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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
FACULDADE DE VETERINÁRIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS VETERINÁRIAS
ACHADOS PATOLÓGICOS E IMUNOISTOQUÍMICOS DE CÃES
INFECTADOS PELO VÍRUS DA CINOMOSE CANINA
LUCIANA SONNE
PORTO ALEGRE
2008
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
FACULDADE DE VETERINÁRIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS VETERINÁRIAS
ACHADOS PATOLÓGICOS E IMUNOISTOQUÍMICOS DE CÃES
INFECTADOS PELO VÍRUS DA CINOMOSE CANINA
LUCIANA SONNE
Dissertação apresentada como
requisito para a obtenção do grau
de Mestre em Ciências
Veterinárias na área de
concentração em Cirurgia,
Morfologia e Patologia Animal, da
Universidade Federal do Rio
Grande do Sul.
Orientador: André Silva Carissimi
Co-orientador: David Driemeier
PORTO ALEGRE
2008
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LUCIANA SONNE
ACHADOS PATOLÓGICOS E IMUNOISTOQUÍMICOS DE CÃES
INFECTADOS PELO VÍRUS DA CINOMOSE CANINA
Aprovada em 27 de fevereiro de 2008.
APROVADO POR:
______________________________________________
Prof. Dr. André Silva Carissimi
Orientador e Presidente da Comissão
______________________________________________
Prof. Dr. Claudio Severo Lombardo de Barros
Membro da Comissão
______________________________________________
Prof. Dr. Aldo Gava
Membro da Comissão
______________________________________________
Prof. Dra. Sandra Davi Traverso
Membro da Comissão
AGRADECIMENTOS
Agradeço aos meus orientadores Dr. André Silva Carissimi e ao Dr. David
Driemeier pela oportunidade de realização deste mestrado. Ao David agradeço também
por me propiciar fazer parte de sua equipe e por poder estar aprendendo com os seus
conhecimentos.
Aos meus colegas de laboratório pela amizade e pelo aprendizado que
vivenciamos juntos. Agradeço ao Eduardo (Dudes), Carol, Dj, Bezerra, Adri, Pedroso,
Saulo, Nádia, Mauro, Pri, Dé, Ogro e Paulinho.
Aos estagiários Adri, Eloísa, Ju, Uruguaio, Vacaria, Marcelle, Giovana, Elisa
Tesser e Elisa Teixeira.
Ao Dr. Luis Gustavo Corbellini pela ajuda na estatística.
Aos alunos da Biomedicina e da Veterinária por me mostrarem que mais do que
ensinar é preciso aprender com os alunos.
As funcionárias Angela Belmonte e Marília Belmonte pelo carinho e pela ajuda
na confecção das lâminas histológicas.
Ao Rafa pelo amor e por estar sempre perto nas horas alegres e tristes.
A minha mãe Carmen e ao meu irmão Leandro por estarem sempre ao meu lado,
ao meu pai Vitor (in memorian) por sempre confiar em mim.
SUMÁRIO
LISTA DE TABELAS ....................................................................................................6
LISTA DE FIGURAS.....................................................................................................7
RESUMO.........................................................................................................................8
ABSTRACT ......................................................................................................................9
1. INTRODUÇÃO.........................................................................................................10
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.................................................................................12
2.1 Paramyxoviridae...................................................................................................12
2.2 Cinomose Canina ................................................................................................13
2.2.1 Histórico.........................................................................................................13
2.2.2 Epidemiologia................................................................................................14
2.2.3 Patogênese......................................................................................................14
2.2.4 Inativação do Vírus........................................................................................15
2.2.5 Sinais Clínicos................................................................................................16
2.2.6 Achados Patológicos......................................................................................17
2.2.7 Tratamento e Prevenção.................................................................................19
2.2.8 Infecções Secundárias....................................................................................20
2.2.9 Métodos de Diagnóstico.................................................................................21
3. MATERIAL E MÉTODOS..................................................................................23
3.1 Procedimentos Gerais.........................................................................................23
3.2 Necropsias e Análises Histológicas ....................................................................23
3.3 Imunoistoquímica................................................................................................24
4. RESULTADOS..........................................................................................................26
4.1 Dados Gerais........................................................................................................26
4.2 Resultados Macroscópicos..................................................................................27
4.3 Resultados Microscópicos...................................................................................29
4.4 Resultados Imunoistoquímicos ..........................................................................34
4.5 Resultados Bacteriológicos.................................................................................44
5. DISCUSSÃO..............................................................................................................45
6. CONCLUSÕES.........................................................................................................50
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................51
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Distribuição e frequência por raça de 54 caninos com diagnóstico de
cinomose canina necropsiados no Setor de Patologia Veterinária - UFRGS..................26
Tabela 2 - Achados macroscópicos observados durante a realização do exame externo
em caninos infectados pelo vírus da cinomose canina....................................................27
Tabela 3 - Achados macroscópicos observados no intestino dos animais com infecção
pelo vírus da cinomose canina........................................................................................29
Tabela 4 - Avaliação histológica de 29 animais com lesões microscópicas no encéfalo
causado pelo vírus da cinomose canina. .........................................................................30
Tabela 5 - Alterações microscópicas dos órgãos linfóides nos caninos infectados pelo
vírus da cinomose canina................................................................................................31
Tabela 6 - Resultados do teste imunoistoquímico anti-cinomose canina em diferentes
órgãos nos 54 caninos analisados....................................................................................35
Tabela 7 - Análise dos órgãos na imunoistoquímica para cinomose canina dos 51
caninos que obtiveram resultado positivo no teste..........................................................37
Tabela 8 - Principais lesões microscópicas e marcação imunoistoquímica anti-cinomose
canina de 31 cães que apresentavam alterações histológicas e/ou imunoistoquímicas no
encéfalo...........................................................................................................................41
Tabela 9 - Agentes bacterianos isolados dos pulmões de 16 caninos com infecção
bacteriana secundária à infecção pelo vírus da cinomose canina. ..................................44
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Secreção ocular mucopurulenta em um canino Lhasa Apso, fêmea de 5
meses de idade infectado pelo vírus da cinomose canina...............................................27
Figura 2 - Hiperqueratose do coxim digital em um canino SRD, fêmea de 3 meses de
idade com infecção pelo vírus da cinomose canina........................................................28
Figura 3 - Pulmão não colabado e de coloração avermelhada de um canino Poodle,
macho de 5 meses infectado pelo vírus da cinomose canina com infecção secundária por
Bordetella bronchiseptica...............................................................................................28
Figura 4 – Pneumonia intersticial em um canino infectado pelo vírus da cinomose.
Coloração de Hematoxilina-eosina, obj. 20....................................................................30
Figura 5 - Estômago de um canino infectado pelo vírus da cinomose canina com
corpúsculos de inclusão intracitoplasmáticos (no detalhe). Coloração de Hematoxilina-
eosina, obj. 40. ................................................................................................................32
Figura 6 - Bexiga de um cão, epitélio com degeneração hidrópica e corpúsculos
eosinofílicos intracitoplasmáticos característicos de cinomose canina (no detalhe).
Coloração de Hematoxilina-eosina, obj. 40....................................................................32
Figura 7 - Cortes histológicos do conduto auditivo externo de caninos infectados pelo
vírus da cinomose (coloração de PAS) A. Numerosas estruturas típicas de Malassezia
pachydermatis. (obj. 20). B. Estruturas fúngicas compatíveis com Candida sp. (obj. 40).
.........................................................................................................................................34
Figura 8 - Marcação positiva do antígeno no epitélio escamoso estratificado do coxim
digital (imunoistoquímica anti-cinomose canina, obj. 20)..............................................38
Figura 9 - Antígeno viral no epitélio do conduto auditivo de um canino
(imunoistoquímica anti-cinomose canina, obj. 10).........................................................38
Figura 10 - Corpúsculos de inclusão viral marcados positivamente (em vermelho) na
mucosa do estômago de um canino (imunoistoquímica anti-cinomose canina, obj. 40).
.........................................................................................................................................39
Figura 11 - Antígenos virais no citoplasma de macrófagos alveolares
(imunoistoquímica anti-cinomose canina, pulmão, obj. 20)...........................................39
Figura 12 - Corpúsculo intranuclear em astrócito com marcação positiva do antígeno
(imunoistoquímica anti-cinomose canina, cerebelo, obj. 100). ......................................40
Figura 13 – Antígeno viral em neurônios (imunoistoquímica anti-cinomose canina,
cérebro, obj. 40). .............................................................................................................42
Figura 14 - A. Imunoistoquímica anti-cinomose canina do cerebelo de um canino (obj.
20). B. Imunoistoquímica anti-GFAP na mesma área do cerebelo do canino (obj. 20). 42
Figura 15 - Marcação positiva nos centros foliculares (imunoistoquímica anti-cinomose
canina, linfonodo mesentérico, obj. 20)..........................................................................43
Figura 16 - Células ganglionares da retina marcadas positivamente (imunoistoquímica
anti-cinomose canina, obj. 40)........................................................................................43
RESUMO
A cinomose canina é uma doença viral e afeta principalmente os sistemas respiratório,
gastrintestinal e nervoso. O presente trabalho analisou 54 cães com cinomose de um
total de 760 cães necropsiados no período de julho de 2006 a outubro de 2007. As
lesões macroscópicas observadas eram caracterizadas por secreção ocular e nasal
mucopurulentas, hiperqueratose dos coxins digitais, pulmões de coloração avermelhada
e não colabados, atrofia do timo, conteúdo intestinal diarréico e evidenciação das placas
de Peyer. Os achados microscópicos caracterizavam-se principalmente por pneumonia
intersticial, rarefação linfóide, desmielinização da substância branca, manguitos
perivasculares e corpúsculos de inclusão viral na mucosa do estômago, epitélios da
bexiga, brônquios e bronquíolos, pelve renal, coxins digitais, pálpebra e orelha, no
sistema nervoso central (principalmente em astrócitos) e em células mononucleares dos
linfonodos, baço e tonsilas. O teste de imunoistoquímica foi positivo em 94,4% dos
casos analisados. Os tecidos foram marcados pela técnica imunoistoquímica utilizando
o anticorpo monoclonal anti-cinomose canina (VMRD) na diluição de 1:400. O coxim
digital se apresentou como o órgão com o maior número de casos marcados
positivamente (67,4%), seguido pelo estômago com 62,7%. A utilização da
imunoistoquímica auxiliou na identificação do antígeno viral em diferentes tecidos e foi
importante como diagnóstico complementar da cinomose canina.
Palavras-chave: cinomose canina, cães, imunoistoquímica.
ABSTRACT
Canine distemper is a viral disease that affects mainly, respiratory, gastrointestinal and
nervous system. The present study analyzed 54 dogs with canine distemper from total of
760 necropsies done in dogs between July 2006 to October 2007. The macroscopic
lesion were characterized by mucopurulent oculonasal discharge, hyperkeratosis of
footpads, red and not collapsed lungs, thymic atrophy, watery intestinal, hyperemia and
Peyer’s patches enlarged. The microscopic findings were characterized by interstitial
pneumonia, lymphoid depletion, white matter demylization, perivascular cuffs and viral
inclusion bodies located in stomach mucosa, bladder, bronchial, renal pelvis, footpads,
eyelid, skin of the ear epithelium, central nervosus system (mainly in astrocytes) and
mononuclear infiltrates in lymph nodes, spleen, and tonsils. The immunohistochemistry
test was positive in 94,4% of analyzed cases. Tissues were strained by an
immunohistochemical procedure with mouse monoclonal anti-cinomose (VMRD)
diluted 1:400. The footpads was the best tissue with majority of positive marked cases
(67,4%), followed by stomach with 62,7%. This observation suggests that the
immunohistochemistry technique aided to identify distemper virus antigens in different
tissue making it an important test for complementary diagnostic of canine distemper.
