,53 ± 1,26 72 3,57 ± 1,24
Vazias
29 3,80 ± 1,47 12 3,98 ± 1,86
Total 84 3,62 ± 1,34 84 3,62 ± 1,34
Teste One-way ANOVA.
Tabela 8. Relação Entre a Espessura de Gordura Subcutânea (EGS) na Região P8 ao Início da Estação
Reprodutiva e o Diagnóstico de Gestação da Inseminação Artificial (IA) e Após Repasse por Touros
Categoria IA Final
n EGS (mm) n EGS (mm)
Prenhas
55 5,31 ± 1,81 72 5,31 ± 1,71
Vazias
29 5,17 ± 1,64 12 4,98 ± 1,98
Total 84 5,26 ± 1,74 84 5,26 ± 1,74
Teste One-way ANOVA.
Foi encontrada uma correlação fraca e negativa (- 0,286; P < 0,01) entre a
espessura de gordura subcutânea na região P8, ao início da estação reprodutiva das
novilhas, e o ganho de peso médio diário destas nos 30 dias anteriores à mesma. Do
mesmo modo, há uma associação entre o escore de condição corporal e a espessura de
gordura na região da garupa, ao início da estação reprodutiva das novilhas (0,477; P <
0,001). Entretanto, o escore de condição corporal ao início da estação de reprodução, foi
semelhante entre as novilhas que se tornaram prenhas e as que permaneceram vazias,
após o período de inseminação artificial e ao final do período em que foram expostas
aos touros, de acordo com os dados apresentados na Tabela 9.
Tabela 9. Relação Entre o Escore de Condição Corporal (CC), em Escala de 1 a 5, de Novilhas ao Início
da Estação Reprodutiva e o Diagnóstico de Gestação da Inseminação Artificial (IA) e Após Repasse por
Touros
Categoria IA Final
CC CC
Prenhas
3,56 ± 0,43 3,56 ± 0,41
Vazias
3,60 ± 0,43 3,67 ± 0,54
Total 3,57 ± 0,43 3,57 ± 0,43
Teste One-way ANOVA.
As novilhas que resultaram prenhas, tanto após o período da inseminação
artificial, quanto ao final da estação reprodutiva, foram as que acumularam maior
deposição de gordura subcutânea na região P8, entre o início e o final do período em
que receberam a suplementação com energia na dieta (1,78 vs. 1,37 mm de gordura nas
novilhas prenhas e vazias após a inseminação; e 1,74 vs. 1,00 mm após o repasse)
conforme a Tabela 10. Não foram encontradas diferenças estatísticas entre as medidas
de espessura de gordura subcutânea dos animais, nas duas oportunidades em que foram
realizadas (Tabela 11), de acordo com a raça, ou composição racial, das novilhas. Da
mesma forma, de acordo com os resultados da Tabela 12, a raça não apresentou
influência significativa sobre as taxas de prenhez das novilhas à inseminação artificial e
final, após período de repasse por touros. Apesar disto, foi verificada uma tendência
numérica a um desempenho superior das novilhas Angus e Hereford quanto à prenhez à
inseminação artificial (68,0 e 75,0% vs. 60,0 e 54,5% de prenhez nas novilhas cruzas e
Braford, respectivamente) e maiores taxas de prenhez final entre as novilhas cruzas
Angus x Hereford e as Braford (90,0 e 90,1% vs. 82,1 e 83,3% de prenhez nas novilhas
Angus e Hereford, respectivamente).
Tabela 10. Relação Entre o Acúmulo de Gordura Subcutânea na Região P8 nos 30 Dias Anteriores à
Estação Reprodutiva de Novilhas e o Diagnóstico de Gestação da Inseminação Artificial (IA) e Após
Repasse
Categoria IA Final
Acúmulo de Gordura (mm) Acúmulo de Gordura (mm)
Prenhas
1,78 ± 0,90a 1,74 ± 0,86a
Vazias
1,37 ± 0,76b 1,00 ± 0,62b
Total 1,64 ± 0,87 1,64 ± 0,87
Teste One-way ANOVA (P < 0,05). Médias seguidas de letras distintas na mesma coluna diferem entre
si.
