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seu mais estimado professor em Marburgo.
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Desses todos, apenas Schlatter era um
dos poucos que procurava minimizar o triunfalismo da crítica histórica, procurando
demonstrar a autonomia dos conceitos bíblicos tanto em relação aos conceitos gregos
quanto aos orientais.
A geração de Barth foi grandemente influenciada pela teologia de
Schleiermacher e Ritschl
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que rejeitavam a Bíblia como Palavra de Deus escrita. Não
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Herrmann foi o fundador da Escola Ritschliana, segundo Martin Rade. A grande contribuição de
Ritschl foi que ele tirou a teologia do subjetivismo em que ela se encontrava desde Schleiermacher,
tanto quanto do racionalismo especulativo dos seguidores de Hegel. Seu objetivo era caminhar na
direção de uma teologia mais objetiva, fundada em fatos históricos, o que demonstra a tendência de
destacar o estudo científico da Bíblia. O que mais atraiu Herrmann para a obra de Ritschl foi a
insistência sobre a independência da religião em relação à ciência natural e a filosofia. Em seus ensaios
mais antigos empenhou-se por distinguir fé e conhecimento e se opôs a toda tentativa de fundar a
primeira sobre a última. Ele viu em Ritschl o retorno a um verdadeiro conceito luterano de fé. Pode-se
dizer que foi o primeiro grande pensador a confiar plenamente em Ritschl embora, nem sempre sua
relação com o mestre fosse amena. Mais tarde coube a ele, excluir resíduos de metafísica da teologia
ritschliana. Em 1889, no ano da morte de Ritschl, afirmou que seu antigo professor jamais divorciou
completamente conhecimento religioso da cognição do mundo e, desta forma, da metafísica. Isto se
tornou claro em seu ensaio programático Die Religion in der Theologie (1876) e Die Religion im
Verhältnis zum Werterkennen und zur Sittlichkeit, (A Religião em relação ao valor do conhecimento e
da moralidade, 1879). Foi este último livro que fez com que fosse convidado para ser professor em
Marburg naquele mesmo ano. Em 1881 publicou Theology and Metaphysics, um longo ensaio
dedicado a Ritschl. O que preocupava Herrmann é descrito no título de uma obra de 1884: Why Does
Our Faith need Historical Facts? O problema entre fé e história encontra sua resposta na vida de
Jesus, uma vida de total submissão à vontade de Deus. O fato histórico sobre a qual a fé é fundada é a
própria vida de Jesus. Esta afirmação é celebrada no livro de 1886, The Communion of the Christian
with God. O que o afastou da escola foi, basicamente, a luta entre os antigos e novos ritschlianos. Os
antigos eram ortodoxos; os novos dedicaram-se à escola da História das Religiões, orientada por
Troeltsch. Publicou a Lógica - Logik dês Reinen Erkenntnis, (Lógica do Conhecimento Puro), 1902, e
a Ética – Ethik dês Reinen Willens, (Ética da Vontade Pura), 1904. Sua cristologia tinha como pano-de-
fundo o problema entre fé e história. Seu problema, no início do século, era a condição de
possibilidade da religião. Cf. McCORMICK, Bruce L. Karl Barth’s Critically Realistic Dialetical
Theology: It’s Genesis and Development. 1909-1936. p.51-52.
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Albrecht Benjamin Ritschl (1822-1889), nasceu em Berlim e foi para as universidades de Bonn,
Halle, Berlim, Heldelberg e Tubingen. Sua teologia é epígona, ou seja, depende, como discípulo, de
um grande mestre. Ele foi alvo da crítica tanto de teólogos conservadores como C. E. Luthardt e F. H.
R. Frank como liberais, do racionalismo especulativo – R. A. Lipsius e Otto Pfreiderer. Ainda assim
sua escola tinha discípulos luminares: Wilhelm Herrmann, Harnack, Ferdinand kattenbusch, Johannes
Gottschick, Julius Kaftan, Friedrich Loofs, Theodore Häring, Martin Rade. Ritschl foi um historiador
da Igreja e do dogma antes de se tornar um teólogo dogmático. A pergunta histórica é o centro da
preocupação da maioria dos ritschlianos. Quando o mais sério desafio surgiu para esta escola, veio de
dentro dela, de um grupo de jovens ritschlianos que tomou a iniciativa da busca honesta pela resposta
da História. Isto fez os velhos membros da escola tremerem. Surgiu a Escola da História das Religiões
de Ernest Troeltsch (1865-1923), que também foi aluno de Ritschl. Troeltsch rapidamente se
convenceu do seguinte: a tentativa de prover a teologia de um fundamento histórico crítico conduz ao
abandono das afirmações dogmáticas que têm governado as investigações dentro da história do
cristianismo primitivo conduzida pela escola ritschliana. Cf. McCormick, Bruce. op. cit. p. 40;
BARTH, K. Protestant Theology in the Nineteenth Century. Op. cit. p. 640-647.