Key words: canine distemper, dogs, immunohistochemistry
10
1. INTRODUÇÃO
A cinomose canina é uma importante doença viral que afeta diferentes espécies
animais e causa lesões, principalmente, no sistema respiratório, gastrintestinal e no
sistema nervoso central (APPEL; SUMMERS, 1995). A doença apresenta um padrão de
distribuição mundial e causa alta mortalidade em cães e outros carnívoros. Segundo
Appel (1969) a taxa de mortalidade de cães infectados pela cinomose é de 50%, após 3
a 4 semanas da exposição viral. Dependendo da espécie afetada e do status imunológico
do indivíduo a mortalidade pode exceder 80% (HARDER; OSTERHAUS, 1997).
O vírus tem predileção por células epiteliais, linfóides e o tecido nervoso
(ALVES et al., 2006). Embora exista somente um sorotipo do vírus da cinomose
canina, uma diversidade de biotipos, que variam na sua patogenicidade e tropismo
tecidual, foram descritos. (OKITA et al., 1997, ALVES et al., 2006). Os cães jovens são
os mais afetados embora possa ocorrer em todas as idades (JÓZWIK; FRYMUS, 2002).
A queda de anticorpos maternos, a não utilização de vacinas e a falha vacinal são
responsáveis pelo grande número de casos que ainda são observados (CHAPPUIS,
1995).
O diagnóstico post mortem é baseado nas alterações histológicas, caracterizadas
principalmente pela visualização de corpúsculos de inclusão viral eosinofílicos
intracitoplasmáticos e intranucleares localizados em células epiteliais, linfóides e no
sistema nervoso central (SNC). Adicionalmente, técnicas como isolamento viral,
imunofluorescência direta, reação de polimerase em cadeia (PCR) e a imunoistoquímica
são amplamente utilizadas no diagnóstico complementar (APPEL; SUMMERS, 1999).
A imunoistoquímica auxilia no diagnóstico principalmente quando na histologia não há
corpúsculos de inclusão ou estes estão em pequeno número bem como quando já existe
o processo de autólise.
As doenças virais têm uma grande importância dentre os diagnósticos de cães
necropsiados no Setor de Patologia Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande
do Sul (SPV-UFRGS). Entre os anos de 2000 a 2006 foram realizadas 3.659 necropsias
de caninos, dos quais em 582 (16%) o diagnóstico foi de doenças virais. Entre as
doenças virais a cinomose foi responsável por 39% (227/582) dos diagnósticos. Em
vista do grande número de cães necropsiados com cinomose se resolveu estudar melhor
a doença. O presente trabalho teve por objetivo analisar os achados macroscópicos,
11
microscópicos, verificar o melhor método imunoistoquímico, a distribuição do antígeno
viral em tecidos selecionados por imunoistoquímica e os achados bacteriológicos das
pneumonias associadas com a cinomose canina.
12
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 Paramyxoviridae
Os vírus constituintes da família Paramyxoviridae são partículas pleomórficas,
com 150 nm de diâmetro, contendo envelope, e um genoma de RNA de fita simples
linear com peso molecular de 7,0x10
6
(ZEE, 2003). O nucleocapsídeo possui simetria
helicoidal de 13 a 18 nm de diâmetro e aparência característica de espinha de peixe
(QUINN et al., 2005). A replicação ocorre no citoplasma da célula do hospedeiro (ZEE,
2003). Os vírions são liberados por brotamento através da membrana celular em locais
contendo proteínas do envelope viral. Estes vírions lábeis são sensíveis aos solventes
lipídicos, calor, dessecação, e desinfetantes (QUINN et al., 2005).
Os Paramixovírus têm uma estreita variedade de hospedeiros, infectando
sobretudo aves e mamíferos. Após a transmissão por contato direto ou por aerossóis,
onde ocorre a replicação primária no trato respiratório (QUINN et al., 2005). A
formação de sincícios e inclusões intracitoplasmáticas são características pela família
Paramyxoviridae (NISHI et al., 2004; QUINN et al., 2005).
A família Paramyxoviridae é classificada em subfamília Paramyxovirinae e
Pneumovirinae. A Paramyxovirinae é agrupada em 3 gêneros que são os Respirovirus
(que compreende o vírus da parainfluenza bovina tipo 3), Rubulavirus (vírus da doença
de Newcastle, paramixovirus aviário, vírus da parainfluenza canina tipo 2 e Rubulavírus
suíno) e o gênero Morbillivirus (QUINN et al., 2005). Este último agrupa os seguintes
vírus: vírus da peste bovina, vírus da peste dos pequenos ruminantes, Morbillivirus de
cetáceos, Morbillivirus dos equinos, vírus da cinomose das focas e o vírus da cinomose
canina (KENNEDY et al., 1992, BARRETT, 1999; BIRKUN et al., 1999, QUINN et
al., 2005, DI GUARDO et al., 2005).
13
2.2 Cinomose Canina
O vírus da cinomose canina pertence ao gênero Morbillivirus da Família
Paramyxoviridae, ocasionando uma doença grave, contagiosa e muitas vezes fatal em
caninos (KOUTINAS et al., 2002). Possui variação quanto ao seu tamanho e forma,
suas partículas virais são esféricas e medem entre 150 e 300 nm (ZEE, 2003; GREENE;
APPEL, 2006). O ácido nucléico viral é um RNA de fita simples linear, e o capsídeo
viral é composto por seis polipeptídeos principais. O polipeptídeo H glicosilado é
responsável pela adsorção do vírus a sítios receptores das células suscetíveis e o
polipeptídeo glicosilado F causa a fusão de células infectadas (BARRETT, 1999; ZEE,
2003). O vírus pode acometer além de membros da Família Canidae (como cães,
raposas, lobos e coiotes), outros carnívoros como os da Família Felidae (leões, tigres,
leopardos e onças), Mustelidae (furões e martas), Procyonidae (guaxinin), Ursidae (urso
e panda gigante), Ailuridae (panda vermelho) e Viveridae (ALEXANDER; APPEL,
1994; APPEL; SUMMERS, 1995; ROELKE-PARKER et al., 1996; CARPENTER et
al., 1998; DYER; SCHAMBER, 1999; MARTELLA et al., 2002; STANTON et al.,
2003). Além de poder afetar mamíferos marinhos da ordem Pinnipedia e Família
Phocidae (focas), bem como animais da ordem artiodactyla (Família Tayassuidae) como
o caititu e primatas da Família Cercopithecidae (VAN MOLL et al., 1995; HARDER;
OSTERHAUS, 1997; FORSYTH et al., 1998; KUIKEN et al., 2006). Gatos domésticos
e suínos são suscetíveis ao vírus, porém nestas espécies não há o desenvolvimento da
doença clínica (APPEL et al., 1974).
2.2.1 Histórico
O vírus foi primeiramente descrito por Carré (1905 apud APPEL; SUMMERS,
1995) em um contágio natural e mais tarde estudado profundamente por Laidlaw e
Dunkin (1926 apud KRAKOWKA; HIGGINS; KOESTNER, 1980). As descobertas da
imunofluorescência para o vírus foi um importante passo na descoberta de informações
sobre a cinomose uma vez que puderam determinar a distribuição viral em diferentes
tecidos (APPEL, 1969). Pesquisas revelaram que o furão (Mustela putorius) é um
14
animal suscetível à doença o que acabou definindo este como um animal experimental
para estudos sobre o vírus da cinomose canina (APPEL, 1969).
O vírus da cinomose canina apresenta somente um sorotipo, mas existe uma
variedade de biotipos que variam quanto ao seu tropismo tecidual com o sistema
nervoso central (ALVES et al., 2006). Em 1971, foi isolada uma linhagem chamada
R252-CDV que produzia uma encefalite desmielinizante quando inoculado em cães
gnotobióticos, enquanto que outra linhagem chamada Snyder-Hill produzia necrose
neuronal e gliose sem desmielinização (KRAKOWKA; KOESTNER, 1977). Novos
isolados virais como o Asia 1 e Asia 2 foram descobertos a partir dos genes H e P,
porém não se observou diferença nos sinais clínicos e patológicos dos isolados (LAN et
al., 2007).
2.2.2 Epidemiologia
O contágio pelo vírus da cinomose ocorre por aerossóis ou por contato direto,
sendo o período de incubação de aproximadamente 7 dias (APPEL; SUMMERS, 1995).
Cães com infecção aguda apresentam o vírus nas secreções nasais e oculares durante
todo o curso da doença (ZEE, 2003). Este também pode estar presente na urina de cães
experimentalmente infectados como também nas fezes dos caninos (ZEE, 2003). A
cinomose canina pode acometer cães de todas as idades, porém animais jovens (3 a 6
meses de idade) são mais suscetíveis principalmente quando há a diminuição dos
anticorpos maternos (APPEL; SUMMERS, 1995; CHAPPUIS, 1995; GREENE;
APPEL, 2006). Cães que se recuperaram da infecção são imunes por vários anos e
provavelmente pela vida toda, não eliminando o vírus e não se mantendo
persistentemente infectados (APPEL; SUMMERS, 1995).
2.2.3 Patogênese
O vírus da cinomose em cães expostos tanto por contato direto como por
aerossóis entram em contato com o trato respiratório superior (GREENE; APPEL,
2006). No primeiro dia da exposição viral este é encontrado em macrófagos dos
linfonodos brônquicos e tonsilas (APPEL, 1969). Em 2 a 5 dias há o aumento de
15
antígenos virais nas tonsilas, linfonodos brônquicos e retrofaríngeos, existindo um baixo
número de partículas virais em outros tecidos linfóides (APPEL, 1969; BUSSELL,
1970). Quatro a seis dias após a exposição viral há a multiplicação em folículos
linfóides do baço, da lâmina própria do intestino delgado e estômago, no linfonodo
mesentérico e nas células de Kupffer (GRENNE; APPEL, 2006). Durante este período
a lâmina própria nasofarigeal e a mucosa conjuntival contém antígenos virais em células
mononucleares (APPEL, 1969). De 6 a 8 dias depois da exposição viral os linfonodos
ficam altamente infectados. A partir do 9º dia o tecido linfóide está com acentuada
depleção linfóide (KRAKOWKA; HIGGINS; KOESTNER, 1980). Ao 14º dia os cães
que possuem uma boa resposta celular e humoral muitas vezes não apresentarão sinais
clínicos da cinomose canina, uma vez que os anticorpos específicos neutralizam o vírus
e inibem a sua propagação. Em animais com resposta intermediária o vírus irá se
espalhar pelo epitélio tecidual, podendo esta infecção ser resolvida quando os títulos de
anticorpos aumentarem (GRENNE; APPEL, 2006). Por outro lado, quando não há uma
resposta humoral, a infecção ocorre em múltiplos tecidos, os sinais clínicos são muitas
vezes graves e se o vírus persistir pode levar a morte do animal (APPEL, 1969;
GRENNE; APPEL, 2006).
No cérebro o vírus aparece inicialmente em macrófagos meningeais e células
mononucleares perivasculares depois em células do epêndima, células da glia e
neurônios (APPEL, 1970; GREENE; APPEL, 2006). Em animais com infecção crônica,
há antígenos virais restritos aos neurônios, células da substância branca, glândula
pituitária, coxins digitais e em poucas células do epitélio de outros tecidos (APPEL,
1970).