Tabela 11. Espessura de Gordura Subcutânea (EGS) na Região P8 de Novilhas Conforme a Raça em
Duas Medições Com Intervalo de 30 Dias
Raça n EGS 1 (mm) EGS 2 (mm)
Angus
28 3,49 ± 1,80 4,97 ± 2,03
Angus x Hereford
10 3,02 ± 1,25 4,87 ± 1,99
Braford
22 3,95 ± 1,02 5,95 ± 1,64
Hereford
24 3,74 ± 0,87 5,13 ± 1,20
Total 84 3,62 ± 1,34 5,26 ± 1,74
Teste One-way ANOVA.
Tabela 12. Taxas de Prenhez de Novilhas à Inseminação Artificial (IA) e Após Repasse por Touros de
Acordo Com a Raça
Raça IA Final
n % n %
Angus
19/28 68,0 23/28 82,1
Angus x Hereford
6/10 60,0 9/10 90,0
Braford
12/22 54,5 20/22 90,1
Hereford
18/24 75,0 20/24 83,3
Total 55/84 65,5 72/84 85,7
Teste Qui-quadrado ao nível de significância de 5%.
Discussão
A utilização de uma suplementação com gordura (gamma-orizanol), como fonte
de energia na dieta de novilhas de corte, durante um período anterior ao início da
estação reprodutiva, no presente estudo, não foi capaz de proporcionar um aumento
significativo nas taxas de prenhez das mesmas à inseminação artificial (IA) e final, após
um período de 45 dias de repasse por touros, em relação às taxas obtidas pelo grupo de
novilhas controle, que recebeu suplementação energética isocalórica, cuja fonte era
baseada em carboidratos. Apesar disto, foi verificada uma tendência a melhores
resultados em prenhez dentro do grupo de novilhas tratadas, principalmente no que diz
respeito à taxa de prenhez ao final do período reprodutivo.
Os resultados de estudos envolvendo a suplementação com gorduras, mais
precisamente ácidos graxos insaturados, são variados, sendo que, de acordo com Staples
et al. (1998), a maioria destes aponta para aumentos nas taxas de concepção à IATF e
prenhez. Scott et al. (1995) reportaram aumento dos sinais de estro e maior atividade
ovariana em vacas suplementadas com gorduras em relação às controle (71,4 x 65,6%
de manifestação de estro; e 75,4 x 69,5% de ciclicidade, respectivamente). Nos estudos
de Armstrong et al. (1990), Ferguson et al. (1990) e Sklan et al. (1991), o número
médio de inseminações artificiais por concepção diminuiu com a inclusão da
suplementação com gordura à dieta dos animais. A inclusão de 2 a 3% de gordura na
matéria seca total da dieta, durante os primeiros 30 dias pós-parto, resultou em
aumentos nas taxas de concepção e de prenhez. Da mesma forma, o desenvolvimento
dos folículos ovarianos durante o pós-parto precoce, tem sido consistentemente
estimulado pelas gorduras. Para Lucy et al. (1991), o número de folículos médios (6-9
mm) aumentou, e o número de folículos pequenos (3-5 mm) diminuiu, antes dos 25 dias
pós-parto em vacas. Durante um protocolo de sincronização de estros, aos 25 dias pós-
parto, o número de folículos pequenos e grandes (>15 mm) aumentou nas vacas
suplementadas com gordura.
No que correspondeu à atividade luteal, as novilhas suplementadas com o
gamma-orizanol, no presente experimento, não apresentaram diferença quanto à
porcentagem de animais com atividade cíclica, quando comparada à das novilhas
controle, tanto no momento em que se iniciou a suplementação, quanto ao final do
período de administração da mesma. Adicionalmente, foi observado um aumento nesta
porcentagem para os dois grupos de animais, entre as duas baterias de coletas de sangue
para dosagem de progesterona, assim como aumentou a porcentagem de novilhas
desenvolvendo ciclos de longa duração, com concentrações de progesterona bastante
elevadas.
Segundo Parodi (1999), dietas ricas em ácido linoléico (C 18:2), como era o caso
da fonte de lipídios utilizada no presente experimento, reduzem a adiposidade e a
leptina sérica, retardando a puberdade em bovinos. Para Garcia et al. (2003), novilhas
consumindo alta porcentagem de gordura (semente de girassol, com 70% de ácido
linoléico) na dieta tenderam a atingir a puberdade a uma idade mais elevada (308 x 280
dias nas que não consumiam gordura). Entretanto, este efeito não foi observado nas
novilhas que consumiram a suplementação com gordura, no presente estudo.
