RESUMO
O hipotálamo é uma estrutura de fundamental importância para a adaptação
frente a situações de estresse ou eventos que alterem a homeostase do organismo.
Dentre as diferentes regiões hipotalâmicas, a zona medial do hipotálamo tem sido
descrita como uma região com ação modulatória sobre respostas comportamentais
de defesa e processos emocionais que as acompanham, como o medo e a
ansiedade. Neste sentido, alguns autores têm proposto a idéia de um sistema
defensivo hipotalâmico medial, que seria composto pelos núcleos anterior, pré-
mamilar dorsal e pela porção dorsal do hipotálamo ventromedial (dHVM). De fato, a
neurotransmissão gabaérgica e o antagonismo glutamatérgico têm sido relacionados
à modulação da ansiedade via dHVM. Entretanto, até o momento, poucos estudos
avaliaram a participação da neurotransmissão serotonérgica na modulação da
ansiedade neste núcleo, embora a neurotransmissão mediada por serotonina (5-HT)
seja um dos principais sistemas neuroquímicos implicados com a ansiedade. O
objetivo do trabalho foi avaliar o efeito de drogas serotonérgicas administradas intra-
dHVM (8-OH-DPAT, doses de 0,8, 1,6 e 3,2 nmoles; DOI, doses de 4, 8 e 16 nmoles;
quetanserina, doses de 5, 10 e 20 nmoles; todas em volume de 0,2 µL), nas
respostas comportamentais de defesa de ratos submetidos a 2 modelos animais de
ansiedade: labirinto em T elevado (LTE, para medidas de esquiva inibitória e fuga de
um dos braços abertos do modelo) e modelo da transição claro-escuro (para
medidas de número de transições entre compartimentos e tempo no compartimento
claro). Numa tentativa de evitar falsos negativos ou positivos, os animais foram, em
seguida, testados em uma arena para avaliação da atividade motora. Os resultados
demonstraram que o agonista 5-HT1A 8-OH-DPAT não apresentou nenhum efeito,
nem na esquiva inibitória e nem na tarefa de fuga dos braços abertos do LTE. Por
outro lado, o agonista preferencial 5-HT2A DOI, bem como o antagonista 5-HT
2A/2C quetanserina, apresentaram efeito ansiolítico nas 2 tarefas medidas no LTE.
Esses resultados não foram devidos a alterações na atividade locomotora. Enquanto
o DOI apresentou efeito ansiolítico em um outro modelo animal de ansiedade, o
modelo de transição claro-escuro, nenhuma das demais drogas utilizadas alteraram
as medidas avaliadas neste modelo. Em conjunto, os resultados sugerem a
participação de receptores 5-HT do tipo 2A/2C do dHVM em diferentes respostas
comportamentais de defesa. Entretanto, tendo em vista que tanto um agonista de