A virulência é um parâmetro que indica a severidade, a extensão ou o tipo de
doença clínica (ALVES et al., 2006). Alguns isolados como o Snyder Hill, A75/17 ou o
R252 possuem uma alta virulência e são neurotrópicos (KRAKOWKA; KOESTNER,
1977; AXTHELM; KRAKOWKA, 1998; RUDD; CATTANEO; VON MESSLING,
2006; BRUNNER et al., 2007).
2.2.4 Inativação do Vírus
O vírus da cinomose canina é sensível aos fatores ambientais como temperaturas
extremas, pH e a diferentes desinfetantes (MOHANTY; DUTTA, 1981; QUINN et al.,
16
2005). Este é inativado pela luz natural ou ultravioleta e pode ser destruído quando
exposto a temperaturas de 50
o
C a 60
o
C por 30 minutos, em tecidos mortos sobrevive
por 1 hora a 37
o
C e por 3 horas a 20
o
C (ZEE, 2003). Porém, em baixas temperaturas o
vírus pode sobreviver por semanas, a uma temperatura de 0-4
o
C e a -65
o
C sobrevive por
até 7 anos (GREENE; APPEL, 2006). A infectividade do vírus é perdida em pH acima
de 10,4 ou abaixo de 4,4. O vírus pode ser inativado por desinfetantes como o
clorofórmio, fenol (0,75%), amônio quaternário (0,3%) e solução de formalina (0,5%)
(ZEE, 2003).
2.2.5 Sinais Clínicos
Os animais infectados pelo vírus da cinomose canina podem apresentar
anorexia, desidratação, vômito, secreções oculonasais mucopurulentas, tosse e dispnéia
(MOHANTY; DUTTA, 1981; SWANGO, 1997; PANDHER et al., 2006). Podem ser
observadas pústulas na pele do abdômen e, em alguns casos, hiperqueratose dos coxins
digitais (GRENNE; APPEL, 2006). Sinais de diarréia contendo ou não sangue podem
estar presentes em alguns casos (JONES; HUNT; KING, 2000; APPEL, 1970). Em
muitos desses a diarréia pode resultar em desidratação acentuada agravando ainda mais
o quadro (JONES; HUNT; KING, 2000). Os caninos infectados podem apresentar
sinais neurológicos como convulsões, demência, mudanças graves da personalidade,
astenia, ataxia e mioclonias (FENNER, 1995). A manifestação neurológica pode ocorrer
durante a fase aguda da infecção bem como várias semanas ou até meses depois
(APPEL; SUMMERS, 1995). Os sinais neurológicos que se desenvolvem após os sinais
respiratórios e gastrintestinais são tipicamente graduais no início com convulsões e
desenvolvimento progressivo de paresia posterior (RAW et al., 1992).
A encefalite multifocal desmilinizante causada pelo vírus da cinomose como a
encefalite do cão velho, embora sejam causadas pelo mesmo agente, demonstram
diferentes lesões e sinais clínicos indicando diferenças na sua patogênese
(VANDEVELDE et al., 1980). Na encefalite do cão velho os sinais clínicos são
relacionados com lesões corticais e subcorticais (VANDEVELDE et al., 1980). Em
geral estes sinais são deficiência visual, respostas bilaterais deficientes ao reflexo de
ameaça, depressão, andar em círculo, mudança de personalidade e estupor (SWANGO,
1997).
17
2.2.6 Achados Patológicos
Achados macroscópicos
Os caninos infectados podem apresentar secreções nasais e oculares serosas,
catarrais ou mucopurulentas (LÓPEZ, 2007). A dermatite pustular também pode ser
observada nos animais infectados pelo vírus da cinomose canina (GREENE; APPEL,
2006). As alterações pulmonares se evidenciam como pulmões não colapsados,
avermelhados e edemaciados (LÓPEZ, 2007). No intestino podem ocorrer enterite
catarral ou hemorrágica (LAN et al., 2006). O timo pode se apresentar com atrofia
completa ou parcial, esta última foi observada por Appel (1969) após 9 dias da
exposição viral por aerossóis. Os linfonodos podem estar ocasionalmente congestos ou
hemorrágicos (APPEL, 1969). Nos coxins digitais o engrossamento desta estrutura é
caracterizado na microscopia como uma hiperqueratose ortoqueratótica e/ou
paraqueratótica (GRÖNE; ENGELHARDT; ZURBRIGGEN, 2003; GRÖNE;
DOHERR; ZURBRIGGEN, 2004; ENGELHARDT et al., 2005). Cães infectados pelo
vírus da cinomose canina antes da erupção dos dentes permanentes podem apresentar
hipoplasia do esmalte dentário (DUBIELZIG, 1979; GELBERG, 2007). Com isso, há a
exposição da dentina que na macroscopia é demonstrado por áreas de coloração amarelo
a bege nos dentes permanentes (GELBERG, 2007).
Achados microscópicos
Os corpúsculos de inclusão são agregados de vírions e proteínas virais e
apresentam um grande valor no diagnóstico na infecção pelo vírus da cinomose canina
(WISNICKY; WIPF, 1942). Durante a replicação viral tem-se um excesso de proteínas
não utilizadas pelo vírus, que se deposita em forma de corpúsculo de inclusão. Embora
esses não estejam presentes em todas as doenças virais, eles são, em muitas delas, bem
característicos (JONES; HUNT; KING, 2000). Na cinomose canina, em cortes de
tecidos fixados em formalina e colorados por hematoxilina-eosina observam-se os
corpúsculos eosinofílicos (PANDHER et al., 2006) que se apresentam
intracitoplasmáticos e/ou intranucleares com grande valor no diagnóstico desta
enfermidade (WISNICKY; WIPF, 1942). Em cortes de tecido. As inclusões podem ser
confundidas com eritrócitos, mas o tamanho, forma e localização dos corpúsculos de
18
inclusão permitem diferenciá-los dos eritrócitos (WISNICKY; WIPF, 1942).
Corpúsculos de inclusão viral podem ser observados no estômago, bexiga, sistema
nervoso central, na pelve renal, epitélio conjuntival, coxins digitais (DUCATELLE;
COUSSEMENT; HOORENS, 1980; GRÖNE; ENGELHARDT; ZURBRIGGEN,
2003). No pulmão estes podem ser encontrados no epitélio de brônquios e bronquíolos
como em macrófagos alveolares e células sinciciais multinucleadas (TOVAR et al.,
2007). A ocorrência de corpúsculo de inclusão em órgãos linfóides como baço
linfonodos e tonsila é extremamente alta (KUBO et al., 2007).
O pulmão pode apresentar pneumonia intersticial caracterizada por infiltrado de
células mononucleares (PANDHER et al., 2006). Além da presença de macrófagos
espumosos, hiperplasia de pneumócitos tipo II e edema alveolar (PANDHER et al.,
2006; LÓPEZ, 2007). No intestino delgado pode ser observada enterite, com
degeneração do epitélio, necrose linfóide e infiltração de linfócitos na lâmina própria
(OKITA et al., 1997).
Nos coxins digitais a histopatologia revela hiperqueratose ortoqueratótica e/ou
paraqueratótica, vacuolização de queratinócitos e a presença de corpúsculos de inclusão
viral, sendo a hiperplasia epitelial raramente mencionada (HAINES et al., 1999;
GRÖNE; ENGELHARDT; ZURBRIGGEN, 2003).
No sistema nervoso central observam-se alterações tanto na substância branca
como na substância cinzenta (SUMMERS; CUMMING; LAHUNTA, 1995). As lesões
podem ser caracterizadas como degeneração neuronal, gliose, infiltrado
linfoplasmocitário perivascular ocorrendo principalmente no córtex cerebral como
cerebelar, no tálamo, núcleo basal e na medula espinhal (RAW et al., 1992;
SUMMERS; CUMMING; LAHUNTA, 1995). O infiltrado consiste principalmente de
linfócitos e este achado é característico da infecção pelo vírus da cinomose o que difere
da meningoencefalite granulomatosa (RAW et al., 1992). Corpúsculos acidofílicos
podem ser encontrados, porém com alguma dificuldade. Estes podem estar presentes no
núcleo ou citoplasma de neurônios, astrócitos e células do epêndima (MCCANDLISH
et al., 1992; SUMMERS; CUMMING; LAHUNTA, 1995). Os neurônios podem
apresentar núcleos picnóticos associados a satelitose e neuronofagia (SUMMERS;
CUMMING; LAHUNTA, 1995). Desmielinização, astrocitose e astrogliose podem ser
evidenciadas na substância branca (BLAKEMORE; SUMMERS; APPEL, 1989;
SUMMERS; CUMMING; LAHUNTA, 1995). A presença de antígeno viral em
oligodendrócitos é rara (ZURBRIGGEN et al., 1998, D’INTINO et al., 2006), sendo
19
este mais comumente encontrado na microglia e em astrócitos (BLAKEMORE;
SUMMERS; APPEL, 1989; VANDEVELDE; ZURBRIGGEN, 1995; STEIN et al.,
2004) podendo ser visualizado também em neurônios (BRUNNER et al., 2007). O
mecanismo de desmielinização não está totalmente esclarecido. A regulação negativa da
transcrição do gene de mielina, inibição da atividade enzimática específica dos
oligodendrócitos e redução deste tipo celular em áreas de desmielinização sugerem os
oligodendrócitos estarem envolvidos no processo de desmielinização (ZURBRIGGEN
et al., 1998; MORO et al., 2004). A perda das proteínas da bainha de mielina pode ser
evidenciada a partir da coloração de luxol fast blue (SUMMERS; CUMMING;
LAHUNTA, 1995). Os astrócitos são as principais células do sistema nervoso atingidas
pelo vírus e tudo indica que a infecção desta célula desempenhe um importante papel no
mecanismo de desmielinização (MORO et al., 2004). Os astrócitos podem expressar 3
tipos de filamentos intermediários, incluindo a proteína ácida fibrilar glial (GFAP),
vimentina e nestina (SEEHUSEN et al., 2007). A GFAP pode ser detectada através de
técnica imunoistoquímica marcando processos astrogliais e o corpo celular de astrócitos
(VANDEVELDE et al., 1983).
As encefalopatias causadas pela cinomose podem ser divididas de 3 formas:
aguda, subaguda e crônica (ALLDINGER et al., 2000). A fase aguda se caracteriza por
desmielinização e ausência de manguito perivascular, diferindo-se da fase subaguda
onde há desmielinização com células inflamatórias formando manguitos com 2 ou 3
camadas de células mononucleares (HEADLEY; SOARES; GRAÇA, 2001; SIPS et al.,
2007). A encefalopatia crônica é caracterizada por desmielinização e extenso infiltrado
mononuclear perivascular (SCHOBESBERGER et al., 1999; HEADLEY; SOARES;
GRAÇA, 2001; SEEHUSEN et al., 2007).
2.2.7 Tratamento e Prevenção
Não há tratamento específico com agentes antivirais ou quimioterápicos com
valor prático para o tratamento da cinomose canina (SWANGO, 1997). O uso de
antimicrobianos tem sido aplicado para o tratamento de infecções bacterianas
(SWANGO, 1997). Líquidos eletrolíticos, vitaminas do complexo B e suplementos
alimentares são utilizados como terapia de suporte (SWANGO, 1997; TOVAR et al.,
2007).