De outra parte, ainda relacionando esta fonte de suplementação energética com a
atividade ovariana dos animais, Staples et al. (1998) relatam que o diâmetro do maior
folículo e do segundo maior folículo ovarianos aumentou nas vacas tratadas com
gordura, em relação às controle (18,2 x 12,4 mm do maior folículo; e 10,9 x 7,4 mm do
segundo maior folículo, respectivamente). Em seu estudo, da mesma forma as vacas
eram mantidas sob semelhante status energético na dieta. Ainda o número de corpos
lúteos e o tamanho do maior corpo lúteo, também foram superiores para as vacas
tratadas. Hightshoe et al. (1991) e Wehrman et al. (1991) confirmaram,
respectivamente, este mesmo efeito sobre o número e o tamanho dos folículos ovarianos
em vacas de corte Simmental e cruzas Brahman, consumindo gordura na alimentação,
em dietas isocalóricas em relação à de animais controle.
Hawkins et al. (1995) sugerem que o aumento na concentração de progesterona
plasmática observado em vacas suplementadas com gorduras, não seria devido à maior
síntese desta, mas por uma menor remoção de progesterona da circulação, demonstrada
pela maior meia-vida da progesterona na circulação de novilhas que estavam
consumindo gordura.
As medidas de espessura de gordura subcutânea na região P8, registradas 30 dias
antes, e ao início da estação reprodutiva, não se relacionaram significativamente com a
distribuição das novilhas em prenhas ou vazias, após o período da inseminação artificial
e o repasse por touros em monta natural, no presente estudo. Entretanto, as novilhas que
resultaram prenhas através da inseminação, bem como do repasse por touros,
acumularam uma maior quantidade de gordura subcutânea, dentro do período
compreendido entre as duas avaliações.
Para Bronson & Manning (1984), não há dúvidas de que a ovulação pode ser
regulada de acordo com o balanço energético, e certamente as reservas energéticas
armazenadas no tecido adiposo são importante componente deste balanço em bovinos,
não existindo ainda uma base evidente para colocar a gordura corporal como uma causa
direta na regulação da ovulação. A sugestão de que um limiar crítico de gordura
corporal é necessário para o alcance da puberdade, levou pesquisadores a investigar esta
hipótese (HALL et al., 1995; YELICH et al., 1995).
Hopper et al. (1993) sugeriram que, se este fato é verdadeiro, deveriam existir
diferenças quanto a este nível crítico entre raças, tendo os autores encontrado em
novilhas Angus (Bos taurus), uma maior porcentagem de gordura na carcaça no
momento em que entravam na puberdade, quando comparada à de novilhas Santa
Gertrudis (Bos taurus x Bos indicus). Em estudo realizado por Simpson et al. (1998),
novilhas cruzas tenderam a apresentar uma maior espessura de gordura subcutânea na
região do músculo Longissimus dorsi e uma maior porcentagem de gordura corporal no
momento da concepção, em relação às de raças puras.
Entretanto, no presente estudo, não foi observada diferença estatística entre a
espessura de gordura subcutânea, 30 dias antes ou ao início da estação reprodutiva,
conforme as raças das novilhas utilizadas. Foi observada apenas uma tendência a
superior espessura de gordura nas novilhas Braford, no momento em que iniciou o
período de reprodução. Da mesma forma, não foram observadas diferenças quanto à
raça, no que corresponde às taxas de prenhez à inseminação artificial e ao final do
período, onde apenas houve tendência a melhores resultados após a inseminação para as
novilhas Hereford.
As novilhas Braford, apesar de não significativo estatisticamente, foram as que
apresentaram as taxas de prenhez mais baixas à inseminação artificial. Este fato pode
ser devido em parte, à menor duração do estro, com maior porcentagem de manifestação
noturna, observada nos animais com influência genética Bos indicus, que levaria a um
aumento das falhas na detecção de estros, assim como ao fato de que estes animais
seriam mais suscetíveis ao estresse provocado pelo manejo freqüente, desenvolvido em
programas de inseminação artificial (BARUSELLI & MARQUES, 2002; BÓ et al.,
2003).