20
No início do século XX as vacinas inativadas eram amplamente utilizadas,
porém a cinomose ainda ocorria em cães e animais de zoológico (APPEL; SUMMERS,
1995). A partir dos anos 60, com as vacinas atenuadas houve uma diminuição
considerável na incidência da cinomose canina em todo mundo (LAN et al., 2006,
RIKULA; NUOTIO; SIHVONEN, 2007). Vacinas preparadas a partir de passagens em
cultura de células de aves e embrião de galinha como em células de cães foram
utilizadas amplamente, sendo que vacinas preparadas em cultivo de células de cães
induziam imunidade em quase 100% dos caninos vacinados (APPEL; SUMMERS,
1995; PARDO et al., 2007). A utilização de vacinas recombinantes (recCDV ou rD)
tem sido realizada nos Estados Unidos da América desde 1997, tendo como benefício a
não ocorrência de encefalite pós-vacinal (PARDO et al., 2007).
O esquema vacinal mais recomendado é com primeira dose em filhotes a 5-7
semanas de idade, com doses adicionais a intervalos de 3 a 4 semanas, até que os
filhotes completem 14 semanas de idade. Os reforços anuais são preconizados visto que
o título de anticorpos terá declinado até níveis não protetores em até um terço dos cães
(SWANGO, 1997).
2.2.8 Infecções Secundárias
O vírus da cinomose canina pode atingir diretamente o pulmão causando uma
pneumonia viral devido ao seu efeito imunodepressor ou levando a associação com
outros vírus como o adenovírus tipo 2 e o vírus da parainfluenza (DAMIÁN et al.,
2005; TOVAR et al., 2007; CHVALA et al., 2007) ou com infecções bacterianas
secundárias (LÓPEZ, 2007). As pneumonias causadas por Bordetella bronchiseptica ou
Mycoplasma sp. podem ser observadas como infecções primárias de pulmão e como
secundárias em animais infectados pelo vírus da cinomose (CHALKER et al., 2004;
ERLES, 2004; LÓPEZ, 2007; CHVALA et al., 2007). A infecção pulmonar pelo
Pneumocystis carinii foi encontrada em animais com cinomose, sugerindo uma
imunossupressão pelo vírus levando a infecção secundária pelo agente (DYER;
SCHAMBER, 1999).
Infecções combinadas de cinomose canina com Toxoplasma gondii ou Neospora
caninum têm ocasionado miosite e radiculoneurite (LEMBERGER et al., 2005,
MORETTI et al., 2006, GREENE; APPEL, 2006).
21
2.2.9 Métodos de Diagnóstico
Os achados hematológicos incluem linfopenia causada pela depleção linfóide
(KRAKOWKA; KOESTNER, 1977) e trombocitopenia que pode estar presente na fase
inicial da cinomose (SWANGO, 1997).
A imunocitologia a partir da conjuntiva ocular, como em outras membranas
mucosas, ou de esfregaços sanguíneos pode ser realizada utilizando-se teste de
imunofluorescência direta. A não detecção do antígeno viral não exclui a possibilidade
da infecção pelo vírus (SWANGO, 1997). A identificação de antígenos virais no
estômago, duodeno, bexiga, pulmões, cérebro, conjuntiva palpebral, prepúcio e vagina
por imunofluorescência direta foi demonstrada por Fairchild, Wyman e Donovan
(1967).
A detecção de corpúsculos de inclusão pode ser realizada in vivo a partir de
swabs oculares com posterior esfregaço em lâmina (MOHANTY; DUTTA, 1981). Este
método de diagnóstico, apesar de extremamente simples, muitas vezes cursa com
resultados falsos negativos (WISNICKY; WIPF, 1942; SWANGO, 1997).
O isolamento viral é possível a partir de cultivo em macrófagos alveolares e
linfócitos em até 24 a 48 horas (GREENE; APPEL, 2006). Para o diagnóstico ante
mortem pode ser utilizado sangue, swab nasal, conjuntival ou vaginal e líquor. No
diagnóstico post mortem os principais tecidos são pulmões, cérebro, tecido linfático e
bexiga (APPEL; PEARCE-KELLING; SUMMERS, 1992). A formação de sincícios é
característica do efeito citopático do vírus da cinomose em muitas culturas de tecidos
(NISHI et al., 2004), podendo ser detectado dentro de 2 a 5 dias (GREENE; APPEL,
2006).
Testes sorológicos, como o ELISA, podem ser utilizados, porém na fase aguda
da doença os títulos de anticorpos podem estar baixos devido à imunodepressão causada
pelo vírus. Cães previamente vacinados podem ter uma alta titulação comparável aos
dos animais doentes dificultando assim o diagnóstico através deste método
(POTGIETER; AJIDAGBA, 1989; SOMA et al., 2003).
A transcrição reversa (RT-PCR) tem sido realizada para a detecção do RNA do
vírus da cinomose no sangue, soro, líquor e urina por alguns autores tendo um grande
valor no diagnóstico ante mortem (GEBARA et al., 2004; SAITO et al., 2006;
22
AMUDE; ALFIERI; ALFIERI, 2007). A hibridização in situ tem detectado o mRNA do
vírus da cinomose em tecidos como o cérebro (D’INTINO et al., 2006), linfonodos
(SCHOBESBERGER et al., 2005) e coxins digitais (GRÖNE; DOHERR;
ZURBRIGGEN, 2004).
A técnica de imunoistoquímica tem sido empregada para a detecção de
antígenos da cinomose canina (MASUDA et al., 2006). Haines et al. (1999) detectaram
o antígeno no epitélio da mucosa nasal, dos coxins digitais e da pele, sugerindo a
utilização desta técnica para o diagnóstico ante mortem da cinomose. Como diagnóstico
post mortem utiliza-se órgãos como estômago, pulmão, bexiga, encéfalo, baço,
linfonodos, tonsila, rim, intestino e coxins digitais (DUCATELLE; COUSSEMENT;
HOORENS, 1980; KOUTINAS et al., 2004; LIANG et al., 2007; WENZLOW et al.,
2007).
23
3. MATERIAL E MÉTODOS
3.1 Procedimentos Gerais
Caninos necropsiados pelo Setor de Patologia Veterinária da Universidade
Federal do Rio Grande do Sul (SPV-UFRGS) foram analisados com base no histórico,
lesões macroscópicas e microscópicas para seleção de casos de infecção pelo vírus da
cinomose canina.
Os caninos utilizados no presente estudo morreram de forma natural ou foram
eutanasiados devido à infecção pelo vírus da cinomose canina. Os animais eram
provenientes do Hospital de Clínicas Veterinárias da UFRGS e de clínicas particulares
da grande Porto Alegre. As necropsias foram realizadas entre julho de 2006 até outubro
de 2007.
3.2 Necropsias e Análises Histológicas
Achados patológicos observados em infecções pelo vírus da cinomose canina
foram identificados e analisados. Durante as necropsias selecionou-se caninos que
apresentavam alterações macroscópicas como secreção nasal e/ou ocular
mucopurulenta, pulmões não colapsados e de coloração avermelhada, hiperqueratose
dos coxins digitais, pústulas abdominais, conteúdo intestinal diarréico, ou com suspeita
clínica de cinomose. Para a microscopia eram coletados pulmões, bexiga, estômago,
coxins digitais, tonsila, linfonodos mesentéricos, encéfalo, medula espinhal, medula
óssea, coração, rins, baço, língua, timo, pálpebra, testículo/epidídimo, fígado, intestino
delgado e grosso, orelha e olho. Os órgãos após coletados eram fixados em solução de
formol 10% por 24 a 48 horas, e processados por técnicas rotineiras de histologia. Os
tecidos eram cortados em 4µc e posteriormente corados com Hematoxilina-eosina
(PROPHET et al., 1992). Os cortes histológicos de orelha foram corados com coloração
de PAS (ácido periódico de Schiff) conforme Prophet et al. (1992).
Para a preparação dos cortes histológicos de encéfalo utilizou-se as regiões
cortical e subcortical do cerebro e do cerebelo e a ponte com pedúnculos cerebelares. A
24
medula espinhal foi seccionada na região cervical (C3-C6), torácica (porção média da
medula espinhal torácica entre T6-T11) e lombar (na intumescência lombar).
Fragmentos de pulmão foram coletados para realização de cultivo bacteriano aeróbico.
3.3 Imunoistoquímica
A imunoistoquímica foi realizada nos cortes histológicos de pulmões, bexiga,
estômago, coxins digitais, tonsila, linfonodos mesentéricos, encéfalo, medula espinhal,
medula óssea, coração, rins, baço, língua, timo, pálpebra, testículo/epidídimo, fígado,
intestino delgado e grosso, orelha e olho. Como controle positivo da imunoistoquímica
utilizava-se cortes de estômago de um canino infectado pelo vírus da cinomose. Novos
cortes de estômago do animal controle foram feitos após 1 mês de fixação em solução
de formalina 10% tamponada para testar se havia a perda da marcação positiva no teste
imunistoquímico. As lâminas eram preparadas com solução de gelatina 0,3% ou
Polilisina 10% (Sigma) e os cortes fixados em estufa a 60
o
C por 24 horas. Os cortes
eram desparafinados em solução de xilol por 2 vezes durante 20 minutos cada, e após
eram colocados em soluções decrescente de álcool (100%, 96%, 80% e 70%) por 2
minutos em cada. As lâminas eram então lavadas em água destilada. Para a
imunoistoquímica utilizou-se 4 tipos de recuperações antigênicas: protease tipo XIV
(Sigma), proteinase K (Dako), tripsina 0,1% (Gibco) e calor. Para a recuperação com as
enzimas protease e proteinase K os cortes foram cobertos por 100µl de cada solução
durante 15 minutos a temperatura ambiente. Na recuperação com tripsina os tecidos
eram cobertos com a enzima por 10 minutos a temperatura de 37
o
C, sendo as lâminas
colocadas posteriormente em 0,01M de tampão citrato de sódio (pH 6,0) no microondas
durante 2 minutos. A recuperação antigênica por calor consistia na utilização de calor a
80-85
o
C (em banho-maria) por 2, 3, 5 e 10 minutos com a imersão das lâminas em
0,01M de tampão citrato de sódio (pH 6,0). Os cortes eram colocados em solução de
soro suíno a 1% diluído em água destilada por 15 minutos, a fim de inibir reações
inespecíficas. Após esta etapa as lâminas eram lavadas com água destilada, sendo
colocado anticorpo monoclonal anti-cinomose (VMRD) na diluição de 1:200, 1:400,
1:500 ou 1:1000 diluído em solução de PBS (Tampão Fosfato Salino) por 14 a 16 horas
(overnight) a 4
o
C. Foi utilizado como método imunoistoquímico streptavidina-biotina,
com isso se utilizou anticorpo secundário e streptavidina, esta ligada a uma molécula de
25
fosfatase alcalina (LSAB + System AP, DakoCytomation) bem como a utilização de
streptavidina-biotina ligada a peroxidase (LSAB, DakoCytomation). Para o método de
streptavidina-biotina peroxidase utilizou-se a inibição da peroxidase endógena com
peróxido de hidrogênio 3% por 15 minutos antes da recuperação antigênica. Os cortes
eram cobertos pelo anticorpo secundário e após por streptavidina-biotina por 20
minutos cada. As lâminas eram então lavadas em água destilada e após eram preparadas
as soluções reveladoras. Esta consistia do cromógeno Permanent Red
(DakoCytomation) no qual era realizada a maceração de 1 pastilha do cromógeno em
3ml de tampão. Eram aplicados sobre as lâminas 100µl da solução por 15 minutos.
Quando utilizado o método streptavidina-biotina peroxidase o cromógeno utilizado era
o 3,3’diaminobenzidina (DAB-Dako). A solução de 0,6ml de DAB foi misturada em
0,4ml de PBS e 25µl de peróxido de hidrogênio e após colocadas sobres as lâminas
durante 10 minutos a temperatura ambiente. As lâminas eram lavadas e contra-coradas
por Hematoxilina de Harris por 40 segundos, sendo lavadas e após mergulhadas em
álcool 70%, 80% e 100% e colocadas em xilol por 2 vezes de 20 minutos cada e
montadas em resina sintética (Entellan Merck).
Para a análise de cérebro e cerebelo com lesões microscópicas realizou-se
imunoistoquímica anti-proteína ácida fibrilar glial (GFAP). Para o bloqueio da
peroxidase endógena foi utilizado peróxido de hidrogênio a 3% diluído em água
destilada por 15 minutos. A recuperação antigênica utilizada foi de calor durante 10
minutos em banho-maria utilizando tampão Tris-EDTA (pH 9,0). Utilizou-se anticorpo
monoclonal anti-GFAP (Dako) diluído em PBS (1:500), em câmara úmida a 37
o
C por 1
hora. Após a lavagem das lâminas foi utilizado um kit de anticorpo secundário e
streptavidina ligada a peroxidase (LSAB DakoCytomation) por 20 minutos cada
reagente. Realizou-se a revelação com o cromógeno 3,3’diaminobenzidina (DAB-Dako)
durante 10 minutos em temperatura ambiente. Após a lavagem das lâminas estas foram
contra coradas com Hematoxilina de Harris por 40 segundos, e com posterior
desidratação com utilização de soluções de concentração crescente de álcool e xilol, e
montadas em resina sintética.
26
4. RESULTADOS
4.1 Dados Gerais
No período de julho de 2006 a outubro de 2007 foram realizadas, no Setor de
Patologia Veterinária da UFRGS (SPV-UFRGS), 760 necropsias de caninos. Em 63
cães estabeleceu-se o diagnóstico de cinomose canina através do exame macroscópico e
microscópico, dos quais 54 foram utilizados no presente trabalho.
A idade dos cães variou entre 2 meses a 8 anos. Em 51 animais a idade foi
informada e em 3 animais não havia a informação deste dado, porém estes eram cães
adultos. Dos animais com idade informada, 40 cães apresentavam idade que variava de
2 a 6 meses (78,5%), em 6 animais a idade variou entre 7 meses a 1 ano (11,1%), 3
tinham idade entre 1-4 anos (5,5 %) e 2 apresentavam idade de 4-8 anos (3,9%). Dos
54 animais analisados 32 eram machos (59,26%) e 22 fêmeas (40,74%).
Dentre 54 cães, 24 não tinham raça definida (SRD), 6 eram da raça Poodle, 4
Dachshund (Teckel) e 3 caninos eram Rottweiler conforme a Tabela 1.
Tabela 1 – Distribuição e frequência por raça de 54 caninos com diagnóstico de
cinomose canina necropsiados no Setor de Patologia Veterinária - UFRGS.
Raça Número de animais Frequência (%)
Sem raça definida 24 44,44
Poodle 6 11,11
Dachshund (Teckel) 4 7,41
Rottweiler 3 5,56
Labrador 2 3,71
Yorkshire 2 3,71
Pastor Belga 2 3,71
Beagle 1 1,85
Border Collie 1 1,85
Dogue Alemão 1 1,85
Fila Brasileiro 1 1,85
Golden Retriever 1 1,85
Lhasa Apso 1 1,85
Pastor Alemão 1 1,85
Pinscher 1 1,85
Pit Bull 1 1,85
Pointer 1 1,85
Shih-Tzu 1 1,85
Total 54 100%
27
4.2 Resultados Macroscópicos
Os achados macroscópicos encontrados no exame externo dos animais
necropsiados encontram-se na Tabela 2 e caracterizaram-se por secreção ocular (Figura
1) e nasal mucopurulentas, hiperqueratose dos coxins digitais (Figura 2), secreção
ceruminosa no conduto auditivo externo e pústulas abdominais. A secreção do conduto
auditivo dos caninos apresentava coloração que variava de amarelada ao marrom-
escuro, apresentando em muitas das vezes um odor fétido.
Tabela 2 - Achados macroscópicos observados durante a realização do exame externo em
caninos infectados pelo vírus da cinomose canina.
Achado macroscópico Número de animais Percentual (%)
Secreção ceruminosa no conduto auditivo 31 57,4
Secreção ocular 27 50,0
Secreção nasal 19 35,2
Hiperqueratose dos coxins digitais 19 35,2
Pústulas abdominais 12 22,2
Figura 1 - Secreção ocular mucopurulenta em um canino Lhasa
Apso, fêmea de 5 meses de idade infectado pelo vírus da
cinomose canina.
28
Figura 2 - Hiperqueratose do coxim digital em um canino SRD,
fêmea de 3 meses de idade com infecção pelo vírus da cinomose
canina.
Os pulmões se mostravam não colabados, edemaciados e avermelhados (Figura
3) em 51 animais. O estômago apresentava mucosa hiperêmica em 19 cães e em 8
evidenciava-se a presença de erosões da mucosa gástrica.
Figura 3 - Pulmão não colabado e de coloração avermelhada de
um canino Poodle, macho de 5 meses infectado pelo vírus da
cinomose canina com infecção secundária por Bordetella
bronchiseptica.
29
No intestino delgado dos cães analisados foi visualizado hiperemia da mucosa e
evidenciação das placas de Peyer (Tabela 3). Em alguns animais havia conteúdo
diarréico no intestino de coloração que variava de amarelado até avermelhado. Em oito
animais (14,8%) infestações discretas por Toxocara sp., Ancylostoma sp. e/ou Trichuris
sp. foram observadas no intestino.
Tabela 3 - Achados macroscópicos observados no intestino dos animais com infecção
pelo vírus da cinomose canina.
Macroscopia Número de animais Percentual (%)
Conteúdo intestinal diarréico 26 48,1
Aumento das placas de Peyer 22 40,7
Hiperemia da mucosa 19 35,2
A análise de órgãos linfóides demonstrou atrofia do timo em 19 cães (35,2%),
sendo considerado atrofia somente cães antes da maturidade sexual, uma vez que a
atrofia deste órgão pode ser fisiológica. Os linfonodos mesentéricos encontravam-se
aumentados em volume em 16 animais (29,6%).
Em um canino analisado observou-se placas fibrinonecróticas sobre a língua e
no palato, este animal além destas lesões apresentava secreção ceruminosa no conduto
auditivo e inúmeras pústulas abdominais.
Em dois caninos, um da raça Beagle de 3 meses de idade e outro da raça Shih-
Tzu de 2 meses foi visualizada hidrocefalia.
4.3 Resultados Microscópicos
Na microscopia os pulmões apresentavam pneumonia intersticial (Figura 4) em
44,4% dos animais (24/54) e em 18,5% (10/54) a pneumonia broncointersticial foi
evidenciada. Broncopneumonia supurativa, sem pneumonia intersticial, foi visualizada
em 18,5% (10/54). Células sinciciais foram observadas em 9 caninos e edema alveolar
em 28 animais. Corpúsculos de inclusão viral presentes no epitélio de brônquios e
bronquíolos bem como no interior de células sinciciais foram visualizados em 15
caninos.
30
Figura 4 – Pneumonia intersticial em um canino
infectado pelo vírus da cinomose. Coloração de
Hematoxilina-eosina, obj. 20.
Quando analisado o encéfalo dos 54 cães observou-se que 29 deles
apresentavam alguma lesão microscópica. Vacuolização principalmente da substância
branca do cérebro e cerebelo foi visualizada, ficando esta mais evidenciada no cerebelo.
Alterações como gliose focal, infiltrado perivascular linfoplasmocitário, corpúsculo de
inclusão (principalmente intranucleares em astrócitos), neuronofagia, malacia e
meningite mononuclear foram observadas conforme demonstra a Tabela 4. Dos animais
analisados a encefalopatia foi classificada em 23 cães (79,3%) como aguda, 4 (13,8%)
como subaguda e 2 (6,9%) como crônica.
Manguitos perivasculares (1/30), desmielinização (10/30), gliose (4/30), malacia
(3/30) e corpúsculos de inclusão viral (4/30) foram visualizados em 15 animais com
alterações microscópicas na medula espinhal de um total de 30 caninos.
Tabela 4 - Avaliação histológica de 29 animais com lesões microscópicas no encéfalo
causado pelo vírus da cinomose canina.
Lesão microscópica Número de animais Percentual (%)
Desmielinização 26 89,6
Corpúsculo de Inclusão 7 24,1
Manguito Perivascular 6 20,7
Malacia 5 17,2
Gliose 3 10,3
Meningite Mononuclear 3 10,3
Neuronofagia 1 3,4
31
As alterações histológicas no baço foram caracterizadas por rarefação linfóide
ou hiperplasia linfóide, infiltrado histiocitário, necrose centro-folicular, corpúsculos de
inclusão viral e congestão. Na tonsila evidenciou-se corpúsculos de inclusão viral no
epitélio como em folículos linfóides. Achados microscópicos como rarefação linfóide
ou hiperplasia linfóide, necrose centro-folicular também ocorriam nas tonsilas dos cães
analisados. A atrofia do timo, observada em cães antes da maturidade sexual, que se
caracterizava pela perda de linfócitos do córtex bem como a congestão pôde ser
observada em alguns dos animais. Nos linfonodos mesentéricos de 40 cães foi
visualizada uma ou mais alterações microscópicas e em 11 animais não foi visualizada
nenhuma alteração. A distribuição das principais alterações microscópicas em órgãos
linfóides está listada na Tabela 5.
Tabela 5 - Alterações microscópicas dos órgãos linfóides nos caninos infectados pelo
vírus da cinomose canina.
Órgão Lesão microscópica Percentual (%)
Baço Rarefação linfóide
Infiltrado histiocitário
Necrose centro-folicular
Hiperplasia linfóide
Corpúsculo de inclusão
33,3% (17/51)
23,5% (12/51)
21,6% (11/51)
7,8% (4/51)
3,9% (2/51)
Timo Rarefação linfóide 45,7% (16/35)
Tonsila Corpúsculo de inclusão 30,0% (12/40)
Rarefação linfóide 20,0% (8/40)
Hiperplasia linfóide 7,5% (3/40)
Linfonodos mesentéricos
Rarefação linfóide
Infiltrado histiocitário
51,0% (26/51)
27,5% (14/51)
Hiperplasia linfóide 15,7% (8/51)
Necrose na zona cortical 11,8% (6/51)
Corpúsculo de inclusão 7,8% (4/51)
Na mucosa do estômago, 61,1% (33/54) dos cães apresentavam corpúsculos de
inclusão intracitoplasmáticos (Figura 5) e/ou intranucleares e em 8 animais observou-se
erosões, com proliferação de tecido conjuntivo e infiltrado mononuclear discreto.
No epitélio da bexiga visualizou-se degeneração hidrópica em 13% dos animais
(7/54) e em 27,7% (15/54) dos cães havia corpúsculos de inclusão viral (Figura 6). Em
14 animais o epitélio sofreu descamação e não foi possível a análise histopatológica do
órgão. Na avaliação microscópica dos rins dos cães observou-se corpúsculos de
32
inclusão localizados no epitélio de transição da pelve renal 11,8% (6/51), com
predomínio de corpúsculos intracitoplasmáticos.