O ganho de peso médio diário (GMD), durante o período da suplementação, e o
peso corporal médio, ao início da estação reprodutiva das novilhas do presente
experimento, não foi diferente estatisticamente entre os animais tratados e controle. Da
mesma forma, comparando-se o GMD das novilhas que emprenharam, tanto após a
inseminação artificial, quanto ao final do período de repasse, com o GMD demonstrado
pelas novilhas que permaneceram vazias, não foram encontradas diferenças
significativas. O GMD apresentou sim, uma correlação fraca e negativa com a espessura
de gordura subcutânea das novilhas.
Yelich et al. (1995) encontraram que novilhas manejadas para um GMD de 1400
g, atingiram a puberdade a menor idade e peso corporal, com maior escore de condição
corporal e espessura de gordura subcutânea em relação a novilhas mantidas sob um
GMD inicial de 700 ou 200 g, durante 16 semanas, e posteriormente, acessando uma
dieta que permitia um GMD de 1400 g, até que atingissem a puberdade. Estes mesmos
autores concluíram que a puberdade em novilhas não ocorre a um status metabólico
constante para todos os animais, e que outros fatores, como a gordura corporal, se
somam para regular a entrada na puberdade em novilhas de corte.
Também o escore de condição corporal, não foi diferente entre es novilhas
prenhas e vazias após a inseminação artificial e o repasse por touros, dentro do presente
estudo, sendo observada uma correlação estatística alta e positiva entre este escore e a
espessura de gordura subcutânea das novilhas.
Em estudo desenvolvido por Chelikani et al. (2003), com novilhas Holandês, foi
encontrado um inferior escore de condição corporal e porcentagem de gordura corporal
entre as novilhas manejadas para um GMD de 400 g, em relação àquelas que foram
manejadas para um ganho de 800 ou 1100 g/dia, não tendo estes dois últimos grupos
diferido entre si, com respeito ao escore de condição corporal. Segundo os autores, o
GMD, o peso e a gordura corporal explicaram 98% da variação na idade à puberdade
entre as novilhas, reforçando a idéia de que novilhas requerem certo nível de gordura e
proteína corporal para que possam atingir a puberdade.
Apesar disto, não foi verificada uma diferença significativa entre as médias de
peso corporal encontradas no presente estudo, tanto 60 dias antes como ao início da
temporada reprodutiva, comparando-se as novilhas prenhas e as vazias, após a
inseminação artificial e o final dos serviços.
Estipula-se, em geral, segundo Patterson et al. (1999), que as novilhas deveriam
apresentar um peso corporal pré-acasalamento correspondente a 65% do peso maduro
registrado para aquele genótipo. Assim, quando novilhas atingem um peso alvo pré-
determinado geneticamente, altas porcentagens de prenhez podem ser obtidas nesta
categoria animal. Considerando o peso corporal das novilhas utilizadas no presente
experimento, no momento em que iniciou o período de reprodução, pode-se dizer que o
mesmo é superior àquele citado como peso mínimo compatível com um bom
desempenho reprodutivo dos animais, o que também pode ter contribuído no sentido de
não serem verificadas diferenças mais marcadas entre as taxas de prenhez dos dois
grupos. Em estudo conduzido por Chelikani et al. (2003), a maioria das novilhas
utilizadas atingiu a puberdade dentro de uma faixa de peso corporal semelhante, entre
270 e 330 kg.
Conclusões
A suplementação de novilhas de corte com gamma-orizanol não foi capaz de
proporcionar um maior ganho de peso ou maior peso corporal, assim como melhores
taxas de prenhez em novilhas de corte, nas condições do presente experimento. Foi
observado, entretanto, que as novilhas que resultaram prenhas ao final da estação
reprodutiva, acumularam uma maior quantidade de gordura durante o período de
suplementação, independente da fonte de energia da dieta.
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7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
De acordo com os resultados obtidos no primeiro experimento, a sincronização e
a indução de estros para programas de inseminação artificial em novilhas na primeira
estação reprodutiva, visando especialmente à antecipação e à concentração das
concepções, proporcionaram resultados positivos. Apesar de não haver sido encontrada
diferença entre as taxas de prenhez ao final da temporada, a concentração das parições
verificada nas novilhas tratadas com um protocolo misto de observação de estros e
inseminação artificial a tempo fixo, em relação àquelas submetidas apenas ao manejo
convencional de observação de estros e inseminação artificial no turno subseqüente,
resultou em um maior índice de repetição de crias das mesmas, quando da segunda
temporada reprodutiva.