Figura 5 - Estômago de um canino infectado pelo vírus
da cinomose canina com corpúsculos de inclusão
intracitoplasmáticos (no detalhe). Coloração de
Hematoxilina-eosina, obj. 40.
Figura 6 - Bexiga de um cão, epitélio com degeneração
hidrópica e corpúsculos eosinofílicos intracitoplasmáticos
característicos de cinomose canina (no detalhe).
Coloração de Hematoxilina-eosina, obj. 40.
33
No intestino delgado observou-se enterite mononuclear em 11,8% dos animais
(6/51) e em 3,9% (2/51) foi visualizado infiltrado histiocitário nas placas de Peyer. No
intestino grosso não foram evidenciadas alterações microscópicas significativas.
Quando analisado os coxins digitais, a hiperqueratose ortoqueratótica ocorreu
em 63,3% dos cães analisados (31/49), a degeneração hidrópica do epitélio dos coxins
em 34,7% (17/49) e os corpúsculos de inclusão viral (em sua maioria
intracitoplasmática) em 26,5% (13/49). Em alguns dos animais observou-se infiltrado
polimorfonuclear na derme com necrose do epitélio. Na análise das pálpebras havia
corpúsculo de inclusão em 21,7% (10/46) e degeneração hidrópica em 15,2% (7/46) dos
cães. Em alguns cães havia infiltrado inflamatório neutrofílico associado a grumos
bacterianos e, em 5 casos, estruturas fúngicas com morfologia compatível com
Malassezia pachydermatis foram visualizadas.
Na língua visualizou-se degeneração hidrópica (15/49), e infiltrado de
neutrófilos no epitélio (5/49) ou infiltrado mononuclear (2/49). Em um dos cães foi
observado uma área de necrose do epitélio dorsal da língua.
A análise microscópica de orelhas de cães demonstrava degeneração hidrópica
(13/33) e em alguns casos corpúsculos de inclusão puderam ser encontrados no epitélio
(8/33). Estruturas fúngicas compatíveis com Malassezia pachydermatis foram
encontradas em 12 cães (Figura 7A). A otite fúngica foi considerada somente em cães
no qual a contagem de mais de 5 estruturas fúngicas por campo (obj. 40) foi observada,
conforme Gross, Ihrke e Walder (1992). Hifas septadas com morfologia compatível
com Candida sp. foram encontradas no epitélio da orelha de um canino associadas a
infiltrado piogranulomatoso (Figura 7B). Infiltrado neutrofílico com a presença ou não
de colônias bacterianas foi observado em 7 casos, porém, nesses casos, não houve a
realização de cultivo bacteriano para a identificação do agente.
No testículo e epidídimo visualizaram-se corpúsculos de inclusão em 23,8% dos
cães analisados (5/21).
Não foram observadas alterações microscópicas significativas no coração,
fígado, olho e medula óssea dos animais analisados.
34
Figura 7 - Cortes histológicos do conduto auditivo externo de caninos infectados pelo
vírus da cinomose (coloração de PAS) A. Numerosas estruturas típicas de Malassezia
pachydermatis. (obj. 20). B. Estruturas fúngicas compatíveis com Candida sp. (obj. 40).
4.4 Resultados Imunoistoquímicos
O teste imunoistoquímico demonstrou marcação positiva quando utilizada a
recuperação antigênica por calor com as lâminas mergulhadas em 0,01M de tampão
citrato de sódio (pH 6,0). O tempo que demonstrava a melhor marcação positiva foi de
3 minutos em calor de 80
o
C a 85
o
C. A melhor diluição do anticorpo monoclonal anti-
cinomose foi de 1:400 e o método de streptavidina-biotina-fosfatase alcalina se mostrou
mais eficiente. Cortes de estômago utilizados como controle positivo no teste perderam
sua marcação imunoistoquímica positiva quando fixados por mais de 1 mês em solução
de formalina 10% tamponada.
A análise macroscópica e microscópica dos tecidos de 54 caninos sugeriu a
infecção pelo vírus da cinomose. Quando realizados testes imunoistoquímicos nos 24
órgãos citados anteriormente 51 animais obtiveram marcação positiva em pelo menos 1
órgão e em 3 animais não se obteve marcação em nenhum dos órgãos analisados
(Tabela 6). Com isso a técnica de imunoistoquímica demonstrou marcação positiva em
94,4% dos animais com diagnóstico macroscópico e microscópico de cinomose canina.
A marcação positiva ficou evidenciada principalmente em coxins digitais,
estômago, pálpebra, orelha, tonsila, linfonodo, língua e cerebelo. A frequência de
órgãos positivos para o teste imunoistoquímico, bem como o índice de confiança
mínimo e máximo (90%) de cada órgão encontram-se na Tabela 7.
A
B
35
Tabela 6 - Resultados do teste imunoistoquímico anti-cinomose canina em diferentes órgãos nos 54 caninos analisados.
EST ID IG FÍG BEX RI PUL LG COX PAL OR BA LIN TO TI MO OL CÉR CBL MC MT ML T/E CO
1
+ + + - - Ø + Ø + + Ø + + Ø Ø - Ø + + Ø Ø Ø + -
2
+ + Ø Ø + + - - + + Ø - - - Ø - Ø + + - Ø Ø Ø -
3
+ - - - + - - Ø + + Ø - + + + - Ø - - Ø Ø Ø Ø -
4
+ - - - + - - - + - Ø Ø - Ø - - - - - Ø Ø Ø F -
5
+ - - - + + + + Ø Ø Ø + Ø Ø + - - - - Ø Ø Ø + -
6
+ - - - + - + - + + - - - Ø Ø - - - - Ø Ø Ø F -
7
+ + - - + + + - - - - - - - Ø - - - - Ø Ø Ø Ø -
8
- Ø Ø - - - - - - - - Ø - - Ø - - + + Ø Ø Ø F -
9
- + Ø Ø - - - - + + Ø - Ø Ø + - - - - Ø Ø Ø - -
10
+ - - - + - - - - + - - + + Ø - - - + - - - - -
11
+ - - - - - - + - - Ø - - Ø - + - - - Ø Ø Ø Ø -
12
+ - - - - - - + + + + - + - Ø - + - + - - Ø - -
13
- + - - - - - + + Ø + - + - - Ø - - + Ø Ø Ø F -
14
+ - - - - - - - + Ø - - + + + + - - + - Ø Ø Ø -
15
- - Ø - - - - - Ø + + - - Ø - - Ø - - Ø Ø Ø - -
16
+ - - - + - - + - + Ø - - - - - - - - Ø Ø Ø F -
17
+ - - - - - - + Ø + + - - + - - - - - Ø Ø Ø Ø -
18
+ + - - - - - + + Ø + - + Ø - - - - - + + + - -
19
+ - + - - - + - - - + + - + Ø - - - - Ø Ø Ø F -
20
- - - - - - - - - - - - - Ø Ø - - - + - - - Ø -
21
+ Ø Ø - - - + - Ø Ø Ø + - + Ø - Ø - + Ø Ø Ø F Ø
22
- - - Ø - - - - + + - - + - - - - - - - - Ø - -
23
- - - - - - - - - - Ø Ø - Ø - - - - + - - - F -
24
+ - - - - - + - - - - - - - - - - - - - - - Ø -
25
+ + + + + - + + + - + + - - - - - - - - - - - -
26
- - - - - - - + + + + + + Ø + - - - + - - + F -
27
+ - - - + - + + + + Ø - + + - - - - + - + - + -
28
- - - - - - + + - - + - + - + - - - + - + - F -
29
+ + - - - - + - + + + - - - - - - - - - - - F -
30
- - - - - - + - + - Ø - - - - - - + + - - - - -
31
- - - - - + - - + + - + + - - - + - + + + + F -
32
+ - - Ø + Ø - - + - + - - - Ø - + - - - - - Ø Ø
33
- + - - - - + - + Ø Ø - + - - - Ø - - - - + - -
34
- - - - - - - + + + + + - + - - Ø + + + + - + -
36
EST ID IG FÍG BEX RI PUL LG COX PAL OR BA LIN TO TI MO OL CÉR CBL MC MT ML T/E CO
35
+ - - + - + - + + - + + + + + - - - - - - - F -
36
+ - - - - - - + + + - - - Ø - - - - + + + + F -
37
+ + + - - - + + + - + + + Ø + - Ø - + + + + Ø -
38
- + - - + - - + - - Ø - + + + - + - - Ø - - F -
39
+ - - - + + - + + - + - + + + - - - - - - - - -
40
+ + + - + - + - + + + + + + + + - - - + + + + -
41
- Ø - - - - - Ø - - Ø - + - Ø - Ø - + Ø Ø Ø F Ø
42
- + - - - - - + - + - + - + Ø - Ø - + Ø Ø Ø - -
43
+ - - - + - - + + + - + + - Ø - + - - Ø Ø Ø F -
44
+ - Ø - + - + + + Ø Ø + + + + - - - - Ø Ø Ø F -
45
- - Ø - - - - - - - Ø - - - Ø - - - - Ø Ø Ø - -
46
- - - Ø - Ø - Ø - - - - - - - - - - + - Ø - F Ø
47
- - - - - - - - - - Ø - - - - - - - - - - - F -
48
- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -
49
+ + - Ø - - - - - - - - + + - - - - - - - - Ø -
50
- - + - - - - + + + Ø - + + Ø - - - + Ø Ø Ø + -
51
+ - - - - - - Ø + + + - Ø Ø Ø Ø Ø + - Ø Ø Ø F -
52
+ + - - - - + - + + Ø - - + Ø - - - - Ø Ø Ø F -
53
- - - - + - - + + - - - + + Ø - - - - - - - - -
54
+ - - - - - - - Ø Ø Ø - - + - - Ø - + - - - - -
1-40 cães com idade de 2 meses a 6 meses; 41-46 caninos de 7 meses a 1 ano; 47-49 cães de 1,1 anos a 4 anos; 50-51 caninos de 4,1 anos a 8 anos;
51-54 cães adultos com idade não informada. Ø (não coletado), F (fêmea), + (imunoistoquímica anti-cinomose com marcação positiva), - (sem
marcação imunoistoquímica), EST (estômago), ID (intestino delgado), IG (intestino grosso), FÍG (fígado), BEX (bexiga), RI (rim), PUL (pulmão),
LG (língua), COX (coxim digital), PAL (pálpebra), OR (orelha), BA (baço), LIN (linfonodo), TO (tonsila), TI (timo), MO (medula óssea), OL
(olho), CÉR (cérebro), CBL (cerebelo), MC (medula cervical), MT (medula torácica), ML (medula lombar), T/E (testículo e epidídimo), CO
(coração).
37
Tabela 7 - Análise dos órgãos na imunoistoquímica para cinomose canina dos 51
caninos que obtiveram resultado positivo no teste.
Órgão Animais
positivos
Total
analisado
Frequência
de positivos
Índice de confiança (90%)
Mín. Máx.
Coxim 31 46 67,4% 56% 79%
Estômago 32 51 62,7% 52% 74%
Pálpebra 23 42 53,5% 41% 66%
Orelha 17 31 53,1% 39% 68%
Tonsila 19 37 51,4% 38% 65%
Linfonodo 24 48 50,0% 38% 62%
Língua 22 46 47,8% 36% 60%
Cerebelo 23 51 45,1% 34% 57%
Timo 12 33 36,4% 23% 50%
Bexiga 17 51 33,3% 23% 44%
Pulmão 17 51 33,3% 23% 44%
Test./Epid. 6 19 31,6% 14% 49%
Int. delgado 15 47 31,3% 20% 42%
Med. tor. 8 26 30,8% 16% 46%
Baço 14 48 29,2% 18% 40%
Med. lomb. 7 26 26,9% 13% 41%
Med. cerv. 6 27 22,2% 9% 35%
Int. grosso 6 45 13,3% 5% 22%
Olho 5 39 12,8% 4% 22%
Rim 6 48 12,5% 5% 20%
Cérebro 6 51 11,8% 4% 19%
Med. óssea 3 49 6,1% 1% 12%
Fígado 2 45 4,4% 0% 10%
Coração 0 47 0,0% 0% 0%
Mín. (mínimo), Máx. (máximo), Test./Epid. (testículo e epidídimo), Med. (medula),
lomb. (lombar), tor. (torácica), cerv. (cervical).
O coxim digital foi o órgão que apresentou a maior frequência de casos
positivos na imunoistoquímica. Nos coxins digitais, pálpebra e orelha a marcação do
antígeno viral ocorreu principalmente nos queratinócitos (Figura 8 e 9) além de que em
alguma das vezes ocorreu marcação em glândulas sebáceas e sudoríparas. Corpúsculos
de inclusão viral intracitoplasmáticos e intranucleares foram marcados positivamente,
quando estes estavam presentes.
A marcação imunoistoquímica do antígeno viral foi visualizada nas células da
mucosa gástrica (Figura 10), sendo o estômago o segundo órgão com maior número de
marcações positivas nos órgãos analisados. Em alguns animais havia a presença de
autólise no órgão, porém mesmo com essa alteração se evidenciou marcação positiva na
mucosa do estômago.
38
Figura 8 - Marcação positiva do antígeno no epitélio
escamoso estratificado do coxim digital
(imunoistoquímica anti-cinomose canina, obj. 20).
Figura 9 - Antígeno viral no epitélio do conduto auditivo
de um canino (imunoistoquímica anti-cinomose canina,
obj. 10).
39
Figura 10 - Corpúsculos de inclusão viral marcados
positivamente (em vermelho) na mucosa do estômago de
um canino (imunoistoquímica anti-cinomose canina, obj.
40).
No pulmão, corpúsculos de inclusão do vírus da cinomose canina foram
observados principalmente no epitélio de brônquios e bronquíolos bem como em
macrófagos alveolares e em células sincíciais (Figura 11).
Figura 11 - Antígenos virais no citoplasma de
macrófagos alveolares (imunoistoquímica anti-cinomose
canina, pulmão, obj. 20).
Corpúsculos de inclusão viral foram marcados na técnica imunoistoquímica no
epitélio da pelve renal e da bexiga. No intestino a marcação ocorreu principalmente no
centro das placas de Peyer e no epitélio do intestino delgado. No intestino grosso foi
40
evidenciada marcação em células mononucleares dos folículos linfóides e no epitélio
intestinal, porém a marcação positiva ocorreu em menor quantidade quando comparado
ao intestino delgado.
No cerebelo, cérebro e medula espinhal a marcação positiva para a cinomose
canina se evidenciou principalmente em astrócitos (Figura 12), células da microglia,
como em células do epêndima e em neurônios (Figura 13). Em animais onde os
manguitos perivasculares eram evidentes, a marcação do antígeno foi próxima a estas
áreas. Obteve-se a confirmação da marcação positiva do antígeno viral em astrócitos
através da imunoistoquímica anti-GFAP (Figura 14A e 14B). A marcação
imunoistoquímica dos animais com alterações no encéfalo e suas principais lesões
microscópicas estão demonstradas na Tabela 8. Em 2 animais não se observou
alterações microscópicas no cérebro e cerebelo, porém o antígeno viral foi visualizado
através do teste imunoistoquímico.
Figura 12 - Corpúsculo intranuclear em astrócito com
marcação positiva do antígeno (imunoistoquímica anti-
cinomose canina, cerebelo, obj. 100).
41
Tabela 8 - Principais lesões microscópicas e marcação imunoistoquímica
anti-cinomose canina de 31 cães que apresentavam alterações
histológicas e/ou imunoistoquímicas no encéfalo.
CÉREBRO CEREBELO N
o
do
cão D MP CI IHQ D MP CI IHQ
1 + + - + + + - +
2 + - - + + - - +
5 + - - - + - - -
8 + - - + + - - +
10 - - - + - - - +
12 + - - - + - - +
13 - - - - + - - +
14 - - - - + - + +
18 + - - - + - - -
19 + - - - - - + -
20 - - - - + - - +
21 + - - - + - - +
23 - - - - + - - +
26 - - - - + - - +
27 - - - - + - - +
28 - - - - + - + +
29 + - - - + - - -
30 + - - + + - - +
31 - - - - - - - +
33 - - - - + - + -
34 + - - + + - - +
36 - - - - + - - +
37 - - + - - - - +
41 + - - - + + - +
42 - - - - + - - +
45 + - - - + + - -
46 - - - - + - + +
48 - + - - - - - -
50 - - - - + - - +
52 - + + - - + + -
54 - + - - + + - +
D (Desmielinização), MP (Manguito Perivascular), CI (Corpúsculos de
Inclusão Viral), IHQ (Imunoistoquímica).
42
Figura 13 – Antígeno viral em neurônios
(imunoistoquímica anti-cinomose canina, cérebro, obj.
40).
Figura 14 - A. Imunoistoquímica anti-cinomose canina do cerebelo de um canino (obj.
20). B. Imunoistoquímica anti-GFAP na mesma área do cerebelo do canino (obj. 20).
A língua apresentou marcação positiva com a identificação do antígeno viral no
epitélio escamoso estratificado principalmente na região dorsal e raramente na porção
ventral da língua.
Nas tonsilas, o antígeno viral foi visualizado nos corpúsculos de inclusão
presentes no epitélio, além de poder ser observada em histiócitos e linfócitos do tecido
linfóide. Timo, linfonodos mesentéricos e baço apresentaram marcação positiva em
linfócitos e histiócitos no tecido linfóide. Nos linfonodos mesentéricos foi evidenciada
marcação principalmente nos centros foliculares (Figura 15) e no baço no centro dos
folículos linfóides (polpa branca).
AB
43
No olho, a marcação do antígeno viral foi visualizada nas células ganglionares
da retina em 12,8% (5/39) dos caninos (Figura 16).
Figura 15 - Marcação positiva nos centros foliculares
(imunoistoquímica anti-cinomose canina, linfonodo
mesentérico, obj. 20).
Figura 16 - Células ganglionares da retina marcadas
positivamente (imunoistoquímica anti-cinomose canina,
obj. 40).
No fígado a marcação do antígeno em células de Kupffer ocorreu em 2 casos
dos 45 analisados. Na medula óssea a marcação positiva foi visualizada no citoplasma
de células mononucleares.
44
No testículo e epidídimo, a marcação do antígeno viral foi evidenciada em
31,6% dos casos, sendo este principalmente visualizado no epitélio do epidídimo. No
coração não foi observada marcação em nenhum dos animais analisados.
4.5 Resultados Bacteriológicos
De 54 pulmões analisados durante a necropsia, 30 foram submetidos para
cultivo bacteriano aeróbico. Dos 30 pulmões analisados, 16 (53,3%) obtiveram
crescimento bacteriano significativo. Os microorganismos isolados no cultivo dos
pulmões estão relacionados na Tabela 7. Em três dos animais houve crescimento
bacteriano de mais de um agente. Dois animais apresentavam pneumonia bacteriana por
Escherichia coli e Staphylococcus sp., e em um dos animais havia infecções pulmonar
concomitante por Streptococcus sp., E. coli e Staphylococcus sp.
Tabela 9 - Agentes bacterianos isolados dos pulmões de 16 caninos com infecção
bacteriana secundária à infecção pelo vírus da cinomose canina.
Microorganismo isolado Número de cães afetados
Escherichia coli
9
Bordetella bronchiseptica
3
Staphylococcus sp. 3
Klebsiella sp. 2
Streptococcus sp. 1
Aeromonas sp. 1
Pasteurella haemolitica
1
45
5. DISCUSSÃO
O presente trabalho demonstra que animais entre 2 a 6 meses de idade (78,5%)
foram mais predispostos a se infectarem pelo vírus da cinomose canina, resultado este
relatado por outros autores (JÓZWIK; FRYMUS, 2002; GREENE; APPEL, 2006).
Apesar do vírus poder afetar todas as idades, os filhotes são mais predispostos,
principalmente pela queda da imunidade materna, não utilização de vacinas e a
realização de programas de imunização incorretos (SWANGO, 1997). Embora tenha
sido observado o sexo masculino (59,26%) como o mais acometido e entre as raças
encontrado o maior percentual de animais sem raça definida (44,44%), seguido da raça
Poodle (11,11%), nenhuma predisposição sexual ou racial é comprovada na cinomose
canina (HEADLEY; GRAÇA, 2000; GREENE, APPEL et al., 2006).
Alterações macroscópicas como secreção ocular e nasal, hiperqueratose dos
coxins digitais e pulmões não colabados, edemaciados e de coloração avermelhada
foram encontradas no presente trabalho, como também observadas por outros autores
(KOUTINAS et al., 2004; LÓPEZ et al., 2007). A hiperemia da mucosa do intestino,
evidenciação das placas de Peyer e o conteúdo intestinal diarréico foram achados
macroscópicos importantes, embora em oito cães a verminose discreta poderia ter sido a
responsável pelo aparecimento de lesões intestinais. A atrofia do timo foi visualizada
em 45,7% dos casos, um achado importante também descrita em outros estudos
(KRAKOWKA; HIGGINS; KOESTNER, 1980; MORO et al., 2003).
A hidrocefalia esteve presente em dois casos. Entretanto, em ambos, lesões
histológicas sugestivas de cinomose não foram observadas. Adicionalmente antígenos
virais de cinomose não foram detectados no teste de imunoistoquímica realizado. A
hidrocefalia pode ser congênita, associada a malformações, ou adquirida, devido a
processos inflamatórios ou pela compressão por abscessos ou neoplasias (MANDARA;
PAVONE; VITELLOZZI, 2007). Com isso acredita-se que a hidrocefalia neste caso
fosse proveniente de alterações congênitas.
A presença de Malassezia pachydermatis no conduto auditivo externo esteve
presente em 12 dos animais analisados e a Candida sp. em um dos cães. As otites
fúngicas neste caso podem estar relacionadas com a imunodepressão juntamente com a
utilização de antimicrobianos como tratamento sintomático da cinomose canina.
Segundo Cafarchia et al. (2005) animais de orelha pendular apresentam uma maior
46
predisposição a infecções fúngicas pela M. pachydermatis. No presente estudo, dos 13
cães com otite fúngica 10 apresentavam orelha pendular. Embora não tenha sido
possível associar a otite fúngica com a infecção causada pelo vírus da cinomose, não se
descarta a possibilidade da otite estar associada à infecção viral ou ao uso de
antimicrobianos no tratamento suporte da cinomose. Em 31 cães com secreção
ceruminosa otológica 20 apresentaram alterações histológicas compatíveis com otites
bacterianas e fúngicas, entretanto em 11 cães nenhum agente infeccioso foi encontrado.