Alternativamente, considerando os resultados do segundo experimento, o
priming, ou pré-tratamento, com norgestomet, nas condições em que se desenvolveu o
estudo, não foi capaz de proporcionar taxas superiores de prenhez a IATF em novilhas
de corte, para o grupo tratado em relação ao controle. A mesma observação vale para o
terceiro trabalho onde, apesar da superior taxa de estro apresentada pelos animais que
receberam o pré-tratamento com progesterona, tanto este como o que utilizou o MAP,
não foram capazes de proporcionar taxas de prenhez superiores à obtida para o grupo
controle após a IATF, nas condições em que foram testados os referidos pré-
tratamentos. Talvez a possibilidade de testar a sua utilização em um maior número de
animais, ou desenvolver um acompanhamento estrito da dinâmica folicular
proporcionada nos animais por cada um dos pré-tratamentos, possa ser de utilidade no
sentido de se conhecer melhor seus efeitos e potencializar ou não seu emprego.
A utilização de suplementação alimentar com concentrado, realizada dentro do
programa do terceiro experimento, não apresentou resultado sobre a prenhez à IATF e
após o final do período de repasse por touros em monta natural, comparando-se novilhas
que receberam esta dieta diferenciada, com aquelas mantidas exclusivamente sobre
pastagem natural. Possivelmente, nesta situação, os pesos iniciais das novilhas, no
momento em que se começou os trabalhos poderiam ser considerados relativamente
baixos, para que se pudesse produzir algum efeito positivo com a suplementação, dentro
de um curto espaço de tempo até o início de sua temporada de reprodução. Para isto,
seria recomendável observar os pesos iniciais e as taxas de prenhez obtidas entre as
novilhas utilizadas nos demais estudos realizados. Entretanto, e igualmente ao
experimento 2, o quarto e último experimento não foi capaz de identificar um efeito
positivo da suplementação de novilhas de corte com gamma-orizanol, uma fonte de
energia rica nos ácidos graxos oléico e linoléico, sobre as taxas de prenhez a
inseminação artificial e ao final do repasse por touros, assim como um superior ganho
de peso ou peso corporal em novilhas de corte que acessaram esta suplementação.
A idade não influenciou as taxas de prenhez das novilhas utilizadas, que foram
semelhantes entre as de 18 e de 24 meses no segundo experimento. Este fato merece
destaque, por corroborar o observado em diversos trabalhos disponíveis na literatura,
citados dentro da discussão de cada uma dos experimentos, que apontam o peso
corporal como mais importante do que a idade sobre o desempenho reprodutivo de
novilhas de corte.
Neste sentido, o peso corporal registrado aos 24 dias antes ou ao início da
estação reprodutiva, entre as novilhas utilizadas no terceiro experimento, foi superior
para as novilhas prenhas em relação àquelas que permaneceram vazias após o período
de exposição à monta natural. De outra parte e, confirmando esta observação, as
novilhas classificadas em 2 e 3 de acordo com o status ovariano, dentro do mesmo
experimento, foram significativamente mais pesadas do que as novilhas que
apresentavam status ovariano igual a 1, ou seja, sem a presença de estruturas palpáveis
em seus ovários.
Entretanto, nas condições de realização dos estudos, o status ovariano, o ganho
de peso diário e a composição racial não influenciaram significativamente as taxas de
prenhez obtidas quando foi desenvolvido o acompanhamento destas características. Do
mesmo modo, a composição racial não afetou significativamente as taxas de prenhez
obtidas após a realização do quarto experimento, onde um maior número de genótipos e
um material experimental mais uniforme entre os mesmos foram avaliados.
Finalmente, foi observado que as novilhas que resultaram prenhas depois de
terminada a estação reprodutiva, acumularam uma maior quantidade de gordura
subcutânea na região P8, aferida com o auxílio de um aparelho de ultra-som, durante o
intervalo de 30 dias entre duas avaliações e dentro do período em que foi fornecida a
suplementação com energia, independente da fonte desta energia.
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