Este resultado pode estar relacionado à prévia utilização de medicamentos.
A presença de placas fibrinonecróticas sobre a língua e palato observada em um
dos animais foi relacionada à infecção por Candida sp. A infecção por este
microorganismo geralmente é relacionada ao tratamento com antimicrobianos que
matam a flora microbiana normal, bem como o processo de imunodepressão
(GELBERG, 2007).
Kubo et al. (2007) encontrou inclusões virais na bexiga de caninos infectados
pelo vírus da cinomose em 73% dos casos. Esse dado difere do encontrado no presente
estudo onde, apenas 27,7% dos animais apresentaram corpúsculos de inclusão na
bexiga. Estes resultados sugerem que a descamação observada no epitélio da bexiga
contribua de forma negativa na visualização dos corpúsculos de inclusão. A
degeneração hidrópica do epitélio da bexiga encontrada em sete animais do estudo,
também foi relatada por outros autores como um achado microscópico em cães com
cinomose (LIANG et al., 2007).
As principais alterações microscópicas encontradas em órgãos linfóides foram à
depleção linfóide e necrose centro-folicular, sendo estas alterações descritas por outros
autores (LAN et al., 2006). Corpúsculos de inclusão viral em folículos linfóides foram
visualizados, porém sua distinção de restos celulares é difícil como também relatado por
Krakowka, Higgins e Koestner (1980).
No encéfalo, principalmente no cerebelo, a principal lesão microscópica
evidenciada foi a desmielinização que ocorreu em 89,6% dos casos. Resultado este
semelhante ao encontrado por Silva et al. (2007) no qual a desmielinização foi
encontrada em 89,4% dos cães. Observou-se infiltrado perivascular somente em 20,7%
dos animais analisados, resultado este diferente do relatado por outros autores (RAW et
al., 1992; KOUTINAS et al., 2002). Silva et al. relata que 46,8% dos animais
apresentavam desmielinização e manguitos perivasculares enquanto que em 9,2% dos
cães foi observado somente manguitos perivasculares. A diferença entre os resultados
47
encontrados pode ser explicada pelo tipo de cepa viral, uma vez que algumas cepas
apresentam tropismo pelos neurônios causando necrose laminar cortical, enquanto
outras têm tropismo por astrócitos e oligodendrócitos causando desmielinização e outras
causam infecções persistentes no sistema nervoso central (KOUTINAS et al., 2002).
No intestino delgado a principal alteração microscópica observada foi a enterite
mononuclear encontrada em 11,8% dos animais analisados, alteração também
observada por Okita et al. (1997).
Na análise do método imunoistoquímico a melhor recuperação antigênica foi
quando utilizado calor conforme já demonstrado por Ramos-Vara (2000) com o tempo
em 3 minutos. O método de streptavidina-biotina ligada a fosfatase foi melhor que o
método streptavidina-biotina ligada a peroxidase, demonstrando uma marcação mais
evidente. O cromógeno Permanent Red favoreceu a visualização da marcação positiva
principalmente em órgãos como pálpebra e coxins digitais no qual a presença de
melanina pode confundir com a marcação em marrom pelo cromógeno DAB.
O tempo de fixação da amostra se mostrou importante, uma vez que os órgãos
fixados em formalina 10% tamponada por mais de um mês demonstraram perder a
marcação positiva. Em um dos animais onde os tecidos tiveram tempo de fixação de
uma semana não houve a marcação dos corpúsculos de inclusão que se apresentavam no
estômago, podendo esta não marcação estar relacionada ao tempo de fixação. Ramos-
Vara (2005) relata que a fixação em formaldeído causa mudanças conformacionais nas
macromoléculas que pode tornar a ligação com o anticorpo mais difícil ou até
impossível. Um dos cães, que apresentou marcação imunoistoquímica positiva para
cinomose em órgãos como coxins digitais, apresentava no estômago numerosos
corpúsculos de inclusão que não obtiveram marcação, podendo esta estar relacionada
com a especificidade e sensibilidade do teste.
Os órgãos que obtiveram maior número de marcações foram os coxins digitais
demonstrando ser este um bom órgão para a detecção do vírus da cinomose canina pela
técnica de imunoistoquímica. Segundo Koutinas et al. (2004) os coxins digitais mesmo
quando não apresentam corpúsculos de inclusão viral podem apresentam marcação
imunoistoquímica intensa no epitélio. Haines et al. (1999) relatou que os coxins
digitais bem como a mucosa nasal e a pele podem ser bons órgãos para a realização da
técnica inclusive como diagnóstico ante mortem.
O estômago é um dos órgãos de eleição para o diagnóstico histológico e
imunoistoquímico da cinomose canina devido ao fato deste geralmente conter um
48
grande número de corpúsculos de inclusão viral (DUCATELLE; COUSSEMENT;
HOORENS, 1980), sendo resultados similares também observados no presente trabalho.
Órgãos como pálpebra, orelha e língua demonstraram bons resultados na análise
imunoistoquímica, podendo a orelha, por exemplo, ser utilizada tanto no diagnóstico
ante mortem como post mortem da cinomose canina.
A marcação imunoistoquímica em órgãos linfóides ocorreu no citoplasma de
histiócitos e na superfície de linfócitos, resultados similares também relatados por
outros autores (IWATSUKI et al., 1995; KUMAGAI et al., 2004). A marcação foi
evidenciada principalmente nos folículos linfóides de baço, linfonodo e tonsila.
Segundo Iwaysuki, Okita e Ochikubo (1995) tanto linfócitos T como B podem ser
susceptíveis a infecção natural pelo vírus da cinomose canina. Na tonsila a presença de
antígeno marcado positivamente também ocorreu no epitélio.
Na imunoistoquímica do intestino delgado houve marcação positiva em 31,3%
dos casos, sendo o antígeno viral detectado tanto no epitélio intestinal como em
linfócitos e histiócitos nas placas de Peyer e folículos linfóides. Em alguns animais onde
não se observou enterite, a detecção do antígeno ocorreu somente em células
mononucleares do tecido linfóide. A autólise da mucosa intestinal esteve presente em
alguns dos animais, porém a marcação do antígeno ainda pôde ser visualizada.
Antígenos virais da cinomose canina também foram visualizados por Okita et al. (1997)
no epitélio intestinal de animais com sinais clínicos de gastrenterite.
A marcação positiva no cérebro, cerebelo e medula espinhal ocorreu
principalmente em astrócitos, está localização pôde ser confirmada pela utilização da
imunoistoquímica anti-GFAP. O antígeno viral tamm estava presente em células da
microglia bem como em células do epêndima e neurônios, porém estes últimos
observados em poucos animais. Em 2 casos não houve alterações microscópicas no
cérebro e cerebelo, porém o antígeno foi visualizado quando realizado o teste
imunoistoquímico. Na histologia do encéfalo de 4 cães observou-se corpúsculo de
inclusão viral, porém quando realizado a imunoistoquímica estes copúsculos, que
estavam em pequeno número, não foram mais visualizados e não houve marcação
nestes órgãos. O antígeno viral foi encontrado predominantemente no cerebelo e menos
frequentemente no cérebro dos caninos analisados. Van Moll et al. (1995) encontrou
resultados semelhantes, no cerebelo o autor observou a presença do antígeno na camada
molecular em processos das células da glia e em células adjacentes a leptomeninge.
49
Em 3 casos onde havia alterações macroscópicas e microscópicas compatíveis
com cinomose canina, não houve marcação do antígeno da cinomose canina. Em 2 dos
casos a presença de manguitos perivasculares com variável desmielinização
demonstravam serem formas mais crônica da doença. Alldinger et al. (2000) relata que
o antígeno da cinomose encontra-se ausente ou restrito as áreas de lesões em casos mais
crônicos. Com isso a não marcação do antígeno nestes casos pode ser explicada.
No exame imunoistoquímico do olho dos animais analisados observou-se em 5
cães (12,8%) a presença do antígeno viral nas células ganglionares da retina.
Corpúsculos de inclusão ocorrem em 30 a 40% dos casos sendo estes encontrados nas
células ganglionares ou em células da glia (WILCOCK, 1992). Summers, Cumming e
Lahunta (1995) relatam que animais com a doença na fase neurológica podem
apresentar corioretinite. Wilcock (1992) relata que a esta alteração ocorreu em 25% dos
animais submetidos à análise histológica, resultado diferente do que o descrito neste
trabalho no qual não foi observado alteração microscópica do olho.
No fígado, observou-se o antígeno viral nas células de Kupffer em somente
4,4% dos animais, sendo que outros autores também relatam a presença do antígeno
nestas células (JONES; HUNT; KING, 2000).
Na medula óssea o antígeno foi visualizado em células mononucleares em 6,1%
dos animais, Mee et al. (1995) utilizou cultivo viral em células da medula óssea
demonstrando o antígeno nestas células.
O antígeno viral foi observado no testículo e epidídimo em 31,6% dos animais
analisados, sendo o antígeno encontrado principalmente no epidídimo, conforme
também demonstrado por Appel (1969).
No cultivo bacteriano 53,3% dos pulmões obtiveram crescimento bacteriano
significativo, porém em 4 animais que foi visualizado a presença de infiltrado purulento
e não houve crescimento bacteriano significativo. Este resultado pode estar relacionado
ao tratamento com antimicrobianos utilizado na terapia suporte da cinomose. A
imunossupressão causada pelo vírus pode ocasionar associações com outros vírus e com
Bordetella bronchiseptica e Mycoplasma sp. (DAMIÁN et al., 2005; ERLES et al.,
2004). Pneumonias bacterianas causadas por invasores oportunistas são comuns, sendo
os isolados mais comumente encontrados: Escherichia coli, Pasteurella sp.,
Streptococcus sp., Staphylococcus sp., Pseudomonas sp. e Klebsiella sp. (HAWKINS,
1995), resultado este similar ao que encontramos no presente estudo.
50
6. CONCLUSÕES
A secreção nasal e ocular, espessamento dos coxins digitais, pulmões não
colabados e de coloração avermelhada, atrofia do timo e conteúdo intestinal diarréico
com aumento da placas de Peyer foram os principais achados macroscópicos
encontrados.
A presença de corpúsculos de inclusão intracitoplasmático e intranuclear do
vírus da cinomose canina foi um achado microscópico importante para o diagnóstico da
cinomose canina. Porém em alguns órgãos a sua detecção pode ser difícil como ocorre,
por exemplo, em órgãos linfóides.
O melhor método imunoistoquímico encontrado foi com streptavidina-biotina
ligada a fosfatase alcalina, com a utilização de calor por 3 minutos na recuperação
antigênica e anticorpo monoclonal anti-cinomose canina na diluição de 1:400.
Os coxins digitais, estômago, pálpebra, orelha, tonsila e linfonodos foram os
melhores órgãos para a detecção do antígeno viral da cinomose canina pelo teste
imunoistoquímico.
No sistema nervoso central a imunoistoquímica é um bom método para a
detecção do antígeno do vírus da cinomose, uma vez que corpúsculos de inclusão viral
não são facilmente visualizados nestes órgãos.
A imunoistoquímica é um importante método auxiliar no diagnóstico da
cinomose canina, permitindo a visualização do antígeno viral em locais onde estes não
são observados facilmente e inclusive em tecidos com autólise.
Os agentes bacterianos mais comumente isolados de pulmões de cães com
cinomose foram Escherichia coli, Bordetella bronchiseptica, Staphylococcus sp. e
Klebsiella sp.
51
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